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CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR

Crescimento e Desenvolvimento Motor

Quando se aborda o tema “educação física escolar”, trata-se do quão importante ela é para o desen-
volvimento motor humano, questão ligado também aos aspectos cognitivos, afetivos, sociais e culturais
na vida do aluno.

Os especialistas ressaltam que o ambiente em que a criança está inserida, é fundamental para o su-
cesso do seu desenvolvimento físico, tal importância é dada desde os primeiros contatos da criança
com o meio sólido, principalmente aquilo que ainda é novo, pois consequentemente fará com que ela
experimente novos movimentos, para então se adequar ao meio em que se encontra, ou seja, se trata
do próprio ambiente familiar da criança, aonde acontecem estímulos praticamente vinte e quatro horas
por dia, vindo dos próprios pais, ou de desafios e barreiras que a criança encontra em seu cotidiano.

Fatores como os espaços existentes na casa, os tipos de pisos, a variedade de brinquedos e objetos,
a roupa que a criança usa, a presença ou não de irmãos, e até mesmo o nível socioeconômico, fazem
parte dos desafios que são impostos à criança em desenvolvimento (nobre, costa, oliveira, Cabral,
caçola, 2009).

Nesse sentido, as ações feitas por essas crianças, sem a intervenção da educação física escolar, são
determinantes para o nível de desenvolvimento que essa criança terá futuramente, isso claro, porque
a educação física escolar é constantemente aprimorada, para que tenha embasamento suficiente para
reverter este quadro para melhor, porém, ainda há incertezas que cercam a educação física escolar e
sua metodologia, que de certa forma interferem em sua aplicação pelos profissionais da área, que
devem fundamentar-se em teorias para desenvolver um plano de aula, com ênfase no desenvolvimento
do aluno, em todos seus aspectos. (nobre, costa, oliveira, cabral, caçola, 2009).

A educação física deve utilizar-se, portanto, da fisiologia, biomecânica, estudos sobre o desenvolvi-
mento motor e do corpo humano, com o objetivo de aumentar o acervo motor, a consciência corporal
e a qualidade de vida do aluno, por meio de uma metodologia adequada às expectativas motoras do
desenvolvimento humano, que valorize o conteúdo da educação física e o desenvolvimento do aluno
em geral (rosa neto, santos, 2010).

O presente trabalho é uma tentativa de abordagem, dentre outras possíveis, de trazer a devida impor-
tância da educação física escolar, visando fundamentar o processo de desenvolvimento motor dos
alunos nos primeiros anos do ensino fundamental, dos seis aos dez anos de idade, trabalhando a ne-
cessidade de conhecer as mudanças no comportamento motor e suas respectivas fases, explorando
os fatores que interferem e auxiliam a criança nesse desenvolvimento.

O estudo foi baseado no teste de “edm” (escala de desenvolvimento motor) de rosa neto (2002), na
intenção de avaliar um determinado número de alunos, que foram observados durante as aulas de
educação física, demonstrando os níveis de desenvolvimento motor adquiridos por meio das aulas,
durante o período de observação do estágio realizado na escola.

O desenvolvimento motor das crianças foi observado durante as aulas de educação física durante o
estágio realizado no colégio, no período de dois meses (agosto á outubro de 2016). As aulas foram
bem aplicadas e o professor utilizava jogos e brincadeiras, trabalhando nos alunos, aspectos como a
coordenação motora, organização espaço-temporal, coordenação óculo manual e visual, entre outras
habilidades motoras.

Foram aplicadas atividades como: corrida do saco, corrida com uma peneira na boca, aonde os alunos
carregavam dentro dela seis pregadores, derrubar garrafas de água com uma bola, etc. Os alunos, de
modo geral, conseguiram realizar as tarefas motoras solicitadas, a maioria com facilidade, porém, al-
guns alunos apresentaram dificuldade na coordenação global e no equilíbrio. Foram aplicados então,
ao final do período de observação, os testes da escala de desenvolvimento motor “edm”.

Os testes foram realizados na escola da rede particular, localizada no bairro jardim são bento novo –
são paulo – sp, onde os alunos foram avaliados em um período de quinze minutos cada um, utilizando
o uniforme e tênis, o ambiente para realização dos testes foi na quadra da escola.

Foram avaliadas dezesseis crianças entre sete e nove anos de idade, do segundo ano do ensino fun-
damental i. Os testes aplicados foram de coordenação global e equilíbrio, da escala de desenvolvimento
motor de rosa neto.

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Para a realização dos testes foram utilizados um banco de 15 cm de altura, uma corda de 1,5 cm, fita
crepe, tatame para saltar, uma caixa de baralho e uma cadeira de 45 cm de altura.

Desenvolvimento Motor

Desenvolvimento motor é a contínua alteração no comportamento motor ao longo do ciclo da vida,


proporcionada pela interação entre as necessidades da tarefa, a biologia do indivíduo e as condições
do ambiente. O desenvolvimento motor era objeto de pesquisa há muitos anos, porém os psicólogos
desenvolvimentistas o utilizavam como indicador visual do funcionamento cognitivo, ou seja, o funcio-
namento da mente, buscando entender a influência dele, referindo-se ao desenvolvimento social e
emocional do indivíduo. Portanto, o estudo do desenvolvimento motor no passado, era ofuscado pelo
interesse de estudar os processos cognitivos e afetivos do desenvolvimento humano em geral. (galla-
hue, ozmun, 2005).

A partir dos anos 70 o campo de estudo do desenvolvimento motorganha sua legitimidade por meio
dos profissionais de educação física, explorando, a partir de então, as áreas da fisiologia do exercício,
biomecânica, aprendizado e controle motor. Uma quantidade de pesquisas, baseadas em teorias, foi
realizada na década de 1980 até 1990, com desenvolvimentistas de varias áreas, confrontando-se com
estudiosos de desenvolvimento motor (gallahue, ozmun, 2005).

O processo de desenvolvimento motor é apresentado por gallahue e ozmun (2001) em uma forma de
ampulheta (figura 1). O estudo visa o desenvolvimento motor na educação infantil caracterizando,
abaixo, a fase do desenvolvimento na idade pré-escolar.

Figura 1. Desenvolvimento motor (gallahue, ozmun, 2001).

Gallahue e ozumun (2005) dividem o desenvolvimento motor em quatro fases, descritas no quadro
abaixo.

Quadro 1. Fases do desenvolvimento motor, segundo gallahue e ozmun (2005).

Habilidades motoras fundamentais

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As habilidades motoras fundamentais já são notadas por volta do segundo ano de vida, a criança co-
meça a dominar as habilidades motoras rudimentares na primeira infância, e isso ajuda a formar a base
de cada criança para desenvolver os padrões motores das fases seguintes do desenvolvimento motor,
tanto das habilidades motoras fundamentais quanto das especializadas. A fase do desenvolvimento
motor fundamental trata de habilidades motoras básicas, tais como:

Quadro 2. Fases das habilidades motoras básicas, segundo gallahue e ozmun (2005).

bCrianças de zero a dois anos de idade estão na fase envolvente do processo do desenvolvimento e
refinamento das habilidades motoras fundamentais, pois já adquiriram variedades desses movimentos,
como: locomoção e manipulação, que são fundamentais para desenvolver experiências coordenadas
e aspectos afetivos para aumentar o seu conhecimento corporal em relação ao movimento. As crianças
passam pelos estágios de formação natural, influenciadas pela maturação e experiência vivenciada de
modo geral as condições motoras usadas no dia a dia.(gallahue, ozmun, 2005).

Habilidades Motoras Especializadas

Estágio de Transição

O estágio de transição é caracterizado pelas primeiras tentativas do indivíduo em aprimorar e combinar


suas habilidades motoras do estágio de desenvolvimento maduro. Nessa fase de transição, ocorre nas
crianças, um interesse maior nas modalidades esportivas, e também no aumento do seu desempenho.
As crianças geralmente comparam suas habilidades motoras com as habilidades motoras de outras
crianças, nesse estágio, as crianças são atraídas para alguns tipos diferentes de esportes e não se
sentem limitadas por fatores fisiológicos, anatômicos ou ambientais.

As crianças que são líderes começam a ressaltar a precisão e as habilidades no desempenho de jogos,
atividades de lideranças e uma grande variação de movimentos relacionados aos esportes. As pesqui-
sas vêm demonstrando, que são exigidos de oito a doze anos de treino para um atleta alcançar o nível
de elite, e é no estágio de transição que esse processo se inicia. (gallahue, ozmun, 2005).

As habilidades motoras especializadas são resultadas das habilidades adquiridas na fase motora fun-
damental, no estágio maduro, aprimoradas e refinadas para formar habilidades esportivas e outras
habilidades motoras especificas e complexas, combinando os movimentos motores básicos, aplicados
na fase anterior. A partir dos seis anos de idade, as crianças já tem um potencial elevado para ter bons
desempenhos no estágio maduro, podendo iniciar então a transição à fase motora especializada.

