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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE RORAIMA

CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA


CAMPUS – BOA VISTA
DISCIPLINA: EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
PROFESSOR: OSVALDO PIEDADE
ACADÊMICA: ANA CÁSSIA ARAÚJO DE CRISTO

RESUMO

BOA VISTA – RR
2023
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: FIOS E DESAFIOS NA CONSTRUÇÃO DE
SUA IDENTIDADE
SANTOS, Zenaide Maria. Contribuições à educação de jovens e adultos. — Brasília:
UNESCO, MEC, RAAAB, 2005.
Zenaide Maria Santos Possui Graduação em LETRAS VERNÁCULAS COM FRANCÊS,
pela UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA (UNEB) (1999); ESPECIALIZAÇÃO em
ESTUDOS LITERÁRIOS, pela UNEB (2000) e MESTRADO em CRÍTICA CULTURAL,
também pela UNEB, CAMPUS II, Alagoinhas (2012). Profissionalmente atuou como
Coordenadora Técnica de Ensino, na SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO, na
Coordenação de Educação de Jovens e Adultos, no período de 1990 a 2014. Na Rede
Estadual, merecem destaques a atuação como Coordenadora II, DAS-3 na, então, DIREC 03 -
Alagoinhas; na Vice- Direção da Escola Lucio Bento Cardoso, no período de 1997 a 1999; do
COLÉGIO ESTADUAL MARIA JOSÉ BASTOS SILVA, no período de 2007 a março de
2013. Como PROFESSORA, lecionou LÍNGUA PORTUGUESA, LITERATURAS E
DISCIPLINAS DE ÁREAS AFINS, estando, atualmente, lotada no Centro Territorial de
Educação Profissional do Litoral Norte e Agreste Baiano- CETEP- LNAB, de abril de 2013
até a presente data. Em 2017 atuou como Vice-Diretora no CETEP/LNAB até junho de 2019;
de julho até a presente data, atua como professora regente na área de Linguagens. Merece
destaque, também, a atuação como Professora na Plataforma Freire, pela Universidade do
Estado da Bahia (UNEB) no Curso de Pedagogia, com a Disciplina de Educação de Jovens e
Adultos, no período de 2012 a 2014 e na Faculdade de Tecnologia e Ciências da Bahia -
FATEC-BA, com a disciplina de Língua Portuguesa, no mesmo período. Em Educação,
desenvolve função de Coordenadora, com especialidade nos temas Currículo, Metodologia,
Alfabetização de Jovens e Adultos, Elevação de Escolaridade, Identidade e Letramento.
ALAGOINHAS – BAHIA – BRASIL

Segundo o Censo de 2000 (IBGE), Alagoinhas é um município com cerca de 130.095


habitantes, sendo 112.440 população urbana e 17.655 população rural. O município fica
situado a 107 km da capital Salvador, e dele fazem parte os distritos de Riacho da Guia, Boa
União e os povoados de Narandiba, Sauípe, Estêvão e Quizambu. Alagoinhas detém uma
posição significativa no aspecto econômico, ocupando a 16ª posição na classificação dos
municípios baianos. Quanto ao aspecto educacional, o município atende na sua rede aos
segmentos de Educação Infantil, Ensino Fundamental, Educação de Jovens e Adultos, Ensino
Profissionalizante e Educação Especial, sendo este último em regime de parcerias com
instituições especializadas. A Educação de Jovens e Adultos (EJA) atende um número
reduzido da população sem escolaridade e/ou que abandonou a escola ao longo dos anos,
considerando-se o índice de aproximadamente 13,50% de jovens e adultos analfabetos, a
partir de quinze anos (Censo 2000 – IBGE). Para minimizar esse quadro, a Seduc tem
empreendido esforços para estruturar a Rede Municipal a fim de receber mais alunos, além de
firmar parceria com o governo federal e com o Programa Brasil Alfabetizado.
UM POUCO DE HISTÓRIA

A Educação de Jovens e Adultos, em Alagoinhas, passou por momentos distintos como o


Mobral e a Fundação Educar, que tiveram grande significado para o município, porque foi a
partir daí que a história da EJA teve início. Enquanto a Fundação Educar subsidiava a EJA
com suporte didático e pedagógico, aproximadamente cinquenta escolas funcionavam no
município, distribuídas nas zonas urbana e rural. Após esse momento, não houve sequer um
investimento em políticas públicas voltadas para o jovem e o adulto, que resultou no
fechamento de várias classes de EJA, chegando a um total de onze escolas funcionando em
1997 e obrigando o órgão competente, a Seduc, a uma tomada de posição.

1997-1999: A EJA SOB UM NOVO OLHAR

Em 1997 a equipe responsável pela Educação de Jovens e Adultos na Secretaria Municipal de


Educação empreendeu esforços Livro Construção__Volume 3__Final.p65 29/11/2005, 14:57
50 51 para sensibilizar a administração daquele momento, a fim de que a EJA fosse repensada
e redimensionada. Apesar da falta de recursos, pensou-se em reestruturar esse segmento,
construindo-se então o Projeto Político Pedagógico da Seduc, o Projeto de Aprendizagem para
Jovens e Adultos em Ciclos –Prajac, com o objetivo de dar à EJA características específicas a
fim de se construir uma identidade própria. Com a criação do Prajac, o segmento de Educação
de Jovens e Adultos foi reestruturado; o primeiro segmento do Ensino Fundamental (de 1ª à 4ª
série) foi redistribuído em dois Ciclos de Aprendizagem: o Ciclo 1, equivalente às 1ª e 2ª
séries, com quatrocentos dias letivos, e o Ciclo 2, equivalente às 3ª e 4ª séries, com duzentos
dias letivos, totalizando três anos e não mais quatro. O referido Projeto foi apreciado e
aprovado pelo Conselho Municipal de Educação da época, sendo então oficializado na Rede
Pública Municipal e implantado, parcialmente, em 2000 e, totalmente, em 2001.

