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PROCESSO PENAL PARA CONCURSOS

| PROVAS NO PROCESSO PENAL


765/EP

PROVAS NO PROCESSO PENAL


PROVAS I - CONCEITO, OBJETO, CLASSIFICAÇÃO. ÔNUS DA PROVA
Provas no Processo Penal
1. CONCEITO:
Prova é tudo aquilo que se leva aos autos como meio de convencer o juiz sobre a verdade de um fato ou
de um ato do processo.
1.1. Destinatários da prova:
a) direto/imediato: é o juiz
b) indireto/mediato: as partes

Busca da verdade real


As partes procurarão sempre ir além do que está meramente dito nos autos do processo, mas sempre
fazendo com que suas alegações possam se materializar nele de alguma forma. Há meios de se buscar
uma verdade que não esteja nos autos, mas esta deve ser colocada dentro destes autos para que possa
ser considerada.
Não autoincriminação
O acusado, por estar em posição desprivilegiada perante a força probatória do Estado, não está obrigado
a produzir provas contra si mesmo.

2. OBJETO DA PROVA:
O réu defende-se dos fatos e, portanto, o objeto da prova são os fatos, contudo, fatos relevantes.

Dispensa probatória: estamos dispensados de provar:


a) Fatos axiomáticos ou intuitivos: os que se “desenrolam” com uma linha de raciocínio lógica.
b) fatos notórios: são dominados por parcela significativa da população medianamente informada. Ex.:
feriados nacionais
c) presunções legais ABSOLUTAS: as que a lei não dá margem pra prova em contrário, por exemplo, a
vulnerabilidade do menor de 14 anos em um contexto de estupro de vulnerável.
d) fatos impossíveis, irrelevantes ou impertinentes: se o álibi de um acusado for o fato de que ele não
cometeu o crime do qual está sendo acusado porque estava comemorando o Mundial do Palmeiras, não
há necessidade de comprovar que isso é mentira.
e) direito: não precisa ser provado o direito FEDERAL/NACIONAL (o juiz conhece o direito).
Obs.: o direito estadual, municipal, estrangeiro e consuetudinário precisam ser provados não só quanto à
existência como também em relação à vigência.

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3. CLASSIFICAÇÃO DAS PROVAS


3.1 QUANTO AO OBJETO - PROVAS DIRETAS E INDIRETAS
As provas diretas são aquelas que, por si sós, demonstram o fato probando. Ex: testemunha ocular.
As provas indiretas são aquelas que não comprovam o fato especificamente, mas permitem a conclusão de
um fato relacionado por dedução. Ex: álibi.

3.2 QUANTO AO SUJEITO OU CAUSA - PROVAS REAIS E PESSOAIS


As provas reais são aquelas que se adquirem por coisas relacionadas a um dos sujeitos ou fatos do
processo - ex: a arma ou o veículo do crime.
As provas pessoais são aquelas se extraem de uma pessoa. Ex: interrogatório, a prova testemunhal e as
perícias de lesões corporais.

3.3 QUANTO AO EFEITO - PROVAS PLENAS E INDICIÁRIAS


As provas plenas são capazes de, sozinhas, permitir um juízo de certeza quanto ao fato investigado e,
ainda, acerca da responsabilização criminal do acusado (p. ex., prova pericial, documental, etc);
Já as provas indiciárias são circunstanciais - sozinhas, não podem levar à responsabilização do réu,
podendo apenas servir de reforço a outras provas do processo. Ex: indícios (239, CPP)

3.4 QUANTO À FORMA - PROVAS MATERIAIS, TESTEMUNHAIS E DOCUMENTAIS


As provas materiais são retiradas dos elementos que concretizam o fato - como as perícias.
As provas testemunhais são aquelas que se extraem do depoimento de alguém - inclusive o interrogatório.
As provas documentais são aquelas que se extraem de quaisquer escritos, manifestados com certa
formalidade.