Alguns adolescentes têm suas capacidades motoras atrasadas devido à falta de oportunidades na prá-
tica regular, ambiente precário, nenhum incentivo e pouco encorajamento nas atividades. O indivíduo
que não desenvolver formas maduras de movimentos fundamentais corretamente podeter consequên-
cias diretas na fase seguinte, ao realizar atividades da fase motora especializada. Uma progressão
bem-sucedida dos estágios de transição, aplicação e utilização permanente, em atividades motoras
específicas, dependem, portanto, de níveis maduros de movimentos na fase motora fundamental. (gal-
lahue, ozmun, 2005).

Um indivíduo dificilmente terá bons resultados no softbol, por exemplo, se suas habilidades de inter-
ceptar, arremessar, apanhar ou correr não estiverem no nível maduro. Existe uma barreira de eficiência
entre a fase motora fundamental e a fase motora especializada do desenvolvimento. Dois pontos im-
portantes: primeiro, mesmo que o indivíduo possa estar cognitiva e afetivamente preparado para passar

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de fase, a progressão de fase, depende da conclusão sucedida dos aspectos específicos da fase an-
terior. Segundo o progresso de uma fase para outra não tem como objetivo de “tudo ou nada”, ou seja,
não é preciso estar no estágio maduro em todos os movimentos fundamentais, antes de avançar para
a fase especializada. (gallhue, ozmun, 2005).

Estágio de Aplicação

A criança torna-se mais consciente das suas limitações físicas e habilidades, e tem como foco a espe-
cificidade nos esportes, seja para competir ou não. A prática nesse estágio é muito importante para
desenvolver um grau mais elevado nas habilidades motoras. Os movimentos adquiridos na fase de
transição serão corrigidos nessa fase, o indivíduo entra numa fase de maturação biológica, aonde irá
se beneficiar de atividades mais intensas, como o aumento da força muscular e resistência. (gallahue,
ozmun, 2005).

Estágio de Aplicação ao Longo da Vida

Nesse estágio o indivíduo começa a reduzir a área de buscas, para escolher algumas atividades que
possa praticar em situações competitivas, recreativas ou por lazer. As atividades para o estágio per-
manente são selecionadas com base nos interesses pessoais do indivíduo (gallahue, ozmun, 2005).

Coordenação Global

É a compreensão dos gestos, atitudes, deslocamentos e ritmos da criança, possibilitando um melhor


conhecimento sobre ela, levando em consideração que a criança imita os gestos do seu cotidiano, ou
seja, ela expressa sua afetividade e exercita sua inteligência. Na escola, a criança passa grande parte
da sua vida, e por isso, seu comportamento está ligado diretamente com sua atividade motora. A cri-
ança tem alegria em realizar movimentos, imitando tudo que vê, como carros, animais, aviões, etc.,
portanto, é importante respeitar a individualidade e originalidade de cada criança, tanto quanto a dife-
rença de maturação do seu sistema nervoso. (rosa neto, 2002).

Segundo rosa neto (2002), a perfeição progressiva do ato motor implica o funcionamento global dos
mecanismos reguladores do equilíbrio e da atitude. O movimento motor global, seja ele mais simples,
é um movimento cinestésico, tátil, labiríntico, visual, espacial, temporal, e assim por diante. Os movi-
mentos dinâmicos corporais desempenham um importante papel na melhora dos comandos nervosos
e no afinamento das sensações e das percepções.

Equilíbrio

O equilíbrio é o estado do corpo quando diferentes forças estão sobre ele e se compensam e anulam
se mutualmente. Do ponto de vista biológico, quando o indivíduo tem capacidade própria de manter
posturas, posições e atitudes, indica a existência de equilíbrio. Para rigal (1998), o reflexo do organismo
é à base do controle postural. Diferentes sensações, tanto de origem visual e vestibular como de sen-
sibilidade proprioceptiva permitem a detecção do deslocamento do centro de gravidade e consequen-
temente desenvolve mecanismos de reação para que possa reconduzi-los de volta para uma posição
de estabilidade. (rosa neto, 2002).

A Importância Da Educação Física Escolar

Rodrigues (2005) enfatiza que uma vez que as crianças têm contato com brincadeiras, dinâmicas, tra-
balhos em grupos (métodos utilizados nas aulas de e.f.), ocorre um aprimoramento muito maior das
esferas cognitivas, motora e auditiva, diferente da criança que não participa dessas mesmas aulas.

Freire (2007) ressalta que a educação física escolar é um passo importante para o conhecimento de
uma criança e para o seu desenvolvimento motor e diz ainda que, os jogos e as brincadeiras, não são
a solução definitiva para um problema pedagógico, por exemplo, mas como qualquer outro recurso
pedagógico, podem ser muito importantes para o desenvolvimento motor e geral de uma criança.

Segundo etchepare (2000) e canfield (2000), a prática da educação física escolar nas séries iniciais e
seguintes é importante para que a criança possa entender de forma mais clara, as suas habilidades
motoras, conhecendo o seu corpo e sua capacidade motora mais claramente, ela poderá adaptar essas
habilidades não só dentro do ambiente escolar, como também fora dele. A educação física escolar deve

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criar a consciência da importância do movimento motor humano, assim como as suas causas e também
os seus objetivos e, assim, criar significados e relações com o dia a dia e o cotidiano.

Rodrigues (2005) complementa dizendo que a educação física escolar é um componente curricular
imprescindível no bom funcionamento do organismo, melhorando a saúde da criança em geral, aju-
dando também na criação de hábitos saudáveis.

O desenvolvimento motor está ligado também, ao desenvolvimento cognitivo, pois há uma relação no
que a criança aprende com o que a criança consegue realizar.

“o desenvolvimento motor é um processo sequencial, relacionado à idade cronológica, trazido pela


interação entre os requisitos das tarefas, a biologia do indivíduo e as condições ambientais, sendo
inerente às mudanças sociais, intelectuais e emocionais”. (rosa neto, santos, xavier, amaro, 2010,
pg.423).

No início da escolarização ocorre um ganho de habilidades motoras, que possibilita à criança uma
consciência motora e maior domínio do seu corpo, realizando atividades motoras básicas como andar,
correr, saltar, arremessar, lançar, e de percepções do corpo, como orientação espacial, temporal, etc.

A aquisição dessas habilidades, que dão à criança uma maior aprendizagem motora, tem influência
indiretamente no desenvolvimento intelectual do aluno, prevenindo que estas apresentem comprome-
timento nas habilidades escolares. Portanto, a avaliação dentro das escolas deve se tornar rotineira,
pois é uma forma do professor conhecer as limitações de seus alunos, podendoter um melhor acom-
panhamento das crianças e de seu desenvolvimento em geral, tendo em vista que essas atividades
físicas auxiliam em problemas de atenção, escrita e socialização. (rosa neto, santos, xavier, amaro,
2010).

Existem inúmeros testes para avaliar o desenvolvimento motor, porém nenhum tão completo, abran-
gendo todos os aspectos do desenvolvimento, nas rotinas de avaliação, uma das escalas que contribui
para avaliar o desenvolvimento em geral da criança, é a escala de “edm” (rosa neto, santos, xavier,
amaro, 2010).

A Maturação Das Áreas Corticais E A Atenção Na Aprendizagem Motora

A segunda infância ocorre na vida da criança, na faixa dos seis aos dez anos de idade, onde as crianças
já têm um controle mais aperfeiçoado dos mecanismos de movimentos. No início desta etapa, a criança
ainda apresenta um tempo de reação considerado lento (gallahue e ozmun, 2005)o que causa dificul-
dade na coordenação viso-manual e podal, e a partir dessas dificuldades, elas não estão aptas para
um extenso período de atividades.

Nesta fase as crianças apresentam operações concretas às associações, à identidade, e à razão de-
dutiva; os relacionamentos e as classificações já estão bem desenvolvidos. Ou seja, nessa idade, as
habilidades motoras fundamentais que são desenvolvidas na primeira infância, tem potencial para de-
finir movimentos que são utilizados no dia a dia da criança, mas ainda estão lentas e pouco desenvol-
vidas para atividades que envolvam a visão e a coordenação motora. (andrade, luft, barros, 2004).

O desenvolvimento de habilidades motoras mais complexas é proporcionado nesta fase pelo aprendi-
zado motor proporcionado pela maturação da área pré-frontal, associado às experiências da criança
(kolb e whishaw, 2002). Nessa fase, há uma maturação progressiva da região pré-frontal do córtex,
permitindo à criança planejar dois movimentos de forma consciente, esse planejamento de movimento
causado pelo córtex pré-frontal se torna então cada vez mais refinado, e é essencial à estimulação de
movimentos associados para o desenvolvimento das áreas corticais, possibilitando assim uma apren-
dizagem motora bem eficiente. Sobre a mielinização que ocorre nessa fase de maturação, a área pré-
frontal ainda não é completa, mas continua a ocorrer durante as fases seguintes, até aproximadamente
os dezoito anos de idade. (andrade, luft, barros, 2004).

