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E ADAPTADA
CURSOS DE GRADUAÇÃO– EAD
Educação Física Especial e Adaptada – Prof.ª Dra. Mey de Abreu Van Munster
Olá! Meu nome é Mey de Abreu Van Munster. Possuo formação em Educação Física
(licenciatura e bacharelado) pela Faculdade de Educação Física (FEF) da Unicamp. Meu
envolvimento profissional com pessoas que apresentam deficiências teve início na
Graduação, o que me levou a buscar Especialização em Educação Física Adaptada, bem
como Mestrado e Doutorado nessa área, também na FEF. Atuo em cursos de formação
profissional (Ensino Superior e Pós-graduação) há 18 anos e atualmente sou professora
de uma Instituição de Ensino Superior Pública, onde leciono disciplinas na Graduação
e na Pós-graduação, coordeno projetos de extensão universitária e grupos de estudos
(Núcleo de Estudos em Atividade Física Adaptada).
Espero que a leitura deste material possa sensibilizá-lo e estimulá-lo a conhecer um
pouco mais sobre o universo da cultura corporal de movimento aplicado a pessoas com
deficiências.
e-mail: mey@ufscar.br
Batatais
Claretiano
2013
© Ação Educacional Claretiana, 2011 – Batatais (SP)
Versão: dez./2013
796.0456 M928e
Munster, Mey de Abreu Van
Educação física especial e adaptada / Mey de Abreu Van Munster – Batatais,
SP : Claretiano, 2013.
186 p.
ISBN: 978-85-67425-28-3
CDD 796.0456
Preparação Revisão
Aline de Fátima Guedes Cecília Beatriz Alves Teixeira
Camila Maria Nardi Matos Felipe Aleixo
Carolina de Andrade Baviera Filipi Andrade de Deus Silveira
Cátia Aparecida Ribeiro Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz
Dandara Louise Vieira Matavelli Rodrigo Ferreira Daverni
Elaine Aparecida de Lima Moraes Sônia Galindo Melo
Josiane Marchiori Martins
Talita Cristina Bartolomeu
Lidiane Maria Magalini
Vanessa Vergani Machado
Luciana A. Mani Adami
Luciana dos Santos Sançana de Melo
Luis Henrique de Souza Projeto gráfico, diagramação e capa
Patrícia Alves Veronez Montera Eduardo de Oliveira Azevedo
Rita Cristina Bartolomeu Joice Cristina Micai
Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Simone Rodrigues de Oliveira Luis Antônio Guimarães Toloi
Raphael Fantacini de Oliveira
Bibliotecária Tamires Botta Murakami de Souza
Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 Wagner Segato dos Santos
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer
forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na
web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do
autor e da Ação Educacional Claretiana.
CRC
Ementa––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Histórico da Educação Especial. A Educação Física Especial e Adaptada. Mo-
vimento pela inclusão. Deficiência Mental. Síndrome de Down. Distúrbios de
Aprendizagem. Distúrbios de Comportamento. Deficiência Auditiva. Inclusão de
pessoas surdas. Deficiência Visual. Inclusão de pessoas cegas. O esporte Adap-
tado. Deficiências Físicas: paralisia cerebral, AVC, Lesados (medulares, amputa-
dos, distrofias musculares progressivas). Deficiências Múltiplas.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
1. INTRODUÇÃO
Em que consiste a Educação Física Adaptada? Qual o papel
desta disciplina frente ao desafio da inclusão de pessoas com de-
ficiências na Educação Física Escolar? Quais são as necessidades
educacionais especiais desse público? Os conteúdos curriculares
da Educação Física devem ser modificados para atender essas ne-
cessidades? De que forma? Esses são alguns dos questionamentos
que nortearão nosso estudo.
Até pouco tempo atrás, a educação de pessoas com defici-
ências (ou, pelo menos, de uma minoria que possuía o privilégio
de acesso aos escassos programas de educação) era realizada em
instituições ou escolas de ensino especializadas, o que configu-
rava um sistema paralelo de ensino, conhecido como Educação
Especial. Nessa perspectiva, o ensino da Educação Física era de
8 © Educação Física Especial e Adaptada
‘deficientes’ (será que são? Ou que, segundo Amaral (2001), são tão e somente
significativamente diferentes).
Não é nada fácil tratar de conceitos e definições, mas podemos considerar que
a Educação Física Adaptada é uma parte da Educação Física, cujos objetivos
são o estudo e a intervenção profissional no universo das pessoas que apre-
sentam diferentes e peculiares condições para a prática das atividades físicas.
Seu foco é a cultura corporal de movimento. Atividades como ginástica, dança,
jogos e esporte, conteúdos de qualquer programa de atividade física, devem ser
considerados tendo em vista o potencial de desenvolvimento pessoal (e não a
deficiência em si).
Olhar para as pessoas que apresentam diferentes e peculiares condições e per-
ceber, não a limitação, nem a desvantagem, mas suas capacidades, possibilida-
des, potencialidades, ou seja, sua essência, contribui para um processo efetivo
a fim de assegurar os direitos humanos e os sociais e melhorar a qualidade de
vida.
Atualmente, os direitos sociais asseguram o direito de igual oportunidade, in-
dependentemente da condição diferente e peculiar que uma pessoa possa
apresentar. Apesar dessa premissa legal, muitas ações refletem a influência de
modelos precursores, como o de destruição (quando pessoas com deficiências
eram sacrificadas), de segregação (quando a segregação em instituições es-
pecializadas era a única opção), ou de cura ou prevenção (quando as pessoas
eram focadas sob a ótica da limitação, da doença, da invalidez). Tais modelos
ainda têm forte influência e determinam atitudes que colocam as pessoas que
apresentam diferentes e peculiares condições para a prática das atividades físi-
cas em desvantagem.
Parece que ainda é necessário reafirmar o que Amaral (1995) preconiza. É pre-
ciso ressignificar a diferença, e para tanto há que se desadjetivar o substantivo
diferença: ser diferente não é ser melhor ou pior; a diferença simplesmente é.
Para assumir uma atitude favorável em relação à Educação Física Adaptada, ga-
rantindo igual oportunidade de participação de pessoas que apresentam diferen-
tes e peculiares condições nos mais variados contextos, o projeto da Comissão
Australiana de Esportes (AUSTRALIAN SPORTS COMISSION, 2001) sugere
questionarmos se é necessário considerar que tais pessoas levam desvantagem
na prática de atividades físicas. Em caso afirmativo, é importante refletir sobre o
que pode ser feito para minimizar essa desvantagem.
Em relação à Educação Física Adaptada, deve ser mantida a integridade das
atividades e promovida a maximização do potencial individual. Quanto às ativi-
dades, uma vez conhecidas as metas do programa, convém modificá-las apenas
quando necessário, sempre respeitando as metas previamente determinadas,
assegurando que as atividades sejam um desafio a todos os participantes e,
sobretudo, que seja valorizada a diferença.
Lidar com as diferenças constitui grande desafio nas relações interpessoais.
Sobre maximização do potencial individual, é importante focalizar o desenvolvi-
mento das habilidades, selecionando atividades apropriadas, providenciando um
ambiente favorável à aprendizagem encorajando a auto-superação.
(PEDRINELLI; VERENGUER in GORGATTI; COSTA, 2008, p. 1,4,11-12).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
© Caderno de Referência de Conteúdo 11
Abordagem Geral
Aqui você entrará em contato com os assuntos principais
deste conteúdo de forma breve e geral e terá a oportunidade de
aprofundar essas questões no estudo de cada unidade.
Esta Abordagem Geral visa fornecer-lhe o conhecimento bá-
sico necessário, a partir do qual você possa construir um referen-
cial teórico com base sólida – científica e cultural –, para que, no
futuro exercício de sua profissão, você a exerça com competência
cognitiva, ética e responsabilidade social.
O conteúdo deste Caderno de Referência de Conteúdo será
subdividido em três partes.
Na Unidade 1, partiremos de uma perspectiva histórica, na
tentativa de compreender alguns paradigmas sociais relaciona-
dos às pessoas com deficiências e como elas têm sido tratadas ao
longo das diferentes épocas e em diferentes culturas. Esperamos
que isso nos leve não apenas a compreender a origem de alguns
estigmas, preconceitos e tabus frequentemente associados a es-
ses indivíduos, como também a superá-los. Também analisaremos
alguns documentos legais, com o intuito de entender o processo
pelo qual a Educação se tornou um direito a esses indivíduos e o
papel da Educação Física Adaptada diante do contexto da inclusão.
