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Direito Civil

Direito das Coisas


Noções Gerais • Obrigações formam-se a partir da
vontade.
• Direitos reais não podem ser criados
Você já sabe, mas não custa lembrar: meramente por vontade das partes,
dependem de Lei.
A Dualidade do Direito Privado: 5. Eficácia:
Personae e res • Obrigações: sua eficácia é relativa, ou
seja, o direito obrigacional só produz
O Direito das Obrigações compreende uma efeitos entre as partes que se obrigam,
satisfação originada por uma pessoa, ao daí ser chamado inter partes.
• O direito real, ao contrário, por tratar
passo que o Direito das Coisas
não de uma prestação, mas de uma
compreende uma satisfação originada por coisa, tem eficácia absoluta, ou seja,
uma coisa. EX.: A satisfação que o credor erga omnes, participou da relação
se dá por uma pessoa, o fiador, ao passo jurídica que o criou.
que numa hipoteca a satisfação do credor
7. Sujeito Passivo:
se dá por uma coisa: o imóvel hipotecado.
• Um direito pessoal sempre terá um
sujeito passivo determinado, ou, ao
Diferenças entre o Direito das Obrigações e o menos, determinável.
Direito das Coisas • O sujeito passivo de um Direito Real é
1. Objeto: indeterminado, não se sabendo de
• No Direito das Obrigações o objeto da antemão quem ele é, ex.: a
relação jurídica é uma prestação. propriedade sobre o aparelho
• No Direito das Coisas o objeto é, em eletrônico no qual você está lendo
última análise, uma coisa. essa aula; quem é o sujeito passivo
dessa relação de propriedade? Em
2. Duração: realidade, esse é um dos grandes
• Um direito obrigacional tende a ser problemas da categoria do Direitos
temporal, ou seja, é criado já se das Coisas, surgindo daí o
visando à sua extinção, em regra. questionamento sobre sua tutela.
• Um direito real tem caráter
duradouro, ou seja, não é pensado
para se esgotar. Obrigações Reais
3. Quantidade:
• Caracterizam-se as obrigações por Figuras Híbridas: As obrigações propter
serem numerus apertus (art. 45 do rem lato sensu
CC/02), liberdade de criar diferentes
obrigações no tempo, tende ao Essas figuras podem ser divididas em 4.
infinito.
• No Direito das Coisas tem 1. Obrigações Propter rem (obrigações em
característica numerus clausus, ou
sentido estrito- stricto sensu)
seja, são direitos reais taxativos (art.
• São obrigações decorrentes da
1.225 do CC/ 02).
titularidade ou detenção de uma
4. Formação: determinada coisa, decorrentes de Lei
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e vinculadas a um direito real, mas que uma sub-rogação do objeto e não do
com ele não se confundem. EX.: sujeito.
obrigações decorrentes do direito de • EX.: é a sub-rogação determinada pelo
vizinhança, como a obrigação de juiz no caso de transferência de
manter o sossego e a segurança do cláusula de inalienabilidade de um bem
imóvel, prevista no art.1.277 do CC/02. sobre outro (art.1.848, §2º do CC/02).
Assim, se o titular da coisa a aliena,
2. Ônus reais: sub-roga-se outra em seu lugar, por
• Limitam o direito de propriedade. força de lei. Sub-roga-se não uma
• Limitam o pleno gozo da propriedade pessoa por outra, mas uma coisa por
pelo titular, constituindo um gravame, outra.
que acompanha a coisa. EX.:
Constituição de renda sobre o imóvel, Direito das Coisas e Diretos
limitando a fruição do bem pelo
proprietário, que deve transferir os Reais
frutos ao detentor do ônus.
A expressão Direitos Reais ou Direito das
3. Obrigações com Eficácia Real: Coisas consiste no conjunto de normas e
• São típicas obrigações, um direito a princípios regulamentadores das relações
uma prestação que por força de lei, jurídicas sobre as coisas suscetíveis de
tornam-se oponíveis em relação a apropriação pelo homem, segundo uma
terceiros. EX.: a obrigação que o finalidade social. Na parte geral, o CC/02
adquirente tem de respeitar o contrato indica a adoção de uma corrente (coisa como
de locação vigente antes da aquisição, gênero e bem como espécie), mas o Direito
prevista no art. 576 do CC/2002, o das Coisas indica a adoção de outra corrente
adquirente não precisa respeitar a (bem como gênero e coisa como espécie).
locação realizada entre o locador e o
locatário, ou seja, pode resilir o Segundo Luciano de Camargo Penteado, as
