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LÍNGUA PORTUGUESA

LÍNGUA PORTUGUESA

1. Compreensão e interpretação de texto ...................................................................................................... 2


2. Tipologia e gêneros textuais....................................................................................................................... 3
3. Figuras de linguagem .................................................................................................................................. 6
4. Significação de palavras ............................................................................................................................ 12
5. Semantica e Estilistica ................................................................................................................................ 17
6. Denotação e Conotação .............................................................................................................................. 20
7. Coesão e Coerência ..................................................................................................................................... 21
8. Emprego das Classes de Palavras ............................................................................................................. 23
9. Síntaxe de Oração e do Período ................................................................................................................. 46
10. Pontuação: ................................................................................................................................................. 59
11. Estudo da Crase: ....................................................................................................................................... 64
12. Concordância Nominal e Verbal ............................................................................................................... 66
13. Regência Verbal e Nominal ...................................................................................................................... 74
14. Redação Oficial ......................................................................................................................................... 82
EXERCÍCIOS ..................................................................................................................................................... 93
GABARITO ........................................................................................................................................................ 100

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paciência necessária para agir assim. Só depois


tente resolver as questões propostas.

5) As questões de interpretação podem ser


localizadas (por exemplo, voltadas só para um
determinado trecho) ou referir-se ao conjunto, às
COMPREENSÃO DE TEXTO idéias gerais do texto. No primeiro caso, leia não
apenas o trecho (às vezes uma linha) referido, mas
Interpretar um texto não é simplesmente todo o parágrafo em que ele se situa. Lembre-se:
saber o que se passa na cabeça do autor quando quanto mais você ler, mais entenderá o texto. Tudo é
ele escreve seu texto. É, antes, inferir. Se eu disser: uma questão de costume, e você vai acostumar-se a
“Levei minha filha caçula ao parque.”, pode-se agir dessa forma. Então - acredite nisso - alcançará
inferir que tenho mais de uma filha. Ou seja, inferir seu objetivo.
é retirar informações implícitas e explícitas do texto.
E será com essas informações que o candidato irá 6) Há questões que pedem conhecimento fora do
resolver as questões de interpretação na prova. texto. Por exemplo, ele pode aludir a uma
determinada personalidade da história ou da
Há de se tomar cuidado, entretanto, com o atualidade, e ser cobrado do aluno ou candidato o
que chamamos de “conhecimento de mundo”, que nome dessa pessoa ou algo que ela tenha feito.
nada mais é do que aquilo que todos carregamos
conosco, fruto do que aprendemos na escola, com Por isso, é importante desenvolver o hábito
os amigos, vendo televisão, enfim, vivendo. Isso da leitura, como já foi dito. Procure estar atualizado,
porque muitas vezes uma questão leva o candidato lendo jornais e revistas especializadas.
a responder não o que está no texto, mas
exatamente aquilo em que ele acredita.

I) Para interpretar bem

Todos têm dificuldades com interpretação de textos.


Encare isso como algo normal, inevitável.
Importante é enfrentar o problema e, com
segurança, progredir. Aliás, progredir muito. Leia
com atenção os itens abaixo.

1) Desenvolva o gosto pela leitura. Leia de tudo:


jornais, revistas, livros, textos publicitários, listas
telefônicas, bulas de remédios etc. Enfim, tudo o
que estiver ao seu alcance. Mas leia com atenção,
tentando, pacientemente, apreender o sentido. O
mal é “ler por ler”, para se livrar.

2) Aumente o seu vocabulário. Os dicionários são


amigos que precisamos consultar. Faça exercícios
de sinônimos e antônimos. (Consulte o nosso
Redação para Concursos, que tem uma seção
dedicada a isso.)

3) Não se deixe levar pela primeira impressão. Há


textos que metem medo. Na realidade, eles nos
oferecem um mundo de informações que nos
fornecerão grande prazer interior. Abra sua mente e
seu coração para o que o texto lhe transmite, na
qualidade de um amigo silencioso.

4) Ao fazer uma prova qualquer, leia o texto duas


ou três vezes, atentamente, antes de tentar
responder a qualquer pergunta. Primeiro, é preciso
captar sua mensagem, entendê-lo como um todo, e
isso não pode ser alcançado com uma simples
leitura. Dessa forma, leia-o algumas vezes. A cada
leitura, novas idéias serão assimiladas. Tenha a

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Descrever é pintar um quadro, retratar um objeto, um


personagem, um ambiente. O ato descritivo difere do
narrativo, fundamentalmente, por não se preocupar
com a seqüência das ações, com a sucessão dos
momentos, com o desenrolar do tempo. A descrição
TIPOLOGIA TEXTUAL
encara um ou vários objetos, um ou vários
personagens, uma ou várias ações, em um
NARRAÇÃO, DESCRIÇÃO E DISSERTAÇÃO
determinado momento, em um mesmo instante e em
uma mesma fração da linha cronológica. É a foto de
NARRAÇÃO: Desenvolvimento de ações. Tempo
um instante.
em andamento.
A descrição pode ser estática ou dinâmica.
DESCRIÇÃO: Retrato através de palavras. Tempo
estático.
A descrição estática não envolve ação.
Exemplos: "Uma velha gorda e suja."
DISSERTAÇÃO: Desenvolvimento de idéias.
"Árvore seca de galhos grossos e retorcidos."
Temporais/Atemporais.
A descrição dinâmica apresenta um conjunto de
Texto
ações concomitantes, isto é, um conjunto de ações
que acontecem todas ao mesmo tempo, como em
Em um cinema, um fugitivo corre
uma fotografia. No texto, a partir do momento em que
desabaladamente por uma floresta fechada,
o operador pára as máquinas projetoras, todas as
fazendo ziguezagues. Aqui tropeça em uma raiz e
ações que se vêem na tela estão ocorrendo
cai, ali se desvia de um espinheiro, lá transpõe um
simultaneamente, ou seja, estão compondo uma
paredão de pedras ciclópicas, em seguida
descrição dinâmica. Descrição porque todas as
atravessa uma correnteza a fortes braçadas, mais
ações acontecem ao mesmo tempo, dinâmica porque
adiante pula um regato e agora passa, em carreira
inclui ações.
vertiginosa, por pequena aldeia, onde pessoas se
encontram em atividades rotineiras.
Dissertar diz respeito ao desenvolvimento de idéias,
Neste momento, o operador pára as máquinas e
de juízos, de pensamentos.
tem-se na tela o seguinte quadro: um homem (o
Exemplos:
fugitivo), com ambos os pés no ar, as pernas
"As circunstâncias externas determinam rigidamente
abertas em larguíssima passada como quem corre,
a natureza dos seres vivos, inclusive o homem..."
um menino com um cachorro nos braços
"Nem a vontade, nem a razão podem agir
estendidos, o rosto contorcido pelo pranto, como
independentemente de seu condicionamento
quem oferece o animalzinho a uma senhora de
passado."
olhar severo que aponta uma flecha para algum
ponto fora do enquadramento da tela; um rapaz
troncudo puxa, por uma corda, uma égua que se
EXERCÍCIOS DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
faz acompanhar de um potrinho tão inseguro
quanto desajeitado; um pajé velho, acocorado perto
de uma choça, tira baforadas de
Trem bala - Ana Vilela
um longo e primitivo cachimbo; uma velha gorda e
suja dorme em uma já bastante desfiada rede de
embira fina, pendurada entre uma árvore seca, de
Trem bala - Ana Vilela
galhos grossos e retorcidos e uma cabana recém
Não é sobre ter
construída, limpa, alta, de palhas de buriti muito
Todas as pessoas do mundo pra si
bem amarradas...
É sobre saber que em algum lugar
Alguém zela por ti
Antes de exercitar com o texto, pense no seguinte:
É sobre cantar e poder escutar
Mais do que a própria voz
Narrar é contar uma história. A Narração é uma
É sobre dançar na chuva de vida
seqüência de ações que se desenrolam na linha do
Que cai sobre nós
tempo, umas após outras. Toda ação pressupõe a
É saber se sentir infinito
existência de um personagem ou actante que a
Num universo tão vasto e bonito
prática em determinado momento e em
É saber sonhar
determinado lugar, por isso temos quatro dos seis
E, então, fazer valer a pena cada verso
componentes fundamentais de que um emissor ou
Daquele poema sobre acreditar
narrador se serve para criar um ato narrativo:
Não é sobre chegar no topo do mundo
personagem, ação, espaço e tempo em
E saber que venceu
desenvolvimento. Os outros dois componentes da
É sobre escalar e sentir
narrativa são: narrador e enredo ou trama.
Que o caminho te fortaleceu

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É sobre ser abrigo (C) realiza uma reflexão na qual inclui a si mesma e a
E também ter morada em outros corações seu ouvinte na narração, ao mesmo tempo em que
E assim ter amigos contigo se dirige a um interlocutor, orientando-o.
Em todas as situações (D) realiza uma reflexão introspectiva, ou seja, não se
A gente não pode ter tudo direciona a ninguém fora da narração.
Qual seria a graça do mundo se fosse (E) apresenta uma narração, a fim de colocar
assim? seus pensamentos em ordem para se orientar em
Por isso, eu prefiro sorrisos relação às “coisas da vida”.
E os presentes que a vida trouxe
Pra perto de mim 3. “É sobre escalar e sentir / Que o caminho te
Não é sobre tudo que o seu dinheiro fortaleceu”
É capaz de comprar “É sobre dançar na chuva de vida / Que cai sobre
E sim sobre cada momento nós”
Sorriso a se compartilhar “Sorria e abrace teus pais / Enquanto estão aqui /
Também não é sobre correr Que a vida é trem-bala, parceiro”
Contra o tempo pra ter sempre mais Considerando as diferentes funções dos
Porque quando menos se espera elementos “que” nos excertos apresentados, é
A vida já ficou pra trás correto afirmar que eles
Segura teu filho no colo são, respectivamente:
Sorria e abrace teus pais (A) conjunção integrante; conjunção integrante;
Enquanto estão aqui conjunção subordinativa de causa.
Que a vida é trem-bala, parceiro (B) pronome relativo; conjunção integrante;
E a gente é só passageiro prestes a partir conjunção coordenativa explicativa.
(C) conjunção subordinativa de causa; pronome
Texto extraído e adaptado de: relativo, conjunção integrante.
https://www.vagalume.com.br/ana-vilela/ (D) pronome relativo, pronome relativo,
trem-bala.html.17/05/2017. conjunção subordinativa de causa.
(E) conjunção integrante; pronome relativo;
conjunção coordenativa explicativa.

RESPONDA AS QUESTÕES DE 1 A 10 4. Acerca dos dígrafos e dos encontros vocálicos


e consonantais na Língua Portuguesa, assinale a
1. Em seu texto, intitulado Trem bala, a alternativa que apresenta palavras com: dígrafo
cantora Ana Vilela aborda qual das nasal e encontro vocálico; encontro vocálico e
seguintes temáticas? encontro consonantal; encontro consonantal e
(A) A brevidade da vida e a importância de encontro vocálico,
valorizarmos o tempo, os acontecimentos e as respectivamente:
pessoas. (A) Dançar; sobre; verso.
(B) A efemeridade da vida e a necessidade de a (B) Chuva; escalar; poema.
vivermos intensamente. (C) Caminho; situações; fortaleceu.
(C) A importância de lutarmos para sermos felizes (D) Mundo; fosse; compartilhar.
durante nossa vida. (E) Dinheiro; outros; venceu.
(D) A passagem do tempo e a importância da
família. 5. Acerca da representação fonética, é correto
(E) A necessidade de sabermos viver, para afirmar que, nas palavras:
obtermos nossas conquistas e sonhos. “pessoas”, “alguém” e “gente”, temse,
respectivamente, a seguinte representação:
2. Leia os excertos a seguir: (A) sete letras e seis fonemas, seis letras e seis
“É sobre dançar na chuva de vida / Que fonemas, cinco letras e cinco fonemas.
cai sobre nós” (B) sete letras e sete fonemas, seis letras e cinco
“Segura teu filho no colo / Sorria e abrace fonemas, cinco letras e cinco fonemas.
teus pais / enquanto estão aqui” (C) sete letras e seis fonemas, seis letras e cinco
“Que a vida é trem-bala, parceiro / E a gente é fonemas, cinco letras e cinco fonemas.
só passageiro prestes a partir” (D) sete letras e sete fonemas, seis letras e cinco
fonemas, cinco letras e quatro fonemas.
Tendo em vista tais excertos, é correto (E) sete letras e seis fonemas, seis letras e cinco
afirmar que a autora fonemas, cinco letras e quatro fonemas.
(A) realiza uma reflexão direcionada a um ouvinte,
não se incluindo na narração. 6. Observe o seguinte excerto:
(B) realiza uma reflexão sobre a vida, mencionando “Não é sobre chegar no topo do mundo
apenas seu interlocutor. E saber que venceu
É sobre escalar e sentir
Que o caminho te fortaleceu

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É sobre ser abrigo 9. No excerto: “a vida é trem-bala, parceiro / E a
E também ter morada em outros corações gente é só passageiro prestes a partir”, a autora
E assim ter amigos contigo utiliza uma figura de linguagem denominada
Em todas as situações” (A) sinonímia.
(B) metáfora.
Com base na composição desse excerto, é (C) personificação.
possível afirmar que a autora apresenta (D) metonímia.
uma discussão em que ela nega uma ação e, em (E) sinestesia.
seguida, apresenta a ação que considera como
válida, encerrando o parágrafo por meio da 10. No excerto: “É sobre ser abrigo e também ter
apresentação de uma conclusão para essas morada em outros corações / e assim ter amigos
ações. Pistas [...]”, pensando na significação das palavras e
disso são, sequencialmente: expressões, é correto afirmar que os termos
(A) a negação “não é sobre” seguida da afirmação sublinhados são:
“é sobre” e da conclusão “ter morada”. (A) uma metáfora sobre a força da amizade e
(B) a negação “não é sobre” precedida da são termos sinônimos.
afirmação “é sobre” e a conclusão “ter amigos em (B) uma metáfora sobre moradia e não podem ser
todas as situações”. classificados como sinônimos.
(C) a afirmação “é sobre” precedida pela negação (C) uma metáfora sobre o auxílio e o carinho que os
“não é sobre” e a conclusão “ter amigos oferecem uns aos outros e podem ser
amigos em todas as situações”. compreendidos como termos sinônimos.
(D) a afirmação “é sobre” seguida pela negação (D) uma metáfora sobre o auxílio e o carinho
“não é sobre” e a conclusão “ter moradas”. que os amigos oferecem uns aos outros e não podem
(E) a afirmação “é sobre” seguida pela negação ser compreendidos como termos sinônimos.
“não é sobre” e a conclusão “ter muitos amigos. (E) uma metáfora sobre proteção e não podem ser
compreendidos como termos sinônimos.
7. Observe o seguinte excerto:
“É sobre ser abrigo / E também ter morada em
outros corações / E assim ter amigos contigo / GABARITO
Em todas as situações”.
É correto afirmar que os elementos sublinhados
apresentam as seguintes funções:
(A) iniciam orações independentes sintática e
semânticamente.
(B) ligam orações, estabelecendo, respectivamente,
o valor de consequência e
adição.
(C) iniciam orações interdependentes. Por esse
motivo, é possível suprimir o “e” sem alterar o
sentido dessas construções.
(D) ligam orações, estabelecendo, respectivamente,
o valor de adição e resultado.
(E) iniciam orações sintaticamente dependentes.
Por esse motivo, é possível suprimir o “e” sem
alterar o sentido dessas
construções.

8. “Qual seria a graça do mundo se fosse


assim”
“É saber se sentir infinito”
Considerando as funções do “se” e os excertos
apresentados, tem-se, respectivamente, as
seguinte funções para esse termo:
(A) conjunção integrante; pronome reflexivo.
(B) conjunção subordinativa, pronome reflexivo.
(C) conjunção subordinativa; partícula expletiva.
(D) conjunção integrante; partícula expletiva.
(E) partícula expletiva; pronome reflexivo.

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- a causa pelo efeito e vice-versa: “E assim o
operário ia / Com suor e com cimento (com trabalho)
/ Erguendo uma casa aqui / Adiante um
Segundo Mauro Ferreira, a importância em apartamento.” (Vinicius de Moraes).
reconhecer figuras de linguagem está no fato de
que tal conhecimento, além de auxiliar a - o lugar de origem ou de produção pelo
compreender melhor os textos literários, deixa-nos produto: Comprei uma garrafa do legítimo porto (o
mais sensíveis à beleza da linguagem e ao vinho da cidade do Porto).
significado simbólico das palavras e dos textos.
- o autor pela obra: Ela parecia ler Jorge
Amado (a obra de Jorge Amado).
Definição: Figuras de linguagem são certos - o abstrato pelo concreto e vice-versa: Não
recursos não-convencionais que o falante ou devemos contar com o seu coração (sentimento,
escritor cria para dar maior expressividade à sua sensibilidade).
mensagem.
- o símbolo pela coisa simbolizada: A coroa
(o poder) foi disputada pelos revolucionários.
Comparação:
- a matéria pelo produto e vice-versa: Lento,
o bronze (o sino) soa.
Ocorre comparação quando se estabelece
aproximação entre dois elementos que se
- o inventor pelo invento: Edson (a energia
identificam, ligados por conectivos comparativos
elétrica) ilumina o mundo.
explícitos – feito, assim como, tal, como, tal qual, tal
como, qual, que nem – e alguns verbos – parecer,
- a coisa pelo lugar: Vou à Prefeitura (ao
assemelhar-se e outros.
edifício da Prefeitura).
Exemplos: “Amou daquela vez como se
- o instrumento pela pessoa que o utiliza: Ele
fosse máquina. / Beijou sua mulher como se fosse
é um bom garfo (guloso, glutão).
lógico.” (Chico Buarque);
Sinédoque:
“As solteironas, os longos vestidos negros
fechados no pescoço, negros xales nos ombros,
pareciam aves noturnas paradas…” (Jorge Amado). Ocorre sinédoque quando há substituição de
um termo por outro, havendo ampliação ou redução
Metáfora: do sentido usual da palavra numa relação
quantitativa. Encontramos sinédoque nos seguintes
casos:
Ocorre metáfora quando um termo substitui
outro através de uma relação de semelhança
- o todo pela parte e vice-versa: “A cidade
resultante da subjetividade de quem a cria. A
inteira (o povo) viu assombrada, de queixo caído, o
metáfora também pode ser entendida como uma
pistoleiro sumir de ladrão, fugindo nos cascos (parte
comparação abreviada, em que o conectivo não
das patas) de seu cavalo.” (J. Cândido de Carvalho)
está expresso, mas subentendido.

Exemplo: “Supondo o espírito humano uma - o singular pelo plural e vice-versa: O


paulista (todos os paulistas) é tímido; o carioca (todos
vasta concha, o meu fim, Sr. Soares, é ver se posso
os cariocas), atrevido.
extrair pérolas, que é a razão.” (Machado de Assis).

Metonímia: - o indivíduo pela espécie (nome próprio pelo


nome comum): Para os artistas ele foi um mecenas
(protetor).
Ocorre metonímia quando há substituição
de uma palavra por outra, havendo entre ambas
Catacrese:
algum grau de semelhança, relação, proximidade
de sentido ou implicação mútua. Tal substituição
fundamenta-se numa relação objetiva, real, A catacrese é um tipo de especial de
realizando-se de inúmeros modos: metáfora, “é uma espécie de metáfora desgastada,
em que já não se sente nenhum vestígio de
inovação, de criação individual e pitoresca. É a
- o continente pelo conteúdo e vice-versa:
metáfora tornada hábito lingüístico, já fora do âmbito
Antes de sair, tomamos um cálice (o conteúdo de
estilístico.” (Othon M. Garcia).
um cálice) de licor.

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São exemplos de catacrese: folhas de livro / 1.1 Figuras de sintaxe ou de construção:
pele de tomate / dente de alho / montar em burro /
céu da boca / cabeça de prego / mão de direção / As figuras de sintaxe ou de construção dizem
ventre da terra / asa da xícara / sacar dinheiro no respeito a desvios em relação à concordância entre
banco. os termos da oração, sua ordem, possíveis
repetições ou omissões.
Sinestesia:
Elas podem ser construídas por:
A sinestesia consiste na fusão de
sensações diferentes numa mesma expressão. a) omissão: assíndeto, elipse e zeugma;
Essas sensações podem ser físicas (gustação,
audição, visão, olfato e tato) ou psicológicas b) repetição: anáfora, pleonasmo e
(subjetivas). polissíndeto;

Exemplo: “A minha primeira recordação é c) inversão: anástrofe, hipérbato, sínquise e


um muro velho, no quintal de uma casa indefinível. hipálage;
Tinha várias feridas no reboco e veludo de musgo.
Milagrosa aquela mancha verde [sensação visual] e d) ruptura: anacoluto;
úmida, macia [sensações táteis], quase irreal.”
(Augusto Meyer) e) concordância ideológica: silepse.

Antonomásia: Portanto, são figuras de construção ou


sintaxe:
Ocorre antonomásia quando designamos
uma pessoa por uma qualidade, característica ou Assíndeto:
fato que a distingue.
Ocorre assíndeto quando orações ou
Na linguagem coloquial, antonomásia é o palavras deveriam vir ligadas por conjunções
mesmo que apelido, alcunha ou cognome, cuja coordenativas, aparecem justapostas ou separadas
origem é um aposto (descritivo, especificativo etc.) por vírgulas.
do nome próprio.
Exigem do leitor atenção maior no exame de
Exemplos: “E ao rabi simples (Cristo), que a cada fato, por exigência das pausas rítmicas
igualdade prega, / Rasga e enlameia a túnica (vírgulas).
inconsútil; (Raimundo Correia). / Pelé (= Edson
Arantes do Nascimento) / O Cisne de Mântua (= Exemplo: “Não nos movemos, as mãos é que
Virgílio) / O poeta dos escravos (= Castro Alves) / O se estenderam pouco a pouco, todas quatro,
Dante Negro (= Cruz e Souza) / O Corso (= pegando-se, apertando-se, fundindo-se.” (Machado
Napoleão) de Assis).

Alegoria: Elipse:

A alegoria é uma acumulação de metáforas Ocorre elipse quando omitimos um termo ou


referindo-se ao mesmo objeto; é uma figura poética oração que facilmente podemos identificar ou
que consiste em expressar uma situação global por subentender no contexto. Pode ocorrer na supressão
meio de outra que a evoque e intensifique o seu de pronomes, conjunções, preposições ou verbos. É
significado. Na alegoria, todas as palavras estão um poderoso recurso de concisão e dinamismo.
transladadas para um plano que não lhes é comum
e oferecem dois sentidos completos e perfeitos – Exemplo: “Veio sem pinturas, em vestido
um referencial e outro metafórico. leve, sandálias coloridas.” (elipse do pronome ela
(Ela veio) e da preposição de (de sandálias…).
Exemplo: “A vida é uma ópera, é uma
grande ópera. O tenor e o barítono lutam pelo Zeugma:
soprano, em presença do baixo e dos
comprimários, quando não são o soprano e o Ocorre zeugma quando um termo já
contralto que lutam pelo tenor, em presença do expresso na frase é suprimido, ficando subentendida
mesmo baixo e dos mesmos comprimários. Há sua repetição.
coros numerosos, muitos bailados, e a orquestra é
excelente…” (Machado de Assis). Exemplo: “Foi saqueada a vida, e
assassinados os partidários dos Felipes.” (Zeugma
do verbo: “e foram assassinados…”) (Camilo Castelo
Branco).

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Anáfora: Ocorre anástrofe quando há uma simples
inversão de palavras vizinhas
Ocorre anáfora quando há repetição (determinante/determinado).
intencional de palavras no início de um período,
frase ou verso. Exemplo: “Tão leve estou (estou tão leve)
que nem sombra tenho.” (Mário Quintana).
Exemplo: “Depois o areal extenso… /
Depois o oceano de pó… / Depois no horizonte Hipérbato:
imenso / Desertos… desertos só…” (Castro Alves).
Ocorre hipérbato quando há uma inversão
Pleonasmo: completa de membros da frase.

Ocorre pleonasmo quando há repetição da Exemplo: “Passeiam à tarde, as belas na


mesma idéia, isto é, redundância de significado. Avenida. ” (As belas passeiam na Avenida à tarde.)
(Carlos Drummond de Andrade).
a) Pleonasmo literário:
Sínquise:
É o uso de palavras redundantes para
reforçar uma idéia, tanto do ponto de vista Ocorre sínquise quando há uma inversão
semântico quanto do ponto de vista sintático. Usado violenta de distantes partes da frase. É um hipérbato
como um recurso estilístico, enriquece a expressão, exagerado.
dando ênfase à mensagem.
Exemplo: “A grita se alevanta ao Céu, da
Exemplo: “Iam vinte anos desde aquele dia gente. ” (A grita da gente se alevanta ao Céu )
/ Quando com os olhos eu quis ver de perto / (Camões).
Quando em visão com os da saudade via.” (Alberto
de Oliveira). Hipálage:

“Morrerás morte vil na mão de um forte.” Ocorre hipálage quando há inversão da


(Gonçalves Dias) posição do adjetivo: uma qualidade que pertence a
um objeto é atribuída a outro, na mesma frase.
“Ó mar salgado, quando do teu sal / São
lágrimas de Portugal” (Fernando Pessoa). Exemplo: “… as lojas loquazes dos
barbeiros.” (as lojas dos barbeiros loquazes.) (Eça de
b) Pleonasmo vicioso: Queiros).

É o desdobramento de idéias que já Anacoluto:


estavam implícitas em palavras anteriormente
expressas. Pleonasmos viciosos devem ser Ocorre anacoluto quando há interrupção do
evitados, pois não têm valor de reforço de uma plano sintático com que se inicia a frase, alterando-
idéia, sendo apenas fruto do descobrimento do lhe a seqüência lógica. A construção do período
sentido real das palavras. deixa um ou mais termos – que não apresentam
função sintática definida – desprendidos dos demais,
Exemplos: subir para cima / entrar para geralmente depois de uma pausa sensível.
dentro / repetir de novo / ouvir com os ouvidos /
hemorragia de sangue / monopólio exclusivo / breve Exemplo: “Essas empregadas de hoje, não
alocução / principal protagonista. se pode confiar nelas.” (Alcântara Machado).

Polissíndeto: Silepse:

Ocorre polissíndeto quando há repetição Ocorre silepse quando a concordância não é


enfática de uma conjunção coordenativa mais feita com as palavras, mas com a idéia a elas
vezes do que exige a norma gramatical (geralmente associada.
a conjunção e). É um recurso que sugere
movimentos ininterruptos ou vertiginosos. a) Silepse de gênero:

Exemplo: “Vão chegando as burguesinhas Ocorre quando há discordância entre os


pobres, / e as criadas das burguesinhas ricas / e as gêneros gramaticais (feminino ou masculino).
mulheres do povo, e as lavadeiras da redondeza.”
(Manuel Bandeira). Exemplo: “Quando a gente é novo, gosta de
fazer bonito.” (Guimarães Rosa).
Anástrofe:

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b) Silepse de número: Ocorre eufemismo quando uma palavra ou
expressão é empregada para atenuar uma verdade
Ocorre quando há discordância envolvendo tida como penosa, desagradável ou chocante.
o número gramatical (singular ou plural).
Exemplo: “E pela paz derradeira (morte) que
Exemplo: Corria gente de todos lados, e enfim vai nos redimir Deus lhe pague”. (Chico
gritavam.” (Mário Barreto). Buarque).

c) Silepse de pessoa: Gradação:

Ocorre quando há discordância entre o Ocorre gradação quando há uma seqüência


sujeito expresso e a pessoa verbal: o sujeito que de palavras que intensificam uma mesma idéia.
fala ou escreve se inclui no sujeito enunciado.
Exemplo: “Aqui… além… mais longe por
Exemplo: “Na noite seguinte estávamos onde eu movo o passo.” (Castro Alves).
reunidas algumas pessoas.” (Machado de Assis).
Hipérbole:
1.2 Figuras de pensamento:
Ocorre hipérbole quando há exagero de uma
As figuras de pensamento são recursos de idéia, a fim de proporcionar uma imagem
linguagem que se referem ao significado das emocionante e de impacto.
palavras, ao seu aspecto semântico.
Exemplo: “Rios te correrão dos olhos, se
São figuras de pensamento: chorares!” (Olavo Bilac).

Antítese: Ironia:

Ocorre antítese quando há aproximação de Ocorre ironia quando, pelo contexto, pela
palavras ou expressões de sentidos opostos. entonação, pela contradição de termos, sugere-se o
contrário do que as palavras ou orações parecem
Exemplo: “Amigos ou inimigos estão, exprimir. A intenção é depreciativa ou sarcástica.
amiúde, em posições trocadas. Uns nos querem
mal, e fazem-nos bem. Outros nos almejam o bem, Exemplo: “Moça linda, bem tratada, / três
e nos trazem o mal.” (Rui Barbosa). séculos de família, / burra como uma porta: / um
amor.” (Mário de Andrade).
Apóstrofe:
Prosopopéia:
Ocorre apóstrofe quando há invocação de
uma pessoa ou algo, real ou imaginário, que pode Ocorre prosopopéia (ou animização ou
estar presente ou ausente. Corresponde ao personificação) quando se atribui movimento, ação,
vocativo na análise sintática e é utilizada para dar fala, sentimento, enfim, caracteres próprios de seres
ênfase à expressão. animados a seres inanimados ou imaginários.

Exemplo: “Deus! ó Deus! onde estás, que Também a atribuição de características


não respondes?” (Castro Alves). humanas a seres animados constitui prosopopéia o
que é comum nas fábulas e nos apólogos, como este
Paradoxo: exemplo de Mário de Quintana: “O peixinho (…)
silencioso e levemente melancólico…”
Ocorre paradoxo não apenas na
aproximação de palavras de sentido oposto, mas Exemplos: “… os rios vão carregando as
também na de idéias que se contradizem referindo- queixas do caminho.” (Raul Bopp)
se ao mesmo termo. É uma verdade enunciada
com aparência de mentira. Oxímoro (ou oximoron) Um frio inteligente (…) percorria o jardim…”
é outra designação para paradoxo. (Clarice Lispector)

Exemplo: “Amor é fogo que arde sem se Perífrase:


ver; / É ferida que dói e não se sente; / É um
contentamento descontente; / É dor que desatina Ocorre perífrase quando se cria um torneio
sem doer;” (Camões) de palavras para expressar algum objeto, acidente
geográfico ou situação que não se quer nomear.
Eufemismo:

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LÍNGUA PORTUGUESA
Exemplo: “Cidade maravilhosa / Cheia de a) "Um dia hei de ir embora / Adormecer no
encantos mil / Cidade maravilhosa / Coração do derradeiro sono." (eufemismo)
meu Brasil.” (André Filho). b) "A neblina, roçando o chão, cicia, em prece.
(prosopopéia)
c) Já não são tão freqüentes os passeios noturnos na
violenta Rio de Janeiro. (silepse de número)
FIGURAS DE LINGUAGEM EXERCÍCIOS d) "E fria, fluente, frouxa claridade / Flutua..."
(aliteração)
Questões:01. (FIGURAS DE LINGUAGEM) e) "Oh sonora audição colorida do aroma."
(VUNESP) No trecho: "...dão um jeito de mudar o (sinestesia)
mínimo para continuar mandando o máximo", a
figura de linguagem presente é chamada:
06. (FIGURAS DE LINGUAGEM) (UM - SP) Indique a
a) metáfora alternativa em que haja uma concordância realizada
b) hipérbole por silepse:
c) hipérbato
d) anáfora a) Os irmãos de Teresa, os pais de Júlio e nós,
e) antítese habitantes desta pacata região, precisaremos de
muita força para sobreviver.
b) Poderão existir inúmeros problemas conosco
02. (FIGURAS DE LINGUAGEM) (PUC - SP) Nos devido às opiniões dadas neste relatório.
trechos: "O pavão é um arco-íris de plumas" e "...de c) Os adultos somos bem mais prudentes que os
tudo que ele suscita e esplende e estremece e jovens no combate às dificuldades.
delira..." enquanto procedimento estilístico, temos, d) Dar-lhe-emos novas oportunidades de trabalho
respectivamente: para que você obtenha resultados mais satisfatórios.
e) Haveremos de conseguir os medicamentos
a) metáfora e polissíndeto; necessários para a cura desse vírus insubordinável a
b) comparação e repetição; qualquer tratamento.
c) metonímia e aliteração;
d) hipérbole e metáfora;
e) anáfora e metáfora. 07. (FIGURAS DE LINGUAGEM) (FEI) Assinalar a
alternativa correta, correspondente à figuras de
linguagem, presentes nos fragmentos abaixo:
03. (FIGURAS DE LINGUAGEM) (PUC - SP) Nos
trechos: "...nem um dos autores nacionais ou I. "Não te esqueças daquele amor ardente que já nos
nacionalizados de oitenta pra lá faltava nas olhos meus tão puro viste."
estantes do major" e "...o essencial é achar-se as
palavras que o violão pede e deseja" encontramos, II. "A moral legisla para o homem; o direito para o
respectivamente, as seguintes figuras de cidadão."
linguagem:
III. "A maioria concordava nos pontos essenciais; nos
a) prosopopéia e hipérbole; pormenores porém, discordavam."
b) hipérbole e metonímia;
c) perífrase e hipérbole; IV. "Isaac a vinte passos, divisando o vulto de um,
d) metonímia e eufemismo; pára, ergues a mão em viseira, firma os olhos."
e) metonímia e prosopopéia.
a) anacoluto, hipérbato, hipálage, pleonasmo;
b) hipérbato, zeugma, silepse, assíndeto;
04. (FIGURAS DE LINGUAGEM) (VUNESP) Na c) anáfora, polissíndeto, elipse, hipérbato;
frase: "O pessoal estão exagerando, me disse d) pleonasmo, anacoluto, catacrese, eufemismo;
ontem um camelô", encontramos a e) hipálage, silepse, polissíndeto, zeugma.
figura de linguagem chamada:

a) silepse de pessoa 08. (FIGURAS DE LINGUAGEM) (FEBA - SP)


b) elipse Assinale a alternativa em que ocorre aliteração:
c) anacoluto
d) hipérbole a) "Água de fonte .......... água de oceano .............
e) silepse de número água de pranto. (Manuel Bandeira)
b) "A gente almoça e se coça e se roça e só se vicia."
(Chico Buarque)
05. (FIGURAS DE LINGUAGEM) (ITA) Em qual das c) "Ouço o tique-taque do relógio: apresso-me então."
opções há erro de identificação das figuras? (Clarice Lispector)
d) "Minha vida é uma colcha de retalhos, todos da

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LÍNGUA PORTUGUESA
mesma cor." (Mário Quintana)
e) N.d.a.

09. (FIGURAS DE LINGUAGEM) (CESGRANRIO)


Na frase "O fio da idéia cresceu, engrossou e
partiu-se" ocorre processo de gradação. Não há
gradação em:

a) O carro arrancou, ganhou velocidade e capotou.


b) O avião decolou, ganhou altura e caiu.
c) O balão inflou, começou a subir e apagou.
d) A inspiração surgiu, tomou conta de sua mente e
frustrou-se.
e) João pegou de um livro, ouviu um disco e saiu.

10. (FIGURAS DE LINGUAGEM) (FATEC) "Seus


óculos eram imperiosos." Assinale a alternativa em
que aparece a mesma figura de linguagem que há
na frase acima:

a) "As cidades vinham surgindo na ponte dos


nomes."
b) "Nasci na sala do 3° ano."
c) "O bonde passa cheio de pernas."
d) "O meu amor, paralisado, pula."
e) "Não serei o poeta de um mundo caduco."

GABARITO:

01. E 02. A 03. E 04. E


05. C 06. C 07. B 08. B
09. E 10.C

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LÍNGUA PORTUGUESA
significado nos múltiplos contextos em que aparece.
Veja alguns exemplos de palavras polissêmicas:
cabo (posto militar, acidente geográfico, cabo

SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS da vassoura, da faca)

Quanto à significação, as palavras são banco (instituição comercial financeira,

divididas nas seguintes categorias: assento)

Sinônimos manga (parte da roupa, fruta)

As palavras que possuem significados Homônimos

próximos são chamadas sinônimos. São palavras que possuem a mesma

Exemplos: pronúncia (algumas vezes, a mesma grafia), mas

casa - lar - moradia – residência significados diferentes.

longe – distante Veja alguns exemplos no quadro abaixo:

delicioso – saboroso acender (colocar fogo) ascender (subir)


carro - automóvel
assento (local onde se
Observe que o sentido dessas palavras são acento (sinal gráfico)
senta)
próximos, mas não são exatamente equivalentes.
acerto (ato de acertar) asserto (afirmação)
Dificilmente encontraremos um sinônimo perfeito,
uma palavra que signifique exatamente a mesma apreçar (ajustar o
apressar (tornar rápido)
preço)
coisa que outra.
Há uma pequena diferença de significado buxeiro (pequeno
bucheiro (tripeiro)
arbusto)
entre palavras sinônimas. Veja que, embora casa e
bucho (estômago) buxo (arbusto)
lar sejam sinônimos, ficaria estranho se falássemos
a seguinte frase: caçar (perseguir cassar (tornar sem
animais) efeito)
Comprei um novo lar.
Obs.: o uso de palavras sinônimas pode cegar (deixar cego) segar (cortar, ceifar)
ser de grande utilidade nos processos de sela (forma do verbo
cela (pequeno quarto)
retomada de elementos que inter-relacionam as selar; arreio)
partes dos textos. senso (entendimento,
censo (recenseamento)
Antônimos juízo)

São palavras que possuem significados séptico (que causa


céptico (descrente)
infecção)
opostos, contrários.
Exemplos: cerração (nevoeiro) serração (ato de serrar)
mal / bem cerrar (fechar) serrar (cortar)
ausência / presença
cervo (veado) servo (criado)
fraco / forte
claro / escuro xá (antigo soberano do
chá (bebida)
Irã)
subir / descer
cheio / vazio cheque (ordem de xeque (lance no jogo
pagamento) de xadrez)
possível / impossível
círio (vela) sírio (natural da Síria)
Polissemia
Polissemia é a propriedade que uma cito (forma do verbo
sito (situado)
citar)
mesma palavra tem de apresentar mais de um

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palavras são chamadas de homógrafas e são uma
concertar (ajustar, consertar (reparar,
combinar) corrigir) subclasse dos homônimos.
Observe os exemplos:
concerto (sessão
conserto (reparo) almoço (substantivo, nome da refeição)
musical)
almoço(forma do verbo almoçar na 1ª
coser (costurar) cozer (cozinhar)
pessoa do sing. do tempo presente do modo
exotérico (que se indicativo)
esotérico (secreto)
expõe em público)
gosto (substantivo)
expectador (aquele que
espectador (aquele que gosto (forma do verbo gostar na 1ª pessoa
tem esperança, que
assiste)
espera) do sing. do tempo presente do modo indicativo)

experto (experiente, Parônimos


esperto (perspicaz)
perito) É a relação que se estabelece entre palavras

espiar (observar) expiar (pagar pena) que possuem significados diferentes, mas são muito
parecidas na pronúncia e na escrita. Veja alguns
espirar (soprar, exalar) expirar (terminar)
exemplos no quadro abaixo.
estático (imóvel) extático (admirado)
absolver (perdoar, absorver (aspirar,
esterno (osso do peito) externo (exterior) inocentar) sorver)
extrato (o que se extrai apóstrofe (figura de
estrato (camada) apóstrofo (sinal gráfico)
de algo) linguagem)
extremar (exaltar, aprender (tomar apreender (capturar,
estremar (demarcar)
sublimar) conhecimento) assimilar)
incerto (não certo, inserto (inserido, arrear (pôr arreios) arriar (descer, cair)
impreciso) introduzido)
assunção (elevação a
incipiente (principiante) insipiente (ignorante) ascensão (subida)
um cargo)
laço (nó) lasso (frouxo) bebedor (aquele que bebedouro (local onde
bebe) se bebe)
ruço (pardacento, russo (natural da
grisalho) Rússia) cavalheiro (homem
cavaleiro (que cavalga)
gentil)
tacha (prego pequeno) taxa (imposto, tributo)
comprimento cumprimento
tachar (atribuir defeito (extensão) (saudação)
taxar (fixar taxa)
a)
diferir (distinguir-se,
deferir (atender)
divergir)
Homônimos Perfeitos
Possuem a mesma grafia e o mesmo som. delatar (denunciar) dilatar (alargar)
Por Exemplo: descrição (ato de discrição (reserva,
Eu cedo este lugar para a professora. descrever) prudência)

(cedo = verbo) descriminar (tirar a


discriminar (distinguir)
Cheguei cedo para a entrevista. (cedo = culpa)

advérbio de tempo) despensa (local onde


dispensa (ato de
Atenção: se guardam
dispensar)
mantimentos)
Existem algumas palavras que possuem
docente (relativo a discente (relativo a
a mesma escrita (grafia), mas a pronúncia e o
professores) alunos)
significado são sempre diferentes. Essas
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Na sequência veremos os prefixos, os sufixos
emigrar (deixar um imigrar (entrar num e os radicais, a partir de sua origem grega ou latina e
país) país) a relação com a língua portuguesa.

iminência (qualidade do Principais prefixos latinos:


eminência (elevado)
que está iminente) a-, ab-, abs- (indica afastamento; separação
= aberrar, abdicar, abster, abstrair, amovível,
iminente (prestes a aversão);
eminente (elevado)
ocorrer)
a-, ad-, ar-, as- (movimento para;
esbaforido (ofegante, aproximação; direção = adjunto, adnominal, adjetivo,
espavorido (apavorado)
apressado) adventício, advogado, abordar, apurar, arribar,
arraigar, associar, assimilar);
estadia (permanência
estada (permanência ante- (anterioridade; precedência = antepor,
temporária em um
em um lugar) anteceder, antebraço, antecâmara);
lugar)
circu-, circum- (movimento em torno, posição
flagrante (evidente) fragrante (perfumado) em redor = circumpolar, circum-ambiente,
circunavegação, circunferência);
fluir (transcorrer,
fruir (desfrutar) cis- (posição aquém = cisplatino, cisandino);
decorrer)
co-, com-, con-, cor- ([da preposição latina
fusível (aquilo que
fuzil (arma de fogo) cum] concomitância, companhia, ação conjunta =
funde) competir, companheiro, concorrer, congregar,
cooperar, coerente, corroborar, corrosivo);
imergir (afundar) emergir (vir à tona)
contra- (oposição, ação conjunta =
inflação (alta dos contradizer, contraveneno, contrapeso);
infração (violação)
preços)
de- (movimento de cima para baixo = declive,
infringir (violar, débil, decrescente, decapitar);
infligir (aplicar pena)
desrespeitar) des- (separação, ação contrária, negação =
desviar, desleal, desfazer, desprotegido);
mandado (ordem
mandato (procuração) di-, dir-, dis- (dualidade, divisão, separação,
judicial)
movimento em muitos sentidos = disforme, discutir,
peão (aquele que anda disseminar, dirimir, dilacerar, difundir);
a pé, domador de pião (tipo de brinquedo)
entre- (posição intermediária = entreato,
cavalos)
entrelinha, entretela, entremeio);
procedente ex-, es-, e- (movimento para fora,
precedente (que vem
(proveniente; que tem afastamento, estado anterior = extrair, expectorar-
antes)
fundamento) exportar, escorrer, esquecer, emigrar, emergir);

ratificar (confirmar) retificar (corrigir) extra- (posição exterior = extraordinário,


extravasar, extramuros);
recriar (criar in-, im-, i-, ir-, em-, en- (movimento para
recrear (divertir)
novamente) dentro, tendência, mudança de estado = incrustar,
ingerir, investigar, impressão, imigrar, irromper,
soar (produzir som) suar (transpirar) enterrar, embarcar, enformar);
sortir (abastecer, in-, im-, i-, ir- (sentido exclusivamente
surtir (produzir efeito)
misturar) negativo, de privarão [é de etimologia diferente do in-
anterior] = indecente, inerte, impróprio, imberbe,
sustar (suspender) suster (sustentar) ilegal, imoral, ignorar, irrestrito, irregular);

tráfego (trânsito) tráfico (comércio ilegal) intra- (posição interior = intravenoso,


intrapulmonar, intramedular);
vadear (atravessar a vadiar (andar intro- (movimento para dentro = introduzir,
vau) ociosamente) intrometer, introito, introspecção);
O significado de algumas palavras pode ser justa- (posição ao lado, perto de = justaposto,
identificado através da estrutura de seus elementos justafluvial, justalinear);
mórficos.

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ob-, o-, os- (posição em frente, diante de, O verbo andar tem origem no latim ambulare.
oposição = objeto, obstáculo, ofuscar, opor, ocupar,
Possui inúmeros significados em português,
ostentar);
portanto polissêmico.
per- (movimento através = perpassar,
Há sinonímia quando duas ou mais palavras
permeável, perfurar, pernoitar);
têm o mesmo significado em determinado contexto.
pos- (ação posterior = posdatar, postergar, Diz-se, então, que são sinônimos.
postônica, posposto);
Ex.: O comprimento da sala é de oito metros.
pre- (anterioridade = predatar, prefixo,
A extensão da sala é de oito metros.
preliminar, prefácio, pretônica);
ATENTEM-SE!
pro- (movimento para a frente, diante de =
prosseguir, progredir, profano, proclamar); Em verdade, as palavras são sinônimas em
certas situações, mas podem não ser em outras. Por
re- (movimento para trás, repetição =
exemplo, pode-se dizer, em princípio, que face e
regredir, reagir, reiterar, recomeçar);
rosto são dois sinônimos: ela tem um belo rosto, ela
retro- (movimento mais para trás = tem uma bela face. Mas não se consegue fazer a
retroceder, retrospectiva, retrocesso, retroagir); troca de face por rosto numa frase do tipo: em face
do exposto, aceitarei.
soto-, sota- (posição inferior = sotopor, soto-
mestre, sota-capitão); IV) A ideia antonímica,o emprego de palavras
de sentido contrário, requer os mesmos cuidados da
sub-, sus-, su-, sob-, so- (movimento de
sinonímia.
baixo para cima, estado inferior, redução =
sublevar, subir, subalterno, suspender, suspeitar, Na realidade, tudo é uma questão de bom
sufocar, sobpor, sopé, sonegar, soerguer, soterrar); vocabulário.
super-, sobre-, supra- (posição em cima, Ex.: É um menino corajoso.
posição acima, excesso, intensidade = superpor,
É um menino medroso.
supercílio, supérfluo, sobrecarga, sobreviver,
suprarrenal, supramencionado); V) Relações de hominínia e/ou paronímia
trans-, trás-, tres- (movimento para além de; * Palavras homônimas ou homônimos são
posterioridade, posição excedente = transmontano, palavras que são pronunciadas da mesma forma,
transpor, transportar, transbordar, trasladar, mas têm significados diferentes.
trespasse, tresmalhar);
Existem três tipos de homônimos:
ultra- (posição além de, excesso = ultramar,
homônimos perfeitos, homófonos e
ultrapassar, ultrassom);
homógrafos.
vice-, vis- (substituição, em lugar de = vice-
acender – pôr fogo a
presidente, vice-rei, visconde).
ascender – elevar-se
EXPRESSÕES
acento – inflexão da voz
Sabemos que as palavras podem associar-
se de várias maneiras, ou seja, quando as palavras assento – objeto onde se senta
se relacionam pelo sentido, temos um campo asado – com asas
semântico. Não se trata de sinônimos ou
antônimos, mas de aproximação de sentido num azado – oportuno
dado contexto.
caçar – perseguir
Ex.: perna, braço, cabeça, olhos, cabelos,
cassar – anular
nariz -> partes do corpo humano azul, verde,
amarelo, cinza, marrom, lilás – cores martelo, cegar – tirar a visão
serrote, alicate, torno, enxada -> ferramentas
segar – ceifar, cortar
As palavras têm de assumir significados
cela – cômodo pequeno
variados de acordo com o contexto – POLISSEMIA.
sela – arreio
Ex.: Ele anda muito.
censo – recenseamento
Mário anda doente.
senso – juízo
Aquele executivo só anda de avião.
cerração – nevoeiro
Meu relógio não anda mais.
serração – ato de serrar
ATENTEM-SE!
cheque – ordem de pagamento
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LÍNGUA PORTUGUESA
xeque – lance do jogo de xadrez comprimento – extensão
cidra – certa fruta cumprimento – saudação
sidra – um tipo de bebida conjetura – hipótese
conjuntura – situação
conserto – reparo
delatar – denunciar
concerto – harmonia
dilatar – alargar
estático – firme, parado descrição – ato de descrever
extático – em êxtase discrição – qualidade de discreto
espiar – olhar descriminar – inocentar
discriminar – separar
expiar – sofrer
despercebido – sem ser notado
estrato – camada; tipo de nuvem desapercebido – desprevenido
extrato – que se extraiu destratar – insultar
passo – passada distratar – desfazer
paço – palácio imperial docente – professor
discente – estudante
incerto – duvidoso
emergir – vir à tona, sair
inserto – inserido imergir – mergulhar
incipiente – que está no início emigrar – sair de um país
insipiente – que não sabe imigrar – entrar em um país
lasso – cansado eminente – importante
iminente – que está para ocorrer
laço – tipo de nó
estada – permanência de alguém
remissão – perdão estadia – permanência de veículo
remição – resgate flagrante – evidente
seda – tipo de tecido fragrante – aromático
fluir – correr; manar
ceda – flexão do verbo ceder
fruir -desfrutar
taxa – imposto
inflação – desvalorização
tacha – tipo de prego infração – transgressão
viagem – jornada infligir – aplicar pena
viajem – flexão do verbo viajar infringir – transgredir
mandado – ordem judicial
* Palavras parônimas ou parônimos são
palavras que são escritas de forma parecida e são mandato – procuração
pronunciadas de forma parecida, mas que prescrever – receitar; expirar (prazo)
apresentam significados diferentes. proscrever – afastar, desterrar
Ex.: O tráfego era intenso naquela estrada. ratificar – confirmar
O tráfico de escravos é uma nódoa em retificar – corrigir
nossa história. sortir – abastecer
As palavras tráfego e tráfico são parecidas, surtir – resultar
mas não se trata de homônimos, pois a pronúncia e tráfego – movimento de veículo
a grafia são diferentes. Tráfego é movimento de tráfico – comércio
veículo; tráfico, comércio.
vultoso – grande
amoral – sem o senso da moral vultuoso – vermelho e inchado
imoral – contrário à moral Prof. Mali
apóstrofe – chamamento
apóstrofo – tipo de sinal gráfico
cavaleiro – que anda a cavalo
cavalheiro – gentil

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reflete o ambiente original de sua composição
romântica.
Mesmo assim, usando uma suposta língua
convencional e aparentemente apropriada dentro de
um contexto específico (as palavras aparentemente
Semântica & Estilística apropriadas que correspondem à situação em que
A semântica é o estudo do significado. aparecem), existe a possibilidade que nesta língua
Incide sobre a relação entre significantes, tais como possa faltar o sentido e deixar de transmitir fielmente
palavras, frases, sinais e símbolos, e o que eles a mensagem destinada ao leitor do autor, tornando
representam, a sua denotação. A semântica assim tal linguagem obsoleta precisamente devido à
linguística estuda o significado usado por seres sua convencionalidade. Além disso, para qualquer
humanos para se expressar através da linguagem. escritor que pretenda transmitir a sua opinião em
Outras formas de semântica incluem a semântica uma variedade de linguagem que sinta, é adequado
nas linguagens de programação, lógica formal, e para o contexto encontrar-se involuntariamente em
semiótica. conformidade com um estilo particular, que, em
seguida, obscurece o conteúdo da sua escrita.

Em sentido largo, pode-se entender


semântica como um ramo dos estudos linguísticos A divisão proposta pelo francês Pierre Giraud
que se ocupa dos significados produzidos pelas abarca duas condições de origem: aquelas figuras
diversas formas de uma língua. Dentro dessa usadas pelo próprio idioma (estilística da língua), e
definição ampla, pertence ao domínio da semântica aquelas criadas pelo autor (estilística genética). Para
tanto a preocupação com determinar o significado aqueles que a entendem como uma divisão da
dos elementos constituintes das palavras (prefixo, gramática, a Estilística divide-se em:
radical, sufixo) como o das palavras no seu todo e
ainda o de frases inteiras. • Figuras de sintaxe ou de construção - das quais as
mais importantes são a elipse (com a subespécie
Já estilística é o ramo da linguística que zeugma), pleonasmo, polissíndeto, inversão
estuda as variações da língua e sua utilização, (hipérbato, anástrofe, prolepse e sínquise),
incluindo o uso estético da linguagem e as suas anacoluto, silepse, onomatopéia e repetição.
diferentes aplicações dependendo do contexto ou
situação. Por exemplo, a língua de publicidade, • Figuras de palavras - onde se tem a metáfora, a
política, religião, autores individuais, ou a língua de metonímia (e seu caso especial: a sinédoque),
um período, todos pertencem a uma situação catacrese e antonomásia.
particular. Em outras palavras, todos possuem um
"lugar". • Figuras de pensamento - antítese, apóstrofe,
eufemismo, disfemismo, hipérbole, ironia (antífrase),
Na estilística, analisa-se a capacidade de personificação e retificação.
provocar sugestões e emoções usando certas
fórmulas e efeitos de estilo, por exemplo, as Segundo essa divisão, a ela cabe, também, o estudo
características da estilística incluiem o uso do dos chamados Vícios de linguagem, tais como a
diálogo, incluindo acentos regionais e os dialetos ambiguidade (anfibologia), barbarismo, cacofonia,
desse determinado povo, língua descritiva, o uso da estrangeirismo, colisão, eco, solecismo e
gramática, tal como a voz passiva ou voz ativa, o obscuridade.
uso da língua particular, etc. Além disso, a
estilística é um termo distintivo que pode ser usado
para determinar conexões entre forma e efeitos Falaremos, portanto, um pouquinho sobre a
dentro de uma variedade particular da língua. semântica (parte da gramática que estuda o sentido
Consequentemente, a estilística visa ao que das palavras e da interpretação das sentenças e dos
"acontece" dentro da língua; o que as associações enunciados)
linguísticas revelam do estilo da língua.
I) Sabemos que as palavras podem associar-se de
Em geral, a situação em que um tipo de várias maneiras, ou seja, quando as palavras se
língua é encontrado pode geralmente ser vista relacionam pelo sentido, temos um campo semântico.
enquanto apropriada ou imprópria ao estilo da Não se trata de sinônimos ou antônimos, mas de
língua que se usou. Uma carta pessoal de amor aproximação de sentido num dado contexto.
provavelmente não possuiria a linguagem
apropriada para este tipo de artigo. Entretanto, Ex.: perna, braço, cabeça, olhos, cabelos, nariz ->
dentro da língua de uma correspondência romântica partes do corpo humano
o estilo da carta e seu contexto podem estar azul, verde, amarelo, cinza, marrom, lilás – cores
relacionados. Pode ser intenção do autor incluir martelo, serrote, alicate, torno, enxada ->
uma palavra, frase ou sentença que não apenas ferramentas
transmite os sentimentos de afeição, mas também

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II) As palavras têm de assumir significados cheque – ordem de pagamento
variados de acordo com o contexto – xeque – lance do jogo de xadrez
POLISSEMIA.
cidra – certa fruta
Ex.: Ele anda muito. sidra – um tipo de bebida
Mário anda doente.
conserto – reparo
Aquele executivo só anda de avião.
concerto – harmonia
Meu relógio não anda mais.
estático – firme, parado
ATENTEM-SE!
extático – em êxtase
O verbo andar tem origem no latim ambulare.
Possui inúmeros significados em português, espiar – olhar
portanto polissêmico. expiar – sofrer
III) Há sinonímia quando duas ou mais palavras estrato – camada; tipo de nuvem
têm o mesmo significado em determinado extrato – que se extraiu
contexto. Diz-se, então, que são sinônimos.
passo – passada
Ex.: O comprimento da sala é de oito metros. paço – palácio imperial
A extensão da sala é de oito metros.
incerto – duvidoso
ATENTEM-SE! inserto – inserido
Em verdade, as palavras são sinônimas em certas incipiente – que está no início
situações, mas podem não ser em outras. Por insipiente – que não sabe
exemplo, pode-se dizer, em princípio, que face e
rosto são dois sinônimos: ela tem um belo rosto, ela lasso – cansado
laço – tipo de nó
tem uma bela face. Mas não se consegue fazer a
troca de face por rosto numa frase do tipo: em face remissão – perdão
do exposto, aceitarei. remição – resgate
IV) A ideia antonímia, o emprego de palavras de seda – tipo de tecido
sentido contrário, requer os mesmos cuidados da ceda – flexão do verbo ceder
sinonímia.
Na realidade, tudo é uma questão de bom taxa – imposto
vocabulário. tacha – tipo de prego

Ex.: É um menino corajoso. viagem – jornada


É um menino medroso. viajem – flexão do verbo viajar

V) Relações de hominínia e/ou paronímia


* Palavras homônimas ou homônimos são * Palavras parônimas ou parônimos são palavras
palavras que são pronunciadas da mesma forma, que são escritas de forma parecida e são
mas têm significados diferentes. pronunciadas de forma parecida, mas que
Existem três tipos de homônimos: homônimos apresentam significados diferentes.
perfeitos, homófonos e homógrafos. Ex.: O tráfego era intenso naquela estrada.

acender – pôr fogo a O tráfico de escravos é uma nódoa em nossa


ascender – elevar-se história.

acento – inflexão da voz As palavras tráfego e tráfico são parecidas, mas não
assento – objeto onde se senta se trata de homônimos, pois a pronúncia e a grafia
são diferentes.
asado – com asas
azado – oportuno Tráfego é movimento de veículo; tráfico, comércio.

caçar – perseguir amoral – sem o senso da moral


cassar – anular imoral – contrário à moral

cegar – tirar a visão apóstrofe – chamamento


segar – ceifar, cortar apóstrofo – tipo de sinal gráfico

cela – cômodo pequeno cavaleiro – que anda a cavalo


sela – arreio cavalheiro – gentil

censo – recenseamento comprimento – extensão


senso – juízo cumprimento – saudação

cerração – nevoeiro conjetura – hipótese


serração – ato de serrar conjuntura – situação

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LÍNGUA PORTUGUESA
delatar – denunciar
dilatar – alargar
descrição – ato de descrever
discrição – qualidade de discreto
descriminar – inocentar
discriminar – separar
despercebido – sem ser notado
desapercebido – desprevenido
destratar – insultar
distratar – desfazer
docente – professor
discente – estudante
emergir – vir à tona, sair
imergir – mergulhar
emigrar – sair de um país
imigrar – entrar em um país
eminente – importante
iminente – que está para ocorrer
estada – permanência de alguém
estadia – permanência de veículo
flagrante – evidente
fragrante – aromático
fluir – correr; manar
fruir -desfrutar
inflação – desvalorização
infração – transgressão
infligir – aplicar pena
infringir – transgredir
mandado – ordem judicial
mandato – procuração
prescrever – receitar; expirar (prazo)
proscrever – afastar, desterrar
ratificar – confirmar
retificar – corrigir
sortir – abastecer
surtir – resultar
tráfego – movimento de veículo
tráfico – comércio
vultoso – grande
vultuoso – vermelho e inchado

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LÍNGUA PORTUGUESA
De maneira geral, é possível encontrarmos o uso
da linguagem conotativa nos gêneros discursivos
textuais primários, ou seja, nos diálogos informais
A linguagem é o maior instrumento de do cotidiano. Entretanto, são nos textos secundários,
interação entre sujeitos socialmente organizados. ou seja, aqueles mais elaborados, como os literários
Isso porque ela possibilita a troca de ideias, a e publicitários, que a linguagem conotativa aparece
circulação de saberes e faz intermediação entre com maior expressividade. A utilização
todas as formas de relação humanas. Quando da linguagem conotativa nos gêneros
queremos nos expressar verbalmente, seja de discursivos literários e publicitários ocorre para
maneira oral (fala), seja na forma escrita, que se possa atribuir mais expressividade às
recorremos às palavras, expressões e enunciados palavras, enunciados e expressões,
de uma língua, os quais atuam em dois planos de causando diferentes efeitos de sentido nos
sentido distintos: o denotativo, que é o sentido leitores/ouvintes.
literal da palavra, expressão ou enunciado, e
o conotativo, que é o sentido figurado da palavra, Exemplo:
expressão ou enunciado. Leia um trecho do poema Amor é fogo que arde
Vejamos mais detalhadamente cada um deles: sem se ver, de Luiz Vaz de Camões, e observe a
maneira como o poeta define a palavra/sentimento
DENOTAÇÃO 'amor' utilizando linguagem conotativa:
Quando a linguagem está no sentido denotativo, Amor é fogo que arde sem se ver
significa que ela está sendo utilizada em
seu sentido literal, ou seja, o sentido que carrega Amor é fogo que arde sem se ver;
o significado básico das palavras, expressões e É ferida que dói, e não se sente;
enunciados de uma língua. Em outras palavras, É um contentamento descontente;
o sentido denotativo é o É dor que desatina sem doer.
sentido real, dicionarizado das palavras. É um não querer mais que bem querer;
De maneira geral, o sentido denotativo é utilizado É um andar solitário entre a gente;
na produção de textos que tenham função É nunca contentar-se de contente;
referencial, cujo objetivo é transmitir informações, É um cuidar que se ganha em se perder.
argumentar, orientar a respeito de diversos É querer estar preso por vontade;
assuntos, como é o caso É servir a quem vence, o vencedor;
da reportagem, editorial, artigo de É ter com quem nos mata, lealdade.
opinião, resenha, artigo
científico, ata, memorando, receita, manual de Mas como causar pode seu favor
instrução, bula de remédios, entre outros. Nos corações humanos amizade,
Nesses gêneros discursivos textuais, as palavras Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
são utilizadas para fazer referência a conceitos, (Luís Vaz de Camões, séc. XVI)
fatos, ações em seu sentido literal.
Exemplos:
A professora pediu aos alunos que pegassem o
caderno de Geografia.
A polícia capturou os três detentos que haviam
fugido da penitenciária de Santa Cruz do Céu.
O hibisco é uma planta que pode ser utilizada
tanto para ornamentação de jardins quanto para a
fabricação de chás terapêuticos a partir das suas
flores.
Amor: forte afeição por outra pessoa, nascida de
laços de consanguinidade ou de relações sociais.
CONOTAÇÃO
Quando a linguagem está no sentido conotativo,
significa que ela está sendo utilizada em
seu sentido figurado, ou seja, aquele cujas
palavras, expressões ou enunciados ganham
um novo significado em situações e contextos
particulares de uso. O sentido conotativo modifica
o sentido denotativo (literal) das palavras e
expressões, ressignificando-as.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Observe que a diferença entre a referência e a
substituição está expressa especialmente no fato de
que a substituição acrescenta uma informação nova
ao texto.
A Coesão e a Coerência são mecanismos No caso de “João e Maria casaram. Eles são pais de
fundamentais na construção textual. Ana e Beto”, o pronome pessoal referencia as
Para que um texto seja eficaz na transmissão da pessoas João e Maria, não acrescentando
sua mensagem é essencial que faça sentido para o informação adicional ao texto.
leitor. Elipse
Um componente textual, quer seja um nome, um
Além disso, deve ser harmonioso, de forma a que a verbo ou uma frase, pode ser omitido através da
mensagem flua de forma segura, natural e elipse.
agradável aos ouvidos. Exemplo: Temos ingressos a mais para o concerto.
Você os quer?
COESÃO TEXTUAL (A segunda oração é perceptível mediante o
contexto. Assim, sabemos que o que está sendo
A coesão é resultado da disposição e da oferecido são ingressos para o concerto.)
correta utilização das palavras que propiciam a
ligação entre frases, períodos e parágrafos de um Conjunção
texto. Ela colabora com sua organização e ocorre A conjunção liga orações estabelecendo relação
por meio de palavras chamadas de conectivos. entre elas.
Mecanismos de Coesão
Exemplo: Nós não sabemos quem é o
A coesão pode ser obtida através de alguns culpado, mas ele sabe. (adversativa)
mecanismos: anáfora e catáfora.
Coesão Lexical
A anáfora e a catáfora se referem à informação A coesão lexical consiste na utilização de palavras
expressa no texto e, por esse motivo, são que possuem sentido aproximado ou que pertencem
qualificadas como endofóricas. a um mesmo campo lexical. São elas: sinônimos,
Enquanto a anáfora retoma um componente, a hiperônimos, nomes genéricos, entre outros.
catáfora o antecipa, contribuindo com a ligação e a Exemplo: Aquela escola não oferece as condições
harmonia textual. mínimas de trabalho. A instituição está literalmente
caindo aos pedaços.
Algumas Regras
Confira abaixo algumas regras que garantem a COERÊNCIA TEXTUAL
coesão textual:
A Coerência é a relação lógica das ideias de um texto
Referência que decorre da sua argumentação - resultado
especialmente dos conhecimentos do transmissor da
Pessoal: utilização de pronomes pessoais e mensagem.
possessivos.
Um texto contraditório e redundante ou cujas ideias
Exemplo: João e Maria casaram. Eles são pais de iniciadas não são concluídas, é um texto incoerente.
Ana e Beto. (Referência pessoal anafórica)
Demonstrativa: utilização de pronomes A incoerência compromete a clareza do discurso, a
demonstrativos e advérbios. sua fluência e a eficácia da leitura.
Assim a incoerência não é só uma questão de
Exemplo: Fiz todas as tarefas, com exceção desta: conhecimento, decorre também do uso de tempos
arquivar a correspondência. (Referência verbais e da emissão de ideias contrárias.
demonstrativa catafórica)
Comparativa: utilização de comparações através Exemplos:
de semelhanças. O relatório está pronto, porém o estou finalizando até
agora. (processo verbal acabado e inacabado)
Exemplo: Mais um dia igual aos outros… Ele é vegetariano e gosta de um bife muito mal
(Referência comparativa endofórica) passado. (os vegetarianos são assim classificados
pelo fato de se alimentar apenas de vegetais)
Substituição
Substituir um elemento (nominal, verbal, frasal) por Fatores de Coerência
outro é uma forma de evitar as repetições.
São inúmeros os fatores que contribuem para a
Exemplo: Vamos à prefeitura amanhã, eles irão na coerência de um texto, tendo em vista a sua
próxima semana. abrangência. Vejamos alguns:

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LÍNGUA PORTUGUESA
Conhecimento de Mundo relacionadas com as regras essenciais para uma boa
produção textual.
É o conjunto de conhecimento que A coesão textual tem como foco a articulação
adquirimos ao longo da vida e que são arquivados interna, ou seja, as questões gramaticais. Já a
na nossa memória. coerência textual trata da articulação externa e mais
profunda da mensagem.
São o chamados frames (rótulos),
esquemas (planos de funcionamento, como a rotina
alimentar: café da amanhã, almoço e jantar), planos
(planejar algo com um objetivo, tal como jogar um
jogo), scripts (roteiros, tal como normas de
etiqueta).

Exemplo: Peru, Panetone, frutas e nozes. Tudo a


postos para o Carnaval!
Uma questão cultural nos leva a concluir que a
oração acima é incoerente. Isso porque “peru,
panetone, frutas e nozes” (frames) são elementos
que pertencem à celebração do Natal e não à festa
de carnaval.

Inferências
Através das inferências, as informações podem ser
simplificadas se partimos do pressuposto que os
interlocutores partilham do mesmo conhecimento.
Exemplo: Quando os chamar para jantar não
esqueça que eles são indianos. (ou seja, em
princípio, esses convidados não comem carne de
vaca)

Fatores de contextualização
Há fatores que inserem o interlocutor na mensagem
providenciando a sua clareza, como os títulos de
uma notícia ou a data de uma mensagem.
Exemplo:
— Está marcado para às 10h.
— O que está marcado para às 10h? Não sei sobre
o que está falando.

Informatividade
Quanto maior informação não previsível um texto
tiver, mais rico e interessante ele será. Assim, dizer
o que é óbvio ou insistir numa informação e não
desenvolvê-la, com certeza desvaloriza o texto.
Exemplo: O Brasil foi colonizado por Portugal.
Princípios Básicos
Após termos visto os fatores acima, é essencial ter
em atenção os seguintes princípios para se obter
um texto coerente:

Princípio da Não Contradição - ideias


contraditórias
Princípio da Não Tautologia - ideias redundantes
Princípio da Relevância - ideias que se relacionam

Diferença entre Coesão e Coerência

Coesão e coerência são coisas diferentes,


de modo que um texto coeso pode ser incoerente.
Ambas têm em comum o fato de estarem

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LÍNGUA PORTUGUESA
Assim, infere-se que:

- va – DMT - desinência modo-temporal indicando o


pretérito imperfeito do modo indicativo.
classes de palavras variáveis e invariáveis
e seus empregos no texto. - mos – DNP – desinência número-pessoal indicando
a primeira pessoa do plural (nós).
Consultando a gramática, descobrimos que Diante de tais elucidações, afirmamos que elas se
dentre as partes que a constituem há uma que, por aplicam às chamadas palavras variáveis.
excelência, permite-nos tornar conhecedores da
forma como se estruturam as palavras, levando em Para completar nossos estudos acerca do caso em
conta aspectos específicos, como é caso das questão cumpre afirmar que palavras invariáveis,
flexões, por exemplo. Estamos fazendo referência como nos revela o próprio nome, são aquelas que
à morfologia, obviamente, aquela responsável por não sofrem flexão nenhuma, demarcadas pelos
nos apresentar acerca das dez classes gramaticais. advérbios, preposições, conjunções e
interjeições.
Em se tratando delas, das classes
gramaticais, um dos aspectos que lhes são
inerentes diz respeito à flexão e não flexão das
palavras, que, por sua vez, traduz os nossos CLASSES DE PALAVRAS CLASSIFICAÇÃO E
objetivos ao travar essa importante discussão, por EMPREGO:
isso, iremos falar um pouco mais acerca das
palavras variáveis e das palavras invariáveis. As palavras são classificadas de acordo com
Cabe, portanto, ressaltar que as palavras variáveis as funções exercidas nas orações.
são aquelas que sofrem variações em sua forma, o
que resulta nas chamadas desinências nominais de Na língua portuguesa podemos classificar as
gênero e de número, bem como nas desinências palavras em:
verbais, de modo, tempo, número e pessoa.

Assim, ao revelarmos acerca das  Substantivo


desinências nominais, já que estamos fazendo  Adjetivo
referência à morfologia, equivale afirmar que elas
se aplicam às classes gramaticais representadas  Pronome
pelo substantivo, artigo, adjetivo, pronome e  Verbo
numeral, haja vista que se classificam,
gramaticalmente dizendo, como nomes. Dessa  Artigo
forma, nada melhor que analisarmos alguns
 Numeral
exemplos, tornando nosso aprendizado ainda mais
efetivo:  Advérbio

Ele é um menino esperto – gênero masculino, o  Preposição


que nos permite concluir que há a ausência de  Interjeição
desinência.
 Conjunção
Ela é uma garota esperta – Constatamos agora o
gênero feminino e a desinência “a”.
SUBSTANTIVO:
Mário é um rapaz educado – Em se tratando do
número, afirmamos ser tal elemento demarcado no
singular, bem como constatamos a ausência de É a palavra variável que denomina
desinência. qualidades, sentimentos, sensações, ações, estados
e seres em geral.
Eles são uns rapazes educados – constatamos se
tratar de um número plural associado à presença da Quanto a sua formação, o substantivo pode
desinência “s”. ser primitivo (jornal) ou derivado (jornalista), simples
(alface) ou composto (guarda-chuva).
Agora, referindo-nos às desinências verbais, Já quanto a sua classificação, ele pode ser
constata-se que elas são representadas pelas comum (cidade) ou próprio (Curitiba), concreto
desinências de modo e tempo (DMT) e pelas (mesa) ou abstrato (felicidade).
desinências de número e pessoa (DNP).
Observemos então o exemplo que segue: Os substantivos concretos designam seres
de existência real ou que a imaginação apresenta
Estávamos com muita saudade de todos vocês. como tal: alma, fada, santo. Já os substantivos

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LÍNGUA PORTUGUESA
abstratos designam qualidade, sentimento, ação e  vogal ou ditongo (exceto -ÃO):
estado dos seres: beleza, cegueira, dor, fuga. acréscimo de -S (porta X portas, troféu X troféus);
Os substantivos próprios são sempre  ditongo -ÃO: -ÕES / -ÃES / -ÃOS,
concretos e devem ser grafados com iniciais variando em cada palavra (pagãos, cidadãos,
maiúsculas. cortesãos, escrivães, sacristães, capitães, capelães,
Certos substantivos próprios podem tornar- tabeliães, deães, faisães, guardiães).
se comuns, pelo processo de derivação imprópria Os substantivos paroxítonos terminados em -
(um judas = traidor / um panamá = chapéu). ão fazem plural em -ãos (bênçãos, órfãos, gólfãos).
Os substantivos abstratos têm existência Alguns gramáticos registram artesão (artífice) -
independente e podem ser reais ou não, materiais artesãos e artesão (adorno arquitetônico) - artesões.
ou não. Quando esses substantivos abstratos são  -EM, -IM, -OM, -UM: acréscimo de -
de qualidade tornam-se concretos no plural (riqueza NS (jardim X jardins);
X riquezas).
 -R ou -Z: -ES (mar X mares, raiz X
Muitos substantivos podem ser raízes);
variavelmente abstratos ou concretos, conforme o
sentido em que se empregam (a redação das leis -S: substantivos oxítonos acréscimo de -ES (país X
requer clareza / na redação do aluno, assinalei países). Os não-oxítonos terminados em -S são
vários erros). invariáveis, marcando o número pelo artigo (os atlas,
os lápis, os ônibus), cais, cós e xis são invariáveis;
Já no tocante ao gênero (masculino X
feminino) os substantivos podem ser: -N: -S ou -ES, sendo a última menos comum (hífen X
hifens ou hífenes), cânon > cânones;
 biformes: quando apresentam uma
forma para o masculino e outra para o feminino. -X: invariável, usando o artigo para o plural (tórax X
(rato, rata ou conde X condessa). os tórax);

 uniformes: quando apresentam -AL, EL, OL, UL: troca-se -L por -IS (animal X
uma única forma para ambos os gêneros. Nesse animais, barril X barris). Exceto mal por males, cônsul
caso, eles estão divididos em: por cônsules, real (moeda) por réis, mel por méis ou
meles;
 epicenos: usados para animais de
ambos os sexos (macho e fêmea) - albatroz, IL: se oxítono, trocar -L por -S. Se não oxítonos,
badejo, besouro, codorniz; trocar -IL por -EIS. (til X tis, míssil X mísseis).
Observação: réptil / reptil por répteis / reptis, projétil /
 comum de dois gêneros: aqueles projetil por projéteis / projetis;
que designam pessoas, fazendo a distinção dos
sufixo diminutivo -ZINHO(A) / -ZITO(A): colocar a
sexos por palavras determinantes - aborígine,
palavra primitiva no plural, retirar o -S e acrescentar o
camarada, herege, manequim, mártir, médium,
sufixo diminutivo (caezitos, coroneizinhos,
silvícola;
mulherezinhas). Observação: palavras com esses
 sobrecomuns - apresentam um só sufixos não recebem acento gráfico.
gênero gramatical para designar pessoas de ambos
metafonia: -o tônico fechado no singular muda para o
os sexos - algoz, apóstolo, cônjuge, guia,
timbre aberto no plural, também variando em função
testemunha, verdugo;
da palavra. (ovo X ovos, mas bolo X bolos).
Alguns substantivos, quando mudam de Observação: avôs (avô paterno + avô materno),
gênero, mudam de sentido. (o cisma X a cisma / o avós (avó + avó ou avô + avó).
corneta X a corneta / o crisma X a crisma / o cura X
Os substantivos podem apresentar diferentes graus,
a cura / o guia X a guia / o lente X a lente / o língua
porém grau não é uma flexão nominal. São três
X a língua / o moral X a moral / o maria-fumaça X a
graus: normal, aumentativo e diminutivo e podem ser
maria-fumaça / o voga X a voga).
formados através de dois processos:
Os nomes terminados em -ão fazem
analítico: associando os adjetivos (grande ou
feminino em -ã, -oa ou -ona (alemã, leoa,
pequeno, ou similar) ao substantivo;
valentona).
sintético: anexando-se ao substantivo sufixos
Os nomes terminados em -e mudam-no
indicadores de grau (meninão X menininho).
para -a, entretanto a maioria é invariável (monge X
monja, infante X infanta, mas o/a dirigente, o/a Certos substantivos, apesar da forma, não
estudante). expressam a noção aumentativa ou diminutiva.
(cartão, cartilha).
Quanto ao número (singular X plural), os
substantivos simples formam o plural em função do alguns sufixos aumentativo: -ázio, -orra, -ola, -az, -ão,
final da palavra. -eirão, -alhão, -arão, -arrão, -zarrão;

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LÍNGUA PORTUGUESA
alguns sufixos diminutivo: -ito, -ulo-, -culo, -ote, -ola, usucapião (FeM classificam como gênero vacilante);
-im, -elho, -inho, -zinho (o sufixo -zinho é obrigatório
xerox (cópia).
quando o substantivo terminar em vogal tônica ou
ditongo: cafezinho, paizinho); Gênero vacilante:
O aumentativo pode exprimir desprezo (sabichão, acauã (falcão);
ministraço, poetastro) ou intimidade (amigão);
inambu (ave);
enquanto o diminutivo pode indicar carinho (filhinho)
ou ter valor pejorativo (livreco, casebre). laringe, personagem (Ceg. fala que é usada
indistintamente nos dois gêneros, mas que há
Algumas curiosidades sobre os substantivos:
preferência de autores pelo masculino);
Palavras masculinas:
víspora.
ágape (refeição dos primitivos cristãos);
anátema (excomungação);
Alguns femininos:
axioma (premissa verdadeira);
abade - abadessa;
caudal (cachoeira);
abegão (feitor) - abegoa;
carcinoma (tumor maligno);
alcaide (antigo governador) - alcaidessa, alcaidina;
champanha, clã, clarinete, contralto, coma,
aldeão - aldeã;
diabete/diabetes (FeM classificam como gênero
vacilante); anfitrião - anfitrioa, anfitriã;
diadema, estratagema, fibroma (tumor benigno); beirão (natural da Beira) - beiroa;
herpes, hosana (hino); besuntão (porcalhão) - besuntona;
jângal (floresta da Índia); bonachão - bonachona;
lhama, praça (soldado raso); bretão - bretoa, bretã;
praça (soldado raso); cantador - cantadeira;
proclama, sabiá, soprano (FeM classificam como cantor - cantora, cantadora, cantarina, cantatriz;
gênero vacilante);
castelão (dono do castelo) - castelã;
suéter, tapa (FeM classificam como gênero
vacilante); catalão - catalã;

teiró (parte de arma de fogo ou arado); cavaleiro - cavaleira, amazona;

telefonema, trema, vau (trecho raso do rio). charlatão - charlatã;

Palavras femininas: coimbrão - coimbrã;

abusão (engano); cônsul - consulesa;

alcíone (ave doa antigos); comarcão - comarcã;

aluvião, araquã (ave); cônego - canonisa;

áspide (reptil peçonhento); czar - czarina;

baitaca (ave); deus - deusa, déia;

cataplasma, cal, clâmide (manto grego); diácono (clérigo) - diaconisa;

cólera (doença); doge (antigo magistrado) - dogesa;

derme, dinamite, entorce, fácies (aspecto); druida - druidesa;

filoxera (inseto e doença); elefante - elefanta e aliá (Ceilão);

gênese, guriatã (ave); embaixador - embaixadora e embaixatriz;

hélice (FeM classificam como gênero vacilante); ermitão - ermitoa, ermitã;

jaçanã (ave); faisão - faisoa (Cegalla), faisã;

juriti (tipo de aves); hortelão (trata da horta) - horteloa;

libido, mascote, omoplata, rês, suçuarana (felino); javali - javalina;

sucuri, tíbia, trama, ubá (canoa); ladrão - ladra, ladroa, ladrona;

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LÍNGUA PORTUGUESA
felá (camponês) - felaína; sacristão - sacristães;
flâmine (antigo sacerdote) - flamínica; tabelião - tabeliães;
frade - freira; tecelão - tecelões;
frei - sóror; verão - verãos, verões;
gigante - giganta; vilão - vilões, vilãos;
grou - grua; vulcão - vulcões, vulcãos.
lebrão - lebre;
maestro - maestrina; Alguns substantivos que sofrem
metafonia no plural:
maganão (malicioso) - magana;
abrolho, caroço, corcovo, corvo, coro,
melro - mélroa;
despojo, destroço, escolho, esforço, estorvo, forno,
mocetão - mocetona; forro, fosso, imposto, jogo, miolo, poço, porto, posto,
reforço, rogo, socorro, tijolo, toco, torno, torto, troco.
oficial - oficiala;
Substantivos só usados no plural:
padre - madre;
anais, antolhos, arredores, arras (bens,
papa - papisa; penhor), calendas (1º dia do mês romano), cãs
pardal - pardoca, pardaloca, pardaleja; (cabelos brancos), cócegas, condolências, damas
(jogo), endoenças (solenidades religiosas), esponsais
parvo - párvoa; (contrato de casamento ou noivado), esposórios
peão - peã, peona; (presente de núpcias), exéquias (cerimônias
fúnebres), fastos (anais), férias, fezes, manes
perdigão - perdiz; (almas), matinas (breviário de orações matutinas),
prior - prioresa, priora; núpcias, óculos, olheiras, primícias (começos,
prelúdios), pêsames, vísceras, víveres etc., além dos
mu ou mulo - mula; nomes de naipes.
rajá - rani;
rapaz - rapariga; Coletivos:
rascão (desleixado) - rascoa;
sandeu - sandia; alavão - ovelhas leiteiras;
sintrão - sintrã; armento - gado grande (búfalos, elefantes);
sultão - sultana; assembléia (parlamentares, membros de
tabaréu - tabaroa; associações);

varão - matrona, mulher; atilho - espigas;

veado - veada; baixela - utensílios de mesa;


vilão - viloa, vilã. banca - de examinadores, advogados;
Substantivos em -ÃO e seus plurais: bandeira - garimpeiros, exploradores de minérios;

alão - alões, alãos, alães; bando - aves, ciganos, crianças, salteadores;

aldeão - aldeãos, aldeões; boana - peixes miúdos;

capelão - capelães; cabido - cônegos (conselheiros de bispo);

castelão - castelãos, castelões; cáfila - camelos;

cidadão - cidadãos; cainçalha - cães;

cortesão - cortesãos; cambada - caranguejos, malvados, chaves;

ermitão - ermitões, ermitãos, ermitães; cancioneiro - poesias, canções;


escrivão - escrivães; caterva - desordeiros, vadios;

folião - foliões; choldra, joldra - assassinos, malfeitores;

hortelão - hortelões, hortelãos; chusma - populares, criados;

pagão - pagãos; conselho - vereadores, diretores, juízes militares;


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LÍNGUA PORTUGUESA
conciliábulo - feiticeiros, conspiradores; são invariáveis os elementos grão, grã e bel (grão-
duques, grã-cruzes, bel-prazeres);
concílio - bispos;
só variará o primeiro elemento nos compostos
canzoada - cães;
formados por dois substantivos, onde o segundo
conclave - cardeais; limita o primeiro elemento, indicando tipo,
semelhança ou finalidade deste (sambas-enredo,
congregação - professores, religiosos; bananas-maçã)
consistório - cardeais; nenhum dos elementos vai para o plural se formado
fato - cabras; por verbos de sentidos opostos e frases substantivas
(os leva-e-traz, os bota-fora, os pisa-mansinho, os
feixe - capim, lenha; bota-abaixo, os louva-a-Deus, os ganha-pouco, os
junta - bois, médicos, credores, examinadores; diz-que-me-diz);
girândola - foguetes, fogos de artifício; compostos cujo segundo elemento já está no plural
não variam (os troca-tintas, os salta-pocinhas, os
grei - gado miúdo, políticos; espirra-canivetes);
hemeroteca - jornais, revistas; palavra guarda, se fizer referência a pessoa varia por
legião - anjos, soldados, demônios; ser substantivo. Caso represente o verbo guardar,
não pode variar (guardas-noturnos, guarda-chuvas).
malta - desordeiros;
matula - desordeiros, vagabundos;
ADJETIVO:
miríade - estrelas, insetos;
nuvem - gafanhotos, pó;
É a palavra variável que restringe a
panapaná - borboletas migratórias; significação do substantivo, indicando qualidades e
penca - bananas, chaves; características deste. Mantém com o substantivo que
determina relação de concordância de gênero e
récua - cavalgaduras (bestas de carga); número.
renque - árvores, pessoas ou coisas enfileiradas; adjetivos pátrios: indicam a nacionalidade ou a
réstia - alho, cebola; origem geográfica, normalmente são formados pelo
acréscimo de um sufixo ao substantivo de que se
ror - grande quantidade de coisas; originam (Alagoas por alagoano). Podem ser simples
súcia - pessoas desonestas, patifes; ou compostos, referindo-se a duas ou mais
nacionalidades ou regiões; nestes últimos casos
talha -lenha; assumem sua forma reduzida e erudita, com exceção
tertúlia - amigos, intelectuais; do último elemento (franco-ítalo-brasileiro).

tropilha - cavalos; locuções adjetivas: expressões formadas por


preposição e substantivo e com significado
vara - porcos. equivalente a adjetivos (anel de prata = anel argênteo
Substantivos compostos: / andar de cima = andar superior / estar com fome =
estar faminto).
Os substantivos compostos formam o plural da
seguinte maneira: São adjetivos eruditos:

sem hífen formam o plural como os simples açúcar - sacarino;


(pontapé/pontapés); águia - aquilino;
caso não haja caso específico, verifica-se a anel - anular;
variabilidade das palavras que compõem o
substantivo para pluralizá-los. São palavras astro - sideral;
variáveis: substantivo, adjetivo, numeral, pronomes, bexiga - vesical;
particípio. São palavras invariáveis: verbo,
preposição, advérbio, prefixo; bispo - episcopal;
em elementos repetidos, muito parecidos ou cabeça - cefálico;
onomatopaicos, só o segundo vai para o plural chumbo - plúmbeo;
(tico-ticos, tique-taques, corre-corres, pingue-
pongues); chuva - pluvial;
com elementos ligados por preposição, apenas o cinza - cinéreo;
primeiro se flexiona (pés-de-moleque); cobra - colubrino, ofídico;

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LÍNGUA PORTUGUESA
dinheiro - pecuniário; (do) que (sintético) e de inferioridade: menos alto (do)
que.
estômago - gástrico;
O grau superlativo exprime qualidade em grau muito
fábrica - fabril;
elevado ou intenso.
fígado - hepático;
O superlativo pode ser classificado como absoluto,
fogo - ígneo; quando a qualidade não se refere à de outros
elementos. Pode ser analítico (acréscimo de advérbio
guerra - bélico; de intensidade) ou sintético (-íssimo, -érrimo, -ílimo).
homem - viril; (muito alto X altíssimo)
inverno - hibernal; O superlativo pode ser também relativo, qualidade
relacionada, favorável ou desfavoravelmente, à de
lago - lacustre; outros elementos. Pode ser de superioridade
lebre - leporino; analítico (o mais alto de/dentre), de superioridade
sintético (o maior de/dentre) ou de inferioridade (o
lobo - lupino; menos alto de/dentre).
marfim - ebúrneo, ebóreo; São superlativos absolutos sintéticos eruditos da
memória - mnemônico; língua portuguesa:
moeda - monetário, numismático; acre - acérrimo;
neve - níveo; alto - supremo, sumo;
pedra - pétreo; amável - amabilíssimo;
prata - argênteo, argentino, argírico; amigo - amicíssimo;
raposa - vulpino; baixo - ínfimo;
rio - fluvial, potâmico; cruel - crudelíssimo;
rocha - rupestre; doce - dulcíssimo;
sonho - onírico; dócil - docílimo;
sul - meridional, austral; fiel - fidelíssimo;
tarde - vespertino; frio - frigidíssimo;
velho, velhice - senil; humilde - humílimo;
vidro - vítreo, hialino. livre - libérrimo;
Quanto à variação dos adjetivos, eles apresentam magro - macérrimo;
as seguintes características: mísero - misérrimo;
O gênero é uniforme ou biforme (inteligente X negro - nigérrimo;
honesto[a]). Quanto ao gênero, não se diz que um
adjetivo é masculino ou feminino, e sim que tem pobre - paupérrimo;
terminação masculina ou feminina. sábio - sapientíssimo;
No tocante a número, os adjetivos simples formam sagrado - sacratíssimo;
o plural segundo os mesmos princípios dos
substantivos simples, em função de sua terminação são - saníssimo;
(agradável X agradáveis). Já os substantivos veloz - velocíssimo.
utilizados como adjetivos ficam invariáveis (blusas
cinza). Os adjetivos compostos formam o plural da
seguinte forma:
Os adjetivos terminados em -OSO, além do
acréscimo do -S de plural, mudam o timbre do têm como regra geral, flexionar o último elemento em
primeiro -o, num processo de metafonia. gênero e número (lentes côncavo-convexas,
problemas sócio-econômicos); são invariáveis cores
Quanto ao grau, os adjetivos apresentam duas em que o segundo elemento é um substantivo
formas: comparativo e superlativo.
(blusas azul-turquesa, bolsas branco-gelo); não
O grau comparativo refere-se a uma mesma variam as locuções adjetivas formadas pela
qualidade entre dois ou mais seres, duas ou mais expressão cor-de-... (vestidos cor-de-rosa);
qualidades de um mesmo ser. Pode ser de as cores: azul-celeste e azul-marinho são invariáveis;
igualdade: tão alto quanto (como / quão); de
superioridade: mais alto (do) que (analítico) / maior em surdo-mudo flexionam-se os dois elementos.

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LÍNGUA PORTUGUESA
PRONOME: Os pronomes pessoais apresentam variações
de forma dependendo da função sintática que
É palavra variável em gênero, número e exercem na frase. Os pronomes pessoais retos
pessoa que substitui ou acompanha um desempenham, normalmente, função de sujeito;
substantivo, indicando-o como pessoa do discurso. enquanto os oblíquos, geralmente, de complemento.

A diferença entre pronome substantivo e Os pronomes oblíquos tônicos devem vir


pronome adjetivo pode ser atribuída a qualquer tipo regidos de preposição. Em comigo, contigo, conosco
de pronome, podendo variar em função do contexto e convosco, a preposição com já é parte integrante
frasal. Assim, o pronome substantivo é aquele que do pronome.
substitui um substantivo, representando-o. (Ele
prestou socorro). Já o pronome adjetivo é aquele Os pronomes de tratamento estão
que acompanha um substantivo, determinando-o. enquadrados nos pronomes pessoais. São
(Aquele rapaz é belo). Os pronomes pessoais são empregados como referência à pessoa com quem se
sempre substantivos. fala (2ª pessoa), entretanto, a concordância é feita
com a 3ª pessoa. Também são considerados
Quanto às pessoas do discurso, a língua pronomes de tratamento as formas você, vocês
portuguesa apresenta três pessoas: (provenientes da redução de Vossa Mercê), Senhor,
1ª pessoa - aquele que fala, emissor; Senhora e Senhorita.
2ª pessoa - aquele com quem se fala, receptor;
3ª pessoa - aquele de que ou de quem se fala, Quanto ao emprego, as formas oblíquas o, a,
referente. os, as completam verbos que não vêm regidos de
preposição; enquanto lhe e lhes para verbos regidos
Pronome pessoal: das preposições a ou para (não expressas).

Indicam uma das três pessoas do discurso, Apesar de serem usadas pouco, as formas
substituindo um substantivo. Podem também mo, to, no-lo, vo-lo, lho e flexões resultam da fusão
representar, quando na 3ª pessoa, uma forma de dois objetos, representados por pronomes
nominal anteriormente expressa (A moça era a oblíquos (Ninguém mo disse = ninguém o disse a
melhor secretária, ela mesma agendava os mim).
compromissos do chefe).
A seguir um quadro com todas as formas do Os pronomes átonos o, a, os e as viram
pronome pessoal: lo(a/s), quando associados a verbos terminados em r,
s ou z e viram no(a/s), se a terminação verbal for em
Pronomes pessoais ditongo nasal.

Os pronomes o/a (s), me, te, se, nos, vos


Pronomes desempenham função se sujeitos de infinitivo ou
Pronomes oblíquos
Número Pessoa verbo no gerúndio, junto ao verbo fazer, deixar,
retos mandar, ouvir e ver (Mandei-o entrar / Eu o vi sair /
Átonos Tônicos Deixei-as chorando).

A forma você, atualmente, é usada no lugar


mim,
da 2ª pessoa (tu/vós), tanto no singular quanto no
comigo
me plural, levando o verbo para a 3ª pessoa.
primeira eu
ti,
te
singular segunda tu contigo Já as formas de tratamento serão precedidas
o, a, de Vossa, quando nos dirigirmos diretamente à
terceira ele, ela ele, ela,
lhe, se pessoa e de Sua, quando fizermos referência a ela.
si,
Troca-se na abreviatura o V. pelo S.
consigo
Quando precedidos de preposição, os
nós, pronomes retos (exceto eu e tu) passam a funcionar
conosco como oblíquos. Eu e tu não podem vir precedidos de
nos
primeira nós preposição, exceto se funcionarem como sujeito de
vós,
vos um verbo no infinitivo (Isto é para eu fazer ≠ para
convosc
plural segunda vós mim fazer).
os, as, o
terceira eles, elas lhes,
eles, Os pronomes acompanhados de só ou todos,
se
elas, si, ou seguido de numeral, assumem forma reta e
consigo podem funcionar como objeto direto (Estava só ele
no banco / Encontramos todos eles).

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LÍNGUA PORTUGUESA
Os pronomes me, te, se, nos, vos podem ter valor Pronome demonstrativo:
reflexivo, enquanto se, nos, vos - podem ter valor
Indicam posição de algo em relação às pessoas do
reflexivo e recíproco.
discurso, situando-o no tempo e/ou no espaço. São:
este (a/s), isto, esse (a/s), isso, aquele (a/s), aquilo.
As formas si e consigo têm valor
Isto, isso e aquilo são invariáveis e se empregam
exclusivamente reflexivo e usados para a 3ª
exclusivamente como substitutos de substantivos.
pessoa. Já conosco e convosco devem aparecer na
sua forma analítica (com nós e com vós) quando As formas mesmo, próprio, semelhante, tal (s) e o
vierem com modificadores (todos, outros, mesmos, (a/s) podem desempenhar papel de pronome
próprios, numeral ou oração adjetiva). demonstrativo.
Quanto ao emprego, os pronomes demonstrativos
Os pronomes pessoais retos podem
apresentam-se da seguinte maneira:
desempenhar função de sujeito, predicativo do
sujeito ou vocativo, este último com tu e vós (Nós uso dêitico, indicando localização no espaço - este
temos uma proposta / Eu sou eu e pronto / Ó, tu, (aqui), esse (aí) e aquele (lá);
Senhor Jesus).
uso dêitico, indicando localização temporal - este
Quanto ao uso das preposições junto aos (presente), esse (passado próximo) e aquele
pronomes, deve-se saber que não se pode contrair (passado remoto ou bastante vago);
as preposições de e em com pronomes que sejam uso anafórico, em referência ao que já foi ou será dito
sujeitos (Em vez de ele continuar, desistiu ≠ Vi as - este (novo enunciado) e esse (retoma informação);
bolsas dele bem aqui).
o, a, os, as são demonstrativos quando equivalem a
Os pronomes átonos podem assumir valor aquele (a/s), isto (Leve o que lhe pertence);
possessivo (Levaram-me o dinheiro / Pesavam-lhe tal é demonstrativo se puder ser substituído por esse
os olhos), enquanto alguns átonos são partes (a), este (a) ou aquele (a) e semelhante, quando
integrantes de verbos como suicidar-se, apiedar-se, anteposto ao substantivo a que se refere e
condoer-se, ufanar-se, queixar-se, vangloriar-se. equivalente a "aquele", "idêntico" (O problema ainda
não foi resolvido, tal demora atrapalhou as
Já os pronomes oblíquos podem ser usados como negociações / Não brigue por semelhante causa);
expressão expletiva (Não me venha com essa).
mesmo e próprio são demonstrativos, se precedidos
Pronome possessivo: de artigo, quando significarem "idêntico", "igual" ou
"exato". Concordam com o nome a que se referem
Fazem referência às pessoas do discurso, (Separaram crianças de mesmas séries);
apresentando-as como possuidoras de algo. como referência a termos já citados, os pronomes
Concordam em gênero e número com a coisa aquele (a/s) e este (a/s) são usados para primeira e
possuída. segunda ocorrências, respectivamente, em apostos
distributivos (O médico e a enfermeira estavam
São pronomes possessivos da língua portuguesa calados: aquele amedrontado e esta calma / ou: esta
as formas: calma e aquele amedrontado);
1ª pessoa: meu(s), minha(s) nosso(a/s);
2ª pessoa: teu(s), tua(s) vosso(a/s); pode ocorrer a contração das preposições a, de, em
3ª pessoa: seu(s), sua(s) seu(s), sua(s). com os pronomes demonstrativos (Não acreditei no
que estava vendo / Fui àquela região de montanhas /
Quanto ao emprego, normalmente, vem Fez alusão à pessoa de azul e à de branco);
antes do nome a que se refere; podendo, também, podem apresentar valor intensificador ou
vir depois do substantivo que determina. Neste depreciativo, dependendo do contexto frasal (Ele
último caso, pode até alterar o sentido da frase. estava com aquela paciência / Aquilo é um marido de
enfeite);
O uso do possessivo seu (a/s) pode causar
ambigüidade, para desfazê-la, deve-se preferir o nisso e nisto (em + pronome) podem ser usados com
uso do dele (a/s) (Ele disse que Maria estava valor de "então" ou "nesse momento" (Nisso, ela
trancada em sua casa - casa de quem?); pode entrou triunfante - nisso = advérbio).
também indicar aproximação numérica (ele tem lá Pronome relativo:
seus 40 anos).
Retoma um termo expresso anteriormente
Já nas expressões do tipo "Seu João", seu não tem (antecedente) e introduz uma oração dependente,
valor de posse por ser uma alteração fonética de adjetiva.
Senhor. Os pronome nomes demonstrativos apresentam-se
da seguinte maneira: mento, armamentomes relativos
são: que, quem e onde - invariáveis; além de o qual
(a/s), cujo (a/s) e quanto (a/s).
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LÍNGUA PORTUGUESA
Os relativos são chamados relativos indefinidos o pronome nada, colocado junto a verbos ou
quando são empregados sem antecedente adjetivos, pode equivaler a advérbio (Ele não está
expresso (Quem espera sempre alcança / Fez nada contente hoje);
quanto pôde).
o pronome nada, colocado junto a verbos ou
Quanto ao emprego, observa-se que os relativos adjetivos, pode equivaler a advérbio (Ele não está
são usados quando: nada contente hoje);
o antecedente do relativo pode ser demonstrativo o existem algumas locuções pronominais indefinidas -
(a/s) (O Brasil divide-se entre os que lêem ou não); quem quer que, o que quer, seja quem for, cada um
etc.
como relativo, quanto refere-se ao antecedente
tudo ou todo (Ouvia tudo quanto me interessava) todo com valor indefinido antecede o substantivo,
sem artigo (Toda cidade parou para ver a banda ≠
quem será precedido de preposição se estiver
Toda a cidade parou para ver a banda).
relacionado a pessoas ou seres personificados
expressos; Pronome interrogativo:
São os pronomes indefinidos que, quem, qual,
quem = relativo indefinido quando é empregado
quanto usados na formulação de uma pergunta direta
sem antecedente claro, não vindo precedido de
ou indireta. Referem-se à 3ª pessoa do discurso.
preposição;
(Quantos livros você tem? / Não sei quem lhe
cujo (a/s) é empregado para dar a idéia de posse e contou).
não concorda com o antecedente e sim com seu Alguns interrogativos podem ser adverbiais (Quando
conseqüente. Ele tem sempre valor adjetivo e não voltarão? / Onde encontrá-los? / Como foi tudo?).
pode ser acompanhado de artigo.
Pronome indefinido:
Referem-se à 3ª pessoa do discurso quando
ARTIGO
considerada de modo vago, impreciso ou genérico,
representando pessoas, coisas e lugares. Alguns
também podem dar idéia de conjunto ou quantidade
Precede o substantivo para determiná-lo, mantendo
indeterminada. Em função da quantidade de
com ele relação de concordância. Assim, qualquer
pronomes indefinidos, merece atenção sua
expressão ou frase fica substantivada se for
identificação.
determinada por artigo (O 'conhece-te a ti mesmo' é
São pronomes indefinidos de: conselho sábio). Em certos casos, serve para
assinalar gênero e número (o/a colega, o/os ônibus).
pessoas: quem, alguém, ninguém, outrem;
Os artigos podem ser classificado em:
lugares: onde, algures, alhures, nenhures;
definido - o, a, os, as - um ser claramente
pessoas, lugares, coisas: que, qual, quais, algo,
determinado entre outros da mesma espécie;
tudo, nada, todo (a/s), algum (a/s), vários (a),
nenhum (a/s), certo (a/s), outro (a/s), muito (a/s), indefinido - um, uma, uns, umas - um ser qualquer
pouco (a/s), quanto (a/s), um (a/s), qualquer (s), entre outros de mesma espécie;
cada.
Podem aparecer combinados com preposições
Sobre o emprego dos indefinidos devemos atentar (numa, do, à, entre outros).
para:
Quanto ao emprego do artigo:
algum, após o substantivo a que se refere, assume
não é obrigatório seu uso diante da maioria dos
valor negativo (= nenhum) (Computador algum
substantivos, podendo ser substituído por outra
resolverá o problema);
palavra determinante ou nem usado (o rapaz ≠ este
cada deve ser sempre seguido de um substantivo rapaz / Lera numa revista que mulher fica mais
ou numeral (Elas receberam 3 balas cada uma); gripada que homem). Nesse sentido, convém omitir o
uso do artigo em provérbios e máximas para manter
alguns pronomes indefinidos, se vierem depois do
o sentido generalizante (Tempo é dinheiro / Dedico
nome a que estiverem se referindo, passam a ser
esse poema a homem ou a mulher?);
adjetivos. (Certas pessoas deveriam ter seus
lugares certos / Comprei várias balas de sabores não se deve usar artigo depois de cujo e suas
vários) flexões;
bastante pode vir como adjetivo também, se estiver outro, em sentido determinado, é precedido de artigo;
determinando algum substantivo, unindo-se a ele caso contrário, dispensa-o (Fiquem dois aqui; os
por verbo de ligação (Isso é bastante para mim); outros podem ir ≠ Uns estavam atentos; outros
conversavam);
o pronome outrem equivale a "qualquer pessoa";
não se usa artigo diante de expressões de tratamento
iniciadas por possessivos, além das formas
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LÍNGUA PORTUGUESA
abreviadas frei, dom, são, expressões de origem não se repete artigo: a) quando há sinonímia indicada
estrangeira (Lord, Sir, Madame) e sóror ou sóror; pela explicativa ou (a botânica ou fitologia) / b)
quando adjetivos qualificam o mesmo substantivo (a
é obrigatório o uso do artigo definido entre o
clara, persuasiva e discreta exposição dos fatos nos
numeral ambos (ambos os dois) e o substantivo a
abalou).
que se refere (ambos os cônjuges);
diante do possessivo (função de adjetivo) o uso é
facultativo; mas se o pronome for substantivo, NUMERAL:
torna-se obrigatório (os [seus] planos foram
descobertos, mas os meus ainda estão em Numeral é a palavra que indica quantidade, número
segredo); de ordem, múltiplo ou fração. Classifica-se como
cardinal (1, 2, 3), ordinal (primeiro, segundo, terceiro),
omite-se o artigo definido antes de nomes de multiplicativo (dobro, duplo, triplo), fracionário (meio,
parentesco precedidos de possessivo (A moça metade, terço). Além desses, ainda há os numerais
deixou a casa a sua tia); coletivos (dúzia, par).
antes de nomes próprios personativos, não se deve Quanto ao valor, os numerais podem apresentar
utilizar artigo. O seu uso denota familiaridade, por valor adjetivo ou substantivo. Se estiverem
isso é geralmente usado antes de apelidos. Os acompanhando e modificando um substantivo, terão
antropônimos são determinados pelo artigo se valor adjetivo. Já se estiverem substituindo um
usados no plural (os Maias, Os Homeros); substantivo e designando seres, terão valor
geralmente dispensado depois de cheirar a, saber a substantivo. [Ele foi o primeiro jogador a chegar.
(= ter gosto a) e similares (cheirar a jasmim / isto (valor adjetivo) / Ele será o primeiro desta vez. (valor
sabe a vinho); substantivo)].

não se usa artigo diante das palavras casa (= lar, Quanto ao emprego:
moradia), terra (= chão firme) e palácio a menos os ordinais como último, penúltimo, antepenúltimo,
que essas palavras sejam especificadas (venho de respectivos... não possuem cardinais
casa / venho da casa paterna); correspondentes.
na expressão uma hora, significando a primeira os fracionários têm como forma própria meio, metade
hora, o emprego é facultativo (era perto de / da uma e terço, todas as outras representações de divisão
hora). Se for indicar hora exata, à uma hora (como correspondem aos ordinais ou aos cardinais seguidos
qualquer expressão adverbial feminina); da palavra avos (quarto, décimo, milésimo, quinze
diante de alguns nomes de cidade não se usa avos);
artigo, a não ser que venham modificados por designando séculos, reis, papas e capítulos, utiliza-se
adjetivo, locução adjetiva ou oração adjetiva na leitura ordinal até décimo; a partir daí usam-se os
(Aracaju, Sergipe, Curitiba, Roma, Atenas); cardinais. (Luís XIV - quatorze, Papa Paulo II -
usa-se artigo definido antes dos nomes de estados segundo);
brasileiros. Como não se usa artigo nas Se o numeral vier antes do substantivo, será
denominações geográficas formadas por nomes ou obrigatório o ordinal (XX Bienal - vigésima, IV
adjetivos, excetuam-se AL, GO, MT, MG, PE, SC, Semana de Cultura - quarta);
SP e SE;
zero e ambos(as) também são numerais cardinais. 14
expressões com palavras repetidas repelem artigo apresenta duas formas por extenso catorze e
(gota a gota / face a face); quatorze;
não se combina com preposição o artigo que faz a forma milhar é masculina, portanto não existe
parte de nomes de jornais, revistas e obras "algumas milhares de pessoas" e sim alguns milhares
literárias, bem como se o artigo introduzir sujeito (li de pessoas;
em Os Lusíadas / Está na hora de a onça beber
água); alguns numerais coletivos: grosa (doze dúzias), lustro
(período de cinco anos), sesquicentenário (150
depois de todo, emprega-se o artigo para conferir anos);
idéia de totalidade (Toda a sociedade poderá
participar / toda a cidade ≠ toda cidade). "Todos" um: numeral ou artigo? Nestes casos, a distinção é
exige artigo a não ser que seja substituído por outro feita pelo contexto.
determinante (todos os familiares / todos estes Numeral indicando quantidade e artigo quando se
familiares); opõe ao substantivo indicando-o de forma indefinida.
repete-se artigo: a) nas oposições entre pessoas e Quanto à flexão, varia em gênero e número:
coisas (o rico e o pobre) / b) na qualificação
antonímica do mesmo substantivo (o bom e o mau variam em gênero:
ladrão) / c) na distinção de gênero e número (o Cardinais: um, dois e os duzentos a novecentos;
patrão e os operários / o genro e a nora); todos os ordinais; os multiplicativos e fracionários,

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LÍNGUA PORTUGUESA
quando expressam uma idéia adjetiva em relação Comparativo:
ao substantivo.
igualdade - tão + advérbio + quanto
variam em número:
superioridade - mais + advérbio + (do) que
Cardinais terminados em -ão; todos os ordinais; os
inferioridade - menos + advérbio + (do) que
multiplicativos, quando têm função adjetiva; os
fracionários, dependendo do cardinal que os Superlativo:
antecede.
sintético - advérbio + sufixo (-íssimo)
Os cardinais, quando substantivos, vão para o
analítico - muito + advérbio.
plural se terminarem por som vocálico (Tirei dois
dez e três quatros). Bem e mal admitem grau comparativo de
superioridade sintético: melhor e pior. As formas mais
bem e mais mal são usadas diante de particípios
ADVÉRBIO: adjetivados. (Ele está mais bem informado do que
eu). Melhor e pior podem corresponder a mais bem /
mal (adv.) ou a mais bom / mau (adjetivo).
É a palavra que modifica o sentido do verbo
(maioria), do adjetivo e do próprio advérbio
(intensidade para essas duas classes). Denota em
si mesma uma circunstância que determina sua Quanto ao emprego:
classificação:
três advérbios pronominais indefinidos de lugar vão
lugar: longe, junto, acima, ali, lá, atrás, alhures; caindo em desuso: algures, alhures e nenhures,
tempo: breve, cedo, já, agora, outrora, substituídos por em algum, em outro e em nenhum
imediatamente, ainda; lugar;

modo: bem, mal, melhor, pior, devagar, a maioria na linguagem coloquial, o advérbio recebe sufixo
dos adv. com sufixo -mente; diminutivo. Nesses casos, o advérbio assume valor
superlativo absoluto sintético (cedinho / pertinho). A
negação: não, qual nada, tampouco, repetição de um mesmo advérbio também assume
absolutamente; valor superlativo (saiu cedo, cedo);
dúvida: quiçá, talvez, provavelmente, porventura, quando os advérbios terminados em -mente
possivelmente; estiverem coordenados, é comum o uso do sufixo só
intensidade: muito, pouco, bastante, mais, meio, no último (Falou rápida e pausadamente);
quão, demais, tão; muito e bastante podem aparecer como advérbio
afirmação: sim, certamente, deveras, com efeito, (invariável) ou pronome indefinido (variável -
realmente, efetivamente. determina substantivo);

As palavras onde (de lugar), como (de modo), otimamente e pessimamente são superlativos
porque (de causa), quanto (classificação variável) e absolutos sintéticos de bem e mal, respectivamente;
quando (de tempo), usadas em frases interrogativas adjetivos adverbializados mantêm-se invariáveis
diretas ou indiretas, são classificadas como (terminaram rápido o trabalho / ele falou claro).
advérbios interrogativos (queria saber onde todos
dormirão / quando se realizou o concurso). As palavras denotativas são séries de palavras que
se assemelham ao advérbio. A Norma Gramatical
Onde, quando, como, se empregados com Brasileira considera-as apenas como palavras
antecedente em orações adjetivas são advérbios denotativas, não pertencendo a nenhuma das 10
relativos (estava naquela rua onde passavam os classes gramaticais. Classificam-se em função da
ônibus / ele chegou na hora quando ela ia falar / idéia que expressam:
não sei o modo como ele foi tratado aqui).
adição: ainda, além disso etc. (Comeu tudo e ainda
As locuções adverbiais são geralmente constituídas queria mais);
de preposição + substantivo - à direita, à frente, à
vontade, de cor, em vão, por acaso, frente a frente, afastamento: embora (Foi embora daqui);
de maneira alguma, de manhã, de repente, de vez afetividade: ainda bem, felizmente, infelizmente
em quando, em breve, em mão (em vez de "em (Ainda bem que passei de ano);
mãos") etc. São classificadas, também, em função
da circunstância que expressam. aproximação: quase, lá por, bem, uns, cerca de, por
volta de etc. (É quase 1h a pé);
Quanto ao grau, apesar de pertencer à categoria
das palavras invariáveis, o advérbio pode designação: eis (Eis nosso carro novo);
apresentar variações de grau comparativo ou exclusão: apesar, somente, só, salvo, unicamente,
superlativo. exclusive, exceto, senão, sequer, apenas etc. (Todos

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saíram, menos ela / Não me descontou sequer um não se deve contrair de se o termo seguinte for
real); sujeito (Está na hora de ele falar);
explicação: isto é, por exemplo, a saber etc. (Li a preposição após, pode funcionar como advérbio (=
vários livros, a saber, os clássicos); atrás) (Terminada a festa, saíram logo após.);
inclusão: até, ainda, além disso, também, inclusive trás, atualmente, só se usa em locuções adverbiais e
etc. (Eu também vou / Falta tudo, até água); prepositivas (por trás, para trás por trás de).
limitação: só, somente, unicamente, apenas etc. Quanto à diferença entre pronome pessoal oblíquo,
(Apenas um me respondeu / Só ele veio à festa); preposição e artigo, deve-se observar que a
preposição liga dois termos, sendo invariável,
realce: é que, cá, lá, não, mas, é porque etc. (E
enquanto o pronome oblíquo substitui um
você lá sabe essa questão?);
substantivo. Já o artigo antecede o substantivo,
retificação: aliás, isto é, ou melhor, ou antes etc. determinando-o.
(Somos três, ou melhor, quatro);
As preposições podem estabelecer as seguintes
situação: então, mas, se, agora, afinal etc. (Afinal, relações: isoladamente, as preposições são palavras
quem perguntaria a ele?). vazias de sentido, se bem que algumas contenham
uma vaga noção de tempo e lugar. Nas frases,
exprimem diversas relações:
PREPOSIÇÃO: autoria - música de Caetano
lugar - cair sobre o telhado, estar sob a mesa
É a palavra invariável que liga dois termos tempo - nascer a 15 de outubro, viajar em uma hora,
entre si, estabelecendo relação de subordinação
viajei durante as férias
entre o termo regente e o regido. São antepostos
aos dependentes (objeto indireto, complemento modo ou conformidade - chegar aos gritos, votar
nominal, adjuntos e orações subordinadas). Divide- em branco
se em:
causa - tremer de frio, preso por vadiagem
essenciais (maioria das vezes são preposições): a,
assunto - falar sobre política
ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre,
para, per, perante, por, sem, sob, sobre, trás; fim ou finalidade - vir em socorro, vir para ficar
acidentais (palavras de outras classes que podem instrumento - escrever a lápis, ferir-se com a faca
exercer função de preposição): afora, conforme (=
companhia - sair com amigos / meio - voltar a
de acordo com), consoante, durante, exceto, salvo,
cavalo, viajar de ônibus
segundo, senão, mediante, visto (= devido a, por
causa de) etc. (Vestimo-nos conforme a moda e o matéria - anel de prata, pão com farinha
tempo / Os heróis tiveram como prêmio aquela taça
posse - carro de João
/ Mediante meios escusos, ele conseguiu a vaga /
Vovó dormiu durante a viagem). oposição - Flamengo contra Fluminense
As preposições essenciais regem pronomes conteúdo - copo de (com) vinho
oblíquos tônicos; enquanto preposições acidentais
regem as formas retas dos pronomes pessoais. preço - vender a (por) R$ 300, 00
(Falei sobre ti/Todos, exceto eu, vieram). origem - descender de família humilde
As locuções prepositivas, em geral, são formadas especialidade - formou-se em Medicina
de advérbio (ou locução adverbial) + preposição -
abaixo de, acerca de, a fim de, além de, defronte a, destino ou direção - ir a Roma, olhe para frente.
ao lado de, apesar de, através de, de acordo com,
em vez de, junto de, perto de, até a, a par de,
devido a. INTERJEIÇÃO:
Observa-se que a última palavra da locução
prepositiva é sempre uma preposição, enquanto a São palavras que expressam estados emocionais do
última palavra de uma locução adverbial nunca é falante, variando de acordo com o contexto
preposição. emocional. Podem expressar:
Quanto ao emprego, as preposições podem ser alegria - ah!, oh!, oba!
usadas em:
advertência - cuidado!, atenção
combinação: preposição + outra palavra sem perda
fonética (ao/aos); afugentamento - fora!, rua!, passa!, xô!
contração: preposição + outra palavra com perda alívio - ufa!, arre!
fonética (na/àquela);
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animação - coragem!, avante!, eia! concessiva: embora, conquanto, posto que, por
muito que, se bem que, ainda que, mesmo que;
aplauso - bravo!, bis!, mais um!
temporais: quando, enquanto, logo que, desde que,
chamamento - alô!, olá!, psit!
assim que, mal (= logo que), até que;
desejo - oxalá!, tomara! / dor - ai!, ui!
finais - a fim de que, para que, que;
espanto - puxa!, oh!, chi!, ué!
proporcionais: à medida que, à proporção que, ao
impaciência - hum!, hem! passo que, quanto mais (+ tanto menos);
silêncio - silêncio!, psiu!, quieto! integrantes - que, se.
São locuções interjetivas: puxa vida!, não diga!, que As conjunções integrantes introduzem as orações
horror!, graças a Deus!, ora bolas!, cruz credo! subordinadas substantivas, enquanto as demais
iniciam orações subordinadas adverbiais. Muitas
vezes a função de interligar orações é
CONJUNÇÃO: desempenhada por locuções conjuntivas, advérbios
ou pronomes.

É a palavra que liga orações basicamente,


estabelecendo entre elas alguma relação
(subordinação ou coordenação). As conjunções Exercícios
classificam-se em:
Coordenativas, aquelas que ligam duas orações
independentes (coordenadas), ou dois termos que 1. A alternativa que apresenta classes de palavras
exercem a mesma função sintática dentro da cujos sentidos podem ser modificados pelo advérbio
oração. Apresentam cinco tipos: são:
aditivas (adição): e, nem, mas também, como a) adjetivo – advérbio – verbo.
também, bem como, mas ainda; b) verbo – interjeição – conjunção.
adversativas (adversidade, oposição): mas, porém, c) conjunção – numeral – adjetivo.
todavia, contudo, antes (= pelo contrário), não d) adjetivo – verbo – interjeição.
obstante, apesar disso; e) interjeição – advérbio – verbo.
alternativas (alternância, exclusão, escolha): ou, 2. Das palavras abaixo, faz plural como
ou ... ou, ora ... ora, quer ... quer; “assombrações”
conclusivas (conclusão): logo, portanto, pois
a) perdão.
(depois do verbo), por conseguinte, por isso;
b) bênção.
explicativas (justificação): - pois (antes do verbo), c) alemão.
porque, que, porquanto. d) cristão.
e) capitão.
Subordinativas - ligam duas orações dependentes,
subordinando uma à outra. Apresentam dez tipos: 3. Na oração “Ninguém está perdido se der amor…”,
causais: porque, visto que, já que, uma vez que, a palavra grifada pode ser classificada como:
como, desde que;
a) advérbio de modo.
Palavra que liga orações basicamente, b) conjunção adversativa.
estabelecendo entre elas alguma relação c) advérbio de condição.
(subordinação ou coordenação). As conjunções d) conjunção condicional.
classificam-se em: e) preposição essencial.
comparativas: como, (tal) qual, assim como,
4. Marque a frase em que o termo destacado
(tanto) quanto, (mais ou menos +) que;
expressa circunstância de causa:
condicionais: se, caso, contanto que, desde que,
salvo se, sem que (= se não), a menos que; a) Quase morri de vergonha.
b) Agi com calma.
consecutivas (conseqüência, resultado, efeito): c) Os mudos falam com as mãos.
que (precedido de tal, tanto, tão etc. - indicadores d) Apesar do fracasso, ele insistiu.
de intensidade), de modo que, de maneira que, de e) Aquela rua é demasiado estreita.
sorte que, de maneira que, sem que;
conformativas (conformidade, adequação): 5. “Enquanto punha o motor em movimento.” O verbo
conforme, segundo, consoante, como; destacado encontra-se no:

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a) Presente do subjuntivo. c) verbo-substantivo-conjunção coordenativa-verbo-
b) Pretérito mais-que-perfeito do subjuntivo. adjetivo.
c) Presente do indicativo. d) verbo-adjetivo-pronome indefinido-verbo-
d) Pretérito mais-que-perfeito do indicativo. substantivo.
e) Pretérito imperfeito do indicativo. e) verbo-advérbio-pronome relativo-verbo-
substantivo.
6. Aponte a opção em que muito é pronome
indefinido: 13. A alternativa que possui todos os substantivos
corretamente colocados no plural é:
a) O soldado amarelo falava muito bem.
b) Havia muito bichinho ruim. a) couve-flores / amores-perfeitos / boas-vidas.
c) Fabiano era muito desconfiado. b) tico-ticos / bem-te-vis / joões-de-barro.
d) Fabiano vacilava muito para tomar decisão. c) terças-feiras / mãos-de-obras / guarda-roupas.
e) Muito eficiente era o soldado amarelo. d) arco-íris / portas-bandeiras / sacas-rolhas.
e) dias-a-dia / lufa-lufas / capitães-mor.
7 . A flexão do número incorreta é:
a) tabelião – tabeliães. 14. “…os cipós que se emaranhavam…” . A palavra
b) melão – melões sublinhada é:
c) ermitão – ermitões.
d) chão – chãos. a) conjunção explicativa.
e) catalão – catalões. b) conjunção integrante.
c) pronome relativo.
8. Dos verbos abaixo apenas um é regular, d) advérbio interrogativo.
identifique-o: e) preposição acidental.

a) pôr. 15. Indique a frase em que o verbo se encontra na 2ª


b) adequar. pessoa do singular do imperativo afirmativo:
c) copiar.
d) reaver. a) Faça o trabalho.
e) brigar. b) Acabe a lição.
c) Mande a carta.
9. A alternativa que não apresenta erro de flexão d) Dize a verdade.
verbal no presente do indicativo é: e) Beba água filtrada.

a) reavejo (reaver). 16. Em “Escrever é alguma coisa extremamente


b) precavo (precaver). forte, mas que pode me trair e me abandonar.”, as
c) coloro (colorir). palavras grifadas podem ser classificadas como,
d) frijo (frigir). respectivamente:
e) fedo (feder).
a) pronome adjetivo – conjunção aditiva.
10. A classe de palavras que é empregada para b) pronome interrogativo – conjunção aditiva.
exprimir estados emotivos: c) pronome substantivo – conjunção alternativa.
d) pronome adjetivo – conjunção adversativa.
a) adjetivo. e) pronome interrogativo – conjunção alternativa.
b) interjeição.
c) preposição. 17. Marque o item em que a análise morfológica da
d) conjunção. palavra sublinhada não está correta:
e) advérbio.
a) Ele dirige perigosamente – (advérbio).
11. Todas as formas abaixo expressam um b) Nada foi feito para resolver a questão – (pronome
tamanho menor que o normal, exceto: indefinido).
c) O cantar dos pássaros alegra as manhãs –
a) saquitel. (verbo).
b) grânulo. d) A metade da classe já chegou – (numeral).
c) radícula. e) Os jovens gostam de cantar música moderna –
d) marmita. (verbo).
e) óvulo.
18. Quanto à flexão de grau, o substantivo que difere
12. Em “Tem bocas que murmuram preces…”, a dos demais é:
seqüência morfológica é:
a) viela.
a) verbo-substantivo-pronome relativo-verbo- b) vilarejo.
substantivo. c) ratazana.
b) verbo-substantivo-conjunção integrante-verbo-
substantivo.
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d) ruela. 26. A alternativa que apresenta um verbo
e) sineta. indevidamente flexionado no presente do subjuntivo
é:
19. Está errada a flexão verbal em:
a) vade.
a) Eu intervim no caso. b) valham.
b) Requeri a pensão alimentícia. c) meçais.
c) Quando eu ver a nova casa, aviso você d) pulais.
d) Anseio por sua felicidade. e) caibamos.
e) Não pudeste falar.
27. A alternativa que apresenta uma flexão incorreta
20. Das classes de palavra abaixo, as invariáveis do verbo no imperativo é:
são:
a) dize.
a) interjeição – advérbio – pronome possessivo. b) faz.
b) numeral – substantivo – conjunção. c) crede.
c) artigo – pronome demonstrativo – substantivo. d) traze.
d) adjetivo – preposição – advérbio. e) acudi.
e) conjunção – interjeição – preposição.
28. A única forma que não corresponde a um
21. Todos os verbos abaixo são defectivos, exceto: particípio é:

a) abolir. a) roto.
b) colorir. b) nato.
c) extorquir. c) incluso.
d) falir. d) sepulto.
e) exprimir. e) impoluto.

22. O substantivo composto que está 29. Na frase: “Apieda-te qualquer sandeu”, a palavra
indevidamente escrito no plural é: sandeu (idiota, imbecil) é um substantivo:

a) mulas-sem-cabeça. a) comum, concreto e sobrecomum


b) cavalos-vapor. b) concreto, simples e comum de dois gêneros.
c) abaixos-assinados. c) simples, abstrato e feminino.
d) quebra-mares. d) comum, simples e masculino
e) pães-de-ló. e) simples, abstrato e masculino.

23. A alternativa que apresenta um substantivo 30. A alternativa em que não há erro de flexão do
invariável e um variável, respectivamente, é: verbo é:

a) vírus – revés. a) Nós hemos de vencer.


b) fênix – ourives. b) Deixa que eu coloro este desenho.
c) ananás – gás. c) Pega a pasta e a flanela e pole o meu carro.
d) oásis – alferes. d) Eu reavi o meu caderno que estava perdido.
e) faquir – álcool. e) Aderir, eu adiro; mas não é por muito tempo!
24. “Paula mirou-se no espelho das águas”: Esta 31. Em “Imaginou-o, assim caído…” a palavra
oração contém um verbo na voz: destacada, morfologicamente e sintaticamente, é:

a) ativa. a) artigo e adjunto adnominal.


b) passiva analítica. b) artigo e objeto direto.
c) passiva pronominal. c) pronome oblíquo e objeto direto.
d) reflexiva recíproca. d) pronome oblíquo e adjunto adnominal.
e) reflexiva. e) pronome oblíquo e objeto indireto.

25. O único substantivo que não é sobrecomum é: 32. O item em que temos um adjetivo em grau
superlativo absoluto é:
a) verdugo.
b) manequim. a) Está chovendo bastante.
c) pianista. b) Ele é um bom funcionário.
d) criança. c) João Brandão é mais dedicado que o vigia.
e) indivíduo. d) Sou o funcionário mais dedicado da repartição.
e) João Brandão foi tremendamente inocente.

