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A EDUCAÇÃO FÍSICA E O ESPORTE DE COARACI:
Este trabalho conta a história da A história que não se conta. Por Jorge Rocha
Educação Física e o esporte de
Coaraci na visão do professor
Jorge Rocha. Com revisão
ortográfica e gramatical do
Professor Saul Brito.

NESTA EDIÇÃO:

Agradecimentos pág. 2;
Introdução pág. 3;
A Educação Física e o Esporte de
Coaraci pág. 5;
Entrevistas pág. 11;
Das grandes peladas ao
Interbairrros pág. 44;
Times de Futebol de Campo e
Futsal que fizeram história em
Coaraci pág 52;
Vasco da Gama em Coaraci pág Agradecimentos
53;
1
Nomes interessantes que fizeram
história no esporte de Coaraci pág
54;
Causos e casos do esporte amador
À Deus, meus pais, minha família, meu professor Cristiano Bahia, aos desportistas
entrevistados e a todos que fizeram parte da história da Educação Física e do Esporte de
nossa querida Coaraci, incluindo seus familiares.

A HISTÓRIA QUE NÃO SE CONTA

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INTRODUÇÃO

Durante toda a nossa vida, deparamos com diversas situações que nos levam a crer em vida
eterna. Esta vida eterna se dar quando tentamos entender a nossa própria vida, nossa própria
existência. Acredito fielmente em Deus e acredito também que os homens têm o poder de
transformar o mundo, isso é fato consumado. E essa transformação é importante quando o homem
começa a entender a sua existência e o seu verdadeiro papel na sociedade. Quando falo sociedade
estou falando de uma sociedade que entende o valor desse homem no processo de transformação
do contexto histórico de um tempo, de uma nação, de um país.
Feito essa análise simples, saliento que essa pesquisa a princípio foi realizada apenas com o
intuito de complementação de trabalhos de conclusão de uma nota da disciplina que estudo na
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ, no curso de formação de professores leigos(PARFOR-
PLATAFORMA FREIRE)que atuam na área de Educação Física que ainda não tiveram a oportunidade
de cursar o ensino superior. Esta pesquisa foi realizada no âmbito da comunidade desportista de nossa
cidade, onde na oportunidade pude registrar na íntegra, dados importantes e relevantes para o
alcance real e concreto no intuito de atingir os objetivos propostos pelo professor Cristiano Bahia, da
disciplina A História da Educação Física e do Esporte.
Intitulado de A EDUCAÇÃO FÍSICA E O ESPORTE DE COARACI: A história que não se conta” e este
trabalho me proporcionou momentos de pura emoção e grande contentamento em saber que
pessoas tão simples e humildes têm uma rica e vasta história na singela construção de nossa cidade.
Pessoas que superaram obstáculos e tropeços na vida, mas que não desistiram jamais dos seus
objetivos. Pessoas que ao longo da história de vida puderam realizar, mesmo com dificuldades,
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projetos de identidade esportiva e cultural; que em nenhum momento tiveram receio do que poderia
acontecer no bom ou mau andamento do projeto. Sabiam que iam ter dificuldades, mas com
sacrifício e determinação puderam superar todos esses problemas. Fiquei bastante feliz também com
a “performance” desses entrevistados. A partir daí tudo foi se encaixando e a pesquisa foi aprovada
pelo professor que, entre outras coisas, sugeriu que essa pesquisa fosse divulgada com abrangência,
e que não ficasse apenas em notas de gaveta, trabalho esquecido.
Nesse processo de investigação, pude retirar das pessoas o que tem de melhor em fatos e dados
da sua vida esportiva, seja no âmbito da Educação Física ou no esporte em geral. Consegui entre
outras coisas, fazer um confronto desses dados e idéias dos entrevistados de acordo com a literatura
acadêmica, utilizando trechos importantes de autores consagrados do ramo da Educação Física
moderna e transformadora de uma sociedade em constantes mudanças e que aceitam o progresso.
Utilizei esta visão acadêmica porque ficou bem mais concreto e objetivo a razão desse estudo da
educação física e do esporte de nosso município. Nesse trabalho, o leitor estará em contato com as
falas dos entrevistados na íntegra e dados retirados da essência de suas palavras. Pude perceber que
estas pessoas ficavam bastante satisfeitas e alegres na hora da entrevista, pois nada mais gratificante
é falar da nossa história e que essa história fique registrada para sempre. O desejo é que alguém nos
ouça, nos dê atenção.
Enfim, faço relatos também de minha vida esportiva no município de Coaraci citando alguns
feitos e evidenciando a Educação Física e o esporte. Nos anexos também são mostrados fotos e
recortes de jornais, sites de informação que publica a todo instante, eventos esportivos de relevância
para o mundo esportista da nossa cidade. O mais importante nessa pesquisa, entretanto, é mostrar
que nós seres humanos somos levados a contar o que somos, a viver o que somos e a falar o que
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sentimos para que nossa história seja de fato uma história de vida, pois desde pequeno ouvia os mais
experientes e intelectuais dizerem que o homem só se realiza com objetivos de vida, quando ele ama
a Deus sobre todas as coisas, constrói e edifica a família, possui o essencial para viver, planta uma
árvore e escreve um livro. Busco, acima de tudo isso, colocar Deus como protetor e fazer com esses
objetivos de vida sejam alcançados.

A EDUCAÇÃO FÍSICA E O ESPORTE EM COARACI

A história da Educação Física e do Esporte na cidade de Coaraci, na Bahia, tem


muitas vertentes que foram se aperfeiçoando ao longo do tempo. A história de Coaraci
passou por muitas transformações duradoras e cheias de obstáculos.
Após uma série de entrevistas com antigos moradores, que foram pioneiros no
processo de construção da história dessa cidade, percebi que eles tiraram as informações
da essência de todo o trabalho realizado.
O professor Francisco Sales e o professor Paulo Sérgio tiveram participações
importantes no processo de transição da Educação Física na pequena Coaraci. Foi uma
parceira que deu certo tanto nos esportes de rendimento como nas atividades físicas de
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lazer e entretenimento. O próprio professor Francisco Sales disse na entrevista que no
momento em que começou a trabalhar em Coaraci, foi muito difícil, pois era uma época
de quase ditadura, momento de transição, de mudanças. O futebol de campo era a
única modalidade esportiva que atraía a todos. O recém-construído ginásio de esportes
não tinha uma estrutura ideal, além de não haver professores que pudessem trabalhar
outras modalidades.
Quando questionado sobre como era o ensino da Educação Física na cidade de
Coaraci, o professor Francisco Sales disse que aproveitava o conhecimento adquirido nos
cursos de 40 e 60 horas que eram ministrados em Itabuna e Ilhéus e aplicava-o somados
aos conhecimentos que já possuía. Segundo o COLETIVO DE AUTORES (1992): “Essa luta se
expressa através de uma ação prática, no sentido de transformar a sociedade de forma
que os trabalhadores possam usufruir do resultado de seu trabalho.”
A Carta Brasileira de Educação Física dá um grande destaque a Educação Física
como um processo, seja por vias formais ou não-formais, que ao promover uma educação
efetiva para a saúde e a ocupação saudável do tempo livre de lazer, constitui-se num
meio efetivo para a conquista de um estilo de vida ativo dos seres humanos.
Na visão do Professor Francisco Sales, o que mais criava problema era a questão
política, pois quando mudava o gestor, mudava toda a conjuntura política, e essa nova
conjuntura não trazia nem o mesmo interesse nem a mesma vontade do governo anterior.
Então, todo o trabalho que fora realizado era desfeito. Voltava-se à fase inicial. Não havia

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uma continuidade, mas um recomeço que na verdade só atrapalhava o trabalho do
professor de Educação Física, leigo ou não. Para Libâneo (1985: 39):
“ ... os conteúdos são realidades exteriores ao aluno e que devem ser assimilados e
não simplesmente reinventados; eles não são fechados e refratários às realidades sociais”,
pois “não basta que os conteúdos sejam ensinados, ainda que bem ensinados, é preciso
que se liguem de forma indissociável a sua significação humana e social”.
“Usávamos uma metodologia simples na época que era iniciada com uma atividade
recreativa. Os alunos eram submetidos a um tipo de preparação física para que não
sofresse nenhuma contusão. Então, quanto mais alegre e movimentada a aula, mais
satisfatórios eram os resultados. Fazíamos a seguir uma seleção entre os mais fortes e os
menos fortes. Os menos fortes tinham atenção especial enquanto que os mais fortes eram
trabalhados para seleções, a fim de que pudessem participar de competições maiores”,
comenta o professor Francisco Sales.
“Entretanto, para o aluno, o que ele deve fazer para jogar – como driblar, correr e
fintar – é apenas um meio para atingir algo para si mesmo, como por exemplo: prazer,
autoestima etc. O seu sentido pessoal do jogo tem relação com a realidade de sua
própria vida, com suas motivações”. (COLETIVO DE AUTORES, 1992)
A metodologia naquela época acontecia de forma natural: colocavam-se os alunos
perfilados, semelhante a uma preleção em futebol. Eram passadas todas as informações
sobre as demais modalidades esportivas e o aluno era orientado sobre o que seria
trabalhado e quais as competências esperadas. Era feito um diagnóstico para perceber o
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que cada um tinha a render, então, os melhores eram encaminhados para a seleção de
Coaraci.
Um método que vem da França ou da Suécia é apenas um método. Se não tiver
organização e coordenação o trabalho não será bem desenvolvido. É importante permitir
que o aluno desenvolva suas aptidões. Não se deve “castrar” o aluno; dizer “Não! Você
tem que fazer isso ou aquilo”, pois o aluno pode não ter aptidão para uma determinada
modalidade esportiva, mas ter facilidade para outra modalidade. O fundamento da
Educação Física é transformar, educar o homem fisicamente, socialmente e
psicologicamente. É a busca do homem integral que seria o indivíduo agindo em todas as
áreas de uma maneira correta: mente e corpo. O esporte e a Educação Física traduzem
esse conhecimento. Independente de quem esteja ministrando, o importante é permitir
que o aluno jogue, que explore o que tem dentro de si. Sabemos que o aprendizado é
intrínseco: vem de dentro. Ninguém consegue “empurrar” aprendizado para dentro de
outra pessoa. O que se faz é apenas orientar o aluno e deixar que o mesmo explore todo o
potencial intrínseco. Segundo o COLETIVO DE AUTORES, (1992): “Os movimentos
renovadores da Educação Física do qual faz parte o movimento dito “humanista” na
pedagogia, se caracterizam pela presença de princípios filosóficos em torno do ser
humano, sua identidade, valor, tendo como fundamento os limites e interesses do homem
e surge como crítica a correntes oriundas da psicologia conhecidas como
comportamentalistas. Essas correntes fundamentam as teorias de como o indivíduo