4. Ônus da prova
4.1. Conceito:
É o encargo atribuído às partes de demonstrar o que eventualmente tenham alegado em juízo.
4.2. Distribuição:
“CPP, Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer (…)”
Segundo as regras do CPP, quem quer que faça uma alegação em juízo,
terá que apresentar a prova dela. A distribuição do ônus vai da lógica do
próprio processo. O MP ou o Querelante alegam, na peça acusatória
(Denúncia ou Queixa), que aconteceu um fato delituoso, do modo
narrado, e que a autoria deste fato é atribuída ao acusado.
Portanto, cabe à acusação provar tudo isto que foi alegado:

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→ autoria do crime
→ materialidade do crime
→ dolo/culpa (de acordo com o que foi narrado na inicial)

Já a defesa procura comprovar que aquele fato não ocorreu, ou que, ainda que tenha ocorrido, não é de
autoria do acusado, ou que aconteceu de um modo diferente, a fim de desconstituir o direito de punir que
a acusação construiu. Portanto, a defesa vai provar, entre outros:
→ excludentes de ilicitude
→ excludentes de culpabilidade
→ causas de extinção da punibilidade.

4.3. Iniciativa probatória do juiz:


“Art. 156. (…) sendo, porém, facultado ao juiz de ofício:
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção
antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a
necessidade, adequação e proporcionalidade da medida;
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a
realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante.

Em que pese o magistrado não ter ônus (obrigação/encargo) de prova ele poderá determinar de ofício a
produção desta nas seguintes fases:
a. para dirimir dúvida sobre ponto relevante
b. durante o inquérito policial havendo urgência pode o juiz determinar de ofício a produção probatória, se
isso for extremamente necessário, adequado, razoável.

II - Sistemas de apreciação. Provas ilícitas. Nulidade da prova.


1. Sistemas de apreciação de provas
1.1 Sistema da prova tarifada
Neste sistema, o legislador pré-estabelece o valor de cada prova, cabendo ao juiz calcular a “culpa” do
acusado como simples operação matemática, e de forma vinculada montar a equação. Esse sistema, de
forma excepcional, ainda subsiste. Pode-se observar isto na demonstração do estado civil das pessoas.
CPP, Art. 155, Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas
serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil.

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1.2 Sistema da íntima convicção


Segundo este sistema, o julgador tem ampla liberdade para decidir e não precisa motivar a sua decisão,
podendo inclusive se valer do que não está nos autos. O resquício desse sistema – única possibilidade de
aplicação – está na segunda fase do Tribunal do Júri.
XXXVIII – é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe
der a lei, assegurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;
1.3 Sistema do livre convencimento motivado
CF, Art. 93, IX – todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário
serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de
nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às
próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos
quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não
prejudique o interesse público à informação;
CPP, Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da
prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar
sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na
investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e
antecipadas.

Este sistema, também chamado de persuasão racional, defende que o juiz pode apreciar de forma livre –
sem vinculação direta – a prova produzida em contraditório judicial, desde que, claro, motive a sua
decisão. Sem fundamentação, a sentença será NULA.

Relembrando, claro, que o juiz não pode fundamentar a condenação do acusado exclusivamente nos
elementos do inquérito policial, salvo se estes elementos forem provas cautelares, não repetíveis ou
provas antecipadas.

2. Limitações à liberdade de produzir prova – art. 157:


2.1 Estado civil das pessoas
CPP, Art. 155, Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas
serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil.

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Para a demonstração de alguma característica relativa ao estado civil, é necessário que seja seguido o
sistema comprobatório correspondente. Por exemplo: quero comprovar o nascimento de uma pessoa em
uma data “x” - só posso fazer isso pelo documento civil (certidão de nascimento ou documento de
identificação civil com foto); quero comprovar que alguém tem o estado civil de casado – só posso
comprovar com a certidão de nascimento respectiva, e por aí vai.

2.2 Provas ilícitas


CF, art. 5º, LVI – são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por
meios ilícitos;
CPP, Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do
processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a
normas constitucionais ou legais. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de
2008)
§ 1º São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo
quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou
quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente
das primeiras. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
§ 2º Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os
trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução
criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova. (Incluído pela
Lei nº 11.690, de 2008)
§ 3º Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada
inadmissível, esta será inutilizada por decisão judicial, facultado às
partes acompanhar o incidente. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
§ 4º (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
§ 5º O juiz que conhecer do conteúdo da prova declarada inadmissível
não poderá proferir a sentença ou acórdão. (§5º SUSPENSO POR
LIMINAR NAS ADIS 6298/6299/6300)

2.2.1 Conceito doutrinário


É a prova vedada ou prova proibida, que se subdivide em duas espécies:
 Provas ilícitas: são aquelas que violam o direito material (CP, legislação penal especial e os princípios
constitucionais penais).
 Prova ilegítimas: são aquelas que violam o direito processual (CPP, legislação processual especial,
princípios constitucionais processuais).