Em um segundo momento (Unidade 2), passaremos a co-
nhecer, detalhadamente, os tipos mais comuns de deficiências, e,
para efeitos didáticos, elas serão apresentadas em quatro grupos:
Glossário de Conceitos
O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rá-
pida e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um
bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de
Figura 2 2Esquema
Figura Esquemados
dos Conceitos-chave
Conceitos-chave dodisciplina
chave da CadernoEducação
de Referência de Conteúdo
Física Especial Educação
e Adaptada
Adaptada.
Física Especial e Adaptada.
Como pode observar, esse Esquema oferece a você, como
Comoanteriormente,
dissemos pode observar,umaessevisão
Esquema oferece
geral dos a você,
conceitos como
mais
dissemos anteriormente,
importantes uma
deste estudo. Ao visão geralserá
segui-lo, dospossível
conceitos mais im-
transitar
entre os deste
portantes principais conceitos
estudo. destaa será
Ao segui-lo, disciplina e descobrir
possível o
transitar entre
caminho para construir o seu processo de ensino
ensino-aprendizagem.
Por exemplo, o conceito de “educação
educação inclusiva” implica
conhecer o tratamento dispensado à pessoa com deficiência
© Caderno de Referência de Conteúdo 21
Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões
autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem
ser de múltipla escolha, abertas objetivas ou abertas dissertati-
vas.
Responder, discutir e comentar essas questões, bem como
relacioná-las com a prática do ensino de Educação Física Especial
e Adaptada pode ser uma forma de você avaliar o seu conheci-
mento. Assim, mediante a resolução de questões pertinentes ao
assunto tratado, você estará se preparando para a avaliação final,
que será dissertativa. Além disso, essa é uma maneira privilegiada
de você testar seus conhecimentos e adquirir uma formação sólida
para a sua prática profissional.
Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus
estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio-
grafias complementares.
Dicas (motivacionais)
Este estudo convida você a olhar, de forma mais apurada,
a Educação como processo de emancipação do ser humano. É
importante que você se atente às explicações teóricas, práticas e
científicas que estão presentes nos meios de comunicação, bem
como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois, ao com-
partilhar com outras pessoas aquilo que você observa, permite-se
descobrir algo que ainda não se conhece, aprendendo a ver e a
notar o que não havia sido percebido antes. Observar é, portanto,
uma capacidade que nos impele à maturidade.
Você, como aluno do Cursos de Graduação na modalidade
EaD, necessita de uma formação conceitual sólida e consistente.
Para isso, você contará com a ajuda do tutor a distância, do tutor
presencial e, sobretudo, da interação com seus colegas. Sugeri-
mos, pois, que organize bem o seu tempo e realize as atividades
nas datas estipuladas.
É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em
seu caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas pode-
rão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produ-
ções científicas.
© Caderno de Referência de Conteúdo 23
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, M. A. (Org.). Das margens ao centro: perspectivas para as políticas e práticas
educacionais no contexto da educação especial inclusiva. Araraquara: Junqueira & Marin,
2010. p. 401-406.
BRASIL. Ministério da Educação. Política Nacional de Educação Especial na perspectiva
da Educação Inclusiva. Brasília: MEC/SEESP, 2008.
GLAT, R.; FERNANDES, E. M. Da Educação segregada à Educação Inclusiva: uma breve
reflexão sobre os paradigmas educacionais no contexto da educação especial brasileira.
Revista Inclusão, Brasília, v. 1, n. 1, p. 35-39, 2005.
GLAT, R.; PLETSCH, M. D.; FONTES, R. S. Educação Inclusiva e educação especial: propostas
que se complementam no contexto da escola aberta à diversidade. Revista Educação, v.
32, n. 2, p. 343-356, 2007.
NABEIRO, M. O colega tutor nas aulas de educação física inclusiva. In: MENDES, E. G.;
PEDRINELLI, V. J.; VERENGUER, R. C. G. Educação física adaptada: introdução ao universo
das possibilidades. In: GORGATTI, M. G.; COSTA, R. F. (Org.). Atividade física adaptada:
qualidade de vida para pessoas com necessidades especiais. 2. ed. Barueri: Manole,
2008. p. 1-27.
SASSAKI, R. K. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. 3. ed. Rio de Janeiro:
WVA, 1999.
UNESCO. Declaração de Salamanca e linha de ação sobre necessidades educativas
especiais. Brasília: CORDE, 1994.
EAD
Educação Física
na Perspectiva da
Educação Inclusiva
1
1. OBJETIVOS
• Conhecer as diferentes formas de tratamento dispensado
às pessoas com deficiência ao longo da história da huma-
nidade.
• Compreender e identificar os principais paradigmas so-
ciais e educacionais relacionados à Educação Inclusiva.
• Diferenciar os termos e assimilar os principais conceitos
ligados à Educação Especial e à Educação Física Adaptada.
2. CONTEÚDOS
• A deficiência no decorrer do tempo: perspectiva histórica,
conceitos e terminologias.
• Principais paradigmas sociais e educacionais: do modelo
médico ao modelo educacional; do princípio da igualdade
à diversidade; da exclusão social ao processo de inclusão.
26 © Educação Física Especial e Adaptada
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Ao longo do tempo, em todas as culturas, é possível obser-
var mudanças no tratamento destinado às pessoas com deficiên-
cia, o que caracteriza diferentes fases no que se refere às práticas
sociais.
Gradativamente, pessoas que apresentavam condições atí-
picas e eram submetidas à exclusão social passaram a ser enca-
minhadas a instituições onde, mediante a segregação, poderiam
receber atendimento especializado. A prática da integração social
desenvolveu-se paulatinamente, e recentemente vem se instalan-
do um processo de inclusão social cuja filosofia se volta à modifi-
cação dos sistemas sociais gerais.
Nesta unidade, voltaremos nossos olhares para a Educação
Inclusiva, buscando compreender os principais conceitos e esta-
belecendo relações com o campo de estudo da Educação Física
Adaptada, dedicada a pessoas com deficiências.
EmEmmeados
meadosda da década
década de
de 1990, no Brasil,
90, no Brasil, começaram
começaramasas
discussões
discussõesem
emtorno
torno doo novo
do novo modelo de de atendimento
atendimentoescolar
escolar
denominado inclusão escolar. Esse
denominado inclusão escolar.. Esse novo paradigma surge como
paradigma surge como
uma reação contrária ao processo de integração, e sua
© U1 - Educação Física na Perspectiva da Educação Inclusiva 35
9) tecnologias assistivas;
10) informática educativa;
11) Educação Física Adaptada;
12) enriquecimento e aprofundamento do repertório de co-
nhecimentos;
13) atividades da vida autônoma e social.
Além das aplicações apresentadas na introdução desta uni-
dade, perceba que a Educação Física Adaptada é considerada,
também, um tipo de atendimento educacional especializado. No
entanto, é interessante considerar que os serviços especializados e
o atendimento das necessidades específicas dos alunos garantidos
pela lei, na prática, ainda deixam a desejar.
Além da carência de recursos pedagógicos e da fragilidade
da formação dos professores para lidar com esse público, a litera-
tura evidencia que, no cotidiano da escola, os alunos com necessi-
dades educacionais especiais inseridos nas salas de aula regulares
vivem uma experiência escolar precária, ficando, quase sempre, à
margem dos acontecimentos e das atividades em classe, porque
pouca atenção é dedicada às suas necessidades especiais (MIRAN-
DA, 2004).
As pessoas com deficiências podem enfrentar, ainda, outras
dificuldades para ter acesso à educação regular. No caso de pesso-
as com comprometimento motor ou que possuem dificuldade de
locomoção (usuários de muletas, andadores ou cadeiras de rodas),
nem sempre as instalações físicas da escola são acessíveis, tendo
em vista que a presença de escadas, corredores, portas estreitas e
a ausência de rampas, elevadores ou adaptações especificadas por
lei constituem obstáculos para o acesso e circulação, denominados
barreiras arquitetônicas. Tais obstáculos impedem e/ou dificultam
o acesso e a permanência de pessoas com deficiências nos dife-
rentes espaços e ambientes da escola.
Outra situação a ser enfrentada é a de que, na visão do sen-
so comum, a manifestação de um determinado tipo de deficiên-
8. TEXTO COMPLEMENTAR
Para complementar o conteúdo desta unidade, recomen-
damos a leitura do artigo de Miranda (2004), intitulado História,
deficiência e Educação Especial. Para sua comodidade e melhor
compreensão, o resumo do artigo foi transcrito a seguir. Se possí-
vel, faça a leitura do artigo na íntegra, disponível no site indicado
nas E-referências.
9. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Sugerimos que você procure responder, discutir e comentar
as questões a seguir, que tratam da temática desenvolvida nesta
unidade. Procure realizar uma síntese das principais ideias e esta-
belecer as relações necessárias para a compreensão dos concei-
tos básicos relacionados à Educação Especial e à Educação Física
Adaptada a pessoas com deficiências.
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se você encontrar dificuldades em
responder a essas questões, procure revisar os conteúdos estuda-
dos e sanar as suas dúvidas. Esse é o momento ideal para que você
faça uma revisão desta unidade. Lembre-se de que, na Educação a
Distância, a construção do conhecimento ocorre de forma coope-
rativa e colaborativa; compartilhe, portanto, as suas descobertas
com os seus colegas.
Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
1) Com suas palavras, comente de que forma foi tratada a deficiência em al-
guns momentos históricos e como ela é abordada na atualidade.
5) O que é Educação Física Adaptada? De que forma ela pode colaborar para a
inclusão de pessoas com deficiências na escola?
10. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, você conheceu como a deficiência era trata-
da em alguns momentos históricos e como é abordada hoje e de
que maneira o processo de educação de pessoas com necessida-
des especiais vem sendo influenciado pelos diferentes paradigmas
sociais e educacionais.
Você pôde compreender, ainda, o que é Educação Física
Adaptada e qual o papel dessa área do conhecimento frente ao
processo de inclusão de pessoas com deficiências no contexto es-
colar.
Na próxima unidade, você terá oportunidade de estudar os
principais tipos de deficiências, as características e os cuidados re-
lacionados às necessidades especiais de cada uma delas.
11. E-REFERÊNCIA
Site pesquisado
MIRANDA, A. A. B. História, deficiência e educação especial. Revista HISTEDBR On-line,
p. 1-7, 2004. Disponível em: <http://www.histedbr.fae.unicamp.br/revista/revis/revis15/
art1_15.pdf>. Acesso em 11 jan. 2012.
2
1. OBJETIVOS
• Identificar os principais tipos de deficiência e compre-
ender as características relacionadas à condição de cada
uma delas.
• Reconhecer as possibilidades e o potencial de pessoas
com deficiências no âmbito da Educação Física.
• Identificar as necessidades educacionais especiais de pes-
soas com deficiências nas aulas de Educação Física.
2. CONTEÚDOS
• Deficiência visual: conceito; classificação e avaliação; as-
pectos funcionais do órgão da visão; principais etiologias;
características da pessoa com deficiência visual; cuidados
especiais e implicações pedagógicas; noções de orienta-
ção e mobilidade.
46 © Educação Física Especial e Adaptada
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Quantas são as pessoas com deficiências no Brasil? Qual a
forma mais adequada para se referir a essas pessoas? Quais são
as implicações de uma determinada deficiência para o indivíduo
que a possui? Como identificar os diferentes tipos de deficiência?
Quais as principais características apresentadas por cada deficiên-
cia? Essas são algumas das questões que tentaremos elucidar no
decorrer do estudo desta unidade.
Observe a Figura 1 a seguir, que mostra o símbolo da defici-
ência.
Incidência
Com relaçãoCurso: Licenciatura
à incidência emdeficiências,
das Educação Físicavocê tem ideia da
Coordenador do curso: Prof. Ms. Engels Câmara
porcentagemDisciplina:
da população brasileira
Educação que apresenta
Física Especial e Adaptadaalgum tipo de
deficiência? Acompanhe, então,
Autora: Profa. Dra. Meyasdeinformações arroladas nas pró-
Abreu Van Munster
ximas páginas. Editoração: Simone Rodrigues De Oliveira
Formatação: Dandara Louise Vieira Matavelli
Os resultados do Censo 2000
Preparação: Paulomostram que, aproximadamen-
Sposati Ortiz
te, 24,6 milhões de pessoas,
Revisão: Talitaou 14,5%
Cristina da população total, apre-
Bartolomeu
UNIDADE 2 ou deficiência. São pessoas
sentaram algum tipo de incapacidade
enxergar, ouvir, alguma
com, ao menos, locomover-se ou alguma
dificuldade deficiência
de enxergar, motora ou
ouvir, locomover-
intelectual (IBGE,
-se ou alguma 2000). motora ou intelectual (IBGE, 2000).
deficiência
O gráfico apresentado na Figura 2 demonstra os tipos de
O gráfico apresentado na Figura 2 demonstra os tipos de
deficiências apresentadas pela população brasileira em
deficiências apresentadas pela população brasileira em porcenta-
porcentagem.
gem.
Tipos de deficiências
8% Deficiência Visual
23% 48% Deficiência Auditiva
Deficiência Física
17%
Deficiência Motora
4%
Deficiência Intelectual
Terminologia
Na literatura da área, você encontrará diferentes formas
de se referir às pessoas que apresentam deficiências: “deficien-
te”, “portador de deficiência”, “pessoa portadora de deficiência”,
“pessoa com diferentes e peculiares condições”, “pessoa com ne-
cessidade especial”, “pessoa com deficiência”, entre outros. Esses
termos se modificam constantemente, de acordo com a mentali-
dade da época; mas, afinal, qual será a forma de tratamento mais
adequada para se referir a essas pessoas?
As pessoas que não possuem familiaridade com a deficiên-
cia empregam esses termos, que são inadequados. Na maioria das
© U2 - Estudo das Deficiências 51
Implicações da deficiência
Será que a deficiência afeta todos os indivíduos da mesma
forma? Em outras palavras: será que duas pessoas com um mesmo
tipo de deficiênciaCurso:
sofremLicenciatura
as mesmasem Educação Física
implicações ou consequên-
Coordenador do curso: Prof. Ms. Engels Câmara
cias?
Disciplina: Educação Física Especial e Adaptada
A resposta é não.
Autora: Uma
Profa. Dra.mesma
Mey demudança
Abreu Vanestrutural
Munster ou ana-
Editoração: Simone Rodrigues De Oliveira
tômica, de mesma origem/causa comum (etiologia), localização e
extensão, podeFormatação:
ocasionar Dandara Louise funcionais
modificações Vieira Matavelli
diferenciadas.
Preparação: Paulo Sposati Ortiz
Por sua vez, essas alterações funcionais afetam o desempenho do
Revisão: Talita Cristina Bartolomeu
indivíduo de formas distintas,UNIDADE
gerando2incapacidades diferencia-
das e, consequentemente,
diversas. desencadeando
A Figura 3 poderá lo aconsequências
ajudá-lo sociaisessa
visualizar melhor
e econômicas
situação. também diversas. A Figura 3 poderá ajudá-lo a visu-
alizar melhor essa situação.
Diagnóstico
Às vezes, cria-se uma aura em torno da questão da defici-
ência que ofusca a visão da pessoa que está por detrás dela, di-
ficultando a percepção de seus reais interesses e necessidades.
Num primeiro contato, é importante conversar com o indivíduo
© U2 - Estudo das Deficiências 55
5. DEFICIÊNCIA VISUAL
Conceito
A deficiência visual é caracterizada pela perda parcial ou
total da capacidade visual, em ambos os olhos, avaliada após a
melhor correção ótica ou cirúrgica, levando o indivíduo a uma limi-
tação em seu desempenho habitual (MUNSTER; ALMEIDA, 2008).
A simples utilização de óculos ou lentes de contato não é su-
ficiente para caracterizar a deficiência visual, pois a prescrição de
correção ótica adequada pode conferir ao indivíduo uma condição
visual ideal ou muito próxima da normalidade. Todavia, mesmo
utilizando recursos óticos especiais e passando por intervenção
cirúrgica, alguns indivíduos continuam com a capacidade visual se-
veramente comprometida, sendo consideradas pessoas com defi-
ciência visual.
Em determinadas situações, mesmo com perda total da ca-
pacidade visual em um dos olhos, ou ainda que seja recomendada
a evisceração, ou remoção cirúrgica, do órgão visual comprometi-
do, a pessoa pode apresentar boa porcentagem de visão no órgão
visual remanescente, de forma a compensar tal perda e apresen-
tar a visão dentro dos limites de normalidade. Nesse caso, o indiví-
duo não é considerado portador de deficiência, pois, para tanto, é
necessário que a perda visual comprometa ambos os olhos.
Em outras palavras, para que uma pessoa seja considerada
com deficiência visual, é necessário que a perda visual comprome-
ta os dois olhos e que, mesmo após passar por correção ótica ou
cirúrgica, o melhor olho tenha menos de 30 % da visão.