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33. A alternativa em que o verbo abolir está animais, só conjugados nas 3ª pessoas) por eufonia
incorretamente flexionado é: ou possibilidade de confusão com outros verbos;

a) Tu abolirás. abundantes - apresentam mais de uma forma para


b) Nós aboliremos. uma mesma flexão. Mais freqüente no particípio,
c) Aboli vós. devendo-se usar o particípio regular com ter e haver;
d) Eu abolo. já o irregular com ser e estar (aceito/aceitado,
e) Eles aboliram. acendido/aceso - tenho/hei aceitado ≠ é/está aceito);
auxiliares: juntam-se ao verbo principal ampliando
34. A alternativa em que o verbo “precaver” está sua significação. Presentes nos tempos compostos e
corretamente flexionado é: locuções verbais;
a) Eu precavejo. certos verbos possuem pronomes pessoais átonos
b) Precavê tu. que se tornam partes integrantes deles. Nesses
c) Que ele precavenha. casos, o pronome não tem função sintática (suicidar-
d) Eles precavêm. se, apiedar-se, queixar-se etc.);
e) Ela precaveu.
formas rizotônicas (tonicidade no radical - eu canto) e
35. A única alternativa em que as palavras são, formas arrizotônicas (tonicidade fora do radical - nós
respectivamente, substantivo abstrato, adjetivo cantaríamos).
biforme e preposição acidental é: Quanto à flexão verbal, temos:

a) beijo-alegre-durante número: singular ou plural;


b) remédio-inteligente-perante pessoa gramatical: 1ª, 2ª ou 3ª;
c) feiúra-lúdico-segundo
d) ar-parco-por tempo: referência ao momento em que se fala
e) dor-veloz-consoante (pretérito, presente ou futuro). O modo imperativo só
tem um tempo, o presente;
1 A / 2 A / 3 D / 4 A / 5 E / 6 B / 7 E / 8 E / 9 D / 10 B
voz: ativa, passiva e reflexiva;
/ 11 D / 12 A / 13 B / 14 C / 15 D / 16 D / 17 C / 18 C
/ 19 C / 20 E / 21 E / 22 C / 23 A / 24 E / 25 C / 26 D modo: indicativo (certeza de um fato ou estado),
/ 27 B / 28 D / 29 D / 30 E / 31 C / 32 E / 33 D / 34 E subjuntivo (possibilidade ou desejo de realização de
/ 35 C um fato ou incerteza do estado) e imperativo
(expressa ordem, advertência ou pedido).
As três formas nominais do verbo (infinitivo, gerúndio
Verbo: e particípio) não possuem função exclusivamente
verbal. Infinitivo é antes substantivo, o particípio tem
É a palavra variável que exprime um valor e forma de adjetivo, enquanto o gerúndio
acontecimento representado no tempo, seja ação, equipara-se ao adjetivo ou advérbio pelas
estado ou fenômeno da natureza. circunstâncias que exprime.
Os verbos apresentam três conjugações. Em Quanto ao tempo verbal, eles apresentam os
função da vogal temática, podem-se criar três seguintes valores:
paradigmas verbais. De acordo com a relação dos
presente do indicativo: indica um fato real situado
verbos com esses paradigmas, obtém-se a seguinte
no momento ou época em que se fala;
classificação:
presente do subjuntivo: indica um fato provável,
regulares: seguem o paradigma verbal de sua
duvidoso ou hipotético situado no momento ou época
conjugação;
em que se fala;
irregulares: não seguem o paradigma verbal da
pretérito perfeito do indicativo: indica um fato real
conjugação a que pertencem. As irregularidades
cuja ação foi iniciada e concluída no passado;
podem aparecer no radical ou nas desinências
(ouvir - ouço/ouve, estar - estou/estão); pretérito imperfeito do indicativo: indica um fato
real cuja ação foi iniciada no passado, mas não foi
Entre os verbos irregulares, destacam-se os
concluída ou era uma ação costumeira no passado;
anômalos que apresentam profundas
irregularidades. São classificados como anômalos pretérito imperfeito do subjuntivo: indica um fato
em todas as gramáticas os verbos ser e ir. provável, duvidoso ou hipotético cuja ação foi iniciada
defectivos: não são conjugados em determinadas mas não concluída no passado;
pessoas, tempo ou modo (falir - no presente do pretérito mais-que-perfeito do indicativo: indica
indicativo só apresenta a 1ª e a 2ª pessoa do um fato real cuja ação é anterior a outra ação já
plural). Os defectivos distribuem-se em três grupos: passada;
impessoais, unipessoais (vozes ou ruídos de

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futuro do presente do indicativo: indica um fato pretérito mais-que-perfeito: pretérito imperfeito do
real situado em momento ou época vindoura; indicativo do auxiliar + particípio do VP (Tinha
falado);
futuro do pretérito do indicativo: indica um fato
possível, hipotético, situado num momento futuro, futuro do presente: futuro do presente do indicativo
mas ligado a um momento passado; do auxiliar + particípio do VP (Terei falado);
futuro do subjuntivo: indica um fato provável, futuro do pretérito: futuro do pretérito indicativo do
duvidoso, hipotético, situado num momento ou auxiliar + particípio do VP (Teria falado).
época futura;
No modo Subjuntivo a formação se dá da
Quanto à formação dos tempos, os chamados seguinte maneira:
tempos simples podem ser primitivos (presente e
pretérito perfeito: presente do subjuntivo do auxiliar
pretérito perfeito do indicativo e o infinitivo
+ particípio do VP (Tenha falado);
impessoal) e derivados:
pretérito mais-que-perfeito: imperfeito do subjuntivo
São derivados do presente do indicativo:
do auxiliar + particípio do VP (Tivesse falado);
pretérito imperfeito do indicativo: TEMA do
futuro composto: futuro do subjuntivo do auxiliar +
presente + VA (1ª conj.) ou IA (2ª e 3ª conj.) +
particípio do VP (Tiver falado).
Desinência número pessoal (DNP);
Quanto às formas nominais, elas são formadas da
presente do subjuntivo: RAD da 1ª pessoa
seguinte maneira:
singular do presente + E (1ª conj.) ou A (2ª e 3ª
conj.) + DNP; infinitivo composto: infinitivo pessoal ou impessoal
do auxiliar + particípio do VP (Ter falado / Teres
Os verbos em -ear têm duplo "e" em vez de "ei" na
falado);
1ª pessoa do plural (passeio, mas passeemos).
gerúndio composto: gerúndio do auxiliar + particípio
imperativo negativo (todo derivado do presente do
do VP (Tendo falado).
subjuntivo) e imperativo afirmativo (as 2ª pessoas
vêm do presente do indicativo sem S, as demais O modo subjuntivo apresenta três pretéritos, sendo o
também vêm do presente do subjuntivo). imperfeito na forma simples e o perfeito e o mais-
que-perfeito nas formas compostas. Não há presente
São derivados do pretérito perfeito do
composto nem pretérito imperfeito composto
indicativo:
Quanto às vozes, os verbos apresentam a voz:
pretérito mais-que-perfeito do indicativo: TEMA do
perfeito + RA + DNP; ativa: sujeito é agente da ação verbal;
pretérito imperfeito do subjuntivo: TEMA do perfeito passiva: sujeito é paciente da ação verbal;
+ SSE + DNP;
A voz passiva pode ser analítica ou sintética:
futuro do subjuntivo: TEMA do perfeito + R + DNP.
analítica: - verbo auxiliar + particípio do verbo
São derivados do infinitivo impessoal: principal;
futuro do presente do indicativo: TEMA do sintética: na 3ª pessoa do singular ou plural + SE
infinitivo + RA + DNP; (partícula apassivadora);
futuro do pretérito: TEMA do infinitivo + RIA + reflexiva: sujeito é agente e paciente da ação verbal.
DNP; Também pode ser recíproca ao mesmo tempo
(acréscimo de SE = pronome reflexivo, variável em
infinitivo pessoal: infinitivo impessoal + DNP (-ES
função da pessoa do verbo);
- 2ª pessoa, -MOS, -DES, -EM)
Na transformação da voz ativa na passiva, a variação
gerúndio: TEMA do infinitivo + -NDO;
temporal é indicada pelo auxiliar (ser na maioria das
particípio regular: infinitivo impessoal sem vogal vezes), como notamos nos exemplos a seguir: Ele
temática (VT) e R + ADO (1ª conjugação) ou IDO fez o trabalho - O trabalho foi feito por ele (mantido o
(2ª e 3ª conjugação). pretérito perfeito do indicativo) / O vento ia levando
as folhas - As folhas iam sendo levadas pelas folhas
Quanto à formação, os tempos compostos da voz
(mantido o gerúndio do verbo principal).
ativa constituem-se dos verbos auxiliares TER ou
HAVER + particípio do verbo que se quer conjugar, Alguns verbos da língua portuguesa apresentam
dito principal. problemas de conjugação. A seguir temos uma lista,
seguida de comentários sobre essas dificuldades de
No modo Indicativo, os tempos compostos são
conjugação.
formados da seguinte maneira:
Abolir (defectivo) - não possui a 1ª pessoa do
pretérito perfeito: presente do indicativo do auxiliar
singular do presente do indicativo, por isso não
+ particípio do verbo principal (VP) [Tenho falado];
possui presente do subjuntivo e o imperativo

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negativo. (= banir, carpir, colorir, delinqüir, demolir, Compelir (alternância vocálica e/i) - presente do
descomedir-se, emergir, exaurir, fremir, fulgir, indicativo - compilo, compeles... - pretérito perfeito
haurir, retorquir, urgir) indicativo - compeli, compeliste...
Acudir (alternância vocálica o/u) - presente do Compilar (regular) - presente do indicativo - compilo,
indicativo - acudo, acodes... e pretérito perfeito do compilas, compila... - pretérito perfeito indicativo -
indicativo - com u (= bulir, consumir, cuspir, engolir, compilei, compilaste...
fugir) / Adequar (defectivo) - só possui a 1ª e a 2ª
Construir (irregular e abundante) - presente do
pessoa do plural no presente do indicativo
indicativo - construo, constróis (ou construis), constrói
Aderir (alternância vocálica e/i) - presente do (ou construi), construímos, construís, constroem (ou
indicativo - adiro, adere... (= advertir, cerzir, despir, construem) - pretérito perfeito indicativo - construí,
diferir, digerir, divergir, ferir, sugerir) construíste...
Agir (acomodação gráfica g/j) - presente do Crer (irregular) - presente do indicativo - creio, crês,
indicativo - ajo, ages... (= afligir, coagir, erigir, crê, cremos, credes, crêem - pretérito perfeito
espargir, refulgir, restringir, transigir, urgir) indicativo - cri, creste, creu, cremos, crestes, creram -
imperfeito indicativo - cria, crias, cria, críamos, críeis,
Agredir (alternância vocálica e/i) - presente do
criam
indicativo - agrido, agrides, agride, agredimos,
agredis, agridem (= prevenir, progredir, regredir, Falir (defectivo) - presente do indicativo - falimos,
transgredir) / Aguar (regular) - presente do falis - pretérito perfeito indicativo - fali, faliste... (=
indicativo - águo, águas..., - pretérito perfeito do aguerrir, combalir, foragir-se, remir, renhir)
indicativo - agüei, aguaste, aguou, aguamos,
Frigir (acomodação gráfica g/j e alternância vocálica
aguastes, aguaram (= desaguar, enxaguar,
e/i) - presente do indicativo - frijo, freges, frege,
minguar)
frigimos, frigis, fregem - pretérito perfeito indicativo -
Aprazer (irregular) - presente do indicativo - aprazo, frigi, frigiste...
aprazes, apraz... / pretérito perfeito do indicativo -
Ir (irregular) - presente do indicativo - vou, vais, vai,
aprouve, aprouveste, aprouve, aprouvemos,
vamos, ides, vão - pretérito perfeito indicativo - fui,
aprouvestes, aprouveram
foste... - presente subjuntivo - vá, vás, vá, vamos,
Argüir (irregular com alternância vocálica o/u) - vades, vão
presente do indicativo - arguo (ú), argúis, argúi,
Jazer (irregular) - presente do indicativo - jazo,
argüimos, argüis, argúem - pretérito perfeito - argüi,
jazes... - pretérito perfeito indicativo - jazi, jazeste,
argüiste... (com trema)
jazeu...
Atrair (irregular) - presente do indicativo - atraio,
Mobiliar (irregular) - presente do indicativo - mobílio,
atrais... / pretérito perfeito - atraí, atraíste... (=
mobílias, mobília, mobiliamos, mobiliais, mobíliam -
abstrair, cair, distrair, sair, subtrair)
pretérito perfeito indicativo - mobiliei, mobiliaste... /
Atribuir (irregular) - presente do indicativo - atribuo, Obstar (regular) - presente do indicativo - obsto,
atribuis, atribui, atribuímos, atribuís, atribuem - obstas... - pretérito perfeito indicativo - obstei,
pretérito perfeito - atribuí, atribuíste, atribuiu... (= obstaste...
afluir, concluir, destituir, excluir, instruir, possuir,
Pedir (irregular) - presente do indicativo - peço,
usufruir)
pedes, pede, pedimos, pedis, pedem - pretérito
Averiguar (alternância vocálica o/u) - presente do perfeito indicativo - pedi, pediste... (= despedir,
indicativo - averiguo (ú), averiguas (ú), averigua (ú), expedir, medir) / Polir (alternância vocálica e/i) -
averiguamos, averiguais, averiguam (ú) - pretérito presente do indicativo - pulo, pules, pule, polimos,
perfeito - averigüei, averiguaste... - presente do polis, pulem - pretérito perfeito indicativo - poli,
subjuntivo - averigúe, averigúes, averigúe... (= poliste...
apaziguar)
Precaver-se (defectivo e pronominal) - presente do
Cear (irregular) - presente do indicativo - ceio, indicativo - precavemo-nos, precaveis-vos - pretérito
ceias, ceia, ceamos, ceais, ceiam - pretérito perfeito perfeito indicativo - precavi-me, precaveste-te... /
indicativo - ceei, ceaste, ceou, ceamos, ceastes, Prover (irregular) - presente do indicativo - provejo,
cearam (= verbos terminados em -ear: falsear, provês, provê, provemos, provedes, provêem -
passear... - alguns apresentam pronúncia aberta: pretérito perfeito indicativo - provi, proveste, proveu...
estréio, estréia...) / Reaver (defectivo) - presente do indicativo -
reavemos, reaveis - pretérito perfeito indicativo -
Coar (irregular) - presente do indicativo - côo, côas,
reouve, reouveste, reouve... (verbo derivado do
côa, coamos, coais, coam - pretérito perfeito - coei,
haver, mas só é conjugado nas formas verbais com a
coaste, coou... (= abençoar, magoar, perdoar) /
letra v)
Comerciar (regular) - presente do indicativo -
comercio, comercias... - pretérito perfeito - Remir (defectivo) - presente do indicativo - remimos,
comerciei... (= verbos em -iar , exceto os seguintes remis - pretérito perfeito indicativo - remi, remiste...
verbos: mediar, ansiar, remediar, incendiar, odiar)

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LÍNGUA PORTUGUESA
Requerer (irregular) - presente do indicativo - presente do indicativo: digo, dizes, diz, dizemos,
requeiro, requeres... - pretérito perfeito indicativo - dizeis, dizem;
requeri, requereste, requereu... (derivado do querer,
presente do subjuntivo: diga, digas, diga, digamos,
diferindo dele na 1ª pessoa do singular do presente
digais, digam;
do indicativo e no pretérito perfeito do indicativo e
derivados, sendo regular) pretérito perfeito do indicativo: disse, disseste,
disse, dissemos, dissestes, disseram;
Rir (irregular) - presente do indicativo - rio, rir, ri,
rimos, rides, riem - pretérito perfeito indicativo - ri, pretérito mais-que-perfeito do indicativo: dissera,
riste... (= sorrir) disseras, dissera, disséramos, disséreis, disseram;
Saudar (alternância vocálica) - presente do futuro do presente: direi, dirás, dirá, etc.;
indicativo - saúdo, saúdas... - pretérito perfeito
futuro do pretérito: diria, dirias, diria, etc.;
indicativo - saudei, saudaste...
pretérito imperfeito do subjuntivo: dissesse,
Suar (regular) - presente do indicativo - suo, suas,
dissesses, dissesse, disséssemos, dissésseis,
sua... - pretérito perfeito indicativo - suei, suaste,
dissessem;
sou... (= atuar, continuar, habituar, individuar,
recuar, situar) futuro do subjuntivo: disser, disseres, disser,
Valer (irregular) - presente do indicativo - valho, dissermos, disserdes, disserem;
vales, vale... - pretérito perfeito indicativo - vali, Seguem esse modelo os derivados bendizer,
valeste, valeu... condizer, contradizer, desdizer, maldizer, predizer.
Também merecem atenção os seguintes verbos Os particípios desse verbo e seus derivados são
irregulares: irregulares: dito, bendito, contradito, etc.
Pronominais: Apiedar-se, dignar-se, persignar-se, Estar
precaver-se
presente do indicativo: estou, estás, está, estamos,
Caber estais, estão;
presente do indicativo: caibo, cabes, cabe, presente do subjuntivo: esteja, estejas, esteja,
cabemos, cabeis, cabem; estejamos, estejais, estejam;
presente do subjuntivo: caiba, caibas, caiba, pretérito perfeito do indicativo: estive, estiveste,
caibamos, caibais, caibam; esteve, estivemos, estivestes, estiveram;
pretérito perfeito do indicativo: coube, coubeste, pretérito mais-que-perfeito do indicativo: estivera,
coube, coubemos, coubestes, couberam; estiveras, estivera, estivéramos, estivéreis,
pretérito mais-que-perfeito do indicativo: estiveram;
coubera, couberas, coubera, coubéramos, pretérito imperfeito do subjuntivo: estivesse,
coubéreis, couberam; estivesses, estivesse, estivéssemos, estivésseis,
pretérito imperfeito do subjuntivo: coubesse, estivessem;
coubesses, coubesse, coubéssemos, coubésseis, futuro do subjuntivo: estiver, estiveres, estiver,
coubessem; estivermos, estiverdes, estiverem;
futuro do subjuntivo: couber, couberes, couber, Fazer
coubermos, couberdes, couberem.
presente do indicativo: faço, fazes, faz, fazemos,
Dar fazeis, fazem;
presente do indicativo: dou, dás, dá, damos, dais, presente do subjuntivo: faça, faças, faça, façamos,
dão; façais, façam;
presente do subjuntivo: dê, dês, dê, demos, deis, pretérito perfeito do indicativo: fiz, fizeste, fez,
dêem; fizemos, fizestes, fizeram;
pretérito perfeito do indicativo: dei, deste, deu, pretérito mais-que-perfeito do indicativo: fizera,
demos, destes, deram; fizeras, fizera, fizéramos, fizéreis, fizeram;
pretérito mais-que-perfeito do indicativo: dera, pretérito imperfeito do subjuntivo: fizesse,
deras, dera, déramos, déreis, deram; fizesses, fizesse, fizéssemos, fizésseis, fizessem;
pretérito imperfeito do subjuntivo: desse, futuro do subjuntivo: fizer, fizeres, fizer, fizermos,
desses, desse, déssemos, désseis, dessem; fizerdes, fizerem.
futuro do subjuntivo: der, deres, der, dermos, Seguem esse modelo desfazer, liquefazer e
derdes, derem. satisfazer.
Dizer

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LÍNGUA PORTUGUESA
Os particípios desse verbo e seus derivados são presente do subjuntivo: ponha, ponhas, ponha,
irregulares: feito, desfeito, liquefeito, satisfeito, etc. ponhamos, ponhais, ponham;
Haver pretérito imperfeito do indicativo: punha, punhas,
punha, púnhamos, púnheis, punham;
presente do indicativo: hei, hás, há, havemos,
haveis, hão; pretérito perfeito do indicativo: pus, puseste, pôs,
pusemos, pusestes, puseram;
presente do subjuntivo: haja, hajas, haja,
hajamos, hajais, hajam; pretérito mais-que-perfeito do indicativo: pusera,
puseras, pusera, puséramos, puséreis, puseram;
pretérito perfeito do indicativo: houve, houveste,
houve, houvemos, houvestes, houveram; pretérito imperfeito do subjuntivo: pusesse,
pusesses, pusesse, puséssemos, pusésseis,
pretérito mais-que-perfeito do indicativo:
pusessem;
houvera, houveras, houvera, houvéramos,
houvéreis, houveram; futuro do subjuntivo: puser, puseres, puser,
pusermos, puserdes, puserem.
pretérito imperfeito do subjuntivo: houvesse,
houvesses, houvesse, houvéssemos, houvésseis, Todos os derivados do verbo pôr seguem
houvessem; exatamente esse modelo: antepor, compor,
contrapor, decompor, depor, descompor, dispor,
futuro do subjuntivo: houver, houveres, houver,
expor, impor, indispor, interpor, opor, pospor,
houvermos, houverdes, houverem.
predispor, pressupor, propor, recompor, repor,
Ir sobrepor, supor, transpor são alguns deles.
presente do indicativo: vou, vais, vai, vamos, ides, Querer
vão;
presente do indicativo: quero, queres, quer,
presente do subjuntivo: vá, vás, vá, vamos, queremos, quereis, querem;
vades, vão;
presente do subjuntivo: queira, queiras, queira,
pretérito imperfeito do indicativo: ia, ias, ia, queiramos, queirais, queiram;
íamos, íeis, iam;
pretérito perfeito do indicativo: quis, quiseste, quis,
pretérito perfeito do indicativo: fui, foste, foi, quisemos, quisestes, quiseram;
fomos, fostes, foram;
pretérito mais-que-perfeito do indicativo: quisera,
pretérito mais-que-perfeito do indicativo: fora, quiseras, quisera, quiséramos, quiséreis, quiseram;
foras, fora, fôramos, fôreis, foram;
pretérito imperfeito do subjuntivo: quisesse,
pretérito imperfeito do subjuntivo: fosse, fosses, quisesses, quisesse, quiséssemos, quisésseis,
fosse, fôssemos, fôsseis, fossem; quisessem;
futuro do subjuntivo: for, fores, for, formos, futuro do subjuntivo: quiser, quiseres, quiser,
fordes, forem. quisermos, quiserdes, quiserem;
Poder Saber
presente do indicativo: posso, podes, pode, presente do indicativo: sei, sabes, sabe, sabemos,
podemos, podeis, podem; sabeis, sabem;
presente do subjuntivo: possa, possas, possa, presente do subjuntivo: saiba, saibas, saiba,
possamos, possais, possam; saibamos, saibais, saibam;
pretérito perfeito do indicativo: pude, pudeste, pretérito perfeito do indicativo: soube, soubeste,
pôde, pudemos, pudestes, puderam; soube, soubemos, soubestes, souberam;
pretérito mais-que-perfeito do indicativo: pudera, pretérito mais-que-perfeito do indicativo: soubera,
puderas, pudera, pudéramos, pudéreis, puderam; souberas, soubera, soubéramos, soubéreis,
souberam;
pretérito imperfeito do subjuntivo: pudesse,
pudesses, pudesse, pudéssemos, pudésseis, pretérito imperfeito do subjuntivo: soubesse,
pudessem; soubesses, soubesse, soubéssemos, soubésseis,
soubessem;
futuro do subjuntivo: puder, puderes, puder,
pudermos, puderdes, puderem. futuro do subjuntivo: souber, souberes, souber,
soubermos, souberdes, souberem.
Pôr
Ser
presente do indicativo: ponho, pões, põe, pomos,
pondes, põem; presente do indicativo: sou, és, é, somos, sois, são;

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LÍNGUA PORTUGUESA
presente do subjuntivo: seja, sejas, seja, presente do indicativo: vejo, vês, vê, vemos, vedes,
sejamos, sejais, sejam; vêem;
pretérito imperfeito do indicativo: era, eras, era, presente do subjuntivo: veja, vejas, veja, vejamos,
éramos, éreis, eram; vejais, vejam;
pretérito perfeito do indicativo: fui, foste, foi, pretérito perfeito do indicativo: vi, viste, viu, vimos,
fomos, fostes, foram; vistes, viram;
pretérito mais-que-perfeito do indicativo: fora, pretérito mais-que-perfeito do indicativo: vira,
foras, fora, fôramos, fôreis, foram; viras, vira, víramos, víreis, viram;
pretérito imperfeito do subjuntivo: fosse, fosses, pretérito imperfeito do subjuntivo: visse, visses,
fosse, fôssemos, fôsseis, fossem; visse, víssemos, vísseis, vissem;
futuro do subjuntivo: for, fores, for, formos, futuro do subjuntivo: vir, vires, vir, virmos, virdes,
fordes, forem. virem.
As segundas pessoas do imperativo afirmativo são: Seguem esse modelo os derivados antever, entrever,
sê (tu) e sede (vós). prever, rever. Prover segue o modelo acima apenas
no presente do indicativo e seus tempos derivados;
Ter
nos demais tempos, comporta-se como um verbo
presente do indicativo: tenho, tens, tem, temos, regular da segunda conjugação.
tendes, têm;
Vir
presente do subjuntivo: tenha, tenhas, tenha,
presente do indicativo: venho, vens, vem, vimos,
tenhamos, tenhais, tenham;
vindes, vêm;
pretérito imperfeito do indicativo: tinha, tinhas,
presente do subjuntivo: venha, venhas, venha,
tinha, tínhamos, tínheis, tinham;
venhamos, venhais, venham;
pretérito perfeito do indicativo: tive, tiveste, teve,
pretérito imperfeito do indicativo: vinha, vinhas,
tivemos, tivestes, tiveram;
vinha, vínhamos, vínheis, vinham;
pretérito mais-que-perfeito do indicativo: tivera,
pretérito perfeito do indicativo: vim, vieste, veio,
tiveras, tivera, tivéramos, tivéreis, tiveram;
viemos, viestes, vieram;
pretérito imperfeito do subjuntivo: tivesse,
pretérito mais-que-perfeito do indicativo: viera,
tivesses, tivesse, tivéssemos, tivésseis, tivessem;
vieras, viera, viéramos, viéreis, vieram;
futuro do subjuntivo: tiver, tiveres, tiver, tivermos,
pretérito imperfeito do subjuntivo: viesse, viesses,
tiverdes, tiverem.
viesse, viéssemos, viésseis, viessem;
Seguem esse modelo os verbos ater, conter, deter,
futuro do subjuntivo: vier, vieres, vier, viermos,
entreter, manter, reter.
vierdes, vierem;
Trazer
particípio e gerúndio: vindo.
presente do indicativo: trago, trazes, traz,
Seguem esse modelo os verbos advir, convir,
trazemos, trazeis, trazem;
desavir-se, intervir, provir, sobrevir.
presente do subjuntivo: traga, tragas, traga,
O emprego do infinitivo não obedece a regras bem
tragamos, tragais, tragam;
definidas.
pretérito perfeito do indicativo: trouxe, trouxeste,
O impessoal é usado em sentido genérico ou
trouxe, trouxemos, trouxestes, trouxeram;
indefinido, não relacionado a nenhuma pessoa, o
pretérito mais-que-perfeito do indicativo: pessoal refere-se às pessoas do discurso,
trouxera, trouxeras, trouxera, trouxéramos, dependendo do contexto. Recomenda-se sempre o
trouxéreis, trouxeram; uso da forma pessoal se for necessário dar à frase
maior clareza e ênfase.
futuro do presente: trarei, trarás, trará, etc.;
Usa-se o impessoal:
futuro do pretérito: traria, trarias, traria, etc.;
sem referência a nenhum sujeito: É proibido fumar na
pretérito imperfeito do subjuntivo: trouxesse,
sala;
trouxesses, trouxesse, trouxéssemos, trouxésseis,
trouxessem; nas locuções verbais: Devemos avaliar a sua
situação;
futuro do subjuntivo: trouxer, trouxeres, trouxer,
trouxermos, trouxerdes, trouxerem. quando o infinitivo exerce função de complemento de
adjetivos: É um problema fácil de solucionar;
Ver

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LÍNGUA PORTUGUESA
quando o infinitivo possui valor de imperativo - Ele 6. Se __________ o livro, não __________ com ele;
respondeu: "Marchar!" __________ onde combinamos.
Usa-se o pessoal: a) reouveres – fiques – põe-no
quando o sujeito do infinitivo é diferente do sujeito b) reouveres – fiques – põe-lo
da oração principal: Eu não te culpo por saíres c) reaveres – fica – ponha-o
daqui; d) reaveres fique – ponha-o
quando, por meio de flexão, se quer realçar ou 7. Se eles __________ suas razões e __________
identificar a pessoa do sujeito: Foi um erro suas teses, não os __________ .
responderes dessa maneira;
a) expuserem – mantiverem – censura
quando queremos determinar o sujeito (usa-se a 3ª
b) expuserem – mantiverem – censures
pessoa do plural): - Escutei baterem à porta.
c) exporem – manterem – censures
d) exporem – manterem – censura

8. Se o __________ por perto, __________; ele


__________ o esforço construtivo de qualquer
Exercícios pessoa.

a) veres – precavenha-se – obstrue


b) vires – precavém-te – obstrui
1. A forma correta do verbo submeter-se, na 1a. c) veres – acautela-te – obstrui
pessoa do plural do imperativo afirmativo é: d) vires – acautela-te – obstrui

a) submetamo-nos 9. Se ele se __________ em sua exposição,


b) submeta-se __________ bem. Não te __________.
c) submete-te
d) submetei-vos a) deter – ouça-lhe – precipites
b) deter – ouve-lhe – precipita
2. __________ mesmo que és capaz de vencer; c) detiver – ouve-o precipita
__________ e não __________ . d) detiver – ouve-o -precipites

a) Mostra a ti – decide-te – desanime 10. Os habitantes da ilha acreditam que, quando


b) Mostre a ti – decida-te – desanimes Jesus __________ e __________ todos em paz,
c) Mostra a ti – decida-te – desanimes haverá de abençoá-los.
d) Mostra a ti – decide-te – desanimes
a) vier – os ver
3. Depois que o sol se __________, haverão de b) vir – os ver
__________ as atividades. c) vier – os vir
d) vier – lhes vir
a) pôr – suspender
b) por – suspenderem 11. Os pais ainda __________ certos princípios, mas
c) puser – suspender os filhos já não __________ neles e __________ de
d) puser – suspenderem sua orientação.

4. Não se deixe dominar pela solidão. __________ a) mantém – crêem – divergem


a vida que há nas formas da natureza, __________ b) mantêem – crêem – divergem
atenção à transbordante linguagem das coisas e c) mantêm – crêem – divergem
__________ o mundo pelo qual transita distraído. d) mantém – crêem – divirgem

a) Descobre – presta – vê 12. Se todas as pessoas __________ boas relações


b) Descubra – presta – vê e __________ as amizades, viveriam mais felizes.
c) Descubra – preste – veja
d) Descubra – presta – veja a) mantivessem – refizessem
b) mantivessem – refazessem
5. Se __________ a interferência do Ministro nos c) mantiverem – refizerem
programas de televisão e se ele __________, não d) mantessem – refizessem
ocorreriam certos abusos.
13. __________ graves problemas que o
a) requerêssemos – interviesse __________, durante vários anos, no porto, e
b) requiséssemos – interviesse impediram que __________ , em tempo devido, sua
c) requerêssemos – intervisse promoção.
d) requizéssemos – interviesse

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LÍNGUA PORTUGUESA
a) sobreviram – deteram – requeresse a) As novelas substituíram os folhetins do passado
b) sobreviram – detiveram – requisesse b) O diretor reuniu para esta novela um elenco
c) sobrevieram – detiveram – requisesse especial
d) sobrevieram – detiveram – requeresse c) Alguns episódios estão mexendo com as emoções
do público
14. Eu não __________ a desobediência, embora d) O autor extrai alguns detalhes do personagem de
ela me _________, portanto, não __________ pessoas conhecidas
comigo.
* Instruções para as questões subsequentes:
a) premio – favoreça – contes Passe a frase dada, se for ativa, para a voz
b) premio – favorece – conta passiva, e vice-versa. Assinale a alternativa que,
c) premio – favoreça – conta feita a transformação, substitui corretamente a
d) premeio – favoreça – contas forma verbal grifada, sem que haja mudança de
tempo e modo verbais.
15. Se ao menos ele __________ a confusão que
aquilo ia dar! Mas não pensou, não se __________, 21. Não se faz mais nada como antigamente.
e __________ na briga que não era sua.
a) é feito
a) prevesse – continha – interveio b) têm feito
b) previsse – conteve – interveio c) foi feito
c) prevesse – continha – interviu d) fazem
d) previsse – conteve – interviu
22. Saí de lá com a certeza de que os livros me
16. A locução verbal que constitui voz passiva seriam enviados por ele, sem falta, na data marcada.
analítica é:
a) iria enviar
a) Vais fazer essa operação? b) foram enviados
b) Você teria realizado tal cirurgia? c) enviará
c) Realizou-se logo a intervenção. d) enviaria
d) A operação foi realizada logo.
23. Em meio àquele tumulto, ele ia terminando o
17. O seguinte período apresenta uma forma verbal complicado trabalho.
na voz passiva: “as pessoas comprometidas com a
corrupção deveriam ser punidas de forma mais a) foi terminando
rigorosa”. Qual a alternativa que apresenta a forma b) foi sendo terminado
verbal ativa correspondente? c) foi terminado
d) ia sendo terminado
a) deveria punir
b) puniria 24. Seria bom que o projeto fosse submetido à
c) puniriam apreciação da equipe, para que se retificassem
d) deveriam punir possíveis falhas.

18. A oração “o alarma tinha sido disparado pelo a) submeteram – retifiquem


guarda” está na voz passiva. Assinale a alternativa b) submeter – retificar
que apresenta a forma verbal ativa correspondente. c) submetessem – retificassem
d) se submetesse – retifiquem
a) disparara
b) fora disparado 25. Se fôssemos ouvidos, muitos aborrecimentos
c) tinham disparado seriam evitados.
d) tinha disparado
a) ouvíssemos – estaríamos
19. A oração “o engenheiro podia controlar todos os b) formos ouvidos – serão evitados
empregados da estação ferroviária” está na voz c) nos ouvissem – se evitariam
ativa. Assinale a forma verbal passiva d) nos ouvissem – evitariam
correspondente.
1 A / 2 D / 3 C / 4 C / 5 A / 6 A / 7 B / 8 D / 9 D / 10 C
a) podiam ser controlados / 11 C / 12 A / 13 D / 14 A / 15 B / 16 D / 17 D / 18 D /
b) seriam controlados 19 A / 20 C / 21 D / 22 D / 23 D / 24 C / 25 D
c) podia ser controlado
d) controlavam-se

20. Assinale a oração que não tem condições de


ser transformada em passiva.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Agente da voz passiva: liga-se a um verbo passivo
por meio de preposição para indicar quem executou a
ação.
ESTRUTURA DA ORAÇÃO, ESTRUTURA DO
Exemplo: O fogo foi apagado pela água.
PERÍODO,
3. Termos ligados ao nome
1. Sujeito e predicado
Adjunto adnominal: caracteriza o nome a que se
Sujeito: termo sobre o qual recai a afirmação do refere sem a mediação de verbo.
predicado e com o qual o verbo concorda.
Exemplo: As fortes chuvas de verão estão
Predicado:termo que projeta uma afirmação sobre caindo.
o sujeito.
Predicativo: caracteriza o nome a que se refere
sempre por meio de um verbo. Pode ser do sujeito e
do objeto.

Ache os cursos e faculdades ideais para você


Tipos de sujeito

Determinado: o predicado se refere a um termo


explícito na frase. Mesmo que venha implícito, pode
ser explicitado.

Exemplo: A noite chegou fria. Aposto: termo de núcleo substantivo, que se liga a
um nome para identificá-lo. O aposto é sempre um
O sujeito determinado pode ser: equivalente do nome a que se refere.
Exemplo: O tempo, inimigo impiedoso, foge
Simples: tem um só núcleo: A caravana passa.
apressado.
Composto: tem mais de um núcleo: A água e o
Complemento nominal: liga-se ao nome por meio
fogo não coexistem.
de preposição obrigatória e indica o alvo sobre o qual
Indeterminado: o predicado não se refere a se projeta a ação.
qualquer elemento explícito na frase, nem é
Exemplo: Procederam à remoção das pedras.
possível identificá-lo pelo contexto.
4. Vocativo:
(?) Falaram de você.
(?) Falou-se de você. Termo isolado, que indica a pessoa a quem se faz
um chamado. Vem sempre entre vírgulas e admite a
Inexistente: o predicado não se refere a
anteposiçãoo da interjeição ó.
elemento algum.
Exemplo: Amigos, eu os convido a sentar.
Choverá amanhã.
Haverá reclamações. SINTAXE DO PERÍODO
Faz quinze dias que vem chovendo.
É tarde. 1. Orações subordinadas substantivas
2. Termos ligados ao verbo São aquelas que desempenham a mesma função
Objeto direto: completa o sentido do verbo sem sintática do substantivo.
preposição obrigatória.
Exemplo: Os meninos observaram | que você
Exemplo: Os pássaros fazem seus ninhos. chegou. (a sua chegada)
Objeto indireto: completa o sentido do verbo por
meio de preposição obrigatória. Subjetiva: exerce a funçãoo de sujeito do verbo da
oração principal.
Exemplo: A decisão cabe ao diretor.
Exemplo: É necessário que você volte.
Adjunto adverbial: liga-se ao verbo, não para
completá-lo, mas para indicar circunstância em que Objetiva direta: exerce a função de objeto direto da
ocorre a ação. oração principal.

Exemplo: O cortejo seguia pelas ruas. Exemplo: Eu desejava que você voltasse.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Objetiva indireta: exerce a função de objeto Exemplo: Se você correr demais, ficará
indireto do verbo principal. cansado.

Exemplo: Não gostaram de que você viesse. Comparativa: estabelece uma comparação com o
fato expresso na oração principal.
Predicativa: exerce a funçãoo de predicativo.
Exemplo: Lutou como luta um bravo.
Exemplo: A verdade é que ninguém se omitiu.
Concessiva: concede um argumento contrário ao
Completiva nominal: desempenha a função de evento relatado na oração principal.
complemento nominal.
Exemplo: O time venceu embora tenha jogado
Exemplo: Não tínhamos dúvida de que o mal.
resultado seria bom.
Conformativa: indica que o fato expresso na
Apositiva: desempenha a função de aposto em oração subordinada está de acordo com o da
relação a um nome. oração principal.
Exemplo: Só nos disseram uma coisa: que nos Exemplo: Tudo ocorreu conforme os jornalistas
afastássemos. previram.
2. Orações subordinadas adjetivas Final: indica o fim, o objetivo com que ocorre a ação
São aquelas que desempenham função sintática do verbo principal.
própria do adjetivo.
Exemplo: Estudou para que fosse aprovado.
Exemplo: Na cidade há indústrias que poluem.
(poluidoras) Temporal: indica o tempo em que se realiza o evento
relatado na oração principal.
Restritiva: É aquela que restringe ou particulariza o
nome a que se refere. Vem iniciada por pronome Exemplo: Chegou ao local, quando davam dez
relativo e não vem entre vírgulas. horas.

Exemplo: Serão recebidos os alunos que Proporcional: estabelece uma relação de


passarem na prova. proporcionalidade com o verbo principal.

Explicativa: É aquela que não restringe nem Exemplo: Aprendemos à medida que o tempo
particulariza o nome a que se refere. Indica uma passa.
propriedade pressuposta como pertinente a todos
os elementos do conjunto a que se refere. Inicia-se 4. Orações coordenadas
por pronome relativo e vem entre vírgulas. São todas as orações que não se ligam
sintaticamente a nenhum termo de outra oração.
Exemplo: Os homens, que são racionais, não
agem só por instinto. Exemplo: Chegou ao local // e vistoriou as obras.

3. Orações subordinadas adverbiais As coordenadas podem ou nãoo vir iniciadas por


São aquelas que desempenham função sintática conjunção coordenativa. Chamam-se coordenadas
própria do advérbio. sindéticas as que se iniciam por conjunção e
assindéticas as que nã;o se iniciam.
Exemplo: O aluno foi bem na prova porque
estava calmo. (devido à sua calma) Exemplo: Presenciei o fato, mas ainda
não acredito.
Causal: indica a causa que provocou a ocorrência or. c. assindética or. c. sindética
relatada na oração principal.
As coordenadas assindéticas não se subclassificam.
Exemplo: A moça atrai a atenção de todos
porque é muito bonita. As coordenadas sindéticas subdividem-se em cinco
tipos:
Consecutiva: indica a consequência que proveio
da ocorrência relatada na oração principal. Aditiva: estabelece uma relação de soma.

Exemplo: A moça é tão bonita, que atrai a Exemplo: Entrou e saiu logo.
atenção de todos.
Adversativa: estabelece uma relação de
Condicional: indica um evento ou fato do qual contradição.
depende a ocorrência indicada na oração principal.

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Exemplo: Trouxe muitas sugestões, mas Um sujeito é determinado quando é facilmente
nenhuma foi aceita. identificável pela concordância verbal. O sujeito
determinado pode ser simples ou composto.
Alternativa: estabelece uma relação de
alternância. A indeterminação do sujeito ocorre quando não é
possível identificar claramente a que se refere a
Exemplo: Aceite a proposta ou procure outra concordância verbal. Isso ocorre quando não se pode
solução. ou não interessa indicar precisamente o sujeito de
uma oração.
Conclusiva: estabelece relação de conclusão.
a) Estão gritando seu nome lá fora;
Exemplo: Penso, portanto existo.
b) Trabalha-se demais neste lugar.
Explicativa: estabelece uma relação de explicação
ou justificação. Contém sempre um argumento O sujeito simples é o sujeito determinado que possui
favorável ao que foi dito na oração anterior. um único núcleo. Esse vocábulo pode estar no
singular ou no plural; pode também ser um pronome
Exemplo: Ele deve ser estrangeiro, pois fala indefinido.
mal o português.
a) Nós nos respeitamos mutuamente;

b) A existência é frágil;
1.1 Termos essenciais da oração: c) Ninguém se move;
O sujeito e o predicado são considerados termos
d) O amar faz bem.
essenciais da oração, ou seja, sujeito e predicado
são termos indispensáveis para a formação das
O sujeito composto é o sujeito determinado que
orações. No entanto, existem orações formadas
possui mais de um núcleo.
exclusivamente pelo predicado. O que define, pois,
a oração, é a presença do verbo. a) Alimentos e roupas andam caríssimos;
O sujeito é o termo que estabelece concordância b) Ela e eu nos respeitamos mutuamente;
com o verbo.
c) O amar e o odiar são tidos como duas faces da
a) "Minha primeira lágrima caiu dentro dos teus mesma moeda.
olhos.";
Além desses dois sujeitos determinados, é comum a
b) "Minhas primeiras lágrimas caíram dentro dos referência ao sujeito oculto, isto é, ao núcleo do
teus olhos". sujeito que está implícito e que pode ser reconhecido
pela desinência verbal ou pelo contexto.
Na primeira frase, o sujeito é minha primeira
lágrima. Minha e primeira referem-se ao conceito Abolimos todas as regras.
básico expresso em lágrima. Lágrima é, pois, a
principal palavra do sujeito, sendo, por isso, O sujeito indeterminado surge quando não se quer ou
denominada núcleo do sujeito. O núcleo do sujeito não se pode identificar claramente a que o predicado
se relaciona com o verbo, estabelecendo a da oração se refere. Existe uma referência imprecisa
concordância. ao sujeito, caso contrário teríamos uma oração sem
sujeito.
A função do sujeito é basicamente desempenhada
por substantivos, o que a torna uma função Na língua portuguesa o sujeito pode ser
substantiva da oração. Pronomes substantivos, indeterminado de duas maneiras:
numerais e quaisquer outras palavras
substantivadas (derivação imprópria) também a) com verbo na terceira pessoa do plural, desde que
podem exercer a função de sujeito. o sujeito não tenha sido identificado anteriormente:

a) Ele já partiu; a.1) Bateram à porta;

b) Os dois sumiram; a.2) Andam espalhando boatos a respeito da queda


do ministro.
c) Um sim é suave e sugestivo.
b) com o verbo na terceira pessoa do singular,
Os sujeitos são classificados a partir de dois acrescido do pronome se. Esta é uma construção
elementos: o de determinação ou indeterminação e típica dos verbos que não apresentam complemento
o de núcleo do sujeito. direto:

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b.1) Precisa-se de mentes criativas; Com exceção do vocativo, que é um termo à parte,
tudo o que difere do sujeito numa oração é o seu
b.2) Vivia-se bem naqueles tempos; predicado.

b.3) Trata-se de casos delicados; a) Os homens (sujeito) pedem amor às mulheres


(predicado);
b.4) Sempre se está sujeito a erros.
b) Passou-me (predicado) uma idéia estranha
O pronome se funciona como índice de (sujeito) pelo pensamento (predicado).
indeterminação do sujeito.
Para o estudo do predicado, é necessário verificar se
As orações sem sujeito, formadas apenas pelo seu núcleo está num nome ou num verbo. Deve-se
predicado, articulam-se a partir de m verbo considerar também se as palavras que formam o
impessoal. A mensagem está centrada no processo predicado referem-se apenas ao verbo ou também ao
verbal. Os principais casos de orações sem sujeito sujeito da oração.
com:
Os homens sensíveis (sujeito) pedem amor sincero
a) os verbos que indicam fenômenos da natureza: às mulheres de opinião.
a.1) Amanheceu repentinamente; O predicado acima apresenta apenas uma palavra
que se refere ao sujeito: pedem. As demais palavras
a.2) Está chuviscando. ligam-se direta ou indiretamente ao verbo.
b) os verbos estar, fazer, haver e ser, quando A existência (sujeito) é frágil (predicado).
indicam fenômenos meteorológicos ou se
relacionam ao tempo em geral: O nome frágil, por intermédio do verbo, refere-se ao
sujeito da oração. O verbo atua como elemento de
b.1) Está tarde. ligação entre o sujeito e a palavra a ele relacionada.
b.2) Ainda é cedo. O predicado verbal é aquele que tem como núcleo
significativo um verbo:
b.3) Já são três horas, preciso ir;
a) Chove muito nesta época do ano;
b.4) Faz frio nesta época do ano;
b) Senti seu toque suave;
b.5) Há muitos anos aguardamos mudanças
significativas; c) O velho prédio foi demolido.
b.6) Faz anos que esperamos melhores condições Os verbos acima são significativos, isto é, não
de vida; servem apenas para indicar o estado do sujeito, mas
indicam processos.
b.7) Deve fazer meses que ele partiu.
O predicado nominal é aquele que tem como núcleo
c) o verbo haver, na indicação de existência ou
significativo um nome; esse nome atribui uma
acontecimento:
qualidade ou estado ao sujeito, por isso é chamado
c.1) Havia bons motivos para nossa apreensão; de predicativo do sujeito. O predicativo é um nome
que se liga a outro nome da oração por meio de um
c.2) Deve haver muitos interessados no seu verbo.
trabalho;
Nos predicados nominais, o verbo não é significativo,
c.3) Houve alguns problemas durante o trabalho. isto é, não indica um processo. O verbo une o sujeito
ao predicativo, indicando circunstâncias referentes ao
O predicado é o conjunto de enunciados que numa estado do sujeito:
dada oração contém a informação nova para o
ouvinte. "Ele é senhor das suas mãos e das ferramentas."

Nas orações sem sujeito, o predicado simplesmente Na frase acima o verbo ser poderia ser substituído
enuncia um fato qualquer: por estar, andar, ficar, parecer, permanecer ou
continuar, atuando como elemento de ligação entre o
a) Chove muito nesta época do ano; sujeito e as palavras a ele relacionadas.

b) Houve problemas na reunião. A função de predicativo é exercida normalmente por


um adjetivo ou substantivo.
Nas orações que surge o sujeito, o predicado é
aquilo que se declara a respeito desse sujeito.

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O predicado verbo-nominal é aquele que apresenta a.3) Estimar aos pais.
dois núcleos significativos: um verbo e um nome.
No predicado verbo-nominal, o predicativo pode b) com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes
referir-se ao sujeito ou ao complemento verbal. de tratamento:

O verbo do predicado verbo-nominal é sempre b.1) Não excluo a ninguém;


significativo, indicando processos. É também
sempre por intermédio do verbo que o predicativo b.2) Não quero cansar a Vossa Senhoria.
se relaciona com o termo a que se refere.
c) para evitar ambigüidade:
a) O dia amanheceu ensolarado;
Ao povo prejudica a crise. (sem preposição, a
b) As mulheres julgam os homens inconstantes situação seria outra)

No primeiro exemplo, o verbo amanheceu d) com pronomes oblíquos tônicos (preposição


apresenta duas funções: a de verbo significativo e a obrigatória):
de verbo de ligação. Esse predicado poderia ser
desdobrado em dois, um verbal e outro nominal: Nem ele entende a nós, nem nós a ele.

a) O dia amanheceu; O objeto indireto é o complemento que se liga


indiretamente ao verbo, ou seja, através de uma
b) O dia estava ensolarado. preposição.

No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona a) Os homens sensíveis pedem amor sincero às
o complemento homens como o predicativo mulheres;
inconstantes.
b) Os homens pedem-lhes amor sincero;

c) Gosto de música popular brasileira.


1.2 Termos integrantes da oração:
O termo que integra o sentido de um nome chama-se
Os complementos verbais (objeto direto e indireto) complemento nominal. O complemento nominal liga-
e o complemento nominal são chamados termos se ao nome que completa por intermédio de
integrantes da oração. preposição:
Os complementos verbais integram o sentido do a) Desenvolvemos profundo respeito à arte;
verbos transitivos, com eles formando unidades
significativas. Esses verbos podem se relacionar b) A arte é necessária à vida;
com seus complementos diretamente, sem a
presença de preposição ou indiretamente, por c) Tenho-lhe profundo respeito.
intermédio de preposição.
Os nomes que se fazem acompanhar de
O objeto direto é o complemento que se liga complemento nominal pertencem a dois grupos:
diretamente ao verbo.
a) substantivos, adjetivos ou advérbios derivados de
a) Os homens sensíveis pedem amor às mulheres verbos transitivos,
de opinião;
b) adjetivos transitivos e seus derivados.
b) Os homens sinceros pedem-no às mulheres de
opinião; 1.3 Termos acessórios da oração e vocativo:
c) Dou-lhes três. Os termos acessórios recebem esse nome por serem
acidentais, explicativos, circunstanciais.
d) Buscamos incessantemente o Belo;
São termos acessórios o adjunto adverbial, adjunto
e) Houve muita confusão na partida final. adnominal e o aposto.
O objeto direto preposicionado ocorre O adjunto adverbial é o termo da oração que indica
principalmente: uma circunstância do processo verbal, ou intensifica
o sentido de um adjetivo, verbo ou advérbio. É uma
a) com nomes próprios de pessoas ou nomes
função adverbial, pois cabe ao advérbio e às
comuns referentes a pessoas:
locuções adverbiais exercer o papel de adjunto
a.1) Amar a Deus; adverbial.

a.2) Adorar a Xangô; Amanhã voltarei de bicicleta àquela velha praça.

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As circunstâncias comumente expressas pelo O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu
adjunto adverbial são: amigo de infância.

 acréscimo: Além de tristeza, sentia O adjunto adnominal se liga diretamente ao


profundo cansaço. substantivo a que se refere, sem participação do
verbo.
 afirmação: Sim, realmente irei partir.
Já o predicativo do objeto se liga ao objeto por meio
 assunto: Falavam sobre futebol. de um verbo.

 causa: Morrer ou matar de fome, de raiva O poeta português deixou uma obra originalíssima.
e de sede... são tantas vezes gestos
naturais. O poeta deixou-a.

 companhia: Sempre contigo bailando sob O poeta português deixou uma obra inacabada.
as estrelas.
O poeta deixou-a inacabada.
 concessão: Apesar de você, amanhã há
Enquanto o complemento nominal relaciona-se a um
de ser outro dia.
substantivo, adjetivo ou advérbio; o adjunto nominal
 conformidade: Fez tudo conforme o relaciona-se apenas ao substantivo.
combinado.
O aposto é um termo acessório que permite ampliar,
explicar, desenvolver ou resumir a idéia contida num
 dúvida: Talvez nos deixem entrar.
termo que exerça qualquer função sintática.
 fim: Estudou para o exame.
Ontem, segunda-feira, passei o dia mal-humorado.
 freqüência: Sempre aparecia por lá.
Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de
tempo ontem. Dizemos que o aposto é sintaticamente
 instrumento: Fez o corte com a faca.
equivalente ao termo que se relaciona porque
 intensidade: Corria bastante. poderia substituí-lo:

Segunda-feira passei o dia mal-humorado.


 limite: Andava atabalhoado do quarto à
sala. O aposto pode ser classificado, de acordo com seu
valor na oração, em:
 lugar: Vou à cidade.
a) explicativo: A lingüística, ciência das línguas
 matéria: Compunha-se de substâncias humanas, permite-nos interpretar melhor nossa
estranhas. relação com o mundo.
 meio: Viajarei de trem. b) enumerativo: A vida humana se compõe de muitas
coisas: amor, arte, ação.
 modo: Foram recrutados a dedo.
c) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e
 negação: Não há ninguém que mereça. sonho, tudo isso forma o carnaval.
 preço: As casas estão sendo vendidas a d) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes,
preços exorbitantes. fixaram-se por muito tempo na baía anoitecida.
 substituição ou troca: Abandonou suas Além desses, há o aposto especificativo, que difere
convicções por privilégios econômicos. dos demais por não ser marcado por sinais de
pontuação (dois-pontos ou vírgula).
 tempo: Ontem à tarde encontrou o velho
amigo. A rua Augusta está muito longe do rio São
Francisco.
O adjunto adnominal é o termo acessório que
determina, especifica ou explica um substantivo. É O vocativo é um termo que serve para chamar,
uma função adjetiva, pois são os adjetivos e as invocar ou interpelar um ouvinte real ou hipotético.
locuções adjetivas que exercem o papel de adjunto
adnominal na oração. Também atuam como A função de vocativo é substantiva, cabendo a
adjuntos adnominais os artigos, os numerais e os substantivos, pronomes substantivos, numerais e
pronomes adjetivos. palavras substantivadas esse papel na linguagem.

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Coordenação e Subordinação; Este mundo é redondo mas está ficando muito chato.

O país é extremamente rico; o povo, porém, vive em


2. Período composto por coordenação: profunda penúria.
O período composto por coordenação é formado
Já as coordenadas sindéticas alternativas são
por orações sintaticamente completas, ou seja,
introduzidas por conjunções alternativas, indicando
equivalentes.
pensamentos ou fatos que se alternam ou excluem. A
Os homens investigam o mundo, descobrem suas conjunção alternativa típica é ou. Há também os
riquezas e constroem suas sociedades pares ora... ora, já... já, quer... quer, seja... seja.
competitivas.
Diga agora ou cale-se para sempre.
O período acima é formada por três orações, no
Ora atua com dedicação e seriedade, ora age de
entanto essas orações são independentes e
forma desleixada e relapsa.
poderiam constituir orações absolutas,
caracterizando o período composto por As coordenadas sindéticas conclusivas são
coordenação. introduzidas por conjunções conclusivas. Nesse
caso, a segunda oração exprime conclusão ou
Quanto às orações coordenadas, elas estão
conseqüência lógica da primeira. As conjunções e
divididas em assindéticas e sindéticas, sendo estas
locuções típicas são logo, portanto, então, assim,
aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e
por isso, por conseguinte, de modo que, em vista
explicativas.
disso, pois (apenas quando não anteposta ao
As orações coordenadas assindéticas são aquelas verbo).
ligadas sem o uso da conjunção:
Aquela substância é altamente tóxica, logo deve ser
Um pé-de-vento cobria de poeira a folhagem das manuseada cautelosamente.
imburanas, sinhá Vitória catava piolhos no filho
A situação econômica é delicada; devemos, pois,
mais velho, Baleia descansava a cabeça na pedra
agir cuidadosamente.
de amolar.
As coordenadas sintéticas explicativas são
Já as orações coordenadas sindéticas são aquelas
introduzidas por conjunções explicativas e exprimem
ligadas por meio de conjunções:
o motivo, a justificativa de se ter feito a declaração
Dormiu e sonhou. anterior. As conjunções explicativas são que, porque
e pois (anteposta ao verbo).
As orações coordenadas sindéticas aditivas são
ligadas por meio de conjunções aditivas. Ocorrem "Vem, que eu te quero fraco."
quando os fatos estão em seqüência simples, sem
Ele se mudou, pois seu apartamento está vazio.
que acrescente outra idéia. As aditivas típicas são e
e nem.

Discutimos as várias propostas e analisamos 3. Período composto por subordinação:


possíveis soluções.
O período composto por subordinação é aquele
Não discutimos as várias propostas, nem (e não) composto por uma oração principal (aquela que tem
analisamos quaisquer soluções. pelo menos um dos termos representado por uma
oração subordinada) e por orações subordinadas
As orações sindéticas aditivas podem também ser (aquelas que exercem função sintática em outra
ligadas pelas locuções não só, mas (também), oração).
tanto ... como.
As orações subordinadas podem ser substantivas,
Não só provocaram graves problemas, mas adjetivas e adverbiais.
(também) abandonaram os projetos de
reestruturação social do país. Quanto às formas, elas podem ser desenvolvidas
(apresentam verbos numa das formas finitas [tempos
As coordenadas sindéticas adversativas são do indicativo, subjuntivo, imperativo], apresentam
introduzidas pelas conjunções adversativas. A normalmente conjunção e pronome relativo) e
segunda oração exprime contraste, oposição ou reduzidas (apresentam verbos numa das formas
compensação em relação à anterior. As nominais [infinitivo, gerúndio, particípio] e não
adversativas típicas são mas, porém, contudo, apresentam conjunções nem pronomes relativos,
todavia, entanto, entretanto, e as locuções no podem apresentar preposição):
entanto, não obstante, nada obstante.
Eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto.

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Eu sinto existir em meu gesto o teu gesto. As subordinadas substantivas objetivas indiretas
exercem o papel de objeto indireto do verbo da
As orações subordinadas substantivas exercem oração principal:
funções substantivas no interior da oração principal
de que fazem parte. Elas podem ser desenvolvidas Aspiramos a que a situação nacional melhore.
ou reduzidas e são classificadas de acordo com
suas seis funções: sujeito, objeto direto, objeto Lembre-me de ajudá-lo em seus afazeres.
indireto, complemento nominal, predicativo do
sujeito e aposto. As subordinadas substantivas completivas nominais
exercem papel de complemento nominal de um termo
As subordinadas substantivas subjetivas são da oração principal:
aquelas orações que exercem a função de sujeito
do verbo da oração principal: Tenho a sensação de que estamos alcançando
uma situação mais alentadora.
É preciso que haja alguma coisa de flor em tudo
isso. Já as subordinadas substantivas predicativas
exercem o papel de predicativo do sujeito da oração
É preciso haver alguma coisa de flor em tudo principal:
isso.
Nossa constatação é que vida e morte são duas
O verbo da oração principal sempre se apresenta faces de uma mesma realidade.
na terceira pessoa do singular. E os verbos e
expressões que apresentam essa oração como As subordinadas substantivas apositivas exercem
sujeito podem ser divididos em três grupos: função de aposto de um termo da oração principal:

 verbos de ligação mais predicativo (é bom, Só desejo uma coisa: que nossa situação melhore.
é claro, parece certo);
As orações subordinadas adjetivas exercem a função
 verbos na voz passiva sintética ou analítica sintática dos pronome relativo. Exerce a função
(sabe-se, conta-se, foi anunciado); sintática de adjunto adnominal de um termo da
oração principal, sendo introduzida por pronome
 verbos do tipo convir, cumprir, importar, relativo (que, qual/s, como, quanto/a/s, cujo/a/s,
ocorrer, acontecer, suceder, parecer, onde). Estes pronomes relativos podem ser
constar, quando na terceira pessoa do precedidos de preposição.
singular.
As subordinadas adjetivas dividem-se em restritivas e
As subordinadas substantivas objetivas diretas explicativas.
exercem a função de objeto direto do verbo da
oração principal: As restritivas restringem o sentido da oração
principal, sendo indispensáveis. Apresentam sentido
Juro que direi a verdade. particularizante do antecedente.

Juro dizer a verdade. O professor castigava os alunos que se comportavam


mal.
Algumas objetivas diretas são introduzidas pela
conjunção subordinativa integrante se e por As explicativas tem a função de explicar o sentido da
pronomes interrogativos (onde, por que, como, oração principal, sendo dispensável. Apresentam
quando, quando). sentido universalizante do antecedente.

Essas orações ocorrem em formas interrogativas Grande Sertão: Veredas, que foi publicado em 1956,
diretas: causou muito impacto.

Desconheço se ele chegou. Geralmente, as orações explicativas vêm separadas


da oração principal por vírgulas ou travessões.
Desconheço quando ele chegou.
Os pronomes relativos que introduzem as orações
Os verbos auxiliares causativos (deixar, mandar e subordinadas adjetivas desempenham funções
fazer) e os auxiliares sensitivos (ver, sentir, ouvir e sintáticas. Para esse tipo de análise, deve-se
perceber) formam orações principais que substituir o pronome relativo por seu antecedente e
apresentam objeto direto na forma de orações proceder a análise como se fosse um período
subordinadas substantivas reduzidas de infinitivo: simples.

Deixe-me partilhar seus segredos. O homem, que é um ser racional, aprende com seus
erros - sujeito

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Os trabalhos que faço me dão prazer - objeto direto  Condicional, circunstância da qual depende a
realização do fato expresso na oração
Os filmes a que nos referimos são italianos - objeto principal. (Sairei, se você der autorização)
indireto
As principais conjunções são: se (= caso), caso,
O homem rico que ele era hoje passa por contanto que, dado que, desde que, uma vez que,
dificuldades - predicativo do sujeito a menos que, sem que, salvo se, exceto se...
O filme a que fizeram referência foi premiado -  Conformativa, idéia de adequação, de não
complemento nominal contradição com o fato relatado na oração
principal. (Saímos na hora, conforme
O filme cujo artista foi premiado não fez sucesso - havíamos combinado)
adjunto adnominal
As principais conjunções são: conforme, como,
O bandido por quem fomos atacados fugiu - agente segundo, consoante...
da passiva
 Concessiva, admissão de uma circunstância
A escola onde estudamos foi demolida - adjunto
ou idéia contrária, a qual não impede a
adverbial realização do fato manifesto na oração
Cujo sempre funciona como adjunto adnominal; principal. (Saímos cedo, embora o
espetáculo fosse mais tarde)
onde como adjunto adverbial de lugar e como será
adjunto adverbial de modo. As principais conjunções: embora, ainda que, se
bem que, mesmo que, apesar de que, conquanto,
As oração subordinadas adverbial corresponde
sem que...
sintaticamente a um adjunto adverbial, sendo
introduzida por conjunções subordinativas As conjunções concessivas sempre aparecem com
adverbiais. A ordem direta do período é oração
verbo no subjuntivo.
principal + oração subordinada adverbial, entretanto
muitas vezes a oração adverbial vem antes da  Temporal, circunstância de tempo em que
oração principal. ocorreu o fato relatado na oração principal.
(Saímos de casa, assim que amanheceu)
As orações subordinadas adverbiais podem ser do
tipo: As principais conjunções são: quando, assim que,
logo que, tão logo, enquanto, mal, sempre que...
 Causal, fator determinante do
acontecimento relatado na oração principal.  Final, objetivo ou destinação do fato relatado
(Saí apressado, porque estava atrasado) na oração principal. (Fomos embora, para
que não houvesse confusão)
As principais conjunções são: porque, porquanto,
desde que, já que, visto que, uma vez que, As principais conjunções são: para que, para, a fim
como, que... de que, com a finalidade de...
A oração causal introduzida por como fica  Proporcional, relação existente entre dois
obrigatoriamente antes da principal. elementos, de modo que qualquer alteração
em um deles implique alteração também no
 Consecutiva, resultado ou efeito da ação
outro. (Os alunos saíram, à medida que
manifesta na oração principal. (Saímos tão
terminavam a prova)
distraídos, que esquecemos os ingressos)
As principais conjunções são: à medida que, à
As principais conjunções são: que (precedido de
proporção que, enquanto, ao passo que, quanto...
tão, tal, tanto, tamanho), de maneira que, de
forma que... Uma oração pode ser subordinada a uma principal e,
ao mesmo tempo, principal em relação a outra (ele
 Comparativa, comparação com o que
age / como você / para estar em evidência)
aparece expresso na oração principal,
buscando entre elas semelhanças ou A Norma Gramatical Brasileira não faz referência às
diferenças. Pode aparecer com o verbo orações adverbiais modais e locativas (introduzida
elíptico. (Naquele lugar chovia, como chove por onde) - Falou sem que ninguém notasse /
em Belém) Estaciona-se sempre onde é proibido.
As principais conjunções são: assim como, tal As subordinadas reduzidas apresentam duas
qual, que, do que, como, quanto... características básicas:

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LÍNGUA PORTUGUESA
 não é introduzida por conectivos, mas c) sujeito – predicativo do objeto.
equivale a uma oração desenvolvida; d) predicativo do sujeito – predicativo do objeto.

 apresenta verbo numa das três formas 2. "Pagam bem lá?" Nesta oração o sujeito é:
nominais.
a) Oculto
Não é a falta de conectivo que determina a b) simples
existência de uma oração reduzida, e sim a forma c) indeterminado
nominal do verbo. d) oração sem sujeito

Classificam-se em reduzida de particípio, gerúndio 3. "Em nossa terra não se vive senão de política."
ou infinitivo, em função da forma verbal que Nesta
apresentam. oração o sujeito é:

As reduzidas de infinitivo podem vir ou não a) Indeterminado


precedidas de preposição e, geralmente, são b) oração sem sujeito
substantivas ou adverbiais, raramente adjetivas. As c) oculto
orações adverbiais, em geral, vêm precedidas de d) simples
preposição. Entretanto, as proporcionais e as
comparativas são sempre desenvolvidas. 4. "Afinal, lá se está sempre contente." Nesta oração
o
Algumas orações reduzidas de infinitivo merecem tipo de sujeito é:
atenção: vem depois dos verbos deixar, mandar,
fazer, ver, ouvir, olhar, sentir e outros verbos a) Oculto
causativos e sensitivos. Deixei-os fugir (= que eles b) composto
fugissem) - orações subordinada substantiva c) determinado
objetiva direta. Este é o único caso em que o d) indeterminado
pronome oblíquo exerce função sintática de sujeito
(caso de sujeito de infinitivo). 5. "Precisa-se de operários para a obra." Nesta
oração o
As reduzidas de gerúndio, geralmente adverbial, tipo de sujeito é:
raramente adjetiva e coordenada aditiva. A maioria
das adverbiais são temporais. Não há consecutiva, a) composto
comparativa e final reduzida de gerúndio. b) indeterminado
c) simples
Segundo Rocha Lima, as orações subordinadas d) oração sem sujeito
adverbiais modais só aparecem sob a forma
reduzida de gerúndio, uma vez que não existem 6. "Os livros escolares devem ser tratados com
conj. modais. (A disciplina não se aprende na carinho."
fantasia, sonhando, ou estudando) Nesta oração o tipo de sujeito é:

A reduzida de particípio, geralmente adjetiva ou a) composto


adverbial, também sendo mais comuns as b) indeterminado
temporais. Eventualmente, uma oração coordenada c) simples
pode vir como reduzida de gerúndio. d) oração sem sujeito

As adjetivas reduzidas de particípio são ponto de 7. Meu amigo José estuda à noite. Nesta oração o
discussão entre os gramáticos. A tendência atual é tipo de
considerar estes particípios simples adjetivos sujeito é:
(adjuntos adnominais).
a) indeterminado
b) composto
EXERCÍCIOS RESOLVIDOS c) simples
d) nenhuma das anteriores
DE SINTAXE

1. Dê a função sintática dos termos assinalados


8. "Entusiasmo, garbo e disciplina caracterizaram o
pelas
desfile." Nesta oração o tipo de sujeito é:
aspas: "O lucro", que é um dos incentivos do
sistema, foi "excelente". a) indeterminado
b) composto
a) objeto direto – adjunto adverbial.
c) oração sem sujeito
b) sujeito – predicativo do sujeito.
d) simples

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LÍNGUA PORTUGUESA
16. Defina o tipo de sujeito desta oração: "Faz dez
anos
9. O sujeito de uma oração é determinado quando: que cheguei aqui."

a) O seu núcleo é um substantivo, palavra a) Sujeito oculto.


substantivada, b) Sujeito simples.
pronome ou oração substantiva. c) Sujeito indeterminado.
b) O seu núcleo é sempre um substantivo d) Oração sem sujeito.
c) O seu núcleo é sempre uma oração substantiva
ou um substantivo
d) O seu núcleo é sempre um pronome pessoal ou 17. Defina o tipo de sujeito desta oração: "Seriam
um substantivo. quatro
horas da tarde."
10. Quanto à espécie, o sujeito de uma oração
pode ser: a) Oração sem sujeito.
b) Sujeito indeterminado.
a) Determinado ou indeterminado c) Sujeito oculto.
b) Simples ou composto d) Sujeito composto.
c) As duas alternativas anteriores estão corretas.
d) Nenhuma alternativa está correta.
18. "Aqui não me cheira bem". Neste exemplo temos
11. A oração sem sujeito caracteriza-se por: uma
oração sem sujeito, pois:
a) O sujeito está indeterminado.
b) Não se atribui o fato a nenhum ser. a) Não há sujeito simples.
c) O sujeito está simplesmente oculto. b) Não há um sujeito possível, agente da ação.
d) O fato é atribuído a um ser determinado. c) Não há um sujeito composto.
d) Nenhuma das anteriores.
12. A oração sem sujeito possui apenas:

a) Objeto direto. 19. "Já deve passar de dois anos." Qual é o tipo de
b) Objeto indireto. sujeito?
c) Predicado.
d) Sujeito oculto. a) Sujeito oculto.
b) Sujeito indeterminado.
13. "Anoitecia silenciosamente." Nesta oração c) Sujeito simples.
temos: d) Oração sem sujeito.
a) Sujeito simples
b) Oração sem sujeito.
c) Sujeito indeterminado. 20. "Nunca ninguém acariciou uma cabeça de
d) Sujeito oculto. galinha." Qual
é o sujeito e o tipo de sujeito desta oração?
14. "Será muito cedo?" "Como está calor!" Quais
são os a) Nunca ninguém / composto.
sujeitos destas orações? b) Ninguém / simples.
c) Ninguém /indeterminado.
a) Orações sem sujeito. d) Nunca / simples.
b) cedo / calor.
c) muito / como.
d) nenhuma das anteriores.
RESPOSTAS:

15. Defina o tipo de sujeito desta oração: "Fazia um


calor
infernal no sertão." NUMERO 1

a) Sujeito indeterminado Resposta: B


b) Oração sem sujeito.
c) Sujeito simples
d) Sujeito oculto. Explicação da Resposta:
"O lucro" é o agente da ação (sujeito) – "excelente" é
uma qualidade do sujeito

(predicativo do sujeito)

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LÍNGUA PORTUGUESA
NUMERO 2 NUMERO 8

Resposta: C Resposta: B

Explicação da Resposta: Explicação da Resposta:


O sujeito é indeterminado porque o verbo está na Este sujeito é composto, pois possui três núcleos: (1)
terceira pessoa do plural e não entusiasmo, (2) garbo e
se refere a nenhum substantivo no plural (3) disciplina. Dois ou mais núcleos tornam o sujeito
anteriormente expresso, tampouco aos composto.
pronomes eles ou elas.
NUMERO 9
NUMERO 3
Resposta: A
Resposta: A

Explicação da Resposta:
Explicação da Resposta: O que caracteriza um sujeito determinado é o seu
Quando o pronome "se" está ligado a verbos núcleo exercendo função de:
intransitivos, transitivos indiretos substantivo, palavra substantivada, pronome ou
ou de ligação, o tipo de sujeito da oração é oração substantiva.
indeterminado. Neste caso, o verbo
é intransitivo. NUMERO 10

NUMERO 4 Resposta: C

Resposta: D
Explicação da Resposta:
Quanto a sua espécie, o sujeito pode ser: simples ou
Explicação da Resposta: composto, determinado ou
Quando o pronome "se" está ligado a verbos indeterminado.
intransitivos, transitivos indiretos
ou de ligação, o tipo de sujeito da oração é sempre NUMERO 11
indeterminado. Neste caso, o
verbo é de ligação. Resposta: B
Explicação da Resposta:
NUMERO 5 Uma oração sem sujeito ocorre quando se enuncia
um fato e não se pode atribuí-lo
Resposta: B a nenhum ser.

NUMERO 12
Explicação da Resposta:
Quando o pronome "se" está ligado a verbos Resposta: C
instransitvos, transitivos indiretos Explicação da Resposta:
ou de ligação, o tipo de sujeito é sempre Numa oração sem sujeito não é possível saber a
indeterminado. Neste caso o verbo é quem o fato é atribuído. Assim,
transitivo indireto. há apenas o predicado.

NUMERO 6 NUMERO 13

Resposta: C Resposta: B

Explicação da Resposta: Explicação da Resposta:


O sujeito é simples, pois nele há apenas um núcleo Verbos que exprimem fenômenos meteorológicos
(livros). implicam orações sem sujeito.
Exemplo: Choveu muito naquele dia.
NUMERO 7
NUMERO 14
Resposta: C
Resposta: A

Explicação da Resposta:
O tipo de sujeito é simples, pois há apenas um Explicação da Resposta:
núcleo (José). Ambas orações exprimem fenômenos

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LÍNGUA PORTUGUESA
meteorológicos, seus verbos são de ligação. "ninguém", como possui um único
Apresentam assim, características das orações sem núcleo, é sujeito simples.
sujeito.

NUMERO 15

Resposta: B

Explicação da Resposta:
O verbo "fazer", ao exprimir um fenômeno
meteorológico, caracteriza uma oração
sem sujeito.

NUMERO 16

Resposta: D

Explicação da Resposta:
O verbo "fazer", ao exprimir tempo decorrido,
também caracteriza uma oração sem
sujeito.

NUMERO 17

Resposta: A

Explicação da Resposta:
O verbo "ser" quando utilizado na indicação de
horas e datas caracteriza uma
oração sem sujeito.

NUMERO 18

Resposta: B

Explicação da Resposta:
Não se pode determinar com clareza quem está
praticando a ação de "cheirar". É
um caso de oração sem sujeito.

NUMERO 19

Resposta: D

Explicação da Resposta:
Trata-se de oração sem sujeito, posto que não é
possível determinar qual é o
agente que está praticando a ação verbal.

NUMERO 20

Resposta: B

Explicação da Resposta:
O agente que pratica a ação de "acariciar" é

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LÍNGUA PORTUGUESA
É utilizada nas seguintes situações:

a) separar as orações subordinadas adjetivas


explicativas.
Para que servem os sinais de pontuação? No Ex.: Meu pai, de quem guardo amargas lembranças,
geral, para representar pausas na fala, nos casos mora no Rio de Janeiro.
do ponto, vírgula e ponto e vírgula; ou entonações,
b) separar as orações coordenadas sindéticas e
nos casos do ponto de exclamação e de
assindéticas (exceto as iniciadas pela conjunção e ).
interrogação, por exemplo.
Ex.: Acordei, tomei meu banho, comi algo e saí para
Além de pausa na fala e entonação da voz, os o trabalho. Estudou muito, mas não foi aprovado no
sinais de pontuação reproduzem, na escrita, nossas exame.
emoções, intenções e anseios.
Há três casos em que se usa a vírgula antes da
conjunção:

Vejamos aqui alguns empregos: 1) quando as orações coordenadas tiverem sujeitos


diferentes.
1. Vírgula (,) Ex.: Os ricos estão cada vez mais ricos, e os pobres,
cada vez mais pobres.
É usada para:
2) quando a conjunção e vier repetida com a
a) separar termos que possuem mesma função finalidade de dar ênfase (polissíndeto). Ex.: E chora,
sintática na oração: e ri, e grita, e pula de alegria.

O menino berrou, chorou, esperneou e, enfim, 3) quando a conjunção e assumir valores distintos
dormiu. que não seja da adição (adversidade, conseqüência,
por exemplo) Ex.: Coitada! Estudou muito, e ainda
Nessa oração, a vírgula separa os verbos. assim não foi aprovada.

b) isolar o vocativo: c) separar orações subordinadas adverbiais


(desenvolvidas ou reduzidas), principalmente se
Então, minha cara, não há mais o que se dizer! estiverem antepostas à oração principal.
c) isolar o aposto: Ex.: "No momento em que o tigre se lançava, curvou-
se ainda mais; e fugindo com o corpo apresentou o
O João, ex-integrante da comissão, veio assistir à gancho."( O selvagem - José de Alencar)
reunião.
d) separar as orações intercaladas. Ex.: "- Senhor,
d) isolar termos antecipados, como complemento disse o velho, tenho grandes contentamentos em a
ou adjunto: estar plantando..."
1. Uma vontade indescritível de beber água, eu Essas orações poderão ter suas vírgulas substituídas
senti quando olhei para aquele copo suado! por duplo travessão. Ex.: "Senhor - disse o velho -
(antecipação de complemento verbal) tenho grandes contentamentos em a estar
plantando..."
2. Nada se fez, naquele momento, para que
pudéssemos sair! (antecipação de adjunto e) separar as orações substantivas antepostas à
adverbial) principal.
Ex.: Quanto custa viver, realmente não sei.
e) separar expressões explicativas, conjunções e
conectivos: isto é, ou seja, por exemplo, além disso,
pois, porém, mas, no entanto, assim, etc.
2. Pontos
f) separar os nomes dos locais de datas: Brasília,
30 de janeiro de 2009. 2.1 - Ponto-final (.)
g) isolar orações adjetivas explicativas: O filme, que É usado ao final de frases para indicar uma pausa
você indicou para mim, é muito mais do que total:
esperava.
a) Não quero dizer nada.
b) Eu amo minha família.

A vírgula entre orações

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LÍNGUA PORTUGUESA
E em abreviaturas: Sr., a. C., Ltda., vv., num., adj.,
obs. Observações dignas de nota:

* Quando a intenção comunicativa expressar, ao


mesmo tempo, questionamento e admiração, o uso
2.2 - Ponto de Interrogação (?) dos pontos de interrogação e exclamação é
permitido. Observe:
O ponto de interrogação é usado para:
Que que eu posso fazer agora?!
a) Formular perguntas diretas:

* Quando se deseja intensificar ainda mais a


Você quer ir conosco ao cinema? admiração ou qualquer outro sentimento, não há
problema algum em repetir o ponto de exclamação
Desejam participar da festa de confraternização? ou interrogação. Note:

Não!!! – gritou a mãe desesperada ao ver o filho em


b) Para indicar surpresa, expressar indignação ou perigo.
atitude de expectativa diante de uma determinada
situação:
3. Ponto e vírgula (;)

O quê? não acredito que você tenha feito isso! É usado para:
(atitude de indignação)
a) separar itens enumerados:
Não esperava que fosse receber tantos elogios! A Matemática se divide em:
Será que mereço tudo isso? (surpresa) - geometria;
- álgebra;
Qual será a minha colocação no resultado do - trigonometria;
concurso? Será a mesma que imagino? - financeira.
(expectativa)
b) separar um período que já se encontra dividido por
vírgulas: Ele não disse nada, apenas olhou ao longe,
2. 3 – Ponto de Exclamação (!) sentou por cima da grama; queria ficar sozinho com
seu cão.
Esse sinal de pontuação é utilizado nas seguintes
circunstâncias:

4. Dois-pontos (:)
a) Depois de frases que expressem sentimentos
distintos, tais como: entusiasmo, surpresa, súplica, É usado quando:
ordem, horror, espanto:
a) se vai fazer uma citação ou introduzir uma fala:

Iremos viajar! (entusiasmo) Ele respondeu: não, muito obrigado!

Foi ele o vencedor! (surpresa) b) se quer indicar uma enumeração:

Por favor, não me deixe aqui! (súplica) Quero lhe dizer algumas coisas: não converse com
pessoas estranhas, não brigue com seus colegas e
Que horror! Não esperava tal atitude. (espanto) não responda à professora.

Seja rápido! (ordem) 5. Aspas (“”)

São usadas para indicar:


b) Depois de vocativos e algumas interjeições:
a) citação de alguém: “A ordem para fechar a prisão
de Guantánamo mostra um início firme. Ainda na
Ui! que susto você me deu. (interjeição) edição, os 25 anos do MST e o bloqueio de 2 bilhões
de dólares do Oportunity no exterior” (Carta Capital
Foi você mesmo, garoto! (vocativo) on-line, 30/01/09)

c) Nas frases que exprimem desejo: b) expressões estrangeiras, neologismos, gírias:


Nada pode com a propaganda de “outdoor”.
Oh, Deus, ajude-me!
6. Reticências (...)
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LÍNGUA PORTUGUESA
São usadas para indicar supressão de um trecho, Para concluir (1) já que estamos falando em futuro
interrupção ou dar ideia de continuidade ao que se (2) importa ressaltar que (3) o futuro não acontece
estava falando: espontaneamente (4) nem é mero fruto da tecnologia.

a) (...) Onde está ela, Amor, a nossa casa, a) 1 – 2 – 3 - 4


O bem que neste mundo mais invejo? b) 1 – 2 – 3
O brando ninho aonde o nosso beijo c) 1 – 2 – 4
Será mais puro e doce que uma asa? (...) d) 2 – 4
e) 3 – 4
b) E então, veio um sentimento de alegria, paz,
felicidade... 02. O segmento do texto que mostra um equívoco
c) Eu gostei da nova casa, mas do quintal... do editor do texto no emprego da vírgula é:
7. Parênteses ( ) a) “... a realidade do Judiciário e a necessidade de
sua reforma foram, nos últimos meses,
São usados quando se quer explicar melhor algo
deformados...”;
que foi dito ou para fazer simples indicações.
b) “...distribuição de Justiça em nosso Estado e vê-la
Ele comeu, e almoçou, e dormiu, e depois saiu. (o e reconhecida, senão por todos, ao menos pela
aparece repetido e, por isso, há o predomínio de maioria...”;
vírgulas). c) “Recente pesquisa da OAB, mostrou que 55% da
população mal conhece o Judiciário.”;
8. Travessão (–) d) “De resto, temos à disposição diversos
mecanismos endógenos, eficazes, de controle...”;
O travessão é indicado para: e) “...o pior de todos, com exceção dos outros...”.
a) Indicar a mudança de interlocutor em um diálogo:
03. “Ao lado, o filho, de 7 ou 8 anos, não cessava de
- Quais ideias você tem para revelar? atormentá-lo...”; as vírgulas que envolvem o
- Não sei se serão bem-vindas. segmento sublinhado:
- Não importa, o fato é que assim você estará
contribuindo para a elaboração deste projeto. a) marcam um adjunto adverbial deslocado;
b) indicam a presença de uma oração intercalada;
b) Separar orações intercaladas, desempenhando c) mostram que há uma quebra da ordem direta da
as funções da vírgula e dos parênteses: frase;
d) estão usadas erradamente porque separam o
Precisamos acreditar sempre – disse o aluno sujeito do verbo;
confiante – que tudo irá dar certo. e) assinalam a presença de um aposto.

Não aja dessa forma – falou a mãe irritada – pois 04. “Vamos, por um momento que seja, cair na
pode ser arriscado. real...”; a regra abaixo que justifica o emprego das
vírgulas nesse segmento do texto é:
c) Colocar em evidência uma frase, expressão ou
palavra: a) separar elementos que exercem a mesma função
sintática;
O prêmio foi destinado ao melhor aluno da classe – b) isolar o aposto;
uma pessoa bastante esforçada. c) isolar o adjunto adnominal antecipado;
d) indicar a supressão de uma palavra;
Gostaria de parabenizar a pessoa que está
e) marcar a intercalação de elementos.
discursando – meu melhor amigo.
05. Ele não costuma esquentar a vitrine por muito
tempo.
Alterando a ordem do trecho destacado, a pontuação
correta fica:
a) Ele não costuma, por muito tempo, esquentar a
vitrine.
b) Ele não costuma, por muito tempo esquentar a
vitrine.
c) Ele não costuma por muito tempo, esquentar a
EXERCÍCIOS DE PONTUAÇÃO
vitrine.
d) Ele não costuma por, muito tempo, esquentar a
01. Assinale a opção que substitui corretamente os vitrine.
números por vírgulas. e) Ele não costuma por muito tempo esquentar a
vitrine.

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LÍNGUA PORTUGUESA
e) I e III são verdadeiras.
06. Na frase – O apresentador disse: tem certeza
de que a resposta é essa? – os dois pontos foram 11. Considere os períodos I, II e III, pontuados de
usados para: duas maneiras diferentes.
a) introduzir a fala do interlocutor.
b) apresentar um ponto de vista. I. Ouvi dizer de certa cantora que era um elefante
c) expressar uma opinião. que engolira um rouxinol / Ouvi dizer de certa
d) suscitar uma afirmação. cantora, que era um elefante, que engolira um
e) provocar uma intimidação. rouxinol.
II. A versão apresentada à imprensa é
07. O segmento “A cada início de ano, é costume evidentemente falsa / A versão apresentada à
renovar esperanças e fortalecer confianças em imprensa é, evidentemente, falsa.
relação ao futuro. Tempo de limpar gavetas, fazer III. Os freios do Buick guincham nas rodas e os
faxinas e vestir cores que – acreditam muitos – pneumáticos deslizam rente à calçada / Os freios do
ajudem a realizar antigos desejos e aspirações.” Buick guincham nas rodas, e os pneumáticos
aparece entre travessões porque: deslizam rente à calçada.
a) marca urna opinião do autor do texto sobre o
conteúdo veiculado; Com pontuação diferente ocorre alteração de sentido
b) indica uma explicação de algum segmento somente em:
anterior; a) I.
c) assinala a necessidade de completar um b) II.
pensamento suspenso; c) III.
d) mostra a presença de um termo intercalado; d) I e II.
e) dá destaque a uma expressão usada em sentido e) II e III.
diverso do usual.
12. "Diz um conhecido provérbio nos países orientais
08. “O recurso à palavra pomposa, o palavrão que para se caminhar mil milhas é preciso dar o
bonito da moda, é sintomático da velha doença primeiro passo." O texto está corretamente pontuado
brasileira da retórica”.. em:
As vírgulas foram usadas no fragmento para:
a) desfazer possível má interpretação. a) Diz um conhecido provérbio, nos países orientais,
b) indicar a elipse de um verbo. que para se caminhar mil milhas, é preciso dar o
c) intercalar o vocativo. primeiro passo.
d) separar o aposto do termo fundamental. b) Diz um conhecido provérbio nos países orientais,
e) assinalar o deslocamento de um termo. que, para se caminhar mil milhas é preciso, dar o
primeiro passo.
09. “Depois de muita briga, o tema era c) Diz um conhecido provérbio nos países orientais,
‘democraticamente imposto’.” que para se caminhar mil milhas, é preciso dar o
No período acima, as aspas têm por função: primeiro passo.
a) indicar que a expressão foge ao nível de d) Diz um conhecido provérbio, nos países orientais,
linguagem em que o texto foi elaborado. que, para se caminhar mil milhas, é preciso dar o
b) evidenciar a intransigência típica de algumas primeiro passo.
pessoas. e) Diz, um conhecido provérbio nos países orientais,
c) destacar a relação irônica estabelecida entre que para se caminhar mil milhas, é preciso dar o
termos semanticamente opostos. primeiro passo.
d) sugerir que, mesmo na democracia, ocorre
autoritarismo. 13. Assinalar a alternativa cujo período dispensa o
uso de vírgula:
10. No período “Era fascinante, e ela sentia nojo”. O
uso da vírgula: a) Nesse trabalho ficou patente a competência dos
jovens frente à nova situação.
I. enfatiza semanticamente cada oração. b) O autor busca um meio capaz de gerar um
II. decorre de uma relação de alternância entre as conjunto potencialmente infinito de formas com suas
duas orações. propriedades típicas.
III. justifica-se por separar orações coordenadas c) Apreensivo ora se voltava para a janela ora
com sujeitos diferentes. examinava o documento.
d) Suas palavras embora gentis continham um fundo
A análise das assertivas nos permite afirmar de ironia.
corretamente que: e) Tudo isto é muito válido mas tem seus
a) apenas I é verdadeira. inconvenientes.
b) apenas II é verdadeira.
c) I e II são verdadeiras. 14. Assinale O PAR de frases que apresenta falha(s),
d) II e III são verdadeiras. na pontuação.

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LÍNGUA PORTUGUESA
III. Os doces visivelmente deteriorados foram postos
a) 1. As mulheres, dizem as feministas, na lixeira.
aperfeiçoam os homens. 2. A voz de Gilka, está Os doces, visivelmente deteriorados, foram
cheia de acentos nunca dantes escutados. postos na lixeira.
b) 1. Nada, nos másculos versos de Francisca Júlia Com a alteração da pontuação, houve mudança de
denuncia, a mulher. 2. Em TRÊS MARIAS, o sentido SOMENTE em
esmagamento do personagem é mais contundente.
c) 1. Em 1980, a autora, sai de cena, a) I.
discretamente, como sempre viveu. 2. Agora, na b) II.
residência deles, falou da viagem das irmãs. c) I e II.
d) 1. A garota, sentia-se como única responsável d) I e III.
pela caçula. 2. O olhar, iluminava sua face, com um e) II e III.
sorriso doce.
e) 1. Menina, venha cá. Vamos nadar? 2. Durante GABARITO
10 anos, o governo holandês ocupou a ilha.
1. C 2. C 3. E 4. E 5. A
15. Identifique a alternativa em que se corrige a má 6. D 7. D 8. D 9. C 10. E
estruturação do texto a seguir:
"Ele chegou cansado do trabalho. Parecendo 11. D 12. D 13. B 14. D 15. D
mesmo desanimado. Assistindo à televisão a 16. E 17. D
família não o notou."

a) Uma vez chegado do trabalho, cansado, parecia


até mesmo desanimado. A família não o notou
enquanto assistia à televisão.
b) Tendo chegado do trabalho cansado, parecia
mesmo desanimado. A família assistia à televisão.
Não o notaram.
c) Desde que chegou cansado do trabalho, parecia
mesmo desanimado. Como assistisse à televisão, a
família não o notou.
d) Chegou cansado do trabalho, parecendo mesmo
desanimado. A família, que assistia à televisão,
nem o notou.
e) Parecia mesmo desanimado, porque chegava do
trabalho cansado. Enquanto que a família nem o
notara, assistindo à televisão.

16. Em "ACORDEI PENSANDO EM RIOS – QUE


DÃO SEMPRE UM TOQUE FEMININO A
QUALQUER CIDADE – E ME DIZENDO QUE O
ÚNICO POSSÍVEL DEFEITO DO RIO DE JANEIRO
É NÃO TER UM RIO." o autor usou o travessão
para:

a) ligar grupos de palavras.


b) iniciar diálogo.
c) substituir parênteses.
d) destacar um aposto.
e) destacar um adjunto adnominal explicativo.

17. Considere os períodos I, II e III, pontuados de


duas maneiras diferentes.

I. Pedro, o gerente do banco ligou e deixou um


recado.
Pedro, o gerente do banco, ligou e deixou um
recado.
II. De repente perceberam que estavam brigando à
toa.
De repente, perceberam que estavam brigando
à toa.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Alguns recursos nos servem de subsídios
para que possamos confirmar a ocorrência ou
não da crase. Eis alguns deles:
A crase caracteriza-se como a fusão de
duas vogais idênticas, relacionadas ao emprego da a) Substitui-se a palavra feminina por uma
preposição “a” com o artigo feminino a (s), com o masculina equivalente. Caso ocorra a
“a” inicial referente aos pronomes demonstrativos – combinação a+o(s), a crase está confirmada.
aquela (s), aquele (s), aquilo e com o “a”
Exemplos:
pertencente ao pronome relativo a qual (as quais).
Casos estes em que tal fusão se encontra As informações foram solicitadas à diretora.
demarcada pelo acento grave (`): à(s), àquela,
As informações foram solicitadas ao diretor.
àquele, àquilo, à qual, às quais.
b) No caso de nomes próprios
Trata-se de uma particularidade gramatical
geográficos, substitui-se o verbo da frase pelo
de relevante importância, dado o seu uso de modo
verbo voltar. Caso resulte na expressão “voltar
frequente. Diante disso, compreendermos os
da”, há a confirmação da crase.
aspectos que lhe são peculiares, bem como sua
correta utilização é, sobretudo, sinal de Exemplos:
competência linguística, em se tratando dos
preceitos conferidos pelo padrão formal que norteia Faremos uma visita à Bahia.
a linguagem escrita. Faz dois dias que voltamos da Bahia. (crase
Há que se mencionar que esta competência confirmada)
linguística, a qual se restringe a crase, está Não me esqueço da viagem a Roma.
condicionada aos nossos conhecimentos acerca da
regência verbal e nominal, mais precisamente ao Ao voltar de Roma, relembrarei os belos
termo regente e termo regido. Ou seja, o termo momentos jamais vividos.
regente é o verbo ou nome que exige complemento Atenção:
regido pela preposição “a”, e o temo regido é
aquele que completa o sentido do termo regente, Nas situações em que o nome geográfico
admitindo a anteposição do artigo a(s). Como apresentar-se modificado por um adjunto
explicitamente nos revela os exemplos a seguir: adnominal, a crase está confirmada.

Refiro-me a(a) funcionária antiga, e não Exemplos:


a(a)quela contratada recentemente. Atendo-me à bela Fortaleza, senti saudades
Refiro-me à funcionária antiga, e não de suas praias.
àquela contratada recentemente. # A letra “a” dos pronomes
Notamos que o verbo referir, analisado de demonstrativos aquele(s), aquela(s) e aquilo
acordo com sua transitividade, classifica-se como receberão o acento grave se o temo regente exigir
transitivo indireto, pois sempre nos referimos a complemento regido da preposição “a”.
alguém. Constatamos que o fenômeno se aplicou Exemplos:
mediante os casos anteriormente mencionados, ou
seja, fusão da preposição a + o artigo feminino (à) e Entregamos a encomenda àquela menina.
com o artigo feminino a + o pronome demonstrativo (preposição + pronome demonstrativo)
aquela (àquela).
Iremos àquela reunião.
A fim de ampliarmos nossos conhecimentos
sobre as circunstâncias em que se requer ou não o (preposição + pronome demonstrativo)
uso da crase, analisaremos: Sua história é semelhante às que eu ouvia
# O termo regente deve prescindir-se de quando criança. (àquelas que eu ouvia quando
complemento regido da preposição “a”, e o criança)
temo regido deve admitir o artigo feminino “a” (preposição + pronome demonstrativo)
(s):
# A letra “a” que acompanha locuções
Exemplos: femininas (adverbiais, prepositivas e conjuntivas)
As informações foram solicitadas à diretora. recebe o acento grave:

(preposição + artigo) Exemplos:

Nestas férias, faremos uma visita à Bahia. * locuções adverbiais: às vezes, à tarde, à
noite, às pressas, à vontade...
(preposição + artigo)
* locuções prepositivas: à frente, à espera de,
Observação importante: à procura de...

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LÍNGUA PORTUGUESA
* Locuções conjuntivas: à proporção que, à Exemplo:
medida que. Chegou a cento e vinte o número de feridos
daquele acidente.

Casos passíveis de nota: Observação:


* Em virtude da heterogênea posição - Nos casos em que o numeral indicar
entre autores, o uso da crase torna-se optativo horas, configurar-se-á como uma locução
quando se referir a locuções adverbiais que adverbial feminina, ocorrendo, portanto, a crase.
representem meio ou instrumento. Os passageiros partirão às dezenove horas.
Exemplos: - Diante de numerais ordinais femininos a
O marginal foi morto a bala pelos policiais. crase está confirmada, visto que estes não
(Poderíamos dizer que ele foi morto a tiro) podem ser empregados sem o artigo.
Marcela redige todos os seus trabalhos a As saudações foram direcionadas à primeira
máquina. (Poderia ser a lápis) aluna da classe.
* Constata-se o uso da crase se as # Antes da palavra casa, quando essa não
locuções prepositivas à moda de, à maneira de se apresentar determinada.
apresentarem-se implícitas, mesmo diante de Exemplo:
nomes masculinos.
Chegamos todos exaustos a casa.
Exemplos:
Entretanto, se a palavra casa vier
Tenho compulsão por comprar sapatos à acompanhada de um adjunto adnominal, a crase
Luis XV. (à moda de Luís XV) estará confirmada.
* Não se efetiva o uso da crase diante da Chegamos todos exaustos à casa de
locução adverbial “a distância”. Marcela.
Na praia de Copacabana, observamos a # Antes da palavra “terra”, quando essa
queima de fogos a distância. indicar chão firme.
Entretanto, se o referido termo se Exemplo:
constituir de forma determinada, teremos uma
Quando os navegantes regressaram a terra,
locução prepositiva. Mediante tal ocorrência, a
já era noite.
crase está confirmada.
Contudo, se o referido termo estiver
Exemplo:
precedido por um determinante ou referir-se ao
O pedestre foi arremessado à distância de planeta Terra, ocorrerá a crase.
cem metros.
Paulo viajou rumo à sua terra natal.
- De modo a evitar o duplo sentido, faz-
# Quando os pronomes indefinidos
se necessário o emprego da crase.
“alguma, certa e qualquer” estiverem
Exemplo: subentendidos entre a preposição “a” e o
Ensino à distância. substantivo, não ocorrerá a crase.
Ensino a distância. Exemplo:
# Em locuções adverbiais formadas por Caso esteja certo, não se submeta a
palavras repetidas, não há ocorrência da crase. humilhação. (a qualquer humilhação)
Exemplo: # Antes de pronomes que requerem o uso
Ela ficou frente a frente com o agressor. do artigo.
Casos em que não se admite o emprego Exemplos:
da crase: Os livros foram entregues a mim.
# Antes de vocábulos masculinos. Dei a ela a merecida recompensa.
Exemplos: Observação:
As produções escritas a lápis não serão Pelo fato de os pronomes de tratamento
corrigidas. relativos à senhora, senhorita e madame admitirem
Esta caneta pertence a Pedro. artigo, o uso da crase está confirmado no “a” que os
antecede, no caso de o termo regente exigir a
# Antes de verbos no infinitivo.
preposição.
Exemplos:
Todos os méritos foram conferidos à
Ele estava a cantar quando seu pai senhorita Patrícia.
apareceu repentinamente.
No momento em que preparávamos para
sair, começou a chover.
# Antes de numeral.
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LÍNGUA PORTUGUESA
- O bando de passarinhos cantava no jardim.
- Um grupo de professores acompanhou os
estudantes.

2ª) o verbo pode ficar no plural, nesse caso o verbo


SUJEITO CONSTITUÍDO PELOS PRONOMES no plural dará ênfase ao complemento.

- O bando de passarinhos cantavam no jardim.


QUE & QUEM - Um grupo de professores acompanharam os
estudantes
QUE: se o sujeito for o pronome relativo que, o
verbo concorda com o antecedente do pronome SE
relativo.

- Fui eu que falei. (eu falei) Verbos transitivos diretos e verbos transitivos diretos
- Fomos nós que falamos. (nós falamos) e indiretos + - se:

QUEM: se o sujeito for o pronome relativo quem, o Se o termo que recebe a ação estiver no plural, o
verbo ficará na terceira pessoa do singular ou verbo deve ir para o plural, se estiver no singular, o
concordará com o antecedente do pronome (pouco verbo deve ir para o singular.
usado).
- Alugam-se cavalos.
- Fui eu quem falou. (ele (3ª pessoa) falou)
“Alugar” é verbo transitivo direto.
Obs: nas expressões “um dos que”, “uma das que”, “Cavalos” recebe a ação e está no plural, logo o
o verbo deve ir para o plural. Porém, alguns verbo vai para o plural.
estudiosos e escritores aceitam ou usam a
concordância no singular. Aqui o “se” é chamado de partícula apassivadora
(Cavalos são alugados).
- João foi um dos que saíram.
Outros exemplos:
PRONOME DE TRATAMENTO
O verbo fica sempre na 3ª pessoa (ele - eles). - Vendem-se casas.
- Alugam-se apartamentos.
- Vossa Alteza deve viajar. - Exigem-se referências.
- Vossas Altezas devem viajar. - Consertam-se pianos.
- Plastificam-se documentos.
DAR – BATER – SOAR (indicando horas) - Entregou-se uma flor à mulher. (verbo transitivo
Quando houver sujeito (relógio, sino) os verbos direto e indireto)
concordam normalmente com ele.
OBS: Somente os verbos transitivos diretos têm voz
- O relógio deu onze horas. passiva.
- O Relógio: sujeito
Deu: concorda com o sujeito. Qualquer outro tipo de verbo (transitivo indireto ou
intransitivo) fica no singular.
Quando não houver sujeito, o verbo concorda com
as horas que passam a ser o sujeito da oração. - Precisa-se de professores. (Precisar é verbo
transitivo indireto)
- Deram onze horas. - Trabalha-se muito aqui. (trabalhar é verbo
- Deram três horas no meu relógio. intransitivo)
SUJEITO COLETIVO (SUJEITO SIMPLES) Nesse caso, o “se” é chamado de índice de
indeterminação do sujeito ou partícula
- O cardum- e escapou da rede. indeterminadora do sujeito.
- Os cardumes escaparam da rede.
HAVER – FAZER
Nesses dois exemplos o verbo concordou com o
coletivo (sujeito simples). "Haver" no sentido de “existir”, indicando “tempo” ou
no sentido de “ocorrer” ficará na terceira pessoa do
Quando o sujeito é formado de um coletivo singular singular. É impessoal, ou seja, não admite sujeito.
seguido de complemento no plural, admitem-se
duas concordâncias: "Fazer" quando indica “tempo” ou “fenômenos da
natureza”, também é impessoal e deverá ficar na
1ª) verbo no singular. terceira pessoa do singular.

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- Nesta sala há bons e maus alunos. (= existe) “Os Lusíadas” é a maior obra da Literatura
- Já houve muitos acidentes aqui. (= ocorrer) Portuguesa.
- Faz 10 anos que me formei. (= tempo decorrido)
- Os EUA já foi o primeiro mercado consumidor.
SUJEITO COMPOSTO RESUMIDO POR UM
INDEFINIDO SER
O verbo concordará com o indefinido.
O verbo “ser” concordará com o predicativo quando o
- Tudo, jornais, revistas, TV, só trazia boas noticias. sujeito for o pronome interrogativo “que” ou “quem”.
- Ninguém, amigos, primos, irmãos veio visitá-lo.
- Amigos, irmãos, primos, todos foram viajar. - Quem são os eleitos?
- Que seriam aqueles ruídos estranhos?
PESSOAS DIFERENTES - Que são dois meses?
- Que são células?
O verbo flexiona-se no plural na pessoa que - Quem foram os responsáveis?
prevalece (a 1ª sobre a 2ª e a 2ª sobre a 3ª).
Quando o verbo “ser” indicar tempo, data, dias ou
Eu e tu: nós distância, deve concordar com a apalavra seguinte.
Eu e você: nós
Ela e eu: nós - É uma hora.
Tu e ele: vós - São duas horas.
- São nove e quinze da noite.
- Eu, tu e ele resolvemos o mistério. (1ª pessoa - É um minuto para as três.
prevalece) - Já são dez para uma.
- O diretor, tu e eu saímos apressados. (1ª pessoa - Da praia até a nossa casa, são cinco minutos.
prevalece) - Hoje é ou são 14 de julho?
- O professor e eu fomos à reunião. (1ª pessoa
prevalece) Em relação às datas, quando a palavra “dia” não está
- Tu e ele deveis fazer a tarefa. (2ª pessoa expressa, a concordância é facultativa.
prevalece)
Se um dos elementos (sujeito ou predicativo) for
Obs: como a 2ª pessoa do plural (vós) é muito pronome pessoal, o verbo concordará com ele.
pouco usado na língua contemporânea , é preferível
usar a 3ª pessoa quando ocorre a 2ª com a 3ª. - Eu sou o chefe.
- Nós somos os responsáveis.
- Tu e ele riam à beça. - Eu sou a diretora.
- Em que língua tu e ele falavam?
Quando o sujeito é um dos pronomes isto, isso,
Podemos também substituir o “tu” por “você”. aquilo, o, tudo, o verbo “ser” concordará com o
predicativo.
- Você e ele: vocês
- Tudo são flores.
NOMES PRÓPRIOS NO PLURAL - Isso são lembranças de viagens.

Pode ocorrer também o verbo no singular


Se o nome vier antecedido de artigo no plural, o concordando com o pronome (raro).
verbo deverá concordar no plural.
- Tudo é flores.
- Os Andes ficam na América do Sul.
Quando o verbo “ser” aparece nas expressões “é
Se não houver artigo no plural, o verbo deverá muito”, “é bastante”, “é pouco”, “é suficiente”
concordar no singular. denotando quantidade, distância, peso, etc ele ficará
no singular.
- Santos fica em São Paulo.
- “Memórias Póstumas de Brás Cubas” consagrou - Oitocentos reais é muito.
Machado de Assis. - Cinco quilos é suficiente.

Obs 1: Com nome de obras artísticas, admite-se a


concordância ideológica com a palavra “obra”, que
está implícita na frase.

- “Os Lusíadas” imortalizou Camões.

Obs 2: Com o verbo “ser” e o predicativo no


singular, o verbo fica no singular.

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LÍNGUA PORTUGUESA
EXERCÍCIOS DE CONCORDANCIA VERBAL c) As provas que _____________ mais erros seriam
comentadas. (conter)
1. Assinale a opção em que há erro de conjugação
verbal em relação à norma culta da língua: d) Quando ele _________________ uma canção de
paz, poderá descansar. (compor)
a) Se ele vir o nosso trabalho, ficará muito doente.
b) Não desanimes; continua batalhando. 5. (FGV) Nas questões abaixo, ocorrem espaços
c) Meu pai interveio na discussão. vazios. Para preenchê-los, escolha um dos seguintes
d) Se ele reouvesse o que havia perdido. verbos: fazer, transpor, deter, ir. Utilize a forma
e) Quando eu requiser a segunda via do verbal mais adequada.
documento…
1) Se _______________ dias frios no inverno, talvez
2. A única frase que NÃO apresenta desvio em as coisas fossem diferentes.
relação à concordância verbal recomendada pela 2) Quando o cavalo ________________ todos os
norma culta é: obstáculos, a corrida terminará.
3) Se o cavalo _______________ mais facilmente os
a) A lista brasileira de sítios arqueológicos, uma vez obstáculos, alcançaria com mais folga a linha de
aceita pela Unesco, aumenta as chances de chegada.
preservação e sustentação por meio do ecoturismo. 4) Se a equipe econômica não se
b) Nenhum dos parlamentares que vinham __________________ nos aspectos regionais e
defendendo o colega nos últimos dias inscreveram- considerar os aspectos globais, a possibilidade de
se para falar durante os trabalhos de ontem. solução será maior.
c) Segundo a assessoria, o problema do atraso foi
resolvido em pouco mais de uma hora, e quem faria
conexão para outros Estados foram alojados em 5) Caso ela ______________ ao jogo amanhã,
hotéis de Campinas. deverá pagar antecipadamente o ingresso.
d) Eles aprendem a andar com bengala longa, o
equipamento que os auxilia a ir e vir de onde estiver
para onde entender.
e) Mas foram nas montagens do Kirov que ele 6. (ENG. MACK) As formas que completariam o
conquistou fama, especialmente na cena “Reino período “Pagando parte de suas dívidas anteriores, o
das Sombras”, o ponto mais alto desse trabalho. comerciante ________________ novamente seu
armazém, sem que se __________ com seus
3. A única frase em que as formas verbais estão credores, para os quais voltou a merecer confiança”,
corretamente empregadas é: seriam:

a) Especialistas temem que órgãos de outras a) proveu – indispusesse


espécies podem transmitir vírus perigosos. b) proviu – indispuzesse
b) Além disso, mesmo que for adotado algum tipo c) proveio – indispuzesse
de ajuste fiscal imediato, o Brasil ainda estará muito d) proveio – indispusesse
longe de tornar-se um participante ativo do jogo e) n.d.a.
mundial.
c) O primeiro-ministro e o presidente devem ser do 7. Complete os espaços com um dos verbos
mesmo partido, embora nenhum fará a sociedade colocados nos parênteses:
em que eu acredito.
d) A inteligência é como um tigre solto pela casa e a) ________________os filhos e o pai…
só não causará problema se o suprir de carne e o (chegou/chegaram)
manter na jaula. b) Fomos nós que _______________ na questão.
e) O nome secreto de Deus era o princípio ativo da (tocou/tocamos)
criação, mas dizê-lo por completo equivalia a um c) Não serei eu quem _________________ o
sacrilégio, ao pecado de saber mais do que nos dinheiro.
convinha. (recolherei/ recolherá)
d) Mais de um torcedor _______________________
4. (FUVEST) Complete as frases abaixo com as estupidamente.
formas corretas dos verbos indicados entre (agrediu-se/agrediram-se)
parênteses. e) O fazendeiro com os peões __________________
a cerca.
a) Quando eu _________________ os livros, nunca (levantou/ levantaram)
mais os emprestarei. (reaver)
8. Como no exercício anterior.
b) Os alienados sempre ______________ neutros.
(manter-se) a) _____________ de haver algumas mudanças no
seu governo. (há/ hão)

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LÍNGUA PORTUGUESA
b) Sempre que ______________ alguns pedidos, 09 – a) mantenham
procure atendê-los rapidamente. (houver/ b) busque
houverem) c) confia
d) gosta
c) Pouco me _______________ as desculpas que e) observaram
ele chegar a dar. (importa/ importam)

d) Jamais ______________ tais pretensões por CONCORDÂNCIA NOMINAL


parte daquele funcionário. (existiu/ existiram)

e) Tudo estava calmo, como se não Concordância nominal nada mais é que o ajuste
________________ havido tantas reivindicações. que fazemos aos demais termos da oração para que
(tivesse/ tivessem) concordem em gênero e número com o substantivo.
9. Complete os espaços com um dos verbos Teremos que alterar, portanto, o artigo, o adjetivo, o
colocados nos parênteses. numeral e o pronome.

a) Espero que se _________________ as taxas de Além disso, temos também o verbo, que se flexionará
juro. (mantenha/ mantenham) à sua maneira, merecendo um estudo separado de
concordância verbal.
b) É importante que se _______________ outras
soluções para o problema. (busque/ busquem) REGRA GERAL: O artigo, o adjetivo, o numeral e o
pronome, concordam em gênero e número com o
c) Não se ______________ em pessoas que não substantivo.
nos olham nos olhos. (confia/confiam)
- A pequena criança é uma gracinha.
d) Hoje já não se __________________ deste - O garoto que encontrei era muito gentil e simpático.
modelo de carro. (gosta/ gostam)
CASOS ESPECIAIS: Veremos alguns casos que
e) A verdade é que ________________ certos fogem à regra geral, mostrada acima.
pormenores pouco convincentes.
(observou/observaram) a) Um adjetivo após vários substantivos

Respostas: 1 - Substantivos de mesmo gênero: adjetivo vai para


o plural ou concorda com o substantivo mais próximo.
01 – E
- Irmão e primo recém-chegado estiveram aqui.
02 – A - Irmão e primo recém-chegados estiveram aqui.

03 – E 2 - Substantivos de gêneros diferentes: vai para o


plural masculino ou concorda com o substantivo mais
04 – a) reouver próximo.
b) mantêm / mantiveram
c) contivessem - Ela tem pai e mãe louros.
d) compuser - Ela tem pai e mãe loura.

05 – 1) fizessem 3 - Adjetivo funciona como predicativo: vai


2) transpuser obrigatoriamente para o plural.
3) transpusesse
4) detiver - O homem e o menino estavam perdidos.
5) vá - O homem e sua esposa estiveram hospedados
aqui.
06 – A
b) Um adjetivo anteposto a vários substantivos
07 – a) Chegaram
b) tocamos 1 - Adjetivo anteposto normalmente: concorda com o
c) recolherá mais próximo.
d) agrediram-se
e) levantaram Comi delicioso almoço e sobremesa.
Provei deliciosa fruta e suco.
08 – a) Há
b) houver 2 - Adjetivo anteposto funcionando como predicativo:
c) importam concorda com o mais próximo ou vai para o plural.
d) existiram
Estavam feridos o pai e os filhos.
e) tivesse
Estava ferido o pai e os filhos.
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LÍNGUA PORTUGUESA
c) Um substantivo e mais de um adjetivo 2- Como pronomes: seguem a regra geral.

1- antecede todos os adjetivos com um artigo. Seus argumentos foram bastantes para me
convencer.
Falava fluentemente a língua inglesa e a espanhola. Os mesmos argumentos que eu usei, você copiou.

2- coloca o substantivo no plural. j) Menos, alerta

Falava fluentemente as línguas inglesa e 1- Em todas as ocasiões são invariáveis.


espanhola.
Preciso de menos comida para perder peso.
d) Pronomes de tratamento Estamos alerta para com suas chamadas.

1 - sempre concordam com a 3ª pessoa. k) Tal Qual

Vossa santidade esteve no Brasil. 1- “Tal” concorda com o antecedente, “qual” concorda
com o conseqüente.
e) Anexo, incluso, próprio, obrigado
As garotas são vaidosas tais qual a tia.
1 - Concordam com o substantivo a que se referem. Os pais vieram fantasiados tais quais os filhos.
As cartas estão anexas. l) Possível
A bebida está inclusa.
Precisamos de nomes próprios. 1- Quando vem acompanhado de “mais”, “menos”,
Obrigado, disse o rapaz. “melhor” ou “pior”, acompanha o artigo que precede
as expressões.
f) Um(a) e outro(a), num(a) e noutro(a)
A mais possível das alternativas é a que você expôs.
1 - Após essas expressões o substantivo fica Os melhores cargos possíveis estão neste setor da
sempre no singular e o adjetivo no plural. empresa.
As piores situações possíveis são encontradas nas
Renato advogou um e outro caso fáceis. favelas da cidade.
Pusemos numa e noutra bandeja rasas o peixe.
m) Meio
g) É bom, é necessário, é proibido
1- Como advérbio: invariável.
1- Essas expressões não variam se o sujeito não
vier precedido de artigo ou outro determinante. Estou meio insegura.
Canja é bom. / A canja é boa. 2- Como numeral: segue a regra geral.
É necessário sua presença. / É necessária a sua
presença. Comi meia laranja pela manhã.
É proibido entrada de pessoas não autorizadas. / A
entrada é proibida. n) Só

h) Muito, pouco, caro 1- apenas, somente (advérbio): invariável.

1- Como adjetivos: seguem a regra geral. Só consegui comprar uma passagem.

Comi muitas frutas durante a viagem. 2- sozinho (adjetivo): variável.


Pouco arroz é suficiente para mim.
Os sapatos estavam caros. Estiveram sós durante horas.

2- Como advérbios: são invariáveis.

Comi muito durante a viagem. Casos Particulares:


Pouco lutei, por isso perdi a batalha.
Comprei caro os sapatos.
É proibido - É necessário - É bom - É preciso - É
i) Mesmo, bastante permitido
1- Como advérbios: invariáveis a) Essas expressões, formadas por um verbo mais
um adjetivo, ficam invariáveis se o substantivo a que
Preciso mesmo da sua ajuda. se referem possuir sentido genérico (não vier
Fiquei bastante contente com a proposta de precedido de artigo).
emprego.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Exemplos: a) A palavra "meio", quando empregada como
É proibido entrada de crianças. adjetivo, concorda normalmente com o nome a que
Em certos momentos, é necessário se refere.
atenção. Por Exemplo:
No verão, melancia é bom.
É preciso cidadania. Pedi meia cerveja e meia porção de
Não é permitido saída pelas portas polentas.
laterais. b) Quando empregada como advérbio (modificando
b) Quando o sujeito dessas expressões estiver um adjetivo) permanece invariável.
determinado por artigos, pronomes ou adjetivos,
tanto o verbo como o adjetivo concordam com ele. Por Exemplo:
A noiva está meio nervosa.
Exemplos:
É proibida a entrada de crianças.
Esta salada é ótima. Alerta - Menos
A educação é necessária.
São precisas várias medidas na educação. Essas palavras são advérbios, portanto, permanecem
sempre invariáveis.
Anexo - Obrigado - Mesmo - Próprio - Incluso - Por Exemplo:
Quite
Os escoteiros estão sempre alerta.
Essas palavras adjetivas concordam em gênero e Carolina tem menos bonecas que sua
número com o substantivo ou pronome a que se amiga.
referem. Observe:
Seguem anexas as documentações
requeridas.
A menina agradeceu: - Muito obrigada. QUESTÕES CONCORDÂNCIA NOMINAL
Muito obrigadas, disseram as senhoras,
nós mesmas faremos isso. 1 Quanto à concordância nominal, preencha as
Seguem inclusos os papéis solicitados. lacunas das frases:
Já lhe paguei o que estava devendo: (I) Era talvez meio-dia e …………………..quando fora
estamos quites. preso.
(II) Decepção é …………………………para fortalecer
Bastante - Caro - Barato - Longe o sentimento patriótico.
(III) Apesar da superpopulação do alojamento, havia
acomodações………………………..para os homens.
Essas palavras são invariáveis quando funcionam
como advérbios. Concordam com o nome a que se (IV) Os documentos dos candidatos
referem quando funcionam como adjetivos, seguiram………………………. às fichas de inscrição.
pronomes adjetivos, ou numerais. (V) As fisionomias dos homens eram as mais
desoladas …………………………..naquele cortejo.
Exemplos:
a) meia – bom – bastantes – anexos – possíveis
As jogadoras estavam bastante cansadas.
(advérbio) b) meio – bom – bastantes – anexo – possívei
Há bastantes pessoas insatisfeitas com o
c) meia – boa – bastante – anexo – possível]
trabalho. (pronome adjetivo)
Nunca pensei que o estudo fosse tão caro. d) meio – boa – bastante – anexos – possível
(advérbio)
As casas estão caras. (adjetivo) e) meia – bom – bastantes – anexo – possível
Achei barato este casaco.(advérbio) 2 (PUC) Assinale a seqüência que completa estes
Hoje as frutas estão baratas. (adjetivo) períodos:
"Vais ficando longe de mim como o sono,
nas alvoradas." (Cecília Meireles) Ela _________ disse que não iria.
(advérbio) Vão ________ os livros.
"Levai-me a esses longes verdes, cavalos
de vento!" (Cecília Meireles). (adjetivo) III. A moça estava _________ aborrecida.
É _________ muita atenção para atravessar a
Meio - Meia rua.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Nesta aula, estudam a terceira e a quarta ____ e- É meio-dia e __________. (meio)
do primeiro grau.
8 (FATEC) “É ………… discussão entre homens e
a) mesmo anexos meia necessário série. mulheres ………… ao mesmo ideal, pois já se disse
………… vezes que da discussão, ainda que
b) mesma anexos – meio necessária séries.
………… acalorada, nasce a luz.”
c) mesmo – anexo – meio necessário séries.
a) bom voltados bastantes meio
d) mesma anexos – meio necessário séries.
b) bom voltadas bastante meia
e) mesma – anexos – meia necessário séries.
c) boa voltadas bastantes meio
3 UFSM) Considerando a concordância nominal,
d) boa voltados bastante meia
assinale a frase correta:
9 CESPE – Centro de Seleção e de Promoção de
a) Ela mesmo confirmou a realização do encontro.
Eventos – 2009
b) Foi muito criticado pelos jornais a reedição da
Ainda ____furiosa, mas com____ violência, proferia
obra.
injúrias____ para escandalizar.
c) Ela ficou meia preocupada com a notícia.
a) meia – menas – bastantes
d) Muito obrigada, querido, falou me emocionada.
b) meia – menos – bastante
e) Anexo, remeto lhes nossas últimas fotografias.
c) meio – menos – bastante
4(CESGRANRIO) Há concordância nominal
d) meio – menos – bastantes
inadequada em:
e) meio – menas – bastantes
a) clima e terras desconhecidas;
10 Prova: VUNESP – 2014 – Fundacentro –
b) clima e terra desconhecidos;
Assistente
c) terras e clima desconhecidas;
Assinale a alternativa correta quanto à concordância
d) terras e clima desconhecido; nominal, segundo a norma-padrão.
e) terras e clima desconhecido a) Os gritos de dona Irene ecoaram alto e
deixaram as pessoas atentas
Assinale a frase imperfeita quanto à concordância
nominal. b) Com o acontecido, dona Irene voltou para
casa meia amedrontada
a) O artista andava por longes terras
c) Devido à violência, há menas pessoas
b) Realizava uma tarefa monstro andando nas ruas
c) Os garotos eram tal qual o avô.
d) Dona Irene deu bastante gritos para chamar a
d) Aquela é a todo-poderosa. atenção das pessoas
6 (BANCO DO BRASIL) – Na ordem, preenchem e) Os ladrões, meio assustado, podem fazer
corretamente as lacunas: coisas inimagináveis
Justiça entre os homens é … 11 Indique a alternativa que não apresenta erro de
concordância nominal
É … a entrada de pessoas estranhas.
a) O acontecimento derrubou a bolsa brasileira,
A água gelada sempre é … argentina e a espanhola.
a) necessário, proibida, gostosa. b) Naquele lugar ainda vivia uma pseuda-
b) necessária, proibida, gostoso. aristocracia.
c) necessário, proibida, gostoso. c) Depois de tudo o que ela me fez acho que
ficamos quite.
d) necessária, proibido, gostoso.
d) Como não tinham outra companhia, os irmãos
e) necessário, proibido, gostosa. viajaram só.
7 Complete convenientemente com as palavras e) Simpáticos malabaristas e dançarinos
entre parênteses: animavam a festa.
a- Essa bebida é __________. (bom) 12 Marque a alternativa cuja sequência preencha
b- Pimenta é __________ para tempero. (bom) adequadamente as lacunas do seguinte período:
c- A entrada é _________. (proibido) “Nós …………………. socorremos o rapaz e a moça
…………., ……………
d- Entrada é __________. (proibido)

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LÍNGUA PORTUGUESA
a)mesmos – bastante – machucados 18 Assinale a frase que contraria a norma culta
quanto à concordância nominal.
b) mesmo – bastantes – machucados
a) Falou bastantes verdades.
c) mesmos – bastantes – machucados
b) Já estou quites com o colégio.
d) mesmo – bastante – machucada.
c) Nós continuávamos alerta.
e) mesmos – bastantes – machucada
d) Haverá menos dificuldades na prova.
13 Os cientistas encontraram ….. meios e fórmulas
para realizar a experiência. 19 (TFC) Assinale a opção em que não há erro.
a) novo a) Seguem anexo os formulários pedidos.
b) nova b) Não vou comprar esta camisa. Ela está muito
caro.
c) novos
c) Estas questões são bastantes difíceis.
d) novas
d) Eu lhes peço que as deixem sós.
14 -“Ela ……. tomou conta do caixa”. “(…) a
melancolia da paisagem está em nós ……. e) Estando pronto os preparativos para o início
da corrida, foi dada alargada.
(M. de Assis).
20 ) Aponte o erro de concordância.
a) mesmo – mesmas
a) Vi homem e mulher animados.
b) mesmo – mesmos
b) Era uma pseuda-esfera.
c) mesma – mesma
c) Encontramos rio e lagoa suja.
d) mesma – mesmos
d) Regina ficou a sós.
e) mesmo – mesmos
15 Entrada é ……………, mas a permanência é
…………. GABARITO
a) permitida – proibida
1a
b) permitido – proibido 2d
c) permitida – proibido 3d
4c
d) permitido – proibido 5c
e) permitido – proibida 6a
7 boa, bom, proibida, proibido, meia.
16 – Aponte a alternativa em que a concordância 8a
está incorreta 9d
10 a
a) Seguem anexas as fotos solicitadas.
11 e
b) As cartas seguirão em anexas. 12 a
13 c
c) As cartas seguirão em anexo.
14 d
d) Todos estavam presentes, menos as 15 e
pessoas que deviam estar. 16 b
17 d
e) Vinha com bolsos e mãos cheios de dinheiro
18 b
.
17 -Em que casos a forma entre parênteses deve
ficar no singular?
a) (Bastante) alunos vieram à aula..
b) Seguem (anexo) os comprovantes
solicitados.
c) Eles (mesmo) admitiram que tudo não
passou de farsa.
d) Eles vestiam calças (cinza).
e) Os brinquedos de madeira custam mais
(barato).
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LÍNGUA PORTUGUESA
Intransitivo: quando significa “morar” exige a
preposição “em”.

- O papa assiste no Vaticano. (no: em + o)


- Eu assisto no Rio de Janeiro.
REGÊNCIA VERBAL
“No Vaticano” e “no Rio de Janeiro” são adjuntos
adverbiais de lugar.
O estudo da regência verbal nos ajuda a escrever
melhor. CHAMAR
Quanto à regência verbal, os verbos podem ser:
O verbo chamar pode ser transitivo direto ou
- Transitivo direto transitivo indireto.
- Transitivo indireto
- Transitivo direto e indireto É transitivo direto quando significa “convocar”, “fazer
- Intransitivo vir” e exige complemento sem preposição.

ASPIRAR - O professor chamou o aluno.

O verbo aspirar pode ser transitivo direto ou É transitivo indireto quando significa “invocar” e é
transitivo indireto. usado com a preposição “por”.

Transitivo direto: quando significa “sorver”, “tragar”, - Ela chamava por Jesus.
“inspirar” e exige complemento sem preposição.
Com o sentido de “apelidar” pode exigir ou não a
- Ela aspirou o aroma das flores. preposição, ou seja, pode ser transitivo direto ou
- Todos nós gostamos de aspirar o ar do campo. transitivo indireto.

Transitivo indireto: quando significa “pretender”, Admite as seguintes construções:


“desejar”, “almejar” e exige complemento com a
- Chamei Pedro de bobo. (chamei-o de bobo)
preposição “a”.
- Chamei a Pedro de bobo. (chamei-lhe de bobo)
- O candidato aspirava a uma posição de destaque. - Chamei Pedro bobo. (chamei-o bobo)
- Ela sempre aspirou a esse emprego. - Chamei a Pedro bobo. (chamei-lhe bobo)

Obs: Quando é transitivo indireto não admite a VISAR


substituição pelos pronomes lhe(s). Devemos
Pode ser transitivo direto (sem preposição) ou
substituir por “a ele(s)”, “a ela(s)”.
transitivo indireto (com preposição).
- Aspiras a este cargo? Quando significa “dar visto” e “mirar” é transitivo
- Sim, aspiro a ele. (e não “aspiro-lhe”). direto.

ASSISTIR - O funcionário já visou todos os cheques. (dar visto)


- O arqueiro visou o alvo e atirou. (mirar)
O verbo assistir pode ser transitivo indireto,
transitivo direto e intransitivo. Quando significa “desejar”, “almejar”, “pretender”, “ter
em vista” é transitivo indireto e exige a preposição
Transitivo indireto: quando significa “ver”, “a”.
“presenciar”, “caber”, “pertencer” e exige
complemento com a preposição “a”. - Muitos visavam ao cargo.
- Ele visa ao poder.
- Assisti a um filme. (ver)
- Ele assistiu ao jogo. Nesse caso não admite o pronome lhe(s) e deverá
- Este direito assiste aos alunos. (caber) ser substituído por a ele(s), a ela(s). Ou seja, não se
diz: viso-lhe.
Transitivo direto: quando significa “socorrer”,
“ajudar” e exige complemento sem preposição. Obs: Quando o verbo “visar” é seguido por um
infinitivo, a preposição é geralmente omitida.
- O médico assiste o ferido. (cuida)
- Ele visava atingir o posto de comando.
Obs: Nesse caso o verbo “assistir” pode ser usado
com a preposição “a”. ESQUECER – LEMBRAR
- Lembrar algo – esquecer algo
- Assistir ao paciente. - Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo
(pronominal)

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LÍNGUA PORTUGUESA
No 1º caso, os verbos são transitivos diretos, ou É transitivo indireto, ou seja, exige complemento com
seja exigem complemento sem preposição. a preposição “a” (obedecer a).

- Ele esqueceu o livro. - Devemos obedecer aos pais.

No 2º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, Obs: embora seja transitivo indireto, esse verbo pode
etc) e exigem complemento com a preposição “de”. ser usado na voz passiva.
São, portanto, transitivos indiretos.
- A fila não foi obedecida.
- Ele se esqueceu do caderno.
- Eu me esqueci da chave. VER
- Eles se esqueceram da prova.
- Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu. É transitivo direto, ou seja, não exige preposição.

Há uma construção em que a coisa esquecida ou - Ele viu o filme.


lembrada passa a funcionar como sujeito e o verbo
sofre leve alteração de sentido. É uma construção
muito rara na língua contemporânea , porém, é fácil Exercícios
encontrá-la em textos clássicos tanto brasileiros
como portugueses. Machado de Assis, por 01. Está correto o emprego da expressão sublinhada
exemplo, fez uso dessa construção várias vezes. na frase:
- Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento) (A) Os exercícios com que o autor se refere são
- Lembrou-me a festa. (vir à lembrança) aqueles praticados sem muito controle.

O verbo lembrar também pode ser transitivo direto e (B) As substâncias na qual a privação acarreta
indireto (lembrar alguma coisa a alguém ou alguém depressão são a dopamina e a endorfina.
de alguma coisa). (C)) Quando o tempo de que dispomos é insuficiente
para a ginástica, cresce a nossa ansiedade.
PREFERIR
(D) É um círculo vicioso, de cujo alguns não
É transitivo direto e indireto, ou seja, possui um conseguem escapar.
objeto direto (complemento sem preposição) e um
objeto indireto (complemento com preposição) (E) As condições adversas em cujas muita gente faz
ginástica ressaltam essa dependência.
- Prefiro cinema a teatro.
- Prefiro passear a ver TV.
02. Todas as religiões têm rituais, e os fiéis que
Não é correto dizer: “Prefiro cinema do que teatro”. seguem esses rituais beneficiam-se não
propriamente das práticas que constituem os
SIMPATIZAR rituais, mas da meditação implicada nesses rituais.

