Você está na página 1de 24

1º Ano do Ensino Médio

Professora: Rosana Alves


3

Professora: Rosana Alves


3

1 - EDUCAÇÃO FÍSICA
Geralmente a Educação Física na escola é vista como uma disciplina complementar, como se ela
fosse menos importante do que Matemática, História ou Língua Portuguesa. Será que é verdade? É
preciso compreender que a Educação Física é uma disciplina obrigatória do currículo escolar e que
apresenta características próprias, como veremos a seguir.

O termo Educação Física pressupõe a ideia de controle do corpo ou, ainda, de controle do físico. Educar,
desde o século XVII, é uma ação que está intimamente relacionada à disciplina corporal: a separação
proposta por Descartes, entre corpo e mente, torna-se base de todo o processo educacional ocidental.
Fato bastante visível nas salas de aula: o corpo fica sentado e parado, sem “atrapalhar” o exercício de
raciocínio e de aprendizado feito pela mente.

A princípio, a Educação Física, quando inserida no currículo escolar, era tida como um momento para a
prática da ginástica, com a finalidade de deixar o corpo saudável. Após muitas reformas na própria ideia
de Educação Física, atualmente ela é uma disciplina complexa que deve, ao mesmo tempo, trabalhar as
suas próprias especificidades e se inter-relacionar com os outros componentes curriculares. Segundo os
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), documento oficial do Ministério da Educação, a Educação
Física na escola deve ser constituída de três blocos:

Jogos, Ginásticas, Esportes e Lutas. Atividades rítmicas e expressivas

Conhecimentos sobre o corpo

Segundo o documento, essas três partes são relacionadas entre si e podem ou não ser trabalhadas em
uma mesma aula.

O primeiro bloco, “jogos, ginásticas, esportes e lutas”, compreende atividades como ginástica artística,
ginástica rítmica, voleibol, basquetebol, salto em altura, natação, capoeira e judô. O segundo bloco
abrange atividades relacionadas à expressão corporal, como a dança, por exemplo. Já o terceiro bloco
propõe ensinar ao aluno conceitos básicos sobre o próprio corpo, que se estendem desde a noção
estrutural anatômica, até a reflexão sobre como as diferentes culturas lidam com esse instrumento.

Se analisarmos uma aula em que o professor trabalha apenas os quatro esportes coletivos (voleibol,
basquetebol, futebol e handebol), sob a ótica de uma Educação Física que visa à reflexão do aluno sobre
si e sobre a sociedade em que está inserido, logo perceberemos o quão pobre se torna a experiência
sobre o corpo nessas aulas. Nesse sentido, é fundamental que a compreensão de si, de sua cultura e de
outras culturas seja ampliada, a fim de efetivar a disciplina de Educação Física como um componente
curricular educacional.

A Educação Física tem uma vantagem educacional que poucas disciplinas têm: o poder de adequação do
conteúdo ao grupo social em que será trabalhada. Esse fato permite uma liberdade de trabalho, bem
como uma liberdade de avaliação – do grupo e do indivíduo – por parte do professor, que pode ser
bastante benéfica ao processo geral educacional do aluno.

Professora: Rosana Alves


4

2- HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL - TEORIAS PEDAGÓGICAS


Higienista

Entre as décadas de 20 e 30, a concepção dominante na Educação Física é colocada na


perspectiva higienista e associada à saúde corporal, por meio de habito de higiene que deveriam ser
aprendidos nas aulas de ginástica. A Educação Física Higienista é produto do pensamento liberal,
principalmente no âmbito da escola, como “redentora da humanidade”. É uma concepção particularmente
forte nos anos finais do Império e no período Primeira República (1889-1930). Nesta época ainda
chamada de Ginástica. Visava à saúde em primeiro lugar, buscando formar homens e mulheres sadios.
Havia exclusão das pessoas com deficiência, tendo em vista que eram considerados doentes e excluídos
da vida social. Havia uma preocupação com a saúde coletiva, todas as atividades propostas pela
Educação Física deveriam disciplinar os hábitos das pessoas e afasta-las de tudo que pudesse lhe
comprometer a saúde. Havia uma grande influên cia da medicina. (CASTELLANI FILHO, 1991).

Militarista

Até os anos 30, tínhamos uma Educação Física pautada no higienismo, preocupada com o
saneamento público, a prevenção de doenças e uma sociedade livre de vícios. Após isto, vemos durante
o Governo Vargas uma Educação Física de concepção Militarista, com o intuito de formar uma juventude
pronta para defender a Pátria.

Sobre o contexto histórico, lembremos que a década de trinta começou com o Brasil buscando sua
identidade cultural e econômica. Por identidade cultural devemos entender a revalorização de aspectos
nacionais. Esses aspectos diziam respeito aos hábitos, aos valores, à moral e à ética do povo brasileiro.
Por outro lado, houve a necessidade da reformulação do modelo econômico brasileiro, que até então
estava baseado, quase que exclusivamente, no modelo agrícola (república do café com leite). Tal
mudança é ocasionada pela grande crise de 1929, que derrubou as bolsas ao redor do mundo e obrigou
o Brasil a diversificar sua economia. De país produtor de matéria prima (agrícola e mineral), o Brasil se
obrigou a se industrializar, trazendo multinacionais como a Coca-Cola (GHIRALDELLI JUNIOR, 1994).

           Com a lógica militar e positivista influenciando decisivamente o método francês, sua prática se
disseminou pelos colégios7, levando à população civil a aceitação de uma disciplina, valores, atitudes e
ideias típicas dos quartéis. Os mais aptos fisicamente eram dirigidos ao esporte, os menos aptos à
Educação Física secundária e as meninas à Educação Física feminina (GHIRALDELLI JUNIOR, 1994).
Pelo método francês, nos primeiros ciclos ao invés de se trabalhar com jogos e atividades lúdicas, o
enfoque se dava em preparar o corpo e o pensamento das crianças para as fases seguintes. Desse
modo, o respeito às regras sociais e morais eram desenvolvidos a partir da Educação Física secundária,
que juntamente a Educação Cívica e Moral passou a ser obrigatórias para todos os estudantes com até
21 anos de idade de todo o país a partir de 08 de março de 1940 (CASTELHANI FILHO, 1988).

Pedagogicista

Após a II Guerra Mundial (1939-1945), a ginástica perdeu espaço


para o esporte que passou a ser hegemônico no Brasil. O c ontexto
político, social, econômico e histórico do país nas décadas posteriores
a guerra conduziram a uma tendência chamada de Educação Física
Pedagogicista (GHIRALDELLI JUNIOR, 1994). Esta foi a concepção
que reclamou na sociedade a necessidade de encarar a Educação
Física não somente como uma prática capaz de promover saúde ou
de disciplinar a juventude, mas de encarar a Educação Física como
uma prática eminentemente educativa.

A Educação Física Pedagogicista trouxe marcadas as influências da Pedagogia Nova e da


Fenomenologia, que mesmo sustentando o pensamento liberal burguês, foi o primeiro movimento na área
que buscou a valorização da Educação Física (GHIRALDELLI JUNIOR, 1994).

Professora: Rosana Alves


5

No processo de implantação da Educação Física na grade curricular das escolas, buscava-se habilidades
consideradas fundamentais para a saúde física e mental, por meio de competições gincanas, desfiles
entre outras que visassem o lazer com o intuito de suscitar o controle emocional, o aproveitamento das
horas livres e a formação do caráter dos alunos.

Competitivista

A chegada de grandes indústrias promoveu uma separação ainda mais


intensa entre ricos e pobres no país, a desigualdade social ficou maior e, por
consequência, os conflitos de classe se tornaram cada vez mais intensos e
violentos, culminando no golpe de 1964, quando os militares, que tinham bom
respaldo social e apoio das elites econômicas, assumiram definitivamente o
controle do país, calando com tortura e morte todos aqueles que se
opusessem ao seu regime.

    Neste cenário, coube à educação física o papel de colaborar, por meio
de seu caráter lúdico esportivo, com o esvaziamento de qualquer tentativa de rearticulação política do
movimento estudantil no contexto universitário (CASTELHANI FILHO, 1988).