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aprende no esquema estímulo-resposta. Os princípios das correntes comportamentalistas
informam a elaboração de taxionomias dos objetivos educacionais”.
Para o professor Francisco, a Educação Física que fora praticada naquele momento
era mais rígida, mais militarista, porém que contribuiu muito na formação do indivíduo. Ele,
no entanto, é favorável a um método aberto, livre, orientado e que deixe o aluno explorar
sua criatividade. Desse modo, há a possibilidade de descobrir as qualidades físicas de
cada um, sem imposições.
O professor Francisco disse ainda que o professor de Educação Física, hoje, é um dos
mais importantes na escola, pois tem a função de trabalhar além da parte física, a
psicológica e social, num momento em que as drogas se proliferam em todas as classes
sociais, roubando das famílias e da sociedade pessoas que poderiam, realmente, fazer a
diferença. Diante disso, o professor de Educação Física encontra uma maneira de
alcançar o aluno e tirá-lo desse envolvimento com as drogas. Na maioria das vezes, o
indivíduo é levado a se envolver com as drogas devido a sua situação social, psicológica
ou física. O profissional de Educação Física precisa estar atento a tudo isso e criar
mecanismos de envolvimento a fim de que o educando feche os olhos para esse lado
caótico e venha a se integrar e a se interessar por outras coisas. Do contrário, as drogas
continuarão levando a nossa sociedade a uma situação ruim e destruindo a nossa
juventude.
O professor Paulo Sérgio N. Santana, quando entrevistado, foi preciso nas informações
gerais sobre a Educação Física no município de Coaraci, e, de sua aproximação ao
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professor Francisco Sales. Eles foram os pioneiros no trabalho da Educação Física e do
Esporte na cidade de Coaraci. Contribuíram significativamente no processo de
escolarização e da estabilidade da Disciplina. “O que me levou a ser um profissional na
área da Educação Física foi um acidente de percurso, pois na verdade eu fiz vestibular
para Medicina tendo Educação Física como segunda opção. Não esperava que fosse
perder no concurso vestibular. Era a primeira vez que estava fazendo o concurso, portanto
não fui classificado e entrei em segunda opção para Educação Física. Não me arrependi.
É uma área muito boa. É uma área da saúde. Mexe com gente saudável”, conta o
professor Paulo Sérgio.
Segundo OLIVEIRA (1993), “Em função dos favores prestados à saúde, as atividades
físicas foram incluídas nos currículos escolares. Foi, ainda, a partir de conhecimentos sobre
anatomia, fisiologia e outras disciplinas afins, que o professor de Educação Física adquiriu
status profissional. Até hoje, quando um acadêmico de Educação Física pretende
valorizar-se intelectualmente, busca socorro biomédico e faz um formidável discurso sobre
aparelho circulatório, osteologia ou neurofisiologia. E, para tal, não lhe faltam incentivos. As
Universidades que mantêm cursos de Educação Física geralmente os incluem em seus
Centros ou Institutos de Ciências Biomédicas, Biológicas ou da Saúde”.
Em 1981, quando o professor Paulo Sérgio chegou aqui em Coaraci, a situação da
Educação Física era precária. Os professores de Educação Física eram leigos, como eram
leigos os professores Francisco Sales e sua irmã Terezinha Sales, mas já trabalhavam e
contribuíam para a valorização da Disciplina com o advento dos esportes de rendimento,
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no caso específico basquete, futsal, futebol de campo, voleibol e handebol que
começavam a ser praticados pelos jovens coaracienses. No entanto existia muita
diferença entre educação física para ricos e educação física para pobres. O professor
Paulo Sérgio falou que fora feito um trabalho de estruturação da educação física a fim de
proporcionar o esporte aos jovens que eram marginalizados. O esporte começou a chegar
às áreas do Centro Social Urbano e a juventude que ficava à parte passou a ser incluída
em todas as modalidades desde recreação até a iniciação esportiva; também
participavam das atividades culturais como Festa Junina, Dia das Crianças, Natal etc.
O professor Paulo disse que foi essa a sua contribuição para a Educação Física e o
esporte de Coaraci, e que deixara de lado a ginástica calistênica, a ginástica rítmica, o
método francês, austríaco e banco sueco. Falou ainda que saiu da Faculdade com uma
vasta bagagem, mas que a usou muito pouco, visto que o conhecimento que adquirira
era destinado ao profissionalismo para atletas de alto nível, sendo que a educação física
era mais recreativa e tinha que levar em consideração o poder aquisitivo do aluno, como
este se alimentava, como estava sua parte psicológica. Os problemas familiares eram
muitos, onde muitos filhos tinham que conviver com os pais viciados ou com famílias
totalmente destruídas. Eram pessoas carentes necessitando de que fosse realizado um
trabalho especializado: alimentação, recreação, psicologia, afetividade, muita
brincadeira e, além de tudo, muita amizade e respeito. “São essas as grandes alegrias que
tenho. A grande herança que trago comigo até hoje é a felicidade de ter trabalhado
naquela comunidade onde aprendi muito. Aprendi a conviver em comunidade, a
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respeitar as diferenças; tratar bem a todos; não ser preconceituoso e tratar todas as
pessoas iguais. Fiz muitos amigos”, lembra o professor Paulo Sérgio.
Segundo Vitor Marinho de Oliveira, (O que é Educação Física), o envolvimento da
Educação Física com o indivíduo e com a sociedade dá-lhe responsabilidade que
extrapolam o “fazer ginástica” ou “jogar futebol”. O professor não pode, diante da sua
missão, aprofundar-se unicamente nos seus conhecimentos técnicos. O domínio da
técnica é indispensável, mas como um meio. Um instrumento criado pelo homem, para ser
utilizado em seu próprio benefício. (...)
Preleciona OLIVEIRA (1993) que: “É preciso que os exercícios físicos não sejam o fruto
da pura imitação mecânica; só assim a Educação Física passará a estimular a inteligência,
não embrutecendo o indivíduo, é importante que as pessoas se movimentem tendo
consciência de todos os seus gestos. Precisam estar pensando e sentindo o que realizam. É
necessário que tenham a “sensação de si mesmos”, proporcionada pelo nosso sentido
cinestésico (propriocepção), normalmente desprezado. Caso contrário, estaremos diante
da “deseducação física”.
Nessa pesquisa de Campo realizada no âmbito da Educação Física e do Esporte de
nossa cidade, o que nos impressiona é a determinação e a maneira de expressão que os
entrevistados demonstraram. As palavras fluíram com muita propriedade e precisão. Em
alguns momentos cheguei a me emocionar, pois fiquei muito feliz em saber que pessoas
que convivem em nosso meio tiveram tanta determinação e apreço pela Educação Física
e o esporte em geral de nossa cidade Coaraci. Observe o que falou o ex-atleta Altran Silva
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Campos: “Temos muita gente que participou do futebol de Coaraci, mas infelizmente,
hoje, estão afastadas por causa de “panelas” do futebol, as chamadas “picuinhas”, o que
levou o meu afastamento do futebol. Naquela época, o futebol não tinha apoio. A gente
vivia correndo atrás de alguém para poder formar um time. Até para lavar camisa havia
dificuldade. (...) Sempre levei o futebol a sério, mesmo com meu futebol limitado. (...)
Sempre me preparei. Estou com 58 anos de idade, e ainda dou meus pontapés na bola.
(...) Gosto de lembrar a essa garotada que futebol é um grande caminho para se livrar da
maldita droga que está acabando os jovens do mundo inteiro”.
Neste processo de investigação, entrevistei o professor Gilson Moreira que salientou
que há muita dificuldade para a prática do futebol em Coaraci, pois faltam muitos
campos; além do mais, os prefeitos não têm boa vontade; querem construir quadras,
quando na realidade o que as cidades pequenas precisam é de um pequeno espaço
para que a garotada pratique o futebol. O professor Gilson disse ainda que nunca fora
atleta, pois atleta é aquele que se cuida, ele diz ter sido um jogador de futebol de salão,
que não ligava muito para o preparo físico, mas que jogava muito bem, segundo os
amigos.
Segundo OLIVEIRA (p.46, 1983): “O rendimento físico e atlético é, sem dúvida, uma
preocupação da Educação Física. Mas não aquele desempenho apoiado num referencial
externo, induzindo todos a chegarem no mesmo lugar, ao mesmo tempo e seguindo o
mesmo caminho. Este é o rendimento máximo, baseado em tabelas e parâmetros que não
respeitam individualidades, retificando o aluno. A Educação Física, enquanto educação,
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não procura o rendimento máximo, e sim o ótimo. Aquele que ajuda o indivíduo a
encontrar o seu melhor aproveitamento”.
Quando perguntado sobre o que o marcou na história do futebol de Coaraci, ele
respondeu o seguinte: “O que marcou e marcará até hoje é a paixão do torcedor
coaraciense, que tanto gosta de futebol de campo quanto do futebol de salão. (...) Eu
vesti a camisa da seleção da minha cidade, e juntos com meus companheiros nos
entregávamos de corpo e alma. Nunca perdemos uma partida de futebol. Parece até
mentira. O pessoal daquela época pode confirmar: a seleção de futsal de Coaraci reinava
soberana na nossa região. Conquistamos muitos títulos. O time do coração era o FIVE BLUE,
no qual joguei algumas partidas. Era um time como o América do Rio de Janeiro, porém
não consegui ganhar nenhum título jogando pelo Five Blue. Ninguém fazia preparo físico,
mas havia treinamento. O técnico era chamado de Pão; Zelito era o nosso orientador não
apenas no campo ou na quadra, mas na vida social também. Eles nos davam orientação
física. Eram firmes, rigorosos. Eles também fiscalizavam a nossa vida escolar. A disciplina era
algo fundamental para a participação no futebol de salão de Coaraci”.
Segundo BARBANTI (2001), “treinar é uma atividade que envolve pessoas e é preciso
desenvolver a capacidade de trabalhar com elas”.
A professora leiga de Educação Física do nosso município, Zefira Ramos Nery,
comentou muitas passagens de sua vida no esporte e as dificuldades encontradas no
início de suas atividades como desportista de Coaraci. Foram muitos os percalços
enfrentados, mas foram muitas as alegrias. Muita satisfação pelo dever cumprido, seja
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como atleta, que se determina a alcançar objetivos, seja como ser humano. A professora
Zefira disse que jogou futebol por toda a vida, e que o esporte estava no sangue, pois
sempre amou o esporte. Já participou de muitas competições esportivas. Hoje, ela está
com 49 anos de idade e atua como professora leiga de Educação Física demonstrando
gostar do que faz. “Não temos ainda liberdade de mostrar lá fora as atletas do município.
Temos escolinhas aqui que já trabalham com meninas dos nove aos treze anos. Isso é muito
bom. Elas já crescem e se preparam para serem jovens que saibam respeitar o próximo;
que não entrem em farras, vícios ou prostituição.” Comenta a professora Zefira.
Na ênfase de MOREIRA (2004): “A preocupação central dos professores de Educação
Física tem sido o ensino das técnicas das modalidades esportivas, com vistas a um
execução adequada. Percebe-se, portanto, o foco de sua atenção na técnica. Desta
maneira, apresentam as habilidades dos jogos coletivos como se fossem habilidades
fechadas, o que caracteriza a preocupação com a realização motriz, mais do que com o
modo de realização de cada indivíduo e a consideração de suas experiências anteriores”.
Na realização dessa pesquisa, deparei-me com o jogador da seleção de Futebol de
Campo de nossa cidade, Augusto César “Guto”, que demonstrou como a determinação é
importante na vida do ser humano. Ser determinado e convicto é necessário para que se
possa alcançar o sucesso e obter grandes alegrias surpreendendo o nosso interior, as
nossas expectativas. O atleta Guto, ex-jogador do Corinthians e estudante de Educação
Física, conta-nos o seguinte: “ Minha trajetória futebolística foi uma coisa brilhante em
minha vida, porque quando iniciei tinha apenas nove anos de idade. Eu não era aceito,
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não era incluso na comunidade porque não era um atleta. Eu não tinha uma perfeição do
passe nem tinha bom posicionamento. A minha técnica não era apurada e isso me
prejudicou muito no inicio da minha carreira, porém a minha força de vontade e a minha
persistência eram maiores do que qualquer coisa. Eu fazia tudo com muita vontade
enfrentando barreiras para conquistar o pódio.
Segundo OLIVEIRA (1983): “O homem, enquanto ser total, não pode prescindir da
inteligência nas suas ações, inclusive motoras, é muito difícil - senão impossível -
estabelecer limites entre a aprendizagem motora e a intelectual. Quando acontece a
primeira, seguramente está ocorrendo a segunda. A atividade física, havendo de ser
aprendida, não pode ser considerada unicamente no plano motor. Apresenta também
valores intelectuais”.
O atleta Guto disse ainda que antes de ser jogador de linha, foi goleiro. “Comprei uma
bola, porque ninguém queria me colocar para jogar de tão ruim que eu era, e fui jogar na
quadra. Chegando lá, os meninos não me deixaram jogar, porque eu era muito ruim para
o passe, drible ou para fazer gol. Os colegas me deixaram de fora, mesmo com a minha
bola em quadra. Quando eu ia entrar na segunda dupla, eles ainda me colocavam no
gol, porque não me queria na linha. Então comecei a tomar muitos gols. Às vezes a bola
batia e não entrava”, relata.
Guto começou a participar da Escolinha Nova Geração como goleiro. Aos treze anos
fez um teste para o Corinthians, aprendendo, assim, muito fundamento, muita técnica e
tática. Isso o ajudou a crescer no futebol, e hoje possui vários títulos conquistados jogando
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em alguns clubes. Disputou 39 campeonatos de Futebol Amador em toda a Bahia, e foi 26
vezes campeão como atleta. O título mais importante em sua vida foi justamente o de
campeão do intermunicipal em 2001, atuando pela Seleção de Coaraci.
Ele ainda nos falou que poderão ser abertas novas escolinhas de futebol para atletas
entre 17 e 23 anos, dando mais uma oportunidade a esses jovens, pois quando chegam
aos 17 anos já não podem mais participar da escolinha na qual faziam parte. Por isso, se
faz necessário a criação da categoria de juniores, para que esses jovens não fiquem com
o tempo ocioso, não procurem o mundo das drogas e que possam ser novos cidadãos de
bem. Valdir J. Barbanti (2001) salienta: “Os técnicos, treinadores, preparadores físicos,
instrutores, monitores têm grande influência sobre as pessoas com quem trabalham através
daquilo que dizem e fazem. Por isso eles são modelos. Devem ter valores a defender,
entusiasmar os outros, ser otimistas e motivar as pessoas, sem esquecer que cada uma
delas deve ser respeitada na sua individualidade, contribuindo sempre para elas
alcançarem o que desejam, tanto no esporte como na própria vida”.
Essa pesquisa foi um grande aprendizado, por isso espero que as pessoas que gostam
do esporte possam lutar pelo desenvolvimento físico e esportivo de todos. É preciso que
possam compreender e analisar as dificuldades, os anseios, as desavenças para que o
esporte de Coaraci e a educação possam estar num patamar bastante satisfatório. O
esporte é, sem dúvida, para todos.

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ENTREVISTAS SOBRE A EDUCAÇÃO FÍSICA E O ESPORTE DE COARACI

FRANCISCO SALES, Professor de Educação Física, ex-jogador de


handebol da cidade de Coaraci.

No momento que comecei em Coaraci era um momento muito


difícil. Era uma época de quase ditadura, momento de
transição, das mudanças; não havia muito esporte em Coaraci.
Falava-se apenas em futebol de campo. O ginásio de esportes,
recém-construído, não possuía uma estrutura adequada, apesar
de que não havia professores que trabalhassem outras
modalidades esportivas. Eu e minha irmã Terezinha Sales, que
também é professora de Educação Física no Colégio do
Educandário Pestalozzi, resolvemos montar equipes de handebol, de basquetebol, de
futsal e de vôlei. Só que o vôlei era praticado por um grupo: dos Amorins (Waldir Amorim e
família). Nossa primeira ação foi a convocação e orientação do pessoal para que se
interessassem pela nossa proposta. Naquela época, a SUDESB fornecia cursos de esportes.
Cheguei a fazer atletismo, basquete e handebol.
Nós utilizávamos o conhecimento adquirido nos cursos, que eram ministrados em
Itabuna e Ilhéus com duração de até 60 horas, somávamos aos conhecimentos que já
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possuíamos e aplicávamos em nosso trabalho. Chegamos a formar boas equipes.
Participávamos de movimentos. Houve um campeonato estudantil baiano na cidade de
Uruçuca, e na oportunidade, eu levei um grupo para participar desse campeonato e
obtivemos bons resultados na competição. Ficamos entre os seis melhores lugares no geral
da Bahia, numa posição de vanguarda. O nosso trabalho estava dando certo.
Atualmente, alguns daqueles atletas são professores de Educação Física de Coaraci e
região; alguns foram para outros estados brasileiros fazendo pós-graduação e até
mestrado. São frutos de um trabalho que deu certo.
A política em nossa cidade era o que mais criava problema e, ainda cria, pois quando
muda um gestor, muda a política, muda toda a estrutura, melhor dizendo, estrutura não,
muda a conjuntura. E essa nova conjuntura não traz o mesmo interesse, a mesma vontade,
a mesma ideia. Então todo o trabalho que fora realizado era desfeito. Voltava-se à fase
inicial. Isso dificultava muito o trabalho no esporte.
Usávamos uma metodologia simples na época, que era iniciada com uma atividade
recreativa. Os alunos eram submetidos a um tipo de preparação física para que não
sofressem nenhuma contusão. Então, quanto mais alegre e movimentada a aula, mais
satisfatórios eram os resultados. Fazíamos a seguir uma seleção entre os mais fortes e os
menos fortes. Os menos fortes tinham atenção especial enquanto que os mais fortes eram
trabalhados para seleções, a fim de que pudessem participar de competições maiores.
A metodologia naquela época acontecia de forma natural: colocavam-se os alunos
perfilados, semelhante a uma preleção em futebol, e, eram passadas todas as
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informações sobre as demais modalidades esportivas. O aluno era orientado sobre o que
seria trabalhado e quais as competências esperadas. Era feito um diagnóstico para
perceber o que cada um tinha a render, e os melhores eram encaminhados para a
seleção de Coaraci.
Um método que vem da França ou da Suécia é apenas um método, se não tiver
organização, se não tiver coordenação o trabalho não será bem desenvolvido. É
importante deixar que o aluno desenvolva suas aptidões. Não se deve “castrar” o aluno;
dizer “Não! Você tem que fazer isso ou aquilo”, pois o aluno pode não ter aptidão para
uma determinada modalidade esportiva, mas ter facilidade para outra modalidade. Você
coloca dez alunos em quadra, no caso do basquete coloca cinco alunos, e percebe que
são diferentes: um tem mais habilidade, outro tem mais domínio de bola, outro tem mais
velocidade, e você vai trabalhando esse tipo de situação dentro das possibilidades do
aluno e daquilo que se propõe trabalhar.
O problema da metodologia era de que forma era aplicada a atividade dentro das
suas bases. Porém, o maior problema era o social. Quando um garoto era indicado para
fazer basquete, começava a sofrer preconceito, pois diziam que não era esporte de
homem. A mesma forma de preconceito acontecia quando se falava em handebol. O
pessoal só pensava em futebol, porque era visto como a modalidade esportiva que
gerava condições econômicas. Falar, naquela época, que precisava de um aluno para
praticar basquete, era motivo de risadas. Quando ele começava a desenvolver o trabalho

