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Manifestações

Culturais e Esportivas:
Esportes Individuais
Esportes Individuais com Raquete

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Me. Igor Roberto Dias

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Luciene Oliveira da Costa Granadeiro
Esportes Individuais com Raquete

• Introdução;
• Histórico e Evolução;
• Tênis de Campo;
• Tênis de Mesa;
• Squash;
• Badminton;
• Padel;
• BeachTennis;
• Outras Modalidades;
• Possibilidades Didático-Pedagógicas.


OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Discutir algumas modalidades de raquete, seu conceito histórico social, como cada modali-
dade se desenvolveu, suas semelhantes e possibilidades pedagógicas para os esportes com
raquete de maneira geral.
UNIDADE Esportes Individuais com Raquete

Introdução
Os esportes com raquete envolvem algumas modalidades interessantes tanto pelo seu
histórico e criação, quanto pelo fato de constantemente serem modalidades um pouco
distantes do público em geral. São modalidades que você até ouve falar, já viu um vídeo
ou uma foto, mas pouco conhece ou sabe das regras propriamente.

É comum professores de educação física se sentirem tranquilos em trabalhar diversos


tipos de modalidades esportivas, mesmo aquelas que não dominam, ou não conhecem
muito bem. Contudo, os esportes com raquete sofrem com certo receio desses profis-
sionais, visto que seu ensino, em alguns casos, não é tão simples nas fases iniciais. Mas
veja bem, quando nos referimos à ausência de simplicidade, não estamos querendo dizer
que é difícil, apenas que é diferente de dar uma bola e deixar que seu aluno explore e
descubra como chutar, por conta própria, visto que essa ação é uma descoberta que
pode ocorrer sem grandes problemas. Já nos esportes com raquete simplesmente dar
uma bola e raquete na mão de alguém pode causar problemas pela falta de domínio e
o professor, ao não dominar tal habilidade, pode se sentir despreparado para lidar com
essa situação. Em geral, dar uma raquete e uma bola a uma pessoa sem qualquer ha-
bilidade inicial pode gerar frustração e consequentemente desistência do aprendizado.
Contudo, vale ressaltar que essas modalidades não são o bicho papão e podem, sim, ser
trabalhadas por professores que não dominam propriamente os esportes com raquete.
Entre as modalidades com raquete mais conhecidas e que servirão de base para esse
capítulo, iremos conhecer as principais características do tênis de campo, tênis de mesa,
badminton, squash, padel e também o praiano frescobol e beachtennis.
Porém, vale ressaltar, ao usarmos o termo, devemos conhecer as características,
pois significa que vamos falar dos pontos principais da modalidade, desde seu contexto
histórico até como efetivamente a modalidade ocorre, sem grandes preocupações em
discutir regras, visto que essas são volúveis e podem ser alterar no decorrer da evolução
de algumas modalidades.

Histórico e Evolução
As modalidades com raquete, de certo modo, tiveram origens bem próximas, visto
que basicamente são semelhantes quanto ao seu objetivo e o modo em que são jogadas.
É claro que cada modalidade desenvolveu sua própria técnica de execução, suas regras
e seu modo de jogo. Mas todas, de algum modo, possuem origens em função de uma
modalidade específica, que em geral é o tênis de campo. Mas veja, leia a história de
cada uma com cuidado, antes de simplesmente dizer que todas se originaram do tênis,
algumas não tiveram essa relação tão próxima.
Na verdade, o tênis entre as modalidades de raquete é que possui maior destaque,
sendo uma das mais conhecidas no mundo. Claro, que ser conhecida não significa ser
popular – nesse quesito, aqui no Brasil, podemos dizer que esse papel é do tênis de mesa,
muito pelo fato de ser uma das modalidades ensinadas até mesmo em escolas públicas que
dispõem de uma mesa e raquetes.