contrato, por meio da denúncia. dado características das coisas são: Corporeidade,
que a averbação transforma a possibilidade de apropriação,
obrigação comum numa obrigação real, função/utilidade pública.
que pode ser oposta mesmo contra o
adquirente. O autor Pontes de Miranda entende que o
termo Direito das Coisas é mais adequado a
4. Sub-rogação Real indicar o gênero, como faz o CC/02.
• A sub-rogação é forma de extinção
indireta, de adimplemento alternativo Direito das Coisas abrange, além dos Direitos
de uma obrigação. No entanto, peculiar, Reais, figuras outras, como a própria posse.
a sub-rogação legal ocorre por força de Conforme a divisão do CC/02, a posse está
lei. inserida no Livro do Direito das Coisas, mas
• Sub-rogação pessoal se distingue da antecede os Direitos Reais.
sub-rogação real porque nesta há
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Basta fixar que o Direito das Coisas é C) Publicidade: A constituição, modificação
gênero e os Direitos Reais são espécie. ou extinção dos direitos reais exige
publicidade, seja pelos registros públicos para
Características os bens imóveis, seja pela tradição para os
bens móveis.
D) Especialidade: Porque os direitos reais
Três perspectivas p/ comparação:
têm esse caráter de exclusão dos outros, eles
só podem ser constituídos sobre objetos
Para Maria Helena Diniz:
especificados.
A) Oponibilidade: eficácia erga omnes.
Para Camargo Penteado:
B) Sequela: Direito que persegue a coisa
C) Renunciabilidade: Possibilidade de
A) Tendência a permanência no tempo:
abandono da coisa renúncia ao direito.
enquanto o direito obrigacional tende a se
D) Incorporabilidade: Posse da Coisa e
extinguir, e geralmente o titular quer que a
possibilidade de aquisição por usucapião.
obrigação se extinga (quando eu vou ao
E) Taxatividade: Existência de um rol
dentista, espero que a prestação de serviço
taxativo de Direitos, segundo o consagrado
seja a mais breve possível), o direito real
princípio da tipicidade dos direitos reais.
tende a permanecer, e o titular quer que o
F) Publicidade dos Atos: A tradição para os
direito real permaneça (sou dono de um
bens móveis e o registro para os bens
imóvel e pretendo sê-lo indefinidamente).
imóveis.
B) Taxatividade e Tipicidade estrita:
Penteado vai além de Orlando Gomes.
Para Orlando Gomes:
Segundo ele, além de não se poder criar
direito real novo, o conteúdo do direito real
A)Tipicidade: Só é direito real aquilo que a
não poderia ser modificado pela autonomia
lei determina como direito real. Não é
privada, de maneira alguma.
possível à autonomia privada criar outros
C)Inerência e ambulatoriedade: Justamente
direitos reais que não os tipificados pelo
por ser inerente à coisa, o titular pode
legislador. Nesse sentido, o art. 1.225 do
perseguir a coisa com quem estiver, pois, por
CC/2002 traria um rol exauriente,
mais que ela circule, a coisa mantém sua
complementado pela legislação extravagante.
inerência.
Ou seja, apesar de tipificados, eles não
D) Caráter Absoluto/eficácia erga omes: O
precisam estar tipificados no Código Civil,
direito real não tem , como ocorre geralmente
ainda que os principais e mais comuns
num contrato. Ao contrário, a eficácia é erga
estejam.
omnes, contra todos, pelo que seu caráter é
B) Elasticidade: Por mais que figuras
absoluto.
parcelares dos direitos reais possam ser
objetos de disposição, há tendência de
A divergência sobre as características são
reunificação dessas figuras, um
muitas. A taxatividade e/ou tipicidade dos
tensionamento ao retorno delas às mãos do
direitos reais se sobressaem. Assim, taxativo
proprietário.
seria o rol do art. 1.225 do CC/2002, pelo que
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qualquer outro direito pretensamente real de maneira típica, desde que essa
fora desse rol direito real não seria. modalidade não signifique a criação de
um novo direito real. A criação dos
Porém, essa perspectiva é tecnicamente direitos reais continua a depender
inadequada porque apesar de o referido art. de intervenção legislativa.
1.225 constituir o rol principal dos direitos
reais, certamente não é o único. Raros são os Classificação
direitos fora do rol taxativo do CC/02, como
ocorre com a legitimação de posse.
Quanto ao Domínio da Coisa