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tomava logo gosto, mas dificilmente você encontrava alguém disponível a fazer o
trabalho inicial, que na verdade era a base de tudo.
Muitos professores de Educação Física em atividade foram frutos desse trabalho
realizado. Em relação a atletas, posso citar Bebeto Campos que foi meu aluno de futsal na
quadra de esporte de Coaraci “Terra do Sol” e dali ele saiu para jogar futebol de campo,
jogando no Bahia, Vitória, Fluminense, Paissandu, Sport, entre outros. Posso citar também
um rapaz, Marcelo Santos, que foi nosso aluno naquelas quadras de futsal de nossa cidade
jogou no Flamengo do Rio, sendo até campeão carioca. Paulo Robson é outro exemplo
de ex-aluno que fez pós-graduação em Educação Física na faculdade Montenegro.
O fundamento da Educação Física é transformar, educar o homem fisicamente,
socialmente e psicologicamente. Você tem o homem integral, que é o indivíduo agindo
em todas as possibilidades de maneira correta: mente e corpo. O esporte e a Educação
Física traduzem esse conhecimento. O aprendizado é intrínseco, ele vem de dentro para
fora. Você não consegue “empurrar” aprendizado para dentro de ninguém. Você é
apenas um orientador, e o aluno vai descobrindo as vertentes, as variantes que tem dentro
de si para poder alcançar os seus objetivos.
A Educação Física que fora praticada naquela época era mais rígida, mais militarista,
porém que contribuiu muito na formação do indivíduo. Por isso sou favorável a um método
aberto, livre, orientado e que deixe o aluno explorar sua criatividade. Desse modo, há a
possibilidade de descobrir as qualidades físicas de cada um, sem imposições.

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Essa pesquisa deve ser divulgada para fins acadêmicos, e gostaria de dizer que o
professor de Educação Física, hoje, é um dos mais importantes na escola, pois tem a
função de trabalhar além da parte física, a psicológica e social, num momento em que as
drogas se proliferam em todas as classes sociais, roubando das famílias, roubando da
sociedade pessoas que poderiam, realmente, fazer a diferença. Diante disso, o professor
de Educação Física encontra uma maneira de alcançar o aluno e tirá-lo desse
envolvimento com as drogas. Na maioria das vezes, o indivíduo é levado a se envolver
com as drogas devido a sua situação social, psicológica ou física. O profissional de
Educação Física precisa estar atento a tudo isso e criar mecanismos de envolvimento a fim
de o educando feche os olhos para esse lado caótico e venha a se integrar e se interessar
por outras coisas. Do contrário, as drogas continuarão levando a nossa sociedade a uma
situação ruim e destruindo a nossa juventude.

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Professor Paulo Sérgio Novaes Santana, coordenador de Educação Física de Coaraci: ex-
preparador físico das seleções de futebol de Coaraci, pioneiro no esporte da década de
1980.

O que me levou a ser um profissional na área da Educação


Física foi um acidente de percurso, pois na verdade eu fiz vestibular
para Medicina tendo Educação Física como segunda opção. Não
esperava que fosse perder no concurso vestibular. Era a primeira vez
que estava fazendo o concurso, portanto não fui classificado e
entrei em segunda opção para Educação Física. Não me
arrependi. É uma área muito boa. É uma área da saúde. Mexe com
gente saudável, só não é interessante o retorno financeiro, pois a
pessoa passa a vida trabalhando e não consegue a sua independência. No Brasil há muito
personal trainner, preparador físico e professor de Educação Física ganhando bem, mas
digo que a esse grupo só 5% de professores de Educação Física fazem parte.
Em 1981, quando cheguei a Coaraci, a situação da Educação Física era precária. Fui
convidado a trabalhar no Centro Social Urbano – CSU, no atendimento da classe mais
necessitada, pois os pobres não tinham oportunidade. Os professores de Educação Física
23
eram leigos, como eram leigos os professores Francisco Sales e sua irmã Terezinha Sales,
mas já trabalhavam e contribuíam para a valorização da Disciplina com o advento dos
esportes de rendimento, no caso específico basquete, futsal, futebol de campo, voleibol e
handebol que começavam a ser praticados pelos jovens coaracienses. No entanto existia
muita diferença entre educação física para ricos e educação física para pobres. Foi feito
um trabalho de estruturação da educação física a fim de proporcionar o esporte aos
jovens que eram marginalizados. O esporte começou a chegar às áreas do Centro Social
Urbano e a juventude que ficava à parte passou a ser incluída em todas as modalidades
desde recreação até a iniciação esportiva; também participavam das atividades culturais
como Festa Junina, Dia das Crianças, Natal etc. Trabalhei no CSU durante 25 anos. Ali era
um local de muita alegria, de movimentação semanal. Durante todos os dias da semana,
(com exceção da segunda-feira que era para limpeza) tínhamos atividades das 5 horas da
manhã até as 22 horas. Às 5 horas da manhã tínhamos o “baba”; às 8 da manhã, eu
chegava com os alunos de iniciação ao futebol da Educação Física do Centro
Educacional de Coaraci – CEC.
As meninas que praticavam o futebol ficavam responsáveis pela limpeza do CSU.
Depois fazíamos as escolinhas de futebol, de vôlei, e de basquete. Às 10 horas da manhã
era a hora do lanche fornecido pelo governo do Estado. Aos domingos, fazíamos grandes
campeonatos, inclusive, há uma coisa da qual nunca irei me esquecer. É o seguinte: antes
do lançamento de uma rádio FM em nossa cidade quem primeiro fez esporte

24
radiofonizado fui eu, lá no CSU. Eu ligava o som do CSU e Renato Cerqueira com Gilmar
Melo ficavam fazendo as narrações de brincadeiras.
Muitos atletas que fizeram parte da seleção de Futebol de Salão tiveram a iniciação
no CSU e CEC. Também trabalhei no Colégio Municipal de Coaraci e no Educandário
Pestalozzi. Fui professor de ginástica aeróbia da AABB. Eu era o professor de ginástica das
madames. Também fui professor de natação da AABB-Coaraci. Fui professor do filho de
Walter Fraife e dos filhos da dentista Udeilda, além de outros alunos filhos de pessoas
influentes na sociedade coaraciense.
A minha contribuição para a Educação Física e o esporte de Coaraci foi implementar
as atividades físicas e recreativas para a comunidade mais carente. Quando aqui
cheguei, Coaraci era dividida em duas regiões: o centro da cidade e outro lado do rio
Almada compreendendo a Feirinha, Maria Gabriela (Biscó) e a Avenida Itapitanga. Era
uma comunidade de extrema pobreza, pois os atletas não podiam comprar uma bola de
vôlei ou de basquete, tão pouco um jogo de camisas.
Quando chegamos ao Centro Social Urbano, trouxemos todo o material esportivo e
começamos a distribuir na comunidade. Eu tenho muita saudade daquele tempo.
Ocorreram muitos aborrecimentos, mas muita satisfação pelo trabalho desenvolvido. Há
trinta anos, no CEC, passei a ser o professor que permaneceu mais tempo por lá. Trabalho
no CEC desde 1981. Trabalho na área de Educação Física desse colégio. Fiz muitos amigos
na comunidade formada por pessoas humildes, porém direitas, determinadas. A feirinha é
uma família.
25
Quem andar comigo na Feirinha pensa que sou candidato a algum cargo eletivo
devido a tantas pessoas que falam comigo. Tudo isso é fruto do meu trabalho
desenvolvido ali.
Saí da Faculdade com uma vasta bagagem, mas a usei muito pouco, visto que o
conhecimento adquirido era destinado ao profissionalismo para atletas de alto nível, e a
educação física era mais recreativa além de levar em consideração o poder aquisitivo do
aluno, como este se alimentava, como estava sua parte psicológica. Deixei de lado a
ginástica calistênica, a ginástica rítmica, o método francês, austríaco e banco sueco.
Os problemas familiares na comunidade eram muitos, onde filhos tinham que conviver
com os pais viciados ou com famílias totalmente destruídas. Eram pessoas carentes
necessitando de que fosse realizado um trabalho especializado com alimentação,
recreação, psicologia, afetividade, muita brincadeira e, além de tudo, muita amizade e
respeito. São essas as grandes alegrias que tenho. A grande herança que trago comigo é
a felicidade de ter trabalhado naquela comunidade onde aprendi muito. Aprendi a
conviver em comunidade, a respeitar as diferenças, a tratar bem a todos, a não ser
preconceituoso e tratar todas as pessoas de igual forma. Fiz muitos amigos.
As modalidades esportivas que mais tiveram desenvolvimento em Coaraci foram: o
futebol de salão e o futebol de campo. Isso porque o futebol é algo que está no coração
dos coaracienses. Diria que o esporte está no sangue, assim como o cacau está para a
região. Nesses esportes destacamos: Toinho Barbosa do Banco do Brasil, Sérgio Leal,
Catulo, Gilson Moreira; Derneval, Pato, Gildener e Cafuringa. Mas temos também muitos
26
atletas de outras modalidades que se destacaram. Chegamos a fazer uma seleção de
voleibol e jogamos contra a seleção do Centro da cidade que se achava melhor de
qualquer outra. O jogo foi realizado na quadra do Educandário Pestalozzi onde ganhamos
deles.
Gostaria de destacar que também trabalhei na Seleção de Futebol de campo e na
seleção de Futsal durante onze anos. Ajudei na fundação da Liga Coaraciense de Futebol
e fui fundador da Liga de Futsal, sendo o primeiro diretor de esportes. Fico feliz em ser
reconhecido por muitas pessoas que me consideram coaraciense, e isso me levou a
ganhar o título de cidadão coaraciense na Câmara de Vereadores, junto com
personalidades da região.
Agradeço pela oportunidade de contar um pouco dessa história. Tenho um livro, com
quatro volumes prontos, que conta tudo isso e muito mais: histórias engraçadas na seleção
com Pelé (treinador da Seleção de Coaraci); a maneira como era feito o suco; o banho
de folhas; de Juca, o brigador, que batia em todo mundo, etc.
Tenho a acrescentar uma coisa sobre a Associação Atlética Baba da Amizade
(futebol de veteranos). Logo que cheguei aqui, na minha primeira semana, num dia de
sábado, fui participar do jogo. Como estava chovendo muito, eu falei que não haveria
mais jogo porque o campo estava muito molhado. Todos vieram para cima de mim,
chamaram-me de forasteiro, e perguntaram o que eu estava fazendo ali. Renatão, um
velho amigo, falou que ninguém iria respeitar a ideia desse professor. Foi quando eu disse
que iria arrumar uma rede, uma bola de futsal nova e eles jogariam na quadra. Acabaram
27
aceitando. Posteriormente, uma ou duas semanas, eu já estava fazendo parte do “baba”.
Onde tive presente até o final de 2010. Fui presidente do Baba várias vezes, e sempre tive o
prazer de fazer o melhor pela Associação e pelo esporte de Coaraci.

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Desportista Toninho Cruz: ex-jogador da Seleção de Coaraci e vice-presidente da Liga
Coaraciense de Futebol.
Há muitos anos que milito no futebol de Coaraci, aproximadamente 42
anos. O futebol de Coaraci é muito bom, posso até dizer que é o melhor da
região. Já joguei em seleções e em muitos times da nossa região
compreendida por Ubatã, Itajuípe, Almadina, e Itapitanga. Antigamente a
gente jogava e não ganhava dinheiro, hoje, os atletas que jogam na
seleção de sua cidade são todos pagos. O Grêmio e o Coaraci foram os
times nos quais joguei em Coaraci. Sendo que esse último foi o que mais me
deu alegria, pois ganhamos todos os campeonatos que por sinal eram
muito bons. Gostaria de destacar alguns jogadores da época: Expedito, Tutu, Wando de
Bino, Milton Cerqueira (atualmente, vereador em Itabuna). Eu entrei na equipe quando o
time estava encerrando suas atividades. O Coaraci era um time respeitado em toda a
região.
Com trinta anos de idade fui jogar no Grêmio que era um time excelente. Fomos
várias vezes campeões. Havia também outro time muito respeitado na época, era o 12 de
Dezembro, no qual nunca joguei, porém era o nosso maior rival.
No que diz respeito aos campos de futebol, tinha o “Alto do Exu”, que era um
campinho de barro, um peladão, no qual joguei várias vezes tanto babas como
campeonatos em razão do fechamento do campo principal para a construção do
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estádio Antonio Barbosa Teixeira, o Barbosão. Jogamos no campo do “Alto do Exu” por um
período de quatro anos, e apesar de tudo nos divertíamos muito, os jovens tinham prazer
em jogar ali. Dessa forma, o mundo das drogas era evitado, o que, lamentavelmente, não
ocorre hoje com a nossa juventude. A nossa cidade está necessitando de mais campos de
futebol para que possam surgir grandes atletas no futuro e vários craques.
Agradeço a Deus, depois a você Jorge Rocha que fez e está fazendo um grande
trabalho pelo esporte de Coaraci. Aproveito para dizer a estes jovens que se espelhem em
vários jogadores do passado, como: Expedito, Eduardo Massa Bruta, Toinho, Toninho Cruz
entre outros, para que possam ser reconhecidos em toda a região.

