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MR107-2018
DADOS DA OBRA
• Conhecimentos Específicos
Gestão de Conteúdos
Emanuela Amaral de Souza
Autora
Ronaldo Senna
Produção Editoral
Suelen Domenica Pereira
Julia Antoneli
Capa
Joel Ferreira dos Santos
APRESENTAÇÃO
CURSO ONLINE
PASSO 1
Acesse:
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SUMÁRIO
Conhecimentos Específicos
Desportos.................................................................................................................................................................................................................... 01
Regras oficiais e organização de competições............................................................................................................................................. 05
Aprendizagem dos esportes escolares............................................................................................................................................................ 20
Judô: regras básicas................................................................................................................................................................................................. 22
Modalidades de competição................................................................................................................................................................................ 25
Processo de ensino-aprendizagem dos fundamentos na escola.......................................................................................................... 25
Caratê: regras básicas; modalidades de competição;................................................................................................................................. 32
Processo de ensino-aprendizagem dos fundamentos na escola.......................................................................................................... 47
Dança: fundamentos da dança; estilos de dança e suas principais características......................................................................... 49
Aspectos sociais e culturais que envolvem a dança................................................................................................................................... 69
Função e objetivos da dança;.............................................................................................................................................................................. 70
Dança Criativa e seus fundamentos.................................................................................................................................................................. 71
Capoeira: histórico;.................................................................................................................................................................................................. 73
Questões culturais e sociais;................................................................................................................................................................................. 75
Instrumentos musicais utilizados;...................................................................................................................................................................... 77
Fundamentos da capoeira..................................................................................................................................................................................... 78
Folclore: significados;.............................................................................................................................................................................................. 81
Brincadeiras folclóricas........................................................................................................................................................................................... 81
Danças folclóricas;.................................................................................................................................................................................................... 82
Crendices, culinária, mitos por região.............................................................................................................................................................. 83
Coordenação motora fina e coordenação motora grossa (ampla).....................................................................................................100
Atletismo: regras básicas; provas masculinas e femininas;....................................................................................................................101
Processo de ensino-aprendizagem dos fundamentos na escola........................................................................................................123
Avaliação em educação física escolar;............................................................................................................................................................126
Plano de ensino e plano de aula;.....................................................................................................................................................................129
Currículos oficiais e não-oficiais;......................................................................................................................................................................131
Currículo em educação física;............................................................................................................................................................................136
Educação física e cultura......................................................................................................................................................................................139
Metodologia dos grandes jogos......................................................................................................................................................................141
História da Educação Física................................................................................................................................................................................142
PCN (Ensino Fundamental/Ensino Médio) e RCN (Educação Infantil)...............................................................................................148
Educação Física Especial: as diferentes deficiências e formas de trabalho nas escolas..............................................................158
Aprendizagem motora.........................................................................................................................................................................................169
Educação Física escolar para grupos especiais (gestantes, idosos, hipertensos, diabéticos, etc. )........................................182
Anatomia básica: ossos, músculos e articulações;.....................................................................................................................................188
Planos e eixos de movimentos;.........................................................................................................................................................................199
Funções musculares e suas ações....................................................................................................................................................................202
Abordagens Pedagógicas para o ensino da Educação Física................................................................................................................206
Ética profissional.....................................................................................................................................................................................................214
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
Desportos.................................................................................................................................................................................................................... 01
Regras oficiais e organização de competições............................................................................................................................................. 05
Aprendizagem dos esportes escolares............................................................................................................................................................ 20
Judô: regras básicas................................................................................................................................................................................................. 22
Modalidades de competição................................................................................................................................................................................ 25
Processo de ensino-aprendizagem dos fundamentos na escola.......................................................................................................... 25
Caratê: regras básicas; modalidades de competição;................................................................................................................................. 32
Processo de ensino-aprendizagem dos fundamentos na escola.......................................................................................................... 47
Dança: fundamentos da dança; estilos de dança e suas principais características......................................................................... 49
Aspectos sociais e culturais que envolvem a dança................................................................................................................................... 69
Função e objetivos da dança;.............................................................................................................................................................................. 70
Dança Criativa e seus fundamentos.................................................................................................................................................................. 71
Capoeira: histórico;.................................................................................................................................................................................................. 73
Questões culturais e sociais;................................................................................................................................................................................. 75
Instrumentos musicais utilizados;...................................................................................................................................................................... 77
Fundamentos da capoeira..................................................................................................................................................................................... 78
Folclore: significados;.............................................................................................................................................................................................. 81
Brincadeiras folclóricas........................................................................................................................................................................................... 81
Danças folclóricas;.................................................................................................................................................................................................... 82
Crendices, culinária, mitos por região.............................................................................................................................................................. 83
Coordenação motora fina e coordenação motora grossa (ampla).....................................................................................................100
Atletismo: regras básicas; provas masculinas e femininas;....................................................................................................................101
Processo de ensino-aprendizagem dos fundamentos na escola........................................................................................................123
Avaliação em educação física escolar;............................................................................................................................................................126
Plano de ensino e plano de aula;.....................................................................................................................................................................129
Currículos oficiais e não-oficiais;......................................................................................................................................................................131
Currículo em educação física;............................................................................................................................................................................136
Educação física e cultura......................................................................................................................................................................................139
Metodologia dos grandes jogos......................................................................................................................................................................141
História da Educação Física................................................................................................................................................................................142
PCN (Ensino Fundamental/Ensino Médio) e RCN (Educação Infantil)...............................................................................................148
Educação Física Especial: as diferentes deficiências e formas de trabalho nas escolas..............................................................158
Aprendizagem motora.........................................................................................................................................................................................169
Educação Física escolar para grupos especiais (gestantes, idosos, hipertensos, diabéticos, etc. )........................................182
Anatomia básica: ossos, músculos e articulações;.....................................................................................................................................188
Planos e eixos de movimentos;.........................................................................................................................................................................199
Funções musculares e suas ações....................................................................................................................................................................202
Abordagens Pedagógicas para o ensino da Educação Física................................................................................................................206
Ética profissional.....................................................................................................................................................................................................214
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
ção do peso corporal pela estimulação do consumo calórico, Estas novas ideias aparecem nos países mais industria-
redução do risco de morte prematura, redução do risco de lizados, promovendo a ideia de proporcionar a todos os ci-
morte por doença cardíaca, aumento da resistência à fadiga, dadãos a oportunidade de prática desportiva com benefícios
diminuição das insónias, melhoria na postura e equilíbrio. dai emergentes. Destes benefícios destacam-se a qualidade
Para além dos benefícios atrás descritos, a prática de de vida associada à condição física e saúde pública, propor-
actividade motora tem um papel importante em termos cionadas pela prática regular do desporto. Assim perspecti-
psicológicos, nomeadamente no aumento da auto-estima, vava-se que a prática desportiva regular contribuiria para a
na redução dos níveis de ansiedade e eventuais sentimen- recuperação da fadiga do trabalho, o aumento da produtivi-
tos depressivos e no aumento da sensação de bem-estar. dade e a diminuição dos gastos públicos com a saúde.
Vários são os factores que incidem na procura da práti- Ainda que o desporto tenha sido consagrado na Cons-
ca desportiva, tendo apontados os seguintes: tituição Portuguesa como um direito do cidadão, não se
- Gerais: a necessidade de uma maior relação social, registaram as políticas verificadas nos restantes países, e
o auto-conhecimento, a autoafirmação, o experimentar que, e mercê dos valores de cultura física dominantes e dos
novas actividades e sensações. condicionalismos que a sociedade portuguesa apresenta,
- Específicos: prevenção para a saúde, manutenção os hábitos desportivos da população portuguesa situam-se
e melhoria da condição física, procura na actividade física a níveis bastante baixos, quando comparados com os veri-
de novos valores sociais e sexuais que imperam na socie- ficados nos restantes países da União Europeias.
dade actual (beleza, desenvolvimento corporal, etc), neces- A suposta modernização desportiva do nosso país, em
sidade de relaxação e recuperação das tensões acumuladas termos de construção de infra-estruturas, necessita de me-
durante o trabalho. didas de alcance público, que levem em linha de conta as
transformações sociais operadas na sociedade portuguesa,
Evolução e Tendências Atuais das Práticas Despor- as quais criaram novas necessidades e diferentes graus de
tivas exigência”. Com base em estudos de Mariovet (2001), Por-
tugal continua, apesar dos progressos alcançados, a ser um
Não só pelo avanço das estruturas sociais, que integram dos países europeus com a taxa mais baixa de praticantes
o desporto, as práticas desportivas sofreram um enorme im- desportivos.
pulso no início do século XX a que não será alheia a imple-
mentação dos Jogos Olímpicos da era moderna. A Oferta e Procura Desportiva
Efectivamente, verificou-se, no decorrer do século pas-
sado, uma verdadeira simbiose entre o desporto e outros Oferta Desportiva
sectores da sociedade nos vários domínios, fossem eles
políticos, de saúde, espectáculo, publicidade ou comuni- A oferta desportiva existente numa região é um grande
cação social. O aumento dos tempos livres, a melhoria dos indicador da sua situação desportiva. Existem diferenças de
níveis de vida, a facilidade de transportes, a proliferação vária ordem entre municípios, com origem directa na loca-
de instalações desportivas, o grande apoio de governos e lização geográfica e grandeza geral das diversas regiões ou
autarquias, os patrocínios, permitiram a extraordinária ex- concelhos do país. Esta é uma realidade incontornável que
pansão do Desporto durante o século XX. importa assinalar, por exemplo “as barreiras ao desenvol-
A prática desportiva constituí-se como um habito cultu- vimento em Trás-os-Montes e Alto Douro são diversas e o
ral, o que significa dizer que ela só se efectiva, se na socie- Desenvolvimento
dade existirem valores que a defendam, que lhes dêem im- Desportivo como parte integrante desse desenvolvi-
portância, e se as pessoas aderirem e esses mesmos valores. mento é naturalmente prejudicado...” (Serôdio, 1998). Se-
Se na primeira metade do século XX a cultura física va- gundo o mesmo autor, “os problemas demográficos es-
lorizava a procura dos melhores níveis de performance, di- tão na primeira linha. A tendência de fuga dos residentes
rigindo-se para a competição, quer em termos organizacio- para o litoral ou para os aglomerados populacionais mais
nais, quer em termos dos próprios praticantes, na segunda importantes, tem agravado o problema da desertificação
metade do mesmo século assistiu-se ao aparecimento de humana em muitos locais do interior”; “O diminuto inves-
novos conceitos. Estes defendem uma cultura física mais timento por parte das entidades públicas centrais nestas
abrangente, generalizada a todos os escalões etários, em regiões tem, por seu lado, agravado esta tendência” e “Os
que os principais objectivos se prendem com a ocupação indicadores económicos são, naturalmente, mais uma bar-
de tempos livres e a construção de estilos de vida saudá- reira...que torna os clubes dependentes das entidades pú-
veis. Tratava-se do movimento desporto para todos. blicas”, concluindo indutivamente que “Com os “factores
A crise da sociedade industrial e o advento de novos de desenvolvimento desportivo” de tal forma debilitados, é
valores que valorizam o lazer e o tempo livre como espaço difícil desenvolver o desporto nas regiões do interior”.
importante para a realização humana, surgidos na segunda Ter direito ao desporto não é suficiente, é necessário
metade do século XX, vieram reforçar o interesse no espa- que as condições materiais existentes se traduzam na apli-
ço social das práticas desportivas. No campo do desporto, cação desse direito e que possibilitem o seu exercício.
surgem iniciativas que criticam a faceta de rendimento pri- A oferta desportiva de determinada região depende
vilegiando o desporto para todos, ou a democratização do de vários factores, dos quais destacamos a existência de
desporto. condições materiais e a dinâmica estrutural e relacional das
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
entidades que lhe estão associadas. A oferta desportiva Embora não sendo polémica a importância das autar-
disponível para as nossas populações é a que é oferecida quias no processo de desenvolvimento desportivo é consi-
pelos sistemas educativo, desportivo, empresarial e autár- deravelmente polémico o posicionamento destas no amplo
quico. espaço de intervenção que constitui o desporto, sobretudo
Na planificação dos serviços desportivos devem ser ti- como agente promotor e ou colaborador na promoção de
dos em conta vários critérios, tendo presente a necessida- serviços de desporto.
de/direito que todos têm de praticar desporto. Neste senti- Nões e formas de acesso para que as respectivas popula-
do, consideramos que a oferta desportiva de uma qualquer ções tenham onde e como praticar desporto. É indispensável
zona ou região não pode ser totalmente entregue às leis garantir uma adequada qualidade no exercício dessa prática.
do mercado e livre iniciativa. Consideramos que uma área
de grande importância como esta obriga a existência de Privadas sem fins lucrativos
sistema regulador e de avaliação geral que garanta à oferta
desportiva ser suficientemente diversificada, capaz e estar O associativismo desportivo, enquadra legitimamente
ao alcance de todos. e até legalmente o conjunto de entidades que contribuem
para a definição geral do pacote da oferta desportiva de
Infra-estruturas Desportivas qualquer concelho. Contudo, este conjunto de agentes
apresenta uma grande heterogeneidade relativa às suas
As infraestruturas desportivas assumem um papel de características próprias, facto que constitui um factor de
dupla importância na concretização do desígnio geral de dificuldade na análise geral às suas limitações, problemas e
desenvolvimento desportivo, uma vez que, podem cons- enquadramento específico no fenómeno desportivo e con-
tituir só por si uma parcela da oferta desportiva de uma sequentemente na definição dos parâmetros de interven-
região e são imprescindíveis na concretização dos serviços ção e acompanhamento de que necessitam.
desportivos puros. Relativamente à importância, assim como às limitações e
A Lei de Bases do Sistema Desportivo, determina a ne- problemáticas relacionadas com o associativismo desportivo,
cessidade do governo e as autarquias locais desenvolve- Portugal dispõe de grande experiência neste sector, não obs-
rem uma política integrada de instalações e equipamentos tante um trajecto bastante sinuoso nos apoios e importância
desportivos, definida com base em critérios de equilibrada que lhes tem sido conferida. De acordo com Dias (2002), “O
inserção ambiental e em coerência com o integral e harmo- Movimento Associativo, em geral, e as organizações despor-
nioso desenvolvimento desportivo. tivas já não são o que eram há uns anos. Evoluíram, modifica-
A Carta Europeia do Desporto, refere que, “Como a ram e carecem de outras necessidades, de outras formas de
prática do desporto depende, em parte, do número, da di- estar, e por isso de reconhecimento e apoios.”
versidade das instalações e da sua acessibilidade, cabe aos
poderes públicos fazer a sua implementação global, tendo Procura Desportiva
em conta as exigências nacionais, regionais e locais, assim
como as instalações públicas, privadas e comerciais já exis- O estudo da procura no caso particular da prática das
tentes”. actividades físicas e desportivas assume um papel de du-
A existência de infra-estruturas desportivas assume-se pla importância, atendendo a que a par dos imperativos de
fundamental, com vista a tornar efectivas as condições para rendibilização das actividades, esta área de serviços consti-
o desenvolvimento desportivo de um concelho, tornando- tui uma obrigação do estado, do poder político e da socie-
-se importante analisar a situação actual e apurar as razões dade determinada por lei.
de eventuais desajustes. A importância e os benefícios da prática de actividades
Relativamente aos maiores responsáveis pela edifica- desportivas aliadas à legislação existente para este sec-
ção do parque desportivo (poder Central e Local), identifi- tor constituem por si só os imperativos para a construção
cados claramente na legislação, os especialistas e a inves- ponderada dos diversos programas de oferta desportiva.
tigação produzida atribuem às Autarquias em detrimento A questão central da definição destes programas e conse-
do poder Central o maior contributo na resolução deste quente dinâmica de modernização e adequação à realida-
problema. Esta situação deve ser considerada especialmen- de prende-se com a análise cuidadosa da procura, uma vez
te ou particularmente relevante se atendermos às diferen- que só considerando estes dados serão conseguidos níveis
ças consideráveis ao nível da dotação financeira de ambos. de eficácia aceitáveis e as próprias actividades tornar-seão
O investimento público em desporto, da responsabilidade rentáveis ou menos onerosas.
conjunta das autarquias, atingiu valores paralelos aos da De que interessa ter um programa de oferta desportiva,
Administração Central. com muitas actividades, com óptimas condições, inúmeras
horas de actividade, preços acessíveis, bons técnicos, etc,
Autarquias se este não corresponder às expectativas da população
alvo para quem o programa foi construído?
As autarquias assumem um papel de grande relevân- A diversidade do fenómeno desportivo cresce consi-
cia como promotores da oferta desportiva de um concelho, deravelmente ao longo do tempo, logo a necessidade de
tanto na criação de condições infra-estruturais como, mais analisar o consumo e a procura assumem fundamental im-
recentemente, na prestação directa de serviços desportivos. portância, com vista ao cumprimento do desígnio social de
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
“ que o desporto deve chegar a todos e a cada um, pelo que de um espaço próprio para a recreação e para a competi-
não advoga a mesma oferta para todos, não pretende que ção, para os homens e para as mulheres, para os jovens e
todos consumam o mesmo desporto, independentemente para os idosos, no quadro do associativismo desportivo ou
da natureza distinta do caso e da situação de cada um”. no desporto adaptado merecem da parte dos municípios
O justificado e necessário desenvolvimento desportivo, uma intervenção cada vez mais cuidada e estruturada”.
a participação de todos os vectores da sociedade, liderados O papel das autarquias continua reforçado e terá uma
pelo claro envolvimento das autarquias, justifica-se com importância fulcral no futuro, desde que se assumam como
base no dever das entidades responsáveis promoverem um entidades propiciadoras e estimuladoras do aumento da
plano global capaz de satisfazer a procura de determinada oferta de condições que permitam à generalidade dos cida-
zona geográfica, como forma de responder aos desejos de dãos o acesso a formas qualificadas de prática desportiva”
fruição desportiva de cada um, e assim contribuir inequivo- Ainda segundo o mesmo autor, “o trabalho autárquico
camente na maximização dos níveis de qualidade de vida deverá centralizar-se mais nos cidadãos e menos no espec-
das populações. táculo desportivo, mais no desporto ao alcance de todos
De acordo com Marivoet (1998: 66) “as políticas dos e menos no desporto para alguns praticarem e outros as-
Municípios terão que ser conduzidas de uma forma escla- sistirem”.
recida e que, independentemente dos discursos produzi- O desporto é uma realidade social que cruza as mais
dos à volta das mesmas e dos orçamentos afectos ao des- diversificadas áreas das actividades humanas, quer elas se-
porto, há que ter presente que só um investimento articu- jam de cariz profissional, educacional, recreacional ou rela-
lado e adequado à procura poderá produzir um verdadeiro tivas à saúde das populações. Neste sentido, as autarquias,
desenvolvimento desportivo”. enquanto pólos de desenvolvimento económico e social,
A procura desportiva mudou. Parece tratar-se de um acabam por ter uma responsabilidade acrescida em todo
facto simples e aceite por todos os que consomem ser- este processo. No entanto, esta responsabilidade não é,
viços desportivos e também por todas as entidades com para a grande maioria delas uma experiência nova, já que a
responsabilidades, mais ou menos directas no processo de têm vindo a exercer ao longo dos últimos anos e reforçada
desenvolvimento desportivo, no entanto os reflexos na or- através de um processo permanente com vista à configu-
ganização social e institucional do desporto tardam a apa- ração do desporto do futuro, equilibrando os excessos em
recer ou pelo menos a fazer-se sentir. matéria de rendimento tão do apetite do Estado
A evolução dos contornos gerais da prática de ac- Central por um lado, e em matéria de espectáculo tão
tividades desportivas é uma realidade sobre a qual Pires do apetite do mercado, por outro, Hoje existe uma maior
(1990) define as principais linhas de rumo de forma bas- consciência de que as autarquias não podem ser meras
tante simples e sistemática, que devemos considerar por estruturas repetidoras, a nível local, das políticas, muitas
entendermos que a característica base de cada uma das vezes questionáveis, desenvolvidas a nível nacional. As au-
épocas determina globalmente a tendência geral da procu- tarquias têm como vocação e missão a responsabilidade de
ra desportiva. Segundo o autor, ao período de massificação uma visão macroscópia do sistema desportivo local.
acéfala da prática desportiva, onde o desporto assumia o O desafio que se coloca às autarquias é o de consegui-
mesmo espírito, os mesmos critérios e os mesmos objecti- rem que as suas populações adquiram um estilo de vida
vos de trabalho (anos 60), sucedeu o período da qualidade activo onde o exercício e o desporto sejam considerados
(década de 70). Já não bastava fazer, era necessário fazer como meio de valorização individual e colectiva, assumin-
bem. Os anos 80 foram os da variedade, com práticas di- do assim, um papel de grande relevância como promotores
rigidas a segmentos específicos da sociedade, com neces- da oferta desportiva da região, tanto na criação da infraes-
sidades e sentimentos diferenciados e os anos 90, os da trutura como na prestação directa do serviço desportivo,
novidade, com o aparecimento de novas formas de ver e estabelecendo o equilíbrio entre parceiros públicos e pri-
entender o desporto. vados com ou sem fins lucrativos, individuais ou colectivos.
De facto, não podemos deixar de estar de acordo,
O Desporto no Contexto Autárquico quando verificamos que, em termos gerais, o associativis-
mo desportivo enferma ainda de várias anomalias, dentre
O Desporto para todos ou a democratização do Des- as quais podemos destacar a excessiva dependência dos
porto, entendido como mais e melhores condições de dinheiros públicos, excessivos gastos em gestão e cons-
acesso à prática do desporto por parte dos cidadãos, per- trução de infra-estruturas inadequadas que, associados a
manece como a questão central de uma adequada política outros factores como o envelhecimento da população, as
de desenvolvimento desportivo. dificuldades em acolher jovens que não estão motivados
Têm sido as autarquias as entidades públicas que mais para o rendimento, a exclusão dos menos aptos fisicamen-
têm apostado na democratização da prática do desporto. te, configuram uma lógica segregadora, sinónimo de inca-
O país desportivo é hoje diferente e deve-o em larga medi- pacidade de adaptação aos novos tempos e em nada con-
da à sua acção política. É neste contexto, que as estratégias dizente com o desenvolvimento desportivo que os novos
e as políticas desportivas das autarquias têm de levar em desafios pretendem ver respondidos.
consideração todos os factores de desenvolvimento des- No entanto, muito se tem feito e as autarquias consti-
portivo e atender às diferentes áreas de prática desportiva, tuem um enorme pólo dinamizador do fenómeno despor-
seja na vida formal, informal ou não formal. A reivindicação tivo baseado precisamente nas instalações já ao serviço das
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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O Planeamento necessita de tempo, recursos e empe- fas chaves a realizar e clarificam quem é responsável
nho. Tempo para considerar todas as opções/ problemas por estas tarefas. Os períodos de tempo previsto para
e definir um processo que esteja dentro do orçamento, e realizar as acções dos planos operacionais são resu-
seja apropriado para a estrutura e cultura da organização. midos , e relacionados duma forma útil.
O tempo e os custos, são os factores chaves. Pen- A definição de Actividades no Plano Operacional
se nisto antes de iniciar o processo. Considere o se-
guinte: a) Como delinear um Plano Operacional?
Que problemas potenciais se podem levantar
desde o inicio do processo ou na obtenção dos re- Proponha um alvo e defina objectivos:
sultados?
Será necessário procurar algum aconselhamento Considere as acções que é necessário tomar para atin-
de especialistas? Quais são os resultados desejados? gir o objectivo e realizar o resultado pretendido. Escreva o
que acontecerá, quando, com quem, os possíveis custos e
Instrumentos do Planeamento outros recursos requeridos.
Elabore uma lista completa de acções. Defina o tempo
O uso de apropriados instrumento de planeamen- previsto para realizar as acções ao longo do período defi-
to pode ser inestimável. Entre eles apontam-se: nido, e as datas de finalização das mesmas.
Determine quem tem a responsabilidade geral para as-
O Brainstorming ou tempestade cerebral por- segurar-se que o alvo pretendido e os objectivos definidos
que se destina a provocar o despertar de ideias em são atingidos.
roda livre e sem entraves. Ideias em quantidade é Avalie a carga de trabalho ao longo do período de tem-
um bom índice. Quanto mais ideias, mais é possível po definido ou anualmente, se for o caso, e ajuste o que for
que surjam algumas úteis. O criticismo não é permi- necessário. Podemos encontrar determinados períodos em
tido numa fase inicial. Apenas numa fase mais tardia que o trabalho ultrapassa as capacidades da organização
os comentários mais críticos se poderão fazer ouvir. - Junho/ Agosto, sendo necessário prever algumas adap-
Combine e melhore ideias. Encoraje os participantes a tações, ou transferir outras actividades menos prementes.
serem criativos e cada um a ter uma ideia. O tamanho Assegure-se que no seu planeamento e no período tem-
do grupo deve ser de 6-7 pessoas. poral definido para a realização das acções, estes aspectos
são revistos e monitorizados de uma forma clara.
Análise de Tendências. As tendências são basea- Use este processo operacional para cada dos alvos
das no que aconteceu no passado e no que pode ser prioritários definidos no seu plano estratégico.
possível que aconteça no futuro. Estas podem ser de- Actualmente, a organização de um evento desportivo
senvolvidas graficamente – ex., o numero de atletas levanta questões diversas do tipo organizativo e informa-
nos últimos 4 anos; a obtenção de recursos financei- tivo.
ros e orçamentais. Na organização de uma manifestação desportiva su-
bentende-se o respeito das três fases fundamentais:
A análise SWOT – anagrama em inglês das pa-
lavras – forças, fraquezas, oportunidades e ameaças. Fase de levantamento inicial de necessidades
As forças e fraquezas, referem-se a factores que nor- A esta fase corresponde uma análise e definição prévia
malmente estão dentro do controle da organização. de tudo o que venha a ser necessário realizar em seguida
As oportunidade e ameaças, são aspectos externos. para que a iniciativa a empreender resulte num êxito. Tra-
O objectivo desta análise é construir estratégias que ta-se de compilar uma lista de controlo do conjunto das
saibam tirar partido das forças e oportunidades e ul- acções a levar a cabo, onde, a partir do objectivo final, se
trapassem as ameaças. Um grupo de 5-6 participan- estabelecem objectivos intermédios. Só perante esse in-
tes, de proveniências variadas( Direcção, Clubes, Im- ventário completo de tudo o que é necessário e possível de
prensa, Atleta, Treinador.) é o ideal para uma reflexão realizar, estaremos em condições de passar à fase seguinte.
deste tipo.
Fase de programação temporal
Plano Operacional Uma vez feito o levantamento prévio da generalidade
das fases intermédias e respectivas necessidades pessoais,
Por último, o pôr em prática ou seja o passo final materiais, logísticas, etc., torna-se fundamental programar
do processo de um planeamento estratégico, que é no tempo a duração de cada uma, de modo a permitir atin-
transformar uma visão de longo termo da organiza- gir o objectivo final.
ção, numa acção a curto prazo. Isto é realizado pelo
plano operacional. Fase de execução e controlo
Este (também chamado plano de acção ou de ne- Tudo o que foi previamente definido encontrará aqui
gócios), especifica o quê, onde, quando, quem, e e ali necessidade de certos ajustamentos, face às dificul-
como se irão realizar as actividades ou acções previs- dades sempre levantadas no decurso da organização de
tas. Os planos operacionais identificam todas as tare- manifestações. Ao longo desta fase de execução e contro-
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
lo, trata-se de seguir muito de perto o desenrolar das Uma competição organizada com o objectivo de
diferentes acções e intervir, sempre que o não cum- formação não pode partir do princípio errado, que nor-
primento do inicialmente previsto assim o justifique. malmente é a imagem das referências mais conhecidas,
construídas com base no desporto dos adultos e dos ní-
Aspectos de pormenor relacionados com a orga- veis de rendimento mais elevados.
nização de uma manifestação desportiva:
Recursos Humanos
Contactos com entidades públicas ou privadas O enquadramento humano para a organização de
Logística do local de competição torneios, deve ter particular atenção aos seguintes ele-
Recepção de atletas, acompanhantes e transpor- mentos: número de equipas, praticantes, escalões e árbi-
tes tros existentes. Esta consciência do número e das pessoas
Propaganda (acção prévia de conquista de apoios envolvidas deverá ser uma das bases fundamentais a uma
materiais e financeiros; divulgação sistemática e bem boa organização. No caso específico de federações de Ní-
escalonada no tempo junto dos diferentes órgãos de vel I e I a angariação de voluntários para a realização das
informação local; maior incidência última ao nível de actividades não competitivas deverá ser um dos passos a
propaganda local, tendo em vista o necessário en- tomar.
quadramento humano para a iniciativa)
Atribuição de responsabilidades na comissão or- Materiais
ganizadora As dificuldades evidenciadas pelo tipo de federações
às quais este projecto é dirigido pode ser ultrapassado
É fundamental saber como e o que construir, con- através da utilização de recursos escassos. O mais impor-
templando critérios objectivos, assentes em alguns tante é que as condições de prática da modalidade sejam
princípios orientadores: as mais adequadas às condições existentes. Entre as possi-
bilidades existentes para montar campos e colocar postes
Exemplos e diversidade de princípios para a reali- apresentamos alguns exemplos que são de fácil constru-
zação de um plano: ção e oferecem segurança.
Relativamente à adaptação às condições de espaço
Objectivos envolventes, bem como às características do solo, a for-
mação de campos de jogos pode ser realizada de forma
A prática desportiva possui um impacto social distinta. As condições de prática deverão ser adequadas
bastante significativo, nomeadamente quando se ao espaço geográfico disponível:
reconhece que a competição é um factor motivador
para comportamentos que parecem estar na base da Marcador
conquista de estatutos individuais e sociais. Por forma a diminuir os custos bem como ajustar à
Compreende-se e aceita-se que a definição de realidade existente nas Federações de nível I e II, podemos
um objectivo deva ser precisa e orientada. A forma sugerir o seguinte marcador simples e fácil de utilizar.
como é vista a modalidade ou a competição deve ser
consequência do objectivo pretendido e não alheio Boletim de jogo
ou alterado por outros princípios que não estejam na O boletim de jogo é um documento que possibilita
base do objectivo proposto. o controlo e gestão da actividade de cada equipa ao lon-
go do jogo. Devido aos factores anteriormente apontados
Competição podemos sugerir uma adaptação do seguinte boletim de
A competição propriamente dita é uma compo- jogo simplificado.
nente obrigatória de qualquer prática desportiva.
Neste contexto, tem uma interpretação de resultado. Temporal
Poderá estar dividido em vários níveis (locais, regio- A gestão do tempo é fundamental para o bom desen-
nais, zonais, nacionais). Na sua realização deveremos rolar a conclusão da prova nos prazos previstos.
ter atenção especial aos quadros competitivos apre- Adequar os recursos e associá-los às questões huma-
sentados, pois devem ir ao encontro dos interesses nas, financeiras e logísticas, sem nunca nos esquecermos do
dos intervenientes e as suas necessidades de forma- princípio básico, “qualquer coisa pode ser feita”, é essencial.
ção.
Financeiros
Formação Falar de desporto nos dias de hoje é falar numa rea-
As competições de formação têm de ser provoca- lidade em constante evolução, em permanente estado de
doras de processos de treino adequados aos objec- ruptura com o passado, em confronto com outros agen-
tivos da preparação juvenil e não direccionar negati- tes sociais (Confederação do Desporto de Portugal, 2001);
vamente essa preparação para caminhos prejudiciais é falar de empresas para mostrarem o seu poder (Pires
aos praticantes e à sua formação, por causa de exi- & Elvin, 1998); é falar em negócio, comércio, lucros, di-
gências competitiva desmesuradas. reitos televisivos e milhões (Heinemann, 1998); é falar de
8
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
uma realidade multidimensional complexa, em que ideias, Patrocínio (comércio local e regional) – a angariação
factos, factores e agentes se agrupam formando um todo de pequenos recursos (financeiramente ou serviços) em
(Costa, 1999). provas de carácter local ou regional poderá ser uma forma
É com base neste enquadramento que uma gestão de aumentar o orçamento global, pois serão as próprias
equilibrada do orçamento da prova se torna imprescindível entidades a imagem da prova. A dinamização de qualquer
para o equilíbrio da mesma e mesmo da instituição que a evento desportivo não pode descurar a envolvência local.
organiza. A importância que as pequenas empresas dão à associação
A diminuição dos custos sem menosprezar a qualida- a um evento de sucesso que tenha visibilidade perante os
de da prova é um dos pontos fundamentais. A angariação seus clientes poderá ser explorada de forma a rentabilizar
de parceiros (sponsors), a relação com instituições várias a imagem quer da organização quer da associação dessas
(Câmaras, Escolas, etc.), de voluntários, bem como a inte- organizações.
gração dos próprias atletas na realização de várias activi-
dades são formas possíveis para a diminuição dos custos. Sorteios– a angariação de recursos em termos de
Devido às características das Federações para as quais equipamentos poderá ser rentabilizada através da execu-
está orientado este projecto devemos fazer uma pequena ção de sorteios seriados por forma a atribuir esses recursos
reflexão sobre o meio desportivo e a sua realidade. como prémios.
A presença de subdesenvolvimento desportivo leva-
-nos para um campo elementar de organização desportiva. Patrocínio – actualmente, constata-se que as empre-
O desenvolvimento desportivo só será significativo sas vêem no desporto um meio excelente de canalização
quando se integrar nas restantes actividades sociais me- das suas mensagens para os seus públicos específicos.
diante projectos que abranjam a maioria da população. Desta forma, é intenção das empresas associar a marca a
Desta forma, é fundamental orientar o desenvolvimento um produto de qualidade. Perante isto, deve a condução
desportivo que vise inicialmente um aumento progressivo da proposta de apoio transformar-se num negócio e não
de número de praticantes. numa missão de caridade, apresentando-se o produto que
O aumento do número de praticantes constitui condi- é elaborado por uma entidade desportiva.
ção necessária para que aumentem as situações favoráveis Pelo facto de este projecto ser direccionado para Fe-
à obtenção de recursos. derações de poucos recursos e com pouca visibilidade, sur-
Podemos então sugerir linhas de orientação para a ge a necessidade de definição de pontos de abordagem ao
aquisição de recursos financeiros, de uma forma progres- potencial patrocinador. É necessário ter a noção que neste
siva e evolutiva: contexto estamos perante organizações desportivas de
base “pequenos clubes”, clube de bairro e colectividades
Voluntariado – a existência de colaboradores realizan- populares, que se organização de forma a dar respostas às
do actividades voluntárias e de ocupação de tempos livres, carências desportivas locais.
pode ser uma mais valia, em termos funcionais e sociais. Desta forma julgamos ser necessário partir de um
Todas as pessoas necessitam de motivação para desempe- princípio de realização de acções conjuntas (autarquias, es-
nharem bem as suas tarefas. Os voluntários necessitam de colas, etc.) numa fase inicial, por forma a solucionar as ca-
uma motivação particular ou incentivo para ocuparem os rências básicas e criar bases de desenvolvimento humano e
seus tempos livres, assim, será necessário ter em atenção 4 logístico (infra-estruturas polivalentes de índole recreativo
pontos essenciais – variedade (nas tarefas e actividades, no e desportivo).
desenvolvimento do trabalho e nos grupos), oportunidade Temos noção de que para este nível de patrocínio o
de decisão (no desenrolar do trabalho e na resolução de produto terá de possuir grande valor e este só será possível
problemas), desafios e objectivos (metas realistas a atingir, através de duas vertentes, resultado ou valorização social
necessidade de feedback no processo), valorização do seu (massificação). Este último deverá ser o ponto de partida
papel (necessidade de saber que o seu esforço conta para para o desenvolvimento sustentado e extensivo do Volei-
o sucesso da actividade global). bol nas Federações de nível I e II.
Relação com instituições várias (Câmaras, Escolas, Com base neste enquadramento, será necessário ela-
etc.) – a existência de relações com várias instituições por borar um orçamento da prova, sendo este imprescindível
forma a cooperarem na organização de um evento despor- para o equilíbrio da mesma e da instituição que a organiza.
tivo, dividindo assim os recursos (financeiramente, serviços,
equipamentos, etc) por vários parceiros poderá ser uma A elaboração de um orçamento é um processo orienta-
forma de redução dos custos globais e parciais. do e específico, complexo e preciso que deve conter duas
vertentes: a dos proveitos, que abrange todos os itens re-
Desempenho de actividades múltiplas – com acções ferentes às receitas, e a dos custos que abrange todos os
de multi-desempenho podemos rentabilizar o factor hu- itens referentes às despesas.
mano. Nomeadamente em processos de massificação e de
pouca especialização, o facto de possuirmos pessoas com Para uma melhor compreensão da sua elaboração ire-
dupla função (ex: jogador e árbitro) poderá reduzir drasti- mos apresentar uma norma de orçamento (Fig. 9 e 10) -
camente os custos dos recursos humanos em cerca de 50%. (cada item pode ser subdividido e descriminado):
9
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
Proveitos V A -
LOR
1 Receitas públicas €
2 Patrocinadores €
3 Publicidade €
4 Aluguer de espaços €
5 Donativos do mecenato €
6 Inscrições €
7 Vendas de Bilhetes / Entradas €
8 Merchandising €
9 Bares / restaurantes €
10 Direitos de transmissão televisiva ou outra €
11 Outros proveitos €
Custos VALOR
1 Contrato com a Federação Organizadora €
3 Promoção do Evento €
3 Instalações €
4 Recursos Humanos €
5 Apetrechamento desportivo €
6 Alojamentos €
7 Transportes €
8 Alimentação €
9 Equipamento e material escritório €
10 Equipamento informático €
11 Comunicações €
12 Outros custos €
Geográficos
A distância entre as equipas envolvidas é um dos princípios orientadores para a organização de qualquer torneio. A
influência dos custos de deslocação de uma equipa para participação numa prova podem ser insuportáveis afastando-a
assim da sua participação. Para combater estas dificuldades podemos sugerir vários tipos de competições; locais, regio-
nais, nacionais. Estas poderão estar associadas aos diferentes tipos de quadros competitivos: eliminatória simples, dupla
eliminatória, todos contra todos a uma ou duas voltas, formas mistas; integrados em variantes por divisões ou por grupos.
Após uma reflexão sobre estes pontos deveremos elaborar um quadro competitivo que mais se adeqúe a este processo
complexo.
Homogeneidade:
É fundamental para a manutenção de uma enquadramento formativo nas competições desportivas que sejam disputa-
das entre equipas ou atletas de valor homogéneo e equilibrado, quanto à idade, etc.
Avaliação inicial de capacidades:
Todo e qualquer planeamento anual, relativo à competição deve conter uma avaliação inicial de capacidades.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
Constituição de quadros competitivos e determinação de vencedores: As séries ou divisões não devem ser estanques.
Em qualquer actividade, deparamo-nos com a necessidade de elaborar formas de disputa de competições desportivas.
As competições de desportos colectivos podem decorrer segundo as seguintes formas de disputa:
eliminação simples
dupla eliminatória
todos contra todos
mistos
Eliminatória simples
Quadro de fácil elaboração. Tem por objectivo manter em jogo apenas as equipas vencedoras. Este quadro é aconse-
lhável para espaços e tempos reduzidos, possibilita uma seriação directa e de fácil compreensão. Se pode ser uma solução
para situações precárias, sugerimos que não seja uma solução para os escalões de formação visto que possui algumas des-
vantagens que podem influenciar negativamente o processo de ensino-aprendizagem: as equipas poderão ser eliminadas
apenas com um jogo realizado; e o sorteio pode ditar grandes disparidades competitivas.
Para conhecer o número total de jogo deste calendário teremos de subtrair um ao número total de equipas.
Este tipo de quadro pode ser realizado dentro do mesmo grupo ou entre grupos.
Dupla eliminatória
Quadro mais complexo, constituído por duas chaves simétricas, formando um quadro de vencedores e de vencidos. Este
formato possibilita: que uma equipa com uma derrota ganhe o torneio, um nível competitivo equilibrado, o ranking final
permite detectar o real valor das equipas em prova, a classificação é precisa em cada ramo. Por outro lado apresenta algumas
desvantagens tais como: a duração da prova, uma maior sequência de jogos, necessidade de um maior número de campos.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
A forma de disputa deste quadro tem uma elaboração semelhante à anterior. Para determinar a quantidade total de
jogos necessários a disputar aplica-se a fórmula seguinte:
(T-2)2+2=Jogos
Quadro competitivo à imagem dos escalões superiores (seniores). Apresenta as seguintes vantagens: possibilidade de
jogar com todas as equipas, permite identificar a equipa mais regular, permite uma gestão mais equilibrada da competição.
Relativamente às desvantagens podemos referir as seguintes: elevado número de jogos, possibilidade de jogos desnivela-
dos, frequência de jogos elevada, desmotivação devido ao desequilíbrio competitivo.
Uma forma simples para a elaboração deste tipo de quadro é fixar uma equipa e rodar as outras seguindo a mesma
ordem (ver Fig.11)
Neste sistema, o número de jogos a realizar é determinado pela seguinte fórmula: N= T (T-1)
2
Ex: 6 equipas 6 (6-1) =15 (número de jogos)
2
Em caso de equipas impares, adopta-se um procedimento de rotação normal mas uma das equipas fica isenta, exem-
plo:
Isento vs 5 Isento vs 4
1 vs 4 5 vs 3
2 vs 3 1 vs 2
Quadro competitivo à imagem do anterior, com a particularidade das equipas se defrontarem duas vezes.
Formas mistas
Nota: todos estes quadros competitivos apresentados podem ser controlados através de variantes de tempo e pon-
tuação.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
O Processo Administrativo
Compreende todas as tarefas administrativas referentes seja inscrição e legalização dos clubes, das equipas, dos jo-
gadores, dos treinadores e árbitros, bem como aos regulamentos referentes à organização da competição ou torneios,
esquemas da mesma, sorteios, controle e gestão da prova – recepção e comunicação dos resultados, elaboração da classi-
ficação, marcação de jogos e alteração dos mesmos, nomeação dos árbitros e reconhecimento dos treinadores.
O Regulamento de Provas
É um instrumento essencial no processo de criação de um Campeonato Nacional. Deverá conter, duma forma simples
e concisa, os pontos fundamentais necessários à organização da prova, entre os quais:
Como o próprio nome o indica, refere, define e delimita o inicio e fim da Época Oficial – normalmente entre 1 de Agosto
de um ano, e 31 de Julho do ano seguinte, bem como as provas consideradas oficiais e organizadas sob a égide da Fede-
ração ou Associações.
Estas são consideradas Oficiais, quando a sua organização pertence à Federação, às Associações ou a outras entidades
reconhecidas e autorizadas pela Federação. As regras para o reconhecimento de qualquer prova, bem como a comunicação
da decisão da Federação são também definidas.
Por último define a aplicação em todas as Provas Oficias do Regulamento de Provas da Federação, das regras de jogo
Oficiais da Federação Internacional de Voleibol – FIVB., bem como as directivas de Arbitragem da Federação, ressalvando
alguma prova especial cuja legitimidade se encontre reconhecida.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
O numero de equipas a apurar de cada fase, para a fase O que tiver melhor quociente entre os sets ganhos e perdidos
seguinte – zonal ou regional, será obtido em função do nu- O que tiver melhor quociente entre pontos ganhos e perdidos
mero total de equipas inscritas nesse escalão, e de acordo Subsistindo o empate, a classificação é ordenada em
com a fórmula percentual seguinte: função do que tiver maior pontuação classificativa no(s)
jogo(s) disputado(s) entre si.
N.º de equipas de um Grupo
= Percentagem de Na organização de Torneios, em caso de empate entre vitó-
equipas do Grupo N.º total de equipas do Escalão rias e derrotas, a classificação será ordenada do mesmo modo.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
Ao nível das fases zonais ou regionais, se as houver, na primeira ou segunda semana a seguir ao fim competição em causa.
Caso tal não seja possível, a Federação deverá organizar o sorteio com a presença dos Delegados possíveis, e de um
representante de autoridade reconhecida e imparcial, de modo a legitimar o sorteio.
Em ambos os casos, do resultado do sorteio, deverá ser elaborada acta própria onde se descreva e apresente o mesmo.
No caso dos Torneios, o sorteio poderá ser feito na presença dos Delegados dos clubes participantes ou seus repre-
sentantes, à sua chegada.
O calendário dos jogos deverá ser enviado o mais cedo possível para os clubes participantes, no máximo uma semana
após o sorteio, e pelo menos um a dois meses antes do inicio do Campeonato. Isto para as divisões fechadas.
Nas divisões abertas à medida que o(s) sorteio(s) se forem fazendo o Calendário dos jogos, deve ser enviado o mais
tardar uma ou duas semanas antes de começar a nova fase.
No entanto, o seu não recebimento por parte de um clube, não pode ser invocado por um clube para alegar desconhe-
cimento do calendário dos jogos e eventuais alterações. Aos clubes cumpre também a responsabilidade de se informarem
do Calendário dos jogos.
Para estabelecer a ordem dos encontros nas diferentes provas e Torneios, poderão ser adoptados as seguintes escalas:
Dia 1 Dia 2 Dia Dia Dia Dia Dia Dia Dia 9 Dia Dia Nº Equipas
3 4 5 6 7 8 10 11
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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1-2 3-1 1-5 7-1 1-9 11-1 1-12 10-1 1-8 6-1 1-4
3-4 2-5 7-3 5-9 11-7 9-12 10-11 12-8 6-10 8-4 2-6
5-6 4-7 9-2 3-11 12-5 7-10 8-9 11-6 4-12 10-2 3-8
7-8 6-9 11-4 2-12 10-3 5-8 6-7 9-4 2-11 12-3 5-10 12
9-10 8-11 12-6 4-10 8-2 3-6 4-5 7-2 3-9 11-5 7-12
12-11 10-12 6-4 2-4 2-3 5-3 5-7 9-7 9-11
10-8
8-6
No item quadros competitivos são dados exemplos de várias formas de organização de Torneios com numero variável
de equipas e com diferentes formas de organização.
Arranjos prévios
Tendo em conta a complexidade de enquadramento de equipas de diferentes regiões, é licito que a entidade organiza-
dora ( Federação / Direcção), possa efectuar os arranjos prévios para a disputa de jogos, quando devidamente justificados,
com base no melhor funcionamento das Provas.
Atendendo ao conhecimento da classificação das equipas, e à antevisão que os possíveis resultados possam ter na
classificação final das equipas, no sentido de evitar qualquer comportamento anti-desportivo, os jogos da última jornada
das divisões fechadas, serão obrigatoriamente disputados em simultâneo.
Alteração de Jogos
Os pedidos para alteração de jogos – datas, recintos de jogo e horários, em relação aos indicados no sorteio, podem ser
aprovados, devendo ser feitos por escrito e por ambos os clubes, manifestando a sua concordância perante a organização
ou Federação.
Todos os pedidos de alteração deverão responder às seguintes condições essenciais a definir pela entidade organiza-
dora:
A antecedência da data de entrada do pedido na organização ou Federação, em relação à data prevista do jogo no
Calendário – e em relação à nova data, acompanhado de pequena importância monetária, de forma a desencorajar as
alterações, a não ser as essenciais, por motivos fortes (exemplo: pedido deve dar entrada nos serviços administrativos
com – 10 dias de antecedência em relação à data prevista no Calendário e 5 dias em relação à nova data, acompanhado
da importância de $5 ou $3 USD. ).
Outras alternativas poderão ser consideradas, como por exemplo:
Pedidos com mais de 10 dias de antecedência em relação ao calendário previsto, e 5 em relação à nova data, serão
isentos de multas;
Pedidos com 5 dias de antecipação em relação ao calendário e 3 dias em relação à nova data, terão taxas agravadas,
caso seja possível uma resposta positiva – ex., $20 USD.
Previsão de casos excepcionais – estes serão devidamente analisados e despachados caso a caso.
As datas inicialmente fixadas podem ser alteradas, por antecipação ou por adiamento, desde que seja mantida a ordem
das jornadas.
Não deve ser permitida qualquer alteração na última jornada de cada fase, nas quais se garantirá a simultaneidade
dos jogos.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
Se qualquer jogo não for realizado na data / hora A Não Participação de Clubes Inscritos
prevista no Calendário e se entretanto não tiver sido pe-
dido a alteração do jogo, será averbada – falta de com- À partida os clubes inscritos pressupõe-se que estarão
parência às duas equipas. manifestamente interessados e preparados para participar
no Campeonato ou Prova a organizar. No entanto e no
Representantes do País sentido de encorajar a responsabilidade das decisões dos
responsáveis, é importante prever algumas sanções para
Caso haja possibilidades, por parte dos clubes de aqueles que não souberem assumir essa responsabilidade.
participarem nas competições continentais de clubes, Assim, deverão ser previstas sanções que poderão ser
organizadas pela respectiva Confederação, os vencedo- de exclusão de participação em futuras provas ou campeo-
res dos Campeonatos Nacionais serão os representan- natos ou e monetárias.
tes do País, na respectiva prova – Taça dos Campeões Caso exista já uma ou outra divisão fechada, com cam-
ou outra. peonato que implique permanência, subida ou descida de
Caso exista alguma prova continental para os ven- divisão, os clubes que não queiram ou não possam participar
cedores da Taça, o vencedor desta será o representan- deverão informar da sua decisão, até um determinado prazo
te do País na mesma, excepto se estiver já na Taça dos definido pela organização ou Federação. Caso não cumpram
Campeões, caso em que será apurado o segundo clas- deverão ser previstas penalizações, que passam pelo regres-
sificado. so a divisões abertas inferiores ou sanções monetárias a de-
finir de acordo com as realidades sociais de cada Federação.
Taça do País – Inscrições Nas divisões abertas que possuam fases locais, as
equipas apuradas para fases zonais ou regionais, e que
Caso se organize a Taça do País, a organização da não queiram participar nestas, deverão comunicá-lo o mais
mesma deverá: tardar num prazo de 8 dias, após o fim da Competição.
Os clubes que confirmem a sua não participação ou
Definir o prazo de inscrições para a participação na que não confirmem a sua inscrição serão substituídos no
Taça, o qual deverá ser comunicado a todos os clubes; respectivo Campeonato pelo Clube ou Clubes melhores
Definir a participação obrigatória para os clubes das classificados nos jogos de passagem / promoção, caso se
Divisões fechadas, e opcional para as divisões abertas; tenham realizado. Caso o esquema de provas não preve-
Apresentar o esquema de competição da prova, ja jogos de passagem, a vaga ou vagas em aberto serão
tornando-o o mais atractivo possível para que o maior preenchidas pelos vencedores dos jogos a realizar entre
numero de equipas nela participe, com facilidade e sem o(s) melhor(s) classificado(s) das equipas que desceram de
grande necessidade de recursos organizativos, logísti- divisão e o(s) melhor(es) classificado(s) das equipa(s) que
cos e económicos. não subiram de divisão.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
As provas ou Campeonatos Nacionais terão início na(s) Sempre que possível e na previsão de más condições
data(s) designadas pela organização ou Direcção da Fede- meteorológicas, deverá ser indicado um recinto alternativo.
ração, em conformidade com o Plano de actividades defi-
nido anualmente. Vestiários
No mesmo sentido se considera a conclusão das pro-
vas ou campeonatos, cujas datas deverão ser definidas pela O Clube visitado é obrigado a apresentar vestiários
Federação no seu plano de actividades. com o mínimo de higiene e privacidade, para a equipa visi-
tante e para os árbitros. A sua não apresentação poderá ser
Clubes Visitados – Equipamentos sujeita a penalização monetária.
A título de exemplo são apresentadas a altura no que Nos Campeonatos Nacionais e Taças, é obrigatório a
se refere às provas de Infantis / Iniciados, Juvenis e Vete- utilização de boletins oficiais da organização ou Federação,
ranos: sendo o clube visitado responsável pela sua apresentação
e marcação.
Infantis/ Iniciados Juvenis Veteranos
Masculinos 2,24 m 2,35 m 2,35 Na falta de boletim de jogo oficial, o jogo será marca-
Femininos 2,15 m 2,20 m ----- do numa outra folha, devendo ter sempre as assinaturas
regulamentares e uma apresentação cuidada.
Os clubes que joguem ao ar livre, em caso de más con-
dições meteorológicas, deverão procurar providenciar um Placas de Substituição
recinto alternativo, sempre que possível.
Sempre que possível o clube visitado, deverá apresen-
Ao clube visitado cumpre a responsabilidade de que tar placas numeradas para a execução das substituições,
o recinto de jogo apresente as condições exigidas pelas sobretudo no caso dos Campeonatos Nacionais das divi-
Regras e Federação. sões mais elevadas.
Preparação dos Recintos de Jogo Estas serão constituídas por 2 jogos de 18 placas nu-
meradas de 1 a 18. Envio do Boletim de Jogo.
Compete ao clube visitado ter o recinto de jogo devi-
damente pronto e equipado, designadamente com a rede, O Clube vencedor é responsável pelo envio do original
as varetas e o escadote para o árbitro, régua de verificação do boletim de jogo à Federação, que o deverá receber den-
da altura e mesa para o marcador, pelo menos 30 minutos tro dum prazo definido – 2/3, de acordo com as realidades
antes da hora fixada para o jogo. locais.
Em qualquer caso o tempo mínimo para o aquecimen- O boletim de jogo deve conter o numero do jogo, e ser
to será sempre de 30 minutos, incluindo os 15 minutos de preenchido com todas as informações pertinentes à análise
tolerância para o início do jogo. de todas as situações do jogo.
18
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
Se até ao final de qualquer fase dos Campeonatos Na- Se em qualquer jogo o clube utilizar jogadores
cionais ou eliminatórias da Taça, o boletim de jogo não der com idade superior à permitida para aquele escalão,
entrada na Federação, ambos os clubes participantes se- será punido com falta de comparência e sanção mo-
rão considerados derrotados nesse jogo, considerando-se netária.
como tendo obtido um ponto classificativo e zero em sets.
Falta de Árbitro
Os boletins recebidos com atraso poderão ser sujeitos
a pequenas multas monetárias. Nenhum jogo pode deixar de se efectuar por falta
de árbitro oficialmente nomeado. Assim, na sua falta,
Capítulo V – Da Realização dos Jogos à hora marcada para a apresentação das equipas, ob-
servar-se-á o seguinte:
Horário de Começo dos Jogos Deverá o jogo ser dirigido por qualquer árbitro
em actividade, que se encontre entre a assistência;
Os jogos devem iniciar-se à hora marcada no respecti- se nenhum estiver presente, o jogo será dirigido por
vo calendário da prova um que não se encontre em actividade. No caso de se
Em caso de necessidade, por falta de uma ou ambas encontrar presente mais do que um árbitro caberá a
as equipas, ou por impossibilidade de utilização do recinto escolha à equipa visitante.
de jogo, os árbitros deverão conceder uma tolerância de Se não existir nenhum árbitro na assistência, o
15 minutos para o começo do jogo. Após esta tolerância, o jogo será dirigido por um árbitro não oficial que reu-
jogo não se deverá iniciar, sendo averbada falta de compa- na o consenso das equipas.
rência ao Clube prevaricador. Em última análise, os jogos serão dirigidos por um
Os casos de falta de condições de utilização do recinto jogador de cada equipa interveniente, sendo o 1º ár-
de jogo, em jogos organizados por entidades alheias às equi- bitro o da equipa visitante.
pas que vão jogar serão resolvidos no momento entre a en-
tidade organizadora, as equipas intervenientes e os árbitros. Policiamento
Findo os 15 minutos de tolerância, e no caso de im-
possibilidade de utilização do recinto, O Clube visitado terá Caso seja necessário, poder-se-á solicitar o poli-
um período suplementar de 30 minutos para apresentação ciamento do recinto de jogo, sobretudo nos casos em
de recinto alternativo. que tenha havido algum desacato ou problemas com
Em caso de ocupação do campo com um jogo da mes- espectadores, e que se tema a sua repetição no cam-
ma modalidade, a tolerância a conceder pelo árbitro, deverá po do Clube visitado. Este será assegurado, obrigato-
ir até aos 90 minutos. No entanto o Clube visitado, tendo de- riamente pelo Clube visitado.
signado o mesmo recinto para a realização de jogos de volei-
bol, deverá respeitar entre eles um intervalo de 120 minutos. Jogos Não Efectuados ou Não Terminados
Licenças – Comprovativo de Inscrição dos Jogado- Qualquer jogo não efectuado ou interrompido por
res motivos alheios aos intervenientes do jogo, será re-
petido até 5 dias depois, devendo o Clube visitado
Antes do início do encontro a equipa deverá apresen- assegurar recinto, onde tais causas não se verifiquem.
tar aos árbitros as licenças federativas dos jogadores, dos No caso do jogo em questão envolver viagens que
treinadores, e havendo fisioterapeuta ou médico, dos mes- impliquem transporte aéreo, deverá este prazo ser
mos, sem o que estes não poderão participar no jogo. alargado ou diminuído, devendo para tal encontrar-
No caso de impossibilidade de apresentação das li- -se a melhor solução que satisfazendo os dois clubes
cenças poderão participar no encontro, desde que se intervenientes, tenha em conta os pontos abaixo.
identifique com um dos seguintes documentos: Bilhete de Nos jogos de repetição ou adiados por motivos
Identidade, Carta de Condução ou Passaporte. No entanto imprevistos, só poderão tomar parte os jogadores ins-
haverá lugar ao pagamento de uma pequena sanção mo- critos na Federação, à data da realização dos jogos.
netária por cada documento em falta.
As licenças, depois de apresentadas, deverão ficar na Os jogos de repetição ou adiados por motivo
mesa do marcador, não podendo serem levantadas sem a imprevisto, correspondentes à primeira volta de um
autorização do árbitro. O seu não cumprimento será puni- Campeonato, terão sempre que ser realizados antes
do com sanção monetária ou outra. de iniciada a segunda volta. Os jogos da segunda vol-
ta que não se tenham realizado por idênticos motivos,
Utilização Irregular de Participantes no Jogo terão que se realizar antes do final da Fase do Cam-
peonato.
Se em qualquer jogo participar um elemento que não Se qualquer Clube não respeitar a obrigatorieda-
estava devidamente inscrito e ou autorizado pela Federa- de, de nos jogos de repetição fazer alinhar os mes-
ção, o respectivo Clube será punido com falta de compa- mos jogadores inscritos à data, será punido com falta
rência e sanção pecuniária a definir. de comparência e multa monetária.
19
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
Intervalo Entre Dois Jogos O objetivo do esporte escolar seria propor atitudes de
respeito mútuo, solidariedade e dignidade entre os alunos
Não é admitido em dois jogos consecutivos, o atleta e também servir como alternativa para os alunos preen-
que não respeite o intervalo de 15 horas entre os respec- cherem seu tempo livre fora do âmbito escolar. Com isso,
tivos inícios. além de praticarem a atividade, saberão o que se pode
Qualquer Clube que não respeite o ponto anterior, aprender por meio dela (PCNs, 1998).
será punido com falta de comparência e sanção monetária. Ainda de acordo com o documento acima citado, a
idéia é que o aluno, ao olhar para o seu corpo, conheça
Informação de Resultados e Jogos sua história, seu funcionamento, além de aprender efeti-
vamente as regras e estratégias dos jogos propostos. Para
Devem os Clubes vencedores dos jogos dos Cam- tanto, acredita-se que: “Não se trata de propor que a Edu-
peonatos Nacionais e Taças do País, bem como os clubes cação Física na escola se transforme num discurso sobre a
vencedores de jogos das fases zonais das divisões abertas, cultura corporal, mas de sugerir que haja uma ação peda-
e dos escalões de formação ( Juniores Juvenis,...), caso os gógica com ela” .
haja, comunicar à Federação, via telefone, fax ou e-mail, os Observa-se que ao longo dos anos, houve uma mu-
resultados dos jogos, até ao fim da tarde ou hora a deter- dança metodológica do ensino dos esportes coletivos na
minar do dia útil seguinte à realização dos jogos. educação física escolar, que, talvez, seja fruto das altera-
O não cumprimento da informação dos resultados dos ções sofridas pela formação do profissional de Educação
jogos, sem justificação, será punido com sanção monetária ou multa. Física nas últimas décadas .
Actualmente, o vencedor e o árbitro enviam à Federa- Com isso, há a preocupação não só do aluno aprender
ção, o original e uma cópia do boletim de jogo, respectiva- a jogar, mas também de envolvê-lo no processo de ensino
mente, tendo como prazo limite 2 dias. sistematizado e não espontâneo, no qual além de alunos
Relativamente à informação dos resultados, presente- cooperativos e autônomos, serão formados indivíduos ca-
mente o jornalista oficial da F.P.V. possui informação ime- pazes de escolher a prática esportiva em seus momentos
diata facultada pelo Delegado Técnico e completada com de lazer ao longo de sua vida, além de serem conhecedo-
os dados prestados pelos elementos do gabinete de esta- res dos princípios operacionais do esporte coletivo.
tística destacados para cada jogo. Toda esta informação é Simplesmente saber jogar não lhe garante desenvol-
enviada de imediato aos órgãos de Comunicação Social, ver valores como solidariedade, respeito, companheirismo,
ao mesmo tempo que todos os resultados são colocados pois, para que isso ocorra é necessário o professor condu-
on-line na página oficial da Federação. zir ativamente o processo de ensino e refletir sobre ele.
A Federação deve publicar semanalmente, em circular, A Educação Física como parte integrante da Educação,
os resultados e classificações dos Campeonatos Nacionais. tem uma função social positiva e importante. O educador
TEXTO ADAPTADO DE ARAUJO, V. na sua prática é um veiculador de valores. A inclusão dos
esportes nos programas escolares é baseada na crença co-
mum de que a prática do esporte é um elemento de so-
cialização que contribui para o desenvolvimento mental e
APRENDIZAGEM DOS ESPORTES ESCOLARES. social. O reconhecer determinadas regras em um campeo-
nato educam para um sentimento de responsabilidade, de
sinceridade para trabalhar com o próximo.
Os jogos coletivos não são apenas transmissão de
Sabe-se que a Educação Física Escolar segundo os técnicas (o passe, o drible, a recepção), mas sim o momen-
PCNS (1998), trabalha no ensino fundamental com os se- to de desenvolver nos alunos disponibilidades motoras e
guintes eixos temáticos: conhecimento sobre o corpo, es- mentais, que ultrapassem o ensino de gestos, assimilação
portes, jogos, lutas, variações de ginásticas e atividades de regras de ação do jogo e formas de comunicação entre
rítmicas e expressivas. os jogadores.
Mediante tais conteúdos, e observando que a prática
esportiva é uma das atividades que mais desperta o inte- O esporte como conteúdo da Educação Física Es-
resse dos alunos, pensei em conversar com professores colar
mais experientes e perguntar-lhes como lidam com o co-
tidiano escolar, principalmente como desenvolvem o con- O esporte é um dos segmentos determinantes na
teúdo esporte em suas aulas de Educação Física no ensino construção da identidade sociocultural da era moderna.
fundamental. Caracteriza-se como um conjunto de normas específicas,
Nesse sentido, realizei entrevistas semi-estruturadas tendo suas regras determinadas de acordo com a moda-
com professores iniciantes e experientes em atuação no lidade.
contexto escolar, especificamente no segundo ciclo do En- O esporte como uma ação social, composta por re-
sino Fundamental, pois nos Parâmetros Curriculares Nacio- gras, que se desenvolve por base lúdica, em forma de
nais, encontramos o esporte escolar como conteúdo que competição entre dois ou mais oponentes, com o objetivo
pode ser adaptado conforme a condição de espaço e ma- de que, por meio de comparação de desempenho, se de-
terial de cada escola. termine o vencedor ou se registre o recorde. Os resultados
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
alcançados pelos praticantes são resultados das habilida- Antes de 1980 a Educação Física sofreu influências do
des utilizadas, podendo ser intrínseca ou extrinsecamente modelo tecnicista, biologista e mais intensamente o mode-
gratificantes. lo esportivista, os quais objetivavam a formação de alunos
Nota-se que o esporte tem influenciado a organização “atletas”.
social e também é influenciado por ela, cumprindo papéis Nessa concepção percebemos a Educação Física ca-
sociais e culturais articulados, sendo utilizado enquanto so- racterizada pelo simples “fazer”, a “prática pela prática”,
cializador para o desenvolvimento humano. ou seja, pela ausência de conhecimentos que lhe dessem
Nas ultimas décadas o esporte tornou-se um fenôme- suporte e possibilitassem uma reflexão sistematizada. Sur-
no sociocultural dos mais importantes, levando multidões giram então novos conceitos e argumentos, renovando a
aos ginásios, movimentando grande quantidade de recur- finalidade da Educação Física, entre eles:
sos e pessoas. O objetivo do esporte na escola é inserir o
aluno no universo da cultura corporal, e essa inserção visa A Educação Física enquanto componente curricular da
fazer com que o aluno não apenas participe dessa cultu- Educação básica deve assumir então uma outra tarefa: in-
ra corporal, mas que autonomamente o faça, praticando troduzir e integrar o aluno na cultura corporal de movimen-
o esporte nas suas horas de lazer e também se tornando to, formando o cidadão que vai produzi-la e transformá-la,
consumidor crítico do esporte. instrumentalizando-o para usufruir do jogo, do esporte,
Com relação ao esporte escolar cabe lembrar que seus das atividades rítmicas e dança, das ginásticas e práticas de
benefícios físicos e mentais para as crianças e adolescentes aptidão física, em benefício da qualidade da vida.
já foram constatados por médicos, psicólogos e pedago-
gos, acreditando-se que, durante a prática esportiva, esta- Quanto à Educação física na escola, a partir de 1980
rão sendo respeitadas as características da fase do desen- houve grandes mudanças, pois o país estava passando por
volvimento na quais as crianças se encontram. um período de redemocratização política. Esse processo ao
O esporte escolar contribui com vários aspectos do menos contribuiu para que o excessivo discurso da valori-
desenvolvimento, inclusive com a questão do trabalho em zação do desempenho na escola fosse banido.
grupo, quando não há exclusão, podendo também traba- Um dos objetivos da aula de Educação Física é capa-
lhar a cooperação e o companheirismo. Além disso, um dos citar para a prática do esporte por toda a vida, isso deixa
objetivos da Educação Física Escolar seria auxiliar na prática claro que as aulas não terão apenas o enfoque nos jogos
de uma vida ativa além das aulas, fazendo com que o aluno esportivos regulamentados.
adote esta prática ao seu dia-a-dia. É importante relatar ainda que as concepções que ne-
As principais características do esporte enquanto con- garam o esporte como conteúdo nas aulas de Educação
teúdo da Educação Física Escolar: Física, o fizeram baseadas no fato de que professores es-
• Objetiva o ótimo quanto ao rendimento, o que im- tavam transferindo para suas aulas o esporte como forma-
plica respeito às ção de “atletas mirins”, enfatizando a competição, a vitória
características físicas, psicológicas, sociais e culturais a qualquer custo e exclusão dos menos habilidosos e se
dos praticantes e as diferenças individuais quanto às ex- esqueciam do objetivo de adquirir informações para a prá-
pectativas, aspirações, valores; tica, envolvendo sempre o processo de aprendizagem de
• Estabelece metas de desempenho realísticas, de novas habilidades.
modo a evitar a É interessante observar o vai-e-vem temático na Edu-
superestimulação e a subestimulação; cação Física Brasileira. Num passado não muito distante,
• Visa à aprendizagem; a negação do esporte era praticamente um pré-requisito
• Deve ocupar-se com todos os alunos, indepen- para discutir e definir a identidade da Educação Física Es-
dentemente de seu nível de desenvolvimento motor e de colar. Ao esporte foram atribuídos características e valo-
suas capacidades físicas; res não compatíveis com as finalidades educacionais. Foi
• O esporte escolar deve ser adaptado ao praticante; à época da Guerra Fria entre Educação física e o Esporte.
• Submete as pessoas à prática, vista como um pro- Recentemente, tem se observado um movimento inverso,
cesso de solução de problemas motores em que, a cada procurando resgatar as relações entre ambos.
tentativa, há um processo consciente de elaboração, exe- Na maioria das vezes o docente encontra-se desarma-
cução, avaliação e modificação de movimentos; do no momento da escolha da modalidade esportiva, favo-
• Orienta-se para a generalidade, dando oportunida- recendo sua preferência às condições materiais e pessoais,
des de acesso a diferentes modalidades, ou seja, explorar o acabando por restringir a vivência do aluno nas demais
patrimônio da cultura corporal da forma mais ampla possível; modalidades. Além disso, um dos fatores que mais dificulta
• Avalia o processo, o progresso de cada aluno; a possibilidade desta manifestação cultural é a falta de pro-
• Fundamenta - se na difusão e disseminação do espor- postas metodológicas que possibilitem uma compreensão
te como um patrimônio da cultura corporal da humanidade. da lógica do jogo. Com isso o professor tenta reproduzir
Pode-se afirmar que todos os conteúdos da educação o ensino como é feito no esporte de alto nível, desvalori-
física têm essas características. No entanto, é importante zando o esporte como uma expressão da cultura humana.
salientar que, no caso do esporte, não devemos apenas A seguir, apresentam-se as metodologias mais comuns
“importar” o modelo do alto rendimento, mas fazer adap- de trabalho com esportes coletivos na escola.
tações para o contexto escolar.
21
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
Metodologias de ensino dos esportes coletivos na Há uma conexão racional entre os pequenos jogos e os
Educação Física Escolar grandes jogos. Não existe uma situação específica para a
aplicação dos elementos técnicos, porém ocorrem interven-
As duas metodologias tradicionais utilizadas para o en- ções em uma situação adequada, com isso estas táticas são
sino dos esportes coletivos: a global e a parcial. representadas por formas simples e mini-jogos esportivos.
O método global defende que o jogo se aprende jo-
gando. Os elementos da modalidade são aprendidos des-
de o início como aparecem no jogo, dando oportunidade
para que os alunos vivenciem situações reais. Neste méto- JUDÔ: REGRAS BÁSICAS
do é colocado que só jogando pode-se aprender um jogo,
há ainda a questão de que este método é uma alternativa
para quem não têm um planejamento bem estruturado.
Podemos citar algumas vantagens deste método, tais como: A história do Judô
* O entusiasmo de crianças e jovens desde o início Como se trada de um resumo judô, vamos passar ra-
das primeiras aulas de Educação Física em decidir um jogo pidamente pela história do esporte. O judô foi criado por
competitivo; Jigoro Kano, um professor de educação física japonês no
* As relações sociais do grupo se encaminham me- ano de 1882. O principal objetivo de Kano era desenvolver
lhor do que em grupos de treinamento;* As aulas podem uma arte marcial com o foco na defesa pessoal, sem deixar
ser ministradas sem muitos custos, entre outros. de exercitar o corpo e a mente.
Já as desvantagens são grandes, sobrecarregando os O Judô é baseado no Jiu Jitsu, e todos os movimentos
alunos iniciantes com uma grande quantidade de jogos, foram escolhidos com muito cuidado, sempre dando ênfa-
acabando no “jogar por jogar”, sem refletir sua prática. A se nos movimentos que precisassem de menos energia e
psicologia da aprendizagem aponta algumas desvantagens focassem nos pontos vitais do oponente.
deste método: Jigoro Kano desenvolveu então regras claras e méto-
* A carga de informações de uma vez é enorme; dos para que fosse mais fácil ensinar a nova modalidade de
* Os movimentos inadequados e comportamentos luta e pensou cuidadosamente em princípios básicos, que
táticos errados podem manifestar-se descontroladamente. até hoje são difundidos entre todos os praticantes. Entre
Já o método parcial ou analítico-sintético é ensinado estes princípios, podemos citar o de menor esforço, isto é,
através da fragmentação do jogo em elementos técnicos, utiliza-se sempre a força do próprio oponente contra ele.
táticos e de treinamento, buscando um melhor condicio- Por este motivo, o judô é considerado uma luta mais com-
namento motor. Este método possibilita um treino motor pleta e que celebra, além da força do corpo, o controle da mente
correto e profundo, dividindo o processo em etapas, faci- e uma experiência muito mais racional do que simplesmente físi-
litando a aprendizagem para os alunos e não excluindo os ca. Com o passar dos anos, o judô ganhou o mundo e se tornou
menos habilidosos. uma das lutas marciais mais praticadas em todos os cantos.
As vantagens do método parcial são: No Brasil, a primeira escola de judô surgiu no ano de
* Nas formas de exercícios é quase impossível criar 1910, na cidade de São Paulo. Japoneses e não japoneses
situações de conflito; passaram a praticar a luta. No ano de 1925, já havia prati-
* Possibilita um treino motor mais complexo;* É cantes nos estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e
mais fácil de corrigir. até no Pará e não demorou muito para que se espalhasse
Todavia deve-se prevenir para uma aplicação muito por todo o território nacional.
precipitada do método parcial, pois existem algumas des-
vantagens como: * O método não possibilita a satisfação Informações técnicas e regras do judô
no jogar;
* A aula pode ser monótona e pouco atraente; Como foi explicado no início do deste artigo, a luta
* O relacionar-se com o outro quase não existe. possui alguns princípios básicos que precisam ser conhe-
Uma forma de ensino dos esportes coletivos são os jo- cidos antes de começar a praticar. Os princípios são três:
gos condicionados, nos quais não existe divisão em elemen-
tos técnicos, mas sim em unidades funcionais, por meio das Princípio de Seiryoku Zen’Yo – ou da Máxima Eficiência
quais o aluno compreende o jogo através de uma complexi- Princípio de Jita Kyoei – ou da Prosperidade e dos Be-
dade crescente, desta forma as técnicas surgem através das nefícios Mútuos
táticas orientadas e provocadas, dando sentido ao jogo. Princípio de Ju – chamado de princípio da suavidade
Também há o conceito recreativo do jogo esportivo
onde se utilizam os métodos citados anteriormente, o jo- Os atletas que lutam judô, são chamados de judocas
gar é utilizado desde o princípio, mas a construção do jogo e se dividem em duas categorias distintas: kyu e dan. Há
é feita passo a passo. 8 graus de kyu e 10 graus de dan. Para conseguir superar
Os alunos praticando o jogo fora das aulas de Edu- cada uma das categorias, são realizados testes e avaliações.
cação Física, analisou que os mesmos aprendem jogando Os kyus são representados pela cor da faixa utilizada
livremente, construindo seu próprio jogo de acordo as ca- pelo atleta. Em ordem crescente, as cores das faixas da ca-
pacidades sociais de sua faixa etária. tegoria kyu, são:
22
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
Branca Objetivo:
Cinza Numa luta de judô, o objetivo é marcar um ippon,
Azul quando tal pontuação é alcançada, a luta acaba. Um ippon
Amarela pode ser conseguido pelo seguintes métodos:
Laranja · Executando-se uma queda perfeita (ippon).
Verde · Obtendo-se dois wazari (dois vazares valem um
Roxa ippon).
Marrom · Manter uma imobilização por 25 segundos.
· O oponente é desclassificado por faltas (Hantsu-ma-
Todos os atletas principiantes devem começar a lutar ke).
com a faixa branca. A faixa cinza é entregue somente para · Aplicação de uma chave de braço ou estrangulamen-
judocas com idades inferiores a 15 anos e a azul é a segun- to bem sucedida (não é valido para crianças menores de
da faixa para judocas maiores de 15 anos. A faixa amarela é 15 anos)
a quarta faixa para judocas com idades abaixo de 15 anos e · Por desistência do adversário.
a faixa a marrom, a última, para todos os judocas.
As graduações dan, também são representadas por Se o tempo acabar sem que um dos atletas tenha con-
cores. De forma crescente, temos a preta, para primeiros a seguido o ippon, então o árbitro dará a vitória ao lutador
quintos dan, a faixa vermelha com branco, para os sextos a que acumulou mais pontos.
oitavos dan, e por último a faixa vermelha, para nonos ou
décimos dan. Se a luta acabar empatada, ou se nenhum dos atletas
Um dos pontos mais marcantes do judô é o respeito obtiverem pontuação a luta será decidida em bandeira-
pelo oponente, pela luta e a cortesia entre os atletas. Por da, que é quando uma luta acaba empatada, os árbitros
isso, sempre devem-se fazer saudações antes e ao término de ponta, ou laterais, mais o árbitro principal irão decidir
das lutas. No judô, há duas saudações, o Za-rei, de joelhos quem venceu a luta erguendo uma bandeira que será ver-
e que deve ser feito ao iniciar e ao terminar um treino, ou melha ou branca, (dependendo de quem cada um acha
em outros momentos especiais, e o Tati-rei ou ritsu-rei, fei- que ganhou) de acordo com a cor das faixas extras dos
to em pé e que deve ser feito ao entrar ou sair no dojô. atletas. Assim quem obtiver duas ou três bandeiras a seu
Dojô é a área como é chamada o local onde se pratica favor, ganha a luta.
o judô ou outra atividade marcial. Ele é considerado como Regras de competição O judô tem como objetivo prin-
a casa dos praticantes durante a luta e por isso, quando se cipal projetar o adversário com as costas totalmente no ta-
entra ou sai dele, é preciso agir com respeito e cordialida- tame, com velocidade e precisão.
de.
O judô é uma luta cheia significados. Trata-se de uma Em um campeonato de judô as seguintes regras são
prática que envolve respeito, disciplina e coragem. Quem usadas de acordo com a pontuação:
pratica o judô, está também praticando a sua própria men-
te. Ippon: O árbitro anunciará ippon, quando na sua opi-
nião, uma técnica aplicada corresponda ao seguinte crité-
Uniforme: rio:
· Quando um competidor, com controle, projetar o ad-
Para o combate o atleta precisa de um quimono (judô- versário nitidamente sobre suas costas, com considerável
gi). O atleta irá receber uma faixa vermelha e o outro uma força e velocidade.
faixa branca para usarem além da própria faixa (obi). · Quando um competidor imobilizar o adversário, que
Esses atletas recebem o nome de aka (vermelho) e o não pode livrar-se durante 25 segundos após o anúncio de
outro shiro (branco) dependendo da cor de suas faixas. ossaekomi (imobilização).
Após os atletas terem se cumprimentado, o juiz inicia o · Quando um competidor render-se batendo duas ou
combate com um grito, “Hajime” (começar), para o início mais vezes com sua mão ou pé ou pedir maitta (rendo-me).
do combate. · Quando o efeito de uma técnica de estrangulamento
o de luxação do braço estiver suficientemente demonstra-
Penalidades: do
· Shido: (violação pequena – vale um Koka para o ad-
versário). Waza-ari:
· Chui: (violação normal – vale um Yuko para o adver- O árbitro anunciará waza-ari, quando na sua opinião
sário). uma técnica aplicada corresponda ao seguinte critério:
· Keikoku: (violação séria – vale um Waza-ari para o ad- · Quando um competidor projetar o outro competidor
versário). mas a técnica carecer, parcialmente, de um dos três ele-
· Hanso-Kumake: (violação grave – vale um Ippon para mentos necessários para o ippon.
o adversário). · Quando um competidor imobilizar o adversário que
não pode livrar-se durante o período de 20 segundos ou
mais, porém, menos de 25 segundos.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
Yuko: Keikoku:
O árbitro anunciará Yuko, quando na sua opinião, Será aplicado em qualquer competidor que tenha co-
uma técnica aplicada corresponda ao seguinte crité- metido uma infração grave de forma ostensiva (ou tenha
rio: sido penalizado com Chui cometendo outra infração leve
· Quando um competidor com controle, projetar ou séria).
o adversário, mas, a técnica carece parcialmente de · Aplicar ou tentar aplicar qualquer técnica fora da
dois dos três elementos necessários para o ippon. área de combate.
· Quando um competidor imobilizar o adversá- · Desrespeitar os comandos do árbitro central.
rio que não pode livrar-se durante o período de 15 · Fazer sinais desnecessários, observações ou gestos
segundos ou mais, porém, menos de 20 segundos. inúteis ou descorteses ao adversário.
Koka : O árbitro anunciará koka, quando na sua opi- · Fazer qualquer ação que possa ferir ou oferecer pe-
nião, uma técnica aplicada corresponda ao seguinte rigo ao adversário ou ainda que possa ser contrário ao
critério: espírito do Judo.
· Quando um competidor, com controle, projetar · Aplicar chave em qualquer articulação do corpo que
o adversário sobre a parte lateral de suas coxas ou seja o cotovelo.
sobre suas nádegas com velocidade e força. · Aplicar qualquer ação que possa ofender a coluna
· Quando um competidor imobilizar o adversário vertebral ou pescoço do adversário.
que não pode livrar-se durante o período de 10 se-
gundos ou mais, porém, menos de 15 segundos. Hansoku-Make:
As regras do judô empo em severas punições a Será aplicado em qualquer competidor que tenha co-
quem não cumpre as regras. Segue abaixo. metido uma infração muito grave de forma ostensiva (ou
tenha sido penalizado com Keikoku e cometa uma infra-
Punições: ção de qualquer grau).
· Lançar-se de cabeça sobre o tatame dobrando-se
Shido: para a frente e para baixo ao executar ou tentar executar
Será aplicado a qualquer competidor que tenha técnicas como uchi-mata, harai-goshi etc.
cometido uma infração leve. · Estando agarrado por trás, jogar-se propositada-
· Evitar, deliberadamente, contato com o adver- mente para trás, quando qualquer dos competidores tiver
sário a fim de obstruir a ação do combate. controlado os movimentos do outro.
· Adotar, na posição de pé, uma postura excessi- · Levar um objeto duro ou metálico Como todo espor-
vamente defensiva. te, o judô tem regras rígidas a respeito do lugar em que a
· Ficar, na posição de pé, continuamente sem ata- competição se realizará.
car.
· Introduzir o(s) dedo(s) dentro da manga do ad- A quadra de competição deverá ter as dimensões mí-
versário ou na parte baixa das suas calças ou agarrar nimas de 14m X 14m e máximas de 16m X 16m, devendo
sua manga fazendo um torniquete. ser recoberta por tatame ou material similar aceitável, ge-
· Enrolar a extremidade da faixa ou do casaco em ralmente de cor verde.
torno de qualquer parte do corpo do adversário. A quadra de competição deverá ser dividida em duas
· Colocar a mão, braço, pé ou perna diretamente áreas; a demarcação entre estas duas áreas será chamada
sobre o rosto do adversário. de “zona de perigo”, e deverá ser indicada por uma zona
colorida, geralmente vermelha, de uma largura aproxima-
Chui: da de um metro.
Será aplicado em qualquer competidor que tenha Esta zona colorida constituirá parte integrante da área
cometido uma infração séria de forma ostensiva (ou de combate e será paralela aos quatro lados da quadra de
tenha sido penalizado com SHIDO e cometa uma se- competição.
gunda infração leve).
· Torcer um ou mais dedos do adversário a fim de A área interior, incluída a zona de perigo, se deno-
soltar a pegada· Em posição de pé sair fora da área minará de área de combate e terá sempre as dimensões
de combate, na aplicação de uma técnica que tenha mínimas de 9m X 9m e máximas de 10m X 10m. A área
sido iniciada dentro da área de combate. exterior a zona de perigo se denominará área de proteção
· Aplicar as pernas em tesoura ao tronco do ad- e terá uma largura aproximada de 3m (nunca inferior a
versário, ao pescoço ou a cabeça. 2,50m).
· Bater com o joelho ou com o pé, a mão ou o Uma fita adesiva vermelha e outra branca, de aproxi-
braço do adversário para soltar uma pegada. madamente 6cm de largura, por 25cm de comprimento,
· Puxar o adversário para baixo, no solo, para le- será afixada no centro da área de combate a uma dis-
vá-lo a luta de chão. tância de 4m entre si, para indicar as posições onde os
· Colocar o pé ou a perna por dentro da faixa, no competidores devem iniciar e encerrar o combate. A fita
pescoço ou nas lapelas do casaco do adversário. direita deve estar a direita do árbitro e a branca à sua
esquerda.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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A quadra de competição deverá ser montada sobre Então, o planejamento curricular, consiste nos conteú-
uma superfície flexível ou plataforma. dos principais a serem ensinados, dentro de uma ordem,
Quando sejam utilizadas duas ou mais quadra de que é determinada pela sua seleção, organização, e siste-
competição contíguas será permitida uma área de prote- matização, a fim de garantir o desenvolvimento lógico do
ção comum de um mínimo de 3m. aluno.
Entretanto, tais conteúdos, que estão ligados direta-
Uma zona livre, de um mínimo de 50cm deve ser mente as metodologias, como par dialético, são por sua
mantida ao redor da quadra de competição. Texto adap- vez determinados na escola capitalista pelos objetivos/
tado de FBJ. avaliações, como categoria de “instrumento de controle
disciplinar e como instrumento de aferição de atitudes e
valores dos alunos.” Sendo, a categoria avaliação determi-
nantemente influenciadora nas demais categorias, pois é
MODALIDADES DE COMPETIÇÃO através desta que se dá a manutenção das formas de or-
ganização do trabalho pedagógico. Então, selecionar os
conteúdos de ensino do judô, é antes perceber os obje-
tivos/avaliações da escola, para assim configurar os obje-
Masculino tivos que determinarão os elementos a serem ensinados,
• Ligeiro: Até 60kg reestruturando ou não o conceito, e função da avaliação
• Meio leve: Até 66kg na escola, e no processo do trabalho pedagógico do judô
• Leve: Até 73kg na escola.
• Meio médio: Até 81kg Nesse sentindo, cabe ao professor traçar seus objetos,
• Médio: Até 90kg baseados no seu projeto político, o qual configurará os con-
• Meio pesado: Até 100kg teúdos a serem ensinados, mas sempre entendendo a função
• Pesado: Acima de 100kg social da escola na sociedade capitalista, pois são essas rela-
ções que modulam as categorias do ensino na escola.
Feminino E, sendo os objetivos alicerçado dentro do compro-
• Ligeiro: Até 48kg misso de transmissão do saber científico, e social, quais se-
• Meio leve: Até 52kg riam os conteúdos básicos no processo de ensino-apren-
• Leve: Até 57kg dizagem do judô? E como organizá-los? E, porque seria
• Meio médio: Até 63kg necessária a sistematização desses?
• Médio: Até 70kg Os conteúdos principais do judô, podem ser visto
• Meio pesado: Até 78kg como aqueles que lhe caracterizam como luta, bem como
• Pesado: Acima de 78kg os que o tornam uma luta específica, se diferenciando das
demais. Os traços essenciais das lutas, podem ser identifi-
cados em sentido geral, e em cada modalidade específica,
sendo os traços gerais das lutas, caracterizados pela ativi-
PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DOS dade intensa de ataque e defesa, executadas ao mesmo
FUNDAMENTOS NA ESCOLA; tempo, e tendo ações técnicas, estratégicas pelos opo-
nentes. E, como traços específicos, a configuração de gru-
pos de exercícios realizados, em detrimento as necessida-
des de execução que a caracterizam, as quais podem ser
O TRATO COM O CONHECIMENTO JUDÔ NA ESCO- classificadas por três grupos, o primeiro grupo, identificado
LA pela distância de um oponente, onde pode ter a necessida-
de de prolongamento do corpo, segundo grupo em que a
Abrir a discussão sobre o trato com o conhecimento distância não permite armas, e agarramento, e por último
do judô na escola, é trazer ao debate a organização do as de curta distância, ocorrendo o contato por agarrões.
seu ensino – aprendizagem para identificação, e assimi- Nesse contexto, analisamos o judô de maneira geral,
lação de seus elementos, respeitando o tempo escolar, como uma luta, pois em sua dinâmica existem as ações
bem como sua relevância, e realidade social, as bases do dialéticas de ataque/defesa, tendo atividade direta do opo-
projeto políticopedagógico do Sensei, que determinará nente, e de maneira específica lhe tratamos como luta de
os conteúdos/métodos, e objetivos/avaliações dentro do curta distância, onde caracterizamos luta corpo-a corpo.
currículo escolar, rumo a transformação social, ou conser- Kano (2008, p. 46 e 48) fala que o judô tem como ca-
vação do capital. racterística os movimentos de empurrar e puxar, que deter-
O conjunto de atividades nucleares desenvolvidas na mina o kuzushi (desequilíbrio), tsukuri (preparação para o
escola, e que o Coletivo de Autores (2009, p. 29) cita ao golpe), e kake (execução), que são necessárias para executar
apresentar sua função social de “ordenar a reflexão pe- as técnicas de projeção, divididas em golpes de pé ou perna,
dagógica do aluno de forma a pensar a realidade social braço, quadril, e sacrifício, tendo ainda as técnicas de domí-
desenvolvendo determinada lógica.” nio no solo, dividas em imobilizações, chaves de braço, e es-
trangulamentos, e os ukemis, classificadas como técnicas de
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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amortecimento, e os katas, que são as formas de aplicação Os conteúdos ficam assim tratados a luz da sua rele-
dos golpes, dentro de um formato de apresentação. vância na atual sociedade, que deve se adequar a realida-
Portanto, o judô deve ser tratado como uma luta de de de cada aluno, o qual deve criar conexões com demais
contato corporal, onde o seu ponto fulcral, é a dialética de conteúdos, sendo reconhecidos nas suas diferentes for-
ataque/defesa para desestabilização do equilíbrio, baseada mas, pelo processo de transformação ao longo da história.
no confronto de forças, que tem como objetivo a supera- Então, o judô como conhecimento colaborador para
ção do oponente, através da aplicação de golpes, formas, a atual sociedade, deve respeitar seus fundamentos tradi-
e defesas para êxito durante a prática. cionais, mas interpretando-o de maneira diferenciada den-
Então, acreditando que os elementos essenciais, estão tro da sociedade contemporânea, a qual está estruturada
expostos através daquilo, que é crucial para a prática do dentro de uma economia capitalista, tendo a luta de classe
judô, seus conteúdos clássicos, tendo em vista a definição como plano de fundo, que determina realidades distintas
de clássico que afirma ser aquilo que não se confunde, e entre os alunos, mas que está em constante desenvolvi-
nem se opõe ao tradicional, ao moderno, e contemporâ- mento, por não ser algo estático, e sim produzido, e repro-
neo, sendo apenas algo que se fixou através do tempo, e duzido constantemente.
se tornou essencial, classificamos as técnicas de projeção Por isso, os temas que perpassam as lutas no cotidia-
e solo, ukemis, e katas, princípios e fundamentos clássicos no, devem ser tratados, a fim de identificar não só a pro-
na prática do judô. Entretanto, seriam só esses conteúdos dução dos elementos, mas a forma como são produzidos
a serem tratados? E, como organizá-los, e abordá-los, sem atualmente, portanto, pontos como história, esporte, mer-
lhe remeter a condição de simples reprodução mecânica cado, violência, mídia, gênero, MMA são necessários para o
do que já foi criado, sem desconsiderar a historicidade da trato do judô escolar, afinal eles influenciam, e podem ser
luta judô ao longo das gerações? influenciados pelo judô.
Para a seleção, organização, e sistematização dos Promover a discussão sobre temas transversais, os
conteúdos, que “não basta que os conteúdos sejam ape- quais permeiam a prática do judô, é desenvolvê-lo dentro
nas ensinados, ainda que bem ensinados é preciso que se do movimento social, a partir da síncrese dos conceitos até
liguem de forma indissociável à sua significação humana e a síntese destes, dentro da atividade humana, sem inter-
social.” Pois, o judô não deve ser ensinado como algo com pretá-lo como algo autossuficiente, e distante.
o valor em si, de maneira pronta e acabada, mas como Podemos refletir sobre, quando tratando a violência no
algo que veio sendo construído culturalmente, ao longo judô, podemos percebê-la como algo intrínseco no mesmo, já
dos anos, e que permanece até os dias de hoje, sendo que este se traduz como uma luta, mas sua abordagem atual,
prática complexa, e contraditória de nível social dentro da pode ser aprofundada, tendo em vista que a relação violência
nossa sociedade mundial, esperando contribuir para que o judô, tem suas contradições, agindo ainda na sociedade capi-
aluno desenvolva sua visão de mundo. talista, que é caracterizada por inúmeras contradições.
Dentro dessa premissa, coloca-se alguns princípios Ao tratar a violência no judô, que tal luta foi cons-
curriculares para o processo de seleção dos conteúdos, truída, através do afastamento da realidade de combate,
que expande-se como norteador para a organização, e excluindo golpes que colocassem a vida do adversário em
metodologias quanto o seu desenvolvimento com os alu- risco, para que fosse evitadas agressões entre oponentes,
nos, ao apresentar indicativos: acreditando que tal ação pudesse conter, ou “abolir” a vio-
lência, entretanto marginalizar o ju-jutsu por possuir gol-
...a relevância social do conteúdo que implica com- pes para ataque, e defesa em situação de guerra, e despo-
preender o sentido e o significado do mesmo para a re- jar a maioria da população de técnicas de defesa e ataque,
flexão pedagógica escolar....contemporaneidade do con- omitindo conhecimento, em pleno processo de dominação
teúdo. Isso significa que a sua seleção deve garantir aos capitalista, inclusive com “invasões” marítimas de tropas in-
alunos o conhecimento que de mais moderno existe no glesas, não poderia ser considerado um ato de violência?
mundo contemporâneo...adequação às possibilidades Bem, o judô foi “idealizado” para ser uma luta com
sociocognitivas do aluno. Há de se ter, no momento da um processo pedagógico de ensino, que garantisse a prá-
seleção, competência para adequar o conteúdo à capaci- tica de seus aprendizados na vida cotidiana, mas a prática
dade cognitiva e à prática social do aluno, ao seu próprio de luta real se trava em meio à sociedade, que em última
conhecimento e às suas possibilidades enquanto sujeito instância é determinada por sua economia, e por isso tem
histórico. ...simultaneidade dos conteúdos enquanto da- na sua essência a disputa de forças entre classes, a qual
dos da realidade. A partir desse princípio os conteúdos possuindo a força intensa como impulsionadora, caracteri-
de ensino são organizados e apresentados aos alunos de za-se como violenta, logo não ocorrendo dissociação entre
maneira simultânea. ...espiralidade da incorporação das judô, e violência, mas existindo possível contribuição para
referências do pensamento. Significa compreeender as di- transformar essa condição de violência em força realmente
ferentes formas de organizar as referências do pensamen- produtiva para superação.
to sobre o conhecimento para ampliá-las. ...provisoriedade Isso não quer dizer, que sejam desconsideradas as pers-
do conhecimento. A partir dele se organizam e sistemati- pectivas de seu criador, mas que ao analisarmos os desdo-
zam os conteúdos de ensino, rompendo com a ideia de bramentos do judô, possam ser propostos, e considerados
terminalidade. suas determinações, relações, contradições, que o cons-
troem como atividade com significados para a vida real.
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Por isso, no que se refere ainda a essa relação judô e xo. Então, a relação com o objeto, vem inicialmente de
violência, essa condição, e cita que: conceitos construídos pelo senso comum, através de vi-
vências cotidianas, que a partir dos conceitos científicos,
...a sociedade burguesa é caracterizada como uma podem adquirir novos sentidos, e significados, sendo re-
grande contradição de classes e, por consequência, como fletidos no dia-a-dia.
uma sociedade de teor violento. As violências cotidianas O sistema de seriação apresentado, na organização do
são menos resolvidas em embates corporais e mais por conhecimento escolar , através do príncípio de etapismo,
embates com armas – não necessariamente as armas in- o qual baseia-se em pré-requisitos do conhecimento, que
dividuais, mas armas de destruição em massa. Ao mesmo se apresentam ordenados nas séries escolares, por um sis-
tempo, toda força armada que se preze, mantém em seu tema de complexos aparentes, onde os alunos aprendem
processo de treinamento, momentos de lutas. Algumas, uma sucessão ou sequência de conteúdos em determina-
até criam suas próprias lutas. O que nos parece claro é da série, e na seguinte outros conteúdos, e assim sucessi-
que, mesmo que as lutas não sejam determinantes en- vamente, através de conteúdos diferentes, torna o ensino
quanto estratégia de técnica de guerra, ainda assim serve fragmentado, dificultando a visão do aluno sobre a rea-
aos princípios valorativos dos combates contemporâneos. lidade, na medida em que estes se apresentam de forma
isolada, sem conexões entre si.
Após a segunda guerra mundial, todas as atividades Se consciência significa generalização, a generali-
que tinham caráter de luta, foram proibidas pelos norte- zação, por sua vez, significa a formação de um conceito
-americanos, consequentemente, tendo restrições a prá- supraordenado que inclui o conceito dado como um caso
tica do judô, porém os professores do Kodokan (primeira específico. Um conceito supraordenado implica a existên-
academia de judô), foram chamados para ensinar a luta cia de uma série de conceitos subordinados, e pressupõe
para as tropas norte-americanas. também uma hierarquia de conceitos de diferentes níveis
Então, os valores principais do judô, em conseguinte de generalidade. Assim, o conceito dado é inserido em um
não se limitam a prática em si, mas pelo desenvolvimento sistema de relações de generalidade. O seguinte exemplo
de seus conhecimentos, para a superação de obstáculos, pode ilustrar a função de diferentes graus de generalidade
na prática de vida real, no processo de trabalho humano. no aparecimento de um sistema. Uma criança aprende a
Portanto, tratar o judô na escola em meio as suas con- palavra flor, e logo depois a palavra rosa; durante muito
tradições, vinculando-o a outros conteúdos, sendo estes tempo o conceito “flor”, embora de aplicação mais ampla
também tradicionais e contemporâneos, produzido distin- do que “rosa”, não pode ser considerado o mais geral para
tamente ao longo das sociedades, é apresentá-lo como pro- a criança. Não inclui nem subordina a si a palavra “rosa” –
dução humana, proveniente das necessidades, e interesses os dois são intercambiáveis e justapostos. Quando “flor” se
humanos, que pode contribuir para processo de humaniza- generaliza, a relação entre “flor” e “rosa”, assim como entre
ção. “flor” e outros conceitos subordinados, também se modifi-
ca na mente da criança. Um sistema está se configurando.
Os ciclos escolares no judô Então, desenvolver o judô através do conhecimento cien-
tífico na escola, requer a organização dos seus conteúdos, reco-
Dentro da escola torna-se importante, que as abor- nhecendo o estágio de desenvolvimento psíquico dos alunos,
dagens possam ser organizadas, garantindo a sistemati- para que os mesmos possam formar conceitos, e sistemas de
zação do seu ensino, a fim de proporcionar a identifica- relações em diferentes graus de generalizações. Partindo dessa
ção, e assimilação de seus elementos. Por isso, é necessá- premissa, a materialização dos conteúdos do judô na escola,
rio que os conteúdos sejam distribuídos através dos seus a partir da divisão em ciclos escolares, através da pedagogia
objetivos, nas diferentes etapas da passagem escolar. crítico-superadora, que apresenta a divisão por ciclos, assim:
Entretanto na atual escola, a organização do conteúdo pe- O primeiro ciclo vai da pré-escola até a 3ª série. É o
dagógico, é planejada na maioria das vezes, através das seria- ciclo de organização da identidade dos dados da realidade.
ções, que estão presas principalmente pela idade cronológica Nele o aluno encontra-se no momento de síncrese. Tem
dos alunos, entretanto o saber é assimilado em cada indivíduo uma visão sincrética da realidade. Os dados aparecem (são
de maneira diferenciada, a partir do seu desenvolvimento psí- identificados) de forma difusa, misturados. Cabe à esco-
quico, que está relacionado as múltiplas determinações que a la, particularmente ao professor, organizar a identificação
constroem, portanto não se submetendo diretamente a cro- desses dados constatados e descritos pelo aluno para que
nologia de idades, e a construção do pensamento de maneira ele possa formar sistemas, encontrar as relações entre as
isolada. coisas, identificando as semelhanças e as diferenças.
Os conceitos científicos adquiridos na escola, a rela- O segundo ciclo vai da 4ª à 6ª séries. É o ciclo de ini-
ção constituída com o objeto, é desde o início, mediada ciação à sistematização do conhecimento. Nele o aluno
por algum outro conceito, então, a relação sobre a pró- vai adquirindo a consciência de sua atividade mental, suas
pria noção do conceito científico, implica certa posição possibilidades de abstração, confronta os dados da rea-
com um sistema de conceitos, que entram na mente da lidade com as representações do seu pensamento sobre
criança, e são transferidos para os conceitos cotidianos, eles. Começa a estabelecer nexos, dependências e relações
mudando sua estrutura psicológica de cima para bai- complexas, representadas no conceito e no real aparen-
te, ou seja, no aparecer social. Ele dá um salto qualitativo
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quando começa a estabelecer generalizações. O terceiro lescência, conceitos, e significados que poderão ser contri-
ciclo vai da 7ª à 8ª séries. É o ciclo de ampliação da siste- buintes na transformação social, por se mostrarem verda-
matização do conhecimento. O aluno amplia as referências deiros no real concreto.
conceituais do seu pensamento; ele toma consciência da Por isso, sua elaboração nos diferentes ciclos, que pos-
atividade teórica, ou seja, de que uma operação mental sui estudantes com idades diferentes, deve ser pensado
exige, reconstituição dessa mesma operação na sua ima- com evolução nas distintas abordagens, vindo dos níveis
ginação para atingir a expressão discursiva, leitura teórica iniciais com suas atividades técnicas pouco elaboradas, até
da realidade. O aluno dá um salto qualitativo quando reor- os níveis finais, com procedimentos técnico-táticos, apro-
ganiza a identificação dos dados da realidade através do fundados e mais elaborados, em conexão com temas trans-
pensamento teórico, propriedade da teoria. versais, e seu processo histórico.
