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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO - FAVENI

APOSTILA
EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO
FUNDAMENTAL E MÉDIO

ESPÍRITO SANTO
EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Fonte: http://www.educacaofisicaa.com.br/2015/10/3-focos-para-avaliacao-na-educacao.html

A Educação Física nada mais é do que uma atividade (área de conhecimento),

que por meios, processos e técnicas desperta, desenvolve e aprimora forças físicas,

morais, cívicas, psíquicas e sociais do educando, constituindo um dos fatores básicos da

educação nacional (BRASIL, 1971). A Educação Física deve, portanto, receber o mesmo

tratamento dos demais componentes curriculares como, por exemplo, ter horário

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garantido na grade curricular do turno e não ser utilizada como “moeda de troca” na

negociação para que os alunos se comportem durante as outras aulas.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e os Conteúdos Básicos Comuns

(CBC) também concebem a Educação Física como componente curricular responsável

por introduzir os indivíduos no universo da cultura corporal que contempla múltiplos

conhecimentos produzidos e usufruídos pela sociedade a respeito do corpo e do

movimento “com finalidades de lazer, expressão de sentimentos, afetos e emoções, e

com possibilidades de promoção, recuperação e manutenção da saúde” (BRASIL, 1996).

Por isso a Educação Física Escolar utiliza como meios principais os exercícios

físicos (movimentos ginásticos, atividades naturais como danças, jogos, lutas e

desportos), favorecendo a formação integral do indivíduo, assegurando seu normal

crescimento nos campos físicos, sociais, emocional e intelectual, para obter:

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Fonte: http://www.unicruz.edu.br/especializacao-2012-pos-em-educacao-fisica-escolar-tera-primeira-turma-n5657.html

 Saúde psicofísica;

 Bom equilíbrio emocional;

 Boa adaptação e ajuste social;

 Domínio de si mesmo;

 Educação do movimento.

Desde os primeiros momentos da vida, a criança tem necessidade de brincar. E

essas brincadeiras são as atividades recreativas, ou seja, são as atividades físicas ou

mental a que o indivíduo é naturalmente levado a praticar, de forma espontânea,

prazerosa e criadora, que o indivíduo busca para melhor ocupar seu tempo livre, como

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afirma GUERRA (1996). Para GUEDES (1998), essas atividades recreativas são de

suma importância para o desenvolvimento social dessas crianças, pois através destas a

criança passa a perceber o meio em que vive e a si mesmo. Por isso, o Profissional de

Educação Física que trabalha com crianças no ensino fundamental, principalmente de 1 ª

a 4ª série, deve utilizar em suas aulas atividades que venham auxiliar no seu

desenvolvimento psicomotor.

E uma forte aliada do Profissional de Educação Física é a Psicomotricidade, esta

é uma ação educativa baseada e fundamentada no movimento consciente e espontâneo,

que tem por finalidade complementar e aperfeiçoar a conduta global da criança (SNT).

Para CARDOSO (1994) pela psicomotricidade o indivíduo vai reencontrar-se com o seu

corpo, liberar seu potencial expressivo, conceber-se numa totalidade corpórea, definir-

se, explorar-se, analisar e avaliar suas inter-relações com o espaço-tempo, conferir aos

símbolos seu significado, significando e compreendendo enfim a linguagem do corpo. No

caso da criança, esta vai estar descobrindo o seu corpo com o auxílio da

psicomotricidade.

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OBJETIVOS ESPECÍFICOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA

Fonte: http://www.pucpr.br/graduacao/educacaofisica/noticia.php?ref=35928&id=2014-04-24_50827

 Favorecer uma boa postura;

 Obter economia de esforços;

 Favorecer a criação, por meio de jogos e elementos que estimulem a imaginação;

 Estimular harmoniosamente o corpo, satisfazendo a necessidade de movimento;

 Facilitar o domínio de espaço;

 Obter capacidade para resolver problemas de movimento;

 Obter soltura, agilidade, destreza, forças, resistência, segurança, coordenação,

etc;

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 Colocar o indivíduo em contato com a natureza;

 Obter adaptação da conduta às normas que regem para todo o grupo (esperar sua

vez, ceder lugar, acatar regras, etc.);

 Conhecer as técnicas e destrezas básicas contidas nas modalidades esportivas,

tanto individuais quanto coletivas (principalmente alunos da 3ª e 4ª série);

 Ter consciência de grupo e reconhecer o valor do trabalho em equipe implícitos

na competição esportiva;

 Utilizar adequadamente os espaços onde se desenvolvem as atividades físicas,

enfatizando as regras que definem o jogo.

PRESSUPOSTOS

 As atividades deverão ser desenvolvidas de maneira global ou fragmentada de

acordo com o grau de complexidade e organização das mesmas;

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 As atividades deverão ser desenvolvidas com motivação por todos os alunos,

independentemente do grau de rendimento técnico, procurando sempre identificar

e diferenciar a aula de educação física e o esporte de competição;

 As atividades propostas deverão respeitar o estágio em que o aluno se encontra

nos aspectos físico, mental, psíquico, motor, afetivo e social;

 A participação nas atividades pré-desportivas e desportivas irá proporcionar aos

alunos uma maior opção de lazer e socialização;

 O esporte deve ser utilizado como meio, e não finalidade de trabalho;

 Os desportos apresentam situações de conflito e cooperação, que trabalhados de

maneira pedagógica, podem se tornar excelentes instrumentos de educação. O

respeito às regras e aos adversários, ao professor e ao meio que o cerca é

fundamental para o desenvolvimento de todos.