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Evandro Lima Alves - Professor de Educação Física pelo colégio do Educandário Pestalozzi

Fui professor de Educação Física pelo colégio do Educandário Pestalozzi


na cidade de Coaraci-Bahia, entre os anos de 1978 a 1980, em
substituição ao titular da pasta, o professor Carlos Roberto Fernandes que
era contratado pelo Secretaria Estadual de Educação.As aulas eram
ministradas na quadra de esportes do próprio educandário, sempre nas
terças, quintas e sábados. No sábado, eram realizados os treinamentos de
futsal, rand-bol e basquete e entre os atletas, o destaque para
Uberlândia(Bel fotógrafa) que era goleira de randbol, Néia de Pedro Vieira e Diana de
Ecinho como jogadoras, pela ala feminina. Já pelo masculino, os destaques para Dudú de
Carlito Quadros, Marcelo de Arnaldo Lima, Paulo Roberto Lyrio Pimenta(filho do Dr.
Fernando Pimenta), Aloísio e Lenivalter, filhos do Sr. Aluísio, além de Lilico e Wando cão do
Sr. Walmiro de Jesus e ainda Venâncio e Vinícius de Santinha, entre tantos outros nomes da
época.
*Evandro Lima, filho da Lavadeira Raimunda Lima Araujo e do sapateiro Hilário Alves
Pereira(já falecidos). Jornalista e Radialista. Tomou posse no Banco do Brasil na cidade de
Coaraci em 22/01/1976. Autor dos livros Coaitamara(1987), Melhores Momentos de um
Repórter(1990) e Gratidão a Colatina(1995). Ex-professor dos Colégios Coaraci,
Educandário Pestalozzi e Centro Educacional de Coaraci, CEC, ambos na cidade de

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Coaraci, entre os anos 1975 a 1981.Atualmente é assessor de imprensa da Prefeitura
Municipal de Eunápolis e Editor de Jornalismo da Rádio Ativa FM de Eunápolis.
E-mail: evandrolima.agora@hotmail.com

Altran Silva Campos – ex-jogador de futebol de Coaraci, fotógrafo esportivo.

Minha participação no futebol não foi tão brilhante assim. Dei a minha
participação no futsal da época do Clube dos Bancários. Cheguei a
jogar na quadra do clube por muitas vezes. No futebol de campo,
joguei em alguns times:
a) O Cruzeirinho - fundado na Rua do Cemitério e que fora dirigido
por um rapaz chamado Eronildo. Tenho fotos desses times, apesar da
dificuldade da época, que comprovam os fatos esportivos de minha
época;
b) O Nacional – fundado aqui no bairro da Feirinha e tinha como presidente o ex-
vereador Jorge Simões e como treinador o senhor Manoel, o time contava com a
participação de jogadores daqui e do centro da cidade; temos fotos do Nacional;
c) O Feirinha - conhecido como time da Feirinha, chegamos a ser campeões em um
torneio da nossa cidade. Pouca gente sabe disso, porque não existia a divulgação que
existe hoje.
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Tenho foto também de um time fundado na Rua do Cacau, chamado Liverpool que
tinha a participação de Luiz de Deus, Zé de Silvino, Careca, entre outros. Era um time que
não chegou a disputar campeonatos, mas que fazia muitos jogos fora de Coaraci, numa
espécie de intercâmbio. Era um time fundado, exclusivamente, para amistosos, para
confraternizações.
Na minha época de criança, existiam campeonatos infantis no campinho ao lado do
atual estádio. Porém, começamos mesmo foi na cerâmica Rio Almada onde tínhamos
torneios e lá começamos a participar dos campeonatos. O treinador do time era Miscena
Serralheiro. Os jogadores que se destacaram foram: Zeca Preto, Mandioca e o grande
goleiro chamado Arigó (atualmente é cambista do jogo do bicho). Eu tive uma
participação no futebol de minha cidade, mas poucas pessoas sabem disso. Muita gente
que participou do futebol de Coaraci está afastada, infelizmente, por “panelas” do
futebol, as chamadas “picuinhas”. Eu mesmo me afastei por esse motivo.
Cheguei a participar no time do CEC (Centro Social Urbano), onde fomos campeões
junto com Hélio (Vei Zé). O time era dirigido pelo pessoal do Velho Rufino. O Cruzeirinho e o
Satélite foram fundados pelos funcionários do Banco do Brasil. O futebol daquela época
não tinha apoio, por isso tínhamos que correr atrás de patrocínio para ter um time, para
poder pagar a lavagem das camisas etc. Hoje os jogadores ganham para jogar.
O maior jogador de Coaraci e da região, o China, surgiu exatamente no campo do
“Alto do Exu”.

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Eu não me incluo entre os jogadores que se destacaram na minha época. Os
destaques foram: China, Wando do Bino, Tutu, Expedito, Toinho Barbosa, irmão de Eduardo
Massa Bruta, diga-se de passagem, um dos melhores centroavantes que já vi jogar, ou, o
melhor. O futebol da época exigia muito. Hoje, alguns jogadores aparecem uns meses e
somem de repente.
Concordo que o jogador ganhe para jogar, mas acho que o futebol acaba quando
os dirigentes valorizam jogadores que vêm de fora, de outra cidade, e deixam de dar
oportunidades a jogadores da casa. É quando começa o problema, pois os jogadores da
casa poderão exigir: “Se fulano vem de fora e ganha dinheiro para jogar, por que eu vou
jogar e ganhar menos?” Naquela época não cheguei a jogar na Seleção de Coaraci, pois
meu futebol era limitado, mas existiam jogadores à altura. Não havia necessidade de
trazer jogadores de fora, pois tínhamos bons jogadores.
Eu sempre levei o futebol a serio, mesmo com o meu limitado futebol. Em semana de
jogo, eu não ia para rua curtir. Na nossa época não se ouvia falar em drogas. As drogas
estão matando os jovens de hoje. Lembro-me que em uma partida de futebol, jogando
pelo Cruzeirinho, a minha função era marcar Toinho Barbosa, então aonde ele ia na parte
do campo, eu o acompanhava. Em um momento ele me falou: “Rapaz, você vai se
cansar!” Eu não consegui marcá-lo completamente, mas não me cansei. Sempre me
preparei. Hoje tenho 58 anos de idade e ainda dou meus pontapés na bola.

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Existiam campos em todo lugar de Coaraci: Rua do Cacau, Praça da 2ª Igreja Batista
(Praça João XXIII), esse campo era chamado de Burundanga, onde disputávamos vários
campeonatos todas as manhãs de domingo.
Joguei futsal ao lado de Dido Oliveira, (hoje, cantor profissional), de meu amigo
Martinha e Sabão (um dos melhores jogadores de futsal da época). Mandioca era um
centroavante tipo Jairzinho, o furacão da Copa de 1970. Quando ele colocava a bola na
frente, ninguém conseguia alcançá-lo. Copeu era um lateral, grande jogador que
começou comigo na cerâmica Rio Almada, inclusive jogou até no Botafogo do Rio de
Janeiro.
Agradeço a você, Jorge Rocha, pelas perguntas sabendo que faz parte também de
um trabalho acadêmico na UESC (Universidade Estadual de Santa Cruz). Aproveito para
lembrar a essa garotada que futebol é um grande caminho para se livrar da maldita droga
que está acabando os jovens em todo o mundo.

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Professor Gilson Moreira – ex-jogador amador de futsal, ex-vereador, Diretor do Centro
Educacional de Coaraci.

Comecei a jogar futebol no campo da Fazenda Cachoeira Bonito, na


entrada da cidade de Coaraci, depois nos Gualberto onde tinha um
campo. (No tempo em que Coaraci tinha campos). Hoje a dificuldade é
terrível. Faltam muitos campos de futebol. Os prefeitos não têm boa
vontade. Querem construir quadras, quando na realidade o que as cidades
pequenas precisam é um espaço apenas para duas traves para o pessoal se
divertir. Comecei a jogar futebol de salão na quadra do Colégio Municipal
de Coaraci. Foi lá onde nasceu o esporte de quadra em nossa cidade. Tinha basquete,
voleibol e tinha futebol de salão. Eu apenas observava. Eu era criança, naquele tempo,
era um rapazinho. Nos intervalos, a gente jogava com tampinhas de garrafas. É verdade!
Logo após foi criado o Clube dos Bancários, foi quando eu comecei minha vida de atleta
do futebol, melhor dizendo, não fui atleta, fui um jogador de futebol de salão. Que é
diferente de ser atleta, pois atleta é aquele que se cuida. Eu era um jogador de futebol.
Ou seja, eu não ligava muito para o preparo físico, mas dizem que eu jogava futsal muito
bem. Era não era um artista da bola, o artista da bola era chamado de Catulo que hoje é
médico em Jacobina. Eu era um cara que decidia uma partida. Driblava bem, mas não
tinha a perfeição de um drible que Catulo tinha. Catulo, inclusive, é meu irmão e chegou a
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jogar na seleção baiana de Futebol de Salão, também jogou no Vitória da Bahia. Jogamos
aqui no campo do estudante, onde ganhamos muitos títulos.
Na seleção de Coaraci de Futebol de Salão, nós nunca perdemos para ninguém. Na
época tinham também Toinho Barbosa, Vanderlei Farias, Josemar Gualberto e o maior
goleiro que conheci chamado Massa Bruta (Eduardo Barbosa), irmão de Toinho Barbosa.
Massa Bruta sabia defender e distribuir a bola numa grande perfeição.
O que marcou e marcará até hoje é a paixão do torcedor coaraciense, que tanto
gosta de futebol de campo quanto do futebol de salão. Eu não acompanho muito, pois se
depende muito financeiramente. Eu vesti a camisa da seleção da minha cidade, e juntos
com meus companheiros nos entregávamos de corpo e alma. Eu, Toinho, Catulo,
Vanderlei, Josemar, Massa Bruta, Zé Leal e outros tantos nunca perdemos uma partida de
futebol. Parece até mentira. O pessoal daquela época pode confirmar: a seleção de futsal
de Coaraci reinava soberana na nossa região. Conquistamos muitos títulos.
O meu time do coração era o FIVE BLUE, no qual joguei algumas partidas. Era um time
como o América do Rio de Janeiro, porém não consegui ganhar nenhum título jogando
pelo Five Blue. Ninguém fazia preparo físico, mas havia treinamento. O técnico era
chamado de Pão. Zelito era o nosso orientador não apenas no campo ou na quadra, mas
na vida social também. Eles nos davam orientação física. Eram firmes, rigorosos. Eles
também fiscalizavam a nossa vida escolar. A disciplina era algo fundamental para a
participação no futebol de salão de Coaraci.

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Hoje, é diferente. O mundo mudou muito e deixei de ir ao futebol. Não vejo
amadorismo hoje; não vejo amor pelo time. Vejo interesse financeiro não só dos jogadores,
como também dos dirigentes, inclusive, não tenho nada contra o intermunicipal.
Fui vereador por três mandatos, participei, fiz uma campanha, investiguei e descobri
que a prefeitura gasta demais com jogadores de fora. Traz os jogadores e os daqui ficam
sempre em segundo plano e muitos daqui jogam igual ou melhor. É feito um campeonato
de bairros e não aproveitam os jogadores que se destacam para que possam jogar pela
seleção de Coaraci. Garanto que esses jogadores não custam caro, e vão jogar com mais
amor.
O que nós precisamos é de mais amor e menos dinheiro, porque quando termina o
intermunicipal em Coaraci não aprendemos nada, nem fica nenhum lucro. É uma conta
que só faz retirar, não se deposita nada. A prefeitura gasta muito com o intermunicipal e
não vejo retorno. Se a metade desse dinheiro fosse gasto apenas com o campeonato da
cidade seria outro campeonato. Sou favorável a um campeonato municipal como tinha
tempos atrás, tendo o interbairros como intermediário. Não custa caro. Os gastos
excessivos em 2001 foi mais ou menos doze mil reais; em 2009, foram cinquenta mil reais por
mês. É um absurdo! Não é absurdo desde que tenha retorno, mas não vejo nenhum
retorno.
O estádio de Coaraci, construído na gestão do prefeito Antonio Lima, não tinha
iluminação, então esses cinquenta mil reais dariam muito bem para a colocação de
refletores no estádio. O estádio está aí jogado. Após a saída de Antonio Lima da prefeitura,
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um prefeito colocou as torres, porém colocou torres de ferro, sem proteção, sem
manutenção e se acabou. Hoje, não pode praticar futebol à noite, pois o estádio não
possui iluminação. No entanto, deveria pegar o dinheiro que é dado a atletas que vêm de
fora que não fazem nada a não ser tomar cachaça, cerveja e fazer farras, o correto é
refazer a iluminação do estádio.
Enfim, todos os títulos que ganhei foram importantes, porém o mais marcante foi o
primeiro, porque o Santos tinha uma equipe fantástica, ganhava tudo. Então “Seu” João
Cardoso fundou o Botafogo. No primeiro ano, a menor goleada que tomamos foi de cinco
a zero. No segundo ano, arrebatamos o título do Santos. Fiz dois gols, que foram os gols da
vitória. Esses campeonatos eram realizados no espaço da Igreja Católica, “Clube dos
Bancários”, onde hoje é chamado de Centro Comunitário Santa Bernadete. Era um clube
e construíram uma quadra, e todo futebol de salão, esportes em geral, também eram
disputados no Clube dos Bancários. Padre João ainda tentou reconstruí-lo.
Minhas considerações finais são para dizer que as regras mudaram muito. É um
absurdo o atleta chegar de frente para o goleiro e dar um pontapé no pobre do goleiro.
Eu acho que com as regras anteriores o futsal era mais bonito e técnico. Hoje eu acho
terrível para um atleta chegar dentro da área e dar um bico na cara do goleiro.
Aproveito para deixar uma mensagem para os jovens de hoje para que pratiquem
esportes e estudem, porque só temos uma saída. O estudo e o esporte, juntos, mudam a
vida de qualquer pessoa, posso garantir, desde que essa pessoa se determine a ser um
atleta do futuro.
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Zefira Ramos Nery - ex-jogadora da seleção de Coaraci (handebol e futsal),
professora leiga de Educação Física.

