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MEDICINA  LEGAL  
Prof. Luciana Gazzola -­‐ @lu.gazzola

Polícia Civil de Minas Gerais – Escrivão e Investigador

AULA 1

Blocos 1 e 2  
Introdução à Medicina Legal
  (conceito, normas processuais, perícias e peritos, corpo
de delito)

Referências bibliográficas:

O que é a Medicina Legal? A Medicina Legal como ciência e arte!  


"Arte  de  por  os  conceitos  médicos  a  serviço  da  administração  da  Justiça."  (Lacassagne)    
"A aplicação dos conhecimentos médico-­‐biológicos na elaboração e execução das leis
que deles carecem.“ (Flamínio Fávero)

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O que faz a Medicina Legal?
 
Perícia médica: todo ato médico com o propósito de contribuir com as autoridades
administrativas, policiais ou judiciárias com conhecimentos específicos da área médica.

 
Importância: colabora com a investigação policial: busca oferecer provas objetivas para
uma investigação.

“Visa informar e fundamentar, de maneira objetiva, todos os elementos consistentes do


corpo de delito e, se possível, aproximar-­‐se de uma provável autoria.” (França)

 
 
CORPO DE DELITO

ü Todos os elementos materiais da conduta incriminada, inclusive meios ou


instrumentos de que se sirva o criminoso. Base residual do crime.

ü Conjunto de elementos sensíveis do fato criminoso.

 
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL (CPP)

Perícias à artigos 158 a 184


Peritos à artigos 275 a 281

CAPÍTULO II (artigos 158 a 184):


Do exame de corpo de delito, da cadeia de custódia e das perícias em geral

Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de
delito, direto ou indireto, não podendo supri-­‐lo a confissão do acusado.

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Parágrafo único. Dar-­‐se-­‐á prioridade à realização do exame de corpo de delito quando se
tratar de crime que envolva: (Incluído pela Lei nº 13.721, de 2018)
I -­‐ violência doméstica e familiar contra mulher;
II -­‐ violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência.

 
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de
delito, direto ou indireto, não podendo supri-­‐lo a confissão do acusado.

Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os
vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-­‐lhe a falta.

(obs.: a falta de exame complementar pode ser suprida pela prova testemunhal – art.
168, §3º)

CORPO DE DELITO X EXAME DE CORPO DE DELITO X CADEIA DE CUSTÓDIA

 
PRINCÍPIO DA TROCA DE LOCARD

“TODO CONTATO DEIXA UMA MARCA”

 
OS PERITOS
ü Perícia: exame dos elementos materiais de um fato alegado
ü Perito: detém o conhecimento técnico sobre determinado assunto

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OS PERITOS

ü Oficiais: médicos legistas e peritos criminais (concurso público)

ü Nomeados: “livre escolha do Juiz”.

ü Obs.: assistentes técnicos: indicados pelas partes (mais comuns em processos


cíveis e trabalhistas).

Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial,
portador de diploma de curso superior.

§ 1o . Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas,
portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as
que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame.

Art. 159 (...)


§ 2o . Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente desempenhar
o encargo.

§ 7o. Perícia complexa.

 
Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão minuciosamente o que
examinarem, e responderão aos quesitos formulados.
Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 dias, podendo
este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos.

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Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer hora.

Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os peritos,
pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o
que declararão no auto.

Art. 162 (...)


Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo do
cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou quando as lesões externas
permitirem precisar a causa da morte e não houver necessidade de exame interno para a
verificação de alguma circunstância relevante.

Bloco 3
CADEIA DE CUSTÓDIA

 
ATENÇÃO!
NOVA LEI: Lei 13.964, de 24 de dezembro de 2019! Alterações relevantes no CPP:

Art. 158-­‐A. Considera-­‐se cadeia de custódia o conjunto de todos os procedimentos


utilizados para manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado em
locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu
reconhecimento até o descarte.

§ 1º O início da cadeia de custódia dá-­‐se com a preservação do local de crime ou com


procedimentos policiais ou periciais nos quais seja detectada a existência de vestígio.
(...)

