Você está na página 1de 54

Direito Civil IV Para que haja uma relação real, é necessário

que haja uma relação pessoal.


Cristiano Tolentino Pires
Direitos reais é a relação de um sujeito com
um bem.
AULA 04/10/2021
Conceito de Clóvis Bevilacqua: “É o
Avaliações:
complexo das normas reguladoras das
13/12 – Prova Parcial
relações jurídicas referentes às coisas
21/02 – Prova final
suscetíveis de apropriação pelo homem.”
Bibliografia:
- Indicações: Cristiano Chaves e Nelson CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS
Rosenvald REAIS:
• Oponibilidade erga omnes: todos têm
que se abster de prejudicar algum
Direitos Reais e Direito das Coisas não são ato passível de ferir o meu direito.
expressões sinônimas - Sujeição passiva universal: vem de
sujeito passivo (aquele que tem que
acatar a minha relação de
- Direito das coisas: gênero
apropriação do bem).
- Direitos reais: espécie
Na prática, a diferença é que em todas as • Exclusividade: não é possível a
situações em que um determinado sujeito existência de mais de um direito real
tem um poder sobre determinado bem, fala- de igual conteúdo sobre a mesma
se em direito das coisas. Mas, o direito das coisa.
coisas é mais genérico, porque dentro do Ex.: propriedade e usufruto. O
direito das coisas tem-se direitos reais, sujeito é proprietário a partir do
posse e direito de vizinhança. momento que registra (bem imóvel)
Direitos reais é o estudo de todas as ou a partir do momento que
possibilidades de apropriação de adquire/que há a tradição (bem
determinado bem. móvel). Usufruto é a possibilidade de
uma pessoa usufruir um bem que
Direitos reais vem de res. Res em latim é
pertence a outra pessoa. Ou seja, em
coisa. Direitos reais estuda a relação que
face de um único bem há dois
existe entre uma pessoa e uma determinada
direitos reais (de conteúdo
coisa, isto é, a apropriação física do homem
diferente). Mas, não posso ter duas
sobre um determinado bem.
pessoas proprietárias de uma
Ex.: Cristiano tem a propriedade sobre a mesma casa ao mesmo tempo? Sobre
caneta; se Amanda vier e tomar a caneta os 100% da casa não tem jeito de
dele, ele tem direito de pegar a caneta de todo mundo ser proprietário. Podem
volta. ser proprietários conjuntamente do
É diferente das relações pessoais, em que o todo, mas, serão proprietários de um
foco é sempre alguma atividade (ação ou percentual à parte.
omissão) que o sujeito tem que praticar.
• Direito de sequela: significa dizer
que, se existe um direito real sobre
um bem, esse direito real • Quanto à titularidade:
acompanhará tal bem onde quer que
- Direitos reais exercidos sobre coisa
ele esteja, na mão de quem quer que
própria: apenas o direito de
ele esteja.
propriedade.

- Princípio da aderência (inerência): o - Direitos reais exercidos sobre coisa


direito real gruda na coisa. alheia: todos os demais do art. 1.225:
Ex.: caneta. A menos que Cristiano usufruto, servidão, uso de habitação,
transfira a propriedade da caneta direitos reais de garantia (hipoteca,
para Bruno, a propriedade da caneta penhor e anticrese) e direitos reais
seguirá sendo do Cristiano onde de aquisição (promessa de compra e
quer que a caneta esteja. venda).
ESSE PRINCÍPIO TRAZ A
LEGITIMIDADE PARA PERSEGUIR A Direito real não se presume. Há que ter
COISA E RETOMÁ-LA. registro/prova da existência. Os direitos
reais também abarcam bens móveis,
• Direito de preferência: só existe nos imóveis, coisas incorpóreas e propriedade
direitos reais de garantia. Possibilita intelectual. Exemplo disso, são os escritores
que, se um bem foi dado em garantia fantasmas: escrevem auto biografias, mas,
ao pagamento, que seja ele vendido de outras pessoas, em nome dessas outras
judicialmente para a quitação do pessoas. Cessão de autoria por contrato.
débito. Essa venda é chamada de
direito de excutir (direito de vender
judicialmente o bem). Quando existir QUEM EXERCE?
um direito real de garantia o Sujeito ativo: aquele que exerce o
(hipoteca, penhor e anticrese), o direito real.
credor da dívida tem direito de pegar o Sujeito passivo: sujeição passiva
o bem que foi dado em garantia, universal (erga omnes) – quem tem
pedir ao juiz para vender e, com o que respeitar esse direito real.
produto dessa venda, quitar o valor.
O direito de garantia confere certa
tranquilidade ao credor, porque TRÊS EXPRESSÕES IMPORTANTES:
garante o pagamento de um débito.
o obrigações propter rem: obrigações
próprias da coisa, isto é,
• Taxatividade: o rol de direitos reais
acompanham a coisa onde quer que
tem que vir de lei. As partes não
ela esteja. Quem se obriga por elas é
podem criar direitos reais.
o titular do direito real. Nasce a
partir do momento que a
O art. 1.225 traz todos os direitos reais que titularidade do direito real nasce.
o Código Civil prevê. Contudo, existem Ex.: taxa de IPTU (mas, não é
outros direitos que não estão no Código, possível que esse exemplo se
mas, estão na lei. concretize na realidade concreta,
porque não é possível transmitir
Ex.: alienação fiduciária: Lei 9514/97. bem imóvel sem pagar ITBI e só se
consegue pagar ITBI e o IPTU estiver
quitado).
CLASSIFICAÇÃO:
Ex.: taxa de condomínio. uma situação de fato e propriedade é uma
Ex.: IPVA. situação de direito.
Ex.: multa ambiental em imóvel A POSSE É ESTAR. Quem está na posse
rural. presume-se ser o proprietário da coisa, mas,
não pode afirmar que é proprietário. A
o obrigações de ônus reais: um ônus propriedade demanda análise. É mais fácil
pode surgir em razão de uma dívida, presumir propriedade de bens móveis do
mas, não é necessariamente uma que de bens imóveis. Todo proprietário é
dívida. Ônus é toda limitação que é possuidor? Sim. Mas, nem todo possuidor é
imposta ao exercício de um direito proprietário.
real.
Ficção jurídica: separação da posse em
Obs.: propriedade plena significa a posse direta e posse indireta, porque o
cumulação de todos os direitos de proprietário tem que manter posse. Todo
propriedade: proprietário é possuidor, mas, para isso,
preciso dividir a posse em direta e indireta
- Gozo porque há uma relação jurídica anterior.
- Reivindicação Ex.: Eu sou locadora da casa onde Caio
mora. Se um terceiro invade a casa de Caio
- Uso
enquanto Caio está viajando, eu, enquanto
- Disposição possuidor, posso propor uma ação de
O ônus real limita o exercício de reintegração de posse, porque a casa
alguns desses direitos. também é minha.
Ex.: usufruto é um direito real para
Ana Mailza, mas, é um ônus para
Ações possessórias
Cristiano.
- Reintegração de posse e manutenção de
Essas limitações não decorrem de lei, posse
mas, dependem de registro.
Ex.: reserva legal.
Ações petitórias
o obrigações com eficácia real: - Reivindicação de propriedade
aquelas obrigações que produzem
efeitos contra todos (erga omnes).
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo
aquele que tem de fato o exercício, pleno ou
não, de algum dos poderes inerentes à
POSSE: propriedade.
Arts. 1.196 até 1.224 O exercício tem que ser em nome próprio.
POSSE NÃO É DIREITO REAL. A posse dá Qualquer pessoa pode exercer posse (física,
sustentação para estudar os direitos reais. jurídica, de direito privado, de direito
Não à toa, apenas a partir do art. 1.225 é que público, entes despersonalizados).
se tem os direitos reais. Posse é estado de Enunciado 236 da III Jornada de Direito
fato. Posse é o que se vê sem que seja Civil. Considera-se possuidor, para todos os
preciso analisar um documento. Posse é efeitos legais, também a coletividade
desprovida de personalidade jurídica.
3 teorias para explicar o que é posse: em cumprimento de ordens ou instruções
suas.
➢ Teoria Subjetiva: desenvolvida por
Friedrich Carl Von Savigny – Parágrafo único. Aquele que começou a
depende da intenção do sujeito. comportar-se do modo como prescreve este
Para Savigny, a existência da posse artigo, em relação ao bem e à outra pessoa,
depende da apropriação e da presume-se detentor, até que prove o
vontade (a intenção de ser dono da contrário.
coisa). Posse para Savigny é a união Ex.: caseiro que cuida de uma fazenda.
do animus + corpus.
REsp. 1628.385/ES de 2017: caso concreto
Animus = intenção de posse ou detenção.
Corpus = elemento objetivo; a
relação exterior com a coisa; aquilo
Tença: Posse sem nenhuma ação para
que os outros vão ver.
proteger. Posse precária.
Ex.: colega que senta na última cadeira.
Para Savigny, não bastaria, então, a
exteriorização, sendo necessário
conhecer o aspecto subjetivo da
intenção. Quem tem o corpus, mas,
não tem animus domini, é
meramente detentor.

➢ Teoria Objetiva: desenvolvida por


Rudolf Von Ihering – para Ihering,
possuidor é aquele que tem corpus,
ou seja, é a mera exteriorização.

➢ Teoria Sociológica: Saleilles –


corpus + função social.

A TEORIA ADOTADA NO BRASIL É A


OBJETIVA. MAS, QUANDO ESTUDA-SE
USUCAPIÃO, A TEORIA ADOTADA É A
SUBJETIVA.
Posse ad usucapionem: gera o direito à
usucapião e requer o animus domini.

Detenção: é o exercício de fato de um poder


sobre a coisa, porém, em nome de outra
pessoa. O detentor não tem ação
possessória para lhe proteger.
Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que,
achando-se em relação de dependência para
com outro, conserva a posse em nome deste e
AULA 18/10/2021 Essas duas expressões ficam muito claras
quando do estudo do condomínio
(propriedade). Isso porque, a propriedade é
COMPOSSE adquirida a partir do registro. No exemplo
Composse se equipara ao que conhecemos em tela, a propriedade seria registrada no
como condomínio. Condomínio é o exercício nome das três pessoas, sendo, à primeira
da propriedade, por mais de uma pessoa, vista, composse pro indiviso. Contudo, se
sobre um mesmo bem. Composse é o cada um separa uma área para si, mesmo
exercício da posse, por mais de uma pessoa, sem registrar a propriedade em matrícula
sobre um mesmo bem. diferente, a composse será pro diviso.

Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas Duas expressões importantes para a lida
possuírem coisa indivisa, poderá cada uma com o Direito Civil no contexto da
exercer sobre ela atos possessórios, contanto Advocacia:
que não excluam os dos outros - Ius possidendi: remete a “direito de
compossuidores. possuir”. Trata-se da
possibilidade/faculdade que uma pessoa
tem de exercer a posse sobre uma
Duas expressões importantes:
determinada coisa em razão de já ser titular
- Composse pro diviso: mais separado. de uma outra situação jurídica. Ou seja, há
Significa dizer que existe uma comunhão de um direito anterior.
posse (composse) de direito, mas, não existe
Ex.: Cristiano é proprietário de uma
mais uma composse de fato.
determinada área. Ele comprou referida
- Composse pro indiviso: tudo junto. área, registrou (proprietário), mas, ainda
Significa dizer que existe uma comunhão de não começou a exercer a posse. Contudo,
posse (composse) tanto de direito como de pela razão de já ser proprietário, tem o
fato. direito de ser possuidor.
Ex.: Quando Mateus assina um contrato de
Ex.: Cristiano comprou uma fazenda junto locação, ele passa a ser locatário da coisa e
com Emanuelly e com Alice. Mas, essa tem o direito de ser possuidor do bem sobre
fazenda não tinha registro, razão pela qual o qual o contrato de locação incide. Isso se
compraram apenas a posse da fazenda. dá em razão do ius possidendi, isto é, o
Como a fazenda era muito grande, dividiram direito de possuir em razão de uma relação
a área da fazenda e cada um passou a passar jurídica anterior
fisicamente um pedaço dessa fazenda.
Trata-se de uma situação de composse,
- Ius possessionis: direito de ser possuidor
porque os três exercem a posse sobre uma
sem vincular essa posse a nenhuma relação
mesma fazenda. E, mais especificamente,
jurídica anterior. O ius possessionis não é
trata-se de uma composse pro diviso,
“mais fraco” do que o ius possidendi. O ius
porque só há uma composse de direito. Em
possidendi apenas confere uma segurança
termos fáticos não há, porque cada um está
maior, porque há um documento que
ocupando um pedaço. Seria composse pro
autoriza a pessoa a ficar ali.
indiviso, se os três ocupassem a mesma área,
ocupassem a sede, etc.
momento em que o possuidor
precário se recusa a devolver a coisa.
CLASSIFICAÇÃO DE POSSE
(MUITO IMPORTANTE) Ex.: Cristiano dá, legitimamente, a
posse de um bem à Alice. Depois
disso, Cristiano viaja. Quando
1ª classificação: tem a ver com vício:
Cristiano volta, Alice não devolve o
violência, precariedade e clandestinidade
bem.
• posse justa
Ex.: Cristiano deixa o caseiro morar
• posse injusta
na casa da fazenda e quando o
Art. 1.200. É justa a posse que não for demite, o caseiro se recusa a sair da
violenta, clandestina ou precária. casa. Ele não tinha posse, mas, sim,
- Violenta: quando a posse começa a detenção.
ser exercida. Quando o sujeito
adentra. Posse violenta tem ligação
A posse que tem qualquer desses vícios não
com roubo da posse (alguns
é capaz de ser usucapida (não é ad
doutrinadores fazem essa ligação -
usucapionem).
NÃO É POSSE OBTIDA MEDIANTE
ROUBO. Apenas lembrar da
diferença entre roubo e furto). A Art. 1.203. Salvo prova em contrário,
posse violenta é obtida por meio de entende-se manter a posse o mesmo caráter
força física ou violência moral. com que foi adquirida.
Ex.: se Cristiano vai na casa da Se a pessoa adquiriu a posse sendo justa,
Camila, coloca um revólver na cabeça presume-se que continuará sendo justa.
dela e manda ela sair, toma-se a Trata-se de presunção relativa, porque a
posse de forma violenta (violência doutrina entende que, a depender do caso
moral). Se fala para Daniel: Daniel, ou concreto, a posse violenta ou clandestina
você me passa o seu cavalo ou eu te pode se converter em posse justa em razão
reprovo na disciplina Direito Civil IV, de algum fato posterior. De outro lado, a
também toma-se a posse de forma posse precária não pode ser convertida em
violenta (chantagem/violência posse justa, porque precariedade é abuso de
moral). confiança e o art. 1.208 não é explícito
quanto à precariedade. Portanto, parcela
majoritária da doutrina entende que, se
- Clandestina: associa-se ao “furto”
uma posse nasce precária, ela morrerá
de posse, porque é obtida “por
precária.
debaixo dos panos”, às escondidas,
sem que o legítimo possuidor tome Art. 1.208. Não induzem posse os atos de
ciência de que outro sujeito está mera permissão ou tolerância assim como
adentrando a sua posse. Se dá “de não autorizam a sua aquisição os atos
uma hora para outra”. violentos, ou clandestinos [não há menção à
precariedade], senão depois de cessar a
violência ou a clandestinidade.
- Precária: associa-se ao estelionato
(estelionato significa “obtenção de
vantagem ilícita”). Se dá por abuso de 2ª classificação:
confiança. Se inicia a partir do
• posse direta (posse imediata): se 4ª classificação:
configura pelo poder imediato/físico
• posse de boa-fé
sobre a coisa.
• posse de má-fé
• posse indireta: exercida por outra
pessoa. Não há um exercício de fato Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor
da posse, mas, um mero exercício de ignora o vício, ou o obstáculo que impede a
direito de posse. aquisição da coisa.