Olha, estou com 49 anos de idade e desde pequena meu jeito era esse
de menino, até as minhas brincadeiras eram voltadas para brincadeiras de
menino. Joguei bola por toda vida. O esporte está no meu sangue; amo o
esporte. Já participei de muitas competições, muitas atividades; agora atuo
como professora leiga de Educação Física, e estou indo bem nessa área, pois gosto do
que faço. Estou muito contente com o meu trabalho. A coordenação e demais professores
também gostam do meu trabalho.
Eu já participei de várias modalidades: handebol, basquete, vôlei, futebol de campo,
futebol de salão. Não fui nenhuma craque, mas eu gosto do esporte. Dentre as
modalidades esportivas que pratiquei a que não me identifiquei foi com o vôlei. Gostei
muito do basquete e era treinada por Valdir Amorim que não era nenhum profissional da
área, mas tinha muita responsabilidade. Ele sabia passar as regras do basquete.
Jogávamos com outras equipes, não por muito tempo, pois o apoio não havia e as
meninas precisavam trabalhar. Infelizmente o basquete não foi à frente.
Não tenho conhecimento de jogadoras reconhecidas no basquete de Coaraci, mas
havia jogadores de destaque dos quais me lembro muito bem do filho de Valdir Amorim, o
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Mateus, que na época era uma criança, mas eu o admirava muito quando brincava com
os outros meninos e com o Rui que era o destaque da seleção de basquete de Coaraci.
Algumas vezes eu falei para o Mateus, mesmo em tom de brincadeira: „olha aí o futuro do
basquete de nossa cidade‟. Infelizmente caiu no esquecimento por falta de apoio. O
irmão de Valdir Amorim, o Dicinho Amorim, Rui Nascimento eram os outros destaques. Rui
fazia cesta de três pontos do meio da quadra. Ele gostava de arremessar e fazia valer.
Rosângela foi uma dos destaques do basquete feminino. Quando saíamos para jogar,
o pessoal ficava de olho nela e chegava a dizer que se ela fosse mais nova (tinha 18 anos
de idade) poderia fazer parte da seleção baiana. Ela era conhecida como Rô, e mora em
Itabuna atualmente.
No vôlei não me lembro de meninas que se destacaram a não ser Jamile que levava
muito a sério. Ela jogava handebol e gostava de voleibol. Atualmente mora em Itabuna.
No handebol eu era armadora, mas quem se destacava mais era Carina e no gol era
Antonia “Tonhão”, que foi umas das goleiras mais cotadas da época. Ela jogava com
raça, colocava o time para frente. Ela não tinha medo e levantava a equipe. Tonhão fazia
cada lançamento para Carina e para quem estivesse posicionada!
O handebol masculino não se destacou muito. Falávamos que só o handebol feminino
que era campeão, então eles começaram a se esforçar. Treinávamos juntos, e o feminino
era mais rápido. Eles tinham potência para subir na defesa, pois eram mais altos. Quando
eles iam jogar com outra equipe levavam desvantagem. Com o passar do tempo,
perceberam que não dava certo esse tipo de treinamento e resolveram treinar entre si. Eles
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começaram a “brigar” pelo horário deles no ginásio de esportes enquanto que nós
também brigávamos pelo nosso horário. Começaram a melhorar e participaram de jogos
mais importantes, chegavam sempre em segundo lugar, nunca foram campeões. Em
quadra, eles se doavam, queriam chegar ao objetivo.
Afastei-me do handebol há muito tempo, inclusive teve um campeonato de handebol
masculino e feminino e não o acompanhei. Isso porque a gente chega a certa idade em
que as coisas são levadas mais a sério. Resolvi a seguir o ditado que diz: “os incomodados
que se mudem”. O treinador não estava mais treinando a equipe e não havia mais
respeito para com os atletas, algumas atletas não respeitavam o treinador. Cheguei a
discutir com o próprio treinador. Eu me senti incomodada e saí.
Eu gosto muito de futebol de salão, e tenho três troféus lindos e maravilhosos que
enfeitam a sala da minha casa. Nunca fui de fazer gols, pois jogava sempre como fixa,
mas sempre procurei ajudar a minha equipe. Tenho preparo físico muito bom, graças a
Deus, eu me cuido e sempre procuro me cuidar. Em todos os campeonatos que foram
feitos, minha equipe foi campeã, inclusive até o campeonato regional de futsal feminino
que Jorge Rocha fez. Tenho muitas lembranças de tudo isso. Fui campeã também pela
Liga de Futsal, com Edson Galo, jogando pelo Verona. Vale lembrar, que qualquer time
que eu fizer terá o nome de Verona. Por que Verona? Porque desde o início que a gente
jogava handebol, lembro-me que Jorge Moral dizia assim: “vamos escolher um nome para
o nosso time?” Na época, viajamos a Itajuípe para um jogo de handebol e lá nós
ganhamos, foi quando Jorge Moral disse: “vamos escolher um nome para o nosso time,
42
mas não pode ser nome de time brasileiro”. Ele, então, escreveu vários nomes e sei que
ficou o nome VERONA (time italiano na época). O Verona nos deu muitas alegrias, além do
mais, nós jogávamos com alegria e ganhávamos sempre.
Atualmente, faço parte da Igreja Atletas de Cristo e também faço parte da equipe da
Escolinha Nova Geração de Aloísio Nunes. É uma equipe que treina diariamente. O
treinamento é bem estruturado e é o futuro de Coaraci no futebol feminino. Ele está se
empenhando com responsabilidade e respeito às atletas.
Não tenho mais idade para disputar títulos, mas dou minha colaboração na medida
do possível. Também prevalece que devemos sempre que possível praticar esportes, pois o
esporte é bom para a saúde. Nesse sentido, estarei disputando mais um campeonato de
futsal em 2011.
No que diz respeito ao futebol de campo feminino, acho difícil falar, pois o futebol de
campo exige mais quantidade, não falo nem qualidade, mas quantidade. O time de
futebol feminino que tem futuro aqui é o time do distrito de São Roque, se for bem treinado
e bem preparado será o futuro do futebol feminino de Coaraci, precisando apenas de
mais atenção e mais cuidado.
No futebol de campo feminino, chegamos a ser campeões em 1987, na Copa do
Cacau, em Ibicaraí. Nego Dui foi quem colocou a equipe no auge do futebol feminino e
trouxe meninas de fora. O futebol feminino naquela época era igual à seleção de futebol
masculino de nossa cidade que traz jogadores de outras cidades causando grande
euforia. Dui investiu muito na equipe. Durante a Copa Regional, viajávamos muito em
43
ônibus confortáveis. Antes dessa época, eu estava com 18 anos e participei do
Campeonato Baiano. O nosso time foi jogar em Salvador, Feira de Santana. Lembro-me de
Maria Helena Nova. Ela era uma das melhores jogadoras do campeonato da Bahia. Foi um
campeonato muito bom e muito importante para nós e para a nossa cidade. O prefeito
na época (1987) era Joaquim Torquato.
O esporte feminino já deu muitas alegrias à população de Coaraci, pena que não foi
muito reconhecido. Tivemos muitas jogadoras que se destacaram no futebol de campo de
Coaraci. Cosmira era minha prima e muitos perguntam por ela. Na época, eu e ela éramos
as melhores jogadoras daqui de Coaraci. Eu era camisa 9 e Cosmira vestia a camisa 10.
Cosmira jogou no time das Panteras da cidade de Ipiaú. Ela foi convidada para muitos
campeonatos fora de Coaraci. Participamos do campeonato baiano e tivemos que trazer
jogadoras de outras cidades, como as atletas: Rita Bunda Preta (já falecida); Déu, de
Itabuna; Rita Lomanto, Bete, Taioba, Meire; Arlândia “Bigu”; Joane; Ana Rúbia; Margarete;
Terezinha Sales, entre outras.
Enfim, é muito bom relembrarmos os acontecimentos esportivos de Coaraci.
Lamentavelmente, muitos dos atletas da época não tiveram apoio para que pudessem
dar sequência a carreira esportiva. Não temos ainda a liberdade de mostrar lá fora as
atletas do município. Algo positivo já está acontecendo, temos escolinhas aqui que já
trabalham com futebol feminino com crianças meninas de nove a treze anos. Isso é muito
bom. Essas meninas estão se preparando para, futuramente, serem jovens mulheres de
respeito ao próximo, para que não entrem em farras, bebedeiras, caminho das drogas e
44
que não possam entrar no mundo da prostituição. Aloísio me disse uma vez que seu time
feminino, que ainda são crianças, ainda não está preparado para mostrar seu trabalho lá
fora, pois tem medo que elas entrem no meio da malandragem.

Augusto César “Guto”. Jogador da Seleção de Coaraci - ex-jogador do


Corinthians, professor de Educação Física.

Sou professor de Educação Física, portanto sou colega de Jorge


Rocha. A minha trajetória futebolística foi uma coisa brilhante em minha
vida, pois eu tinha apenas nove anos de idade quando iniciei no esporte.
Eu não era aceito nem incluso na comunidade porque não era atleta.
Faltava perfeição no passe e um bom posicionamento em campo, além
da técnica que não era apurada. Isso tudo me prejudicou no início da carreira, mas a
vontade de ser um jogador de futebol era muito maior. Enfrentei muitas barreiras com
determinação para poder depois subir ao pódio maior que eu consegui e ainda pretendo
continuar na busca dos meus objetivos.
Comecei em 1994, quando na oportunidade fui vice-campeão baiano de futsal
jogando pela seleção de Coaraci contra a equipe do Fluminense de Feira. Em 1996, fui
campeão da Copa Catarinense pelo São Bento de Sorocaba. Jogando pelo Corínthians
Paulista fui vice-campeão paulista da categoria juvenil, na oportunidade o Palmeiras foi o
45
campeão. Joguei pelo Tupi de Minas Gerais, depois pelo Confiança de Sergipe. Cheguei
às seleções do Intermunicipal. A primeira seleção que joguei foi a de Almadina, em 1998.
Eu pagava a minha passagem para poder jogar, para ter um mérito no intermunicipal,
para ser reconhecido e muito mais. Em 1999, tive uma passagem pela seleção de Itajuípe
e chegamos às semifinais contra o Cachoeira. Atuei pela seleção de Uruçuca em 2000,
onde fui vice-campeão do Intermunicipal. Em 2001, assim que saí de Uruçuca fui campeão
pela seleção de Coaraci. Em 2002, fui campeão da Copa Bahia, pelo Flamengo de
Itajuípe. Em 2003 e 2004, fui campeão da Copa Bahia, pelo Senzala de Camamu. Fui
campeão 26 vezes dos 39 campeonatos municipais que disputei: cinco títulos em Itajuípe,
quatro em Santo Antonio de Jesus, três em Ubaitaba, dois em Ituberá, três em Valença,
dois em Prado, três em Alcobaça, três em São Miguel da Mata, um em Mutuípe. Enfim, em
toda a região cacaueira conquistei títulos.
Graças a Deus, a minha persistência foi grande, e hoje os empresários de jogadores
ficam me procurando para que eu exporte jogadores da minha cidade. Tenho feito isso
nas cidades aonde vou. Assim, posso levar bastantes jogadores para representar o nome
da nossa cidade sempre mais alto no cenário futebolístico. Espero que outros atletas
possam fazer o mesmo para que os jogadores de Coaraci estejam atuando na região
cacaueira e até no cenário baiano.
Há um fato curioso na minha trajetória: antes de ser jogador de linha, eu fui goleiro.
Ninguém queria me colocar para jogar de tão ruim que eu era, então comprei uma bola e
fui jogar na quadra. Chegando lá, os meninos não me deixaram jogar, porque eu era
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muito ruim para o passe, drible ou para fazer gol. Os colegas me deixaram de fora, mesmo
com a minha bola em quadra. Quando eu ia entrar na segunda dupla, eles ainda me
colocavam no gol, porque não me queria na linha. Então comecei a tomar muitos gols. Às
vezes a bola batia e não entrava.
Participei da Escolinha Nova Geração, como goleiro, mas aos 13 anos fui fazer um
teste para o Corínthians. Aprendi muito fundamento, técnica e tática. A partir daí comecei
a crescer no futebol para hoje realizar este sonho de ter vários títulos.
No caminho do título de campeão do Intermunicipal de 2001, surgiram os problemas
financeiros. A folha dos outros times chegava a trinta ou quarenta mil reais, enquanto que
a nossa era de cinco mil e oitocentos reais. A diretoria tinha que pagar a 25 jogadores,
treinadores e comissão técnica. Isso não foi fácil, e prejudicou muito no acesso as partidas.
Por exemplo, havia jogadores experientes que recebiam mais e às vezes até “por debaixo
do pano”. Isso prejudicou toda aquela garotada que tinha grande vontade de crescer. Eu
sempre achei que devia se repartir o “bicho” de igual para igual. Desse modo, roupeiro,
massagista, treinador e jogadores todos ganhavam. A caminhada foi árdua, mas
conseguimos o título do Intermunicipal. Valeu a pena, porque hoje Coaraci tem um título
de Campeão do Intermunicipal.
No início do campeonato foi muito difícil para classificar na primeira fase, pois Coaraci
precisava ganhar de Ipiaú aqui dentro de casa, enquanto que Ibirataia estava com 13
pontos, Ipiaú com 12 e nós com apenas 9 pontos. Naquele jogo, Deus me abençoou e fiz o
gol de Coaraci, de cabeça, classificando a equipe para a segunda fase. O empate tiraria
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Coaraci. No jogo seguinte, ganhamos de Santo Amaro que estava no auge, dentro de
seus domínios. O jogo foi três a um e decidimos o título em casa, vencendo por um a zero.
O título mais importante em minha vida foi justamente o intermunicipal de 2001. Esse
vai ficar marcado, porque foi o que eu mais queria: ser campeão pela minha cidade. É um
amor muito grande que eu tenho pela minha cidade, pela camisa que vesti durante 10
anos. Deus me presenteou em 2001 com o título de campeão do Intermunicipal. Essa
marca registrada ninguém tira. Tem até placa no estádio Barbosão. Isso ficará para sempre
de geração em geração. Foi um feito muito grande em minha vida.
Graças a Deus foi uma carreira brilhante que fiz, e hoje, sendo educador físico posso
passar o melhor para os meus alunos.
Espero que a garotada do futebol de escolinhas nunca queira se envolver com as
drogas. Desejo que novas escolinhas sejam abertas, porém para pessoas dos 17 aos 23
anos para que possibilite mais oportunidades a esses jovens, pois quando chegam aos 17
anos já não podem mais participar da escolinha na qual faziam parte. Por isso, faz-se
necessário a criação da categoria de juniores, para que esses jovens não fiquem com o
tempo ocioso, não procurem o mundo das drogas e que possam ser novos cidadãos de
bem. Coaraci possui bons jogadores e isso ficou provado num amistoso profissional contra
a equipe do Itabuna, em 2011. O time de Coaraci empatou em três a três, com ótimo
futebol. Aqui em Coaraci há muitos valores, tendo oportunidades o sucesso virá.
Enfim, espero que você, Jorge Rocha, finalize esse trabalho acadêmico com muito
êxito. Desejo boa sorte e felicidades.
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Aderbal Santos Mendes, o popular Careca – Organizador das Maratonas em Coaraci