Ficou claro quando uma pessoa possui ou não uma deficiên-
cia visual?
© U2 - Estudo das Deficiências 57
Classificação e avaliação
A avaliação da deficiência visual é realizada pelo médico
oftalmologista, com base em algumas funções visuais, dentre as
quais podem ser destacadas: acuidade visual, campo visual, bino-
cularidade, sensibilidade à luz e ao contraste e visão para cores.
Algumas das funções visuais aqui descritas são utilizadas, também,
como referência para os diferentes tipos de classificação da defici-
ência visual, como a acuidade visual e o campo visual, por serem
medidas quantitativas e padronizadas.
Os vários tipos de classificação da deficiência visual são ba-
seados em parâmetros:
1) legais: para efeito de elegibilidade em programas de as-
sistência e obtenção de recursos da previdência social;
2) clínicos: para diagnóstico, tratamento e acompanha-
mento médico especializado;
3) educacionais: baseada nos recursos necessários ao pro-
cesso de ensino-aprendizagem;
4) esportivos: como critério de divisão em diferentes cate-
gorias para competições e eventos desportivos.
A seguir, apresentaremos os parâmetros educacionais e es-
portivos empregados para a classificação da pessoa com deficiên-
cia visual, por serem considerados mais próximos do contexto do
professor de Educação Física.
Classificação educacional
A classificação baseada em parâmetros educacionais permi-
te fornecer indicações a respeito da eficiência visual do indivíduo,
baseando-se em suas necessidades educativas especiais:
• Pessoa com baixa visão:
[...] é aquela que possui dificuldade em desempenhar tarefas visu-
ais, mesmo com prescrição de lentes corretivas, mas que pode apri-
morar sua capacidade de realizar tais tarefas com a utilização de
estratégias visuais compensatórias, baixa visão e outros recursos, e
modificações ambientais (CORN; KOENIG, 1996, p. 4).
• Pessoa cega:
[...] é aquela cuja percepção de luz, embora possa auxiliá-la em
seus movimentos e orientação, é insuficiente para aquisição de co-
nhecimento por meios visuais, necessitando utilizar o sistema Brail-
le em seu processo ensino-aprendizagem (BARRAGA, 1985, p. 18).
Principais etiologias
Segundo Van Munster e Almeida (2008), as diferentes causas
de deficiência visual podem ser congênitas ou adquiridas, confor-
mento realizado pelo professor por meio do toque. Se, ainda as-
sim, o exercício não for compreendido, torna-se necessário recor-
rer à percepção cinestésica, conduzindo o aluno pelo movimento
desejado.
A troca de informações entre os próprios alunos acerca da
atividade a ser desenvolvida pode ser uma alternativa interessan-
te, pois, muitas vezes, eles são capazes de explicar o exercício com
mais simplicidade e clareza do que o professor.
Outro aspecto a ser considerado é a importância de não des-
cartar a realização do movimento concomitantemente à sua expli-
cação. Embora a demonstração do exercício pareça não ter efeito
a um grupo de pessoas que não dispõe da integridade no senti-
do visual, a informação verbal durante a realização do exercício
por parte do professor permite que o aluno com deficiência visual
perceba o deslocamento da voz do professor (fonte sonora) pelo
espaço físico.
6. DEFICIÊNCIA AUDITIVA
Conceito
A deficiência auditiva caracteriza-se pela perda parcial ou
total da capacidade de transmitir ou perceber sinais sonoros (AL-
MEIDA, 2008).
Classificação e avaliação
Sempre houve a preocupação de se avaliar quantitativa e
qualitativamente a audição, e, em meados do século 20, com o
avanço da eletroacústica e da eletrônica, foi possível a medida
mais precisa da capacidade auditiva por meio de um aparelho de-
nominado audiômetro, o qual permite medir a capacidade audi-
tiva em diferentes frequências (medida em hertz – Hz) e intensi-
dades (medida em decibéis – dB) de sons. Por meio da percepção
© U2 - Estudo das Deficiências 71
• ouvido externo;
• ouvido médio;
• ouvido interno.
Procure identificar cada uma das estruturas destacadas em
negrito na Figura 6, que representa o aparelho auditivo.
Principais etiologias
Nem sempre é possível a identificação precisa da origem da
perda auditiva. As causas mais conhecidas da deficiência auditiva
podem ser subdivididas quanto à sua origem e agrupadas em:
1) Genéticas: as várias causas envolvendo procedência
genética compreendem aplasias, diversas síndromes
e anormalidades cromossômicas. A otosclerose, por
exemplo, é um distúrbio hereditário que envolve o cres-
cimento de um tecido esponjoso no ouvido médio. Esse
crescimento impede a vibração do estribo em reposta às
ondas sonoras, causando perda auditiva progressiva do
tipo condutiva.
2) Congênitas: dentre as causas dessa origem, destacam-
-se:
a) Síndrome da Rubéola Congênita: desencadeada
por um vírus e transmitida da mãe para o feto, acar-
retando uma série de malformações neste.
b) Atresia Congênita do Canal Auditivo Externo: de-
feito congênito caracterizado pela ausência da
abertura ou canal que interliga o pavilhão auditivo
com o ouvido médio.
c) Eritroblastose fetal: causada pela incompatibilida-
de de fator RH entre mãe e feto.
d) Citomegalovirose: o citomegalovírus congênito é
transmitido da mãe para o feto via transplacentária.
Embora possa ser assintomático para a mãe, o bebê
pode apresentar, além da perda auditiva, erupções
na pele (petéquias), dilatação do baço e fígado, icte-
rícia, alterações na retina e microcefalia.
e) Efeitos fetais por contaminação de mercúrio.
f) Efeitos fatais por deficiência de iodo.
3) Infecciosas: doenças como meningite, caxumba, saram-
po ou inflamações como a otite média, de origem viral
ou bacteriana, podem levar a perdas auditivas significa-
tivas.
4) Ocupacionais: as atividades com exposição crônica, di-
ária e contínua a ruídos altos (poluição sonora) podem
© U2 - Estudo das Deficiências 77
Libras
A língua oficial utilizada pela comunidade de surdos do Brasil
é a Libras, prevista na Lei nº 10.436, de 24 de Abril de 2002.
A Libras contém todos os elementos existentes nas outras
línguas, possibilitando sua identificação como língua propriamen-
te dita. Segundo estudos linguísticos realizados, a língua de sinais
pode ser comparada às demais línguas orais, tendo como peculia-
© U2 - Estudo das Deficiências 85
7. DEFICIÊNCIA INTELECTUAL
Conceito
O termo “deficiência intelectual” refere-se à mesma popu-
lação de indivíduos que anteriormente recebiam o diagnóstico de
© U2 - Estudo das Deficiências 87
Classificação e avaliação
Anteriormente, os procedimentos empregados para avalia-
ção e classificação da pessoa com deficiência intelectual basea-
vam-se, exclusivamente, nos testes de quociente de inteligência
(QI). A utilização desses testes de forma isolada tem sido muito
criticada por avaliar apenas uma amostra do comportamento, que
pode não representar o efetivo nível do indivíduo que é submeti-
do a ele. Além de não contemplar variáveis do envolvimento, os
testes de QI não fornecem indicações sobre o tipo de intervenção
adequada e frequentemente apresentam dependência cultural.
Devido a esses e outros inconvenientes, o grau de inteligên-
cia é um indicativo importante, porém, não deve ser o único a re-
presentar o desempenho do funcionamento intelectual.
A avaliação da inteligência deve considerar, também, a de-
finição de comportamento adaptativo, que está funcionalmente
relacionado à inteligência, pois o potencial intelectual é mediado
pela capacidade de adaptação geral do indivíduo às demandas do
ambiente.
“Comportamento adaptativo” pode ser definido como a
reunião das habilidades conceituais, sociais e práticas aprendidas
pelo indivíduo e aplicadas, funcionalmente, ao seu cotidiano. A
avaliação do comportamento adaptativo é considerada em quatro
dimensões:
1) habilidades intelectuais;
2) participação, interações e papéis sociais;
3) saúde;
4) contexto.
O sistema de classificação recomendado pela AAIDD (2012)
baseia-se na intensidade dos apoios necessários para cada indiví-
duo, conforme a etiologia, os níveis de desempenho intelectual e
as áreas do comportamento adaptativo em defasagem.
© U2 - Estudo das Deficiências 89
Principais etiologias
As causas da deficiência intelectual são inúmeras e comple-
xas, envolvendo fatores de risco pré-natais, perinatais e pós-natais,
conforme descritos a seguir.