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5.2.2 Teorias sobre a utilização da prova ilícita:


5.2.2.1 Teoria da proporcionalidade/razoabilidade/do sacrifício: cabe ao juiz no aparente conflito entre
bens jurídicos constitucionalmente tutelados dar prevalência ao bem de maior importância, portanto entre
a formalidade na produção da prova e o status libertatis do réu esse último deve prevalecer, sendo a prova
ilícita utilizada para absolvição.

5.2.2.2 Teoria dos frutos da árvore envenenada/fruits of the poisonous tree/prova ilícita por derivação:
todas as provas que decorrem de uma prova ilícita também estarão contaminadas por força de uma
contaminação em cadeia – presente no art. 157, §1º do CPP.

Exceções à teoria dos frutos da árvore envenenada:


 Teoria da prova absolutamente independente: “…salvo quando não evidenciado o nexo de
causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte
independente das primeiras”.
A mera existência de uma prova ilícita no processo não necessariamente o contamina, pois
havendo outras provas lícitas ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES da prova contaminada, o
processo será aproveitado. A prova declarada como ilícita será desentranhada dos autos e
INUTILIZADA na presença FACULTATIVA das partes.
 Teoria da descoberta inevitável: “Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo
os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de
conduzir ao fato objeto da prova”.
Por essa teoria devemos reconhecer que as provas decorrentes de prova ilícita não
necessariamente estarão contaminadas quando inevitavelmente se demonstrar que elas seriam
descobertas por uma outra fonte autônoma.

Informativo nº 944 (STF) É NULO o interrogatório travestido de entrevista realizado pela autoridade
policial com o investigado, durante a busca e apreensão em sua residência, sem assistência de advogado
e sem a comunicação de seus direitos, isso porque considera-se violado o direito ao silêncio e à não
autoincriminação a ocorrência deste tipo de interrogatório.
Informativo nº 953 (STF) A perícia realizada por perito papiloscopista não pode ser considerada prova
ilícita e também não deve ser excluída do processo.
Informativo nº 659 (STJ) É ilícita a prova obtida por meio de revista íntima realizada com base,
unicamente, em denúncia anônima.
Informativo nº 655 (STJ) É ilícita a prova obtida mediante conduta de autoridade policial que atende,
sem autorização, o telefone celular do acusado e se passa por este.

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III - Meios de Prova. Prova Pericial.


1. Provas em espécie:
1.1 Exame de corpo de delito – Lei 13.721/2018 incluiu o parágrafo único ao art. 158:
CPP, art. 158, Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do
exame de corpo de delito quando se tratar de crime que envolva:
I – violência doméstica e familiar contra mulher;
II – violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com
deficiência.
1.1.1 Conceito:
É a análise dos vestígios deixados pela infração penal, ou seja, os elementos que podem ser percebidos
pelos nossos sentidos. As infrações que deixam vestígios são chamadas de não transeuntes ou
intranseuntes.
CPP, Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o
exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a
confissão do acusado.
Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de
delito quando se tratar de crime que envolva:
I – violência doméstica e familiar contra mulher;
II – violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com
deficiência.
Pode ser realizada de duas formas:
 Exame direto: é aquele em que os peritos dispõem dos vestígios do crime para analisar;
 Exame indireto: é aquele que os peritos dispõem de elementos acessórios, que estão ao redor,
dentro da mesma cena de crime, para a elaboração do laudo.

Caso seja impossível realizar o exame de corpo de delito, direto ou indireto, pelo desaparecimento de
vestígios, a prova testemunhal poderá suprir a sua falta, mas NUNCA a confissão.
CPP, Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por
haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-
lhe a falta.

1.1.2 Realização do exame de corpo de delito – art. 158 x art. 167 CPP:
Sempre que o crime deixar vestígios, a realização da perícia constituirá ato obrigatório, sob pena de
nulidade, conforme o art. 564, III, b), CPP.

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 Quantidade de peritos:
o Perícia simples: um perito oficial.
o Perícia complexa: pode haver mais de um perito oficial.
CPP, art. 159, § 7º Tratando-se de perícia complexa que abranja
mais de uma área de conhecimento especializado, poder-se-á
designar a atuação de mais de um perito oficial, e a parte indicar
mais de um assistente técnico.”;

 Se não há perito oficial: duas pessoas idôneas, com habilitação técnica e que tenham curso superior
preferencialmente na área, após a prestação do compromisso.
“art. 159, § 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado
por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso
superior preferencialmente na área específica, dentre as que
tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do
exame. § 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de
bem e fielmente desempenhar o encargo.”