Essa divisão só faz sentido em razão de Ex.: Cristiano entrou na casa que era de sua
alguma relação jurídica anterior que dividiu irmã uma vez que esta viajou e o deixou
a posse. tomando conta e ele não devolveu a casa,
apesar de a irmã ter requerido a devolução.
Ex.: contrato de locação – o locador exerce a 20 anos depois, Cristiano vendeu a casa
posse indireta e o locatário exerce a posse para David. A posse de David é de boa-fé ou
direta. O possuidor indireto pode exercer o de má-fé? De boa fé. A posse de má-fé é a de
seu direito de posse contra terceiros. Cristiano, porque ele sabe do vício, mas,
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem David não. A posse de má-fé depende do
a coisa em seu poder, temporariamente, em CONHECIMENTO do vício e não da
virtude de direito pessoal, ou real, não anula EXISTÊNCIA do vício.
a indireta, de quem aquela foi havida, CUIDADO! No exemplo em tela, se a
podendo o possuidor direto defender a sua
irmã volta e exige a casa de David, a posse
posse contra o indireto. Significa que uma passa a se injusta.
posse não anula a outra:
Justo título: Quando o possuidor tem em
Se o sujeito tem, ao mesmo tempo, posse mãos o justo título, presume-se (presunção
direta e indireta, é POSSUIDOR PLENO (não relativa) que é um possuidor de boa-fé.
há que se falar em possuidor direto e Justo título corresponde a qualquer
indireto). documento que teoricamente seria capaz de
transmitir a propriedade, mas, não
transmitiu (ex.: escritura; inventário não
3ª classificação:
registrado).
• posse originária: quando assumo a
Em resumo, a posse que é de boa-fé pode se
posse sem ninguém me transferir.
transformar em uma posse de má-fé a partir
Não há transferência anterior de
do momento em que o sujeito toma
posse (sem relação jurídica anterior
consciência do vício.
— não origina de nada).
Ex.: Camila invadiu um lote, Obs.: Não é qualquer posse que pode gerar
construiu a casa e está lá. usucapião, mesmo que a pessoa esteja lá há
• posse derivada: quando assumo muitos anos.
posse com alguém me transferindo. Ex.: quando há apenas uma autorização de
Há transferência anterior de posse uso (detenção) e o sujeito não devolve a
(deriva de uma relação jurídica posse ao legítimo possuidor, há uma posse
anterior). precária.
Ex.: vendo o meu carro para Mateus.
Houve transferência de posse. Obs.: A posse injusta não gera direito a
indenização por benfeitorias.
As duas podem gerar usucapião.
5ª classificação:
• Ad Interdicta: não é uma posse que A relevância é que se a posse é nova, o
necessariamente preenche os ofendido pode requerer liminar nas ações
requisitos da usucapião, mas, é uma possessórias. Quando a posse é velha, não é
posse que pode ser protegida pelas possível pedir liminar, é necessário esperar
ações possessórias. o curso da ação para manter-se ou não da
• Ad Usucapionem: posse que posse.
possibilita a usucapião. Mas, é
necessário comprovar/apresentar
os requisitos para se requerer a É importante tomar providências para
usucapião. Se cumpriu todos os requerer a manutenção ou a reintegração
requisitos para ocupar a área, de posse antes de um ano e um dia, porque
ninguém tira a usucapião. depois não tem possibilidade de requerer a
liminar.

6ª classificação:
Indicação de leitura: textos que
• Posse nova: posse de até um ano. discutem a aplicação da função social
• Posse velha: posse de um ano e um da propriedade ao instituto da posse.
dia.
Essa classificação é muito importante para
saber se vai ter direito a uma liminar em
uma ação possessória (art. 558, CPC). Obs.: É possível utilizar a sua posse, junto
com a posse da pessoa que transmitiu, para
Art. 558. Regem o procedimento de
fins de usucapião.
manutenção e de reintegração de posse as
normas da Seção II deste Capítulo quando a Ex.: Hendel tinha 3 anos de posse sobre o
ação for proposta dentro de ano e dia da bem. Já podia usucapir? Não. Mas, Hendel
turbação ou do esbulho afirmado na petição vendeu o bem para Cristiano. Cristiano ficou
inicial. no bem por 7 anos. Já pode usucapir? Pela
Parágrafo único. Passado o prazo referido modalidade que pretende, não, porque
no caput, será comum o procedimento, não exige dez anos. Mas, Cristiano pode juntar o
perdendo, contudo, o caráter possessório. tempo de sua posse com o tempo da posse
de Hendel (mediante comprovação), para
O art. 565 do CPC fala de ações possessórias propor a ação de usucapião. Isso se dá em
razão da acessão (juntada de posse)
coletivas, quando uma área é ocupada por
um número considerável de pessoas e Art. 1.243. O possuidor pode, para o fim de
propõe-se uma ação contra esse coletivo. contar o tempo exigido pelos artigos
antecedentes, acrescentar à sua posse a dos
Art. 565. No litígio coletivo pela posse de
seus antecessores (art. 1.207), contanto que
imóvel, quando o esbulho ou a turbação
todas sejam contínuas, pacíficas e, nos casos
afirmado na petição inicial houver ocorrido
do art. 1.242, com justo título e de boa-fé.
há mais de ano e dia, o juiz, antes de apreciar
o pedido de concessão da medida liminar,
deverá designar audiência de mediação, a
realizar-se em até 30 (trinta) dias, que
observará o disposto nos §§ 2º e 4º.
Possibilidades de juntar posse: transferir a posse da coisa. Efetivamente, o
bem a ser transferido não foi entregue em
➢ Sucessio possessiones: se dá pelo art.
1.206 – quando a posse se dá em mãos, mas foram praticadas ações que
demonstram a intenção de transmitir.
razão do falecimento de alguém.
➢ Accessio possessiones: acessão de Ex.: entrega da chave do carro, autorizando
posses que se dá inter vivos, porque a ter a posse do carro.
alguém transmitiu a posse a outrem.
Ex.: entrega da chave de um apartamento
Assim, ao propor uma ação de usucapião, é para venda ou aluguel.
necessário atentar para a possibilidade de Na tradição simbólica se dá o que
juntar a posse com o do possuidor chamamos de traditio longa manu: a coisa é
antecessor. Mas, a posse do antecessor colocada à disposição do sujeito para que
precisa ser ad usucapionem. dela ele tome posse.

Como a posse é adquirida? - Consensual: depende do consenso das


Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o partes envolvidas. Não vai depender de atos
momento em que se torna possível o simbólicos, mas, vai se diferenciar em dois
exercício, em nome próprio, de qualquer dos institutos diferentes:
poderes inerentes à propriedade. A) Constituto possessório (cláusula
Gozar constituti): “constitui-se possuidor”
– acontece quando o sujeito tem a
Reaver
propriedade do bem, mas, deixa de
Usar ter a propriedade, mantendo-se
Dispor como possuidor do bem.
Ex.: Cristiano vendeu a posse de um
Como adquiro qualquer um desses poderes? imóvel para Camila, mas, como
Há dois modos de aquisição da posse Camila não vai morar na casa,
(originário e derivado) e, dentro do modo Camila aluga essa casa para
derivado, há a tradição. Posso adquirir de Cristiano. Cristiano exerce apenas a
forma originária ou derivada, sendo que, posse direta. Não se tornou
nesta última, pode ser por sucessão ou possuidor, porque já era. Inserir
tradição (entrega). Existem 3 formas essa cláusula no contrato é muito
diferentes de tradição da posse: tradição importante, porque é ela que vai
real, tradição simbólica e tradição caracterizar que o sujeito era
consensual. proprietário e agora é apenas
- Real: quando se dá a entrega efetiva da possuidor.
coisa. B) Traditio brevi manu: não se
confunde com a traditio longa manu.
Ex.: Cristiano tem uma lapiseira e a entrega É o contrário do constituto
para o Mateus. A entrega da coisa possessório. É quando o sujeito era
caracterizou o corpus ou animus? Corpus. possuidor, mas, agora passa a ser
proprietário.
Ex.: Cristiano era caseiro de uma
- Simbólica: pratica-se algum ato que
fazenda, mas, conseguiu comprar a
demonstre a posse. Se dá pelas condutas do
casa (posse plena – direta e
sujeito que vão indicar a intenção de indireta).
No exemplo, houve inversão do AULA 25/10/2021
animus. Não houve mudança na
exteriorização (corpus), mas, sim, na
intenção (animus) EFEITOS DA POSSE
Fonte: Flávio Tartuce

Expressão importante para Os efeitos da posse podem decorrer de


concursos e OAB: questões materiais (quais são os impactos
do exercício da posse na matéria, no bem
Fâmulo da posse: quando o sujeito recebe a especificamente considerado e não no seu
coisa com obrigação de restituir a coisa, procedimento)
mas, não restitui. É o caso da Alice e do
caseiro, dos exemplos anteriores. e
processuais (possibilidade de defesa da
posse — ações possessórias e ações
petitórias)

- Material: relativa aos frutos, benfeitorias,


responsabilidades, usucapião
- Formais: interditos possessórias, outras
ações possessórias interdito proibitório
desporto imediato.

Da percepção dos frutos

Fruto é diferente de produto!


Os frutos não geram diminuição do bem
principal. Os produtos geram diminuição
do bem principal.

Os frutos são bens acessórios que podem


ser retirados do bem principal sem diminuir
a sua quantidade.
O sujeito que exerce posse sobre um bem
tem direito de colher os frutos que esse bem
dá?
Ele precisa sair do bem, tem direito de
colher os produtos ainda não colhidos?
Pode guardar os frutos para dispor deles
depois?
Classificação: algum motivo, o responsável pela
colheita não os colheu.
1) Frutos naturais: decorrem da
própria natureza. Ex.: milho que não foi colhido à
época adequada.
Ex.: pé de fruta; nascente.

8) Frutos consumidos: foram colhidos e


2) Frutos industriais: decorrem da
não existem mais. São importantes
atividade humana. O homem atua
para saber quais geram e quais não
sobre um fruto ou produto natural e,
geram direito à indenização.
a partir dessa atuação, gera um outro
bem. A ação que diferencia os bens
industriais dos naturais é a ação A lógica é entender se a posse que o sujeito
sobre o bem que transforma a exerce sobre o bem, bem este que tem
própria coisa. Daí dizer que cortar a frutos, é de boa-fé ou de má-fé. No que tange
seringueira ou apanhar uma fruta aos frutos, interessa saber se a posse é de
não tem a ver com frutos industriais. má-fé ou de boa-fé. Mesmo o possuidor de
Só vai ser industrial se o homem
boa-fé não tem direito aos frutos pendentes
precisar trabalhar ativamente para (que ainda não colheu). Se o possuidor de
modificá-lo. boa-fé colher os frutos por antecipação, vai
Ex.: borracha e seringueira.
ter que devolver ao legítimo possuidor e
indenizá-lo por perdas e danos. A lógica é: o
3) Frutos civis: oriundos de relações legítimo possuidor vai retirar o sujeito da
jurídicas e econômicas; posse do bem. Este apenas tem direito aos
rendimentos. frutos percebidos e não tem direito aos
Ex.: juros. frutos pendentes.

Os demais frutos são praticamente Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito,
corolários desses 3 primeiros. enquanto ela [posse] durar, aos frutos
percebidos.
4) Frutos pendentes: ainda ligados ao Parágrafo único. Os frutos pendentes ao
bem principal, porque não foram tempo em que cessar a boa-fé devem ser
colhidos. restituídos, depois de deduzidas as despesas
Ex.: um fruto natural pode ser um da produção e custeio; devem ser também
fruto pendente, como é o caso de restituídos os frutos colhidos com
uma manga ainda não colhida. antecipação. [mas, o sujeito de boa-fé tem
direito de ser indenizado por aquilo que
5) Frutos percebidos: já colhidos do gastou/investiu para a produção do fruto]
principal.
Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais
6) Frutos estantes: já colhidos e reputam-se colhidos e percebidos, logo que
armazenados. são separados; [aqueles já desligados da
coisa principal] os civis reputam-se
percebidos dia por dia. [rendimento é diário,
7) Frutos percipiendos: deveriam ser então, fruto civil considera-se percebido a
colhidos, mas não foram. Aqueles cada dia]
que, pela época, deu-se a
necessidade de colheita, mas, por
Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde Ex.: construir, sem que seja
por todos os frutos colhidos e percebidos, bem absolutamente necessário, uma
como pelos que, por culpa sua, deixou de cozinha na parte externa da casa
perceber, desde o momento em que se
constituiu de má-fé; tem direito às despesas ➢ Voluptuárias: dispensáveis. De mero
luxo ou deleite.
da produção e custeio. O investimento que
Ex.: instalação de ar-condicionado
foi colocado pelo outro para a produção não
pode ser recebido pelo legítimo possuidor,
sob pena de enriquecimento sem causa.
Essa classificação DEPENDE DA ANÁLISE
No tocante aos produtos, a análise do CASUÍSTICA, sendo que as voluptuárias
ressarcimento é casuística. podem variar muito a depender da situação
concreta.

Princípio da reparação integral dos


danos Ex.: o sujeito está exercendo a posse de um
bem e é intimado a sair do bem pelo legítimo
- danos emergentes possuidor ou pelo proprietário. O sujeito
que estava lá e fez benfeitorias terá direito
- lucros cessantes de ser indenizado? O sujeito requer o bem e
requer a indenização de uma benfeitoria.
- danos extrapatrimoniais (morais) Ele tem direito de permanecer no bem até
ser indenizado ou deve sair e depois
Obs.: Esse regime não se aplica aos pleitear a indenização?
produtos, pois o possuidor de boa-fé, neste
caso, tem o dever de restituir. A resposta perpassa o conceito de retenção
de benfeitorias. Na prática, o sujeito não
retem só a benfeitoria, mas, sim, a coisa na
qual foi incluída/executada uma
A indenização e a retenção de benfeitoria.
benfeitorias
BENFEITORIA É DIFERENTE DE
Conceito: “as benfeitorias são bens PERTENÇA QUE É DIFERENTE DE
acessórios introduzidos em um bem móvel ACESSÃO.
ou imóvel, visando a sua conservação ou
melhora da sua utilidade” (TARTUCE, 2019) - A benfeitoria é introduzida na coisa por
quem não é proprietário. Trata-se de um
Classificação: “plus”.

➢ Necessárias: imprescindíveis, - A pertença é introduzida por quem tem


essenciais ao bem principal. domínio.
Ex.: trocar um telhado estragado
- A acessão é um dos modos de aquisição de
➢ Úteis: melhoram a utilização do propriedade imobiliária. É quando uma
bem, aumentando ou facilitando o coisa sai e se junta a um outro bem.
uso da coisa.
Ex.: com o rompimento da barragem de
brumadinho, o rejeito de minério que saiu
da barragem se juntou às margens do rio na
minha fazenda, diminuindo a “cobertura” do Art. 36. As benfeitorias voluptuárias não
rio. serão indenizáveis, podendo ser levantadas
pelo locatário, finda a locação, desde que sua
Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito retirada não afete a estrutura e a substância
à indenização das benfeitorias necessárias e do imóvel.
úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se
não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o Sobre esses dispositivos, tem-se que:
puder sem detrimento da coisa [não há o
direito de indenização pela benfeitoria 1) Benfeitorias necessárias são sempre
voluptuária], e poderá exercer o direito de indenizáveis.
retenção pelo valor das benfeitorias 2) Benfeitorias úteis são indenizáveis
necessárias e úteis. se forem autorizadas.
3) Benfeitorias voluptuárias não são
VEDAÇÃO AO ENRIQUECIMENTO SEM indenizáveis, mas podem ser
CAUSA levantadas se a sua retirada não
afetar a estrutura e substância do
DIREITO DE TOLHER O IUS TOLLENDI imóvel.

Ex.: fiz uma benfeitoria voluptuária Súmula 335 do STJ: Nos contratos de
(coloquei uma banheira de locação, é válida a cláusula de renúncia à
hidromassagem), sou um possuidor de boa- indenização das benfeitorias e ao direito de
fé, mas, vou ter que sair do bem. Não posso retenção.
exigir que o sujeito me pague pela
benfeitoria voluptuária, mas, posso levá-la
comigo, desde que não prejudique a coisa e
a deixe pior do que estava antes (neste Código de Defesa do Consumidor, art.
exemplo, desde que não deixe o banheiro 51, XVI:
todo quebrado).
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre
A retenção das benfeitorias para o outras, as cláusulas contratuais relativas ao
possuidor de boa-fé, portanto, vai se dar fornecimento de produtos e serviços que:
apenas no tocante às benfeitorias XVI - possibilitem a renúncia do direito de
necessárias e úteis, de modo que ele tem o indenização por benfeitorias necessárias.
direito de permanecer com o bem até que
lhe dê o ressarcimento dessas benfeitorias.
Enunciado 433 do CJF: A cláusula de
renúncia antecipada ao direito de
indenização e retenção por benfeitorias
ESSAS REGRAS NÃO SE APLICAM PARA A necessárias é nula em contrato de locação de
LOCAÇÃO!!! OS CONTRATOS DE LOCAÇÃO imóvel urbano feito nos moldes do contrato
POSSUEM REGRAS ESPECÍFICAS. de adesão.
VIDE LEI DE LOCAÇÃO (Lei nº 8.245/1981) Ex.: contrato padronizado feito por
– ARTS. 35 E 36 imobiliária, no qual a outra parte não pode
mexer em nenhuma cláusula.
Art. 35. Salvo expressa disposição contratual
em contrário, as benfeitorias necessárias
introduzidas pelo locatário, ainda que não
autorizadas pelo locador, bem como as úteis, Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão
desde que autorizadas, serão indenizáveis e ressarcidas somente as benfeitorias
permitem o exercício do direito de retenção. necessárias; não lhe assiste o direito de
retenção pela importância destas, nem o de
levantar as voluptuárias. NÃO PODE RETER Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde
A COISA (PERMANECER COM ELA) ATÉ SER pela perda, ou deterioração da coisa, ainda
INDENIZADO! Precisa deixar/devolver o que acidentais, salvo se provar que de igual
bem para depois requerer a indenização. modo se teriam dado, estando ela na posse do
reivindicante.
Art. 1.221. As benfeitorias compensam-se
com os danos, e só obrigam ao ressarcimento Responsabilidade objetiva, independe da
se ao tempo da evicção [perda parcial ou culpa. Se aplica mesmo em caso fortuito
total de um bem por decisão judicial ou ato (imprevisível) ou força maior (previsível e
administrativo por causa preexistente] inevitável). O possuidor de má-fé só vai
ainda existirem. responder se no caso concreto, comprovar
que aquele evento danoso aconteceria
Ex.: existia um processo de penhora contra mesmo de o possuidor legítimo estivesse na
Tião e Tião vende o carro para Cristiano. posse.
Mas, o processo no qual Tião era réu gerou Ex.: estou na posse de má-fé de um cavalo e
uma ordem de prisão. Cristiano passou em o meu sítio e o sítio do reivindicante são
uma blitz e o carro foi preso, perdendo, próximos da mina de Brumadinho. A
portanto, o bem, em razão de uma decisão barragem de Brumadinho rompeu. Vou ter
judicial. que pagar pelo cavalo? Não. Porque o
evento danoso aconteceria de qualquer
Art. 1.222. O reivindicante [quem está maneira. Diferente seria, por exemplo, se o
entrando no bem de volta], obrigado a cavalo tivesse sido picado por uma cobra.
indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-
fé, tem o direito de optar entre o seu valor
atual [o valor que o bem adquiriu, que
atualmente o bem vale] e o seu custo [quanto Art. 1.221. As benfeitorias compensam-se
foi gasto]; ao possuidor de boa-fé indenizará com os danos, e só obrigam ao ressarcimento
pelo valor atual. se ao tempo da evicção ainda existirem.

