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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

FACULDADE DE EDUCAÇÃO
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

LICENCIATURA EM PSICOLOGIA, 1o ANO-LABORAL


PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

Teoria Psicanalítica: Sigmund Freud

Discentes:
 Afonso Jaime Mulungo
 Edite Eduardo Nhaca
 Haná Cassamo Mussá
 Hilario Alexandre Ubisse
 Thema Henriques Maliba

Docentes:
 Dr. Rui João
 Dr. Etelvino Mutatisse
 Dr. Alcídio Cumbe

Maputo, Fevereiro de 2021


Índice
1. Introdução ................................................................................................................................ 3
2. Objectivos ................................................................................................................................ 4
2.1. Objectivo geral: ................................................................................................................ 4
2.2. Objectivos específicos ...................................................................................................... 4
3. Metodologia ............................................................................................................................. 4
4. Conceito de psicanálise ........................................................................................................... 5
5. Breve historial.......................................................................................................................... 5
6. Teoria Psicanalítica.................................................................................................................. 6
7. Estrutura e dinâmica da personalidade .................................................................................... 6
7.1. Mecanismos de defesa ...................................................................................................... 7
7.2. Os níveis da consciência ou modelo topológico da mente ............................................... 7
7.3. Modelo estrutural da personalidade ................................................................................. 8
8. Fases do desenvolvimento psicossexual .................................................................................. 9
a) Fase oral ............................................................................................................................. 10
b) Fase anal............................................................................................................................. 11
c) Fase fálica .......................................................................................................................... 11
d) Período de latência ............................................................................................................. 12
e) Fase genital ........................................................................................................................ 13
9. Teoria psicanalítica dos transtornos mentais ......................................................................... 13
a) Primeiro tipo: neuroses ...................................................................................................... 13
b) Segundo tipo: psicose ........................................................................................................ 15
c) Terceiro tipo: Perversões ................................................................................................... 16
10. Conclusão........................................................................................................................... 17
11. Bibliografia ........................................................................................................................ 18
1. Introdução
O presente trabalho surge no âmbito da cadeira de Psicologia do Desenvolvimento, que
constitui uma das unidades curriculares do curso de licenciatura em Psicologia. A
fundamentação desta pesquisa é sobre o desenvolvimento da teoria Psicanalítica de Sigmund
Freud (1856-1939) da “Sexualidade Infantil”, dando relevância as suas intuições tendo como
base seus estudos que acabou por criar a psicanálise.
2. Objectivos

2.1. Objectivo geral:


 Entender a teoria psicanalítica de Sigmund Freud

2.2. Objectivos específicos:


 Descrever a estrutura e dinâmica da personalidade
 Identificar os mecanismos de defesa
 Comparar os níveis da consciência
 Descrever o modelo estrutural da personalidade
 Comparar as diferentes fases do desenvolvimento psicossexual;
 Descrever a teoria psicanalítica dos transtornos mentais.

3. Metodologia
A metodologia usada na realização do trabalho foi a revisão de literatura.
Teoria psicanalítica: Sigmund Freud

4. Conceito de psicanálise
A psicanálise é um método de investigação da mente humana e dos seus processos, que
eleva a mente para além das suas relações biológicas e fisiológicas. Para tanto, ela toma como
objecto os processos mentais (emoções, sentimentos, impulsos e pensamentos) que determinam
os indivíduos.

5. Breve historial
Sigmund Freud, fundador da Psicanálise, nasceu na Morávia em 06 de Maio de 1856 e
morreu em 23 de Setembro de 1939, em Londres, onde viveu seus últimos anos, exilado pelos
efeitos do nazismo. Em Viena, onde vivia, Freud desenvolveu uma extensa obra, criando os
conceitos pilares e um modelo teórico inédito e original que conhecemos como Psicanálise.