Visualizar o direito de propriedade 1. Jus in re propria


temporalmente violaria a regra da tipicidade
estrita. No entanto, o STJ (REsp 1.546.165) Corresponde ao direito de propriedade, o
decidiu que é inválida a penhora da direito real por excelência, por constituir a
integralidade de imóvel submetido ao síntese de todos os direitos reais (domínio de
regime de multipropriedade (time- uma coisa à vontade de seu titular), segundo
sharing). a literatura jurídica tradicional. Art. 1.225
CC/02.
A Corte reconheceu que o direito de
propriedade poderia ser enxergado não A propriedade possui em si todos os direitos
apenas sob a perspectiva tradicional reais, todas as faculdades, os poderes reais: o
espacial (a limitação da propriedade no poder de usar, o poder de gozar/fruir, o poder
espaço), mas também sob a perspectiva dispor e o poder de reaver.
temporal (a limitação da propriedade no
tempo). É o que dispõe o art. 1.228: O proprietário
tem a faculdade de usar, gozar e dispor da
• Boa parte a literatura jurídica aponta coisa, e o direito de reavê-la do poder de
que a decisão do STJ como a prova de quem quer que injustamente a possua ou
que o princípio da tipicidade dos detenha.
direitos reais está superado. Seria o
art. 1.225 do CC/2002 mero rol 2. Jus in re aliena
exemplificativo (numerus apertus) e Os jus in re aliena são também chamados de
não um rol taxativo (numerus clausus). direitos reais limitados em contraposição
• Opinião do autor do PDF: “Discordo da ao direito de propriedade, em tese
decisão do STJ como a prova de que o ilimitado.
princípio da tipicidade dos direitos
reais está superado. Seria o art. 1.225 Os direitos reais sobre coisa alheia seriam
do CC/2002 mero rol exemplificativo limitados, ou seja, não possuiriam em si todas
(numerus apertus) e não um rol aquelas características (usar, fruir, dispor e
taxativo (numerus clausus)”. reaver), mas apenas figuras parcelares.
• Ou seja, podem as partes criar uma EXEMPLO: Retira-se o “direito de usar” do
modalidade de direito real não prevista direito de propriedade e cria-se um
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direito real de uso; retiram-se os poderes Os direitos reais mobiliários recaem sobre
de usar e de fruir, e cria-se o usufruto. coisas móveis. A tradição, assim, é suficiente
para a transmissão de um direito real
Essas limitações variam em extensão e mobiliário, em regra.
intensidade, podendo ser constituídos
diversos direitos reais sobre uma mesma Exceção: Determinados bens móveis também
coisa. sujeitos a registro, como os automóveis.
Ademais, nem todos os direitos reais são
As limitações podem ser temporárias ou aplicáveis aos bens móveis, mas apenas
perpétuas. Os institutos do aforamento e da propriedade, usufruto e penhor.
enfiteuse são típicos exemplos de limitações
perpétuas. Porém, o CC/1916 já restringiu a B. Imobiliários
enfiteuse, o art. 2.038 do CC/2002 assim
estabelece: Fica proibida a constituição de Os direitos reais imobiliários recaem
enfiteuses e subenfiteuses, subordinando- sobre coisas imóveis. Os imobiliários estão
se as existentes, até sua extinção, às todo sujeitos a registro público e somente
disposições do Código Civil anterior e leis excepcionalmente os móveis precisam. Além
posteriores. disso, todos os direitos reais recaem sobre
os bens imobiliários, sem restrição, como
****A enfiteuse pode ser extinta conforme ocorre nos mobiliários.
a C.F./88, art.49 do ADCT.
Há, no entanto, exceções, situações nas
Direitos reais sobre coisa alheia: quais não se exige escritura pública para a
criação, modificação ou extinção de um
Quanto à reciprocidade: direito real imobiliário:
•Acessórios: penhor, anticrese e hipoteca; ISSO DESPENCA
•Principais: os demais direitos reais EM PROVA
limitados. Art. 108 do CC/2002:
• Imóveis de até 30 vezes o maior salário-
Quanto à subjetividade: mínimo vigente no país.
•Subjetivamente pessoais: pertencem a
pessoa determinada e certa (usufruto: o Art. 61, §5º, da Lei 4.380/1964:
usufrutuário não muda, é insubstituível); • Hipotecas do SFH/SFI para casa própria
•Subjetivamente reais: independem do titular, Art. 26 da Lei 6.766/1979 e art. 22 do
em cada momento (servidão: não importa Decreto-Lei 58/1937:
quem é o proprietário, ela subsiste). • Compromissos de compra e venda, cessões
e promessa de cessão imobiliária, urbana ou
Quanto ao Objeto rural.
CC/2002 e Leis Especiais:
A. Mobiliários • Cédulas pignoratícias e hipotecárias
reguladas pelo CC/2002 e cédulas de
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crédito reguladas por leis especiais ------ > Além disso, outras normas ainda
(como a habitacional, rural, industrial, regulam as escrituras públicas, como a Lei
comercial e de exportação). 7.433/1985 e a Lei 6.015/1973, a Lei de
Registros Públicos.
----------------------------------------------------------
Se a escritura for necessária o art. 215 §1º do
-------- > Já considerando apenas os seus
CC/02 traz os requisitos a escritura pública
elementos essenciais, enunciados no art. 1.228
de compra e venda:
do CC, pose-se definir o direito de propriedade
como o poder jurídico atribuído a uma pessoa
1. Data e local de sua realização; de usar, gozar e dispor de um bem, corpóreo ou
2. Reconhecimento da identidade e não corpóreo, em sua plenitude e dentro dos
capacidade das partes e de quantos hajam limites estabelecidos na lei, bem como de
comparecido ao ato, por si, como reivindicá-los de quem injustamente o detenha.
representantes, intervenientes ou
testemunhas;
3. Nome, nacionalidade, estado civil,
Propriedade
A propriedade pode ser entendida como um
profissão, domicílio e residência das partes e
recipiente cilíndrico, ou como uma garrafa, a
demais comparecentes, com a indicação,
ser preenchido por 4 camadas, que são os
quando necessário, do regime de bens do
atributos de gozar, reaver, usar e dispor. São
casamento, nome do outro cônjuge e filiação;
atributos que estão presos à propriedade.
4. Manifestação clara da vontade das partes
e dos intervenientes; Observa-se que, determinada pessoa eu tiver
5. Referência ao cumprimento das exigências todos os atributos relativos à propriedade,
legais e ficais inerentes à legitimidade do terá a propriedade plena.
ato;
Propriedade PLENA: é aquela em que o
6. Declaração de ter sido lida na presença proprietário tem consigo os atributos de usar,
das partes e demais comparecentes, ou de gozar, reaver e dispor da coisa. Seria dizer
que todos a leram; que todos os elementos do art. 1.228 do
7. Assinatura das partes e dos demais CC/02 estariam nas mãos do seu titular.
comparecentes, bem como a do tabelião ou
seu substituto legal, encerrando o ato. Propriedade LIMITADA: é a situação em que
recai sobre a propriedade algum ônus, caso
Caso alguma das partes não souber ler ou da hipoteca, da servidão, do usufruto , etc. Ou
escrever, a assinatura será feita a rogo (“a quando a propriedade for resolúvel,
pedido”). Se um dos contratantes não fala dependente de condição ou termo, conforme
português e o tabelião não fala sua língua, art.1.359 e 1.360 do CC. O que se percebe
necessita-se de tradutor, pois a escritura é portanto é que um ou alguns dos atributos da
redigida obrigatoriamente em língua propriedade passar a ser de outrem,
nacional. constituindo-se em direito real sobre a coisa
alheia.
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um fantasma, um arremedo, fâmulo de
posse; parece, mas não é. O CC/02 estabelece
Nua Propriedade: corresponde à
as 3 situações em que se verifica a mera
titularidade do domínio ao fato de ser detenção:
proprietário e ter o bem em seu nome.
Costuma-se dizer que a nua propriedade é 1) Ordem de outrem em manter uma “posse”,
aquela despida do uso e da fruição. A pessoa mas sem animus de mantê-la (art. 1.198);
que a detém recebe o nome de nu
proprietário, senhorio direito ou proprietário 2) Atos de mera tolerância do proprietário
direto. (primeira parte do art. 1.208); e

