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Astrologia e Psicologia

A Astrologia, que existe há mais de 3000 anos, pode considerar-se como a irmã mais
velha da Psicologia.

Ambas as disciplinas ocupam-se da Psique. Tal como acontece com a Astrologia,


existem diferentes ramos e escolas de Psicologia. Algumas preferem pontos de vista
mais científicos – se tal for possível devido à complexidade da mente humana – e outras
seguem conceitos holísticos e alternativos. Estes últimos mostram frequentemente
paralelos com a Astrologia e ajustam-se facilmente a ela. Entre eles encontra-se a
Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung.

A sua escola psicológica, assim como outras, serão apresentadas na secção Astrologia
e Psicologia. Tentaremos salientar as semelhanças entre si.

por Karin Hoffmann

Traduzido por Virgínia Albuquerque Otten

Índice
● Princípios Junguianos
● Sincronicidade
● Arquétipos
● Tipos Psicológicos
● Ar - Tipo Pensante
● Áqua - Tipo Sentimental
● Terra - Tipo Sensorial
● Fogo - Tipo Intuitivo
● Livros

Astrologia e Psicologia
Princípios Junguianos

O psicólogo suíço e antigo discípulo de Freud,


Carl Gustav Jung, interessava-se pelos ensinamentos da alquimia e da astrologia,
especialmente nas últimas etapas da sua carreira. As revelações resultantes podem ser
encontradas na sua Psicologia Analítica. Esta teoria vai muito mais além dos
ensinamentos de Freud.

Freud defende que uma criança nasce como uma "tábua rasa" e que o seu carácter
começa a formar-se a partir do nascimento. Jung, pelo contrário, afirma no seu livro
Tipos Psicológicos: A disposição individual é já um factor na infância; é inata e não pode

sAstrologia e Psicologia
Sincronicidade
Em 1952, Jung publica um livro chamado "Synchronizität als Prinzip akausaler
Zusammenhänge" ("Sincronicidade, um princípio de conexões acausais"). O conceito de
sincronicidade vai para além das explicações puramente causais do mundo – que ainda
é o domínio das nossas ciências naturais. Jung argumenta que acontecimentos que
ocorrem sincronizados (isto é, ao mesmo tempo) não têm necessariamente de estar
relacionados causalmente. Poderá existir, no entanto, uma importante ligação entre eles.
Anthony Stevens
descreve uma experiência que Jung teve. Durante um sonho, ele encontra uma figura
com as asas de um alcião (um pássaro). Jung quis desenhar a figura para poder
recordar a imagem. Enquanto o fazia, encontrou no seu jardim o corpo morto de um
alcião. Estes pássaros são extremamente raros na zona de Zurique. Esta situação
extraordinária coincidiu com fortes emoções internas.

Provavelmente está familiarizado com situações que o levam a pensar : "Isto não pode
ser uma coincidência!". Talvez tenha acabado de ler um livro que fala de ideias pouco
comuns. Subitamente todas as pessoas do seu meio falam-lhe sobre estas ideias,
passam reportagens na TV e na internet depara-se com conceitos semelhantes a toda a
hora. Estes incidentes ocorrem simultaneamente mas é claro que um não causa o outro.
Eles parecem estar ligados de uma forma diferente.

Brigitte Hamann, astróloga alemã, resume este fenómeno no seu artigo "Gedanken über
Astrologie, Synchronizität und Prognose" ("Reflexões sobre a Astrologia, Sincronicidade
e Predição"):

Um certo incidente ocorre a uma certa pessoa, numa certa altura, de tal maneira que
adquire para ela um significado especial, revelando importantes ligações na vida dessa
pessoa. Qualquer outro observador do mesmo incidente considerá-lo-ía um acidente do
acaso, sem qualquer sentido em particular. Para ele, não há qualquer ligação sincrónica
no acontecimento e por isso, não significa nada para si.
Astrologia baseia-se no
princípio da sincronicidade. A "influência das estrelas" não existe num sentido causal.
Não há nenhum tipo de influência causal. A Astrologia "trabalha" – se é esta a palavra
correcta – da forma inscrita na tábua smaragdina:

O que está em baixo é como o que está em cima.

E o que está em cima é como o que está em baixo,

para que o milagre do Uno possa ser alcançado.

Pode dizer-se que o universal reflecte-se no específico. Por conseguinte, podemos tirar
conclusões a respeito de acontecimentos terrestres por intermédio das constelações
planetárias.

