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PROCESSO PENAL I – PROFA. FERNANDA FONSECA ROSENBLATT


PLANO DE AULA 01
INTRODUÇÃO AO DIREITO PROCESSUAL PENAL

1.1 DISPOSIÇÕES GERAIS

1.1.1 FUNÇÃO DO PROCESSO PENAL

1.1.2 JUS PUNIENDI (EFICIÊNCIA) X JUS LIBERTATIS (GARANTIA)

1.1.3 FONTES PROCESSUAIS PENAIS

1.2 PRINCÍPIOS PROCESSUAIS PENAIS

1.2.1 DEVIDO PROCESSO LEGAL

o Art. 5º, LIV, CF/88 (vide item 1.2.12, abaixo)

1.2.2 AMPLA DEFESA E CONTRADITÓRIO

o Art. 5º, LV, CF/88

o Ampla defesa = defesa técnica (necessária e irrenunciável, vide Súmula 523/STF) +


autodefesa (disponível)

o Ampla defesa no CPP: arts. 261 (caput), 263 (caput), 266, etc.

o Contraditório = direito à informação + direito de participação

o Contraditório no CPP: arts. 401 (caput), 402, 403 (caput), etc.

1.2.3 PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA (OU DA NÃO CULPABILIDADE)

o Art. 5º, LVII, CF/88 (“ninguém será considerado culpado...”)

o E a prisão processual (art. 283, CPP; art. 5º, LXI, CF/88)?

o E a decisão do STF em 2016 (no HC126.292)? Em 2019, o STF voltou ao entendimento


anterior: não é possível a execução da pena depois de decisão condenatória
confirmada em segunda instância. MAS, o Pacote Anticrime (Lei 13.964/19) alterou
o art. 492, I, CPP para permitir a execução imediata da pena no caso de
condenação no júri à pena igual ou superior a 15 (quinze) anos (colisão entre os
princípios da presunção de inocência versus soberania dos veredictos).

o Como “punir” o exercício abusivo do direito de recorrer? Vide art. 116, III, CP (vide
o Pacote Anticrime)

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o Portanto, são consequências da presunção de inocência: excepcionalidade das


prisões cautelares, inconstitucionalidade da antecipação executória da pena,
proteção contra a publicidade abusiva e estigmatização do acusado (por
exemplo, mediante abusiva exploração midiática)

1.2.4 IN DUBIO PRO REO (FAVOR REI)

o A dúvida sempre deve beneficiar o acusado

o Trata-se, o in dubio pro reo, de regra probatória: para a imposição de uma


sentença condenatória, é necessário provar, eliminando qualquer dúvida razoável
(“beyond a reasonable doub”t)

o In dubio pro reo no CPP: arts. 386, VII; 615, § 1º; etc.

o Observação: o in dubio pro reo só incide até o trânsito em julgado de sentença


penal condenatória ou absolutória imprópria, então no caso de revisão criminal
(art. 621, CPP) o ônus da prova recai única e exclusivamente sobre o postulante
(réu)

1.2.5 VERDADE REAL (OU BUSCA DA VERDADE?)

o Exemplos no CPP: arts. 156, I e II (não estariam tacitamente revogados pelo “Juiz
das Garantias”?); 196; 209 (caput); 234; 616; etc.

o Processo Civil (verdade formal ou ficta) versus Processo Penal (verdade real)

o Críticas e Novidades (vide o Pacote Anticrime e o acordo de não continuidade da


persecução penal do novo art. 28-A, CPP)

o Limites: impossibilidade de leitura de documentos em plenário do júri se não tiverem


sido juntados aos autos com antecedência (art. 479, CPP); limitações ao
depoimento de testemunhas que têm ciência do fato em decorrência de profissão,
etc. (art. 207, CPP); descabimento de revisão criminal contra sentença absolutória
transitada em julgado (art. 621, CPP); verdade consensuada nos Juizados (Lei
9099/95); o novel acordo de não continuidade da persecução penal (art. 28-A,
CPP); vedação das provas ilícitas, etc.

