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Fundamentos da
educação para
Pessoas com
deficiência
2015
Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei.
EDITORA UNIMONTES
Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro, s/n - Vila Mauricéia - Montes Claros (MG) - Caixa Postal: 126 - CEP: 39.401-089
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Ministro da educação diretora do Centro de Ciências Biológicas da Saúde - CCBS/
Renato Janine Ribeiro Unimontes
Maria das Mercês Borem Correa Machado
Presidente Geral da CAPeS
Jorge Almeida Guimarães diretora do Centro de Ciências Humanas - CCH/Unimontes
Mariléia de Souza
diretor de educação a distância da CAPeS
Jean Marc Georges Mutzig diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas - CCSA/Unimontes
Paulo Cesar Mendes Barbosa
Governador do estado de Minas Gerais
Fernando Damata Pimentel Chefe do departamento de Comunicação e Letras/Unimontes
Maria Generosa Ferreira Souto
Secretário de estado de Ciência, tecnologia e ensino Superior
Vicente Gamarano Chefe do departamento de educação/Unimontes
Maria Cristina Freire Barbosa
Reitor da Universidade estadual de Montes Claros - Unimontes
João dos Reis Canela Chefe do departamento de educação Física/Unimontes
Rogério Othon Teixeira Alves
vice-Reitor da Universidade estadual de Montes Claros -
Unimontes Chefe do departamento de Filosofia/Unimontes
Antônio Alvimar Souza Alex Fabiano Correia Jardim
Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
A Pessoa com Deficiência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Aspectos Históricos Legais e Sociais da Inserção da Pessoa com Deficiência no
Processo de Formação Escolar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.2 Conceitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
Unidade 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Tipos de Deficiência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
Unidade 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Processos Metodológicos e Pedagógicos para o Ensino de Atividades Físicas e
Corporais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
4.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
4.2 Deficiência Física . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
4.6 Aspectos Gerais para a Inclusão de Alunos com Deficiências nas Atividades
Esportivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Atividades de Aprendizagem - AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
Educação Física - Fundamentos da Educação para Pessoas com Deficiência
Apresentação
Caro (a) acadêmico (a):
A Educação Especial trata dos processos metodológicos de ensino voltados para os alunos
que demandam necessidades educacionais especiais. Seu principal objetivo é possibilitar a inte-
gração desses alunos na sociedade, buscando sempre um melhor preparo para a vida.
A Educação Física tem papel importantíssimo nesse processo, pois sua prática contribui sig-
nificativamente para a formação desses alunos, por lhes trazer mais independência e autonomia.
O objetivo deste Caderno Pedagógico é proporcionar a você conhecer e compreender as
questões da deficiência e o processo de inclusão dos alunos com deficiência na Educação Física.
Além disso, propõem-se também como objetivos:
• Apresentar os aspectos históricos legais e sociais da inserção da pessoa com necessidade
educacional especial no processo de formação escolar;
• Conhecer os tipos de deficiências e suas características;
• Reconhecer e compreender os processos metodológicos e pedagógicos para o ensino de
atividades físicas e corporais;
• Adquirir e desenvolver ações durante a prática que permitam um bom desenvolvimento das
atividades físicas aplicadas às deficiências;
• Realizar e demonstrar ações compatíveis durante a prática para o bom desenvolvimento das
aulas de Educação Física;
• Valorizar atitudes compatíveis no processo de inclusão da pessoa com deficiência;
• Respeitar as limitações e potencialidades individuais, bem como as atividades a serem de-
senvolvidas para as pessoas com deficiência.
O autor.
9
Educação Física - Fundamentos da Educação para Pessoas com Deficiência
Unidade 1
A Pessoa com Deficiência
Marcelo de Paula Nagem
1.1 Introdução
Esta unidade tem como objetivo apresentar as questões gerais sobre a deficiência, os ter-
mos e conceitos utilizados referentes às pessoas com deficiência e suas causas.
Uma das missões da OMS é a produção de Classificações Internacionais de Saúde, que re-
presentam modelos consensuais a serem incorporados pelos Sistemas de Saúde, gestores e
usuários, visando à utilização de uma linguagem comum. Dentre essas classificações, a OMS de-
senvolveu a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF), que faz
11
UAB/Unimontes - 5º Período
Assim sendo, de acordo com esse modelo de classificação, remetemo-nos aos seguintes ter-
mos (MARQUES; CIDADE; LOPES, 2009, p.119):
Deficiência – são problemas nas funções ou nas estruturas do corpo, como um desvio signi-
ficativo ou uma perda.
Incapacidade – é uma desvantagem individual, resultante do impedimento ou da deficiên-
cia, que limita ou impede o cumprimento ou desempenho de um papel social, dependendo da
idade, sexo e fatores sociais e culturais.
Funções do corpo – são as funções fisiológicas dos sistemas do corpo (inclusive as funções
psicológicas).
Estruturas do corpo: são partes anatômicas do corpo como órgãos, membros e seus com-
ponentes.
Atividade – é a execução de uma tarefa ou ação por um indivíduo.
Participação – é o envolvimento em situações de vida diária.
Restrições de participação – são problemas que um indivíduo pode enfrentar ao se envol-
ver em situações de vida.
Limitações de atividades – são dificuldades que um indivíduo pode encontrar na execução
de atividades.
Segundo Silva (1993), a UNICEF, em 1980, publica, no Relatório da Reabilitação Internacio-
nal, os termos básicos que todos que militam nessa área devem ter domínio absoluto:
Impedimento: é um dano psicológico, fisiológico ou anatômico, permanente ou transitório,
ou uma anormalidade de estrutura ou função.
Deficiência: é qualquer restrição ou perda na execução de uma atividade, resultante de um
Glossário
impedimento, na forma ou dentro dos limites considerados como normais para o ser humano.
UNICEF: Fundo das Incapacidade: é uma deficiência que constitui uma desvantagem para uma determinada
Nações Unidas para a pessoa, porque limita ou impede o desempenho de uma função que é considerada normal, de-
Infância, Relatório da
Reabilitação Interna- pendendo de idade, sexo, fatores sociais e culturais, para aquela pessoa.
cional: “A Deficiência “De acordo com essas definições, entende-se o impedimento como o dano, a deficiência
Infantil: Sua Prevenção e como a restrição e a incapacidade como a desvantagem” (MARQUES; CIDADE; LOPES, 2009, p.120).
Reabilitação”, 1980.
12
Educação Física - Fundamentos da Educação para Pessoas com Deficiência
As que são consequência de doenças transmissíveis, como a rubéola, o sarampo, a para- Dica
lisia infantil, as doenças sexualmente transmissíveis (como a sífilis na gestante) são evitáveis por Para saber mais sobre
ações de proteção e promoção à saúde, como informação, vacinação e exames pré-natais. as causas que levam à
As doenças e eventos crônicos, como a hipertensão arterial, o diabetes, o infarto, o aci- deficiência, acesse a in-
dente vascular cerebral (AVC), a doença de Alzheimer, o câncer e a osteoporose são em parte ternet no link: <https://
evitáveis pela mudança de hábitos de vida e alimentares, diagnóstico precoce e tratamento ade- scholar.google.com.
br/scholar?q=causas+-
quado. das+deficiencias&hl=p-
As perturbações psiquiátricas, que podem levar a pessoa a viver situações de risco pes- t-BR&as_sdt=0&as_
soal são em parte evitáveis por meio da proteção à infância, do diagnóstico precoce, da assistên- vis=1&oi=scholart&-
cia multiprofissional e do uso de medicamentos apropriados. sa=X&ei=RLtYVbnw-
Os traumas e as lesões, muitas vezes associados ao abuso de álcool e às drogas, principal- J4HAgwTvg4CIDA&ve-
d=0CCAQgQMwAA>.
mente nos centros urbanos, onde são crescentes os índices de violência e de acidentes de trân-
sito, são evitáveis pelas políticas públicas integradas e multisetoriais para a redução da violência,
melhoria das condições gerais de vida (habitação, escolaridade, oportunidades, esporte, arte, la-
zer) e de mudanças de hábitos da população.
