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As Diferenças entre Freud e Jung

Freud vs Jung

Saber a diferença entre Freud e Jung, e a diferença entre as suas teorias


é essencial para qualquer estudante de psicologia. Sigmund Freud e Carl Jung
fizeram enormes contribuições para a psicologia.

Entre Freud e Jung floresceu uma amizade muito forte, o que, em última
instância desapareceu devido aos confrontos entre suas diferenças teóricas. As
principais diferenças entre Freud e Jung podem ser vistas na ideia
do inconsciente, análise de sonhos e sexualidade. Este artigo tenta destacar
essas diferenças através de uma compreensão elaborada dos dois teóricos.

Quem foi Sigmund Freud?


Sigmund Freud é considerado o pai da psicanálise. Sua contribuição para a
escola psicanalítica de pensamento é enorme. Nas teorias freudianas, a ênfase é
sobre a mente inconsciente. Neste artigo, será dada atenção à teoria do
iceberg enfatizando o papel da análise de sonhos como “estrada para o
inconsciente” e os conceitos de sexualidade como Complexo
de Édipo e Complexo de Electra, que destacam claramente uma distinção
entre Freud e Jung. Primeiro, vamos prestar atenção à teoria do iceberg.
Segundo a teoria de Freud, a mente humana é composta de três partes, a saber,
o consciente, pré-consciente e inconsciente. Destas três, Freud enfatizou a
importância do inconsciente, uma vez que não era acessível e abriga os medos,
necessidades egoístas, motivos violentos, e instintos imorais do ser humano. Ele
acreditava que as expressões inconscientes aparecem em sonhos, lapsos de
fala e maneirismos.

Freud também falou de análise de sonhos. Ele acreditava que os sonhos eram
uma representação dos sentimentos reprimidos do inconsciente, que
eram principalmente de natureza sexual. Ele afirmou que durante o sono, essas
emoções reprimidas viriam à tona na forma de sonhos. Assim, ele viu uma
necessidade de analisar esses sonhos para compreender a mente do indivíduo.

Outra área de diferença entre Freud e Jung resultou do conceito de


sexualidade. As teorias de Freud abundam em ideias de sexualidade e desejos
sexuais. Isto pode ser visto claramente em seu conceito de complexo de Édipo
durante os estágios psicossexuais. Isso se refere ao desejo sexual com o qual
a criança do sexo masculino vê aa mãe e abriga um ressentimento e ciúme em
relação ao pai – que a criança visualiza como uma competição. Isso pode até
mesmo levar à ansiedade de castração. O complexo de Electra é o oposto
deste próprio conceito onde a criança do sexo feminino abriga ressentimento e
ciúme da mãe e desejo sexual para com o pai.

Quem é Carl Jung?


Carl Jung é considerado o fundador da psicologia analítica. As diferenças
teóricas e desvios da estrutura freudiana podem ser vistas claramente nos
pressupostos da psicologia analítica de Jung. Primeiro, ao dar atenção para o
conceito de inconsciente, que intrigou tanto os psicólogos, uma distinção clara
pode ser vista entre a interpretação da mente ou psique humana. Jung
acreditava que a psique humana é composta de três componentes,
nomeadamente, o ego, o inconsciente pessoal e o inconsciente coletivo.

O ego é a mente consciente, que inclui os sentimentos e memórias que um


indivíduo tem consciência. O inconsciente pessoal é idêntico ao inconsciente
freudiano onde os medos escondidos, memórias e desejos estão armazenados.
Aqui, a diferença entre Freud e Jung pode ser destacada através da
ideia do inconsciente coletivo. Este inconsciente coletivo é compartilhado
por indivíduos através de história e composição genética.

Assim como Freud, Jung acreditava que a análise dos sonhos era importante,
pois criava uma porta de entrada para o inconsciente. Ao contrário de Freud,
Jung acreditava que os sonhos não mostravam sempre os desejos sexuais que
eram reprimidos, mas imagens simbólicas, que levavam a uma variedade de
significados, não só no passado, mas também no futuro. Ele era contra a ideia
de ter uma interpretação estrita para cada sonho como Freud fez.
Quando se fala da ideia de sexualidade, Jung rejeitou os complexos de Édipo e
Electra, e considerou o vínculo entre pais e filhos como baseado no amor,
carinho e segurança. Ele também acreditava que a concentração de Freud sobre
a sexualidade era excessiva e que a energia libidinal pode ter diferentes saídas, e
não só através da sexualidade.

Qual é a diferença entre Freud e Jung?


