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Francisco Rocha
PROVAS
Provas.
Provas em espécie.
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem
desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
A Lei 13.721/2018 trouxe uma prioridade para algumas pessoas quando da realização do exame de corpo de
delito. Dirige-se à mulher vítima de violência doméstica e familiar, bem como à criança, adolescente, idoso ou
pessoa com deficiência vítima de violência.
Perceba que o contexto de violência doméstica e familiar se aplica apenas à mulher, já que, com relação ao idoso,
criança, adolescente ou pessoa com deficiência basta que tenham sofrido violência.
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame
de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do
acusado.
Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de
delito quando se tratar de crime que envolva
I - violência doméstica e familiar contra mulher
II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com
deficiência.
O exame pericial é sempre determinado pela autoridade policial, se no curso da investigação, ou pelo juiz, se
durante o processo.
Perceba que o CPP atribui à autoridade policial o dever de determinar a perícia.
A perícia deve ser realizada, em regra, pelo perito oficial, nos termos do art. 159 do CPP. Somente na falta do
perito oficial, poderão ser designadas, como peritos não oficiais, duas pessoas idôneas. Vejamos:
Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por
perito oficial, portador de diploma de curso superior.
§ 1º Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas
idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área
específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a
natureza do exame. § 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso
de bem e fielmente desempenhar o encargo.
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Assim, na perícia oficial, basta um perito; na não oficial, exige-se ao menos dois.
Somente o perito não oficial precisa prestar compromisso de bem e fielmente cumprir o seu encargo, dado que,
com relação ao oficial, seu compromisso ou juramento já foi prestado quando de sua posse em cargo efetivo.
A perícia pode ser realizada a qualquer dia e a qualquer hora, e seu laudo deve ser entregue, como regra, no
prazo de dez dias.
Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a
qualquer hora.
Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão
minuciosamente o que examinarem, e responderão aos quesitos
formulados.
Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10
dias, podendo este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a
requerimento dos peritos.
Com relação à autopsia, o CPP exige um tempo mínimo de 6 horas para o seu início, exceto quando, pela
evidência dos sinais de morte, os peritos julgarem que possa ser feito antes.
Com exceção do exame de corpo de delito, que não pode ser negado quando a infração deixe vestígios, a
autoridade policial e a judicial poderão indeferir os pedidos de demais perícias, nos termos do art. 184 do CPP.
Por fim, frise-se que o juiz não ficará adstrito ao laudo, como dispõe o art. 182 do CPP.
Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo,
no todo ou em parte.
INTERROGATÓRIO
Ato processual através do qual o acusado tem a oportunidade de expor a sua versão dos fatos, exercendo, se
desejar, a sua autodefesa.
Tecnicamente, o interrogatório é o ato realizado perante à autoridade judicial, tendo natureza de meras
declarações aquilo que o investigado narra para a autoridade policial.
A natureza jurídica do interrogatório tem sido objeto de muita divergência, havendo aqueles que o enxergam como
meio de prova, outros como meio de defesa e, ainda, os que o veem como meio de defesa e de prova ao mesmo
tempo.
O CPP classifica o interrogatório como meio de prova, já que o regulamenta no mesmo capítula de outras provas
em espécie.
O STF tem entendido, no entanto, que o interrogatório é, eminentemente, meio de defesa.
Em importante julgamento, o STF declarou a inconstitucionalidade do art. 260 do CPP, na parte em que autoriza a
condução coercitiva do acusado para o interrogatório.
Características:
a) Público: o sigilo é a exceção, como pode acontecer nos processos que correm em segredo de justiça ou
se houver risco de escândalo, inconveniente grave ou perturbação da ordem
b) Personalíssimo, afinal de contas, somente o próprio réu pode prestá-lo;
c) Oral: como regra, é realizado de forma oral.
d) Individual: havendo mais de um réu, serão ouvidos separadamente.
e) Judicialidade: o interrogatório é ato do juiz.
O interrogatório divide-se em duas partes: uma sobre o réu; outra, sobre os fatos.
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O acusado tem direito a entrevistar-se previamente com seu defensor e a presença desse é indispensável para a
realização do ato. Ou seja, não é possível a realização do interrogatório sem a presença do advogado/defens or.
Antes de iniciar a segunda parte do interrogatório, o réu deve ser informado do seu direito de permanecer calado,
não tendo obrigação de responder as perguntas que lhe forem formuladas , sem que isso lhe cause nenhum
prejuízo.