    A influência do esporte na educação física passou a ter tal magnitude que ela se tornou submissa
ao esporte, colocando outras praticas corporais em segundo plano, caracterizando as aulas em âmbito
escolar como um prolongamento da instituição esportiva com intenção de rendimento atlético. O esporte
passou a determinar o conteúdo da educação física, no qual a relação entre professor e aluno passou a
ser um professor “treinador” e aluno “atleta” (SOARES, et al 2009).

    O gosto pelas competições e rivalidades desportivas coincide com o momento político em que o
patriotismo e a competitividade no mercado de trabalho também ganham corpo dentro do nosso país.
Tamanha era a ênfase ao desporto8 nesse período, que a própria Educação Física era voltada ao
treinamento esportivo, sendo trabalhada como uma preparação e um complemento ao treinamento
(GHIRALDELLI JUNIOR, 1994).

    Desta maneira, o desporto tornou-se um paradigma na Educação Física brasileira, constituindo a
base de todo o processo de formação profissional na área. É nessa época que se desenvolve a ideia do
professor atleta, ou seja, o bom profissional de Educação Física deveria ser aquele que já tivesse
praticado a modalidade que ensina e quanto melhor o atleta tivesse sido melhor professor seria
considerado (GHIRALDELLI JUNIOR, 1994). O extremo absoluto dessa ideia de profissional fica
expresso nos pré – testes físicos a que os candidatos a cursar uma faculdade deveriam se submeter.
Eram provas para testar a condição física e atlética do candidato como: corridas, natação, modalidades
esportivas. Aqueles que não obtivessem índices desejáveis eram excluídos do processo de seleção.

Popular

Finalmente, a Educação Física Popular, que segundo Ghiraldelli Júnior (1988) não está
preocupada com a saúde pública e, não pretende ser disciplinadora de homens e muito menos dedica-se
ao incentivo da busca de medalhas. Nesta tendência, os conteúdos da Educação Física assumem o
papel de promotores da organização e mobilização das classes populares para o embate imposto pela
luta de classes. Desenvolve-se "com e contra" as concepções ligadas a ideologia dominante (COLETIVO
DE AUTORES, 1992). Fundamentando-nos em Luckesi (1994), esta tendência inclui-se na Pedagogia
Progressista, pois partindo de uma análise crítica das realidades sociais, sustenta, implicitamente, as
finalidades sócio-políticas de uma Educação Transformadora.

        Pelo exposto acima, podemos notar que a escola exerce funções na sociedade, e estas funções
estão expressas nas diversas tendências didático-pedagógicas da Educação Física, onde todas
emergem de um sistema político capitalista.

Professora: Rosana Alves


6

3- DOCUMENTOS OFICIAIS DE EMBASAMENTO LEGAL DA


EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
A Educação Física na escola está presente desde a vinda da família Real, no
período imperial. Ela veio para o Brasil sob a forma de ginástica, sendo considerada
apenas uma “Atividade”. Assim, qualquer pessoa que entendesse um pouco sobre
atividade física e esporte poderia ministrar as aulas (médicos, militares, atletas e ex-atletas).
A Educação Física era desenvolvida com base nos conteúdos de ginástica e esportes, apenas
em seu aspecto prático, ocasionando assim a exclusão dos menos aptos fisicamente e sem
habilidades esportivas.

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira 

(LDB 9394/96) é a legislação que regulamenta o sistema educacional (público ou privado) do Brasil (da
educação básica ao ensino superior). A primeira Lei de Diretrizes e Bases foi criada em 1961. Uma nova
versão foi aprovada em 1971 e a terceira, ainda vigente no Brasil, foi sancionada em 1996.

Um pouco de história...

Era o ano de 1986. Ainda às escuras, pelas lembranças dos idos do regime militar, se planejava
no Brasil uma nova Constituição que garantisse de fato a redemocratização do país. Educação era pauta
para as linhas que determinariam os direitos e os deveres dos brasileiros a partir do ano de 1988.

 Constituição de 1988 

É a atual carta magna da República Federativa do Brasil. Foi elaborada no espaço de 20 meses


por 558 constituintes entre deputados e senadores à época, e trata-se da sétima na história do país
desde sua independência. Promulgada no dia 5 de outubro de 1988, ganhou quase que imediatamente o
apelido de constituição cidadã, por ser considerada a mais completa entre as constituições brasileiras,
com destaque para os vários aspectos que garantem o acesso à cidadania.

Lei 9696/98 – Regulamentação da profissão e criação de conselhos regionais (CREF) e federais


(CONFEF).

Professora: Rosana Alves


7

4- ABORDAGENS PEDAGÓGICAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA

A Partir da década de 70 surgiram movimentos na Educação Física Escolar, e estes iam contra os
modelos existentes. Observamos as seguintes abordagens.

Psicomotora

Durante o processo de aprendizagem, os elementos básicos da psicomotricidade são utilizados


com frequência. O desenvolvimento do Esquema Corporal, Lateralidade, Estruturação Espacial,
Orientação Temporal e Pré-Escrita são fundamentais na aprendizagem, um problema em um destes
elementos irá prejudicar uma boa aprendizagem.

De acordo com Piaget (1977), a ação psicomotora é considerada como precursora do pensamento
representativo e do desenvolvimento cognitivo, e afirma que a interação da criança em ações motoras,
visuais, táteis e auditivas sobre os objetivos do seu meio é essencial para o desenvolvimento integral. A
atividade sensório-motora é importante para o desenvolvimento de conceitos espaciais e na habilidade de
utilizar termos linguísticos. Contudo o jogo tem papel fundamental para o desenvolvimento fisio-motor,
devendo ser aproveitado num trabalho integrado com outras áreas do desenvolvimento. Assim pode-se
dizer que o desenvolvimento motor não acontece pela padronização das ações, mas sim: pela
complexidade, diversidade, variabilidade, Constancia e consistência dos jogos a serem trabalhados.

Desenvolvimentista
A teoria desenvolvimentista baseia-se em abordagens associativas da psicologia do
desenvolvimento e da aprendizagem, propondo uma taxionomia para o desenvolvimento motor, ou seja,
uma classificação hierárquica dos movimentos dos seres humanos. Nesta abordagem é defendida a ideia
de que o movimento é o principal meio e fim da educação física, não sendo sua função o
desenvolvimento das capacidades que auxiliem na alfabetização e o pensamento lógico-matemático,
embora isto possa ocorrer como uma consequência da prática motora. (Darido, 1998).

Construtivista-Interacionista

Esta abordagem tem influências da área da psicologia, baseando-se nos trabalhos de Jean
Piaget, Lê Boulch e Vygotsky. Sua principal vantagem é possibilitar uma maior integração com uma
proposta pedagógica ampla e integrada nos primeiros anos de educação formal, a desvantagem é que
desconsidera a especificidade da Educação Física. A valorização das experiências dos alunos e da
sua cultura são os principais aspectos positivos da proposta construtivista, além de propor métodos
alternativos ao diretivo, permitindo assim ao aluno, a construção do conhecimento através da interação
com o meio e oportunizando para a resolução de problemas.
A abordagem construtivista tem como seus principais conteúdos o jogo: simbólico e de regras,
e as brincadeiras populares, procura utilizar-se de inúmeros materiais alternativos, (bola de meia,
bastões, garrafas plásticas, lata, corda, entre outros), permitindo assim um maior número e
diferenciadas vivências, no tange a relação aluno/objeto. Estes conteúdos devem ser desenvolvidos
numa progressão pedagógica, numa ordem de habilidades, mais simples (habilidades básicas) para as
mais complexas (específicas). Segundo Darido (1998):

Crítico-Superadora

Nesta abordagem a educação física escolar, é entendida como uma disciplina que trata
pedagogicamente, de um tipo de conhecimento denominado cultura corporal; visando a aprendizagem
da expressão corporal como linguagem.