Freud era judeu, para sua formação ele tinha duas opções que eram: fazer direito ou
medicina. Ele optou por medicina e teve sua formação aos 26 anos, foi químico geral e fez
algumas cirurgias, depois cursou psiquiatria, neurologia onde chegou a realizar estudos com a
cocaína (defendeu o uso e depois o desuso por ver suas consequências).

Freud chegou por visitar a França (Paris) onde ele conheceu o hipnólogo e terapeuta Jean
Martin Charcot, com o qual ele descobre ou aponta a inconsciência como a causa dos nos feitos e
pensamento.

Ele continuou desenvolvendo estudos sobre o inconsciente. Encorajava na época os


pacientes a falarem livremente para fazer analogia conforme os sintomas daí que surge o método
de associação livre - usado por muitos profissionais da psicanálise.

Foi em 1896 que o termo psicanálise foi adoptado por Freud para a sua própria
abordagem.

Em 1900 lançou um livro que mudou a maneira de ver os processos psíquicos - obra
“Interpretação dos Sonhos”. No seguinte ano lança “ A psicopatologia da vida quotidiana” o que
culminou com o aparecimento de candidatos à discípulos.
A Psicanálise de Freud revolucionou as crenças científicas de nosso século ao estabelecer
um entendimento especial e singular das motivações do sujeito humano. Freud, além da teoria,
produziu textos sobre temas da cultura, escreveu sobre seus casos clínicos e sobre técnica.

6. Teoria Psicanalítica
É uma teoria que procura descrever a etiologia dos transtornos mentais, o
desenvolvimento do homem e de sua personalidade, além de explicar a motivação humana. Esta
teoria postula que a maior parte da nossa actividade psíquica é de natureza inconsciente. Freud
nos fez ver que não conhecemos nossos desejos, motivos, atitudes, sentimentos, pensamentos tão
bem como acreditávamos. Assim, colocou em dúvida a tão festejada preponderância da razão no
desenvolvimento humano. Com isto, Freud resgata para o campo do fenómeno psicológico a
importância dos aspectos afectivos.

Com base nesse corpo teórico Freud desenvolveu um tipo de psicoterapia. Ao conjunto
formado pela teoria, a prática psicoterapêutica nela baseada e os métodos utilizados dá-se o
nome de psicanálise.

7. Estrutura e dinâmica da personalidade


Freud imaginava a psique (ou aparelho psíquico) do ser humano como um sistema de
energia: cada pessoa é movida, segundo ele, por uma quantidade limitada de energia psíquica.
Isso significa, por um lado, que se grande parte da energia for necessária para a realização de
determinado objectivo (ex. expressão artística) ela não estará disponível para outros objectivos
(ex. sexualidade); por outro lado, se a pessoa não puder dar vazão à sua energia por um canal
(ex. sexualidade), terá de fazê-lo por outro (ex. expressão artística). Essa energia provém das
pulsões (às vezes chamadas incorrectamente de instintos). Segundo o autor, o ser humano possui
duas pulsões inatas, a de vida (Eros) e a de morte (Tânato). Essas duas pulsões opõem-se ao ideal
da sociedade e, por isso, precisam ser controladas através da educação, considerando que a
energia gerada pelas pulsões não é liberada de maneira directa. O ser humano é, assim, sexual e
agressivo por natureza e a função da sociedade é amansar essas tendências naturais do homem.
7.1. Mecanismos de defesa
Freud descreveu muitos mecanismos de defesa no decorrer da sua obra e seu trabalho foi
continuado por sua filha Anna Freud. Os principais mecanismos de defesa são:

 Repressão: é o processo pelo qual se afastam da consciência conflitos e frustrações


demasiadamente dolorosos para serem experimentados ou lembrados, reprimindo-os e
recalcando-os para o inconsciente; o que é desagradável é, assim, esquecido;
 Formação reactiva: consiste em ostentar um procedimento e externar sentimentos
opostos aos impulsos verdadeiros, indesejados;
 Projecção: consiste em atribuir a outros as ideias e tendências que o sujeito não pode
admitir como suas;
 Regressão: consiste em a pessoa retornar a comportamentos imaturos, característicos de
fase de desenvolvimento que a pessoa já passou;
 Fixação: é um congelamento no desenvolvimento, que é impedido de continuar. Uma
parte da libido permanece ligada a um determinado estágio do desenvolvimento e não
permite que a criança passe completamente para o próximo estágio. A fixação está
relacionada com a regressão, uma vez que a probabilidade de uma regressão a um
determinado estágio do desenvolvimento aumenta se a pessoa desenvolveu uma fixação
por este;
 Sublimação: é a satisfação de um impulso inaceitável através de um comportamento
socialmente aceito;
 Identificação: é o processo pelo qual um indivíduo assume uma característica de outro.
Uma forma especial de identificação é a identificação com o agressor;
 Deslocamento: é o processo pelo qual agressões ou outros impulsos indesejáveis, não
podendo ser direccionados à (s) pessoa (s) a que se referem, são direccionadas a terceiros.

7.2. Os níveis da consciência ou modelo topológico da mente


Todos os fenómenos mentais podem ser explicados de forma fisiológica, ou seja, médica.
Então, cada pensamento, cada memória que vem a nossa mente, tem uma fonte seja ela
conhecida ou não (consciente ou inconsciente).O ser humano, no entanto, não se dá conta de
todo esse processo de geração e liberação de energia. Para explicar esse fato, Freud descreve três
níveis de consciência:
 Consciente (al. das Bewusste): abarca todos os fenómenos que em determinado
momento podem ser percebidos de maneira consciente pelo indivíduo;
 Pré-consciente (al. das Vorbewusster): refere-se aos fenómenos que não estão
conscientes em determinado momento, mas podem tornar-se, se o indivíduo desejar se
ocupar com eles;
 Inconsciente (al. das Unbewusster): diz respeito aos fenómenos e conteúdos que não
são conscientes e somente sob circunstâncias muito especiais podem tornar-se. (O termo
subconsciente é muitas vezes usado como sinónimo, apesar de ter sido abandonado pelo
próprio Freud).

Segundo Freud, os desejos e pensamentos humanos produzem muitas vezes conteúdos


que causariam medo ao indivíduo, se não fossem armazenados no inconsciente. Este tem assim
uma função importantíssima de estabilização da vida consciente. Sua investigação levou-o a
propor que o inconsciente é alógico (e por isso aberto a contradições); atemporal e espacial (ou
seja, conteúdos pertencentes a épocas ou espaços diferentes podem estar próximas). Os sonhos
são vistos como expressão simbólica dos conteúdos inconscientes.

Através da compreensão do conceito de inconsciente torna-se clara a compreensão da


motivação na psicanálise clássica: muitos desejos, sentimentos e motivos são inconscientes, por
serem muito dolorosos para se tornarem conscientes. No entanto esse conteúdo inconsciente
influencia a experiência consciente da pessoa, por exemplo, através de actos falhos,
comportamentos aparentemente irracionais, emoções inexplicáveis, medo, depressão, sentimento
de culpa. Assim, os sentimentos, sonhos, desejos e motivos inconscientes influenciam e guiam o
comportamento consciente.

7.3. Modelo estrutural da personalidade


Ao longo de seus estudos, Freud identificou que o aparelho psíquico era mais complexo
do que supunha anteriormente ao propor as três dimensões da mente (consciente, pré-consciente
e inconsciente).

Introduziu, então, a hipótese da existência de outras três instâncias psíquicas (id, ego e
superego), que não anulam suas ideias anteriores, do contrário, as complementam (NÁSIO,
1999; SCHULTZ; SCHULTZ, 2015) – estas estruturas 3 estruturas são sustentadas pela energia
psicossexual (libido) que resulta do conflito entre duas pulsões: pulsões para vida (responsáveis
pela manutenção da vida, para continuarmos vivos) e para morte (para destruição).