Foi criado por piaget (1971) um nível de desenvolvimento que teve um grande impacto no âmbito da
educação, chamado de processo cognitivo, que defende que a construção de cada ser humano é um
processo que acontece ao longo do desenvolvimento da criança, o processo divide-se em quatro fases:
sensório-motor (0 a 2 anos), pré-operatório (2 a 7 anos), operatório-concreto (7 a 11 anos) e operatório-
formal (a partir dos 11, em média até os 16 anos). E na fase operatório-concreto, a criança torna-se

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capaz de realizar operações, ou seja, ações mentais, adquirindo a capacidade de desenvolver habili-
dades e solucionar problemas, pois existe uma organização mental integrada, o que influencia direta-
mente em sua aprendizagem motora nesse período. (andrade, luft, barros, 2004).

Idade Cronológica E Idade Motora

Idade cronológica mostra por quanto tempo se habita na terra desde o primeiro dia de nascimento, no
entanto, essa idade cronológica se refere ao tempo real de vida a um ser humano e tem um índico de
envelhecimento durante a vida. Idade motora é um procedimento aritmético para pontuar e avaliar os
resultados dos testes.

Resultados

Os resultados obtidos por meio dos testes de coordenação global e equilíbrio demonstraram que as
crianças, em sua maioria, possuem uma idade motora de acordo com sua idade cronológica, atingindo
os oito anos de idade. Algumas crianças ultrapassaram a idade cronológica, estando bem desenvolvi-
das, enquanto poucas apresentaram um nível menor na idade motora, principalmente no aspecto equi-
líbrio, aonde encontraram maior dificuldade.

Apenas três das dezesseis crianças apresentaram uma idade motora superior tanto na coordenação
global, quanto no equilíbrio, e não houve nenhuma que apresentou os dois aspectos abaixo da idade
motora. Os resultados demonstram que o desenvolvimento motor está dentro dos parâmetros de nor-
malidade em 98,75% das crianças; o que indica alta correlação entre a idade cronológica e idade mo-
tora geral.

Discussão

A educação física escolar é de suma importância já nas séries inicias da criança, uma vez que a edu-
cação física tem como principal responsabilidade o desenvolvimento motor do ser humano e suas evo-
luções. O movimento especializado em si, tem o importante papel de solidificar essas evoluções feitas
durante as séries iniciais, visando à ideia de que a criança precisa e deve, não só construir, mas reforçar
as estruturas corporais e intelectuais de que dispõe. Dispõe. (freire, 1992; gallahue, ozmun, 2005; gal-
lahue, donnelly, 2008).

Um dos maiores objetivos da educação física escolar é criar uma interação e socialização entre os
alunos, por isso o professor, deve passar atividades que permitam que o aluno possa ter liberdade para
correr, girar, saltar, arremessar, etc. Permitindo assim, que o aluno possa se sentir mais à vontade e
poder obter vários benefícios à sua saúde, não só física, como mental. A educação física escolar não
possui influência somente no âmbito escolar, mas também na vida da criança fora da escola e uma vez
levada adiante, faz significativa diferença, também na sua vida adulta.

Os testes na área da educação física vêm sendo trabalhados apenas para avaliação física do indivíduo,
como força, resistência e flexibilidade, enquanto a avaliação motora, não tem sido devidamente explo-
rada e muitas vezes, até deixada de lado.

E é justamente nessas tarefas que as crianças têm maior dificuldade, sendo intituladas como “desco-
ordenadas” ou “desajeitadas”, afetando assim, todo o contexto que as envolve, podendo causar um
atraso em seu desenvolvimento, não somente motor, mais cognitivo e afetivo também. (rosa neto, san-
tos, xavier, amaro, 2010).

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Um estudo realizado em uma escola da rede particular de ensino de cuiabá – mt, que avaliou a motri-
cidade de quatorze crianças por meio dos testes da escala de desenvolvimento motor de rosa neto
(2002). Os testes de coordenação global mostraram que com as aulas de educação física, as crianças
tiveram uma melhora em seu desempenho, enquanto os testes de equilíbrio apresentaram proporções
aproximadas da idade cronológica com a idade biológica, sem apresentar diferença significativa. Foram
aplicados o teste e o reteste, com o intervalo de trinta meses entre um e outro. (costa, silva, 2009).

Outro estudo investigou o perfil motor de crianças de seis a dez anos, analisando a confiabilidade do
teste edm (rosa neto, 2002). Os resultados demonstram que o desenvolvimento motor está dentro dos
parâmetros de normalidade em 96% das crianças; o que indica alta correlação entre a idade cronológica
e idade motora geral, indicando boa consistência interna. Os dados desses testes evidenciaram a con-
cepção lógica e estruturada que a edm apresenta, legitimando sua confiabilidade. (rosa neto, santos,
xavier, amaro, 2010).

Os resultados aqui obtidos e apresentados nos permitem concluir que as aulas de educação física
escolar podem de fato contribuir para o desenvolvimento motor das crianças, para que elas consigam
alcançar as habilidades motoras esperadas de acordo com sua idade cronológica, relacionando-a com
sua idade motora.

Educação Física E Suas Contribuições Para O Desenvolvimento Motor Na Educação Infantil

Desde a sua concepção, o indivíduo adquire, ou aprende diversas funções motoras, as quais farão com
que o organismo alcance sua maturidade. Por meio do seu próprio movimento, a criança desenvolve
seus processos motores. Os movimentos surgem muitas vezes porque a criança tende a imitar os
adultos que a rodeiam ou inspiram-se em outras crianças para executar suas provas práticas
(diem,1980).

A educação infantil é o primeiro e decisivo passo para se atingir a continuidade no ensino com produção
e eficiência desejáveis, tendo como objetivo principal o desenvolvimento da atividade global que é ca-
racterizado pelo prolongamento de experiências de movimentos básicos, facilitando a escolaridade da
criança e incorporando-se diretamente em outras fases do desenvolvimento ao longo da vida (nanni,
1998).

Com o avanço da idade cronológica, a criança passa a ser integrante de mais um grupo social: a escola.
O seu ingresso exige modificações e adaptações das estruturas afetivas, cognitivas, motoras e sociais.

Para gallahue e ozmun (2002) o desenvolvimento motor sofre grande influência, do meio social e bio-
lógico, podendo sofre alterações durante seu processo. Sabe-se que a escola é um dos locais de oferta
de espaço adequado para o desenvolvimento motor da criança, visto que o brincar significa o meio
mais importante para as aprendizagens dos pequenos.

O conhecimento das características motoras possibilita saber se as experiências recebidas nos diver-
sos contextos são as necessárias para garantirem bom desenvolvimento da aprendizagem.

O que se espera é que as crianças possam da melhor maneira possível, apresentar em cada período
de vida uma boa qualidade de movimento (vasconcellos, 1995). Para oliveira (2001), para que haja
contribuições nas habilidades motoras das crianças, é necessário um desenvolvimento adequado das
mesmas sobre as aprendizagens dos escolares.

Tendo em vista a curiosidade do homem no estudo do desenvolvimento motor, buscou-se por meio de
uma breve discussão literária melhor entender e discutir as contribuições da educação física no que
tange o desenvolvimento motor de crianças na educação infantil.

Educação Infantil

Conforme a lei de diretrizes e bases (lei n°9394/96), em seu artigo 21, inciso i, a educação infantil
compreende a primeira etapa da educação básica, a qual, integra o desenvolvimento da criança até os
6 anos de idade, sendo, um complemento da ação da família.

Salienta-se que atualmente, a educação básica compreende as crianças com até os 5 anos de idade.

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Para pereira (2002), um dos objetivos da educação infantil é o de ensinar a criança a observar fatos
cuidadosamente, em especial, quando estes são contrários aos previstos por ela. Desenvolver habili-
dade de comunicação, também significa realizar ações, mas é preciso falar sobre elas, sistematizá-las
por meio de narrativas das experiências.

Na criança, ao contrário, o desenvolvimento decorrente da colaboração via imitação, que é a fonte do


surgimento de todas as propriedades especificadamente humanas da consciência, o desenvolvimento
decorrente da aprendizagem é o fato fundamental. Assim, o momento central para toda a psicologia da
aprendizagem é a possibilidade de que a colaboração, se eleve a um grau superior de possibilidades
intelectuais, por meio da imitação. Assim, se baseia toda a importância da aprendizagem para o de-
senvolvimento, visto que a imitação é que constrói o conteúdo do conceito de zona de desenvolvimento
imediato (pereira, 2002).

Segundo wallon (1975), em uma de suas teorias, o ser humano é biologicamente social, visto como
totalidade considerando indissociáveis os aspectos emocionais, físicos e intelectuais.