Ambos são transitivos indiretos e exigem a Evitam-se as viciosas repetições da frase acima
preposição “com”. substituindo-se os segmentos sublinhados,
respectivamente, por:
- Não simpatizei com os jurados.
(A) lhes seguem - lhes constituem - neles implicada
QUERER (B) os seguem - os constituem - neles implicada
Pode ser transitivo direto (no sentido de “desejar”) (C) os seguem - os constituem - lhes implicada
ou transitivo indireto ( no sentido de “ter afeto”, (D) os seguem - lhes constituem - implicada nos
“estimar”).
mesmos
- A criança quer sorvete. (E) seguem-nos - constituem-nos - a eles implicada
- Quero a meus pais.

NAMORAR 03. É mais do que suficiente o vocabulário _____


É transitivo direto, ou seja, não admite preposição. dispomos.
O termo _______ o autor se refere é surfar.
- Maria namora João. Tendo em vista a regência verbal, completam-se
corretamente as frases com:
Obs: Não é correto dizer: “Maria namora com João”.
(A) de que - a que.
OBEDECER (B) com que - de que.
(C) que - de que.
(D) a que - que.
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LÍNGUA PORTUGUESA
(E) a que - com que. 08. Assinale a opção cuja regência do verbo
apresentado é a mesma do verbo destacado na
04. O conhecimento ___________ se referia o passagem “Ser aceito implica mecanismos mais
profissional, se faz presente nas pessoas sutis e de maior alcance...”
___________ valores não são materiais. (A) Lembrar-se.
Assinale a opção que, segundo o registro culto e (B) Obedecer.
formal da língua, preenche as lacunas acima. (C) Visar (no sentido de almejar).
(A) que – que (B) que – cujos os (D) Respeitar.
(C) a que – cujos (D) o qual – de (E) Chegar.
cujos
(E) o qual – para quem
09. Assinale a alternativa cuja seqüência completa
corretamente as frases abaixo:
05. Indique a opção em que a expressão em
destaque pode ser substituída por “lhe”, assim A lei ____ se referiu jà foi revogada.
como em “...uma parte do mérito lhe cabe,” Os problemas ____se lembraram eram muito
(A) O economista chamou o colega de benfeitor da grandes.
natureza.
O cargo _____aspiras é muito importante.
(B) A Fundação convidou o professor para o cargo
de diretor. O filme _____gostou foi premiado.
(C) O projeto pertence ao renomado cientista. O jogo _______ assistimos foi movimentado.
(D) O governo criou recentemente o Bolsa-
A) que - que - que - que - que
Floresta.
(E) A diretora gosta muito de sua assistente. B) a que -de que-que-que - a que
C) que - de que - que - de que - que
06. Observe as frases a seguir. D) a que - de que - a que - de que- a que
O êxito ______ confiamos depende de esforço e
dedicação. E) a que - que - que - que - a que
Os modelos de ídolos ______ todos aspiramos
deveriam ser constituídos de valores éticos. 10. As liberdades _____ se refere o autor dizem
A opção que preenche, respectivamente, as respeito a direitos _____ se ocupa a nossa
lacunas das frases acima, de acordo com a norma Constituição.
culta, é:
Preenchem de modo correto as lacunas da frase
(A) para que / de que. acima, na ordem dada, as expressões:
(B) de que / a que.
(C) em que / com que. (A) a que - de que (D) à que - em que
(D) em que/ a que. (B) de que - com que (E) em que - aos quais
(E) a que / em que. (C) a cujas - de cujos

07. Analise as frases.


– Desejavam saber o preço __________ venderiam 11. Assinale a opção cuja lacuna não pode ser
o preenchida pela preposição entre parênteses:
camarão. A) uma companheira desta, _____ cuja figura os
– Com cenário iluminado, a pesca na lagoa foi a
mais velhos se comoviam. (com)
mais
bonita __________ assistiu. B) uma companheira desta, _____ cuja figura já nos
– O barco __________ estavam os que se dirigiam referimos anteriormente. (a)
ao C) uma companheira desta, _____ cuja figura havia
porto passava distante dos pescadores. um ar de grande dama decadente. (em)
Tendo em vista a regência verbal, as frases acima D) uma companheira desta, _____cuja figura andara
se todo o regimento apaixonado. (por)
completam com
E) uma companheira desta, _____ cuja figura as
(A) de que / em que / com que
crianças se assustavam. (de)
(B) de que / em que / do qual
(C) pelo qual / a que / em que
PRÁTICA DE TEXTO
(D) pelo qual / que / de que
(E) com o qual / com que / em que
TCE/RO
É preciso voltar a gostar do Brasil

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LÍNGUA PORTUGUESA
Muitos motivos se somaram, ao longo da nossa Buarque não sentia nostalgia pelo Brasil agrário que
história, para dificultar a tarefa de decifrar, mesmo estava se desfazendo, mas tampouco acreditava na
imperfeitamente, o enigma brasileiro. Já eficácia das vias autoritárias, em voga na década de
independentes, continuamos a ser um animal muito 1930, que prometiam acelerar a modernização pelo
estranho no zoológico das nações: sociedade alto. Observa o tempo secular da história. Considera
recente, produto da expansão européia, concebida a modernização um processo. Também busca a
desde o início para servir ao mercado mundial, singularidade do processo brasileiro, mas com olhar
organizada em torno de um escravismo prolongado sociológico: somos uma sociedade transplantada,
e tardio, única monarquia em um continente mas nacional, com características próprias. (...)
republicano, assentada em uma extensa base Anuncia que “a nossa revolução” está em
territorial situada nos trópicos, com um povo em marcha, com a dissolução do complexo ibérico de
processo de formação, sem um passado profundo base rural e a emergência de um novo ator decisivo,
onde pudesse ancorar sua identidade. Que futuro as massas urbanas. Crescentemente numerosas,
estaria reservado para uma nação assim? libertadas da tutela dos senhores locais, elas não
Durante muito tempo, as tentativas feitas para mais seriam demandantes de favores, mas de
compreender esse enigma e constituir uma teoria direitos. No lugar da comunidade doméstica,
do Brasil foram, em larga medida, infrutíferas. Não patriarcal e privada, seríamos enfim levados a fundar
sabíamos fazer outra coisa senão copiar saberes a comunidade política, de modo a transformar, ao
da Europa (...) Enquanto o Brasil se olhou no nosso modo, o homem cordial em cidadão.
espelho europeu só pôde construir uma imagem O esforço desses pensadores deixou pontos de
negativa e pessimista de si mesmo, ao constatar partida muito valiosos, mesmo que tenham descrito
sua óbvia condição não-européia. um país que, em parte, deixou de existir. O Brasil de
Houve muitos esforços meritórios para superar Gilberto Freyre girava em torno da família extensa da
esse impasse. Porém, só na década de 1930, casa-grande, um espaço integrador dentro da
depois de mais de cem anos de vida independente, monumental desigualdade; o de Sérgio Buarque
começamos a puxar consistentemente o fio da apenas iniciava a aventura de uma urbanização que
nossa própria meada. Devemos ao conservador prometia associar-se a modernidade e cidadania.
Gilberto Freyre, em 1934, com Casa-grande & BENJAMIN, César. Revista Caros Amigos. Ano X,
Senzala, uma revolucionária releitura do Brasil, no 111. jun. 2006. (adaptado)
visto a partir do complexo do açúcar e à luz da 1. Segundo o texto, o “...tremendo resgate do papel
moderna antropologia cultural, disciplina que então civilizatório de negros e índios dentro da formação
apenas engatinhava. (...) Freyre revirou tudo de social brasileira.” (l. 29-30) refere-se:
ponta-cabeça, realizando um tremendo resgate do (A) à influência das culturas indígena e negra na
papel civilizatório de negros e índios dentro da civilização ibérica.
formação social brasileira. (...) (B) à influência destas etnias na constituição da
A colonização do Brasil, ele diz, não foi obra do cultura
Estado ou das demais instituições formais, todas brasileira.
aqui muito fracas. Foi obra da família patriarcal, em (C) às interferências ibéricas na formação destas
torno da qual se constituiu um modo de vida etnias.
completo e específico. (...) (D) às dificuldades que estes povos criaram para a
Nada escapa ao abrangente olhar investigativo formação social brasileira.
do antropólogo: comidas, lendas, roupas, cores, (E) ao massacre sofrido por estes povos no processo
odores, festas, canções, arquitetura, sexualidade, colonizador.
superstições, costumes, ferramentas e técnicas,
palavras e expressões de linguagem. (...) Ela (a 2. O autor enaltece as teorias de Freyre e Buarque
singularidade da experiência brasileira) não se “mesmo que tenham descrito um país que, em parte,
encontrava na política nem na economia, muito deixou de existir.” (l. 69-70). Segundo o texto, o país,
menos nos feitos dos grandes homens. Encontrava- em parte, deixou de existir em virtude de:
se na cultura, obra coletiva de gerações anônimas. (A) diferentes colonizações na sua história.
(...) (B) erros na decifração do enigma brasileiro.
Devemos a Sérgio Buarque, apenas dois anos (C) inevitáveis mudanças ao longo da história.
depois, com Raízes do Brasil, um instigante ensaio (D) equívocos na construção da cultura.
– “clássico de nascença”, nas palavras de Antônio (E) dificuldades encontradas pelos antropólogos.
Cândido – que tentava compreender como uma
sociedade rural, de raízes ibéricas, experimentaria 3. Para Sérgio Buarque, “as massas urbanas” (l. 61)
o inevitável trânsito para a modernidade urbana e representam o(a):
“americana” do século 20. Ao contrário do (A) sinal de liberdade dos senhores locais.
pernambucano Gilberto Freyre, o paulista Sérgio (B) empecilho à decifração do enigma brasileiro.

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LÍNGUA PORTUGUESA
(C) resultado da colonização de raízes ibéricas. (A) em se desvendar a razão de não se gostar muito
(D) produto de transformações feitas pela “nossa do Brasil.
revolução”. (B) na fragilidade do olhar investigativo dos
(E) demonstração do autoritarismo em voga na estudiosos.
década de 30. (C) na ineficácia dos esforços de se entender o Brasil
em decorrência de sua situação geográfica.
4. O termo destacado em “...um espaço integrador (D) na incapacidade brasileira de copiar os saberes
dentro da monumental desigualdade;” (l. 71-72) europeus.
faz contraponto com o(a): (E) nas contradições existentes mesmo em etapas
(A) processo autoritário de modernização. diferentes de sua constituição política.
(B) contraste econômico entre o campo e a cidade.
(C) comunidade doméstica patriarcal. 9. Em “seríamos enfim levados a fundar a
(D) estratificação social da casa-grande. comunidade política, de modo a transformar, ao
(E) construção da cidadania decorrente da nosso modo, o homem cordial em cidadão.” (l. 65-
urbanização. 67), as partes destacadas podem ser substituídas,
sem alteração de sentido, por:
5. O fragmento “somos uma sociedade (A) de maneira que pudéssemos – do nosso jeito.
transplantada, mas nacional, com características (B) com o fim de – como se fosse nosso.
próprias.” (l. 56-58) sinaliza uma oposição. Assinale (C) na forma de – da nossa sociedade.
a opção em que os termos demonstram, (D) tendo como objetivo – para nosso lucro.
respectivamente, esta oposição. (E) sem fins de – do mesmo jeito.
(A) Independente / insubmissa. 10. Assinale a opção em que o conjunto destacado
(B) Colonial / singular. NÃO atribui ao texto a idéia de FINALIDADE.
(C) Única / igualitária. (A) “Muitos motivos se somaram, (...) para dificultar
(D) Livre / original. a tarefa de decifrar, (...) o enigma ...”(l.1-3)
(E) Peculiar / específica. (B) “concebida desde o início para servir ao
mercado mundial,” (l.5-6)
6. A compreensão do Brasil foi retardada pela (C) “(...) as tentativas feitas para compreender esse
existência de: enigma (...) foram, (...) infrutíferas.” (l.13-15)
(A) uma família patriarcal que se opôs ao trabalho (D) “Houve muitos esforços meritórios para superar
civilizatório das instituições formais. esse impasse.” (l. 20-21)
(B) uma sociedade que continuou mercantilista até (E) “experimentaria o inevitável trânsito para a
a independência. modernidade urbana ...” (l. 47-48)
(C) um enigma que só pôde ser decifrado com os
ideais republicanos. 11. Na construção de uma das opções abaixo foi
(D) muitos dados que enredaram a nossa cultura. empregada uma forma verbal que segue o mesmo
(E) aspectos que levaram à formação de uma tipo de uso do verbo haver em “Houve muitos
identidade nacional contraditória. esforços meritórios para superar esse impasse.” (l.
20-21). Indique-a.
7. É CONTRÁRIA ao texto a seguinte afirmação: (A) O antropólogo já havia observado a atitude dos
(A) Sérgio Buarque não considera a passagem para grupos sociais.
a (B) Na época da publicação choveram elogios aos
modernidade um processo lesivo aos interesses livros.
nacionais. (C) Faz muito tempo da publicação de livros como
(B) Gilberto Freyre e Sérgio Buarque compartilham estes.
o sentimento pelo ocaso da sociedade agrária. (D) No futuro, todos hão de reconhecer o seu valor.
(C) Gilberto Freyre, conservador, faz uma releitura (E) Não se fazem mais brasileiros como antigamente.
do Brasil que não se restringe ao elemento
europeu. 12. Assinale a opção em que há uso INADEQUADO
(D) O dualismo vivência rural e vivência urbana é da regência verbal, segundo a norma culta da língua.
cotejado por Sérgio Buarque em sua obra. (A) É interessante a obra de Freyre com a qual a de
(E) O ponto de contato entre o pensamento dos Sérgio Buarque compõe uma dupla magistral.
dois autores consiste na investigação do que há de (B) É necessário ler estes livros nos quais nos vemos
específico na brasilidade. caracterizados.
(C) Chico Buarque, por quem os brasileiros têm
8. O aspecto enigmático da sociedade brasileira grande admiração, é filho de Sérgio Buarque.
consiste: (D) É tão bom escritor que não vejo alguém de quem
ele possa se comparar.

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LÍNGUA PORTUGUESA
(E) Valoriza-se, sobretudo, aquele livro sob cujas - Fiz uma referência a um escritor famoso.
leis as pessoas traçam suas vidas.
Quem faz referência faz referência “a” alguma coisa.
A um escritor famoso: complemento nominal
13. Em qual das palavras apresentadas a seguir as
lacunas NÃO podem ser preenchidas com os Na verdade, não existem regras. Cada palavra exige
mesmos sinais gráficos destacados no vocábulo um complemento e rege uma preposição.
expansão?
(A) E __clu __ão. (D) E __ pan __ ivo. Muitas regências nós aprendemos de tanto escutá-
(B) E __po __ição. (E) E __ cur __ão. las, porém não significa que todas estejam corretas.
(C) E __ terili __ação.
“Prefiro mais cinema do que teatro.”
14. A ausência do sinal gráfico de acentuação cria Escutamos esta frase quase todos os dias.
outro sentido para a palavra:
(A) trânsito. (B) características. Preferir mais, não existe, pois ninguém prefere
(C) inevitável. (D) infrutíferas. menos. É, portanto, uma redundância.
(E) anônimas.
Quem prefere prefere alguma coisa “a” outra. A frase
ficaria correta desta forma: “Prefiro cinema a teatro”.
GABARITO DOS EXERCÍCIOS
O verbo preferir é transitivo direto e indireto e o
objeto indireto deve vir com a preposição. “a”.
CONCORDÂNCIA VERBAL
“Prefiro isso do que aquilo.”
01. a) Aconteceram; b) Ficaram; c) Sobraram; d)
devem existir; e) podem ocorrer. Do que é uma regência popular e deve ser evitada
02. a) Anunciaram-se; b) se farão; c) Trata-se; d) se em provas, redações e concursos.
fala; e) Obtiveram-se
03.E 04.A 05.C 06.A 07.B 08.D 09.E 10.B “Prefiro ir à praia a estudar.” (Preferir a + a praia: a +
11.C 12.A 13.C 14.E 15.C 16.E a: à - veja Crase).

PRÁTICA DE TEXTO: Acessível a

01.D 02.E 03.C 04.E 05.A 06.B 07.D 08.B Acostumado a ou com
09.D 10.E 11.A 12.E 13.C 14.A 15.C 16.B
Alheio a
17.C
Alusão a
REGÊNCIA VERBAL
Ansioso por
01.C 02.B 03.A 04.C 05.C 06.D 07.C 08.D
09.D 10.A 11.E Atenção a ou para

PRÁTICA DE TEXTO: Atento a ou em


01.B 02.C 03.D 04.E 05.B 06.D 07.B 08.E
Benéfico a
09.A 10.E 11.C 12.D 13.C 14.A
Compatível com

Cuidadoso com

Desacostumado a ou com
REGÊNCIA NOMINAL
Desatento a
A regência nominal determina se os seus
complementos são acompanhados por preposição. Desfavorável a
Os nomes pedem complemento nominal; e os
verbos, objetos diretos ou indiretos. Desrespeito a
Exemplo:
Estranho a
- Ela tem necessidade de roupa.
Favorável a
Quem tem necessidade, tem necessidade “de”
alguma coisa. Fiel a
De roupa: complemento nominal.
Grato a
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LÍNGUA PORTUGUESA
Hábil em
Admiração a, Devoção a, para, Medo de
Habituado a por com, por

Inacessível a Aversão a, Doutor em Obediência a


para, por
Indeciso em

Invasão de Atentado a, Dúvida acerca de, Ojeriza a, por


contra em, sobre
Junto a ou de
Bacharel em Horror a Proeminência
Leal a sobre
Maior de
Capacidade Impaciência com Respeito a, com,
Morador em de, para para com, por

Natural de

Necessário a Adjetivos
Necessidade de
Acessível a Entendido em Necessário a
Nocivo a
Acostumado a, Equivalente a Nocivo a
Ódio a ou contra com

Odioso a ou para Agradável a Escasso de Paralelo a


Posterior a
Alheio a, de Essencial a, Passível de
Preferência a ou por para

Preferível a Análogo a Fácil de Preferível a


Prejudicial a
Ansioso de, Fanático por Prejudicial a
Próprio de ou para para, por

Próximo a ou de Apto a, para Favorável a Prestes a


Querido de ou por
Ávido de Generoso com Propício a
Residente em
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Respeito a ou por
Capaz de, para Hábil em Relacionado
Sensível a
com
Simpatia por
Compatível com Habituado a Relativo a
Simpático a
Contemporâneo Idêntico a Satisfeito com,
Útil a ou para
a, de de, em, por
Versado em
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Apresentamos a seguir vários nomes
acompanhados da preposição ou preposições que Contrário a Indeciso em Sensível a
os regem. Observe-os atentamente e procure,
sempre que possível, associar esses nomes entre
Descontente Insensível a Sito em
si ou a algum verbo cuja regência você conhece.
com
Substantivos
Desejoso de Liberal com Suspeito de

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LÍNGUA PORTUGUESA

Diferente de Natural de Vazio de

Advérbios

Longe de
Perto de

Obs.: os advérbios terminados em -mente tendem a


seguir o regime dos adjetivos de que são formados:
paralela a; paralelamente a; relativa a;
relativamente a.

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LÍNGUA PORTUGUESA
obrigatoriedade – estabelecida por decreto imperial
de 10 de dezembro de 1822 – de que se aponha, ao
final desses atos, o número de anos transcorridos
desde a Independência. Essa prática foi mantida no
período republicano.
ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DE
Esses mesmos princípios (impessoalidade,
DOCUMENTOS OFICIAIS (REQUERIMENTO,
CARTA, CERTIDÃO, ATESTADO, clareza, uniformidade, concisão e uso de linguagem
formal) aplicam-se às comunicações oficiais: elas
DECLARAÇÃO, OFÍCIO, MEMORANDO, ATA DE
REUNIÃO, RELATÓRIO, ETC.); EXPRESSÕES devem sempre permitir uma única interpretação e ser
estritamente impessoais e uniformes, o que exige o
DE TRATAMENTO.
uso de certo nível de linguagem.
Nesse quadro, fica claro também que as
Estrutura e organização de documentos oficiais: comunicações oficiais são necessariamente
uniformes, pois há sempre um único comunicador (o
14.1 - Requerimento,
Serviço Público) e o receptor dessas comunicações
14.2 - Carta,
ou é o próprio Serviço Público (no caso de
14.3 - Certidão,
expedientes dirigidos por um órgão a outro) – ou o
14.4 - Atestado,
conjunto dos cidadãos ou instituições tratados de
14.5 - Declaração,
forma homogênea (o público).
14.6 - Ofício,
14.7 - Memorando, Outros procedimentos rotineiros na redação
14.8 - Ata de reunião, de comunicações oficiais foram incorporados ao
14.9 - Relatório, longo do tempo, como as formas de tratamento e de
14.10 - Expressões de tratamento. cortesia, certos clichês de redação, a estrutura dos
expedientes, etc. Mencione-se, por exemplo, a
fixação dos fechos para comunicações oficiais,
DEFINIÇÃO regulados pela Portaria no 1 do Ministro de Estado da
Justiça, de 8 de julho de 1937, que, após mais de
1. O que é Redação Oficial meio século de vigência, foi revogado pelo Decreto
que aprovou a primeira edição deste Manual.
Em uma frase, pode-se dizer que redação
oficial é a maneira pela qual o Poder Público redige Acrescente-se, por fim, que a identificação
atos normativos e comunicações. Interessa-nos que se buscou fazer das características específicas
tratá-la do ponto de vista do Poder Executivo. da forma oficial de redigir não deve ensejar o
entendimento de que se proponha a criação – ou se
A redação oficial deve caracterizar-se pela aceite a existência – de uma forma específica de
impessoalidade, uso do padrão culto de linguagem, linguagem administrativa, o que coloquialmente e
clareza, concisão, formalidade e uniformidade. pejorativamente se chama burocratês. Este é antes
Fundamentalmente esses atributos decorrem da uma distorção do que deve ser a redação oficial, e se
Constituição, que dispõe, no artigo 37: “A caracteriza pelo abuso de expressões e clichês do
administração pública direta, indireta ou jargão burocrático e de formas arcaicas de
fundacional, de qualquer dos Poderes da União, construção de frases.
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, A redação oficial não é, portanto,
impessoalidade, moralidade, publicidade e necessariamente árida e infensa à evolução da
eficiência (...)”. Sendo a publicidade e a língua. É que sua finalidade básica – comunicar com
impessoalidade princípios fundamentais de toda impessoalidade e máxima clareza – impõe certos
administração pública, claro está que devem parâmetros ao uso que se faz da língua, de maneira
igualmente nortear a elaboração dos atos e diversa daquele da literatura, do texto jornalístico, da
comunicações oficiais. correspondência particular, etc.
Não se concebe que um ato normativo de Apresentadas essas características
qualquer natureza seja redigido de forma obscura, fundamentais da redação oficial, passemos à análise
que dificulte ou impossibilite sua compreensão. A pormenorizada de cada uma delas.
transparência do sentido dos atos normativos, bem 1.1. A Impessoalidade
como sua inteligibilidade, são requisitos do próprio
Estado de Direito: é inaceitável que um texto legal A finalidade da língua é comunicar, quer pela
não seja entendido pelos cidadãos. A publicidade fala, quer pela escrita. Para que haja comunicação,
implica, pois, necessariamente, clareza e concisão. são necessários: a) alguém que comunique, b) algo a
Além de atender à disposição ser comunicado, e c) alguém que receba essa
constitucional, a forma dos atos normativos comunicação. No caso da redação oficial, quem
obedece a certa tradição. Há normas para sua comunica é sempre o Serviço Público (este ou aquele
elaboração que remontam ao período de nossa Ministério, Secretaria, Departamento, Divisão,
história imperial, como, por exemplo, a Serviço, Seção); o que se comunica é sempre algum
assunto relativo às atribuições do órgão que
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LÍNGUA PORTUGUESA
comunica; o destinatário dessa comunicação ou é o um texto marcado por expressões de circulação
público, o conjunto dos cidadãos, ou outro órgão restrita, como a gíria, os regionalismos vocabulares
público, do Executivo ou dos outros Poderes da ou o jargão técnico, tem sua compreensão
União. dificultada.
Percebe-se, assim, que o tratamento Ressalte-se que há necessariamente uma
impessoal que deve ser dado aos assuntos que distância entre a língua falada e a escrita. Aquela é
constam das comunicações oficiais decorre: extremamente dinâmica, reflete de forma imediata
qualquer alteração de costumes, e pode
a) da ausência de impressões individuais de
eventualmente contar com outros elementos que
quem comunica: embora se trate, por
auxiliem a sua compreensão, como os gestos, a
exemplo, de um expediente assinado por
entoação, etc., para mencionar apenas alguns dos
Chefe de determinada Seção, é sempre em
fatores responsáveis por essa distância. Já a língua
nome do Serviço Público que é feita a
escrita incorpora mais lentamente as transformações,
comunicação. Obtém-se, assim, uma
tem maior vocação para a permanência, e vale-se
desejável padronização, que permite que
apenas de si mesma para comunicar.
comunicações elaboradas em diferentes
setores da Administração guardem entre si A língua escrita, como a falada, compreende
certa uniformidade; diferentes níveis, de acordo com o uso que dela se
b) da impessoalidade de quem recebe a faça. Por exemplo, em uma carta a um amigo,
comunicação, com duas possibilidades: ela podemos nos valer de determinado padrão de
pode ser dirigida a um cidadão, sempre linguagem que incorpore expressões extremamente
concebido como público, ou a outro órgão pessoais ou coloquiais; em um parecer jurídico, não
público. Nos dois casos, temos um se há de estranhar a presença do vocabulário técnico
destinatário concebido de forma homogênea correspondente. Nos dois casos, há um padrão de
e impessoal; linguagem que atende ao uso que se faz da língua, a
finalidade com que a empregamos.
c) do caráter impessoal do próprio assunto
tratado: se o universo temático das O mesmo ocorre com os textos oficiais: por
comunicações oficiais se restringe a seu caráter impessoal, por sua finalidade de informar
questões que dizem respeito ao interesse com o máximo de clareza e concisão, eles requerem
público, é natural que não cabe qualquer tom o uso do padrão culto da língua. Há consenso de que
particular ou pessoal. o padrão culto é aquele em que a) se observam as
regras da gramática formal, e b) se emprega um
Desta forma, não há lugar na redação vocabulário comum ao conjunto dos usuários do
oficial para impressões pessoais, como as que, por idioma. É importante ressaltar que a obrigatoriedade
exemplo, constam de uma carta a um amigo, ou de do uso do padrão culto na redação oficial decorre do
um artigo assinado de jornal, ou mesmo de um fato de que ele está acima das diferenças lexicais,
texto literário. A redação oficial deve ser isenta da morfológicas ou sintáticas regionais, dos modismos
interferência da individualidade que a elabora. vocabulares, das idiossincrasias lingüísticas,
A concisão, a clareza, a objetividade e a permitindo, por essa razão, que se atinja a pretendida
formalidade de que nos valemos para elaborar os compreensão por todos os cidadãos.
expedientes oficiais contribuem, ainda, para que Lembre-se que o padrão culto nada tem
seja alcançada a necessária impessoalidade. contra a simplicidade de expressão, desde que não
1.2. A Linguagem dos Atos e Comunicações seja confundida com pobreza de expressão. De
Oficiais nenhuma forma o uso do padrão culto implica
emprego de linguagem rebuscada, nem dos
A necessidade de empregar determinado contorcionismos sintáticos e figuras de linguagem
nível de linguagem nos atos e expedientes oficiais próprios da língua literária.
decorre, de um lado, do próprio caráter público
Pode-se concluir, então, que não existe
desses atos e comunicações; de outro, de sua
propriamente um “padrão oficial de linguagem”; o que
finalidade. Os atos oficiais, aqui entendidos como
há é o uso do padrão culto nos atos e comunicações
atos de caráter normativo, ou estabelecem regras
oficiais. É claro que haverá preferência pelo uso de
para a conduta dos cidadãos, ou regulam o
determinadas expressões, ou será obedecida certa
funcionamento dos órgãos públicos, o que só é
tradição no emprego das formas sintáticas, mas isso
alcançado se em sua elaboração for empregada a
não implica, necessariamente, que se consagre a
linguagem adequada. O mesmo se dá com os
utilização de uma forma de linguagem burocrática. O
expedientes oficiais, cuja finalidade precípua é a de
jargão burocrático, como todo jargão, deve ser
informar com clareza e objetividade.
evitado, pois terá sempre sua compreensão limitada.
As comunicações que partem dos órgãos
A linguagem técnica deve ser empregada
públicos federais devem ser compreendidas por
apenas em situações que a exijam, sendo de evitar o
todo e qualquer cidadão brasileiro. Para atingir esse
seu uso indiscriminado. Certos rebuscamentos
objetivo, há que evitar o uso de uma linguagem
acadêmicos, e mesmo o vocabulário próprio a
restrita a determinados grupos. Não há dúvida que
determinada área, são de difícil entendimento por
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LÍNGUA PORTUGUESA
quem não esteja com eles familiarizado. Deve-se Procure perceber certa hierarquia de idéias
ter o cuidado, portanto, de explicitá-los em que existe em todo texto de alguma complexidade:
comunicações encaminhadas a outros órgãos da idéias fundamentais e idéias secundárias. Estas
administração e em expedientes dirigidos aos últimas podem esclarecer o sentido daquelas,
cidadãos. detalhá-las, exemplificá-las; mas existem também
Outras questões sobre a linguagem, como idéias secundárias que não acrescentam informação
o emprego de neologismo e estrangeirismo, são alguma ao texto, nem têm maior relação com as
tratadas em detalhe em 9.3. Semântica. fundamentais, podendo, por isso, ser dispensadas.
A clareza deve ser a qualidade básica de
1.3. Formalidade e Padronização todo texto oficial, conforme já sublinhado na
As comunicações oficiais devem ser introdução deste capítulo. Pode-se definir como claro
sempre formais, isto é, obedecem a certas regras aquele texto que possibilita imediata compreensão
de forma: além das já mencionadas exigências de pelo leitor. No entanto a clareza não é algo que se
impessoalidade e uso do padrão culto de atinja por si só: ela depende estritamente das demais
linguagem, é imperativo, ainda, certa formalidade características da redação oficial. Para ela
de tratamento. Não se trata somente da eterna concorrem:
dúvida quanto ao correto emprego deste ou a) a impessoalidade, que evita a duplicidade
daquele pronome de tratamento para uma de interpretações que poderia decorrer de um
autoridade de certo nível (v. a esse respeito 2.1.3. tratamento personalista dado ao texto;
Emprego dos Pronomes de Tratamento); mais do b) o uso do padrão culto de linguagem, em
que isso, a formalidade diz respeito à polidez, à princípio, de entendimento geral e por
civilidade no próprio enfoque dado ao assunto do definição avesso a vocábulos de circulação
qual cuida a comunicação. restrita, como a gíria e o jargão;
A formalidade de tratamento vincula-se, c) a formalidade e a padronização, que
também, à necessária uniformidade das possibilitam a imprescindível uniformidade dos
comunicações. Ora, se a administração federal é textos;
una, é natural que as comunicações que expede d) a concisão, que faz desaparecer do texto os
sigam um mesmo padrão. O estabelecimento desse excessos lingüísticos que nada lhe
padrão, uma das metas deste Manual, exige que se acrescentam.
atente para todas as características da redação
oficial e que se cuide, ainda, da apresentação dos É pela correta observação dessas
textos. características que se redige com clareza.
Contribuirá, ainda, a indispensável releitura de todo
A clareza datilográfica, o uso de papéis
texto redigido. A ocorrência, em textos oficiais, de
uniformes para o texto definitivo e a correta
trechos obscuros e de erros gramaticais provém
diagramação do texto são indispensáveis para a
principalmente da falta da releitura que torna possível
padronização. Consulte o Capítulo II, As
sua correção.
Comunicações Oficiais, a respeito de normas
específicas para cada tipo de expediente. Na revisão de um expediente, deve-se
avaliar, ainda, se ele será de fácil compreensão por
1.4. Concisão e Clareza seu destinatário. O que nos parece óbvio pode ser
A concisão é antes uma qualidade do que desconhecido por terceiros. O domínio que
uma característica do texto oficial. Conciso é o texto adquirimos sobre certos assuntos em decorrência de
que consegue transmitir um máximo de nossa experiência profissional muitas vezes faz com
informações com um mínimo de palavras. Para que que os tomemos como de conhecimento geral, o que
se redija com essa qualidade, é fundamental que se nem sempre é verdade. Explicite, desenvolva,
tenha, além de conhecimento do assunto sobre o esclareça, precise os termos técnicos, o significado
qual se escreve, o necessário tempo para revisar o das siglas e abreviações e os conceitos específicos
texto depois de pronto. É nessa releitura que muitas que não possam ser dispensados.
vezes se percebem eventuais redundâncias ou A revisão atenta exige, necessariamente,
repetições desnecessárias de idéias. tempo. A pressa com que são elaboradas certas
O esforço de sermos concisos atende, comunicações quase sempre compromete sua
basicamente ao princípio de economia lingüística, à clareza. Não se deve proceder à redação de um texto
mencionada fórmula de empregar o mínimo de que não seja seguida por sua revisão. “Não há
palavras para informar o máximo. Não se deve de assuntos urgentes, há assuntos atrasados”, diz a
forma alguma entendê-la como economia de máxima. Evite-se, pois, o atraso, com sua indesejável
pensamento, isto é, não se devem eliminar repercussão no redigir.
passagens substanciais do texto no afã de reduzi-lo
em tamanho. Trata-se exclusivamente de cortar
palavras inúteis, redundâncias, passagens que
nada acrescentem ao que já foi dito.

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LÍNGUA PORTUGUESA
14.1 - Requerimento, Qualquer uma pode ser abreviada com as iniciais
maiúsculas, seguidas de ponto: P. D., A. D. etc.

I - CONCEITO 5 - Local e data


Também no alinhamento do parágrafo. (Ver
É a correspondência através da qual um particular observações no ofício.)
requer a uma autoridade pública algo a que tem ou
julga ter direito. 6 - Assinatura
Portanto, não utiliza papel oficial e não tolera A direita da folha, sem traço e sem nome, se este for
bajulação. o mesmo do inicio.

1 - Margens III - MODELOS (Extraídos do livro "Redação


As mesmas do ofício. Oficial", de Adalberto J. Kaspary)

2 – Vocativo

Coloca-se ao alto da folha, a partir da Senhor Diretor do Colégio Estadual Machado de


margem esquerda, não podendo ultrapassar os 2/3 Assis:
da linha, caso em que deve ser harmoniosamente
dividido. A localidade só deve constar, se a
autoridade destinatária não estiver na da origem. FULANO DE TAL, aluno deste colégio, cursando a
Jamais se põe o nome da autoridade. primeira série do segundo grau, turma D, turno da
Exemplo: manhã, requer a Vossa Senhoria o cancelamento de
sua matrícula, visto que fará um estágio profissional
Ilustríssimo Senhor Superintendente Regional do de três meses no Estado de São Paulo, a partir do
Departamento de Policia Federal PORTO ALEGRE dia 22 do corrente.
(RS).
Termos em que pede deferimento.
3 - Texto
Inicia com o nome completo do requerente Porto Alegre, 12 de maio de 1974.
(sem o pronome "eu"), a 2,5cm da margem, em
destaque.
Fulano de Tal
Quanto aos demais dados de identificação,
que se põem em continuação ao nome, tais como Senhor Diretor de Pessoal da Superintendência dos
nacionalidade, estado civil, filiação, lotação, Transportes do Estado do RS:
endereço, números de documentos etc. , somente
cabem aqueles que sejam estritamente necessários
ao processamento do pedido. FULANO DE TAL, funcionário público estadual,
ocupante do cargo de Auxiliar de Administração,
Dependendo da circunstancia, e importante lotado e em exercício no Gabinete de .Orçamento e
enumerar os motivos, dar a fundamentação legal Finanças, da Secretaria da Fazenda, matricula nº
e/ou prestar esclarecimentos oportunos. Redige-se 110.287, no Tesouro do Estado, requer a Vossa
na terceira pessoa. Senhoria que lhe seja expedida certidão de seu
tempo de serviço nessa Superintendência, a fim de
anexá-la ao seu processo de Iicença-prêmio, já em
4 - Fecho andamento na Secretaria da Administração.
Põe-se abaixo do texto, no alinhamento do
parágrafo.
Consiste numa destas expressões: Espera deferimento.

Nestes termos, Porto Alegre, 14 de março de 1975.


pede deferimento.
...............
Pede deferimento. Fulano de Tal
..............
Espera deferimento. Excelentíssimo Senhor Secretario da Administração
................ do Governo do Estado do Rio Grande do Sul:
Aguarda deferimento.
................
FULANO DE TAL, brasileiro, solteiro, com 26 anos,
Termos em que pede deferimento. filho de.................... e de................ natural, de
Gramado, neste Estado, residente e domiciliado

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LÍNGUA PORTUGUESA
nesta Capital, na Avenida João Pessoa, 582 - ap. Manual de Redação Oficial do Estado do Rio de
209, requera Vossa Excelência inscrição no Janeiro.
Concurso Público para o Cargo de Oficial
Administrativo a ser realizado por essa Secretaria, Os trabalhos de seleção dos atos, conceituação e
conforme edita] divulgado no Diário Oficial de 14 do elaboração de modelos foram realizados por grupo
corrente, para o que anexa os documentos exigidos de especialistas das áreas de direito, letras,
na citada publicação. administração, documentação e comunicação e já se
encontram em fase final. No entanto, ainda se faz
Nestes termos, necessária uma revisão por profissional de
pede deferimento. reconhecida experiência, para garantir a excelência
da publicação.

Porto Alegre, 24 de maio de 1974. Para este fim, conforme entendimentos anteriores
havidos com a Professora Helenice Valias de
Moraes, venho solicitar sua colaboração.
Fulano de Tal
Na expectativa de pronunciamento favorável,
agradecemos antecipadamente a gentileza.
14.2 - Carta, Atenciosamente

HUGO LEAL MELO DA SILVA


Forma de comunicação externa dirigida a pessoa Secretário de Estado de Administração e
(física ou jurídica) estranha à administração pública, Reestruturação
utilizada para fazer solicitações, convites, externar
agradecimentos, ou transmitir informações.

Suas partes componentes são: 14.3 - Certidão,


1. Local e data, por extenso, à esquerda da página.
2. Endereçamento (alinhado à esquerda): nome do
destinatário, precedido da forma de tratamento, e o
endereço. CERTIDÃO
3. Vocativo: a palavra Senhor (a), seguida do cargo
do destinatário, e de vírgula. Certidão é o ato pelo qual se procede a publicidade
4. Texto paragrafado, com a exposição do(s) de algo relativo à atividade Cartorária, a fim de que,
assunto(s) e o objetivo da carta. sobre isso, não pairem mais dúvidas. Possui formato
5. Fecho de cortesia, seguido de advérbio padrão próprio, termos essenciais que lhe dão suas
adequado: Cordialmente, Atenciosamente, ou características. Exige linguagem formal, objetiva e
Respeitosamente. concisa.
6. Assinatura, nome e cargo do emitente da carta.
TERMOS ESSENCIAIS DA CERTIDÃO:
EXEMPLO - Afirmação: CERTIFICO E DOU FÉ QUE,
Rio de Janeiro, 28 de abril de 1999 - Identificação do motivo de sua expedição: A
Ilm.º Sr. PEDIDO DA PARTE INTERESSADA,
Professor Evanildo Bechara - Ato a que se refere: REVENDO OS
Rua da Ajuda n.º 0 / apto 208 ASSENTAMENTOS CONSTANTES DESTE
Centro - Rio de Janeiro - RJ CARTÓRIO, NÃO LOGREI ENCONTRAR AÇÃO
20000-000 MOVIDA CONTRA EVANDRO MEIRELES, RG
4025386950, NO PERÍODO DE 01/01/1990 ATÉ A
Senhor Professor, PRESENTE DATA
- Data de sua expedição: EM 20/06/1999.
A Secretaria de Estado de Administração e - Assinatura: O ESCRIVÃO:
Reestruturação vem desenvolvendo ações no
sentido de uniformizar e racionalizar os Ex.
procedimentos administrativos do Governo do
Estado do Rio de Janeiro, visando à transparência CERTIDÃO
dos atos governamentais, à melhoria dos serviços
prestados e ao controle, CERTIFICO E DOU FÉ QUE, usando a faculdade
por parte do cidadão, das políticas públicas que me confere a lei, e por assim me haver sido
implementadas. determinado, revendo os assentamentos constantes
deste Cartório, em especial o processo
Para atender aos objetivos propostos, estão sendo 00100225654,
desenvolvidos diversos projetos que alcançam constatei, a folhas 250 dos autos, CUSTAS
diferentes setores da administração, dentre eles, o PROCESSUAIS PENDENTES DE PAGAMENTO, em

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LÍNGUA PORTUGUESA
valor total de R$1.535,98, conforme cálculo São perfeitamente dispensáveis, no texto do
realizado em 14/05/1997, as quais deverão ser atestado, expressões como "nada sabendo em
pagas por JOAQUIM JOSÉ DA SILVA XAVIER, desabono de sua conduta", "é pessoa de meu
devidamente intimado para tanto em 22/07/2009, conhecimento", etc., já que só pode atestar quem
sem qualquer manifestação, de acordo com conhece a pessoa e acredita na inexistência de algo
o despacho exarado a folhas 320, a fim de que a desabone.
lançamento como Dívida Ativa.
c) Local e data - cidade, dia, mês e ano da emissão
Em 22/07/1997. do ato, podendo-se, também, citar, preferentemente
sob forma de sigla, o nome do órgão onde a
autoridade signatária do atestado exerce suas
O Escrivão funções.
Assinatura - nome e cargo ou função da autoridade
que atesta.
14.4 - Atestado

CONCEITO
MODELOS:
Atestado é o documento mediante o qual a
autoridade comprova um fato ou situação de que ATESTADO
tenha conhecimento em razão do cargo que ocupa
ou da função que exerce. Atesto que FULANO DE TAL é aluno deste Instituto,
estando matriculado e freqüentando, no corrente ano
"Atestados administrativos" são atos pelos quais a letivo, a primeira série do Curso de Diretor de Teatro.
Administração comprova um fato ou uma situação Seção de Ensino do Instituto de Artes da UFRGS, em
de que tenha conhecimento por seus órgãos Porto Alegre, aos 2 de julho de 1971.
competentes. (Hely Lopes Meirelles - Direito
Administrativo Brasileiro)
ATESTADO
GENERALIDADES
Chefe da Seção de Ensino
0 atestado comprova fatos ou situações não
necessariamente constantes em livr os, papéis ou Atesto, para fins de direito, atendendo a pedido
documentos em poder da Administração. Destina- verbal da parte interessada, que FULANO DE TAL é
se, basicamente, à comprovação de fatos ou ex-servidor docente desta Universidade, aposentado,
situações transeuntes, passíveis de modificações conforme Portaria nº 89, de 7-2-1964, publicada no
freqüentes. Tratando-se de fatos ou situações DO de 21-1,-1965, de acordo com o artigo 176, inciso
permanentes e que constam nos arquivos da III, da Lei nº 1.711, de 28-10-1952, combinado com o
Administração, o documento apropriado para artigo 178, inciso III, da mesma Lei, no cargo de
comprovar sua existência é a certidão. 0 atestado é Professor de Ensino Superior, do Quadro de Pessoal,
mera declaração, ao passo que a certidão é uma matrícula nº 1-218.683, lotado na Faculdade de
transcrição. Ato administrativo enunciativo, o Medicina.
atestado é, em síntese, afirmação oficial de fatos.
Porto Alegre, 10 de outubro de 1972.

Sérgio Ornar Fernandes, Diretor do Departamento de


PARTES Pessoal.
a) Título - denominação do ato (atestado).

b) Texto - exposição do objeto da atestação. Pode-


se declarar, embora não seja obrigatório, a pedido 14.5 - Declaração,
de quem e com que finalidade o documento é
emitido.
Como bem lembram Marques Leite e Ulhoa Cintra, Como vimos em um dos exemplos de
no seu Novo Manual de Estilo e Redação, "se se requerimento, Amanda L. Gomes anexou-lhe uma
tratar de dotes, habilidades, ou qualidades de declaração de conclusão do Curso de Administração
alguma pessoa, o atestante deverá cuidar de de Empresas. Tal declaração, além de servir-lhe
especificar com grande clareza os dados pessoais como documento provisório, também facilitará o
do indivíduo em questão (nome completo, andamento do processo para expedição de seu
naturalidade, estado civil, domicílio)". diploma. Você alguma vez precisou apresentar uma
A recomendação é muito oportuna, pois declaração? Conhece esse documento?
tais atestados impõem responsabilidade
particularmente grande a quem os fornece.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Inúmeras são as situações em que nos é seção - corte; divisão; parte de um todo; segmento;
solicitado ou recomendado que apresentemos uma numa publicação, local reservado a determinado
declaração. assunto: seção literária, seção de esportes.
Por vezes, em lugar de declaração usa-se a palavra
atestado, que tem o mesmo valor. São declarações
de boa conduta, prestação de serviços, conclusão
de curso, etc. MODELO DA DECLARAÇÃO
A declaração (atestado) deve ser fornecida
por pessoa credenciada ou idónea que nele (timbre da empresa ou instituição com nome e
assume a endereço)
responsabilidade sobre uma situação ou a
ocorrência de um fato. Portanto, é uma
comprovação escrita com DECLARAÇÃO
caráter de documento.
A declaração pode ser manuscrita em papel
almaço simples (tamanho ofício) ou
digitada/datilografada. Declaramos para fins de
Quanto ao aspecto formal, divide-se nas seguintes comprovação perante a UNIVERSIDADE DE SÃO
partes: PAULO, Diretoria de Registros Acadêmicos, que
________________________
Timbre - impresso como cabeçalho, contendo o _______________________ estagiou nesta
nome do órgão ou empresa. Atualmente a maioria empresa,_____________(Departamento/Seção),
das empresas possui um impresso com logotipo. cumprindo ___________horas, com o objetivo
Nas declarações particulares usa-se papel sem específico de efetuar o trabalho sob o título
timbre. _________________necessário para a obtenção do
Título - deve-se colocá-lo no centro da folha, em diploma de Bacharel em Administração.
caixa alta.
Texto - deve-se iniciá-lo a cerca de quatro linhas do
título. Dele deve constar: A seguir, uma breve descrição das atividades
- Identificação do emissor. Se houver vários exercidas pelo aluno no período de estágio:
emissores, é aconselhável escrever, para facilitar: 
os abaixo assinados. 
- O verbo atestarldeciarar deve aparecer no 
presente do indicativo, terceira pessoa do singular
ou do plural. (Data)
- Finalidade do documento - em geral costuma-se
usar o termo "para os devidos fins", mas também ______________________
pode-se especificar: "para fins de trabalho", "para nome e assinatura
fins escolares", etc.
- Nome e dados de identificação do interessado. (carimbo da empresa)
Esse nome pode vir em caixa-alta, para facilitar a
visualização.
- Citação do fato a ser atestado.

Local e data - deve-se escrevê-los a cerca de três 14.6 - Ofício


linhas do texto.

Assinatura - assina-se a cerca de três linhas I – CONCEITO


abaixo do local e data.
Observe o trecho que encerra essa declaração: "Ofícios são comunicações escritas que as
"... quando se efetivou a sua cessão para o Setor autoridades fazem entre si, entre subalternos e
de superiores, e entre a Administração e particulares,
Almoxarífado. " em caráter oficial." (Meirelles, Hely Lopes - apud
Você sentiria dificuldade para escrever a palavra "Redação Oficial", de
cessão? Ficaria na dúvida entre: sessão, seção ou Adalberto Kaspary).
cessão? Isso é comum. Trata-se, no caso, do que
chamamos homônimos. São palavras de pronúncia A luz desse conceito, deduzimos que:
idêntica,
mas com grafias e significados diferentes. Vejamos 1) Somente autoridades (de órgãos oficiais)
as diferenças: produzem ofícios, e isso para tratar de assuntos
cessão - doação; ato de ceder. oficiais.
sessão - reunião; espetáculo de teatro, cinema, etc. 2) O ofício pode ser dirigido a:
apresentado várias vezes. a - outras autoridades;
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b - particulares em geral (pessoas, firmas ou outro 5 - Vocativo
tipo de entidade). Inicia a três espaços-padrão abaixo da data e a
3) Entidades particulares (clubes, associações, 2,5cm da margem esquerda.
partidos, congregações, etc.) não devem usar esse Consiste simplesmente da expressão "Senhor(es)"
tipo de correspondência. seguido de cargo ou função do destinatario: Senhor
4) No universo administrativo, o ofício tem sentido Governador, Senhores Deputados, Senhor Gerente,
horizontal e ver tical ascendente, isto é, vai de um Senhor Diretor-Geral, Senhor Chefe, etc.
órgão publico a outro, de uma autoridade a outra, Não ha unanimidade quanto à pontuação do
mas, dentro de um mesmo órgão, não deve ser vocativo; pode-se usar virgula, ponto ou dois pontos.
usado pelo escalão superior para se comunicar com
o escalão inferior (sentido vertical descendente). 6 - Introdução
5) O papel utilizado é específico e da melhor Praticamente inexiste. Vai-se direto ao que interessa:
qualidade. "Comunicamos...", "Solicitamos...",
6) O ofício esta submetido a certas normas "Encaminhamos..." etc.
estruturais, que são de consenso geral.
7 - Texto
Consiste na exposição, de forma objetiva e polida, do
1 - Margens assunto, fazendo-se os parágrafos necessários.
a) Da esquerda - a 2,5 cm a partir da extremidade Estes podem ser numerados a partir do segundo.
esquerda do papel.
b) Da direita - a 1,5 cm da extremidade direita do 8 - Fecho
papel. Modernamente, usam-se apenas "Atenciosamente"
Nada pode ultrapassá-la, nem a data, nem o nome ou "Respeitosamente", seguidos de vírgula. O
do remetente. alinhamento e o do parágrafo, ou coloca-se acima da
Para ser perfeitamente alinhada, não e permitido: assinatura. Não se numera.
* Usar grafismo (tapa-margem);
* afastar sinal de pontuação da palavra;
* deixar espaço de mais de dois toques entre a 9 - Signatário
última e a penúltima palavra; Nome e cargo do remetente, encimados pela
* espaçar as letras de uma palavra. assinatura, sem traço, a direita do papel.

2 - Timbre 10 - Destinatário
Brasão (da Republica, estado ou município), em Ocupando 2, 3 ou 4 linhas, seu final deve coincidir
geral centralizado, a 1 cm da extremidade superior com a extremidade inferior do papel.
da folha, seguido da designação do órgão.
Ex.: A Sua Excelência o Senhor
3 - Numeração Dr. Fulano de Tal,
A dois espaços-padrão da designação do órgão. DD. Governador do Estado do Rio Grande do Sul
O espaço-padrão interlinear do oficio e de 1,5 ou 2, PORTO ALEGRE (RS) Nos ofícios corriqueiros,
conforme a marca da maquina. dispensa-se o nome do destinatário.
Consiste em: Of. Nº ..., ou Of. Circ. Nº .... seguido
do numero e, se for conveniente, sigla(s) do órgão Ex.: Ao Senhor Diretor do Colégio X PORTO
expedidor. ALEGRE (RS)
No caso dos ofícios-circulares que não tenham uma
numeração especifica, a palavra "circular" deve ser Importante: Caso o ofício ocupe mais de uma folha, o
posta entre parênteses depois do número. que acontece quando, em media, não cabe em 17
linhas, o destinatário permanece na primeira folha,
4 - localidade e Data indo para a ultima apenas o signatário.
Coloca-se na mesma linha do número, desde que
haja espaço suficiente, procurando fazer coincidir o Observação: Podem ainda constar no oficio o numero
seu fim com a margem da direita. de anexos e as iniciais do redator e datilógrafo. (Veja
Cuidados especiais com a data: se o esquema.)

Não se devem abreviar partes do nome da


localidade que também não deve ser seguida da 14.7 - Memorando,
sigla do estado.
* O nome do mês não se grafa com letra maiúscula. Memorando
* Entre o milhar e a centena do ano não vai ponto
nem espaço. Pergunta Prova:
* Põe-se o ponto após o ano. Qual diferença entre Oficio e Memorando?
ERRADO - P.Alegre/RS, 18 de Junho de 1.985 Ofício: entre órgãos (de um órgão para outro), no
CERTO - Porto Alegre, 18 de junho de 1985. final tem endereço completo do destinatário.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Memorando: Interno (dentro do órgão), aqui não
precisa endereço pois é interno. O memorando é a modalidade de comunicação entre
unidades administrativas de um mesmo órgão, que
Conceito podem estar hierarquicamente em mesmo nível ou
Comunicação interna utilizada pelas chefias ou em níveis diferentes. Trata-se, portanto, de uma
servidores autorizados, na qual se expõe qualquer forma de comunicação eminentemente interna.
assunto referente à atividade administrativa. Pelas Pode ter caráter meramente administrativo, ou ser
suas características de certa informalidade, o empregado para a exposição de projetos, idéias,
memorando deve ser elaborado com simplicidade e diretrizes, etc. a serem adotados por determinado
concisão. setor do serviço público.

Sua característica principal é a agilidade. A


Forma e estrutura tramitação do memorando em qualquer órgão deve
pautar-se pela rapidez e pela simplicidade de
1. MEMORANDO (caixa alta, por extenso), seguido procedimentos burocráticos. Para evitar
de numeração (seqüencial crescente e anual ). desnecessário aumento do número de
2. Emissor: sigla do setor emitente e respectivas comunicações, os despachos ao memorando devem
vinculações hierárquicas, precedidas por barras, ser dados no próprio documento e, no caso de falta
precedido de Do/Da . de espaço, em folha de continuação. Esse
3. Data: deverá figurar na mesma linha do número e procedimento permite formar uma espécie de
identificação. processo simplificado, assegurando maior
4. Destinatário: menciona-se o cargo ocupado, transparência à tomada de decisões, e permitindo
precedido de À/Ao. que se historie o andamento da matéria tratada no
memorando.
5. Assunto: teor da comunicação. (aceita ementa)
6. Texto: conteúdo do documento, com parágrafos
numerados na margem esquerda do texto, com
exceção do primeiro e o fecho. Forma e Estrutura
7. Fecho: fórmula de cortesia. Respeitosamente,
para autoridades superiores e Atenciosamente, Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo
para autoridades de mesma hierarquia ou do padrão ofício, com a diferença de que o seu
hierarquia inferior. destinatário deve ser mencionado pelo cargo que
8. Nome e cargo do emitente: assinatura do ocupa.
servidor que emitiu o memorando, sobreposta a seu
nome, o cargo e função , apostos a carimbo. Exemplos:
Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração
Validade do documento Ao Sr. Subchefe para Assuntos
 Definida pelo conteúdo. Jurídicos

Publicação
 Não se publica.
14.8 - Ata de reunião,
Observações

1. O memorando deverá ser emitido em 02 (duas) Você certamente já participou de alguma


vias, que serão encaminhadas ao setor de destino, reunião em seu trabalho ou mesmo de uma
o qual reterá o original e devolverá a cópia ao assembléia do condomínio onde reside. Deve ter
emitente, para seu arquivo, fazendo as notado que inicialmente é designado um secretário
observações relativas ao recebimento, na cópia. que deverá lavrara atado encontro. Você sabe o que
2. A assinatura não poderá ficar em página isolada. é e para que serve uma ata?
3. Visto do chefe imediato/superior.
4. Não incluir despacho ou informação no verso do A ata é um documento em que deve constar
documento. um resumo por escrito, detalhando os fatos e as
5. Evitar o uso de rubrica; quando ocorrer, apor resoluções a que chegaram as pessoas convocadas
carimbo para dar conhecimento de quem emitiu o a participar de uma assembléia, sessão ou reunião. A
documento. expressão correta para a redação de uma ata é lavrar
6. Consultar sempre que necessário, a listagem: uma ata.
Organização Hierárquica dos Órgãos da Instituição, Uma das funções principais da ata é historiar,
para a correta utilização das siglas dos órgãos. traçar um painel cronológico da vida de uma
7. No texto do memorando poderá se empregada, a empresa, associação, instituição. Serve como
1ª pessoa do singular ou a 1ª pessoa do plural. documento para consulta posterior, tendo em alguns
casos caráter obrigatório.
Definição e Finalidade

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LÍNGUA PORTUGUESA
Por tratar-se de um documento, a ata deve MODELO DE ATA
seguir algumas normas específicas. Analisemos
algumas delas.
- Deve ser escrito à mão, em livro especial, com as a) Modelos de introdução (partes iniciais)
páginas numeradas e rubricadas. Esse livro deve
conter CONSELHO PENITENCIÁRIO FEDERAL
termo de abertura e encerramento. Ata da 791º Reunião Ordinária
- A pessoa que numerar e rubricar as páginas do
livro deverá também redigir o termo de abertura. Aos dezesseis dias do mês de dezembro do ano de
mil, novecentos e setenta, no quarto andar do Bloco
Termo de Abertura - é a indicação da finalidade do "0" da Avenida L-2, do Setor de Autarquias Sul, na
livro. Este livro contém 120 páginas por mim Sala de Despachos do Procurador-Geral da justiça,
numeradas e rubricadas e se destina ao registro de sob a presidência do Doutor José Júlio Guimarães
atas da Escola Camilo Gama. Lima, reuniu-se o Conselho Penitenciário Federal.
Estiveram presentes os Conselheiros Hélio Pinheiro
Termo de Encerramento - é redigido ao final do da Silva, Elísio Rodrigues de Araújo, Abelardo da
livro, datado e assinado por pessoa autorizada. Silva Comes, Nestor Estácio Azambuja Cavalcanti,
Eu, Norberto Tompsom, diretor do Colégio Camilo Miguel Jorge Sobrinho, Otto Mohn e o Membro
Gama, declaro encerrado este livro de atas. Informante Tenente Pedro Arruda da Silva. Aberta a
Parnaíba, 21 de junho de 1996 Norberto Tompsom sessão, foi lida e, em votação, aprovada a ata da
reunião anterior. Na fase de comunicações, o
- Na ato não deve haver parágrafo, mesmo se Tenente Pedro Arruda da Silva comunicou que, por
tratando de assuntos diferentes, a fim de se evitar força constitucional, voltará para a Polícia Militar do
espaços em branco que possam ser adulterados. Distrito Federal, deixando, assim, a direção do
- Não são admitidas rasuras. Havendo engano, Núcleo de Custódia de Brasília.
usam-se expressões, tais como: aliás, digo, a
seguir
escreve-se o termo correto. Se a incorreção for (DOU de 31-3-1971, p. 2.510)
notada ao final, usa-se a expressão em tempo,
escrevendo-se
em seguida "onde se lê ... leia-se ... ". 14.9 - Relatório,
A ata obedece a uma estrutura fixa e padronizada.
Observe:
RELATÓRIO
Introdução - Deve conter o número e a natureza da
reunião, o horário e a data (completa) escritos por Senhor Diretor Geral
extenso, o local, o nome do presidente da reunião e
dos demais participantes. Encaminhamos a esta Diretoria Geral o presente
Desenvolvimento - Também chamado contexto. relatório das averiguações efetuadas em nosso
Nele deverão estar contidos ordenadamente os departamento com a finalidade de verificar
fatos e decisões da reunião, de forma sintética, irregularidades ocorridas no período de 01 de janeiro
precisa e clara. à 31 de dezembro de 2000.
Comunicamos a Vossa Senhoria que após as
Encerramento - É o fecho, a conclusão. Deverá averiguações efetuadas constatamos o seguinte:
constar a informação de que o responsável, após a 1) As compras efetuadas através de terceiros não
leitura da ata, deu por encerrada a reunião e que o apresentavam valores a maior;
redator a lavrou em tal horário e data. Deverá 2) As notas recebidas de fornecedores não conferem
informar também que se seguem as assinaturas. com as faturas pagas;
3) As mercadorias constantes nas notas foram
Já está sendo aceita atualmente a ata datilografada entregues regularmente ;
depois de encerrada a reunião. Porém, as 4) Os pagamentos foram efetuados de acordo com
anotações são feitas à mão, durante a reunião. as faturas apresentadas;
5) Após comparação entre as notas e as faturas
Ao digitar, todas as linhas da ata devem ser verificou-se uma diferença de R$ 5.000,00;
numeradas e o espaço que sobra à margem direita, 6) Questionamos junto ao fornecedor para repor
deve ser preenchido com pontilhado. mercadorias referente a diferença apresentada.
Modernamente, por se necessitar de maior Junto a este relatório encaminhamos a Vossa
praticidade e rapidez, as empresas vêm Senhoria cópia de toda a documentação necessária a
substituindo a ata por um determinado tipo de ficha. sua apreciação.
É uma ficha prática, fácil de preencher e manusear,
embora não possua o mesmo valor jurídico de uma Sem mais no momento.
ata.
Aguardamos seu despacho.

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Vossa
V. Mag.ª V. Mag.ªs Reitores de Universidades
Fulano de Tal, Magnificência
Chefe de Serviço. Vossa
V. M. V. V. M. M. Reis e Rainhas.
Majestade

14.10 - Expressões de tratamento.

Quando nos dirigimos às pessoas do nosso


Observação importante:
convívio diário utilizamos uma linguagem mais
informal, mais íntima. Ao passo que, se formos nos
dirigir a alguém que possui um prestígio social mais # O pronome de tratamento concorda com o verbo na
alto ou um grau hierárquico mais elevado, 3ª pessoa. Por exemplo: Vossa Senhoria está feliz.
necessariamente temos que utilizar uma linguagem
mais formal. Lembrando que isto prevalece tanto #Quando se referir à 3ª pessoa, o pronome de
para a escrita quanto para a fala. tratamento é precedido de sua:
Sua Majestade, a rainha da Inglaterra, chega hoje
ao Brasil.
Para isto, podemos usufruir de um completo
aparato no que se refere às normas gramaticais e à
maneira correta de como e onde utilizá-las. E
fazendo parte deste aparato, estão os pronomes, os
quais pertencem às dez classes gramaticais e
possuem a função de acompanhar ou substituir o
nome, ou seja, o próprio substantivo, relacionando-
o à pessoa do discurso.

De acordo com a classificação, os mesmos


classificam-se em: pronomes pessoais,
possessivos, demonstrativos, indefinidos,
interrogativos e relativos.
Em se tratando dos pronomes pessoais, eles se
subdividem em: retos, oblíquos e de tratamento.

Especificamente, iremos conhecer um pouco mais


sobre os pronomes de tratamento. É importante
lembrarmos que eles representam a forma pela
qual nos atribuímos às pessoas, como já foi dito
anteriormente. São eles:

Pronomes de Abreviatura Abreviatura


Usados para:
tratamento Singular Plural
Você V. VV. Pessoas familiares, íntimas
Pessoas com as quais
Senhor, mantemos um certo
Sr, Srª Srs; Srªs.
Senhora distanciamento mais
respeitoso
Pessoas com um grau de
prestígio maior. Usualmente,
Vossa os empregamos em textos
Vossa Senhoria V. Sªs
Senhoria escritos, como:
correspondências, ofícios,
requerimentos, etc.
Usados para pessoas com
alta autoridade, como:
Vossa
V. Exª V. Exªs Presidente da República,
Excelência
Senadores, Deputados,
Embaixadores, etc.
Vossa
V. Emª V. Emªs Usados para Cardeais.
Eminência
Vossa Alteza V. A. V. V. A. A. Príncipes e duques.
Vossa
V.S. - Para o Papa.
Santidade
Vossa Sacerdotes e Religiosos em
V. Rev.mª V. Rev.mªs
Reverendíssima geral.
Vossa Superiores de Ordens
V. P. V.V. P.P.
Paternidade Religiosas.

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composição, afirma‐se que se caracteriza como
um texto em que há, predominantemente,
A) registro textual de fatos e de saberes da realidade.
B) preocupação com a forma da linguagem
objetivando a interpretação pessoal.
C) estruturas circunstanciais que indicam ações de
agentes no tempo e no espaço.
Texto para responder às questões de 01 a D) apresentação e posicionamento referente a uma
04. reflexão teórica sobre um fato.

Recomeçar 02- O texto apresenta elementos suficientes para


a construção da coerência global constituída de:
Recomeçar nunca é um começo novo. Não coerência sintática, semântica, temática e
é, tampouco, um retorno ao mesmo ponto. “Voltar é pragmática. Considerando os conceitos e os
quase sempre partir para outro lugar”, canta o conhecimentos acerca da coerência textual, é
Samba do amor, parceria de Paulinho da Viola, correto o que se afirma em:
Elton Medeiros e Hermínio Bello de Carvalho. Não
só porque na vida nunca se conseguiria reproduzir A) O texto apresenta coerência independente do
exatamente as mesmas condições da experiência, público a que se destina, tendo em vista suas
se retomássemos o caminho. As representações construções e estruturas
que criamos do mundo se encastelam em nós não gramaticais.
porque nos determinam, mas porque B) A coerência não está no texto, ela é construída em
desenvolvemos as mesmas atitudes humanas ante um processo de interação, baseado nas pistas dadas
a resistência do mundo; criamos representações e nos
que retornam para nós, recorrentes, como se nos conhecimentos existentes.
respondessem – e respondendo, nos moldassem. C) A relação entre o título e o conteúdo do texto
demonstra a necessidade de ajustes de coesão para
A linguagem é um tópico de repetição (precisa ser que a coerência
redundante até um limite ou não efetua base para a textual não seja prejudicada.
socialização), mas em sistemática insubordinação à D) A construção da coerência no texto é propiciada
repetição. Palavras não estão para as coisas como por determinadas rupturas propositais que ocorrem a
reflexo direto. Raciocínios não estão para as partir do 3º
pessoas como exatidão da personalidade. Rever a parágrafo, rupturas que já são esperadas nesse
si mesmo depois de imerso no mar do mundo, da gênero textual.
vida que cresce e nos supera, não é mais olhar
para si, não é reconhecer‐se naquilo que se 03 - Acerca do trecho “Recomeçar nunca é um
acreditava identificar, nem retomar a ser o que era começo novo. Não é, tampouco, um retorno ao
ou partir para o mesmo lugar de onde veio. É mesmo ponto.” (1º§), é correto afirmar em
encontrar outra coisa. referência às figuras retóricas vistas do ângulo da
enunciação que
Esse também é o desafio de quem estuda a A) os aspectos contraditórios se associam na
linguagem. Ela pede um modo de estudo que, para caracterização do referente “recomeçar”.
ser estimulante, requer um tipo de pensar que não B) a contradição estabelecida através do enunciado
avance sobre o objeto com certezas absolutas, poderia ser eliminada ocultando‐se “tampouco”.
portanto não imagine uma relação exterior a ser C) está presente o sentido oposto ao literal através
mantida com ele, mas a vivência que nele do uso de vocábulos tais como “nunca” e “começo”.
aprofunda. Uma mente ciosa em não classificar o D) o posicionamento do autor pode ser visto através
certo e o errado, mas em compreender, assume da caracterização do sentido de atenuação,
uma forma de conduzir (a dúvida) sem impor, diminuição.
menos preocupada em saber de onde se saiu ou se
deve chegar, mas atenta ao caminho – e consciente
de que o caminho já vivido jamais será repetido.
Para bem encontrar o dado para provar o que
quero, preciso um tanto de desistência em
encontrar, para então perceber como o dado ressoa
em mim e no mundo.
(PEREIRA JUNIOR, Luiz Costa. Recomeçar. Língua
Portuguesa, São Paulo: Segmento, 115. ed. maio/2015.)

01 - De acordo com a sequência subjacente ao


texto, definida pela natureza linguística de sua

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04 - O esquema a seguir demonstra os Texto para responder às questões 05 e 06.
elementos que fazem parte no processo da Polifonia do silêncio
comunicação: Sobre o silêncio vivo e o silêncio morto de nossos
dias.
Dizer que o silêncio é polifônico pode parecer uma
frase de efeito. De fato, assim como o escuro não é a
ausência
de luz, o silêncio não é a ausência de som. Uma
história natural do silêncio precisaria rememorar os
sons que ainda
carregam silêncio: o barulho das ondas do mar, o
vento que tangencia as paredes, o riso das crianças
brincando, o canto
de um pássaro, a respiração de um animal que
A cada um desses elementos há um dorme, uma pedra que rola, uma palavra pronunciada
correspondente quanto à função linguística, ou poeticamente.
função de linguagem, presente na (TIBURI, Marcia. Polifonia do silêncio. Cult. São
comunicação. Considerando tal informação, Paulo: Bregantini. 201. ed.)
assinale o texto a seguir cuja função de
linguagem predominante
exemplifica a mesma vista, também de forma 05 - A significação das figuras de linguagem não
predominante, em “Recomeçar”: ocorre de forma isolada ou independente. Está
relacionada ao contexto situacional e linguístico
A) Epígrafe em que ocorre, ou seja, o texto em análise.
Sou bem‐nascido. Menino, Considerando o título do texto é correto afirmar
Fui, como os demais, feliz. que
Depois, veio o mau destino A) a autora utiliza o exagero para enfatizar a
E fez de mim o que quis. informação apresentada.
[...] B) a autora utiliza a incoerência aparente como
legitimidade para seu discurso.
(BANDEIRA, Manuel. Seleta em prosa e verso. 4. ed. Rio de C) há uma reunião de expressões que se sucedem
Janeiro: José Olympio, 1986.) segundo uma lógica semântica progressiva.
D) constitui‐se a partir de uma redundância,
B) “De tudo, ao meu amor serei atento funcionando como reforço de retomada da
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto informação.
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.” 06 - A forma verbal “precisaria” constitui no
enunciado a apresentação de uma ação que
(Vinicius de Moraes, “Antologia Poética”, Editora do Autor, indica
Rio de Janeiro, 1960, pág. 96.)
A) um fato futuro duvidoso.
C) Epitáfio para um banqueiro B) a possibilidade de um fato passado.
negócio C) um fato posterior a certo momento do passado.
ego D) um fato futuro certo, mas ainda dependente de
ócio certa condição.
cio Texto para responder às questões de 07 a 10.
0
(PAES, José Paulo. in Poesia Brasileira do Século XX, dos
Modernistas à Actualidade, Selecção.)

D) Catar Feijão
Catar feijão se limita com escrever:
joga‐se os grãos na água do alguidar
e as palavras na folha de papel;
e depois, joga‐se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo:
pois para catar esse feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco.

(NETO, João Cabral de Melo. Obra Completa, Rio de Janeiro:


Nova Aguilar, 1999.)

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(Quino. Mafalda aprende a ler. São Paulo: Martins Fontes, 1999. p. 38.)

07 - Considerando‐se a finalidade da interação


verbal e o gênero discursivo apresentado, é B) o diálogo estabelecido entre os textos evidencia as
correto afirmar que preocupações e questionamentos existentes na
A) entre enunciados equivalentes existe a mesma sociedade acerca da passagem do tempo.
intencionalidade que demonstra uma quebra na
sequência linear na ordenação dos fatos. C) há um afastamento dialógico entre o
B) os elementos verbais apresentam prioridade posicionamento da autora no trecho selecionado do
para a construção do sentido, enfatizando‐se a artigo e a reação dos personagens na tira em análise.
devida adequação à norma padrão da língua. D) a tira apresenta um nível de questionamento
C) na produção do discurso em análise, há inferior ao apresentado no trecho do artigo por
elementos que se sobrepõem a outros, conferindo constituir‐se através de enunciados curtos em que há
destaque ao veículo e ao suporte do texto o imbricamento entre o verbal e não verbal.
apresentado.
D) a construção do sentido depende não só de
elementos verbais do enunciado, mas também de 09 - Em relação à coerência construída através
extraverbais, numa complementação entre duas dos elementos da tira apresentada, acerca do
linguagens distintas. último quadrinho, é correto afirmar que
A) a partir de sua exclusão mantém‐se a construção
08 - Trecho de artigo publicado em edição de coerência e de sentido iniciais.
impressa de VEJA: “Muitos gostariam de ficar B) os elementos apresentados não só confirmam,
para sempre embalsamados em seus 20 ou 30 mas intensificam o enunciado do primeiro quadrinho.
anos. Ou ter aos 60, ‘alma jovem’, o que acho C) recorrendo aos conhecimentos sociocognitivos
muito discutível, pois deve ser bem melhor ter interacionalmente constituídos, é possível reconhecer
na maturidade ou na velhice uma alma o sentido por ele expresso.
adequada, o que não significa mofada e D) nenhuma forma de interação com o autor pode ser
áspera”. (LUFT, Lya. Disponível em: estabelecida, mediante a utilização de um único tipo
http://veja.abril.com.br. Acesso em maio de 2015.) de linguagem: a não verbal.

Considerando o fragmento apresentado em 10 - No estudo dos tempos verbais, é possível


relação à tira examinada anteriormente, é que ocorra uma exploração sistemática em
correto afirmar que relação ao presente do indicativo. No 2º
quadrinho, em “Temos uma filha que já vai para a
escola!”, o aspecto verbal na segunda oração
A) há um confronto entre os gêneros textuais em
indica
análise devido à forma como os respectivos
A) marcação momentânea da ação expressa.
enunciados se manifestam.
B) probabilidade do fato causando ansiedade e
insegurança.
C) duas possibilidades: presente habitual ou fato
posterior certo.
D) aspecto resultativo ou consecutivo, de acordo com
o conteúdo apresentado.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Texto para responder às questões de 11 a 17.
A minha glória literária 11 - Partindo‐se do questionamento: “Quais as
consequências pedagógicas das concepções de
“Quando a alma vibra, atormentada...” linguagem para o trabalho em sala de aula?”, o
quadro apresentado no texto pelo autor nos dois
Tremi de emoção ao ver essas palavras últimos parágrafos demonstra
impressas. E lá estava o meu nome, que pela A) a mediação do professor com o objetivo de
primeira vez eu via em letra de forma. O jornal era conduzir o aluno no processo de construção do
O Itapemirim, órgão oficial do Grêmio Domingos conhecimento linguístico.
Martins, dos alunos do Colégio Pedro Palácios, de B) a construção do conhecimento dialogicamente,
Cachoeiro de Itapemirim, Estado do Espírito Santo. buscando a criatividade e a criticidade do aluno em
relação a sua produção textual.
O professor de Português passara uma C) o saber como um produto já estabelecido e com
composição: A Lágrima. Não tive dúvidas: peguei a sentido único, excluindo‐se novas possibilidades ou
pena e me pus a dizer coisas sublimes. Ganhei 10, qualquer ato de mediação referente ao processo em
e ainda por cima a composição foi publicada no questão.
jornalzinho do colégio. Não era para menos: D) um professor no papel de detentor do saber que
sinaliza ao aluno acerca de escolhas inconsistentes
“Quando a alma vibra, atormentada, às na construção textual utilizando recursos que o levam
pulsações de um coração amargurado pelo peso da à reflexão e ao questionamento.
desgraça, este, numa explosão irremediável, num
desabafo sincero de infortúnios, angústias e 12 - Considerando a função sintática exercida
mágoas indefiníveis, externa‐se, oprimido, por uma pelas palavras na construção das orações,
gota de água ardente como o desejo e consoladora identifique a seguir o excerto em que o termo ou
como a esperança; e esta pérola de amargura expressão diferencia‐se dos demais quanto ao
arrebatada pela dor ao oceano tumultuoso da alma aspecto sintático.
dilacerada é a própria essência do sofrimento: é a A) “E lá estava o meu nome, [...]” (2º§)
lágrima.” (...) B) “[...] peguei a pena e me pus a dizer coisas
sublimes.” (3º§)
Foi logo depois das férias de junho que o C) “[...] daquela vez o senhor Braga o havia
professor passou nova composição: Amanhecer na decepcionado, [...]” (7º§)
Fazenda. D) “[...] e repeti o mesmo zurro com um advérbio de
modo, [...]” (6º§)
Ora, eu tinha passado uns quinze dias na
Boa Esperança, fazenda de meu tio Cristóvão, e Trecho do texto “A minha glória literária” para
estava muito bem informado sobre os amanheceres responder às questões de 13 a 17.
da mesma. Peguei da pena e fui contando com a “Quando a alma vibra, atormentada, às pulsações de
maior facilidade. Passarinhos, galinhas, patos, uma um coração amargurado pelo peso da desgraça,
negra jogando milho para as galinhas e os patos, este, numa explosão irremediável, num desabafo
um menino tirando leite da vaca, vaca mugindo... sincero de infortúnios, angústias e mágoas
e, no fim, achei que ficava bonito, para fazer indefiníveis, externa‐se, oprimido, por uma gota de
“pendant” com essa vaca mugindo (assim como água ardente como o desejo e consoladora como a
“consoladora como a esperança” combinara com esperança; e esta pérola de amargura arrebatada
“ardente como o desejo”), um “burro zurrando”. pela dor ao oceano tumultuoso da alma dilacerada é
Depois fiz parágrafo, e repeti o mesmo zurro com a própria essência do sofrimento: é a lágrima.” (...)
um advérbio de modo, para fecho de ouro: “Um (4º§)
burro zurrando escandalosamente”.
13 - Acerca da estrutura textual e suas relações
Foi minha desgraça. O professor disse que funcionais vistas no trecho anterior, é correto
daquela vez o senhor Braga o havia decepcionado, afirmar que
não tinha levado a sério seu dever e não merecia A) a representação da coexistência de fatos é
uma nota maior do que 5; e para mostrar como era corretamente indicada pela conjunção “e” em “e esta
ruim minha composição leu aquele final: “um burro pérola de amargura”.
zurrando escandalosamente”. B) a relação de causa e de efeito expressa por
“quando” em “Quando a alma vibra” consiste no
Foi uma gargalhada geral dos alunos, uma desenrolar paralelo de dois fatos.
gargalhada que era uma grande vaia cruel. Sorri C) em “Quando a alma vibra”, há um indicador
amarelo. Minha glória temporal introduzindo um fato que serve de
literária fora por água abaixo. argumento para uma conclusão.
(BRAGA, Rubem. Ai de Ti Copacabana, São Paulo: Record,
1996.) D) em “e esta pérola de amargura” o “e” liga orações
que expressam fatos cronologicamente
sequenciados, associados numa relação de causa e
efeito.
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14 Em atendimento ao gênero textual proposto utilização de um recurso estilístico. A direção
pelo professor, “redação (composição) escolar”, para tal teria sido
a adequação quanto à linguagem ocorre através A) aproximação de palavras cujo sentido denota
do emprego da norma padrão. Analise as oposição.
afirmativas a seguir. B) uma comparação mental em que há o desvio da
I. No trecho “externa‐se, oprimido, por uma gota de significação própria de uma palavra.
água” o termo “oprimido” estabelece com seu C) nexos comparativos colocando em confronto
referente, “um coração amargurado”, uma pessoas ou coisas destacando‐lhes semelhanças
correspondência de flexões. visando a um efeito
II. Há incorreção em “num desabafo sincero de expressivo.
infortúnios” quanto à concordância entre a forma D) transferência de percepções da esfera de um
singular de “desabafo” e a variação referente ao sentido para a de outro, resultando uma fusão de
plural em “infortúnios”. impressões sensoriais
III. Em “ardente como o desejo e consoladora como de grande poder sugestivo.
a esperança”, caso os adjetivos “ardente” e
“consoladora” tivessem trocadas entre si as Texto para responder às questões de 18 a 26.
posições ocupadas na frase, a desinência de
gênero de “consoladora” seria alterada. Um em cada três brasileiros já comprou produto
contrabandeado, diz pesquisa
Está(ão) correta(s) apenas a(s) afirmativa(s)
A) I. B) III. C) I e II. D) II e III.
Principal motivo é preço, mas 92% deixariam
pirataria se produto brasileiro fosse mais barato.
15 - As modalidades podem ser expressas por
meios lexicais ou por meios gramaticais. Todas Um em cada três consumidores brasileiros já
as palavras lexicais podem manifestar comprou alguma mercadoria contrabandeada e a
modalidades. Assinale a alternativa que, em principal razão para a prática é o custo menor
relação às alterações sugeridas, tem em seu relacionado a esses produtos. A constatação está em
aspecto o sentido diferente das demais: uma pesquisa do Datafolha divulgada nesta
A) “numa explosão irremediável” por “numa segunda‐feira (25).
explosão necessária”.
B) “angústias e mágoas indefiníveis” por “angústias Para 53% dos entrevistados ouvidos, o preço
e mágoas possíveis”. dos produtos ilegais é a principal vantagem, seguido
C) “desabafo sincero de infortúnios” por “desabafo do fato de a mercadoria contrabandeada não pagar
indispensável de infortúnios”. imposto (9%).
D) “oceano tumultuoso da alma dilacerada” por
“oceano indesejável da alma dilacerada”. O terceiro e o quarto motivos são a facilidade
em adquirir os produtos (3%) e quem vende tem
16 - Considerando‐se que a referenciação muito lucro, compra no atacado e vende no varejo
constitui uma atividade discursiva, acerca dos (3%), respectivamente. Para 37%, porém, não há
recursos referenciais utilizados, é correto nenhuma vantagem em consumir produtos
afirmar que contrabandeados.
A) como recurso de ordem gramatical é utilizado o
pronome “este” em “este, numa explosão A pesquisa ouviu 2.401 pessoas, com 16
irremediável,”. anos ou mais, entre os dias 22 e 24 de abril deste
B) o referente principal “desabafo sincero” é ano em todas as regiões do País. A margem de erro
retomado por “de infortúnios, angústias e mágoas da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais
indefiníveis”. ou para menos.
C) a expressão “gota de água ardente” tem seu
sentido plenamente construído somente a partir de Embora o preço seja um impulso para esse
uma realidade consumo, a população aponta como principal
extralinguística. desvantagem dos produtos contrabandeados a falta
D) “gota de água”, “pérola de amargura” e “oceano de qualidade, garantia e procedência confiável.
tumultuoso” atuam como hipônimos de “lágrima” de
modo a A principal desvantagem apontada pelos
entrevistados é a qualidade (43%), seguida por falta
antecipar as especificações textuais.
de garantia (33%), o fato de ser ilegal (18%),
sonegação de impostos (8%), prejuízos à economia
17 - Hipoteticamente, suponhamos que a do País (6%), falta de confiança na procedência (3%)
construção do trecho “uma gota de água e preço (1%). Outros 8% não souberam responder.
ardente como o desejo e consoladora
como a esperança” tenha sido feita em Diante desse cenário, 92% dos entrevistados
atendimento a uma exigência do professor na disseram que deixariam de comprar mercadorias

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LÍNGUA PORTUGUESA
contrabandeadas se os preços dos produtos pessoas, pauta‐se por relatar fatos condicionados ao
brasileiros fossem mais baixos. interesse do público em geral, a linguagem é objetiva
e precisa.
A principal porta de entrada dos produtos
contrabandeados no Brasil é a cidade de Foz do Está(ão) correta(s) apenas a(s) afirmativa(s)
Iguaçu (PR) — informação dada aos entrevistados. A) I. B) III. C) I e II. D) II e III.
Diante disso, eles apontaram como o principal
responsável pelo contrabando o governo federal, 21 - Tendo em vista os processos de formação
com 48%. de palavras, em “a população aponta como
principal desvantagem” (5º§), o vocábulo em
Em segundo lugar ficou o consumidor destaque é formado através do processo de
brasileiro, que compra o produto ilegal, com 28%. derivação prefixal. Tal conhecimento, ao ser
Na terceira colocação aparece o governo do trazido ao contexto da sala de aula, tem por
Paraguai, com 17%, seguido pelo governo do objetivo
Paraná, com 6%. A) possibilitar mudanças na língua referentes ao seu
uso diário.
(Disponível em: B) contribuir para a construção e consolidação da
http://noticias.r7.com/economia/um‐em‐cada‐tres‐brasileiros
competência lexical da língua.
‐ja‐comprou‐produto‐contrabandeado‐diz‐pesquisa‐2505201
5. C) sinalizar que há vocábulos cujo entendimento está
Acesso em maio de 2015.) centrado na pura decodificação.
D) estabelecer o pleno domínio dos mecanismos de
produção e de compreensão de palavras.
18 - Tendo em vista o gênero textual
apresentado e as características estruturais que 22 - A modalização diz respeito à expressão das
o compõem, é correto afirmar quanto à intenções e pontos de vista do enunciador.
linguagem utilizada que, predominantemente, Através da declaração dada pelos entrevistados
possui aspecto em: “Diante desse cenário, 92% dos
A) conotativo, revelando um juízo de valor de forma entrevistados disseram que deixariam de comprar
específica. mercadorias contrabandeadas se os preços dos
B) denotativo, em que o conhecimento do léxico é produtos brasileiros fossem mais baixos.” (7º§), é
de natureza coletiva. possível reconhecer que
C) denotativo, na medida em que o significado das A) há uma proposta atrelada a determinada condição.
palavras é dependente da situação comunicativa. B) a ação vista como indesejada comprova‐se a partir
D) conotativo, em que o efeito de sentido é causado de uma necessidade.
pela associação entre a palavra e determinada C) a declaração de certa condição denota a certeza
experiência cultural. de que tal exigência será possibilitada.
D) existe obrigatoriedade de que uma condição seja
19 - Em “Para 37%, porém, não há nenhuma atendida para que o atual quadro seja mantido.
vantagem em consumir produtos
contrabandeados.” (3º§), a conjunção “porém” 23 - Tendo em vista que um termo “A” rege um
apresenta como efeito discursivo termo “B” sempre que a presença de “B” no
A) realce a todas as ideias do enunciado. contexto da oração depende da presença de “A”
B) a continuação lógica do raciocínio iniciado (AZEREDO, José Carlos. Gramática Houaiss da
anteriormente. Língua Portuguesa), analise as considerações a
C) a expressão de uma relação de contraste entre seguir e assinale a alternativa correta.
duas ideias. A) A fusão da preposição “por” com o artigo definido
em “principal responsável pelo contrabando” (8º§)
D) a elevação do grau de formalismo da língua,
provoca ênfase quanto ao sentido produzido pelo
caracterizando um uso ultraformal.
termo regente.
B) A substituição do termo destacado em “vantagem
20 - Analise as afirmativas a seguir. em consumir produtos contrabandeados.” (3º§) pela
I. Os fatos da realidade apresentados se estruturam preposição “por” é aceitável e adequada não
em torno de um ponto de vista e da argumentação havendo alteração de sentido.
em sua defesa. C) A substituição da forma verbal presente em
II. Veiculado em revistas ou jornais, o conteúdo “Embora o preço seja um impulso para esse
consta de acontecimentos de ordem econômica que consumo” (5º§) por “obedeça” permite que uma nova
servem de base relação seja estabelecida entre o termo regente e o
para a construção da crítica apresentada. termo regido.
III. O texto apresenta características específicas de D) Em “relacionado a esses produtos” (1º§) caso o
um gênero veiculado em jornais, com o propósito termo regido fosse substituído por elemento de
de informar as gênero feminino, mas a variação apresentada quanto
ao número fosse mantida, a ocorrência do acento
indicador de crase seria necessária.

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LÍNGUA PORTUGUESA
24 - “Em segundo lugar ficou o consumidor 27 - A preocupação em relação ao tempo
brasileiro, que compra o produto ilegal, com passado na internet pode ser confirmada e
28%. Na terceira colocação aparece o governo validada através
do Paraguai, com 17%, seguido pelo governo do A) da falta de entendimento entre os personagens.
Paraná, com 6%.” (9º§) Considerando “o B) da transcrição da variedade linguística utilizada
consumidor brasileiro” como primeiro termo em tal ambiente referido na charge.
sintático e “que” como segundo termo sintático, C) da omissão de um dos personagens quanto ao
é correto afirmar que seu posicionamento diante da situação apresentada.
A) ambos exercem a mesma função sintática no D) da inadequação quanto à variedade linguística
segmento em análise. utilizada pelos personagens adultos no diálogo
B) o segundo termo sintático desempenha um papel estabelecido.
de complemento do primeiro termo sintático.
C) cada termo possui uma função sintática distinta, 28 - O uso da primeira pessoa do plural na fala da
apesar de o segundo ser uma anáfora do primeiro. mulher demonstra
A) preocupação excessiva.
D) “que” apresenta‐se como base a que se anexa
B) ênfase no controle da situação.
“o consumidor brasileiro” constituindo expansão do
C) exclusão de individualização quanto à
núcleo.
preocupação apresentada.
D) inserção da preocupação dos adultos em geral em
25 - Quanto à constituição do período “Embora relação ao comportamento dos filhos.
o preço seja um impulso para esse consumo, a
população aponta como principal desvantagem 29 - A utilização de uma escrita de acordo com a
dos produtos contrabandeados a falta de norma padrão pelo garoto conferiria
qualidade, garantia e procedência confiável.” A) ênfase à variedade de prestígio social.
(5º§) É correto afirmar que B) adequação linguística ao gênero textual
A) constitui‐se de duas orações coordenadas e uma apresentado.
subordinada. C) perda do efeito de humor provocado pela
B) há duas orações independentes sem qualquer construção apresentada.
conectivo que as una. D) eliminação da crítica feita ao preconceito em
C) o conteúdo da segunda oração é adicionado ao relação às variedades linguísticas de modo geral.
da primeira de forma assindética.
D) a relação concessiva é corretamente expressa
pela conjunção “embora” que introduz uma 30 - Paulo Freire, o mentor da educação para a
informação real. consciência
O mais célebre educador brasileiro, autor da
26 - Ainda com relação ao período destacado
pedagogia do oprimido, defendia como objetivo da
na questão anterior, é correto afirmar que a
escola ensinar o aluno a “ler o mundo” para poder
conjunção “embora” pode ser substituída, sem
transformá‐lo.
que haja prejuízo quanto ao sentido produzido, (Disponível em:
pela locução http://revistaescola.abril.com.br/formacao/mentor ‐educacao‐c
onsciencia‐423220.shtml. Acesso em maio de 2015.)
A) visto que. B) dado que. C) apesar de. D) em vez
de. A reescrita do subtítulo que atende ao comando
de manter o sentido original apresentado sem
Texto para responder às questões de 27 a 29. que haja qualquer prejuízo quanto à norma
padrão é:
A) Ensinar o aluno a “ler o mundo” para poder o
transformar, este era o objetivo do mais célebre
educador brasileiro, autor da pedagogia do oprimido.
B) A leitura para transformação do mundo é um dos
principais objetivos da escola na visão de um célebre
educador brasileiro, autor da pedagogia do oprimido.
C) Como autor da pedagogia do oprimido, o mais
ilustre educador brasileiro defendia que o objetivo da
escola é ensinar o aluno a transformar o mundo
através da sua leitura.
D) Um dos mais célebres educadores brasileiros,
autores da pedagogia do oprimido, defendia como
(Disponível em: www.cartunista.com.br/abtanteriores.html. objetivo da escola ensinar o aluno a “ler o mundo”
Acesso em maio de 2015.) para poder transformá‐lo.

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LÍNGUA PORTUGUESA

GABARITO:

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LEGISLAÇÃO ATUALIZADA 2018

SEDUC/PA 2018
LEGISLAÇÃO ATUALIZADA 2018

1. Lei nº 5.810, de 24 de Janeiro de 1994 : ....................................................................................................... 2


Dispõe sobre o Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos Civis da Administração Direta, das Autarquias e
das Fundações Públicas do Estado do Pará...........................................................................................................2

2. Lei Estadual nº 7442/210 : .............................................................................................................................. 26


Dispõe sobre o Plano de Cargos, Carreira e Remuneração dos Profissionais da Educação Básica da Rede
Pública de Ensino do Estado do Pará e dá outras providências ...........................................................................26.

3 . EXERCÍCIOS: ..................................................................................................................................................32.

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LEGISLAÇÃO SEDUC-PA 2018
TÍTULO II
DO PROVIMENTO, DO EXERCÍCIO, DA CARREIRA
E DA VACÂNCIA
Capítulo I
Do Provimento
Art. 5° Os cargos públicos serão providos
por:
I - nomeação;
LEI N°5.810, DE 24 DE JANEIRO DE 1994
II - promoção;
Dispõe sobre o Regime Jurídico Único dos
Servidores Públicos Civis da Administração Direta, III - reintegração;
das Autarquias e das Fundações Públicas do
Estado do Pará. IV - transferência;

A Assembleia Legislativa do Estado do V - reversão;


Pará estatui e eu sanciono a seguinte lei: VI - aproveitamento;
TÍTULO I VII - readaptação;
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES VIII - recondução.
Art. 1° Esta lei institui o Regime Jurídico Capítulo II
Único e define os direitos, deveres, garantias e
vantagens dos Servidores Públicos Civis do Estado, Da Nomeação
das Autarquias e das Fundações Públicas. Seção I
Parágrafo único. As suas disposições Das Formas de Nomeação
aplicam-se aos servidores dos Poderes Executivo,
Legislativo e Judiciário, do Ministério Público e dos Art. 6°A nomeação será feita:
Tribunais de Contas. I - em caráter efetivo, quando exigida a prévia
Art. 2°Para os fins desta lei: habilitação em concurso público, para essa forma de
provimento;
I - servidor é a pessoa legalmente investida
em cargo público; II - em comissão, para cargo de livre
nomeação e exoneração, declarado em lei.
II - cargo público é o criado por lei, com
denominação própria, quantitativo e vencimento Parágrafo único. A designação para o
certos, com o conjunto de atribuições e exercício de função gratificada recairá,
responsabilidades previstas na estrutura exclusivamente, em servidor efetivo.
organizacional que devem ser cometidas a um Art. 7° Compete aos Poderes Executivo,
servidor; Legislativo e Judiciário, ao Ministério Público e aos
III - categoria funcional é o conjunto de Tribunais de Contas na área de sua competência,
cargos da mesma natureza de trabalho; IV - grupo prover, por ato singular, os cargos públicos.
ocupacional é o conjunto de categorias funcionais Art. 8° O ato de provimento conterá,
da mesma natureza, escalonadas segundo a necessariamente, as seguintes indicações, sob pena
escolaridade, o nível de complexidade e o grau de de nulidade e responsabilidade de quem der a posse:
responsabilidade;
I - modalidade de provimento e nome
Parágrafo único. Os cargos públicos serão completo do interessado;
acessíveis aos brasileiros que preencham os
requisitos do art. 17, desta lei. II - denominação de cargo e forma de
nomeação;
Art. 3° É vedado cometer ao servidor
atribuições e responsabilidades diversas das III - fundamento legal.
inerentes ao seu cargo, exceto participação Seção II
assentida em órgão colegiado e em comissões
legais. Do Concurso

Art. 4° Os cargos referentes a profissões Art. 9° A investidura em cargo de provimento


regulamentadas serão providos unicamente por efetivo depende de aprovação prévia em concurso
quem satisfizer os requisitos legais respectivos. público de provas ou de provas e títulos, observado o
disposto no art. 4°. desta lei.

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LEGISLAÇÃO SEDUC-PA 2018
Art. 10. A aprovação em concurso público V - participação de um representante do
gera o direito à nomeação, respeitada a ordem de Sindicato dos Trabalhadores ou de Conselho
classificação dos candidatos habilitados. Regional de Classe das categorias afins na comissão
organizadora do concurso público ou processo
§ 1° Terá preferência para a ordem de
seletivo. (NR)
classificação o candidato já pertencente ao serviço
público estadual e, persistindo a igualdade, aquele § 1º Será publicada lista geral de
que contar com maior tempo de serviço público ao classificação contendo todos os candidatos
Estado aprovados e, paralela e concomitantemente, lista
própria para os candidatos que concorreram às
§ 2° Se ocorrer empate de candidatos não
vagas reservadas aos deficientes. (NR)
pertencentes ao serviço público do Estado, decidir-
se-á em favor do mais idoso. § 2º Os candidatos com deficiência
aprovados e incluídos na lista reservada aos
Art. 11. A instrumentação e execução dos
deficientes serão chamados e convocados
concursos serão centralizadas na Secretaria de
alternadamente a cada convocação de um dos
Estado de Administração, no âmbito do Poder
candidatos chamados da lista geral até
Executivo, e nos órgãos competentes dos Poderes
preenchimento do percentual reservado às pessoas
Legislativo e Judiciário, do Ministério Público, e dos
com deficiência no edital do concurso. (NR)
Tribunais de Contas.
§ 3º Equipe multiprofissional avaliará a
§ 1° O conteúdo programático, para
compatibilidade entre as atribuições do cargo e a
preenchimento de cargo técnico de nível superior
deficiência do candidato durante o estágio
poderá ser elaborado pelo órgão solicitante do
probatório.(NR)
concurso.
Art. 15. A administração proporcionará aos
§ 2° O concurso público será realizado,
portadores de deficiência, condições para a
preferencialmente, na sede do Município, ou na
participação em concurso de provas ou de provas e
região onde o cargo será provido.
títulos. Parágrafo único. Às pessoas portadoras de
§ 3° Fica assegurada a fiscalização do deficiência é assegurado o direito de inscrever-se em
concurso público, em todas as suas fases, pelas concurso público para provimento de cargo cujas
entidades sindicais representativas de servidores atribuições sejam compatíveis com a deficiência de
públicos. que são portadoras, às quais serão reservadas até
20% (vinte por cento), das vagas oferecidas no
Art. 12. As provas serão avaliadas na
concurso.
escala de zero a dez pontos, e aos títulos, quando
afins, serão atribuídos, no máximo, cinco pontos. Seção III
Parágrafo único. As provas de título, Da Posse
quando constantes do Edital, terão caráter
Art. 16. Posse é o ato de investidura em
meramente classificatório.
cargo público ou função gratificada. Parágrafo único.
Art. 13. O Edital do concurso disciplinará os Não haverá posse nos casos de promoção e
requisitos para a inscrição, o processo de reintegração.
realização, os critérios de classificação, o número
Art. 17. São requisitos cumulativos para a
de vagas, os recursos e a homologação.
posse em cargo público:
Art. 14. Na realização dos concursos, serão
I - ser brasileiro, nos termos da Constituição;
adotadas as seguintes normas gerais:
II - ter completado 18 (dezoito) anos;
I - não se publicará Edital, na vigência do
prazo de validade de concurso anterior, para o III - estar em pleno exercício dos direitos
mesmo cargo, se ainda houver candidato aprovado políticos;
e não convocado para a investidura, ou enquanto
IV - ser julgado apto em inspeção de saúde
houver servidor de igual categoria em
realizada em órgão médico oficial do Estado do Pará;
disponibilidade;
V - possuir a escolaridade exigida para o
II - poderão inscrever-se candidatos até 69
exercício do cargo;
anos de idade;
VI - declarar expressamente o exercício ou
III - Os concursos terão a validade de até
não de cargo, emprego ou função pública nos órgãos
dois anos, a contar da publicação da homologação
e entidades da Administração Pública Estadual,
do resultado, no Diário Oficial, prorrogável
Federal ou Municipal, para fins de verificação do
expressamente uma única vez por igual período.
acúmulo de cargos. (NR)
(NR)
VII - a quitação com as obrigações eleitorais
IV - Comprovação, no ato da posse, dos
e militares;
requisitos previstos no edital. (NR)

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LEGISLAÇÃO SEDUC-PA 2018
VIII - não haver sofrido sanção impeditiva garantida a última colocação dentre os classificados
do exercício de cargo público. no correspondente concurso público. (NR)
Art. 18. A compatibilidade das pessoas Seção IV
portadoras de deficiência, de que trata o art. 15,
Do Exercício
parágrafo único, será declarada por junta especial,
constituída por médicos especializados na área da Art. 23. Exercício é o efetivo desempenho
deficiência diagnosticada. das atribuições e responsabilidade do cargo.
Parágrafo único. Caso o candidato seja Art. 24. Compete ao titular do órgão para
considerado inapto para o exercício do cargo, perde onde for nomeado o servidor, dar-lhe o exercício.
o direito à nomeação. (NR)
Art. 25. O exercício do cargo terá início
Art. 19. São competentes para dar posse: dentro do prazo de quinze dias, contados: (NR)
I - No Poder Executivo: I - da data da posse, no caso de nomeação;
a) o Governador, aos nomeados para II - da data da publicação oficial do ato, nos
cargos de Direção ou Assessoramento que lhe demais casos.
sejam diretamente subordinados;
§ 1º Os prazos poderão ser prorrogados por
b) os Secretários de Estado e dirigentes de mais quinze dias, em existindo necessidade
Autarquias e Fundações, ou a quem seja delegada comprovada para o preenchimento dos requisitos
competência, aos nomeados para os respectivos para posse, conforme juízo da Administração. (NR)
órgãos, inclusive, colegiados;
§ 2° Será exonerado o servidor empossado
II - No Poder Legislativo, no Poder que não entrar em exercício nos prazos previstos
Judiciário, no Ministério Público e nos Tribunais de neste artigo.
Contas, conforme dispuser a legislação específica
de cada Poder ou órgão. Art. 26. O servidor poderá ausentar-se do
Estado, para estudo, ou missão de qualquer
Art. 20. O ato de posse será transcrito em natureza, com ou sem vencimento, mediante prévia
livro especial, assinado pela autoridade competente autorização ou designação do titular do órgão em que
e pelo servidor empossado. servir.
Parágrafo único. Em casos especiais, a Art. 27. O servidor autorizado a afastar-se
critério da autoridade competente, a posse poderá para estudo em área do interesse do serviço público,
ser tomada por procuração específica. fora do Estado do Pará, com ônus para os cofres do
Estado, deverá, sequentemente, prestar serviço, por
Art. 21. A autoridade que der posse
igual período, ao Estado.
verificará, sob pena de responsabilidade, se foram
observados os requisitos legais para a investidura Art. 28. O afastamento do servidor para
no cargo ou função. participação em congressos e outros eventos
culturais, esportivos, técnicos e científicos será
Art. 22. A posse ocorrerá no prazo de 30
estabelecido em regulamento.
(trinta) dias, contados da publicação do ato de
provimento no Diário Oficial do Estado. Art. 29. O servidor preso em flagrante,
pronunciado por crime comum, denunciado por crime
§ 1º O prazo para a posse poderá ser
administrativo, ou condenado por crime inafiançável,
prorrogado por mais quinze dias, em existindo
será afastado do exercício do cargo, até sentença
necessidade comprovada para o preenchimento
final transitada em julgado.
dos requisitos para posse, conforme juízo da
Administração. (NR) § 1º Durante o afastamento, o servidor
perceberá dois terços da remuneração, excluídas as
§ 2° O prazo do servidor em férias, licença,
vantagens devidas em razão do efetivo exercício do
ou afastado por qualquer outro motivo legal, será
cargo, tendo direito à diferença, se absolvido. (NR)
contado do término do impedimento.
§ 2º Em caso de condenação criminal,
§ 3° Se a posse não se concretizar dentro
transitada em julgado, não determinante da
do prazo, o ato de provimento será tornado sem
demissão, continuará o servidor afastado até o
efeito.
cumprimento total da pena, com direito a um terço do
§ 4° No ato da posse, o servidor vencimento ou remuneração, excluídas as vantagens
apresentará declaração de bens e valores que devidas em razão do efetivo exercício do cargo. (NR)
constituam seu patrimônio, e declaração quanto ao
Art. 30. Ao servidor da administração direta,
exercício, ou não, de outro cargo, emprego ou
das Autarquias e das Fundações Públicas ou dos
função pública.
Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério Público
Art. 22-A. Ao interessado é permitida a e dos Tribunais de Contas, diplomado para o
renúncia da posse, no prazo legal, sendo-lhe exercício de mandato eletivo federal, estadual ou

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LEGISLAÇÃO SEDUC-PA 2018
municipal, aplica-se o disposto no Título III, Capítulo Art. 36. A promoção por antiguidade dar-se-á
V, Seção VII, desta lei. pela progressão à referência imediatamente superior,
observado o interstício de 2 (dois) anos de efetivo
Art. 31. O servidor no exercício de cargo de
exercício.
provimento efetivo, mediante a sua concordância
poderá ser colocado à disposição de qualquer Art. 37. A promoção por merecimento dar-se-
órgão da administração direta ou indireta, da União, á pela progressão à referência imediatamente
do Estado, do Distrito Federal e dos Municípios, superior, mediante a avaliação do desempenho a
com ou sem ônus para o Estado do Pará, desde cada interstício de 2 (dois) anos de efetivo exercício.
que observada a reciprocidade.
Parágrafo único. No critério de merecimento
Seção V será obedecido o que dispuser a lei do sistema de
carreira, considerando-se, em especial, na avaliação
Do Estágio Probatório
do desempenho, os cursos de capacitação
Art. 32. Ao entrar em exercício, o servidor profissional realizados, e assegurada, no processo, a
nomeado para o cargo de provimento efetivo ficará plena participação das entidades de classe dos
sujeito a estágio probatório por período de três servidores.
anos, durante os quais a sua aptidão e capacidade
Art. 38. O servidor que não estiver no
serão objeto de avaliação para o desempenho do
exercício do cargo, ressalvadas as hipóteses
cargo, observados os seguintes fatores: (NR)
consideradas como de efetivo exercício, não
I - assiduidade; concorrerá à promoção.
II - disciplina; § 1° Não poderá ser promovido o servidor
que se encontre cumprindo o estágio probatório.
III - capacidade de iniciativa;
§ 2° O servidor, em exercício de mandato
IV - produtividade; eletivo, somente terá direito à promoção por
V - responsabilidade; antiguidade na forma da Constituição, obedecidas as
exigências legais e regulamentares.
§ 1° Quatro meses antes do findo período
do estágio probatório, será submetida à Art. 39. No âmbito de cada Poder ou órgão, o
homologação da autoridade competente a setor competente de pessoal processará as
avaliação do desempenho do servidor, realizada de promoções que serão efetivadas por atos específicos
acordo com o que dispuser a lei ou regulamento do no prazo de 60 (sessenta) dias, contados da data de
sistema de carreira, sem prejuízo da continuidade abertura da vaga.
de apuração dos fatores enumerados nos incisos I
Parágrafo único. O critério adotado para
a V deste artigo.
promoção deverá constar obrigatoriamente do ato
§ 2° O servidor não aprovado no estágio que a determinar.
probatório será exonerado, observado o devido Capítulo IV
processo legal.
Da Reintegração
§ 3º O disposto no “caput” deste artigo não
se aplica aos servidores que já tenham entrado em Art. 40. Reintegração é o reingresso do
exercício na data de publicação desta Lei, que se servidor na administração pública, em decorrência de
sujeitam ao regime anterior.(NR) decisão administrativa definitiva ou sentença judicial
transitada em julgado, com ressarcimento de
Art. 33. O término do estágio probatório prejuízos resultantes do afastamento.
importa no reconhecimento da estabilidade de
ofício. § 1° A reintegração será feita no cargo
anteriormente ocupado e, se este houver sido
Art. 34. O servidor estável aprovado em
transformado, no cargo resultante.
outro concurso público fica sujeito a estágio
probatório no novo cargo. § 2° Encontrando-se regularmente provido o
cargo, o seu ocupante será deslocado para cargo
Parágrafo único. Ficará dispensado do
equivalente, ou, se ocupava outro cargo, a este será
estágio probatório o servidor que tiver exercido o
reconduzido, sem direito à indenização.
mesmo cargo público em que já tenha sido
avaliado. (NR) § 3° Se o cargo houver sido extinto, a
reintegração dar-se-á em cargo equivalente,
Capítulo III
respeitada a habilitação profissional, ou, não sendo
Da Promoção possível, ficará o reintegrado em disponibilidade no
cargo que exercia.
Art. 35. A promoção é a progressão
funcional do servidor estável a uma posição que lhe Art. 41. O ato de reintegração será expedido
assegure maior vencimento base, dentro da mesma no prazo máximo de 30 (trinta) dias do pedido,
categoria funcional, obedecidos os critérios de reportando-se sempre à decisão administrativa
antiguidade e merecimento, alternadamente.
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LEGISLAÇÃO SEDUC-PA 2018
definitiva ou à sentença judicial, transitada em § 1° A redistribuição será sempre ex-officio,
julgado. ouvidos os respectivos órgãos ou entidades
interessados na movimentação. (NR)
Art. 42. O servidor reintegrado será
submetido à inspeção de saúde na instituição § 2° A redistribuição dar-se-á exclusivamente
pública competente e aposentado, quando incapaz. para o ajustamento do quadro de pessoal às
necessidades dos serviços, inclusive nos casos de
Capítulo V
reorganização, extinção ou criação de órgão ou
Da Transferência, da Remoção e da entidade. (NR)
Redistribuição (NR)
§ 3° Nos casos de extinção de órgão ou
Art. 43. Transferência é a movimentação do entidade, os servidores estáveis que não puderam
servidor ocupante de cargo de provimento efetivo, ser redistribuídos, na forma deste artigo, serão
para outro cargo de igual denominação e colocados em disponibilidade até seu
provimento, de outro órgão, mas no mesmo Poder. aproveitamento.(NR)
Art. 44. Caberá a transferência: Capítulo VI
I - a pedido do servidor; Da Reversão
II - por permuta, a requerimento de ambos Art. 51. Reversão é o retorno à atividade de
os servidores interessados. servidor aposentado por invalidez, quando, por junta
médica oficial, forem declarados insubsistentes os
Art. 45. A transferência será processada
motivos da aposentadoria.
atendendo a conveniência do servidor desde que
no órgão pretendido exista cargo vago, de igual § 1° A reversão, ex-officio ou a pedido, dar-
denominação. se-á n o mesmo cargo ou no cargo resultante de sua
transformação.
Art. 46. O servidor transferido somente
poderá renovar o pedido, após decorridos 2 (dois) § 2° A reversão, a pedido, dependerá da
anos de efetivo exercício no cargo. existência de cargo vago.
Art. 47. Não será concedida a transferência: § 3° Não poderá reverter o aposentado que já
tiver alcançado o limite da idade para aposentadoria
I - para cargos que tenham candidatos compulsória.
aprovados em concurso, com prazo de validade
não esgotado; Art. 52. Será tornada sem efeito a reversão
ex-officio, e cassada a aposentadoria do servidor que
II - para órgãos da administração indireta ou
não tomar posse e entrar no exercício do cargo.
fundacional cujo regime jurídico não seja o
estatutário; Capítulo VII
III - do servidor em estágio probatório. Do Aproveitamento
Art. 48. A transferência dos membros da Art. 53. O aproveitamento é o reingresso, no
Magistratura, Ministério Público, Magistério e da serviço público, do servidor em disponibilidade, em
Polícia Civil, será definida no âmbito de cada Poder, cargo de natureza e padrão de vencimento
por regime próprio. correspondente ao que ocupava.
Art. 49. A remoção é a movimentação do Art. 54. O aproveitamento será obrigatório
servidor ocupante de cargo de provimento efetivo, quando:
para outro cargo de igual denominação e forma de
I - restabelecido o cargo de cuja extinção
provimento, no mesmo Poder e no mesmo órgão
decorreu a disponibilidade;
em que é lotado.
II - deva ser provido cargo anteriormente
Parágrafo único. A remoção, a pedido ou
declarado desnecessário.
ex-officio, do servidor estável, poderá ser feita: (NR)
Art. 55. Será tornado sem efeito o
I - de uma para outra unidade administrativa
aproveitamento e cassada a disponibilidade de
da mesma Secretaria, Autarquia, Fundação ou
servidor que, aproveitado, não tomar posse e não
órgão análogo dos Poderes Legislativo e Judiciário,
entrar em exercício dentro do prazo legal.
do Ministério Público e dos Tribunais de Contas.
Capítulo VIII
II - de um para outro setor, na mesma
unidade administrativa. Da Readaptação
Art. 50. A redistribuição é o deslocamento Art. 56. Readaptação é a forma de
do servidor, com o respectivo cargo ou função, para provimento, em cargo mais compatível, pelo servidor
o quadro de outro órgão ou entidade do mesmo que tenha sofrido limitação, em sua capacidade física
Poder, sempre no interesse da Administração. (NR) ou mental, verificada em inspeção médica oficial.

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§ 1° A readaptação ex-officio ou a pedido, Art. 61. A vacância de função gratificada dar-
será efetivada em cargo vago, de atribuições afins, se-á por dispensa, a pedido ou de ofício, ou por
respeitada a habilitação exigida. destituição.
§ 2° A readaptação não acarretará Art. 62. Na vacância do cargo de titular de
diminuição ou aumento da remuneração. Autarquia ou Fundação Pública, poderá o mesmo ser
provido com a nomeação temporária, ressalvado no
§ 3° Ressalvada a incapacidade definitiva
ato de provimento o disposto no art. 92, XX da
para o serviço público, quando será aposentado, é
Constituição do Estado.
direito do servidor renovar pedido de readaptação.
TÍTULO III
Capítulo IX
DOS DIREITOS E VANTAGENS
Da Recondução
Capítulo I
Art. 57. Recondução é o retorno do servidor
estável ao cargo anteriormente ocupado e Da Duração do Trabalho
decorrerá de:
Art. 63. A duração da jornada diária de
I - inabilitação em estágio probatório relativo trabalho será de 6 (seis) horas ininterruptas, salvo as
a outro cargo; jornadas especiais estabelecidas em lei.
II - reintegração do anterior ocupante. § 1° Nas atividades de atendimento público
que exijam jornada superior, serão adotados turnos
Parágrafo único. Encontrando-se provido o
de revezamento.
cargo de origem, o servidor será aproveitado em
outro, observado o que dispõe a presente lei nos § 2° A duração normal da jornada, em caso
casos de disponibilidade e aproveitamento. de comprovada necessidade, poderá ser antecipada
ou prorrogada pela administração.
Capítulo X
Art. 64. A frequência será apurada
Da Vacância
diariamente:
Art. 58. A vacância do cargo decorrerá de:
I - pelo ponto de entrada e saída;
I - exoneração;
II - pela forma determinada quanto aos
II - demissão; servidores cujas atividades sejam permanentemente
exercidas externamente, ou que, por sua natureza,
III - promoção; não possam ser mensuradas por unidade de tempo.
IV - aposentadoria;
Art. 65. Na antecipação ou prorrogação da
V - readaptação; duração da jornada de trabalho, será também
remunerado o trabalho suplementar, na forma
VI - falecimento; prevista neste Estatuto.
VII - transferência; Art. 66. O servidor ocupante de cargo
VIII - destituição. comissionado, independentemente de jornada de
trabalho, atenderá às convocações decorrentes da
Parágrafo único. A vaga ocorrerá na data: necessidade do serviço de interesse da
I - do falecimento; Administração.
II - da publicação do decreto que exonerar, Capítulo II
demitir, promover, aposentar, readaptar, transferir, Da Estabilidade
destituir e da posse em outro cargo inacumulável.
Art. 67. O servidor habilitado em concurso
Art. 59. A exoneração de cargo efetivo dar- público e empossado em cargo de provimento
se-á a pedido do servidor ou de ofício. efetivo, adquirirá estabilidade no serviço público ao
Parágrafo único. A exoneração de ofício completar 2 (dois) anos de efetivo exercício.
dar-se-á: Art. 68. O servidor estável só perderá o cargo
I - quando não satisfeitas as condições do em virtude de sentença judicial transitada em julgado,
estágio probatório; ou de processo administrativo disciplinar no qual lhe
seja assegurada ampla defesa.
II - quando, tendo tomado posse, o servidor
não entrar em exercício no prazo legal. Art. 69. É vedada a exoneração, a suspensão
ou a demissão de servidor sindicalizado, a partir do
Art. 60. A exoneração de cargo em registro da candidatura a cargo de direção ou
comissão dar-se-á: representação sindical e, se eleito, ainda que
I - a juízo da autoridade competente; suplente, até um ano após o final do mandato, salvo
se cometer falta grave, devidamente apurada em
II - a pedido do próprio servidor. processo administrativo.
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Capítulo III XII - licença maternidade com a duração de
cento e oitenta dias; (NR)
Do Tempo de Serviço
XIII - licença-paternidade;
Art. 70. Considera-se como tempo de
serviço público o exclusivamente prestado à União, XIV - licença para tratamento de saúde;
Estados, Distrito Federal, Municípios, Autarquias e
XV - licença por motivo de doença em
Fundações instituídas ou mantidas pelo Poder
pessoa da família;
Público.
XVI - faltas abonadas, no máximo de 3 (três)
§ 1° Constitui tempo de serviço público,
ao mês;
para todos os efeitos legais, salvo para
estabilidade, o anteriormente prestado pelo XVII - doação de sangue, 1 (um) dia;
servidor, qualquer que tenha sido a forma de
XVIII - desempenho de mandato classista.
admissão ou de pagamento.
§ 1° Será contado em dobro o tempo de
§ 2° Para efeito de aposentadoria e
serviço prestado às Forças Armadas em operações
disponibilidade é assegurada, ainda, a contagem do
de guerra.
tempo de contribuição financeira dos sistemas
previdenciários, segundo os critérios estabelecidos § 2° As férias e a licença-prêmio serão
em lei. contadas em dobro para efeito de aposentadoria a
partir da expressa renúncia do servidor.
Art. 71. A apuração do tempo de serviço
será feita em dias. Art. 73. É vedada a contagem acumulada de
tempo de serviço simultaneamente prestado em mais
§ 1° O número de dias será convertido em
de um cargo, emprego ou função.
anos, considerados sempre como de 365 (trezentos
e sessenta e cinco) dias. Parágrafo único. Em regime de acumulação
§ 2° Para efeito de aposentadoria, feita a legal, o Estado não contará o tempo de serviço do
outro cargo ou emprego, para o reconhecimento de
conversão, os dias restantes, até 182, não serão
vantagem pecuniária.
computados, arredondando-se para um ano quando
excederem a esse número. Capítulo IV
Art. 72. Considera-se como de efetivo Das Férias
exercício, para todos os fins, o afastamento
decorrente de: Art. 74. O servidor, após cada 12 (doze)
meses de exercício adquire direito a férias anuais, de
I - férias; 30 (trinta) dias consecutivos.
II - casamento, até 8 (oito) dias; § 1° É vedado levar, à conta das férias,
qualquer f alta ao serviço.
III - falecimento do cônjuge, companheira
ou companheiro, pai, mãe, filhos e irmãos, até 8 § 2° As férias somente são interrompidas por
(oito) dias; (NR) motivo de calamidade pública, comoção interna,
convocação para júri, serviço militar ou eleitoral, ou
IV - serviços obrigatórios por lei;
por motivo de superior interesse público; podendo ser
V - desempenho de cargo ou emprego em acumuladas, pelo prazo máximo de dois anos
órgão da administração direta ou indireta de consecutivos.
Municípios, Estados, Distrito Federal e União,
quando colocado regularmente à disposição; § 3° O disposto neste artigo se estende aos
Secretários de Estado. (NR) Art. 75. As férias serão
VI - missão oficial de qualquer natureza, de:
ainda que sem vencimento, durante o tempo da
I - 30 (trinta) dias consecutivos, anualmente;
autorização ou designação;
II - 20 (vinte) dias consecutivos,
VII - estudo, em área do interesse do
serviço público, durante o período da autorização; semestralmente, para os servidores que operem,
direta e permanentemente, com Raios X ou
VIII - processo administrativo, se declarado substâncias radioativas.
inocente;
Art. 76. Durante as férias, o servidor terá
IX - desempenho de mandato eletivo, direito a todas as vantagens do exercício do cargo.
exceto para promoção por merecimento;
§ 1° As férias serão remuneradas com um
X - participação em congressos ou outros terço a mais do que a remuneração normal, pagas
eventos culturais, esportivos, técnicos, científicos antecipadamente, independente de solicitação.
ou sindicais, durante o período autorizado.
§ 2° (VETADO)
XI - licença-prêmio;

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LEGISLAÇÃO SEDUC-PA 2018
§ 3º O servidor exonerado do cargo efetivo, Art. 79. É vedado o exercício de atividade
ou em comissão, perceberá indenização relativa ao remunerada durante o período das licenças previstas
período das férias a que tiver direito e ao nos incisos I e II do art. 77.
incompleto, na proporção de um doze avos por mês
Art. 80. O servidor notificado que se recusar
de efetivo exercício, ou fração superior a quatorze
a submeter-se à inspeção médica, quando julgada
dias.(NR)
necessária, terá sua licença cancelada
§ 4º A indenização será calculada com automaticamente.
base na remuneração do mês em que ocorrer a
Seção II
exoneração. (NR)
Da Licença para Tratamento de Saúde
Capítulo V
Art. 81. A licença para tratamento de saúde
Das Licenças
será concedida a pedido ou de ofício, com base em
Seção I inspeção médica, realizada pelo órgão competente,
sem prejuízo da remuneração.
Das Disposições Gerais
Parágrafo único. Sempre que necessário, a
Art. 77. O servidor terá direito à licença:
inspeção médica será realizada na residência do
I - para tratamento de saúde; servidor ou no estabelecimento hospitalar onde se
encontrar internado.
II - por motivo de doença em pessoa da
família; Art. 82. A licença superior a 60 (sessenta)
dias só poderá ser concedida mediante inspeção
III - maternidade;
realizada por junta médica oficial.
IV - paternidade;
§ 1° Em casos excepcionais, a prova da
V - para o serviço militar e outras doença poder á ser feita por atestado médico
obrigações previstas em lei; particular se, a juízo da administração, for
inconveniente ou impossível a ida da junta médica à
VI - para tratar de interesse particular; localidade de residência do servidor.
VII - para atividade política ou classista, na § 2° Nos casos referidos no § anterior, o
forma da lei; atestado só produzirá efeito depois de homologado
VIII - por motivo de afastamento do cônjuge pelo serviço médico oficial do Estado.
ou companheiro; § 3° Verificando-se, a qualquer tempo, ter
IX - a título de prêmio por assiduidade. ocorrido má-fé na expedição do atestado ou do
laudo, a administração promoverá a punição dos
§ 1° As licenças previstas nos incisos I e II responsáveis.
dependerão de inspeção médica, realizada pelo
órgão competente. Art. 83. Findo o prazo da licença, o servidor
será submetido à nova inspeção médica, que
§ 2° Ao servidor ocupante de cargo em concluirá pela volta ao serviço, pela prorrogação da
comissão não serão concedidas as licenças licença ou pela aposentadoria.
previstas nos incisos VI, VII e VIII.
Art. 84. O atestado e o laudo da junta médica
§ 3° A licença - da mesma espécie - não se referirão ao nome ou natureza da doença,
concedida dentro 60 (sessenta) dias, do término da salvo quando se tratar de lesões produzidas por
anterior, será considerada como prorrogação. acidente em serviço e doença profissional.
§ 4° Expirada a licença, o servidor assumirá Seção III
o cargo no primeiro dia útil subsequente.
Da Licença por Motivo de Doença em Pessoa da
§ 5° O servidor não poderá permanecer em Família
licença da mesma espécie por período superior a
24 (vinte e quatro) meses, salvo os casos previstos Art. 85. Poderá ser concedida licença ao
nos incisos V, VII e VIII. servidor por motivo de doença do cônjuge,
companheiro ou companheira, padrasto ou madrasta;
Art. 78. A licença poderá ser prorrogada de ascendente, descendente, enteado, menor sob
ofício ou mediante solicitação. guarda, tutela ou adoção, e colateral consanguíneo
§ 1° O pedido de prorrogação deverá ser ou afim até o segundo grau civil, mediante
apresentado pelo menos 8 (oito) dias antes de findo comprovação médica.
o prazo. Parágrafo único. Nas hipóteses de tutela,
§ 2° O disposto neste artigo não se aplica guarda e adoção, deverá o servidor instruir o pedido
às licenças previstas no art. 77, incisos III, IV, VI e com documento legal comprobatório de tal condição.
IX. Art. 86. A licença para tratamento de saúde
em pessoa da família será concedida:
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LEGISLAÇÃO SEDUC-PA 2018
I - com remuneração integral, no primeiro a) convocado para o serviço militar na forma
mês; e condições estabelecidas em lei;
II - com 2/3 (dois terços) da remuneração, b) requisitado pela Justiça Eleitoral;
quando exceder de 1 (um) até 6 (seis) meses;
c) sorteado para o trabalho do Júri;
III - com 1/3 (um terço) da remuneração
d) em outras hipóteses previstas em
quando exceder a 6 (seis) meses até 12 (doze)
legislação federal específica;
meses;
Parágrafo único. Concluído o serviço militar,
IV - sem remuneração, a partir do 12°.
o servidor terá até 30 (trinta) dias, sem remuneração,
(décimo segundo) e até o 24°. (vigésimo quarto)
para reassumir o exercício do cargo.
mês.
Seção VI
Parágrafo único. O órgão oficial poderá
opinar pela concessão da licença pelo prazo Da Licença para Tratar de Interesses Particulares
máximo de 30 (trinta) dias, renováveis por períodos
Art. 93. A critério da administração, poderá
iguais e sucessivos, até o limite de 2 (dois) anos.
ser concedida ao servidor estável, licença para o
Art. 87. Nos mesmos parâmetros do artigo trato de assuntos particulares, pelo prazo de até 2
anterior será concedida licença para o pai, a mãe, (dois) anos consecutivos, sem remuneração.
ou responsável legal de excepcional em tratamento.
§ 1° A licença poderá ser interrompida, a
Seção IV qualquer tempo, a pedido do servidor ou no interesse
do serviço.
Das Licenças Maternidade e Paternidade
§ 2° Não se concederá nova licença antes de
Art. 88. Será concedida licença à servidora
decorri do 2 (dois) anos do término da anterior.
gestante, por cento e oitenta dias consecutivos,
sem prejuízo de remuneração.(NR) Seção VII
§ 1° A licença poderá ter início no primeiro Da Licença para Atividade Política ou Classista
dia do nono mês de gestação, salvo antecipação
Art. 94. O servidor terá direito à licença para
por prescrição médica.
atividade política, obedecido o disposto na legislação
§ 2° No caso de nascimento prematuro, a federal específica.
licença ter á início a partir do parto.
Parágrafo único. Ao servidor investido em
§ 3° No caso de aborto, atestado por mandato eletivo aplicam-se as seguintes disposições:
médico oficial, a servidora terá direito a 30 (trinta)
I - tratando-se de mandato federal ou
dias de repouso remunerado.
estadual ficará afastado do cargo ou função;
§ 4º O benefício previsto no caput deste
II - investido no mandato de Prefeito, será
artigo alcançará a servidora que já se encontre no
gozo da referida licença. (NR) afastado do cargo ou função, sendo- lhe facultado
optar pela sua remuneração;
Art. 89. Para amamentar o próprio filho, até
III - investido no mandato de Vereador:
a idade de 6 (seis) meses, a servidora lactante terá
direito, durante a jornada de trabalho, a uma hora a) havendo compatibilidade de horário,
de descanso, que poderá ser parcelada em 2 (dois) perceberá as vantagens de seu cargo, sem prejuízo
períodos de meia hora. da remuneração do cargo eletivo;
Art. 90. À servidora que adotar ou obtiver a b) não havendo compatibilidade de horários,
guarda judicial de criança até 1 (um) ano de idade, será afastado do cargo, sendo-lhe facultado optar
serão concedidos 90 (noventa) dias de licença pela sua remuneração.
remunerada. Parágrafo único. No caso de adoção
ou guarda judicial de criança com mais de 1 (um) Art. 95. É assegurado ao servidor o direito à
ano de idade, o prazo de que trata este artigo será licença para desempenho de mandato em
de 30 (trinta) dias. confederação, federação, sindicato representativo da
categoria, associação de classe de âmbito local e/ou
Art. 91. Ao servidor será concedida licença- nacional, sem prejuízo de remuneração do cargo
paternidade de 10 (dez) dias consecutivos, efetivo. (NR)
mediante a apresentação do registro civil,
retroagindo esta à data do nascimento. § 1º Somente poderão ser licenciados os
servidores eleitos para cargos de direção ou
Seção V representação nas referidas entidades, até o máximo
Da Licença para o Serviço Militar e outras de quatro por entidade constituída em conformidade
obrigatórias por lei com o art. 5º, inciso LXX, alínea “b”, da Constituição
Federal. (NR)
Art. 92. O servidor será licenciado, quando:

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§ 2º A licença terá duração igual ao Capítulo VI
mandato, podendo ser prorrogada, no caso de
Do Direito de Petição
reeleição, por uma única vez. (NR)
Art. 101. É assegurado ao servidor:
§ 3º O período de licença de que trata este
artigo será contado para todos os efeitos legais, I - o direito de petição em defesa de direitos
exceto para a promoção por merecimento. (NR) ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
Seção VIII II - a obtenção de certidões em defesa de
direitos e esclarecimento de situações de interesse
Da Licença para Acompanhar Cônjuge
pessoal.
Art. 96. Ao servidor estável, será concedida
Art. 102. O direito de peticionar abrange o
licença sem remuneração, quando o cônjuge ou
requerimento, a reconsideração e o recurso.
companheiro, servidor civil ou militar:
Parágrafo único. Em qualquer das hipóteses,
I - assumir mandato conquistado em eleição
o prazo para decidir será de 30 (trinta) dias; não
majoritária ou proporcional para exercício de cargo
havendo a autoridade competente, prolatado a
em local diverso do da lotação do acompanhante;
decisão, considerar-se-á como indeferida a petição.
II - for designado para servir fora do Estado
Art. 103. O requerimento será dirigido à
ou no exterior.
autoridade competente para decidir sobre ele e
Art. 97. A licença será concedida pelo prazo encaminhá-lo à que estiver imediatamente
da duração do mandato, ou nos demais casos por subordinado o requerente.
prazo indeterminado.
Art. 104. Cabe pedido de reconsideração à
§ 1° A licença será instruída com a prova da autoridade que houver expedido o ato ou proferido a
eleição, posse ou designação. primeira decisão, não podendo ser renovado.
§ 2° Na hipótese do deslocamento de que Art. 105. Caberá recurso:
trata este artigo, o servidor poderá ser lotado,
I - do indeferimento do pedido de
provisoriamente, em repartição da Administração
reconsideração;
Estadual direta, autárquica ou fundacional, desde
que para o exercício de atividade compatível com o II - das decisões sobre os recursos
seu cargo. sucessivamente interpostos.
Seção IX § 1° O recurso será dirigido à autoridade
imediatamente superior à que tiver expedido o ato ou
Da Licença-Prêmio
proferido a decisão, e, sucessivamente, em escala
Art. 98. Após cada triênio ininterrupto de ascendente, às demais autoridades.
exercício, o servidor fará jus à licença de 60
§ 2° O recurso será encaminhado por
(sessenta) dias, sem prejuízo da remuneração e
intermédio da autoridade à que estiver imediatamente
outras vantagens.
subordinado o requerente.
Art. 99. A licença será:
Art. 106. O prazo para interposição de pedido
I - a requerimento do servidor: de reconsideração ou de recurso é de 30 (trinta) dias,
a contar da publicação ou da ciência, pelo
a) gozada integralmente, ou em duas
interessado, da decisão recorrida.
parcelas de 30 (trinta) dias;
Art. 107. O recurso quando tempestivo terá
b) convertida integralmente em tempo de
efeito suspensivo e interrompe a prescrição.
serviço, contado em dobro;
Parágrafo único. Em caso de provimento do
c) (VETADO)
pedido de reconsideração ou do recurso, os efeitos
II - convertida, obrigatoriamente, em da decisão retroagirão à data do ato impugnado.
remuneração adicional, na aposentadoria ou
Art. 108. O direito de requerer prescreve:
falecimento, sempre que a fração de tempo for igual
ou superior a 1/3 (um terço) do período exigido para I - em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de
o gozo da licença-prêmio. demissão e de cassação de aposentadoria ou
disponibilidade, ou que afetem interesse patrimonial e
Parágrafo único. Decorridos 30 (trinta) dias
créditos resultantes das relações funcionais;
do pedido de licença, não havendo manifestação
expressa do Poder Público, é permitido ao servidor II - em 120 (cento e vinte) dias, nos demais
iniciar o gozo de sua licença. casos, salvo quando outro prazo por fixado em lei.
Art. 100. Para os efeitos da assiduidade, Parágrafo único. O prazo de prescrição será
não se consideram interrupção do exercício os contado da data da publicação do ato impugnado ou
afastamentos enumerados no art. 72.

