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CRESCIMENTO E

DESENVOLVIMENTO MOTOR
AULA 6

Profª Izabela Yabe


CONVERSA INICIAL

Nesta aula, vamos explorar os pressupostos do desenvolvimento do


trabalho pedagógico da educação física frente ao crescimento e
desenvolvimento motor. Para tanto, vamos conhecer os pressupostos do
desenvolvimento do trabalho pedagógico da educação física, explorando os
modelos utilizados, considerando seus prós e contras. Como exemplos desses
modelos, traremos: higienista, militarista e esportivista (mais antigos); e
recreacionista, psicomotora, desenvolvimentista, construtivista-interacionista,
crítico-superadora, crítico-emancipatória, da saúde renovada e dos Parâmetros
Curriculares Nacionais (mais atuais). Todos eles estão diretamente relacionados
ao momento histórico enfrentado pelo mundo em dada ocasião.
Em se tratando da educação física, já sabemos que ela precisa ser
desenvolvimentista, ou seja, buscar a autonomia e a independência dos alunos
por meio de sua interação com o ambiente, atendendo, obviamente, às
necessidades de cada indivíduo como ser único e indivisível, que se relacionada
com a história social. Assim, por fim, aprenderemos como, a partir do
conhecimento acerca de cada modelo, podemos explorar aulas de educação
física mais engajadoras e eficazes para cada público de interesse, sejam eles
crianças, adolescentes ou adultos.

TEMA 1 – PERSPECTIVAS TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA

As perspectivas teóricas têm por objetivo possibilitar o embasamento e o


direcionamento do processo de ensino e aprendizagem dos conteúdos da
educação física. As abordagens teóricas utilizam diferentes enfoques para
compreender a educação, de maneira que relaciona o momento histórico e social
que estava ocorrendo durante a criação. Conforme o que estabelecem Darido e
Rangel (2015) e Darido (2003), a educação física vivenciou diversos momentos
históricos que estabelecem sua identidade e seu entendimento de sociedade e
de mundo. A partir de agora, serão trabalhados cada um desses modelos.

1.1 Abordagens higienista e militarista

Este modelo considera a educação física como uma disciplina


essencialmente prática e, assim, qualquer indivíduo que não a praticasse mais

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poderia ensiná-la. Seus principais conteúdos exploravam a aprendizagem de
movimentos ginásticos e o desenvolvimento de valores de obediência e
submissão.
No modelo higienista, até 1930, os objetivos estavam voltados aos hábitos
de higiene e de saúde, bem como ao desenvolvimento do físico e da moral. No
século XIX, com a migração das pessoas do campo para a cidade para rotinas
extenuante de trabalho nas fábricas, foram criadas condições insalubres de
higiene, contribuindo para a proliferação de doenças. Isso fez com que se
buscasse por trabalhadores fortes, que suportassem a intensa carga de trabalho
nas fábricas e a preparação de mulheres sadias para a concepção de
descendentes saudáveis.
Já no modelo militarista, de 1930 a 1945, a principal preocupação era a
formação de uma geração capaz de atuar na guerra e suportasse bravamente o
combate e a luta. Assim, buscavam por indivíduos perfeitos fisicamente,
excluindo os incapacitados.

1.2 Abordagem esportivista

De 1964 e 1985, a educação física escolar foi voltada especialmente para


o futebol. Isso se deu em virtude do sucesso da Seleção Brasileira de Futebol
nas copas do mundo de 1958, 1962 e 1970. A partir de 1964, o Brasil alcançou
seu êxito nas competições de alto nível se destacou como a potência do futebol.
O governo militar passou a apoiar e incentivar o esporte nas escolas, como
oportunidade para formar um exército de jovens fortes e saudáveis. A escola
valorizava, então, o conteúdo esportivo, reforçava valores como racionalidade,
eficiência e produtividade e estreitava a ligação entre esporte e nacionalismo. A
metodologia utilizada era diretiva e o professor atuava como um centralizador,
enfatizando a repetição mecânica dos movimentos esportivos.
A partir da década de 1980, surgiram diversas críticas do ensino
esportivista de educação física, o que levou a intensas discussões por parte de
diversos profissionais que concluíam os programas de pós-graduação feitos,
muitas vezes, no exterior, e outros em programas nacionais que não estavam
vinculados à área da educação física.

