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  MEDICINA  LEGAL  
  Prof. Luciana Gazzola -­‐ @lu.gazzola
 
  Polícia Civil de Minas Gerais – Escrivão e Investigador
 

 
  AULA 3
 
  Bloco 9  
  TANATOLOGIA FORENSE    (morte encefálica)

Diagnóstico da realidade da morte


 
Morte encefálica

ü É a condição final, irreversível, definitiva de cessação das atividades do tronco


encefálico.
ü Morte encefálica x coma

 
Morte real x morte aparente

Tríade de Thoinot

 
Morte encefálica

ü Diagnóstico (Resolução CFM 2.173 de 2017):


-­‐ Exame neurológico completo
-­‐ Teste de apneia
-­‐ Exame complementar

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Resolução CFM 2.173/2017
 
(Art. 3º: duas avaliações clínicas e intervalo de tempo)

IDADE INTERVALO (em horas)


7 dias a 2 meses
2 meses a 2 anos
Maior de 2 anos

Obs.: Decreto 9.175 de 2017 dispensou a presença de um neurologista para realização do


protocolo de diagnóstico de morte encefálica: requisito passa a ser “médicos
especificamente capacitados”.

 
Alguns aspectos da Lei dos Transplantes

ü Lei n. 9.434 de 1997


Art. 4º. A retirada de tecidos, órgãos e partes do corpo de pessoas falecidas para
transplantes ou outra finalidade terapêutica, dependerá da autorização do cônjuge ou
parente, maior de idade, obedecida a linha sucessória, reta ou colateral, até o segundo
grau inclusive, firmada em documento subscrito por duas testemunhas presentes à
verificação da morte. (redação  dada  pela  Lei  10.211  de  2001)

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Doação post  mortem  – consentimento

Consentimento informado: cônjuge ou familiar até 2º grau (duas testemunhas) à Decreto


9175/2017: cônjuge ou compmanheiro!

-­‐ se juridicamente incapaz: ambos pais se vivos ou os responsáveis legais


-­‐ pessoas não identificadas: não podem ser doadoras

 
Doação EM VIDA – consentimento

Pessoa juridicamente capaz pode dispor gratuitamente de orgãos e tecidos para fins
terapêuticos:
-­‐ em cônjuges ou parentes consanguíneos até o 4º grau, inclusive, ou
-­‐ em qualquer outra pessoa, mediante autorização judicial (exceto para medula
óssea).

 
Atenção!

Pode haver doação em vida de órgãos de incapazes?

Pacientes grávidas podem doar órgãos em vida?

 
 

Sobrevivência

Perícia do tempo de sobrevivência

Premoriência e comoriência (art. 8º, CC): “se dois ou mais indivíduos falecerem na
mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros,
presumir-­‐se-­‐ão simultaneamente mortos”.

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1) Morte súbita/instantânea

2) Morte mediata

3) Morte agônica ou tardia

Perícia do tempo de sobrevivência

“Docimásias da agonia”

1) Docimásias hepáticas

2) Docimásias suprarrenais

Blocos 10, 11 e 12
TANATOLOGIA FORENSE
Cronotanatognose: fenômenos cadavéricos e cronologia
da morte

 
Cronotanatognose

Fenômenos cadavéricos (segundo Borri):


ü Abióticos, avitais ou vitais negativos:
-­‐ Imediatos
-­‐ Consecutivos ou mediatos

ü Transformativos:
-­‐ Destrutivos
-­‐ Conservadores

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Fenômenos abióticos imediatos

Perda da consciência
Perda da sensibilidade
Abolição da motilidade e do tônus muscular
Parada cardiorrespiratória
Ausência de atividade cerebral

Obs.: Código de Processo Penal (CPP/1941)

Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os peritos,
pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o
que declararão no auto.

 
 
Fenômenos abióticos consecutivos

Ø Evaporação cadavérica:

Ø Esfriamento cadavérico (algor mortis): tendência a igualar a temperatura com a


do meio ambiente.

Ø Manchas de hipostase (livor mortis)

Ø Rigidez cadavérica (rigor mortis) à progressão

 
EVAPORAÇÃO à fenômenos oculares

Iniciam-­‐se em 1-­‐3 horas: tela viscosa/opacificação da córnea

Mais de 6-­‐8 horas de morte: depressibilidade do globo ocular à pressão digital

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Sinal de Sommer e Larcher ou mancha negra escleral

 
RESFRIAMENTO CADAVÉRICO

Ø Algor mortis

Ø Perda de cerca de 1,5 ºC por hora

Ø Tempo de morte =

Ø Extremamente variável

Ø Tendência ao equilíbrio com o meio ambiente, progressivo e não uniforme.

 
HIPOSTASE E LIVORES CADAVÉRICOS

 
Hipostases não fixas: menos de 12 horas

 
 

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Importância da avaliação das hipostases:

RIGIDEZ CADAVÉRICA

Ø Lei de Nysten: progressão crânio-­‐caudal

Ø Etiologia da rigidez: multifatorial!

Evaporação, supressão de ATP muscular e de oxigênio celular, acidificação dos tecidos


pela falta de oxigênio e produção de íons H+, coagulação da miosina nas fibras
musculares, ...

Ø Cronologia (grande variação!):

 
 
FENÔMENOS TRANSFORMATIVOS

Destrutivos: autólise, putrefação, maceração

Conservadores: mumificação, saponificação, calcificação, corificação

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FENÔMENOS TRANSFORMATIVOS DESTRUTIVOS

Ø AUTÓLISE:

-­‐ Mais intensa em tecidos ricos em enzimas


-­‐ Fermentação anaeróbia intracelular à ACIDEZ
-­‐ Sinal da forcipressão química de Icard

Ø PUTREFAÇÃO: decomposição fermentativa da matéria orgânica por germes

-­‐ Período cromático (de coloração);

-­‐ Período gasoso (enfisematoso);

-­‐ Período coliquativo (de liquefação);

-­‐ Período de esqueletização.

 
PUTREFAÇÃO

Ø Mais rápida à crianças, recém-­‐nascidos, obesos, vítimas de graves infecções e


grandes mutilações.

Ø Influência do meio ambiente onde se encontra o cadáver (calor, frio, umidade, ...)

Ø Adultos à primeiro sinal à

mancha verde em outros locais à

Ø Coloração: sulfometa-­‐hemoglobina

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FASE DE COLORAÇÃO-­‐ mancha verde abdominal: cerca de 20-­‐24 horas de morte

 
FASE GASOSA

Ø Gases da putrefação à “enfisema putrefativo”


Ø Duração média:

Ø Características externas do cadáver:

 
FASE COLIQUATIVA

Ø Dissolução pútrida do cadáver


Ø Duração muito variável
Ø Estudos da fauna cadavérica (entomologia)

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FENÔMENOS TRANSFORMATIVOS DESTRUTIVOS

MACERAÇÃO

- Maceração asséptica

- Maceração séptica

 
FENÔMENOS TRANSFORMATIVOS CONSERVADORES

Ø MUMIFICAÇÃO:

-­‐ Processos de três naturezas:

à Natural:

Fatores individuais que favorecem a mumificação:


Sexo
Idade
Causa da morte

à Importância do fenômeno:

Ø SAPONIFICAÇÃO ou ADIPOCERA

Processo tardio:

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Condições do solo que favorecem a saponificação:

Ø CALCIFICAÇÃO

Ø CORIFICAÇÃO

Ø CONGELAÇÃO

Ø FOSSILIZAÇÃO

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