Na fase pré-escolar a prioridade é a atividade motora global, concentrando-se na necessidade funda-


mental de movimento, de investigação e de expressão (le boulch, 1987).

A riqueza de habilidades motoras da criança depende do desenvolvimento neuromuscular; contudo, a


aprendizagem também exerce influência sobre certas habilidades motoras como falar, escrever, abo-
toar e amarrar os sapatos (harrow, 1988).

Para vasconcellos (1995) a educação infantil tem um papel muito importante na formação da criança
e, em especial, com relação à avaliação, pois é onde socialmente se tem hoje maior espaço de se fazer
um trabalho mais democrático e significativo, em função das menores cobranças formais. A educação
infantil não deve ceder às pressões das séries posteriores, uma vez que sua forma de avaliar repre-
senta o futuro do processo de avaliação de todo o sistema educacional, quando não haverá mal notas
ou reprovações.

As creches e/ou pré-escolas surgiram não só a partir de mudanças sociais que ocorreram na sociedade,
mas, pela inclusão das mulheres ao trabalho assalariado, pela organização das famílias, pelo novo
papel da criança na sociedade e de como torná-la, através da educação, um indivíduo produtivo e
ajustado às exigências desse conjunto social (craidy; kaercher, 2001).

Pré-escolar é o termo universal, consagrado pela unesco, aceito por congressos e organizações naci-
onais e internacionais, o qual expressa o que antecede à escola como instituição formal de educação.
E, por antítese, a idade do crescimento e desenvolvimento, não apenas físico, mas sobretudo psíquico,
mental e emocional. Pré-escolar é o termo oficial para expressar a faixa etária de zero a cinco anos,
independente de se dar ou não atendimento a essas crianças (falkenbach, 2002).

Educação física Na Educação Infantil

Os interesses da criança, até os três anos de idade, estão sobretudo concentrados no mundo exterior
e, em especial sobre o aspecto prático do movimento (batistella, 2001).

Como educação do movimento compreende-se a realização de atividades motoras que visam o desen-
volvimento das habilidades (correr, saltar, saltitar, arremessar, empurrar, puxar, balançar, subir, descer,
andar), da capacidade física (agilidade, destreza, velocidade, velocidade de reação) e das qualidades
físicas (força, resistência muscular localizada, resistência aeróbica e resistência anaeróbica). Portanto
a educação do movimento prioriza o aspecto motor na formação do educando. No ambiente educacio-
nal esse trabalho pode ser distribuído ao longo de todo período escolar, a ênfase, entretanto, ocorre
nas séries finais do ensino fundamental quando as características psicológicas e fisiológicas dos alunos
correspondem às especialidades desta proposta (mattos, 1999).

Para a psicomotricidade o desenvolvimento psicomotor passa a ser pré-requisito de conteúdos cogni-


tivos. Desloca-se a preocupação da educação do movimento para a educação pelo movimento (brach
apud batistella, 2001).

Com a promulgação da lei de diretrizes e bases da educação nacional no 9394/96, em 22 de dezembro


de 1996, em seu art.26 e inciso terceiro, onde se delineia novas perspectivas para a educação física,
tal como:

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“a educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular da educação


básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa nos cur-
sos noturnos”.

Segundo gallahue e ozmun (2002), as capacidades de coordenação motora são à base de uma boa
capacidade de aprendizagem sensório-motora. Quanto mais elevado for seu nível de desenvolvimento,
mais rápido e mais seguramente poderão ser aprendidos movimentos novos ou difíceis, com uma eco-
nomia de esforço, propiciando melhor orientação e precisão (pereira, 2002).

Estudiosos da educação defendem que as experiências motoras que se iniciam na infância são de
fundamental importância para o desenvolvimento cognitivo, principal meio pelo qual a criança explora,
relaciona e controla seu meio ambiente. O movimento se relaciona com o desenvolvimento cognitivo,
no sentido de que a integração das sensações provenientes de movimentos resulta na percepção e
toda aprendizagem simbólica posterior depende da organização destas percepções em forma de es-
truturas cognitivas.

Por meio da exploração motora a criança desenvolve consciência do mundo que a cerca, e de si pró-
pria. O controle motor possibilita à criança experiências concretas, que servirão como base para a
construção de noções básicas para o seu desenvolvimento intelectual (rosa neto, 2002).

O movimento é reconhecido como sendo o objeto de estudo e aplicação da educação física. Seja qual
for à área de atuação, a educação física trabalha com movimento e, pelo acima exposto, é inegável a
sua contribuição ao desenvolvimento global do ser humano, desde que estes trabalhos sejam adequa-
dos (gotani et al., 1988).

De acordo com nanni (1998), os movimentos básicos, as habilidades fundamentais e especializadas


quando desenvolvidas sob o aspecto “lúdico”, favorecem para a participação ativa da criança, apren-
dendo a liberar e expressar suas emoções pela exploração do movimento, do espaço e do tempo rít-
mico.

Oferecer a criança oportunidade de mover-se, usando da sua criatividade, significa estabelecer expe-
riências que propiciarão desenvolver habilidades motoras fundamentais por meio de padrões básicos
de movimentos.

Os professores de educação física não podem se limitar ao desenvolvimento de habilidades, já que


devem ser conhecedores de que o corpo é uma totalidade (falkenbach, 2002), ele transmite e se co-
munica sem a necessidade das palavras.

O que vai diferenciar a presença de um professor de educação física dos demais atendentes na edu-
cação infantil é a comunicação, a compreensão, a leitura, a interação e o envolvimento, a promoção da
evolução da criança por intermédio das manifestações corporais, do movimento, do jogo e das ativida-
des lúdicas. Essas capacidades são exercitadas pelos profissionais que, conscientes da importância
das primeiras comunicações não verbais – através do tônus – entram em comunicação corporal com
as crianças.

Desenvolvimento Motor

O desenvolvimento motor representa um aspecto do processo desenvolvimentista total e está intrinse-


camente inter-relacionado às áreas cognitivas e afetivas do comportamento humano, sendo influenci-
ado por muitos fatores. A importância do desenvolvimento motor ideal não deve ser minimizada ou
considerada como secundária em relação a outras áreas do desenvolvimento.

Portanto, o processo do desenvolvimento motor revela-se basicamente por alterações no comporta-


mento motor, do bebê ao adulto, é um envolvido no processo permanente de aprender a mover-se
eficientemente, em reação ao que enfrentamos diariamente em um mundo em constante modificação
(gallahue; ozmun, 2002).

Nos primeiros anos de vida a criança explora o mundo que a rodeia com os olhos e as mãos, através
das atividades motoras. Ela estará, ao mesmo tempo, desenvolvendo as primeiras iniciativas intelectu-
ais e os primeiros contatos sociais com outras crianças. É em função do seu desenvolvimento motor
que a criança se transformará numa criatura livre e independente (batistella, 2001).

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CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR

Segundo oliveira (2001), toda sequência básica do desenvolvimento motor está apoiada na sequência
de desenvolvimento do cérebro, visto que a mudança progressiva na capacidade motora de um indiví-
duo, desencadeada pela interação desse indivíduo com seu ambiente e com a tarefa em que ele esteja
engajado. Em outras palavras, as características hereditárias de uma pessoa, combinada com condi-
ções ambientais específicas (como por exemplo, oportunidade para prática, encorajamento e instrução)
e os próprios requerimentos da tarefa que o indivíduo desempenha, determinam a quantidade e a ex-
tensão da aquisição de destrezas motoras e a melhoria da aptidão (gallahue; ozmun, 2002).

Elementos básicos do desenvolvimento motor

Motricidade finA

Motricidade fina “é uma atividade de movimento espacialmente pequena, que requer um emprego de
força mínima, mas grande precisão ou velocidade ou ambos, sendo executada principalmente pelas
mãos e dedos, às vezes também pelos pés” (meinel, 1984, p.154).

A coordenação fina diz respeito à habilidade e destreza manual ou pedal constituindo-se como um
aspecto particular na coordenação global.

Habilidades motoras finas requerem a capacidade de controlar os músculos pequenos do corpo, a fim
de atingir a execução bem-sucedida da habilidade (magill, 1984). Conforme canfield (1981), a motrici-
dade fina envolve a coordenação óculo-manual e requerem um alto grau de precisão no movimento
para o desempenho da habilidade específica, num grande nível de realização. Podemos citar exemplo
da necessidade desta habilidade que seria na realização de tarefas como escrever, tocar piano, traba-
lhar em relógios etc.

A coordenação viso manual representa a atividade mais frequente utilizada pelo homem, pois atua para
inúmeras atividades como pegar ou lançar objetos, escrever, desenhar, pintar, etc (rosa neto, 1996).
Velasco (1996, p. 107) destaca que “a interação com pequenos objetos exige da criança os movimentos
de preensão e pinça que representam a base para o desenvolvimento da coordenação motora fina”.