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A primeira modalidade que se tem relatos sobre esse tipo de dinâmica (do rebater) vem
da Idade Média com mulçumanos que, durante suas celebrações religiosas, praticavam esse
jogo com um material bem semelhante ao que conhecemos como raquete. Com o encon-
tro entre povos de diferentes regiões, começaram ocorrer a mistura de costumes e dos
jogos praticados, até que, em algum momento, os jogos praticados com as mãos ganharam
espaço, surgindo assim o jeu de paume (jogo praticado com a mão). O jogo basicamente
usava as mãos para rebater uma bola de um lado ao outro ainda sem o uso de redes.

Trocando Ideias...
O jeu de paume, ou uma variação dele, é uma excelente estratégia usada por professores
para ensinar modalidades com raquete, visto que é muito mais fácil rebater algo com as
mãos do que usando uma raquete. Pode ser uma boa estratégia se um dia você tiver esse
desafio de ensinar uma modalidade de raquete.

Figura 1 – Jeu de Paume


Fonte: GOMES et al., 2016

Ou seja, no seu início, os jogos de raquete tiveram seu nascimento com os movimen-
tos feitos apenas com a palma da mão, por sinal, até hoje, muitos professores de tênis
usam esse artifício como processo de ensino da modalidade para iniciantes.

E a partir desse jogo, podemos entender o nascimento do tênis de campo, pois no


jogo os franceses usavam muito a palavra “tenez” que significa “segure” em francês e,
com novos encontros (imigrações) entre povos e sua disseminação da modalidade entre
os ingleses, a palavra passou a se chamar tennis. Por sinal, os ingleses são os grandes
responsáveis por inventar, ou por “reciclar” e espalhar as modalidades com raquete pelo
mundo, em praticamente todas as modalidades que serão citadas, possui uma “mãozi-
nha” dos ingleses em sua história.

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UNIDADE Esportes Individuais com Raquete

No caso de tênis, apesar de sua origem francesa, foi por meio dos ingleses que a
modalidade se tornou conhecida.

Figura 2 – Primeiras Quadras de Tênis dividida por Rede


Fonte: GOMES et al., 2016

Por volta do ano de 1874, o tênis recebeu o nome de lawn tennis (tênis na grama)
e passou a se disseminar pela Europa, América do Norte e Oceania, e já em 1877
foi organizado o primeiro torneio de lawn tennis no All England Criquet Club,
localizado no subúrbio de Winbledon, sim, você já ouviu falar esse nome se já teve
algum contato com o tênis, esse primeiro torneio deu origem ao torneio que existe
até hoje, sendo um dos mais tradicionais do tênis, um dos quatro Grand Slam da
temporada de tênis.

Você Sabia?
O nome da modalidade é tênis de campo justamente em referência ao lawn tennis,
que em uma tradução direta significa tênis na grama, por isso até hoje o Torneio de
Winbledon é jogado na tradicional grama. Contudo, o nome da modalidade se mantém
como tênis de campo, independente do piso utilizado.

O torneio já foi vencido por uma brasileira, Maria Esther Bueno, que ganhou o tor-
neio 3 vezes, além de ser duas vezes vice-campeã, sendo até hoje muito respeitada e
querida pela organização do torneio. Outro jogador brasileiro famoso por ganhar um
Grand Slam e que provavelmente tem mais chances de você conhecer é simpático
Gustavo “Guga” Kuerten, que venceu Roland Garros também em 3 ocasiões.

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Figura 3 – Jogo de Lawn Tennis
Fonte: GOMES et al., 2016

Os outros dois torneios de Grand Slam existentes no tênis são o Australian Open e
o US Open. Esses quatro torneios são o suprassumo de vitória de um tenista, que deve
competir em jogos de 5 sets. Para efeito de comparação, ganhar um desses torneios
eleva seu status como tenista comparável a ganhar uma medalha de ouro olímpica.
Voltando à história, a modalidade se espalhou pelo mundo, tendo um período de
adequação de suas regras, que posteriormente se modificou muito pouco após isso.
Já no ano de 1896 o tênis fez parte dos primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna,
sendo até hoje uma modalidade olímpica. Contudo, o tênis ainda possui maior tradição
em seus torneios de Grand Slam, nos Masters e também na Copa Davis, uma espécie
de copa do mundo do tênis, em que equipes de diversas nações disputam em diferentes
etapas e países até a final.
O ano de 1968 também é um período marcante para o tênis, ele inicia o que é
chamado de Era Aberta do Tênis, onde jogadores amadores e profissionais passam a
disputar os mesmos torneios, abrindo a possibilidade de profissionalismo e ganhos mo-
netários na modalidade, de maneira ampla. Alguns torneios nesse período só permitiam
a participação de amadores, limitando a presença de jogadores profissionais.
Esse período foi primordial para o crescimento da modalidade, que melhorou sua
qualidade técnica, ficou mais interessante para o expectador e também para as emisso-
ras de televisão que passaram a transmitir os jogos.

