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1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3
3.2.3 Winnicott....................................................................................... 24
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1 INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
Bons estudos!
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1.1 O NASCIMENTO DA PSICANÁLISE
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humana. Sua maneira sistemática de investigar analiticamente as questões em aberto
o levou a criar uma abordagem revolucionária, a psicanálise.
1.2 A psicanálise
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possibilidades de compreensão dos fenômenos sociais contemporâneos que
desafiam a visão do homem como ser civilizado. Entre tais fenômenos, podemos
considerar a violência crescente, as brigas mesquinhas, o hedonismo intensificado e
o individualismo em suas várias formas. São elementos que levaram à extinção de
milhares de pessoas frágeis na cadeia de ecossistemas.
Antes de chegar ao método da psicanálise, Freud iniciou suas investigações
psicológicas com o método da hipnose aprendido com Josef Breuer. Através da
hipnose o paciente recordou eventos dolorosos esquecidos e experiências que
causaram um comportamento compulsivo, às vezes angustiante e doloroso. A
aplicação deste método resultou no desaparecimento dos sintomas da doença em
pacientes. No entanto, reconhecendo que nem todos os pacientes eram fáceis de
hipnotizar, Freud decidiu abandonar esse método, sem, no entanto, abandonar a
sugestão como meio de lembrar. Ele continuou sua pesquisa e decidiu abandonar o
método catártico, um passo crucial para chegar ao método que chamou de
psicanálise.
Freud abandonou a sugestão catártica e criou a técnica da concentração. Para
ele, esse foi um recurso eficaz para facilitar a lembrança, e por meio de conversas
formais. Esse processo deve inibir a resistência das memórias e levar à consciência
de fatos esquecidos (bons e ruins). Em seguida, aprimorou esses recursos e deixou
de lado a conversa dirigida em favor da liberdade de expressão do paciente
(conversão livre) como caminho de rememoração e autoconhecimento. Ao fazê-lo,
Freud estabeleceu a técnica que representa uma referência no tratamento analítico
(BOCK et al., 2002).
Embora tenha obtido bons resultados no tratamento de seus pacientes, Freud
teve dificuldade de compreensão, fazendo com que as lembranças de eventos
traumáticos fossem esquecidas ou neutralizadas. A partir desse levantamento ele fez
a tremenda descoberta do principal fundamento da teoria psicanalítica: o inconsciente.
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2 TEORIA PSICANALÍTICA
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de um mundo fechado ao universo infinito, Descartes se curvava ao estudo da
subjetividade.
Chalmers (1999) também chamou a atenção para as transformações científicas
desse período com as pesquisas inovadoras de Galileu e Newton em oposição à
antiga concepção aristotélica de ciência, ou seja, a lógica cada vez mais absorvia a
experiência como fonte de conhecimento: a empiristas (indutivistas). Embora os
pensadores indutivistas também sejam criticados por Chalmers (1999), que considera
a ingenuidade de pensar a ciência como neutra em relação ao objeto observável,
podemos dizer que esses indutivistas, como Freud, são os que mais se preocupam
com os estudos à psique humana porque é impossível ao homem observar algo
puramente objetivo.
O campo filosófico associado ao estudo do conhecimento e da subjetividade
humana começou a abrir seu universo para o desenvolvimento de diversas teorias
críticas, incluindo as de Kant (1724-1804), Hume (1711-1776) e Hegel (1770-1831)
que, segundo García-Roza (1993), seguem esse modo cartesiano de afirmar a
verdade da razão como a maior característica do comportamento humano.
A partir dessa visão cartesiana da subjetividade, o campo da psicologia foi
definido e consolidado como ciência até meados do século XIX e início do século XX,
período em que surgiram diversos movimentos e correntes de pensamento que
examinaram e focaram os fatores psicológicos fundamentais (pensamento,
inteligência, linguagem, percepção, motivação etc.) e sobre o comportamento
humano, a partir do conhecimento e da subjetividade derivados das correntes
filosóficas, herdeiras da hegemonia platônica da Antiguidade Clássica.
No campo da psicologia como ciência, Wilhelm Wundt é considerado um
pioneiro da psicologia experimental ao lado de Ernst Heinrich Weber e Gustav
Theodor Fechner, em Wundt fundou seu laboratório no Instituto Experimental de
Psicologia da Universidade de Leipzig em 1879, Alemanha, e atraiu estudantes de
diferentes partes do mundo.
Para Araújo (2009, p. 211): “A definição de psicologia de Wundt pode ser assim
resumida: A psicologia é uma ciência empírica cujo objeto de estudo é interior ou
experiência imediata”. Da escola de Wundt em diante, várias outras escolas de
pensamento moldaram o tema da psicologia. Ainda no século 19 nos Estados Unidos,
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graduados da Escola de Leipzig demonstraram os ensinamentos de Wundt através
do estruturalismo de Titchener (1877-1927) e do funcionalismo de J. Dewey (1859-
1952), Angel (1869-1949) e H. A. Carr (1873-1954).
No século XX as escolas de psicologia começaram a se definir de acordo com
seu arcabouço teórico: Psicologia Comportamental: Watson (1878–1958); Psicologia
da Gestalt com alguns dos seus precursores, como Wertheimer (1880–1943), Koffka
(1886–1941) e Köhler (1887–1967); Behaviorismo: Skinner (1904–1990); Psicologia
Cognitiva: Piaget (1896–1980); Psicanálise: Freud (1856–1939).
Freud se dedicou ao estudo do Eu delimitado, não pela razão, mas pelo desejo,
descobrindo, em virtude disso, o Ics. O princípio dos seus trabalhos para explicar a
técnica psicanalítica, ocorreu pela força do neurologista francês Jean-Martin Charcot
(1825–1893) sobre a hipnose (FREUD, 1996a) como sendo uma forma de acessar os
conteúdos obscuros que fugiam das decisões conscientes de uma pessoa. Não
conseguindo ver eficácia da hipnose em seu trabalho clínico, Freud começou a
orientar sua clínica por meio da associação livre de ideias, em conjunto com o que os
próprios pacientes lhe retornavam.
No princípio, ele usava uma leve pressão sobre a fronte dos pacientes, como
se aquilo pudesse induzi-los a falar o que lhes viesse à mente, porém, um deles
sinalizou que aquele procedimento não era necessário e que bastava que o
psicanalista deixasse que ele falasse livremente. E foi assim que Freud passou a
sugerir que seus clientes falassem o que lhes viesse à cabeça, sem censura,
definindo-se, assim, o método psicanalítico pela livre associação de ideias.
A psicanálise, como técnica construída por Sigmund Freud (1856-1939),
contrariou o Eu único da razão e da verdade de Descartes introduzindo então a visão
do Eu dividido obscurecendo a verdade. No entanto, Freud, não conseguiu se livrar
do modo platônico de construção do conhecimento e da ciência (positivista). García-
Roza (1993, p. 20) fez essa distinção da seguinte forma: “[...] A psicanálise provocou
uma queda da razão e da consciência do lugar sagrado onde foram encontradas. Ao
fazer da consciência um mero efeito superficial do inconsciente, Freud praticou uma
inversão do cartesianismo [...]”.