Professora: Rosana Alves


8

Esta cultura corporal vem expressa em temas ou formas de atividades como: jogos, esporte,
ginástica, dança e/ou outras. Esses temas, tratados na escola devem expressar um significado/sentido
correlacionando-se, dialeticamente, a intencionalidade/objetivos do homem e as intenções/objetivos da
sociedade (Coletivo de autores, 1992).

Biológica Renovada

A concepção biológica de Educação Física possui como maior propósito, redefinir o papel dos
programas de Educação Física Escolar como meio de promoção da saúde. Centrada na aptidão física
relacionada à saúde, conforme Nahas (1997) possui os objetivos de informar, mudar atitudes e promover
exercícios regulares para a aptidão física e a saúde.

Destina-se mais ao ensino médio, portanto para adolescentes, tendo a preocupação de levar os
educandos a perpetuarem um estilo de vida ativo, tornando-os independentes. Para tanto, não importa o
potencial genético ou grau de habilidades motoras, o programa deve ser para todos os alunos,
priorizando-se aqueles que mais necessitarem (os que possuem maiores dificuldades, ao contrário das
abordagens mecanicistas que tendem a homogeneizar todos os “corpos”, pois não se trata da formação
de atletas, mas de buscar melhores condições de saúde). Deve-se dar fundamentação conceitual
seguida de diversificação de atividades práticas, discutir textos e integrar esses temas com atividades
práticas, dar significado à prática para um auxílio na escolha dos hábitos de vida ativos quando adultos.

PCN’s
No Brasil, os PCNs - Parâmetros Curriculares Nacionais são diretrizes elaboradas pelo Governo
Federal com o objetivo principal de orientar os educadores por meio da normatização de alguns fatores
fundamentais concernentes a cada disciplina. Esses parâmetros abrangem tanto a rede pública, como
a rede privada de ensino, conforme o nível de escolaridade dos alunos. Sua meta é garantir aos
educandos o direito de usufruir dos conhecimentos necessários para o exercício da cidadania. Embora
não sejam obrigatórios, os PCNs servem como norteadores para professores, coordenadores e diretores,
que podem adaptá-los às peculiaridades locais.  OsPCNs nada mais são do que uma referência para a
transformação de objetivos, conteúdos e didática do ensino.

Professora: Rosana Alves


9

5 - EDUCAÇÕ FÍSICA E SAÚDE


Não há mais quem duvide da eficácia das atividades físicas no
combate a uma infinidade de doenças do sistema cardiovascular e de outros
sistemas do corpo humano. A Educação Física ao longo dos anos
experimentou várias tendências passando pela tendência militar, médica,
desportista, ainda as tendências da cientificidade, profissionalizante e a
tendência educacional onde cada uma tem uma visão diferente de como a
Educação Física deveria atuar no universo social. Hoje as duas tendências
que prevalecem são a da Saúde ligada a medicina e a Educacional a
Educação, uma com direito a atuação os Bacharéis em Educação Física e a outra dos Cursos de
Licenciatura em Educação Física.

Para um entendimento melhor torna-se necessário uma abordagem de Silvino Santin no seu texto
“Educação Física Sabedoria de Viver” diferenciando as duas tendências hoje consolidadas e atuantes
nesta área.

O homem moderno vem deixando de lado as práticas esportivas, o que muitas vezes leva a um
estilo de vida sedentário e provocam distúrbios como má alimentação, obesidade, tabagismo, estresse,
doenças coronarianas, etc.
Como reação a essa atitude, a ciência do esporte vem desenvolvendo estudos e demonstrando a
importância que a prática constante de uma atividade física bem planejada tem para que as pessoas
possam ter uma vida mais saudável.

Motivos importantes para a prática da atividade física

1 – Autoestima: A prática regular de exercícios aumenta a confiança do indivíduo.

2 – Capacidade Mental: Pessoas ativas apresentam reflexos mais rápidos, maior nível de concentração e
memória mais apurada.

3 – Colesterol: Exercícios vigorosos e regulares aumentam os níveis de HDL (lipoproteína de alta


densidade, o “bom colesterol”) no sangue, fator associado à redução dos riscos de doenças cardíacas.

4 – Depressão: Pessoas com depressão branda ou moderada, que praticam exercícios de 15 a 30


minutos em dia alternados, experimentam uma variação positiva do humor já após a terceira semana de
atividade.

5 – Doenças Crônicas: Os sedentários são duas vezes mais propensos a desenvolver doenças
cardíacas. A atividade física regula a taxa de açúcar no sangue, reduzindo o risco de diabetes.

6 – Envelhecimento: Ao fortalecer os músculos e o coração, e ao amenizar o declínio das habilidades


físicas, os exercícios podem ajudar a manter a independência física e a habilidade para o trabalho,
retardando o processo de envelhecimento.

7 – Ossos: Exercícios regulares com pesos são acessórios fundamentais na construção e manutenção da
massa óssea.

8 – Sono: Quem se exercita “pega” no sono com mais facilidade, dorme profundamente e acorda
restabelecido.

9 – Stress e Ansiedade: A atividade física libera os hormônios acumulados durante os momentos de


stress. Também funciona como uma espécie de tranquilizante natural.

Professora: Rosana Alves


10

6- HABILIDADES MOTORAS BÁSICAS E CAPACIDADES MOTORAS


As Habilidades Motoras Básicas são:
Locomotoras (correr e saltar), as
Estabilizadoras (equilibrar e rolar) e as
Manipuladoras (arremessar, receber, chutar,
rebater e quicar). 

HABILIDADES LOCOMOTORAS

Correr: O correr é usado em muitas


brincadeiras e jogos esportivos como
futebol, pega-pega, queimada, entre outros. 
                                                          
Saltar: O saltar pode ser usado em
brincadeiras como pular corda, pular sela,
etc. e para transpor obstáculos como
buracos, poças de água etc.

HABILIDADES ESTABILIZADORAS

Equilibrar: O equilibrar é uma habilidade importante até mesmo para andar, pois sem equilíbrio,
cairíamos facilmente. Encontramos o equilíbrio em esportes como Ginástica Olímpica, Surfe, skate etc.

Rolar: O rolar pode acontecer para frente, para trás, para a direita e para a esquerda, é também
conhecido como a famosa cambalhota.

HABILIDADES MANIPULATIVAS

Arremessar: Arremessar é o mesmo que lançar algum objeto em um alvo ou a alguém. Ele é encontrado
em brincadeiras como queimada, alerta, boliche, etc.

Receber: Significa segurar ou dominar algum objeto, com um melhor resultado se feito com as duas
mãos. Em esportes coletivos (mais que uma pessoa por equipe, como basquete, handebol, etc) usa-se
muito esta habilidade motora.

Chutar: O chute é feito pelos pés e é bastante usado no futebol, aparece também no futebol americano.
No chute podemos explorar todas as partes dos pés (bico, peito, chapa, calcanhar e parte de fora).

Rebater: Rebater é igual a bater em um objeto sem segurá-lo. Encontra-se em jogos como basebol, taco,
peteca e tênis. Pode ser feito com ou sem o auxílio de materiais.

Quicar: Quicar significa bater a bola no chão utilizando a (s) mão (s) fazendo com que a mesma volte
para seu domínio. Bastante encontrado no basquetebol e no handebol.

O aprendizado de habilidades motoras acontece basicamente em três etapas:

 Cognitiva: Nessa primeira etapa você visualiza a movimento, experimenta, corrige e, quando
acerta, grava a forma correta de execução na memória, podendo voltar a executá-lo em outro
movimento a partir da retomada mental desse espaço. Por exemplo, aprenda a mirar na bola, dá
impulso com a perna e chutá-la para frente.

Professora: Rosana Alves


11

 Associativa: Na segunda etapa você já consegue dá um sentido a esse movimento,


contextualizando-o numa estratégia. No caso do futebol é a etapa em que você consegue correr e
chutar para o gol.

 Autônoma: Aqui você já não precisa pensar para executar os movimentos básicos, como o chute,
e já consegue prestar atenção a ações menos localizadas. Só se é jogador quem já sabe driblar
os outros jogadores, correr em várias direções sem perder o equilíbrio e chutar para o gol sem
olhar para a bola.