O sujeito em Freud é composto por duas partes inconscientes, id e superego, e uma


consciente, o ego. Segundo Freud, o aparelho psíquico era composto por:

 Id: representa o lugar das pulsões. As pulsões são impulsos orgânicos e desejos
inconscientes, que visam ao prazer e a satisfação imediata do indivíduo. Está relacionado
com o prazer sexual, a libido;
 Ego: "eu", é a consciência. Desenvolve-se após o id, realiza uma espécie de mediação
entre as pulsões do id e sua adequação com a realidade. Cabe ao ego encontrar um
equilíbrio entre o id e a terceira parte da mente, o superego;
 Superego: é a outra parte inconsciente relacionada com a censura das pulsões realizadas
pela sociedade através da moral, da educação recebida pelos pais e os ensinamentos de
como se deve agir ou se comportar. Essa estrutura cria uma representação do "eu ideal", o
superego ("super eu") impõe suas repressões ao id.

8. Fases do desenvolvimento psicossexual


O conceito psicanalítico de sexualidade proposto por Freud, traz uma identidade
específica e diferente de tudo aquilo que até então já se havia falado sobre o tema. Freud elabora
seu conceito, no qual a sexualidade aparece como força, ou seja: sexo é energia. Essa energia
vital está ligada precisamente aos instintos, que por sua vez possuem um papel importante na
estrutura orgânica dos seres humanos, actuando tanto no meio interno como no externo da vida
do homem. (SILVA; BRÍGIDO, 2016, p. 126).

Freud foi o primeiro a afirmar que os primeiros anos da vida são os mais importantes para
o desenvolvimento da pessoa e o desenvolvimento do indivíduo se dá em fases ou estádios
psicossexuais. Freud foi, assim, o primeiro autor a afirmar que as crianças também têm uma
sexualidade.

Compreendendo a sexualidade como parte fundamental da personalidade humana e


considerando que ela está presente desde o nascimento até a morte, Freud elaborou a teoria do
desenvolvimento psicossexual, que compreende cinco fases (oral, anal, fálica, latência e genital).
Cada uma dessas fases é definida pela região do corpo a que as pulsões se direccionam.
Em cada fase surgem novas necessidades que exigem satisfação; a maneira como essas
necessidades são satisfeitas determina como a criança se relaciona com outras pessoas e quais
sentimentos ela tem para consigo mesma.

a) Fase oral
A primeira fase do desenvolvimento é a fase oral, que se estende desde o nascimento até
aproximadamente dois anos de vida. Nessa fase a criança vivencia prazer e dor através da
satisfação (ou frustração) de pulsões orais, ou seja, pela boca. Essa satisfação se dá independente
da satisfação da fome, mas inicialmente por ela. Assim, para a criança sugar, mastigar, comer,
morder, cuspir etc. têm uma função ligada ao prazer, além de servirem à alimentação. Ao ser
confrontada com frustrações a criança é obrigada a desenvolver mecanismos para lidar com tais
frustrações. Esses mecanismos são a base da futura personalidade da pessoa. Assim, uma
satisfação insuficiente das pulsões orais pode conduzir a uma tendência para ansiedade e
pessimismo; já uma excessiva satisfação pode levar, através de uma fixação nessa fase, a
dificuldades de aceitar novos objectos como fonte de prazer/dor em fases posteriores,
aumentando assim a probabilidade de uma regressão.

A fase oral se divide em duas fases menores, definidas pelo nascimento dos dentes. Até
então a criança se encontra em uma fase passiva-receptiva; com os primeiros dentes a criança
passa a uma fase sádica-activa através da possibilidade de morder. O principal objecto de ambas
as fases, o seio materno, se torna, assim, um objecto ambivalente. Essa ambivalência caracteriza
a maior parte dos relacionamentos humanos, tanto com pessoas como com objectos.