Motricidade Global

Segundo batistella (2001), a motricidade global tem como objetivo a realização e a automação dos
movimentos globais complexos, que se desenrolam num certo período de tempo e que exigem a ativi-
dade conjunta de vários grupos musculares.

A motricidade global envolve movimentos que envolvem grandes grupos musculares em ação simultâ-
nea, com vistas à execução de movimentos voluntários mais ou menos complexos.

Dessa forma, as capacidades motoras globais são caracterizadas por envolver a grande musculatura
como base principal de movimento. No desempenho de habilidades motoras globais, a precisão do
movimento não é tão importante para a execução da habilidade, como nos casos das habilidades mo-
toras finas. Embora a precisão não seja um componente importante nesta tarefa, a coordenação per-
feita na realização deste movimento é imprescindível ao desenvolvimento hábil desta tarefa (magill,
1984).

A coordenação global e as experimentações feitas pela criança levam a adquirir a dissociação do mo-
vimento, levando-a a ter condições de realizar diversos movimentos simultaneamente, sendo que cada
um destes movimentos pode ser realizado com membros diferentes sem perder a unidade do gesto
(oliveira, 2001).

A conduta motora, de coordenação motora global é concretizada através da maturação, motora e neu-
rológica da criança. Para isto ocorrer haverá um refinamento das sensações e percepções, visual, au-
ditiva, sinestésica, tátil e principalmente proprioceptiva, através da solicitação motora que as atividades
infantis requerem (velasco, 1996).

Bequilíbrio

O equilíbrio é a base primordial de toda ação diferenciada dos membros superiores. Quanto mais de-
feituoso é o movimento mais energia consome, tal gasto energético poderia ser canalizado para outros
trabalhos neuromusculares. Nesta luta constante, ainda que inconsciente, contra o desequilíbrio resulta

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numa fatiga corporal, mental e espiritual, aumentando o nível de stress, ansiedade, e angustia do indi-
víduo.

A postura é a atividade reflexa do corpo com respeito ao espaço. O equilíbrio considerado como o
estado de um corpo, quando distintas e encontradas forças que atuam sobre ele se compensam e se
anulam mutuamente. Desde o ponto de vista biológico, a possibilidade de manter posturas, posições e
atitudes indica a existência de equilíbrio.

O equilíbrio tônico postural do sujeito, seu gesto, seu modo de respirar, sua atitude, etc., são o reflexo
de seu comportamento, porém ao mesmo tempo de suas dificuldades e de seus bloqueios. Para voltar
a encontrar seu estado de equilíbrio biopsicossocial, é necessário liberar os pontos de maior tensão
muscular (couraças musculares), isto é, o conjunto de reações tônicas de defesa integradas a atitude
corporal. No plano da organização neuropsicológica, se pode dizer que o equilíbrio tônico postural
constitui o modelo de auto regulação do comportamento (rosa neto, 1996).

Asher (1975), considera que as variações da postura estão associadas a períodos de crescimento,
aparecendo como uma resposta aos problemas de equilíbrio que costumam ocorrer segundo as mu-
danças nas proporções corporais e seus segmentos. Conforme rosa neto (1996), a postura inadequada
está associada a uma excessiva tensão que favorece um maior trabalho neuromuscular, dificultando a
transmissão e informações dos impulsos nervosos.

Esquema Corporal

A imagem do corpo representa uma forma de equilíbrio. Em um contexto de relações mútuas do orga-
nismo e do meio é onde se organiza a imagem do corpo como núcleo central da personalidade (rosa
neto, 1996).

O esquema corporal é um elemento básico indispensável para a formação da personalidade da criança.


É a representação relativamente global, científica e diferenciada que a criança tem de seu próprio corpo
(wallon, 1975).

A criança percebe-se e percebe os seres e as coisas que a cercam, em função de sua pessoa. Sua
personalidade se desenvolverá a uma progressiva tomada de consciência de seu corpo, de seu ser, de
suas possibilidades de agir e transformar o mundo à sua volta. Ela se sentirá bem na medida em que
seu corpo lhe obedece, em que o conhece bem, em que o utiliza não só para movimentar-se, mas
também para agir (pereira, 2002).

As atividades tônicas, que está relacionada à atitude, postura e a atividade cinética, orientada para o
mundo exterior. Essas duas orientações da atividade motriz (tônica e cinética), com a incessante reci-
procidade das atitudes, da sensibilidade e da acomodação perceptiva e mental, correspondem aos
aspectos fundamentais da função muscular, que deve assegurar a relação com o mundo exterior gra-
ças aos deslocamentos e movimentos do corpo (mobilidade) e assegurar a conservação do equilíbrio
corporal, infra-estrutura de toda ação diferenciada (tono).

A função tônica se apresenta em um plano fisiológico, em dois aspectos: o tono de repouso o estado
de tensão permanente do músculo que se conserva inclusive durante o sono; o tono de atitude, orde-
nado e harmonizado pelo jogo complexo dos reflexos da atitude, sendo estes mesmos, resultado das
sensações proprioceptivas e da soma dos estímulos provenientes do mundo exterior (rosa neto, 1996).

A imagem corporal como resultado complexo de toda a atividade cinética, sendo a imagem do corpo a
síntese de todas as mensagens, de todos os estímulos e de todas as ações que permitam a criança se
diferenciar do mundo exterior, e de fazer do “eu” o sujeito de sua própria existência. O esquema corporal
pode ser definido no plano educativo, como a chave de toda a organização da personalidade (pereira,
2002).

Organização Espacial

A noção do espaço é uma noção ambivalente, ao mesmo tempo concreta e abstrata, finita e infinita.
Na vida cotidiana utilizamos constantemente os dados sensoriais e perceptivos relativos ao espaço que
nos rodeia. Estes dados sensoriais contêm as informações sobre as relações entre os objetos que
ocupam o espaço, porém, é nossa atividade perceptiva baseada sobre a experiência do aprendizado a
que lhe dá um significado. A organização espacial depende simultaneamente da estrutura de nosso

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próprio corpo (estrutura anatômica, biomecânica, fisiológica, etc.), da natureza do meio que nos rodeia
e de suas características (rosa neto, 1996).

Todas as modalidades sensoriais participam pouco ou muito na percepção espacial: a visão; a audição;
o tato; a propriocepção; e o olfato. A orientação espacial designa nossa habilidade para avaliar com
precisão a relação física entre nosso corpo e o meio ambiente, e a tratar as modificações no curso de
nossos deslocamentos (oliveira, 2001).

As primeiras experiências espaciais estão estreitamente associadas ao funcionamento dos diferentes


receptores sensoriais sem os quais a percepção subjetiva do espaço não poderia existir; a integração
contínua das informações recebidas conduz a sua estruturação, e ação eficaz sobre o meio externo.
Olho e ouvido; labirinto; receptores articulares e tendinosos; fusos neuromusculares e pele; represen-
tam o ponto de partida de nossa experiência espacial (rosa neto, 1996).

A percepção relativa à posição do corpo no espaço e de movimento tem como origem estes diferentes
receptores com seus limites funcionais, enquanto que a orientação espacial dos objetos ou dos ele-
mentos do meio, necessita mais da visão e audição. Está praticamente estabelecido que da interação
e da integração destas informações internas e externas provem nossa organização espacial (oliveira,
2001).

Segundo as características das nossas atividades, podemos utilizar duas dimensões do espaço plano
distância ou profundidade. A pele apresenta receptores táteis onde a concentração modifica de uma
região a outra no corpo. A separação dos pontos de estimulação permite fazer diferenças entre o con-
tínuo e o distinto. Os índices táteis, associados aos índices sinestésicos resultam da exploração de um
objeto que permite o reconhecimento das formas (esterognosia) em ausência da visão (sentido háp-
tico).

Os deslocamentos de uma parte do corpo sobre uma superfície plana podem ser apreciados pela si-
nestesia tanto no caso dos movimentos lineares como angulares. As sensações vestibulares abaste-
cem índices sobre certos dados espaciais (orientação, velocidade e aceleração). Chegam aos núcleos
vestibulares, ao cerebelo e ao lóbulo frontal, porém só contribuem muito debilmente a percepção dos
deslocamentos. Não obstante, durante os deslocamentos passivos onde a visão e a sinestesia não
intervêm, a orientação espacial diminui, geralmente se existe lesão do sistema vestibular (rigal, 1988).

Organização Temporal

Percebemos o transcurso do tempo a partir das mudanças que se produzem durante um período esta-
belecido e da sua sucessão que transforma progressivamente o futuro em presente e depois em pas-
sado. O tempo é antes de tudo memória, à medida que leio, o tempo passa. Assim aparecem os dois
grandes componentes da organização temporal, a ordem e a duração, que o ritmo reúne, o primeiro
define a sucessão que existe entre os acontecimentos que se produzem, uns a continuação de outros,
numa ordem física irreversível; a segunda permite a variação do intervalo que separa os dois pontos,
o princípio e o fim de um acontecimento.