Liz Greene: Os posicionamentos do céu num determinado momento, por reflectirem as


qualidades desse momento, reflectem também as qualidades de qualquer outra coisa
nascida nesse momento. (…) Um não causa o outro; estão sincronizados e reflectem-se
mutuamente.
Esta é, sem dúvida, uma noção alargada de sincronicidade, já que não se refere
simplesmente a um indivíduo e à sua relação com o seu meio-ambiente directo. De
facto, esta noção vê tudo no universo como estando interligado de uma forma
significativa. Esta atitude de assumir ligações importantes entre fenómenos que ocorrem
simultaneamente é comum à astrologia e à sincronicidade de Jung.

er adquirida durante o curso da vida.

Toda a teoria astrológica baseia-se neste princípio. Liz Greene, psicoterapeuta


Junguiana e astróloga, acredita que a astrologia pode ajudar a descobrir a natureza
dessa semente inata. A Astrologia fala-nos não só sobre o Eu que conhecemos mas
também sobre aquele que não conhecemos, escreve Liz Greene em "Relacionamentos".
O horóscopo, sendo um "mapa da psique", pode apontar para traços do carácter que
ainda não se tenham tornado conscientes. Com a sua ajuda podemos conhecer-nos
melhor e chegar a um maior entendimento da nossa verdadeira natureza. A Psicologia
Analítica de Jung fala de algo muito semelhante: individualização e encontro com o
verdadeiro Eu.

Alguns dos princípios Junguianos reflectidos na Astrologia serão descritos nas páginas
seguintes. Observaremos os conceitos de "Sincronicidade", "Arquétipos" e de "Tipos
Psicológicos".

Arquétipos
Considera-se frequentemente que Sigmund Freud "descobriu" o inconsciente como
sendo aquela parte da psique que contém experiências desagradáveis ou mesmo
traumáticas que tenham sido reprimidas pela mente consciente. Jung vai mais
longe: na sua opinião, não só existe um inconsciente individual como também existe
um inconsciente colectivo, o qual contém a imensa herança psíquica da evolução
humana. De acordo com Jung, esta herança renasce na estrutura de cada indivíduo.

Os sonhos podem ser


considerados como possíveis escapes do inconsciente individual e colectivo.
Figuras que aparecem frequentemente nos sonhos como o tenebroso perseguidor
ou a criança inocente são símbolos que representam uma ligação com dimensões
sobre as quais não estamos conscientes. Estas podem despertar em nós certas
associações que não poderíamos entender apenas com a mente racional.

Jung descobriu que muitos destes símbolos são de natureza universal. Estes podem
ser encontrados nos mitos e contos de fadas de todos os povos. Eles mostram um
"conhecimento" ou "sabedoria" comum a toda a humanidade. Por isso Jung chamou
a estes símbolos Imagens Primordiais ou Arquétipos. As imagens primordiais não
podem ser descritas com exactidão. Liz Greene vê-as como padrões de energia que
se expressam em todo o nosso meio-ambiente. Embora não tenham uma forma
distinta, estas expressam-se nos símbolos do mundo que nos rodeia.

Assim, o sistema solar pode ser visto como o símbolo de um padrão de energia
viva, reflectindo a todo o momento as mais pequenas formas de vida, as quais estão
nele contidas. O horóscopo individual é uma representação simbólica destes
padrões de energia. Nestes símbolos podemos ver as sementes da potencial
personalidade do indivíduo. Jung descreve os planetas como "deuses", símbolos ou
poderes do Inconsciente. No entanto, estes "deuses" funcionam de maneira
diferente de indivíduo para indivíduo.

Do ponto de vista
astrológico, o símbolo do sol representa a alma, o centro, a figura do rei ou do chefe
bem como a força viva criativa que se encontra em cada indivíduo. Estas
interpretações podem ser extraídas deste único símbolo de forma não arbitrária. Liz
Greene descreve o símbolo como sendo a forma primária de expressão do
Inconsciente. Em Relacionamentos escreve:
Um símbolo sugere ou deduz um aspecto da vida que permanece inesgotavelmente
sujeito a interpretações e que finalmente ilude todos os esforços do intelecto para o
firmar ou contêr. Ninguém conseguirá jamais alcançar as profundidades dos seus
numerosos significados.

Um símbolo arquétipo central na Astrologia é o círculo do horóscopo. Em todas as


culturas, o círculo é considerado um símbolo da totalidade. Do mesmo modo, o
horóscopo representa a totalidade do indivíduo e o arquétipo do "Eu".

Astrologia e Psicologia
Tipos Psicológicos
Está com certeza familiarizado com aquele tipo de situação em que você diz algo
completamente objectivo e racional, mas o seu parceiro reage emocionalmente e
sente-se pessoalmente magoado. Ou já alguma vez sentiu-se aborrecido por a sua
esposa ser tão prática quando gostaria de poder construir castelos no ar?

