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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE FERNANDÓPOLIS

FACULDADES INTEGRADAS DE FERNANDÓPOLIS


INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO

Curso Educação Física Turno Noturno Código 1225


Disciplina História da Educação Física e do Esporte Código 03

TENDÊNCIA TECNICISTA OU DESPORTIVANTE

Tendência que tem privilegiado o rendimento esportivo, a busca de talento esportivo, a


aptidão física, a saúde e a integração social por meio do esporte.

Suas matrizes valorativas têm origem no higienismo e no militarismo, expressões primeiras


da Educação Física no Brasil. Diferencia-se destas por utilizar-se do esporte de rendimento como
modelo, como meio e como fim, ao mesmo tempo. Os conhecimentos priorizados para atuação
do docente são a fisiologia do esforço, a biomecânica do gesto desportivo e, em muitos casos, a
tecnologia do ensino e o comportamentalismo (behaviorismo), este último como teoria da
aprendizagem.

Essa tendência apresenta uma expressão legal, a Lei nº 69.450/7l, ainda em vigor. A
referida legislação considera o esporte e a aptidão física como finalidades últimas (Artº 3º.,
parágrafos 1 e 2). Os dois Planos Nacionais de Educação Física e Desportos, do mesmo modo,
se pautam nessa concepção sobre as atividades corporais. Embora não tratem só e
particularmente do funcionamento da Educação Física dentro da escola, caracterizam uma
política oficial sobre o tema que, não por acaso, coincide com a abordagem em tela.

A ênfase no desempenho esportivo, utilizando o modelo do esporte de alto rendimento e a


disciplina do treinamento esportivo, gerou desdobramentos que apontaram para uma
desvalorização da cultura corporal popular e para uma desumanização da prática esportiva.
Primeiro, por excluir sistematicamente os habilidosos, e em segundo lugar, por apresentar-se com
um caráter monolítico, inibindo ou obstruindo outras formas de práticas corporais. O significado
dominante dessa concepção é o rendimento, a instrumentalização, deixando de lado a dimensão
de expressividade que todas as atividades humanas, em geral, contém.
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Curso Educação Física Turno Noturno Código 1225


Disciplina História da Educação Física e do Esporte Código 03

TENDÊNCIA PSICOPEDAGOGIZANTE

Essa tendência tornou-se expressiva pela difusão no meio da Educação Física escolar das
teorias de Piaget, Rogers, Le Bouch, Vayer, Cratty e Harrow. Estes são alguns dos teóricos que
vieram a consubstanciar tal tipo de prática pedagógica. Cabe observar que as outras tendências
não ignoram os conhecimentos desenvolvidos pelos teóricos citados; a diferença se dá no grau
de utilização dessas teorias.

A Tendência Psicopedagogizante caracteriza-se por ser anti-autoritária e não diretiva.


Prioriza a educação pelo movimento e tem buscado alternativas não-esportivas, combatendo o
rendimento atlético como fim exclusivo. Procura abrir espaço de participação a todos,
independente das características morfofuncionais dos alunos, levando em consideração a
estrutura integral do ser humano (o homem como ser biopsicossocial). Na dinâmica e
organização escolar, conquistou um espaço importante para a Educação Física, na medida em
que apresenta relações entre o uso do corpo e o desenvolvimento da cognição, divulgando e
reivindicando uma especialidade importante na escola que é o conhecimento do corpo do ponto
de vista da formação da individualidade psicológica do aluno. Por isso mesmo, tornou-se um
recurso ainda mais valorizado pelas outras áreas de conhecimento. Destaque-se que à Educação
Física eram e são feitas solicitações de contribuições para o reforço de conteúdos originalmente
estranhos a esta disciplina. Poderíamos dizer que se configura um relação heterônoma entre a
Educação Física e as outras de conhecimento. Isso quer dizer que, aos olhos da escola, a
Educação Física é considerada uma importante atividade de apoio metodológico, criando um tipo
de identidade de classe secundária, apesar de importante.

Quanto ao foco da ação pedagógica, não raro, é priorizada a relação interpessoal. Para
muitos professores, é satisfatório que o aluno desenvolva uma boa relação afetiva com os outros
e desenvolva uma auto-imagem positiva com base em experiências afetivas, onde o recurso
didático é o movimento. Resumidamente, pode-se considerar que o conhecimento que o aluno
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adquire de si mesmo é o conteúdo principal nessa concepção. Os meios físico e social, por sua
vez apresentam valor na medida em que alteram o estado de satisfação individual.