Conforme Marques, Cidade e Lopes (2009, p.123), as causas das deficiências se resumem em:
• Nutrição inadequada de mães e crianças, incluindo deficiências vitamínicas;
• Ocorrências anormais nos períodos pré-natais, perinatais e pós-natais;
• Doenças infecciosas, acidentes e outros fatores, inclusive poluição ambiental e impedimen-
tos de origem desconhecida.
◄ Figura 1: Cuidado à
pessoa com deficiência
Fonte: Disponível em
<https://cursos.atencaoba-
sica.org.br/comunidades/
cuidado-pessoa-com-de-
ficiencia-na-atencao-ba-
sica>. Acesso em 17 mai.
2015.
Referências
BRASIL. Política Nacional de Saúde da Pessoa com Deficiência. Ministério da Saúde Brasília,
(Série B. Textos Básicos de Saúde). DF: Editora do Ministério da Saúde, 2010. 24 p.: il.
MARQUES, A.C.; CIDADE, R.E.; LOPES, K.A.T. Questões da deficiência e as ações no Programa Se-
gundo Tempo. In: OLIVEIRA, A. B.; PERIM, G. L. (Ed.). Fundamentos Pedagógicos do Programa
Segundo Tempo: da reflexão à prática. Maringá: Eduem, 2009.
13
Educação Física - Fundamentos da Educação para Pessoas com Deficiência
Unidade 2
Aspectos Históricos Legais e
Sociais da Inserção da Pessoa
com Deficiência no Processo de
Formação Escolar
Marcelo de Paula Nagem
2.2 Conceitos
Para compreender melhor o processo de inclusão das PCD na educação escolar, é importan-
te conhecer e entender esses conceitos:
• Educação Especial: segundo Delou (2008) apud Lopes, Santa Rosa e França (2012, p. 13),
“[...] é uma modalidade de educação escolar considerada como um conjunto de recursos
educacionais e de estratégias de apoio que estejam à disposição de todos os alunos, ofere-
cendo alternativas diferentes de atendimento.”
• Educação Inclusiva: “[...] se caracteriza como uma política de justiça social que alcança alu-
nos com necessidades educacionais especiais, tomando-se aqui o conceito mais amplo, que
é o da Declaração de Salamanca (1994), em que o princípio fundamental é que as crianças,
independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas
15
ou outras, devem ser acolhidas pelas escolas” (LOPES; SANTA ROSA; FRANÇA, 2012, p. 13).
UAB/Unimontes - 5º Período
• Educação Física Adaptada: “[...] é a Educação Física aplicada em condições especiais, visan-
do a uma população especial que necessita de estímulos especiais de desenvolvimento mo-
tor e funcional” (ROSADAS, 1994, p. 05).
Figura 2: Educação ►
Física Adaptada
Fonte: Disponível em
<http://msalx.revis-
taescola.abril.com.
br/2013/06/06/1853/LfC4j/
educacao-fisica-palavra
-especialista-inclusao-cir-
co-bambole.jpeg>. Acesso
em 25 jun. 2015.
Documentos Internacionais:
1948 - Declaração Universal de Direitos Humanos (ONU): estabelece que os direitos hu-
manos sejam os direitos fundamentais de todos os indivíduos. Todas as pessoas devem ter
respeitados os seus direitos humanos: direito à vida, à integridade física, à liberdade, à igual-
dade, à dignidade e à educação.
1971 - Declaração dos Direitos das Pessoas Mentalmente Retardados (ONU): proclama os
direitos das pessoas com deficiência intelectual.
1975 - Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes (ONU): estabelece os direitos de
todas as pessoas com deficiência, sem qualquer discriminação.
1980 - Carta para a Década de 80 (ONU): estabelece metas dos países membros para ga-
rantir igualdade de direitos e oportunidades para as pessoas com deficiência.
1983-1992 — Década das Nações Unidas para as Pessoas com Deficiência, para que os
países-membros adotassem medidas concretas para garantir direitos civis e humanos.
1990 – Conferência Mundial sobre Educação para Todos (ONU): aprova a Declaração
Mundial sobre Educação Para Todos (Conferência de Jomtien, Tailândia) e o Plano de Ação
para Satisfazer as Necessidades Básicas de Aprendizagem que promove a universalização do
acesso à educação.
1994 - Declarações de Salamanca na Espanha: conferência mundial sobre necessidades
educativas especiais, realizada pela UNESCO.
1999 – Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discrimina-
ção contra a Pessoa Portadora de Deficiência – Guatemala: condena qualquer descriminação,
exclusão ou restrição por causa da deficiência que impeça o exercício dos direitos das pessoas
com deficiência, inclusive à educação.
16
Educação Física - Fundamentos da Educação para Pessoas com Deficiência
1854 - Instituto Benjamin Constant (IBC), fundado no Rio de Janeiro-RJ, com o nome de
Imperial Instituto dos Meninos Cegos. Foi a primeira instituição de educação especial da Amé-
rica Latina; ainda em funcionamento.
1857 - Institutos Nacionais de Educação de Surdos (INES), fundado no Rio de Janeiro-RJ,
por D. Pedro II; ainda em funcionamento.
1988 - Constituição Federal (Art. 208, III): estabelece o direito das pessoas com necessida-
des especiais de receberem educação, preferencialmente na rede regular de ensino.
1989 - A Lei 7.853 cria a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de
Deficiência (CORDE) e dispõe sobre o apoio às pessoas com deficiência, sua integração social,
institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos das pessoas com deficiência,
disciplina a atuação do Ministério Público, define crimes e dá outras providências.
1990 - Estatutos da Criança e do Adolescente (ECA, Lei 8.069). No Art. 53, assegura a to-
dos o direito à igualdade de condições para o acesso e permanência na escola e atendimento
educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino.
1996 - Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96): assegura aos alu-
nos com necessidades especiais currículos, métodos, recursos educativos e organização espe-
cíficos para atender às suas necessidades específicas.
1998 - Parâmetros Curriculares Nacionais (Adaptações Curriculares) do MEC: fornecem as
estratégias para educação de alunos com necessidades educacionais especiais.
1999 – O Decreto 3.298 regulamenta a Lei n.º 7.853/89 que trata da Política Nacional
para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência e estabelece a matrícula compulsória em
cursos regulares em escolas públicas e particulares de pessoas com deficiência.
2000 - Lei 10.048: estabelece a prioridade de atendimento às pessoas com deficiência e
determina que os veículos de transporte coletivo a serem produzidos devam ser planejados
de forma a facilitar o acesso a seu interior das pessoas com deficiência.
2000 – Lei 10.098: estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção de aces-
sibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida mediante a eliminação
de barreiras e de obstáculos nas vias e espaços públicos, no mobiliário urbano, na construção
e reforma de edifícios e nos meios de transporte e de comunicação.
2001 – O Plano Nacional de Educação explicita a responsabilidade da União, dos Esta-
dos e Distrito Federal e Municípios na implantação de sistemas educacionais que assegurem o
acesso e a aprendizagem significativa a todos os alunos.
17
UAB/Unimontes - 5º Período
2001 – Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica: esse documen-
to endossa a necessidade de que todos os alunos possam aprender juntos em uma escola de
qualidade.
2001 - Decreto 3.956, da Presidência da República do Brasil, que reconhece o texto da
Convenção Interamericana para a “Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a
Pessoa Portadora de Deficiência” (Convenção da Guatemala), reafirmando o direito de todas
as pessoas com deficiência à educação inclusiva.
2001 – O Parecer 17 do CNE (Conselho Nacional de Educação) /CEB (Câmara de Educação
Básica) aponta os caminhos da mudança para os sistemas de ensino nas creches e nas escolas
de educação infantil, fundamental, médio e profissional.