A psicanálise freudiana contribuiu muito para a compreensão do funcionamento
mental e do comportamento humano e para o tratamento da dor, isto é, com o Ics, o
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comportamento humano não pode ser explicado somente em termos de aspectos
psicológicos racionais. A partir disso, formou-se todo um movimento que valoriza o
afeto. Para Freud (1996b), o conflito psíquico é resultado do choque de forças
instintivas (inconscientes) e repressivas (derivadas do Ego e do Superego), sendo os
sintomas as representações simbólicas desse conflito. Ele revelou a instância do Ics
e revelou a ideia da dissociação do Eu em sujeito consciente e inconsciente e os
impulsos que movem os desejos do homem em impulsos de vida e morte (FREUD,
1996a) que funcionam sob diferentes lógicas.
Freud argumentou que, além da associação livre, existe outra forma de acessar
os conteúdos inconscientes expressos por meio das memórias: as reminiscências dos
sonhos (FREUD, 1996c, 1996d). O médico chocou a comunidade científica ao
defender a existência da sexualidade infantil e citar os traumas sofridos na infância
pela instância do complexo de Édipo (FREUD, 1996e). Também revelou aspectos
subjetivos como repressões, resistências e identificações como coadjuvantes
formação do caráter, personalidade e comportamento humano e o fenômeno da
transferência como eixo do tratamento psicanalítico (FREUD, 1996e).
Para Garcia-Roza (1993), foi a produção do conceito de Ics que resultou em
uma cisão da subjetividade, indicando, de tal forma, para uma constatação do sujeito
sob duas realidades — um sujeito dividido —, pois, se a alma fosse passiva de
cognição, não existiria erro. Salienta-se que o Ics freudiano não é o lugar das trevas,
da irracionalidade, sua lógica é apenas diferente da lógica da consciência e é o desejo
(e não a razão) que a anima.
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pesquisadores de seu período (Breuer, Ferenczi, Fliess e outros). A base de criação
da psicanálise é em 1896 com a definição do aparelho psíquico.
Para Mezan (2008), Freud estava ligado a Charcot pela vinculação da histeria
com o processo de hipnose e com Breuer pelo processo catártico e pela teoria dos
estados hipnoides (FREUD, 1996a). A evolução clínica da Psicanálise o fez avançar,
a ponto de acabar com a amizade com Breuer, como reconhece o próprio Freud
(1996f).
Segundo Baratto (2009), o Ics foi elaborado como um sistema de
representações que obedece às leis do deslocamento e da compressão, e representa
a instância real da produção do pensamento, que pode encontrar na palavra um meio
de expressão (como registro do simbólico). A psicanálise teve um árduo caminho
histórico para formulá-la. Para o autor, o objetivo de Freud era aliviar o sofrimento do
paciente expresso por meio dos sintomas, tentando examinar o momento preciso em
que o trauma associado foi notado. Freud tentou usar as técnicas de hipnose e catarse
para descobrir a causa desencadeante dos sintomas. Inicialmente, foram abordados
sintomas que não podiam ser localizados em lesões biológicas, como paralisia, tiques,
cegueira e comportamentos repetitivos. Nessa jornada exploratória, Freud descobriu
a presença de uma força poderosa que se opunha à tomada de consciência de certos
aspectos inconscientes, que ele chamou de resistência.
A prática clínica mostrou que as emoções dolorosas tendem a permanecer
associadas a uma memória. Usando a associação livre, ele identificou a liberação de
certos sofrimentos psicológicos. Nesta primeira parte da teoria freudiana, podemos
dizer que em estudos clínicos de pacientes histéricas, verificou-se que eles sofriam
de lembranças das situações traumáticas para eles (principalmente na infância) e
produziam sintomas. Para se livrar dos sintomas, os pacientes tiveram que recuperar
essas memórias por meio da fala.
García-Roza (1993) denota para o surgimento de uma primeira definição de
organização do aparelho psíquico no Projeto para uma Psicologia Científica (FREUD,
1996i), onde o que se convencionou chamar de Ego tem uma função repressiva com
o objetivo de inibir o investimento de energia instintiva da imagem de memória de um
objeto satisfatório, evitando assim alucinações. Ainda intimamente relacionada às
descargas elétricas neurais, essa força vê a oposição expressa entre o Ego (Cs) e o
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reprimido (Ics). Ao enfatizar a memória como mais do que um evento, Freud articulou
o conceito de mente, que está intimamente ligado à teoria do trauma, ou seja,
reconheceu que o trauma nem sempre está ligado a um evento real, mas, sim, à
experiência fantasmagórica que o paciente tem.
Para Baratto (2009), Freud (1996c, 1996d), na interpretação dos sonhos,
confirma que a estrutura do fantasma é comparável à estrutura do sonho, pois o
fantasma e o sonho representam formas de realização inconsciente de desejos. Além
disso, os mecanismos de deslocamento e condensação são fundamentais para o
trabalho do Eu na deformação do desejo (como mecanismos de defesa) que tendem
a obscurecê-lo para o sujeito.
No que se refere aos mecanismos de defesa — pontos importantes na obra
freudiana —, é importante salientar que eles são, sumariamente, formas de o sujeito
consciente se proteger de algum conflito entre o Ego e o mundo externo ou entre o
Ego e os desejos inconscientes. Tais mecanismos geralmente são indispensáveis
para o sujeito quando este precisa enfrentar algo considerado, pelo seu Ego, como
perigoso ou ameaçador.
O sujeito acaba criando formas imaginárias para se proteger dessa situação,
que geralmente se repete diante de novas situações que por algum motivo se
assemelham ao primeiro evento que foi rotulado de traumático. No entanto, não se
limitam tão somente aos fenômenos mencionados por Baratto (2009) e Maia (2009)
em relação à formação do conteúdo dos sonhos, mas também a estes. Os
mecanismos de defesa são definidos, abordados e trabalhados ao longo do
desenvolvimento da psicanálise em textos como As neuropsicoses de defesa
(FREUD, 1996b) e Inibições, Sintomas e Angústia (FREUD, 1996g). Sobre os
mecanismos de deslocamento e compressão, Maia (2009) afirma que, para Freud, os
sonhos não se reduzem a um conteúdo inconsciente, pois são, na verdade, formações
do Ego.
Já em 1905, com base nas contribuições do editor inglês James Strachey,
Freud havia publicado duas de suas obras mais importantes sobre o conhecimento
baseado na descoberta da Ics e na compreensão da sexualidade humana: A
Interpretação dos Sonhos e os Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade
(EDINGTON, 2012). Nesse período, Freud definiu, além da formulação do Ics, alguns
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aspectos importantes que caracterizam a psicanálise: a livre associação de ideias e a
interpretação dos sonhos como acesso ao seu conteúdo, a vida psíquica sexual da
criança e o medo da castração (Complexo de Édipo), resistência e supressão da
realização da libido pelo sistema consciente e pôr fim a presença constante da
dualidade das pulsões (autopreservação e sexualidade).