A maratona que ocorre aqui em Coaraci foi idealizada através do grêmio estudantil.
Surgiu então assim: pela manhã era realizado um torneio de futebol sempre no mês de
junho na quadra do Colégio CEC – Centro Educacional de Coaraci - porém pela tarde,
como não havia nenhuma atividade, organizei uma maratona mesmo com muita
dificuldade para conseguir recurso para premiação. A primeira maratona ocorreu em
1998, participaram cerca de 700 alunos, e todos receberam medalhas e brindes além de
premiações aos quatro primeiros colocados. O vencedor foi Arnaldo “Cabaço”, aluno do
noturno e morador do bairro Alto do Hospital. O segundo colocado foi o aluno Nego Liu.
Na categoria feminina a vencedora foi Eliene, “Lica”, residente no bairro Jardim Cajueiro.
A maior dificuldade era conseguir premiação para os atletas, pois o Grêmio Estudantil
não tinha recursos financeiros, porém sempre conseguimos ajuda do comércio local, e na
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primeira maratona todas as 700 medalhas foram doadas por Nino Torquato; os troféus e
brindes foram doados pelo comércio local e pessoas da comunidade.
No ano de 1999, a maratona passou a ser chamada “Maratona da Independência”,
já que passou a ser realizada no dia 07 de Setembro, data da Independência do Brasil. A
corrida teve início às 10 horas da manhã com a participação de 800 atletas, com
premiação para todos. Novamente, Arnaldo “Cabaço” chegou em primeiro lugar, porém
após realizar um grande esforço físico para alcançar a vitória, ele quase desmaiou sendo
atendido pelo Dr. Farias, médico bem conhecido em nosso município, que estava
participando voluntariamente da maratona. Na categoria feminina, novamente venceu
Eleine, “Lica”.
Em 2000, infelizmente não realizamos a maratona por falta de recursos devido a crise
econômica que nosso país enfrentava e nossa região sofreu muito com a queda no preço
do cacau, o que levou a um enfraquecimento do comércio e de pequenos empresários.
No ano de 2001, o Colégio CEC passou a ensinar apenas alunos até a 8ª série do
Ensino Fundamental, então os alunos que iriam cursar o Ensino Médio tiveram que migrar
par o Educandário Pestalozzi. Com esse novo quadro no ensino de Coaraci, para que a
maratona não acabasse, passamos a fazê-la em âmbito municipal e mudamos a data
para o dia 12 de dezembro, data do aniversário de Coaraci. A largada foi realizada no
bairro da Feirinha, já que naquele momento eu fui eleito presidente do Grêmio Estudantil
do CEC e presidente do Bairro com uma votação expressiva de 599 votos contra 99 votos
do candidato adversário. Nesse ano, a maratona teve um novo ganhador: Renny,
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morador do Alto do Hospital e jogador da equipe da Barragem. Ele competiu com
maratonistas profissionais de Vitória da Conquista, Feira de Santana, Itabuna e Itajuípe. A
premiação foi R$ 500,00, troféus e medalhas.
No ano de 2002, infelizmente o nosso amigo Wendell da Costa Silva faleceu. Ele fazia
parte do Grêmio Estudantil Dr. Juvêncio Pery Lima do Colégio CEC e sempre participava
das maratonas como atleta. Em sua homenagem, os troféus foram confeccionados com o
nome de Wendell e doados pelo sargento Luciano, hoje, ex-vereador em Coaraci. O
primeiro lugar foi conquistado novamente por Renny, que ganhou uma bicicleta, troféu e
medalhas. A partir desse ano, todas as maratonas teriam como prêmio uma bicicleta. O
primeiro lugar na categoria feminina foi conquistado novamente por Lica.
Em 2003, não houve maratona, pois não foi possível organizar uma equipe para
coordená-la, já que cada vez mais aumentava a quantidade de atletas e era necessário
um grande grupo para ajudar.
Em 2004, realizamos a maratona tendo como ganhador novamente Renny, que levou
uma bicicleta, troféus e medalhas, e na categoria feminina a vencedora foi novamente
Lica.
No ano de 2005, a largada foi na Praça Pedro Procópio, pela manhã, e mais uma vez
em primeiro lugar no masculino foi Renny. Foi a sua última participação, pois por motivos
de saúde teve que se afastar da maratona.
Em 2006, o troféu teve o nome Renyson Duarte em homenagem ao grande atleta
Renny, que conseguira ganhar três vezes consecutivas. O ganhador dessa maratona foi
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um jovem simples do bairro Jardim Cajueiro, que por motivos financeiros quase desistiu de
participar da maratona. Foi um amigo que o inscreveu doando um quilo de alimento no
dia 12 pela manhã. Ao se apresentar no horário da largada, o jovem estava calçado com
um sapato social. Perguntei se ele iria se vestir adequadamente para a corrida, ele disse
que sim, porém iniciou a corrida com os mesmos trajes simples. Logo na largada, ele deu
um tiro de 500 metros de distância, deixando outros atletas para trás, conseguindo
administrar essa distância e ganhar a maratona. A premiação foi uma bicicleta, troféus,
medalhas e brindes. Na categoria feminina, Lica chegou em primeiro lugar e ganhou
também bicicleta, troféus, medalhas e brindes. A maratona foi realizada com apoio da
prefeitura e comércio local.
Os alimentos que arrecadávamos nas competições eram doados a pessoas carentes
de nossa comunidade, pois a maratona não tem fins lucrativos. Em 2006, o alimento
arrecadado foi doado a Rádio 104,9 FM que estava com a campanha “Natal sem fome”,
o qual visava doar alimentos para outras entidades e pessoas carentes.
Saber que crianças, jovens e adultos participam da maratona é muito gratificante. O
esporte é essencial em nossa vida, e incentivar a prática do mesmo é de grande
importância. Todos os anos, cresce o número de pessoas que participam, e hoje, como a
maratona é livre, vêm atletas de todas as regiões do Brasil, de amadores a profissionais.
Outro ponto que me deixa muito feliz é poder realizar um evento grande como esse, e
ainda poder ajudar pessoas carentes de nossa comunidade, através da doação de
alimentos.
52
Para conseguirmos recursos para realizar a maratona sempre procuramos o comércio
local. Não pedíamos patrocínio em dinheiro, mas doação de materiais que pudessem
servir como brindes. A maratona não tem fins lucrativos nem possui vínculos políticos,
apenas a realizamos todos esses anos porque acreditamos que o esporte é importante
para a grandeza do ser humano e fortalecimento do atletismo em nosso município.
Gostaria de pedir à comunidade de Coaraci uma atenção maior à prática de
esportes, pois é uma atividade importantíssima para a nossa saúde e só traz benefícios.
Hoje, nossa equipe é formada por quatro pessoas. Aderbal “Careca”, (fundador e
coordenador da maratona) Gildson Ferreira “Tata”, Rafael “Rafa” e Marcos Antônio
“Esquerdinha” (organizadores). Para realizarmos a maratona em âmbito municipal
precisamos de um grupo maior. Portanto, se você tem tempo disponível e quer ajudar de
alguma maneira, nos procure para maiores detalhes. Nossos agradecimentos são para
todos que ajudaram de alguma forma a maratona. Pessoas da comunidade, comércio
local, vereadores e amigos. Gostaríamos de agradecer a todos os prefeitos que durante
esses nove anos sempre colaboraram de maneira essencial para o nosso sucesso.
Agradecemos ao ex-prefeito Gima por todo apoio que deu ao nosso trabalho e
mostrando que a prefeitura sempre esteve de portas abertas para nos atender como
sempre nos tem atendido.
Enfim, deixamos nossos sinceros agradecimentos a toda equipe do Alvo da Mídia por
ter cedido esse espaço e retratado de maneira realista todos esses anos da maratona em

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Coaraci, assim como Jorge Rocha, na sua pesquisa sobre a Educação Física e o esporte
de Coaraci.

COARACI: O CHUTE INICIAL por Dagno Cavalcante

Menino magrelo, feio de rosto e nariz aquilino. Passei no exame de


admissão ao ginásio em terceiro lugar tendo a sua frente o Emerson Soares
e Catulo dos Reis Moreira. Tive contato com a educação física através do
tenente Antonio Oliveira Leite e comecei a sonhar em ser professor de
educação física. Ruim de bola! Coitado! sempre estava sendo driblado
pelos meus colegas que já faziam parte do ESTUDANTE ATLETICO CLUBE,
time do ginásio de Coaraci (hoje Colégio Municipal). Tomei muita bolada
no rosto quando resolvi ser goleiro imitando meu irmão Rubem Cavalcante
o famoso goleiro SARACURA. Nada me fez desistir. Aos 15 anos fundei a
Liga de futebol Infanto-Juvenil e, junto ao Tidão (Reginaldo) e Alvinho (Álvaro) dirigimos o
destino da meninada por algum tempo sendo às vezes ajudados por Miscenas um
baixinho bigodudo que era funcionário da Cerâmica Rio Almada. Os meninos agora se
tornaram adolescentes e fomos mudando de endereço e atividades, mas continuei meu
sonho: “SER PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FISICA”. Em 1967 estava no curso de magistério e
já tinha uma equipe de futsal infanto-juvenil que disputava torneios na quadra do clube
54
dos bancários, o BLUE STAR SPORT CLUB. Convocamos alguns times de futebol e saíamos
fazendo amistosos contra Almadina, Itapitanga, Itajuípe, Uruçuca e Inema, sempre
conduzidos no jipão de um funcionário dos Correios. Viagens cheias de brincadeiras e
gozações.
Em 1969 se aproximava o grande momento de ver meu sonho se realizar: SER
PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FISICA. Em 12 de dezembro daquele ano, orador oficial da
turma de formandos (29 mulheres e só eu de homem) em meu discurso, eu disse que
estava disposto a tornar realidade o meu sonho de menino, EDUCAR OS MENINOS
COARACIENSES não só pela letra mas também pelo esporte. Em março de 1970 cumpri
minha palavra! Iniciei minha carreira de educador através do esporte e das atividades
físicas, ministrando aulas no antigo Colegio de Coaraci e Educandario Pestalozi.
Finalizando, fiz primeiro e segundo graus no Colégio municipal de Coaraci cursei o nível
superior no Seminário Brasileiro de Teologia em Ituiutaba-MG funcionário público estadual
da Bahia por 36 anos com cursos de aperfeiçoamento em educação física e esportes por
varias entidades. Participei de congressos internacionais de educação física. E atualmente
sou coordenador de esportes no Estado de São Paulo na organização EMBAIXADORES DO
REI das Igrejas batistas. Passou sua vida se dedicando ao trabalho nos esportes e hoje
aposentado agradecendo a Deus por ter dado minha pequena contribuição ao esporte
coaraciense.