2004 - O Decreto 5296, de 02 de dezembro, que regulamenta as Leis 10.048, de oito de
novembro de 2000, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelecem normas gerais e
critérios básicos para a promoção da acessibilidade em vários âmbitos.
Fonte: LOPES, D.E.B.; SANTA ROSA, E.C.E.C.; FRANÇA, S.D. Fundamentos da Educação Especial. UAB-UNIMONTES,
Curso Ciências Biológicas, 8º Período. Disponível em <http://www.ead.unimontes.br/index.php/artigos/cursos/
graduacao/material-didatico/material-didatico-do-curso-de-ciencias-biologicas>. Acesso em 02 maio 2015. Montes
Claros/MG, 2012.
Esse Decreto foi impulsionado a partir do documento divulgado pelo Ministério Público Fe-
deral: o acesso de alunos com Deficiência às Escolas e Classes Comuns da Rede Regular, com o
objetivo de disseminar os conceitos e diretrizes mundiais para a inclusão, reafirmando o direito
e os benefícios da escolarização de alunos com e sem deficiência nas turmas comuns do ensino
regular.
Dessa maneira, será possível conhecer como se deu o processo da educação inclusiva, ana-
lisando seus aspectos importantes e possibilitando uma melhor compreensão da inclusão das
PCD nas aulas de Educação Física.
Para conhecer como surgiu a EFA, utilizaremos como fonte as autoras Strapasson e Carniel
(2007), que fazem um resgate histórico da participação das PCD na prática das atividades físicas
e na Educação Física.
Portanto, segundo Strapasson e Carniel (2007, p.09):
BOX 2
Contexto histórico da EFA
• A origem da participação das PCD nas atividades físicas ocorreu em programas denomi-
nados de ginástica médica, na China, cerca de 3 mil anos a.C.
• A Primeira Guerra Mundial é que exerceu fator essencial no uso de exercícios terapêuti-
cos e atividades recreativas que auxiliavam na restauração da função.
• No final do século XIX até a década de 1930, os programas de atividade física começaram
a passar de treinamento físico com orientação médica para Educação Física (EF) voltada
ao esporte, e surgiu a preocupação com a criança como um todo.
• Após a Segunda Guerra Mundial, aumentou o uso de exercícios terapêuticos em hospi-
tais. Centros de convalescença (recuperação que se segue a doença, operação, traumatis-
mo, etc.) e reabilitação foram criados. Jogos e esportes adaptados para amputados, para-
plégicos e outros com deficiências maiores tornaram-se populares.
18
Educação Física - Fundamentos da Educação para Pessoas com Deficiência
Portanto, as atividades físicas para deficientes iniciaram com o intuito de reabilitar jovens
lesionados nas batalhas e foram introduzidas pelo médico (neurologista e neurocirurgião) Lu-
dwig Guttman, que acreditava ser parte essencial do tratamento médico para recuperação
das incapacidades e integração social. A partir de então, vem se difundindo pelo mundo todo
e hoje exerce papel fundamental na vida dos praticantes.
- Os programas de EF entre as décadas de 1930 e de 1950 consistiam de aulas regulares
ou corretivas para alunos que hoje seriam considerados “normais”.
Fonte: STRAPASSON, A.M.; CARNIEL, F. A Educação Física na Educação Especial. Disponível em <http://www.
efdeportes.com/efd104/educacao-fisica-especial.htm>. Buenos Aires - Año 11 - N° 104 - Enero de 2007.
Portanto, de acordo com Winnick (2004), a EFA desse período se baseava em um exame
completo realizado por um médico que determinava se o estudante devia participar do progra-
ma normal ou do corretivo. As aulas corretivas consistiam basicamente de atividades limitadas,
restritas ou modificadas, relacionadas a problemas de saúde, postura ou aptidão física. Em mui-
tas escolas, os alunos eram dispensados da Educação Física; em outras, o professor normalmen-
te trabalhava em várias sessões diárias de Educação Física normal. Os líderes da Educação Física
corretiva continuavam tendo sólida formação em medicina ou fisioterapia.
Sendo assim, a EF obrigatória nas escolas públicas aumentou drasticamente, e o treinamen-
to de professores de EF (em lugar de médicos) teve como resultado a promoção dessa disciplina
(STRAPASSON E CARNIEL, 2007).
As autoras também relatam que, na década de 1950, cada vez mais alunos descritos como
deficientes utilizavam as escolas públicas e a visão em relação a eles ia se tornando cada vez mais
humanística.
Em 1952, a American Association for Health, Physical Education and Recreation (Associação
Americana de Saúde, EF e Recreação) constituiu um comitê para definir a subdisciplina e ditar
orientações e diretrizes para os profissionais. Segundo Winnick (2004, p. 10), esse comitê definiu
a Educação Física Adaptada como um programa diversificado de atividades desenvolvimentistas,
jogos, esportes e ritmos, adaptado aos interesses, às capacidades e limitações dos alunos porta-
dores de deficiência que não podem participar com sucesso e segurança das rigorosas ativida-
des do programa geral de Educação Física.
Segundo Strapasson e Carniel (2007), muitos programas foram desenvolvidos desde a gi-
nástica médica e a primeira concepção mais clara e consistente de EF Adaptada, adotada na dé-
cada de 1950, com os mais diversos nomes: EF Corretiva ou Ginástica Corretiva, EF Preventiva, EF
Ortopédica, EF Reabilitativa e EF Terapêutica. E, portanto, essas mudanças de nomenclatura refle-
tiam a constante preocupação dos profissionais e pesquisadores em atribuírem uma identidade
atualizada e devidamente contextualizada à EF Adaptada.
Para Gorgatti e Costa (2005, p. 03), “À medida que os programas de Educação Física Adap-
tada assumiam uma identidade essencialmente educativa/pedagógica, outras denominações
surgiram, como Educação Física Desenvolvimentista, Ginástica Escolar Especial, Educação Física
Modificada, Educação Física Especial e Educação Física Adaptada. “
Desse modo, a diferença básica entre EF Especial e EF Adaptada, para Gorgatti e Costa
(2005), está relacionada à constituição dos grupos, em virtude das limitações, em que os estu-
dantes com deficiência não poderiam se engajar de modo irrestrito, de forma segura e com su-
cesso, em atividades vigorosas de um programa de EF. Exigia-se, portanto, que houvesse mudan-
ças ou ajustes de metas, objetivos ou instruções.
Portanto, “a Educação Física Adaptada ou Especial que vinha construindo o conhecimento
para atender às pessoas com deficiência de forma segregada ou isolada, agora tem um desafio
maior: favorecer o desenvolvimento do aluno com deficiência juntamente ou ao mesmo tempo
em que favorece o desenvolvimento dos demais alunos que já fazem parte do ensino regular,
contribuindo, dessa forma, com o processo de inclusão que visa minimizar a discriminação e a
falta de oportunidades” (DE SOUZA, 2006, p. 66).
A Educação Física não pode ser excluída das PCD, pois ela faz parte de um contexto funda-
mental e essencial no processo de formação do ser humano.
19
UAB/Unimontes - 5º Período
Assim sendo, de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), a Educação Física
deve oportunizar a todos os alunos, independentemente de suas condições biopsicossociais, o
desenvolvimento de suas potencialidades de forma democrática e não seletiva, visando ao seu
aprimoramento como seres humanos, no qual os alunos com deficiência não podem ser priva-
dos das aulas de Educação Física.
Segundo Strapasson e Carniel, a EFA
tem sido valorizada e enfatizada como uma das condições para o desenvolvi-
mento motor, intelectual, social e afetivo das pessoas, sendo considerada, de
uma maneira geral, como: atividades adaptadas às capacidades de cada um, res-
peitando suas diferenças e limitações, proporcionando as pessoas com deficiên-
cia a melhora do desenvolvimento global, consequentemente, da qualidade de
vida (STRAPASSON; CARNIEL, 2007, p. 11).