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OBJETIVOS GERAIS DA DISCIPLINA

Fonte:

https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&ved=0ahUKEwihsIL5_5vNAhWBipAKHW46Cu0QjhwIB

Q&url=http%3A%2F%2Fnoticiaspopular.com.br%2F2016%2F03%2F01%2Feducacao-fisica-nao-pode-ficar-de-

escanteio%2F&bvm=bv.124088155,d.Y2I&psig=AFQjCNFB9ONQdFF23glo-JYxcKDmBC1KkA&ust=1465597853159484

 Informar, orientar e sensibilizar o aluno para formar um ser contextualizado,

consciente das contradições sociais e livre para raciocinar, criar e comandar suas

próprias ações e também reações;

 Oferecer condições para o desenvolvimento das qualidades físicas e promover a

sociabilização e afetividade do educando;

 Trabalhar a interdisciplinariedade na escola;

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 Executar os fundamentos básicos dos diversos tipos de esportes (individuais e

coletivos) segundo a técnica específica de cada um, sem, entretanto cobrar

performance dos alunos (principalmente alunos de 3ª e 4ª série);

 Promover a consolidação de hábitos higiênicos;

 Fazer com que o aluno descubra a variabilidade de movimentos que seu corpo é

capaz através da dança e da ginástica;

 Estimular a discussão sobre a importância do movimento;

 Preparar o aluno para exercer com consciência a autonomia que lhe é atribuída

nas aulas de Educação Física;

 Participar das atividades recreativas;

 Adotar atitudes de respeito uns com os outros;

 Adotar atitudes de respeito às normas e regras do jogo;

 Adotar atitudes de respeito com os professores;

 Favorecer as atividades em grupo e a descentralização da criança;

 Trabalhar a criança de forma completa, explorando as particularidades dos

diversos esportes em prol do seu desenvolvimento geral;

 Auxiliar no desenvolvimento de uma atitude não competitiva em relação ao sexo

oposto;

 Desenvolver uma postura positiva em relação a novas aprendizagens e às

limitações dos colegas;

 Buscar um aumento da tensão e concentração das atividades, possibilitando o

exercício de auto- avaliação e a avaliação coletiva das próprias atividades;

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 Promover jogos cujo conteúdo implique em relações sociais: criança-família,

criança-professor, criança-adulto;

 Promover jogos cujo conteúdo implique na vida de trabalho do homem, da própria

comunidade, das diversas regiões do país e de outros países.

CONTEÚDOS

Fonte:

https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&ved=0ahUKEwit5ImngJzNAhWEFpAKHbMwDXAQjhwI

BQ&url=https%3A%2F%2Funieducar.org.br%2Fcatalogo%2Fcurso-gratis%2Fatividade-fisica-e-educacao-fisica-psicomotricidade-e-

interdisciplinaridade&bvm=bv.124088155,d.Y2I&psig=AFQjCNHnDMrATo-ue5sdNdSNuEW29ItdiA&ust=1465598032311187

Como área do conhecimento, a Educação Física deve tratar das práticas corporais

construídas ao longo dos tempos. Todavia, não se trata de qualquer prática ou

movimento, e sim daqueles que se apresentam na forma de esporte, ginástica, jogos,

brincadeiras, dança, movimentos expressivos, dentre outros. Essas vivências, seus

conceitos, sentidos e significados são conteúdos legítimos a ser problematizados em

todos os níveis da educação básica.

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É importante lembrar que o trabalho educativo do corpo não é exclusivo da

Educação Física. A educação corporal envolve todas as áreas do conhecimento e está,

dentro da escola, articulada com outras práticas, muitas vezes ocultas – por exemplo, na

organização dos espaços e tempos escolares, nas formas de se movimentar, nos

regulamentos, nos conteúdos e metodologias de ensino, nos livros didáticos e eventos

comemorativos, nas filas, nas formas de se assentar, dentre outros.

A Educação Física é desafiada a propiciar ao aluno as oportunidades de:

 Aprender a conhecer e a perceber de forma permanente e contínua seu corpo,

suas limitações, na perspectiva de superá-las, e suas potencialidades, no sentido

de desenvolvê-las, de maneira autônoma e responsável;

 Aprender a conviver consigo, com o outro e com o meio ambiente.

 Aprender a ser cidadãos conscientes, autônomos, responsáveis, competentes,

críticos, criativos, sensíveis.

 Aprender a viver plenamente sua corporeidade, de forma lúdica, tendo em vista

a qualidade de vida, promoção e manutenção da saúde.

Os conteúdos de ensino que estruturam e identificam à área de conhecimento da

Educação Física como componente curricular são denominados de eixos temáticos, a

saber: esporte, jogos e brincadeiras, ginástica, dança e movimentos expressivos.

Cada um desses eixos temáticos é constituído por uma rede de conhecimentos

denominados temas, os quais por sua vez, se desdobram em subtemas/tópicos. Cada

tópico é entendido como a menor unidade de ensino a ser trabalhada em sala de aula,

tendo em vista as competências e as habilidades que se deseja desenvolver.

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Nos anos iniciais de ensino, podem ser trabalhados todos os eixos temáticos

descritos acima, porém esses não devem visar à competição e sim a aprendizagem dos

movimentos e conhecimento corporal.

 Eixo Temático: JOGOS E BRINCADEIRAS.

Brincar é uma invenção humana “um ato em que sua intencionalidade e

curiosidade resultam num processo criativo para modificar, imaginariamente, a realidade

e o presente” (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

Os jogos e brincadeiras são ações culturais cuja intencionalidade resultam em um

processo lúdico, autônomo, criativo, possibilitando a (re)construção de regras, diferentes

modos de lidar com o tempo, lugar, materiais e experiências culturais, isto é, o imaginário.

Alguns autores consideram os termos jogo, brinquedo e brincadeira como

sinônimos, pois todos eles sintetizam a vivência do lúdico.

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- Temas:

1. Jogos Populares.

2. Jogos de salão.

3. Jogos derivados dos esportes coletivos.

4. Os jogos e as brincadeiras como fenômeno sociocultural.

EXEMPLOS DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO FÍSICA:

1- Telefone sem fio.

2- Criação de peças teatrais.

3- Leituras infantis e criação de coreografias dessas leituras.