Capacidades motoras

As capacidades motoras são componentes do rendimento físico, são elas que nós utilizamos para
realizar os mais diversos movimentos durante a nossa vida. São em um total de cinco: Resistência,
Força, Flexibilidade, Agilidade e Velocidade. (MARQUES & OLIVEIRA, 2001).

 Resistência: É a capacidade de suportar e recuperar-se da fadiga, ou seja, a capacidade de


manter o esforço físico em um maior espaço de tempo.
 Força: É a capacidade de vencer uma determinada resistência através de uma contração
muscular. Através dela é que conseguimos levantar, saltar, etc.
 Velocidade: É a capacidade de realizar as ações vigorosas em um curto espaço de tempo. Essa
capacidade só é utilizada, em geral, em atividades intervaladas, onde sempre há um intervalo
entre cada ação.
 Flexibilidade: É a capacidade de realizar os movimentos articulares na maior amplitude possível
sem que ocorram danos às articulações. Ela é específica para cada exercício, um exemplo são os
movimentos das danças.
 Agilidade: É a capacidade de mudar de direção rapidamente. Ela é dependente da velocidade e
da força. É muito utilizada nos esportes coletivos e nas brincadeiras de “pira” onde as crianças
têm de fugir do pegador.

Professora: Rosana Alves


12

7 - ATIVIDADE FÍSICA
Atividade física é qualquer movimento corporal produzido pela musculatura que resulte num gasto
de energia acima do nível de repouso.
Exemplos: caminhar para se deslocar de um lugar a outro, passear com o cachorro, subir
escadas, lavar o carro, brincar com os filhos, dançar, cuidar do jardim, entre outros.
 
Exercício físico é uma forma de atividade física planejada, repetitiva, com orientação profissional,
que visa desenvolver a resistência física e as habilidades motoras.
Exemplos: natação, musculação, lutas marciais, entre outros.

Movimento voluntário
    Como já diz o próprio nome, o movimento voluntário depende
de nossa vontade. Movimentos como andar em direção a um
objeto (ibidem, 2001) e a ginga da capoeira, são movimentos
voluntários. Neste ato supõe-se que houve uma intenção, um
desejo ou uma necessidade e finalmente o desenvolvimento do
movimento. No movimento voluntário, portanto, há
primeiramente uma representação mental e global do
movimento, uma intenção, um desejo ou uma necessidade e,
por último, a execução do movimento propriamente dito. O ato
voluntário é sempre aprendido e é constituído por diversas
ações encadeadas.

Movimento reflexo ou involuntário


    O movimento reflexo é independente de nossa vontade e
normalmente só depois de executado é que tomamos
conhecimento dele. È uma reação orgânica sucedendo-se a
uma excitação sensorial. O estímulo é captado pelos receptores sensoriais do organismo e levado ao
sistema nervoso. De lá provoca direta e imediatamente uma resposta motora. Pavlov (apud OLIVEIRA,
2001) dividiu os reflexos em inatos e adquiridos:

 Inatos: São independentes da aprendizagem e são determinados pela bagagem biológica. São,
portanto, hereditários, quase sempre permanentes e comuns a uma mesma espécie animal. Exemplo:
uma luz forte incidindo sobre os olhos provoca uma resposta imediata de contração pupilar. Este é um
movimento inato, pois não implica em aprendizagem para a sua produção. Outro exemplo: uma gota de
limão na boca provoca, como resposta, a salivação, preparando o organismo para a ingestão do
elemento ácido.

Adquiridos: São reflexos aprendidos ou condicionados. Sua ocorrência depende de uma história de
associação entre estímulos inatos, que produzem resposta reflexa a outros estímulos. No segundo
exemplo acima, a simples palavra ou visão do limão pode eliciar uma resposta condicionada de
salivação. O reflexo adquirido é muito utilizado e desenvolvido em esportes e outras práticas corporais.
Na capoeira, por exemplo, pode-se executar uma esquiva ou outro movimento baseado neste reflexo.
Podemos até sugerir que os movimentos de defesa na capoeira são os mais desenvolvidos neste
aspecto, devido a necessidade de auto-preservação e defesa do ser.

Movimento automático
    O movimento automático depende da aprendizagem, da história de vida e de experiências próprias de
cada um. Depende, portanto, do treino, da prática e da repetição. A aquisição de automatismos é
importante porque propicia formas de adaptação ao meio em que vivemos com uma economia de tempo
e esforço, pois não se exige muito trabalho mental.

Professora: Rosana Alves


13

Aptidão física

A aptidão física é um conceito que pode ser definido dentro das áreas da atividade física e da
saúde como sendo a capacidade de realizar trabalhos musculares de forma satisfatória. A aptidão física
relacionada a saúde compreende a resistência cardiorrespiratória, a força, a resistência muscular e a
flexibilidade.
A aptidão física é
determinada e sofre
interferência de uma série de
fatores, dentre os quais se
incluem o nível habitual de
atividade física, a dieta, o estilo
de vida o ambiente em que
vivemos e a hereditariedade.
Tanto a prática regular de
atividades físicas quanto o
sedentarismo (inatividade física) podem provocar adaptações (positivas ou negativas) no organismo das
pessoas.

A resistência cardiorrespiratória, a componente mais importante da aptidão relacionada à saúde, é


a capacidade de continuar ou persistir em tarefas prolongadas que envolvem grandes grupos
musculares. É uma capacidade dos sistemas circulatório e respiratório para se ajustar e se recuperar dos
esforços do corpo em exercício. A composição corporal tem dois componentes: massa gorda (gordura) e
massa magra (músculos, ossos, água); e pode ser avaliada calculando a percentagem de gordura. Para
os homens, os níveis de gordura estão ótimos quando a percentagem de gordura estiver abaixo de 15%,
e são considerados obesos quando esta percentagem estiver acima de 25%. Para as mulheres, a
percentagem de gordura abaixo de20% estará ótima e acima dos 33% é considerada obesidade.

IMC
(Índice de Massa Corpórea). É reconhecido pela OMS (organização mundial de saúde) como a
principal referência para classificação das diferentes faixas de peso. Mas, atenção: não deve ser o único
parâmetro para definir os riscos relacionados à obesidade. Outros fatores, como circunferência abdominal
e taxa de colesterol, também são muito importantes. Procure orientação médica para saber a melhor
forma de se manter no peso ideal.
O IMC é utilizado para verificar se uma pessoa está acima do peso. Não pode ser aplicado em crianças,
Pessoas musculosas podem ter o IMC alto e não serem consideradas gordas. A influência de diferenças
raciais e étnicas (De acordo com a organização mundial de saúde, pessoas de origem asiática poderiam
ser consideradas acima do peso com um IMC de 23).

Formula: IMC =              Peso             


               (Altura X Altura)

Tabela:

Condição IMC em Mulheres IMC em Homens


Abaixo do peso < 19,1 < 20,7
No peso normal 19,1 - 25,8 20,7 - 26,4
Marginalmente acima do peso 25,8 - 27,3 26,4 - 27,8
Acima do peso ideal 27,3 - 32,3 27,8 - 31,1
Obeso > 32,3 > 31,1
8 - SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA

Professora: Rosana Alves


14

O termo qualidade de vida continua na ordem do dia e representa um desafio para muitas
pessoas. Utilizado para se referir às condições da vida de um indivíduo, engloba a saúde física, mental e
espiritual, educação, poder de compra, além de equilíbrio entre o lado pessoal e profissional. E isso
pressupõe muitos aspectos, entre os quais adotar hábitos saudáveis, reservar tempo para cultura e lazer,
obter satisfação profissional e cultivar relações
sociais e familiares positivas e consistentes.
Focada na promoção do bem-estar, valorização da
saúde e prevenção.

