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A IMPORTÂNCIA DA PRÁTICA DO VOLEIBOL: AS AULAS DE EDUCAÇÃO

FÍSICA COMO ELEMENTO DE SOCIALIZAÇÃO NA ESCOLA

RESUMO
O presente trabalho tem por finalidade ampliar os conhecimentos relacionados a história da
disciplina educação física no Brasil, e frisar sua importância para a socialização no ambiente
escolar. Também irá buscar abordar parte da história do voleibol e sua relevância para o
desenvolvimento motor, cognitivo, afetivo e social do aluno, proporcionado através da prática
do esporte na escola, além de salientar a importância do esporte para a socialização entre os
discentes. Entre seus principais objetivos está compreender o desenvolvimento histórico da
educação física e a importância da prática do voleibol, possibilitando uma reflexão acerca da
relevância do esporte para o desenvolvimento do indivíduo.

Palavras-chave: educação física, voleibol, história

1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho buscou ampliar o conhecimento acerca da história da educação


física no Brasil, visando analisar como a educação física e a prática de voleibol contribuem
para o desenvolvimento de habilidades sociais dos alunos em ambiente escolar, considerando
que é neste meio, e com o auxílio do educador, que o estudante poderá se desenvolver de
forma adequada, tanto fisicamente, mas, também, psicologicamente e socialmente; levando
em conta que é durante as aulas de educação física que o aluno irá se relacionar em grupo (por
meio de gestos, ações e movimentos).
Segundo a BNCC - Base Nacional Comum Curricular – (2017, p. 213) “A Educação
Física é o componente curricular que tematiza as práticas corporais em suas diversas formas
de codificação e significação social, entendidas como manifestações das possibilidades
expressivas dos sujeitos (...)”. Em consonância a normativa da BNCC, Jean Piaget (1896 -
1980), propositor da teoria do conhecimento: Epistemologia Genética, postulava que a
capacidade do indivíduo conhecer e aprender se dá a partir de trocas que se estabelecem entre
o sujeito e o meio. Neste sentido, a construção do conhecimento está atrelada tanto a estrutura
cognitiva do sujeito como, também, de sua relação de contato com seu próprio corpo, seu
contato com objetos e coisas do ambiente, além da interação com outras pessoas (crianças e
adultos). Segundo Felipe, J. (2001) a “articulação entre os diferentes níveis de
desenvolvimento (motor afetivo e cognitivo) não se dá de forma isolada, mas sim de forma
simultânea e integrada”. Nesta perspectiva, através desse processo dinâmico, a criança
desenvolve a sensibilidade, a capacidade afetiva, o raciocínio, a linguagem e o pensamento.
Seguindo este viés, em conformidade a estes pensamentos, o presente trabalho irá
abordar a importância da educação física e do voleibol na escola como ponte de socialização
entre os discentes, tendo em vista que este é um esporte coletivo que estimula, motiva e
favorece o espírito de socialização do grupo.

2. UM BREVE LEVANTAMENTO SOBRE A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA


NO BRASIL
Ao se pensar na história da Educação Física no Brasil é interessante lembrar que os
primeiros professores de Educação Física foram os soldados de Maria Leopoldina da Áustria,
Imperatriz do Brasil. Segundo Arantes, A. (2008) “D. Leopoldina trouxe consigo um grupo
pequeno, porém, muito importante formado por cientistas e pela sua guarda pessoal. Esta
guarda pessoal praticava exercícios que foram adotados pelos nossos soldados.”; neste
sentido, a prática da gymnástica foi recebendo maior reconhecimento, conquistando seu
espaço, e a prática motora, que hoje é a educação física, se disseminou e atualmente é ofertada
(desvestida de preconceitos) aos estudantes de escolas brasileiras, sem diferenciação de classe
social, gênero e sexo.
Foi durante a Era Vargas (1930-1915) que houve a institucionalização da história da
educação física no Brasil. No ano de 1932 o general José Fernandes Leite de Castro, ministro
de Estado da Guerra no governo Getúlio Vargas, regulamentou a disciplina ao assinar o
Decreto 21.324. Segundo Carvalho, P., Ponso F. (2017), jornalistas do Acervo O Globo, “a
medida gerou forte oposição da Igreja e de alguns educadores civis.”. Ainda conforme
Carvalho, P., Ponso F. (2017),
De acordo com o antropólogo Celso Castro, autor do estudo "Os militares e a
introdução na educação física no Brasil", foi somente a partir de 1934, com a gestão
de Gustavo Capanema no Ministério da Educação e Saúde Pública (MES), que a
educação física foi definitivamente institucionalizada no ensino civil. Pouco tempo
depois, em 1937, a nova Constituição tornou obrigatórios, pela primeira vez na
história constitucional do país, os "exercícios físicos" em todos os estabelecimentos
de ensino. O “adestramento físico” era mencionado como forma de preparar a
juventude para “o cumprimento dos seus deveres para com a economia e a defesa da
nação” (CARVALHO, P., PONSO, F., 2017)