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1.3 Abordagem recreacionista

Diante das intensas críticas ao esporte de rendimento, surgiu o modelo


recreacionista. O professor passou a adotar uma postura de não mais intervir;
ou seja, oferecia uma bola aos alunos e marcava o tempo para a atividade.
Cabia, então, aos alunos decidir o que fariam na aula, escolhendo o jogo, assim
como a maneira que iriam praticá-lo. Se analisarmos bem, esse modelo ainda é
muito adotado no contexto escolar. Uma de suas principais problemáticas
implica em não considerar a importância dos procedimentos pedagógicos do
professor.

1.4 Abordagem psicomotora

A partir da década de 1970, em contraposição aos modelos anteriores,


surge a educação psicomotora. O francês Jean Le Bouch, com base nos estudos
de Jean Piaget, H. Wallen e Winnicott, foi o idealizador desse modelo, que
considera o desenvolvimento integral da criança por intermédio do
aprimoramento dos processos cognitivos, afetivos e psicomotores.

1.5 Abordagem desenvolvimentista

Para esse modelo, apresenta-se a progressão normal do crescimento


físico e do desenvolvimento fisiológico, motor, cognitivo e afetivo-social. Dessa
maneira, cabe ao professor estruturar aulas voltadas ao aprimoramento das
habilidades motoras dos alunos.
O brasileiro Go Tani e o estadunidense David Lee Gallahue são
estudiosos que defendem a ideia de que o movimento é o principal meio e fim
da educação física. Assim, as aulas devem privilegiar a aprendizagem do
movimento; ou seja, é a partir do movimento que os seres humanos se adaptam
aos problemas do cotidiano e resolvem problemas motores.

1.6 Abordagem construtivista-interacionista

Fundamentada por Vygotsky e Piaget, essa abordagem estabelece que a


criança constrói seu conhecimento a partir de sua interação com o meio e
resolvendo problemas. Dessa maneira, todo conhecimento é absorvido com
base em ações responsáveis por envolver esquemas de assimilação e

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acomodação em um processo constante de reorganização. Ou seja, o
movimento é explorado como um instrumento de facilitação da aprendizagem de
conteúdos que envolvam leitura, escrita e matemática, por exemplo.
Para tanto devem ser aplicadas atividades que promovam o resgate e a
construção, por parte do aluno, de seus hábitos de jogos e brincadeiras. Para as
aulas de educação física devem ser promovidas, então, brincadeiras de rua,
jogos com regras e rodas cantadas, possibilitando que a criança aprenda em um
ambiente lúdico e prazeroso.

1.7 Abordagem crítico-superadora

Essa abordagem é embasada no marxismo e no neomarxismo. A partir


dos estudos de José Carlos Libâneo e Demerval Saviani, aplica o discurso da
justiça social, valoriza a questão da contextualização dos fatos e do resgate
histórico, bem como levanta questões de poder. Contempla os dados da
realidade, os quais devem ser interpretados para a emissão de um juízo de valor.
Para tanto, os alunos são estimulados a confrontarem os conhecimentos
do senso comum com o conhecimento científico. Essa análise contempla o
tempo necessário para a aprendizagem, as condutas humanas, a compreensão
crítica da realidade, a ludicidade e a criatividade. No que tange à área de
educação física, as temáticas trabalhadas são denominadas de cultura corporal,
tendo suas práticas voltadas ao jogo, à ginástica, ao esporte e à capoeira, assim
como outros assuntos que também evidenciam e exploram os problemas sociais
e políticos experimentados pela sociedade.