A prática de atividades físicas, sem


exageros e com orientação de um profissional de
educação física, traz benefícios para a saúde das
pessoas e melhora a qualidade de vida em
qualquer idade. No caso dos idosos, é
especialmente importante, visto que um estilo de
vida sedentário pode fazer com que os mais velhos
tenham perdas em quatro áreas importantes para
sua saúde e independência: força, equilíbrio,
flexibilidade e resistência. Pesquisas mostram que
a prática de atividades físicas ajuda a manter ou
restaurar parcialmente essas quatro áreas. Além disso, ficar fisicamente ativo pode ajudar a prevenir ou
postergar muitas doenças e problemas de saúde. Até mesmo atividades físicas bem moderadas podem
melhorar a saúde de pessoas que são frágeis ou que têm doenças que acompanham o envelhecimento.
Melhorar a força e resistência torna mais fácil até mesmo a execução de atividades do cotidiano, como
subir escadas e carregar objetos. Também ajuda a prevenir quedas e acelera a recuperação de lesões.
Vale lembrar que é fundamental procurar orientação de um profissional de educação física qualificado,
para obter a combinação de exercícios físicos adequada às necessidades e características de cada um, a
exemplo de caminhada, corrida, hidroginástica e natação.

Entre as recomendações para conquistar uma boa qualidade de vida, realizar exames de rotina é
de grande importância. Homens e mulheres, especialmente a partir dos 35 anos, devem fazer,
anualmente, um check up, que nada mais é do que uma bateria de exames solicitada por médicos
especializados, que dá um diagnóstico detalhado acerca do funcionamento das funções do organismo. O
aconselhável é manter uma periodicidade. Em alguns casos, o check up deve ser realizado mais
frequentemente, por exemplo, em portadores de hipertensão arterial, colesterol alterado e diabetes,
evitando que essas patologias se agravem. O check-up é considerado uma das pontas da medicina
preventiva, que corresponde à união de dados da história clínica e exames, vinculados a uma análise do
histórico pessoal do paciente, com o objetivo de detectar doenças em estágio inicial.

9 - OS RISCOS DO SEDENTARISMO

Professora: Rosana Alves


15

O Sedentarismo é classificado como uma doença e atinge cada vez mais pessoas no mundo.
Uma das principais causas são as modernidades que
encontramos atualmente, pois o conforto acabou tomando
conta das pessoas e cada vez não damos conta disso e
mesmo sem saber a população acaba ficando acomodada.
O sedentarismo pode ainda acelerar o envelhecimento.
A falta de atividade física causa o sedentarismo que
como consequência traz o aparecimento de doenças como
a hipertensão, doenças respiratórias, diabetes, aumento de
colesterol, infarto e também distúrbios cardíacos. Hoje mais
de 60% da população não pratica nenhum tipo de atividade
física.
Sedentarismo é o estado de quem pouco se mexe,
vive sentado, evita o movimento. Caracteriza-se como
sedentário quem não realiza atividade física extra no dia-a-
dia, o que em um adulto corresponde a um gasto energético
abaixo de 2.500 kcal (quilo-calorias) por semana. No contexto da vida moderna, sedentarismo é o hábito
de substituir movimentos básicos, como caminhar, correr, saltar, escalar e carregar, pelo movimento dos
dedos diante de um teclado do controle remoto, do computador ou do telefone. É o nome que se dá ao
costume de responder “outro dia eu vou” ou “não tenho tempo”, toda vez que alguém o convida a
transpirar. Será o sedentarismo parte irrecusável do pacote da vida moderna?
Com a industrialização e a tecnologia, veio, por exemplo, a televisão. Quem tem tevê não precisa
ir até o local e no momento dos acontecimentos, para ver ao vivo o que está rolando do outro lado do
mundo. A televisão criou (ou favoreceu) o hábito de ficar sentado no sofá por algumas horas. Aí, por
causa da preguiça de se levantar para mudar o canal, o homem inventou o controle remoto – ou a
preguiça de se levantar teria surgido depois (e por causa) da invenção do controle? Sem falar nas outras
modernidades que levam a culpa pelo sedentarismo, como o elevador, o carro, o computador, a Internet,
o telefone… Quem terá vindo primeiro: a necessidade de não sair do lugar ou a comercialização de todas
essas facilidades tentadoras?
Seja lá qual for a ordem dos fatores, o produto criado foi a progressiva diminuição da atividade
física, incentivada pelas máquinas que substituem a ação humana aceitas, desejadas e compradas por
todos que têm condições financeiras de adquiri-las. Será que, à medida que essas pequenas máquinas,
cada vez mais compactas, nos facilitam e agilizam a vida, teremos menos necessidade de nos mexer?
Será mesmo o entretenimento digital mais interessante do que o esporte ou o lazer ao ar livre, com
pessoas reais e não virtuais? Será que o ápice da evolução humana será controlar tudo por meio de
minúsculos botões presos ao corpo, sendo o esforço físico um fardo desnecessário?
Nos dias de hoje, o sedentarismo não é privilégio de uma classe rica que ostenta a inatividade,
como já foi no passado. O sedentarismo foi eleito pela organização mundial da saúde (OMS) um dos
principais inimigos da saúde pública, responsável pelo aumento do risco de morte por todas as causas,
sendo o fator de risco com maior prevalência na população brasileira.

Não é preciso ser um atleta para desfrutar dos benefícios dos exercícios para a saúde, segundo o
estudo. O simples fato de passar da categoria de "inativo" para "moderadamente inativo" - o que envolve fazer
o equivalente a uma caminhada de 20 minutos todos os dias - já diminui o risco de morte prematura entre 16 e
30%. "É uma mensagem simples: apenas uma pequena quantidade de atividade física por dia poderia ter
benefícios substanciais para a saúde para pessoas que são fisicamente inativas", diz Nick Wareham, professor
da Universidade de Cambridge e um dos autores do estudo. "Apesar de termos descoberto que apenas 20
minutos fariam diferença, devemos procurar fazer mais do que isso. A atividade física tem muitos benefícios
provados para a saúde e deveria ser uma parte importante do nosso cotidiano."

Professora: Rosana Alves


16

Professora: Rosana Alves


17

10 – CORPOREIDADE

As concepções de corpo

No decorrer da história da humanidade o corpo sempre foi objeto de observações, experiências e


estudos. Desde os primeiros registros de vida humana há indicativos da importância do corpo e de suas
possibilidades de expressão. No entanto, o corpo foi visto por muito tempo como meio de sobrevivência e
execução de tarefas. Para podermos entender melhor as concepções de corpo na atualidade é
necessária uma contextualização histórica para  verificarmos as características e as peculiaridades
incorporadas até os dias atuais.
Na antiguidade o corpo humano era preparado para a sobrevivência, voltado para a caça e a
pesca. Na Grécia antiga, aparecem imagens de corpos fortes para o combate, para a proteção ao Estado
em diálogo com a beleza e a harmonia de movimentos rítmicos. Acontecem nesse período a origem dos
jogos Olímpicos Antigos e o início dos estudos sobre a Educação Física. Havia uma preocupação com o
corpo saudável, forte e perfeito. As práticas esportivas eram tidas como elementos mobilizadores da
sociedade e instrumentos a serviço das classes que mantinham o poder. Nessa época já existia a
diferenciação entre o corpo das castas mais altas e o corpo dos trabalhadores.
          Na Idade Média, com o crescimento do cristianismo, a Igreja deteve o monopólio do conhecimento.
Em uma sociedade fortemente ritualizada, observamos nesse período que o corpo era reprimido,
humilhado e desprezado e ao mesmo tempo glorificado. A concepção de corpo “cristão medieval” era de
parte a parte atravessado por essa dialética entre a repressão e a exaltação, a humilhação e a
veneração. Durante esse período, a humanidade repousava sobre a concepção cristã do pecado original;
onde a preocupação com o corpo era proibido e o corpo feminino era visto como inferior ao masculino.
         No Renascimento, período importante para a renovação de conceitos, muitas ideias e atitudes que
antecipavam o mundo moderno foram apresentados, dentre elas a principal foi o humanismo que
resgatou o papel e a importância do ser humano em oposição ao poder e a dominância da Igreja. Se na
Idade Média o corpo era associado ao pecado, no Renascimento o corpo, principal referência do ser
humano, passa então a ser vivido na sociedade de mercado na condição de valor (trabalho), o corpo
nesse período passa ter o papel de destaque.