O quarto ciclo se dá na 1ª, 2ª, e 3ª séries do ensino
médio. É o ciclo de aprofundamento da sistematização do PERSPECTIVAS PARA ABORDAGEM DO JUDÔ NA
conhecimento. Nele o aluno adquire uma relação especial ESCOLA
com o objeto, que lhe permite refletir sobre ele. A apreen-
são das características especiais dos objetos é inacessível Antes de trazer a discussão sobre a abordagem do
a partir de pseudoconceitos próprios do senso comum. O judô na escola, é importante perceber que a instituição es-
aluno começa a perceber, compreender e explicar que há colar, assim como o judô é influenciada, e exerce influência
propriedades comuns e regulares nos objetos. Ele dá um sobre a infraestrutura social, pois, até para garantir sua sus-
salto qualitativo quando estabelece as regularidades dos tentação, a mesma precisa ter no seu interior os interesses
objetos. econômicos vigentes que a estabilizam. A escola como é
O processo educativo do judô guiado pelos ciclos es- um aparelho ideológico de Estado exclusivamente capita-
colares apresenta uma maneira de organizar seus conteú- lista, reprodutora do modo de produção deste, que separa
dos, dentro do processo de aprendizagem, que respeite o a instrução e o trabalho.
desenvolvimento do indivíduo, respeitando o processo de Por isso, o ensino escolar em sala de aula, que no caso
transformação do pensamento. do judô pode ser também no dojô, sofre influência da or-
Portanto, a transformação dos conteúdos do pensa- ganização pedagógica desta, pois a mesma organiza seu
mento é um processo de desenvolvimento cultural, his- trabalho pedagógico as bases dos interesses capitalistas,
tórico e socialmente condicionado que supera, por incor- que desvinculam a teoria e prática no processo de ensino,
poração, as bases elementares e estruturais do psiquismo e alimentam a sociedade com muitos indivíduos a-funcio-
– inclusive as orgânicas. O núcleo de transformação reside, nais, que a luz de um conhecimento aparente, tornam-se
por sua vez, na formação de conceitos que sintetizam em meros reprodutivistas, com ações a-críticas.
suas diferentes formas o movimento de complexificação ...objetivos/avaliação da escola com função social e o
do pensamento. Destarte, Vigotski descartou quaisquer conteúdo/método da escola, abrangendo, esta última, o tra-
possibilidades de desenvolvimento do pensamento lógico- to fragmentado que se dá ao conhecimento, a artificialidade
verbal, discursivo, “superior”, na ausência da internalização do processo de ensino desgarrado da produção material e
de signos, isto é, na ausência de um ensino voltado a esse a gestão da escola, em especial sua forma autoritária. Essas
objetivo desenvolvimentista. categorias estruturam a organização do trabalho pedagógi-
O ensino do judô norteado nesse processo desen- co da escola e repassam suas determinações para o interior
volvimentista, leva em consideração o desenvolvimento do trabalho pedagógico da sala de aula (didática).
do pensamento do indivíduo. que, “para se criar métodos Assim, a organização pedagógica da escola, exerce in-
eficientes para a instrução das crianças em idade escolar fluência a partir das suas categorias, que são determinadas
no conhecimento sistemático, é necessário entender o de- pelo seu projeto político, em última instância, determinado
senvolvimento dos conceitos científicos da mente de uma pelo capital, no trabalho pedagógico do judô no seu seio,
criança.” podendo transformar o seu trato em simples reproduções
Nesse contexto, classifica como principais etapas do tecnicistas, entretanto, o processo pedagógico do judô na
pensamento: pensamento sincrético, pensamento por escola, pode também influenciar no trabalho pedagógico
complexos, e pensamento conceitual, sendo o pensamento desta, colocando-se em posição com função social dentro
sincrético, combinando elementos que não tem nenhuma do currículo.
relação entre si objetiva, a criança subjuga sua realidade as A superação da forma do trabalho pedagógico da esco-
suas percepções e impressões sensíveis, o pensamento por la capitalista, bem como sua organização, poderá acontecer
complexos, aquele que abarcam união, de objetos diferen- a partir do entendimento, e compreensão das categorias
tes, baseado na multiplicidade de vínculos entre eles, esta- que expressam as propriedades fundamentais das próprias
belecido por conexões práticas, e casuais, e o pensamento formas de trabalho, a contradições envolvidas nelas, e a ne-
por conceitos que se torna o guia das transformações mais cessidade de atividades relativas ao resultado de tais contra-
decisivas do psiquismo do individuo, em consequência da dições, no seio dessas categorias, carregadas de conteúdos
sua personalidade. sóciais (seu desenvolvimento). Sugerindo-se então uma es-
Respeitar o ensino do judô, através dos ciclos escola- truturação de ensino, baseado nas contradições essenciais
res, que seguem as etapas do psiquismo, é construir de da sociedade capitalista, no dado momento histórico.
maneira progressiva da infância até a última etapa da ado- ...no interior da prática pedagógica da escola capitalis-
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ta parece existir uma categoria que exerce potente fator de O conhecimento que se pretende ao aluno, desta
modulação sobre as demais categorias: trata-se da catego- forma, é aquele na qual possa o judô ser construído a re-
ria avaliação/objetivo escolar. No interior da avaliação, de- flexão das necessidades, e realidades concretas, e onde
batem-se dois polos: eliminação e manutenção. O destino possa orientar as crianças e adolescentes, para que te-
da ação educativa parece estar ligado intimamente à forma nham um controle de suas ações, como ser social, dentro
como se concebe a resolução dessa contradição. da comunidade em que vive.
A escola capitalista, portanto encarna nos seus objeti- O aprendizado escolar induz o tipo de percepção ge-
vos, a direção que estes querem exercer no meio social, os neralizante, desempenhando assim um papel decisivo na
quais são controlados pela avaliação, que engessam a seu conscientização da criança dos seus próprios processos
modo os conteúdos/metodologias, que em contrapartida mentais. Os conceitos científicos, com o seu sistema hie-
são apoiadas em uma concepção de educação apoiada na rárquico de inter-relações, parecem constituir o meio no
formação humana para fortalecimento do capital. qual a consciência e o domínio se desenvolvem, sendo
Todavia, existem perspectivas de abordagem educacio- mais tarde transferidos a outros conceitos e a outras áreas
nal, que possam desarticular esta organização pedagógica, do pensamento. A consciência reflexiva chega à criança
caminhando a favor da formação de um tipo de homem, através dos portais dos conhecimentos científicos.
que trabalhe para superação do capitalismo, exploração do Desta forma, é necessário que o ensino do judô, es-
trabalho, e luta de classes. timule o aluno a se colocar sobre, a compreensão e per-
Porém, para isso é necessário que o professor tenha cepção de sujeito histórico, capaz de interferir nos rumos
claro o projeto histórico que deseja seguir, o qual Escobar de sua vida privada, bem como atividades sociais, tendo
fala que recebe esse nome por ser “... um projeto de socie- como objeto a reflexão da cultura corporal, na medida
dade que você pensa, sonha, luta por ela. Além de colocar em que é desenvolvida uma reflexão pedagógica sobre os
esses sonhos ele, também coloca as formas de luta que valores como solidariedade, substituindo o individualis-
deverão ser empreendidas para consegui-lo.” mo, cooperação confrontando a disputa, distribuição em
Empreender o judô para colaboração de superação do debate com a apropriação, e principalmente a liberdade
capital, significa estruturar um projeto político-pedagógico
de expressão dos movimentos e pensamentos, sua eman-
a favor do processo de emancipação humana, e superação
cipação, negando a dominação e submissão do homem
do sistema que se apresenta.
pelo homem.
Em conformidade com a pedagogia histórico-crítica,
...não devemos confundir moderação, justo meio,
partimos do pressuposto de que a transmissão dos conhe-
com tolerância, medo ou covardia, nem respeito subser-
cimentos clássicos, historicamente sistematizados e preser-
viente ou humildade excessiva, surbserviência. O silêncio,
vados pela prática social da humanidade, se impõe como
dizem, parece ser uma virtude, contudo, silêncio em ex-
função central da educação escolar. Não obstante, somos
cessivo pode ser um indicador de uma mente enganado-
forçados a reconhecer a existência de ideários pedagógi-
cos que, cada vez mais, colocam em risco esse ideal, quer ra. Destarte, se o caráter começa a desenvolver-se na in-
pela via da negação do conhecimento objetivo acerca da fância, então, é nessa etapa da vida humana que se molda
realidade, quer pela via de desqualificação da transmissão o desafiador, o resistente à opressão de qualquer tipo etc.
dos conhecimentos, isto é, do ato de ensinar. Esta condição apresenta o ensino do judô como co-
Sugere-se então um projeto político-pedagógico, o laborador de uma prática social, repleta de valores, orga-
qual garanta condições básicas para contribuição no pro- nizando-o como “luta” para transformação social, e cons-
cesso de humanização, reconhecendo a educação como ciência na luta de classe, a favor da maioria popular. Pro-
produção humana, um processo de trabalho não material cesso de emancipação humana, proposto pela pedagogia
e material, capaz de desenvolver o ensino do judô na es- histórico-crítica, que defende o domínio do saber histori-
cola como auxiliador, na luta de classes, em prol de sua camente acumulado, para transformação da sociedade de
superação. classes em uma sociedade sem classes, considerando a
E necessário apresentar o trato com o conhecimento educação como um processo de trabalho humano.
judô, a partir de um projeto político-pedagógico que en- A Pedagogia Histórico-Crítica dispensa apresentação
tende a escola brasileira como um dos espaços sociais mais no cenário pedagógico brasileiro. Basta que resumamos
importantes à construção da hegemonia das classes popu- aqui as tarefas a que se propõe em relação à educação
lares, uma dentre muitas possibilidades. escolar: “a) identificação das formas mais desenvolvidas
Não devemos encarar o judô como um conjunto de em que se expressa o saber objetivo produzido histori-
técnicas disponíveis para aqueles que querem apreender a camente, reconhecendo as condições de sua produção
projetar ou imobilizar um oponente, ele é mais que isto. O e compreendendo as suas principais manifestações bem
judô, como meio pedagógico utilizado de forma criteriosa como as tendências atuais de tranformação; b) conversão
pelos Sensei, ajudará o judoca a realizar as mais amplas do saber objetivo em saber escolar de modo a torná-lo
possibilidades tanto podem ser maquinadas para a reação assimilável pelos alunos no espaço e tempo escolares; c)
como para a transformação; tanto para manter os educan- provimento dos meios necessários para que os alunos
dos servis aos mestres e às autoridades em geral, como não apenas assimilem o saber objetivo enquanto resulta-
para torná-los sinceros, verdadeiros, honestos, educados do, mas apreendam o processo de produção bem como
na necessidade da transformação social. as tendências de sua transformação.”
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Dessa forma, a prática do judô na escola, enquanto E, ao tratar o judô na escola dentro de seus desdobra-
tema da cultura corporal, pode ser tratado sob a óptica pe- mentos, e variadas relações produtivas, torna-se necessária
dagógica crítico-superadora, que tem como característica a análise comprometida de seus significados/sentidos, que
a historicização dos conteúdos, o conhecimento tratado elaborarão e configurarão a consciência do indivíduo. Ten-
metodologicamente de forma a favorecer a compreensão do em vista, que como tema da cultura corporal e atividade
dos princípios da lógica dialética materialista: totalidade, histórica, pode ser realizado com diversas perspectivas, as
movimento, mudança qualitativa e contradição.” quais se caracterizam por caráter lúdico, estético, terapêu-
Uma possibilidade “imprescindível à discussão e com- tico, competitivo, bélico.
preensão do judô enquanto método de educação inserido A possibilidade para perspectiva de análise, o judô
no quotidiano da criançada brasileira, que em sua escola, pode ser analisado como: 1) atividade física, executada
lhe é propiciada a prática judoística...”. com intencionalidade operante, através de técnicas cor-
Então, ensinar o judô dentro desses princípios é apre- porais, que formam um conjunto de faculdades físicas e
sentá-lo ao aluno com movimento na história, sendo algo mentais existentes no indivíduo, que lhe proporciona mo-
dinâmico, e não estático, que se desenvolve e prossegue vimento, sempre seu meio social, ou natureza que o exige;
nos acontecimentos históricos específicos, pelas necessi- 2) Jogo, atividade físico-intelectual com finalidade de pra-
dades específicas, em virtude da produção humana, sob zer, da distração, no tempo livre, o qual deve ser interpre-
a visão de totalidade que define ser a realidade com- tado sob a perspectiva do trabalho, e proletariado, o qual
preendida racionalmente, como um todo estruturado, isso esconde uma vida de brutalidade, e torção sobre a massa
é, construído por variadas relações, e múltiplas determi- laboriosa, que encontra nas práticas desportivas, momento
nações, sendo estas contraditórias, que através de saltos para distração; 3) Esporte, que surge quando no jogo as
qualitativos, transformam o mesmo, nos fatos sociais, logo, regras são determinadas, e impostas por aqueles que não
na história do homem. jogam, assim essas muitas vezes, criam a competição indi-
E assim, pode ser desenvolvido o judô sobre a epis- vidualista, centrada no capitalismo, mas que por outro lado
temologia materialista- histórica dialética, que, apresenta é uma manifestação cultural, que gera técnicas elaboradas
e refinadas, através de um complexo de jogo.
como conhecimento através do mundo objetivo, pelas re-
É importante perceber, que independente das análi-
lações ativas que acontecem entre o sujeito e objeto, entre
ses, é inegável que todas elas, condicionam e colaboram na
o homem e a natureza, e onde a realidade é a matéria em
personalidade da criança, e adolescente, portanto os do-
movimento, repleta de contradição, resultante entre a apa-
mínios de seus significados estarão sendo refletidos pelo
rência e essência. E, que um tipo de abordagem, que “...im-
professor.
plica articular o método de análise da realidade e o sistema
E, baseando-se nesses sentidos, trazemos como pro-
de categorias explicativas do modo de produção capitalis-
posta de desenvolvimento do judô no primeiro ciclo de
ta, e sua superação, com indicações tático-estratégicas...”
“organização da identidade dos dados”, suas aproximações
Nesta premissa, o judô pode ser organizado como ati- através de suas práticas com, jogos de combate que come-
vidade política crítica, dentro das aulas de Educação Física, cem a posicioná-lo nas condições de luta, implementando
disciplina escolar, que tem como objeto de estudo a cultu- elementos presentes nas lutas, e especificamente do judô,
ra corporal, que por sua vez tem como elemento a luta, a para que estes possam ser identificados, estabelecendo co-
qual tem como integrante o próprio judô. nexões sincréticas de grupos. O aluno dará um salto quali-
Organização que pode ser alicerçada a medida que o tativo nesse ciclo quando começar a categorizar os objetos,
conhecimento seja, assimilado como algo provisório, pro- classificar e associar, ainda alerta, citando que:
duzido historicamente, e de forma espiralada, que vai ser Ao mesmo tempo em que não podemos apontar um
ampliando progressivamente no pensamento do aluno, jogo que esteja além da fase de desenvolvimento dos es-
através dos ciclos escolares, através da sistematização dos tudantes, de outro lado não podemos olha-los apenas a
seus conteúdos. partir do que podem fazer (e assim sistematizar jogos de
O conhecimento vai se desenvolvendo, a partir das ge- combate conrrespondentes). No primeiro caso superesti-
neralizações mais primitivas, que à medida do tempo e do mamos o processo; no segundo, subestimamos.
intelecto que se desenvolve na criança, sofre substituição, Temos que olhar para os alunos – “lutando” – a partir
por generalizações mais elevadas, que acaba levando à for- da relação entre o que fazem sozinhos (realidade) e o que
mação de verdadeiros conceitos. podem fazer (possibilidades).
Então, tratar os conceitos sobre o judô de maneira di- Nessa fase, parece necessário o professor estimular o
reta nos primeiros ciclos, torna-se uma atividade, que po- aluno, mas compreendendo o seu desenvolvimento indivi-
derá ser apenas reproduzida pelos alunos, mas que não dual, percebendo que neste período a criança, a princípio
terá qualquer significado, por desconsiderar seu processo não faz muitas diferenciações do judô, com demais lutas,
de desenvolvimento psíquico. tendo em vista que tudo se caracteriza como “briga”, que
Então, seu entendimento assim como demais disci- se configura nesse momento, uma ação de combater “o
plinas, e conteúdos da Educação Física, orientar sistema- outro” com obtenção de vitória.
ticamente os desdobramentos do pensamento, pelas leis Com isso, demonstrar que nem toda luta é uma briga,
objetivas do desenvolvimento social, que é essencial para mas que toda briga é uma luta, e que o judô é uma luta,
se fazer a leitura do real concreto. que em sua gênese não foi idealizada para brigar, mas que
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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em determinadas circunstâncias, pode servir como tal, não distância, e contato corporal direto. E, com a construção
se dá pela reprodução objetiva e direta, que dificilmen- de projetos individuais e coletivos de exibição, e prática
te será assimilada conscientemente, mas por constantes que o envolvam o aluno, inclusive na escola, pontuando o
aproximações com objeto. Assim, a argumentação de processo histórico do judô de maneira geral, e específica.
objetivações específicas nessa fase, não se torna eficiente, Enquanto, no ciclo correspondente a 7ª e 8ª série, existirá
mas a oferta de subsídios iniciais, para formar um sistema uma aprimoramento quanto os golpes desenvolvidos no Go-
de entendimento que será construído ao longo do tempo, -Kyo, incluindo o desenvolvimento tático para sua execuções
torna-se necessário nesse primeiro momento. durante os randori’s, luta propriamente, assim como o melhor
No segundo ciclo, que é o da “iniciação à sistema- desenvolvimento sobre o entedimento, a respeito das execu-
tização do conhecimento”, assim como no terceiro ciclo ções de desequilíbrio, e sistema de alavanca dos golpes, desen-
“ampliação da sistematização do conhecimento”, se confi- volvendo também a produção de atividades de exibição e práti-
gura através da descrição como a fase dos complexos, que ca, que possam envolver a escola, assim como a comunidade, e
caracterizam-se com a formação de conceitos desde o fim abordagem de temas transversais, relacionados ao judô, como
da primeira infância, até o início da adolescência, a qual a prática entre gêneros, e idades, violência, e esporte.
criança alcança a forma do pensamento objetivo, superan- Já, no último ciclo que corresponde ao “aprofunda-
do parcialmente o egocentrismo, e deixa de confundir as mento da sistematização do conhecimento”, respectivos
conexões entre suas próprias impressões com as relações para 1ª e 3ª série do ensino médio, as formas do conhe-
entre as coisas. Sendo dividida em cinco fases: cimento poderão ser aprofundadas de forma técnica/
...complexo associativo..baseia-se nas conexões asso- científica, sendo discutidas suas execuções, necessidades,
ciativas entre traços que a criança reconhece comuns entre sistemas de alavanca, desequilíbrio, aplicação de força e
os objetos. Em torno desse traço, a exemplo da cor, forma, resistência, bem como discussão e práticas das diferentes
dimensão etc., que se converte no núcleo do complexo formas de execução, pelo randori e kata, adicionando a
associativo, constrói todo o complexo. prática e produção dos golpes extra Go-Kyo, os quais fo-
...complexo coleção fundamenta-se em relações cujo ram criados após a formulação do Go-kyo, bem como dis-
o princípio atende à complementaridade funcional, por cussão sobre sua criação, e classificação. Poderão também
exemplo: copo, prato, colher, garfo.. ser abordados, temas transversais, através do debate sobre
...complexo – cadeia no qual ocorre uma união dinâ- o judô e suas múltiplas relações na sociedade, através da
mica e sequencial em que cada objeto é incluído na ca- educação, lazer, saúde, meios de comunicação, comércio,
deia em virtude de qualquer atributo associativo de ca- gênero, e seu processo histórico; como também sua espor-
ráter perceptivo-figurativo concreto. Destarte, nesse tipo tivização, inclusão no MMA, violência, sendo desenvolvido
de complexo pode faltar completamente um núcleo es- de maneira crítica, e podendo ser materializado de acordo
trutural – quer associativo, funcional -, de tal forma que com os interesses da comunidade, e individual.
o primeiro elemento da cadeia pode não ter nenhuma Apontar a abordagem do judô desta forma, é tentar ga-
relação com o último, por exemplo: árvore, pássaro, céu, rantir a transmissão/assimilação do conhecimento científico do
nuvem, avião, etc. judô de maneira progressiva, e quantitamente-qualitativa, para
...complexos-difusos ainda se formam nos limites das a construção do pensamento crítico de crianças e adolescentes.
relações visuais concretas e reais entre objetos singulares, Em subsequência Escobar e Taffarel (s/d, p. 6) apon-
todavia, associa aspectos alheios ao conhecimento prático tam que, não devem ser esquecidas duas premissas bási-
da criança, resultando em relações estabelecidas por ela li- cas, que os elementos ontológicos da atividade não-ma-
vremente e baseadas, muitas vezes, em atributos errôneos. terial, os quais são desenvolvidos na escola, é configurado
...pseudoconceitos, formados por generalizações que, como trabalho material produtivo, ou socialmente útil, e
em sua aparência externa, assemelham aos conceitos pro- que sua prática superadora não está na mudança, em prol
priamente ditos, mas, na essência, sua estrutura resulta di- de uma futura e nova prática, mas pela transformação da
ferente. Nessa etapa, “no aspecto externo, nos deparamos consciência, através da prática, e que o pensamento huma-
com um conceito; no interno, ante um complexo. Por isso no é alimentado pelo movimento das diferentes atividades
denominamos pseudo conceitos.” produzidas na sociedade, que é construída historicamente
Assim, a criança neste momento pode ampliar seu e apropriada pelo próprio homem. Significa que o judô
conhecimento acerca do judô, identificando seus princi- como luta, elemento da cultura corporal, e Educação Físi-
pais elementos, e sistematizando-os de acordo com seu ca, ao mesmo tempo em que é consumido como trabalho
processo histórico-cultural, e demais relações com o ob- não-material, deve ser produzido, transformado-se em tra-
jeto. balho material , sendo construído na consciência daqueles
Portanto, o desenvolvimento do judô no ciclo que que dele se apropriam, considerando sua realidade indi-
corresponde da 4ª a 6ª série, poderá ser desenvolvido vidual, e social, entretanto lhe colocando na posição crí-
as formas, e interpretações técnicas do judô, através da tica, política dentro da sociedade capitalista, garantindo-
apresentação do Go-Kyo, que Kano, define um princípio, -o como contribuinte dentro da escola, responsável pela
com divisão de golpes por agrupamentos, dividido em transmissão do saber elaborado, na instituição caracteriza-
cinco partes, e que poderão ser ensinados e definidos de da pela responsabilidade do ato de educar
acordo com sua complexidade progressiva de execução,
especificando a compreensão do judô como luta de curta
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
pode desclassificá-lo. Estão proibidos os grampos ou bro- IV. Se o Conselho de Árbitros autorizar, os Árbitros
ches para o cabelo, assim como qualquer peça metálica. do torneio poderão tirar seus paletós.
Estão proibidas fitas, enfeites ou outros adornos. É permi-
tido uma fita de borracha discreta para prender o cabelo. ARTIGO 3: ORGANIZAÇÃO DAS COMPETIÇÕES
7. Os competidores devem ter as unhas curtas e não DE KUMITE
podem usar objetos duros ou metálicos que possam lesio-
nar o oponente, O uso de aparelho metálico bucal deve ser 1. Um torneio ou campeonato de Karatê pode en-
aprovado pelo Árbitro e pelo Médico Oficial. O competidor volver competição de Kumite e/ou de Kata. A competi-
tem total responsabilidade por qualquer lesão. ção de Kumite pode ser dividida por equipe e individual.
8. A seguir equipamentos protetores obrigatórios: A competição individual pode ser dividida por categoria
8.1 - As luvas aprovadas pela WKF, devendo um de peso e aberta. As categorias por peso são divididas
competidor usar luva vermelha e o outro, obrigatoria- em combates (lutas). O termo “combate (luta)” também
mente, azul. caracteriza competições individuais de kumite entre os
8.2 - Protetores bucais. pares de oponentes, membros das equipes.
8.3 – Protetor corporal (para todos os competidores) 2. Nenhum competidor pode ser substituído por
e também o protetor de seios para as competidoras apro- outro numa competição individual.
vados pela WKF. 3. Competidores individuais ou de equipes que
8.4 - Caneleiras aprovadas pela WKF, um competi- não se apresentarem quando chamados serão desquali-
dor usando vermelha e seu oponente azul. ficados (KIKEN) daquela categoria.
8.5 - Protetor para os pés aprovados pela WKF, um 4. Equipes masculinas são compostas de sete membros,
competidor usando vermelha e seu oponente azul. com cinco competindo na rodada. Equipes femininas são com-
8.6 – Além do descrito acima, os atletas da catego- postas de quatro membros, com três competindo na rodada.
ria cadetes devem usar a mascara facial aprovada pela 5. Os competidores são todos membros de uma
WKF e o protetor corporal. equipe. Não há nenhum reserva fixo.
Não é obrigatório o uso de coquilha, mas caso seja 6. Antes de cada rodada, um representante da equipe
utilizada, deve ser aprovada pela WKF. deverá entregar à mesa oficial, relação nominal e ordem de
9. Óculos são proibidos. Lentes de contato gelati- luta dos membros da equipe. Todos os participantes de uma
nosas podem ser utilizadas, sobre a responsabilidade do equipe de sete ou quatro membros, a ordem de luta pode
próprio competidor. ser alterada para cada rodada, desde que seja providenciada
10. Está proibida a utilização de artigos, roupas e nova notificação, porém, uma vez feita a notificação, não po-
equipamentos não autorizados. derá haver alteração até que seja fechada a rodada.
11. Todo o equipamento de proteção deve ser ho- 7. Uma equipe será desqualificada se qualquer dos
mologado pela W.K.F. seus membros ou técnico mudar a composição da equipe
12. É dever do Supervisor do Encontro garantir an- ou ordem de luta em uma rodada, sem prévia notificação
tes de cada confronto que os competidores estejam uti- por escrito.
lizando os equipamentos aprovados. (No caso de Cam- 8. Em encontros por equipes, quando um competi-
peonatos Continentais, Internacionais ou Nacionais o dor recebe Hansoku, Kiken ou Shikkaku, qualquer pontua-
equipamento aprovado pela WKF deve ser aceito e não ção que tenha o competidor desqualificado será colocada
pode ser recusado). a zero seu placar e se registrará 8-0 a favor da outra equipe.
13. O uso de ataduras, bandagens ou suportes de-
vido a lesões devem ser aprovados pelo Árbitro, acon- EXPLICAÇÃO
selhado pelo Médico Oficial.
I. Uma “rodada” é uma etapa específica numa com-
TÉCNICOS petição, para identificar eventuais finalistas. Numa elimina-
tória de kumite, uma rodada elimina cinquenta por cento
1. O técnico, durante todo o Campeonato, deverá dos competidores dentro dessa rodada, contando as cabeças
usar agasalho oficial de sua Federação (completo) e exi- de chave como competidores. Neste contexto, uma rodada
bir identificação oficial. pode aplicar-se igualmente à etapa, tanto na eliminatória
ou repescagem. Numa chave com repescagem, permite-se
EXPLICAÇÃO: que os competidores possam lutar mais uma vez.
II. A utilização do nome dos competidores gera pro-
I. O competidor deve usar uma única faixa e esta blemas de pronuncia e identificação. Números do torneio
será vermelha para AKA e azul para AO. Faixas de gra- devem ser distribuídos e usados.
duação não devem ser utilizadas durante a luta. III. Ao alinhar antes da rodada, uma equipe apresentará
II. Protetores bucais devem se ajustar corretamente. os competidores que lutarão. Os lutadores não utilizados e o téc-
III. Se um competidor vem para a área vestido ina- nico não serão incluídos, e ficarão sentados em área separada.
propriadamente, ele ou ela não serão imediatamente des- IV. Para poder competir, as equipes masculinas deve-
classificados; terão um minuto para resolver o problema. rem apresentar pelo menos três competidores e as equipes
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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femininas pelo menos duas competidoras. Uma equipe com ARTIGO 5: DURAÇÃO DAS LUTAS
o número de competidores menor do que o requerido perde-
rá a competição (Kiken). 1. A duração de um combate de kumite é de três minu-
V. A ordem das lutas pode ser apresentada pelo técni- tos para adulto (Sênior) masculino (luta em equipe ou indivi-
co ou por um competidor designado da equipe. Se o técnico dual) e quatro minutos nas lutas por medalhas. Na categoria
entrega a relação ele deve estar devidamente identificado adulto (Sênior) feminino, as lutas são de dois minutos e três
como tal, caso contrário ela pode ser rejeitada. A relação minutos para as lutas por medalhas. A categoria sub-21 mas-
deve incluir o nome do País ou do Clube, a cor da faixa ado- culino será de três minutos e para as categorias sub21 femini-
tada pela equipe para aquela luta, e a ordem de luta dos no, Junior e Cadetes a duração dos combates será de dois mi-
membros da equipe. Ambos, nome do competidor e seu nú- nutos (e não se adicionará minutos na disputa por medalhas).
mero do torneio devem estar incluídos na lista, estando o 2. O tempo da luta começa quando o Árbitro dá o
documento assinado pelo técnico ou pessoa nomeada. sinal de início, e pára a cada momento que ele fala “YAME”.
VI. Os técnicos devem apresentar suas credenciais na 3. O cronometrista fará soar um gongo claramente
mesa oficial, junto com a de seu competidor ou de sua equi- audível indicando que faltam 10 segundos ou que tenha
pe. O técnico deve permanecer sentado na cadeira e não finalizado o tempo da luta. O sinal de término do tempo
pode interferir por palavra nem por gesto no decorrer da representa o fim da luta.
luta. 4.
VII. Se devido a um erro de chamada, os competido- ARTIGO 6: PONTUAÇÃO
res errados competem, então, não importando o resultado,
aquele combate é declarado sem efeito. Para reduzir tais er- 1. As pontuações são as seguintes:
ros, o vencedor de cada combate deve confirmar a vitória na a) IPPON: Três pontos
mesa de controle antes de deixar a área. b) WAZA-ARI: Dois pontos
c) YUKO: Um ponto
ARTIGO 4: QUADRO DE ÁRBITROS
2. Uma pontuação é marcada quando a técnica é
QUADRO DE ÁRBITROS; aplicada de acordo com os critérios a seguir, para uma área
pontuável: a) Boa forma
1. O quadro de Árbitros para cada luta consistirá de b) Atitude esportiva
um Árbitro(SUSHIN), quatro Juízes (FUKUSHIN), e um Su- c) Aplicação vigorosa
pervisor do Encontro (KANSA). d) Alerta (Zanshin)
2. O Árbitro e os Juízes de um combate de kumite não e) Tempo Apropriado
devem ser da nacionalidade de qualquer um dos participantes. f) Distância correta
3. Adicionalmente, para facilitar a condução das lu-
tas, serão nomeados cronometristas, pessoal para controlar 3. Ippon é atribuído para:
as pontuações, anunciador e supervisores de pontuação. a) Chutes Jodan.
b) Qualquer técnica pontuável que se realize sobre
EXPLICAÇÃO: um oponente caído ou projetado.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
8. Nenhuma técnica, mesmo se tecnicamente correta será pontuada, se aplicada quando os dois competidores estão
fora da área de competição. No entanto, se um dos competidores aplica uma técnica eficaz quando ainda está dentro da
área de competição e antes do Árbitro falar “Yame”, a técnica será pontuada.
EXPLICAÇÃO:
Para pontuar, uma técnica deve ser aplicada para uma área de pontuação como definido no parágrafo 6 acima. A técnica
deve ser apropriadamente controlada no que se relaciona à área atacada e deve satisfazer todos os seis critérios de pontuação
do parágrafo 2 anterior.
YUKO (1 Ponto) atribuído para: • Soco (tsuki) aplicado para qualquer das sete áreas de pontuação.
• Golpe (uchi) aplicado para qualquer uma das sete áreas de pontuação.
I. Por razões de segurança, estão proibidas e receberão advertência ou penalização, as projeções nas quais o oponente
é agarrado por debaixo da cintura, derrubado sem a devida cautela ou de forma perigosa ou onde o ponto de pivô é acima
do nível do quadril. As exceções são técnicas convencionais de karate de varredura (rasteira) de perna, que não requer que o
oponente seja seguro enquanto executa a varredura, como ashi-barai, ko uchi gari, kani waza etc. Depois de a projeção ter
sido executada, o Árbitro dará ao competidor dois segundos para tentar uma técnica de pontuação.
II. Quando um competidor é derrubado de forma segura, escorrega, cai ou perde o equilíbrio por sua própria ação e o
oponente pontua, será outorgado IPPON.
III. Uma técnica com “boa forma” é aquela que possui as características exigidas para uma provável eficiência dentro da
estrutura do conceito tradicional do karate.
IV. Atitude Desportiva é um componente de boa forma e se refere a uma atitude não maliciosa, que obviamente requer
grande concentração durante a execução de uma técnica pontuável.
V. A aplicação vigorosa define a potência e velocidade da técnica e o desejo palpável de obter sucesso.
VI. O Alerta (Zanshin) é o critério muitas vezes ignorado quando uma pontuação é avaliada. É o estado de contínua aten-
ção no qual o competidor mantém total concentração, observação e consciência do potencial do oponente de contra atacar.
Ele não vira seu rosto quando aplica a técnica, e continua encarando o oponente posteriormente.
VII. Tempo apropriado significa aplicar a técnica quando ela terá seu maior efeito potencial.
VIII. Distância correta significa igualmente aplicar uma técnica na distância precisa onde ela terá seu maior efeito potencial.
Consequentemente se a técnica é aplicada em um oponente que se movimenta rapidamente, o efeito potencial do golpe é reduzido.
IX. Distanciamento também está relacionado ao ponto no qual a técnica é completada parando no alvo ou próximo dele.
Um soco ou chute que chega próximo da pele algo em torno de 5 centímetros do rosto, pode ser caracterizado como distância
correta. Contudo, socos na altura do rosto (Jodan) que chegam a uma distância razoável do alvo no qual o oponente não faz
menção de bloquear ou evitar, será pontuada, desde que a técnica cumpra todos os critérios. Na competição Cadetes e Junior
não se permite contato algum ao rosto, cabeça ou pescoço (nem na mascara facial), salvo um contato muito leve (superficial)
para chutes Jodan e a distancia para pontuar é de até 10 cm.
X. Uma técnica sem validade é uma técnica sem validade independentemente de onde e como se executa. Uma técnica
à qual se falta boa forma ou não tem potencia suficiente, não se pontuará.
XI. Técnicas aplicadas abaixo da faixa podem pontuar desde que sejam acima do osso púbico. O pescoço é uma área
visada assim como a garganta. Contudo, nenhum contato é permitido na garganta, apesar de poder ser pontuada a técnica
devidamente controlada, na qual não há toque.
XII. Uma técnica que atinge as omoplatas pode ser pontuada. A parte do ombro que não é pontuada é a junção do osso
superior do braço com as omoplatas e clavículas.
XIII. O sinal de final de luta sinaliza o fim de possibilidades de pontuação na luta, embora o Árbitro possa inad-
vertidamente não parar a luta imediatamente. O soar de final da luta, contudo, não significa que penalidades não possam ser
impostas. Penalidades podem ser impostas pelo Quadro de Árbitros até o momento em que os competidores deixam a área
de luta após conclusão da mesma. A partir deste momento também se pode impor penalizações, mas somente por parte do
Conselho de Árbitros e da Comissão Disciplinar.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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O resultado de uma luta é determinado quando um 1. Técnicas que fazem excessivo contato, relacio-
competidor obtém vantagem de oito pontos, ou quem ti- nadas com a área de pontuação atacada e técnicas que
ver maior número de pontos quando do encerramento da fazem contato com a garganta.
luta, ou por decisão (Hantei), ou por um Hansoku, Shikaku 2. Ataques aos braços ou pernas, virilha, articula-
ou Kiken imposto contra o competidor. ções ou peito do pé.
1. Em uma luta individual não pode haver empate. 3. Ataques para o rosto com técnicas de mãos
Só nas competições por equipes, quando uma luta finaliza abertas.
com as pontuações iguais, ou sem pontuações, o Árbitro 4. Técnicas de projeções perigosas ou proibidas.
anunciará um empate (HIKIWAKE).
2. Em lutas individuais, no caso que ao final do tem- CATEGORIA 2.
po ninguém tenha pontuado, ou que as pontuações sejam
iguais, a decisão será tomada por votação final dos quatro 1. Simular ou exagerar uma lesão.
Juízes e do Árbitro. É obrigatória uma decisão a favor de 2. Repetidas saídas da área de competição (Jogai),
um ou de outro competidor, e esta se tomará baseando-se não causado pelo oponente.
no seguinte: 3. Auto exposição ao risco por negligência de com-
a) A atitude, o espírito de combate e a força exibida portamento, na qual o competidor se expõe a lesão pelo
pelos competidores, oponente ou por falta de tomada de medidas adequadas
b) A superioridade das técnicas e táticas emprega- para sua autoproteção (Mubobi).
das, 4. Evitar o combate como forma de impedir que o
c) Qual dos competidores tenha iniciado a maioria oponente tenha oportunidade de pontuar.
das ações. 5. Passividade, não tentando entrar em combate.
3. A equipe ganhadora será aquela com mais vitó- 6. Agarrar, empurrar, prender ou encostar peito a
rias. Em caso de que ambas as equipes tenham o mesmo peito sem tentar executar uma projeção ou outra técnica.
número de vitórias, então a equipe vencedora será aque- 7. Técnicas que por sua natureza não podem ser
la que tenha mais pontos, somando-se os pontos obtidos controladas para segurança do oponente, e ataques peri-
tanto nas lutas perdidas quanto ganhadas. A máxima dife- gosos e descontrolados.
rença de pontos que se registrará em uma luta será de oito. 8. Simular ataques com a cabeça, joelhos e coto-
4. Se duas equipes tem o mesmo número de vitórias velos.
e pontos, então acontecerá um combate complementar. 9. Provocar ou ofender o oponente, não obedecer
Cada equipe poderá nominar qualquer um de seus com- às ordens do Árbitro, comportamento descortês para
petidores, independente de que a pessoa escolhida tenha com os oficiais de arbitragem ou outras faltas de etique-
combatido em um encontro prévio entre as equipes. Se o ta.
encontro decisivo não tenha um ganhador por maior nu-
mero de pontos, esta luta será decidida por HANTEI, pelo EXPLICAÇÃO:
mesmo procedimento das lutas individuais. O resultado do
HANTEI para a luta decisiva determinará o resultado do en- I. A competição de Karatê é um esporte, e por isso
contro entre as equipes. algumas técnicas mais perigosas são proibidas e todas as
5. Em caso de encontros por equipes, quando uma técnicas devem ser controladas. Os competidores adultos
equipe obtenha vitórias suficientes nos encontros ou ob- treinados podem absorver golpes relativamente potentes
tenha pontos suficientes para ser vencedora, se dará por em áreas musculosas como o abdômen, mas de fato a
finalizado o encontro e não haverá mais combates. cabeça, face, pescoço, virilha e articulações são particu-
larmente suscetíveis a lesões. Assim, qualquer técnica que
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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resulte em lesão pode ser penalizada, a menos que causa- lesão, por exemplo, coisas do tipo se jogar no chão e rolar
da pelo receptor. Os competidores devem executar todas não servem como evidência comensurável de lesão como o
as técnicas com controle e boa forma. Se eles não podem, relatado por um médico neutro.
então não importando a técnica aplicada, uma advertên- VIII. Exagerar o efeito de uma lesão real é me-
cia ou penalidade deve ser imposta. Nas competições das nos grave, mas ainda assim é considerado como comporta-
categorias Cadetes e Junior deve ser exercido um cuidado mento inaceitável e, portanto o primeiro exagero receberá
maior. ao menos uma penalização de HANSOKU CHUI. Exageros
II. Contato à face - Seniores (adultos) mais sérios, como por exemplo, cambalear pelo tatame, cair
Para competidores Seniores, desde que não preju- ao chão, levantar-se e deixar-se cair de novo podem merecer
diquem leves e controlados contatos no rosto, cabeça e HANSOKU, dependendo da seriedade da ofensa.
pescoço são permitidos (porém, não na garganta). Onde o IX. Competidores, que recebem Shikaku por fingir lesão
contato é julgado pelo Árbitro como muito forte, mas sem serão afastados da área de competição e colocados direta-
diminuir as chances do competidor de vitória, uma adver- mente nas mãos da Comissão Médica da WKF, que fará um
tência de Chukoku deve ser aplicada. Um segundo contato exame imediato do competidor. A Comissão médica subme-
nas mesmas circunstâncias será penalizado com Keikoku. terá seu relatório antes do término do campeonato, para
Uma terceira ofensa será dado Hansoku Chui. Qualquer consideração do Conselho de Árbitros. Competidores que
contato adicional, ainda que não suficientemente forte fingem lesão estarão sujeitos a penalidades severas, até uma
como para reduzir as possibilidades do oponente para ga- suspensão para o resto da vida, por infrações reincidentes.
nhar, se aplicará Hansoku. X. A garganta é uma área particularmente vulnerável
III. Contato à face – Cadetes e Junior. e até um leve contato será motivo de advertência ou pena-
Para os competidores Cadetes e Junior, não será permi- lidade, a menos que seja provocado pelo próprio receptor.
tido nem o toque nem o contato a cabeça, rosto e pescoço XI. Técnicas de projeção são divididas em dois tipos.
(incluindo a máscara facial) com técnicas de mão e devem As técnicas de varrição de perna estabelecidas no Kara-
ter controle absoluto. Será penalizado qualquer contato ou tê convencional como ashi barai, ko uchi gari, etc., onde o
toque, sem importar o mais ligeiro que seja, a menos que oponente é desequilibrado ou projetado sem ser agarrado
seja causado pelo receptor (Mubobi). Técnicas de chute Jo- primeiro — e aquelas projeções que exigem que o oponente
dan podem apenas tocar a pele levemente (“contato su- seja agarrado para que a projeção seja executada. O pon-
perficial”) e ser pontuáveis. No caso de técnicas que façam to giratório do arremesso não deve estar acima da cintura
contato considerado mais do que toque de “luva” ou “pele” e o oponente deve ser segurado, de forma que uma caída
(“contato superficial”), o Quadro de Árbitros irá dar adver- segura possa ser feita. Projeção acima do ombro como seio
tência ou penalidade. Qualquer técnica para a cabeça, rosto nage, kata garuma etc., são expressamente proibidas, como
ou pescoço, que cause dano, não importa quão leve seja, também as chamadas projeções de “sacrifício” como tomoe
será objeto de advertência ou penalidade, a menos que seja nage, sumi gaeshi etc. Também é proibido agarrar o opo-
causado pelo próprio receptor (Mubobi) nente abaixo da cintura, levantando-o e atirando-o ou agar-
IV. O Árbitro deve observar constantemente o competi- rar-lhe as pernas para fazê-lo cair. Se um oponente é lesio-
dor lesionado. Uma demora pequena em dar um juízo per- nado como resultado de uma técnica de projeção, o Quadro
mite sintomas de lesões como o desenvolvimento de sangra- de Árbitros decidirá se uma penalidade é aplicável.
mento pelo nariz. A observação revelará também quaisquer XII. Técnicas de mão aberta para o rosto são proibidas
esforços pelo competidor para agravar a lesão leve para tirar devido ao perigo para a visão dos competidores.
vantagem tática. Exemplos disto são assuar violentamente XIII. JOGAI relaciona-se a uma situação onde o
um nariz lesionado ou roçar o rosto asperamente. pé de um competidor, ou qualquer outra parte do corpo, toca
V. Lesões pré-existentes podem causar sintomas des- o chão fora da área de competição. Uma exceção é quando
proporcionais pelo nível de contato produzido e os Árbitros o competidor é fisicamente empurrado ou projetado da área
devem levar isto em conta quando considerar as penaliza- pelo oponente. Como nota, o primeiro Jogai se deve dar
ções por aparente contato excessivo. Por exemplo, o que uma advertência. A definição de Jogai passa a ser “saídas
parece ser um contato relativamente leve pode resultar em não causadas pelo oponente” e não “saídas repetidas”
um competidor ficar impossibilitado de continuar, devido ao XIV. Um competidor que aplica uma técnica pontuável e sai
efeito cumulativo da lesão ocasionada em combate anterior. da área antes do Árbitro falar “Yame”, receberá o valor da pon-
Antes do começo de um combate ou luta, o Chefe de Tatami tuação e Jogai não será imposto. Se a ação do competidor não é
deve examinar os cartões médicos e assegurar-se de que os suficiente para pontuar, a saída será registrada como Jogai.
competidores estão em condições para lutar. O Árbitro deve XV. Se Ao sai logo após pontuação de Aka com um ata-
ser informado se um competidor foi tratado previamente por que bem sucedido, então “Yame” acontecerá imediatamente
lesão. na pontuação e a saída de Ao não será computada. Se Ao
VI. Competidores que reagem ao menor contato, no sai, ou saiu quando Aka pontuou (com Aka permanecendo
esforço de fazer o Árbitro penalizar o oponente, como es- dentro da área), então se dará tanto o ponto para Aka quan-
conder o rosto, cambalear ou cair desnecessariamente, serão to a penalização a Ao por Jogai.
imediatamente advertidos ou penalizados. XVI. É importante entender que “evitar o com-
VII. Simular uma lesão não existente é uma grave infra- bate” se refere a uma situação onde um competidor des-
ção às regras. Shikaku será imposto ao competidor que fingir perdiça tempo para que seu oponente não tenha oportu-
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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nidade de pontuar. Um competidor que recua constante- Em competições por equipe a pontuação do compe-
mente sem fazer frente ao adversário, que trave, agarre ou tidor penalizado será zerada e a do outro competidor
abandone a área de competição, não dando a ele a opor- será de oito pontos.
tunidade de pontuar, deve ser advertido ou penalizado. SHIKAKU - É uma desqualificação do torneio atual,
Isto ocorre frequentemente durante os últimos segundos competição, ou encontro. A fim de definir o limite de
de um combate. Se a infração ocorre quando faltam dez Shikaku, o Conselho de Árbitros, deve ser consultado.
segundos ou mais de combate, e o competidor não tem Shikaku deve ser aplicado quando um competidor de-
uma advertência previa de C2, o Árbitro advertirá o infra- sobedecer às ordens do Árbitro, agir maliciosamente,
tor impondo CHUKOKU. Se houve previamente uma ou cometer um ato que denigra o prestígio e honra do
mais infrações da Categoria 2, se imporá KEIKOKU. Porém, Karatê-Dô, ou quando outras ações forem considera-
se resta menos de dez segundos para terminar, o Árbitro das como violação às regras e espírito do torneio. Em
penalizará o ofensor com HANSOKU CHUI (tanto se tenha competições por equipes, a pontuação do competidor
havido previamente ou não um KEIKOKU da Categoria 2. Se penalizado será zerada e a do outro competidor será
previamente existiu HANSOKU CHUI da Categoria 2, o Ár- de oito pontos.
bitro penalizará o ofensor com HANSOKU e outorgará
a vitória ao oponente. Porém, o Árbitro deve assegurar- EXPLICAÇÃO:
-se de que o comportamento do competidor não é uma
medida defensiva devido à ação do oponente que age I. Há três graduações de advertência: CHUKOKU, KEI-
de maneira imprudente ou perigosa, devendo o Árbitro, KOKU e HANSOKU CHUI. Uma advertência serve para que
em tais casos, advertir ou penalizar o oponente. um competidor saiba que tenha violado as regras da compe-
XVII. Passividade se refere a situações em que tição, mas sem lhe impor uma penalização imediata.
um ou os dois competidores não intentam aplicar técni- II. Há duas graduações de penalização: HANSOKU e
cas durante “um certo” tempo. SHIKKAKU; ambas causam a desqualificação do competidor,
XVIII. Um exemplo de Mubobi é no caso em do combate, do torneio, com uma possibilidade de suspen-
que o competidor realiza um ataque sem atentar para são para competir durante o período adicional de tempo.
a sua segurança pessoal. Alguns competidores se pro- III. As penalizações da Categoria 1 e Categoria 2 não
jetam contra seu oponente de forma que são incapazes se acumulam entre si.
de bloquear um contra-ataque. Tais ataques abertos IV. Uma penalidade pode ser diretamente imposta para
constituem um ato de Mubobi e não podem pontuar. uma infração às regras, mas uma vez dada, a repetição daque-
Alguns competidores de forma tático/teatral se viram la categoria de infração deve ser acompanhada pela aplicação
imediatamente em uma exibição falsa de domínio para de uma penalidade mais severa. Não é, por exemplo, possível
demonstrar um ponto marcado. O propósito do virar é dar uma advertência ou penalidade para contato excessivo, e
para chamar a atenção do Árbitro para sua técnica. Isto dar outra advertência para um segundo contato excessivo.
é também um ato claro de Mubobi. Se o ofensor receber V. CHUKOKU se impõe normalmente pela primeira ins-
contato excessivo e/ou for lesionado, a falta é conside- tancia de uma violação que não tenha diminuído o potencial
rada como culpa dele próprio, devendo o Árbitro aplicar do competidor para ganhar devido à falta do oponente.
advertência ou penalidade da Categoria 2 e não penali- VI. KEIKOKU se impõe normalmente quando o poten-
zará o oponente. cial do competidor para ganhar (na opinião dos Juízes) te-
XIX. Qualquer comportamento descortês de nha sido reduzido ligeiramente devido à falta do oponente.
um membro oficial da delegação pode levar à desclassi- VII. Um HANSOKU CHUI pode impor-se diretamente,
ficação de um competidor do torneio, de toda equipe ou ou após um aviso. É também imposto quando o potencial de
da delegação. vitória de um competidor é seriamente diminuído, na opi-
nião do (Quadro de Arbitragem), pela infração cometida.
ARTIGO 9: ADVERTÊNCIAS E PENALIZAÇÕES. VIII. Um HANSOKU impõe-se por acumulação
de penalizações, mas também pode ser imposto diretamente
CHUKOKU- Pode ser imposta para infrações meno- por infrações sérias das regras. É imposto quando o potencial
res, ou na primeira vez de uma infração menor. de vitória de um competidor é reduzido quase a zero, na opi-
KEIKOKU – É uma advertência imposta pela segunda nião do (Quadro de Arbitragem), devido a falta do oponente.
infração menor da mesma categoria, ou por infrações IX. Qualquer competidor que receba Hansoku por cau-
não suficientemente graves como para merecer HAN- sar lesão, e que tem na opinião do Quadro de Árbitros e do
SOKU-CHUI. Chefe de Tatami, comportamento imprudente ou perigoso ou
HANSOKU CHUI – É uma advertência de desquali- que é considerado sem as requeridas habilidades de contro-
ficação e se impõe normalmente por infrações para as le, necessárias para competição da WKF, será encaminhado
quais se tenha dado previamente KEIKOKU neste en- para o Conselho de Árbitros. O Conselho de Árbitros decidirá
contro. Também se pode aplicar diretamente por infra- se aquele competidor deve ser suspenso do resto daquela
ções graves que não mereçam HANSOKU. competição e/ou competições subsequentes.
HANSOKU - É aplicado no caso de uma infração X. Um SHIKKAKU pode ser diretamente aplicado, sem
grave ou quando um Hansoku-Chui já tenha sido apli- advertências de qualquer tipo. O competidor não precisa ter
cado. Isto resulta em desqualificação do competidor. feito nada para merecer isto; é suficiente que o treinador ou
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
6. O reclamante deve depositar uma Taxa de Protesto Deferir ou Indeferir o protesto. O relatório deve ser assina-
como definido pelo Comitê Diretivo da WKF, e esta, junto do por todos os três membros do Júri e apresentados ao
com o protesto deve ser apresentada a um representante Secretario Geral.
do Júri de apelação.
7. O Júri de apelação é formado por três Árbitros Se- 12 - Poderes e Limites.
niores indicados pelo Conselho de Árbitros. Dos três Árbi- A decisão do Júri é definitiva, e só pode ser anulada
tros, dois não poderão ser da mesma federação nacional. por decisão do Comitê Executivo. O Júri de Apelação não
O Conselho de Árbitros deve também apontar 3 membros pode impor sanções ou penalidades. Sua função é julgar
designados com a numeração de 1 á 3 para substituir auto- protestos e comunicar ao Conselho de Árbitros e ao Comi-
maticamente os Árbitros primeiramente selecionados, nos tê Executivo para tomar as medidas corretas para retificar
casos em que Membros do Júri de Apelação estejam em as ações de arbitragem que tenham infringido as regras.
conflito de uma situação de interesse, onde um membro do
júri tenha a mesma nacionalidade, grau de parentesco ou con- EXPLICAÇÃO:
sanguinidade dos envolvidos, incluindo todos os membros do
painel de Árbitros envolvidos no incidente do protesto. I. O protesto deve conter o nome dos competidores,
do Quadro de Árbitros que atuou, e os detalhes precisos do
8. Processo de Avaliação de Protestos. que está sendo protestado. Não se aceitarão como protesto
A parte que protesta é responsável para enviar ao válido queixas gerais sobre normas gerais ( julgamentos).
Júri de Apelação e depositar a quantia estabelecida junto O ônus de provar a validade do protesto é do reclamante.
ao Tesoureiro. Uma vez aceito o protesto o Júri de Apela- II. O protesto será analisado pelo Júri de Apelação
ção fará as averiguações e as investigações que considere e como parte desta análise, o Júri estudará a evidência
oportuna para substanciar os méritos do protesto. Cada destacada na defesa do protesto. O Júri pode estudar, tam-
um dos membros do Júri estará obrigado a dar seu vere- bém, vídeos e interrogar pessoas, no esforço de examinar
dicto sobre a validade do protesto. É proibido abster-se. objetivamente a validade do protesto.
B III. Se o protesto é considerado pelo Júri de apelação
9. Protestos recusados. como procedente, a ação apropriada será tomada. Adicio-
Se o protesto for considerado inválido, o Júri de Apela- nalmente, todas as medidas cabíveis serão tomadas para
ção irá nomear um dos membros para notificar verbalmen- evitar reincidência em competições futuras. O depósito
te ao reclamante que o protesto não foi deferido, marcan- pago será devolvido pelo tesoureiro.
do o documento original como “indeferido” e será assina- IV. Se o protesto é considerado como sendo impro-
do por todos os membros do Júri, antes de entregá-lo ao cedente, ele será rejeitado e o depósito confiscado para a
Tesoureiro, que por sua vez o remete ao Secretario Geral. WKF e/ou para a entidade nacional ou estadual organi-
zadora.
10 - Protestos aceitos. V. Os resultados de competições ou lutas não serão
Se um processo for aceito o Júri de Apelação entrará postergados, ainda que um protesto oficial esteja em an-
em contato com a Comissão Organizadora e a Comissão damento. É de responsabilidade do Supervisor do Encontro
de Arbitragem tomará as medidas corretas para corrigir a assegurar que a competição seja conduzida de acordo com
situação, incluindo as possibilidades: as Regras da Competição.
• Invertendo decisões prévias que violem as regras; VI. No caso de falha administrativa durante uma
• Anular todos os resultados afetados a partir do competição em andamento, o treinador pode notificar di-
ponto do incidente; retamente o Chefe do Tatame. Por sua vez, o Chefe do Ta-
• Refazerem as lutas que foram afetadas pelo inci- tame notificará o Árbitro.
dente;
• Recomendar ao Conselho de Árbitros que consi- ARTIGO 12: PODERES E DEVERES
dere sanções aos Árbitros implicados.
Ao Júri de Apelação cabe a responsabilidade de tomar CONSELHO DE ÁRBITROS:
as medidas adequadas para não perturbar de forma signi-
ficativa o programa do evento. Refazer o processo de elimi- Os poderes e deveres do Conselho de Árbitros são
natórias é a última opção que deverá acontecer. os seguintes:
O júri de apelação nomeará um dos seus membros para 1. Assegurar a correta preparação de cada torneio,
que notifique verbalmente que o protesto foi aceito, marcará em consonância com o Comitê Organizador, no que se
o documento original com a palavra “deferido”, assinado por refere a disposição da área de competição, provisão e
cada um dos membros do Júri, antes de devolver o protesto desenvolvimento de todos os equipamentos e facilidades
ao Tesoureiro, que por sua vez enviará ao Secretário Geral. necessárias, operação e supervisão de competição, pre-
cauções de segurança, etc.
11 - Relatório de Incidentes. 2. Designar e desdobrar os Chefes de Tatame para
Depois de haver feito todos os procedimentos descri- suas áreas respectivas e para agir e tomar ações que se-
tos acima, o Júri se reunirá e fará um relatório simples, des- jam requeridas com base nos relatórios dos Chefes de
crevendo as averiguações e estabelecendo as razões para Tatame.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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V. Se mais de um Juiz indica ponto, advertência ou 8. Quando diante de uma das situações a seguir,
penalização para um competidor e o ponto, advertência o Árbitro Central anunciará “Yame” e parará a luta tem-
ou penalização é diferente entre os Juízes, se aplicará o porariamente.
ponto, advertência ou penalização menor caso não houver a. Quando um ou ambos competidores estão fora
maioria para um determinado nível de ponto, advertência da área de competição.
ou penalização. b. Quando o Árbitro ordenar que os competidores
VI. Se há maioria, ainda que discordante, entre os Juí- arrumem o karate-gi ou equipamento de proteção.
zes para um nível de ponto, advertência ou penalização, a c. Quando um competidor infringir as regras.
opinião majoritária prevalecerá sobre o principio de aplicar d. Quando o Árbitro considera que um ou ambos
o nível mais baixo de ponto, advertência ou penalização. os competidores não podem continuar a luta devido
VII. No caso de HANTEI os quatro Juízes e o Árbitro a lesões, indisposições ou outras causas. Com base na
terão um voto cada um. opinião do médico do torneio ele decidirá se a luta deve
VIII. O papel do Supervisor do Encontro é as- ser continuada.
segurar que o combate ou encontro se conduza de acor- e. Quando o competidor agarra ou derruba o opo-
do com o regulamento de competição. Não é só mais um nente e não aplica técnica alguma em dois segundos.
Juiz. Não tem voto nem autoridade alguma em questões f. Quando um ou ambos competidores caem ou
de ajuizamento, como se a pontuação foi válida ou houve são derrubados e nenhuma técnica é aplicada em dois
JOGAI. Sua única responsabilidade é em questões de pro- segundos.
cedimento. g. Quando ambos os competidores se travam sem
IX. No caso de que o Árbitro não ouvir o sinal do fim intentar técnica alguma durante dois segundos.
do tempo, o Supervisor de Pontuação fará soar seu apito. h. Quando ambos competidores se posicionem
X. Quando da explicação da base de uma decisão peito a peito, sem aplicar uma técnica em dois segun-
após o combate, o Quadro de Árbitros pode falar com o dos.
Chefe de Tatame, o Conselho de Árbitros ou o Júri de Ape- i. Quando ambos os competidores estão no solo,
lação. Eles não darão explicações para ninguém mais. depois de uma caída ou derrubada e não se decidem.
j. Quando dois ou mais Juízes indiquem um ponto
ARTIGO 13: COMEÇO SUSPENSÃO OU FINAL DOS ou uma falta para o mesmo competidor.
ENCONTROS. k. Quando na opinião do Árbitro tenha sido mar-
cado um ponto ou tenha sido cometido uma falta, ou se
1. Os termos e gestos a serem utilizados pelo Árbi- deva parar o encontro por motivo de segurança.
tro e Juízes na condução de uma competição devem ser l. Quando solicitado pelo Chefe de Tatame para
os especificados nos Apêndices 1 e 2. fazer isto.
2. O Árbitro e os Juízes tomarão suas posições de-
finidas e trocarão cumprimentos com os competidores; o EXPLICAÇÃO:
Árbitro anunciará “Shobu Hajime!” e a luta será começada.
3. O Árbitro parará a luta anunciando “Yame”. Se I. Antes de iniciar uma luta, o Árbitro chama os
necessário, o Árbitro ordenará aos competidores que re- competidores para suas linhas de partida. Se um com-
tornem para suas posições iniciais (Moto No Ichi). petidor entrar prematuramente na área de competição,
4. O Árbitro retorna a sua posição; os Juízes indicam ele deve sair. Os competidores devem se cumprimentar
suas opiniões através de uma sinalização. No caso de uma adequadamente, um rápido aceno com a cabeça é des-
pontuação ser marcada, o Árbitro identificará o compe- cortês e insuficiente. O Árbitro pode ordenar que os com-
tidor (Aka ou Ao), o nível atacado (Chudan ou Jodan), a petidores se cumprimentem quando nenhum deles o faz
técnica aplicada (Tsuki, Uchi, ou Keri), e então anuncia a voluntariamente, conforme é mostrado no Apêndice 2
pontuação com a gesticulação apropriada. O Árbitro rei- das regras.
nicia a luta anunciando “Tsuzukete Hajime”. II. Quando reinicia a luta, o Árbitro deve verificar
5. Quando um competidor consegue uma vanta- se os competidores estão nas suas linhas e devidamente
gem de oito pontos numa luta, o Árbitro anunciará “Yame” compostos. Competidores que ficam saltando e agachan-
e ordenará que os competidores retornem as suas linhas do, ou estão irrequietos, devem ficar quietos antes de o
de início, ao tempo que ele também o faz com relação à combate recomeçar. O Árbitro deve reiniciar a luta com
sua. Então, declara o vencedor levantando a mão para o o mínimo de atraso.
lado dele falando “Ao (Aka) No Kachi”. A luta é encerrada III. Competidores devem cumprimentar-se antes do
neste momento. inicio da luta e no final também.
6. Quando termina o tempo, o competidor que tiver
mais pontos é declarado vencedor, indicado pelo Árbitro ARTIGO 14: MODIFICAÇÕES
que eleva sua mão para o lado do mesmo, e anuncia “Ao
(Aka) No Kachi”. A luta é encerrada neste momento. Apenas a Comissão Desportiva da WKF, com apro-
7. No caso de empate ao final de um encontro in- vação do Comitê Executivo da WKF pode alterar ou mo-
concluso, o Quadro de Árbitros (o Árbitro e os quatro Juí- dificar este Regulamento.
zes) decidirão o combate por HANTEI.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
REGRAS DE KATA
EXPLICAÇÃO:
I. Para apresentação adequada de Kata é exigida uma superfície lisa e estável. Normalmente as áreas de Kumite (tatames
ou piso oficial) são satisfatórias
I. A blusa do karate-gi não deve ser retirada durante uma apresentação de kata.
II. Competidores que se apresentam inadequadamente vestidos, terão um minuto para resolver o problema.
1. Competições de Kata podem ser individuais e por equipe. Cada equipe é composta de três pessoas. Cada equipe é
exclusivamente masculina, ou exclusivamente feminina. Competição individual de kata consiste na apresentação individual,
separada em divisões masculina e feminina.
2. O sistema de eliminatórias com repescagem será aplicado.
3. Pode-se executar qualquer Kata tradicional de karate, com exceção de Katas com armas (kobudo).
4. Permitem-se as variações de acordo com a escola de karate do competidor.
5. Antes de cada rodada se notificará a mesa de pontuação o kata escolhido.
6. Os competidores devem executar um kata diferente em cada rodada. Um kata não pode ser repetido uma vez
executado.
7. Nos encontros para disputa de medalhas de uma competição de Kata por equipe, as duas equipes finalistas irão de-
monstrar o Kata escolhido na sua forma normal. Em seguida eles irão demonstrar o significado do Kata (Bunkai). O tempo total
permitido para o conjunto do Kata e do Bunkai será de seis minutos. O cronometrador oficial começará a contagem do tempo,
quando os componentes da equipe saudarem-se ao entrar no tatame e deterá o cronometro quando se fizer a saudação final
depois da realização do Bunkai. Será desclassificada a equipe que não realize a saudação final ou que exceda o tempo de seis
minutos permitido. Não será permitido o uso de armas tradicionais, equipe auxiliar ou vestimenta suplementar.
EXPLICAÇÃO:
1. O número de katas requeridos depende do número de competidores individuais ou de equipes participantes, como mos-
trados na tabela seguinte. Competidores sem adversários (cabeças de chave/Byes) são contados como competidores ou equipes.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Valorização
Ao valorizar um competidor ou uma equipe, os Juízes avaliarão sua atuação com base nos seguintes quatro critérios
básicos: Conformidade, nível técnico, nível atlético e dificuldade técnica.
Na avaliação do Kata será dado igual importância a cada um dos quatro critérios básicos.
Ao Bunkai será dada a mesma importância que ao Kata.
Kata Bunkai
1. Conformidade 1. Conformidade (do Kata)
Na forma e nos ensinamentos da escola de que Utilizando os movimentos executados no Kata.
se trate.
2. Nível Técnico 2. Nível Técnico
a. Posições a. Posições
b. Técnicas b. Técnicas
c. Movimentos de mudança c. Movimentos de mudança
d. Tempo/Sincronização d. Tempo
e. Respiração correta e. Controle
f. Concentração ( Kime) f. Concentração (Kime)
3. Nível Atlético 3. Nível Atlético
a. Força a. Força
b. Rapidez b. Rapidez
c. Equilíbrio c. Equilíbrio
d. Ritmo d. Tempo
4. Dificuldade Técnica do Kata 4. Dificuldade Técnica das técnicas realizadas
Desclassificação
Um competidor ou uma equipe podem ser desclassificados por qualquer dos seguintes motivos:
1. Execução do Kata equivocado ou anuncio do Kata equivocado.
2. Pausa inequívoca ou parada na execução durante vários segundos.
3. Interferência com a função dos Juízes (tal como que um Juiz tenha que se mover por razões de segurança ou haver
contato físico com um Juiz).
4. Caída da faixa durante a execução do Kata.
5. Exceder o tempo de seis minutos para o Kata e o Bunkai.
6. Má conduta em não seguir as instruções do Juiz Chefe.
Faltas
De acordo com os critérios anteriores, as seguintes faltas devem ter em conta na avaliação:
a. Uma pequena perda de equilíbrio.
b. Realizar um movimento de forma incorreta ou incompleta ( a saudação se considera a este respeito como parte dos
movimentos do Kata), tal como falhar um bloqueio de forma completa ou executar um golpe de punho fora do objetivo.
c. Movimento não sincronizado, tal como realizar uma técnica antes de completar a rotação do corpo, ou no caso
de uma equipe, não executar um movimento em uníssono.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
d. Utilização de comandos acústicos ( de qualquer outra pessoa, incluindo os outros membros da equipe) ou ações
tais como golpear o solo com os pés, dar uma palmada no peito, nos braços ou no kimono, ou uma respiração inadequada.
e. Perda de tempo, incluindo prolongar a marcha, demasiadas saudações ou uma pausa prolongada antes de conti-
nuar a execução.
f. Causar lesão por não controlar as técnicas durante o Bunkai.
EXPLICAÇÃO
I. Kata não é uma dança ou desempenho teatral. Ele deve guardar aos valores e princípios tradicionais. Deve ser realista
em termos de luta e exibir concentração, e potencial de impacto de suas técnicas. Deve demonstrar força, potencia e velocida-
de, como também elegância, ritmo e equilíbrio.
II. Em Kata por equipe, os três membros da equipe devem iniciar o kata olhando para a mesma direção e para o Juiz
Chefe.
III. Os membros da equipe devem demonstrar competência em todos os aspectos do kata demonstrado, bem como sin-
cronismo.
IV. Comandos para começar e parar a demonstração, bater os pés no chão, dar palmadas no peito, braços ou no ka-
rate-gi, respiração inadequada, são exemplos de estímulos externos e devem ser levados em conta pelos Árbitros quando da
tomada de uma decisão.
V. É da responsabilidade exclusiva do técnico ou do competidor assegurar que o kata notificado para a mesa de
pontuação, é apropriado para aquela rodada de que se trata.
1. No começo de cada eliminatória e ao serem chamados por seus nomes, os dois competidores, um usando uma
faixa vermelha (Aka), e o outro uma faixa azul (Ao), ficarão alinhados no perímetro da área de competição, e de frente para
o Juiz Chefe. Após cumprimentar o Quadro de Árbitros, Ao sairá da área de competição. Depois de se deslocar para a po-
sição de início e anunciar claramente o nome do kata que será demonstrado, Aka começará. Uma vez concluído o Kata, Aka
deixará a área para aguardar a demonstração de Ao. Após a conclusão do Kata de Ao, ambos retornarão para o perímetro
da área de competição e aguardarão a decisão dos Árbitros.
2. Se o kata não está de conformidade com as regras, ou há outra irregularidade, o Juiz Chefe pode chamar os outros
Árbitros para chegar a um veredicto.
3. Se um competidor é desclassificado, o Juiz Chefe cruzará e descruzará suas bandeiras.
4. Após conclusão de ambos os Katas, os competidores ficarão lado a lado no perímetro. O Juiz Chefe anunciará a
decisão (Hantei) e fará soar o apito, com dois tons. Neste momento os Juízes darão sua decisão.
5. A decisão será para Aka ou Ao. Empates não são permitidos. O competidor que recebe a maioria dos votos é de-
clarado o vencedor pelo anunciador.
6. Os competidores se cumprimentarão entre si, em seguida o Quadro de Árbitros e deixarão a área.
EXPLICAÇÃO:
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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do oponente.
MUBOBI Auto exposição O Árbitro toca sua face e leva sua mão à
ao perigo frente, movendo-a para trás, para indicar
aos Juízes que o competidor está
arriscando a si próprio.
Intervenção Pedagógica
Como a movimentação, é uma necessidade para o desenvolvimento, a promoção da atividade física na infância é fator
primordial para o desenvolvimento de hábitos saudáveis que podem modificar o surgimento de doenças crônicas enquan-
to adulto. Numerosas pesquisas sustentam a idéia de que importantes características da saúde e desempenho físico são
melhoradas na infância como resultado de atividades físicas, pois a flexibilidade é o único requisito motor que atinge seu
auge na segunda infância, piorando em seguida se não for devidamente trabalhada. Por esta razão, o treinamento de flexi-
bilidade deve começar já na primeira infância, para que não haja perdas e para garantir uma boa elasticidade na vida adulta.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Benefícios da pratica correta do karatê-Dô vas possibilidades tecnológicas (vídeo, instalações). Foi
essa também muito influenciada pelas novas condições
São vários os benefícios que podem ser obtidos da sociais - individualismo crescente, urbanização, propaga-
prática adequada do Karatê-Dô tais como: ção e importâncias da mídia, fazendo surgir novas pro-
Manutenção da saúde e fortalecimento do corpo. postas de arte, provocando também fusões com outras
Estímulo à coragem para enfrentar obstáculos. Res- áreas artísticas como o teatro por exemplo.
peito pelos outros, bons costumes em relação ao meio am- A dança no contexto educacional brasileiro aparece
biente, equilíbrio, boa postura e respiração correta, que são como conteúdo da disciplina Artes e nas atividades Rít-
estimulados pelos rituais tradicionais. micas e Expressivas da Educação Física. A dança é tra-
Incentivo ao aperfeiçoamento pessoal no sentido balhada na escola como atividade e linguagem artística,
de tentar vencer os próprios limites, como os do medo, da forma de expressão, socialização, como conceito e lin-
desconfiança, da preguiça, da indecisão. guagem estética de arte corporal e Cultura Corporal de
Empenho e dedicação, exigindo o máximo do cor- Movimento Humano. Na educação física a dança é utili-
po e da mente, treinando com paciência e perseverança zada de forma instrumental, assim como a ginástica, os
até fazer dessas metas um hábito. Estabilidade emocional. esportes e as lutas, enfocando o aspecto biopsicossocial,
como forma de atividade para condicionamento físico,
visando bem estar e saúde em clubes, academias e de-
mais espaços de lazer.
DANÇA: FUNDAMENTOS DA DANÇA; No âmbito de formação acadêmico-profissional,
ESTILOS DE DANÇA E SUAS PRINCIPAIS existem cursos específicos de bacharelado em Dança que
CARACTERÍSTICAS; qualificam profissionais de dança, seja o artista bailarino,
dançarino ou coreógrafo e ainda as licenciaturas em Dan-
ça que forma os professores de dança. Estes cursos são
História da Dança vinculados à área de conhecimento das Artes. A aborda-
gem da dança dentro do contexto da educação física é
A dança é uma das três principais artes cênicas da An- complementar aos bachareis (ou licenciados) de dança e
tiguidade, ao lado do teatro e da música. No antigo Egito deve auxiliar, entre outras coisas, no preparo físico para
já se realizava as chamadas danças astroteológicas em ho- que os profissionais de artes possam atuar. Na educação
menagem a Osíris. Na Grécia, a dança era frequentemente física a dança é uma atividade física, como a ginás-
vinculada aos jogos, em especial aos olímpicos. A dança tica, que visa promover não só o condicionamento
se caracteriza pelo uso do corpo seguindo movimentos físico, como também o bem estar psicológico e so-
previamente estabelecidos (coreografia) ou improvisados cial, que é o propósito de atuação deste profissio-
(dança livre). Na maior parte dos casos, a dança, com pas- nal. Ainda no Brasil, a formação para professores e
sos cadenciados é acompanhada ao som e compasso de artistas de dança é adquirida nos cursos superiores
música e envolve a expressão de sentimentos potenciados de dança (bacharelados e licenciaturas) e a profissão
por ela. A dança pode existir como manifestação artísti- é regulamentada pela Lei 6.533/78 a Lei do Artista.
ca ou como forma de divertimento ou cerimônia. Como
arte, a dança se expressa através dos signos de movimen- Classificação e Gêneros
to, com ou sem ligação musical, para um determinado
público, que ao longo do tempo foi se desvinculando das Várias classificações das danças podem ser feitas,
particularidades do teatro. Atualmente, a dança se ma- levando-se em conta diferentes critérios.
nifesta nas ruas em eventos como “Dança em Trânsito”,
sob a forma de vídeo, no chamado “vídeodança”, e em Quanto ao modo de dançar: dança solo (ex.: co-
qualquer outro ambiente em que for contextualizado o reografia de solista no balé, sapateado);
propósito artístico. - dança em dupla (ex.: tango, salsa, valsa, forró
A história da dança cênica representa uma mudança etc);
de significação dos propósitos artísticos através do tem- - dança em grupo (ex.: danças de roda, sapateado).
po. Com o Balé Clássico, as narrativas e ambientes ilusó-
rios é que guiavam a cena. Com as transformações so- Quanto a origem: dança folclórica (ex.: catira, ca-
ciais da época moderna, começou-se a questionar certos rimbó, reisado etc);
virtuosismos presentes no balé e começaram a aparecer - dança histórica (ex.: sarabanda, bourré, gavota etc);
diferentes movimentos de Dança Moderna. É importan- - dança cerimonial (ex.: danças rituais indianas);
te notar que nesse momento, o contexto social inferia - dança étnica (ex.: danças tradicionais de países
muito nas realizações artísticas, fazendo com que então ou regiões).
a Dança Moderna Americana acabasse por se tornar bem
diferente da Dança Moderna Europeia, mesmo que tendo Quanto a finalidade: dança erótica (ex.: can can,
alguns elementos em comum. A dança contemporânea striptease, pole dancing);
como nova manifestação artística, sofrendo influências -dança cênica ou performática (ex.: balé, dança do
tanto de todos os movimentos passados, como das no- ventre, sapateado, dança contemporânea);
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
- dança social (ex.: dança de salão, axé, tradicio- Características das Danças
nal);
- dança religiosa/dança profética (ex.: dança sufi). Dança pode ser considera como uma arte das mais com-
plexas. Para mapeá-la é preciso que se volte no tempo, visto
que os primeiros registros de movimentos do corpo – de ex-
Estudos e técnicas de dança: No início dos anos pressões corporais – datam de 14.000 anos atrás. Historiadores
1920, os estudos de dança (dança prática, teoria crí- que tanto se ocuparam com a época pré-histórica, de forma
tica, análise musical e história) começaram a ser con- global, deixaram em plano inferior a questão do movimento
siderados uma disciplina acadêmica. Hoje, esses es- corporal usado na época. Só no séc. XX, época em que a Dan-
tudos são parte integrante de muitos programas de ça passa a ser pesquisada como uma das mais importantes
artes e humanidades das universidades. No final do manifestações do homem em aspectos sociais, religiosos, cul-
século XX, o reconhecimento do conhecimento prático turais, entre outros, é que o estudo sobre o tema começou a
como equiparado ao conhecimento acadêmico levou ser aprofundado, utilizando-se de documentos iconográficos
ao aparecimento da e da prática como pesquisa. Uma para mapear tanto a sua origem como a sua função.
grande variedade de cursos de dança estão disponí- O homem pré-histórico, da era Paleolítica, era preda-
veis, incluindo: dor. A sua subsistência era mantida através de caça, pesca
- prática profissional: performance e habilidades e coleta. O homem era lançado ao destino e os animais,
técnicas objetos de sua caça e difíceis de serem vencidos, condicio-
- prática de pesquisa: coreografia e performance navam a sua sobrevivência fornecendo o alimento, a pele
- etnocoreografia, abrangendo os aspectos de para sua roupa e os chifres para a manufatura de instru-
dança relacionados com antropologia, estudos cultu- mentos. O homem Paleolítico vivia em função dos animais
rais, estudos de gênero, estudos de área, teoria pós- e, portanto, a sua Dança se referia a eles. Supõem-se atra-
-colonial, etnografia etc. vés dos registros, ainda em número pouco significativo,
- dançaterapia ou terapia por movimentos de dan- que sua Dança era um ato ritual. Figuras encontradas nas
ça. paredes de cavernas e grutas, que datam de até 1000 anos,
- Dança e tecnologia: novos meios de comunica- podem representar ancestrais de dançarinos. Um exemplo
ção e o desempenho de tecnologias. disso é a figura encontrada na parede da gruta Gabillou na
Dordonha, perto de Mussidan, na França.
Análise de Movimento de Laban e estudos somá- Uma outra figura, na gruta de Trois-Frères, que se en-
ticos. contra próxima a Montesquiou -Avantes, também na Fran-
ça, apesar de se encontrar isolada de outras representações,
Graus acadêmicos estão disponíveis desde o bacharelado nos mostra além dos movimentos, vestimentas que nos su-
até o doutorado e também programas de pós-doutorado, com gerem o caráter da dança que não difere do caráter sagrado
alguns estudiosos de dança fazendo os seus estudos como es- que ela tem nos dia de hoje. O sentido de sagrado aqui
tudantes maduros depois de uma carreira profissional de dança. atribuído é o de consagração: ato ou efeito de consagrar
algo através de uma cerimônia, de um ato cerimonial de
Competições de dança: Uma competição de dança é sagração; logo, a Dança leva e eleva os homens a um plano
um evento organizado em que os concorrentes executam superior a si mesmos. Através de giros em torno de si en-
danças perante um juiz ou juízes visando prêmios e, em tram em êxtase e acreditam se comunicar com os espíritos.
alguns casos, prêmios em dinheiro. Existem vários tipos Inúmeras outras figuras, em cavernas, objetos de uso
principais de competições de dança, que se distinguem diário e artesanias, além de documentos da época, nos
principalmente pelo estilo ou estilos de dança executados. mostram que a dança no período Paleolítico mostra -se
Os principais tipos de competições de dança incluem: como um ato ritual que coloca quem a executa em esta-
- Dança competitiva, em que uma variedade de estilos do de transe. Animais, vestimentas especiais e máscaras
de danças teatrais, como dança acro, balé, jazz, hip hop, também faziam parte do ato ritual. A máscara, por sua vez,
dança lírica e sapateado, são permitidos. permanece até meados do século XVIII quando então é
- Competições abertas, que permitem uma grande va- substituída pela maquiagem. Contudo, em muitos lugares,
riedade de estilos de dança. Um exemplo disto é o popular como n o oriente médio por exemplo, ainda hoje se usam
programa de TV So You Think You Can Dance. máscaras e maquiagem em danças rituais. Na Pré-história,
- Dança esportiva, que é focada exclusivamente em dança em seu período Neolítico, o homem passa de predador
de salão e dança latina. Exemplos disso são populares programas a produtor. Aprende a criar animais e a plantar, pensa a
de televisão Bailando por um Sonho e Dancing with the Stars. partir daí ser dono de seu destino. Começa a se agrupar
- Competições de estilo único, como dança escocesa, formando cidades, cada qual com sua divindade protetora
dança de equipe (dance squad) e dança irlandesa, que só e cada grupo com seu próprio ritual, com a sua dança.
permitem um único estilo de dança. Mais tarde, com os movimentos migratórios – que se
tornam significativos a partir do Séc. V a.C. – o uso dos
Hoje, há vários concursos de dança na televisão e na metais e a cultura vinda de outros povos, o homem mo-
internet. difica seus costumes e parte em busca de um pensamen-
to racional. Com isso, a Dança, antes de caráter ritual, de
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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participação, passa a culto de relação e, sem colocar o Mais tarde, com a introdução da busca do pensamen-
dançarino em transe, passa de ritual a cerimonial. Esta ca- to racional, o significado religioso da Dança foi substituído
racterística fica bastante evidente quando nos reportamos pela Dança de congregação, de sagração. Eram praticadas
à Grécia Arcaica, berço do pensamento filosófico e da civi- em momentos de importância na vida dos cidadãos, como
lização Ocidental. É possível mapear de forma satisfatória, festas coletivas, ocasiões de guerras em diversas regiões
embora não exata ou definitiva, as Danças praticadas na da Ásia e da Europa Oriental. Na Grécia, a Dança de sa-
cultura grega, pois se fez presente desde sempre. A Dança gração fazia parte do cotidiano, havia as de culto, festas
na cultura grega fazia parte do cotidiano dos homens. Es- e que geralmente se relacionavam com cultos florais, pri-
tava nos ritos religiosos, nas cerimônias cívicas, nas festas, maveris, e era praticada por jovens. Um exemplo é a Dan-
fazia parte da educação das crianças, do treinamento mi- ça das Ergastinas, jovens que eram encarregadas de fiar a
litar. Mas teve sua primeira manifestação como ato ritual, lã para oferecer a Atena. Carregavam enormes cestas com
cerimonial. flores e com a lã para fiar. Entre as Danças cotidianas po-
O primeiro filósofo a fazer referência sobre a dança demos citar a de Banquete. Era realizada por uma bailarina
em sua obra foi Platão, mas por um ponto de vista filo- profissional (assim considerada por fazer uso de técnica) e
sófico e não de quem está investigando a historia, pois tinha o acompanhamento de tocadores de aulos (espécie
afirma existir a dança de beleza e a dança de figura (Leis de flauta doce). As Danças de Banquete eram provocan-
I). Já o historiador Paul Bourcier, na obra A História da tes e muitas vezes faziam uso de acrobacias. As bailarinas
Dança no Ocidente, sugere que se deve captar a dinâmica trajavam roupas especiais que deixassem à mostra partes
da dança grega, sua elaboração original, sua evolução em pudicas do corpo, como seios, coxas e nádegas.
função das transformações culturais e do contexto sócio Algumas das técnicas da Dança dos gregos sobrevive
-político e não apenas pelo ponto de vista da beleza e da até hoje, uma delas é a meia ponta ou relevé absorvido pelo
figura. Ladeando mais um pouco a origem da dança na balé de corte e mais tarde pela técnica clássica. Muitos do-
Grécia Arcaica ou antiga, pode -se afirmar, segundo as cumentos de época podem dar alguma noção sobre a téc-
narrativas lendárias dos poetas, que a mesma nasceu em nica usada pelos gregos. Existem textos de autores clássi-
Creta. cos, figuras orquésticas pintadas ou desenhadas em vasos
Consoante Homero, a dança foi ensinada aos mor- e escritos de comentadores. Esses documentos, quando
tais pelos deuses par a que aqueles os honrassem e os estudados, podem sugerir que os gregos procuravam uma
alegrassem; foi em honra ao deus Dionísio que aparece- harmonia, uma simetria, um equilíbrio natural ao usarem a
ram os primeiros grupos de dança e foram compostos os meia ponta ou o relevé. Os registros e documentos suge-
primeiros Ditirambos. As pessoas que participavam dos rem também não haver movimentos livres, mas de gênero
Ditirambos travestiam-se em Sátiro, semideus represen- e mímica determinada e com um fim específico. Gestos mi-
tado por um ser meio homem meio animal, que durante métricos, como os de mãos estendidas horizontalmente ao
o ritual evocava o deus cantando e dançando. Os gregos chão significava tristeza, e alguns nomes de danças como
consideravam a Dança como dom dos imortais e como aletés, (corrida) e danças que imitavam animais como a da
um meio de comunicação entre os homens e os deuses. dança da coruja (glaux) também aprecem com frequência
Vários autores e filósofos clássicos consideram que as ca- em documentos da época.
racterísticas dos deuses eram a ordem e o ritmo e que es- Não nos passa despercebido que nessa época históri-
tas eram também características das Danças em seu lou- ca, precedente à Idade Média, havia Dança também entre
vor. Logo, não havia celebração sem Dança, pois esta era os Etruscos e os Romanos. Entre os Etruscos só se tem re-
o melhor meio de se agradar, honrar e alegrar um deus. ferência sobre a Dança através de representações, pois não
Sócrates, um dos grandes filósofos gregos, através de há, até hoje, conhecimento de textos escritos. Mas podemos
Platão em Leis VII, considerou a Dança como a atividade perceber, que recebeu forte influência dos gregos desde o
que formava o cidadão por completo. A Dança daria pro- Séc. VII a.C., pelas representações em que aparecem indícios
porções corretas ao corpo, seria fonte de boa saúde, além de danças guerreiras, dionisíacas, de Banquete, entre outras.
de ser ótima maneira de reflexão estética e filosófica, o Sabe-se que a Dança Etrusca era em tempo rápido, ritmada
que a faz ganhar espaço na educação grega. O homem e acompanhada por aulos e liras. As representações, a maio-
grego não separava o corpo do espírito e acreditava que o ria encontradas em túmulos, mostram gestos específico de
equilíbrio entre ambos que lhe trazia o conhecimento e a braços e pernas e gestos de quiromonia, ou seja, movimen-
sabedoria. A dança, como um ato sagrado, como um rito, tos harmônicos entre gestos e discursos, na mímica antiga.
era manifestada em lugares definidos como os templos, Entretanto tais representações não são claras quanto ao sen-
por exemplo, e também em manifestações específicas em tido das Danças, o que até hoje , parece ser uma incógnita.
que os sacerdotes a praticavam para invocar o auxilio dos Entre os Romanos, a Dança parecia ter um sentido mais cla-
deuses ou para lhes agradecer. Os deuses eram invocados ro e específico: Reis, República e Império. Do séc. VII ao Séc. VI
pelas danças nas situações mais diversas como nascimen- a.C., época dos Reis, Roma foi dominada pelos Etruscos; assim,
tos, casamentos, mortes, guerras, colheitas e muitos ou- as Danças eram de origem agrária. Mas, podemos destacar tam-
tros. Essas Danças em homenagem aos deuses pouco a bém as danças guerreiras (costume entre os Salinos) celebradas
pouco foram adquirindo um conjunto de passos, gestos amplamente durante a primavera, e em honra a Marte, deus da
próprios para cada deus a ser invocado e cada situação – o guerra, ou seja, ainda era uma Dança sagrada. Contudo, desde o
que hoje denominamos coreografia. início da época da República, a influência dos Helenos predomi-
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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nou em Roma. As origens religiosas da Dança foram esquecidas Imaginação: Não existe arte sem imaginação. Na dan-
e a mesma passou a ter um cunho recreativo, colocada em pla- ça este campo é infinito. A imaginação é uma tendência
no inferior, e várias escolas de Dança encerraram suas ativida- natural mas pode ser trabalhada e desenvolvida de várias
des. Durante a época do Império, a Dança volta à cena triunfan- maneiras na dança. Ela é importantíssima para a comple-
te, mas como jogos de circo e atribuída a cortesãs, quando a in- mentação de um artista.
decência é repudiada pela Igreja Católica. Assim, nos afastamos
da Dança como ato sagrado com intuito de cultuar os deuses e Expressão: É a qualidade artística mais importante, não
entendemos a sentença de anátema lançada pela Igreja e que somente na dança mas em todas as artes. Estudos de mí-
será sentida durante quase toda a Idade Média. mica especializada para atores e bailarinos possibilitam en-
contrar os gestos instintivos fundamentais e naturais que
Dança Moderna: A dança moderna voltou ao início expressam as grandes emoções, para retransmitir com pre-
básico da dança, liberada de artifícios ou temas fantásti- cisão e veracidade. Na interpretação de estados de alma, o
cos. Era um meio do artista poder expressar seus senti- bailarino necessita de uma concentração mais intensa do
mentos de um modo mais atual. Explora as possibilidades que o ator dramático, pois tal situação implica ao mesmo
motoras do corpo humano, usa o dinamismo, o emprego tempo um grande esforço físico e mental.
do espaço e do ritmo corporal em movimentos. Os grupos
de dança moderna normalmente são fundados por uma Ritmo
personalidade, que é seu coreógrafo e diretor, sendo por
isso individualistas e tendo suas próprias características. Ritmo é a sucessão de tempos fortes e fracos que se al-
ternam com intervalos regulares. O termo é usual também
Dança Clássica: A dança é a forma do movimento e para referir-se à variação da frequência de repetição de um
da expressão, onde a estética e a musicalidade prevale- fenômeno no tempo, notadamente os sons. O estudo do
cem. ritmo, entoação e intensidade de um discurso chama-se
prosódia. Existe também a prosódia musical, visto que a
Atributos da dança: de um modo geral, a prática da música também é considerada uma linguagem. Em poesia,
dança permite desenvolver e enriquecer as qualidades do o estudo do ritmo chama-se métrica. A vida do homem é
homem, tanto as físicas como as mentais ou psíquicas. A cercada de acontecimentos rítmicos o tempo todo. Come-
beleza corporal, a visão, a precisão, a coordenação, a te- çando na gestação, com o bater do coração, depois com
nacidade, a imaginação e a expressão são a essência do outras frequências biológicas, como as do respirar, piscar
ensino da dança. os olhos, caminhar, os acontecimentos repetidos de sono
Beleza: A dança melhora extraordinariamente a pos- e vigília. As frequências biológicas do próprio corpo foram
tura do corpo por meio de exercícios preparatórios, corri- fundamentais para as noções de tempo e a criação do reló-
gindo o relaxamento das costas e dos ombros, os joelhos gio, bem como no desenvolvimento de artes relacionadas
e pés chatos. Os exercícios ajudam a queimar as gorduras ao tempo, como a música, a poesia, a dança.
em excesso, desenvolvem uma bela musculatura e desin-
toxicam o organismo, aumentando a capacidade respira- A Rítmica: A rítmica é uma ciência do ritmo que obje-
tória; além do mais, dão um belo porte, naturalidade, ele- tiva desenvolver e harmonizar as funções motoras e regrar
gância e segurança nos movimentos. os movimentos corporais no tempo e no espaço, aprimo-
Visão: Os bailarinos desenvolvem a capacidade de rando o ritmo. Embasado-se nestes conceitos, fica clara a
perceber as formas e linhas, nas suas proporções harmó- importância que o ritmo tem na nossa vida, tanto através
nica e equilibradas. de influências externas quanto internas. O desenvolvimen-
to e aperfeiçoamento do mesmo torna-se muito importan-
Precisão: A velocidade ou rapidez e a precisão na te, pois o ser humano é dependente do ritmo para todas
execução de certos movimentos controlam e disciplinam as atividades que for realizar, como na vida diária, profis-
o sistema nervoso, muscular e mental, aumentando e for- sional, desportiva e de lazer. Na educação infantil (alfabe-
talecendo o equilíbrio interno. tização), é uma habilidade importante, pois dá à criança a
noção de duração e sucessão, no que diz respeito à per-
Coordenação: Exercícios que exigem esforços particu- cepção dos sons no tempo. A falta de habilidade rítmica
larmente grandes, fazendo trabalhar os músculos na sua pode causar uma leitura lenta, silabada, com pontuação e
capacidade máxima. entonação inadequadas. O ritmo é de grande importância
para os professores de Educação Física, pois ele se reflete
Flexibilidade: A liberdade de movimentos, dentro de diretamente na formação básica e técnica, na criatividade e
um controle muscular, unida à força, dá toda a beleza aos na educação de movimento.
movimentos mais difíceis e técnicos. O ritmo pode ser individual (ritmo próprio), grupal (ca-
racterizado muito bem pela dança, o nado sincronizado e
Tenacidade: Esta é, sem dúvida alguma, a qualidade por uma série de atividades por equipe), mecânico (unifor-
mais indispensável para a formação de um bailarino e ar- me, que não varia), disciplinado (condicionamento de um
tista profissional, aliada aos atributos: estética e musicali- ritmo predeterminado), natural (ritmo biológico), espontâ-
dade. neo (realizado livremente) e refletido (reflexão sobre a te-
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mática realizada), todas estas variações de ritmo podem A classificação do português nesse sistema é contro-
ser trabalhadas na escola com diferentes atividades. O versa. O português europeu tem ritmo mais acentual que
ritmo é fundamental para a música, uma arte que ocorre o brasileiro; este último tem características mistas e varia
no tempo. O ritmo está na constância (ou inconstância) de acordo com a velocidade de fala, o sexo e o dialeto. Na
dos acontecimentos musicais (isto é, das notas musicais fala rápida, o português brasileiro tem ritmo mais acen-
ou batidas percussivas). tual, e na lenta, mais silábico. Os dialetos gaúcho e baiano
têm ritmo mais silábico que os outros, enquanto os diale-
Objetivos tos do Sudeste, como o mineiro, têm ritmo mais acentual.
- Desenvolver a capacidade física dos educandos as- Homens falam mais rápido e com ritmo mais acentual que
sim como a saúde e a qualidade de vida. as mulheres. A clave (ritmo) é um ritmo subjacente comum
- Propiciar a descoberta do próprio corpo e de suas na música africana, cubana e brasileira. Na música, todos
possibilidades de movimento. os instrumentistas lidam com o ritmo, mas é frequente-
- Desenvolver o ritmo natural. mente encarado como o domínio principal dos bateristas
- Possibilitar o desenvolvimento da criatividade para e percussionistas.
descoberta do estilo pessoal.
- Despertar sentido de cooperação, solidariedade, Melodia
comunicação, liderança e entrosamento através de tra-
balho em grupo. A melodia é uma sucessão coerente de sons e silên-
cios, que se desenvolvem em uma sequência linear com
Funções identidade própria. É a voz principal que dá sentido a uma
- Auxiliar a incorporação técnica. composição e encontra apoio musical na harmonia e no
- Estimular a atividade. ritmo. Na Notação musical ocidental a melodia é represen-
- Determinar qualidade, melhor domínio e a liber- tada no pentagrama de forma horizontal para a sucessão
dade de movimento propiciando a sua realização com de Notas musicais e de forma vertical para sons simultâ-
naturalidade. neos. Os sons da melodia possuem um sentido musical. A
- Permitir a vivência total do movimento. sucessão de sons arbitrários não se considera que produz
- Incentivar a economia de trabalho retardando a fa- melodia. Os sons que formam a melodia possuem quase
diga e aumentando resultados. sempre durações diferentes. Este jogo de durações dife-
- Reforçar a memória. rentes é o ritmo. Os sons de uma melodia não têm todos a
- Facilitar a expressão total. mesma música, mas alturas (frequências) diferentes. Cada
- Criar hábitos de disciplina e atitudes. estilo musical usa a melodia de sua própria maneira:
- Aperfeiçoar a coordenação. - Na música clássica temos os motivos, um tema melo-
dico frequente que é usado como tema para então explo-
Em todas as línguas a fala possui um ritmo, que se rado sob diversas formas variantes em uma mesma compo-
encaixa em um de três tipos. No ritmo silábico, caso do sição, como na abertura da Quinta Sinfonia de Beethoven.
francês e do espanhol, as sílabas têm todas a mesma du- - No período barroco surgiu as melodias em camadas,
ração. No ritmo acentual, as sílabas têm durações dife- a chamada polifonia usada na Fuga e no Contraponto.[de-
rentes, mas o intervalo de tempo entre as sílabas tônicas sambiguação necessária]
é regular. É o caso da língua inglesa; a unidade mínima - No período romântico, Richard Wagner popularizou
é o pé, constituído por uma ou mais sílabas. Neste caso o conceito de leitmotif, uma melodia associado a uma certa
são os pés que se pronunciam numa duração mais ou ideia, pessoa ou lugar.
menos regular, o que significa que, por exemplo, num - Na música erudita do século XX e XXI, a combinação
pé de quatro sílabas cada uma delas deva ser mais breve melôdica de timbres que ganhou destaque. Neste campo
do que a sílaba, obviamente mais longa, de um pé mo- podemos citar a Música concreta, a Klangfarbenmelodie,
nossilábico. O ritmo da fala inglesa apresenta-se assim os Eight Etudes and a Fantasy de Eliott Carter, o terceiro
num movimento de velocidades diferentes, percorrendo movimento de String Quartet de Ruth Crawford-Seeger e
períodos semelhantes de tempo, mas cria-se também Aventures de György Ligeti, entre outros.
na tensão entre os acentos de intensidade - equivalen- - No Blues e no Jazz os músicos usam uma linha me-
tes ao ictus da prosódia clássica - que surgem, de uma lodica inicial chamada “lead” ou “head”, como ponto de
maneira sistemática, na primeira sílaba de cada pé. Se- partida para a [Improvisação].
gundo M. A. K. Halliday, o pé descendente constitui um - O Rock, Folk, MPB e a música popular em geral ten-
elemento da estrutura fonológica inglesa. Este acento dem a ter uma ou duas melodias organizadas em versos e
pode também ser silencioso, mantendo-se o ritmo, de refrão usando-as de modo intercalado.
um modo sub-vocálico, tanto na consciência do falante
como na do ouvinte: o chamado “silêncio rítmico”. Há Movimento
ainda o ritmo mórico ou moraico, no qual a duração das
moras é igual, sendo que uma sílaba pode ter uma ou Em física, movimento é a variação de posição espacial
mais moras. de um objeto ou ponto material no decorrer do tempo. Na
filosofia clássica, o movimento é um dos problemas mais tra-
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dicionais da cosmologia, desde os pré-socráticos, na medida o qual concluiu que independentemente da distância per-
em que envolve a questão da mudança na realidade. Assim, corrida pelo pêndulo, o tempo para completar o movimento
o mobilismo de Heráclito considera a realidade como sem- é sempre o mesmo. Através desta conclusão construiu o re-
pre em fluxo. A escola eleática por sua vez, principalmente lógio de pêndulo, o mais preciso da sua época.
através dos paradoxos de Zenão, afirma ser o movimento
ilusório, sendo a verdadeira realidade imutável. Aristóteles Movimento Segundo Isaac Newton: Foi Isaac Newton
define o movimento como passagem de potência a ato, quem, com base nos estudos de Galileu, desenvolveu os
distinguindo o movimento como deslocamento no espaço; principais estudos acerca do movimento, traçando leis ge-
como mudança ou alteração de uma natureza; como cres- rais, que são amplamente aceites hoje em dia. As leis gerais
cimento e diminuição; e como geração e corrupção (des- do movimento, enunciadas por Newton são: Primeira Lei
truição). No universo descrito pela física da relatividade, o de Newton: Também conhecida como Lei da Inércia, enun-
movimento nada mais é do que a variação de posição de cia que: “Todo corpo continua no estado de repouso ou
um corpo relativamente a um ponto chamado “referencial”. de movimento retilíneo uniforme, a menos que seja obri-
gado a mudá-lo por forças a ele aplicadas”. Segunda Lei
Estudo do movimento: A ciência Física que estuda o de Newton: Também conhecida como Lei Fundamental da
movimento é a Mecânica. Ela se preocupa tanto com o mo- Dinâmica, enuncia que: “A resultante das forças que agem
vimento em si quanto com o agente que o faz iniciar ou num corpo é igual a variação da quantidade de movimento
cessar. Se abstraírem-se as causas do movimento e preo- em relação ao tempo”. Terceira Lei de Newton: Também
cupar-se apenas com a descrição do movimento, ter-se-á conhecida como Lei de Acção-Reacção, enuncia que: “Se
estudos de uma parte da Mecânica chamada Cinemática um corpo A aplicar uma força sobre um corpo B, receberá
(do grego kinema, movimento). Se, ao invés disso, buscar- deste uma força de mesma intensidade, mesma direção e
-se compreender as causas do movimento, as forças que sentido oposto à força que aplicou em B”. Tais leis são fun-
iniciam ou cessam o movimento dos corpos, ter-se-á es- damentais no estudo do movimento em Física, e são essen-
tudos da parte da Mecânica chamada Dinâmica (do gre- ciais na resolução de problemas relacionados com movi-
go dynamis, força). Existe ainda uma disciplina que estuda mento, velocidade, aceleração e forças, em termos físicos e
justamente o não-movimento, corpos parados: é a Estática reais. Assim todas as forças físicas (forças electromotrizes)
(do grego statikos, ficar parado). De certo modo, a estati- expressadas em (Nwe) são utilizadas maioritáriamente em
cidade é uma propriedade altamente específica, pois só se casos de extrema necessidade, com por exemplo: - força
apresenta para referenciais muito especiais, de modo que exercida quando feita por um electroíman; - quando feita a
o comum é que em qualquer situação, possamos atribuir polarização directa de um íman sob carga; - o simples acto
movimento ao objeto em análise. de retirar a mão após uma carga de aproximadamente 220-
230 volts; - polarização do polo norte para o sul.