1) Fatores de risco e causas pré-natais: são aqueles que
incidem desde a concepção até o início do trabalho de
parto, tais como:
a) Desnutrição materna.
b) Má assistência à gestante.
c) Doenças infecciosas (sífilis, rubéola, toxoplasmose).
d) Tóxicos: alcoolismo, consumo de drogas, efeitos co-
laterais de medicamentos (medicamentos teratogê-
nicos), poluição ambiental etc.
e) Genéticos: alterações cromossômicas (numéricas
ou estruturais) – Síndrome de Down, Síndrome de
Martin-Bell, erros inatos do metabolismo (fenilce-
tonúria), esclerose tuberosa etc.
2) Fatores de risco e causas perinatais: são aqueles que
incidem do início do trabalho de parto até o 30º dia de
vida do bebê, tais como:
a) Má assistência ao parto e traumas de parto.
Características de aprendizagem
O comportamento cognitivo é a área na qual as pessoas com
deficiência intelectual mais se diferenciam em relação às demais.
Na concepção de Piaget (1990), o desenvolvimento infantil
distingue-se em três estágios:
• período sensório-motor;
• período da inteligência representativa (subdividido em
período pré-operatório e operatório-concreto);
• período das operações formais.
O indivíduo com deficiência intelectual pode permanecer
maior ou menor período de tempo em cada uma dessas fases,
considerando-se a faixa etária, o contexto socioeconômico e, so-
bretudo, a qualidade dos estímulos recebidos. Todavia, indepen-
dentemente da existência ou não de alguma necessidade especial,
a ordem de sucessão desses estágios não se altera.
Características socioafetivas
As pessoas com deficiência intelectual estão sujeitas às mes-
mas variações de comportamento social e emocional demonstra-
dos por qualquer outro indivíduo. Todavia, por não compreende-
rem totalmente o que se espera delas em determinadas situações,
algumas reações podem ser consideradas inadequadas ou inapro-
priadas.
As pessoas com deficiência intelectual necessitam de mais
oportunidades para a generalização da aprendizagem, devido à
dificuldade que apresentam em aprender com as situações pas-
sadas.
Podem surgir manifestações isoladas de agressividade, exa-
cerbação da afetividade, dificuldade de compreensão de limites,
entre outros aspectos, com os quais o professor de Educação Física
terá de aprender a lidar. É fundamental que a escola ofereça um
serviço de apoio psicopedagógico ao qual esse profissional possa
recorrer.
Síndrome de Down
Conforme apresentado no Tópico Principais etimologias, são
muitas as causas que podem levar à deficiência intelectual. Uma
delas, no entanto, merece atenção especial, por ser a anomalia ge-
nética mais frequente em todas as nacionalidades, raças e classes
sociais.
As características dessa síndrome foram descritas pela pri-
meira vez, em 1866, pelo cientista John Langdon Down. Devido al-
gumas semelhanças com os habitantes da Mongólia, inicialmente,
esses indivíduos foram chamados de mongoloides. Atualmente,
não se usa mais esse termo para se referir às pessoas com Síndro-
me de Down (SD), devido aos estigmas que ele acarreta.
8. DEFICIÊNCIA MOTORA
Conceito
A deficiência motora consiste em toda e qualquer alteração
no corpo humano resultante de problema ortopédico, neurológico
Figura 15 Mielomeningocele.
Figura 16 Hidrocefalia.
Figura 16 Hidrocefalia.
Quandoconstatada
Quando constatada a hidrocefalia,
a hidrocefalia, recorre
recorre-se
recorre-se a um
a um procedi-
procedimento
mento denominadodenominado
derivação derivação ventricular,
ventricular, que na
que consiste consiste na
instala-
instalação
ção de um
de um tubo finotubo finona
(válvula) (válvula)
cavidadenacerebral
cavidade
quecerebral que
redireciona
oredireciona o liquor
quorou
liquor ao coração aoàcoração
cavidadeouabdominal.
à cavidade abdominal.
Oscuidados
Os cuidados relacionados
relacionados às pessoas
às pessoas que apresentam
que apresentam mielo-
mielomeningocele são, basicamente, os mesmos
meningocele são, basicamente, os mesmos apresentados no Tópi-apresentados
noLesão
co Tópico Lesão medular
medular (página 83).
(página 83).
Acidentevascular
Acidente vascularencefálico
encefálico
Popularmenteconhecido
Popularmente conhecido
comocomo derrame
derrame,
derrame, o acidente
o acidente vascu-
vascular
lar encefálico
ncefálico
encefálico (AVE) designa
(AVE) designa um danoum dano causado
causado ao tecidoao teci
tecido
cerebral
cerebral por transtornos circulatórios. O AVE é causado por uma
interrupção do fluxo sanguíneo na estrutura cerebral, por
obstrução ou rompimento de vasos, levando à degeneração do
© U2 - Estudo das Deficiências 117
Classificação Topográfica
1) Monoplegia: comprometimento de um único segmento
corporal.
2) Paraplegia: comprometimento dos membros inferiores.
3) Diplegia: os quatro segmentos corporais são afetados,
enquanto os membros inferiores ficam mais comprome-
tidos que os superiores.
4) Hemiplegia: envolvimento completo de um dos lados do
corpo (membros superior e inferior).
5) Triplegia: acometimento de três membros quaisquer.
6) Quadriplegia: comprometimento total, envolvendo pa-
ralisia da face, tronco e os quatro membros.
Classificação Neuroanatômica
1) Piramidal: lesão das fibras eferentes que vão do córtex
aos membros, resultando em paralisia espástica.
2) Extrapiramidal: lesão de outra área que não a das fibras
eferentes, afetando, geralmente, os gânglios da base.
Resulta em movimentos discinéticos.
3) Cerebelar: lesão no cerebelo, cuja função é a coorde-
nação de movimentos, percepção do corpo no espaço e
manutenção do equilíbrio.
Classificação Neuromotora
1) Espasticidade: caracterizada pelo aumento do tônus
muscular (hipertonicidade) resultante de lesões no
córtex ou nas vias daí provenientes. Musculatura em
constante estado de tensão, levando a contraturas e de-
formidades durante o período de desenvolvimento do
Distrofia muscular
As miopatias designam estados patológicos que atuam, pri-
mariamente, na musculatura estriada, resultando em déficit mo-
tor, hipotonia e alteração dos reflexos.
A distrofia muscular engloba um grupo de doenças heredi-
tárias que se caracterizam por uma fraqueza progressiva e difusa
de vários grupos musculares; as células do ventre dos músculos
se degeneram e são substituídas por tecido adiposo e conjuntivo
(pseudo-hipertrofia).
Os sintomas da doença podem surgir a qualquer momento;
entretanto, a maioria dos casos de distrofia muscular ocorre em
crianças e jovens.
Segundo a Associação Brasileira de Distrofia Muscular
(2012), existem mais de trinta formas diferentes de distrofias mus-
culares já identificadas, com diferentes níveis de complexidade e
envolvendo grupos musculares distintos. A seguir, falaremos sobre
seus principais tipos.
2
É importante ressaltar que, em dos casos, a mutação é ad-
3
quirida da mãe e, em 1 , ocorre um erro genético, uma muta-
3
ção nova quando a criança foi gerada.
Os sintomas da DMD podem ser observados entre 3 e 5 anos
de idade: quedas frequentes, dificuldade para subir escadas, cor-
rer, levantar-se do chão etc. De acordo com esses sintomas, pode
ser que o indivíduo tenha uma pseudo-hipertrofia na região da
panturrilha. A fraqueza muscular na região do tronco é responsá-
vel por escoliose progressiva de gravidade variável.
Os membros superiores são atingidos com a progressão da
doença; na adolescência, por exemplo, a fraqueza muscular pro-
gressiva pode impedir a criança de andar, e o comprometimento
do músculo cardíaco e da musculatura ventilatória já se manifes-
tam.
9. TEXTO COMPLEMENTAR
Para complementar o conteúdo desta unidade, recomenda-
mos a leitura do artigo de Cidade e Freitas (2002), intitulado Edu-
cação Física e inclusão: considerações para a prática pedagógica
na escola. Para sua comodidade, foram extraídos alguns trechos
dele. Se possível, faça a leitura do artigo na íntegra, disponível no
site indicado nas E-Referências.
11. CONSIDERAÇÕES
Antes de planejar as práticas pedagógicas de Educação Física
envolvendo as pessoas com deficiências, é importante conhecer
as características e as necessidades especiais de cada população.