Nessa perspectiva, a parte final do art. 198 do CPP é incompatível com a Constituição Federal de 1988. O silêncio
não pode ser valorado pelo juiz ao proferir a sentença, devendo-se se observar o disposto no parágrafo único do
art. 186 do CPP.
Seguem abaixo os arts. 186 e 198 do CPP, para fins de comparação.
Importante registrar que, na primeira parte do interrogatório, o acusado não tem direito ao silêncio e pode ser
responsabilizado caso minta nessa etapa, a exemplo do réu que se atribui falsa identidade no ato, praticando,
assim, o crime do art. 307 do Código Penal (Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter
vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem)
Nesse sentido, é súmula 522 do STJ, que dispõe:
CONFISSÃO
Trata-se da admissão pelo réu dos fatos que lhe são imputados na acusação. Configura um meio de prova e, na
sua valoração, deve o juiz sopesá-la com o restante do conjunto probatório, como determina o art. 197 do CPP.
Tem como características ser personalíssima, livre e espontânea, além de divisível e retratável.
Divisível porque seu teor pode ser desmembrado pela autoridade judicial, que pode levar em consideração parte
da confissão e desconsiderar a outra parte.
É retratável porque o acusado pode voltar atrás, desdizendo o que havia confessado. Essa retratação, no entanto,
não vincula o juiz, que pode utilizar-se de qualquer uma das declarações do acusado na fundamentação da
decisão.
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TESTEMUNHAS
Testemunha é a pessoa sem interesse no deslinde da causa que declara em audiência judicial o que sabe sobre
os fatos. Trata-se de meio de prova.
Características:
a) Judicialidade: em sentido estrito, testemunha é quem presta depoimento perante a autoridade judicial;
b) Oralidade: o depoimento é prestado oralmente. A testemunha pode fazer breve consultas a
apontamentos.
c) Objetividade: a testemunha não deve emitir opinião pessoal, evitando fazer juízo de valor. Deve restringir-
se aos fatos. Emitirá sua opinião pessoal somente que essa for inseparável da narrativa dos fatos.
d) Individualidade: as testemunhas são ouvidas separadamente.
e) Retrospectividade: o depoimento é sempre sobre o que já aconteceu.
Obs: como regra, o testemunho é prestado oralmente, mas há exceções. Veja o que descreve o art. 221, § 1º, do
CPP:
No processo penal, toda pessoa pode ser testemunha (art. 202 do CPP ).
Sendo testemunha, deve ser colhido o compromisso de dizer a verdade, com poucas exceções, todas descritas no
art. 208 do CPP.
E, como regra, a testemunha não pode se eximir de depor. O art. 206, porém, traz um rol de pessoas que podem
se recusar a prestar depoimento, exceto quando não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova
do fato e de suas circunstâncias.
Perceba que as testemunhas que podem se recusar são ligadas ao réu, e não à vítima. Por exemplo: pai ou mãe
da vítima têm obrigação de prestar depoimento como qualquer outra pessoa, inclusive prestando o compromisso
de dizer a verdade.
Somente não prestarão o compromisso de dizer a verdade os doentes e deficientes mentais, os menores de 14
anos e os parentes do acusado citados no art. 206 do CPP.
As testemunhas que não prestam o compromisso são chamadas pela doutrina de declarantes ou informantes.
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O procedimento para a realização do reconhecimento está disposto no art. 226 do CPP, que se pode ver abaixo.
Importante frisar que, para o STJ, o procedimento previsto no art. 226 para o reconhecimento de pessoas
configura mera recomendação, e não uma exigência sem a qual o reconhecimento seria nulo.
Nos termos daquela corte superior, “o art. 226, do Código de Processo Penal, encerra uma recomendação e não
uma exigência a ser seguida, em relação ao procedimento para o reconhecimento de pessoas, conforme assente
entendimento deste Tribunal” (AgRg no REsp 1444634/SP, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA
TURMA, julgado em 01/06/2017, DJe 09/06/2017)
Observações: o retrato falado não é meio de prova, mas instrumento auxiliar da investigação. Quanto ao
reconhecimento fotográfico, entende-se que consiste em prova inominada, que pode ser utilizada, se em harmonia
com o restante do conjunto probatório.
DA ACAREAÇÃO
Art. 229. A acareação será admitida entre acusados, entre acusado e
testemunha, entre testemunhas, entre acusado ou testemunha e a pessoa
ofendida, e entre as pessoas ofendidas, sempre que divergirem, em suas
declarações, sobre fatos ou circunstâncias relevantes.