Esta medida possui diferentes unidades cronométricas como o dia e suas divisões, horas, minutos e
segundos. A ordem ou distribuição cronológica das mudanças ou acontecimentos sucessivos repre-
senta o aspecto qualitativo do tempo e a duração seu aspecto quantitativo (rosa neto, 1996).

A organização temporal inclui uma dimensão lógica (conhecimento da ordem e duração, os aconteci-
mentos se sucedem com intervalos), uma dimensão convencional (sistema cultural de referências, ho-
ras, dias, semanas, meses, e anos) e um aspecto de vivência, que aparece antes dos outros dois
(percepção e memória da sucessão e da duração dos acontecimentos na ausência de elementos lógi-
cos ou convencionais). A consciência do tempo se estrutura sobre as mudanças percebidas, indepen-
dente de ser sucessão ou duração, sua retenção depende da memória e da codificação da informação
contida nos acontecimentos.

Os aspectos relacionados à percepção do tempo, evolucionam e amadurecem com a idade. No tempo


psicológico organizamos a ordem dos acontecimentos e estimamos sua duração, construindo assim
nosso próprio tempo. A percepção da ordem nos leva a distinguir o simultâneo do sucessivo, variando
o umbral segundo os receptores utilizados. A percepção da duração começa pela discriminação do
instantâneo e do duradouro que se estabelece a partir de 10 ms a 50ms para a audição e 100ms a
120ms para a visão (rigal, 1988).

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Lateralidade

O corpo humano está caracterizado pela presença de partes anatômicas pares e globalmente simétri-
cas. Esta simetria anatômica se redobra, não obstante, por uma assimetria funcional no sentido de que
certas atividades que só intervêm numa das partes. Por exemplo, escrevemos com uma só mão; os
centros de linguagem se situam na maioria das pessoas no hemisfério esquerdo. A lateralidade é a
preferência da utilização de uma das partes simétricas do corpo: mão, olho, ouvido, perna; a lateraliza-
ção cortical é a especialidade de um dos dois hemisférios enquanto ao tratamento da informação sen-
sorial ou enquanto ao controle de certas funções (oliveira, 2001).

A lateralidade está em função de um predomínio que outorga a um dos dois hemisférios a iniciativa da
organização do ato motor, que desembocará na aprendizagem e a consolidação das praxias. Esta
atitude funcional, suporte da intencionalidade, se desenvolve de forma fundamental no momento da
atividade de investigação, ao largo da qual a criança vai enfrentar-se com seu meio. A ação educativa
fundamental para colocar a criança nas melhores condições para aceder a uma lateralidade definida,
respeitando fatores genéticos e ambientais, é permitir-lhe organizar suas atividades motoras (rosa neto,
1996).

Segundo pereira (2002), a definição de uma das partes do corpo só ocorre por volta dos sete anos de
idade, antes disso, devem-se estimular ambos os lados, para que a criança possa descobrir por si só,
qual o seu lado de preferência. “a preferência pelo uso de uma das mãos geralmente se evidencia aos
três anos”.

Avaliação Motora

O padrão de crescimento e comportamento motor humano que se modifica por meio da vida e do
tempo; e a grande quantidade de influência que os afetam, constituem basicamente por diferentes te-
orias científicas e sustentam a evolução de estudos que se caracterizam pelas técnicas de pesquisa e
pelos meios utilizados na obtenção de dados, que são elaborados e discutidos, como forma de elucidar
os diferentes vieses que perfazem a existência do homem e sua evolução física, orgânica, cognitiva e
psicológica.

Os conceitos, ilustrações e teorias adicionam ao contexto, a estrutura necessária para que tais estudos
possam legitimar-se e oferecer fundamentos fidedignos sobre as hipóteses que pretendem estabelecer
e discutir. É importante lembrar que o caráter estatístico de nível normal de referência dos testes não
engloba o mesmo valor para todas as populações, tendo em conta os aspectos afetivos e sociais (rosa
neto, 1996).

Normalmente utilizam-se testes para conhecer as características e necessidades individuais das pes-
soas, isto se torna indispensável se pensar em cada vez mais atender o desenvolvimento das pessoas,
em especial as crianças, como o máximo de acertos possíveis para que seu desenvolvimento ocorra
dentro dos períodos desejáveis, contribuindo assim, para com um desenvolvimento pleno.

Para que tenhamos estas informações devemos lançar mão de meios auxiliares que como já comen-
tamos anteriormente seria a utilização de testes. É importante destacar que para esta avaliação não
são utilizados somente um único teste e sim um conjunto de testes, a fim de examinarmos a criança
em todas as dimensões do desenvolvimento humano (rosa neto, 1996).

A observação do comportamento humano feito através de testes já se constitui prática antiga, através
de estudos realizados por autores clássicos, como ozeretski, guilmain, grajon, zazzo, piaget, stambak,
picq e vayer, entre outros que se dedicaram ao estudo da criança (rosa neto, 1996).

Testes padronizados, que embora bastante antigos, mas que frequentemente são revisados destacam-
se na avaliação física, afetiva, cognitiva e motora dos seres humanos.

De acordo com rigal et al. (1993), existe uma grande quantidade de testes, que por sua facilidade de
utilização e sua relação com as diferentes aprendizagens escolares, são muito úteis para medir o com-
portamento humano, entre eles, destacamos a escala de desenvolvimento motor - edm (rosa neto,
1996).

Acredita-se que para ensinar eficientemente é preciso acompanhar às crianças e analisar suas neces-
sidades e interesses.

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Dessa forma, entender a relação entre a idade da criança com a fase e característica motora pelas
quais passam, constitui-se para um melhor acompanhamento do desenvolvimento motor.

Assim, destacamos a importância do conhecimento dos profissionais de educação física, no que tange
a avaliação motora da criança, como forma de melhor acompanhar seu desempenho e detectar possí-
veis problemas de ordem motora, além de poder influenciar no processo de desenvolvimento que
ocorre desde a concepção.

A Influência Da Educação Física No Desenvolvimento Motor E Cognitivo Dos Estudantes

A educação física é muito mais do que apenas uma disciplina escolar, ela tem sua representatividade
na formação do aluno e do cidadão. Através das suas diversas manifestações abrange tanto o âmbito
educacional quanto o da saúde, desta maneira, a mesma terá grande influência no desenvolvimento
motor e cognitivo dos alunos, além da melhora em outros elementos.

Então se torna imprescindível que façamos uma reflexão sobre esse assunto que muitas vezes é dei-
xado de lado, não só por uma parte da sociedade, que ainda vê a educação física escolar como a
tradicional “rola a bola” [3], mas também por alguns professores que ainda a defendem e a executam,
ou seja, é preciso lutar para que seja percebida a real importância da mesma, não somente dentro da
comunidade escolar, mas também na sociedade, uma vez que a mesma também é responsável pela
formação do cidadão.

Temos como problema de pesquisa o seguinte questionamento: qual a influência das aulas de educa-
ção física no desenvolvimento motor e cognitivo dos estudantes? Já como hipótese, defendemos que
de fato exista uma influência e uma melhora nos aspectos motor e cognitivo dos estudantes, por meio
das aulas de educação física.

Dessa forma, possuímos como objetivo geral desse trabalho, pesquisar a influência da educação física
escolar no desenvolvimento motor e cognitivo dos estudantes. E como objetivos específicos: realizar
uma revisão de literatura sobre o auxilio da educação física no desenvolvimento motor e cognitivo dos
estudantes, apresentar a relação da psicomotricidade com as aulas de educação física e identificar
possibilidades de intervenções nas aulas de educação física visando o desenvolvimento do estudante.

Temos como justificativa da pesquisa a relevância da mesma, pois trata a educação física no âmbito
escolar, no caráter educacional e de saúde, além de reconhecer as aulas de educação física e sua
influência no desenvolvimento motor e cognitivo do aluno. É de conhecimento de todos que a disciplina
ainda sofre preconceito, pois muitos ainda têm uma visão equivocada da mesma. Sendo assim, o tra-
balho foi construído a partir de uma revisão de literatura, tendo como foco principal mostrar a influência
das aulas de educação física para o desenvolvimento motor e cognitivo do estudante.

Trata-se de uma revisão de literatura, autores como cezária (2008), castuera (2004), barreto (2000)
dentre outros autores estão presentes nesta pesquisa, pois apresentam opiniões significativas e que
se tornam extremamente relevantes para o desenvolvimento da mesma.