• Tanto Freud quanto Jung acreditavam que a psique humana possui três
componentes.

• Enquanto Freud dividiu a psique em inconsciente, pré-consciente e o


consciente, Jung dividiu em ego, inconsciente pessoal e inconsciente coletivo.

• A principal diferença entre Freud e Jung, quando se trata da


psique, é a inclusão do inconsciente coletivo de Jung.

• A análise dos sonhos era considerada importante para ambos, mas Jung
acreditava que não são todos os sonhos que derivam seu significado de
associações sexuais, e podem ter implicações criativas que vão além do passado,
para o futuro.

• Jung rejeitou os conceitos de Complexo de Édipo e Complexo de Electra


nos estágios psicossexuais do desenvolvimento.

• A associação que Freud fez da energia libidinal com o instinto sexual foi
rejeitada e recebeu um significado mais amplo por parte de Jung.
Os Complexos na Psicologia
Analítica de Jung
É até bastante comum ouvirmos de profissionais que utilizam como abordagem
terapêutica a Psicologia Analítica, que a clínica Junguiana é a “clínica dos
complexos”, ou seja, o trabalho, manejo e até mesmo as ferramentas, por assim
dizer, são os próprios complexos. Como o próprio nome nos revela, os
complexos são espécies de conglomerados de conteúdos psíquicos temáticos
construídos a partir de tonalidades ideo-afetivas, ou seja, a partir do valor
afetivo – “positivo” ou “negativo” – atribuído ao conteúdo. São imagens,
perspectivas próprias, um modo de conceber um dado conteúdo da realidade
psíquica numa distorção própria da equação pessoal, isto é, da personalidade
que contém o complexo. Pelo menos, assim o é no nível dos complexos pessoais.

Todos nascemos e somos cuidados, alimentados, nutridos, física e


simbolicamente. Temos todos, portanto, um complexo materno, posto que a
experiência com o materno é um dado arquetípico, comum a toda a espécie.
Importante salientar que a função arquetípica não pode ser dividida
rigidamente pelo gênero, portanto, um homem também cumpre uma função
materna, ao passo que uma mulher também cumpre a função paterna. Podemos
até mesmo encontrar casos em que o complexo, seja ele qual for, acaba sendo
construído em torno de algo mais impessoal, uma instituição, como por
exemplo, os Alcoólicos Anônimos. O arquétipo é a forma da experiência, o
contorno sem o preenchimento vivencial das próprias experiências que criam as
ideias e afetos e que atualizam os arquétipos. Um complexo é a atualização
arquetípica da experiência, ou seja, uma elaboração de experiências em torno de
um centro arquetípico temático.
O ego, segundo a psicologia analítica, é na maioria das vezes, o centro da
consciência, isto porque consegue distribuir a energia psíquica para objetivos
específicos de acordo com a vontade. O assunto começa a ganhar mais
complexidade quando afirmamos que o Eu – ego – não é o senhor de sua
morada. O Eu não é a totalidade psíquica justamente porque é, também, um
complexo de tonalidade afetiva, uma das várias “personalidades” autônomas
que habitam a psique individual. Uma das características interessantes do
complexo, é que dificilmente o indivíduo se vê quando é possuído por eles,
enquanto fica nítido para o outro que há um complexo latente à tona. Quantos
de nós não conhecemos pessoas que acabaram cometendo atos, dos mais
simples ao mais surpreendentes e aterrorizantes, que não correspondiam ao
funcionamento ‘normal’ dos seus respectivos ‘Eus’? Até nós mesmos.
Principalmente nós mesmos. Passado um momento conturbado, de grande
emotividade, paramos e pensamos: “Como pude fazer isso?”, “Alguma coisa me
tomou, não era eu”. E de fato, não somos nós, ou pelo menos não o centro da
consciência.
Tomemos como exemplo uma experiência compartilhada entre todos da
espécie, mas que se desenvolve de forma muito particular: todos nós nascemos
dependentes, frágeis, impotentes e inferiores, ao menos em capacidade de
exercer a vontade. Se todos nós passamos por uma fase assim, ela tendo
mudado completamente em direção a seu oposto, ou se arrastando por
infindáveis anos, atesta a condição arquetípica desta experiência. A experiência
arquetípica, portanto, é narrada a partir dos conteúdos da história pessoal do
indivíduo. O complexo de inferioridade, especificamente, possui características
típicas, experiências e sentimentos que perpassam a história de vida de todo ser
humano, tais como: auto depreciação, baixa auto estima, falta de engajamento,
medo, entre outros. Mesmo assim, a forma como ela se manifesta, o ambiente
físico e psíquico, os participantes, a época, o conteúdo da manifestação, entre
outros, variam de pessoa para pessoa.

