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Culturais e Esportivas:
Esportes Individuais
Pedagogia dos Esportes Individuais
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Luciene Oliveira da Costa Granadeiro
Pedagogia dos Esportes Individuais
• Introdução;
• Objetivos Relativos à Prática dos Esportes Individuais;
• Aspectos Didáticos e Pedagógicos;
• Implicações Pedagógicas;
• Quem é o seu Atleta?
• Formação Esportiva;
• Planificação dos Trabalhos.
OBJETIVOS
DE APRENDIZADO
• Entender os aspectos didáticos e pedagógicos e andragógicos, que envolvem o ensino de
modalidades esportivas individuais perante a prática, discutindo as possibilidades de plani-
ficação dos trabalhos a serem realizados em conformidade com a realidade;
• Discurtir as implicações pedagógicas e andragógicas e a formação esportiva relacionadas à
iniciação e especialização.
UNIDADE Pedagogia dos Esportes Individuais
Introdução
O ensino e aprendizagem das modalidades esportivas evoluiu muito nos últimos anos.
Se lembrarmos que, há não muito tempo, os professores em geral eram as pessoas que
viviam a modalidade e transmitiam aquilo que aprenderam na prática, o que, de certo
modo, é muito rico. Não é anormal que pessoas que viveram a vida toda em um tipo de
treinamento esportivo tenham experiências complexas e muito bem elaboradas sobre
determinada modalidade. Essa característica foi abordagem do ensino das modalidades
de um modo geral por muitos anos. Mas veja, a ciência também trouxe muito conhe-
cimento, e muito sobre o entendimento daquilo que era feito na prática. A experiência
prática é muito rica, lembre-se do que dissemos na unidade anterior: saber ensinar é
primordial, mas o saber fazer também é muito rico para o professor.
Mas o que nos diferencia de alguém que viveu a vida fazendo uma modalidade?
O que nos diferencia dessa pessoa que entende tanto de uma modalidade? Havia uma
professora na faculdade que dizia: “qualquer um pode mandar um atleta fazer 20 chega-
das na piscina, mas só nós profissionais de Educação Física, entendemos o porquê fazer,
quando fazer e como fazer, e isso faz toda a diferença”. Veja, vivenciar uma modalidade
e ter experiência prática é muito importante, mas estudar o que acontece por trás desse
entendimento prático é tão importante quanto. Não devemos ensinar somente o ato mo-
tor e as regras da modalidade, devemos ensinar mais que a modalidade, devemos traçar
caminhos que levem à autonomia do aluno (isso só é possível através da compreensão
da sua própria prática).
Por isso, o intuito desta unidade é abordar os temas atuais relacionados à pedagogia
e andragogia do esporte individual, de modo crítico e reflexivo, pensando nas alterna-
tivas e maneiras de intervenção. Não vamos trazer nenhuma “receita de bolo” pronta,
mas vamos discutir os conceitos e partir deles, como profissionais, estabelecer algumas
diretrizes que devem ser consideradas no momento do planejamento das aulas e do cro-
nograma de treinamento.
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Aspectos Didáticos e Pedagógicos
Uma importante característica do trabalho de ensino é a consideração e valorização da
experiência do aluno por menor que seja seu repertório. O professor deve sempre consi-
derar o repertório motor do aluno no aspecto do ensino e aprendizagem. Autores na área
da educação física reforçam que o professor deve interpretar e utilizar essa experiência
prévia. No decorrer do ensino de modalidades esportivas, podemos lidar com diferentes
tipos de público, desde o iniciante, que não domina nada, até alguém experiente em ou-
tras modalidades e que tem facilidade de lidar com novos desafios. Usando como base a
modalidade esportiva, temos que ensinar procedimento, conceitos e atitudes. A profundi-
dade dos conceitos, procedimentos e atitudes deve depender da capacidade de absorção
do aluno.