A fase oral apresenta, assim, cinco modos de funcionamento que podem se desenvolver
em características da personalidade adulta:

 O incorporar do alimento se mostra no adulto como um "incorporar" de saber ou poder,


ou ainda como a capacidade de se identificar com outras pessoas ou de se integrar em
grupos;
 O segurar o seio, não querendo se separar dele, se mostram posteriormente como
persistência e perseverança ou ainda como decisão;
 Morder é o protótipo da destruição, assim do sarcasmo, cinismo e tirania;
 Cuspir se transforma em rejeição;
 O fechar a boca, impedindo a alimentação, conduz a rejeição, negatividade ou
introversão.
O principal processo na fase oral é a criação da ligação entre mãe e filho.

b) Fase anal
A segunda fase, segundo Freud, é a fase anal, que vai aproximadamente do primeiro ao
terceiro ano de vida. Nessa fase a satisfação das pulsões se dirige ao ânus, ao controle da tensão
intestinal. Nessa fase a criança tem de aprender o controlo dos esfíncteres sobre o ato de defecar
e, dessa forma, deve aprender a lidar com a frustração do desejo de satisfazer suas necessidades
imediatamente. Como na fase oral, também os mecanismos desenvolvidos nesta fase influenciam
o desenvolvimento da personalidade. O defecar imediato e descontrolado é o protótipo dos
ataques de raiva; já uma educação muito rígida com relação à higiene pode conduzir tanto a uma
tendência ao caos, aos descuidos, à bagunça quanto a uma tendência a uma organização
compulsiva e exageradamente controlada. Se a mãe faz elogios demais ao fato de a criança
conseguir esperar até o banheiro, pode surgir uma ligação entre dar (as fezes) e receber amor, e a
pessoa pode desenvolver generosidade; se a mãe supervaloriza essas necessidades biológicas, a
criança pode se desenvolver criativa e produtiva ou, pelo contrário, se tornar depressiva, caso ela
não corresponda às expectativas; crianças que se recusam a defecar podem se desenvolver como
coleccionadores, colectores ou avaros.

c) Fase fálica
A fase fálica, que vai dos três aos cinco anos de vida, se caracteriza segundo Freud pela
importância da presença (ou, nas meninas, da ausência) do falo ou pénis; nessa fase prazer e
desprazer estão, assim, centrados na região genital. As dificuldades dessa fase estão ligadas ao
direccionamento da pulsão sexual ou libidinosa ao genitor do sexo oposto e aos problemas
resultantes. A resolução desse conflito está relacionada ao complexo de Édipo e à identificação
com o genitor de mesmo sexo.

Freud desenvolveu sua teoria tendo sobretudo os meninos em vista, uma vez que, para
ele, estes vivenciariam o conflito da fase fálica de maneira mais intensa e ameaçadora. Segundo
Freud o menino deseja nessa fase ter a mãe só para si e não partilhá-la mais com o pai; ao mesmo
tempo ele teme que o pai se vingue, castrando-o. A solução para esse conflito consiste na
repressão tanto do desejo libidinoso com relação à mãe como dos sentimentos agressivos para
com o pai; em um segundo momento realiza-se a identificação do menino com seu pai, o que os
aproxima e conduz, assim, a uma internalização por parte do menino dos valores, convicções,
interesses e posturas do pai. O complexo de Édipo representa um importante passo na formação
do superego e na socialização dos meninos, uma vez que o menino aprende a seguir os valores
dos pais. Essa solução de compromisso permite que tanto o ego (através da diminuição do medo)
e o id (por o menino poder possuir a mãe indirectamente através do pai, com o qual ele se
identifica) sejam parcialmente satisfeitos.