Referências
BARBANTI, V. J. Dicionário de Educação Física e do esporte. São Paulo: Manole, 1994.
_____. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de Saúde da Pes-
soa Portadora de Deficiência / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde (Série E. Le-
gislação em Saúde). Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2008.
20
Educação Física - Fundamentos da Educação para Pessoas com Deficiência
GORGATTI, M. G; COSTA, R.F. Atividade Física Adaptada. Barueri - SP: Manole, 2005.
LOPES, D.E.B.; SANTA ROSA, E.C.E.C.; FRANÇA, S.D. Fundamentos da Educação Especial. UAB-U-
NIMONTES, Curso Ciências Biológicas, 8º Período. Disponível em <http://www.ead.unimontes.br/
index.php/artigos/cursos/graduacao/material-didatico/material-didatico-do-curso-de-ciencias-
biologicas>. Acesso em 02 maio 2015.
ROSADAS, S. C. de. Atividade Física Adaptada e Jogos Esportivos para o Deficiente. Eu pos-
so. Vocês duvidam? Rio de Janeiro: Atheneu, 1989.
______. Educação Física Especial para Deficientes. 3. ed. Rio de Janeiro/RJ: Atheneu, 1991.
WINNICK. J.P. Educação Física e Esportes Adaptados. 3. ed. Barueri - SP: Manole, 2004.
21
Educação Física - Fundamentos da Educação para Pessoas com Deficiência
Unidade 3
Tipos de Deficiência
Marcelo de Paula Nagem
3.1 Introdução
Nesta unidade serão apresentados os tipos de deficiências, suas características e suas classi-
ficações.
As deficiências podem se apresentar de duas maneiras, congênitas e adquiridas. Nas defi-
ciências congênitas, a pessoa já nasce com o impedimento; nas adquiridas, por alguma razão, o
indivíduo passa a ter o impedimento.
De acordo com Marques, Cidade e Lopes (2009), academicamente as deficiências são dividi-
das em cinco tipos:
• Deficiência Múltipla
• Deficiência Física
• Deficiência Visual
• Deficiência Intelectual (ou mental)
• Deficiência Auditiva
23
UAB/Unimontes - 5º Período
3.3.2 Causas
Figura 3: Símbolo ►
Deficiência Física
Além das causas das deficiências citadas na unidade 1, a defi-
Fonte: Disponível em
<http://www.cedipod.org. ciência física no Brasil é acometida por um número bem excessivo
br/Sig95.gif>. Acesso em de acidentes de trânsito e com armas de fogo.
01 jun. 2015.
3.3.3 Classificação
Segundo Lemos (2011) e Teixeira (2010), a deficiência física classifica-se quanto a sua nature-
za e origem em Neurológica e Ortopédica:
A natureza de origem Neurológica referem-se aos danos e lesões no Sistema Nervoso Cen-
tral – SNC, podendo ser:
• Cerebral - Paralisia Cerebral – PC; Acidente Vascular Cerebral – AVC; Traumatismo Crânio En-
cefálico – TCE e Esclerose Múltipla – EM.
• Medular - Lesões Medulares; Espinha Bífida e Poliomielite.
A natureza origem Ortopédica referem-se aos problemas dos músculos, ossos e/ou articu-
lações, podendo ser:
• Muscular - Distrofia Muscular - Duchenne (DMD) e de Becker (DMB).
• Ósseo articular - Osteogênese Imperfeita; Nanismo e Amputação.
Cerebral
Paralisia Cerebral ou Paresia Cerebral – PC
É uma alteração motora ocasionada por uma lesão no cérebro quando ele ainda não estava
completamente desenvolvido.
De acordo com Teixeira (2010), a PC pode ser classificada em três tipos:
Classificação Fisiológica (quanto ao tônus muscular)
Os tipos mais comuns são a Espástica (Espasticidade), Atetoica (Atetose) e Atáxica (Ataxia).
• PC – Espástica (Espasticidade)
Quando há uma desordem no movimento voluntário que faz com que todo o corpo partici-
pe de um movimento que, normalmente, envolveria apenas uma parte do corpo. Pode agravar-
se conforme o estado emocional.
Tônus muscular muito alto (tenso).
• PC – Atetoica (Atetose)
Reflexo que causa movimentos involuntários do corpo, até mesmo quando em repouso e
variações do tônus muscular (às vezes mais alto, às vezes mais baixo).
• PC – Atáxica (Ataxia)
Distúrbio motor que causa problemas na postura e na coordenação motora, causando di-
ficuldades no equilíbrio e na percepção tátil. Apresenta tônus muscular baixo e dificuldade de
coordenação de movimentos e equilíbrio.
Classificação Topográfica (quanto aos membros afetados ou lado do corpo).
• Monoplegia/monoparesia - Acometimento de um único membro.
• Hemiplegia/hemiparesia - Acometimento de um lado do corpo.
• Paraplegia/paraparesia - Acometimento do tronco e membros inferiores.
• Diplegia/diparesia - Membros inferiores mais afetados que os superiores.
• Quadriplegia/quadriparesia - Quatro membros afetados de forma semelhante.
• Dupla hemiplegia/dupla hemiparesia - Quatro membros afetados, um lado mais compro-
metido.
24
Educação Física - Fundamentos da Educação para Pessoas com Deficiência
De acordo com Lemos (2011) os sufixos “plegia” e “paresia” indicam o nível de funcionalidade:
• Plegia é a não funcionalidade nos movimentos.
• Paresia é a possibilidade de realizar movimentos funcionais.
A Classificação quanto ao grau de comprometimento:
• Leve
• Moderado
• Grave
◄ Figura 4: Paresia
Cerebral (Paralisia
Cerebral)
Fonte: Disponível em
<http://image.slidesha-
recdn.com/paralisiacere-
bral-131208053150-phpa-
pp01/95/
paralisia-cerebral-2-638.
jpg?cb=1386480787>.
Acesso em 18 jun. 2015.
25
UAB/Unimontes - 5º Período
Esclerose Múltipla – EM
A EM é uma doença neurológica de origem encefálica, crônica e
▲
degenerativa que acomete indivíduos entre 20 a 40 anos, podendo tam-
bém aparecer em crianças e idosos. Caracteriza-se por uma desintegração lenta da bainha de
Figura 6: Efeitos da
lesão cerebral mielina (desmielinização), que reveste os nossos condutores nervosos (neurônios). O organismo
Fonte: Disponível em cria anticorpos contra a bainha de mielina e passa a não reconhecê-la, com isso os impulsos ner-
<http://www.novamen- vosos se dispersam (TEIXEIRA, 2010).
te.pt/site/wp-content/ Os indivíduos com EM apresentam sintomas, como tremores, problemas sensoriais, fraque-
uploads//2010/10/Fig2.
jpg>. Acesso em 18 jun. zas musculares, tonturas, paralisias, distúrbios emocionais leves e outras dificuldades motoras
2015. (TEIXEIRA, 2010).
Figura 7: Esclerose ►
Múltipla
Fonte: Disponível em
<http://www.einstein.br/
einstein-saude/em-dia-
com-a-saude/Paginas/
entenda-a-esclerose-mul-
tipla.aspx>. Acesso em 31
mai. 2015.
Medular
Lesões Medulares
A lesão medular é caracterizada por um trauma na coluna vertebral, atingindo a medula es-
pinhal.
Conforme Lemos (2011) e Teixeira (2010), as causas das lesões medulares podem ser trau-
máticas e não traumáticas.
As lesões traumáticas ocorrem por fraturas e/ou luxações através de acidentes de trânsito,
esportes, quedas, acidentes de trabalho e por ferimentos com armas de fogo e armas brancas.
As lesões não traumáticas podem ser degenerativas (enfermidades e síndromes); malfor-
mações (Espinha Bífida: Meningocele e Mielomeningocele) e outras (Poliomielite).