 Assistente técnico: é uma possibilidade, podendo ser indicado pelo MP, pelo assistente, pelo
querelante, pelo ofendido, ou pelo próprio acusado. Este assistente atuará após a conclusão dos
laudos oficiais e somente se o juiz admitir.
§ 3o Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de
acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a
formulação de quesitos e indicação de assistente técnico.
§ 4º O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo
juiz e após a conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos
peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão.

 Horário → o exame de corpo de delito poderá ser realizado a qualquer hora, respeitando-se o
intervalo de pelo menos SEIS horas para a realização do exame cadavérico.
CPP, Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer
dia e a qualquer hora.
CPP, Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do
óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem
que possa ser feita antes daquele prazo, o que declararão no auto.
Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame
externo do cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou

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quando as lesões externas permitirem precisar a causa da morte e não


houver necessidade de exame interno para a verificação de alguma
circunstância relevante.
 O juiz não fica adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo, ou rejeitá-lo, no todo ou em parte.
 As perícias DESNECESSÁRIAS serão indeferidas pelo juiz, em decisão fundamentada.
 Súmula 574 do STJ: Para a configuração do delito de violação de direito autoral e a comprovação de
sua materialidade, é suficiente a perícia realizada por amostragem do produto apreendido, nos
aspectos externos do material, e é desnecessária a identificação dos titulares dos direitos autorais
violados ou daqueles que os representem.

A CADEIA DE CUSTÓDIA
A Lei nº 13.964/19, que instituiu o pacote anticrime, trouxe o 158-A com a disciplina legal da cadeia de
custódia - o conjunto de todos os procedimentos utilizados para manter e documentar a história
cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a
partir de seu reconhecimento até o descarte. O início se dá a partir do reconhecimento do elemento; após
segue-se ao isolamento e preservação do local do crime, e vai até o descarte. O art. 158-B narra toda a
cadeia de custódia.
O agente público que reconhecer um elemento como de potencial interesse para a produção da prova
pericial fica responsável por sua preservação. A perícia deve ser feita preferencialmente por perito oficial
conforme art. 158-C do Código de Processo Penal, que inclusive disciplina a fraude processual que ocorre
quando há a entrada em local isolado ou quando se remove qualquer vestígio de local de crime da
liberação pelo perito responsável.

IV - Interrogatório. Confissão. Perguntas ao ofendido.


1. DO INTERROGATÓRIO:
1.1 Conceito
É o momento em que o réu, querendo, apresentará a sua versão dos fatos, potencializando assim o
exercício da sua autodefesa.

Obs.: não pode o juiz suprimir arbitrariamente o momento do interrogatório sob pena de nulidade
(relativa - demanda prova de prejuízo - STF, HC 82.933/SP).

1.2 Natureza jurídica:


Prevalece que o interrogatório tem natureza híbrida ou mista já que ele é não só um meio de prova como
também um meio de defesa.

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1.3 Interrogatório do réu preso: 3 modalidades


1ª regra → ida do juiz ao estabelecimento prisional.
CPP, Art. 185, § 1o O interrogatório do réu preso será realizado, em sala
própria, no estabelecimento em que estiver recolhido, desde que
estejam garantidas a segurança do juiz, do membro do Ministério
Público e dos auxiliares bem como a presença do defensor e a
publicidade do ato.
2ª regra → ida do preso ao fórum
CPP, Art. 185, § 7o Será requisitada a apresentação do réu preso em
juízo nas hipóteses em que o interrogatório não se realizar na forma
prevista nos §§ 1o e 2o deste artigo.

3ª regra → interrogatório por videoconferência ou “online” ou teleinterrogatório (é aquele realizado por


meio da captação de som e imagem com transmissão ao vivo por sistema de satélite ou tecnologia similar).
CPP, art. 185, § 2o Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamentada,
de ofício ou a requerimento das partes, poderá realizar o interrogatório
do réu preso por sistema de videoconferência ou outro recurso
tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, desde que
a medida seja necessária para atender a uma das seguintes finalidades:
I – prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada as
suspeita de que o preso integre organização criminosa ou de que, por
outra razão, possa fugir durante o deslocamento;
II – viabilizar a participação do réu no referido ato processual, quando
haja relevante dificuldade para seu comparecimento em juízo, por
enfermidade ou outra circunstância pessoal;
III – impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da vítima,
desde que não seja possível colher o depoimento destas por
videoconferência, nos termos do art. 217 deste Código;
IV – responder à gravíssima questão de ordem pública.
§ 3o Da decisão que determinar a realização de interrogatório por
videoconferência, as partes serão intimadas com 10 (dez) dias de
antecedência.
§ 4o Antes do interrogatório por videoconferência, o preso poderá acompanhar, pelo mesmo
sistema tecnológico, a realização de todos os atos da audiência única de instrução e julgamento
de que tratam os arts. 400, 411 e 531 deste Código.

