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4.2 INTERROGATÓRIO
Na fase da persecução penal o autor da infração descreve sua versão do
ocorrido, perante o juiz competente, acusação e defensoria.
A natureza jurídica acerca do interrogatório é controvertida, dividindo-se entre
três correntes:
a) Como meio de prova: Contribui com o convencimento do juiz.
b) Como meio de defesa: O acusado apresenta sua versão dos fatos, pode se
calar ou conjecturar uma falsa versão da realidade.
c) Como meio misto: Visto como meio de prova e de defesa.
O interrogando pode prestar esclarecimentos e indicar provas devido as
informações e elementos que podem levar a comprovação do delito.
4.3 DA CONFISSÃO
A confissão é a admissão do réu da sua culpabilidade e é a prova de maior
capacidade de convencimento do magistrado. Deve ser necessariamente pessoal,
voluntária, expressa, solene, pública, na frente de autoridade competente, realizada por
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pessoa imputável, sendo capaz de renúncia. A tipicidade deve estar contida nos autos
(art. 199 do CPP).
A doutrina sustenta que a confissão tem que espontânea. Assim como não pode
ser fruto de coação moral ou física, como a tortura ou outro meio de crueldade.
Quando a confissão ocorre perante autoridade judicial competente para
julgamento do fato, é chamada de confissão judicial própria e se o magistrado não
estiver atuando no caso é chamada de forma imprópria e nos demais casos, com outros
agentes é chamada de confissão extrajudicial. A confissão não é revestida pelas
garantias do contraditório e ampla defesa pois é expressa, clara e manifesta.
Porém, o CPP diz que a confissão não é prova plena de sua culpabilidade e
deve ser analisada no bojo do conjunto das prova colhidas e produzidas onde poderá
ser melhor valorada pelo juiz na sentença.
É importante destacar que a confissão é retratável e divisível onde o acusado
poderá se arrepender dela, se ainda em tempo, e da mesma forma, o juiz, dentro de seu
livre convencimento, poderá valer-se apenas de parte da confissão.
Por esse motivo para que haja uma sentença condenatória será preciso uma
prova mais confiável do que apenas a palavra da vítima.
4.5 DA PROVA TESTEMUNHAL
A maioria das condenações no sistema processual penal brasileiro se dão pela
via da prova testemunhal. Isso ocorre devido a facilidade que há em obter testemunhas,
quando comparamos com as dificuldades técnicas que a polícia judiciária possui para
obter provas.
Diante de uma prova testemunhal é necessário que haja um cuidado pois como
se trata de um depoimento, ele é carregado de um olhar subjetivo sobre os fatos
narrados. O máximo de testemunhas permitido será definido pelo Código de Processo
Penal, de acordo com o artigo 401 a quantidade máxima de testemunhas será de oito
quando se tratar de rito ordinário, já o artigo 532 define que o máximo de testemunhas
será de 5, quando for rito sumário.
“Já os proibidos a depor, estão fixados no art. 207 do CPP, que consta: “são proibidas
a depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício, ou profissão, devem
guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu
testemunho.” Sendo esta, uma maneira de proteger o sigilo profissional, que disponham
seus clientes, como réus de processo penal.”
Segundo NUCCI promotores e juízes pode serem testemunhas, porém estão
proibidos de usarem em seus testemunhos fatos e informações que adquiram no exercer
de suas funções.
4.5.2 CLASSIFICAÇÃO DAS TESTEMUNHAS
“Tomamos as liberdades de utilizar as classificações feitas por AURY LOPES:
a) Testemunha presencial: é aquela que teve contato direto com o fato,
presenciando os acontecimentos. Sem duvida é a testemunha mais útil ao processo.
b) Testemunha indireta: é aquela que nada presenciou, mas ouviu falar do
fato ou depõe sobre fatos acessórios. HASSAN CHOUKR[23] explica que a testemunha
do “ouvir dizer” não está excluída do sistema probatório brasileiro, sendo ouvida “a
critério do juiz” (...).
c) Informantes: são aquelas pessoas que não prestam compromisso de dizer a
verdade e, portanto, não podem responder pelo delito de falso testemunho (...). Por não
prestarem compromisso, não entram no limite numérico de testemunhas, não sendo
computadas. (...)
d) Abonatórias: as testemunhas abonatórias, são aquelas pessoas que nap
presenciaram o fato e, dele, nada sabem por contato direto. Servem para abonar a
conduta social do réu, tendo seu depoimento relevância na avaliação das circunstâncias
do art. 59 do CP. (...) ESSAS TESTEMUNHAS SERVEM PARA DAR UM BOM
TESTEMUNHO MORAL DO RÉU, FALAR QUE ELA É UMA PESSOA HONESTA,
TRABALHADORA E ETC.
e) Testemunhas referidas: são aquelas pessoas que foram mencionadas,
referidas por outra (s) testemunha (s) que declararam no seu depoimento a sua
existência. Logo, elas não constavam no rol de testemunhas originariamente elencado.