1.8 Abordagem crítico-emancipatória

Essa abordagem defende o ensino crítico, responsável por estimular a


autonomia dos alunos e a compreensão crítica do mundo, da sociedade e de
suas relações. Assim, a partir de questionamentos acerca das regras limitantes
e coercitivas impostas pela sociedade, o aluno é desafiado a ponderar sobre o
sistema. Ou seja, a tarefa da educação crítica passa a ser a de contribuir para a
compreensão da estrutura autoritária desencadeada, muitas vezes, pela adoção
de processos institucionalizados da sociedade, a qual forma falsas convicções,
interesses e desejos.

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Para tanto, adota uma sequência de estratégias e etapas no processo de
ensino e aprendizagem que consistem em:

• Encenação (o aluno explora suas capacidades e possibilidades para


experimentar diferentes papéis a partir da dramatização);
• Problematização (discussão das situações apresentadas na encenação,
visando as possibilidades de entendimento e consenso);
• Ampliação (verificação das dificuldades encontradas nas ações);
• Reconstrução coletiva do conhecimento (análise e discussão das etapas
anteriores).

1.9 Abordagem da saúde renovada

Guedes e Guedes (1995) estabelecem uma abordagem da educação


física escolar que discuta questões de saúde. Essa abordagem apresenta
pressupostos semelhantes ao do modelo biológico higienista, tendo em vista que
pretende promover a saúde por meio das aulas de educação física. Porém,
alguns fatores são distintos, o que lhe confere um aspecto renovado.
Como metas da abordagem da saúde renovada, incluem informar, mudar
atitudes e promover novos hábitos, incluindo a prática sistemática de atividades
físicas para auxiliar na adoção de um estilo de vida ativo. Ou seja, busca-se a
autonomia na elaboração das atividades corporais para a melhoria da aptidão
física relacionada à saúde. Essa autonomia, por sua vez, deve contemplar todos
os alunos, e não somente os mais aptos, o que caracteriza a inclusão.
Para tanto, as aulas de educação física devem promover conhecimentos
sobre a importância da atividade física para o bem-estar e a saúde, desenvolver
a independência na escolha de programas de atividade física relacionada à
saúde, estimular atitudes positivas com relação aos exercícios físicos e
incentivar sua prática regular como um hábito na vida futura. A avaliação deve
considerar o progresso individual do desenvolvimento dos alunos. Já os testes
de aptidão física e autoavaliação precisam estar focados em todo o processo,
possibilitando a melhoria da autoestima em relação ao progresso individual.

1.10 Abordagem dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN)

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) são criados com base na


Lei de Diretrizes e Bases (LDB), que estabelece os rumos da educação física

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escolar. Nos PCN, apresenta-se uma preocupação central com o pleno exercício
da cidadania, buscando a formação dos alunos como cidadãos críticos. Assim,
a abordagem cidadã estabelece a construção crítica da cidadania, elaborando
questões sociais urgentes nos temas transversais: ética, saúde, meio ambiente,
pluralidade cultural, orientação sexual, trabalho e consumo (Darido; Rangel,
2015).
O mesmo deve ser considerado na escola, que, a partir das aulas de
educação física, precisa explorar a inclusão por meio de jogos, esportes, danças,
ginástica, lutas e do conhecimento sobre o corpo. Conforme o que estabelece
os PCN, o aluno deve aprender de forma lúdica, considerando as três dimensões
do conteúdo: procedimental (o que se deve saber fazer), atitudinal (como se deve
ser) e conceitual (o que se deve saber).
Dessa maneira, cabe aos professores construírem aulas que resgatem os
pontos positivos de cada abordagem, colocando o aluno como um ser indivisível
e único, com características particulares, explorando assim o indivíduo de forma
integral.