Domínio Útil: Corresponde aos 3) Situação de posse violenta ou clandestina


atributos de usar, gozar e dispor da coisa. (segunda parte do art. 1.208).
Dependendo dos atributos que possui, a
pessoa que o detém recebe uma denominação O detentor ou fâmulo de posse, tem a coisa
como: superficiário, usufrutuário, habitante, apenas em virtude de uma situação de
promitente comprador etc. dependência econômica ou de um vínculo de
subordinação (ato de mera custódia).

Posse Exemplo prático: A empresa de um


Definição e Conceito estacionamento é possuidora, diante da
existência de um contrato atípico, com
elementos de depósito; já o manobrista é
A posse é um direito autônomo e especial.
detentor, pois tem o veículo em nome da
Possuidor é aquele que em de fato o exercício
empresa, com quem tem relação de
de algum dos poderes inerentes à
subordinação.
propriedade (art.1.196, CC).
O Enunciado 301 da IV Jornada de Direito
Portanto, a posse é um estado de fato e de
Civil deixa claro que é possível a conversão
poder socioeconômico sobre uma coisa.
da detenção em posse, desde que rompida
a subordinação, na hipótese de exercício em
Posse é diferente da detenção. A tença é
nome próprio dos atos possessórios.
ainda menos que a detenção (que é menos
que a posse). A tença se verificaria nas
Assim, quando o caseiro (detentor), tem o
situações em que materialmente há
vínculo de trabalho rompido, mas permanece
apreensão física de uma coisa por alguém,
no imóvel, sem ser molestado pelo
mas sem qualquer consequência jurídica. É o
proprietário, ele se transforma em possuidor,
caso de um colega que apanha um objeto meu
pois cessada a subordinação que sustentava a
que cai no chão e me entrega incontinenti.
detenção.
A detenção é uma situação de aparente
Esclarece o Enunciado 493 da V Jornada de
posse, mas que não tem elementos
Direito Civil que o detentor pode, no interesse
suficientes para configurá-la. Ela é apenas
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do possuidor, exercer a autodefesa do bem sujeito da coisa. Já o elemento subjetivo, o
sob seu poder. Evidente, uma vez que o animus domini, seria a intenção de se
detentor é, ao menos aparentemente, utilizar da coisa como sua, conforme o
possuidor, pelo que pode tutelar a posse vera direito real que o sujeito entendesse estar
e própria de outrem imediatamente. ostentando.