As benfeitorias necessárias a que teria


direito o possuidor de má-fé, podem ser
As Responsabilidades compensadas com os danos sofridos pelo
reivindicante.
Indenização pelos prejuízos sofridos Ex.: construí uma benfeitoria necessária
que ficou em R$5.000,00, mas, fiz algo que
Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não engendrou um prejuízo de R$10.000,00
responde pela perda ou deterioração da para ele. Posso pagar só a diferença de
coisa, a que não der causa. R$5.000,00, ante a possibilidade de
compensação.
Ex.: Cristiano está na posse de boa-fé de um
carro e esse carro sofre de uma batida de
trânsito, sem que Cristiano tenha Defesa da Posse
concorrido para isso. Cristiano terá que
pagar o prejuízo para o reivindicante? Se for Ações Possessórias
possuidor de boa-fé, não. Depende da
comprovação de culpa em sentido amplo. Para que a ação possessória exista e para
Responsabilidade subjetiva (dolo ou culpa). que se demonstre a legitimidade passiva,
basta demonstrar que tinha a posse e
perdeu ou que tinha a posse e está sendo
ameaçado de perder. Documento de
propriedade não comprova posse. Ação que
tem a propriedade como fundamento é ação está prejudicando a posse se abstenha de
petitória. praticar.

Se sofre turbação, deve propor ação de


manutenção de posse para que cessem os
Interditos Possessórios atos contra a posse.

São ações possessórias diretas realizadas Se o sujeito foi esbulhado da posse, a ação a
com o objetivo de manter-se na posse ou ser proposta é a de reintegração de posse,
que esta lhe seja restituída. para que a posse lhe seja devolvida.

o Ameaça (risco de acontecer um E se no decorrer da ação, o que era ameaça


esbulho ou uma turbação) -> se transformou em um esbulho? É
interdito proibitório -> proteção do necessário propor uma nova ação? NÃO,
possuidor em perigo. PORQUE HÁ FUNGIBILIDADE DE AÇÕES.
As três ações possessórias diretas são
o Turbação (atentados fracionados fungíveis. Quer dizer que a propositura de
contra a posse) -> manutenção de uma ação, quando na verdade deveria ter
posse -> preservação da posse. sido proposta outra, não prejudica, basta
adequar os pressupostos.
o Esbulho (perda da posse) ->
reintegração de posse -> devolução Art. 554, CPC. A propositura de uma ação
da posse) possessória em vez de outra não obstará a
que o juiz conheça do pedido e outorgue a
No filme “UP Altas Aventuras”, o Sr. tinha proteção legal correspondente àquela cujos
uma casinha numa região que estava pressupostos estejam provados.
sofrendo muita valorização imobiliária.
Todos os vizinhos venderam suas casas Súmula 228 do STJ: É inadmissível o
para construção de arranha-céus e o Sr. se interdito proibitório [quando se tem apenas
manteve na casa dele. Num determinado ameaça] para a proteção do direito autoral.
momento, ele está dentro da casa dele e
percebe que as pessoas estão confabulando
contra ele do outro lado da rua. O Sr. está
sofrendo uma ameaça da posse. Mas, isso Interdito de Força Nova
vai além quando um caminhão faz uma
manobra e derruba a caixinha do correio e a ✓ menos de um ano e um dia;
cerca e não os restitui. Isso já pode ser ✓ o interdito possessório seguirá
entendido como uma turbação (prática de procedimento especial;
pequenos atos que estão ofendendo a ✓ cabe liminar.
posse). Se ele não tivesse amarrado os
balões, ele sofreria um esbulho pelas
pessoas que queriam interná-lo para dar
Ação de Força Velha
lugar à construção de prédios.

Interditos possessórios é gênero. Ações ✓ pelo menos um ano e um dia;


possessórias direta e indireta. Os interditos ✓ segue o procedimento comum;
✓ rito ordinário;
possessórios são usados para as hipóteses
de ameaça, turbação e esbulho. ✓ não cabe liminar.

Mas, se sofre apenas ameaça, deverá propor Obs.: apesar de não caber liminar nas ações
interdito proibitório, para que o sujeito que de força velha, nada impede o pedido de
tutela antecipada, conforme Enunciado 238
do CJF/STJ.

Ainda que a ação possessória seja intentada PARA ESTUDAR EM CASA:


além de “ano e dia” da turbação ou esbulho
e, em razão disso, tenha seu trâmite regido Ingresso de outras ações possessórias
pelo procedimento ordinário (art. 924,
CPC), nada impede que o juiz conceda a
tutela possessória liminarmente, mediante Ações Possessórias Indiretas:
antecipação de tutela, desde que presentes
os requisitos autorizadores do art. 273, I ou
II, bem como aqueles previstos no art. 461- ➔ Nunciação de obra nova
A e parágrafos, todos do CPC. ➔ Dano infecto
➔ Embargos de terceiro
Art. 1.210. § 2 o Não obsta à manutenção ou ➔ Ação de imissão de posse
reintegração na posse a alegação de ➔ Ação publiciana
propriedade, ou de outro direito sobre a
coisa.

Exceptio domini (exceção de


domínio). Não é permitido em uma
ação possessória apresentar como
defesa o fato de ser proprietário. É
irrelevante quem é proprietário.

No caso do cliente do Cristiano (exemplo


dado em aula), não houve restituição pelas
benfeitorias, porque o possuidor foi
considerado de má-fé e, para além disso, as
benfeitorias foram consideradas úteis e não
necessárias.

É LÍCITO AO AUTOR CUMULAR PEDIDOS


POSSESSÓRIOS
a) Condenação em perdas e danos
(danos emergentes + lucros
cessantes);
b) Indenização dos frutos (conforme o
1º efeito da posse da indenização de
frutos);
c) Danos morais (pelo esbulho
praticado).
AULA 08/11/2021 DIREITOS REAIS
A propriedade é o direito real por
excelência
USUCAPIÃO
O art. 1.228 traz atributos inerentes à
A usucapião é um efeito da posse porque a
propriedade
partir do exercício regular da posse de um
bem, o sujeito pode converter essa posse em Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de
propriedade depois de um determinado usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de
período. reavê-la do poder de quem quer que
injustamente a possua ou detenha.
o Usucapião ordinária – 10 anos – art.
1242, CC; §1 o O direito de propriedade deve ser
o Usucapião extraordinária – 15 anos; exercido em consonância com as suas
o Especial rural – 5 anos – art. 1239, finalidades econômicas e sociais e de modo
CC; que sejam preservados, de conformidade com
o Especial urbana – 5 anos – art. 1240, o estabelecido em lei especial, a flora, a
CC; fauna, as belezas naturais, o equilíbrio
o Abandono de lar – 2 anos; ecológico e o patrimônio histórico e artístico,
o Usucapião indígena – 10 anos bem como evitada a poluição do ar e das
- Lei 6.001/73; águas.
o Usucapião coletiva 10 anos – Lei §2 o São defesos os atos que não trazem ao
10257/2001. proprietário qualquer comodidade, ou
Em todas as modalidades de usucapião o utilidade, e sejam animados pela intenção de
sujeito deve comprovar que exerce a posse prejudicar outrem.
ad usucapionem. Os requisitos obedecem a §3 o O proprietário pode ser privado da coisa,
uma ordem inversamente proporcional: nos casos de desapropriação, por necessidade
- quanto mais requisitos a lei exigir, menor ou utilidade pública ou interesse social, bem
o tempo de posse que tem que cumprir; como no de requisição, em caso de perigo
público iminente.
- quanto menos requisitos a lei exigir, maior
o tempo de posse que tem que cumprir. §4 o O proprietário também pode ser privado
da coisa se o imóvel reivindicado consistir em
extensa área, na posse ininterrupta e de boa-
Modos de extinção da posse fé, por mais de cinco anos, de considerável
Artigos 1223 e 1224 do CC número de pessoas, e estas nela houverem
realizado, em conjunto ou separadamente,
Não há um rol taxativo. A partir do
obras e serviços considerados pelo juiz de
momento em que eu deixo de exercer o
interesse social e econômico relevante.
atributo que caracterizava a minha posse,
ela deixa de existir. §5 o No caso do parágrafo antecedente, o juiz
fixará a justa indenização devida ao
proprietário; pago o preço, valerá a sentença
como título para o registro do imóvel em
nome dos possuidores.
G - jus fruendi acalmar o clamor popular, sem
nunca, de fato, implementar os seus
R - reivindicato objetivos.

U - jus utendi
A função social só é cumprida se atende a 5
D - jus abutendi requisitos (dimensões) – “função social
pentadimensional”. Os requisitos são
Alguns autores acrescentam a esse conceito
cumulativos.
a necessidade de o titular do direito de
propriedade fazer cumprir a função social 1) Social: dar uma destinação ao bem
desse bem. mais adequada e com respeito
àquela sociedade. Utilizar-se do bem
Isso porque, a propriedade aparece na CF
sem violar direito alheio.
em vários dispositivos (art. 5º, XXII e XXIII),
no Capítulo da Ordem Econômica e
2) Econômica: utilizar-se do bem na
Financeira, no dispositivo que versa sobre a
melhor proporção que aquele bem
propriedade urbana (art. 182) e no
possa oferecer (nem a mais e nem a
dispositivo que versa sobre a propriedade
menos; nem aquém e nem além).
rural (art. 186).
Alguns doutrinadores entendem que a CF é 3) Ambiental: vem a partir do respeito
liberal e que a função social é limitadora do ao meio ambiente e da necessidade
direito de propriedade, de modo que toda de se garantir recursos para as
interferência para fazer cumprir função gerações futuras e para as atuais.
social ensejaria indenização. Mas, há quem Pacto intergeracional.
afirme que a CF elege a propriedade privada
e protege a propriedade SE o seu titular 4) Cultural: utilizar-se do bem com
cumpre a função social. respeito à realidade cultural na qual
Função social da propriedade é um quinto o bem está inserido.
elemento do direito de propriedade. Com Ex.: se eu adquiro um lote em Milho
isso, é possível ajustar a propriedade Verde, não posso construir um
privada a uma outra interpretação, no prédio de 3 andares de vidro, todo
sentido de que a propriedade privada deve espelhado, em que pese não haja
ser um instrumento de garantia de direito previsão legal em contrário, uma vez
fundamental e não como a garantia em si que não há plano diretor. Isso
mesma. Se não for assim, a Constituição porque, um prédio de vidro todo
acaba por privilegiar e legitimar o acúmulo espelhado, afetaria a cultura daquele
de capital (instrumento de apoderamento lugar.
material).
5) Territorial: utilizar-se deste bem
sabendo que ele deve estar
Indicação de leitura: adequado às regras de uso e
“Constitucionalização simbólica” - ocupação do solo.
Marcelo Neves. Determinadas leis Obs.: O capitalismo consiste na apropriação
nascem com alguns objetivos dos meios de determinadas pessoas que
específicos, dentre eles, o objetivo de exploram a mão de obra alheia para
não funcionar, mas, simplesmente, acumulação de capital. O socialismo, por sua
vez, consiste em socializar os meios de Reivindicação é a possibilidade de
produção para equanimizar a produção. Ou requerer/reivindicar/tomar para si o bem
seja, tira os meios de produção de um de volta. A reivindicação no direito de
particular e os coloca nas mãos do Estado. propriedade não se dá por uma ação
Contudo, os trabalhadores continuam possessória. Assim como a alegação de
desmascarados. Há apenas uma mudança propriedade não é fundamento para a ação
de perspectiva da titularidade. possessória. A ação em que se discute a
reivindicação da propriedade é qualquer
ação que se encaixe no gênero de ações
Problema Central da Função Social petitórias (aquelas fundadas no direito de
Falta de concretização pelo seu propriedade). Ao contrário das ações
descumprimento. possessórias, nas ações petitórias a
comprovação é feita em cima do direito de
Art. 182. CF. A política de desenvolvimento
propriedade do bem. Das ações petitórias, a
urbano, executada pelo Poder Público
mais comum é a ação reivindicatória.
municipal, conforme diretrizes gerais fixadas
em lei, tem por objetivo ordenar o pleno
desenvolvimento das funções sociais da ❖ Ação reivindicatória: utilizada pelo
cidade e garantir o bem-estar de seus proprietário para reivindicar a coisa.
habitantes. O fundamento da ação
O sujeito que não cumpre função social no reivindicatória é o direito de sequela.
imóvel urbano é notificado pelo município É necessário comprovar a
(para que faça o parcelamento do lote ou, já titularidade sobre o bem; indicar o
tendo sido feito, para construir). Se não bem sobre o qual exerce a
tomar as providências, vai aumentando o propriedade (individualização da
IPTU para fins extrafiscais. A própria lei fala coisa) – se for um bem imóvel, a
que isso só pode ser aplicado nas cidades descrição será por
que têm obrigatoriedade de plano diretor. georreferenciamento; e é necessário
demonstrar que uma outra pessoa
está injustamente com esse bem.
Art. 186. A função social é cumprida quando
a propriedade rural atende,
A PROPOSITURA DA AÇÃO
simultaneamente, segundo critérios e graus
REIVINDICATÓRIA É IMPRESCRITÍVEL.
de exigência estabelecidos em lei, aos
seguintes requisitos:
I - aproveitamento racional e adequado; Usucapião é causa de perda da propriedade,
II - utilização adequada dos recursos isto é, causa de aquisição da propriedade
naturais disponíveis e preservação do meio por parte de quem vai usucapir e perda da
ambiente; propriedade por parte do réu. Quem pode
III - observância das disposições que regulam propor ação reivindicatória é o
as relações de trabalho; proprietário. Se o objeto for um bem imóvel,
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos é necessário outorga uxória.
proprietários e dos trabalhadores.
O polo passivo da ação reivindicatória é
aquele que injustamente possui ou detém o
bem (não tem uma justificativa jurídica para
Reivindicação estar com o bem). Assim, se eu propuser
uma ação reivindicatória contra o detentor, pendência, e o proprietário,
o detentor deve indicar o real possuidor. em cujo favor se opera a
resolução, pode reivindicar a
coisa do poder de quem a
Características do direito de possua ou detenha.
propriedade

o Exclusividade – art. 1231.