O conteúdo do complexo, continuando o exemplo acima, é construído a partir


dos símbolos que constituem a instância psíquica. A imagem psíquica, isto é, a
forma de se ver, acaba sendo composta por elementos simbólicos que
transcrevem esta atividade autônoma. E, inevitavelmente, um complexo que
possua uma grande carga emocional, acabará por influenciar ou até mesmo
tomar o lugar do Ego, de centro regulador da vontade. As próprias construções
sentimentais, atribuição de valor, de pensamento, tentar chegar à ‘coisa em si’, e
as sensações e intuições, aspectos perceptivos da psique, acabam por serem
moldados mediante as imagens simbólicas dos complexos. A experiência de
incapacidade, inferioridade, dependência, dão corpo ao núcleo arquetípico desta
inferioridade. Seu desdobramento, porém, pode acabar levando desde uma
crônica baixa autoestima, como a um movimento compensatório, complexo de
superioridade. O espectro entre as duas possibilidades aqui apresentadas, não é
um vácuo, portanto, não estamos falando de um ou outro, ou mesmo de um e
outro apenas. Tanto a inferioridade existe na superioridade, quanto o contrário,
bem como os matizes entre eles são infinitos, dados os contrastes específicos da
ontogênese.
O que é o complexo de Édipo, se não uma elaboração pessoal de um drama
arquetípico contido num mito? Analisando a narrativa edípica, quantas pessoas
não procuram em seus conjugues características originárias da relação com o
materno ou paterno? Existem infinitos complexos, tal qual infinitos arquétipos.

O arquétipo possui um caráter filogenético, o complexo possui um caráter


ontogenético, a medida em que é composto também pela história pessoal do
indivíduo. Enquanto o arquétipo diz respeito a essência, forma, o complexo
abarca a experiência individual vivida a partir dessa essência, o conteúdo que
preenche a forma. Sendo assim, o núcleo de um complexo é um arquétipo.
Como exemplo, o Complexo Materno possui como núcleo o Arquétipo Materno.
Enquanto o Arquétipo Materno diz respeito à potencialidade impessoal de
experiências com o materno, o complexo diz respeito à experiência e vivência
pessoal com o materno.

Por se tratarem de conglomerados que possuem carga energética ideo afetiva, os


complexos estão sempre interagindo com outros complexos. O complexo
paterno, por exemplo, em sua manifestação, acaba remetendo também ao
complexo materno, e outros mais. Isso é de extrema importância, pois, no senso
comum, – com muita influência do cartesianismo -, tendemos a compreender
fatos isolados, o que não é um problema a nível didático, porém, não abarca a
complexidade e o dinamismo psíquico. Por esta característica de atratividade
dos complexos, tocar em um fator gatilho para a manifestação desses últimos é
algo um tanto quanto perigoso. Quando constelados, o Ego possui uma
tendência a generalizá-los. Tocar em uma ferida, pode, e vai, tocar em outras
feridas. Quanto maior a interação neurótica com o complexo, maior a
autonomia do mesmo em nossos comportamentos, julgamentos e percepções.
Imago na Psicologia de
Freud, Jung, Lacan e Melanie Klein

Imago na Psicologia Analítica de Jung


Carl Gustav Jung

Um protótipo inconsciente, a imago determina a


maneira pela qual o sujeito apreende outros.
É elaborada baseada nas primeiras relações reais e
fantasmáticas intersubjetivas com membros da
família.

O termo imago apareceu pela primeira vez


na obra de Carl Gustav Jung, em 1912, e a
mesma palavra latina foi adotada em vários
idiomas. O conceito foi emprestado de um
romance de mesmo nome por Carl Spitteler (1845-
1924), publicado em 1906. Na psicologia
junguiana, o termo imago, eventualmente
substituiu o termo complexo.

A imago está ligada a repressão, em que a neurose, por meio de regressão,


provoca o retorno a uma antiga relação ou forma de relacionamento,
e reanimação de um imago parental. Esta regressão está ligada à qualidade
particular do inconsciente, a de ser construído através de estratificação
histórica. “Eu intencionalmente dei primazia à expressão imago sobre a
expressão complexo, pois desejo dotar o fato psíquico que eu quero dizer para
designar pela imago, escolhendo o termo técnico, com a independência vivendo
na hierarquia psíquica, isto é, a autonomia que várias experiências têm nos
mostrado ser a particularidade essencial do complexo imbuído com afeto, e que
é moldada em relevo pelo conceito da imago”, escreveu Jung.