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UNIDADE Esportes Individuais com Raquete

No Brasil
O tênis chegou a terras tupiniquins por volta do ano de 1888, por meio de imigrantes
ingleses que vieram para o país trabalhar nas ferrovias e consequentemente construíram
as primeiras quadras de tênis no país. Contudo, a modalidade cresceu na região sul do
país com imigrantes alemães que também trouxeram a modalidade. Aos poucos, fede-
rações regionais foram criadas, o que ajudou a popularizar o tênis no Brasil. Inclusive,
os ingleses são responsáveis pela criação ou modificação da maioria dos esportes de
raquete e também por sua disseminação pelo mundo.
Mas até aqui você deve estar se perguntando, este módulo não é sobre esportes com
raquete? Só falamos de tênis até agora. É verdade, mas grande parte das modalidades de ra-
quete partiu quase sempre desse mesmo princípio apresentado, cada uma a seu modo e cada
um evoluindo de maneira diferente, e a partir disso vamos ver um pouco de cada uma delas.

No site da Confederação Brasileira de Tênis, você pode ler um pouco mais da história do tênis
no Brasil e dos atletas brasileiros que fizeram parte dessa história.
Disponível em: https://bit.ly/3gsk0bi

Tênis de Campo
É possível perceber que a modalidade de tênis de campo traz consigo a boa parte da
história das modalidades com raquete. Contando sua história individualmente a partir
dessa evolução, o torneio de Wimbledon foi um dos grandes responsáveis pela modali-
dade se tornar conhecida, pelas mãos dos ingleses que levaram o tênis a outros países e
aos poucos foi se popularizando pelas elites.
É verdade que hoje a modalidade é muito mais acessível, com materiais muito mais
baratos e até mesmo quadras públicas em diversos locais do Brasil. Mas a modalidade
por muito tempo foi exclusiva de pessoas de classe econômica alta.
A grande mudança que ocorreu na modalidade foi o início da era aberta do tênis, que
permitiu que amadores e profissionais disputassem os mesmos torneios, algo que tornou
a modalidade mais atrativa, que popularizou o tênis nas transmissões de televisão.

Figura 4 – Vista área de Quadra de Tênis com piso de Saibro


Fonte: Getty Images

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Vale lembrar que hoje a modalidade é disputada em pelo menos 4 pisos diferentes,
grama, piso rápido (pode ser cimento ou massa asfáltica), saibro (terra batida com pó de
telha) e carpete (semelhante aos pisos emborrachados), as regras se mantém as mesmas,
mas a dinâmica do jogo se altera bastante, pois em cada piso a bola reage de maneira
diferente, podendo ser bem mais rápida na grama, ou bastante lenta no saibro.

Entenda melhor como funciona a dinâmica do tênis. Fique tranquilo é meio confuso no iní-
cio, mas vale a tentativa. Disponível em: https://youtu.be/OvQNWsLfGwY

Tênis de Mesa
Então, partindo desse princípio das modalidades próximas ao tênis, temos uma que
compartilha parte do nome, o tênis de mesa, conhecido carinhosamente por nós brasi-
leiros como “pingue pongue”. Na verdade, a modalidade já teve oficialmente esse nome.
Mas sua origem tem por característica ser uma forma de jogar o tênis em um espaço
fechado, em salas durante o inverno, a partir da ideia de universitários que improvisaram
a modalidade usando como rede livros e uma mesa. Também existem registro de milita-
res que praticavam com equipamentos improvisados.