o Plenitude – art. 1231, CC. A Impossibilidade de mais de uma
propriedade é plena quando reúne pessoa exercer o mesmo direito de
todos os atributos inerentes a ela. Se propriedade sobre a mesma fração
difere da propriedade restrita ideal da coisa.
porque o proprietário restrito não
vai ter algum desses atributos. o Perpetuidade – doutrinária. O
Quando a propriedade é limitada ou direito de propriedade é perpétuo
restrita, se divide em dois modos de até que alguma coisa o extinga.
exercício ao mesmo tempo: Ex.: meu avô é proprietário do
mesmo terreno desde quando
➔ nua-propriedade - o sujeito completou 21 anos. Hoje, ele tem 90
tem o documento do bem. O anos, mas, continua sendo
sujeito é titular do bem, mas, proprietário. Tanto é que se alguém
não tem uso e nem fruição. extrair areia ilegalmente na
➔ domínio útil - o sujeito se propriedade, quem responde é ele
utiliza do bem, sem, contudo, (meu avô) por crime ambiental.
ter o documento. O sujeito
usa e goza do bem e às vezes o Elasticidade – doutrinária. A
pode dispor. propriedade pode ter seus atributos
Ex.: Cristiano está doando transferidos a terceiro.
uma coleção de Direito Civil
para Camilla para quando ela o Oponibilidade erga omnes –
formar. Camilla já é doutrinaria. Possibilidade de opor o
proprietária, porque já houve direito de propriedade contra todos.
a tradição, mas, não pode
assumir-se como
proprietária plena.
Propriedade resolúvel: Propriedade do solo/subsolo
submetida a uma condição ou
termo, isto é, depende de Ex.: Laís é proprietária de um lote. Quem é
alguma coisa para se tornar proprietário do subsolo do lote de Laís?
plena. Laís. Até a extensão que for útil ao exercício
de direito de propriedade dela.
Art. 1.359. Resolvida a Art. 1.229. A propriedade do solo abrange a
propriedade pelo implemento do espaço aéreo e subsolo correspondentes,
da condição ou pelo advento em altura e profundidade úteis ao seu
do termo, entendem-se exercício, não podendo o proprietário opor-
também resolvidos os direitos se a atividades que sejam realizadas, por
reais concedidos na sua terceiros, a uma altura ou profundidade tais,
que não tenha ele interesse legítimo em AULA 22/11/2021
impedi-las.
Art. 1.230. A propriedade do solo não
REGISTRO IMOBILIÁRIO E ATUAÇÃO EM
abrange as jazidas, minas e demais recursos
CARTÓRIO
minerais, os potenciais de energia hidráulica,
os monumentos arqueológicos e outros bens
referidos por leis especiais. Registro imobiliário: encontra previsão
Parágrafo único. O proprietário do solo tem nos arts. 1245 a 1247 do Código Civil. Mas,
o direito de explorar os recursos minerais de há uma lei específica para regular registro
emprego imediato na construção civil, desde de imóveis (Lei 6.015/63 - LRP = Lei de
que não submetidos a transformação Registros Públicos).
industrial, obedecido o disposto em lei
especial.
Ex.: tenho uma cachoeira gigante no meu Diferenças entre um cartório e outro:
terreno. Se tiver um potencial de energia o Cartório de Registro de Imóveis =
hidráulica, pode ser entendida como não será registrada aquisição,
sendo do proprietário. Por que é mais fácil transferência, inclusão de ônus,
vender areia do que minério? Porque a retirada de ônus, enfim, tudo
legislação é mais flexível no que se refere relacionado a um imóvel. Restringe-
aos recursos minerais destinados à se à movimentação imobiliária.
construção civil, sendo muito mais fácil Titular: Oficial.
conseguir a autorização.
o Cartório de Notas = é onde o
Tabelião vai recolher todas as notas
que lhe são declaradas para que
Modos de aquisição da propriedade
essas declarações passem a ter fé
imóvel/imobiliária
pública.
VIDE MATERIAL COMPLEMENTAR! Ex.: se quero fazer uma escritura,
➔ Registro Imobiliário: vou ao Cartório de Notas.
➔ Usucapião: Ex.: se quero fazer uma procuração,
➔ Acessões imobiliárias: formação de vou ao Cartório de Notas.
ilhas, aluvião, avulsão e abandono
➔ Direito hereditário: sucessões – Então, tudo que precisa declarar,
adquire-se propriedade imobiliária a “colocar no papel”, é feito no Cartório
partir do momento em que sucede de Notas. Assim, quando vou vender
um falecido com testamento ou sem uma casa, preciso ir primeiro ao
testamento. Cartório de Notas para lavrar a
escritura de compra e venda e depois
levar a escritura no Cartório de
Imóveis para proceder ao registro do
bem. Adquire-se a propriedade do
bem a partir do registro do imóvel e
não pela escritura do bem. Se só tem
a escritura, há apenas o indício de
propriedade, um justo título.
Titular: Tabelião
Os cartórios são fiscalizados pelas É possível registrar um contrato de compra
Corregedorias dos Tribunais de Justiça dos e venda sem fazer a escritura? Só se for de
Estados. Os cartórios devem prestar contas um imóvel abaixo de 30 salários mínimos.
a essas Corregedorias.

Obs.: Embora o declarante declare o valor


Analogia: O sujeito nasce e tem do imóvel, a Prefeitura é que faz a avaliação
Certidão de Nascimento e morre e do imóvel para cobrança de imposto e o que
tem Certidão de Óbito. Com o imóvel permanece é o maior valor. Há possibilidade
ocorre a mesma coisa. A matrícula do de se recorrer dessa avaliação fiscal, para
bem, é a sua Certidão de Nascimento. mostrar que a Prefeitura avaliou num valor
Os cartórios têm vários livros e esses acima do que o imóvel efetivamente vale.
Livros têm as matrículas dos bens. Obs.: ITBI é o Imposto de Transmissões de
Atualmente, todos os registros dos
Bens Imóveis. Toda vez que transfere bem
imóveis constam nas matrículas dos
imóvel é necessário pagar ITBI.
imóveis e as matrículas constam no
Livro II dos cartórios. Obs.: O registro da escritura na matrícula do
imóvel é essencial para transferência de
propriedade!!! Escritura não é suficiente.
Obs.: A escritura é o documento no qual
Obs.: Registro só pode ser cancelado por
constam as condições da venda — é um
decisão judicial.
contrato público: Cartório de Notas. É
diferente de matrícula!!! A matrícula é o
documento do imóvel, constando quem é A eficácia do registro se dá a partir do
proprietário do imóvel: Cartório de Imóveis. momento que se protocola a escritura no
Matrícula é o que comprova a propriedade. Cartório de Imóveis, ainda que não seja
Escritura é meramente um justo título. registrado no mesmo dia, porque o cartório
tem, por lei, 30 dias para registrar o imóvel.
O protocolo no cartório ganha um número,
Outros cartórios: uma data e uma hora e esse registro de
o Cartório de Registro das Pessoas número/data/hora é chamado de
Naturais = (nascimento, morte, prenotação. O registro terá eficácia a partir
divorcio, interdição, etc.) da prenotação. Significa dizer que mesmo
que o cartório apenas registre a matrícula
o Cartório de Títulos e Documentos = depois, os efeitos do registro retroagirão à
serve para publicizar algum data da prenotação. A prenotação é muito
documento que não seja de importante para não correr o risco de um
competência do Cartório de Notas. mesmo imóvel ser vendido para mais de
Tornar público significa que uma pessoa ao mesmo tempo. No caso de
qualquer pessoa pode ter acesso. venda para mais de uma pessoa, registra
primeiro aquele que prenotar primeiro. Ex.:
o Cartório de Protesto de Títulos: Laís vende o mesmo imóvel para Sebastião
utilizado pelo credor para protestar e Jesuel e, apesar de Jesuel ter feito a
um documento que comprove que escritura primeiro, Sebastião foi quem
ele tem uma dívida a receber do registrou a escritura primeiro. A partir da
devedor e é o cartório que passa a prenotação, Sebastião se tornou o
cobrar do devedor. proprietário e, portanto, o transmitente do
bem. Então, o cartório devolverá a escritura 2) desdobro: subdivide a matrícula em
a Jesuel e o informará a impossibilidade de lotes;
registro porque o transmitente que consta Ex.: uma matrícula de um imóvel de
na escritura de Jesuel (Laís) já não é mais o 500 m². Se o imóvel é desdobrado em
atual proprietário. dois, a matrícula mãe será cancelada,
dando origem a duas matrículas. Só é
possível fazer isso se a Lei Municipal
O documento solicitado para lavrar uma permitir!!! (depende de qual é o
escritura é a matrícula atualizada do bem. requisito de metragem para os
Mais uma vez: DOCUMENTO DE IMÓVEL É lotes).
MATRÍCULA (atualizada – vale 30 dias)!
ESCRITURA NÃO É DOCUMENTO. 3) fusão: unifica lotes contigos (lotes
um ao lado do outro).
Ex.: eu era proprietária do Lote 1 e
Antes do registro até a escritura há apenas
comprei o Lote 2. A matrícula dos
uma relação de negócio entre comprador e
dois é cancelada, surgindo uma nova
devedor. A finalidade do registro de imóveis
matrícula para o Lote 3.
é dar publicidade para a transação para que
ela valha perante terceiros. Pelo registro dá-
se aquisição da propriedade, bem como de Expressão utilizada no dia-a-dia para
todos os direitos reais previstos no art. nomear documento do imóvel: “registro do
1.225 do CC. imóvel”. Contudo, registro é um ato
praticado dentro da matrícula! Registro é
ato de transmissão, inclusão de ônus, etc.
Matrícula
Quando eu compro um imóvel, eu levo a
Art. 228 da Lei de Registros Públicos. A escritura para que o cartório REGISTRE na
matrícula será efetuada por ocasião do MATRÍCULA. A averbação também é um ato
primeiro registro a ser lançado na vigência praticado dentro da matrícula.
desta Lei, mediante os elementos constantes
do título apresentado e do registro anterior
nele mencionado. ❖ Atos registráveis: art. 167, I, da LRP
– uso, gozo e disposição do imóvel,
A matrícula é o que nos interessa como
são atos registráveis que modificam.
aquisição da propriedade imóvel. É a
❖ Averbação: art. 167, II, da LRP – as
matrícula que traz as especificações físicas e
alterações de registros já existentes
jurídicas do bem. Toda a vida do bem consta
são averbações.
na matrícula, assim como toda a vida da
Ex.: Cristiano adquiriu um imóvel de
pessoa natural consta no registro de
Wallace. Na escritura, consta que
nascimento.
Cristiano é solteiro. A escritura de
compra e venda é levada para o
A matrícula pode ser cancelada em 3 Cartório de Registro de Imóveis para
hipóteses: que o Oficial proceda ao registro na
matrícula do imóvel da escritura de
compra e venda. Qualifica-se o
1) decisão judicial; transmitente e o adquirente. Alguns
anos depois, Cristiano vende esse
imóvel para Hendel. Mas, hoje,
Cristiano é casado. Na escritura de AULA 29/11/2021
compra e venda do imóvel consta
que Cristiano é casado, embora
conste no cartório que ele é solteiro. ACESSÕES IMOBILIÁRIAS
Quando Hendel for registrar a Acessão imobiliária significa juntada de
escritura, o cartório solicitará a alguma coisa externa em algum imóvel.
Certidão de Casamento de Cristiano,
para AVERBAR o casamento. Ou seja,
obedecendo a uma ordem 5 formas:
cronológica, é necessário averbar o 1) Formação de ilhas: um sujeito é
casamento de Cristiano antes de proprietário de uma margem do rio e
registrar a transferência da outro sujeito é proprietário da outra
propriedade do imóvel. margem do rio. É necessário traçar
Obs.: Nesse ínterim, a prenotação de uma linha imaginária no meio do rio.
Hendel é cancelada. Se a ilha está do lado esquerdo, vai
pertencer ao proprietário do lado
esquerdo e se tiver do lado direito,
pertencerá ao proprietário do lado
direito. Se estiver no meio, cada um
vai ter a parte correspondente.

2) Aluvião: acréscimo de terra que se dá


aos poucos, de forma mansa e
imperceptível. Há um deslocamento
lento de terra, sem que eu consiga
saber de onde ela veio e, por
conseguinte, sem que eu consiga
indenizar quem perdeu.

3) Avulsão: pronúncia mais forte do


que aluvião. Acontece quando um
pedaço de terra se desloca de uma
margem do rio, de uma vez, e vem
descendo o rio até se alocar à
margem de outra propriedade. Esse
pedaço de terra continua sendo do
proprietário que perdeu e ele pode
pegar de volta, desde que não
prejudique o outro.

4) Abandono de álvio: álvio é onde o rio


corre. Abandono de álvio é quando o
rio seca. A quem vai pertencer esse
pedaço de terra? Divide-se na
metade o álvio abandonado
(abandonado pela água), cujos donos USUCAPIÃO DE IMÓVEIS
vão ser os donos das margens.
Entendimento do STJ: se o rio seca
porque foi feita alguma obra pública, Trata-se do 3º modo de aquisição da
quem será o proprietário do local propriedade imóvel. Fala-se em “A”
onde passava a água será o executor usucapião, porque refere-se à aquisição da
da obra pública, que poderá alienar propriedade pelo uso do bem. Para além
aos ribeirinhos. disso, a usucapião é uma forma de
prescrição aquisitiva, na qual em vez de o
5) Acessão artificial: construções e sujeito perder a pretensão, há a aquisição de
plantações. Há uma presunção de um direito em razão de um decurso do
que tudo que se coloca em cima do tempo. Secundariamente, há a perda do
solo pertence ao proprietário do direito por parte do proprietário atual.
solo, pelo princípio da gravitação A usucapião surge da necessidade de
jurídica. Por isso, quando vou regularizar imóveis que tinham tudo para
construir no lote que pertence ao ser regularizados, mas, o sujeito não
meu irmão, juridicamente o imóvel é conseguiu regularizar. Ou seja, surge da
do meu irmão. Seguiremos sempre necessidade de titular o sujeito que tinha
essa regra? Sim. Mas, isso pode gerar algum documento em mãos, mas não tinha
situações injustas, do tipo documento comprobatório de propriedade.
enriquecimento ilícito por parte do Ex.: tinha o justo título, mas, não tinha
proprietário do lote. matrícula. A usucapião propicia regularizar
via decisão judicial.
Ex.: Cristiano construiu uma casa no
Como dito, é a aquisição pelo uso, o qual se
lote da Laís, mas, Laís sabia disso.
configura na posse, posse essa que DEVE ser
Cristiano usou os seus próprios
justa, mansa, pacífica, contínua e duradoura.
materiais. Nesse caso, Cristiano tem
Podem ser adquiridos por usucapião
direito de requerer as benfeitorias.
QUAISQUER dos direitos reais
(propriedade, servidão, uso, usufruto, etc.)
Ex.: Cristiano construiu no lote do
Samuel, mas, Samuel não sabia da
construção. Cristiano não terá o Justa: que não tem vício (violência,
direito de nada, ainda que tenha clandestinidade e precariedade);
usado os seus próprios materiais.
o Mansa e pacífica: não tem oposição
Dessas acessões, focar mais em plantações (é publicizada, não é feita às
e benfeitorias porque é o que ocorre mais escondidas);
corriqueiramente na prática.
o Contínua e duradoura: se prolonga
por um determinado período de
tempo.

TODA MODALIDADE DE USUCAPIÃO


REQUER ESSAS CARACTERÍSTICAS. Se tem
essas características, é uma posse
usucapionem.
A usucapião é uma forma originária de Causas interruptivas da prescrição e,
aquisição da propriedade, porque ninguém portanto, da usucapião
passou a propriedade anteriormente, de Art. 197 até o art. 202.
modo que esta foi adquirida pelo exercício
da posse do bem.
A sentença que declara a usucapião é Bens que podem ser usucapidos
DECLARATÓRIA. Não é a sentença que Qualquer bem que possa ser objeto de
concede a usucapião. A sentença apenas apropriação
reconhece a existência dos requisitos para
que se declare o proprietário.
Bens que não podem ser usucapidos
Bens inalienáveis, bens cuja posse está
Requisitos da usucapião que precisam
embasada em alguma relação jurídica
ser provados no caso concreto ALÉM DA
anterior (ex.: um contrato de comodato
POSSE
não gera posse ad usucapionem) e bens
públicos (em que pese isso demonstre uma
➢ Pessoais: é necessário provar que o contradição com a constitucional função
adquirente (aquele que está social da propriedade).
exercendo a posse) tem capacidade
jurídica e que o sujeito que está
Obs.: A impossibilidade de usucapir bens
perdendo a propriedade do bem
públicos tem a ver com a
também é capaz. Isso porque, o CC é
imprescritibilidade de bens públicos, uma
expresso ao prever que não flui
vez que a usucapião é uma forma de
prazo prescricional contra
prescrição aquisitiva.
absolutamente incapaz.

Ex.: Eu ocupo um imóvel que está


registrado em nome do filho da
Maureline, Maurício, e o filho da Requisitos formais
Maureline tem, hoje, 5 anos. Eu já
ocupo o imóvel há 4 anos e estou
o Posse: justa, mansa, pacífica,
esperando só um ano para propor a
contínua, duradoura. Observe-se que
ação de usucapião. Contudo, o
é possível a soma/continuidade das
requisito pessoal não estará
posses, desde que possam ser posses
comprovado. É necessário esperar
utilizadas para fins de usucapião.
Maurício fazer 16 anos, para só aí
começar a contar do zero. Depois de
Art. 1.243. O possuidor pode, para o
5 anos após cessada a incapacidade
fim de contar o tempo exigido pelos
absoluta de Maurício é que será
artigos antecedentes, acrescentar à
possível ingressar ação.
sua posse a dos seus antecessores (art.
1.207), contanto que todas sejam
➢ Reais.
contínuas, pacíficas e, nos casos do
art. 1.242, com justo título e de boa-fé.
IMPORTANTE! Contudo, essa soma de Espécies:
posses não é aplicada na usucapião especial TODA MODALIDADE DE USUCAPIÃO
urbana e rural. REQUER ANIMUS DOMINI!

o Prazo: analisado em cada uma das


• Usucapião Ordinária: regulariza a
modalidades.
situação de quem já tinha o
documento, mas, não tinha
o Sentença: declaratória. documento que comprovasse a
propriedade.