PRAJAC – O IMPACTO NA REDE PÚBLICA MUNICIPAL

Princípios norteadores do Projeto

Considerando-se as observações e análises realizadas sobre a EJA no município de


Alagoinhas em 1997/1998, a partir de dados coletados na rede municipal e da exigência legal
prevista na Constituição Federal e na LDB 9.394/96, capítulo da Educação de Jovens e
Adultos, fez-se necessário dar a essa realidade um caráter científico. Para isso buscaram-se
concepções teóricas relacionadas à realidade educacional, fundamentando-se na concepção
interacionista do conhecimento que discute e analisa a aprendizagem a partir da interação do
sujeito com o objeto que deseja conhecer. Essa prática consiste em reflexões sobre a
capacidade de mediação do educador, assim o profissional toma consciência do seu papel e
organiza situações em que os educandos estabelecem relações entre o saber cotidiano (real) e
o saber científico escolar (potencial), considerando as zonas de desenvolvimento do sujeito na
construção do conhecimento: a real, a proximal e a potencial. Buscou-se também inspiração
teórica em Paulo Freire no sentido de discutir a EJA, trazendo a vivência do sujeito como
ponto de partida para a aprendizagem escolar, com a clareza de que a educação de qualidade
se faz com profissionais politicamente comprometidos e profissionalmente competentes. o
Projeto de Aprendizagem para Jovens e Adultos em Ciclos fundamentou-se na concepção
dialética da aprendizagem – aprender a aprender.

ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS

Com o objetivo de redimensionar a práxis pedagógica, o Prajac trouxe como proposta a


Pedagogia de Projetos, que consiste em um trabalho pedagógico voltado para a construção de
projetos educativos a partir de eixos temáticos discutidos e selecionados pelo conjunto:
educando–educador–escola–comunidade, pautados na realidade local. A Coordenação
Pedagógica da Seduc subsidia o educador para que essa ação seja eficaz. Com essa prática a
escola se aproximou da comunidade e vice-versa, estabelecendo uma relação de parceria
necessária à ação educativa; os projetos são apresentados ao público que participa ativamente
deles.

ACOMPANHAMENTO E CAPACITAÇÕES

Com a implantação do Prajac fez-se necessário garantir o acompanhamento às ações do


educador e a formação continuada segundo os princípios norteadores do Projeto. Em 2000 a
gestão criadora do Projeto terminou; em 2001, com o início de um novo momento político, foi
feita uma avaliação diagnóstica com os educadores para serem analisadas as possibilidades de
continuação, ou não, do Projeto. Foi unânime a sua aprovação, cabendo à Seduc criar
condições para a sua sustentação. Em 2001/2002 a Seduc firmou parcerias com o governo
federal, aderindo aos Programas Profa, PCN e Recomeço. Com essa ação foi possível oferecer
a formação continuada PCN-EJA e a capacitação para os professores alfabetizadores pelo
Programa de Formação para Professor Alfabetizador – Profa-EJA, atendendo cem por cento
dos educadores de EJA.

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM
A avaliação do ensino-aprendizagem na EJA foi organizada e sistematizada partindo-se de
uma postura dialética, tratando a avaliação com um caráter diagnóstico retroalimentador. Para
isso, são analisadas construções dos educandos produzidas durante todo o processo, sendo
significativos a sua auto-avaliação e os registros dos educadores que serão pressupostos para o
estabelecimento do resultado final. Além disso, a avaliação leva em conta o alcance dos
objetivos propostos para a Educação de Jovens e Adultos, considerando que, ao término de
cada Ciclo, o educando deverá ter construído, pelo menos, cinqüenta por cento das
capacidades exigidas para o ciclo. Para que a avaliação da aprendizagem seja satisfatória, é
necessário que o educador a conceba como práxis pedagógica, utilizando instrumentos
diversificados para ela e transformando o ato avaliativo em vivência prazerosa de descoberta e
troca de conhecimentos, considerando o educando, trabalhador ou não, um ser histórico e
social, como um todo indivisível que pensa e sente.

O RESULTADO EM NÚMEROS

O final de 2003 foi marcado por saldos positivos para a EJA em Alagoinhas.

ALAGOINHAS NA BATALHA CONTRA O ANALFABETISMO

Ainda em 2003, o município de Alagoinhas aderiu ao Programa de Combate ao


Analfabetismo, considerando-se que existem no município cerca de catorze mil analfabetos
acima de quinze anos (dados do IBGE, 2000), equivalentes a aproximadamente 13,50% da
população urbana e rural. Para isso, a Seduc encaminhou o Projeto de Alfabetização para o
MEC/FNDE e firmou parceria com o Programa Brasil Alfabetizado. Foram cadastradas
oitenta turmas distribuídas nas zonas urbana e rural, com um total de 1.908 alfabetizandos. A
EJA em Alagoinhas enfrentou os desafios e vem conseguindo fortalecer os seus fios
condutores para uma nova era. Hoje, o olhar lançado a esse segmento é o olhar apaixonado e
apaixonante, não o olhar ingênuo, mas o olhar da paixão crítica; professores, diretores,
secretarias do governo, sociedade, enfim o sentimento é de que a fala é comum: a EJA é um
direito.

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