Quanto ao complexo de Édipo, Moreira (2004) confirma que não se trata
apenas de um caso de um complexo nuclear de neurose (uma das psicopatologias
estudadas por Freud na psicanálise que inclui a histeria - fenômeno psíquico
identificado em seus primeiros pacientes cujo tratamento constitui própria teoria
psicanalítica), mas a partir de um ponto de virada na sexualidade humana.
O complexo de Édipo estrutura e organiza como o sujeito se posiciona em sua
vida e como esse sujeito diferencia o Eu e o outro, o mundo interior e o exterior, e os
sexos. 'A Resolução do Complexo de Édipo' (FREUD, 1996h) é um texto fundamental
que define essa estrutura complexa, que muito contribuiu para a teoria psicanalítica e
é usada como referência por outras escolas de psicanálise.
Testi (2012) observa que Freud (1996e), em busca das situações patogênicas
que surgiam das repressões da sexualidade e quando surgiam os sintomas ao invés
das fantasias reprimidas, examinou a história do sujeito até a infância. Segundo esse
autor, Freud (1996e) deixou clara sua posição sobre a sexualidade infantil desde os
Três Ensaios, embora se detendo apenas aos adultos. Testi (2012) lembra que Freud
supervisionou a análise de Hans e sua própria filha realizada por seus pais,
observando o comportamento das crianças.
A partir de 1910, Freud fez uma clara distinção entre pulsões de
autopreservação (um conjunto de necessidades associadas às funções vitais do corpo
e reguladas pelo princípio de realidade) e pulsões sexuais (GARCIA-ROZA, 1993).
Freud (1996i) afirmou ter constatado que a satisfação dessas necessidades é
acompanhada por uma sensação de prazer. No entanto, essa luxúria está
desvinculada do instinto, não mais tomando como objeto algo do mundo real, mas um
fantasma do objeto, representando assim instintos sexuais em oposição aos de
autopreservação. Em Freud (1996j), esse contraste entre pulsões é suavizado pelo
contraste entre a libido do Ego (narcisista) e a libido objetal (libido investido em objetos
externos).
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É apenas no texto de 1914 que Freud vai definir mais claramente o Ego em
oposição ao Ics e a ruptura com Jung, por persistir com a ideia da sexualização da
libido (GARCIA-ROZA, 1993). Avançando em seus estudos sobre o embate de forças
inconscientes e conscientes, Freud formulou uma nova organização psíquica, a qual
alguns autores chamam de esquema topográfico do aparelho psíquico. Dessa forma,
Freud (1996k) distinguiu três instâncias mentais: o Ics, o Pré-Cs e o Consciente (Cs).
O trabalho da Psicanálise, nesse caso, seria o de tornar conscientes os
conteúdos inconscientes. Baratto (2009) afirma que, no texto O Inconsciente, Freud
(1996j) levanta a questão de como se dá a transposição, isto é, a passagem das ideias
do sistema Ics para o sistema Cs. Essa questão é precisamente introduzida em função
da concepção tópica de que o aparelho psíquico é constituído por três sistemas: Ics,
Pré-Cs e Cs. Os estudiosos da Psicanálise chamam essa primeira configuração
espacial do psiquismo humano de Primeira Tópica Freudiana.
Segundo Baratto (2009), Freud argumentou que o trabalho clínico prova que a
repressão não é revertida, nem seu efeito é revertido pela sugestão (FREUD, 1996l).
O autor lembra que os psicanalistas devem estar cientes de que a divulgação do Ics
ao paciente atendido na maioria das vezes leva a uma intervenção inofensiva e ao
aumento da resistência.
A psicanálise freudiana não pretende promover uma expansão da consciência,
Freud chamou esse método de ambição terapêutica, uma emoção perigosa para o
analista (selvagem). Freud também sugeriu, mas refutou, a ideia da possibilidade de
que a transição das ideias inconscientes para a consciência ocorresse por meio do
esforço de atenção. O Ics torna-se o Cs pela palavra, ou seja, pelas associações de
ideias inconscientes, já que a repressão nega as ideias. Assim, mais tarde, Lacan
apontou a distinção entre função e estrutura da linguagem para explicar o Ics
(BARATTO, 2009).
Quanto ao recalque, segundo García-Roza (1993), ele vem do Ego e tem como
fonte as demandas éticas e culturais do indivíduo. Freud reconheceu que nem todos
os sujeitos respondiam igualmente às demandas e experiências, e afirmou que um
determinado indivíduo poderia estabelecer um grande ideal de vida em que seu Ego
mede, e outro simplesmente não poderia ter uma referência tão alta, logo entendeu
Freud que para que haja recalque, deve haver um ideal como condição.
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No narcisismo, o verdadeiro Ego funde-se no novo Ego ideal, dotado de
perfeições às quais não se pode renunciar (perfeição narcisista infantil). O homem
então procura recuperá-lo através de uma forma de um ideal do Ego. Aqui temos dois
conceitos importantes para a dinâmica psíquica: o Ego ideal (busca repressão) e o
ideal do Ego (busca idealização).
Na obra Luto e Melancolia, Freud (1996j), trata de forma mais precisa sobre o
Narcisismo, e a identificação imaginária com o objeto, caracterizando como a libido
no processo de luto deve passar pelo teste da realidade e o confronto com a perda do
objeto para se esvaziar dos laços afetivos anteriormente associados a ele. Um
processo semelhante, mas fundamentalmente diferente, ocorre na melancolia, um
processo no qual o paciente identifica o objeto fantasia com o Ego e continua a enrista-
lo através dessa identificação.
Ainda de acordo com as ideias de García-Roza (1993) notamos que no texto
"Além do Princípio do Prazer" (FREUD, 1996m) ele afirma que há grande parte do Ics
no Ego, isto é, além de uma determinada parte do Ego estar ligada à consciência, há
outra que é inconsciente, contudo, é somente em O Ego e o Id, de Freud (1996h) que
é assinalada a emergência do surgimento de um novo sistema, conhecido como
Segunda Tópica Freudiana: Ego, Id e Superego. Entretanto, essa nova tríade não
substitui a anterior, pois: “[…] enquanto a primeira tópica voltava sua atenção para a
economia libidinal, a segunda está voltada para o confronto da libido com o que lhe é
externo: a exigência de renúncia imposta pela cultura” (GARCIA-ROZA, 1993, p. 206).
Em outras palavras, o que suprime a libido são as regras de uma sociedade. Só se
pode falar do ideal do ego quando o outro é introduzido.
García-Roza (1993) também aponta que Freud admitiu que o Ego é aquela
parte do Id que foi modificada pela proximidade e influência do mundo exterior
(FREUD, 1996n), confrontando o princípio do prazer e a realidade. Mas e o Superego?