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LEGISLAÇÃO SEDUC-PA 2018
da data da ciência pelo interessado, quando o ato § 2° Expirado o período de licença e não
não for publicado. estando em condições de reassumir o cargo, ou de
ser readaptado, o servidor será aposentado.
Art. 109. Para o exercício do direito de
petição, é assegurada vista do processo ou § 3° O lapso de tempo compreendido entre o
documento, na repartição, ao servidor ou a término da licença para tratamento de saúde e a
procurador por ele constituído. Parágrafo único. Os publicação do ato da aposentadoria será considerado
prazos contam-se continuamente a partir da como de prorrogação da licença.
publicação ou ciência do ato, excluído o dia do
§ 4° Nos casos de aposentadoria voluntária
começo e incluindo o do vencimento.
ao servi dor que a requerer, fica assegurado o direito
Capítulo VII de não comparecer ao trabalho a partir do 91°.
(nonagésimo primeiro) dia subsequente ao do
Da Aposentadoria
protocolo do requerimento da aposentadoria, sem
Art. 110. O servidor será aposentado: prejuízo da percepção de sua remuneração, caso
não seja antes cientificado do indeferimento.
I - por invalidez permanente, com proventos
integrais, quando decorrente de acidente em Art. 113. (VETADO)
serviço, moléstia profissional, ou doença grave ou
Art. 114. Será aposentado, com os proventos
incurável especificada em lei, e proporcionais nos
correspondentes à remuneração do cargo em
demais casos;
comissão ou da função gratificada, o servidor que o
II - compulsoriamente, aos 70 (setenta) tenha exercido por 5 (cinco) anos consecutivos.
anos de idade, com proventos proporcionais ao
§ 1° As vantagens definidas neste artigo são
tempo de serviço;
extensivas ao servidor que, à época da
III - voluntariamente: aposentadoria, contar ou perfizer 10 (dez) anos
consecutivos ou não, em cargos de comissão ou
a) aos 35 (trinta e cinco) anos de serviço,
função gratificada, mesmo que, ao aposentar-se, se
se homem, e aos 30 (trinta), se mulher, com
ache fora do exercício do cargo ou da função
proventos integrais;
gratificada.
b) aos 30 (trinta) anos de efetivo exercício § 2° Quando mais de um cargo ou função
em funções do magistério, se professor, e aos 25 tenha sido exercido, serão atribuídos os proventos de
(vinte e cinco) anos, se professora, com proventos
maior padrão desde que lhe corresponda o exercício
integrais;
mínimo de 2 (dois) anos consecutivos; ou padrão
c) aos 30 (trinta) anos de serviço, se imediatamente inferior, se menor o lapso de tempo
homem, e aos 25 (vinte e cinco) anos, se mulher, desses exercícios
com proventos proporcionais a esse tempo; § 3° A aplicação do disposto neste artigo
d) aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, exclui as vantagens previstas no artigo anterior, bem
se homem, e aos 60 (sessenta), se mulher, com como os adicionais pelo exercício de cargo de
proventos proporcionais ao tempo de serviço. direção ou assessoramento, ressalvado o direito de
opção.
§ 1° No caso do exercício de atividades
considerada s penosas, insalubres ou perigosas, o Art. 115. Os proventos da aposentadoria
disposto no inciso III, a e c obedecerá ao que serão revistos, na mesma proporção e na mesma
dispuser lei complementar federal. data, sempre que se modificar a remuneração dos
servidores em atividade, sendo, também, estendidos
§ 2° A aposentadoria em cargos ou aos inativos quaisquer benefícios ou vantagens
empregos temporários observará o disposto na lei posteriormente concedidos aos servidores em
federal. atividade, inclusive quando decorrentes da
Art. 111. A aposentadoria compulsória será transformação ou reclassificação do cargo ou função
automática e o servidor afastar-se- á do serviço em que se deu a aposentadoria, independente de
ativo no dia imediato àquele em que atingir a idade- requerimento.
limite, e o ato que a declarar terá vigência a partir Capítulo VIII
da data em que o servidor tiver completado 70
(setenta) anos de idade. Dos Direitos e Vantagens Financeiras
Art. 112. A aposentadoria voluntária ou por Seção I
invalidez vigorará a partir da data da publicação do Do Vencimento e da Remuneração
respectivo ato.
Art. 116. O vencimento é a retribuição
§ 1° A aposentadoria por invalidez será
pecuniária mensal devida ao servidor,
precedida d e licença para tratamento de saúde, por
correspondente ao padrão fixado em lei.
período não excedente a 24 (vinte e quatro) meses.

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LEGISLAÇÃO SEDUC-PA 2018
Parágrafo único. Nenhum servidor a) o vencimento ou remuneração do dia,
receberá, a título de vencimento, importância quando não comparecer ao serviço;
inferior ao salário mínimo.
b) (VETADO)
Art. 117. A revisão geral dos vencimentos
II - metade da remuneração na hipótese de
dos servidores civis será feita, pelo menos, nos
suspensão disciplinar convertida em multa;
meses de abril e outubro, com vigência a partir
desses meses. III - o vencimento, a remuneração, ou parte
deles, nos demais casos previstos nesta lei.
Parágrafo único. Abonos e antecipação, à
conta da revisão, ficam condicionados ao limite de Parágrafo único. As faltas ao serviço, em
despesas, definido na Lei de Diretrizes razão de causa relevante, poderão ser abonadas
Orçamentárias. pelo titular do órgão, quando requerido abono no dia
útil subsequente, obedecido o disposto no art. 72,
Art. 118. Remuneração é o vencimento
inciso XVI.
acrescido das demais vantagens de caráter
permanente, atribuídas ao servidor pelo exercício Art. 125. As reposições devidas e as
do cargo público. indenizações por prejuízos que o servidor causar,
poderão ser descontadas em parcelas mensais
Parágrafo único. As indenizações, auxílios
monetariamente corrigidas, não excedentes à décima
e demais vantagens, ou gratificações de caráter
parte da remuneração ou provento.
eventual não integram a remuneração.
Parágrafo único. A faculdade de reposição ou
Art. 119. Proventos são rendimentos
indenização parceladas não se estende ao servidor
atribuídos ao servidor em razão da aposentadoria
exonerado, demitido ou licenciado sem vencimento.
ou disponibilidade.
Art. 126. As consignações em folha de
Art. 120. O vencimento, a remuneração e
pagamento, para efeito de desconto, não poderão, as
os proventos não serão objeto de arresto, sequestro
facultativas, exceder a 1/3 (um terço) do vencimento
ou penhora, exceto nos casos de prestação de
ou da remuneração. (NR)
alimentos resultante de decisão judicial.
Parágrafo único. A consignação em folha,
Art. 121. A remuneração do servidor não
servirá, unicamente, como garantia de:
excederá, no âmbito do respectivo Poder, os
valores percebidos como remuneração, em I - débito à Fazenda Pública;
espécie, a qualquer título, pelos Deputados
II - contribuições para as associações ou
Estaduais, Secretários de Estado e
sindicatos representantes das categorias de
Desembargadores.
servidores públicos estaduais;
§ 1° Entre o maior e o menor vencimento, a
relação de valores será de um para vinte. III - dívidas para cônjuge, ascendente ou
descendente, em cumprimento de decisão judicial;
§ 2° No Ministério Público, o limite máximo
IV - contribuições para aquisição de casa
é o valor percebido como remuneração, em
própria, negociada através de órgão oficial;
espécie, a qualquer título, pelos Procuradores de
Justiça. V - empréstimos contraídos junto ao órgão
previdenciário do Estado do Pará;
§ 3° Os acréscimos pecuniários, percebidos
pelo servidor público, não serão computados nem VI - autorização do servidor a favor de
acumulados, para fins de concessão de acréscimos terceiros, a critério da administração, com a
ulteriores, sob o mesmo título ou idêntico reposição de custos definida em regulamento.
fundamento.
Seção II
Art. 122. R E V O G A D O
Das Vantagens
Art. 123. O 13° (décimo terceiro) salário
será pago com base na remuneração ou proventos Art. 127. Além do vencimento, o servidor
integrais do mês de dezembro. poderá perceber as seguintes vantagens:

§ 1° O 13° (décimo terceiro) salário I - adicionais;


corresponderá a um doze avos por mês de serviço, II - gratificações;
e a fração igual ou superior a 15 (quinze) dias será
considerada como mês integral. III - diárias;

§ 2° Na exoneração e na demissão, o 13° IV - ajuda de custo;


(décimo terceiro) salário será pago no mês dessas V - salário-família;
ocorrências.
VI - indenizações;
Art. 124. O servidor perderá:
I - no caso de ausência e impontualidade:
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LEGISLAÇÃO SEDUC-PA 2018
VII - outras vantagens e concessões § 2° O servidor fará jus ao adicional a partir
previstas em lei. do mês em que completar o triênio, independente de
solicitação.
Parágrafo único. Excetuados os casos
expressamente previstos neste artigo, o servidor Seção IV
não poderá perceber, a qualquer título ou forma de
Das Gratificações
pagamento, nenhuma outra vantagem financeira.
Art. 132. Ao servidor serão concedidas
Seção III
gratificações:
Dos Adicionais
I - pela prestação de serviço extraordinário;
Art. 128. Ao servidor serão concedidos
II - a título de representação;
adicionais:
III - pela participação em órgão colegiado;
I - pelo exercício do trabalho em condições
penosas, insalubres ou perigosas; IV - pela elaboração de trabalho técnico,
científico ou de utilidade para o serviço público;
II - pelo exercício de cargo em comissão ou
função gratificada; V - pelo regime especial de trabalho;
III - por tempo de serviço. VI - pela participação em comissão, ou grupo
especial de trabalho;
Art. 129. O adicional pelo exercício de
atividades penosas, insalubres ou perigosas será VII - pela escolaridade;
devido na forma prevista em lei federal.
VIII - pela docência, em atividade de
Parágrafo único. Os adicionais de treinamento;
insalubridade, periculosidade, ou pelo exercício em
IX - pela produtividade;
condições penosas são inacumuláveis e o seu
pagamento cessará com a eliminação das causas X - pela interiorização;
geradoras, não se incorporando ao vencimento, sob
nenhum fundamento. XI - pelo exercício de atividade na área de
educação especial;
Art. 130. (REVOGADO)
XII - Pelo exercício da função.
§ 1° (REVOGADO)
Parágrafo único. Os casos considerados
§ 2° (REVOGADO) como de efetivo exercício pelo art. 72, excetuados os
§ 3° (REVOGADO) incisos V, IX e XVI não implicam a perda das
gratificações previstas neste artigo, salvo a do inciso
§ 4° (REVOGADO) I.
Art. 131. O adicional por tempo de serviço Art. 133. O serviço extraordinário será pago
será devido por triênios de efetivo exercício, até o com acréscimo de 50% (cinquenta por cento) em
máximo de 12 (doze). relação à hora normal de trabalho.
§ 1° Os adicionais serão calculados sobre a § 1° Somente será permitido serviço
remuneração do cargo, nas seguintes proporções: extraordinário para atender a situações excepcionais
e temporárias, respeitado o limite máximo de 2 (duas)
I - aos três anos, 5%;
horas por jornada
II - aos seis anos, 5% - 10%;
§ 2° Será considerado serviço extraordinário
III - aos nove anos, 5% - 15%; aquele que exceder, por antecipação ou prorrogação,
à jornada normal diária de trabalho.
IV - aos doze anos, 5% - 20%;
§ 3° A prestação de serviço extraordinário
V - aos quinze anos, 5% - 25%;
não pode rá exceder ao limite de 60 (sessenta) horas
VI - aos dezoito anos, 5% - 30%; mensais, salvo para os servidores integrantes de
categorias funcionais com horário diferenciados em
VII - aos vinte e um anos, 5% - 35%;
legislação própria.
VIII - aos vinte e quatro anos, 5% - 40%; Art. 134. O serviço noturno, prestado em
IX - aos vinte e sete anos, 5% - 45%; horário compreendido entre 22 (vinte e duas) horas
de um dia e 5(cinco) horas do dia seguinte, terá o
X - aos trinta anos, 5% - 50%; valor-hora acrescido de 25% (vinte e cinco por cento)
XI - aos trinta e três anos, 5% - 55%; computando-se cada hora como 52 (cinquenta e
dois) minutos e 30 (trinta segundos).
XII - após trinta e quatro anos, 5% - 60%.
Parágrafo único. Em se tratando de serviço
extraordinário, o acréscimo de que trata este artigo

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LEGISLAÇÃO SEDUC-PA 2018
incidirá sobre a gratificação prevista no artigo autorização, será arbitrada previamente, não
anterior. podendo exceder ao vencimento ou remuneração do
servidor.
Art. 135. A gratificação de representação
será atribuída aos servidores ocupantes de cargos § 1° O percentual da gratificação será fixado,
comissionados de Direção e Assessoramento considerando-se a duração da atividade e o
Superior. Parágrafo único. A gratificação de vencimento ou remuneração do servidor, sendo
representação incidirá sobre o padrão do cargo, nos idêntico para todos os membros quando se tratar de
seguintes percentuais: comissão ou grupo de trabalho.
a) GEP-DAS.6 - 100% (cem por cento); § 2° O pagamento da gratificação cessará na
data da conclusão do trabalho, e esta não será
b) GEP-DAS.5 - 95% (noventa e cinco por
incorporada à remuneração, sob nenhuma hipótese.
cento);
§ 3° Não havendo concluído o trabalho no
c) GEP-DAS.4 - 90% (noventa por cento);
prazo fixa do ou prorrogado, o servidor fica obrigado
d) GEP-DAS.3 - 85% (oitenta e cinco por a ressarcir mensalmente, no mesmo percentual
cento); recebido, o valor da gratificação de que trata este
artigo.
e) GEP-DAS.2 - 80% (oitenta por cento);
§ 4° Esta gratificação não substitui nem
f) GEP-DAS.1 - 80% (oitenta por cento).
impede o reconhecimento do direito autoral, quando
Art. 136. A gratificação pela participação em a atribuição não for inerente ao cargo.
órgão colegiado será fixada através de
Art. 140. A gratificação de escolaridade,
regulamento.
calculada sobre o vencimento, será devida nas
Art. 137. A gratificação por regime especial seguintes proporções:
de trabalho é a retribuição pecuniária mensal I - (VETADO)
destinada aos ocupantes dos cargos que, por sua
natureza, exijam a prestação do serviço em tempo II - (VETADO)
integral ou de dedicação exclusiva.
III - na quantia correspondente a 80% (oitenta
§ 1° As gratificações devidas aos por cento), ao titular de cargo para cujo exercício a lei
funcionários convocados para prestarem serviço em exija habilitação correspondente à conclusão do grau
regime de tempo integral ou de dedicação exclusiva universitário.
obedecerão escala variável, fixada em regulamento,
Art. 141. A gratificação pela docência, em
respeitados os seguintes limites percentuais:
atividade de treinamento, será atribuída ao servidor,
a) pelo tempo integral, a gratificação variará no regime hora-aula, desde que esta atividade não
entre 20% (vinte por cento) e 70% (setenta por seja inerente ao exercício do cargo e seja
cento) do vencimento atribuído ao cargo; desempenhada fora da jornada normal de trabalho.
b) pela dedicação exclusiva, a gratificação Art. 142. A gratificação de produtividade
variará entre 50% (cinquenta por cento) e 100% destina-se a estimular as atividades dos servidores
(cem por cento) do vencimento atribuído ao cargo. ocupantes de cargos nas áreas de tributação,
arrecadação e fiscalização fazendária, extensiva aos
§ 2° A concessão da gratificação por regime
servidores de apoio técnico operacional e
especial de trabalho, de que trata este artigo, administrativo da Secretaria de Estado da Fazenda,
dependerá, em cada caso, de ato expresso das observados os critérios, prazos e percentuais
autoridades referidas no art. 19 da presente lei.
previstos em regulamento.
Art. 138. As gratificações por prestação de
Art. 143. A gratificação de interiorização é
serviço extraordinário e por regime especial de
devida aos servidores que, tendo domicílio na região
trabalho excluem-se mutuamente. metropolitana de Belém, sejam lotados, transferidos,
§ 1° Ao servidor sujeito ao regime de ou removidos para outros Municípios, enquanto
dedicação exclusiva é vedado o exercício de outro perdurar essa lotação ou movimentação.
cargo ou emprego
Parágrafo único. A gratificação de
§ 2° A gratificação, em regime de tempo interiorização será calculada sobre o valor do
integral, não se coaduna com a mesma vantagem vencimento, não podendo exceder-lhe e será
percebida em outro cargo, de qualquer esfera proporcional ao grau de dificuldade de acesso ao
administrativa, exercido cumulativamente no serviço Município, observados os percentuais fixados em
público. regulamento.
Art. 139. A gratificação pela participação em Art. 144. A gratificação de função será devida
comissão ou grupo especial de trabalho e pela por encargo de chefia e outros que a lei determinar.
elaboração ou execução de trabalho técnico ou
científico, em decorrência de formal designação ou

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LEGISLAÇÃO SEDUC-PA 2018
Seção V transporte para a localidade de origem, dentro do
prazo de 1 (um) ano, contado do óbito.
Das Diárias
Art. 151. Caberá, também, ajuda de custo ao
Art. 145. Ao servidor que, em missão oficial
servidor designado para serviço ou estudo no
ou de estudos, afastar-se temporariamente da sede
exterior, a qual será arbitrada pela autoridade que
em que seja lotado, serão concedidas, além do
efetuar a designação.
transporte, diárias a título de indenização das
despesas de alimentação, hospedagem e Art. 152. A ajuda de custo será calculada
locomoção urbana. sobre a remuneração do servidor, conforme se
dispuser em regulamento, não podendo exceder à
§ 1° A diária será concedida por dia de
importância correspondente a 3 (três) meses.
afastamento, sendo devida pela metade, quando o
deslocamento não exigir pernoite fora da sede. Art. 153. As ajudas de custo serão
restituídas, quando:
§ 2° As diárias serão pagas
antecipadamente e isentam o servidor da posterior I - o servidor não se apresentar na nova sede
prestação de contas. no prazo de 30 (trinta) dias;
Art. 146. No arbitramento das diárias será II - o servidor solicitar exoneração;
considerado o local para o qual foi deslocado o
III - a designação for tornada sem efeito.
funcionário.
Seção VII
Art. 147. Não caberá a concessão de
diárias, quando o deslocamento do servidor Do Salário-Família
constituir exigência permanente do cargo.
Art. 154. (REVOGADO)
Art. 148. O servidor que não se afastar da
sede, por qualquer motivo, fica obrigado a restituir § 1° (REVOGADO)
integralmente o valor das diárias e custos de § 2° (REVOGADO)
transporte recebidos, no prazo de 5 (cinco) dias.
§ 3° (REVOGADO)
Parágrafo único. Na hipótese de o servidor
retornar à sede, no prazo menor do que o previsto Art. 155. (REVOGADO)
para o seu afastamento, restituirá as diárias § 1°(REVOGADO)
recebidas em excesso, no prazo previsto no caput
deste artigo. § 2° (REVOGADO)

Art. 149. Conceder-se-á indenização de Art. 156. O salário-família é devido, a partir


transporte ao servidor que realizar despesas com a do início do exercício do cargo e comprovação da
utilização de meio de locomoção, conforme se dependência.
dispuser em regulamento. Art. 157. O afastamento do cargo efetivo,
Seção VI sem remuneração, não acarreta a suspensão do
pagamento do salário-família.
Das Ajudas de Custo
Art. 158. Será suspenso definitivamente o
Art. 150. A ajuda de custo será concedida pagamento do salário-família quando:
ao servidor que, no interesse do serviço público,
passar a ter exercício em nova sede com mudança I - cessada a dependência;
de domicílio. II - verificada a inexatidão dos documentos
§ 1° A ajuda de custo destina-se a apresentados;
compensar o servidor pelas despesas realizadas III - um dos cônjuges já perceba esse direito.
com seu transporte e de sua família,
compreendendo passagem, bagagem e bens Art. 159. (REVOGADO)
pessoais. § 1° (REVOGADO)
§ 2° Não será concedida ajuda de custo ao § 2° (REVOGADO)
servidor que:
§ 3° (REVOGADO)
a) afastar-se do cargo ou reassumi-lo em
virtude do exercício ou término de mandato eletivo; Capítulo IX

b) for colocado à disposição de outro Poder, Outras Vantagens e Concessões


ou esfera de Governo; Art. 160. Além das demais vantagens
c) for removido ou transferido, a pedido. previstas nesta lei, será concedido:

§ 3° À família do servidor que falecer na I - Ao servidor:


nova sede, serão assegurados ajuda de custo e

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LEGISLAÇÃO SEDUC-PA 2018
a) participação no Programa de Formação c) a de 2 (dois) cargos privativos de médico.
do Patrimônio do Servidor Público;
Parágrafo único. A proibição de acumular
b) vale-transporte, nos termos da estende-se a empregos e funções e abrange
Legislação Federal; autarquias, fundações mantidas pelo Poder Público,
empresas públicas, sociedades de economia mista,
c) auxílio-natalidade, correspondente a um
da União, Distrito Federal, dos Estados, dos
salário mínimo, após a apresentação da certidão de
Territórios e dos Municípios, não se aplicando,
nascimento para a inscrição do dependente;
porém, ao aposentado, quando investido em cargo
d) auxílio-doença, correspondente a um comissionado.
mês de remuneração, após cada período
Art. 163. A acumulação de cargos, ainda que
consecutivo de 6 (seis) meses de licença para
lícita, fica condicionada à comprovação da
tratamento de saúde;
compatibilidade de horários.
e) custeio do tratamento de saúde, quando
Parágrafo único. O servidor não poderá
laudo de junta médica oficial atestar tratar-se de
exercer mais de um cargo em comissão.
lesão produzida por acidente em serviço ou doença
profissional; Art. 164. A acumulação será havida de boa-
fé, até final conclusão de processo administrativo.
f) quando estudante, e mediante
comprovação, regime de compensação para Art. 165. (VETADO)
realização de provas e abono de faltas para exame
TÍTULO IV
vestibular;
DA SEGURIDADE SOCIAL
g) transporte ou indenização
correspondente, quando licenciado para tratamento Capítulo I
de saúde, estando impossibilitado de locomover-se,
Das Disposições Gerais
na forma do regulamento;
Art. 166. A seguridade social compreende um
h) seguro contra acidente de trabalho, para
conjunto de ações do Estado destinadas a assegurar
os que exerçam atividades com risco de vida.
os direitos à saúde, à previdência e à assistência
II - Ao cônjuge, companheiro ou social do servidor e de seus dependentes.
dependentes:
Parágrafo único. Na seguridade social
a) custeio das despesas de translado do prevalecem os seguintes objetivos:
corpo, quando o servidor, no desempenho de suas
I - universalidade da cobertura do
atribuições, falecer fora da sede do exercício;
atendimento;
b) auxílio-funeral, correspondente a 2 (dois)
II - uniformidade dos benefícios;
meses de remuneração ou provento, aos
dependentes ou, na ausência destes, a quem III - irredutibilidade do valor dos benefícios;
realizar as despesas do sepultamento;
IV - caráter democrático da gestão
c) pensão especial, no valor integral do administrativa, com participação paritária do servidor
vencimento ou remuneração, quando o servidor estável e do aposentado eleitos para o colegiado do
falecer em decorrência de acidente em serviço ou órgão previdenciário do Estado do Pará.
moléstia profissional;
Art. 167. O Município que não dispuser de
d) vantagens pecuniárias que o servidor sistema previdenciário próprio poderá aderir,
deixou de perceber em decorrência de seu mediante convênio, ao órgão de seguridade do
falecimento. Estado do Pará para garantir aos seus servidores a
seguridade, na forma da lei.
Art. 161. Garantido o direito de opção, é
vedada a percepção cumulativa de duas ou mais Art. 168. A seguridade social será financiada
pensões, ressalvadas a diretriz constitucional da através das seguintes contribuições:
acumulação remunerada de cargos públicos.
I - contribuição incidente sobre a folha de
Capítulo X vencimento e remunerações;
Das Acumulações Remuneradas II - dos servidores de qualquer quadro
funcional;
Art. 162. É vedada a acumulação
remunerada de cargos públicos, exceto quando III - de outras fontes estabelecidas em lei
houver compatibilidade de horários, nos seguintes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da
casos: seguridade social.
a) a de 2 (dois) cargos de professor; Parágrafo único. As receitas destinadas à
seguridade social constarão do orçamento do Estado
b) a de 1 (um) cargo de professor com outro
do Pará.
técnico ou científico, de nível médio ou superior;
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LEGISLAÇÃO SEDUC-PA 2018
Art. 169. As metas e prioridades III - amparo às crianças, em creche;
caracterizadoras dos programas, projetos e
IV - a cultura, o esporte, a recreação e o
atividades estabelecidas no orçamento, manterão
lazer.
absoluta fidelidade à finalidade e ao objetivo do
órgão de Previdência e Assistência dos Servidores TÍTULO V
do Estado do Pará.
DA ASSOCIAÇÃO SINDICAL
Capítulo II
Art. 175. É garantido ao servidor público civil
Da Saúde do Estado do Pará o direito à livre associação, como
também, entre outros, os seguintes direitos, dela
Art. 170. A assistência à saúde será
decorrentes:
prestada pelo órgão estadual competente e, de
forma complementar, por instituições públicas e a) de ser representado pelos sindicatos, na
privadas. forma da legislação processual civil;
Art. 171. Nas situações de urgência e b) de inamovibilidade dos dirigentes dos
emergência o setor de Recursos Humanos sindicatos até 1 (um) ano após o final do mandato;
comunicará formalmente ao órgão de seguridade
social, no primeiro dia útil seguinte, o atendimento c) de descontar em folha, mediante
médico do servidor ou de seus dependentes. autorização do servidor, sem ônus para a entidade
sindical a que for filiado, o valor das mensalidades e
§ 1° A assistência à saúde fora do domicílio contribuições definidas em Assembleia Geral da
do servidor depende da manifestação favorável do categoria.
órgão de seguridade social do Estado do Pará.
Art. 176. É assegurada a participação
§ 2° O atendimento de urgência e permanente do servidor nos colegiados dos órgãos
emergência fora do domicílio do servidor obedecerá do Estado do Pará em que seus interesses
ao que dispuser o regulamento. profissionais ou previdenciários sejam objeto de
discussão e deliberação.
Capítulo III
TÍTULO VI
Da Previdência Social
DOS DEVERES, DAS PROIBIÇÕES E DAS
Art. 172. Os planos de Previdência Social
RESPONSABILIDADES
atenderão, nos termos da legislação pertinente:
Capítulo I
I - à cobertura dos eventos de doença,
invalidez, morte, incluindo os resultantes de Dos Deveres
acidentes de trabalho, velhice e reclusão;
Art. 177. São deveres do servidor:
II - à pensão por morte de segurado,
I - assiduidade e pontualidade;
homem ou mulher, ao cônjuge e dependente.
§ 1° A contribuição previdenciária incidirá II - urbanidade;
sobre a remuneração total do servidor, exceto III - discrição;
salário-família, com a consequente repercussão em
benefícios. IV - obediência às ordens superiores, exceto
quando manifestamente ilegais;
§ 2° É assegurado o reajustamento de
benefícios par a preservar-lhes, em caráter V - exercício pessoal das atribuições;
permanente, o valor real da época da concessão. VI - observância aos princípios éticos,
§ 3° O 13° (décimo terceiro) salário dos morais, às leis e regulamentos;
aposentados e pensionistas terá por base o valor VII - atualização de seus dados pessoais e
dos proventos do mês de dezembro de cada ano. de seus dependentes;
Capítulo IV VIII - representação contra as ordens
Da Assistência Social manifestamente ilegais e contra irregularidades;

Art. 173. A assistência social será prestada IX - atender com presteza:


ao servidor e dependentes. a) às requisições para a defesa do Estado;
Art. 174. A assistência social tem por b) às informações, documentos e
objetivo: providências solicitadas por autoridades judiciárias ou
I - proteção ao servidor, sobretudo nos administrativas;
trabalhos penosos, insalubres e perigosos; c) à expedição de certidões para a defesa de
II - proteção à família, à maternidade e à direitos, para a arguição de ilegalidade ou abuso de
infância; autoridade.

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LEGISLAÇÃO SEDUC-PA 2018
Capítulo II XX - exercer atribuições sob as ordens
imediatas de parentes até o segundo grau, salvo em
Das Proibições
cargo comissionado;
Art. 178. É vedado ao servidor:
XXI - praticar atos, tipificados em lei como
I - acumular inconstitucionalmente cargos crime, contra a administração pública;
ou empregos na administração pública;
XXII - exercer a advocacia fora das
II - revelar fato de que tem ciência em razão atribuições institucionais, se ocupante do cargo
do cargo, e que deve permanecer em sigilo, ou incompatível;
facilitar sua revelação;
XXIII - retardar, injustificadamente, a
III - pleitear como intermediário ou nomeação de classificado em concurso público.
procurador junto ao serviço público, exceto quando
Parágrafo único. Não se compreende na
se tratar de interesse do cônjuge ou dependente;
proibição do inciso VIII o exercício de cargo ou
IV - deixar de comparecer ao serviço, sem função na Administração Indireta, quando
causa justificada, por 30 (trinta) dias consecutivos; regularmente colocado à disposição.
V - valer-se do exercício do cargo para Capítulo III
auferir proveito pessoal ou de outrem, em
Das Responsabilidades
detrimento da dignidade da função;
Art. 179. O servidor responde civil, penal e
VI - cometer encargo legítimo de servidor
administrativamente pelo exercício irregular de suas
público à pessoa estranha à repartição, fora dos
atribuições.
casos previstos em lei;
Art. 180. A responsabilidade civil decorre de
VII - participar de gerência ou administração
ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que
de empresa privada, de sociedade civil, ou exercer
resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros.
o comércio, exceto na qualidade de acionista,
cotista ou comanditário; § 1° A indenização de prejuízo dolosamente
causado ao erário somente será liquidada na forma
VIII - aceitar contratos com a Administração
prevista no art. 125, na falta de outros bens que
Estadual, quando vedado em lei ou regulamento;
assegurem a execução do débito pela via judicial.
IX - participar da gerência ou administração
§ 2° Tratando-se de dano causado a
de associação ou sociedade subvencionada pelo
terceiros, responderá o servidor perante a Fazenda
Estado, exceto entidades comunitárias e
Pública, em ação regressiva.
associação profissional ou sindicato;
§ 3° A obrigação de reparar o dano estende-
X - tratar de interesses particulares ou
se aos sucessores e contra eles será executada, até
desempenhar atividade estranha ao cargo, no
o limite do valor da herança recebida.
recinto da repartição;
Art. 181. As sanções civis, penais e
XI - referir-se, de modo ofensivo, a servidor
administrativas poderão cumular-se, sendo
público e a ato da Administração;
independentes entre si.
XII - utilizar-se do anonimato, ou de provas
Art. 182. A absolvição judicial somente
obtidas ilicitamente;
repercute na esfera administrativa, se negar a
XIII - permutar ou abandonar serviço existência do fato ou afastar do servidor a autoria.
essencial, sem expressa autorização;
Capítulo IV
XIV - omitir-se no zelo e conservação dos
Das Penalidades e sua Aplicação
bens e documentos públicos;
Art. 183. São penas disciplinares:
XV - desrespeitar ou procrastinar o
cumprimento de decisão judicial; I - repreensão;
XVI - deixar, sem justa causa, de observar II - suspensão;
prazos legais administrativos ou judiciais;
III - demissão:
XVII - praticar ato lesivo ao patrimônio
IV - destituição de cargo em comissão ou de
Estadual;
função gratificada;
XVIII - solicitar, aceitar ou exigir vantagem
V - cassação de aposentadoria ou de
indevida pela abstenção ou prática regular de ato
disponibilidade.
de ofício;
Art. 184. Na aplicação das penalidades serão
XIX - aceitar representação de Estado
considerados cumulativamente:
estrangeiro, sem autorização legal;

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LEGISLAÇÃO SEDUC-PA 2018
I - os danos decorrentes do fato para o IV - improbidade administrativa;
serviço público;
V - incontinência pública e conduta
II - a natureza e a gravidade da infração e escandalosa, na repartição;
as circunstâncias em que foi praticada;
VI - insubordinação grave em serviço;
III - a repercussão do fato;
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a
IV - os antecedentes funcionais. particular, salvo em legítima defesa própria ou de
outrem;
Art. 185. As penas disciplinares serão
aplicadas através de: VIII - aplicação irregular de dinheiros
públicos;
I - portaria, no caso de repreensão e
suspensão; IX - revelação de segredo do qual se
apropriou em razão do cargo;
II - decreto, no caso de demissão,
destituição de cargo em comissão ou de função X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do
gratificada, cassação de aposentadoria ou de patrimônio estadual;
disponibilidade.
XI - corrupção;
Parágrafo único. A portaria ou o decreto
XII - acumulação ilegal de cargos, empregos
indicará a penalidade e o fundamento legal, com a
ou funções públicas;
devida inscrição nos assentamentos do servidor.
XIII - lograr proveito pessoal ou de outrem,
Art. 186. Na aplicação de penalidade, serão
valendo-se do cargo, em detrimento da dignidade da
inadmissíveis as provas obtidas por meios ilícitos.
função pública;
Art. 187. Aos acusados e litigantes, em
XIV - participação em gerência ou
processo administrativo, são assegurados o
administração de empresa privada, de sociedade
contraditório e a ampla defesa, com os meios e
civil, ou exercício do comércio, exceto na qualidade
recursos a ela inerentes.
de acionista, cotista ou comanditário;
Parágrafo único. Ao servidor punido com
XV - atuação, como procurador ou
pena disciplinar é assegurado o direito de pedir
intermediário, junto a repartições públicas, salvo
reconsideração e recorrer da decisão.
quando se tratar de benefícios previdenciários ou
Art. 188. A pena de repreensão será assistenciais a parentes até o segundo grau, e de
aplicada nas infrações de natureza leve, em caso cônjuge ou companheiro;
de falta de cumprimento dos deveres ou das
XVI - recebimento de propina, comissão,
proibições, na forma que dispuser o regulamento.
presente ou vantagem de qualquer espécie, em
Art. 189. A pena de suspensão, que não razão de suas atribuições;
exceder a 90 (noventa) dias, será aplicada em caso
XVII - aceitação de comissão, emprego ou
de falta grave, reincidência, ou infração ao disposto
pensão de Estado estrangeiro;
no art. 178, VII, XI, XII, XIV e XVII.
XVIII - prática de usura sob qualquer de suas
§ 1° O servidor, enquanto suspenso,
formas;
perderá os direitos e vantagens de natureza
pecuniária, exceto o salário-família. XIX - procedimento desidioso;
§ 2° Quando licenciado, a penalidade será XX - utilização de pessoal ou recursos
aplicada após o retorno do servidor ao exercício. materiais de repartição em serviços ou atividades
particulares.
§ 3° Quando houver conveniência para o
serviço, a autoridade que aplicar a pena de § 1° O servidor indiciado em processo
suspensão poderá convertê-la em multa, na base administrativo não poderá ser exonerado, salvo se
de 50% (cinquenta por cento) por dia de comprovada a sua inocência ao final do processo.
vencimento ou remuneração, permanecendo o
servidor em exercício. § 2° O abandono de cargo só se configura
pela ausência intencional do servidor ao serviço, por
Art. 190. A pena de demissão será aplicada mais de 30 (trinta) dias consecutivos e injustificados.
nos casos de:
Art. 191. Verificada, em processo disciplinar,
I - crime contra a Administração Pública, a acumulação proibida e provada a boa-fé, o servidor
nos termos da lei penal; optará por um dos cargos.
II - abandono de cargo; § 1° Provada a má-fé, perderá também o
cargo que exercia há mais tempo e restituirá o que
III - faltas ao serviço, sem causa justificada,
tiver percebido indevidamente.
por 60 (sessenta) dias intercaladamente, durante o
período de 12 (doze) meses;

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LEGISLAÇÃO SEDUC-PA 2018
§ 2° Na hipótese do parágrafo anterior, II - pelos Secretários de Estado e dirigentes
sendo um do s cargos, função ou emprego exercido de órgão a estes equiparados, nos casos de
em outro órgão ou entidade, a demissão lhe será suspensão superiores a 30 (trinta) dias;
comunicada.
III - pelo chefe da repartição e outras
Art. 192. A destituição de cargo em autoridades, na forma dos respectivos regimentos ou
comissão ou de função gratificada será aplicada regulamentos, nos casos de repreensão ou de
nos casos de infração, sujeita à penalidade de suspensão até 30 (trinta) dias.
demissão.
Art. 198. A ação disciplinar prescreverá:
Parágrafo único. Constatada a hipótese de
I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações
que trata este artigo, a exoneração efetuada, nos
puníveis com demissão, cassação de aposentadoria
termos do artigo 60, será convertida em destituição
ou disponibilidade e destituição;
de cargo em comissão ou de função gratificada.
II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
Art. 193. A demissão ou destituição de
cargo em comissão ou de função gratificada, nos III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à
casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 190, implica repreensão.
a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao
erário, sem prejuízo da ação penal cabível. § 1° O prazo de prescrição começa a correr
da data em que o fato se tornou conhecido.
Art. 194. A pena de demissão será aplicada
§ 2° Os prazos de prescrição previstos na lei
com a nota "a bem do serviço público", sempre que
penal aplicam-se às infrações disciplinares
o ato fundamentar-se no art. 190, incisos I, IV, VII,
capituladas também como crime.
X e XI. Parágrafo único. O servidor demitido ou
destituído do cargo em comissão ou da função § 3° A abertura de sindicância ou a
gratificada, na hipótese prevista neste artigo, não instauração de processo disciplinar interrompe a
poderá retornar ao serviço estadual. prescrição, até a decisão final proferida por
autoridade competente.
Art. 195. A demissão ou a destituição de
cargo em comissão ou de função gratificada, nas Capítulo V
hipóteses do art. 190, incisos XIII e XV,
incompatibiliza o servidor para nova investidura em Do Processo Administrativo Disciplinar
cargo público estadual, pelo prazo de 5 (cinco) Art. 199. A autoridade que tiver ciência de
anos. irregularidade no serviço público é obrigada a
Art. 196. Será cassada a aposentadoria ou promover a sua apuração imediata, mediante
a disponibilidade do inativo que houver praticado, sindicância ou processo administrativo disciplinar,
na atividade, falta punível com a demissão. assegurada ao acusado ampla defesa.

§ 1° A cassação da aposentadoria ou da Art. 200. As denúncias sobre irregularidades


disponibilidade será precedida do competente serão objeto de apuração, desde que contenham a
processo administrativo. identificação e o endereço do denunciante e sejam
formuladas por escrito, confirmada a autenticidade.
§ 2° Aplica-se, ainda, a pena de cassação
de aposentadoria ou de disponibilidade se ficar Parágrafo único. Quando o fato narrado não
provado que o inativo: configurar evidente infração disciplinar ou ilícito
penal, a denúncia será arquivada, por falta de objeto.
I - aceitou ilegalmente cargo ou função
pública; Art. 201. Da sindicância poderá resultar:

II - aceitou ilegalmente representação, I - arquivamento do processo;


comissão, emprego ou pensão de Estado II - aplicação de penalidade de repreensão ou
estrangeiro; suspensão de até 30 (trinta) dias;
III - praticou a usura em qualquer de suas III - instauração de processo disciplinar.
formas;
Parágrafo único. O prazo para conclusão da
IV - não assumiu no prazo legal o exercício sindicância não excederá a 30 (trinta) dias, podendo
do cargo em que foi aproveitado. ser prorrogado por igual período, a critério da
Art. 197. As penalidades disciplinares serão autoridade superior.
aplicadas, observada a vinculação do servidor ao Art. 202. Sempre que o ilícito praticado pelo
respectivo Poder, órgão ou entidade: servidor, ensejar a imposição de penalidade de
I - pela autoridade competente para nomear suspensão por mais de 30 (trinta) dias, de demissão,
em qualquer caso, e privativamente, nos casos de cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou
demissão, destituição e cassação de aposentadoria destituição, será obrigatória a instauração de
ou disponibilidade; processo disciplinar.

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LEGISLAÇÃO SEDUC-PA 2018
Capítulo VI § 2° As reuniões da comissão serão
registradas em atas que deverão detalhar as
Do Afastamento Preventivo
deliberações adotadas.
Art. 203. Como medida cautelar e a fim de
Capítulo VIII
que o servidor não venha a influir na apuração da
irregularidade, a autoridade instauradora do Do Inquérito
processo disciplinar poderá determinar o seu
Art. 209. O inquérito administrativo
afastamento do exercício do cargo, pelo prazo de
obedecerá ao princípio do contraditório, assegurada
até 60 (sessenta) dias, sem prejuízo da
ao acusado ampla defesa, com a utilização dos
remuneração.
meios e recursos admitidos em direito.
Parágrafo único. O afastamento poderá ser
Art. 210. Os autos da sindicância integrarão o
prorrogado por igual prazo, findo o qual cessarão os
processo disciplinar, como peça informativa da
seus efeitos, ainda que não concluído o processo.
instrução.
Capítulo VII
Parágrafo único. Na hipótese de o relatório
Do Processo Disciplinar da sindicância concluir que a infração está capitulada
como ilícito penal, a autoridade competente
Art. 204. O processo disciplinar é o
encaminhará cópia dos autos ao Ministério Público,
instrumento destinado a apurar responsabilidade de
independentemente da imediata instauração do
servidor por infração praticada no exercício de suas
processo disciplinar.
atribuições, ou que tenha relação com as
atribuições do cargo em que se encontre investido. Art. 211. Na fase do inquérito, a comissão
promoverá a tomada de depoimentos, acareações,
Art. 205. O processo disciplinar será
investigações e diligências cabíveis, objetivando a
conduzido por comissão composta de 3 (três)
coleta de prova, recorrendo, quando necessário, a
servidores estáveis, designados pela autoridade
técnicos e peritos, de modo a permitir a completa
competente, que indicará, dentre eles, o seu
elucidação dos fatos.
presidente.
Art. 212. É assegurado ao servidor o direito
§ 1° A Comissão terá como secretário,
de acompanhar o processo, pessoalmente ou por
servidor designado pelo seu presidente, podendo a
intermédio de procurador, arrolar e reinquirir
indicação recair em um de seus membros.
testemunhas, produzir provas e contraprovas e
§ 2° Não poderá participar de comissão de formular quesitos, quando se tratar de prova pericial.
sindicância ou de inquérito, cônjuge, companheiro
§ 1° O presidente da comissão poderá
ou parente do acusado, consanguíneo ou afim, em
denegar pedido s considerados impertinentes,
linha reta ou colateral, até o terceiro grau.
meramente protelatórios, ou de nenhum interesse
Art. 206. A Comissão exercerá suas para o esclarecimento dos fatos.
atividades com independência e imparcialidade,
§ 2° Será indeferido o pedido de prova
assegurado o sigilo necessário à elucidação do fato
pericial, quando a comprovação do fato independer
ou exigido pelo interesse da administração.
de conhecimento especial de perito.
Parágrafo único - As reuniões e as
Art. 213. As testemunhas serão intimadas a
audiências das comissões terão caráter reservado.
depor mediante mandato expedido pelo presidente
Art. 207. O processo disciplinar se da comissão, devendo a segunda via, com o ciente
desenvolve nas seguintes fases: do intimado, ser anexada aos autos.
I - instauração, com a publicação do ato Parágrafo único. Se a testemunha for
que constituir a comissão; servidor público, a expedição do mandato será
imediatamente comunicada ao chefe da repartição
II - inquérito administrativo, que onde serve, com a indicação do dia e hora marcados
compreende instrução, defesa e relatório; para a inquirição.
III - julgamento.
Art. 214. O depoimento será prestado
Art. 208. O prazo para a conclusão do oralmente e reduzido a termo, não sendo lícito à
processo disciplinar não excederá 60 (sessenta) testemunha trazê-lo por escrito.
dias, contados da data de publicação do ato que
§ 1° As testemunhas serão inquiridas
constituir a comissão, admitida a sua prorrogação separadamente.
por igual prazo, quando as circunstâncias o
exigirem. § 2° Na hipótese de depoimentos
contraditórios ou que se infirmem, proceder-se-á à
§ 1° Sempre que necessário, a comissão
acareação entre os depoentes.
dedicará tempo integral aos seus trabalhos, ficando
seus membros dispensados do ponto, até a entrega Art. 215. Concluída a inquirição das
do relatório final. testemunhas, a comissão promoverá o interrogatório

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do acusado, observados os procedimentos § 1° A revelia será declarada, por termo, nos
previstos nos arts. 213 e 214. autos do processo e devolverá o prazo para a defesa.
§ 1° No caso de mais de um acusado, cada § 2° Para defender o indiciado revel, a
um deles será ouvido separadamente, e sempre autoridades instauradora do processo designará um
que divergirem em suas declarações sobre fatos ou servidor como defensor dativo, ocupante de cargo de
circunstâncias, será promovida a acareação entre nível igual ou superior ao do indiciado.
eles.
Art. 221. Apreciada a defesa, a comissão
§ 2° O procurador do acusado poderá elaborará relatório minucioso, em que resumirá as
assistir ao interrogatório, bem como à inquirição das peças principais dos autos e mencionará as provas
testemunhas, sendo-lhe vedado interferir nas nas quais se baseou para formar a sua convicção.
perguntas e respostas, facultando-se-lhe, porém,
§ 1° O relatório será sempre conclusivo
reinquiri-las, por intermédio do presidente da
quanto à inocência ou à responsabilidade do
comissão.
servidor.
Art. 216. Quando houver dúvida sobre a
§ 2° Reconhecida a responsabilidade do
sanidade mental do acusado, a comissão proporá à
servidor, a comissão indicará o dispositivo legal ou
autoridade competente que ele seja submetido, a
regulamentar transgredido, bem como as
exame por junta médica oficial, da qual participe,
circunstâncias agravantes ou atenuantes.
pelo menos, um médico psiquiatra.
Art. 222. O processo disciplinar, com o
Parágrafo único. O incidente de sanidade
relatório da comissão, será remetido à autoridade
mental será processado em auto apartado e apenso
que determinou a sua instauração, para julgamento.
ao processo principal, após a expedição do laudo
pericial. Capítulo IX
Art. 217. Tipificada a infração disciplinar, Do Julgamento
será formulada a indicação do servidor, com a
Art. 223. A autoridade julgadora proferirá a
especificação dos fatos a ele imputados e das
sua decisão, no prazo de 20 (vinte) dias, contados do
respectivas provas.
recebimento do processo.
§ 1° O indiciado será citado por mandato
expedido p elo presidente da comissão para § 1° Se a penalidade a ser aplicada exceder
à alçada da autoridade instauradora do processo,
apresentar defesa escrita, no prazo de 10 (dez)
este será encaminhado à autoridade competente,
dias, assegurando-se-lhe vista do processo na
que decidirá em igual prazo.
repartição.
§ 2° Havendo mais de um indiciado e
§ 2° Havendo 2 (dois) ou mais indiciados, o
prazo será comum e de 20 (vinte) dias. diversidade de sanções, o julgamento caberá à
autoridade competente para a imposição da pena
§ 3° O prazo de defesa poderá ser mais grave.
prorrogado em dobro, para diligências reputadas
§ 3° Se a penalidade prevista for a demissão,
indispensáveis.
cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou
§ 4° No caso de recusa do indiciado em destituição o julgamento caberá às autoridades de
apor o ciente na cópia da citação, o prazo para que trata o inciso I do art. 197.
defesa contar-se-á da data declarada, em termo
próprio, pelo membro da comissão que fez a Art. 224. O julgamento acatará o relatório da
comissão, salvo quando contrário às provas dos
citação, com a assinatura de 2 (duas) testemunhas.
autos.
Art. 218. O indiciado que mudar de
Parágrafo único. Quando o relatório da
residência fica obrigado a comunicar à comissão o
local onde poderá ser encontrado. comissão contrariar as provas dos autos, a
autoridade julgadora poderá, motivadamente, agravar
Art. 219. Achando-se o indiciado em local a penalidade proposta, abrandá-la ou isentar o
incerto e não sabido, será citado por Edital, servidor de responsabilidade.
publicado no Diário Oficial do Estado e em jornal de
Art. 225. Verificada a existência de vício
grande circulação na localidade do último domicílio
insanável, a autoridade julgadora declarará a
conhecido, para apresentar defesa.
nulidade total ou parcial do processo e ordenará a
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, o constituição de outra comissão, para instauração de
prazo para defesa será de 15 (quinze) dias, a partir novo processo.
da última publicação do Edital.
§ 1° O julgamento fora do prazo legal não
Art. 220. Considerar-se-á revel o indiciado implica nulidade do processo.
que, regularmente citado, não apresentar defesa no
§ 2° A autoridade julgadora que der causa à
prazo legal.
prescrição de que trata o art. 198,

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§ 2°, será responsabilizada na forma da Art. 235. Aplicam-se aos trabalhos da
presente lei. comissão revisora, no que couber, as normas e
procedimentos próprios da comissão do processo
Art. 226. Extinta a punibilidade pela
disciplinar.
prescrição, a autoridade julgadora determinará o
registro do fato nos assentamentos individuais do Art. 236. O julgamento caberá à autoridade
servidor. que aplicou a penalidade, nos termos do art. 197.
Art. 227. Quando a infração estiver Parágrafo único. O prazo para julgamento
capitulada como crime, o processo disciplinar será será de 20 (vinte) dias, contados do recebimento do
remetido ao Ministério Público para instauração da processo, no curso do qual a autoridade julgadora
ação penal, ficando trasladado na repartição. poderá determinar diligências.
Art. 228. Serão assegurados transporte e Art. 237. Julgada procedente a revisão, será
diárias: declarada sem efeito a penalidade aplicada,
restabelecendo-se todos os direitos do servidor,
I - ao servidor convocado para prestar
exceto em relação à destituição, que será convertida
depoimento fora da sede de sua repartição, na
em exoneração.
condição de testemunha, denunciado ou indiciado;
Parágrafo único. Da revisão não poderá
II - aos membros da comissão e ao
resultar agravamento de penalidade.
secretário, quando obrigados a se deslocarem da
sede dos trabalhos para a realização de missão TÍTULO VII
essencial ao esclarecimento dos fatos.
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Capítulo X
Art. 238. O dia 28 de outubro é consagrado
Da Revisão do Processo ao servidor público estadual.
Art. 229. O processo disciplinar poderá ser Art. 239. O tempo de serviço gratuito será
revisto, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, contado para todos os fins, quando prestado à
quando se aduzirem fatos novos ou circunstâncias autarquia profissional, ou aos que tenham exercido
suscetíveis de justificar a inocência do punido ou a gratuitamente mandato de Vereador, sendo vedada a
inadequação da penalidade aplicada. contagem quando for simultâneo com o exercício de
cargo, emprego ou função pública.
§ 1° Em caso de falecimento, ausência ou
desapareci mento do servidor, qualquer pessoa da Art. 240. É assegurado o direito de greve, na
família poderá requerer a revisão do processo. forma de lei específica.(NR)
§ 2° No caso de incapacidade mental do Art. 241. O servidor de nível superior ou
servidor, a revisão será requerida pelo respectivo equiparado ao mesmo, sujeito à fiscalização da
curador. autarquia profissional, ou entidade análoga,
suspenso do exercício profissional não poderá
Art. 230. No processo revisional, o ônus da
desempenhar atividade que envolva responsabilidade
prova cabe ao requerente.
técnico-profissional, enquanto perdurar a medida
Art. 231. A simples alegação de injustiça da disciplinar.
penalidade não constitui fundamento para a
Art. 242. Fica assegurada a participação de 1
revisão, que requer elementos novos ainda não
(um) representante dos sindicatos de servidores
apreciados no processo originário.
públicos no Conselho de Política de Cargos e
Art. 232. O requerimento de revisão do Salários do Estado do Pará, na forma do
processo será dirigido ao Secretário de Estado ou regulamento.
autoridade equivalente que, se autorizar a revisão,
TÍTULO VIII
encaminhará o pedido ao dirigente do órgão ou
entidade onde se originou o processo disciplinar. DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
Parágrafo único. Deferida a petição, a Art. 243. (VETADO)
autoridade competente providenciará a constituição
Art. 244. Aos servidores da administração
de comissão, na forma do art. 205.
direta, autarquias e fundações públicas, contratados
Art. 233. A revisão correrá em apenso ao por prazo indeterminado, pelo regime da
processo originário. Consolidação das Leis do Trabalho ou como serviços
prestados é assegurado até que seja promovido
Parágrafo único. Na petição inicial, o
concurso público para fins de provimento dos cargos
requerente pedirá dia e hora para a produção de
por eles ocupados, ou que venham a ser criados, as
provas e inquirição das testemunhas que arrolar.
mesmas obrigações e vantagens atribuídas aos
Art. 234. A comissão revisora terá 60 demais servidores considerados estáveis por força do
(sessenta) dias para a conclusão dos trabalhos. artigo 19 do Ato das Disposições Transitórias da
Constituição Federal.

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LEGISLAÇÃO SEDUC-PA 2018
Art. 245. (VETADO) ANOTAÇÕES
Parágrafo único. (VETADO) __________________________________________
Art. 246. Aos servidores em atividade na __________________________________________
área de educação especial fica atribuída a
gratificação de cinquenta por cento (50%) do __________________________________________
vencimento. __________________________________________
Art. 247. É assegurada ao servidor a __________________________________________
contagem da soma do tempo de serviço prestado à
União, Estados, Distrito Federal, Territórios e __________________________________________
Municípios, desde que ininterrupta e __________________________________________
sucessivamente, para efeito de aferição da
estabilidade nas condições previstas no art. 19 do __________________________________________
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da __________________________________________
Constituição Federal.
__________________________________________
Art. 248. (VETADO)
__________________________________________
Art. 249. Esta lei entra em vigor na data da
sua promulgação. __________________________________________

Art. 250. (VETADO) __________________________________________

Palácio do Governo do Estado do Pará, em 24 de __________________________________________


janeiro de 1994. __________________________________________
JADER FONTENELLE BARBALHO __________________________________________
Governador do Estado __________________________________________
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LEGISLAÇÃO SEDUC-PA 2018
V - liberdade de ensinar, aprender, pesquisar e
divulgar o pensamento, a arte e o saber, dentro dos
ideais de democracia;
VI - gestão democrática do ensino público estadual;
VII - valorização do desempenho, da qualificação e
Que dispõe sobre o Plano de Cargos, do conhecimento;
Carreira e Remuneração dos Profissionais VIII - avanço na carreira dos profissionais da
da Educação Básica da Rede Pública de educação básica, através da
Ensino do Estado do Pará; progressão funcional;
IX - período reservado ao Professor, em sua jornada
L E I N° 7.442, DE 2 DE JULHO DE 2010 de trabalho, a estudos,
Dispõe sobre o Plano de Cargos, Carreira e planejamento e avaliação do trabalho discente;
Remuneração dos Profissionais da Educação X - participação dos profissionais da educação básica
Básica da Rede Pública de Ensino do Estado na elaboração, execução e
do Pará e dá outras providências. avaliação do Projeto Político Pedagógico da Escola.
A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO
PARÁ estatui e eu Seção III
sanciono a seguinte Lei: Dos Conceitos Fundamentais

CAPÍTULO I Art. 4º Para efeito desta Lei, entende-se por:


Seção I I - Plano de Cargos, Carreira e Remuneração – é o
Das Disposições Gerais conjunto de normas que disciplinam o
desenvolvimento do servidor na carreira,
Art. 1º Esta Lei institui e estrutura o Plano de correlacionam as respectivas classes de cargos com
Cargos, Carreira e Remuneração dos Profissionais os níveis de escolaridade e de remuneração dos
da Educação Básica da Rede Pública de Ensino do profissionais que ocupam e que estabelecem critérios
Estado do Pará. para o desenvolvimento, mediante progressão
vertical e horizontal;
Art. 2º Para efeito desta Lei, entendam-se II - Cargo Efetivo – é o lugar instituído na organização
integrantes do Quadro Permanente dos do serviço público, com denominação própria,
Profissionais da Educação Básica da Rede Pública atribuição e responsabilidade específica e estipêndio
de Ensino do Estado do Pará os seguintes cargos: correspondente, para ser provido e exercido por um
I - Professor; titular, o qual exige para ingresso, prévia aprovação
II - Especialista em Educação; em concurso público;
III - Auxiliar Educacional; III - Função Permanente – é o conjunto de atribuições
IV - Assistente Educacional. de caráter definitivo desempenhadas por servidor
Parágrafo único. Os cargos de Auxiliar Educacional estável, na forma do art. 19 do Ato das Disposições
e Assistente Educacional Constitucionais Transitórias - ADCT da Constituição
serão regulamentados por lei específica. Federal de 1988;
Seção II IV - Servidor – é a pessoa física, legalmente investida
em cargo público, com direitos, deveres,
Dos Objetivos, Princípios e Garantias responsabilidades, vencimento e vantagens previstas
em lei;
Art. 3º O Plano de Cargos, Carreira e Remuneração V - Magistério Público – é o conjunto de cargos
de que trata esta Lei objetiva o aperfeiçoamento ocupados por profissionais da Educação, que
profissional e contínuo, a valorização dos exercem atividades de docência e de suporte
profissionais da educação básica, a percepção de pedagógico, incluídas as de administração escolar,
remuneração digna, a melhoria do desempenho planejamento, supervisão e orientação educacional,
profissional e da qualidade do ensino prestado à bem como assessoramento técnico e avaliação de
população do Estado, baseado nos seguintes ensino e pesquisa;
objetivos, princípios e garantias: VI - Carreira – é o conjunto de classes e níveis que
I - reconhecimento da importância da carreira dos definem a evolução funcional e remuneratória do
profissionais da educação servidor, de acordo com a complexidade de
básica e de seus agentes; atribuições e grau de responsabilidade;
II - profissionalização, que pressupõe qualificação e VII - Classe – é o conjunto de cargos de mesma
aperfeiçoamento profissional natureza funcional, mesma escolaridade e/ou
contínuo, com remuneração digna e condições titulação e de mesmo grau de responsabilidade;
adequadas de trabalho; VIII - Nível – é o símbolo alfabético indicativo do valor
III - formação continuada; do vencimento-base fixado para a classe, que
IV - promoção da educação visando o pleno representa o crescimento funcional do servidor no
desenvolvimento da pessoa e seu plano e/ou na carreira;
preparo para o exercício da cidadania; IX - Grade de Vencimentos – é o conjunto de
matrizes de vencimento referente a

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cada cargo; a) Classe I: formação de nível superior em curso de
X - Evolução Funcional – é o desenvolvimento do licenciatura, de graduação plena;
servidor na carreira através de procedimentos de b) Classe II: formação em nível superior em curso de
progressão vertical nas classes e progressão licenciatura, de graduação plena, acrescida de pós-
horizontal nos níveis; graduação obtida em curso de especialização na
XI - Educação Básica – é a educação escolar Educação com duração mínima de 360 (trezentos e
composta pela educação infantil, ensino sessenta) horas;
fundamental e ensino médio; c) Classe III: formação em nível superior em curso de
XII - Hora-Aula – é o tempo reservado à regência licenciatura, de graduação plena, acrescida de
de classe, com a participação efetiva do aluno, mestrado na área de educação;
realizado em sala de aula ou em outros locais d) Classe IV: formação em nível superior em curso de
adequados ao processo ensino-aprendizagem; licenciatura, de graduação plena, acrescida de
XIII - Hora-Atividade – é o tempo reservado ao doutorado na área de educação.
docente, cumprido na escola ou fora dela, para Art. 6º As classes de que trata o art. 5º desdobram-se
estudo e planejamento, destinado à avaliação do em doze Níveis, definidos de “A” a “L”, cuja evolução
trabalho didático e à socialização de experiências funcional dar-se-á mediante critérios de avaliação de
pedagógicas, atividades de formação continuada, desempenho e participação em programas de
reunião, articulação com a comunidade e outras desenvolvimento profissional.
atividades estabelecidas no Projeto Político
Pedagógico; Art. 7º Os cargos do Quadro Permanente da Rede
XIV - Quadro Permanente – é o conjunto de cargos Pública de Ensino do Estado do Pará são os
de provimento efetivo dos profissionais da descritos no Anexo I desta Lei.
educação básica escolar; Parágrafo único. As atribuições gerais e os requisitos
XV - Quadro Suplementar – é o conjunto de cargos de escolaridade exigidos para os cargos tratados no
de provimento efetivo ou de funções permanentes caput deste artigo estão descritos no Anexo II desta
do Magistério, não enquadrados no Quadro Lei.
Permanente instituído por esta Lei;
XVI - Enquadramento – é o posicionamento do CAPÍTULO III
servidor ocupante de cargo efetivo em cargo, classe DO PROVIMENTO E DESENVOLVIMENTO NA
e nível de vencimento, do Quadro Permanente do CARREIRA
Magistério instituído por esta Lei, em face da tabela Seção I
de correlação de cargos. Do Ingresso
Parágrafo único. Trabalhadores da Educação são
profissionais que direta ou indiretamente atuam na Art. 8º O ingresso no cargo de Professor ou
escola, seja desenvolvendo as funções do Especialista em Educação da carreira do Magistério
Magistério, seja na atividade meio, dando suporte Público de que trata esta Lei dar-se-á,
administrativo e operacional. obrigatoriamente, sempre na Classe I, Nível A,
mediante aprovação em concurso público de provas,
CAPÍTULO II ou de provas e títulos.
ESTRUTURA, CARGOS E CARREIRA Parágrafo único. O servidor que ingressar na carreira
com titulação correspondente às Classes II, III e IV,
Art. 5º Os cargos da carreira do Magistério são somente poderá requerer progressão funcional após
estruturados em classes, assim considerados: o cumprimento do estágio probatório, sendo-lhe
I - Professor: permitida, neste caso, a progressão imediata para a
a) Classe Especial: formação de nível médio na Classe correspondente à sua titulação, observadas
modalidade normal; as regras de progressão dispostas nesta Lei.
b) Classe I: formação de nível superior em curso de Seção II
licenciatura, de
graduação plena; Do Desenvolvimento na Carreira
c) Classe II: formação em nível superior em curso Art. 9º O desenvolvimento na carreira ocorrerá
de licenciatura, de graduação mediante:
plena, acrescida de pós-graduação obtida em curso
de especialização na Educação com duração I - o atendimento das condições estabelecidas no
mínima de 360 (trezentos e sessenta) horas; plano de qualificação profissional;
d) Classe III: formação em nível superior em curso II - aprovação na avaliação de desempenho
de licenciatura, de graduação funcional.
plena, acrescida de mestrado na área de educação;
e) Classe IV: formação em nível superior em curso Seção III
de licenciatura, de graduação Da Avaliação de Desempenho Funcional
plena, acrescida de doutorado na área de
educação. Art. 10. A avaliação de desempenho do profissional
II - Especialista em Educação: do Magistério e do sistema de ensino, que leve em
conta entre outros fatores, a objetividade, que é a

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LEGISLAÇÃO SEDUC-PA 2018
escolha de requisitos que possibilitem a análise de Parágrafo único. Os membros da Comissão
indicadores qualitativos e quantitativos, a Permanente de Avaliação de Desempenho Funcional
transparência, que assegura que o resultado da e Subcomissões exercerão suas funções sem
avaliação possa ser analisado pelo avaliado e pelos prejuízo das suas atividades técnicas e docentes e
avaliadores, com vistas à superação das sem direito à remuneração excedente, sendo-lhes
dificuldades detectadas para o desempenho assegurado horário de trabalho compatível com o
profissional ou do sistema, a ser realizada com funcionamento da Comissão.
base no princípio da amplitude.
Parágrafo único. A avaliação deve incidir sobre Seção V
todas as áreas de atuação do sistema de ensino Da Progressão Funcional
que compreendem:
I - a formulação das políticas educacionais; Art. 13. A progressão funcional dos servidores de que
II - a aplicação delas pelas redes de ensino; trata esta Lei ocorrerá de forma horizontal e vertical.
III - o desempenho dos profissionais do Magistério; Parágrafo único. O servidor ocupante do cargo de
IV - a estrutura escolar; Professor, Classe Especial, somente concorrerá à
V - as condições sócioeducativas dos educandos; progressão horizontal.
VI - outros critérios que os sistemas considerarem
pertinentes; Subseção I
VII - os resultados educacionais da escola. Da Progressão Funcional Horizontal
Art. 11. Os procedimentos para execução da
avaliação de desempenho funcional serão objeto de Art. 14. A progressão funcional horizontal dar-se-á de
regulamentação por parte do Poder Executivo, por forma alternada, ora automática, ora mediante a
lei específica assegurando-se ao servidor a avaliação de desempenho a cada interstício de três
recorribilidade das decisões. anos.
§ 1º A primeira progressão na carreira dar-se-á de
Seção IV forma automática mediante a aprovação no estágio
Comissão Permanente de Avaliação de probatório.
Desempenho Funcional § 2º Caso a disponibilidade orçamentária e financeira
limite o número de progressões horizontais, o Estado
Art. 12. A comissão permanente de avaliação de ficará obrigado a efetivá-las em até um ano a contar
desempenho funcional será composta por cinco da data em que o servidor tenha adquirido o direito,
servidores estáveis, integrantes do Quadro lhe sendo resguardado os pagamentos retroativos a
Permanente do Magistério, designados por ato do data em que tenha satisfeito os requisitos para obtê-
Secretário de Estado de Educação, pelo período de la.
até dois anos, prorrogável, uma única vez, por igual § 3º Caso a Secretaria de Estado de Educação -
período e terá as seguintes competências: SEDUC, não proceda a avaliação de desempenho, o
I - incentivar, coordenar e acompanhar o processo servidor progredirá automaticamente para o próximo
de avaliação de desempenho funcional; nível na carreira, sem prejuízo das progressões
II - apreciar assuntos concernentes ao futuras.
desenvolvimento dos profissionais da educação na
carreira compreendendo as progressões; Subseção II
III - desenvolver estudos e análises, que subsidiem Da Progressão Funcional Vertical
informações para fixação e aperfeiçoamento da
política de pessoal; Art. 15. A progressão funcional vertical dar-se-á pela
IV - planejar, organizar e coordenar o sistema de passagem do servidor de uma classe para outra,
avaliação de desempenho funcional dos servidores habilitando-se os candidatos à progressão de acordo
alcançados por esta Lei; com a titulação acadêmica obtida na área da
V - examinar e emitir parecer conclusivo sobre os educação, na seguinte forma:
pedidos de progressão funcional; I - a progressão para a Classe II ocorrerá mediante a
VI - acompanhar o enquadramento e sua revisão obtenção do título de pós-graduação lato sensu,
anual dos servidores da educação; Especialização, com carga horária mínima de 360
VII - responder às consultas relativas às matérias (trezentos e sessenta) horas, na área da educação;
de sua competência; II - a progressão para a Classe III ocorrerá mediante
VIII - analisar os recursos administrativos dos a obtenção do título de pós-graduação stricto sensu,
servidores, cabendo ao Secretário de Estado de Mestrado na área da educação;
Educação deliberar; III - a progressão para a Classe IV ocorrerá mediante
IX - criar subcomissão por URES – Unidade a obtenção do título de pós-graduação stricto sensu,
Regional de Educação, composta por cinco Doutorado na área da educação.
servidores estáveis e efetivos, pelo período de até Parágrafo único. Será mantido o mesmo nível em
dois anos, admitida uma única prorrogação, por que estiver situado o servidor, por ocasião de sua
igual período, para conduzir o processo de progressão para outra Classe, conforme tratada
avaliação na Unidade Regional. neste artigo.

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Art. 16. Caso a disponibilidade orçamentária limite o administração pública da Secretaria de Estado de
número de vagas à progressão vertical, serão Educação, dos direitos e deveres definidos na
observados os seguintes critérios para seleção dos legislação estadual e sobre o Plano Estadual de
candidatos inscritos: Educação e Plano Nacional de Educação;
I - produção acadêmica; II - programa de capacitação aplicado aos servidores
II - produção bibliográfica; para incorporação de novos conhecimentos e
III - atuação em missões institucionais; habilidades, decorrentes de inovações científicas e
IV - participação em eventos científicos; tecnológicas ou de alteração da legislação, normas e
V - participação em programas de formação e/ou procedimentos específicos ao desempenho do seu
qualificação profissional relacionados à educação. cargo ou função;
§ 1º Os critérios estabelecidos neste dispositivo III - programa de desenvolvimento destinado à
serão especificados e terão pontuação individual incorporação de conhecimentos e habilidades
atribuída por meio de decreto do Poder Executivo. técnicas inerentes ao cargo, através de cursos
§ 2º Os cursos de pós-graduação lato sensu e regulares oferecidos pela Instituição;
stricto sensu, para os fins previstos nesta Lei, IV - programa de aperfeiçoamento aplicado aos
somente serão considerados se ministrados por servidores com a finalidade de incorporação de
instituição autorizada ou reconhecida por órgãos conhecimentos complementares, de natureza
competentes e, quando realizados no exterior, se especializada, relacionados ao exercício ou
forem revalidados por instituição brasileira, desempenho do cargo ou função, podendo constar
conforme legislação especifica. de cursos regulares, seminários, palestras,
Art. 17. A Progressão Funcional Vertical ocorrerá simpósios, congressos e outros eventos similares
mediante abertura de processo anualmente reconhecidos pela SEDUC;
promovido pela Secretaria de Estado de Educação, V - programas de desenvolvimento gerencial
e dar-se-á através de solicitação do servidor junto à destinados aos ocupantes de cargos de direção,
comissão permanente de avaliação de desempenho gerência, assessoria e chefia, para habilitar os
funcional, condicionada à disponibilidade servidores ao desempenho eficiente das atribuições
orçamentária. inerentes ao cargo ou função.
Art. 18. O servidor que ocupar dois cargos do
Quadro Permanente do Magistério, nos termos das Art. 24. A qualificação profissional de que trata esta
disposições constitucionais que tratam do acúmulo Lei será regulamentada por Decreto do Poder
remunerado de cargos públicos, poderá utilizar a Executivo.
mesma titulação para fins de progressão funcional
vertical em ambos os cargos. CAPÍTULO IV
Art. 19. A titulação utilizada para fins de progressão DA REMUNERAÇÃO
funcional vertical não poderá Seção I
ser utilizado para efeito de progressão funcional Do Plano de Remuneração
horizontal.
Art. 20. O servidor somente fará jus às progressões Art. 25. A remuneração dos servidores de que trata
funcionais tratadas nesta Lei, esta Lei corresponderá ao vencimento da Classe e
após a sua aprovação em estágio probatório e nível do cargo que ocupa, observada a jornada de
confirmação na carreira. trabalho, acrescida dos adicionais e gratificações a
Art. 21. Ato do Poder Executivo regulamentará o que fizer jus.
processo de avaliação de § 1º Os cargos de que trata esta Lei terão seus
desempenho. vencimentos iniciais fixados a partir do Nível A, da
Classe I, e para as demais Classes conforme a
Seção VI seguir:
Da Formação e Qualificação Profissional I - O vencimento inicial da Classe II, Nível A
corresponderá ao valor do vencimento inicial da
Art. 22. A qualificação profissional ocorrerá por Classe I, acrescido de 1,5% (um por cento e cinco
iniciativa do servidor ou incentivo do Governo do décimos);
Estado, com base no levantamento prévio das II - O vencimento inicial da Classe III, Nível A
necessidades da instituição, tendo em vista corresponderá ao valor do vencimento inicial da
atividades que primem pela valorização do Classe II, acrescido de 1,5% (um por cento e cinco
profissional do Magistério mediante a integração, décimos);
atualização e o aperfeiçoamento profissional, III - O vencimento inicial da Classe IV, Nível A
objetivando a melhoria da qualidade do ensino corresponderá ao valor do vencimento inicial da
público. Classe III, acrescido de 1,5% (um por cento e cinco
Art. 23. A qualificação profissional deverá atender décimos).
aos seguintes programas: § 2º A diferença de vencimento entre os níveis, no
I - programa de integração à administração pública caso da progressão horizontal, corresponderá ao
aplicado a todos os servidores do quadro acréscimo de 0,5% (zero vírgula cinco décimos
permanente da rede pública de ensino, para percentuais), de um nível para o outro, utilizando-se
informar sobre a estrutura e organização da

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LEGISLAÇÃO SEDUC-PA 2018
como base de cálculo, sempre, o vencimento do Art. 32. A gratificação de Magistério será devida ao
Nível A da respectiva Classe. servidor ocupante do cargo de Professor, que se
Art. 26. Para efeito de fixação do vencimento do encontrar em regência de Classe, e corresponderá a
servidor ocupante do cargo de Professor que optar 10% (dez por cento) do vencimento.
pelas cargas horárias de 30 (trinta) ou 40 (quarenta) Parágrafo único. A gratificação de que trata o caput
horas semanais, será considerada a deste artigo será paga no percentual de 50%
proporcionalidade do vencimento fixado para a (cinqüenta por cento), para o Professor de Educação
carga horária de 20 (vinte) horas semanais, Especial.
conforme a grade de vencimentos, constante do Art. 33. Ao cargo de Professor, Classe Especial será
Anexo III desta Lei. atribuído vantagem pecuniária progressiva, desde
Art. 27. A remuneração do Cargo de Especialista que habilitado em curso de licenciatura plena, no
em Educação será equivalente a atribuída ao Cargo percentual de 10% (dez por cento) do vencimento-
de Professor, para uma jornada de 30 (trinta) ou 40 base, majorado a cada ano no mesmo percentual
(quarenta) horas semanais. cumulativo, até o limite de 50% (cinqüenta por cento),
Art. 28. As aulas suplementares, bem como, os sendo que a primeira concessão da vantagem se
abonos pecuniários creditados em favor do Grupo dará no ano da vigência desta Lei.
Ocupacional do Magistério, serão regulamentadas Art. 34. A gratificação de direção será devida ao
através de lei específica num período de até cento servidor, pelo exercício de funções de direção e de
e oitenta dias, a contar da vigência desta Lei, com a vice-direção escolar; direção de escola-sede, de
participação de comissão paritária composta por unidade da Secretaria de Estado de Educação na
seis membros, com representantes do Poder escola, de unidade regional de ensino; e de
Executivo e dos Trabalhadores em Educação. secretário de unidade, na forma estabelecida pela Lei
nº 7.107, de 12 de fevereiro de 2008.
Seção II
Das Vantagens CAPÍTULO V
DO REGIME DE TRABALHO
Art. 29. O servidor da SEDUC que exercer suas
atividades na SUSIPE - Superintendência do Art. 35. O servidor ocupante de cargo de Professor,
Sistema Penal e na FUNCAP - Fundação da em regência de classe,
Criança e do Adolescente, fará jus a gratificação de submeter-se-á às jornadas de trabalho a seguir:
risco de vida e alta complexidade no valor I - jornada parcial semanal de 20 (vinte) horas;
equivalente a 50% (cinqüenta por cento) do II - jornada parcial semanal de 30 (trinta) horas;
vencimento-base. III - jornada integral semanal de 40 (quarenta) horas.
Parágrafo único. A vantagem de que trata este § 1º As jornadas de trabalho previstas neste artigo
artigo faz parte de programas instituídos no âmbito compreendem as horas-aula e as horas-atividade.
da SUSIPE e da FUNCAP, não exigindo que o § 2º A hora-atividade corresponderá ao percentual de
servidor seja colocado a disposição destes órgãos. 20% (vinte por cento) da jornada de trabalho, com a
Art. 30. O servidor que exercer suas atividades no majoração desse percentual para 25% (vinte e cinco
Sistema de Organização Modular de Ensino - por cento) até quatro anos da vigência desta Lei.
SOME, fará jus a gratificação no valor § 3º Ao Professor que não se encontrar no exercício
correspondente a 100% (cem por cento) sobre o da regência de classe será atribuída a jornada de
vencimento-base acrescido da gratificação de trabalho estabelecida no inciso III deste artigo,
escolaridade, repercutindo sobre a parcela salarial excluída a hora-atividade.
referente a férias e ao décimo terceiro salário. Art. 36. A atribuição das jornadas de trabalho
Parágrafo único. Lei específica do Poder Executivo estabelecidas no artigo anterior levará em
estabelecerá sobre o Sistema consideração a disponibilidade de carga horária e a
de Organização Modular de Ensino. opção do Professor, conforme regulamentação em
Art. 31. A gratificação de titularidade será devida vigor.
em razão do aprimoramento da qualificação do § 1º A jornada de trabalho do Grupo Ocupacional do
servidor do Magistério, e será calculada sobre o Magistério será cumprida, prioritariamente, numa
vencimento-base do cargo, à razão de: única unidade de ensino.
I - 30% (trinta por cento) para o possuidor de § 2º Caso não seja possível o cumprimento do
Diploma de Doutorado; disposto no parágrafo anterior, a jornada de trabalho
II - 20% (vinte por cento) para o possuidor de deverá ser completada em projetos a serem
Diploma de Mestrado; regulamentados pela Secretaria de Estado de
III - 10% (dez por cento) para o possuidor de Curso Educação, no âmbito da unidade de ensino em que
de Especialização em Educação. esteja lotado o servidor, ou ainda, em caráter
§ 1º Entende-se por aprimoramento de qualificação, suplementar, a jornada de trabalho deverá ser
para efeito do disposto neste artigo, a conclusão de complementada em outra unidade de ensino.
cursos de pós-graduação em educação e áreas Art. 37. O servidor ocupante do cargo de Especialista
afins. em Educação submeter-se-á à jornada de trabalho
§ 2º Os percentuais constantes dos incisos I, II e III de 30 (trinta) ou 40 (quarenta) horas semanais.
não são cumulativos, o maior excluindo o menor.

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LEGISLAÇÃO SEDUC-PA 2018
CAPÍTULO VI composta por seis membros, com representantes do
DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS Poder Executivo e dos Trabalhadores em Educação.
Seção I Subseção II
Das Disposições Transitórias
Subseção I Do Quadro Suplementar
Do Enquadramento
Art. 38. O enquadramento de servidor ocupante de Art. 46. O Quadro Suplementar da Carreira do
cargo efetivo do Magistério no Quadro Permanente Magistério é composto por cargos efetivos, em
deste plano de cargos, carreira e remuneração extinção, conforme Anexo V.
ocorrerá mediante a correlação de cargos Parágrafo único. O vencimento do servidor integrante
estabelecida no Anexo IV, desta Lei. do Quadro Suplementar de que trata o caput deste
Parágrafo único. O servidor ocupante de cargo artigo, do ocupante de função permanente do
efetivo, que optar pelo não enquadramento de que Magistério e do não optante pelo enquadramento de
trata o caput deste artigo, passará a integrar o que trata o art. 38 corresponderá ao vencimento da
Quadro Suplementar, que após a sua vacância será Classe I, Nível A, ou da Classe Especial, Nível A, do
transferido para o Quadro Permanente do cargo efetivo cujo requisito de escolaridade seja
Magistério, observada a tabela de correlação compatível com a do cargo efetivo ou função
constante desta Lei. permanente que ocupa, mantidas todas as demais
Art. 39. O servidor que se encontrar em uma das vantagens percebidas na ocasião.
situações de afastamento consideradas como de
efetivo exercício, nos termos da Lei nº 5.810, de 24 Art. 47. Fica vedada a realização de concurso público
de janeiro de 1994 será enquadrado, na forma do para provimento de vagas dos cargos efetivos do
art. 34. Quadro Suplementar, os quais serão declarados
Art. 40. O servidor ocupante de cargo efetivo que se extintos à medida que vagarem.
encontrar à disposição de outro órgão ou entidade,
com ou sem ônus, no âmbito dos Poderes da Seção II
União, Estados, Municípios e Distrito Federal, Das Disposições Finais
somente será enquadrado nos termos desta Lei,
após o seu retorno às funções junto à Secretaria de Art. 48. As despesas decorrentes da aplicação desta
Estado de Educação. Lei correrão à conta da dotação orçamentária
Parágrafo único. Excetua-se do caput deste artigo o destinada à manutenção do desenvolvimento da
servidor que se encontrar à disposição das educação básica.
prefeituras municipais do Estado, em face do Art. 49. O servidor ocupante de cargo efetivo não
processo de municipalização do ensino. mais fará jus à percepção do abono salarial
Art. 41. O enquadramento de que trata esta Lei não concedido pelo Governo do Estado por meio do
implicará redução do vencimento-base atualmente Decreto nº 2.839, de 25 de maio de 1998, a partir do
percebido, salvo quando houver redução da jornada momento do seu enquadramento no Quadro
de trabalho. Permanente do Magistério, de que trata esta Lei.
Art. 42. O ato de enquadramento é sujeito a recurso Art. 50. Aplicam-se subsidiariamente as disposições
na forma do regulamento. da Lei nº 5.351, de 21 de novembro de 1986 e da Lei
Art. 43. Para efeito do enquadramento do servidor nº 5.810, de 24 de janeiro de 1994, no que não forem
será considerada a titulação e o tempo de efetivo incompatíveis com as definidas nesta Lei.
exercício no cargo do Magistério que atualmente Art. 51. Esta Lei entra em vigor na data de sua
ocupa. publicação.
Art. 44. O servidor enquadrado passará a perceber
o vencimento e demais vantagens a que fizer jus, PALÁCIO DO GOVERNO, 2 julho de 2010.
após a publicação do ato de enquadramento. ANA JÚLIA DE VASCONCELOS CAREPA
Art. 45. Leis específicas do Poder Executivo Governadora do Estado
tratarão dos seguintes assuntos:
I - Sistema de Organização Modular de Ensino, a
ser encaminhado ao Poder Legislativo até o final do
ano de 2010;
II - abrangência, direitos e obrigações dos cargos
de que trata o Parágrafo único do art. 2º desta Lei,
a ser elaborada por comissão composta por
membros do Poder Executivo e dos Trabalhados
em Educação, instituída no mês de outubro de
2010, e a ser encaminhada até o mês de maio de
2011;
III - aulas suplementares e abono pecuniários no
prazo de cento e oitenta dias a contar da vigência
desta Lei, elaborada por meio de comissão paritária

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LEGISLAÇÃO SEDUC-PA 2018
C - A licença para tratamento de saúde será
concedida de ofício ou a pedido do servidor, com
base em inspeção médica, realizada por órgão
competente, sem prejuízo da remuneração e pode,
Queridos Concurseiros, seguem questões apos 6 (seis) meses consecutivos de afastamento,
do Regime Jurídico Único dos Servidores dar ensejo ao percebimento do auxílio-doença.
do Estado do Pará - Lei 5.810-94, para
quem está se preparando para o D - O custeio do tratamento de saúde do art. 160,1
"e” do servidor será concedido independentemente
concurso da SEDUC-PA 2018.
do laudo atestar que a lesão foi produzida por
acidente em serviço ou doença profissional.
1 - Considerando o Regime Jurídico Único
E - O período em que o servidor ficar afastado em
dos Servidores Públicos Civis da
razão de licença para tratamento de saúde não é
Administração Direta, das Autarquias e das
considerado como efetivo exercício, conforme art. 72,
Fundações Públicas do Estado do Pará (Lei n°
XIV.
5.810/1994), assinale a alternativa correta.

A. O prazo para conclusão da sindicância não


3 - Na realização dos concursos, prevê o
excederá a 60 (sessenta) dias, podendo ser
Regime Jurídico Único (Lei n.º 5.810/94) que,
prorrogado por igual período, a critério da
dentre outras, será adotada a seguinte norma
autoridade processante.
geral:
B. As denúncias sobre irregularidades serão objetos
A - não se publicará Edital, na vigência do prazo de
de apuração, desde que contenham a identificação
validade de concurso anterior, para o mesmo cargo,
e o endereço do denunciante e sejam formuladas
se ainda houver candidato aprovado e não
por escrito, confirmada a autenticidade.
convocado para a investidura.
C . Não há previsão de processo administrativo
B - poderão inscrever-se candidatos com até 65
disciplinar na legislação estadual, sendo aplicada a
(sessenta e cinco) anos de idade.
legislação federal em sua integralidade ante a
lacuna.
C - participarão um representante do Sindicato e um
da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Pará –
D . Da sindicância resultará o arquivamento do
na comissão organizadora do concurso público ou
processo ou a instauração do processo disciplinar,
pro- cesso seletivo.
sendo vedada, ao seu final, a aplicação direta de
qualquer punição.
D - será publicada uma lista única geral de
classificação contendo todos os candidatos
E. O contraditório e a ampla defesa não
aprovados e os candidatos que concorreram às
são garantidos nas sindicâncias, servindo como
vagas reservadas aos deficientes.
mera peça de instrução para um eventual
procedimento administrativo disciplinar, tendo a
E - os concursos terão a validade de até dois anos, a
característica de inquisitorial.
contar da publicação da homologação do resultado,
prorrogável expressamente por duas vezes por igual
período.
2 - Considerando a Lei n.° 5.810/1994 (Regime
Jurídico Único dos Servidores Públicos do 4 - Ao entrar em exercício, consta do Regime
Estado do Pará) relativamente aos direitos do Jurídico Único (Lei n.º 5.810/94), que o servidor
servidor no que concerne a problemas de nomeado para o cargo de provimento efetivo
saúde, é correto afirmar: ficará sujeito a estágio probatório por período
de
A - A licença para tratamento de saúde prevista nos
artigos 81 a 84 não pode ser cumulada com o
A - 6 (seis) meses.
percebimento do auxílio-doença, previsto no art.
B - 10 (dez) meses.
160,1, “d” .
C - 1 (um) ano.
B - O servidor terá direito ao auxílio-doença do art. D - 2 (dois) anos.
160, I “d”, correspondente a um mês de E - 3 (três) anos.
remuneração, uma única vez, apos 6 (seis) meses
da última licença saúde.

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LEGISLAÇÃO SEDUC-PA 2018
B - o adicional por tempo de serviço será devido por
5 - Quanto à jornada de trabalho do servidor
quadriênios de efetivo exercício, até o máximo de 16
comissionado, prevê o Regime Jurídico Único (dezesseis).
(Lei n.º 5.810/94), que
C - não cabe pagamento de adicional pelo exercício
A - não ultrapassará as 30 (trinta) horas semanais, de cargo em comissão ou função gratificada
já que somente é admitido servidor comissionado
com jornada de 6 (seis) horas diárias. D - o adicional de insalubridade que for pago por 5
(cinco) anos consecutivos será incorporado aos
B - ele, independentemente de jornada de trabalho, vencimentos.
atenderá às convocações decorrentes da
necessidade do serviço de interesse da E - para fins de adicional por trabalho noturno, será
Administração. assim considerado aquele prestado no horário entre
23 (vinte e três) horas de um dia e 6 (seis) horas do
C - cumprida a jornada de 40 (quarenta) horas dia seguinte.
semanais, será o servidor comissionado revertido
para a condição de efetivo.
8 - A respeito da posse, prevê o Regime
D - o servidor comissionado não poderá realizar Jurídico Único (Lei n.º 5.810/94) que
horas extras, cumprindo a carga máxima de 40
(quarenta) horas semanais.
A - a posse ocorrerá no prazo de 10 (dez) dias,
E - a jornada será flexível, devendo a autoridade contados da publicação do ato de provimento no
nomeante se responsabilizar por meramente atestar Diário Oficial do Estado.
o cumprimento das 40 (quarenta) horas semanais,
em dias úteis ou não. B - o servidor apresentará declaração de bens e
valores que constituam seu patrimônio até 30 (trinta)
dias após a posse.
6 - Sobre a licença para atividade política,
prevê o Regime Jurídico Único (Lei n.º C - a quitação com as obrigações eleitorais e
5.810/94) que militares é um dos requisitos para a posse em cargo
público.
A - investido no mandato de Prefeito, o servidor
será afastado do cargo ou da função, sendo-lhe D - se a posse não se concretizar dentro do prazo, o
facultado optar pela sua remuneração. ato de provimento ficará suspenso por até, no
máximo, 5 (cinco) anos.
B - investido no mandato de Vereador, o servidor
será afastado do cargo, devendo receber apenas E - a posse deve ocorrer no prazo de 30 (trinta) dias,
sua remuneração pela vereança. não tendo o interessado direito à renúncia da posse.

C - até quatro servidores, no máximo, poderão ser


afastados do cargo para desempenho da vereança,
com prejuízo dos vencimentos do cargo. 9 - A responsabilidade civil do servidor
público, no âmbito do Regime Jurídico Único,
D - se tratando de mandato federal ou estadual, o
servidor ficará afastado do cargo ou função, A - não se estende aos sucessores do servidor
recebendo vencimentos integrais. público que venha a falecer no curso do processo
administrativo ou judicial.
E - a licença terá duração igual ao mandato do
Vereador, podendo ser prorrogada, nesse caso, por B - por dano causado a terceiros, determina que ele
reeleição, por uma única vez. responda perante a Fazenda Pública,
independentemente de culpa.

C - determina que as sanções civis, penais e


RESPOSTA: A administrativas não poderão ser cumuladas.
7 - Em relação aos adicionais previstos pelo
Regime Jurídico Único (Lei n.º 5.810/94), é D - considera que absolvição judicial, afastando a
correto afirmar que autoria do servidor, não repercute na esfera
administrativa.
A - os adicionais de insalubridade, periculosidade,
ou pelo exercício em condições penosas são E - decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso ou
inacumuláveis. culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou a
terceiros.

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LEGISLAÇÃO SEDUC-PA 2018
10 - O conjunto de categorias funcionais da 4 (quatro) anos de efetivo exercício
mesma natureza, escalonadas segundo a 6 (seis) meses de efetivo exercício.
escolaridade, o nível de complexidade e o 1 (um) ano de efetivo exercício.
grau de responsabilidade, é denominado, pelo 2 (dois) anos de efetivo exercício.
o Regime Jurídico Único (Lei n.º 5.810/94):
14 - Conforme previsto na Lei n.º 5.810/94, o
A - grupo ocupacional.
servidor que praticar atos de lesão aos cofres
B - classe de funções.
públicos e dilapidação do patrimônio estadual
C - cargo público.
ficará sujeito à aplicação da pena de
D - quadro de cargos.
E - categoria funcional.
A - suspensão.
B - demissão a bem do serviço público.
11. Nos termos da Lei n.º 5.810/94, o servidor C - multa.
preso em flagrante, pronunciado por crime D - ressarcimento ao erário.
comum, denunciado por crime administrativo, E - repreensão.
ou condenado por crime inafiançável, será
afastado do exercício do cargo até sentença 15 - A respeito da posse, prevê o Regime
final Jurídico Único (Lei n.º 5.810/94) que

A transitada em julgado, percebendo, durante o A - o servidor apresentará declaração de bens e


período nenhuma remuneração, que será devida, valores que constituam seu patrimônio até 30 (trinta)
no entanto, se for absolvido por decisão final. dias após a posse.

B - o equivalente ao salário mínimo fixado por lei B - a quitação com as obrigações eleitorais e
federal. militares é um dos requisitos para a posse em cargo
público.
C - o equivalente ao piso salarial da categoria.
C - a posse deve ocorrer no prazo de 30 (trinta) dias,
D - dois terços da remuneração, excluídas as não tendo o interessado direito à renúncia da posse.
vantagens devidas em razão do efetivo exercício do
cargo, tendo direito à diferença, se absolvido. D - a posse ocorrerá no prazo de 10 (dez) dias,
contados da publicação do ato de provimento no
E - o valor integral dos vencimentos que percebia Diário Oficial do Estado.
antes do afastamento preventivo.
E - se a posse não se concretizar dentro do prazo, o
12 - Estabelece o Regime Jurídico Único (Lei ato de provimento ficará suspenso por até, no
n.º 5.810/94) que, para fins de aprovação no máximo, 5 (cinco) anos.
estágio probatório, serão observados os
seguintes fatores: 16 - Em relação aos adicionais previstos pelo
Regime Jurídico Único (Lei n.º 5.810/94), é
A - bediência, atenção, capacidade de iniciativa, correto afirmar que
resultado da atividade do servidor.
A - o adicional por tempo de serviço será devido por
B - assiduidade, disciplina, capacidade de iniciativa, quadriênios de efetivo exercício, até o máximo de 16
produtividade e responsabilidade. (dezesseis).

C - urbanidade, presteza, inteligência, iniciativa e B - o adicional de insalubridade que for pago por 5
produtividade. (cinco) anos consecutivos será incorporado aos
vencimentos.
D - senso ético, absenteísmo, civismo, assiduidade
e produtividade. C - não cabe pagamento de adicional pelo exercício
de cargo em comissão ou função gratificada.
E - meticulosidade, subordinação, bom
comportamento, adaptação e responsabilidade. D - para fins de adicional por trabalho noturno, será
assim considerado aquele prestado no horário entre
13 - A promoção por merecimento, no âmbito 23 (vinte e três) horas de um dia e 6 (seis) horas do
da Lei n.º 5.810/94, dar-se-á pela progressão à dia seguinte.
referência imediatamente superior, mediante
a avaliação do desempenho a cada interstício E - os adicionais de insalubridade, periculosidade, ou
de pelo exercício em condições penosas são
inacumuláveis.
3 (três) anos de efetivo exercício.

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LEGISLAÇÃO SEDUC-PA 2018
E. desenvolve-se em várias fases, começando
17 - No que diz respeito à seguridade social, o pela instauração que compreende a instrução, defesa
Regime Jurídico Único (Lei n.º 5.810/94) prevê e relatório.
que
20 - Maria, servidora pública do Tribunal de
A - um de seus objetivos é a irredutibilidade do Justiça do Estado do Pará, faltou de forma
valor dos benefícios. injustificada, no ano de 2013, 6 (seis) vezes no
mês de janeiro, 10 (dez) vezes no mês de março, 8
B - os planos de previdência estaduais não cobrirão (oito) vezes no mês de maio, 15 (quinze) vezes no
o evento reclusão. mês de julho, 10 (dez) vezes no mês de agosto e
15 (quinze) dias no mês de outubro. Nos termos
C - a contribuição previdenciária incidirá somente do Regime Jurídico Único (Lei n.º 5.810/94),
sobre o vencimento base do servidor. deverá ser aplicada a Maria a pena de

D- ela será fundada totalmente nas contribuições (A) demissão.


dos servidores. (B) censura.
(C) suspensão.
E- será assegurado ao servidor o direito à saúde, (D) multa.
não alcançando seus dependentes. (E) repreensão.

18 - A responsabilidade civil do servidor 21 - De acordo com o Regime Jurídico Único dos


público, no âmbito do Regime Jurídico Único, Servidores Públicos Civis do Pará, para posse em
cargo público é necessário:
(A) não se estende aos sucessores do servidor A) ser brasileiro nato, nos termos da Constituição
público que venha a falecer no curso do processo Federal.
administrativo ou judicial. B) ter completado 21 anos.
C) estar em pleno exercício dos direitos políticos.
(B) determina que as sanções civis, penais e D) estar quite com as obrigações eleitorais, não
administrativas não poderão ser cumuladas. sendo exigida a quitação com as obrigações
militares.
(C) por dano causado a terceiros, determina que ele
responda perante a Fazenda Pública,
independentemente de culpa.

(D) considera que absolvição judicial, afastando a


autoria do servidor, não repercute na esfera
administrativa.

(E) decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso ou


culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou a
terceiros.

19 - De acordo com o Regime Jurídico Único do


Estado do Pará – Lei nº 5.810/94, o Processo
Administrativo Disciplinar:

A. é o instrumento destinado a apurar


responsabilidade de servidor por infração praticada
no exercício de suas atribuições ou fora dele.
B. será conduzido por comissão composta de 03
(três) servidores estáveis e 03(três) servidores
temporários, designados pela autoridade
competente, que indicará, dentre eles, o seu
presidente, que somente poderá ser estável.
C. não poderá ter em sua comissão de
sindicância ou de inquérito cônjuge ou companheiro
do acusado, não sendo vedado parente
consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral.
D. possui comissão que atua com independência
e imparcialidade, sendo assegurado o sigilo
necessário à elucidação do fato.

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LEGISLAÇÃO SEDUC-PA 2018

GABARITO

1–B
2–C
3–A
4–E
5–B
6–A
7–A
8–C
9–E
10 – A
11 – D
12 – B
13 – E
14 – B
15 – B
16 – E
17 – A
18 – E
19 – D
20 – B
21 – C

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS

SEDUC/PA 2018
CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
1. Fundamentos da Educação: ......................................................................................................................... 2
Conceitos e concepções pedagógicas, seus fins e papel na sociedade ocidental contemporânea ................. 2
Principais aspectos históricos da Educação Brasileira........................................................................................ 11
2. Aspectos legais e políticos da organização da educação brasileira: ...................................................... 14
As Diretrizes Curriculares Nacionais e suas implicações na prática pedagógica .................................................. 14
Estatuto da Criança e do Adolescente ................................................................................................................. 15
LDB Lei Federal nº 9394/96 e alterações posteriores .......................................................................................... 63
Parâmetros Curriculares Nacionais ...................................................................................................................... 82
3. Educação, trabalho, formação profissional e as transformações da Educação Básica .......................... 84
4. Função histórica e social da escola: ............................................................................................................ 86
A escola como campo de relações (espaços de diferenças, contradições e conflitos), para o exercício e a formação
da cidadania, difusão e construção do conhecimento ......................................................................................... 86
5. Organização do processo didático: ............................................................................................................. 89
Planejamento, estratégias e metodologias, avaliação ........................................................................................ 89
Avaliação como processo contínuo, investigativo e inclusivo............................................................................... 93
A didática como fundamento epistemológico do fazer docente ........................................................................ 96
6. O currículo e cultura, conteúdos curriculares e aprendizagem, projetos de trabalho............................ 104
Interdisciplinaridade e contextualização .............................................................................................................. 104
Multiculturalismo .................................................................................................................................................. 109
A escola e o Projeto Político Pedagógico .......................................................................................................... 112
O espaço da sala de aula como ambiente interativo ...................................................................................... 114
A atuação do professor mediador ......................................................................................................................... 121
A atuação do aluno como sujeito na construção do conhecimento ....................................................................... 123
7. Planejamento e gestão educacional ............................................................................................................ 128
8. Gestão da aprendizagem .................................................................................................................... 131
9. O Professor: ................................................................................................................................................... 132
Formação e profissão .......................................................................................................................................... 132
10. A pesquisa na prática docente ................................................................................................................... 136
11. A educação em sua dimensão teórico-filosófica: .................................................................................. 144
Filosofias tradicionais da Educação .................................................................................................................. 144
Teorias educacionais contemporâneas ............................................................................................................... 153
As concepções de aprendizagem/aluno/ensino/professor ................................................................................... 159
12. Principais Teorias e práticas na educação ............................................................................................... 161
As bases empíricas, metodológicas e epistemológicas das diversas teorias de aprendizagem ....................... 161
Contribuições de Piaget, Vygotsky e W allon para a psicologia e pedagogia ................................................... 164
13. Psicologia do desenvolvimento: ................................................................................................................ 172
Aspectos históricos e biopsicossociais ............................................................................................................... 172
14. Temas contemporâneos: ............................................................................................................................ 179
Bullying, o papel da escola, a escolha da profissão, transtornos alimentares na adolescência, família, escolhas
sexuais ................................................................................................................................................................. 179
15. Ética Profissional ......................................................................................................................................... 195
Exercícios ........................................................................................................................................................... 199

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS

CONCEITOS E CONCEPÇÕES
PEDAGÓGICAS, SEUS FINS E PAPEL
NA SOCIEDADE OCIDENTAL
CONTEMPORÂNEA
O que interfere na maneira como o sujeito
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO percebe o mundo, o outro e a si mesmo.
Quando pensamos em educação é O processo de interação, a socialização,
inevitável discutir seu papel socializador e seu inicia-se no nascimento do sujeito e só se encerra
aspecto representativo da cultura. com a morte, fazendo uso da linguagem para
interagir e integrar os indivíduos.
Um filme que conta um caso real ilustra bem
isto, trata-se do Enigma de Kasper Hauser.
Em sentido amplo, a linguagem, através da
cultura, constrói significados, embora a equação
inversa também seja verdadeira.
Podemos afirmar que o ser humano, neste
sentido, só se humaniza a partir da socialização e da
assimilação da cultura.
O que conduz a perguntar o que é cultura?
Poderíamos definir a cultura como um
conjunto de valores que une e dá identidade a um
grupo, espelhando o conhecimento acumulado por
gerações.
O que implica em analisar os fundamentos
históricos e filosóficos, já que a educação, em si, só Assim, sendo a educação a transmissão e
é possível através da transmissão do conhecimento assimilação de conhecimentos, cabe perguntar qual é
ao longo do tempo, por meio do dialogo, do contato o papel da educação para que a integração entre as
entre as pessoas. pessoas se efetive?
Sem socialização, contextualizada no Responder esta questão conduz a outro tema
âmbito escolar, não existe educação. correlato: o papel da educação em sentido amplo e
sua distinção dentro e fora do processo de
Sendo necessário, portanto, discutir como e escolarização institucionalizado.
se a educação realmente sociabiliza e se este deve
ser o seu principal objetivo. Educação formal e informal.

Uma questão amplamente debatida e ainda Para entender o papel da educação na


não esgotada que originou várias tendências socialização é necessário discutir a transmissão da
pedagógicas, além de inúmeras propostas de cultura dentro e fora da escola.
direcionamento educacional.
Antes de entrar nesta esfera, no entanto, é
necessário debater o âmago do que torna a
educação possível, a socialização e sua relação
com a educação.
Socialização e educação.
O que é socialização afinal? A educação, a transmissão do saber
acumulado pela humanidade, não se concretiza
A socialização pressupõe a interação somente na escola, acontece também de maneira
social, a capacidade de integrar-se a um grupo, informal (sem norma ou forma), não possuindo
assimilando padrões sociais. critérios, horários, hierarquia ou sistema de
avaliação.
Neste sentido, a educação informal é
produzida a partir das necessidades imediatas da
vida, configurando o conhecimento conforme as
exigências requeridas para a sobrevivência.

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Pensando nesta concepção, o saber Ambos os paradigmas balizam a construção
escolar muitas vezes se distancia da realidade, de teorias e tendências pedagógicas e representam
impedindo a assimilação democrática do pontos de referência e lógicas de pensamento.
conhecimento e excluindo várias categorias sociais,
portanto, limitando o acesso ao saber que confere
poder.
A escola é uma instituição, como tal possui
normas e padrões, impostos por aqueles que
controlam o sistema educacional, visando organizar
seu funcionamento.
Diferente da educação informal, o
conhecimento escolar é sistematizado, transmitido
a partir de critérios e métodos, composto por um
saber científico, dogmático.
Embora a ideia, teoricamente, seria a
escola criar uma proximidade com a realidade
Representado por Durkheim, Comte e
concreta, possibilitando uma flexibilidade de
Spencer, para o paradigma do consenso os valores
conteúdos.
em comum e a cooperação entre professores e
O grande problema é que a educação alunos é essencial para que a escola cumpra seu
formal, sendo hierarquizada, é fruto e reflexo do papel socializador, a palavra chave é integração.
fordismo, dividindo tarefas e limitando o processo
Além de ensinar conteúdos, a escola deveria
de socialização.
moralizar e, para tal, punir infrações as normas.
Pressuposto que gerou o “mito do controle
coercitivo”, segundo o qual, à medida que as sanções
coercitivas são usadas conscientemente e de forma
rápida, contra os transgressores, a ameaça por si só
é suficiente para manter a ordem.
Inversamente, a impunidade gera desordem.
Segundo esta tendência, outros autores, tal
como Parson, conceberam a sala de aula como uma
agência de socialização, por meio da qual as
personalidades individuais são preparadas para o
desempenho de papeis sociais, conferindo status
conforme os méritos individuais.
Em resumo, o paradigma do consenso busca
a conservação da sociedade, a reprodução das
O fordismo educacional transforma os estruturas existentes, principalmente a reprodução do
professores em tarefeiros, semelhante ao que sistema capitalista.
ocorreu com operários em linhas de montagem,
fazendo, por outro lado, o educando perder a noção O grande defeito do paradigma do consenso
do conjunto. é não enxergar os conflitos.

No entanto, de certo modo, a educação


formal contém em si a informal, já que o educador
não se limita a transmitir conteúdos.
Enquanto o professor exerce uma profissão
eminentemente técnica, o educador deveria ensinar
e praticar a tolerância com o outro, a convivência
pacifica, instigando a curiosidade para conhecer as
diferenças, ou seja, incentivando a socialização.
O paradigma do consenso e do conflito.
A socialização é o centro de duas visões
distintas do que se entende como função da escola,
configurando duas abordagens clássicas: o
paradigma do consenso e do conflito. Tentando contornar este problema,
representado por Marx, paradigma do conflito
A noção de paradigma envolve um modelo enxerga a escola como uma instituição que impõem
que serve de base a construção da ciência.
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
valores e que, portanto, gera conflitos entre
professores e alunos.
Estes conflitos seriam essenciais para
mudar a estrutura da sociedade.
Dentro desta concepção, alguns autores,
como Waller, descreveram a escola como um
centro de difusão dos padrões culturais dos grupos
mais amplos, sobrepondo-se as comunidades
locais e gerando um conflito permanente entre
professores e alunos.
O que aconteceria porque os professores
representam a cultura dominante, ligada a erudição,
Começou a penetrar no Brasil graças a
enquanto os educandos teriam domínio apenas
crescente industrialização, iniciada em 1920, quando
sobre a cultura popular e de massa, desmotivando a necessidade de preparar o desenvolvimento levou
a aprendizagem. um grupo de intelectuais brasileiros a se interessar
Exatamente por isto, a escola necessita pela educação, vista como elemento central para
exercer controle sobre os jovens e crianças para remodelar a realidade.
efetivar o processo cognitivo, mas este controle cria
Em 1932, durante o governo Vargas, um
um conflito que ameaça a existência da escola. grupo de vinte e seis intelectuais se reuniu para
Este processo origina um circulo, pois, redigir O manifesto dos pioneiros da educação nova,
diante da ameaça de conflito permanente, a escola o qual defendia a educação como função
acirra o controle para garantir sua existência. essencialmente pública, gratuita, obrigatória, laica e
única.
Pensando na questão, dentro do âmbito do
paradigma do conflito, Lery defendeu a tese de que Isto, do jardim da infância a universidade, dos
a escola educa para o fracasso e para a aceitação quatro aos dezoito anos de idade.
deste fato, gerando conflitos. Dentro deste contexto, Fernando de
Assim, o paradigma do conflito é útil para Azevedo, o principal representante do pensamento
revelar as tensões e oposições dentro da escola. de Durkheim no Brasil, enxergava a escola como
miniatura da sociedade.
Entretanto, tende a ver apenas oposições,
esquecendo-se que existem também
concordâncias.
A escola é socialmente complexa, alunos e
professores compartilham situações conflituosas
comuns, que terminando unindo ao invés de
separar.
Em outras palavras, o professor monda sua
classe, mas é também moldada por ela, o que tanto
gera conflito como consenso.
Pensando de forma mais ampla, caberia,
inclusive, perguntar se o consenso ou conflito é
gerado a partir da relação professor/aluno ou pela
natureza da estrutura do sistema educacional, ou A complexidade da sociedade exigiria coesão
ainda pelo contexto social. social, imposta por valores transmitidos pela escola.
O paradigma do consenso no Brasil. Á medida que o individuo percorre o sistema
educacional da base ao topo, passaria da educação
O paradigma do consenso influenciou comum, de natureza coercitiva, até as experiências
intensamente a educação no Brasil, sobretudo a diversificadas, possibilitando a manutenção da ordem
partir de 1930, representado pelas idéias de capitalista.
Fernando de Azevedo e Anísio Teixeira.
Assim, deveria ser função da escola
estabelecer uma articulação com o meio social,
coordenando, disciplinando e consolidando as
experiências fragmentadas colhidas no ambiente da
criança, servindo de modelo para a sociedade.
No entanto, para Fernando de Azevedo, a
escola teria um papel limitado diante do poder

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
coercitivo de outra instituição, a família, responsável de comunicação e até livros didáticos, mascarando e
pela formação de grande parte dos padrões sociais. vendendo o domínio das elites.
A despeito desta característica, o educador 3. Aparelhos Repressivos de Estado:
deveria ser um agente social, servindo de exemplo instituições que exercem domínio por meio da
e elemento de ligação do educando com a violência, da coerção, tal como policia, justiça,
realidade e a construção do conhecimento. prisões, forças armadas, etc.
Seguindo esta mesma linha de raciocínio, Segundo Althusser, a escola teria um papel
Anísio Teixeira defendeu a reestruturação da primordial moldando mentalidades, mas dentro deste
educação com o objetivo de propagar e aperfeiçoar aparelho ideológico também haveria aparelhos
a democracia, propondo trabalhar conteúdos de repressivos, representados por mecanismos de
forma a discutir benefícios para a coletividade. punição e exclusão.
Para realmente integrar e socializar, a Caso a escola não consiga moldar as
escola deveria ser integral e municipalizada, mentalidades, fazendo os indivíduos se conformarem
visando atender os interesses de cada comunidade, com sua posição modesta na sociedade, jogando o
sendo por ele fiscalizada. sujeito na marginalidade, os aparelhos repressivos
dariam conta de excluir o infrator da sociedade.
Os estudos de Althusser.
Uma visão em concordância coma teoria
Althusser pertence a um conjunto teórico
funcional, segundo a qual a sociedade funciona como
conhecido como neomarxismo, uma corrente que
uma máquina, sendo as pessoas engrenagens.
mescla o marxismo com outras bases teóricas,
como o estruturalismo, fazendo uso da dialética e No caso de uma peça defeituosa, que não se
do materialismo histórico. encaixa no que esperado dela, bastaria substituí-la.
Cabe lembrar que o estruturalismo se Os estudos de Bourdieu e Passeron.
propõe a analisar sistemas, portanto, estruturas.
Também pertencentes ao conjunto teórico
neomarxista, Bourdieu e Passeron concentraram sua
atenção sobre a mesma questão trabalhada por
Althusser: o entendimento da reprodução da
estrutura social do sistema capitalista.

A preocupação central de Althusser era


tentar entender como as condições de produção, no
âmbito capitalista, conseguem se reproduzir; já que
o sistema capitalista seria injusto e prejudicial à
maioria.
Pensando na questão, o autor chegou à Para os autores, a escola é a principal
conclusão que a dinâmica de trabalho, assegurada estrutura objetiva que molda mentalidades e
pelo salário, seria o principal fator a reproduzir o comportamentos, garantindo a manutenção de
sistema, comprando a lealdade de indivíduos em privilégios através do status que confere.
favor da ideologia capitalista.
Neste sentido, a escola manipula o
Para garantir a submissão dos indivíduos educando, ocultando uma violência simbólica.
ao sistema capitalista, o Estado faria uso de
A violência está no fato da escola se revestir
aparelhos de Estado:
de uma aparência de neutralidade, quando na
1. Aparelhos de Estado: constituído pelo verdade condiciona o educando de acordo com os
governo e a administração publica. interesses das elites que controlam o sistema
educacional.
2. Aparelhos Ideológicos de Estado: o meio
de exercer controle sobre o pensamento, através de É simbólica devido ao seu caráter não
instituições como igreja, escola, sindicatos, meios material, portanto, circunscrito a esfera mental.

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Dentro deste contexto, insere-se o capital Porém, considerava que a educação deveria
cultural, a competência cultural e lingüística seguir o modelo tradicional, para conduzir o
herdade, sobretudo, da família, facilitador do bom educando da heteronomia para a autonomia.
desempenho escolar.
A crítica de Illich.
Usando uma linguagem e cultura
Amigo e contemporâneo de Paulo Freire, o
pertencentes à elite, o padrão culto, a escola
austríaco Ivan Illich, na década de 1970, fez uma
comete uma violência ao impor, ao conjunto da
critica a educação institucionalizada.
sociedade, valores de um único grupo.
A educação legitima o domínio da elite,
impedindo o acesso daqueles que não possuem o
necessário capital cultural a estamentos mais
elevados, doutrinando para o fracasso.
A proposta de Gramsci.
O italiano Antônio Gramsci criticou o
sistema educacional capitalista, apontando
caminhos para democratizar o acesso ao
conhecimento, buscando tornar a sociedade mais
justa.

Em seu livro Sociedades sem escola,


defendeu a idéia de que a escola impede o ser
humano de desenvolver todo seu potencial.
Para ele, a escola fragmenta o saber e
incentiva o consumismo e a reprodução das
desigualdades.
Tentando contornar esta situação, propôs
substituir as escolas por redes de comunicação e
convivência, onde as pessoas pudessem trocar
Os textos de Gramsci influenciaram o informações e experiências diretamente, através de
pensamento socialista na Europa, refletindo no uma rede de computadores, correios, anúncios de
Brasil na década de 1970 e 1980, possibilitando o jornais, etc.
moderno conceito de educação voltada para a Illich pensou em quatro redes educacionais:
formação da cidadania.
1. Serviços de consulta a objetos
Para ele, toda relação social é educacionais (bibliotecas, laboratórios, museus,
necessariamente pedagógica, já que todo o teatros, etc).
processo de interação é uma relação de
aprendizagem. 2. Intercâmbio de habilidades (troca de
conhecimentos entre as pessoas).
Defendia a idéia de que a massa só poderia
chegar ao poder através de uma mudança de 3. Encontro de colegas (formação de
mentalidade e não pela violência, centralizando parcerias de pesquisa, comunidades de pessoas que
esta mudança, principalmente, no instrumento interagem para buscar conhecimento).
escola, responsável pela construção da cidadania.
4. Consulta a educadores (orientadores na
Por cidadania, Gramsci entendia a busca pelo conhecimento).
orientação voltada para a elevação da cultura das
Assim, Illich foi o precursor da internet e das
massas, a libertação do senso comum e a
redes sociais pensadas como ferramenta de troca de
aquisição de uma postura critica.
informações e do ensino a distância on-line.
Para levar a termo esta intenção, ele
No entanto, sua proposta nunca foi colocada
propôs uma escola unitária, onde todos,
integralmente em prática.
independente da classe social, tivessem acesso ao
mesmo tipo de conhecimento, no caso a cultura
erudita, baseada nos clássicos.

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
CONCEPÇÃO PEDAGÓGICAS interior dessa concepção, duas vertentes: a religiosa
e a leiga.
A expressão “concepções pedagógicas”
é correlata de “ideias pedagógicas”. A palavra Concepção pedagógica tradicional
pedagogia e, mais particularmente, o adjetivo religiosa
pedagógico têm marcadamente ressonância
A vertente religiosa da pedagogia tradicional
metodológica denotando o modo de operar, de
afunda raízes na Idade Média tendo como
realizar o ato educativo. Assim, as ideias
manifestação filosófica característica as correntes do
pedagógicas são as ideias educacionais
tomismo e do neotomismo, referência
entendidas, porém, não em si mesmas, mas na
fundamental para a educação católica. A pedagogia
forma como se encarnam no movimento real da
desenvolvida pelas escolas de confissão protestante
educação orientando e, mais do que isso,
também se insere nessa concepção, ainda que,
constituindo a própria substância da prática
como um movimento de reforma da Igreja Católica, o
educativa.
protestantismo participa do movimento de laicização,
As concepções educacionais, de modo de crítica à hierarquia, de defesa do livre arbítrio que
geral, envolvem três níveis: o nível da filosofia da marcou a constituição da ordem burguesa.
educação que, sobre a base de uma reflexão
Pedagogia católica
radical, rigorosa e de conjunto sobre a problemática
educativa, busca explicitar as finalidades, os A pedagogia católica constitui a manifestação
valores que expressam uma visão geral de homem, mais vigorosa da concepção pedagógica tradicional
mundo e sociedade, com vistas a orientar a no Brasil. Defendendo o primado da família e da
compreensão do fenômeno educativo; o nível da igreja sobre o Estado em matéria de educação,
teoria da educação, que procura sistematizar os advoga o subsídio público às escolas católicas. Os
conhecimentos disponíveis sobre os vários católicos entendem que apenas a Igreja tem
aspectos envolvidos na questão educacional que condições de educar em sentido próprio. Por isso
permitam compreender o lugar e o papel da denominam sua concepção de “pedagogia integral”,
educação na sociedade. uma vez que alia ao âmbito natural o âmbito
sobrenatural, integrando três planos ontológicos: o
Quando a teoria da educação é identificada
físico (ordem da natureza), o intelectual (ordem das
com a pedagogia, além de compreender o lugar e o
ideias), ambos subordinados ao plano moral e
papel da educação na sociedade, a teoria da
religioso (ordem dos deveres). Mesmo quando se
educação se empenha em sistematizar, também, os
renova incorporando as inovações trazidas pelos
métodos, processos e procedimentos, visando a dar
avanços da teoria e da prática pedagógicas, a
intencionalidade ao ato educativo de modo a
pedagogia católica jamais abre mão da doutrina
garantir sua eficácia; finalmente, o terceiro nível é o
subordinando todas as novas conquistas, inovações
da prática pedagógica, isto é, o modo como é
metodológicas e avanços sociais a uma “filosofia
organizado e realizado o ato educativo. Portanto,
verdadeiramente católica da vida”.
em termos concisos, podemos entender a
expressão “concepções pedagógicas” como as Pedagogia jesuítica
diferentes maneiras pelas quais a educação é
compreendida, teorizada e praticada. Na história da Versão da pedagogia católica elaborada
educação, de modo geral, e na história da pelos jesuítas e sistematizada no “Ratio Studiorum”,
o Plano de Estudos cuja versão definitiva foi
educação brasileira, em particular, produziram-se
aprovada em 1599 e adotada por todos os colégios
diferentes concepções pedagógicas, cujas
jesuítas em todo o mundo. Esse Plano é constituído
características são apresentadas nos verbetes
seguintes. por um conjunto de 467 regras cobrindo todas as
atividades dos agentes diretamente ligados ao ensino
Concepção pedagógica tradicional indo desde as regras do Provincial, passando pelas
do Reitor, do Prefeito de Estudos, dos professores de
A denominação “concepção pedagógica
modo geral e de cada matéria de ensino, abrangendo
tradicional” ou “pedagogia tradicional” foi
as regras da prova escrita, da distribuição de
introduzida no final do século XIX com o advento do
prêmios, do bedel, chegando às regras dos alunos e
movimento renovador que, para marcar a novidade
concluindo com as regras das diversas Academias.
das propostas que começaram a ser veiculadas,
classificou como “tradicional” a concepção até Pedagogia brasílica
então dominante. Assim, a expressão “concepção
Pedagogia brasílica é a denominação dada à
tradicional” subsume correntes pedagógicas que se
orientação que os jesuítas procuraram implantar ao
formularam desde a Antiguidade, tendo em comum
chegar ao Brasil, em 1549, sob a chefia do Pe.
uma visão filosófica essencialista de homem e uma
visão pedagógica centrada no educador (professor), Manuel da Nóbrega. Para tanto, Nóbrega elaborou
no adulto, no intelecto, nos conteúdos cognitivos um plano de estudos que se iniciava com o
aprendizado do português (para os indígenas);
transmitidos pelo professor aos alunos, na
prosseguia com a doutrina cristã, a escola de ler e
disciplina, na memorização. Distinguem-se, no
escrever e, opcionalmente, canto orfeônico e música
instrumental; e culminava, de um lado, com o
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
aprendizado profissional e agrícola e, de outro lado, Concepção pedagógica nova ou moderna
com a gramática latina para aqueles que se
Contrapondo-se à concepção tradicional, a
destinavam à realização de estudos superiores na
concepção pedagógica renovadora se ancora numa
Europa (Universidade de Coimbra). Esse plano não
visão filosófica baseada na existência, na vida, na
deixava de conter uma preocupação realista,
atividade. Não se trata mais de encarar a existência
procurando levar em conta as condições
humana como mera atualização das potencialidades
específicas da Colônia. Daí, a denominação de
contidas na essência. A natureza humana é
“pedagogia brasílica”. Contudo, sua aplicação
considerada mutável, determinada pela existência.
encontrou oposição no interior da própria Ordem
Na visão tradicional o privilégio era do adulto,
jesuítica e acabou sendo suplantada pelo plano
considerado o homem acabado, completo, por
geral de estudos organizado pela 32 Companhia de
oposição à criança, ser imaturo, incompleto.
Jesus e consubstanciado no Ratio Studiorum, que
se tornou obrigatório em todos os colégios da Na visão moderna, sendo o homem
Ordem a partir de 1599. considerado completo desde o nascimento e
inacabado até morrer, o adulto não pode se constituir
Concepção pedagógica tradicional leiga
como modelo, razão pela qual a educação passa a
A vertente leiga da pedagogia tradicional centrar-se na criança. Do ponto de vista pedagógico
centra-se na ideia de “natureza humana”. o eixo se deslocou do intelecto para as vivências; do
Diferentemente, portanto, da vertente religiosa que lógico para o psicológico; dos conteúdos para os
considerava a essência humana como criação métodos; do professor para o aluno; do esforço para
divina, aqui a essência humana se identifica com a o interesse; da disciplina para a espontaneidade; da
natureza humana. Essa concepção foi elaborada direção do professor para a iniciativa do aluno; da
pelos pensadores modernos já como expressão da quantidade para a qualidade; de uma pedagogia de
ascensão da burguesia e instrumento de inspiração filosófica centrada na ciência da lógica
consolidação de sua hegemonia. A escola surge, aí, para uma pedagogia de inspiração experimental
como o grande instrumento de realização dos ideais baseada na biologia e na psicologia.
liberais, dado o seu papel na difusão das luzes, tal
Se bem que a concepção pedagógica
como formulado pelo racionalismo iluminista que
renovada tenha se originado de diferentes correntes
advogava a implantação da escola pública,
filosóficas como o vitalismo, historicismo,
universal, gratuita, leiga e obrigatória.
existencialismo, fenomenologia, pragmatismo e
Pedagogia pombalina assumido características variadas, sua manifestação
mais difundida é conhecida sob o nome de
Corresponde à orientação que se imprimiu
escolanovismo.
ao ensino em Portugal e no Brasil com a
promulgação, em 1759, das “reformas pombalinas Concepção pedagógica produtivista
da instrução pública”, assim denominadas por
A concepção pedagógica produtivista postula
terem sido baixadas pelo Marquês de Pombal,
que a educação é um bem de produção e não
então primeiro ministro do Rei de Portugal, D. José
apenas um bem de consumo. Tem, pois, importância
I. Essas reformas se contrapunham ao predomínio
decisiva no processo de desenvolvimento econômico.
das ideias religiosas e, com base nas ideias laicas
As análises que serviram de base a essa concepção
inspiradas no Iluminismo, instituíram o privilégio do
foram sistematizadas principalmente na “teoria do
Estado em matéria de instrução. Tivemos, então, a
capital humano”, cuja base filosófica se expressa
influência da pedagogia tradicional leiga, embora se
pelo positivismo na versão estrutural-funcionalista. A
deva reconhecer que o Estado português era,
referida concepção se desenvolveu a partir das
ainda, regido pelo estatuto do padroado,
décadas de 1950 e 1960, tornando-se orientação
vinculando-se estreitamente à Igreja Católica.
oficial no Brasil sob a forma da pedagogia tecnicista.
Nessas circunstâncias, a substituição da
E, mesmo com o refluxo do tecnicismo a
orientação jesuítica se deu não exatamente por
partir do final dos anos 80, permaneceu como
ideias formuladas por pensadores formados fora do
hegemônica assumindo novas nuances, inclusive
clima religioso, mas mediante uma nova orientação,
quando, na década de 1990, a organização do ensino
igualmente católica, formulada por padres de outras
tendeu a se pautar dominantemente pelo
ordens religiosas, com destaque para os
cognitivismo construtivista. O caráter produtivista
oratorianos. A sistemática pedagógica introduzida
dessa concepção pedagógica tem uma dupla face: a
pelas reformas pombalinas foi a das “aulas régias”,
externa, que destaca a importância da educação no
isto é, disciplinas avulsas ministradas por um
processo de produção econômica e a interna, que
professor nomeado e pago pela coroa portuguesa
visa dotar a escola do máximo de produtividade
com recursos do “subsídio literário” instituído em
maximizando os investimentos nela realizados pela
1772. As “aulas régias” perduraram no Brasil até
adoção do princípio da busca constante do máximo
1834.
de resultados com o mínimo de dispêndio.