Movimento Segundo Aristóteles: Segundo Aristóte- A dança é uma expressão artística baseada no movi-
les todos os corpos celestes no Universo possuíam almas, mento corporal. Ela aparece em duas formas: a teatral e
ou seja, intelectos divinos que os guiavam ao longo das a social. No primeiro caso, é executada num palco, tendo
suas viagens, sendo portanto estes responsáveis pelo mo- como estilos principais o medieval e o balé (clássico, mo-
vimento do mesmo. Existiria, então, uma última e imutável derno e contemporâneo). No outro, ela é praticada ao ar
divindade, responsável pelo movimento de todos os ou- livre ou em clubes de baile. Nesse grupo estão os gêneros
tros seres, uma fonte universal de movimento, que seria, populares - como o frevo, o forró, o carimbó etc. - e as dan-
no entanto, imóvel. Todos os corpos deslocar-se-iam em ças de salão, do ventre e de rua. Nos dois casos, os passos
função do amor, o qual nas últimas palavras do Paraíso de cadenciados são acompanhados de música e transmitem
Dante, movia o Sol e as primeiras estrelas. Aristóteles nun- sensações e sentimentos por meio de um conjunto orde-
ca relacionou o movimento dos corpos no Universo com o nado (teatral), chamado coreografia.
movimento dos corpos da Terra. Mais sobre dança
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roda, saltando e se comunicando com o corpo. É como se Descartes introduziu uma rigorosa separação da men-
nossos antepassados quisessem reproduzir graficamente te e do corpo a partir da idéia que o corpo é uma máqui-
os sentimentos proporcionados por uma boa caça e uma na que pode ser entendida em termos da organização e
colheita frutífera, a alegria causada pela chuva ou o medo funcionamento de sua peças (modelo biomecânico), como
provocado por um predador. A primeira coreografia que relata Capra. Mente e corpo pertenciam a dois domínios
os estudiosos imaginam ter sido criada é a do homem paralelos e diferentes, podendo ser estudados sem refe-
que veste uma pele de animal e tenta imitar seus ataques rência ao outro. O corpo era governado por leis mecânicas,
ou fugas. mas a mente (ou alma) era livre e imortal. A nossa herança
Ao longo do tempo, essa forma de Arte passou por cultural acostumou a pensar o homem a partir do espírito,
transformações. Uma das mais importantes foi realizada dualisticamente, onde o valor nobre, supremo reserva-se à
na França do século 17, durante o reinado de Luís XIV. parte espiritual e à dimensão corpórea fica com uma fun-
Exímio bailarino, ele fundou em 1661 a Academia Real ção de serviçal.
da Música e da Dança. Nascia assim o conceito de balé, Em suas análises sobre as relações de poder nas so-
um tipo de dança executada pelos nobres nas festas da ciedades e em várias épocas, Foucault percebe de forma
corte, que duravam dias. O gênero foi bastante difun- diferente a questão corpórea. Entende que o corpo, ao lon-
dido em toda a Europa. Na virada do século 19 para o go dos séculos XVIII, XIX e início do XX, sofreu um forte
20, a francesa Isadora Duncan mudou completamente o investimento do poder. Afasta ele a tese de que o poder,
jeito teatral de dançar. Ela causou enorme sensação ao nas sociedades burguesas e capitalistas teria negado a rea-
rejeitar as sapatilhas de ponta, símbolo sagrado do balé. lidade do corpo em proveito da alma, da consciência, da
Descalça, Isadora fazia seus passos arrojados e menos rí- idealidade. Argumenta para tal que nada é mais material,
gidos, interpretando as músicas a seu modo. Em 1913, nada mais físico, mais corporal do que o exercício do po-
o russo Vaslav Nijinsky coreografou A Sagração da Pri- der. “O corpo humano entra numa maquinaria de poder
mavera, peça musical dissonante e assimétrica do russo que o esquadrinha, o desarticula e o recompõe. Uma ‘ana-
Igor Stravinski que tinha movimentos diferentes para os tomia política’ que é igualmente uma ‘mecânica do poder’
vários bailarinos. Assim, ele eliminou o conceito de corpo está nascendo; ela define como se pode ter domínio sobre
de baile. o corpo dos outros, não simplesmente para que façam o
Do ponto de vista corporal, a dança é uma forma de que se quer, mas para que operem como se quer, com as
integração e expressão individual e coletiva: exercitam-se técnicas, segundo a rapidez e a eficácia que se determina”.
a atenção, a percepção e a colaboração entre os inte- Entende que a coerção disciplinar estabelece no cor-
grantes do grupo. Quem a pratica tem mais facilidade po o elo coercitivo entre a aptidão aumentada e uma do-
para construir a imagem do próprio corpo - fundamental minação acentuada, da mesma forma como a exploração
para o crescimento e a maturidade do indivíduo e a for- econômica separa a força e o produto do trabalho. Em sua
mação de sua consciência social. Como a ação física é a época Marx, apud Romano, já vislumbrava os efeitos de
primeira forma de aprendizagem, é importante que essas uma sociedade onde o corpo humano reduziu-se ao nú-
atividades estejam sempre presentes na escola. A criança mero, onde a visibilidade da carne fora cada vez mais enca-
estimulada a se movimentar explora com mais frequência deada ao lucro invisível e impiedoso, motor da sociedade
e espontaneidade o meio em que vive, aprimora a mo- moderna. A partir da segunda metade do século XX as so-
bilidade e se expressa com mais liberdade. Geralmente, ciedades industriais elaboraram novas formas de exerce-
nos primeiros sete anos de vida, os pequenos têm um rem o poder sobre o corpo, mais tênues e sutis, camufladas
vocabulário gestual muitas vezes maior do que o oral. De por um discurso de culto ao corpo, de “descoberta” corpo-
acordo com pesquisas recentes feitas na área da neuro- ral. Sabendo que cada cultura impõe aos indivíduos o uso
ciência, é cada vez maior a relação entre o desenvolvi- determinado do seu corpo, precisamos buscar elementos
mento da inteligência, os sentimentos e o desempenho reflexivos que auxiliem na interpretação e decodificação
corporal. Fica para trás, portanto, aquela visão tradicional dos ‘signos sociais’ que constantemente impregnam-se
que separava corpo e mente, razão e emoção. no corpo. Para esta reflexão considero necessário tecer co-
mentário sobre as abordagens conceituais do corpo.
A tradição intelectual do ocidente foi marcada pela Historicamente registram-se três momentos concei-
dissociação entre o corpo e a mente, a personalidade e a tuais. No primeiro momento o corpo inspirava-se em três
natureza, o intelecto e o senso de sentimento e de intui- perspectivas básicas, quais sejam: distinção entre o corpo e
ção, de acordo com a argumentação de Whyte. Esta dis- a alma; relação com as divindades e a imortalidade; e pela
sociação vem impregnando toda e qualquer abordagem diferença entre o homem e o animal. Em Platão, o corpo
de vida adotada pelo homem ocidental: intelectual, reli- era o vilão da estrutura ontológica do homem, símbolo da
giosa, econômica ou política. A cultura ocidental icenti- decadência e uma fonte de vícios e males. Acreditava-se
vou-nos a cultivar o intelecto, desde o tempo de Platão e ter sido o corpo colocado no homem como castigo e como
de São Paulo até o século XX, organizando-nos pelo uso um perigo constante para sua evolução. A modernidade
de conceitos estáticos da natureza. A ciência tratou de marca o segundo momento, sendo o corpo caracterizado
partes isoladas, compartimentalizadas, esgotando seus por duas atitudes básicas: de libertação das influências teo-
recursos reducionistas e tornando-se até uma ameaça lógicas e de vinculação às questões epistemológicas, rela-
mundial em muitas de suas invenções. cionando-o as possibilidades e a validade do conhecimen-
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to humano. Descartes foi quem inaugurou esta virada O movimento determinado no espaço e no tempo, o
nas questões corpóreas seguido por Kant, Hurssel, Apel, movimento que se constrói na relação do homem com
Pascal, e Rhum, dentre outros. suas condições objetivas de vida, o movimento social, não
Em ambos os momentos, o corpo continuou um hu- podendo portanto, ser compreendido isolado da sua his-
milde servo no palácio das ciências, submetido aos mo- tória, conforme Marx. A motricidade enquanto universo
delos teóricos, pois para a ciência e a técnica o corpo só em construção, as relações humanas, a visão, a vontade,
obedecia e marchava. De acordo com Foucault, foi por esta a atividade, o amor, ..., todos os órgãos e expressões de
manipulação e dominação na utilização do corpo como sua individualidade são órgãos vinculadamente sociais
‘objeto’ que se tornou possível a consciência do próprio por seu comportamento, ou na relação com o objetivo de
corpo. Assim chega-se ao terceiro momento, onde se ob- apropriação da realidade humana. É preciso compreender
serva uma reflexão filosófica contemporânea preocupada o movimento no contexto de suas dimensões reais, histó-
em aprender a sabedoria do corpo, visualizando-o como ricas, sociais, pois o homem não nasceu pulando, corren-
um organismo vivo, pois ao dispor do seu corpo, o sujeito do, saltando..., o movimento tem sua história e precisamos
é sujeito da sua ação e da sua percepção, manifestada no contá-la, refletir suas constancias e transformações, recriá-
mundo por sua própria corporeidade, como constatam Bu- -la.
row e Scherpp. Assim chega-se à Educação Física, prática social, mile-
Este corpo descoberto é social, real, onde a consciên- nar, portadora de uma forte carga cultural por tratar das
cia do próprio corpo se deu por efeito do investimento do manifestações expressivas da cultura corporal, desenvolvi-
corpo pelo poder: a ginástica, os exercícios, o desenvolvi- das ao longo da história da humanidade, como explicita
mento muscular, a nudez, a exaltação do corpo belo ... re- Coletivo de Autores. O conhecimento próprio desta prática
sultando no investimento do corpo contra o poder, sendo pedagógica se faz necessário para o entendimento da rea-
ele, nesta dialética, sujeito e objeto de transformação. Na lidade atual, porém torna-se imprescindível um tratamento
interpretação de Kofes, o corpo tem sempre uma lingua- pedagógico em relação a sua prática cotidiana e à eleição
gem de transgressão ou afirmação, sendo importante por e definição de seu objeto de estudo. Presencia-se a prática
reformular, explicitar, colocar questões que às vezes a fala pedagógica da Educação Física brasileira consubstanciada
é incapaz de expressar. A existência humana então não no paradigma da aptidão física, pautada na perspectiva
só passa pelo corpóreo como o supõe, devendo ser ele do consenso. Estes autores relatam a hegemonia do en-
entendido na riqueza de sua totalidade que se transforma tendimento da Educação Física sobre o prisma da aptidão
na sua dimensão humana e histórica. Penetrar dialetica- física, referenciada até como sendo a solução para casos
mente no corpóreo significa, concordando com Medina, epidêmicos e anti-higiênicos em um determinado momen-
recuperar as condições e relações em que os fenômenos to histórico do Brasil, sofrendo também influencias diretas
se realizam, recuperar seus movimentos sociais. do militarismo e da competição própria do nosso modo
Necessita-se reconhecer que o homem é definido de produção, bem como a consideração do corpo como
pelo seu corpo, sendo ao mesmo tempo seu dono e sua objeto a ser manipulado, exercitado, medido, avaliado, se-
expressão, organizando-o pelo movimento. Movimento lecionado.
que se torna gesto, gesto que fala, que instaura presença Seu objeto de estudo nesta perspectiva é o desenvol-
expressiva e única, comunicativa e criadora, ou presença vimento da capacidade física para a produção de homens
mecânica e reprodutiva, pois para Bruel ele integra uma máquinas, corpos dóceis, submissos e obedientes, corpos
totalidade, indo desde a expressão dos sentimentos até o produtivos e passivos. Este paradigma que está em vigor
gesto mecânico, sem vida. É inegável que a motricidade até hoje é inclusive respaldado pela legislação vigente. Nos
constitui-se e se constrói ao longo da história da huma- anos oitenta presenciamos um repensar de sua prática pe-
nidade, tanto pela relação dos antropóides com a natu- dagógica, uma crítica às posições ‘acríticas’ assumidas por
reza, quanto entre si, na produção e consumo dos bens seus intelectuais e uma reflexão acerca da prática mecânica
socialmente necessários a sua sobrevivência, no trabalho, e reprodutora de suas aulas. A partir dessa ebulição, sur-
na construção de sua organização social. ge novas propostas, novas perspectivas de entendimento
A maturação do indivíduo não se limita portanto só da Educação Física enquanto prática pedagógica desen-
ao contexto biológico, como afirma Engels; ela é também cadeando novas teorias, dentre elas cito a que considero
dependente do contexto histórico e cultural (mundo dos mais pertinente para auxiliar na construção de uma nova
valores humanos). Deste modo, torna-se claro que o mo- prática pedagógica para a Educação Física, qual seja, o pa-
vimento humano apresenta-se sob a forma sociológica radigma da cultura corporal, a perspectiva do conflito.
por provocar a transição de uma interioridade e modificar Nesta concepção a Educação Física tem como objeto
o ambiente dos outros e dos objetos. Antes da primeira de estudo temas inerentes a cultura corporal, que a com-
pedra ter sido talhada pela mão humana transformando-a põe historicamente: jogo, ginástica, dança, esporte, porém
em um objeto cortante, certamente passou-se períodos tendo um tratamento pedagógico diferenciado da anterior,
aos quais o período histórico que se conhece surge como por considerar o homem como sujeito histórico social, de-
insignificante. Porém, o passo decisivo havia sido dado - a finindo que a consciência corporal se dá pela compreensão
mão libertara-se; e por conseguinte, o corpo todo. O mo- a respeito dos signos sociais tatuados em seu corpo. Esses
vimento, ou seu significado, abriu o processo de distan- são signos coletivos e diferenciados conforme a sua situa-
ciamento do homem em relação aos demais seres vivos. ção de classe. Esta compreensão e superação é condição
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
para participarmos do processo de construção do nosso em seu meio e do seu ser cidadão, castra as possibilidades
tempo e da elaboração de novos signos a serem gravados deles se tornarem produtores culturais e agentes de seu
em nosso corpo. Para tal, sua prática pedagógica não ca- tempo e de sua história, não devendo nem ser considerada
mufla o conflito, mas age a partir dele, com ele, tentando educação.
a sua superação para a elaboração de novos conflitos e
novamente sua superação... Dança Folclórica
Através dos estudos empreendidos, arrisco-me a afir-
mar que uma Educação Física realmente preocupada com o A Dança folclórica trata-se de uma forma tradicional
ser humano deve considerar os conflitos sociais, o homem de dança recreativa do povo. Muitas das danças folclóricas
em sua historicidade, as dimensão cultural das expressões tem origens anônimas e foram passadas de geração para
da motricidade humana e o sentir, pensar e agir como to- geração durante um longo período de tempo. As danças
talidade dialética do ser, pois as sinergias musculares que sempre foram um importante componente cultural da hu-
caracterizam o movimento humano serão tanto mais ricas manidade. O folclore brasileiro é rico em danças que re-
quanto mais trouxerem em seu bojo uma expressão signifi- presentam as tradições e a cultura de uma determinada
cativa da própria vida; senão, tornam-se gestos mecânicos região. Estão ligadas aos aspectos religiosos, festas, lendas,
em nada diferentes dos de um robô, ou de uma outra má- fatos históricos, acontecimentos do cotidiano e brincadei-
quina qualquer. Ampliar esta significação parece-me tam- ras. As danças folclóricas brasileiras caracterizam-se pelas
bém (e não só) ser papel da Educação Física. Assim, perce- músicas animadas (com letras simples e populares) e figuri-
be-se que no contexto de nossa sociedade, por diversos nos e cenários representativos. Estas danças são realizadas,
fatores, descuidou-se do corpo, utilizando-o sem conhe- geralmente, em espaços públicos: praças, ruas e lagos. As
cer o seu funcionamento, desestimulando suas potencia- danças folclóricas evoluíram de várias maneiras a partir de
lidades, fragmentando-o. Acredito que numa perspectiva antigos rituais mágicos e religiosos. No Brasil, as danças
de formação inacabada, o corpo não deve ser apenas um folclóricas resultaram da fusão das culturas portuguesa,
objeto constantemente julgado e discriminado, desconsi- negra e indígena. O folclore é definido como um conjunto
derando-se sua natureza dialética. O corpo não pode ser de mitos ,lendas, danças , musicas , etc.
apenas uma peça na engrenagem social, cumprindo sua
função de produtor, reprodutor e consumidor de uma po- Fundamentos: As danças folclóricas são realizadas
lítica coercitiva. dentro de casas, nos terreiros ou praças, com diversas
Deve sim ser considerado em todas as suas dimensões, funções: homenagear, pedir favores ou agradar as forças
descortinando suas possibilidades e trabalhando seus limi- espirituais, comemorar datas religiosas, vitórias, caçadas,
tes. Deve-se compreendê-lo como uma parte individual e pescas, etc. Não há um nome genérico de origem popular
coletiva do todo social na sua dimensão humana, lidar com que engloba todas as modalidades; as denominações mais
eles sem tirar-lhes suas características pessoais, sem “mol- gerais permitem apenas a divisão de algumas delas. Apesar
dar-lhes”, mas descobrindo todos os canais para viver pra- de muitas danças se realizarem em datas religiosas ou de
zerosamente (seriamente) a vida, com tarefas individuais e algum lugar específico o que lhes dá um caráter exclusiva-
coletivas, políticas e pedagógicas, corpóreas e sociais, pois mente brasileiro... é uma característica em todos os estados
é dialeticamente que o real se manifesta. Faz-se necessário brasileiros cada um com seus mitos e lendas, os quais tam-
entender que o movimento humano traduz a maneira de bém mudam de um estado para outro, formando assim o
ser do indivíduo no mundo, indivíduo este marcado por maior folclore do mundo.
sua realidade social (marcas tatuadas em seu corpo, de
acordo com Castellani Filho, e que chega-se ao movimento Principais danças folclóricas
criador através da vivência reflexiva que gera a consciência,
de uma vivência humanizada onde ele se considere cons- Samba de Roda: Estilo musical caracterizado por ele-
trutor de seu tempo e de sua história. mentos da cultura afro-brasileira. Surgiu no estado da Bah-
Para tanto, penso que a Educação Física precisa assu- ia, no século XIX. É uma variante mais tradicional do sam-
mir-se como preocupada com o ser total, com a formação ba. Os dançarinos dançam numa roda ao som de músicas
desse indivíduo social, considerando o movimento uma acompanhadas por palmas e cantos. Chocalho, pandeiro,
forma do ser humano ser sempre mais, cultivando a criati- viola, atabaque e berimbau são os instrumentos musicais
vidade, a curiosidade epistemológica do ser humano (Paulo mais utilizados.
Freire), definindo a aprendizagem não como absorção, mas
como exploração curiosa e rigorosa do seu mundo social, Maracatu: O maracatu é um ritmo musical com dança
apropriando-se dele, para que possa intervir no mesmo e típico da região pernambucana. Reúne uma interessante
transformá-lo. Necessita-se para tal, mudar o eixo educa- mistura de elementos culturais afro-brasileiros, indígenas
tivo, refletir as questões sociais e políticas nas manifesta- e europeus. Possui uma forte característica religiosa. Os
ções da cultura corporal, mudar da alienação, opressão e dançarinos representam personagens históricos (duques,
docilização dos corpos(Foucault), para a libertação do ser, duquesas, embaixadores, rei e rainha). O cortejo é acom-
pois uma educação que não considera a historicidade, as panhado por uma banda com instrumentos de percussão
expressões motoras, as contradições e injustiças sociais, (tambores, caixas, taróis e ganzás).
ou seja a contextualização e a compreensão do cidadão
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
Frevo: Este estilo pernambucano de carnaval é uma po é composto por sete casais (adultos ou crianças) mais a
espécie de marchinha muito acelerada, que, ao contrário coordenadora. Vestem trajes típicos alemães, sendo calça
de outras músicas de carnaval, não possui letra, sendo sim- preta, camisa branca com blaser e chapéu de tecido (costu-
plesmente tocada por uma banda que segue os blocos car- rado) com borda vermelha para os homens e vestido com
navalescos enquanto os dançarinos se divertem dançando. blusa, avental e chapéu nas cores preto, vermelho e branco
Os dançarinos de frevo usam, geralmente, um pequeno para as mulheres. O grupo entra em fila no salão, forma
guarda-chuva colorido como elemento coreográfico. um círculo no centro da quadra e apresenta principalmen-
te polcas e valsas sob a orientação da coordenadora, que
Baião: Ritmo musical, com dança, típico da região nor- repassa informações sobre as danças e seus significados.
deste do Brasil. Os instrumentos usados nas músicas de
baião são: triângulo, viola, acordeom e flauta doce. A dan- Bate-Flechas: No Espírito Santo, o Bate-Flechas ocorre
ça ocorre em pares (homem e mulher) com movimentos como uma expressão folclórica de intenção religiosa, sendo
parecidos com o do forró (dança com corpos colados). O praticado também por umbandistas. O grupo é composto
grande representante do baião foi Luiz Gonzaga. por homens e mulheres, podendo ser adultos ou crianças.
As mulheres, geralmente em maioria no total do grupo,
Catira: Também conhecida como cateretê, é uma dan- são as flecheiras, enquanto os homens, em menor núme-
ça caracterizada pelos passos, batidas de pés e palmas dos ro, compõem a banda. A maioria dos grupos conta com
dançarinos. Ligada à cultura caipira, é típica da região inte- cerca de 30 componentes, que se dividem em: Flecheiras
rior dos estados de São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Goiás - usam suas flechas (duas para cada portadora) como arma
e Mato Grosso. Os instrumento utilizado é a viola tocada na dança da luta espiritual; Mestre - guia protetor que che-
geralmente por um par de músicos. fia o grupo; Puxador de ponto - marca o ritmo e orienta o
grupo; Banda - composta só por homens, toca as músicas.
Quadrilha: É uma dança típica da época de festa juni- Os homens vestem calça comprida e camisa e as mulheres,
na. Há um animador que vai anunciando frases e marcando saia rodada e blusa; os enfeites e adereços utilizados nas
os momentos da dança. Os dançarinos (casais), vestidos vestimentas do grupo dependem de definição do mestre,
com roupas típicas da cultura caipira (camisas e vestidos já que não há um padrão estabelecido. Normalmente, a
xadrezes, chapéu de palha) vão fazendo uma coreografia dança acontece em dupla, mas também pode acontecer
especial. A dança é bem animada com muitos movimentos em grupos de 3 ou 4 pessoas e é marcada pelo ritmo da
e coreografias. As músicas de festa junina mais conhecidas música e do toque das flechas. A banda é composta por
são: Capelinha de Melão, Pula Fogueira e Cai,Cai balão. cerca de 10 instrumentos, dentre os quais se destacam
trompete, bombardino, trombone, zabumba, tarol, bumbo,
Folclore Capixaba chocalho e prato. Os portadores dessa tradição acreditam
que a dança surgiu para louvar São Sebastião, daí por que
O Folclore Capixaba se manifesta nas tradições cultu- os grupos de Bate-Flechas localizados no Espírito Santo
rais que demarcam a identidade do povo do Espírito Santo. são, em sua grande maioria, devotos de São Sebastião,
São danças e folguedos, artesanato e culinária que expres- embora haja alguns poucos cuja devoção é São Benedito.
sam a “diversidade dos processos históricos, econômicos e Capoeira: Para angolanos e brasileiros, capoeira, den-
políticos que contribuíram e estão contribuindo para a ree- tre outros significados, quer dizer luta. No Brasil, na época
laboração do perfil cultural da população do estado” (Atlas da escravatura, os escravos a empregavam para se prote-
do Folclore Capixaba). ger dos brancos que os perseguiam. Tempos depois, a
capoeira passou a ser vista como divertimento e a in-
Dança Açoriana: Primeiro grupo de colonos a se insta- tegrar algumas festas populares como dança com téc-
lar no Espírito Santo, no início do século XIX, dando origem à nica de jogo. Com variado número de componentes e
povoação de Viana, hoje município, os Açores trouxeram de coreografia dinâmica, os capoeiras formam rapidamente
sua terra costumes e tradições com nítidas influências lusita- uma roda para suas movimentações, nas quais prevalece
nas. No terreno das danças, a contribuição cultural dos des- o uso das pernas desferindo golpes de ataque e defesa.
cendentes de açorianos se mantém viva até hoje. São exibi- Os movimentos se fazem ao som de música. As melodias
ções acompanhadas de canto, palmas, batidas de pé, ao som ou toques são adaptados aos golpes, alguns de cunho
de música. O grupo é constituído por 13 casais de dançarinos geral, outros apresentando características ou peculiari-
(que também têm por atribuição cantar), mais a porta-ban- dades do grupo que os criou. O Instrumental é forma-
deira. Não há músicos, o grupo dança com som mecânico. do por berimbau, pandeiros, ganzás, agogôs, adufes e
atabaques, com acompanhamento vocal. O principal
Dança Alemã: As danças de origem alemã chegaram instrumento da capoeira é o berimbau, documentado
ao Espírito Santo com os primeiros colonos vindos da Eu- desde o século III A. C. Na época em que a capoeira foi
ropa Central. As danças em grupo, características desses reprimida no Brasil, esse instrumento servia para avisar
descendentes, que se executam ao som de instrumentos da chegada da polícia aos escravos que, às escondidas,
musicais, dentre os quais a concertina, integraram-se às dedicavam-se a essa prática. Atualmente existem várias
tradições folclóricas do Espírito Santo e constituem uma academias de capoeira, mas a primeira do Brasil foi a
marca da presença europeia no Estado. Geralmente o gru- do Mestre Bimba, em Salvador, Bahia, criada no ano de
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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1932. Hoje é também comum a existência de grupos de pé, ao som de instrumentos musicais entre os quais pre-
capoeira formados a partir de escolas ou associações so- domina a concertina, instrumento que se tornou ícone da
ciais diversas, com o principal objetivo de inclusão social musicalidade italiana no Estado. O grupo é constituído por
ou meramente prática esportiva. cerca de 10 casais de dançarinos que dançam em pares.
Na maioria das coreografias as mulheres vestem saia grená
Congo: Congo ou banda de congo é um conjunto ornada de dourado, avental branco rendado, blusa branca
musical típico do Espírito Santo. As bandas de congo com bordado inglês e espartilho grená ornado de dourado,
se apresentam em festas de santos, principalmente em prendem os cabelos num coque com fita dourada e tocam
homenagem a São Pedro, São Sebastião e São Benedi- pandeiros decorados por fitas nas cores da bandeira da
to, notadamente nas puxadas de mastro ou em outras Itália. Os homens usam sapato preto, meias brancas, calça
ocasiões festivas. O grupo é constituído por um núme- curta negra, camisa branca de mangas compridas com bo-
ro variável de homens e mulheres que tocam, cantam e tões e colete grená ornado de fitas douradas.
dançam em homenagem ao santo, orago da igreja da
localidade. Os componentes se apresentam devidamen- Jongo e Caxambu: Jongo, Caxambu (as duas formas
te uniformizados, os homens com calça comprida e ca- mais usuais no Espírito Santo), Batuque, Tambor ou Catam-
misa e as mulheres com saia rodada e blusa, e ostentam bá são variantes denominativas de uma dança de roda de
estandartes que identificam o grupo e o santo de sua origem angolana encontrada em várias partes do Espírito
devoção. A banda conta com vários instrumentos musi- Santo. Além de ser uma dança é também, um ritual em que
cais: tambores, caixa, cuíca, chocalhos, ferrinho, pandei- originariamente prevalecia a função mágica, com fortes
ros, apitos, mas dentre estes merece destaque a casaca, elementos de candomblé, tendo sofrido alterações a partir
estudada por Guilherme Santos Neves (1978), que a con- da incorporação sincrética da louvação a santos católicos.
siderou instrumento único em todo o país, tendo sido Constitui, ainda hoje, uma das mais ricas heranças da cul-
mencionada em registros documentais desde o século tura negra presentes no folclore capixaba. Normalmente os
XIX. As puxadas de mastro compreendem três etapas grupos, tanto de Jongo como de Caxambu, se compõem
distintas que se desenrolam em diferentes momentos da de cerca de 30 integrantes, homens, mulheres e crianças.
festa, a saber: A vestimenta é simples: calça comprida e camisa para os
homens e saia rodada e blusa para as mulheres, enquan-
Congo de Máscaras: As bandas de congo de Roda to os enfeites e adereços seguem o gosto de cada mes-
d’Água, no município de Cariacica, caracterizam-se pelo tre. Essas danças têm, como uma de suas características, a
uso de máscaras e vestimentas peculiares e primitivas. movimentação dos dançarinos no sentido anti-horário, ao
Utilizando papel de jornal, cola caseira feita com trigo, som de canto e música instrumental. Os passos na roda são
tinta, palha de bananeira e tecidos, as máscaras são pro- dados deslizando-se para frente, de forma alternada, o pé
duzidas para utilização pelas bandas de congo que parti- esquerdo e o direito. Ao final de cada passo dá-se um pe-
cipam do Congo de Máscaras, brincadeira típica de Roda queno pulo. Ao aproximarem o pé que está atrás, os dan-
d’Água e entorno. O saber é transmitido aos membros çarinos de vez em quando giram o corpo, principalmente
da comunidade local através de oficinas, a produção é os que estão diante das mulheres que dançam. O canto
coletiva e as máscaras são comercializadas na própria caracteriza-se pela alternância contínua de um solista. Os
comunidade, em seu tamanho original como obras de instrumentos mais frequentes são os tambores, a puíta ou
arte popular ou em tamanhos menores como souvenirs. cuíca, e a engoia (chocalho com sementes ou pedrinhas),
além de casaca e caixas. Os tambores têm nomes próprios
Dança Holandesa: As danças de tradição holandesa de acordo com a forma e o material usado na fabricação: o
constituem a contribuição cultural dos colonos holandeses caxambu é o tambor maior, afunilado, sobre o qual monta
assentados no Espírito Santo em meados do século XIX. o tocador enquanto toca, batendo o couro com as duas
Seus descendentes conservam-nas até hoje em localidades mãos, e o candongueiro é um tambor menor, que é carre-
do centro-oeste do Estado, onde os primeiros casais de ho- gado pelo tocador. Os músicos tocam os tambores fora da
landeses foram introduzidos como agricultores. Os trajes roda dos brincantes, sem sair do lugar. À noite, por tradi-
típicos e a coreografia variada executada ao som de instru- ção, à luz de uma fogueira que ilumina a roda e esquenta
mentos musicais dão um tom característico à apresentação os tambores, o mestre jongueiro tira o ponto com o pedido
dessas danças de origem holandesa em terras capixabas. de licença. Os pontos, classificados em licença, louvação,
visaria, demanda, “encante” e despedida, são tirados em
Dança Italiana: As danças de origem italiana têm, por verso (sob a forma de dísticos) ou em prosa e formulados
trás de si, a história de uma corrente maciça de imigrantes em linguagem simbólica e enigmática. Os grupos de Jongo
vindos do norte da Itália para o Espírito Santo a partir do e Caxambu localizados são devotos de Nossa Senhora das
último quarto do século XIX. A vitalidade das danças ita- Neves, Santo Antônio, São Benedito, São Bartolomeu, São
lianas, como herança deixada aos descendentes pelos pri- Sebastião e Santa Isabel.
meiros colonos, agrega a Itália, por via desses pioneiros, ao
patrimônio cultural do povo capixaba. São demonstrações Mineiro-Pau: Mineiro-Pau é uma dança guerreira por-
de pura alegria, em coreografias movimentadas, coloridas que nela se usa um bastão como arma de ataque e defesa
e vistosas, acompanhadas de canto, palmas e batidas de em simulações de combate. Recebe ainda a denominação
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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de Bateo-Pau-Mineiro. No grupo, formado por cerca de 25 Dança Portuguesa: O folclore capixaba recebeu de
componentes, os homens tocam e as mulheres cantam. Os Portugal uma carga poderosa de contribuições as mais
homens vestem calça comprida e camisa e as mulheres, diversas. Um precioso patrimônio material e imaterial se
saia rodada e blusa, seguindo os enfeites o gosto do mes- formou e se cristalizou a partir dessa herança lusitana,
tre. O acompanhamento musical se reduz geralmente a um imanente no acervo cultural do Espírito Santo. A identifica-
acordeão no centro da roda, ao qual se juntam, por vezes, ção de grupos de danças portuguesas atuando no Estado
viola, violão ou violino, triângulo, pandeiro e tamborim. O é uma evidência da persistente influência portuguesa em
solista (violeiro ou violinista) canta acompanhando a músi- nossas tradições folclóricas. Normalmente o grupo é cons-
ca com seu instrumento a fim de animar a dança, que co- tituído por cerca de 10 casais, os homens vestindo camisa
meça com moças e rapazes formando um círculo de mãos de manga comprida branca, meia branca, sapato preto e
dadas. A direção cabe ao mestre ou chefe, que comanda, calça e colete pretos e as mulheres, lenço colorido, blusa,
com um apito, as evoluções, as batidas de bastão, o ritmo, avental, colete e saia vermelhos e sapato preto.
a cantoria. A formação é em fileiras, círculos, pares, com ou
sem dançador no centro. Os bastões, com cerca de metro e Quadrilha: A quadrilha é uma das danças mais co-
meio, de madeira roliça e resistente, permitem ao dançador nhecidas pelo povo. Apesar de se ter originado nos palá-
um manejo firme e seguro. Os dançarinos voltam-se ora cios, por ocasião dos bailes das cortes europeias, no Brasil
para a direita, ora para a esquerda, enquanto sapateiam tornou-se a principal referência das festas juninas, tendo
acompanhando o ritmo e o compasso da melodia. É uma sido trazida para cá por mestres de orquestras de danças
das mais populares danças de pares soltos conhecidas no francesas. O povo brasileiro deu-lhe outras formas, inclusi-
Brasil. Está associada ao ato de corte da cana-de-açúcar, ve o modelo caipira. É uma dança de pares, com número
por causa das viradas de um lado para o outro, ou ao Cate- variável de integrantes e vestimenta singular, valorizando
retê, por causa das batidas de palmas, ou ainda ao Batuque o aspecto caipira. Os pares desenvolvem com muito mo-
paulista, no qual se insinua a umbigada. vimento um tema de amor, com aproximação e recuo, se-
paração e reencontro, sob o comando do marcador, termi-
Dança Polonesa: Data do fim da terceira década do nando quase sempre em valsa com enlaçamento dos pares
século XX a corrente imigratória formada por famílias po- que se formaram no início da quadrilha. Antigamente as
lonesas que foram estabelecidas nas selvas da margem es- quadrilhas dançavam ao som de sanfona, pandeiro e za-
querda do rio Doce, ao norte de Colatina, com base em bumba, hoje adotaram a música mecânica, normalmente
convênio entre o governo do estado do Espírito Santo e de cantores nordestinos. Dança-se a quadrilha geralmente
a Companhia Polonesa de Varsóvia. De Águia Branca, nú- nas festas de devoção a São João, Santo Antônio e São
cleo inicial fundado na região com os primeiros colonos Pedro. Há atualmente muitas festas com apresentação de
poloneses, o folclore capixaba herdou manifestações vá- quadrilhas, e para tanto se ensaiam coreografias com gru-
rias, dentre as quais as danças típicas, que sobrevivem até pos de escolas ou associações sociais diversas.
hoje. O grupo de dança polonesa é constituído por doze
casais. As mulheres vestem blusa branca com forro, colete
colorido, saia com forro, bombacha, meia calça e sapatilha Coreografias de Dança
e, à cabeça, cabelo ornado com flores e fitas coloridas, en-
quanto os homens vestem colete colorido, camisa branca, Uma coreografia é arte de compor trilhas ou roteiro de
calça e botas. movimentos que compõem uma dança. Em toda forma de
balé existe uma coreografia, no balé clássico ela é compos-
Dança Pomerana: O grosso da imigração de colonos ta por um grupo de movimentos mais padronizados, na
pomeranos (agricultores de origem eslava radicados na dança moderna os movimentos são mais livres e na dança
Prússia) para o Espírito Santo ocorreu na década de 1870. contemporânea há quase uma quebra do conceito de co-
Esses imigrantes se fixaram nas terras altas de Santa Leo- reografia já que, ao contrário das outras duas os movimen-
poldina, onde passaram a viver em situação de grande iso- tos são tão livres que nem sempre há uma representação
lamento, dedicando-se ao cultivo da terra. Esse isolamento gráfica. A coreografia serviria portanto para descrever a
territorial determinou, ao longo do tempo, a preservação dança que será executada, ou melhor, a coreografia é o
dos costumes e tradições pomeranos, dentre os quais se conjunto de movimentos e a sequência deles que compõe
incluem as danças típicas, que se desenrolam notadamente a dança que segue uma trilha musical. Muito embora haja
ao som da concertina. Na abertura da dança, o grupo se espetáculos de dança contemporânea sem trilha musical.
reúne em círculo para a saudação ao público, seguindo-se Neste sentido as variações de uma coreografia seriam as
seis ou oito coreografias e, ao final, a dança de saída, com diferentes formas de interpretação para uma determinada
a despedida do grupo e o grito de guerra. O grupo é cons- coreografia de acordo com a qualidade técnica e opção
tituído por 11 homens e 11 mulheres, adultos ou crianças. artística dos bailarinos.
Os homens vestem calça bege, camisa de manga comprida A coreografia é a arte da composição estética dos
branca e colete pomerano - traje que dispensa o chapéu - movimentos corporais, cuja origem se dá quando surge
e as mulheres usam sapatilha preta, meia branca, vestido a necessidade de apresentar uma ideia ou sentimento a
rodado, bombacha branca, anágua, blusa com manga fofa um público, através de movimentos corporais expressivos,
bordada e avental branco bordado. passando de ritualísticos para cênicos ou espetaculares. A
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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arte de coreografar se desenvolveu, paralelamente com a ideia do tipo de desempenho que pretende desenvolver.
arte teatral, quando vai deixando de ser um ato de catarse Seja qual for o seu ponto de partida de inspiração, perma-
e de elo com o divino, para servir de diversão e propagação necer fiel ao seu estilo, escolhendo a coreografia da mú-
cultural. Os étimos gregos khorus (círculo) e graphe (escri- sica, passos de dança, movimentos, iluminação, figurinos
ta, representação), fundamentam a palavra coreografia. O e adereços que vai expressar o seu tema de forma eficaz.
elemento círculo é uma referência às danças circulares e
a orquestra, local onde o coro teatral grego dançava. Co- Música e coreografia: A música é uma ferramenta
reografar é desenhar/gravar o espaço com o movimento importante que deve melhorar o desempenho, não do-
corporal. miná-lo. A música vai ter o estilo, ritmo e letra para apoiar
O profissional que cria as coreografias é denominado a coreografia e deixá-la interessante e variada. Se usar
coreógrafo e o que registra esses movimentos graficamen- mais do que uma música, pense na maneira como a sua
te é o coreólogo. A coreologia é a escrita da dança, que coreografia vai refletir a mudança na música, seja sutil
pode ser em pentagrama (partitura), como no Sistema Be- ou dramática. Considere a adequação da música ao es-
nesh ou em símbolos próprios de uma metodologia como, tilo de coreografia. Ambos os elementos devem apoiar
por exemplo, no método Laban Notation. Toda linguagem uns aos outros no transporte do tema geral. Ele pode ser
artística possui elementos estéticos específicos, assim eficaz para estilos de contraste de movimento e música,
como nas linguagens das Artes Visuais, do Teatro e da Mú- mas isso deve ser tratada com cuidado, pois geralmente
sica, a linguagem da Dança também possui seus códigos é mais difícil. Se quiser realmente uma mudança brusca,
fundamentais. A montagem de uma coreografia exige do a iluminação pode ajudar.
artista um domínio dos elementos estéticos já codificados
por diversos estudiosos da dança, como o espaço, o tem- O elenco: Decida quantos bailarinos você vai traba-
po, o peso e a fluência, em relação ao corpo em movimen- lhar e avalie as suas capacidades. Perceber os limites dos
to. Numa coreografia esses elementos básicos dialogam bailarinos e do espaço em que será executado. Manter o
entre si podendo construir outros sentidos causadores de número de bailarinos no palco ao mesmo tempo a um
diferentes sensações no espectador, pois de acordo com a mínimo, é fácil criar coreografias dinâmicas em grupos
composição realizada poderá obter diferentes resultados, menores. Ao trabalhar com grandes grupos de bailari-
como: equilíbrio, movimento, fragmentação, linearidade, nos, os passos simples realizados em conjunto pode criar
etc. um impacto dramático dando um efeito muito bonito.
O autor pode ainda contar com os recursos específicos Para mostrar as etapas difíceis, trazer pequenos grupos
das outras linguagens artísticas, adicionando maior drama- de bailarinos no palco ao mesmo tempo. Em alternativa,
ticidade, alegria, surpresa, espanto, enfim, diferentes emo- chamar a atenção para um grupo central de dançarinos
ções quando utilizando adequadamente os elementos da contrastando sua coreografia com a do resto do grupo.
música, das artes visuais, que muito tem contribuído para Por exemplo, dividir em grupos, cada um faz uma rotina
os cenários, figurinos e adereços, e ainda, elementos do diferente. Eles dizem que uma equipa é tão forte quan-
teatro que vem cada vez mais enriquecendo a cena con- to o seu membro mais fraco, por isso, quando trabalhar
temporânea com as performances de dança/teatro e as com bailarinos de diferentes capacidades, ter como obje-
preparações dos artistas bailarinos com suas técnicas pró- tivo criar um senso de igualdade através da coreografia.
prias do universo do teatro. A coreografia pode ser criada Movimentos simples realizados com precisão são muito
como uma temática isolada, para ser apresentada de forma mais eficazes do que os difíceis feitos sem “limpeza” ne-
independente, e também pode ser produzida como parte cessária.
integrante de um show musical, uma ópera, uma peça de
teatro, um programa de televisão, e assim por diante. No Variedade: Variedade é a palavra chave para a coreo-
meio acadêmico a coreografia também possui a deno- grafia ficar interessante. Alterações no ritmo, humor e mo-
minação de balé, mesmo não sendo uma dança clássica. vimento para criar profundidade e versatilidade como um
show. Tente alguns desses elementos contrastantes:
Criar uma coreografia é uma experiência interessante - Mudanças de passos, etapas e lugares.
e gratificante. É também um desafio, que exige organiza- - Alta / baixa
ção, criatividade e visão. Há muitos fatores a considerar, - Rápido / lento
como tema, estilo, figurino, iluminação e habilidade dos - Simples / elaborados
bailarinos. A coreografia é não somente sobre os passos - Som / silêncio
de dança, é o processo de transformar sua criatividade
em uma realidade e existem muitas ferramentas diferen- Finalização: Como coreógrafo, nunca perder visão
tes que você pode usar para atingir este objetivo. geral do trabalho. Figurinos, iluminação e cenografia são
todos elementos que podem ser utilizados para apoiar a
Coreografia deve ter um estilo: Pense sobre o estilo coreografia, no entanto usado incorretamente o seu tema
da coreografia que você deseja criar – moderno, funk, hi- pode ficar distorcido. Mantenha-o simples e inclua apenas
p-hop, jazz, tap ou clássica. Que impressão que você pre- os elementos essenciais que irão reforçar a coreografia.
tende deixar para o público? Você já pode ter uma deter- Seja flexível, as mudanças são inevitáveis em todo trabalho,
minada música para a coreografia, ou simplesmente uma mas é tudo parte do processo de desenvolvimento. O que
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
parece ser uma ótima ideia para melhorar a coreografia ou Muito tem-se argumentado sobre a necessidade de
criar efeito pode ser bom para uma música, mas não para contar com o patrocínio da iniciativa privada, sendo assim,
outra, use a criatividade. é necessário atender aos interesses desses patrocinadores.
A questão está na dimensão que se dá a isso. Primeiramen-
Organização de Festivais de Dança te, se elas não cabem no recorte estabelecido pela curado-
ria, não se pode perder de vista o motivo comercial pelo
No dicionário Aurélio, festa é reunião alegre para fim qual estão vindo. É preciso delimitar o tamanho desse com-
de divertimento. Festival é uma grande festa. Também reu- promisso dentro do festival, para que sejam resguardados
nião artística para fins de competição. Diversão e competi- os espaços para os objetivos maiores. Depois, é necessário
ção parecem atributos pequenos para a dimensão artística otimizar a presença dessas companhias, ampliando os es-
da dança. Entendendo o papel da arte em redimensionar paços de troca entre esses grupos e os artistas locais.
a condição humana e, desse modo, capaz de “colocar o Outra questão é a quantidade de público a ser atin-
conhecido em risco”, propõe-se a revisão do significado gida. Ora, será que a preocupação com a quantidade tem
da festa em nossas vidas e ir ao encontro do seu sentido de, necessariamente, passar pela perda da qualidade? Será
mais ancestral e mítico, lugar onde a festa se dá como es- preciso passar por cima dos objetivos maiores do festival
paço de troca e ressignificação do cotidiano e do sentido para satisfazer as exigências dos patrocinadores? Então,
da existência. Lugar onde a dança, em sua gênese, é parte qual o sentido de existir desse festival? Sobretudo da qua-
constitutiva. lidade das relações entre instituições e artistas. Como é
Pensar um festival de dança nesses termos significa possível haver troca, haver confraternização, haver reunião
pensar a troca entre sujeitos/agentes desse contexto como de interesses, preceitos primeiros de um festival de arte,
objeto norteador do seu sentido de existir. Até porque é a quando falta consideração pelos artistas locais, anfitriões
necessidade de comunicação a razão de ser da dança. Em do festival e para onde se diz estão voltados seus interes-
um festival de dança, essa troca pode se dar em diferentes ses? Talvez, para isso, fosse preciso estabelecer outro tipo
instâncias, a começar pela própria formulação do festival, de relação com os artistas, definir uma política cultural cuja
isto é, pela sua concepção. Se um festival se diz fomen- premissa básica seria de estabelecer diferentes tipos de co-
tador da dança, seu ponto de partida deveria ser o saber municação, buscando mecanismos capazes de preservar a
daqueles que fazem dança. unidade no respeito à diversidade dentro do próprio domí-
É preciso pensar o papel do curador de um festival nio cultural (Santaella).
como daquele que, ao diagnosticar uma realidade, procura
organizar ações em busca de uma coerência – com o quê, Dança como Expressão e Manifestação Cultural
esta realidade diagnosticada solicita para alcançar determi-
nado objetivo, o qual deve ser delineado de modo impar- A dança é uma das formas de expressões mais anti-
cial na direção que o diagnóstico aponta. Aqui se dá uma gas nas diferentes culturas que passou de ritual para ma-
das primeiras instâncias de troca de um festival: O curador nifestação da elite social e segue em constante evolução.
dialogando com a realidade local, estabelecendo caminhos As danças constituem uma das mais belas expressões da
que apontem para a solução de problemas de uma coleti- cultura de um povo, de uma região, enfim de um país,
vidade, sem estar preso a estéticas de linhagens (Bravi), isto e, vem acompanhando o ser humano desde o início dos
é, sem vincular as escolhas a seu gosto e interesse pessoal. tempos, através de sua história. Segundo o livro Coletivo
Quando refere-se a escolhas, não estamos limitando ape- de Autores, a Educação Física é uma disciplina que trata,
nas à seleção dos grupos de dança que se apresentam no pedagogicamente, na escola, do conhecimento de uma
festival, mas de todas as ações elencadas para integrar o área denominada de Cultura Corporal. Essa cultura é ba-
evento. É preciso que as atividades que o constituam este- seada sob formas de atividades corporais, denominadas de
jam interligadas e se retroalimentem no sentido de atingir jogo, esporte, ginástica, dança ou outras. O estudo deste
os objetivos gerais estabelecidos pela curadoria. O papel conhecimento visa apreender a expressão corporal como
de um curador na organização de um festival de dança é linguagem, pois o homem se apropria da cultura corporal
fundamental e, para que ele se cumpra, é necessário que dispondo sua intencionalidade para o lúdico, o artístico, o
sua autonomia seja compreendida e respeitada. agonístico, o estético ou outros.
Fomentar a criação, facilitar a circulação de ideias e os Investigar a dança a partir da cultura corporal de mo-
debates de pensamento, promover o intercâmbio e, prin- vimento que se estabelece em espaços escolares, é aden-
cipalmente, garantir a diversidade de linguagens de movi- trar no universo cultural e social de corpos historicamente
mentos, sem qualquer tipo de preconceito, são objetivos construídos e, consequentemente, trazer a baila à subjetivi-
de um festival de dança. Os objetivos da arte, infelizmente, dade presente em vivências de atividades corporais, a par-
não são os das instituições; daí, mais uma vez, ser preciso tir das relações sociais que se estabelecem nessas práticas.
chamar a atenção para a necessidade do diálogo, pois, se Somente em recentes processos de discussão, para além
as posições defendidas pelo curador estão referendadas da Educação Física, é que a dança veio inserir-se como
pelos interesses de uma comunidade, sua força em ganhar conteúdo nos currículos escolares, como prática pedagógi-
espaço junto a essas instituições se torna muito maior – ca sistematizada. E é esse movimento recente que nos faz
haja vista que o discurso institucional é sempre o de servir refletir sobre sua posição como conhecimento a ser trata-
ao desenvolvimento da dança. do nos espaços escolares. Para isso, podemos observar os
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
avanços significativos nos currículos nos cursos de forma- nas palavras de Barreto, pois: ...a dança não sendo discipli-
ção em Educação Física. A disciplina Rítmica, nem sempre na do currículo escolar, não pode ser ministrada nas escolas
era obrigatória para os homens. Hoje, no entanto, existem por licenciados em dança, como um campo de conhecimen-
cursos que possuem tanto a disciplina Dança quanto o fu- to autônomo que tem características, estrutura, conteúdos
tebol para alunos/as. O método da dança educação física e metodologias próprios. Ela somente pode ser trabalhada
surgiu como especialização para profissionais dessa área, em função de outros campos do conhecimento, assumindo
podendo atender ao projeto de lei que a tornou obrigató- um papel de conteúdo de disciplinas, como a Educação Ar-
ria aos níveis de primeiro e segundo grau. tística e a Educação Física. No caderno de Educação Física,
A Educação Física possui conhecimentos específicos dos PCNs a dança está inserida dentro de um bloco de con-
a serem tratados pedagogicamente no contexto escolar. teúdo chamado Atividades Rítmicas e Expressivas, e segundo
Entre esses conhecimentos, encontra-se a dança. Esse ele- Barreto deve ser articulada aos conteúdos do corpo, esporte,
mento da cultura corporal não é exclusivo do profissional lutas e ginásticas. Segundo os PCNs este bloco de conteúdos
de Educação Física, sendo compartilhado, em outros âmbi- acima citado irá contemplar : ...as manifestações da cultura
tos de atuação além da escola, por profissionais das Artes corporal que tem como características comuns a intenção de
Cênicas, Artes Plásticas, além dos bacharéis e licenciados expressão e comunicação mediante gestos e a presença de
em Dança. O que se percebe com frequência no âmbito estímulos sonoros como referência para o movimento cor-
escolar é a ausência desse conhecimento, ou o desenvol- poral. Trata-se das danças e brincadeiras cantadas. No ca-
vimento de um trabalho superficial que se caracteriza por derno de Educação Física, nos PCNs, o diferencial consiste no
apresentações coreográficas de caráter festivo. Essa ques- entendimento da dança como uma expressão da diversida-
tão é amplamente reconhecida, pois é de conhecimento de cultural de um país, se tornando um maravilhoso recurso
público o papel das danças nas festividades escolares, para aprendizagem. Assim, é um conteúdo que pode variar
incluindo todas as séries. As danças, nesses eventos, são, de acordo com o local no qual a escola está inserida.
normalmente, orientadas por professores de Educação Físi- Sugere-se também aos professores de Educação Física
ca, o que nos permite afirmar que, apesar de a dança estar que se utilizem as informações contidas no bloco de con-
presente no espaço escolar, ela é apenas um elemento de- teúdo Dança, o qual faz parte do documento de Artes. Essa
corativo. Não se reflete sobre a importância de seu conhe- recomendação demonstra que nem mesmo nos documen-
cimento para a formação dos alunos. tos é possível distinguir efetivamente a dança que deverá
Os discentes devem investir na sua formação para ser ensinada nas duas disciplinas, já que ambas podem ser
atuarem na área de dança no sistema escolar. Sem ex- fundamentadas no caderno de Artes. Assim o entendimen-
periências prático teóricas, continuaremos obtendo uma to da dança como manifestação da Cultura Corporal e de
dissociação entre o artístico e o educativo que enfatiza-se expressão e comunicação é concomitante nos dois casos,
principalmente dentro dos cursos de magistério superior, pois os PCNs de Artes ainda apresentam uma divisão no
comprometendo o desenvolvimento do processo criativo ensino da dança em três eixos. Destes os dois primeiros
e crítico que poderia estar ocorrendo nas escolas básicas podem ser considerados equivalentes à Educação Física, e
(Marques). A dança como conteúdo da Educação Física o terceiro exclusivo da disciplina de Artes. O primeiro en-
deve ser explorada no ensino formal e para além dele, pois foca a dança na expressão e na comunicação humana, cor-
leva os praticantes a pensar, a sentir e a agir, tendo como respondendo na Educação Física à intenção de expressão e
pano de fundo a história de um povo, que é, como num comunicação mediante gestos. O segundo aborda a dança
filme, projetada numa tela e vivenciada, como se a mesma como manifestação coletiva equivalente às manifestações
repetisse a cada momento que pessoas escutam uma mú- da Cultura Corporal. Por fim, o terceiro eixo tematiza a dan-
sica, sentem o ritmo e se movimentam. ça como produto cultural e apreciação estética.
Os conteúdos específicos da dança são: aspectos e A dança no espaço escolar busca o desenvolvimento
estruturas do aprendizado do movimento (coreologia, não apenas das capacidades motoras das crianças e adoles-
consciência corporal e condicionamento físico); disciplinas centes, como de suas capacidades imaginativas e criativas.
que contextualizem a dança (história, estética, apreciação As atividades de dança se diferenciam daquelas normal-
e crítica, sociologia, antropologia, música, assim como sa- mente propostas pela educação física, pois não caracteri-
beres de anatomia, fisiologia e cinesiologia) e possibilida- zam o corpo da criança como um apanhado de alavancas e
des de vivenciar a dança em si (repertórios, improvisação articulações do tecnicismo esportivo, nem apresentam um
e composição coreográfica) (Marques). Siqueira refletindo caráter competitivo, comumente presente nos jogos des-
sobre a dança contemporânea, a partir dos conceitos de portivos. Ao contrário, o corpo expressa suas emoções e
corpo, comunicação e cultura, diz: Manifestação social, a estas podem ser compartilhadas com outras crianças que
dança é, ainda, fenômeno estético, cultural e simbólico que participam de uma coreografia de grupo. Em relação à for-
expressa e constrói sentidos através dos movimentos cor- mação fica evidente, como percebe Marques, que os pro-
porais. Como expressão de uma cultura, está inserida em fessores não sabem realmente o que, como, ou até mesmo
uma rede de relações sociais complexas, interligadas por porque ensinar dança na escola. A dança no espaço escolar
diversos âmbitos da vida. deve buscar o desenvolvimento não apenas das capaci-
Teoricamente a dança deveria estar presente não só nas dades motoras das crianças e adolescentes, como de suas
aulas de Educação Física como também nas aulas de Artes capacidades imaginativas e criativas. As atividades de dan-
sendo assim estes dois caminhos serão explorados a seguir, ça se diferenciam daquelas normalmente propostas pela
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
educação física, pois não caracterizam o corpo da criança à acrobacia, para compor movimentos expressivos, imitati-
como um apanhado de alavancas e articulações do tecni- vos ou abstratos, inventados originalmente por ele ou imi-
cismo esportivo, nem apresentam um caráter competitivo, tados, estilizados, fundidos ou cindidos, a seu gosto. Joga
comumente presente nos jogos desportivos. Ao contrário, com massas ou solistas, grupos maiores ou menores, sem-
o corpo expressa suas emoções e estas podem ser compar- pre em busca de uma composição plástico-rítmica de efei-
tilhadas com outras crianças que participam de uma coreo- tos estéticos. A base de seu trabalho é o ritmo; pode seguir
grafia de grupo. a música, contrapor-se a ela, comentá-la ou dela prescindir
Acontece que nos chama atenção para que estes dis- totalmente e criar seu ritmo próprio.
centes dos cursos superiores frequentaram disciplinas de Durante o Renascimento, os mestres da dança na Itália,
igual carga horária como o vôlei, o basquete, o futebol. O como Domenico da Piacenza, ensinavam danças de salão na
que estes esquecem é que para se ensinar dança na escola corte e as registravam em manuais por meio de palavras e
ao invés de bom dançarino ou ter frequentado um curso abreviaturas. Provavelmente começaram a criar danças ori-
de academias, só é preciso ser um bom professor. A não ginais, bem como variações das danças já conhecidas, e as-
aplicação dos conteúdos de dança nas escolas tem impos- sociaram à função criativa a necessidade de notação gráfica.
sibilitado as crianças de terem acesso a este conhecimento. O balé empregava os mesmos passos e movimentos que a
Faz-se necessário, portanto, o acesso ao universo da dança dança de salão e dela se diferenciava essencialmente nos ar-
e a desmistificação de sua imagem apenas como elemen- ranjos e na projeção visual. No século XVI, os mestres de dan-
to/espetáculo folclórico, normalmente de caráter contem- ça da corte francesa fixaram os padrões para a coreografia de
plativo. É preciso passar a entendê-la como conhecimento palco e os contextos teatrais e artísticos das danças de salão,
significativo para as nossas ações corpóreas, que podem com o objetivo de iniciar um modelo coreográfico, o ballet
ser exploradas pelo universo de repertórios popular, folcló- de cour. Nessa mesma época, um mestre da dança, Thoinot
rico, clássico, contemporâneo etc., bem como pela impro- Arbeau, divulgou sua proposta de notação musical, intitulada
visação e pela composição coreográfica. Orchésographie. Nos dois séculos seguintes, a dança de sa-
É fundamental que a Dança na escola se realize através lão distanciou-se ainda mais da dança teatral, que no século
de um professor que não seja o impositor de técnicas e XIX conquistou uma linguagem basicamente independente.
conceitos, mas o fomentador das experiências, o guia que O trabalho de Arbeau, ao propor notações específicas para
orienta os alunos para uma descoberta pessoal de suas ha- certas características rítmicas e musicais de cada dança, des-
bilidades. Nós como educadores temos que estar atentos crevia as posições dos pés e do corpo, nas perspectivas ver-
ao processo pedagógico escolar, que não deve apenas en- tical e horizontal, por meio de diagramas. Em 1701, a Choré-
sinar a ler e escrever, mas um profissional visionário, que graphie, ou l’art de décrire la danse, de Raoul Feuillet, tornou
não se limita a sua área de atuação, integrados e interes- mais precisa a notação dos padrões de palco, bem como dos
sados no mundo que nos cerca, buscando a formação de movimentos da parte inferior do corpo.
seres culturais, atentos às questões sociais, a diversidade, a O mestre de balé nessa época era o coreógrafo, res-
natureza, a educação e às relações humanas. ponsável pela dança como arte teatral. O grande expoente
da arte coreográfica do final do século XVIII foi Jean-Geor-
Sequências Coreográficas ges Noverre, cujo trabalho pôde ser conhecido pelas gera-
ções posteriores graças aos registros escritos que deixou.
As três dimensões do espaço, o tempo, os limites do Seu balé dramático, ou ballet d’action, incorporou à dança
corpo humano, a música, o movimento e os efeitos plásti- acadêmica o teatro burlesco e obteve assim nova expres-
cos são alguns dos aspectos que têm de ser considerados são para a dança, ao colocá-la num contexto histriônico.
na arte da coreografia. Arte de criar e compor danças, o Depois de Noverre e seu contemporâneo Gasparo Angioli-
termo coreografia (do grego choreia, “dança”, e graphein, ni, outros coreógrafos, como Jean Dauberval, Charles Dide-
“escrita”), designava, nos séculos XVII e XVIII, um sistema lot e Salvatore Vigano, desenvolveram essa tendência. No
de sinais gráficos que representam os movimentos dos final do século XVIII, a queda do Antigo Regime e de suas
bailarinos. Esse significado foi atribuído à expressão “no- sofisticadas danças de salão tornaram ineficiente o siste-
tação coreográfica”, a partir do século XIX. Coreografia e ma de notação de Feuillet, baseado nos padrões de palco.
coreógrafo passaram então a designar, respectivamente, a Durante o século XIX, nenhum sistema prevaleceu, até que
arte e o profissional da composição de danças. Enquanto em 1892, na Rússia, Vladimir Stepanov publicou L’Alpha-
na música o compositor escreve a partitura à medida que bet des mouvements du corps humain, em que a notação
compõe, na coreografia o autor cria os movimentos, mas musical se complementava por notas anatômicas. Graças a
a notação deles é feita por outros profissionais, que gra- essa obra foi possível reconstituir posteriormente a maior
fam tais movimentos em sinais eventualmente ininteligíveis parte do repertório do século XIX.
para o criador. Os coreógrafos do movimento romântico usaram o
O coreógrafo é livre e segue apenas sua fantasia: seus sistema de notação e as regras dos mestres como Carlo
únicos juízes e guias são o próprio senso estético e sua Blasis, principalmente nas formas teatrais do ballet d’action
bagagem técnica. É necessário, no entanto, que tenha pro- da época de Noverre, ou nos divertissements, bailados nos
fundo conhecimento de formas de dança e vasta cultura intervalos das óperas. A atuação da primeira-bailarina ficou
musical e plástica. Suas fontes podem ser clássicas, mo- mais destacada com o movimento chamado de “ponta” -
dernas, folclóricas ou populares; pode recorrer à mímica e evoluções que a bailarina faz com o pé praticamente na
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
posição vertical, apoiando os artelhos retesados na ponta formações. A exposição do corpo na dança é uma mani-
da sapatilha. Ao mesmo tempo, foi dado maior destaque festação cultural que reflete a sociedade na qual se forma;
ao corpo de baile feminino. Os coreógrafos que melhor o corpo social doa-se, então, na comunicação, como uma
desenvolveram a narrativa da dança teatral foram August escritura, da qual é possível uma leitura recíproca: a expres-
Bournonville, em Copenhague, Jules Perrot, em Londres, são facial, o comportamento e o modo de manifestá-lo no
e Marius Petipa, em São Petersburgo. Este último levou o corpo através determinadas formas, constituem uma mo-
ballet d’action a seu ponto culminante com a coreografia dalidade de transmissão de informações entre indivíduos.
de A bela Adormecida. A dialética entre identidade e socialização revela que
A dança moderna americana trouxe novos elementos existe uma estreita relação entre os sujeitos e as ideias, os
de movimento e expressão. No balé, o trabalho de Michel costumes, os gestos e as posturas próprias do tempo e do
Fokine enfatizou estilos mais naturalistas e imagem teatral lugar, nos quais um corpo é histórica e socialmente coloca-
mais forte do que o balé clássico de Petipa. As formas co- do. Como a linguagem verbal no curso dos séculos serviu
reográficas assumiram versões múltiplas e diversificadas, para compor fórmulas esotéricas, hinos de amor, leis, textos
desde a representação realista à mais absoluta abstração. sagrados, sentenças, contos e poemas épicos, assim a lingua-
No século XX, a notação centrou-se nos movimentos bási- gem do corpo deu vida às operações mágicas, cerimônias
cos e na dança formal. Pôde assim dispor de novos sistemas religiosas, celebrações militares, solenidades políticas, repre-
de símbolos abstratos, dos quais os mais conhecidos são sentações mundanas e divertimentos proibidos. A par das
os de Rudolf von Laban, a labanotação, primeiro a indicar outras linguagens, também a linguagem do corpo pode as-
duração, fluência e intensidade de movimento, e o de Ru- sumir de fato uma infinidade de conteúdos e dar para eles a
dolf Benesh. Esses e outros sistemas continuam a evoluir, forma que lhe é própria. Cada aspecto cultural e social incluí-
enriquecidos pela colaboração do cinema e do videoteipe. do na manifestação da coreografia é implicado naquelas que
A evolução da coreografia foi igualmente intensa. Os serão as distinções e as precisões dos gêneros performativos
métodos de composição variam radicalmente - alguns co- no interior de uma comunidade, configurando a dança como
reógrafos usam as improvisações de seus dançarinos como uma manifestação seja do indivíduo que do coletivo, que se
matéria-prima; outros baseiam-se nas criações elaboradas diversifica, deixando depois possível o reconhecimento de
antes de cada ensaio. Merce Cunningham, na segunda me- peculiares costumes, tendências ou estilos.
tade do século XX, mudou completamente a visão tradicio- É destas premissas que algumas manifestações da lin-
nal da coreografia, até então considerada como elemento guagem do corpo podem ser realçadas para um valor ar-
de apoio, para elevá-la ao mesmo nível de importância tístico, ou seja, quando cada indivíduo, conscientemente,
da dança. Para isso, empregou métodos de composição e reversa no interior da própria performance, a sua pessoal
organização da dança em espaço não teatral. Ele, George bagagem cultural e emotiva. Na nossa cultura a dança é
Balanchine e Sir Frederick Ashton tornaram-se os principais considerada uma linguagem artística quando se organiza
expoentes da dança clássica ou abstrata; os dois últimos num sistema de signos baseado sobre oposições, variações
- assim como Martha Graham, Léonide Massine, Jerome e repetições, nos quais inevitavelmente vem-se formalizar
Robbins e outros - também produziram importantes tra- cada técnica do corpo, além de ser depois uma expressão
balhos de coreografia. Depois deles, as únicas regras abso- fortemente finalizada à comunicação estética. A dança, nes-
lutas em coreografia são as de que ela deve impor ordem te sentido, pode ser definida como movimento, no espaço
à dança, acima da pura improvisação, moldá-la nas três di- e no tempo, de um corpo numa situação de representação,
mensões do espaço e no tempo e adequá-la ao potencial na condição de narrar, dizer, representar através de um sis-
do corpo humano. tema semiótico a semântico altamente comunicativo.
A dança é a mãe das artes. Música e poesia determinam-se A dança, sendo a linguagem do corpo, vive exclusi-
no tempo, as artes figurativas e a arquitetura no espaço: a dan- vamente na ação dos executores e identifica-se com ela
ça vive igualmente no tempo e no espaço. Nela, criador e cria- totalmente; in particular, quando vira expressão artística,
ção, obra e artista, fazem tudo um. O polígrafo e musicólogo realiza-se sempre naquela ou naquele que dança, então
alemão Curt Sachs reconheceu na expressão artística da dança, nunca poderá ser “descorporada” do dançarino ou da
a mais completa e compartilhada experiência que foi produzida dançarina. O corpo que dança, dentro ou fora da cena,
pelo ser humano, aquela que poderia ser considerada como a quando se entrega ao olhar do público ele não o faz de
vida mesma, mas elevada a um grau mais alto e intenso. maneira ingênua ou primitiva, nem nas suas formas mais
A dança desde sempre teve um papel importante na arcaicas: é um corpo treinado, preparado para sua presen-
história da humanidade, seja para cada indivíduo, seja para ça ser eficaz e então dotado de um inevitável virtuosismo
o grupo, como se pode facilmente notar pela sua ampla e artificialidade que põe a performance na situação fora
e excepcional fenomenologia que a caracteriza até hoje. do quotidiano, para fim de iniciar um processo conotativo
Sendo uma ação associada ao movimento, ato instintivo e de natureza simbólica. O corpo do homem, de fato, não é
inevitável no homem, a expressão da coreografia acompa- regulado somente pelas estruturas biológicas, mas encar-
nha-nos desde as épocas mais remotas, nas quais, o corpo na a ordem da linguagem, para isto as ações envolventes
que dança, além de revelar si mesmo e a pessoa da qual no ato performativo resultarão da integração entre físico e
ele é a encarnação, no seu imediato, apresenta-se como espírito. Na dança pode-se talvez colher a intencionalidade
um corpo social, pertencente então a uma sociedade bem originária que dá vida à expressão linguística, não como
identificável, para qual deve as suas formas e as suas de- linguagem verbal estruturada, mas como ato constitutivo
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
da comunicação significante; gesto, movimento primordial batalha proclamando a urgência de libertar o bailarino de
que rompe a treva relacional e o seu silêncio. Na ação da cada código pré-constituído, acaba assim com criar outros
coreografia evoca, em fim, o movimento intencional de códigos, porque cada linguagem, para ser tal, implica ne-
uma consciência encantada e se expressa a essência emo- cessariamente um código. O verdadeiro fim da batalha não
cional dos objetos que se revelam para ela. era aquele de suprimir totalmente a instituição das normas,
Na história da coreografia, muitos artistas refletiram mas de substituir a linguagem da dança acadêmica com
sobre a natureza da dança, em particular no último século, um outro ou com outros códigos mais correspondentes ao
quando se desenvolveu um “movimento” antitético res- espírito mudado dos tempos.
peito à disciplina acadêmica. A recusa eversora da tradi- É com Martha Graham e os outros expoentes da mo-
ção, personificada pela Isadora Duncan, célebre bailarina dern dance americana nos anos Trinta do Novecentos que
americana do primeiro Novecentos, também encontra na se põe a atenção sobre um novo centro do impulso ex-
Europa o clima cultural apto para se desenvolver; a aven- pressionista. A dança moderna não é um sistema estandar-
tura das vanguardas já começou e com ela o Novecentos dizado, mas a proposta de muitos pontos de vista sobre
assumiu o seu caráter fundamental, tornando-se o século o movimento, cada um em qualquer maneira legitimado
da contestação. A estética da dança que a Duncan vai ela- pela pesquisa de uma verdade do gesto e da expressão,
borando através dos seus escritos e a sua intensa ativida- que têm a fonte deles na vida e buscam dar forma estética
de artística tem como ponto de partida a idéia, própria do ao vivido pessoal do artista. A dança criada pela Graham e
temperamento cultural entre Oitocentos e Novecentos, de pelos seus contemporâneos parece responder a todos os
um mítico estado originário de harmonia natural, do qual o requisitos da verdadeira arte do corpo, experiência estética
homem seria-se progressivamente afastado e ao qual deve da percepção de alguma coisa até então nunca percebida,
retornar se não entende perder definitivamente a possi- movimento no espaço e no tempo que se volta para todos
bilidade de redenção e salvação. Isadora cria uma lingua- os sentidos, mas não somente para eles, e explora-os como
gem extremamente pessoal, dançando em maneira instin- canais para render comunicável uma dimensão interior . A
tiva, selvagem, mística, sem regras esquemas ou técnicas, lição da Graham será como exemplo para as gerações futu-
apresentando-se para o público sem sapatos, pisando nos ras, mas também como motivo de insatisfação e oposição.
palcos mais importantes descalça e coberta somente por Uma menção a respeito, é devida para Merce Cun-
uma simples túnica branca semitransparente (coisa que fez ningham , filho “rebelde” da Graham, personalidade tam-
muito barulho para a mentalidade conservadora do Oci- bém central na evolução hodierna da dança contemporâ-
dente de início século, ainda acostumada à figura etérea da nea. A ação de Cunningham, considerada eversiva assim na
Sílfide com sapatilhas na ponta, sempre ladeada por uma vertente tradicional como na vertente moderna, funda-se
enérgica figura masculina). no princípio que a dança não é uma linguagem represen-
De certo não foi somente a Duncan evidenciar uma re- tativa, mas um evento o qual há o seu significado em si
virada na interpretação do movimento no Ocidente, mas mesmo. Não deve “contar” nada mas somente acontecer;
ao redor dela, se não precedentemente, registraram-se nu- desenvolvendo-se assim um movimento contra-emotivo
merosos impulsos revolucionários que deram vida às esco- e contra-narrativo, puro dinamismo no espaço, além de
las de pensamento além das verdadeiras e próprias asso- cada motivação emocional. A recusa da dimensão interior
ciações para o ensino e a promoção de novas “fórmulas” como motor dramatúrgico e das emoções como êxito da
para a dança. Não há dúvida que a dança contemporânea narração, leva a conceber a dança como arte do rigor for-
encontrou as bases a partir próprio deste turbamento de mal, arte da abstração, livre de qualquer condicionamento
algumas personalidades que produziram novos impulsos ideológico, sem pretensões didascálicas ou intenções des-
no início do século passado; o forte chamado à re-apro- critivas. Na sua concepção coreográfica, espaço e tempo
priação do corpo é uma admoestação para o homem, por- devem estar no centro do interesse do dançarino e do es-
que recupere o senso da própria humanidade, como do pectador; o espaço é circular e não limitado à tradicional
resto poder-se-á encontrar com maior consciência a partir perspectiva frontal teatral; o desenho coreográfico, aliás,
dos anos Trinta com a afirmação da modern dance. Esta li- deve ter muitos focos; a música, a dança, a cenografia, não
berdade de poder dançar fora dos esquemas preconceitos são mais ancilas uma da outra, mas convivem com par dig-
da danse d’école, não indica exclusivamente desabafar li- nidade e liberdade, sem relação alguma; as frases coreo-
vremente, através ímpetos espontâneos e movimentos não gráficas estudadas rigorosamente, podem ser ordenadas
controlados, para sentimentos e paixões mas, sobretudo, sem uma sequência fixa preestabelecida; o vocabulário
dar vida para uma nova linguagem que fosse a forma de dos movimentos alcança tanto à técnica clássica para pés
uma nova corporeidade: e pernas, quanto àquela moderna para a bacia e o bus-
O expoente da dança moderna deve combater contra to. Este pretendido abstratismo, que funda as suas raízes
duas coisas. Uma é a convicção que ela significa simples- na intencionalidade não comunicativa de John Cage, não
mente expressar si mesma, e a outra que não necessita de pode renunciar ao sujeito; os mesmos materiais sonoros,
alguma técnica. A dança tem duas caras, uma é a ciência do também quando gerados com procedimentos eletrônicos,
movimento, a técnica que é uma ciência exata e deve ser ou coincidem com o concretismo dos barulhos ou ainda
aprendida muito cuidadosamente, e a outra é a distorção são negados no silêncio, na extrema formalidade e artificia-
destes princípios, o uso desta técnica obrigada por uma lidade deles reenviam a um sujeito intencional. A distinção
emoção. A dança moderna, que conduziu a sua primeira entre sujeito e objeto é, de fato, interior à intencionalida-
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Dançar, compreender, apreciar, contextualizar danças Considera-se o papel da dança, como promotora da
de diversas origens culturais, pode ser uma maneira de cultura e do conhecimento, a escola é vista como detentora
trabalharmos e discutirmos preconceitos e de incentivar- da verdade, sendo o local onde se discute, aprende e tam-
mos, nossos alunos a criarem danças que não ignorem ou bém ensina, tendo a função da transmissão do saber, cabe
reforcem negativamente diferenças de gênero. (ISABEL A. a ela a análise dos fatos que ocorrem na sociedade e a sis-
MARQUES, 1997), P. 40 tematização do conhecimento. O profissional de Educação
Física atua sobre o corpo ou com o Movimento, trata do ser
A escola não pode ser o único lugar para o ensino da humano nas suas manifestações culturais relacionadas ao
dança, mas ainda é um dos espaços mais adequado para corpo e ao movimento humano (NANNI, 1995 P. 05)
o ensino com qualidade e informações. A dança não pode
ser vista como ornamento (sinônimo) de festas e eventos A dança traduz os mitos, a educação, a cultura e a
da escola. “A escola tem a incumbência de instrumentali- cidadania, possibilita a identificação da cultura de um povo
zar e de construir o conhecimento por meio da dança com pelas manifestações lúdicas, que transcendem a realidade
seus alunos, pois ela é forma de conhecimento, elemento que o homem traz em sua plenitude humana. Partindo des-
essencial para a educação do ser social” (ISABEL, p. 23). te pressuposto fica clara a função da escola em dominar
Ao referenciar a dança como conteúdo, deve-se valo- os métodos e processos de ensino aprendizagem. Assim
rizar também a cultura local, regional e nacional. Em nosso a transmissão e a assimilação do conhecimento sistemati-
país os ritmos são bastante diversificados, a criatividade re- zado passam a ser o foco dá construção do saber escolar,
percute nas danças da cultura popular, inovando e aceitan- referência para organizar o ensino.
do também os ritmos internacionais. No Brasil de Norte a
Sul, a dança está se tornando homogênea, devido à grande
facilidade de assimilação de novos ritmos. De norte a sul,
se valoriza muito as danças de Cultura Popular, trazidas ao
nosso país pelos imigrantes das diversas etnias que for-
mam a nação brasileira.
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[...] a dança é uma grande aliada da educação física extraordinariamente bem organizada, ou seja, pensamen-
para o desenvolvimento integral ou, seja a dança influên- tos, intenções, sentimentos e todos os sentidos estão con-
cia no desenvolvimento físico motor, na afetividade entre centrados na mesma meta. Portanto, quando cessa a sen-
aluno e aluno, aluno e professor, no aspecto cultural, ou sação do “fluir”, ocorre a sensação de maior integração,
seja, conhecimento de novos ritmos, expressividade de não apenas interiormente, mas também externamente,
seu próprio conhecimento a que se refere a ritmos, passos no que se refere às outras pessoas e ao mundo em geral.
de dança, aspecto social, onde o aluno percebe que pode As atividades que induzem ao fluxo são chamadas
se relacionar melhor com os problemas sociais que estão de “atividades de fluxo” porque tornam mais provável a
presentes na sociedade e o aspecto cognitivo, mostrando ocorrência da experiência. A dança foi apontada como
que o aluno e capaz de pensar, refletir e ele percebe que uma atividade potencializadora da “experiência do fluxo”.
a dança pode possibilitar isto. Portanto deixa claro que a Portanto, busca-se estruturar o ensino de dança utili-
dança deve ser alvo de mais estudo no ambiente escolar e zandose, estrategicamente, alguns elementos apontados
científico para que possamos deixar claro todos os benefí- pelo autor como essenciais para facilitar uma experiência
cios que a dança no ambiente escolar poderá proporcionar. qualitativa subjetiva, ou seja, a “experiência do fluxo”.
Considera-se como o principal elemento o equilíbrio
Podemos concluir que a dança propicia inúmeros be- entre desafios e as capacidades pessoais.
nefícios aos educandos, nos diversos aspectos: físico-mo- Csikszentmihalyi (1999, p.37) explica que:
tor e cognitivo. Experiências ótimas, geralmente, envolvem um fino
equilíbrio entre a capacidade do indivíduo de agir e as opor-
tunidades disponíveis para a ação. Se os desafios são altos
demais, a pessoa fica frustrada, em seguida preocupada e
DANÇA CRIATIVA E SEUS FUNDAMENTOS. mais tarde ansiosa. Se os desafios são baixos em relação às
habilidades do indivíduo, ele fica relaxado, em seguida en-
tediado. É mais provável que o profundo envolvimento que
estabelece o fluxo ocorra quando a atividade apresenta altos
A “qualidade da experiência subjetiva” no ensino desafios e a pessoa corresponde com altas habilidades.
de dança Deste modo, as atividades devem apresentar regras
que exijam o aprendizado de novas habilidades, tornan-
Csikszentmihalyi (1992) afirma que pode-se atingir do a pessoa mais complexa.
a qualidade da experiência subjetiva em atividades que As atividades potenciais de “fluxo” devem também
promovam um estado de satisfação plena quando agimos conter metas claras para as ações, para que a pessoa con-
com total envolvimento. São experiências intrinsecamente siga concluir a tarefa; devem fornecer feedback imediato
recompensadoras e que levam ao crescimento do self e a que deixem claro o seu desempenho. Com metas claras e
autorealização. O autor desenvolveu a “Teoria do Fluxo” a retorno imediato a atenção pode centrar-se, ordenar-se
partir do estudo desse tipo de qualidade da experiência com total investimento, tornando possível o controle das
que pesquisou em várias partes do mundo e em vários ti- ações. Deste modo não existe espaço na consciência para
pos de atividades. A metáfora do “fluxo” foi utilizada por pensamentos que distraiam, para sentimentos incoeren-
muitas pessoas ao descreverem a sensação de ação sem tes. A autoconsciência desaparece, fazendo com que a
esforço experimentada em momentos que se destacaram pessoa sinta-se mais forte do que de costume. O sen-
como os melhores de suas vidas, chamadas também de ex- so de tempo é distorcido pois, as horas parecem passar
periência ótima. Os atletas se referem a esses momentos como minutos. A experiência exige uma motivação intrín-
como “atingir o auge”, os místicos religiosos expressam seca, ou seja, a recompensa é a satisfação em realizá-la.
como “êxtase”, e os artistas descrevem-no como “enlevo Porém, deve-se evitar uma visão mecanicista e enga-
estético” (CSIKSZENTMIHALYI, 1999). nosa de esperar que, somente o envolvimento da pessoa
Segundo o autor acima, depois que a pessoa sentiu-se de forma objetiva em uma atividade que flui garanta a ex-
fluir, “[...] a organização do self torna-se mais complexa do periência adequada. A maneira como a pessoa sente-se
que antes. É ao tornar-se progressivamente mais complexo em qualquer momento de uma atividade que flui é muito
que o self cresce.” (CSIKSZENTMIHALYI, 1999, p. 68). Um influenciada pelas condições objetivas, entretanto, a cons-
self complexo é aquele que consegue combinar dois prin- ciência ainda é livre para fazer sua própria avaliação.
cipais processos psicológicos: a diferenciação e a integra- É importante ressaltar que na experiência do “fluxo”
ção. A diferenciação refere-se a um movimento em direção sempre ocorre a descoberta de algo novo, seja sobre a
à individualidade. A integração é um movimento oposto, própria pessoa e/ou sobre a atividade. Ela é importante
trata-se de uma união com outras pessoas, idéias e seres porque torna o momento presente mais agradável e por-
exteriores ao self (CSIKSZENTMIHALYI, 1992). que cria autoconfiança que permite desenvolver capaci-
Após vivências do “fluir” o self torna-se mais diferen- dades de fazer contribuições significativas à humanidade.
ciado pois, superar um desafio, inevitavelmente, faz com Isso vai de encontro ao que Laban (1978, p. 166) acredi-
que a pessoa sinta-se mais capaz, mais apta, menos pre- tava: “toda pessoa tem a tendência de ampliar a gama de
visível, e dotada de capacidades mais raras. No estado de suas capacidades de esforço, sendo que essa ampliação
profunda concentração durante o “fluir”, a consciência está se relaciona ao seu próprio desenvolvimento pessoal.”
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
Vivências lúdicas em dança criativa ensino e aprendizagem em dança criativa relacionando, es-
trategicamente, os elementos do “fluxo” na elaboração das
A dança possui o potencial característico dos jogos vivências.
como atividade intrinsecamente recompensadora. A ludici- O maior enfoque refere-se ao equilíbrio entre os de-
dade está sempre presente na dança, bem como o mime- safios com as capacidades pessoais. Considerou-se como
tismo que amplia os limites da experiência comum, ao tor- desafios os fatores de movimento: espaço, tempo, peso
nar, por algum tempo, as pessoas diferentes e poderosas. e fluência. As capacidades foram consideradas as habili-
Outra dimensão característica da dança é a criatividade, dades motoras fundamentais classificadas por Gallah-
que deve ser valorizada essencialmente em uma proposta ue (2001) como de movimentos de estabilidade (inclinar,
educativa, pois, a natureza da dança como arte fica explíci- alongar, girar, virar, balançar, apoios, rolamentos, finalizar,
ta no aspecto criativo que a conceitua e em seus conteúdos parar, esquivar-se, equilibrar), de movimentos locomotores
específicos de expressão estética. Segundo Langer (1980, (caminhar, correr, pular, saltar, deslizar, guiar, escalar) e de
p. 182) “A ilusão primária de uma arte é algo criado e criado movimentos manipulativos (arremessar, interceptar, chu-
ao primeiro toque – nesse caso, com o primeiro movimen- tar, capturar, golpear, volear, quicar, rolar).
to, executado ou mesmo sugerido.” Considerou-se, também, um alto desafio o trabalho
Em concordância com Laban (1990) a dança, como for- com imagens metafóricas que foram utilizadas como tema
ma de arte, tem lugar no palco e na recreação, sendo que nas três fases metodológicas da oficina, ou seja, no Preparo
nas escolas, o que se procura não é a perfeição ou a criação Corporal, no Processo Criativo e na Composição.
e execução de danças sensacionais, mas o efeito benéfico Utilizou-se o Gráfico de Esforço proposto por Laban (1978,
que a criatividade da dança tem sobre o aluno. p.126) como um caminho estratégico de experimentação levan-
Na aulas de dança criativa privilegia-se temas básicos do em consideração seus “elementos lutantes e complacentes”;
de movimento e suas variações, ao invés de uma série de em seus “aspectos mensuráveis de funções objetivas”; e em
exercícios estandartizados (MIRANDA, 1979). seus “aspectos classificáveis de sensação do movimento”.
A dança criativa estimula a criatividade e auto-expres- Portanto, esta proposta metodológica foi estruturada
são, ao proporcionar uma atmosfera amigável, informativa de forma a respeitar as capacidades pessoais referentes as
e aberta, criando um ambiente de aprendizagem positivo. habilidades motoras, experimentadas nas variações desa-
Além disso, ela pode melhorar o desenvolvimento social fiantes dos elementos dos fatores de movimento. Acredi-
através do jogo imaginativo e das atividades cooperativas ta-se que isso pode facilitar o processo de ensino e apren-
(GILBERT, 1992). É também considerada como ensino dife- dizagem da dança sob uma perspectiva criativa, tornando
renciado que resume em aprendizado criativo dos elemen- possível a participação de variadas faixas etárias, conside-
tos da dança, resultando no prazer de dançar e de expres- radas em seus respectivos contextos.
sar-se através do corpo (JOYCE, 1994). Para Joyce, a meta
da dança criativa é a comunicação através do movimento. Reaprendizagem de padrões de movimento e seu
Ela considera importante que o dançarino utilize recursos significado subjetivo
internos para fazer uma declaração direta e clara. O indi-
víduo é a primeira fonte, e por isso, no ensino busca-se o A dança criativa pode explorar, através de imagens, os
indivíduo criador ao invés do intérprete. movimentos metafóricos. Deste modo, pode-se atingir as
A autora afirma que a dança criativa é uma disciplina várias potencialidades dos movimentos corporais como
para lidar com o self. Ela considera que o self não é apenas veículo das metáforas, tornando-os mais significativos.
o corpo, nem apenas a mente, nem apenas os sentimentos, Para Laban (1978, p.49), um “simples gesto de qualquer
mas a criança toda. Sendo a consciência do eu de primeira parte do corpo revela um aspecto de nossa vida interior”.
importância para todas as crianças, a dança criativa as con- Isso significa que o movimento de uma pessoa acontece
duz a relacionarem-se consigo mesmas. Assim é um corpo a partir de impressões gravadas no cérebro de modo que
de conhecimento definido que lida com os elementos que qualquer mudança de movimento corresponde uma mu-
podem ser explorados, aprendidos, organizados e utiliza- dança na memória associativa, nas sensações, sentimentos
dos. e no quadro de referências. Assim, a partir de novas formas
Para Laban (1978) a pesquisa e a análise da linguagem de movimentos, automaticamente acontece o acionamen-
do movimento e, portanto, da representação e da dança to de 169 novas conexões, estabelecendo no indivíduo um
só pode ser fundamentada no conhecimento e na práti- sentir, um pensar e um agir diferentes dos ocorridos até
ca dos elementos do movimento, de suas combinações e então (LIMA, 2001).
seqüências, bem como no estudo de sua significação. Ele De acordo com Lakoff-Johnson (apud DASCAL, 1992),
explica que: a maior parte do nosso sistema conceitual básico, em ter-
As formas e ritmos configurados a partir de ações de mos do que pensamos, agimos e falamos, é estruturado
esforço básico, de sensações de movimento, de esforço in- metaforicamente. Isto significa que conceitos metafóricos
completo e do ímpeto para movimento, informam sobre a servem para organizar campos inteiros de experiência.
relação que a pessoa estabelece com seus mundos interno Laban (1978) afirmou que a alteração da organização
e externo. (LABAN, 1978, p. 168). habitual de esforços nas várias posturas e ações corporais
Esta oficina fundamenta-se nos estudos dos autores constituir-se-á no meio essencial do qual o ator/aluno po-
citados. Desta forma, buscou-se estruturar o processo de derá lançar mão para elaborar sua caracterização.
72
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
O que se propõe nesta oficina consiste na experimen- Não existindo estes documentos, com o passar do tem-
tação das habilidades motoras básicas modificadas pelos po, fatos ocorridos na história da capoeira podem ter caído
desafios dos fatores de movimento em seus contrastes e no esquecimento ou, eventualmente, terem sido distorcidos,
nuances, que ao transformarem as ações habituais, podem pois grande parte do que hoje se sabe sobre a capoeira pra-
levar a descobertas de novos padrões de movimentos de ticada pelos escravos foi transmitida, através das gerações,
caráter expressivo. de forma verbal. No entanto, contendo elementos de ex-
Na infância a aprendizagem das habilidades motoras pressão corporal, como a ginga, acrobacias e floreios, e de
básicas acontece permeada de experimentações variadas comunicação, como o canto e a música, a capoeira perma-
desses fatores de movimento de forma habitual. A criança neceu viva na cultura popular brasileira e assim se manteve
se desloca rastejando, deslizando em superfícies inclina- desde os primórdios da nossa história, porque cativou mui-
das, escalando, rolando pelo chão, em apoios invertidos, tos que a ela se dedicaram de corpo e alma.
etc.; o mesmo acontece com as habilidades manipulativas Atualmente a capoeira está bastante difundida por
e de estabilidade, pois, nesta fase, elas são exploradas em todo o país, porém há uma enorme dificuldade em encon-
níveis e planos diferentes do espaço, com intensidades, trar documentos a respeito de suas raízes.
durações e fluências variadas. Essas experimentações não
são habituais para o adulto, mas podem ser reaprendidas OS NEGROS NO BRASIL
em uma aula de dança criativa, enriquecendo o repertório
de movimentos e tornando possível a descoberta de no- A história da capoeira está intimamente ligada à histó-
vos padrões de movimentos expressivos, com significados ria dos negros no Brasil.
subjetivos. Quando os europeus aqui chegaram, necessitaram en-
Laban (1978, p. 176) esclarece que: contrar mão-de-obra barata para a exploração das terras. Os
Faz parte do drama a luta dos impulsos em nosso in- indígenas, de imediato capturados, reagiram à escravidão e
terior. Quase todas as nossas decisões são o resultado de não suportaram os maus-tratos a que foram submetidos. Os
uma luta interior que pode tornar-se visível até mesmo colonizadores precisaram, então, buscar nova mão-de-obra
numa postura corporal inteiramente imóvel. Uma posição escrava, e para isso trouxeram negros da África.
corporal sempre é o resultado de movimentos prévios ou Areias (1983), em sua obra O que é Capoeira, fez cons-
a antecipação de futuros movimentos, que tanto deixam tar que os negros eram tirados de seu hábitat , colocados
sua marca impressa na postura do corpo, como anunciam nos porões dos navios e levados para os novos horizontes
a próxima. recémdescobertos pelas grandes potências da época.
O autor afirma que: a caracterização é uma arte e, à De acordo com os pesquisadores Arnt e Banalume
parte a verdade psicológica, há muitos fatores que deter- Neto (1995, p. 36),
minam a escolha feita pelo artista das seqüências definiti- Os escravos eram vendidos por chefes de tribos ini-
vas de movimento e esforço. (LABAN, 1978, p.171). migas ou como em Angola, os próprios portugueses inva-
Acredita-se, portanto, que as habilidades motoras diam o interior seqüestrando o que chamavam de ‘peças
básicas experimentadas com as diferentes dinâmicas dos da Índia’.
fatores de movimento, como um meio metafórico de ex- Petta (1996, p. 51), em seu artigo O jeito brasileiro de ir
pressão, pode levar à descobertas significativas, as quais à luta, comenta:
podem influenciar as ações motoras, estados emocionais, estudiosos afirmam que por volta de 1550 é que os
estados cognitivos, relações interpessoais, motivações, etc. primeiros escravos africanos começaram a desembarcar no
Brasil, oriundos de diferentes tribos, trazendo seus costu-
Texto adaptado Edvânia Conceição Fernandes Silva mes, suas culturas.
Campeiz Já Oliveira (1989, p. 21), também conhecido por Mestre
Bola Sete, em seu livro A Capoeira Angola na Bahia, afirma que
Os primeiros escravos africanos a chegarem no Brasil e
os que vieram em maior número foram os negros bantos,
CAPOEIRA: HISTÓRICO; eram naturais de Angola.
Quando aqui chegavam eram separados para que um se-
nhor não ficasse com negros que falassem o mesmo dialeto, a
fim de evitar que se comunicassem e armassem rebeliões.
Na história oficial, a prioridade sempre foi dos aconte- A relação entre os senhores e os negros escravos era
cimentos vistos pelo lado dos dominantes, o que resultou de propriedade, decorrente do pagamento por sua aquisi-
na falta de informações a respeito da cultura dos oprimi- ção. Os senhores julgavam-se no direito de exigir dos ne-
dos, principalmente índios e negros. Devido a esta coloca- gros os mais duros trabalhos.
ção este artigo de revisão tem como objetivo descrever a A respeito, Areias (1996, p. 11) afirma:
origem, resgatando a história da capoeira. trabalhando num regime de sol a sol, comandados
Da documentação referente à época da escravatura, o pelos chicotes dos feitores, eles derrubavam as matas,
pouco que existia foi queimado por ordem de Ruy Barbosa, preparavam a terra, plantavam a cana e produziam, com
ministro da Fazenda do governo de Deodoro da Fonseca, o amargor do seu sofrimento, o açúcar, doce riqueza dos
em 1890 (OLIVEIRA, 1989). seus senhores.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
Além do sofrimento infligido aos negros, a distância de Areias (1996, p. 15-16), em publicação posterior, acres-
sua terra natal, aliada a todas as outras condições adversas centou:
encontradas nas novas terras, os fazia rebelar-se. Tendo como mestra a mãe natureza [...], utilizando-se
Assim, para que o regime escravocrata não entrasse das estruturas das manifestações trazidas da África [...], os
em colapso, mais castigos e torturas eram aplicados aos negros criam e praticam uma luta de autodefesa para en-
escravos. frentar o inimigo.
Como poderiam se defender, estando em tal situação Reis (1997a, p. 19), em posição idêntica, afirma: “A ca-
de inferioridade? poeira é uma manifestação cultural brasileira nascida em
Segundo Mestre Pastinha (1988, p. 28), em sua obra circunstâncias de luta por liberdade, nos tempos da escra-
Capoeira Angola: vidão”.
Os negros africanos, no Brasil colônia, eram escravos e Alguns autores questionam o fato de a capoeira ter
nessa condição tão desumana não lhes era permitido o uso surgido apenas no Brasil, embora africanos de origem ban-
de qualquer arma ou prática de meios de defesa pessoal to tivessem sido levados para diversos outros países, na
que viessem pôr em risco a segurança de seus senhores. mesma época.
Capoeira (1998, p. 34), em sua obra
OS ESCRAVOS E A CAPOEIRA Capoeira - pequeno manual do jogador, asseverou:
Temos agora uma idéia de como nasceu a capoeira:
Rego (1968, p. 21), autor de Capoeira Angola: ensaio mistura de diversas lutas, danças, rituais e instrumentos
sócio-etnográfico, como significado da palavra capoeira diz musicais vindos de várias partes da África. Mistura realizada
que: em solo brasileiro, durante o regime de escravidão, prova-
atualmente são quase unânimes os tupinólogos em velmente em Salvador e no Recôncavo Baiano durante o
aceitarem o étimo caá, mato, floresta virgem, mais puêra, século XIX.
pretérito nominal que quer dizer o que foi e não existe Há que se citar, também, o pesquisador Rego (1968),
mais. que, em vista de uma série de dados colhidos em docu-
mentos escritos e, sobretudo, no convívio e diálogo cons-
Sobre a verdadeira origem da capoeira, muitas são as
tante com pessoas da época ou mais antigas, que pratica-
divergências existentes entre os pesquisadores.
vam a capoeira na Bahia, sustenta que a capoeira nasceu
Um dos motivos que contribuiu para dificultar o co-
no Brasil, criada pelos africanos e desenvolvida pelos seus
nhecimento sobre a origem da capoeira é salientado por
descendentes afrobrasileiros.
Mello (1996, p. 29), que afirmou:
Ruy Barbosa, quando ministro da Fazenda, com o argu-
A PERSEGUIÇÃO À CAPOEIRA
mento de apagar a história negra da escravidão, mandou
incinerar uma vasta documentação relativa a esse período.
Surgida a capoeira e fazendo parte de suas vidas, os
Para alguns autores, estudiosos do assunto, a capoeira negros a praticavam tanto nas fazendas quanto nos terrei-
foi uma invenção do negro na África, onde existia como ros. No entanto, de acordo com Mello (1996, p. 32), essa
forma de dança ritualística. Mais tarde, com o processo do prática se dava de maneira clandestina, pois, uma vez que
colonialismo brasileiro e com a chegada dos negros escra- ela era utilizada como arma de luta, os senhores-de-en-
vos originários da África, aqui a capoeira apareceu como genho passaram a coibila veementemente, submetendo a
forma de defesa pessoal dos escravos contra seus opresso- terríveis torturas todos aqueles que a praticassem.
res do engenho (SANTOS, 1990, p. 19). Santos (1990, p. 19) comenta que, para assegurar a
Na visão de Pastinha (1988, p. 26): “Não há dúvida que sobrevivência da capoeira naquela época, os capoeiristas,
a capoeira veio para o Brasil com os escravos africanos”. quando na presença dos senhores de engenho, pratica-
Para Marinho (1956) não existem dúvidas de que a ca- vam-na em forma de brincadeira, quando, na verdade, es-
poeira foi trazida para o Brasil pelos negros africanos ban- tavam treinando.
tos procedentes, principalmente, de Angola. O berimbau, que servia para dar ritmo, também servia
Para outros pesquisadores, estudiosos da cultura afro- para anunciar a chegada de um feitor, ou seja, a hora de
-brasileira, africana e historiadores, a capoeira surgiu no transformar a luta em dança.
Brasil por um processo de aculturação em prol da liberda- Com o passar dos tempos, os nossos colonizadores
de humana da raça negra escravizada pelos dominantes da perceberam o poder fatal da capoeira, proibindo esta e ro-
época do Brasil colonial (SANTOS, 1990, p. 19). tulandoa de ‘arte negra’ (SANTOS, 1990, p. 34).
Para Areias (1983), como os escravos africanos não No artigo A cara de Zumbi, de Arnt e Banalume Neto
possuíam armas para se defender dos inimigos, - os feito- (1995, p. 37), consta que, o negro a qualquer sinal de rebel-
res, os senhores de engenho -, movidos pelo instinto na- dia era punido. Depois de chicoteados, os fujões recebiam
tural de preservação da vida, descobriram em si mesmos a um coquetel de sal, limão e urina nas feridas.
sua arma, a arte de bater com o corpo, à semelhança das Em seu livro Zumbi, Santos (1985) conta que em 1597,
brigas dos animais, suas marradas, coices, saltos e botes. quarenta escravos fugiram de uma só vez, em um enge-
Aproveitaram ainda suas manifestações culturais trazidas nho no Sul de Pernambuco, e, armados de foices e cacetes
da África, suas danças, cantigas e movimentos. Dessa for- massacraram a população livre da fazenda. Sabendo que
ma nasceu o que hoje chamamos de capoeira. seriam caçados furiosamente um por um, caminharam na
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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direção do sol poente. Disse, ainda, que na vigésima ma- Já Areias (1983, p. 65) comenta:
nhã se sentiram seguros, pois, de onde se encontravam não sendo mais perseguidos, os capoeiristas, se-
podiam perfeitamente ver quem estivesse vindo de qual- dentos de expressão, infestavam as ruas e praças das
quer ponto. cidades com as suas rodas de capoeira. A capoeira era
Prata (1987, p. 7), em seu artigo A arte marcial do Bra- parte integrante e obrigatória de todas as festas po-
sil, diz que: pulares.
durante as invasões holandesas, em 1624, os escravos Dossar (1991, p. 42) afirma: “a primeira academia
e índios (as duas primeiras vítimas da colonização), apro- que ensinou a capoeira formalmente foi estabelecida
veitando a confusão gerada, fugiram para as matas. por Manoel dos Reis Machado em 1932”.