Jung mais tarde substituiu o termo imago por arquétipo, a fim de expressar a
ideia de que ela envolve motivos impessoais e coletivos, mas na verdade essa
ideia já estava presente em suas primeiras descrições de imagos. Em 1933, ele
novamente explicou sua escolha deste termo: “Esta imagem intrapsíquica vem
de duas fontes: A influência dos pais, por um lado, e as relações específicas da
criança, por outro. É, portanto, uma imagem que apenas reproduz o seu modelo
de uma forma extremamente convencional”. Finalmente, ele situa a imago
“entre o inconsciente e a consciência, em certo sentido, como se estivesse em
chiaroscuro” (palavra italiana para “luz e sombra” ou, mais literalmente, «claro-
escuro»). É um complexo parcialmente autônomo que não está completamente
integrado na consciência.
A imago na Psicanálise de Freud
Sigmund Freud, “esquecendo” que o romance de
Spitteler havia inspirado Jung, usou o mesmo título,
Imago , para a revisão que ele criou com Hanns Sachs
e Otto Rank em Viena, em março de 1912.

O conceito da imago, muito raramente usado


por Freud, apareceu em seus escritos, pela primeira
vez nesse mesmo ano, em “A dinâmica da
transferência” (1912b), onde ele se refere à “‘imago
paterna’, para utilizar o termo adequado introduzido
por Jung (1911, 164)”.

Naqueles textos raros em que ele usou este termo, para Freud a imago se
refere apenas a uma fixação erótica relacionada com traços reais de
objetos primários. Mas em outros lugares, o pai da psicanálise já havia
demonstrado a importância das ligações da criança com seus pais e tinha
explicado que a coisa mais importante é a forma como a criança percebe
subjetivamente seus pais; estas ideias estão contidas na noção de imago. Ele
também tinha distinguido certas representações que se encontravam na
condição da imago (a imagem mnêmica da mãe, ou a imagem da mãe fálica na
obra de Leonardo da Vinci ). No entanto, em “O Problema Econômico do
Masoquismo” (1924) usou o termo imago no sentido junguiano, em relação ao
masoquismo moral e do superego. Na verdade, ele escreveu que por trás do
poder exercido pelos primeiros objetos dos instintos libidinosos (os pais) estava
escondida a influência do passado e tradições. Na sua opinião, a figura do
Destino, a última figura de uma série que começa com os pais, pode vir a ser
integrada com a agência do superego se for concebida de “de forma impessoal”,
mas, muitas vezes, de fato , permanece diretamente ligada às imagens parentais.

Imago – Significado na Psicanálise de Klein


Naquela época, o termo imago era comumente usado na
comunidade psicanalítica, mas foi especialmente
desenvolvido na obra de Melanie Klein. Além
dos imagos clássicos, ela descreveu “imagens parentais
combinadas” que provocam estados mais terríveis de
ansiedade. Ela uniu-os para a “fase do apogeu de
sadismo”, que em 1946 tornou-se a “posição esquizoide-
paranoica”. O trabalho do analista é trazer a ansiedade
associada a estes imagos aterrorizantes, facilitando assim
a passagem para o “amor genital” (que em 1934 tornou-se a “posição
depressiva”), transformando esses imagos aterrorizantes em imagos votos ou
benevolentes. Em sua opinião, a criança desenvolve fantasias agressivas cruéis
sobre os pais. A criança então projeta essas fantasias para os pais, e, portanto,
tem uma imagem distorcida, irreal, e perigosa de pessoas em torno dela. A
criança então introjeta esta imagem, que se torna o superego. Klein descreveu
assim o início do superego, mais como uma imago do que como uma agência.
Klein deixou para Susan Isaacs definir o que ela queria dizer com imago: uma
imagem, ou imago, é o que é introjetado durante o processo de
introjeção. Trata-se de um fenômeno complexo que começa com o
objeto externo concreto, a fim de tornar-se o que foi “levado para
o self“ (p 89), ou seja, um objeto interno, Isaacs explica em “A natureza e
função de fantasia” (1948), acrescentando: “No pensamento psicanalítico,
ouvimos mais de ‘imago’ do que de imagem. As distinções entre uma ‘imago’ e
‘imagem’ podem ser resumidas como:

(a) ‘imago’ refere-se a um imagem inconsciente,

(b) ‘imago’ geralmente refere-se a uma pessoa ou parte de uma pessoa, os


primeiros objetos, enquanto ‘imagem’ pode ser de qualquer objeto ou situação,
humano ou de outro modo; e

(c) ‘imago’ inclui todos os elementos somáticas e emocionais na relação do


sujeito com as imagens das pessoa, os links corporais em fantasia inconsciente
com o id, a fantasia de incorporação que está subjacente ao processo de
introjeção e que na ‘imagem’ o somático e muito dos elementos emocionais são
largamente reprimidos”(p. 93).

