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ODONTOLOGIA

Tanatologia Forense
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TANATOLOGIA FORENSE

Tanatos é o deus grego da morte. Tanatologia forense é o estudo da morte, dos fenô-
menos cadavéricos e de suas consequências dos pontos de vista médico legal e odontoló-
gico legal.
Do ponto de vista jurídico, existem repercussões (ex.: herança), mas dos pontos de visto
odontológico e médico legal, as circunstâncias da morte podem interessar a uma investiga-
ção policial, por exemplo.

DEFINIÇÃO DE MORTE

• Cessação definitiva (pois não regride) de todos os fenômenos vitais;


• Processo progressivo e não instantâneo. A morte não é um estalar de dedos, não
se dá em uma fração de segundos. Na verdade, é um processo que se instala e que
leva um tempo para acontecer até que o cadáver, por exemplo, entre em processo de
esqueletização.

Até para que seja declarada a morte de uma pessoa é necessário algum tempo, que varia
a depender do que se esteja estudando. No Direito Processual Penal, por exemplo, o Código
de Processo Penal estabelece que, para realizar uma autópsia, é necessário esperar seis
horas desde o momento do óbito, justamente porque não é fácil de definir exatamente que
horas a pessoa morreu, visto que a morte é um processo.

A morte pode ser classificada de diversas maneiras, tais como:

1. Quanto à Extensão:
a) Celular ou histológica:
• células (nesse exato momento, várias células de nossos organismos estão morrendo,
seja por um processo de apoptose ou por uma lesão sofrida, por exemplo);
• tecidos (ex.: necrose tecidual);
• órgãos (ex.: um rim pode deixar de funcionar);
• sistemas.
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b) Anatômica (a que interessa ao estudo da Tanatologia):


• organismo.

A imagem a seguir mostra uma morte tecidual, ou seja, uma necrose; essa parte do corpo
terá que ser retirada:
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2. Quanto ao Processamento:
a) Súbita – a morte do indivíduo não era “programada”, não havia nenhum processo
patológico;
b) Agônica – a morte do indivíduo era “programada”, previsível, estava se desenhando
para acontecer, foi se instalando aos poucos.
– Ex.: um indivíduo com câncer apresenta algumas metástases, que se espalham
pelo corpo e o levam a ficar internado. Ele passa por procedimentos, ocorre falência
múltipla dos órgãos, ele entra em coma e morre. Essa é uma morte que tem uma
instalação agônica, que leva tempo para acontecer de fato.
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3. Quanto à Reversibilidade:
a) Aparente:
• Muito cobrada em provas de concursos;
• Estados patológicos que simulam a morte.
– Ex.: um indivíduo congelado tem hipotermia severa e muitos sinais semelhantes
a quem está de fato morto, mas ele mesmo não está, mesmo que apresente bati-
mentos cardíacos e movimentos respiratórios quase imperceptíveis e não responda
a comandos;
• O indivíduo se mantém vivo por tênues sinais vitais;
• Características (Tríade de Thoinot):
– Imobilidade;
– Batimentos cardíacos imperceptíveis;
– Movimentos respiratórios imperceptíveis.
• Classificação de Bonnet (quanto à origem):
– Sincopal (perturbação cardiovascular, encefálica ou metabólica; a mais comum
de todas);
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– Asfíctica (pessoa asfixiada);
– Tóxica;
– Apoplética (hemorragia de artéria encefálica);
– Traumática;
– Eletrocútica;
– Comatosa.

Muitas pessoas têm medo da morte aparente, que não é tão rara assim. Antigamente, por
exemplo, se amarrava um sino às sepulturas para que, caso estivesse, na verdade, viva, a
pessoa enterrada pudesse chamar a atenção puxando a corda e tocando o sino.
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Para evitar situações como uma pessoa ir ao IML reconhecer algum familiar suposta-
mente falecido e, na verdade, ele estar vivo na gaveta, existem os protocolos de diagnóstico
da morte. Abordaremos alguns sinais e fenômenos cadavéricos que ajudam a determinar se
uma pessoa está morta ou não.

b) Relativa – passível de reanimação, sem a qual o indivíduo morre de fato;

A imagem a seguir mostra um homem que se afogou e teve parada cardiorrespiratória.