Nas matas os negros formaram os quilombos, sendo Mello (1996, p. 34) traz valiosa informação: “surge
o Quilombo de Palmares um dos mais importantes, sede um importante personagem na história da capoeira,
maior de todos os outros redutos de negros fugitivos, lo- Manoel dos Reis Machado, o Mestre ‘Bimba’”.
calizado na Serra da Barriga, no Estado de Alagoas.
Segundo Arnt e Banalume Neto (1995, p. 32): “Palma-
res começou a surgir em 1597 e durou até 1694”.
Santos (1990, p. 19) ressalta: QUESTÕES CULTURAIS E SOCIAIS;
Após a extinção dos quilombos existentes e principal-
mente o de Palmares, a capoeira já era conhecida como
meio de ataque e defesa pessoal, mais precisamente nos
Estados da Bahia, Alagoas, Pernambuco, Rio de Janeiro, OS ESTILOS DE CAPOEIRA
entre outras localidades onde havia escravos lutando pelo Capoeira (1985) menciona que existem vários es-
dia de sua libertação. tilos de capoeira, mas os únicos de fundamento são a
Os pesquisadores Santos e Barros (2001, p. 1), em arti- tradicional angola e a regional de Bimba.
go intitulado O histórico da capoeira: um curto passeio da
origem aos tempos modernos, salientam que Capoeira Angola
em 1888 foi abolida a escravidão e muitos escravos Capoeira (1998) diz que na Academia de Pastinha
foram largados nas ruas sem emprego e a capoeira foi um se praticava o estilo tradicional, denominado Capoeira
dos meios utilizados para a sobrevivência deles. Angola.
Oliveira (1989, p. 22) diz: Em seu livro Capoeira Angola, Pastinha (1988, p. 27)
mesmo depois de abolida a escravidão, os capoeiristas asseverou:
continuaram a sofrer perseguições da polícia e eram mal O nome Capoeira Angola é conseqüência de terem
vistos pela sociedade. sido os escravos angolanos, na Bahia, os que mais se
Como conseqüência disso, pode-se citar a informação destacaram na sua prática.
de Areias (1983, p. 31) de que os negros: Pastinha (1988, p. 28) acrescenta ainda que:
na sua maioria passam a integrar as já famosas mal- A Capoeira Angola se assemelha a uma graciosa
tas de capoeira e a criar outras [...] Os rivais Guaiamuns e dança onde a ‘ginga’ maliciosa mostra a extraordinária
Nagoas no Rio de Janeiro, foram os mais temíveis grupos flexibilidade dos capoeiristas. Mas, Capoeira Angola é,
dessa época [...]. antes de tudo, luta e luta violenta.
Em 1890 a capoeira foi considerada “fora da lei” pelo Oliveira (1989, p. 179), em seu livro A Capoeira An-
antigo Código Penal da República. No capítulo que tratava gola na Bahia, afirma:
dos vadios e capoeiras, o artigo 402 trazia a penalidade de O mestre angoleiro procura passar para o seu
dois a seis meses de prisão a quem ousasse discípulo o culto aos rituais e preceitos existentes na
Fazer nas ruas e praças públicas exercício de agilidade capoeira angola e ao mesmo tempo prepará-lo para
e destreza corporal conhecida pela denominação capoei- defender-se sem interferir no seu potencial de criativi-
ragem: andar em carreiras, com armas ou instrumentos dade, dotando-o de uma grande dose de malícia, ba-
capazes de produzir lesão corporal, promovendo tumulto seada na calma e na velocidade.
ou desordens, ameaçando pessoa certa ou incerta, ou in-
cutindo temor de algum mal (REGO, 1968, p. 292). Capoeira Regional
Sobre essa época, Areias (1983, p. 52) ressalta: Almeida (1994) fez constar que Bimba aproveitou-
[...] transformada em uma verdadeira luta acrobática, -se de uma antiga luta existente na Bahia, chamada
aperfeiçoada e mesclada de tantos artifícios quantos fos- ‘Batuque’ - da qual seu pai era campeão -, da capoeira
sem necessários para safar-se da perseguição dos podero- e do seu gênio criativo para criar um novo estilo a que
sos, a capoeira e os capoeiristas conseguem, com artima- chamou de Capoeira Regional.
nhas e habilidades, atravessar esse período tempestuoso. Bimba disse no livro, A Saga de Mestre Bimba, de
Na década de 30, Getúlio Vargas tomou o poder, der- Almeida (1994, p. 17):
rubando o presidente Washington Luis, e, segundo Ca- Em 1928 eu criei, completa, a Regional, que é o
poeira (1999, p. 25), “permitiu a prática (vigiada) da ca- Batuque misturado com a Angola, com mais golpes,
poeira: somente em recintos fechados e com alvará da uma verdadeira luta, boa para o físico e para a mente.
polícia”.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
Sobre a criação da Capoeira Regional, Vieira (1998, p. construir o porto de Salvador, foi alfaiate, fez garimpo
1) afirma: e também tomou conta de ‘casa de jogo’, ocupando
Quando a Regional surgiu, já existia uma tradição con- o cargo de ‘leão de chácara’, [...]. Mas, tudo isso foi
solidada na capoeira, principalmente nas rodas de rua do passageiro na vida do mestre, seu desejo era viver de
Rio de Janeiro e da Bahia. sua arte, pois além de capoeirista, era pintor e poeta
Capoeira (1998, p. 52) ressalta que popular.
Com a academia de Bimba começa uma nova época: Sobre seu desenlace, Capoeira (1998, p. 57) disse:
a capoeira vai atrair a classe média e a burguesia de Sal- Faleceu aos noventa e dois anos de idade, em
vador. Antes disto, a capoeira (na Bahia) era praticada ex- 1981, deixando muitos alunos, dos quais os mais co-
clusivamente pelos africanos e seus descendentes, ou seja: nhecidos são mestre João Grande e mestre João Pe-
as classes economicamente pobres. Para Capoeira (1998, queno.
p. 52),
O método de ensino, os novos golpes e a nova menta- Mestre Bimba
lidade, somados ao fato de a maioria dos alunos de Bimba Manoel dos Reis Machado, conhecido como
pertencer à classe média, com outros valores, fez com que Mestre Bimba, nasceu aos 23 de novembro de
a regional de Bimba se diferenciasse muito da capoeira tra- 1900, no bairro de Engenho Velho, Freguesia de Bro-
dicional. tas, em Salvador, Bahia.
Almeida (1994, p. 15) conta que,
OS MESTRES DA CAPOEIRA Aos 12 anos de idade, Bimba, o caçula de D. Mar-
tinha, iniciou-se na capoeira, na Estrada das Boiadas,
Mestre Pastinha hoje grande bairro negro Liberdade. Seu mestre foi o
Vicente Ferreira Pastinha, conhecido como Mestre Pas- africano Bentinho, Capitão da Companhia de Navega-
tinha, nasceu no dia 5 de abril de 1889, na cidade do Sal- ção Bahiana.
vador. Oliveira (1989, p. 32) informa que Pastinha era filho Almeida (1994, p. 16) relata que após algum tem-
do espanhol José Señor Pastinha e de uma negra baiana po na capoeiragem, Bimba:
chamada Raimunda dos Santos. começou a sentir que a capoeira, que ele prati-
Sobre o aprendizado de Mestre Pastinha, Capoeira cava e ensinou por bom tempo, tinha se folclorizado,
(1998, p. 54) disse que foi iniciado, ainda menino, por um [...], que a utilizavam para exibições em praça e, por
negro de Angola chamado Benedito, que constantemente ter eliminado seu movimentos fortes, mortais, deixava
via o menino apanhar de um garoto mais velho. muito a desejar em termos de luta.
Capoeira (1998, p. 55) afirma: Capoeira (1985, p. 48) afirma que:
Pastinha abriu sua academia alguns anos depois da de Manoel dos Reis Machado [...] foi um dos maiores
Bimba, e lá praticava o estilo tradicional que, para diferen- capoeiristas de seu tempo. Excelente jogador, lutador
ciar da regional, ele passou a chamar de Capoeira Angola. perigoso, excepcional e criativo tocador de berimbau,
Alguns autores a intitulam de antiga ou ultrapassada, cantor de mão cheia, era homem de personalidade
por ser anterior à Capoeira Regional. forte e marcante.
Apesar de praticar essa luta que ele considerava vio- Capoeira (1985, p. 48), conta que Bimba
lenta, Mestre Pastinha era uma pessoa muito apreciada. Abandonou as rodas de capoeira angola de sua
Capoeira (1998, p. 55) afirma: época e abriu sua academia por volta de 1930 e pas-
Com o seu carisma, axé, personalidade gentil e afável, sou a ensinar a sua modalidade de capoeira que foi
Pastinha transformou sua academia num ponto freqüen- chamada de ‘regional’.
tado por grandes angoleiros e por artistas como Carybé e Vieira (1998, p. 2) disse que,
Jorge Amado. com o aparecimento de Mestre Bimba, iniciou-se
Mesmo dedicando sua vida inteira à capoeira, Mestre a divisão do universo da capoeira em duas partes, em
Pastinha não foi devidamente reconhecido. O autor Ca- que uns se voltaram para a preservação das tradições
poeira (1998, p. 57) relata: e outros procuraram desenvolver uma capoeira mais
Já velho e quase cego, as autoridades tomaram sua rápida e direcionada para o combate.
academia sob pretexto das reformas do Largo do Pelou- Em Almeida (1994, p. 17), Bimba lembra:
rinho. Apesar de prometerem uma nova academia, nunca até 1918 não havia escola de capoeira. Havia roda
cumpriram a promessa. Mestre Pastinha viveu os últimos de capoeira nas esquinas, nas portas dos armazéns,
anos de sua vida num quartinho. no meio do mato. A Polícia proibia e eu uma certa
Oliveira (1989, p. 32) disse que Mestre Pastinha “foi ocasião, paguei até 100 contos de réis a ela para tocar
considerado pelos mestres mais famosos de sua época, duas horas.
o mais perfeito lutador de capoeira Angola da Bahia”. Fez Segundo Vieira (1998, p. 139):
ainda um breve histórico da vida profissional de Pastinha: Já no final de sua vida, Bimba transferiu-se para
Levou 8 anos na Marinha de Guerra, onde foi músico Goiânia, em 1973 [...]. Faleceu em Goiânia em 05 de
e instrutor de capoeira, foi jogador de futebol, chegando fevereiro de 1974, vítima de um derrame cerebral.
a treinar na equipe do Ypiranga, seu time de coração, [...],
foi engraxate, vendeu jornais, praticou esgrima, ajudou a
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Rego (1968, p. 83) assim se pronuncia: ”o termo ata- Este treinamento possui finalidades essenciais para o
baque é de origem árabe, sendo aceita por unanimidade jogador, sob os aspectos do desenvolvimento físico e de
pelos arabistas etimólogos”. Rego (1968, p. 85) diz: retomar-se a intimidade homemterra. A locomoção exe-
Embora os africanos já conhecessem o atabaque e até cutada desta forma exige força muscular diretamente pro-
tenham vindo da África algumas espécies, creio que ao porcional ao corpo, perfeita coordenação entre os movi-
chegarem ao Brasil, já o encontrassem trazido por mãos mentos dos membros inferiores e superiores, mantidos sob
portuguesas, para ser usado em festas e procissões reli- intenso trabalho aeróbico.
giosas em circunstâncias idênticas ao pandeiro e o adufe. Outra posição indispensável na preparação do capoeira é a
De acordo com Vieira (1998, p. 106): denominada parada, ou parada de mãos, em que o corpo fica
a utilização do atabaque encontra a resistência dos imóvel na postura vertical, com a cabeça para baixo, sustentado
mestres mais antigos porque esse instrumento produz um pelos braços estirados e as mãos abertas apoiadas ao solo.
som alto, que impede o capoeirista de distinguir o toque Tendo o praticante desenvolvido suficiente força e
que está sendo executado pelo berimbau. equilíbrio, o exercício seguinte é andar com as mãos, usan-
Para aqueles que utilizam este instrumento na roda de do a mesma posição vertical da parada, agora com as per-
capoeira, Capoeira (1985, p. 58) ensina: nas flexionadas nos joelhos.
quem toca o atabaque tem que se ligar que se ele me- Os músculos do tronco e membros superiores, muito
ter a mão com força no couro vai abafar o som dos be- solicitados no jogo, são trabalhados especificamente com
rimbaus. [...]. Têm que procurar um volume tal que dê um a prática de flexões dos braços, na postura descrita acima.
apoio, faça uma marcação em cima da qual os berimbaus Nestes exercícios o corpo permanece na vertical, cabeça
possam dar o seu recado. para baixo. As pernas se encontram dobradas nos joelhos,
a coluna vertebral com pequena arqueação, os pés auxi-
Caxixi liando o equilíbrio, deslizando sobre uma superfície vertical
O caxixi é uma cestinha fechada, contendo sementes, (que pode ser uma parede), paralela ao corpo.
usada no jogo da capoeira na Bahia e também no candom-
blé (CASCUDO, 1972). Segundo Rego (1968, p. 87), A ginga
o caxixi é um pequeno chocalho feito de palha, tran- Passo de dança, passo de luta. Primeiro, para aprender-
çada com a base de cabaça, cortada em forma circular e a -se a Capoeira.
parte superior reta, terminando com alça da mesma palha. Cadência, movimentação oscilante, meneio do corpo,
As sementes secas colocadas no interior do caxixi é que desconcerta e engana, no jeito bamboleante, na dança
que dão o som característico ao sacudi-lo. de todo o corpo.
Normalmente o caxixi é tocado com a mão que segura A sua característica principal é permitir a descontração,
a baqueta, juntamente com o berimbau. a entrega aos ritmos da Capoeira. Funciona como armação
para outros movimentos, permitindo deslocações constantes.
Texto adaptado de Adriana Raquel Ritter Fontoura Como se fora uma dança - nem por isto obrigada a ter
propósitos inofensivos - estabelece harmonia entre a Capoei-
ra e a própria natureza do jogador: versátil, dinâmica, criativa.
Não se pode classificá-la observando somente a fun-
FUNDAMENTOS DA CAPOEIRA. ção técnica dentro das possibilidades e aspectos da luta.
. Nesse caso ocorreria uma limitação dos elementos com-
ponentes, levando a uma padronização - ou estilização -
derivada do seu emprego reduzido a apenas um propósito.
A preparação do capoeira Seria como se estabelecêssemos uma analogia entre a gin-
Quando se afirma ser a Capoeira luta, dança, arte, man- ga, na Capoeira, e as bases das lutas orientais, ou a troca de
dinga, fica implícita a diversidade das técnicas e processos pernas no boxe. Se admitíssemos esta relação, a ginga não
existentes em sua aprendizagem. mais diferiria das posições de luta mencionadas, apesar da
A metodologia utilizada com este objetivo exige o em- sua dinâmica e uso indispensável.
prego de instrumental adequado ao que se propõe: fazer Não é este o caso, as comparações não devem ser fei-
um capoeira, para que este possa jogá-la, corporificá-la. tas, porque não correspondem à verdade. A ginga não é
Estabelecido este propósito, cabe ao mestre verificar unicamente uma base para o arremesso de golpes. E os
individualmente a medida na qual o iniciante possui alguns movimentos da Capoeira não são somente golpes.
requisitos básicos: ritmo, flexibilidade articular, elasticidade Existe um princípio de movimentação em equilíbrio,
e força muscular, etc. com as ações circulares típicas do jogo, que determina uma
Esta observação ocorre quando o iniciante demonstra forma de ginga para cada jogador, atendendo a suas carac-
facilidade - ou não - na execução dos movimentos voltados terísticas e preferências. Afinal, não podemos esquecer as
à educação e condicionamento corporal. peculiaridades do jogo.
O primeiro passo pode consistir em andar engatinhan- As padronizações - ou estilizações - levam à diminui-
do, ou seja, o corpo apoiado nas mãos, braços e pernas ção do espaço reservado à arte, aos improvisos de cada
mantidos flexionados, deslocando lentamente pelo solo. jogador, empobrecendo e descaracterizando o jogo, inver-
tendo suas finalidades.
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O aú é um dos movimentos que já tem consagrado Estilingue: objetos feitos de galhos em forma de
o uso da maior quantidade de variantes. Temos assim o aú forquilha e tiras de borracha. São utilizados para dis-
aberto, o aú fechado, o aú com martelo, em que o capoeira parar pedras ou qualquer objeto pequeno como grãos.
na posição do aú desfere um pontapé no adversário, o aú Figurinhas: pequenas cartas temáticas em que as
com rolê, quando o capoeira conclui o movimento na po- crianças fazem coleção e realizam trocas entre elas. Há
sição de negativa, aú compasso, executado sobre uma das alguns álbuns destinados para colagem. As figurinhas
mãos, procurando cair com uma perna esticada atingindo podem ser usadas num jogo popular de “bater figuri-
o oponente com o calcanhar, aú com queda de rins e aú nha”. Nesse casoi, são reunidas num monte e a pessoa
camaleão.Texto adaptado de CAMILLE ADORNO bate e as cartas que virar são dela.
Jogos Populares
FOLCLORE: SIGNIFICADOS; Os jogos populares são brincadeiras tradicionais e
que podem ser jogadas individualmente ou em grupo.
Amarelinha
A palavra folclore vem do inglês “folk-lore” e significa sa- Jogada em grupo, no chão é desenhado uma se-
bedoria popular. Este termo apareceu pela primeira vez numa quência de uma e depois duas quadras. São feitos dez
carta enviada por Willian Thoms à revista “The Atheneum”, de quadrados e cada um leva um número (de 1 a 10).
Londres (Inglaterra), que a publicou em 22/08/1845. Em co- Com uma pedra, por exemplo, cada jogador deve
memoração ao surgimento da palavra, instituiu-se o Dia do acertar na casa dos números em sequências e ir pu-
Folclore – comemorado em 22 de agosto, em todo o mundo. lando (com um e dois pés) cada quadra, até chegar
No Brasil, a data é comemorada desde agosto de 1965. no final.
O folclore é a expressão do pensar, agir e sentir das O jogador não pode pisar no número que está a
sociedades humanas e abrange os costumes tradicionais,
pedra, nem nas linhas dos quadrados. Assim, ganha
superstições, cantos, festas, indumentárias, lendas, crenças
quem conseguir atingir todos os números e pular sem
e artes transmitidas a cada geração.
pisar fora ou na quadra que está lançada a pedra.
Para a maioria dos estudiosos, podemos agrupar es-
sas manifestações folclóricas em oito categorias: música e
Pega-Pega
dança, festas populares, usos e costumes, crendices e reli-
Em grupo, uma pessoa é escolhida para ser o pe-
giosidades, artesanato, brinquedos e brincadeiras infantis,
gador de outras. Assim que este encosta a mão em
linguagem e literatura oral.
outras, a pessoa fica fora de jogo. O objetivo é tocar
As manifestações incluídas neste grupo abrangem as
danças típicas e bailados, como as congadas, a quadrilha, em todos os jogadores.
o bumba-meu-boi, os guerreiros, a capoeira, o fandango Há diversas versões dessa brincadeira popular.
e outros. E ainda os ritmos musicais – frevo (Pernambuco), Uma delas é quando o pegador toca numa pessoa,
maxixe e samba (Rio de Janeiro) e rancheira (Rio Grande do essa muda sua posição e passa a pegar as outras.
Sul) -, os instrumentos musicais populares, como o berim-
bau, o tamborim, a cuíca, e também o repentismo. Esconde-Esconde
Brincadeira em grupo onde uma pessoa fica en-
carregada de contar (geralmente até 10) e de olhos
fechados, até que os outros se escondem.
BRINCADEIRAS FOLCLÓRICAS, O local onde a pessoa realizou a contagem é uti-
lizado para imunizar os outros, o qual é chamado de
pique.
Por isso também, essa brincadeira é também co-
Brinquedos Tradicionais nhecida por “pique-esconde”
Se o último jogador conseguir atingir o pique e
Os brinquedos tradicionais são objetos que envolvem dizer a frase “salvo o mundo”, todos os jogadores que
(ou não) uma brincadeira popular, por exemplo: foram pegos ficam salvos. A partir disso, a mesma pes-
Bolas de gude: bolinhas de vidro coloridas utilizadas soa deve realizar a contagem novamente.
em jogos de grupos, onde uma bola é lançada acima da
outra (do concorrente). Pular Corda
Pipas (papagaio): produzidas de vareta de madeira (ou Atividade realizada individualmente ou em grupo.
bambu) e papel de seda colorido, as pipas são feitas para Quando envolve mais pessoas, duas delas balançam e
fazer manobras acrobáticas no céu. rodam a corda, para outra ficar pulando.
Pião: geralmente é feito de madeira e possui uma pon- Se a pessoa que pula pisar na corda, é a vez de ou-
ta metálica. Com uma corda enrolada ao pião, a pessoa tra. Essa atividade também pode envolver músicas po-
lança o objeto que realiza diversos rodopios. pulares, cantadas pelas pessoas que balançam a corda.
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•LITERATURA:
CRENDICES, CULINÁRIA, MITOS POR Contos e lendas do jaboti, do boto. Citamos a lenda
REGIÃO. das Amazonas:
No Reino das Pedras Verdes só existiam mulheres - as
Amazonas, exímias caçadoras. Pescavam, faziam cerâmica,
redes, armas e objetos ornamentais, como os Muiriquitãs
NORTE (estudados por Raimundo de Morais, Barbosa Rodrigues e
A Amazônia é o coração da região Norte. Fascina a todos José Veríssimo com resultados surpreendentes) símbolo da
pela sua floresta, bacia hidrográfica, fauna e lendas. O Estado do fertilidade, ornamento em forma de rã, usado no pescoço.
Amazonas tem corno capital MANAUS - portão da selva. Mi- Era o talismã a pedra verde. No noite de luar de cada ano,
tos, lendas, superstições, crendices, medicina caseira constituem as Amazonas recebiam os visitantes de outras tribos, Era a
exotismo para muitos estrangeiros. Mas, na verdade, o Amazo- noite ~nupcial. Ao partirem recebiam um Muiriquitã.
nas é um Estado que precisa do apoio de todos para viabilizar
sua potencialidade turística, tão desejada por todos nós. •DANÇA:
Trancelim (pau de fita)
BELÉM, a capital do Pará, localiza-se estrategicamente Tambor-de-mina.
onde o rio encontra o mar. Com muita influência indígena,
o passado ainda persiste nas manifestações dessa etnia. O •FOLGUEDO FOLCLÓRICO:
Pará esteve atrelado ao antigo domínio português e pelo Reis, pássaros, pastorinhas, boi-bumbá.
desenvolvimento econômico baseado no cicio da borracha.
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17 - TUPINAMBÁ, Pedro. O mosaico folclórico. Be- NOTA: No mercado de Ver-o-Peso, você pode admirar
lém, Imprensa Oficial, 1969 e adquirir desde a cerâmica ornamental e utilitária até a
18 GUEDES, Mário. Os seringáis. Rio de Janeiro, língua do pirarucu. Uma botânica completa para ser usada
1920 em medicina caseira. Patchuli, tipo de erva aromática para
ser usada nas gavetas do seu guarda-roupa.
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MACEIÓ Maçayô ou maçai-o-ol, significando o que DEZEMBRO: Ciclo de Natal, Terno de Reis, Pastoris, que
tem taba = alagadiço, o rio que banha a cidade de Ma- se prolongam até o dia 6 de janeiro do ano seguinte.
çayó.
BAHIA
•ETNIA: Nome dado pela sua larga e espaçosa enseada.
Forte presença do negro-africano. SALVADOR Sua capital. A cidade das 365 igrejas, can-
tada por Caymmi. Nome dado em homenagem a Nosso
•ARTE: Senhor Jesus Cristo, o Salvador.
Cerâmica figurativa. •ETNIA:
Em Maceió, no Pontal da Barra, bairro de pescado- Influência portuguesa, indígena, de usos e costumes
res, junto à lagoa Mandaú, você pode apreciar e comprar variados. Mais tarde africanos da Guiné, Congo e Angola,
bordado, labirinto, rendendê, ponto cruz, filê e tantos ou- com seus hábitos e costumes característicos.
tros tipos de renda e bordados. Há blusas enfeitadas com Somente no século XVIII, a capital brasileira se mudou
renda ou feitas inteiramente com bordado. No mercado, para o Rio de Janeiro. Por isso, as manifestações da Bahia
próximo ao centro comercial, há mais de cem lojas onde são uma mistura de lendas, credos e misticismo. O carnaval
você pode passar o tempo observando e admirando os europeu, as micaretas, os rituais do candomblé - seus ori-
trabalhos artísticos e utilitários da região, em fibra vegetal xás semelhantes aos santos católicos. Festas religioso-po-
ou em madeira. Se quiser comprar... pulares, a capoeira, o forró.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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A miscigenação desses usos e costumes nos faz, hoje, memoração da independência da Bahia (2 de julho). Os
sentir o gosto de todos os ingredientes no preparo, por grupos folclóricos e parafolclóricos costumam partici-
exemplo, da maniçoba (ensopado feito de folhas de aipim), par dando à festa cívica também um caráter popular.
o xinxim de galinha a maxixada com leite, pedaços de carne AGOSTO: Festa de Nossa Senhora da Boa Morte.
e miúdos, feijão mulatinho servido com inhame. Lembranças da
O pirão, o acarajé e tantos outros pratos são fáceis de época dos escravos alforriados. Essa festa é co-
serem encontrados nos restaurantes simples, desde que a mandada ela pela irmandade de Nossa Senhora da Boa
inventiva dos mestres-cucas não tenha sido introduzida. Morte, na qual o predomínio é do elemento feminino.
Vatapá: purê feito de miolo de pão, farinha, camarão, SETEMBRO: Festa de Cosme e Damião, com quer-
leite de coco, amendoim, castanha de caju, salsa, cebola, messe e comidas
azeite de dendê e muita pimenta (para quem quer e gosta). típicas, em Salvador.
Maxixe: cortado em rodelas (não confundir com chu- DEZEMBRO: Ciclo Natalino, com todos os folguedos
chu), servido com farinha de mandioca crua. da época.
Em Salvador, no Mercado Modelo, você pode saborear
muitos pratos considerados típicos. CEARÁ
Moqueca: quitute de peixinhos, mariscos ou camarões, Do tupi: siará = canto da jandaia, pequena ave se-
leite de coco, azeite doce ou de dendê, outros temperos21. melhante ao papagaio.
Caruru: à base de quiabo, camarão. FORTALEZA Sua capital. A cidade recebeu o nome
Acarajé: prato tradicional. Bolinho de feijão fradinho, em razão da fortaleza construída a fim de proteger o
azeite de dendê. Uma vez pronto, é servido (cortado ao território.
meio) com vatapá, camarão e pimenta (para quem quiser).
Abará: à base de feijão fradinho, temperos, azeite de •ETNIA:
dendê, enrolado em folhas de bananeira. Em Cariri, a presença marcante é a do negro-escra-
Acaçá: uma espécie de bolo de arroz ou milho moldo, vo na cultura popular. Em todo o Estado, reconhece-se
com temperos, envolvido em folha de bananeira e cozido a influência indígena e portuguesa.
em banho-maria.
Cabidela: guisado de galinha, pato, ganso ou galináceo •ARTE:
doméstico no molho feito com o sangue da ave, dissolvido Objetos ornamentais e cerâmica figurativa de Cra-
em vinagre. to, Cascavel e lpu. O Ceará produz xilogravura muito
usada na Literatura de Cordel. Há muitas rendeiras e
21 CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário de Folclore bordadeiras que confeccionam, com maestria, esse tipo
Brasileiro. de arte.
•EVENTOS: •ARTESANATO:
JANEIRO: Em Olivença, a puxada do mastro, principal Selas de couro, chapéu, indumentária do vaqueiro.
manifestação da região. Carregar o mastro da praia até a Também se faz arapuca, samburá e caçuá.
igreja de Nossa Senhora da Escada é uma penitência. Na Feira de Arte e Artesanato de Juazeiro, você
Ilhéus:Festa de São Sebastião, procissão, missa. Tam- pode encontrar vestimenta completa do vaqueiro, ob-
bém conhecida como Festa do Bacalhau. jetos feitos em madeira, como os ex-votos, e outros
Salvador: Nossa Senhora dos Navegantes, procissão materiais próprios da região.
marítima. A imagem é carregada numa galeota, da igreja
de Nossa Senhora da Conceição da Barra à igreja de Nos- •LINGUAGEM:
so Senhor do Bonfim, onde há a cerimônia da lavagem da Cafundó: lugar muito distante. Lá nos cafundó de
escadaria (de importância religiosa e um belo espetáculo Judas. No dicionário de termos populares, de Florival
visual). Serraine, você encontrará um grande apoio para conhe-
FEVEREIRO: Festa de lemanjá cer outras frases ou expressões.
Festa no mar
eu quero ser o primeiro a saudar lemanjá •LITERATURA:
Carnaval de rua, blocos. O trio elétrico conduz a popu- Além dos contos, casos, há lendas baseadas em
lação num ritmo acelerado, com músicas populares e que tesouros, como em jericoacoara: havia uma gruta com
ainda não se folclorizaram. objetos mágicos. Ali morava uma princesa moura que
MARÇO/ABRIL: Quaresma: preconceito de alimenta- tinha sido encantada e prisioneira da terrível maldição
ção. Sábado de que a transformara em serpente com cabeça e pés fe-
Aleluia: feira de caxixis, em Nazaré das Farinhas. mininos. Ela ainda não desencantou. Quem tiver cora-
Carnaval fora de época: Micareta. gem suficiente, poderá desencantar a jovem, fazendo
MAIO: Festa do Divino Espírito Santo, em Bom Jesus da um sinal da cruz no dorso da serpente, com sangue
Lapa, a mais antiga procissão religiosa de Salvador. humano.
JUNHO: Comemoram-se os três santos do mês. Pedro Malazarte também é contador de estórias,
JULHO: Festa Cívica com a participação do povo. Co- lendas e mitos.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
•DANÇA:: •ETNIA:
Coco-de-praia: dançado pelos pescadores nas suas Constituída de influência indígena, portuguesa e ne-
vilas. O turista interessado pode assistir e até participar. gro-africana. Depois, a permanência de holandeses favore-
Cana-verde: também realizada pelos praieiros na ceu a criação de outros mitos e lendas.
época de Reis e nas Festas de São Pedro, em junho.
Torém: dança imitativa de influência indígena. •ARTE:
Cerâmica ornamental, renda de almofada ou bilro,
•FOLGUEDO FOLCLÓRICO: objetos esculpidos em madeira, para oferecer aos santos
Reisado: Esta manifestação reúne outros folguedos como cumprimento de promessa (ex-votos).
natalinos.
Fandango, Nau Catarineta são folguedos que se •ARTESANATO:
realizam também nessa época. Madeira: pilão, gamela.
Fibra vegetal (babaçu): vassoura, rede de dormir, aba-
•CULINÁRIA: no.
É hábito, em Fortaleza, sei-vir o café da tarde ou a Na Feira da Praia Grande, você poderá encontrar uma
merenda. Naturalmente à mesa, encontramos bolo de variedade de objetos ornamentais e utilitários.
milho, macaxeira, pé-de-moleque, mugunzá (coco ra-
lado, leite, cravo e canela). Canjica. O baião-de-dois é •LINGUAGEM:
feito e arroz com feijão e toucinho. Pau-de-vira-tripa (apelido dado para designar a pessoa
Em todo o Nordeste podemos experimentar a man- alta e muito magra).
teiga de garrafa. E ainda saborear o bolo de carimã,
vinho de caju ou de jenipapo, feijão e toucinho. Car- •LITERATURA:
ne-seca assada com pirão de leite. Paçoca (doce e sal- Mitos e lendas:
gada). Lenda: Carruagem de Ana.Jansen (influência holande-
sa): Ana era conhecida pelo nome de Donana. Tinha poder,
•TIPO POPULAR: dinheiro, escravos e era bem aceita pela elite. Morreu sob
Jangadeiro, rendeira. as pragas que o povo lhe rogava, pois, para ele, Ana era
muito perversa. Dizem que, até hoje, anda pelas ruas da
•EVENTOS: cidade numa carruagem, à noite, à procura de almas des-
JANEIRO: Reis, Pastoris, Festa de São Sebastião. garradas.
FEVEREIRO: Festa de Nossa Senhora das Candeias e Serpente: Submersa e que não pára de crescer. A cabe-
Carnaval de rua. ça está na fonte do Ribeira, a barriga, na igreja do Carmo
MARÇO: Festa do Romeiro de Padre Cícero. Dia 24 e a cauda, na igreja de São Pantaleão. Dizem que quando
é o dia do romeiro. a cabeça e a cauda se unirem, a serpente emergirá e num
ABRIL: Carnaval fora de época, em Fortaleza. Rece- abraço irá comprimir a ilha.
be o nome de Fortal. Esta festividade se renova, anual-
mente, desde 1992, com blocos e bandas de pífaro de •DANÇA::
cabaçal. Tambor de crioula (influência negro-africana). Muito
MAIO: Festa de São Benedito, em Fortaleza. bem estudada por Mário de Andrade. Dançada individual-
JUNHO: Festas juninas. Procissão marítima. mente formando uma roda. Também chamada Coco-de-
JULHO: Missa do Vaqueiro e Vaquejada. Festa de -roda ou Praieira. Você pode participar da dança.
Nossa Senhora do Carmo.
OUTUBRO: Festa de São Francisco do Canindé. •FOLGUEDO FOLCLÓRICO:
NOVEMBRO: Festa de São Gonçalo. Chama-se Dança do Lelé, mas é um folguedo. Dividido
DEZEMBRO: Vaquejada com montaria em touros em partes, com diálogo, ao som de instrumentos musicais
bravos. Ciclo de Natal. de percussão.
Cordão de Reis: representando a visitação dos reis Ma-
MARANHÃO gos à manjedoura, onde nasceu Jesus.
Do tupi: mba’ra = mar, nã = corrente. Significando: Grupos de Bois: Boi de Orquestra, Boi de Matraca.
o grande canal que simula um mar. Nome dado pelos
primeiros exploradores do rio Amazonas. O Estado é •CULINÁRIA:
também conhecido como Terra das Palmeiras. Influência indígena e luso-africana. À base de farinha
SÃO LUIS Sua capital. Fundada pelos franceses, em de pau e peixe. Usam aves ensopadas, empanadas e uma
1612, deram-lhe o nome em homenagem ao rei Luis variedade de tortas como, por exemplo, a de camarão.
XIII. Você poderá, ainda, degustar frutos do mar e frutas como:
Estado está ligado a lendários tesouros do Amazo- cupuaçu, cacuri, abricó e sapoti.
nas e do Peru. A expulsão dos franceses e a vitória final Arroz de cuxá: arroz branco e peixe frito.
são atribuídas à Virgem Maria, que transformou a pól-
vora em areia.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Olinda: lugar de maior concentração de artistas e Em Recife: blocos de rua, maracatu rural, caboclinhos. Os
artesãos de quase todo o Brasil, produzindo, nos mais trios elétricos dominam certos espaços como a praia de Boa
diferentes estilos e técnicas: pintura, escultura, serigra- Viagem. Mas ainda podemos ver nas ruas do Velho Recife,
fia, talha, estamparia, máscaras e bonecos gigantes que ritmos pernambucanos: os Blocos de pau e corda, os frevos e
alegram o Carnaval do município. até fantasias dos românticos pares de Pierrôs e Colombinas.
Tracunhaém: o mais importante centro produtor de MARÇO/ABRIL: Drama da Paixão de Cristo, na localida-
cerâmica lúdica e religiosa do Brasil. Em Brejo de Deus, de de Brejo de Madre de Deus. Em Nova Jerusalém, há o
há esculturas gigantes em pedra de cantaria. espetáculo visual de luz e som ao ar livre.
Timbaúba: você pode encontrar a maior variedade MAIO: Destaque para O trem do forro, que sai de Re-
de tecelagem de uma policromia extraordinária. cife a Caruaru.
Petrlina: as mais lindas carrancas de barro são con- JUNHO: Festa em homenagem aos três santos de ju-
feccionadas nesse município. nho. Novena, trezena, levantamento do mastro e as demais
Em Caruaru, a feira é permanente. O povo costuma manifestações, principalmente em homenagem a São João.
dizer: tem de tudo. Podemos encontrar principalmente Em Petrolina, dança-se o xaxado e o coco. Na Capital, a
cerâmica figurativa, com base na arte de Vitalino, cerâ- Ciranda de Adultos esta em todos os lugares.
mica utilitária, madeira entalhada, bordados, xilogravu- JULHO: Missa do Vaqueiro, no Sitio de Lages, muni-
ra e até vendagem dos folhetos de literatura de cordel. cípio de Serrita. Começa na 4a feira, com a chegada dos
primeiros vaqueiros. Na 6a feira, início da corrida chamada
•LITERATURA: Vaquejada. Por toda parte, barracas com comidas e bebi-
Contos de procedência africana como A onça e o das, bem como vendagem de arte e artesanato próprios da
gato, com várias versões. Literatura de cordel. região. A missa é no domingo com o cerimonial religioso
Alamoa: palavra que, no linguajar do povo, é o fe- e no momento do ofertorum, as oferendas são objetos do
minino de alemão (alamão). Vulto branco de mulher lin- vaqueiro, como parte de sua vestimenta.
da, nua e loura que dança na praia iluminada pelos re- SETEMBRO: Festa das Cirandas, em Itamaracá, onde o
lâmpagos. Trata-se de um mito de influência holandesa. turista pode perfeitamente tomar parte. Festa de Cosme e
Damião, em Igaraçu, na igreja de mesmo nome.
•DANÇA:: OUTUBRO: Carnaval fora de época, a micareta é conhe-
Principalmente o frevo. cida como Recifolia.
DEZEMBRO: Ciclo Natalino, com apresentação de pas-
torinha, reisado.
•FOLGUEDO FOLCLÓRICO:
Caboclinho e maracatu.
PIAUÍ
Do tupi: pi’au = nome dado, no Nordeste, aos peixes
•CULINÁRIA:
do gênero Leporinum; u=rio; ouseja, Rio dos Piaus (inter-
O nome genérico é Moqueca: quitute de peixinhos,
pretado como rio dos grandes peixes).
camarões ou mariscos, leite de coco, azeite de dendê,
TERESINA Sua capital. Fundada em 1852, em homena-
temperos. Segundo o vocabulário pernambucano, a
gem à Imperatriz Teresa Cristina. Considerada como Cida-
moqueca para ser boa precisa de: camarão, tempero, de Verde, por causa da cor das águas do rio Paraíba.
pimenta e limão.
No sertão é hábito comer carne de sol, dobradinha •ETNIA:
e buchada. A paçoca está sempre presente. Portugueses, indígenas, africanos.
•TIPO POPULAR: •ARTE:
Pescador, vendedor ambulante, cantador de litera- Ex-votos de madeira, cerâmica ornamental, em São
tura de cordel. João do Piauí.
•EVENTOS: •ARTESANATO:
JANEIRO: Buscada de São Gonçalo com procissão Oeiras e Simplicio Mendes: grande centro de cerâmica
marítima transportando a imagem do santo de volta a utilitária. Pelo Estado, encontramos cesta, peneira, balaio
Itapiçuma, após sua permanência de 8 dias na Igreja de principalmente de folha de babaçu.
Nossa Senhora das Dores, em Nova Cruz. É possível encontrar esse material no Mercado Central
FEVEREIRO: Buscada de Nossa Senhora do Pilar, em e no Centro de Comercialização Artesanal.
Itamaracá. Carnaval:
Em Olinda: começa uma semana antes da data •LINGUAGEM:
oficial do calendário. O primeiro bloco a sair é o Vir- Vixé!
gens do Bairro Novo. Desfile de outros blocos, até sem Vaqueiro que se preza tem que saber aboiar. Aboiar, isto
nome. Você vai encontrar os bonecos gigantes como o é, saber dirigir a boiada e saber cantar uma melodia cuja letra
Homen da Meia Noite, o Galo da Madrugada, o Homem (texto literário) se refere aos bois e a boiada. O berrante, mui-
do Bacalhau. tas vezes, faz parte da maneira de conduzir a boiada.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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•LITERATURA: •DANÇA::
Muito conhecida a lenda da Cabeça de Cuia: monstro Bambelô ou coco-de-roda: reminiscência negro-africa-
que aparece na superfície das águas dos rios nas noites de na. Na coreografia, a umbigada não pode faltar. É o convite
lua cheia. para a dança. Depois de alguns meneios de corpo, a mu-
Da Miridam: Linda jovem da tribo dos Acaraós. Sua lher procura outro indivíduo para corri ele dançar. Veríssi-
mãe a proibiu de se casar, mas, dos amores às escondidas, mo de Meio descreveu muito bem a dança.
naaceu um filho, que colocado num tacho, seguiu rio abai-
xo (rio Paraim), desaparecendo para sempre. •FOLGUEDO FOLCLÓRICO:
Boi-calemba: as cantigas remontam aos fins do século
•DANÇA:: XVIII e começo do XIX.
Coco peneruê: coreografia livre ao som de pandeiro, Pastoril. Ciclo de Natal. Congada: no diálogo, Carlos
sanfona, caixa e bumbo. Há sapateado marcado pelo ritmo Magno e os Doze de França como personagens são citados.
das batidas do casco de coco.
Quadrilhas. •CULINÁRIA:
Feijoada completa com costeletas de porco, lingüiça
•FOLGUEDO FOLCLÓRICO: do sertão, jerimum, farinha, molho de pimenta, cachaça.
Reisado, marujada, pastoril, bumba-meu-boi. Buchada de bode: miúdos temperados isoladamente e
depois costurados no saco estomacal.
•CULINÁRIA: Fritada de camarão.
À base de peixe e milho. Buchada de bode, carne de Paçoca salgada: chouriço de porco com massa de ta-
sol, baião-de-dois (arroz com feijão), quibebe (quiabo) com pioca de farinha.
carne-seca, jerimum. Bolos e doces. Tiquira (cachaça feita Doces: arroz doce, beiju, sequilhos. Acaçá (bolo de fubá
de mandioca). de milho ou arroz cozido).
•EVENTOS: •EVENTOS:
JANEIRO/FEVEREIRO: Reis , Carnaval de rua. MARÇO: Festa de São José. Dizem que se não chover
MARÇO/ABRIL: Semana Santa, procissão, promessas. Em até o dia 19, a seca será brava. Festa comum em todo o
Oeiras, podemos assistir à representação da Paixão de Cristo. Brasil. Durante a festividade há quermesse, venda de igua-
MAIO: Festa do Divino Espírito Santo, em Oeira e Sim- rias, arte e artesanato.
plicio Mendes. MAIO: Micareta.
JUNHO: Festa em homenagem aos três santos do Inês. AGOSTO: Festa da Padroeira do Acari, Nossa Senho-
Apresentação de bandas de música, quadrilhas e Tambor ra da Guia. A capela é considerada a mais importante do
de crioula. Às margens dos rios, em procissão, a imagem estado, do ponto de vista da arquitetura colonial. Data do
de Santo Antônio é carregada em andor e realiza-se a la- século XVII, tombada pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio
vagem do Santo. Histórico Artístico Nacional).
DEZEMBRO: Festa de Nossa Senhora da Conceição.
RIO GRANDE DO NORTE Festa dos negros do Terço do Rosário, em Jardim do Seridó.
Derivado do Rio Grande de Potegi.
NATAL Sua capital. Por ter sido fundada no dia de Na- SERGIPE
tal, do ano de 1599, por Jerônimo de Albuquerque. Do tupi: si’ri ú pé = rio dos siris.
ARACAJU Sua capital. Do tupi: ara-cariu, significando
•ETNIA: cajueiro do papagaio.
Influência portuguesa e negro-africana.
•ETNIA:
•ARTE: Influência portuguesa, indígena e africana.
Cerâmica ornamental, ex-votos, rendas, bordados, gar-
rafas com ,areia colorida. •ARTE:
Predomínio do labirinto que chegou ao Brasil através
•ARTESANATO: dos portugueses. Coloca-se o tecido (cambraia ou linho)
Redes de dormir, cesta, peneira, esteira, balaio. num grande bastidor e a labirinteira desfia o tecido de
acordo com o que pretende fazer. É um trabalho de pa-
•LITERATURA: ciência e muita habilidade.
Mitos: lobisomem, boi-tatá.
Lenda do Carro de Boi: conta-se que numa noite lua, •ARTESANATO:
um carro de boi conduzia sino para a nova igreja. Em meio Cerâmica utilitária, objetos feitos de fibra vegetal, se-
a viagem, o carreiro adormeceu e despencou por um pre- melhantes aos dos Estados vizinhos. No Centro de Turismo
cipício, afundando na lagoa. No entanto, em certas madru- e Comercialização há as mais variadas espécies de objetos
gadas, dizem que se ouve o passar de bois pelas ruas e o característicos da região. Há feiras ao ar livre, com venda-
bimbalhar de um misterioso sino. gem de objetos de madeira, palha, doces e salgados.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Galinhada: carne desfiada cozida junto com arroz. Tecelagem: resultado das culturas européias e indí-
gena. Observa-se as redes de dormir de Cuiabá.
•EVENTOS
JANEIRO: Na zona rural e na periferia das cidades, ain- •LINGUAGEM:
da se realizam as Folias de Reis e, em alguns municípios, os Expressões regionalistas.
festejos dedicados a São Sebastião.
FEVEREIRO: Em Goiás, o Carnaval de rua. •LITERATURA:
Em Brasília, durante os quatro dias de carnaval, desfi- Lendas, estórias e contos. Mitos: boi-tatá, saci-pe-
lam pela avenida, popularmente denominada de Caldeirão rerê, mula-sem-cabeça.
da Folía, blocos de rua, afoxés, bumba-meu-boi e outras
manifestações de cultura popular. •DANÇA::
MARÇO/ABRIL: Festa de São José, em Divinópolis. Siriri: dança de pares, coreografia improvisada.
Semana Santa, em Goiás Velho. Na 4a feira, procissão do Cateretê: dança só par de homens ao som da viola,
fogaréu, simbolizando a busca e a prisão de Jesus Cristo. sapateado e palmeado.
Sábado de Aleluia, queima de Judas. Em Planaltina, há en- Dança de São Gonçalo: cumprimento de promes-
cenação da Paixão de Cristo. sas.
MAIO: Festa do Divino Espírito Santo, em Pirenópolis
e em Planaltina. Na área próxima à Catedral Metropolitana •FOLGUEDO FOLCLÓRICO:
de Brasília, com a participação da comunidade local, con- Congo e Folia de Reis.
feccionam-se “tapetes” com flores naturais, serragens ou
outros materiais convenientes, por onde passa o Santíssi- •CULINÁRIA:
mo Sacramento. Arroz com pequi, licor de pequi. Canjica, ensopa-
JUNHO: Festas em homenagem aos três santos do do de filé (peixe ensopado com mandioca e tempero,
mês. numa panela de barro), pacu frito que, em Cuiabá, se
JULHO: Romaria à cidade de Trindade com pagamento chama ventrecha. A farofa de banana, arroz e pirão não
de promessas. podem faltar.
AGOSTO: Romarias, em Muquém, Abadiânia e Gorino.
OUTUBRO: Festa de Nossa Senhora do Rosário, com •TIPO POPULAR:
a participação dos congos, tapúios e grupos de catopés. Helena Meirelles é a representante dos cantores.
DEZEMBRO: Em Goiás e Pirenópolis há visitação aos Faz sucesso em rádio, TVs e se apresenta em público,
presépios montados. sempre com a calma que Ihe é peculiar.
Pastoril e Reis. Pantaneiro.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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a igreja. Conseguiu fundar uma guarda de congos, da qual farta refeição: quiabo, maxixe, milho verde, abóbora, acom-
participavam todos os negros forros de sua grei. Participa- panhada de munhanguê, uma espécie de omelete feita de
vam das festas de Nossa Senhora do Rosário com licença ovos de ovos de tracajá (ave da região). Tudo regado com
do Sinhô ou da Sinhã. chica e o alua, feitos de milho torrado e fermentado.
NOVEMBRO: Dança de São Gonçalo em Urucuia, Ja-
•DANÇA:: nuária e várias cidades do Vale do Jequitinhonha.
Batuque, lundu. DEZEMBRO: Ciclo Natalino. Em Ouro Preto, Sete La-
goas e Santana de Pirapora, encontramos os Grupos de
•FOLGUEDO FOLCLÓRICO: Pastorinha.
Congada ou Congo. Segundo Saul Martins, o registro Em Três Pontas e Congonhas do Norte, os Bois-de-Reis.
mais antigo é de André João Antônio, em Minas Gerais, de
1705 a 1706. Na sua representação, aparecem os persona- RIO DE JANEIRO
gens: reis, juizes e toda a corte quando das festas de Nossa Os portugueses chegaram em janeiro, na região da
Senhora do Rosário e São Benedito. Baía da Guanabara e a confundiram com um rio, dando-lhe
o nome de Rio de.Janeiro.
•CULINÁRIA:
Couve a mineira, arroz com queijo feito em panela RIO DE JANEIRO Sua capital.
de barro, mocotó, paçoca salgada. Frango à caipira com
quiabo e angu. Pão-de-queijo. Lombo de porco à mineira •ETNIA:
e couve. Influência indígena, portuguesa, negro-escravo e, mais
Tutu: guisado de feijão cozido amassado, depois en- tarde, alemães.
grossado com farinha de mandioca acompanhando lingüi-
ça ou torresmo. •ARTE:
Doçaria: brevidade (bolacha), pão de queijo, compotas Renda de bilro, crochê, cerâmica ornamental.
de frutas, doce de leite, mingau de milho verde e pamonha.
Canjiquinha, bolo de fubá, curau de milho verde. •ARTESANATO:
Não podemos deixar de citar que, em Salinas, há pro- Cestaria trançada: cesta, peneira, balaio, lamparia.
dução de cachaça sem produtos químicos. A cana depois
de triturada e destilada vai envelhecendo de dois a cinco •DANÇA::
anos em tonéis de madeira brasileira. Ciranda de adultos, cana verde, dança de velhos. Há
muitas outras.
•EVENTOS:
JANEIRO: Ciclo dos Santos Reis. •FOLGUEDO FOLCLÓRICO:
FEVEREIRO: Ciclo carnavalesco. Blocos de rua. Entrudo. Folia de Reis, Lapinhas.
MARÇO: Semana Santa. Ouro Preto é a cidade que
possui maior número de manifestações religioso-popula- •CULINÁRIA:
res. Diamantina, Mariana, Tiradentes. A culinária fluminense é muito rica e de influência va-
ABRIL: Ciclo da Santa Cruz. Ouro Preto, São João Del riada.
Rei. Almoço do pato: usado no litoral sul fluminense duran-
MAIO: Cicio de Maria, procissões e coroação da santa. te o período da Semana Santa. Convida-se um grupo de
Caeté, Montes Claros, Mariana, januária. amigos para comer um pato roubado da cas de um deles.
JUNHO: Os três santos do mês. Geralmente, no final do almoço, confessa-se o roubo e a
Corpus Christi. pessoa de quem se roubou é chamada, popularmente, de
Ciclo junino. Pato (tolo). Em outros municípios, essa brincadeira é reali-
JULHO: Ciclo do Divino Espírito Santo. Minas Novas, zada em qualquer época do ano.
Januária e Diamantina. Ameixa campista: feita de carambola madura em calda,
AGOSTO: Festa de Nossa Senhora do Bom Sucesso, em cujo cozimento leva três dias.
Caeté. Angu-doce: litoral fluminense. Fubá de milho, açúcar,
Ciclo das Congadas. Contagem, Sete Lagos, Divinópo- água ou leite, tornando-se um mingau que é servido no
lis. café da manhã ou à tarde.
SETEMBRO: Cavalhada, Januária. Azul-marinho: prato muito popular em Paraty. Mistura
OUTUBRO: Em Vila Bela, a chamada cidade negra, reali- de peixe, banana verdolenga, farinha de mandioca e tem-
za-se a Congada, cujo enredo é semelhante às demais con- peros. Tem esse nome, dado o colorido que a banana dá
gadas, mas sua forma de apresentação é característica. A a essa comida. É servida com pirão e arroz. Encontramos,
representação, no entanto, em torno da coroação dos reis também, em Angra dos Reis.
do Congo com préstimo e embaixadas é reminiscência da
coreografia dos Guerreiros, e, como padroeiro, São Benedi- •EVENTOS:
to. Após a representação, os congadeiros são recebidos na JANEIRO: Folia de Reis, Pastorinhas, Festa de São Se-
casa do rei e da rainha do Congo, onde lhes é servida uma bastião, Festa de Santo Amaro.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Procissão Marítima do Ano Novo: Angra dos Reis vem Toda a técnica de se fazer cerâmica e outros objetos é
realizando essa festa com desfile de barcos bastante or- de influência indígena e jesuíta.
namentados tematicamente. É, para o turista, um grande
atrativo. •LINGUAGEM:
FEVEREIRO: Carnaval: Bloco de sujos; Blocos de carna- Influência italiana: Tchau!
val, Cabeções e os Clóvis.
É desejo de alguns foliões realizar um antigo carnaval. •LITERATURA:
Presentemente, o sambódromo é o centro das atrações Mitos: boi-tatá, mãe-de-ouro, mula-sem-cabeça, curu-
com Escolas de Samba, luxuosamente preparadas para o pira. Este último é o símbolo do Festival de Folclore de
desfile de luz, cor e som, principalmente para o turista. Olímpia. Segundo a tradição, ele recebe as chaves da Pre-
MARÇO: Quaresma, Serra Velha, Procissão do Encon- feitura daquele município e, durante o Festival, é o dono
tro. da cidade.
ABRIL: Festa em Homenagem a São Jorge. Lenda dos Vagalumes do abare-bebê, pela praia de Ita-
MAIO: Festa do Divino, em Paraty, com missa e procis- nhaém, indo para o sul, um pouco antes de chegar em São
são, quermesse, barracas, leilões. João de Peruíbe, depara-se à direita com os restos de uma
JUNHO: Corpus Christi, Festas juninas. ruína tetra-secular a resistir ao tempo por entre palmeiras
JULHO: Festa de São Cristóvão e Festival da Pinga, em crescidas. Ali existiu, nos primeiros anos de vida social do
Paraty. Brasil, um colégio construído pelos jesuítas. Era o terceiro
SETEMBRO: Festa de Nossa Senhora dos Remédios, pa- da tríade: São Paulo (Capital), Bahia e Peruíbe (SP). Colégio
droeira de Paraty. e fortaleza, marcos possessórios nas terras tordesilhanas,
OUTUBRO: Festa de Nossa Senhora da Penha. defesa contra os castelhanos na vastidão daquela praia.
DEZEMBRO: Santa Bárbara, Santa Luzia, São Benedito Saci-pererê: apresenta-se de várias formas, de acordo
(Paraty). com a região paulista. Negrinho (moreninho) de uma perna
Folia de Reis, Pastorinhas. só, ágil, astuto e atrevido. Gosta de fumar cachimbo. Usa
Já se tornou tradicional, a Festa da passagem do ano carapuça vermelha. Apaga o fogo e deixa queimar os ali-
em toda a orla marítima e, principalmente, na praia de Co- mentos. Espanta os animais, embaraça a crina dos cavalos.
pacabana, lugar da contagem regressiva, dos momentos Aparece e desaparece em meio a um corrupio de vento.
finais do ano velho, com espetáculo pirotécnico e muita Para espantar um saci pode-se usar um rosário ou dar nós
música. Um dia, possivelmente, será folclorizado. num pedaço de palha. Pode, também, pegá-lo e ser seu
dono, mas, para isso, precisa escolher bem a peneira que
SÃO PAULO apanha saci. Não é maldoso, mas é muito brincalhão.
O nome foi dado em homenagem a São Paulo, o Após-
tolo. •CULINÃRIA:
SÃO PAULO Sua capital. Comemorado no dia do Após- A princípio, era à base de milho e da mandioca. Com
tolo, a 25 de janeiro, a data, então é a da fundação da ci- a imigração, acentuo-se o uso de verduras, legumes e as
dade. massas (a italiana). Onde a influência portuguesa se faz
sentir, encontramos doces em abundância. Algumas cida-
•ETNIA: des se tornaram conhecidas pela goiabada e seu filmo de
Indígena, jesuítica, bandeirante, portuguesa e negro- corda, como Tietê. O primeiro pão de queijo, em São Pau-
-africana. Mais tarde, os imigrantes europeus. lo, apareceu em Olímpia, sob influência mineira. Doces e
biscoitos de polvilho em todo interior paulista. O trivial é:
•ARTE: arroz, feijão, ovo, lingüiça, salada, picadinho de carne. Tam-
Cerâmica ornamental: Vale do Paraíba, em São José bém há paçoca de carne, virado de feijão (feijão misturado
dos Campos; Taubaté, no bairro Alto de São João; Guara- com farinha de mandioca ou de milho, torresmo).
tinguetá; Cunha e Aparecida. Azul marinho: à base de peixe (namorado ou cavala),
Estância do Embu: com os mais variados objetos em banana nanica verdolenga, cebola, sal, coentro, farinha de
cerâmica, madeira e outros tipos de materiais. mandioca. Servido com pirão. Encontrado no litoral paulista.
Doçaria: curau, pamonha, bolo de fubá, arroz doce,
•ARTESANTO: canjica.
Barro: cerâmica utilitária, tradicional ou não; Fibra ve- Os licores sempre foram famosos, no interior paulis-
getal:taboa, cipó, cipozinho, bambu, palha de milho. ta, como aconteceu, e ainda acontece, em Votuporanga.
Latoaria: caneca, lamparina, bacia. E José Carlos Rossato que nos conta: licor de abacaxi, de
Couro: arreios e apetrechos de animais de montaria e ameixa, amora, banana, carambola, goiaba, figo e tantos
transporte. outros.
Madeira: colher de pau, gamela e até móveis, como
acontece na Estância de Embu. •EVENTOS:
Fios e Linhas: rede de pescar. O calendário de eventos de São Paulo conta com uma
Vale do Ribeira, no município de Apiaí, encontramos série de manifestações de cunho popular e religioso. Elas
moringas, panelas, potes. não estão inclusas na relação que se segue. É importante
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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lembrar que existem: festas de todos os santos padroeiros SETEMBRO: San Genaro, no bairro da Mooca, ca-
dos municípios, das igrejas, em louvor ao seu Orago ou pital.
festas em comemoração a fundação ou emancipação de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos,
cidades. Largo do Paissandu, capital.
JANEIRO: Folia de Reis, em todo o Estado, principal- Nossa Senhora da Penha, no bairro da Penha, na
mente em Olímpia e Guarujá. capital..
FEVEREIRO: Carnaval de rua e blocos em todo o Estado. Festa de São Benedito, em quase todo o Estado,
Cordão dos Bichos, em Tatuí. destaque para Tietê.
Banho da Dona Dorotéia, em Santos, no domingo que OUTUBRO: Nossa Senhora Aparecida na mais im-
antecede ao carnaval. portante cidade religiosa, Aparecida.
Banda do Redondo (Av. lpiranga com a Rua da Con- Círio de Nazaré, peregrinação pelo rio Paraíba de
solação) e a Pholia-na-Faria (Avenida Faria Lima), em São pequenas embarcações. Em Santos, no 2o Domingo.
Paulo. São Judas Tadeu, no bairro do Jabaquara, capital.
MARÇO: Festa de São José, em quase todo o Estado e NOVEMBRO: Finados, colônia japonesa na cidade
em bairros paulistanos onde há igrejas cujo patrono é São de Bastos.
José. DEZEMBRO: Natal e Folia de Reis.
ABRIL: Semana Santa, procissões em quase todo o Es- Festa cio Divino, em Tietê.
tado. Festa de lemanjá, no 2o domingo, na Praia Grande.
Malhação do Judas, em Itu e no Vale do Paraíba. Existem grupos folclóricos de Imigrantes na Capi-
Hanamtsuri, nascimento do Buda, no bairro da Liber- tal.
dade, cidade de São Paulo. Foram citados países como: Alemanha, Rússia,
MAIO: Mês de Maria, novenas e coroação de Nossa Se- Grécia, Espanha, Japão, Líbano, Hungria, Portugal e
nhora, em quase todo o Estado. outros, que se apresentam no Memorial do Imigrante
Festa de Nossa Senhora de Fátima, nos bairros de San- de São Paulo.
tana e Sumaré, na Capital.
Festa de Nossa Senhora de Casaluce e São Vítor Mártir, SUL
no bairro do Brás, na Capital. Encontramos influências indígena, portuguesa e
Festa do Divino Espírito Santo, em São Luiz do Parai- de imigrantes: italianos, germânicos e outros.
tinga. Você vai ouvir, em Caxias do Sul, o sotaque italia-
Festa de São Benedito, em Aparecida, com a participa- no, em Blumenau e Joinville, as características germâ-
ção das Companhias de Moçambique. nicas e, em Florianópolis, poderá admirar as rendas de
JUNHO: Festa do Divino Espírito Santo, em Mogi das almofada ou de bilros, de influência portuguesa, além
Cruzes. de influências germânicas em outras manifestações
Pagamento de promessas nas igrejas de Santo Antônio espontâneas, pelo interior catarinense.
(Praça do Patriarca) e São Francisco (Largo de São Fran- Em Curitiba e Marechal, há predominância da cul-
cisco), Santo Antônio do Pari e Santo Antônio do Catigiró, tura ucraniana.
na cidade de São Paulo, com distribuição do pão de Santo
Antônio. PARANÁ
Festas juninas, em quase todo o Estado, em louvor aos Do guarani: pa’ra= mar, nã = semelhante. Signifi-
três santos do mês. Nas cidades litorâneas, onde a pesca cando rio que parece mar.
é importante, as festas em louvor a São Pedro são muito CURITIBA Sua capital. Do tupi: cury = pinha, tyba
importantes, como é o caso de Ubatuba. = lugar onde há pinha ou onde há muitos pinheiros. É
Corpus Christi, em inúmeros municípios, destacam-se a Cidade Sorriso.
os tapetes de rua feitos com flores, serragem e outros ma-
teriais convenientes, como em Matão, São Manoel, Ibitin- •ETNIA:
ga, Itanhaém, Olímpia. Cultura indígena, portuguesa, bandeirantes, tro-
JULHO: Festa do Divino Espírito Santo, em Piracicaba. peiros e mamelucos.
Tanabata Matsuri, Festa das Estrelas, no bairro da Liber-
dade, Caspital. •ARTE:
Festa de São Cristóvão, padroeiro dos motoristas. Bên- Cerâmica ornamental, bordados.
ção dos carros em frente à igreja de São Vito (Av. Tiraden-
tes), na caipital. •ARTESANATO:
AGOSTO: Nossa Senhora da Achiropita, no bairro do Cerâmica utilitária, objetos feitos de fibra vegetal:
Bexiga, Capital. cesta, peneira, balaio.
Festival de Folclore de Olímpia.
Festa de Bom Jesus de lguape. NOTA: a influência eslava se faz notar com as pes-
Festa do Peão de Boiadeiro, em Barretos. sambas, babuchas (bonecas); bordados em ponto cruz.
Nossa Senhora dos Navegantes, em Cananéia. Fazem de madeira, entalhes e móveis.
Semana de Cornélio Pires, em Tietê.
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Professor Classe I - Educação Física
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
Normalmente, a criança gosta de mostrar sua produ- ras, e esta permite que se estabeleça a noção de vazio ou
ção artística para os adultos, ou seja, o que desenhou, co- ocupado. São os gestos do corpo que vão levar o indivíduo
lou ou pintou. Os pais devem estar sempre prontos para à consciência de seus limites e possibilidades. A coorde-
acolher e valorizar a produção da criança, sabendo que nação psicomotora é uma qualidade diretamente ligada à
além de mostrar seu trabalho com grande prazer, a criança expressão do corpo, porque todo movimento tem uma co-
também está desenvolvendo sua coordenação motora fina notação psicológica de sensações. Nos movimentos, serão
ao trabalhar de maneira precisa para realizar sua obra. expressos sentimentos de prazer, frustração, desagrado,
Ao fazerem seus comentários, os pais podem falar so- euforia, como dimensão de um estado emocional, recons-
bre o que mais lhes chamou a atenção, como as cores, o truindo, assim, uma memória afetiva desde os gestos ini-
traçado, o efeito da colagem, a qualidade do recorte, os ciais da criança.
sentimentos e as sensações que estes provocam, entre ou- Coordenação Global (Grossa): Realização de gran-
tros comentários que ressaltam pontos positivos do traba- des movimentos com todo o corpo, envolvendo as grandes
lho da criança, pois ela trabalhou com afinco, realizando massas musculares, havendo harmonia nos deslocamentos.
movimentos precisos com seus pequenos músculos para Não a precisão nos movimentos, embora seja importante a
poder resultar em uma produção ‘bela‟. Isso eleva a au- coordenação perfeita dos movimentos. Exemplo: marchar,
toestima da criança e aguça sua curiosidade para outras batendo palmas, correr, saltar, etc.
possibilidades oferecidas por essas atividades. Coordenação Motora Fina: É a capacidade para rea-
Outras vezes, a criança pede que os pais lhe ensinem a lizar movimentos específicos, usando os pequenos múscu-
fazer desenhos ou desenhem por ela. Desde que não seja los, afim de atingir a execução bem sucedida da habilidade.
frequente, essa situação é normal. É recomendável que os Requer um ato de grande precisão no movimento. Movi-
pais, em vez de fazerem o desenho, deem referências para mentos manuais em que coordenação e a precisão são es-
que a criança realize os próprios trabalhos: “Eu ajudo você. senciais. Exemplo: tocar piano, escrever, modelagem com
Como você acha que é um gatinho?”. massinhas, recortar, colar, trabalhos com objetos pequenos
Esse tipo de atitude valoriza e incentiva a criança, aju- como pinças, alicates de unha.
dando-a a confiar na própria capacidade. Além de desper- Segundo Boz (2006), “em relação ao comportamento
tarem a criatividade e permitirem que a criança possa ex- motor, o comportamento que trata das necessidades indi-
teriorizar ¹ suas emoções, as atividades artísticas auxiliam o viduais é a consciência corporal, e o que trata das necessi-
desenvolvimento da coordenação motora fina. dades coletivas é a consciência espaço- temporal’’. O autor
É possível observar a coordenação motora de um indi- ainda ressalta que quando o aluno expressa sua motrici-
víduo desde pequeno. dade, ele exprime três tipos de competências: socioafetiva,
A criança responde aos estímulos de várias formas e percepto – cognitiva e física-motora.
cabe ao professor, nas primeiras séries, trabalhar a motri- Psicomotricidade é uma prática pedagógica que obje-
cidade da criança. Ao aprender a pintar dentro de espaços tiva colaborar para o desenvolvimento global da criança no
delimitados a criança já começa a desenvolver sua coorde- processo de ensino-aprendizagem.
nação, à medida que ela for sendo alfabetizada, aumentará
a sua capacidade motora.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
O Estádio de Hércules possuía apenas uma pista de JOGOS OLÍMPICOS DA ERA MODERNA
corridas, que era percorrida em um só sentido. Mais tar-
de foi instituída a prova de Diaulo, com percurso de ida e Há um nome ligado a um movimento, que sem, pos-
volta (a pista possuía, aproximadamente, duzentas jardas). sivelmente, os Jogos Olímpicos não teriam sido restabe-
E o percurso das provas de corrida foi aumentando para lecidos. Apesar de não ter sido fruto do trabalho de uma
quatro, oito, doze e vinte e quatro vezes duzentas jardas. pessoa só, pois houve outras tentativas antes, mas foi sem
Conta-se que ao ser corrida esta última distância, um céle- dúvida alguma CUBERTAIN, com o seu empenho, perseve-
bre corredor, de nome Ladas, veio a falecer. Outras provas rança e paciência que constituíram os Jogos Olímpicos da
foram acrescentadas: luta corpo a corpo, o pugilato, o pan- era moderna.
crácio, lançamentos de dardo de disco, o salto e o pentatlo. Uma das influências foi naturalmente, os J.O. da Anti-
Essas eram as provas dos Jogos da Grécia Antiga. guidade. Foi também sob a influência de Thomas Harnold
Outros jogos foram instituídos, destacando-se os Pí- que Cubertain se lançou nesta grande obra.
ticos, em homenagem a Apolo, que exterminou uma ser- Na Inglaterra, Thomas Harnold introduziu o desporto
pente (píton) que assolava a região de Delfos; os Nemeus, no sistema educativo; tinha introduzido as práticas de rua
de origem fúnebre; os Ístmicos, em honra de Netuno e as e deu-lhes um caráter educativo pois antes eram práticas
Panatenéias, onde a deusa Minerva era honrada. marginais. Foi através da educação que houve um restabe-
Por contar apenas com a corrida os Jogos Olímpicos da lecimento e uma elevação do estatuto do que era a prática
Antiguidade eram realizados em um dia; com o aumento desportiva, pois na altura não tinha qualquer reconheci-
das modalidades e competições, passaram a cinco dias. De mento especial.
quatro em quatro anos o povo grego era despertado, mo- Cubertain vai a Inglaterra estudar o que lá tinha acon-
tivado para a realização do grandioso espetáculo. tecido e quando regressa a França tem como objetivo, pro-
A importância era tamanha que os vencedores passa- vocar um rejuvenescimento quer físico quer espiritual do
vam a receber pensões vitalícias e ficavam isentos de qual- homem. Como considerava que o desporto abrangia um
quer tributo. Até as muralhas de uma cidade foram derru- valor educativo muito grande, este deveria servir para atin-
badas para dar passagem, apoteoticamente, a um campeão gir os seus objetivos.
olímpico, para cujo retorno triunfal as portas existentes não Hoje todo este movimento olímpico afastou-se da edu-
seriam suficientes. cação, mas é importante realçar que foi um ideal educativo
Podemos recordar que no período da realização dos que lançou os Jogos Olímpicos da era moderna. Foi sobre a
Jogos Olímpicos as guerras, tão freqüentes entre as cida- pala da educação que todas as personagens se movimentam
des gregas, eram interrompidas; se levarmos em conta a no sentido de lançar de novo, os Jogos Olímpicos.
importância de uma guerra, com suas conquistas estraté- Os Jogos Olímpicos reapareceram em 1896, mas an-
gicas, devemos nos admirar lembrando que elas renuncia- tes houve o Congresso Olímpico Internacional em 1894 e
vam a essas vantagens, somente para permitir uma cele- aqui se declararam os objetivos dos jogos:
bração pacífica. 1 - Promover o desenvolvimento das qualidades fí-
Mas, os Jogos foram se desvirtuando, as cidades que sicas e morais ( que são a base do desporto )
mantinham uma supremacia nas competições eram ata- 2 - Educar a juventude através do desporto
cadas por outras cidades ou tribos que se reuniam para 3 - Dar a conhecer universalmente os princípios
tal fim. Um exemplo, o da cidade de Pizza, que reuniu um olímpicos suscitando com eles a boa vontade internacional
grande exército contra os elienses. Após duras batalhas, os 4 - Unir os atletas do mundo no grande festival qua-
exércitos de Pizza foram derrotados, sua cidade reduzida a drienal do desporto, que são os J.O.
escombros e seu povo escravizado. Se fizermos uma comparação entre os J.O. e aqueles
Os elienses, que possuíam a supremacia olímpica, pas- que eram praticados, há uma idéia basilar que devemos
saram a dominadores, alterando profundamente o ideal reter. Quando falamos dos J.O. da Grécia antiga, falamos
helênico dos jogos. da trégua olímpica. Dado que as diferentes cidades estado
Com o domínio romano, mais tarde, o desvirtuamento adoravam o mesmo Deus, que tinha uma importância tal
se tornou tão grande que os jogos tiveram que ser abolidos. que as cidades estado deveriam interromper a guerra para
Os Jogos Olímpicos, restaurados nos anos 776 a. C., que os jogos se realizassem. Quer dizer que nesta altura os
voltaram a ser suspensos no ano 394 de nossa era, quando jogos eram um elemento pacificador.
já haviam sido realizadas 293 olimpíadas. Nos Jogos.Olímpicos da era moderna este propósito
Finalmente, no século passado, o francês Pierre de está subjacente mas isso nunca aconteceu. Poe exemplo:
Fred, Barão de Coubertin, com toda persistência e luta, os jogos da 1ªGuerra Mundial, de 1916, não se realizaram.
conseguiu, através de uma reunião com a participação de Quer isto dizer que os jogos não conseguiram interrom-
15 nações, restabelecer os “Jogos Olímpicos”. Dois anos per a guerra: mais, pela altura da 2ªGuerra Mundial os J.O.
após esta reunião, ou seja, em 1896, a Grécia celebrava no não se realizaram. Verficou-se que para além de não terem
Estádio de Atenas o reinício dos Jogos. conseguido parar a guerra, pelo contrário, eles foram ge-
A partir desta data começou a evolução esportiva em radores de guerras; por exemplo, em 1972, uma equipa de
todo o mundo, principalmente no Atletismo, com o estudo comandos palestinianos atacaram a equipa israelita, provo-
das técnicas, aprimoramento dos treinamentos, melhoria cando uma série de mortos. A guerra fez-se nos próprios
das pistas e do material esportivo. Jogos Olímpicos.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
Em 1936, Hitler serviu-se dos Jogos para tentar mos- Os Jogos Olímpicos da Antiguidade estavam muito
trar a superioridade da raça ariana e recusou-se a entregar ligados à mitologia, os da era moderna são considerados
a medalha de ouro ao atleta Jesse Owens. por muitos, jogos laicos.
A mensagem Humanista também não foi cumprida. Nos Em relação aos J.O. da era moderna nasce uma nova
anos 80 houve um boicote da equipa Norte-Americana junta- mitologia, relacionada com o progresso linear, ou seja,
mente com a equipe da Alemanha Federal, da França e de ou- têm a ver com a nova ordem, a Revolução Industrial, a
tros países no sentido de bloquearem os J.O. com o pretexto idéia do progresso, a idéia que a humanidade caminha
que as tropas soviéticas tinham invadido o Afeganistão. Nos para o melhoramento da espécie. E uma demonstração
J.O. seguintes, foi a equipa soviética que boicotou os Jogos que as qualidades humanas podem ser saciadas, que o
com pretexto que existia uma mensagem anti-soviética. homem ultrapassa os seus limites biológicos e, portanto
Foi também afirmado pelo próprio Cubertain que o há uma idéia que o atleta é um super herói.
que era importante era participar, muito mais que ganhar. Cubertain manifestou-se contra a participação da
A introdução do profissionalismo veio alterar estes mulher nos jogos. Também aqui, e felizmente, a demo-
ideais um pouco ingênuos. No princípio do séc. houve um cratização da prática levou a que, jogos após jogos, esta
combate contra o profissionalismo, pois se promovia o participação se sentia com cada vez mais intensidade.
amadorismo. Era amador aquele que pratica desporto por A cidade grega de Atenas era a localidade que reunia
prazer e que não usufrui de qualquer proveito material da as condições para receber, em 1896, a primeira edição dos
prática do desporto. Isso hoje não tem sentido nenhum. JO da era moderna.
Toda esta retórica inicial tem-se vindo a afastar. A Grécia estava com problemas financeiros e o go-
verno teria muita dificuldade em financiar os Jogos. Só
um donativo de um filantropo milionário grego tornou
possível a realização do evento, através da construção de
um estádio novo, em mármore.
A primeira edição destes Jogos foi muito atribula-
da. Não havia comitês olímpicos nacionais, nem equipes
formais. Participaram um total de 14 países e 245 atletas,
muitos deles pagando as suas próprias deslocações. Com
o orgulho nacional em causa, a Grécia apresentou um
grande número de atletas. Os milhares de espectadores,
na sua maioria, gregos dominados pela imortalização que
poetas, artistas e escultores haviam feito dos seus heróis
nas olimpíadas gregas da Antiguidade, começaram a so-
nhar com uma boa prestação dos seus compatriotas nas
Atenas, 1896. Os primeiros JO da Era Moderna. “Spiri- provas de atletismo.
don Louis” A medalha olímpica dos primeiros Jogos da era Com o desenrolar da competição, os insucessos co-
moderna meçaram a perseguir os atletas gregos. Os americanos
venceram 9 das 11 provas de atletismo, tendo a Austrália
A introdução do espetáculo alterou por completo a ganho as restantes 2. Os gregos não conseguiram ganhar
idéia inicial. A idéia que nenhum outro espetáculo despor- uma única prova, o que levou milhares de adeptos a ma-
tivo consiga ter tantos espectadores perverteu por comple- nifestarem-se ironicamente, através do que viria a ficar
to aquilo que eram os J.O. Antigos. conhecido como a versão de 1896 de Yankee Go Home.
A idéia mítica que o atleta era o indivíduo que conse- Para o último dia da competição, com alguns jorna-
guia congregar um conjunto de qualidades e virtudes e por listas gregos a denunciarem o profissionalismo dos ame-
isso admirado, hoje já não tem validade alguma, pois agora ricanos e a clamarem pelo fim desta farsa atlética, estava
há uma pressão para que o atleta cada vez mais se especia- marcada a prova da maratona. Perder esta corrida histó-
lize, há a tentação para que ele ultrapasse o que é inultra- rica constituía a machadada final numa Grécia que tem a
passável e aí é que está o deslumbramento do espetáculo. maratona gravada na sua cultura e tradição.
Hoje em dia o que interessa não é participar, o que Em todas as escolas é contada a história épica da
interessa é ganhar, é dar espetáculo e porque isso move Batalha da Maratona, no ano 490 a.C., quando, na planície
muito dinheiro, como diria um autor já no séc.17: “As pes- da Maratona, a cerca de 40 Km de Atenas, 7000 guerreiros
soas podem ser induzidas a engolir qualquer coisa, desde gregos derrotaram 20 000 invasores persas. Para os histo-
que suficientemente temperada com elogios”, ou seja, a riadores, esta vitória grega viria a ser considerada como a
questão do espetáculo perverteu o próprio atleta que se batalha que salvou a civilização ocidental, tal como hoje a
alienou dele próprio e se transformou em instrumento conhecemos. Depois da batalha Um corredor solitário foi
de alienação, a questão do doping tem uma importância enviado desde Maratona até Atenas para contar ao povo
vital, pois há uma pressão tão grande sobre os atletas, que o grande triunfo. Quando chegou ao centro de Atenas,
estes põem em risco a própria vida. Outrora, no atletismo completamente exausto, apenas conseguiu gritar Neni-
procurava-se a perfeição, agora se procura a especialização kikamen (Ganhamos), para, de seguida, sofrer um colapso
e para ultrapassar os recordes recorre-se a meios ilícitos. e morrer.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Agora, mais de 2000 anos depois, o início da maratona estava marcado para o local da histórica batalha. Dado o tiro
de partida aos 17 concorrentes, a evolução da corrida ia sendo dada a conhecer aos espectadores presentes no estádio,
através de mensageiros que se faziam transportar a cavalo ou em bicicleta. E, desolada, a assistência foi sabendo que, desde
o início, atletas franceses e australianos se revezavam no comando da prova.
Mas quando se anunciava a chegada do primeiro corredor ao estádio, os 70 000 espectadores presentes viram entrar
um cavaleiro a galope que, muito agitado, se dirigiu para a tribuna real, onde estavam sentados os príncipes George e
Constantine, filhos do rei George. De repente, o sussurro nervoso vindo da tribuna transformou-se em grito: pela primeira
vez, um atleta grego estava no comando da prova.
Poucos minutos depois, entrava no estádio o corredor grego. Era um pastor, chamado Spiridon Louis, que, quase
exausto, tentava chegar à meta. A explosão da multidão incentivou o pastor. Os príncipes George e Constantine saltaram
da tribuna e, formando uma espécie de guarda de honra a Louis, correram ao lado dele até a meta. Muitos espectadores,
chorando de emoção, evocaram a palavra histórica Nenikikamen (Ganhámos).
No dia seguinte, todos referiam à magnificência da primeira Olimpíada, defendendo a sua continuação.
Quanto ao terreno e sua própria natureza, as provas de atletismo classificam-se em: PISTA – CAMPO – RÚSTICA e
COMBINADA.
Provas de pista
São as corridas realizadas em pista de atletismo com ou sem obstáculos, ex: 100m, 200m, 400m, 800m, 1.500m, 2.000m,
3.000m,
Provas de campo
São aquelas realizadas em setores específicos do estádio, cujas dimensões são determinadas pelas regras internacio-
nais, e compreende o arremesso do peso, o lançamento do dardo, do disco e do martelo e os saltos à altura, à distância,
triplo e com vara.
Provas rústicas
São as corridas realizadas em terrenos variados, em ruas, bosques, estradas e a maratona (42.195m).
Provas combinadas
É um conjunto de provas atléticas realizadas por um atleta em dois dias consecutivos, nas quais estão presentes as
valências físicas básicas: velocidade, força e resistência.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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RASAS: Todas as corridas realizadas em pista de atletismo sem obstáculo. COM BARREIRAS: São as corridas realizadas
com obstáculos artificiais colocados na pista.
RÚSTICAS: São as corridas realizadas em ruas, estradas e terrenos variados, notadamente a maratona e o cross-coutry.
BALIZADAS:
Todas as corridas realizadas em raias marcadas do início ao fim;
são as provas de 100m, 200m, 400m, revezamento 4 x 100m
rasos, 100m, 110m, e 400m, sobre barreiras.
NÃO BALIZADAS São as provas realizadas em pista livre do início ao fim da corrida:
todas as provas acima de 800m.
TÉCNICA DA CORRIDA
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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RITMO DA CORRIDA
Devemos ensinar a criança a correr uma distancia dada em um ritmo determinado, com velocidade uniforme, sim pro-
duzir acelerações súbitas, ou diminuições repentinas, é necessário fazê-las correr em ritmos variados, fazendo-as tomarem
consciência do tempo, ensinando a correr veloz, lento, trotando, etc.
A forma ótima de corrida, a cadência respiratória, o ritmo, surgirá espontaneamente com a prática. Não se deve
corrigir tudo de uma vez.
BIOMECÂNICA DA CORRIDA
O movimento cíclico da corrida tem duas fases principais: a fase com apoio e a fase com suspensão.
SAÍDA CURTA:
Os dedos dos pés ficam separados pela distância de 20 a 24 cm.
SAÍDA MÉDIA:
O pé dianteiro (de impulsão) fica na altura dos gastrocnêmios da perna traseira, (de apoio posterior).
SAÍDA LONGA:
O joelho da perna traseira fica apoiado próximo ao arco do pé de impulsão.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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• Resistência - velocidade: É a capacidade de resistência a fadiga nos esforços de força de excitação submáxima e
um déficit de O2 máximo.
Resistência dos franceses.
• Resistência – sprint: É a capacidade de resistência a fadiga nos esforços de foca de excitação máxima e a freqüên-
cia de mocimentos máximos. Corresponde a Velocidade dos franceses.
Notamos que, embora com denominações diferentes, os significados dos esforços são idênticos, tanto para os fran-
ceses como para os alemães.
Fisiólogos famosos após vários estudos, concluíram que as crianças suportam melhor os esforços de resistência geral
do que os de resistência anaeróbica ou de velocidade. Então é melhor e mais proveitoso que elas corram 2.000m do que
200m.
O Dr. Reiss, afirma que o desenvolvimento da resistência geral deve representar a base nas atividades físicas das
crianças.
“Este trabalho de resistência geral será estável e permitirá mais tarde o indivíduo de tolerar mais facilmente um trabalho
de resistência anaeróbica ou de velocidade”
“A Resistência Geral é a base sobre a qual se apoiarão todas as demais qualidades físicas”.
CORRIDAS DE VELOCIDADE
A iniciação as corridas de velocidade tem seu fundamento nos jogos de corrida, principalmente aqueles em forma de
reação e jogos de perseguição.
A velocidade é o ingrediente básico de todos os esportes. Consiste em percorrer um espaço o mais rápido possível. As
corridas de velocidade são aquelas realizadas em distâncias curtas, 100, 200, e 400 m para as quais necessitamos uma certa
preparação que exige também uma resistência. Os velocistas não possuem tipo físico definido, já temos visto indivíduos
altos, baixos, fortes e leves destacando-se de forma extraordinária. O mais importante não é então a característica física,
senão certas qualidades fundamentais como a perfeita integração do sistema neuro muscular, a rapidez de reação, aliado
a uma grande potência muscular.
A performance em velocidade depende 3,3% da velocidade de reação; 86,7% da força de Sprint e da velocidade de
Sprint; 10% da resistência de Sprint
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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do 4º atleta. E por último o método descendente, alternado e sem troca de mão, conhecido como o método Inglês ou
“Dyson”, descendente por ser o movimento de passagem efetuado de cima para baixo, alternado e sem troca de mão
como no método “Frankfurt”.
O bastão consiste de um tubo oco ou liso, de madeira ou metal, cujo comprimento varia de 28 a 30 cm e não poderá
pesar menos de 50 gramas. Ele deverá ser entregue em uma zona de 20 metros chamada “zona de passagem” que é
medida 10 metros depois da linha de passagem e 10 metros atrás, existe ainda 10 metros atrás da zona de passagem, uma
marca que permite que o atleta saia de qualquer lugar, dentro desta zona chamada “zona opcional”, que não é permitido
nos 4 x 400 metros.
Posição de saída:
Usa-se uma posição de saída idêntica á dos velocistas com um ajuste individual dos tacos. A fim de facilitar a apro-
ximação da primeira barreira. Podendo haver uma pequena diminuição ou aumento da distância compreendida entre a
linha e o primeiro taco ou entre os tacos. O pé de ataque á barreira deve ser colocado no taco traseiro e o pé de impulso
no dianteiro.
Passagem da barreira:
Enquanto a perna de ataque realiza a passagem sobre a barreira estendida ou semi-flexionada, a perna de trás (perna
de impulsão) se deslancha atrasada, mas velozmente, durante a passagem da barreira, a perna traseira faz um ângulo reto
com a perna de ataque, paralelo ao solo. Quando o quadril alcançar a barreira, a perna de ataque baixa em direção ao solo
e neste momento a perna traseira passa sobre a barreira, o braço oposto permanece á frente e paralelo em todo momento
á perna de ataque. Quando a perna traseira passa a barreira, seu joelho se eleva ao máximo e quase toca o peito a fim de
assegurar uma ótima primeira passada, e o braço que está á frente é levado para trás por fora estendido, a perna de ataque
toca a pista em um ponto que está de 4 a 5 pés da barreira.
Final da corrida: Após passar a última barreira, deve-se correr este pequeno espaço restante da corrida o mais veloz
possível parecido com a chegada dos 100 metros.
A saída: Da saída dos tacos até a primeira barreira são 45 metros que devem ser cobertos com 23 passadas, que fica
7 ou 7 1/2 pés da barreira.
A passagem: A passagem da barreira média pouco difere da passagem da barreira alta. O que se nota de diferente na
passagem da barreira média é que os atletas não flexionam tanto o tronco sobre a perna de ataque.
A corrida entre as barreiras: Atualmente, corredores de nível internacional utilizam 13 passadas entre as barreiras.
O principiante deve ser ensinado a utilizar de 17 passadas entre as barreiras, até que a corrida se torne desembaraçada.
Quando julgar que ele o faz fluentemente em 17 passadas, pode tentar diminuir para 15 passadas.
O final da corrida: Após ultrapassar a última barreira, o atleta deve correr o mais veloz possível até ultrapassar a linha
de chegada, que se assemelha ao dos 400 metros.
-Devem ser colocadas dez barreiras em cada raia, obedecendo aos intervalos.
-Altura masculina: 1,067 m. para 110 metros e 0,914 m. para os 400 metros. -Altura feminina: 0,840 m. para 100 metros
e 0,762 m. de altura para os 400 metros.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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-Um competidor que passar seu pé ou perna abaixo do plano horizontal da parte superior de alguma barreira, no
momento da passagem, ou ultrapassar uma barreira fora de sua raia ou se na opinião do Árbitro Geral derruba-a delibera-
damente com o pé ou mão, será desqualificado.
-Exceto no caso anterior, a queda de barreiras não resultará em desqualificação do atleta nem o impede de estabelecer
um recorde.
-Qualquer competidor que fizer uma saída falsa deverá ser advertido. Se um competidor for responsável por duas saí-
das falsas ou três, no caso do Heptatlo ou do Decatlo, será desclassificado.
ARREMESSO DO PESO
Enunciado Técnico: Arremessar o peso é transformar a velocidade horizontal, adquirida durante o deslocamento, em
velocidade de arremesso, perspectivando o alcance da maior distância possível.
Enunciado Rústico: Arremessar o peso é empurrar um objeto, qualquer, acima da linha dos ombros para frente.
Resgate histórico: Na antiguidade os Celtas e Escoceses arremessavam pedras e ramos de árvores que pesavam apro-
ximadamente 25 kg, nos seus rituais. Já na idade média, os soldados, para superar o tempo de ociosidade, arremessavam
balas de canhão que pesavam aproximadamente entre 7 a 8 kg.
Em 1857 foi estabelecido o peso de 7,257 Kg e o diâmetro do círculo de arremesso em 2,133m. O peso atual, segundo
a regra da IAAF é de 7,260 Kg. São necessários 03 arremessos na fase classificatória e mais três serão concedidos para os
oitos melhores classificados.
Nos Jogos Olímpicos de Atenas (1896), segundo alguns historiadores, arremessava-se com uma mão e com a outra,
ou seja, de forma bi-lateral. (Bravo, Julio e at, 2000).
Técnicas do Movimento: É uma situação inerente ao ser humano a evolução. Logo nos movimentos atléticos, que são
praticados pelo homem, não seria diferente. Várias são as técnicas trabalhadas pelo homem: parada, ortodoxa (desloca-
mento lateral), a de deslocamento, linear, de costas (Parry O’Brien) e a mais moderna e começando a ser bastante utilizada
a técnica de deslocamento em rotação (Barischinikov).
Vale ressaltar que sempre a preocupação, do homem, na evolução da técnica, foi o de aumentar o caminho de ace-
leração do implemento, conseqüentemente o que teria de ser aumentado, na realidade, era o percurso do deslocamento
assim o arremessador possuí mais tempo de aplicação de força no implemento e o impulso final será maior.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Resumo da descrição técnica: O movimento do arremesso do peso é composto por várias fases: preparação, desloca-
mento, posição de força, arremesso propriamente dito e recuperação.
Na técnica de deslocamento linear (de costas) o atleta deverá, partindo da posição inicial, executar um “chute” para
trás e para baixo com a perna contrária a de apoio, e partir para o deslocamento quando o calcanhar, da perna de apoio, for
o último contato, alguns treinadores recomendam usar o partir com o pé todo. Ao final do deslizamento, após a projeção
dos quadris para frente e para cima o atleta precisa girar o tronco e ao ficar de frente para a área de arremesso realizar o
bloqueio do lado contrário ao portador do implemento, para que transmita uma maior quantidade de movimento para o
implemento.
Na técnica de deslocamento em rotação o atleta deverá, partindo da posição inicial, executar um pequeno giro
a fim de somar esta energia produzida pelo movimento circular à energia final do implemento. No final do movimento
(arremesso e recuperação), o atleta encontra-se em posição semelhante à técnica de deslocamento de costas. Ao final do
deslizamento, o atleta precisa virar o tronco e o quadril de forma enérgica, para que transmita a energia do movimento
para o implemento.
REGULAMENTAÇÃO
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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A COMPETIÇÃO
1 - A ordem na qual os competidores farão suas tentativas será decidida por sorteio (Ver Regra 142.7)
2 - Modificar NOTA: Neste caso, empate significa conseguir a mesma distância e a Regra 146.3 não deverá, portanto,
ser aplicada.
3 - Na área de competição cada competidor pode ter um máximo de duas tentativas para prática que deverão ser
feitas por sorteio, sob a supervisão dos Árbitros.
4- depois de iniciada a prova, não será permitido aos competidores o uso do circulo ou terreno dentro do setor para
prática, com ou sem implemento.
5- o arremesso deverá ser feito de dentro do circulo. Um competidor deve começar o arremesso a partir de uma
posição estacionaria. É permitido a um competidor tocar a parte interna do aro ou do anteparo.
6- o peso deve ser arremessado partindo do ombro com uma só mão. No momento em que o competidor assumir
uma posição no circulo e começa um arremesso, o peso deverá tocar ou estar bem próximo do queixo e a mão não de-
verá ser arriada abaixo desta posição durante a ação do arremesso. O peso não deve ser arremessado detrás da linha dos
ombros.
7- a) nenhum dispositivo de espécie alguma – exemplo, ator dois dedos ou mais dedos juntos – que, de algum modo
ajude ao competidor quando no ato de arressar, será permitido. O uso de bandagem na mão não será permitido exceto no
caso de nescessidade de cobrir um ferimento ou um corte aberto.
b) Não é permitido o uso de luvas.
c) De modo a obter uma melhor pegada, é permitido aos competidores o uso de substancia adequada nas mãos,
somente.
d) De modo a proteger a coluna de uma contusão, um competidor
pode usar um cinturão de couro ou outro material adequado.
e) um competidor não pode colocar qualquer substancia no circulo ou
nos sapatos
8 - Será uma falta se o competidor, após ter entrado no círculo para fazer um arremesso, tocar com qualquer parte
de seu corpo no terreno fora do círculo, parte superior do aro ou do anteparo ou soltar o peso impropriamente ao efetuar
qualquer tentativa.
9 - Desde que, no desenrolar de uma tentativa, as regras precedentes não tenham sido infringidas, um competidor
pode interromper essa tentativa, pode colocar o implemento dentro ou fora do circulo e pode deixar o circulo. Ao deixar o
circulo ele deve fazê-Io como determinado no item 12, antes de retornar à posição estacionária e iniciar uma nova tentativa.
10- Para que uma tentativa seja válida, o peso deve cair completamente dentro dos limites internos do setor de queda.
11- - A medição deve ser feita imediatamente após cada arremesso. a partir da marca mais próxima feita pela queda
do peso até à parte interna do aro, através de uma reta que passa pela marca e pelo centro do círculo.
12- - O competidor não deve deixar o círculo antes do implemento tocar o chão. Ao deixar o círculo, c primeiro contato
com a parte superior do aro ou do terreno fora do circulo deve ser completamente atrás da linha branca que é pintada fora
do círculo, passando, teoricamente, pelo centro do mesmo. (Ver item 17)
13- - Depois de realizado um arremesso, o peso deve ser trazido e nunca arremessado de volta ao círculo.
14- - Cada competidor será creditado com o melhor de seus arremessos, incluindo aqueles feitos na decisão de um
empate para primeiro lugar.
O CIRCULO
15 - Construção. Os círculos serão feitos de um aro de ferro. Aço ou outro material adequado, cuja parte superior
será nivelada com o terreno externo.
- Medidas. O diâmetro interno do círculo será 2.135m (± 5mm).
A borda do circulo terá pelo menos 6mm de espessura e será pintada de branco.
17 - Deve haver uma linha branca de 50mm de largura. Traçada a partir do aro e estendendo-se pelo menos 75cm
para cada lado do circulo. Ela pode ser pintada. de madeira ou outro material adequado. O lado posterior dessa linha deve
passar, teoricamente, pelo centro do círculo formando um ângulo reto com eixo do setor de arremessos.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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ANTEPARO
18 - Construção. O anteparo será pintado de branco e feito de madeira ou outro material apropriado, com a forma de
um arco cuja borda interna coincida com a borda interna do círculo (aro) e feito de tal forma que possa ser firmemente fixado
no chão.
19 - Medidas. O anteparo medirá 112mm a 300mm de largura, 1,21m a 1.23m de comprimento na sua parte interna e
98mm a 102mm em relação ao nível da parte interna do círculo.
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CONSTRUÇÃO DO PESO
20- o peso deve ser de ferro maciço, latão ou de outro material – desde que não seja mais macio que o latão – ou um
envolucro de qualquer um destes metais cheio de chumbo ou outro material. Deve ser de forma esférica e superfície lisa.
21- o peso deverá satisfaser ás sequintes especificações:
ESPECIFICAÇÃO MASCULINO FEMININO
Peso
Mínimo para homologação de recorde 7,260 kg 4,000 kg
Tolerância
Para equipamento de competição 7.265 / 7,285 kg 4,005 / 4,025 kg
Diamentro
Mínimo 110 mm 95 mm
Máximo 130 mm 110 mm
22- Nas competições previstas na Regra 12 (1, a. b e cl. só podem ser usados os implementos fornecidos pelos Orga-
nizadores e nenhum·a modificação pode ser feita neles durante a competição. A nenhum competidor pode ser permitido
levar qualquer implemento para o recinto da competição.
Nas competições entre duas ou mais Filiadas. os competidores podem usar seus próprios implementos, desde que
estes sejam aferidos, aprovados e marcados pelos Organizadores. antes do início da competição e que fiquem ã disposição
de todos os concorrentes.
O SETOR DE QUEDA
23 - O setor de queda será de cinza. grama ou material adequado sobre o qual o peso deixará sua marca.
24 - A inclinação máxima permitida do setor de queda. no sentido. do arremesso. não deverá exceder de 1:1000.
25 - O setor de queda será marcado com linhas brancas de50mm de largura e que, se prolongadas passando pelo
centro do circulo, formarão um ângulo de 40º 26 - Poderá ser providenciada uma bandeira ou uma outra marca para as-
sinalar o melhor arremesso de cada competidor, em cujo caso deverá ser colocada no prolongamento e na parte de fora
do setor.
LANÇAMENTO DO DISCO
• Prova de arremesso criado pelos Gregos, a mais antiga no gênero.
• Os primeiros discos eram de pedras.
• Na Grécia os artistas da época criaram obras em função desta prova, como ex: o discóbolo calculando seu arremes-
so, duas obras no museu de Roma e o museu Britânico, o discóbolo após o arremesso no museu de Nápoles, etc.
A técnica do arremesso:
Posição inicial (empunhadura): Mãos descontraídas, dedo polegar não sustenta o disco, mas ficam apoiados lateral-
mente no disco, dedos separados, falanges distais sustentam o disco. De costas para onde o disco vai ser lançado, o peso
do corpo distribuído nas duas pernas, os braços se colocam ao lado do corpo em posição normal, após a colocação do
corpo nessa posição inicia-se a próxima fase com balanceio (três em media),
Giro ou Deslocamento: Esse giro é utilizado para se obter a maior velocidade possível no momento de soltar o disco. O
arremessador cria uma força centrifuga, o disco percorre o mesmo tempo em aceleração no extremo do sistema de alavan-
cas o maior caminho possível, após a tomada definitiva dos apoios, o arremessador deve dispor de uma grande potência
e de uma grande velocidade de execução para acelerar o disco até o momento do arremate. O braço e o disco em todo o
momento do deslocamento devem estar para trás.
Posição final: Terminada a ação do deslocamento, o corpo se encontra ligeiramente voltado para a obliqua direita com
o peso distribuído nas duas pernas, uma carga maior na direita, os pés assentados no chão em duplo apoio, com o direito
no centro do círculo e o esquerdo em sua metade esquerda, preparados para a próxima fase.
Arremesso propriamente dito: a queda no centro do círculo com o pé direito, já deve ser considerada como início de
lançamento. Nesse momento o joelho da perna direita deve girar para a esquerda, o que mantém o disco atrasado, jogo
do quadril, o ombro esquerdo deve ser orientado para cima e o braço direito ainda permanece por uma pequena fração de
tempo estendido e tracionando o disco no momento final destas ações é que aparece a ação final da braçada na altura do
ombro ou ligeiramente adiante. As ações das pernas, tronco e braços formam um conjunto num sistema de forças. O disco é
solto pelo dedo indicador e sai girando no sentido dos ponteiros do relógio em um ângulo ligeiramente abaixo de 45 graus.
Troca de pés ou reversão: a tendência é que no final exista um desequilíbrio, com isso caso o atleta não consiga recu-
perar o equilíbrio, o atleta pode realizar uma troca dos pés, após a saída do disco, conduzindo a perna direita á frente, no
lugar da esquerda. Com isso ele se flexiona sobre a perna direita e lança para trás a perna esquerda e os braços.
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Após a impulsão, as pernas são fletidas para frente A perna de impulsão estendida é levada para trás
e para o alto. Logo em seguida, do tronco, onde flete, enquanto que a perna de balanço
quando tiver alcançado a máxima elevação no ar, o oscila para frente. Neste caso a coxa elevase quase parale-
corpo se flexiona com braços a frente no início e brusca- lamente ao solo com a perna suspensa. As passadas no ar
mente atrás depois. As pernas são estendidas à frente, são auxiliadas com movimentos opostos de circundução
para cair na areia e os braços são novamente levados à sincronizados dos braços. O tronco encontra-se um pouco
frente na direção dos pés. inclinado para trás e só na queda é que é projetado para
Schomolinsky acha que a técnica do salto gru- frente.
pado está superada e deve ser suprimida mesmo para os Imediatamente antes do contato com o solo, os bra-
escolares sendo substituída por uma outra, que é chama- ços são levados ligeiramente atrás do corpo, e quando os
da de técnica de passada. calcanhares já tocaram o solo, são vigorosamente atirados
para diante.
02. TÉCNICA DE PASSADA
Nesta, a posição de passada da fase de impulsão é O SALTO EM ALTURA
mantida durante um intervalo maior.
