Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
Discentes:
Afonso Jaime Mulungo
Edite Eduardo Nhaca
Haná Cassamo Mussá
Hilario Alexandre Ubisse
Thema Henriques Maliba
Docentes:
Dr. Rui João
Dr. Etelvino Mutatisse
Dr. Alcídio Cumbe
3. Metodologia
A metodologia usada na realização do trabalho foi a revisão de literatura.
Teoria psicanalítica: Sigmund Freud
4. Conceito de psicanálise
A psicanálise é um método de investigação da mente humana e dos seus processos, que
eleva a mente para além das suas relações biológicas e fisiológicas. Para tanto, ela toma como
objecto os processos mentais (emoções, sentimentos, impulsos e pensamentos) que determinam
os indivíduos.
5. Breve historial
Sigmund Freud, fundador da Psicanálise, nasceu na Morávia em 06 de Maio de 1856 e
morreu em 23 de Setembro de 1939, em Londres, onde viveu seus últimos anos, exilado pelos
efeitos do nazismo. Em Viena, onde vivia, Freud desenvolveu uma extensa obra, criando os
conceitos pilares e um modelo teórico inédito e original que conhecemos como Psicanálise.
Freud era judeu, para sua formação ele tinha duas opções que eram: fazer direito ou
medicina. Ele optou por medicina e teve sua formação aos 26 anos, foi químico geral e fez
algumas cirurgias, depois cursou psiquiatria, neurologia onde chegou a realizar estudos com a
cocaína (defendeu o uso e depois o desuso por ver suas consequências).
Freud chegou por visitar a França (Paris) onde ele conheceu o hipnólogo e terapeuta Jean
Martin Charcot, com o qual ele descobre ou aponta a inconsciência como a causa dos nos feitos e
pensamento.
Foi em 1896 que o termo psicanálise foi adoptado por Freud para a sua própria
abordagem.
Em 1900 lançou um livro que mudou a maneira de ver os processos psíquicos - obra
“Interpretação dos Sonhos”. No seguinte ano lança “ A psicopatologia da vida quotidiana” o que
culminou com o aparecimento de candidatos à discípulos.
A Psicanálise de Freud revolucionou as crenças científicas de nosso século ao estabelecer
um entendimento especial e singular das motivações do sujeito humano. Freud, além da teoria,
produziu textos sobre temas da cultura, escreveu sobre seus casos clínicos e sobre técnica.
6. Teoria Psicanalítica
É uma teoria que procura descrever a etiologia dos transtornos mentais, o
desenvolvimento do homem e de sua personalidade, além de explicar a motivação humana. Esta
teoria postula que a maior parte da nossa actividade psíquica é de natureza inconsciente. Freud
nos fez ver que não conhecemos nossos desejos, motivos, atitudes, sentimentos, pensamentos tão
bem como acreditávamos. Assim, colocou em dúvida a tão festejada preponderância da razão no
desenvolvimento humano. Com isto, Freud resgata para o campo do fenómeno psicológico a
importância dos aspectos afectivos.
Com base nesse corpo teórico Freud desenvolveu um tipo de psicoterapia. Ao conjunto
formado pela teoria, a prática psicoterapêutica nela baseada e os métodos utilizados dá-se o
nome de psicanálise.
Introduziu, então, a hipótese da existência de outras três instâncias psíquicas (id, ego e
superego), que não anulam suas ideias anteriores, do contrário, as complementam (NÁSIO,
1999; SCHULTZ; SCHULTZ, 2015) – estas estruturas 3 estruturas são sustentadas pela energia
psicossexual (libido) que resulta do conflito entre duas pulsões: pulsões para vida (responsáveis
pela manutenção da vida, para continuarmos vivos) e para morte (para destruição).
Id: representa o lugar das pulsões. As pulsões são impulsos orgânicos e desejos
inconscientes, que visam ao prazer e a satisfação imediata do indivíduo. Está relacionado
com o prazer sexual, a libido;
Ego: "eu", é a consciência. Desenvolve-se após o id, realiza uma espécie de mediação
entre as pulsões do id e sua adequação com a realidade. Cabe ao ego encontrar um
equilíbrio entre o id e a terceira parte da mente, o superego;
Superego: é a outra parte inconsciente relacionada com a censura das pulsões realizadas
pela sociedade através da moral, da educação recebida pelos pais e os ensinamentos de
como se deve agir ou se comportar. Essa estrutura cria uma representação do "eu ideal", o
superego ("super eu") impõe suas repressões ao id.
