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DIREITOS REAIS
I. Noções Introdutórias
2- Natureza Jurídica
Os direitos reais
a) Absolutismo: os direitos reais são absolutos porque concedem ao seu titular uma
verdadeira situação de dominação sobre um objeto. O poder de agir sobre a coisa é
oponível erga omnes, pois acarreta uma sujeição universal ao dever de abstenção
sobre a prática de qualquer ato capaz de interferir na atuação do titular sobre o
objeto.
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d) Taxatividade: os direitos reais são numerus clausus. O rol do art. 1225 do NCC é
taxativo.
Há tb a lei nº 9514/97 – alienação fiduciária de imóveis.
O NCC inovou no rol; excluiu as rendas constituídas em imóvel; excluiu a constituição
de novas enfiteuses a partir de 11/01/2003, sendo substituídas pelo direito de
superfície ( art. 1369 NCC).
Preserva a enfiteuse nos terrenos de marinha (DEc-lei nº 9760/46 e Lei nº 9636/98)
Trouxe para o NCC a promessa de compra e venda (art. 1361) e a propriedade
fiduciária (art. 1417).
Direito real sobre a própria coisa (in re propria): Propriedade (art. 1225, I, do
CC). É o direito real absoluto, que reúne todas as faculdades inerentes aos direitos
reais: usar, gozar, dispor e reivindicar;
Direitos reais sobre a coisa alheia (in re aliena): Os demais (art. 1225, II a XII).
Dividem-se em:
a) Direitos de gozo ou fruição: (art. 1225, II a VI e XI e XII – superfície, servidões,
usufruto, uso, habitação, concessão de uso especial para fins de moradia e concessão
de direito real de uso);
b) Direitos de garantia: (art. 1 225, VIII, IX e X – penhor, hipoteca e anticrese);
c) Direito de aquisição (art. 1225, VII – promessa de compra e venda).
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Art. 1.225. São direitos reais:
I - a propriedade;
II - a superfície;
III - as servidões;
IV - o usufruto;
V - o uso;
VI - a habitação;
VII - o direito do promitente comprador do imóvel;
VIII - o penhor;
IX - a hipoteca;
X - a anticrese.
XI - a concessão de uso especial para fins de moradia; (Acrescentado pela L-011.481-2007)
XII - a concessão de direito real de uso.
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II. DA POSSE
2.1 Teorias
Para Friedrich Karl Von Savigny, a posse apresenta dois elementos constitutivos:
a) Corpus: controle material da pessoa sobre a coisa, podendo dela imedaitamente se
apoderar, servir e dispor, bem como se opor em face de terceiros.
b) Animus: é o elemento volitivo, é a intenção do possuidor de exercer o direito como
se proprietário fosse.
Obs: para esta teoria, o locatário, o comodatário, o depositário não são possuidores.
Portanto, não gozam de proteção direta, não podendo ingressar com as ações
possessórias.
Para Rudolf Von Ihering, a posse é mero exercício da propriedade. A posse é o poder
de fato e a propriedade o poder de direito.
Para constituir a posse, basta dispor fisicamente da coisa ou mera possibilidade de
exercer esse contato.Dispensa a intenção de ser dono.
Fórmula P=Corpus
Corpus – elemento material; único elemento visível e suscetível de comprovação;
atitude externa do possuidor em relação à coisa, agindo ele como dono.
Nosso Código Civil adotou a teoria objetiva de Ihering, como se depreende do art. 1196
do CC.
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de
fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes
inerentes à propriedade.
O possuidor é aquele que, em seu nome próprio, exterioriza alguma das faculdades da
propriedade, seja ele proprietário ou não.
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Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno
ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.
Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim
como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois
de cessar a violência ou a clandestinidade.
Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim
como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão
depois de cessar a violência ou a clandestinidade.
Estes representam um indulgencia pela prática do ato, mas não cedem direito algum.
Apenas retiram a ilicitude do ato de terceiro.
A permissão nasce de uma autorização expressa (verbal ou não) do verdadeiro
possuidor para que o 3º utilize a coisa.
A tolerância resulta de consentimento tácito ao seu uso.
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2.5 Composse
Pode ser decorrente de contrato ou de herança. Neste caso, podem usar livremente a
coisa, conforme seu destino, e sobre ela exercer seus direitos compatíveis com a
indivisão.