A súmula 619 estabelece que a ocupação A teoria de Savigny não se aplica exceto para
indevida de bem público configura mera fins de usucapião ordinária.
detenção, de natureza precária, insuscetível
de retenção ou indenização por acessões e Teoria Objetiva de Ihering
benfeitorias.
Para Ihering o possuidor é a pessoa que se
Digno de nota a propósito disto, é a disciplina comporta como se fosse proprietária da coisa
do art. 1.208 do CC/02, segundo o qual a imprimindo destinação econômica à
permissão (autorização prévia, induvidosa e mesma, independentemente da
tácita), e a tolerância (autorização posterior e demonstração do animus ( o comportamento
tácita) não retiram daquele que autoriza, ou objetivo é que importa).
permite, o estado de poder socioeconômico
sobre o bem, razão pela qual não induzem a Considera-se possuidor aquele que tem de
posse. fato exercício pleno ou não, de algum poder
inerente à propriedade.
Teorias Em suma: Posse = corpus
Teoria subjetiva – Friedrich Von Savigny
Jhering lança, então, a segunda grande obra
sobre posse e questiona Savigny, no seguinte
Savigny no festejado “Tratado da Posse”
sentido: analisando a experiência romana,
(1.824), sustentava que a posse traduziria um
nunca um pretor teria feito análise da
poder material sobre a coisa - domínio físico
intenção do sujeito para deferir ou indeferir
(corpus) – com a intenção de tê-la para si
um interdito possessório. Não que se negue
(animus).
a existência do elemento intencional, mas
ele se encontra contido na própria noção
Em suma – posse = corpus + animus
de corpus, que é o exercício de fato dos
poderes atinentes à propriedade em
Savigny entende que a posse precisa ser
relação à coisa. Para haver posse,
preservada pela necessidade da proteção
portanto, bastaria o elemento objetivo do
da paz social. Para tanto, defende que a
corpus.
posse seria formada por dois elementos,
quais sejam o objetivo e o subjetivo.
A partir dessa distinção mais clara entre
posse e propriedade é possível analisar mais
O elemento objetivo, o corpus, seria
visivelmente a diferença entre posse direta e
verificado na relação de fato entre o sujeito
posse indireta. Por um contrato ou por um
e a coisa, pela efetiva apropriação pelo
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direito real sobre coisa alheia, seria possível de gozo, disposição e o de reaver a coisa,
bifurcar a posse, entre a posse direta, daquele mas não o de uso. Seria este o
que mantém o poder fático sobre a coisa, e a proprietário.
posse indireta, daquele que detém a
propriedade.
Função Social
Segundo Ihering a detenção encontra-se em Passou a ser discutida após a C.F./88, o
último lugar na escala das relações jurídicas problema foi que a C.F. só fala de função social
entre a pessoa e a coisa. Para o jurista, o que da propriedade e não fala da função social da
distingue a posse da detenção é um elemento posse.
externo, e portanto, objetivo, que se traduz n
dispositivo legal que, com referência a certas A doutrina que vai explicar que a posse tem
relações que preenchem os requisitos da uma função social autônoma da função social
posse e têm a aparência de posse, suprime da propriedade. Isso porque a própria C.F./88,
delas os efeitos possessórios. o CC/02, o Estatuto da Cidade, como também
a lei de regularização fundiária urbana
Posse e propriedade: O art. 1.196 define a trazem indícios fortes de que é possível
posse como o exercício pleno ou não de visualizar uma função social da posse de
alguns dos poderes inerentes à propriedade. maneira autônoma, isso porque o art. 3º da
Basta a presença de um dos atributos da C.F. traz um indício de que a posse é um
propriedade para que surja a posse. Em instrumento marcadamente autônomo que
outras palavras, todo proprietário é permite o reconhecimento de uma
possuidor, mas nem todo possuidor é funcionalização. Exemplo: Art. 1.238 caput do
proprietário. CC, traz o prazo de 15 anos de usucapião, o
§único reduz o prazo de 15 anos para 10 anos
A partir dessa distinção mais clara entre se o possuidor tiver estabelecido no imóvel
posse e propriedade é possível analisar mais sua moradia habitual ou realizado obras ou
visivelmente a diferença entre posse direta e serviços de caráter produtivo.
posse indireta. Por um contrato ou por um
direito real sobre coisa alheia, seria possível Ou seja, essa posse mais interessante, que
bifurcar a posse, entre a posse direta, gerou moradia habitual, foi realizado obras
daquele que mantém o poder fático sobre ou serviços que produzissem frutos, atendeu
a coisa, e a posse indireta, daquele que uma função social, trouxe um impacto
detém a propriedade. positivo na sociedade, ou seja, funcionaliza
essa posse.
Exemplo: Eu tenho um imóvel de 40.000 m²
Posse Direta: O possuidor tem o poder de
no bairro Jardins em São Paulo. Eu posso
USO. EXEMPLO: locatário em relação ao
adquirir por usucapião uma área de terras
locador, exerce o poder de uso, ou seja,
contígua ao meu terreno ? Se eu ficar lá por
ocupa o imóvel e sobre ele exerce a posse
15 anos, eu me torno proprietária daquele
indireta.
terreno por usucapião extraordinário. Porém
nada contribui para função social um
Posse Indireta: O possuidor tem o poder
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milionário que obtém novo terreno por o proprietário é o possuidor indireto da coisa
usucapião. locada, enquanto o locatário detém a posse
direta). Ou seja, possuidores direto e indireto
Outro exemplo: Prédio abandonado no centro não possuem composse – aqui, o grau de
de São Paulo é invado por várias pessoas que posse é que varia, já que um dos possuidores
ali resolvem residir. Isso é bom socialmente? fica privado da coisa.
Sim, pois ninguém deveria morar na rua. O
que o CC/02 faz, aumentou o número de – Art. 1.199 CC/02
requisitos, o prazo cai, por isso o prazo de
usucapião é inversamente proporcional aos – A composse exige que todos possam utilizar
requisitos exatamente por causa da função a coisa diretamente, sem excluir os demais.
social, Lei 10.257/2001 Estatuto da Cidade Ela é semelhante ao condomínio, onde todos
alterada pela lei 13.465/2017-permite são proprietários de uma cota abstrata da
usucapião para fins de regularização coisa, de modo invisível ou pro indiviso.
fundiária, porque usucapir o terreno contíguo
ao meu é bom porque tem um propriedade – Ou seja, ela é semelhante ao condomínio,
que não está sendo utilizada, mas não é onde todos são proprietários de uma cota
socialmente relevante, como, por exemplo, abstrata da coisa, de modo indivisível ou pro
uma região favelizada que assim vai indiviso. Inversamente à composse pro
continuar porque ninguém ali quer investir, indiviso de um apartamento de dois
porém, sendo regularizada aquela região herdeiros, por exemplo, parte da doutrina
pode passar a ser atendida por serviços estabelece haver também composse pro
públicos entre outros, por isso é bom diviso
socialmente.
– Na composse divisível ou pro diviso cada
Então a função social da posse é aquela um possuiria uma fração real da posse. Seria
naquela eu vejo basicamente 3 eixos: 1) o da o caso de dois herdeiros que plantam, cada
moradia; 2) o do trabalho e 3) o da qual, em metade da área, ainda não
regularização fundiária. Quando a posse é partilhada na forma da lei. Exercendo os
vinculada a algum desses 3 eixo, ela é compossuidores poderes apenas sobre uma
funcionalizada, logo, o prazo de usucapião cai. parte definida da coisa, e estando tal situação
consolidada no tempo (há mais de ano e dia),
poderá cada qual recorrer aos interditos
Modalidades contra aquele que atentar contra tal exercício.