Imago para Lacan


Em seu artigo de 1938, intitulado Les Complexos
familiaux dans la formation de l’individu (Os
complexos familiares na formação do
indivíduo), Jacques Lacan desenhou a conexão
entre imago e complexo. Foi nessa época que ele
desenvolveu a sua primeira teoria do imaginário.

A imago é o elemento constitutivo do


complexo; o complexo torna possível compreender a
estrutura de uma instituição familiar, preso entre a
dimensão cultural que o determina e as ligações
imaginárias que a organizam. Lacan descreve três
fases: o complexo de desmame, o complexo de intrusão
(em que o estágio do espelho é descrito), e o Complexo de Édipo. Esta estrutura
complexo-imago prefigurava o que se tornaria sua topologia do real, o
imaginário e o simbólico.
Qual a importância de Freud na Psicologia?

A contribuição de Freud à Psicologia é um assunto bastante debatido até


hoje. Um crítico já se referiu à psicanálise como “o mais estupendo conto-do-
vigário intelectual do século XX” (Medawar, citado em Sulloway, 1979, p: 499).
Alguns estudiosos questionaram a eficácia da terapia da psicanálise depois
de pesquisar históricos de casos publicados por ele.

Os defensores de Freud (não poucos) chegam a afirmar que o pai da


psicanálise é responsável por algumas das ideias mais importantes
do século 20, e sua influência transcende a psicologia e se estende à
cultura ocidental como um todo.

Contribuições de Freud à Psicologia

Atualmente há descobertas de fontes e antecedentes de ideias de Freud, o que


contribui para a perda da impressão de originalidade delas. Mesmo assim,
segundo Goodwin, é preciso considerar atentamente sua obra se a intenção é
entender a natureza humana.

Freud não descobriu o inconsciente

Ele não inventou ou descobriu, mas foi responsável por popularizar o conceito
de inconsciente e de alguns de seus componentes, como recalque, defesa e lapso
de língua, integrando-os ao dicionário da Psicologia.
Psicologia X Biologia

No fim do século 19 e começo do século 20, a comunidade médica tendia


a explicar distúrbios mentais pela biologia, e sugerir os tratamentos à partir
disso. Freud mostrou que alguns problemas tem origem psicológica, assim
podendo ser administrados através de tratamentos psicológicos (psicoterapia).

Críticas à psicologia de Sigmund Freud

É notória a fixação delepelo sexo, e isso teve grande influência nos


desentendimentos que ele teve com muitos colegas, como Adler, Breuer
e Jung (que rompeu de vez a relação ao contrariar o conceito de libido de
Freud). Cada um desses tomou caminhos diferentes dentro da psicologia, mas
no geral, atualmente entende-se que a complexidade do comportamento
humano não se baseia unicamente na sexualidade. Freud afirmava que a
estrutura da personalidade é é determinada em essência durante os primeiros
cinco ou seis anos de vida, e aí entram conceitos famosos como Complexo de
Édipo e Complexo de Electra.

O status científico de sua psicologia era alvo de críticas por alguns mais
acostumados a vida em laboratórios. Consideravam que ele usava amostras
limitadas, era parcial no uso de dados de pacientes e definia muito amplamente
termos, o que dificultava a testagem de suas teorias. O autoritarismo também
era uma marca registrada, e de certa forma ia contra a tradição positivista da
ciência.

Freud machista?

As opiniões sobre a psicologia feminina (como a inveja do pênis) também são


hoje discutidas, mesmo que na época a visão das mulheres como inferiores em
alguns aspectos fosse comum. Para contrapor a possível ideia de machista que
pode se fazer de Freud por isso, deve-se dizer que ele não se opunha à formação
da mulheres analistas, sendo favorável até, tendo como bom exemplo sua
própria filha Anna. Já chegou a reconhecer sua limitação na compreensão da
psique feminina, certa vez se queixando: “O que quer uma mulher?” (citado em
Gay, 1988, p. 501).