Este interessante mas quase incompreensível fenómeno é bem conhecido de todos nós.
Apesar da sua individualidade as pessoas "permitem-se" prender dentro de certas
categorias.
Carl Gustav Jung explica este fenómeno dividindo as pessoas em quatro tipos
psicológicos. De acordo com a sua teoria o consciente conhece quatro modos
essenciais de percepção, os quais se expressam de maneira diferente e com mais ou
menos força em cada indivíduo: a função do pensamento, a função do sentimento e as
funções da sensação e da intuição. Estas podem ser definidas como dois pares opostos:
pensamento e sentimento são opostos racionais (no sentido em que avaliam e julgam as
coisas). A sensação e a intuição são consideradas funções irracionais porque não
julgam mas simplesmente registam as coisas. É claro, nem todas as quatro funções se
encontram igualmente fortes em cada indivíduo. Uma função domina, enquanto que as
outras tendem a "subdesenvolver-se". Para tornar-se realmente completa, uma pessoa
deve tentar desenvolver todos os quatro modos de percepção. Esta é uma tarefa
extremamente difícil. Jung escreve nos seus Tipos Psicológicos:
Sabemos que um homem nunca pode ser tudo de uma só vez, nunca é completo – ele
desenvolve sempre certas qualidades à custa de outras, e a totalidade nunca é

alcançada.

Em astrologia, os doze signos do zodíaco são atribuidos aos elementos ar, água, terra e
fogo. Liz Greene considera os quatro elementos como sendo os "pilares da astrologia".
Eles dão-nos informação sobre a atitude predominante de uma pessoa. Se o horóscopo
de um indivíduo é dominado por signos de fogo, os astrólogos falam de um tipo fogo. A
sua forma predominante de percepção é "fogosa", a qual é equivalente ao tipo intuitivo
de Jung.

Ar - Tipo Pensante
O tipo pensante tem o pensamento como função predominante. Este indivíduo vê o
mundo de forma racional. Ele ou ela analisa tudo de acordo com a lógica das leis
aristotélicas e faz as suas avaliações usando critérios "objectivos". Ele tende a
categorizar os fenómenos do seu meio-ambiente. É bom a fazer e a receber críticas,
a tirar conclusões ou a encontrar evidências.

Astrologicamente falando, esta função reflecte-se nos signos do ar Gémeos,


Balança e Aquário. Em Relacionamentos Liz Greene aponta para o facto de no
zodíaco o elemento ar ser o único que não é representado por animais. Gémeos e
Aquário são figuras humanas e Balança é um instrumento de medição objectiva. Liz
Greene escreve:

O ar é o elemento tipicamente humano, o mais afastado da natureza instintiva e é


justamente o reino humano que, nos últimos duzentos anos, tem desenvolvido ou
desenvolvido em excesso o pensamento como o seu grande dom.

Se num horóscopo mais que um planeta e/ou o ascendente se encontram em


signos do ar, o indivíduo compreenderá o seu meio-ambiente principalmente através
da mente racional. Interessa-se por discussões racionais, não por sentimentos. Com
uma predominância do elemento ar, a função do sentimento permanece
frequentemente "sub-desenvolvida". Poderá ser-lhe difícil decidir algo a "nível
vísceral" ou aceitar critérios subjectivos. Poderão existir dificuldades em mostrar
emoções ou a reagir de forma emocional.

É importante salientar que nenhuma função é melhor que outra. Todas as quatro
têm qualidades necessárias à percepção holística e à avaliação do mundo. Uma
função demasiado desenvolvida do pensamento que ignora as outras funções leva a
uma frieza emocional, falta de imaginação e a uma forte instabilidade.

Áqua - Tipo Sentimental


O tipo sentimental é o polo oposto do tipo pensante. Seguindo o princípio "os
opostos atraem-se" é comum membros de ambos os tipos sentirem-se fascinados
um pelo o outro. Tal como faz com a função do pensamento, Jung chama à função
do sentimento de "racional". Esta difere-se da primeira por avaliar situações e
pessoas através de critérios emocionais. Este tipo é muito sensível a estados de
espírito e a ambientes.

Em Astrologia, o horóscopo do tipo sentimental mostrará uma predominância dos


signos da água, Caranguejo, Escorpião e Peixes. Estes três signos aproximam-se
do seu meio-ambiente de um ponto de vista emocional. Os tipos água agem
normalmente conforme as suas emoções, mais do que por argumentos racionais. O
mais importante para si é o bem-estar pessoal – o deles próprios bem como o dos
outros. Intuição, compaixão e empatia, por exemplo, são típicos dos signos
Caranguejo e Peixes.