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1.4 Procedimento do interrogatório:


 Direito de entrevista preliminar reservada: o réu possui DIREITO de se consultar previamente com a
defesa técnica que irá acompanhá-lo, potencializando assim o princípio da ampla defesa.
CPP, Art. 185, § 5o Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz
garantirá ao réu o direito de entrevista prévia e reservada com o seu
defensor; se realizado por videoconferência, fica também garantido o
acesso a canais telefônicos reservados para comunicação entre o
defensor que esteja no presídio e o advogado presente na sala de
audiência do Fórum, e entre este e o preso.
 A presença do defensor ou do advogado é OBRIGATÓRIA sob pena de NULIDADE ABSOLUTA
(Súmula nº 523 do STF).
 Condução pelo juiz que preside a audiência, mas após o interrogatório, o juiz poderá perguntar às
partes se ainda querem fazer alguma pergunta ou dirimir alguma dúvida.
 O STF, por meio das ADPF's 395 e 444, declarou que o termo “para o interrogatório” do art. 260 do
CPP, que prevê a condução coercitiva do réu, não foi recepcionado, por afrontar o direito
constitucional à liberdade, ao silêncio e à não autoincriminação
CPP, Art. 188. Após proceder ao interrogatório, o juiz indagará das
partes se restou algum fato para ser esclarecido, formulando as
perguntas correspondentes se o entender pertinente e relevante.

 É constituído por duas partes. Primeira parte: qualificação do acusado


CPP, Art. 187, § 1o Na primeira parte o interrogando será perguntado
sobre a residência, meios de vida ou profissão, oportunidades sociais,
lugar onde exerce a sua atividade, vida pregressa, notadamente se foi
preso ou processado alguma vez e, em caso afirmativo, qual o juízo do
processo, se houve suspensão condicional ou condenação, qual a pena
imposta, se a cumpriu e outros dados familiares e sociais.
CPP, Art. 186, § 10. Do interrogatório deverá constar a informação sobre
a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência
e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos,
indicado pela pessoa presa (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)

 Segunda parte: questionamento acerca da imputação que é feita ao acusado.


CPP, art. 187, § 2o Na segunda parte será perguntado sobre:
I – ser verdadeira a acusação que lhe é feita;
II – não sendo verdadeira a acusação, se tem algum motivo particular a
que atribuí-la, se conhece a pessoa ou pessoas a quem deva ser

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imputada a prática do crime, e quais sejam, e se com elas esteve antes


da prática da infração ou depois dela;
III – onde estava ao tempo em que foi cometida a infração e se teve
notícia desta;
IV – as provas já apuradas;
V – se conhece as vítimas e testemunhas já inquiridas ou por inquirir, e
desde quando, e se tem o que alegar contra elas;
VI – se conhece o instrumento com que foi praticada a infração, ou
qualquer objeto que com esta se relacione e tenha sido apreendido;
VII – todos os demais fatos e pormenores que conduzam à elucidação
dos antecedentes e circunstâncias da infração;
VIII – se tem algo mais a alegar em sua defesa
 Interrogatório de Pessoa Jurídica → será por meio de preposto ou dos seus diretores ou sócios
administradores, sendo que as suas declarações vincularão a ré.

O acusado exerce a autodefesa na segunda parte do interrogatório.


O que significa que é apenas nesta parte que há o direito a apresentar uma versão sua (ainda que falsa) ou
a silenciar. O réu não é testemunha, portanto, se faltar com a verdade a respeito dos fatos não incorrerá
no crime de Falso Testemunho (art. 342, CP)
Não há direito ao silêncio (art. 68, LCP) ou à mentira (307, CP - falsa identidade) na primeira fase do
interrogatório – a da qualificação.
Em semelhante sentido, a Súmula 522 do STJ: “A conduta de atribuir-se falsa identidade perante
autoridade policial é típica, ainda que em situação de alegada autodefesa”.
Na segunda fase, o agente que acusa a si mesmo falsamente ou que falsamente imputa o fato a terceiro
pode incorrer, respectivamente, em autoacusação falsa (341, CP) ou em denunciação caluniosa (339, CP).