Figura 5 – Tênis de Mesa


Fonte: Getty Images

Portanto, sua criação deriva de uma tentativa de jogar algo parecido com o tênis de
campo, que se espalhou por meio dos ingleses principalmente em países asiáticos, não
sendo à toa o sucesso e tradição desse esporte principalmente no Japão.

A modalidade evoluiu bastante desde sua criação na metade do século XIX, sendo
incluído em 1977 como modalidade Olímpica.

Importante ressaltar que a modalidade se desenvolveu com suas próprias regras, se


diferenciando bastante do tênis de campo e, apesar de uma mecânica de movimento
com alguma semelhança, sua técnica também se diferencia em vários aspectos.

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UNIDADE Esportes Individuais com Raquete

Figura 6 – Alternativas para prática do tênis de mesa


Fonte: Getty Images

No Brasil, pode-se dizer que é uma das modalidades com raquete mais conhecidas,
visto ser popular nas escolas, festas e salões de clubes em todo o país.

No site da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa e possível ler detalhes sobre a história
da modalidade e como foi sua evolução até chegar ao momento atual.
Disponível em: https://bit.ly/3gsk0bi

Essa popularidade da modalidade no país a torna uma das modalidades de raquete mais
praticada no país, porém, ainda hoje, muito de como a modalidade é ensinada e transmiti-
da à frente é errado. Vale lembrar também que, mesmo sendo uma modalidade individual,
pode ser disputada em duplas – é para isso que serve a linha central na mesa, para diferen-
ciar o saque no jogo de duplas. Surpreso? Sim, a linha central na mesa só serve para o jogo
de duplas. Avise isso para aquele seu primo que sempre quer se mostrar o entendido na
modalidade, aproveite e mostre o vídeo abaixo, explicando algumas regras sobre o saque.

• Regras do Saque, disponível em: https://youtu.be/ZT4eXXRbBmU


• Melhores Jogadas, disponível em: https://youtu.be/dokC3iGTmSw
• Regras do Saque, disponível em: https://youtu.be/ZT4eXXRbBmU
• Jogos de Duplas, disponível em: https://youtu.be/TTHngvzBBiw

O tênis de mesa faz parte das modalidades mais práticas de serem realizadas em
pequenos espaços e facilmente adaptadas para práticas em casa.

Squash
Ao contrário das duas primeiras modalidades que de certo modo são mais fáceis de
serem lembradas quando se fala de esportes de raquete, daqui para frente, provavelmen-
te vamos falar de modalidades que vão ficando mais raras de ouvir falar. O squash ainda

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está no meio termo, provavelmente você já ouviu falar e basicamente você já sabe que
o objetivo dela é bater com uma bola na parede.

O squash é mais uma modalidade que surgiu da tentativa de se jogar algo próximo
ao tênis de campo.

Figura 7 – Squash Jogado em Simples


Fonte: Wikimedia Commons

Vinda também da Inglaterra, existem duas versões sobre o surgimento da modali-


dade, a primeira delas relata que presos em uma prisão de Londres praticavam uma
variante do tênis, rebatendo a bola na parede. Enquanto outra versão relata sua criação
na escola Harrow School, onde foram construídas as primeiras quadras de squash.

A modalidade em si é bem semelhante ao que teríamos no tênis, uma área de saque,


um local específico para o primeiro quique da bola e a necessidade de a bola passar
acima de uma altura específica ao bater na parede, ou seja, apesar de algumas varia-
ções, o squash é bastante próximo do que é o tênis.

Veja uma rápida explicação sobre como funciona a dinâmica do jogo em si.
• Regras, disponível em: https://youtu.be/48pjtvNdh3Q
• Melhores momentos, disponível em: https://youtu.be/3whQ_7ieC7s
• Saque, disponível em: https://youtu.be/QP8oGtsnAQE
• Táticas de Jogo, disponível em: https://youtu.be/fepvPJsJDuQ

Sua prática entre as modalidades com raquete é mais fácil para treinamento, visto
que, caso necessário, você pode treinar até mesmo sozinho. Não é à toa que o famo-
so “paredão” é uma excelente opção de treino para quem não tem parceiro de jogo.
Até mesmo no tênis de campo ou tênis de mesa essa adaptação é possível, mas só no
squash você mantém o mesmo padrão do jogo.