Freud foi o primeiro a afirmar que os primeiros anos da vida são os mais importantes para
o desenvolvimento da pessoa e o desenvolvimento do indivíduo se dá em fases ou estádios
psicossexuais. Freud foi, assim, o primeiro autor a afirmar que as crianças também têm uma
sexualidade.
a) Fase oral
A primeira fase do desenvolvimento é a fase oral, que se estende desde o nascimento até
aproximadamente dois anos de vida. Nessa fase a criança vivencia prazer e dor através da
satisfação (ou frustração) de pulsões orais, ou seja, pela boca. Essa satisfação se dá independente
da satisfação da fome, mas inicialmente por ela. Assim, para a criança sugar, mastigar, comer,
morder, cuspir etc. têm uma função ligada ao prazer, além de servirem à alimentação. Ao ser
confrontada com frustrações a criança é obrigada a desenvolver mecanismos para lidar com tais
frustrações. Esses mecanismos são a base da futura personalidade da pessoa. Assim, uma
satisfação insuficiente das pulsões orais pode conduzir a uma tendência para ansiedade e
pessimismo; já uma excessiva satisfação pode levar, através de uma fixação nessa fase, a
dificuldades de aceitar novos objectos como fonte de prazer/dor em fases posteriores,
aumentando assim a probabilidade de uma regressão.
A fase oral se divide em duas fases menores, definidas pelo nascimento dos dentes. Até
então a criança se encontra em uma fase passiva-receptiva; com os primeiros dentes a criança
passa a uma fase sádica-activa através da possibilidade de morder. O principal objecto de ambas
as fases, o seio materno, se torna, assim, um objecto ambivalente. Essa ambivalência caracteriza
a maior parte dos relacionamentos humanos, tanto com pessoas como com objectos.
A fase oral apresenta, assim, cinco modos de funcionamento que podem se desenvolver
em características da personalidade adulta:
b) Fase anal
A segunda fase, segundo Freud, é a fase anal, que vai aproximadamente do primeiro ao
terceiro ano de vida. Nessa fase a satisfação das pulsões se dirige ao ânus, ao controle da tensão
intestinal. Nessa fase a criança tem de aprender o controlo dos esfíncteres sobre o ato de defecar
e, dessa forma, deve aprender a lidar com a frustração do desejo de satisfazer suas necessidades
imediatamente. Como na fase oral, também os mecanismos desenvolvidos nesta fase influenciam
o desenvolvimento da personalidade. O defecar imediato e descontrolado é o protótipo dos
ataques de raiva; já uma educação muito rígida com relação à higiene pode conduzir tanto a uma
tendência ao caos, aos descuidos, à bagunça quanto a uma tendência a uma organização
compulsiva e exageradamente controlada. Se a mãe faz elogios demais ao fato de a criança
conseguir esperar até o banheiro, pode surgir uma ligação entre dar (as fezes) e receber amor, e a
pessoa pode desenvolver generosidade; se a mãe supervaloriza essas necessidades biológicas, a
criança pode se desenvolver criativa e produtiva ou, pelo contrário, se tornar depressiva, caso ela
não corresponda às expectativas; crianças que se recusam a defecar podem se desenvolver como
coleccionadores, colectores ou avaros.
c) Fase fálica
A fase fálica, que vai dos três aos cinco anos de vida, se caracteriza segundo Freud pela
importância da presença (ou, nas meninas, da ausência) do falo ou pénis; nessa fase prazer e
desprazer estão, assim, centrados na região genital. As dificuldades dessa fase estão ligadas ao
direccionamento da pulsão sexual ou libidinosa ao genitor do sexo oposto e aos problemas
resultantes. A resolução desse conflito está relacionada ao complexo de Édipo e à identificação
com o genitor de mesmo sexo.