Art. 1.242. Adquire também a


IMPORTANTE! Na usucapião, sempre propriedade do imóvel aquele que,
deve-se requerer a citação do possuidor contínua e incontestadamente, com
e/ou do proprietário do bem. Se é réu deve justo título e boa-fé, o possuir por dez
ser citado, mas, também é necessário anos.
arrolar os confinantes (confrontantes –
quem divide o lote), porque um dos - Tempo de posse: 10 anos;
documentos apresentados na ação de
usucapião é o croqui da área. Se não - TEM que ter justo título (qualquer
conseguir a assinatura dos confrontantes no ato jurídico capaz de, teoricamente,
croqui, é necessário o nome e, transferir a propriedade
preferencialmente, o CPF. É necessário independente de registro) e boa-fé.
chamar os confinantes para que eles digam Justo título é o documento que você
ao juiz se quem está requerendo a tem na mão e, sem saber que existe
usucapião está invadindo o lote dos cartório de imóveis, acha que
confinantes. Também é necessário intimar comprova a propriedade. Não é a
as Fazendas Públicas (União, Estados e matrícula. É um indício de
Municípios), a fim de verificar se não se propriedade.
trata de terras devolutas.
- Boa-fé: essa boa-fé é a do art. 1.201:
a posse de boa-fé.
OS CONFINANTES NÃO SÃO RÉUS, MAS,
SÃO CITADOS NA AÇÃO DE
USUCAPIÃO!!!
• Usucapião ordinária por posse-
trabalho:
SÚMULA 263. STF. O POSSUIDOR DEVE SER
CITADO PESSOALMENTE PARA A AÇÃO DE Art. 1.242. Parágrafo único. Será de
USUCAPIÃO. cinco anos o prazo previsto neste
artigo se o imóvel houver sido
SÚMULA 391. STF. O CONFINANTE CERTO adquirido, onerosamente, com base
DEVE SER CITADO, PESSOALMENTE, PARA A no registro constante do respectivo
AÇÃO DE USUCAPIÃO. cartório, cancelada posteriormente,
SÚMULA 237. STF. O USUCAPIÃO PODE SER desde que os possuidores nele tiverem
ARGÜÍDO EM DEFESA. estabelecido a sua moradia, ou
realizado investimentos de interesse
social e econômico. Art. 1.238. Aquele que, por quinze
anos, sem interrupção, nem oposição,
- Tempo de posse: 5 anos possuir como seu um imóvel, adquire-
lhe a propriedade,
- Outros requisitos: comprovar que o independentemente de título e boa-fé;
justo título que eu tenho era tão justo podendo requerer ao juiz que assim o
que chegou a ser registrado, mas, o declare por sentença, a qual servirá
cartório, por alguma irregularidade de título para o registro no Cartório
ou circunstância, o cancelou. de Registro de Imóveis.
Noutros termos, há a aquisição
onerosa com registro cancelado. - Tempo: 15 anos

Ex.: fiz um contrato de promessa de - Não há mais requisitos


compra e venda com o Caio e Caio foi
registrar no cartório. Por isso, quando houver dúvida, nós,
Posteriormente, esse contrato foi enquanto Advogados, devemos
cancelado porque Caio pagou o sempre optar pela usucapião
preço todo, mas, Cristiano não quis extraordinária.
outorgar a escritura para caio. É um
justo título que foi registrado, mas,
depois foi cancelado. Assim, é • Usucapião extraordinária por
possível pedir a usucapião por posse trabalho:
posse-trabalho, desde que
demonstre que mora no imóvel ou Art. 1.238. Parágrafo único. O prazo
que faça investimentos de interesse estabelecido neste artigo reduzir-se-á
social e econômico à propriedade. a dez anos se o possuidor houver
estabelecido no imóvel a sua moradia
Ex.: um imóvel foi registrado na habitual, ou nele realizado obras ou
matrícula X. Mas, quando esse serviços de caráter produtivo.
imóvel foi registrado, o Oficial não
percebeu que o proprietário que - Tempo: 10 anos;
estava lá não foi quem outorgou a - Dar função social à propriedade via
escritura. Mas, antes de registrar, o moradia habitual ou obras ou
cartório percebe o “atropelamento” serviços de caráter produtivo.
dos registros e cancela o registro.
Nesse caso, para conseguir usucapir,
a pessoa deve ficar 5 anos no imóvel,
mostrar que chegou a registrar, mas Essas são as 4 modalidades genuinamente
que o registro foi cancelado e que civilistas de usucapião. Contudo, existem
mora no imóvel. outras:
• Usucapião constitucional agrária
É também chamada de usucapião ou usucapião especial rural ou
TABULAR. usucapião pro labora: art. 1239 do
CC e art. 191 da CF. Processualmente,
é regida pela Lei nº 6.969/81.
• Usucapião extraordinária:
Acontece que tenho medo
Art. 1.239. Aquele que, não sendo de esperar mais 4 anos.
proprietário de imóvel rural ou Posso “abandonar”, isto é,
urbano, possua como sua, por cinco passar a demonstrar a
anos ininterruptos, sem oposição, posse só de uma parte
área de terra em zona rural não desse imóvel para fins de
superior a cinqüenta hectares, comprovação de
tornando-a produtiva por seu requisitos? Não, sob pena
trabalho ou de sua família, tendo nela de ferir a boa-fé objetiva.
sua moradia, adquirir-lhe-á a
propriedade. • Usucapião constitucional urbana
ou especial urbana ou pro misero:
- Medida de até 50 hectares
- Imóvel urbano
- Tempo de posse: 5 anos
- Menor ou igual a 250 m2
- Produtividade da terra
- Tempo de posse: 5 anos
- O sujeito não pode ser proprietário
de outro imóvel, nem rural e nem - Só pode ser deferida uma vez
urbano. O aspecto social de (comprova-se a partir da certidão de
distribuição de terras está previsto feitos ajuizados contra o autor)
nessa modalidade.
- Não pode assessio possessiones,
• Dois questionamentos que assim como não pode na rural.
podem ser lançados a partir
dessa modalidade: Obs.: posso usucapir apartamento?
Sim. Se tiver menos que 250 m². Uma
1) A modalidade limita o problematização que era levantada
tamanho do imóvel rural era que o apartamento tem a
(50 ha). Se é bem menor metragem da área construída e a
que 50 (ha), menor que metragem da área comum.
um módulo rural, posso Suponhamos que meu apartamento
usucapir? Sim. Posição tem 60 m² e no documento tinha
doutrinária e mais 60 m² da área comum. A área
jurisprudencial. comum não é computada.

Obs.: módulo rural é a fração Art. 1.240. Aquele que possuir, como
mínima de parcelamento em sua, área urbana de até duzentos e
determinada região. cinqüenta metros quadrados, por
cinco anos ininterruptamente e sem
2) Eu ocupo 55 ha de terra oposição, utilizando-a para sua
há 6 anos. Posso usucapir moradia ou de sua família, adquirir-
pela usucapião especial lhe-á o domínio, desde que não seja
rural? Não. proprietário de outro imóvel urbano
ou rural.
Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de outro imóvel urbano
proprietário de imóvel rural ou ou rural.
urbano, possua como sua, por cinco
anos ininterruptos, sem oposição, Ex.: eu comprei um imóvel já casado
área de terra em zona rural não sob o regime parcial de bens e moro
superior a cinqüenta hectares, lá. Meu marido vai embora, não dá
tornando-a produtiva por seu notícias e nem contribui com as
trabalho ou de sua família, tendo nela despesas da casa.
sua moradia, adquirir-lhe-á a
propriedade. - Tempo: 2 anos

Art. 183. CF. Aquele que possuir como - Comprovação de que abandonou o
sua área urbana de até duzentos e lar e deixou todo o ônus de
cinqüenta metros quadrados, por manutenção do lar comigo
cinco anos, ininterruptamente e sem
oposição, utilizando-a para sua - Sou cônjuge e, por isso, posso
moradia ou de sua família, adquirir- requerer usucapião da metade do
lhe-á o domínio, desde que não seja imóvel (a metade que era do meu
proprietário de outro imóvel urbano marido, porque, obviamente, a outra
ou rural. metade já era minha). O fundamento
é onerosidade excessiva que ele me
Art. 9º - Estatuto da cidade Aquele submeteu por ter abandonado o lar.
que possuir como sua área ou
edificação urbana de até duzentos e
cinqüenta metros quadrados, por • Usucapião coletiva: Art. 10 da Lei
cinco anos, ininterruptamente e sem 10.257/2001
oposição, utilizando-a para sua
moradia ou de sua família, adquirir- O referido dispositivo foi alterado
lhe-á o domínio, desde que não seja pela Lei 13.465/2017. Esta é uma lei
proprietário de outro imóvel urbano muito importante para quem se
ou rural. interessa por regularização
fundiária.

• Usucapião especial urbana por Art. 10. Os núcleos urbanos informais


abandono de lar: existentes sem oposição há mais de
cinco anos e cuja área total dividida
Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por pelo número de possuidores seja
2 (dois) anos ininterruptamente e sem inferior a duzentos e cinquenta
oposição, posse direta, com metros quadrados por possuidor são
exclusividade, sobre imóvel urbano de suscetíveis de serem usucapidos
até 250m² (duzentos e cinquenta coletivamente, desde que os
metros quadrados) cuja propriedade possuidores não sejam proprietários
divida com ex-cônjuge ou ex- de outro imóvel urbano ou
companheiro que abandonou o lar, rural.
utilizando-o para sua moradia ou de
sua família, adquirir-lhe-á o domínio - Para implementá-la, exige-se que
integral, desde que não seja tenha um determinado número de
famílias ocupando uma determinada de urbanização posterior à
área. constituição do condomínio.

- A ocupação tem que ser por


população de baixa renda e que • Usucapião indígena: Art. 33 da Lei
destine essa área para moradia. 6.001/1973 (Estatuto do Índio)

- Tempo de posse: 5 anos. Tem pouca aplicação prática.

- Nenhuma das famílias pode ser


proprietária de outro imóvel, seja • Usucapião administrativa: Era
urbano ou rural. prevista na Lei que instituiu o
programa “Minha Casa, Minha Vida”.
- Não pode ser possível identificar, Esse programa trazia hipóteses de
individualmente, a área exata que regularização fundiária e imobiliária.
cada família ocupa. Não deve haver O art. 60 da Lei “Minha Casa, Minha
delimitação. Vida”, previa a usucapião
administrativa. Contudo, a MP da Lei
- Metragem: o modo de limitação é 13.465/2017 revogou a usucapião
diferente. Proporcionalmente, tem administrativa.
que ser uma ocupação menor que
250 m² por ocupante. Isso se dá
justamente em razão da • Usucapião extrajudicial: não é uma
impossibilidade de se identificar a modalidade da usucapião, é apenas
área que cada família ocupa. uma forma de operacionalizar a
usucapião. A usucapião extrajudicial
- É possível lançar mão da assessio veio com o art. 1.071 do CPC/2015, o
possessiones (juntada de posses). qual incluiu o art. 216-A à Lei
6.015/1973 (Lei de Registros
- A sentença vai declarar a usucapião Públicos). Traz a possibilidade de se
em favor da coletividade de famílias requerer a usucapião toda na via
e o juiz atribuirá uma fração ideal administrativa.
para cada um. Mas, se essas famílias
tiverem apresentado um projeto É enorme, mas, é importante:
sobre quanto essas famílias ocupam
proporcionalmente, o juiz acatará. A Art. 216-A. Sem prejuízo da via
partir da sentença, formar-se-á um jurisdicional, é admitido o pedido de
condomínio. Condomínio esse que reconhecimento extrajudicial de
será indivisível. Só poderá ser usucapião, que será processado
indivisível na hipótese do art. 10, diretamente perante o cartório do
§4º. registro de imóveis da comarca em
§4o O condomínio especial constituído que estiver situado o imóvel
é indivisível, não sendo passível de usucapiendo, a requerimento do
extinção, salvo deliberação favorável interessado, representado por
tomada por, no mínimo, dois terços advogado, instruído com:
dos condôminos, no caso de execução I - ata notarial lavrada pelo tabelião,
atestando o tempo de posse do
requerente e de seus antecessores, oficial de registro de títulos e
conforme o caso e suas documentos, ou pelo correio com
circunstâncias, aplicando-se o aviso de recebimento, para que se
disposto no art. 384 da Lei n 13.105,
o manifestem, em 15 (quinze) dias,
de 16 de março de 2015 (Código de sobre o pedido.
Processo Civil); § 4o O oficial de registro de imóveis
II - planta e memorial descritivo promoverá a publicação de edital em
assinado por profissional legalmente jornal de grande circulação, onde
habilitado, com prova de anotação de houver, para a ciência de terceiros
responsabilidade técnica no eventualmente interessados, que
respectivo conselho de fiscalização poderão se manifestar em 15 (quinze)
profissional, e pelos titulares de dias.
direitos registrados ou averbados na § 5o Para a elucidação de qualquer
matrícula do imóvel usucapiendo ou ponto de dúvida, poderão ser
na matrícula dos imóveis solicitadas ou realizadas diligências
confinantes; pelo oficial de registro de
III - certidões negativas dos imóveis.
distribuidores da comarca da § 6o Transcorrido o prazo de que
situação do imóvel e do domicílio do trata o § 4o deste artigo, sem
requerente; pendência de diligências na forma do
IV - justo título ou quaisquer outros § 5o deste artigo e achando-se em
documentos que demonstrem a ordem a documentação, o oficial de
origem, a continuidade, a natureza e registro de imóveis registrará a
o tempo da posse, tais como o aquisição do imóvel com as descrições
pagamento dos impostos e das taxas apresentadas, sendo permitida a
que incidirem sobre o imóvel. abertura de matrícula, se for o
§ 1o O pedido será autuado pelo caso.
registrador, prorrogando-se o prazo § 7o Em qualquer caso, é lícito ao
da prenotação até o acolhimento ou a interessado suscitar o procedimento
rejeição do pedido. de dúvida, nos termos desta
§ 2o Se a planta não contiver a Lei.
assinatura de qualquer um dos § 8o Ao final das diligências, se a
titulares de direitos registrados ou documentação não estiver em ordem,
averbados na matrícula do imóvel o oficial de registro de imóveis
usucapiendo ou na matrícula dos rejeitará o pedido.
imóveis confinantes, o titular será § 9o A rejeição do pedido extrajudicial
notificado pelo registrador não impede o ajuizamento de ação de
competente, pessoalmente ou pelo usucapião.
correio com aviso de recebimento, § 10. Em caso de impugnação do
para manifestar consentimento pedido de reconhecimento
expresso em quinze dias, interpretado extrajudicial de usucapião,
o silêncio como apresentada por qualquer um dos
concordância. IMPORTANTE! titulares de direito reais e de outros
§ 3o O oficial de registro de imóveis direitos registrados ou averbados na
dará ciência à União, ao Estado, ao matrícula do imóvel usucapiendo e na
Distrito Federal e ao Município, matrícula dos imóveis confinantes,
pessoalmente, por intermédio do por algum dos entes públicos ou por
algum terceiro interessado, o oficial procedimento de justificação
de registro de imóveis remeterá os administrativa perante a serventia
autos ao juízo competente da extrajudicial, que obedecerá, no que
comarca da situação do imóvel, couber, ao disposto no § 5o do art. 381
cabendo ao requerente emendar a e ao rito previsto nos arts. 382 e 383
petição inicial para adequá-la ao da Lei no 13.105, de 16 março de
procedimento comum. 2015 (Código de Processo
§ 11. No caso de o imóvel Civil).
usucapiendo ser unidade autônoma
de condomínio edilício, fica
dispensado consentimento dos
titulares de direitos reais e outros
direitos registrados ou averbados na
matrícula dos imóveis confinantes e
bastará a notificação do síndico para
se manifestar na forma do § 2o deste
artigo.
§ 12. Se o imóvel confinante contiver
um condomínio edilício, bastará a
notificação do síndico para o efeito do
§ 2o deste artigo, dispensada a
notificação de todos os
condôminos.
§ 13. Para efeito do § 2o deste artigo,
caso não seja encontrado o
notificando ou caso ele esteja em
lugar incerto ou não sabido, tal fato
será certificado pelo registrador, que
deverá promover a sua notificação
por edital mediante publicação, por
duas vezes, em jornal local de grande
circulação, pelo prazo de quinze dias
cada um, interpretado o silêncio do
notificando como
concordância.
§ 14. Regulamento do órgão
jurisdicional competente para a
correição das serventias poderá
autorizar a publicação do edital em
meio eletrônico, caso em que ficará
dispensada a publicação em jornais
de grande circulação.
§ 15. No caso de ausência ou
insuficiência dos documentos de que
trata o inciso IV do caput deste artigo,
a posse e os demais dados necessários
poderão ser comprovados em
AULA 06/12/2021 OUTRAS FORMAS DE AQUISIÇÃO DA
PROPRIEDADE MÓVEL

FORMAS DE AQUISIÇÃO DE BENS


MÓVEIS • Ocupação
• Especificação
• Achado de tesouro
Usucapião: é possível adquirir bens móveis • Comissão
por usucapião. A usucapião de bens móveis
• Confusão
está regulada do art. 1.260 ao 1.262. Há
• Ad junção
duas formas:
• Tradição

• Usucapião ordinária:
Não vamos estudar em sede de aula, em
razão da pouca aplicação prática.
- justo título
- boa-fé Estudar pela doutrina!!!
- tempo de posse: 3 anos

o Tradição: arts. 1.267 e 1.268.