Apesar de já institucionalizada, foi apenas no ano de 1961, quando a primeira LDB –


Lei de Diretrizes e Bases – foi criada que a educação física se estabeleceu como disciplina, e
através do Artigo 22º validou-se a obrigatoriedade da disciplina nos cursos primário e médio
(até os dezoito anos de idade). Neste período a educação física tinha como objetivo e
prioridade tornar os jovem condicionados fisicamente e contornar um problema já enfrentado
pela ditadura, que era a incapacidade destes jovens servirem ao serviço militar, devido à falta
de condicionamento físico. Dez anos depois, em 1971, através do Decreto 69.450, escrito pelo
ministro da Educação, Jarbas Passarinho, e assinado pelo presidente Médici, que criava uma
nova regulamentação para o Artigo 22 da LDB, estendia a obrigatoriedade do ensino de
educação física para todos os níveis de educação, inclusive universitária. Em 1996 uma
revisão foi realizada da LDB, e através da Lei 9.394, no inciso 3 ficou decidido que “A
educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular da
Educação Básica, ajustando-se às faixas etárias e as condições da população escolar, sendo
facultativa nos cursos noturnos.” (Lei 9.394, 1996). Foi apenas no ano de 2001, por meio do
Decreto 10.328, que efetivamente que a educação física foi integrada como componente
obrigatório da Educação Básica, sendo facultativa para o turno noturno. Em 2003, após nova
revisão realizada no Decreto 10.793, a educação física foi considerada obrigatória para todo
os turnos, mas abria exceções considerando a prática facultativa para alguns discentes.
Em 2016 o governo do então presidente Michel Temer, empossado após o
impeachment da titular Dilma Rousseff, anunciou a reforma do ensino médio e entre as
mudanças estava previsto o fim da obrigatoriedade de disciplinas como artes, sociologia,
filosofia e educação física, essas que ainda seriam obrigatórias no ensino infantil e
fundamental. Entretanto, após movimentação e intenso empenho do Sistema
CONFEF/CREFs - Conselho Federal de Educação Física - junto a parlamentares, por meio da
Lei n° 13.415/2017, a educação física se manteve obrigatória, permanecendo no currículo do
ensino médio.
Em síntese, a educação física passou (e passa) por diversas transformações, seja em
seu estilo e objetivo, ou em sua obrigatoriedade. Entre as ocorridas revisões a disciplina
passou a ser um componente curricular obrigatório na escola de educação básica, deixando de
ser obrigatória no ensino superior.