Composse – De qualquer forma, cada um e qualquer um


- É a situação pela qual duas ou mais pessoas dos compossuidores pode praticar os atos
exercem, simultaneamente, poderes possessórios para defesa da coisa comum.
possessórios sobre a mesma coisa. Extinta a relação jurídica originária ou o
estado de indivisão da coisa, cessa a
- A com posse não se confunde com o composse, como ocorre, por exemplo, na
desdobramento entre posse direta e indireta (
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partilha dos bens dos herdeiros e na violenta é aquela adquirida por força,
dissolução da sociedade matrimonial. mediante a prática de atos irresistíveis.
Posse clandestina é aquela obtida às
Entendimento do STJ: tem entendimento de escondidas, usando de artifícios para
que um dos compossuidores pode proteger enganar o possuidor. Posse precária,
sua posse contra outro compossuidor, se a por sua vez, se obtém por abuso de
tiver molestada. É o caso de um herdeiro que confiança, se que fosse restituída a
esbulha a posse do outro, relativamente a coisa devida. Violenta é a posse obtida
um bem ainda não partilhado. (REsp com uso de força física, violência moral
537.363). ou mesmo grave ameaça. Essas
situações se emoldam ao gênero
“usurpação”, que engloba o tipo penal
de “esbulho possessório” previsto no
Espécies de Posse art. 161, inc. II, do CP/1940.
– A análise da (in)justiça da posse é
Já de se distinguir o direito de posse e o objetiva. Não se questiona a vontade do
direito à posse. possuidor, basta analisar se houve
violência, clandestinidade ou
O jus possidendi, ou direito à posse, é o precariedade. E ponto. Veja-se, porém,
direito a ter a posse que decorre do direito de que a posse em si não é (in)justa; o
propriedade. Vale dizer, é o direito a possuir o vício trata da vítima do ato, pelo que
que é meu. Posse causal, titulada. somente ela pode arguir a injustiça,
jamais terceiro. Por isso, o próprio
Já o jus possessionis, ou direito de posse, é possuidor injusto pode defender a
o direito de possuir a coisa, sem que isso posse contra terceiros, inclusive se
decorra da propriedade. Vale dizer que é o valendo dos interditos; estará ele
direito de manter a posse que eu tenho. Posse desamparado apenas em face da vítima
mansa e pacífica. (efeitos inter partes e não erga omnes).
Atentar para não confundir a posse
Vamos às classificações: precária com a detenção (ato de
1. Posse Justa: Se for adquirida por tolerância). Na precária o possuidor
meios legalmente admitidos, a posse é tivera outorgada a posse, mas
justa, ou seja, posse conforme o Direito. passou a abusar dela. EX.:
É justa quando não maculada pela emprestei, via comodato meu
violência, clandestinidade ou imóvel, com prazo; chegado o prazo,
precariedade. Tem de ser pública (para o comodatário não devolve,
que o interessado e sua extinção tome configurando-se a posse precária.
as medidas possessórias) e continua 3. Posse de boa-fé: O possuidor ignora o
(exercício de modo manso e pacífico). obstáculo que impede a aquisição da
2. Posse injusta: Ao contrário, é aquela coisa, nos termos do art. 1.201 do
adquirida de modo violento, CC/02. Ou seja, a boa-fé é negativa,
clandestino ou precário. Posse ignorância, não positiva, convicção.
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Direito das Coisas
Pode ser: i - real: apoiada em considerado válida a transmissão da
elementos evidentes, que não deixam posse por escritura pública.
dúvida; ii – quando possui juso título 6. Posse sem título: O possuidor
(art.1.201, §único). apreende a coisa mesmo sem um título
4. Posse de má-fé: mesmo conhecendo o representativo da causa, como no caso
vício, possui. O estado de dúvida não da acessão causada pela formação e
induz, necessariamente, a má-fé; deve ilhas. É também chamada de posse
haver culpa grave para caracterizá-la natural.
(erro in escusável). Segundo Pontes de Não há coincidência entre posse justa e
Miranda, há má-fé quando o possuidor posse de boa-fé, e nem de posse injusta e de
está convencido de que sua posse não má-fé. Evidentemente, o mais comum é que
goza de legitimidade jurídica, mas, ambas caminhem juntas: a posse de boa-fé
ainda assim, mantém-se na posse da será justa e a posse de má-fé será injusta.
coisa. Aqui, mais uma vez, é necessário Mas nem sempre. ‘
apelar para a noção de homem médio.
Não há posse de má-fé quando há justo
título. Transformação da posse de boa-fé
me má-fé
NOTA: O "homem médio", ficção jurídica,
representa, portanto, critério para avaliar a Pode ocorrer que a posse de boa-fé se
exigibilidade de conduta diversa e possui transmute em posse de má-fé se o possuidor
adesão em boa parte da doutrina que, aliás, passar a não mais ignorar o vício, seja
parte do princípio de que o "homem médio" judicialmente – através de citação de uma
deve ser colocado na posição do autor, ação de reintegração de posse –, seja
imaginando-o com todos os seus extrajudicialmente – por exemplo, aparece o
conhecimentos e condições pessoais. proprietário com a matrícula do imóvel em
mãos –, a teor do art. 1.202. O inverso, porém,
5. Posse com Título: O possuidor não é possível, já que o possuidor de má-fé, que
