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ATIVIDADE DIREITO PROCESSUAL PENAL II

FICHAMENTO SOBRE PROVAS EM ESPECIE.

DOCENTE: STEPHANO MAYAH BARBOSA PORTO


DISCENTES: LUAN RIBEIRO DE OLIVEIRA, MAURÍCIO ARANTES VARGAS,
CHARLES FONSECA TORRES.
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4.1 PROVA PERICIAL


A prova pericial é considerada como prova técnica.
Necessita ser validada por um profissional de notório saber técnico.
Não é imune a erros e não pode ser considerada a rainha das provas.
Vale destacar que “todas as provas são relativas; nenhuma delas terá, ex vi
legis, valor decisivo, ou necessariamente maior prestígio que outras”.
O perito oficial integra os “Auxiliares da Justiça” na obtenção das provas
periciais. Deve ser portado de diploma de curso superior, salvo quando o objeto a ser
periciado exigir o conhecimento técnico em mais de uma área de conhecimento
especializado (art. 159, caput, e § 7º, CPP).
Na ausência de perito oficial na comarca ou juízo, 2 pessoas idôneas, podem
realizar a perícia. Também devem ser portadoras de diploma de curso superior,
preferencialmente na área especifica relacionada com a natureza do exame (art. 159, §
1º, CPP).”
No Brasil a competência pericial é dos institutos de criminalística, integrantes
das escalas da Polícia Judiciária (subordinada às Secretarias de Segurança Pública).Em
caráter Federal, as perícias ficam a cargo da Polícia Federal, subordinada ao Ministério
da Justiça.
A preservação do local ou objeto a serem periciados, são fundamentais para a
qualidade da perícia. Deve-se cumprir o art. 6º do CPP, especialmente o determinado
inciso I:
Art. 6º
I – Dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e
conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais.
A prova pericial não é uma regra, e não é obrigatória para a admissão ou o
convencimento do magistrado. Observar o art. 182 do CPP:
Art. 182.
O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou
em parte.

4.1.1 EXAME DE CORPO DE DELITO


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O exame de corpo de delito é, via de regra, direto, porém existe exceção em


que pode ser admitido um exame indireto.
No contexto direto, é o exame técnico da coisa ou pessoa em busca dos
vestígios materiais (materialidade do crime).
• Cadáver materialidade de um homicídio,
• lesões na vítima materialidade da lesão corporal,
• a coisa subtraída, materialidade do furto,
• o entorpecente materialidade do tráfico de drogas,
• o documento falso materialidade da falsidade ideológica etc.
O exame indireto é admitido quando os vestígios materiais desaparecem, e o
conjunto probatório (palavra da vítima, prova testemunhal, eventuais filmagens de
circuito interno de TV, etc.). suprem a falta do exame direto.

4.2 INTERROGATÓRIO
Na fase da persecução penal o autor da infração descreve sua versão do
ocorrido, perante o juiz competente, acusação e defensoria.
A natureza jurídica acerca do interrogatório é controvertida, dividindo-se entre
três correntes:
a) Como meio de prova: Contribui com o convencimento do juiz.
b) Como meio de defesa: O acusado apresenta sua versão dos fatos, pode se
calar ou conjecturar uma falsa versão da realidade.
c) Como meio misto: Visto como meio de prova e de defesa.
O interrogando pode prestar esclarecimentos e indicar provas devido as
informações e elementos que podem levar a comprovação do delito.

No rito do interrogatório segue-se os dispositivos do CPP (Art. 185)


_ O acusado que comparecer perante a autoridade judiciária, no curso do
processo penal, será qualificado e interrogado na presença de seu defensor, constituído
ou nomeado. Pode ser feito no estabelecimento prisional, na presença do defensor que
tem direito a entrevista reservada. O ambiente deve resguardar a segurança de todos.
Após o interrogatório, o juiz permitirá as partes formular perguntas algum fato que
ainda necessite ser esclarecido.
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De acordo com a Lei nº 11.719/2008 o réu é ouvido após a oitiva das