4- Atividades com a corda: brinquedos cantados, trabalhando o alfabeto.

5- Amarelinha com as vogais ou consoantes.

6- Atividades em roda, desenvolvendo a identificação do alfabeto.

7- Coelhinho sai da toca.

8- Atividades com o arco.

9- Atividades com corda.

10- Amarelinha.

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11- Queimada.

12- Pique-bandeira.

13- Andar em cima da corda.

14- Atividades com os blocos lógicos.

15- Desenhos de linhas retas, semi- retas, curvas abertas e fechadas no pátio e

também no papel.

16- Atividades no pátio sobre a importância da limpeza do pátio (após o recreio).

17- Atividades para o conhecimento do corpo humano: brinquedos cantados e vídeos.

18- Desenhar o corpo do colega no pátio.

19- Ser o espelho do colega.

20- Em círculo o aluno deverá ir ao centro e relatar a sua história: onde nasceu,

quantos anos tem, etc.

21- Pedir aos alunos para trazerem fotos de sua família e identificar as semelhanças

e diferenças com eles de seus familiares.

22- Atividades em roda, desenvolvendo a atenção e o raciocínio.

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23- Atividades que trabalhão a coordenação motora fina: recortar, copiar, desenhar,

colorir e pintar.

24- Confecção de maquetes.

25- Caminhada ecológica.

26- Teatro sobre a preservação da natureza.

27- Jogos que auxiliem no desenvolvimento do raciocínio, etc.

 Eixo Temático: GINÁSTICA

O estudo e a vivência da Ginástica envolvem o conhecimento sobre as diversas

formas de exercitar e conhecer o próprio corpo. Por isso, consideramos a ginástica uma

prática cultural, patrimônio da humanidade, legítima de ser problematizada e vivenciada

nas aulas de Educação Física.

A ginástica geral é uma das possibilidades de trabalho da Educação Física,

considerando-se a realidade de nossas escolas e alunos e as opções que ela oferece.

Essa expressão abarca ações caminhar, correr, saltar, rolar, pular, transportar,

suspender, alongar, dentre outras. Por não ter finalidade competitiva, a motivação

acontece pela auto- superação do outro. Ela possibilita o desenvolvimento de trabalhos

com grupos mistos ou heterogêneos em termos de performance e habilidades.

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Além da ginástica geral, temos também a ginástica acrobática que engloba

movimentos de solo da ginástica artística ou olímpica, os movimentos isolados e os

exercícios estáticos. A experimentação dessas práticas não requer necessariamente o

uso de materiais. Entretanto, podemos utilizar objetos como pneus, bastões, madeiras,

cordas, arcos, bancos, caixotes. As aulas poderão ser organizadas em forma de temas

específicos ou, então, em circuito, quando várias habilidades básicas – flexibilidade,

força, resistência, equilíbrio, coordenação, dentre outras – serão trabalhadas ao mesmo

tempo.

- Temas:

1. Ginástica Geral.

2. Ginástica de Solo.

3. O corpo na ginástica.

4. A ginástica como fenômeno sociocultural.

EXEMPLOS DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO FÍSICA:

1- Atividades em solo: andar em linha reta, rolar, saltar, etc.

2- Atividades com arco.

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3- Atividades com corda.

4- Atividades para desenvolver a coordenação motora grossa e fina, força, equilíbrio,

etc.

5- Rolamentos para frente, trás, etc.

6- A importância da ginástica em seu dia a dia.

 Eixo Temático: DANÇA E MOVIMENTOS EXPRESSIVOS

A dança assim como as demais práticas corporais é uma manifestação da cultura

de movimento também importante e relevante em todo o mundo.

Como forma de expressar a vida, sonhar e brincar com o corpo, a dança pode

promover o desenvolvimento orgânico, social e cultural. Dançando, o corpo desenha

formas, conta histórias, denuncia e anuncia, constrói significados, penetra no tempo e no

espaço criando e expandindo-se neles e com eles.

A dança é uma rica possibilidade de trabalhar os movimentos expressivos, mas

não é a única forma. Podemos criar oportunidades para os alunos vivenciarem a

pantomima, a produção de sons com o próprio corpo, a dramatização.

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- Temas:

1. Dança criativa.

2. Dramatização.

3. O corpo na dança e nos movimentos expressivos.

4. A dança como fenômeno sociocultural.

EXEMPLOS DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO FÍSICA:

1- Dança para a festa junina.

2- Dança para as festividades da Escola.

3- Dança Folclórica.

4- Dança de rua.

5- Cantigas de roda.

- ESPORTES:

Fonte: http://br.freepik.com/vetores-gratis/esportes-olimpicos-vetor_607465.htm

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Além dos eixos temáticos descritos acima, nas Fases do Ciclo Complementar será

introduzido também o Esporte.

O Esporte nada mais é do que uma manifestação específica da cultura de

movimento que, na sociedade contemporânea, vem se constituindo como principal

referência, seja como prática corporal propriamente dita, seja pelos princípios e valores

que expressa e ajuda a consolidar.

O esporte no contexto educacional será baseando no esporte educacional,

praticado nos sistemas de ensino e em formas assistemáticas de educação, evitando-se

a seletividade de seus participantes, com a finalidade de alcançar o desenvolvimento

integral do indivíduo e a sua formação para o exercício da cidadania e a prática do lazer.

- Temas:

1. Handebol, Futsal, Basquete, Atletismo e Voleibol (história, características,

elementos técnicos básicos, estratégias e táticas de jogo, risco e benefícios da

prática esportiva).

2. O corpo no esporte.

3. O esporte como fenômeno sociocultural.

EXEMPLOS DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO FÍSICA:

1- Voleibol.

2- Futsal.

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3- Mini basquete.

4- Atletismo.

5- Handebol.

6- Peteca.