 Interrogatório do Estrangeiro → será realizado por meio de intérprete mesmo que os presentes
dominem a língua estrangeira em razão do princípio da publicidade.
 Necessidades especiais → como no interrogatório deve prevalecer a palavra falada teremos as
adequações promovidas da seguinte forma:
→ réu surdo: perguntas por escrito; respostas oralmente.
→ réu mudo: perguntas oralmente; respostas por escrito.
→ réu surdo-mudo: perguntas e respostas por escrito.
→ réu surdo-mudo cego ou analfabeto: interrogatório feito por meio de pessoa habilitada a
entendê-lo.

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Obs.: Curador → o art. 194 CPP previa a figura do curador para as pessoas entre 18 e 21 anos encontra-se
expressamente revogado já que tais indivíduos são absolutamente capazes. Com essa revogação, o art. 15
CPP trabalhando com o curador na fase do IP encontra-se tacitamente revogado.

2. DA CONFISSÃO
2.1 Conceito e Natureza jurídica
É o ato por meio do qual o acusado atribui a si mesmo a autoria do fato e alega a sua materialidade. Tem
natureza jurídica de circunstância atenuante de pena.
CP, Art. 65 – São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
III – ter o agente:
(…)
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do
crime;
2.2 Requisitos
Para que a confissão seja considerada como prova válida, deve ser pessoal, explícita,
clara/verossímil/concordante com as demais provas, livre e espontânea e o réu deve ser capaz (saúde
mental).
CPP, Art. 197. O valor da confissão se aferirá pelos critérios adotados
para os outros elementos de prova, e para a sua apreciação o juiz
deverá confrontá-la com as demais provas do processo, verificando se
entre ela e estas existe compatibilidade ou concordância.

A validade da confissão depende de todos estes requisitos para que seja utilizada como prova, porém,
ainda que não concorde com os demais elementos presentes no processo, a confissão que contribua com o
convencimento do julgador sempre atenuará a pena do réu.

2.3 Características
A confissão é caracterizada pela divisibilidade e retratabilidade, ou seja, o acusado não precisa confessar
tudo o que está nos autos e ainda não precisa se vincular a ela, podendo voltar atrás a qualquer tempo.

3. Perguntas ao ofendido
O ofendido também não é testemunha, portanto, não presta compromisso de dizer a verdade e não pode
ser sujeito ativo do crime de Falso Testemunho (342, CP).

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O valor probatório das declarações do ofendido é relativo, tendo especial relevância nos crimes contra a
dignidade sexual.
“Nos crimes contra os costumes a palavra da vítima assume
preponderante importância, como na hipótese vertente, que se mostrou
coerente, expondo os fatos com riqueza de detalhes.
STJ: HC 222.041/SP, de 26/02/2013, DJe 12/03/2013.
V - Testemunhas, Reconhecimento de pessoas e coisas, Acareação, Documentos, indícios. Busca e
apreensão
1. PROVA TESTEMUNHAL
1.1 Introdução
Qualquer pessoa pode servir como testemunha, maior ou menor, nacional ou estrangeira, capaz ou
incapaz, inclusive doente mental.
Em regra, a testemunha prestará compromisso de dizer a verdade, e, caso não o cumpra, responderá pelo
ilícito penal de Falso Testemunho. Porém, há algumas pessoas que são dispensadas deste compromisso.

1.2 Características da prova testemunhal


A prova testemunhal é judicial, oral, objetiva e retrospectiva. É judicial porque tem a sua validade
comprovada com a produção em juízo. É oral porque não se admite que a testemunha leve o seu
depoimento por escrito, devendo falar na presença do juiz. É objetiva porque deve ser limitado aos fatos
que têm relação com o processo e é retrospectiva porque se refere a fatos passados.

1.3 Recusas e dispensa de compromisso


Segundo o art. 206, CPP, podem recusar-se a depor o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o
cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado.
Entretanto, pode ocorrer de estas pessoas serem as únicas que sabem dos fatos – e que, portanto, são o
único meio de obter-se a prova do fato e de suas circunstâncias. Neste caso, estas pessoas terão que
depor, mas não prestarão compromisso de dizer a verdade, o que significa que, caso mintam em juízo, não
cometerão falso testemunho.
São, ainda, dispensados do compromisso, os menores de 14 anos e os doentes mentais.