testemunhas de acusação e defesa.
O interrogatório deve ser um ato espontâneo, livre de pressões, torturas e de
métodos que venham lesar os direitos fundamentais do acusado.
O interrogatório não deve ser feito com base em hipnoses, método físico
(detector de mentira) ou químico (soro da verdade). O art. 5, III, da CB, determina que
ninguém será submetido à tortura e nem a tratamento desumano ou degradante.
AURY apresenta regras as quais o interrogatório deve respeitar:
a) Deve ser realizado de forma imediata ou num prazo razoável após a prisão;
b) Deve ser garantido ao defensor entrevistar previamente e reservadamente o
acusado;
c) Deve ocorrer a comunicação verbal das imputações, dos argumentos e dos
resultados da investigação que se oponham aos argumentos defensivos;
d) Deve-se proibir qualquer promessa (pressão direta ou indireta) sobre o
imputado para induzi-lo ao arrependimento ou a colaborar com a investigação;
e) Deve-se respeitar o direito de silêncio, livre de pressões ou coações;
f) Deve-se tolerar as interrupções necessárias para que o acusado possa se
instruir-se com o defensor;
g) Permitir-lhe que indique elementos de prova que comprovem sua versão e
diligenciar para sua apuração;
h) Negação de valor decisivo à confissão;
Quanto ao valor probatório do interrogatório em fase processual, AURY
defende que o interrogatório seja orientado pelo principio da presunção de inocência,
mesmo havendo uma confissão ela somente teria valor para a abertura do processo penal
ou da propositura da denúncia. Não seria uma culpa objetiva.

4.2.1 VIDEOCONFERÊNCIA: Lei nº 11.900/2009


O interrogatório por videoconferência sem a permissão do acusado é
inconstitucional.

4.3 DA CONFISSÃO
A confissão é a admissão do réu da sua culpabilidade e é a prova de maior
capacidade de convencimento do magistrado. Deve ser necessariamente pessoal,
voluntária, expressa, solene, pública, na frente de autoridade competente, realizada por
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pessoa imputável, sendo capaz de renúncia. A tipicidade deve estar contida nos autos
(art. 199 do CPP).
A doutrina sustenta que a confissão tem que espontânea. Assim como não pode
ser fruto de coação moral ou física, como a tortura ou outro meio de crueldade.
Quando a confissão ocorre perante autoridade judicial competente para
julgamento do fato, é chamada de confissão judicial própria e se o magistrado não
estiver atuando no caso é chamada de forma imprópria e nos demais casos, com outros
agentes é chamada de confissão extrajudicial. A confissão não é revestida pelas
garantias do contraditório e ampla defesa pois é expressa, clara e manifesta.
Porém, o CPP diz que a confissão não é prova plena de sua culpabilidade e
deve ser analisada no bojo do conjunto das prova colhidas e produzidas onde poderá
ser melhor valorada pelo juiz na sentença.
É importante destacar que a confissão é retratável e divisível onde o acusado
poderá se arrepender dela, se ainda em tempo, e da mesma forma, o juiz, dentro de seu
livre convencimento, poderá valer-se apenas de parte da confissão.

4.4 DAS PERGUNTAS AO OFENDIDO


O ofendido não faz parte do rol de testemunhas da acusação porque não pode
ser considerado como figura de testemunha, mas sim como a parte ofendida, não
possuindo assim a obrigatoriedade de falar a verdade, como está previsto no artigo 203
do Código de processo penal.) Quando o ofendido não comparece ao julgamento , ele
pode se conduzido ao mesmo de forma coercitiva.
Segundo TOURINHO FILHO : Ofendido não pode ser sujeito ativo de falso
testemunho, possuindo o direito ao silêncio. Aury e Pacelli discordam desse
entendimento, pois segundo esses juristas o direito ao silêncio diz respeito somente ao
imputado.
Como prova o depoimento do ofendido deve ser realizado levando em
consideração os princípios do contraditório e da ampla defesa, estando presente a parte
acusadora e o réu, sendo representados por seus advogados que poderão fazer perguntas
para o ofendido.
Para Aury Lopes, o ponto mais problemático dessa questão é o valor probatório
da palavra da vítima. Pois a mesma está contaminada pelo caso, pois faz parte dele, e
como não possui a obrigação de dizer a verdade, seu testemunho pode acabar
beneficiando um acusado e prejudicando um inocente.
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Por esse motivo para que haja uma sentença condenatória será preciso uma
prova mais confiável do que apenas a palavra da vítima.
4.5 DA PROVA TESTEMUNHAL
A maioria das condenações no sistema processual penal brasileiro se dão pela
via da prova testemunhal. Isso ocorre devido a facilidade que há em obter testemunhas,
quando comparamos com as dificuldades técnicas que a polícia judiciária possui para
obter provas.
Diante de uma prova testemunhal é necessário que haja um cuidado pois como
se trata de um depoimento, ele é carregado de um olhar subjetivo sobre os fatos
narrados. O máximo de testemunhas permitido será definido pelo Código de Processo
Penal, de acordo com o artigo 401 a quantidade máxima de testemunhas será de oito
quando se tratar de rito ordinário, já o artigo 532 define que o máximo de testemunhas
será de 5, quando for rito sumário.