Por terem sido citadas como sabedoras do ocorrido, poderá o juiz ouvi-las, para melhor
esclarecimento do fato. (...)”
4.6 RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS
Pode-se entender por reconhecimento, segundo AURY[24]:
O reconhecimento é um ato através do qual alguém é levado a analisar alguma
pessoa ou coisa e, recordando o que havia percebido em um determinado contexto,
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Segundo AURY LOPES, além de serem consideradas provas documentais os documentos escritos
de fato, podem ser integrantes deste rol a juntada de fitas de áudio, vídeo, fotografias, tecidos e
objetos móveis que fisicamente possam ser atribuídos ao processo com função probatória.
A juntada de provas posterior à sentença é inviável, por implicar em uma supressão de um grau
de jurisdição, entretanto, não se impede que possam ser produzidas provas após a sentença com
o intuito de uma possível revisão criminal, prevista no art. 621, II.
Por fim, referidos documentos redigidos em língua estrangeira podem ser juntados normalmente,
desde que sejam traduzidos por tradutor juramentado. Não havendo tradução, e sendo tais
documentos impugnados, caberá ao juiz determinar que um tradutor público os traduza.
4.10 DOS INDÍCIOS
Estabelece o art. 239 CPP:
Art. 239: Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o fato,
autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias.
Não se pode confundir os indícios com provas, por serem eles baseados em raciocínio dedutivo.
Ou seja, ninguém poderá ser condenado com base em meros indícios, já que este não tem força
de prova robusta, como exige o princípio da presunção de inocência.
PACELLI[29] vê uma validade um pouco mais desenvolvida nas provas indiciárias:
“A prova indiciária, ou prova por indícios, terá a sua eficiência probatória condicionada à natureza
do fato ou da circunstância de que por meio dela (prova indiciária) se pretende comprovar. Por
exemplo, tratando-se de prova do dolo ou da culpa, ou dos demais elementos subjetivos do tipo,
que se situam no mundo das ideias e das intenções, a prova por indícios será de grande valia.”
4.11 DA BUSCA E APREENSÃO
Delicadas devem ser as considerações feitas no que cerca este assunto. Diferente dos demais
meios de prova que, desde o início de sua produção, devem ser realizados com vistas ao
contraditório, com a participação de ambas as partes, posto que a busca e apreensão segue
procedimento diverso por se tratar de uma medida de cunho cautelar no que diz respeito ao
material probatório, ou até mesmo de pessoas que não estejam ao alcance do Judiciário.
Tal fator pode ser entendido como uma quebra da inviolabilidade do domicílio e da pessoa. Por
isso, deve-se fundamentar as razões quanto à necessidade e urgência da busca e apreensão.
interceptada for gravada, deverá ser transcrita, sem prejuízo de ser preservada e autenticada a fita
original; se não foi, o resumo das operações deverá conter, também, sob responsabilidade de quem
ouviu, o conteúdo das conversas interceptadas.”
O art 9º da Lei de Interceptações prevê a inutilização por decisão do juiz durante o inquérito, da
instrução criminal, ou após esta, das gravações que por ventura não vierem interessar à prova.
Sendo o ato de inutilização assistido pelo Ministério Público, como fiscal da lei e do interesse
público, é facultada a presença do acusado e seu representante legal. Tal inutilização deve ser
realizada, sob pena de serem responsabilizados os que se omitirem com dolo eventual pelo crime
do art. 10.
Quanto ao momento do acusado ter ciência sobre a prova colhida mediante interceptação, as
provas geradas pelas mesmas devem estar em conformidade com este princípio para ter validade.
Para tal, o acusado deverá ter ciência da prova na primeira oportunidade que houver após a
interceptação. Caso a prova seja feita durante o inquérito, citado o réu, já poderá o acusado ou
seu defensor ter acesso à prova para preparar sua defesa. Se realizada durante a instrução
processual, o acesso será permitido logo após a diligência.