          Com a evolução tecnológica e industrial do século XX, verificou-se que, com os ritmos acelerados
dessas evoluções ocorreram mudanças maciças onde o corpo passa a ser venerado. Com o surgimento
e o crescimento da mídia televisiva e principalmente com a cultura “Holliwodiana”, vimos o aparecimento
de mulheres e homens belos e a retomada da sensualidade através dos corpos. O cinema foi, sem
dúvida, um canal crucial na formulação de um novo ideal físico tendo a imagem cinematográfica
interferido significativamente nessa construção.
          Na década de 60, com a difusão da pílula anticoncepcional, da revolução sexual e do movimento
feminista, associado ao movimento hippie, o corpo passou a ser instrumento de combate e resistência à
ideologia dominante dos corpos perfeitos, saudáveis, cuidados e belos. O corpo passou a ser expressão
da subjetividade e prazer, contestando os cuidados com higiene, saúde, prevenções. Nesse período,
valeu o prazer, a curtição, a irreverência, que teve uma forte conotação política de contestação aos
valores tradicionais como a família e a propriedade. 
              Em plena Guerra Fria (EUA x URSS), vimos o crescimento de uma sociedade considerada
modelo, representada pelos EUA. São criados personagens com prestígios e superpoderes, heróis  que
passam a povoar a mídia televisiva e o imaginário coletivo na busca por corpos perfeito. As mulheres
heroínas apresentavam um corpo curvilíneo, com seios, ancas e glúteos arredondados e fartos. Os
personagens masculinos, homens comuns, transformam-se em superpoderosos, com músculos
hipertrofiados, fortes e bem definidos.

A influência da mídia: 

A mídia é expandida e mantida pelo poder econômico, pago pelas propagandas, padroniza a
veiculação de tendências conservadoras em detrimento das tendências revolucionárias.

Professora: Rosana Alves


18

              No Brasil, a televisão chega em 1950 e, inicialmente, a programação é voltada para as famílias,
com programas que, comparados com os atuais, eram inocentes, quase ingênuos. No entanto, as
influências norte-americanas não tardam a chegar, alterando drasticamente o conteúdo das
programações. No início da década de 80, com o
crescimento da indústria da moda e dos cosméticos,
a sociedade se caracterizou pelo bombardeio da mídia
principalmente a televisiva, acelerando mudanças na
sociedade em relação ao corpo, introduzindo novas
configurações pessoais e culturais, produzindo nos
indivíduos ideais padronizados de corpo que geraram
insatisfações para quem não se enquadrava nos
modelos difundidos. Temos o surgimento das “super
modelos” e os “super homens“, verificou-se na
programação televisiva um grande assedio de filmes,
brinque dos e desenhos com imagem de corpos
musculosos, bonitos e belos, filmes como: Grande
Dragão Branco, Rambo, Exterminador do Futuro e Conan o Bárbaro, brinquedos: Barbie, Falcon, Gold
Ranger, Iron Man, Batman, Wolverine e Homem Aranha e desenhos: Capitão América, He Man, She Ra
e Super Amigos.

              O processo de globalização estava sendo implantado e as referências locais, familiares e


culturais perdem valor para a grande mídia. Dessa forma, os canais genéticos, as estruturas corporais, os
biótipos, a singularidade, as subjetividades passam a ser desrespeitados em busca de padronizações.
Não há mais espaço para o processo de envelhecimento natural, a juventude é buscada como valor
maior. O mais grave é que, nesse processo desenfreado muitas pessoas se descaracterizam totalmente,
tornado-se outro ser que, a cada intervenção plástica, perde um pouco da sua identidade, da sua
originalidade. Não raro, passados alguns anos dessa adesão desenfreada a corpolatria, surgem quadros
depressivos, bulimias e outros distúrbios emocionais característicos da sociedade moderna.

            Atualmente, na mídia televisiva, salvo alguns poucos canais e programas, o que é oferecido ao
público é calcado no erotismo, na ausência de valores éticos, na péssima qualidade, nas receitas
milagrosas para manter-se em forma e jovem. Para compensar, são veiculados alguns programas de
esclarecimentos, de alerta sobre a corpolatria e suas consequências funestas. Mas, essas iniciativas são
incipientes porque, nos intervalos dessas programações esclarecedores, as propagandas continuam
provocando para o consumo e para a busca desenfreada da estética. E, proporcionalmente, os
conteúdos esclarecedores são significativamente menores do que os demais.
Verificarmos nesse processo, que o corpo se tornou uma verdadeira prisão do próprio corpo da
pessoa onde se apresenta sem características próprias, um corpo alienado.
O Brasil, nos últimos anos, passou a ser o maior mercado de cirurgias plásticas no mundo,
superando até os Estados Unidos da América com cirurgias para fins estéticos. O culto ao corpo se
tornou uma preocupação constante que atinge as mais diferentes classes sociais, faixas etárias, sexo e
setores da sociedade.
            A mídia em geral tem uma grande parcela de responsabilidade nessa distorção dos conceitos de
corpo belo e corpo não belo. Mas a forma como ficamos expostos a ela também precisa ser pensada e
alterada. É preciso pensar e aguçar a crítica frente aos conteúdos veiculados.
           Alertamos que cuidar do corpo e querer um corpo belo é muito bom, mas os limites que se tem
ultrapassado para a conquista deste corpo é que devem ser avaliados e discutidos. A preocupação do
corpo belo se faz presente no surgimento da corpolatria  que é o exagero em busca do corpo perfeito e
belo, apresentado e veiculado pela mídia.
Com isso algumas pessoas associam a necessidade de realizar atividade física como se fosse
uma atividade obrigatória onde, se faltarem ou deixarem de praticá-la, sofrem com a sensação de vazio,
sofrimento e até mesmo o sentimento de pecado, relacionando-se com a academia de ginástica como
fosse uma religião como se estivesse incorporada à sua vida. Neste sentido a academia de ginástica
pode ser uma extensão de nosso lar, e a prática desta “religião”, deste “culto ao corpo” coloca a pessoa
entre dilemas profundos onde a razão passou a ser o inferno e o culto ao corpo o céu, apresentando  um

Professora: Rosana Alves


19

universo mágico, com  milagres do “corpo liberto” de preconceitos, com sacrifícios físicos, além dos
limites nestes   templos envoltos por  espelhos e dogmas. 

          No decorrer da história humana constata-se que as imperfeições encontradas no corpo, decorridas
com o passar do tempo como problemas na pele, dentes, cabelos e outros, eram tratados pelo médico.
Atualmente, com o aumento de programas de auto-ajuda e revistas de beleza, verificamos a inversão
desses valores, onde as pessoas procuram amenizar suas imperfeições através de “receitas milagrosas” 
da beleza do corpo alcançado pela pessoa da capa da revista.
             Por este motivo é preciso cuidar, é preciso respeitar o corpo desses indivíduos, buscando tipos e
forma de treinamentos de acordo com as características biológicas e capacidades físicas. Essa ação é
uma das responsabilidades do profissional de Educação Física que precisa atuar de forma intencional
para contribuir no desenvolvimento e na formação dos frequentadores de academias de ginástica e
musculação, menos vulneráveis a corpolatria.

Visão de corpo enquanto produto da sociedade de consumo

Na onda dos eventos de moda, como o Fashion Rio,


realizado no Rio de Janeiro, ou o São Paulo Fashion Week, na
capital paulista, sempre surgem discussões sobre moda, beleza
e, uma das mais polêmicas, sobre o corpo. Baseado em tipos
franzinos, magros, os corpos "da moda" são tão produtos de
consumo quanto às roupas que os vestem. A polêmica dos
corpos, sejam das modelos de passarelas, sejam de modelos
publicitários, ganha páginas de jornal, de revistas, nas tevês por
meio de imagens e representações e abre espaço para a
discussão sobre como a idealização do corpo adquiriu poder ao
longo do século XX, chegando ao século XXI com normas
estéticas específicas. É necessário ser como as modelos: corpo
plasticamente perfeito, à prova de velhice, isento de qualquer
descuido ou preguiça.