Por tudo o que foi descrito até o momento, fica evidente que
a condição de deficiência varia muito de um indivíduo para o outro,
o que torna o desafio de garantir a participação dessas pessoas nas
aulas de Educação Física Escolar uma grande responsabilidade. É
importantíssimo que o professor de Educação Física preserve o di-
12. E-REFERÊNCIAS
Lista de figuras
Figura 1 Símbolo de deficiência. Disponível em: <http://www.inclusive.org.br/?p=17494>.
Acesso em: 4 jan. 2012.
Figura 6 Fenômeno da audição. Disponível em: <http://www.geocities.ws/
investigandoaciencia/orgaosdossentidos.htm>. Acesso em: 4 jan. 2012.
Figura 7 Alfabeto – Libras. Disponível em: <http://jardineirosdegente.blogspot.
com/2010/11/alfabeto-libras.html>. Acesso em: 4 jan. 2012.
Figura 9 Exame de cariótipo indicando Trissomia do 21. Disponível em: <http://www.
presenteparahomem.com.br/doencas-geneticas-por-alteracao-nos-cromossomos-a-
sindrome-de-down/>. Acesso em: 4 jan. 2012.
Figura 10 Linha simiesca. Disponível em: <http://loyolauniversity.adam.com/graphics/
images/es/17226.jpg>. Acesso em: 4 jan. 2012.
Figura 11 Prótese esportiva. Disponível em: <http://redepsicologia.com/perturbacao-
identidade-integridade-corporal-amputacao>. Acesso em: 4 jan. 2012.
Figura 12 Lesão medular. Disponível em: <http://anynhablogueirinha.blogspot.
com/2010/06/lesao-medular.html >. Acesso em: 4 jan. 2012.
Figura 13 Níveis de lesão medular. Disponível em: <http://serlesado.com.
br/?m=201010&paged=4>. Acesso em: 10 out. 2011.
Figura 14 Localização do poliovírus. Disponível em: <http://togyn.br.tripod.com/
poliomielite.gif>. Acesso em: 4 jan. 2012.
Figura 15 Mielomeningocele. Disponível em: <http://brasilmedia.com/tipos-de-
deficiencia-motora.html#spinabifida>. Acesso em: 4 jan. 2012.
Figura 16 Hidrocefalia. Disponível em: <http://www.beliefnet.com/healthandhealing/
getcontent.aspx?cid=103638>. Acesso em: 4 jan. 2012.
Figura 17 Acidente Vascular Encefálico (AVE). Disponível em: <http://www.
medicinageriatrica.com.br/2008/01/24/acidentes-vasculares-cerebrais/acidente-
vascular-cerebral/>. Acesso em: 4 jan. 2012.
© U2 - Estudo das Deficiências 135
Sites pesquisados
AMERICAN ASSOCIATION ON INTELLECTUAL AND DEVELOPMENTAL DISABILITIES (AAIDD).
Disponível em: <http://www.aaidd.org/IntellectualDisabilityBook/content_2678.
cfm?navID=282>. Acesso em: 4 jan. 2012.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DISTROFIA MUSCULAR (ABDIM). Os principais tipos de
distrofia muscular. Disponível em: <http://www.abdim.org.br/dg_tiposdistrofia.php>.
Acesso em: 4 jan. 2012.
BRASIL. Congresso Nacional. Lei n. 10.436, de 24 de abril de 2002. Disponível em: <https://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10436.htm>. Acesso em: 16 jan. 2012
BRASIL. Orientação e mobilidade. Disponível em: <portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/
pdf/ori_mobi.pdf>. Acesso em: 13 jan. 2012.
CIDADE, R. E. A.; FREITAS, P. Educação Física e Inclusão: considerações para a prática
pedagógica na escola. Integração, Brasília, ano 14, p. 26-30, 2002. Disponível em: <http://
www.rc.unesp.br/ib/efisica/sobama/sobamaorg/inclusao.pdf>. Acesso em: 4 jan. 2012.
IBGE. Censo 2000. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/
noticia_visualiza.php?id_noticia=438&id_pagina=1>. Acesso em: 4 jan. 2012.
LUCARELI, P. R. G. Análise de Marcha em Mielomeningocele. Disponível em: <http://
www.fisioterapia.com.br/publicacoes/mielomen.asp >. Acesso em: 18 mar. 2011.
OLIVEIRA, G. O.; WIBELINGER, L. M.; DEL LUCA, L. Traumatismo cranioencefálico:
uma revisão bibliográfica. Disponível em: <http://www.wgate.com.br/conteudo/
medicinaesaude/fisioterapia/neuro/traumatismo_tce.htm>. Acesso em: 4 jan. 2012.
3
e Conteúdos
Adaptados
1. OBJETIVOS
• Conhecer e aplicar os procedimentos pedagógicos ade-
quados às necessidades educacionais de pessoas com de-
ficiências.
• Criar adaptações e meios para desenvolver os conteúdos
convencionais da Educação Física às necessidades educa-
cionais de pessoas com deficiências.
• Conhecer e desenvolver conteúdos físicos, esportivos e re-
creativos adaptados às pessoas com deficiências.
• Incentivar a participação de pessoas com deficiências em
atividades físicas, esportivas e recreativas diversificadas.
2. CONTEÚDOS
• Procedimentos pedagógicos, estratégias de ensino e adap-
tações às necessidades especiais de pessoas com deficiên-
cias.
138 © Educação Física Especial e Adaptada
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Na unidade anterior, você teve a oportunidade de conhecer
as necessidades especiais de pessoas com deficiências e os prin-
cipais conceitos relacionados aos principais tipos de deficiências:
1) visual;
2) auditiva;
3) intelectual;
4) motora.
Foram ainda discutidos os critérios de avaliação e classifica-
ção dos vários tipos de deficiência, as causas e fatores etiológicos,
as características, os cuidados e as implicações pedagógicas rela-
cionados a cada uma delas.
Ao projetarmos o processo de inclusão escolar e a necessi-
dade de serviços de apoio, partimos da ideia de que a inclusão é
mais do que uma mudança no sistema de ensino para o aluno com
necessidades educacionais especiais, uma vez que determinamos
a importância de transformações profundas na escola, no que se
refere à metodologia, ao currículo e à avaliação, bem como mu-
danças mais subjetivas quando nos referimos às concepções de
apoio essenciais durante o processo de inclusão desse aluno no
ensino regular, para que ele obtenha sucesso na realidade educa-
cional.
Em um programa de Educação Física na perspectiva inclusi-
va, a diversidade é abordada sob vários aspectos, não se restrin-
gindo apenas à condição das pessoas envolvidas, mas, sobretudo,
à qualidade das oportunidades de vivência da Educação Física em
suas diferentes manifestações.
A diversidade está presente nas metas, nos currículos, nos
conteúdos, nas estratégias e procedimentos pedagógicos, nos ma-
teriais e recursos empregados, nos locais e ambientes de interven-
ção, nos métodos de avaliação e em todos aqueles que participam
do processo de ensino-aprendizagem. O que se preconiza é que a
Tutoria
A tutoria é uma das técnicas que tem o propósito de auxiliar
a inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais no
processo de ensino-aprendizagem. Além disso, é uma das estraté-
gias de ensino que vem sendo adotada nas escolas, onde o profes-
sor prepara um colega de sala ou da escola para auxiliar e ajudar o
aluno com necessidades educacionais especiais.
A tutoria é uma via de mão dupla; por meio dela, todos os
envolvidos no processo educacional aprendem e se beneficiam
mutuamente.
Segundo Mauerberg de Castro (2005a, p. 9), a premissa bá-
sica da tutoria é que:
A individualidade preservada no modelo inclusivo nasce da rela-
ção entre as pessoas diferentes e não mais da necessidade espe-
cial individual, solitária, centrada em diagnósticos. Ambas as partes
aprendem e ensinam a si próprias, ao outro e ao educador.
Ensino colaborativo
O sistema de ensino deve reconhecer a necessidade de pro-
fessores de apoio nas salas de aula, comprometidos em auxiliar
o professor da sala de aula a desenvolver estratégias e atividades
que incluam os alunos com necessidades educacionais especiais,
Consultoria
Além do processo de assistência direta ao professor (ensi-
no colaborativo) ou ao aluno (tutoria), é fundamental desenvolver
serviços de apoio e envolvimento à família, além do contato com
outras instituições e entidades, que podem facilitar a troca de in-
formações e o esclarecimento de possíveis dúvidas.
Consultoria, dentro dos conceitos referentes à inclusão, ca-
racteriza-se pelo apoio e envolvimento da família na escola, pelo
contato com outras instituições e entidades, além de profissionais
que não unicamente os da área de Pedagogia. Tem por finalidade
melhorar as condições de aprendizagem dos indivíduos com ne-
cessidades educacionais especiais.