Esta técnica, embora bastante simples, tem a des- Consiste numa seqüência de movimentos cujo obje-
vantagem da dificuldade da manutenção do equilíbrio. tivo é a transposição de um obstáculo vertical. A força da
A perna impulsora que vai um pouco mais atrás, gravidade é vencida por uma poderosa impulsão que lan-
só imediatamente antes do contato com o solo, é que ça o saltador em vôo sobre o obstáculo.
vem a frente ao encontro da perna de balanço. O tronco
é mantido ereto até este momento. Só quando o atle- A técnica de tesoura, em função dos movimentos das
ta levanta as pernas em preparação para a aterrizagem pernas é a mais simples e natural de se executar um salto
é que o tronco se flete para frente em movimentos de em altura, apesar de ser uma forma ultrapassada em ter-
compensação. mos de competição, mas serve de educativo para as outras
Os movimentos dos braços estabilizam o vôo, sendo técnicas como o Fosbury Flop e a do Rolo Ventral. As fases
levados na maioria das vezes, o do lado da perna impul- desses saltos se dividem em Concentração, corrida, impul-
sora, para frente e para cima e o outro para baixo e para são, elevação, transposição e queda. A fase de transposi-
trás e acima em semicírculo. ção é que define as diferentes técnicas de salto. A fase de
Do alto ambos vão para baixo e atrás, terminado sua concentração é idêntica a todos os saltos.
movimentação novamente à frente.
Salto utilizado como processo pedagógico
03. TÉCNICA DO ARCO A corrida usando a técnica da tesoura apresenta
Após ter conseguido a maior elevação o atleta quando em boas condições características especiais onde
adianta o seu quadril deixando atrasar a perna de impul- aparece à forma pendular, que é a inversão na inclinação
são e os braços. do corpo, que de início é para frente e depois de uma
Enquanto a perna de impulsão se dirige para trás, verticalização, passa para trás na última passada. O ritmo
a perna livre para frente. A seguir ambas as pernas estão é crescente em velocidade embora não se atinja o máximo
fletidas atrás, próximas uma da outra formando um ân- desta. Durante a corrida o pé vai aumentando o contato
gulo reto com as coxas. A figura formada é um arco, daí com o solo até que se faça a entrada com os calcanhares
o nome da técnica. na última passada. O saltador de perna esquerda, estan-
Esta posição é mantida até cerca da metade da do de frente para o sarrafo, coloca-se no lado direito e o
parábola da linha de vôo. saltador de direita coloca-se para o sarrafo, no lado es-
Os braços continuam em movimento de subida ini- querdo o número de passadas deve ser de mais ou menos
ciado na impulsão para depois movimentarem para trás oito, variando de atleta para atleta. A última passada, a da
em cima da cabeça em forma de arco, posição mantida impulsão, deve ser feita aproximadamente à distância de
até cerca da metade da parábola da linha de vôo. um braço do sarrafo considerando-se o ângulo da corrida.
A queda é iniciada quando as pernas se movem para
cima e para diante e o tronco abaixa. Distancia para o salto
Imediatamente, antes de tocar o solo, as pernas são A impulsão: Na penúltima passada verifica-se um li-
projetadas bem para diante e os braços começam a es- geiro abaixamento do centro de gravidade do corpo com
tender para a frente. o aumento da flexão da perna de chute, o passo seguinte
o da impulsão é feito com a entrada total de calcanhar, a
04. TÉCNICA DAS PASSADAS NO AR perna flexiona-se com a passagem do apoio para a planta
do pé e estende-se com energia até perder o contato com
Esta técnica é geralmente usada por atletas de alto o solo pela ponta do pé, a perna de chute é lançada para
nível, com resultados acima de 7 metros, é também erro- o alto juntamente com os braços.
neamente conhecida entre nós por tesoura. Nela diz-se Elevação: a posição formada com o final das ações
que realmente o saltador continua a correr no ar, dando da impulsão, deve ser mantida o tempo suficiente para a
até 3,5 passos. próxima fase.
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Transposição: é a fase de contorno do sarrafo, a perna •Transposição: o atleta transpõe o sarrafo de costas
de chute, que está acima do sarrafo, abaixa-se, enquanto a para ele, aqui aparece o arco de contorno que deve ser for-
de impulso se eleva, as duas pernas devem fazer a transpo- mado com a elevação do quadril. A cabeça deve ficar para
sição estendidas. trás, considera-se como transposição, até o momento em
Queda: esta se faz naturalmente na perna de chute, que o atleta tenha se livrado totalmente do sarrafo.
em geral o saltador tem condições de permanecer em pé, •Fase de transposição onde após o atleta livrar o tron-
mas dependendo do tipo de local de queda, isto pode não co do sarrafo ele carpa o corpo para passar os pés
acontecer. •Queda: há um processo semelhante ao grupamento
•Na técnica do rolo ventral a corrida é o contrário do após a transposição, os braços e a cabeça voltam em dire-
que ocorre na da tesoura. Assim a perna de chute no mo- ção aos pés e a queda se faz na região dorsal.
mento da impulsão é a que está mais longe do sarrafo. O
uso dos calcanhares nos últimos passos é mais acentuado. TOPICOS REGULAMENTARES
•Impulsão na passagem do penúltimo para o último • DISTANCIA MINIMA DE 15 METROS,
passo os braços ficam atrasados preparando-se para o lan- • A AREA DE IMPULSÃO DEVERA SER NÍVELADA,
çamento para cima, o troco deve ser atrasado em relação á • UM COMPETIDOR PODERA SALTAR EM QUAL-
perna de chute não antecipando em relação a sua ida para QUER ALTURA POR ELE ESCOLHIDA ACIMA DA MARCA
o sarrafo. INICIAL.
• A BARRA NUNCA SERA ELEVADA EM MENOS DE
•Elevação: deve ser prolongada ao máximo para maior 2 CM,
aproveitamento da elevação devendo ser o mais verticali- • O COMPETIDOR COM O NÚMERO MENOR DE
zada possível. SLATOS NA ALTURA ONDE OCORRER O EMPATE SERÁ O
•Transposição: o rolo ventral original subentende um VENCEDOR,
giro no eixo longitudinal do corpo de frente para o sarra- • CASO ALGUMA FORÇA ESTRANHA TENHA DER-
fo, a perna de chute continua o seu caminho natural de RUBADO O SARRAFO NA HORA DO COMPETIDOR ULTRA-
contorno do sarrafo. A perna de impulsão que vem atrás PASSA-LO, UMA NOVA CHANCE LHE SERÁ DADA.
se torna nesse momento o ponto crítico do salto, ela deve • A DISTANCIA ENTRE OS POSTES PODE SER EM
contornar o sarrafo abrindose e mantendo a sua flexão. Fa- MÉDIA 4 METROS
cilitando a ação do quadril na continuidade de sua ação • O COMPETIDOR SÓ PODE DAR IMPULSO COM
de giro. UM DOS PÉS,
•Queda: dependem da forma como foi feita a transpo- • A ORDEM DOS COMPETIDORES DEVE SER SOR-
sição e se durante a mesma houve ou não a continuidade TEADA,
do rolamento o atleta pode ativar mais o rolamento caindo • TRES TENTATIVAS FALHAS CONSECUTIVAS INDE-
de costas. PENDENTES DAS ALTURAS EM QUE ELAS TENHAM OCOR-
•Desde 1968 quando o atleta norte americano Richard RIDO DESQUALIFICAM O COMPETIDOR PARA AS TENTATI-
Fosbury apresentou esta nova técnica sagrando-se cam- VAS SEGUINTES.
peão e recordista olímpico ela tem sido muito cultivada no
mundo inteiro. Depois de um período de quase exclusivis- O SALTO COM VARA
mo da técnica do Fosbury novamente o rolo ventral volta A técnica da vara rígida: o salto com vara moderno
com alguns atletas de alto nível. Tanto as práticas como os é feito com a de fibra de vidro, a chamada vara flexível. En-
estudos biomecânicos mostram que há uma equivalência tretanto ainda há necessidade de se usar varas rígidas, de
entre as duas. bambu ou metal, principalmente em função da dificuldade
•Corrida: a necessidade de maior velocidade faz com de se ter varas de fibra de vidro em todos os locais, por
que em geral ela seja mais longa do que em outras técni- isso se recomenda a iniciação generalizada com as varas de
cas, o trecho de curva deve ser o final, a fim de criar uma bambu, mesmo porque a sua execução é mais fácil.
força centrífuga que será útil facilitando a transposição do
sarrafo. O atleta pode ter suas marcas intermediarias, o tre- A técnica da vara flexível:
cho de curva exige que o atleta incline-se para o interior, As fases: concentração, empunhadura, corrida, encai-
perdendo esta inclinação na passagem do terceiro para o xe, entradaimpulsão, pêndulo, elevação-giro, transposição,
quarto passo, considerando a corrida com oito passos. A queda.
inclinação para trás, característica da corrida para o salto
em altura, neste caso é bem menos acentuada. O SALTO EM DISTÂNCIA
•Impulsão: um lançamento do joelho da perna de Generalidades para poder se destacar nesta prova, é
chute para cima, a ação impulsora da outra perna, bem necessário ter uma grande capacidade de impulsão, habi-
verticalizada terminando pela ponta do pé que deve estar lidade natural, técnica e ser, principalmente, um velocista,
orientado no sentido da corrida e lançamento dos braços uma vez que a falta desta qualidade jamais fará um salta-
para cima formam a impulsão para o salto. dor de bom nível.
•Elevação: somente nesta fase é que deve ser iniciado Para se ter uma idéia da importância desta capacida-
o giro. O joelho da perna de chute deve permanecer bem de física no salto em distância, vamos citar alguns atletas
erguido durante toda a elevação. que se destacaram nesta prova: Jesse Owens, que venceu o
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salto em distância na Olimpíada de Berlim. Venceu também 2) Método das tentativas - não muito eficiente
os 100 e 200 metros rasos no mesmo evento. Carl Lewis e pouco utilizado. Aqui, pedimos ao saltador que realize
repetiu esta façanha na Olimpíada de Los Angeles vencen- várias tentativas partindo de uma marca feita a uma dis-
do os 100 m, os 200 m e o salto em distância. Em 1988 na tância dentro da média mais utilizada. Em várias tentativas,
Olimpíada de Seul, Carl Lewis voltaria a vencer o salto em fazemos as correções necessárias, até que o pé de impulso
distância e seria o 1º nos 100 metros rasos com novo re- toque corretamente a tábua.
corde olímpico. Também em Seul, Florence Joyner venceria
o salto em distância e os 100 e 200 metros rasos. 3) Método matemático - dos três, este é o mais
Em resumo, um bom velocista, que seja um aceitável eficiente. É utilizado principalmente por atletas mais expe-
saltador de altura, tem condições de destacar-se nesta es- rientes, devido à necessidade de se ter uma corrida bas-
pecialidade, mas não basta isso. É preciso também dedicar tante uniforme. Para se estabelecer as marcas através da
muito tempo ao treinamento técnico, para poder assimilar utilização deste método, devemos fazer com que o salta-
os movimentos do salto da melhor maneira possível, colo- dor realize várias vezes uma corrida na pista, procurando
car-se em condições de poder aproveitar a velocidade da atingir sua velocidade máxima o mais cedo possível. Então
corrida e sincroniza-Ia com as demais fases do salto. medimos com uma trena a distância de todas as passadas
Aparentemente, o salto em distância é muito fácil, até o ponto em que as mesmas se tornaram uniformes. A
mas são muitos os saltadores em potencial que confiaram partir deste ponto, tomamos as quatro ou cinco passadas
apenas em suas qualidades de boa velocidade e impulsão, iguais e tiramos a medida total, isto é, do ponto de partida
mas não progrediram por não se dedicarem à assimilação até a última passada.
dos movimentos técnicos do salto. Após este procedimento, transportamos esta medida
para o corredor de saltos, partindo da tábua de impulso e
ASPECTOS BÁSICOS DA TÉCNICA temos, desta forma, a distância da corrida de impulso. Em-
Para esta prova, buscamos uma corrida rápida para bora estes métodos possam ajudar tanto o atleta quanto o
adquirir a velocidade ideal, o acúmulo de energia para rea- seu técnico, não podemos dizer que são precisos e únicos,
lizar o salto, procurando ganhar a altura máxima e final- uma vez que a corrida pode se alterar a cada competição,
mente uma queda ou aterrissagem que não seja sentada devido a vários fatores como a temperatura, o tempo, o
na areia. piso da pista, etc., por isso as marcas devem ser sempre
revisadas para que sejam feitas as correções necessárias.
Fases do salto em distância
a) Corrida de impulso B) IMPULSÃO
b) Impulsão O propósito exclusivo dessa ação é conseguir a má-
c) Fase aérea (elevação e flutuação) xima altura com a menor perda possível do ímpeto hori-
d) Queda ou aterrissagem zontal. A impulsão do atleta ajuda a elevar o seu centro de
gravidade.
A) CORRIDA DE IMPULSO O objetivo primário na competição de salto é projetar
A corrida deverá ser suficientemente longa para que o centro de gravidade do saltador através do ar, na máxima
o saltador alcance a velocidade ideal, acumulando energias. velocidade e direção desejada. Se a direção do salto é para
Dependendo do atleta, a distância da corrida varia de 100 a cima e para o alto, ou se a direção é para a frente e para
150 pés ou 30,48 m a 45,72 m. Esta variação depende da ca- cima, nós teremos um longo salto. A distância alcançada
pacidade de aceleração ou de adquirir a velocidade ideal, a no salto depende principalmente da velocidade acumulada
“máxima”, como no caso de J esse Owens, para quem apenas pela velocidade da corrida e a força da impulsão, quando
100 pés já eram o suficiente. Dessa forma, a distância da corri- a velocidade é transferida na direção desejada. Por essa ra-
da é determinada pela distância mais curta em que o saltador zão, normalmente, admite-se que as mais importantes fa-
possa desenvolver a sua velocidade máxima, sem que isso o ses do salto em distância são a corrida e a batida na tábua,
impeça de saltar, procurando ganhar altura, ao tocar a tábua sendo, a segunda, responsável por 2/3 do salto, requeren-
de abordagem. Além do problema de determinar a distância do, dessa forma, uma atenção muito especial. A impulsão
da corrida pela velocidade do atleta é também necessário que inicia-se nas últimas passadas da corrida, que devem ser
a mesma seja ajustada de forma que, ao tocar a tábua, o atleta suficientemente controladas e descontraídas, para que a
não cometa uma falta. Para isto existem três métodos que batida seja realizada com êxito, necessitando-se alguns
utilizamos para estabelecer as marcas da corrida: ajustes, a saber:
- uma ligeira inclinação lateral do peso do corpo
1) Método da Corrida Inversa para se determinar a para o lado do pé de impulso, a fim de se conseguir um
distância da corrida, pedese ao saltador que execute várias avanço lateral para a obtenção de um excelente equilíbrio.
vezes a corrida no sentido contrário, partindo da tábua de - haverá uma ligeira flexão da perna onde o corpo
impulso e, no local onde ele atingir a velocidade máxima, fa- se assentará, como acontece no último passo do salto em
zemos uma marca onde tocou com o pé de impulsão. Após altura, e que deverá ser feita com absoluta precisão. Neste
este procedimento o saltador executa a corrida na direção momento, o pé toca o local de impulso com predomínio do
normal, a partir da marca feita no solo várias vezes, até sentir calcanhar, freando momentaneamente o avanço do corpo
que esta marca se ajusta perfeitamente à sua corrida. para ajudar a elevação do salto, imediatamente após há
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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uma máxima extensão do remo quando o pé deixa a tábua, flexão deve ser feita muito prontamente. Somente dessa
estando o corpo com o centro de gravidade em um ângulo forma o atleta não corre o risco de errar uma queda ou
de mais ou menos 20 graus. Em resumo, aqui está a chave aterrissagem. Alguns campeões, na queda ou aterrissagem,
da altura adequada, indispensável à prática de uma sincro- afrouxam um dos joelhos e retesam o outro, no momento
nização e coordenação perfeitas. em que os calcanhares tocam o solo, movimento que tem
- o último passo será, normalmente, menor que os por finalidade fazer com que o atleta caia lateralmente, vol-
anteriores cerca de 10 a 30 cm, o que corresponde a uma tado ligeiramente para a frente. Utilizando este método,
fase natural do esforço para ganhar altura. Todos esses corre-se o risco de antecipar a volta para a lateral e com
pequenos detalhes não devem ser ensinados ao atleta, isso deixar cair prematuramente o pé. Outro aspecto de
porque lhe trarão muita confusão: ele deve compreende-l grande importância está relacionado com a do corpo no
os através de um conjunto, cujas partes vão se encaixando ar, no momento em começa a descida em direção ao solo.
“natural e simultaneamente”. Neste momento, os pés devem manter-se elevados, o que
é difícil por requerer músculos abdominais fortes e muita
C) FASE AÉREA (ELEVAÇÃO E FLUTUAÇÃO) prática para a aprendizagem da_ ação que permite o acrés-
Esta é a fase onde se caracteriza a técnica utilizada cimo de grande distância no final do salto.
pelo atleta, ou seja: o salto grupado, em arco, tesoura sim-
ples e passadas no ar que vão de 2,5 até 3,5 passadas. COMO SE DEVE TREINAR
Os primeiros movimentos após a perda de contato Muitos dizem que, quando um músculo alcança cem
com a tábua são para ganhar a máxima altura possível. Ca- por cento de sua flexibilidade, ele jamais se rompe, por mais
beça e peito estão elevados, as espáduas arqueadas, como esgotadores que sejam os exercÍcios. Atualmente, o con-
meio natural para situar o centro de gravidade em um ân- ceito que se tem sobre o treinamento para a prova do salto
gulo adequado sobre o pé de impulso. em distância é quase totalmente oposto ao antigo, onde
Uma vez realizadas todas as ações para elevar-se, o se condenava a prática de exercÍcios pesados, para evitar
atleta prepara-se para a queda ou aterrissagem. Todos os lesões musculares. Para evitar tais lesões, devemos buscar
movimentos que ele realiza no ar, como meios de ganhar um desenvolvimento físico total em termos de força, resis-
maior ímpeto, carecem de valor real, porque há um princí- tência, flexibilidade e velocidade, tomando-se indispensá-
pio da física que diz que para cada movimento existe outro vel a preparação de uma série de exercÍcios especiais para
movimento oposto, de retrocesso; mas como meio para o salto e um condicionamento gradual durante quase todo
manter-se descontraído, equilibrado e em posição para o ano. Inicia-se com corridas longas através dos campos e
uma aterrissagem perfeita, esses movimentos são muito ligeiros exercÍcios de força relacionados com o salto. Gra-
úteis e todos os campeões os utilizam. dualmente será introduzida a prática de velocidades fáceis
Para os atletas que utilizam o estilo das passadas no e repetidas, com treinamento periódico. Também a força
ar, a perna dianteira, a primeira a subir, avança com bas- e a flexibilidade dos músculos deverão progredir, pouco a
tante força. Quando a perna de impulso se eleva, também pouco, até que os músculos e tendões adquiram sua má-
com movimento energético a outro se abaixa e retrocede. xima força explosiva e a maior amplitude de movimentos
Finalmente após a chegada do pé de impulso ao seu ponto possível. Além disso, a prática dos movimentos técnicos do
mais alto, a perna dianteira volta a avançar com ímpeto à salto é de suma importância para o êxito da prova, que
posição correta para a aterrissagem. No estilo “flutuante”, também dependerá de uma combinação do relaxamento e
ambas as pernas, uma seguida da outra, são lançadas para da concentração do esforço.
a frente com grande força e logo param, enquanto o atleta O salto em distância requer tanta preparação e práti-
flutua no ar até que seja realizada a queda ou aterrissagem. ca quanto as demais provas de pista e campo. Em geral, o
Em alguns casos, o atleta prefere a posição sentada no ar corpo do atleta se submete a tensões pouco comuns, pois
ou flexionando as pernas, levando os joelhos junto ao pei- nenhuma outra prova requer a combinação de um ímpeto
to; ambas as ações aceleram o ímpeto horizontal da perna extraordinariamente vigoroso com a busca de uma altura
de impulso; proporcionando uma extensão incompleta de máxima no ar. Pernas, tornozelos e pés estão especialmen-
todo o corpo. A cabeça e o peito não ficam elevados, as te expostos a sofrer lesões, devendo ser fortalecidos com
espáduas não formam um arco total e não se consegue a exercícios especiais.
completa extensão do quadril. O resultado é um salto em A grande arma dos bons saltadores é a velocidade
que não se consegue nem altura e nem distância. que devem possuir, mas as demais qualidades, como a re-
sistência-velocidade, a força, a flexibilidade, bem como a
D) QUEDA OU ATERRISSAGEM habilidade para saltar alto e, ao mesmo tempo, longe, não
Uma queda ou aterrissagem bem sincronizada é podem ser esquecidas; por isso daremos, em seguida, um
aquela em que o ponto mais baixo dos glúteos cai muito esquema básico para o treinamento físico e técnico do sal-
próximo dos calcanhares, no momento em que estes to- to em distância.
cam o solo. Isto deve ser executado com rapidez e preci- Durante muitos anos, o programa de treinamento
são, para evitar que o saltador sente na areia. Em geral, isso para o salto em distância era constituído de poucas corri-
significa que ele tem que inclinar a cabeça e os ombros das de velocidade, 15 a 20 minutos de prática sem saltos e
a fim de fazer com que os glúteos se elevem. O queixo é uma ducha rápida. Jesse Owens alcançou 8,11 m com esse
colocado rapidamente entre os joelhos descontraídos, cuja tipo de treinamento, mas devemos levar em consideração
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
a execução de um bom impulso, será aquela que permite Assim, o professor, ao trabalhar o esporte-educação,
fazer os 30 m em 2 sego e 7/10, que supõe uma velocidade além de proporcionar aos alunos a vivência de diferentes
de 10”8 em 100 metros. modalidades, deve levá-los a refletir de forma crítica, não
O saltador deverá, portanto, treinar muito para conse- só sobre os problemas que envolvem o esporte na socie-
guir velocidade nos 30 m e, ao mesmo tempo, exercitar-se dade, (tais como a utilização de drogas ilícitas para melho-
em distâncias maiores, progressivamente. ria do desempenho, a corrupção e violência), mas também
sobre seus aspectos positivos, (como a geração de empre-
SALTOS VERTICAIS gos, o desenvolvimento de pesquisas científicas, tanto no
Um competidor pode começar a saltar em qualquer tocante a novas tecnologias, como na área médica).
altura previamente anunciada pelo Árbitro Chefe e pode Segundo os PARAMÊTROS CURRICULARES NACIO-
saltar, á sua escolha, em qualquer altura subseqüente. Três NAIS (BRASIL, PCN’s,
falhas consecutivas, independentemente da altura na quais 1998, p. 70), “assim considera-se esportes as práticas
tais falhas ocorreram, desclassificam o competidor para em que são adotadas regras de caráter oficial e competiti-
outros saltos, exceto no caso de um empate para primeiro vo, organizadas em federações regionais, nacionais e inter-
lugar. O efeito desta regra é que o competidor pode re- nacionais que regulamentam a atuação amadora e a profis-
jeitar seu segundo ou terceiro salto e ainda saltar em uma sional”. Porém o atletismo não tem apenas essa aparência
altura subseqüente. forte de atitudes competidoras, podendo ser trabalhada
no processo de ensino-aprendizagem também de forma
A barra nunca será elevada em menos de 2 cm no recreativa e cooperativa.
Salto em Altura, após cada rodada. FERNANDES (1979, p. 18)
Os empates serão decididos como segue: O objetivo da Educação Física nas escolas não visa, di-
retamente a formação de atletas. Mas, se for realizado um
O competidor com o número menor de saltos na altu- trabalho sério, a escola pode ser considerada a árvore dos
ra em que ocorrer o empate será considerado o vencedor. frutos a serem consumidos futuramente, porque nela tra-
balha-se com a quantidade, da qual se origina a qualidade
Se o empate ainda permanecer, o competidor com o – e é por isso que as escolas podem formar também os
menor número total de saltos falhos em toda a prova até grandes campeões de amanhã.
e incluindo a última altura ultrapassada será considerado o
de melhor colocação. Segundo ARRUDA e GEMENTE (2011), na escola o pro-
fessor tem muita dificuldade em desenvolver este conteú-
1 . SALTO EM ALTURA: do por não ter vivenciado as modalidades que corresponde
Três são as técnicas de salto em altura, são elas:.a téc- ao atletismo e por falta de atualização, e assim a disciplina
nica da tesoura, a técnica do rolo ventral e a técnica do fica sendo vista na escola como a de menor interesse para
“Fosbury Flop”. os escolares e para o currículo.
Para RAMIREZ (2007), o atletismo ainda é muito dis-
A TÉCNICA DA TESOURA: A forma mais simples e natural cutido na atualidade, sobre os seus efeitos e causas po-
de se executar um salto em altura é a que se denomina de te- líticas, economicas e científicas, se os praticantes devem
sourar em função dos movimentos das pernas. Sua execução, agir espontaneamente, ou podem ser influenciado desde
a exemplo do salto em extensão, grupado, independe de um a infância.
aprendizado especial porque qualquer iniciante normal con- Segundo MIRANDA, (2012), muitas vezes as crianças e
segue sem problemas. É uma forma já considerada ultrapas- adolescentes não querem aprender o atletismo nas aulas
sada em termos de competição porque os seus resultados de Educação Física devido não interesse pela modalidade.
são sempre inferiores aos conseguidos com outras técnicas, Tornando-se difícil ao professor lecionar e motivar os es-
desde que razoavelmente empregadas. colares sem sair do contexto. É notável que os professo-
res percebam que alguns escolares já passaram da idade
de obter um melhor movimento corporal em determina-
da modalidade aplicada a este, por exemplo, movimentos
PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DOS como correr, saltar, lançar e arremessar. Embora no atle-
tismo a força, a velocidade e a resistência, são primordiais
FUNDAMENTOS NA ESCOLA.
para se obter uma melhora nos movimentos explorados,
pórem a de serem abordadas as modalidades de forma lú-
dica para que sejam atrativas aos escolares.
Segundo BARBOSA e col. (2010), a Educação Física Es- MIRANDA, (2012, p. 184)
colar, utilizando o atletismo como meio, tem por finalidade A partir dos exemplos de como podem ser abordados
democratizar e gerar cultura pelo movimento de expressão estes aspectos, acredito ser necessário incentivar os profes-
do indivíduo em ação como manifestação social e o exer- sores a buscarem construir a sua prática pedagógica tendo
cício crítico da cidadania, evitando a exclusão e a competi- o entendimento das dimensões possíveis, não somente no
tividade violenta. atletismo, mas nos esportes em geral.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
RAMIREZ (2007, p. 60), afirma que “a concepção do Segundo MATTHIESEN (2005), os professores, por
esporte deve ser modificada, e isso só é possível a partir meio de suas idéias, devem garantir que as atividades pe-
do momento em que ela passa a considerar o aluno como rante ao espaço físico e o material alcance o objetivo de
sujeito da prática pedagógica, e não mais como objeto”. sua realidade. Pode-se utilizar a mídia como apoio ferra-
Segundo NOGUEIRA (2000), torna-se necessário a ob- mental para divulgação desta modalidade para aumentar
servação de todos os pontos, onde de uma forma negati- o interesse pelos educandos, através das provas mais dis-
va requer mais ou menos uma correção para uma melhor putadas nos Jogos Olímpicos, sendo assim explorando e
identificação, pontos como estes que são: força - gerando tornando atrativo.
tensão contra a resistência muscular; resistência – resistir
a permanência da força gerada por um determinado tem- Metodologia de Ensino do Atletismo na Escola
po, seja em exercícios aeróbio, anaeróbio ou localizado;
velocidade – movimentos rápidos com tempo curto de- Segundo LECINA (citado por APARECIDO, 2010), o
terminado; agilidade – respostas rápidas, através de mo- atletismo é um esporte que na maioria das vezes é negli-
vimentos que exigem outros gestos em outro espaço de genciado na Educação Física Escolar. Os motivos que levam
possível mudança de direção em um curto tempo; coorde- a esta afirmação são vários. A falta de infra-estrutura das
nação – ação do sistema nervoso central (SNC) através do escolas é um dos principais motivos pelo desinteresse em
movimento obtendo uma integração; equilíbrio – adqui- trabalhar o atletismo nas aulas de Educação Física Escolar.
rido através de exercício da propriocepção em busca da Para RAMOS (citado por MEURER, 2008), na cultura
estabilidade corporal em um ou vários pontos de apoio; da sociedade atual, os esportes contemplam um alto grau
flexibilidade – obtem-se com exercícios de alongamento, de importância como prática social. Ao fazer esta conside-
proporcionando um movimento com melhor amplitude; ração tem-se presente que hierarquicamente entre as mo-
ritmo – tempo padrão habitualmente adequado para de- dalidades esportivas, a que possui maior relevância como
terminado passo com ordem, sequencia, duração e intensi- prática esportiva e social é o futebol e que nesta classifi-
dade; descontração - ação em que o indíviduo não procura cação cultural esportiva e social dos esportes, o atletismo
gerar estímulos. figura entre as últimas posições.
A especialização esportiva básica fica para os alunos Esse aspecto deve ser considerado inicialmente sob
do 1º ao 3º ano do ensino médio, onde nesta última fase duas perspectivas: a primeira referindo-se as possibilidades
alguns já são determinados ao que querem em respeito ao que teria o atletismo se possuísse maior espaço na cultura
esporte, edificando novos horizontes gerando novas pro- esportiva, o que despertaria um interesse crescente pela
postas de conhecimento. modalidade. A segunda refere-se a primeira e se relaciona
Segundo RAMIREZ (2007), o atletismo é parte do con- com o fato do atletismo ser pouco reconhecido em termos
teúdo esporte no componente currícular da Educação Física, de espaços, incentivos e apoios, oportunidades e trabalhos
onde falando de formas de ensino e de sistema (estadual, desenvolvidos, tanto no meio escolar como em clubes e
municipal ou particular) para as aulas de iniciação esportiva comunidades em geral.
no componente curricular da Educação Física, esta é a fase De acordo com MEURER (2008), sabe-se que nas orien-
escolar que integra os alunos do ensino fundamental. tações didáticas adotadas para o ensino do atletismo na
Os estímulos de ensino-aprendizagem são elaborados universidade e na escola, prioriza-se, principalmente, de-
em noções de tempo e espaço através de exercícios que senvolver as provas atléticas com base no esporte institu-
reforcem-os ao máximo de movimentos possíveis, não es- cionalizado, observando suas regras e normas oficiais de
quecendo da ludicidade, onde as brincadeiras e jogos, ge- competição, tornando-o pouco atrativo e interessante,
ram estimulos as expressões e explorações corporais dos especialmente para aqueles que são caracterizados como
alunos, obtendo qualidade e melhora cognitiva. “menos habilidosos”.
A evolução de suas capacidades de coordenação mo- Para SINGER (citado por APARECIDO, 2010, p. 5), “a
tora sofrem variações em geral, devido a vários tipos de popularidade de um certo esporte em uma sociedade em
materais e espaço apresentado para a execução das ativi- particular pode muito bem influir sobre as atitudes e prefe-
dades, onde também pode ocorrer uma mega variedade rências da juventude”.
de exercícios para o desenvolvimento do conteúdo, sem KUNZ (citado por MEURER, 2008, p. 2)
deixar de lado suas características (oposição, cooperação e A preferência por atividades jogadas não esta somente
combinadas), espaço (separado, em comum) e participativa na falta de ludicidade como de apresentam as chamadas
(alternada ou simultânea) através de métodos de ensino “provas” de atletismo, mas na maioria dos casos, por lem-
adaptados gerando situações significantes substituindo as branças de insucesso ou de uma vivencia não bem sucedi-
anteriores. da pelos parâmetros normais como essas provas se apre-
Para RAMIREZ (2007, p. 68) sentam.
Nesta fase os alunos são introduzidos no esporte por
meio de atividades motoras variadas, objetivando a aqui- Ainda KUNZ (citado por MEURER, 2008), cita que em
sição de movimentos básicos, fruto de um refinamento relação à disciplina de atletismo nos cursos de Educação
perceptivo em um movimento em que tanto o desenvolvi- Física de ensino superior, observa-se um baixo interesse
mento multifacetado quanto o desenvolvimento motor da dos acadêmicos com este esporte. Dentre outros argumen-
criança devem ser amplamente explorados. tos já mencionados, os acadêmicos não vêem sentido ou
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
aplicação dos conteúdos em relação à sua futura atuação potenciais e limitações. Destaca-se ainda pelo autor que a
profissional. Decorre daí, uma série de dificuldades no pro- utilização do lúdico no processo de ensino-aprendizagem
cesso de ensino-aprendizagem, sendo que a forma como do atletismo ganha dimensão em importância no contexto
este esporte é abordado em contexto acadêmico gerando escolar por possibilitar a participação de todos, indepen-
uma repercussão diretamente na maneira como ele é apre- dentemente do seu atual desenvolvimento motor. E por ser
sentado pelo profissional de Educação Física em contexto uma atividade prazerosa, que possibilita alegria e prazer na
escolar. sua realização.
KUNZ (citado por MEURER, 2008), diz que o ensino- Já para ANDREASSA (2010), o indivíduo passa a obter
-aprendizagem do atletismo e seus aspectos didáticos duas fases a lúdica e a pedagógica, onde primeiro temos
mostram que a iniciação ao atletismo visto como um con- que trabalhar o lúdico e então, com o pedagógico. A ludi-
junto de habilidades específicas constitui a primeira fase cidade é aprender com a liberdade dos gestos corporais,
do processo ensinoaprendizagem desta modalidade, utili- onde o ato de aprender potencializa para a próxima fase
zando-se das formas básicas de correr, saltar, lançar e ar- sendo reconhecido pelos alunos e pela escola.
remessar. A ludicidade é o passo para a superação melhorando a
Na atual cultura esportiva que normalmente coloca a integração no dia a dia escolar, propondo uma nova posição
competição e a vitória, ou seja, o produto, como o que se para a educação e buscando autonomia para o ser humano
tem de mais importante, não é possível negar a relação do em movimento. Assim as articulações do lúdico representam
esporte atletismo com o rendimento, implícita na prática uma passagem na prática corporal de forma descontextuali-
do atletismo convencional. Porém, é impossível negar os zada, gerando interações sociais independente da faixa etária
processos intermediários e, tratando-se de contexto esco- dos educandos e isso passa a ser necessário para eles até
lar, deve-se trabalhá-lo em seu potencial e sua adaptabi- mesmo para os mais tímidos e os agressivos.
lidade à interpretação recreativa e lúdica, tão ou até mais MEURER (2008), diz que a ludicidade proposta junto
ampla que a tradicional, reconhecendo o fato de que a ao processo de ensino aprendizagem permite desenvolver
maioria dos escolares não atinge o nível de atleta. as capacidades motoras básicas, sendo possível vivenciar
Segundo COSTA (citado por MEURER, 2008), o atle- diferentes situações para o desenvolvimento do aluno. As
tismo a ser utilizado na escola deve ser considerado como habilidades podem ser repetidas por várias vezes para que
o “pré-atletismo”, onde em primeira fase, faz-se através dos o educando tenha uma confiança própria.
gestos motores básicos correr, saltar, lançar e arremessar; O atletismo tem sua importância no ambiente escolar
já em segunda fase, mantêm-se os da primeira, avançan- visto que sua caracterização é seguida por atividades diver-
do para as tarefas que exigem uma maior codificação dos tidas em sua aplicação. Os próprios alunos mostram que
gestos motores básicos, aproximando progressivamente a são capazes de aprender e praticar, liberando a participa-
criança do atletismo. Correr, saltar, lançar e arremessar é as ção de todos. Trabalhar o atletismo de forma diferenciada
habilidades físicas de base, estão presentes em quase to- gera uma experiência única, isso mostra que é possível esta
das as modalidades esportivas. Como ações motoras natu- experiência para os alunos.
rais, significam uma função da natureza humana. Por isso, De acordo com NASCIMENTO (2010), ao rever o con-
em si, os movimentos atléticos não são desinteressantes, texto atletismo deve-se deixar de lecionar de forma tradi-
pois o que pode torná-los assim são a sua interpretação cional e aderir novas propostas entre os jogos com os te-
e sistematização didática vinculadas somente ao atletismo mas lúdicos, contemplando e valorizando o conhecimento
institucionalizado. das suas técnicas específicas. É necessária a prática educa-
Diz COSTA (citado por MEURER, 2008), que assim, tiva do professor de Educação Física Escolar, porém de for-
propõe-se o processo de ensino-aprendizagem do atletis- ma equilibrada para que ocorra um êxito positivo durante
mo vinculado a aspectos lúdicos, onde o brincar permita o as aulas, onde os escolares possam participar e socializar-
desenvolvimento das capacidades motoras básicas, possi- -se, e não somente para os mais habilidosos, mas também
bilitando a aprendizagem do atletismo e a vivência de di- para os que realmente gostam deste esporte.
ferentes situações permitidas pelo brincar, favorecendo o Segundo PIERI (2013), os professores de Educação Físi-
desenvolvimento integral da criança na escola. ca Escolar devem se empenhar em oferecer aos educandos
Afirma MOYLES (citado por MEURER, 2008), que várias atividades desta modalidade promovendo o lúdico
brincando a criança desenvolve confiança em si mesma e junto à prática corporal, cultural, física e psicológica.
em suas capacidades, levando-a a desenvolver percepções Afirma SEDORKO (2012), que a dificuldade básica do
sobre as outras pessoas e a compreender as exigências atletismo é, antes de tudo, mais de natureza cultural e edu-
bidirecionais de expectativa e tolerância. O ato de brincar cacional do que socioeconômica, pois, observase que os
proporciona as crianças à oportunidade de explorar con- brasileiros não percebem neste esporte um valor cultural.
ceitos como liberdade existente implicitamente em muitas Essa constatação considera que as barreiras são existentes
situações lúdicas favorecendo o desenvolvimento de sua para o atletismo, sendo necessário reorganizar as propos-
independência. tas didáticas para lecionar o atletismo, levando em consi-
O brincar oferece situações em que as habilidades po- deração os aspectos culturais passíveis de mudanças.
dem ser praticadas, tanto as físicas quanto as mentais, e Nessa pequena participação do atletismo, grande par-
repetidas tantas vezes quanto for necessário para obter te dos alunos não usufrui dos conhecimentos possíveis de
confiança e domínio, além de permitir a exploração de seus serem adquiridos ao discutir esse esporte. O professor de
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
Educação Física Escolar também pode utilizar-se da ludi- nas quais seus filhos estavam matriculados para que hou-
cidade para avaliar os escolares, além de observar indivi- vesse verdadeiras propostas pedagógicas, a fim de integrar
dualmente sua relação entre os aspectos motores, também o cuidado ao ato de educar.
solicitando aos educandos que relatem através de textos É nesse contexto que surge a avaliação como parte da
ou imagens o que aprenderam e o que mais gostaram na ação intencional do educador. Os professores responsáveis
prática do atletismo, pois, o envolvimento e o conheci- pelos agrupamentos de crianças começam a realizar diver-
mento do atletismo terão uma visão incentivadora entre sas atividades voltadas para o desenvolvimento das capa-
os educandos. cidades motoras e intelectuais de seus alunos e a avaliação
Diz BARBOSA (2013), que pode-se trabalhar o atletis- se consiste, então, “como um elemento de controle sobre
mo fazendo dele uma grande ferramenta pedagógica para a escola e sobre os professores que se veem com a tarefa
a compreensão de outras modalidades esportivas e para a de formalizar e comprovar o trabalho realizado” com seus
sua efetivação. Não precisamos nos restringir a uma pista alunos.
de atletismo e materiais oficiais. Pode-se alcançar o mesmo Neste período de gradativos avanços no que se refere
objetivo por meio da ludicidade, sendo realizado na qua- aos objetivos da Educação Infantil, as exigências legais que
dra, em gramados, em espaços com areia e até dentro da tratavam da avaliação no âmbito desta etapa da Educação
sala de aula, através de jogos de adivinhações, (tais como Básica estabelecem que tal processo deveria ser constituí-
perguntas e respostas), desenhos, mímicas, entre outros. do mediante o acompanhamento do desenvolvimento da
Então, ao explorar o atletismo o professor pode criar criança.
novas possibilidades, com variações de jogos e brincadei- A avaliação na educação infantil consiste no acompa-
ras, atividades em grupo, estimulando os escolares, criando nhamento do desenvolvimento infantil e por isso, precisa
aulas atraentes, prazerosas e principalmente, ao alcance de ser conduzida de modo a fortalecer a prática docente no
todos. Apesar de, muitas vezes serem tão intensas quan- sentido de entender que avaliar a aprendizagem e o desen-
to um treino propriamente dito. Com movimentos natu- volvimento infantil implica sintonia com o planejamento e
rais do atletismo, conseguiremos atrair mais educandos o processo de ensino. Por isso, a forma, os métodos de
para as aulas práticas, e consequentemente desenvolver a avaliar e os instrumentos assumem um papel de extrema
consciência intelectual corporal nos alunos. É essencial que importância, tendo em vista que contribuem para a refle-
os professores procurem desenvolver seus fundamentos xão necessária por parte dos profissionais acerca do pro-
dentro do seu planejamento com fácil, e também, elaborar cesso de ensino.
materiais alternativos, podendo contribuir com o conheci- Pressupondo o ato de avaliar o desenvolvimento da
mento dentro e fora do ambiente escolar. criança, em creches e pré-escolas, como necessidade per-
cebida e cobrada pelas famílias dessas crianças e não por
Alessandro Domingos Barbosa de Andrade educadores (que não lhe atribuíam relevância), a prática
avaliativa ocorria de forma mecânica, sem que houvesse
devida reflexão por parte dos profissionais que a realiza-
vam.
AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA Nesse contexto, considerando que nos dias atuais a
ESCOLAR; avaliação é formalizada como parte do planejamento do-
cente em caráter de acompanhamento do desenvolvimen-
to da criança e não como critério de promoção para o En-
sino Fundamental, é possível afirmar que ainda são muitos
De acordo com Bondioli (2004, p. 143), a educação na os equívocos observados em relação a compreensão do
primeira infância deve caracterizar-se como um ambiente que vem a ser o processo avaliativo no âmbito da Educação
que objetiva “a garantia de condições positivas de cresci- Infantil.
mento e desenvolvimento para as crianças que nela são Avaliar: [...] é uma prática que pode ser empreendida
recebidas”. Para tanto, com o intuito de garantir tais con- com uma pluralidade de objetivos e, [...] implica uma cla-
dições positivas são necessários planejamentos, projetos e reza sobre esses objetivos que devem ser alcançados pela
atividades pedagógicas dentro da instituição educativa. cooperação de todos os atores sociais que nele (no proces-
Em uma união entre gestores e educadores são pen- so avaliativo) podem estar envolvidos.
sadas atitudes que contribuam para a criação de um am- Assim sendo, mais do que prática formalizada a ser
biente que possibilite o crescimento e desenvolvimento incluída no cotidiano docente, a avaliação deve ser com-
das crianças. preendida pela clareza de seus objetivos a fim de enrique-
A trajetória histórica percorrida pelas creches e pré- cer a ação pedagógica. Contudo, Hoffmann (2000, p. 11)
-escolas foi marcada por uma concepção assistencialista de refere-se a uma “excessiva formalização da avaliação”, e
atendimento, nas quais estas eram responsáveis pela guar- menciona que o ato de avaliar, equivocadamente, passa a
da e proteção das crianças. Não havia preocupação prio- “cumprir o duplo objetivo de controlar a ação do professor
ritária com o ato de educar e, portanto, não se mostrava e o comportamento infantil”, revelando-se em práticas que
necessária a prática avaliativa para acompanhar e medir os buscam cumprir apenas uma exigência legal, reduzindo o
cuidados dedicados aos pequenos. Ao longo dos tempos, importante papel da avaliação que passa a desconsiderar o
as famílias passaram a pressionar as instituições infantis verdadeiro cotidiano da criança e a postura pedagógica do
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
professor. A autora traz como exemplo, em seus estudos, o (c) um processo avaliativo permanente de observação, re-
caso da elaboração de fichas comportamentais classificató- gistro e reflexão acerca da ação e do pensamento das crianças,
rias semestrais, instrumento avaliativo pelas quais as crian- de suas diferenças culturais e de desenvolvimento, embasador
ças são classificadas em escalas comparativas, tais como: do repensar do educador sobre o seu fazer pedagógico.
atingiu; não atingiu; muito bom; bom; fraco; etc. Nessa perspectiva, a avaliação se realiza como inves-
Consideramos importante ainda destacar que nesta tigativa e mediadora, e se justifica na relação professor-
concepção de avaliação (que faz uso de fichas classificató- -aluno, assumindo sua real função na esfera educacional.
rias), geralmente os critérios avaliativos são elaborados por Além disso, trata-se de uma atividade que não só perpassa
alguém que não participa do dia a dia da criança, a saber, e justifica a relação professor-aluno, mas envolve todos os
diretores, coordenadores pedagógicos, entre outros pro- atores que fazem parte dos processos de desenvolvimento
fissionais da equipe de gestão cujo objetivo é saber como e aprendizagem da criança (professores, as próprias crian-
tem sido o percurso evolutivo de desenvolvimento da ças relacionando- se entre si, suas famílias e os demais pro-
criança no interior da instituição. Tais fichas são construídas fissionais da escola). A esse respeito, os gestores dos siste-
de tal forma que, não dá margem a discussões e estudos mas de ensino e das instituições têm o importante papel de
sobre o assunto, por não se fundamentar em “concepções prover condições para o encontro entre os profissionais de
de sociedade, de educação, de criança, de trabalho docen- uma mesma instituição e de demais espaços que atendam
te e de desenvolvimento infantil” e por não contribuir para às crianças e suas famílias. Cabe a esses profissionais incen-
o desenvolvimento da criança e reflexão do trabalho do tivar práticas de integração entre os responsáveis pelo ato
professor. A avaliação, neste contexto, se transforma em educativo e as propostas pedagógicas de tais instituições,
“preenchimento de registros sem significado pedagógico”, para que certamente resulte na também integração de tais
mais uma vez para o cumprimento de processos burocráti- propostas a fim de melhor efetivar e avaliar a educação das
cos exigidos pelas instituições. crianças de zero a cinco anos de idade.
O modelo clássico de avaliação supracitado, se retrata como:
[...] cultura classificatória e dualista, que separa os bons INSTRUMENTOS E PRÁTICAS AVALIATIVAS COM
dos maus, afirma o que é certo e o que é errado, julga o CRIANÇAS DE ZERO A CINCO ANOS
outro a partir de valores e juízos pessoais e sociais, sen-
do alguns deles fortemente embebidos em preconceitos. O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil
Assim, a avaliação tem servido como um instrumento de (BRASIL, 1998), afirma que a avaliação deve ser uma prática sis-
controle social, pois produz seletividade e exclusão. temática e contínua, tendo como principal objetivo a melhoria da
A necessidade da existência de uma cultura contrária a ação educativa. Conforme a Lei nº 9.394 que estabelece as Diretri-
lógica classificatória, que conduza os educadores a rever suas zes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 1996), o ato avaliativo
ideias e práticas, e que induza tomada de consciência dos na Educação Infantil, deve ocorrer sem o objetivo de promoção,
pontos fortes e fracos da atuação docente. Este autor não mas com a finalidade de acompanhar o desenvolvimento integral
descarta a importância da documentação e dos registros do da criança, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social.
cotidiano das crianças, mas acredita que tal instrumento deve As referências para realizar processos de avaliação
vir acompanhado de reflexão, como um meio que possibili- devem ser buscadas na própria criança e não em padrões
te ao educador estabelecer maior sintonia entre o trabalho pré-estabelecidos aos quais ela deve corresponder. Dessa
pedagógico e a avaliação, tendo-a como base mediadora de forma, não faz sentido retê-la numa etapa de sua infância
sua ação, ou seja, como um elo significativo entre suas ações sob o argumento de que ela não tenha alcançado determi-
cotidianas e suas reflexões sobre elas, bem como as reflexões nados objetivos escolares. É fundamental destacar que a
sobre as ações e os pensamentos de seus educandos. escolha dos instrumentos e dos objetivos que envolvem o
De tal modo, a avaliação tida como referência pelo ato de avaliar está diretamente ligada com a preocupação
educador para compor suas práticas pedagógicas, deve dos sujeitos que a escola pretende formar. Sendo assim, a
iniciar-se, conforme Hoffmann (2000, p. 28), pela “abertu- avaliação na educação infantil é marcada por diversos âm-
ra do professor ao entendimento das crianças com quem bitos que demandam um olhar multifacetado e diferentes
trabalha, pelo aprofundamento teórico que fundamenta a linguagens. Dentre tantos olhares, partimos da concepção
curiosidade sobre elas, pela postura mediadora, provoca- de criança, que é vista enquanto sujeito histórico social,
tiva e desafiadora”. Para o delineamento de uma avaliação inserida numa cultura a qual ela ajuda a produzir. Nessa
mediadora na Educação Infantil, a autora ainda nos aponta perspectiva, o currículo caracteriza-se pela valorização das
alguns pressupostos básicos: experiências dessa criança e pela incorporação das mesmas
(a) uma proposta pedagógica que vise levar em conta ao cotidiano das creches e pré- escolas. São estabelecidos
a diversidade de interesses e possibilidades de exploração alguns princípios que orientam a construção de instrumen-
do mundo pela criança, respeitando sua própria identidade tos que norteiam o acompanhamento da prática pedagó-
sociocultural, e proporcionando-lhe um ambiente interati- gica, dentre eles: apreensão do currículo de forma dinâmi-
vo, rico em materiais e situações a serem experienciadas; ca, em suas relações com as experiências e os saberes das
(b) um professor curioso e investigador do mundo da crianças e de suas famílias; diferentes formas de registro
criança, agindo como mediador de suas conquistas, no do cotidiano das crianças; inclusão da criança, enquanto
sentido de apoiá-la, acompanhá-la e favorecer-lhe novos sujeito histórico e de direitos, nos processos de acompa-
desafios; nhamento e registro da prática pedagógica.
127
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
A partir dos princípios acima e em consonância, cita- diferentes momentos e vivências das crianças na escola.
mos alguns instrumentos avaliativos que consideramos Além da função de registrar o resultado de tais produções,
como fundamentais ao exercício da docência e ao processo devem levar à reflexão sobre o processo de criação, por
de ensino-aprendizagem das crianças de zero a cinco anos. isso podem conter também fotos e objetos. É importante
São eles: avaliação do planejamento pedagógico; observa- que os portfólios estejam sempre ao alcance das crianças
ção do cotidiano da sala de aula; registros individuais, ela- e sejam retomados frequentemente pelo docente, a fim
borados com e sem a participação das crianças; construção de relembrar atividades já realizadas e provocar um olhar
de portfólios individuais e coletivos por professor e alunos; observador das crianças com relação às suas próprias pro-
e relatório de avaliação geral elaborado pelo docente. duções. As rodas de conversa podem ser uma ótima opor-
A avaliação do planejamento não se faz suficiente ape- tunidade para que as crianças participem da escolha dos
nas para prever o que será feito e definir as intencionali- materiais que irão compor o portfólio e para ver e recordar
dade pedagógicas, mas também para avaliar os resultados o que já foi feito.
do que foi planejado, principalmente no que se refere ao Os portfólios são importantes instrumentos para se-
modo como as crianças acolhem e atendem as propostas. rem compartilhados com as famílias, pois possibilitam uma
Por isso é importante que os professores reservem, em visão de conjunto dos processos vivenciados pela criança.
seus planejamentos, um espaço para registrar as reações No caso dos portfólios coletivos, estes são compostos pe-
das crianças, analisando os pontos positivos e negativos las atividades realizadas em grupo e pelas impressões das
no desenvolvimento das atividades e o que pode ser me- crianças com relação a diferentes situações. Essas impres-
lhorado numa próxima vez. Tais anotações, ao serem com- sões podem ser colhidas pelo professor nas rodas de con-
partilhadas entre os docentes em reuniões pedagógicas, versa e registradas por escrito, ou por meio do desenho.
permitem reflexões que beneficiam a todos. Há ainda os relatórios de avaliação, elaborados pelo
A observação do cotidiano é fundamental já que o dia professor, que podem ser tanto descritivo quanto particu-
a dia das crianças oferecem muitos momentos que exigem lar. Os relatórios de avaliação descritivos são uma estraté-
que o professor exercite sua capacidade para decidir sobre gia para conservar a observação dos docentes e um meio
a melhor maneira de intervir. É interessante observar as-
para refinar esse olhar observador, permitindo um conhe-
pectos como: a chegada da criança escola – se está acom-
cimento cada vez mais aprofundado do grupo de crianças.
panhada ou não pela família; sua reação diante da presen-
Devem captar as diferentes dimensões envolvidas nas
ça de adultos e de outras crianças; suas atitudes ao brincar
experiências das crianças, tais como sentimentos, afetos,
sozinha ou com os companheiros; por quais temas mais se
emoções, movimentos, cognição. Já os relatórios de ava-
interessa; entre outras muitas situações nas quais a criança
liação particulares são registros mais objetivos, que trazem
revela seus conhecimentos prévios e aqueles em que será
aspectos relativos à saúde da criança, históricos médicos,
possível alcançar com a mediação do professor.
telefones de contato com a família, caderneta de vacina-
Daí a importância de se desenvolver um olhar observa-
dor, de investigação, que permita apreender o aluno em toda ção, hábitos alimentares, informações dadas pela família
a sua riqueza e em todas as suas dimensões singulares. que possam ter caráter confidencial. É um instrumento de
Os registros individuais sobre os alunos feitos a partir uso exclusivo do professor, ao qual só ele e a família de-
da observação do educador devem ser mantidos em um vem ter acesso.
caderno no qual contenha fatos relativos a cada uma das As fichas de avaliação do trabalho escolar respondidas
crianças individualmente, tais como: aspectos da vida fami- semestralmente pelos profissionais da equipe pedagógica
liar, comentários que as crianças ou seus pais fazem sobre da escola. Tais fichas são muito frequentes na prática de
acontecimentos de casa; vivências da criança na instituição, avaliação da Educação Infantil e se constituem por tabelas
dentre outros aspectos que se julguem relevantes. e quadros com questões objetivas e quase nenhum es-
Tais registros também ficam muito ricos com a par- paço para observações adicionais. São preenchidas, com
ticipação das crianças no seu processo de elaboração. A anotações de aspectos e características invariáveis sobre
criança, enquanto sujeito ativo na construção de seu co- crianças em idades diferentes, frequentemente com ter-
nhecimento, deve ser tida como parceira em todas as si- mos imprecisos que enfatizam somente as atividades e
tuações de seu cotidiano escolar, inclusive na construção áreas do desenvolvimento das crianças que, muitas vezes,
dos registros de acompanhamento da prática pedagógica. ainda não foram instigadas pelo professor.
Estes pequenos educandos avaliam suas experiências, ex- A avaliação por meio desse instrumento, desde que
pressando-as por meio de múltiplas linguagens: dos ges- esteja vinculado aos demais instrumentos avaliativos, para
tos, da fala, do desenho, da escrita, dentre outras. Atentos que não se reduza ao registro descontextualizado do co-
a essas linguagens, os educadores podem perceber como tidiano das crianças e, consequentemente, do trabalho
as crianças estão atribuindo sentido às suas experiências pedagógico realizado pelo professor e pela instituição. É
dentro e fora da escola, para assim, poderem ajudá-las a se importante lembrar que os instrumentos de avaliação da
conhecerem e estabelecerem nexos entre as várias situa- educação infantil citados no corpo deste trabalho são al-
ções que vivenciam. guns escolhidos dentre tantos outros citados pela literatu-
Outra forma de avaliar, se dá por meio da constru- ra pertinente, que se fôssemos discuti-los e aprofundá-los,
ção de portfólios. Estes se tratam de coleções, individuais certamente passaríamos do limite de páginas solicitadas
ou coletivas, que organizam os materiais produzidos em para a apresentação do presente seminário.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
Mas vale também ressaltar que, em todos eles há uma É importante destacar que o plano é um tipo de planeja-
característica comum: a de que a avaliação deve ser um mento que busca a previsão mais global para as atividades de
processo contínuo e de caráter formativo, que deve partir uma determinada disciplina durante o período do curso (pe-
do professor, orientado pela equipe gestora da instituição, ríodo letivo ou semestral) e que pode sofrer mudanças ao lon-
e contemplar aspectos que lhe permitam conhecer pro- go do período letivo por diversos fatores internos e externos.
fundamente seus alunos e a si mesmo, contribuindo para a Para sua elaboração, os professores precisam conside-
revisão de suas práticas pedagógicas e, consequentemen- rar o conhecimento do mundo, o perfil dos alunos e o pro-
te, para a melhoria da qualidade de ensino no âmbito da jeto pedagógico da instituição, para então tratar de seus
Educação Infantil. elementos que constituem o plano de ensino.
Dessa forma, o plano de ensino inicia com um cabeçalho
para identificar a instituição, curso, disciplina, código da dis-
ciplina, carga horária, dia e horário da aula, nome e contato
PLANO DE ENSINO E PLANO DE AULA; do professor. Logo em seguida, devem vir os seguintes itens:
a) Ementa da disciplina – A ementa deve ser compos-
ta por um parágrafo que declare quais os tópicos que farão
parte do conteúdo da disciplina limitando sua abrangência
Muitos professores na Biblioteconomia ou mesmo em dentro da carga horária ministrada. Deve ser escrita de for-
outros cursos desde o ensino infantil até o superior apre- ma sucinta e objetiva e deve estar de acordo com o projeto
sentam dificuldades e algumas dúvidas ao planejar suas político pedagógico do curso. O professor não pode alterar
aulas, selecionar conteúdos e metodologias, formas de a ementa e uma disciplina sem antes ser aprovada pelo
avaliar os alunos perante a diversidade de estratégias, mas Núcleo Docente Estruturante (NDE) de cada curso.
principalmente pela multiplicidade de caminhos a seguir b) Objetivos da disciplina – De acordo com Gil (2012,
em um contexto tão fluído como Bauman (2003) se refere p. 37) “representam o elemento central do plano e de onde
ao falar da sociedade atual. derivam os demais elementos”. Deve ser redigido em for-
Anastasiou e Alves (2009) explicam que durante muito ma de tópicos devem ser escolhidos entre dois e cinco ob-
tempo as ações dos professores eram organizadas a partir jetivos para se atingir a ementa. Podem ser divididos em
dos planos de ensino que “tinham como centro do pensar objetivo geral e específico. Iniciam com verbos escritos na
docente o ato de ensinar; portanto, a ação docente era voz ativa e são parágrafos curtos apenas indicando a ação
o foco do plano” (2009, p. 64). Atualmente as propostas (não colocar a metodologia). Os objetivos englobam o que
ressaltam a importância da construção de um processo de os alunos deverão conhecer, compreender, analisar e ava-
parceria em sala de aula com o aluno deslocando o foco liar ao longo da disciplina. Por isso devem ser construídos
da ação docente e do ensino para a aprendizagem, ou seja, em forma de frases que iniciam com verbos indicando a
o protagonista para a ser o aluno conforme defendem as ação. Podem ser divididos em objetivo geral e específi-
teorias construtivistas e sociointeracionistas. cos. Exemplos de verbos usados nos objetivos: Conhecer,
Dentro desse contexto, o planejamento assume tama- apontar, criar, identificar, descrever, classificar, definir, re-
nha importância a ponto de se constituir como objeto de conhecer, compreender, concluir, demonstrar, determinar,
teorização e se desenvolve a partir da ação do professor diferenciar, discutir, deduzir, localizar, aplicar, desenvolver,
que envolve: “decidir a cerca dos objetivos a ser alcança- empregar, estruturar, operar, organizar, praticar, selecio-
dos pelos alunos, conteúdo programático adequado para nar, traçar, analisar, comparar, criticar, debater, diferenciar,
o alcance dos objetivos, estratégias e recursos que vai discriminar, investigar, provar, sintetizar, compor, construir,
adotar para facilitar a aprendizagem, critérios de avaliação, documentar, especificar, esquematizar, formular, propor,
etc.” (GIL, 2012, p. 34). reunir, voltar, avaliar, argumentar, contratar, decidir, esco-
O plano de ensino ou programa da disciplina deve lher, estimar, julgar, medir, selecionar.
conter os dados de identificação da disciplina, ementa, c) Conteúdo programático – o conteúdo progra-
objetivos, conteúdo programático, metodologia, avaliação mático deve ser a descrição dos conteúdos elencados na
e bibliografia básica e complementar da disciplina. ementa. É importante esclarecer que o conteúdo progra-
Entretanto, Gandim (1994), Barros (2007?), Gil (2012), mático difere do eixo temático pois o conteúdo progra-
Anastasiou e Alaves (2009) afirmam que não há um mo- mático cobre a totalidade da disciplina e o eixo temático
delo fixo a ser seguido. Devem apresentar uma sequência se aplica a uma parte ou capítulo do conteúdo. Deve estar
coerente e os elementos necessários para o processo de estruturado em seções (ou módulos) detalhando os assun-
ensino e de aprendizagem. tos gerais e específicos que serão abordados ao longo da
Será o plano de ensino que norteará o trabalho do- disciplina contemplados dentro da ementa.
cente e facilitará o desenvolvimento da disciplina pelos d) Metodologia - A metodologia ou estratégias de
alunos. Além disso, ao elaborar o plano de ensino, o pro- aprendizagem como alguns autores denominam, esclare-
fessor deve se questionar: O que eu quero que meu aluno cem “os procedimentos que os professores utilizarão para
aprenda? Para isso, o plano de ensino deve ser norteado facilitar o processo de aprendizagem” (GIL, 2012, p. 38). É
pelo perfil do aluno que o curso vai formar e também de importante destacar quais os recursos, meios, materiais e
acordo com as concepções do projeto pedagógico de um procedimentos que serão adotados ao longo da disciplina
curso. para desenvolvimento das aulas e escolha das estratégias
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
de ensino e de aprendizagem, forma de aula, dinâmicas, Para elaborar o plano de aula, é necessário que seja
etc. Na metodologia deve estar explícito quais as estra- construído o plano de ensino levando em consideração
tégias metodológicas e didáticas serão usadas pelo pro- as suas fases: “preparação e apresentação de objetivos,
fessor para atingir os objetivos propostos na disciplina. conteúdos e tarefas; desenvolvimento da matéria nova;
Vasconcellos (1998), Diaz Bordenave e Pereira (1994), consolidação (fixação de exercícios, recapitulação, siste-
Pilleti (1999), Anastasiou e Alves (2009), Gil (2012) apre- matização); aplicação e avaliação” (LIBÂNEO, 1993, p.241).
sentam várias estratégias e metodologias tais como aula Além disso, o controle do tempo ajuda o professor a se
expositiva-dialogada, mapas conceituais, portfólio, estu- orientar sobre quais etapas ele poderá se detiver mais.
do de texto, dramatização, tempestade cerebral, soluções Com base no plano de ensino, o professor ao prepa-
de problemas, phillips 66, pesquisa de campo, estudo de rar suas aulas, vai organizar um cronograma separando o
caso, seminário, fórum, oficinas, estudos com pesquisa, conteúdo programático em módulos para cada aula con-
estudos dirigidos, visitas orientadas, palestras, seminá- templando atividades e leituras para serem feitas e dis-
rios, discussão de filmes e de livros, encenação, júri si- cutidas em aula ou em casa. Para cada aula, é necessário
mulado, etc. ter um plano de aula para facilitar a sistematização das
e) Avaliação – É importante que o professor dei- atividades e atingir os objetivos propostos.
xe claro no plano de ensino como ocorrerá a avaliação O plano de aula segundo Libâneo (1993) é um instru-
(preferencialmente formativa, sistemática e periódica), mento que sistematiza todos os conhecimentos, ativida-
indicando claramente os critérios usados, pesos, formas des e procedimentos que se pretende realizar numa de-
de avaliação, entre outras informações pertinentes para terminada aula, tendo em vista o que se espera alcançar
que o professor tenha esse instrumento para tomada de como objetivos junto aos alunos.
decisão e o aluno saiba como será avaliado. A avaliação Ele é um detalhamento do plano de curso, devido à
compreende todos os instrumentos e mecanismos que sistematização que faz das unidades deste plano, criando
o professor verificará se os objetivos estão sendo atin- uma situação didática concreta de aula. Para seu melhor
gidos ao longo da disciplina. Dessa forma, deve ser uma aproveitamento, “os professores devem levar em consi-
avaliação processual e registrada constantemente acerca deração as suas fases: preparação e apresentação de ob-
da aprendizagem do aluno com base nas metodologias jetivos, conteúdos e tarefas; desenvolvimento da matéria
propostas que podem verificadas por meio da aplicação nova; consolidação (fixação de exercícios, recapitulação,
de exercícios, provas, atividades individuais e/ou grupais, sistematização); aplicação; avaliação” (LIBÂNEO, 1993,
pesquisas de campo e observação periódicas registrada p.241). Além disso, o controle do tempo ajuda o profes-
em diários de classe. sor a se orientar sobre quais etapas ele poderá se deter
f) Referências – Cabe ao professor indicar fontes mais.
de pesquisa e leitura sobre os conteúdos programáticos
que serão abordados em sala de aula ao longo da disci- Um plano de aula deve conter as seguintes etapas:
plina, sejam trabalhos publicados em anais de eventos, 1 – O tema abordado: o assunto, o conteúdo a ser
ebooks, livros impressos, artigos de revistas, entre outros trabalhado;
que subsidiarão teoricamente o conteúdo programático 2 – Os objetivos gerais a serem alcançados: o que
a ser abordado na disciplina. É importante que o profes- os alunos irão conseguir atingir com esse trabalho; com
sor selecione de três a cinco bibliografias que são básicas o estudo desse tema. Os objetivos específicos: relaciona-
para trabalhar ao longo da disciplina e também escolha dos a cada uma das etapas de desenvolvimento do traba-
outras bibliografias complementares para aprofundar os lho; 3 – As etapas previstas: mais precisamente uma pre-
temas propostos. visão de tempo, onde o professor organiza tudo que for
trabalhado em pequenas etapas; 4 – A metodologia que
O plano de ensino poderá ser alterado ao longo do o professor usará: a forma como irá trabalhar, os recur-
período conforme transcorrer o processo de ensino e sos didáticos que auxiliarão a promover o aprendizado e
aprendizagem. O mesmo difere do plano de aula que a circulação do conhecimento no plano da sala de aula;
será um roteiro para o professor ministrar cada uma das 5 – A avaliação: a forma como o professor irá ava-
aulas elencadas no plano de ensino. liar, se em prova escrita, participação do aluno, trabalhos,
O plano de aula é um instrumento que sistematiza pesquisas, tarefas de casa, etc. 6 – A bibliografia: todo o
todos os conhecimentos, atividades e procedimentos material que o professor utilizou para fazer o seu planeja-
que se pretende realizar numa determinada aula, tendo mento. É importante tê-los em mãos, pois caso os alunos
em vista o que se espera alcançar como objetivos junto precisem ou apresentem interesse, terá como passar as
aos alunos segundo Libâneo (1993). informações.
O plano de aula trata de um detalhamento do plano Cada um desses aspectos irá depender das intenções
de curso/ensino, devido à sistematização que faz das uni- do professor, sendo que este poderá fazer combinados
dades deste plano, criando uma situação didática con- prévios com os alunos, sobre cada um deles.
creta de aula. Gil (2012, p. 39) explica que “o que difere
o plano de ensino do plano de aula é a especificidade
com conteúdos pormenorizados e objetivos mais ope-
racionais”.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
turma - pelo menos uma de cada série - e professoras das formados em saberes a ensinar pelos professores, coleti-
“aulas especializadas” (leitura e recreação). Também ouvi a vamente em associações ou em outras instâncias. O autor
secretária e as merendeiras. denomina essa fase de currículo formal que corresponde
Na pesquisa dos jornais, recolhi não só notícias sobre aos “programas, metodologias e meios de ensino, muitas
a política educacional desenvolvida em Niterói, como en- vezes apresentados através de exemplos e exercícios”. (Per-
trevistas concedidas pela Presidente da FME e pela direto- renoud, 1993, p.25) A segunda fase corresponde ao pro-
ra do Departamento de Educação, e também por pais de cesso em que os saberes a ensinar são transformados em
alunos da escola, por ocasião da construção e fundação da ensinados, o que seria a passagem do currículo formal ao
mesma. real; e a terceira se dá quando os saberes ensinados são
O fato de querer observar o processo de desenvol- adquiridos pelos alunos, o que Perrenoud (1993) assinala
vimento curricular em uma escola, isto é, os espaços ins- como a passagem do currículo real à aprendizagem efetiva
titucionais existentes que levariam ao desenvolvimento dos alunos. Desta forma, o autor diz que “ensinar é, antes
desse processo e verificar como a escola construía pouco a de mais, fabricar artesanalmente os saberes tornando-os
pouco o currículo que se concretizaria no cotidiano escolar, ensináveis, exercitáveis e passíveis de avaliação no quadro
trazia como premissa de que a pesquisa se desenvolvesse de uma turma, de um ano, de um horário, de um sistema
em uma escola que estivesse nesse movimento. Em outras de comunicação e trabalho”. (Perrenoud, 1993, p.25)3
palavras, ao chegar à FME, queria obter informações que Ao citar Viviana Isambert-Jamati4, Forquin (1996,
me levassem a uma escola que tivesse seus profissionais p.192) destaca o pensamento da autora: “os conteúdos
engajados em um projeto pedagógico e mais, que estives- prescritos pelas autoridades - o currículo formal (ou ofi-
sem em consonância com a proposta políticopedagógica cial) - são o produto, ao longo do tempo, de todo um
da FME. trabalho de seleção no interior da cultura acumulada, um
Partindo do pressuposto de que a escola é o espaço trabalho de reorganização, de mudança das delimitações
institucional privilegiado da modernidade que tem por ob- de abalo das hierarquias entre as disciplinas. Quanto aos
jetivo transmitir os valores, as crenças, os hábitos, os co- conhecimentos em via de serem elaborados, os ensinado
nhecimentos produzidos e acumulados pela humanidade, nas escolas?” no Seminário Internacional / A Construção
Forquin busca analisar o processo pelo qual a sociedade, a da Educação Brasileira, promovido pelo Programa de Pós-
escola e os educadores percorrem para selecionar, organi- -graduação da Faculdade de Educação da UFRJ, em 17 de
zar, transmitir e perpetuar essa cultura que fica guardada junho de 1997, no Rio de Janeiro.
e preservada na memória coletiva e na memória escolar. 3 Forquin (1992) ao citar Perrenoud, associa o que o
O currículo é visto por Forquin, nesta perspectiva, autor denomina de curriculum formal ao currículo oficial.
como tudo que é ensinado ou aprendido na escola. Neste Entretanto, Perrenoud (1993, p.25) distingue o curriculum
sentido, o currículo não só se constitui no programa das formal como sendo a primeira fase de transformação, já na
matérias, como também em todo o percurso de formação escola, “dos saberes doutos ou sociais aos saberes a ensi-
na escola dos conteúdos e conhecimentos escolares. Ao nar”.
longo deste percurso, o conceito de currículo não é mais 4 Forquin refere-se à obra: Isambert-Jamati, V. Les
apenas aquilo que estava prescrito no currículo oficial, mas savoirs scolaires: enjeux sociaux des contenus d’enseig-
designa aquilo que é ensinado na sala de aula. 2 O currícu- nement et de leurs réformes. Paris, Éditions Universitaires,
lo significa também o conteúdo latente da escolarização, o p.9-10, 1990. autores de programas, ao menos quando
eles não se atrasam em demasia, transpõem-nos em fun-
2 As anotações sobre a conceituação de currículo do ção principalmente da idéia que eles fazem dos públicos
autor foram retiradas da palestra proferida por Forquin, escolares. Entretanto, as prescrições não podem ser mais
sob o título “O currículo entre o relativismo e o universalis- que indicativas. Todo capítulo de programa presta-se a
mo. Sociedade contemporânea: o que pode ser muitas interpretações. Por isso vemos os docentes, por sua
conjunto de competências ou disposições que se ad- vez, selecionar temas, enfatizar tal ou qual aspecto, apre-
quire na escola e que não estão previstas no currículo ofi- sentar os saberes sob diversos modos. Cada sala de aula
cial. Esse sentido mais abstrato do conceito, um conjunto segue, assim, seu currículo real, o qual, no limite, é diferen-
de disposições que se adquire na escola por familiarização, te dos outros”.
experiência ou por inculcação difusas, chamado de currí- Utilizando-se dessas categorias, Forquin justifica que
culo oculto, somado aos anteriores, completa o que pode- a análise sociológica dos programas escolares deve se es-
ríamos chamar de toda a dimensão cognitiva e cultural da tender mais para o interior da escola e das salas de aula,
escolarização. posto que existe uma diferença entre o que está prescrito
Forquin (1992, 1996) chama a atenção para trabalhos oficialmente e o que é de fato ensinado pelos docentes.
que tratam do que seus autores chamam de currículo real. A estas categorias de análise, gostaria de somar o con-
O autor cita essa categorização de Philippe Perrenoud ceito de “currículo mosaico” utilizado por Feldman (1994),
(1984) e de Viviana Isambert-Jamati (1990). Para Perrenoud para referir-me a um outro aspecto do currículo real. O
(1993), o processo da transposição didática que ocorre nas professor ao selecionar temas, saberes, o faz não só a par-
escolas a fim de que os saberes, culturas e conteúdos se- tir de um referencial programático, como também a partir
jam ensináveis ocorre em três fases de transformação cur- de uma variedade de propostas curriculares que se sobre-
ricular. A primeira acontece quando os saberes são trans- põem ao longo do tempo na escola. Não podemos deixar
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
de considerar que esta seleção também é feita a partir da as fases de elaboração do projeto curricular. Acredita que
própria experiência do professor e de suas convicções e os professores refletindo sobre sua experiência pedagó-
visão de mundo e de escola. gica informam o currículo com o que se constitui uma de
A partir das perspectivas adotadas acima, os profes- suas mais fundamentais fontes, a experiência pedagógica.
sores engajados neste empreendimento cultural em que A consideração das idéias de Coll foi de particular re-
se constitui a educação, passam a ser vistos como sujeitos levância neste estudo, uma vez que a proposta curricular
da e na cultura, mais ainda, como produtores da mesma. oficial da rede de ensino em que se inseria a unidade es-
Portanto, o papel do professor dentro do contexto educa- colar investigada, estava fundamentada na concepção de
tivo toma especial relevância. A premissa de Kramer (1993), currículo e de modelo curricular propostos por Coll.
de que a educação deve ser entendida no âmbito de uma
política cultural junta-se neste ponto às formulações já dis- Os resultados da pesquisa
cutidas por Forquin e introduzem um aspecto de grande Pelos limites que esse texto me impõe, destaco duas
relevância para este estudo: a formação do professor, uma questões mais gerais que contemplam aspectos que se
vez que é ele quem vai em última instância concretizar o apresentaram mais relevantes para este estudo. Refiro-
currículo real e as intenções educativas de todo o sistema -me, em primeiro lugar, ao desenvolvimento curricular na
educacional de dada sociedade. Escola Municipal e suas implicações não só no âmbito da
Para a autora (1993, p.191), “o pano de fundo da prá- própria escola, como também no nível das políticas cur-
tica pedagógica e da formação de professores se coloca riculares. Em segundo, considero as tensões relacionadas
na dimensão cultural, exatamente naquele processo onde com a avaliação continuada no interior da escola e suas
homens e mulheres, adultos e crianças não só estão imer- conseqüências.
sos mas também são sujeitos da cultura.”. Dessa forma, os O estudo constatou que no desenvolvimento do dese-
autores das práticas educativas são os professores e alunos nho curricular base proposto pela FME, a equipe da escola
que estão submersos não só na cultura escolar, como na adota duas posturas distintas: por um lado, “desenvolve”
cultura da sociedade, visto que não se pode pensar uma a proposta curricular das áreas tomando de empréstimo
separada da outra. Ao relacionar a interação de propos- uma proposta pronta, desenvolvida por uma equipe exter-
tas oficiais com as propostas surgidas da prática cotidiana na, de outro Município; por outro lado, a equipe da escola
escolar, é preciso considerar que a escola constituise num desenvolve efetivamente a proposta curricular na dimen-
lugar com cultura própria, onde os conhecimentos selecio- são dos projetos e oficinas. As duas propostas são bem
nados pelos técnicos das secretarias de educação não são ilustradas na fala da supervisora:
simplesmente implantados na escola, mas principalmente,
reinterpretados, reelaborados, transformados e construí- “Nós temos um planejamento que é basicamente o
dos coletivamente no interior da mesma. planejamento da prefeitura do Rio de Janeiro de 88. O que
Há que se considerar que o currículo real que circula eu combinei com as meninas... falei: ‘Olha, a gente pode
no interior da escola tem nos professores os seus principais ficar aqui fazendo o planejamento, mas essas pessoas, são
mediadores e que, portanto, esses não podem estar à mar- pessoas extremamente gabaritadas. (...) Então o pensa-
gem dos “saberes de referência”, socialmente construídos mento é muito parecido com o nosso, que é justamente
na dinâmica social e cultural. A tendência atual aponta que baseado, no ler, escrever e redigir e dominar as quatro
as políticas educacionais mais bem sucedidas consideram operações’. (...)Temos quatro projetos na escola desenvol-
os conhecimentos que os professores já construíram ao vidos a partir de temas que são sugeridos pela Fundação,
longo de sua formação profissional e incorporam novos ou sentidos por nós: o do Trânsito, o da Constituinte Es-
conhecimentos aos já existentes, estabelecendo um diá- colar, que surgiu a partir da elaboração do nosso Plano
logo com os autores da prática pedagógica, utilizando a de Ação, o do Meio-Ambiente e Pintando o Sete. Esses
expressão de Kramer (1993). projetos são desse ano.
A proposição de Forquin de que o professor deve en- Ano que vem podem surgir outras necessidades. (...)
sinar aquilo em que encontra significado, pode ser relacio- Já o projeto Despertar Sentimentos acontece há três anos.
nada com as idéias de Coll, para quem os professores de- Todo ano a gente trabalha com ele e graças a Deus tem
vem tomar decisões sobre todos os elementos do projeto tido sucesso.” caminho para a transformação da Escola”.
curricular numa escola. Partilhando da idéia de que o pro- In: Franco, C. & Kramer, S. Pesquisa e Educação: História,
fessor só ensina aquilo que considera válido ou verdadeiro Escola e Formação de Professores. Rio de Janeiro, Ed. Rival,
para si, parti da premissa de que este deve ter participação pp.214-244, 1997.
efetiva na elaboração curricular. Coll defende a idéia de que O momento em que o currículo formal é transforma-
deva existir um currículo prescrito oficialmente. No entan- do em currículo real, na perspectiva de Perrenoud (1993),
to, ao propor uma concepção aberta e flexível deste currí- pode ser exemplificado, inicialmente, na escola, pelas ati-
culo, delega com sua proposta de modelo curricular, um vidades pensadas, construídas e concretizadas pelo con-
lugar de destaque ao professor e à experiência pedagógi- junto de professores, quando da elaboração dos projetos
ca. Considerando o currículo como um projeto pedagógico e das oficinas. Realizados por todo o conjunto de pro-
a ser elaborado no interior das escolas, explicita a necessi- fessores da escola, os projetos expressam uma dinâmica
dade de todos os profissionais envolvidos com o processo curricular que está em consonância com as postulações
ensino-aprendizagem discutirem e participarem de todas descritas nos documentos da FME.
133
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
Paralelamente aos projetos, a escola elabora o que e este convívio, ora harmonioso, ora conflitante, deve ser
denomina de “currículo básico”. Os projetos, assim como considerado característica inerente ao espaço social esco-
o “currículo básico” da escola, compreendido pelos profes- lar. Em segundo lugar, um desenho curricular base oficial
sores como sendo os programas das áreas das diferentes deve contemplar de forma flexível todos os componentes
séries, orientam os planejamentos dos professores que são curriculares, posto que a escola precisa partir de um re-
concretizados nas salas de aula, formando o que tenho de- ferencial. Isso não retira da escola a sua autonomia para
nominado de currículo real da escola. Desta forma, pode- elaborar um projeto curricular que seja referenciado em
mos concluir que o currículo real é concretizado a partir da seu contexto, isto é, nos valores e necessidades dos seus
interação do currículo oficial da FME, de outras propostas profissionais, dos alunos e suas famílias.
curriculares oficiais, como a proposta da Prefeitura Muni- A postura passiva apresentada pelos professores quan-
cipal de Educação do Rio de Janeiro de 1988, dos projetos do realizavam as reuniões que têm como propósito discutir
originais da escola, permeados pela concepção dos profes- os conteúdos das diferentes áreas, o assim chamado “cur-
sores acerca da educação escolar. rículo básico” na Escola Municipal, deve ser considerada no
Sobre a presença de uma segunda proposta oficial, âmbito das postulações de Kramer (1993). Os professores
que não somente a da Fundação Pública Municipal de precisam se atualizar quanto às discussões mais recentes
Educação de Niterói, ficou claro que, o desenho curricular das diferentes áreas do conhecimento. O professor precisa
base da FME ao não incluir em seu texto de forma mais entender os conhecimentos de que trata na sala de aula,
específica os objetivos e conteúdos das áreas organizados sob o risco de se burocratizar o espaço destinado à discus-
pelas séries, contribui para que outras propostas curricula- são dos conteúdos das áreas constantes do “currículo bási-
res oficiais preencham esta lacuna. Conforme proposto por co” da escola e, consequentemente a não problematização
Coll (1992), para que o desenho curricular base cumpra a dos mesmos.
finalidade de guiar e orientar a elaboração do projeto curri- Levando em consideração a afirmativa anterior, o fato
cular da escola, deve contemplar já nesse primeiro nível de da existência de um currículo oficial mais prescritivo no
concretização todos os componentes do currículo - o quê, que tange ao componente curricular “o quê ensinar” não
como e quando ensinar e avaliar - e possuir uma precisão se constitui em um foco de conflito no interior da escola. As
terminológica que facilite a realização de seu segundo ní- divergências aparecem muito mais relacionadas ao como e
vel no interior da escola. Neste sentido, podemos derivar a quando ensinar e avaliar.
idéia de que, o Desenho Curricular Base da FME expresso Em relação aos projetos construídos no espaço es-
no DocumentoProposta de Currículo e Avaliação (1994), ao colar, entendendo-os como parte integrante do currículo
não especificar detalhadamente os componentes curricu- real da escola, é a partir deles que os professores encon-
lares fez com que, na escola, se buscasse elementos para tram motivação para o desenvolvimento de suas práticas.
a elaboração de seu “currículo básico” em outra proposta Os projetos são partilhados por todos e são uma parte do
oficial. A fala da supervisora, referindo-se à proposta cur- currículo em que a seleção dos conteúdos é feita a par-
ricular do Município de Rio de Janeiro de 1988, de que “ali tir das necessidades de toda a comunidade escolar, sen-
está redigido tudo direitinho”, aponta que para construir do problematizada e que estão em consonância com as
o seu projeto curricular, a escola necessitou, inicialmente, orientações do currículo oficial da rede. Notamos portanto,
estar referenciada em uma proposta já pré-existente. Assi- uma dicotomia entre o que foi chamado “currículo bási-
nala também que há resistência quanto à idéia de um cur- co”, entendido pelos professores como sendo apenas os
rículo aberto. Há, portanto, um aspecto importante a ser programas das áreas de Língua Portuguesa, Matemática,
considerado pelos gestores de políticas educacionais: uma Estudos Sociais e Ciências, e esta dimensão curricular que é
proposta curricular que detalha os conteúdos e objetivos a constituída pelos projetos.
serem trabalhados, encontra espaço no cotidiano escolar. A pesquisa constatou que várias propostas curriculares
Todavia, não só uma, mas as diferentes propostas curricu- circulavam pela escola, fosse na estante da sala dos profes-
lares oficiais que circulam no interior da escola ao longo sores, fosse durante as reuniões, fosse para consulta dos
do tempo vão se superpondo e sofrendo transformações, professores para o seus planejamentos. Mas essas propos-
formando o que Feldman (1994) chama de “currículo mo- tas não eram da escola e sim estavam presentes na escola
saico”. Esse “currículo mosaico” finda por se incorporar ao e ajudavam a compor o currículo real que se concretizava
currículo real da escola. nas salas de aula. Essa constatação leva-nos à categoria de
Os aspectos assinalados acima denotam que, as situa- “Currículo mosaico”, uma configuração que vai sendo feita
ções reais do cotidiano escolar quando comparadas com pelos professores na escola a partir das várias propostas
as situações idealizadas por aqueles que elaboram as pro- curriculares que chegam, seja oficialmente ou não. Cada
postas curriculares oficiais, são muito mais complexas. Essa escola, no seu limite, vai estabelecer um diálogo com as
consideração aponta para algumas questões que devem propostas curriculares que lhe é próprio.
ser contempladas nas formulações de propostas curricula- A escola desenvolve o que chamei de duas dimensões
res oficiais. É preciso, inicialmente, considerar que qualquer de projetos curriculares. Uma, diz respeito ao “currículo bá-
proposta deve ser pensada no âmbito de um cotidiano es- sico”, que inclusive é assim denominado pelos seus profis-
colar real. Por real, devemos entender que os conflitos, as sionais. Esse “currículo básico” compreende a programação
resistências, a imprevisibilidade, os valores pessoais, mui- das áreas de conhecimento, organizada por conteúdos e
tas vezes divergentes, convivem na escola cotidianamente objetivos, seqüenciados nas diferentes séries. Ele é elabo-
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
rado a partir de uma outra proposta curricular que não é a Por um lado, havia uma forte resistência e desconforto
oficial da FME. O “currículo básico” orienta os planejamen- entre os professores pela proposta. Porém, por outro lado,
tos dos professores e se concretiza nas salas de aula. Essa este desconforto não paralisava o grupo de professores da
dimensão, portanto, associa-se a uma visão de educação escola.
que é externa à rede de ensino a qual a escola pertence. Quanto à resistência, os professores ao não estarem
Quando os professores elaboram o “currículo básico” eles convencidos da proposta de avaliação continuada, não a
não problematizam os conteúdos a serem ensinados, da legitimavam como sua. Esse aspecto era cumprido formal-
mesma forma quando discutem os projetos. Isso pode ser mente pelos professores, já que uma exigência da FME.
atribuído ao fato dos professores de uma maneira geral, e Isso gerava desconforto. Coll afirma que a legitimidade de
não me refiro especificamente aos professores da escola, ao uma proposta oficial resulta de um consenso conseguido
fato de não terem uma tradição de trabalho no sentido de através de uma ampla participação dos diversos setores
problematizar os conteúdos selecionados pelas propostas da sociedade, do contrário ela não é incorporada. Porém,
curriculares. Ao construir um “currículo básico” que contem- para este autor, o currículo oficial não pode suplantar a
ple as programações das diferentes áreas, os professores, da responsabilidade e a iniciativa dos professores e por isso
escola, por exemplo, necessitam buscar segurança em uma não pode estar desvinculado da realidade imediata das es-
proposta externa à FME que têm esses aspectos do currículo colas. Quando os professores não incorporam a avaliação
bem especificados e elaborados por especialistas, fazendo continuada como sua e sim da FME, eles não a legitimam e
com que os professores legitimem essa proposta como um isso traz implicações para a prática cotidiana.
referencial para a elaboração de seu “currículo básico”. Esse desconforto e a resistência findavam por gerar na
A outra dimensão de projeto curricular da escola que escola o que Perrenoud denomina de racionalidade des-
já apontei, refere-se aos projetos. Embora, não recebam na viada. O autor afirma que os programas de formação de
escola a denominação de “currículo”, os projetos contem- professores, as propostas político-pedagógicas, os peda-
plam elementos do currículo. E mais, contemplam elemen- gogos, trabalham em cima de um modelo ideal de educa-
tos existentes no currículo oficial da FME, eles entram em ção, trabalham com a idéia de uma racionalidade que nem
consonância com os temas e a metodologia expressa no sempre está presente no cotidiano da escola. Ele aponta
currículo oficial da rede. que a atividade educativa é cheia de contradições, confli-
A terceira dimensão é a da sala de aula. Podemos dizer tos. Assim, muitas vezes na escola, o descontentamento
que o currículo desenvolvido por cada professor em sua com algo, as relações conflituosas, desviam as energias
sala de aula, sofre uma releitura das dimensões apontadas para outros fins que não aqueles a que se destinam reu-
acima e constitui-se no currículo real da escola. Esse aspec- niões, planejamentos, estudos... A insatisfação com a ava-
to refere-se à concretização do currículo. liação continuada atravessava vários momentos na escola
A pesquisa deteu-se mais nos níveis de elaboração que eram destinados a outras tarefas. Assim, as energias
dos currículos da escola e na sua relação com a proposta dos professores voltavam-se para esse tema, criando equí-
curricular oficial. vocos e distorcendo as pautas das reuniões e esse era um
As implicações que a avaliação continuada traz para fator complicador no cotidiano escolar. As propostas curri-
o cotidiano da escola e para as questões curriculares da culares oficiais quando não consideram o realismo do dia a
escola, é o que passo a tratar a seguir. Para falar sobre isso, dia escolar, subestimam, segundo Perrenoud (1993, p.30),
faz-se necessário explicitar um pouco mais qual era a con- “a força da razão prática” e não admitem “que a racionali-
cepção de avaliação continuada na rede de ensino na qual dade é muitas vezes: desviada, ilusória, rebuscada”.
a pesquisa se realizou. Porém, ambiguamente e sadiamente, esse desconfor-
Em Niterói, a época da pesquisa, a avaliação conti- to gerava uma busca de alternativas para se desenvolver o
nuada estendia-se para todo o Ensino Fundamental e tinha trabalho pedagógico na escola.
como premissa trabalhar com a idéia de inclusão do aluno Quanto aos projetos estarem em consonância com
na rede levando em consideração os diferentes ritmos de a proposta oficial e constituíremse em um diferencial de
aprendizagem da cada criança. qualidade para essa escola, gostaria de destacar um pro-
Obviamente que existiam e existem experiências diversi- jeto da escola que de forma bastante interessante relacio-
ficadas de promoção automática em diferentes redes de en- na-se diretamente com a questão da avaliação continuada.
sino no Brasil, porém, em Niterói, nós tínhamos o diferencial O Projeto Agir buscava trabalhar com crianças que
da proposta se estender para todo o Ensino Fundamental. apresentam dificuldades na aquisição dos códigos da lei-
Para compreender as tensões que observava a partir tura e da escrita. Alunos que normalmente seriam reprova-
da problemática da avaliação continuada, fez-se necessá- dos na alfabetização ou 1ª série, participavam desse pro-
rio um estudo mais detalhado acerca dessas diferentes ex- jeto como uma tentativa de inseri-los no contexto de toda
periências, que acabaram redundando em um capítulo da a turma, uma vez que no ano seguinte seriam promovidos
dissertação dedicado a esse tema. para a série seguinte como os demais. O Projeto tornou-se,
Anteriormente, eu apontava no texto as tensões exis- para professores e pais, um diferencial importante para a
tentes na elaboração dos projetos curriculares da escola. qualidade do ensino na escola. Constatou-se, através da
Também ao que se refere à avaliação, existia uma tensão e pesquisa, que um projeto da escola surgiu a partir da exis-
uma ambigüidade. tência da avaliação continuada e passou a ser na escola,
um diferencial também no sentido de estudo e reflexão
135
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
para os professores. O projeto construído coletivamen- de programas e currículos escolares com orientações es-
te durante o processo de desenvolvimento curricular era pecífi cas aos processos de formação docente2. Caparróz
aceito por todos os professores e passou a ser requerido e Bracht3 analisam o tempo e o lugar da didática na Edu-
pelos mesmos como um trabalho a ser desenvolvido, não cação Física e indagam se as produções científi cas e as
só com alunos que tivessem dificuldades na aprendizagem, políticas públicas não estariam atrofi ando as discussões
mas com todos os alunos da escola. Esse projeto passou didáticas e suas implicações para preparação e atuação pe-
a ser incorporado como parte do planejamento curricular dagógica.
da escola, gerando mudanças na organização do tempo e Entretanto, em que pese sua inconteste presença his-
espaço escolares, uma vez que as atividades eram planeja- tórica no cenário educacional, tanto a própria Educação Fí-
das de forma diversificada: os alunos trocavam de sala e de sica como as outras áreas do conhecimento humano não
professor. A equipe técnico-pedagógica da escola também dispõem de uma alocação curricular vitalícia. O próprio di-
atuava junto aos alunos, o que gerava o desenvolvimento namismo da cultura e da sociedade em produzir e dissemi-
de uma maior troca entre os profissionais e acarretava em nar (desigualmente) informação e conhecimento impede
uma maior unidade do grupo. que os currículos, as didáticas e os conteúdos de ensino
O clima de oposição à determinação oficial de avalia- permaneçam estáticos ou imutáveis.
ção continuada e o desconforto existente entre os profes- Se considerarmos que as políticas públicas de currículo
sores fizeram com que a escola criasse mecanismos para e educação se constituem em campos de disputas sociais,
superálos. A escola vivenciava uma prática curricular que é presumível que os diferentes atores que representam as
a impulsionava para a descoberta e elaboração de estra- disciplinas curriculares tenham, invariavelmente, que prota-
tégias que superassem as dificuldades percebidas pelos gonizar uma atualização de seus discursos e práticas para
professores como provenientes da imposição da avaliação lograr um efetivo engajamento no currículo/projeto esco-
continuada. A elaboração do Projeto Agir cumpria essa lar. Dito de outra forma, os representantes dos diferentes
função. componentes curriculares seguirão envidando esforços para
Portanto, a avaliação continuada gerou aspectos sig- justifi car e legitimar suas funções educacionais/simbólicas
nificativos e de alguma forma, a partir da adversidade, rea- no seio do debate das políticas públicas em educação.
lizava o objetivo proposto no desenho curricular base, qual Portanto, a Educação Física está inscrita no quadro
fosse: tratamento das diferenças, trabalho diversificado e contemporâneo do debate nacional. A partir da Lei de Di-
ter a linguagem como eixo norteador, aspectos estes que retrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e do Plano
estavam contemplados no projeto. Nacional de Educação, temos como uma das pautas mais
relevantes para o sistema educacional brasileiro o esta-
belecimento da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Esse processo tem envolvido diferentes segmentos da so-
CURRÍCULO EM EDUCAÇÃO FÍSICA; ciedade e se insere como uma das condicionantes neces-
sárias para elevar os padrões de qualidade dos sistemas de
ensino. Nesse sentido, considerando a complexidade, rele-
vância e vitalidade desse empreendimento, o debate sobre
Na eminência da elaboração e da divulgação da Base a função social dos currículos e dos seus componentes está
Nacional Comum Curricular, temos uma conjuntura mui- posto na agenda nacional e, dessa forma, a Educação Física
to profícua para retornarmos ao tema da relevância social Escolar é tema e demanda constitutiva desse processo.
dos conteúdos escolares e suas implicações para docência Sendo assim, a observância ou a negligência das ques-
em Educação Física no Ensino Básico. Não se insere nas tões didáticas na sua injunção com os currículos e progra-
objetivações desse texto exaurir a temática, todavia, a in- mas para Educação Física Escolar podem, sem dúvidas, fo-
tenção do mesmo fi ca circunscrita em levantar questões e mentar vulnerabilidades
direcionar algumas provocações para alimentar o debate Desenvolvimento ou consistências para o referido
sobre o conhecimento e a especifi cidade do componente componente e seus respectivos agentes. Um processo des-
curricular Educação Física. sa natureza exigirá mais do que um posicionamento for-
Assim sendo, o presente enredo está endereçado aos mal, demandará algum nível de “consensualidade interna/
interlocutores dos campos acadêmico e profi ssional que área” e, consequentemente, uma explicitação sistematiza-
se ocupam do ensino de Educação Física nos diferentes ní- da das intenções, formas e conteúdos escolares por parte
veis de ensino e, sobremaneira, nos processos de formação dos seus representantes. Nesse sentido, posicionamos a
inicial e continuada de professores e professoras. A premis- seguinte questão:
sa é a de que a legitimação de todo ou qualquer compo- Quais aspectos didáticos/curriculares poderiam ser re-
nente curricular se dá a partir da relevância social dos seus conhecidos para efeito de uma adequação e sistematiza-
conteúdos e da consistência desses no interior da dinâmica ção dos conteúdos escolares da Educação Física no Ensino
saberes escolares, didática e currículo1. Básico?
Estudos que discutem o estado da arte e direções fu-
turas em Educação Física Escolar sugerem, enfaticamente, Apontar ou sugerir alguns aspectos didáticos ou meto-
investimentos em pesquisas didáticas para implementação dológicos a serem considerados para uma adequação do
componente curricular Educação Física é, em si, uma tenta-
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
tiva arriscada e não consensual. Essa tarefa tem como pano metros Curriculares Nacionais13 nutridos pelo ideário mo-
de fundo a pré-existência de uma polifonia e polissemia derno, estabelecem como fi nalidades fundamentais para
construídas pelas diferentes linhas teóricas e pedagógicas a educação brasileira a formação para cidadania, a pre-
que constituem a Educação Física brasileira. No entanto, paração para o mundo do trabalho e as condições para
essa multiplicidade de concepções não se ancora sobre as o prosseguimento nos estudos posteriores. Pautadas pelos
mesmas matrizes epistemológicas/políticas que, frequen- princípios da inclusão, da liberdade de pensamento e do res-
temente, se tencionam ou se contradizem mutuamente. peito às diferenças, o sistema de ensino deve se consubstan-
Aqui, como nas demais áreas do conhecimento, esses ciar por meio de programas e currículos onde as intenções
protagonismos concorrem para assumir hegemonias na educativas devem assumir formas e conteúdos estruturados.
educação e, em especial, no currículo escolar. Na Educação Do ponto de vista das especifi cidades, talvez não seja inútil
Física, sobretudo, nas últimas décadas, diferentes paradig- nos debruçarmos como interlocutores de área para respon-
mas, modelos ou abordagens de ensino foram elaborados dermos como a Educação Física contribui com a formação da
e se projetaram no campo educacional. Como exemplos, cidadania, preparação para o mundo do trabalho e formação
temos as perspectivas desenvolvimentista4, Construtivis- ampla e integral dos cidadãos e cidadãs da escola.
ta5, Crítico - Superadora6; Sistêmica7; Antropológica8, Crí- Se o componente é subsistema de um sistema maior,
tica9 dentre outras. Essas elaborações partem de pressu- suas fi nalidades e conteúdos devem estar imbricados e
postos distintos nas suas matrizes teóricas, amiúde, ainda estruturados para essa dinâmica. Muitos diriam que es-
produzem ressonâncias nos programas e currículos escola- ses pressupostos já estão dados. Será mesmo? Ainda no
res e nos processos de formação docente. bojo dessa discussão, um tópico importante diria respeito
Assim sendo, reconhecendo a vitalidade da área a se o conteúdo de ensino da Educação Física estaria sendo
partir da existência de um quadro pujante de teorias pe- orientado pela especifi cidade da cultura escolar. Segundo
dagógicas, interpormos algumas perguntas que julgamos Sacristán e Pérez Gomez14, a função social da escola impli-
fecundas, como por exemplo: como iremos mobilizar o ca num duplo processo de elaboração, ou seja, reprodução
arcabouço teórico produzido na Educação Física (Século e transgressão. Ao trazermos os conteúdos para dentro
XX) para compor os currículos escolares (Século XXI)?; Qual dos “muros” da escola, esses mesmos devem ser subme-
dessas perspectivas pedagógicas deve prevalecer?; Seria tidos a um processo de sistematização e problematização.
razoável supor uma perspectiva teórica/curricular especí- O selecionar, o alocar, o organizar e o distribuir dos temas
fica de Educação Física que fosse capaz de se legitimar pe- de ensino são, indiscutivelmente, passíveis de uma trans-
rante a diversidade cultural (desigualdade) da escola bra- formação didática que, nesse sentido, exige problemati-
sileira?; Seria admissível uma síntese didática e metodoló- zações. Todos os conteúdos que justifi cam as disciplinas
gica?; Ecletismo teórico/prático?; O componente curricular escolares existem inicialmente fora da instituição escolar
Educação Física se sustentará sem uma confi guração mais (cultura) e, quando adentram, recebem um incremento di-
prescritiva e sistematizada no atual cenário (Base Nacional dático e metodológico (cultura escolar).