adquire a posse com uma “causa sabe do obstáculo, não tem como “deixar de
representativa de transmissão”, como saber” dele.
ocorre na posse direta transmitida do A conversão da posse “não verifica no
locador ao locatário por meio do momento em que o possuidor tem
contrato de locação. Também chamada conhecimento de existência do vício ou
de posse civil ou jurídica. EX.: A vende obstáculo, mas sim, quando as circunstâncias
sua casa p/ B, mas continua no imóvel firmem a presunção de que não os ignora.
como inquilino; não obstante, B fica
sendo possuidor da coisa (posse A Jurisprudência tem proclamado que a
indireta), mesmo sem jamais tê-la citação para a ação é uma dessas
ocupado fisicamente, em virtude da circunstâncias que demonstram a
cláusula constituti, que aí sequer transformação da posse de boa-fé em posse
depende de ser expressa. A de má-fé, pois, em razão dela, recebendo a
jurisprudência tem, iterativamente, cópia da inicial, o possuidor toma ciência dos
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vícios de sua posse. Os efeitos da sentença ➢ Enunciado 76 da I Jornada de Direito
retroagirão ao momento da citação. Civil, o possuidor direto tem direito de
defender sua posse contra o indireto, e
este, contra aquele.
Aqui, em realidade, ocorre a chamada
interversão (interversio possessionis), qual
A posse direta é sempre uma, ou seja, não é
seja o fenômeno por meio do qual o mero
possível haver mais de uma posse direta. Será
detentor (possuidor precário) torna-se
direta a posse sempre daquele que “possui”
verdadeiro possuidor (possuidor legítimo).
efetivamente a coisa. Há possibilidade de
➢ (7) Posse Direta: Aquele que detém o
desdobramento da posse indireta,
poder físico detém a posse direta. Em
inversamente, ou seja, é possível haver mais
geral, o proprietário também é
de uma posse indireta.
possuidor direto. Mas nem sempre. O
É o chamado desdobramento possessório,
possuidor indireto pode defender
que comporta a verticalização m graus
autonomamente sua posse, mesmo
variados. Nem sempre o possuidor indireto
contra o possuidor direto, se for
será o proprietário, já que eventualmente o
turbado na posse (art.1.197 do CC/02).
titular de um direito real ou obrigacional, ao
É o caso, por exemplo, do locador que
ceder a posse direta a um terceiro, torna-se
tenta um despejo extrajudicial; o
também possuidor indireto.
locatário pode exercer uma
reintegração de posse em face do
locador, nesse caso. Aquisição, Transmissão e
➢ (8) Posse indireta: O proprietário,
ainda que limitadamente, detém a
Perda
posse indireta da coisa, mesmo que
não a detenha, não a tenha consigo ou ➢ Aquisição da Posse: Numerus
não a utilize. É o caso do locador, que apertus; Adquire-se a posse desde o
não detém a posse direta, mas, por momento em que se torna possível o
causa do direito de propriedade, detém exercício, em nome próprio, de
posse indireta. O possuidor indireto ou qualquer dos poderes inerentes à
mediato confia a coisa a outrem, propriedade. A posse se inicia,
possuidor direto ou imediato, por certo portanto, desde o momento em que
tempo. Mas não é apenas o possuidor começa seu exercício como decorrência
(em sentido estrito) quem detém a da propriedade, em nome próprio.
posse direta, mas todo aquele que tem ➢ Os modos de aquisição se subdividem
alguma forma de posse autônoma em originários e derivados.
(usufrutuário, usuário, locatário, ➢ Originários: Adquire-se quando não é
depositário, tutor, inventariante), necessário consentimento do
consubstanciada em algum direito real possuidor precedente; Não há mais rol
sobre coisa alheia ou direito pessoal de taxativo dos modos originários, mas se
uso e/ou gozo. pode citar a apreensão de coisa
➢ Art. 1.197 CC/02; abandonada.
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➢ Derivados: Adquire-se quando há A principal utilidade da transmissão das
consentimento do possuidor posses é na usucapião, na qual a posse deve
precedente. Dá-se com a tradição, seja ser somada ao tempo – ambas devem ser
efetivamente, seja fictamente (como no contínuas e pacíficas. Por isso, por vezes, é
caso do constituto possessório). melhor ao possuidor novo não unir sua
➢ Pode-se adquirir a posse: posse com a posse do anterior, já que os
➢ Pelo próprio sujeito (art. 1.205, inc. I); prazos para a usucapião em não havendo
➢ Por representante ou procurador (no boa-fé ou no caso de posse injusta, por
caso de incapazes, p.ex.; art.1.205, inc. exemplo, são bem maiores.
I);
➢ Por terceiro sem procuração (tem de
ratificar, obrigatoriamente, art. 1.205, ➢ Modos de Perda da Posse: O
inc. II). CC/2002, no art. 1.223, disciplina que a
➢ Além disso, quando possuo posse se perde, portanto, desde o
determinado bem imóvel presume-se, momento em que cessa o poder do
relativamente, segundo o art. 1.209, possuidor sobre a coisa, ainda que
que também possuo as coisas móveis contra sua vontade. Porém, se exige
que nele estiverem. que o possuidor saiba da perda; se não
presenciou a perda, só se considera
➢ Transmissão da Posse: Duas
perdida a posse quando, tendo notícia
espécies: dela, se abstém o possuidor de
➢ Sucessão: Sucessão universal; quando
retornar a coisa, ou, tentando