3. VOLEIBOL E O DESENVOVILMENTO MOTOR, COGNITIVO, AFETIVO E


SOCIAL

Criado em 1895, pelo estadunidense William George Morgan (1870-1942), o voleibol


teve sua origem na cidade de Holyoke, Massachussetts (EUA), e nasceu como uma proposta
de um esporte que oferecesse pouco contato entre os adversários e baixo impacto, o que
diminuía os riscos de lesões. O esporte, ainda jovem, se disseminou pelo mundo, e na década
de 1940 o voleibol já tinha conquistado reconhecimento mundial. No ano de 1947, foi
fundada a Fédération Internationale de Volleyball (FIVB) - Federação Internacional de
Voleibol, essa que coordena as atividades do esporte em nível internacional até os dias
hodiernos. Em 1964 o voleibol passou a ser disputado nos Jogos Olímpicos.
É interessante ressaltar que a educação física escolar necessita emprenhar-se na
formação integral dos discentes, “atuando nos aspectos motor, cognitivo, afetivo e social”
(TELES, F. 2014), a prática esportiva “deve ser um espaço privilegiado à observação,
manifestação e transformação de princípios e valores que permitam aos alunos transferirem
tais reflexões para além do ambiente escolar.” (TELES, F. 2014). Além do mais, a execução
de uma modalidade esportiva pode ser um divisor de águas na vida de um aluno, pois através
da experiência da prática, de uma modalidade, o aluno “pode fortalecer a autoestima, criar o
hábito do trabalho em equipe, estimular a disciplina e a organização, fatores que contribuem
para a formação da cidadania.” (SOUZA et al., 2010). Neste sentido, a prática de voleibol tem
o papel de auxiliar no desenvolvimento corporal do aluno, que poderá criar diversos
movimentos para chegar até a bola, embora, para além disso, o esporte também é um meio de
forte socialização entre os alunos, no qual, meninos e meninas poderão vivenciar a prática
esportiva juntos (com menor contato de impacto). Teles, F. (2014) ainda discorre que o
esporte proporciona uma enorme interação social entre os alunos e isso vai para além das
regras e normas do esporte, mas que sua prática traz para o aluno maior motivação para
aprender. “Dentre vários esportes escolares, o voleibol apresenta melhora no relacionamento
entre os colegas e desenvolve várias capacidades físicas nos praticantes, como agilidade,
coordenação motora, velocidade, tempo e reação.” (TELES, F. 2014).
Em suma, a Educação Física escolar, e a prática de voleibol, tem por finalidade fazer
com que o estudante se conheça por completo, não apenas como a parte física que deve ser
treinada e exercitada, mas o indivíduo em sua totalidade, como alguém que se expressa por
meio de movimentos e através do seu comportamento dentro da sociedade. Sendo assim, a
educação física, mesmo trabalhando com exercícios físicos, tem por objetivo educar as
pessoas não se preocupando somente com o desenvolvimento físico, mas de todas as áreas do
currículo educacional.
Neste sentido, a educação física e a prática do voleibol nascem “para contribuir com a
educação intelectual e moral nas escolas promovendo e facilitando a compreensão do próprio
corpo e, sobretudo, melhorando a qualidade de vida dos indivíduos.” (LOPES, A., SILVA, G.,
2020, p. 114). Portanto, a disciplina é de suma importância para a formação do aluno, embora
seja pouco valorizada na grade escolar, tendo que se emprenhar para se manter como parte do
currículo.
4. MATERIAIS E MÉTODOS
A pesquisa tem caráter qualitativo e buscou compreender a importância da Educação
Física na escola e a relevância da prática da modalidade voleibol como forma de
desenvolvimento motor, cognitivo, afetivo e social. O presente trabalho usou como referencial
teórico pesquisas, artigos, monografias e todo o material de estudo necessário para um
embasamento teórico, fundamentando-se em uma revisão bibliográfica concebida através de
conteúdos abordados por pesquisadores da área da educação física.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao estudar sobre a história da educação física no Brasil é possível perceber como ela
foi sofrendo modificações e alterações ao decorrer do tempo; não somente sobre a discussão
acerca da necessidade de ser um componente curricular obrigatório ou não, mas a forma como
a disciplina era vista e como seu objetivo foi se modificando através do tempo também traz
grande reflexão. Utilizada como meio de condicionar fisicamente a população durante o
período militar para que os jovens pudessem servir com maior eficiência, nos dias hodiernos a
educação física é vista como uma forma de fomentar a inclusão e a socialização dos alunos
dentro do ambiente escolar, além de ajudar a mantê-los fisicamente ativos, apesar do mundo
atual tecnológico e repleto de telas.
Com regras, e dinâmicas específicas da modalidade, o voleibol tem um papel
fundamental dentro da educação física, pois através de sua prática o aluno conseguirá ter um
contato de trabalho em grupo muito mais forte. Por meio do esporte é possível que o aluno se
desenvolva de forma física se tornando mais condicionado, mas se desenvolverá, também,
cognitivamente, afetivamente e socialmente.
Embora alguns estudiosos “assumam” que durante os anos finais da educação básica o
aluno demonstra maior desinteresse por atividade físicas, cabe, entretanto, aos educadores
físicos um bom planejamento de aula, com uma inserção dinâmica do voleibol, que
oportunize aos alunos vivenciarem de forma positiva a experiência das aulas de educação
física, no qual o docente deve sempre buscar a melhor forma de desenvolver as aulas,
fortalecendo o vínculo do discente com a disciplina e com o voleibol, trazendo a motivação
necessária para que o aluno participe de suas aulas práticas e teóricas.

6. CONCLUSÃO
Diante ao exposto, e analisando o que foi produzido, pode-se concluir que a história do
ensino da educação física na escola passou por diversas transformações se tornando
obrigatória nas escolas de ensino básico. Isso se dá devido a estudos realizados que
demonstram a importância da disciplina na escola, pois através dela a socialização no
ambiente escolar é muito motivada. Neste sentido, o voleibol entra como uma ponte para
aumentar o interesse dos alunos pela disciplina, além de facilitar a socialização, tendo em
vista que por meio da experiência com a modalidade será possível ao aluno um melhor
desenvolvimento motor, cognitivo, afetivo e social. Através da prática de voleibol o aluno
desenvolverá um trabalho em grupo, entendendo seu papel e respeitando as regras impostas
dentro do jogo, o que reflete diretamente em seu comportamento como indivíduo.
Em suma, a educação física, através do voleibol, tem por finalidade educar pessoas,
não somente em relação ao condicionamento físico, mas auxiliar em todas as áreas do
currículo educacional.

REFERÊNCIAS
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