A busca por definições de padrões no que diz respeito ao


corpo transforma- se numa corrida rumo ao consumo. A mídia
trabalha para que a sua produção de imagens chegue ao
indivíduo de maneira que legitime e afirme não só o consumo,
mas também os modos de sociabilidade - uma espécie de
orientação sobre como viver e se relacionar em s ociedade -
nelas inseridos. Para isso, a mídia ensina o que, onde, quando e
como consumir. Mais: ensina como devemos ser. Por meio de
suas representações, o indivíduo pode se reconhecer como
protagonista das imagens, espelhando-se nos modelos apresentados, fazendo da imagem midiática algo
a ser copiado.

As pessoas, em particular as moradoras das grandes metrópoles, relacionam- se, diariamente,


com um fluxo contínuo de imagens produzidas pela mídia. Essa "relação" não é propriamente uma
novidade e já há muito tempo influencia a sociedade. Por isso, não se discute que as imagens da mídia
são parte da cultura da sociedade brasileira. São imagens que se tornaram onipresentes e são
responsáveis pela difusão de símbolos, culturas e informações. A socióloga Cristina Costa, em seu livro A
imagem da mulher, afirma que, no cotidiano das relações sociais, as pessoas se formam no contraponto
das imagens que recebem, ou seja, passa a ser um grande jogo de espelhos, fazendo o indivíduo ora se
compreender ou se opor, ora se contemplar ou se estranhar.

Professora: Rosana Alves


20

11 - LAZER E SEUS CONCEITOS

O Lazer, que vem do latim ‘licere’ – ser lícito, ser permitido -, é normalmente definido como uma
série de atividades que o ser pode praticar em seu tempo livre, ou seja, naquele momento em que não
está trabalhando, em tarefas familiares, religiosas ou sociais, e que lhe proporcionam prazer. Neste
contexto ele tem a oportunidade de relaxar, descansar, se distrair, exercer alguma forma de recreação.

É preciso não esquecer, porém, que o Lazer não é apenas um grupo qualquer de ocupações sem
propósito algum senão preencher o tempo livre do sujeito.
Ele pode e deve como a animação cultural, ter uma
conotação crítica e até mesmo transformadora da ordem
instituída, mesmo que isso implique em desconstruir
antigos mitos e convenções.
Desta forma é possível despertar o
potencial criativo das pessoas e incluí-las cultural e
artisticamente. Sem falar que o Lazer também está ligado
ao âmbito pedagógico. Neste sentido, se ele é exercitado
corretamente, pode colocar em prática os ‘Quatro Pilares
da Educação’ de Delors: aprender a conhecer e a pensar;
a fazer; a viver juntos, ou com os outros; a ser. Portanto, o
papel do Lazer não é somente divertir alguém, vai além
desta vaga função.
Além disso, é mais complexo definir o Lazer, pois ele pode estar ligado ao campo profissional de
uma pessoa. Por exemplo, jogar bola pode ser uma atividade ligada a esta esfera para qualquer um que
nela encontre prazer – portanto o indivíduo deve aderir a esta tarefa de forma voluntária -, mas se o
indivíduo é um jogador de futebol, então como esta questão se resolve? Aí entra a importância da atitude
diante da ocupação, porque se há deleite no que se faz então se pode considerar que o trabalho está de
certa forma, aliado ao Lazer.
Assim, o Lazer não pode ser meramente definido como algo impreterivelmente desvinculado do
trabalho profissional ou de qualquer outra atividade do ser humano. Um dos estudiosos deste campo,
Nelson Carvalho Marcelino, divide o Lazer em seis esferas essenciais no seu livro Estudos do Lazer, uma
introdução, de 2000: interesses artísticos, intelectuais, físicos, manuais, turísticos e sociais. Todos podem
participar, eventualmente, de cada um destes setores da vida em sociedade.

O Lazer também é comumente classificado como Passivo ou Ativo. O Passivo é aquele que aliena
o ser, e o envolve na teia consumista gerada pela Indústria Cultural, na qual o consumidor não passa de
mais uma peça da engrenagem. Ele é inserido no mercado, hipnotizado pelo universo da publicidade, e
neste sentido o Lazer também se transforma em um produto, acessível não mais apenas pelo tempo de
que a pessoa dispõe, mas principalmente pelo capital, item fundamental.
Desta forma, sem a necessária educação dos sentidos, sem o desenvolvimento de um olhar crítico e
seletivo, o ser humano fica a mercê da cultura de massa, aliada fiel da mídia, e se vê impotente, incapaz
de optar ou de censurar as inúmeras atividades a ele oferecidas. Como consequência deste processo, o
indivíduo passa a agir como um autômato segue consumindo o produto Lazer sem ter o poder de
processar seu conteúdo e de transformá-lo em aprendizado.
Já o Lazer ativo possibilita uma nova enunciação das múltiplas vivências, uma conversão das
atividades em conhecimento, em expressão criadora e em novos olhares e potencialidades. Neste campo
é permitida uma maior convivência social e uma melhor qualidade de vida. Simultaneamente o ser
encontra o desejado deleite e o imprescindível repouso.

Professora: Rosana Alves


21

Tipos de lazer

Quando se fala em férias o primeiro pensamento que nos vem à mente é o de viajar. Porém, nem
todo mundo consegue viajar, talvez por que o acompanhante não terá férias ou por falta de condições
financeiras, etc. Se você é uma dessas pessoas não se desanime, aqui você encontrará dicas de como
aproveitar as férias sem sair de sua cidade.

Região litorânea; se você mora perto do mar, nada melhor que pegar umas ondas, nadar, caminhar na
orla, pegar um bronzeado e conhecer pessoas diferentes. Existem mil e uma atividades que podem ser
feitas na praia, basta você encontrar uma que faça sua cabeça.

Região verde; caso more em uma região onde existem floresta e parques ecológicos, nada melhor que
aproveitar a natureza. Existem programações diversificadas para curtir a natureza sem causar danos a
ela como, por exemplo, trilhas ecológicas, rapel (escalar ou descer paredões), Rafting (descer
corredeiras), entre outros. Além disso, você pode acampar, fazer piqueniques, etc.

Região urbana (selva de pedras); há nas cidades uma série de opções de entretenimento, veja o que
você pode fazer para se divertir:

• Cinema: você pode se distrair assistindo um bom título na telona;


• Praças: você pode se reunir com seus amigos na pracinha e fazer brincadeiras, conversar sobre
diferentes assuntos, etc.;
• Shoppings: conhecer pessoas diferentes, interagir com amigos na praça de alimentação, etc.;
• Em casa: em casa você pode criar diferentes ambientes, como fazer um churrasco entre amigos, uma
festa temática, etc.;

• Clubes: curtir uma piscina com amigos, pegar um belo bronzeado, etc.;
• Teatro: se você curte um programa mais clássico, assistir ao uma peça teatral é uma boa pedida;
• Filme em casa: convidar os amigos que também não irão viajar para assistir um filme divertido em casa;
• Jogos: uma excelente forma de se divertir nas férias é participar de jogos e, disputas com os amigos;
• Acampamento em casa: você não vai viajar, porém nada te impede de acampar. Você pode promover
um acampamento no quintal ou na sala de sua casa, convidando alguns amigos para passar momentos
divertidos em seu acampamento.