Resumo – dispensa de compromisso


 As pessoas do art. 206, quando chegarem a prestar compromisso;
 Menores de 14 anos;
 Doentes e deficientes mentais.

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1.4 Proibição de depor


Há pessoas que devem guardar segredo em razão de ministério (padre), profissão (advogado, psicóloga),
ofício (instrumentador de médico, secretário da psicóloga), e função (serventuário da justiça).
Estas pessoas, se intimadas, não podem depor, por expressa proibição legal. Há uma possibilidade, no
entanto, de estas pessoas prestarem depoimento: se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o
seu testemunho.
1.5 Produção da prova testemunhal
Este tipo de prova é produzida por meio do sistema de cross examination – ou seja, as partes fazem as
perguntas diretamente às testemunhas. O juiz pode intervir e indeferir as perguntas “ão” - que
configurarem indução, sem relação, ou que sejam repetição.
Art. 212. As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à
testemunha, não admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a
resposta, não tiverem relação com a causa ou importarem na repetição
de outra já respondida.
Parágrafo único. Sobre os pontos não esclarecidos, o juiz poderá
complementar a inquirição.
O réu tem o direito de presenciar o depoimento, mas é possível que este seja retirado da sala de audiência
– quando sua presença intimide ou humilhe a testemunha.

A prova testemunhal pode ser produzida de forma antecipada – ad perpetuam rei memoriam –, podendo
ser utilizada para formar o convencimento do juiz.

2. Reconhecimento de pessoas e coisas


O reconhecimento de pessoas e coisas segue o procedimento do art. 226 ao 228 do CPP:
Art. 226. Quando houver necessidade de fazer-se o reconhecimento de
pessoa, proceder-se-á pela seguinte forma:
I - a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será convidada a
descrever a pessoa que deva ser reconhecida;
Il - a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será colocada, se
possível, ao lado de outras que com ela tiverem qualquer semelhança,
convidando-se quem tiver de fazer o reconhecimento a apontá-la;
III - se houver razão para recear que a pessoa chamada para o
reconhecimento, por efeito de intimidação ou outra influência, não diga
a verdade em face da pessoa que deve ser reconhecida, a autoridade
providenciará para que esta não veja aquela;

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IV - do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto pormenorizado, subscrito


pela autoridade, pela pessoa chamada para proceder ao
reconhecimento e por duas testemunhas presenciais.
Parágrafo único. O disposto no III deste artigo não terá aplicação na
fase da instrução criminal ou em plenário de julgamento.
Art. 227. No reconhecimento de objeto, proceder-se-á com as cautelas
estabelecidas no artigo anterior, no que for aplicável.
Art. 228. Se várias forem as pessoas chamadas a efetuar o
reconhecimento de pessoa ou de objeto, cada uma fará a prova em
separado, evitando-se qualquer comunicação entre elas.

3. Acareação
É possível a acareação entre todas as pessoas que produzem provas orais.
CPP, Art. 229. A acareação será admitida entre acusados, entre acusado
e testemunha, entre testemunhas, entre acusado ou testemunha e a
pessoa ofendida, e entre as pessoas ofendidas, sempre que divergirem,
em suas declarações, sobre fatos ou circunstâncias relevantes.
Parágrafo único. Os acareados serão reperguntados, para que
expliquem os pontos de divergências, reduzindo-se a termo o ato de
acareação.
O acusado poderá recusar-se a participar da acareação – pois pelo princípio da não autoincriminação,
ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo.
A acareação pode ser produzida mediante carta precatória, segundo o disposto no art. 230 do CPP:
CPP, Art. 230. Se ausente alguma testemunha, cujas declarações
divirjam das de outra, que esteja presente, a esta se darão a conhecer os
pontos da divergência, consignando-se no auto o que explicar ou
observar. Se subsistir a discordância, expedir-se-á precatória à
autoridade do lugar onde resida a testemunha ausente, transcrevendo-
se as declarações desta e as da testemunha presente, nos pontos em
que divergirem, bem como o texto do referido auto, a fim de que se
complete a diligência, ouvindo-se a testemunha ausente, pela mesma
forma estabelecida para a testemunha presente. Esta diligência só se
realizará quando não importe demora prejudicial ao processo e o juiz a
entenda conveniente.
4. Documentos
São quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, quer sejam públicos ou particulares. Em regra, a juntada
da prova documental pode ser realizada em qualquer tempo, até a sentença.