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Pedagogia tecnicista claramente a concepção pedagógica que deveria
orientar os procedimentos de ensino.
A partir do pressuposto da neutralidade
científica e inspirada nos princípios de Pedagogia libertária
racionalidade, eficiência e produtividade, a
A educação ocupa posição central no ideário
pedagogia tecnicista advogou a reordenação do
libertário e se expressa num duplo e concomitante
processo educativo de maneira a torná-lo objetivo e
movimento: a crítica à educação burguesa e a
operacional. De modo semelhante ao que ocorreu
formulação da própria concepção pedagógica que se
no trabalho fabril, pretendeu-se a objetivação do
materializa na criação de escolas autônomas e
trabalho pedagógico.
autogeridas. No aspecto crítico denuncia-se o uso da
Buscou-se, então, com base em escola como instrumento de sujeição dos
justificativas teóricas derivadas da corrente trabalhadores por parte do Estado, da Igreja e dos
filosófico-psicológica do behaviorismo, planejar a partidos. No aspecto propositivo estudam-se os
educação de modo a dotá-la de uma organização autores libertários extraindo deles os principais
racional capaz de minimizar as interferências conceitos educacionais como o de “educação
subjetivas que pudessem pôr em risco sua integral” e “ensino racionalista”. Mas os libertários
eficiência. Se na pedagogia tradicional a iniciativa não ficam apenas no estudo das ideias.
cabia ao professor e se na pedagogia nova a
Buscam praticá-las por meio da criação de
iniciativa deslocou-se para o aluno, na pedagogia
universidade popular, centros de estudos sociais e
tecnicista o elemento principal passou a ser a
escolas. Em especial as denominadas “Escolas
organização racional dos meios, ocupando o
Modernas” proliferaram após a morte de Francisco
professor e o aluno posição secundária. A
Ferrer, inspirador do método racionalista, executado
organização do processo converteu-se na garantia
em 1909 pelo governo espanhol, pelo crime de
da eficiência, compensando e corrigindo as
professar ideias libertárias.
deficiências do professor e maximizando os efeitos
de sua intervenção. Pedagogia comunista
Concepções pedagógicas contra- A pedagogia comunista se inspira no
hegemônicas marxismo-leninismo. Tendo em vista que essa
corrente considera que o desenvolvimento das
Denominam-se pedagogias contra-
sociedades se dá pela ação dos homens na história,
hegemônicas aquelas orientações que não apenas
as novas formas sociais superam as anteriores
não conseguiram se tornar dominantes, mas que
incorporando os elementos antes desenvolvidos os
buscam intencional e sistematicamente colocar a
quais se integram no acervo cultural da humanidade.
educação a serviço das forças que lutam para
Assim sendo, o desenvolvimento da nova sociedade
transformar a ordem vigente visando a instaurar
e da nova cultura exige a apropriação, por parte das
uma nova forma de sociedade. Situam-se nesse
novas gerações, do patrimônio construído pelas
âmbito as pedagogias socialista, libertária,
gerações anteriores. Em outros termos, entende-se
comunista, libertadora, histórico-crítica.
que uma cultura comunista, a cultura proletária, não
Pedagogia socialista surge do nada.
As ideias socialistas vicejaram no Ela será o desenvolvimento e transformação
movimento operário europeu ao longo do século dos conhecimentos produzidos pela humanidade sob
XIX. Também chamadas de “socialismo utópico” o jugo das formas anteriores de sociedade, entre as
essas ideias propunham a transformação da ordem quais sobreleva a sociedade capitalista no seio da
capitalista burguesa pela via da educação. De qual se desenvolve, por contradição, a nova forma
acordo com essa concepção a sociedade poderia social de tipo comunista. O papel fundamental da
ser organizada de forma justa, sem crimes nem educação será, pois, possibilitar a apropriação do
pobreza, com todos participando da produção e acervo cultural da humanidade como base para
fruição dos bens segundo suas capacidades e realizar as ações necessárias à construção da nova
necessidades. Para tanto, era mister erradicar a sociedade e da nova cultura.
ignorância, o grande obstáculo para a construção
Pedagogia libertadora
dessa nova sociedade.
Convencionou-se denominar de “pedagogia
A educação desempenharia, pois, um papel
libertadora” a concepção pedagógica cuja matriz
decisivo nesse processo. Seguindo essa
remete às ideias de Paulo Freire. Sua inspiração
orientação, no Brasil os vários partidos operários,
filosófica se encontra no Personalismo cristão e na
partidos socialistas, centros socialistas assumiram a
fenomenologia existencial. Como se trata de
defesa do ensino popular gratuito, laico e técnico-
correntes que, como o pragmatismo, se inserem na
profissional. Reivindicando o ensino público,
Concepção humanista moderna de filosofia de
criticavam a inoperância governamental no que se
educação, a pedagogia libertadora mantém vários
refere à instrução popular e fomentaram o
pontos de contato com a pedagogia renovadora.
surgimento de escolas operárias e de bibliotecas
Também ela valoriza o interesse e iniciativa dos
populares. Mas não chegaram a explicitar mais
educandos, dando prioridade aos temas e problemas
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
mais próximos das vivências dos educandos sobre CESCA, V. (1996), Fundamentos teológico-filosóficos da
Ratio Studiorum. Santa Maria, UFSM, Tese de Doutoramento
os conhecimentos sistematizados. Mas, (Convênio UFSM-UNICAMP).
diferentemente do movimento escolanovista, a
pedagogia libertadora põe no centro do trabalho CURY, Carlos Roberto Jamil (1984), Ideologia e
educação brasileira: católicos e liberais, 2ª ed. São Paulo,
educativo temas e problemas políticos e sociais, Cortez/Autores Associados.
entendendo que o papel da educação é,
fundamentalmente, abrir caminho para a libertação DEWEY, John (1979), Democracia e Educação.
dos oprimidos. Introdução à filosofia da educação. 4ª. Ed. São Paulo:
Nacional.
Pedagogia histórico-crítica
DUARTE, Newton [Org.], (2000), Sobre o construtivismo.
Essa pedagogia é tributária da concepção Campinas, Autores Associados.
dialética, especificamente na versão do
materialismo histórico, tendo fortes afinidades, no DUARTE, Newton (2003), Sociedade do conhecimento
ou sociedade das ilusões? Campinas, Autores Associados.
que ser refere às suas bases psicológicas, com a
psicologia histórico-cultural desenvolvida pela DURKHEIM, Émile (1995), A evolução pedagógica.
“Escola de Vigotski”. A educação é entendida como Porto Alegre, Artes Medidas.
o ato de produzir, direta e intencionalmente, em
FACCI, Marilda Gonçalves Dias (2004), Valorização ou
cada indivíduo singular, a humanidade que é esvaziamento do trabalho do professor? Um estudo crítico-
produzida histórica e coletivamente pelo conjunto comparativo da teoria do professor reflexivo, do construtivismo e
dos homens. Em outros termos, isso significa que a da psicologia vigotskiana. Campinas, Autores Associados.
educação é entendida como mediação no seio da FÁVERO, Osmar (1983), Cultura popular, educação
prática social global.
A prática social se põe, portanto, como o
ponto de partida e o ponto de chegada da prática
educativa. Daí decorre um método pedagógico que
parte da prática social onde professor e aluno se
encontram igualmente inseridos ocupando, porém,
posições distintas, condição para que travem uma
relação fecunda na compreensão e
encaminhamento da solução dos problemas postos
pela prática social, cabendo aos momentos
intermediários do método identificar as questões
suscitadas pela prática social (problematização),
dispor os instrumentos teóricos e práticos para a
sua compreensão e solução (instrumentação) e
viabilizar sua incorporação como elementos
integrantes da própria vida dos alunos (catarse).
Referências:
ALVES, Márcio Moreira (1968), O Cristo do povo. Rio
de Janeiro, Sabiá.
AVELAR, Gersolina Antonia de (1978), Renovação
educacional católica. São Paulo, Cortez & Moraes.
BASTOS, Maria Helena Câmara (1999), “O ensino
mútuo no Brasil (1808-1827)”. In: BASTOS, M.H.C. e FARIA
FILHO, L.M. (Orgs.), A escola elementar no século XIX: o
método 26
monitorial/mútuo. Passo Fundo: Ediupf, 95-118.
BELLO, Ruy de Ayres (1967a), Pequena história da
educação, 6ª ed. São Paulo, Editora do Brasil.
BELLO, Ruy de Ayres (1967b), Filosofia da educação,
6ª ed. São Paulo, Editora do Brasil.
BITTAR, M. e FERREIRA JR., A. (2004), “Pluralidade
lingüística, escola de bê-á-bá e teatro jesuítico no Brasil do
século XVI”. Educação & Sociedade, Vol. 24, n. 86, Jan./Abr. –
2004, p. 171-195.
BOSI, Alfredo, (1992)Dialética da colonização. São
Paulo, Companhia das Letras, 1992.
BUFFA, Ester (1979), Ideologias em conflito. São Paulo, Cortez
& Moraes.
CARVALHO, José Sérgio F. (2001), Construtivismo:
uma pedagogia esquecida da escola. Porto Alegre: Artmed.

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
PRINCIPAIS ASPECTOS HISTÓRICOS Pode-se dividir a história da educação no
DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA período republicano em três grandes momentos, que
correspondem com três momentos importantes do
Ao referir-se a educação brasileira, é desenvolvimento do capitalismo no Brasil: um que vai
interessante tratar de pelo menos duas até 1930, outro até o final da década de 1950 e, por
características gerais, como a necessidade de fim, outro que vem até nossos dias em seus traços
universalização da educação formal se combina mais gerais.
com o caráter excludente e conservador da
formação social brasileira; como se comportam as O período até 1930 ainda é marcado pela
classes sociais em relação à educação. educação do tipo jesuítico, muito comum no Brasil
desde a invasão europeia do século XVI. O acesso à
• Como a necessidade de universalização educação formal era restrito às elites e mesmo o
da educação formal se combina com o caráter Estado buscando algumas medidas no sentido de
excludente e conservador da formação social tornar o ensino mais abrangente, as próprias
brasileira. características econômicas do período e, por isso, o
Não é estranho para nenhum educador que a próprio esforço do Estado, impediam qualquer
distância entre a fala e a prática, entre o que se avanço mais significativo.
cogita e o que se faz efetivamente em matéria de
educação é imensa. Reúna-se a isso que o sistema federativo
dava autonomia aos Estados e tornava o poder
Uma coisa, portanto, é conhecer o que político descentralizado. Isso era fundamental para a
defendiam diversos pensadores da educação em manutenção dos interesses dos grandes proprietários
períodos variados, até mesmo o que se definia nas de terra que ainda mantinham a hegemonia do
legislações, e outra coisa é o concreto, o realizado. processo político e econômico e também foi
Karl Marx deixou um exemplo bastante interessante fundamental para que se tivesse não uma única
disso na sua obra máxima “O Capital”, no capítulo política para a educação no Brasil, mas diversas, que
XIII do livro primeiro. oscilavam de acordo com os interesses e disposições
das oligarquias regionais, gerando ainda profunda
Ali trata rapidamente como a grande
diferença nos níveis de educação entre os Estados
indústria vinha transformando velhos hábitos e
brasileiros.
transformando, para não dizer destroçando, as
famílias dos trabalhadores ingleses: jornadas A maioria da população ainda vivia nesta
extenuantes de trabalho, mulheres e crianças época na área rural e o trabalho urbano, mesmo nas
incorporadas ao trabalho industrial, a mortalidade poucas indústrias, não exigia ainda a formação
infantil e a administração de drogas a base de ópio escolar. Foi o aumento da vida urbana causado pela
para que as crianças dormissem e não sentissem industrialização e a expansão das relações
fome enquanto seus pais, mães e irmãos estavam capitalistas de produção que tornam a educação item
no trabalho. de reivindicação social e problema nacional.
Nesse relato, Marx fala da lei fabril de 1844,
Apesar disso, as transformações efetivas que
que obrigava as crianças a frequentar as aulas e
deveriam ter acontecido nos anos 30 foram parciais e
das condições que encontravam: todas as crianças
desiguais, e cogitavam as deficiências estruturais
juntas em um mesmo galpão (de 03 a 14 anos)
resultantes da expansão do ensino e até mesmo uma
faltavam materiais básicos, condições sanitárias, as
discriminação social, pois a educação ainda mantinha
crianças poderiam frequentar a escola por um mês
o discurso dissimulado de uma manutenção do status
e retornar à fábrica, para depois de outro período
das elites brasileiras.
retornar à escola, professores analfabetos etc.
O segundo período refere-se ao movimento
Ora, isso e muito mais ocorria no país mais
da escola nova: sua marca é a disputa entre a
desenvolvido da Europa e do mundo. No Brasil, o
pedagogia tradicional e o pensamento educacional
debate mais sério sobre a universalização da
católico com a nova pedagogia, por meio dos
educação foi iniciado, após a Revolução de 1930 e
escolanovistas, melhor “adaptados” à nova ordem
as possibilidades de acesso à educação foram se
capitalista. Já se sabe que, ainda que seja um
abrindo durante o passar das décadas e não de
pensamento mais apropriado às relações capitalistas
imediato.
de produção, o escolanovismo foi, diante do traço
Aqui, portanto, ainda que não se tenha conservador da formação brasileira, progressista o
esperado mais de cem anos para oferecer para boa bastante para que não fosse, a não ser
parte da população o acesso à educação em fragmentariamente, adotado.
condições melhores do que as da Inglaterra de
As discussões em torno da Lei de Diretrizes e
meados do século XIX, o que já demonstra certa
Bases da Educação, que se estende da constituinte
correspondência com o caráter acelerado da
de 1946 até sua promulgação em 1961, portanto 15
industrialização brasileira.
anos depois, dão exemplos dessa disputa entre as
concepções antigas e novas sobre a educação e
trazem um elemento novo e curioso: quando chega a

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
uma solução de consenso e é promulgada, a lei já Inicialmente é importante ter claros os
não corresponde mais ao período de sua motivos que fazem a educação formal ser importante
concepção. Grandes transformações estavam em em uma formação social capitalista.
curso.
Indo direto ao ponto: a educação formal não
No final conturbado do mandato de Getúlio tinha grande importância nas sociedades não
Vargas, seu suicídio e a sucessão de três industrializadas, ou seja, nas sociedades que
presidentes (Café Filho, Carlos Luz e Nereu precederam o capitalismo.
Ramos), foi publicada a Instrução 113 da
Nelas, a própria organização da sociedade, a
Superintendência da Moeda e do Crédito – SUMOC
divisão social do trabalho e o direito tratavam
– que dava amplas garantias e facilidades para a
desigualmente os desiguais, ou seja, havia alguma
entrada de empresas estrangeiras no Brasil.
forma de justificar as desigualdades sociais pela
O governo de Juscelino Kubitschek (1956- força e pela posse pura e simples, causando, por
1960) não somente não acabou como deu novo motivos diversos (militares, dívidas etc.) a
impulso à entrada das multinacionais. Tal virada na escravização de uns por outros, ou ainda, uma
economia, que corresponde à entrada do ideologia que fazia crer que a divisão do trabalho
capitalismo monopolista no Brasil, trouxe social se devia à vontade de Deus que teria dividido
consequências diversas para a sua história: uma os humanos em senhores e servos (feudalismo),
aceleração da industrialização via tecnologia cada qual devendo ocupar, contudo, o lugar
importada; a quebra de grande parte das empresas específico que lhe foi definido desde antes de nascer.
nacionais; diversificação de serviços e profissões;
Surgido na Europa em um período longo de
expansão do setor financeiro e da presença do
transição entre diversas formas de organização
Estado em setores diversos; uma nova ideologia
feudal, o capitalismo mudou bastante o estado de
baseada na supremacia da técnica; o aumento da
coisas. A burguesia, que já vinha ocupando postos
exploração da força de trabalho e o avanço dos
importantíssimos na economia de diversos países
movimentos populares; crise de hegemonia e
precisava, para que seus interesses fossem
rearticulação da hegemonia política no bloco no
garantidos, assumir o poder do Estado.
poder; golpe militar de 1964.
O discurso burguês não tardou a assumir
Todas essas consequências das
uma posição contrária em relação às posições da
transformações ocorridas têm uma relação bastante
nobreza e, para a conquista do apoio dos
grande com os contornos da educação até os dias
trabalhadores, era fundamental que se fizesse o
de hoje, provando que o sistema educacional
discurso de igualdade entre os humanos e a
corresponde ao meio onde está organizado antes
condenação das ideias que consideravam existir uma
de poder influenciar de alguma forma, e somente
diferença natural ou determinada por Deus.
como negação, na transformação dessa ordem de
coisas. Após deter poder político, era necessário que
se criassem mecanismos que justificassem a
A industrialização tendo como base a
manutenção das desigualdades sociais. A burguesia
tecnologia importada torna a necessidade do
não poderia, porém, retomar nenhum discurso
desenvolvimento de pesquisas, portanto, o
baseado na nobreza do sangue ou qualquer coisa do
desenvolvimento científico secundário para a
tipo.
universidade brasileira; a falência de muitas
empresas nacionais e o surgimento de novas Daí a importância do pensamento liberal:
profissões, bem como a expansão do Estado e as colocando todo humano como igual perante a lei,
novas formas de recrutamento para a ocupação no como indivíduo, a sociedade capitalista vai tratar
serviço público e nas empresas multinacionais individualmente, e não como classe, os humanos.
geraram a combinação de dois movimentos: a
A burguesia cria então uma forma não de
quebra dos mecanismos tradicionais de
acabar de uma vez por todas com as desigualdades
manutenção ou ascensão dos setores médios e a
sociais, mas uma forma que acaba com a
necessidade de certificação escolar para poder
desigualdade individual, ou seja, uma forma que
acessar os cargos nas burocracias do Estado e
privada. oferece, apesar das diferenças nas condições de
nascimento de cada um, a todos as mesmas
• A universalização da educação se oportunidades de ascensão social por meio do
combina, portanto, ao caráter excludente e desenvolvimento de suas habilidades, de suas
conservador da formação social brasileira de vários aptidões naturais, ficando a cargo de cada indivíduo
modos e em pelo menos três períodos distintos. a utilização dessas oportunidades da melhor forma
possível.
Essa é a primeira característica da
educação brasileira. O que há de falso nisso é patente: para
dissimular as desigualdades sociais e para tirar o
a) como se comportam as classes sociais
foco das relações injustas e geradoras de miséria
em relação à educação.
próprias do capitalismo, joga-se para o indivíduo a
responsabilidade de ser bem ou mal sucedido em
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
seu processo de ascensão social. O fracasso se filho de trabalhador ascender a postos cobertos
torna, assim, pessoal. O espaço privilegiado para quase na totalidade por elementos provenientes dos
se operar esse falseamento da realidade e o setores mais abastados. Isso pode ocorrer e tem uma
deslocamento do social para o pessoal é a escola. função essencial: abrir espaço para o discurso da
Daí a importância da educação e a necessidade de sociedade aberta e justificar a ascensão social pela
sua universalização nas formações sociais ideologia do mérito pessoal.
capitalistas. É sempre bom lembrar, como visto,
O ensino básico, portanto, está dividido entre
que é somente quando as relações capitalistas de
escolas públicas e particulares e esses dois ramos
produção vão se afirmando no Brasil que a
possuem subdivisões: por exemplo, escolas públicas
educação começa a se tornar um tema de debate
centrais e escolas situadas nas periferias das
nacional.
grandes cidades; escolas particulares que atendem,
Pesquisas recentes no Brasil demonstraram em bairros de classe média baixa, filhos destes
as mesmas tendências: uma trajetória setores e de trabalhadores que dispõem de parte de
eventualmente longa para as classes inferiores, sua renda para o custeio de materiais e
mais voltadas para a necessidade imediata da mensalidades escolares e escolas particulares, às
renda para a manutenção da família; para os filhos quais não têm acesso os filhos dos trabalhadores e
dos burgueses privilegia-se a formação na empresa nem mesmo de boa parte dos setores médios, que
e, no máximo, persistir na trajetória escolar com o formam os estudantes que irão ocupar os melhores
objetivo de ampliar suas relações sociais com seus lugares dos cursos mais concorridos das melhores
pares de classe. universidades. Nas escolas dos setores médios mais
abastados aprende-se a ser autor, enquanto que nas
No Brasil isso ocorre em instituições
demais se aprende a desautorização, em graus
privadas de altas mensalidades e não nas
diversos: a ser submisso, humilde, empregado etc.
universidades públicas, como pensam alguns.
Não são os conteúdos que são diferentes
Resta, portanto, aos setores médios a
apenas, mas a postura, o tipo de sujeito que se
maior necessidade direta do sistema escolar e de
forma. Por exemplo: um aprende equação do
sua certificação por um simples motivo: para que se
segundo grau pela decoração da fórmula e faz isso o
mantenham como classe média é necessária, mais
ano todo; o outro aprende o processo para se chegar
do que nunca, a certificação escolar que, dentro da
à fórmula, a utilização prática da equação, a história
nova ideologia calcada na técnica e na
do processo.
impessoalidade, é o registro de capacidade ou
competência em determinada área. A diferença é simples: ao primeiro não
interessa saber a equação do segundo grau, mas
Para os setores médios, porém, não basta
que saiba fazer cálculos e, sobretudo, apreenda a se
que tenham acesso à educação formal: é
dispor a fazer coisas que desconhece o objetivo. Isso
necessário que todos tenham acesso à educação,
será muito importante no chão da fábrica ou em
exatamente para valorizar-se aos olhos da
qualquer posto inferior de trabalho.
burguesia, por meio do discurso da competência e
do mérito pessoal. Em outras palavras, para que se Já se viu, portanto, em linhas bem gerais,
destaquem e sejam os melhores para ocupar os traços marcantes próprios da educação no modo de
postos de trabalho que lhes correspondem, os produção capitalista e a forma que assumiram,
setores médios precisam da existência de historicamente, na formação social capitalista
educação universal e de fracasso escolar. brasileira.
Somente em relação aos demais podem
justificar o seu aproveitamento, ou seja, exatamente
sobre o não aproveitamento dos demais.
No Brasil, ainda que se insista em um único
e mesmo sistema de ensino, é manifesto a todos
que existem escolas diferenciadas, que geram
possibilidades diferentes.
De tal modo, não é a escola que faz do
estudante um sujeito bem-sucedido, com
capacidade para prestar vestibular nas melhores
universidades e ocupar os melhores postos no
mercado de trabalho: as escolas que assim são
classificadas atendem a um determinado público,
de determinado extrato dos setores médios, ou da
burguesia, e é o pertencimento de classe que torna
possível o sucesso escolar, e não o contrário.
As raras exceções figuram como meras
exceções mesmo, como é o caso eventual de um
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
deixar de levar em consideração os diversos
contextos nos quais eles estão inseridos.
O que são e qual é a função das diretrizes
curriculares?
As Diretrizes Curriculares Nacionais são um
AS DIRETRIZES CURRICULARES conjunto de definições doutrinárias sobre princípios,
NACIONAIS E SUAS IMPLICAÇÕES NA fundamentos e procedimentos na Educação Básica
PRÁTICA PEDAGÓGICA que orientam as escolas na organização, articulação,
desenvolvimento e avaliação de suas propostas
A educação brasileira está organizada
pedagógicas.
segundo os princípios legais dispostos na
Constituição Federal de 1988 e na Lei de Diretrizes As DCNs têm origem na Lei de Diretrizes e
e Bases da Educação Nacional (Lei 9394/96). Bases da Educação (LDB), de 1996, que assinala ser
incumbência da União "estabelecer, em colaboração
Em seu artigo 205, a Constituição define a
com os estados, Distrito Federal e os municípios,
Educação como direito de todos e dever do Estado
competências e diretrizes para a Educação Infantil, o
e da família, promovida e incentivada em
Ensino Fundamental e o Ensino Médio, que
colaboração com a sociedade com vistas ao pleno
nortearão os currículos e os seus conteúdos
desenvolvimento da pessoa e preparo para o
mínimos, de modo a assegurar a formação básica
exercício da cidadania e qualificação para o
comum".
trabalho.
O processo de definição das diretrizes
Neste contexto, a União, os Estados, o
curriculares conta com a participação das mais
Distrito Federal e os Municípios deverão garantir
diversas esferas da sociedade. Dentre elas, o
condições de acesso e permanência e pluralismo
Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de
de ideais nas escolas.
Educação (Consed), a União Nacional dos Dirigentes
Quanto à sua estrutura, o sistema Municipais de Educação (Undime), a Associação
educacional compreende a educação básica Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em
(educação infantil, fundamental e ensino médio) e o Educação (ANPEd), além de docentes, dirigentes
ensino superior. municipais e estaduais de ensino, pesquisadores e
representantes de escolas privadas.
A oferta da educação infantil e fundamental
é responsabilidade dos municípios, enquanto As diretrizes curriculares preservam a
Estados e Distrito Federal responsabilizam-se pela autonomia dos professores?
oferta do ensino fundamental e médio.
As diretrizes curriculares visam preservar a
Cabe ao Governo Federal prestar questão da autonomia da escola e da proposta
assistência técnica e financeira aos Estados e pedagógica, incentivando as instituições a montar
Municípios e se responsabilizar pela organização seu currículo, recortando, dentro das áreas de
do Ensino Superior no país. conhecimento, os conteúdos que lhe convêm para a
formação daquelas competências explícitas nas
Quanto à organização política, cabe à LDB DCNs.
(Lei de Diretrizes e Bases) reger o conjunto de
definições que orientam o sistema educacional Desse modo, as escolas devem trabalhar os
visando sua democratização e universalização conteúdos básicos nos contextos que lhe parecerem
necessários, considerando o perfil dos alunos que
Diretrizes Curriculares Nacionais e suas
atendem, a região em que estão inseridas e outros
implicações na prática pedagógica;
aspectos locais relevantes.
As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) Quais são as diferenças entre as diretrizes
são normas obrigatórias para a Educação Básica curriculares e os parâmetros curriculares?
que orientam o planejamento curricular das escolas
e dos sistemas de ensino. Elas são discutidas, Os Parâmetros Curriculares Nacionais
concebidas e fixadas pelo Conselho Nacional de (PCNs) são diretrizes separadas por disciplinas
Educação (CNE). elaboradas pelo governo federal e não obrigatórias
por lei. Elas visam subsidiar e orientar a elaboração
Atualmente, existem diretrizes gerais para a ou revisão curricular; a formação inicial e continuada
Educação Básica. Cada etapa e modalidade da dos professores; as discussões pedagógicas internas
dela (Educação Infantil, Ensino Fundamental e às escolas; a produção de livros e outros materiais
Ensino Médio) também apresentam diretrizes didáticos e a avaliação do sistema de Educação. Os
curriculares próprias. A mais recente é a do Ensino PCNs foram criados em 1997 e funcionaram como
Médio. referenciais para a renovação e reelaboração da
As diretrizes buscam promover a equidade proposta curricular da escola até a definição das
de aprendizagem, garantindo que conteúdos diretrizes curriculares.
básicos sejam ensinados para todos os alunos, sem

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Já as Diretrizes Curriculares Nacionais são ESTATUTO DA CRIANÇA E DO
normas obrigatórias para a Educação Básica que ADOLESCENTE
têm como objetivo orientar o planejamento
curricular das escolas e dos sistemas de ensino, LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990.
norteando seus currículos e conteúdos mínimos.
Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente
Assim, as diretrizes asseguram a formação básica,
e dá outras providências.
com base na Lei de Diretrizes e Bases da
Educação (LDB), definindo competências e O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que
diretrizes para a Educação Infantil, o Ensino o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a
Fundamental e o Ensino Médio. seguinte Lei:
Quais são as diferenças entre as Título I
diretrizes curriculares e as expectativas de
Das Disposições Preliminares
aprendizagem (direitos de aprendizagem)?
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção
As expectativas de aprendizagem definem
integral à criança e ao adolescente.
o que se espera que todos os alunos aprendam ao
concluírem uma série e um nível de ensino. Elas Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos
foram previstas pelo CNE nas diretrizes gerais da desta Lei, a pessoa até doze anos de idade
Educação Básica. incompletos, e adolescente aquela entre doze e
dezoito anos de idade.
Diferentemente das diretrizes, que são mais
amplas e genéricas, as expectativas contemplam Parágrafo único. Nos casos expressos em
recomendações explícitas sobre os conhecimentos lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às
que precisam ser abordados em cada disciplina. pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade.
Contudo, as expectativas de aprendizagem não
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de
configuram uma listagem de conteúdos,
todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa
competências e habilidades, mas sim um conjunto
humana, sem prejuízo da proteção integral de que
de orientações que possam auxiliar o planejamento
trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por
dos professores, como materiais adequados, tempo
outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a
de trabalho e condições necessárias para colocá-lo
fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental,
em prática. No momento, as expectativas de
moral, espiritual e social, em condições de liberdade
aprendizagem (direitos de aprendizagem) estão em
e de dignidade.
discussão no MEC.
Parágrafo único. Os direitos enunciados
nesta Lei aplicam-se a todas as crianças e
adolescentes, sem discriminação de nascimento,
situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor,
religião ou crença, deficiência, condição pessoal de
desenvolvimento e aprendizagem, condição
econômica, ambiente social, região e local de
moradia ou outra condição que diferencie as
pessoas, as famílias ou a comunidade em que vivem.
(incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
Art. 4º É dever da família, da comunidade,
da sociedade em geral e do poder público assegurar,
com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos
referentes à vida, à saúde, à alimentação, à
educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização,
à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária.
Parágrafo único. A garantia de prioridade
compreende:
a) primazia de receber proteção e socorro
em quaisquer circunstâncias;
b) precedência de atendimento nos serviços
públicos ou de relevância pública;
c) preferência na formulação e na execução
das políticas sociais públicas;

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
d) destinação privilegiada de recursos mães que manifestem interesse em entregar seus
públicos nas áreas relacionadas com a proteção à filhos para adoção, bem como a gestantes e mães
infância e à juventude. que se encontrem em situação de privação de
liberdade. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente
2016)
será objeto de qualquer forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e § 6o A gestante e a parturiente têm direito a 1
opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, (um) acompanhante de sua preferência durante o
por ação ou omissão, aos seus direitos período do pré-natal, do trabalho de parto e do pós-
fundamentais. parto imediato. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se- § 7o A gestante deverá receber orientação
ão em conta os fins sociais a que ela se dirige, as sobre aleitamento materno, alimentação
exigências do bem comum, os direitos e deveres complementar saudável e crescimento e
individuais e coletivos, e a condição peculiar da desenvolvimento infantil, bem como sobre formas de
criança e do adolescente como pessoas em favorecer a criação de vínculos afetivos e de
desenvolvimento. estimular o desenvolvimento integral da criança.
(Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
Título II
§ 8o A gestante tem direito a
Dos Direitos Fundamentais
acompanhamento saudável durante toda a gestação
Capítulo I e a parto natural cuidadoso, estabelecendo-se a
aplicação de cesariana e outras intervenções
Do Direito à Vida e à Saúde
cirúrgicas por motivos médicos. (Incluído pela Lei nº
Art. 7º A criança e o adolescente têm 13.257, de 2016)
direito a proteção à vida e à saúde, mediante a § 9o A atenção primária à saúde fará a busca
efetivação de políticas sociais públicas que
ativa da gestante que não iniciar ou que abandonar
permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio
as consultas de pré-natal, bem como da puérpera
e harmonioso, em condições dignas de existência.
que não comparecer às consultas pós-parto. (Incluído
Art. 8o É assegurado a todas as mulheres o pela Lei nº 13.257, de 2016)
acesso aos programas e às políticas de saúde da § 10. Incumbe ao poder público garantir, à
mulher e de planejamento reprodutivo e, às
gestante e à mulher com filho na primeira infância
gestantes, nutrição adequada, atenção humanizada
que se encontrem sob custódia em unidade de
à gravidez, ao parto e ao puerpério e atendimento
privação de liberdade, ambiência que atenda às
pré-natal, perinatal e pós-natal integral no âmbito do
normas sanitárias e assistenciais do Sistema Único
Sistema Único de Saúde. (Redação dada pela Lei de Saúde para o acolhimento do filho, em articulação
nº 13.257, de 2016) com o sistema de ensino competente, visando ao
§ 1o O atendimento pré-natal será realizado desenvolvimento integral da criança. (Incluído pela
por profissionais da atenção primária. (Redação Lei nº 13.257, de 2016)
dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
Art. 9º O poder público, as instituições e os
§ 2o Os profissionais de saúde de empregadores propiciarão condições adequadas ao
referência da gestante garantirão sua vinculação, aleitamento materno, inclusive aos filhos de mães
no último trimestre da gestação, ao estabelecimento submetidas a medida privativa de liberdade.
em que será realizado o parto, garantido o direito
§ 1o Os profissionais das unidades primárias
de opção da mulher. (Redação dada pela Lei nº
de saúde desenvolverão ações sistemáticas,
13.257, de 2016)
individuais ou coletivas, visando ao planejamento, à
§ 3o Os serviços de saúde onde o parto for implementação e à avaliação de ações de promoção,
realizado assegurarão às mulheres e aos seus proteção e apoio ao aleitamento materno e à
filhos recém-nascidos alta hospitalar responsável e alimentação complementar saudável, de forma
contrarreferência na atenção primária, bem como o contínua. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
acesso a outros serviços e a grupos de apoio à
§ 2o Os serviços de unidades de terapia
amamentação. (Redação dada pela Lei nº 13.257,
intensiva neonatal deverão dispor de banco de leite
de 2016) humano ou unidade de coleta de leite humano.
§ 4o Incumbe ao poder público (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
proporcionar assistência psicológica à gestante e à
Art. 10. Os hospitais e demais
mãe, no período pré e pós-natal, inclusive como
estabelecimentos de atenção à saúde de gestantes,
forma de prevenir ou minorar as consequências do
públicos e particulares, são obrigados a:
estado puerperal. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
2009) I - manter registro das atividades
desenvolvidas, através de prontuários individuais,
§ 5o A assistência referida no § 4o deste pelo prazo de dezoito anos;
artigo deverá ser prestada também a gestantes e

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
II - identificar o recém-nascido mediante o adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao
registro de sua impressão plantar e digital e da Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem
impressão digital da mãe, sem prejuízo de outras prejuízo de outras providências legais. (Redação
formas normatizadas pela autoridade administrativa dada pela Lei nº 13.010, de 2014)
competente;
§ 1o As gestantes ou mães que manifestem
III - proceder a exames visando ao interesse em entregar seus filhos para adoção serão
diagnóstico e terapêutica de anormalidades no obrigatoriamente encaminhadas, sem
metabolismo do recém-nascido, bem como prestar constrangimento, à Justiça da Infância e da
orientação aos pais; Juventude. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
IV - fornecer declaração de nascimento § 2o Os serviços de saúde em suas
onde constem necessariamente as intercorrências diferentes portas de entrada, os serviços de
do parto e do desenvolvimento do neonato; assistência social em seu componente especializado,
o Centro de Referência Especializado de Assistência
V - manter alojamento conjunto,
Social (Creas) e os demais órgãos do Sistema de
possibilitando ao neonato a permanência junto à
Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente
mãe.
deverão conferir máxima prioridade ao atendimento
VI - acompanhar a prática do processo de das crianças na faixa etária da primeira infância com
amamentação, prestando orientações quanto à suspeita ou confirmação de violência de qualquer
técnica adequada, enquanto a mãe permanecer na natureza, formulando projeto terapêutico singular que
unidade hospitalar, utilizando o corpo técnico já inclua intervenção em rede e, se necessário,
existente. (Incluído pela Lei nº 13.436, de 2017) acompanhamento domiciliar. (Incluído pela Lei nº
13.257, de 2016)
Art. 11. É assegurado acesso integral às
linhas de cuidado voltadas à saúde da criança e do Art. 14. O Sistema Único de Saúde
adolescente, por intermédio do Sistema Único de promoverá programas de assistência médica e
Saúde, observado o princípio da equidade no odontológica para a prevenção das enfermidades que
acesso a ações e serviços para promoção, proteção ordinariamente afetam a população infantil, e
e recuperação da saúde. (Redação dada pela Lei nº campanhas de educação sanitária para pais,
13.257, de 2016) educadores e alunos.
§ 1o A criança e o adolescente com § 1o É obrigatória a vacinação das crianças
deficiência serão atendidos, sem discriminação ou nos casos recomendados pelas autoridades
segregação, em suas necessidades gerais de sanitárias. (Renumerado do parágrafo único pela Lei
saúde e específicas de habilitação e reabilitação. nº 13.257, de 2016)
(Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 2o O Sistema Único de Saúde promoverá a
§ 2o Incumbe ao poder público fornecer atenção à saúde bucal das crianças e das gestantes,
gratuitamente, àqueles que necessitarem, de forma transversal, integral e intersetorial com as
medicamentos, órteses, próteses e outras demais linhas de cuidado direcionadas à mulher e à
tecnologias assistivas relativas ao tratamento, criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
habilitação ou reabilitação para crianças e
§ 3o A atenção odontológica à criança terá
adolescentes, de acordo com as linhas de cuidado
função educativa protetiva e será prestada,
voltadas às suas necessidades específicas.
inicialmente, antes de o bebê nascer, por meio de
(Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
aconselhamento pré-natal, e, posteriormente, no
§ 3o Os profissionais que atuam no cuidado sexto e no décimo segundo anos de vida, com
diário ou frequente de crianças na primeira infância orientações sobre saúde bucal. (Incluído pela Lei nº
receberão formação específica e permanente para 13.257, de 2016)
a detecção de sinais de risco para o
§ 4o A criança com necessidade de cuidados
desenvolvimento psíquico, bem como para o
odontológicos especiais será atendida pelo Sistema
acompanhamento que se fizer necessário. (Incluído
Único de Saúde. (Incluído pela Lei nº 13.257, de
pela Lei nº 13.257, de 2016)
2016)
Art. 12. Os estabelecimentos de
§ 5º É obrigatória a aplicação a todas as
atendimento à saúde, inclusive as unidades
crianças, nos seus primeiros dezoito meses de vida,
neonatais, de terapia intensiva e de cuidados
de protocolo ou outro instrumento construído com a
intermediários, deverão proporcionar condições
finalidade de facilitar a detecção, em consulta
para a permanência em tempo integral de um dos
pediátrica de acompanhamento da criança, de risco
pais ou responsável, nos casos de internação de
para o seu desenvolvimento psíquico. (Incluído pela
criança ou adolescente. (Redação dada pela Lei nº
Lei nº 13.438, de 2017)
13.257, de 2016)
Art. 13. Os casos de suspeita ou
confirmação de castigo físico, de tratamento cruel
ou degradante e de maus-tratos contra criança ou
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Capítulo II ou ao adolescente que: (Incluído pela Lei nº 13.010,
de 2014)
Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à
Dignidade a) humilhe; ou (Incluído pela Lei nº 13.010,
de 2014)
Art. 15. A criança e o adolescente têm
direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como b) ameace gravemente; ou (Incluído pela Lei
pessoas humanas em processo de nº 13.010, de 2014)
desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis,
c) ridicularize. (Incluído pela Lei nº 13.010, de
humanos e sociais garantidos na Constituição e nas
2014)
leis.
Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família
Art. 16. O direito à liberdade compreende
ampliada, os responsáveis, os agentes públicos
os seguintes aspectos:
executores de medidas socioeducativas ou qualquer
I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e pessoa encarregada de cuidar de crianças e de
espaços comunitários, ressalvadas as restrições adolescentes, tratá-los, educá-los ou protegê-los que
legais; utilizarem castigo físico ou tratamento cruel ou
degradante como formas de correção, disciplina,
II - opinião e expressão;
educação ou qualquer outro pretexto estarão sujeitos,
III - crença e culto religioso; sem prejuízo de outras sanções cabíveis, às
seguintes medidas, que serão aplicadas de acordo
IV - brincar, praticar esportes e divertir-se;
com a gravidade do caso: (Incluído pela Lei nº
V - participar da vida familiar e comunitária, 13.010, de 2014)
sem discriminação;
I - encaminhamento a programa oficial ou
VI - participar da vida política, na forma da comunitário de proteção à família; (Incluído pela Lei
lei; nº 13.010, de 2014)
VII - buscar refúgio, auxílio e orientação. II - encaminhamento a tratamento psicológico
ou psiquiátrico; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
Art. 17. O direito ao respeito consiste na
inviolabilidade da integridade física, psíquica e III - encaminhamento a cursos ou programas
moral da criança e do adolescente, abrangendo a de orientação; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
preservação da imagem, da identidade, da IV - obrigação de encaminhar a criança a
autonomia, dos valores, idéias e crenças, dos
tratamento especializado; (Incluído pela Lei nº
espaços e objetos pessoais.
13.010, de 2014)
Art. 18. É dever de todos velar pela
V - advertência. (Incluído pela Lei nº 13.010,
dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a
de 2014)
salvo de qualquer tratamento desumano, violento,
aterrorizante, vexatório ou constrangedor. Parágrafo único. As medidas previstas neste
artigo serão aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem
Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o
prejuízo de outras providências legais. (Incluído pela
direito de ser educados e cuidados sem o uso de
Lei nº 13.010, de 2014)
castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante,
como formas de correção, disciplina, educação ou Capítulo III
qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos
Do Direito à Convivência Familiar e Comunitária
integrantes da família ampliada, pelos
responsáveis, pelos agentes públicos executores de Seção I
medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa
Disposições Gerais
encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou
protegê-los. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) Art. 19. É direito da criança e do adolescente
ser criado e educado no seio de sua família e,
Parágrafo único. Para os fins desta Lei,
excepcionalmente, em família substituta, assegurada
considera-se: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
a convivência familiar e comunitária, em ambiente
I - castigo físico: ação de natureza que garanta seu desenvolvimento integral. (Redação
disciplinar ou punitiva aplicada com o uso da força dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
física sobre a criança ou o adolescente que resulte
§ 1o Toda criança ou adolescente que estiver
em: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
inserido em programa de acolhimento familiar ou
a) sofrimento físico; ou (Incluído pela Lei nº institucional terá sua situação reavaliada, no máximo,
13.010, de 2014) a cada 6 (seis) meses, devendo a autoridade
judiciária competente, com base em relatório
b) lesão; (Incluído pela Lei nº 13.010, de
elaborado por equipe interprofissional ou
2014)
multidisciplinar, decidir de forma fundamentada pela
II - tratamento cruel ou degradante: conduta possibilidade de reintegração familiar ou colocação
ou forma cruel de tratamento em relação à criança em família substituta, em quaisquer das modalidades
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
previstas no art. 28 desta Lei. (Incluído pela Lei nº extinção do poder familiar e determinar a colocação
12.010, de 2009) da criança sob a guarda provisória de quem estiver
habilitado a adotá-la ou de entidade que desenvolva
§ 2o A permanência da criança e do
programa de acolhimento familiar ou institucional.
adolescente em programa de acolhimento
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
institucional não se prolongará por mais de 18
(dezoito meses), salvo comprovada necessidade § 5o Após o nascimento da criança, a
que atenda ao seu superior interesse, devidamente vontade da mãe ou de ambos os genitores, se houver
fundamentada pela autoridade judiciária. (Redação pai registral ou pai indicado, deve ser manifestada na
dada pela Lei nº 13.509, de 2017) audiência a que se refere o § 1o do art. 166 desta Lei,
garantido o sigilo sobre a entrega. (Incluído pela Lei
§ 3o A manutenção ou a reintegração de
nº 13.509, de 2017)
criança ou adolescente à sua família terá
preferência em relação a qualquer outra § 6o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.509,
providência, caso em que será esta incluída em de 2017)
serviços e programas de proteção, apoio e
§ 7o Os detentores da guarda possuem o
promoção, nos termos do § 1o do art. 23, dos
prazo de 15 (quinze) dias para propor a ação de
incisos I e IV do caput do art. 101 e dos incisos I a
adoção, contado do dia seguinte à data do término do
IV do caput do art. 129 desta Lei. (Redação dada
estágio de convivência. (Incluído pela Lei nº 13.509,
pela Lei nº 13.257, de 2016)
de 2017)
§ 4o Será garantida a convivência da criança e
§ 8o Na hipótese de desistência pelos
do adolescente com a mãe ou o pai privado de
genitores - manifestada em audiência ou perante a
liberdade, por meio de visitas periódicas promovidas
equipe interprofissional - da entrega da criança após
pelo responsável ou, nas hipóteses de acolhimento
o nascimento, a criança será mantida com os
institucional, pela entidade responsável,
genitores, e será determinado pela Justiça da
independentemente de autorização judicial. (Incluído
Infância e da Juventude o acompanhamento familiar
pela Lei nº 12.962, de 2014)
pelo prazo de 180 (cento e oitenta) dias. (Incluído
§ 5o Será garantida a convivência integral pela Lei nº 13.509, de 2017)
da criança com a mãe adolescente que estiver em
§ 9o É garantido à mãe o direito ao sigilo
acolhimento institucional. (Incluído pela Lei nº
sobre o nascimento, respeitado o disposto no art. 48
13.509, de 2017)
desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 6o A mãe adolescente será assistida por
§ 10. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.509,
equipe especializada multidisciplinar. (Incluído pela
de 2017)
Lei nº 13.509, de 2017)
Art. 19-B. A criança e o adolescente em
Art. 19-A. A gestante ou mãe que manifeste
programa de acolhimento institucional ou familiar
interesse em entregar seu filho para adoção, antes
poderão participar de programa de apadrinhamento.
ou logo após o nascimento, será encaminhada à
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
Justiça da Infância e da Juventude. (Incluído pela
Lei nº 13.509, de 2017) § 1o O apadrinhamento consiste em
estabelecer e proporcionar à criança e ao
§ 1o A gestante ou mãe será ouvida pela
adolescente vínculos externos à instituição para fins
equipe interprofissional da Justiça da Infância e da
de convivência familiar e comunitária e colaboração
Juventude, que apresentará relatório à autoridade
com o seu desenvolvimento nos aspectos social,
judiciária, considerando inclusive os eventuais
moral, físico, cognitivo, educacional e financeiro.
efeitos do estado gestacional e puerperal. (Incluído
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 2o (VETADO).
§ 2o De posse do relatório, a autoridade
judiciária poderá determinar o encaminhamento da § 3o Pessoas jurídicas podem apadrinhar
gestante ou mãe, mediante sua expressa criança ou adolescente a fim de colaborar para o seu
concordância, à rede pública de saúde e desenvolvimento. (Incluído pela Lei nº 13.509, de
assistência social para atendimento especializado. 2017)
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 4o O perfil da criança ou do adolescente a
§ 3o A busca à família extensa, conforme ser apadrinhado será definido no âmbito de cada
definida nos termos do parágrafo único do art. 25 programa de apadrinhamento, com prioridade para
desta Lei, respeitará o prazo máximo de 90 crianças ou adolescentes com remota possibilidade
(noventa) dias, prorrogável por igual período. de reinserção familiar ou colocação em família
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) adotiva. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 4o Na hipótese de não haver a indicação § 5o Os programas ou serviços de
do genitor e de não existir outro representante da apadrinhamento apoiados pela Justiça da Infância e
família extensa apto a receber a guarda, a da Juventude poderão ser executados por órgãos
autoridade judiciária competente deverá decretar a
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
públicos ou por organizações da sociedade civil. Seção II
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
Da Família Natural
§ 6o Se ocorrer violação das regras de
Art. 25. Entende-se por família natural a
apadrinhamento, os responsáveis pelo programa e
comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e
pelos serviços de acolhimento deverão
seus descendentes. (Vide Lei nº 12.010, de 2009)
imediatamente notificar a autoridade judiciária
competente. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) Parágrafo único. Entende-se por família
extensa ou ampliada aquela que se estende para
Art. 20. Os filhos, havidos ou não da
além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal,
relação do casamento, ou por adoção, terão os
formada por parentes próximos com os quais a
mesmos direitos e qualificações, proibidas
criança ou adolescente convive e mantém vínculos
quaisquer designações discriminatórias relativas à
de afinidade e afetividade. (Incluído pela Lei nº
filiação.
12.010, de 2009)
Art. 21. O poder familiar será exercido, em
Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento
igualdade de condições, pelo pai e pela mãe, na
poderão ser reconhecidos pelos pais, conjunta ou
forma do que dispuser a legislação civil,
separadamente, no próprio termo de nascimento, por
assegurado a qualquer deles o direito de, em caso
testamento, mediante escritura ou outro documento
de discordância, recorrer à autoridade judiciária
público, qualquer que seja a origem da filiação.
competente para a solução da divergência.
(Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Parágrafo único. O reconhecimento pode
preceder o nascimento do filho ou suceder-lhe ao
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de
falecimento, se deixar descendentes.
sustento, guarda e educação dos filhos menores,
cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a Art. 27. O reconhecimento do estado de
obrigação de cumprir e fazer cumprir as filiação é direito personalíssimo, indisponível e
determinações judiciais. imprescritível, podendo ser exercitado contra os pais
ou seus herdeiros, sem qualquer restrição, observado
Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os
o segredo de Justiça.
responsáveis, têm direitos iguais e deveres e
responsabilidades compartilhados no cuidado e na Seção III
educação da criança, devendo ser resguardado o
Da Família Substituta
direito de transmissão familiar de suas crenças e
culturas, assegurados os direitos da criança Subseção I
estabelecidos nesta Lei. (Incluído pela Lei nº
13.257, de 2016) Disposições Gerais

Art. 23. A falta ou a carência de recursos Art. 28. A colocação em família substituta
materiais não constitui motivo suficiente para a far-se-á mediante guarda, tutela ou adoção,
perda ou a suspensão do poder familiar. independentemente da situação jurídica da criança
(Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) ou adolescente, nos termos desta Lei.

§ 1o Não existindo outro motivo que por si § 1o Sempre que possível, a criança ou o
só autorize a decretação da medida, a criança ou o adolescente será previamente ouvido por equipe
adolescente será mantido em sua família de interprofissional, respeitado seu estágio de
origem, a qual deverá obrigatoriamente ser incluída desenvolvimento e grau de compreensão sobre as
em serviços e programas oficiais de proteção, apoio implicações da medida, e terá sua opinião
e promoção. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de devidamente considerada. (Redação dada pela Lei nº
2016) 12.010, de 2009)

§ 2o A condenação criminal do pai ou da § 2o Tratando-se de maior de 12 (doze) anos


mãe não implicará a destituição do poder familiar, de idade, será necessário seu consentimento, colhido
exceto na hipótese de condenação por crime em audiência. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
doloso, sujeito à pena de reclusão, contra o próprio 2009)
filho ou filha. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014) § 3o Na apreciação do pedido levar-se-á em
Art. 24. A perda e a suspensão do poder conta o grau de parentesco e a relação de afinidade
familiar serão decretadas judicialmente, em ou de afetividade, a fim de evitar ou minorar as
procedimento contraditório, nos casos previstos na consequências decorrentes da medida. (Incluído pela
legislação civil, bem como na hipótese de Lei nº 12.010, de 2009)
descumprimento injustificado dos deveres e § 4o Os grupos de irmãos serão colocados
obrigações a que alude o art. 22. (Expressão sob adoção, tutela ou guarda da mesma família
substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) substituta, ressalvada a comprovada existência de
risco de abuso ou outra situação que justifique
plenamente a excepcionalidade de solução diversa,
procurando-se, em qualquer caso, evitar o

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
rompimento definitivo dos vínculos fraternais. § 1º A guarda destina-se a regularizar a
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) posse de fato, podendo ser deferida, liminar ou
incidentalmente, nos procedimentos de tutela e
§ 5o A colocação da criança ou
adoção, exceto no de adoção por estrangeiros.
adolescente em família substituta será precedida de
sua preparação gradativa e acompanhamento § 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a
posterior, realizados pela equipe interprofissional a guarda, fora dos casos de tutela e adoção, para
serviço da Justiça da Infância e da Juventude, atender a situações peculiares ou suprir a falta
preferencialmente com o apoio dos técnicos eventual dos pais ou responsável, podendo ser
responsáveis pela execução da política municipal deferido o direito de representação para a prática de
de garantia do direito à convivência familiar. atos determinados.
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
§ 3º A guarda confere à criança ou
§ 6o Em se tratando de criança ou adolescente a condição de dependente, para todos
adolescente indígena ou proveniente de os fins e efeitos de direito, inclusive previdenciários.
comunidade remanescente de quilombo, é ainda
§ 4o Salvo expressa e fundamentada
obrigatório: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
determinação em contrário, da autoridade judiciária
I - que sejam consideradas e respeitadas competente, ou quando a medida for aplicada em
sua identidade social e cultural, os seus costumes e preparação para adoção, o deferimento da guarda de
tradições, bem como suas instituições, desde que criança ou adolescente a terceiros não impede o
não sejam incompatíveis com os direitos exercício do direito de visitas pelos pais, assim como
fundamentais reconhecidos por esta Lei e pela o dever de prestar alimentos, que serão objeto de
Constituição Federal; (Incluído pela Lei nº 12.010, regulamentação específica, a pedido do interessado
de 2009) ou do Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 12.010,
de 2009)
II - que a colocação familiar ocorra
prioritariamente no seio de sua comunidade ou Art. 34. O poder público estimulará, por meio
junto a membros da mesma etnia; (Incluído pela Lei de assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios,
nº 12.010, de 2009) o acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou
adolescente afastado do convívio familiar. (Redação
III - a intervenção e oitiva de
dada pela Lei nº 12.010, de 2009)
representantes do órgão federal responsável pela
política indigenista, no caso de crianças e § 1o A inclusão da criança ou adolescente
adolescentes indígenas, e de antropólogos, perante em programas de acolhimento familiar terá
a equipe interprofissional ou multidisciplinar que irá preferência a seu acolhimento institucional,
acompanhar o caso. (Incluído pela Lei nº 12.010, de observado, em qualquer caso, o caráter temporário e
2009) excepcional da medida, nos termos desta Lei.
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
Art. 29. Não se deferirá colocação em
família substituta a pessoa que revele, por qualquer § 2o Na hipótese do § 1o deste artigo a
modo, incompatibilidade com a natureza da medida pessoa ou casal cadastrado no programa de
ou não ofereça ambiente familiar adequado. acolhimento familiar poderá receber a criança ou
adolescente mediante guarda, observado o disposto
Art. 30. A colocação em família substituta
nos arts. 28 a 33 desta Lei. (Incluído pela Lei nº
não admitirá transferência da criança ou
12.010, de 2009)
adolescente a terceiros ou a entidades
governamentais ou não-governamentais, sem § 3o A União apoiará a implementação de
autorização judicial. serviços de acolhimento em família acolhedora como
política pública, os quais deverão dispor de equipe
Art. 31. A colocação em família substituta
que organize o acolhimento temporário de crianças e
estrangeira constitui medida excepcional, somente
de adolescentes em residências de famílias
admissível na modalidade de adoção.
selecionadas, capacitadas e acompanhadas que não
Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o estejam no cadastro de adoção. (Incluído pela Lei nº
responsável prestará compromisso de bem e 13.257, de 2016)
fielmente desempenhar o encargo, mediante termo
§ 4o Poderão ser utilizados recursos
nos autos.
federais, estaduais, distritais e municipais para a
Subseção II manutenção dos serviços de acolhimento em família
acolhedora, facultando-se o repasse de recursos
Da Guarda
para a própria família acolhedora. (Incluído pela Lei
Art. 33. A guarda obriga a prestação de nº 13.257, de 2016)
assistência material, moral e educacional à criança
Art. 35. A guarda poderá ser revogada a
ou adolescente, conferindo a seu detentor o direito qualquer tempo, mediante ato judicial fundamentado,
de opor-se a terceiros, inclusive aos pais. (Vide Lei ouvido o Ministério Público.
nº 12.010, de 2009)

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Subseção III § 1º Se um dos cônjuges ou concubinos
adota o filho do outro, mantêm-se os vínculos de
Da Tutela
filiação entre o adotado e o cônjuge ou concubino do
Art. 36. A tutela será deferida, nos termos adotante e os respectivos parentes.
da lei civil, a pessoa de até 18 (dezoito) anos
§ 2º É recíproco o direito sucessório entre o
incompletos. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
adotado, seus descendentes, o adotante, seus
2009)
ascendentes, descendentes e colaterais até o 4º
Parágrafo único. O deferimento da tutela grau, observada a ordem de vocação hereditária.
pressupõe a prévia decretação da perda ou
Art. 42. Podem adotar os maiores de 18
suspensão do poder familiar e implica
(dezoito) anos, independentemente do estado civil.
necessariamente o dever de guarda. (Expressão
(Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)
substituída pela Lei nº 12.010, de 2009)
§ 1º Não podem adotar os ascendentes e os
Art. 37. O tutor nomeado por testamento ou
irmãos do adotando.
qualquer documento autêntico, conforme previsto
no parágrafo único do art. 1.729 da Lei no 10.406, § 2o Para adoção conjunta, é indispensável
de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil, deverá, no que os adotantes sejam casados civilmente ou
prazo de 30 (trinta) dias após a abertura da mantenham união estável, comprovada a
sucessão, ingressar com pedido destinado ao estabilidade da família. (Redação dada pela Lei nº
controle judicial do ato, observando o procedimento 12.010, de 2009)
previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei. (Redação
§ 3º O adotante há de ser, pelo menos,
dada pela Lei nº 12.010, de 2009)
dezesseis anos mais velho do que o adotando.
Parágrafo único. Na apreciação do pedido,
§ 4o Os divorciados, os judicialmente
serão observados os requisitos previstos nos arts.
separados e os ex-companheiros podem adotar
28 e 29 desta Lei, somente sendo deferida a tutela
conjuntamente, contanto que acordem sobre a
à pessoa indicada na disposição de última vontade,
guarda e o regime de visitas e desde que o estágio
se restar comprovado que a medida é vantajosa ao
de convivência tenha sido iniciado na constância do
tutelando e que não existe outra pessoa em
período de convivência e que seja comprovada a
melhores condições de assumi-la. (Redação dada
existência de vínculos de afinidade e afetividade com
pela Lei nº 12.010, de 2009)
aquele não detentor da guarda, que justifiquem a
Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o excepcionalidade da concessão. (Redação dada pela
disposto no art. 24. Lei nº 12.010, de 2009)
Subseção IV § 5o Nos casos do § 4o deste artigo, desde
que demonstrado efetivo benefício ao adotando, será
Da Adoção
assegurada a guarda compartilhada, conforme
Art. 39. A adoção de criança e de previsto no art. 1.584 da Lei no 10.406, de 10 de
adolescente reger-se-á segundo o disposto nesta janeiro de 2002 - Código Civil. (Redação dada pela
Lei. Lei nº 12.010, de 2009)
§ 1o A adoção é medida excepcional e § 6o A adoção poderá ser deferida ao
irrevogável, à qual se deve recorrer apenas quando adotante que, após inequívoca manifestação de
esgotados os recursos de manutenção da criança vontade, vier a falecer no curso do procedimento,
ou adolescente na família natural ou extensa, na antes de prolatada a sentença.(Incluído pela Lei nº
forma do parágrafo único do art. 25 desta Lei. 12.010, de 2009)
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
Art. 43. A adoção será deferida quando
§ 2o É vedada a adoção por procuração. apresentar reais vantagens para o adotando e
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) fundar-se em motivos legítimos.
§ 3o Em caso de conflito entre direitos e Art. 44. Enquanto não der conta de sua
interesses do adotando e de outras pessoas, administração e saldar o seu alcance, não pode o
inclusive seus pais biológicos, devem prevalecer os tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado.
direitos e os interesses do adotando. (Incluído pela
Art. 45. A adoção depende do consentimento
Lei nº 13.509, de 2017)
dos pais ou do representante legal do adotando.
Art. 40. O adotando deve contar com, no
§ 1º. O consentimento será dispensado em
máximo, dezoito anos à data do pedido, salvo se já
relação à criança ou adolescente cujos pais sejam
estiver sob a guarda ou tutela dos adotantes.
desconhecidos ou tenham sido destituídos do poder
Art. 41. A adoção atribui a condição de filho familiar. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010,
ao adotado, com os mesmos direitos e deveres, de 2009)
inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer
vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos
matrimoniais.
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
§ 2º. Em se tratando de adotando maior de § 1º A inscrição consignará o nome dos
doze anos de idade, será também necessário o seu adotantes como pais, bem como o nome de seus
consentimento. ascendentes.
Art. 46. A adoção será precedida de § 2º O mandado judicial, que será arquivado,
estágio de convivência com a criança ou cancelará o registro original do adotado.
adolescente, pelo prazo máximo de 90 (noventa)
§ 3o A pedido do adotante, o novo registro
dias, observadas a idade da criança ou adolescente
poderá ser lavrado no Cartório do Registro Civil do
e as peculiaridades do caso. (Redação dada pela
Município de sua residência. (Redação dada pela Lei
Lei nº 13.509, de 2017)
nº 12.010, de 2009)
§ 1o O estágio de convivência poderá ser
§ 4o Nenhuma observação sobre a origem
dispensado se o adotando já estiver sob a tutela ou
do ato poderá constar nas certidões do registro.
guarda legal do adotante durante tempo suficiente
(Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)
para que seja possível avaliar a conveniência da
constituição do vínculo. (Redação dada pela Lei nº § 5o A sentença conferirá ao adotado o
12.010, de 2009) nome do adotante e, a pedido de qualquer deles,
poderá determinar a modificação do prenome.
§ 2o A simples guarda de fato não autoriza,
(Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)
por si só, a dispensa da realização do estágio de
convivência. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de § 6o Caso a modificação de prenome seja
2009) requerida pelo adotante, é obrigatória a oitiva do
adotando, observado o disposto nos §§ 1o e 2o do art.
§ 2o-A. O prazo máximo estabelecido no
28 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
caput deste artigo pode ser prorrogado por até
2009)
igual período, mediante decisão fundamentada da
autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 13.509, § 7o A adoção produz seus efeitos a partir do
de 2017) trânsito em julgado da sentença constitutiva, exceto
na hipótese prevista no § 6o do art. 42 desta Lei, caso
§ 3o Em caso de adoção por pessoa ou
em que terá força retroativa à data do óbito. (Incluído
casal residente ou domiciliado fora do País, o
pela Lei nº 12.010, de 2009)
estágio de convivência será de, no mínimo, 30
(trinta) dias e, no máximo, 45 (quarenta e cinco) § 8o O processo relativo à adoção assim
dias, prorrogável por até igual período, uma única como outros a ele relacionados serão mantidos em
vez, mediante decisão fundamentada da autoridade arquivo, admitindo-se seu armazenamento em
judiciária. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de microfilme ou por outros meios, garantida a sua
2017) conservação para consulta a qualquer tempo.
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
§ 3o-A. Ao final do prazo previsto no § 3o
deste artigo, deverá ser apresentado laudo § 9º Terão prioridade de tramitação os
fundamentado pela equipe mencionada no § 4o processos de adoção em que o adotando for criança
deste artigo, que recomendará ou não o ou adolescente com deficiência ou com doença
deferimento da adoção à autoridade judiciária. crônica. (Incluído pela Lei nº 12.955, de 2014)
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 10. O prazo máximo para conclusão da
§ 4o O estágio de convivência será ação de adoção será de 120 (cento e vinte) dias,
acompanhado pela equipe interprofissional a prorrogável uma única vez por igual período,
serviço da Justiça da Infância e da Juventude, mediante decisão fundamentada da autoridade
preferencialmente com apoio dos técnicos judiciária. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
responsáveis pela execução da política de garantia
do direito à convivência familiar, que apresentarão Art. 48. O adotado tem direito de conhecer
relatório minucioso acerca da conveniência do sua origem biológica, bem como de obter acesso
irrestrito ao processo no qual a medida foi aplicada e
deferimento da medida. (Incluído pela Lei nº
seus eventuais incidentes, após completar 18
12.010, de 2009)
(dezoito) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
§ 5o O estágio de convivência será 2009)
cumprido no território nacional, preferencialmente
na comarca de residência da criança ou Parágrafo único. O acesso ao processo de
adolescente, ou, a critério do juiz, em cidade adoção poderá ser também deferido ao adotado
menor de 18 (dezoito) anos, a seu pedido,
limítrofe, respeitada, em qualquer hipótese, a
assegurada orientação e assistência jurídica e
competência do juízo da comarca de residência da
psicológica. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
criança. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
Art. 49. A morte dos adotantes não
Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se
por sentença judicial, que será inscrita no registro restabelece o poder familiar dos pais naturais.
civil mediante mandado do qual não se fornecerá (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009)
certidão.

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em alimentação dos cadastros, com posterior
cada comarca ou foro regional, um registro de comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira.
crianças e adolescentes em condições de serem (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
adotados e outro de pessoas interessadas na
§ 10. Consultados os cadastros e verificada
adoção. (Vide Lei nº 12.010, de 2009)
a ausência de pretendentes habilitados residentes no
§ 1º O deferimento da inscrição dar-se-á País com perfil compatível e interesse manifesto pela
após prévia consulta aos órgãos técnicos do adoção de criança ou adolescente inscrito nos
juizado, ouvido o Ministério Público. cadastros existentes, será realizado o
encaminhamento da criança ou adolescente à
§ 2º Não será deferida a inscrição se o
adoção internacional. (Redação dada pela Lei nº
interessado não satisfazer os requisitos legais, ou
13.509, de 2017)
verificada qualquer das hipóteses previstas no art.
29. § 11. Enquanto não localizada pessoa ou
casal interessado em sua adoção, a criança ou o
§ 3o A inscrição de postulantes à adoção
adolescente, sempre que possível e recomendável,
será precedida de um período de preparação
será colocado sob guarda de família cadastrada em
psicossocial e jurídica, orientado pela equipe
programa de acolhimento familiar. (Incluído pela Lei
técnica da Justiça da Infância e da Juventude,
nº 12.010, de 2009)
preferencialmente com apoio dos técnicos
responsáveis pela execução da política municipal § 12. A alimentação do cadastro e a
de garantia do direito à convivência familiar. convocação criteriosa dos postulantes à adoção
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) serão fiscalizadas pelo Ministério Público. (Incluído
pela Lei nº 12.010, de 2009)
§ 4o Sempre que possível e recomendável,
a preparação referida no § 3o deste artigo incluirá o § 13. Somente poderá ser deferida adoção
contato com crianças e adolescentes em em favor de candidato domiciliado no Brasil não
acolhimento familiar ou institucional em condições cadastrado previamente nos termos desta Lei
de serem adotados, a ser realizado sob a quando: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
orientação, supervisão e avaliação da equipe
I - se tratar de pedido de adoção unilateral;
técnica da Justiça da Infância e da Juventude, com
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
apoio dos técnicos responsáveis pelo programa de
acolhimento e pela execução da política municipal II - for formulada por parente com o qual a
de garantia do direito à convivência familiar. criança ou adolescente mantenha vínculos de
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) afinidade e afetividade; (Incluído pela Lei nº 12.010,
de 2009)
§ 5o Serão criados e implementados
cadastros estaduais e nacional de crianças e III - oriundo o pedido de quem detém a tutela
adolescentes em condições de serem adotados e ou guarda legal de criança maior de 3 (três) anos ou
de pessoas ou casais habilitados à adoção. adolescente, desde que o lapso de tempo de
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) convivência comprove a fixação de laços de afinidade
e afetividade, e não seja constatada a ocorrência de
§ 6o Haverá cadastros distintos para
má-fé ou qualquer das situações previstas nos arts.
pessoas ou casais residentes fora do País, que
237 ou 238 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
somente serão consultados na inexistência de
2009)
postulantes nacionais habilitados nos cadastros
mencionados no § 5o deste artigo. (Incluído pela Lei § 14. Nas hipóteses previstas no § 13 deste
nº 12.010, de 2009) artigo, o candidato deverá comprovar, no curso do
procedimento, que preenche os requisitos
§ 7o As autoridades estaduais e federais
necessários à adoção, conforme previsto nesta Lei.
em matéria de adoção terão acesso integral aos
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
cadastros, incumbindo-lhes a troca de informações
e a cooperação mútua, para melhoria do sistema. § 15. Será assegurada prioridade no
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) cadastro a pessoas interessadas em adotar criança
ou adolescente com deficiência, com doença crônica
§ 8o A autoridade judiciária providenciará,
ou com necessidades específicas de saúde, além de
no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, a inscrição
grupo de irmãos. (Incluído pela Lei nº 13.509, de
das crianças e adolescentes em condições de
2017)
serem adotados que não tiveram colocação familiar
na comarca de origem, e das pessoas ou casais Art. 51. Considera-se adoção internacional
que tiveram deferida sua habilitação à adoção nos aquela na qual o pretendente possui residência
cadastros estadual e nacional referidos no § 5 o habitual em país-parte da Convenção de Haia, de 29
deste artigo, sob pena de responsabilidade. de maio de 1993, Relativa à Proteção das Crianças e
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional,
promulgada pelo Decreto no 3.087, de 21 junho de
§ 9o Compete à Autoridade Central
1999, e deseja adotar criança em outro país-parte da
Estadual zelar pela manutenção e correta

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Convenção. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de Federal Brasileira; (Incluído pela Lei nº 12.010, de
2017) 2009)
§ 1o A adoção internacional de criança ou IV - o relatório será instruído com toda a
adolescente brasileiro ou domiciliado no Brasil documentação necessária, incluindo estudo
somente terá lugar quando restar comprovado: psicossocial elaborado por equipe interprofissional
(Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) habilitada e cópia autenticada da legislação
pertinente, acompanhada da respectiva prova de ;
I - que a colocação em família adotiva é a
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
solução adequada ao caso concreto; (Redação
dada pela Lei nº 13.509, de 2017) V - os documentos em língua estrangeira
serão devidamente autenticados pela autoridade
II - que foram esgotadas todas as
consular, observados os tratados e convenções
possibilidades de colocação da criança ou
internacionais, e acompanhados da respectiva
adolescente em família adotiva brasileira, com a
tradução, por tradutor público juramentado; (Incluído
comprovação, certificada nos autos, da inexistência
pela Lei nº 12.010, de 2009)
de adotantes habilitados residentes no Brasil com
perfil compatível com a criança ou adolescente, VI - a Autoridade Central Estadual poderá
após consulta aos cadastros mencionados nesta fazer exigências e solicitar complementação sobre o
Lei; (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) estudo psicossocial do postulante estrangeiro à
adoção, já realizado no país de acolhida; (Incluído
III - que, em se tratando de adoção de
pela Lei nº 12.010, de 2009)
adolescente, este foi consultado, por meios
adequados ao seu estágio de desenvolvimento, e VII - verificada, após estudo realizado pela
que se encontra preparado para a medida, Autoridade Central Estadual, a compatibilidade da
mediante parecer elaborado por equipe legislação estrangeira com a nacional, além do
interprofissional, observado o disposto nos §§ 1o e preenchimento por parte dos postulantes à medida
2o do art. 28 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, dos requisitos objetivos e subjetivos necessários ao
de 2009) seu deferimento, tanto à luz do que dispõe esta Lei
como da legislação do país de acolhida, será
§ 2o Os brasileiros residentes no exterior
expedido laudo de habilitação à adoção internacional,
terão preferência aos estrangeiros, nos casos de
que terá validade por, no máximo, 1 (um)
adoção internacional de criança ou adolescente
ano; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
brasileiro. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
2009) VIII - de posse do laudo de habilitação, o
interessado será autorizado a formalizar pedido de
§ 3oA adoção internacional pressupõe a
adoção perante o Juízo da Infância e da Juventude
intervenção das Autoridades Centrais Estaduais e
do local em que se encontra a criança ou
Federal em matéria de adoção internacional.
adolescente, conforme indicação efetuada pela
(Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)
Autoridade Central Estadual. (Incluído pela Lei nº
Art. 52. A adoção internacional observará o 12.010, de 2009)
procedimento previsto nos arts. 165 a 170 desta
§ 1o Se a legislação do país de acolhida
Lei, com as seguintes adaptações: (Redação dada
assim o autorizar, admite-se que os pedidos de
pela Lei nº 12.010, de 2009)
habilitação à adoção internacional sejam
I - a pessoa ou casal estrangeiro, intermediados por organismos credenciados.
interessado em adotar criança ou adolescente (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
brasileiro, deverá formular pedido de habilitação à
§ 2o Incumbe à Autoridade Central Federal
adoção perante a Autoridade Central em matéria de
Brasileira o credenciamento de organismos nacionais
adoção internacional no país de acolhida, assim
e estrangeiros encarregados de intermediar pedidos
entendido aquele onde está situada sua residência
de habilitação à adoção internacional, com posterior
habitual; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
comunicação às Autoridades Centrais Estaduais e
II - se a Autoridade Central do país de publicação nos órgãos oficiais de imprensa e em sítio
acolhida considerar que os solicitantes estão próprio da internet. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
habilitados e aptos para adotar, emitirá um relatório 2009)
que contenha informações sobre a identidade, a
§ 3o Somente será admissível o
capacidade jurídica e adequação dos solicitantes
credenciamento de organismos que: (Incluído pela
para adotar, sua situação pessoal, familiar e
Lei nº 12.010, de 2009)
médica, seu meio social, os motivos que os animam
e sua aptidão para assumir uma adoção I - sejam oriundos de países que ratificaram
internacional; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) a Convenção de Haia e estejam devidamente
credenciados pela Autoridade Central do país onde
III - a Autoridade Central do país de
estiverem sediados e no país de acolhida do
acolhida enviará o relatório à Autoridade Central
adotando para atuar em adoção internacional no
Estadual, com cópia para a Autoridade Central
Brasil; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
II - satisfizerem as condições de § 5o A não apresentação dos relatórios
integridade moral, competência profissional, referidos no § 4o deste artigo pelo organismo
experiência e responsabilidade exigidas pelos credenciado poderá acarretar a suspensão de seu
países respectivos e pela Autoridade Central credenciamento. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
Federal Brasileira; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
2009)
§ 6o O credenciamento de organismo
III - forem qualificados por seus padrões nacional ou estrangeiro encarregado de intermediar
éticos e sua formação e experiência para atuar na pedidos de adoção internacional terá validade de 2
área de adoção internacional; (Incluído pela Lei nº (dois) anos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
12.010, de 2009)
§ 7o A renovação do credenciamento poderá
IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo ser concedida mediante requerimento protocolado na
ordenamento jurídico brasileiro e pelas normas Autoridade Central Federal Brasileira nos 60
estabelecidas pela Autoridade Central Federal (sessenta) dias anteriores ao término do respectivo
Brasileira. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) prazo de validade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
2009)
§ 4o Os organismos credenciados deverão
ainda: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 8o Antes de transitada em julgado a
decisão que concedeu a adoção internacional, não
I - perseguir unicamente fins não lucrativos,
será permitida a saída do adotando do território
nas condições e dentro dos limites fixados pelas
nacional. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
autoridades competentes do país onde estiverem
sediados, do país de acolhida e pela Autoridade § 9o Transitada em julgado a decisão, a
Central Federal Brasileira; (Incluído pela Lei nº autoridade judiciária determinará a expedição de
12.010, de 2009) alvará com autorização de viagem, bem como para
obtenção de passaporte, constando,
II - ser dirigidos e administrados por
obrigatoriamente, as características da criança ou
pessoas qualificadas e de reconhecida idoneidade
adolescente adotado, como idade, cor, sexo,
moral, com comprovada formação ou experiência
eventuais sinais ou traços peculiares, assim como
para atuar na área de adoção internacional,
foto recente e a aposição da impressão digital do seu
cadastradas pelo Departamento de Polícia Federal
polegar direito, instruindo o documento com cópia
e aprovadas pela Autoridade Central Federal
autenticada da decisão e certidão de trânsito em
Brasileira, mediante publicação de portaria do órgão
julgado. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
federal competente; (Incluída pela Lei nº 12.010, de
2009) § 10. A Autoridade Central Federal Brasileira
poderá, a qualquer momento, solicitar informações
III - estar submetidos à supervisão das
sobre a situação das crianças e adolescentes
autoridades competentes do país onde estiverem
adotados. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
sediados e no país de acolhida, inclusive quanto à
sua composição, funcionamento e situação § 11. A cobrança de valores por parte dos
financeira; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) organismos credenciados, que sejam considerados
abusivos pela Autoridade Central Federal Brasileira e
IV - apresentar à Autoridade Central
que não estejam devidamente comprovados, é causa
Federal Brasileira, a cada ano, relatório geral das
de seu descredenciamento. (Incluído pela Lei nº
atividades desenvolvidas, bem como relatório de
12.010, de 2009)
acompanhamento das adoções internacionais
efetuadas no período, cuja cópia será encaminhada § 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge
ao Departamento de Polícia Federal; (Incluído pela não podem ser representados por mais de uma
Lei nº 12.010, de 2009) entidade credenciada para atuar na cooperação em
adoção internacional. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
V - enviar relatório pós-adotivo semestral
2009)
para a Autoridade Central Estadual, com cópia para
a Autoridade Central Federal Brasileira, pelo § 13. A habilitação de postulante estrangeiro
período mínimo de 2 (dois) anos. O envio do ou domiciliado fora do Brasil terá validade máxima de
relatório será mantido até a juntada de cópia 1 (um) ano, podendo ser renovada. (Incluído pela Lei
autenticada do registro civil, estabelecendo a nº 12.010, de 2009)
cidadania do país de acolhida para o adotado;
§ 14. É vedado o contato direto de
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
representantes de organismos de adoção, nacionais
VI - tomar as medidas necessárias para ou estrangeiros, com dirigentes de programas de
garantir que os adotantes encaminhem à acolhimento institucional ou familiar, assim como com
Autoridade Central Federal Brasileira cópia da crianças e adolescentes em condições de serem
certidão de registro de nascimento estrangeira e do adotados, sem a devida autorização judicial. (Incluído
certificado de nacionalidade tão logo lhes sejam pela Lei nº 12.010, de 2009)
concedidos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
§ 15. A Autoridade Central Federal Brasileira
poderá limitar ou suspender a concessão de novos
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
credenciamentos sempre que julgar necessário, fará a comunicação à Autoridade Central Federal
mediante ato administrativo fundamentado. Brasileira e à Autoridade Central do país de origem.
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
Art. 52-A. É vedado, sob pena de Art. 52-D. Nas adoções internacionais,
responsabilidade e descredenciamento, o repasse quando o Brasil for o país de acolhida e a adoção
de recursos provenientes de organismos não tenha sido deferida no país de origem porque a
estrangeiros encarregados de intermediar pedidos sua legislação a delega ao país de acolhida, ou,
de adoção internacional a organismos nacionais ou ainda, na hipótese de, mesmo com decisão, a criança
a pessoas físicas. (Incluído pela Lei nº 12.010, de ou o adolescente ser oriundo de país que não tenha
2009) aderido à Convenção referida, o processo de adoção
seguirá as regras da adoção nacional. (Incluído pela
Parágrafo único. Eventuais repasses
Lei nº 12.010, de 2009)
somente poderão ser efetuados via Fundo dos
Direitos da Criança e do Adolescente e estarão Capítulo IV
sujeitos às deliberações do respectivo Conselho de
Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao
Direitos da Criança e do Adolescente. (Incluído pela
Lazer
Lei nº 12.010, de 2009)
Art. 53. A criança e o adolescente têm direito
Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente
à educação, visando ao pleno desenvolvimento de
no exterior em país ratificante da Convenção de
sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e
Haia, cujo processo de adoção tenha sido
qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes:
processado em conformidade com a legislação
vigente no país de residência e atendido o disposto I - igualdade de condições para o acesso e
na Alínea “c” do Artigo 17 da referida Convenção, permanência na escola;
será automaticamente recepcionada com o
II - direito de ser respeitado por seus
reingresso no Brasil. (Incluído pela Lei nº 12.010,
educadores;
de 2009)
III - direito de contestar critérios avaliativos,
§ 1o Caso não tenha sido atendido o
disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da Convenção podendo recorrer às instâncias escolares superiores;
de Haia, deverá a sentença ser homologada pelo IV - direito de organização e participação em
Superior Tribunal de Justiça. (Incluído pela Lei nº entidades estudantis;
12.010, de 2009)
V - acesso à escola pública e gratuita
§ 2o O pretendente brasileiro residente no próxima de sua residência.
exterior em país não ratificante da Convenção de
Haia, uma vez reingressado no Brasil, deverá Parágrafo único. É direito dos pais ou
requerer a homologação da sentença estrangeira responsáveis ter ciência do processo pedagógico,
pelo Superior Tribunal de Justiça. (Incluído pela Lei bem como participar da definição das propostas
nº 12.010, de 2009) educacionais.

Art. 52-C. Nas adoções internacionais, Art. 54. É dever do Estado assegurar à
quando o Brasil for o país de acolhida, a decisão da criança e ao adolescente:
autoridade competente do país de origem da I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito,
criança ou do adolescente será conhecida pela inclusive para os que a ele não tiveram acesso na
Autoridade Central Estadual que tiver processado o idade própria;
pedido de habilitação dos pais adotivos, que
comunicará o fato à Autoridade Central Federal e II - progressiva extensão da obrigatoriedade
determinará as providências necessárias à e gratuidade ao ensino médio;
expedição do Certificado de Naturalização III - atendimento educacional especializado
Provisório. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) aos portadores de deficiência, preferencialmente na
§ 1o A Autoridade Central Estadual, ouvido rede regular de ensino;
o Ministério Público, somente deixará de IV – atendimento em creche e pré-escola às
reconhecer os efeitos daquela decisão se restar crianças de zero a cinco anos de idade; (Redação
demonstrado que a adoção é manifestamente dada pela Lei nº 13.306, de 2016)
contrária à ordem pública ou não atende ao
interesse superior da criança ou do adolescente. V - acesso aos níveis mais elevados do
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a
capacidade de cada um;
§ 2o Na hipótese de não reconhecimento
da adoção, prevista no § 1o deste artigo, o VI - oferta de ensino noturno regular,
Ministério Público deverá imediatamente requerer o adequado às condições do adolescente trabalhador;
que for de direito para resguardar os interesses da VII - atendimento no ensino fundamental,
criança ou do adolescente, comunicando-se as através de programas suplementares de material
providências à Autoridade Central Estadual, que
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
didático-escolar, transporte, alimentação e I - garantia de acesso e freqüência
assistência à saúde. obrigatória ao ensino regular;
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e II - atividade compatível com o
gratuito é direito público subjetivo. desenvolvimento do adolescente;
§ 2º O não oferecimento do ensino III - horário especial para o exercício das
obrigatório pelo poder público ou sua oferta atividades.
irregular importa responsabilidade da autoridade
Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de
competente.
idade é assegurada bolsa de aprendizagem.
§ 3º Compete ao poder público recensear
Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de
os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a
quatorze anos, são assegurados os direitos
chamada e zelar, junto aos pais ou responsável,
trabalhistas e previdenciários.
pela freqüência à escola.
Art. 66. Ao adolescente portador de
Art. 55. Os pais ou responsável têm a
deficiência é assegurado trabalho protegido.
obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na
rede regular de ensino. Art. 67. Ao adolescente empregado,
aprendiz, em regime familiar de trabalho, aluno de
Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos
escola técnica, assistido em entidade governamental
de ensino fundamental comunicarão ao Conselho
ou não-governamental, é vedado trabalho:
Tutelar os casos de:
I - noturno, realizado entre as vinte e duas
I - maus-tratos envolvendo seus alunos;
horas de um dia e as cinco horas do dia seguinte;
II - reiteração de faltas injustificadas e de
II - perigoso, insalubre ou penoso;
evasão escolar, esgotados os recursos escolares;
III - realizado em locais prejudiciais à sua
III - elevados níveis de repetência.
formação e ao seu desenvolvimento físico, psíquico,
Art. 57. O poder público estimulará moral e social;
pesquisas, experiências e novas propostas relativas
IV - realizado em horários e locais que não
a calendário, seriação, currículo, metodologia,
permitam a freqüência à escola.
didática e avaliação, com vistas à inserção de
crianças e adolescentes excluídos do ensino Art. 68. O programa social que tenha por
fundamental obrigatório. base o trabalho educativo, sob responsabilidade de
entidade governamental ou não-governamental sem
Art. 58. No processo educacional respeitar-
fins lucrativos, deverá assegurar ao adolescente que
se-ão os valores culturais, artísticos e históricos
dele participe condições de capacitação para o
próprios do contexto social da criança e do
exercício de atividade regular remunerada.
adolescente, garantindo-se a estes a liberdade da
criação e o acesso às fontes de cultura. § 1º Entende-se por trabalho educativo a
atividade laboral em que as exigências pedagógicas
Art. 59. Os municípios, com apoio dos
relativas ao desenvolvimento pessoal e social do
estados e da União, estimularão e facilitarão a
educando prevalecem sobre o aspecto produtivo.
destinação de recursos e espaços para
programações culturais, esportivas e de lazer § 2º A remuneração que o adolescente
voltadas para a infância e a juventude. recebe pelo trabalho efetuado ou a participação na
venda dos produtos de seu trabalho não desfigura o
Capítulo V
caráter educativo.
Do Direito à Profissionalização e à Proteção no
Art. 69. O adolescente tem direito à
Trabalho
profissionalização e à proteção no trabalho,
Art. 60. É proibido qualquer trabalho a observados os seguintes aspectos, entre outros:
menores de quatorze anos de idade, salvo na
I - respeito à condição peculiar de pessoa
condição de aprendiz. (Vide Constituição Federal)
em desenvolvimento;
Art. 61. A proteção ao trabalho dos
II - capacitação profissional adequada ao
adolescentes é regulada por legislação especial,
mercado de trabalho.
sem prejuízo do disposto nesta Lei.
Art. 62. Considera-se aprendizagem a
formação técnico-profissional ministrada segundo
as diretrizes e bases da legislação de educação em
vigor.
Art. 63. A formação técnico-profissional
obedecerá aos seguintes princípios:

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Título III profissionais de saúde, de assistência social e de
educação e de órgãos de promoção, proteção e
Da Prevenção
defesa dos direitos da criança e do adolescente.
Capítulo I (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
Disposições Gerais Parágrafo único. As famílias com crianças e
adolescentes com deficiência terão prioridade de
Art. 70. É dever de todos prevenir a
atendimento nas ações e políticas públicas de
ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da
prevenção e proteção. (Incluído pela Lei nº 13.010,
criança e do adolescente.
de 2014)
Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Art. 70-B. As entidades, públicas e privadas,
Federal e os Municípios deverão atuar de forma que atuem nas áreas a que se refere o art. 71, dentre
articulada na elaboração de políticas públicas e na
outras, devem contar, em seus quadros, com
execução de ações destinadas a coibir o uso de
pessoas capacitadas a reconhecer e comunicar ao
castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante
Conselho Tutelar suspeitas ou casos de maus-tratos
e difundir formas não violentas de educação de
praticados contra crianças e adolescentes. (Incluído
crianças e de adolescentes, tendo como principais pela Lei nº 13.046, de 2014)
ações: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
Parágrafo único. São igualmente
I - a promoção de campanhas educativas
responsáveis pela comunicação de que trata este
permanentes para a divulgação do direito da
artigo, as pessoas encarregadas, por razão de cargo,
criança e do adolescente de serem educados e
função, ofício, ministério, profissão ou ocupação, do
cuidados sem o uso de castigo físico ou de
cuidado, assistência ou guarda de crianças e
tratamento cruel ou degradante e dos instrumentos adolescentes, punível, na forma deste Estatuto, o
de proteção aos direitos humanos; (Incluído pela injustificado retardamento ou omissão, culposos ou
Lei nº 13.010, de 2014)
dolosos. (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014)
II - a integração com os órgãos do Poder
Art. 71. A criança e o adolescente têm direito
Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria
a informação, cultura, lazer, esportes, diversões,
Pública, com o Conselho Tutelar, com os espetáculos e produtos e serviços que respeitem sua
Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.
e com as entidades não governamentais que atuam
na promoção, proteção e defesa dos direitos da Art. 72. As obrigações previstas nesta Lei
criança e do adolescente; (Incluído pela Lei nº não excluem da prevenção especial outras
13.010, de 2014) decorrentes dos princípios por ela adotados.
III - a formação continuada e a capacitação Art. 73. A inobservância das normas de
dos profissionais de saúde, educação e assistência prevenção importará em responsabilidade da pessoa
social e dos demais agentes que atuam na física ou jurídica, nos termos desta Lei.
promoção, proteção e defesa dos direitos da
Capítulo II
criança e do adolescente para o desenvolvimento
das competências necessárias à prevenção, à Da Prevenção Especial
identificação de evidências, ao diagnóstico e ao
Seção I
enfrentamento de todas as formas de violência
contra a criança e o adolescente; (Incluído pela Lei Da informação, Cultura, Lazer, Esportes,
nº 13.010, de 2014) Diversões e Espetáculos
IV - o apoio e o incentivo às práticas de Art. 74. O poder público, através do órgão
resolução pacífica de conflitos que envolvam competente, regulará as diversões e espetáculos
violência contra a criança e o adolescente; (Incluído públicos, informando sobre a natureza deles, as
pela Lei nº 13.010, de 2014) faixas etárias a que não se recomendem, locais e
horários em que sua apresentação se mostre
V - a inclusão, nas políticas públicas, de
inadequada.
ações que visem a garantir os direitos da criança e
do adolescente, desde a atenção pré-natal, e de Parágrafo único. Os responsáveis pelas
atividades junto aos pais e responsáveis com o diversões e espetáculos públicos deverão afixar, em
objetivo de promover a informação, a reflexão, o lugar visível e de fácil acesso, à entrada do local de
debate e a orientação sobre alternativas ao uso de exibição, informação destacada sobre a natureza do
castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante espetáculo e a faixa etária especificada no certificado
no processo educativo; (Incluído pela Lei nº 13.010, de classificação.
de 2014)
Art. 75. Toda criança ou adolescente terá
VI - a promoção de espaços intersetoriais acesso às diversões e espetáculos públicos
locais para a articulação de ações e a elaboração classificados como adequados à sua faixa etária.
de planos de atuação conjunta focados nas famílias
em situação de violência, com participação de Parágrafo único. As crianças menores de
dez anos somente poderão ingressar e permanecer
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
nos locais de apresentação ou exibição quando sejam incapazes de provocar qualquer dano físico
acompanhadas dos pais ou responsável. em caso de utilização indevida;
Art. 76. As emissoras de rádio e televisão V - revistas e publicações a que alude o art.
somente exibirão, no horário recomendado para o 78;
público infanto juvenil, programas com finalidades
VI - bilhetes lotéricos e equivalentes.
educativas, artísticas, culturais e informativas.
Art. 82. É proibida a hospedagem de criança
Parágrafo único. Nenhum espetáculo será
ou adolescente em hotel, motel, pensão ou
apresentado ou anunciado sem aviso de sua
estabelecimento congênere, salvo se autorizado ou
classificação, antes de sua transmissão,
acompanhado pelos pais ou responsável.
apresentação ou exibição.
Seção III
Art. 77. Os proprietários, diretores,
gerentes e funcionários de empresas que explorem Da Autorização para Viajar
a venda ou aluguel de fitas de programação em
Art. 83. Nenhuma criança poderá viajar para
vídeo cuidarão para que não haja venda ou locação
fora da comarca onde reside, desacompanhada dos
em desacordo com a classificação atribuída pelo
órgão competente. pais ou responsável, sem expressa autorização
judicial.
Parágrafo único. As fitas a que alude este
§ 1º A autorização não será exigida quando:
artigo deverão exibir, no invólucro, informação
sobre a natureza da obra e a faixa etária a que se a) tratar-se de comarca contígua à da
destinam. residência da criança, se na mesma unidade da
Federação, ou incluída na mesma região
Art. 78. As revistas e publicações contendo
material impróprio ou inadequado a crianças e metropolitana;
adolescentes deverão ser comercializadas em b) a criança estiver acompanhada:
embalagem lacrada, com a advertência de seu
conteúdo. 1) de ascendente ou colateral maior, até o
terceiro grau, comprovado documentalmente o
Parágrafo único. As editoras cuidarão para parentesco;
que as capas que contenham mensagens
pornográficas ou obscenas sejam protegidas com 2) de pessoa maior, expressamente
embalagem opaca. autorizada pelo pai, mãe ou responsável.

Art. 79. As revistas e publicações § 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido


destinadas ao público infanto-juvenil não poderão dos pais ou responsável, conceder autorização válida
conter ilustrações, fotografias, legendas, crônicas por dois anos.
ou anúncios de bebidas alcoólicas, tabaco, armas e Art. 84. Quando se tratar de viagem ao
munições, e deverão respeitar os valores éticos e exterior, a autorização é dispensável, se a criança ou
sociais da pessoa e da família. adolescente:
Art. 80. Os responsáveis por I - estiver acompanhado de ambos os pais
estabelecimentos que explorem comercialmente ou responsável;
bilhar, sinuca ou congênere ou por casas de jogos,
assim entendidas as que realizem apostas, ainda II - viajar na companhia de um dos pais,
que eventualmente, cuidarão para que não seja autorizado expressamente pelo outro através de
permitida a entrada e a permanência de crianças e documento com firma reconhecida.
adolescentes no local, afixando aviso para Art. 85. Sem prévia e expressa autorização
orientação do público. judicial, nenhuma criança ou adolescente nascido em
Seção II território nacional poderá sair do País em companhia
de estrangeiro residente ou domiciliado no exterior.
Dos Produtos e Serviços
Parte Especial
Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao
adolescente de: Título I

I - armas, munições e explosivos; Da Política de Atendimento

II - bebidas alcoólicas; Capítulo I

III - produtos cujos componentes possam Disposições Gerais


causar dependência física ou psíquica ainda que Art. 86. A política de atendimento dos
por utilização indevida; direitos da criança e do adolescente far-se-á através
IV - fogos de estampido e de artifício, de um conjunto articulado de ações governamentais
exceto aqueles que pelo seu reduzido potencial e não-governamentais, da União, dos estados, do
Distrito Federal e dos municípios.

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Art. 87. São linhas de ação da política de sociais básicas e de assistência social, para efeito de
atendimento: (Vide Lei nº 12.010, de 2009) agilização do atendimento de crianças e de
adolescentes inseridos em programas de
I - políticas sociais básicas;
acolhimento familiar ou institucional, com vista na sua
II - serviços, programas, projetos e rápida reintegração à família de origem ou, se tal
benefícios de assistência social de garantia de solução se mostrar comprovadamente inviável, sua
proteção social e de prevenção e redução de colocação em família substituta, em quaisquer das
violações de direitos, seus agravamentos ou modalidades previstas no art. 28 desta Lei; (Redação
reincidências; (Redação dada pela Lei nº 13.257, dada pela Lei nº 12.010, de 2009)
de 2016)
VII - mobilização da opinião pública para a
III - serviços especiais de prevenção e indispensável participação dos diversos segmentos
atendimento médico e psicossocial às vítimas de da sociedade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
negligência, maus-tratos, exploração, abuso,
VIII - especialização e formação continuada
crueldade e opressão;
dos profissionais que trabalham nas diferentes áreas
IV - serviço de identificação e localização da atenção à primeira infância, incluindo os
de pais, responsável, crianças e adolescentes conhecimentos sobre direitos da criança e sobre
desaparecidos; desenvolvimento infantil; (Incluído pela Lei nº 13.257,
de 2016)
V - proteção jurídico-social por entidades
de defesa dos direitos da criança e do adolescente. IX - formação profissional com abrangência
dos diversos direitos da criança e do adolescente que
VI - políticas e programas destinados a
favoreça a intersetorialidade no atendimento da
prevenir ou abreviar o período de afastamento do criança e do adolescente e seu desenvolvimento
convívio familiar e a garantir o efetivo exercício do integral; (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
direito à convivência familiar de crianças e
adolescentes; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) X - realização e divulgação de pesquisas
sobre desenvolvimento infantil e sobre prevenção da
VII - campanhas de estímulo ao
violência. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
acolhimento sob forma de guarda de crianças e
adolescentes afastados do convívio familiar e à Art. 89. A função de membro do conselho
adoção, especificamente inter-racial, de crianças nacional e dos conselhos estaduais e municipais dos
maiores ou de adolescentes, com necessidades direitos da criança e do adolescente é considerada
específicas de saúde ou com deficiências e de de interesse público relevante e não será
grupos de irmãos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de remunerada.
2009)
Capítulo II
Art. 88. São diretrizes da política de
Das Entidades de Atendimento
atendimento:
Seção I
I - municipalização do atendimento;
Disposições Gerais
II - criação de conselhos municipais,
estaduais e nacional dos direitos da criança e do Art. 90. As entidades de atendimento são
adolescente, órgãos deliberativos e controladores responsáveis pela manutenção das próprias
das ações em todos os níveis, assegurada a unidades, assim como pelo planejamento e execução
participação popular paritária por meio de de programas de proteção e sócio-educativos
organizações representativas, segundo leis federal, destinados a crianças e adolescentes, em regime de:
estaduais e municipais;
I - orientação e apoio sócio-familiar;
III - criação e manutenção de programas
II - apoio sócio-educativo em meio aberto;
específicos, observada a descentralização político-
administrativa; III - colocação familiar;
IV - manutenção de fundos nacional, IV - acolhimento institucional; (Redação
estaduais e municipais vinculados aos respectivos dada pela Lei nº 12.010, de 2009) igência
conselhos dos direitos da criança e do adolescente;
V - prestação de serviços à comunidade;
V - integração operacional de órgãos do (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Judiciário, Ministério Público, Defensoria,
Segurança Pública e Assistência Social, VI - liberdade assistida; (Redação dada pela
preferencialmente em um mesmo local, para efeito Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
de agilização do atendimento inicial a adolescente a VII - semiliberdade; e (Redação dada pela Lei
quem se atribua autoria de ato infracional; nº 12.594, de 2012) (Vide)
VI - integração operacional de órgãos do VIII - internação. (Incluído pela Lei nº 12.594,
Judiciário, Ministério Público, Defensoria, Conselho de 2012) (Vide)
Tutelar e encarregados da execução das políticas
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
§ 1o As entidades governamentais e não d) tenha em seus quadros pessoas
governamentais deverão proceder à inscrição de inidôneas.
seus programas, especificando os regimes de
e) não se adequar ou deixar de cumprir as
atendimento, na forma definida neste artigo, no
resoluções e deliberações relativas à modalidade de
Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
atendimento prestado expedidas pelos Conselhos de
Adolescente, o qual manterá registro das inscrições
Direitos da Criança e do Adolescente, em todos os
e de suas alterações, do que fará comunicação ao
níveis. (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)
Conselho Tutelar e à autoridade judiciária. (Incluído
pela Lei nº 12.010, de 2009) § 2o O registro terá validade máxima de 4
(quatro) anos, cabendo ao Conselho Municipal dos
§ 2o Os recursos destinados à
Direitos da Criança e do Adolescente,
implementação e manutenção dos programas
periodicamente, reavaliar o cabimento de sua
relacionados neste artigo serão previstos nas
renovação, observado o disposto no § 1o deste
dotações orçamentárias dos órgãos públicos
artigo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
encarregados das áreas de Educação, Saúde e
Assistência Social, dentre outros, observando-se o Art. 92. As entidades que desenvolvam
princípio da prioridade absoluta à criança e ao programas de acolhimento familiar ou institucional
adolescente preconizado pelo caput do art. 227 da deverão adotar os seguintes princípios: (Redação
Constituição Federal e pelo caput e parágrafo único dada pela Lei nº 12.010, de 2009)
do art. 4o desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
I - preservação dos vínculos familiares e
2009)
promoção da reintegração familiar; (Redação dada
§ 3o Os programas em execução serão pela Lei nº 12.010, de 2009)
reavaliados pelo Conselho Municipal dos Direitos
da Criança e do Adolescente, no máximo, a cada 2 II - integração em família substituta, quando
esgotados os recursos de manutenção na família
(dois) anos, constituindo-se critérios para
natural ou extensa; (Redação dada pela Lei nº
renovação da autorização de funcionamento:
12.010, de 2009)
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
I - o efetivo respeito às regras e princípios III - atendimento personalizado e em
desta Lei, bem como às resoluções relativas à pequenos grupos;
modalidade de atendimento prestado expedidas IV - desenvolvimento de atividades em
pelos Conselhos de Direitos da Criança e do regime de co-educação;
Adolescente, em todos os níveis; (Incluído pela Lei
nº 12.010, de 2009) V - não desmembramento de grupos de
irmãos;
II - a qualidade e eficiência do trabalho
desenvolvido, atestadas pelo Conselho Tutelar, VI - evitar, sempre que possível, a
pelo Ministério Público e pela Justiça da Infância e transferência para outras entidades de crianças e
da Juventude; (Incluído pela Lei nº 12.010, de adolescentes abrigados;
2009) VII - participação na vida da comunidade
III - em se tratando de programas de local;
acolhimento institucional ou familiar, serão VIII - preparação gradativa para o
considerados os índices de sucesso na desligamento;
reintegração familiar ou de adaptação à família
substituta, conforme o caso. (Incluído pela Lei nº IX - participação de pessoas da comunidade
12.010, de 2009) no processo educativo.

Art. 91. As entidades não-governamentais § 1o O dirigente de entidade que desenvolve


somente poderão funcionar depois de registradas programa de acolhimento institucional é equiparado
no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do ao guardião, para todos os efeitos de direito. (Incluído
Adolescente, o qual comunicará o registro ao pela Lei nº 12.010, de 2009)
Conselho Tutelar e à autoridade judiciária da § 2o Os dirigentes de entidades que
respectiva localidade. desenvolvem programas de acolhimento familiar ou
§ 1o Será negado o registro à entidade institucional remeterão à autoridade judiciária, no
que: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) máximo a cada 6 (seis) meses, relatório
circunstanciado acerca da situação de cada criança
a) não ofereça instalações físicas em ou adolescente acolhido e sua família, para fins da
condições adequadas de habitabilidade, higiene, reavaliação prevista no § 1o do art. 19 desta Lei.
salubridade e segurança; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
b) não apresente plano de trabalho § 3o Os entes federados, por intermédio dos
compatível com os princípios desta Lei; Poderes Executivo e Judiciário, promoverão
c) esteja irregularmente constituída; conjuntamente a permanente qualificação dos
profissionais que atuam direta ou indiretamente em

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
programas de acolhimento institucional e I - observar os direitos e garantias de que
destinados à colocação familiar de crianças e são titulares os adolescentes;
adolescentes, incluindo membros do Poder
II - não restringir nenhum direito que não
Judiciário, Ministério Público e Conselho Tutelar.
tenha sido objeto de restrição na decisão de
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
internação;
§ 4o Salvo determinação em contrário da
III - oferecer atendimento personalizado, em
autoridade judiciária competente, as entidades que
pequenas unidades e grupos reduzidos;
desenvolvem programas de acolhimento familiar ou
institucional, se necessário com o auxílio do IV - preservar a identidade e oferecer
Conselho Tutelar e dos órgãos de assistência ambiente de respeito e dignidade ao adolescente;
social, estimularão o contato da criança ou
V - diligenciar no sentido do
adolescente com seus pais e parentes, em
restabelecimento e da preservação dos vínculos
cumprimento ao disposto nos incisos I e VIII do
familiares;
caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
2009) VI - comunicar à autoridade judiciária,
§ 5o As entidades que desenvolvem periodicamente, os casos em que se mostre inviável
programas de acolhimento familiar ou institucional ou impossível o reatamento dos vínculos familiares;
somente poderão receber recursos públicos se VII - oferecer instalações físicas em
comprovado o atendimento dos princípios, condições adequadas de habitabilidade, higiene,
exigências e finalidades desta Lei. (Incluído pela Lei salubridade e segurança e os objetos necessários à
nº 12.010, de 2009) higiene pessoal;
§ 6o O descumprimento das disposições VIII - oferecer vestuário e alimentação
desta Lei pelo dirigente de entidade que desenvolva suficientes e adequados à faixa etária dos
programas de acolhimento familiar ou institucional é adolescentes atendidos;
causa de sua destituição, sem prejuízo da apuração
de sua responsabilidade administrativa, civil e IX - oferecer cuidados médicos, psicológicos,
criminal. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) odontológicos e farmacêuticos;

§ 7o Quando se tratar de criança de 0 X - propiciar escolarização e


(zero) a 3 (três) anos em acolhimento institucional, profissionalização;
dar-se-á especial atenção à atuação de educadores XI - propiciar atividades culturais, esportivas
de referência estáveis e qualitativamente e de lazer;
significativos, às rotinas específicas e ao
atendimento das necessidades básicas, incluindo XII - propiciar assistência religiosa àqueles
as de afeto como prioritárias. (Incluído pela Lei nº que desejarem, de acordo com suas crenças;
13.257, de 2016) XIII - proceder a estudo social e pessoal de
Art. 93. As entidades que mantenham cada caso;
programa de acolhimento institucional poderão, em XIV - reavaliar periodicamente cada caso,
caráter excepcional e de urgência, acolher crianças com intervalo máximo de seis meses, dando ciência
e adolescentes sem prévia determinação da dos resultados à autoridade competente;
autoridade competente, fazendo comunicação do
fato em até 24 (vinte e quatro) horas ao Juiz da XV - informar, periodicamente, o adolescente
Infância e da Juventude, sob pena de internado sobre sua situação processual;
responsabilidade. (Redação dada pela Lei nº XVI - comunicar às autoridades competentes
12.010, de 2009) todos os casos de adolescentes portadores de
Parágrafo único. Recebida a comunicação, moléstias infecto-contagiosas;
a autoridade judiciária, ouvido o Ministério Público e XVII - fornecer comprovante de depósito dos
se necessário com o apoio do Conselho Tutelar pertences dos adolescentes;
local, tomará as medidas necessárias para
promover a imediata reintegração familiar da XVIII - manter programas destinados ao
criança ou do adolescente ou, se por qualquer apoio e acompanhamento de egressos;
razão não for isso possível ou recomendável, para XIX - providenciar os documentos
seu encaminhamento a programa de acolhimento necessários ao exercício da cidadania àqueles que
familiar, institucional ou a família substituta, não os tiverem;
observado o disposto no § 2o do art. 101 desta Lei.
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) XX - manter arquivo de anotações onde
constem data e circunstâncias do atendimento, nome
Art. 94. As entidades que desenvolvem do adolescente, seus pais ou responsável, parentes,
programas de internação têm as seguintes endereços, sexo, idade, acompanhamento da sua
obrigações, entre outras: formação, relação de seus pertences e demais dados

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
que possibilitem sua identificação e a inclusive suspensão das atividades ou dissolução da
individualização do atendimento. entidade. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
2009)
§ 1o Aplicam-se, no que couber, as
obrigações constantes deste artigo às entidades § 2o As pessoas jurídicas de direito público e
que mantêm programas de acolhimento institucional as organizações não governamentais responderão
e familiar. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de pelos danos que seus agentes causarem às crianças
2009) e aos adolescentes, caracterizado o descumprimento
dos princípios norteadores das atividades de
§ 2º No cumprimento das obrigações a que
proteção específica. (Redação dada pela Lei nº
alude este artigo as entidades utilizarão
12.010, de 2009)
preferencialmente os recursos da comunidade.
Título II
Art. 94-A. As entidades, públicas ou
privadas, que abriguem ou recepcionem crianças e Das Medidas de Proteção
adolescentes, ainda que em caráter temporário,
Capítulo I
devem ter, em seus quadros, profissionais
capacitados a reconhecer e reportar ao Conselho Disposições Gerais
Tutelar suspeitas ou ocorrências de maus-tratos.
(Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014) Art. 98. As medidas de proteção à criança e
ao adolescente são aplicáveis sempre que os direitos
Seção II reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou
violados:
Da Fiscalização das Entidades
I - por ação ou omissão da sociedade ou do
Art. 95. As entidades governamentais e
Estado;
não-governamentais referidas no art. 90 serão
fiscalizadas pelo Judiciário, pelo Ministério Público II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou
e pelos Conselhos Tutelares. responsável;
Art. 96. Os planos de aplicação e as III - em razão de sua conduta.
prestações de contas serão apresentados ao
Capítulo II
estado ou ao município, conforme a origem das
dotações orçamentárias. Das Medidas Específicas de Proteção
Art. 97. São medidas aplicáveis às Art. 99. As medidas previstas neste Capítulo
entidades de atendimento que descumprirem poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente,
obrigação constante do art. 94, sem prejuízo da bem como substituídas a qualquer tempo.
responsabilidade civil e criminal de seus dirigentes
ou prepostos: (Vide Lei nº 12.010, de 2009) Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-
ão em conta as necessidades pedagógicas,
I - às entidades governamentais: preferindo-se aquelas que visem ao fortalecimento
a) advertência; dos vínculos familiares e comunitários.
Parágrafo único. São também princípios que
b) afastamento provisório de seus
regem a aplicação das medidas: (Incluído pela Lei nº
dirigentes;
12.010, de 2009)
c) afastamento definitivo de seus
I - condição da criança e do adolescente
dirigentes;
como sujeitos de direitos: crianças e adolescentes
d) fechamento de unidade ou interdição de são os titulares dos direitos previstos nesta e em
programa. outras Leis, bem como na Constituição Federal;
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
II - às entidades não-governamentais:
II - proteção integral e prioritária: a
a) advertência;
interpretação e aplicação de toda e qualquer norma
b) suspensão total ou parcial do repasse contida nesta Lei deve ser voltada à proteção integral
de verbas públicas; e prioritária dos direitos de que crianças e
adolescentes são titulares; (Incluído pela Lei nº
c) interdição de unidades ou suspensão de
12.010, de 2009)
programa;
III - responsabilidade primária e solidária do
d) cassação do registro.
poder público: a plena efetivação dos direitos
§ 1o Em caso de reiteradas infrações assegurados a crianças e a adolescentes por esta Lei
cometidas por entidades de atendimento, que e pela Constituição Federal, salvo nos casos por esta
coloquem em risco os direitos assegurados nesta expressamente ressalvados, é de responsabilidade
Lei, deverá ser o fato comunicado ao Ministério primária e solidária das 3 (três) esferas de governo,
Público ou representado perante autoridade sem prejuízo da municipalização do atendimento e da
judiciária competente para as providências cabíveis, possibilidade da execução de programas por

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
entidades não governamentais; (Incluído pela Lei nº art. 28 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
12.010, de 2009) 2009)
IV - interesse superior da criança e do Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses
adolescente: a intervenção deve atender previstas no art. 98, a autoridade competente poderá
prioritariamente aos interesses e direitos da criança determinar, dentre outras, as seguintes medidas:
e do adolescente, sem prejuízo da consideração
I - encaminhamento aos pais ou
que for devida a outros interesses legítimos no
responsável, mediante termo de responsabilidade;
âmbito da pluralidade dos interesses presentes no
caso concreto; (Incluído pela Lei nº 12.010, de II - orientação, apoio e acompanhamento
2009) temporários;
V - privacidade: a promoção dos direitos e III - matrícula e freqüência obrigatórias em
proteção da criança e do adolescente deve ser estabelecimento oficial de ensino fundamental;
efetuada no respeito pela intimidade, direito à
IV - inclusão em serviços e programas
imagem e reserva da sua vida privada; (Incluído
oficiais ou comunitários de proteção, apoio e
pela Lei nº 12.010, de 2009)
promoção da família, da criança e do adolescente;
VI - intervenção precoce: a intervenção das (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
autoridades competentes deve ser efetuada logo
V - requisição de tratamento médico,
que a situação de perigo seja conhecida; (Incluído
psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou
pela Lei nº 12.010, de 2009)
ambulatorial;
VII - intervenção mínima: a intervenção
VI - inclusão em programa oficial ou
deve ser exercida exclusivamente pelas
autoridades e instituições cuja ação seja comunitário de auxílio, orientação e tratamento a
indispensável à efetiva promoção dos direitos e à alcoólatras e toxicômanos;
proteção da criança e do adolescente; (Incluído VII - acolhimento institucional; (Redação
pela Lei nº 12.010, de 2009) dada pela Lei nº 12.010, de 2009)
VIII - proporcionalidade e atualidade: a VIII - inclusão em programa de acolhimento
intervenção deve ser a necessária e adequada à familiar; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)
situação de perigo em que a criança ou o
adolescente se encontram no momento em que a IX - colocação em família substituta.
decisão é tomada; (Incluído pela Lei nº 12.010, de (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
2009) § 1o O acolhimento institucional e o
IX - responsabilidade parental: a acolhimento familiar são medidas provisórias e
intervenção deve ser efetuada de modo que os pais excepcionais, utilizáveis como forma de transição
assumam os seus deveres para com a criança e o para reintegração familiar ou, não sendo esta
adolescente; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) possível, para colocação em família substituta, não
implicando privação de liberdade. (Incluído pela Lei
X - prevalência da família: na promoção de nº 12.010, de 2009)
direitos e na proteção da criança e do adolescente
deve ser dada prevalência às medidas que os § 2o Sem prejuízo da tomada de medidas
mantenham ou reintegrem na sua família natural ou emergenciais para proteção de vítimas de violência
extensa ou, se isso não for possível, que promovam ou abuso sexual e das providências a que alude o
a sua integração em família adotiva; (Redação dada art. 130 desta Lei, o afastamento da criança ou
pela Lei nº 13.509, de 2017) adolescente do convívio familiar é de competência
exclusiva da autoridade judiciária e importará na
XI - obrigatoriedade da informação: a deflagração, a pedido do Ministério Público ou de
criança e o adolescente, respeitado seu estágio de quem tenha legítimo interesse, de procedimento
desenvolvimento e capacidade de compreensão, judicial contencioso, no qual se garanta aos pais ou
seus pais ou responsável devem ser informados ao responsável legal o exercício do contraditório e da
dos seus direitos, dos motivos que determinaram a ampla defesa. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
intervenção e da forma como esta se processa;
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 3o Crianças e adolescentes somente
poderão ser encaminhados às instituições que
XII - oitiva obrigatória e participação: a executam programas de acolhimento institucional,
criança e o adolescente, em separado ou na governamentais ou não, por meio de uma Guia de
companhia dos pais, de responsável ou de pessoa Acolhimento, expedida pela autoridade judiciária, na
por si indicada, bem como os seus pais ou qual obrigatoriamente constará, dentre outros:
responsável, têm direito a ser ouvidos e a participar (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
nos atos e na definição da medida de promoção
dos direitos e de proteção, sendo sua opinião I - sua identificação e a qualificação
devidamente considerada pela autoridade judiciária completa de seus pais ou de seu responsável, se
competente, observado o disposto nos §§ 1o e 2o do conhecidos; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
II - o endereço de residência dos pais ou (cinco) dias, decidindo em igual prazo. (Incluído pela
do responsável, com pontos de referência; (Incluído Lei nº 12.010, de 2009)
pela Lei nº 12.010, de 2009)
§ 9o Em sendo constatada a impossibilidade
III - os nomes de parentes ou de terceiros de reintegração da criança ou do adolescente à
interessados em tê-los sob sua guarda; (Incluído família de origem, após seu encaminhamento a
pela Lei nº 12.010, de 2009) programas oficiais ou comunitários de orientação,
apoio e promoção social, será enviado relatório
IV - os motivos da retirada ou da não
fundamentado ao Ministério Público, no qual conste a
reintegração ao convívio familiar. (Incluído pela Lei
descrição pormenorizada das providências tomadas
nº 12.010, de 2009)
e a expressa recomendação, subscrita pelos técnicos
§ 4o Imediatamente após o acolhimento da da entidade ou responsáveis pela execução da
criança ou do adolescente, a entidade responsável política municipal de garantia do direito à convivência
pelo programa de acolhimento institucional ou familiar, para a destituição do poder familiar, ou
familiar elaborará um plano individual de destituição de tutela ou guarda. (Incluído pela Lei nº
atendimento, visando à reintegração familiar, 12.010, de 2009)
ressalvada a existência de ordem escrita e
§ 10. Recebido o relatório, o Ministério
fundamentada em contrário de autoridade judiciária
Público terá o prazo de 15 (quinze) dias para o
competente, caso em que também deverá
ingresso com a ação de destituição do poder familiar,
contemplar sua colocação em família substituta,
salvo se entender necessária a realização de estudos
observadas as regras e princípios desta Lei.
complementares ou de outras providências
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
indispensáveis ao ajuizamento da demanda.
§ 5o O plano individual será elaborado sob (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
a responsabilidade da equipe técnica do respectivo
§ 11. A autoridade judiciária manterá, em
programa de atendimento e levará em consideração
cada comarca ou foro regional, um cadastro
a opinião da criança ou do adolescente e a oitiva
contendo informações atualizadas sobre as crianças
dos pais ou do responsável. (Incluído pela Lei nº
e adolescentes em regime de acolhimento familiar e
12.010, de 2009)
institucional sob sua responsabilidade, com
§ 6o Constarão do plano individual, dentre informações pormenorizadas sobre a situação
outros: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) jurídica de cada um, bem como as providências
tomadas para sua reintegração familiar ou colocação
I - os resultados da avaliação
em família substituta, em qualquer das modalidades
interdisciplinar; (Incluído pela Lei nº 12.010, de
previstas no art. 28 desta Lei. (Incluído pela Lei nº
2009) 12.010, de 2009)
II - os compromissos assumidos pelos pais § 12. Terão acesso ao cadastro o Ministério
ou responsável; e (Incluído pela Lei nº 12.010, de
Público, o Conselho Tutelar, o órgão gestor da
2009)
Assistência Social e os Conselhos Municipais dos
III - a previsão das atividades a serem Direitos da Criança e do Adolescente e da
desenvolvidas com a criança ou com o adolescente Assistência Social, aos quais incumbe deliberar sobre
acolhido e seus pais ou responsável, com vista na a implementação de políticas públicas que permitam
reintegração familiar ou, caso seja esta vedada por reduzir o número de crianças e adolescentes
expressa e fundamentada determinação judicial, as afastados do convívio familiar e abreviar o período de
providências a serem tomadas para sua colocação permanência em programa de acolhimento. (Incluído
em família substituta, sob direta supervisão da pela Lei nº 12.010, de 2009)
autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 12.010, Art. 102. As medidas de proteção de que
de 2009) trata este Capítulo serão acompanhadas da
§ 7o O acolhimento familiar ou institucional regularização do registro civil. (Vide Lei nº 12.010, de
ocorrerá no local mais próximo à residência dos 2009)
pais ou do responsável e, como parte do processo
§ 1º Verificada a inexistência de registro
de reintegração familiar, sempre que identificada a
anterior, o assento de nascimento da criança ou
necessidade, a família de origem será incluída em adolescente será feito à vista dos elementos
programas oficiais de orientação, de apoio e de disponíveis, mediante requisição da autoridade
promoção social, sendo facilitado e estimulado o
judiciária.
contato com a criança ou com o adolescente
acolhido. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 2º Os registros e certidões necessários à
regularização de que trata este artigo são isentos de
§ 8o Verificada a possibilidade de
multas, custas e emolumentos, gozando de absoluta
reintegração familiar, o responsável pelo programa prioridade.
de acolhimento familiar ou institucional fará
imediata comunicação à autoridade judiciária, que § 3o Caso ainda não definida a paternidade,
dará vista ao Ministério Público, pelo prazo de 5 será deflagrado procedimento específico destinado à
sua averiguação, conforme previsto pela Lei no 8.560,
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
de 29 de dezembro de 1992. (Incluído pela Lei nº Art. 108. A internação, antes da sentença,
12.010, de 2009) pode ser determinada pelo prazo máximo de
quarenta e cinco dias.
§ 4o Nas hipóteses previstas no § 3o deste
artigo, é dispensável o ajuizamento de ação de Parágrafo único. A decisão deverá ser
investigação de paternidade pelo Ministério Público fundamentada e basear-se em indícios suficientes de
se, após o não comparecimento ou a recusa do autoria e materialidade, demonstrada a necessidade
suposto pai em assumir a paternidade a ele imperiosa da medida.
atribuída, a criança for encaminhada para adoção.
Art. 109. O adolescente civilmente
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
identificado não será submetido a identificação
§ 5o Os registros e certidões necessários à compulsória pelos órgãos policiais, de proteção e
inclusão, a qualquer tempo, do nome do pai no judiciais, salvo para efeito de confrontação, havendo
assento de nascimento são isentos de multas, dúvida fundada.
custas e emolumentos, gozando de absoluta
Capítulo III
prioridade. (Incluído dada pela Lei nº 13.257, de
2016) Das Garantias Processuais
§ 6o São gratuitas, a qualquer tempo, a Art. 110. Nenhum adolescente será privado
averbação requerida do reconhecimento de de sua liberdade sem o devido processo legal.
paternidade no assento de nascimento e a certidão
Art. 111. São asseguradas ao adolescente,
correspondente. (Incluído dada pela Lei nº 13.257,
entre outras, as seguintes garantias:
de 2016)
Título III I - pleno e formal conhecimento da atribuição
de ato infracional, mediante citação ou meio
Da Prática de Ato Infracional equivalente;
Capítulo I II - igualdade na relação processual,
podendo confrontar-se com vítimas e testemunhas e
Disposições Gerais
produzir todas as provas necessárias à sua defesa;
Art. 103. Considera-se ato infracional a
III - defesa técnica por advogado;
conduta descrita como crime ou contravenção
penal. IV - assistência judiciária gratuita e integral
aos necessitados, na forma da lei;
Art. 104. São penalmente inimputáveis os
menores de dezoito anos, sujeitos às medidas V - direito de ser ouvido pessoalmente pela
previstas nesta Lei. autoridade competente;
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, VI - direito de solicitar a presença de seus
deve ser considerada a idade do adolescente à pais ou responsável em qualquer fase do
data do fato. procedimento.
Art. 105. Ao ato infracional praticado por Capítulo IV
criança corresponderão as medidas previstas no
Das Medidas Sócio-Educativas
art. 101.
Seção I
Capítulo II
Disposições Gerais
Dos Direitos Individuais
Art. 106. Nenhum adolescente será privado Art. 112. Verificada a prática de ato
de sua liberdade senão em flagrante de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar
ao adolescente as seguintes medidas:
infracional ou por ordem escrita e fundamentada da
autoridade judiciária competente. I - advertência;
Parágrafo único. O adolescente tem direito II - obrigação de reparar o dano;
à identificação dos responsáveis pela sua
apreensão, devendo ser informado acerca de seus III - prestação de serviços à comunidade;
direitos. IV - liberdade assistida;
Art. 107. A apreensão de qualquer V - inserção em regime de semi-liberdade;
adolescente e o local onde se encontra recolhido
serão incontinenti comunicados à autoridade VI - internação em estabelecimento
judiciária competente e à família do apreendido ou educacional;
à pessoa por ele indicada. VII - qualquer uma das previstas no art. 101,
Parágrafo único. Examinar-se-á, desde I a VI.
logo e sob pena de responsabilidade, a
possibilidade de liberação imediata.

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
§ 1º A medida aplicada ao adolescente Seção V
levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as
Da Liberdade Assistida
circunstâncias e a gravidade da infração.
Art. 118. A liberdade assistida será adotada
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto
sempre que se afigurar a medida mais adequada
algum, será admitida a prestação de trabalho
para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o
forçado.
adolescente.
§ 3º Os adolescentes portadores de
§ 1º A autoridade designará pessoa
doença ou deficiência mental receberão tratamento
capacitada para acompanhar o caso, a qual poderá
individual e especializado, em local adequado às
ser recomendada por entidade ou programa de
suas condições.
atendimento.
Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o
§ 2º A liberdade assistida será fixada pelo
disposto nos arts. 99 e 100.
prazo mínimo de seis meses, podendo a qualquer
Art. 114. A imposição das medidas tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por
previstas nos incisos II a VI do art. 112 pressupõe a outra medida, ouvido o orientador, o Ministério
existência de provas suficientes da autoria e da Público e o defensor.
materialidade da infração, ressalvada a hipótese de
Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio
remissão, nos termos do art. 127.
e a supervisão da autoridade competente, a
Parágrafo único. A advertência poderá ser realização dos seguintes encargos, entre outros:
aplicada sempre que houver prova da materialidade
I - promover socialmente o adolescente e
e indícios suficientes da autoria.
sua família, fornecendo-lhes orientação e inserindo-
Seção II os, se necessário, em programa oficial ou
comunitário de auxílio e assistência social;
Da Advertência
II - supervisionar a freqüência e o
Art. 115. A advertência consistirá em
aproveitamento escolar do adolescente, promovendo,
admoestação verbal, que será reduzida a termo e
inclusive, sua matrícula;
assinada.
III - diligenciar no sentido da
Seção III
profissionalização do adolescente e de sua inserção
Da Obrigação de Reparar o Dano no mercado de trabalho;
Art. 116. Em se tratando de ato infracional IV - apresentar relatório do caso.
com reflexos patrimoniais, a autoridade poderá
Seção VI
determinar, se for o caso, que o adolescente
restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, Do Regime de Semi-liberdade
ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima.
Art. 120. O regime de semi-liberdade pode
Parágrafo único. Havendo manifesta ser determinado desde o início, ou como forma de
impossibilidade, a medida poderá ser substituída transição para o meio aberto, possibilitada a
por outra adequada. realização de atividades externas,
independentemente de autorização judicial.
Seção IV
§ 1º São obrigatórias a escolarização e a
Da Prestação de Serviços à Comunidade
profissionalização, devendo, sempre que possível,
Art. 117. A prestação de serviços ser utilizados os recursos existentes na comunidade.
comunitários consiste na realização de tarefas
§ 2º A medida não comporta prazo
gratuitas de interesse geral, por período não
determinado aplicando-se, no que couber, as
excedente a seis meses, junto a entidades
disposições relativas à internação.
assistenciais, hospitais, escolas e outros
estabelecimentos congêneres, bem como em Seção VII
programas comunitários ou governamentais.
Da Internação
Parágrafo único. As tarefas serão
Art. 121. A internação constitui medida
atribuídas conforme as aptidões do adolescente,
privativa da liberdade, sujeita aos princípios de
devendo ser cumpridas durante jornada máxima de
brevidade, excepcionalidade e respeito à condição
oito horas semanais, aos sábados, domingos e
peculiar de pessoa em desenvolvimento.
feriados ou em dias úteis, de modo a não prejudicar
a freqüência à escola ou à jornada normal de § 1º Será permitida a realização de
trabalho. atividades externas, a critério da equipe técnica da
entidade, salvo expressa determinação judicial em
contrário.