Freud desenvolveu sua teoria tendo sobretudo os meninos em vista, uma vez que, para
ele, estes vivenciariam o conflito da fase fálica de maneira mais intensa e ameaçadora. Segundo
Freud o menino deseja nessa fase ter a mãe só para si e não partilhá-la mais com o pai; ao mesmo
tempo ele teme que o pai se vingue, castrando-o. A solução para esse conflito consiste na
repressão tanto do desejo libidinoso com relação à mãe como dos sentimentos agressivos para
com o pai; em um segundo momento realiza-se a identificação do menino com seu pai, o que os
aproxima e conduz, assim, a uma internalização por parte do menino dos valores, convicções,
interesses e posturas do pai. O complexo de Édipo representa um importante passo na formação
do superego e na socialização dos meninos, uma vez que o menino aprende a seguir os valores
dos pais. Essa solução de compromisso permite que tanto o ego (através da diminuição do medo)
e o id (por o menino poder possuir a mãe indirectamente através do pai, com o qual ele se
identifica) sejam parcialmente satisfeitos.
d) Período de latência
Depois da agitação dos primeiros anos de vida segue-se uma fase mais tranquila que se
estende até a puberdade. Nessa fase a libido é desinvestida das fantasias e da sexualidade,
tornando-as secundárias, mas reinvestida em outros meios como o desenvolvimento cognitivo,
aprendizado, a assimilação de valores e normas sociais que se tornam as actividades principais
da criança, continuando o desenvolvimento do ego e do superego.
e) Fase genital
A última fase do desenvolvimento psicossocial é a fase genital, que se dá durante a
adolescência. Nessa fase as pulsões sexuais, depois da longa fase de latência e acompanhando as
mudanças corporais, despertam-se novamente, mas desta vez se dirigem a uma pessoa do sexo
oposto, ou não (onde entra a questão da homossexualidade). Como se depreende da explanação
anterior, a escolha do parceiro não se dá independente dos processos de desenvolvimento
anteriores, mas é influenciada pela vivência nas fases anteriores. Além disso, apesar de
continuarem agindo durante toda a vida do indivíduo, os conflitos internos típicos das fases
anteriores atingem na fase genital uma relativa estabilidade conduzindo a pessoa a uma estrutura
do ego que lhe permite enfrentar os desafios da idade adulta.
No início de sua obra, Freud dividiu os transtornos emocionais, que então ele
denominava psiconeuroses, em três categorias psicopatológicas:
As neuroses actuais;
As neuroses transferenciais, também conhecidas como psiconeuroses de defesa (que
eram as histerias, as fobias e as obsessivas);
As neuroses narcisistas (que constituem os atuais quadros psicóticos).
Histeria: Quando um conflito psíquico encontra saída através de conversões. Neste tipo
de neurose, a ideia conflitual com o ego é convertida em sintomas físicos, como cegueira,
mutismo, paralisias, etc.; que não têm origens orgânicas. Actualmente a histeria foi
banida dos manuais psiquiátricos, o que leva muitas pessoas da área de saúde, inclusive
psicólogos, a acreditarem que a histeria não existe mais. Porém, a histeria ainda existe e
sempre existirá, mesmo que os sintomas possam variar de acordo com a sociedade e o
tempo a que se refere. Algo bastante específico da histeria é sua referência ao corpo e à
sexualidade, especialmente com questão à "o que é uma mulher?";
Ansiedade: a pessoa é tomada por sentimentos generalizados e persistentes de intensa
angústia sem causa objectiva. Alguns sintomas são: palpitações do coração, tremores,
falta de ar, suor, náusea. Há uma exagerada e ansiosa preocupação por si mesmo;
Fobias: uma área da personalidade passa a operar por respostas de medo e ansiedade. Na
angústia o medo é difuso e quando vem à tona é sinal de que já existia, há longo tempo.
Se apresenta envolta em muita tensão, preocupação, excitação e desorganização do
comportamento. Na reacção fóbica, o medo se restringe a uma classe limitada de
estímulos e representações objectais. Geralmente verifica-se a associação do medo a
certos objectos, animais ou situações;
Obsessiva-compulsiva: a obsessão é um termo que se refere a ideias que se impõem
repetidamente à consciência. São por isto dificilmente controláveis. A compulsão refere-
se a impulsos que levam à acção. Está intimamente ligada a uma desordem psicológica
chamada transtorno obsessivo-compulsivo.
b) Segundo tipo: psicose
Se o conceito de neurose é parte integrante do vocabulário da psicanálise, o da psicose
aparece, a princípio, como um anexo proveniente do saber psiquiátrico, pautada numa concepção
do sujeito que se organiza em torno da ideia de alienação e perda da razão.
Resenha elaborada por Sílvia Brandão Skowronsky, membro do Instituto da Sociedade Brasileira
de Psicanálise de Porto Alegre. Sigmund Freud