Se ninguém fizer nada, ele irá morrer, irá sair da morte relativa para a morte real ou absoluta.
Contudo, a foto mostra a PM fazendo algum tipo de reanimação e talvez com uma massagem
cardíaca e uma respiração artificial para que esse indivíduo volte à vida.

c) Real ou Absoluta:
• Ausência definitiva das atividades biológicas;
• Não há como voltar à vida;
• Inatividade encefálica, que é a determinante em hospitais para estabelecer a morte da
pessoa. Pelo auxílio de aparelhos é possível fazer o coração bater e o pulmão respirar,
mas não há como reestabelecer a atividade encefálica.

Hoje existem critérios de morte encefálica muito bem determinados para os médicos.
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MORTE CEREBRAL X ENCEFÁLICA

A Resolução CFM n. 2.173/2017 dita as regras para determinar se uma pessoa está em
morte encefálica.

Obs.: não se usa mais o termo “morte cerebral”, pois a morte encefálica é muito mais am-
pla.

• Funções do cérebro, do cerebelo, do ulbo raquidiano, do tálamo e do hipotálamo;


• Coma aperceptivo com ausência de atividade motora supraespinal e apneia;
• Exames clínicos (pelo menos dois) e laboratoriais (pelo menos um);
• Médicos diferentes;
• Prazos determinados para diferentes idades.
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A morte encefálica é uma situação de notificação compulsória; o médico precisa informar


às autoridades.

4. Quanto à causa jurídica (maneira):


a) Morte Natural (Agônica):
• Oriunda de um estado mórbido (doença) ou de uma perturbação congênita;
• Geralmente tem instalação lenta e endógena (de dentro para fora);
• Não precisa ir para o IML, já que não há nenhuma causa jurídica que seja passível de
investigação.

b) Morte Violenta:
• Vai para o IML;
• Geralmente tem instalação abrupta e exógena (de fora para dentro);
• Morte Acidental:
– Acidentes de tráfego, ferroviários, aeroviários;
– Queimaduras, quedas, acidentes de trabalho, etc.
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• Morte Criminosa:
– Homicídio.

• Morte Voluntária:
– Suicídio. O suicídio em si não é crime, mas existem crimes a ele associados, como
a instigação, o auxílio ou o induzimento ao suicídio.

c) Morte Suspeita:
• Dúvidas, ainda que momentâneas, quanto a ser uma morte natural ou violenta;
• Nesse caso, o delegado de polícia chama a perícia e encaminha o corpo para o IML
investigar.

As imagens a seguir mostrarão alguns exemplos de mortes:

• O homem dessas fotos sofreu uma morte violenta, rápida e de causa exógena: três
disparos de arma de fogo nas costas:
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• A mulher abaixo tinha problemas no pâncreas e no fígado, ficou internada no hospital


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por três dias, voltou para casa e depois se internou por mais uma semana. Na noite
em que voltou para casa novamente, ela foi até a cozinha beber água e caiu morta. O
delegado entendeu que, nesse caso, poderia haver algum tipo de violência, como um
envenenamento ou alguém ter batido na cabeça dela com uma panela, por exemplo,
e decidiu chamar a perícia. Esse é um caso de morte suspeita:
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• As imagens a seguir mostram a parte de dentro da varanda de uma casa e, pela quan-
tidade de sangue, pode-se presumir que se trata de uma morte violenta. Observe que
a trilha de sangue continua casa adentro e há marcas de impressão plantar (da planta
do pé), gotejamentos, acúmulos etc., o que poderia levar a pensar em uma facada na
vítima, por exemplo.
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Seguiu-se o exame da vítima e nada foi encontrado em nenhum lado do corpo:

Percebendo mais sangue na região das pernas e dando prosseguimento ao exame, des-
cobriu-se na perna do homem uma variz que se rompeu; ou seja, ele morreu de varicorragia,
uma causa endógena. Apesar de todo o sangue no local, é um caso de morte natural, não
sendo necessária perícia nem IML.
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Morte Natural