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
§ 2º A medida não comporta prazo VI - permanecer internado na mesma
determinado, devendo sua manutenção ser localidade ou naquela mais próxima ao domicílio de
reavaliada, mediante decisão fundamentada, no seus pais ou responsável;
máximo a cada seis meses.
VII - receber visitas, ao menos,
§ 3º Em nenhuma hipótese o período semanalmente;
máximo de internação excederá a três anos.
VIII - corresponder-se com seus familiares e
§ 4º Atingido o limite estabelecido no amigos;
parágrafo anterior, o adolescente deverá ser
IX - ter acesso aos objetos necessários à
liberado, colocado em regime de semi-liberdade ou
higiene e asseio pessoal;
de liberdade assistida.
X - habitar alojamento em condições
§ 5º A liberação será compulsória aos vinte
adequadas de higiene e salubridade;
e um anos de idade.
XI - receber escolarização e
§ 6º Em qualquer hipótese a desinternação
profissionalização;
será precedida de autorização judicial, ouvido o
Ministério Público. XII - realizar atividades culturais, esportivas
e de lazer:
§ 7o A determinação judicial mencionada
no § 1o poderá ser revista a qualquer tempo pela XIII - ter acesso aos meios de comunicação
autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 12.594, social;
de 2012) (Vide)
XIV - receber assistência religiosa, segundo
Art. 122. A medida de internação só poderá a sua crença, e desde que assim o deseje;
ser aplicada quando:
XV - manter a posse de seus objetos
I - tratar-se de ato infracional cometido pessoais e dispor de local seguro para guardá-los,
mediante grave ameaça ou violência a pessoa; recebendo comprovante daqueles porventura
depositados em poder da entidade;
II - por reiteração no cometimento de
outras infrações graves; XVI - receber, quando de sua desinternação,
os documentos pessoais indispensáveis à vida em
III - por descumprimento reiterado e
sociedade.
injustificável da medida anteriormente imposta.
§ 1º Em nenhum caso haverá
§ 1o O prazo de internação na hipótese do
incomunicabilidade.
inciso III deste artigo não poderá ser superior a 3
(três) meses, devendo ser decretada judicialmente § 2º A autoridade judiciária poderá
após o devido processo legal. (Redação dada pela suspender temporariamente a visita, inclusive de pais
Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) ou responsável, se existirem motivos sérios e
fundados de sua prejudicialidade aos interesses do
§ 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada
adolescente.
a internação, havendo outra medida adequada.
Art. 125. É dever do Estado zelar pela
Art. 123. A internação deverá ser cumprida
integridade física e mental dos internos, cabendo-lhe
em entidade exclusiva para adolescentes, em local
adotar as medidas adequadas de contenção e
distinto daquele destinado ao abrigo, obedecida
segurança.
rigorosa separação por critérios de idade,
compleição física e gravidade da infração. Capítulo V
Parágrafo único. Durante o período de Da Remissão
internação, inclusive provisória, serão obrigatórias
Art. 126. Antes de iniciado o procedimento
atividades pedagógicas.
judicial para apuração de ato infracional, o
Art. 124. São direitos do adolescente representante do Ministério Público poderá conceder
privado de liberdade, entre outros, os seguintes: a remissão, como forma de exclusão do processo,
atendendo às circunstâncias e conseqüências do
I - entrevistar-se pessoalmente com o
fato, ao contexto social, bem como à personalidade
representante do Ministério Público;
do adolescente e sua maior ou menor participação no
II - peticionar diretamente a qualquer ato infracional.
autoridade;
Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a
III - avistar-se reservadamente com seu concessão da remissão pela autoridade judiciária
defensor; importará na suspensão ou extinção do processo.
IV - ser informado de sua situação Art. 127. A remissão não implica
processual, sempre que solicitada; necessariamente o reconhecimento ou comprovação
da responsabilidade, nem prevalece para efeito de
V - ser tratado com respeito e dignidade;
antecedentes, podendo incluir eventualmente a
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
aplicação de qualquer das medidas previstas em Título V
lei, exceto a colocação em regime de semi-
Do Conselho Tutelar
liberdade e a internação.
Capítulo I
Art. 128. A medida aplicada por força da
remissão poderá ser revista judicialmente, a Disposições Gerais
qualquer tempo, mediante pedido expresso do
Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão
adolescente ou de seu representante legal, ou do
permanente e autônomo, não jurisdicional,
Ministério Público.
encarregado pela sociedade de zelar pelo
Título IV cumprimento dos direitos da criança e do
adolescente, definidos nesta Lei.
Das Medidas Pertinentes aos Pais ou
Responsável Art. 132. Em cada Município e em cada
Região Administrativa do Distrito Federal haverá, no
Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais
mínimo, 1 (um) Conselho Tutelar como órgão
ou responsável:
integrante da administração pública local, composto
I - encaminhamento a serviços e de 5 (cinco) membros, escolhidos pela população
programas oficiais ou comunitários de proteção, local para mandato de 4 (quatro) anos, permitida 1
apoio e promoção da família; (Redação dada dada (uma) recondução, mediante novo processo de
pela Lei nº 13.257, de 2016) escolha. (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012)
II - inclusão em programa oficial ou Art. 133. Para a candidatura a membro do
comunitário de auxílio, orientação e tratamento a Conselho Tutelar, serão exigidos os seguintes
alcoólatras e toxicômanos; requisitos:
III - encaminhamento a tratamento I - reconhecida idoneidade moral;
psicológico ou psiquiátrico;
II - idade superior a vinte e um anos;
IV - encaminhamento a cursos ou
III - residir no município.
programas de orientação;
Art. 134. Lei municipal ou distrital disporá
V - obrigação de matricular o filho ou pupilo
sobre o local, dia e horário de funcionamento do
e acompanhar sua freqüência e aproveitamento
Conselho Tutelar, inclusive quanto à remuneração
escolar;
dos respectivos membros, aos quais é assegurado o
VI - obrigação de encaminhar a criança ou direito a: (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012)
adolescente a tratamento especializado;
I - cobertura previdenciária; (Incluído pela Lei
VII - advertência; nº 12.696, de 2012)
VIII - perda da guarda; II - gozo de férias anuais remuneradas,
acrescidas de 1/3 (um terço) do valor da
IX - destituição da tutela;
remuneração mensal; (Incluído pela Lei nº 12.696, de
X - suspensão ou destituição do poder 2012)
familiar. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010,
III - licença-maternidade; (Incluído pela Lei nº
de 2009)
12.696, de 2012)
Parágrafo único. Na aplicação das medidas
IV - licença-paternidade; (Incluído pela Lei nº
previstas nos incisos IX e X deste artigo, observar-
12.696, de 2012)
se-á o disposto nos arts. 23 e 24.
V - gratificação natalina. (Incluído pela Lei nº
Art. 130. Verificada a hipótese de maus-
12.696, de 2012)
tratos, opressão ou abuso sexual impostos pelos
pais ou responsável, a autoridade judiciária poderá Parágrafo único. Constará da lei
determinar, como medida cautelar, o afastamento orçamentária municipal e da do Distrito Federal
do agressor da moradia comum. previsão dos recursos necessários ao funcionamento
do Conselho Tutelar e à remuneração e formação
Parágrafo único. Da medida cautelar
continuada dos conselheiros tutelares. (Redação
constará, ainda, a fixação provisória dos alimentos
dada pela Lei nº 12.696, de 2012)
de que necessitem a criança ou o adolescente
dependentes do agressor. (Incluído pela Lei nº Art. 135. O exercício efetivo da função de
12.415, de 2011) conselheiro constituirá serviço público relevante e
estabelecerá presunção de idoneidade moral.
(Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012)

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Capítulo II lhe informações sobre os motivos de tal
entendimento e as providências tomadas para a
Das Atribuições do Conselho
orientação, o apoio e a promoção social da família.
Art. 136. São atribuições do Conselho (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
Tutelar:
Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar
I - atender as crianças e adolescentes nas somente poderão ser revistas pela autoridade
hipóteses previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as judiciária a pedido de quem tenha legítimo interesse.
medidas previstas no art. 101, I a VII;
Capítulo III
II - atender e aconselhar os pais ou
Da Competência
responsável, aplicando as medidas previstas no art.
129, I a VII; Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a
regra de competência constante do art. 147.
III - promover a execução de suas
decisões, podendo para tanto: Capítulo IV
a) requisitar serviços públicos nas áreas de Da Escolha dos Conselheiros
saúde, educação, serviço social, previdência,
Art. 139. O processo para a escolha dos
trabalho e segurança;
membros do Conselho Tutelar será estabelecido em
b) representar junto à autoridade judiciária lei municipal e realizado sob a responsabilidade do
nos casos de descumprimento injustificado de suas Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
deliberações. Adolescente, e a fiscalização do Ministério Público.
(Redação dada pela Lei nº 8.242, de 12.10.1991)
IV - encaminhar ao Ministério Público
notícia de fato que constitua infração administrativa § 1o O processo de escolha dos membros do
ou penal contra os direitos da criança ou Conselho Tutelar ocorrerá em data unificada em todo
adolescente; o território nacional a cada 4 (quatro) anos, no
primeiro domingo do mês de outubro do ano
V - encaminhar à autoridade judiciária os
subsequente ao da eleição presidencial. (Incluído
casos de sua competência;
pela Lei nº 12.696, de 2012)
VI - providenciar a medida estabelecida
§ 2o A posse dos conselheiros tutelares
pela autoridade judiciária, dentre as previstas no
ocorrerá no dia 10 de janeiro do ano subsequente ao
art. 101, de I a VI, para o adolescente autor de ato
processo de escolha. (Incluído pela Lei nº 12.696, de
infracional;
2012)
VII - expedir notificações;
§ 3o No processo de escolha dos membros
VIII - requisitar certidões de nascimento e do Conselho Tutelar, é vedado ao candidato doar,
de óbito de criança ou adolescente quando oferecer, prometer ou entregar ao eleitor bem ou
necessário; vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive
brindes de pequeno valor. (Incluído pela Lei nº
IX - assessorar o Poder Executivo local na
12.696, de 2012)
elaboração da proposta orçamentária para planos e
programas de atendimento dos direitos da criança e Capítulo V
do adolescente;
Dos Impedimentos
X - representar, em nome da pessoa e da
Art. 140. São impedidos de servir no mesmo
família, contra a violação dos direitos previstos no
Conselho marido e mulher, ascendentes e
art. 220, § 3º, inciso II, da Constituição Federal;
descendentes, sogro e genro ou nora, irmãos,
XI - representar ao Ministério Público para cunhados, durante o cunhadio, tio e sobrinho,
efeito das ações de perda ou suspensão do poder padrasto ou madrasta e enteado.
familiar, após esgotadas as possibilidades de
Parágrafo único. Estende-se o impedimento
manutenção da criança ou do adolescente junto à
do conselheiro, na forma deste artigo, em relação à
família natural. (Redação dada pela Lei nº 12.010,
autoridade judiciária e ao representante do Ministério
de 2009)
Público com atuação na Justiça da Infância e da
XII - promover e incentivar, na comunidade Juventude, em exercício na comarca, foro regional ou
e nos grupos profissionais, ações de divulgação e distrital.
treinamento para o reconhecimento de sintomas de
maus-tratos em crianças e adolescentes. (Incluído
pela Lei nº 13.046, de 2014)
Parágrafo único. Se, no exercício de suas
atribuições, o Conselho Tutelar entender necessário
o afastamento do convívio familiar, comunicará
incontinenti o fato ao Ministério Público, prestando-

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Título VI Seção II
Do Acesso à Justiça Do Juiz
Capítulo I Art. 146. A autoridade a que se refere esta
Lei é o Juiz da Infância e da Juventude, ou o juiz que
Disposições Gerais
exerce essa função, na forma da lei de organização
Art. 141. É garantido o acesso de toda judiciária local.
criança ou adolescente à Defensoria Pública, ao
Art. 147. A competência será determinada:
Ministério Público e ao Poder Judiciário, por
qualquer de seus órgãos. I - pelo domicílio dos pais ou responsável;
§ 1º. A assistência judiciária gratuita será II - pelo lugar onde se encontre a criança ou
prestada aos que dela necessitarem, através de adolescente, à falta dos pais ou responsável.
defensor público ou advogado nomeado.
§ 1º. Nos casos de ato infracional, será
§ 2º As ações judiciais da competência da competente a autoridade do lugar da ação ou
Justiça da Infância e da Juventude são isentas de omissão, observadas as regras de conexão,
custas e emolumentos, ressalvada a hipótese de continência e prevenção.
litigância de má-fé.
§ 2º A execução das medidas poderá ser
Art. 142. Os menores de dezesseis anos delegada à autoridade competente da residência dos
serão representados e os maiores de dezesseis e pais ou responsável, ou do local onde sediar-se a
menores de vinte e um anos assistidos por seus entidade que abrigar a criança ou adolescente.
pais, tutores ou curadores, na forma da legislação
§ 3º Em caso de infração cometida através
civil ou processual.
de transmissão simultânea de rádio ou televisão, que
Parágrafo único. A autoridade judiciária atinja mais de uma comarca, será competente, para
dará curador especial à criança ou adolescente, aplicação da penalidade, a autoridade judiciária do
sempre que os interesses destes colidirem com os local da sede estadual da emissora ou rede, tendo a
de seus pais ou responsável, ou quando carecer de sentença eficácia para todas as transmissoras ou
representação ou assistência legal ainda que retransmissoras do respectivo estado.
eventual.
Art. 148. A Justiça da Infância e da
Art. 143. E vedada a divulgação de atos Juventude é competente para:
judiciais, policiais e administrativos que digam
I - conhecer de representações promovidas
respeito a crianças e adolescentes a que se atribua
pelo Ministério Público, para apuração de ato
autoria de ato infracional.
infracional atribuído a adolescente, aplicando as
Parágrafo único. Qualquer notícia a medidas cabíveis;
respeito do fato não poderá identificar a criança ou
II - conceder a remissão, como forma de
adolescente, vedando-se fotografia, referência a
suspensão ou extinção do processo;
nome, apelido, filiação, parentesco, residência e,
inclusive, iniciais do nome e sobrenome. (Redação III - conhecer de pedidos de adoção e seus
dada pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003) incidentes;
Art. 144. A expedição de cópia ou certidão IV - conhecer de ações civis fundadas em
de atos a que se refere o artigo anterior somente interesses individuais, difusos ou coletivos afetos à
será deferida pela autoridade judiciária competente, criança e ao adolescente, observado o disposto no
se demonstrado o interesse e justificada a art. 209;
finalidade.
V - conhecer de ações decorrentes de
Capítulo II irregularidades em entidades de atendimento,
aplicando as medidas cabíveis;
Da Justiça da Infância e da Juventude
VI - aplicar penalidades administrativas nos
Seção I
casos de infrações contra norma de proteção à
Disposições Gerais criança ou adolescente;
Art. 145. Os estados e o Distrito Federal VII - conhecer de casos encaminhados pelo
poderão criar varas especializadas e exclusivas da Conselho Tutelar, aplicando as medidas cabíveis.
infância e da juventude, cabendo ao Poder
Parágrafo único. Quando se tratar de criança
Judiciário estabelecer sua proporcionalidade por
ou adolescente nas hipóteses do art. 98, é também
número de habitantes, dotá-las de infra-estrutura e
competente a Justiça da Infância e da Juventude
dispor sobre o atendimento, inclusive em plantões.
para o fim de:
a) conhecer de pedidos de guarda e tutela;

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
b) conhecer de ações de destituição do fundamentadas, caso a caso, vedadas as
poder familiar, perda ou modificação da tutela ou determinações de caráter geral.
guarda; (Expressão substituída pela Lei nº 12.010,
Seção III
de 2009)
Dos Serviços Auxiliares
c) suprir a capacidade ou o consentimento
para o casamento; Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na
elaboração de sua proposta orçamentária, prever
d) conhecer de pedidos baseados em
recursos para manutenção de equipe
discordância paterna ou materna, em relação ao
interprofissional, destinada a assessorar a Justiça da
exercício do poder familiar; (Expressão substituída
Infância e da Juventude.
pela Lei nº 12.010, de 2009)
Art. 151. Compete à equipe interprofissional
e) conceder a emancipação, nos termos da
dentre outras atribuições que lhe forem reservadas
lei civil, quando faltarem os pais;
pela legislação local, fornecer subsídios por escrito,
f) designar curador especial em casos de mediante laudos, ou verbalmente, na audiência, e
apresentação de queixa ou representação, ou de bem assim desenvolver trabalhos de
outros procedimentos judiciais ou extrajudiciais em aconselhamento, orientação, encaminhamento,
que haja interesses de criança ou adolescente; prevenção e outros, tudo sob a imediata
subordinação à autoridade judiciária, assegurada a
g) conhecer de ações de alimentos;
livre manifestação do ponto de vista técnico.
h) determinar o cancelamento, a retificação
Parágrafo único. Na ausência ou
e o suprimento dos registros de nascimento e óbito.
insuficiência de servidores públicos integrantes do
Art. 149. Compete à autoridade judiciária Poder Judiciário responsáveis pela realização dos
disciplinar, através de portaria, ou autorizar, estudos psicossociais ou de quaisquer outras
mediante alvará: espécies de avaliações técnicas exigidas por esta Lei
ou por determinação judicial, a autoridade judiciária
I - a entrada e permanência de criança ou
poderá proceder à nomeação de perito, nos termos
adolescente, desacompanhado dos pais ou
do art. 156 da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015
responsável, em: (Código de Processo Civil). (Incluído pela Lei nº
a) estádio, ginásio e campo desportivo; 13.509, de 2017)
b) bailes ou promoções dançantes; Capítulo III
c) boate ou congêneres; Dos Procedimentos
d) casa que explore comercialmente Seção I
diversões eletrônicas; Disposições Gerais
e) estúdios cinematográficos, de teatro, Art. 152. Aos procedimentos regulados nesta
rádio e televisão. Lei aplicam-se subsidiariamente as normas gerais
II - a participação de criança e adolescente previstas na legislação processual pertinente.
em:
§ 1º É assegurada, sob pena de
a) espetáculos públicos e seus ensaios; responsabilidade, prioridade absoluta na tramitação
dos processos e procedimentos previstos nesta Lei,
b) certames de beleza. assim como na execução dos atos e diligências
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, a judiciais a eles referentes. (Incluído pela Lei nº
autoridade judiciária levará em conta, dentre outros 12.010, de 2009)
fatores: § 2º Os prazos estabelecidos nesta Lei e
a) os princípios desta Lei; aplicáveis aos seus procedimentos são contados em
dias corridos, excluído o dia do começo e incluído o
b) as peculiaridades locais; dia do vencimento, vedado o prazo em dobro para a
c) a existência de instalações adequadas; Fazenda Pública e o Ministério Público. (Incluído pela
Lei nº 13.509, de 2017)
d) o tipo de freqüência habitual ao local;
Art. 153. Se a medida judicial a ser adotada
e) a adequação do ambiente a eventual não corresponder a procedimento previsto nesta ou
participação ou freqüência de crianças e em outra lei, a autoridade judiciária poderá investigar
adolescentes; os fatos e ordenar de ofício as providências
f) a natureza do espetáculo. necessárias, ouvido o Ministério Público.

§ 2º As medidas adotadas na Parágrafo único. O disposto neste artigo não


conformidade deste artigo deverão ser se aplica para o fim de afastamento da criança ou do
adolescente de sua família de origem e em outros

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
procedimentos necessariamente contenciosos. § 1o A citação será pessoal, salvo se
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) esgotados todos os meios para sua realização.
(Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014)
Art. 154. Aplica-se às multas o disposto no
art. 214. § 2o O requerido privado de liberdade deverá
ser citado pessoalmente. (Incluído pela Lei nº 12.962,
Seção II
de 2014)
Da Perda e da Suspensão do Poder Familiar
§ 3o Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de
(Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009)
justiça houver procurado o citando em seu domicílio
Art. 155. O procedimento para a perda ou a ou residência sem o encontrar, deverá, havendo
suspensão do poder familiar terá início por suspeita de ocultação, informar qualquer pessoa da
provocação do Ministério Público ou de quem tenha família ou, em sua falta, qualquer vizinho do dia útil
legítimo interesse. (Expressão substituída pela Lei em que voltará a fim de efetuar a citação, na hora
nº 12.010, de 2009) que designar, nos termos do art. 252 e seguintes da
Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de
Art. 156. A petição inicial indicará:
Processo Civil). (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
I - a autoridade judiciária a que for dirigida; § 4o Na hipótese de os genitores
II - o nome, o estado civil, a profissão e a encontrarem-se em local incerto ou não sabido, serão
residência do requerente e do requerido, citados por edital no prazo de 10 (dez) dias, em
dispensada a qualificação em se tratando de pedido publicação única, dispensado o envio de ofícios para
formulado por representante do Ministério Público; a localização. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
III - a exposição sumária do fato e o Art. 159. Se o requerido não tiver
pedido; possibilidade de constituir advogado, sem prejuízo do
próprio sustento e de sua família, poderá requerer,
IV - as provas que serão produzidas, em cartório, que lhe seja nomeado dativo, ao qual
oferecendo, desde logo, o rol de testemunhas e incumbirá a apresentação de resposta, contando-se o
documentos. prazo a partir da intimação do despacho de
Art. 157. Havendo motivo grave, poderá a nomeação.
autoridade judiciária, ouvido o Ministério Público, Parágrafo único. Na hipótese de requerido
decretar a suspensão do poder familiar, liminar ou privado de liberdade, o oficial de justiça deverá
incidentalmente, até o julgamento definitivo da perguntar, no momento da citação pessoal, se deseja
causa, ficando a criança ou adolescente confiado a que lhe seja nomeado defensor. (Incluído pela Lei nº
pessoa idônea, mediante termo de 12.962, de 2014)
responsabilidade. (Expressão substituída pela Lei
nº 12.010, de 2009) Art. 160. Sendo necessário, a autoridade
judiciária requisitará de qualquer repartição ou órgão
§ 1o Recebida a petição inicial, a público a apresentação de documento que interesse
autoridade judiciária determinará, à causa, de ofício ou a requerimento das partes ou
concomitantemente ao despacho de citação e do Ministério Público.
independentemente de requerimento do
interessado, a realização de estudo social ou Art. 161. Se não for contestado o pedido e
perícia por equipe interprofissional ou tiver sido concluído o estudo social ou a perícia
multidisciplinar para comprovar a presença de uma realizada por equipe interprofissional ou
das causas de suspensão ou destituição do poder multidisciplinar, a autoridade judiciária dará vista dos
familiar, ressalvado o disposto no § 10 do art. 101 autos ao Ministério Público, por 5 (cinco) dias, salvo
desta Lei, e observada a Lei no 13.431, de 4 de abril quando este for o requerente, e decidirá em igual
de 2017. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) prazo. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 2o Em sendo os pais oriundos de § 1º A autoridade judiciária, de ofício ou a
comunidades indígenas, é ainda obrigatória a requerimento das partes ou do Ministério Público,
intervenção, junto à equipe interprofissional ou determinará a oitiva de testemunhas que comprovem
multidisciplinar referida no § 1o deste artigo, de a presença de uma das causas de suspensão ou
representantes do órgão federal responsável pela destituição do poder familiar previstas nos arts. 1.637
política indigenista, observado o disposto no § 6o do e 1.638 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002
art. 28 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.509, de (Código Civil), ou no art. 24 desta Lei. (Redação dada
2017) pela Lei nº 13.509, de 2017)
Art. 158. O requerido será citado para, no § 2o (Revogado).
prazo de dez dias, oferecer resposta escrita,
§ 3o Se o pedido importar em modificação de
indicando as provas a serem produzidas e
guarda, será obrigatória, desde que possível e
oferecendo desde logo o rol de testemunhas e razoável, a oitiva da criança ou adolescente,
documentos. respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
compreensão sobre as implicações da medida. Seção IV
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
Da Colocação em Família Substituta
§ 4º É obrigatória a oitiva dos pais sempre
Art. 165. São requisitos para a concessão de
que eles forem identificados e estiverem em local
pedidos de colocação em família substituta:
conhecido, ressalvados os casos de não
comparecimento perante a Justiça quando I - qualificação completa do requerente e de
devidamente citados. (Redação dada pela Lei nº seu eventual cônjuge, ou companheiro, com
13.509, de 2017) expressa anuência deste;
§ 5o Se o pai ou a mãe estiverem privados II - indicação de eventual parentesco do
de liberdade, a autoridade judicial requisitará sua requerente e de seu cônjuge, ou companheiro, com a
apresentação para a oitiva. (Incluído pela Lei nº criança ou adolescente, especificando se tem ou não
12.962, de 2014) parente vivo;
Art. 162. Apresentada a resposta, a III - qualificação completa da criança ou
autoridade judiciária dará vista dos autos ao adolescente e de seus pais, se conhecidos;
Ministério Público, por cinco dias, salvo quando
este for o requerente, designando, desde logo, IV - indicação do cartório onde foi inscrito
audiência de instrução e julgamento. nascimento, anexando, se possível, uma cópia da
respectiva certidão;
§ 1º (Revogado).
V - declaração sobre a existência de bens,
§ 2o Na audiência, presentes as partes e o direitos ou rendimentos relativos à criança ou ao
Ministério Público, serão ouvidas as testemunhas, adolescente.
colhendo-se oralmente o parecer técnico, salvo
quando apresentado por escrito, manifestando-se Parágrafo único. Em se tratando de adoção,
sucessivamente o requerente, o requerido e o observar-se-ão também os requisitos específicos.
Ministério Público, pelo tempo de 20 (vinte) minutos Art. 166. Se os pais forem falecidos, tiverem
cada um, prorrogável por mais 10 (dez) minutos. sido destituídos ou suspensos do poder familiar, ou
(Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) houverem aderido expressamente ao pedido de
§ 3o A decisão será proferida na audiência, colocação em família substituta, este poderá ser
podendo a autoridade judiciária, excepcionalmente, formulado diretamente em cartório, em petição
assinada pelos próprios requerentes, dispensada a
designar data para sua leitura no prazo máximo de
assistência de advogado. (Redação dada pela Lei nº
5 (cinco) dias. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
12.010, de 2009)
§ 4o Quando o procedimento de destituição
§ 1o Na hipótese de concordância dos pais,
de poder familiar for iniciado pelo Ministério Público,
não haverá necessidade de nomeação de curador o juiz: (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
especial em favor da criança ou adolescente. I - na presença do Ministério Público, ouvirá
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) as partes, devidamente assistidas por advogado ou
por defensor público, para verificar sua concordância
Art. 163. O prazo máximo para conclusão
com a adoção, no prazo máximo de 10 (dez) dias,
do procedimento será de 120 (cento e vinte) dias, e
contado da data do protocolo da petição ou da
caberá ao juiz, no caso de notória inviabilidade de
manutenção do poder familiar, dirigir esforços para entrega da criança em juízo, tomando por termo as
preparar a criança ou o adolescente com vistas à declarações; e (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
colocação em família substituta. (Redação dada II - declarará a extinção do poder familiar.
pela Lei nº 13.509, de 2017) (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
Parágrafo único. A sentença que decretar a § 2o O consentimento dos titulares do poder
perda ou a suspensão do poder familiar será familiar será precedido de orientações e
averbada à margem do registro de nascimento da esclarecimentos prestados pela equipe
criança ou do adolescente. (Incluído pela Lei nº interprofissional da Justiça da Infância e da
12.010, de 2009) Juventude, em especial, no caso de adoção, sobre a
Seção III irrevogabilidade da medida. (Incluído pela Lei nº
12.010, de 2009)
Da Destituição da Tutela
§ 3o São garantidos a livre manifestação de
Art. 164. Na destituição da tutela, observar- vontade dos detentores do poder familiar e o direito
se-á o procedimento para a remoção de tutor ao sigilo das informações. (Redação dada pela Lei nº
previsto na lei processual civil e, no que couber, o 13.509, de 2017)
disposto na seção anterior.
§ 4o O consentimento prestado por escrito
não terá validade se não for ratificado na audiência a
que se refere o § 1o deste artigo. (Redação dada pela
Lei nº 13.509, de 2017)

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
§ 5o O consentimento é retratável até a Seção V
data da realização da audiência especificada no §
Da Apuração de Ato Infracional Atribuído a
1o deste artigo, e os pais podem exercer o
Adolescente
arrependimento no prazo de 10 (dez) dias, contado
da data de prolação da sentença de extinção do Art. 171. O adolescente apreendido por força
poder familiar. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de ordem judicial será, desde logo, encaminhado à
de 2017) autoridade judiciária.
§ 6o O consentimento somente terá valor Art. 172. O adolescente apreendido em
se for dado após o nascimento da criança. (Incluído flagrante de ato infracional será, desde logo,
pela Lei nº 12.010, de 2009) encaminhado à autoridade policial competente.
§ 7o A família natural e a família substituta Parágrafo único. Havendo repartição policial
receberão a devida orientação por intermédio de especializada para atendimento de adolescente e em
equipe técnica interprofissional a serviço da Justiça se tratando de ato infracional praticado em co-autoria
da Infância e da Juventude, preferencialmente com com maior, prevalecerá a atribuição da repartição
apoio dos técnicos responsáveis pela execução da especializada, que, após as providências necessárias
política municipal de garantia do direito à e conforme o caso, encaminhará o adulto à
convivência familiar. (Redação dada pela Lei nº repartição policial própria.
13.509, de 2017)
Art. 173. Em caso de flagrante de ato
Art. 167. A autoridade judiciária, de ofício infracional cometido mediante violência ou grave
ou a requerimento das partes ou do Ministério ameaça a pessoa, a autoridade policial, sem prejuízo
Público, determinará a realização de estudo social do disposto nos arts. 106, parágrafo único, e 107,
ou, se possível, perícia por equipe interprofissional, deverá:
decidindo sobre a concessão de guarda provisória,
I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as
bem como, no caso de adoção, sobre o estágio de
testemunhas e o adolescente;
convivência.
II - apreender o produto e os instrumentos da
Parágrafo único. Deferida a concessão da
guarda provisória ou do estágio de convivência, a infração;
criança ou o adolescente será entregue ao III - requisitar os exames ou perícias
interessado, mediante termo de responsabilidade. necessários à comprovação da materialidade e
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) autoria da infração.
Art. 168. Apresentado o relatório social ou Parágrafo único. Nas demais hipóteses de
o laudo pericial, e ouvida, sempre que possível, a flagrante, a lavratura do auto poderá ser substituída
criança ou o adolescente, dar-se-á vista dos autos por boletim de ocorrência circunstanciada.
ao Ministério Público, pelo prazo de cinco dias,
decidindo a autoridade judiciária em igual prazo. Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais
ou responsável, o adolescente será prontamente
Art. 169. Nas hipóteses em que a liberado pela autoridade policial, sob termo de
destituição da tutela, a perda ou a suspensão do compromisso e responsabilidade de sua
poder familiar constituir pressuposto lógico da apresentação ao representante do Ministério Público,
medida principal de colocação em família substituta, no mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro dia
será observado o procedimento contraditório útil imediato, exceto quando, pela gravidade do ato
previsto nas Seções II e III deste Capítulo. infracional e sua repercussão social, deva o
(Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) adolescente permanecer sob internação para
garantia de sua segurança pessoal ou manutenção
Parágrafo único. A perda ou a modificação
da guarda poderá ser decretada nos mesmos autos da ordem pública.
do procedimento, observado o disposto no art. 35. Art. 175. Em caso de não liberação, a
autoridade policial encaminhará, desde logo, o
Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela,
adolescente ao representante do Ministério Público,
observar-se-á o disposto no art. 32, e, quanto à
juntamente com cópia do auto de apreensão ou
adoção, o contido no art. 47.
boletim de ocorrência.
Parágrafo único. A colocação de criança ou
adolescente sob a guarda de pessoa inscrita em § 1º Sendo impossível a apresentação
programa de acolhimento familiar será comunicada imediata, a autoridade policial encaminhará o
adolescente à entidade de atendimento, que fará a
pela autoridade judiciária à entidade por este
apresentação ao representante do Ministério Público
responsável no prazo máximo de 5 (cinco) dias.
no prazo de vinte e quatro horas.
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
§ 2º Nas localidades onde não houver
entidade de atendimento, a apresentação far-se-á
pela autoridade policial. À falta de repartição policial
especializada, o adolescente aguardará a

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
apresentação em dependência separada da Art. 182. Se, por qualquer razão, o
destinada a maiores, não podendo, em qualquer representante do Ministério Público não promover o
hipótese, exceder o prazo referido no parágrafo arquivamento ou conceder a remissão, oferecerá
anterior. representação à autoridade judiciária, propondo a
instauração de procedimento para aplicação da
Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a
medida sócio-educativa que se afigurar a mais
autoridade policial encaminhará imediatamente ao
adequada.
representante do Ministério Público cópia do auto
de apreensão ou boletim de ocorrência. § 1º A representação será oferecida por
petição, que conterá o breve resumo dos fatos e a
Art. 177. Se, afastada a hipótese de
classificação do ato infracional e, quando necessário,
flagrante, houver indícios de participação de
o rol de testemunhas, podendo ser deduzida
adolescente na prática de ato infracional, a
oralmente, em sessão diária instalada pela
autoridade policial encaminhará ao representante
autoridade judiciária.
do Ministério Público relatório das investigações e
demais documentos. § 2º A representação independe de prova
pré-constituída da autoria e materialidade.
Art. 178. O adolescente a quem se atribua
autoria de ato infracional não poderá ser conduzido Art. 183. O prazo máximo e improrrogável
ou transportado em compartimento fechado de para a conclusão do procedimento, estando o
veículo policial, em condições atentatórias à sua adolescente internado provisoriamente, será de
dignidade, ou que impliquem risco à sua integridade quarenta e cinco dias.
física ou mental, sob pena de responsabilidade.
Art. 184. Oferecida a representação, a
Art. 179. Apresentado o adolescente, o autoridade judiciária designará audiência de
representante do Ministério Público, no mesmo dia apresentação do adolescente, decidindo, desde logo,
e à vista do auto de apreensão, boletim de sobre a decretação ou manutenção da internação,
ocorrência ou relatório policial, devidamente observado o disposto no art. 108 e parágrafo.
autuados pelo cartório judicial e com informação
§ 1º O adolescente e seus pais ou
sobre os antecedentes do adolescente, procederá
responsável serão cientificados do teor da
imediata e informalmente à sua oitiva e, em sendo
representação, e notificados a comparecer à
possível, de seus pais ou responsável, vítima e
audiência, acompanhados de advogado.
testemunhas.
§ 2º Se os pais ou responsável não forem
Parágrafo único. Em caso de não
localizados, a autoridade judiciária dará curador
apresentação, o representante do Ministério Público
especial ao adolescente.
notificará os pais ou responsável para apresentação
do adolescente, podendo requisitar o concurso das § 3º Não sendo localizado o adolescente, a
polícias civil e militar. autoridade judiciária expedirá mandado de busca e
apreensão, determinando o sobrestamento do feito,
Art. 180. Adotadas as providências a que
até a efetiva apresentação.
alude o artigo anterior, o representante do
Ministério Público poderá: § 4º Estando o adolescente internado, será
requisitada a sua apresentação, sem prejuízo da
I - promover o arquivamento dos autos;
notificação dos pais ou responsável.
II - conceder a remissão;
Art. 185. A internação, decretada ou mantida
III - representar à autoridade judiciária para pela autoridade judiciária, não poderá ser cumprida
aplicação de medida sócio-educativa. em estabelecimento prisional.
Art. 181. Promovido o arquivamento dos § 1º Inexistindo na comarca entidade com as
autos ou concedida a remissão pelo representante características definidas no art. 123, o adolescente
do Ministério Público, mediante termo deverá ser imediatamente transferido para a
fundamentado, que conterá o resumo dos fatos, os localidade mais próxima.
autos serão conclusos à autoridade judiciária para
§ 2º Sendo impossível a pronta
homologação.
transferência, o adolescente aguardará sua remoção
§ 1º Homologado o arquivamento ou a em repartição policial, desde que em seção isolada
remissão, a autoridade judiciária determinará, dos adultos e com instalações apropriadas, não
conforme o caso, o cumprimento da medida. podendo ultrapassar o prazo máximo de cinco dias,
sob pena de responsabilidade.
§ 2º Discordando, a autoridade judiciária
fará remessa dos autos ao Procurador-Geral de Art. 186. Comparecendo o adolescente, seus
Justiça, mediante despacho fundamentado, e este pais ou responsável, a autoridade judiciária
oferecerá representação, designará outro membro procederá à oitiva dos mesmos, podendo solicitar
do Ministério Público para apresentá-la, ou ratificará opinião de profissional qualificado.
o arquivamento ou a remissão, que só então estará
a autoridade judiciária obrigada a homologar.
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
§ 1º Se a autoridade judiciária entender § 2º Recaindo a intimação na pessoa do
adequada a remissão, ouvirá o representante do adolescente, deverá este manifestar se deseja ou
Ministério Público, proferindo decisão. não recorrer da sentença.
§ 2º Sendo o fato grave, passível de Seção V-A
aplicação de medida de internação ou colocação (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
em regime de semi-liberdade, a autoridade
Da Infiltração de Agentes de Polícia para a
judiciária, verificando que o adolescente não possui
Investigação de Crimes contra a Dignidade
advogado constituído, nomeará defensor,
Sexual de Criança e de Adolescente”
designando, desde logo, audiência em continuação,
podendo determinar a realização de diligências e Art. 190-A. A infiltração de agentes de polícia
estudo do caso. na internet com o fim de investigar os crimes
previstos nos arts. 240, 241, 241-A, 241-B, 241-C e
§ 3º O advogado constituído ou o defensor
241-D desta Lei e nos arts. 154-A, 217-A, 218, 218-A
nomeado, no prazo de três dias contado da
e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro
audiência de apresentação, oferecerá defesa prévia
de 1940 (Código Penal), obedecerá às seguintes
e rol de testemunhas.
regras: (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
§ 4º Na audiência em continuação, ouvidas
I – será precedida de autorização judicial
as testemunhas arroladas na representação e na
devidamente circunstanciada e fundamentada, que
defesa prévia, cumpridas as diligências e juntado o
estabelecerá os limites da infiltração para obtenção
relatório da equipe interprofissional, será dada a
de prova, ouvido o Ministério Público; (Incluído pela
palavra ao representante do Ministério Público e ao
Lei nº 13.441, de 2017)
defensor, sucessivamente, pelo tempo de vinte
minutos para cada um, prorrogável por mais dez, a II – dar-se-á mediante requerimento do
critério da autoridade judiciária, que em seguida Ministério Público ou representação de delegado de
proferirá decisão. polícia e conterá a demonstração de sua
necessidade, o alcance das tarefas dos policiais, os
Art. 187. Se o adolescente, devidamente
nomes ou apelidos das pessoas investigadas e,
notificado, não comparecer, injustificadamente à
quando possível, os dados de conexão ou cadastrais
audiência de apresentação, a autoridade judiciária
que permitam a identificação dessas pessoas;
designará nova data, determinando sua condução
(Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
coercitiva.
III – não poderá exceder o prazo de 90
Art. 188. A remissão, como forma de
(noventa) dias, sem prejuízo de eventuais
extinção ou suspensão do processo, poderá ser
renovações, desde que o total não exceda a 720
aplicada em qualquer fase do procedimento, antes
(setecentos e vinte) dias e seja demonstrada sua
da sentença.
efetiva necessidade, a critério da autoridade judicial.
Art. 189. A autoridade judiciária não (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
aplicará qualquer medida, desde que reconheça na
§ 1º A autoridade judicial e o Ministério
sentença:
Público poderão requisitar relatórios parciais da
I - estar provada a inexistência do fato; operação de infiltração antes do término do prazo de
que trata o inciso II do § 1º deste artigo. (Incluído
II - não haver prova da existência do fato;
pela Lei nº 13.441, de 2017)
III - não constituir o fato ato infracional;
§ 2º Para efeitos do disposto no inciso I do §
IV - não existir prova de ter o adolescente 1º deste artigo, consideram-se: (Incluído pela Lei nº
concorrido para o ato infracional. 13.441, de 2017)
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, I – dados de conexão: informações referentes
estando o adolescente internado, será a hora, data, início, término, duração, endereço de
imediatamente colocado em liberdade. Protocolo de Internet (IP) utilizado e terminal de
origem da conexão; (Incluído pela Lei nº 13.441, de
Art. 190. A intimação da sentença que
2017)
aplicar medida de internação ou regime de semi-
liberdade será feita: II – dados cadastrais: informações referentes
a nome e endereço de assinante ou de usuário
I - ao adolescente e ao seu defensor; registrado ou autenticado para a conexão a quem
II - quando não for encontrado o endereço de IP, identificação de usuário ou código de
adolescente, a seus pais ou responsável, sem acesso tenha sido atribuído no momento da
prejuízo do defensor. conexão.
§ 1º Sendo outra a medida aplicada, a § 3º A infiltração de agentes de polícia na
intimação far-se-á unicamente na pessoa do internet não será admitida se a prova puder ser
defensor. obtida por outros meios. (Incluído pela Lei nº 13.441,
de 2017)

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Art. 190-B. As informações da operação de Público, decretar liminarmente o afastamento
infiltração serão encaminhadas diretamente ao juiz provisório do dirigente da entidade, mediante decisão
responsável pela autorização da medida, que zelará fundamentada.
por seu sigilo. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
Art. 192. O dirigente da entidade será citado
Parágrafo único. Antes da conclusão da para, no prazo de dez dias, oferecer resposta escrita,
operação, o acesso aos autos será reservado ao podendo juntar documentos e indicar as provas a
juiz, ao Ministério Público e ao delegado de polícia produzir.
responsável pela operação, com o objetivo de
Art. 193. Apresentada ou não a resposta, e
garantir o sigilo das investigações. (Incluído pela Lei
sendo necessário, a autoridade judiciária designará
nº 13.441, de 2017)
audiência de instrução e julgamento, intimando as
Art. 190-C. Não comete crime o policial que partes.
oculta a sua identidade para, por meio da internet,
§ 1º Salvo manifestação em audiência, as
colher indícios de autoria e materialidade dos
partes e o Ministério Público terão cinco dias para
crimes previstos nos arts. 240, 241, 241-A, 241-B,
oferecer alegações finais, decidindo a autoridade
241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A, 217-A,
judiciária em igual prazo.
218, 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7
de dezembro de 1940 (Código Penal). (Incluído § 2º Em se tratando de afastamento
pela Lei nº 13.441, de 2017) provisório ou definitivo de dirigente de entidade
governamental, a autoridade judiciária oficiará à
Parágrafo único. O agente policial infiltrado
autoridade administrativa imediatamente superior ao
que deixar de observar a estrita finalidade da
afastado, marcando prazo para a substituição.
investigação responderá pelos excessos praticados.
(Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) § 3º Antes de aplicar qualquer das medidas,
a autoridade judiciária poderá fixar prazo para a
Art. 190-D. Os órgãos de registro e
remoção das irregularidades verificadas. Satisfeitas
cadastro público poderão incluir nos bancos de
as exigências, o processo será extinto, sem
dados próprios, mediante procedimento sigiloso e
julgamento de mérito.
requisição da autoridade judicial, as informações
necessárias à efetividade da identidade fictícia § 4º A multa e a advertência serão impostas
criada. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) ao dirigente da entidade ou programa de
atendimento.
Parágrafo único. O procedimento sigiloso
de que trata esta Seção será numerado e tombado Seção VII
em livro específico. (Incluído pela Lei nº 13.441, de
Da Apuração de Infração Administrativa às
2017)
Normas de Proteção à Criança e ao Adolescente
Art. 190-E. Concluída a investigação, todos
os atos eletrônicos praticados durante a operação Art. 194. O procedimento para imposição de
penalidade administrativa por infração às normas de
deverão ser registrados, gravados, armazenados e
proteção à criança e ao adolescente terá início por
encaminhados ao juiz e ao Ministério Público,
representação do Ministério Público, ou do Conselho
juntamente com relatório circunstanciado. (Incluído
Tutelar, ou auto de infração elaborado por servidor
pela Lei nº 13.441, de 2017)
efetivo ou voluntário credenciado, e assinado por
Parágrafo único. Os atos eletrônicos duas testemunhas, se possível.
registrados citados no caput deste artigo serão
§ 1º No procedimento iniciado com o auto de
reunidos em autos apartados e apensados ao
infração, poderão ser usadas fórmulas impressas,
processo criminal juntamente com o inquérito
especificando-se a natureza e as circunstâncias da
policial, assegurando-se a preservação da
identidade do agente policial infiltrado e a infração.
intimidade das crianças e dos adolescentes § 2º Sempre que possível, à verificação da
envolvidos. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) infração seguir-se-á a lavratura do auto, certificando-
Seção VI se, em caso contrário, dos motivos do retardamento.

Da Apuração de Irregularidades em Entidade de Art. 195. O requerido terá prazo de dez dias
Atendimento para apresentação de defesa, contado da data da
intimação, que será feita:
Art. 191. O procedimento de apuração de
irregularidades em entidade governamental e não- I - pelo autuante, no próprio auto, quando
este for lavrado na presença do requerido;
governamental terá início mediante portaria da
autoridade judiciária ou representação do Ministério II - por oficial de justiça ou funcionário
Público ou do Conselho Tutelar, onde conste, legalmente habilitado, que entregará cópia do auto ou
necessariamente, resumo dos fatos. da representação ao requerido, ou a seu
Parágrafo único. Havendo motivo grave, representante legal, lavrando certidão;
poderá a autoridade judiciária, ouvido o Ministério

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
III - por via postal, com aviso de II - requerer a designação de audiência para
recebimento, se não for encontrado o requerido ou oitiva dos postulantes em juízo e testemunhas;
seu representante legal; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
IV - por edital, com prazo de trinta dias, se III - requerer a juntada de documentos
incerto ou não sabido o paradeiro do requerido ou complementares e a realização de outras diligências
de seu representante legal. que entender necessárias. (Incluído pela Lei nº
12.010, de 2009)
Art. 196. Não sendo apresentada a defesa
no prazo legal, a autoridade judiciária dará vista dos Art. 197-C. Intervirá no feito,
autos do Ministério Público, por cinco dias, obrigatoriamente, equipe interprofissional a serviço
decidindo em igual prazo. da Justiça da Infância e da Juventude, que deverá
elaborar estudo psicossocial, que conterá subsídios
Art. 197. Apresentada a defesa, a
que permitam aferir a capacidade e o preparo dos
autoridade judiciária procederá na conformidade do
postulantes para o exercício de uma paternidade ou
artigo anterior, ou, sendo necessário, designará
maternidade responsável, à luz dos requisitos e
audiência de instrução e julgamento. (Vide Lei nº
princípios desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
12.010, de 2009)
2009)
Parágrafo único. Colhida a prova oral,
§ 1o É obrigatória a participação dos
manifestar-se-ão sucessivamente o Ministério
postulantes em programa oferecido pela Justiça da
Público e o procurador do requerido, pelo tempo de
Infância e da Juventude, preferencialmente com
vinte minutos para cada um, prorrogável por mais
apoio dos técnicos responsáveis pela execução da
dez, a critério da autoridade judiciária, que em
política municipal de garantia do direito à convivência
seguida proferirá sentença.
familiar e dos grupos de apoio à adoção devidamente
Seção VIII habilitados perante a Justiça da Infância e da
(Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Juventude, que inclua preparação psicológica,
Da Habilitação de Pretendentes à Adoção orientação e estímulo à adoção inter-racial, de
crianças ou de adolescentes com deficiência, com
Art. 197-A. Os postulantes à adoção, doenças crônicas ou com necessidades específicas
domiciliados no Brasil, apresentarão petição inicial de saúde, e de grupos de irmãos. (Redação dada
na qual conste: (Incluído pela Lei nº 12.010, de
pela Lei nº 13.509, de 2017)
2009)
§ 2o Sempre que possível e recomendável, a
I - qualificação completa; (Incluído pela Lei
etapa obrigatória da preparação referida no § 1o
nº 12.010, de 2009)
deste artigo incluirá o contato com crianças e
II - dados familiares; (Incluído pela Lei nº adolescentes em regime de acolhimento familiar ou
12.010, de 2009) institucional, a ser realizado sob orientação,
supervisão e avaliação da equipe técnica da Justiça
III - cópias autenticadas de certidão de da Infância e da Juventude e dos grupos de apoio à
nascimento ou casamento, ou declaração relativa adoção, com apoio dos técnicos responsáveis pelo
ao período de união estável; (Incluído pela Lei nº programa de acolhimento familiar e institucional e
12.010, de 2009) pela execução da política municipal de garantia do
IV - cópias da cédula de identidade e direito à convivência familiar. (Redação dada pela Lei
inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas; (Incluído nº 13.509, de 2017)
pela Lei nº 12.010, de 2009) § 3o É recomendável que as crianças e os
V - comprovante de renda e domicílio; adolescentes acolhidos institucionalmente ou por
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) família acolhedora sejam preparados por equipe
interprofissional antes da inclusão em família adotiva.
VI - atestados de sanidade física e mental; (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
Art. 197-D. Certificada nos autos a conclusão
VII - certidão de antecedentes criminais; da participação no programa referido no art. 197-C
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) desta Lei, a autoridade judiciária, no prazo de 48
VIII - certidão negativa de distribuição cível. (quarenta e oito) horas, decidirá acerca das
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) diligências requeridas pelo Ministério Público e
determinará a juntada do estudo psicossocial,
Art. 197-B. A autoridade judiciária, no prazo designando, conforme o caso, audiência de instrução
de 48 (quarenta e oito) horas, dará vista dos autos e julgamento. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
ao Ministério Público, que no prazo de 5 (cinco)
dias poderá: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Parágrafo único. Caso não sejam requeridas
diligências, ou sendo essas indeferidas, a autoridade
I - apresentar quesitos a serem respondidos judiciária determinará a juntada do estudo
pela equipe interprofissional encarregada de psicossocial, abrindo a seguir vista dos autos ao
elaborar o estudo técnico a que se refere o art. 197-
C desta Lei; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Ministério Público, por 5 (cinco) dias, decidindo em III - os recursos terão preferência de
igual prazo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) julgamento e dispensarão revisor;
Art. 197-E. Deferida a habilitação, o IV - (Revogado)
postulante será inscrito nos cadastros referidos no
V - (Revogado)
art. 50 desta Lei, sendo a sua convocação para a
adoção feita de acordo com ordem cronológica de VI - (Revogado)
habilitação e conforme a disponibilidade de crianças
VII - antes de determinar a remessa dos
ou adolescentes adotáveis. (Incluído pela Lei nº
autos à superior instância, no caso de apelação, ou
12.010, de 2009)
do instrumento, no caso de agravo, a autoridade
§ 1o A ordem cronológica das habilitações judiciária proferirá despacho fundamentado,
somente poderá deixar de ser observada pela mantendo ou reformando a decisão, no prazo de
autoridade judiciária nas hipóteses previstas no § cinco dias;
13 do art. 50 desta Lei, quando comprovado ser
VIII - mantida a decisão apelada ou
essa a melhor solução no interesse do adotando.
agravada, o escrivão remeterá os autos ou o
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
instrumento à superior instância dentro de vinte e
§ 2o A habilitação à adoção deverá ser quatro horas, independentemente de novo pedido do
renovada no mínimo trienalmente mediante recorrente; se a reformar, a remessa dos autos
avaliação por equipe interprofissional. (Redação dependerá de pedido expresso da parte interessada
dada pela Lei nº 13.509, de 2017) ou do Ministério Público, no prazo de cinco dias,
contados da intimação.
§ 3o Quando o adotante candidatar-se a
uma nova adoção, será dispensável a renovação da Art. 199. Contra as decisões proferidas com
habilitação, bastando a avaliação por equipe base no art. 149 caberá recurso de apelação.
interprofissional. (Incluído pela Lei nº 13.509, de
Art. 199-A. A sentença que deferir a adoção
2017)
produz efeito desde logo, embora sujeita a apelação,
§ 4o Após 3 (três) recusas injustificadas, que será recebida exclusivamente no efeito
pelo habilitado, à adoção de crianças ou devolutivo, salvo se se tratar de adoção internacional
adolescentes indicados dentro do perfil escolhido, ou se houver perigo de dano irreparável ou de difícil
haverá reavaliação da habilitação concedida. reparação ao adotando. (Incluído pela Lei nº 12.010,
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) de 2009)
§ 5o A desistência do pretendente em Art. 199-B. A sentença que destituir ambos
relação à guarda para fins de adoção ou a ou qualquer dos genitores do poder familiar fica
devolução da criança ou do adolescente depois do sujeita a apelação, que deverá ser recebida apenas
trânsito em julgado da sentença de adoção no efeito devolutivo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
importará na sua exclusão dos cadastros de adoção 2009)
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
Art. 199-C. Os recursos nos procedimentos
Art. 197-F. O prazo máximo para conclusão de adoção e de destituição de poder familiar, em face
da habilitação à adoção será de 120 (cento e vinte) da relevância das questões, serão processados com
dias, prorrogável por igual período, mediante prioridade absoluta, devendo ser imediatamente
decisão fundamentada da autoridade judiciária. distribuídos, ficando vedado que aguardem, em
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) qualquer situação, oportuna distribuição, e serão
colocados em mesa para julgamento sem revisão e
Capítulo IV
com parecer urgente do Ministério Público. (Incluído
Dos Recursos pela Lei nº 12.010, de 2009)
Art. 198. Nos procedimentos afetos à Art. 199-D. O relator deverá colocar o
Justiça da Infância e da Juventude, inclusive os processo em mesa para julgamento no prazo máximo
relativos à execução das medidas socioeducativas, de 60 (sessenta) dias, contado da sua conclusão.
adotar-se-á o sistema recursal da Lei no 5.869, de (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil),
Parágrafo único. O Ministério Público será
com as seguintes adaptações: (Redação dada pela
intimado da data do julgamento e poderá na sessão,
Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
se entender necessário, apresentar oralmente seu
I - os recursos serão interpostos parecer. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
independentemente de preparo;
Art. 199-E. O Ministério Público poderá
II - em todos os recursos, salvo nos requerer a instauração de procedimento para
embargos de declaração, o prazo para o Ministério apuração de responsabilidades se constatar o
Público e para a defesa será sempre de 10 (dez) descumprimento das providências e do prazo
dias; (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) previstos nos artigos anteriores. (Incluído pela Lei nº
(Vide) 12.010, de 2009)

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Capítulo V X - representar ao juízo visando à aplicação
de penalidade por infrações cometidas contra as
Do Ministério Público
normas de proteção à infância e à juventude, sem
Art. 200. As funções do Ministério Público prejuízo da promoção da responsabilidade civil e
previstas nesta Lei serão exercidas nos termos da penal do infrator, quando cabível;
respectiva lei orgânica.
XI - inspecionar as entidades públicas e
Art. 201. Compete ao Ministério Público: particulares de atendimento e os programas de que
trata esta Lei, adotando de pronto as medidas
I - conceder a remissão como forma de
administrativas ou judiciais necessárias à remoção de
exclusão do processo; irregularidades porventura verificadas;
II - promover e acompanhar os XII - requisitar força policial, bem como a
procedimentos relativos às infrações atribuídas a
colaboração dos serviços médicos, hospitalares,
adolescentes;
educacionais e de assistência social, públicos ou
III - promover e acompanhar as ações de privados, para o desempenho de suas atribuições.
alimentos e os procedimentos de suspensão e
§ 1º A legitimação do Ministério Público para
destituição do poder familiar, nomeação e remoção as ações cíveis previstas neste artigo não impede a
de tutores, curadores e guardiães, bem como oficiar de terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo
em todos os demais procedimentos da competência
dispuserem a Constituição e esta Lei.
da Justiça da Infância e da Juventude; (Expressão
substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) § 2º As atribuições constantes deste artigo
não excluem outras, desde que compatíveis com a
IV - promover, de ofício ou por solicitação
finalidade do Ministério Público.
dos interessados, a especialização e a inscrição de
hipoteca legal e a prestação de contas dos tutores, § 3º O representante do Ministério Público,
curadores e quaisquer administradores de bens de no exercício de suas funções, terá livre acesso a todo
crianças e adolescentes nas hipóteses do art. 98; local onde se encontre criança ou adolescente.
V - promover o inquérito civil e a ação civil § 4º O representante do Ministério Público
pública para a proteção dos interesses individuais, será responsável pelo uso indevido das informações
difusos ou coletivos relativos à infância e à e documentos que requisitar, nas hipóteses legais de
adolescência, inclusive os definidos no art. 220, § sigilo.
3º inciso II, da Constituição Federal;
§ 5º Para o exercício da atribuição de que
VI - instaurar procedimentos trata o inciso VIII deste artigo, poderá o representante
administrativos e, para instruí-los: do Ministério Público:
a) expedir notificações para colher a) reduzir a termo as declarações do
depoimentos ou esclarecimentos e, em caso de não reclamante, instaurando o competente procedimento,
comparecimento injustificado, requisitar condução sob sua presidência;
coercitiva, inclusive pela polícia civil ou militar;
b) entender-se diretamente com a pessoa ou
b) requisitar informações, exames, perícias autoridade reclamada, em dia, local e horário
e documentos de autoridades municipais, estaduais previamente notificados ou acertados;
e federais, da administração direta ou indireta, bem
c) efetuar recomendações visando à
como promover inspeções e diligências
melhoria dos serviços públicos e de relevância
investigatórias;
pública afetos à criança e ao adolescente, fixando
c) requisitar informações e documentos a prazo razoável para sua perfeita adequação.
particulares e instituições privadas;
Art. 202. Nos processos e procedimentos em
VII - instaurar sindicâncias, requisitar que não for parte, atuará obrigatoriamente o
diligências investigatórias e determinar a Ministério Público na defesa dos direitos e interesses
instauração de inquérito policial, para apuração de de que cuida esta Lei, hipótese em que terá vista dos
ilícitos ou infrações às normas de proteção à autos depois das partes, podendo juntar documentos
infância e à juventude; e requerer diligências, usando os recursos cabíveis.
VIII - zelar pelo efetivo respeito aos direitos Art. 203. A intimação do Ministério Público,
e garantias legais assegurados às crianças e em qualquer caso, será feita pessoalmente.
adolescentes, promovendo as medidas judiciais e
Art. 204. A falta de intervenção do Ministério
extrajudiciais cabíveis;
Público acarreta a nulidade do feito, que será
IX - impetrar mandado de segurança, de declarada de ofício pelo juiz ou a requerimento de
injunção e habeas corpus, em qualquer juízo, qualquer interessado.
instância ou tribunal, na defesa dos interesses
Art. 205. As manifestações processuais do
sociais e individuais indisponíveis afetos à criança e
representante do Ministério Público deverão ser
ao adolescente;
fundamentadas.
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Capítulo VI VII - de acesso às ações e serviços de
saúde;
Do Advogado
VIII - de escolarização e profissionalização
Art. 206. A criança ou o adolescente, seus
dos adolescentes privados de liberdade.
pais ou responsável, e qualquer pessoa que tenha
legítimo interesse na solução da lide poderão IX - de ações, serviços e programas de
intervir nos procedimentos de que trata esta Lei, orientação, apoio e promoção social de famílias e
através de advogado, o qual será intimado para destinados ao pleno exercício do direito à
todos os atos, pessoalmente ou por publicação convivência familiar por crianças e adolescentes.
oficial, respeitado o segredo de justiça. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
Parágrafo único. Será prestada assistência X - de programas de atendimento para a
judiciária integral e gratuita àqueles que dela execução das medidas socioeducativas e aplicação
necessitarem. de medidas de proteção. (Incluído pela Lei nº 12.594,
de 2012) (Vide)
Art. 207. Nenhum adolescente a quem se
atribua a prática de ato infracional, ainda que § 1o As hipóteses previstas neste artigo não
ausente ou foragido, será processado sem excluem da proteção judicial outros interesses
defensor. individuais, difusos ou coletivos, próprios da infância
e da adolescência, protegidos pela Constituição e
§ 1º Se o adolescente não tiver defensor,
pela Lei. (Renumerado do Parágrafo único pela Lei nº
ser-lhe-á nomeado pelo juiz, ressalvado o direito
11.259, de 2005)
de, a todo tempo, constituir outro de sua
preferência. § 2o A investigação do desaparecimento de
crianças ou adolescentes será realizada
§ 2º A ausência do defensor não
imediatamente após notificação aos órgãos
determinará o adiamento de nenhum ato do
competentes, que deverão comunicar o fato aos
processo, devendo o juiz nomear substituto, ainda
portos, aeroportos, Polícia Rodoviária e companhias
que provisoriamente, ou para o só efeito do ato.
de transporte interestaduais e internacionais,
§ 3º Será dispensada a outorga de fornecendo-lhes todos os dados necessários à
mandato, quando se tratar de defensor nomeado identificação do desaparecido. (Incluído pela Lei nº
ou, sido constituído, tiver sido indicado por ocasião 11.259, de 2005)
de ato formal com a presença da autoridade
Art. 209. As ações previstas neste Capítulo
judiciária.
serão propostas no foro do local onde ocorreu ou
Capítulo VII deva ocorrer a ação ou omissão, cujo juízo terá
competência absoluta para processar a causa,
Da Proteção Judicial dos Interesses Individuais,
ressalvadas a competência da Justiça Federal e a
Difusos e Coletivos
competência originária dos tribunais superiores.
Art. 208. Regem-se pelas disposições
Art. 210. Para as ações cíveis fundadas em
desta Lei as ações de responsabilidade por ofensa
interesses coletivos ou difusos, consideram-se
aos direitos assegurados à criança e ao
legitimados concorrentemente:
adolescente, referentes ao não oferecimento ou
oferta irregular: (Vide Lei nº 12.010, de 2009) I - o Ministério Público;
I - do ensino obrigatório; II - a União, os estados, os municípios, o
Distrito Federal e os territórios;
II - de atendimento educacional
especializado aos portadores de deficiência; III - as associações legalmente constituídas
há pelo menos um ano e que incluam entre seus fins
III – de atendimento em creche e pré-
institucionais a defesa dos interesses e direitos
escola às crianças de zero a cinco anos de idade; protegidos por esta Lei, dispensada a autorização da
(Redação dada pela Lei nº 13.306, de 2016) assembléia, se houver prévia autorização estatutária.
IV - de ensino noturno regular, adequado
§ 1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo
às condições do educando;
entre os Ministérios Públicos da União e dos estados
V - de programas suplementares de oferta na defesa dos interesses e direitos de que cuida esta
de material didático-escolar, transporte e Lei.
assistência à saúde do educando do ensino § 2º Em caso de desistência ou abandono
fundamental; da ação por associação legitimada, o Ministério
VI - de serviço de assistência social Público ou outro legitimado poderá assumir a
visando à proteção à família, à maternidade, à titularidade ativa.
infância e à adolescência, bem como ao amparo às
Art. 211. Os órgãos públicos legitimados
crianças e adolescentes que dele necessitem;
poderão tomar dos interessados compromisso de

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
ajustamento de sua conduta às exigências legais, o que a associação autora lhe promova a execução,
qual terá eficácia de título executivo extrajudicial. deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada igual
iniciativa aos demais legitimados.
Art. 212. Para defesa dos direitos e
interesses protegidos por esta Lei, são admissíveis Art. 218. O juiz condenará a associação
todas as espécies de ações pertinentes. autora a pagar ao réu os honorários advocatícios
arbitrados na conformidade do § 4º do art. 20 da Lei
§ 1º Aplicam-se às ações previstas neste
n.º 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de
Capítulo as normas do Código de Processo Civil.
Processo Civil), quando reconhecer que a pretensão
§ 2º Contra atos ilegais ou abusivos de é manifestamente infundada.
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no
Parágrafo único. Em caso de litigância de
exercício de atribuições do poder público, que
má-fé, a associação autora e os diretores
lesem direito líquido e certo previsto nesta Lei,
responsáveis pela propositura da ação serão
caberá ação mandamental, que se regerá pelas
solidariamente condenados ao décuplo das custas,
normas da lei do mandado de segurança.
sem prejuízo de responsabilidade por perdas e
Art. 213. Na ação que tenha por objeto o danos.
cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o
Art. 219. Nas ações de que trata este
juiz concederá a tutela específica da obrigação ou
Capítulo, não haverá adiantamento de custas,
determinará providências que assegurem o
emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras
resultado prático equivalente ao do adimplemento.
despesas.
§ 1º Sendo relevante o fundamento da
Art. 220. Qualquer pessoa poderá e o
demanda e havendo justificado receio de ineficácia
servidor público deverá provocar a iniciativa do
do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela
Ministério Público, prestando-lhe informações sobre
liminarmente ou após justificação prévia, citando o
fatos que constituam objeto de ação civil, e
réu.
indicando-lhe os elementos de convicção.
§ 2º O juiz poderá, na hipótese do
Art. 221. Se, no exercício de suas funções,
parágrafo anterior ou na sentença, impor multa
os juízos e tribunais tiverem conhecimento de fatos
diária ao réu, independentemente de pedido do
que possam ensejar a propositura de ação civil,
autor, se for suficiente ou compatível com a
remeterão peças ao Ministério Público para as
obrigação, fixando prazo razoável para o
providências cabíveis.
cumprimento do preceito.
Art. 222. Para instruir a petição inicial, o
§ 3º A multa só será exigível do réu após o
interessado poderá requerer às autoridades
trânsito em julgado da sentença favorável ao autor,
competentes as certidões e informações que julgar
mas será devida desde o dia em que se houver
necessárias, que serão fornecidas no prazo de
configurado o descumprimento.
quinze dias.
Art. 214. Os valores das multas reverterão
Art. 223. O Ministério Público poderá
ao fundo gerido pelo Conselho dos Direitos da
instaurar, sob sua presidência, inquérito civil, ou
Criança e do Adolescente do respectivo município.
requisitar, de qualquer pessoa, organismo público ou
§ 1º As multas não recolhidas até trinta particular, certidões, informações, exames ou
dias após o trânsito em julgado da decisão serão perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá
exigidas através de execução promovida pelo ser inferior a dez dias úteis.
Ministério Público, nos mesmos autos, facultada
§ 1º Se o órgão do Ministério Público,
igual iniciativa aos demais legitimados.
esgotadas todas as diligências, se convencer da
§ 2º Enquanto o fundo não for inexistência de fundamento para a propositura da
regulamentado, o dinheiro ficará depositado em ação cível, promoverá o arquivamento dos autos do
estabelecimento oficial de crédito, em conta com inquérito civil ou das peças informativas, fazendo-o
correção monetária. fundamentadamente.
Art. 215. O juiz poderá conferir efeito § 2º Os autos do inquérito civil ou as peças
suspensivo aos recursos, para evitar dano de informação arquivados serão remetidos, sob pena
irreparável à parte. de se incorrer em falta grave, no prazo de três dias,
ao Conselho Superior do Ministério Público.
Art. 216. Transitada em julgado a sentença
que impuser condenação ao poder público, o juiz § 3º Até que seja homologada ou rejeitada a
determinará a remessa de peças à autoridade promoção de arquivamento, em sessão do Conselho
competente, para apuração da responsabilidade Superior do Ministério público, poderão as
civil e administrativa do agente a que se atribua a associações legitimadas apresentar razões escritas
ação ou omissão. ou documentos, que serão juntados aos autos do
inquérito ou anexados às peças de informação.
Art. 217. Decorridos sessenta dias do
trânsito em julgado da sentença condenatória sem

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
§ 4º A promoção de arquivamento será Pena - detenção de dois a seis meses, ou
submetida a exame e deliberação do Conselho multa.
Superior do Ministério Público, conforme dispuser o
Art. 230. Privar a criança ou o adolescente
seu regimento.
de sua liberdade, procedendo à sua apreensão sem
§ 5º Deixando o Conselho Superior de estar em flagrante de ato infracional ou inexistindo
homologar a promoção de arquivamento, ordem escrita da autoridade judiciária competente:
designará, desde logo, outro órgão do Ministério
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Público para o ajuizamento da ação.
Parágrafo único. Incide na mesma pena
Art. 224. Aplicam-se subsidiariamente, no
aquele que procede à apreensão sem observância
que couber, as disposições da Lei n.º 7.347, de 24
das formalidades legais.
de julho de 1985.
Art. 231. Deixar a autoridade policial
Título VII
responsável pela apreensão de criança ou
Dos Crimes e Das Infrações Administrativas adolescente de fazer imediata comunicação à
autoridade judiciária competente e à família do
Capítulo I
apreendido ou à pessoa por ele indicada:
Dos Crimes
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Seção I
Art. 232. Submeter criança ou adolescente
Disposições Gerais sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame
ou a constrangimento:
Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes
praticados contra a criança e o adolescente, por Pena - detenção de seis meses a dois anos.
ação ou omissão, sem prejuízo do disposto na
Art. 233. (Revogado)
legislação penal.
Art. 234. Deixar a autoridade competente,
Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos
sem justa causa, de ordenar a imediata liberação de
nesta Lei as normas da Parte Geral do Código
criança ou adolescente, tão logo tenha conhecimento
Penal e, quanto ao processo, as pertinentes ao
da ilegalidade da apreensão:
Código de Processo Penal.
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são
de ação pública incondicionada Art. 235. Descumprir, injustificadamente,
prazo fixado nesta Lei em benefício de adolescente
Seção II
privado de liberdade:
Dos Crimes em Espécie
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Art. 228. Deixar o encarregado de serviço
Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de
ou o dirigente de estabelecimento de atenção à
autoridade judiciária, membro do Conselho Tutelar ou
saúde de gestante de manter registro das
representante do Ministério Público no exercício de
atividades desenvolvidas, na forma e prazo
função prevista nesta Lei:
referidos no art. 10 desta Lei, bem como de
fornecer à parturiente ou a seu responsável, por Pena - detenção de seis meses a dois anos.
ocasião da alta médica, declaração de nascimento,
Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao
onde constem as intercorrências do parto e do
poder de quem o tem sob sua guarda em virtude de
desenvolvimento do neonato:
lei ou ordem judicial, com o fim de colocação em lar
Pena - detenção de seis meses a dois substituto:
anos.
Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa.
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de
Pena - detenção de dois a seis meses, ou filho ou pupilo a terceiro, mediante paga ou
multa. recompensa:
Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou Pena - reclusão de um a quatro anos, e
dirigente de estabelecimento de atenção à saúde multa.
de gestante de identificar corretamente o neonato e
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas
a parturiente, por ocasião do parto, bem como
quem oferece ou efetiva a paga ou recompensa.
deixar de proceder aos exames referidos no art. 10
desta Lei: Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação
de ato destinado ao envio de criança ou adolescente
Pena - detenção de seis meses a dois
para o exterior com inobservância das formalidades
anos.
legais ou com o fito de obter lucro:
Parágrafo único. Se o crime é culposo:

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Pena - reclusão de quatro a seis anos, e I – assegura os meios ou serviços para o
multa. armazenamento das fotografias, cenas ou imagens
de que trata o caput deste artigo; (Incluído pela Lei nº
Parágrafo único. Se há emprego de
11.829, de 2008)
violência, grave ameaça ou fraude: (Incluído pela
Lei nº 10.764, de 12.11.2003) II – assegura, por qualquer meio, o acesso
por rede de computadores às fotografias, cenas ou
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos,
imagens de que trata o caput deste artigo. (Incluído
além da pena correspondente à violência.
pela Lei nº 11.829, de 2008)
Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir,
§ 2o As condutas tipificadas nos incisos I e II
fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio,
do § 1o deste artigo são puníveis quando o
cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo
responsável legal pela prestação do serviço,
criança ou adolescente: (Redação dada pela Lei nº
oficialmente notificado, deixa de desabilitar o acesso
11.829, de 2008)
ao conteúdo ilícito de que trata o caput deste artigo.
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº
Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar,
11.829, de 2008)
por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma
§ 1o Incorre nas mesmas penas quem de registro que contenha cena de sexo explícito ou
agencia, facilita, recruta, coage, ou de qualquer pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
modo intermedeia a participação de criança ou (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
adolescente nas cenas referidas no caput deste
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro)
artigo, ou ainda quem com esses contracena.
anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
(Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
§ 1o A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3
§ 2o Aumenta-se a pena de 1/3 (um
(dois terços) se de pequena quantidade o material a
terço) se o agente comete o crime: (Redação
que se refere o caput deste artigo. (Incluído pela Lei
dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
nº 11.829, de 2008)
I – no exercício de cargo ou função
§ 2o Não há crime se a posse ou o
pública ou a pretexto de exercê-la; (Redação
armazenamento tem a finalidade de comunicar às
dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
autoridades competentes a ocorrência das condutas
II – prevalecendo-se de relações descritas nos arts. 240, 241, 241-A e 241-C desta
domésticas, de coabitação ou de hospitalidade; Lei, quando a comunicação for feita por: (Incluído
ou (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008) pela Lei nº 11.829, de 2008)
III – prevalecendo-se de relações de I – agente público no exercício de suas
parentesco consangüíneo ou afim até o terceiro funções; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
grau, ou por adoção, de tutor, curador,
II – membro de entidade, legalmente
preceptor, empregador da vítima ou de quem, a
constituída, que inclua, entre suas finalidades
qualquer outro título, tenha autoridade sobre ela,
institucionais, o recebimento, o processamento e o
ou com seu consentimento. (Incluído pela Lei nº
encaminhamento de notícia dos crimes referidos
11.829, de 2008)
neste parágrafo; (Incluído pela Lei nº 11.829, de
Art. 241. Vender ou expor à venda 2008)
fotografia, vídeo ou outro registro que contenha
III – representante legal e funcionários
cena de sexo explícito ou pornográfica
responsáveis de provedor de acesso ou serviço
envolvendo criança ou adolescente: (Redação
prestado por meio de rede de computadores, até o
dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
recebimento do material relativo à notícia feita à
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) autoridade policial, ao Ministério Público ou ao Poder
anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº Judiciário. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
11.829, de 2008)
§ 3o As pessoas referidas no § 2o deste
Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, artigo deverão manter sob sigilo o material ilícito
transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por referido. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
qualquer meio, inclusive por meio de sistema de
Art. 241-C. Simular a participação de criança
informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro
ou adolescente em cena de sexo explícito ou
registro que contenha cena de sexo explícito ou
pornográfica por meio de adulteração, montagem ou
pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
forma de representação visual: (Incluído pela Lei nº
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, 11.829, de 2008)
e multa. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: multa. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Parágrafo único. Incorre nas mesmas desta Lei, à prostituição ou à exploração sexual:
penas quem vende, expõe à venda, disponibiliza, (Incluído pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000)
distribui, publica ou divulga por qualquer meio,
Pena – reclusão de quatro a dez anos e
adquire, possui ou armazena o material produzido
multa, além da perda de bens e valores utilizados na
na forma do caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº
prática criminosa em favor do Fundo dos Direitos da
11.829, de 2008)
Criança e do Adolescente da unidade da Federação
Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou (Estado ou Distrito Federal) em que foi cometido o
constranger, por qualquer meio de comunicação, crime, ressalvado o direito de terceiro de boa-fé.
criança, com o fim de com ela praticar ato (Redação dada pela Lei nº 13.440, de 2017)
libidinoso: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
§ 1o Incorrem nas mesmas penas o
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em
e multa. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) que se verifique a submissão de criança ou
adolescente às práticas referidas no caput deste
Parágrafo único. Nas mesmas penas
artigo. (Incluído pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000)
incorre quem: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
§ 2o Constitui efeito obrigatório da
I – facilita ou induz o acesso à criança de
condenação a cassação da licença de localização e
material contendo cena de sexo explícito ou
de funcionamento do estabelecimento. (Incluído pela
pornográfica com o fim de com ela praticar ato
Lei nº 9.975, de 23.6.2000)
libidinoso; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Art. 244-B. Corromper ou facilitar a
II – pratica as condutas descritas no caput
corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele
deste artigo com o fim de induzir criança a se exibir
praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la:
de forma pornográfica ou sexualmente explícita.
(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos
(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
nesta Lei, a expressão “cena de sexo explícito ou
pornográfica” compreende qualquer situação que § 1o Incorre nas penas previstas no caput
envolva criança ou adolescente em atividades deste artigo quem pratica as condutas ali tipificadas
sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou exibição utilizando-se de quaisquer meios eletrônicos,
dos órgãos genitais de uma criança ou adolescente inclusive salas de bate-papo da internet. (Incluído
para fins primordialmente sexuais (Incluído pela Lei pela Lei nº 12.015, de 2009)
nº 11.829, de 2008)
§ 2o As penas previstas no caput deste
Art. 242. Vender, fornecer ainda que artigo são aumentadas de um terço no caso de a
gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a infração cometida ou induzida estar incluída no rol do
criança ou adolescente arma, munição ou art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990.
explosivo: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. Capítulo II
(Redação dada pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003)
Das Infrações Administrativas
Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar
Art. 245. Deixar o médico, professor ou
ou entregar, ainda que gratuitamente, de qualquer
responsável por estabelecimento de atenção à saúde
forma, a criança ou a adolescente, bebida alcoólica
e de ensino fundamental, pré-escola ou creche, de
ou, sem justa causa, outros produtos cujos
comunicar à autoridade competente os casos de que
componentes possam causar dependência física ou
tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou
psíquica: (Redação dada pela Lei nº 13.106, de
confirmação de maus-tratos contra criança ou
2015)
adolescente:
Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro)
Pena - multa de três a vinte salários de
anos, e multa, se o fato não constitui crime mais
referência, aplicando-se o dobro em caso de
grave. (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015)
reincidência.
Art. 244. Vender, fornecer ainda que
Art. 246. Impedir o responsável ou
gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a
funcionário de entidade de atendimento o exercício
criança ou adolescente fogos de estampido ou de
dos direitos constantes nos incisos II, III, VII, VIII e XI
artifício, exceto aqueles que, pelo seu reduzido
do art. 124 desta Lei:
potencial, sejam incapazes de provocar qualquer
dano físico em caso de utilização indevida: Pena - multa de três a vinte salários de
referência, aplicando-se o dobro em caso de
Pena - detenção de seis meses a dois
reincidência.
anos, e multa.
Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem
Art. 244-A. Submeter criança ou
autorização devida, por qualquer meio de
adolescente, como tais definidos no caput do art. 2o
comunicação, nome, ato ou documento de
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
procedimento policial, administrativo ou judicial Art. 251. Transportar criança ou adolescente,
relativo a criança ou adolescente a que se atribua por qualquer meio, com inobservância do disposto
ato infracional: nos arts. 83, 84 e 85 desta Lei:
Pena - multa de três a vinte salários de Pena - multa de três a vinte salários de
referência, aplicando-se o dobro em caso de referência, aplicando-se o dobro em caso de
reincidência. reincidência.
§ 1º Incorre na mesma pena quem exibe, Art. 252. Deixar o responsável por diversão
total ou parcialmente, fotografia de criança ou ou espetáculo público de afixar, em lugar visível e de
adolescente envolvido em ato infracional, ou fácil acesso, à entrada do local de exibição,
qualquer ilustração que lhe diga respeito ou se informação destacada sobre a natureza da diversão
refira a atos que lhe sejam atribuídos, de forma a ou espetáculo e a faixa etária especificada no
permitir sua identificação, direta ou indiretamente. certificado de classificação:
§ 2º Se o fato for praticado por órgão de Pena - multa de três a vinte salários de
imprensa ou emissora de rádio ou televisão, além referência, aplicando-se o dobro em caso de
da pena prevista neste artigo, a autoridade reincidência.
judiciária poderá determinar a apreensão da
Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou
publicação ou a suspensão da programação da
quaisquer representações ou espetáculos, sem
emissora até por dois dias, bem como da
indicar os limites de idade a que não se
publicação do periódico até por dois números.
recomendem:
(Expressão declara inconstitucional pela ADIN 869-
2). Pena - multa de três a vinte salários de
referência, duplicada em caso de reincidência,
Art. 248. Deixar de apresentar à autoridade
aplicável, separadamente, à casa de espetáculo e
judiciária de seu domicílio, no prazo de cinco dias,
aos órgãos de divulgação ou publicidade.
com o fim de regularizar a guarda, adolescente
trazido de outra comarca para a prestação de Art. 254. Transmitir, através de rádio ou
serviço doméstico, mesmo que autorizado pelos televisão, espetáculo em horário diverso do
pais ou responsável: autorizado ou sem aviso de sua classificação:
Pena - multa de três a vinte salários de Pena - multa de vinte a cem salários de
referência, aplicando-se o dobro em caso de referência; duplicada em caso de reincidência a
reincidência, independentemente das despesas de autoridade judiciária poderá determinar a suspensão
retorno do adolescente, se for o caso. da programação da emissora por até dois dias.
Art. 249. Descumprir, dolosa ou Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra
culposamente, os deveres inerentes ao poder ou congênere classificado pelo órgão competente
familiar ou decorrente de tutela ou guarda, bem como inadequado às crianças ou adolescentes
assim determinação da autoridade judiciária ou admitidos ao espetáculo:
Conselho Tutelar: (Expressão substituída pela Lei
Pena - multa de vinte a cem salários de
nº 12.010, de 2009)
referência; na reincidência, a autoridade poderá
Pena - multa de três a vinte salários de determinar a suspensão do espetáculo ou o
referência, aplicando-se o dobro em caso de fechamento do estabelecimento por até quinze dias.
reincidência.
Art. 256. Vender ou locar a criança ou
Art. 250. Hospedar criança ou adolescente adolescente fita de programação em vídeo, em
desacompanhado dos pais ou responsável, ou sem desacordo com a classificação atribuída pelo órgão
autorização escrita desses ou da autoridade competente:
judiciária, em hotel, pensão, motel ou congênere:
(Redação dada pela Lei nº 12.038, de 2009). Pena - multa de três a vinte salários de
referência; em caso de reincidência, a autoridade
Pena – multa. (Redação dada pela Lei nº judiciária poderá determinar o fechamento do
12.038, de 2009). estabelecimento por até quinze dias.
§ 1º Em caso de reincidência, sem prejuízo Art. 257. Descumprir obrigação constante
da pena de multa, a autoridade judiciária poderá dos arts. 78 e 79 desta Lei:
determinar o fechamento do estabelecimento por
até 15 (quinze) dias. (Incluído pela Lei nº 12.038, de Pena - multa de três a vinte salários de
referência, duplicando-se a pena em caso de
2009).
reincidência, sem prejuízo de apreensão da revista
§ 2º Se comprovada a reincidência em ou publicação.
período inferior a 30 (trinta) dias, o estabelecimento
Art. 258. Deixar o responsável pelo
será definitivamente fechado e terá sua licença
cassada. (Incluído pela Lei nº 12.038, de 2009). estabelecimento ou o empresário de observar o que
dispõe esta Lei sobre o acesso de criança ou
adolescente aos locais de diversão, ou sobre sua
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
participação no espetáculo: (Vide Lei nº 12.010, de Parágrafo único. Compete aos estados e
2009) municípios promoverem a adaptação de seus órgãos
e programas às diretrizes e princípios estabelecidos
Pena - multa de três a vinte salários de
nesta Lei.
referência; em caso de reincidência, a autoridade
judiciária poderá determinar o fechamento do Art. 260. Os contribuintes poderão efetuar
estabelecimento por até quinze dias. doações aos Fundos dos Direitos da Criança e do
Adolescente nacional, distrital, estaduais ou
Art. 258-A. Deixar a autoridade competente
municipais, devidamente comprovadas, sendo essas
de providenciar a instalação e operacionalização
integralmente deduzidas do imposto de renda,
dos cadastros previstos no art. 50 e no § 11 do art.
obedecidos os seguintes limites: (Redação dada pela
101 desta Lei: (Incluído pela Lei nº 12.010, de
Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
2009)
I - 1% (um por cento) do imposto sobre a
Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a
renda devido apurado pelas pessoas jurídicas
R$ 3.000,00 (três mil reais). (Incluído pela Lei nº
tributadas com base no lucro real; e (Redação dada
12.010, de 2009)
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Parágrafo único. Incorre nas mesmas
II - 6% (seis por cento) do imposto sobre a
penas a autoridade que deixa de efetuar o
renda apurado pelas pessoas físicas na Declaração
cadastramento de crianças e de adolescentes em
de Ajuste Anual, observado o disposto no art. 22 da
condições de serem adotadas, de pessoas ou
Lei no 9.532, de 10 de dezembro de 1997. (Redação
casais habilitados à adoção e de crianças e
dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
adolescentes em regime de acolhimento
institucional ou familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, § 1º - (Revogado)
de 2009)
§ 1o-A. Na definição das prioridades a serem
Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou atendidas com os recursos captados pelos fundos
dirigente de estabelecimento de atenção à saúde nacional, estaduais e municipais dos direitos da
de gestante de efetuar imediato encaminhamento à criança e do adolescente, serão consideradas as
autoridade judiciária de caso de que tenha disposições do Plano Nacional de Promoção,
conhecimento de mãe ou gestante interessada em Proteção e Defesa do Direito de Crianças e
entregar seu filho para adoção: (Incluído pela Lei nº Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária e
12.010, de 2009) as do Plano Nacional pela Primeira Infância.
(Redação dada dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a
R$ 3.000,00 (três mil reais). (Incluído pela Lei nº § 2o Os conselhos nacional, estaduais e
12.010, de 2009) municipais dos direitos da criança e do adolescente
fixarão critérios de utilização, por meio de planos de
Parágrafo único. Incorre na mesma pena o
aplicação, das dotações subsidiadas e demais
funcionário de programa oficial ou comunitário
receitas, aplicando necessariamente percentual para
destinado à garantia do direito à convivência
incentivo ao acolhimento, sob a forma de guarda, de
familiar que deixa de efetuar a comunicação
crianças e adolescentes e para programas de
referida no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº
atenção integral à primeira infância em áreas de
12.010, de 2009)
maior carência socioeconômica e em situações de
Art. 258-C. Descumprir a proibição calamidade. (Redação dada dada pela Lei nº 13.257,
estabelecida no inciso II do art. 81: (Redação dada de 2016)
pela Lei nº 13.106, de 2015)
§ 3º O Departamento da Receita Federal, do
Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento,
a R$ 10.000,00 (dez mil reais); (Redação dada pela regulamentará a comprovação das doações feitas
Lei nº 13.106, de 2015) aos fundos, nos termos deste artigo. (Incluído pela
Lei nº 8.242, de 12.10.1991)
Medida Administrativa - interdição do
estabelecimento comercial até o recolhimento da § 4º O Ministério Público determinará em
multa aplicada. (Redação dada pela Lei nº 13.106, cada comarca a forma de fiscalização da aplicação,
de 2015) pelo Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do
Adolescente, dos incentivos fiscais referidos neste
Disposições Finais e Transitórias
artigo. (Incluído pela Lei nº 8.242, de 12.10.1991)
Art. 259. A União, no prazo de noventa
§ 5o Observado o disposto no § 4o do art. 3o
dias contados da publicação deste Estatuto,
da Lei no 9.249, de 26 de dezembro de 1995, a
elaborará projeto de lei dispondo sobre a criação ou dedução de que trata o inciso I do caput: (Redação
adaptação de seus órgãos às diretrizes da política
dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
de atendimento fixadas no art. 88 e ao que
estabelece o Título V do Livro II. I - será considerada isoladamente, não se
submetendo a limite em conjunto com outras

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
deduções do imposto; e (Incluído pela Lei nº doações feitas, no respectivo ano-calendário, aos
12.594, de 2012) (Vide) fundos controlados pelos Conselhos dos Direitos da
Criança e do Adolescente municipais, distrital,
II - não poderá ser computada como
estaduais e nacional concomitantemente com a
despesa operacional na apuração do lucro real.
opção de que trata o caput, respeitado o limite
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
previsto no inciso II do art. 260. (Incluído pela Lei nº
Art. 260-A. A partir do exercício de 2010, 12.594, de 2012) (Vide)
ano-calendário de 2009, a pessoa física poderá
Art. 260-B. A doação de que trata o inciso I
optar pela doação de que trata o inciso II do caput
do art. 260 poderá ser deduzida: (Incluído pela Lei nº
do art. 260 diretamente em sua Declaração de
12.594, de 2012) (Vide)
Ajuste Anual. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)
(Vide) I - do imposto devido no trimestre, para as
pessoas jurídicas que apuram o imposto
§ 1o A doação de que trata o caput poderá
trimestralmente; e (Incluído pela Lei nº 12.594, de
ser deduzida até os seguintes percentuais
2012) (Vide)
aplicados sobre o imposto apurado na declaração:
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) II - do imposto devido mensalmente e no
ajuste anual, para as pessoas jurídicas que apuram o
I - (VETADO);
imposto anualmente. (Incluído pela Lei nº 12.594, de
II - (VETADO); 2012) (Vide)
III - 3% (três por cento) a partir do exercício Parágrafo único. A doação deverá ser
de 2012. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) efetuada dentro do período a que se refere a
(Vide) apuração do imposto. (Incluído pela Lei nº 12.594, de
2012) (Vide)
§ 2o A dedução de que trata o caput:
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Art. 260-C. As doações de que trata o art.
260 desta Lei podem ser efetuadas em espécie ou
I - está sujeita ao limite de 6% (seis por
em bens. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)
cento) do imposto sobre a renda apurado na
(Vide)
declaração de que trata o inciso II do caput do art.
260; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Parágrafo único. As doações efetuadas em
espécie devem ser depositadas em conta específica,
II - não se aplica à pessoa física que:
em instituição financeira pública, vinculadas aos
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
respectivos fundos de que trata o art. 260. (Incluído
a) utilizar o desconto simplificado; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Art. 260-D. Os órgãos responsáveis pela
b) apresentar declaração em formulário; ou administração das contas dos Fundos dos Direitos da
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Criança e do Adolescente nacional, estaduais,
distrital e municipais devem emitir recibo em favor do
c) entregar a declaração fora do prazo; doador, assinado por pessoa competente e pelo
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) presidente do Conselho correspondente,
III - só se aplica às doações em espécie; e especificando: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) (Vide)
IV - não exclui ou reduz outros benefícios I - número de ordem; (Incluído pela Lei nº
ou deduções em vigor. (Incluído pela Lei nº 12.594, 12.594, de 2012) (Vide)
de 2012) (Vide) II - nome, Cadastro Nacional da Pessoa
§ 3o O pagamento da doação deve ser Jurídica (CNPJ) e endereço do emitente; (Incluído
efetuado até a data de vencimento da primeira pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
quota ou quota única do imposto, observadas III - nome, CNPJ ou Cadastro de Pessoas
instruções específicas da Secretaria da Receita Físicas (CPF) do doador; (Incluído pela Lei nº 12.594,
Federal do Brasil. (Incluído pela Lei nº 12.594, de de 2012) (Vide)
2012) (Vide)
IV - data da doação e valor efetivamente
§ 4o O não pagamento da doação no prazo recebido; e (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)
estabelecido no § 3o implica a glosa definitiva desta (Vide)
parcela de dedução, ficando a pessoa física
obrigada ao recolhimento da diferença de imposto V - ano-calendário a que se refere a doação.
devido apurado na Declaração de Ajuste Anual com (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
os acréscimos legais previstos na legislação. § 1o O comprovante de que trata o caput
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
deste artigo pode ser emitido anualmente, desde que
§ 5o A pessoa física poderá deduzir do discrimine os valores doados mês a mês. (Incluído
imposto apurado na Declaração de Ajuste Anual as pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
§ 2o No caso de doação em bens, o b) valor doado, especificando se a doação foi
comprovante deve conter a identificação dos bens, em espécie ou em bens. (Incluído pela Lei nº 12.594,
mediante descrição em campo próprio ou em de 2012) (Vide)
relação anexa ao comprovante, informando também
Art. 260-H. Em caso de descumprimento das
se houve avaliação, o nome, CPF ou CNPJ e
obrigações previstas no art. 260-G, a Secretaria da
endereço dos avaliadores. (Incluído pela Lei nº
Receita Federal do Brasil dará conhecimento do fato
12.594, de 2012) (Vide)
ao Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 12.594, de
Art. 260-E. Na hipótese da doação em 2012) (Vide)
bens, o doador deverá: (Incluído pela Lei nº 12.594,
Art. 260-I. Os Conselhos dos Direitos da
de 2012) (Vide)
Criança e do Adolescente nacional, estaduais,
I - comprovar a propriedade dos bens, distrital e municipais divulgarão amplamente à
mediante documentação hábil; (Incluído pela Lei nº comunidade: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)
12.594, de 2012) (Vide) (Vide)
II - baixar os bens doados na declaração de I - o calendário de suas reuniões; (Incluído
bens e direitos, quando se tratar de pessoa física, e pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
na escrituração, no caso de pessoa jurídica; e
II - as ações prioritárias para aplicação das
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
políticas de atendimento à criança e ao adolescente;
III - considerar como valor dos bens (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
doados: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)
III - os requisitos para a apresentação de
(Vide)
projetos a serem beneficiados com recursos dos
a) para as pessoas físicas, o valor Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente
constante da última declaração do imposto de nacional, estaduais, distrital ou municipais; (Incluído
renda, desde que não exceda o valor de mercado; pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
IV - a relação dos projetos aprovados em
b) para as pessoas jurídicas, o valor cada ano-calendário e o valor dos recursos previstos
contábil dos bens. (Incluído pela Lei nº 12.594, de para implementação das ações, por projeto; (Incluído
2012) (Vide) pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Parágrafo único. O preço obtido em caso de V - o total dos recursos recebidos e a
leilão não será considerado na determinação do respectiva destinação, por projeto atendido, inclusive
valor dos bens doados, exceto se o leilão for com cadastramento na base de dados do Sistema de
determinado por autoridade judiciária. (Incluído pela Informações sobre a Infância e a Adolescência; e
Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Art. 260-F. Os documentos a que se VI - a avaliação dos resultados dos projetos
referem os arts. 260-D e 260-E devem ser mantidos beneficiados com recursos dos Fundos dos Direitos
pelo contribuinte por um prazo de 5 (cinco) anos da Criança e do Adolescente nacional, estaduais,
para fins de comprovação da dedução perante a distrital e municipais. (Incluído pela Lei nº 12.594, de
Receita Federal do Brasil. (Incluído pela Lei nº 2012) (Vide)
12.594, de 2012) (Vide)
Art. 260-J. O Ministério Público determinará,
Art. 260-G. Os órgãos responsáveis pela em cada Comarca, a forma de fiscalização da
administração das contas dos Fundos dos Direitos aplicação dos incentivos fiscais referidos no art. 260
da Criança e do Adolescente nacional, estaduais, desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)
distrital e municipais devem: (Incluído pela Lei nº (Vide)
12.594, de 2012) (Vide)
Parágrafo único. O descumprimento do
I - manter conta bancária específica disposto nos arts. 260-G e 260-I sujeitará os
destinada exclusivamente a gerir os recursos do infratores a responder por ação judicial proposta pelo
Fundo; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Ministério Público, que poderá atuar de ofício, a
requerimento ou representação de qualquer cidadão.
II - manter controle das doações recebidas;
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
e (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Art. 260-K. A Secretaria de Direitos Humanos
III - informar anualmente à Secretaria da
da Presidência da República (SDH/PR) encaminhará
Receita Federal do Brasil as doações recebidas
à Secretaria da Receita Federal do Brasil, até 31 de
mês a mês, identificando os seguintes dados por
outubro de cada ano, arquivo eletrônico contendo a
doador: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)
relação atualizada dos Fundos dos Direitos da
(Vide)
Criança e do Adolescente nacional, distrital,
a) nome, CNPJ ou CPF; (Incluído pela Lei estaduais e municipais, com a indicação dos
nº 12.594, de 2012) (Vide) respectivos números de inscrição no CNPJ e das
contas bancárias específicas mantidas em

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
instituições financeiras públicas, destinadas Art. 264. O art. 102 da Lei n.º 6.015, de 31
exclusivamente a gerir os recursos dos Fundos. de dezembro de 1973, fica acrescido do seguinte
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) item:
Art. 260-L. A Secretaria da Receita Federal "Art. 102 ................................................
do Brasil expedirá as instruções necessárias à
6º) a perda e a suspensão do pátrio poder. "
aplicação do disposto nos arts. 260 a 260-K.
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Art. 265. A Imprensa Nacional e demais
gráficas da União, da administração direta ou
Art. 261. A falta dos conselhos municipais
indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas
dos direitos da criança e do adolescente, os
pelo poder público federal promoverão edição
registros, inscrições e alterações a que se referem
popular do texto integral deste Estatuto, que será
os arts. 90, parágrafo único, e 91 desta Lei serão
posto à disposição das escolas e das entidades de
efetuados perante a autoridade judiciária da
atendimento e de defesa dos direitos da criança e do
comarca a que pertencer a entidade.
adolescente.
Parágrafo único. A União fica autorizada a
Art. 265-A. O poder público fará
repassar aos estados e municípios, e os estados
periodicamente ampla divulgação dos direitos da
aos municípios, os recursos referentes aos
criança e do adolescente nos meios de comunicação
programas e atividades previstos nesta Lei, tão logo
social. (Redação dada dada pela Lei nº 13.257, de
estejam criados os conselhos dos direitos da
2016)
criança e do adolescente nos seus respectivos
níveis. Parágrafo único. A divulgação a que se refere
o caput será veiculada em linguagem clara,
Art. 262. Enquanto não instalados os
compreensível e adequada a crianças e
Conselhos Tutelares, as atribuições a eles
adolescentes, especialmente às crianças com idade
conferidas serão exercidas pela autoridade
inferior a 6 (seis) anos. (Incluído dada pela Lei nº
judiciária.
13.257, de 2016)
Art. 263. O Decreto-Lei n.º 2.848, de 7 de
Art. 266. Esta Lei entra em vigor noventa
dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar
dias após sua publicação.
com as seguintes alterações:
Parágrafo único. Durante o período de
1) Art. 121 ..........................................
vacância deverão ser promovidas atividades e
§ 4º No homicídio culposo, a pena é campanhas de divulgação e esclarecimentos acerca
aumentada de um terço, se o crime resulta de do disposto nesta Lei.
inobservância de regra técnica de profissão, arte ou
Art. 267. Revogam-se as Leis n.º 4.513, de
ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato
1964, e 6.697, de 10 de outubro de 1979 (Código de
socorro à vítima, não procura diminuir as
Menores), e as demais disposições em contrário.
conseqüências do seu ato, ou foge para evitar
prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a Brasília, 13 de julho de 1990; 169º da
pena é aumentada de um terço, se o crime é Independência e 102º da República.
praticado contra pessoa menor de catorze anos.
FERNANDO COLLOR
2) Art. 129 ......................................... Bernardo Cabral
Carlos Chiarelli
§ 7º Aumenta-se a pena de um terço, se
Antônio Magri
ocorrer qualquer das hipóteses do art. 121, § 4º.
Margarida Procópio
§ 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no
§ 5º do art. 121.
3) Art. 136.................................................
§ 3º Aumenta-se a pena de um terço, se o
crime é praticado contra pessoa menor de catorze
anos.
4) Art. 213 ......................................
Parágrafo único. Se a ofendida é menor de
catorze anos:
Pena - reclusão de quatro a dez anos.
5) Art. 214.........................................
Parágrafo único. Se o ofendido é menor de
catorze anos:
Pena - reclusão de três a nove anos.»
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
LDB LEI FEDERAL Nº 9394/96 E XI - vinculação entre a educação escolar, o
ALTERAÇÕES POSTERIORES trabalho e as práticas sociais.

LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996 XII - consideração com a diversidade étnico-


racial. (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)
Estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional. XIII - garantia do direito à educação e à
aprendizagem ao longo da vida. (Incluído pela Lei nº
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço 13.632, de 2018)
saber que o Congresso Nacional decreta e eu
sanciono a seguinte Lei: TÍTULO III

TÍTULO I Do Direito à Educação e do Dever de Educar

Da Educação Art. 4º O dever do Estado com educação


escolar pública será efetivado mediante a garantia
Art. 1º A educação abrange os processos de:
formativos que se desenvolvem na vida familiar, na
convivência humana, no trabalho, nas instituições I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4
de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade,
organizações da sociedade civil e nas organizada da seguinte forma: (Redação dada pela
manifestações culturais. Lei nº 12.796, de 2013)

§ 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, a) pré-escola; (Incluído pela Lei nº 12.796, de
que se desenvolve, predominantemente, por meio 2013)
do ensino, em instituições próprias. b) ensino fundamental; (Incluído pela Lei nº
§ 2º A educação escolar deverá vincular-se 12.796, de 2013)
ao mundo do trabalho e à prática social. c) ensino médio; (Incluído pela Lei nº 12.796,
TÍTULO II de 2013)

Dos Princípios e Fins da Educação Nacional II - educação infantil gratuita às crianças de até
5 (cinco) anos de idade; (Redação dada pela Lei nº
Art. 2º A educação, dever da família e do 12.796, de 2013)
Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos
ideais de solidariedade humana, tem por finalidade III - atendimento educacional especializado
o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo gratuito aos educandos com deficiência, transtornos
para o exercício da cidadania e sua qualificação globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
para o trabalho. superdotação, transversal a todos os níveis, etapas e
modalidades, preferencialmente na rede regular de
Art. 3º O ensino será ministrado com base ensino; (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)
nos seguintes princípios:
IV - acesso público e gratuito aos ensinos
I - igualdade de condições para o acesso e fundamental e médio para todos os que não os
permanência na escola; concluíram na idade própria; (Redação dada pela Lei
nº 12.796, de 2013)
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar
e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; V - acesso aos níveis mais elevados do ensino,
da pesquisa e da criação artística, segundo a
III - pluralismo de ideias e de concepções
capacidade de cada um;
pedagógicas;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado
IV - respeito à liberdade e apreço à
às condições do educando;
tolerância;
VII - oferta de educação escolar regular para
V - coexistência de instituições públicas e
jovens e adultos, com características e modalidades
privadas de ensino;
adequadas às suas necessidades e disponibilidades,
VI - gratuidade do ensino público em garantindo-se aos que forem trabalhadores as
estabelecimentos oficiais; condições de acesso e permanência na escola;
VII - valorização do profissional da educação VIII - atendimento ao educando, em todas as
escolar; etapas da educação básica, por meio de programas
suplementares de material didático-escolar,
VIII - gestão democrática do ensino público,
transporte, alimentação e assistência à saúde;
na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de
(Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)
ensino;
IX - padrões mínimos de qualidade de ensino,
IX - garantia de padrão de qualidade;
definidos como a variedade e quantidade mínimas,
X - valorização da experiência extraescolar; por aluno, de insumos indispensáveis ao

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
desenvolvimento do processo de ensino- III - capacidade de autofinanciamento,
aprendizagem. ressalvado o previsto no art. 213 da Constituição
Federal.
X – vaga na escola pública de educação
infantil ou de ensino fundamental mais próxima de TÍTULO IV
sua residência a toda criança a partir do dia em que
Da Organização da Educação Nacional
completar 4 (quatro) anos de idade. (Incluído pela
Lei nº 11.700, de 2008). Art. 8º A União, os Estados, o Distrito Federal
e os Municípios organizarão, em regime de
Art. 5o O acesso à educação básica
colaboração, os respectivos sistemas de ensino.
obrigatória é direito público subjetivo, podendo
qualquer cidadão, grupo de cidadãos, associação § 1º Caberá à União a coordenação da política
comunitária, organização sindical, entidade de nacional de educação, articulando os diferentes
classe ou outra legalmente constituída e, ainda, o níveis e sistemas e exercendo função normativa,
Ministério Público, acionar o poder público para redistributiva e supletiva em relação às demais
exigi-lo. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de instâncias educacionais.
2013)
§ 2º Os sistemas de ensino terão liberdade de
§ 1o O poder público, na esfera de sua organização nos termos desta Lei.
competência federativa, deverá: (Redação dada
Art. 9º A União incumbir-se-á de:
pela Lei nº 12.796, de 2013)
(Regulamento)
I - recensear anualmente as crianças e
I - elaborar o Plano Nacional de Educação, em
adolescentes em idade escolar, bem como os
colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os
jovens e adultos que não concluíram a educação
básica; (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) Municípios;

II - fazer-lhes a chamada pública; II - organizar, manter e desenvolver os órgãos


e instituições oficiais do sistema federal de ensino e o
III - zelar, junto aos pais ou responsáveis, dos Territórios;
pela frequência à escola.
III - prestar assistência técnica e financeira aos
§ 2º Em todas as esferas administrativas, o Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para o
Poder Público assegurará em primeiro lugar o desenvolvimento de seus sistemas de ensino e o
acesso ao ensino obrigatório, nos termos deste atendimento prioritário à escolaridade obrigatória,
artigo, contemplando em seguida os demais níveis exercendo sua função redistributiva e supletiva;
e modalidades de ensino, conforme as prioridades
IV - estabelecer, em colaboração com os
constitucionais e legais.
Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
§ 3º Qualquer das partes mencionadas no competências e diretrizes para a educação infantil, o
caput deste artigo tem legitimidade para peticionar ensino fundamental e o ensino médio, que nortearão
no Poder Judiciário, na hipótese do § 2º do art. 208 os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a
da Constituição Federal, sendo gratuita e de rito assegurar formação básica comum;
sumário a ação judicial correspondente.
IV-A - estabelecer, em colaboração com os
§ 4º Comprovada a negligência da autoridade Estados, o Distrito Federal e os Municípios, diretrizes
competente para garantir o oferecimento do ensino e procedimentos para identificação, cadastramento e
obrigatório, poderá ela ser imputada por crime de atendimento, na educação básica e na educação
responsabilidade. superior, de alunos com altas habilidades ou
superdotação; (Incluído pela Lei nº 13.234, de 2015)
§ 5º Para garantir o cumprimento da
obrigatoriedade de ensino, o Poder Público criará V - coletar, analisar e disseminar informações
formas alternativas de acesso aos diferentes níveis sobre a educação;
de ensino, independentemente da escolarização
anterior. VI - assegurar processo nacional de avaliação
do rendimento escolar no ensino fundamental, médio
Art. 6o É dever dos pais ou responsáveis e superior, em colaboração com os sistemas de
efetuar a matrícula das crianças na educação ensino, objetivando a definição de prioridades e a
básica a partir dos 4 (quatro) anos de idade. melhoria da qualidade do ensino;
(Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)
VII - baixar normas gerais sobre cursos de
Art. 7º O ensino é livre à iniciativa privada, graduação e pós-graduação;
atendidas as seguintes condições:
VIII - assegurar processo nacional de
I - cumprimento das normas gerais da avaliação das instituições de educação superior, com
educação nacional e do respectivo sistema de a cooperação dos sistemas que tiverem
ensino; responsabilidade sobre este nível de ensino;
II - autorização de funcionamento e avaliação IX - autorizar, reconhecer, credenciar,
de qualidade pelo Poder Público; supervisionar e avaliar, respectivamente, os cursos
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
das instituições de educação superior e os IV - autorizar, credenciar e supervisionar os
estabelecimentos do seu sistema de ensino. (Vide estabelecimentos do seu sistema de ensino;
Lei nº 10.870, de 2004)
V - oferecer a educação infantil em creches e
§ 1º Na estrutura educacional, haverá um pré-escolas, e, com prioridade, o ensino fundamental,
Conselho Nacional de Educação, com funções permitida a atuação em outros níveis de ensino
normativas e de supervisão e atividade somente quando estiverem atendidas plenamente as
permanente, criado por lei. necessidades de sua área de competência e com
recursos acima dos percentuais mínimos vinculados
§ 2° Para o cumprimento do disposto nos
pela Constituição Federal à manutenção e
incisos V a IX, a União terá acesso a todos os
desenvolvimento do ensino.
dados e informações necessários de todos os
estabelecimentos e órgãos educacionais. VI - assumir o transporte escolar dos alunos da
rede municipal. (Incluído pela Lei nº 10.709, de
§ 3º As atribuições constantes do inciso IX
31.7.2003)
poderão ser delegadas aos Estados e ao Distrito
Federal, desde que mantenham instituições de Parágrafo único. Os Municípios poderão optar,
educação superior. ainda, por se integrar ao sistema estadual de ensino
ou compor com ele um sistema único de educação
Art. 10. Os Estados incumbir-se-ão de:
básica.
I - organizar, manter e desenvolver os órgãos
Art. 12. Os estabelecimentos de ensino,
e instituições oficiais dos seus sistemas de ensino;
respeitadas as normas comuns e as do seu sistema
II - definir, com os Municípios, formas de de ensino, terão a incumbência de:
colaboração na oferta do ensino fundamental, as
I - elaborar e executar sua proposta
quais devem assegurar a distribuição proporcional
pedagógica;
das responsabilidades, de acordo com a população
a ser atendida e os recursos financeiros disponíveis II - administrar seu pessoal e seus recursos
em cada uma dessas esferas do Poder Público; materiais e financeiros;
III - elaborar e executar políticas e planos III - assegurar o cumprimento dos dias letivos e
educacionais, em consonância com as diretrizes e horas-aula estabelecidas;
planos nacionais de educação, integrando e
IV - velar pelo cumprimento do plano de
coordenando as suas ações e as dos seus
trabalho de cada docente;
Municípios;
V - prover meios para a recuperação dos
IV - autorizar, reconhecer, credenciar,
alunos de menor rendimento;
supervisionar e avaliar, respectivamente, os cursos
das instituições de educação superior e os VI - articular-se com as famílias e a
estabelecimentos do seu sistema de ensino; comunidade, criando processos de integração da
sociedade com a escola;
V - baixar normas complementares para o
seu sistema de ensino; VII - informar pai e mãe, conviventes ou não
com seus filhos, e, se for o caso, os responsáveis
VI - assegurar o ensino fundamental e
legais, sobre a frequência e rendimento dos alunos,
oferecer, com prioridade, o ensino médio a todos
bem como sobre a execução da proposta pedagógica
que o demandarem, respeitado o disposto no art.
da escola; (Redação dada pela Lei nº 12.013, de
38 desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 12.061, de
2009)
2009)
VIII – notificar ao Conselho Tutelar do
VII - assumir o transporte escolar dos alunos
Município, ao juiz competente da Comarca e ao
da rede estadual. (Incluído pela Lei nº 10.709, de
respectivo representante do Ministério Público a
31.7.2003)
relação dos alunos que apresentem quantidade de
Parágrafo único. Ao Distrito Federal aplicar- faltas acima de cinquenta por cento do percentual
se-ão as competências referentes aos Estados e permitido em lei. (Incluído pela Lei nº 10.287, de
aos Municípios. 2001)
Art. 11. Os Municípios incumbir-se-ão de: Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de:
I - organizar, manter e desenvolver os órgãos I - participar da elaboração da proposta
e instituições oficiais dos seus sistemas de ensino, pedagógica do estabelecimento de ensino;
integrando-os às políticas e planos educacionais da
II - elaborar e cumprir plano de trabalho,
União e dos Estados;
segundo a proposta pedagógica do estabelecimento
II - exercer ação redistributiva em relação às de ensino;
suas escolas;
III - zelar pela aprendizagem dos alunos;
III - baixar normas complementares para o
seu sistema de ensino;
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
IV - estabelecer estratégias de recuperação III – os órgãos municipais de educação.
para os alunos de menor rendimento;
Art. 19. As instituições de ensino dos diferentes
V - ministrar os dias letivos e horas-aula níveis classificam-se nas seguintes categorias
estabelecidos, além de participar integralmente dos administrativas: (Regulamento) (Regulamento)
períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e
I - públicas, assim entendidas as criadas ou
ao desenvolvimento profissional;
incorporadas, mantidas e administradas pelo Poder
VI - colaborar com as atividades de Público;
articulação da escola com as famílias e a
II - privadas, assim entendidas as mantidas e
comunidade.
administradas por pessoas físicas ou jurídicas de
Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as direito privado.
normas da gestão democrática do ensino público na
Art. 20. As instituições privadas de ensino se
educação básica, de acordo com as suas
enquadrarão nas seguintes categorias:
peculiaridades e conforme os seguintes princípios:
(Regulamento) (Regulamento)
I - participação dos profissionais da educação
I - particulares em sentido estrito, assim
na elaboração do projeto pedagógico da escola;
entendidas as que são instituídas e mantidas por
II - participação das comunidades escolar e uma ou mais pessoas físicas ou jurídicas de direito
local em conselhos escolares ou equivalentes. privado que não apresentem as características dos
incisos abaixo;
Art. 15. Os sistemas de ensino assegurarão
às unidades escolares públicas de educação básica II - comunitárias, assim entendidas as que são
que os integram progressivos graus de autonomia instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma
pedagógica e administrativa e de gestão financeira, ou mais pessoas jurídicas, inclusive cooperativas
observadas as normas gerais de direito financeiro educacionais, sem fins lucrativos, que incluam na sua
público. entidade mantenedora representantes da
comunidade; (Redação dada pela Lei nº 12.020, de
Art. 16. O sistema federal de ensino
2009)
compreende: (Regulamento)
III - confessionais, assim entendidas as que
I - as instituições de ensino mantidas pela
são instituídas por grupos de pessoas físicas ou por
União;
uma ou mais pessoas jurídicas que atendem a
II - as instituições de educação superior orientação confessional e ideologia específicas e ao
criadas e mantidas pela iniciativa privada; disposto no inciso anterior;
III - os órgãos federais de educação. IV - filantrópicas, na forma da lei.
Art. 17. Os sistemas de ensino dos Estados e TÍTULO V
do Distrito Federal compreendem:
Dos Níveis e das Modalidades de Educação e
I - as instituições de ensino mantidas, Ensino
respectivamente, pelo Poder Público estadual e
CAPÍTULO I
pelo Distrito Federal;
Da Composição dos Níveis Escolares
II - as instituições de educação superior
mantidas pelo Poder Público municipal; Art. 21. A educação escolar compõe-se de:
III - as instituições de ensino fundamental e I - educação básica, formada pela educação
médio criadas e mantidas pela iniciativa privada; infantil, ensino fundamental e ensino médio;
IV - os órgãos de educação estaduais e do II - educação superior.
Distrito Federal, respectivamente.
CAPÍTULO II
Parágrafo único. No Distrito Federal, as
DA EDUCAÇÃO BÁSICA
instituições de educação infantil, criadas e mantidas
pela iniciativa privada, integram seu sistema de Seção I
ensino.
Das Disposições Gerais
Art. 18. Os sistemas municipais de ensino
Art. 22. A educação básica tem por finalidades
compreendem:
desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação
I - as instituições do ensino fundamental, comum indispensável para o exercício da cidadania e
médio e de educação infantil mantidas pelo Poder fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em
Público municipal; estudos posteriores.
II - as instituições de educação infantil Art. 23. A educação básica poderá organizar-
criadas e mantidas pela iniciativa privada; se em séries anuais, períodos semestrais, ciclos,
alternância regular de períodos de estudos, grupos

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
não-seriados, com base na idade, na competência b) possibilidade de aceleração de estudos para
e em outros critérios, ou por forma diversa de alunos com atraso escolar;
organização, sempre que o interesse do processo
c) possibilidade de avanço nos cursos e nas
de aprendizagem assim o recomendar.
séries mediante verificação do aprendizado;
§ 1º A escola poderá reclassificar os alunos,
d) aproveitamento de estudos concluídos com
inclusive quando se tratar de transferências entre
êxito;
estabelecimentos situados no País e no exterior,
tendo como base as normas curriculares gerais. e) obrigatoriedade de estudos de recuperação,
de preferência paralelos ao período letivo, para os
§ 2º O calendário escolar deverá adequar-se
casos de baixo rendimento escolar, a serem
às peculiaridades locais, inclusive climáticas e
disciplinados pelas instituições de ensino em seus
econômicas, a critério do respectivo sistema de
regimentos;
ensino, sem com isso reduzir o número de horas
letivas previsto nesta Lei. VI - o controle de frequência fica a cargo da
escola, conforme o disposto no seu regimento e nas
Art. 24. A educação básica, nos níveis
normas do respectivo sistema de ensino, exigida a
fundamental e médio, será organizada de acordo
frequência mínima de setenta e cinco por cento do
com as seguintes regras comuns:
total de horas letivas para aprovação;
I - a carga horária mínima anual será de
VII - cabe a cada instituição de ensino expedir
oitocentas horas para o ensino fundamental e para
históricos escolares, declarações de conclusão de
o ensino médio, distribuídas por um mínimo de
série e diplomas ou certificados de conclusão de
duzentos dias de efetivo trabalho escolar, excluído
cursos, com as especificações cabíveis.
o tempo reservado aos exames finais, quando
houver; (Redação dada pela Lei nº 13.415, de § 1º A carga horária mínima anual de que trata
2017) o inciso I do caput deverá ser ampliada de forma
progressiva, no ensino médio, para mil e
II - a classificação em qualquer série ou
quatrocentas horas, devendo os sistemas de ensino
etapa, exceto a primeira do ensino fundamental,
oferecer, no prazo máximo de cinco anos, pelo
pode ser feita:
menos mil horas anuais de carga horária, a partir de
a) por promoção, para alunos que cursaram, 2 de março de 2017. (Incluído pela Lei nº 13.415, de
com aproveitamento, a série ou fase anterior, na 2017)
própria escola;
§ 2o Os sistemas de ensino disporão sobre a
b) por transferência, para candidatos oferta de educação de jovens e adultos e de ensino
procedentes de outras escolas; noturno regular, adequado às condições do
educando, conforme o inciso VI do art. 4o. (Incluído
c) independentemente de escolarização
pela Lei nº 13.415, de 2017)
anterior, mediante avaliação feita pela escola, que
defina o grau de desenvolvimento e experiência do Art. 25. Será objetivo permanente das
candidato e permita sua inscrição na série ou etapa autoridades responsáveis alcançar relação adequada
adequada, conforme regulamentação do respectivo entre o número de alunos e o professor, a carga
sistema de ensino; horária e as condições materiais do estabelecimento.
III - nos estabelecimentos que adotam a Parágrafo único. Cabe ao respectivo sistema
progressão regular por série, o regimento escolar de ensino, à vista das condições disponíveis e das
pode admitir formas de progressão parcial, desde características regionais e locais, estabelecer
que preservada a seqüência do currículo, parâmetro para atendimento do disposto neste artigo.
observadas as normas do respectivo sistema de
Art. 26. Os currículos da educação infantil, do
ensino;
ensino fundamental e do ensino médio devem ter
IV - poderão organizar-se classes, ou turmas, base nacional comum, a ser complementada, em
com alunos de séries distintas, com níveis cada sistema de ensino e em cada estabelecimento
equivalentes de adiantamento na matéria, para o escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas
ensino de línguas estrangeiras, artes, ou outros características regionais e locais da sociedade, da
componentes curriculares; cultura, da economia e dos educandos. (Redação
dada pela Lei nº 12.796, de 2013)
V - a verificação do rendimento escolar
observará os seguintes critérios: § 1º Os currículos a que se refere o caput
devem abranger, obrigatoriamente, o estudo da
a) avaliação contínua e cumulativa do
língua portuguesa e da matemática, o conhecimento
desempenho do aluno, com prevalência dos
do mundo físico e natural e da realidade social e
aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos
política, especialmente do Brasil.
resultados ao longo do período sobre os de
eventuais provas finais; § 2o O ensino da arte, especialmente em suas
expressões regionais, constituirá componente

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
curricular obrigatório da educação básica. (Redação Comum Curricular dependerá de aprovação do
dada pela Lei nº 13.415, de 2017) Conselho Nacional de Educação e de homologação
pelo Ministro de Estado da Educação. (Incluído pela
§ 3o A educação física, integrada à proposta
Lei nº 13.415, de 2017)
pedagógica da escola, é componente curricular
obrigatório da educação básica, sendo sua prática Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino
facultativa ao aluno: (Redação dada pela Lei nº fundamental e de ensino médio, públicos e privados,
10.793, de 1º.12.2003) torna-se obrigatório o estudo da história e cultura
afro-brasileira e indígena. (Redação dada pela Lei nº
I – que cumpra jornada de trabalho igual ou
11.645, de 2008).
superior a seis horas; (Incluído pela Lei nº 10.793,
de 1º.12.2003) § 1o O conteúdo programático a que se refere
este artigo incluirá diversos aspectos da história e da
II – maior de trinta anos de idade; (Incluído
cultura que caracterizam a formação da população
pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003)
brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais
III – que estiver prestando serviço militar como o estudo da história da África e dos africanos, a
inicial ou que, em situação similar, estiver obrigado luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a
à prática da educação física; (Incluído pela Lei nº cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio
10.793, de 1º.12.2003) na formação da sociedade nacional, resgatando as
suas contribuições nas áreas social, econômica e
IV – amparado pelo Decreto-Lei no 1.044, de
política, pertinentes à história do Brasil. (Redação
21 de outubro de 1969; (Incluído pela Lei nº 10.793,
dada pela Lei nº 11.645, de 2008).
de 1º.12.2003)
§ 2o Os conteúdos referentes à história e
V – (VETADO) cultura afro-brasileira e dos povos indígenas
VI – que tenha prole. (Incluído pela Lei nº brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o
10.793, de 1º.12.2003) currículo escolar, em especial nas áreas de educação
artística e de literatura e história brasileiras.
§ 4º O ensino da História do Brasil levará em (Redação dada pela Lei nº 11.645, de 2008).
conta as contribuições das diferentes culturas e
etnias para a formação do povo brasileiro, Art. 27. Os conteúdos curriculares da
especialmente das matrizes indígena, africana e educação básica observarão, ainda, as seguintes
europeia. diretrizes:
§ 5o No currículo do ensino fundamental, a I - a difusão de valores fundamentais ao
partir do sexto ano, será ofertada a língua inglesa. interesse social, aos direitos e deveres dos cidadãos,
(Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017) de respeito ao bem comum e à ordem democrática;
§ 6o As artes visuais, a dança, a música e o II - consideração das condições de
teatro são as linguagens que constituirão o escolaridade dos alunos em cada estabelecimento;
componente curricular de que trata o § 2o deste
III - orientação para o trabalho;
artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.278, de 2016)
IV - promoção do desporto educacional e apoio
§ 7o A integralização curricular poderá incluir,
às práticas desportivas não-formais.
a critério dos sistemas de ensino, projetos e
pesquisas envolvendo os temas transversais de Art. 28. Na oferta de educação básica para a
que trata o caput. (Redação dada pela Lei nº população rural, os sistemas de ensino promoverão
13.415, de 2017) as adaptações necessárias à sua adequação às
peculiaridades da vida rural e de cada região,
§ 8º A exibição de filmes de produção
especialmente:
nacional constituirá componente curricular
complementar integrado à proposta pedagógica da I - conteúdos curriculares e metodologias
escola, sendo a sua exibição obrigatória por, no apropriadas às reais necessidades e interesses dos
mínimo, 2 (duas) horas mensais. (Incluído pela Lei alunos da zona rural;
nº 13.006, de 2014)
II - organização escolar própria, incluindo
§ 9o Conteúdos relativos aos direitos adequação do calendário escolar às fases do ciclo
humanos e à prevenção de todas as formas de agrícola e às condições climáticas;
violência contra a criança e o adolescente serão
III - adequação à natureza do trabalho na zona
incluídos, como temas transversais, nos currículos
rural.
escolares de que trata o caput deste artigo, tendo
como diretriz a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 Parágrafo único. O fechamento de escolas do
(Estatuto da Criança e do Adolescente), observada campo, indígenas e quilombolas será precedido de
a produção e distribuição de material didático manifestação do órgão normativo do respectivo
adequado. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) sistema de ensino, que considerará a justificativa
apresentada pela Secretaria de Educação, a análise
§ 10. A inclusão de novos componentes
do diagnóstico do impacto da ação e a manifestação
curriculares de caráter obrigatório na Base Nacional
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
da comunidade escolar. (Incluído pela Lei nº II - a compreensão do ambiente natural e
12.960, de 2014) social, do sistema político, da tecnologia, das artes e
dos valores em que se fundamenta a sociedade;
Seção II
III - o desenvolvimento da capacidade de
Da Educação Infantil
aprendizagem, tendo em vista a aquisição de
Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da conhecimentos e habilidades e a formação de
educação básica, tem como finalidade o atitudes e valores;
desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco)
IV - o fortalecimento dos vínculos de família,
anos, em seus aspectos físico, psicológico,
dos laços de solidariedade humana e de tolerância
intelectual e social, complementando a ação da
recíproca em que se assenta a vida social.
família e da comunidade. (Redação dada pela Lei
nº 12.796, de 2013) § 1º É facultado aos sistemas de ensino
desdobrar o ensino fundamental em ciclos.
Art. 30. A educação infantil será oferecida
em: § 2º Os estabelecimentos que utilizam
progressão regular por série podem adotar no ensino
I - creches, ou entidades equivalentes, para
fundamental o regime de progressão continuada,
crianças de até três anos de idade;
sem prejuízo da avaliação do processo de ensino-
II - pré-escolas, para as crianças de 4 aprendizagem, observadas as normas do respectivo
(quatro) a 5 (cinco) anos de idade. (Redação dada sistema de ensino.
pela Lei nº 12.796, de 2013)
§ 3º O ensino fundamental regular será
Art. 31. A educação infantil será organizada ministrado em língua portuguesa, assegurada às
de acordo com as seguintes regras comuns: comunidades indígenas a utilização de suas línguas
(Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) maternas e processos próprios de aprendizagem.
I - avaliação mediante acompanhamento e § 4º O ensino fundamental será presencial,
registro do desenvolvimento das crianças, sem o sendo o ensino a distância utilizado como
objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao complementação da aprendizagem ou em situações
ensino fundamental; (Incluído pela Lei nº 12.796, de emergenciais.
2013)
§ 5o O currículo do ensino fundamental incluirá,
II - carga horária mínima anual de 800 obrigatoriamente, conteúdo que trate dos direitos das
(oitocentas) horas, distribuída por um mínimo de crianças e dos adolescentes, tendo como diretriz a
200 (duzentos) dias de trabalho educacional; Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990, que institui o
(Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) Estatuto da Criança e do Adolescente, observada a
produção e distribuição de material didático
III - atendimento à criança de, no mínimo, 4 adequado. (Incluído pela Lei nº 11.525, de 2007).
(quatro) horas diárias para o turno parcial e de 7
(sete) horas para a jornada integral; (Incluído pela § 6º O estudo sobre os símbolos nacionais
Lei nº 12.796, de 2013) será incluído como tema transversal nos currículos
do ensino fundamental. (Incluído pela Lei nº 12.472,
IV - controle de frequência pela instituição de
de 2011).
educação pré-escolar, exigida a frequência mínima
de 60% (sessenta por cento) do total de horas; Art. 33. O ensino religioso, de matrícula
(Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) facultativa, é parte integrante da formação básica do
cidadão e constitui disciplina dos horários normais
V - expedição de documentação que permita
das escolas públicas de ensino fundamental,
atestar os processos de desenvolvimento e
assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa
aprendizagem da criança. (Incluído pela Lei nº
do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo.
12.796, de 2013) (Redação dada pela Lei nº 9.475, de 22.7.1997)
Seção III
§ 1º Os sistemas de ensino regulamentarão os
Do Ensino Fundamental procedimentos para a definição dos conteúdos do
ensino religioso e estabelecerão as normas para a
Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, habilitação e admissão dos professores. (Incluído
com duração de 9 (nove) anos, gratuito na escola pela Lei nº 9.475, de 22.7.1997)
pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade,
terá por objetivo a formação básica do cidadão, § 2º Os sistemas de ensino ouvirão entidade
mediante: (Redação dada pela Lei nº 11.274, de civil, constituída pelas diferentes denominações
2006) religiosas, para a definição dos conteúdos do ensino
religioso. (Incluído pela Lei nº 9.475, de 22.7.1997)
I - o desenvolvimento da capacidade de
aprender, tendo como meios básicos o pleno Art. 34. A jornada escolar no ensino
domínio da leitura, da escrita e do cálculo; fundamental incluirá pelo menos quatro horas de
trabalho efetivo em sala de aula, sendo