Mesmo que você esteja treinando um atleta ou um iniciante (aluno de escola regular),
você deverá criar atividades para aumentar a sua proficiência na modalidade, conhecimen-
to sobre a modalidade e seus atos motores, e também o atleta/aluno deverá desenvolver
apreço e conduta ética para a modalidade. Portanto, todas as atividades (técnica ou táti-
ca) devem ser pensadas em como você passará conteúdos procedimentais (saber como
executar os movimentos), conceitual (o porquê e quando executar os seus atos motores),
aspectos biomecânicos (técnicos e teóricos), fisiológicos (devem ser abordados quando
pertinentes) e atitudinal (qual a importância daquela atividade na sua vida?). A ideia é que
o aluno se torne independente e que se ensine muito mais que a modalidade.
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UNIDADE Pedagogia dos Esportes Individuais
• Conceito: ensinar mais que a modalidade, ensinar como utilizar essa modalidade na
vida; ensinar para que serve cada atividade proposta na aula (velocidade? agilidade?
técnica? etc.) e como adaptá-la ou aplicá-la na modalidade. Essa dimensão do con-
teúdo deve ajudar os alunos a saberem, não apenas como fazer algo, mas também
quando, onde e por que fazer;
• Procedimento: o aluno deve ser capaz de entender o jogo (regras e mecanismo téc-
nico/táticos) e executar conscientemente os fundamentos técnicos e táticos da moda-
lidade para solução de problemas da modalidade;
• Atitude: as aulas devem considerar aspectos éticos, morais e normativos; portanto,
além de ensinar a gostar do esporte, devemos ensinar a trabalhar em equipe (ele pode
estar em uma modalidade de esporte individual, mas certamente terá uma equipe as-
sessorando a sua atuação), ensinar a respeitar o adversário, as regras etc.
Dimensão
Aprender a flutuar na água.
procedimental
Cabe salientar que o professor deve ter claro os objetivos em relação às dimensões do
conteúdo (veja o exemplo da Tabela 2). Nesse sentido, além do objetivo geral, é necessá-
rio ter os objetivos específicos em relação às dimensões dos conteúdos.
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que pode ser aplicado na iniciação de qualquer modalidade esportiva com bola (seja in-
dividual ou coletiva). O método da “Escola da bola” será abordado mais detalhadamente
em outras unidades.
No entanto, existem vários outros esportes individuais sem bola, como musculação
(fisiculturismo), escalada, corrida, automobilismo, natação, lutas etc. Neste capítulo, ire-
mos focar em aspectos universais que guiam a formação de uma atleta de modalidade
individual. Diferentemente de esportes coletivos, os esportes individuais têm uma menor
demanda de treinamento tático e tomada de decisões, no entanto, o foco no treino das
técnicas e nas ações motoras é intenso e isso deve ser treinada de forma direta sob a
orientação de um técnico experiente e de forma a desenvolver a autonomia (aprendi-
zagem ativa). Diferentemente de esportes coletivos em que o atleta tem feedback ime-
diatos tanto do técnico como dos seus parceiros de equipe (aprendizagem passiva), nos
esportes individuais, esse processo de feedback é menos intenso, por isso é importante
desenvolver nos seus atletas as habilidades de aprendizagem ativa.
Uma vez que você cria atividades e explica qual é a função da atividade para o desen-
volvimento do atleta (ou seja, criar jogos para entender a modalidade), você desenvolverá
um ambiente motivante. Também é necessário que o atleta saiba aonde ele deve chegar
(execução correta das ações técnicas e táticas para minimizar os erros), ou seja, o treino
de técnica e tática não devem ser executados sem que os atletas saibam como aquelas
atividades irão agregar no seu repertório esportivo. É normal encontrar técnicos que
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UNIDADE Pedagogia dos Esportes Individuais
simplesmente passam uma série de atividade para seus atletas sem ao menos falar do
objetivo do treino do dia, além disso, com excessiva cobrança e exposição dos atletas
(criando um sentimento de incompetência e de clima negativo nos treinos). Isso des-
motiva o atleta, além de não dar ferramenta (conhecimento) para aprendizagem ativa.
O que queremos dizer é que você tem que ensinar o seu atleta a se desenvolver de forma
autônoma e você, como técnico, deverá mostrar o caminho para isso (aprendizagem
ativa). Além de mostrar o caminho com abordagem das dimensões do conhecimento,
o técnico deverá criar um clima positivo e atividades que desenvolvam senso de com-
petência e autonomia do seu aluno – essa estratégia pedagógica para desenvolvimento
de autonomia para aprender a aprender é conhecida com teoria da autodeterminação.
