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DIREITO PROCESSUAL PENAL

Princípios no Processo Penal II


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PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL II

AMPLA DEFESA (ART. 5º, LV, CF/1988)

Súmula n. 523, STF: No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta,
mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu.

Ou seja, a falta da defesa gera nulidade absoluta, pois a defesa é imprescindível no pro-
cesso. No caso da defesa deficiente, somente se falará em nulidade quando for comprovado
que ela causou algum tipo de prejuízo para o réu.

Autodefesa
A autodefesa significa que o réu, em vários momentos dentro do processo, poderá defen-
der a si mesmo. Enquanto a defesa técnica é imprescindível, a autodefesa é renunciável. Ex.:
o réu pode ser notificado para comparecer a uma audiência, mas pode não ir. Outro exemplo
é quando o réu se mantém em silêncio no momento do seu interrogatório, oportunidade que
ele teria para se autodefender dentro do processo.
Dentro da autodefesa existe, de um lado, um direito de presença, que é o direito do réu
estar presente quando as audiências são realizadas. Por outro lado, o réu também conta com
um direito de audiência, ou seja, de ser ouvido quando participar de uma audiência, podendo
manifestar a sua versão sobre os fatos.
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Súmula n. 522, STJ: A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial
é típica, ainda que em situação de alegada autodefesa.

Exemplo: João foi preso em flagrante no centro de Brasília pela prática de um crime. No
entanto, ao ser capturado pela polícia, disse aos policiais que seu nome era Marcelo.
Ao ser levado para a delegacia, descobriu-se que o verdadeiro nome do sujeito era João.
Acontece que João não informou seu verdadeiro nome, pois é detentor de uma vida pre-
gressa cheia de crimes e não queria que os policiais descobrissem isso.
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Ocorre que, ao dizer que seu nome é Marcelo, João acabou cometendo um crime, con-
forme dispõe o art. 307 do Código Penal. Logo, João também responderá por esse crime,
não sendo possível alegar que mentiu o nome para se autodefender.
A autodefesa também pode ser relativizada, conforme dispõe a própria lei:

CPP, art. 217. Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar humilhação, temor, ou sério
constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo que prejudique a verdade do depoimento,
fará a inquirição por videoconferência e, somente na impossibilidade dessa forma, determinará a
retirada do réu, prosseguindo na inquirição, com a presença do seu defensor. (Redação dada pela
Lei n. 11.690, de 2008)
Parágrafo único. A adoção de qualquer das medidas previstas no caput deste artigo deverá cons-
tar do termo, assim como os motivos que a determinaram.

Ou seja, no caso de crimes mais graves, o CPP dispõe sobre a possibilidade de que a
vítima deponha sem que o réu esteja presente.
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Se esse for o desejo da vítima, a primeira possibilidade é a de que o ato de instrução seja
realizado por videoconferência; contudo, não é em todos os fóruns e comarcas que existe
equipamento disponível para esse tipo de procedimento.
Assim, caso não esteja disponível o equipamento de videoconferência, o CPP dispõe que
o juiz tem a alternativa de retirar o réu da sala; logo, esse indivíduo não acompanhará a oitiva
da vítima, o que é uma relativização de sua autodefesa; contudo, a defesa técnica não será
relativizada, pois o advogado do réu deverá permanecer na audiência.

Ampla defesa na execução penal:


Súmula n. 533, STJ: Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar no âmbito da
execução penal, é imprescindível a instauração de procedimento administrativo pelo diretor
do estabelecimento prisional, assegurado o direito de defesa, a ser realizado por advogado
constituído ou defensor público nomeado.

Exemplo: João foi julgado por roubo e após ter sido condenado, foi encaminhado ao sis-
tema prisional para cumprir a sua pena. No entanto, ao chegar no estabelecimento prisional,
o diretor desse estabelecimento tomou ciência de que João teria praticado uma falta dentro
desse estabelecimento prisional, pois foi pego com um celular.
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Diante disso, antes de punir João pela suposta prática de uma falta disciplinar, o diretor
do estabelecimento prisional deve instaurar um procedimento administrativo disciplinar.
Durante esse procedimento para apuração de sua conduta, João deverá dispor de um
advogado, seja constituído ou um Defensor Público nomeado. Logo, é importante lembrar
que a defesa técnica deve estar presente, mesmo na parte administrativa da execução penal.
Em casos como esse, não se aplica a Súmula Vinculante n. 5, que é estudada no Direito
Administrativo, mas sim a Súmula n. 533 do STJ.
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PLENITUDE DE DEFESA (ART. 5º, XXXVIII, CF/1988)

Nos casos julgados perante o Tribunal do Júri, a defesa não é somente ampla, mas,
também, plena.
Assim, no procedimento do júri é possível fazer o uso de diversas provas que não neces-
sariamente possui uma base científica. Assim, para convencer os jurados, tanto o Ministério
Público quanto o advogado do réu podem se utilizar de argumentos religiosos, morais, espi-
rituais e quaisquer outros argumentos.