4.5.1 CAPACIDADE PARA TESTEMUNHAR


Toda pessoa poderá ser testemunha(art 202 cpp), esse dispositivo existe para que
não haja nem uma forma de discriminação com relação a testemunha, como havia
antigamente, onde o testemunho de pessoas com má reputação não eram levados em
consideração dentro do processo penal. Como toda pessoa pode testemunhar, o
testemunho de um policial atuante em um caso penal também é válido, porém segundo
Aury Lopes o testemunho de um policial precisa ser colhido com cuidado pois segundo
esse autor, um policial entre outras coisas estaria preocupado em defender sua atuação de
modo que poderia prejudicar o seu testemunho, tornando-o muito unilateral, pois seu
testemunho estaria prejudicado por sua relação com o acusado, que ele mesmo atuou.
Desse modo Aury Lopes critica também a atuação do Ministério Público, por geralmente
utilizar muitos policiais como testemunhas, gerando assim sentenças condenatórias com
base somente dos testemunhos de policiais.
PESSOAS QUE PODEM SE RECUSAR A DEPOR: “Quanto à recusa a depor,
o art. 206 do CPP traz que “recusa-se a fazê-lo, o ascendente (pais, avós, bisavós,
tataravós) ou descendente(filhos, netos, bisnetos), o afim em linha reta(são aqueles que
advêm dos cônjuges do parente consanguíneo, por afinidade), o cônjuge, ainda que
desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado, salvo quando não
for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas
circunstancias.” Tal dispositivo busca proteger aqueles com algum parentesco que por
presumida proximidade não sejam obrigados a depor.”
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“Já os proibidos a depor, estão fixados no art. 207 do CPP, que consta: “são proibidas
a depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício, ou profissão, devem
guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu
testemunho.” Sendo esta, uma maneira de proteger o sigilo profissional, que disponham
seus clientes, como réus de processo penal.”
Segundo NUCCI promotores e juízes pode serem testemunhas, porém estão
proibidos de usarem em seus testemunhos fatos e informações que adquiram no exercer
de suas funções.
4.5.2 CLASSIFICAÇÃO DAS TESTEMUNHAS
“Tomamos as liberdades de utilizar as classificações feitas por AURY LOPES:
a) Testemunha presencial: é aquela que teve contato direto com o fato,
presenciando os acontecimentos. Sem duvida é a testemunha mais útil ao processo.
b) Testemunha indireta: é aquela que nada presenciou, mas ouviu falar do
fato ou depõe sobre fatos acessórios. HASSAN CHOUKR[23] explica que a testemunha
do “ouvir dizer” não está excluída do sistema probatório brasileiro, sendo ouvida “a
critério do juiz” (...).
c) Informantes: são aquelas pessoas que não prestam compromisso de dizer a
verdade e, portanto, não podem responder pelo delito de falso testemunho (...). Por não
prestarem compromisso, não entram no limite numérico de testemunhas, não sendo
computadas. (...)
d) Abonatórias: as testemunhas abonatórias, são aquelas pessoas que nap
presenciaram o fato e, dele, nada sabem por contato direto. Servem para abonar a
conduta social do réu, tendo seu depoimento relevância na avaliação das circunstâncias
do art. 59 do CP. (...) ESSAS TESTEMUNHAS SERVEM PARA DAR UM BOM
TESTEMUNHO MORAL DO RÉU, FALAR QUE ELA É UMA PESSOA HONESTA,
TRABALHADORA E ETC.
e) Testemunhas referidas: são aquelas pessoas que foram mencionadas,
referidas por outra (s) testemunha (s) que declararam no seu depoimento a sua
existência. Logo, elas não constavam no rol de testemunhas originariamente elencado.
Por terem sido citadas como sabedoras do ocorrido, poderá o juiz ouvi-las, para melhor
esclarecimento do fato. (...)”
4.6 RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS
Pode-se entender por reconhecimento, segundo AURY[24]:
O reconhecimento é um ato através do qual alguém é levado a analisar alguma
pessoa ou coisa e, recordando o que havia percebido em um determinado contexto,
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compara as duas experiências. Quando a pessoa reconhece alguma pessoa ou coisa em