Com base em tudo que foi dito acima, o professor de Educação Física não pode

deixar de trabalhar com todas as crianças e adolescentes independente de sua idade e

série as seguintes estruturas psicomotoras:

1) Coordenação Motora Geral e Coordenação Motora Fina:

É entendida como a atuação conjunta do sistema nervoso e da musculatura

esquelética na realização de um movimento. Implica harmonia de movimentos e a

capacidade de controle dos atos motores.

A coordenação Motora é mais ou menos instintiva e ligada ao desenvolvimento

físico. Supõe a integridade e maturação do sistema nervoso. Pode ser subdividida em

coordenação dinâmica global ou geral, viso manual ou fina e visual.

A coordenação dinâmica global envolve movimentos amplos com todo o corpo

(cabeça, ombros, braços, pernas, pés, tornozelos, quadris etc.) e desse modo coloca

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grupos musculares diferentes em ação simultânea, com vistas à execução de

movimentos voluntários mais ou menos complexos.

A coordenação viso manual engloba movimentos dos pequenos músculos em

harmonia, na execução de atividades utilizando dedos, mãos e pulsos.

A coordenação visual refere-se a movimentos específicos com os olhos nas mais

variadas direções.

A coordenação Motora fina exige movimentos pequenos, e pode ser desenvolvida

através da pintura, do cortar, etc.

Exemplo de atividades:

- Trabalhar os movimentos naturais: engatinhar, andar, rolar, saltar, pular, correr, etc.

- Trabalhar com objetos: bastões, arcos, bolas, cordas, assim favorecendo a

aprendizagem Motora.

- Trabalhar alguns jogos, para que assim os alunos obtenham noções sobre as regras

de determinados esportes.

- Trabalhar brincadeiras cantadas.

- Trabalhar com pinturas dentro de sala de aula.

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2) Esquema Corporal:

Fonte:

https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&ved=0ahUKEwiUhPzcxZ7NAhVDfZAKHTLTAkYQj

hwIBQ&url=http%3A%2F%2Finfantilarquitectoleoz.blogspot.com%2F2012%2F01%2Fcanciones-del-esquema-

corporal.html&psig=AFQjCNE0sBDti-4VOPFhxbBv7B8lV5MYmA&ust=1465685392886801

É o conhecimento das partes do corpo e dele como um todo, da sua relação com

o espaço e com os objetos à sua volta. Para Wallon apud MATTOS (1999) o Esquema

Corporal é o elemento indispensável para a formação da personalidade da criança.

A criança percebe seu próprio corpo por meio de todos os sentidos. Seu corpo

ocupa um espaço no ambiente em função do tempo, capta imagens, recebe sons, sente

cheiros e sabores, dor e calor, movimenta-se. A entidade corpo é centro, o referencial. A

noção do corpo está no centro do sentimento de mais ou menos disponibilidade e

adaptação que temos de nosso corpo e está no centro da relação entre o vivido e o

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universo. O esquema corporal, da maneira como se constrói e se elabora no decorrer da

evolução da criança, não tem nada a ver com uma tomada de consciência sucessiva de

elementos distintos, os quais, como num quebra-cabeça, iriam pouco a pouco se encaixar

uns aos outros para compor um corpo completo a partir de um corpo desmembrado.

Exemplo de atividades:

- Andar em linha reta em cima de uma corda;

- Andar de lado;

- Andar para trás;

- Andar com mudança de direção;

- Saltar dentro de um arco, executando uma palma;

- Dar um salto e executar uma palma, etc.

- Pular arcos, pular cordas, etc.

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3) Lateralidade:

Fonte: https://universoespecial.wordpress.com/2014/02/18/lista-de-atividades-motricidade-cognitivo-lateralidade-e-

coordenacao-motora/

É uma qualidade funcional interna que determina a diferença entre direita e

esquerda, tomando como referência o próprio corpo. Para isto o profissional de Educação

Física deve trabalhar com um grande número de atividades, pelas quais os dois lados

possam ser comparados, proporcionando assim experiências bilaterais, unilaterais e

alternadas às crianças. Neste sentido o trabalho do profissional deve objetivar:

 Fixar a dominância de um segmento sobre o outro mediante um máximo de

vivências motoras;

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 Tomar consciência da simetria corporal; experimentar ao máximo os movimentos

que requerem o uso diferenciado de um lado e do outro do corpo;

 Movimentar os segmentos independentes;

 Fixar a lateralidade e aprimorar os movimentos dos segmentos dominantes.

Exemplos de atividades:

- Andar em linha reta em cima de uma corda;

- Andar de lado;

- Andar para trás;

- Andar com mudança de direção;

- Pular arcos, pular cordas, etc.

- Realizar jogos que trabalhem a lateralidade.

4) Estruturação Temporal (NOÇÃO TEMPORAL):

Como afirma MATTOS (1999) o movimento da criança se desenvolve através de

um tempo. Tem um começo, um meio e um fim. A criança que planeja a sua ação Motora

deve prever a sua duração, a distribuição dos componentes ao longo de um período de

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tempo e o ritmo de execução para tal ação. Ou seja, ao estabelecer um plano de ação a

criança vê-se diante da necessidade de ordenar as suas ações respeitando a sequência

e classificação das mesmas. O desenvolvimento da Orientação Temporal deve objetivar:

 A aquisição de noções de antes, durante, agora, depois, primeiro, último;

 Aquisição de noções de simultaneidade e sucessão;

 Percepção de duração;

 Percepção de pausa e sua duração;

 Apreciação de estruturas rítmicas e;

 Apreciação de velocidades e aceleração.

A dimensão corporal influi diretamente no resultado da ação Motora. Por isto, deve-

se desenvolver a noção temporal nas aulas recreativas, pois assim a criança aprenderá

mais facilmente.

As atividades para o desenvolvimento da noção temporal, será trabalhado

juntamente com outras estruturas psicomotoras.