Parágrafo único. Os acareados serão reperguntados, para que expliquem
os pontos de divergências, reduzindo-se a termo o ato de acareação.
Art. 230. Se ausente alguma testemunha, cujas declarações divirjam das
de outra, que esteja presente, a esta se darão a conhecer os pontos da
divergência, consignando-se no auto o que explicar ou observar. Se
subsistir a discordância, expedir-se-á precatória à autoridade do lugar onde
resida a testemunha ausente, transcrevendo-se as declarações desta e as
da testemunha presente, nos pontos em que divergirem, bem como o texto
do referido auto, a fim de que se complete a diligência, ouvindo-se a
testemunha ausente, pela mesma forma estabelecida para a testemunha
presente. Esta diligência só se realizará quando não importe demora
prejudicial ao processo e o juiz a entenda conveniente.
DOS DOCUMENTOS
Pode-se pensar em documentos em dois sentidos: o estrito e o amplo. Naquele, inclui -se apenas o que vai inscrito
em papel; no último, enquadra-se qualquer objeto capaz de representar um fato ou ato relevante, a exemplos das
fotografias, desenhos, planilhas, e-mails, entre outros.
Para o CPP, em seu art. 232, documento é apenas aquilo que está inserido em papel, ficando claro que o código
adotou o conceito restrito do que seja documento.
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DOS INDÍCIOS
É prova semiplena e indireta, que possibilita, por indução, chegar-se à conclusão sobre outro fato. Como exemplo:
impressões digitais encontradas no local do crime e o registro de entrada e saída em determinado local da
infração.
DA BUSCA E DA APREENSÃO
Preliminarmente, registre-se que a busca diz respeito à procura por pessoas ou objetos, enquanto a apreensão é
a medida que põe sob custódio o que se encontrou durante a diligência.
Sendo coisas distintas, portanto, é possível haver busca sem apreensão, quando se procura e nada se encontra,
como apreensão sem ter havido busca, quando algo é entregue espontaneamente à polícia por alguém, seja a
vítima ou mesmo o suspeito.
Com a vigência da CF/88, não se admite a determinação de busca e apreensão domiciliar por autoridade que não
seja a judicial. Assim, não se admite busca e apreensão determinada por delegado, membro do Ministério Público
ou Comissão Parlamentar de Inquérito, que podem requerer a medida, a qual sempre será objeto de decisão
judicial.
Essa restrição – determinação apenas pelo juiz – não se aplica no caso de busca pessoal (a conhecida revista
pessoal), que pode ser determinada por outras autoridades, a exemplo do Delegado de Polícia ou mesmo por
policiais em policiamento ostensivo.
Os objetos ou pessoas que podem ser procurados em busca e apreensão estão listados no art. 240, § 1º, do CPP.
Modalidades:
A busca pode ser domiciliar ou pessoal.
Para a realização da domiciliar, necessário autorização judicial, observando-se, assim, a previsão constitucional
acerca da inviolabilidade do domicílio (art. 5º, XI: ”a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo
penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro,
ou, durante o dia, por determinação judicial;”).
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Já na busca pessoal, o art. 244 no diz os casos nos quais não se dependerá de mandado.
Importante: os veículos, como regra, não são considerados casa.
Em regra, a busca em veículo é equiparada à busca pessoal e não precisa de mandado judicial para a sua
realização. Vejamos:
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Escuta telefônica se dá quando um terceiro grava conversa de dois interlocutores, com prévia ciência de um
deles. Majoritariamente, se entende pela necessidade de autorização judicial. O STF, inclusive, tratou o fenômeno
da escuta telefônica como interceptação telefônica.
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QUESTÕES
4. Antes de iniciar o interrogatório, o juiz observará ao réu que, embora não esteja obrigado a responder às
perguntas, seu silêncio poderá ser interpretado em prejuízo de sua defesa.
( ) certo ( ) errado
5. A todo tempo o juiz poderá proceder a novo interrogatório, de ofício ou a pedido fundamentado de qualquer das
partes.
( ) certo ( ) errado
6. A autópsia será feita pelo menos doze horas depois do óbito, sendo vedado aos peritos fazer a autópsia antes
daquele prazo.
( ) certo ( ) errado
7. Os peritos elaborarão o laudo pericial no prazo máximo de 10 dias improrrogáveis, onde descreverão
minuciosamente o que examinarem e responderão aos quesitos formulados.
( ) certo ( ) errado
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