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1.2.6 VEDAÇÃO DAS PROVAS ILÍCITAS

o Art. 5º, LVI, CF/88 (vide Plano de Aula 8)

o Art. 157, caput, CPP: busca e apreensão à noite, interceptação telefônica


clandestina, confissão mediante tortura, etc.

o Art. 157, §1º, CPP: interceptação telefônica clandestina por meio da qual se
descobre uma testemunha que depõe regularmente

o Vide Pacote Anticrime (art. 157, §5º, CPP)

1.2.7 LIVRE CONVENCIMENTO MOTIVADO

o Art. 155 (caput), CPP

o Vide o Pacote Anticrime e o princípio da motivação das decisões judiciais (art. 315,
§2º, CPP)

o Atenção para o Júri!

1.2.8 JUIZ NATURAL (OU JUIZ LEGAL)

o Art. 5º, LIII, CF/88

o Então não se admite tribunal de exceção e juiz ad hoc (art. 5°, XXXVII, CF)

o Trata-se de uma garantia de imparcialidade

o E a figura do “Juiz das Garantias” (art. 3º-A)? Competência funcional por fase do
processo! Atenção: em 22/02/2020, como Relator das várias ADI’s (6.298, 6.299,
6.300 e 6.305) ajuizadas em face do Pacote Anticrime, o Ministro Luiz Fux suspendeu,
por tempo indeterminado e ad referendum do Plenário, a implantação do juiz das
garantias e de seus consectários (arts. 3º-A, 3º-B, 3º-C, 3º-D, 3º-E, 3º-F).

1.2.9 JUIZ IMPARCIAL

o Art. 95, CF/88: garantias constitucionais de imparcialidade

o Causas de impedimento (art. 252, CPP + novo art. 3º-D) e suspeição (art. 254, CPP),
garantias infraconstitucionais de imparcialidade

o Vide o Pacote Anticrime e a figura do “Juiz das Garantias” (art. 3º-A): uma
“blindagem da garantia de imparcialidade”

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o Competências do Juiz das Garantias: (1) controle da legalidade da


investigação criminal; (2) salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia
tenha sido reservada à autorização prévia do Poder Judiciário (matérias
protegidas pela cláusula de reserva da jurisdição)

o Para decidir sobre prisão provisória e interceptação telefônica, por


exemplo, há necessidade de se verificar a existência de provas da
materialidade e indícios suficientes de autoria

o Pesquisa do alemão Bernd Schunemann: é muito mais comum ter


condenação quando o juiz toma conhecimento prévio dos autos do
inquérito; as perguntas formuladas na audiência de instrução geralmente
são feitas apenas para confirmar o que está no inquérito e não para
apreender novas informações, etc.

o Teoria da aparência: não basta ser imparcial, tem de parecer imparcial


(justice must not only be done; it must also be seen to be done)

1.2.10 PUBLICIDADE

o Objetivo: assegurar a transparência da atividade jurisdicional

o Trata-se, portanto, de uma “garantia da garantia” (Ferrajoli), prevista


constitucionalmente (art. 93, IX, e art. 5º, XXXIII, CF/88)

o Tipos de publicidade: ampla (atos processuais são praticados perante as partes e


abertos ao público) e restrita (“segredo de justiça” – só pode ser afastado pela
própria autoridade jurisdicional que o decretou!)

o Vide o novel art. 3º-F, introduzido pelo Pacote Anticrime

o Exceções: art. 5º, LX, CF/88; art. 485, CPP; art. 792, §1º, CPP; etc.

o Atenção para o sigilo no IP (art. 20, CPP)

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1.2.11 NÃO AUTOINCRIMINAÇÃO (NEMO TENETUR SE DETEGERE)

o É proibido o uso de qualquer medida de coerção ou intimidação ao investigado


(suspeito, indiciado, acusado, condenado) para obtenção de uma confissão ou
para que colabore em atos que possam ocasionar sua condenação. Ou seja:
ninguém pode ser obrigado a produzir prova contra si mesmo.

o Desdobramentos:

o Direito ao silêncio (art. 5º, LXIII, CF/88 – a constituição diz preso, mas o direito
se estende a quem está solto)

§ Deve haver prévia e formal advertência quanto ao direito ao


silêncio (art. 5º, LXIII, CF/88: “o preso será informado de seus
direitos...”)