Requisitos:
a) Pluralidade de sujeitos
b) Coisa indivisa
Espécies
a) Composse pro indiviso: as pessoas tem parte ideal do bem. Ex 03 pessoas
donas de um apto.
b) Composse pro diviso: embora não haja uma divisão de direito, já existe uma
divisão de fato, onde cada um sabe onde começa e termna a sua parte da coisa.
Ex: 03 pessoas possuem uma fazenda. Cada um exerce sua posse na sua parte
delimitada.
Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma
exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros
compossuidores.
A posse é um poder de fato que se manifesta por atos de uso e fruição sobre a coisa,
servindo-se o possuidor de suas utilidades econômicas, sem que isso implique
conexão com o direito de propriedade.
Os elementos objetivos e subjetivos que permeiam a posse exercem influência sobre
sua eficácia e proteção jurídica.
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Ex.: posse exercida pelo proprietário, posse exercida pelo locatário por concessão do
locador
- Posse Indireta ou mediata: quando é exercida através de outra pessoa.
Ex.: proprietário que tem a posse através de inquilino; neste caso há duas posses
paralelas e reais; a do possuidor direto(locatário) e a do possuidor indireto
(proprietário)
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente,
em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida,
podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.
Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.
Obs. Destes três vícios que maculam a posse, somente um pode ser convalidado, que é
a posse violenta (o lapso temporal conta a favor da posse violenta), os demais não se
convalidam.
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Resposta: é aquela que você pode se valer, por exemplo, do desforço imediato para
conter o esbulho.
É a posse que surge do abuso de confiança, vez que a pessoa que recebe a coisa
tem o dever de restituí-la, mas se recusa a fazê-lo.
Pergunta: O pai tinha a posse precária, ele morre e a filha continua com a posse. É
justa ou Injusta?
Resposta: A posse do pai já era injusta, ora, se ele morreu, no caso da filha, a posse
continua sendo injusta.
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Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que
as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui
indevidamente.
Exemplo do oficial de justiça que fez a citação, então no momento da ciência passa ser
posse de má-fé.
Continuidade da posse
Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com
que foi adquirida.
- Posse nova: é a que conta com menos de um ano e um dia. Cabe liminar.
- Posse velha: é a que conta com pelo menos um ano e um dia. Não Cabe liminar.
- Posse ad interdicta: é a que pode ser defendida pelas ações possessórias, mas não
conduz usucapião. Ex: locatário pode defender a posse de uma turbação ou esbulho,
mas não tem direito a usucapião.
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Obs: 1. A posse, mesmo que injusta, ainda é posse e pode ser defendida por ações,
não contra aquele que se tirou, mas contra terceiros.
Obs 2: Aquele que detém posse injusta, regra geral, não tem posse ad usucapionem ou
com vistas a usucapião.
Obs 3: Na posse injusta, presume-se continuar os mesmo vícios nas mãos do sucessor
do adquirente. (presunção juris tantum – relativa).
Pelo artigo 1204 cc adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o
exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade. A posse
pode ser adquirida de forma:
a) Originária: Não há relação de causalidade entre a posse atual e a anterior. Ex:
acontece um esbulho e o vício se convalesce. Apresenta-se sem os vícios que a
maculavam em mãos do antecessor; não tem dono anterior.
b) Derivada: Há anuência do anterior possuidor e essa posse recebe os mesmos
vícios anteriores. é possível saber quem foi o dono anterior
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C) SUCESSÃO NA POSSE: a posse pode ser continuada pela soma do tempo do atual
possuidor com o de seus antecessores. O adquirente da posse de uma coisa pode
somar a posse anterior visando usucapião.
ART. 1206 E ART 1207 CC.
3. EFEITOS DA POSSE
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Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de
qualquer dos poderes inerentes à propriedade.
Art. 1.205. A posse pode ser adquirida:
I - pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante;
II - por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação.
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- Nunciação de obra nova: impedir obras. Rito especial (art. 934 a 940 CPC)
- Ação de Dano infecto: preventiva contra eventuais futuros danos. Rito ordinário
- Ação de Imissão de Posse: ação do proprietário que não tem posse contra o ocupante.