Efetivamente, a Tendência Psicopedagogizante avançou no aspecto da compreensão e do


reconhecimento da individualidade do aluno, resgatou outras formas de práticas corporais e
ampliou o espaço de atuação pedagógica da Educação Física escolar.

TENDÊNCIA CRÍTICA

Denominada também Tendência Crítico-Superadora ou Histórico-Crítica, essa concepção


parte da premissa de que a atividade corporal é um fenômeno cultural que contém e produz
símbolos e significados no seu espaço social próprio. Como todas as atividades humanas, é
carregada de valores. Na dimensão do indivíduo, admite que as atividades corporais, esportivas
ou não, são meios de auto-realização, de inserção e produção cultural.

Considera que a Educação Física escolar é uma combinação complexa entre as


representações e os significados que a sociedade atribui ao corpo e ao movimento, com os
valores pedagógicos inerentes à escola. Sendo assim, também admite a sua própria
ambigüidade, na medida em que suas práticas transmitam em um “continuum” delimitado pela
expressividade e pela instrumentalidade. Para os alunos, por exemplo, as aulas de Educação
Física apresentam motivos internos, por si só não-utilitários. Para os professores e pais, a
Educação Física é, em geral, utilitária, devendo contribuir de algum modo para o desenvolvimento
cognitivo e moral, assim como para a manutenção da saúde do aluno. A Tendência Crítica
encontra expressão nacional nas obras de Bracht, Taffarel, Castelani, Resende, Cavalcanti,
Costa e Marcelino, na área da Educação Física; e de Libâneo, Saviani, Luchesi, Gadotti, entre
outros, na área de educação.

O foco pedagógico na Tendência Crítica é a cultura corporal em suas mais variadas


expressões: o jogo; a ginástica; a dança e o esporte. Estas são as temáticas que historicamente
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têm dado sentido aos conteúdos dos admitidos para a Educação Física escolar. Não há, em
princípio, hierarquização ou subestimação das variadas formas de atividades corporais. O que
existe aqui é um tratamento que procura ir além do movimento em si, que se direciona para uma
participação maior do aluno nas práticas e nas tomadas de decisão. Tenta inserir o aluno na
cultura corporal, de forma não alienada e, por isso mesmo, tenta criar condições para que esse
mesmo aluno tome parte nos processos de produção da cultura corporal como sujeito, agente de
ação. Para tanto, vem adotando uma metodologia mais aberta, crítica e participativa, tanto no
sentido do planejamento quanto na organização das aulas e nas metodologias de avaliação
adotadas.

Essa concepção trouxe à discussão os aspectos sociais e culturais que têm reflexos nas
práticas de atividades corporais, redimensionando os conhecimentos produzidos acerca dela
mesma. Com isso, foram e estão sendo geradas práticas que pretendem levar em conta os
efeitos sobre os alunos no que diz respeito à cultura corporal e à sua atuação como sujeito crítico-
superador da vida em suas dimensões social e pessoal.

O papel da Educação Física na dinâmica escolar e suas contribuições para o


desenvolvimento social estão ganhando novos contornos. Às teorias em vigor e às experiências
anteriores são adicionados novos conceitos, principalmente da área das ciências humanas e
sociais. Não parece se tratar ainda de uma nova formulação teórica, mas de uma outra forma de
interpretação do assunto. Nota-se, ainda, um razoável esforço, por parte dos professores que se
alinham com essa tendência, em buscar a legitimação pedagógica e as razões próprias da
existência da Educação Física escolar (autonomia), para que esta possa contribuir, em seu
universo de ação, para a formação de indivíduos conscientes de seus deveres e direitos à
cidadania social e capazes de exercê-los em sua plenitude.

Concluindo esta pequena exposição sobre o estado atual da Educação Física na escola,
parece conveniente repetir que, nas expressões reais da Educação Física, as três tendências
mencionadas se interpenetram, gerando outras pequenas variações. O relevante aqui é
demonstrar que existem diferentes práticas com diferentes resultados de ordem pedagógica.

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