Para isso, você deverá fazer com que o aluno se sinta integrado e parte daquele meio.
Isso é feito quando há as necessidades de competência e autonomia são supridas. Dessa
forma, cria-se um ambiente positivo para bons resultados, por exemplo, aderência à
prática e aprendizagem ativa.
Entretanto, para isso, é necessário que você dê ao atleta estrutura, suporte para a
autonomia e que você tenha boa relação interpessoal como o ele. A seguir, seguem
exemplos, de acordo com a teoria da autodeterminação, de como um professor pode
trabalhar com o atleta a fim de promover motivações intrínsecas.
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Quadro 2
• Dar escolhas ao aluno (por exemplo, fazer com que o aluno dê opiniões sobre di-
ferentes tipos de exercícios);
• O treinador deve fazer perguntas que gerem diálogo e pensamento em vez de
apenas dizer aos jogadores/atletas o que fazer;
• Fornecer oportunidades para jogadores/atletas formularem, testarem e avaliarem
coletivamente soluções para problemas;
Suporte para
• Perceber a melhoria do aluno (por exemplo, enaltecer a melhoria conseguida);
autonomia • Enfatizar o envolvimento com o ambiente de aprendizagem física ou experiências;
• Reconhecer e levar em conta os sentimentos e perspectivas do aluno em relação
às atividades (por exemplo, estar aberto para reclamações e respondê-las de uma
maneira positiva);
• Fornecer justificativa significativa (por exemplo, explique por que cada atividade
é benéfica e em que áreas de aptidão pode melhorar).
• Demonstrar uma boa liderança (por exemplo, negociar metas no início do trabalho);
• Responder bem e diretamente às perguntas (por exemplo, não deixar os alunos
Estrutura com dúvidas sobre certas atividades);
• Fornecer desafios transponíveis (por exemplo, trabalhar em um nível que leva os
participantes ao máximo, fornecer opções fáceis e difíceis).
Em Síntese
A aprendizagem é significativa em esporte de equipe e/ou individual quando as tarefas e
atividades de aprendizagem fazem sentido dentro do “quadro geral” – você se pergunta:
“por que tenho que fazer alguns educativos?”. É necessário que o atleta tenha compreensão
do que está fazendo. Além disso, quando o aluno está submerso num ambiente de clima
positivo, há uma promoção do sentimento de competência e de autonomia. Ao ensinar
além do procedimento – ou seja, também ensinar conceito e atitude –, você envolverá o
aluno afetivamente e socialmente, bem como fisicamente e intelectualmente, e é provável
que essas atividades sejam significativas. Em outras palavras, você promoverá a aprendiza-
gem positiva, pois a aprendizagem só ocorre em atividades significativas.
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Implicações Pedagógicas
Ao realizar uma proposta de treinamento, é importante que o profissional de educa-
ção física entenda que uma boa elaboração pode ajudar o atleta não apenas a conhecer
seu potencial, mas a identificá-lo reconhecendo seus limites. Em seu livro, Nista e Piccolo
(2014) relatam que a preocupação do professor deve ser em utilizar os métodos pedagó-
gicos, que basicamente focam nas propostas pedagógicas, no ambiente de trabalho e no
desenvolvimento das atividades.
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3. “Como me sinto com a prática? Que emoções e pensamentos a atividade me
suscita?” Visa à reflexão do aluno sobre o que ele sente em relação à ação
do comportamento.
Formação Esportiva
Iniciação Esportiva e Especialização Esportiva
Não menos importante, por mencionarmos a esta altura da unidade, o desenvolvi-
mento do atleta do ponto de vista motor é um dos objetivos da educação física, já o de-
senvolvimento da performance máxima (especialização) do atleta é objetivo do esporte.