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
progressivamente ampliado o período de § 3o O ensino da língua portuguesa e da
permanência na escola. matemática será obrigatório nos três anos do ensino
médio, assegurada às comunidades indígenas,
§ 1º São ressalvados os casos do ensino
também, a utilização das respectivas línguas
noturno e das formas alternativas de organização
maternas. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
autorizadas nesta Lei.
§ 4o Os currículos do ensino médio incluirão,
§ 2º O ensino fundamental será ministrado
obrigatoriamente, o estudo da língua inglesa e
progressivamente em tempo integral, a critério dos
poderão ofertar outras línguas estrangeiras, em
sistemas de ensino.
caráter optativo, preferencialmente o espanhol, de
Seção IV acordo com a disponibilidade de oferta, locais e
horários definidos pelos sistemas de ensino. (Incluído
Do Ensino Médio
pela Lei nº 13.415, de 2017)
Art. 35. O ensino médio, etapa final da
§ 5o A carga horária destinada ao cumprimento
educação básica, com duração mínima de três
da Base Nacional Comum Curricular não poderá ser
anos, terá como finalidades:
superior a mil e oitocentas horas do total da carga
I - a consolidação e o aprofundamento dos horária do ensino médio, de acordo com a definição
conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, dos sistemas de ensino. (Incluído pela Lei nº 13.415,
possibilitando o prosseguimento de estudos; de 2017)
II - a preparação básica para o trabalho e a § 6o A União estabelecerá os padrões de
cidadania do educando, para continuar aprendendo, desempenho esperados para o ensino médio, que
de modo a ser capaz de se adaptar com serão referência nos processos nacionais de
flexibilidade a novas condições de ocupação ou avaliação, a partir da Base Nacional Comum
aperfeiçoamento posteriores; Curricular. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
III - o aprimoramento do educando como § 7o Os currículos do ensino médio deverão
pessoa humana, incluindo a formação ética e o considerar a formação integral do aluno, de maneira
desenvolvimento da autonomia intelectual e do a adotar um trabalho voltado para a construção de
pensamento crítico; seu projeto de vida e para sua formação nos
aspectos físicos, cognitivos e socioemocionais.
IV - a compreensão dos fundamentos (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
científico-tecnológicos dos processos produtivos,
relacionando a teoria com a prática, no ensino de § 8o Os conteúdos, as metodologias e as
cada disciplina. formas de avaliação processual e formativa serão
organizados nas redes de ensino por meio de
Art. 35-A. A Base Nacional Comum Curricular atividades teóricas e práticas, provas orais e escritas,
definirá direitos e objetivos de aprendizagem do seminários, projetos e atividades on-line, de tal forma
ensino médio, conforme diretrizes do Conselho que ao final do ensino médio o educando demonstre:
Nacional de Educação, nas seguintes áreas do (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
conhecimento: (Incluído pela Lei nº 13.415, de
2017) I - domínio dos princípios científicos e
tecnológicos que presidem a produção moderna;
I - linguagens e suas tecnologias; (Incluído (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
pela Lei nº 13.415, de 2017)
II - conhecimento das formas contemporâneas
II - matemática e suas tecnologias; (Incluído de linguagem. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
pela Lei nº 13.415, de 2017)
Art. 36. O currículo do ensino médio será
III - ciências da natureza e suas tecnologias; composto pela Base Nacional Comum Curricular e
(Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) por itinerários formativos, que deverão ser
IV - ciências humanas e sociais aplicadas. organizados por meio da oferta de diferentes arranjos
(Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) curriculares, conforme a relevância para o contexto
local e a possibilidade dos sistemas de ensino, a
§ 1o A parte diversificada dos currículos de saber: (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
que trata o caput do art. 26, definida em cada
sistema de ensino, deverá estar harmonizada à I - linguagens e suas tecnologias; (Redação
Base Nacional Comum Curricular e ser articulada a dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
partir do contexto histórico, econômico, social, II - matemática e suas tecnologias; (Redação
ambiental e cultural. (Incluído pela Lei nº 13.415, de dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
2017)
III - ciências da natureza e suas tecnologias;
§ 2o A Base Nacional Comum Curricular (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
referente ao ensino médio incluirá obrigatoriamente
estudos e práticas de educação física, arte, IV - ciências humanas e sociais aplicadas;
sociologia e filosofia. (Incluído pela Lei nº 13.415, (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
de 2017)
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
V - formação técnica e profissional. (Incluído § 9o As instituições de ensino emitirão
pela Lei nº 13.415, de 2017) certificado com validade nacional, que habilitará o
concluinte do ensino médio ao prosseguimento dos
§ 1o A organização das áreas de que trata o
estudos em nível superior ou em outros cursos ou
caput e das respectivas competências e habilidades
formações para os quais a conclusão do ensino
será feita de acordo com critérios estabelecidos em
médio seja etapa obrigatória. (Incluído pela Lei nº
cada sistema de ensino. (Redação dada pela Lei nº
13.415, de 2017)
13.415, de 2017)
§ 10. Além das formas de organização
I - (revogado);
previstas no art. 23, o ensino médio poderá ser
II - (revogado); organizado em módulos e adotar o sistema de
créditos com terminalidade específica. (Incluído pela
§ 2º (Revogado)
Lei nº 13.415, de 2017)
§ 3o A critério dos sistemas de ensino,
§ 11. Para efeito de cumprimento das
poderá ser composto itinerário formativo integrado,
exigências curriculares do ensino médio, os sistemas
que se traduz na composição de componentes
de ensino poderão reconhecer competências e firmar
curriculares da Base Nacional Comum Curricular - convênios com instituições de educação a distância
BNCC e dos itinerários formativos, considerando os com notório reconhecimento, mediante as seguintes
incisos I a V do caput. (Redação dada pela Lei nº
formas de comprovação: (Incluído pela Lei nº 13.415,
13.415, de 2017)
de 2017)
§ 4º (Revogado)
I - demonstração prática; (Incluído pela Lei nº
§ 5o Os sistemas de ensino, mediante 13.415, de 2017)
disponibilidade de vagas na rede, possibilitarão ao II - experiência de trabalho supervisionado ou
aluno concluinte do ensino médio cursar mais um outra experiência adquirida fora do ambiente escolar;
itinerário formativo de que trata o caput. (Incluído
(Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
pela Lei nº 13.415, de 2017)
III - atividades de educação técnica oferecidas
§ 6o A critério dos sistemas de ensino, a
em outras instituições de ensino credenciadas;
oferta de formação com ênfase técnica e (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
profissional considerará: (Incluído pela Lei nº
13.415, de 2017) IV - cursos oferecidos por centros ou
programas ocupacionais; (Incluído pela Lei nº 13.415,
I - a inclusão de vivências práticas de
de 2017)
trabalho no setor produtivo ou em ambientes de
simulação, estabelecendo parcerias e fazendo uso, V - estudos realizados em instituições de
quando aplicável, de instrumentos estabelecidos ensino nacionais ou estrangeiras; (Incluído pela Lei
pela legislação sobre aprendizagem profissional; nº 13.415, de 2017)
(Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
VI - cursos realizados por meio de educação a
II - a possibilidade de concessão de distância ou educação presencial mediada por
certificados intermediários de qualificação para o tecnologias. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
trabalho, quando a formação for estruturada e
§ 12. As escolas deverão orientar os alunos no
organizada em etapas com terminalidade. (Incluído
processo de escolha das áreas de conhecimento ou
pela Lei nº 13.415, de 2017)
de atuação profissional previstas no caput. (Incluído
§ 7o A oferta de formações experimentais pela Lei nº 13.415, de 2017)
relacionadas ao inciso V do caput, em áreas que
Seção IV-A
não constem do Catálogo Nacional dos Cursos
Técnicos, dependerá, para sua continuidade, do Da Educação Profissional Técnica de Nível Médio
reconhecimento pelo respectivo Conselho Estadual (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
de Educação, no prazo de três anos, e da inserção
Art. 36-A. Sem prejuízo do disposto na Seção
no Catálogo Nacional dos Cursos Técnicos, no
IV deste Capítulo, o ensino médio, atendida a
prazo de cinco anos, contados da data de oferta
formação geral do educando, poderá prepará-lo para
inicial da formação. (Incluído pela Lei nº 13.415, de
o exercício de profissões técnicas. (Incluído pela Lei
2017)
nº 11.741, de 2008)
§ 8o A oferta de formação técnica e
Parágrafo único. A preparação geral para o
profissional a que se refere o inciso V do caput,
trabalho e, facultativamente, a habilitação profissional
realizada na própria instituição ou em parceria com
poderão ser desenvolvidas nos próprios
outras instituições, deverá ser aprovada
estabelecimentos de ensino médio ou em
previamente pelo Conselho Estadual de Educação,
cooperação com instituições especializadas em
homologada pelo Secretário Estadual de Educação
educação profissional. (Incluído pela Lei nº 11.741,
e certificada pelos sistemas de ensino. (Incluído
de 2008)
pela Lei nº 13.415, de 2017)

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Art. 36-B. A educação profissional técnica de articulada concomitante e subsequente, quando
nível médio será desenvolvida nas seguintes estruturados e organizados em etapas com
formas: (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) terminalidade, possibilitarão a obtenção de
certificados de qualificação para o trabalho após a
I - articulada com o ensino médio; (Incluído
conclusão, com aproveitamento, de cada etapa que
pela Lei nº 11.741, de 2008)
caracterize uma qualificação para o trabalho.
II - subsequente, em cursos destinados a (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
quem já tenha concluído o ensino médio. (Incluído
Seção V
pela Lei nº 11.741, de 2008)
Da Educação de Jovens e Adultos
Parágrafo único. A educação profissional
técnica de nível médio deverá observar: (Incluído Art. 37. A educação de jovens e adultos será
pela Lei nº 11.741, de 2008) destinada àqueles que não tiveram acesso ou
continuidade de estudos nos ensinos fundamental e
I - os objetivos e definições contidos nas
médio na idade própria e constituirá instrumento para
diretrizes curriculares nacionais estabelecidas pelo
a educação e a aprendizagem ao longo da vida.
Conselho Nacional de Educação; (Incluído pela Lei
(Redação dada pela Lei nº 13.632, de 2018)
nº 11.741, de 2008)
§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão
II - as normas complementares dos
gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não
respectivos sistemas de ensino; (Incluído pela Lei
puderam efetuar os estudos na idade regular,
nº 11.741, de 2008)
oportunidades educacionais apropriadas,
III - as exigências de cada instituição de consideradas as características do alunado, seus
ensino, nos termos de seu projeto pedagógico. interesses, condições de vida e de trabalho, mediante
(Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) cursos e exames.
Art. 36-C. A educação profissional técnica de § 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o
nível médio articulada, prevista no inciso I do caput acesso e a permanência do trabalhador na escola,
do art. 36-B desta Lei, será desenvolvida de forma: mediante ações integradas e complementares entre
(Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) si.
I - integrada, oferecida somente a quem já § 3o A educação de jovens e adultos deverá
tenha concluído o ensino fundamental, sendo o articular-se, preferencialmente, com a educação
curso planejado de modo a conduzir o aluno à profissional, na forma do regulamento. (Incluído pela
habilitação profissional técnica de nível médio, na Lei nº 11.741, de 2008)
mesma instituição de ensino, efetuando-se
Art. 38. Os sistemas de ensino manterão
matrícula única para cada aluno; (Incluído pela Lei
cursos e exames supletivos, que compreenderão a
nº 11.741, de 2008)
base nacional comum do currículo, habilitando ao
II - concomitante, oferecida a quem ingresse prosseguimento de estudos em caráter regular.
no ensino médio ou já o esteja cursando,
§ 1º Os exames a que se refere este artigo
efetuando-se matrículas distintas para cada curso,
realizar-se-ão:
e podendo ocorrer: (Incluído pela Lei nº 11.741, de
2008) I - no nível de conclusão do ensino
fundamental, para os maiores de quinze anos;
a) na mesma instituição de ensino,
aproveitando-se as oportunidades educacionais II - no nível de conclusão do ensino médio,
disponíveis; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) para os maiores de dezoito anos.
b) em instituições de ensino distintas, § 2º Os conhecimentos e habilidades
aproveitando-se as oportunidades educacionais adquiridos pelos educandos por meios informais
disponíveis; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) serão aferidos e reconhecidos mediante exames.
c) em instituições de ensino distintas, CAPÍTULO III
mediante convênios de intercomplementaridade,
DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
visando ao planejamento e ao desenvolvimento de
projeto pedagógico unificado. (Incluído pela Lei nº Da Educação Profissional e Tecnológica
11.741, de 2008) (Redação dada pela Lei nº 11.741, de 2008)
Art. 36-D. Os diplomas de cursos de Art. 39. A educação profissional e tecnológica,
educação profissional técnica de nível médio, no cumprimento dos objetivos da educação nacional,
quando registrados, terão validade nacional e integra-se aos diferentes níveis e modalidades de
habilitarão ao prosseguimento de estudos na educação e às dimensões do trabalho, da ciência e
educação superior. (Incluído pela Lei nº 11.741, de da tecnologia. (Redação dada pela Lei nº 11.741, de
2008) 2008)
Parágrafo único. Os cursos de educação § 1o Os cursos de educação profissional e
profissional técnica de nível médio, nas formas tecnológica poderão ser organizados por eixos
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
tecnológicos, possibilitando a construção de III - incentivar o trabalho de pesquisa e
diferentes itinerários formativos, observadas as investigação científica, visando o desenvolvimento da
normas do respectivo sistema e nível de ensino. ciência e da tecnologia e da criação e difusão da
(Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) cultura, e, desse modo, desenvolver o entendimento
do homem e do meio em que vive;
§ 2o A educação profissional e tecnológica
abrangerá os seguintes cursos: (Incluído pela Lei nº IV - promover a divulgação de conhecimentos
11.741, de 2008) culturais, científicos e técnicos que constituem
patrimônio da humanidade e comunicar o saber
I – de formação inicial e continuada ou
através do ensino, de publicações ou de outras
qualificação profissional; (Incluído pela Lei nº
formas de comunicação;
11.741, de 2008)
V - suscitar o desejo permanente de
II – de educação profissional técnica de nível
aperfeiçoamento cultural e profissional e possibilitar a
médio; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
correspondente concretização, integrando os
III – de educação profissional tecnológica de conhecimentos que vão sendo adquiridos numa
graduação e pós-graduação. (Incluído pela Lei nº estrutura intelectual sistematizadora do conhecimento
11.741, de 2008) de cada geração;
§ 3o Os cursos de educação profissional VI - estimular o conhecimento dos problemas
tecnológica de graduação e pós-graduação do mundo presente, em particular os nacionais e
organizar-se-ão, no que concerne a objetivos, regionais, prestar serviços especializados à
características e duração, de acordo com as comunidade e estabelecer com esta uma relação de
diretrizes curriculares nacionais estabelecidas pelo reciprocidade;
Conselho Nacional de Educação. (Incluído pela Lei
VII - promover a extensão, aberta à
nº 11.741, de 2008)
participação da população, visando à difusão das
Art. 40. A educação profissional será conquistas e benefícios resultantes da criação
desenvolvida em articulação com o ensino regular cultural e da pesquisa científica e tecnológica
ou por diferentes estratégias de educação geradas na instituição.
continuada, em instituições especializadas ou no
VIII - atuar em favor da universalização e do
ambiente de trabalho. (Regulamento)(Regulamento)
aprimoramento da educação básica, mediante a
(Regulamento)
formação e a capacitação de profissionais, a
Parágrafo único. (Revogado) realização de pesquisas pedagógicas e o
desenvolvimento de atividades de extensão que
Art. 41. O conhecimento adquirido na
aproximem os dois níveis escolares. (Incluído pela
educação profissional e tecnológica, inclusive no Lei nº 13.174, de 2015)
trabalho, poderá ser objeto de avaliação,
reconhecimento e certificação para prosseguimento Art. 44. A educação superior abrangerá os
ou conclusão de estudos. (Redação dada pela Lei seguintes cursos e programas: (Regulamento)
nº 11.741, de 2008)
I - cursos sequenciais por campo de saber, de
Art. 42. As instituições de educação diferentes níveis de abrangência, abertos a
profissional e tecnológica, além dos seus cursos candidatos que atendam aos requisitos estabelecidos
regulares, oferecerão cursos especiais, abertos à pelas instituições de ensino, desde que tenham
comunidade, condicionada a matrícula à concluído o ensino médio ou equivalente; (Redação
capacidade de aproveitamento e não dada pela Lei nº 11.632, de 2007).
necessariamente ao nível de escolaridade.
II - de graduação, abertos a candidatos que
(Redação dada pela Lei nº 11.741, de 2008)
tenham concluído o ensino médio ou equivalente e
CAPÍTULO IV tenham sido classificados em processo seletivo;
DA EDUCAÇÃO SUPERIOR III - de pós-graduação, compreendendo
programas de mestrado e doutorado, cursos de
Art. 43. A educação superior tem por
especialização, aperfeiçoamento e outros, abertos a
finalidade:
candidatos diplomados em cursos de graduação e
I - estimular a criação cultural e o que atendam às exigências das instituições de
desenvolvimento do espírito científico e do ensino;
pensamento reflexivo; IV - de extensão, abertos a candidatos que
II - formar diplomados nas diferentes áreas atendam aos requisitos estabelecidos em cada caso
de conhecimento, aptos para a inserção em setores pelas instituições de ensino.
profissionais e para a participação no
§ 1º. Os resultados do processo seletivo
desenvolvimento da sociedade brasileira, e referido no inciso II do caput deste artigo serão
colaborar na sua formação contínua; tornados públicos pelas instituições de ensino
superior, sendo obrigatória a divulgação da relação

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
nominal dos classificados, a respectiva ordem de obedecido o seguinte: (Incluído pela lei nº 13.168, de
classificação, bem como do cronograma das 2015)
chamadas para matrícula, de acordo com os
a) toda publicação a que se refere esta Lei
critérios para preenchimento das vagas constantes
deve ter como título “Grade e Corpo Docente”;
do respectivo edital. (Incluído pela Lei nº 11.331, de
(Incluída pela lei nº 13.168, de 2015)
2006) (Renumerado do parágrafo único para § 1º
pela Lei nº 13.184, de 2015) b) a página principal da instituição de ensino
superior, bem como a página da oferta de seus
§ 2º No caso de empate no processo
cursos aos ingressantes sob a forma de vestibulares,
seletivo, as instituições públicas de ensino superior
processo seletivo e outras com a mesma finalidade,
darão prioridade de matrícula ao candidato que
deve conter a ligação desta com a página específica
comprove ter renda familiar inferior a dez salários
prevista neste inciso; (Incluída pela lei nº 13.168, de
mínimos, ou ao de menor renda familiar, quando
2015)
mais de um candidato preencher o critério inicial.
(Incluído pela Lei nº 13.184, de 2015) c) caso a instituição de ensino superior não
possua sítio eletrônico, deve criar página específica
§3o O processo seletivo referido no inciso II
para divulgação das informações de que trata esta
considerará as competências e as habilidades
Lei; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015)
definidas na Base Nacional Comum Curricular.
(Incluído pela lei nº 13.415, de 2017) d) a página específica deve conter a data
completa de sua última atualização; (Incluída pela lei
Art. 45. A educação superior será ministrada
nº 13.168, de 2015)
em instituições de ensino superior, públicas ou
privadas, com variados graus de abrangência ou II - em toda propaganda eletrônica da
especialização. (Regulamento) (Regulamento) instituição de ensino superior, por meio de ligação
para a página referida no inciso I; (Incluído pela lei nº
Art. 46. A autorização e o reconhecimento de
13.168, de 2015)
cursos, bem como o credenciamento de instituições
de educação superior, terão prazos limitados, III - em local visível da instituição de ensino
sendo renovados, periodicamente, após processo superior e de fácil acesso ao público; (Incluído pela
regular de avaliação. (Regulamento) (Regulamento) lei nº 13.168, de 2015)
(Vide Lei nº 10.870, de 2004)
IV - deve ser atualizada semestralmente ou
§ 1º Após um prazo para saneamento de anualmente, de acordo com a duração das disciplinas
deficiências eventualmente identificadas pela de cada curso oferecido, observando o seguinte:
avaliação a que se refere este artigo, haverá (Incluído pela lei nº 13.168, de 2015)
reavaliação, que poderá resultar, conforme o caso,
em desativação de cursos e habilitações, em a) caso o curso mantenha disciplinas com
intervenção na instituição, em suspensão duração diferenciada, a publicação deve ser
semestral; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015)
temporária de prerrogativas da autonomia, ou em
descredenciamento. (Regulamento) (Regulamento) b) a publicação deve ser feita até 1 (um) mês
(Vide Lei nº 10.870, de 2004) antes do início das aulas; (Incluída pela lei nº 13.168,
de 2015)
§ 2º No caso de instituição pública, o Poder
Executivo responsável por sua manutenção c) caso haja mudança na grade do curso ou no
acompanhará o processo de saneamento e corpo docente até o início das aulas, os alunos
fornecerá recursos adicionais, se necessários, para devem ser comunicados sobre as alterações;
a superação das deficiências. (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015)
Art. 47. Na educação superior, o ano letivo V - deve conter as seguintes informações:
regular, independente do ano civil, tem, no mínimo, (Incluído pela lei nº 13.168, de 2015)
duzentos dias de trabalho acadêmico efetivo,
excluído o tempo reservado aos exames finais, a) a lista de todos os cursos oferecidos pela
quando houver. instituição de ensino superior; (Incluída pela lei nº
13.168, de 2015)
§ 1o As instituições informarão aos
interessados, antes de cada período letivo, os b) a lista das disciplinas que compõem a grade
programas dos cursos e demais componentes curricular de cada curso e as respectivas cargas
curriculares, sua duração, requisitos, qualificação horárias; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015)
dos professores, recursos disponíveis e critérios de c) a identificação dos docentes que ministrarão
avaliação, obrigando-se a cumprir as respectivas as aulas em cada curso, as disciplinas que
condições, e a publicação deve ser feita, sendo as efetivamente ministrará naquele curso ou cursos, sua
3 (três) primeiras formas concomitantemente: titulação, abrangendo a qualificação profissional do
(Redação dada pela lei nº 13.168, de 2015) docente e o tempo de casa do docente, de forma
I - em página específica na internet no sítio total, contínua ou intermitente. (Incluída pela lei nº
eletrônico oficial da instituição de ensino superior, 13.168, de 2015)

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
§ 2º Os alunos que tenham extraordinário Art. 52. As universidades são instituições
aproveitamento nos estudos, demonstrado por meio pluridisciplinares de formação dos quadros
de provas e outros instrumentos de avaliação profissionais de nível superior, de pesquisa, de
específicos, aplicados por banca examinadora extensão e de domínio e cultivo do saber humano,
especial, poderão ter abreviada a duração dos seus que se caracterizam por: (Regulamento)
cursos, de acordo com as normas dos sistemas de (Regulamento)
ensino.
I - produção intelectual institucionalizada
§ 3º É obrigatória a frequência de alunos e mediante o estudo sistemático dos temas e
professores, salvo nos programas de educação a problemas mais relevantes, tanto do ponto de vista
distância. científico e cultural, quanto regional e nacional;
§ 4º As instituições de educação superior II - um terço do corpo docente, pelo menos,
oferecerão, no período noturno, cursos de com titulação acadêmica de mestrado ou doutorado;
graduação nos mesmos padrões de qualidade
III - um terço do corpo docente em regime de
mantidos no período diurno, sendo obrigatória a
tempo integral.
oferta noturna nas instituições públicas, garantida a
necessária previsão orçamentária. Parágrafo único. É facultada a criação de
universidades especializadas por campo do saber.
Art. 48. Os diplomas de cursos superiores
(Regulamento) (Regulamento)
reconhecidos, quando registrados, terão validade
nacional como prova da formação recebida por seu Art. 53. No exercício de sua autonomia, são
titular. asseguradas às universidades, sem prejuízo de
outras, as seguintes atribuições:
§ 1º Os diplomas expedidos pelas
universidades serão por elas próprias registrados, e I - criar, organizar e extinguir, em sua sede,
aqueles conferidos por instituições não- cursos e programas de educação superior previstos
universitárias serão registrados em universidades nesta Lei, obedecendo às normas gerais da União e,
indicadas pelo Conselho Nacional de Educação. quando for o caso, do respectivo sistema de ensino;
(Regulamento)
§ 2º Os diplomas de graduação expedidos
por universidades estrangeiras serão revalidados II - fixar os currículos dos seus cursos e
por universidades públicas que tenham curso do programas, observadas as diretrizes gerais
mesmo nível e área ou equivalente, respeitando-se pertinentes;
os acordos internacionais de reciprocidade ou
III - estabelecer planos, programas e projetos
equiparação.
de pesquisa científica, produção artística e atividades
§ 3º Os diplomas de Mestrado e de de extensão;
Doutorado expedidos por universidades
estrangeiras só poderão ser reconhecidos por IV - fixar o número de vagas de acordo com a
capacidade institucional e as exigências do seu meio;
universidades que possuam cursos de pós-
graduação reconhecidos e avaliados, na mesma V - elaborar e reformar os seus estatutos e
área de conhecimento e em nível equivalente ou regimentos em consonância com as normas gerais
superior. atinentes;
Art. 49. As instituições de educação superior VI - conferir graus, diplomas e outros títulos;
aceitarão a transferência de alunos regulares, para
cursos afins, na hipótese de existência de vagas, e VII - firmar contratos, acordos e convênios;
mediante processo seletivo. VIII - aprovar e executar planos, programas e
Parágrafo único. As transferências ex officio projetos de investimentos referentes a obras,
dar-se-ão na forma da lei. (Regulamento) serviços e aquisições em geral, bem como
administrar rendimentos conforme dispositivos
Art. 50. As instituições de educação superior, institucionais;
quando da ocorrência de vagas, abrirão matrícula
nas disciplinas de seus cursos a alunos não IX - administrar os rendimentos e deles dispor
regulares que demonstrarem capacidade de cursá- na forma prevista no ato de constituição, nas leis e
las com proveito, mediante processo seletivo nos respectivos estatutos;
prévio. X - receber subvenções, doações, heranças,
Art. 51. As instituições de educação superior legados e cooperação financeira resultante de
credenciadas como universidades, ao deliberar convênios com entidades públicas e privadas.
sobre critérios e normas de seleção e admissão de Parágrafo único. Para garantir a autonomia
estudantes, levarão em conta os efeitos desses didático-científica das universidades, caberá aos
critérios sobre a orientação do ensino médio, seus colegiados de ensino e pesquisa decidir, dentro
articulando-se com os órgãos normativos dos dos recursos orçamentários disponíveis, sobre:
sistemas de ensino.

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
I - criação, expansão, modificação e extinção Art. 56. As instituições públicas de educação
de cursos; superior obedecerão ao princípio da gestão
democrática, assegurada a existência de órgãos
II - ampliação e diminuição de vagas;
colegiados deliberativos, de que participarão os
III - elaboração da programação dos cursos; segmentos da comunidade institucional, local e
regional.
IV - programação das pesquisas e das
atividades de extensão; Parágrafo único. Em qualquer caso, os
docentes ocuparão setenta por cento dos assentos
V - contratação e dispensa de professores;
em cada órgão colegiado e comissão, inclusive nos
VI - planos de carreira docente. que tratarem da elaboração e modificações
estatutárias e regimentais, bem como da escolha de
Art. 54. As universidades mantidas pelo dirigentes.
Poder Público gozarão, na forma da lei, de estatuto
jurídico especial para atender às peculiaridades de Art. 57. Nas instituições públicas de educação
sua estrutura, organização e financiamento pelo superior, o professor ficará obrigado ao mínimo de
Poder Público, assim como dos seus planos de oito horas semanais de aulas. (Regulamento)
carreira e do regime jurídico do seu pessoal. CAPÍTULO V
(Regulamento) (Regulamento)
DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
§ 1º No exercício da sua autonomia, além
das atribuições asseguradas pelo artigo anterior, as Art. 58. Entende-se por educação especial,
universidades públicas poderão: para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação
escolar oferecida preferencialmente na rede regular
I - propor o seu quadro de pessoal docente,
de ensino, para educandos com deficiência,
técnico e administrativo, assim como um plano de transtornos globais do desenvolvimento e altas
cargos e salários, atendidas as normas gerais habilidades ou superdotação. (Redação dada pela
pertinentes e os recursos disponíveis;
Lei nº 12.796, de 2013)
II - elaborar o regulamento de seu pessoal
§ 1º Haverá, quando necessário, serviços de
em conformidade com as normas gerais
apoio especializado, na escola regular, para atender
concernentes; às peculiaridades da clientela de educação especial.
III - aprovar e executar planos, programas e § 2º O atendimento educacional será feito em
projetos de investimentos referentes a obras,
classes, escolas ou serviços especializados, sempre
serviços e aquisições em geral, de acordo com os
que, em função das condições específicas dos
recursos alocados pelo respectivo Poder
alunos, não for possível a sua integração nas classes
mantenedor;
comuns de ensino regular.
IV - elaborar seus orçamentos anuais e § 3º A oferta de educação especial, nos termos
plurianuais; do caput deste artigo, tem início na educação infantil
V - adotar regime financeiro e contábil que e estende-se ao longo da vida, observados o inciso III
atenda às suas peculiaridades de organização e do art. 4º e o parágrafo único do art. 60 desta Lei.
funcionamento; (Redação dada pela Lei nº 13.632, de 2018)
VI - realizar operações de crédito ou de Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão
financiamento, com aprovação do Poder aos educandos com deficiência, transtornos globais
competente, para aquisição de bens imóveis, do desenvolvimento e altas habilidades ou
instalações e equipamentos; superdotação: (Redação dada pela Lei nº 12.796, de
2013)
VII - efetuar transferências, quitações e tomar
outras providências de ordem orçamentária, I - currículos, métodos, técnicas, recursos
financeira e patrimonial necessárias ao seu bom educativos e organização específicos, para atender
desempenho. às suas necessidades;
§ 2º Atribuições de autonomia universitária II - terminalidade específica para aqueles que
poderão ser estendidas a instituições que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão
comprovem alta qualificação para o ensino ou para do ensino fundamental, em virtude de suas
a pesquisa, com base em avaliação realizada pelo deficiências, e aceleração para concluir em menor
Poder Público. tempo o programa escolar para os superdotados;
Art. 55. Caberá à União assegurar, III - professores com especialização adequada
anualmente, em seu Orçamento Geral, recursos em nível médio ou superior, para atendimento
suficientes para manutenção e desenvolvimento especializado, bem como professores do ensino
das instituições de educação superior por ela regular capacitados para a integração desses
mantidas. educandos nas classes comuns;

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
IV - educação especial para o trabalho, III – trabalhadores em educação, portadores de
visando a sua efetiva integração na vida em diploma de curso técnico ou superior em área
sociedade, inclusive condições adequadas para os pedagógica ou afim. (Incluído pela Lei nº 12.014, de
que não revelarem capacidade de inserção no 2009)
trabalho competitivo, mediante articulação com os
IV - profissionais com notório saber
órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que
reconhecido pelos respectivos sistemas de ensino,
apresentam uma habilidade superior nas áreas
para ministrar conteúdos de áreas afins à sua
artística, intelectual ou psicomotora;
formação ou experiência profissional, atestados por
V - acesso igualitário aos benefícios dos titulação específica ou prática de ensino em unidades
programas sociais suplementares disponíveis para educacionais da rede pública ou privada ou das
o respectivo nível do ensino regular. corporações privadas em que tenham atuado,
exclusivamente para atender ao inciso V do caput do
Art. 59-A. O poder público deverá instituir
art. 36; (Incluído pela lei nº 13.415, de 2017)
cadastro nacional de alunos com altas habilidades
ou superdotação matriculados na educação básica V - profissionais graduados que tenham feito
e na educação superior, a fim de fomentar a complementação pedagógica, conforme disposto
execução de políticas públicas destinadas ao pelo Conselho Nacional de Educação. (Incluído pela
desenvolvimento pleno das potencialidades desse lei nº 13.415, de 2017)
alunado. (Incluído pela Lei nº 13.234, de 2015)
Parágrafo único. A formação dos profissionais
Parágrafo único. A identificação precoce de da educação, de modo a atender às especificidades
alunos com altas habilidades ou superdotação, os do exercício de suas atividades, bem como aos
critérios e procedimentos para inclusão no cadastro objetivos das diferentes etapas e modalidades da
referido no caput deste artigo, as entidades educação básica, terá como fundamentos: (Incluído
responsáveis pelo cadastramento, os mecanismos pela Lei nº 12.014, de 2009)
de acesso aos dados do cadastro e as políticas de
I – a presença de sólida formação básica, que
desenvolvimento das potencialidades do alunado
propicie o conhecimento dos fundamentos científicos
de que trata o caput serão definidos em
e sociais de suas competências de trabalho; (Incluído
regulamento.
pela Lei nº 12.014, de 2009)
Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas
II – a associação entre teorias e práticas,
de ensino estabelecerão critérios de caracterização
mediante estágios supervisionados e capacitação em
das instituições privadas sem fins lucrativos,
serviço; (Incluído pela Lei nº 12.014, de 2009)
especializadas e com atuação exclusiva em
educação especial, para fins de apoio técnico e III – o aproveitamento da formação e
financeiro pelo Poder Público. experiências anteriores, em instituições de ensino e
em outras atividades. (Incluído pela Lei nº 12.014, de
Parágrafo único. O poder público adotará,
2009)
como alternativa preferencial, a ampliação do
atendimento aos educandos com deficiência, Art. 62. A formação de docentes para atuar na
transtornos globais do desenvolvimento e altas educação básica far-se-á em nível superior, em curso
habilidades ou superdotação na própria rede de licenciatura plena, admitida, como formação
pública regular de ensino, independentemente do mínima para o exercício do magistério na educação
apoio às instituições previstas neste artigo. infantil e nos cinco primeiros anos do ensino
(Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) fundamental, a oferecida em nível médio, na
modalidade normal. (Redação dada pela lei nº
TÍTULO VI
13.415, de 2017)
Dos Profissionais da Educação
§ 1º A União, o Distrito Federal, os Estados e
Art. 61. Consideram-se profissionais da os Municípios, em regime de colaboração, deverão
educação escolar básica os que, nela estando em promover a formação inicial, a continuada e a
efetivo exercício e tendo sido formados em cursos capacitação dos profissionais de magistério. (Incluído
reconhecidos, são: (Redação dada pela Lei nº pela Lei nº 12.056, de 2009).
12.014, de 2009)
§ 2º A formação continuada e a capacitação
I – professores habilitados em nível médio ou dos profissionais de magistério poderão utilizar
superior para a docência na educação infantil e nos recursos e tecnologias de educação a distância.
ensinos fundamental e médio; (Redação dada pela (Incluído pela Lei nº 12.056, de 2009).
Lei nº 12.014, de 2009)
§ 3º A formação inicial de profissionais de
II – trabalhadores em educação portadores magistério dará preferência ao ensino presencial,
de diploma de pedagogia, com habilitação em subsidiariamente fazendo uso de recursos e
administração, planejamento, supervisão, inspeção tecnologias de educação a distância. (Incluído pela
e orientação educacional, bem como com títulos de Lei nº 12.056, de 2009).
mestrado ou doutorado nas mesmas áreas;
(Redação dada pela Lei nº 12.014, de 2009)
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
§ 4o A União, o Distrito Federal, os Estados e Art. 65. A formação docente, exceto para a
os Municípios adotarão mecanismos facilitadores educação superior, incluirá prática de ensino de, no
de acesso e permanência em cursos de formação mínimo, trezentas horas.
de docentes em nível superior para atuar na
Art. 66. A preparação para o exercício do
educação básica pública. (Incluído pela Lei nº
magistério superior far-se-á em nível de pós-
12.796, de 2013)
graduação, prioritariamente em programas de
§ 5o A União, o Distrito Federal, os Estados e mestrado e doutorado.
os Municípios incentivarão a formação de
Parágrafo único. O notório saber, reconhecido
profissionais do magistério para atuar na educação
por universidade com curso de doutorado em área
básica pública mediante programa institucional de
afim, poderá suprir a exigência de título acadêmico.
bolsa de iniciação à docência a estudantes
matriculados em cursos de licenciatura, de Art. 67. Os sistemas de ensino promoverão a
graduação plena, nas instituições de educação valorização dos profissionais da educação,
superior. (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) assegurando-lhes, inclusive nos termos dos estatutos
e dos planos de carreira do magistério público:
§ 6o O Ministério da Educação poderá
estabelecer nota mínima em exame nacional I - ingresso exclusivamente por concurso
aplicado aos concluintes do ensino médio como público de provas e títulos;
pré-requisito para o ingresso em cursos de
II - aperfeiçoamento profissional continuado,
graduação para formação de docentes, ouvido o
inclusive com licenciamento periódico remunerado
Conselho Nacional de Educação - CNE. (Incluído
para esse fim;
pela Lei nº 12.796, de 2013)
§ 7o (VETADO). III - piso salarial profissional;

§ 8o Os currículos dos cursos de formação de IV - progressão funcional baseada na titulação


ou habilitação, e na avaliação do desempenho;
docentes terão por referência a Base Nacional
Comum Curricular. (Incluído pela lei nº 13.415, de V - período reservado a estudos, planejamento
2017) (Vide Lei nº 13.415, de 2017) e avaliação, incluído na carga de trabalho;
Art. 62-A. A formação dos profissionais a que VI - condições adequadas de trabalho.
se refere o inciso III do art. 61 far-se-á por meio de
cursos de conteúdo técnico-pedagógico, em nível § 1o A experiência docente é pré-requisito para
médio ou superior, incluindo habilitações o exercício profissional de quaisquer outras funções
tecnológicas. (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) de magistério, nos termos das normas de cada
sistema de ensino. (Renumerado pela Lei nº 11.301,
Parágrafo único. Garantir-se-á formação de 2006)
continuada para os profissionais a que se refere o
caput, no local de trabalho ou em instituições de § 2o Para os efeitos do disposto no § 5º do art.
educação básica e superior, incluindo cursos de 40 e no § 8o do art. 201 da Constituição Federal, são
educação profissional, cursos superiores de consideradas funções de magistério as exercidas por
graduação plena ou tecnológicos e de pós- professores e especialistas em educação no
graduação. (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) desempenho de atividades educativas, quando
exercidas em estabelecimento de educação básica
Art. 63. Os institutos superiores de educação em seus diversos níveis e modalidades, incluídas,
manterão: (Regulamento) além do exercício da docência, as de direção de
unidade escolar e as de coordenação e
I - cursos formadores de profissionais para a
assessoramento pedagógico. (Incluído pela Lei nº
educação básica, inclusive o curso normal superior,
11.301, de 2006)
destinado à formação de docentes para a educação
infantil e para as primeiras séries do ensino § 3o A União prestará assistência técnica aos
fundamental; Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios na
elaboração de concursos públicos para provimento
II - programas de formação pedagógica para
de cargos dos profissionais da educação. (Incluído
portadores de diplomas de educação superior que
pela Lei nº 12.796, de 2013)
queiram se dedicar à educação básica;
TÍTULO VII
III - programas de educação continuada para
os profissionais de educação dos diversos níveis. Dos Recursos financeiros
Art. 64. A formação de profissionais de Art. 68. Serão recursos públicos destinados à
educação para administração, planejamento, educação os originários de:
inspeção, supervisão e orientação educacional para
a educação básica, será feita em cursos de I - receita de impostos próprios da União, dos
graduação em pedagogia ou em nível de pós- Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
graduação, a critério da instituição de ensino, II - receita de transferências constitucionais e
garantida, nesta formação, a base comum nacional. outras transferências;

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
III - receita do salário-educação e de outras I - remuneração e aperfeiçoamento do pessoal
contribuições sociais; docente e demais profissionais da educação;
IV - receita de incentivos fiscais; II - aquisição, manutenção, construção e
conservação de instalações e equipamentos
V - outros recursos previstos em lei.
necessários ao ensino;
Art. 69. A União aplicará, anualmente, nunca
III – uso e manutenção de bens e serviços
menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal
vinculados ao ensino;
e os Municípios, vinte e cinco por cento, ou o que
consta nas respectivas Constituições ou Leis IV - levantamentos estatísticos, estudos e
Orgânicas, da receita resultante de impostos, pesquisas visando precipuamente ao aprimoramento
compreendidas as transferências constitucionais, da qualidade e à expansão do ensino;
na manutenção e desenvolvimento do ensino
V - realização de atividades-meio necessárias
público.
ao funcionamento dos sistemas de ensino;
§ 1º A parcela da arrecadação de impostos
VI - concessão de bolsas de estudo a alunos
transferida pela União aos Estados, ao Distrito
de escolas públicas e privadas;
Federal e aos Municípios, ou pelos Estados aos
respectivos Municípios, não será considerada, para VII - amortização e custeio de operações de
efeito do cálculo previsto neste artigo, receita do crédito destinadas a atender ao disposto nos incisos
governo que a transferir. deste artigo;
§ 2º Serão consideradas excluídas das VIII - aquisição de material didático-escolar e
receitas de impostos mencionadas neste artigo as manutenção de programas de transporte escolar.
operações de crédito por antecipação de receita
orçamentária de impostos. Art. 71. Não constituirão despesas de
manutenção e desenvolvimento do ensino aquelas
§ 3º Para fixação inicial dos valores realizadas com:
correspondentes aos mínimos estatuídos neste
I - pesquisa, quando não vinculada às
artigo, será considerada a receita estimada na lei
instituições de ensino, ou, quando efetivada fora dos
do orçamento anual, ajustada, quando for o caso,
por lei que autorizar a abertura de créditos sistemas de ensino, que não vise, precipuamente, ao
adicionais, com base no eventual excesso de aprimoramento de sua qualidade ou à sua expansão;
arrecadação. II - subvenção a instituições públicas ou
privadas de caráter assistencial, desportivo ou
§ 4º As diferenças entre a receita e a
cultural;
despesa previstas e as efetivamente realizadas,
que resultem no não atendimento dos percentuais III - formação de quadros especiais para a
mínimos obrigatórios, serão apuradas e corrigidas a administração pública, sejam militares ou civis,
cada trimestre do exercício financeiro. inclusive diplomáticos;
§ 5º O repasse dos valores referidos neste IV - programas suplementares de alimentação,
artigo do caixa da União, dos Estados, do Distrito assistência médico-odontológica, farmacêutica e
Federal e dos Municípios ocorrerá imediatamente psicológica, e outras formas de assistência social;
ao órgão responsável pela educação, observados
os seguintes prazos: V - obras de infraestrutura, ainda que
realizadas para beneficiar direta ou indiretamente a
I - recursos arrecadados do primeiro ao rede escolar;
décimo dia de cada mês, até o vigésimo dia;
VI - pessoal docente e demais trabalhadores
II - recursos arrecadados do décimo primeiro da educação, quando em desvio de função ou em
ao vigésimo dia de cada mês, até o trigésimo dia; atividade alheia à manutenção e desenvolvimento do
III - recursos arrecadados do vigésimo ensino.
primeiro dia ao final de cada mês, até o décimo dia Art. 72. As receitas e despesas com
do mês subsequente. manutenção e desenvolvimento do ensino serão
apuradas e publicadas nos balanços do Poder
§ 6º O atraso da liberação sujeitará os
Público, assim como nos relatórios a que se refere o
recursos a correção monetária e à
§ 3º do art. 165 da Constituição Federal.
responsabilização civil e criminal das autoridades
competentes. Art. 73. Os órgãos fiscalizadores examinarão,
Art. 70. Considerar-se-ão como de prioritariamente, na prestação de contas de recursos
públicos, o cumprimento do disposto no art. 212 da
manutenção e desenvolvimento do ensino as
Constituição Federal, no art. 60 do Ato das
despesas realizadas com vistas à consecução dos
Disposições Constitucionais Transitórias e na
objetivos básicos das instituições educacionais de
legislação concernente.
todos os níveis, compreendendo as que se
destinam a:

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Art. 74. A União, em colaboração com os ou confessional, ou ao Poder Público, no caso de
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, encerramento de suas atividades;
estabelecerá padrão mínimo de oportunidades
IV - prestem contas ao Poder Público dos
educacionais para o ensino fundamental, baseado
recursos recebidos.
no cálculo do custo mínimo por aluno, capaz de
assegurar ensino de qualidade. § 1º Os recursos de que trata este artigo
poderão ser destinados a bolsas de estudo para a
Parágrafo único. O custo mínimo de que trata
educação básica, na forma da lei, para os que
este artigo será calculado pela União ao final de
demonstrarem insuficiência de recursos, quando
cada ano, com validade para o ano subsequente,
houver falta de vagas e cursos regulares da rede
considerando variações regionais no custo dos
pública de domicílio do educando, ficando o Poder
insumos e as diversas modalidades de ensino.
Público obrigado a investir prioritariamente na
Art. 75. A ação supletiva e redistributiva da expansão da sua rede local.
União e dos Estados será exercida de modo a
§ 2º As atividades universitárias de pesquisa e
corrigir, progressivamente, as disparidades de
extensão poderão receber apoio financeiro do Poder
acesso e garantir o padrão mínimo de qualidade de
Público, inclusive mediante bolsas de estudo.
ensino.
TÍTULO VIII
§ 1º A ação a que se refere este artigo
obedecerá a fórmula de domínio público que inclua Das Disposições Gerais
a capacidade de atendimento e a medida do
Art. 78. O Sistema de Ensino da União, com a
esforço fiscal do respectivo Estado, do Distrito
colaboração das agências federais de fomento à
Federal ou do Município em favor da manutenção e
do desenvolvimento do ensino. cultura e de assistência aos índios, desenvolverá
programas integrados de ensino e pesquisa, para
§ 2º A capacidade de atendimento de cada oferta de educação escolar bilíngue e intercultural
governo será definida pela razão entre os recursos aos povos indígenas, com os seguintes objetivos:
de uso constitucionalmente obrigatório na
I - proporcionar aos índios, suas comunidades
manutenção e desenvolvimento do ensino e o custo
anual do aluno, relativo ao padrão mínimo de e povos, a recuperação de suas memórias históricas;
qualidade. a reafirmação de suas identidades étnicas; a
valorização de suas línguas e ciências;
§ 3º Com base nos critérios estabelecidos
II - garantir aos índios, suas comunidades e
nos §§ 1º e 2º, a União poderá fazer a transferência
povos, o acesso às informações, conhecimentos
direta de recursos a cada estabelecimento de
técnicos e científicos da sociedade nacional e demais
ensino, considerado o número de alunos que
efetivamente frequentam a escola. sociedades indígenas e não-índias.

§ 4º A ação supletiva e redistributiva não Art. 79. A União apoiará técnica e


financeiramente os sistemas de ensino no provimento
poderá ser exercida em favor do Distrito Federal,
da educação intercultural às comunidades indígenas,
dos Estados e dos Municípios se estes oferecerem
desenvolvendo programas integrados de ensino e
vagas, na área de ensino de sua responsabilidade,
pesquisa.
conforme o inciso VI do art. 10 e o inciso V do art.
11 desta Lei, em número inferior à sua capacidade § 1º Os programas serão planejados com
de atendimento. audiência das comunidades indígenas.
Art. 76. A ação supletiva e redistributiva § 2º Os programas a que se refere este artigo,
prevista no artigo anterior ficará condicionada ao incluídos nos Planos Nacionais de Educação, terão
efetivo cumprimento pelos Estados, Distrito Federal os seguintes objetivos:
e Municípios do disposto nesta Lei, sem prejuízo de
outras prescrições legais. I - fortalecer as práticas socioculturais e a
língua materna de cada comunidade indígena;
Art. 77. Os recursos públicos serão
destinados às escolas públicas, podendo ser II - manter programas de formação de pessoal
dirigidos a escolas comunitárias, confessionais ou especializado, destinado à educação escolar nas
filantrópicas que: comunidades indígenas;

I - comprovem finalidade não-lucrativa e não III - desenvolver currículos e programas


distribuam resultados, dividendos, bonificações, específicos, neles incluindo os conteúdos culturais
participações ou parcela de seu patrimônio sob correspondentes às respectivas comunidades;
nenhuma forma ou pretexto; IV - elaborar e publicar sistematicamente
II - apliquem seus excedentes financeiros em material didático específico e diferenciado.
educação; § 3o No que se refere à educação superior,
III - assegurem a destinação de seu sem prejuízo de outras ações, o atendimento aos
patrimônio a outra escola comunitária, filantrópica povos indígenas efetivar-se-á, nas universidades
públicas e privadas, mediante a oferta de ensino e de
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
assistência estudantil, assim como de estímulo à funções de monitoria, de acordo com seu rendimento
pesquisa e desenvolvimento de programas e seu plano de estudos.
especiais. (Incluído pela Lei nº 12.416, de 2011)
Art. 85. Qualquer cidadão habilitado com a
Art. 79-A. (VETADO) titulação própria poderá exigir a abertura de concurso
público de provas e títulos para cargo de docente de
Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia
instituição pública de ensino que estiver sendo
20 de novembro como ‘Dia Nacional da
ocupado por professor não concursado, por mais de
Consciência Negra’. (Incluído pela Lei nº 10.639, de
seis anos, ressalvados os direitos assegurados pelos
9.1.2003)
arts. 41 da Constituição Federal e 19 do Ato das
Art. 80. O Poder Público incentivará o Disposições Constitucionais Transitórias.
desenvolvimento e a veiculação de programas de
Art. 86. As instituições de educação superior
ensino a distância, em todos os níveis e
constituídas como universidades integrar-se-ão,
modalidades de ensino, e de educação continuada.
também, na sua condição de instituições de
(Regulamento)
pesquisa, ao Sistema Nacional de Ciência e
§ 1º A educação a distância, organizada com Tecnologia, nos termos da legislação específica.
abertura e regime especiais, será oferecida por
TÍTULO IX
instituições especificamente credenciadas pela
União. Das Disposições Transitórias
§ 2º A União regulamentará os requisitos Art. 87. É instituída a Década da Educação, a
para a realização de exames e registro de diploma iniciar-se um ano a partir da publicação desta Lei.
relativos a cursos de educação a distância.
§ 1º A União, no prazo de um ano a partir da
§ 3º As normas para produção, controle e publicação desta Lei, encaminhará, ao Congresso
avaliação de programas de educação a distância e Nacional, o Plano Nacional de Educação, com
a autorização para sua implementação, caberão diretrizes e metas para os dez anos seguintes, em
aos respectivos sistemas de ensino, podendo haver sintonia com a Declaração Mundial sobre Educação
cooperação e integração entre os diferentes para Todos.
sistemas. (Regulamento)
§ 2º (Revogado)
§ 4º A educação a distância gozará de
§ 3o O Distrito Federal, cada Estado e
tratamento diferenciado, que incluirá:
Município, e, supletivamente, a União, devem:
I - custos de transmissão reduzidos em (Redação dada pela Lei nº 11.330, de 2006)
canais comerciais de radiodifusão sonora e de sons
I – (Revogado)
e imagens e em outros meios de comunicação que
sejam explorados mediante autorização, concessão a) (Revogado)
ou permissão do poder público; (Redação dada
pela Lei nº 12.603, de 2012) b) (Revogado)
c) (Revogado)
II - concessão de canais com finalidades
exclusivamente educativas; II - prover cursos presenciais ou a distância
aos jovens e adultos insuficientemente escolarizados;
III - reserva de tempo mínimo, sem ônus para
o Poder Público, pelos concessionários de canais III - realizar programas de capacitação para
comerciais. todos os professores em exercício, utilizando
Art. 81. É permitida a organização de cursos também, para isto, os recursos da educação a
distância;
ou instituições de ensino experimentais, desde que
obedecidas as disposições desta Lei. IV - integrar todos os estabelecimentos de
ensino fundamental do seu território ao sistema
Parágrafo único. (Revogado)
nacional de avaliação do rendimento escolar.
Art. 82. Os sistemas de ensino
estabelecerão as normas de realização de estágio § 4º (Revogado)
em sua jurisdição, observada a lei federal sobre a § 5º Serão conjugados todos os esforços
matéria. (Redação dada pela Lei nº 11.788, de objetivando a progressão das redes escolares
2008) públicas urbanas de ensino fundamental para o
regime de escolas de tempo integral.
Art. 83. O ensino militar é regulado em lei
específica, admitida a equivalência de estudos, de § 6º A assistência financeira da União aos
acordo com as normas fixadas pelos sistemas de Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem
ensino. como a dos Estados aos seus Municípios, ficam
condicionadas ao cumprimento do art. 212 da
Art. 84. Os discentes da educação superior
Constituição Federal e dispositivos legais pertinentes
poderão ser aproveitados em tarefas de ensino e
pelos governos beneficiados.
pesquisa pelas respectivas instituições, exercendo

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Art. 87-A. (VETADO). PARÂMETROS CURRICULARES
Art. 88. A União, os Estados, o Distrito NACIONAIS
Federal e os Municípios adaptarão sua legislação Os Parâmetros Curriculares Nacionais, mais
educacional e de ensino às disposições desta Lei conhecidos como PCN, é uma coleção de
no prazo máximo de um ano, a partir da data de documentos que compõem a grade curricular de uma
sua publicação. (Regulamento) (Regulamento) instituição educativa.
§ 1º As instituições educacionais adaptarão Esse material foi elaborado a fim de servir
seus estatutos e regimentos aos dispositivos desta como ponto de partida para o trabalho docente,
Lei e às normas dos respectivos sistemas de norteando as atividades realizadas na sala de aula.
ensino, nos prazos por estes estabelecidos.
É claro que cada instituição deve montar o
§ 2º O prazo para que as universidades seu Projeto Político Pedagógico, sua proposta
cumpram o disposto nos incisos II e III do art. 52 é pedagógica, adaptando esses conteúdos à realidade
de oito anos. social da localidade onde está inserida.
Art. 89. As creches e pré-escolas existentes O documento é uma orientação quanto ao
ou que venham a ser criadas deverão, no prazo de cotidiano escolar, os principais conteúdos que devem
três anos, a contar da publicação desta Lei, ser trabalhados, a fim de dar subsídios aos
integrar-se ao respectivo sistema de ensino. educadores, para que suas práticas pedagógicas
Art. 90. As questões suscitadas na transição sejam da melhor qualidade.
entre o regime anterior e o que se institui nesta Lei Em sua abordagem, os parâmetros
serão resolvidas pelo Conselho Nacional de curriculares nacionais definem que os currículos e
Educação ou, mediante delegação deste, pelos conteúdos não podem ser trabalhados apenas como
órgãos normativos dos sistemas de ensino, transmissão de conhecimentos, mas que as práticas
preservada a autonomia universitária. docentes devem encaminhar os alunos rumo à
Art. 91. Esta Lei entra em vigor na data de aprendizagem.
sua publicação. A reflexão da prática docente deve ser feita
Art. 92. Revogam-se as disposições das Leis através de reuniões com todo o grupo da escola,
nºs 4.024, de 20 de dezembro de 1961, e 5.540, de direção, coordenação, orientação, psicopedagoga,
28 de novembro de 1968, não alteradas pelas Leis psicóloga, professores, dentre outros profissionais,
nºs 9.131, de 24 de novembro de 1995 e 9.192, de ligados à rotina da instituição e de sala de aula.
21 de dezembro de 1995 e, ainda, as Leis nºs Cabe a cada instituição se organizar nesse
5.692, de 11 de agosto de 1971 e 7.044, de 18 de sentido, pois a escola que não promove momentos
outubro de 1982, e as demais leis e decretos-lei de reflexão da prática docente causa uma relação
que as modificaram e quaisquer outras disposições duvidosa entre docente, alunos e conteúdos a serem
em contrário. ministrados.
Brasília, 20 de dezembro de 1996; 175º da Muitas vezes os professores não conhecem a
Independência e 108º da República. proposta pedagógica da instituição, pois os diretores
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO mantêm a mesma sob sete chaves, para que
Paulo Renato Souza ninguém copie seu conteúdo. Isso torna difícil a
reflexão do professor sobre o seu próprio trabalho,
pois o mesmo precisa conhecer que tipo de
educação aquela instituição quer oferecer, que
princípios devem trabalhar e quais os objetivos a
serem conquistados.
A escola deve ter responsabilidade social,
instituir situações didáticas fundamentais entre os
temas a serem abordados e a prática docente, as
formas pelas quais a aprendizagem acontecerá,
através do desenvolvimento de habilidades de leitura,
interpretação, estudo independente e pesquisa.
Os PCN estão divididos a fim de facilitar o
trabalho da instituição, principalmente na elaboração
do seu Projeto Político Pedagógico. São seis
volumes que apresentam as áreas do conhecimento,
como: língua portuguesa, matemática, ciências
naturais, história, geografia, arte e educação física.
Outros três volumes trazem elementos que
compõem os temas transversais. O primeiro deles
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
explica e justifica o porquê de se trabalhar com ANOTAÇÕES
temas transversais, além de trazer uma abordagem
__________________________________________
sobre ética. No segundo volume os assuntos
abordados tratam de pluralidade cultural e __________________________________________
orientação sexual; e o terceiro volume aborda meio
__________________________________________
ambiente e saúde.
__________________________________________
O MEC (fazer os links) disponibiliza esse
material a todos os professores, a fim de que os __________________________________________
mesmos possam estudá-lo e conhecê-lo a fundo,
__________________________________________
auxiliando os professores em sua atividade
profissional, além de perceber a responsabilidade __________________________________________
social conferida ao ofício de professor.
__________________________________________
Os PCN podem ser facilmente encontrados,
__________________________________________
estando divididos para o Ensino Fundamental 1,
do 1º ao 5º ano, e o documento para o Ensino __________________________________________
Fundamental 2, do 6º ao 9º ano.
__________________________________________
__________________________________________
PCN EM ANEXO EM __________________________________________
__________________________________________
ARQUIVO PDF
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
precisa levar em consideração esse retrato de corpo
inteiro que a ciência faz da educação nos dias de
hoje. O pensar filosófico não parte de referências
abstratas e idealizadas, aprioristicamente colocadas,
mas sim da própria realidade de seu objeto.
Assim ela toma em conta as conclusões das
A Humanidade vive um momento de sua ciências, procurando clarear os objetivos e
história marcado por grandes transformações, finalidades que precisam ser selecionados e
decorrentes sobretudo do avanço tecnológico, nas privilegiados, até mesmo na definição dos meios,
diversas esferas de sua existência: na produção para que elas possam subsidiar as políticas sociais.
econômica dos bens naturais; nas relações políticas É neste plano das finalidades que se estabelece o
da vida social; e na construção cultural. Esta nova diálogo entre as perspectivas científica, filosófica e
condição exige um redimensionamento de todas as política, sendo esta última perspectiva entendida
práticas mediadoras de sua realidade histórica, como o planejamento e a execução de ações que
quais sejam, o trabalho, a sociabilidade e a cultura interferem diretamente na dinâmica social.
simbólica. Espera-se, pois, da educação, como
mediação dessas práticas, que se torne, para Portanto, o objetivo do presente texto é
enfrentar o grande desafio do 3o milênio, aduzir algumas considerações sobre a significação
investimento sistemático nas forças construtivas da educação, como mediação concreta da existência
dessas práticas, de modo a contribuir mais real da sociedade brasileira, no quadrante histórico
eficazmente na construção da cidadania, tornando- atual. Para tanto, parte de uma configuração da
se fundamentalmente educação do homem social. situação em que se encontram as relações entre
educação e sociedade, desenvolvendo em seguida
A educação, como processo pedagógico considerações sobre o necessário
sistematizado de intervenção na dinâmica da vida redimensionamento de seu papel, em face das
social, é considerada hoje objeto priorizado de exigências postas pela significação da condição
estudos científicos com vistas à definição de humana, fundada na iminente dignidade dos seres
políticas estratégicas para o desenvolvimento humanos como pessoas.
integral das sociedades. Ela é entendida como
mediação básica da vida social de todas as A NOVA ORDEM MUNDIAL: A PROMESSA
comunidades humanas. Esta reavaliação, que levou De acordo com um senso comum atualizado,
à sua revalorização, não pode, no entanto, fundar- vigente nos meios acadêmicos, nos meios de
se apenas na sua operacionalidade para a eficácia comunicação e até mesmo nos meios populares,
funcional do sistema socioeconômico, como muitas estaríamos vivendo hoje um mundo totalmente
vezes tendem a vê-la as organizações oficiais, diferente daquele projetado pela visão iluminista da
grandes economistas e outros especialistas que modernidade, constituindo uma nova ordem mundial.
focam a questão sob a perspectiva da teoria do Estaríamos vivendo um momento de plena revolução
capital humano. tecnológica, capaz de lidar com a produção e
Sem dúvida, a existência real dos homens é transmissão de informações em extraordinária
profundamente marcada pelos aspectos velocidade, num processo de globalização não só da
econômicos, até porque esta dimensão econômica, cultura, mas também da economia e da política.
devidamente entendida, constitui mesmo uma Tratar-se-ia de um momento marcado pelo
referência condicionante para as outras dimensões privilegiamento da iniciativa privada, pela
da vida humana, uma vez que ela se liga à própria minimalização da ingerência do Estado nos negócios
sobrevivência da vida material. humanos, pela maximalização das leis do mercado,
Porém, a significação dos processos sociais pela ruptura de todas as fronteiras. Tal situação leva
e, no seu âmbito, dos processos educacionais não Octavio Ianni (1998:28) a afirmar que "o que está em
se restringe a essa sua funcionalidade operatória. causa é a busca de maior e crescente produtividade,
Se, de um lado, é a realidade dos fatos que permite competitividade e lucratividade, tendo em conta
que a educação tenha alguma incidência social, de mercados nacionais, regionais e mundiais. Daí a
outro, essa eficácia só ganha legitimidade humana impressão de que o mundo se transforma no território
se se referir a significações que ultrapassem sua de uma vasta e complexa fábrica global e, ao mesmo
mera facticidade e seu desempenho operacional. tempo, em shopping center global e disneylândia
Buscar explicitar esses valores e significações é o global".
que cabe a uma abordagem filosófica da educação No plano mais especificamente filosófico,
e tal é o objetivo deste texto, ainda que nos restritos estaria em pauta uma crítica cerrada às formas de
limites de espaço de que dispõe. expressão da razão teórica da modernidade,
Refletir filosoficamente sobre a educação propondo-se a desconstrução de todos os discursos
não é dispensar os dados e análises que as por ela produzidos, todos colocados sob suspeita, até
ciências especializadas podem trazer e fazer; ao mesmo aqueles da própria ciência. Todos os grandes
contrário, uma abordagem filosófico-educacional sistemas teóricos interpretativos da realidade
humana são caracterizados como metanarrativas e,
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
como tal, desconsiderados. Já teríamos entrado ANOTAÇÕES
então em plena pós-modernidade.
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No entanto, este modo de ver e existir
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atuais, de perfil assumidamente neoliberal, com
suas decorrências e expressões no plano cultural, __________________________________________
com sua exacerbação do individualismo, do
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produtivismo, do consumismo, da indústria cultural,
da mercadorização até mesmo dos bens __________________________________________
simbólicos, não instaura nenhuma pós-
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modernidade.
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Com efeito, o que está de fato acontecendo
é a plena maturação das premissas e promessas __________________________________________
da própria modernidade. Nada mais moderno do
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que o individualismo egoísta dos dias de hoje. No
fundo, é a mesma racionalidade que continua __________________________________________
dirigindo os rumos da história humana, em que
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pesem as críticas que são feitas à sua forma de
expressão até o século 19. __________________________________________
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Compreender como se ensina e como se
aprende requer um entendimento de como o
conhecimento é produzido (fundamentos
epistemológicos) e de como se estabelece sua
relação didática (fundamentos didático-
pedagógicos).
A ESCOLA COMO CAMPO DE
RELAÇÕES (ESPAÇOS DE O conhecimento organizado historicamente é
o instrumental que permite a análise e a
DIFERENÇAS, CONTRADIÇÕES E compreensão da sociedade em que o sujeito está
CONFLITOS), PARA O EXERCÍCIO E A inserido.
FORMAÇÃO DA CIDADANIA, DIFUSÃO
A apropriação do conhecimento não se
E CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO baseia simplesmente em obter informações, mas em
A escola, enquanto instituição formadora, uma reelaboração dessas informações que
tem como função instrumentalizar o sujeito, possibilitam novos conhecimentos e práticas
entendido como um ser social que estabelece transformadoras.
múltiplas relações para produzir e reproduzir sua A apropriação do conhecimento mediado
vida em sociedade. pelo processo de ensino e de aprendizagem
Estas relações são vivenciadas nas organizado na escola se dá na interação do sujeito
famílias, nas instituições, nos movimentos sociais, consigo mesmo, com outros sujeitos e com o objeto
entre outras. Desta maneira o sujeito se forma e é do conhecimento.
formado a partir da base biológica e da prática Assim, aprender implica elaborar, produzir,
social estabelecida. reproduzir e resolver problemas.
Uma escola preocupada com a formação A educação como direito social está
cidadã precisa estabelecer a leitura da organização garantida no artigo 205 da Constituição Federal: “A
da sociedade, os princípios que a regem e definir o educação direito de todos e dever do Estado e da
processo educativo para os sujeitos a partir de sua família, será promovida e incentivada com a
historicidade, pois o conhecimento não é dado a colaboração da sociedade, visando ao pleno
priori, não é algo natural, deve ser conquistado. desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
Segundo a concepção histórica, o ser exercício da cidadania e sua qualificação para o
humano é um ser em processo, que ao transformar trabalho”.
a natureza, também se transforma e na condição de A escola, segundo a LDB, tem como função
ser humano, faz história e produz conhecimentos. social formar o cidadão, e, desse modo, garantir as
O sujeito, então, se define pela produção de finalidades registradas no artigo 22: “A educação
seus bens e pelo seu trabalho coletivo, na interação básica tem por finalidade desenvolver o educando,
entre o sujeito e a sociedade em que está inserido. assegurar-lhe a formação comum indispensável para
o exercício da cidadania e fornecer-lhes meios para
Saviani (1997), sobre esse aspecto, progredir no trabalho e em estudos posteriores”.
explica que:
Com essa abordagem constata-se a
[...] o trabalho educativo é o ato de produzir, necessidade da escola se organizar para empreender
direta e intencionalmente, em cada indivíduo uma educação que ofereça respostas às demandas
singular, a humanidade que é produzida histórica e sociais.
coletivamente pelo conjunto dos homens. Assim, o
objeto da educação diz respeito, de um lado, à A organização da escola, sua prática
identificação dos elementos culturais que precisam cotidiana está vinculada a uma gestão, que na ótica
ser assimilados pelos indivíduos da espécie deste texto, se pretende democrática.
humana para que eles se tornem humanos e, de Uma gestão que vá além dos aspectos
outro lado e concomitantemente, à descoberta das burocráticos, que ao gerir os processos
formas mais adequadas para atingir esse objetivo. administrativos e pedagógicos o faça contemplando a
O processo de apropriação e reapropriação participação de todos os sujeitos atuantes e
do conhecimento, a organização coletiva do partícipes da instituição.
trabalho de sala de aula e o relacionamento Para gerenciar a unidade escolar a partir dos
interpessoal são elementos fundamentais que se princípios aqui apontados, há necessidade do gestor
constituem na unidade do trabalho pedagógico da dispor de “ferramentas” que o apoiem nesse
escola. trabalho.
As relações que se estabelecem entre os Com isto o texto a partir de agora expõe
sujeitos da aprendizagem devem refletir os procedimentos que oferecem sustentação à gestão
fundamentos epistemológicos que fundamentam democrática na escola.
esse processo.

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
A função da escola é complexa, ampla, Em junho de 2005, o governo lançou um
diversificada. Tem necessidade de dedicação conjunto de programas e projetos intitulado: “Ações
exclusiva por parte do professor, necessidade de para a qualidade da Educação”. Nosso passivo
acompanhar as mudanças que se processam histórico precisa de um esforço muito grande para
aceleradamente no campo de trabalho, atualizando tentar recuperar a dívida brasileira na educação. Uma
o seu currículo e sua metodologia. das medidas dessas ações é a elevação de 8 para 9
anos a duração do ensino fundamental, favorecendo
Para dar sustentação às contínuas
a inclusão educacional de alunos das camadas
evoluções, a escola precisa ressaltar um ensino
populares.
que crie conexão entre o que o aluno aprende nela
e o que ele faz fora dela; conexão entre o ensino Outras medidas louváveis são: a) a criação
formal e o mundo do trabalho, entre o de bolsas de estudo para os programas de formação
conhecimento e a vida prática do aluno. Vincula a de professores do ensino básico da rede pública; b) a
educação escolar com o mundo do trabalho. criação do Programa de Educação Tutorial (PET),
que visa fomentar iniciação científica de estudantes
Os conteúdos curriculares devem
de graduação, por meio de bolsas concedidas a
estabelecer a relação entre teoria e prática, através
alunos e professores-tutores; c) a criação do Fundo
de situações próximas da realidade do aluno,
de Manutenção e Desenvolvimento da Educação
permitindo que os conhecimentos adquiridos
Básica (Fundeb); d) a criação do programa Escola de
melhorem sua atuação na vida cotidiana. A
Fábrica, que prevê a abertura de cursos
metodologia aplicada deve ensejar ao aluno fazer
profissionalizantes dentro de empresas, favorecendo
ligações entre o que aprende em sala de aula e o
o ingresso de alunos pobres no mercado de trabalho.
que exercita na prática diária.
Esses projetos se vierem respaldados por
A escola contextualiza o currículo,
consistentes implementações, com precisão na
ministrando um conhecimento que faça sentido à
ordenação de sua execução, poderão, sem dúvida,
vida do aluno. Estabelece uma relação entre o
trazer benefícios salutares. Tem que haver uma boa
conhecimento e as ações do dia-a-dia. Em sala de
estruturação e um acompanhamento eficaz de suas
aula, os alunos são caminhos a serem traçados e o
aplicações.
professor, o agente condutor dessa ação, sempre
na mira de papel auto-regulador dos mercados. Na A verdade é que há, ainda, muito que se
sua função social, o professor desenvolve fazer para elevar o nível educacional de nossas
competências para a vida, levando o aluno a escolas públicas, tendo em vista aumentar a renda
interagir com o meio em que vive. da população. Um corolário se forma: a educação
influi nas condições de vida da população e essas
A escola, abraçando a transformação,
mesmas condições de vida interferem na educação.
encara a educação como um ato social de mudança
A Organização das Nações Unidas (ONU), pelo
e avanço tecnológico. É fundamental a relação
programa Índice de Desenvolvimento Humano (IDH),
entre conclusão de escolaridade e inclusão no
vem demonstrando que as condições de vida dos
mercado de trabalho. O entorno sociocultural,
cidadãos de cada país são importantes quando se
quando percebido pelo aluno, o motiva para o
fala em desenvolvimento.
estudo. Hoje, os jovens sabem que sem educação
não se colocarão no mundo do trabalho. As O Índice, publicado em 6 de setembro de
empresas exigem o nível médio de escolaridade 2005, avalia longevidade, renda e educação e o
para qualquer função, por mais simples que seja. Brasil melhorou muito pouco no IDH. Mantém a 63.ª
Essa atualidade da educação na sociedade é uma colocação no ranking das Nações Unidas. O índice
característica não só brasileira, mas mundial. brasileiro subiu de 0,790 para 0,792, permanecendo
com grandes diferenças sociais. É o oitavo mais
Contudo, a escolaridade deve vir
desigual do mundo e está na companhia de países
acompanhada de qualidade. Nesse item, o Brasil
extremamente pobres, como Lesoto, Namíbia e
engatinha; enquanto os países desenvolvidos já
Suazilândia. Na América Latina, apenas a Guatemala
têm sistema educacional de qualidade acessível a
tem um índice pior.
todos e estável, nós beiramos à periferia da
educação. Nosso ensino fundamental tornou-se A conclusão é de que é preciso estimular o
universal (+ de 90%), há menos de uma década, crescimento em favor dos pobres. Sem crescimento,
nosso ensino médio ainda não chega à metade dos um país como o Brasil, não consegue suprir as
estudantes e apenas 9% dos jovens estão nas necessidades de sua população e esse crescimento
universidades. precisa vir acompanhado de escolarização que
ressalte a qualidade. Precisa assegurar um mínimo
Esses dados foram fornecidos, no início do
de qualidade num setor de suma importância para o
mês de setembro de 2005, pelo relatório do Índice
desenvolvimento social e econômico do País. Precisa
de Desenvolvimento Humano (IDH). Mostra, ainda,
assistir com afinco o nosso sistema educacional,
que o País aplica 4,2% do seu Produto Interno
deixar de olhar os trincos da casa e se dar conta do
Bruto (PIB) em educação. Gasta menos do que
alicerce que pode ruir.
deveria.

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
A escola, em sua função social, tem um ANOTAÇÕES
olhar constante voltado à sociedade, conectando
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seu saber com a prática cotidiana do aluno,
preparando-o para o exercício profissional. __________________________________________
A experiência de vivenciar as situações de __________________________________________
aprendizagem ensina o convívio em grupo,
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indispensável para a vida e o trabalho.
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
conhecimento e avaliação cientifica da situação
original”.(Martinez e Oliveira Lahone, 1977, p.11).
O que é planejamento de ensino?
PLANEJAMENTO, ESTRATÉGIAS E
METODOLOGIAS, AVALIAÇÃO Significa estabelecer um conjunto de ações
que visam a sistematização do trabalho docente.
O ato de planejar faz parte da história do Por quê?
ser humano, pois o desejo de transformar sonhos
em realidade objetiva é uma preocupação marcante Desde o início do século, com as exigências
de toda pessoa. Em nosso dia-a-dia, sempre da sociedade industrial, o movimento da escola nova
estamos enfrentando situações que necessitam de sensibilizou os professores para a importância do
planejamento, mas nem sempre as nossas planejamento;
atividades diárias são delineadas em etapas Houve necessidade desde os setores mais simples
concretas da ação, uma vez que já pertencem ao aos mais complexos da atividade humana de
contexto de nossa rotina. Entretanto, para a planejar, diante das exigências de desenvolvimento
realização de atividades que não estão inseridas científico e tecnológico do mundo moderno.
em nosso cotidiano, usa-se os processos racionais Para quê?
para alcançar o que se deseja.
• Para fugir da rotina, da repetição mecânica
O homem primitivo, no seu modo e dos cursos e das aulas;
habilidade de pensar, imaginou como poderia agir
para vencer os obstáculos que se interpunham na • Para evitar a improvisação o que pode
sua vida diária. Pensava as estratégias de como provocar ações soltas, desintegrada
poderia caçar, pescar, catar frutas e de como • Para garantir:
deveria atacar os seus inimigos.
• a eficiência, eficácia e efetividade do
A história do homem é um reflexo do seu processo ensino-aprendizagem;
pensar sobre o presente, o passado e o futuro. O
homem no uso da sua razão sempre pensa e • a continuidade do trabalho do professor;
imagina o seu “quê fazer”, o ato de pensar não • o cumprimento da programação
deixa de ser um verdadeiro ato de planejar. estabelecida;
Algumas pessoas planejam de forma • a distribuição racional do tempo disponível;
sofisticada e altamente científica, obedecendo aos
mais rígidos princípios técnicos e seguindo os Quem faz?
esquemas sistêmicos que orientam o processo de O professor ou os professores da mesma
planejar, executar e avaliar. Outros, que nem se disciplina e os alunos.
quer conhecem a existência das teorias sobre
planejamento, os fazem sem muitos esquemas e Como fazer?
dominações técnicas; contudo, são planejamentos De acordo com dados diagnósticos;
que podem ser agilizados de forma simples, mas De modo participativo entre os interessados:
com bons e ótimos resultados. professores e alunos. Se os alunos não puderem
Pode-se deduzir, então, que é impossível participar no primeiro momento, que sejam
se livrar do ato de planejar mesmo que não se consultados, ou apresentado aos mesmos o plano,
consiga executar. para que eles indiquem sugestões, tornando o
instrumento real.
Fundamentos teóricos e práticos do
planejamento Um processo que “visa dar respostas a seleção cuidadosa dos objetivos, dos
a um problema, estabelecendo fins e meios que conteúdos, assim como de metodologia, recursos e
apontem para a sua superação de modo a atingir procedimentos de avaliação;
objetivos previstos, pensando e prevendo .. o conhecimento por parte dos alunos, das
necessariamente o futuro”, mas considerando as metas do trabalho do professor.
condições do presente, as experiências do
passado, os aspectos contextuais e os Adequação à realidade
pressupostos filosóficos, culturais, econômicos e O diagnóstico dará condições a esta
político de quem planeja e com quem se planeja”. qualidade: avaliação constante desde o primeiro
(Padilha, 2001, p.63). momento para reestruturar sempre que necessário.
“Um processo de previsão de necessidades Exequibilidade
e racionalização de emprego dos meios materiais e
dos recursos humanos disponíveis, a fim de O plano deve ser real, concreto, realizável, a
alcançar objetivos concretos, em prazos ponto de ser possível executá-lo integralmente,
determinados e etapas definidas, a partir do dentro das condições previstas. Não se concebe um

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
trabalho burocrático apenas para apresentar aos Plano de aula
superiores ou para constar de exigências outras.
O plano de aula é a previsão de atividades
Flexibilidade que professor e alunos devem realizar durante o
período escolar diário. Apesar do plano de unidade
O planejamento é concebido com
deixar bem claro o conteúdo que será desenvolvido,
dinamismo próprio, de natureza dialética. Posto
as atividades, o material didático, o plano de aula é
isto, a avaliação constante e permanente deve
indispensável.
permear todo processo para que sejam efetuadas
estruturações desejadas. Não se concebe algo O professor tem necessidade de refletir sobre
estático, imutável. o sentido de cada aula, seus objetivos imediatos,
rever seu conteúdo, conferir o material a ser utilizado.
Preparação
As aulas constituem-se de um conjunto significativo
Previsão de todas as etapas que concorrem divididos em partes proporcionais, com início, meio e
para assegurar a sistematização do trabalho fim; podem comportar com conteúdo de uma
docente, visando o alcance do objetivo do ensinar, subunidade, parte dela ou de uma unidade,
que é o aprender. dependendo da extensão dessa e do período de
aula. Os planos de aula deverão ser sempre flexíveis.
Desenvolvimento
Plano de disciplina e as etapas para sua
Execução do plano onde o professor e o construção:
aluno são o alvo desta atuação, visando sempre o
ato de ensinar e o ato de aprender. Conhecimento da realidade (Sondagem)
Aperfeiçoamento É tentar conhecer a fundo uma situação
concreta e real sobre qual situação se deve atuar.
A avaliação deve estar presente desde o
Esse procedimento dá condição de realizar um
primeiro momento, tomando maior corpo no final do diagnóstico de todos os fatores que interfiram,
processo, no sentido de análise sistemática dos
positiva ou negativamente, sobre o comportamento
resultados, proporcionando reestruturação do
de seus alunos e possibilita também professor e
planejamento, caso os objetivos não tenham sido
aluno se conhecerem.
alcançados.
Elaboração dos objetivos
Preparar bem o trabalho docente significa apenas
Os objetivos indicam as linhas, os caminhos
elaborar um bom plano?
e os meios para toda a ação. A partir do
Junto a um plano eficiente, estarão envolvidos
conhecimento da realidade escolar e da realidade da
outros componentes que vão do preparo do
clientela, o primeiro passo a ser dado no processo de
professor quanto ao domínio do conteúdo à sua
planejamento é definir os objetivos gerais e
postura enquanto educador, ao seu compromisso
específicos das disciplinas.
como cidadão, à sua metodologia, às relações que
ocorrem na sala de aula com seus alunos. Logo, a Características dos objetivos:
questão do planejamento não pode ser entendida
clareza – é fundamental e necessária para
de modo desvinculada da realidade, da
que o objetivo se torne algo concreto, inteligível e
competência técnica e do compromisso político do
possível de ser trabalhado e avaliado. Deve ter
educador e ainda das relações entre escola,
clareza na sua expressão, comunicação, elaboração
educação e sociedade.
e construção;
Plano de curso
simplicidade – é uma exigência da própria
O plano de curso é a previsão para o realidade concreta dos alunos, dos professores e das
professor em geral do trabalho a ser realizado no escolas não deixando de transmitir as profundas
ano letivo. idéias e os mais importantes valores;
Características do Planejamento validade – quando os objetivos são válidos e
útil de forma explícita e clara, demonstrando
Fases do Processo de Planejamento
consistência e profundidade no seu contexto e
Tipos de Planejamento conteúdo;
Plano de unidade operacionalidade – é algo que se quer
alcançar através de uma agir possível, concreto e
O plano de unidade constitui parte do plano viável;
de curso. Cabe ao professor dividir racionalmente, o
conteúdo programático em unidades, tendo em observável – quando no final da ação pode-
vista o assunto e o método de ensino a ser usado. se perceber os resultados podendo ser verificado em
A realização dos objetivos de cada unidade deverá longo, médio ou curto prazo.
possibilitar o alcance dos objetivos previstos no
plano de curso.

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Os níveis dos objetivos podem ser: fundamental que os alunos possam verificar e
perceber com clareza o porquê das avaliações, como
gerais – amplos e abrangentes
serão avaliados e quais critérios serão utilizados na
(observáveis a longo prazo);
avaliação da sua aprendizagem.
específicos – são concretos e delimitados
Com o cotidiano escolar, percebe-se, de
(observáveis a médio e a curto prazo);
início, que os objetivos educacionais propostos nos
operacionais – torna o específico mais currículos dos cursos apresentam-se confusos e
completo e detalhado, para ser mais bem desvinculados da realidade social. Os conteúdos
trabalhado e avaliado. trabalhados são definidos autoritariamente, sem a
participação dos professores na escola. Desse modo,
Seleção e organização dos conteúdos podem apresentar-se sem elos significativos com as
Devem ser significativos e realistas para experiências de vida dos alunos, seus interesses e
serem trabalhados em sala de aula. necessidades.
Atualmente, na prática pedagógica, o Observa-se, também, que os recursos
processo de planejamento do ensino tem sido disponíveis para melhora dos trabalhos didáticos são
objeto de constantes questionamentos quanto à sua utilizados de forma inadequada, usada simplesmente
validade como efetivo instrumento de melhoria para ilustração de aulas, ou seja, professor utiliza a
qualitativa do trabalho do professor. metodologia de transmissão de conhecimentos, sem
espaço para discussão ou debates dos conteúdos.
Os motivos das indagações são diversos, Dessa maneira, o aluno torna-se mais passivo que
mostrando-se em diferentes níveis na prática do ativo, bloqueando sua criatividade e liberdade de
educador. questionar.
Critérios para seleção e organização: Sendo assim, o planejamento do ensino tem-
deve condizer com a realidade pessoal, se apresentado como desvinculado da realidade
social e cultural do aluno e expressar os social, caracterizando-se como uma ação mecânica e
verdadeiros valores existenciais; burocrática do professor, contribuindo pouco para
levantar a qualidade da ação pedagógica
os conteúdos devem refletir os amplos desenvolvida no meio escolar.
aspectos da cultura, tanto no passado, quanto no
presente e possibilidades futuras, atendendo as Considerando que o processo de
necessidades sociais e individuais do aluno; planejamento visto sob uma perspectiva crítica de
educação para transformação passa a extrapolar a
deve refletir os interesses dos alunos e simples tarefa de se elaborar um documento
resolver os seus problemas; contendo todos os componentes tecnicamente
é necessário selecionar conteúdos que recomendáveis.
sejam válidos para toda vida do indivíduo; Planejamento: ação pedagógica essencial
levar a atender diretamente o problema do O planejamento dirigido para uma ação
uso posterior do conhecimento em novas situações; pedagógica crítica e transformadora, possibilitará ao
possibilita ao aluno realizar elaborações e educador maior segurança para lidar com a relação
aplicações pessoais a partir daquilo que aprendeu; educativa que ocorre na sala de aula e na escola em
geral. Sendo assim, o “planejamento adequado” e
os conteúdos devem ser estabelecidos de seu resultado “o bom plano de ensino”, se traduzirá
maneira flexível possibilitando alterações se for pela ação pedagógica direcionada de forma a se
necessária. integrar dialeticamente ao concreto do educando,
Planejamento de Ensino e visando transformá-lo.
interdisciplinaridade: um processo integrador Segundo SAVIANI (1984, p.9), a escola
entre educação, escola e prática docente existe “para propiciar a aquisição dos instrumentos
Operacionalização dos conteúdos que possibilitam o acesso ao saber elaborado
(ciência), bem como o próprio acesso aos rudimentos
Seleção dos recursos desse saber”. Os conteúdos que formam esse saber
Os recursos servem para despertar o elaborado não poderão ser visto de maneira estática
interesse, provocar discussão e debates que auxilia e acabado, uma vez que são conteúdos dinâmicos,
o professor e o aluno na interação do processo articulados dialeticamente com a realidade histórica.
ensino-aprendizagem. Desse modo, além de transmitir a cultura acumulada,
ajuda na elaboração de novos conhecimentos.
Seleção e procedimento da avaliação
A concepção de produzir conhecimentos
Os instrumentos e os meios para avaliação significa refletir constantemente sobre os conteúdos
devem ser adequados aos objetivos e que atendam aprendidos, procurando analisá-lo por diversos
as condições intelectuais, emocionais e as ângulos, para desenvolver a curiosidade científica de
habilidades psicomotoras dos alunos, é investigação da realidade.
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
O planejamento do ensino não poderá ser Vale salientar que um processo de ensino
visto de forma mecânica, separada das relações transformador não poderá deixar-se guiar por
entre escola e realidade histórica. Sendo assim, os objetivos que visam somente a simples aquisição de
conteúdos trabalhados precisam estar relacionados conhecimentos. Logo, na definição dos objetivos,
com a experiência de vida dos alunos. Esta relação será necessário a especificação dos diferentes níveis
torna-se condição necessária para que ocorra a de aprendizagem a serem atingidos.
transmissão de conhecimentos e sua reelaboração,
Partindo do princípio de que a reelaboração e
visando à produção de novos conhecimentos.
produção dos conhecimentos visam a aprendizagem
Esta reelaboração consiste em aplicar os em diferentes níveis, a norma utilizada na escola dos
conhecimentos aprendidos sobre a realidade com o procedimentos de ensino será a criatividade. O
objetivo de transformá-la. trabalho do educador neste momento será, articular
uma metodologia de ensino que se caracterize pela
Observa-se que a tarefa de planejar passa
variedade de atividades que estimulem a criatividade
a existir como uma ação pedagógica essencial ao
dos educandos, sendo a participação dos alunos de
processo de ensino, ultrapassando sua concepção
grande relevância.
mecânica e burocrática no desenvolvimento do
trabalho docente. Desse modo, a avaliação nessa visão de
planejamento, onde valoriza a criatividade dos
Uma nova alternativa para um
alunos, terá o caráter de acompanhamento desse
planejamento de ensino globalizante seria a ação
processo, num julgamento conjunto de educadores e
resultante de um processo que integre escola e
educandos. A preocupação deverá ser com a
contexto social, consistida de forma crítica e
qualidade da reelaboração e produção de
transformadora. Sendo assim, as atividades
conhecimentos empreendida por cada educando e
educativas seriam planejadas tendo como objetivo
não na quantidade de conteúdos assimilados.
a problemática sociocultural, econômica e política
do contexto onde a escola está inserida. Por essa Contudo, como a educação pretendida
ótica, o planejamento estaria visando à através da ação, o planejamento deverá ser
transformação da sociedade, buscando tornar as integrador em toda a sua extensão. A partir daí, é
classes mais justa e igualitária. que proporcionará um ensino voltado para a
formação crítica, questionadora e atuante.
Esta proposta basea-se nos princípios do
planejamento participativo, caracterizado pela união Diante do exposto, concebe-se que a visão
de todos os segmentos da atividade humana com de planejamento do ensino aqui demonstrada,
atitudes globalizantes procurando resolver justifica-se pelo fato de que, como a educação, a
problemas comuns. ação de planejar não pode ser encarada como uma
atividade neutra. Por outro lado, a opção do educador
Observa-se que, esta forma de ação,
por um ensino crítico e transformador só se
propicia uma relação entre pessoas que discutem,
concretizará através de uma sistemática de planejar
decidem, executam e avaliam atividades propostas
seu trabalho de forma participativa e
coletivamente. Logo, a partir desta convivência, o
problematizadora, que permita dar oportunidade aos
processo educativo passa a desenvolver mais
Paulo Freire (1987) diz: se educadores e educandos
facilmente seu papel transformador, provocando a
exercessem o poder de produzir novos
discussão, a reflexão, o questionamento,
conhecimentos a partir dos conteúdos impostos pelos
conscientizando as pessoas dos problemas
currículos escolares, estariam realmente
coletivos, despertando-as a lutar para melhorar sua
concretizando seu poder de contribuir para a
condição de vida.
transformação da sociedade.
Planejamento do ensino: um processo
Porquanto, a organização dos conteúdos
integrador entre escola e contexto social.
estará intimamente relacionada com o objetivo maior
De acordo com a etimologia da palavra, da educação escolar, que é proporcionar a obtenção
participação origina-se do latim “participatio” (pars + do saber sistematizado (ciência), tido como
in + actio) que significa ter parte na ação. instrumento fundamental de libertação do homem
(SAVIANI, 1984).
O resultado desse primeiro momento do
planejamento seria um diagnóstico sincero da Planejamento de ensino e
realidade concreta do educando, desenvolvida de interdisciplinaridade
forma consciente e comprometida com seus
O planejamento elaborado e executado numa
interesses e necessidades. Portanto, a escolha dos
perspectiva interdisciplinar proporciona a integração
objetivos a serem alcançados, a sistematização do
entre disciplinas “devolvendo a identidade das
conteúdo programático e a situação dos
mesmas fortalecendo-as” e evidenciando uma
procedimentos de ensino a serem utilizados,
mudança de postura na prática pedagógica, num
consistem ações necessárias para a segunda etapa
processo que pode ir da simples comunicação de
do planejamento.
idéias até a união recíproca de finalidades, objetivos,
conceitos, conteúdos, terminologia, procedimentos,

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
dados e formas de organizá-los e sistematizá-los no AVALIAÇÃO COMO PROCESSO
processo de elaboração do conhecimento. CONTÍNUO, INVESTIGATIVO E
Tal atitude embasa-se no reconhecimento INCLUSIVO
da provisoriedade do conhecimento, no
questionamento constante das próprias posições A avaliação como processo contínuo
assumidas e dos procedimentos adotados, no
respeito à individualidade e na abertura à A avaliação deve ser contínua porque o
investigação em busca da totalidade do educando passa a ser avaliado por inteiro, ou seja,
conhecimento. ela não deve acontecer apenas no final de um
bimestre ou semestre. Com isso, o processo
Refere-se à criação de movimentos que avaliativo é constante. O professor deve estar
propiciem o estabelecimento de relações entre as sempre atento e pontuar todo o desenvolvimento do
mesmas, tendo como ponto de convergência a aluno para que seja possível avaliar suas atitudes,
ação que se desenvolve num trabalho cooperativo e sua participação e sua comunicação escrita e oral,
reflexivo. Assim, alunos e professores, sujeitos de traçando o perfil de cada indivíduo.
sua própria ação, se engajam num processo de
investigação, redescoberta e construção coletiva de A avaliação é uma vitrine em que se exibem
conhecimento. Ao compartilhar idéias, ações e muitas das contradições existentes na educação.
reflexões, cada participante é, ao mesmo tempo, Envolve dilemas práticos diante dos quais os
“ator” e “autor” do processo. educadores têm de tomar posição como única
garantia de um agir consciente e comprometido que
A interdisciplinaridade favorecerá que as leva à busca de respostas (MÉNDEZ, 2003, p. 2).
ações se traduzam na intenção educativa de
ampliar a capacidade do aluno de expressar–se A avaliação vista de maneira contínua e
através de múltiplas linguagens e novas sistemática implica em bons resultados
tecnologias; posicionar-se diante da informação; O resultado positivo mediante os objetivos
interagir de forma crítica e ativa com o meio físico e propostos norteia o perfil profissional de todo
social. educador. Ele se propõe a estabelecer uma estreita
Concebemos, então, a interdisciplinaridade ligação entre os educandos de modo que esses
como campo aberto para que, de uma prática apreendam os conteúdos de forma satisfatória.
fragmentada por especialidades, possa-se Todavia, como nem tudo é realizado de
estabelecer novas competências e habilidades forma homogênea, existe este ou aquele aluno que
através de uma postura pautada em uma visão não consegue superar as expectativas apresentadas.
holística do conhecimento e uma porta aberta para É chegado, portanto, o momento de o educador rever
os processos transdisciplinares. Tem-se então o suas técnicas de aplicação no que se refere à
desafio de assegurar a abordagem global da didática aplicada, avaliar a relação dentro do contexto
realidade, através de uma perspectiva holística, de sala de aula, entre outras medidas.
transdisciplinar, onde a valorização é centrada não
no que é transmitido e sim no que é construído. Um fator recorrente de extrema relevância
nesta tarefa é partir do princípio de que o aluno
Assim, a prática interdisciplinar se envolve sempre deve ser visto como um “todo”, ou seja, ele é
no processo de aprender a aprender. fruto, antes de tudo, de um convívio familiar, de um
A interdisciplinaridade é a reunião das contribuições círculo de amizades, para depois tornar-se alguém
de todas as áreas do conhecimento. É um termo que se propõe a receber a educação formal.
que não tem significado único, possui diferentes
interpretações, mas em todas elas está implícita Em virtude disso, o ato de avaliar torna-se
uma nova postura diante do conhecimento, uma muito mais complexo do que realmente parece, pois
mudança de atitudes em busca da unidade do é por meio desse que o educador se norteará no
pensamento. propósito de traçar suas metas rumo ao sucesso
almejado.
Desta forma, a interdisciplinaridade difere
da concepção de pluridisciplinaridade ou Para isto, torna-se imprescindível que o
multidisciplinaridade, as quais apenas justapõe educador faça o uso correto desta ferramenta, afim
conteúdos. de que a mesma não se torne instrumento de
punição e nem seja algo de caráter desclassificatório,
A partir desses referencias, é importante mas sim como uma análise do desempenho em
que os conteúdos das disciplinas sejam vistos como relação ao ensino X aprendizagem.
instrumentos culturais, necessários para que os
alunos avancem na formação global e não como fim De posse de todo esse procedimento em
de si mesmo. relação ao conceito sobre a avaliação, uma vez que
esta representa um processo contínuo e sistemático,
resta-nos entender um pouco mais sobre as
modalidades em que os objetivos deverão ser
aplicados.

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Para tal, discutiremos sobre a avaliação Conversa com a criança ou adolescente e
Diagnóstica, Formativa e Somativa, explicação de como ocorrerá o trabalho
respectivamente:
Nesse momento é realizada a Entrevista
A avaliação Diagnóstica se dá num Operativa Centrada na Aprendizagem – EOCA. A
primeiro estágio mediante o contato estabelecido intenção é permitir ao sujeito construir a entrevista de
entre Educador X Educando, ou seja, ele avaliará o maneira espontânea, porém dirigida de forma
nível de conhecimento da turma em relação a experimental. “Interessa observar seus
conteúdos já ministrados, isto é, se possuem os conhecimentos, atitudes, destrezas, mecanismos de
pré-requisitos para a aquisição de novos defesas, ansiedades, áreas expressão da conduta,
conhecimentos, e o que é mais importante, se níveis de operatividade, mobilidade horizontal e
possuem aptidão para dominá-los posteriormente. vertical etc”. (Weiss apud Visca, 2007, p. 57).
Esse procedimento facilitará os caminhos a serem
Avaliação da área cognitiva
traçados pelo educador no objetivo de atingir os
objetivos propostos. Tem como objetivo principal determinar o
grau de aquisição de algumas noções-chave do
A Formativa é aquela que, como o próprio
desenvolvimento cognitivo, detectando o nível de
nome já diz, faz parte da proposta pedagógica de
pensamento alcançado pela criança ou adolescente,
toda instituição de ensino, a qual pauta-se por
ou seja, o nível de estrutura cognoscitiva com que
avaliar o nível de rendimento dos alunos frente aos
opera.
conteúdos ministrados.
Avaliação da área emocional
Desta feita, é de extrema importância que o
educador não procure estigmatizar aqueles que não Tem como objetivo investigar os vínculos que
alcançaram a meta desejada, e sim procure o sujeito pode estabelecer em três grandes domínios:
detectar as possíveis “falhas”, oferecendo-lhes o escolar, o familiar e consigo mesmo.
oportunidades de crescimento.
Anamnese
A outra é a chamada Somativa, de caráter
A história de vida ou anamnese
classificatório, onde serão computados todos os
resultados referentes ao ano letivo em relação ao psicopedagógica é uma técnica direcionada aos pais
nível de aprendizagem, consistindo, portanto, na ou responsável. Constitui-se em um instrumento
muito útil para o processo diagnóstico, pois auxilia a
promoção ou não, para as séries vindouras.
investigação das possíveis causas das dificuldades
Avaliação investigativa de aprendizagem do sujeito e permite a obtenção e
analise de dados, desde a concepção ao momento
A avaliação investigativa irá investigar
atual da vida do aluno, considerando que se trata de
sobre a criança ou adolescente em questão. O
uma investigação profunda e detalhada.
diagnóstico psicopedagógico é sem dúvida o ponto
de partida para uma tentativa de compreensão das Observação do aluno na escola e
dificuldades de aprendizagem. A tarefa diagnóstica Entrevista com os professores
é indispensável ao psicopedagogo, pois o auxiliará
Investigação das questões comportamentais
na tomada de decisões. Constitui, na verdade, um
e elementos intrínsecos a aprendizagem na esfera
processo, um contínuo sempre revisável, pois a
investigação das causas das dificuldades escolar.
prossegue durante todo o trabalho de intervenção. Avaliação de desempenho escolar
E, para tanto, são necessários alguns Aplicação de testes de verificação
passos e procedimentos que trazem bagagem para relacionados aos conteúdos escolares já trabalhados
um levantamento de hipóteses em relação à com aluno nas diferentes áreas do conhecimento.
atmosfera em que a criança vive e o que está lhe
prejudicando no momento. A partir daí o profissional Avaliação psicomotora e sensorial
terá suporte para iniciar uma intervenção eficaz. Observar e mensurar, de acordo com a fase
Lembrando que o conhecimento da etiologia é de desenvolvimento, as funções psicomotoras da
fundamental, não somente para determinação de criança (equilíbrio, noção corporal, lateralidade,
prioridades de tratamento e para a escolha de estruturação temporal e espacial e coordenação
metodologias específicas, mas, especialmente, motora fina e global).
para o planejamento de soluções preventivas e/ou
de caráter social mais amplo. Avaliação inclusiva

Ainda que cada profissional tenha a sua Para que seja possível compreender a
metodologia, para a realização do diagnóstico avaliação para a inclusão do indivíduo na sociedade,
psicopedagógico o profissional, de um modo geral, deve-se estudar primeiramente a avaliação e como
desenvolve as seguintes atividades: ela vem sendo aplicada na realidade escolar.
De acordo com o dicionário, avaliação
consiste em “determinar o valor de” através de um
processo de apreciação, análise das características
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
observáveis em pessoas, objetos, fatos ou A avaliação faz parte do sistema educacional.
fenômenos. Portanto, a avaliação deve ser feita de O sistema de ensino tem o dever de dar base para
modo que contemple o indivíduo como um todo e que o aluno construa conceitos e tenha experiências
não seja algo pontual e exclusivo. A avaliação vem sociais de forma a ser útil, participativo e atuante na
sendo realizada como um processo de seleção, de sociedade, desse modo, a avaliação é um importante
classificação, de modo que são poucos os processo na construção do indivíduo como um
escolhidos nesse processo, proporcionando, assim, cidadão, pois diagnostica o conhecimento que o
a exclusão daqueles que, por algum motivo, aprendiz assimila, desenvolve, raciocina e constrói
durante aquela avaliação pontual, não conseguiram conceitos que levem a investigação e solução para
obter o desempenho esperado. os problemas da sociedade na condição de ser
também parte dela.
Segundo Luckesi , (2007, p. 5) “Avaliar é o
ato de diagnosticar uma experiência, tendo em vista Infelizmente o papel da escola é lançar
reorientá-la para produzir o melhor resultado conteúdos e depois cobrá-los dos alunos através de
possível; por isso, não é classificatória nem provas. As escolas doutrinam ensinando o valor da
seletiva, ao contrário, é diagnóstica e inclusiva. [...] competição e assimilação, mas é necessário
O ato de avaliar tem seu foco na construção dos despertar o mundo a volta do aluno, para que ele
melhores resultados possíveis, enquanto o ato de interaja com esse mundo buscando sua realidade.
examinar está centrado no julgamento de
Desse modo a avaliação não pode apenas
aprovação ou reprovação.” Portanto, a avaliação
diagnosticar conteúdos assimilados, ela deve
deve ser usada em prol da inclusão do indivíduo na
diagnosticar o processo de aprendizagem do aluno,
sociedade através da construção de um saber
pois avaliar significa acompanhar o caminho que o
matemático e de um cidadão com criticidade.
aluno segue em seu processo de ensino para
A avaliação é utilizada por diversos descobrir suas necessidades, habilidades e
professores como um instrumento disciplinar e dificuldades.
amedrontador (punição por certas atitudes), mas
Esse processo é constante durante todo o
professores como estes não realizam avaliação e
aprendizado e não fragmentado, há que se apenas
sim um exame classificatório. Partilhando da
somar, e não subtrair, dividir como é o caso da
concepção de Luckesi, a avaliação com função
avaliação tradicional.
classificatória constitui um instrumento estático,
Tratar então é necessário, a avaliação como
freando o processo de crescimento e
processo de inclusão humana e social.
desenvolvimento do indivíduo. Em contrapartida, a
Todos os alunos devem ser avaliados da mesma
avaliação com função diagnóstica compõe “[...] um
forma através de diversas atividades, até mesmo
momento dialético do processo de avançar no
com provas, se forem consideradas como “meio e
desenvolvimento da ação, do crescimento para a
não fim” de acordo com PERRENOUD (1999).
autonomia, do crescimento para a competência
[...]”. Para que se promova essa autonomia, a A avaliação deve ser um juízo de qualidade
avaliação não pode ser feita de forma sobre dados relevantes para uma tomada de decisão.
classificatória, na qual este indivíduo é avaliado Desse modo não há avaliação se ela não trouxer um
apenas em determinadas circunstâncias (provas e diagnóstico que contribua com o processo de
testes), pois estes muitas vezes são usados como aprendizagem dos alunos. Como a avaliação deve
uma ferramenta de “eutanásia” para aqueles que ocorrer em todo momento, é indispensável o registro
possuem dificuldades e, assim, esses professores diário das atividades aplicadas em sala de aula e os
determinam que tais alunos estejam fadados a um rendimentos de cada aluno, pois a observação só é
futuro desprovido do conhecimento. válida quando registrada.
Deve-se fazer uma análise desde o início até o fim do
Por isso é importante a ressignificação da
ano sobre quais foram as evoluções de cada aluno
avaliação, a fim de que esta ocorra de forma
em seu processo de ensino aprendizagem.
processual e diagnóstica para que os educadores
consigam diagnosticar os pontos que possuem O plano de intervenção não se baseia
defasagem da aprendizagem e, de tal modo, apenas no diagnóstico e no treino das dificuldades da
ajudem o aluno a trilhar um caminho diferente, criança, mas também deve partir do que a criança faz
proporcionando a inclusão deste indivíduo na como forma de promover a sua motivação para o
sociedade. Assim afirma Luckesi (2005, p. 2): envolvimento em novas aprendizagens.
“Para um verdadeiro processo de avaliação, Na intervenção tradicional a criança especial
não interessa a aprovação ou reprovação de um é tirada do grupo e recebe apoio individual em
educando, mas sim sua aprendizagem e, contexto artificial, dificultando a generalização das
consequentemente, o seu crescimento; daí ela ser aprendizagens para outras situações.
diagnóstica, permitindo a tomada de decisões para
A avaliação deve assumir-se na diferença
a melhoria; e, consequentemente, ser inclusiva,
entre iguais, contribuindo assim para o
enquanto não descarta, não exclui, mas sim
desenvolvimento das crianças do grupo da sala de
convida para a melhoria.”
aula.

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Avaliar todos os domínios de A DIDÁTICA COMO FUNDAMENTO
desenvolvimento da criança inclui a participação de EPISTEMOLÓGICO DO FAZER DOCENTE
todos os agentes educativos envolvidos no dia-a-
dia da criança. Os intensos debates em torno da formação
docente, tanto de professores de ensino
A avaliação inclusiva busca o fundamental, médio como universitário, levam
desenvolvimento de uma linha de investigação indiscriminadamente a questões fundamentais sobre
sistemática acerca do modo de realização do a dimensão pedagógica do ensino e da
atendimento a alunos com necessidades especiais educação em geral. Mesmo os documentos
no que se refere a cenários de atendimento, oficiais como a LDB-96 e os diversos Pareceres e as
comportamento e interações entre os interventores Resoluções do CNE, sejam relativos à formação de
e resultados dos alunos, no que se refere a áreas professores, sejam relativos às áreas específicas de
acadêmicas e sociais. ensino e formação profissional, esbarram em
Há que se refletir sobre a avaliação, contradições e pontos indefinidos quando se trata da
principalmente quando se trata de educação dimensão pedagógica da formação para a docência.
inclusiva. O papel da escola deveria ser o de A dificuldade do CNE em definir as diretrizes
desenvolver o potencial de cada um, respeitando as curriculares para os cursos de pedagogia não reside
características individuais do aluno e sempre apenas na falta de consenso sobre elementos
procurando reforçar os pontos fracos e auxiliando estruturais do sistema de formação de professores,
na superação desses pontos fracos, evitando desse mas intrinsecamente sobre concepções divergentes
modo que as dificuldades que as crianças possuem do que pode vir a ser formação pedagógica fundante
não sejam motivos para serem excluídas no de toda formação docente na sociedade
processo de aprendizagem e muito menos possam contemporânea.
ser rotuladas ou discriminadas. ELEMENTOS DA RACIONALIDADE DO
Não há criança que não aprenda. Há MUNDO DA VIDA CONTEMPORÂNEA
algumas crianças que aprendem de modo diferente, Podemos destacar, em breves
umas mais rápido, outras não. considerações, alguns elementos da racionalidade
dominante na sociedade contemporânea na
tentativa de desvelar alguns dos elementos que
constituem a essência dos conhecimentos e dos
saberes hegemônicos que direcionam e regulam as
aprendizagens à vida no mundo. A visão e a
compreensão do mundo da vida tem na escola e na
universidade fortes momentos e tempos de
aprendizagem.
Sem adentrar com maior profundidade nas
suas implicações, identifico dois fenômenos que
afetem nossa contemporaneidade. Focalizo
inicialmente nossa sociedade e a racionalidade que
caracteriza a hiper-modernidade; e, posteriormente,
procurarei identificar o conflito de primazia entre a
teoria e a prática na construção dos alicerces que
dão suporte ao trabalho pedagógico e a ênfase
dada à epistemologia da prática nos processos
educacionais.
Vejamos como nossa sociedade hiper-
moderna (LIPOVETSKY, 2004) apresenta
características conflitantes e de tendências
contraditórias. De um lado, sob a hegemonia do
mercado com seus componentes do capitalismo
neoliberal, reverencia a ciência na racionalidade
que o iluminismo elegeu como deus da
emancipação do mundo; por outro lado, sob a
bandeira da democracia essa mesma sociedade
enaltece o indivíduo, sujeito de uma consciência
autônoma e solitária capaz de elaborar e justificar
as razões do seu agir nos conflitos de hegemonia e
dominação que enfrenta com outros sujeitos. Desta
forma, explicita- se a eterna dicotomia objetividade e
subjetividade que também dá suporte a muitas das
nossas teorias educacionais e pedagógicas,

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
colocando o sujeito de aprendizagem à vida no infelizmente muitas vezes em conflito e
mundo entre a cruz e a espada. concorrência com o sujeito coletivo. Podemos
referenciar o neo-liberalismo.
De fato, coube ao Iluminismo atribuir ao
homem a responsabilidade de sua libertação: a Resumindo, a racionalidade objetiva, dita
razão que o caracteriza é capaz de conduzi-lo a científica, amarra o aprendiz à vida no mundo a
sua plena emancipação. A primazia da razão elementos externos a si mesmo, enquanto a
emergiu como ferramenta com potencialidade de racionalidade subjetiva o condena a recorrer
desvelar todos os segredos da natureza, abrindo exclusivamente aos seus recursos pessoais na
os caminhos da libertação, tanto da religião como conquista de um lugar na sociedade.
da natureza que subjugam o ser humano. O
Este dilema, dificilmente perceptível para o
surgimento da racionalidade instrumental atribuiu
educando, vem formando cidadãos cujos conflitos
à ciência a incumbência de mudar radicalmente
de racionalidade conduzem ao império do
os rumos da Vida no Mundo. Assim, coube à
relativismo, para não dizer da irracionalidade e suas
ciência ensinar ao homem as normas para o
consequências para a sociedade. No extremo,
caminho da felicidade e de sua emancipação.
podemos identificar a negação da sociabilidade do
Podemos identificar no mercado contemporâneo,
ser humano, restando o conflito do ‘poder’ onde
controlado e instigado pelas potências econômicas
predomina o absurdo do aniquilamento. Para
e políticas internacionais, o coroamento dos ideais
muitos, qualquer busca de conciliação ou de
capitalistas que ditam as aspirações de nossa
síntese nesta dialética é considerada mera
sociedade consumista.
‘romantismo’.
Contudo, para além da inestimável
OS DILEMAS DA RACIONALIDADE DA
contribuição da racionalidade científica e da lógica
PRÁTICA DOCENTE
cartesiana na transformação do Mundo da Vida, a
mesma história, aos poucos, se encarregou de Como não reconhecer nos nossos contextos
desvelar os limites e os absurdos do domínio educacionais a marca dessas racionalidades na
dessa racionalidade como recurso único de práxis docente e suas consequências sobre os
libertação. A hiper-modernidade denuncia a educandos. Nas instituições universitárias, templos
contradição: a racionalidade da razão científica da produção científica, a grande tradição de
expulsou o homem de si mesmo e o amarrou aos formação de cientistas bacharéis e de eminentes
determinismos estreitos e externos das regras e pesquisadores mantém consagrado o olhar
normas da natureza. A proposta de controle científico de uma ciência predominantemente
absoluto pela razão prendeu e condenou o positiva e objetiva. Ao mesmo tempo, as
homem a uma busca de emancipação fora dele preocupações sociais das áreas humanistas se
mesmo, na expressão da Escola de Frankfurt. defrontam com a complexidade dos múltiplos
Neste embate, numa expressão talvez simplista olhares e leituras que as consciências individuais
mas que não deixa de ser real, emerge o protagonizam como projeto de sociedade.
projeto de resgate do sujeito que a ciência
De um lado os nossos formadores de
racionalista descartou. Reafirma-se a consciência
do sujeito e do seu potencial de autonomia e formadores, docentes universitários competentes
liberdade na racionalidade subjetiva. A valorização nas suas áreas disciplinares específicas e nos seus
laboratórios, conduzem os processos formativos
do sujeito no campo das ciências humanas se
com o predomínio da racionalidade da ciência
contrapõe ao domínio da racionalidade
normativa e instrumental, alheios ao olhar
científica/instrumental que expulsou o sujeito dele
mesmo. pedagógico dos processos de ensino-aprendizagem.
Do outro lado, muitas vezes nossos cursos de
O mundo é passível das múltiplas leituras pedagogia formam sujeitos em base a uma
que cada sujeito pode lhe atribuir a partir de suas racionalidade que não concilia harmoniosamente as
intencionalidades e de sua consciência. Esse dimensões de instrução e de formação do ato
discurso, levado ao extremo, atribui a cada sujeito educativo, dicotomizando formação para autonomia
o direito à afirmação de sua racionalidade própria, profissional e formação para cidadania.
construindo os caminhos de sua vida no mundo.
Novamente, o homem acaba ilhado, preso a si Devemos nos perguntar se podem ser
construídos processos educacionais capazes de
mesmo condenado a buscar sozinho sua
driblar estes opostos? Até que ponto a dialética da
emancipação. Nesta perspectiva, não há mais
vida nos permite sonhar numa racionalidade
espaço para qualquer racionalidade num mundo
pedagógica capaz de viabilizar uma postura de
de subjetividade onde todos e cada um tem a
própria consciência e intencionalidade como conciliação, de entendimento, de dialogicidade
referência de verdade. Circulam e firmam-se as geradora de emancipação superando os
antagonismos do cotidiano e suas consequências
mais diversas propostas de um mundo
absurdas? Para nós, profissionais da educação, que
politicamente democrata. De fato, neste patamar a
racionalidade pedagógica seria capaz de sustentar
hiper-modernidade exalta a democracia: o direito
uma práxis educativa que abra caminhos de
de cada indivíduo consciente e livre, mas

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
aprendizagem à vida num mundo socialmente como objetivo último de nosso trabalho docente
emancipado? uma educação para a emancipação humana e
profissional. Convenhamos, também, que o trabalho
Antes de prosseguir nesta discussão, outro
docente é predominantemente pragmático,
fenômeno merece destaque nestes impasses da
buscando resultados decorrentes de decisões
racionalidade que dá suporte às nossas práticas
pedagógicas apoiadas em objetivos, teorias,
educativas. Os processos de contra-hegemonia
experiências e circunstâncias. Os saberes do nosso
presentes nessa mesma sociedade aguçam outra
fazer são múltiplos e complexos. Contudo, a
dicotomia que marca nossa prática educativa e
racionalidade muito presente na nossa prática
particularmente nossos processos de formação
cotidiana traz a marca de nossa formação, da escola
docente: a relação entre teoria e prática. A
que nos preparou como profissionais.
tradicional primazia dada à racionalidade teórica
sobre a racionalidade prática, particularmente na Será que podemos falar da crise que
sociedade culta e científica, tem deturpado a caracteriza a pedagogia, reflexo da crise que
compreensão dessa relação intrínseca. Sempre caracteriza as racionalidades de nossa sociedade?
coube à razão teórica justificar e camuflar as É complexidade, é caos ou é emergência de um
práticas de dominação, controle e subordinação novo paradigma pedagógico? Onde se situa o
dos discursos, estratégias e propostas ‘ditas’ referencial que norteia nossos objetivos
científicas e democráticas das reformas educacionais?
educacionais e dos projetos pedagógicos.
Nas nossas universidades temos em todas
Contudo, outros processos educacionais com
as áreas de conhecimento professores cuja
suporte de racionalidade alternativa não somente
‘pedagogia’ se pauta mais predominantemente na
desmascaram essa primazia como repõem a
racionalidade científico/instrumental, enquanto
prática no seu devido lugar nessa relação.
outros vivenciam as incertezas da complexidade do
O olhar da epistemologia da prática como seu mundo humanista, como sinalizado
princípio de formação educacional, com o suporte anteriormente. Acreditamos na contribuição e na
de abordagens onde se destacam compreensões necessidade da razão instrumental e normativa na
hermenêuticas, abre perspectivas para a concepção e na construção dos nossos referenciais
reconstrução de novos horizontes de emancipação pedagógicos e dos métodos e técnicas aos quais
humana e social. Esse olhar da epistemologia da recorremos diariamente, como também
prática no contexto da escola e de outros reconhecemos a cientificidade de leituras e olhares
ambientes educacionais, como por exemplo dos alternativos, particularmente com os aportes da inter,
movimentos sociais, permite identificar espaços multi e transdisciplinaridade, para não falar da
privilegiados de práticas e experiências de multirreferencialidade.
convivência entre sujeitos interagindo
Quem lembra dos aportes e dos espaços da
dialogicamente numa coletividade, vivenciando e
tecnologia educacional dos anos ’70, e hoje das
dando sentido a processos democráticos
novas tecnologias da educação e da comunicação,
alternativos. A prática aparece como espaço de
particularmente com a informática. A psicologia
reencontro e de construção de sujeitos coletivos,
behaviorista e a sociologia reprodutivista, por
afirmando suas identidades como próprias e
exemplo, trouxeram suas contribuições. Por outro
sociais em oposição ao discurso da hiper-
lado, as leituras de uma outra ciência possível
modernidade.
trouxeram: o construtivismo nas suas mais variadas
Reconhecendo a educação como processo concepções que dão prioridade às potencialidades
de aprendizagem à leitura e escrita do mundo, do sujeito; uma certa psico-pedagogia nas suas
podemos igualmente reconhecer que as expressões de um sujeito consciente, autônomo e
concepções dominantes na pedagogia se empreendedor, criativo. Isto para não falar das
aproximam da racionalidade que guia a vida no concepções filosóficas e epistemológicas
mundo contemporâneo. subjacentes a um fazer pedagógico que continua
aprisionando o sujeito-aluno a normas e regras
Não se torna tão difícil, nestes contextos,
que o prendem a si mesmo e que o deixam à deriva
reconhecer os rumos dominantes que vieram a
da complexidade, do caos e da irracionalidade nas
fundamentar os projetos pedagógicos de
suas interações com seus educadores.
preparação e formação para o Mundo da Vida.
Podemos indagar: que racionalidade sustenta os Como encontrar um paradigma pedagógico
projetos pedagógicos que dão direcionamento às que permita assegurar unidade ao nosso fazer na
práticas educativas, tanto de educação de todo diversidade? Constatamos que existe na prática
cidadão como de formação de educadores? Como cotidiana de formadores de cidadãos e de outros
caracterizar a racionalidade que predomina no formadores racionalidades diversas que
campo pedagógico, afetando os processos de fundamentam o pensar pedagógico. Não há dúvida
aprendizagem para a vida no mundo? que a pedagogia penetra os mais diversos
setores do mundo da vida, pois, não há dúvida
Creio existir um consenso entre nós,
também que todo professor tem a sua
educadores, que de um certo modo temos todos

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
pedagogia, mesmo que esta seja a própria 1) os saberes que lhe proporcionam
negação da pedagogia! condições de leitura do mundo nos múltiplos olhares
que a ciência desenvolve (noções de sociologia, de
OS SABERES DO TRABALHO
psicologia, de história, de filosofia, entre outros);
PEDAGÓGICO NO MUNDO CONTEMPORÂNEO
2) os saberes disciplinares do seu campo
Feitas essa considerações amplas com
próprio de formação profissional e os saberes
olhar sobre o mundo da vida na sociedade
curriculares das áreas específicas do seu trabalho
contemporânea, e alguns dilemas da prática
docente;
pedagógica, vejamos como os saberes que dão
suporte ao trabalho docente procedem por uma 3) os saberes de formação pedagógica que
racionalidade própria. fundamentam os processos de ensino-
aprendizagem, suas teorias e metodologias, além de
O TRABALHO DOCENTE E A GESTÃO
elementos de políticas educacionais;
PEDAGÓGICA DA CLASSE
4) e, finalmente, os saberes construídos na
Algumas implicações epistemológicas
sua experiência cotidiana da trajetória pessoal de
fundamentam nossa concepção de trabalho
vida social, cultural, escolar e particularmente de
docente enquanto práxis transformadora de um
trabalho profissional.
sujeito (professor) em interação situada com outro
sujeito (aluno), onde a produção de saberes e de Concebemos que o docente não somente
significados caracteriza e direciona o processo de domina saberes como transforma e produz
comunicação, dialogicidade e entendimento entre saberes na sua práxis cotidiana, como reconhecem
ambos na direção de uma emancipação fundada diversos autores entre os quais TARDIF (2000) e
no ser social. Nesta concepção, o trabalho docente SACRISTÁN (1999). Na busca de identificar uma
é visto como um processo educativo de instrução e base de conhecimentos para a docência, outros
de formação humana, através da mediação e da autores propuseram diversas tipologias de
interação entre professor e alunos, a partir dos conhecimentos próprios à função docente.
conteúdos do ensino em direção à construção de Consideramos que a proposta de SHULMAN (1997),
uma sociabilidade verdadeiramente humana onde preocupado com a docência enquanto atividade e
sujeitos constroem sua identidade no seio de uma enquanto profissão, trouxe importante contribuição
coletividade. quando identificou o conhecimento da matéria; o
conhecimento pedagógico geral; o conhecimento do
A docência procede num triângulo de
currículo; o conhecimento dos alunos e de suas
interação entre três pólos: o docente - a matéria
características; o conhecimento do contexto
- o aluno. Os processos de aprendizagem são
educacional; o conhecimento dos objetivos
imbuídos de interações intersubjetivas em contexto
educacionais; e, finalmente o conhecimento
de cognição situada. A educação, portanto,
pedagógico da matéria.
constitui um ato instrutivo e formador entre
sujeitos, de modo que a gestão da matéria Sua concepção do ‘conhecimento
permeada pela autonomia relativa do profissional pedagógico da matéria’ pode ser resumida como um
de ensino tem conotação moral e ética. O “amálgama do conteúdo com a pedagogia em um
professor ensina conteúdos, e ao mesmo tempo entendimento de como tópicos, problemas ou
forma o educando. Deste modo, podemos questões particulares são organizados,
identificar uma dialogicidade democrática em representados e adaptados aos diversos interesses
situação de práticas formadoras de cidadania. e habilidades dos aprendizes e apresentados na
instrução” (1987, 8). A concepção de Shulman não
OS SABERES DOCENTES
explicita suficientemente as dimensões de
Saberes múltiplos e heterogêneos interações na sala de aula. Numa perspectiva
circulam na complexidade da ecologia da próxima, CHEVALLARD (1991) trouxe a noção de
classe e dos ambientes educacionais de ‘transposição didática’. Contudo, consideramos esta
aprendizagem: tem origem nas experiências última expressão oriunda de uma concepção ainda
diversas de vida cultural, social, familiar, escolar, muito normativa e reprodutiva. Nosso entendimento
além de expressar os elementos curriculares, é de ‘transformação pedagógica da matéria’
disciplinares e pedagógicos dos seus diversos através das interações com os alunos. É um saber
atores. Neste contexto, o docente é visto como um situado, construído pela racionalidade pedagógica
profissional do saber: ele domina determinados na busca de entendimento intersubjetivo.
saberes, que, em situação de ensino, ele
O desafio da gestão pedagógica e da
transforma dando novas configurações a estes e,
transformação pedagógica da matéria em
ao mesmo tempo, assegurando a dimensão ética
situações reais de prática e de tomada de decisão
de sua práxis cotidiana.
na sala de aula e em outros espaços educativos
Os saberes múltiplos e heterogêneos obriga o professor a gerar ou produzir saberes
construídos no percurso de sua formação inicial e quando articula adequada e criativamente seu
contínua do docente são: reservatório de saberes num determinado contexto
de interação com outros sujeitos, alunos, na
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
ecologia da classe ou em diferentes contextos A racionalidade que fundamenta o campo
de trabalho. O professor é um sujeito pedagógico requer a intersubjetividade de um
hermenêutico porque vivencia o desafio de movimento de coletividade onde a comunicação
produzir sentidos. Mediador de saberes, sua busca a construção do entendimento intersubjetivo,
prática é reflexiva e transformadora. da dialogicidade, da argumentação, da busca de
consenso, da convergência de sentidos e
Efetivamente, os professores transformam
significados, enfim, da sociabilidade. Fundamenta-
o conteúdo do ensino, visando adequá-lo aos
se, assim, uma compreensão ampliada da
alunos a quem se destina, ao contexto onde o
emancipação humana e da racionalidade que lhe dá
ensino ocorre, às limitações espaço-temporais e
sustentação. Uma racionalidade que enquanto
às normas institucionais e curriculares, entre
prática reflexiva não deixa de dar sentido e direção à
outros.
prática humana nas suas mais diversas
Finalmente, nossa compreensão do expressões, tanto identificando o espaço objetivo
docente como profissional do saber, deve ocupado pelo conhecimento ’científico’, como
considerar a dimensão ética do trabalho desse reconhecendo o sujeito na individualidade de sua
profissional de ensino. A educação é uma ação consciência crítica. Contudo, trata-se de uma
social que, portanto, requer a coordenação entre racionalidade que compreende que o espaço da vida
os planos de ação de dois ou mais sujeitos. A do mundo ultrapassa a subjetividade de uma
autonomia docente, na gestão pedagógica da consciência fechada sobre si mesma, bem como a
matéria em situações de práxis, é regulada pela objetividade de uma razão externa ao sujeito.
postura ética/moral que o processo de interação -
O estudo penetrou nos cenários da gestão
comunicação - dialogicidade fundante da
pedagógica das instituições formadoras, da escola e
aprendizagem impõe. A racionalidade da gestão
dos diversos ambientes de ensino-aprendizagem
pedagógica da matéria é necessariamente
procurando desvelar a complexidade e diversidade
configurada pela dialogicidade do entendimento na
de elementos racionais presentes nos contextos
esfera da emancipação humana. Por ser mediador
educacionais de instrução e formação. Identificou
de saberes em contexto de intersubjetividade, o
que a reflexividade necessária à busca de sentidos e
docente revela também sua compreensão de vida
de significados nas práticas educativas integra uma
no mundo e da ideologia que a sustenta.
gama de fatores, que incluem desde hábitos e
O saber ensina, ou a competência elementos afetivos até elementos da razão
docente, está portanto intimamente relacionado à instrumental/normativa e da razão
construção de uma autonomia para a ação atenta, comunicativa/interativa (HABERMAS, 1997) A
refletida, crítica e ética. integração desses fatores passa pela linguagem, ou
seja, pela dialogicidade intersubjetiva do
A RACIONALIDADE PEDAGÓGICA DO
entendimento que caracteriza a racionalidade
FAZER DOCENTE
pedagógica como busca de consenso coletivo entre
O início de nossa reflexão caracterizou sujeitos. Nisso encontramos uma racionalidade
elementos conflitantes de nossa sociedade hiper— diferenciada da racionalidade predominante na
moderna. Questionamos os rumos que suas bases sociedade hiper-moderna e que cabe ao educador,
fundantes dão ao mundo da vida. Identificamos as ao formador de formadores construir na prática do
instituições educacionais como espaços de seu cotidiano profissional.
aprendizagem a essa vida no mundo, destacando
A racionalidade pedagógica é inconcebível
a função instrutiva e formadora do profissional de
fora do contexto da epistemologia da prática. Ela é o
docência como potencialmente capaz de construir suporte de uma práxis educativa enquanto processo
os rumos de uma emancipação alternativa, de reflexão sistemática sobre a ação por parte de
porque humana e social. Resta caracterizar a
sujeitos social e coletivamente voltados para a
racionalidade que move ou deve mover o trabalho
construção de conhecimentos e saberes que
docente na dinâmica de interação entre os três
refletem os significados e sentidos num horizonte de
polos que constituem a ecologia da classe e dos
transformação do mundo da vida com emancipação
ambientes educacionais. social.
A formação do sujeito pedagógico, o
A docência como ‘gestão e transformação
docente, passa pelos princípios: do conhecimento/
pedagógica/ética da matéria’ procede, portanto,
compreensão do seu universo social, do domínio através de uma racionalidade complexa,
de saberes múltiplos e heterogêneos, da interativa, dialógica, do entendimento, que não
integração teoria/prática, do disciplinamento para a
exclui a racionalidade normativa, instrumental de
reflexão e a transformação como professor- determinados campos da ciência e da tecnologia,
pesquisador, da interação, do trabalho cooperativo mas que a integra num processo voltado para a
e colaborativo, da competência regulada pela
emancipação humana e profissional dos sujeitos em
autonomia profissional, da ética de uma profissão
formação.
que tem sua identidade fundada em saberes
próprios, entre outros. As indagações formuladas permitem
identificar um dos pontos obscuros do campo
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
profissional da pedagogia e da busca de sua científico e tecnológico (bacharelado), sem se
identidade. Ousamos invocar uma racionalidade sobrepor a estes. Resta avançar mais para
pedagógica fundante dos processos educacionais entender com maior clareza o que é PEDAGOGIA e
e que molda a práxis docente. Aproximamos essa como inteirar essa dimensão nas políticas de
racionalidade do que passamos a chamar de formação docente.
racionalidade democrática no contexto escolar.
Fundamentos Epistemiológicos e
Procuramos identificar que racionalidade
Pedagógicos do Fazer Docente
predomina ou pode predominar nos contextos
educacionais de instrução e de formação para a Silza Maria Pasello Valente
vida no mundo, e consequentemente como os Todas as ações que o professor realiza em
princípios da cidadania e da democracia vêm se sala de aula tendo como objeto o processo ensino-
construindo nos espaços públicos da escola. aprendizagem contemplam, refletida ou
A abordagem desenvolvida neste ensaio aleatoriamente, a adoção de concepções de natureza
não pretende ser original. Pelo contrário, diversos epistemológica e psicológica. Isso significa que, ao
estudos de autores brasileiros, entre os quais optar por um método de ensino, o professor deixa
excelentes teses de doutorado na área da filosofia transparecer a sua forma de entender o que seja
da educação (MARTINAZZO, 2003; conhecimento e aprendizagem, tanto na perspectiva
PLANTAMURA, 2001; MUHL, 1999) assim como da filosofia quanto da psicologia.
cientistas de outros continentes, vêm defendendo Analisando o espaço escolar, percebe-se que
a perspectiva da emancipação humana pela variadas concepções estão presentes na prática dos
abordagem da racionalidade comunicativa e professores, muitas vezes desvinculadas das
dialógica tendo a educação como espaço de concepções que as fundamentam, sem, inclusive,
consolidação. Encontramos igualmente em articular-se com o projeto pedagógico da escola em
documentos normativos de diretrizes de formação que atua.
de professores o esboço dos princípios dessa
abordagem. Para melhor compreender nossas ações em
sala de aula, é conveniente que tenhamos
É inconcebível uma busca de emancipação referenciais teóricos de análise, pois eles nos
desvinculada do processo de reflexão crítica e possibilitam revelar o que está por trás de nossas
transformadora que a pesquisa como princípio atitudes e de nossas escolhas. Esses referenciais
educativo proporciona. O paradigma da podem ser traduzidos em modelos explicativos que
racionalidade dialógica apresenta-se como relacionam as concepções epistemológicas (das
síntese do exercício permanente e disciplinado teorias do conhecimento), as teorias psicológicas e
focando os múltiplos olhares possíveis de as práticas pedagógicas que se afinam com uma
compreensão da vida do mundo natural e humano. determinada concepção de ser humano, natureza e
Enquanto sujeito hermenêutico, o docente exerce sociedade e das relações que se estabelecem entre
uma função de interprete dos processos de ensino- eles.
aprendizagem voltados para a construção de
sentidos e de significados. Modelos são tentativas de explicação de uma
determinada realidade, que sofre uma redução ao ser
Na complexidade do mundo expressa, não devendo, portanto, ser entendidos de
contemporâneo a correspondente racionalidade forma absoluta. Ou seja, toda forma de classificação
complexa é condicionante de uma práxis dialógica, é arbitrária e deve ser relativizada, visto que nem
argumentativa e de entendimento na construção sempre as práticas educacionais podem ser
de consensos que refletem a interdisciplinaridade e enquadradas totalmente em um determinado modelo.
a multirreferencialidade como expressão científica
de verdades e sentidos em constante re- O quadro a seguir apresenta um modelo
elaboração. O confronto de múltiplos saberes e explicativo e tem como ponto de apoio a literatura
olhares sobre o real é condição de construção de citada nas referências bibliográficas ao final do texto.
novas compreensões da vida do mundo, ou seja,
da práxis do sujeito epistêmico.
O desenvolvimento da competência
comunicativa e emancipadora, diga-se, da
racionalidade pedagógica ou do entendimento
intersubjetivo do profissional de ensino tem suas
raízes na formação inicial e floresce na formação
contínua enquanto expressão de práxis geradora
de saberes experiências, críticos e
transformadores.
A formação do profissional de docência
(licenciatura) se situa além da formação do
profissional dos campos específicos do saber