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O futebol em Coaraci, quando na verdade não existia estádio..
Por Ronaldo Meira “Martinha”

Em se tratando de craques, entre o passado e o futuro, eu fico com o


passado. Todos jogavam com amor, todos suavam as camisas; todos
davam tudo de si e nos proporcionavam grandes espetáculos. Era o
futebol uma grande atração entre os jovens. Posso afirmar que também
tive a minha chance. Joguei em um dos melhores times clubes da minha
cidade: O COARACI, o qual promovia jovens, dando assim oportunidade
a todos os que tinham talento e habilidades.
Eram tardes maravilhosas, um público presente e a animação era total. Todos se
divertiam. Todos vibravam, agitavam suas bandeiras e o espetáculo era vibrante.
Alguns times se destacavam. Por exemplo, o Coaraci, o Corinthians, o Estudantes, a
Ferroviária, etc. Mas, outros clubes de porte médio, apenas serviam para que os grandes
fizessem artilheiros e somassem pontos e um alto saldo de gols. Por exemplo, o Bahia, o
Palmeirinha, a Lagoa e outros pequenos, faziam a galera vibrarem, pularem e se
acabarem em gargalhadas, pelas jogadas erradas, o número de gols que sofriam e assim
por diante. Não podemos negar, que muitos craques pisaram naquele gramado, craques
de nomes em que chegaram a ser destaque. Alguns até se tornaram profissionais e muitos
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deles poderiam jogar em outros clubes também de nomes importantes. Tínhamos Craques,
não tínhamos estádio!
Lembrando também que no futebol de salão (FUSTAL), o COARACI também foi
destaque e mostrou a sua força não só em Coaraci, mas sim para todo o estado da Bahia.
Era o famoso futebol arte. Craques, craques e mais craques. Um celeiro invejável com
muito orgulho e dinamismo.
E quem não se lembra de um grande perna de pau de prenome Zeca, a grande
atração da tarde de Domingo? Zeca conseguiu uma grande façanha, conseguiu fazer
uma jogada de craque diante do melhor zagueiro do time de Coaraci. Portanto na hora
de fazer o gol, Zeca é quem se tornou a bola e foi parar no fundo do gol. Foi chutar a bola
e tropeçou num montinho de areia na pequena área. Coitado do Zeca, toda a galera
vibrou, toda a galera gritou: Zeca, Zeca, Zeca, o grande perna de pau!!!! Resultado desse
jogo: seu time perdeu por 14 x 1.
Tudo era festa! Tudo era alegria! Tudo era euforia.
Entre o futebol de hoje e o futebol de ontem, eu ficaria com o ontem. Se preciso fosse,
com toda minha juventude, eu voltaria ao passado. É uma pena que a juventude não é
como a primavera, que sempre vai e volta... A juventude não volta mais.

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JORGE ANTONIO ROCHA – Desportista em Coaraci há 32
anos – Graduando em Educação Física na UESC – Professor
do Ensino Fundamental

Meu nome é Jorge Antonio Rocha, sou do esporte de


nascimento. Comecei a jogar futebol aos 11 anos de idade.
Joguei até os 18 anos em escolinhas, citando aqui a
escolinha do Professor Ari do Bairro da Feirinha e depois
brincando as chamadas “peladas”, inclusive até hoje. Minha história no esporte em
Coaraci é longa. No meu primeiro campeonato como jogador e presidente fui campeão
pelo Guarani, num campeonato de várzea da minha rua chamada de Ruinha de Zé
Ramos, hoje Final da Avenida Itapitanga. Ajudei a construir o campo ainda de grama por
volta de 1980. Participei de todos os eventos promovidos nesse campo. Aos 12 anos de
idade, eu já era presidente do time da minha rua. Meus jogadores já eram casados e com
experiência de vida nos esporte. Foi uma época maravilhosa. Jogávamos em toda a
região. Havia uma rivalidade muito grande entre a nossa associação e o time da Fazenda

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de Dr. Paulo, que tinha um campo muito bom, organizado a âmbito do campo do estádio
Barbosão (campo principal de Coaraci).
Em 1990, mudei para o Bairro da Feirinha, pois estava casado e continuava engajado
no esporte. Na oportunidade fui ajudar na organização do futebol no Centro Social
Urbano. Eu estava treinando a escolinha do Fluminense de Coaraci, campeã do primeiro
turno da cidade e não teve o segundo turno, pois o presidente da Liga considerou que
não teria segundo turno, e, o nosso time foi o campeão moral em 1993. Fui pioneiro na
maioria dos campos da cidade, como: Maria Gabriela, Barragem, Centro Social Urbano,
Dr. Paulo, Campo de Lídio, Lagoa de Sambaíba, Macacos, entre outros. Realizei inúmeros
campeonatos e torneios em categorias amadoras: futebol feminino, futsal feminino, futsal
infantil, infanto-juvenil, juvenil e adulto, além de futebol infantil, juvenil e juniores. Fui
presidente da Liga Coaraciense de Futsal nos anos de 2003 e 2004. Disputamos a Copa de
Futsal da TV Bahia, onde ficamos em segundo lugar na etapa da região, perdemos a final
para o futsal da cidade de Eunápolis.
No campeonato de Coaraci, fui campeão da segunda divisão de 1992, pelo
Fluminense, hoje, é um dos times de Coaraci que possui a melhor estrutura organizacional,
todo regularizado até para a disputa profissional, caso venha a ser. Fui também o primeiro
dirigente a colocar o bairro da Feirinha no cenário de Coaraci, o qual é respeitado em
todos os campeonatos que disputa.
Comecei em 1997 como dirigente no bairro, e no campeonato desse ano fomos até
as quartas de finais. Em 1998, não classificamos a equipe, mas em 1999 fomos até a
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semifinal do campeonato. Fatos curiosos nesse ano foi que pegamos o time do São Roque
todo completo na primeira fase e ganhamos por 2 x 0. Na fase seguinte, colocamos essa
equipe como biônico e “cutucamos a onça com vara curta”. Antes do jogo, os atletas do
meu time já estavam dividindo a premiação do campeonato, convictos que estariam na
final, mas Deus sabe de tudo. Tomamos um gol da equipe do São Roque aos 7 minutos do
primeiro tempo e não conseguimos empatar, pois jogávamos pelo empate. Foi um “Deus
nos acuda”. Não conseguimos chegar à final. Em 2000 e 2001, fizemos um campeonato
abaixo da média. Em 2002, ficamos também na semifinal do campeonato. Em 2003, saí do
time do Bairro da Feirinha e fui para o Bairro Maria Gabriela, fazendo a estréia como
técnico de futebol amador. Fui vice-campeão, pois perdemos a decisão nos pênaltis. Em
2004, saí do bairro Maria Gabriela e fui para o bairro Joia do Almada. Fomos até a final e
perdemos a final do certame, sendo novamente vice-campeão. Em 2005, fui para a
equipe da Barragem, onde fiquei em terceiro lugar no campeonato. Em 2006, fiquei
afastado do futebol por motivos particulares. Em 2007 e 2008, retornei a equipe de origem
e fui campeão como Dirigente no primeiro ano e treinador no segundo ano. Em 2009,
afastei-me de novo do futebol. Em 2010, fui para a equipe do centro da cidade “Centro
1”. Levei a equipe para a final do campeonato municipal e por ironia do destino fui vice
para a minha equipe de origem: Bairro da Feirinha.
O destino nos proporciona esses momentos. Em 2011, atuei também como treinador,
dessa vez, pela equipe do bairro Joia do Almada, equipe pela qual já fui vice-campeão,

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em 2004. Estou muito feliz pelo trabalho que faço, pois sei que contribuí e contribuo para o
engrandecimento do esporte em minha cidade.
Nos anexos de fotos, estão expostos alguns eventos realizados sobre minha
participação efetiva. Teria muito mais a detalhar aqui, mas o farei em outro momento.
Finalizando, quero salientar que tenho dois sonhos e gostaria muito de vê-los
realizados: comandar o esporte em geral da minha cidade e ser treinador profissional de
futebol. Esses objetivos são tirados da minha mais pura convicção, pois entendo que o sol
nasce para todos, e luto todos esses anos para alcançar esses objetivos.

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DOS GRANDES PELADAS AO INTERBAIRROS

LIVERPOOL DE COARACI – TIME QUE O PROF. GILSON MOREIRA TAMBÉM ATUOU – Este
Local é a quadra do antigo Clube dos Bancários – hoje Centro Comunitário.

Quando falamos em campeonatos realizados em Coaraci, lembramo-nos dos


certames amadores. Tivemos durante muito tempo, grandes eventos realizados no Estádio
Barbosão. Antes da construção desse estádio, os campeonatos eram realizados no
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Campo do Centro Social Urbano (Alto do CEC). Eram campeonatos memoráveis e bem
disputados; como não havia alternativa futebolística, os amantes do futebol de nossa
cidade do centro e arredores se dirigiam ao Alto do CEC para prestigiarem esses eventos e
não se arrependiam. O sentimento era único: a paixão pelo futebol que o coaraciense
nunca abandona. Neste período de tempo, o espaço do palco do futebol era preenchido
por jogadores excelentes. No primeiro período dessa história: China, Vando de Bino,
Expedito, Derneval, entre outros. No segundo período: Gildenei, Pato, Cafuringa, Nego Val,
Biruta, Vada, entre outros.
Antonio Lima de Oliveira foi o prefeito na época em que o “palco sagrado” (nome
dado ao campo de Coaraci durante muito tempo) foi construído entre “troncos e
barrancos” onde eram realizadas grandes “peladas”.
“Alfaiates, comerciantes, barbeiros, oleiros, carpinteiros, sapateiros e empregados de
armazém de cacau acharam que o nome campo de futebol era muito pouco pelo que
representou, promovendo-o então à condição de Palco Sagrado do futebol”, ressalta
Enock Dias de Cerqueira.
Chego a me emocionar quando leio sobre “jogadores de grandes qualidades
técnicas (...)” no livro COARACI: O Último Sopro.
Como citei anteriormente, este palco sagrado do futebol, na sua primeira fase,
presenciou a façanha de grandes jogadores, como: Copeu, Deon de Cafundó, Antonio
Circuito, Hilton Fortunato, entre outros. No segundo momento do palco, após a
desapropriação do terreno realizada pela prefeitura, surgindo assim o Estádio Barbosão,
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destacaram-se: China, Derneval, Ataliba, Toinho, Vando de Bino, Expedito, Gildener, Pato,
Zequinha Cacau, Toninho Cruz, Torão. Além desses, surgiram nomes de expressão nacional
como:
 Serginho (ex-jogador da Arábia Saudita, Vasco, Corinthians Paulista, Fluminense,
Internacional-RS, Botafogo-RJ);
 Marcelo Santos (Flamengo-RJ);
 Pimentinha (Portuguesa-SP), entre outros.
 Bebeto Campos (Bahia, Vitória, Sport) entre outros.
Não podemos deixar de citar o grande jogador de Itapitanga, Edelvan, que brilhou no
Intermunicipal por volta da década de 1980, pela Seleção de Coaraci, passando a ser
reconhecido pelo seu excelente futebol, sendo contratado pelo futebol profissional do
Santos-SP, Paisandu-PA, entre outros clubes do cenário nacional;
Os campeonatos no Estádio Barbosão foram realizados da seguinte maneira: até
meados da década de 1990, um campeonato municipal com a participação de equipes
tradicionais da cidade, conforme já citadas; em 1991 e de 1997 até os dias atuais, foram
realizados campeonatos entre bairros da cidade. Estas competições de interbairros
revelaram jogadores como Mica (Colo-Colo de Ilhéus, Vitória da Conquista-Ba); Kincas
(Porto de Portugal); Lei de Itamotinga (Bahia, Vitória da Conquista, Itabuna), Bigulino(Colo-
Colo), Téa (Brusque-SC), entre outros jogadores.
Prosseguindo com a história do Interbairros, os repórteres Gilmar Melo, Pablo
Nascimento, Renato Cerqueira e Eu, realizamos e definimos a estatística do Interbairros de
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1991 até ao ano de 2011. Em 2012, teremos o certame e em futuras edições desses escritos
contaremos a história do referido ano de competição.

Abaixo, citamos entre outras coisas, dados fundamentais e efetivos de todas as


edições do Interbairros realizados no Estádio Barbosão. Ano a ano, foram coletados e
analisados os dados referidos com bastante precisão e acerto.

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1991- Foram realizados 51 jogos; 149 gols marcados com uma média de 2,92 gols por
partida. O artilheiro deste certame foi Torão, da equipe do bairro Cemitério, com 8 gols. O
campeão foi a equipe do Cemitério e o vice foi o Centro1.
1992 a 1996 – Não houve campeonatos Interbairros e a lacuna do futebol ficou sem
preenchimento; foi uma tristeza para o Futebol de Coaraci.
1997 – Neste ano, foram 44 jogos, 120 gols foram marcados, com uma média de 2,72
gols por partida. Os artilheiros da competição foram: Pato (Centro II) e Jandaia
(Barragem), ambos com 4 gols. O campeão foi o Centro I e o vice-campeão foi o time do
bairro Centro II.
1998 – Em 1998, foram realizados 26 jogos; número de gols marcados: 66, com uma
média de 2,53 por partida. O artilheiro da competição foi o atleta Torão com 3 gols, da
equipe do Cemitério. O Centro II foi o campeão e o time do bairro Cemitério foi o vice-
campeão.
1999 – Neste período do campeonato de 1999, foram realizados 26 jogos, com 3 gols
marcados, numa média de 2,07 gols por partida. O artilheiro foi o Lei de Itamotinga com 6
gols. Sagrou-se campeã a equipe do distrito de São Roque sendo o time de Itamotinga o
vice-campeão. Nesse campeonato aconteceu um fato curioso que define aquela frase
do futebol: SE PUDER ELIMINAR UM TIME MAIS FORTE, NÃO O DEIXE SOBREVIVER. Foi o que
aconteceu com a equipe da Feirinha que na segunda fase poderia eliminar a equipe do
São Roque, favorecendo um time mais inferior na época, e no entanto, o time da Feirinha
venceu a equipe do bairro Maria Gabriela, fazendo com que a equipe do Distrito de São
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Roque entrasse como biônico. Como ironia do destino, o São Roque entrou PELA
JANELA venceu a Feirinha na semifinal sendo consequentemente o campeão naquele ano
de 1999. Fatos como este aconteceram e acontecem até hoje no futebol em todo o
mundo.
2000 – Em 2000, foram realizados 25 jogos, com 55 gols marcados; uma média de 2,2
gols por partida. Os artilheiros nesse ano foram: Toinho (Maria Gabriela, Vero (Centro II) e
novamente Torão do Cemitério com 4 gols cada um. O campeão foi o time do distrito de
Itamotinga e o vice Maria Gabriela.