O trabalho para desenvolvimento motor específico (especialização) para a modalidade
ou o desenvolvimento motor para a vida deve estar explícito e deve ser conversado com
os atletas e responsáveis. A formação esportiva, deve ser usado para os jovens como
meio de aprendizado de diferentes repertórios motores, que, em alguns casos, pode
virar uma especialização esportiva, caso seja apresentado potencial e vontade para a
competição por exemplo.
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Nunomura, Carrara e Tsukamoto (2010) apresentaram uma pesquisa com técnicos de ginástica
artística que afirmavam que a idade de iniciação dos atletas brasileiros na ginástica esportiva
deve ocorrer aos de 3 a 7 anos, especialização de 7 a 10 anos, o pico de performance ocorre aos
17-18 anos para meninos e 13 anos para meninas. Ocorre o abandono da prática (aposentado-
ria) em 17 anos de idade para meninas e 25 para meninos. Acredita-se que se, por um lado,
a especialização é cedo demais (o que prejudica uma longa vida esportiva), por outro lado, a
não especialização precoce não irá gerar atletas campeões. Propomos aqui é que você como
professor deve saber que tipo de atleta está preparando: para o esporte ou para a vida?
A literatura tem reportado que, quando a prática satisfaz aspectos como necessidades
fisiológicas, de segurança, social, autoestima e autorrealização, no qual colabora com a for-
mação de um cidadão social, o treinamento de alto nível é válido (LOPES; NUNOMURA,
2007). Além disso, o profissional que se depara com esses fatores precisa de conhecimento
científico no que concerne à formação de futuros atletas. O problema é quando, muitas das
elaborações de programas de treinamento para crianças estão baseados na meta do trei-
nador ou dos pais, sem mesma consulta ao objetivo da criança (isso levará a bournout da
modalidade). Ao contrário, fugindo da especialização precoce, Silva et al. (2006) discorre
que a formação de bons atletas depende do TLP, ao qual os jovens atletas devem ser subme-
tidos. O TLP deve ser realizado de forma planejada e sistemática. De acordo com Silva et al.
(2006), o processo de treinamento em longo prazo deve seguir a seguinte ordem:
1. Iniciação, no período da grande infância: enfatizar a formação básica geral,
correspondente às capacidades coordenativas;
2. Fazer com que a criança passe por etapas distintas, começando o treinamento
básico sem especialização (ou seja, variar as modalidades esportivas) e, poste-
riormente, especializando-se em uma determinada modalidade, onde se inicia
a participação em competições sob a forma de festivais e/ou gincanas;
3. Promover a especialização total, altas cargas de treinamento específico, aper-
feiçoamento e refinamento da técnica e tática, sempre buscando altos níveis
de rendimento.
Segundo Silva et al., (2003), o jovem atleta deve passar por todas as fases do TLP
para tornar-se um atleta de alto nível. O profissional da atividade física, além de ter em
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mente o conceito de treinamento lógico em longo prazo, deve também saber elencar as
possíveis vantagens e desvantagens no que diz respeito à especialização precoce.
Desvantagens
• Aspecto motor: Segundo Gomes (2008), na infância, é mais fácil ensinar a andar
de bicicleta, nadar, executar exercícios de acrobacia do que na idade adulta, pois
na idade infantil é que se desenvolvem ativamente as estruturas psicofisiológicas do
organismo, que assegura a revelação das capacidades de coordenação e, ao mesmo
tempo, ainda são pouco expressas às relações de defesa relacionadas com o sentido
do medo. A dependência entre idade e a eficiência do ensino altera-se na medida da
alternância dos períodos, que se distinguem pelo nível diferente de aprendizagem,
aceitação de influências de treino e de processamento da informação. O mesmo se
vê também quanto ao aperfeiçoamento das capacidades motoras (físicas);
• Aspecto psicológico: Alguns pais matriculam seu filho em uma escola esporti-
va sem consultá-lo. Há pais que sempre aspiram praticar determinados esportes
e projetam esses sentimentos nos seus filhos, ou seja, induzindo-os a realizar os