Metapsicologia: A grande teoria de Freud

Muitas de suas ideias resistem até hoje. Em 1910 Harvelock Ellis concluiu:

“Mas se […] às vezes seleciona um fio muito fino [para ‘amarrar’ seus
argumentos teóricos], Freud raramente deixa de enfiar-lhes pérolas – e
estas têm valor, independentemente de o fio partir-se ou não” (Ellis, 1910,
citado em Sulloway, 1979, p. 500).
Freud X Nietzsche

Críticos radicais já chegaram a dizer que Freud plagiou Nietzsche e que o


filósofo deu uma dura do psicólogo, enquanto outros dizem que essa ideia já é
descartada. De toda forma achei muito interessante a história porque os dois
são grandes influências pra mim, além de Schopenhauer, que também entra
nessa bagunça aí.

História da relação entre Freud e Jung


Tudo começou em 1901 quando Jung teve o primeiro contato com a obra de
Freud pelo livro A Interpretação dos Sonhos. De primeira, Jung confessou que
não deu a importância devida às teorias Freudianas, mas depois de dar uma
atenção maior passou a defender a divulgar a psicanálise pela Europa.

Freud reconheceu a importância disso, porque era judeu e no início do século


XX, mesmo décadas antes de Hitler, o antissemitismo já era forte na Europa.

1906 – Jung envia a Freud um livro seu em que cita diversas vezes
a Interpretação dos Sonhos. Freud responde a carta, agradece, mas diz que já
tinha comprado um exemplar. A partir disso eles vão trocar 359 cartas,
contendo informações sobre seus sonhos, análises, confidências e onde
discutiam casos clínicos.

Em 1907 Jung vai da Suíça até a Áustria a convite do Freud e eles tem o
primeiro contato presencial, que resulta numa conversa de 13 horas
ininterruptas.

Eles se aproximaram e
ganharam intimidade.
Freud, 19 anos mais
velho, adquiriu um
sentimento paternal por
Jung e o via como um
“príncipe herdeiro”, seu
sucessor como defensor
da psicanálise.

Primeira fileira: Sigmund


Freud, Stanley Hall, Carl
Gustav Jung; segunda
fileira: Abraham Brill,
Ernest Jones, Sandor
Ferenczi. Universidade de
Clark, Massachusetts,
Estados Unidos,
Setembro de 1909.
Divergência de Ideias

Jung falou em vários textos sobre a personalidade do Freud e se referiu a ele


como um autor genial, que influenciou toda a cultura ocidental com o
conceito de inconsciente. Com uma grande influência e personalidade forte,
Freud se tornou o centro do desenvolvimento da psicanálise, e alguns que
contrariavam os seus conceitos principais saíram e desenvolveram suas próprias
linhas de pensamento, como Adler com a Psicologia do desenvolvimento
pessoal, e Jung com a Psicologia Analítica.

Jung admitiu em certo momento que não tinha o conhecimento de Freud, e que
precisava de mais experiência antes de firmar um ponto de vista próprio. Em
1910, acontece a dissidência de Alfred Adler, que coloca como ponto principal
para o psicanalista o complexo de inferioridade, e não o complexo de Édipo do
Freud.

Jung vê que uma mesma questão pode ser vista dos dois ângulos, sexualidade e
poder. Daí surgem os tipos psicológicos. Em 1920 ele lança seu livro mais
famoso (Tipos psicológicos), em que ele define conceitos como introversão e
extroversão, por exemplo.

A crítica de Freud em relação a Jung era principalmente pelo interesse dele pela
paranormalidade. Ele achava que isso não era uma fonte válida de estudo e
poderia prejudicar a imagem da psicanálise como ciência.

A principal crítica do Jung (e de outros) em relação a Freud era a importância


exagerada que ele dava à sexualidade. O Freud mantém a sexualidade como
centro da psicanálise até 1920, quando ele lança o livro Além do princípio do
prazer, reformula seus conceitos principais e enfatiza os instintos de vida e os
instintos de morte, mas mesmo assim Jung explora um campo bem maior.

Método interpretativo Analítico X Sintético

Além da sexualidade, Jung também discordava do método interpretativo. Para


ele o método do Freud era analítico, enquanto o seu era sintético.