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2001 – Foram realizados 25 jogos, com 55 gols marcados, uma média de 2,2 gols por
jogo. O artilheiro do campeonato foi Lei de Itamotinga, com 4 gols. Neste ano de 2001,
novamente a equipe do distrito de Itamotinga foi a grande campeã. Como fato

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importante foi que a Seleção de Coaraci sagrou-se campeã do Intermunicipal de Futebol,
como contarei em outros momentos deste livro.
2002 – Foram realizados 25 jogos, com 60 gols marcados, perfazendo uma média de
2,4 gols por partida e o artilheiro foi Popô do São Roque, com ____ gols. O campeão foi a
equipe do São Roque e a Barragem foi a equipe vice-campeã.
2003 – Os jogos realizados foram 25 jogos, com 54 gols marcados, e uma média de
2,16 gols por partida e novamente Popô do São Roque foi o grande artilheiro com 4 gols. O
Centro II, mesmo desacreditado e sem favoritismo, foi o grande campeão, vencendo, nos
pênaltis, a equipe do bairro Maria Gabriela,
2004 – A Barragem foi a grande campeã vencendo na final a equipe do Bairro Joia do
Almada. Foram realizados 25 jogos, com 64 gols marcados e uma média de 2,56 gols por
partida. O artilheiro foi o grande jogador do São Roque, o artilheiro competente, Popô.
Realizou um feito inédito: ser artilheiro 3 anos seguidos: 2002, 2003 e 2004.
2005 – Fatos inéditos aconteceram no campeonato Interbairros nesse ano. Entre estes
fatos, a equipe da Feirinha tentou tantas vezes conquistar o título e nesse ano de 2005, a
equipe foi campeã invicta, vencendo todos os jogos e ainda mais, sem tomar um gol
sequer no campeonato. Este acontecimento será lembrado em toda roda de conversa
em que for citado o campeonato do referido ano. Foram realizados 25 jogos, com 55 gols
marcados e uma média de 2,2 gols por partida. O artilheiro desse certame foi Wagner
“Nêgo” de Itamotinga, com 5 gols. O LDR foi o vice-campeão.

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2006 – O Itamotinga foi campeão e o vice campeão foi a equipe do Joia do Almada.
Foram realizados 25 jogos, 58 gols e média de 2,32 por partida; o artilheiro foi Alex do Joia
do Almada, com 6 gols.

2007 – Neste ano, a equipe da Feirinha novamente enfrentou a equipe do LDR nos pênaltis
e foi a grande campeã mais uma vez. Fato curioso é que eu, Jorge Rocha, como dirigente

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da equipe da Feirinha de 1997 a 2002, havia saído para trabalhar como dirigente em
outros bairros e retornei em 2007 para a equipe da Feirinha e fui campeão.

2008 – A Feirinha foi campeão invicto com 14 gols feitos e apenas 2 gols sofridos, com
um saldo de 12 gols. A equipe do São Roque foi vice-campeã. Foram realizados 25 jogos e
62 gols marcados com uma média de 2,48 gols por partida. Neste ano, a Feirinha aplicou
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uma goleada histórica de 6 x 0 numa equipe tradicional na semifinal, a equipe foi o Centro
II. Na final, venceu o São Roque por 3 x 0. Portanto duas goleadas históricas em times
tradicionais da cidade. Os artilheiros foram Kincas e Bel do Bairro da Feirinha, ambos com 4
gols.

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2009 – De tanto tentar e não conseguir, o Maria Gabriela foi o grande campeão,
mesmo a Barragem sendo a grande favorita para ganhar o campeonato. Foram
realizados 25 jogos com 74 gols marcados e uma média de 2,96 gols por jogo, o artilheiro
desse certame foi o atleta Pepeta do Centro I, com 6 gols.

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2010 – O destino das pessoas é provado a todo o momento e nesse campeonato não
foi diferente, pois eu como dirigente da equipe da Feirinha, havia saído em 2010 para ser
dirigente técnico do Centro I, equipe do centro da cidade e os destinos da Feirinha e os
destinos da Feirinha e de Jorge Rocha se encontraram numa final inédita. O mentor que
deu nome de respeito à Feirinha desde 1997, ficava frente a frente na decisão pelo título
de campeão. E a Feirinha levou a melhor e foi a campeã. Em resumo desse ano, ambos
foram agraciados pelo destino. Como dirigente, a satisfação por ver uma equipe que
ajudei a elevar o nome no cenário futebolístico de Coaraci e a alegria de ver o meu filho
jogar pela equipe do bairro campeão, do outro lado da história. Foi gratificante também
ver o presidente do Centro I, Joelson Celestino, “Joca”, ficar feliz e satisfeito por chegar a
uma final pela primeira vez depois de tentar três anos seguidos fazendo sempre grandes
campanhas nesses períodos e sem participar pelo menos da festa da final. Foram
realizados 25 jogos, com 69 gols marcados, média de 2,76 gols por partida. Os artilheiros
foram Vinicius (Feirinha) e Play (Berimbau), com 5 gols cada um. Foi o primeiro
campeonato sem nenhum placar de 0 x 0.

2011 e 2012 – As edições do Interbairros de 2011 e 2012 serão contadas na segunda


edição deste livro.

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TIMES DE FUTEBOL DE CAMPO E SALÃO QUE FIZERAM HISTÓRIA EM COARACI

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Coaraci de Milton Cerqueira, 12 de Dezembro de Hélio Cotia “In Memorian”, Grêmio
de Zeronel, Vitória de Edson Galo, Portuguesa de Paulo Robson, Vasco e CB de Aerton
Viana, Itamotinga de Nilão e Chico Bala, São Roque de Nei Monstrinho e Marcos
Encanador, Palmeiras de Manoel das Duas Barras, Fuminense de Valdetinho, Corinthians de
Hugo, Sport de Jorge Rocha, além dos times tradicionais de épocas anteriores a essa, é o
caso do Tupinambá, Nacional, Estudante, Five Blue, Flamengo, Santos, Botafogo, entre
outros.

VASCO DA GAMA EM COARACI

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No ano de 1987, veio até Coaraci para inaugurar os refletores da iluminação do
estádio Antonio Barbosa Teixeira (BARBOSÃO), a equipe do Vasco da Gama-RJ. Na
oportunidade, o prefeito Joaquim Torquato, como era vascaíno fanático e atuante,
convidou o time profissional e principal do Vasco da Gama do Rio de Janeiro para
abrilhantar essa festa. Estava surgindo um novo fenômeno do futebol mundial, o grande
artilheiro e principal figura na conquista do Tetra campeonato mundial do Brasil em 1994, o
baixinho Romário, que ao lado de Bebeto, Mauricinho, Roberto Dinamite, entre outros,
comandaram a festa e fizeram bonito em campo. Na arquibancada, os flamenguistas
torciam muito para que Coaraci desbancasse o Vasco da Gama em campo e fizesse
história diante do grande time do Vasco da Gama, campeão carioca naquela época. O
placar do jogo não importou a grandiosidade do evento. O Vasco da Gama venceu a
Seleção de Coaraci pelo placar de 3 x 0, gols de Romário.
Foi um acontecimento único e grandioso, digno de noticiário e a rádio globo veio
transmitir o jogo comemorativo, na ocasião do aniversário da cidade de Coaraci e a
inauguração dos refletores exatamente no dia 12/12/1987. Por falar em refletores, hoje,
estão jogados às traças e o futebol noturno de nossa cidade está em falta. O mais
interessante que nenhum administrador após 2001, teve a ideia de reformar os refletores,
ou seja, arrumar as torres de iluminação. No início deste ano, por ocasião da semifinal do
campeonato de Veteranos de 2012, uma partida de futebol entre o time de Macacos de

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Simão e a Barragem terminou após as 18 horas, com o campo totalmente escuro, e da
beira do gramado o nosso treinador falou:
- Pessoal, seja o que Deus quiser, tá escuro mesmo! Não estamos vendo nada! Nem
bola, nem jogadores, ninguém! Completei dizendo:
- o absurdo é que existem refletores e torre de iluminação, mas iluminação que é
bom, nada!
No jogo contra o Vasco da Gama podemos citar também jogadores de Coaraci que
se destacaram na oportunidade: Ataliba, Aloísio Nunes, Mamigo, Toninho Cruz, Paulo
Dormindo, Expedito, entre outros.

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ALGUNS NOMES INTERESSANTES DE JOGADORES QUE FIZERAM HISTÓRIA EM COARACI

No decorrer da história de Coaraci, desde sua fundação pelos idos de 1930 até os dias
atuais, surgiram jogadores no Palco sagrado do futebol e em alguns pequenos times, mas
de relevante importância para engrandecimento da história esportiva de nossa cidade.
Esses jogadores, além de fazer fama pelo futebol dinâmico e divertido, possuíam nomes
que apesar de serem nomes diferentes, encantavam a torcida e o desportista em geral
que iam prestigiar esses atletas. Eis alguns nomes que dificilmente serão esquecidos:
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Antonio Circuito, Arataca, Arigó, Babão, Bagudé, Baião, Baleia, Biruta, Boca de Pia,
Boneco, Branco, Bueca, Bujão, Butijão, Cacuri, Cafuringa, Catulo, Copeu, Cuiuba, Cula,
Curinga, Escobar, Falcão, Ferro Véi, Folha Sêca, Gajé, Isca, Itabuna, Jacaré, Janjão,
Macarrão, Mandioca, Maninho, Maradona, Mazão, Meninão, Menininho, Palito, Passarinho,
Paulo Dormindo, Pão, Pato, Pelé, Pereca, Pezão, Pimentinha, Pinguim, Podão, Preto, Ratão,
Ratinho, Rato, Sabão, Salvador, Tatu, Tonho Formiga, Torão, Tostão, Xinxa, Zé Russo, Zé Véi,
Zé de Pipiu, Zé do Bode, Zé do Caixão, Zico, entre outros.

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CAUSOS E CASOS DO FUTEBOL AMADOR DE COARACI

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Termina ou não termina?
Conta-se que numa certa partida de futebol, realizada na Fazenda Macacos de
Simão, era de costume do time da casa indicar um árbitro “da panela”, da família de
Simão, para apitar os jogos. O jogo iniciava normalmente e a partida de futebol transcorria
com tranqüilidade, sem problema nenhum. Porém, quando o time da casa estava
empatando ou perdendo o jogo, o árbitro marcava o tempo normal no primeiro tempo e
no segundo tempo, o jogo só terminava quando o time da casa virasse o jogo caso tivesse
perdendo e fizesse um gol caso estivesse em iguais condições no marcador; escurecia e o
dono do campo, conseguia colocar uns candeeiros acesos ao redor do campo, para que
o jogo não acabasse. Certa feita, um jogador do bairro da Feirinha, acabou com esta
tradição, pois no segundo tempo, ele fez um gol ao escurecer e fechou o “caixão” do time
da casa, fazendo o segundo gol com a tranquilidade de um craque, chutou na gaveta e
ampliou o placar em 2 a 0 para o time da Feirinha. Aí vocês já devem ter imaginado o final
dessa história... foi um “Deus no acuda” e o jogo teve seu fim. O próprio filho de Simão: o
amigo Jones Martins nos confirmou em conversa informal que algumas vezes, já usou os
faróis do seu carro para iluminar o campo até a reação de sua equipe!!!

Quem manda Aqui...


Lá pelos meados do ano de 1990, na Fazenda Bom Princípio na região do Brejo Mole,
foi realizado um torneio de futebol com a participação de equipes de Ibicaraí, Almadina e
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Coaraci. No final do evento, o dirigente de uma equipe de uma fazenda próxima ao
campo, ficou na beirada do palco do espetáculo, imponente e autoritário, com um
revólver na cintura, dizendo em alto e bom som que seu time não sairia perdedor dali de
forma nenhuma; que ele resolveria do seu jeito, da maneira dele. Bateu na cintura com
imponência e mostrando seu trabuco, gritava: “EU MANDO AQUI”.
Acontece que para todo valente tem outro mais valente ainda. Surgiu do outro lado
do campo (este campo não tinha arquibancada nem alambrados, era bem pequeno,
todo aberto e a torcida ficava na beira do campo mesmo!) outro dirigente que o rebateu
com um grito, dizendo:
- Aqui quem manda sou eu, meu time é melhor! Mesmo porque meu time tá
ganhando, continuará ganhando! Seu Juiz, pode continuar o jogo, eu e meus amigos aqui,
estamos lhe dando proteção! Avante companheiros! Aqui quem manda sou eu, completou
o dirigente!

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CONCLUSÃO

 ANÁLISE DO NOSSO COTIDIANO ESCOLAR: A MINHA INTENÇÃO É LEVAR A TODOS


VOCÊS, COMO PODEMOS MUDAR O MUNDO EM QUE VIVEMOS, NOSSAS
INTENÇÕES, NOSSOS DESEJOS, COM UM TOQUE FINAL. QUEM NÃO SE LEMBRA DE
DAR UM TOQUE FINAL, NUMA REUNIÃO, NUM PLANEJAMENTO. UMA OPINIÃO NA
HORA DE PLANEJAR, EM CASA NOS AFAZERES DOMÉSICOS? PRECISAMOS REVER
NOSSO TOQUE FINAL NAS COISAS.

 USAR A INTERNET E LER MUITO NOS DIAS DE HOJE, LEVA O PROFISSIONAL A


ENTENDER MELHOR O MUNDO, A COMUNICAÇÃO, A INDEPENDÊNCIA. “QUEM NÃO
SE COMUNICA, SE INTRUMBICA”. PRECISAMOS VALORIZAR MAIS O TRABALHO
LEIGO.

 “FINALIZO COM UMA REFLEXÃO: “É necessário transformar saberes em cotidiano


de sua prática.” Para Carl Jung, o importante é CONHECER TODAS AS TEORIAS,
DOMINAR TODAS AS TÉCNICAS, MAS AO TOCAR UMA ALMA HUMANA, SEJA
APENAS OUTRA ALMA HUMANA.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino da Educação Física. São Paulo:


Editora Cortez, 1992.

 LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da escola pública: a pedagogia crítico-


social dos conteúdos. São Paulo, Loyola, 1985.
 OLIVEIRA, Vítor Marinho de. O que é Educação Física: Editora Brasiliense. São
Paulo. Coleção Primeiros Passos.
 BARBANTI, Valter J.. TREINAMENTO FÍSICO – BASE CIENTÍFICA. CRL Balieiro Editores
Ltda. São Paulo. 2001.
 MOREIRA, Evandro Carlos (Org). Educação Física escolar: desafios e propostas.
Jundiaí, SP: Fontoura, 2004

 CERQUEIRA, Enoch Dias de. COARACI, o Último Sopro. Coaraci-Bahia, 2002. 324 p.

 CASTELLANI FILHO, Lino. Educação física no Brasil a historia que não se conta, 3ª
ed., Papirus.
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