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UNIDADE Esportes Individuais com Raquete

Badminton
O badminton aos poucos tem ganhado espaço, mas ainda é uma modalidade um
pouco distante do conhecimento do público em geral. Sua história tem relatos na
China, na Grécia Antiga e na Índia, onde a modalidade é conhecida como poona e
que já demonstra ter características bem próximas do badminton. Porém, como os
ingleses têm tradição nos esportes com raquete, foram os responsáveis por trazer a
modalidade ao retornarem à Índia e por praticarem, consequentemente deixando a
modalidade conhecida.

A modalidade que, desde as Olimpíadas de Barcelona, em 1992, é parte do quadro


de modalidades possui uma quadra com desenho bastante semelhante ao tênis, contu-
do, é jogada com uma peteca que, ao tocar no chão, dá o ponto ao adversário. Entre
as modalidades de raquete, é considerada uma das mais rápidas, seja pela dinâmica
do jogo, ou mesmo pela velocidade com que a peteca pode alcançar. E aqui vale uma
observação, a peteca do badminton é diferente daquela usada para ser jogada com as
mãos, sendo bem menor e propícia para o uso com raquete.

Figura 8 – Jogo de Badminton


Fonte: Getty Images

A quadra, apesar de parecida com o tênis, possui uma dinâmica um pouco diferente,
além de ser bem menor. Mas a modalidade é dinâmica e bastante rápida, podendo ser
jogada em simples ou em duplas.

Veja essa sequência de vídeos, que vai te ajudar a entender melhor a modalidade:
• Regras Simples, disponível em: https://youtu.be/PtUjgeMPRHs
• Jogos de simples, disponível em: https://youtu.be/dwJM6q19Vds
• Jogos de Duplas, disponível em: https://youtu.be/Ua-6_VAEatg

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Padel
O padel é uma das modalidades pouco conhecidas por aqui, apesar de ser uma das
mais parecidas com o tênis de campo, possui algumas particularidades que a tornam
bastante interessante e fazem dela uma mistura de tênis e squash.

Figura 9 – Quadra, raquete e bola de padel


Fonte: Getty Images

A modalidade nasceu numa necessidade da prática de tênis, onde imigrantes ingle-


ses ao viajarem de navio, adaptaram o tênis dentro de salas que existiam no navio e,
por serem menores e não terem áreas para recuo da bola, acabaram exigindo alguma
mudança nas regras. A modalidade acabou se tornando interessante por ocupar pouco
espaço e manter certa prática semelhante à do tênis, mantendo até hoje as paredes
como parte da dinâmica do jogo, sendo permitido o uso delas como parte do jogo. Isso
torna a modalidade bastante interessante, visto que as paredes fazem parte do jogo,
podendo ser usadas como estratégia de jogo e dificultando bastante o término do ponto.
Por sinal, a modalidade se altera perante o tênis visto que acaba tendo boa parte do jogo
disputada próximo à rede, ao contrário do tênis que, de modo geral, é mais disputado
com os jogadores ficando no fundo da quadra.

E agora vem a grande surpresa, apesar de estar listada aqui nos esportes com
raquete especificamente na disciplina de esportes individuais, essa modalidade não é
individual. Isso mesmo, dos esportes com raquete, o padel é a única em que só existe
a modalidade em duplas. E aí você deve estar se perguntando, então por que você
trouxe essa modalidade para o nosso conteúdo, professor? Bom, principalmente pelo
fato de que é uma modalidade importante de ser conhecida por nós profissionais de
educação física, mas também porque, independente de ser disputada em duplas ou
simples, faz parte do conteúdo de esportes de raquete e não poderia deixar de ser ci-
tada – apesar de ser disputada em duplas, traz muito da dinâmica de jogo do tênis que
é disputado em simples também.