Ainda segundo o autor, o Ego não enfrenta apenas o Id, pois uma parte dele se
diferencia e se constitui como entidade autônoma e produz o Superego no psiquismo,
que tem a função de agente crítico. Este é o herdeiro do complexo de Édipo e é
construído com uma tripla função: introspecção, consciência moral e ideal de Ego.
As crises para o sujeito são explicadas pela economia e dinâmica psíquica no
que se refere às negociações do Ego com as demandas instintivas do Id, as
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idealizações e repressões do Superego e da realidade. Uma frase que causou
polêmica no fim da XXXI Conferência (FREUD, 1996n) foi: Wo es war, sol ich werden.
Pode ser entendida de diversas maneiras, mas sobretudo como: onde isto (Id) estava,
então Eu devo ser (estar) — uma análise mais aprofunda foi realizada posteriormente
por Jacques Lacan (GARCIA-ROZA, 1993).
Complementarmente às questões do Ics são desenvolvidas, por diversos
precursores de Freud, algumas conceituações acerca do Narcisismo, da dissociação
do Ego, das fases erógenas infantis, do fortalecimento do Ego, da educação, entre
outras características de comportamento e desenvolvimento humano.
Podemos destacar aqueles que se mantiveram atrelados à Escola Freudiana:
Karl Abraham (estudos dos estágios pré-genitais do desenvolvimento e
sobre o Narcisismo);
Sandor Ferenczi (fundamentos da teoria das relações objetais e a teoria
do trauma da sedução real infantil);
Wilhelm Reich (crítica de que uma análise deve ir além da remoção dos
sintomas, visando a mudanças na armadura resistencial);
Anna Freud (enalteceu e aprofundou as funções do Ego e foi pioneira da
Psicanálise com crianças) e Bion.
Além de outras escolas oriundas da Psicanálise freudiana, como a kleiniana,
winnicotiana, do Ego, do self e a Escola Lacaniana, entre outras, destacaremos
algumas dessas escolas a seguir, considerando suas contribuições à subjetividade e
ao desenvolvimento humano (GARCIA-ROZA, 1993).
Por fim, podemos conceituar Id, Ego e Superego, que, como já vimos, foram
desenvolvidos por Freud entre 1920 e 1923 como uma segunda teoria para
aperfeiçoar sua descoberta ao afirmar que o aparelho psíquico consiste nesses três
componentes específicos, senão vejamos:
Id: Para Freud, o Id deve ser entendido como um reservatório de energias
psíquicas, como o lugar de onde emanam os impulsos de vida (eros) e morte
(thanatus). O Id é o componente arcaico e inconsciente das energias mentais
(psique) que alimentam o comportamento humano. Do Id vêm os impulsos
cegos e impessoais dedicados à gratificação pessoal. Este componente não
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consegue perceber os limites de suas ações. É o mais inconsciente dos três
componentes. Está nos mais profundos do aparelho psíquico;
Ego: Este componente exerce controle sobre a experiência consciente e regula
as ações entre a pessoa e o ambiente. Ocupa a posição de centros de
referência para toda atividade psíquica e qualidades egocêntricas. Além disso,
sempre se esforça para a autopreservação do organismo. Através do Ego, as
pessoas aprendem tudo sobre a realidade externa e orientam seu
comportamento para evitar estados dolorosos, medos e punições. Quanto às
suas funções básicas, o Ego é responsável por memórias, sentimentos,
pensamentos, repressão, etc.
Superego: para Freud, o Superego é o representante de uma natureza superior
do "Ego". Ele trabalha com o objetivo de evitar penalidades e infrações.
Também é responsável por promover as ideias moralmente aceitas. Também
de acordo com a teoria freudiana, o Ego surge com o complexo de Édipo, da
internalização de proibições, limites e autoridades. Como funções básicas
podemos considerar a geração de culpa, o sentimento de inferioridade, virtude,
a equação mágica de desejo e ação, e a necessidade inconsciente de punição.
Na concepção da psicanálise, esses três sistemas não são vazios. Ao contrário,
são habitadas por conteúdos decorrentes de experiências pessoais e particulares que
as pessoas descrevem sequencialmente como seres sociais. Por isso, na teoria
psicanalítica, para compreender um indivíduo é preciso resgatar seu passado, os
conteúdos de suas experiências passadas (BOCK et al., 2002).
Como vimos, Freud deixou seus pacientes para falar e conduzir sessões
analíticas, e descobriu que alguns se sentiam estranhamente embaraçados e
retraídos quando certos conteúdos, pensamentos ou imagens lembradas surgiam. Ele
percebeu que havia uma força tentando parar tais atos e pensamentos.
Com base nessas evidências, foi estabelecida a presença de dois elementos
envolvidos na origem do esquecimento. Ele chamou o primeiro elemento de
resistência (poder psíquico impedindo a revelação, a consciência de um pensamento).
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A segunda foi a repressão. Esse poder funciona no sentido de fazer desaparecer a
consciência de uma lembrança, a lembrança de algo insuportável e doloroso que pode
estar na origem do sintoma do paciente. Com base nessas considerações, Freud
descobriu a existência do inconsciente como parte do aparelho psíquico.
De acordo com a teoria psicanalítica, existe um recipiente intrapsíquico no qual
residem todas as memórias. Freud chamou esse lugar de inconsciente. Em sua
tentativa de compreender o esquecimento, os erros percebidos nas sessões de
análise, a percepção freudiana levou à conclusão de que o inconsciente humano o
orienta em suas decisões e sentimentos e tem sua própria lógica e leis de
funcionamento.
Após estudos em seu livro A Interpretação dos Sonhos, Freud apresentou sua
primeira ideia da estrutura e funcionamento do aparelho psíquico, a personalidade.
Para ele existem três entidades psíquicas que compõem o aparelho psíquico, senão
vejamos: inconsciente, pré-consciente e consciente. A seguir, você pode conhecer
cada uma delas:
Consciente: nessa localidade residem os conteúdos conscientes, as ideias
e os pensamentos mais presentes. Esse é uma doutrina do instrumento
psíquico em que as informações do universo exterior e interno são
recebidas, pensadas e percebidas;
Pré-consciente: neste caso, são os conteúdos que são acessíveis à
consciência, mas podem ou não ser incluídos, e isso sem um esforço muito
grande por parte do indivíduo. Esta parte do sistema psíquico é um ponto
intermediário entre estados de consciência e o estado de inconsciência;
Inconsciente: contém o conteúdo da memória, boas e más lembranças, ou
seja, fatos ou lembranças de episódios inconscientes. Freud definiu o
inconsciente como o sistema no qual se agrupam os conteúdos não
presentes na mente consciente. Existem os conteúdos reprimidos que são
impedidos de entrar na consciência. Este ocorre devido ao efeito de censura
dos mecanismos internos de defesa. Freud enfatiza que o inconsciente é
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uma parte do sistema psíquico que se rege por suas próprias leis de
funcionamento e não se limita à noção de tempo. No inconsciente não há
ideia de passado e presente.