Art. 1.260. Aquele que possuir coisa
móvel como sua, contínua e Tradição é a entrega da coisa.
incontestadamente durante três anos,
Art. 1.267. A propriedade das coisas
com justo título e boa-fé, adquirir-lhe-
á a propriedade. não se transfere pelos negócios
jurídicos antes da tradição.
Parágrafo único. Subentende-se a
tradição quando o transmitente
• Usucapião extraordinária:
continua a possuir pelo constituto
possessório; quando cede ao
- 5 anos de posse
adquirente o direito à restituição da
- não há nenhum outro requisito
coisa, que se encontra em poder de
terceiro; ou quando o adquirente já
Art. 1.261. Se a posse da coisa móvel
está na posse da coisa, por ocasião do
se prolongar por cinco anos,
negócio jurídico.
produzirá usucapião,
independentemente de título ou boa-
Art. 1.268. Feita por quem não seja
fé.
proprietário, a tradição não aliena a
propriedade, exceto se a coisa,
Problematização: com base nisso, é
oferecida ao público, em leilão ou
possível usucapir bem objeto de
estabelecimento comercial, for
furto?
transferida em circunstâncias tais
que, ao adquirente de boa-fé, como a
Ex.: Wallace furtou um carro. Se
qualquer pessoa, o alienante se
Wallace passa o carro para Cristiano
afigurar dono. Tradição por si só não
e Cristiano tem ciência de que
transfere propriedade, uma vez que
Wallace furtou, isto é, tem ciência do
se a tradição for feita por quem não é
vício, Cristiano consegue usucapir o
proprietário, não há transferência.
bem pela via do art. 1.261.
Exceção: leilão – nesse caso, a
tradição é feita pelo leiloeiro e há DIREITO DE VIZINHANÇA
transferência da propriedade. A partir do art. 1.277/CC
§ 1 o Se o adquirente estiver de boa-fé
e o alienante adquirir depois a
propriedade, considera-se realizada a É o estudo de todas as limitações impostas
transferência desde o momento em pela Lei, para uma boa convivência, para
que ocorreu a tradição. Ex.: Cristiano uma convivência leal e de boa-fé pelos
passou a propriedade de um bem sujeitos, mais especificamente pelos
móvel para Sebastião que não era de vizinhos. Essas regras são destinadas tanto
sua propriedade. Sebastião não sabia aos proprietários como aos possuidores de
do vício, isto é, não sabia que imóvel vizinho a outro.
Cristiano não era o proprietário.
Quem é o vizinho? O imóvel que está de
Contudo, depois Cristiano
muro a muro é imóvel contíguo. Vizinho não
regularizou a propriedade em seu
é, necessariamente, prédio vizinho. Prédios
nome. Assim, considera-se realizada
vizinhos são prédios próximos que sofrem
a transferência da propriedade para
alguma repercussão pelo uso do prédio do
Sebastião desde o momento em que
outro. “Prédio”, pelo Código Civil, é imóvel e
Cristiano passou a propriedade para
não necessariamente edificação.
ele. Trata-se de uma hipótese de
venda a non domino (venda por Ex.: O Campo Tijuco de Diamantina,
quem não é dono). localizado no bairro Presidente, é rodeado
§ 2 o Não transfere a propriedade a por casas. Quem mora no início do bairro
tradição, quando tiver por título um Presidente não mora ao lado do Campo
negócio jurídico nulo. Tijuco, mas, sofre repercussões pelos
eventos que ocorrem no Campo Tijuco.

RELEMBRANDO: Obs.: Todas as regras de direito de


vizinhança são obrigações propter rem.
➔ Tradição Real: quando se tem a
entrega efetiva e material da coisa. As regras do direito de vizinhança baseiam-
se em três “S”:
➔ Tradição Simbólica: são praticados
atos representativos da entrega da Segurança;
coisa. Sossego;
Ex.: traditio longa manu (quando o
Saúde.
sujeito era possuidor e se constitui
proprietário).
Art. 1.277. O proprietário ou o possuidor de
➔ Tradição Ficta: decorre de um prédio tem o direito de fazer cessar as
presunção. É o caso da traditio breve interferências prejudiciais à segurança, ao
manu (o sujeito era proprietário e sossego e à saúde dos que o habitam,
passou a ser possuidor). provocadas pela utilização de propriedade
vizinha.
Parágrafo único. Proíbem-se as
interferências considerando-se a natureza da
utilização, a localização do prédio, atendidas AULA 13/12/2021
as normas que distribuem as edificações em
zonas [normas municipais. Ex.: numa zona
industrial, há mais indústrias do que DIREITO DE VIZINHANÇA
comércio], e os limites ordinários de Continuação
tolerância dos moradores da vizinhança.
As regras de distribuição do território em
Árvores limítrofes
zonas já servem para delimitar o uso dos
imóveis no âmbito dos municípios. O tronco está na linha divisória entre dois
imóveis. Trata-se de uma presunção
Limites ordinários de tolerância: respeitar o
relativa, porque se algum dos proprietários
vizinho e eventual incômodo ocasionado
provar que plantou e cultivou, a árvore é
por ele.
dele.
Art. 1.282. A árvore, cujo tronco estiver na
Art. 1.278. O direito a que se refere o artigo linha divisória, presume-se pertencer em
antecedente não prevalece quando as comum aos donos dos prédios confinantes.
interferências forem justificadas por
interesse público, caso em que o proprietário
ou o possuidor, causador delas, pagará ao Detalhe importante: possibilidade de
vizinho indenização cabal. Se as cortar os galhos dessas árvores. O vizinho
interferências forem justificadas por que não é proprietário da árvore tem direito
interesse público, não há direito de fazer de cortar os galhos e as raízes que invadam
cessar essas interferências. o seu imóvel. Mas, esse direito não pode
prejudicar a estrutura da árvore. Observe-
se que os procedimentos próprios para o
Art. 1.280. O proprietário ou o possuidor tem corte de uma árvore são regularizados pela
direito a exigir do dono do prédio vizinho a legislação ambiental.
demolição, ou a reparação deste, quando
Obs.: A regra do corte de galhos e raízes
ameace ruína, bem como que lhe preste
NÃO vale para árvores públicas. Nesse caso,
caução pelo dano iminente. Se uma pessoa
tem que ter autorização do órgão municipal.
tem um prédio vizinho que está em vias de
desmoronar, é possível a propositura de Árvore que não pode cortar nada na região
“Ação de Dano Infecto”, pedindo para que o do Vale do Jequitinhonha.: pé de pequi.
proprietário do imóvel que está em ruína
Art. 1.283. As raízes e os ramos de árvore,
preste uma caução em ruína. que ultrapassarem a estrema do prédio,
poderão ser cortados, até o plano vertical
divisório, pelo proprietário do terreno
invadido.

Sabe-se que a regra principal é a de que bem


acessório segue o bem principal. Mas, no
caso de frutos caídos, não seguimos essa
regra. Observe:
Art. 1.284. Os frutos caídos de árvore do
terreno vizinho pertencem ao dono do solo
onde caíram, se este for de propriedade vendo, o de trás ficou encravado. Eu tenho
particular. que dar passagem forçada sem direito à
Ex.: meu vizinho tem um pé de manga e uma indenização.
manga cai no meu terreno. Obs.: Quem é serviente não é o dono do
Obs.: Fruto caído é diferente de fruto imóvel. É O IMÓVEL. Então, a passagem
forçada é uma obrigação propter rem.
percipiendo e de fruto pendente. Eu não
posso apanhar a manga do meu vizinho. Obs.: a passagem forçada é diferente da
Tenho que esperar ela cair. servidão de passagem. Servidão é um
Ex.: bananeira. O cacho que pende para o direito real e é facultativo. A passagem
terreno do vizinho não é meu. É dele. forçada, por sua vez, é um direito de
vizinhança e é obrigatória.

Passagem forçada e passagem de cabos Art. 1.285. O dono do prédio que não tiver
e tubulações acesso a via pública, nascente ou porto, pode,
mediante pagamento de indenização cabal,
❖ Imóvel encravado: imóvel/lote que constranger o vizinho a lhe dar passagem,
está isolado/todo cercado. Ou seja, cujo rumo será judicialmente fixado, se
não tem saída para uma via pública, necessário.
ou para uma nascente ou para um
porto. Para sair para a rua, por § 1 o Sofrerá o constrangimento o vizinho
exemplo, precisa passar dentro de cujo imóvel mais natural e facilmente se
prestar à passagem.
outro lote.
§ 2 o Se ocorrer alienação parcial do prédio,
Se o meu imóvel é encravado, isto é, de modo que uma das partes perca o acesso a
“sem saída” eu tenho o direito de via pública, nascente ou porto, o proprietário
exigir do meu vizinho que me ceda da outra deve tolerar a passagem.
passagem para acessar a via pública,
mediante indenização. § 3 o Aplica-se o disposto no parágrafo
Tecnicamente, hoje não é possível antecedente ainda quando, antes da
ter imóvel encravado, porque o alienação, existia passagem através de
imóvel vizinho, não estando o proprietário
loteamento precisa ser aprovado
deste constrangido, depois, a dar uma outra.
pela Prefeitura e não aprova-se
imóveis que não tenham acesso para
via pública.
Ações:
❖ Imóvel serviente: que serve - Ação de passagem forçada
- Ação de servidão: servidão confessória
Como eu escolho qual será o imóvel
serviente na hipótese de mais de um
A passagem de cabos e tubulações tem uma
ter saída para a rua? O imóvel sustentação de utilidade pública. Cabe
serviente é aquele que terá a indenização ao proprietário do imóvel
passagem mais fácil. Não é aquela serviente, porque perdeu o livre uso em
que melhor atende ao encravado. É parte desse imóvel. Isso, pois, o local onde
aquele que enseja menos danos. passa cabos e tubulações de forma
subterrânea tem algumas limitações:
Obs.: se eu faço uma subdivisão do meu lote, plantações de culturas permanentes,
deixo o da frente pra mim e o de trás eu construções, etc.
Obs.: No caso de condutor de alta tensão, deste reclamar que se desviem, ou se lhe
normalmente as concessionárias fazem indenize o prejuízo que sofrer.
servidão administrativa, que é a servidão Parágrafo único. Da indenização será
para prestação de serviço público. deduzido o valor do benefício obtido.

Art. 1.286. Mediante recebimento de Art. 1.290. O proprietário de nascente, ou do


indenização que atenda, também, à solo onde caem águas pluviais, satisfeitas as
desvalorização da área remanescente, o necessidades de seu consumo, não pode
proprietário é obrigado a tolerar a impedir, ou desviar o curso natural das águas
passagem, através de seu imóvel, de cabos, remanescentes pelos prédios inferiores.
tubulações e outros condutos subterrâneos
de serviços de utilidade pública, em proveito Ex.: a nascente é na fazenda do Cristiano.
de proprietários vizinhos, quando de outro Mas, Cristiano, sob pena de praticar abuso
modo for impossível ou excessivamente de direito, não pode impedir que essa água
onerosa. corra para o vizinho de baixo. Cristiano
pode represar a água, mas, uma hora, vai
Parágrafo único. O proprietário haver a vazão e essa vazão deve correr
prejudicado pode exigir que a instalação seja naturalmente para o proprietário do imóvel
feita de modo menos gravoso ao prédio de baixo.
onerado, bem como, depois, seja removida, à
sua custa, para outro local do imóvel. Art. 1.291. O possuidor do imóvel superior
não poderá poluir as águas indispensáveis às
Art. 1.287. Se as instalações oferecerem primeiras necessidades da vida dos
grave risco, será facultado ao proprietário do possuidores dos imóveis inferiores; as demais,
prédio onerado exigir a realização de obras que poluir, deverá recuperar, ressarcindo os
de segurança. danos que estes sofrerem, se não for possível
a recuperação ou o desvio do curso artificial
das águas.

Águas Esse dispositivo significa que não pode


Arts. 1288 ao 1296 poluir, mas, se poluir, vai ter que proceder
ações para recuperar as águas. Mas,
ninguém pode poluir... EMOTICON
Art. 1.288. O dono ou o possuidor do prédio REFLETINDO.
inferior é obrigado a receber as águas que
correm naturalmente do superior, não Art. 1.292. O proprietário tem direito de
podendo realizar obras que embaracem o seu construir barragens, açudes, ou outras obras
fluxo; porém a condição natural e anterior do para represamento de água em seu prédio; se
prédio inferior não pode ser agravada por as águas represadas invadirem prédio alheio,
obras feitas pelo dono ou possuidor do prédio será o seu proprietário indenizado pelo dano
superior. sofrido, deduzido o valor do benefício obtido.

Ex.: A pessoa que mora nas últimas casas do


morro do Capeta, não pode construir um
muro para que a enxurrada passe e desvie Limites entre prédios e direitos de
do seu imóvel. tapagem

Art. 1.289. Quando as águas, artificialmente Art. 1.298. Sendo confusos, os limites, em
levadas ao prédio superior, ou aí colhidas, falta de outro meio, se determinarão de
correrem dele para o inferior, poderá o dono conformidade com a posse justa; e, não se
achando ela provada, o terreno contestado se
dividirá por partes iguais entre os prédios, construídas a mais de dois metros de altura
ou, não sendo possível a divisão cômoda, se de cada piso
adjudicará a um deles, mediante indenização
ao outro. Art. 1.303. Na zona rural, não será permitido
levantar edificações a menos de três metros
Se por algum motivo não for possível fazer do terreno vizinho.
medição dos lotes, os limites são
determinados a partir da posse justa. Se não Isso porque, imóveis rurais pressupõe
for o caso de posse justa, pega-se a área glebas maiores, de modo que a intimidade
total, procede-se à sua divisão e cada um fica deve ser mais observada.
com uma parte. Se não for possível dividir
por dois (se resultar menos da metragem Súmula 120. STF. Parede de tijolos de vidro
exigida pelo município, por exemplo, um translúcido pode ser levantada a menos de
deverá comprar a parte do outro: metro e meio do prédio vizinho, não
adjudicação). importando servidão sobre ele.

Obs.: Tecnicamente, cerca elétrica, Parede de vidro translúcido: aquela parede


concertina, caco de vidro, etc., são pode ser construída a menos de metro e
nomeados pelo direito de “ofendículas”. meio, porque não dá uma visão direta sobre
o vizinho.
Estilicídio: despejo de água de chuva no
imóvel do vizinho

Art. 1.302. O proprietário pode, no lapso de


ano e dia após a conclusão da obra, exigir que
Limitações ao direito de construir se desfaça janela, sacada, terraço ou goteira
Arts. 1.299 a 1.313 sobre o seu prédio; escoado o prazo, não
poderá, por sua vez, edificar sem atender ao
Obs.: são regras do CC que não excluem as disposto no artigo antecedente, nem impedir,
regras da legislação urbanística. Se não tiver ou dificultar, o escoamento das águas da
estas últimas, é que consulta-se o CC, de goteira, com prejuízo para o prédio vizinho.
forma subsidiária. Ou seja, se não observar o prazo, o vizinho
anteriormente “prejudicado” é que deverá
Pode abrir janela no imóvel urbano? Sim, respeitar.
desde que respeite à metragem. A ideia é
preservar a intimidade do imóvel vizinho e Parágrafo único. Em se tratando de vãos, ou
a minha intimidade. aberturas para luz, seja qual for a
quantidade, altura e disposição, o vizinho
Art. 1.301. É defeso abrir janelas, ou fazer poderá, a todo tempo, levantar a sua
eirado, terraço ou varanda, a menos de metro edificação, ou contramuro, ainda que lhes
e meio do terreno vizinho. vede a claridade.

§ 1 o As janelas cuja visão não incida sobre a


linha divisória, bem como as
perpendiculares, não poderão ser abertas a Direito de travejamento ou
menos de setenta e cinco centímetros. madeiramento
Arts. 1304 e 1305.
§ 2 o As disposições deste artigo não
abrangem as aberturas para luz ou Ex.: casas em Diamantina uma do lado da
ventilação, não maiores de dez centímetros outra são casas que têm que ser construídas
de largura sobre vinte de comprimento e de forma alinhada. Normalmente, é uma
única parede que sustenta o telhado das quota indivisa que lhes concede direitos
duas casas. O vizinho tem o direito de iguais sobre o bem.
suportar, na parede do outro, a sustentação
para sua construção. Isso porque, se a Qual é o percentual? Depende. Cristiano
legislação municipal fala que tem que seguir pode ter 5%, David 45% e Ana 50%. Mas, se
esse alinhamento, não tem que respeitar o não tiver nada disciplinando qual é a quota
afastamento. de cada condômino, presumem-se quotas
iguais.
Mas, se isso exigir um reforço da parede do
vizinho, você tem que dar. Se a parede ou Condomínio tem natureza de propriedade
muro foi construída por dois, os dois devem comum, mas, que é limitada pelos direitos
arcar; se foi construída só por um, os dois dos outros condôminos. Cada condômino
têm que manter. tem uma fração ideal.

Fração ideal: fração do bem pertencente a


cada condômino.
Direito de alteamento
Ex.: se Dagnon, Roger e Samuel são irmãos
Art. 1.307. Qualquer dos confinantes pode e o pai deixou a fazenda para os três, a
altear a parede divisória, se necessário primeira pergunta a se fazer é: qual é a
reconstruindo-a, para suportar o fração ideal de cada um?
alteamento; arcará com todas as despesas,
inclusive de conservação, ou com metade, se
o vizinho adquirir meação também na parte O condomínio pode se classificar em
aumentada. duas modalidades:

o Pro diviso: já começou a ser


dividido. Há uma comunhão de
Direito de penetração no imóvel vizinho direito/no documento, mas, não há
uma comunhão de fato, porque na
Tem o direito de penetrar para pegar algo área já esta “cada um no seu
meu que caiu lá, desde que peça quadrado”.
autorização. Isso vale, por exemplo, para
quando preciso pintar a parede da minha o Pro indiviso: não dividiu ainda.
casa, mas, preciso montar o andaime no lote Tanto comunhão de direito como
vizinho. comunhão de fato.

Ex.: caiu uma bola lá, posso entrar e pegar.


Não pode causar prejuízo, se causar tem que
indenizar. Direitos e obrigações dos condôminos

o Condomínio forçado: não tem


possibilidade de dividir. Ex.: muro.
CONDOMÍNIO Vide direitos e deveres.
Arts. 1.314 ao 1.330
o Condomínio voluntário: existe
Condomínio se rege pela titularidade plural, porque as partes não
isto é, mais de uma pessoa sendo providenciaram a divisão do bem,
proprietário, cada uma delas de frações embora seja possível dividir. Arts.
ideais ou de quota de um único bem. Isto é, 1.314 e 1.316. Vide direitos e
deveres.
Direito de preferência ou prelação

O condômino tem direito de preferência de


aquisição no tocante ao percentual do outro
que está vendendo a parte. Se não fizer isso,
o condômino que quiser adquirir tem 180
(cento e oitenta) dias para anular essa
venda para terceiro.