Professora: Rosana Alves


22

12 - ESPORTES DA NATUREZA COMO INSTRUMENTO DE LAZER


A vida urbana contemporânea caracteriza-se
pelo crescente interesse da sociedade em vivenciar,
sobremaneira, seus momentos de lazer, objetivando
novas possibilidades que possam ser relevantes aos
seus enredos físicos e psicológicos.
Entre as inúmeras formas de vivenciar o lazer,
um novo campo de estudos e investigações vem
merecendo o olhar de diversos pesquisadores da
atualidade, entre os quais Marinho (1999) e Bétran
(2003). Esse novo campo diz respeito à relação
existente entre lazer e participação humana nos
espaços representados pela natureza.
Conforme evidencia Marinho (1999), as
pessoas sentem-se atraídas pelo entretenimento, por emoções, pela aventura. Elas buscam práticas
alternativas e criativas de manifestação no lazer, tais como as atividades de aventura, que r equerem o
meio natural como cenário principal para sua realização.
Alguns locais do Brasil favorecem a prática de AFAN, (atividades físicas de aventura na natureza)
por possuírem características naturais em seu relevo. Essas características induzem os adeptos de
aventura a olhares aguçados sobre tais localidades, como é o caso da cidade de Bonito (MS), com
opções de mergulho em águas transparentes; a Chapada dos Veadeiros (GO), com seus famosos
canyons; o Parque Estadual Turístico do Alto da Ribeira (Petar) e seu grande número de cavernas; a
cidade de Socorro (SP), com suas cachoeiras e correntezas, entre muitos outros lugares com condições
propícias e facilitadoras da referida prática.
Conforme elucida Bétran (2003, p. 159): “O turismo, o ócio, a natureza, o esporte, a aventura, os
relacionamentos, unindo esses conceitos encontramos um mix atrativo”, referindo-se às possíveis
características que reforçam a admiração pela prática das atividades de aventura na natureza.
A esse respeito, Tahara e Schwartz (2003) salientam que, atualmente, denota-se crescente
conscientização da necessidade de vivências mais espontâneas e significativas, sugerindo uma vontade
de fuga da rotina estressante e do caos urbano. Assim, a aderência às atividades físicas na natureza
estimula uma integração entre necessidade e prazer, oriundos dos diversos aspectos positivos das
vivências em meio natural.
Capuano (2000) explicita que a busca pelas AFAN pode ser traduzida pela existência de alguns
elementos promotores do contato inicial com tais atividades, entre os quais destacam-se a procura por
emoções fortes, a possibilidade de descansar e aliviar as tensões da rotina urbana, a oportunidade de
vivenciar momentos que favoreçam a integração com outras pessoas e com as belezas inerentes à
natureza.
Torna-se necessário que a população adquira consciência e compromisso de mudanças de
atitudes e de valores, sendo capaz de gerar oportunidades de vivenciar experiências significativas e
prazerosas, além da possibilidade de poder experimentar novas percepções e sensações atreladas ao
meio natural, experiências estas que podem interferir nos níveis qualitativos da vida.

Antes de iniciar a discussão propriamente dita acerca do subtítulo acima, não se pode deixar de
pensar que o lazer é uma das dimensões da vida humana que permite ao homem uma reflexão profunda
sobre si mesmo, bem como sua relação com o meio em que habita. Assim, o ser humano consegue
perceber o ambiente a sua volta de outra perspectiva e abrem-se novas possibilidades de reflexão sobre
seu próprio viver.
As políticas ambientais e educacionais demonstram a necessidade de uma educação ambiental
voltada para uma conscientização integrada, de todos os aspectos da vida humana. Isso implica num dos
maiores desafios que a educação tem enfrentado, um trabalho interdisciplinar.

Professora: Rosana Alves


23

Tratando-se da temática proposta neste artigo,


há necessidade de interligar as três áreas (Ecologia,
Turismo e Motricidade), no sentido de minimizar os
impactos negativos resultantes do constante acesso
público e maximizar as tendências de preservação
nessa interação homem-natureza.
Inácio (1997) e Ribeiro (1998) apontam para a
necessidade premente de um diálogo transdisciplinar,
com o propósito de se fomentar a tão desejada
educação ambiental, numa tentativa de valorização
crescente do meio ambiente natural.
No âmbito da Motricidade, Bruhns (1997)
evidencia a importância de reflexão sobre esta interação
humana com o meio ambiente, apontando o
compromisso com mudanças de atitudes e valores, os quais possam interferir positivamente nessa
relação.
Na área de Ecologia, esta é uma preocupação que também vem sendo bastante enfocada por
diversos autores, no que tange ao ecoturismo e tendências conservacionistas, como demonstrado por
Carlos (1991) e Gattari (1997), os quais focalizam a temática da relação homem-natureza, elucidando a
importância de maximizar as condições de preservação do meio ambiente natural.
De acordo com a Embratur, o turismo sustentável é chamado ecoturismo e um de seus principais
objetivos está relacionado à preocupação com a preservação do patrimônio natural e cultural,
diferenciando-se, assim, do turismo predatório, que pouco declina atenção para os efeitos de destruir
uma área natural. Atualmente, o ecoturismo é uma tendência mundial em crescimento e responde a
várias demandas, desde a prática de AFAN ao estudo ciêntífico dos ecossistemas (BRASIL, 1994).
Nesse sentido, espera-se que o turismo ecológico (ou ecoturismo) possa contribuir, com
relevância, para a preservação ambiental, desde que sejam considerados os princípios de construção
coletiva de valores e competências voltados para a conservação, além da valorização das paisagens
naturais e da vida.
Uma das possibilidades para a efetiva conscientização da população em relação ao meio
ambiente, conforme salienta Requião (1991), está relacionada à promoção de atividades ligadas à
natureza com orientação adequada. Este contato com o ambiente tende a proporcionar aos adeptos bem-
estar físico e psicológico recorrente, além da chance de ensinar o respeito aos seus próprios limites
corporais.

Professora: Rosana Alves


24

REFERÊNCIAS

BOLONHINI JUNIOR, Roberto. Portadores de Necessidades Especiais. São Paulo. Editora Arx, 2004.

BRASIL. Casa Civil. Lei nº 9.394, de 20 de Dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional. Disponível em: <http //www. planalto.gov.br/ccivil-03/leis/l9394.htm>. Acesso em 28
mar 2015.

Brasil. Secretaria de Educação Física no Brasil. Parâmetros curriculares nacionais: Educação Física.
Brasília: MEC/SEF, 1998.

CASTELLANI FILHO, Lino. Educação Física no Brasil: A história que não se conta. 3. Ed. São Paulo:
Papirus Editora, 1991.

CIDADE, Ruth Eugenia Amarante; FREITAS, Patrícia Silvestre de. Instrução à Educação Física a ao
desporto de pessoas portadoras de Deficiência. Curitiba: Ed. UFPR, 2002.

CURTSS, Sandra. A alegria do movimento na pré-escola. Porto Alegre: Artes Médicas, 1988.

DARIDO, Suraya Cristina. Educação Física na Escola: Questões e Reflexões. São Paulo: Guanabara
Koogar, 1999.

DARIDO, Suraya Cristina; SOUZA JÚNIOR, Osmar Moreira de, Para ensinar Educação Física:
Possibilidades de intervenção na Escola. 6. Ed. Campinas, SP: Papirus Editora, 2007.

DIEHL, Rosilene Morais. Jogando com as Diferenças: Jogos para Crianças e Jovens com
Deficiência. São Paulo. Phorte Editora, 2005.

Duarte, Edson; LIMA, Sônia Maria Toyoshima. Atividade Física para pessoas com Necessidade
Especiais. Rio de Janeiro. Editora Guanabara Koogan, 2003.

FONSECA, Krukemberghe. Primeoros Socorros. Disponível em:


http://www.brasilescola.com/saude/primeiros-socorros.htm.

GORGATTI, Márcia Greguol; DA COSTA, Roberto Fernandes. Atividade Física Adaptada. São Paulo.
Manoele, 2005.

La TAILLE, Yves de (et al). Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São
Paulo: Summus, 1992.

LEBOUCH, Jean. Educação psicomotora: psicocinética na idade escolar. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1987.

LEBOUCH, Jean. O desenvolvimento psicomotor: do nascimento aos 6 anos. Porto Alegre: Artes
Médicas.

LOUREDO, Paula. Alimentação Sáudável. Disponível em: http://www.brasilescola.com/saude-na-


escola/conteudo/alimentacao-saudavel.htm.

MATTOS, M.G. NEIRA, M.G. Educação física na adolescência: construindo o conhecimento na


escola. São paulo, Phorte editora, 2000

WINNICOTT, D.W. A criança e seu mundo. Editora LTC, 6ª edição, 1982.

Professora: Rosana Alves

Você também pode gostar