PRINCÍPIO DA PREVALÊNCIA DO INTERESSE DO RÉU OU FAVOR REI, IN DUBIO


PRO RÉU (ART. 5º, LVII, CF/1988)

Decorre do princípio da presunção da inocência.


Em havendo dúvida na interpretação de um determinado artigo de lei, deve-se privilegiar
a interpretação que beneficie o réu.

ATENÇÃO
Segundo o STJ, esse princípio não tem aplicação nas fases de oferecimento de denún-
cia, pois prevalece o in dubio pro societate.

CONTRADITÓRIO (ART. 5º, LV, CF)

Contraditório é o direito de participação, estando apto a reagir (direito de reação), ou


seja, de manter uma contraposição em relação à acusação e de estar informado de todos
os atos do processo (Direito de Participação, de Reação e de Informação).
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Ou seja, o contraditório significa que as partes têm o direito de se manifestar sobre algo
que foi produzido no processo. Esse contraditório se divide em três facetas:
• Direito de ser informado sobre os fatos e provas;
• Direito de se manifestar sobre os fatos e provas;
• Direito de interferir efetivamente no pronunciamento do juiz.
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ATENÇÃO
Contraditório imediato/direto/real x Contraditório mediato/diferido/postergado
O contraditório direto é aquele que ocorre já no momento de produção das provas, quando
as partes estão presentes. Nesse caso, as partes já podem impugnar uma prova no
momento de sua produção. Ex.: depoimento de testemunhas.
Já o contraditório diferido é aquele que ocorre quando o acusado toma conhecimento da
prova que foi produzida contra ele. Um exemplo disso é a interceptação telefônica, que
ocorre de maneira sigilosa até que seja juntada aos autos. Dessa forma, o acusado não
poderá exercer o contraditório no momento em que a prova é produzida, mas somente
depois que toma conhecimento sobre ela.

JUIZ NATURAL (ART. 5º, LIII, CF/1988)

Quando alguém comete um crime, já se sabe quem será o juiz responsável por julgar
essa pessoa, pois a própria Constituição Federal de 1988 e a lei já trazem a regra de jurisdi-
ção e competência para que esse sujeito seja julgado.
Ou seja, o juiz é previamente escolhido. Não se pode, por exemplo, escolher um juiz para
julgar um determinado caso depois que acontece a prática do crime.
Além disso, em virtude desse princípio, veda-se tribunal ou juiz de exceção.
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PUBLICIDADE (ART. 5º, LX, CF/1988)

Art. 5º LX – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimi-
dade ou o interesse social o exigirem; 93, IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário
serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar
a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes,
em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique
o interesse público à informação;
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Ou seja, a regra é que exista, no processo penal, uma publicidade ampla/geral/popular/


plena, isso para que seja demonstrada a transparência do Poder Judiciário.
Por outro lado, há situações em que o juiz pode definir o sigilo do processo para proteger
a intimidade da vítima. É o que acontece, por exemplo, no julgamento dos crimes de estupro.
Contudo, vale lembrar que a publicidade restrita/específica no processo penal é a exceção.

CPP, art. 792. As audiências, sessões e os atos processuais serão, em regra, públicos e se rea-
lizarão nas sedes dos juízos e tribunais, com assistência dos escrivães, do secretário, do oficial de
justiça que servir de porteiro, em dia e hora certos, ou previamente designados.
§ 1º Se da publicidade da audiência, da sessão ou do ato processual, puder resultar escândalo,
inconveniente grave ou perigo de perturbação da ordem, o juiz, ou o tribunal, câmara, ou turma,
poderá, de ofício ou a requerimento da parte ou do Ministério Público, determinar que o ato seja
realizado a portas fechadas, limitando o número de pessoas que possam estar presentes.
§ 2º As audiências, as sessões e os atos processuais, em caso de necessidade, poderão realizar-
-se na residência do juiz, ou em outra casa por ele especialmente designada.

Súmula Vinculante n. 14:


É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de
prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com com-
petência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.
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�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pela professora Lorena Alves Ocampos.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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