O método analítico ou redutivo procura dividir o conteúdo psíquico – como um


sonho ou sintoma – em várias partes e analisar o sentido existente ali. O método
sintético (do Jung) analisa todo o contexto.
Por exemplo, se o paciente tinha sonhado com um leão na casa dele com a mãe
dele, a interpretação analítica de Freud ia dividir cada parte do conteúdo e fazer
a associação livre separadamente de cada parte: o leão, a casa e a mãe (e
provavelmente alguma dessas coisas representaria um pênis) A interpretação
sintética do Jung não foge do conteúdo, não divide. Um leão é um leão e não
tem que ser associado sozinho à outra coisa.

Passado X Futuro

Outra diferença é que Freud ia buscar significados na infância do paciente,


enquanto Jung buscava um sentido teleológico, o para quê. Ele considerava não
só as causas do conteúdo, mas também a finalidade e a direção que aquilo
poderia tomar no futuro.

O filme Um método perigoso (2011) trata da relação entre Freud e Jung, e


também fala muito de Sabina Spielrein, que foi amante de Jung, paciente dos
dois, e se tornou psicanalista depois, chegando a influenciar de certa forma o
pensamento de ambos.

Jung mantém a Presidência da Associação Psicanalítica Internacional até 1914,


mas em 1912 a relação esfria com a publicação do último capítulo do
livro Símbolos da Transformação da Libido, intitulado “O Sacrifício”.
Neste, Jung discorda abertamente da concepção de libido de Freud,
que, naquele momento, possuía ênfase na sexualidade. Para Jung, a libido ou
energia psíquica era mais ampla, envolvia não só a sexualidade, mas várias
outras coisas, como o poder, a alimentação, a espiritualidade, etc.

Depois disso a relação fica tensa, e com pouca conversa. Freud chega a desmaiar
duas vezes na frente de Jung, e esse último não se torna o herdeiro da
psicanálise. Os dois vão estar em lados opostos, indiretamente, durante o
Nazismo e a 2º guerra mundial, mas esse é assunto pra outro artigo.
Complexos de C. G. Jung – Como surgiram?

Associação de Palavras e os Complexos de Jung

Pode-se dizer que o desenvolvimento do conceito de complexos de Jung fora


uma consequência do início do seu trabalho no hospital Burghölzli e a
influência da pesquisa do diretor Eugen Bleuler. Este trabalhava em sua
monografia a respeito da demência precoce que, após a publicação deste
trabalho, em 1911, passar a ser conhecida como esquizofrenia. O estudo do
diretor era baseado no associonismo, segundo Bleuler: “Toda a existência
psíquica do passado e do presente com todas as suas experiências e lutas reflete-
se na atividade associativa. Essa atividade é, portanto, índice de todos os
processos psíquicos que necessitamos decifrar a fim de conhecer o homem
total”.

Jung tornou-se colaborador de Bleuler e administrou experiências que


possibilitaram a descoberta da dissociação da psi e daí surge o nome
esquizofrenia (do grego: separar, fender), sendo abandonado o antigo conceito
de demência precoce. As experiências consistiam na associação de palavras,
organizava-se uma lista de palavras aleatórias (palavras indutoras) e a cada uma
delas, o indivíduo examinado reagia com uma outra palavra (palavra induzida).
A partir daí, por meio de um cronômetro era possível de se detectar o tempo de
reação do indivíduo.

O tempo de reação e o comportamento apresentado pelo examinado eram


observados atentamente pelo examinador e eram variáveis. Outros
pesquisadores não davam a devida atenção às reações “anormais” dadas pelos
indivíduos. Por exemplo, à reação a uma palavra poderia decorrer de
manifestações fisiológicas (enrubescimento, risadas, nervosismo, falar mais que
o necessário), enquanto para muitos isso era apenas um incômodo a ser
tolerado durante a pesquisa, Jung percebeu que havia algo a mais ali, uma
manifestação emocional. Este conteúdo emocional foi denominado por ele
de “complexos afetivos” ou apenas “complexos”.
O vídeo abaixo exemplifica o funcionamento da pesquisa de associação de
palavras que Jung conduziu.

Jung se deparou com doentes cujas funções se apresentavam todas dissociadas,


o que parecia impossibilitar a associação de palavras. Entretanto ele insistiu e
percebeu que, se utilizasse os neologismos dos próprios doentes, poderia atingir
conteúdos emocionais (os complexos), de forma semelhante como naqueles cujo
nível de dissociação apresentava-se menor.