os herdeiros continuam na posse dos recuperá-la, é violentamente repelido,
bens herdados (art.1.206 do CC/02, pela dicção do art. 1.224.
como no caso da herança por exemplo).
➢ União: Sucessão singular; quando
alguém transfere, por uma relação 1) Ausentes corpus e animus
jurídica, a posse a outrem, pelo que O possuidor, portanto, deixa
suas posses se unem (art. 1.207, como intencionalmente de deter a coisa. Nesses
na compra e venda ou no legado). casos, a posse se perde por:
➢ No entanto, no caso de sucessão mortis A) Abandono (derelictio): Joga fora a coisa,
causa, o CC/2002 estabelece uma intencionalmente; não é perder, mas,
peculiaridade. No primeiro caso, de abandonar.
sucessão universal – herança –, a
transmissão da posse é obrigatória; no B) Tradição: Caso em que há perda da posse
segundo, de sucessão singular – legado e, simultaneamente, aquisição da posse para
–, a transmissão é facultativa. Venosa os contratantes.
estabelece que apesar de o art. 1.206
parecer tratar apenas dos casos de 2) Ausente corpus
sucessão mortis causa, vale também
Ocorre quando certos fatos impedem a
para a transmissão inter vivos.
posse, contra a vontade do possuidor, e
somente quando há impossibilidade de
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utilização da coisa. Se, ainda que Tanto o constitutum possessorium quanto a
potencialmente o poder existe, mantém-se a traditio brevi manu são modos de aquisição
posse. São os casos de: e perda da pessoa simultaneamente, porque
A) Perda da coisa apenas mudam o caráter dela.
B) Destruição: Somente nos casos de
terceiro, caso fortuito ou força maior. Se o Proteção Possessória
próprio sujeito destrói, há perda do corpus e Há 2 correntes majoritárias: A corrente a
animus. A destruição deve ser total unicidade que entende a posse como
(perecimento não transitório). exteriorização da propriedade. A corrente da
C) Posse de outrem: Privação da coisa contra pluralidade (Orlando Gomes), a posse tem
a vontade do possuidor (esbulho cuja vários efeitos, esses defendem a posse como
reintegração não foi efetivada em ano e dia). fato quanto das que defendem como direito.
D) Inutilização econômico-jurídica: Quando
I) Direito aos interditos: Presente no art.
a coisa é posta fora do comércio pelo Direito,
1.210 do CC/2002.
mesmo que contra a vontade do possuidor.
II) Direito à percepção de frutos: Presente
no art. 1.214 do CC/2002.
3) Ausente animus: Nesse caso, passa o
possuidor a exercer em nome alheio, pelo III) Direito à indenização por
que a posse se perde através do constituto benfeitorias: Presente nos arts. 1.219 e
possessório. 1.220 do CC/2002
O constituto possessório (constitutum IV) Direito de retenção de valores:
possessorium), que se dá por Presente no art. 1.219 do CC/2002.
intermédio da cláusula constituti, é um
V) Direito de levantamento de
modo especial de tradição da coisa, em
benfeitorias: Presente no art. 1.219 do
que o sujeito deixa de possuir a coisa
CC/2002.
em nome próprio para o fazer em
nome alheio, transferindo-lhe a posse VI) Direito à usucapião: Presente no art.
indireta. Ou seja, a transferência, a 1.260 do CC/2002.
tradição, da coisa é meramente ficta. VII) Direito à indenização por prejuízos:
Presente no art. 884 do CC/2002.
Não confunda o constitutum
possessorium com a traditio brevi
I) Apenas excepcionalmente há tutela para
manu. Nesta, há o inverso, ou seja, o
autodefesa da posse, em caos de agressão à
possuidor em nome alheio se torna
posse que exija ação pronta, energética e
possuidor em nome próprio. É o caso
imediata (desforço possessório). De qualquer
do locatário que, exercendo cláusula de
forma, os atos de defesa, ou de desforço, não
preferência, adquire o imóvel,
podem ir além do indispensável à
passando a possuir em nome próprio
manutenção, ou restituição da posse. De
(já que é proprietário, agora).
qualquer forma, o §2º do art. 1.210
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estabelece que não obsta à manutenção ou
reintegração na posse a alegação de
propriedade, ou de outro direito sobre a
coisa. Ou seja, numa ação possessória discute-
se a posse, sendo que a propriedade é lateral,
apenas. No caso de haver mais uma pessoa
que alegue ser possuidora, prevê o art. 1.211
que será mantida provisoriamente na posse a
que tiver a coisa (posse aparente).Veja que o
art. 1.212, portanto, estabelece o cabimento
do interdito contra terceiro apenas se estiver
este de má-fé, mas não contra o possuidor de
boa-fé. Contra o terceiro de boa-fé cabe tão-
somente a propositura de demanda de
natureza real, ou seja, a ação de reivindicação.

II) Os frutos podem ser: pendentes (ainda não


separados da coisa principal), percebidos
(colhidos), percipiendos (poderiam já ter sido
colhidos, mas não foram) e colhidos por
antecipação (não deveriam ter sido colhidos,
mas já o foram). Assim, pertencem os frutos
ao possuidor de boa-fé, desde que a
percepção ocorra antes de sua cessação. Ao
possuidor de má-fé, restituem-se apenas as
despesas de produção e custeio dos frutos
percebidos ou colhidos por antecipação,
segundo o art. 1.216, mas não pode ele ficar
com quaisquer dos frutos.

PAREI NA PG. 33 PDF.

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