TEMA 2 – INSERÇÃO DA PERSPECTIVA DESENVOLVIMENTISTA NOS


TEMPOS ATUAIS

O modelo desenvolvimentista surgiu a partir de uma crítica aos modelos


esportivista e militarista, que tinham como objetivo o incentivo às habilidades
físicas e à melhora da performance. Sendo assim, cabe à educação física
incentivar as crianças e os adolescentes para a prática da atividade física e a
melhora das habilidades motoras.
O trabalho de aprimoramento das habilidades motoras é diferente de
criança para criança. Para tanto, foi elaborada uma tabela de habilidades que
devem ser ensinadas e aprendidas, em cada faixa etária, para nortear o
professor. Assim, cada criança é tratada de maneira diferente, e o professor deve
encontrar um equilíbrio entre a individualidade e a socialização. Os aspectos
físicos, cognitivos e afetivos devem ser os pilares para nortear o trabalho do
professor de educação física da linha desenvolvimentista.
Para Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) e Darido e Rangel (2015), a
educação física considerada a partir dos preceitos desenvolvimentista deve
oferecer oportunidades para a prática e incentivar experiências motoras

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adequadas a cada faixa etária, fazendo com que o comportamento motor da
criança seja desenvolvido. Pensando nisso, foi criada uma classificação
hierárquica dos movimentos dos seres humanos durante todo o ciclo de vida, da
fase intrauterina ao envelhecimento.
Nesta perspectiva, cabe aos professores observarem o comportamento
dos alunos para identificar em que fase do desenvolvimento se encontram,
localizando erros e buscando informações para que sejam corrigidos e
superados. É preciso considerar, ainda, as vivências de cada criança para que
o indivíduo seja fisicamente educado. Esta abordagem considera o
desenvolvimento do ser humano como resultado da interação entre as suas
características biológicas e a influência do ambiente e os objetos da tarefa
proposta.

TEMA 3 – IMPLICAÇÕES PRÁTICAS NA INFÂNCIA

Desde o nascimento do indivíduo, os movimentos e a sua interação com


o meio ambiente em que vive começam a ser estudados. Esse acompanhamento
acontece por meio da estruturação e organização das estruturas neurológicas e
sensoriais exteroceptivas (visão, audição, tato, paladar e olfato), as quais são
influenciadas em seus aspectos emocionais, cognitivos e motores.
Do nascimento aos 3 anos de idade, a experiência ambiental adequada
contribui para a competência motora e o desenvolvimento motor na criança,
aumentando seu nível de atividade física.
Entre 3 e 5 anos de idade, acontece o refinamento das habilidades
motoras fundamentais adquiridas na etapa anterior e a aquisição de movimentos
com maior complexidade. As atividades físicas precisam ser prazerosas e
diversificadas para o correto estímulo e desenvolvimento de várias habilidades
motoras. Além disso, deve-se explorar o treinamento das capacidades físicas de
força e resistência, assim como a melhoria dos aspectos coordenativos e
cognitivos de tomada de decisão.
Entre 5 e 10 anos de idade, observa-se um maior crescimento das
extremidades se comparado ao do tronco. A criança, então, começa a se
aproximar das proporções de adulto e perde as proporções de bebê (cabeça
grande, tronco comprido e extremidades curtas). Além disso, há uma grande
evolução na coordenação e no controle motor, o que facilita a aprendizagem de
habilidades motoras cada vez mais complexas. A criança, nessa fase, busca
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autoestima e autoconfiança, as quais podem ser trabalhadas a partir da aptidão
física: correr rápido, saltar e pegar bem uma bola. Nessa fase, as crianças
também compreendem melhor as regras do esporte e podem participar de
programas estruturados de treinamento. Dessa maneira, é sugerido o trabalho
com jogos reduzidos, com regras simples e voltadas para a realização de
diversas habilidades.
Na fase dos 10 anos de idade ao início da puberdade, geralmente, a
criança apresenta uma melhora considerável nas proporções de peso/força, o
que possibilita um bom grau de domínio corporal. Trata-se da melhor idade para
aprender. Por isso, é preciso garantir, com base em atividades objetivas e
variáveis, a prática de atividades esportivas variadas (do simples ao complexo,
de habilidades motoras grossas para finas).