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5) Estruturação Espacial:

Fonte:

https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&ved=0ahUKEwiJ6JScxp7NAhVLkZAKHULoDTcQjhwIB

Q&url=http%3A%2F%2Fimpactodapedagogiamoderna.blogspot.com%2F2011%2F06%2Fsugestoes-de-atividade-

para.html&psig=AFQjCNFQ-8D-Rb1MTrA7FbPHeQ1uuxc-yg&ust=1465685526110022

Para MATTOS (1999) é a tomada de decisão do seu corpo em um ambiente, isto

é, do lugar e da orientação que pode ter em relação às pessoas e coisas. A estruturação

espacial possibilita à criança organizar-se diante do mundo que a cerca, organizar os

objetos entre si e movimentá-los e colocá-los em um determinado lugar. São objetivos da

Estruturação Espacial:

 Tomar consciência do espaço em que vive;

 Perceber o solo como ponto de apoio;

 Perceber a medida e a forma dos espaços percorridos;

 Adquirir a noção de direção e localização espacial;

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 Conseguir localizar-se dentro e fora de um espaço limitado;

 Observar o tempo de duração de um espaço percorrido e;

 Perceber a direção de um espaço percorrido.

6) Coordenação Viso-Motora:

A coordenação Viso-Motora é a capacidade de coordenar a visão com movimentos

de uma ou mais partes do corpo, ou seja, é a coordenação dos movimentos orientados

pela visão. Uma criança com coordenação Viso-Motora deficiente terá dificuldade de

ajustar-se em várias exigências de seu ambiente como: vestir-se, executar tarefas de

casa, esportes, habilidades escolares (cortar, colar, desenhar, escrever, etc.). Poderá,

portanto sentir-se rejeitada e assim excluída do meio em que vive.

7) Habilidades Manipulativas:

As habilidades manipulativas são aquelas que envolvem as mãos ou os pés na

execução dos movimentos, através dos quais podemos observar o desenvolvimento da

coordenação Viso-Motora. As principais habilidades manipulativas utilizadas na

programação para crianças são: lançar, receber, quicar, bater, rolar, chutar, amassar,

rasgar, cortar, puxar, etc. E todas essas habilidades podem e devem ser trabalhadas nas

aulas recreativas.

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8) Equilíbrio:

Fonte: http://pt-br.mensageiros.wikia.com/wiki/Arquivo:Esque%C3%A7a-o-equil%C3%ADbrio-k.jpg

O equilíbrio é o resultado de uma ação harmoniosa entre o tônus muscular

(capacidade que o músculo tem de se manter firme) e a motricidade.

Para saber se uma criança tem problemas de psicomotricidade é preciso fazer

uma avaliação psicomotora através de exercícios específicos, que verifiquem aspectos

como (COELHO et al, 2000):

- Qualidade Tônica (rigidez ou relaxamento muscular);

- Qualidade Gestual (dissociação manual e dos membros superiores e inferiores);

- Agilidade;

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- Equilíbrio;

- Coordenação;

- Lateralidade;

- Organização Temporoespacial;

- Grafomotricidade.

Essa avaliação pode revelar na criança respeitadas as características próprias do

seu desenvolvimento, se existem atrasos no desenvolvimento motor e perturbações de

equilíbrio, coordenação, lateralidade, sensibilidade, esquema corporal, estrutura e

orientação espacial, grafismo, afetividade, etc.

O professor pode ajudar e muito, em todos os níveis, na estimulação para o

desenvolvimento cognitivo e para o desenvolvimento de aptidões e habilidades, na

formação de atitudes através de uma relação afetiva saudável e estável (que crie uma

atmosfera de segurança e bem-estar para a criança) e, sobretudo, respeitando e

aceitando a criança do jeito que ela é.

Essas estruturas serão trabalhadas em atividades recreativas, ou seja, nos jogos

e brincadeiras, nos esportes, na dança e movimentos expressivos e na ginástica, pois

estas estão associadas uma as outras, por isso quando se trabalha uma diretamente

estará sendo trabalhada outra indiretamente.

31
REFERENCIAIS

BORGES, Célio José. Educação Física para o pré-escolar. 2ª ed. Rio de Janeiro: Sprint,

1987.

BRASIL. Decreto 69.450. 1971.

BRASIL. Lei n.º 9.394 de 20 de dezembro de 1996.

CARDOSO, Márcio Auril Santos. Educação Física, Recreação e Jogos. 1a ed. Brasília:

Fubrae, 1994.

CATUNDA, Ricardo. Recriando a Recreação. Rio de Janeiro: Sprint, 2000.

COELHO et al, Maria Tereza. Problemas de Aprendizagem. São Paulo: Ática, 2000.

COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino de educação física. São Paulo:

Cortez, 1992.

32
CÓRIA-SABINI, Maria Aparecida. Psicologia do Desenvolvimento. 2ª ed. São Paulo:

Ática, 1998.

GUEDES, Maria Hermínia de Souza. Oficina da Brincadeira. Rio de Janeiro: Sprint,

1998.

GUERRA, Marlene. Recreação e Lazer. 5ª ed. Porto Alegre: Sagra, 1996.

LE BOUCH, Jean. Desenvolvimento Psicomotor de 0 a 6 anos. Santa Catarina: Artes

Médicas, s/d.

MATTOS, Mauro Gomes de; NEIRA, Marcos Garcia. Educação Física Infantil:

Construindo o movimento na escola. 2ed. São Paulo: Phorte, 1999.

SILVA, Elizabeth Nascimento. Atividades Recreativas na Primeira Infância 2 e 3 anos.

2ª ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2000.

SILVA, Elizabeth Nascimento. Recreação 4 e 5 anos. Rio de Janeiro: Sprint, 1998.