O conflito vivenciado pelas meninas é parecido, contudo com mais possibilidades de


solução. A menina deseja o próprio pai, em parte devido à inveja que sente por não ter um pénis
(al. Penisneid); ela sente-se castrada e culpa à própria mãe por tê-la privado de um falo. Por
outro lado, a mãe representa uma ameaça menos séria, uma vez que uma castração não é
possível. Devido a essa situação diferente, a identificação da menina com a própria mãe é menos
forte do que a do menino com seu pai e, por isso, as meninas teriam uma consciência menos
desenvolvida - afirmação esta que foi rejeitada pela pesquisa empírica. Freud usou o termo
"complexo de Édipo" para ambos os sexos; autores posteriores limitaram o uso da expressão aos
meninos, reservando para as meninas o termo "complexo de Electra", mas que foi rejeitado por
Freud no texto "Sobre a Sexualidade Feminina" de 1931.

A apresentação do complexo de Édipo dada acima é, no entanto, simplificada. Na


realidade o resultado da resolução do complexo de Édipo é sempre uma identificação como
ambos os pais e a força de cada uma dessas identificações depende de diferentes factores, como a
relação entre os elementos masculinos e femininos na predisposição fisiológica da criança ou a
intensidade do medo de castração ou da inveja do pénis. Além disso, a mãe mantém em ambos
os sexos um papel primordial, permanecendo sempre o principal objecto da libido.

d) Período de latência
Depois da agitação dos primeiros anos de vida segue-se uma fase mais tranquila que se
estende até a puberdade. Nessa fase a libido é desinvestida das fantasias e da sexualidade,
tornando-as secundárias, mas reinvestida em outros meios como o desenvolvimento cognitivo,
aprendizado, a assimilação de valores e normas sociais que se tornam as actividades principais
da criança, continuando o desenvolvimento do ego e do superego.
e) Fase genital
A última fase do desenvolvimento psicossocial é a fase genital, que se dá durante a
adolescência. Nessa fase as pulsões sexuais, depois da longa fase de latência e acompanhando as
mudanças corporais, despertam-se novamente, mas desta vez se dirigem a uma pessoa do sexo
oposto, ou não (onde entra a questão da homossexualidade). Como se depreende da explanação
anterior, a escolha do parceiro não se dá independente dos processos de desenvolvimento
anteriores, mas é influenciada pela vivência nas fases anteriores. Além disso, apesar de
continuarem agindo durante toda a vida do indivíduo, os conflitos internos típicos das fases
anteriores atingem na fase genital uma relativa estabilidade conduzindo a pessoa a uma estrutura
do ego que lhe permite enfrentar os desafios da idade adulta.

9. Teoria psicanalítica dos transtornos mentais


Os transtornos mentais caracterizam uma faixa que vai desde formas neuróticas leves até
a loucura, na plenitude do seu termo. "Normal" seria aquela personalidade com capacidade de
viver eficientemente, manter um relacionamento duradouro e emocionalmente satisfatório com
outras pessoas, trabalhar produtivamente, repousar e divertir-se, ser capaz de mensurar, julgar e
lidar com base realista suas qualidades e imperfeições, aceitando-as como são.

No início de sua obra, Freud dividiu os transtornos emocionais, que então ele
denominava psiconeuroses, em três categorias psicopatológicas:

 As neuroses actuais;
 As neuroses transferenciais, também conhecidas como psiconeuroses de defesa (que
eram as histerias, as fobias e as obsessivas);
 As neuroses narcisistas (que constituem os atuais quadros psicóticos).

Classificam-se os transtornos mentais em 3 grandes tipos básicos:

a) Primeiro tipo: neuroses


É a existência de tensão excessiva e prolongada, de conflito persistente ou de uma
necessidade prolongadamente frustrada, é sinal de que na pessoa se configurou uma neurose. A
neurose determina uma modificação, mas não uma desestruturação da personalidade e muito
menos de perda de valores da realidade. Com o desenvolvimento da psicanálise, o conceito
evoluiu, até finalmente encontrar lugar no interior de uma estrutura tripartite, ao lado da psicose
e da perversão. Em consequência disso, do ponto de vista freudiano, classificam-se no registo da
neurose a histeria, a fobia e a neurose obsessiva, às quais é preciso acrescentar a neurose actual,
que abrange a neurose de angústia e a neurastenia, e a psiconeurose, que abarca a neurose de
transferência e a neurose narcísica.