audiência ou no inquérito policial, acontece o reconhecer. Ele está previsto no artigo
226 do código de processo penal, podendo ser realizado em qualquer momento, seja na
fase pré-processual ou na face processual. O juiz poderá pedir que seja realizado o
reconhecimento, requisitando a autoridade policial que reúna o acusado com outras
pessoas fisicamente semelhantes, para que a parte ofendida possa reconhecer seu
possível agressor. Recomenda-se que estejam em um número de cinco ou mais pessoas.
O reconhecimento por foto deverá ser usado apenas em casos
excepcionais(como confirmação de outras provas já produzidas),não possuindo o
mesmo valor de uma prova de reconhecimento pessoal, haja visto a dificuldade que há
em relacionar uma foto à uma pessoa real.
Já o reconhecimento feito por vídeo possui mais força probatória do que o por
foto, pois à partir do reconhecimento por vídeo é possível analisar uma imagem por
vários ângulos, possibilitando assim uma melhor garantia de identificação.
4.7 DO DELITO, REPRODUÇÃO SIMULADA
A reconstituição do crime é prevista dentro do art. 7º do CPP, regulada no
inquérito policial, mas não está contida dentro do Título VII (7)do Código, destinado às
provas. Pode-se assim dizer que a reconstituição é prevista, mas não regulada pelo
Código.
A reprodução simulada tem um grande valor para o esclarecimento do fato,
podendo ser realizada tanto na fase de inquérito quanto em juízo.
A reprodução simulada tem um grande valor para o esclarecimento do fato,
podendo ser realizada tanto na fase de inquérito quanto em juízo.
Existem dois limites a serem respeitados, com a realização da reprodução
simulada de um crime, sendo eles:
a) Não contrariar a moralidade ou ordem pública;
Essa moralidade não diz respeito só a moral pública, mas também a moral
individual, que envolve a inviolabilidade honra e imagem das pessoas,
direito fundamental previsto no art 5 X(10º) da Cf. Desse modo o sujeito
passivo deve impugnar uma decisão judicial ou policial que determine uma
reconstituição de crime que ofenda a sua própria moralidade.
b) Respeitar o direito de defesa do sujeito passivo;
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“O segundo limite, está na própria Constituição, art. 5º, LX(60) e na Convenção


Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), assegura no seu art. 8.2.g,
o direito de não ser obrigado a depor contra sí mesmo, nem a declarar-se culpado.”
“Deve-se observar durante a reconstituição do crime, quando feita em fase
processual, o acompanhamento por parte do juiz, acusador e defesa, assim como deve
a reconstituição ser documentada através de uma ata circunstanciada, contendo todo o
descritivo da atividade desenvolvida, assim como a registrada em filme quando
realizada em fase policial para ser reavaliada em fase processual de uma maneira mais
precisa.”
“A reconstituição demonstra que o fato criminoso pode ter ocorrido daquela
maneira, e não que obrigatoriamente o crime ocorreu de tal jeito, pois, sendo assim, não
pode ser concebida como única prova justificante a uma sentença condenatória. Por
outro lado, se a reconstituição comprovar que o crime não poderia ter ocorrido, encerra-
se aí a dúvida jurídica. Dessa maneira, uma reconstrução negativa como prova poderá
ser muito mais eficaz que uma reconstrução positiva, que dependerá de outras provas
para comprovar a autoria e materialidade do réu.”
4.8 ACAREAÇÃO
Tem como significado colocar cara a cara os acusados, tendo sido uma prática comum pelos
inquisidores. É prevista no art. 229 do CPP:
“Art. 229. A acareação será admitida entre acusados, entre acusado e testemunha, entre
testemunhas, entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, e entre as pessoas ofendidas,
sempre que divergirem, em suas declarações, sobre fatos ou circunstâncias relevantes.
Parágrafo único. Os acareados serão reperguntados, para que expliquem os pontos de
divergências, reduzindo-se a termo o ato de acareação.”
O procedimento de acareação pode ser feito tanto na fase de investigação, quanto durante a
instrução. Sendo conveniente que as autoridades liberem as testemunhas para realização da
acareação, somente após o colhimento de todos os depoimentos. Pela Lei nº 11.719/08, a
acareação será realizada na audiência de instrução, em fase da concentração dos atos processuais
a ela referente.
4.9 PROVA DOCUMENTAL
Segundo ARAGONESES ALONSO[27], o conceito de prova documental, que pode
perfeitamente ser aplicado dentro do Código de Processo Penal brasileiro, acaba por ser “toda
classe de objetos que tenham uma função probatória, contanto que esse, por sua índole, sejam
suscetíveis de ser levados ante a presença judicial; isto é, que documento é qualquer objeto móvel
que dentro do processo possa ser utilizado como prova, contrapondo-se neste sentido, a prova
de inspeção ocular que se pratica naqueles objetos que não possam ser incorporados ao
processo.”
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Segundo AURY LOPES, além de serem consideradas provas documentais os documentos escritos
de fato, podem ser integrantes deste rol a juntada de fitas de áudio, vídeo, fotografias, tecidos e
objetos móveis que fisicamente possam ser atribuídos ao processo com função probatória.
A juntada de provas posterior à sentença é inviável, por implicar em uma supressão de um grau
de jurisdição, entretanto, não se impede que possam ser produzidas provas após a sentença com
o intuito de uma possível revisão criminal, prevista no art. 621, II.
Por fim, referidos documentos redigidos em língua estrangeira podem ser juntados normalmente,
desde que sejam traduzidos por tradutor juramentado. Não havendo tradução, e sendo tais
documentos impugnados, caberá ao juiz determinar que um tradutor público os traduza.
4.10 DOS INDÍCIOS
Estabelece o art. 239 CPP:
Art. 239: Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o fato,
autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias.
Não se pode confundir os indícios com provas, por serem eles baseados em raciocínio dedutivo.
Ou seja, ninguém poderá ser condenado com base em meros indícios, já que este não tem força
de prova robusta, como exige o princípio da presunção de inocência.
PACELLI[29] vê uma validade um pouco mais desenvolvida nas provas indiciárias:
“A prova indiciária, ou prova por indícios, terá a sua eficiência probatória condicionada à natureza
do fato ou da circunstância de que por meio dela (prova indiciária) se pretende comprovar. Por
exemplo, tratando-se de prova do dolo ou da culpa, ou dos demais elementos subjetivos do tipo,
que se situam no mundo das ideias e das intenções, a prova por indícios será de grande valia.”
4.11 DA BUSCA E APREENSÃO
Delicadas devem ser as considerações feitas no que cerca este assunto. Diferente dos demais
meios de prova que, desde o início de sua produção, devem ser realizados com vistas ao
contraditório, com a participação de ambas as partes, posto que a busca e apreensão segue
procedimento diverso por se tratar de uma medida de cunho cautelar no que diz respeito ao
material probatório, ou até mesmo de pessoas que não estejam ao alcance do Judiciário.
Tal fator pode ser entendido como uma quebra da inviolabilidade do domicílio e da pessoa. Por
isso, deve-se fundamentar as razões quanto à necessidade e urgência da busca e apreensão.