Quando ocorre uma lesão medular, haverá uma perda de sensibilidade abaixo do nível da
lesão. Essas lesões podem ser completas (totais), no qual há perda das funções motoras e de sen-
sibilidade abaixo da lesão; e incompletas (parciais), em que há permanência de alguma função
muscular residual e sensibilidade além do local da lesão.
Quanto mais alta for a lesão na medula, maior serão as perdas das funções motoras, sensiti-
vas, autônomas e alterações metabólicas do organismo.
Portanto, quando ocorrer a paralisia dos membros inferiores, do tronco, ou parte do tronco,
caracterizará uma Paraplegia (lesão abaixo da vértebra T1); quando os membros superiores tam-
bém forem envolvidos, será uma Tetraplegia (lesão acima da T1).
26
Educação Física - Fundamentos da Educação para Pessoas com Deficiência
Como principais sequelas das lesões medulares, Lemos (2011) destaca: Glossário
• Espasmos
Hidrocefalia: caracte-
• Redução da capacidade respiratória riza por retenção do lí-
• Maior probabilidade às infecções quido céfalo raquidiano
• Disfunção do sistema de regulação térmica (LCR) nos ventrículos ou
• Úlceras de decúbito (escaras) no espaço aracnoidea-
no. Pode ser congênita
• Incontinência urinária
ou adquirida e resulta
• Distúrbios de esfíncter retal numa macrocefalia. Os
• Diminuição da massa óssea e muscular principais cuidados são
• Aumento da porcentagem de gordura relativos aos drenos co-
• Perda da sensibilidade locados cirurgicamente
para eliminar o excesso
• Prejuízos do retorno venoso
de LCR. Mesmo assim,
esse excesso pode levar
a compressões no en-
céfalo, levando a lesões,
causando deficiências
motoras, sensoriais ou
cognitivas e distúrbios
comportamentais (TEI-
XEIRA, 2010).
◄ Figura 8: Lesão
Medular – Paraplegia e
Tetraplegia
Fonte: Disponível em
<http://veja.abril.com.br/
imagem/lesoes-cadeiran-
tes.jpg>. Acesso em 31
mai. 2015.
Espinha Bífida
Espinha Bífida é um defeito congênito da coluna vertebral no qual o tubo neural não se fe-
cha completamente durante as quatro primeiras semanas de desenvolvimento fetal, fazendo
com que a estrutura de uma ou mais vértebras não se desenvolva de forma adequada, deixando
uma abertura na coluna vertebral (MARQUES; CIDADE; LOPES, 2009).
Segundo os autores, ela se classifica em três tipos: mielomeningocele, meningocele e oculta.
• Mielomeningocele: é a forma mais severa e também a mais comum (80% dos casos de es-
pinha bífida). Acontece quando o revestimento da medula espinhal (as meninges), o líquor
e parte da medula saem pela abertura mal formada da vértebra e formam um saco (protru-
são sacular) visível nas costas da criança. Acomete com mais frequência nas vértebras lom-
bares, limitando a deficiência aos membros inferiores e quase sempre perda do controle dos
intestinos e da bexiga. Geralmente está associada à presença de hidrocefalia.
• Meningocele: é semelhante à mielomeningocele, mas apenas o revestimento da medula
espinhal e o líquor se projetam para formar o
saco. Essa forma raramente tem algum dano
neurológico associado.
• Oculta: é a forma mais leve e menos comum,
na qual há um defeito na vértebra, mas não há
projeção de estruturas nem formação do saco.
◄ Figura 9: Espinha Bífida
Fonte: Disponível em
Poliomielite <http://www.tuasaude.
É uma doença infecciosa provocada por um ví- com/espinha-bifida/>.
rus (Poliovírus - PV) que se aloja na medula e destrói Acesso em 31 mai. 2015.
as células motoras, conhecida também como parali-
sia infantil. Acomete crianças e adolescentes, pode
causar fraqueza muscular, paralisia e atrofia muscu-
lar, há permanência da sensibilidade e ausência ou
diminuição dos movimentos e da força muscular.
27
UAB/Unimontes - 5º Período
Dica
Para saber mais sobre a
Osteogênese Imper-
feita, acesse a internet
e assista ao vídeo “Os-
teogênese imperfeita:
a doença dos ossos de Figura 10: Crianças com ►
vidros” no link: <https:// Poliomielite
www.youtube.com/wat- Fonte: Disponível em
ch?v=2YiYMJRNeJM>. <http://www.brasilblo-
gado.com/wp-content/
uploads/Crian%C3%A7as-
com-poliomielite.jpg>.
Acesso em 31 mai. 2015.
Muscular
Distrofia muscular
Dica Segundo Marques, Cidade e Lopes (2009), a distrofia muscular engloba um grupo de doen-
Complemente seus ças hereditárias que se caracterizam por uma degeneração progressiva e difusa de vários grupos
estudos sobre a Os- musculares.
teogênese Imperfeita
visitando o site: <http://
As distrofias musculares mais frequentes são a distrofia muscular de Duchenne, a distrofia
www.freewebs.com/ muscular de Becker.
aposteogeneseimper- Distrofia Muscular de Duchenne (DMD)
feita/tiposdeoi.htm>. A DMD é uma doença hereditária e sua
principal característica é a degeneração da
membrana que envolve a célula muscular,
causando sua morte. Isso ocorre porque a
Figura 11: Distrofia ► distrofina, que é uma proteína essencial para
Muscular de Duchenne o adequado funcionamento do sarcolema,
Fonte: Disponível em com a sua falta faz com que o músculo vá se
<http://www.ebah.com. degenerando progressivamente, ocasionando
br/content/ABAAAfvdkAL/
distrofia-muscular-du- perda de fibras com a substituição por tecido
chenne>. Acesso em 31 adiposo e conjuntivo e variação no tamanho
mai. 2015. das fibras musculares.
É a mais comum das distrofias musculares
e também a mais severa. Quem tem DMD ge-
ralmente não chega à terceira década de vida,
pois morre em decorrência das complicações
respiratórias.
Manifesta-se entre 3 e 6 anos de idade e os sinais mais frequentes são: dificuldade para cor-
rer, quedas frequentes, dificuldade para subir degraus, dificuldades de se levantar do chão a par-
tir da posição sentada.
Distrofia Muscular de Becker (DMB)
É uma forma mais branda e de progres-
são mais lenta que afeta somente pessoas
do sexo masculino. Os sintomas aparecem
Figura 12: Osteogênese ►
Imperfeita entre 5 e 15 anos de idade. Caracteriza-se
Fonte: Disponível em pela dificuldade de levantar do chão, subir
<http://www.freewebs. escadas e correr.
com/aposteogeneseim-
perfeita/tiposdeoi.htm>.
Acesso em 15 jun. 2015. Ósseo-articular
Osteogênese Imperfeita (OI)
Osteogênese imperfeita – OI (doença
de Lobstein ou doença de Ekman-Lostein) é
também conhecida pelas expressões “ossos
28
Educação Física - Fundamentos da Educação para Pessoas com Deficiência
Nanismo
De acordo com Lemos (2011), o nanismo é
uma doença genética que causa uma baixa es-
tatura em relação à idade cronológica. O adulto
chega a, no máximo, 132 cm de altura.
Existem mais de 100 tipos de displasias es- ◄ Figura 14: Nanismo -
queléticas, porém a “acondroplasia” é a mais co- Acondroplasia
mum, numa proporção de 1:25.000 crianças. Fonte: Disponível em
<http://www.farmaciasau-
A acondroplasia é uma doença cromossô- de.pt/site/images/stories/
mica autossômica originada por um gene do- artigosimage/acondro-
minante que tem como principal característica plasia.jpg>. Acesso em 15
jun. 2015.
a ausência da cartilagem de crescimento dos os-
sos, causando, nesse caso, uma desproporção do
tronco, membros e cabeça (TEIXEIRA, 2010).