Adequações curriculares
Ao elaborar um programa de Educação Física Escolar que
inclua pessoas com deficiência, o primeiro passo é procurar es-
tabelecer um diagnóstico inicial (conforme sugerido no Tópico 4
da Unidade 2), com o intuito de examinar e investigar as circuns-
tâncias relativas às pessoas envolvidas nesse processo, ou seja, ao
indivíduo que apresenta a condição de deficiência e ao seu grupo
de convivência. É importante conversar sobre as preferências e ex-
periências anteriores de ambas as partes, identificando interesses
e metas comuns.
O professor deve acolher e receber todos os alunos com o
mesmo nível de atenção e consideração. A curiosidade e as per-
guntas que eventualmente surgirem devem ser respondidas com
naturalidade. O professor deve garantir oportunidades de partici-
pação a todos (individualmente ou em grupo), mantendo o foco
Adaptações pedagógicas
Modificações quanto à instrução
O professor dispõe de diferentes ferramentas e técnicas para
adequar sua orientação às necessidades do indivíduo ou grupo.
Uma vez que os alunos apresentam diferentes modalidades de
aprendizagem, o professor deve conhecer e identificar o estilo de
ensino mais adequado a cada situação, conforme a preferência ou
necessidade do aluno. Lieberman (2002) e Rich (2004) descrevem
quatro estilos de ensino:
1) Estilo por comandos: as decisões quanto ao conteúdo
da aula, organização do ambiente e padrões satisfatórios
de desempenho são estipulados pelo professor.
2) Estilo por tarefas: o professor desenvolve uma série de
tarefas que progressivamente conduzem ao cumprimen-
to dos objetivos.
3) Estilo por descoberta guiada: por meio de questões ou
breves indagações, o professor conduz o aluno ao longo
de uma série de desafios progressivos que resultam na
descoberta do movimento proposto.
4) Estilo solução de problemas: preconiza o desenvolvi-
mento de múltiplas soluções frente a um problema for-
mulado pelo professor, conforme critérios preestabele-
cidos.
A seguir, são apresentados vários tipos de abordagem em
uma sequência de apresentação das informações que visa garantir
maior autonomia ao indivíduo com deficiência. Em determinadas
situações, pode-se utilizar as técnicas de instrução em combinação
ou associação; em outras, basta o uso de apenas um dos modelos
seguintes (LIEBERMAN, 2002):
1) Orientação verbal: explicar verbalmente, de forma clara
e objetiva, o que se espera que o aluno faça.
2) Demonstração: exemplificar, por meio de ações de-
monstrativas ou utilização de modelos, o que se espera
que o aluno desenvolva.
Instruções
O professor pode recorrer a diferentes estilos de ensino e
estratégias pedagógicas diversificadas para facilitar a compreen-
são do aluno. Entre outros aspectos, deve-se observar o tipo de
comunicação preferida pelo aprendiz.
No caso de um aluno surdo, observar se ele compreende Li-
bras, se realiza leitura labial ou, ainda, se prefere o emprego de
orientações orais e gestuais simultaneamente, durante o ensino
dos fundamentos da modalidade.
Já um aluno cego pode necessitar de outros tipos de instru-
ção para a aprendizagem desses fundamentos, tais como:
• descrição verbal precisa dos movimentos;
• percepção tátil da realização do movimento em outrem
para posterior reprodução/imitação;
• percepção cinestésica, sendo conduzido pelo professor
na realização do movimento esperado.
Um aluno com deficiência intelectual pode preferir a de-
monstração dos exercícios ou, ainda, necessitar de um número
maior de repetições para a assimilação do movimento, e assim por
diante.
Um aluno com deficiência motora, por sua vez, pode jogar
sentado, no chão ou na própria cadeira de rodas (conforme a etio-
logia apresentada) ou, ainda, dispor de assistência física de um
colega para movimentação e/ou deslocamento de sua cadeira de
rodas.
Equipamentos/Materiais
A bola de voleibol convencional nem sempre é adequada a
determinadas condições dos alunos; um aluno com velocidade de
reação mais lenta, por exemplo, o que é comum em alguns casos
de deficiência intelectual, pode preferir uma bola maior e mais
leve, cuja trajetória seja mais lenta e permita que ele tenha mais
tempo para se organizar diante da tarefa motora.
Espaço Físico
As dimensões da quadra também não necessariamente pre-
cisam ser as convencionais (18 x 9 metros), sendo possível aumen-
tar ou diminuir a largura e ou o comprimento da quadra. Ademais,
a altura da rede em relação ao solo também pode variar, com o
intuito de facilitar ou aumentar o grau de dificuldade da tarefa pro-
posta, ajustando-a ao nível de habilidade do aprendiz.
Regras
O professor pode construir, a partir de sugestões dos pró-
prios alunos, modificações e variações nas normas do jogo. Não
necessariamente se devem empregar as regras convencionais ou
preestabelecidas.
Pode-se variar o número de jogadores por equipe, permi-
tir que a bola toque no solo entre o passe de um jogador para o
outro, estabelecer um determinado número de passes entre eles
antes que a bola passe para a outra equipe, e assim por diante.
No caso dos alunos cegos, que não conseguem visualizar a
trajetória aérea da bola, pode-se recorrer ao educativo denomi-
nado volençol, no qual cada equipe se utiliza de um lençol para
receber a bola e devolvê-la para a outra equipe. Em parceria com
outros alunos que enxergam, a criança com deficiência visual po-
derá ser incluída na atividade.
© U3 - Procedimentos Pedagógicos e Conteúdos Adaptados 161
7. CONTEÚDOS ADAPTADOS
No Tópico 6, nossas atenções estiveram voltadas aos proce-
dimentos metodológicos e às estratégias de ensino-aprendizagem,
com o intuito de conferir um tratamento pedagógico adequado às
necessidades especiais de pessoas com deficiências.
Os currículos na área de Educação Física abrangem um re-
pertório relacionado à cultura corporal de movimento, caracteri-
zado pela multiplicidade e pela pluralidade de conteúdos a serem
desenvolvidos nos diferentes níveis de ensino.
Para demonstrar a diversidade de conteúdos que podem
ser abarcados em um programa de atividades motoras, Pedrinelli
(2003) sugere um guia ilustrativo de atividades físicas e esportivas.
Tal guia foi baseado em:
1) Modalidades esportivas envolvidas nos Jogos Parao-
límpicos, dos quais participam atletas com deficiência
motora (amputação, paralisia cerebral, em outras condi-
ções), atletas com deficiência visual e, em algumas edi-
ções, atletas com deficiência intelectual.
2) Modalidades esportivas desenvolvidas nas Olimpíadas
Especiais, das quais participam atletas com deficiência
intelectual em esportes regulares e em esportes unifica-
dos (modalidades das quais participam atletas parceiros
que não apresentam deficiência intelectual).
3) Modalidades esportivas dos Jogos Mundiais para Sur-
dos, dos quais participam atletas com perda auditiva
equivalente a 55 decibéis.
4) Outras modalidades esportivas notoriamente conheci-
das e que não fazem parte dos eventos citados, a exem-
Atividades físicas
Vários estudos têm abordado os inúmeros benefícios da ati-
vidade física e do exercício voltados à saúde; por isso, mesmo com
alterações funcionais e características próprias, as pessoas com
deficiência podem e devem se engajar em vários tipos de ativida-
des físicas e exercícios adequados às suas necessidades.
A atividade física pode ser caracterizada como qualquer
movimento corporal produzido pela musculatura esquelética que
resulta em um gasto energético acima dos níveis de repouso (CAS-
PERSEN; POWELL; CHRISTENSON, 1985).
Esse comportamento inclui todas as atividades realizadas
diariamente, quer seja no trabalho, no lazer ou nas demais ativida-
des como alimentar-se, vestir-se etc. A atividade física e o exercício
físico diferenciam-se a partir da intencionalidade do movimento.
Este pode ser considerado um subgrupo das atividades físicas, que
é planejado, estruturado e repetitivo, tendo como propósito a ma-
nutenção ou a otimização do condicionamento físico; aquela tem
como finalidade a melhoria de um ou mais componentes da apti-
dão física.
A aptidão física representa a habilidade que o corpo tem
de adaptar-se às demandas do esforço físico que a atividade pre-
cisa para níveis moderados ou vigorosos, sem levá-lo à completa
exaustão.