TEMA 4 – IMPLICAÇÕES PRÁTICAS NA ADOLESCÊNCIA

Na fase da adolescência, é quando alcançamos as proporções corporais


equilibradas, a psique estabilizada, intelectualidade, melhor capacidade de
observação, entre outros, além de ser importante para o aperfeiçoamento das
habilidades físicas e motoras e o aperfeiçoamento das modalidades esportivas.
Essa é uma fase de muitas mudanças hormonais que refletem em mudança de
peso, aumento da estatura e amadurecimentos dos órgãos sexuais.
Nos meninos, o aumento da massa muscular e o amadurecimento das
funções musculares promove um aumento na capacidade metabólica, que pode
implicar em aumento nos índices de força, velocidade e resistência. Nas
meninas, acontece a menarca em virtude da elevação da produção de hormônios
femininos (estradiol). Além disso, apresenta-se um aumento do percentual de
gordura corporal, principalmente na região dos quadris e dos seios. As meninas
que prezam por uma vivência motora e esportiva adequada durante a infância e
continuam a ser estimuladas após a menarca apresentam melhoria da aquisição
de habilidades motoras. O mesmo não ocorre com as meninas que não têm essa
vivência, já que o desempenho esportivo, após a menarca, é reduzido.
Na adolescência, o indivíduo apresenta muito interesse pelo esporte e
pelo desenvolvimento de habilidades de desempenho, inclusive pela competição
organizada. São características dessa fase o comportamento crítico, o
questionamento de autoridade, o desejo de independência e a
autorresponsabilidade. A contraposição entre querer e poder desencadeia
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conflitos, que podem levar, inclusive, ao distanciamento dos pais, professores e
treinadores, bem como a uma aproximação dos colegas da mesma idade, que
passam a ditar normas e tendências de tudo o que será realizado. Cabe, então,
neste contexto de relacionamento social, o diálogo democrático e a participação
ativa na elaboração dos exercícios esportivos.
Segundo Ramos e Neves (2008), a iniciação esportiva é um período
marcante na vida do indivíduo. É o momento em que o adolescente escolhe
praticar determinado esporte, o que inclui a participação em campeonatos e
competições. Como benefícios da prática esportiva especializada, conforme bem
destacam Campos e Brum (2004), é possível considerar:

• O desenvolvimento das capacidades motoras e coordenativas;


• O aumento da integração social com grupos de mesma idade;
• O aumento da responsabilidade;
• A melhora do desempenho acadêmico;
• O aumento da frequência nas aulas;
• A redução dos distúrbios de comportamento;
• A melhora da relação com os pais;
• A redução da ingestão de álcool e drogas;
• O incentivo ao consumo de alimentos saudáveis.

A prática esportiva especializada contribui para que o adolescente


estabeleça uma conduta de vida mais saudável, pautada na prática de atividades
físicas, evitando, com isso, doenças crônico-degenerativas na idade adulta,
como diabetes, obesidade e hipertensão, entre outras. Cabe ao professor,
promover a iniciação esportiva com o objetivo não somente de alcançar os
resultados atléticos caracterizados pela melhoria das habilidades específicas do
esporte, mas também buscar atingir as metas educacionais advindas da prática
esportiva e o desenvolvimento do indivíduo de forma integral nas áreas motora,
cognitiva, afetiva e social.