Portanto, caracteriza-se o Nanismo acon-
droplásico, no qual o indivíduo apresenta ca-
beça de tamanho normal e os membros muito
curtos em relação ao tronco, principalmente na
parte superior dos braços e nas coxas.
Amputação
“Amputação é o termo utilizado para definir
a retirada total ou parcial de um membro, sendo
este um método de tratamento para diversas ◄ Figura 15: Nanismo -
Acondroplasia
doenças” (BRASIL, 2012).
Fonte: Disponível em
Segundo Teixeira (2010), as amputações po- <http://0.tqn.com/d/
dem ser congênitas ou adquiridas. A congênita é weirdnews/1/S/N/Y/-/-/Bla-
quando o feto não se desenvolve corretamente, ze-Tres-Foster-New-York-
Towers.jpg>. Acesso em 15
causando uma má-formação; e a adquirida é ori- jun. 2015.
ginaria de doenças, tumores e traumas (aciden-
tes) que resultaram numa intervenção cirúrgica.
Além dessas, outras são indicadas para
amputações: doenças vasculares periféricas, in-
fecções, anomalias congênitas e congelamento
(TEIXEIRA, 2010).
29
UAB/Unimontes - 5º Período
30
Educação Física - Fundamentos da Educação para Pessoas com Deficiência
31
UAB/Unimontes - 5º Período
Atividade 3) Extensivo – apoio constante, com comprometimento regular; sem limite de tempo.
Para auxiliar numa me- 4) Generalizado – constante e de alta intensidade; possível necessidade de apoio para manu-
lhor compreensão da tenção da vida.
deficiência intelectual Segundo Marques, Cidade e Lopes (2009), essa nova classificação tem importantes implica-
e conhecimento sobre ções para o sistema de prestação de serviços para essas pessoas, pois está relacionada com os
algumas síndromes, vo- apoios necessários que dão ênfase às possibilidades de crescimento e potencialidades das pes-
cês deverão fazer uma
pesquisa na internet soas, como:
referente às síndromes, • Centrada no indivíduo, nas noções de oportunidade e autonomia.
com pelo menos 3 das • Permite analisar separadamente todas as áreas com necessidades e, então, providenciar
citadas acima, e postar uma intervenção, uma vez reconhecida sua interdependência.
no fórum de discussão • A partir do ponto de vista do indivíduo, permite uma descrição mais apropriada das mu-
as características que
elas apresentam. danças necessárias ao longo do tempo, levando em conta as respostas individuais para o
desenvolvimento pessoal, para as mudanças ambientais, para as atividades educacionais e
as intervenções terapêuticas.
Conforme os mesmos autores, o atraso
no desenvolvimento das pessoas com de-
ficiência intelectual pode se dar também:
em nível neuromotor, quando a criança
Figura 20: Deficiência ►
Intelectual demora em firmar a cabeça, sentar, andar,
Fonte: Disponível em falar, e em nível de aprendizado, com no-
<http://www.faprender. tável dificuldade de compreensão de nor-
org/assets/images/defi- mas e ordens. Porém, para que se suspeite
ciencia_intelectual_ex-
tensao.jpg>. Acesso em 07 de deficiência intelectual é preciso que
jun. 2015. haja vários sinais, pois um único aspecto
não pode ser considerado indicativo de
qualquer deficiência.
Segundo Tadeu (2015) e Marques, Ci-
dade e Lopes (2009), outro grupo de pes-
soas que entram também na classificação de DI são as pessoas que tem uma síndrome, pois pos-
suem como característica a incidência de um déficit intelectual, portanto incluem-se também na
classificação das deficiências intelectuais as síndromes, como: Síndrome de Down; Síndrome de
Turner; Síndrome de Rett; Síndrome do X Frágil; Síndrome de Prader-Willi; Síndrome de Angel-
man; Síndrome de Rubinstein-Taybi; Síndrome de Lennox-Gastaut e Esclerose Tuberosa.
32
Educação Física - Fundamentos da Educação para Pessoas com Deficiência
Segundo Redondo e Carvalho (2000), o ouvido humano possui três partes: ouvido externo, Dica
ouvido médio e ouvido interno, sendo que cada uma desempenha funções específicas:
• Ouvido externo: é composto pelo pavilhão auricular e pelo canal auditivo, que é a porta de Para saber mais sobre
a deficiência auditiva,
entrada do som. Nesse canal, certas glândulas produzem cera, para proteger o ouvido. visite o site: <http://
• Ouvido médio: formado pela membrana timpânica e por três ossos minúsculos, que são portal.mec.gov.br/seed/
chamados de martelo, bigorna e estribo. Em contato com a membrana timpânica e o ouvido arquivos/pdf/deficien-
interno, eles transmitem as vibrações sonoras que entram no ouvido externo e devem ser ciaauditiva.pdf>.
conduzidas até o ouvido interno.
• Ouvido interno: nele está a cóclea, em forma de caracol, que é a parte mais importante do
ouvido: é responsável pela percepção auditiva. Os sons recebidos na cóclea são transforma-
dos em impulsos elétricos que caminham até o cérebro, onde são “entendidos” pela pessoa.
As perdas de audição podem se manifestar em qualquer uma dessas estruturas do ouvido e,
sendo assim, a DA classifica-se em quatro tipos:
1. Condutiva: Quando ocorre qualquer interferência na transmissão do som desde o conduto
auditivo externo até o ouvido interno.
2. Sensório-Neural: Quando há uma impossibilidade de recepção do som por lesão das célu-
las ciliadas do ouvido interno ou do nervo auditivo.
3. Mista: Quando há uma alteração na condução do som até o órgão terminal sensorial asso-
ciada à lesão do órgão sensorial ou do nervo auditivo.
4. Central ou Surdez Central: Decorre de alterações nos mecanismos de processamento da
informação sonora no tronco cerebral (Sistema Nervoso Central).
Conforme Redondo e Carvalho (2000), a limitação da pessoa com DA está na comunicação;
portanto, de acordo com o grau de severidade da deficiência, serão utilizados métodos de treina-
mento para o desenvolvimento da linguagem, sendo eles:
Método oral unissensorial: Utilização do aparelho auditivo. Não enfatiza a leitura labial,
nem utiliza a língua de sinais.
Método oral multissensorial: Utiliza dos sentidos da audição com apoio de aparelhos audi-
tivos, visão com apoio da leitura labial. Não utiliza a língua de sinais.
Método de comunicação total: Faz uso de tudo que julga necessário para a comunicação
do indivíduo com deficiência auditiva. Utiliza prótese auditiva, gestos naturais, linguagem de si-
nais, expressão facial, alfabeto digital, leitura labial, leitura da escrita, entre outros.
Referências
BRASIL. Política Nacional de Educação Especial. Educação especial, um direito assegurado.
Brasília: MEC / SEESP, 1994.
33
UAB/Unimontes - 5º Período
LEMOS, E. Práticas de Educação Física para Pessoas com Deficiência Física. Disponível em
<http://pt.slideshare.net/neilsonrocha/educao-fsica-pessoas-com-deficincia?qid=b6a5d888-
1cbb-4d06-9a7f-6515b8efc908&v=default&b=&from_search=5>. Acesso em 07 maio 2015.
MARQUES, A.C.; CIDADE, R.E.; LOPES, K.A.T. Questões da deficiência e as ações no Programa Se-
gundo Tempo. In: OLIVEIRA, A. B.; PERIM, G. L. (Ed.). Fundamentos Pedagógicos do Programa
Segundo Tempo: da reflexão à prática. Maringá: Eduem, 2009.
REDONDO, M.C.F.; CARVALHO, J.M. Deficiência Auditiva. Caderno da TV Escola. MEC, Secreta-
ria de Educação a Distância. Brasília - DF, 2000. Disponível em <http://portal.mec.gov.br/seesp/
arquivos/pdf/aee_da.pdf>. Acesso em 05 jun. 2015.