Comum Curricular) de poderes instáveis - incertos - do cur- No tocante à questão anterior, recorrentemente se faz
rículo10? Embora relevantes, esses questionamentos ultra- diferenciações entre a dança da escola com a dança na es-
passam as pretensões desse ensaio. São provocações para cola; o esporte da escola e o esporte na escola. Quando a
serem compartilhadas entre os atores sociais da Educação dança ou esporte, por exemplo, se inscrevem como objetos
Física Escolar. da educação formal, quais são as maneiras de se explorar
Diante de uma tarefa tão desafi adora e necessária, os conceitos, fatos, procedimentos, atitudes e valores nos
adicionamos alguns aspectos, dentre muitos, que são im- diferentes ciclos de aprendizagem? Essas questões relati-
portantes para a restauração do debate didático e que, no vas aos tipos de conhecimento e suas justificativas estão
nosso entendimento, são esquecidos ou negligenciados consistentemente postas nos currículos ou abordagens
para efeito de adequação das confi gurações curriculares de ensino15? É uma questão superada? Se ensina a jogar,
(propositivas e sistematizadas) na Educação Física, ou seja: dançar e lutar na escola? Se ensina as implicações sociais,
a) especifi cidade da escolarização; b) especifi cidade dos políticas, biológicas, fi losófi cas, estéticas do jogo, da dan-
níveis escolares; c) especifi cidade do componente curricu- ça e do esporte na escola? O que difere um jogo dentro ou
lar. Propor uma atenção especial, não exclusiva, no “diálo- fora dos domínios da escola... e dentro ou fora da aula de
go” ou “entrecruzamento” das referidas especifi cidades é Educação Física?
sugerir que as transformações didáticas e pedagógicas dos Prosseguindo nessa linha arguidora perguntamos: as
conteúdos escolares pressupõem a consideração de uma brincadeiras populares “amarelinha”, “pega-pega” ou “es-
visão sistêmica na busca de identidade, pertinência e sus- conde-esconde”, que incrementos recebem por dentro dos
tentabilidade curricular. muros da escola e da Educação Física que a diferem de
uma atividade meramente recreativa? O simples fato de
Retomando a questão da especifi cidade da esco- trazermos outras manifestações das culturas “marginaliza-
larização das” e/ou “não hegemônicas” implicam, necessariamente,
A Educação Física Escolar é um subsistema do sistema ampliação de conhecimento e consciência crítica? Talvez os
educacional e, como tal, mantém relações com a própria conceitos de sistematização e problematização dos sabe-
organicidade da educação brasileira. A Constituição Bra- res escolares devam retornar à pauta da refl exão didática
sileira11, Lei de Diretrizes e Bases Nacional12 e os Parâ- e curricular.
137
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
Sistematizar e problematizar são processos típicos do Para tanto, é imprescindível que cada área ou docen-
fazer escolar e, portanto, merecem reconsideração para te tenha a compreensão da sua especifi cidade de forma
não fi carem sucumbidos num jogo semântico inócuo ou a se situar no diálogo curricular. A falta de clareza limita
se assentar na luminosidade dos slogans da retórica pe- a participação na esfera do trabalho coletivo o quê, por
dagógica. A efi cácia do subsistema Educação Física deve sua vez, cria uma situação de vulnerabilidade disciplinar
ser mediada e reavaliada na sua interação com a especifi e.... docente. O signifi cado do componente tem sua va-
cidade da educação escolarizada, pois essa é premissa da lidade contestada na medida que o seu objeto não tem
sua inserção nesse contexto. Temos observado, por vezes, sua relação efi cazmente demonstrada na relação teoria/
a simples reprodução da cultura corporal não escolar na prática com as demais. Tomando os desafi os educacio-
cultura escolar. Qual é o sentido, então, da sistematização e nais contemporâneos, todo esforço da cultura escolar têm
problematização no âmbito da Educação Física como com- sido em encontrar estratégias e meios para superar a não
ponente ou dispositivo curricular? aprendizagem e a aprendizagem mecânica na perspectiva
de alcançar aprendizagens signifi cativas e relevantes. Os
Retomando a especifi cidade dos níveis de ensino componentes que não comportarem uma práxis consisten-
Outra questão possível de ser considerada diz respeito te, não forjarão ou manterão adequadamente seus lugares
à relação do componente curricular com a especifi cidade nos “territórios curriculares”. Ainda que a Educação Física
dos níveis de escolarização. Nesse momento, as perguntas Escolar advogue a “cultura corporal” ou o “se-movimentar”
mobilizadoras do nosso itinerário refl exivo são: como identidade/especifi cidade, talvez essas imagens, va-
1) Como a Educação Física se relaciona com os obje- lores ou conceitos não sejam sufi cientes para o currículo.
tivos específi cos da Educação Infantil, Ensino Fundamental Retomando a questão da especifi cidade da área
I, Ensino Fundamental II e Ensino Médio?; A presença dos componentes curriculares se justifi ca
2) Como essa disciplina “dialoga” com as outras dis- a partir da relevância social das intenções e dos seus con-
ciplinas de modo a lograr com efi cácia os objetivos do teúdos culturais que comportam. A pergunta feita pelos
nível de escolarização e, dessa forma, ajudar o atendimento interlocutores da área se “temos o que ensinar” ainda tem
dos quesitos mais amplos do Ensino Básico?; sua validade no atual contexto. Mariz de Oliveira16 lançou
3) Como a Educação Física no Ensino Fundamental uma provocação no início dos anos noventa do século pas-
relaciona seus temas com o ler, escrever, interpretar, calcu- sado, perguntando se a área poderia ser comparada a um
lar, conhecimento da realidade social e política da vida dos “castelo de areia”, uma vez que nossos esforços não seriam
educandos?; fortes o sufi ciente para clarifi car nosso objeto de ensino
4) Como a Educação Física estabelece interfaces com nas escolas e, dessa forma, ser vulnerável aos movimentos
os objetivos gerais do Ensino Médio, na perspectiva do das “marés” (desmanchando completamente).
desenvolvimento integral do adolescente, do pensamento A Educação Física Escolar a partir do conceito de cul-
crítico, da conduta ética, da valorização das ciências, das tura proveniente das Ciências Humanas ampliou seus hori-
artes e da literatura? zontes sob o ideário da “Cultura Corporal”. Sobre esse úl-
Comumente, observamos que as justifi cativas de in- timo, são diversos os seus entendimentos e aplicações. To-
teração do componente com o nível escolar se apoiam em davia, vem sendo processada uma apropriação progressiva
alusões genéricas de algumas características de crescimen- de objetos e temas do patrimônio cultural como o Esporte,
to e desenvolvimento da infância e da adolescência. Espe- a Dança, o Jogo, a Luta, a Ginástica, o Circo e os conheci-
cifi camente sobre essas últimas, a consistência entre teoria mentos sobre corpo.
e prática em relação à especifi cidade do objeto de ensino/ A utilização da letra maiúscula para designar essas ma-
aprendizagem da Educação Física tem sido moldada por nifestações culturais se dá no sentido do reconhecimento
uma artifi cial e precária retórica educativa. Os objetivos dessas como instituições históricas e sociais singulares e
gerais do nível de ensino e a interação epistemológica dos diferenciadas da Educação Física. A instituição Educação
componentes curriculares são pouco levados em conta. Física vem se apropriando historicamente e fazendo “re-
Os níveis de escolarização podem ser vistos como contex- cortes” desses conteúdos ou objetivações socioculturais
tos socioculturais dinâmicos que demandam interfaces e para ajustar às suas demandas acadêmicas e profi ssionais.
comunicações entre seus elementos constitutivos. Cabe Assim sendo, da perspectiva da Educação Física Escolar,
numa determinada visão, construir relações de sentidos os horizontes do componente se alargaram amplamente
nos eixos verticais e horizontais do currículo. a partir da “riqueza” do objeto impondo desafi os tanto
Tecer continuamente as “pontes” entre os objetivos para o currículo do Ensino Básico quanto para as forma-
específi cos da disciplina com os objetivos gerais do nível ções inicial e continuada de professores e professoras de
de escolaridade é uma demanda para todos os docentes Educação Física.
e áreas do conhecimento escolar. Essas interfaces e inter- Exemplifi cando a questão anterior, temos diante dos
dependências são fatores indispensáveis nos processos de professores e professoras de Educação Física a incumbên-
justifi cação e legitimação dos componentes curriculares. A cia de produzir um trato pedagógico de objetivações cul-
transversalidade tão requerida entre os campos do saber turais que incluem danças, lutas, jogos, brincadeiras, ativi-
representados no projeto cultural escolar exige, sem dúvi- dades circenses, modalidades esportivas, conhecimentos e
das, uma percepção sistêmica dos componentes curricula- cuidados sobre o corpo, ou seja, um espectro plural e in-
res no âmbito mais amplo do projeto político-pedagógico. comensurável de manifestações antropológicas e culturais.
138
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
Essa magnitude impõe um problema, ou seja, quais são os das abordagens ou perspectivas de ensino da Educação
critérios para selecionar o que ensinar, para quem ensinar, Física Escolar, cremos que em virtude das mesmas se cir-
quando ensinar, como ensinar etc. Quais fatos, conceitos, cunscreverem como proposições não sistematizadas ou de
procedimentos, valores e atitudes devem ser prioritários sistematização discutível, nos parece razoável como traba-
do ponto de vista da especifi cidade da Educação Física. lho vindouro e oportuno, o regate das teorias de currículo
Como avaliar esses conhecimentos? O que se enfatiza ou e do próprio campo didático. Nossa aposta é que o atual
se omite na perspectiva curricular17? De forma mais dire- contexto de discussão do currículo nacional é mais uma
ta, perguntamos: o que, o quanto e como sobre Cultura oportunidade, não uma certeza, de avanço e evolução. Se
Corporal? A amplidão da Cultura Corporal e/ou da Cultura as questões acima se constituem em falsos problemas ou
de Movimento nos remete para uma árdua tarefa de pon- dilemas, a Educação Física e seus atores o dirão!
tuar (eleger) os critérios de validação dos conhecimentos
a serem elaborados pelos saberes docentes e discentes. A
quem fi ca reservada essa tarefa ao fi nal das contas? Esses
critérios são unívocos do ponto de vista das concepções de EDUCAÇÃO FÍSICA E CULTURA.
ensino vigentes na área? Temos dúvidas.
Portanto, as questões relativas à distribuição, à sequen-
ciação, à dosagem e o mapeamento curricular dos objeti-
vos, conteúdos e métodos de ensino não são banalidades
ou temas anacrônicos. Licenciandos e licenciados clamam Cultura corporal e Educação Física
por uma proposição mais clara desses quesitos por con-
siderá-los elementos fundamentais de profissionalidade O significado atribuído à cultura é o ponto de partida
de suporte ao trabalho docente. O conceito de autonomia para as discussões que circulam nesse texto, é ele que dá
docente deve ser reconsiderado, ou melhor, resgatado do subsídios para as discussões sobre as formas de manifes-
senso comum pedagógico, uma vez tações culturais que estão relacionadas ao “corpo”. Formas
que são absorvidas ativamente, recebendo um sentido, um
Recolocar a didática no debate sobre as especifi cida- significado no próprio processo de recepção e, portanto, vão
des do currículo é tarefa permanente em toda e qualquer adotando significados diferentes em sociedades distintas.
política ou prática educativa. Discutir os critérios de orga- Obviamente que a priori, estas formas e significados
nização das fi nalidades, objetos e meios de ensino é fun- não se tornam inteligíveis a todos os atores que fazem par-
damental para a concretização dos propósitos da educação te desse contexto. Decifrá-las, portanto, é uma das tarefas
escolar por meio dos seus componentes. O campo de es- a ser cumprida pelos professores, uma vez que o compor-
tudos do currículo é polimorfo e sempre será um território tamento das pessoas também é “condicionado”, em gran-
de não neutralidades, de disputas sociais e de relatividade de parte, pelas regras sociais estabelecidas culturalmente.
histórica e cultural. Em suma, um ponto de encontro de Regras estas construídas com base num significado simbó-
diferentes lógicas. lico que toma forma aos poucos.
No entanto, não coube nessa “heresia” dissertativa De acordo com essa idéia, pode-se afirmar que o
propor qualquer inovação didática, que a não instrumenta- processo cultural delimita, em grande parte, como as pes-
lização crítica e refl exiva dessas demandas não conferem soas escolherão suas formas de manifestarem-se nas mais
empoderamento docente e discente e, por sua vez, se tor- diversas situações, inclusive, em relação às questões liga-
na num recurso de linguagem esvaziado de sentido. das ao seu corpo.
A Educação Física Escolar tem sua trajetória marcada É inegável a existência de conjuntos de motivações
por ensaios propositivos não consistentemente sistemati- orgânicas, que conduzem os seres humanos a determina-
zados do ponto de vista dos conteúdos. Importante desta- dos tipos de comportamento. Mas o autor alerta que, a
car que outros componentes curriculares se assemelham cada uma dessas motivações biológicas, a cultura atribui
nessa condição. Adiantamos que não ignoramos que as uma significação especial, em função da qual assumirá de-
práticas educativas, sejam elas formais ou informais, apon- terminadas atitudes e desprezarão outras.
tam para uma concepção de sociedade, ser humano, cultu- Percebe-se, como conseqüência disso, que não há
ra, conhecimento, escola e processo ensino-aprendizagem, comportamento que não passe pela influência cultural e
A prática educativa é radicalmente política nas suas inten- é sobre a égide dessa influência que os corpos também
cionalidades, meios, efeitos, juízos de valor e teleologias são formados. O ser humano modifica constantemente seu
pedagógicas18. corpo, sem se dar conta da importância e da ligação entre
Contudo, insistimos que não se trata de uma proposta essa necessidade e o resto de suas relações sociais.
de restauração de um “didatismo tecnicista” ou “conteúdis- Um entendimento parecido a esse quando o autor
ta” e, sim, de considerar que a perda de uma visão sistêmi- afirma que o homem, por meio do seu corpo, pode assi-
ca associada a uma negligência ou absenteísmo didático/ milar e se apropriar “[...] dos valores, normas e costumes
curricular comprometem, signifi cativamente, a efi cácia, sociais, num processo de incorporação [...]”. Essa incorpo-
a valoração e a percepção de pertinência do componen- ração nada mais é do que o processo pelo qual os seres
te curricular Educação Física e da sua respectiva docência. humanos passam a internalizar em seus corpos os valores
metodológica ou curricular. Mesmo admitindo o legado sociais que estão contidos na sociedade.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
Obviamente que se o corpo passa a ser compreen- cada pessoa irá servir-se de seus corpos por intermé-
dido no que diz respeito ao seu “desenvolvimento”, numa dio de técnicas adquiridas ao longo de sua existência
perspectiva cultural, que a cultura deve ser entendida e transmitidas pela sociedade em que estão inseridas.
como um dos principais conceitos para a Educação Física. Observar o trabalho realizado pela área com essa
Entretanto, o autor acrescenta que quando se assume essa lente nos permite afirmar que é necessário garantir aos alu-
postura, ou seja, de que a Educação Física deve ter uma nos o ensino dos jogos, das lutas, da dança, da ginástica e
atuação eminentemente cultural, “[...] há que se considerar, outras manifestações culturais do movimento humano de
primeiro, a história, a origem e o local daquele grupo es- uma forma contextualizada, possibilitando a eles, a aquisi-
pecífico e, depois, suas representações sociais, emoldura- ção de um olhar crítico sobre as informações que lhes são
das pelas suas necessidades, seus valores e seus interesses” transmitidas. Sendo assim, a compreensão do que fazemos
Nota-se pelas discussões realizadas até o momento, que o com o nosso corpo poderá ser resignificada e, percebida
corpo não foge as influências culturais, que ele é o meio dentro de um contexto que pode ser lido como a cultura
de expressão fundamental do ser humano, sendo assim, o pode.
não há possibilidade de existência de uma dimensão física Ao longo do texto afirmamos que a Educação Física
isolada da sua totalidade. deve ter uma atuação eminentemente cultural e que para
Outro autor importante para essa discussão sobre a isso ocorrer ela necessita penetrar no universo das repre-
influência da cultura no modo como agimos, e, principal- sentações sociais. Com isso, estamos reconhecendo que a
mente, como agimos em relação ao nosso corpo. No texto Educação Física é uma representação do social, “porque é
escrito no início do século XX, no qual o autor aborda o o produto de uma prática simbólica que se transforma em
que chama de técnicas corporais, ele acaba por considerar outras representações”.
a ação humana como sendo também um ato social, que Nessa linha de raciocínio podemos vislumbrar as au-
ocorre dentro de uma configuração dada pelo meio em las de Educação Física dentro de um contexto, que carrega
que o homem vive. Sendo assim, a técnica que utilizamos consigo as questões de uma data época e de uma determi-
para determinadas ações não é influenciada exclusiva- nada sociedade, fazendo com que a atuação dos professo-
mente pelo desenvolvimento biológico, como se pensou res esteja umedecida dessas questões. Portanto, falar das
durante muito tempo, existe nela toda uma gama de de- aulas é falar das pessoas que estão envolvidas nesse coti-
terminantes culturais, o que nos leva a afirmar que ela é diano, professores, alunos etc. Além disso, a forma como os
eminentemente simbólica. Ao falar de cada uma das técni- alunos vêem o seu corpo e a relação deste com as práticas
cas o autor procura indicar as influências culturais que elas corporais, passa por questões que transcendem a quadra,
sofrem, e como elas podem ser transformadas. questões, sobretudo, de ordem cultural.
Com essa afirmação inferimos que, se por um lado o Após essa breve discussão, da influência dos aspec-
desenvolvimento humano pode ser semelhante em alguns tos culturais sobre o que fazemos e como enxergarmos o
aspectos, por outro, a maneira com que ele se desenvolve nosso corpo e a relação disso com as aulas de Educação
provavelmente será diferente em virtude de vários fatores Física, é um equívoco continuar a imaginar o ser humano
determinantes, entre eles, os condicionantes socioculturais. dividido em biológico, social, cultural, psicológico. Todos
Outros autores ao se debruçarem sobre essa questão esses fatores formam o que chama de “homem total”, pois,
propõem uma mudança na forma de olhar dos que atuam para ele, o homem é ao mesmo biológico, social, cultural
com a Educação Física. Segundo eles o professor precisa e psicológico.
fazer com que aluno entenda que o homem não nasceu A “concepção sintética de ser humano”. Segundo ele,
pulando, saltando, arremessando, balançando, jogando existe uma interação indivisível entre os aspectos citados
etc. Todas essas atividades corporais foram construídas em acima, fatores esses que ao mesmo tempo em que influen-
determinadas épocas históricas, como respostas a deter- ciam, possibilitam a influência por parte da sociedade onde
minados estímulos, ou desafios, ou necessidades humanas. vivemos, produzindo, desse modo, uma constante modi-
Essa percepção dos autores reforça a necessidade de ficação do que chamamos de cultura. Isso ocorre muitas
se compreender que o ser humano é mais do que um ser vezes sem que tenhamos consciência.
determinado biologicamente, uma vez que, ele é fruto da Neste contexto, percebe-se que, mais do que uma
cultura em que vive. conseqüência biológica, a cultura é fundamental para a
A contribuição das discussões sobre as questões cul- “evolução” do ser humano, pois toda ação humana é con-
turais são fundamentais para a Educação Física, e isso está siderada um ato social que obtém significados diferentes
justamente na possibilidade de propiciar uma mudança dependendo da sociedade em que ocorre.
no seu olhar sobre o corpo para, conseqüentemente, não As aulas de Educação Física devem superar o ensino,
observá-lo mais como um amontoado de ossos, músculos, apenas, das modalidades e técnicas esportivas e, principal-
articulações, nervos e células. mente, o ensinar por ensinar. Os professores devem estar
A visão de um corpo essencialmente biológico atentos aos interesses dos alunos, reconhecendo e respei-
afasta a área de uma compreensão ampla do ser huma- tando o aporte cultural de cada um, garantindo com isso, o
no, da compreensão de que são os significados atribuí- ensino contextualizado das manifestações relativas a cultu-
dos pela sociedade que definem o que é corpo e como ra de movimento, possibilitando dessa forma, com que os
ele age nas mais diferentes situações. Tal visão é ex- alunos adquiram um senso crítico em relação a como são
plicitada por Mauss (1974) quando o autor afirma que transmitidas tais atividades
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
É importante que as crianças se expressem ludicamen- um nível de concepção que mais nos aproxima da natureza
te deixando aflorar sua criatividade, frustrações, sonhos e do corpo e do movimento pela sua linguagem. Entenden-
fantasias, para aprender agir e lidar com seus pensamentos do assim, que, há muito mais conteúdo filosófico, histó-
e sentimentos de forma espontânea. No entanto, a ludi- rico, sociológico, psicológico, artístico e científico do que
cidade não é apenas entretenimento, ou um brincar por possamos imaginar. A natureza da prática nos reserva um
brincar é algo que deve ser trabalhado pelo educador. direito adquirido por força da relação corpo, motricidade e
Um desenvolvimento harmônico, lúdico, que inclui linguagem. Tal é essa relação, que hoje poderíamos dizer
aprender a ouvir opiniões diferentes e a contra-argumen- que, por educação física entende-se como uma metáfo-
tar, estabelecendo comparações objetivas entre várias ma- ra, uma meta linguagem, talvez. O que nos dá referência
neiras de se compreender um mesmo fato, pouco a pouco para obter, não relações simplistas com as infinitas catego-
vai contribuir para tornar a criança apta a um intercambio, rias de ginástica, esporte, dança, atividades lúdicas, enfim,
real com os outros, favorecendo a troca de experiências, entre outras dinâmicas das práticas corporais. É com essa
por estar baseada na cooperação e na reciprocidade. premissa que podemos afirmar que por educação física en-
Rompendo com a aceitação passiva de idéias ou su- tende-se uma cultura que se firma como força e conceito, e
gestões mal compreendidas, a criança que desenvolve a destes fenômenos nos garante um espaço dentro da teoria
ludicidade entra em contato com uma forma mais ampla do conhecimento no qual podemos fazer valer o espaço
de linguagem, passa a ser sujeito ativo de suas ações e as antropológico que ocupamos ao longo das civilizações as
defende nas conversas com os adultos. Assim, o seu “mun- quais sempre se fizeram tendo o corpo humano um tema
do lógico” passa a ser transformado de acordo com suas de discussão, uma ferramenta de intervenção no meio e no
vivências. mundo natural, e hoje, fonte de reflexão para a formação
O “fazer” é um dos critérios essenciais para orientar as humana na sua totalidade de sentido.
condutas do professor frente às crianças. Sendo assim, o Ao logo da história, na qual a Educação Física res-
que realmente importa é criar o maior número de situações ponda por uma boa parte do conteúdo aplicado quando
que promovam o desenvolvimento de habilidades variadas ao uso do corpo e do movimento, o qual se fez conjugar
com o objetivo de alcançar um maior aprendizado. uma categoria prática especial. Isso permitiu trazer à luz
As crianças devem sentir-se sempre capazes de exerci- da cultura geral, conceitos consagrados, e que hoje, vemos
tar o que foi proposto. O progresso dos movimentos e das como fundamento de uma nova era na capacidade huma-
habilidades deve ser de qualidade crescente, superando na de transformar capacidade física em capacidade huma-
obstáculos e aspirando a novos desafios. Esse progresso na no seu sentido mais amplo e rigoroso. Tal como po-
repercute nos demais movimentos e possibilita a introdu- demos discutir com qualquer outra área do conhecimento
ção de outras e mais complexas atividades. a relação entre prática e teoria. Dessa forma, aqui nesse
Para tanto, o professor deve compreender a impor- contexto, devemos até rever a praticidade como referente
tância das tentativas desenvolvidas com atividades lúdicas da teorização e não o contrário comumente aceito. É por
que conduzem ao desenvolvimento do raciocínio. Deve essa razão que devemos repensar todo projeto conceitual
aprender a respeitar a criança e valorizar cada descoberta que levou a categoria de uma cultura da prática, esta como
que venha a fazer em sua vida escolar. O respeito pelas vá- uma linguagem nova e com força de sentido.
rias etapas deste desenvolvimento constitui uma conduta No conteúdo da educação física, embora marcado pelo
que, uma vez refletida, transcendem quaisquer que sejam indicativo da escolarização, já vem ocorrendo o discurso
as características do meio imediato. O que realmente in- de prática cultural. Com forte tendência de confirmação de
teressa é atribuir a cada criança o papel de sujeito ativo uma cultura da prática, vemos obras já consideradas como
na construção de formas cada vez mais aprimoradas de clássicas numa cultura da Educação Física. Como a de que
conhecimento, pois somente o indivíduo ativo é capaz de o faz do ponto de vista da sociologia das práticas corporais
atuar frente às pressões sociais, compreendendo-as para e da investigação das relações do homem com a cultura
transformá-las. Texto adaptado de LUNARO B. A do corpo e das práticas corporais. Assim como fez, ao for-
necer sustentação teórica para conduzir a educação física
como exercício de sociabilização e cidadania, como cultura
do corpo na escola. Também nos oferece outra história da
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA. educação física, aquela que foge dos relatos descritivos e
nos leva à reflexão sobre qual educação física nós estamos
praticando. Ou ainda, que partilham da mesma visão his-
tórica de um projeto cultural para a educação física que
Quando dizemos educação física, a palavra sugere de permite ao homem conferir à prática, o sentido de ativida-
imediato uma concepção de prática pela própria nomen- de de formação humana voltada para um mundo aberto
clatura e terminologia. Entretanto, já há alguns anos, o de significados. Formadores de opinião concreta sobre a
conceito de educação física se vincula com uma idéia de ética, nos indicam caminhos éticos para dar embasamento
motricidade e, sobretudo, uma condição da e uma cultura à competência profissional nos procedimentos que regem
sobre a prática de atividades físicas e exercícios, sem que, o uso do corpo e da motricidade como fenômenos da cul-
seja exigida qualquer outra análise paralela. O alcance da tura da prática. Nos dá instrumentos de reflexão sobre um
terminologia, por força de uma cultura da prática, alcança conceito de prática que nos leva ao materialismo histórico
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
dialético, e colocam o olhar histórico como forma de trans- Em cada um dos movimentos ginásticos do século
formação social e política. Vemos mudanças de paradig- XIX, o corpo em movimento, as atividades físicas, o exer-
mas, possibilidades reais, as quais trazem para a educação cício físico, as práticas corporais, e qualquer outra mani-
física um corpo de conhecimento, não mais como apêndi- festação deste gênero são compreendidos como atos do
ces científicos, mas como identificação de campo teórico organismo humano em busca da vida. Esses movimentos
possível. E porque não dizer, cuja obra se apresenta como se transformaram em espetáculos ginásticos plurifacetados
um conjunto extenso de reflexões sobre pensadores do que reinavam como projetos pedagógicos e profiláticos
corpo em uma linguagem cuja referência é mais que um nas escolas, institutos, campos esportivos e nos quartéis.
sinal da necessidade de reflexão filosófico sobre a corpo- Em princípio, podem ser descritos como Movimentos Gi-
reidade, motricidade e linguagem vistos com os olhares da násticos regionais, originários da necessidade de organi-
filosofia. É nesse caminho que percebemos novo campo zação pedagógica do movimento humano, como manifes-
de pesquisa aberto: cada autor com concepções filosófi- tações de natureza artística, rítmica, pedagógica, técnica e
ca e científica diferenciadas, porém redefinindo o trajeto científica. Essas tarefas se formalizaram como uma espécie
intelectual de uma cultura emergente sobre a educação de atividade física conduzida pelos pedagogos ou pelos
física. Não seria pretensão aproximarmos nossos autores médicos.
a uma condição de produtores de um conhecimento sobre Na dimensão em que as escolas ou institutos se
Educação Física, mesmo porque, veremos, que a amplitude organizavam, pareceu existir diferença entre os termos
desse conhecimento e suas abordagens nos deixam próxi- educar, treinar, ensinar técnicas corporais e motoras para
mos de obras e autores de outras áreas sem nenhum des- todas as idades e classes. Curiosamente, assim como hoje,
prestígio intelectual teórico – pratico. o movimento humano não se delimita por diferenciações
de ordem metodológica - ou, como dizem os professores
Educação física e seu sentido ao longo da história tradicionais, métodos de ginástica -, mas, sim pela referên-
cia ao conceito de “fazer exercício é mexer os músculos”.
As fontes históricas que indicam formas de inves- Essa afirmação levou atletas, ginastas, atores ou bailarinos
tigar o homem tomam o tempo como o eixo central da a entenderem que no ato de mexer os músculos constata-
suas referências, em todas as áreas de conhecimento, cada -se que todo mover corporal é humano e necessário.
qual com suas estratégias para encontrar caminhos abertos Com base nessa constatação e nos diferentes ter-
flexíveis para obter respostas para as múltiplas indagações mos predominantes De GENST descreve as escolas e seus
sobre a condição humana. protagonistas. O esporte, a dança e formação de caráter. A
A história, como a compreendemos aqui, no sentido escola alemã e austríaca, inicia a conceituação da ginástica
do senso comum, apenas trata de relatar o que foi a edu- como processo de higienização, saúde, sem deixar escapar a
cação física em diferentes épocas, cada qual com seu refe- intuição de filtro étnico e o espírito guerreiro. A escola sue-
rencial educativo, vinculado às concepções de época, sua ca cria e enfatiza os movimentos conduzidos e a formação
natureza sócio-política, filosófica e econômica. Assim, pode- postural e estética, caracterizando o rendimento humano no
mos compreender um relato histórico e nele firmar nossas sentido orgânico mais profundo. A escola francesa, com a
convicções, escolhê-las e buscar as explicações para fatos do clássica tendência médica, inspira o método de George Her-
passado. Tal conduta serve de roteiro para a compreensão bert (1875-1956), que reúne todas as premissas das tendên-
de como a educação física se situa no universo contempo- cias anteriores e, na tentativa de universalizar os conceitos
râneo. As fontes históricas, mesmo que de forma simples, ginásticos, dá uma configuração à ginástica como sendo a
indicam caminhos para a reflexão. Como, “sempre há uma da educação física na formação humana geral.
via aberta em direção ao passado, anterior ao trabalho da A documentação e as referências que contam a
ciência histórica: são os próprios sinais que nos abrem essa trajetória do sentido prático da ordem ginástica não fo-
via; passamos imediatamente desses sinais ao seu sentido”. ram capazes de formular uma cultura da prática corporal
Portanto, pela via da história, à maneira como aqui a enten- consistente. Descrever o fato histórico, em cada época, em
demos, partimos ao encontro de uma cultura aberta, que cada região, e em função de cada menção historiada não
poderá, na medida do próprio tempo, ser reconstituída e sustenta a instalação da sua cultura.
resgatada pelo debate e pelo trabalho de reflexão. As profundas transformações de natureza econô-
A história sempre nos trouxe algo fundamental para mica e sócio-política levam à expressão do corpo humano
a leitura de um fenômeno. Na busca da compreensão da como instrumento de ação de trabalho, uso das capacida-
motricidade humana, não podemos deixar de descrever fa- des físicas para o esporte, lazer, culto a saúde, curas, etc. In-
tos que revelaram uma cultura dos exercícios ginásticos e, distintamente, da exploração de habilidades motoras gros-
dentre eles, os que deixaram um legado conceitual, na sua seiras ou refinadas tanto para manuseio de armas, utensí-
diversidade e formas de interpretação. lios, objetos das artes, o sentido da motricidade humana
Conforme, os movimentos ginásticos qualificados já poderia estar sendo representado independentemente
como escolas surgiram a partir do século XIX. Essas esco- de qualquer corrente ideológica, filosófica ou mesmo das
las se denominaram Movimento do Centro, Movimento do religiões tribais.
Norte e Movimento do Oeste. Estas escolas, com seus res- Esse conjunto de transformações no comportamento
pectivos representantes, parecem terem posto as bases da das pessoas se refere ao tempo dedicado ao trabalho e ao
educação física que hoje conhecemos. lazer (ainda não configurado como conteúdo da educação
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
física), à aplicação de horas para dedicar-se aos estudos caudatários de algum tipo de formação. Ao pensar a práti-
escolares e começa a conduzir as instituições a certa ne- ca de exercícios, mesmo que sob tutela política ideológica,
cessidade de combater o já conhecido sedentarismo. Sim- pensava-se numa cultura do corpo. E nos parece que é essa
bolicamente, as competições esportivas, o estímulo aos condição que fica como a mais importante na formação da
diferentes modelos de jogos, as modalidades esportivas de cultura da educação física.
rendimento e a evolução no conceito de estética, relacio- Há nessa análise, sobretudo dos profissionais da pe-
nada com a saúde e higiene, também contribuíram para a dagogia, como cita Langlade (1970), uma capacidade de
emancipação do conceito de educação física. O conjunto reflexão em sentido histórico relativamente rigoroso. A
de todas essas práticas formam um conjunto de ações de questão educação física, ginástica, dança e recreação tor-
ordem pedagógica, de certa maneira, está representado, na-se um projeto. A formação de professores ou instruto-
nos dias de hoje, nos conceitos de atividade física, beleza, res mediada por documento ou relatos, modelou aqueles
saúde, esportes, qualidade de vida. Desde há muito tempo, que viam no corpo e no movimento um projeto educativo.
Os estudos reforçam a importância que um volume exten- Hoje, no universo contemporâneo, repensar o pro-
so de manuais de ginástica e métodos tem para a recons- jeto da educação física cultura significa investir na gênese,
trução da história, constituindo o acervo documental que num sistema ou modo de pensar sobre o corpo. Não ape-
hoje conhecemos. nas como agente motor, mas também como agente social
Nessa busca, porém, a perspectiva cultural do uso do em atividade permanente. Essa perspectiva é a que nos ins-
corpo e do movimento humano ainda permanece carente pira para encontrar um sujeito e não um objeto que pratica
de uma história que possa motivar a reflexão. As referên- exercícios. A história da formação profissional e acadêmica,
cias históricas acima indicadas reforçam a confusão concei- no entanto, só se sustentou por ter permitido enxergar o
tual sobre o que é ginástica ou educação física: um método corpo como objeto de estudo da educação física, enquanto
de ensino de exercícios ou uma modalidade de esporte? o sujeito se tornou apenas um praticante de exercícios e
Os autores citados anteriormente, e que, podemos nada mais.
dizer, fazem parte da literatura da educação física universal, Não se pode esperar um discurso sobre a educação
revelam o ecletismo e o generalismo da prática da ginásti- física no Brasil que escape da influência das escolas euro-
ca predominante na literatura atual da educação física. péias que permearam toda a formação intelectual e formal
Nesse pluralismo conceptual sobre educação físi- do professor brasileiro de educação física, nos séculos XVIII
ca, abrem-se idealismos educativos, com o caráter de uma e XIX. Essa versão educativa das práticas corporais viria a
disciplina com identidade e legitimidade. Porém, seus con- exercer um padrão ginástico típico das tradições pedagó-
ceitos, emprestados da medicina e da pedagogia vêm com gicas da educação formal. A rigor, a história da educação
pregações educativas, mais do que como conceitos vindos física no Brasil é diretamente proporcional à história escrita
de uma extensa e rigorosa literatura que pudesse sustentar e contada na Europa.
o eixo epistemológico de uma área da cultura. Os discursos
teóricos na educação física se confundem com conceitos Educação física: a profissão
da educação formal e a questão da prática de exercícios
fica submetida e controlada pela ordem dos médicos. Mes- Começar um estudo sobre a educação física na pers-
mo assim, a educação física já era assistida por um con- pectiva da cultura corporal não parece ser uma tarefa fácil,
junto de idealizadores e professores com mentalidade de sem que tenhamos definido o que estudar. Tal condição
catedráticos e com forte referência antropológica. nos deixa tão interessados quanto na dúvida em relação ao
No XIX e início do século XX, período no qual a es- objeto de estudo. A questão da identidade e da legitimi-
cola já diferencia educação física de educação, a formação dade volta a ser o pano de fundo. O conceito de educação
de professores já dava competência para ministrar aulas física, como profissão, passa pelas vicissitudes do cotidiano
de educação física, e já eram considerados cultos e de ca- e da legalidade, razão pela qual traz conseqüências quanto
pacidade intelectual refinada. Ao contrário do que possa a delimitações do saber e da competência, no campo ins-
parecer, a relação histórica entre educação e educação fí- titucional.
sica, dentro da cultura geral, já possuía semelhanças pe- Como descrevemos anteriormente, a história mostra
dagógicas como os conceitos de aprendizagem, disciplina, a cultura da educação física talvez como tão refinada quan-
adaptação e treinamento. Será essa premissa que inspirará to o discurso de qualquer outra área. Destacamos, por en-
futuros conceitos do conhecimento interdisciplinar, sobre- tender que o autor traz contribuição relevante, ao escrever
tudo aqueles que aproximam a educação física às análises quase um tratado: mais que uma visão meramente docu-
científica, filosófica e artística. mental, revela uma educação física como doutrina. Talvez
Nesse sentido, o argumento histórico que descreve- seja o primeiro relato histórico em que a problemática do
mos se valida, ao identificar o sentido da educação física corpo se vincula à problemática da necessidade da filosofia
para a cultura geral. É possível enxergar, pelos historiado- para a educação física. Para Ulmann, educação física é um
res, algo relativamente claro quanto ao saber dos profes- acontecimento cultural.
sores de educação física. Pensar e fazer exercícios, sejam Essa prerrogativa histórica deu embasamento teó-
esses exercícios para qualquer finalidade, são categorias de rico para tentar criar o conceito de disciplina acadêmica.
busca de conhecimento. Mesmo porque o culto à práti- Os precursores dessa idéia logo obtiveram adeptos impor-
ca de exercícios sempre esteve sob o signo de instrutores, tantes, teóricos da área, os pioneiros vindos da tradição
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
norte americana e vinculados à visão científica do mundo, contribuição para determinar a função científica, abrindo
sobretudo quando os temas a serem investigados tinham espaço para constituir métodos e conteúdos da complexa
diferentes níveis de análises e cujos estudiosos vinham de relação entre teoria e prática envolvendo desde a questão
diferentes formações acadêmicas. mecânica, até a psicológica e antropológica. Tais trabalhos
Em meados dos anos sessenta, o pioneiro dessa podem ser considerados o marco intelectual da educação
perspectiva de investigação, que propõe estudar o homem física, com tendências a reorientar o sentido e a dinâmica
em movimento. Em sua tese, afirma ser a educação física das práticas corporais e a relação conceptual entre educa-
um corpo de conhecimento que especifica uma categoria ção física e ser humano.
prática cujo objetivo é estudar a performance humana e Nessa seqüência, começa a ser organizado o conteú-
suas diferentes implicações teórico-práticas. Na seqüência, do interdisciplinar da educação física, que vem influencian-
vem confirmar essa proposta, estabelecendo a relação de do toda uma legião de pesquisadores de educação física e
temas do movimento humano com conhecimentos espe- de práticas corporais que se haurem em contribuições rele-
cíficos, como os aspectos fisiológicos, psicológico, sociais vantes de outras áreas como da sociologia, da psicologia e
e assim por diante - talvez a primeira impressão teórica da pedagogia. Talvez seja por essa razão que não podemos
daquilo que viria a ser a visão conceitual interdisciplinar. acreditar haver um único sentido ou metodologia para tra-
Seguindo a tradição americana da busca de identifi- duzir concretamente a concepção de educação física como
car o objeto de estudo numa visão científica do problema, disciplina acadêmica.
pesquisadores dão ênfase ao sentido objetivo na sua aná- Essa idéia pode parecer uma transgressão discipli-
lise: saber o que estudar. De fato, esses autores apresen- nar, porém devemos ressaltar o auxílio que a história e a
taram importantes indicadores da visão científica da edu- antropologia podem oferecer à questão da corporeidade
cação física, tanto na abordagem fisiológica, quanto nas e motricidade na cultura, e, sobretudo, o papel da filosofia
pesquisas em ginástica, frisando os aspectos educacional e dentro da educação física.
pedagógico. Esses trabalhos influenciaram outros.
Talvez tenha sido o trabalho mais significativo, se- Corporeidade e motricidade, conceituação para
guindo a perspectiva interdisciplinar da educação física. Na uma busca de sentido
tentativa de fundar uma estrutura de conhecimento espe-
cífico da educação física, Brooks relata que seu conteúdo Vimos como a motricidade tem seu elo com a cultura,
adveio de um conjunto de temas relativos a conceitos que e nela, toda a relação com a questão da realidade da prá-
se formaram a partir de outras disciplinas. Uma derivação tica, do uso do corpo como premissa dos sentidos; e, pela
de caráter interdisciplinar, mais parecendo sub-disciplinas aproximação com a atividade da consciência reflexiva, vere-
cuja base de formação de conhecimento é de outras áreas mos porque a motricidade humana e a corporeidade fazem
como da medicina, da física, da história e mesmo da peda- sentido. O corpo é: “primeiro utensílio, centro de perspectiva
gogia. Tal conceito repousa na escolha de disciplinas matri- para apresentação, observatório natural a partir do qual o
zes configurando um leque ou escopo de conhecimentos pensamento pode se exercer ao seu redor”. Não menos con-
agregados que formarão a nova área. Brooks constata, em tundente quanto à corporeidade prática essencial, O corpo
seu trabalho, que ainda há uma tendência de ser a educa- e alma se divorciaram pela força e pressão racional, mas, na
ção física um conjunto de disciplinas que nasce dentro de verdade, o divórcio não destituiu o corpo e a motricidade do
sua própria característica; isto é, na relação corpo - movi- concreto. Para Cassirer, a função expressiva e o mundo da
mento humano. Sob esse aspecto, diz o autor que os temas representação dão ao organismo o sinal de que o mundo
são de natureza interdisciplinar. Assim, disciplinas como fi- está regido por uma força mágica que pode ser igualmente
siologia do exercício, aprendizagem motora, sociologia do pensada como corpórea ou como espírito, e que é comple-
esporte, filosofia da motricidade seriam conteúdos exclu- tamente indiferente à dicotomia tradicional.
sivos da educação física e aí estariam seus fundamentos; Quando o discurso é sobre a corporeidade, há um
surge, assim, no domínio da educação física, o conceito de todo de sentido dado às expressões humanas que ocorre
objeto de estudo. nos contextos antropológico e teológico como primado
No Brasil, autores interessados nas questões da edu- de concepção acerca do ser. Corporeidade e motricidade
cação física enquanto atividades acadêmicas, também com coexistem como significação, são predicativos cuja unidade
forte tendência da visão científica, buscam definir a natu- não se separa da linguagem, tampouco da biomecânica.
reza da investigação em torno do objeto de estudo, refor- As categorias físicas como força, velocidade, resistência,
çando a tendência à objetividade conceitual. O estudo da equilíbrio, coordenação, habilidade, ritmo, flexibilidade,
cultura da educação física no Brasil, seguindo a tendência e potência permeiam a complexa capacidade humana de
científica, revela autores em cujas obras o corpo e o movi- fazer uso do corpo no contexto psicológico, sociológico
mento humano constituem o objeto de estudo. Nasce daí tanto quanto no biológico. Pois, são prerrogativas que fa-
um referencial importante para ser investigado, ampliando zem parte de etapas do processo de crescimento e desen-
a natureza conceptual da educação física enquanto proble- volvimento humano. Enfim, não seria equívoco credenciar
mática cultural. Dentre esses autores, podemos destacar os uma habilidade refinada expressa na forma de expressão
trabalhos de Tani et al. (1988), que oferecem uma aborda- corporal: uma visada antropológica para justificar que a
gem teórica com fundamentação científica, cuja base se fir- corporeidade faz sentido porque não está tão longe da fala
ma sobre a visão sistêmica do homem. dando significativa ou de um discurso articulado.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
Ora, se compreendemos que a corporeidade humana no qual a percepção de corpo se multiplica perfazendo a
constitui um todo; biológicos, sociológicos e psicológicos motricidade como expressão das emoções, e outro mundo
de fenômenos articulados, podem abrir espaço para ten- no qual projetamos a ação mecânica e os reflexos motores
tar enxergar um lugar no qual o sentido do todo corporal na corporeidade.
projeta nossa consciência. Para referendar essa consciência Nessa perspectiva, vale a pena perguntar se não seria
e descobrir seu referencial na motricidade, é fundamental importante repensar um projeto motor para o homem com
compreendê-la na sua subjetividade como linguagem si- base na aproximação da antropologia com a reflexão filo-
lenciosa. Talvez por essa projeção que assinale a relação sófica, cujos conceitos reelaborados possam levar à com-
entre motricidade e um todo “sinestésico” quando pensa- preensão daquilo que é fazer educação física? É possível
mos e fazemos algo. Essa relação é sempre consciente e rever a concepção de corporeidade e motricidade tendo
tem sentido porque sua interpretação se forma na presen- como premissas antropológicas as relações entre o homem
ça de uma linguagem silenciosa: o signo. É assim que, ao primitivo e o recém nascido contemporâneo? As condutas
descrever o comportamento motor como comportamento motoras que conhecemos ao longo do crescimento e de-
tônico, observado na espécie humana e particularmente no senvolvimento de bebês e primatas comungam as mesmas
recém-nascido, afirma que esse comportamento, “é exclu- expressões motoras?
sivo de toda relação direta, ativa com o ambiente, com o O uso do corpo trouxe no sentido prático, aquela ati-
espaço e os objetos ou as fontes de excitação”. E a for- tude psíquica que converge para o comportamento motor
mação do tônus ou da expressão do movimento se ma- e que nos avisa: preciso fazer alguma coisa com meu corpo.
nifesta como sinal psicológico de desejo, da vontade ou Talvez seja por isso, que a educação física se transformou,
simplesmente da interação com o meio. Mesmo porque na prática, numa entidade cultural sem que o percebêsse-
desejo e sobrevivência se confunde: se o recém-nascido mos.
deseja algo, seus gestos, suas súplicas e depois seu choro A cultura ocidental fez do homem um ser humano
são fenômenos de comunicação exprimindo necessidades racional. A racionalidade usual, à maneira da lógica formal,
relacionadas com a sua sobrevivência. fez com que o homem se convencesse de que há duas pro-
Assim, a corporeidade pode ser vista também, à luz posituras distintas quando nos referimos à corporeidade e
da fenomenologia da percepção, como lugar da consciên- à motricidade. A primeira diz respeito às funções biológicas
cia, no sentido literal ou figurado. Fazemos dela algo tão que governam o corpo, e estas oferecem os comandos me-
natural quanto o corpo próprio do ser humano. O corpo cânicos para que possamos nos mover. A segunda se refere
se transforma em corporeidade na medida em que adquire à atividade da mente, a qual oferece o aparato psicológi-
sentido, quando se torna referência na transição e trans- co, a estrutura da razão e as funções que governam nos-
missão de dados e idéias. Parece que o corpo que se revela sas decisões, nossa capacidade de pensar, nossos hábitos
na motricidade primária traduz uma linguagem motora; e nossas posturas. Não reconhecemos, entretanto, quais
por exemplo, nas crianças, os gestos, as mímicas, os gru- dessas funções priorizamos ou escolhemos para tomar
nhidos revelam palavras que expressam as suas necessida- uma determinada decisão diante de uma tarefa motora.
des. Logo, pode-se dizer com Merleau-Ponty (1960), que Sabemos, porém, que a escolha nem sempre está disponí-
o ser humano se move, fala e depois aprende apenas a vel de forma direta e objetiva. Há, contudo um fato concre-
aplicar diversamente o princípio da palavra. to: qualquer que seja a opção ou escolha, ela refletirá na
Essa linguagem motora pode ser objeto do que cha- ordem da mecânica tanto quanto na ordem das emoções
mamos de educação física, pois existe todo um repertório e do comportamento. Tal conduta nos faz lembrar que não
de motricidade contido nos conteúdos da sua prática que distancia o ato, a emoção e o pensamento. Como reforço
nos reporta à motricidade primitiva (ou ausente) da nossa dessa tese, podemos afirma existir um todo na motricidade
consciência, mas presente na nossa capacidade de respon- que se ajusta ao todo psíquico e que ambos se encontram
de a qualquer esforço ou estímulos. naquilo que o autor denomina ação e consciência. Seriam
Na simples observação ou descrição sumária da mo- essas as premissas do fazer educação física, ou então, de
tricidade infantil, descobrimos uma corporeidade que pa- compreendê-la como tarefa da consciência, no sentido li-
rece termos perdido de vista, assim como parece termos teral? Talvez possamos confirmar a tese de que toda ativi-
perdido todo o repertório motor que a infância nos legou. dade prática ou todo exercício físico dá respostas à mente
Naturalmente, não podemos fazer um resgate instantâneo e às emoções humanas como sendo respostas semelhan-
do nosso esquema e da nossa consciência motora, tanto tes. Mas sabemos que não é bem assim que essas respos-
quanto não podemos resgatar os traços de motricidade tas acontecem.
que exercitamos na infância. Mesmo porque toda a estru- Talvez por que na educação física não compreenda-
tura motora adquirida na maturação e aperfeiçoamento mos bem o que vem a ser a percepção sensível além dos
dos nossos movimentos na infância, como afirma Wallon, cinco sentidos. Retomando a antropologia dos sentidos,
está vinculada a estrutura psíquica de difícil acesso. Conse- sobretudo, a comunicação refinada entre o gesto e a pala-
qüentemente, os fenômenos psíquicos e os fenômenos fí- vra, parece que fazer exercícios não é apenas fazer uso dos
sicos são correlatos, porém necessitam de leituras diferen- músculos. Todo movimento humano é alento de uma per-
ciadas, e nem sempre estamos preparados para interpretar cepção dos sentidos articulados, vividos, experimentados
tais leituras. Na prática, considerando o aparelho psíquico e pela consciência como algo natural e vivo. Dessa forma, é
motor, estamos sempre diante de dois mundos: um mundo possível compreender que o corpo não é uma reunião de
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
órgãos justapostos, e a concepção de motricidade se refere mas vezes, à análise racional de um sistema físico-quími-
à própria totalidade do ser humano. É por isso que diante co), possui, na verdade, notável alcance, quando descorti-
de qualquer exercício físico, sentimos o corpo como estru- namos, na cultura geral, o sentido e o significado do que
tura global, como expressão do sujeito inteiro. é o homem em movimento. Além de refinar e ampliar a
Portanto, não podemos estabelecer fronteiras entre condição conceitual do problema com o apoio rigoroso
o sujeito e o objeto quando a relação implica em enxergar da filosofia, o olhar antropológico foi, nesta tese, determi-
corpo-motricidade como uma ação da consciência. A sa- nante para redescobrimos a relevância da corporeidade e
ber, seguindo a lógica das funções do corpo e seus órgãos, da motricidade na formação humana, A corporeidade e a
a atividade física permite que eu saiba a posição de cada motricidade que se vinculam à práxis, expressam a relação
um dos meus membros e todo o esquema corporal em que mais profunda do homem com o mundo.
eles estão envolvidos. De acordo com, temos aí uma nova Ao mesmo tempo, ao se ampliar o debate para re-
maneira de compreender a estrutura do comportamento pensar a educação física como atividade de cultura - além
motor. de disciplina ou profissão -, o que se percebe é que “edu-
Com base nessas premissas, podemos perguntar de cação física” torna-se um conteúdo de expressão e signifi-
que maneira o corpo pode ser considerado objeto de es- cação. Tal premissa permite estabelecer vinculações inter-
tudo da educação física. Se, o sujeito em movimento é seu disciplinares e refletir sobre as práticas como expressão de
corpo, e a sua potência de um certo mundo, seria possível múltiplos sentidos. Conseguimos, com isso, tratar dos con-
afirmar que a motricidade, tida como algo imanente ao ho- teúdos - que são vistos, na educação física, apenas como
mem, é o objeto da educação física? . prática de ato físico -, como atividade que se amplia em
Embora a antropologia permita afirmar que o corpo inúmeras cadeias de significados. Estes constituem a ação
e a motricidade são fenômenos integrados no ser huma- completa em que corpo e motricidade convergem para ser
no, a história da educação física descreve as relações do um estado do ser humano, como fenômeno perceptivo
movimento humano como categorias pedagógicas e a re- que ultrapassa os cinco sentidos e projeta um ser corporal
laciona com a educação, a higiene e a saúde, oferecendo e motor no mundo.
dados para a formação de um conceito de prática atrelado Fazer uso da filosofia ou da ciência, entretanto, como
à percepção do corpo como objeto, porém sem qualificar reflexão sobre a educação física será um ato corajoso, além
o sujeito desse corpo. de polêmico e complexo. Não menos complexo e polê-
Ora, diante da necessidade de dar sentido à corpo- mico, será abrir o debate para questões subjetivas desta
reidade e com isso visar à motricidade como linguagem e interação com outras áreas correlatas. Ação esta que reco-
expressão da vida, percebemos a falta, nos relatos históri- nhecemos estar entre o conceito e a natureza da prática,
cos, de pensamento pedagógico que possa contribuir para entre o discurso e a ação, entre a motricidade e a lingua-
essa concepção. Para que a corporeidade e a motricidade gem. A rigor, haverá necessidade de reorientar conceitos
possam fazer sentido na história e confirmá-la como fonte sobre temas já tradicionais na educação física, como os já
de referência para um projeto antropológico na educação consagrados pela fisiologia, pela biomecânica, pela apren-
física, é necessário descobrir também os aspectos pedagó- dizagem motora, dentre outras categorias.
gico e antropológico dela. Certamente, isto será contribui- Na cadeia de significados, essa complexa e evidente
ção importante para a cultura da educação física, para o estrutura do corpo em movimento que aceitamos chamar
sentido de corpo e de motricidade e para a pedagogia das educação física, demonstra ser uma prosa, tão fortemen-
práticas corporais. te diagnosticada: “Le prosai que se borne à toucher par
dês signes convenus dês significations déjà installées dans
Reflexão final la culture”. Assim, nos próximos capítulos, pretendemos
colocar em prática a reflexão sobre as contradições entre
No trajeto desta tese, pudemos abordar a questão da a motricidade e a ciência que a ela confere identidade e
corporeidade e da motricidade - conceitos estes correlatos legitimidade conceitual. Talvez seja possível compreender
dentro da educação física -, refletindo sobre ela e com- melhor o pensamento ou o juízo do filósofo prático: mover
preendendo melhor o sentido das práticas corporais, das o pensamento como se move o corpo. Pois tanto a filosofia
atividades físicas, como atividades culturais. Tal questão foi quanto a motricidade não são temas herméticos, pensar
aqui proposta como atividade que revela multiplicidade de e mover são categorias correlatas, diz Merleau-Ponty: um
sentidos, a partir da idéia de que corporeidade e motrici- pensamento do corpo e sua extensão em corporeidade,
dade se originam da necessidade de expressar a vida, o gerando, consequentemente, outros sentidos das práticas
que é de suma relevância para se compreender melhor o corporais.
significado da educação física na cultura. Da mesma forma Nessa perspectiva, o conceito de educação física
que a multiplicidade de sentidos, a polissemia permite a está mais próximo da filosofia da corporeidade. Nesse
toda ciência correlacionar-se com a filosofia e com ela for- mesmo sentido, corporeidade e educação física e motrici-
mar um todo articulado; sobretudo, quando se tenta com- dade compõem-se como uma única estrutura cuja referên-
preender a natureza humana. cia implica em compreender um momento dentro de um
A motricidade humana, longe de ser um feixe de único movimento: o fazer exercício como destaque de pre-
eventos ou mera demonstração do uso do corpo na sua servação da vida, e, muito além das funções do cotidiano
biomecânica (cuja amplitude conceitual limita-se, algu- que perfazer uma idéia de prática corpora como perda de
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
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Por meio dos PCN, os professores devem guiar seus Educação Física e a cultura corporal do movi-
alunos para que estes possam compreender a cidadania mento
como participação social e política, assim como exercício Cultura - produto da sociedade, transforma a co-
de direitos e deveres políticos, civis e sociais, adotando, no letividade e constitui a coletividade a qual os indiví-
dia a dia, atitudes de solidariedade, cooperação e repú- duos pertencem e antecedendo e transcendendo-o.
dio às injustiças, respeitando o outro e exigindo para si o A cultura é um conjunto de códigos.
mesmo respeito . Além disso, os educadores devem deixar Dimensões - cultural, social, política e afetiva,
claro a seus educandos que o diálogo é a melhor forma de presentes no corpo das pessoas, que se interagem e
mediar conflitos e auxiliar nas decisões coletivas. movimentam como sujeitos sociais e cidadãos.
Corpo – sócio - cultural.
Muito importante também é que os alunos valorizem Organismo - fisiológico.
a pluralidade cultural, posicionando-se contra qualquer Características dos alunos:
discriminação baseada em diferenças culturais, de classe Cognitiva, corporal, afetiva, ética, estética, de re-
social, de crenças, de orientação sexual, de etnia ou outras lação interpessoal e inserção social.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Participação em competições. clamados quanto dos objetivos reais, uma vez que
Compreensão das transformações das regras. os primeiros indicam as finalidades gerais e amplas
Adaptação das regras. e, os segundos, os alvos concretos das ações:
Enquanto os objetivos proclamados se situam num
Lutas e ginásticas plano ideal onde o consenso e a convergência de interes-
Compreensão do ato de lutar. ses é sempre possível, os objetivos reais situam-se num
plano onde se defrontam interesses divergentes e por ve-
Lutas x violência. zes antagônicos, determinando o curso da ação as forças
Lutas e a mídia. que controlam o processo. (Saviani, 1997, p. 190)
Luta como defesa. Isso porque o percurso que foi da gestação do pro-
Capacidades físicas e habilidades motoras. jeto inicial até a aprovação final2 da Lei de Diretrizes e
Técnica e tática (ataque e defesa). Bases da Educação Nacional nº 9.394/96 significou sete
Forma recreativa e competitiva. anos de embates políticos entre diferentes concepções,
Aspectos históricos e sociais das ginásticas. sendo que a versão final da LDB revela plena sintonia com
Movimentos ginásticos. os princípios do projeto neoliberal3 de reformas do papel
do Estado e do Poder Público.
Conceitos e procedimentos: atividades rítmicas e Vale destacar que a LDB foi construída tendo por base
expressivas a Constituição de 1988 que reconheceu como direito da
Aspectos históricos e sociais das danças. criança pequena o acesso à educação infantil – em cre-
Equilíbrio entre técnica e movimento livre. ches e pré-escolas. Essa lei colocou a criança no lugar de
Rítmo próprio e grupal. sujeito de direitos em vez de tratála, como ocorria nas
Desenvolvimento da noção espaço/ tempo. leis anteriores a esta, como objeto de tutela. Nesta mes-
Danças populares. ma direção, a LDB também pela primeira vez na história
das legislações brasileiras proclamou a educação infantil
Avaliação no terceiro e no quarto ciclos como direito das crianças de 0 a 6 anos e dever do Estado.
Deve levar em consideração a faixa etária, autonomia e Ou seja, todas as famílias que optarem por partilhar com
discernimento. É um processo contínuo. o Estado a educação e o cuidado de seus filhos deverão
ser contempladas com vagas em creches e pré-escolas
Critérios de avaliação públicas.
- Realizar as práticas da cultura corporal do movimento Outro objetivo proclamado é o de que estas institui-
Se o aluno age de forma cooperativa, respeitosa, dig- ções de educação infantil (creches e pré-escolas) deve-
na, solidaria e inclusiva. rão fazer parte da educação básica, junto com o ensino
- Valorizar a cultura corporal do movimento fundamental e o ensino médio, em vez de permanecerem
- Relacionar os elementos da cultura corporal com a ligadas às secretarias de assistência social. Na passagem
saúde e a qualidade de vida das creches para as secretarias de educação dos municí-
pios está articulada a compreensão de que as instituições
Orientações didáticas de educação infantil têm por função educar e cuidar4 de
- Mídia, apreciação e crítica forma indissociável e complementar das crianças de 0 a 6
Mídia deve ser objeto de ensino e aprendizagem, como anos. A crítica em relação às propostas de trabalho com
meio (educar com a mídia) e fim (educar para a mídia). as crianças pequenas, que se dicotomizavam entre educar
e assistir, levou à busca da sua superação em direção a
RCN (Educação infantil) uma proposta menos discriminadora, que viesse atender
às especificidades que o trabalho com crianças de 0 a 6
anos exige na atual conjuntura social – de educar e cuidar
As reformas educacionais brasileiras e a edu- –, sem que houvesse uma hierarquização do trabalho a
cação infantil ser realizado, seja pela faixa etária (0 a 3 anos ou 3 a 6
Atualmente, falar em educação infantil no Brasil anos), ou ainda pelo tempo de atendimento na institui-
implica fazer uma retrospectiva desde a promulga- ção (parcial ou integral), seja pelo nome dado à instituição
ção da Constituição Federal de 1988, do Estatuto da (creches ou pré-escolas).
Criança e do Adolescente de 1990 e da Lei de Dire- Essa compreensão da especificidade do caráter edu-
trizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/1996. cativo das instituições de educação infantil não é natu-
Isso porque foi a partir das deliberações encaminha- ral, mas historicamente construída uma vez que ocorreu
das nessas duas leis e das suas conseqüências para a partir de vários movimentos em torno da mulher, da
a área que os desafios e as perspectivas têm sido criança e do adolescente por parte de diferentes segmen-
colocados. tos da sociedade civil organizada e dos educadores e pes-
Para fazer uma análise das definições estabeleci- quisadores da área em razão das grandes transformações
das na LDB nº 9.394/96 com relação à educação in- sofridas pela sociedade em geral e pela família em espe-
fantil recorro a Saviani, que indica que esta deve ser cial, nos centros urbanos, com a entrada das mulheres no
analisada tanto do ponto de vista dos objetivos pro- mercado de trabalho.5
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
Neste sentido, pode-se dizer que a versão final da LDB Educação, na forma de portarias, pareceres, decretos e do-
incorporou na forma de objetivo proclamado as discus- cumentos com ênfase em dois aspectos: o financiamento
sões da área em torno da compreensão de que trazer essas para a educação infantil e a formação de suas professoras.
instituições para a área da educação seria uma forma de
avançar na busca de um trabalho com um caráter educati- Financiamento para a educação infantil
vo-pedagógico6 adequado às especificidades das crianças Com relação ao financiamento para a educação infantil
de 0 a 6 anos, além de possibilitar que as profissionais que a LDB é omissa. Não há nenhuma indicação a respeito do
com elas trabalham viessem a ser professoras com direito financiamento necessário para a concretização dos objeti-
a formação tanto inicial quanto em serviço e a valorização vos proclamados em relação às instituições de educação
em termos de seleção, contratação, estatuto, piso salarial, infantil. Neste sentido, pode-se dizer que, naquilo que é
benefícios, entre outros. essencial, a educação infantil foi marginalizada, isso porque
Com relação às profissionais da educação infantil, a lei sem recursos é impossível realizar o que foi proclamado
proclama ainda que todas deverão até o final da década da tanto no que diz respeito à transferência das instituições
educação ter formação em nível superior, podendo ser acei- de educação infantil das secretarias de assistência para as
ta formação em nível médio, na modalidade normal. Ou seja, secretarias de educação, como em relação à redefinição do
até o ano de 2007 todas as profissionais que atuam dire- caráter pedagógico de creches e pré-escolas já vinculadas
tamente com crianças em creches e préescolas, sejam elas às secretarias de educação.7 O mesmo se pode dizer com
denominadas auxiliares de sala, pajens, auxiliares do desen- relação à formação das professoras que já atuam na área.
volvimento infantil, ou tenham qualquer outra denomina- Se a LDB já era omissa em relação ao financiamento
ção, passarão a ser consideradas professoras e deverão ter para a educação infantil, com a Emenda Constitucional nº
formação específica na área. É importante ressaltar o desafio 14, regulamentada pela Lei nº 9.424/96, que criou o Fundo
que esta deliberação coloca uma vez que muitas dessas pro- de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamen-
fissionais não possuem sequer o ensino fundamental. tal e de Valorização do Magistério8 (FUNDEF), o governo
Quanto ao locus dessa formação, a LDB define que esta explicita os objetivos reais que sustentam a sua proposta
se dará em cursos de licenciatura, de graduação plena em
para a educação infantil, pois define ali que os municípios
universidades e em institutos superiores de educação. Vale
se responsabilizarão pela aplicação de um grande por-
destacar que foi essa lei que criou a figura dos institutos
centual do seu orçamento no ensino fundamental, fican-
superiores de educação e dos cursos normais Superiores.
do a educação infantil sem nenhuma garantia de verbas
Se, por um lado, esta deliberação sobre a necessidade de
destinadas a ela, dependendo da política educacional de
formação específica em nível superior das professoras de
municípios e estados. Diante dessa lei complementar fica
educação infantil pode ser vista como um avanço na dire-
explicitado que na atual legislação brasileira nenhuma ins-
ção da profissionalização da área, por outro, a criação dos
tância tem como prioridade atender a educação infantil já
institutos superiores de educação revela que este avanço
é relativo tal como veremos na continuidade deste texto. que à União ficou o ensino superior, aos estados, o ensino
Diante desses objetivos proclamados, tanto em rela- médio e aos municípios, o ensino fundamental. Ou seja, a
ção às instituições de educação infantil quanto à formação legislação insinua uma parceria entre municípios, estado e
das professoras, todos contemplando o que tem sido pro- governo federal que acaba por diluir as responsabilidades
duzido e proposto por pesquisadores brasileiros, algumas em relação à educação infantil.
perguntas surgem: Como fazer para implantar todas essas Tanto esse encaminhamento é real que, em julho de
medidas? A quem caberia a tarefa? De onde sairá o finan- 2000, o governo federal apresenta a Portaria nº 2.854, da
ciamento? Como será feito? Secretaria da Assistência Social. Qual o teor dessa portaria?
Para responder a estas questões e melhor compreen- Indicar que, enquanto o atendimento às crianças pequenas
der todo o processo em discussão é preciso fazer um mo- não for de responsabilidade das secretarias de educação
vimento dos objetivos proclamados aos objetivos reais (e sem financiamento não será nunca!), os programas de
presentes na LDB e nas regulamentações legais dela de- assistência social permanecerão recebendo financiamento
correntes. De acordo com Saviani, para manutenção desse atendimento. Ou seja, fica eviden-
O ministério da educação, em lugar de formular para te que, apesar de a LDB proclamar que a educação infantil
a área uma política global, enunciando claramente as suas faz parte da educação básica, os recursos necessários para
diretrizes assim como as formas de sua implementação (...) implantação de uma “pedagogia da educação infantil” nas
preferiu esvaziar aquele projeto (de LDB) optando por um instituições educativas continuarão na assistência social,
texto inócuo e genérico, uma LDB “minimalista” na expres- cujo trabalho tem historicamente, no Brasil, se baseado em
são de Luiz Antonio Cunha (...). Certamente essa via foi es- uma “concepção assistencialista” de atendimento.
colhida para afastar as pressões das forças organizadas que Além disso, vale destacar que não há nenhuma articu-
atuavam junto ou sobre o Parlamento de modo a deixar o lação entre as ações da assistência social com as da edu-
caminho livre para a apresentação e aprovação de refor- cação. Podemos dizer, então, que essa portaria trouxe de
mas pontuais, tópicas, localizadas (...). (1997, p. 200) volta o discurso da educação compensatória da década de
Neste sentido, vou me deter na análise de algumas re- 1970, já amplamente criticado e superado. Esse é mais um
formas pontuais formuladas pelo Governo Fernando Hen- objetivo real das reformas educacionais implantadas pelo
rique Cardoso por intermédio do Conselho Nacional de governo brasileiro.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Outro aspecto que é preciso destacar diz respeito ao de um decreto presidencial,13 que em seu art. 3º, parágra-
fato de que ainda é um objetivo proclamado a defesa do fo 2º, definiu que “a formação das professoras de educação
direito de todas as crianças à educação infantil, já que infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental far-se-á
apenas algumas crianças, filhas de mulheres trabalhado- exclusivamente em cursos normais superiores”. Diante do
ras, têm tido acesso a esses serviços. Ou seja, permanece teor desse decreto houve ampla mobilização, tendo ocor-
a concepção de que as vagas nas creches públicas devem rido várias manifestações realizadas pelo movimento em
ser preenchidas pelas crianças, cujas mães trabalham fora defesa da formação das professoras.
e ganham pouco. As vagas, portanto, permanecem apenas Diante da pressão, o governo editou o Decreto nº
como direito das mulheres trabalhadoras que têm filhos e 3.554/2000, no qual a palavra “exclusivamente” foi substi-
não das crianças. tuída pela palavra “preferencialmente”.
A desresponsabilização do Estado em relação à educa- A gestação dos documentos relativos à formação das
ção infantil fica evidente e mostra que o que foi preconi- professoras tem se dado em meio a embates políticos en-
zado na letra da lei expressa uma estratégia de negociação tre dois projetos distintos: de um lado, o projeto defendi-
típica do movimento liberal: ceder no discurso e endurecer do pelo movimento organizado dos educadores, que en-
o jogo quando se trata de prover as condições de cumpri- tende a formação como parte da luta pela valorização e
mento do acordado. Contudo, alertas em relação a essa profissionalização do magistério, considera a universidade
estratégia de esvaziamento, existe já uma mobilização dos como lugar privilegiado para essa formação; defende uma
movimentos de educadores9 que defendem uma educa- sólida formação teórica; assume a pesquisa como princípio
ção infantil de qualidade pela criação de um fundo para a formativo e elemento articulador entre teoria e prática e
educação básica – FUNDEB – ou para a criação de um fun- concebe o professor como intelectual; de outro, o proje-
do específico para a educação infantil – FUNDEI. Mais uma to defendido pelo Conselho Nacional de Educação, que se
vez, estão em cena diferentes projetos de educação e de submete às políticas neoliberais impostas pelos organis-
sociedade, sendo a defesa da educação pública, gratuita e mos internacionais com a retirada da formação das profes-
de qualidade o que mobiliza segmentos da sociedade civil, soras das universidades e propondo uma formação técni-
educadores e pesquisadores da área a lutar pelo financia- co-profissionalizante com amplas possibilidades de aligei-
mento para que o Estado assuma seu dever de oferecer ramento, sem espaço para uma reflexão profunda sobre
educação a todas as crianças de 0 a 6 anos cujas famílias os processos educativos, reduzindo o papel da professora
queiram partilhar com ele a tarefa de educar os próprios a mera executora de tarefas pedagógicas e restringindo a
filhos e de cuidar destes. concepção de pesquisa e de produção de conhecimento à
esfera do ensino.14
Formação das professoras Apesar de ampla discussão e participação dos segmen-
Com relação à formação das professoras em geral, vá- tos que defendem a educação não como um serviço de
rias têm sido as investidas do governo brasileiro no sentido satisfação ao cliente ou uma mercadoria comercializável,
de implementar seu projeto de reforma educacional10 por mas como um bem público, é a concepção articulada às
meio de aprovações pontuais de pareceres e resoluções, reformas educacionais encaminhadas pelo governo que dá
além de decretos presidenciais, uma vez que: sustentação ao projeto que criou o curso normal superior
No quadro das políticas educacionais neoliberais e das para a formação das professoras da educação básica nos
reformas educativas, a educação constitui-se em elemento institutos superiores de educação. Senão, vejamos: nessa
facilitador importante dos processos de acumulação capita- proposta, as professoras serão formadas em um curso de
lista e, em decorrência, a formação de professores ganha im- 3.200 horas, sendo que, destas, a aluna egressa do magis-
portância estratégica para a realização dessas reformas no tério, em nível médio, descontará 800; caso a aluna atue na
âmbito da escola e da educação básica. (Freitas, 1999, p. 18) educação básica, reduzirá mais 800 horas, ficando o curso
Neste sentido é possível fazer-se o mesmo movimen- com uma formação de 1.600 horas.
to, passando dos objetivos proclamados aos objetivos reais Esse encaminhamento tem por base o princípio do
presentes em decretos, pareceres e resoluções encaminha- aligeiramento da formação no seu sentido mais perverso,
dos após a LDB nº 9.394/96. Uma das questões mais po- pois ao invés de capitalizar a experiência prática da aluna,
lêmicas, objeto de diversos encaminhamentos, refere-se à desafiando-a a aprofundar a reflexão, entende que esta
criação tanto dos institutos superiores de educação, como seja substituível pela vivência, desarticulando a teoria da
do curso normal superior, considerado o locus preferencial prática sob o falacioso argumento de que quem faz não
para a formação das professoras de educação infantil e das precisa pensar o fazer. Aliada a isso, a retirada da formação
quatro primeiras séries do ensino fundamental. Após a pro- das professoras da educação básica dos cursos de pedago-
clamação, na LDB, da necessidade de todas as professoras gia nas universidades também significa a separação entre
da educação infantil e do ensino fundamental possuírem formação profissional e formação universitária. Entra em
formação específica e em nível superior, nos demais pa- cena a discussão que diferencia “certificação e treinamen-
receres11 encaminhados pelo CNE fica evidente que, den- to” de “formação”. O que se pode pensar de um curso a ser
tro do quadro das reformas educacionais propostas pelo encaminhado de forma isolada da formação de todos os
governo brasileiro, essa formação, que historicamente tem demais profissionais? O que pensar de uma proposta de
sido realizada nos cursos de pedagogia das universidades, curso cuja exigência de formação do corpo docente aponta
está fortemente ameaçada,12 tendo sido objeto inclusive para a possibilidade de apenas 20% ter o curso de mestra-
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
do, concedendo que 50% possa ter formação em pedago- Importante lembrar que em fevereiro de 1998 a versão
gia? A redução do tempo de duração do curso, a pouca preliminar do documento foi encaminhada a 700 profis-
exigência do nível de formação dos professores docentes, sionais ligados à área da educação infantil para que em
o seu isolamento em relação à formação em nível superior um mês fosse devolvido ao MEC um parecer sobre essa
dos demais profissionais nas universidades trarão quais versão. Preocupado com o surgimento inesperado desse
conseqüências? Em uma análise inicial é possível indicar documento e com a desarticulação do RCNEI em relação
algumas implicações para as professoras da educação in- ao processo que vinha construindo uma Política Nacional
fantil: preconceitos, baixos salários, poucas expectativas de para a Educação Infantil, coordenado por Angela Barreto
profissionalização, baixa identidade do profissional (Kishi- na COEDI/MEC (1994-1998), e com as conseqüências que
moto, 1999, p. 72). poderia trazer para as crianças brasileiras, o GT 07 – Edu-
Para a professora de educação infantil existe um outro cação da Criança de 0 a 6 anos, da ANPEd, em sua XXI
aspecto que agrava a situação: a falta de ênfase quanto reunião, decidiu debater o assunto tendo como trabalho
à especificidade da professora de educação infantil nos encomendado16 uma análise dos pareceres17 sobre a ver-
documentos15 e nas resoluções analisados, como se esta são preliminar do Referencial Curricular Nacional para a
pudesse ter como base a docência nas séries iniciais do educação infantil. A partir desta iniciativa, Faria e Palhares
ensino fundamental. Falar em professora de educação in- (1999) organizaram um livro com o objetivo de socializar
fantil é diferente de falar em professora de séries iniciais o debate em torno do tema – tanto em relação ao sur-
e isso precisa ser explicitado para que as especificidades gimento do RCNEI, quanto em relação à substituição da
do trabalho das professoras com as crianças de 0 a 6 anos professora Angela Barreto na coordenação da COEDI. Isso
em instituições coletivas públicas de educação e cuidado se devia ao fato de que não havia consenso na área sobre
sejam respeitadas e garantidas. Essa diferenciação fica bem a pertinência da elaboração, naquele momento, de um re-
explicitada nas palavras de Rocha: ferencial curricular para a educação infantil, e muito menos
Enquanto a escola se coloca como espaço privilegiado com relação ao afastamento de Angela Barreto da COEDI.
para o domínio dos conhecimentos básicos, as instituições Segundo Faria,
de educação infantil se põem sobretudo com fins de com- a curta trajetória deste novo direito conquistado (das
plementaridade à educação da família. Portanto, enquanto crianças à educação infantil) impõe procedimentos criterio-
a escola tem como sujeito o aluno e como o objeto fun- sos para a sua inclusão numa política integrada e coerente
damental o ensino nas diferentes áreas através da aula; a para a infância (...). De repente fomos atropelados com os
creche e a pré-escola têm como objeto as relações educati- Referenciais (...) e com a troca da coordenação da COEDI.
vas travadas no espaço de convívio coletivo que tem como (1999, p. 2)
sujeito a criança de 0 a 6 anos de idade (ou até o momento Em outubro de 1998 a versão final do RCNEI foi divul-
que entra na escola). (Rocha, 1999, p. 62) gada sem que os apelos dos pareceristas por mais tempo
Em relação à formação das profissionais que hoje para debates e discussões fossem atendidos. Outro aspec-
atuam com as crianças pequenas em creches e pré-escolas, to que merece destaque é que o RCNEI atropelou também
vê-se uma avalanche de cursos chamados emergenciais, as orientações do próprio MEC, uma vez que foi publicado
em sua grande maioria pagos, e que são justificados pelo antes mesmo que as Diretrizes Curriculares Nacionais, es-
prazo estabelecido pela LDB, de dez anos desde a sua pu- tas sim mandatórias, fossem aprovadas pelo Conselho Na-
blicação, para que todas tenham formação específica em cional de Educação. Havia uma urgência por parte do MEC
nível superior, podendo ser aceito magistério, em nível mé- na divulgação do documento. Segundo Kuhlmann Jr.:
dio. Mais uma vez o governo delega a essas professoras a A ampla distribuição de centenas de milhares de exem-
responsabilidade por sua formação, sem assumir como sua plares às pessoas que trabalham com esse nível educacio-
a tarefa de fornecer as condições objetivas para que elas se nal mostra o poder econômico do MEC e seus interesses
profissionalizem. políticos, muito mais voltados para futuros resultados elei-
torais do que preocupados com a triste realidade das nos-
O Referencial Curricular Nacional para a Educação sas crianças e instituições. (1999, p. 52)
Infantil A versão final do RCNEI foi organizada em três volumes:
É dentro do contexto das reformas educacionais em Introdução; Formação pessoal e social e Conhecimento do
andamento acima delineadas que pretendo situar o RCNEI mundo. A leitura do primeiro volume do RCNEI, denomina-
como mais uma ação do Governo FHC. Vale destacar que o do “Introdução”, permite constatar um texto bem cuidado
RCNEI é um documento produzido pelo MEC que integra esteticamente, com especial destaque às belíssimas foto-
a série de documentos Parâmetros Curriculares Nacionais. grafias (que acompanham os três volumes), a maior parte
Se é possível considerar um possível avanço para a área a delas assinadas por Iolanda Huzak, que revelam a diversi-
existência de um documento que se diz voltado especifica- dade cultural das crianças brasileiras nem sempre contem-
mente para a educação infantil, é preciso verificar até que plada pelo documento. Com relação ao conteúdo verifica-
ponto ele efetivamente garante a especificidade defendida mos a presença de conceitos importantes para a área, uma
pelos educadores da área para o trabalho a ser realizado vez que têm sido considerados princípios que permitem
com meninos e meninas de 0 a 6 anos em instituições edu- avançar na delimitação da especificidade da educação in-
cativas como creches e pré-escolas. Além disso, é preciso fantil. São eles, a ênfase em: criança, educar, cuidar, brin-
verificar até que ponto ele contempla o que anuncia. car, relações creche-família, professor de educação infantil,
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
educar crianças com necessidades especiais, a instituição tar essa caracterização como se fosse um dos jargões do
e o projeto educativo. Fala ainda em condições internas e modismo pedagógico esvazia seu sentido e repõe justa-
externas com destaque para a organização do espaço e do mente o oposto do que se pretende. (1999, p. 60)
tempo, parceria com as famílias, entre outros aspectos. É Neste sentido, a concepção de educação infantil que
preciso destacar ainda que a bibliografia citada contempla de fato orienta os três volumes do RCNEI está distante das
grande parte da produção recente da área. concepções presentes nos documentos publicados pela
É possível perceber que a versão final do volume l do COEDI de 1994 a 1998 e que vinham sendo considerados
RCNEI pretendeu seguir as indicações feitas pelos pare- pelas profissionais da área um avanço no encaminhamento
ceristas da versão preliminar do documento, de ter como de uma Política Nacional de Educação Infantil. Em espe-
referência a criança e não o ensino fundamental, com ên- cial o documento e o vídeo denominados “Critérios para
fase na criança e em seus processos de constituição como um atendimento em creches e pré-escolas que respeite os
ser humano em diferentes contextos sociais, suas culturas, direitos fundamentais das crianças” (MEC, 1995), que apre-
suas capacidades intelectuais, artísticas, criativas, expres- senta princípios orientadores para o trabalho em creches
sivas em vez de articulações institucionais que propõem e pré-escolas tendo por foco a criança e seus direitos fun-
uma transposição, de cima para baixo, dos chamados con- damentais. Longe de se apresentar como uma “proposta
teúdos escolares que acabam por submeter a creche e a curricular”, esse texto, de forma simples, direta e incisiva,
pré-escola a uma configuração tipicamente escolar. indica critérios relativos à organização e ao funcionamen-
Uma análise desse volume permite vislumbrar que, em to interno das creches, que dizem respeito principalmente
termos gerais, essas concepções estão presentes na Intro- às práticas concretas adotadas no trabalho direto com as
dução do RCNEI. Além de incluir esses que têm sido con- crianças tendo seus direitos19 como eixo.
siderados pela área princípios orientadores da educação A existência do RCNEI remete à complexidade do de-
infantil, chama a atenção a aparente articulação e conti- bate em torno de questões colocadas pela área: Qual a fi-
nuidade dos documentos que vinham sendo produzidos nalidade educativa da educação infantil? Educar e cuidar,
pela COEDI/MEC (1994-1998). Digo aparente porque, se como e para quê? Como se caracterizam as instituições de
há apropriação das concepções presentes nos cadernos da educação infantil? Qual a sua relação com o ensino funda-
COEDI,18 no volume l do RCNEI, no item “Organização do mental? Como deve ser vivida a infância das crianças em
Referencial Curricular Nacional para a educação infantil” instituições educativas? As creches e pré-escolas são um
(p. 43-61), ele deixa antever uma concepção de educação tipo de instituição escolar ou não? Estas são algumas das
infantil muito mais próxima da do ensino fundamental do tantas questões que a área tem se colocado e permitem
que o próprio referencial declara na sua Introdução. delimitar a amplitude e profundidade da problemática em
Os dois outros volumes denominados âmbitos de ex- torno da definição do trabalho a ser realizado em creches e
periência são: Formação pessoal e social, que contempla pré-escolas, com bebês, crianças que engatinham, crianças
os processos de construção da identidade e autonomia que usam fraldas até as crianças maiorzinhas, que ainda
das crianças, e Conhecimento do mundo, que apresenta não estão nas escolas de ensino fundamental.
seis sub-eixos: música, movimento, artes visuais, lingua- A leitura da versão final do RCNEI reafirma o quanto
gem oral e escrita, natureza e sociedade e matemática. foi prematura a elaboração deste documento, uma vez que
Esses volumes foram organizados em torno de uma es- ainda persiste a necessidade de um amadurecimento da
trutura comum, na qual são explicitadas as idéias e prá- área, inclusive para saber se cabe dentro da especificidade
ticas correntes relacionadas ao eixo e à criança e aos se- da educação infantil um documento denominado Referen-
guintes componentes curriculares: objetivos, conteúdos, cial Curricular, em função dos sentidos que o termo ‘currí-
orientações didáticas, orientações gerais para o professor culo’ carrega. Como afirmei em outra oportunidade:
e bibliografia. Esta forma de organização e o conteúdo tra- (...) a educação infantil pela sua especificidade ainda
balhado evidenciam uma subordinação ao que é pensado não estava madura para produzir um referencial único para
para o ensino fundamental e acabam por revelar a concep- as instituições de educação infantil no país. Os pesquisado-
ção primeira deste RCNEI, em que as especificidades das res e pesquisadoras da área revelam nestes pareceres que
crianças de 0 a 6 anos acabam se diluindo no documento o fato de a educação infantil não possuir um documento
ao ficarem submetidas à versão escolar de trabalho. Isso como este não era ausência ou falta, mas sim especifici-
porque a “didatização” de identidade, autonomia, música, dade da área que precisa ainda refletir, discutir, debater e
artes, linguagens, movimento, entre outros componentes, produzir conhecimentos sobre como queremos que seja a
acaba por disciplinar e aprisionar o gesto, a fala, a emoção, educação das crianças menores de sete anos em creches e
o pensamento, a voz e o corpo das crianças. pré-escolas. (Cerisara, 1999, p. 44)
É importante ressaltar que a suposta incorporação dos Dentro desse contexto o RCNEI deve ser lido como um
princípios que têm sido construídos pela área, em busca da material entre tantos outros que podem servir para as pro-
especificidade da educação infantil feita pelo RCNEI, evi- fessoras refletirem sobre o trabalho a ser realizado com as
dencia o alerta feito por Kuhlmann Jr.: crianças de 0 a 6 anos em instituições coletivas de educa-
A caracterização da instituição de educação infantil ção e cuidado públicos. Além disso, vale reforçar que ele
como lugar de cuidado-eeducação adquire sentido quan- não é obrigatório ou mandatório. Ou seja, nenhuma insti-
do segue a perspectiva de tomar a criança como ponto de tuição ou sistema de ensino deve se subordinar ao RCNEI
partida para a formulação de propostas pedagógicas. Ado- a não ser que opte por fazê-lo. Como orientação nacional
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
a área dispõe das “Diretrizes Curriculares Nacionais”20 que ração desses recursos não tem implicado em mudanças de
de forma clara apresentam as diretrizes obrigatórias a se- carreira ou salário. Existe uma política nacional de forma-
rem seguidas por todas as instituições de educação infantil. ção dos profissionais da educação infantil? Ou há apenas a
Essas diretrizes definem os fundamentos norteadores que compra e venda de pacotes, inclusive com a intermediação
as Propostas Pedagógicas das Instituições de Educação In- do MEC? (2001, p. 102)
fantil devem respeitar:
Tendências e utopias
A.Princípios Éticos da Autonomia, da Responsabilidade, Para finalizar gostaria de enfatizar que a restrição ao
da Solidariedade e do Respeito ao Bem Comum; RCNEI se deve fortemente ao que os educadores da área
B.Princípios Políticos dos Direitos e Deveres de Cida- da educação infantil têm indicado sobre a necessidade de
dania, do construção de um trabalho que contemple as especifici-
Exercício da Criticidade e do Respeito à Ordem Demo- dades e diversidades culturais das crianças sem que haja
crática; a proclamação de um modelo único e verdadeiro. Neste
C.Princípios Estéticos da Sensibilidade, da Criatividade, sentido, o que vem sendo realizado em creches e pré-es-
da Ludicidade e da Diversidade de Manifestações Artísticas colas precisa ser revisto e reavaliado à luz da Pedagogia da
e Culturais. Educação Infantil (Rocha, 1999), no sentido da construção
de um trabalho com as crianças de 0 a 6 anos de idade,
Assim as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educa- que apesar de ser formalmente estruturado pretende ga-
ção Infantil apresentam os objetivos gerais (sem ir ao de- rantir a elas viver plenamente a sua infância sem imposição
talhe de cada ação como o RCNEI), permitindo incentivar de práticas ritualísticas inflexíveis, tais como se cristalizam
e orientar projetos educacionaispedagógicos, nos níveis nas rotinas domésticas, escolares ou hospitalares. O que
mais diretos de atuação, com objetivos relacionados à for- reivindicamos é o espaço para a vida, para a vivência das
mação integral da criança, deixando um espaço para que emoções e dos afetos – alegrias e tristezas –, para as rela-
os envolvidos na educação infantil – famílias, professoras e ções entre coetâneos e não-coetâneos, para os conflitos,
crianças assumam a autoria desses projetos. confrontos e encontros, para a ampliação do repertório vi-
Por último, é preciso fazer referência ao projeto “Parâ- vencial e cultural das crianças a partir de um compromisso
metros em ação”, que articulado ao RCNEI foi organizado dos adultos que se responsabilizam por organizar o estar
pelo MEC com o objetivo de “apoiar e incentivar o desen- das crianças em instituições educativas que lhes permitam
volvimento profissional de professores e especialistas em construir sentimentos de respeito, troca, compreensão,
educação de forma articulada à implementação do RCNEI” alegria, apoio, dignidade, amor, confiança, solidariedade,
(MEC, 1999, p. 5). entre tantos outros. Que lhes garantam acreditar em si
O que chama a atenção nesse projeto é o fato de que mesmos e no seu direito de viver de forma digna e pra-
os municípios só podem participar dele se “optarem” por zerosa. É importante destacar que temos tido dificuldade
implementar o RCNEI em suas instituições, o que o trans- em fazer valer esses princípios na organização do sistema
forma de uma proposta denominada pelo próprio MEC educacional brasileiro diante das reformas educacionais do
como “aberta, flexível e não obrigatória” em obrigatória e Governo FHC.21
única. Ou seja, os municípios que não aderirem ao RCNEI Nesse contexto, firmamos o nosso descontentamen-
como “a referência” para o seu trabalho, por questionarem to ante a política educacional brasileira e ante a maneira
as concepções ali presentes, não são contemplados com o como vem sendo implantada a reforma educacional no
“pacote de formação” que está previsto nos “Parâmetros país, tanto nos aspectos gerais como nos especificamente
em ação”. Apenas esse dado já é suficiente para ques- relacionados com a educação infantil. A esperança é que
tionarmos a forma pouco democrática como o MEC tem os educadores comprometidos com a defesa da educação
“cumprido com a sua tarefa de subsidiar os sistemas de e dos direitos das crianças à educação infantil continuem a
ensino com relação à formação de suas profissionais”. Kra- denunciar o que está acontecendo e a realizar estudos, pes-
mer, ao se referir aos impasses que as políticas de forma- quisas e projetos de ação que nos possibilitem avançar na
ção vêm sofrendo, apresenta-nos alguns questionamentos construção de uma “pedagogia da educação infantil” e de
que refletem a perplexidade e indignação dos educadores: políticas públicas plurais que contemplem as diversidades
Temos uma política de educação infantil que venha as- culturais das crianças brasileiras e que sejam orientadas por
segurando expansão da cobertura, fortalecimento da nova práticas emancipatórias em oposição a práticas restritivas
concepção de infância e promoção da melhoria da quali- da criatividade e da felicidade, práticas que visam à for-
dade como postulavam os documentos oficiais que o MEC mação de cidadãos e não à de consumidores compulsivos
elaborou em meados da década de 90? Até agora, em nível como pretende o projeto neoliberal em andamento
nacional, temos mais do que diretrizes e “referencial”? Em
nível local, é preciso que as propostas de formação redun- ANA BEATRIZ CERISARA**
dem em avanço da escolaridade e carreira, o que acontece
em poucos municípios. A ação do MEC tem sido, infeliz-
mente, tênue (para não dizer omissa) em relação a esta
questão, seja pela pequeníssima destinação de recursos
para a formação feita pelos municípios, seja porque a libe-
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
Esta última apenas agrega diferentes áreas lado a lado, tos instrumentais também podem estar alterados. Porém,
sem procurar tomá-las em seu conjunto. Seu pressuposto é o que caracteriza a deficiência mental são defasagens e
de que o objeto pode ser dividido em tantas partes quan- alterações nas estruturas mentais para o conhecimento. A
tas especialidades existam, sem, com isso, sofrer qualquer delimitação e compreensão dessas dificuldades podem ser
alteração. Já, a interdisciplina, ao fazer também uma abor- feitas a partir de diferentes olhares, os quais trarão con-
dagem desde diversos campos, procura sempre articulá- seqüências distintas à práticadaqueles que se dedicam ao
-los entre si, num permanente diálogo entre as diferentes trabalho com as mesmas.
áreas de trabalho. Este é o ponto de partida para análise do A definição proposta pela American Association of
conceito de Defi ciência Mental, sob a ótica da educação Mental Retardation (AAMR) tem sido uma referência em
inclusiva. relação ao entendimento, definição e classifi cação das
No campo dos problemas do desenvolvimento na in- condições da defi ciência mental. Segundo a AAMR, “De-
fância, a articulação interdisciplinar abarca uma série de di- ficiência Mental é a incapacidade caracterizada por limi-
ferentes especialidades, as quais podem ser agrupadas em tações significativas tanto no funcionamento intelectual
dois eixos principais - os aspectos estruturais e os aspectos quanto no comportamento adaptativo expresso em habili-
instrumentais do desenvolvimento. A partir deles, torna-se dades conceituais, sociais e práticas”.
possível abordar o lugar desde o qual cada disciplina con- Desde o ano de 1983, alguns importantes acréscimos
tribui para entendermos o desenvolvimento infantil e suas foram feitos em relação à definição da AAMR. A partir
patologias. dessa data, a Deficiência Mental passa a ser interpretada
As disciplinas que se referem às bases que constituem como um estado de funcionamento. Deixa de ser enten-
o sujeito, tanto em relação a sua estrutura biológica quan- dida como uma característica absoluta, expressa somente
to psíquica, abarcam os aspectos estruturais do desenvol- no indivíduo, para ser tomada como uma expressão da in-
vimento. Neste eixo, inclui-se a neurologia, que aborda a teração entre a pessoa com limitações no funcionamento
maturação do Sistema Nervoso, a psicanálise, que traba- intelectual e seu contexto.
lha a constituição do sujeito do desejo, e a epistemologia Nessa definição, também há um incremento na impor-
genética que trata de estudar a construção das estruturas tância dos sistemas de apoio requeridos pelas pessoas com
mentais para o conhecimento. deficiência mental, uma questão que ganha ainda mais ên-
Já os aspectos instrumentais são aqueles que se refe- fase, a partir de 2002.
rem aos instrumentos que um sujeito constitui para intera- Na definição proposta pela AAMR, o “funcionamento
gir com o mundo. intelectual” (a inteligência) é entendido como “uma habili-
Aqui, inclui-se a psicomotricidade, as aprendizagens, a dade mental genérica. Inclui raciocínio, planejamento, so-
linguagem, a comunicação, os hábitos de vida diária, etc. lução de problemas, pensamento abstrato, compreensão
Cada um desses aspectos também é trabalhado por dife- de idéias complexas, aprendizagem rápida e aprendiza-
rentes disciplinas, como a psicomotricidade, a fisioterapia, gem através da experiência”. O parâmetro utilizado para
a fonoaudiologia, a pedagogia, a psicopedagogia, e assim circunscrever o funcionamento intelectual é o QI (Quocien-
por diante. te de Inteligência). Segundo a AAMR, o teto do QI para o
Os aspectos estruturais e instrumentais do desenvol- diagnóstico de Retardo Mental é de 70, podendo ser esten-
vimento estão intimamente relacionados entre si, já que dido até 75, com julgamento clínico.
os instrumentos que um sujeito constrói para se relacionar Comumente o conceito de QI é apontado como o mais
com o mundo têm como alicerce as estruturas orgânica e adequado ao diagnóstico de defi ciência mental. Sabemos
psíquica que constituem sua base. que o QI é amplamente aceito e utilizado na avaliação da
Assim, as modificações que se processam em um des- capacidade intelectual tanto nos meios acadêmicos quanto
ses campos têm conseqüências também nos outros. Se na prática profissional. No entanto, não se pode continuar
uma criança tem uma dificuldade de aprendizagem, por confundindo processo de cognição ou inteligência com o
exemplo, é necessário estar atento às condições de sua es- QI: o primeiro diz respeito às funções cognitivas propria-
trutura orgânica, sua constituição subjetiva e suas estrutu- mente ditas; o segundo é um produto das mesmas.
ras mentais para o conhecimento, pois é sobre este “tripé” Para que se compreenda a diferença e a relação entre as
que irá se edificar sua possibilidade de aprender. Assim, a funções cognitivas propriamente ditas e o QI é necessário que
reflexão sobre a inclusão educacional necessita perpassar se estabeleça a diferença entre forma e conteúdo. O QI é um
todas essas diferentes disciplinas que se dedicam a estudar resultado avaliado em função de conteúdos produzidos por
e trabalhar com o desenvolvimento da criança. um indivíduo em um determinado momento, portanto, não diz
É com base nesta idéia que se delimita o conceito de respeito à função cognitiva em si mesma. A função cognitiva é
deficiência mental, diferenciando-o de outros quadros, a forma graças à qual o sujeito produz conteúdos, os quais são
como as psicoses infantis e o autismo. Na verdade, estas avaliados, entre outros métodos, através dos testes de QI. en-
categorias foram delimitadas, de forma mais clara, ao lon- tanto, além desses conteúdos que podem ser avaliados e resul-
go do século XX, visto que, anteriormente, não havia uma tam no QI, há nas performances do sujeito um aspecto formal
fronteira nítida entre as diversas patologias da infância. que diz respeito às funções cognitivas propriamente ditas.
A deficiência mental é um quadro psicopatológico que Hoje, a Ciência já dispõe de instrumentos capazes
diz respeito, especificamente, às funções cognitivas. Toda- de avaliar essas funções. Jean Piaget, no início século XX,
via, tanto os outros aspectos estruturais quanto os aspec- tomou conhecimento do primeiro teste de inteligência e
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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várias dessas provas foram adaptadas ao meio brasileiro, na testagem, mas que têm as funções cognitivas preser-
em 1977. Essa distinção entre QI e funções cognitivas não vadas e, portanto, capacidade intelectual para aprender,
é mero preciosismo conceitual, visto que tem importan- quando são avaliados os aspectos formais subjacentes às
tes implicações, do ponto de vista prático, na educação. suas performances.
Tomar a performance de um indivíduo, produzida em um A partir da epistemologia genética, delimitou algumas
determinado momento, como a sua capacidade intelec- características da cognição das pessoas com deficiência
tual implica desconhecer a possibilidade de modificá-la. mental.