Art. 504. Não pode um condômino em coisa


indivisível vender a sua parte a estranhos, se
outro consorte a quiser, tanto por tanto. O
condômino, a quem não se der conhecimento
da venda, poderá, depositando o preço, haver
para si a parte vendida a estranhos, se o
requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob
pena de decadência.
Parágrafo único. Sendo muitos os
condôminos, preferirá o que tiver
benfeitorias de maior valor e, na falta de
benfeitorias, o de quinhão maior. Se as partes
forem iguais, haverão a parte vendida os
comproprietários, que a quiserem,
depositando previamente o preço.

Direito de administrar a coisa

A maioria escolhe. Caso não consigam


escolher, podem nomear um terceiro. Se
não tiver nomeação de administrador,
presume-se quem normalmente administra.

Extinção

A extinção se dá pela divisão da coisa. A


matrícula mãe dá origem a outras
matrículas. O CC estipula um prazo máximo
de 5 anos para um bem ficar em
condomínio. Geralmente, tal prazo não é
observado, porque não há sanção em caso
de descumprimento.

- Aquisição das outras frações por um


mesmo proprietário.
AULA 07/02/2022 Art. 1.331. Pode haver, em edificações,
partes que são propriedade exclusiva, e
CONDOMÍNIO EDILÍCIO partes que são propriedade comum dos
condôminos.
O condomínio edilício tem um regramento
no próprio Código Civil (arts. 1331 a 1358). § 1 o As partes suscetíveis de utilização
Mas, o condomínio edilício também tem um independente, tais como apartamentos,
regramento específico: Lei nº 4591/64. escritórios, salas, lojas e sobrelojas, com as
respectivas frações ideais no solo e nas outras
Condomínio edilício é um condomínio de partes comuns, sujeitam-se a propriedade
construções. Não é apenas um condomínio exclusiva, podendo ser alienadas e gravadas
de prédio (apartamentos, por exemplo). livremente por seus proprietários, exceto os
Pode haver regras de condomínio que abrigos para veículos [vagas de garagem],
incidirão em um sítio, por exemplo. No que não poderão ser alienados ou alugados a
condomínio edilício, há sujeitos que são pessoas estranhas ao condomínio, salvo
proprietários específicos de bem distintos, autorização expressa na convenção de
mas, exercem essa propriedade sobre áreas condomínio.
comuns.
A regra geral é a do §1º. Se a convenção de
Condomínio edilício se caracteriza pela condomínio não disser nada, NÃO pode.
justaposição de propriedades distintas e
exclusivas com áreas comuns. Cada unidade habitacional ou comercial,
tem direito a uma fração ideal do solo e da
Ex.: tenho um lote e, nesse lote, tenho a área comum. Se é área comum, eu não
construção de um prédio com vários posso, por exemplo, cercar uma área da
apartamentos. Os apartamentos são as piscina. Área comum, todo mundo usa, em
propriedades distintas e exclusivas (cada co-propriedade.
proprietário de cada apartamento é
proprietário exclusivo deste). Mas, apenas o Área comum é diferente de área de uso
apartamento é do proprietário. Todo o resto comum: área comum é uma área do edifício,
do local onde está alocado o apartamento, que permite o uso exclusivo só por uma
também são proprietários da coisa. Sobre o pessoa. A área de uso comum é uma área
lote, cada um dos condôminos tem uma que todos os condôminos usam e não
fração ideal. permite o uso exclusivo por uma só pessoa.

A construção feita em mais de um lote, via Art. 1.338. Resolvendo o condômino alugar
de regra, no processo de incorporação área no abrigo para veículos, preferir-se-á,
imobiliária, deve-se fazer a unificação em condições iguais, qualquer dos
(fusão) das matrículas. condôminos a estranhos, e, entre todos, os
possuidores [ou seja, aquele que já usa].
Obs.: A Lei 4591/64 também traz regras de
incorporações imobiliárias (processos Condomínio edilício tem personalidade
adotados para transformar lotes em jurídica, mas, esta é restrita aos fins
condomínios). postulatórios (autor ou réu em uma ação
judicial). VIDE art. 75, XI, CPC.
Obs.: vaga de garagem é área comum ou
propriedade distinta? É propriedade Segundo o art. 1.332, o condomínio pode ser
distinta e exclusiva. Art. 1.331, §1º. instituído de várias formas (incorporação
imobiliária, (art. 28 da Lei 4591/64, não
É diferente de vaga de estacionamento!!! com a construção das edificações); quando
Vaga de estacionamento, acabou, acabou. o sujeito que é dono de um prédio todo,
falece e deixa uma fração para cada I - a quota proporcional e o modo de
sucessor, surge o condomínio edilício). pagamento das contribuições dos
condôminos para atender às despesas
Art. 1.332. Institui-se o condomínio edilício ordinárias e extraordinárias do condomínio;
por ato entre vivos ou testamento, registrado
no Cartório de Registro de Imóveis, devendo II - sua forma de administração;
constar daquele ato, além do disposto em lei
especial: III - a competência das assembléias, forma de
sua convocação e quorum exigido para as
I - a discriminação e individualização das deliberações;
unidades de propriedade exclusiva,
estremadas uma das outras e das partes IV - as sanções a que estão sujeitos os
comuns; condôminos, ou possuidores;

II - a determinação da fração ideal atribuída V - o regimento interno.


a cada unidade, relativamente ao terreno e
partes comuns; § 1 o A convenção poderá ser feita por
escritura pública ou por instrumento
III - o fim a que as unidades se destinam. particular.

A constituição do condomínio edilício é § 2 o São equiparados aos proprietários, para


diferente. A constituição é o regramento do os fins deste artigo, salvo disposição em
condomínio e se dá a partir da convenção de contrário, os promitentes compradores e os
condomínio. VIDE o art. 1.333 do CC e a Lei cessionários de direitos relativos às unidades
4591/64. autônomas.

Art. 1.333. A convenção que constitui o


condomínio edilício deve ser subscrita pelos
titulares de, no mínimo, dois terços das Direitos e deveres dos condôminos
frações ideais [e não de área construída] e
torna-se, desde logo, obrigatória para os Direitos:
titulares de direito sobre as unidades [não
quer dizer que vincula apenas os 1- Sobre a unidade autônoma: usar,
proprietários, mas, também os locatórios ou alienar e gravar, ou seja, plenos
qualquer pessoa que tenha algum direito direitos.
sobre o bem], ou para quantos sobre elas 2- Sobre a parte in divisa: usar. Além
tenham posse ou detenção. disso, é o percentual do lote dele que
vai lhe conferir o direito de votar nas
Parágrafo único. Para ser oponível contra assembleias de condomínio. Quem
terceiros, a convenção do condomínio deverá está inadimplente com a
ser registrada no Cartório de Registro de mensalidade de condomínio, via de
Imóveis. regra, não pode votar. Quem vota é o
titular da parte in divisa e não o
Básico das cláusulas de convenção de locatário, por exemplo.
condomínio:
Deveres:
Art. 1.334. Além das cláusulas referidas no
art. 1.332 e das que os interessados houverem 1- Condômino não pode alterar fachada
por bem estipular, a convenção determinará: do prédio.
Ex.: não pode colocar uma antena da
Sky, pendurar roupa, trocar a janela,
etc., porque tudo isso altera a após autorização da assembléia,
fachada. especialmente convocada pelo síndico, ou, em
caso de omissão ou impedimento deste, por
2- Não pode fazer obra que qualquer dos condôminos.
comprometa a segurança da
edificação. § 4 o O condômino que realizar obras ou
Ex.: não pode derrubar uma parede reparos necessários será reembolsado das
de sustentação. despesas que efetuar, não tendo direito à
restituição das que fizer com obras ou
3- Respeitar a destinação do imóvel. reparos de outra natureza, embora de
Ex.: se eu adquiro um imóvel interesse comum.
comercial, eu não posso morar nele.
Art. 1.343. A construção de outro pavimento,
4- Pagar as taxas condominiais que são ou, no solo comum, de outro edifício,
(ou devem ser) proporcionais às destinado a conter novas unidades
frações ideais. No caso de imobiliárias, depende da aprovação da
inadimplemento, incide juros de unanimidade dos condôminos. Essas
mora de 1% ao mês e multa, unidades construídas serão dos
enquanto cláusula penal, de 2%. condôminos.
Além dessas, são penalidades do
inadimplemento: art. 1.336, §2º e
1.337.
Administração de condomínio

Obras no condomínio (arts. 1.347 a 1.356)

Art. 1.341. A realização de obras no Regras básicas: a eleição do síndico


condomínio depende: (pessoa que administra o condomínio) se dá
por assembleia geral e o mandato do síndico
I - se voluptuárias, de voto de dois terços dos é de dez anos, podendo ser renovado.
condôminos;
O art. 1.348 traz as atribuições do síndico.
II - se úteis, de voto da maioria dos Além daquelas elencadas, é atribuição do
condôminos. síndico representar o condomínio nas ações
judiciais.
§ 1 o As obras ou reparações necessárias
podem ser realizadas, independentemente de Para tirar o síndico antes do término do
autorização, pelo síndico, ou, em caso de mandato, é necessário a maioria absoluta.
omissão ou impedimento deste, por qualquer
condômino.

§ 2 o Se as obras ou reparos necessários Extinção do condomínio edilício


forem urgentes e importarem em despesas
excessivas, determinada sua realização, o (arts. 1.357 a 1.358)
síndico ou o condômino que tomou a
iniciativa delas dará ciência à assembléia, Há duas formas de extinguir:
que deverá ser convocada imediatamente. desapropriação (todo o edifício passa a
pertencer a um ente público) ou quando há
§ 3 o Não sendo urgentes, as obras ou reparos destruição da coisa.
necessários, que importarem em despesas
excessivas, somente poderão ser efetuadas
Ex.: com as chuvas, o prédio desmoronou e o Dominante: em favor do qual será
os condôminos deliberaram por não instituída a servidão.
reconstruir o prédio. Mas, se deliberarem
por reconstruir (caso isso seja possível),
depende da aprovação de metade + 1 das
frações ideais. Sobre qual matrícula será registrada a
servidão?

Na matrícula do imóvel serviente, porque é


uma obrigação de ônus real (depende da
implementação). Isso porque, se muda de
PARA ESTUDAR EM CASA: dono, o novo dono precisa saber dessa
servidão. Na matrícula do dominante não
Regras específicas do condomínio em tem registro da servidão, mas, é
multipropriedade ou multipropriedade. aconselhável que se faça uma averbação.
Esses condomínios em multipropriedade é
o compartilhamento do uso de um
determinado bem entre pessoas e cada
pessoa vai ter um uso exclusivo em um Características da servidão
determinado período sobre esse bem.
Basicamente, um bem que é de propriedade • Predialidade: só pode ser instituída
exclusiva, tem várias pessoas exercendo o sobre bens imóveis.
uso. LER O ARTIGO!!! • Acessoriedade: servidão não existe
sozinha; depende da existência de
Art. 1.358 – acréscimo até alínea “u”. um prédio e, por isso, é acessória.
• Ambulatoriedade: acompanha o
prédio.
• Servidão não se presume. Para
existir enquanto direito real, a
servidão precisa ser registrada.
DIREITOS REAIS DE GOZO E FRUIÇÃO • Perpetuidade: não existe servidão
temporária, isto é, com prazo certo.
Servidão A despeito disso, a servidão pode se
(arts. 1.378 a 1.389) extinguir.

Obs.: Pode-se adquirir uma servidão por


A servidão exige a presença de dois imóveis: usucapião (art. 1.379). Além disso, caso não
um que é utilizado e outro em favor de quem haja o prazo para adquirir a servidão por
se utiliza. Fala-se em prédio serviente e usucapião, a ação confessória possibilita a
prédio dominante. Lembrando que, para instituição de servidão sobre o imóvel
fins de direitos reais, prédio é imóvel. serviente.

o Serviente: aquele que serve. Aquele Obs.: A servidão ora estudada não tem nada
no qual será instituída a servidão. O a ver com a servidão administrativa.
prédio serviente terá afetado o seu
uso, gozo e disponibilidade, mas, Obs.: Servidão é diferente de serventia.
apenas de uma parte dele. O prédio Serventia é quando prédio dominante e
serviente serve uma parte para o prédio serviente são do mesmo
prédio dominante. proprietário.
Classificação das servidões Formas de extinção da servidão

(arts. 1.388 e 1.389)


o Quanto à natureza:

-> Rústica: sobre prédios rurais.


USUFRUTO
-> Urbana: sobre prédios urbanos.
(arts. 1.390 ao 1.411)

O usufruto é a junção de usar e fruir/gozar


o Quanto à conduta das partes: (retirar frutos da coisa).

-> Positiva: depende da ação do o Usufrutuário: quem está na posse


proprietário do prédio dominante, para direta da coisa. Titular do usufruto.
que seja instituída.
o Nu-proprietário: proprietário do
-> Negativa: constitui-se pela omissão bem: possuidor indireto. Exerce a
do proprietário do prédio serviente. posse indireta. Tem direito de
reivindicar e dispor da coisa.
Ex.: eu tenho um imóvel que está no
meu nome (nu-proprietário), mas,
o Quanto à forma de exteriorização: com usufruto dos meus pais.

-> Aparente: visível. Existe Para o usufruto existir como direito real,
concretamente e é passível de tem que estar na matrícula do imóvel.
constatação no plano concreto.
Ex.: servidão de passagem. O usufruto é personalíssimo. Quem é
usufrutuário é só o sujeito que está na
matrícula enquanto usufrutuário. Mas, este,
-> Não aparente: não é possível de ser pode ceder o exercício do usufruto para
visualizada. Não tem exteriorização. outra pessoa.

Ex.: não construir em um local que Art. 1.393. Não se pode transferir o usufruto
“tampe” a paisagem; servidão para não por alienação; mas o seu exercício pode
abrir janela. ceder-se por título gratuito ou oneroso.

Obs.: A instituição da servidão dar-se-á É possível exercer usufruto sobre bem


respeitando a menor onerosidade ao móvel ou imóvel ou, até mesmo, sobre título
imóvel serviente. de crédito.

Obs.: O titular da servidão é o O usufruto pode ser legal (decorrente de lei)


proprietário do prédio dominante e não ou convencional (decorrente da vontade
do serviente, em que pese a servidão das partes.)
seja registrada na matricula deste.
Exemplos de usufruto legal:

Art. 1.652. O cônjuge, que estiver na posse


dos bens particulares do outro, será para com
este e seus herdeiros responsável:
I - como usufrutuário, se o rendimento for Duas expressões importantes:
comum;
Usufruto simultâneo: exercido por duas ou
Art. 1.689. O pai e a mãe, enquanto no mais pessoas sobre o mesmo bem.
exercício do poder familiar: Ex.: pai, mãe e vó, exercem usufruto sobre a
fazenda.
I - são usufrutuários dos bens dos filhos;
Usufruto sucessivo: um exerce o usufruto e,
Obs.: O usufruto, para existir, precisa estar depois, o outro o exerce.
registrado na matrícula. Mas, se for usufruto Ex.: Cristiano recebe um bem em doação, na
legal, não precisa de registro, porque a lei já qual consta a seguinte cláusula: o usufruto
menciona e a lei é pública. Portanto, será vitalício em nome de sua avó. Com o
usufruto legal dispensa registro. falecimento da avó, o usufruto será exercido
pelo seu pai.

Classificações Obs.: Se estiver previsto usufruto para mim


e para o meu marido, sendo 50% para cada,
• Usufruto próprio: sobre bens e ele falece, permanecerá apenas os meus
infungíveis e inconsumíveis. Em 50%. Mas, pode haver uma cláusula de
sendo temporário, ao fim do usufruto cumulativo: se um falece, o
usufruto, deve-se restituir a coisa. percentual de usufruto será cumulado em
favor do sobrevivo.
• Usufruto impróprio: sobre bens
fungíveis e consumíveis. Significa
que, se o usufruto acaba, o
usufrutuário tem que restituir o Direitos e deveres dos usufrutuários
equivalente ao que foi utilizado, se (arts. 1.400 ao 1.409)
isso estiver previsto na cláusula de
usufruto.
Ex.: título de crédito. Art. 1.403 Incumbem ao usufrutuário:

• Usufruto temporário: I - as despesas ordinárias de conservação dos


Art. 1.410. O usufruto extingue-se, bens no estado em que os recebeu;
cancelando-se o registro no Cartório
de Registro de Imóveis: II - as prestações e os tributos devidos pela
II - pelo termo de sua duração; posse ou rendimento da coisa usufruída.
III - pela extinção da pessoa jurídica,
em favor de quem o usufruto foi Art. 1.404. Incumbem ao dono as reparações
constituído, ou, se ela perdurar, pelo extraordinárias e as que não forem de custo
decurso de trinta anos da data em que módico; mas o usufrutuário lhe pagará os
se começou a exercer; juros do capital despendido com as que forem
necessárias à conservação, ou aumentarem o
• Usufruto vitalício: apenas para rendimento da coisa usufruída.
pessoa natural.
§ 1 o Não se consideram módicas as despesas
superiores a dois terços do líquido
rendimento em um ano.