Rito ordinário.
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intervalo, pois se este se der, caberá ao interessado buscar as vias ordinárias, ou seja,
procurar a Justiça, como órgão estatal, a disposição dos jurisdicionados (PUGLIESE,
Roberto J. Direito das coisas. São Paulo: LEUD, 2005. p. 195).
A doutrina costuma classificar a autotutela da posse em duas espécies:
- desforço imediato: ocorre nos casos de esbulho, em que o possuidor recupera o bem
perdido.
- legítima defesa da posse: ocorre nos casos de turbação, em que o possuidor
normaliza o exercício de sua posse.
D) INDENIZAÇÃO DE BENFEITORIAS
4. PERDA DA POSSE
O art 520 do cc de 1916 descrevia os modos de perda da posse.
Já o art 1223 do cc de 2002 enfatiza que perde-se a posse quando cessa, embora
contra a vontade do possuidor, o poder sobre o bem, ao qual s refere o art. 1196.
a) Abandono – é a renuncia da posse, intenção de largar voluntariamente o que está
em sua posse.
b) Tradição – entrega da coisa de forma definitiva
c) Perda – o possuidor se vê privado da coisa sem querer. Ex. anel que cai em alto-mar
d) Destruição- inutilização total decorrente de evento natural ou caso fortuito,
inundações, incêndios, etc
e) Colocação fora do comércio ( coisa inaproveitável ou inalienável)
f) tomada da posse por outrem
g) constituto possessório
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5. SUCESSÃO DA POSSE
A posse pode também ser adquirida em virtude de sucessão inter vivos ou mortis
causa, tanto a título singular quanto universal. É de se observar os seguintes artigos
do CC:
A segunda parte do artigo 1.207 traz uma exceção à regra de que a posse mantém o
caráter com que foi adquirida, prevista no art. 1.203 do CC.
A transmissão da posse pela sucessão apresenta duplo aspecto. Na que opera mortis
causa pode haver sucessão universal e a título singular. Dá-se a primeira quando o
herdeiro é chamado a suceder na totalidade da herança, fração ou parte-alíquota
(porcentagem) dela. Pode ocorrer tanto na sucessão legítima como na testamentária.
Na sucessão mortis causa a título singular, o testador deixa ao beneficiário um bem
certo e determinado, denominado legado, como p.ex. um imóvel. A sucessão legítima é
sempre universal; a testamentária pode ser universal ou singular.
A transmissão da posse por ato causa mortis é regida pelo princípio da saisine,
segundo o qual os herdeiros entram na posse da herança no instante do falecimento
do de cujus. Essa transmissão se opera sem solução de continuidade e de forma
cogente, independentemente da manifestação de vontade do interessado.
O herdeiro a título universal recebe a posse com os vícios que a maculavam; contudo,
o legatário, por receber a coisa a título singular, tem a faculdade de abrir mão da
posse anterior, eventualmente eivada de vícios, iniciando posse sua, nos termos do
art. 1.207 do CC.
A sucessão inter vivos geralmente se dá a título singular, como p.ex. quando alguém
adquire um bem certo e determinado (um imóvel), mas também pode se dar a título
universal, como quando alguém adquire uma universalidade (um estabelecimento
comercial, por exemplo).
Nos termos do já referido art. 1.207, o sucessor a título singular pode unir sua posse à
do antecessor, quando a mesma permanecerá eivada dos eventuais vícios da posse
anterior. Caso resolva desligar sua posse da do antecessor, estarão expurgados os
vícios que a maculavam, iniciando com a posse nova prazo para eventual usucapião.
Em síntese:
A posse do sucessor pode somar-se à posse de seu antecessor para todos os efeitos
legais. No entanto, na hipótese de haver essa junção, o sucessor recebe a posse antiga
com todos os seus vícios (continuidade do caráter da posse).
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Sucessor a título singular: pode escolher se inicia uma posse nova ou se soma a sua
posse com a de seu antecessor.
6. DA EXTENSÃO DA POSSE
O art. 1209, CC fixa presunção de que a posse do imóvel induz à posse dos bens
móveis que nele estiverem. Essa presunção, obviamente, é relativa, cabendo prova em
contrário.
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