Os componentes da aptidão física para pessoas com defici-
ências não se diferem dos convencionais, podendo ser subdividi-
dos em dois grupos:
• os componentes da aptidão física relacionados à saúde
envolvem a composição corporal, a resistência cardior-
respiratória e as funções musculoesqueléticas (força/re-
sistência muscular e flexibilidade);
• os componentes da aptidão física voltada às habilidades
esportivas envolvem variáveis como agilidade, equilíbrio,
coordenação motora, potência e velocidade (ARAÚJO;
ARAÚJO, 2000).
Atividades Recreativas
A recreação abrange um número infinito de experiências
numa multiplicidade de situações e contextos. Dentre as diversas
possibilidades de atividades recreativas, destaca-se o jogo, não
apenas por ser um conteúdo inerente à Educação Física, mas, so-
bretudo, por sua importância no desenvolvimento infantil. É sobre
ele que conversaremos um pouquinho neste tópico.
Por sua representatividade, o jogo é estudado em diferentes
teorias e abordagens, devido às implicações culturais, psicosso-
ciais, cognitivas e educacionais. Sociólogos, antropólogos, psicólo-
gos e educadores apresentam diferentes correntes e ideias sobre
o jogo, mas todos são unânimes em ressaltar sua importância na
vida do homem e da sociedade.
O jogo pode ser espontâneo, acontecer gratuitamente, sem
finalidades externas a ele, podendo ser observado nas ruas, em
festas e tradições folclóricas, simplesmente pela diversão que pro-
porciona às pessoas; mas pode também estar associado a finalida-
des terapêuticas e pedagógicas, constituindo um meio facilitador
para os processos de reabilitação e de aprendizagem.
O jogo pode ser compreendido como um elemento consti-
tutivo da cultura humana, representado pelos jogos tradicionais
infantis, que se perpetuam pela transmissão entre gerações. Ele
pode evocar, ainda, atitudes e comportamentos que denotam ca-
racterísticas da personalidade do indivíduo e constituir um signifi-
cativo elemento/indicador na construção das relações sociais.
Atividades esportivas
O esporte adaptado consiste em um conjunto de modalida-
des modificadas ou especificamente criadas para atender às ne-
cessidades especiais de indivíduos com deficiências, por meio de
adequações e ajustes nas regras, no espaço físico, nos materiais e
nos equipamentos ou, ainda, nas metodologias de ensino (MUNS-
TER; ALMEIDA, 2010).
Vários autores destacam os benefícios do esporte adaptado
nos aspectos físicos e psicossociais de pessoas com deficiências,
indicando melhoria nos níveis de aptidão física, aumento no grau
de independência e autoconfiança para a realização das ativida-
des diárias, além da melhora do autoconceito e da autoestima.
(GORGATTI; GORGATTI, 2008; CARVALHO, 2006; MAUERBERG DE
CASTRO, 2005b; WINNICK, 2004).
No esporte convencional, é comum basear-se em critérios
de categorização por gênero (masculino e feminino) e por faixa
etária (pré-mirim, mirim, infantil e juvenil). No esporte adaptado,
além das variáveis anteriores, são considerados, também, o tipo
de deficiência e o nível funcional do atleta, com base nas habilida-
des demonstradas no desempenho de cada modalidade esportiva.
Assim, no esporte adaptado, o atleta submete-se a uma
classificação funcional, com o intuito de ser enquadrado em uma
categoria na qual os demais participantes apresentem condições
físicas semelhantes, na tentativa de minimizar as desvantagens es-
tabelecidas pelo tipo e pelo grau de deficiência para a prática de
determinada modalidade.
O esporte adaptado teve sua origem no período após as
grandes guerras mundiais, visando ao tratamento e à reabilitação
cada time pode dar três toques na bola antes que ela seja passada
para o outro lado da rede; o ponto é feito quando a bola passa a
rede e toca o solo adversário.
São poucas as diferenças quanto às regras; uma outra dife-
rença que existe entre os dois “tipos” de voleibol é que, na moda-
lidade sentada, o saque pode ser bloqueado.
Cada jogo é decidido em melhor de cinco sets, e vence cada
parcial o time que marcar 25 pontos; em caso de empate em 24
pontos, ganha a equipe que abrir dois pontos de vantagem. O
quinto set, chamado de tie break, é disputado até 15 pontos; caso
o placar fique empatado em 14 pontos, ganhará o time que abrir
dois pontos de vantagem (ABVP, 2003).
8. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
1) Quais são as estratégias voltadas à inclusão de alunos com necessidades es-
peciais no sistema de ensino regular? Explique em que consiste cada uma
delas.
9. CONSIDERAÇÕES
O professor que pretende atuar na perspectiva inclusiva
deve reestruturar a grade curricular e a maneira como trabalhará
(técnicas, formas de organização e adaptações específicas), sele-
cionando e organizando as metas e os conteúdos a serem utiliza-
dos conforme as necessidades especiais de seu aluno.
As estratégias de inclusão (tutoria, ensino colaborativo e
consultoria) são suportes fundamentais para que você tenha su-
cesso nesse processo. Da mesma forma, conhecer as adaptações
(instrução, materiais, espaço físico e regras) estudadas na presen-
te unidade é imprescindível para aplicar os conteúdos próprios da
Educação Física.
As atividades físicas, recreativas e esportivas adaptadas con-
sistem em conteúdos que, mediados por uma prática pedagógica
adequada, possibilitam o ajuste de suas finalidades, métodos e es-
tratégias ao efetivo nível/condição de desenvolvimento da pessoa
com deficiências motoras, intelectuais e sensoriais, bem como ao
contexto pretendido.
A adaptação de procedimentos pedagógicos aos diferentes
conteúdos permite a equiparação de oportunidades, e não a mera
compensação das desigualdades entre pessoas que apresentam
(ou não) diferentes condições e níveis de deficiências, valorizando
e promovendo suas potencialidades.
Chegamos ao final deste Caderno de Referência de Conteúdo
e esperamos que, de alguma forma, tenhamos contribuído para
sensibilizá-lo e instrumentalizá-lo em sua atuação com pessoas
com deficiências nas aulas de Educação Física Escolar, sob a pers-
pectiva inclusiva.
Bom trabalho!
© U3 - Procedimentos Pedagógicos e Conteúdos Adaptados 183
10. E-REFERÊNCIAS
Lista de Figuras
Figura 1 Inclusão Escolar. Disponível em: <http://lh4.ggpht.com/_8z1AqNBAIfQ/
StjE7n0RLPI/AAAAAAAAAOs/x3syefM1JCY/s1600-h/inclus%C3%A3o%204%5B2%5D.
jpg>. Acesso em: 5 jan. 2012.
Figura 2 Dimensões da quadra de Bocha Adaptada. Manual de orientação para
professores de Educação Física. Disponível em: <http://www.bonscursos.com/down/
bocha.pdf>. Acesso em: 5 jan. 2012.
Figura 3 Dimensões da quadra de Goalball. USABA Sports and Adaptations. Disponível
em: <http://www.usaba.org/Pages/sportsinformation/images/goalballCourt.gif>.
Acesso em: 18 mar. 2011.
Figura 4 Dimensões da quadra de Voleibol Sentado. ABVP (Associação Brasileira de
Voleibol Paraolímpico). Disponível em: <http://www.voleiparaolimpico.org.br/pequim/
quadra.png>. Acesso em: 21 mar. 2011.
Sites pesquisados
ABVP – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE VOLEIBOL PARAOLÍMPICO. . Disponível em: <http://
www.voleiparaolimpico.org.br/pequim/quadra.png > Acesso em: 21 mar. 2011.
CAMPEÃO, M. S; OLIVEIRA, R. G. Bocha Paraolímpica. Manual de orientação para
professores de Educação Física. Brasília: Comitê Paraolímpico Brasileiro, 2006. Disponível
em: <http://www.bonscursos.com/down/bocha.pdf>. Acesso em: 5 jan. 2012.
CBV – CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE VOLEIBOL. Disponível em: <http://www.cbv.com.
br/cbv2008/>. Acesso em 5 jan. 2012.
CPB – COMITÊ PARAOLÍMPICO BRASILEIRO. Disponível em: <http://www.cpb.org.br/
esportes/modalidades>. Acesso em 24 jan. 2012.
GIOIA, F. M; SILVA, P. F. R; PEREIRA, E. G. B. O voleibol sentado: uma reflexão bibliográfica
e histórica. Revista Digital, ano 13, n. 125, out. 2008. Disponível em: <http://www.
efdeportes.com/efd125/o-voleibol-sentado-um-reflexao-bibliografica-e-historica.htm>.
Acesso em: 5 jan. 2012.