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A exceção está no rito do Tribunal do Júri. Na primeira fase, somente podem ser juntados documentos até
a oitiva do réu, enquanto que na segunda fase, até três dias antes da sessão plenária.
5. Busca e Apreensão
5.1 Natureza jurídica
A busca e apreensão é medida cautelar – na verdade, a prova será a coisa apreendida, e não a busca e
apreensão em si. Além disso, pode ostentar a natureza de meio assecuratório de direitos.
CPP, Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal.
§ 1o Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a
autorizarem, para:
a) prender criminosos;
b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos;
c) apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos
falsificados ou contrafeitos;
d) apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática de
crime ou destinados a fim delituoso;
e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu;
f) apreender cartas, abertas ou não*, destinadas ao acusado ou em seu
poder, quando haja suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo
possa ser útil à elucidação do fato;
g) apreender pessoas vítimas de crimes;
h) colher qualquer elemento de convicção.
§ 2o Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada suspeita de
que alguém oculte consigo arma proibida ou objetos mencionados nas
letras b a f e letra h do parágrafo anterior.
Lembrando que a apreensão de cartas fechadas não é admissível, graças ao art. 5º, XII, CF/88: “é
inviolável o sigilo da correspondência (…)”;. No entanto, o STF (HC 70814) considerou lícita a
violação de correspondências de presidiários quando servir de instrumento de salvaguarda de
práticas ilícitas, em ponderação com o direito ao sigilo.
Para o STF (HC 91.350/SP), é ilícita a prova obtida por meio de mandado de busca e apreensão
deferido somente com base em denúncia anônima.
5.2 Procedimento
A busca domiciliar sempre deverá ser precedida de mandado judicial e cumprida durante o dia (das 06h às
18h, ou enquanto houver luz do dia), graças ao dispositivo presente no art. 5º, XI da Constituição Federal.
CF, art. 5º, XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela
podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de

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flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia,


por determinação judicial;

A busca pessoal, por outro lado, pode ocorrer independentemente de mandado – porém, quando houver
fundada suspeita.
CPP, Art. 244. A busca pessoal independerá de mandado, no caso de
prisão ou quando houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na
posse de arma proibida ou de objetos ou papéis que constituam corpo
de delito, ou quando a medida for determinada no curso de busca
domiciliar.
O STJ, no julgamento do HC 158580/BA, estabeleceu – com base em critérios estatísticos, onde se verificou
que 99% das buscas pessoais revelam-se infrutíferas, que
RECURSO EM HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. BUSCA PESSOAL. AUSÊNCIA
DE FUNDADA SUSPEITA. ALEGAÇÃO VAGA DE “ATITUDE SUSPEITA”. INSUFICIÊNCIA.
ILICITUDE DA PROVA OBTIDA. TRANCAMENTO DO PROCESSO. RECURSO PROVIDO.
1. Exige-se, em termos de standard probatório para busca pessoal ou veicular sem
mandado judicial, a existência de fundada suspeita (justa causa) – baseada em um
juízo de probabilidade, descrita com a maior precisão possível, aferida de modo
objetivo e devidamente justificada pelos indícios e circunstâncias do caso concreto
– de que o indivíduo esteja na posse de drogas, armas ou de outros objetos ou
papéis que constituam corpo de delito, evidenciando-se a urgência de se executar
a diligência.
2. Entretanto, a normativa constante do art. 244 do CPP não se limita a exigir que a
suspeita seja fundada. É preciso, também, que esteja relacionada à “posse de arma
proibida ou de objetos ou papéis que constituam corpo de delito”. Vale dizer, há
uma necessária referibilidade da medida, vinculada à sua finalidade legal
probatória, a fim de que não se converta em salvo-conduto para abordagens e
revistas exploratórias (fishing expeditions), baseadas em suspeição genérica
existente sobre indivíduos, atitudes ou situações, sem relação específica com a
posse de arma proibida ou objeto (droga, por exemplo) que constitua corpo de
delito de uma infração penal. O art. 244 do CPP não autoriza buscas pessoais
praticadas como “rotina” ou “praxe” do policiamento ostensivo, com finalidade
preventiva e motivação exploratória, mas apenas buscas pessoais com finalidade
probatória e motivação correlata.

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