§ 2 o Se o dono não fizer as reparações a que


está obrigado, e que são indispensáveis à
conservação da coisa, o usufrutuário pode VIII - Pelo não uso, ou não fruição, da coisa
realizá-las, cobrando daquele a importância em que o usufruto recai (arts. 1.390 e 1.399).
despendida.

Art. 1.407. Se a coisa estiver segurada,


incumbe ao usufrutuário pagar, durante o USO
usufruto, as contribuições do seguro. (arts. 1.412 e 1.413)

§ 1 o Se o usufrutuário fizer o seguro, ao


proprietário caberá o direito dele resultante Direito de usar a coisa sem a fruição (gozo),
contra o segurador. sem receber nenhum fruto da coisa, exceto
aqueles que são essenciais para sua própria
§ 2 o Em qualquer hipótese, o direito do subsistência.
usufrutuário fica sub-rogado no valor da
indenização do seguro. • Usuário: titular do direito de uso.
Tem direito de usar a coisa, mas, não
tem direito de lucrar sobre a coisa.
Todas as disposições de usufruto são
Hipóteses de extinção do usufruto aplicadas ao uso.

Art. 1.410. O usufruto extingue-se, Art. 1.412. O usuário usará da coisa e


cancelando-se o registro no Cartório de perceberá os seus frutos, quanto o exigirem
Registro de Imóveis: as necessidades suas e de sua família.

I - pela renúncia ou morte do usufrutuário; § 1 o Avaliar-se-ão as necessidades pessoais


do usuário conforme a sua condição social e
II - pelo termo de sua duração; o lugar onde viver.

III - pela extinção da pessoa jurídica, em § 2 o As necessidades da família do usuário


favor de quem o usufruto foi constituído, ou, compreendem as de seu cônjuge, dos filhos
se ela perdurar, pelo decurso de trinta anos solteiros e das pessoas de seu serviço
da data em que se começou a exercer; doméstico.

IV - pela cessação do motivo de que se Art. 1.413. São aplicáveis ao uso, no que não
origina; for contrário à sua natureza, as disposições
relativas ao usufruto.
V - pela destruição da coisa, guardadas as
disposições dos arts. 1.407, 1.408, 2ª parte, e Obs.: Existe muito direito de uso em jazigos
1.409; públicos.

VI - pela consolidação;

VII - por culpa do usufrutuário, quando HABITAÇÃO


aliena, deteriora, ou deixa arruinar os bens, (arts. 1.414 ao 1.416)
não lhes acudindo com os reparos de
conservação, ou quando, no usufruto de
títulos de crédito, não dá às importâncias É muito útil quando tem muito conflito nas
recebidas a aplicação prevista no parágrafo famílias em razão do falecimento de alguém.
único do art. 1.395;
É o direito conferido à parte de habitar em
uma casa alheia. Não há direito de gozar da
coisa, mas, apenas de usar, desde que Art. 1.418. O promitente comprador, titular
especificamente para habitação; de direito real, pode exigir do promitente
vendedor, ou de terceiros, a quem os direitos
São aplicadas todas as disposições do deste forem cedidos, a outorga da escritura
usufruto. definitiva de compra e venda, conforme o
disposto no instrumento preliminar; e, se
O direito de habitação pode ser fixado por houver recusa, requerer ao juiz a
acordo entre as partes adjudicação do imóvel. [ação de outorga
onerosa, ação de adjudicação do imóvel]
Art. 1.831. Ao cônjuge sobrevivente,
qualquer que seja o regime de bens, será SÓ É DIREITO REAL PORQUE É
assegurado, sem prejuízo da participação REGISTRADO NO CARTÓRIO DE IMÓVEIS!!!
que lhe caiba na herança, o direito real de
habitação relativamente ao imóvel destinado
à residência da família, desde que seja o único
daquela natureza a inventariar.

Não é usufruto. É direito de habitação. Não


precisa estar na matrícula, porque já é real.
A intenção é não deixar desamparado o
cônjuge ou companheiro sobrevivente.

DIREITO DO PROMITENTE COMPRADOR


(arts. 1.417 e 1.418)

Decorre de uma promessa de compra e


venda.
Ex.: Cristiano quer comprar o imóvel que
pertence ao Thiago. Mas, Thiago vai vender
esse imóvel apenas no final do ano de 2023.
Nesse caso, há uma celebração de promessa
de compra e venda.

É direito real, porque o contrato de


promessa de compra e venda é registrado
na matrícula do imóvel. No exemplo, ainda
que David pague um preço maior pelo
imóvel, Thiago não pode vender. Caso David
compre mesmo assim, Cristiano pode exigir
que Thiago desfaça a venda.

Art. 1.417. Mediante promessa de compra e


venda, em que se não pactuou
arrependimento, celebrada por instrumento
público ou particular, e registrada no
Cartório de Registro de Imóveis, adquire o
promitente comprador direito real à
aquisição do imóvel.
AULA 14/02/2022 Mas, analisando criticamente, temos
condições de analisar a segurança dessas
DIREITO REAL DE LAJE edificações??? Será que o sujeito terá,
efetivamente, autonomia???
(Arts. 1.510-A a 1.510-E, incluídos em 2017
pela Lei nº 13.465)

Essa Lei trouxe programas para Indicação de leitura: Denise Morato,


regularização fundiária, isto é, UFMG – artigo sobre Autoconstruções.
regularização da situação do sujeito que Aborda sobre a possibilidade de a sociedade
ocupa o solo. valorizar as construções informais como
sendo válidas, porque são construídas na
O direito real de laje também foi incluído medida da possibilidade de construção de
pela Lei nº 13.465/17. O objetivo do direito quem nelas residem.
real de laje é conceder uma propriedade
separada para quem constrói em cima ou Art. 1.510-A. O proprietário de uma
embaixo de outro imóvel que não lhe construção-base poderá ceder a superfície
pertença. O direito real de laje é destinado superior ou inferior de sua construção a fim
para as ocupações informais, nas quais não de que o titular da laje mantenha unidade
é possível delimitar, de modo específico, a distinta daquela originalmente construída
área de cada um (puxadinhos, favelas, etc.). sobre o solo. [não pode depender da
construção-base].
A partir da instituição do direito real de laje,
essas propriedades exercidas pelo § 1 o O direito real de laje contempla o espaço
“puxadinho” deixam de ser acessórias ao aéreo ou o subsolo de terrenos públicos ou
bem principal e passam a ser autônomas. privados, tomados em projeção vertical,
como unidade imobiliária autônoma, não
ATENÇÃO!!! É necessário que se ateste contemplando as demais áreas edificadas ou
a segurança da edificação, sobretudo que a não pertencentes ao proprietário da
edificação base tem capacidade de sustentar construção-base.
as demais edificações. Além disso, essas
moradias que são erguidas em cima da § 2 o O titular do direito real de laje
construção base têm que ser autônomas, no responderá pelos encargos e tributos que
sentido de caracterizarem moradias incidirem sobre a sua unidade.
individuais. Isso porque, quando
trabalhamos com avaliação de imóvel, a § 3 o Os titulares da laje, unidade imobiliária
caracterização do imóvel como autônomo autônoma constituída em matrícula própria,
ou não, depende de certos critérios poderão dela usar, gozar e dispor.
objetivos. Dentre esses critérios, está a
verificação se os imóveis compartilham a § 4 o A instituição do direito real de laje não
mesma cozinha e o mesmo banheiro. implica a atribuição de fração ideal de
terreno ao titular da laje ou a participação
O objetivo dessa Lei, então, é garantir maior proporcional em áreas já
autonomia às pessoas que possuem essas edificadas. [diferente do condomínio
construções, para que elas tenham título edilício, o titular do direito real de laje não
que lhes assegure a propriedade, tem fração ideal do terreno no qual está
aumentando a capacidade financeira e construída a edificação].
comercial, a possibilidade de arrecadação
de tributos por parte do município, dentre § 5 o Os Municípios e o Distrito Federal
outros benefícios. poderão dispor sobre posturas edilícias e
urbanísticas [instituição de regras pelos
municípios de formas especiais de ocupação gás, comunicações e semelhantes que sirvam
do solo] associadas ao direito real de laje. a todo o edifício; e

§ 6 o O titular da laje poderá ceder a IV - em geral, as coisas que sejam afetadas ao


superfície de sua construção para a uso de todo o edifício.
instituição de um sucessivo direito real de
laje, desde que haja autorização expressa dos § 2 o É assegurado, em qualquer caso, o
titulares da construção-base e das demais direito de qualquer interessado em promover
lajes, respeitadas as posturas edilícias e reparações urgentes na construção na forma
urbanísticas vigentes. do parágrafo único do art. 249 deste
Código. Benfeitorias necessárias!
Ex.: eu construí na laje da minha sogra. Meu
cunhado pode construir na minha laje?
Pode, desde que haja autorização minha e
da minha sogra. Mas, deve haver Art. 1.510-D. Em caso de alienação de
observância às posturas edilícias e qualquer das unidades sobrepostas, terão
urbanísticas vigentes. Não viraria um direito de preferência, em igualdade de
edifício??? condições com terceiros, os titulares da
construção-base e da laje, nessa ordem, que
serão cientificados por escrito para que se
manifestem no prazo de trinta dias, salvo se
Art. 1.510-B. É expressamente vedado ao o contrato dispuser de modo diverso.
titular da laje prejudicar com obras novas ou
com falta de reparação a segurança, a linha § 1 o O titular da construção-base ou da laje
arquitetônica ou o arranjo estético do a quem não se der conhecimento da
edifício, observadas as posturas previstas em alienação poderá, mediante depósito do
legislação local. respectivo preço, haver para si a parte
alienada a terceiros, se o requerer no prazo
Art. 1.510-C. Sem prejuízo, no que couber, decadencial de cento e oitenta dias, contado
das normas aplicáveis aos condomínios da data de alienação.
edilícios, para fins do direito real de laje, as
despesas necessárias à conservação e fruição § 2 o Se houver mais de uma laje, terá
das partes que sirvam a todo o edifício e ao preferência, sucessivamente, o titular das
pagamento de serviços de interesse comum lajes ascendentes e o titular das lajes
serão partilhadas entre o proprietário da descendentes, assegurada a prioridade para
construção-base e o titular da laje, na a laje mais próxima à unidade sobreposta a
proporção que venha a ser estipulada em ser alienada.
contrato.

§ 1 o São partes que servem a todo o edifício:


Art. 1.510-E. A ruína da construção-base
I - os alicerces, colunas, pilares, paredes- implica extinção do direito real de laje, salvo:
mestras e todas as partes restantes que
constituam a estrutura do prédio; I - se este tiver sido instituído sobre o
subsolo;
II - o telhado ou os terraços de cobertura,
ainda que destinados ao uso exclusivo do II - se a construção-base não for reconstruída
titular da laje; no prazo de cinco anos.

III - as instalações gerais de água, esgoto,


eletricidade, aquecimento, ar condicionado,
Parágrafo único. O disposto neste artigo o Cristiano. Suponhamos que
não afasta o direito a eventual reparação Maureline está pagando Cristiano
civil contra o culpado pela ruína. certinho, mas, deixa de pagar Jesuel.
Jesuel executa Maureline. Na
execução, Jesuel manda penhorar o
cavalo. O juiz determina a venda do
DIREITOS REAIS DE GARANTIA cavalo. Ocorre que Cristiano, em que
pese não esteja com a dívida vencida,
Primeiras palavras receberá primeiro, porque é uma
hipótese de vencimento antecipado
Os direitos reais de garantia são impostos da obrigação.
sobre coisa própria ou alheia, a fim de
garantir a tranquila execução de uma outra 2. Direito de sequela: possibilidade de
operação. O titular do direito real em perseguir a coisa com quem quer que
garantia é o titular do crédito. ela esteja.
Ex.: Maureline pede dinheiro emprestado
ao Cristiano e oferece o cavalo como 3. Direito de excursão (art. 1.422):
garantia. direito de promover a venda do bem
em hasta pública, por meio de
processo de execução judicial. É,
➔ Penhor: direito real em garantia basicamente, o direito de vender a
exercido sobre bens móveis coisa via processo judicial.
➔ Hipoteca: direito real em garantia Ex.: Cristiano não pode,
exercido sobre bens imóveis simplesmente, pegar o cavalo da
➔ Anticrese: direito real em garantia Maureline para ele. Deve, pois,
sobre rendimentos. ingressar com a execução. O cavalo
será vendido em hasta publica e o
valor auferido será utilizado para
Conceito pagar a dívida.

Direitos reais de garantia são direitos que 4. Indivisibilidade (art. 1.421):


conferem ao seu titular o poder de garantir Art. 1.421. O pagamento de uma ou
o pagamento de uma dívida com o valor ou mais prestações da dívida não
renda obtida de um bem que foi destinado importa exoneração correspondente
exclusivamente à satisfação dessa da garantia, ainda que esta
obrigação. compreenda vários bens, salvo
disposição expressa no título ou na
quitação.
Efeitos Ex.: se eu dei em garantia casa, carro
e cavalo e paguei 50 prestações de
1. Direito de preferência (art. 1.422): 100, para cobrar a 51ª, todos os bens
para a satisfação do crédito, terá deverão ser vendidos para fins de
preferência o credor que tenha quitação da dívida.
garantia sobre o bem.
Ex.: Maureline só tem o cavalo e está
devendo a Cristiano, Jesuel e Daniel. Requisitos
Apenas Cristiano tem a garantia
sobre o cavalo. Se Maureline vier a • Subjetivos: o sujeito deve ser capaz
inadimplir, quem recebe primeiro é para os atos da vida civil, mas,
também deve ser capaz de alienar o - penhor industrial e mercantil:
bem. nesses dois casos, podem ter
como objeto bem imóvel por
• Objetivos: os bens que podem acessão: imóvel que foi
construído para dar suporte a
suportar direitos reais de garantia
coisa móvel.
são aqueles passíveis de serem
alienados (art. 1.420, CC). Dentre os Art. 1.431. Constitui-se o penhor
alienáveis, pode ser bem móvel pela transferência efetiva da
(penhor) ou imóvel (hipoteca). posse que, em garantia do débito
ao credor ou a quem o represente,
• Formais: faz o devedor, ou alguém por ele,
- especialização (art. 1.424) – é de uma coisa móvel, suscetível de
necessário especificar quais bens alienação.
estão sendo objetos de garantia. Parágrafo único. No penhor
rural, industrial, mercantil e de
- publicidade (art. 1.438 e 1.492) –
veículos, as coisas empenhadas
para que se torne um direito real, continuam em poder do devedor,
deve ser publicizado. que as deve guardar e conservar.
Ex.: se estou alienando um gado, o
registro devera constar na matricula O penhor será extinto com o
do imóvel onde o gado está. pagamento da dívida, com a
extinção da coisa (é necessário
substituir a garantia), com a
Obs.: a cláusula que antes permitia que o renuncia do credor, se o credor
credor efetivamente ficasse com o bem se a adquire a coisa, etc.
dívida não fosse paga, era chamada de
cláusula comissória. Hoje, referida cláusula
ATENÇÃO!!!
é proibida.
Diferença entre penhorado e empenhado!!!
Obs.: o vencimento antecipado da dívida - Empenhado: aquilo que é objeto de
está previsto no art. 1.425/CC e sua leitura penhor: direito real de garantia.
deve ser combinada com o art. 333/CC. - Penhorado: quando o juiz manda bloquear
o bem; vem de penhora. Constrição de bens.

Espécies Artigos de leitura obrigatória:


- Penhor rural (agrícola ou pecuário) – arts.
• Penhor (arts. 1.431 a 1.472): há 1.442 e 1.444.
vários tipos de penhor (LER OS - Penhor industrial e mercantil – art. 1447:
DISPOSITIVOS!!!). O penhor é o é mais usual. Ocorre, por exemplo, quando o
direito real de garantia que fazendeiro quer adquirir um crédito e dar
vincula uma coisa móvel, máquinas como garantia.
corpórea ou incorpórea, ao - Penhor de veículo: arts. 1.462 e 1.466.
pagamento de uma dívida. Esse - Penhor de título de crédito: art. 1.468.
penhor se constitui ou pela
transferência efetiva do bem, ou
alguém vai representar esse
credor e ficar com o bem. • Hipoteca (arts. 1.473 a 1505): a
hipoteca é direito real que tem
como objeto bem imóvel,
também podendo ter por objeto
navio ou avião, que pertençam ao
devedor ou a terceiro e que
garantam a preferência do credor
quanto ao recebimento do seu
crédito, ainda que o bem não
esteja na posse do credor.

Existe a possibilidade de um
mesmo bem ser hipotecado para
mais de uma pessoa, isto é,
hipotecas sucessivas. Neste caso,
cada hipoteca receberá um
número, pela ordem de
preferencia no registro do bem.

• Anticrese (arts. 1.506 a 1.510) –


direito real de garantia pelo qual
o credor recebe a posse de uma
coisa que gera frutos, ficando
autorizado a perceber esses
frutos e utilizá-los no pagamento
da dívida. Normalmente, isso
acontece com os frutos civis
(rendimentos/dinheiro). A
anticrese está em desuso.
Ex.: tenho um prédio todo
alugado. Não quero dá-lo em
garantia, mas, posso dar os
alugueis como garantia.

Você também pode gostar