seus sonhos (o que não foi possível para ele). Outros que foram campeões munici-
pais em determinada modalidade esperam que seu filho alcance na mesma idade
níveis mais altos, no mínimo, um campeonato estadual. Essas cobranças podem
levar várias crianças a atingirem níveis extraordinários de rendimento, pelas suas
qualidades psicofísicas, mas, ao atingir tais marcas, algumas delas podem mostrar
desmotivação, tristeza e depressão, que contribuem para o abandono precoce das
atividades esportivas, chamado por Silva e et al. (2006) de subprodutos da prática
coercitiva propiciado pelo esporte de alto rendimento (quando não seguem as dire-
trizes que sugerimos no item “Aspectos didáticos e pedagógicos”);
• Aspecto Físico: o treinamento de resistência intenso ou o de força contém ques-
tões controversas. Há evidências de que os ossos em crescimento de uma criança
são mais suscetíveis a certos tipos de lesão mecânica do que os dos adultos, sobre-
tudo em razão da presença de cartilagem de crescimento, a qual está presente na
placa de crescimento. Apesar de não haver dados humanos correspondentes, uma
preocupação importante está relacionada com o microtraumatismo constante do
treinamento repetitivo provocada pelo treinamento de resistência (corrida) ou de
força (levantamento de peso), que pode provocar fechamento prematuro da placa
de crescimento e, consequentemente, retardar o crescimento normal dos ossos
longos. Isto é, os efeitos da pressão da atividade física regular podem estimular o
crescimento ósseo até um comprimento ideal, mas a pressão excessiva pode retar-
dar o crescimento linear (POWERS; HOWLEY, 2005).
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Vantagens
De fato, uma criança aprende rapidamente a fazer algo que lhe é exigido (SILVA
et al., 2006). Em síntese, em todas as modalidades esportivas que submete crianças
à especialização esportiva precoce, uma das consequências óbvias desse processo é o
abandono precoce das práticas esportivas Silva et al., (2006). Com isso, não perde só a
criança, mas perde também o esporte, que deixa de contar com um número significativo
de adeptos, que pode estar perdendo futuros atletas, mas também está sendo desperdi-
çada uma “chance de ouro” para o processo de educação via esporte.
A literatura tem reportado que o uso excessivo do método tecnicista ou global torna
a prática enfadonha ou excludente. Não que esses métodos não tenham resultado, eles
podem e devem ser utilizados! Entretanto, para desenvolver de forma sistemática as ca-
pacidades coordenativas, técnica (da modalidade) e também e o desenvolvimento tático
torna-se necessário um método que engloba, além desses dois métodos, um método
que desenvolva a capacidade cognitiva e a autonomia do atleta (isso, automaticamente,
deixa a modalidade mais desafiante e interessante para o atleta).
O que é método global e tecnicista? Se você não sabe, então precisar ler a seguir para esta
unidade fazer sentido. No link é abordado as características dos métodos de ensino, por
exemplo, no futebol. Claro, o futebol é um esporte coletivo, mas o princípio se aplica a todos
os esportes (individual ou coletivo), seja de interação com o adversário ou não. O método
integrado mencionado no link (Teaching Games for Understanding – Jogos de ensino para a
compreensão) é o método que abordamos nesta unidade.
Disponível em: https://bit.ly/33L1ea7
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Dessa forma, aulas que ofereçam uma variedade de estímulos, que considerem as
necessidades dos alunos, a fim de supri-las, poderão fazer com que o indivíduo se desen-
volva de forma saudável, não abandonando a prática que lhe agrada.
Todas as aulas devem ser planejadas de forma coerente, com objetivos, conteúdo
(conceitual, procedimental e atitudinal) a ser ministrado e estratégia a ser utilizada. Veja
um exemplo na Tabela 1 abaixo.
A tabela abaixo faz parte de uma aula que está inserida num cronograma (Tabela 2)
anual de atividade de iniciação esportivas para leigos (indivíduos que não conhece a mo-
dalidade, como criança) que visa desenvolver capacidades coordenativas, técnica e tática
(todas essas atividades são abordadas nas três dimensões do conteúdo – conceitual, atitudinal
e procedimental).