Ao contrário, se for realizada a distinção entre QI e fun- Ao invés de fazer uso de testes de QI, fez uso de provas
ções cognitivas e, além disso, for considerado que estas que permitiram compreender os aspectos formais da inteli-
se constituem nas trocas estabelecidas entre a criança e o gência dessa população.
seu meio físico e social, então o processo educativo torna- Segundo essa autora, o nível operatório formal, carac-
-se extremamente relevante o que tem sido demonstrado terístico do pensamento adulto, não é alcançado pela pes-
em pesquisas realizadas tanto no campo da neurobiologia soa com deficiência. Esta fica fixada, pelo menos, no nível
quanto da psicologia. das operações concretas. Além disso, a avaliação do nível
Da mesma forma, todas as descobertas referentes ao operatório dessas crianças também parece mostrar a exis-
campo da psicanálise permitem pensar cada criança como tência de uma constante flutuação entre níveis de funcio-
um sujeito singular. O diagnóstico de deficiência men- namento muito diferentes: os níveis pré-operatório, opera-
tal preconizado pelos testes de QI reduz a identidade da tório concreto e até mesmo sensório-motor sobrepõem-se
criança a um aspecto relativo a uma norma estatística pa- e entrecruzam-se quando a criança é confrontada com um
dronizada. problema. Para explicar tal flutuação, a autora formula a
É muito diferente acreditar que uma criança tem um hipótese de uma viscosidade cognitiva responsável pela
déficit cognitivo ou pensar que ela está com um déficit lentidão do desenvolvimento cognitivo que provocaria fi-
cognitivo. Neste último caso, o déficit pode ser reduzido xações em níveis arcaicos de organizações e a dificuldade
quando há um fator orgânico limitante, ou até mesmo de generalização e transposição das aprendizagens reali-
superado se a criança participar, em tempo hábil, de um zadas em um determinado ponto para outros setores. Para
processo educativo que atenda às suas “necessidades es- pensar o processo de inclusão da pessoa com deficiência
peciais”; quanto mais precoce o diagnóstico e a interven- mental, pois abrem a possibilidade de tomar como ponto
ção adequados, melhores serão os efeitos obtidos. Desta de referência a forma pela qual uma criança pensa e não
forma, as descobertas realizadas recentemente a partir da um dado numérico, o QI, que pode ter significações muito
epistemologia genética são essenciais para uma educação diversas em relação ao processo cognitivo.
inclusiva, visto que diversas pesquisas têm indicado que Além das contribuições da epistemologia genética,
muitas crianças consideradas como deficientes mentais, se as outras disciplinas que se ocupam dos aspectos estru-
tivessem sido identificadas precocemente e recebido uma turais do desenvolvimento - a neurologia e a psicanálise
educação apropriada, teriam melhores possibilidades de - também têm-se mostrado fundamentais na composição
conhecer e interpretar o mundo. De fato, talvez, elas nunca do trabalho com a pessoa com deficiência mental, contri-
chegassem a ser classificadas como pessoas com deficiên- buindo com importantes conceitos, tanto no âmbito clínico
cia mental. quanto educativo. As estruturas orgânica e subjetiva são
Além disso, a partir desse tipo de testagem acaba-se outros dois fatores relacionados à etiologia da deficiência
rotulando como “deficiente mental” uma variedade grande mental.
de alunos. De fato o QI avalia apenas aspectos quantitati- Em relação à estrutura orgânica, temos os quadros
vos, visto que se trata de uma comparação entre a perfor- neurológicos e genéticos que produzem obstáculo à estru-
mance de um indivíduo e a de uma determinada popula- turação cognitiva. Em princípio, todos os danos do Sistema
ção. Assim sendo, apenas serve para constatar uma defa- Nervoso Central, qualquer que seja a causa, podem produ-
sagem, mas nada indica sobre aquilo que a produziu. Dito zir uma diminuição da capacidade intelectual.
de outra maneira, um mesmo resultado em um teste de QI Além de permitir a compreensão de parte da etiolo-
pode ser produzido por diferentes razões. Assim, utilizar gia da deficiência mental, a neurologia também tem con-
como parâmetro um teste como esse torna contraditória a tribuído com alguns outros importantes conceitos, como,
premissa defendida por políticas inclusivas que preconizam por exemplo, a noção de neuroplasticidade. A plasticidade
que cada aluno seja considerado como uma individualida- do cérebro refere-se a sua capacidade de estabelecer no-
de ímpar, o que exige que seja focalizado individualmente, vas conexões no córtex cerebral e, desta forma, superar os
sem compará-lo com os demais, já que a avaliação a partir efeitos de alguns tipos de lesão. A plasticidade funcional e
do QI compara o aluno com uma média relativa a toda a a capacidade compensatória do Sistema Nervoso Central
população de crianças. são fatos que têm sido extensamente comprovados pela
Soma-se a isso o fato de que os testes de QI favorecem pesquisa básica neurobiológica.
crianças que têm familiaridade com conteúdos veiculados A multiplicação dos pontos apicais no eixo axônico de
especialmente no meio escolar. Conseqüentemente, crian- acordo com a modalidade dos estímulos do meio e a mo-
ças que vivem em um meio social não escolarizado ou com dificação da rede neuronal conforme a modulação afetiva
um baixo nível de escolarização são, muitas vezes, conside- consolidaram definitivamente o conceito de neuroplasti-
radas deficientes mentais em função de suas performances cidade. Este conceito é fundamental para o trabalho com
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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pessoas com deficiência mental, pois traz inúmeras con- As diferenças que permitem delimitar esses vários qua-
seqüências para os mesmos. Por exemplo, o fato de que dros são estabelecidas pela teoria e pela prática da psica-
a neuroplasticidade diminui com a idade indica a impor- nálise, a qual tem feito importantes avanços na direção do
tância da intervenção nos primeiros anos de vida, a qual tratamento para crianças com essas patologias. Caso con-
terá conseqüências cruciais para o tempo de ingresso no trário, corre-se o risco de não levar em conta sua subjetivi-
ensinofundamental. dade e produzir uma educação automatizada e sem signi-
No que diz respeito à etiologia relacionada à estrutu- ficação para elas. Esta situação propiciaria apenas o reforço
ra subjetiva encontramos situações relacionadas aos qua- de sua sintomatologia, já que esta última diz respeito à for-
dros de neurose, psicose e autismo que podem dificultar ma pela qual o sujeito interpreta e interpela a realidade e o
a constituição das estruturas mentais para o conhecimen- laço que estabelece com outros seres humanos.
to. Dessa forma, encontramos diagnósticos de deficiência Ou seja, crianças com dificuldades de significar o mun-
mental secundários a estas patologias. do, ao encontrarem uma educação baseada no condiciona-
Um terceiro fator etiológico diz respeito àquelas si- mento, apenas repetem condutas não significativas, conso-
tuações do contexto social e cultural que conduzem a um lidando de uma vez por todas uma situação que poderia,
empobrecimento cognitivo e que acarretam o surgimen- ainda, ser modificada. Isto porque a estrutura psíquica de
to de quadros de deficiência ocasionados pela situação uma criança pode ser definida como “não-decidida”, pois
de opressão e miséria em que vivem as crianças e suas se constrói em todo o tempo da infância. Por este moti-
famílias. vo, toda proposta terapêutica ou educativa dirigida a uma
Neste ponto, cabe analisar algumas questões relativas criança será determinante do seu destino. As experiências
à estrutura subjetiva. As dificuldades relacionadas à es- relacionais que o sujeito encontra ao longo da vida permi-
truturação psíquica têm sido classificadas genericamente tem-lhe ressignifi car sua estruturação.
com o termo “condutas típicas”. Cabe ressaltar que a deficiência mental pode estar as-
Sob este rótulo, encontramos comportamentos asso- sociada a todos os quadros psicopatológicos acima descri-
ciados a quadrosneurológicos, psicológicos e psiquiátri- tos. O fato da criança ter uma deficiência mental não diz
cos complexos e persistentes. nada a respeito do modo como sua estruturação subjeti-
Assim, os alunos com “condutas típicas” são aqueles va está se processando. Esta estruturação permite pensar
que apresentam problemas de adaptação à escola por como uma criança significa e interpreta o mundo, como
manifestarem condutas associadas a dificuldades acen- constrói laços com outras pessoas, a forma com que se re-
tuadas de aprendizagem nesse contexto. Há crianças, por laciona com a lei, com as regras e com seus objetos de
exemplo, que se tiverem um professor só para si podem aprendizagem. Uma pessoa com deficiência mental, assim
aprender muito bem; o que evidencia que o problema como uma sem deficiência, pode apresentar uma série
não está na aprendizagem em si, mas no convívio com os muito grande de características psicológicas distintas, que
outros, que é necessário não só na escola como na vida. vão desde quadros psicopatológicos, como a psicose e o
Tal forma de conceber estas questões apresenta dois pro- autismo, até a possibilidade de se constituir como um su-
blemas fundamentais. jeito de desejo. A determinação dessas diferentes estrutu-
Em primeiro lugar, coloca a ênfase na conduta mani- ras está fundada nas experiências e formas de relação que
festa e não na estrutura que organiza e orienta a subjeti- uma criança estabelece, a partir do lugar que ocupa em sua
vidade da criança. Ora, sabemos que a conduta pode ser cultura de origem.
modificada através do condicionamento, sem qualquer Dentre estas experiências, cabe sublinhar a importân-
conseqüência no modo como uma criança significa e in- cia da escola enquanto instituição que, ao lado da família,
terpreta o mundo à sua volta. Um exemplo muito disse- organiza os primeiros laços da criança com outras pes-
minado desse tipo de condicionamento é a abordagem soas. A função estruturante que a escola desempenha para
educativa para crianças autistas fundamentado no mé- criança. Assim, a constatação de necessidades educacio-
todo TEACCH (Treatment and Education of Autistic and nais especiais de um sujeito, em função de uma deficiência
Communication handicapped Children). mental, nada indica a priori, em relação a sua estruturação
Seu pressuposto de trabalho é aquele do paradigma subjetiva. Uma deficiência pode colocar alguns obstáculos
condutista, baseado no condicionamento, ou seja, a mo- a esta estruturação, sem que impossibilite o transcurso da
dificação da conduta a partir da adaptação do ambiente. mesma. Uma criança que apresenta um fator orgânico li-
Considerando que “não podemos pensar essas aqui- mitante não tem que fazer face apenas a uma dificuldade
sições como aprendizagens. São condicionamentos que inata, mas, fundamentalmente, à maneira como esta difi-
não têm onde se encarnar como sistemas de significa- culdade entra em jogo na relação com as outras pessoas,
ções”. inicialmente com seus pais e, pouco a pouco, com todo o
Em segundo lugar, o termo “condutas típicas” abran- âmbito social, passando pela escola.
ge uma diversidade muito grande de leituras diagnós- Em síntese, a deficiência mental diz respeito exclusi-
ticas, impossibilitando que sejam discriminados alguns vamente à possibilidade de conhecer. Todavia, de forma
importantes pontos referentes a cada uma delas. Tanto sistemática, aparece associada à questão da estruturação
crianças com quadros graves de neurose, quanto crianças subjetiva. Cabe ressaltar, porém, mais uma vez: que a de-
psicóticas ou autistas podem ser consideradas como sen- ficiência mental não é a causa de uma neurose, psicose ou
do “portadoras de condutas típicas”. autismo nem vice-versa; que existem, cada vez mais, evi-
161
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
dências de que muitas crianças classificadas como “defi- dimentos especializados. Ao contrário, a manutenção de
cientes mentais” não o seriam, caso recebessem, em tem- serviços especializados de apoio ao processo de ensino
po hábil, um atendimento adequado às suas “necessidades aprendizagem não caminha na contramão de uma edu-
educacionais especiais”. cação radicalmente inclusiva, mas é essencial para a sua
concretização. A questão que deve ser colocada é como o
1.3 Concepção de Educação Especial atendimento educacional especializado integra o processo.
A Educação Especial é definida, a partir da LDBEN Com isso, descaracterizam-se as necessidades educacio-
9394/96, como uma modalidade de educação escolar que nais especiais como exclusividade “para defi cientes” e pas-
permeia todas as etapas e níveis de ensino. Esta definição sa-se a entendê-las como algo que todo o aluno, em maior
permite desvincular “educação especial” de “escola espe- ou menor grau, ocasional ou permanentemente, pode vir
cial”. Permite também, tomar a educação especial como a demandar.
um recurso que beneficia a todos os educandos e que atra-
vessa o trabalho do professor com toda a diversidade que 1.4 Formação de Educadores
constitui o seu grupo de alunos. A formação dos profissionais da educação é tarefa,
Podemos dizer que se faz necessário propor alternati- sem dúvida, essencial para a melhoria do processo de en-
vas inclusivas para a educação e não apenas para a escola. sino e para o enfrentamento das diferentes situações que
A escola integra o sistema educacional (conselhos, serviços implicam a tarefa de educar.
de apoio e outros), que se efetiva promotora de relações Uma das dificuldades encontradas na formação dos
de ensino e aprendizagem, através de diferentes metodo- educadores, no estudo de alguns fundamentos teóricos
logias, todas elas alicerçadas nas diretrizes de ensino na- para o trabalho com alunos com necessidades educacio-
cionais. nais especiais, é o amplo leque de realidades sócio-cultu-
O surgimento da educação especial está vinculado ao rais existentes em nosso país. Para atender esta demanda
discurso social posto em circulação na modernidade para tão diversa, o material dirigido à formação tem se proposto
dar conta das crianças que não se adaptavam aos contor- oferecer uma linguagem sufi cientemente abrangente para
nos da escola. Foi a partir deste lugar de “criança não es- ser acessível a todos. Porém, em alguns casos, se observa a
colarizável” que as deficiências foram organizadas em um excessiva simplificação dos conteúdos propostos, aliada a
amplo espectro de diagnósticos, recortadas e classificadas uma superficialidade que se distancia das situações proble-
com o apoio do saber médico. máticas concretas de cada realidade.
A partir daí, a educação especial baseou-se em uma É comum encontrar materiais dirigidos aos professores
concepção de reeducação através de métodos comporta- que apostam na informação como eixo central da sua for-
mentais, supondo que bastariam técnicas de estimulação mação. A apropriação de alguns conceitos é fundamental,
especiais para as crianças alcançarem um nível “normal” de contudo é necessário articular esses conceitos com as si-
desenvolvimento. tuações vividas em cada realidade escolar e na experiência
A Declaração de Salamanca (1994) traz uma interes- de cada profissional da educação. Este trabalho de articu-
sante e desafiadora concepção de Educação Especial ao lação é um processo cotidiano e sistemático. Não acontece
utilizar o termo “pessoa com necessidades educacionais de uma vez por todas, podendo se dar somente através
especiais” estendendo-o a todas as crianças ou jovens que da análise da vivência de cada profissional em seu fazer
têm necessidades decorrentes de suas características de diário. Caso não se leve em conta o caráter processual da
aprendizagem. O princípio é que as escolas devem acolher formação desses profissionais, corre-se o risco de despre-
a todas as crianças, incluindo crianças com deficiências, su- zar o conhecimento e a experiência prévia que cada um
perdotadas, de rua, que trabalham, de populações distan- traz consigo.
tes, nômades, pertencentes a minorias lingüísticas, étnicas A formação do professor deve ser um processo con-
ou culturais, de outros grupos desfavorecidos ou margi- tinuo, que perpassa sua prática com os alunos, a partir do
nalizados. Para isso, sugere que se desenvolva uma peda- trabalho transdisciplinar com uma equipe permanente de
gogia centrada na relação com a criança, capaz de educar apoio. É fundamental considerar e valorizar o saber de to-
com sucesso a todos, atendendo às necessidades de cada dos os profissionais da educação no processo de inclusão.
um, considerando as diferenças existentes entre elas. Não se trata apenas de incluir um aluno, mas de repen-
Pensando as escolas especiais, como suporte ao pro- sar os contornos da escola e a que tipo de Educação estes
cesso de inclusão dos alunos com necessidades educacio- profissionais têm se dedicado. Trata-se de desencadear um
nais especiais na escola regular comum, a coordenação processo coletivo que busque compreender os motivos
entre os serviços de educação, saúde e assistência social pelos quais muitas crianças e adolescentes também não
aparece como essencial, apontando, nesse sentido, a pos- conseguem encontrar um “lugar” na escola.
sibilidade das escolas especiais funcionarem como centros Para isso, não bastam informações e imperativos, mas
de apoio e formação para a escola regular, facilitando a verdadeiros processos de reflexão que levem os grupos a
inclusão dos alunos nas classes comuns ou mesmo a fre- considerar qual é o discurso que se produz na sua prática.
qüência concomitante nos dois lugares. Os discursos institucionais tendem a produzir repetições,
Essa seria uma forma da escola não se isentar das res- buscando garantir a permanência do igual, do já conhe-
ponsabilidades relativas às dificuldades de seus alunos cido, como forma de se proteger da angústia provocada
simplesmente limitando-se a encaminhá-los para aten- pelo novo. Ao reconhecer que faz parte de um sistema re-
162
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
gulado por algumas práticas já cristalizadas, o grupo terá ção, seleção, reduzindo os sujeitos a marcas mais ou me-
condições de buscar mecanismos que possibilitem a dis- nos identitárias de uma síndrome, deficiência ou doença
cussão e análise das questões que envolvem o seu fazer, mental?
ressignificando as relações entre sujeitos, saberes e apren- Um possível recurso de que poderia se lançar mão nes-
dizagem se criando novas práticas inclusivas. Dessa forma, te sentido, seria o de uma lógica que oferecesse elementos
cada contexto escolar deveria se situar como autor de seu de processualidade ao longo deste trajeto. Pelo simples
projeto pedagógico, levando em conta as suas experiên- fato de se tratar, não somente em discurso, mas na prática
cias. cotidiana, de uma rede de relações no trabalho educativo
Para tanto, é necessário um processo contínuo de in- que estão instituídas há séculos e que se repetem como
terlocução entre educadores e encontros sistematizados naturais e definitivas. É por dentro desta lógica que uma
com a equipe interdisciplinar de apoio, na perspectiva de política macro quer se instaurar.
manter um canal aberto de escuta para estes profissionais. Uma nova concepção de educação e sociedade se faz
Assim, é possível lidar com os impasses do cotidiano da por vontade pública e é essencial que o sistema educacio-
sala de aula e do ambiente escolar, trocando experiências e nal assuma essa vontade. Para operar as transformações
aprendendo novas formas de ensinar. O professor precisa nos modos de relação dentro da escola é, também, neces-
sustentar sua função de produzir enlace, em acréscimo a sário que os profissionais envolvidos tomem para si a tare-
sua função pedagógica, e para isso necessita de apoio de fa de pensar estas questões de forma reflexiva e coletiva.
uma equipe de profissionais. Dito de outra forma, é necessário que todos os agen-
“São poucas as experiências onde se desenvolvem os tes institucionais percebam-se como gestores e técnicos da
recursos docentes e técnicos e o apoio específico necessá- educação inclusiva.
rio para adequar as instituições escolares e os procedimen- Nesta perspectiva, é essencial que o exercício social e
tos pedagógico-didáticos às novas condições de inclusão”. profissional destes agentes esteja sustentado por uma rede
É imprescindível, portanto, investir na criação de uma de ações interdisciplinares, que se entrelacem no trabalho
política de formação continuada para os profissionais da com as necessidades educacionais especiais dos alunos.
educação. A partir dessa, seria possível a abertura de es-
paços de reflexão e escuta sistemática entre grupos inter- 2. PROCESSO DE INCLUSÃO
disciplinares e interinstitucionais, dispostos a acompanhar, A investigação dos aspectos que necessitam evoluir
sustentar e interagir com o corpo docente. na política de educação especial requer que se situe como
este processo vem acontecendo efetivamente nas redes
1.5 Concepção de Inclusão de ensino. Considerando que a inclusão de crianças com
As referências usualmente feitas de inclusão no campo necessidades educacionais especiais produz impasses no
da educação consideram as dimensões pedagógica e legal cotidiano escolar que exigem um constante repensar das
da prática educacional. Sem dúvida, dois campos impor- práticas pedagógicas é importante a análise de alguns as-
tantes quando se pretende a efetivação destes ideais. No pectos do contexto atual da inclusão no país.
entanto, uma importante ampliação da discussão sobre os Os temas, delineados a partir de um mapeamento
caminhos das políticas públicas para a inclusão escolar se- realizado em diferentes espaços educacionais, represen-
ria a consideração do contexto em que se pretende uma tam uma síntese dos principais aspectos percebidos como
sociedade inclusiva. tensionadores do processo e emergiram da análise das
As instituições educacionais, organizadas para esta- opiniões dos diferentes segmentos da comunidade esco-
belecer modelos de relações sociais, reproduzem com lar envolvidos com a proposta de inclusão, as quais foram
eficiência a lógica das sociedades. Trata-se de um lugar obtidas através de observações, de entrevistas semiestru-
legitimado socialmente onde se produzem e reproduzem turadas, de grupos de discussão, bem como de diferentes
relações de saber-poder. Nestas, a lógica das classificações experiências profissionais existentes.
sempre foi necessária para o estabelecimento da ordem e
do progresso social. Daí pode advir a ideia de que a esco- 2.1 Comunidade Escolar e a Política de Inclusão
la, como mais um equipamento de disciplinamento social, A associação mais imediata e comum no ambiente esco-
não foi concebida para ser inclusiva, mas para ser instru- lar, quando se trata de questionar posições acerca da política
mento de seleção e capacitação dos “mais aptos” a uma de educação inclusiva, é a de mais um encargo que o sistema
boa conduta social. educacional impõe aos professores. Mesmo sendo favoráveis
A efetivação de uma educação inclusiva neste contexto à concepção contida na lei e percebendo os benefícios que
secular não é tarefa fácil. Não menos desprovida de dificul- sua implementação traria a toda a sociedade, o temor e as
dades é a tarefa de um Estado que intenta organizar uma preocupações daí decorrentes são inevitáveis.
política pública que, como tal, se empenha na busca de Algumas expressões como: “a inclusão é forçada” ou “é
um caráter de universalidade, garantindo acesso a todos inclusão só de fachada” sinalizam as dificuldades em lidar
os seus cidadãos às políticas que lhes cabem por direito. com o acesso de pessoas com necessidades educacionais
O campo da inclusão, entretanto, fundamenta-se na especiais no ensino regular.
concepção de diferenças, algo da ordem da singularidade As escolas, de modo geral, têm conhecimento da exis-
dos sujeitos que acessam esta mesma política. Como não tência das leis acerca da inclusão de pessoas com neces-
torná-la, a cada passo, um novo instrumento de classifica- sidades educacionais especiais no ambiente escolar e da
163
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
obrigatoriedade da garantia de vaga para estas. As equipes cação das formas de ensinar, avaliar, trabalhar com grupos
diretivas respeitam e garantem a entrada destes alunos, em sala de aula e a criação de estruturas físicas facilitadoras
mostrando-se favoráveis à política de inclusão, mas apon- do ingresso e circulação de todas as pessoas.
tam alguns entraves pelo fato de não haver a sustentação Em que pesem as inúmeras dificuldades presentes no
necessária, como por exemplo, a ausência de definições cotidiano das escolas, permanece uma expectativa entre
mais estruturais acerca da educação especial e dos supor- educadores e gestores escolares de que as transformações
tes necessários a sua implementação. sociais alcancem a instituição educativa. O que está em dis-
Não raro ouve-se nas escolas referências a alunos com cussão é qual a compreensão que temos da relação entre
necessidades educacionais especiais como “os alunos da escola e sociedade. É pela educação que se transforma a
inclusão”, o que sugere o questionamento sobre o modo sociedade, ou a escola é mera reprodutora das estruturas
como são percebidos diante dos demais alunos. “Tenho da sociedade?
vinte e cinco alunos, dois de inclusão”, comenta um profes- A concepção que tem orientado as opiniões de muitos
sor. Além da evidente concepção de uma educação voltada gestores e educadores que atuam na perspectiva da edu-
para a “normalidade”, tal ideia contrapõe-¬se à compreen- cação inclusiva é de que a escola é um dos espaços de ação
são da inclusão, largamente defendida na bibliografia, de transformação. Uma compreensão que aproxima a ideia
como um processo que deve abranger todas as diferenças. de políticas de educação e políticas sociais amplas que ga-
Outra evidência da fragilidade que ainda se encon- rantam a melhoria da qualidade de vida da população.
tra no entendimento do processo inclusivo diz respeito Consideradas essas questões, a educação inclusiva
aos critérios utilizados na seleção e encaminhamento dos implica na implementação de políticas públicas, na com-
alunos com necessidades educacionais especiais. É senso preensão da inclusão como processo que não se restringe
comum nas escolas que todo “aluno com condições de à relação professor-aluno, mas que seja concebido como
aprendizagem formal” deve ser encaminhado para esco- um princípio de educação para todos e valorização das di-
la de ensino regular. No caso, os educadores consideram ferenças, que envolve toda a comunidade escolar.
as escolas cicladas como as mais preparadas para receber
estes alunos, já que o sistema por ciclos de formação pos- 2.2 Os Educadores e a Educação Inclusiva
sibilita o convívio com as diferenças e com colegas de sua A posição da família do aluno com necessidades edu-
idade. No entanto, ressaltam que algumas crianças e ado- cacionais especiais é apontada como um obstáculo do
lescentes não possuem condições de frequentar a escola processo de inclusão educacional, quando esta “difi culta a
regular comum e, em alguns casos, nem a escola especial. inclusão por não reconhecer as possibilidades da criança”.
Existe ainda, uma certa resistência em pensar a trans- Sabe-se que o nascimento de um filho com deficiência traz
formação do espaço da escola especial, pois muitos acre- uma série de impasses às relações familiares, seguidos de
ditam que sua estrutura também é inclusiva, promotora de sentimentos de frustração, culpa, negação do problema,
laço social e que somente nela seria possível a permanência entre tantos outros. Os anos iniciais da criança abrangem
de algumas das pessoas com necessidades educacionais o período de suas mais férteis aquisições, as quais podem
especiais. Porém, neste aspecto se evidencia uma contra- ser prejudicadas se a família não tiver a ajuda necessária
dição, enquanto a escola regular comum em cumprimento para reconhecer seu filho como um sujeito que apresenta
à legislação deve receber todo e qualquer aluno, a escola diversas possibilidades. A escola, como o segundo espaço
especial ainda mantém certos critérios de seleção, os quais de socialização de uma criança, tem um papel fundamental
permitem que não receba alguns casos com quadros psí- na determinação do lugar que a mesma passará a ocupar
quicos graves e/ou deficiências múltiplas. junto à família e, por consequência, no seu processo de
Este é um importante paradoxo verificado no atual pa- desenvolvimento.
norama da política de educação especial. Outro aspecto a ser considerado, especialmente nas
Outra ressalva bastante proferida pelos grupos escuta- escolas públicas, é a situação de miséria econômica e ca-
dos é de que o processo da inclusão deve ser compartilha- rência social de algumas famílias. Para estas, a escola é um
do com vários segmentos sociais, não ficando apenas ao dos poucos lugares de cuidado e acompanhamento de
encargo da escola, ou do professor, como pode se verificar suas crianças, quando não de sobrevivência direta, pela
nas seguintes expressões: “Sou a favor da inclusão, mas possibilidade de alimentação e cuidados primários e, in-
não jogando tudo no professor”; “Acredito na inclusão, direta, pela viabilidade do afastamento dos adultos para o
mas estou decepcionada com esse ‘fazer de conta’ de que trabalho.
se está incluindo...”. A formação dos professores também ganha destaque
entre as demandas mais emergentes para o aprofunda-
Neste sentido, torna-se especialmente relevante à par- mento do processo de inclusão. Existe um consenso de
ticipação dos diferentes segmentos na implantação dos que é imprescindível uma participação mais qualificada
direitos assegurados em lei para que os benefícios perce- dos educadores para o avanço desta importante reforma
bidos na política de inclusão educacional possam ser efeti- educacional. O “despreparo dos professores” fi gura en-
vados. Não há dúvida de que incluir pessoas com necessi- tre os obstáculos mais citados para a educação inclusiva, o
dades educacionais especiais na escola regular pressupõe qual tem como efeito o estranhamento do educador com
uma grande reforma no sistema educacional que implica aquele sujeito que não está de acordo com “os padrões de
na flexibilização ou adequação do currículo, com modifi- ensino e aprendizagem” da escola.
164
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
Nessa mesma direção, a formação inicial dos educa- Um outro importante elemento assinalado pelas pes-
dores oferecida no currículo dos cursos de licenciatura soas escutadas nas escolas, quando se fala na inclusão de
também é referido. Segundo os entrevistados, os cursos de crianças com necessidades educacionais especiais no ensi-
formação de professores pouco abordam sobre educação no regular, é que as escolas costumam fazer alusão a servi-
inclusiva e conhecimentos acerca das necessidades educa- ços de apoio especializados para desenvolver um trabalho
cionais especiais dos alunos. “As principais dificuldades são de qualidade. Dentre os especialistas, são citados neuro-
de recursos humanos, pessoal preparado. (...) Todos preci- logistas, terapeutas ocupacionais, psicólogos, psiquiatras,
sam estar preparados, principalmente o professor em sala fonoaudiólogos, assistentes sociais, entre outros. Supõe-se
de aula, que muitas vezes não sabe como fazer.” que, por trás desse pedido, está a idéia de que o aluno
Assim, constata-se a necessidade de introduzir tanto precisa suprir algumas necessidades específicas que po-
modificações na formação inicial dos educadores, quanto a derão ser atendidas por um, ou vários especialistas, bem
formação continuada e sistemática ao longo da carreira pro- como que estes profissionais poderiam ajudar o professor
fissional dos professores e demais profissionais da educação. a descobrir os caminhos possíveis para facilitar a aprendi-
Além da formação profissional, muitos educadores ou- zagem do aluno. A falta de atendimento de saúde e assis-
vidos apontam como obstáculos ao processo de inclusão tência ao aluno com necessidades educacionais especiais
o grande número de crianças em sala e a falta de recursos é apontada como um dificultador à inclusão, mostrando
para sustentação da prática pedagógica. Consideram que a carência de articulação de uma rede de serviços, funda-
classes com menor número de alunos seriam mais acolhe- mentais para inclusão educacional e para a qualidade de
doras e possibilitariam um trabalho mais cuidadoso. vida dos cidadãos.
Mencionam também a necessidade de em algumas situa- É mister ressaltar que a menção a vários especialistas,
ções específi cas, a constituição de turmas de alunos diferen- muitas vezes, costuma referir-se a um modelo historica-
ciadas. “... há uma estrutura que é de turma com 30 alunos... A mente constituído como multidisciplinar, no qual adapta-
escola regular precisaria ter turmas menores”. Nessa direção, ção ou inadaptação se constituem como critérios que di-
ainda, as escolas citam as salas de recursos, os serviços de orien- recionam os diagnósticos. Nesta visão tradicional de edu-
tação educacional e o atendimento educacional especializado cação especial, multiplicam-se as intervenções supondo-se
como importantes dispositivos para propiciar a escolarização. que a adição sistemática de várias disciplinas contribuiria
Com relação à proposta pedagógica, cabe apontar a para completar o “quadro da normalidade”, reforçando a
importância das flexibilizações curriculares para viabilizar o idéia de que bastaria que cada especialista fizesse a sua
processo de inclusão. parte para que o aluno estivesse apto para ser “integrado”.
Para que possam ser facilitadoras, e não dificultadoras, As consequências deste modelo de atendimento, vis-
as adequações curriculares necessitam ser pensadas a par- to que a fragmentação na forma de olhar e se relacionar
tir do contexto grupal em que se insere determinado aluno. com uma criança tem consequências no modo como ela
“As adaptações se referem a um contexto - e não me refiro irá constituir seu modo de ser. Esta fragmentação pode
à criança, mas ao particular ponto de encontro que ocorre chegar ao limite de impossibilitar sua constituição como
dentro da aula em que convergem a criança, sua história, sujeito. Esse mesmo autor aponta, como imprescindível, o
o professor, sua experiência, a instituição escolar com suas trabalho interdisciplinar para decidir sobre as estratégias
regras, o plano curricular, as regulamentações estaduais, as terapêuticas. No paradigma da interdisciplinaridade não
expectativas dos pais, entre outros, - então não é possível se trata de estímulo à prevalência do discurso de uma ou
pensar em adaptações gerais para crianças em geral. Como outra especialidade, mas de articuláIos entre si. “Este novo
refere esta autora, as “adaptações” curriculares devem ser espaço discursivo, esta nova região teórica possibilita a co-
pensadas a partir de cada situação particular e não como municação interdisciplinar e a produção de uma nova or-
propostas universais, válidas para qualquer contexto esco- dem do saber, em que uma concepção acerca do sujeito é
lar. As adequações feitas por um determinado professor compartilhada por todas as disciplinas”.
para um grupo específico de alunos só são válidas para A observação do tipo de relação atualmente percebida
esse grupo e para esse momento. entre especialidades das áreas de saúde e educação, mais
Na medida em que são pensadas a partir do contexto e diretamente relacionadas ao processo de inclusão educa-
não apenas a partir de um determinado aluno, entende-se cional, parece apontar para um caminho bem diverso ao da
que todas as crianças podem se beneficiar com a implan- interdisciplinaridade. Escola e saúde aparecem como luga-
tação de uma adequação curricular, a qual funciona como res que se excluem entre si, tanto nas políticas de atendi-
instrumento para implementar uma prática educativa para mento quanto na organização dos seus saberes específicos.
a diversidade. Pois, como acrescenta a autora citada, as Os serviços de saúde não são percebidos como lugares que
“adaptações curriculares” devem produzir modificações se somam à escola, mas para os quais se encaminha alunos, evi-
que possam ser aproveitadas por todas as crianças de um denciando o caráter dissociativo que se imprimiu às práticas do
grupo ou pela maior parte delas. encaminhamento e atestando a desresponsabilização de uma
Cabe salientar, ainda, que além de não serem generali- área em relação à outra que, na maioria das vezes, sequer inclui
záveis, as adequações curriculares devem responder a uma o acompanhamento da escola ao caso encaminhado.
construção do professor em interação com o coletivo de A fragmentação dos saberes e disputa de territórios
professores da escola e outros profissionais que compõem de poder daí decorrentes apontam para uma lógica de
a equipe interdisciplinar. especialismos que se afasta da concepção de interdiscipli-
165
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
naridade insistentemente referida como fundamental aos consigam desenvolver sua capacidade intelectual. Por isso
avanços deste campo de intervenção. Sabemos que o su- é necessário enfatizar ainda mais as possibilidades de in-
cesso de uma política inclusiva depende da qualidade de clusão escolar desde a educação infantil.
uma rede de apoio que lhe dê sustentação e que as intera- Um último aspecto que dificulta o trabalho com alu-
ções entre os profissionais envolvidos, da educação, saúde nos com os diagnósticos em questão, diz respeito às im-
e assistência, são fundamentais a um processo de inclusão plicações emocionais que eles acarretam na relação com
do sujeito na escola e na sociedade. Todos esses dados os educadores ou colegas. O desconhecimento das carac-
apontam a necessidade de uma organização das políticas terísticas dos quadros de doença e deficiência mental, a
de atendimento que contemple a atuação interdisciplinar, angústia gerada pelo contato com a deficiência, as impre-
rompendo com o viés de exclusão e fortalecendo o proces- cisões da etiologia destas doenças ou deficiência ou a in-
so educacional. constância de um mesmo padrão comportamental nestes
A inexistência de uma equipe interdisciplinar é men- alunos mobiliza sentimentos que vão do temor ao apego
cionada pelos entrevistados, como um obstáculo para que maternal, da raiva gerada pela impotência à negação das
se possibilite o trabalho dos professores em sala de aula possibilidades da intervenção pedagógica.
com a inclusão de alunos com necessidades educacionais Por todas as razões é, talvez, precisamente nos casos
especiais. Nesse sentido, supõe que o professor além de de deficiência e doença mental que o trabalho interdisci-
ser apoiado em sua prática pedagógica por uma equipe plinar se faz ainda mais imprescindível, como elemento de
de profissionais, também é parte atuante desta equipe in- sustentação do processo de inclusão.
terdisciplinar, pois é ele que detém um “saber fazer” com
relação à aprendizagem, que o habilita a propor adequa- 2.4 Construção de Espaços Inclusivos
ções, partindo de cada situação particular para favorecer É comum responsabilizar a escola de ensino regular
uma proposta inclusiva. por não saber trabalhar com as diferenças e excluir seus
alunos e a escola especial por se colocar de forma segre-
2.3 A Inclusão nos Casos de Deficiência e Doença gada e discriminatória. A implementação da educação
Mental inclusiva requer a superação desta dicotomia eliminando
Dentre as dificuldades encontradas para a sustentação a distância entre o ensino regular e o especial, que numa
de um processo de inclusão escolar, os casos de deficiência perspectiva inclusiva significa efetivar o direito de todos os
mental e de quadros psicopatológicos graves, comumente alunos à escolarização nas escolas comuns de ensino regu-
qualificados de doença mental, apresentam especial com- lar e organizar a educação especial, enquanto uma propos-
plexidade que merece ser destacada. Primeiramente, há ta pedagógica que disponibiliza recursos, serviços e realiza
um problema conceitual relacionado à grande diversidade o atendimento educacional especializado, na própria esco-
de terminologias utilizadas por diferentes correntes teóri- la ou nas escolas especiais, que se transformam em centros
cas como já comentado no item “conceito de deficiência especializados do sistema educacional, atuando como su-
mental”. porte ao processo de escolarização.
Acrescente-se, ainda, dificuldade diagnóstica associa- Na visão da integração, diferentemente da propos-
da a estes casos. ta da inclusão, muitos alunos com deficiência mental são
Vale lembrar que, de modo diverso da deficiência men- encaminhados pela escola especial para a escola regular
tal, as doenças mentais, como as psicoses e o autismo, não comum e “enturmados” em classes especiais, mostrando
são definidas pelas alterações nos processos de desenvol- uma lógica discriminatória e “não inclusiva”. Em ambos os
vimento cognitivo ou de aprendizagem, mas por falhas na espaços, os alunos são mantidos sob a dicotomia “norma-
estruturação psíquica. lidade/deficiência”, comprovando a necessidade de pro-
O uso corrente nesta área de estudos de termos abran- blematizar a instituição da exclusão nas várias práticas e
gentes como “condutas típicas”, “transtornos invasivos de concepções educacionais que a reforçam.
desenvolvimento” ou “quadros psíquicos”, ao não fazer Percebe-se muitas vezes, que as escolas comuns do
referência a estas importantes diferenciações, dificulta a ensino regular desconhecem o trabalho oferecido pelas
hipótese diagnóstica. Em função disto, é muito comum en- escolas especiais e assim, não conseguem visualizar no que
contrar crianças precipitadamente taxadas como defi cien- estas poderiam lhes auxiliar no trabalho com alunos com
tes mentais e equívocos desta ordem têm consequências necessidades educacionais especiais. Por outro lado, as
graves nas formas como estas crianças serão, a partir de escolas especiais projetam as dificuldades para efetivação
então, tratadas e conseqüentemente nos investimentos clí- deste processo nas escolas regulares, quando reforçam à
nicos e pedagógicos que definirão seu desenvolvimento. lógica do especialismo que reserva às escolas especiais a
Considera-se que as doenças mentais (quadros psi- “exclusividade” da competência para lidar com alunos com
copatológicos), na infância, são passíveis de remissão, por necessidades educacionais especiais.
isso mesmo deveriam ser prioridade nos atendimentos te- Chama atenção o fato de alguns profissionais conside-
rapêuticos. Sabemos também que, nesses casos, a educa- rarem as escolas especiais como um espaço inclusivo por
ção pode ser terapêutica, principalmente se realizada des- proporcionarem um espaço conjunto para os alunos “espe-
de os primeiros anos de vida. Preservando e reforçando os ciais” ao lado de outras crianças e adolescentes da comuni-
laços sociais e as experiências de aprendizagem, desde a dade, pela realização de oficinas de educação profissional
primeira infância, é muito mais provável que estas crianças buscando oportunidade do emprego, pela participação
166
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
com outras escolas em atividades esportivas e culturais. No mento das pessoas com deficiência; (Lei Orgânica da Saúde
entanto, estas práticas favorecidas por algumas escolas es- 8080/90, Art. 7o. Incisos I, II, e IV). Vale também reforçar
peciais, não refletem a compreensão da inclusão do ponto que a concepção ampliada de saúde sustentada nesta lei
de vista educacional que pressupõe o acesso de todos aos não se restringe à ausência de doença, destacando-se a
espaços comuns de escolarização, que não limite os direi- educação como um de seus fatores determinantes, confor-
tos humanos e as suas liberdades fundamentais. me expresso em seu Artigo 3o: “A saúde tem como fatores
As escolas especiais, ao reconhecerem como sua ta- determinantes e condicionantes, entre outros, a alimenta-
refa o apoio às escolas regulares comuns nos processos ção, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente,
de inclusão contribuem no acompanhamento do processo o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o
educacional dos alunos com necessidades educacionais es- acesso aos bens e serviços essenciais; os níveis de saúde
peciais, na formação docente, no atendimento educacional da população expressam a organização social e econômica
especializado, na orientação à família e na rede de servi- do País”. E no Parágrafo único: “Dizem respeito também à
ços das áreas de saúde, assistência social, trabalho e outros saúde as ações que, por força do disposto no artigo an-
de interface com a educação. Considerando a concepção terior, se destinam a garantir às pessoas e à coletividade
da educação inclusiva observasse que tanto a escola co- condições de bem-estar físico, mental e social”.
mum de ensino regular quanto a escola especial podem
caminhar juntas na busca da inclusão dos alunos com de- • A existência de uma rede de instituições não gover-
ficiência, entendendo-os como sujeitos capazes de realizar namentais estruturada para prestar os serviços de apoio
aprendizagens e trabalhando para que possam assumir à educação e à saúde de pessoas com defi ciência, que
este lugar de aprendizes, o que tradicionalmente não era preencheu um espaço, de inegável importância frente à
esperado destas crianças. lacuna do Estado na prestação deste atendimento, enten-
Os impasses e alternativas apontadas podem auxiliar didos muitas vezes, como substituição a educação. Esta
na compreensão dos desafi os do processo de inclusão de postura do
pessoas com necessidades educacionais especiais na rede Estado de repasse da responsabilidade contraria o
regular de ensino. Entre os inúmeros ensinamentos que se disposto no Artigo 60 da LDBEN, que se refere ao apoio
pode extrair das experiências vividas por profissionais que técnico e financeiro às instituições privadas sem fins lucra-
têm trabalhado neste sentido, observa-se uma crescente tivos, especializadas com atuação exclusiva em educação
adesão à proposta de inclusão assim como um crescente especial, quando no parágrafo único determina: “O poder
interesse da comunidade escolar para que o processo se público adotará, como alternativa preferencial, a ampliação
amplie e para que se estabeleça uma forma consistente de do atendimento dos educandos com necessidades espe-
apoio para as crianças em processo de inclusão escolar. ciais na própria rede publica regular de ensino, indepen-
A inclusão é percebida como um processo de amplia- dentemente do apoio às instituições previstas no artigo.”
ção da circulação social que produza uma aproximação dos
seus diversos protagonistas, convocando-os à construção • As recomendações teórico-técnicas e normas vigen-
cotidiana de uma sociedade que ofereça oportunidades tes para a implementação da educação inclusiva e as práti-
variadas a todos os seus cidadãos e possibilidades criativas cas desenvolvidas para dar conta dos problemas inerentes
a todas as suas diferenças. à realidade escolar a que se destinam.
A Resolução no 02/2001 do CNE-CEB, que institui as
4. REDES DE APOIO Diretrizes Nacionais da Educação Especial na Educação Bá-
sica, no art. 2o afirma que: “Os sistemas de ensino devem
À EDUCAÇÃO INCLUSIVA matricular todos os alunos, cabendo as escolas organizar-
-se para o atendimento aos educandos com necessidades
O desafio da educação brasileira de fazer valer o com- educacionais especiais, assegurando as condições necessá-
promisso de implementação de uma política inclusiva que rias para uma educação de qualidade para todos”.
tenha como prioridade o atendimento aos alunos com de-
ficiência nas escolas de ensino regular, assim a criação de • A amplitude e heterogeneidade da realidade brasi-
uma rede pública que viabilize e dê sustentação a tal meta leira a que se destinam as políticas de inclusão, com 5.564
torna-se uma obrigação ética do Estado para com seus ci- municípios brasileiros, 174.894 escolas públicas, 2,9 mi-
dadãos. Entretanto, o processo de constituição desta rede lhões de brasileiros com deficiência, na faixa etária de 0 a
é complexo e implica mudanças necessárias à implemen- 17 anos. Os indicadores nacionais apontam que 3,6% das
tação de uma política inclusiva, nos termos hoje propostos crianças em idade escolar estão fora da escola, que 27%
na legislação brasileira, implicam no enfrentamento de im- repetem a mesma série, que 51% conclui o ensino funda-
passes gerados pelo próprio processo que vale considerar: mental e que mais de 50% das crianças não se alfabetizam
ao final dos 4 anos iniciais do ensino fundamental.
• O compromisso assumido pelo Estado na implanta- Todas estas considerações impõem a necessidade de
ção do SUS que, em função dos princípios da universalida- se pensar estratégias para o desenvolvimento das políticas
de de acesso aos serviços de saúde, da integralidade e da públicas de inclusão social que, ao mesmo tempo, consi-
igualdade da assistência, sem preconceitos ou privilégios derem os avanços produzidos até aqui, e não se limitem
de qualquer espécie; deve avançar no atendimento ao seg- a eles. Com esta perspectiva, a interface entre as áreas da
167
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
saúde e educação, que tenham como propósito a união Dentre as competências da equipe destaca-se ativida-
de esforços e recursos relacionados à inclusão escolar da des como: a realização do levantamento de necessidades
pessoa com necessidades educacionais especiais pode se específicas da escola; a elaboração de programas de asses-
concretizar através da criação de uma soramento às escolas; a orientação e supervisão dos agen-
tes da Rede de Apoio à Educação Inclusiva; a orientação
Rede de Apoio à Educação Inclusiva. e acompanhamento das famílias de alunos com necessi-
dades educacionais especiais; a assessoria aos educadores
4.1 Princípios Norteadores que têm alunos com necessidades educacionais especiais
a. Ampliar a meta constitucional de municipalização incluídos nas classes comuns do ensino regular.
das políticas públicas; Para a concretização das ações da equipe interdiscipli-
b. A sustentação da política de inclusão que inclua a nar de apoio à inclusão cabe ainda:
dimensão da interdisciplinaridade em seus fundamentos
metodológicos. a. Investigar e explorar os recursos da comunidade a
fim de articular os serviços especializados existentes na
O aprofundamento do processo de inclusão social, rede de educação e saúde às necessidades específicas dos
neste momento, implica retirar a discussão da tradicional alunos com necessidades educacionais especiais;
polarização entre “estratégias clínicas”, ao encargo da saú- b. Desenvolver estratégias de parceria entre as diversas
de versus “estratégias pedagógicas” ao encargo da edu- instituições com trabalho social e comunitário, governa-
cação; mental e não governamental.
c. Realizar visitas domiciliares para auxiliar no acesso
c. Repensar a função da escola e da saúde no processo e permanência do aluno com necessidades educacionais
de aprendizagem e socialização para além dos limites ins- especiais na rede regular de ensino;
tituídos, em que à primeira cabe a informação e a segunda d. Acompanhar o processo de aprendizagem do aluno
o tratamento de doenças. com necessidades educacionais especiais, favorecendo a
d. O enfrentamento da exclusão social de pessoas interlocução dos segmentos da comunidade escolar,
com deficiência implica saberes, formações e estruturas e. Articular a mediação entre a sala de aula com o aten-
das instâncias administrativas para uma gestão colabora- dimento educacional especializado, o atendimento clínico,
tiva que exige uma ressignificação do papel do Estado na a rede de assistência e a família.
implementação das políticas.
Para Ana Maria Vasconcellos (UNICEF, 2004 p. 77), uma
4.2 Objetivos da Rede de Apoio à Educação Inclu- “rede de interesses intersetoriais” pode ser uma condição
siva para o desenvolvimento de políticas de atenção à crian-
A criação de uma rede intersetorial e interdisciplinar ça e ao adolescente, e durante sua participação no pro-
de apoio à implementação da política de educação inclu- jeto “Saúde na Escola: Tempo de Crescer”, que atua nesta
siva e da política de saúde da pessoa com deficiência se perspectiva com 4 municípios de Pernambuco, identificou
viabiliza por meio de estratégias promotoras de saúde e pontos altamente favoráveis nos gestores dos sistemas de
educação, objetivando o atendimento a diversidade social educação e saúde, tais como: a sensibilização dos municí-
e a atenção às necessidades educacionais especiais dos pios frente às questões da atenção integral à criança; se-
alunos. Portanto a implantação de uma Rede de Apoio à tores da educação envolvidos na ampliação das condições
Educação da melhoria da qualidade de vida e atenção individualizada
Inclusiva tem como função: ampliar a atenção integral da criança; profissionais da educação infantil sensibilizados
à saúde do aluno com necessidades educacionais espe- para a articulação com os profissionais da saúde; profissio-
ciais; assessorar às escolas e às unidades de saúde e reabi- nais da saúde disponíveis para essa articulação; profissio-
litação; formar profissionais de saúde e da educação para nal da saúde mental sensível para a escolarização desses
apoiar a escola inclusiva; assessorar a comunidade esco- alunos e a disponibilidade dos gestores que atuam dire-
lar na identificação dos recursos da saúde e da educação tamente com crianças e adolescentes para a ampliação de
existentes na comunidade e orientar quanto à utilização serviços e atividades de inclusão educacional.
destes recursos; informar sobre a legislação referente à As duas últimas décadas foram marcadas pelo debate
atenção integral ao aluno com necessidades educacionais acerca da inclusão, estabelecendo como componente fun-
especiais e sobre o direito à educação e sensibilizar a co- damental à universalização do acesso à educação, o de-
munidade escolar para o convívio com as diferenças. senvolvimento de uma pedagogia centrada na criança, a
ampliação da participação da família e da comunidade, a
4.3 Equipe Interdisciplinar organização das escolas para a participação e aprendiza-
Uma equipe interdisciplinar poderá ser constituída por gem de todos os alunos e a formação de redes de apoio à
profissionais da educação especial, pedagogia, psicólogo, inclusão. Esta postura ativa de identificação das barreiras
fonoaudiólogo, assistente social, bem como profissionais que alguns alunos encontram no acesso à educação e tam-
que atuam como conselheiros tutelares, agentes comuni- bém na busca dos recursos necessários para ultrapassá-las
tários de saúde, e outros conforme o contexto de cada se constituiu no movimento de inclusão e consolidação de
comunidade. um novo paradigma educacional referenciado na concep-
168
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
ção de educação inclusiva, que tem como desafio a cons- va desenvolvida por Robert Malina: “é o equilíbrio entre o
trução de uma escola aberta às diferenças e uma sociedade nível de crescimento, de desenvolvimento e de maturação
que reconhece e valoriza a diversidade. e o nível da demanda competitiva. Quando a demanda for
maior que as características individuais, então o indivíduo
não estará pronto para competir” (MALINA, 1988). Esse as-
sunto será objeto de debate no processo de formação dos
APRENDIZAGEM MOTORA. profissionais do Programa Brasil Vale Ouro.
Nesse sentido, o presente caderno, em conjunto com
os demais desta série, pretende ser mais uma ferramen-
ta para subsidiar e orientar os profissionais do Programa
Desenvolvimento, pode-se adiantar que tem sido ob- Brasil Vale Ouro, com foco no desenvolvimento humano
jeto de estudo permanente para que mais professores integral e integrado, iniciando-se com o tema do desen-
possam entender e observar, na prática, o que esperar em volvimento motor, passando pela maturação, até chegar à
termos de comportamento motor dos seus alunos. Nessa aprendizagem motora propriamente dita.
linha, há mais de dez anos, David Gallahue conceituou de- Com este e outros cadernos que compõem esta série,
senvolvimento motor como a “mudança nas capacidades os profissionais que atuam no ensino das diversas modali-
motoras de um indivíduo que são desencadeadas através dades do Programa poderão entender melhor como ocor-
da interação desse indivíduo com seu ambiente e com a rem os processos de desenvolvimento motor e de apren-
tarefa praticada por ele” (GALLAHUE, 2000). dizagem no ensino do(s) esporte(s), o que lhes permitirá
Na compreensão da equipe de profissionais do Pro- conhecer um pouco mais os seus alunos e as possibilidades
grama Brasil Vale Ouro, essas mudanças devem ser consi- de eles se tornarem indivíduos desenvolvidos e hábeis, seja
deradas antes de se propor um plano de aprendizagem de para seguir no seu desenvolvimento como atletas seja para
habilidades motoras, motivo pelo qual optou-se por apre- aprender o esporte para a vida.
sentá-las de acordo com suas fases e estágios. Conforme mencionado anteriormente, o desenvolvi-
Conhecendo melhor o nível de desenvolvimento mo- mento motor ocorre de forma progressiva durante toda a
tor dos alunos, o professor poderá trabalhar a evolução vida do ser humano, iniciando-se na sua concepção e ces-
progressiva de suas fases, superando a tentação da espe- sando somente na sua morte; por outro lado, esse proces-
cialização precoce no esporte, segundo a qual, em menor so também pode sofrer regressões. Para que as mudanças
espaço de tempo, a criança vivencia e pratica uma única aconteçam, não basta levar em conta apenas os fatores
modalidade ou habilidade, especializando-se nela e dei- biológicos; deve-se considerar também os processos de
xando de lado outros fatores e questões importantes para interação do indivíduo com o meio e com a(s) tarefa(s) e
a promoção e a incorporação de valores, habilidades e experiência(s) vivenciadas por ele. Connoly (2000) propõe
competências indispensáveis ao desenvolvimento humano que os resultados do desenvolvimento motor sejam obser-
que valorizam a própria criança como ser criativo, espontâ- vados nas tarefas diárias, fundamentais para a existência
neo e em constante formação. do ser humano.
Levando-se em consideração os estágios de desenvol- Kelso e Clark (1982) afirmam que, antes da década de
vimento motor de uma criança e relacionando-os com a 1960, estudos sobre o desenvolvimento motor apresenta-
prática esportiva competitiva, observa-se que, por vezes, a vam uma perspectiva maturacionista e propunham que o
criança é levada a uma prática específica muito antes de ter desenvolvimento seria uma função dos processos biológi-
cumprido etapas importantes em sua consolidação como cos inatos, relatando assim uma sequência de mudanças
praticante de esporte. Assim, não são raras as vezes em que que ocorriam durante a infância. Nessa perspectiva, os
crianças e jovens são colocados diante de situações com- cientistas observavam o desenvolvimento sem considerar
plexas antes de atingir estágios básicos de desenvolvimen- as relações entre diferentes fatores (ambiente e tarefas)
to motor, situações que exigem comportamentos que não que o influenciam.
são adequados à sua capacidade de realização (DE ROSE De acordo com Connoly (2000), por volta de 1960, o
JR, 2002). foco de interesse dos estudos sobre o desenvolvimento
O início da participação da criança no processo com- motor mudou, de forma que a questão principal passou
petitivo do esporte pode variar de acordo com a moda- a ser o quê, em vez de como. Assim, as preocupações se
lidade praticada, em determinados casos chegando-se a voltaram para o(s) processo(s), não mais para o simples re-
registrar a participação de crianças de 3 anos competindo sultado.
na ginástica e na natação (DE ROSE JR, 2002). Entretanto, Isso significa dizer que, a partir daquele momento, os
quando há uma orientação voltada para a busca precoce cientistas já não mais estavam satisfeitos com o que ob-
de resultados imediatos, fica reduzida a possibilidade de tinham como respostas. Roberton (1977), por exemplo,
uma iniciação esportiva adequada. estava interessada nas interações dos componentes e seg-
Singer (1977) destaca que existem períodos matura- mentos, isto é, o foco da autora estava nas inter-relações
cionais ideais para determinadas experiências, durante os entre o ser humano (componente) e o ambiente onde ele
quais o indivíduo estará mais preparado, permitindo-se, vive. Para entender melhor esse processo, ela observava
dessa forma, que as vivências tragam maiores e melhores seus avaliados em forma de segmentos para, então, poder
benefícios. Surge, portanto, a noção de prontidão esporti- entender o todo.
169
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
Roberton (1987), ao perceber as dificuldades e as restrições de se estudar o desenvolvimento por meio de padrões mo-
tores sob uma perspectiva maturacionista, foi buscar respostas na teoria sistêmica, segundo a qual a variabilidade do siste-
ma não permite a ocorrência de um padrão. Entretanto, Langendorfer e Roberton (2002), ao avaliar novamente os dados de
seus estudos de 20 anos antes, notaram que algo se repetia e que os estágios de desenvolvimento estavam, sim, presentes.
Segundo Gabbard, “ao entender o desenvolvimento motor, o ser humano está aprimorando o autoconhecimento” (GA-
BBARD, 2000). Dessa forma, os estudos de desenvolvimento motor são baseados em sequências desenvolvimentais, para
que se entenda o processo dessas mudanças, e não apenas o resultado. Por meio dessas sequências, os cientistas verificam
os caminhos do desenvolvimento motor e explicam sua importância para a área da educação física e do esporte e para o
desenvolvimento do ser humano. 2.1. Sequência do desenvolvimento de habilidades motoras
Entende-se que o desenvolvimento humano ocorre em fases previsíveis, com mudanças esperadas em determinadas
faixas etárias. Essas mudanças serão explicitadas a seguir.
Diferentes autores, como McClenaghan e Gallahue (1985), Gallahue e Ozmun (2005),
Haywood e Getchel (2004, 2010), sugeriram fases e estágios de desenvolvimento motor com descrições similares. Uma
dessas propostas foi sugerida por Gallahue e Ozmun (2005), e apresenta as seguintes fases:
a) fase motora reflexa – inicia-se na vida intrauterina e vai até os 4 primeiros meses após o nascimento. Essa fase ca-
racteriza-se pela presença de movimentos involuntários, que são a base para o desenvolvimento motor, por meio dos quais
ocorrem os primeiros contatos do indivíduo com o meio ambiente.Por sua vez, os reflexos se subdividem em primitivos e
posturais: os primeiros são responsáveis por atividades como alimentação, reunião de informações e reações defensivas;
por outro lado, os reflexos posturais servem como mecanismos de estabilização, de locomoção e de manipulação;
b) fase dos movimentos rudimentares – vai do nascimento até os 2 primeiros anos de vida. Nessa fase, aparecem os
primeiros movimentos voluntários que, apesar de imperfeitos e descontrolados, são de suma importância para a aquisição
de movimentos mais complexos;
c) fase dos movimentos fundamentais – dos 2 aos 7 anos de idade. Esses movimentos são consequência dos movi-
mentos rudimentares. Nessa fase, as crianças formar e exploram suas capacidades motoras. Assim, os movimentos funda-
mentais são básicos para qualquer outra combinação de movimentos;
d) fase dos movimentos especializados – dos 7 aos 14 anos de idade. Nesse período, a criança/adolescente começa a
refinar suas habilidades fundamentais e passa a combiná-las para a execução de inúmeras atividades, sejam cotidianas ou
de lazer.
Esse modelo pode ser melhor compreendido por meio da ampulheta proposta por Gallahue e Ozmun (2005), que re-
sume as ideias anteriores sobre as fases e os estágios do desenvolvimento motor (Figura 1).
Figura 1.
170
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
Com o objetivo de reforçar a ideia de que, para o desenvolvimento motor acontecer, não se pode deixar de lado as
interferências da hereditariedade e do ambiente, Gallahue e Ozmun (2005) aperfeiçoaram o modelo da ampulheta, como
pode ser observado na figura a seguir (Figura 2).
Figura 2. Modelo de desenvolvimento motor durante o ciclo de vida
Haywood e Getchel (2004, 2010), assim como Gallahue e Ozmun (2005), dividem os movimentos fundamentais e espe-
cializados em estágios, como pode ser visto a seguir. a) movimentos fundamentais:
• estágio inicial (até os 2 anos de idade) – é caracterizado pela integração dos movimentos espaciais e temporais
ainda pobres, imprecisos e sequenciados, restritos pelo uso exagerado do corpo e por falhas na coordenação e no ritmo.
Por exemplo: a criança não consegue se sustentar em pé sozinha pois seu equilíbrio ainda é falho, deixa cair objetos e
brinquedos com frequência;
• estágio elementar (dos 3 aos 4 anos) – envolve maior controle e melhor coordenação rítmica dos movimentos.
Ocorre melhora da sincronia espaçotemporal, mas os movimentos ainda são restritos ou exagerados, embora mais coorde-
nados com relação aos movimentos do estágio anterior;
• estágio maduro (dos 5 aos 6 anos) – é caracterizado por desempenhos eficientes, coordenados e controlados. Por
exemplo: a criança caminha, corre e manipula objetos com equilíbrio e segurança.
b) movimentos especializados:
• estágio transitório (dos 7 aos 8 anos) – nesse momento, a criança começa a combinar seus movimentos fundamen-
tais e a desempenhar atividades relacionadas ao esporte e à recreação, por exemplo: combinação de movimentos como
correr e saltar, correr e lançar a bola etc.;
• estágio de aplicação (dos 11 aos 13 anos) – essa é a fase em que os indivíduos realizam seus movimentos com
mais qualidade, bem como as atividades mais complexas e os jogos em que aparecem outros fatores como, por exemplo,
a liderança;
• estágio de utilização permanente (a partir dos 14 anos, continuando por toda a vida adulta) – representa o ponto
máximo do desenvolvimento motor: o que foi aprendido até aqui será utilizado por toda a vida da pessoa.
171
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
A compreensão desses estágios ou fases permite perceber melhor o processo de desenvolvimento pelo qual passa o
ser humano durante sua formação, de modo que, como professores/treinadores e conhecedores desses processos, seja
possível avaliar melhor os alunos – e, dessa maneira, tornar as aulas mais adequadas às necessidades de cada fase – ou
mesmo atender às especificidades de cada aluno. Por exemplo, um aluno que tem entre 8 e 10 anos de idade está entrando
em um período em que se combinam habilidades motoras básicas; por isso, ele deve vivenciar uma enorme variedade de
movimentos, e não se pode de forma alguma especializar esse garoto em uma única habilidade.
Para exemplificar as fases das habilidades fundamentais, pode-se tomar a corrida, o salto e o arremesso por cima da
cabeça, habilidades presentes na maioria das modalidades esportivas. Gallahue e Ozmun (2005), e McClenaghan e Gallah-
ue (1985), dividem os níveis motores em inicial, elementar e maduro, como foi visto acima; além desses autores, Roberton
e Halverson (1984) classificam a habilidade motora básica de arremessar em níveis, e esses exemplos podem ser vistos a
seguir.
Corrida
Figura 3.
Figura 4.
172
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
Figura 5.
Figura 6.
Estágio inicial:
• membros superiores – têm participação muito limitada na ação do salto;
• tronco – move-se na direção vertical;
• membros inferiores – dificilmente os dois pés são utilizados ao mesmo tempo; participação limitada do movimento
de extensão dos tornozelos, joelhos e quadris.
Figura 7.
Estágio elementar:
• membros superiores – na preparação, eles se mantêm à frente do corpo; na ação, projetam-se para frente e, na fase
aérea, mantêm-se na lateral do corpo para se equilibrar;
• tronco – mantém-se na vertical, sem inclinação;
• membros inferiores – na preparação, ocorre um agachamento mais profundo; ocorre também uma extensão mais
completa dos joelhos e do quadril ao impulsionar-se; na fase aérea, quadris e coxas permanecem flexionados.
173
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
Figura 8.
Estágio maduro:
• membros superiores – voltam-se para trás e, na ação, projetam-se para frente, auxiliando no impulso; no momento
do salto, os braços se mantêm sempre altos;
• tronco – na preparação, inclina-se para frente e, auxiliando no impulso, eleva-se em um ângulo de aproximada-
mente 45°;
• membros inferiores – após um agachamento profundo, quadril, joelhos e tornozelos se estendem ao máximo; na
queda, o quadril se inclina levemente, projetando o tronco para frente. Arremesso por cima do ombro
Figura 9.
Estágio inicial:
• membros superiores – o cotovelo do braço de arremesso aponta para frente, e o movimento se assemelha ao de
um empurrão; Este mesmo cotovelo acompanha
a bola para frente e para baixo, e os dedos se separam no momento de arremessar a bola;
• tronco – mantém-se perpendicular em relação ao alvo; ocorre um pequeno giro durante o movimento;
• membros inferiores – permanecem parados; geralmente, não ocorre preparação dos pés antes do arremesso.
Figura 10.
174
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
Estágio elementar:
• membros superiores – na preparação, o cotovelo aponta para cima, o braço é inclinado para frente, bem acima do
ombro, e segura-se a bola atrás da cabeça;
• tronco – na preparação, ocorre um pequeno giro na direção do arremesso; logo depois, no momento da ação, o
tronco se inclina para frente;
• membros inferiores – uma perna vai à frente (a perna do mesmo lado do braço que arremessa).
Figura 11.
Estágio maduro:
• membros superiores – inclinam-se para trás na preparação da ação: o braço oposto eleva-se para obtenção de
equilíbrio, o cotovelo do arremesso se move horizontalmente enquanto se estende, e o polegar aponta para baixo após
soltar a bola;
• tronco – na preparação, gira para o lado do arremesso, depois antecipa a ação do braço, girando para frente com
uma velocidade um pouco maior;
• membros inferiores – quando se inicia o movimento, todo o peso do corpo está sobre o pé de trás (do mesmo lado
do braço de arremesso); durante o movimento, esse peso vai se transferindo para o outro pé, que esta à frente (contrário
ao braço de lançamento).
Roberton e Halverson (1984) descrevem o arremesso por cima do ombro, dividindo-o nas seguintes ações: ação do
úmero, ação do antebraço e ação do tronco. A ação dos membros inferiores foi acrescida:
a) estágio 1 – o úmero permanece oblíquo em relação ao tronco, e o antebraço se move conforme a bola. Não ocorre
ação dos membros inferiores nem do tronco;
b) estágio 2 – o úmero ainda está fora da linha do corpo, mas já realiza um movimento independente e uma melhor
angulação com o tronco. O antebraço e a bola parecem estar parados atrás da criança. O pé de apoio se move para fren-
te – o que ainda é pouco –, e às vezes se move para a lateral. O corpo realiza uma rotação da parte superior, mantendo a
pélvis bloqueada;
c) estágio 3 – nesse momento, aparece o “atraso” do antebraço em relação ao úmero; este se alinha em relação ao
tronco e à bola. O pé de apoio se move para frente, e aumenta sua distância em relação ao pé que ficou para trás, fazendo
oposição ao braço de arremesso. A pélvis realiza um movimento mais rápido do que a coluna, e assim esta chega atrasada
para aumentar a velocidade.
Quando se pensa sobre o desenvolvimento motor, não se pode desconsiderar a abordagem dos estágios e das fases,
pois eles caracterizam os diferentes períodos. Isso não é diferente no caso do desenvolvimento e do aprimoramento de
uma habilidade específica, conforme pode ser observado nos três exemplos anteriores, em que os autores detalham cada
fase em relação a determinada faixa etária.
Em todos os casos, quando os autores falam de estágio 1 ou padrão inicial, estágio 2 ou padrão elementar, eles se re-
ferem a um movimento “imperfeito”, com menos eficiência, mais exagerado e que apresenta grande gasto de energia. Isso
é esperado de crianças em suas idades iniciais, mas muitos estudos mostram que crianças e adolescentes que já estariam
em padrões maduros se encontram na verdade em estágios iniciais. Isso pode acontecer por inúmeros fatores, mas o mais
provável tem relação direta com a falta de oportunidades para a prática.
Para um desenvolvimento amplo e eficaz, faz-se necessário oferecer uma prática que, além de respeitar as fases e os
estágios, amplie o repertório motor das crianças. Essa questão pode e deve ser suprida pelas aulas, de forma a contemplar
as necessidades específicas e individuais dos alunos, visto que muitos poderão chegar ao Programa com padrões abaixo
do esperado para a faixa etária. Dessa forma, não se pode permitir que os alunos passem a uma fase mais avançada antes
de atingir um nível motor apropriado e correspondente aos próximos níveis de aprendizagem.
175
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
Quadro 1.
Exemplo de quadro para acompanhar a evolução dos alunos
Após a avaliação, o professor terá uma visão global do nível de desenvolvimento dos seus alunos, o que possibilita a
elaboração de suas aulas conforme as necessidades dos futuros atletas. Com isso, um atleta que não atingir o nível maduro
em todos os segmentos não deve passar para a etapa seguinte, de combinação de movimentos.
Maturação
Considera-se que a evolução do desempenho motor na infância e na adolescência está fortemente associada aos pro-
cessos de crescimento e de maturação, intitulado “Crescimento, desenvolvimento e maturação”. Esse último tema pode ser
compreendido como “o processo, pelo qual passa um indivíduo, caracterizado por várias mudanças biológicas que ocorrem
de forma ordenada e sempre seguindo uma sequência que levam o indivíduo ao estado adulto” (MARTIN et al., 2001). Na
maturação biológica, a puberdade é o período marcado pelo aparecimento de características sexuais secundárias, por gran-
des modificações na composição corpórea e pelo estirão do crescimento. Esse estirão dura entre 3 e 4 anos.
Entretanto, chama-se atenção ao fato, considerado por esse autor, de que, no período da adolescência, a idade cro-
nológica não é mais um dado seguro para caracterizar um aluno como mais ou menos desenvolvido, pois adolescentes da
mesma idade podem estar em fases distintas da puberdade, e isso pode significar ritmos de progressão variáveis.
Para exemplificar essas fases, As tabelas apresentadas a seguir (Tabelas 1 e 2). Acredita-se que, com o uso desta refe-
rência, as fases e as diferenças entre os sexos masculino e feminino podem ficar mais evidentes, para que sejam observadas
e identificadas pelos professores no contexto das aulas do Programa Brasil Vale Ouro.
176
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
Tabela 1.
Sequência de eventos marcantes da puberdade masculina
Tabela 2.
Sequência de eventos marcantes da puberdade feminina
177
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
Para uma avaliação mais concreta e específica na de- permanentes nas capacidades para uma execução habili-
tecção de atletas, é interessante que se utilize o protocolo dosa”. Esse autor explica também que esse tipo de aprendi-
de Tanner (1962), que define as fases de acordo com as zagem pode ser identificado como um conjunto de altera-
mudanças físicas que ocorrem durante as idades da criança ções em processos internos que determinam a capacidade
e do adolescente. O presente protocólo pode ser encon- de um indivíduo de realizar uma tarefa motora. À medida
trado no caderno 3 desta série, denominado “Crescimento, que aumenta o tempo de experiência nessa tarefa, o nível
desenvolvimento e maturação”. de aprendizagem motora do indivíduo aumenta, o que é
No entanto, para o professor que atua diretamente frequentemente observado por seus níveis relativamente
crianças no ambiente de aula, existem maneiras mais sim- estáveis do desempenho motor.
ples para identificar em que período maturacional encon- De forma mais ampla, Kandel, Schwartz e Jessel dizem
tram-se seus alunos e se, dentro da mesma faixa etária, eles que “aprendizado é um processo pelo qual os seres hu-
estão em estágios diferentes uns dos outros; observam-se manos e os animais passam, para adquirir conhecimento
características como a mudança da voz, o alargamento dos sobre o mundo”.
ombros e o crescimento de pelos faciais, nos meninos, e o Para Magill,
aumento de mamas e o alargamento da pelve, nas meni- a aprendizagem é uma mudança na capacidade de
nas, de forma a que se possa avaliar qual é a melhor forma uma pessoa ao executar alguma tarefa, envolvendo uma
de orientar o processo de ensino/aprendizagem. modificação no estado interno de uma pessoa, que deve
Esse tema é reforçado neste caderno por acreditar-se ser inferida a partir da observação do comportamento ou
que é importante conhecer e observar os aspectos físicos do desempenho da mesma.
da maturação sexual, uma vez que ela se torna determi- O autor reforça ainda que ela deve objetivar melhoras na
nante em alguns resultados físicos: as crianças mais ama- execução, e, além disso, vir com a prática ou com a experiência.
durecidas podem levar vantagem em relação a outras me- Um ponto comum entre esses autores, considerando-
nos amadurecidas, uma vez que apresentam mais sinais -se as diferentes épocas de seus estudos, está no fato de o
de crescimento físico, como, por exemplo, a musculatura processo de aprendizagem ser influenciado por fatores in-
esquelética mais desenvolvida, podendo, assim, ter um de- ternos e externos ao ser humano, que devem ser conside-
sempenho melhor em relação a outras crianças na mesma rados no planejamento das aulas e serão foco do processo
faixa etária, porém menos amadurecidas. de capacitação e de formação continuada dos professores
Antes de aprofundar as questões relativas à aprendi- deste Programa de Esporte da Fundação Vale.
zagem motora, é necessário destacar que, para seguir em Para avaliar a aprendizagem, verifica-se o desempenho
frente, o aprendiz deve ter um bom nível de desenvolvi- de uma pessoa em uma determinada habilidade; porém,
mento dos padrões motores mencionados anteriormente. destaca-se que não cabe considerar apenas o desempe-
Além de encontrar-se em estágios mais avançados em re- nho, que pode ser facilmente observado, ao passo que a
lação aos aspectos motores, outro fator importante para aprendizagem exige a análise de outros aspectos comple-
que a aprendizagem seja efetiva é o desenvolvimento das mentares, conforme destacado nos parágrafos anteriores.
capacidades físicas básicas: força, velocidade, resistência e
flexibilidade. Essas capacidades podem ser observadas com Estágios de aprendizagem motora
maiores detalhes no caderno 3, intitulado “Crescimento, A identificação de estágios da aprendizagem está pre-
desenvolvimento e maturação”, e no caderno 4, intitula- sente nos principais modelos teóricos propostos pelos
do “Treinamento esportivo”, todos desta série, nos quais estudiosos do comportamento motor. O número de está-
são caracterizadas e conceituadas e onde se encontram gios, conforme resumo apresentado no Anexo 1, varia em
referências de como essas capacidades são desenvolvidas. função da ênfase dada à automatização que pode ocorrer
Esses dois pontos são prérequisitos para que o iniciante como resultado da prática frequente. De maneira geral, o
aprenda uma nova habilidade ou para que alcance um pa- comportamento ao longo do processo da aprendizagem
drão mais alto de alguma habilidade já aprendida. pode ser descrito da seguinte forma:
No ensino de habilidades motoras, vê-se que muitas ve- a) inexperiente (novato) – o aprendiz realiza movi-
zes há confusão entre os termos desempenho e aprendiza- mentos descoordenados, sem muita eficiência e sem fluên-
gem. Para Magill, “desempenho é o comportamento obser- cia; o aluno verbaliza a tarefa, mas não se detém em deta-
vável, no que se refere à execução de uma habilidade num lhes do movimento;
determinado instante e numa determinada situação”. Segun- b) intermediário – após várias tentativas, os movi-
do Schmidt e Wrisberg, “desempenho [...] é a tentativa ob- mentos desnecessários não mais aparecem; o padrão mo-
servável de um indivíduo para produzir uma ação voluntária”. tor torna-se mais estabilizado, e as ações, mais coordena-
No que diz respeito à aprendizagem, vários autores das; c) avançado – os movimentos tornam-se mais eficien-
tratam do tema; entre eles Gagné, que a define como “uma tes, com menor gasto energético, e o executante passa a
alteração no comportamento ou na capacidade do homem, saber como chegar à meta da atividade proposta. O aluno
e que não pode ser retirada ou simplesmente atribuída ao realiza os movimentos automaticamente, sem prestar mui-
processo de crescimento”. ta atenção a eles.
Por outro lado, aprendizagem motora, para Schmidt, Diferentemente dos referenciais teóricos anteriormen-
“é um conjunto de processos associativos com prática ou te apresentados, o referencial utilizado toma como ponto
à experiência, que direcionam as mudanças relativamente de partida a ideia de que o processo de aprendizagem con-
178
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
siste no domínio dos graus de liberdade redundantes1. As- da ação, seriam invocados dependendo do grau de corres-
sim, esses autores propõem três estágios relacionados com pondência (ou força do acoplamento) entre a percepção e
a maneira como o executante explora o grande número de a ação. Finalmente, pode-se acrescentar a necessidade de
graus de liberdade disponíveis no sistema motor humano. que as informações contidas nas instruções sejam específi-
No primeiro estágio (novato), o aprendiz simplifica o cas aos processos responsáveis pelas mudanças esperadas.
problema do movimento, “congelando” parte dos graus de Descrever as mudanças que ocorrem no comporta-
liberdade. Para isso, ele mantém os ângulos das articula- mento motor em decorrência da prática é uma tarefa re-
ções fixos rigidamente ao longo da execução da ação mo- lativamente simples. No entanto, a partir da descrição do
tora; ele pode ainda restringir temporariamente ou acoplar comportamento, podem ser levantadas questões que não
as articulações de modo que atuem como uma unidade são de fácil resposta. Qual é o estado do iniciante quando
(estrutura coordenativa). Com isso, o desempenho ocorre se encontra no início do processo da aprendizagem? Se se
com certa rigidez, sem resposta a mudanças no ambiente apresentar uma habilidade “nova” a um grupo de alunos,
da ação. pode-se considerá-los todos em iguais condições para a
No segundo estágio (avançado), o executante libera aprendizagem? Quanto tempo de prática é necessário para
outras articulações, que são assim incorporadas em maio- que o aluno apresente um bom domínio da ação? Existe
res unidades de ação chamadas de estruturas coordenati- um limite para essa prática? Assim, a descrição do compor-
vas na terminologia da teoria dos sistemas dinâmicos. Nes- tamento pode tornar-se muito interessante, na medida em
se estágio, as dinâmicas da ação se tornam mais visíveis que provoca questionamentos sobre o processo de apren-
ao aprendiz, na medida em que os parâmetros cinemáti- dizagem como um todo.
cos associados com o movimento começam a se alterar. Embora os estágios de aprendizagem motora indi-
A relação entre as articulações e as sinergias musculares2 quem uma sequência de acontecimentos, recentemente,
associadas é alterada, permitindo que algumas articulações tem sido proposto que os processos subjacentes a eles são
continuem a se mover em sincronia, enquanto outras se complementares. Quando se consideram os referenciais
movimentam de forma independente. Consequentemente, teóricos sob os quais a aprendizagem de habilidades mo-
o desempenho apresenta maior fluidez e pode ser facil- toras tem sido investigada, verificam-se diferentes ques-
mente adaptado a mudanças que ocorrem no ambiente da tões relacionadas às mudanças que ocorrem com a prática.
ação. De acordo com Magill, a aprendizagem refere-se a
No terceiro estágio (expert), o executante continua a uma “mudança na capacidade do indivíduo de executar
alcançar outros graus de liberdade, reorganizando a dinâ- uma tarefa, mudança essa que surge em função da prática
mica da ação até que os graus necessários para a execução e é inferida de uma melhora relativamente permanente no
da tarefa tenham sido todos manipulados de forma econô- desempenho”. Assim, a prática é condição necessária, em-
mica. Esse estágio é diferente do anterior, no que se refere bora não suficiente, para que ocorra a aprendizagem.
à exploração de forças adicionais passivas, como a fricção e Para fins de esclarecimento dos leitores, a prática é ca-
a inércia, que são externas ao executante, mas inerentes à racterizada, conforme Pellegrini (2000), como uma ativida-
situação em que o movimento é executado. de organizada que consiste na repetição de uma mesma
O uso do termo estágios de aprendizagem evoca a ideia tarefa ou ação motora.
de que as mudanças são sequenciais. No entanto, Gentile Nesse sentido, a percepção é muito importante quan-
considera que “os processos subjacentes a esses estágios do se sabe que, ao desenvolver a aprendizagem de uma
ocorrem em paralelo e em diferentes velocidades”). A visão habilidade motora, deve-se fazer que o aprendiz confie em
desse autor é a de que a aquisição de habilidades se desen- suas próprias informações sensoriais, que estão ligadas aos
volve a partir de um conjunto de processos fundamentais receptores visuais, auditivos e proprioceptivos do sistema
com acesso diferenciado à consciência do indivíduo. Esses sensorial. Esse autor aponta que, para o aprendiz desem-
processos, controlados por diferentes centros neuronais, penhar uma determinada habilidade motora, ele deve de-
dão origem a diferentes modelos internos e, consequen- tectar e processar as informações disponíveis; além disso,
temente, produzem mudanças com diferentes velocidades, ele menciona que a percepção está ligada à detecção, à
dependendo da carga da prática empregada. checagem e à consideração das informações sensoriais.
Em resumo, considerando o que escreve Pellegrini, Muitos são os iniciantes no esporte que não passam
no curso da aquisição de uma determinada habilidade por esses estágios da aprendizagem e do refinamento de
motora, a natureza das incertezas que se apresentam ao uma determinada habilidade motora; essas crianças são
executante se altera, em função das soluções que ele vai incentivadas a se especializar em alguma habilidade ou a
encontrando e dos processos subjacentes a essas mudan- refiná-la de forma precoce. Iniciar a prática precocemente
ças. não é prejudicial; o problema é especializar-se demasiada-
Dependendo do estágio de aquisição em que o apren- mente cedo. Nesse momento, percebe-se que todo o pro-
diz se encontra, um dos processos seria momentaneamen- cesso está estruturado e dividido conforme faixas bem de-
te responsável pelas mudanças no seu comportamento. finidas, que podem ser etárias ou biológicas. Para que isso
Os processos responsáveis pela estabilidade do sistema, não aconteça, é necessário que todas essas faixas descritas
com consequente decréscimo da atenção para realização – etárias ou biológicas – sejam entendidas e respeitadas.
Assim, o professor será capaz de elaborar um plano de aula
mais próximo do ideal.
179
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
Depois da análise de vários princípios necessários para No âmbito da comparação de resultados e desempe-
que ocorra a aprendizagem de forma geral, bem como nhos entre essas duas práticas, destacam que indivíduos
suas fases e seus estágios, deve-se aplicar essas ideias na que participaram de um programa com atividades em blo-
prática, de modo que os profissionais do movimento hu- cos apresentaram desempenho superior, durante a realiza-
mano tenham material para trabalhar no dia a dia de suas ção da tarefa ou atividade, ao dos que participaram de um
aulas, o que tem sido feito no processo de capacitação e programa com atividades randômicas.
de formação continuada dos profissionais deste Programa. No entanto, esses mesmos indivíduos, durante a ta-
A passagem pelos estágios de aprendizagem sofre refa ou atividade, apresentaram resultados inferiores aos
influência direta da maneira como a prática é organizada. dos que executaram uma prática em bloco, demostrando
Assim, a prática é o processo que proporcionará ao apren- que, com a prática randômica, a retenção do aprendizado
diz a passagem de um estágio para o outro, tendo como é superior. Os pesquisadores chegaram a essa conclusão
consequência a aprendizagem. quando submeteram os dois grupos à mesma atividade
Esses modelos de aprendizagem de habilidades moto- que haviam realizado antes. Nesse momento, os indivíduos
ras são importantes para que os profissionais do Programa que executaram uma prática randômica obtiveram resulta-
Brasil Vale Ouro possam identificar o estágio em que seus dos superiores aos que executaram uma prática em blocos.
alunos se encontram, de forma a respeitar suas individuali- As principais diferenças existentes entre as práticas va-
dades e conhecer suas características para, assim, planejar, riada, constante e randômica são: a prática variada consiste
organizar e realizar suas aulas e atividades, de acordo com na realização de variações de uma única categoria de mo-
as facilidades e as dificuldades que se apresentarem. vimentos; a prática constante envolve apenas a execução
de uma única classe de movimentos e a prática randômica
Aprendizagem motora e prática está relacionada à prática de várias habilidades sem uma
Para a aprendizagem de habilidades motoras, em es- ordem específica; envolvendo a prática não repetitiva de
pecial no trabalho inicialmente executado pelo Programa diferentes classes de movimentos, auxiliando na aprendi-
Brasil Vale Ouro, é importante que exista a variabilidade das zagem por meio da relembrança das estratégias das ações.
experiências práticas, que é caracterizada como a varieda- Destaca-se que a combinação da prática constante e
de de movimentos e das características do contexto que o variada se mostra uma maneira eficaz para a aprendiza-
aprendiz vivencia durante a prática de uma habilidade. A gem. Iniciar a prática com apenas uma habilidade e situa-
principal vantagem que o aprendiz retira das experiências ção para depois introduzir variações da mesma ou de dife-
práticas que promovem a variabilidade dos movimentos e rentes habilidades é uma possibilidade efetiva de se pensar
do contexto está na capacidade crescente de desempenhar a estruturação da prática.
a habilidade em futuras situações de teste. Porém, a alta A variabilidade da tarefa, nas primeiras fases do pro-
variabilidade na prática está associada a uma quantidade cesso de aprendizagem, faz que os indivíduos apresentem
crescente de erros de desempenho, principalmente no iní- um melhor grau de desempenho no futuro. É importante
cio do processo de aprendizagem. Magill considera que que as características do contexto, entendidas como estí-
isso não é aspecto negativo, pois evidências experi- mulos, também sejam variadas. O autor diz ainda que, com
mentais mostram que, na aprendizagem de habilidades, é a variação das características do contexto e das tarefas, os
preferível uma quantidade maior de erros de desempenho indivíduos terão maior facilidade em se adaptar a ambien-
do que uma quantidade menor, se eles ocorrerem numa tes e a situações diferentes, devido à sua capacidade de
etapa inicial de aprendizagem. adaptação.
Para aprofundar esse assunto, em termos de como Depois de analisar muitos estudos, chegou à conclusão
podem ocorrer essas situações práticas, explicam que as de que uma prática realizada em blocos, com apenas uma
práticas que se referem a situações nas quais os iniciantes variação da tarefa, é menos eficiente do que uma prática
realizam muitas habilidades diferentes e com diversos pro- organizada de forma variada. O autor indica duas hipóteses
gramas motores generalizados (PMG) envolvidos podem para explicar esses resultados: a primeira é que, com os
ser randômicas ou em blocos. altos níveis de interferência no contexto, o aprendiz é for-
A prática em blocos consiste em realizar uma sequência çado a elaborar os movimentos exigidos com maior aten-
de uma mesma tarefa durante um determinado período de ção, e isso cria uma representação mais significativa das
tempo; aqui, a segunda tarefa será realizada somente após habilidades aprendidas; a outra hipótese diz que, devido
o término da primeira. Esse tipo de prática é utilizado de ao maior número de interferências sofridas no processo de
forma educativa, na fase em que o aprendiz deve refinar aprendizagem, o aprendiz deve reconstruir um plano de
seus movimentos. Esses autores afirmam que o treinamen- ação a todo momento, o que o ajudará quando tiver de
to parece ter sentido nessa fase inicial, pois, nesse tipo de desempenhar determinada tarefa mais tarde. Esse fato diz
prática, o aluno repete várias vezes o mesmo movimento que, quando os alunos realizam uma atividade de forma
de forma concentrada. randômica, eles passam a atribuir maior significado a tal
Diferente da prática em blocos, a prática randômica atividade, e a tarefa passa a ser mais significativa na me-
visa à não repetição consecutiva de uma tarefa; nessa prá- mória de longo prazo.
tica, o aprendiz realiza as tarefas de forma aleatória, sem Conclui-se, segundo esses autores, que uma prática
ordem específica. I indicam que, em casos extremos, o alu- para as fases iniciais do desenvolvimento deve ser mais rica
no não repete nenhuma vez consecutiva a mesma tarefa. quanto às possibilidades de movimento e quanto à amplia-
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
ção do vocabulário motor. Por isso, essa prática deve ser exemplo, andar e correr são movimentos globais, pois, para
pensada e elaborada com o objetivo de facilitar a realiza- sua realização, é necessário dominar o corpo no espaço; já
ção de uma determinada variedade de movimentos pelo um chute a gol no futebol, ou um tiro ao alvo, podem ser
aluno, possibilitando que ele desenvolva um repertório identificados como movimentos finos, nos quais a precisão
de movimentos que facilitarão a realização de habilidades e o domínio do objeto são essenciais para sua execução.
mais complexas, quando forem exigidas. A distinção entre os pontos de início e de término de
Com isso, um aluno de iniciação que tem a oportuni- uma determinada habilidade, ele classificou esses movi-
dade de praticar o maior número possível de movimentos mentos como discretos e contínuos. Uma habilidade é dis-
poderá transformar-se em um atleta mais habilidoso, o que creta quando existem pontos bem definidos de início e de
facilitará o trabalho do treinador de alto desempenho, de fim da habilidade executada; quando não existe essa de-
modo que este não precisará investir mais tempo para en- finição, a habilidade é classificada como contínua. Como
sinar o que o atleta já deveria conhecer e ter experimen- exemplos de habilidades discretas, pode-se citar o arre-
tado. messo, o salto, o chute, pois esses movimentos têm eta-
Outro conceito muito importante para quem estuda pas de início e fim muito claras, enquanto na corrida, na
aprendizagem motora é o de transferência de aprendiza- natação e no ciclismo podem ser observados movimentos
gem, que Schmidt e Wrisberg definem como “o ganho ou a contínuos comuns, que podem ser chamados de habilida-
perda de proficiência de uma pessoa em uma tarefa, como des contínuas.
resultado da prática anterior ou da experiência em outra Além dessa classificação, pode-se mencionar ainda os
tarefa”. movimentos em série que envolvem a execução de um mo-
A transferência de uma primeira habilidade para uma vimento simples e discreto repetido diversas vezes em rá-
segunda pode ser mais positiva quando a experiência an- pida sucessão. Assim, o drible no basquete e a rebatida da
terior auxilia na aprendizagem dessa segunda habilidade. bola no futebol dito americano ou no voleibol constituem
Todavia, a transferência pode ser negativa quando a habi- típicas tarefas em série.
lidade aprendida anteriormente atrapalha o aprendizado Em relação ao ambiente, podemos classisficar uma
da nova, sendo que podem existir ainda as transferências habilidade como fechada “se o local onde ela é executa-
nulas, quando não ocorrem interferências no aprendizado da for totalmente estável, e aberta quando o espaço for
de um novo movimento. Exemplos dessas transferências instável”. Além disso, uma habilidade fechada caracteri-
podem ser vistos diariamente nas aulas de educação física za-se pela “estabilidade ou previsibilidade do local onde
e nas atividades esportivas do Programa. Por outro lado, ela será realizada, onde aquele que a executa determina
uma criança que brinca diariamente na rua tende a viven- quando iniciará a ação”; ou seja, depende mais de um fee-
ciar uma maior gama de movimentos, e pode transferir dback cinestésico do que visual ou auditivo na execução
esse repertório motor para a execução de uma nova habi- da tarefa. Assim, um jovem que, que tenta acertar um alvo,
lidade aprendida durante as aulas, confirmando a transfe- que dá um salto vertical ou que realiza uma “parada de
rência positiva. mão”, está realizando uma tarefa de habilidade fechada.
Quando uma criança está aprendendo uma habilidade Por outro lado, as atividades que exigem que o indivíduo
básica como correr, saltar ou arremessar, ela está se pre- realize ajustes ou modificações no padrão de movimento
parando, criando uma base para as práticas esportivas em para se adaptar às demandas da situação, como a maioria
que essas habilidades estão presentes. Por esse motivo, das atividades em dupla ou em grupo, envolvem habili-
reforça-se a necessidade de possibilitar à criança uma vi- dades abertas, que dependem de um feedback externo ou
vência ampla de movimentos nos primeiros anos de vida, interno para sua execução com sucesso. Como exemplo,
de forma a proporcionar a ela a aquisição de um repertório uma criança que participa de um jogo típico de “pega-pe-
motor básico e igualmente rico. ga”, que exige corrida e movimentos súbitos em diversas
Existem certos padrões de movimento que são básicos direções, nunca utiliza exatamente os mesmos padrões de
para mais de uma atividade. O arremesso por cima do om- movimento durante o jogo; essa criança deve adaptar-se
bro, habilidade que serve como base para o arremesso de às demandas da atividade, por meio de uma variedade de
peso do atletismo, para a cortada no vôlei e para o saque movimentos similares, mas diferentes.
no tênis, entre outras atividades. Assim, ao desenvolver ha- Uma última classificação quanto ao retorno sensorial
bilidades básicas, pode-se dizer que o aprendiz está pron- durante a ação: quando esse retorno é utilizado para retifi-
to para aprender novos movimentos de uma determinada car a ação durante o próprio movimento, ela é classificada
prática esportiva. como habilidade de circuito fechado, e quando essa infor-
O sistema de classificação das habilidades motoras mação não pode ser utilizada para o ajuste do movimento,
apresenta quatro categorias: a) globais ou finas; b) discre- essa habilidade é de circuito aberto.
tas ou contínuas; c) de ambiente aberto ou fechado; e d) de Pode-se entender esse retorno sensorial como o fee-
circuito aberto ou fechado. dback, que pode ser classificado em feedback intrínseco e
Ao classificar uma habilidade motora em global ou feedback extrínseco. O primeiro refere-se a qualquer infor-
fina, Magill (2000) se refere à precisão do movimento exigi- mação sensorial advinda do próprio executante, quando
do; assim, os movimentos globais demandam uma menor ele produz algum movimento, e pode originar-se de fon-
precisão do que os movimentos classificados como finos, tes externas ou internas ao corpo. O feedback extrínseco é
que necessitam de maior controle para ser executados. Por qualquer informação sensorial transmitida por uma fonte
181
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
externa ao indivíduo; pode ser somado ao feedback intrín- cutar uma habilidade motora. Assim, pode-se determinar
seco, o que faz que também seja conhecido como feedback que a aprendizagem motora refere-se ao processo pelo
aumentado. Por exemplo, quando o professor corrige a qual uma dada habilidade motora é adquirida com auxílio
habilidade executada por um aluno, indicando onde ocor- de instrução, feedback e prática sistemática.
reram os erros e mostrando a forma correta de sua reali-
zação, tem-se o feedback extrínseco. Ainda de acordo com
Schmidt e Wrisberg,
o feedback extrínseco divide-se entre conhecimento EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR PARA
de resultado, que é uma informação geralmente forneci- GRUPOS ESPECIAIS (GESTANTES, IDOSOS,
da após o término da ação e que fornece dados sobre o HIPERTENSOS, DIABÉTICOS, ETC. ).
movimento que o executante acabou de realizar, e conhe-
cimento de performance, que é o feedback aumentado, e
que informa o executante sobre dados qualitativos do mo-
vimento. Importância da Atividade Física
O conhecimento de resultado diz respeito a informa- O homem é um animal e todos os animais têm padrões
ções verbais sobre o resultado de alguma habilidade exe- de vida para os quais a Natureza os fez. Quando se afastam
cutada, informações em relação à meta. Por outro lado, o desses comportamentos entram em sofrimento, afastam-se
conhecimento de performance está relacionado às caracte- da saúde, da qualidade de vida e do seu equilíbrio com a
rísticas da habilidade em relação ao desempenho do atleta. mesma Natureza e aí surge a doença. Nestes padrões in-
Um atleta de alto desempenho se apoia fortemente cluem-se os alimentares e os de movimento e AF regular
no seu feedback intrínseco, pois já tem o esquema da ha- entre muitos outros (afectivos, sociais, de sono, sexuais, etc.).
bilidade automatizado e sabe quando a realiza de forma ...interessa muito mais que a população sedentária
inadequada. Por outro lado, o aluno de iniciação ainda não se converta em activa, do que conseguir que os já activos
chegou nesse estágio de automatização da habilidade e aumentem os seus níveis de exercício (Haskell, Montoye e
depende muito mais de informações externas, ou seja, do Orenstein, 1985). Para isso, devem realizar-se intervenções
feedback extrínseco. adequadas que permitam implantar, em cada subgrupo
O termo feedback se tornou mais relevante após a da população o tipo de actividade física mais adequado às
Segunda Guerra Mundial, quando cientistas assumiram a suas características( Cruz, 1987).
ideia de que os executantes comparavam os resultados de A actividade física e desportiva é preconizada como
seus desempenhos com os resultados esperados, para, as- um dos meios de compensar os efeitos nocivos do modo
sim, determinar os erros na execução. Corrêa expõe ainda de vida da sociedade hodierna. O aumento das exigên-
que a principal intenção do feedback é reduzir erros, e, de- cias de uma actividade física foi induzido pela degeneração
finindo esse termo, ele diz que “a definição contemporânea do tipo de vida. O desporto (actividade física) é percebido
de feedback, de forma mais ampla, significa qualquer tipo frequentemente como um campo onde os malefícios dos
de informação sensorial sobre o movimento, não exata- nossos comportamentos e atitudes podem ser minorados,
mente com referência a erros”. o local onde é possível valorizar o nosso “eu” (corpo) tão
Quando são entendidas as características do movi- mitigado pelos problemas do quotidiano. Não se pode
mento, bem como suas classificações, torna-se mais fácil a desprezar, assim, o papel e o significado das actividades
elaboração das aulas orientadas às especificidades do per- físicas, seja no contexto escolar, seja no domínio particular
fil do seu público-alvo e/ou aos objetivos de curto, médio das actividades de lazer e tempos livres.
e longo prazos previstos para o Programa Brasil Vale Ouro. A diminuição do número de horas de trabalho fez
Algumas considerações para antes do planejamento das recrudescer as preocupações com a forma mais positiva
aulas serão vistas na sequência, mas agora pode-se rea- de ocupação dos tempos livres, tendo sido reforçadas as
lizar uma pequena análise de como esse entendimento é potencialidades da sua ocupação como um espaço dife-
importante. Ao se pensar em uma habilidade relacionada renciado de valorização da actividade física. Não pode ser
ao nado crawl, pode-se classificá-la como uma habilidade descurado nesta conjectura o incremento generalizado dos
global, contínua e de ambiente fechado. Assim, pode-se clubes e ginásios de fitness que se iniciaram nos últimos
pensar em atividades que tenham essas características para anos, expressão, provável, da consciência e das necessida-
se elaborar aulas mais específicas e relacionadas às neces- des sociais para a fitness e saúde.
sidades individuais e do grupo. Neste aspecto, embora não existam evidências definiti-
Aprendizagem motora consiste no conjunto de proces- vas acerca das causas - efeitos da relação entre um aumen-
sos associados com a prática ou a experiência, conduzindo to da actividade física habitual e os benefícios esperados
a mudanças relativamente permanentes na capacidade de para a saúde, admitir que, há, pelo menos, um conjunto de
executar a performance habilidosa. Contudo, o fenômeno informações suficientemente importantes para admitir que
aprendizagem motora consiste na mudança interna relati- estilos de vida activos, em conjugação com outros com-
vamente permanente resultante da prática e feedback. portamentos positivos podem ser benéficos para a saúde.
Essa mudança é decorrente da melhora em processos O furor da actividade física tem sido um facto eviden-
ou mecanismos internos tais como atenção e percepção, te desde os anos 60. Até aos nossos dias o seu percurso
que conduz a um aperfeiçoamento na capacidade de exe- não conheceu uma grande expansão, sendo noutros muito
182
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
mais comedida. Actualmente, a aptidão física (fitness) re- as manifestações clínicas das doenças cardiovasculares va-
presenta não só um valor importante na sociedade con- riam em torno dos diferentes subgrupos da população e
temporânea como tem um significado fundamental na em diferentes áreas geográficas, o mecanismo fisiopatoló-
intenção da actividade desportiva, realçando-se aqui este gico mantém-se o mesmo.
estado de aptidão como um elemento essencial a um in-
cremento da saúde. A doença arterial coronária (DAC), é a principal forma
de doença cardiovascular, respondendo por 56% de todas
Quando se analisa a importância de algo na saúde, as mortes por doença cardiovasculares em 1980.
neste caso da actividade física, há que fazê-lo numa dupla Aproximadamente uma em cada três mortes ocorre
perspectiva: por doença arterial coronária, tornado-a isoladamente a
• A importância da actividade física para manter a principal causa de morte nos Estados Unidos.
saúde, ou seja para evitar o aparecimento de doenças vá- A doença arterial coronária é quase sempre o resultado
rias – A isto chama-se prevenção primária de uma arteriosclerose, que provoca um estreitamento e
• A importância da actividade física em quem já teve endurecimento das artérias. Como as artérias coronárias,
diversos problemas ou doenças para evitar que se agravem isto é, as artérias que nutrem o miocárdio, tornaram-se es-
ou mesmo para auxiliar à sua recuperação – A isto chama- treitas e endurecidas, instala-se um desequilíbrio entre a
-se prevenção secundária procura e oferta de oxigénio. Isto ocorre mais frequente-
mente durante períodos de stress emocional ou exercícios
A actividade física regular é considerada desde há mui- físicos, quando o coração bate a uma frequência muito aci-
to como um componente preponderante de um estilo de ma dos níveis de repouso. O consumo de oxigénio e de
vida saudável. Recentemente, esta ideia tem sido reforçada energia do coração está altamente relacionado (r=0,88)
por novas evidências científicas que associam positivamen- com a frequência cardíaca, isto é, quanto maior for a fre-
te a actividade física regular a um vasto rol de benefícios quência cardíaca maior será a procura de energia e de oxi-
na saúde física e mental. Não obstante esta evidência, bem génio do coração. Quando as artérias coronárias se estrei-
como a aceitação aparentemente generalizada da impor- tam a um determinado ponto crítico, torna-se impossível
tância da actividade física, milhões de pessoas optam por fornecer oxigénio suficiente para o coração em frequência
um estilo de vida sedentário. cardíaca elevada, então, a procura excede a oferta. Quan-
À luz dos conhecimentos actuais, um grupo de espe- do isto ocorre, o indivíduo sentirá uma pressão típica no
cialistas designado pela peito, aguda ou surda, algumas vezes irradiando-se para
Centers for Disease Control and Prevention (CDC) e a o pescoço e para o ombro esquerdo e descendo para o
American College of braço esquerdo. Este desconforto torácico transitório é co-
Sports Medicine (ACSM) desenvolveu uma “mensagem nhecido como angina peitoral e é o resultado de isquemia
de saúde pública” concisa e clara no que diz respeito à localizada, isto é, déficit de fluxo sanguíneo adequado, na-
actividade física, visando a sua implementação, cada vez quela região miocárdica distal ao ponto de obstrução da
mais generalizada, no quotidiano do mundo ocidental. Esta artéria coronária. Este ponto (de obstrução da artéria co-
mensagem preconiza que todos os adultos devem acumu- ronária) pode obstruir-se totalmente, ou um coágulo san-
lar 30 minutos ou mais de actividade física de intensidade guíneo pode alojarse nesta área, resultando em enfarte do
moderada na maior parte, ou de preferência todos, os dias miocárdio ou em ataque cardíaco. Outra forma de ataque
da semana, já que esta prática regular acarreta benefícios cardíaco que frequentemente leva à morte é um distúrbio
significativos, irrefutáveis para a saúde. no ritmo cardíaco, isto é, uma arritmia. No entanto uma ar-
ritmia fatal pode ocorrer na presença de artérias coronárias
Doenças Cardiovasculares normais.
As doenças cardiovasculares constituíram a principal A chamada morte silente é considerada como um dos
causa de morte nos Estados Unidos em 1980, responden- factores de risco mais importantes de morbilidade e mor-
do por 1.012.150 óbitos, ou 51% do total da mortalidade talidade por doenças cardiovasculares, incluise dentro dos
anual. Colocado de uma forma ligeiramente diferente, as três principais factores de risco de cardiopatia isquémica,
mortes por doenças cardiovasculares isoladamente exce- unido à hiperclorestemia e o tabagismo.
dem à soma total de todas as outras causas de morte! As A hipertensão arterial é facilmente diagnosticável (me-
doenças cardiovasculares incluem a doença arterial coro- dição da mesma com o tensiómetro) e tratável (dependen-
nária, hipertensão arterial, acidente vascular cerebral, in- do das circunstâncias). Isto leva a reflectir a importante in-
suficiência cardíaca congestiva, doença vascular periférica, fluência deste factor de risco nas doenças cardiovasculares,
cardiopatias congénitas, doença cardíaca valvar e a doença assim como o factível da sua solução, o que conduz a Or-
reumática do coração. ganização Mundial da Saúde a considerar a sua detecção e
tratamento como uma das intervenções fundamentais para
As manifestações clínicas da doença cardiovascular são diminuir a morbilidade e mortalidade das mesmas.
a morte súbita (que constitui cerca de 50 a 60% de todas as Das doenças cardiovasculares a de maior prevalência
mortes relacionadas com doença arterial coronária), aguda é a hipertensão. Hipertensão é simplesmente uma condi-
fatal e não fatal, assim como silenciosos e irreconhecíveis, ção na qual a pressão sanguínea se mantém cronicamente
casos de enfarte do miocárdio e angina peitoral. Contudo elevada acima de níveis considerados normais para a idade
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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e a altura da pessoa. No adulto, uma pressão sistólica entre 140 e 160 mmHg e ou uma pressão diastólica entre 90 e 95
mmHg são considerados como hipertensão arterial limiar. Uma pressão sistólica de 161 mmHg ou maior e/ou uma pressão
diastólica de 96 mmHg ou maior é considerada como hipertensão absoluta.