Deve-se ressaltar que o método de associação (como evidenciado no vídeo)


deixou de ser utilizado por Jung, uma vez que ele se sentia capaz de detectar os
complexos diretamente pela observação. Os complexos nada mais são que
conteúdo psíquico carregado de afetividade, imersos no inconsciente e capazes
de atingir nosso estado emocional. Nas palavras de Nise da Silveira “Como
demônios soltos, infernizam a vida no lar e no trabalho.”

Evolução do Conceito
Em 1934, Jung redigiu um breve trabalho: Revisão da teoria dos complexos, em
que os define como “A imagem de situações psíquicas fortemente carregadas de
emoção e incompatíveis com a atitude e a atmosfera consciente habituais. Essa
imagem é dotada de coesão interna, de uma espécie de totalidade própria e de
um grau relativamente elevado de autonomia.” Posteriormente o autor relaciona
os complexos com os arquétipos e com o inconsciente coletivo, inserindo
complexos específicos como o complexo de mãe e o complexo de inferioridade,
por exemplo.

Fonte: Silveira, N. da. Jung: Vida e Obra. Capítulo II – Das Experiências de


Associações à Descobertas dos Complexos. p. 27 a 39. 14ª Edição (1994)
Eros e Thanatos:
“Instintos” de vida e morte de Freud
A Teoria das pulsões de
Freud evoluiu ao longo de sua vida e
obra. Ele inicialmente descrevia uma
classe de unidades conhecidas como os
“instintos de vida” e acreditava que essas
unidades eram responsáveis por grande
parte do comportamento.
Eventualmente, ele chegou a acreditar
que só esses instintos de vida não
poderiam explicar todo o comportamento
humano. Freud determinou que todos os
instintos caem em uma das duas classes
principais: os instintos de vida ou os instintos de morte.

Instinto de Vida (Eros)

Às vezes referidos como instintos sexuais, os instintos de vida são aqueles que
lidam com a sobrevivência básica, prazer, e reprodução. Esses instintos são
importantes para sustentar a vida do indivíduo, bem como a continuação da
espécie. Enquanto eles são freqüentemente chamados de instintos sexuais, essas
unidades também incluem coisas como sede, fome, assim como evitar a dor. A
energia criada pelos instintos de vida é conhecida
como libido. Comportamentos comumente associados com o instinto de vida
incluem amor, cooperação e outras ações pró-sociais.

Instinto de morte (Thanatos)

Inicialmente descrito em seu livro Além do princípio do prazer (Beyond the


Pleasure Principle), Freud propôs que “o objetivo de toda a vida é a morte”
(1920). Ele observou que as pessoas o experimentam após um evento
traumático (como guerra), que muitas vezes revive a experiência. Ele concluiu
que as pessoas têm um desejo inconsciente de morrer, mas que este
desejo é amplamente temperado pelos instintos de vida. Na visão de Freud, o
comportamento auto-destrutivo é uma expressão da energia criada pelos
instintos de morte. Quando esta energia é dirigida para fora e para os outros, é
expressada como agressão e violência.

O que é inconsciente?
(E porque é como um iceberg)

O que é inconsciente para Freud

Na teoria psicanalítica da
personalidade de Freud, a mente
inconsciente é um reservatório de
sentimentos, pensamentos, impulsos, e
memórias que está fora da
nossa consciência. A maior parte dos
conteúdos do inconsciente são
inaceitáveis ou desagradáveis, tais como
sensações de dor, ansiedade, ou conflito.
De acordo com Freud, o inconsciente
continua a influenciar o nosso
comportamento e experiência, mesmo
que nós não tenhamos conhecimento
dessas influências subjacentes.

A mente inconsciente é freqüentemente representada como um iceberg. Tudo


acima da água representa o consciente, enquanto tudo abaixo da água
representa o inconsciente.

Freud acreditava que muitos dos nossos sentimentos, desejos e emoções são
reprimidos ou mantidos fora da consciência. Por quê? Porque, ele sugeriu, eles
eram simplesmente ameaçadores. Freud acreditava que, por vezes, esses desejos
ocultos se davam a conhecer através de sonhos e lapsos de linguagem (os atos
falhos ou “lapsos freudianos“).
Freud também acreditava que ele poderia trazer esses sentimentos
inconscientes à consciência através do uso de uma técnica chamada de livre
associação.

Ele pediu a pacientes para relaxar e dizer o que me vinha à mente, sem qualquer
consideração sobre quão trivial, irrelevante ou embaraçoso poderia ser. Ao
traçar essas correntes de pensamento, Freud acreditava que ele poderia
descobrir o conteúdo da mente inconsciente, onde desejos reprimidos e
memórias dolorosas de infância estavam.

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