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§ 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado ou recolhido,
que se relaciona à infração penal.

Art. 158-­‐B. Etapas da cadeia de custódia e rastreamento do vestígio:

reconhecimento à isolamento à fixação à coleta à acondicionamento à transporte


à recebimento à processamento à armazenamento à descarte

Art. 158-­‐C. A coleta dos vestígios deverá ser realizada preferencialmente por perito
oficial, que dará o encaminhamento necessário para a central de custódia, mesmo
quando for necessária a realização de exames complementares.

§ 2º É proibida a entrada em locais isolados bem como a remoção de quaisquer vestígios


de locais de crime antes da liberação por parte do perito responsável, sendo tipificada
como fraude processual a sua realização.

Art. 158-­‐D. Recipiente e lacre para acondicionamento do vestígio

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Art. 158-­‐E e F. Central de custódia

 
 
Quebra da cadeia de custódia e nulidades

Divergências doutrinárias:

A inobservância dos procedimentos acarretaria:


- Reflexos na autenticidade da prova, sem implicar em inexistência ou ilegalidade.
- Nulidade da prova.

Posicionamento majoritário da Medicina Legal

“A cadeia de custódia tem como objetivo garantir a todos os acusados o devido processo
legal e os recursos a ele inerentes, como a ampla defesa, o contraditório e
principalmente o direito à prova lícita. O instituto abrange todo o caminho que deve ser
percorrido pela prova até sua análise pelo magistrado, sendo certo que qualquer
interferência durante o trâmite processual pode resultar na sua imprestabilidade”.
(STJ, Quinta Turma, RHC 77.836/PA, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Dje 12/02/2019)

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Bloco 4
DOCUMENTOS MÉDICO-­‐LEGAIS

DOCUMENTOS MÉDICO-­‐LEGAIS

ü Notificações
ü Atestados
ü Prontuários
ü Relatórios à à à auto x laudo
ü Pareceres (obs.: Hygino à consulta)
ü Depoimento oral
ü Declaração de óbito

 
NOTIFICAÇÕES

ü Comunicações compulsórias feitas pelos médicos às autoridades competentes,


acerca de determinado fato profissional.
ü Ex.:

Obs.: e o uso de drogas ilícitas?

 
 

NOTIFICAÇÕES

ü Art. 269 do CP/1940


ü Sigilo médico (CEM, art. 73)

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ATESTADO

ü Documento particular de declaração pura e simples de um fato médico verídico e


suas possíveis consequências, normalmente feito a pedido do paciente ou
responsáveis.
ü Qualquer médico!
ü Classificação dos atestados:
-­‐ Quanto à finalidade:
Administrativo x judiciário x oficioso

ü Classificação dos atestados:


-­‐ Quanto ao conteúdo:
Idôneo x gracioso x imprudente x falso

 
RELATÓRIO
ü Descrição minuciosa de uma perícia médica a fim de responder a autoridade
policial ou judiciária.

ü Laudo x auto

 
RELATÓRIO
7 partes: preâmbulo, quesitos, histórico (ou comemorativo), descrição (visum  et  
repertum), discussão, conclusão, resposta aos quesitos.

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PARECER MÉDICO-­‐LEGAL

ü Divergências quanto a interpretação de achados de perícia

ü Solicita-­‐se esclarecimento mais aprofundado

ü Perito ou professor com competência inquestionável e autoridade “reconhecida”.

 
DEPOIMENTO ORAL

ü Declaração tomada ou não a termo em audiências de instrução e julgamento


sobre fatos obscuros ou conflitantes descritos no relatório da perícia.

 
DECLARAÇÃO DE ÓBITO

ü Documento base do SIM/MS


ü Finalidades:
Confirmar a morte;
Determinar a causa médico-­‐biológica da morte;
Fornecer elementos e contribuir para a determinação da causa jurídica da morte;
Satisfazer interesses de ordem civil, estatística, demográfica e político-­‐sanitária.

Obs.: quem emite a DO? (encaminhamento do cadáver a depender do tipo de morte)

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