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Nome do autor: Daniele Maria Kuzminski

Disponível em: http://www.pucpr.br/ eventos/educere/ educere2005/ anaisEvento/

documentos/ com/TCCI109.pdf

Data do acesso: 10/06/2016

O PAPEL DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL –

SÉRIES INICIAIS NO MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ DOS PINHAIS

INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem por objetivo elencar a importância do professor de

Educação Física nas escolas de ensino fundamental – séries iniciais no município de São

José dos Pinhais, tendo em vista a importância da Educação Física Escolar para as

crianças nesta etapa de escolaridade. Sendo a Educação Física uma disciplina de

fundamental importância na formação das crianças, se faz necessário um profissional

capacitado para o desenvolver deste trabalho que é de grande relevância no futuro das

34
mesmas, e que muitas vezes não se é dado muito valor dentro do âmbito escolar. Este

trabalho foi realizado com 17 professoras do município que ministram as aulas de

Educação Física. Elas responderam, a um questionário, do qual foi possível verificar a

sua formação, o tempo de trabalho na área e descobrir o que elas pensam sobre a

Educação Física e o desenvolvimento motor. Nos resultados, pode-se indicar que as

professoras que ministram as aulas de Educação Física não estão preparadas para atuar

nesta área, pois no grupo pesquisado nenhuma delas tem conhecimento específico para

trabalhar, todas são formadas na área do magistério e deveriam atuar dentro das salas

de aula.

REVISÃO DE LITERATURA

EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

A Educação Física contempla múltiplos conhecimentos produzidos e usufruídos

pela sociedade a respeito do corpo e do movimento. Consideram-se fundamental para a

Educação Física as atividades culturais de movimento com finalidades de lazer,

expressão de sentimentos, afetos e emoções e com possibilidades de promoção,

recuperação e manutenção da saúde.

Na Educação Física Escolar é necessário que a aprendizagem garanta ao aluno o

acesso ao conhecimento prático e conceitual. Para isso, deve-se mudar a ênfase na

aptidão física e do rendimento que caracteriza a Educação Física. É necessário torná-la

35
uma concepção mais abrangente, que complete todas as dimensões envolvidas na

prática corporal. É importante que fique claro que, os objetivos da educação física escolar

não são os mesmos do esporte, da dança, etc., o objetivo da educação física escolar é

dar oportunidade a todos os alunos para que desenvolvam suas potencialidades,

tornando-o um ser humano autônomo, crítico, organizado, sabendo respeitar aos outros

e ser respeitado (PCN’s 1997).

GALLARD citado por GRESPAN (2002, p.27) afirma que na educação física

escolar “a criança é vista como um ser historicamente situado, dona de um saber que é

importante para sua vida em sociedade. Ao mesmo tempo, tem capacidade crítica para

situar-se no mundo, para ser por ele modificado e para transformá-lo”.

Porém, encontramos ainda hoje escolas que julgam a educação física escolar

como uma disciplina sem importância, deixando-a para ser aplicada em horários de

contra turno, ou para ser praticada quando o tempo está muito quente, deixando o

material didático como se fosse um monte de bagulho, jogado em um canto 662 qualquer,

assim dificultando ou, muitas vezes, impedindo o trabalho do professor (GRESPAN,

2002).

Quando os alunos chegam até aos professores, eles já possuem esquemas

característicos de desenvolvimento cognitivo e motor, adquiridos pelas experiências no

cotidiano, que determinam sua maneira de pensar, de agir e de ser.

É por este motivo que, os professores devem respeitar a individualidade de cada

aluno, pois alguns têm mais experiências que outros. Esse respeito ao aluno só é possível

36
quando o professor possui uma bagagem de conhecimentos, estudos e pesquisas, que

lhe facilite a relação e compreensão professor-aluno.

É papel da escola e do professor trabalhar com o repertório das experiências já

vividas, e também garantir a ela novas experiências, agora em grupo. É importante que

toda criança se sinta valorizada e acolhida em todos os momentos de sua escolaridade,

principalmente no ciclo inicial onde ela ainda está se adaptando e criando vínculos com

a instituição, professores e colegas.

Para o professor de educação física o desafio de fazer com que a criança se sinta

à vontade é um pouco maior, pois no que diz respeito às habilidades motoras, algumas

crianças são mais vividas que outras. Além disto nas aulas de educação física as crianças

ficam mais expostas: nos jogos, brincadeiras, desafios corporais, entre outros (PCN,

1997).

OS CONTEÚDOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Das finalidades apontadas nos objetivos gerais e específicos da Educação Física

Escolar para o ensino fundamental de 1a a 4a série, emergem os critérios para a seleção

e organização curricular dos conteúdos. Portanto, os critérios devem levar em

consideração a relação entre a relevância social dos conteúdos e as características dos

alunos.

Todo o conteúdo significativo não é apenas o que faz parte da realidade social do

aluno, mas sim, aquele em que é produzido historicamente. O professor de Educação

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Física deve permitir ao aluno a exploração da motricidade cultural, as descobertas,

realização, vivências através das diversas atividades propostas, momentos que lhe

permitam criar novos caminhos partindo de suas próprias experiências, podendo dessa

forma, melhorar suas habilidades motoras bem como o seu conhecimento de uma forma

global.

DESENVOLVIMENTO MOTOR DE CRIANÇAS DE 5 A 10 ANOS

À medida que a criança cresce, sua habilidade motora vai se aprimorando, e a

capacidade de controlar seus músculos e mover-se com desenvoltura aumenta

consideravelmente.

Não se pode forçar esse processo de maturação. É necessário que músculos,

ossos e sistema nervoso tenham atingido determinado estágio de desenvolvimento para

que, naturalmente, as crianças possam desenvolver atividades específicas. Segundo

GALLAHUE (2003, p. 6) “o desenvolvimento é um processo contínuo que se inicia na

concepção e cessa com a morte. O desenvolvimento inclui todos os aspectos do

comportamento humano e, como resultado, somente artificialmente pode ser separado

em “áreas”, “fases” ou “faixas etárias”.

Quando a criança chega ao ambiente escolar é necessário que o professor de

Educação Física trabalhe com o seu acervo motor. A brincadeira, ou o brincar das

crianças ocupa a maior parte do seu tempo, quando acordada. As brincadeiras 663

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ajudam as crianças a assimilarem o aprendizado de forma lúdica, além de mostrar regras

e os valores dos familiares mais velhos do indivíduo. (GALLAHUE, 2003).