SÁ, E.D.; CAMPOS, I.M.; SILVA, M.B.C. Inclusão escolar de alunos cegos e com baixa visão. In: SÁ,
E.D.; CAMPOS, I.M.; SILVA, M.B.C. Atendimento Educacional Especializado em Deficiência Vi-
sual. Brasil: SEESP/SEED/MEC - Deficiência Visual. Brasília – DF, 2007.
SASSAKI, R. K. Deficiência Mental ou Deficiência Intelectual. São Paulo: UNICAMP, 2004. Dis-
ponível em <http://www.todosnos.unicamp.br:8080/lab/links-uteis/acessibilidade-e-inclusao/
textos/deficiencia-mental-ou-deficiencia-intelectual/htm>. Acesso em 02 jun. 2015.
34
Educação Física - Fundamentos da Educação para Pessoas com Deficiência
Unidade 4
Processos Metodológicos e
Pedagógicos para o Ensino de
Atividades Físicas e Corporais
Marcelo de Paula Nagem
4.1 Introdução
Nesta unidade veremos os processos metodológicos e pedagógicos para o ensino das ati-
vidades físicas e corporais para os alunos com deficiência, verificando os cuidados, adaptações
e as características específicas de cada deficiência, bem como as intervenções compatíveis du-
rante a prática.
Importante no processo de desenvolvimento das aulas de Educação Física para um aluno
com deficiência é que se tenha primeiramente o conhecimento de causa, ou seja, que se conhe-
çam todas as limitações do seu aluno. Para isso, é necessário um laudo médico contendo todas
as informações pertinentes a respeito do educando, bem como o contato com a família, que
também é fundamental, pois podem ajudar muito nesse processo.
Além disso, deve-se também procurar se relacionar bem com eles, potencializá-los, não su-
bestimar suas possibilidades, evitar a superproteção, estimular a independência e esclarecer suas
dúvidas sobre as limitações (LEMOS, 2011).
Portanto, após conhecer suas limitações, podemos identificar quais serão suas potencialida-
des, que é o procedimento inicial para o desenvolvimento das atividades físicas e esportivas nas
aulas de Educação Física.
Dessa maneira, o professor tem um papel fundamental no processo de inclusão dos alunos
com deficiência nas aulas de Educação Física, pois tem que providenciar um ambiente favorável
para a aprendizagem, selecionar atividades apropriadas, focalizar o desenvolvimento das habili-
dades, maximizar o potencial individual e encorajar a autossuperação (LEMOS, 2011).
Além desses aspectos gerais, faz-se necessário também conhecermos alguns aspectos espe-
cíficos para o desenvolvimento de atividades físicas com alunos com deficiência, que podem ser
fundamentais no processo de inclusão na Educação Física.
35
UAB/Unimontes - 5º Período
36
Educação Física - Fundamentos da Educação para Pessoas com Deficiência
37
UAB/Unimontes - 5º Período
38
Educação Física - Fundamentos da Educação para Pessoas com Deficiência
Amputação
Segundo Lemos (2011), a prática de ativi-
dades físicas para amputados deve atender a
algumas características:
• Colabora com o processo de reabilitação,
seja com fins recreativos ou esportivos. ◄ Figura 30: Natação
– não pode utilizar
• Os exercícios físicos melhoram as condi- prótese
ções de controle da prótese, porque di- Fonte: Disponível em
minuem a atrofia muscular e aprimoram a <https://goo.gl/q1OsvO>.
propriocepção. Acesso em 21 jun. 2015
• Os avanços tecnológicos permitiram
uma maior gama de possibilidades em
relação à prática das atividades físicas e
esportivas.
• As atividades aquáticas são recomenda-
das, pois não traumatizam o membro re-
sidual.
• Nos casos de amputações unilaterais, po-
dem ocorrer distúrbios no equilíbrio na
◄ Figura 31: Atletismo –
água, em especial nas flutuações dorsais utiliza-se a prótese
e ventrais. A adaptação, nesse caso, só é Fonte: Disponível em
possível com o treinamento, cada um en- <http://goo.gl/a0qHh3>.
contra formas diferentes para ajustar seu Acesso em 21 jun. 2015.
corpo na água.
• Também é possível o uso de nadadeiras
ou de palmares nos cotos, para aumentar
a força e a velocidade dos movimentos.
• A prática de atividades físicas no proces-
so de reabilitação não diz apenas respeito
às adaptações físicas, na atividade circula-
tória e na função muscular remanescente,
mas também aos benefícios psicossociais
◄ Figura 32: Futebol
advindos de tal prática. para amputados – sem
Alguns esportes podem ser praticados prótese e com muletas
utilizando-se a prótese ou não. E também, Fonte: Disponível em
com as muletas, ou sem elas, para a natação e <https://goo.gl/ZpjXub>.
o voleibol sentado, por exemplo, não se utili- Acesso em 17 jun. 2015.
zam as muletas e nem a prótese, mas o futebol
para amputados é jogado com as muletas, po-
rém sem prótese. Vejam as figuras:
39
UAB/Unimontes - 5º Período
• Usar dicas ambientais específicas, tais como: muros, odor característico, textura do solo e
da parede, posição do sol, para auxiliar o deficiente visual na sua locomoção e formação de
mapa mental do ambiente físico.
• Evitar ambientes com muitos estímulos sonoros para as atividades com o grupo.
• Ao se aproximar ou se afastar do aluno cego ou de um grupo deles, deve-se comunicar a
sua chegada e/ou retirada.
• Avisar ao aluno sobre qualquer problema em seu vestuário.
• Lembrar-se de que o ser humano tem medo do desconhecido e, por essa razão, novas ativi-
dades devem ser apresentadas sempre de forma que o aluno possa realizá-las inicialmente
por etapas, possibilitando sua maior segurança.
• Não demonstrar excesso de proteção com o aluno cego, pois ele é um ser humano e deve
ser tratado com igualdade e precisa ter liberdade.
• Buscar uma integração dos conteúdos com as adaptações necessárias para um bom desen-
volvimento das aulas.
De acordo com Sá, Campos e Silva (2007), as atividades de Educação Física podem ser adap-
tadas com o uso de barras, cordas, bolas com guiso etc. E, outras atividades que envolvem ex-
pressão corporal, dramatização, arte, música já podem ser desenvolvidas com pouca ou nenhu-
ma adaptação.
Sendo assim, os alunos cegos podem e devem participar de praticamente todas as ativida-
des, com diferentes níveis e modalidades de adaptação, que envolvem criatividade, confecção de
material e cooperação entre os participantes.
40
Educação Física - Fundamentos da Educação para Pessoas com Deficiência
d) Apresenta um desenvolvimento psicomotor mais lento, com a presença de alterações ou de- Glossário
ficiências do controle motor, na eficiência motora, na percepção espaço-temporal, equilíbrio, Psicomotricidade: é a
coordenação de pequenos e grandes segmentos corporais, esquema corporal, em geral, etc. ciência que tem como
e) Alterações do tônus muscular (especialmente nas pessoas com Síndrome de Down) e de pos- objeto de estudo o
tura, que promovem dificuldades para um estado de relaxamento e de extensão muscular. homem através do seu
f ) Quanto às características psicológicas e de relações sociais, são pessoas que necessitam de corpo em movimento
e em relação ao seu
supervisão e suporte por períodos prolongados, ou por toda vida. mundo interno e exter-
g) Transtornos da linguagem (com uma linguagem oral muito reduzida, com ausência de lin- no. Está relacionada ao
guagem, com linguagem gestual etc.). processo de maturação,
h) Apresentam falta de iniciativa e de autonomia frente a determinadas situações. em que o corpo é a
i) Transtornos da personalidade (desvios de conduta). Tendência a evitar o fracasso, mais do origem das aquisições
cognitivas, afetivas e
que buscar o êxito. orgânicas.