Ao final da aula, devem se reunir novamente para refletir criticamente sobre como
a estratégia funcionou. Se não funcionou, eles são solicitados a identificar por que não
funcionou e formular uma nova estratégia ou plano e testá-lo. O técnico deve estimular
os atletas mais experientes e confiantes a começarem a discussão, os menos experientes
devem ser estimulados a contribuir com a discussão. Isso é importante porque atletas
melhoram enquanto desenvolvem confiança em sua capacidade de se tornarem apren-
dizes independentes e solucionadores de problemas e, assim, permanecem motivados
a participar da atividade por um longo prazo. Lembre-se: essa situação só é possível
quando você dá suporte para autonomia (discutido anteriormente).
Aula 7. 14/01/2022
Exercícios/Atividades
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Observações da aula:
Avaliação:
Para que avaliar, professor? Para você saber o quanto está progredindo com seu atle-
ta na formação dele como um atleta/cidadão autônomo ético e social. Perceba que, ao
final do cronograma da Tabela 2, é sugerida a reavaliação.
Você ficaria orgulhoso do seu atleta se ele ganhasse milhões em dinheiro com o esporte que
você ensinou? Porém, imagine que ele sonega imposto (que o governo poderia reinvestir na
sociedade em educação e saúde); quando pode, despreza, trapaceia e humilha o adversário;
ou, quando está estressado, trata mal os fãs e colegas de equipe. Você não se orgulharia
dele! Você deve ter em mente que um atleta pode ser seguido por milhões de fãs que irão
copiar e reproduzir a sua conduta esportiva e social.
Por isso devemos ensinar mais do que esporte, temos que ensinar aspectos éticos, morais
e normativos e ter ferramentas de avaliação para identificar se o atleta está evoluindo em
todos esses aspectos.
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Tabela 2 – Cronograma anual para desenvolvimento motor, técnico e tático dos atletas
Mês Dia Aula Conteúdo
1 Reconhecimento do grupo (afetivo; motor; cognitivo).
2 Avaliação (cognitiva e atitudinal).
3 Avaliação (afetiva).
4 Avaliação motora (passe).
Alongamento na modalidade; (pressão de organização; regulação da aplicação de força;
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tirar vantagem tática do jogo).
Alongamento na modalidade; (pressão de tempo; antecipação defensiva; oferecer-se e
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orientar-se).
Alongamento na modalidade; (pressão de variabilidade; determinar o momento do passe;
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jogo coletivo).
Alongamento na modalidade; (pressão de complexidade; controle de ângulo; transportar
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a bola ao objetivo).
Aquecimento na modalidade; (pressão de organização; regulação da aplicação de força;
9 tirar vantagem tática do jogo) (pressão de carga; antecipação à direção do passe; superar
o adversário).
Aquecimento na modalidade; (pressão de precisão; regulação da aplicação de força; acer-
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tar o alvo).
Aquecimento na modalidade; (tirar vantagem tática do jogo; pressão de complexidade;
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determinar o momento do passe).
Músculos na modalidade; (pressão de carga; antecipação a direção do passe; superar
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o adversário).
13 Músculos na modalidade; (pressão de tempo; antecipação defensiva; oferecer-se e orientar-se).
14 Músculos na modalidade; (pressão de precisão; observação de deslocamentos; acertar o alvo).
Músculos na modalidade; (pressão de complexidade; controle de ângulo; transportar a
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bola ao objetivo).
Músculos na modalidade; (pressão de organização; regulação da aplicação de força; tirar
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vantagem tática do jogo).
Músculos na modalidade; (pressão de variabilidade; determinar o momento do passe;
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jogo coletivo).
Músculos na modalidade; (determinar linhas de corrida e tempo de bola; determinar o
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momento do passe).
Sistema Cardiovascular na modalidade; (pressão de carga; antecipação a direção do passe;
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superar o adversário).
Sistema Cardiovascular na modalidade; (pressão de tempo; antecipação defensiva; ofere-
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cer-se e orientar-se).
Sistema Cardiovascular na modalidade; (pressão de precisão; observação de deslocamentos;
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acertar o alvo).
Sistema Cardiovascular na modalidade; (pressão de complexidade; controle de ângulo;
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transportar a bola ao objetivo).
Sistema Cardiovascular na modalidade; (pressão de organização; regulação da aplicação
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de força; tirar vantagem tática do jogo).