Um número de factores foi repetidamente demonstrado em investigações epidemiológicas estando associado com
doenças cardiovasculares clínicas numa melhor frequência do que na população em geral. Estes são reconhecidos como os
”factores de risco cardiovasculares”. Os factores de risco mais importantes são a hipertensão, hiperlipemia e o tabagismo. A
experiência de Framingham demonstrou que com o aumento do número dos factores de risco há um aumento exponencial
no risco de um evento coronário. É lógico assumir que a eliminação ou redução de um ou mais destes factores pode levar
a um correspondente decréscimo no risco de desenvolver doenças cardiovasculares.
Se um programa de treino físico regular pode modificar favoravelmente estes factores de risco, o seu potencial para
prevenção primária das doenças cardiovasculares é uma possibilidade razoável.
184
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
“a ninguém que esteja saudável se pode negar (o exercício), visto que nada é tão danoso e prejudicial à saúde dos
homens e dos animais, como o não usar de algum movimento e permanecer em total inacção...”.
Pesquisas nacionais sobre a categoria actividade física durante os últimos 20 anos referiram com consistência uma
alta prevalência de inactividade física nos adultos Americanos. Cerca de 24% a 40% são referidos como completamente
sedentários; 40% a 54% fazem alguma actividade física mas não suficiente para melhorar a condição cardiorespiratória; e
apenas cerca de 20% a 22% referem uma quantidade e intensidade suficiente de actividade física ou exercício para me-
lhorar a condição cardiorespiratória (i.e., actividade física rítmica envolvendo grandes grupos musculares, tal como andar
rápido, correr, andar de bicicleta, ou nadar durante 15 a 60 minutos contínuos ou intervalados, 3 a 5 vezes por semana, a
uma intensidade de 40% a 85% do consumo máximo de oxigénio (VO2 máx) ou 50% a 90% da frequência cardíaca máxima).
Estes dados sugerem que um baixo nível de actividade física é o maior factor de risco prevalecente nos Estados Unidos. Foi
estimados que cerca de 250,000 mortes por ano nos Estados Unidos (aproximadamente 12% da taxa total de mortes) são
atribuídas à falta de actividade física.
Existe, actualmente, consenso geral ao nível das autoridades médicas e de saúde pública relativamente ao axioma de
que níveis reduzidos de actividade física no trabalho e no tempo de lazer (associados comummente com os estilos de vida
modernos da sociedade ocidental) aumentam o risco de eventos fatais e não fatais de doença aterosclerótica coronária
(CAD), bem como a mortalidade por outras causas. Diversos estudos nos E.U.A. durante a década passada relataram de um
modo consistente que aproximadamente 80% da população adulta americana tinha actividade física insuficiente e, portan-
to, incompatível com os benefícios de saúde que esta pode acarretar.
Muitos estudos epidemiológicos e observacionais evidenciaram uma relação inversa entre a actividade física e/ou
forma física/fitness e o risco de doença aterosclerótica coronária (CAD), bem como de um enfarte do miocárdio fatal ou
não fatal.
Mais frequentemente, tem sido expressa a ideia de que actividade física regular, em conjugação com outros comporta-
mentos redutores de risco, vai ajudar a proteger contra eventos cardíacos iniciais (prevenção primária). Durante o passado
meio - século, cerca de 10 estudos foram publicados referentes à associação entre o nível habitual de actividade física ou
nível de condição física e a prevalência ou incidência de manifestações clínicas iniciais de doenças cardiovasculares, espe-
cialmente enfarte do miocárdio ou morte súbita cardíaca.
A impressão geral obtida do resultado de uma revisão compreensiva dos relatórios científicos contendo dados sobre
o efeito da actividade física na prevenção primária é que pessoas mais activas devolvem menos doenças cardiovasculares
do que o seu correspondente inactivo, e quando eles desenvolvem doenças cardiovasculares, acontece numa idade mais
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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controlo. A acrescentar, ambos os sujeitos normais e hiper- cularmente naqueles que apresentam insulino-resistência.
tensos têm uma redução significativa da pressão sanguínea Apesar destes estudos sugerirem uma melhoria do perfil
diastólica de repouso tanto nos grupos de controlo como lipídico com a actividade física, estes efeitos são relativa-
nos treinados. Por conseguinte, a redução da pressão dias- mente modestos. No entanto, estas alterações podem ter
tólica não pode ser atribuída ao treino físico e pode sim- efeitos favoráveis no risco cardiovascular, com excepção
plesmente reflectir a redução da ansiedade resultante de para os indivíduos com dislipidemias de raíz genética, nas
repetidas avaliações. Hipertensão sistólica, no entanto, re- quais o exercício não exerce quaisquer alterações nos ní-
duziu significativamente apenas nos indivíduos treinados. veis de colesterol. (3)
Os mecanismos fisiológicos responsáveis por esta redução
não são conhecidos. Embora os mecanismos precisos para Inactividade Física
a redução da pressão sanguínea sistólica seguindo um Baixa forma física é um dos preditores independente
treino físico são obscuras, está bem claro de que exercício mais forte de todas as causas de mortalidade no Estudo
físico prolongado pode produzir uma redução substancial Longitudinal do Centro Aeróbio. Steven N. Blair apresentou
da pressão sanguínea independentemente de qualquer ou- recentemente os dados de mortalidade de um grupo de
tra modalidade terapêutica em pacientes hipertensos. (4) investigação de um seguimento de 25341 homens e 7080
mulheres. As conclusões primárias deste estudo são que a
Diabetes Mellitus baixa condição cardiorespiratória é um preditor indepen-
A actividade física tem efeitos benéficos no metabolis- dente de todas as causas de mortalidade, é de força similar
mo da glicose e na sensibilidade à insulina. Assim, determi- ao tabagismo, e pode ser um preditor mais forte do que
na um aumento da sensibilidade à insulina, um decréscimo pressão sanguínea elevada ou colesterol.
da produção de glicose pelo fígado, um maior número de A evidência desenvolvida sobre a associação indepen-
células musculares esqueléticas que usam mais glicose em dente de actividade ou condição física com risco de mor-
detrimento do seu uso pelas células do tecido adiposo e a talidade é avaliada em recentes estudos através da mu-
redução da obesidade. O efeito da actividade física é inde- dança da actividade ou condição física. Nestes relatórios,
pendente, mas é potenciado pela diminuição de peso. inicialmente homens sedentários ou em baixo de forma
que melhoraram a sua condição nessas variáveis tiveram
Obesidade uma redução substancial nas taxas de mortalidade quan-
A composição corporal e a distribuição do tecido adi- do comparadas com homens que não melhoraram a sua
poso correlacionam-se com a mortalidade cardiovascular. actividade ou condição física. Inicialmente alunos de liceu
Estes dois factores de risco cardiovascular são atenuados sedentários que aumentaram a sua actividade física para
pela prática de exercício físico. Os homens e as mulheres 2,000 Kcal/Week em desportos moderadamente vigoro-
activos fisicamente apresentam um ratio cintura-anca/ sos tiveram uma redução de 41% de risco de morte por
waist-to-hip mais favorável, ou seja, menor obesidade cen- doença cardiovascular quando comparados com homens
tral relativamente aos indivíduos sedentários. Geralmente, que permaneceram sedentários. Homens da Clínica de
o objectivo é o gasto/dispêndio calórico, que é mais facil- Cooper que inicialmente se encontravam no quinto da po-
mente atingido através da prática de exercício de mode- pulação menos condicionada, mas que se foram tornando
rada intensidade (marcha rápida e andar de bicicleta), du- pelo menos moderadamente condicionados sob o tempo
rante largos períodos de tempo, de modo frequente. Este de uma subsequente avaliação, têm uma taxa de todas as
tipo de exercício deve envolver um compromisso de longo causas de morte cerca de 60% mais baixa do que homens
termo por parte do indivíduo de forma a atingir e manter em baixo de forma que assim se mantiveram. Esta redução
a perda de peso. de risco com aumento da actividade ou condição física são
comparáveis com a redução de risco associadas com o dei-
Lípidos xar de fumar, 44% a 50% para os dois estudos, respectiva-
Uma meta-análise de 95 estudos concluiu que o exer- mente. Estas análises incluem ajuste para a idade, história
cício leva a uma redução de 6,3% no colesterol total, 10,1% familiar de doenças cardiovasculares, condição de saúde, e
no colesterol LDL e 13,4% no ratio colesterol total/coles- outros factores de risco.
terol HDL e a um aumento de 5% no colesterol HDL. A in- Cerca de dois terços de estudos observacionais entre
tensidade de treino requerida para atingir uma melhoria 1950 e 1990 sustentam uma relação inversa da activida-
modesta no perfil lipídico é muito inferior àquela neces- de física ou condição cárdio - respiratória com o risco de
sária para perder peso e melhorar a forma física/fitness fí- doença cardiovascular, que normalmente persiste depois
sico. De facto os níveis de colesterol HDL parecem aumen- de ajustes estatísticos para a idade e outras potenciais va-
tar em função de um vasto espectro de intensidades de riáveis confutáveis. Whaley e Blair reviram recentemente
exercício. Um estudo recente demonstrou que a adição de 18 estudos adicionais publicados desde 1990, e 17 deles
um programa de exercício a uma dieta originava reduções mostraram uma associação inversa entre actividade física
significativas do colesterol LDL, que a dieta por si só não ou condição física e risco de doença cardiovascular. Os re-
conseguia produzir. Nestes doentes os níveis de triglicerí- sultados destes estudos mais recentes mantêm-se consis-
deos eram normais e não sofriam qualquer alteração com tentes com o relatório prévio aumentando duplamente o
o exercício. Contudo, em doentes com hipertrigliceridemia risco de doença cardiovascular , quando os homens menos
pode ocorrer um decréscimo de cerca de 15-30%, parti- activos fisicamente são comparados com aqueles que eram
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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mais activos. No entanto, um estudo recente que envol- Pollock recentemente resumiu as pesquisas existentes
veu ambos, actividade física e condição física, mostrou relativas à frequência, duração e intensidade de um pro-
que homens sedentários com capacidades aeróbias altas grama de exercício. Parece que 3 a 4 dias por semana, 20
têm um risco maior de doença cardiovascular do que ho- a 40 minutos por dia é uma óptima frequência e duração.
mens com níveis de condição física mais baixos, que pra- Isto não é dizer que uma maior ou mais frequentes sessões
ticam pelo menos quatro horas por semana de actividade de exercício não vão resultar num melhor aperfeiçoamen-
física leve a moderada. Deve ter-se em conta que a con- to, que vão.
dição cardiorrespiratória também está relacionada com Olhando para a intensidade do exercício, parece que
os hábitos de exercício, e também é altamente influen- há um mínimo, abaixo do qual um efeito condicionante
ciável por factores genéticos e pelos hábitos de vida. (5) não ocorre. Parece ser algures por volta de 50% da capa-
cidade de resistência do participante. Um intensidade de
Tipo e Quantidade de Actividade Física para redu- treino de 50% a 80% da capacidade de resistência da pes-
zir o Risco de Doença Cardiovascular soa parece ser óptimo.(4)
Estudos como os de Blair e cols. (1984), Blair e Kohl
Qualquer actividade física deve ser avaliada em ter- (1988), Blair e cols.
mos de intensidade, frequência, duração, modo e pro- (1989), Blair e cols. (1991), Blair e cols. (1992), Duncan
gressão. A dose refere-se à quantidade total de energia e cols. (1985), Paffenbarger e cols. (1983), também mantêm
despendida em actividades físicas que requerem movi- a tese sobre os benefícios da actividade física moderada
mento muscular repetitivo (usualmente exprime-se em e o risco de doenças cardiovasculares. O Estudo Britânico
kilojoules ou kilocalorias). A intensidade pode ser defini- do Coração, citado por Blair (1991), realizado sobre 7.735
da em termos absolutos ou relativos. A intensidade ab- homens de idades entre 40 – 59 anos, demonstra, numa
soluta reflecte a taxa de dispêndio de energia durante o investigação de carácter longitudinal de oito anos de se-
exercício e é usualmente expressa em METs. A intensida- guimento, que taxas de mortalidade por ataques cardíacos
de relativa refere-se à percentagem relativa da capacida- diminuem com a prática de actividade física.
de aeróbica máxima que é mantida durante o exercício e Recentes estudos confirmam estas afirmações, de-
é expressa como uma percentagem da frequência cardía- monstrando que a actividade física moderada reduz de
ca máxima ou percentagem de VO2máx. Por exemplo, a forma considerável a probabilidade de desenvolver doen-
marcha rápida a 4,8 km/h tem uma intensidade absoluta ças coronárias. Inclusive a prática de uma actividade ligei-
de cerca de 4 METs. Em termos relativos, esta intensidade ra como a marcha, reporta consideráveis benefícios para a
é considerada ligeira para uma pessoa saudável de 20 saúde cardiovascular (Rippe e cols., 1988).
anos de idade, mas representa uma elevada intensidade Um estudo realizado na Dinamarca por Hein e cols.
para um idoso de 80 anos de idade. (3) (1992) durante 17 anos numa população de 4.999 pessoas
Haskell analisou extensivamente dados de estudos de 40 – 59 anos de idade, pôs à prova que nos homens
epidemiológicos para determinar as características e sedentários não existe relação entre o nível de condição
quantidades de actividade física relacionadas com con- física (fitness) e a mortalidade por doença cardíaca, mas
sequências para a saúde, incluindo redução do risco sim existe uma relação inversa entre ambos factores entre
de doença cardiovascular. Ele observou que na maioria as pessoas fisicamente activas, destacando o feito de que,
desses estudos, a redução do risco de mortalidade por em cada nível de condição física das pessoas activas, a taxa
doença cardiovascular foi associada com actividade física de mortalidade é mais baixa que a dos sujeitos inactivos do
predominantemente ligeira a moderada ( i.e., < 6 METs [ mesmo nível de condição física. (7)
1 MET é a taxa metabólica de repouso e é aproximada-
mente igual a 3.5 ml de consumo de oxigénio por kg de
peso corporal por minuto] ou 7.5 kcal por minuto de in-
tensidade para homens de estatura média), praticada ge- ANATOMIA BÁSICA: OSSOS, MÚSCULOS E
ralmente numa base intermitente do que continua. Isto ARTICULAÇÕES;
inclui actividades físicas tais como andar, subir escadas,
jardinagem, e actividades de governo da casa, em que
os adultos praticam geralmente mais frequentemente do
que exercícios ou desportos condicionantes enérgicos. A Sistema Esquelético
diferença estimada em dispêndio de energia entre os
participantes menos activos com um risco de mortalida- O sistema esquelético é composto de ossos e car-
de por doença cardiovascular aumentado e participantes tilagens.
moderadamente activos com uma taxa de risco de mor-
talidade por doença cardiovascular menor nestes estu- Conceito de Ossos: Ossos são órgãos esbranquiçados,
dos foi cerca de 150 a 400 Kcal/dia ou 1,050 a 2,800 Kcal/ muito duros, que unindos-se aos outros, por intermédio
wk para pessoas de estatura média, com a maior parte da das junturas ou articulações constituem o esqueleto. É uma
actividade física classificada como intensidade moderada forma especializada de tecido conjuntivo cuja a principal
(3-6 METs ou 4-7 kcal/min para um homem de estatura característica é a mineralização (cálcio) de sua matriz óssea
média). (5) (fibras colágenas e proteoglicanas).
188
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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O osso é um tecido vivo, complexo e dinâmico. Uma forma sólida de tecido conjuntivo, altamente especializado
que forma a maior parte do esqueleto e é o principal tecido de apoio do corpo. O tecido ósseo participa de um con-
tínuo processo de remodelamento dinâmico, produzindo osso novo e degradando osso velho.
O osso é formado por vários tecidos diferentes: tecido ósseo, cartilaginoso, conjuntivo denso, epitelial, adiposo,
nervoso e vários tecidos formadores de sangue.
Quanto a irrigação do osso, temos os canais de Volkman e os canais de Havers. O tecido ósseo não apresenta
vasos linfáticos, apenas o tecido periósteo tem drenagem linfática .
Canais de Havers- são uma série de tubos em torno de estreitos canais formados por lamelas concêntricas de
fibras colágenas. Esta região é denominada osso compacto ou diáfise. Vasos sangüíneos e células nervosas em todo
o osso comunicam-se por osteócitos (que emitem expansões citoplasmáticas que põem em contato um osteócito
com o outro) em lacunas (espaços dentro da matriz óssea densa que contêm células ósseas). Este arranjo original é
propício ao depósito de sal mineral, o que dá resistência ao tecido ósseo. Deve-se ainda ressaltar que esses canais
percorrem o osso no sentido longitudinal levando dentro de sua luz, vasos sanguíneos e nervos que são responsáveis
pela nutrição do tecido ósseo. Ele faz que os vasos sanguínios passem pelo tecido ósseo.
Canais de Volkmann são canais microscópicos encontrados no osso compacto, são perpendiculares aos Canais
de Havers, e são um dos componentes do sistema de Haversian. Os canais de Volkmann também podem transportar
pequenas artérias em todo o osso. Os canais de Volkmann não apresentam lamelas concêntricas.
O interior da matriz óssea existe espaços chamados lacunas que contêm células ósseas chamadas osteócitos.
Cada osteófito possui prolongamentos chamados canalículos, que se estendem a partir das lacunas e se unem aos
canalículos das lacunas vizinhas, formando assim, uma rede de canalículos e lacunas em toda a massa de tecido mi-
neralizado.
Conceito de Cartilagem: É uma forma elástica de tecido conectivo semirígido - forma partes do esqueleto nas
quais ocorre movimento. A cartilagem não possui suprimento sangüíneo próprio; conseqüentemente, suas células
obtêm oxigênio e nutrientes por difusão de longo alcance.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Ossos Pneumáticos: São osso ocos, com cavidades cheias de ar e revestidas por mucosa (seios), apresentando
pequeno peso em relação ao seu volume. Exemplo: Esfenóide.
Ossos Irregulares: Apresentam formas complexas e não podem ser agrupados em nenhuma das categorias pré-
vias. Eles têm quantidades variáveis de osso esponjoso e de osso compacto. Exemplo: Vértebras.
Ossos Sesamóides: Estão presentes no interior de alguns tendões em que há considerável fricção, tensão e estres-
se físico, como as palmas e plantas. Eles podem variar de tamanho e número, de pessoa para pessoa, não são sempre
completamente ossificados, normalmente, medem apenas alguns milímetros de diâmetro. Exceções notáveis são as
duas patelas, que são grandes ossos sesamóides, presentes em quase todos os seres humanos.
Ossos Suturais: São pequenos ossos localizados dentro de articulações, chamadas de suturas, entre alguns ossos
do crânio. Seu número varia muito de pessoa para pessoa.
Estrutura dos Ossos Longos:
A disposição dos tecidos ósseos compactos e esponjoso em um osso longo é responsável por sua resistência. Os ossos
longos contém locais de crescimento e remodelação, e estruturas associadas às articulações. As partes de um osso longo
são as seguintes:
Diáfise: é a haste longa do osso. Ele é constituída principalmente de tecido ósseo compacto, proporcionando, conside-
rável resistência ao osso longo.
Epífise: as extremidades alargadas de um osso longo. A epífise de um osso o articula, ou une, a um segundo osso, em
uma articulação. Cada epífise consiste de uma fina camada de osso compacto que reveste o osso esponjoso e recobertos
por cartilagem.
Metáfise: parte dilatada da diáfise mais próxima da epífise.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Cabeça do Fêmur Processos Transverso e Espinhoso (Vértebras)
DEPRESSÕES ÓSSEAS
Articulares Não Articulares
- Fossas
- Sulcos
- Cavidades - Forames
- Acetábulo - Meatos
- Fóvea - Seios
- Fissuras
- Canais
Cavidade Glenóide (Escápula) Processos Transverso e Espinhoso (Vértebras)
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Ossos da Cabeça
O crânio é o esqueleto da cabeça; vários ossos formam suas duas partes: o Neurocrânio e o Esqueleto da Face. O
neurocrânio fornece o invólucro para o cérebro e as meninges encefálicas, partes proximais dos nervos cranianos e vasos
sangüíneos. O crânio possui um teto semelhante a uma abóbada – a calvária – e um assoalho ou base do crânio que é
composta do etmóide e partes do occipital e do temporal. O esqueleto da face consiste em ossos que circundam a boca e
o nariz e contribuem para as órbitas.
Tórax
É uma caixa osteocartilagínea que contém os principais órgãos da respiração e circulação e cobre parte dos órgãos
abdominais.
A face dorsal é formado pelas doze vértebras torácicas, e a parte dorsal das doze costelas. A face ventral é constituída
pelo esterno e cartilagens costais. As faces laterais são compostas pelas costelas e separadas umas das outras pelos onze
espaços intercostais, ocupados pelos músculos e membranas intercostais.
Coluna Vertebral
A coluna vertebral, também chamada de espinha dorsal, estende-se do crânio até a pelve. Ela é responsável por dois
quintos do peso corporal total e é composta por tecido conjuntivo e por uma série de ossos, chamados vértebras, as quais
estão sobrepostas em forma de uma coluna, daí o termo coluna vertebral. A coluna vertebral é constituída por 24 vértebras
+ sacro + cóccix e constitui, junto com a cabeça, esterno e costelas, o esqueleto axial.
Membro Superior
Os ossos dos membros superiores podem ser divididos em quatro segmentos:
Cintura Escapular - Clavícula e Escápula
Braço - Úmero
Antebraço - Rádio e Ulna
Mão - Ossos da Mão
Membro Inferior
O membro inferior tem função de sustentação do peso corporal, locomoção, tem a capacidade de mover-se de um
lugar para outro e manter o equilíbrio. Os membros inferiores são conectados ao tronco pelo cíngulo do membro inferior
(ossos do quadril e sacro).
A base do esqueleto do membro inferior é formado pelos dois ossos do quadril, que são unidos pela sínfise púbica e
pelo sacro. O cíngulo do membro inferior e o sacro juntos formam a PELVE ÓSSEA.
192
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Sistema Muscular
Conceito de Músculos:
São estruturas individualizadas que cruzam uma ou mais articulações e pela sua contração são capazes de transmi-
tir-lhes movimento. Este é efetuado por células especializadas denominadas fibras musculares, cuja energia latente é ou
pode ser controlada pelo sistema nervoso. Os músculos são capazes de transformar energia química em energia mecânica.
O músculo vivo é de cor vermelha. Essa coloração denota a existência de pigmentos e de grande quantidade de sangue
nas fibras musculares.
Os músculos representam 40-50% do peso corporal total.
Funções dos Músculos:
a) Produção dos movimentos corporais: Movimentos globais do corpo, como andar e correr.
b) Estabilização das Posições Corporais: A contração dos músculos esqueléticos estabilizam as articulações e participam
da manutenção das posições corporais, como a de ficar em pé ou sentar.
c) Regulação do Volume dos Órgãos: A contração sustentada das faixas anelares dos músculos lisos (esfíncteres) pode
impedir a saída do conteúdo de um órgão oco.
d) Movimento de Substâncias dentro do Corpo: As contrações dos músculos lisos das paredes vasos sangüíneos regu-
lam a intensidade do fluxo. Os músculos lisos também podem mover alimentos, urina e gametas do sistema reprodutivo.
Os músculos esqueléticos promovem o fluxo de linfa e o retorno do sangue para o coração.
e) Produção de Calor: Quando o tecido muscular se contrai ele produz calor e grande parte desse calor liberado pelo
músculo é usado na manutenção da temperatura corporal.
Grupos Musculares:
Em número de nove. São eles:
a) Cabeça
b) Pescoço
c) Tórax
d) Abdome
e) Região posterior do tronco
f) Membros superiores
g) Membros inferiores
h) Órgãos dos sentidos
i) Períneoz
Classificação dos Músculos:
Quanto a Situação:
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
Quanto à Forma:
a) Longos: São encontrados especialmente nos membros. Os mais superficiais são os
mais longos, podendo passar duas ou mais articulações. Exemplo: Bíceps braquial.
b) Curtos: Encontram-se nas articulações cujos movimentos tem pouca amplitude, o que
não exclui força nem especialização. Exemplo: Músculos da mão.
c) Largos: Caracterizam-se por serem laminares. São encontrados nas paredes das
grandes cavidades (tórax e abdome). Exemplo: Diafragma.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
Quanto à Nomenclatura:
O nome dado aos músculos é derivado de vários fatores, entre eles o fisiológico e o topográfico:
a) Ação: Extensor dos dedos.
b) Ação Associada à Forma: Pronador redondo e pronador quadrado.
c) Ação Associada à Localização: Flexor superficial dos dedos.
d) Forma: Músculo Deltóide (letra grega delta).
e) Localização: Tibial anterior.
f) Número de Origem: Bíceps femoral e tríceps braquial.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Tipos de Músculos:
a) Músculos Estriados Esqueléticos: Contraem-se por influência da nossa vontade, ou seja, são voluntários. O tecido
muscular esquelético é chamado de estriado porque faixas alternadas claras e escuras (estriações) podem ser vistas no
microscópio óptico.
b) Músculos Lisos: Localizado nos vasos sangüíneos, vias aéreas e maioria dos órgãos da cavidade abdômino-pélvica.
Ação involuntária controlada pelo sistema nervoso autônomo.
c) Músculo Estriado Cardíaco: Representa a arquitetura cardíaca. É um músculo estriado, porém involuntário – AUTO
RITMICIDADE.
196
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
c) Aponeurose é uma estrutura formada por tecido conjuntivo. Membrana que envolve grupos musculares. Geralmente
apresenta-se em forma de lâminas ou em leques.
d) Bainhas Tendíneas são estruturas que formam pontes ou túneis entre as superfícies ósseas sobre as quais deslizam
os tendões. Sua função é conter o tendão, permitindo-lhe um deslizamento fácil.
e) Bolsas Sinoviais são encontradas entre os músculos ou entre um músculo e um osso. São pequenas bolsas forradas
por uma membrana serosa que possibilitam o deslizamento muscular.
Tipos de Contrações:
O nome dado aos músculos é derivado de vários fatores, entre eles o fisiológico e o topográfico:
a) Contração Concêntrica: o músculo se encurta e traciona outra estrutura, como um tendão, reduzindo o ângulo de
uma articulação. Ex: Trazer um livro que estava sobre a mesa ao encontro da cabeça.
b) Contração Excêntrica: quando aumenta o comprimento total do músculo durante a contração. Ex: idem anterior,
porém quando recolocamos o livro sobre mesa.
c) Contração Isométrica: servem para estabilizar as articulações enquanto outras são movidas. Gera tensão muscular
sem realizar movimentos. É responsável pela postura e sustentação de objetos em posição fixa. Ex: idem anterior, porém
quando o livro é sustentado em abdução de 90°.
197
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
Componentes Anatômicos do Tecido Conjuntivo: do corpo. A colecistocinina, por exemplo, é produzida pelo
a) Fáscia Superficial separa os músculos da pele. duodeno, durante a passagem do alimento, e lançada no
b) Fáscia Muscular é uma lâmina ou faixa larga de te- sangue. Um de seus efeitos é estimular a contração da ve-
cido conjuntivo fibroso, que, abaixo da pele, circunda os sícula biliar e a liberação da bile no duodeno.
músculos e outros órgãos do corpo. • intercâmbio de materiais: algumas substâncias
c) Epimísio é a camada mais externa de tecido conjun- são produzidas ou armazenadas em uma parte do corpo
tivo, circunda todo o músculo. e utilizadas em outra parte. Células do fígado, por exem-
d) Perimísio circunda grupos de 10 a 100 ou mais fibras plo, armazenam moléculas de glicogênio, que, ao serem
musculares individuais, separando-as em feixes chamados quebradas, liberam glicose, que o sangue leva para outras
fascículos. Os fascículos podem ser vistos a olho nu. células do corpo.
e) Endomísio é um fino revestimento de tecido conjun- • transporte de calor: o sangue também é utilizado
tivo que penetra no interior de cada fascículo e separa as na distribuição homogênea de calor pelas diversas par-
fibras musculares individuais de seus vizinhos. tes do organismo, colaborando na manutenção de uma
temperatura adequada em todas as regiões; permite ainda
levar calor até a superfície corporal, onde pode ser dissi-
pado.
• distribuição de mecanismos de defesa: pelo san-
gue circulam anticorpos e células fagocitárias, componen-
tes da defesa contra agentes infecciosos.
• coagulação sanguínea: pelo sangue circulam as
plaquetas, pedaços de um tipo celular da medula óssea
(megacariócito), com função na coagulação sanguínea. O
sangue contém ainda fatores de coagulação, capazes de
bloquear eventuais vazamentos em caso de rompimento
de um vaso sanguíneo.
• O coração é um órgão muscular oco que se lo-
caliza no meio do peito, sob o osso esterno, ligeiramente
deslocado para a esquerda. Ele contrai e relaxa alternada-
mente para bombear os pulmões (onde ocorre a oxigena-
ção) e depois para a vasta rede de vasos sanguíneos. As
artérias e arteríolas carregam o sangue oxigenado do co-
Sistema Circulatório ração para as células do corpo. A troca de líquido, oxigênio
O sistema circulatório é formado por dois sistemas de e gás carbônico entre o sangue e as células dos tecidos
transporte principais: o sistema cardiovascular, que com- ocorre através dos capilares. As vênulas e veias carregam
preende o coração, vasos sanguíneos e sangue, com o ob- o sangue pobre em oxigênio de volta para o coração, onde
jetivo de carregar oxigênio e nutrientes para as células do o ciclo recomeça.
corpo e transportar os resíduos das células corporais para • Cada vez que o coração contrai, a corrente san-
os rins. O sistema linfático fornece drenagem para o líquido guínea pode ser sentida, na forma de pulsação, em qual-
dos tecidos, denominado linfa. quer lugar onde uma artéria passa próxima a superfície da
pele. As principais localizações onde podem ser sentidas o
Funções do sistema cardiovascular pulso são: no punho, na virilha e no pescoço.
• transporte de gases: os pulmões, responsáveis • As emergências envolvendo o sistema circulatório
pela obtenção de oxigênio e pela eliminação de dióxido de ocorrem quando há sangramento descontrolado, compro-
carbono, comunicam-se com os demais tecidos do corpo metimento da circulação ou quando o coração perde sua
por meio do sangue. capacidade de bombear.
• transporte de nutrientes: no tubo digestório, os • O coração humano, como o dos demais mamífe-
nutrientes resultantes da digestão passam através de um ros, apresenta quatro cavidades: duas superiores, denomi-
fino epitélio e alcançam o sangue. Por essa verdadeira “au- nadas átrios e duas inferiores, denominadas ventrículos. O
to-estrada”, os nutrientes são levados aos tecidos do cor- átrio direito comunica-se com o ventrículo direito através
po, nos quais se difundem para o líquido intersticial que da válvula tricúspide. O átrio esquerdo, por sua vez, co-
banha as células. munica-se com o ventrículo esquerdo através da válvula
• transporte de resíduos metabólicos: a atividade bicúspide ou mitral. A função das válvulas cardíacas é ga-
metabólica das células do corpo origina resíduos, mas ape- rantir que o sangue siga uma única direção, sempre dos
nas alguns órgãos podem eliminá-los para o meio externo. átrios para os ventrículos.
O transpor.te dessas substâncias, de onde são formadas • As câmaras cardíacas contraem-se e dilatam-se
até os órgãos de excreção é feito pelo sangue alternadamente 70 vezes por minuto, em média. O proces-
• transporte de hormônios: hormônios são substân- so de contração de cada câmara do miocárdio (músculo
cias secretadas por certos órgãos, distribuídas pelo sangue cardíaco) denomina-se sístole. O relaxamento, que acon-
e capazes de modificar o funcionamento de outros órgãos tece entre uma sístole e a seguinte, é a diástole.
198
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
a- A atividade elétrica do coração estresse, tais como exercício, doença, calor excessivo, ou
• Nódulo sinoatrial (SA) ou marcapasso ou nó si- outras condições que exigem um rápido fluxo sanguíneo
no-atrial: região especial do coração, que controla a fre- através do sistema circulatório. Por conseguinte, os efeitos
quência cardíaca. Localiza-se perto da junção entre o átrio simpáticos sobre o coração constituem o mecanismo de
direito e a veia cava superior e é constituído por um aglo- auxílio utilizado numa emergência, tornando mais forte o
merado de células musculares especializadas. A frequência batimento cardíaco quando necessário (VILELA, 2013).
rítmica dessas fibras musculares é de aproximadamente 72 • Os neurônios pós-ganglionares do sistema ner-
contrações por minuto, enquanto o músculo atrial se con- voso simpático secretam principalmente noradrenalina,
trai cerca de 60 vezes por minuto e o músculo ventricular, razão pela qual são denominados neurônios adrenérgicos.
cerca de 20 vezes por minuto. Devido ao fato do nódulo A estimulação simpática do cérebro também promove a
sinoatrial possuir uma frequência rítmica mais rápida em secreção de adrenalina pelas glândulas adrenais ou supra-
relação às outras partes do coração, os impulsos origina- -renais. A adrenalina é responsável pela taquicardia (bati-
dos dele espalham-se para os átrios e ventrículos, estimu- mento cardíaco acelerado), aumento da pressão arterial e
lando essas áreas tão rapidamente, de modo que o ritmo da frequência respiratória, aumento da secreção do suor,
do nódulo SA torna-se o ritmo de todo o coração; por isso da glicose sangüínea e da atividade mental, além da cons-
é chamado marcapasso. trição dos vasos sanguíneos da pele.
• Sistema De Purkinje ou fascículo átrio-ventricular: • O neurotransmissor secretado pelos neurônios pós-
embora o impulso cardíaco possa percorrer perfeitamen- -ganglionares do sistema nervoso parassimpático é a acetil-
te todas as fibras musculares cardíacas, o coração possui colina, razão pela qual são denominados colinérgicos, geral-
um sistema especial de condução denominado sistema de mente com efeitos antagônicos aos neurônios adrenérgicos.
Purkinje ou fascículo átrio-ventricular, composto de fibras Dessa forma, a estimulação parassimpática do cérebro promo-
musculares cardíacas especializadas, ou fibras de Purkinje ve bradicardia (redução dos batimentos cardíacos), diminuição
(Feixe de Hiss ou miócitos átrio-ventriculares), que transmi- da pressão arterial e da frequência respiratória, relaxamento
tem os impulsos com uma velocidade aproximadamente 6 muscular e outros efeitos antagônicos aos da adrenalina.
vezes maior do que o músculo cardíaco normal, cerca de 2 Em geral, a estimulação do hipotálamo posterior au-
m por segundo, em contraste com 0,3 m por segundo no menta a pressão arterial e a frequência cardíaca, enquanto
músculo cardíaco. que a estimulação da área pré-óptica, na porção anterior
do hipotálamo, acarreta efeitos opostos, determinando
b- Controle Nervoso do Coração notável diminuição da frequência cardíaca e da pressão
O sistema nervoso é conectado com o coração através arterial. Esses efeitos são transmitidos através dos centros
de dois grupos diferentes de nervos do sistema nervoso de controle cardiovascular da porção inferior do tronco ce-
autônomo: parassimpáticos e simpáticos. A estimulação rebral, e daí passam a ser transmitidos através do sistema
dos nervos parassimpáticos causa os seguintes efeitos nervoso autônomo.
sobre o coração: (1) diminuição da frequência dos bati-
mentos cardíacos; (2) diminuição da força de contração do
músculo atrial; (3) diminuição na velocidade de condução
dos impulsos através do nódulo AV (átrio-ventricular), au- PLANOS E EIXOS DE MOVIMENTOS;
mentando o período de retardo entre a contração atrial e
a ventricular; e (4) diminuição do fluxo sanguíneo através
dos vasos coronários que mantêm a nutrição do próprio
músculo cardíaco. Os planos e os eixos de Movimento
• Todos esses efeitos podem ser resumidos, dizen- A descrição de todo movimento corporal é baseada nos
do-se que a estimulação parassimpática diminui todas as 3 planos de Secção anatômica ou planos de movimento. São
atividades do coração. Usualmente, a função cardíaca é re- eles: Plano Sagital, que divide o corpo humano em metades
duzida pelo parassimpático durante o período de repouso, direita e esquerda; o Plano Frontal, que divide o corpo hu-
juntamente com o restante do corpo. Isso talvez ajude a mano em metades anterior e posterior, e o Plano Transver-
preservar os recursos do coração, pois durante os períodos sal, que divide o corpo nas metades superior e inferior.
de repouso, indubitavelmente há um menor desgaste do Os eixos de movimento são linhas imaginárias que
órgão. atravessam os planos do corpo perpendicularmente para
• A estimulação dos nervos simpáticos apresenta possibilitar movimentos, e cada um é exclusivo para cada
efeitos exatamente opostos sobre o coração: (1) aumento plano. Pertencente ao plano Sagital, temos um eixo que vai
da frequência cardíaca, (2) aumento da força de contração, de um lado a outro do corpo chamado de eixo Látero-late-
e (3) aumento do fluxo sanguíneo através dos vasos coro- ral (também chamado de transversal ou horizontal). Já no
nários visando a suprir o aumento da nutrição do músculo plano Frontal temos um eixo que vai da frente para trás do
cardíaco. Esses efeitos podem ser resumidos, dizendo-se corpo, chamado de eixo ântero-posterior (também chama-
que a estimulação simpática aumenta a atividade cardíaca do de sagital). No plano transversal temos um eixo que vai
como bomba, algumas vezes aumentando a capacidade de da parte superior do corpo até a parte inferior. Este eixo é
bombear sangue em até 100 por cento. Esse efeito é ne- chamado de crânio-caudal (também chamado de superior-
cessário quando um indivíduo é submetido a situações de -inferior ou longitudinal).
199
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Os movimentos feitos pelas articulações, principalmente as presentes no esqueleto apendicular, acontecem em cada
plano e seu respectivo eixo. No plano Sagital (eixo látero-lateral) é possível fazer os movimentos de flexão e extensão. No
plano frontal (eixo ântero-posterior) é possível fazer os movimentos de adução e abdução. Já no plano transversal (eixo
crânio-caudal) é possível fazer os movimentos de rotação.
200
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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201
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Existem 3 tipos de músculos no corpo humano com diferenças ao nível da sua estrutura e funcionalidade, são eles :
o músculo liso; o músculo estriado cardíaco e o músculo estriado esquelético (ver figura 1).
O músculo liso é composto por células fusiformes e mononucleadas, possuindo este nome porque quando observadas
ao microscópio não se vê as estrias transversais como no músculo estriado. Encontram-se nas paredes de orgãos ocos,
como os vasos sanguíneos, os intestinos e a bexiga e servem para impulsionar o líquido que se encontra dentro desses
orgãos. Este músculo provoca contrações peristálticas controladas pelo sistema nervoso autónomo. Igualmente, estes mús-
culos podem reagir a estímulos vindos de células vizinhas e em respostas a determinadas hormonas promovendo por ex. a
vasodilatação ou a vasoconstrição. O seu processo de contração é lento e involuntário.
202
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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O músculo estriado cardíaco forma o miorcádio e somente se encontra no coração. Tem as características de contra-
ção idêntica ao do músculo estriado esquelético mas mais longas. Contudo, a sua contração é involuntária e controlado
pelo sistema nervoso central, tal como músculo liso.
Por fim, o músculo estriado esquelético que é aquele que vamos debruçar-nos mais neste post. A partir deste mo-
mento, no texto, será a este tipo de músculo que estaremos a referir. Podemos ver na figura 2 os diferentes músculos
esqueléticos do corpo humano.
O Músculo esquelético possui 4 propriedades que lhe permitem responder de forma eficiente quando é sujeito à
ação de diferentes cargas e velocidades de movimento e/ou ação muscular. São elas a a excitabilidade, a contratibilida-
de, a extensibilidade e a elasticidade.
A Excitabilidade permite que as fibras musculares sejam rapidamente recrutadas a quando da necessidade de suster
qualquer resistência ou efetuar determinado movimento. Nos músculos a excitabilidade é efetuada através de um moto-
neurônio que liberta um neurotansmissor, chamado acetilcolina, que desencadeia determinadas ações no músculo que
comandam as ações musculares. O músculo esquelético é um dos tecidos mais sensíveis e reativos do corpo humano logo
a seguir ao tecido nervoso.
Contratibilidade é a capacidade do músculo esquelético gerar tensão através da ação concêntrica ao receber um
estímulo adequado. OS músculos têm a capacidade de se encurtar em cerca de 50% a 70% do seu tamanho. Contudo,
essa capacidade pode ficar limitada por estruturas anatómicas, sendo em média a capacidade de encurtamento de 57% do
comprimento de repouso.
Extensibilidade é a capacidade de o músculo alterar o seu comprimento para além do de repouso. O músculo por si só
não consegue alterar o seu comprimento para além do de repouso. Para o efeito ele necessita da ação de um força externa
ou de ação de outro grupo muscular. A capacidade de extensibilidade de um músculo está essencialmente no seu tecido
conjuntivo que o envolve e que se situa no seu interior.
203
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Elasticidade é a capacidade de um músculo voltar ao seu comprimento de repouso e depende tal como a extensibi-
lidade principalmente do tecido conjuntivo que envolve os músculos e que se situa no seu interior. A extensibilidade e a
elasticidade de um músculo são, entre outros, mecanismos protetores do tecido muscular mantendo o seu comprimento
de repouso.
Cada músculo possui geralmente um ventre, central e espesso, sendo em alguns músculos pronunciados (bíceps bra-
quial) e em outros mais discretos (flexores e exteriores do pulso). O músculo é envolvido por várias camadas de tecido
conjuntivo em que a camada que envolve todo o músculo, e mais externa, é o epimísio. Esta estrutura tem um papel im-
portante na transferência de tensão para o osso através do tendão.
Os músculos podem conter milhares de fibras musculares organizadas em compartimentos formando feixes. Estes
feixes de fibras musculares chamam-se fascículos que podem conter até 200 fibras musculares. Estes fascículos são en-
volvidos por uma membrana denominada perimísio que protege as fibras musculares e permite a passagem de nervos e
vasos sanguíneos. É o perimísio e epimísio que confere a maior parte da capacidade dos músculos se alongarem (mas este
aspeto será abordado posteriormente neste post). Os fascículos estão organizados de forma paralela entre si e contêm, como
referido anteriormente, fibras musculares que podem ter 15 a 30 cm de comprimento e 10 a 1000 µm de diâmetro e é nestas
estruturas que é gerada a tensão muscular. As fibras musculares estão, igualmente, organizadas de forma paralela entre si e
a membrana que as envolve denomina-se endomísio (ver figura 4). O endomísio é uma bainha de tecido conjuntivo muito
fina que possui nervos e capilares que enervam e nutrem cada fibra muscular, respetivamente. esta membrana permite,
igualmente, isolar a atividade neural intramuscular. Logo por baixo do endomísio existe uma membrana plasmática que se
ramifica pelo músculo denominada sarcolema. É através desta estrutura que a enervação é efetuada avançando através do
sarcolema até cada unidade contráctil.
204
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Figura 4 – Tecido conjuntivo que envolve as diferentes estruturas do músculo estriado esquelético
Os sarcómeros das fibras musculares são os componentes básicos dos músculos e são eles que permitem a realiza-
ção das ações musculares. A estrutura de um sarcómero pode ser observada na figura 6. Pode-se ver 3 linhas (duas linhas
Z e uma M) em que as linhas Z (ou discos Z) limitam todos os componentes de um sarcómero que ficam entre elas e a li-
nha M que divide o sarcómero ao meio. Pode-se, igualmente, ver 5 bandas (duas bandas A e I e uma banda H) em que
as bandas I corresponde aos filamentos sozinhos de actina, as bandas A às sobreposições entre os filamentos de actina
e miosina e a banda H aos filamentos de miosina isolados. A actina (filamentos finos) possuem dois tipos de proteínas
a tropomina e a tropomiosina. Por sua vez, a miosina (filamentos grossos) possuem minúsculas projeções proteicas que
formam pontes cruzadas com os filamentos de actina. Existe, igualmente, no sarcómero conjuntos de filamentos de um
polipeptídeo chamado titina que protegem a integridade do sarcómero.
205
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
A partir da década de 1970, segundo Brasil (1998) surgiram novos movimentos na Educação Física escolar, em oposição
aos modelos tecnicista, esportivista e biologista, inspirados no momento histórico social pelo qual passou o país, nas novas
tendências da educação de maneira geral, além de questões específicas da própria Educação Física.
Atualmente coexistem na área várias abordagens do ensino de Educação Física, todas elas tendo em comum a tentativa de
romper com o modelo anterior, fruto do esforço de estudiosos pós década de 1980. Essas abordagens resultam da articulação
de diferentes teorias psicológicas, sociológicas e concepções filosóficas. Todas essas correntes têm ampliado os campos de ação
e reflexão para a área, o que a aproxima das ciências humanas. Embora contenham enfoques diferenciados entre si, com pontos
por vezes divergentes, muitas têm em comum a busca de uma Educação Física que articule as múltiplas dimensões do ser huma-
no (BRASIL, 1998), cuja idéia ultrapasse a visão de que o corpo se restringe ao biológico, ao mensurável.
Mesmo contando com várias abordagens para o ensino da Educação Física esse caderno temático limitou-se às se-
guintes abordagens pedagógicas: desenvolvimentista, construtivista, ensino aberto, sistêmica, críticoemancipatória, plural
e críticosuperadora.
Texto 1
ABORDAGEM DESENVOLVIMENTISTA
A abordagem desenvolvimentista tem em Tani seu principal defensor em seus trabalhos de 1987 e 1988 com colabo-
radores.
A obra mais representativa dessa abordagem é “Educação Física escolar: fundamentos de uma abordagem desen-
volvimentista”. Como destaca Daolio (2007) essa obra, foi publicada em 1988 por um coletivo de autores composto pelo
próprio Go Tani, Edison de Jesus Manuel, Eduardo Kokubun e José Elias de Proença.
A abordagem desenvolvimentista para Tani et al. (1988) é uma proposta dirigida especificamente para crianças de qua-
tro a quatorze anos que busca nos processos de aprendizagem e desenvolvimento uma fundamentação para a Educação
Física escolar. É uma tentativa de caracterizar a progressão normal do crescimento físico, do desenvolvimento fisiológico,
206
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
207
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Com isso, é possível perceber que Freire (1989) pro- Para Bracht (1999) essa abordagem trabalha com a
põe como tarefa da Educação Física o desenvolvimento de perspectiva de que a aula de Educação Física pode ser ana-
habilidades motoras, porém num contexto de brinquedo e lisada em termos de um continuum que vai de uma con-
de jogo, desenvolvidos a partir de um universo da cultura cepção fechada a uma concepção aberta de ensino, e con-
infantil que a criança possui. siderando que a concepção fechada inibe a formação de
Os conteúdos, na abordagem construtivista, devem ser um sujeito autônomo e crítico, essa proposta indica a aber-
desenvolvidos numa progressão pedagógica, numa ordem tura das aulas no sentido de se conseguir a coparticipação
de habilidades, mais simples (habilidades básicas) para as dos alunos nas decisões didáticas que configuram as aulas.
mais complexas (específicas). Uma concepção de ensino aberta baseia-se na idéia
Ao propor uma educação de corpo inteiro, Freire, se- de propiciar ao aluno possibilidades de decidir junto, im-
gundo Daolio (2007) propõe uma Educação Física que pre- portando a proporção das possibilidades de co-decisão no
serve a condição natural humana das crianças, estimulando “grau de abertura” do ensino de Educação Física [...] (HIL-
suas habilidades motoras e seu desenvolvimento corpo- DEBRANDT; LAGING, 1986, p. 11).
ral e libertandoa do jugo do contrato social representa- Numa concepção de ensino aberto, os alunos devem
da pela escola tradicional. participar das decisões, a relação professor-aluno estabe-
Freire (1989) critica as avaliações realizadas conside- lece-se dentro de uma ação coparticipativa que se amplia
rando apenas o aspecto motor, sugere avaliações que en- de acordo com o amadurecimento e a responsabilidade
globem outros aspectos, como por exemplo, o compor- assumida pelos integrantes do grupo.
tamento social, por meio de uma análise qualitativa, ob- As concepções de ensino são abertos quando os alu-
servando as relações entre as crianças e nas verbalizações nos participam das decisões em relação aos objetivos, con-
entre elas e com o professor. teúdos e âmbitos de transmissão ou dentro deste comple-
xo de decisão. O grau de abertura depende do grau de
Texto 3 possibilidade de co-decisão (HILDEBRANDT; LAGING,1986,
p. 15).
ABORDAGEM DE ENSINO ABERTO Esta abordagem, como sintetiza Oliveira (1990) de-
senvolve-se por meio de ações problematizadoras, enfati-
O ensino aberto tornou-se conhecido no Brasil por in- zando o conhecimento sobre as diversas possibilidades de
fluência do professor alemão Hildebrandt. Esta proposta é movimento; as ações metodológicas são organizadas de
tratada na obra “Concepções abertas no ensino da Educação forma a conduzir a um aumento no nível de complexidade
Física” de Hildebrandt e Laging, publicada em 1986. dos temas tratados e realiza-se em uma ação participativa,
De acordo com Oliveira (1990) o ensino aberto baseia- na qual professor e alunos interagem na resolução de pro-
-se na teoria sociológica do interacionismo simbólico blemas e no estabelecimento de temas geradores; o ensi-
(Mead/Blumer) e na teoria1 libertadora (Paulo Freire). no aberto exprime-se pela subjetividade dos participantes.
Essa abordagem tem como objeto de estudo o movi- Aqui entram as intenções do professor e os objetivos de
mento e suas relações sociais. No entanto, ação dos alunos.
Hildebrandt, enfatiza a importância do movimento li- O ensino aberto, segundo Oliveira (1990) privilegia a
vre em detrimento ao movimento técnico. avaliação do processo ensino-aprendizagem.
[...] As possibilidades de vivência de movimento dos se-
res humanos no seu mundo são complexas e têm vários ní- Texto 4
veis. Contudo, o sistema do esporte reduz essas complexas
possibilidades de movimento (HILDEBRANDT-STRAMANN, ABORDAGEM SISTÊMICA
2003, p. 67).
Hildebrandt-Stramann (2003) classifica uma aula de A abordagem sistêmica tem em Mauro Betti seu maior
Educação Física, como fechada quando às definições de expoente.
situação e as colocações de significados partem de uma Na obra “Educação Física e sociedade”, publicada em
forma unilateral do professor e quando nenhuma ou pou- 1991.
cas possibilidades são oferecidas aos alunos de trazer suas Nessa obra, Betti levanta as primeiras considerações
próprias definições de situações. sobre a Educação Física dentro dessa abordagem, que pre-
O ensino aberto visa possibilitar ao aluno co-participar fere o termo abordagem sociológica sistêmica.
das decisões sobre objetivos, conteúdos e métodos de De acordo com Darido (1999) a abordagem sistêmica,
ensino das aulas e, portanto, do planejamento do ensino, tem grande influência de áreas, como a sociologia, a filoso-
visando recolocar a subjetividade do aluno no centro fia, bem como contribuição da psicologia.
da reflexão didática. Essa abordagem, segundo Betti (1992) não se constitui
Deve ter ficado claro que o processo de ensino dos como uma metodologia de ensino, mas traz implicações
alunos será subjetivado quando os conteúdos do ensino da para as múltiplas dimensões sócio-políticas, sóciopsicoló-
Educação Física forem modificados para se tornarem ade- gicas e didático-pedagógicas da Educação Física e também
quados aos alunos, isto é, preparados de modo a ocupar para o ensino da Educação Física na escola. Betti (1992)
os alunos produtivamente de acordo com seus interesses e entende que a partir do conceito de cultura física é possí-
necessidades [...] (HILDEBRANDT; LAGING, 1986, p. 29-30). vel para a Educação Física superar a antiga dicotomia entre
208
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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a educação do e pelo movimento, pois para ele, é preci- Essa abordagem tem como base a teoria sociológica da
so que haja uma discussão destes assuntos de uma for- ação comunicativa, idealizada por Jürgen Habermas, e a ten-
ma mais global. No qual, não seria apenas uma educação dência educacional progressista crítica (LARA et al., 2007).
buscando uma melhora ou aquisição de mais habilidades A abordagem críticoemancipatória pretende o resgate
motoras ou a busca de algum aprimoramento por meio do da linguagem do movimento humano como forma de ex-
movimento e sim uma discussão mais ampla. pressão do mundo social. Para tanto, busca articular uma
Nessa abordagem, Betti (1991) considera a teoria de prática do esporte condicionada a sua transformação di-
sistemas como um instrumento conceitual e um modo de dático-pedagógica, de tal modo que a educação contri-
pensar a questão do currículo de Educação Física. Como bua para a reflexão crítica e emancipatória das crianças e
na teoria de sistemas proposta por Bertalanffy, o autor jovens. Pois, segundo Kunz é pelo questionamento crítico
trabalha com os conceitos de hierarquia, tendências au- que se chega a compreender a estrutura autoritária dos
to-afirmativas e auto-integrativas. A Educação Física, nes- processos institucionalizados da sociedade que formam as
sa abordagem, é entendida como um sistema hierárquico convicções, interesses e desejos.
aberto, pois recebe influências da sociedade ao mesmo Fica evidente que para essa compreensão do esporte
tempo em que a influencia. Procura na definição de vivên- os alunos devem ser instrumentalizados além de capacida-
cia corporal o movimento de introduzir o aluno nos con- des e conhecimentos que lhes possibilitam apenas praticar
teúdos oferecidos na escola, oportunizando a experiência o esporte. Nesse sentido, é de mais alta importância, sem
da cultura de movimentos. dúvida, a competência comunicativa que lhes possibilita
Assim, o papel da Educação Física é, a comunicação, não apenas sobre o mundo dos esportes,
[...] integrar e introduzir o aluno de 1º e 2º graus no mas para todo o seu com o mundo social, político, econô-
mundo da cultura física, formando o cidadão que vai usu- mico e cultural (KUNZ, 1994, p. 29-30).
fruir, partilhar, produzir, reproduzir e transformar as for- Com isso, percebe-se que Kunz, como enfatiza Dao-
mas culturais da atividade física [...] (BETTI, 1992, p. 285). lio (2007) faz uma discussão sobre o movimento humano,
Por isso, os conteúdos devem ser tratados de forma a criticando a visão que o concebe apenas como fenôme-
oportunizar aos alunos a explorarem suas vivências e ex- no físico que pode ser reconhecido e esclarecido de forma
periências das manifestações e da cultura corporal como simples e objetiva, independente do próprio ser humano
o jogo, dança, esportes, lutas e ginásticas não deixando que o realiza.
de lado as questões cognitivas e afetivas de suas práticas Kunz coloca que esta abordagem na prática, precisa
(DARIDO, 1999). estar acompanhada de uma didática comunicativa, que se
Na abordagem sistêmica, existem dois princípios orienta pelo desenvolvimento de uma capacidade ques-
fundamentais. O princípio da não-exclusão que, segun- tionadora e argumentativa consciente do aluno sobre os
do Daolio (2007) prega que os conteúdos e métodos da assuntos abordados em aula. Pois, essa abordagem pre-
Educação Física devem incluir a totalidade dos alunos e o tende o resgate da linguagem do movimento humano, que
princípio da diversidade que defende que os conteúdos de é o objeto central do trabalho pedagógico da Educação
Educação Física devem oferecer variedade de atividades, Física escolar, como forma de expressão de entendimento
com o intuito de permitir ao aluno escolher criticamente, do mundo social.
de forma valorativa, seus motivos-fins em relação às ativi- Além disso, Kunz (1994) destaca que o fenômeno so-
dades da cultura corporal de movimento. cial do esporte deve ter a capacidade de colocar o prati-
Dentro dessa abordagem, o profissional de Educação cante na situação dos outros participantes no esporte; ser
Física em sua atuação pedagógica precisa saber, de certa capaz de propiciar a visualização dos componentes sociais
forma, ler, aceitar e compreender os significados originais que influenciam todas as ações sócio-culturais no campo
do grupo alvo de seu trabalho, a fim de conseguir em- esportivo; além de poder desenvolver as competências da
preender sua ação pedagógica intencional, considerando autonomia, interação social, bem como da competência
também os seus significados e aqueles atribuídos ao lon- objetiva.
go da tradição da cultura corporal de movimento (DAO- Com isso, em vez de ensinar os esportes na Educa-
LIO, 2007). ção Física pelo simples desenvolvimento de habilidades e
A avaliação nessa abordagem dá-se por meio da ob- técnicas do esporte, deverão ser incluídos conteúdos de
servação sistematizada. caráter teórico-prático que tornam o fenômeno esportivo
transparente, permitindo aos alunos a melhor organização
Texto 5 da realidade do esporte, dos movimentos e dos jogos de
acordo com as suas possibilidades e necessidades; a inte-
ABORDAGEM ração solidária e social em princípios de co e autodetermi-
CRÍTICO-EMANCIPATÓRIA nação; e se expressar como ser corporal no diálogo com o
mundo.
A abordagem críticoemancipatória tem como prin- Para Kunz, o movimento deve ser interpretado como
cipal idealizador Elenor Kunz, com as obras “Educação um diálogo entre o ser humano e o mundo, uma vez que
Física: ensino & mudanças”, publicada em 1991 e “Trans- é pelo seu “se-movimentar” que ele percebe, interage
formação didático-pedagógica do esporte”, publicada em com os outros, atua na sociedade.
1994.
209
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
ciedade de classes, onde o movimento social caracterizase ra, através da educação, adaptar o homem à sociedade,
pela luta entre as classes sociais a fim de afirmarem seus alienando-a da sua condição de sujeito histórico, capaz de
interesses. interferir na transformação da mesma. Recorre à filosofia li-
[...] os interesses imediatos da classe trabalhadora, na beral para a formação do caráter do indivíduo, valorizando
qual se incluem as camadas populares, correspondem à a obediência, o respeito às normas e à hierarquia. Apóia-se
sua necessidade de sobrevivência, à luta no cotidiano pelo na pedagogia tradicional influenciada pela tendência bio-
direito ao emprego, enfim, às condições dignas de exis- logista para adestrá-lo.
tência. Essas concepções e fundamentos informam um dado
Os interesses imediatos da classe proprietária corres- tratamento do conhecimento (SOARES et al., 1992, p. 36).
pondem às suas necessidades de acumular riquezas, gerar A abordagem crítico-superadora busca desenvolver
mais renda, ampliar o consumo, o patrimônio etc. ainda uma reflexão pedagógica sobre o acervo de formas de re-
com relação a essa classe, seus interesses históricos cor- presentação do mundo em que o homem tem produzido
respondem à sua necessidade de garantir o poder para no decorrer da história, exteriorizadas pela expressão cor-
manter a posição privilegiada que ocupa na sociedade e a poral. Assim, essa abordagem,
qualidade de vida construída e conquistada a partir desse [...] Busca desenvolver uma reflexão pedagógica sobre
privilégio (SOARES et al., 1992, p. 24). o acervo de formas de representação do mundo que o ho-
Percebe-se então que os interesses das classes são di- mem tem produzido no decorrer da história, exterioriza-
ferentes e antagônicos. Com isso, há momentos em que se das pela expressão corporal: jogos, danças, lutas, exercícios
acirra o conflito, o que vem a provocar uma crise. E é des- ginásticos, esporte, malabarismo, contorcionismo, mímica
sa crise que emergem as pedagogias. Soares et al. (1992) e outros, que podem ser identificados como formas de re-
destaca que uma pedagogia entra em crise quando suas presentação simbólica de realidades vividas pelo homem,
explicações sobre a prática social já não mais convencem historicamente criadas e culturalmente desenvolvidas
aos sujeitos das diferentes classes e não correspondem aos (SOARES et al., 1992, p. 38).
seus interesses. Diante disso, pode-se dizer que, a aborda- Com isso, percebe-se que essa abordagem propõe
gem crítico-superadora trata-se se uma pedagogia emer- olhar para as práticas constitutivas da cultura corporal
gente que busca responder determinados interesses de como “práticas sociais”, ou seja, produzidas pela ação (tra-
classe, neste caso, da classe trabalhadora. balho) humana com vistas a atender determinadas neces-
A abordagem crítico-superadora tem inspiração no sidades sociais. Assim, as atividades corporais, esportivas
materialismo histórico-dialético de Karl Marx e ou não, componentes da nossa cultura corporal, são viven-
4compreende a Educação Física escolar como uma dis- ciadas – tanto naquilo que possuem de “fazer” corporal,
ciplina que trata pedagogicamente, de um tipo de conhe- quanto na necessidade de se refletir sobre o significado/
cimento denominado cultura corporal, onde visa a apren- sentido desse mesmo “fazer” (OLIVEIRA, 1990).
dizagem da expressão corporal como linguagem. Para Daolio (2007) o mérito da abordagem crítico-
[...] A expressão corporal é tomada como linguagem, -superadora está no estabelecimento da cultura corporal
conhecimento universal, um patrimônio cultural humano como objeto de estudo da Educação Física. Com isso, às
que deve ser transmitido aos alunos e por eles assimilado várias manifestações corporais humanas, em vez de serem
a fim de que possam compreender a realidade dentro de tomadas como conteúdos tradicionais devem ser vistos
uma visão de totalidade, como algo dinâmico e carente de como construções históricas da humanidade.
transformações (DAOLIO, 2007, p. 29). É fundamental para essa perspectiva da prática peda-
Para Souza (1987 apud SOARES et al., 1992) na abor- gógica da Educação Física o desenvolvimento da noção
dagem crítico-superadora a reflexão pedagógica deve de historicidade da cultura corporal. É preciso que o aluno
ser diagnóstica, porque remete a constatação e leitura entenda que o homem não nasceu pulando, saltando, arre-
dos dados da realidade; judicativa, porque explicita valores messando, balançando, jogando etc. Todas essas atividades
a partir de uma ética voltada para os interesses de uma corporais foram construídas em determinadas épocas his-
classe social; e teleológica, porque aponta para uma dire- tóricas, como respostas a determinados estímulos, desafios
ção clara de transformação da realidade. ou necessidades humanas. (SOARES et al., 1992, p. 39).
Além disso, essa abordagem, segundo Daolio (2007) A reflexão sobre a cultura corporal, segundo Soares et
coloca-se em oposição à perspectiva tradicional de Edu- al. (1992) contribui para a afirmação dos interesses das ca-
cação Física que tem como objeto de estudo o desenvol- madas populares, na medida em que desenvolve-se uma
vimento da aptidão física do ser humano, pois, de acordo reflexão pedagógica sobre calores como solidariedade
com Soares et al. (1992) esta visão contribuiu e tem con- substituindo individualismo, cooperação confrontando a
tribuído para a manutenção da estrutura da sociedade ca- disputa, distribuição em confronto com apropriação, so-
pitalista, defendendo os interesses da classe dominante no bretudo enfatizando a liberdade de expressão dos movi-
poder. mentos, negando a dominação e submissão do homem
Apóia-se nos fundamentos sociológicos, filosóficos, pelo homem.
antropológicos, psicológicos e, enfaticamente, nos biológi- A avaliação, nessa abordagem, é entendida como algo
cos para educar o homem forte, ágil, apto, empreendedor, além da aplicação de testes, levantamento de medidas, se-
que disputa uma situação social privilegiada na socieda- leção e classificação de alunos. Pois, esta forma reducio-
de competitiva de livre concorrência: a capitalista. Procu- nista das possibilidades pedagógicas da Educação Física,
211
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
limita as finalidades – à medida que é entendida e tratada Com isso, percebe-se que, a prática social inicial, para
como um procedimento para atender exigências burocrá- o aluno, consiste no primeiro contato que mantém com
ticas da escola ou a legislação vigente; as formas – tes- o conteúdo sistematizado que será trabalhado pelo pro-
tes esportivos-motores, a fim de selecionar alunos para fessor.
competições; e os conteúdos da avaliação – advindos do De acordo com Gasparin (2002) antes de iniciar o tra-
esporte. Por isso, segundo Soares et al. (1992) a avaliação balho propriamente dito, os alunos devem ser informa-
é criticada, por estimular a prática discriminatória, enfati- dos de que o conteúdo será abordado numa determina-
zando o esforço individual e desestimular os alunos menos da linha política, através do processo teóricometodológi-
aptos ou que não tem interesse pelo rendimento esportivo. co que tem o materialismo histórico , com a finalidade de
transformação social. Depois, o professor deve comuni-
Pedagogia Histórico-Crítica car o conteúdo a ser trabalhado. Dialoga 5com os alunos
sobre o conteúdo, pois, com isso, busca evidenciar qual
A abordagem crítico-superadora tem como ponto de é o domínio que o aluno já possui e que uso faz dele na
partida a pedagogia histórico-crítica. Essa pedagogia é prática social cotidiana.
uma metodologia de ensino-aprendizagem que apresenta [...] É a manifestação do estado de desenvolvimento
características como: uma nova maneira de planejar as ati- dos educandos, ocasião em que são expressas as concep-
vidades docentes-discentes, novo processo de estudo por ções, as vivências, as percepções, os conceitos, as formas
parte do professor e novo método de trabalho docente- próximas e remotas de existência do conteúdo em ques-
-discente, que tem como base o processo prática-teoria- tão [...] (GASPARIN, 2002, p. 23).
-prática. A prática social inicial, conforme Gasparin (2002) é
Para tanto, essa pedagogia adota a teoria dialética do sempre uma contextualização do conteúdo. Além disso,
conhecimento e a teoria históricocultural como suporte é um momento de conscientização do que ocorre na so-
epistemológico, e representa um esforço e uma tentativa ciedade em relação aquele tópico a ser trabalhado.
de traduzir, para a prática pedagógica e discente a peda- Esse momento é importante porque a partir de sua
gogia histórico-crítica (GASPARIN, 2002). explicitação, o professor pode tomar conhecimento do
A pedagogia histórico-crítica é articulada em cinco ponto onde deve iniciar sua ação e o que falta ao aluno
momentos: para chegar ao nível superior. Para tanto, Gasparin (2002)
a) prática social inicial; coloca que, nessa pedagogia, podem ser utilizadas duas
b) problematização; formas de encaminhamento da atividade, ou seja, o anún-
c) instrumentalização; cio dos conteúdos e a vivência cotidiana dos conteúdos.
d) síntese; O anúncio dos conteúdos realizase quando o profes-
e) prática social final. sor informa aos alunos quais tópicos e subtópicos serão
abordados e a vivência cotidiana dos conteúdos consis-
Os respectivos momentos articulados serão separados te no levantamento que o professor fará em relação aos
a seguir, de forma didática, apenas para fins de estudos, conteúdos a serem trabalhados, onde é possibilitado ao
mas com certeza constituem-se como um todo em cons- aluno demonstrar o que já sabe do conteúdo e que gos-
tante movimento, integração e superação. tariam de saber a mais.
A prática social inicial é o primeiro momento da pe- A problematização consiste no segundo momento
dagogia históricocrítica e caracteriza-se como uma pre- da pedagogia histórico-crítica e é a junção da prática ini-
paração, uma mobilização do aluno para a construção do cial com o conhecimento científico elaborado.
conhecimento escolar. Nesse primeiro momento, segundo Para Gasparin (2002) a problematização, representa
Saviani (2001) o ponto de partida que é comum a professor o momento do processo em que a prática social é posta
e aluno. em questão, analisada, interrogada, levando em conside-
No entanto, conforme Gasparin (2002) cada agente se ração o conteúdo a ser trabalhado e as exigências sociais
posiciona diferentemente em relação a prática social inicial de aplicação desse conhecimento, ou seja, é o momento
como um todo. Assim, professor e alunos, na relação pe- em que começa a análise da prática e da teoria.
dagógica, também possuem níveis diferenciados de com- As principais interrogações levantadas no primeiro
preensão da mesma prática social. momento são nesse momento selecionadas. Tanto que
[...] Em princípio, o docente situa-se em relação à reali- na problematização,
dade de maneira mais clara e mais sintética que os alunos. [...] Trata-se de detectar que questões precisam ser re-
Quanto a estes, pode-se afirmar que, de maneira geral, solvidas no âmbito da prática social e, em conseqüência,
possuem uma visão sincrética, caótica. que conhecimento é necessário dominar (SAVIANI, 2001,
Freqüentemente é uma percepção de senso comum, p.
empírica, um tanto confusa, em que tudo, de certa forma, Com isso, é possível constatar que a problematiza-
aparece como natural. Todavia, essa prática do educando é ção tem como finalidade selecionar as principais ques-
sempre uma totalidade que representa sua visão de mun- tões levantadas na prática social. Essas questões em con-
do, sua concepção da realidade, ainda que, muitas vezes, sonância com os objetivos de ensino, orientam todo o
neutralizada (GASPARIN, 2002, p. 18). trabalho a ser desenvolvido pelo professor e pelos alunos
(GASPARIN, 2002).
212
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
No entanto, as questões levantadas na prática social A catarse é o momento em que o aluno manifesta para
inicial não são respondidas nesse momento. Pois, a proble- si mesmo e quanto aprendeu. É sua nova visão a respeito
matização, apenas prepara o aluno para analisar e apreen- do tema estudado.
der, o conteúdo em suas múltiplas dimensões. A prática social final é o quinto momento da peda-
De modo geral, a problematização é o fio condutor do gogia históricocrítica. Este momento do método é o ponto
processo ensino-aprendizagem, pois nesse momento do de chegada.
processo, o professor ativamente estará reestruturando e [...] Esta fase representa a transposição do teórico para
refletindo sobre sua mediação. o prático dos objetivos da unidade de estudo, das dimen-
A instrumentalização é o terceiro momento da pedago- sões do conteúdo e dos conceitos adquiridos (GASPARIN,
gia históricocrítica e realiza-se nos atos docentes e discentes 2002, p. 143).
necessários para a construção do conhecimento científico. Nesse momento, professor e alunos modificam-se in-
Para Saviani (2001, p. 71) a instrumentalização, telectual e quantitativamente. Assim, ambos se posicionam
[...] Trata-se de se apropriar dos instrumentos teóricos de maneira diferente perante prática social do conteúdo
e práticos necessários ao equacionamento dos problemas que foi adquirido.
detectados na prática social [...]. A prática social final, segundo Gasparin (2002) explicita
A instrumentalização, segundo Gasparin (2002) é o ca- em que consiste o novo agir do educando, seu retorno à
minho através do qual o conteúdo sistematizado é posto à prática inicial, prática esta vista agora sob uma nova pers-
disposição dos alunos para que o assimilem e o recriem, ao pectiva.
incorporá-lo, transformem-no em instrumento de constru- Nesse momento, também são mostradas ainda as in-
ção pessoal e profissional. Além disso, a tarefa do profes- tenções e os compromissos sociais do aluno por ter apren-
sor consiste em trabalhar com este conteúdo e contrastá-lo dido o novo conteúdo.
com o cotidiano. Mas, os alunos devem ser incentivados e A catarse possibilita ao aluno agir de forma autôno-
desafiados a elaborar uma definição própria do conceito ma. Pois, a prática social final é a nova maneira de com-
científico proposto. preender a realidade e de posicionar-se nela, ou seja, é
Em suma, na instrumentalização, o trabalho do profes- a manifestação da nova postura prática, da nova atitude,
sor desenvolve-se através de ações intencionais que con- da nova visão do conteúdo no cotidiano. Além disso, de
duzem os alunos à reflexão sobre os conceitos que estão acordo com Gasparin (2002) é o momento em que profes-
sendo propostos. A fim de que o trabalho de todo o pro- sor e aluno, havendo se aproximado na compreensão do
cesso ensino-aprendizagem apresente-se como um gran- novo conteúdo, dos novos conceitos, mantêm um diálogo.
de instrumento na transformação de um aluno-cidadão em Assim sendo, a realização dessa fase com os alunos, em
um cidadão mais autônomo (GASPARIN, 2002). aula, envolve basicamente: uma nova atitude prática e uma
A catarse é o quarto momento da pedagogia históri- proposta de ação.
co-crítica. Nesse momento, a operação fundamental para a
construção do conhecimento é a síntese. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Catarse é a síntese do cotidiano e do científico, do
teórico e da prática que o educando chegou, marcando sua As discussões sobre as abordagens pedagógicas são
nova posição em relação ao conteúdo e à forma de sua muito pertinentes à Educação Física, uma vez que, por meio
construção social e sua reconstrução na escola [...] (GASPA- dessas discussões é possível repensar a área e contribuir
RIN, 2002, p. 128). para que avanços aconteçam na Educação Física escolar.
A catarse, como destaca Wachowicz (1989 apud GAS- Diante disso, apresentamos esse caderno temático al-
PARIN, 2002) é a verdadeira apropriação do saber por parte gumas abordagens pedagógicas da Educação Física pós
dos alunos, ou seja, é a nova postura mental do aluno, que década de 1970, dando ênfase na abordagem crítico-supe-
deve ser capaz de reunir intelectualmente o cotidiano e o radora que propõe uma prática progressista comprometi-
científico, o teórico e o prático demonstrando através da da com paradigmas que se diferem dos médico-biológicos,
avaliação, o quanto se aproximou da solução das questões e que tem suporte teórico nas ciências humanas e sociais.
levantadas e trabalhadas nas fases anteriores do processo No entanto, para que a abordagem crítico-superadora
pedagógico. seja efetivada como proposta pedagógica no âmbito esco-
Por ser o momento da efetiva aprendizagem, a catarse lar é necessário que transformações ocorram na Educação
é a demonstração teórica do ponto de chegada, do nível Física. Para isso, é necessário mudar as referências sobre as
superior que o aluno atingiu (GASPARIN, 2002). quais a Educação Física historicamente se estabeleceu. Isso,
Esse também é o momento em que devem ser reto- segundo Mello (2003) é uma necessidade premente para
mados os objetivos propostos na prática social inicial e atingir tal objetivo.
trabalhados nas fases subseqüentes, verificando se foram Enfim, ao refletir sobre as abordagens pedagógicas es-
atingidos pelos alunos. Pode ser traduzida em: elaboração pera-se que a prática pedagógica nas aulas de Educação
teórica da nova síntese e expressão prática da nova síntese. Física seja repensada e/ou transformada.
Ao chegar na elaboração teórica da nova síntese, o
educando deve elaborar mentalmente a sua apreensão
sintética do conteúdo, reunindo as muitas faces, as pluri-
determinações sob as quais o assunto foi tratado.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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de que é preciso sempre continuar melhorando, aprenden- Se a atividade é voluntária, foi sua opção realizá-la. En-
do, experimentando novas soluções, criando novas formas tão, é eticamente adequado que você a realize da mesma
de exercer as atividades, aberto a mudanças, nem que seja forma como faz tudo que é importante em sua vida.
mudar, às vezes, pequenos detalhes, mas que podem fazer
uma grande diferença na sua realização profissional e pes- Ética Profissional: Pontos para sua reflexão:
soal. Isto tudo pode acontecer com a reflexão incorporada
a seu viver. É imprescindível estar sempre bem informado, acom-
E isto é parte do que se chama empregabilidade: a panhando não apenas as mudanças nos conhecimentos
capacidade que você pode ter de ser um profissional que técnicos da sua área profissional, mas também nos aspec-
qualquer patrão desejaria ter entre seus empregados, um tos legais e normativos. Vá e busque o conhecimento. Mui-
colaborador. Isto é ser um profissional eticamente bom. tos processos ético-disciplinares nos conselhos profissio-
nais acontecem por desconhecimento, negligência.
Ética Profissional e relações sociais: Competência técnica, aprimoramento constante, res-
peito às pessoas, confidencialidade, privacidade, tolerância,
O varredor de rua que se preocupa em limpar o canal flexibilidade, fidelidade, envolvimento, afetividade, corre-
de escoamento de água da chuva, o auxiliar de almoxa- ção de conduta, boas maneiras, relações genuínas com as
rifado que verifica se não há umidade no local destinado pessoas, responsabilidade, corresponder à confiança que é
para colocar caixas de alimentos, o médico cirurgião que depositada em você.
confere as suturas nos tecidos internos antes de completar Comportamento eticamente adequado e sucesso con-
a cirurgia, a atendente do asilo que se preocupa com a lim- tinuado são indissociáveis! Texto adaptado de GLOCK, R. S;
peza de uma senhora idosa após ir ao banheiro, o contador GOLDIM, J. R
que impede uma fraude ou desfalque, ou que não maquia
o balanço de uma empresa, o engenheiro que utiliza o ma-
terial mais indicado para a construção de uma ponte, todos
estão agindo de forma eticamente correta em suas profis-
sões, ao fazerem o que não é visto, ao fazerem aquilo que,
alguém descobrindo, não saberá quem fez, mas que estão
preocupados, mais do que com os deveres profissionais,
com as pessoas.
As leis de cada profissão são elaboradas com o objeti-
vo de proteger os profissionais, a categoria como um todo
e as pessoas que dependem daquele profissional, mas há
muitos aspectos não previstos especificamente e que fa-
zem parte do comprometimento do profissional em ser
eticamente correto, aquele que, independente de receber
elogios, faz a coisa certa.
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(A) Tem como foco fornecer informações acerca das A) A Educação Especial, voltada para as pessoas com
ações de aprendizagem e, portanto, não pode ser realiza- deficiência, sempre foi e continua sendo oferecida em am-
da apenas ao final do processo, sob pena de perder seu bientes segregados como as escolas e classes especiais.
propósito. B) O papel da Educação Especial na educação das pes-
(B) É um processo em que realizar provas e testes, atri- soas com deficiência tem assumido um caráter de apoio ao
buir notas ou conceitos é apenas parte do todo. acesso e permanência dessas pessoas em ambientes edu-
(C)Refere-se à reflexão sobre as informações obtidas cacionais inclusivos, ou seja, em classes comuns, atuando
com vistas a planejar o futuro. prioritariamente nas modalidades de salas de recursos e
(D) A avaliação escolar deve ser entendida como sinô- ensino itinerante.
nimo de medida, de atribuição de um valor em forma de C) Não há mais espaços segregados de ensino, uma
nota ou conceito. vez que as políticas públicas voltadas para inclusão extin-
guiram todos os tipos especiais de atendimento como as
QUESTÃO 31 escolas e as classes especiais, em todo território nacional.
Analise as assertivas e, em seguida, assinale a alterna- D) As escolas e as classes especiais só se fazem pre-
tiva que aponta a(s) CORRETA(S). A elaboração de um ins- sentes em poucos espaços educativos, essencialmente
trumento de avaliação ainda deverá levar em consideração quando indispensáveis.
alguns aspectos importantes, entre eles:
I. A linguagem a ser utilizada: clara, esclarecedora, objetiva. QUESTÃO 35
II. A contextualização daquilo que se investiga: em uma “Como e quando aprender?”; “O que o aluno deve
pergunta sem contexto podemos obter inúmeras respostas aprender”; “Que formas de organização do ensino são mais
e, talvez, nenhuma relativa ao que, de fato, gostaríamos de eficientes para o processo de aprendizagem?”; “Como e
verificar. quando avaliar o aluno?”. As respostas à essas questões
III. Estar coerente com os propósitos do ensino. permitem planejar atividades que contemplem a flexibili-
(A) Apenas I e III. zação, acomodação e o trabalho participativo
(B)I, II e III. favorecendo a inclusão do aluno com deficiência na
(C) Apenas I e II. sala de aula comum. Estas características devem estar pre-
(D) Apenas II e III. sentes:
A) Na elaboração de Adaptações Curriculares a serem
QUESTÃO 32 realizadas na escola.
Assinale a alternativa INCORRETA. As adequações cur- B) No documento de autorização de funcionamento
riculares implicam a planificação pedagógica e a ação do- da escola.
cente fundamentada em critérios que definem: C) No rol de atividades de competência do diretor da
(A) A classificação do aluno frente ao grupo de alunos. escola.
(B) O que o aluno deve aprender. D) No regimento da escola.
(C) Como e quando aprender.
(D) Que formas de organização do ensino são mais efi- QUESTÃO 36
cientes para o processo de aprendizagem. “Pedro tem 8 anos de idade, acometido de Paralisia
Cerebral, apresenta comprometimento motor nos mem-
QUESTÃO 33 bros inferiores que o impede de andar sem o apoio de
Analise as assertivas e, em seguida, assinale a alternati- muletas. Na escola que Pedro frequenta há uma força
va que aponta a(s) CORRETA(S). São exemplos de adequa- tarefa para que os espaços de circulação sejam cada vez
ções metodológicas e didáticas: mais acessíveis a ele. Para tanto foi solicitado, por parte da
I. Situar o aluno nos grupos com os quais melhor possa direção da escola, o apoio e orientação do professor da
trabalhar. Educação Especial, para o planejamento e execução deste
II. Introduzir atividades individuais propósito.” Neste contexto, sendo você este professor es-
complementares para o aluno alcançar os objetivos co- pecialista, suas orientações seriam:
muns aos demais colegas. A) Buscar o documento ABNT que rege as normas téc-
III. Priorizar determinados objetivos, conteúdos e crité- nicas de acessibilidade e entregar para o diretor da escola
rios de avaliação. tomar as providências necessárias.
(A) Apenas I. B) Orientar a direção da escola que entrasse em con-
(B) Apenas II e III. tato com a família para que eles dissessem quais as ne-
(C) Apenas I e II. cessidades do aluno, pois você enquanto professor não
(D) Apenas I e III. as conhece.
C) Orientar a direção da escola a solicitar a presença
QUESTÃO 34 da equipe da Secretaria Municipal de Educação responsá-
Historicamente a educação de pessoas com algum tipo vel pela Educação Especial, a
de deficiência ocorreu em ambientes segregados nos mais fim de que eles mapeassem as necessidades do aluno
diversos países da América e da Europa. É possível afirmar e providenciassem em conjunto um plano de acessibili-
que no Brasil em especial: dade.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
D) Que fosse realizada inicialmente uma reunião en- nais. Quando realizado em outra unidade escolar per-
tre o professor da classe comum, o professor da educa- mite que o aluno ali permaneça pelo menos por três
ção especial, a direção da escola e a família, a fim de ma- períodos durante a semana, sendo que os outros dois
pearem quais as reais necessidades do aluno e, a partir períodos regulares ele frequenta a classe comum.
de então, a equipe escolar deveria traçar e executar ações B) A elaboração e execução das ações de apoio e
que garantam acessibilidade ao aluno a todos os espaços acesso ao currículo oportunizadas no AEE não preci-
da escola. sam ser definidas conforme o tipo de deficiência que
se propõe a atender, todos os recursos e ações devem
QUESTÃO 37 garantir o atendimento a qualquer tipo de deficiência.
Uma das possibilidades que visam promover um es- C) Em se tratando de alunos surdos o ensino da
paço inclusivo nas escolas está centrada no ensino cola- Língua Brasileira de Sinais -
borativo. A colaboração na escola pode ocorrer para a LIBRAS, de Português, como segunda língua, ou
realização de diversas ações em parcerias. Dentre elas é para os alunos cegos, o ensino do código “Braille”, de
possível apontar a elaboração do Plano de Ensino Indivi- mobilidade e locomoção, ou o uso de recursos de in-
dualizado, a qual deve contar com a participação: formática, dentre outros é de responsabilidade do AEE.
A) do professor da classe comum e do coordenador D) Em se tratando do aluno com deficiência inte-
pedagógico/diretor. lectual os conteúdos da classe comum devem todos
B) do professor da educação especial e do coordena- ser reforçados durante sua presença no AEE de modo
dor pedagógico/diretor. que ele possa apresentar as mesmas respostas que os
C) do professor da classe comum e do professor da demais alunos da classe.
educação especial, contando com o apoio do coordena-
dor pedagógico/diretor. QUESTÃO41
D) do professor da classe comum e da família. As práticas pedagógicas inclusivas desenvolvidas
nas classes comuns devem ter como princípios para
QUESTÃO 38 sua elaboração:
A iniciativa do professor da classe comum propor um A) priorização dos conteúdos e vínculo com os ob-
trabalho conjunto com o auxílio da professora especiali- jetivos do plano de ensino da classe comum.
zada, que pode ser a professora da sala de recursos ou do B) padronização de técnicas e métodos de ensino
ensino itinerante, é uma das possibilidades de realização para os alunos com deficiência, em detrimento de ser
de que tipo de ensino? compatível com os demais alunos da classe.
A) colaborativo. C) reorganização do espaço escolar e das ativida-
B) individualizado. des pedagógicas centradas exclusivamente nos Con-
C) propedêutico. teúdos programáticos presentes nos livros didáticos.
D) programado. D) uma visão crítica de currículo, contextualizada
com a realidade de cada aluno e comprometida com a
QUESTÃO 39 qualidade do ensino.
Dentre as inúmeras possibilidades de ações que vi-
sam garantir que os alunos tenham acesso ao currículo, QUESTÃO42
uma delas é a adoção dos recursos da comunicação alter- Ao planejar uma prática pedagógica que propicie
nativa. Estes recursos podem ser destinados aos alunos ao aluno com deficiência oportunidades para o desen-
que: volvimento de suas potencialidades visando cada vez
A) não conseguem se comunicar por meio da fala ou mais sua inserção em sala de aula inclusiva, é preciso
não a utilizam de forma funcional. que o professor especializado tenha clareza:
B) apresentam surdez e a alternativa de comunicação A) que não pode haver diferenciação e flexibilidade
seria língua brasileira de sinais. em relação à sua prática, pois esta deve ser decorrente
C) falam muito alto e atrapalham a comunicação do da necessidade deste adequar o ensino às característi-
professor da sala comum com os demais alunos. cas de todos os alunos que atende.
D) apresentam mais facilidade para desenhar do que B) seja qual for sua proposta, ele precisa ter pelo
para escrever e falar. menos 10 anos de experiência didática como professor.
C) que é fundamental que o professor tenha do-
QUESTÃO40 mínio de todas as teorias e práticas de seu trabalho,
As Salas de Recurso Multifuncionais e o Ensino Iti- sem a apropriação e domínio de todas não é capaz de
nerante são possibilidades que buscam garantir o Aten- educar.
dimento Educacional Especializado (AEE) ao aluno com D) que implementar estratégias que oportunizam o
deficiência que frequenta a classe comum. Em relação ao desenvolvimento do aluno implica na possibilidade de
AEE assinale a alternativa CORRETA. pensar e refletir sobre a efetividade destas para o tra-
A) O atendimento educacional especializado deve ser balho específico previsto para cada um de seus alunos
oferecido no mesmo horário das aulas nas escolas comuns, respeitando suas características individuais.
com outros objetivos, metas e procedimentos educacio-
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
(B) … saberíamos respeitar os mais velhos! / E quan- O verbo “faria” está no futuro do pretérito, ou seja, in-
do eles falassem nós calaríamos a boca! dica que é uma ação que, para acontecer, depende de ou-
(C) … soubéssemos respeitar os mais velhos! / E tra. Exemplo: Quando um candidato entrasse, eu faria / Se
quando eles falassem nós calaríamos a boca! ele entrar, eu farei / Caso ele entre, eu faço...
(D) … saberemos respeitar os mais velhos! / E quan-
do eles falarem nós calaremos a boca! RESPOSTA: “A”.
(E) … sabemos respeitar os mais velhos! / E quando
eles falam nós calamos a boca! 18-) (TJ/SP – AGENTE DE FISCALIZAÇÃO JUDICIÁ-
RIA – VUNESP/2010 - ADAPTADA)
No presente: nós sabemos / eles falam. Assinale a alternativa de concordância que pode ser
considerada correta como variante da frase do texto –
RESPOSTA: “E”. A maioria considera aceitável que um convidado che-
gue mais de duas horas ...
16-) (UNESP/SP - ASSISTENTE TÉCNICO ADMINIS- (A) A maioria dos cariocas consideram aceitável
TRATIVO - VUNESP/2012) A correlação entre as formas que um convidado chegue mais de duas horas...
verbais está correta em: (B) A maioria dos cariocas considera aceitáveis que
(A) Se o consumo desnecessário vier a crescer, o um convidado chegue mais de duas horas...
planeta não resistiu. (C) As maiorias dos cariocas considera aceitáveis
(B) Se todas as partes do mundo estiverem com alto que um convidado chegue mais de duas horas...
poder de consumo, o planeta em breve sofrerá um co- (D) As maiorias dos cariocas consideram aceitáveis
lapso. que um convidado chegue mais de duas horas...
(C) Caso todo prazer, como o da comida, o da bebi- (E) As maiorias dos cariocas consideram aceitável
da, o do jogo, o do sexo e o do consumo não conheces- que um convidado cheguem mais de duas horas...
se distorções patológicas, não haverá vícios.
(D) Se os meios tecnológicos não tivessem se tor- Fiz as indicações:
nado tão eficientes, talvez as coisas não ficaram tão (A) A maioria dos cariocas consideram (ou considera,
baratas. tanto faz) aceitável que um convidado chegue mais de
(E) Se as pessoas não se propuserem a consumir duas horas...
conscientemente, a oferta de produtos supérfluos cres- (B) A maioria dos cariocas considera (ok) aceitáveis
cia. (aceitável) que um convidado chegue mais de duas horas...
(C) As (A) maiorias (maioria) dos cariocas considera (ok)
Fiz as correções necessárias: aceitáveis (aceitável) que um convidado chegue mais de
(A) Se o consumo desnecessário vier a crescer, o plane- duas horas...
ta não resistiu = resistirá (D) As (A) maiorias (maioria) dos cariocas consideram
(B) Se todas as partes do mundo estiverem com alto (ok) aceitáveis (aceitável) que um convidado chegue mais
poder de consumo, o planeta em breve sofrerá um colapso. de duas horas...
(C) Caso todo prazer, como o da comida, o da bebida, (E) As (A) maiorias (maioria) dos cariocas consideram
o do jogo, o do sexo e o do consumo não conhecesse dis- (ok) aceitável que um convidado cheguem (chegue) mais
torções patológicas, não haverá = haveria de duas horas...
(D) Se os meios tecnológicos não tivessem se tornado
tão eficientes, talvez as coisas não ficaram = ficariam (ou RESPOSTA: “A”.
teriam ficado)
(E) Se as pessoas não se propuserem a consumir cons- 19-) (TJ/SP – AGENTE DE FISCALIZAÇÃO JUDICIÁ-
cientemente, a oferta de produtos supérfluos crescia = RIA – VUNESP/2010) Assinale a alternativa em que as
crescerá palavras são acentuadas graficamente pelos mesmos
motivos que justificam, respectivamente, as acentua-
RESPOSTA: “B”. ções de: década, relógios, suíços.
(A) flexíveis, cartório, tênis.
17-) (TJ/SP – AGENTE DE FISCALIZAÇÃO JUDICIÁ- (B) inferência, provável, saída.
RIA – VUNESP/2010) Assinale a alternativa que preen- (C) óbvio, após, países.
che adequadamente e de acordo com a norma culta a (D) islâmico, cenário, propôs.
lacuna da frase: Quando um candidato trêmulo ______ eu (E) república, empresária, graúda.
lhe faria a pergunta mais deliciosa de todas.
(A) entrasse Década = proparoxítona / relógios = paroxítona termi-
(B) entraria nada em ditongo / suíços = regra do hiato
(C) entrava (A) flexíveis e cartório = paroxítonas terminadas em
(D) entrar ditongo / tênis = paroxítona terminada em “i” (seguida
(E) entrou de “s”)
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
(B) inferência = paroxítona terminada em ditongo / atenção do garçom carioca? Como pode o ignóbil
provável = paroxítona terminada em “l” / saída = regra paulista, nascido e criado na crua batalha entre bur-
do hiato gueses e proletários, compreender o discreto char-
(C) óbvio = paroxítona terminada em ditongo / após me da aristocracia?
= oxítona terminada em “o” + “s” / países = regra do Sim, meu caro paulista: o garçom carioca é antes
hiato de tudo um nobre. Um antigo membro da corte que
(D) islâmico = proparoxítona / cenário = paroxítona esconde, por trás da carapinha entediada, do desca-
terminada em ditongo / propôs = oxítona terminada em so e da gravata borboleta, saudades do imperador.
“o” + “s” [...] Se deixou de bajular os príncipes e princesas do
(E) república = proparoxítona / empresária = paro- século 19, passou a servir reis e rainhas do 20: levou
xítona terminada em ditongo / graúda = regra do hiato gim tônicas para Vinicius e caipirinhas para Sinatra,
uísques para Tom e leites para Nelson, recebeu gor-
RESPOSTA: “E”. das gorjetas de Orson Welles e autógrafos de Rock-
feller; ainda hoje fala de futebol com Roberto Carlos
20-) (POLÍCIA CIVIL/SP – AGENTE POLICIAL - VU- e ouve conselhos de João Gilberto. Continua tão no-
NESP/2013) De acordo com a norma- padrão da bre quanto sempre foi, seu orgulho permanece in-
língua portuguesa, o acento indicativo de crase está tacto.
corretamente empregado em: Até que chega esse paulista, esse homem bidi-
(A) A população, de um modo geral, está à espera mensional e sem poesia, de camisa polo, meia soque-
de que, com o novo texto, a lei seca possa coibir os te e sapatênis, achando que o jacarezinho de sua La-
acidentes. coste é um crachá universal, capaz de abrir todas as
(B) A nova lei chega para obrigar os motoristas à portas. Ah, paulishhhhta otááário, nenhum emblema
repensarem a sua postura. preencherá o vazio que carregas no peito - pensa o
(C) A partir de agora os motoristas estarão sujeitos garçom, antes de conduzi-lo à última mesa do res-
à punições muito mais severas. taurante, a caminho do banheiro, e ali esquecê-lo
(D) À ninguém é dado o direito de colocar em risco para todo o sempre.
a vida dos demais motoristas e de pedestres. Veja, veja como ele se debate, como se debaterá
(E) Cabe à todos na sociedade zelar pelo cumpri- amanhã, depois de amanhã e até a Quarta-Feira de
mento da nova lei para que ela possa funcionar. Cinzas, maldizendo a Guanabara, saudoso das vár-
zeas do Tietê, onde a desigualdade é tão mais or-
(A) A população, de um modo geral, está à espera (dá ganizada: “Ô, companheirô, faz meia hora que eu
para substituir por “esperando”) de que cheguei, dava pra ver um cardápio?!”. Acalme-se,
(B) A nova lei chega para obrigar os motoristas à re- conterrâneo.
pensarem (antes de verbo) Acostume-se com sua existência plebeia. O gar-
(C) A partir de agora os motoristas estarão sujeitos à çom carioca não está aí para servi-lo, você é que foi
punições (generalizando, palavra no plural) ao restaurante para homenageá-lo.
(D) À ninguém (pronome indefinido)
(E) Cabe à todos (pronome indefinido) (Antonio Prata, Cliente paulista, garçom carioca.
Folha de S.Paulo, 06.02.2013)
RESPOSTA: “A”.
(*) Um tipo de coreografia, de dança.
(TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
- ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013 - 21-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO
ADAPTADO) Leia o texto, para responder às questões PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU-
de números 21 e 22. NESP/2013) Assinale a alternativa contendo passa-
Veja, aí estão eles, a bailar seu diabólico “pas de gem em que o autor simula dialogar com o leitor.
deux” (*): sentado, ao fundo do restaurante, o cliente (A) Acalme-se, conterrâneo. Acostume-se com
paulista acena, assovia, agita os braços num agôni- sua existência plebeia.
co polichinelo; encostado à parede, marmóreo e im- (B) Ô, companheiro, faz meia hora que eu che-
passível, o garçom carioca o ignora com redobrada guei...
atenção. O paulista estrebucha: “Amigô?!”, “Chefê?!”, (C) Veja, aí estão eles, a bailar seu diabólico “pas
“Parceirô?!”; o garçom boceja, tira um fiapo do om- de deux”.
bro, olha pro lustre. (D) Sim, meu caro paulista...
Eu disse “cliente paulista”, percebo a redundância: (E) Ah, paulishhhhta otááário...
o paulista é sempre cliente. Sem querer estereotipar,
mas já estereotipando: trata-se de um ser cujas in- Em “meu caro paulista”, o autor está dirigindo-se a
terações sociais terminam, 99% das vezes, diante da nós, leitores.
pergunta “débito ou crédito?”.[...] Como pode ele en-
tender que o fato de estar pagando não garantirá a RESPOSTA: “D”.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
22-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO (D) julgar de acordo com normas legais.
PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU- (E) classificar segundo ideias preconcebidas.
NESP/2013) O contexto em que se encontra a passa-
gem – Se deixou de bajular os príncipes e princesas do Classificar conforme regras conhecidas, mas não con-
século 19, passou a servir reis e rainhas do 20 (2.º pará- firmadas se verdadeiras.
grafo) – leva a concluir, corretamente, que a menção a
(A) príncipes e princesas constitui uma referência RESPOSTA: “E”.
em sentido não literal.
(B) reis e rainhas constitui uma referência em sen- 25-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO
tido não literal. PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU-
(C) príncipes, princesas, reis e rainhas constitui uma NESP/2013) Nessa passagem, a palavra cujas tem sen-
referência em sentido não literal. tido de
(D) príncipes, princesas, reis e rainhas constitui uma (A) lugar, referindo-se ao ambiente em que ocorre a
referência em sentido literal. pergunta mencionada.
(E) reis e rainhas constitui uma referência em sen- (B) posse, referindo-se às interações sociais do pau-
tido literal. lista.
(C) dúvida, pois a decisão entre débito ou crédito
Pela leitura do texto infere-se que os “reis e rainhas” ainda não foi tomada.
do século 20 são as personalidades da mídia, os “famosos” (D) tempo, referindo-se ao momento em que ter-
e “famosas”. Quanto a príncipes e princesas do século 19, minam as interações sociais.
esses eram da corte, literalmente. (E) condição em que se deve dar a transação finan-
ceira mencionada.
RESPOSTA: “B”.
O pronome “cujo” geralmente nos dá o sentido de
23-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO posse: O livros cujas folhas (lê-se: as folhas dos livros).
PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU-
NESP/2013) O sentido de marmóreo (adjetivo) equiva- RESPOSTA: “B”.
le ao da expressão de mármore. Assinale a alternativa
contendo as expressões com sentidos equivalentes, res- 26-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO
pectivamente, aos das palavras ígneo e pétreo. PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU-
(A) De corda; de plástico. NESP/2013) Assinale a alternativa em que a oração
(B) De fogo; de madeira. destacada expressa finalidade, em relação à outra que
(C) De madeira; de pedra. compõe o período.
(D) De fogo; de pedra. (A) Se deixou de bajular os príncipes e princesas do
(E) De plástico; de cinza. século 19, passou a servir reis e rainhas do 20...
(B) Pensa o garçom, antes de conduzi-lo à última
Questão que pode ser resolvida usando a lógica ou as- mesa do restaurante...
sociação de palavras! Veja: a ignição do carro lembra-nos (C) Você é que foi ao restaurante para homenageá-
fogo, combustão... Pedra, petrificado. Encontrou a respos- -lo.
ta? (D) ... nenhum emblema preencherá o vazio que
carregas no peito ...
RESPOSTA: “D”. (E) O garçom boceja, tira um fiapo do ombro...
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor Classe I - Educação Física
27-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO As palavras que nos dão a noção, ideia de tempo são:
PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU- desde, quando e depois.
NESP/2011) Em – A falta de modos dos homens da Casa
de Windsor é proverbial, mas o príncipe Edward dizen- RESPOSTA: “D”.
do bobagens para estranhos no Quirguistão incomo-
dou a embaixadora americana. 30- (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO
A conjunção destacada pode ser substituída por PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU-
A) portanto. (B) como. (C) no entanto. (D) NESP/2013) Assinale a alternativa contendo frase com
porque. (E) ou. redação de acordo com a norma-padrão de concor-
dância.
O “mas” é uma conjunção adversativa, dando a ideia de (A) Pensava na necessidade de ser substituído de
oposição entre as informações apresentadas pelas orações, imediato os métodos existentes.
o que acontece no enunciado da questão. Em “A”, temos (B) Substitui-se os métodos de recuperação de
uma conclusiva; “B”, comparativa; “C”, adversativa; “D”, ex- informações que se ligava especialmente à pesquisa
plicativa; “E”, alternativa. acadêmica.
(C) No hipertexto, a textualidade funciona por se-
RESPOSTA: “C”. quências fixas que se estabeleceram previamente.
(D) O inventor pensava em textos que já deveria
28-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO estar disponíveis em rede.
PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU- (E) Era procurado por ele máquinas com as quais
NESP/2013) Assinale a alternativa contendo palavra pudesse capturar o brilhantismo anárquico da imagi-
formada por prefixo. nação humana.
(A) Máquina.
(B) Brilhantismo. Coloquei entre parênteses a correção:
(C) Hipertexto. (A) Pensava na necessidade de ser substituído (serem
(D) Textualidade. substituídos) de imediato os métodos existentes.
(E) Arquivamento. (B) Substitui-se (substituem-se) os métodos de recu-
peração de informações que se ligava (ligavam) especial-
A – Máquina = sem acréscimo de afixos (prefixo ou mente à pesquisa acadêmica.
sufixo) (C) No hipertexto, a textualidade funciona por se-
B - Brilhantismo. = acréscimo de sufixo (ismo) quências fixas que se estabeleceram previamente.
C – Hipertexto = acréscimo de prefixo (hiper) (D) O inventor pensava em textos que já deveria (de-
D – Textualidade = acréscimo de sufixo (idade) veriam) estar disponíveis em rede.
E – Arquivamento = acréscimo de sufixo (mento) (E) Era procurado (eram procuradas) por ele máquinas
com as quais pudesse capturar o brilhantismo anárquico
RESPOSTA: “C”. da imaginação humana.
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