Costuma-se catalogar os sintomas neuróticos em certas categorias, como:

 Histeria: Quando um conflito psíquico encontra saída através de conversões. Neste tipo
de neurose, a ideia conflitual com o ego é convertida em sintomas físicos, como cegueira,
mutismo, paralisias, etc.; que não têm origens orgânicas. Actualmente a histeria foi
banida dos manuais psiquiátricos, o que leva muitas pessoas da área de saúde, inclusive
psicólogos, a acreditarem que a histeria não existe mais. Porém, a histeria ainda existe e
sempre existirá, mesmo que os sintomas possam variar de acordo com a sociedade e o
tempo a que se refere. Algo bastante específico da histeria é sua referência ao corpo e à
sexualidade, especialmente com questão à "o que é uma mulher?";
 Ansiedade: a pessoa é tomada por sentimentos generalizados e persistentes de intensa
angústia sem causa objectiva. Alguns sintomas são: palpitações do coração, tremores,
falta de ar, suor, náusea. Há uma exagerada e ansiosa preocupação por si mesmo;
 Fobias: uma área da personalidade passa a operar por respostas de medo e ansiedade. Na
angústia o medo é difuso e quando vem à tona é sinal de que já existia, há longo tempo.
Se apresenta envolta em muita tensão, preocupação, excitação e desorganização do
comportamento. Na reacção fóbica, o medo se restringe a uma classe limitada de
estímulos e representações objectais. Geralmente verifica-se a associação do medo a
certos objectos, animais ou situações;
 Obsessiva-compulsiva: a obsessão é um termo que se refere a ideias que se impõem
repetidamente à consciência. São por isto dificilmente controláveis. A compulsão refere-
se a impulsos que levam à acção. Está intimamente ligada a uma desordem psicológica
chamada transtorno obsessivo-compulsivo.
b) Segundo tipo: psicose
Se o conceito de neurose é parte integrante do vocabulário da psicanálise, o da psicose
aparece, a princípio, como um anexo proveniente do saber psiquiátrico, pautada numa concepção
do sujeito que se organiza em torno da ideia de alienação e perda da razão.

O psicótico pode se encontrar em estado de depressão, de extrema euforia ou de agitação.


Em dado momento age de um modo e em outro se comporta de maneira totalmente diferente.
Houve uma desestruturação da sua personalidade. O dado clínico para se aferir à psicose é a
alteração dos juízos da realidade. O psicótico passa a perceber a realidade de maneira diferente,
mas não menos real em sua percepção. Por isso afirma com convicção que tem percepções que
nos parecem irreais não apoiadas nem justificadas na lógica e na razão. Nas psicoses, além da
alteração do comportamento, são comuns alucinações (alterações dos órgãos dos sentidos: ouvir
vozes, ver coisas, sentir cheiros ou toques) e delírios (alterações do pensamento sob forma de
conspirações, perseguição, grandeza, riqueza, omnipotência ou de predestinação). As Psicoses se
manifestam como:

 Esquizofrenia: apatia emocional, carência de ambições, desorganização geral da


personalidade, perda de interesse pela vida nas realizações pessoais e sociais. Pensamento
desorganizado, afecto superficial e inapropriado, riso insólito, bobice, infantilidade,
hipocondria, delírios e alucinações transitórias;
 Maníaca-depressiva: caracteriza-se por perturbações psíquicas duradouras e intensas,
decorrentes de uma perda ou de situações externas traumáticas. O estado maníaco pode
ser leve ou agudo. É caracterizado por comportamento exacerbado, hipersexualidade. Os
maníacos são cheios de energia, inquietos, barulhentos, falam alto e têm ideias bizarras,
uma após outra. O estado depressivo, ao contrário, caracteriza-se por inactividade e
desalento. Seus sintomas são: apatia, pesar, tristeza, desânimo, crises de choro, perda de
interesse (embotamento afectivo) pelo trabalho, por amigos e família, bem como por suas
distracções habituais. Torna-se lento na fala, não dorme bem à noite, perde o apetite,
pode ficar um tanto irritado e muito preocupado;
 Paranóia: caracteriza-se sobretudo por ilusões fixas. É um sistema delirante. As ilusões
de perseguição e de grandeza são mais duradouras do que na esquizofrenia paranóide. Os
ressentimentos são profundos. É desconfiado, agressivo, egocêntrico e destruidor.
Acredita que os fins justificam os meios e é incapaz de solicitar carinho;
 Psicose-alcoólica: é habitualmente marcada por violenta intranquilidade, acompanhada
de alucinações de uma natureza aterradora.

c) Terceiro tipo: Perversões


Os perversos, ao vivenciarem o Complexo de Édipo, se recusam a aceitar a castração a
eles imposta passando, então, há duas possibilidades: 1) aferir que para eles não existe castração,
assim, não existem limites sociais impostos às suas acções ou 2) são eles que impõe os limites
proveniente da castração aos outros. Actualmente são comummente relacionados às psicopatias,
porém se relacionam mais abrangentemente com todas as formas de ausência de empatia com o
Outro - pela ausência de actuação do Superego.

Essa estrutura favorece o aparecimento de outros sintomas, como o fetichismo e relações


que objetificam o outro, em troca de obtenção de prazer (parafilias). Retomado por Sigmund
Freud a partir de 1896, o termo perversão foi definitivamente adoptado como conceito pela
psicanálise, que assim conservou a ideia de desvio sexual em relação a uma norma. Não
obstante, nessa nova acepção, o conceito é desprovido de qualquer conotação pejorativa ou
valorizadora e se inscreve, juntamente com a psicose e a neurose, numa estrutura tripartite.
10. Conclusão
Em suma, a Psicanálise de Freud revolucionou as crenças científicas de nosso século ao
estabelecer um entendimento especial e singular das motivações do sujeito humano. Freud, além
da teoria, produziu textos sobre temas da cultura, escreveu sobre seus casos clínicos e sobre
técnica.

Os principais conceitos que inauguram a Psicanálise de Freud são: a noção de


inconsciente; a teoria sexual e o princípio do prazer e de desprazer; a teoria das pulsões e a noção
de aparelho psíquico. Sistemas inconsciente, pré-consciente e consciente; trabalho psíquico;
conflito intrapsíquico; recalcamento; identificações e transferência; A noção de id, ego e
superego e a evolução da teoria das pulsões, que inclui as noções de compulsão à repetição e de
pulsão, de morte, para citar apenas algumas das contribuições fundamentais de Freud.

O desenvolvimento humano para a psicanálise freudiana defende o desenvolvimento


como descontinuo, caracterizado pelo conjunto sucessivo de fases do desenvolvimento
psicossexual, ou seja, de mudanças qualitativas, passa-se da fase oral para anal, e desta para
fálica, reestruturando-se a personalidade em torno de novos conflitos, interesses e novas
relações.

Apesar de polémico Freud contribuiu na ampliação de conhecimentos relativos a


consciência, estudo de emoções.
11. Bibliografia
Xavier, A.S & Nunes, A (2015). Psicologia do desenvolvimento. 4a edição. Fortaleza: Eduece

Pinto, A (2001). Psicologia geral. 1a edição. Lisboa: Universidade aberta

Carver, C.S (2000). Perspectives on personality. Boston: Allyn and Bacon

Ponciano, L.M (2010). Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem

Resenha elaborada por Sílvia Brandão Skowronsky, membro do Instituto da Sociedade Brasileira
de Psicanálise de Porto Alegre. Sigmund Freud

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