Sistema Cardiovascular na modalidade; (pressão de variabilidade; determinar o momento
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do passe; jogo coletivo).
Sistema Cardiovascular na modalidade; (determinar linhas de corrida e tempo de bola;
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determinar o momento do passe.
Sistema energético na modalidade; (pressão de carga; antecipação a direção do passe;
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superar o adversário).
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É sério mesmo que devo ensinar, por exemplo, fisiologia e biomecânica ao meu
aluno? Sim, caso você queira desenvolver a autonomia do seu aluno! Um público bem
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interessante que desenvolve autonomia é o público da musculação. Em pouco tempo
de prática, esse público sabe quais exercícios utilizar para os músculos que desejam
hipertrofiar (muitos montam o seu próprio treino, que, em muitos casos, é tão bom ou
melhor do que o do professor da academia que ele treina); também, aprender qual tipo
de alimento deve ser ingerido para otimizar os ganhos. Isso não é observado em atletas
nas outras modalidades tanto de esportes individuais (como tênis, ginástica) quanto de
esportes coletivos (como futebol, ou vôlei). Esse público não sabe muito bem o que fazer
para correr mais rápido ou pular mais alto ou devolver a bola com mais força (apesar de
quererem isso). Por exemplo, em escolinhas, é comum observar que, apesar de o profes-
sor passar treino pliométrico, os alunos nunca ouvem esse nome da boca do treinador,
nem ele explicando como aquele exercício irá ajudá-lo na modalidade e muito menos
como os atletas podem inserir de forma efetiva aquela atividade no seu programa de
treino (ele monta o circuito, demonstra o exercício e manda os atletas reproduzirem a
ação). Particularmente, portanto, é importante que o aluno saiba para que serve e como
fazer (executar e inserir no programa de treino) as atividades que está fazendo. Isso irá
instigá-lo a querer aprender sobre a modalidade (desenvolver autonomia e participar ati-
vamente da sua aprendizagem como atleta) similarmente aos praticantes de musculação,
porque a aprendizagem ocorre por meio do envolvimento com o ambiente de aprendi-
zagem e não por meio de instrução direta.
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UNIDADE Pedagogia dos Esportes Individuais
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Desempenho esportivo: treinamento com crianças e adolescentes
SILVA, L. R. R. (Org.). Desempenho esportivo: treinamento com crianças e
adolescentes. São Paulo: Phorte, 2006.
Escola da bola: um ABC para iniciantes nos jogos esportivos
KRÖGER, C.; ROTH, K.; MEMMERT, D. Escola da bola: um ABC para iniciantes
nos jogos esportivos. São Paulo: Phorte, 2002.
Athlete-centred coaching for individual sports
LIGHT, R. Athlete-centred coaching for individual sports. Perspectives on
athlete-centred coaching. p. 139-149, 2018.
Leitura
A pedagogia do esporte e as dimensões dos conteúdos: conceitual, procedimental e atitudinal
BARROSO, A. L. R.; DARIDO, S. C. A pedagogia do esporte e as dimensões dos
conteúdos: conceitual, procedimental e atitudinal. Journal of Physical Education,
v. 20, n. 2, p. 281-289, 2009.
https://bit.ly/36My0d3
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Referências
EDMUNDS, J.; NTOUMANIS, N.; DUDA, J. L. Helping your clients and patients take
ownership over their exercise: Fostering exercise adoption, adherence, and associated
well-being. ACSM’s Health & Fitness Journal. 2009;13(3):20-5.
KRÖGER, C.; ROTH, K.; MEMMERT, D. Escola da bola: um ABC para iniciantes nos
jogos esportivos. São Paulo: Phorte, 2002.
________. L.; HARVEY, S. Positive pedagogy for sport coaching. Sport, Education
and Society. v. 22, n. 2, p. 271-287, 2017.
SILVA, L. R. R. da; MASSA, M.; RE, A. H. N.; UEZU, R.; TEIXEIRA, C. O Talento
Esportivo: refutações e perspectivas. In: SILVA, L. R. R. da. (Org.). Desempenho es-
portivo: treinamento com crianças e adolescentes. São Paulo: Phorte, 2006.
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