As bases de dados para pesquisa utilizada neste trabalho foram: google acadêmico e bvs (biblioteca
virtual de saúde). Com um total de 7,326 artigos encontrados nas duas plataformas, foi utilizado um
método de filtragem com o intuito de obter dados mais qualitativos e que de fato fossem interessantes
para a realização da pesquisa. Na plataforma google acadêmico foram obtidos 4,145 trabalhos sendo
selecionados a partir dos seguintes filtros: período de publicação e pelo menos dois dos descritores
presentes no trabalho, fazendo com que 4,129 trabalhos fossem descartados pelos critérios citados
acima.

Já na base de dados bvs (biblioteca virtual de saúde) foram obtidos 3.182 trabalhos e os filtros seleci-
onados foram: assunto principal (desenvolvimento infantil, destreza motora e desempenho psicomotor)
e estudos realizados com crianças e adolescentes, excluindo 3,175 trabalhos através da filtragem, che-
gando ao total de 23 artigos revisados e utilizados para a realização deste trabalho.

A escolha dos artigos usados como base para a pesquisa foi delimitada por data de publicação e rela-
ção com o tema escolhido para ser objeto de estudo. Foram usados artigos científicos publicados entre
os anos de 2000 a 2016. E os descritores usados foram: educação física escolar, desenvolvimento
motor e desenvolvimento cognitivo. Os critérios de inclusão usados para a realização da pesquisa e

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seleção dos trabalhos estudados para a mesma foram: ano de publicação dos trabalhos, além da fide-
dignidade entre as pesquisas revisadas e o tema escolhido para objeto de estudo. Já os critérios de
exclusão foram: resumos dos trabalhos revisados e os descritores dos mesmos, pois não apresenta-
vam relação com o tema.

Psicomotricidade Nas Aulas De Educação Física

A ideia principal desta sessão teórica é mostrar a relação da psicomotricidade com as aulas de educa-
ção física, tendo em vista que essa abordagem de ensino utilizada dentro das aulas influência na ma-
turação e no desenvolvimento motor e cognitivo do estudante.

Para hayer (1982) apud de oliveira, de barros e silva (2013) a psicomotricidade trata-se de uma educa-
ção global, que associando os potenciais intelectuais, afetivos, sociais, motores e que se organizado
corretamente influenciará nas suas relações com os diferentes meios e aspectos nos quais tem de
evoluir.

Ainda sobre:

A identidade da psicomotricidade e a validade dos conceitos que emprega para se legitimar revelam
uma síntese inquestionável entre o afetivo e o cognitivo, que se encontram no motor, é a lógica do
funcionamento do sistema nervoso, em cuja integração maturativa emerge uma mente que transporta
imagens e representações e que resulta duma aprendizagem mediatizada dentro dum contexto sócio-
cultural e sócio-histórico. (fonseca, 1989 apud monteiro 2006, p. 10).

No âmbito educacional a psicomotricidade está diretamente ligada à educação física, pois, além de ser
considerada como uma das várias abordagens de ensino da mesma tem dentre seus vários objetos de
estudo, o estudo do movimento é um dos que mais se destaca. Para pierre vayer (1986) apud molinari
e sens (2003), a educação psicomotora é uma ação pedagógica e psicológica que utiliza os meios da
educação física com o fim de normalizar ou melhorar o comportamento do aluno.

A educação física por ser a responsável por estimular a evolução motora dos alunos, será também
determinante no desenvolvimento e maturação dos estudantes. Segundo (gallahue & ozmun, 2003) a
educação física através do como mover estimula os neuros transmissores para a execução das suas
ações psicomotoras, fazendo assim com que ele realize movimentos conscientes e integrados.

Através das aulas de educação física na escola, é possível trabalhar todos os elementos psicomotores,
são eles: coordenação motora grossa, coordenação motora fina, lateralidade, equilíbrio, estruturação
espacial, orientação temporal, esquema corporal e ritmo, segundo de aquino (2012).

Almeida (2007) considera a coordenação motora grossa como o trabalho realizado por grandes grupos
musculares, geralmente membros superiores e inferiores completos. Para monteiro (2006) a coorde-
nação motora fina é a capacidade de controlar pequenos músculos para exercícios refinados. Ainda
segundo com monteiro (2006) a lateralidade representa a conscientização integrada e simbólica interi-
orizada dos dois lados do corpo, lado esquerdo e lado direito. Hurtado (1991) apud de aquino (2012)
afirma que equilíbrio é a habilidade de manter o controle do corpo. Utilizando ambos os lados do corpo
ao mesmo tempo, apenas um lado ou ambos alternadamente.

Monteiro (2006) defende como estruturação espacial a relação do indivíduo com o mundo exterior,
conhecimento e controle do próprio corpo e de suas partes, adaptação do mesmo ao meio ambiente.
Meur e staes (1984) apud de aquino (2012) afirmam que orientação temporal é a capacidade de situar-
se em função da sucessão dos acontecimentos: antes, após, durante e da duração dos intervalos.

Monteiro (2006) tem como definição de esquema corporal a tomada de consciência de cada segmento
do corpo a partir da experiência vivida pelo indivíduo com base na disponibilidade do conhecimento
que tem sobre o próprio corpo e de sua relação com o mundo que o cerca. De acordo goretti (2012)
ritmo é a ordenação constante e periódica de um ato motor.

No entanto, esses elementos devem ser planejados e sistematizados nas aulas de educação física, de
forma cuidadosa e com fundamentação para que ao invés de ajudar, não atrapalhe o desenvolvimento
do aluno. Além do aspecto motor trabalhado por esses elementos, há o envolvimento de outros, tais
como: intelecto, afetividade e sociabilidade. De acordo com soares (et al. 1992) a educação física na

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escola se apresenta muito além do desenvolvimento motor e da aptidão física do aluno, mas também
a utilização da prática reflexiva sobre a cultura corporal em seus aspectos mais amplos.

Influência Do Desenvolvimento Psicomotor Na Aprendizagem

A educação física tornou-se de fato ao longo dos anos um campo multidisciplinar e multicultural. Po-
dendo assim abranger diversos aspectos em suas aulas, segundo caustera (2004) a educação física
compreende fenômenos que melhoram esses aspectos tais como: aspectos biológicos, emocionais,
cognitivos e sociais. Onde os mesmos poderão causar impactos sobre outros, a aprendizagem é um
deles. Para barreto (2000) o desenvolvimento psicomotor é importante na prevenção de problemas de
aprendizagem e auxiliando na mesma.

Sendo assim, se faz necessário reconhecer as aulas de educação física também como um meio de
aprendizagem, não apenas como um objeto de lazer para o estudante. O processo de aprendizagem
está diretamente associado às experiências vividas logo, a educação física por meio de seus aspectos
mais amplos através da cultura, movimento, sociabilidade, dentre outros aspetos que suas aulas abran-
gem será uma das grandes responsáveis por esse processo dentro da escola.

Utilizar o que o aluno trás para a aula, através dessas experiências vividas pode maximizar o processo
de aprendizagem e se torna um recurso pedagógico extremamente válido para o encadeamento da
mesma. Logo, para o professor de educação física é necessário reconhecer e estabelecer essa ligação,
trazendo para suas aulas e percebendo que a sua importância se torna indispensável e fundamental.

O comportamento é um dos elementos também trabalhados nesse contexto:

Nesse enfoque é importante ressaltar que a educação psicomotora é uma ação pedagógica e psicoló-
gica que utiliza a disciplina de educação física com o intuito de normalizar ou melhorar o comportamento
do estudante. (borges; silvia, 2008, p. 4)

Podendo assim proporcionar um desenvolvimento global, respeitando e fundamentando todas as eta-


pas vivenciadas nas aulas. Além da formação de sua própria imagem corporal, que se torna extrema-
mente necessário e importante, pois para tisi (2004) “[...] O esquema corporal é indispensável para a
formação da personalidade [...]”.

Segundo brasil (1997, p.15):

O trabalho da educação física nas séries iniciais do ensino fundamental e demais, é importante, pois
possibilita aos alunos terem, desde cedo, a oportunidade de desenvolver habilidades corporais e de
participar de atividades culturais, como jogos, esportes, lutas, ginásticas e danças, com finalidades de
lazer, expressão de sentimentos, afetos e emoções.

Portanto a educação física escolar tem um papel muito importante e de grande responsabilidade no
desenvolvimento do aluno, seja nas series iniciais ou não. Aspectos motores, intelectuais, afetivos e
sociais estão a todo o momento sendo trabalhados, causando uma constante evolução de forma equi-
librada e qualitativa, tornando o mesmo um ser capaz de lidar com diversas situações, dentro ou fora
do ambiente escolar.

Intervenção Da Educação Física No Desenvolvimento Motor E Cognitivo Do Estudante

A educação física está totalmente ligada ao ato de mexer-se, onde por muito tempo considerou apenas
o movimento humano como objeto principal de estudo da mesma. Mas, hoje praticar atividade física
não resulta dizer apenas que o corpo está sendo trabalhado.