PACELLI[31] divide a busca e apreensão em duas categorias, a busca domiciliar, e a busca


pessoal.
Como busca domiciliar, entende-se como aquela realizada em residência ou qualquer
estabelecimento de habitação não aberto ao público, nos termos do art. 246 do CPP. Estes, assim
como quartos de hotéis, motéis e afins estão protegidos pela Constituição quanto à inviolabilidade
de domicílio.
Tal busca domiciliar deve obedecer alguns princípios:
a) Ordem judicial escrita e fundamentada, como qualquer medida cautelar restritiva de direitos
(art. 5º, XI, CF);
b) Indicação precisa do local, dos motivos e da finalidade da diligência (art. 234, CPP);
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c) Cumprimento da diligência durante o dia, salvo se consentida à noite, pelo morador;


d) O uso de forca e o arrombamento somente serão possíveis em caso de desobediência, ou em
caso de ausência do morador ou de qualquer pessoa no local (art. 245, § 3º e 4º);
Segundo o Código de Processo Penal, a busca domiciliar destina-se a:
a) Prender criminosos com prisão decretada;
b) Apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos;
c) Apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos falsificados ou contrafeitos;
d) Apreender armas e munições, instrumentos usados na pratica do crime ou destinados a fim
delituosos;
e) Descobrir objetos necessários à prova de infração ou â defesa do réu;
f) Apreender cartas abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder, quando haja suspeita
de que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil a elucidação do fato;
g) Apreender pessoas vítimas de crime;
h) Colher qualquer elemento de convicção;
Já a busca pessoal, não depende de autorização judicial, ainda que se possa considerar uma
violação à intangibilidade do direito à intimidade e privacidade do art. 5º, X, CF. PACELLI
acredita ser completamente possível a realização da busca sem a autorização judicial se, uma vez
prevista em lei, justifiquem os preceitos de natureza cautelar e urgente.
4.12 INTERCEPTAÇÃO
O procedimento de interceptação somente poderá ser executado por meio de autorização do juiz.
A interceptação poderá ser determinada pelo juiz, de ofício, assim como por requerimento da
autoridade policial, em fase de investigação criminal, ou do representante do Ministério Público,
durante a investigação ou na instrução processual penal.
Como a interceptação pode ser realizada antes, ou durante o processo penal, vale argumentar
sobre a possível aplicação do princípio do contraditório e da ampla defesa, a qual não faria o
menor sentido, já que é por obvio que a interceptação somente terá efeito se for sigilosa, sem o
conhecimento do acusado.
Quanto à natureza do pedido, seja de ofício ou requerimento, é indispensável que o pedido seja
feito de forma descrita e com clareza a situação objeto da investigação, inclusive no que se refere
à identificação e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade justificada. Deverá conter
a descrição da sua necessidade, dos pressupostos e de sua licitude, indicando os meios a serem
empregados.
O magistrado terá o período de até 24 horas para autorizar ou não o pedido da interceptação,
estando obrigado a fundamentar, sob pena de nulidade e tendo que especificar o modo a ser
executado, o qual não pode ultrapassar 15 dias, prorrogado por prazo igual, levando em
consideração a indispensabilidade de a medida ser devidamente comprovada.
GRECO[32] segue:
“A escuta das comunicações interceptadas poderá, ou não, ser gravada. Em qualquer hipótese,
concluída a diligência, deve a autoridade encaminhar o resultado ao juiz, acompanhado de auto
circunstanciado que deverá conter o resumo das operações realizadas. Se a comunicação
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interceptada for gravada, deverá ser transcrita, sem prejuízo de ser preservada e autenticada a fita
original; se não foi, o resumo das operações deverá conter, também, sob responsabilidade de quem
ouviu, o conteúdo das conversas interceptadas.”
O art 9º da Lei de Interceptações prevê a inutilização por decisão do juiz durante o inquérito, da
instrução criminal, ou após esta, das gravações que por ventura não vierem interessar à prova.
Sendo o ato de inutilização assistido pelo Ministério Público, como fiscal da lei e do interesse
público, é facultada a presença do acusado e seu representante legal. Tal inutilização deve ser
realizada, sob pena de serem responsabilizados os que se omitirem com dolo eventual pelo crime
do art. 10.
Quanto ao momento do acusado ter ciência sobre a prova colhida mediante interceptação, as
provas geradas pelas mesmas devem estar em conformidade com este princípio para ter validade.
Para tal, o acusado deverá ter ciência da prova na primeira oportunidade que houver após a
interceptação. Caso a prova seja feita durante o inquérito, citado o réu, já poderá o acusado ou
seu defensor ter acesso à prova para preparar sua defesa. Se realizada durante a instrução
processual, o acesso será permitido logo após a diligência.

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