O PROFESSOR

É papel do professor a transmissão de conhecimentos que possibilitem ao aluno

entender a dinâmica da sociedade, bem como se apropriar de informações cientificas das

diferentes áreas de conhecimento, com intuito de avaliar e validar a necessidade dos

mesmos. “É importante que o professor num processo de avaliação continua consiga

expressar com clareza e objetivação as ideias e conceitos relacionados aos conteúdos

trabalhados” (CERPM – EF, 2004. p.17).

É necessário que o professor domine o conteúdo de ensino, reconhecendo os

conceitos básicos do assunto em pauta e das relações que se estabelecem entre elas,

para desta forma ter tranquilidade para passar o conhecimento necessário ao seu aluno.

Cabe ao professor, relacionar os conteúdos e trabalhá-los de forma articulada, coerente

com objetivos propostos e com as necessidades dos alunos. O professor desempenha

um papel fundamental na aquisição da reflexão filosófica por parte dos alunos, isto é, da

consciência crítica que supera o senso comum, e torna os assim homens e mulheres

pensantes, necessários à intervenção e transformação da sociedade.

39
O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Ser professor de Educação Física é, antes de tudo, ser educador. Ser professor é

preocupar-se com o “ser” do aluno. O profissional de Educação Física é um especialista

em atividades físicas, nas suas diversas manifestações, seja na ginástica, exercícios

físicos, jogos, lutas, danças, atividades rítmicas, expressivas, lazer, recreação e

relaxamento corporal, a Educação Física contribui para a capacitação de níveis

adequados de desempenho, visando à consecução do bem estar e da qualidade de vida,

contribuindo também para a autonomia e autoestima. Compete ao professor de

Educação Física coordenar, planejar, programar, dinamizar, dirigir, ensinar em todas as

suas aulas (CONFEF,2005).

A prática pedagógica do professor de Educação Física na escola deve, além das

vivencias físico-motoras, promover uma ação dialógica-crítica que ajude na ampliação da

visão de mundo das crianças, dando a elas ferramentas necessárias para que, enquanto

cidadãs, possam ser agentes de resistência e transformações na sociedade.

O professor de Educação Física é entendido como elemento mediador para a

operacionalizar a ação criadora e inovadora, e ao desenvolver o seu trabalho, pautado

numa concepção de cultura corporal, ajuda a construir uma Educação Física Escolar para

o exercício da cidadania (CERPM – EF, 2004).

40
MATERIAIS E MÉTODOS

O tipo de pesquisa a ser adotada foi a descritiva exploratória, que segundo

LAKATOS (2003.p188) é “uma investigação de pesquisa em périca cujo objetivo é a

formulação de questões ou de um problema, com tripla finalidade: desenvolver hipóteses,

aumenta a familiaridade do pesquisador com um ambiente, fato ou fenômeno, para a

realização de uma pesquisa futura mais precisa ou modificar e clarificar conceitos”.

A população para a pesquisa foram professores de Educação Física.

A amostra desta pesquisa foi definida de modo voluntário aleatório probabilístico,

a partir dos seguintes critérios:

a) ministrar aulas de educação física;

b) atuar na rede municipal de São José dos Pinhais;

c) atuar nas séries iniciais do ensino fundamental.

Nesse sentido foram identificados, 17 professoras que ministram aulas de

Educação Física nas Escolas Municipais centrais de São José dos Pinhais.

Foi aplicado para cada professor um questionário semiestruturado. Este

questionário foi composto por perguntas sobre: a formação dos professores; fatores que

influenciam as aulas de educação física tanto na parte física (quadras, materiais, etc.),

como na pessoal com os alunos (comportamento, relação professor/aluno, etc.).

Foi analisado também a proposta de educação física de cada escola.

Primeiramente o projeto foi encaminhado para a aprovação do Comitê de Ética.

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Depois do projeto ser aprovado foi entregue para cada professor e para cada

escola municipal escolhida aleatoriamente um termo de consentimento para a execução

do questionário de pesquisa e para a liberação da proposta pedagógica.

Após os termos entregues e aceitos pela escola e professores, foram entregues

aos professores um questionário velado para não gerar constrangimento entre os

professores de educação física formados e não formados. E após a liberação da proposta

pedagógica da escola foi feita a análise dos documentos.

Os dados das perguntas fechadas, estão apresentadas em forma de gráficos e

analisado através da porcentagem das respostas obtidas.

As informações das perguntas abertas, estão analisadas através de categorias de

análise, identificadas após a aplicação do questionário.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Depois de realizada a pesquisa nas escolas e recolhido os 17 questionários

respondidos chegamos as seguintes respostas. Nos questionários foi pedido para que as

professoras marcassem somente uma alternativa, porém, muitas delas marcaram mais

de uma, portanto, muitas vezes, os gráficos não fecharam 100% corretamente.

Dos respondentes, nenhuma é formada em Educação Física, 47% tem Magistério

Superior, 29% Magistério Normal, 12% Pedagogia e 12% Letras Português/Inglês.

Pode-se perceber que grande número da amostra iniciou o trabalho a menos de

seis meses ou tem menos de um ano de experiência. Esse dado aliado à informação da

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pergunta anterior demonstra que as crianças têm aulas com profissionais sem formação

especifica e com pouca experiência.

Nas escolas de ensino fundamental de 1a a 4a série as professoras com mais

tempo de magistério tem a preferência de escolher em que turma gostaria de trabalhar,

diante disto fizemos uma pergunta às professoras que ministram as aulas de Educação

Física, perguntando a elas o motivo pelo qual escolheu trabalhar nesta área. 45% das

professoras responderam que é por que gostam, nenhuma delas respondeu que é por

compensação salarial, 15% responderam que foi porque não havia outra pessoa para

desempenhar o trabalho e 40% diz ser por indicação da própria escola.