O indivíduo com uma predominância do elemento água é, ao contrário do tipo ar,


dotado do talento de estar aberto à dimensão do inconsciente. Os sonhos e a
imaginação são-lhe particularmente importantes. O escorpião, por exemplo, está
ligado ao instintivo, ao lado obscuro da vida.

Se a função do sentimento se encontra excessivamente desenvolvida numa pessoa,


esta corre o risco de se afastar completamente do mundo dos pensamentos "leves".
Ele é controlado por impulsos subjectivos não aceitando a razão como uma medida
válida. Ainda que as reacções do tipo água a situações pessoais sejam na sua
maioria infalivelmente exactas e apropriadas (Liz Greene), é imprescindível que
estas pessoas aceitem a importância do mundo da lógica.

Terra - Tipo Sensorial


O tipo sensorial de Jung representa um dos dois modos irracionais de percepção.
"Irracional" não é aqui usado com sentido depreciativo – o que somos tentados a
fazer nesta nossa era dirigida pelo pensamento objectivo. Significa simplesmente
que esta função não julga as coisas. Este indivíduo chega a um entendimento por
meio dos seus sentidos. Ele conta com aquilo que vê, ouve, toca, saboreia e cheira.
Poderíamos chamá-lo o realista entre todos os tipos, o mais "terra-a-terra".

Em astrologia a função da sensação é representada pelos signos do elemento terra,


Touro, Virgem e Capricórnio. Estes signos interessam-se pelo que é "real" ou
concreto. Eles "agarram-se" às coisas, no verdadeiro sentido da palavra. A pessoa
do elemento terra colhe os estímulos do seu meio-ambiente e categoriza-os. É
prática e sóbria. O material e o físico são o seu domínio. É aqui que ele é forte e tem
um bom sentido do que é praticável e apropriado.

O tipo terra pode confiar nos seus sentidos sem sequer se perguntar se "faz
sentido". Ele é menos aberto à dimensão do significado do que o seu oposto, o tipo
intuitivo. Um exemplo: os dois passeiam juntos pelo bosque. Enquanto a pessoa
intuitiva aprecia o poder simbólico da mãe natureza, a pessoa do tipo terra medirá
as árvores, considerando talvez o seu valor para construir mobília.

Uma pessoa que só consegue ver as coisas materiais perde facilmente a sua
ligação com o todo. Se lhe perguntarem pelo significado da vida, talvez encolha os
ombros. Rodeado de coisas, ele não pensa sobre o seu significado. Por esta razão,
é fascinado – positiva ou negativamente – por pessoas do tipo intuitivo. Para que
não desperdice o seu lado mental ou espiritual, necessita de expandir a sua visão
da realidade adicionando a dimensão do significado.

Fogo - Tipo Intuitivo


A intuição é o ponto forte deste tipo. Tal como acontece com o tipo sensorial, ele é
considerado irracional no sentido de não julgar. Mas este difere do anterior pelo
facto da sua percepção ser baseada em conceitos mentais ou espirituais. Adquire o
seu conhecimento não por acumular e catalogar factos, mas sim pelo entendimento
espontâneo que "emerge" na consciência.

O fogo é o elemento astrológico do tipo intuitivo. Carneiro, Leão e Sagitário são os


signos do zodíaco que pertencem ao fogo. As pessoas com predominância de
signos do fogo tendem a "inflamar-se" facilmente. A sua espontaneidade é quase
proverbial. O Carneiro vê acima de tudo a acção, deixando tudo o resto de lado. Os
do signo Leão são conhecidos por serem tão directos e imediatos quanto uma
criança. Aqueles cuja carta astral é dominada por Sagitário vivem o mundo através
de um conhecimento visionário.

O indivíduo com uma função intuitiva dominante corre o risco de ver-se limitado
pelos duros factos da realidade. Se, no seu fervor, ele ignora as limitações do
material, a sua energia espiritual anula-se. A sua devoção e visão a longo alcance
podem fazer com que ignore aquilo que é óbvio. Grandes visões permanecem no
mundo da mente, insatisfeitas.

O semi-deus Prometeu trouxe o fogo até aos humanos, o qual é a fonte do seu
desenvolvimento espiritual e mental. Mas se este fogo não tivesse sido utilizado de
forma prática, ele teria sido inútil e desapareceria sem deixar rasto. Neste sentido, é
importante para o tipo fogo não se isolar em esferas espirituais, e sim valorizar e
cultivar as funções opostas da sensação e do realismo.

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