 Obs.: não são de competência dos IML:

• Mortes ocorridas em hospital – o médico assistente dá a declaração de óbito;


• Mortes ocorridas em residências:
– Caso haja médico: Código de Ética Médica, art. 115: “É vedado ao médico deixar
de atestar óbito de paciente ao qual vinha prestando assistência médica, exceto
quando houver indícios de morte violenta”;
– Caso não haja médico: o cadáver deve ir para o Serviço de Verificação de Óbitos
(SVO), normalmente ligado à Secretaria de Saúde da região e onde será examinado
com outro objetivo que não o de investigação policial; não há nenhum viés de inves-
tigação criminal, apenas o objetivo de retroalimentar o sistema registrando a causa
da morte (ex.: mais uma morte por Covid-19 ou de câncer de próstata). Se existir
qualquer suspeita de que aquela morte não seja natural, e sim violenta, o SVO inter-
25m
rompe o exame e encaminha o corpo para o IML;
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• Mortes ocorridas em locais onde não existem médicos:


– Lei n. 6.015/73 (Lei dos Registros Públicos): “... Duas pessoas que tenham presen-
ciado ou certificado a morte” podem promover o seu registro;

O PULO DO GATO
Se for perguntado na prova se dentista pode assinar declaração de óbito, a resposta é que
em regra não, mas, excepcionalmente, se não houver médico na cidade ou nas proximi-
dades, duas pessoas, quaisquer que sejam elas, que presenciaram ou certificaram aquela
morte poderão fazê-lo.

TERMOS UTILIZADOS

• Necropsia (termo mais usado e que pode ser pronunciado “necropsia” ou “necrópsia”)
e seus sinônimos: necroscopia, autopsia, tanatoscopia, tanatopsia;
• Inumação (enterrar) e Exumação (desenterrar, tirar da cova). A exumação pode ser
administrativa (do cemitério) ou judiciária, que pode ser feita no cemitério ou em locais
não destinados a inumação, como no meio do mato, por exemplo, desde que ali haja
um cadáver enterrado;
• Morte Presumida – são raros os casos, mas pode acontecer de o corpo da vítima
não ter sido encontrado, mas existirem indícios que levam à presunção de sua morte.
Essas situações estão previstas em lei. Ex.: Eliza Samudio, presumidamente morta
pelo goleiro Bruno Fernandes; casos de guerra em que um batalhão inteiro foi dizi-
mado, mas nunca se encontrou o corpo de um combatente específico etc.;
• Comoriência (situação em que dois ou mais indivíduos morrem no mesmo evento e
não é possível dizer quem morreu primeiro) e Primoriência (Premoriência ou Promori-
ência; quando dois ou mais indivíduos morrem no mesmo evento, mas é possível dizer
quem morreu primeiro).

Ex. 1: imagine que duas pessoas estão em um carro, que colide de frente com um cami-
nhão levando as duas a morrerem ao mesmo tempo. Trata-se de comoriência.
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Ex. 2: agora imagine que há um carro atrás do outro. Os ocupantes do carro da frente
morreram na hora do acidente, mas os do carro de trás foram levados ao hospital. Fica-
ram 30 dias internados no hospital e só então morreram. Essa, portanto, é uma situação de
30m
primoriência.

 Obs.: é importante saber quem morreu primeiro porque no Direito existem as consequên-
cias jurídicas, como no momento de dividir a herança. Em uma situação em que pai
e filho morrem no mesmo momento, por exemplo, esse último não teria direito à sua
parte da herança, logo não poderia deixá-la para seus próprios filhos.

FORMALIDADES

• Necropsia Clínica:
– Mortes naturais (enfermidade e sem nenhuma suspeita);
– Feita em hospitais;
– Termo de permissão dos familiares ou responsáveis;
– SVO.

• Necropsia Forense ou Obrigatória:


– Independe de autorização dos familiares ou responsáveis.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Paulo Ênio Garcia da Costa Filho.
�A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.

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