3.1.2 Sublimação
Como você já viu, existe uma força interior no inconsciente humano que
conspira para que os desejos sejam realizados sem culpa ou desconforto. Essa força
busca a paz de consciência. Freud chamou isso de mecanismo de defesa. Como o
nome sugere, esse mecanismo tenta mitigar o conflito negando ou distorcendo a
realidade. É um instinto que mantém o contentamento interior. Na concepção
psicanalítica, esses mecanismos, na maioria dos casos em que atuam, tentam
defender o autoconceito da pessoa e podem, assim, impedir o desenvolvimento
saudável da personalidade.
Um dos mecanismos de defesa mais bem estudados por Freud é a sublimação.
Este é um poderoso instinto/impulso que permite que impulsos indesejados sejam
convertidos em algo menos prejudicial. Esse instinto permite que conteúdos que não
podem ser expressos diretamente pela pessoa por serem violentos ou repulsivos se
manifestem na vida da sociedade por meio de atividades intelectuais, artísticas,
religiosas, atos que beneficiam a organização social em vez de prejudicá-la. Disso
pode-se deduzir que talvez a arte de Leonardo da Vinci e a música de Beethoven
sejam o resultado da sublimação de seus desejos desapontados ou emoções
tempestuosas.
Como você pode ver, a sublimação pode ser vista como uma importante
ferramenta de apaziguamento e manutenção da ordem social. Sem eles, a
convivência social poderia se tornar muito perigosa e difícil.
Contudo, para Jorge (2008, 153):
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Ainda para o autor, “os primórdios do processo de sublimação interessam a
Freud na medida em que permitem a produção de diferentes associações que de outra
forma não seriam observadas. Assim, haveria uma estreita ligação entre a sublimação
e o chamado saber ou pulsão de pesquisa, cuja atividade ocorre entre 3 e 5 anos.
Essa ânsia estaria ligada, por um lado, à ânsia de dominação, da qual seria uma forma
sublimada, e por outro, à escopofilia”. Com isso em mente, lembre-se de que o termo
teoria vem do grego theoria, significando o ato de ver, observar e investigar (JORGE,
2008, p. 153).
A supressão pela formação reativa é uma subespécie de sublimação. Ela se
inicia no período de latência e continua por toda a vida constituindo o que se chama
de caráter:
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investimento libidinal no Ego. O narcisismo primário descreve um estado precoce em
que a criança investe toda a libido em si mesma (autoerotismo), ao passo que o
secundário descreve o retorno da libido ao Ego depois da retirada dos investimentos
objetais (libido do objeto). O narcisismo primário é entendido aqui, enquanto realidade
psíquica, como o mito primário do regresso ao seio materno, sendo o autoerotismo
uma fase anterior e preparatória ao narcisismo. Uma das formas de lidar com o
narcisismo infantil é o recalque (função normalizante).
Freud defendia tanto o menino quanto a menina como sendo o primeiro objeto
original de amor da mãe, mas insistia na ideia de que o abandono da mãe, como
objeto de amor, é uma condição necessária para a entrada da menina no Édipo
(MOREIRA, 2004). Freud caracterizou as fases de desenvolvimento infantil a partir
das pulsões sexuais em quatro fazes: oral, anal, genital e fálica.
Para Testi (2012), a sexualidade infantil na teoria freudiana não se caracteriza
por uma fase cronológica de desenvolvimento, mas por fases de organização psíquica
frente ao objeto. Na constituição psíquica do sujeito, Freud classificou duas etapas de
organização pré-genital: a oral e a sádico-anal, pois estando a satisfação a serviço da
autopreservação, é natural que ocorra em referência à nutrição. Situada entre a
organização pré-genital e a organização sexual adulta, é definida uma organização
sexual infantil ou fálica (sob a primazia do falo). O amadurecimento da criança pode
levar à resolução (dissolução) de seu Complexo de Édipo.
Devemos destacar, ainda, algumas contribuições à constituição do sujeito e ao
seu desenvolvimento segundo outras Escolas de Psicanálise pós-freudiana. Além de
Anna Freud, que deu continuidade à Escola de seu pai, mas tomando rumos próprios,
Jung, que fundou sua própria terapia, Abraham, Bion, entre outros, podemos também
destacar as contribuições de Melaine Klein. Segundo Ribeiro e Caropreso (2018),
entre 1920 e 1945, a Psicanálise infantil se restringia ao circuito europeu, tendo Anna
Freud, Melaine Klein, Margaret Mahler, Donald Winnicott, Spitz, Ferencsi e Abraham
como seus principais estudiosos. Com os determinantes da Segunda Guerra, alguns
desses psicanalistas precisaram se mudar para os Estados Unidos.
21
3.2.1 Melanie Klein
22
3.2.2 Heiz Kohut
Outra importante escola fundada nos EUA foi a psicologia do self. Foi
estabelecida por Heiz Kohut, um médico austríaco que, como Mahler e outros, estava
fugindo do caos dos nazistas. Kohut inicialmente se considerava um profundo
estudioso dos conceitos freudianos, mas em Chicago se distanciou desses conceitos
fundamentais da psicanálise tradicional. Para Kohut, os conceitos psicanalíticos
assumiram posições muito ortodoxas (as escolas de Anna Freud, Melanie Klein e a
psicologia do Ego). Ele explicou que os fenômenos psicológicos só podem ser
apreendidos através da introspecção e da empatia. Enquanto estudava patologias
narcísicas, sofreu fortes críticas negativas, mas seus ensinamentos foram ampliados.
Segundo Sarkis (2016), os estudos de Kohut sobre patologias narcísicas
apresentados em obras e publicados em seus livros têm recebido críticas negativas.
Colegas e alunos se reuniram e o ajudaram a fundar o Grupo de Estudos de Psicologia
do Ego. Heiz Kohut formulou o conceito do self-objeto respondendo empaticamente
às necessidades psicológicas, ou seja, o indivíduo que passa a ter uma experiência
associada a funções que um bebê ainda não pode desempenhar sozinho porque
possui apenas um núcleo de self desenvolvido por meio da conexão consigo mesmo
(SARKIS, 2016). Mais especificamente, para o bebê, o adulto que cuida dele é uma
parte dele mesmo.
O Ego-objeto idealizado garante segurança, apoio e um sentimento de
pertencimento a um contexto humano, mas quando esse Ego-objeto falha, ele vem
conduzindo a uma internalização idealizada do ego apegado, levando a patologias do
Ego narcisista. Kohut defendeu a existência de um Eu completo (não defeituoso) com
habilidades plenas, criativas e produtivas em oposição ao Eu narcisista (defeituoso).
A cura do Ego narcísico ocorre através das experiências emocionais do
paciente em reativação e análise de transferência, durante o processo analítico as
emoções inconscientes são revividas e processadas na mente consciente.