Foi perguntado as professoras que material elas utilizam para se orientar para

ministrar as aulas. 48% delas se orientam segundo o PCN de Educação Física, 14%

segue o Projeto Político Pedagógico da escola, 5% fazem sua própria escolha das aulas

e 33% dizem usar outro material. Este outro material refere-se ao currículo base de São

José dos Pinhais, material fornecido pela própria Prefeitura do Município, porém o que

muitas das professoras não sabem é que, o mesmo PCN de Educação Física é o

conteúdo deste currículo base.

Quando foi perguntado sobre especialização e em que área, pode-se perceber que

menos da metade do grupo tem algum tipo de especialização, mas nenhuma na área de

Educação Física. Esse dado torna-se importante, pois indica que além de não terem a

formação inicial, elas não buscam conhecimentos específicos em algum curso de pós-

graduação.

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Foram feitas duas perguntas abertas no questionário respondido pelas

professoras, as perguntas eram especificas da área de Educação Física. A primeira

pergunta era sobre o Papel do Professor de Educação Física na formação dos alunos.

As respostas para essa pergunta foram as mais variadas possíveis.

Para as professoras que ministram as aulas de Educação Física o seu papel nas

aulas está relacionada a: 5 aspectos pessoal-social, 4 desenvolvimento motor, 3

desenvolvimento psicológico, 2 desenvolvimento intelectual, 2 contribui para a

participação, 4 favorece o lado critico, 1 acha que auxilia para o esporte saudável, 2

integração e inserção, 4 para a qualidade de vida. As professoras que tem especialização

na área de Educação Infantil se mostram confiantes diante do seu papel na formação do

aluno, pois possuem maior acervo no conhecimento das necessidades das crianças

nesta faixa etária. O exemplo é a resposta de uma das professoras que possui esta

especialização que responde o seguinte:

• “promover a inserção e integração dos alunos nas aulas de Educação Física

visando o desenvolvimento e aprimoramento de habilidades, tornando-os críticos através

do diálogo e resolução de conflitos” (Respondente nº4)”.

A segunda pergunta era sobre o que elas compreendem sobre o desenvolvimento

motor das crianças. Assim como na pergunta anterior as respostas continuaram as mais

variadas possíveis.

Para elas o desenvolvimento motor está relacionado a: 2 desenvolvimento Global

do Corpo, 3 Desenvolvimento dos movimentos do corpo, 2 coordenação, 2 habilidades,

1 movimentos e 1 articulação dos movimentos. Nesta resposta fica claro que além das

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professoras não terem experiência e nem formação para trabalhar com a Educação

Física, elas não tem ideia do que seja o desenvolvimento motor para as crianças. As

professoras que responderam que o desenvolvimento motor é o desenvolvimento global

do corpo se mostram mais capacitadas e são aquelas que possuem a especialização na

área de Educação Infantil.

CONCLUSÃO

Partindo dos resultados, pode-se indicar que as professoras que ministram as

aulas de Educação Física não estão preparadas para atuar nesta área, pois no grupo

pesquisado nenhuma delas tem conhecimento específico para trabalhar, todas são

formadas na área do magistério e deveriam atuar dentro das salas de aula. A maior parte

delas começou a trabalhar com a Educação Física a menos de um ano, sem nenhuma

experiência anterior; outras só trabalham com a Educação Física por terem sido indicadas

pela escola ou por não haver lugar para ministrar aulas dentro da sala.

Através desta pesquisa, foi possível atingir os objetivos propostos, pois é

realmente importante que, para ministrar as aulas de Educação Física na escola o

professor seja formado na área e conheça as necessidades do aluno, saiba trabalhar

com o “corpo” das crianças e tenha um conhecimento específico para a área. Porém, na

amostra atingida, as professoras não possuem esta formação e estes conhecimentos,

desta forma não podem ajudar seus alunos de maneira efetiva. Na faixa etária em que

as crianças se encontram de 1a a 4a série elas tem a cada ano necessidades diferentes,

45
o corpo de cada uma delas está se desenvolvendo para que se tornem adultas. Sendo

assim, é necessário que as professoras trabalhem segundo as necessidades de cada

uma, para que nenhuma das fases de crescimento e desenvolvimento seja

comprometida.

“A Educação Física Escolar tem como objetivo dar oportunidade a todos os alunos,

para que eles desenvolvam suas potencialidades” (PCN, 1997). As 668 professoras que

ministram estas aulas tem por objetivo desenvolver os aspectos físico, motor, cultural,

intelectual de cada criança, porém muitas delas não conhecem seu papel dentro das

próprias aulas, e não sabem da importância da Educação Física para a criança, portanto

se elas não trabalham de maneira correta com seus alunos, os mesmos não terão

acréscimo em seu acervo motor. A Educação Física Escolar deve ser bem trabalhada

com objetivos claros e metodologia adequada, fazendo-se necessário, que o professor

passe para o aluno segurança nas atividades propostas, para que desta maneira os

mesmos tornem-se autônomos e cientes das capacidades que eles tem sobre o próprio

corpo e seus movimentos.

Esta pesquisa mostrou que a Educação Física é deixada de lado nas escolas do

município de São José dos Pinhais, sendo conhecida como a “hora de brincar” das

crianças. As escolas ainda não se deram conta da importância que a Educação Física

Escolar tem na vida de uma criança. É claro que são necessárias mais pesquisas, com

um grupo maior e talvez comparando com outro município, pois o grupo pesquisado foi

muito reduzido e somente da área central, entretanto, por este grupo podemos ter ideia

46
que o profissional de Educação Física não tem grande valor diante dos outros

professores.

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REFERÊNCIAS

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saber. Campinas, SP: Papirus, 1998.

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PICCOLO, Vilma L. Nista. Educação Física Escolar: Ser... ou não ter?. Campinas, SP:

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