De acordo com o que foi apresentado, fica evidenciado que as aulas de Educação Física de- É sustentada por três
vem priorizar os aspectos inerentes ao desenvolvimento psicomotor com ênfase na percepção conhecimentos básicos:
espaço-temporal, equilíbrio, coordenação de pequenos e grandes segmentos corporais, esque- o movimento, o intelec-
ma corporal, lateralidade etc., ou seja, a psicomotricidade. to e o afeto. (Associação
Brasileira de Psicomotri-
Portanto, um dos conteúdos principais para o trabalho com os alunos com DI é a psicomo- cidade). Disponível em
tricidade, através de atividades, jogos, brincadeiras e também circuitos, que são muito utilizados <http://psicomotricida-
por e desenvolverem os aspectos psicomotores citados acima. de.com.br/sobre/o-que
Campeão (2009) também ressalta alguns aspectos específicos que precisam ser levados em -e-psicomotricidade/>.
consideração em relação às pessoas com DI, e que trazem maiores implicações na prática: Acesso em 22 jun. 2015.
a) Epilepsia
É um distúrbio do cérebro que provoca vários tipos de crises repetidas, ou não, e podem se Atividade
manifestar de diferentes formas. Vocês deverão se reunir
A crise convulsiva é a forma mais conhecida. O indivíduo pode cair no chão, apresentar con- em grupos de cinco
e montar um circuito
trações musculares em todo o corpo (espasticidade), mordedura da língua, salivação intensa
para crianças com DI
(baba), respiração ofegante, algumas vezes pode ficar cianótico e até urinar. contendo os aspectos
A crise tipo “ausência” é conhecida como um “desligamento”. O olhar fica fixo, perdendo con- psicomotores citados. O
tato com o meio por segundos. Em geral é muito rápida e os professores e familiares muitas ve- circuito deverá ser apre-
zes não percebem. Em alguns casos, pode até preceder uma crise convulsiva. sentado no encontro
presencial.
Na crise do tipo “estado de alerta”, o indivíduo perde o controle de seus atos, fazendo mo-
vimentos automaticamente (involuntários), e quem não conhecer muito bem seu aluno não irá
identificar facilmente.
A fala torna-se incompreensível, o andar perde a direção e o olhar fica parado. Na maioria
Dica
dos casos, a pessoa não se recorda de nada depois da crise, que é conhecida como crise parcial Para conhecer mais so-
complexa. bre as possibilidades do
trabalho com os alunos
com DI, sugiro que con-
b) Instabilidade atlantoaxial (IAA) sulte o texto “O Lúdico e
É uma anomalia que pode acometer o indivíduo com a Síndrome de Down (alteração cro- o Desenvolvimento da
mossômica), mas que, na maioria dos casos, não se torna um impedimento para a participação Criança Deficiente Inte-
em atividades físicas, porém alguns cuidados devem ser tomados diante dessa possibilidade. lectual”, que se encontra
no endereço eletrônico:
A instabilidade atlantoaxial é o aumento da distância entre duas vértebras da coluna cervi- <http://pt.slideshare.
cal (C1 e C2), localizadas na parte superior do pescoço, que devem manter entre si uma distância net/robslunardi/jogos-e
-brincadeiras-para-defi-
cientes?utm_source=s-
lideshow&utm_me-
dium=ssemail&utm_
campaign=down-
load_notification>. Esse
texto faz sugestões de
jogos e brincadeiras
que são utilizados como
estratégias metodológi-
cas, muito importantes
como recurso pedagó-
gico. Utilizam-se como
referência os aspectos
psicomotores citados
anteriormente.
▲ ▲
Figura 35: Psicomotricidade - deficiência intelectual Figura 36: Psicomotricidade - deficiência intelectual
Fonte: Disponível em <http://goo.gl/dFLrvk>. Acesso em Fonte: Disponível em <http://goo.gl/Ngt3QZ>. Acesso em
17 jun. 2015. 17 jun. 2015.
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UAB/Unimontes - 5º Período
c) Hidrocefalia
A hidrocefalia, não é impedimento para uma prática motora. Pode provocar um atraso no
seu desenvolvimento motor (por exemplo, o andar), porque, em função do aumento do tama-
nho da cabeça, a criança tem maior dificuldade em sustentá-la e, consequentemente, o equilí-
brio será prejudicado.
Os cuidados nas aulas de Educação Física giram em torno de evitar choques e/ou pancadas
na cabeça desse aluno, rolamentos simples para frente/trás (cambalhota) e outras atividades que
possam provocar uma pressão na cabeça.
42
Educação Física - Fundamentos da Educação para Pessoas com Deficiência
▲ ▲
Figura 38: Futsal para surdos – árbitro com Figura 39: Handebol para surdos – árbitro com
bandeira bandeira
Fonte: Disponível em <https://goo.gl/E4utY4>. Acesso em Fonte: Disponível em <http://goo.gl/IKvqNo>. Acesso em
23 jun. 2015. 23 jun. 2015.
43
UAB/Unimontes - 5º Período
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Resumo
Unidade 1
Unidade 2
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Unidade 3
Unidade 4
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Educação Física - Fundamentos da Educação para Pessoas com Deficiência
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Referências
Básicas
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Educação Física - Fundamentos da Educação para Pessoas com Deficiência
Atividades de
Aprendizagem - AA
1) Ao longo do tempo, muitos termos foram utilizados e alterados para se referir às pessoas que
tinham algum tipo de deficiência. Ao consultarmos a literatura específica, deparamo-nos com
essa situação; portanto, atualmente, qual é o termo que foi definido na Convenção Internacional
para Proteção e Promoção dos Direitos e Dignidade das Pessoas com Deficiência, que foi aprova-
do na Assembleia Geral da ONU, em 2004, e promulgado posteriormente?
a) ( ) Social.
b) ( ) Estético.
c) ( ) Intelectual.
d) ( ) Afetivo.
e) ( ) Motor.
3) A deficiência física classifica-se quanto a sua natureza e origem. Numere a 2ª coluna de acordo
com a 1ª.
1 - Neurológica
2 - Ortopédica
a) ( ) Poliomielite
b) ( ) Nanismo
c) ( ) PC (Atetose e Ataxia)
d) ( ) Espinha Bífida
e) ( ) Osteogênese Imperfeita
4) Sabendo-se que o ouvido humano possui três partes (ouvido externo, ouvido médio e ouvido
interno), sendo que cada uma desempenha funções específicas, e as perdas de audição podem
se manifestar em qualquer uma dessas estruturas do ouvido, a deficiência auditiva classifica-se
em quatro tipos. Qual dos tipos abaixo NÃO faz parte dessa classificação?
a) ( ) Mista.
b) ( ) Sensório-neural.
c) ( ) Surdez medial.
d) ( ) Condutiva.
e) ( ) Central ou surdez central.
5) Para o desenvolvimento das atividades nas aulas de Educação Física com os alunos com de-
ficiência visual, os professores deverão tomar alguns cuidados básicos, segundo Conde (1994),
EXCETO
53
UAB/Unimontes - 5º Período
6) Para a participação dos alunos com deficiência auditiva (DA) nas aulas de Educação Física, Fi-
lha (sd) descreve as estratégias de ensino e orientações que o professor deverá ter para assegurar
essa prática. Qual das opções abaixo não é estratégia de ensino para os alunos com DA?
a) ( ) Usar gestos.
b) ( ) Usar frases curtas e simples.
c) ( ) Sinais visuais.
d) ( ) Demonstração.
e) ( ) Aulas teóricas.
7) Quanto aos aspectos gerais para a inclusão de alunos com deficiências nas atividades esporti-
vas, qual das opções abaixo NÃO é correta?
10) Nos processos metodológicos e pedagógicos para o ensino das atividades físicas e corporais
para os alunos com deficiência, deve-se verificar os cuidados, adaptações e as características es-
pecíficas de cada deficiência, bem como as intervenções compatíveis durante a prática. Portanto,
quais seriam os primeiros cuidados a serem tomados pelo professor no processo de desenvolvi-
mento das aulas de Educação Física para um aluno com deficiência?
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