Posteriormente, Kohut modificou alguns conceitos como o narcisismo, que foi
conceituado como uma estrutura da mente, algo típico das relações humanas, com
capacidade de transformações evolutivas. Através do conceito de raiva narcísica, ele
criticou a agressão destrutiva que responde à ameaça de fragmentação do Eu. Além
disso, Kohut utilizou metáforas para distinguir o homem culpado (a relação do homem
23
com suas pulsões) do homem trágico (em busca de sentido existencial), enfatizando
seu distanciamento da psicanálise freudiana, e afirmando que o homem corre riscos
pela ameaça de fragmentação do self.
3.2.3 Winnicott
24
self fragmentado (gesto espontâneo, criativo), há um eixo central, um núcleo, a partir
do qual amadurece e produz experiência, fator primordial no desenvolvimento da
análise winnicottiana.
A psicopatia é caracterizada por uma perturbação ou falha no ambiente. A
teoria de Winnicott baseia-se no fato de que a psique não é uma estrutura pré-
existente, mas algo constituído a partir da elaboração imaginativa do corpo e de suas
funções - o que constitui o binômio psique-soma. Essa elaboração se dá na
oportunidade materna de exercer funções primordiais como posse (permitindo a
integração no tempo e no espaço), manipulação (permitindo que a psique se aloje no
corpo) e apresentação de objetos (permitindo o contato com a realidade).
O psique-soma primitivo se move ao longo de uma linha de desenvolvimento
enquanto a continuidade de sua existência não for quebrada. Isso requer um ambiente
suficientemente bom no qual as necessidades do bebê sejam atendidas. Um ambiente
ruim parece uma invasão à qual o psicossoma (o bebê) tem que responder. Essa
reação interrompe a continuidade da existência do bebê. A doença surge então como
resultado de perturbações na relação mãe-filho, pois estas provocam perturbações no
desenvolvimento do indivíduo. Tais distúrbios criam uma sensação de ausência de
limites corporais, despersonalização iminente, medos inimagináveis, ameaças de
desintegração e despedaçamento e de cair para sempre e falta de coesão
psicossomática.
26
conceitos que contribuem para o entendimento do campo da Psicologia e para o
desenvolvimento do ser humano, ao comparar a ideia e a dinâmica da sexualidade
infantil presente em todas essas linhas de pesquisa, podemos afirmar que o ser
humano sofre enquanto ainda retém conteúdos infantis na forma de agir no mundo
externo? Talvez aqueles que conseguem melhor se adaptar às exigências do nosso
ambiente interno e externo sejam sujeitos um pouco mais amadurecidos e livres de
suas energias libidinais infantilizadas.
A psicanálise é uma teoria social que surgiu entre o final do século XIX e início
do século XX. Assim, buscou-se oferecer respostas aos problemas enfrentados por
pessoas que vivenciam conflitos psicológicos, exacerbados por circunstâncias
históricas, sociais, políticas, econômicas e culturais emergentes. A todo momento
Freud tentou compreender seu mundo compreendendo o ser humano em sua parte
mais íntima, o inconsciente. Ele sabia o quanto a realidade, constrangimentos e
exigências cotidianas influenciam a vida interior dos sujeitos e sua racionalidade.
Com esse caminho, a psicanálise apontou para a necessidade de construir
espaços em que a liberdade e a individualidade fossem levadas a sério. A busca pela
liberdade e emancipação do homem leva à afirmação do potencial humano. A
proposição freudiana de um ser humano mais autônomo e livre - ou pelo menos mais
consciente da existência dos vínculos sufocantes dos complexos morais - permite a
emergência de uma organização social menos repressiva.
Para a psicanálise é mais fácil para a pessoa autoconfiante lidar com o
sofrimento e as ausências. Confirmando essa visão, Bock et al. (2002, p. 80) reitera
que a finalidade da psicanálise como trabalho de investigação do autoconhecimento
é “[...] criar mecanismos de superação dificuldades, conflitos e submissão a uma
produção mais autônoma, criativa e humana de cada indivíduo, grupo, instituição […]”.
A influência e a importância dos conceitos de Freud na organização das
sociedades contemporâneas e na cultura que molda a vida em todo o Ocidente não
podem ser negadas. A grande contribuição para a ciência, arte, literatura e cultura em
geral está na descoberta do inconsciente. Disso nasce uma nova compreensão do ser
27
humano, diferente daquela anteriormente postulada pela filosofia moderna, com sua
acentuada ênfase na possibilidade de plena autonomia humana com base na razão.
O homem moderno tem sido descrito como uma máquina, sem emoção, frio.
Os postulados freudianos minam essa visão ao afirmar que o homem não é tão
proprietário de seus caminhos. A psicanálise demonstra a existência de outro "Eu" no
homem que o controla inconscientemente e demonstra que pessoas precisam ter uma
visão mais verdadeira de si mesmas. No entendimento de Mendes (2006), quando
Freud deu ao inconsciente um status de “alteridade radical”, por ter suas próprias leis
e lógica e não ser dependente da razão cartesiana, ele foi ao mesmo tempo
caracterizado pela genialidade. Tempo que o apresentou como um bom construtor da
cultura emergente.
A descoberta do inconsciente e sua descrição impactaram diretamente
algumas premissas da religião e da organização da sociedade, e demonstraram o
poder do conteúdo imaginário e da criação de ilusões. A pessoa concebida pela
psicanálise precisa estar em um relacionamento saudável para se manter produtiva e
ativa. Sua racionalidade depende de condições externas que afetam sua realidade
interior e suas disposições mais queridas. Daí a importância do outro, da
interdependência, de uma experiência mais livre, menos repressiva, mais criativa.
Outro elemento importante é a contribuição da psicanálise para o estudo da
neurociência e para a própria educação, bem como para as artes, como aponta
Mendes (2006, documento online):
28
Da análise do curso histórico da cultura decorre que a psicanálise, que
transcende as fronteiras entre o normal e o patológico, tornou-se uma psicologia geral.
Invadiu todo o campo da história humana: arte, religião, filosofia, antropologia etc. Em
suma, o vínculo da psicanálise com a realidade contemporânea é tal que é impossível
imaginar um mundo sem jargões e conceitos freudianos. Não há como ler e
compreender o homem e suas manifestações culturais e religiosas sem considerar as
afirmações de Freud sobre o inconsciente. Como você viu, o inconsciente cria os
desejos e impulsos que orientam as decisões e os sentimentos humanos. Nele o
sujeito se encontra e se revela completamente.
29
conceito de inconsciente a partir da consciência. Para ele, a consciência pertence aos
conteúdos acessíveis ao sujeito. Consiste em perceber tudo ao nosso redor:
sentimentos, pensamentos e percepções. O inconsciente, por outro lado, pode ser
entendido como um registro de experiências e memórias traumáticas, assim como
desejos reprimidos e que podem se manifestar como sintomas. A ansiedade e o medo
são exemplos da influência do inconsciente em nossas vidas.
30
histéricas, contribuindo teoricamente para as discussões sobre a função do irreflexivo
e as sintomatologias (FREUD, 1996).
