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Crateús - Ceará.
Abril/2024
1. Formação
2. Introdução
3. Desenvolvimento
Meus avós maternos e paternos são agricultores. Ingressar na EEMPC Javan Rodrigues de
Sousa significou reavivar as lembranças da trajetória de minha mãe (in memoriam), a única
de sua casa a ter acesso à educação, por ser a caçula. Ela era a quarta filha do casal de
agricultores Luiza e Gregório, a única que saiu de casa para estudar, foi morar com uma
prima assim como outras primas e se tornou professora, pois cursou o magistério
realizando seu sonho de cursar Pedagogia apenas quando o Instituto Vale do Acaraú
implantou o curso no período de férias aqui em Santa Quitéria.
Minha mãe não foi oriunda de áreas de assentamento, pois quando o primeiro
assentamento em Santa Quitéria foi instituído, na década de 1980, lembro-me que ela
deixou de exercer o magistério que tanto amava para cuidar da família, quando conseguiu
novamente se inserir no mercado de trabalho reiniciou sua vida profissional como
formadora de outros professores e professoras.
Em nossa casa, recebíamos as professoras do São José dos Mocós, onde meus avós
moravam e onde ela passou sua infância, pois minha mãe reforçava o conteúdo ministrado
nas formações nos grupos de estudos formados aqui em casa. Assim como esses grupos de
estudos se formavam nos finais de semana que íamos para casa de meus avós.
Minha mãe sabia o valor da educação, pois meus avós mesmo atravessando muitas
dificuldades priorizaram custear seus estudos, e ela retribuía transmitindo o conhecimento
adquirido. A responsabilidade que assumo como professora herda o legado da mulher que
mais admiro neste mundo, que foi uma exceção em seu tempo.
A casa de meus avós era simples, de taipa, mas muito acolhedora e repleta de amor. Foi
aprimorada quando minha mãe, ainda solteira, pôde contribuir financeiramente ao tornar-se
professora. Seu trabalho não só ajudou os pais, mas também foi uma forma de retribuir
tudo o que eles fizeram por ela.
Minha trajetória acadêmica começou no ensino médio, concluído em 1999 na Escola de 2º
grau Aracy Magalhães Martins, hoje EEMTI Aracy Magalhães Martins, em Santa Quitéria,
Ceará. Inicialmente, frequentei a 1ª série no Centro Educacional Fonseca Lobo, vinculado
à CNEC (Campanha Nacional de Escolas da Comunidade), que, infelizmente, já foi extinto
no município. Naquela época, o Fonseca Lobo oferecia cursos profissionalizantes em
Magistério e Contabilidade. Entretanto, meu desejo de cursar o nível superior me levou a
migrar para a Escola Aracy, que oferecia o curso Científico.
Minha vida acadêmica sempre esteve entrelaçada com minha inserção no mercado de
trabalho. Em 2003, após aprovação em concurso público, tornei-me digitadora efetiva na
prefeitura de Santa Quitéria. Anteriormente, tive um vínculo temporário no ITT (Instituto
de Informática e Telecomunicações), custeado pela prefeitura, onde ministrei aulas de
informática para professores da rede pública entre 2001 e 2003. Abandonei o IIT em 2003
para dedicar-me à pesquisa que resultou em meu TCC do curso de Saneamento Ambiental.
Em seguida, ingressei no Departamento de Vigilância Sanitária da Secretaria de Saúde,
onde atuei por 10 anos, sempre buscando fazer o melhor, apesar das condições de trabalho
precárias e da falta de valorização profissional.
Posteriormente, dediquei-me à militância sindical, como mencionado anteriormente, e ao
magistério. Minha principal motivação para cursar a especialização em educação no campo
foi moldar-me como agente de transformação, sendo uma ponte na construção de uma
sociedade mais justa e equitativa. Reconheço que, embora a educação pública ainda careça
de qualidade, especialmente na educação básica, ela se torna ainda mais precária e
inacessível para aqueles que vivem no campo. Acredito firmemente que a educação deve
ser libertadora, como preconizava Paulo Freire, tanto no campo quanto na cidade.
4. Conclusões
A jornada descrita neste memorial é mais do que uma simples narrativa de eventos e
conquistas. É a história de uma busca contínua pelo conhecimento, pelo crescimento
pessoal e pela transformação social. Ao longo dos anos, enfrentei desafios, busquei
oportunidades e me dediquei ao aprendizado, sempre com o objetivo de contribuir de
forma significativa para a construção de um mundo melhor.
Cada experiência, seja na sala de aula, no mercado de trabalho ou na militância sindical,
moldou minha visão de mundo e fortaleceu minha convicção de que a educação é a chave
para o progresso individual e coletivo. Ao ingressar neste programa de pós-graduação,
estou comprometida em aprofundar meu conhecimento, ampliar minha perspectiva e
adquirir as habilidades necessárias para fazer uma diferença ainda maior em minha
comunidade e além dela.
Agradeço sinceramente pela oportunidade de compartilhar minha história e espero que este
memorial possa transmitir não apenas minhas realizações, mas também minha
determinação em continuar crescendo, aprendendo e contribuindo para um futuro mais
promissor e inclusivo para todos.