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UNIDADE Esportes Individuais com Raquete

Veja essa sequência de vídeos, que vai te ajudar a entender melhor a modalidade
• Melhores Jogadas, disponível em: https://youtu.be/9AJWfyyrusM
• Regras, disponível em: https://youtu.be/aGD4rfthA6M
• Reportagem, disponível em: https://youtu.be/OrKi0I1wvT4

BeachTennis
O beach tennis é uma modalidade interessante, pois mistura um pouco do que
conhecemos como vôlei, badminton e tênis de campo. Por sinal, a modalidade é co-
mandada também pela Confederação Brasileira de Tênis, ou seja, a modalidade é um
braço do tênis de campo, podendo contar com a mesma estrutura e possivelmente o
mesmo alcance. Contudo, a modalidade, é uma das mais novas, e tem seus primei-
ros relatos no final da década de 1980, sendo uma alternativa do tênis para a praia.
A diferença é que a bola não toca o chão e a rede é alta, por isso é uma mistura de
vôlei, badminton e tênis, pois possui a rede alta como a do vôlei e se assemelha ao
badminton nos golpes.

Figura 10 – Quadra de beach tennis


Fonte: Getty Images

Veja essa sequência de vídeos, que vai te ajudar a entender melhor a modalidade Jogo:
• Beach Tennis World Championships 2019 | Top 10 Shots | Day 3 | ITF,
disponível em: https://youtu.be/FDDp1dFxjX8
• Top 10 Rallies Of The Tournament | Beach Tennis World Championships,
disponível em: https://youtu.be/xo168YvNTXA
• Conhecendo a modalidade, disponível em: https://youtu.be/mdf66LB8D2s

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Outras Modalidades
Ao falar de outra modalidade, vale lembrar não por sua importância, mas sim por sua
pouca expressão ou mesmo por ser modalidade que, no momento, está mais próxima
de ações de lazer do que ações competitivas, trazemos o exemplo do frescobol.

Figura 11 – Jogo de Frescobol


Fonte: Getty Images

Famoso aqui no Brasil, principalmente nas práticas litorâneas, apesar de suas ações
em campeonatos, possui pouca expressão nas competições, comparado ao beach
tennis, por exemplo, que, apesar de uma modalidade mais nova, já possui campeonatos
em diversos países, competições e premiações.

Algumas modalidades podem se enquadrar nos esportes de raquete, mas eventu-


almente não foram citadas. Cabe ressaltar que nosso foco neste módulo foi discutir e
apresentar as modalidades mais conhecidas, mas de maneira que, ao final do módulo,
a expectativa de aprendizado seja de entendê-las de um modo geral, como modalidades
que têm grandes possibilidades de interação didático-pedagógicas.

Possibilidades Didático-Pedagógicas
Uma das grandes questões sobre os esportes com raquete é como ensinar uma des-
sas modalidades, que, de certo modo, trazem consigo um estigma de serem difíceis.

Muitas vezes, acaba sendo um desafio para o professor ensinar os esportes com
raquete, principalmente quando não domina, ou mesmo, não teve oportunidade de
vivenciar algumas delas.

Importante é entender neste momento que os esportes com raquete podem ser tra-
balhados mesmo que você, professor, não tenha tido vivência na modalidade. Contudo,
não podemos descartar a importância de você vivenciar a modalidade para entender as
dificuldades e desafios que seu aluno pode ter.

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UNIDADE Esportes Individuais com Raquete

Porém, para o trabalho que precisamos desenvolver para o ensino dessa modalidade,
podemos seguir o princípio da escola da bola, que prega que as situações de jogo são a
melhor maneira de entendermos e aprendermos uma modalidade.

O conceito da escola da bola para ensino dos esportes com raquete prega que os
jogos podem ser orientados para situações de Jogo (jogos reais), onde se aprende a
desenvolver elementos táticos, na orientação para capacidades coordenativas, onde
aprendem a controlar a bola (ROTH et al., 2017).

Podemos tirar algumas soluções para o ensino dos esportes com raquete. A primeira
delas é propiciar o acesso a situações o mais próximas do jogo, para que os alunos pos-
sam entender a dinâmica do jogo. E isso faz muito sentido, visto que muitos dos jogos de
raquete parecem jogos de carta, precisam ser explicados mais de uma vez para serem en-
tendidos. Usando situações de jogo fica muito mais simples para ensinar e para aprender.
Um exemplo disso é ensinar a pontuação do jogo jogando, não perdendo tempo parado
e explicando uma pontuação que é muito difícil de ser entendida sem a situação de jogo.