Segundo cezária (2008), não se pode mais isolar o movimento humano da mente dentro da prática de
atividades físicas, já que os dois estão relacionados. Dentro do ambiente escolar e nas aulas de edu-
cação física o estudante precisa ter em mente que seus movimentos estão diretamente ligados ao seu
intelecto e que a relação entre ambos deve ser respeitada.

Ainda sobre:

A sequência básica do desenvolvimento motor está apoiada na sequência de desenvolvimento do cé-


rebro, visto que a mudança progressiva na capacidade motora de um indivíduo, desencadeada pela

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interação desse indivíduo com seu ambiente e com a tarefa em que ele esteja engajado. (oliveira, 2001,
p.57)

Quando essa relação se torna falha, dupré (1909) apud cezária (2008, p.9) afirma que:

É natural observar a insuficiência do desenvolvimento motor e suas independências nos indivíduos,


que apresentam, ao mesmo tempo, insuficiência no desenvolvimento do cérebro psíquico. Por isso é
constatada frequentemente a associação da debilidade motora com a debilidade mental.

A educação física é caracterizada pelos seus principais conteúdos: jogos, esportes, danças, lutas e
ginástica. Que juntos formam o alicerce da abordagem da cultura corporal do movimento. Onde o pro-
fessor deve buscar dentro das várias temáticas que a própria proporciona as possibilidades de utilizar
a mesma como instrumento para o desenvolvimento do aluno. Entender a educação física como não
apenas movimentar-se deve começar do próprio professor para que assim os estudantes comecem a
compreender sua importância.

Segundo finck (2006) a idealização de novas intervenções para que as aulas se tornem mais atrativas
e ricas possibilitando assim a formação de maneira continua do estudante se faz necessário. Pois, só
assim a mesma terá seu verdadeiro valor reconhecido.

O professor precisa expor para o aluno a importância da prática de suas aulas levando assim o próprio
a uma compreensão mais crítica sobre a mesma.

É preciso enfim levar o aluno a descobrir os motivos para praticar uma atividade física, favorecer o
desenvolvimento de atitudes positivas para com a atividade física, levar à aprendizagem de comporta-
mentos adequados na prática de uma atividade física, levar ao conhecimento, compreensão e análise
de seu intelecto todas as informações relacionadas às conquistas materiais e espirituais da cultura
física, dirigir sua vontade e sua emoção para a prática e a apreciação do corpo em movimento. (betti,
1992 apud finck 2006, p.6).

Sobre o papel da educação física no desenvolvimento motor do estudante, kaefer e assis (2008) co-
mentam que a mesma assume um papel importante, pois faz com que o aluno explore seu corpo,
interagindo com o meio e desenvolvendo assim seu crescimento motor. Onde de acordo com gallahue
(2005, p.208) “[...] Deve ser empregada uma abordagem em que inúmeras experiências sejam incor-
poradas, a partir das várias modalidades [...]”. Ou seja, a educação física no ambiente escolar através
da sua amplitude de conteúdos será quem proporciona essas experiências.

Através de estudos realizados por guimarães (2013), verificou-se que estudantes que desempenham
e participam das aulas de educação física, além da prática fora da escola, tem um desempenho e uma
aquisição motora superior aos estudantes que não possuem o hábito de participar das aulas, nem de
praticar atividades físicas fora do ambiente escolar. Confirmando a importância e a influência da edu-
cação física escolar no desenvolvimento motor do estudante.

Já em estudos realizados por cezária (2008), os alunos que obtiveram melhor resultado com relação a
suas notas, foram aqueles que participam ativamente das aulas de educação física, atingindo médias
bem superiores em comparação aos demais.

O direcionamento das aulas de educação física também deve estar voltado para o auxilio da aprendi-
zagem por parte dos alunos, facilitando assim o processo. Como foi dito anteriormente se torna impos-
sível não relacionar mais o ato de mover-se com o de pensar, existe uma relação próxima entre eles,
só assim, por meio dessa conscientização o desenvolvimento será construído, estimulando e traba-
lhando de forma igualitária e simétrica entre corpo e mente.

Discussão

Como é de conhecimento á prática de atividade física proporciona bens significativos à saúde, tais
como: fortalecimento de músculos e ossos, melhora na circulação sanguínea e consequentemente re-
gulação da pressão arterial, diminuição de riscos de doenças cardíacas, ajuda no processo de ema-
grecimento, dentre outros. Na escola a grande responsável por apresentar e causar esses benefícios
juntamente com a melhora e o desenvolvimento motor e cognitivo dos estudantes é a educação física.

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CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR

Embora tenhamos identificado que culturalmente alguns professores de educação física não planejam
suas aulas dentro da escola, para moya (2003), a instituição escola foi criada justamente para ser um
dos veículos da educação, uma educação sistematizada, de maneira ordenada e organizada em con-
teúdos específicos e com a educação física não é diferente.

Reforçando a ideia o confef (2005) alega que é de responsabilidade do professor de educação física
planejar, dinamizar, dirigir e ensinar em todas as suas aulas, ou seja, o professor de educação física
será o grande responsável para que esse processo aconteça da melhor forma possível.

A evolução e aperfeiçoamento dos aspectos citados anteriormente pode variar de aluno para aluno,
faixa etária, nível de ensino que está sendo trabalhada e de acordo com a forma que está sendo traba-
lhada. Ou seja, a melhora de forma integral do aluno acontece quando o professor se preocupa com o
processo e o planeja através da observação e percepção junto ao seu alunado. Para piccolo (1995)
apud etchepare, zinn e pereira (2003) por mais que alguns professores tentem forçar e pular etapas
sem se preocupar com o processo, o adequado seria um programa contínuo para que haja uma cons-
tante evolução.

De fato, autores ainda não conseguem chegar a um consenso quando se fala na melhora do desenvol-
vimento do escolar, através da atividade física proporcionada pela educação física. Mas a questão vai
muito além do que somente o âmbito educacional, o âmbito social também é extremamente afetado
pela prática. De acordo com freire (2003) “[...] A educação física ensina a viver, pensar e agir como
sociedade dando ênfase no coletivo [...]”.

Um grande exemplo disso são as artes maciais, que de acordo com twemlow (et al. 2008) fazem com
que o aluno passe a agir e pensar de forma mais coletiva e melhora significativamente vários aspectos
como: disciplina, compromisso, responsabilidade e respeito. Prática esportiva essa que faz parte dos
conteúdos da cultura corporal do movimento e que por alguns fatores ainda não foram implantados em
algumas escolas e consequentemente deixados de lado.

Sendo assim, torna-se extremamente significativo uma reflexão a respeito. Influenciar no desenvolvi-
mento do aluno como um todo é um processo que deve ser cauteloso, etapas devem ser cumpridas e
respeitadas, tudo tem que ser planejado minuciosamente e da melhor maneira possível para que não
haja falhas e acabe se tornando um problema. Formar o aluno é prepará-lo em todos os aspectos, pois,
o cidadão vai além do ambiente escolar.

O trabalho da psicomotricidade nas aulas de educação física para que haja um desenvolvimento motor
e intelectual é extremamente importante e devem estar interligados para que esses aspectos de fato
sejam melhorados. Sua utilização como abordagem de ensino dentro das aulas auxilia e maximiza o
desenvolvimento no estudante.

A forma com que se trabalha também deve ser levada em consideração, a diversidade de práticas e
conteúdos que a disciplina proporciona, a ludicidade como componente nas aulas, dentre outros são
elementos notáveis e devem ser valorizados nesse processo. Conhecer o corpo, interagir com o meio,
reconhecer suas capacidades, a psicomotricidade como elemento de auxilio na aula de educação física
desenvolverá o aluno integralmente, formando assim um cidadão capaz de compreender e lidar com
situações adversas, no ambiente escolar ou não.

Desmistificar o movimento humano como ato apenas executado pelo corpo também se faz necessário.
Atestar sua relação com a mente, pois o movimento está diretamente ligada ao intelecto e quando o
individuo não reconhece a importância dessa relação o seu desenvolvimento se torna falho e debilitado
tanto no aspecto motor quanto cognitivo.

Auxiliar na aprendizagem e nas dificuldades relacionadas à mesma também é um importante elemento


que deve ser levado em consideração, pois, os aspectos intelectuais, afetivos e sociais estão direta-
mente ligados a esse processo, além de estarem associados a atividades motoras promovidas nas
aulas de educação física, isto é, torna-se inegável a contribuição de todos esses aspectos na evolução
do processo de aprendizagem por parte do estudante.

Portanto, conclui-se que as aulas de educação física, irão contribuir para o desenvolvimento motor e
cognitivo do aluno, tendo em vista que o fator educacional durante esse processo causa um impacto
em sua vida de forma contínua, fazendo assim com que o mesmo tenha uma vida mais saudável e

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principalmente mais produtiva, desenvolvendo corpo e mente dentro do ambiente escolar de forma
equilibrada, integrada e progressiva.

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