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Educação Física Progressista. De Paulo Guiraldelli Júnior. São Paulo: Edições Loyola,2007.
O livro do professor Paulo Guiraldelli Jr. vai debater sobre as tendências e correntes da
educação física escolar brasileira. De uma forma que os docentes enxerguem os pontos
positivos da educação progressista. O professor mostra de forma detalhada e explicativa a
educação física higienista, militarista, pedagogista, competitivista e a popular, essa obra é um
auxílio para os professores que buscam levar a dimensão crítico-social para suas aulas, sendo
assim seus discentes terão contato com uma educação física que se importa não somente com
a aptidão física, mas que se importa em transmitir o valor e importância das práticas corporais,
como também busca dialogar com os alunos a importância de ser crítico, questionador, e ter
consciência social, política, cultural etc.
Guiraldelli Júnior (2007) apresenta as concepções de educação física uma por uma,
demonstrando as características fundamentais, e inicia-se pela educação física higienista. Esta
concepção tem início em 1889 no Império e se prolonga até 1930 período da primeira república,
para essa tendência cabe à educação física cuidar da saúde individual do indivíduo, formando
homens e mulheres sadios, fortes, resistentes entre outros. Para Ghiraldelli Júnior (2007), o
desenvolvimento da Educação Física higienista estava ligado às preocupações das elites com
os problemas advindos da crescente industrialização do período final do Império e de toda a
Primeira República. O Mestre em educação física Alan Camargo Silva, enriquece o conteúdo
aqui discutido em sua publicação.
Dizem que nossos liberais são “liberais de fachada” e que, uma vez
contrariados seus interesses, correm eles às portas dos quartéis na busca da
intervenção militar sobre a sociedade e o Estado. De fato, o pensamento liberal
brasileiro muitas vezes não encontra saídas senão na invocação do
militarismo. Particularmente, com a Educação Física esse dilema se verifica
historicamente. (Guiraldelli Jr., 2007).
Segundo o autor essa concepção é influenciada pelo fascismo e tinha uma ideia central
o “aperfeiçoamento da raça”, seguindo assim as determinações impostas pelas falsas conclusões
encetadas pela biologia nazifascista. Daí a Educação Física funcionar como atividade
“aceleradora do processo de seleção natural”. Destaca também a ideia de utilizar a Educação
Física como meio primordial de forjar “máquinas humanas” a serviço da Pátria,
Guiraldelli,2007.
No texto é observado que esta concepção visa impor a toda a sociedade padrões de
comportamento estereotipados, frutos da conduta disciplinar, Guiraldelli,2007. Relacionando
esta abordagem com a anterior, percebe-se que ela também se preocupa com a saúde, tanto
pública e individual, o que diferencia é que o objetivo desta é uma busca por uma juventude
que que seja capaz de suportar o combate, a luta, a guerra, aqui se faz necessário relembrar o
contexto histórico que também vai influenciar, visto que era no período da chamada Era Vargas
e a Segunda Guerra Mundial, Guiraldelli Jr. em sua obra não se recolhe em falar abertamente
sobre esta concepção e suas características, podemos notar no seguinte trecho
Caminhando agora para a concepção da educação física pedagogicista, sendo esta uma
ganha força principalmente no período pós-guerra (1945-1964) uma concepção mais crítica que
as passadas, mas mesmo sendo crítica não podemos considerá-la de fato uma educação
progressista. Preocupada também com o público escolar, Guiraldelli aborda dizendo que esta
também é uma concepção que vai reclamar da sociedade a necessidade de encarar a educação
física não somente como uma prática capaz de promover saúde ou de disciplinar a juventude,
mas de encarar a educação física como uma prática eminentemente educativa. E uma das
características dela é que a ginástica, a dança, o desporto etc., são meios de educação do
alunado. São instrumentos capazes de levar a juventude a aceitar as regras de convívio
democrático e de preparar as novas gerações para o altruísmo, o culto a riquezas nacionais etc.
(Guiraldelli Jr., 1991, p.19).
O professor apresenta uma citação do professor Antônio Boaventura da Silva que foi
professor da Escola de Educação Física da Universidade de São Paulo, que expõe e deixa claro
o liberalismo americano dos anos 50 na consciência dos teóricos responsáveis pela elaboração
e divulgação daquilo que estamos chamando de educação física pedagogicista.
Essa concepção tem uma abundância no viés político e histórico, considerando seu
contexto, sendo ele a Ditadura Militar no Brasil (1964-1985), momento este que essa concepção
foi reforçada, divulgada e fortalecida. O treinamento desportivo como destaque, junto com ele
a fortificação do processo de tecnização. Então se tinha nas escolas uma aula com foco no
desenvolvimento e descobrimento de novos atletas e o esporte funcionava como uma política
de pão e circo.
Tal concepção é aprofundada e criticada pelo professor quando ele afirma que a
concepção competitivista não se enraíza na prática e no cotidiano popular, de forma pura, e sim
mesclada com todas as outras tendências que, historicamente, foram fixando marcos no
pensamento social brasileiro. O culto ao atleta-herói, ao individualismo, é marca registrada
divulgada e glorificada pela imprensa. A ideia de “conquistar um lugar ao sol pelo esforço
próprio” é ilustrada a todo momento com os ídolos do desporto, principalmente aqueles
provindos dos lares mais pobres e que se destacam em grandes campeonatos nacionais e
internacionais e que, em verdade, escondem a verdadeira falta de oportunidade de
enriquecimento material e cultural em que vive a maior parte da população. (Guiraldelli Jr.
2007, p.32-33).
Partindo para a última concepção que o professor aborda, denominada como uma
concepção de educação física popular, que tem início após o fim da ditadura militar no Brasil,
o chamado período de redemocratização. É uma concepção voltada para a ludicidade,
cooperação, dança, ginástica, lazer, solidariedade e conta com a organização de todos para a
construção de uma sociedade democrática. O contexto histórico é de extrema importância, pois
com ele podemos ver os partidos políticos após a ditadura militar, com uma participação mais
ativa e preocupados com o sistema educacional, considerando o lazer e a educação física e ao
mesmo tempo reivindicando do poder público, mais escolas, mais quadras esportivas, entre
outras coisas. O autor salienta também, que é uma concepção que surge da prática social dos
trabalhadores, se tem então algumas influências como, o movimento operário e popular.
Esta obra é rica em elementos atuais, críticos, complementa-se com a parte histórica que
fornece uma base boa para criar um ambiente mais crítico e reflexivo. Este livro foi muito útil,
principalmente por abordar as concepções mais vistas e as menos vistas, buscando ressaltar as
características mais importantes e ligando elas com o passado e presente. O autor não julga as
concepções e nem cita que alguma esteja certa e por isso é a melhor, Guiraldelli nos ajuda sendo
com sua atitude inercia, de falar sem se expor e impor, com isso sua obra vem para auxiliar os
docentes e futuros discentes, falando da importância de conhecer a trajetória da educação física
e as suas concepções. Cada uma das concepções conta com pontos positivos e negativos, cabe
aos leitores se aprofundarem e terem uma atitude crítica.
Referências
GUIRALDELLI, Jr. Paulo. Educação Física Progressista. 10. Edição. São Paulo: Loyola, 2007.
Tendências e abordagens pedagógicas da Educação Física escolar e suas interfaces com a saúde,
Heraldo Simões Ferreira, José Jackson Coelho Sampaio. Disponível em: EFDeportes.com,
Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 182 - Julio de 2013. http://www.efdeportes.com/