Dessa maneira, mesmo que o aluno não domine a manipulação da raquete com a
bola, você pode criar possibilidades para que ele entenda a situação do jogo, de diferentes
maneiras. Entenda que, no ensino das situações de jogo, você pode usar até mesmo uma
bola de futebol e adaptar um “tênis fut”, um “tênis vôlei” ou mesmo um “tênis hand”, por
exemplo. Lembra-se do jeu de palm? Então, pode ser uma excelente alternativa.

Outro pilar para o ensino dos esportes com raquete são as capacidades coordena-
tivas, que estão orientadas para controlar e dominar a bola, por meio de suas capa-
cidades de coordenação. Em resumo, você aprende jogando, mas também, aprender
coordenando o uso de suas habilidades. Nesse sentido, é importante propiciar ao aluno,
maneiras de adquirir diferentes habilidades ao manusear uma raquete.

Um dos erros mais comuns de alguém que quer aprender a jogar com uma raquete é
simplesmente tentar rebater com a raquete. Pois ainda não existe uma coordenação de-
senvolvida para tal. Primeiro, é importante manipular a raquete e o implemento (bola ou
peteca) para se “acostumar”. Então realizar jogos e exercícios onde se pode manipular
de diferentes maneiras a bola (ou implemento) e a raquete. Essa é a melhor maneira de
aprender, para posteriormente partir para o momento de rebatida diretamente.

Nesse sentido, alguns programas de ensino, como, por exemplo, o Play and Stay,
desenvolvido pela Federação Internacional de tênis, traz alternativas de ensino da mo-
dalidade, que não se resumem a simplesmente tentar rebater uma bola com a raquete.

E mesmo a abordagem sendo apenas do tênis, trabalhar os 3 pilares do ensino de


esportes com raquete da escola da bola pode ser uma alternativa interessante e válida
para ensinar as habilidades da modalidade. A escola da bola se baseia em orientação
para situações de jogo; orientação para as capacidades e orientação para as habilidades.
Assim, separando por esses 3 pilares, fica mais fácil de realizar o programa de ensino
de uma modalidade partindo individualmente de cada um desses pilares.

Portanto, quando for ensinar uma modalidade com raquete, separe-a de acordo com
esses pilares e estruture suas aulas de maneira a atender todos os pilares, desenvolvi-
mento cada um deles com seus alunos, e evoluindo de acordo com as habilidades que
são apresentadas por eles.

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Na literatura e principalmente na internet, existe uma infinidade de recursos e exercícios
que podem ser buscados para montar sua aula, basta você classificá-los de acordo com essas
habilidades e facilmente você poderá atingir seus objetivos de ensinar essas modalidades.
A partir disso, devemos entender que o princípio do ensino dessas modalidades é do
geral para o específico, ou seja, você ensina a dinâmica do jogo e depois aprimora cada
uma das habilidades.
Dessa maneira, podemos contar com alguns elementos que vão ajudar a desenvolver
os 3 pilares de ensino. São eles: elementos táticos gerais, elementos coordenativos ge-
rais e elementos gerais de habilidades técnicas.

Quadro 1 – Seis Elementos Táticos Gerais

Tarefas táticas em que se deve selecionar o momento e o local de


Acertar o alvo se realizar ação de finalização.

Transportar a bola Tarefas táticas em que se deve transportar (conduzir, jogar) a bola
junto com um colega de equipe, de forma a aproximar-se do ob-
para o objetivo jetivo do jogo.

Criar superioridade Tarefas táticas nas quais se objetiva obter uma vantagem por
numérica meio do oferecer-se/orientar-se e da cooperação com o coleta.

Tarefas táticas em que o importante é receber a bola do colega ou


Jogar coletivamente passar a bola para ele.