TEMA 5 – IMPLICAÇÕES PRÁTICAS NA VIDA ADULTA

Após os 30 anos de idade, o processo de crescimento e desenvolvimento


vai invertendo o seu potencial de evolução. Essa mudança pode ser atribuída ao
envelhecimento, às doenças, ao estilo de vida ou à combinação desses fatores.
As características fisiológicas, psicológicas, do ambiente, as exigências da tarefa
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ou a combinação de todas essas características irão ditar como os adultos
desempenham as suas tarefas físicas.
Um nível de atividade física elevado e uma alimentação balanceada
podem retardar o processo do envelhecimento, mantendo, assim, o nível de
força muscular, de densidade óssea, o percentual de gordura, entre outros
fatores. A capacidade coordenativa, a velocidade de reação, a massa muscular,
reduzem com o avançar da idade, resultando em alguns problemas, como
quedas, fraturas ósseas e dores articulares. Dessa forma, as tarefas precisam
ser adaptadas às reais condições físicas do indivíduo.
Na fase dos 45/50-60/70 anos de idade, a capacidade de desempenho
individual deve ser considerada de forma mais cuidadosa que nas anteriores. Os
exercícios de força devem ser aplicados com intensidade média e baixa, com o
objetivo de promover a resistência, tendo em vista de que a capacidade funcional
do sistema cardiocirculatório representa o mais importante requisito para a
saúde e a capacidade de desempenho.
O mesmo deve acontecer com indivíduos que apresentam idade acima
dos 60-70 anos de idade. Ou seja, a iniciação esportiva deve promover
exercícios ginásticos que estimulem a resistência. A estrutura e a capacidade de
desempenho são caracterizadas pela herança, pela qualidade e quantidade da
exigência a que se é submetido. Dessa maneira, a herança determina cerca de
60% a 70% da capacidade de desempenho, de modo que os 30% a 40%
restantes sofrem influências externas, como o treinamento corporal.
Como vimos, a capacidade coordenativa reduz significativamente com a
idade, ocasionando um maior risco de acidentes no dia a dia e em determinadas
modalidades esportivas. Porém, adotando-se um treinamento apropriado, a
coordenação geral, a exatidão motora e a economia de movimentos podem ser
melhoradas mesmo a partir dos 45 anos de idade.

NA PRÁTICA

Analise estas duas situações de aulas de educação física, tanto na escola


quanto na academia:

• Na sua aula, o primeiro professor tem o objetivo escolar de melhorar as


habilidades físicas. Ele trabalha as capacidades físicas gerais e o seu

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principal foco é aperfeiçoar os déficits dos seus alunos, para que eles
tenham mais qualidade de vida e melhora da sua saúde;
• O outro professor trabalha na academia com aulas de ginástica e tem
como objetivo sempre a melhora da habilidade motora. Ele ensina um
agachamento e não progride se o aluno não passar por todas as fases do
desenvolvimento. Pensa sempre nas atividades mais simples até as mais
complexas, com o objetivo de desenvolver todas as habilidades motoras
desse aluno.

Quais as abordagens que esses professores usam na sua metodologia de


ensino dentro da sala de aula e dentro da academia? Justifique.

FINALIZANDO

Nesta aula, foram explorados os modelos teóricos da educação física, que


compreendem os modelos higienista, militarista, esportivista, crítico-superadora,
crítico-emancipatória, saúde renovada, desenvolvimentista e psicomotricidade.
Esses modelos são importantes para nortear as aulas de educação física e os
seus objetivos.
Também vimos as implicações práticas do crescimento e
desenvolvimento humano em cada faixa etária (desde a infância até a vida
adulta), bem como as influências do meio ambiente e as experiências que cada
um tem ao decorrer da vida nas respostas do crescimento e desenvolvimento
humano.

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REFERÊNCIAS

CAMPOS, W.; BRUM, V. P. C. Criança no esporte. Curitiba: Os Autores, 2004.

DARIDO, S. C. Educação física na escola: questões e reflexões. Rio de


Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.

_____.; RANGEL, C. A. Educação física na escola: implicações práticas para


a prática pedagógica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015.

GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C.; GOODWAY, J. D. Compreendendo o


desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. 7. ed. Porto
Alegre: AMGH, 2013.

GUEDES, D. P.; GUEDES, J. R. E. Atividade física, aptidão física e saúde.


Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, v. 1, n. 1, p. 18-35, 1995.

RAMOS, A. M.; NEVES, R. L. R. A iniciação esportiva e a especialização precoce


à luz da teoria da complexidade: notas introdutórias. Pensar a prática, v. 11, n.
1, p. 1-8, 2008.

RIKLI, R. E.; JONES, C. J. Development and validation of criterion-referenced


clinically relevant fitness standards for maintaining physical independence in later
years. Gerontologist, v. 53, n. 2, p. 255-267, 2013.

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