Entre 1893 e 1899 Freud desenvolveu o método da hipnose para promover a
catarse. O objetivo era aliviar os sintomas no momento em que se formavam, pois, o
médico observava a dificuldade de seus pacientes em associar o sintoma a algo
relacionado a si mesmo. Assim surgiu o conceito de resistência, um obstáculo entre o
conteúdo reprimido no inconsciente até a chegada da consciência. O autor também
descobriu que as emoções desencadeadas por eventos traumáticos estavam
intimamente ligadas às memórias.
Segundo Sampaio Primo (2015), Freud teve um intercâmbio intelectual com
Breuer sobre casos clínicos, o que foi importante para influenciar a construção da
histeria nas obras de Freud. Por muito tempo o psicanalista utilizou a hipnose como
método de estudo da histeria, mas finalmente a abandonou quando percebeu que o
aspecto principal dos sintomas histéricos são as reminiscências, ou seja, memórias
reprimidas por serem traumáticas. As atuações de Charcot, as trocas intelectuais com
Breuer e a prática clínica permitiram a Freud seguir seu caminho pessoal de pesquisa.
O médico então abandonou a hipnose e a teoria do trauma, concluindo que os
histéricos sofriam de flashbacks.
Nesse contexto, a consciência surgiu como um aspecto de extrema relevância
para o desenvolvimento da obra de Freud (2011b), pois é a partir deste que se
configuram as discussões sobre o papel do aparelho e as dimensões do inconsciente.
Segundo Freud (2011b), o ser consciente do sujeito é um estado relativo. Ou seja,
memórias, pensamentos e emoções podem escapar rapidamente da nossa
consciência, mas também podem reaparecer sob condições que os encorajam, como
em conversas, lembranças ou visitas a determinados lugares.
No entanto, para compreender plenamente o conceito de consciência, é
necessário reconhecer as diferenças entre o consciente e o inconsciente. A teoria
psicanalítica sugere que o inconsciente armazena experiências psíquicas como
traumas, emoções e memórias que podem se tornar conscientes como ideias, embora
essa não seja uma dinâmica tão fácil de apreender (FREUD, 2011b).
Para Freud, o inconsciente existe apenas do ponto de vista consciente. A
consciência, portanto, para o médico é a percepção do mundo exterior, a percepção
31
dos estados afetivos de prazer-dor e faz parte dos processos dinâmicos do sujeito
(GOMES, 2003). Não obstante, em O Inconsciente, Freud (2010) reconhece a
complexidade dos processos perceptivos. Para ele existem dois mundos: o interno,
que está relacionado a todos os conteúdos inconscientes e; o externo, representado
pela nossa percepção de mundo e pelos nossos valores e experiências.
Na obra Negação, o autor aponta que aquilo que se percebe não
necessariamente precisa estar integrado ao Ego e que a grande questão é se os
conteúdos do Ego, que estão presentes como representação, podem atingir a
percepção da realidade. (FREUD, 2014). Apesar de sua complexidade, a questão do
conteúdo interno e externo é fundamental para a compreensão da esfera psíquica.
Embora existam representações, segundo Coelho Junior (1999), elas decorrem de
percepções de mundo. Dessa forma, a representação garante a realidade, ou pelo
menos sua representação.
Com essas considerações podemos perceber que Freud desenvolveu
conceitos importantes como consciente e inconsciente que são essenciais para
entender como a dinâmica psíquica é gerada e como lidar com conteúdos reprimidos
no inconsciente. Também foram discutidas as relações freudianas entre o consciente
e o inconsciente, subsidiando a construção do autor da topografia do aparelho
psíquico idealizado.
32
Ao que é latente, tão só descritivamente inconsciente, e não no sentido
dinâmico, chamamos de pré-consciente; o termo inconsciente limitamos ao
reprimido dinamicamente inconsciente, de modo que possuímos agora três
termos, consciente (cs), pré-consciente (pcs) e inconsciente (ics), cujo
sentido não é mais puramente descritivo. O pcs, supomos, está muito mais
próximo ao cs do que o ics, e, como qualificamos o ics de psíquico, tampouco
hesitaremos em qualificar o pcs latente de psíquico.
34
5.3 Consciência dos processos do Eu
35
Nesse sentido, o Eu pode ser entendido como uma forma de repertório verbal
que indica o comportamento do sujeito, influenciado pelo social e por questões que
levam o indivíduo a compreender quem é. Os estudos de caso são de grande
relevância para as discussões sobre a aplicabilidade e aplicação teórica da
psicanálise em um determinado contexto clínico, convidando-nos a refletir sobre a
construção do tema à luz da experiência, trauma e história de vida.
Neste capítulo você viu que a teoria freudiana da consciência inclui vários
aspectos, como o estudo do aparelho psíquico que demarca o consciente, o pré-
consciente e o inconsciente. O autor esclareceu que para uma consciência deve haver
um inconsciente, que por sua vez atua como reservatório de emoções, pensamentos
e memórias. Os grandes psicanalistas como Lacan, Adler, Bettelheim, Jung, Pichon-
Rivière e Erikson baseiam suas discussões nos escritos de Freud. Não é um
argumento fácil de entender, mas é fascinante para psicanalistas e entusiastas do
assunto.
As diversas constatações de Freud sobre o consciente e o inconsciente
serviram de base para a compreensão do trauma, da elaboração do conteúdo
manifesto e latente da variedade de sofrimentos psicológicos que o sujeito
experimenta ao longo da vida. De fato, a teoria da consciência tem sido de imensa
importância para construções conceituais de diferentes perspectivas. Os escritos de
Freud contribuíram e continuam contribuindo diretamente para a prática psicanalítica
e para o trabalho de pesquisadores e entusiastas do inconsciente.
36
proposta original da ciência moderna em seu autor principal, apresentamos a
afirmação de Descartes (1641/2008) segundo a qual a dúvida hiperbólica é a
transmissão da certeza, sendo o sujeito fruto do cogito a "coisa, que pensa" e,
ampliando a definição a partir do conceito de coisa: "Coisa que duvida, entende,
compreende, afirma, nega, quer, não quer, e também imagina e sente" (p. 92).
Segundo Descartes, tudo isso faria parte do que o autor chama de "natureza
humana". Consequentemente, Descartes propõe um método científico que poderia
orientar esse pensamento, que refinaria a variabilidade desse assunto para que ele
não errasse. O rigor do método seria usado para controle, senão vejamos:
Mas vejo bem o que se passa; meu espírito é um vagabundo que gosta de se
perder e não poderia suportar que o prendam nos justos limites da verdade.