Tarefas táticas em que se deve aproveitar oportunidades de es-


Reconhecer espaços paços livres para passar a bola ou marcar um ponto, quando em
oposição a um adversário.

Tarefas táticas em que, no confronto com o adversário, consegue-


Superar o adversário -se assegurar a possa da bola.

Fonte: Adaptado de ROTH et al., 2017

Quadro 2 – Seis Elementos Coordenativos Gerais

Tarefas coordenativas nas quais é importante a minimização do


Pressão de tempo tempo ou a maximização da velocidade.

Tarefas coordenativas nas quais é necessária a maior


Pressão de precisão exatidão possível.

Pressão de complexidade Tarefas coordenativas nas quais devem ser resolvidas uma série de
(ou sequência) exigências sucessivas, uma após da outra.

Tarefas coordenativas nas quais se apresenta a necessidade de


Pressão de organização superação de muitas e simultâneas exigências.

Pressão de Tarefas coordenativas nas quais há a necessidade de se superar exi-


variabilidade gências em condições ambientais variáveis e situações diferentes.

Tarefas coordenativas nas quais a exigência é do tipo físico-con-


Pressão de carga dicional ou psíquica.

Fonte: Adaptado de ROTH et al., 2017

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UNIDADE Esportes Individuais com Raquete

Quadro 3 – Seis Elementos Coordenativos Gerais

Tarefas em que o objetivo seja controlar de forma precisa a dire-


Controle dos ângulos ção de uma bola lançada, chutada ou rebatida.

Tarefas em que o importante seja controlar de forma precisa a


Controle da força força de uma bola lançada, chutada ou rebatida.

Determinar o momento Tarefas em que possa ser determinado o espaço, o momento es-
da rebatida pacial para passar, chutar ou rebater uma bola de forma precisa.

Determinar o percurso Tarefas sensório-motoras em que o importante seja determinar


com precisão a direção e a velocidade de uma bola no momento
e o tempo da bola de correr e pegá-la ou rebatê-la.

Estar preparado Tarefas sensório-motoras em que o importante seja preparar ou


(oferecer-se) iniciar a condução de movimento no momento certo.

Antecipar a direção Tarefas sensório-motoras em que o importante seja determi-


e a distância do nar a direção e distância corretas de uma bola passada, anteci-
passe (rebatida) pando-a corretamente.

Antecipar a Tarefas sensório-motoras em que o importante seja antecipar,


posição defensiva prever a real posição de um ou vários defensores/adversários.

Observar os Tarefas sensório-motoras em que o importante seja o jogador


perceber os deslocamentos de um ou vários adversários/colegas
deslocamentos de equipe.

Fonte: Adaptado de ROTH et al., 2017

Conforme vimos nos Quadros 1, 2 e 3, podemos nos basear nos pilares de acordo
com os elementos apresentados, de maneira a desenvolver nosso aluno de acordo com
as demandas que os esportes com raquete exigem do seu praticante.

Importante ressaltar que esses parâmetros se enquadram ao ensino de diversas mo-


dalidades, não apenas aos esportes com raquete, portanto, pode ser proveitoso para seu
trabalho em outras modalidades.

Os esportes com raquete possuem uma ampla gama de aprendizados, mas seguindo
parâmetros didático pedagógicos, mesmo você, professor de educação física, que não
possui experiência com essas modalidades pode, sim, arriscar-se nessas modalidades e
propiciar para seu aluno o acesso a esse aprendizado.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
Esportes complementares
ALMEIDA, B. S. de; MICALISKI, E. L.; SILVA, M. R. da. Esportes complementares.
Curitiba: InterSaberes, 2019.

Vídeos
ITF Tennis Play and Stay campaign
Fundamento sobre Play and Stay, lançado pela ITF (Federação Internacional de
Tênis) como alternativa para o ensino do Tênis.
https://youtu.be/zrV3vXpzgNI

Leitura
O ensino dos esportes de raquete no ambiente escolar
https://bit.ly/3mZHdnK
O Tênis nas Escolas: Diagnóstico da Necessidade e Perspectivas para sua Implantação
https://bit.ly/36XDC48

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UNIDADE Esportes Individuais com Raquete

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