§ é prova ilícita, portanto, gravação clandestina de conversa informal


de policiais com o preso quando, além de o capturado não dar o
seu consentimento à gravação ambiental, não for advertido do seu
direito ao silêncio

§ também é ilícita a prova consistente em entrevistas concedidas por


presos a imprensa, antes ou após a lavratura do flagrante, sem o
conhecimento de seu direito constitucional

§ A nova Lei de Abuso de Autoridade (Lei 13.869/19) – art. 15,


parágrafo único, inciso I – criminaliza a conduta do agente público
que “prossegue com o interrogatório de pessoa que tenha decidido
exercer o direito ao silêncio”

§ entende-se que o direito ao silêncio não abrange o direito de falsear


a verdade quanto à identidade pessoal (Súmula 522, STJ)

o Direito de não ser constrangido a confessar a prática de ilícito penal

o Inexigibilidade de dizer a verdade

o Direito de não praticar qualquer comportamento ativo que possa incriminá-


lo (por exemplo, acareação, reconstituição do crime, exame grafotécnico,
etc.)

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§ Quando o acusado tem apenas que tolerar a realização da prova


(cooperação meramente passiva), ou seja, é mero objeto de
verificação, o direito de não produzir prova contra si mesmo não
persiste (por exemplo, reconhecimento pessoal)

§ Nesses casos (de cooperação meramente passiva), admite-se


condução coercitiva

§ E o caso da “mula” que transporta drogas em seu estômago?


Conflito entre os princípios da não autoincriminação e da
proporcionalidade

o O direito à não-autoincriminação não abrange a possibilidade de o


acusado alterar a cena do crime (caso Isabela Nardoni)

1.2.12 DEVIDO PROCESSO LEGAL

o Então, são elementos essenciais do devido processo legal: direito ao processo


(acesso ao judiciário); direito a um julgamento público e célere; direito ao
contraditório e à ampla defesa; direito à igualdade entre as partes; direito de não
ser processado e julgado com base em prova ilícita; direito à observância do
princípio do juiz natural; direito ao silêncio (quer dizer, à não autoincriminação); etc.

1.3 Sistemas Processuais Penais

1.3.1 CARACTERÍSTICAS E DISTINÇÕES

o Sistema inquisitorial: típico em estados absolutistas; não há separação das funções


de acusar e julgar; juiz inquisidor com ampla iniciativa probatória (o “Google da
verdade real”, segundo Geraldo Prado); acusado é mero objeto do processo e não
sujeito de direitos (por exemplo, uso de tortura como meio de se obter a “verdade
absoluta”); não há ampla defesa nem contraditório, etc.

o Sistema acusatório: acusatório porque ninguém poderá ser chamado a juízo sem
que haja uma acusação; separação das funções de acusar e julgar; posição de
passividade do juiz quanto à reconstrução dos fatos; publicidade; ampla defesa e
contraditório; etc.

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o O que diferencia o sistema inquisitorial do acusatório, portanto, é a posição dos


sujeitos processuais penais e a gestão da prova.

1.3.2 O SISTEMA PROCESSUAL PENAL BRASILEIRO: ACUSATÓRIO OU MISTO?

o Art. 129, I, CF/88

o Art. 3º-A, CPP (vide o Pacote Anticrime)

o Importância do Juiz das Garantias (vide o Pacote Anticrime)

o Para ser verdadeiramente acusatório, não basta a separação das funções


de acusar, defender e julgar. É necessário que o juiz não seja o gestor da
prova, devendo sua produção ficar a cargo das partes (juiz-espectador e
não juiz-protagonista)

o Na fase investigatória, portanto, o juiz deve agir apenas quando


provocado, e atuar como garante das regras do jogo (não existe
investigador imparcial!)

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