Soltemos-lhe, pois, mais uma vez as rédeas e, dando-lhe todo tipo de
liberdade, permitamos-lhe considerar os objetos que lhe aparecem
externamente, para que, vindo mais tarde a retirá-la lenta e
convenientemente e a detê-lo na consideração de seu ser e das coisas que
encontra em si mesmo, ele se deixe depois disso mais facilmente governar e
conduzir. (Descartes, 1641/2008, p. 93)
A ciência moderna, que tem a obra cartesiana como marco, propôs a ênfase
no sujeito como resultado de um método de purificação, de rigor científico, em que o
principal objetivo das correntes epistemológicas era buscar um sujeito epistemológico
completo, consciente de sua era autoconsciente e mestre absoluto de tua vontade.
Com isso em mente temos a proposta de um tema movido pela razão em oposição às
paixões mundanas.
Desse rigor, segundo Figueiredo (1995), surge uma cisão entre um sujeito
ascético e tudo o que afeta a confiabilidade desse sujeito, ou seja, tudo o que pode
relacionar-se com seus desejos e inclinações, bem como com sua variabilidade e
singularidade. Segundo o autor, afirmamos que é possível constatar o repetido
fracasso dessa cisão, a partir da história construída sobre o projeto epistemológico
moderno e suas diversas versões.
Consideramos a psicanálise, segundo García-Roza (2009), como parte de um
“conjunto de saberes sobre o homem que vem evoluindo desde o século XIX” que
propõe o descentramento da razão (p. 22). Isso não significa que a psicanálise ignore
a razão consciente, resultado do refinamento do método, mas não é mais a base
cognitiva primária da teoria psicanalítica. Então aqui temos uma razão baseada no
37
inconsciente sobredeterminando o consciente, e a teoria freudiana indicaria a
sobredeterminação inconsciente, o que implica que o sujeito não é dono de sua
própria casa, ou seja, não tem controle total dos seus desejos, pensamentos,
sentimentos e afetos. Portanto, a psicanálise enfatiza a variabilidade em detrimento
da regularidade e generalização dos fenômenos, o que implica repensar a relação
com os modelos científicos.
Nesse sentido, a citação a seguir traz um panorama das questões a serem
tratadas no artigo, a saber, a constituição do estatuto epistemológico da psicanálise e
a construção de conceitos a partir de uma teoria do inconsciente, que aponta para o
sujeito em seu contexto e à sua maneira deseja:
38
Lacan (1998) afirma em Ciência e Verdade que é "impensável que a psicanálise
como prática, que o inconsciente, o de Freud, como descoberta, pudesse ter ocorrido
antes do nascimento da ciência" e que não houve suposta ruptura com o "cientificismo
de seu tempo" (p. 871), mas esse mesmo cientificismo o teria levado a lançar as bases
da teoria psicanalítica.
Segundo Figueiredo (1995), embora tenha nascido nesse contexto de
purificação da variabilidade dos sujeitos pelo rigor do método, a psicanálise lida
justamente com o que a ciência deixa de lado, pois o que é negligenciado é algo que
nunca deixa escrito vir a ser, que ou seja, estar presente através das formações do
inconsciente: sonhos, lapsos, chistes e sintomas. Isso implica que o “resto” dessa
ciência, ainda que suprimida pela ciência moderna, está presente em nossas ações
cotidianas por meio das manifestações do inconsciente. Se para Lacan (1998) o
sujeito da psicanálise não pode ser outro senão o sujeito da ciência, aqui é o sujeito
“não da desrazão, mas da razão inconsciente, cuja lógica também é apreendida pelo
método psicanalítico” (QUINET, 2000, pág. 12).
O ponto de partida da argumentação não poderia ter sido outro senão o modo
como Freud (1915/1996) abordou cada vez mais as estruturas discursivas de seus
pacientes, sua clínica, diferentemente das propostas de reduzir o fenômeno aos seus
determinantes biológicos, estabelecendo uma nova posição epistemológica de
aperfeiçoamento em relação aos projetos originais de estabelecimento de uma
psicologia centrada na consciência: a metapsicologia.
Diante das variadas críticas recebidas, em seu artigo metapsicológico, o autor
questiona, portanto, o que é uma ciência:
Isso implica que "nem mesmo as ciências mais precisas" têm o poder (e talvez
o direito) de construir verdades absolutas na elaboração de seus conceitos. Freud
baseia-se no movimento sistemático de escrutínio conceitual que ele atribui à ciência,
39
o que dá à sua teoria o status de uma ciência em vez de um dogma (imutável). Nesse
sentido, Kisses (2000) aponta que "a obra de Freud é tão variada e a exploração da
realidade psíquica o levou a percorrer tantas áreas da mente humana que sempre há
flancos em seu texto" (p .27).
Um exemplo da revisão teórico-conceitual realizada por Freud (1897/1996) é
quando ele escreve a Fliess, na Carta 69, dizendo que não acredita mais em sua
neurótica, que é a primeira teoria das neuroses como teoria da sedução, passando a
redigir a teoria da fantasia. Importa salientar também que nos três ensaios sobre a
teoria da sexualidade Freud (1905/1996) faz acréscimos significativos ao texto na
forma de notas de rodapé. Este é mais um exemplo de verificação teórica do autor de
seus próprios textos.
Para Freud, porém, neste momento a construção do conceito difere da
verificação da realidade ou da própria coisa, mas do corte radical que a psicanálise
segue, após a leitura lacaniana, entre saber e verdade. Um caminho possível que se
seguiria nesse caso seria retornar ao conceito freudiano de realidade psíquica, que
implica a possibilidade de evitar a construção de elementos mentais que são vistos
como simulacros do exterior, que mediriam a verdade ou o erro. Segundo Freud
(FREUD, 1924/1996, p. 208):
41
ou seja, como a linha da experiência que sanciona o sujeito da ciência” (p. 871),
afirmando que ela cria um sujeito autônomo, artificial e provisório. Nesse sentido, a
releitura de Lacan possibilitaria pensar a ciência como origem de um regime peculiar
de existência imanente ao desejo como sujeito estruturante.
Dessa forma, Freud (1923/1996) formula a definição de psicanálise no início do
artigo, Dois verbetes da enciclopédia, em que o autor afirma que psicanálise é o nome:
Do método de estudo dos processos mentais que de outra forma são
praticamente inacessíveis;
O método de tratamento dos transtornos neuróticos baseado nesta pesquisa;
A série de conceitos psicológicos adquiridos dessa maneira, que são
gradualmente adicionados a uma nova disciplina científica. Ele distingue a
psicanálise da filosofia e afirma que, embora a primeira esteja próxima de uma
ciência humana, não deve ser equiparada à segunda.
A partir disso, podemos dizer que o advento da psicanálise freudiana propôs
uma revisão epistemológica das ciências até então existentes em torno do estudo do
homem. Isso não significa que as ciências da época tivessem que ser
epistemologicamente reestruturadas para serem bem utilizadas para o estudo da
mente humana segundo parâmetros freudianos, mas sim que a assunção do
inconsciente e sua entrada no universo das pesquisas desafiam os parâmetros de
construção dos critérios epistemológicos das ciências em geral. Isso se deve ao
questionamento sistemático do tema do conhecimento e da lógica da razão por meio
da psicanálise.
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