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS

CONCEPÇÕES TEORIAS ESTRATÉGIAS DE


No quadro anterior é possível identificar um
EPISTEMOLÓGI PSICOLÓGIC ENSINO APRENDIZAGEM modelo explicativo que contempla quatro correntes
CAS AS identificadas no pensamento educacional brasileiro,
S>O · · Privilegiam a vinculadas às concepções epistemológicas e teorias
Lig auto realização do ser psicológicas que as norteiam, e, finalmente, às
Preponderância adas às humano.
do sujeito no ciências · Podem utilizar estratégias de ensino-aprendizagem que as traduzem
processo de
construção do
humanas. tanto situações individuais na prática pedagógica. São elas: Romanticismo,
ROMANTI · quanto grupais
CISMO
conhecimento Val · Enfatizam a Transmissão Cultural, Progressivismo e
orizam o educação como forma de Sociocultural.
estudo dos crescimento pessoal.
componentes · Professor = facilitador Romanticismo: Nessa corrente, a
internos: · Aluno =
consciência, aprender a aprender concepção epistemológica considera que no
personalidade, processo de construção do conhecimento o sujeito
emoções,
interesses,
(S) pessoa que aprende é mais importante do que as
relacionament influências do meio ambiente (o). Para a psicologia,
o interpessoal. portanto, o foco de interesse reside no conhecimento
da consciência, das emoções, dos interesses, das
S<O · · Privilegiam o motivações, dos desejos, das angústias, que
Preponderância
Lig ambiente de aprendizagem. permeiam o inconsciente dos seres humanos. Para
adas às · Utilizam o
do ciências planejamento e a avaliação tanto, busca conhecer o interior das pessoas através
ambiente/realida biológicas. do processo educacional. de técnicas que utilizam entrevistas individuais e
de no processo · Valorizam o
TRANSMI
de construção do · domínio de conteúdo.
dinâmicas de grupo.
SSÃO
conhecimento Psi · Professor =
CULTURA Os professores que se identificam com essa
cologia Þ direcionador
L
ciência · Aluno concepção desenvolvem uma prática docente
que tem
por 1. Alcançar os centrada na valorização das características pessoais
objeto de objetivos e interpessoais, e entendem-se como facilitadores
estudo o 2. Assimilar a
comport herança cultural.
do processo de aprendizagem. Utilizam dinâmicas de
amento. grupo, auto-avaliação e avaliação inter-pares;
buscam levar o estudante a ser autônomo no
processo de construção do conhecimento, não
privilegiam os conteúdos, deixando aos alunos a
opção de aprenderem aquilo que lhes seja mais
SO · · Privilegiam o interessante e significativo.
Val arranjo das condições de
interação entre o
sujeito e o objeto
orizam tanto a aprendizagem. Essa concepção educacional está presente
bagagem · Valorizam o
PROGRE de genética grupo e a solução de em muitas escolas experimentais e foi o fundamento
SSIVISMO aprendizagem quanto o meio problemas. da célebre escola Summerhill, fundada na Inglaterra
no processo de ambiente. · Professor =
construção do · desafiador
na década de vinte. Essa concepção também está
conhecimento. Bu · Aluno = presente na tendência educacional denominada
scam construtor do Escola Nova , em sua vertente não diretiva., que
compreender conhecimento.
como se dá o coloca em prática a teoria de aprendizagem do
processo de psicólogo Carl Rogers.
desenvolvimen
to intelectual. Transmissão Cultural: Segundo essa
·
Psicólogo: corrente educacional, o meio ambiente (o) exerce
Piaget uma enorme influência no processo de construção(?)
S O · · A educação é do conhecimento. Na verdade, para esta concepção
Val vista como fator de epistemológica, nada existe em nossas mentes sem
No processo de orizam a transformação social.
construção do bagagem · Professor = que tenha passado antes pelos nossos sentidos.
conhecimento, genética, mas mediador Sendo assim, o ambiente é fundamental para que o
SOCIOCU Sujeito e Objeto privilegiam as · Aluno =
LTURAL interagem vivências construtor do conhecimento sujeito (s) possa aprender. Partindo dessa
mediados pelo socioculturais na interação que concepção, foram propostas teorias psicológicas que
ambiente cultural · estabelece com o outro e
Bu com o meio
têm como objeto de estudo verificar como o ambiente
scam interfere no comportamento dos seres.
compreender
como se Tais teorias, denominadas de
processa a
aprendizagem.
comportamentalistas, tiveram grande influência nas
teorias de aprendizagem e fundamentaram o
surgimento da tecnologia aplicada à educação. Os
professores que partilham desses pressupostos, ao
desenvolverem a prática docente, privilegiam os
arranjos ambientais: materiais instrucionais,
conteúdos, objetivos e avaliação precisamente
estabelecidos, assim como a utilização de recursos

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
multissensoriais variados. Em suma, o professor no entendimento de que é um mediador entre os
julga-se direcionador das atividades de alunos e os objetos de aprendizagem. Busca
aprendizagem. Esse modelo fundamenta duas compreender o meio cultural de seus alunos, seus
tendências educacionais: a tradicional e a valores, suas atitudes, suas possibilidades e
tecnicista.. A teoria de aprendizagem que dificuldades, a fim de estabelecer com eles uma
representa esta corrente da transmissão cultural é a relação de respeito às experiências do meio em que
comportamentalista/ behaviorista, principalmente a vivem.
elaborada por Skinner.
As tendências culturais denominadas
Progressivismo Nesta corrente progressistas: (libertadora, libertária e crítico - social
educacional, está presente a compreensão de que, dos conteúdos) expressam esse pensamento. Pode
para construir o conhecimento, os seres humanos haver o privilegiamento dos conteúdos de
necessitam interagir com o objeto. É através da aprendizagem "ressignificados" culturalmente, ou de
ação sobre o que se deseja conhecer que experiências dentro e fora das escolas que buscam
acontecem as aprendizagens. As teorias preparar os estudantes para uma atuação mais
psicológicas que partem desse pressuposto são solidária e participativa enfatizando os conselhos
denominadas interacionistas, pois entendem que as escolares, onde, com a participação da comunidade,
aprendizagens derivam da interação entre o sujeito se define a ação educacional da escola, desde os
(s) que aprende e o objeto do conhecimento (o), conteúdos até as formas de avaliação.
seja ele um livro, uma pintura ou uma relação
O educador Paulo Freire é um legítimo
matemática. Sob esse ângulo, o professor age
representante da corrente, em sua tendência
como um orientador das aprendizagens de seus
libertadora.
alunos criando situações- problema a serem por
eles solucionadas. Pode ser a solicitação da síntese Esse quadro-modelo, resumidamente
de vários textos, a produção de um memorial descrito, expressa algumas das principais correntes
descritivo, a solução de problemas de várias educacionais presentes em nosso cotidiano, que
naturezas, a realização de experiências. muitas vezes aparecem alternadamente em nossa
prática. É importante que tenhamos conhecimento
A tendência educacional denominada
dessas correntes e de seus fundamentos para que
Escola Nova, em sua vertente diretiva, revela essa
em nossa ação docente possamos fazer escolhas
corrente, privilegiando a ação de quem aprende
quanto ao tratamento do processo ensino-
sobre os conteúdos de aprendizagem. A atuação
aprendizagem de forma articulada, coerente com
docente que valoriza tais pressupostos coloca em
nosso pensamento, e não sem reflexão.
prática uma metodologia de ensino fundamentada
nas ideias de Piaget, que foi um estudioso do É nesse universo epistemológica, psicológica
processo de desenvolvimento da inteligência. e pedagogicamente multifacetado que optamos por
Nessa concepção, o processo que se estabelece determinado procedimento de ensino. E optar por um
entre o aprendente e o objeto de conhecimento é meio de aprendizagem, significa escolher um
entendido como uma relação interacionista, com procedimento pedagógico que seja coerente com
ênfase nos aspectos cognitivos. nossa visão de ser humano, natureza, sociedade e
das relações que se estabelecem entre esses
Sociocultural Tal como a anterior, essa
elementos.
corrente valoriza a ação do sujeito em sua interação
com o objeto de aprendizagem, mas diferencia-se
na medida em que postula que as interações
estabelecidas entre sujeito e objeto do
conhecimento ocorrem em um determinado
ambiente cultural que acaba por determinar as
formas de interação. Por isso, no quadro acima
sujeito (s) e objeto (o), além de interagirem (o que
vem representado pelas setas), estão envoltos por
uma elipse, que simboliza o ambiente cultural.
As teorias psicológicas amparadas por esta
visão epistemológica preocupam-se em estudar
como se dá o processo de aprendizagem, quais são
os determinantes que o afetam, de que forma o
meio cultural influencia as aprendizagens.
Vygotsky, Luria, Leontiev, Wallon elaboraram
teorias de aprendizagem que destacam a
importância do ambiente sócio cultural no processo
de construção do conhecimento.
O professor, que assume essa corrente
educacional, exerce uma prática docente alicerçada

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
a multiculturalidade e a diversidade como elementos
constitutivos do processo ensino-aprendizagem.
Que concepções de sociedade, de escola, de
educação, de conhecimento, de cultura e de currículo
orientarão a escolha das práticas educativas com
esse objetivo?
A função da escola, da docência e da
O CURRÍCULO E CULTURA, CONTEÚDOS pedagogia vem se ampliando, à medida que a
CURRICULARES E APRENDIZAGEM, sociedade e consequentemente os alunos, mudam.
PROJETOS DE TRABALHO; O direito à educação se alargou e isso pressupõe
que todos têm o direito ao conhecimento de ciências,
INTERDISCIPLINARIDADE E
de avanços tecnológicos e de novas tecnologias de
CONTEXTUALIZAÇÃO; informação, além do direito à cultura, artes,
MULTICULTURALISMO; diversidade de linguagens e formas de comunicação.
O conhecimento escolar se nutre do
O CURRÍCULO E CULTURA, CONTEÚDOS conhecimento científico tecnológico produzido por
CURRICULARES E APRENDIZAGEM, universidades, institutos de pesquisa, daquele gerado
pelo mundo empresarial, dos negócios, da área da
PROJETOS DE TRABALHO;
saúde humana e animal, das atividades desportistas
e do mundo das artes. O conhecimento escolar
O que é ensinado nas escolas prepara os gerado nos cidadãos deve dar conta das mudanças
alunos para concretizar seus projetos na vida ambientais e dos movimentos sociais expressos nas
adulta? Em um mundo sofrendo constantes diversas formas de exercício da cidadania.
mudanças sociais, econômicas e ambientais, como
Entretanto, observa-se que a fragmentação
fornecer educação de qualidade para que o
desses conhecimentos em áreas/disciplinas
estudante adquira na escola os conhecimentos e as
específicas não permite inserir situações nas salas
habilidades necessários para interpretar os
de aula, tal como funcionam em seus contextos de
elementos presentes em seu cotidiano e se
origem para a produção do saber. Para se tornarem
transforme em um cidadão competente na busca de
conhecimentos escolares, os saberes produzidos nas
soluções para os problemas que surgem?
universidades sofrem descontextualização e, a
Essas indagações questionam o papel da docência, seguir, um processo de recontextualização. No caso
da pedagogia e da escola e preocupam os do ensino de Ciências, por exemplo, não se pode
educadores. supor que um pequeno laboratório da escola irá
demonstrar como se fez a investigação científica no
A implementação de um currículo ou de laboratório de pesquisas. Um manual didático de
uma base nacional comum é um tema que precisa experiências científicas escolares precisa seguir
ser discutido, para que a Base Nacional Comum outra metodologia, assim como as noções sobre
Curricular não restrinja a ação educativa das saúde não podem ser explicadas sob a forma de
escolas. procedimentos hospitalares ou, no campo das
O objetivo deste artigo é aprofundar o atividades desportivas, não cabe oferecer ao
sentido do termo “currículo”, tão familiar a todos que estudante, nas aulas de Educação Física locais, o
trabalham nos diferentes níveis educacionais. mesmo treinamento dado a atletas profissionais.
Baseou-se em documentos trazidos aos fóruns de Torna-se sem sentido, portanto, qualquer tentativa de
discussão sobre a política de implementação da transformar tais aulas em momentos de preparação
Base Nacional Comum Curricular (MEC) na Escola de futuros cientistas, médicos ou atletas.
Básica. Um desses documentos, de Moreira e Se a escola trabalhar com uma forte
Candau (2007), aborda a passagem recente de descontextualização, há o risco de perda de sentido
pesquisa sobre as relações entre currículo e dos conhecimentos, o que será um entrave para sua
conhecimento escolar para as relações entre compreensão e aplicação. Conhecimentos totalmente
currículo e cultura. O documento traz elementos descontextualizados, aparentemente “puros”, perdem
novos à discussão e abre espaço para a construção suas conexões com o mundo social em que são
de diferentes concepções curriculares que construídos e funcionam; não permitem que se
embutam as condições políticas, socioeconômicas evidencie como os saberes e suas práticas
e culturais, preservando a história da Educação envolvem, necessariamente, questões de identidade
Básica local. Nessa perspectiva, a concepção de social, interesses, relações de poder e conflitos
currículo deve tornar as pessoas capazes de interpessoais. Conhecimentos totalmente
compreender o papel que devem ter na mudança descontextualizados desfavorecem, assim, um
de seus contextos imediatos e da sociedade em ensino mais reflexivo e uma aprendizagem mais
geral; a construção do conhecimento escolar como significativa.
característica da escola democrática que reconhece

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Existem outros aspectos também desenvolvimento passaram a ser consideradas mais
importantes, como a aquisição de habilidades de cultas e classificadas como Primeiro Mundo, que
consulta à internet, que abre novas possibilidades domina os povos da maioria dos países que formam
para uma construção não linear pelo estudante – o chamado Terceiro Mundo.
diferentemente do livro didático, que o conduz a um
ponto que pode não ser de seu interesse, mas é o Será que algumas de nossas escolas não continuam
que será avaliado na prova. Soma-se a isso a a fechar suas portas para as manifestações culturais
hierarquização da construção do conhecimento, associadas à cultura popular, contribuindo, assim,
que prioriza certas áreas em detrimento de outras e para que saberes e valores familiares a muitos
que se transforma em relações de poder. Nessa estudantes sejam desvalorizados e abandonados na
hierarquia, supervalorizam-se as chamadas entrada da sala de aula? Poderia ser diferente?
disciplinas científicas, tornando secundários os Como?
saberes referentes às artes e ao corpo. Nessa Mais no final do século XX, adotou-se uma visão
hierarquia, separa-se a razão da emoção, a teoria antropológica da palavra “culturas” (no plural),
da prática, o conhecimento da cultura. conferindo sentido aos diversos modos de vida,
Se o professor entender o processo de valores e significados compartilhados por diferentes
construção do conhecimento escolar, saberá grupos (nações, classes sociais, grupos étnicos e
distinguir em que momento os mecanismos períodos históricos). Culturas regionais, de gerações,
implicados nessa produção estão favorecendo ou de gênero, religiosas enfatizam os significados
atravancando seu trabalho docente. Em outras compartilhados por grupos, ou seja, os conteúdos
palavras, a compreensão do processo de culturais representam realidades e visões de mundo
construção do conhecimento escolar facilita ao adotadas por esse grupo. Diferentemente da
professor uma maior compreensão do próprio concepção anterior, porém, ressalta a dimensão
processo pedagógico, o que pode estimular novas simbólica, o que a cultura faz, em vez de acentuar o
abordagens em que a seleção e a organização dos que a cultura é. Nessa mudança, efetua-se um
conhecimentos possam conferir uma orientação movimento do que para o como.
cultural ao currículo.
1.2 Currículo nacional e diversidade cultural
1.1 Cultura como elemento de articulação dos Não existe uma única definição de currículo. Ele pode
conteúdos curriculares entendido como:
O significado da palavra cultura variou muito ao
longo dos tempos. No século XV, cultura estava 1. os conteúdos a serem ensinados e
ligada ao cultivo da terra ou de animais, daí as aprendidos;
palavras agricultura, piscicultura ou suinocultura. No
século XVI, a noção de cultura foi extrapolada para 2. as experiências de aprendizagem escolares
a mente humana, cultivo da mente, porém somente a serem vividas pelos alunos;
algumas pessoas ou sociedades eram
3. os planos pedagógicos elaborados por
consideradas de elevado padrão de cultura e
professores, escolas e sistemas
civilização.
educacionais;
No século XVIII, o caráter classista da cultura
cristalizou-se: somente civilizações europeias eram 4. os objetivos a serem alcançados por meio do
consideradas refinadas e cultas. O sentido de processo de ensino;
cultura, tal como as elites a concebem, que ainda
5. os processos de avaliação que terminam por
hoje a associa às artes, tem suas origens nessa
segunda concepção: cultura corresponde ao bem influir nos conteúdos e nos procedimentos
apreciar música, literatura, cinema, teatro, pintura, selecionados nos diferentes graus da
escultura, filosofia. Será que não encontramos escolarização.
vestígios dessa concepção tanto em alguns de Todas essas concepções teóricas podem estar
nossos atuais currículos como em textos que se corretas, pois de alguma maneira incorporam
escrevem sobre currículo? discussões sobre os conhecimentos escolares, sobre
valores que regem o convívio social para formação
Somente no século XX a noção de cultura passou a de sujeitos éticos e sobre as transformações que se
incluir a cultura popular, hoje penetrada pelos deseja realizar ao longo de processo educativo.
conteúdos dos meios de comunicação de massa.
Durante esse século as diferenças e tensões entre Quando se entende um currículo como um conjunto
os significados de cultura elevada e de cultura de práticas por meio das quais significados são
popular acentuam-se, levando a um uso do termo produzidos e compartilhados em um grupo, a cultura
cultura que é marcado por valorizações e evidencia-se no respeito e no acolhimento das
avaliações do desenvolvimento humano. Assim, as manifestações culturais dos estudantes, por mais
nações européias que atingiram maior nível de desprestigiadas que sejam. Esses significados

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
compartilhados têm tido considerável impacto nas questão da operacionalização, do como fazer esta
ciências sociais e nas humanidades em geral e passagem, estas mudanças.
podem se expressar nas artes ou na concepção
A fundamentação de nossa proposta é
cultural local.
claramente construtivista. Acreditamos que, neste
Se entendermos o currículo como um conjunto de final de século, já superamos tanto o modelo de
práticas que produzem significados, ele pode ser estrutura escolar inatista como o empirista. O modelo
concebido pelas escolhas entre possibilidades construtivista, que faz uma síntese dos dois modelos
existentes dentro da cultura local. O currículo pode anteriores, é o mais adequado ao momento atual.
ser o espaço em que se concentram e se Segundo o construtivismo, o ser humano
desdobram as lutas em torno dos diferentes nasce com potencial para aprender. Mas este
significados sobre o social e sobre o político. É por potencial - esta capacidade - só se desenvolverá na
meio do currículo que certos grupos sociais, interação com o mundo, na experimentação com o
especialmente os dominantes, expressam sua visão objeto de conhecimento, na reflexão sobre a ação. A
de mundo, seu projeto social, sua “verdade”. O aprendizagem se organiza, se estrutura num
currículo representa, assim, um conjunto de processo dialético de interlocução. Por isto a escola
práticas que propiciam a produção, a circulação e o utiliza hoje as dinâmicas de grupo, que possibilitam a
consumo de significados no espaço social e que discussão, o diálogo. É preciso haver o elemento
contribuem, intensamente, para a construção de dialogante, para que o saber se construa. Nossos
identidades sociais e culturais. O currículo é, por pontos de vista e nossas idéias se clareiam quando
consequência, um dispositivo de grande efeito no temos com quem discuti-los. A interação social no
processo de construção da identidade do grupo de sala de aula é, pois, fundamental, para que
estudante. a aprendizagem circule, movida pelas relações
afetivas. A organização acadêmica tradicional, com
os alunos fechados em si mesmos, pensando e
produzindo sozinhos, deve abrir espaço para que
INTERDISCIPLINARIDADE E
aconteça a polifonia, o debate, o trabalho coletivo, a
CONTEXTUALIZAÇÃO interlocução.

INTERDISCIPLINARIDADE Por outro lado, uma aprendizagem


significativa exige, além da interlocução e da
A Interdisciplinaridade refere-se a uma nova experimentação, o movimento do corpo no espaço e
concepção de ensino e de currículo, baseada na a utilização das estruturas mentais para relacionar os
interdependência entre os diversos ramos do estímulos recebidos, formando conceitos claros.
conhecimento. Conceituar é, para os filósofos gregos antigos, a
Paradigma (modelo, padrão) é um conceito primeira operação da mente - o ato pelo qual o
atualmente usado para designar a forma de espírito produz ou representa em si mesmo alguma
estruturação e funcionamento do cérebro humano. coisa, compreendendo lhe o significado.
Neste sentido, paradigma é uma estrutura-modelo, Para discutirmos o tema
um modo de pensar. “interdisciplinaridade”, começaremos pela
Nossa perspectiva é de que o atual compreensão de alguns termos específicos,
currículo escolar deve sofrer algumas alterações, conceituando-os com clareza.
passando do modelo multidisciplinar para o INTER/DISCIPLINAR/IDADE deriva da
interdisciplinar. palavra primitiva DISCIPLINAR (que diz respeito à
Pretendemos fazer uma análise histórica da disciplina), por prefixação (INTER-ação recíproca,
instituição escolar, buscando entender porque a comum) e sufixação (DADE - qualidade, estado ou
escola tem hoje um projeto pedagógico resultado da ação).
multidisciplinar. A proposta interdisciplinar será Disciplina refere-se à ordem conveniente a
justificada por uma reflexão teórica que explique um funcionamento regular. Originariamente significa
porque a escola deve ter um currículo submissão ou subordinação a um regulamento
interdisciplinar. Finalmente serão sugeridas superior. Significa também “MATÉRIA (campo de
algumas estratégias para uma transformação conhecimento determinado que se destaca para fins
curricular, rumo a um novo paradigma, mais de estudo) tratada didaticamente, com ênfase na
dinâmico e compatível com o avanço acelerado que aquisição de conhecimentos e no desenvolvimento
têm hoje a ciência e a tecnologia, a partir das de habilidades intelectuais.” É uma palavra muito
invenções e descobertas que o ser humano tem presente em instituições como o exército, a fábrica e
feito, cada vez com maior rapidez. É nossa intenção a Igreja, que valorizam a disciplina na formação de
analisar o atual currículo escolar, para reorientá-lo seu pessoal.
rumo à nova proposta, a partir das constatações
feitas. Esperamos, assim, deixar clara a A utilização desta mesma palavra para
necessidade da mudança, antes de abordar a denominar os conteúdos escolares refere-se tanto à
necessidade de submeter-se a mente à mesma

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
ordem que controla o corpo dos educandos, quanto avançou em sua proposta metodológica - ou vice-
ao tratamento didático que deve ser dado a cada versa.
matéria escolar
Na medida em que garantimos a integração
De posse destes conceitos básicos, vamos dos conteúdos, estamos garantindo também sua
analisar os diversos tipos de composição curricular: significação para os alunos. Consequentemente,
crescerá o interesse dos alunos pela escola, que,
MULTIDISCIPLINAR - modelo fragmentado
cada dia mais, perde espaço para a mídia e para
em que há justaposição de disciplinas diversas,
todos os atrativos tecnológicos e eletrônicos dos
sem relação aparente entre si;
meios de comunicação, computação e diversão.
PLURIDISCIPLINAR - quando se
Um grande problema da transformação
justapõem disciplinas mais ou menos vizinhas nos
curricular é que a escola é hoje uma das instituições
domínios do conhecimento, formando-se áreas de
sociais mais resistentes à mudança. Talvez, em
estudo com conteúdos afins ou coordenação de
parte, isto se deva ao fato de serem os professores
área, com menor fragmentação;
os únicos profissionais que “nunca saem da escola”.
INTERDISCIPLINAR - com nova concepção Nela eles se formam, como os demais profissionais,
de divisão do saber, frisando a interdependência, a e nela eles permanecem atuando, repetindo o
interação, a comunicação existentes entre as mesmo modelo de seus antigos professores,
disciplinas e buscando a integração do enquanto os demais profissionais deixam a escola
conhecimento num todo harmônico e significativo; para atuar em outros locais de trabalho.
TRANSDISCIPLINAR - quando há O novo modelo curricular, de base
coordenação de todas as disciplinas num sistema interdisciplinar, exige uma nova visão de escola,
lógico de conhecimentos, com livre trânsito de um criativa, ousada e com uma nova concepção de
campo de saber para outro. divisão do saber. Pois a especificidade de cada
conteúdo precisa ser garantida, paralelamente a sua
O modelo multidisciplinar, presente na
integração num todo harmonioso e significativo.
escola ainda hoje, desconsidera as características e
necessidades do desenvolvimento cognitivo do Num currículo multidisciplinar os alunos
aluno, dificultando a percepção da inteireza do recebem informações incompletas e têm uma visão
saber e do ser humanos. Para resgatar esta fragmentada e deformada do mundo. Num currículo
inteireza perdida e possibilitar uma visão da interdisciplinar as informações, as percepções e os
totalidade do conhecimento é que estamos conceitos compõem uma totalidade de significação
propondo o modelo interdisciplinar. completa e o mundo já não é visto como um quebra -
cabeça desmontado.
Quanto mais se acelera a produção do
saber humano, mais se faz necessário garantir que A nossa dificuldade em admitir a
não se perca a visão do todo. E hoje o acervo de possibilidade de um modelo curricular diferente
conhecimentos da humanidade dobra-se a cada prende-se à questão dos paradigmas (modelos de
quatro anos, havendo previsão de que dobrar-se-á estruturas mentais), que nos imobilizam,
a cada dois anos, a partir do ano 2000. condicionando nossa maneira de ver as coisas. Tanto
é assim, que as grandes mudanças costumam
As escolas, de modo geral, trabalham com acontecer a partir de pessoas que atuam em outra
coordenação de área, numa tentativa de superar as área de conhecimento, estando, portanto, de fora do
deficiências do currículo multidisciplinar. Mas, na
paradigma em questão.
prática, o que vemos acontecer é a simples
“coordenação de matéria” - (reuniões de Se quisermos avançar para um currículo
professores que lecionam o mesmo conteúdo em interdisciplinar, temos que começar a pensar
séries distintas), garantindo-se, assim, a integração interdisciplinarmente, isto é, ver o todo, não pela
vertical - de uma série para outra - mas não a simples somatória das partes que o compõem, mas
superação do modelo multidisciplinar. No entanto, a pela percepção de que tudo sempre está em tudo,
coordenação de área, bem conduzida, poderia ser o tudo repercute em tudo, permitindo que o
primeiro passo para a transformação curricular, pensamento ocorra com base no diálogo entre as
rumo a um modelo interdisciplinar. A verdadeira diversas áreas do saber. É este estabelecimento de
coordenação de área consistiria em reunirem-se os relações que nos possibilitará analisar, entender e
professores de conteúdos afins, para planejarem explicar os acontecimentos, fatos e fenômenos
em conjunto seu programa, a partir de um eixo passados e presentes, para que possamos projetar,
comum, teórico ou metodológico. Por exemplo, a prever e simular o futuro.
coordenação de área de línguas poderia ser
PORQUE A ESCOLA É MULTIDISCIPLINAR
estabelecida a partir do eixo da linguística, que é a
base do ensino e da aprendizagem do Português e Segundo Aristóteles, “nada melhor para
do Inglês, e/ou do eixo metodológico, pela didática compreendermos um tema em sua extensão do que
do texto. O que não é possível é submetermos os historicizá-lo”.
alunos a uma aprendizagem tradicional da língua
estrangeira, quando o professor de Português já
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Vamos, pois, fazer uma retrospectiva nas práticas e instituições escolares e atendendo aos
histórica, para tentar descobrir a razão de ser do interesses da classe social dominante.
atual modelo de sistema escolar. Usando o
Na gênese deste modelo de escola,
referencial de Alvin Toffler, autor dos livros “O
destacam-se ainda as influências marcantes da Igreja
choque do futuro” e “A terceira onda”, podemos
- com seus dogmas e sacramentos, sobretudo a
dizer que a história da humanidade evolui em
penitência, determinando práticas como a avaliação,
“ondas”, situando-se a primeira grande onda na pré-
as punições e proibições e a apresentação de
história, com o surgimento da agricultura e o poder
verdades prontas e definitivas - e da ideologia política
centrado na posse da terra. O advento da revolução
dominante. Fragmentando-se o conhecimento
industrial (idade moderna), marca a passagem para
acumulado, através de um currículo multidisciplinar,
a segunda onda, com o poder centrado no capital.
fragmenta-se o próprio homem (o aluno e o
É neste contexto que surge a escola pública, não a
professor), que fica então fragilizado e é facilmente
serviço do homem, mas da fábrica, com o objetivo
dominado.
de preparar mão de obra para a indústria, de
treinar, disciplinar, subjugar o homem, para torná-lo PORQUE A ESCOLA DEVE SER
operário. INTERDISCIPLINAR
Enquanto instituição social, a escola é A proposta de currículo interdisciplinar
sempre orientada pelo tipo de homem que deseja justifica-se a partir de razões históricas, filosóficas,
formar. Portanto, para o século XVIII, este era o sócio-políticas e ideológicas, acrescidas das razões
modelo de escola necessária. Mas hoje, no limiar psicopedagógicas.
do século XXI, quando vivemos a terceira onda, a
era da informática, em que é a posse da informação Historicamente falando, temos de considerar
que garante o poder, precisamos de um novo que vivemos hoje a era da informática, com suas
contradições, seus paradoxos. Como já afirmava
modelo de escola.
Heráclito, o filósofo grego pré-socrático, “no mundo
Tendo situado a gênese da escola no tudo flui, tudo se transforma, pois a essência da vida
tempo, podemos entender melhor as influências é a mutabilidade, e não a permanência”. Assim,
que marcaram sua origem e evolução, aquela escola, que era boa para o momento da
determinando suas características estruturais e revolução industrial, já não atende às necessidades
funcionais. Seu currículo foi planejado para formar do homem do final do século XX. Nossa era é a da
pessoas disciplinadas, submissas, obedientes, pós-modernidade (ou neo-modernidade, como
organizadas, metódicas, nada criativas ou querem alguns autores), em que à lógica formal,
questionadoras. Daí o uso do uniforme, da fila, do clássica, normativa e maniqueísta (bivalente), impõe-
horário e da disciplina rígidos, do silêncio e da se a lógica dialética, fundamentada na noção de
passividade em sala de aula, do trabalho individual contradição, dialógica.
e isolado.
Paralelamente, a luta pela igualdade de
Estas influências se fazem sentir também direitos, pela supremacia da liberdade, pelo resgate
na terminologia específica do vocabulário escolar, da democracia e a revisão do conceito de poder
de seus instrumentos, usos e costumes, como: deram novo sentido à noção de cidadania, de
formatura, matéria, sirene, cópia de modelos, coletividade, de valores cívicos. Entre as razões que
programas previamente determinados, temos para buscar uma transformação curricular,
aprendizagem delimitada, caderneta escolar (cartão passa também uma razão política muito forte: hoje
de ponto), comportamento controlado, carteiras vivemos numa democracia, e queremos formar
fixas - e até mesmo em sua arquitetura. pessoas criativas, questionadoras, críticas,
comprometidas com as mudanças, e não com a
Paralelamente à revolução industrial, o
reprodução de modelos.
século XVIII é marcado também pelo surgimento do
Positivismo, corrente filosófica iniciada com A. Questões histórico-filosóficas e sócio-político-
Comte, em oposição à Filosofia clássica, por ele ideológicas vêm exigindo, há muito tempo, uma total
considera da pré-histórica e “negativa”. Reagindo revisão na instituição escolar.
às tendências iluministas, o Positivismo prega a
objetividade, a universalidade e a neutralidade Mais recentemente, com a divulgação dos
como exigências do conhecimento científico. Para trabalhos teóricos sobre a psicologia genética e sua
aplicação ao campo da pedagogia, tornou-se
os positivistas, só é positivo o que é certo, real,
imperiosa esta necessidade de mudanças na
verdadeiro, inquestionável, que não admite dúvidas,
estrutura escolar, visando, sobretudo, o resgate da
que se fundamenta na experiência, sendo, portanto,
inteireza do ser humano e da unidade do
prático, útil, objetivo, direto, claro.
conhecimento.
Foi na escola que o impacto do Positivismo
se fez sentir com maior força, em parte devido à A rapidez das mudanças em todos os setores
da sociedade atual (científico, cultural, tecnológico ou
influência da Psicologia e da Sociologia - ciências
político-econômico), o acúmulo de conhecimentos, as
auxiliares da educação e nascidas sob a égide do
novas exigências do mercado de trabalho, sobretudo
Positivismo - gerando o pragmatismo e o empirismo
no campo da pesquisa, da gerência e da produção,
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
têm provocado uma revisão didático-pedagógica do No novo conceito de papel social da
processo de educação escolar. educação, a escola tem a função de construir, pela
práxis, uma nova relação humana, revendo
Surge, assim, uma nova concepção de
criticamente o acervo de conhecimentos acumulados
ensino e de currículo, baseada na interdependência
e tomando consciência da participação pessoal na
entre os diversos campos de conhecimento,
definição de papéis sociais.
superando-se o modelo fragmentado e
compartimentado de estrutura curricular
fundamentada no isolamento dos conteúdos. Para que este novo papel social da educação
se cumpra, é preciso rever o funcionamento da
Temos de considerar ainda as razões
escola, não só quanto a conteúdos, metodologias e
psicopedagógicas que nos levam a propor um
atividades, mas também quanto à maneira de tratar o
currículo interdisciplinar e que estão relacionadas
aluno e aos comportamentos que deve estimular,
com os conhecimentos já adquiridos sobre o
como: a auto-expressão (livre, crítica, criativa,
funcionamento do cérebro humano e os processos
consciente); a autovalorização (reconhecimento da
de conhecimento e de aprendizagem. Os avanços
própria dignidade); a corresponsabilidade (iniciativa,
significativos da Psicologia genética nos permitem
participação, colaboração); a curiosidade e a
hoje conceituar, com Piaget, inteligência como a
autonomia na construção do conhecimento
capacidade de estabelecer relações; confrontar,
(estabelecendo rede de significação interdisciplinar),
com Vigotsky, o desenvolvimento de conceitos
entre outros.
espontâneos e científicos; admitir, com Gardner, a
idéia de inteligência múltipla, o que implica em uma A qualidade da educação, grande
série de competências a serem desenvolvidas pela preocupação dos administradores escolares hoje,
escola: competência linguística, lógico-matemática, será alcançada via gestão participativa, trabalho de
espacial, cinestésica, musical, pictórica, equipe (parceria, cooperação) e currículo
intrapessoal e interpessoal. interdisciplinar - todos estes mecanismos que
superam o modelo individualista, fragmentado e
Ora, todos estes avanços exigem um
centralizador de administração e de produção do
repensar do currículo escolar, baseado na idéia de
saber.
rede de relações, eliminando-se os “redutos
disciplinares”, em prol de uma proposta O segundo passo rumo à operacionalização
interdisciplinar. Um currículo escolar atualizado não do currículo interdisciplinar é, pois, a administração
pode ignorar o modo de funcionamento da mente participativa e a metodologia participativa.
humana, as necessidades da aprendizagem e as
Uma prática escolar interdisciplinar tem
novas tecnologias informáticas, diretamente
algumas características que podem ser apontadas
associadas à concepção de inteligência. É preciso
como fundamentos ou “pistas” para uma
hoje pensar o conhecimento (e o currículo) como
transformação curricular e que exigem mudanças de
uma ampla rede de significações e a escola como
atitude, procedimento, postura por parte dos
lugar nào apenas de transmissão do saber, mas
educadores:
também de sua construção coletiva. Eis, pois, a
grande razão para termos um currículo perceber-se interdisciplinar, sentir-se “parte
interdisciplinar: é preciso resgatar a inteireza do ser do universo e um universo à parte” (Fazenda 1991)-
e do saber e o trabalho em parceria. (resgatar sua própria inteireza, sua unidade);
COMO A ESCOLA PODE TORNAR-SE historicizar e contextualizar os conteúdos
INTERDISCIPLINAR (resgatar a memória dos acontecimentos,
interessando-se por suas origens, causas,
O primeiro passo rumo à nova proposta é a
consequências e significações; aprender a ler jornal e
mudança do paradigma de escola e da postura dos
a discutir as notícias);
professores.
valorizar o trabalho em parceria, em equipe
A função da escola já não é integrar as
interdisciplinar, integrada (tanto o corpo docente
novas gerações ao tipo de sociedade pré-existente,
como o corpo discente), estabelecendo pontos de
pela modelagem do comportamento aos papéis
contato entre as diversas disciplinas e atividades do
sociais prescritos e ao acervo de conhecimentos
currículo;
acumulados. Segundo Caniato (1989), “O objetivo
de ensino fundamental é dar ao educando uma desenvolver atitude de busca, de pesquisa,
idéia integrada da vida e das relações dos seres de transformação, construção, investigação e
vivos entre si e com a natureza.(...) O mundo não descoberta;
está dividido em Física, Química, Biologia. A
definir uma base teórica única como eixo
formação de conceitos exige que se respeite a
unidade do conhecimento.(...) Ciência é o norteador de todo o trabalho escolar, seja ideológica
conhecimento organizado, de modo sistemático, (que tipo de homem queremos formar),
psicopedagógica (que teoria de aprendizagem
sobre nossa interação com a natureza.”
fundamenta o projeto escolar), ou relacional (como

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
são as relações interpessoais, a questão do poder, para ajudar os alunos a dar significado ao
da autonomia e da centralização decisória na conhecimento.
escola);
De outro lado, quase todos os fatos,
dinamizar a coordenação de área (trabalho problemas ou fenômenos físicos, psíquicos,
integrado com conteúdos afins, evitando repetições individuais, sociais, culturais, religiosos, com os
inúteis e cansativas), começando pelo confronto quais os alunos entram direta ou indiretamente em
dos planos de curso das diversas disciplinas, contato, podem ser relacionados ao conhecimento
analisando e refazendo os programas, em conjunto, próprio de uma ou mais áreas ou disciplinas do
atualizando-os, enriquecendo-os ou “enxugando- currículo. Dito em outras palavras, isso quer dizer:
os”, iniciando-se, assim, uma real revisão curricular; todos os contextos, próxima ou remotamente
familiares ao aluno, têm uma dimensão de
resgatar o sentido do humano, o mais
conhecimento ou informação.
profundo e significativo eixo da interdisciplinaridade,
perguntando-se a todo momento: - “o que há de Quanto mais próximos estiverem o
profundamente humano neste novo conteúdo?” ou - conhecimento escolar e os contextos presentes na
“em que este conteúdo contribui para que os alunos vida pessoal do aluno e no mundo no qual ele
se tornem mais humanos?” transita, mais o conhecimento terá significado.
trabalhar com a pedagogia de projetos, que Didaticamente, poderíamos classificar os
elimina a artificialidade da escola, aproximando-a contextos em três grandes categorias:
da vida real e estimula a iniciativa, a criatividade, a
• A vida pessoal e quotidiana dos alunos em
cooperação e a corresponsabilidade. Desenvolver
sua riqueza e complexidade, que inclui de problemas
projetos na escola é, seguramente, a melhor
econômicos a questões de convivência pessoal; de
maneira de garantir a integração de conteúdos
sexualidade a relações com o meio ambiente; do
pretendida pelo currículo interdisciplinar. Um projeto
mundo do trabalho ao mundo da família; da gestão
surge de uma situação, de uma necessidade
da vida financeira à gestão do corpo e da saúde;
sentida pela própria turma e consta de um conjunto
de tarefas planejadas e empreendidas • a sociedade ou mundo em que o aluno vive,
espontaneamente pelo grupo, em torno de um também rico e complexo, incluindo toda sorte de
objetivo comum. temas, questões e problemas numa perspectiva
globalizada e unificada pelas tecnologias da
Para Jolibert (1994), “a pedagogia de
comunicação e transmissão de informação: política,
projetos permite viver numa escola alicerçada no
economia, desenvolvimento científico, entre muitos
real, aberta a múltiplas relações com o exterior:
outros;
nela a criança trabalha “pra valer” e dispõe dos
meios para afirmar-se como agente de seus • o próprio ato de descoberta ou produção do
aprendizados, produzindo algo que tem sentido e conhecimento que pode ser reproduzido ou simulado.
unidade.”
Em cada caso, a contextualização mobiliza
Realiza-se, assim, a proposta da diferentes motivações para alcançar o mesmo
interdisciplinaridade de buscar o sentido e a objetivo:
unidade do conhecimento e do ser.
Contextualizar o conhecimento nas questões
CONTEXTUALIZAÇÃO presentes na vida pessoal do aluno, vivenciar
intelectual e afetivamente a relevância do
Etimologicamente, contextuar significa
conhecimento para compreender e resolver seus
enraizar uma referência em um texto, de onde fora
próprios problemas, tomar decisões que afetam a
extraída, e longe do qual perde parte substancial
qualidade de sua vida, construir uma visão de mundo
de seu significado. Contextuar, portanto, é uma
e um projeto com identidade própria; buscar o
estratégia fundamental para a construção de
significado do conhecimento a partir de contextos do
significações. Se pensarmos a informação ou o
mundo ou da sociedade em geral é levar o aluno a
conhecimento como uma referência ou parte de
compreender a relevância e aplicar o conhecimento
um texto maior, podemos entender o sentido da
para entender os fatos, tendências, fenômenos,
contextualização: (re)enraizar o conhecimento ao
processos, que o cercam; contextualizar o
"texto" original do qual foi extraído ou a
conhecimento no próprio processo de sua produção é
qualquer outro contexto que lhe empreste
criar condições para que ele experimente a
significado.
curiosidade e o encantamento da descoberta e a
Não há nada no mundo físico, social ou satisfação de construir o conhecimento com
psíquico que, em princípio, não possa ser autonomia.
relacionado aos conteúdos curriculares da
Mas o currículo escolar, além de refletir a
educação básica, porque o próprio currículo é um
vida real vivida pelos alunos fora da escola, precisa
recorte representativo da herança cultural,
também prepará-los para a vida futura: para o
científica e espiritual de uma nação, um grupo,
exercício da cidadania e para o trabalho. Por esta
uma comunidade. É portanto quase inesgotável a
razão, as escolhas dos contextos devem procurar
quantidade de contextos que podem ser utilizados
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
responder a duas vertentes: o que é significativo aprendizagem considerando a diversidade dos
para o aluno na sua vida e no mundo imediato e alunos e os conteúdos;
o que é relevante em termos dos objetivos
selecionar, produzir e utilizar materiais e
educacionais da escola.
recursos didáticos, diversificando e potencializando
Contextualizar o ensino significa incorporar seu uso em diferentes situações;
vivências concretas e diversificadas, e também
utilizar estratégias diversificadas de
incorporar o aprendizado em novas vivências.
avaliação da aprendizagem e, a partir de seus
Contextualizar é uma postura frente ao ensino o
resultados, formular propostas de intervenção
tempo todo, não é exemplificar: de nada adianta o
didática;
professor dar uma aula completamente
desvinculada da realidade, cheia de fórmulas e promover uma prática educativa que
conceitos abstratos e, para simplificar ou torná-la considere as características dos alunos e da
menos chata, exemplificar. É, por exemplo, pouco comunidade, os temas e as necessidades do mundo
eficaz para dar significado ao conhecimento de social.
função partir de sua definição abstrata,
desenvolver o conceito e, depois, ilustrar como
esse conceito se aplicaria a uma tendência
econômica. MULTICULTURALISMO
O aluno precisa ser seduzido para a
Estima-se que a origem do termo
importância de compreender as tendências
multiculturalismo surgiu em meados da década de
econômicas e, a partir dessa motivação, valorizar
70.
a aprendizagem de funções.
Multiculturalismo pode ser conceituado como
Ao construir significados, o professor
um conjunto de respostas à pluralidade cultural e ao
estará sempre envolvendo o aluno afetivamente,
desafio a injustiças e desigualdades a ela
além da motivação intelectual, mais óbvia e
relacionadas. Também pose ser entendido como um
conhecida. Em outras palavras: significados não
movimento teórico e político que busca repostas para
são neutros. Incorporam valores porque explicam o
os desafios da pluralidade cultural nos campos do
quotidiano, constroem compreensão de problemas
saber.
do entorno social e mundial, ou facilitam viver o
processo da descoberta. No mundo contemporâneo, é bastante visível
o destaque dado à diversidade das formas culturais.
Competências a serem mobilizadas pelo
Porém, essa diversidade convivendo com
professor para a elaboração da transposição
“fenômenos igualmente surpreendentes de
didática
homogeneização cultural”(SILVA, 1999: 85), torna-se
Relacionar os conteúdos das disciplinas um fato paradoxal.
e áreas com os fatos, fenômenos e movimentos da
Dentro deste contexto, devemos analisar as
atualidade;
ligações entre currículo e multiculturalismo.
Articular no trabalho de sua disciplina
O multiculturalismo assim como a cultura
as contribuições de outras disciplinas e de outras
contemporânea é ambíguo, pois de um lado o
áreas do conhecimento;
multiculturalismo é um movimento reivindicatório dos
Fazer uso das novas linguagens e grupos culturais dominados para terem o
tecnologias; reconhecimento de suas formas culturais dentro da
cultura nacional. Por outro lado, o multiculturalismo
Planejar e realizar situações didáticas
também pode ser visto como uma “solução para os
utilizando os conhecimentos das:
‘problemas’ que a presença de grupos raciais e éticos
1. disciplinas e áreas, dos temas sociais, coloca, no interior daqueles países, para a cultura
nacional dominante”(1999:85).
2. dos contextos sociais relevantes para a
aprendizagem, das didáticas especificas; De qualquer forma, o multiculturalismo não
pode ser analisado longe das relações de poder, pois
aplicar o principio da contextualização dos
estas fizeram com que as diferentes culturas raciais,
conteúdos como estratégia de aprendizagem;
éticas e nacionais vivessem no mesmo espaço.
selecionar contextos, problemáticas e
Por meio desta ambiguidade o
abordagens que sejam pertinentes à
multiculturalismo se torna uma importante “arma” de
aprendizagem e cada saber disciplinar e
luta política. O multiculturalismo traz para a política
adequados a etapa de desenvolvimento do aluno;
um entendimento da diversidade antes restrito à
utilizar diferentes e flexíveis modos de Antropologia.
organização do tempo, do espaço e de
A Antropologia contribuiu com a ideia de que
agrupamento dos alunos;
entre as culturas não deve haver uma hierarquia.
manejar diferentes estratégias de “Não é possível estabelecer nenhum critério
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
transcendente pelo qual uma determinada cultura fazendo com que o ensino seja ajustado a realidade
possa ser julgada superior a outra”(1999: 86) social e cultural de cada um. Não devemos ignorar as
identidades, devemos sim saber lidar com o plural, o
A compreensão de cultura a partir da
diverso, o múltiplo; respeitando a diferença e a
Antropologia fundamenta o multiculturalismo. A
pluralidade cultural das pessoas que nos cercam.
diferença entre as culturas seria somente uma
“manifestação superficial de características O currículo e o multiculturalismo na
humanas mais profundas”(1999:86). Os grupos escola – inclusão de todos à educação
culturais seriam igualados a partir da humanidade
Sacristán (2000) afirma que a escola tem
comum entre eles.
sido um mecanismo de normalização. O
A partir desta perspectiva o multiculturalismo na escola nada mais é do que a
multiculturalismo pode ser chamado de “liberal” ou inclusão de todos à educação, procurando atender
“humanista”. É nesta humanidade que o aos interesses de todos, independentemente de
multiculturalismo busca “o respeito, a tolerância e a etnias, deficiências ou diferentes grupos minoritários,
convivência pacífica entre as culturas”(1999:86). geralmente excluídos e marginalizados. Na sua
concepção o currículo educacional deve atender a
“Quais as implicações curriculares dessas
todas estas diversidades, pois a sociedade não é
diferentes visões de multiculturalismo?”(1999:88)
homogênea. Para tanto, o currículo deve ser
Dentro da perspectiva liberal ou humanista ampliado e abranger as necessidades dos grupos
o currículo é baseado a partir das “ideias de minoritários, ou seja, não pode se prender apenas a
tolerância, respeito e convivência pacífica entre as cultura dominante e geral, mas sim reconhecer a
culturas”(1999:88). singularidade dos indivíduos.
Assim, as escolas devem buscar práticas Para que aconteça a inclusão de grupos
curriculares onde o multiculturalismo esteja minoritários, é necessária uma discussão profunda
inserido, fazendo uso de dinâmicas que sobre a temática, a qual deve envolver toda a
sensibilizem as identidades, pois a compreensão da comunidade escolar. O ponto de partida para o
identidade como algo que é construído, provisório e movimento inicial é o planejamento curricular, mas é
inacabo, propicia uma maior sensibilização quanto no currículo real, ou seja, as práticas educativas, que
ao caráter multicultural das sociedades. de fato ocorrem à desvalorização das experiências
dos alunos e as discriminações. Para Sacristán
Porém, em alguns lugares, como nos
(2000), a cultura transmitida pela escola confronta
Estados Unidos, por exemplo, o multiculturalismo
com outros significados prévios, por isso, deve-se
tem sido atacado por grupos conservadores e
pensar em um currículo extraescolar, para que os
tradicionais. Para esses grupos o multiculturalismo educadores possam mediar os educandos com uma
“representa um ataque aos valores da perspectiva multicultural, a qual visa o currículo em
nacionalidade, da família, da família, da herança
coordenadas mais amplas.
cultural comum”(1999:89).
Para que não perca a identidade das
A partir do momento que o multiculturalismo
culturas, o planejamento curricular, de acordo com
enfatiza a manifestação de múltiplas identidades e
Sacristán (1995), deve se pautar na seguinte
tradições culturais, acabaria por fragmentar uma estratégia:
cultura única e comum, com implicações políticas
regressivas. 1) formação de professores;
Outra crítica que o multiculturalismo vem 2) planejamento de currículos;
sofrendo seria pelo seu “suposto relativismo”.
3) desenvolvimento de materiais apropriados
Segundo esta crítica alguns valores e instituições
e,
existentes são universais e que vão além das
características culturais e específicas de cada 4) a análise e revisão crítica das práticas
grupo. vigentes. Para esta abordagem, segundo o autor,
deve-se modificar muito o currículo.
Para a perspectiva multiculturalista crítica,
“não existe nenhuma posição transcendental, Em relação ao papel da escola Candau
privilegiada, a partir da qual se possam definir (2002) enfatiza que as diversidades culturais
certos valores ou instituições como existentes nas diferentes sociedades, como: os
universais.”(1999:90). negros americanos; os emigrantes em países
desenvolvidos; os emigrantes no Brasil; e mais, as
Porém, não existirá, segundo Robert
muitas distintas culturas que variam de grupos e de
Connell uma “justiça curricular”, se o currículo não
pessoas se fazem presentes no interior da escola.
for modificado “para refletir as formas pelas quais a
A escola neste sentido, não pode reproduzir a
diferença é produzida por relações sociais de
cultura dominante, ela deve considerar as vivências
assimetria”(1999:90)
dos educandos e contribuir para uma pedagogia
Finalmente, como educadores devemos libertária.
conhecer os universos culturais dos alunos,

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Em decorrência do fracasso escolar, transmissão de uma teoria educacional dentro de
intensificaram-se os estudos a respeito do uma sociedade. Por isso, dentro de um currículo
multiculturalismo associado com a Antropologia, escolar é necessário a transmissão das diversas
mas também se viu a Psicologia como uma das formas culturais expressadas dentro de uma
ciências importantíssima para a resolução dos sociedade, possibilitando ao educando compreender
problemas. Esta autora faz referencia à teoria de e identificar- se dentro do espaço escolar o universo
Paulo Freire, a qual buscou em uma no qual ela esteja ou estará inserida dentro de uma
perspectiva da cultura popular, alfabetizar muitas sociedade.
pessoas em blocos divididos, os quais os
De acordo com Tardiff (2010, p. 149), a
educadores faziam um estudo do cotidiano das
complexidade de ser professor não está somente
pessoas para daí então, começar alfabetizá-los,
em ser professor, mas sim em ser profissional-
considerando a linguagem e os termos comuns.
pessoa, e ter a sensibilidade de perceber que o ser
O multiculturalismo, de acordo com Candau humano esta inserido no mundo complexo, onde a
(2002), tem sua maior representatividade no EUA, cultura, a razão, o afeto e a vida em sociedade
porque lá vivem negros, mexicanos, porto- podem conduzir os diversos caminhos da existência
riquenhos, chineses e uma pluralidade de raças e e, por meio dessa trajetória, estará se constituindo.
etnias distintas. Durante a década de 1960, O autor afirma que o docente é aquele que “deve
tiveram muitas manifestações em prol da igualdade habitar e construir seu próprio espaço pedagógico de
dos negros perante aos brancos, eles trabalho de acordo com limitações complexas que só
reivindicavam direitos e participação iguais na ele pode assumir e resolver de maneira cotidiana,
sociedade, independentemente de raça, sexo, apoiando necessariamente em visão de mundo, de
crenças e religião. O multiculturalismo enfim, se homem e de sociedade”.
apresenta de muitas formas, as quais não se
As instituições educacionais, em sua
limitam a uma única tendência. Por isso, sua
maioria, comportam profissionais e estruturas que
abordagem educacional é muito ampla, fazendo
não correspondem às demandas educativas da
uma reforma drástica no currículo para uma
sociedade. Os educandos da contemporaneidade, os
perspectiva de diversidades.
quais possuem culturas e realidades diferentes,
Perspectivas para consciencialização necessitam de ambiente favorável que proporcione
das diferenças na escola aporte suficiente para ampliarem suas habilidades
intelectuais e, sobretudo, de educadores com
Entendendo que é no ambiente escolar que
formação adequada ao atendimento às diferenças, às
mais existe diversidade, principalmente cultural e
desigualdades sociais e culturais existentes entre os
social, compreendemos que a escola também é
indivíduos. Não há uma educação que atenda a
um espaço conveniente para se trabalhar as
todos igualmente, visto que cada indivíduo aprende
diferenças. É essencial, portanto, trazer à
em seu tempo e espaço e de forma diversa. É esse
consciência a necessidade de elaborar um
justamente um dos maiores obstáculos a ser
currículo que contemple o multiculturalismo, e de
vencido: trabalhar com a diversidade dentro da sala
preparar o educador/educadora para lidar com as
de aula.
diferenças no espaço educativo. O currículo, por
se referir a todas as situações que o aluno vive, O mundo globalizado, as informações
tanto dentro quanto fora do contexto escolar, não chegando de modo acelerado, o avanço de novas e
se limita a questões ou problemas que só se complexas tecnologias exige uma nova forma de
relacionam ao âmbito escolar - nasce fora da pensar e agir que, muitas vezes, requer rompimento
escola para, então, entrar nela. de padrões anteriormente formados. Padrões esses
que, em se tratando do espaço educacional,
No âmbito educacional, educadores e generalizava os docentes, não atendendo a
educadoras se veem envolvidos em
individualidade de cada um. Modelos que tolhem do
questionamentos sobre o seu papel, sobre o
indivíduo a sua singularidade, tão essencial ao seu
trabalho que realizam e em que tipo de cidadão
desenvolvimento e construção de sua história a partir
eles estão formando. Corroborando com esse
de seu próprio eu e, após isso, ser capaz de oferecer
discurso Silva (2010, p. 8) afirma que vivemos num sua contribuição na constituição do mundo ao redor.
tempo de afirmação da identidade hegemônica do
sujeito otimizado [...] É num tempo como esse que O caráter de professor está além das
nós, educadores e educadoras (pós)críticos/as, nos paredes da escola, das abordagens técnicas e
vemos moralmente obrigados, mais do que nunca, metodológicas das práticas educativas, e exige
a fazer perguntas cruciais, vitais, sobre nosso ofício saberes amplos que estão além do saber ensinar.
e nosso papel, sobre nosso trabalho e nossa Portanto, é indispensável que o docente esteja
responsabilidade. atento quanto as suas percepções no seu trabalho
diário. Nóvoa (1995, p.14), enfatiza que a
O currículo, a cultura e as diferenças,
“maneira de ensinar evolui com o tempo e com as
termos que se entrelaçam firmemente e, ao mesmo
mudanças sociais”. Conhecer o aluno e ter
tempo não pode ser estudado separadamente da
consciência do que idealiza com sua ação é
cultura, são duas teorias essenciais para a
imprescindível na atividade docente.
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
A educação, por conseguinte, é um A ESCOLA E O PROJETO POLÍTICO
fenômeno social inseparável da constituição dos PEDAGÓGICO
sujeitos e da sociedade, integrante da vida social,
econômica, política, cultural. Neste enfoque, trata-
O projeto político-pedagógico no
se, pois, de um processo global interligado à
contexto da gestão escolar
prática social, compreendendo processos
formativos que ocorrem numa variedade de Falar sobre o projeto pedagógico (PPP)
constituições e atividades, nas quais os sujeitos da escola, considerando a realidade educacional
estão envolvidos de modo imprescindível e do Brasil de hoje, necessariamente nos leva a fazer
inevitável, pelo simples fato de existirem a sua ligação com as práticas de gestão que nela
socialmente. têm tido curso. Isto porque, dentre outros aspectos,
uma das efetivas conquistas que as forças
A escola é compreendida como o espaço
progressistas conseguiram registrar na Constituição
de comparação entre os conhecimentos
de 1988 e referendar na Lei de Diretrizes e Bases
sistematizados e os conhecimentos do cotidiano
(LDB) de 1996 foi a gestão democrática do ensino
dos alunos. É um espaço, no qual se propõe a
público como um dos princípios em que deve se
formação de indivíduos que compreendam
assentar a Educação Nacional.
criticamente o contexto social em que se inserem,
que encontrem sentido no seu aprendizado, que Neste contexto, determinou-se, dentre as
tenham acesso ao conhecimento, e que, acima de incumbências dos sistemas públicos, que estes
tudo, sejam capazes de uma inserção devem definir as normas da gestão democrática do
transformadora na sociedade. ensino básico, com a garantia da participação dos
profissionais da educação na elaboração do projeto
Tardif (2010) afirma que os saberes dos
pedagógico da escola, e da participação das
professores trazem consigo as marcas de seu
comunidades escolar e local em conselhos
objeto de trabalho: os seres humanos, os quais
escolares ou equivalentes. Determinou-se, também,
têm a forte característica de existirem como
que os referidos sistemas devem assegurar às suas
indivíduos, apesar de pertencerem ao coletivo, a
unidades escolares progressivos graus de
grupos sociais diversos. Esse autor atenta quanto à
autonomia pedagógica, administrativa e financeira,
prática profissional do docente:
deliberações que expressaram modos concebidos
[...] Esse fenômeno da individualidade para que se viabilizasse o princípio da gestão
está no cerne do trabalho dos professores, pois, democrática da educação básica (BRASIL, 1996).
embora eles trabalhem com grupos de alunos,
Ainda que a democratização da gestão do
devem atingir os indivíduos que os compõem, pois
ensino tenha integrado as bandeiras das forças que
são os indivíduos que aprendem. Do ponto de vista
lutaram pelo processo de redemocratização política
epistemológico, essa situação é muito interessante.
do país (desde meados da década de 1970), e
É ela que orienta a existência, no professor, de
apesar de ser inegável algumas conquistas, as
uma disposição para conhecer e para compreender
prioridades estabelecidas para a política educacional
os alunos em suas particularidades individuais e
brasileira, nas últimas décadas, tenderam a imprimir
situacionais, bem como em sua evolução em médio
outros significados à noção de democracia. De fato,
prazo no contexto da sala de aula. (TARDIF, 2010,
seguindo referenciais de inspiração neoliberal no
p. 267).
quadro da reforma administrativa do Estado, a má
Perceber os alunos como indivíduos, gestão foi tomada como, praticamente, a causa de
independente de quais sejam os níveis e todos os males que afetam os processos de ensino
modalidades de ensino, exige dos profissionais do e aprendizagem. Visando superá-los, realizou-se um
ensino uma reflexão sobre suas práticas tipo de interpretação da realidade que conduziu às
educativas. tentativas de adoção da gestão gerencial nas
escolas e, através de processos de
desconcentração/municipalização, privilegiamento
do local, dentre outras medidas, tentou-se delegar
às unidades escolares, aos professores e à
comunidade a solução dos problemas que vêm
contribuindo para que não tenhamos uma educação
pública de qualidade (AZEVEDO, 2002).
É, principalmente, no bojo dessas medidas
que o poder central, durante os dois governos de
Fernando Henrique Cardoso, procurou estimular a
escola para a criação do seu Projeto Pedagógico.
Entretanto, tais estímulos deixaram de considerar
um conjunto de aspectos peculiares à cultura e às
relações sociais brasileiras, numa perspectiva linear
e unívoca de leitura da realidade e, por conseguinte,

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
sem levar em conta suas múltiplas determinações. • Saímos de uma tradição histórica de
Não é de estranhar, portanto, que a pesquisa centralização das decisões, para nos defrontarmos
“Retrato da Escola no Brasil”, ao tratar do projeto hoje com uma outra realidade, manifesta na
político- pedagógico, identificou que, em cinco valorização do local como espaço de decisão. Os
estados da Federação, mais de 30% das escolas canais acima citados e a valorização do local podem
não o possuíam e que, em mais de 20%, elas o ampliar a própria valorização da escola no sentido
possuíam, mas havia sido construído por agentes de sua pertença a uma determinada comunidade,
externos à unidade escolar. Mesmo com um (espaço das suas crianças, adolescentes e jovens
percentual bem menor, em dez estados os dados na condição de alunos) e aos grupos dos demais
indicaram que o projeto foi fruto apenas da atores que a compõem, podendo se forjar uma
experiência do diretor. Além do que, em mais de configuração das decisões que nasça “de baixo para
40% dos municípios pertencentes a três estados cima”;
da Região Nordeste, o projeto também foi
• Mas é preciso considerar que, na condição
elaborado por pessoas estranhas à unidade
de uma instituição social, cada escola desenvolve
escolar, o mesmo ocorrendo com mais de 50%
ritos e práticas exercidos pelos atores que, no seu
de escolas do Ensino Médio de nove estados do
interior, ou mesmo no seu entorno, desempenham
país (GRACINDO, 2004).
papéis e funções distintos: grupo de gestores,
Apesar de tais constatações, é inegável a professores, alunos, funcionários, pais, comunidade.
importância do projeto pedagógico, particularmente De um lado, esses ritos e práticas possuem uma
quando se assume o seu significado como projeto direta vinculação com a história da escola, com as
político-pedagógico (PPP), o que ocorre quando o características da comunidade em que se insere,
seu processo de elaboração e implementação se com as formas de percepção da realidade dos que a
pauta pelo princípio democrático da participação e, fazem e das relações que estabelecem entre si. De
portanto, como um dos elementos do exercício da outro lado, é a institucionalização daquelas práticas
gestão escolar democrática. Desta perspectiva, o que torna a escola uma instituição social, forjando as
PPP é, também, um instrumento fundamental para regras pelas quais ela exerce os seus papéis
a efetiva construção e instalação da democracia fundamentais: criação e transmissão de saberes,
social entre nós. Isto significa dizer que a socialização dos futuros cidadãos, desenvolvimento
democracia não se limita à sua dimensão política, de competências profissionais, tudo de acordo com
pois envolve a articulação direta desta com as seus limites e possibilidades.
práticas de participação social. Ou seja, é
• Portanto, o processo de construção e
necessário que a maioria das instituições sociais,
implementação do projeto político-pedagógico, como
incluindo os serviços públicos e a escola, seja
um instrumento de gestão democrática, para não
democraticamente governada. Assim, o índice de
cair num vazio, não pode prescindir da participação
desenvolvimento democrático é apontado não
ativa dos atores locais: a comunidade escolar,
apenas pelo número de pessoas que votam, mas,
através de práticas que considerem e se adaptem
sobretudo, pelo número de instâncias nas quais
às especificidades de cada escola e à sua
se exerce o direito de voto. Não importa, pois, só
cultura, manifestas nos ritos e práticas dantes
quem vota, mas também onde e sobre o que se
mencionados e na consideração da origem dos
vota, como um dos exercícios primários de
mesmos.
participação, criação e ampliação do espaço
público das decisões (BOBBIO, 1986). Em face • Como nos adverte BARBIER (1996),
das considerações acima, e tendo em vista a projetar significa procurar intervir na realidade futura,
efetiva necessidade de participação nas decisões a partir de determinadas representações sobre
escolares dos agentes que concretizam a escola problemas do presente e sobre suas soluções. Por
como instituição social, à guisa de contribuição isto, constitui um futuro a construir, algo a
para o debate, gostaríamos de destacar as concretizar no amanhã, a possibilidade de tornar
questões que se seguem: real uma ideia, transformando-a em ato. Para tanto,
considerando-se especificamente o PPP, em virtude
• Ainda que a realidade demonstre que há
da pluralidade que caracteriza uma comunidade
inúmeros problemas a superar para que a nossa
escolar, o envolvimento no processo requer que as
população usufrua de uma educação de qualidade,
pessoas sejam devidamente motivadas e que
mudanças começam a ser vislumbradas nos
adquiram uma visão da relação entre finalidade-
processos políticos no sentido da participação.
objetivo-meio, baseada, por sua vez, na relação
Num movimento dialético, as tentativas de impor
desejo-limites-valor, mediatizada pela relação entre
um tipo de gestão gerencial da educação
recursos-limitações-gestão. A motivação, entretanto,
propiciaram a institucionalização de canais de
constitui um trabalho próprio do imaginário. Daí
participação e decisão na escola (a exemplo de
porque sem imagens fortes que estimulem as ações,
Conselhos, Grêmios Estudantis, fortalecimento de
um projeto corre o risco de não se viabilizar, tendo
Associação de Pais), que necessitam ser
em vista que as nossas imagens constituem uma
apropriados de acordo com uma significação
força, e é impossível mudar sem que nossas
diferente da lógica “democrática” neoliberal.
representações sejam trabalhadas.

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
• Tudo isto significa dizer que os atores O ESPAÇO DA SALA DE AULA COMO
chamados a decidir não o fazem apenas AMBIENTE INTERATIVO
racionalmente, mas também através de suas
visões de mundo e de suas motivações. Neste
Espaços para a interação escolar:
sentido, qualquer medida de gestão, o que inclui
contribuições para o processo de ensino-
as tentativas de construção coletiva do PPP, não
aprendizagem
pode apenas levar em conta, ingenuamente, a
existência de uma lógica institucional única e sim As interações estabelecidas em sala de
procurar detectar os processos que subjazem às aula entre professor-aluno e aluno-aluno revelam-se
tramas do cotidiano escolar. Os conflitos e lutas imprescindíveis para o processo de aprendizagem,
pelo poder, os meios de resistência, as alianças, ou seja, entende-se que a aprendizagem depende
os valores, as normas, os modelos de da interação. O professor tem papel fundamental na
aprendizagem, as atitudes do professor, as interação como subsidio para o processo de
relações entre as pessoas, a participação dos pais aprendizagem de seus educandos, pois ele faz o
e dos alunos e o modo como esses atores papel de mediador dando suporte às construções,
escolares se comunicam são aspectos que vão que segundo Tassoni (2000):
influenciar, com vigor, o tipo de PPP que será
Considerando que o processo de
elaborado e os rumos que irá seguir no processo
aprendizagem ocorre em decorrência de interações
de sua implementação.
sucessivas entre as pessoas, a partir de uma
• Por fim, no processo de convencimento, relação vincular, é, portanto, através do outro que o
motivação e apelo à participação, é também indivíduo adquire novas formas de pensar e agir e,
importante considerar que o cotidiano da escola é dessa forma apropria-se (ou constrói) novos
produto da ação de atores que têm a possibilidade conhecimentos (p. 6).
de fazer a ligação entre o geral e o particular,
Em relação as interações estabelecidas em
quando necessitam de produzir significados e
sala de aula, Tassoni (2000) enfatiza que ao
contar com a adesão dos seus pares. Por
assumir como social o processo de aprendizagem
consequência, a dimensão social e a dimensão
deve-se focar as interações e os procedimentos de
política constituem dimensões inseparáveis das
ensino tornam-se fundamentais. Desse modo, o que
ações educativas. Longe de querer determinar
é dito, de que forma se diz, em qual momento e por
receitas, ou de fazer prescrições para que a
que, bem como o que se faz, em que momento e por
comunidade escolar, sozinha, consiga resolver os
que afetam a relação professor-aluno, o que irá
graves problemas encontrados nos processos da
também influenciar no ensino-aprendizagem.
escolarização básica desenvolvidos por nossas
Salienta ainda que a forma como o professor
escolas públicas, procuramos trazer, neste texto,
expressa suas intenções e valores irá afetar cada
algumas questões para a reflexão.
aluno individualmente.
Sem desconhecer que os resultados das
Desta forma ao analisar as respostas dos
políticas sociais e econômicas atuam fortemente
estudantes, foi possivel observar que 68,42% dos
sobre os resultados da política educacional, cuja
entrevistados consideram que no decorrer das
concretização se dá na sala de aula, quisemos
aulas houve espaço para a interação, como pode se
chamar a atenção para o fato de que existe um
observar na fala de Eduardo “ houve sim, pois a
espaço de atuação nos estabelecimentos
cada dúvida de um aluno, a professora parava e
escolares que pode ser utilizado como um dos
explicação e escutava a dúvida do aluno, e
meios (não o único), de se procurar melhorar a
explicava. A professora explicava todo o conteúdo,
educação pública, em face das possíveis
com os alunos interagindo com o professor”. Na
condições de alternativas que o atual governo
concepção de Evelin, “após dar o conteúdo, explicá-
brasileiro e a importância dos espaços locais
lo e tudo mais, sempre havia espaço para
parecem esboçar.
perguntas, argumentos, etc...”
Para tanto, faz-se necessário contar com a
Neste sentido Etcheverria afirma que “a
presença de mediadores na escola comprometidos
atitude de questionar pode ser considerada um dos
com um projeto de educação e sociedade
alicerces do processo de ensino/aprendizagem
emancipatórias, bem como o acionamento de
quando se leva em conta que diferentes saberes
mecanismos que considerem que a gestão
nascem da problematização”, pois tem se no ato
democrática e a construção e a implementação do
de questionar espaço para a resignificação do
projeto político-pedagógico (faces de uma mesma
conceito, confronto com as diferentes formas de
moeda) não podem ter por parâmetro uma lógica
compreender dos estudantes. Etcheveria ressalta
institucional apenas baseada na racionalidade,
ainda que:
desconhecendo que as dimensões subjetivas, a
cultura e o desejo de mudar constituem, também, Numa sala de aula a postura questionadora
forças impulsionadoras no sentido de que a escola do professor e do aluno serve como uma
pública brasileira realize as funções dela possibilidade de reconstrução do conhecimento, pois
esperadas. o questionamento é um recurso indispensável

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
para qualquer procedimento pedagógico, posto destacou Érica em sua fala: “Em atividades em
que por meio dele o aluno é estimulado a pensar e, grupos podemos discutir (...)”, isso, favorece a
por isso, tanto quando proposto pelo professor interação. Demo (2007) corrobora afirmando que
como pelo aluno, é um instrumento de o trabalho em grupo contribui para o aprendizado
ensino/aprendizagem, pois por intermédio dele o desde que “cada um apareça no grupo com
educando torna-se crítico, consciente da realidade elaborações próprias, pesquisa prévia,
que o cerca (pág. 81). argumentação cuidadosa, propostas
fundamentadas, dados concretos”(p, 19).
Considerando a perspectiva de que dentro
do espaço de interação o questionamento e Num plano de aprender com o outro, o
argumentação fornecem uma base consistente ao professor deve ser o mediador destas ações uma
aprendizado, quando questionados quanto a vez que “se possa propor um trabalho em equipe
forma esta relação facilitou a compreensão 94,73% para fazer os alunos se falarem, é mister extremo
das repostas obtidas consideram a interação cuidado para não recair na conversa fiada,
favoreceu aprendizado, e 31,57% dos degradando esta ideia tão essencial em passatempo
entrevistados associam este espaço fez com que irresponsável” (DEMO, 2007, p. 19), para que o
fosse possível aprender de forma mais simples e aprender fique em primeiro plano.
criativa.
Fica evidenciado que o processo de
Évelin diz que “facilitou, pois desta forma aprendizagem ocorre em decorrência de interações
conseguimos compreender melhor, de uma forma sucessivas entre as pessoas, a partir de uma
mais simplificada e criativa”, já Eduardo demonstra relação vincular. Entende-se, assim, que é, portanto,
que “com certeza facilitou o aprendizado, pois eu através do outro que o indivíduo adquire novas
interagi com o professor e com os alunos”. Cabe formas de pensar e agir e, dessa forma apropria-se
ressaltar que a expressão “simplificada” é utilizada (ou constrói) novos conhecimentos.
pelo entrevistado na compreensão dos conteúdos
Para além das interações outro fator que
de forma contextualizada e próxima a realidade do
deve ser considerado nas interações e nos
estudante.
processos de ensino e de aprendizagem é a relação
Para que os processos de ensino e de efetiva, ou seja, a afetividade. Sob esse aspecto,
aprendizagem sejam concretizados é necessário Tassoni (2000) adverte que toda a aprendizagem
que o conhecimento trabalhado seja está impregnada de afetividade, pois ela ocorre
compreensível e comunicável (DEMO, 2004), que através de vínculos. No que se refere á
a linguagem, a forma de ensinar esteja inserida no aprendizagem escolar há uma base afetiva que
contexto de vida do estudante, assim o permeia as relações entre alunos, professores,
conhecimento torna-se acessível a todos. O ato de conteúdo escolar, livros, escrita.
argumentar não significa confrontar-se com o
Considera-se, assim, que o professor deve
outro, mas sim, de colocar-se num movimento em
propiciar um ambiente agradável e de confiança em
direção à autonomia para o estudo.
sala de aula. Para Edgar, a interação ocorre “no
Quando questionados sobre quais os momento em que ela nos deu confiança, quando ela
momentos houve interação para o aprendizado, nos deixou ficar a vontade para questionar”, e isso
57,88% dos estudantes sugeriram que frente a favorece a construção de uma relação mais próxima
dúvidas foram desafiados a produzir e afetiva entre os estudantes e o professor.
questionamentos e, ainda, durante atividades em
Ao tratar da afetividade Tassoni (2000),
grupo tiveram que argumentar. Demo (2004)
argumenta ainda que esta relação de ensinar se
corrobora com esse pensamento ao afirmar que
inicia ainda no âmbito familiar, pois é a partir da
“quem argumenta busca debate, não sua
relação com o outro, com vínculos afetivos que nos
conclusão, a mudança de perspectiva, não o
anos iniciais a criança vai tendo acesso ao mundo
fechamento, novos horizontes, não a mesmice”.
simbólico e, assim, conquistando avanços
Nessa perspectiva, cabe ao professor estimular as
significativos no âmbito cognitivo. Neste sentido, o
interações entre os sujeitos que constituem a sala
vínculo afetivo se torna importante para ela e a
de aula, para elevar o nível de compreensão de
figura do professor surge com grande importância
seus estudantes durantes este ato de argumentar,
na relação de ensino e aprendizagem, na época
sendo o professor o responsável por propiciar este
escolar.
espaço em sala e conduzi-lo da forma que mais
favoreça a elevação de significados. As relações na dinâmica da sala de aula
No cotidiano da sala de aula, a convivência
entre pessoas carece de vínculos afetivos; não
Tem se no ato de questionar e
estamos nos referindo a relações maternais ou
argumentar espaço para a (re)significação do que
paternais, como diz Libâneo, no que diz respeito ao
não ficou compreensível durante as explicações
sentimento do professor, mas sim à sua consciência
produzidas pelo professor. Nesse sentido, é
de que a afetividade é o motor propulsor do ato
possível ver que tanto o diálogo com o professor
educativo, visto que implica atenção, sensibilidade,
como com outros colegas estimula esse ato como
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
acolhimento, cordialidade e estes são valores Yimou, e no artigo de Rubem Alves, "A Escola da
fundamentais e de base para formar cidadãos Ponte".
felizes, seres humanos mais indulgentes e uma
Em ambas as situações, verifica-se que a
sociedade mais justa. O sentimento dos alunos pelo
cumplicidade entre professor e alunos, que trocam de
professor nasce sempre da forma como são
lugar em algumas circunstâncias e que têm objetivos
tratados, de como se sentem na sala de aula. Se
muito bem definidos, gera um interesse real de
são tratados com respeito, saberão respeitar; se
ambas as partes, levando ao respeito mútuo e à
percebem no professor amor por eles, o que é
autodisciplina.
demonstrado através da conduta responsável do
mestre, provavelmente, responderão com afeto. Se Quem ensina aprende ao ensinar e quem
se sentem motivados para a aprendizagem, aprende ensina ao aprender (FREIRE, 1998, p. 25).
exercerão a autodisciplina e cuidarão para que os
Como no filme, a "Escola da Ponte"
outros colegas da classe saibam respeitar o
(experiência narrada por Rubem Alves) junta na
professor.
mesma classe alunos de várias idades e funciona da
O diálogo e a participação como pré- seguinte maneira conforme relato de uma das alunas:
requisitos para a aprendizagem
Aprendemos assim: formamos pequenos
A participação dos alunos em sala é grupos com interesse comum por um assunto,
conquistada não só pelo atendimento do professor reunimo-nos com uma professora e ela estabelece
aos seus anseios, mas também pela cumplicidade conosco um plano de trabalho por 15 dias, dando-nos
entre ambos, pela troca de papéis em alguns orientação sobre o que pesquisar e onde pesquisar.
momentos, pelo respeito à autonomia do discente e Depois de 15 dias, o grupo se reúne de novo e avalia
pela autoridade exercida pelo professor sem o que aprendeu. Se o que aprendeu foi adequado, o
autoritarismo. grupo se dissolve e forma um outro para estudar um
outro assunto (ALVES, 2000).
A participação evidencia a motivação do
aluno em relação à aprendizagem, contribuindo em Nesse artigo, o autor mostra-se espantado
muito para o seu sucesso. Um exemplo disso é o com o que via. A sala, ou melhor, o salão não tinha
nosso querido Paulo Freire. Ele, ao buscar uma divisórias e as crianças movimentavam- se por ele
perfeita troca com os alunos, deixava-os participar sem elevar a voz, em ordem, sem correr. Nenhum
ativamente do processo de aprendizagem, num pedido de silêncio ou de atenção era necessário. As
permanente diálogo, sem, contudo, omitir-se como professoras estavam sentadas às mesas com
orientador desse processo. Assim, dizia ele: algumas crianças e se moviam quando havia
necessidade.
Viver a abertura respeitosa aos outros e, de
quando em vez, de acordo com o momento, tomar No filme, logo no início, a professorinha, uma
a própria prática de abertura ao outro como objeto menina de 13 anos, da mesma idade de alguns
de reflexão crítica deveria fazer parte da aventura alunos, não sabia o que fazer para conter a bagunça.
docente (FREIRE, 1998, p.153). Mas quando um menino vai embora, ela coloca o
problema para a turma, que se vê também com a
O diálogo é um ponto fundamental na
responsabilidade de ajudar na busca do aluno
relação professor-aluno, como preconizava Paulo
evadido. A partir daí as coisas mudam
Freire. É por meio do diálogo amoroso que há uma
completamente. Aquela algazarra que ocorria durante
verdadeira troca entre os atores do ato de aprender.
as lições, com cópias intermináveis e sem sentido
O professor aprende com seu aluno; tem contato
que os alunos eram obrigados a fazer, vai sendo
com outras visões de mundo; desfaz preconceitos;
substituída por um trabalho cooperativo entre a
modifica suas atitudes; adquire outros hábitos de
professora e a turma, visando a um mesmo objetivo.
vida, outras formas de expressão. Tudo isso facilita
Eles passam a dialogar e aí já não há mais
a sua aproximação do estudante, possibilitando
necessidade de pedir disciplina à turma.
uma adequação do processo de ensino ao nível e
ao interesse do aluno, o que resulta em melhores O ambiente acolhedor da sala de aula em
oportunidades de aprendizagem. Ao buscar confronto com a turbulência dentro e fora da escola
conhecer este aluno mais como ser humano com
problemas, dificuldades e necessidades, o Tais questões não são simples de serem
professor estreitará a relação afetiva entre ambos. trabalhadas num contexto tão hostil como o que
vivemos no momento, em que a violência passou a
“É por meio do diálogo que professor e aluno juntos
ser o principal assunto dos noticiários nacionais, com
constroem o conhecimento, chegando a uma
sequestros, assassinatos, roubos, assaltos à mão
síntese do saber de cada um” (HAIDT,1999, p. 59).
armada e com o poder paralelo de bandidos dando
Para ilustrar as discussões acerca das ordens para escolas fecharem e abrirem conforme
relações humanas que ocorrem na sala de aula, sua vontade. Como diz Linhares:
envolvendo professor e alunos, lembramos,
Bem sabemos que se por um lado, o tráfico
também, de duas situações vividas nesse espaço,
de drogas está cada vez mais presente nas escolas,
retratadas no filme Nenhum a menos, de Zhang
definindo horário e espaços de abertura e intervindo

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
brutalmente nas questões da disciplina escolar, do Violência é todo ato que implica a ruptura de
outro, as propostas educacionais, traduzidas em um nexo social pelo uso da força (SPOSITO, 1998, p.
reformas escolares, saem diretamente dos 60).
organismos financeiros, como o Fundo Monetário
Ainda há de se considerar que apesar de
Internacional (FMI) ou o Banco Mundial (2000, p.
conviver com imagens eletrônicas, as escolas, em
49).
sua maioria, segundo Libâneo, ainda apresentam
A família delegou à escola funções uma prática tradicional em que os conteúdos são
educativas que historicamente eram suas trabalhados a partir da ótica do professor, e não do
(CHRISPINO,2002, p. 5). aluno, de maneira desvinculada da realidade,
dificultando sua construção pelo estudante e gerando
As reformas citadas englobam todos os
desinteresse. Muitas vezes, professores mais jovens
projetos pensados para a educação, refletindo em
e iniciantes na profissão chegam à escola repletos de
questões como a disciplina escolar. Tais reformas
novas ideias, como a concepção construtivista de
não são propostas a partir de uma análise
educação e a prática calcada em modelos
cuidadosa dos anseios e das necessidades do povo
progressistas de educação, querendo trocar
brasileiro, mas sim em função do que dita o
informações com os colegas mais antigos e até ouvi-
“mercado”. Ao mesmo tempo, o tráfico de drogas
los um pouco para aprenderem com a experiência
também é mais uma das preocupações da escola
destes. No entanto, são logo desestimulados diante
nos dias de hoje.
de discursos como: “você está cheio de gás porque
Outro grande problema a ser enfrentado é ainda não conhece a realidade da escola, ainda não
aquele que advém das inúmeras transformações sabe o que é realmente trabalhar com esses alunos e
que a sociedade vem enfrentando desde a segunda com as ordens da Secretaria de Educação”. Logo ele
metade do século XX, levando a um desiste.
redimensionamento das funções da escola. Daí as
Quase sempre a escola impõe a cultura
discussões em torno da transferência de
burguesa às classes populares, desconsiderando seu
responsabilidade da família para esta instituição.
modo de vida, seus anseios, seu saber.
Num mundo tão competitivo e desigual, as
Linhares confirma tal fato quando fala da
mulheres passaram a buscar seu lugar no mercado
“presença discursiva do iluminismo na escola e
de trabalho. Nas famílias das classes menos
lembra o quanto o universalismo iluminista
favorecidas, sobretudo, elas assumem a total
desqualificava e combatia tradições e sabedorias
responsabilidade pela educação e sustento dos
germinadas ao abrigo da cultura popular” (2000, p.
filhos. Muitas vezes, durante todo o período do dia,
51). Este assunto nos fez lembrar a história de um
a criança não conta com a presença da mãe ou de
menino nordestino que chega a uma escola do
outro responsável com a função de orientá-la e
sudeste. Na primeira vez que abre a boca, é
educá-la durante os seus primeiros anos de vida.
impiedosamente criticado pelos colegas que passam
Muitos deles chegam à escola sem possuir as
a chamá-lo de “nós mudemo”. As chacotas foram tão
ferramentas necessárias para a convivência social,
grandes, sem serem devidamente contornadas pela
como, hábitos, atitudes. Desconhecem palavras
professora, que o menino abandonou a escola.
que expressam gentileza, cumprimento,
agradecimento, tais como o “por favor”, o pedido de Anos mais tarde, a professora reencontra o
“licença”, o “bom-dia”, o “obrigado”: palavrinhas menino, agora homem, com uma aparência fraca e
mágicas que conquistam o próximo. Parte desse doentia. Este lhe diz: “eu sou o nós mudemo”. Conta
grupo de alunos conviveu em lares cujos que nunca mais voltou à escola e que tinha ido
responsáveis, além de ausentes, também não trabalhar numa fazenda, mas era um trabalho
privilegiam essa orientação. E, em alguns casos, os escravo e que só agora tinha conseguido sair.
responsáveis utilizavam uma linguagem imperativa, Naquele instante, a professora se deu conta do
com uma postura autoritária, faltando, em ambos os quanto o desrespeito à cultura do outro fez mal a
casos, espaço para o diálogo amoroso, a confiança, esse menino.
e o respeito...
O apoio da Família e da Comunidade diante
Há, também, o caso de pais que, por terem dos atuais desafios escolares
tido uma educação repressora, educaram seus
Cabe ao professor conduzir os trabalhos na
filhos de maneira oposta à educação que
sala de aula. É ele que está investido de autoridade
receberam e como educar com liberdade, de forma
por seus conhecimentos intelectuais, morais e
democrática não é tarefa fácil, grande parte não
técnicos. Com isso, não estamos querendo dizer que
conseguiu achar a medida certa, chegando, em
é o professor o único responsável pelos problemas
alguns casos, a perder a sua autoridade, chegando
enfrentados hoje na escola, tais como a falta de
à conhecida ditadura dos filhos. Desse modo, sem
respeito à autoridade do mestre e demais
conseguir dar limites aos filhos, muitas famílias
profissionais ou a violência nas dependências da
jogam na escola toda a responsabilidade de educar
escola. A título de exemplo, tivemos em agosto de
seus jovens e suas crianças.
2002, segundo o jornal O Globo, um acontecimento
que reflete bem o grau de indisciplina e violência
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
consentido pela própria família. Um pai entrou na participaram do projeto materiais para as atividades.
escola e segurou um aluno para que seu filho,
O aumento de espaços para a participação
também aluno, o esfaqueasse.
efetiva da comunidade na escola, assim como a
A indisciplina referida foge àquela que, inclusão do tema violência nos projetos escolares são
normalmente, professores e outros profissionais de alternativas que vêm surtindo efeito, embora haja
educação costumam enfrentar. Trata-se de um casos de fracasso. A busca da causa real de tais atos
caso de polícia e não mais de simples violência na é, também, um caminho bastante promissor, em que
escola. Como diz Sposito, “a violência urbana até uma mudança completa no projeto político-
invade a escola, mas ela não é, rigorosamente, pedagógico da escola se faz necessária.
violência escolar” (1998, p.63). Sposito afirma que,
Há outras situações, em que crianças e
muitas vezes, morando em comunidades
jovens com sérios comprometimentos psicológicos
extremamente violentas, os alunos não se
exercem uma liderança negativa sobre os colegas
comportam desse modo na escola, percebendo-a
provocando situações de violência. Nesses casos, é
como um lugar de aconchego, de segurança, de
preciso recorrer à ajuda de profissionais
onde obtêm coisas boas. Entretanto, também
especializados na área, porque tais situações fogem
reconhece que isso não é regra geral. Há casos de
à competência dos educadores.
grande violência contra professores, ou contra
outros alunos e até atos de vandalismo contra a A cada dia percebemos a importância de
própria escola como depredações, quebra de envolver a comunidade nas decisões que
materiais escolares, pichamentos, cuja solução, ultrapassam a competência da escola. A
muitas vezes, não pode ser encontrada pela escola cumplicidade dos pais e da comunidade em geral
sozinha. Nesse momento, há necessidade de onde a escola se insere em muito contribui para que
acessar o poder público, como foi o caso de os trabalhos fluam em harmonia. E hoje, mais do que
algumas escolas de São Paulo, Rio de Janeiro. nunca, um trabalho conjunto é que constituirá a força
para enfrentar tantas dificuldades, como as relatadas
O INEP/MEC está estudando como a
anteriormente. Entretanto, o professor é o ator
Síndrome de Desistência Simbólica do Educador,
principal nessa obra de ajudar a formar seres
conhecida como Síndrome de Bournout, afeta o
humanos. É ele que representa a escola para os
desempenho dos estudantes.
alunos, pois é quem está diariamente com eles; além
A síndrome se caracteriza, principalmente de um profissional da escola, é também uma
pela exaustão emocional, o baixo comprometimento autoridade, é desse modo que é sempre visto pelos
com o trabalho e a despersonalização, ou seja, o alunos.
professor deixa de considerar o aluno como sujeito.
Se a opção da educadora é democrática, ela
Diante das questões de violência e de sabe que o iálogo não é apenas em torno dos
outras, como a desvalorização da profissão, os conteúdos, mas sobre vida; não só é válido do ponto
baixos salários, condições de trabalho precárias, de vista do ensinar, mas formador também de um
alguns professores se sentem estressados, clima aberto e livre no ambiente e sua classe
apáticos e são levados a uma desistência simbólica (FREIRE, 2000, p. 87).
(Síndrome de Bournout).
Portanto, a consciência de que é uma
Esta síndrome do educador se reflete com autoridade deve ser clara para o professor, para que
o desânimo na sala de aula e acaba contagiando os faça jus a essa competência profissional, tendo
alunos. domínio pleno do conteúdo a ensinar e de como
ensinar; respeitando e fazendo-se respeitar;
Nos anos 90, vimos a ampliação e o
conseguindo exercer a sua autoridade sem ser
refinamento do que poderíamos chamar de
autoritário e sem licenciosidade, o que muitas vezes
bagunça (GARCIA, 2000, p. 274).
acontece, porque o professor, querendo fugir do
Nas escolas onde tais fatos ocorreram, a autoritarismo, perde a medida da relação
ação conjunta escola- comunidade, por meio da democrática e acaba caindo no espontaneísmo que
qual os diretores passaram a abrir os “nega a formação democrata, do homem e da
estabelecimentos para a comunidade nos feriados e mulher”(FREIRE, 2000, p. 85):
fins de semana, com atividades planejadas em
Porque recuso o autoritarismo não posso cair
conjunto, deu certo. Outras que fizeram o mesmo
na licenciosidade da mesma forma como, rejeitando
não foram bem-sucedidas, mas dentre estas, estão
a licenciosidade, não posso me entregar ao
as que simplesmente abriram os portões, sem um
autoritarismo. Um não é o contrário positivo do outro
trabalho conjunto com a comunidade.
(FREIRE, 2000, p. 86-87).
Houve casos em que o poder público foi
Cabe ao professor a responsabilidade pelo
acionado. Garcia conta que numa ocasião, o
ambiente sadio que deve servir de base às atividades
Governo do Estado reforçou a segurança na área e,
didáticas. Ambiente sadio inclui a atitude responsável
em outra gestão, o governo incentivou a
do docente e um diagnóstico cuidadoso da turma,
participação da comunidade na escola, com o
projeto “Fim de Semana”, doando às escolas que
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
para poder adequar o trabalho às reais OLIVEIRA (1997), em seus estudos sobre o
necessidades e interesses do grupo. pensamento de VIGOTSKY:
Como denuncia o poeta Gabriel, o A interação face a face entre indivíduos
Pensador: particulares desempenha
um papel fundamental na construção do ser humano:
Eu tô aqui, Pra quê? Será que é pra
é através da relação
aprender? Ou será que é pra aceitar, me acomodar
interpessoal concreta com outros homens que o
e obedecer? A maioria das matérias não raciocino.
indivíduo vai chegar a
Não aprendo as causas e consequências, só
interiorizar as formas culturalmente estabelecidas de
decoro os fatos. Desse jeito até história fica chato.
funcionamento
Eu sei que o estudo é coisa boa, o problema é que
psicológico.
sem motivação a gente enjoa. Tá tudo errado e eu
já tou de saco cheio. Agora me dá minha bola e Segundo as conclusões da autora, a vida
deixa eu ir pro recreio... social ocorre de maneira dinâmica, onde cada sujeito
participa ativamente de seu meio estabelecendo uma
As relações entre professor e aluno e entre
relação entre o mundo cultural e o mundo interno de
os próprios alunos, na sala de aula, são sempre
cada um. O conhecimento a respeito de todo esse
envolvidas por sentimentos, sendo que a
universo cultural e particular se dá através das
afetividade constitui o motor propulsor do ato
interações estabelecidas entre os indivíduos no meio
educativo.
social em que participam.
O sentimento dos alunos pelo professor
Temos então que a maneira como é
refletirá sempre a forma como são tratados;
organizado o espaço em sala de aula reflete
responderão com respeito e amor à estima e ao
diretamente em como se dá essa interação e o
respeito do mestre por eles. Se percebem
trabalho pedagógico docente como um todo. É
significado nas aulas, sentir-se-ão motivados para
importante que a organização priorize aspectos
participar e o farão exercendo a autodisciplina.
indispensáveis para a construção da aprendizagem,
O diálogo é o ponto fundamental na relação tais como vivência da prática do diálogo entre os
professor-aluno. Ambos ganham muito com a troca indivíduos envolvidos neste processo.
advinda do diálogo amoroso, o que facilita todo o
Para qualquer finalidade, é necessário que
processo ensino -aprendizagem.
ambiente seja acolhedor e que motive a troca entre
Hoje, as escolas e os mestres, sofrem a os alunos e professores, mas dependendo da
influência da violência que assola a nossa situação específica, o espaço pode ser organizado de
sociedade e das condições impostas pela vida maneira diferente para atender a necessidade de
moderna que afastam mães, pais e responsáveis forma mais pontual. Por exemplo, num momento de
do convívio dos filhos; isso impossibilita a debate entre toda a turma, é interessante que as
transmissão de valores éticos e morais, de hábitos carteiras estejam dispostas em círculos para que
e mesmo de atitudes indispensáveis à convivência todos possam olhar uns para os outros e terem a sua
social. A ação conjunta da escola com a vez de expor seus pontos de vista. Deste modo, o
comunidade escolar interna e externa é que ajudará debate fica mais face a face e a compreensão da
às atividades escolares a fluírem normalmente. ideia é favorecida já que é possível reconhecer no
outro as expressões faciais, além da própria fala em
O ator principal nesse contexto é o
si.
professor, que é quem lida diretamente com o aluno
no cotidiano escolar e é a autoridade máxima em MANEIRAS DE ORGANIZAR AS
sala de aula; autoridade que não pode ser CARTEIRAS EM SALA DE AULA
confundida com autoritarismo.
FREITAS (2008) nos diz que é essencial
O professor exerce a sua autoridade discutir as disposições das carteiras, pois "[...] são
trabalhando com a competência que lhe é devida, fundamentais para contribuir com a aprendizagem de
tanto no que diz respeito ao domínio dos conteúdos forma significativa.”. Elas devem mudar de posição
quanto ao domínio dos procedimentos de ensino, de acordo com a aula planejada, atendendo aos seus
como também respeitando e fazendo-se respeitar, objetivos já que é sabido que aprendemos na
sabendo dosar um ambiente democrático sem cair interação com o outro e com os espaços. Ele afirma
no espontaneísmo. ainda que a forma menos indicada para dispor as
carteiras da sala de aula é a enfileirada, pois não
A importância da organização do espaço
proporciona as interações necessárias e fortalecem a
escolar em sala de aula
relação de autoridade do professor com o aluno.
É na interação que o sujeito aprende e Carteiras enfileiradas
ensina. Daí, podemos depreender a importância de
se organizar o espaço escolar, mais Na tradicional organização das carteiras
especificamente o da sala de aula, para receber os enfileiradas, é possível pensar no professor
alunos e proporcionar que haja meios de garantir transmitindo o conhecimento enquanto os alunos o
esse estreitamento de vínculo. Conforme nos fala absorvem, a metodologia denota estar centrada no
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
professor, de forma diretiva, onde cabe a ele O processo de diálogo estimula a
organizar e sistematizar o conteúdo que deseja que curiosidade, no que nos diz FREIRE (1996):
seus alunos aprendam. A avaliação costumeira
O sujeito que se abre ao mundo e aos outros
neste enfoque é a que mede os conhecimentos
inaugura com seu gesto a relação dialógica em que
quantitativamente, onde são distribuídos
se confirma como inquietação e curiosidade, como
questionários aos quais os alunos devem responder
inconclusão em permanente movimento na História.
e devolverem o conteúdo conforme lhes foi
transmitido. O diálogo é prática necessária e
indispensável das atuais didáticas educacionais,
Este tipo de organização não favorece o
onde é valorizado o conhecimento prévio do aluno
diálogo entre os sujeitos, o relacionamento com o
através de seus relatos de vivência, estabelecendo
professor se dá de maneira vertical, onde ele está
relações com outras situações e construindo assim
acima do aluno e, portanto, não há espaço para o
novas aprendizagens.
diálogo.
Professor e aluno são aliados no processo de
Apesar disso, em alguns momentos, essa
ensino e aprendizagem, o professor faz a mediação
maneira de dispor as carteiras pode ser necessária,
entre o conhecimento e o aluno, valorizando suas
tal como durante a aplicação de uma prova
experiências já que para tornar a aprendizagem
individual, mas se torna inviável no dia-a-dia em
significativa deve estabelecer uma relação com a
sala de aula onde há necessidade da troca de
realidade em que esse aluno atua.
conhecimentos para que o aluno construa seu
conhecimento com autonomia e de maneira ativa. Portanto, podemos notar que a disposição de
mesas em círculo são adequadas para situações de
Mesas agrupadas
debate, onde se busca soluções em conjunto para
As mesas dispostas em pequenos grupos um problema levantado, tomada de decisões etc.
favorecem a interação e diálogo entre os alunos,
A forma adequada de dispor as mesas em
bem como a intervenção do professor que caminha
sala de aula vai depender dos objetivos específicos
pela sala participando das discussões dos mesmos.
de cada momento e das estratégias de ensino que o
É uma maneira de oferecer condições para professor deseja utilizar. É importante que o espaço
que o aluno possa utilizar de seus conhecimentos favoreça a possibilidade de se rearranjar a disposição
prévios para debater no grupo e encontrar soluções das mesas conforme necessário.
para os exercícios propostos pelo professor.
Se a necessidade é de aplicar um teste de
A reflexão torna-se presente neste tipo de conhecimento para avaliar o aluno individualmente, a
agrupamento, já que o aluno precisa pensar e forma que mais favorece é a enfileirada. Durante
repensar a respeito de suas ideias para exteriorizá- estas avaliações não é permitido que os alunos
las de maneira que traga acréscimo de informações conversem entre si, há um objetivo definido pelo
ao grupo. professor para que essa avaliação seja realizada
deste modo, portanto, não se pode concluir que seja
Neste sentido, podemos citar GADOTTI
errado a disposição das carteiras deste jeito, mas
(2003):
necessário que seja assim durante este momento. Se
Nós, seres humanos, não só somos seres o professor precisa explanar um assunto e necessita
inacabados e incompletos como temos consciência de “ordem” na classe, também é o tipo de
disso. Por isso, precisamos aprender “com”. organização que mais favorece.
Aprendemos “com” porque precisamos do outro,
Durante as aulas, justifica-se o uso das
fazemo-nos na relação com o outro, mediados pelo
mesas agrupadas sempre que o professor desejar
mundo, pela realidade em que vivemos.
que os alunos interajam na busca de soluções e para
Partindo deste ponto de vista, temos que a a resoluções de exercícios onde podem trocar
aprendizagem se dá na troca de conhecimentos, conhecimentos até conseguirem solucionar o
atribuindo a partir daí sentido próprio ao que foi problema.
compartilhado, onde todos os alunos podem
E finalmente, a organização em círculo é
encontrar espaço para participarem e exporem suas
adequada para os momentos de discussão onde se
ideias de maneira que possa assim construir
faz necessário oportunizar a todos a chance de
conjuntamente e individualmente o sentido tão
colocarem suas ideias verbalizadas.
necessário ao objeto de estudo, seja ele qual for.
O que se conclui é que não há uma única maneira de
Dispostos em círculo organizar o espaço da sala de aula, não há o que
seja certo ou errado, mas de acordo com o momento
Neste tipo de disposição tanto professor
se faz necessário o uso de formas diversas de
quanto alunos se colocam em nível de igualdade,
organização. O professor precisa saber exatamente
numa relação horizontal, não diretiva, onde há qual é a intencionalidade da sua ação para definir as
respeito pelas opiniões e o saber não se centra melhores estratégias, inclusive tendo como uma das
num só indivíduo, mas nos diferentes pontos de
principais, a organização do espaço em sala de aula.
vista que são estimulados a virem à tona no debate.

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Todavia, o ambiente de trabalho do A ATUAÇÃO DO PROFESSOR
professor é cheio de interações. Assim, as MEDIADOR
interações com os alunos não é um aspecto
secundário do trabalho do professor, ao contrário,
O mundo está mudando e isso está
elas constituem o núcleo, considerando que “o
ocorrendo a uma velocidade sem precedentes na
ensino é uma atividade humana, um trabalho
evolução histórica da humanidade. A globalização, o
interativo, um trabalho baseado em interações
surgimento de novas tecnologias, como o avanço das
entre pessoas” (TARDIF, 2010, p.83).
telecomunicações e da informática, contribuem para
A prática docente também é modificada que ocorra mudanças, também, na Educação. A
por meio do questionamento, principalmente para interação professor - aluno vem se tornando muito
aquele que está à procura de sua identidade mais dinâmica nos últimos anos.
profissional, que está começando a construir o “ser
O professor tem deixado de ser um mero
professor”. Nesse processo interativo o sujeito
transmissor de conhecimentos para ser mais um
“está constantemente repensando seus conceitos
orientador, um estimulador de todos os processos
e concepções e confrontando a teoria e a prática
que levam os alunos a construírem seus conceitos,
que fundamentam seu ato pedagógico” (TARDIF,
valores, atitudes e habilidades que lhes permitam
2010, p. 83), estimulando a capacidade de inovar
crescer como pessoas, como cidadãos e futuros
do sujeito.
trabalhadores, desempenhando uma influência
Sendo assim, qualquer interação que verdadeiramente construtiva.
aconteça no âmbito da sala de aula pode construir
A Educação deve não apenas formar
significado para as pessoas que fazem parte
trabalhadores para as exigências do mercado de
deste meio. Ainda neste contexto, quando
trabalho, mas cidadãos críticos capazes de
assistimos aulas de Ciências e presenciamos o
transformar um mercado de exploração em um
trabalho em grupo percebemos que os alunos
mercado que valorize uma mercadoria cada vez mais
discutiam as questões, trazendo um resultado
importante: o conhecimento. Dentro deste contexto, é
positivo na construção da aprendizagem.
imprescindível proporcionar aos educandos uma
compreensão racional do mundo que o cerca,
levando-os a um posicionamento de vida isento de
preconceitos ou superstições e a uma postura mais
adequada em relação a sua participação como
indivíduo na sociedade em que vive e do ambiente
que ocupa.
O desafio de contribuir com a educação do
jovem e do cidadão, num momento de mudanças e
incertezas e a necessidade de resgatar valores tão
importantes condizentes com a sociedade
contemporânea leva o professor a entender que
deverá exercer um novo papel, de acordo com os
princípios de ensino-aprendizagem adotados, como
saber lidar com os erros, estimular a aprendizagem,
ajudar os alunos a se organizarem, educar através do
ensino, entre outros.
O aluno precisa adquirir habilidades como
fazer consultas em livros, entender o que lê, tomar
notas, fazer síntese, redigir conclusões, interpretar
gráficos e dados, realizar experiências e discutir os
resultados obtidos e, ainda, usar instrumentos de
medida quando necessário, bem como compreender
as relações que existem entre os problemas atuais e
o desenvolvimento científico. Isso só será possível, a
partir do momento que o professor assumir o seu
papel de mediador do processo ensino-
aprendizagem, favorecendo a postura reflexiva e
investigativa.
Desta maneira ele irá colaborar para a
construção da autonomia de pensamento e de ação,
ampliando a possibilidade de participação social e
desenvolvimento mental, capacitando os alunos a
exercerem o seu papel de cidadão do mundo.

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
O modo de entender e agir que nos contexto em que se pode aprender conceitos,
possibilita não nos deixarmos abater pela procedimentos e atitudes. Para que ocorram essas
adversidade e, até mesmo, de utilizá-la para transformações, tão necessárias, é preciso que o
crescer. Uma das causas do fracasso do ensino é professor demonstre profissionalismo, ética e, acima
que tradicionalmente, a prática mais comum era de tudo, compromisso com o sucesso dos alunos. O
aquela em que o professor apresentava o conteúdo compromisso de conduzi-los ao aprendizado. É o
partindo de definições, exemplos, demonstração de desafio para todos os que estão envolvidos em
propriedades, seguidos de exercícios de Educação.
aprendizagem, fixação e aplicação, pressupondo-se
A importância do papel do professor
que o aluno aprendia pela reprodução.
como mediador
Considerava-se que uma reprodução correta era
evidência de que ocorrera a aprendizagem. Ao mediar as situações de ensino,
o professor se coloca entre o aluno e a
Essa prática mostrou-se ineficaz, pois a
aprendizagem. A primeira condição para que isso
reprodução correta poderia ser apenas uma simples
aconteça é a quebra do paradigma
indicação de que o aluno aprendeu a reproduzir,
do professor como detentor de todo o saber. É
mas não aprendeu o conteúdo. É necessário saber
necessário, portanto, despir-se do antigo papel e
para ensinar. O professor deve se mostrar
confiar na nova roupagem.
competente na sua área de atuação, demonstrando
domínio na ciência que se propõe a lecionar, pois Mediar é facilitar o processo para que a
do contrário, irá apenas "despejar" os conteúdos informação se transforme em conhecimento e gere
"decorados" sobre os alunos, sem lhes dar novas aprendizagens, não basta responder, é
oportunidade de questionamentos e criticidade. necessário fazer boas perguntas, considerar as
experiências educativas que o aluno traz, entende-se
Adequar a metodologia e os recursos
aqui, a aprendizagem extrapolando a escola.
audiovisuais de forma que haja a comunicação com
O professor tem um papel fundamental na construção
os alunos, é também, uma forma de fazer da aula
de novos saberes, sua responsabilidade aumenta,
um momento propício à aprendizagem.
pois necessita adaptar-se às diferentes linguagens e
É importantíssimo que o professor tenha, também,
criar oportunidades para além das situações
competência humana, para que possa valorizar e
educativas, transcendendo a sala de aula. O
estimular os alunos, a cada momento do processo
conhecimento descentraliza-se e flui havendo um
ensino-aprendizagem. A motivação é imprescindível
encontro democrático, afetivo e efetivo em que os
para o desenvolvimento do indivíduo, pois bons
dois, professor e aluno aprendem juntos.
resultados de aprendizagem só serão possíveis à
medida que o professor proporcionar um ambiente É necessário ter intencionalidade e
de trabalho que estimule o aluno a criar, comparar, disponibilidade para instigar o aluno a abraçar o
discutir, rever, perguntar e ampliar ideias. conhecimento, provocar reflexões, despertar o desejo
de aprender, fazer conexões contribuindo para a
Dentro das competências: científica,
realização da construção autônoma e crítica do
técnica, humana e política desenvolvidas pelo
conhecimento. Pensar a dinâmica da sala de aula
professor, é essencial propiciar aos alunos
permitindo que o ambiente seja colaborativo e
condições para o desenvolvimento da capacidade
proporcione o fazer do aluno sob a orientação
de pensar crítica e logicamente, fornecendo-lhes
do professor, agora tutor, é fundamental. Falar
meios para a resolução dos problemas inerentes
menos, ouvir mais, responder menos, perguntar
aos conteúdos trabalhados interligados ao seu
mais!
cotidiano, fazendo com que ele compreenda que o
estudo é mais do que mera memorização de O professor não está à frente do
conceitos e termos científicos transmitidos pelo conhecimento, nem atrás. Ele se dispõe no meio da
professor ou encontrados em livros. travessia, preocupa-se com uma escola viva, com um
ambiente inovador e educador. O tempo e o espaço
É um trabalho em que raciocínio e
tomam outra dimensão.
criatividade são recompensados.
Conexão e colaboratividade são
É indispensável dar mais ênfase à
características importantes na atuação docente sob
aprendizagem do que aos programas e provas
essa perspectiva: aprendo com os pares, outros
como é prática comum em nossas escolas, pois no
alunos, aprendo com outras pessoas, dentro e fora
processo de ensino e aprendizagem, conceitos,
da escola, conecto-me com o mundo e componho
ideias e métodos devem ser abordados mediante a
uma rede de saberes sob a perspectiva humana e
exploração de problemas, desenvolvendo
globalizada.
competências para a interpretação e resolução dos
mesmos. Cabe aqui um professor problematizador, em
constante formação, que percorre o mesmo caminho
E esta resolução não é um exercício em
para atualizar-se e aprender. Investir na formação
que o aluno aplica, de forma quase mecânica, uma
do professor e no compartilhamento de práticas é
fórmula ou um processo operatório, mas uma
fundamental no processo.
orientação para a aprendizagem, pois proporciona o
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
A ATUAÇÃO DO ALUNO COMO realidade e imaginação de todos os indivíduos,
SUJEITO NA CONSTRUÇÃO DO seguido das diferentes culturas de cada um.
CONHECIMENTO Porém um dos maiores problemas
relacionados ao fracasso escolar pode estar ligado
Muitos são os questionamentos e ao preconceito. Com certa frequência os professores
discussões a respeito do papel da escola na procuram explicar a razão do não aprender do aluno
educação, porém, é preciso vê-la além de somente às deficiências orgânicas, psicológicas, culturais em
transmitir conhecimentos aos alunos. Sendo a detrimento de um estudo e diagnostico que
escola conhecida como “instituição do saber”, a pudessem esclarecer a situação. Em outras palavras
mesma exerce uma enorme importância por toda a já fazem de antemão o diagnostico e rotulam esse
sociedade. Por tamanha importância que a mesma aluno. Acredita-se que a mescla de teorias que se
se faz jus, necessita-se olhar além do que os olhos complementem teria um caráter mais proveitoso para
podem ver e ensinar os alunos a pensarem sobre o professores e alunos do que a tendência de seguir
mundo, a sociedade na qual estão inseridos e o um “método”. Nada substitui o fator humano, a
mundo das diferenças/descriminações para dar afetividade, a interação e o olhar atento às diferenças
subsídios aos alunos ao enfrentem essas reações.
adversidades da vida.
Escola: Organização reflexiva ou
A escola necessita ser pensada como reprodutores de conhecimento?
“preparação” para a vida, na função de preparar
cidadãos do mundo. De acordo com Pérez Gómez O processo ensino-aprendizagem
(2000), a escola é um ambiente de aprendizagem, compreende ações conjuntas do professor e do
onde há grande pluralidade cultural, mas que aluno, onde estarão estimulados a assimilar,
direciona a construção de significados consciente e ativamente os conteúdos/métodos e
compartilhados entre o aluno e o professor. A aplicá-los de forma independente e criativa nas várias
construção desses significados compartilhados situações escolares e na vida prática. O ato de
enfatiza uma necessidade de mudança na escola, ensinar e aprender não se pauta em somente o
por meio da reflexão. A mesma necessita da professor passar a matéria e o aluno
individualidade e da coletividade ao mesmo tempo, automaticamente reproduzir mecanicamente o que
a qual envolve diversos aspectos da escola, ou “absorveu”.
seja: as relações entre o ensinar e aprender com
É nessa perspectiva que a compreensão
diversas trocas de informações, a interação de
sobre o conhecimento escolar pode ser analisada
indivíduos que participam da cultura escolar, além
sob a ótica de no mínimo quatro visões: como
dos processos curriculares, pedagógicos e
produto acabado e formal (visão tradicional); como
administrativos haverá o compartilhamento de
produto acabado e formal de caráter técnico (visão
informações e interação da cultura escolar.
tecnológica); como produto aberto, gerado em um
Deve-se pensar a escola como um processo espontâneo (visão espontaneísta e ativista)
ambiente atrativo para professores, alunos e os e; como um produto aberto, gerado por um processo
profissionais nela atuantes, para que estes possam construtivo e orientado (visão investigativa)
se sentir convidados a participar desta atmosfera de (BOLZAN, 2002, p18).
conhecimento que dia após dia é construída por
Em um contexto onde há o estímulo às
professores e alunos, aproveitando o conhecimento
atividades diversificadas, à curiosidade, a iniciativa e
prévio que é trazido por todos. É preciso que os
o desenvolvimento de capacidades, resultarão em
docentes reinventem e reencantem a educação,
um ambiente onde, tanto professor como seus
tendo como foco uma visão educacional, usufruindo
alunos, ambos estarão cientes de suas
do conhecimento já construído e produzindo novas
responsabilidades. Desse modo, a escola deve
experiências no processo de ensino-aprendizagem
conceber-se como um local, um tempo e um
dos educandos (ASSMANN, 2007).
contexto, visando à formação que vai além da
As relações entre representação física, e tornando-se uma concepção
professor/aluno/conteúdo não são estáticas, mas de formação com relacionamento interpessoal. A
dinâmicas, pois se trata da atividade de ensino escola pela qual se busca lutar hoje se deve ter como
como um processo coordenado de ações docentes. pressuposto principal o desenvolvimento cultural e
Freire (1987) em seu livro Pedagogia do Oprimido científico do cidadão, preparando as crianças,
deixa-nos entender que a relação professor adolescentes e jovens para a vida, para o trabalho e
(opressor) e aluno (oprimido) ou vice-versa têm a para a cidadania, através de uma educação geral,
finalidade de que a relação professor-aluno nesse intelectual e profissional.
processo de ensino-aprendizagem gira em torno da
Para Lima (2006) compreender a escola
concepção da educação, tendo uma perspectiva de
como organização educativa exige a consideração da
que quando todos se unirem na essência da
sua historicidade enquanto unidade social
educação como prática de liberdade, ambos abrirão
artificialmente construída, das suas especificidades,
novos horizontes culturais de acordo com a
bem como do seu processo de institucionalização ao
longo do tempo. Seguindo essa linha de pensamento,
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Alarcão (2001) aponta uma mudança responsável, autonomizante e educadora”
paradigmática, uma visão e pensamento diferente (ALARCÃO, 2001, p.25).
da escola, saindo de uma concepção tradicional
A escola não cumprindo seu papel como
para uma concepção reflexiva, onde será capaz de
organização reflexiva cairá no fracasso escolar. Para
gerar conhecimento sobre si próprio, fazendo
tanto entre as diversas razões possíveis, podemos
significado a sua própria existência.
citar: dificuldades de aprendizagem; causas
O ambiente escolar, assim, pode orgânicas; problemas emocionais; teoria da carência
contribuir para suscitar o amor pela escola, o amor cultural e distância cultural entre a escola pública e a
e a dedicação aos estudos, com reflexos sensíveis população que ela atende; formação dos professores;
no aproveitamento escolar dos alunos. Para a ineficácia dos métodos; preconceito e segregação
Durkheim (1978, p.49) “A escola não pode ser (COLLARES, 1996; POLITY, 2002).
propriedade de um partido; e o mestre faltará em
Aprender e ensinar reflexivamente
seus deveres quando empregue a autoridade de
que dispõe para atrair seus alunos à rotina de seus O ensino é um meio fundamental do
preconceitos pessoais, por mais justificados que progresso intelectual dos alunos e uma combinação
lhes pareçam”. adequada entre a condução do processo de ensino
pelo professor e a assimilação ativa, como atividade
Se a aprendizagem em sala de aula for
autônoma e independente, por meio do aluno. Pode-
uma experiência de sucesso, o aluno constrói uma
se sintetizar-se dizendo que a relação entre ensino e
representação de si mesmo como alguém capaz.
a aprendizagem não é automática, não pode ser vista
Do contrário, se for uma experiência de fracasso, o
como uma simples transmissão do professor que
ato de aprender tenderá a se transformar em uma
ensina para um aluno que aprende. Tendo como
“ameaça”. O aluno ao se considerar fracassado,
base os conceitos de Jean Piaget a respeito da
buscará os culpados pelo seu conceito negativo e
aprendizagem, os processos mentais que antecedem
culpará o professor pela sua metodologia de
o tão esperado resultado da mesma, revelam a
ensino, e pelos conhecimentos transmitidos, os
dificuldade existente nos educandos de obterem e
quais irão julgá-los como sendo desnecessários e
aprenderem novos conceitos e conteúdos.
sem validade para sua vida estudantil como
pessoal. O processo da aprendizagem tem início
através das abstrações empíricas feitas pelo aluno e
Freire (1980, p.119) aponta de forma
pela reflexão a respeito desta abstração. Depois de
ampla o que se espera da escola:
assimilar um novo conceito que lhe é apresentado, o
Somente uma outra maneira de agir e de aluno depara-se com o novo, na tentativa de não
pensar pode levar-nos a viver uma outra educação entrar em conflito dentro de si mesmo, procurando
que não seja mais o monopólio da instituição acomodar as informações a ele transmitidas, fazendo
escolar e de seus professores, mas sim uma a modificação mental entre os conhecimentos prévios
atividade permanente, assumida por todos os e os adquiridos. Entende-se que a aprendizagem
membros de cada comunidade e associada de então, é a assimilação ativa do conhecimento e de
todas as dimensões da vida cotidiana de seus operações mentais, para compreendê-los e aplicá-los
membros. de forma consciente e autônoma.
Portanto, o processo educativo tem que Segundo Chalita (2001, p.12) “A educação
ocorrer como um fenômeno social e cultural, onde a não pode ser vista como um depósito de
reflexão sobre o saber e suas relações é informações. Há muitas maneiras de transmitir o
continuamente redimensionada em uma conhecimento, mas o ato de educar só pode ser feito
“negociação” e “recriação” dos significados. Tendo com afeto, esta ação só pode se concretiza com
o diálogo entre professor e aluno como elemento amor.” Percebe-se que há uma grande diferença
norteador para a construção do conhecimento em entre transmitir o conhecimento e educar. A diferença
uma dimensão reflexiva. de educar seres humanos que se encontram nas
primeiras etapas da vida é uma tarefa para os
Em vista disso, a escola como contexto
docentes que se preocupam na formação global do
de construção e apropriação de conhecimentos
educando e não apenas na formação parcial, obtida
deve compreender que, professor e aluno,
em sala de aula. As demonstrações de carinho, bem
participam desse processo essencialmente pela
como a afetividade nas palavras ditas pelo professor,
interação e a mediação entre si. Contudo, a escola
resultarão no auxílio e conforto para o aluno, quando
reflexiva vai além, no momento em que vê a escola
este necessitar acomodar as informações recebidas,
como uma organização que continuadamente
sem que haja repulsão ou aversão ao conteúdo
pensa em si própria, “na sua missão social e na sua
apresentado, ou até mesmo ao próprio ato de
organização, e se confronta com o desenrolar da
aprender algo novo.
sua atividade em um processo heurístico
simultaneamente avaliativo e formativo”, pois “só a O processo de construção do
escola que se interroga sobre si própria se conhecimento, que considere tanto as experiências
transformará em uma instituição autônoma e dos alunos como as dos professores inseridos, se faz
necessária uma abordagem dos conteúdos, e para
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Anastasiou (2003) isso se dá através de um método que cada um viveu desde o nascimento; a forma
dialético, a partir da reflexão e discussão conjunta, como se aprende e o ritmo da aprendizagem variam
uma nova concepção ou forma de ação. Situações segundo as capacidades, motivações e interesses de
como processos de ensino que constituem mais um cada um dos meninos e meninas, enfim, a maneira e
desafio para uma ação docente inovadora e a forma como se produzem as aprendizagens são o
comprometida, precisam buscar uma prática social resultados de processos que sempre são singulares
complexa, que seja efetivada entre os sujeitos, e pessoais.
professores e alunos, buscando o engloba mento
Relação Professor-Aluno no processo
tanto da ação de ensinar como de aprender.
ensino-aprendizagem
Rodrigues (1997, p.64) afirma:
É importante considerar a relação entre
Assim, a escola tem por função preparar professor/aluno junto ao clima estabelecido pelo
e elevar o indivíduo ao domínio de instrumentos professor, da relação empática com seus alunos, de
culturais, intelectuais, profissionais e políticos. Isso sua capacidade de ouvir, refletir, discutir o nível de
torna sua responsabilidade pesada e importante. compreensão dos mesmos e da criação das pontes
Assim dimensionada a tarefa da escola, evidencia- entre o seu conhecimento e o deles. Sendo assim, a
se a expectativa que sobre ela recai no contexto da participação dos alunos nas aulas é de suma
sociedade. importância, pois estará expressando seus
conhecimentos, preocupações, interesses, desejos e
A esse respeito Werneck (1996, p.61)
vivências de movimento podendo assim, participar de
elucida que:
forma ativa e crítica na construção e reconstrução de
Educar é difícil, trabalhoso, exige sua cultura de movimento e do grupo em que vive.
dedicação, sobretudo aos que mais necessitam. (GÓMEZ, 2000).
Transferir problemas é fugir da verdadeira
Abreu & Masseto (1990, p.115), afirmam
educação, é uma espécie de médico que transfere
que:
o doente de hospital, lava as suas mãos e não se
sente comprometido com o caso quando da morte É o modo de agir do professor em sala de
do paciente, porque aconteceu em outro hospital e aula, mais do que suas características de
em outras mãos. personalidade que colabora para uma adequada
aprendizagem dos alunos; fundamenta-se numa
Educar é proporcionar ao aluno conhecer
determinada concepção do papel do professor, que
a si próprio, leva-lo à consciência de poder ser
por sua vez reflete valores e padrões da sociedade.
mais, reconhecendo que é chamado a encontrar-se
no mundo com o outro e não mais solitário em seu Nesse contexto, entende-se que a
“mundo”. Portanto, o professor como mediador para qualidade de atuação da escola não pode
ensinar o aluno a ser reflexivo precisa estar atento exclusivamente depender somente da vontade de um
a todos os elementos necessários para que o aluno ou outro professor. É necessária a participação
aprenda e se desenvolva integralmente. efetiva e conjunta da escola, junto da família, do
aluno e profissionais ligados à educação, de forma
A sala de aula é um espaço de “luta”
que o professor também entenda que o aluno não é
extremamente importante, desde que se
um sujeito somente receptor dos conhecimentos
compreenda e acolha o educando, independente do
“depositados”.
quão diferente ele seja. A educação situa-se como
possibilidade de ser um instrumento de mudança De acordo com Pérez Gomes (2000) a
social e de transformação da realidade. função do professor é ser o facilitador, buscando a
compreensão comum no processo de construção do
Educar é possibilitar a conscientização e
conhecimento compartilhado, que se dá somente
humanização, mediatizando aos alunos as
pela interação. A aula deve se transformar e provocar
condições para que se desenvolvam em todas as
a reflexão sobre as próprias ações, suas
suas potencialidades. Assim o educando aparece
consequências para o conhecimento e para a ação
como primeiro agente do processo educativo, em
educativa. Nesse mesmo raciocínio é que Rey (1995)
cooperação com os demais, sendo ativo,
defende a ideia de que a relação professor-aluno é
participante, reflexivo e crítico.
afetada pelas ideias que um tem do outro e até
Portanto Zabala (1998, p. 34) aponta mesmo as representações mútuas entre os mesmos.
que: A interação professor-aluno não pode ser reduzida ao
processo cognitivo de construção de conhecimento,
O fato de que não exista uma única
pois se envolve também nas dimensões afetivas e
corrente psicológica, nem consenso entre as
motivacionais.
diversas correntes existentes, não pode nos fazer
perder de vista que há uma série de princípios nos Freire (1996, p. 96) aponta que:
quais as diferentes correntes estão de acordo: as
O bom professor é o que consegue,
aprendizagens dependem das características
enquanto fala trazer o aluno até a intimidade do
singulares de cada um dos aprendizes,
movimento do seu pensamento. Sua aula é assim um
correspondem, em grande parte, às experiências
desafio e não uma cantiga de ninar. Seus alunos
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
cansam, não dormem. Cansam porque Não há como segregar a realidade escolar da
acompanham as idas e vindas de seu pensamento, realidade de mundo vivenciada pelos discentes, e
surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas sendo essa relação uma “via de mão dupla”, tanto
incertezas. professor como aluno pode ensinar e aprender
através de suas experiências. Para tanto, Gadotti
Logo, o professor deixará de ser o “dono
(1999, p.2) refere-se a essa relação como:
do saber” e passará a ser um orientador, alguém
que acompanha e participa do processo de "Para por em prática o diálogo, o educador
construção e das novas aprendizagens do aluno em não pode colocar-se na posição ingênua de quem se
seu processo de formação. Sendo assim, pode-se pretende detentor de todo o saber; deve, antes,
dizer que os métodos de ensino são as ações do colocar-se na posição humilde de quem sabe que
professor pelas quais se organizam atividades de não sabe tudo, reconhecendo que o analfabeto não é
ensino e dos alunos para atingir objetivos do um homem "perdido", fora da realidade, mas alguém
trabalho docente em relação a um conteúdo que tem toda a experiência de vida e por isso
especifico. Eles regulam as formas de interação também é portador de um saber".
entre ensino e aprendizagem, ente o professor e os
Cabe ao professor aprender que para
alunos, cujo resultado é a assimilação consciente
exercer sua real função necessita-se combinar
dos conhecimentos e o desenvolvimento das
autoridade, respeito e afetividade; isto é, ainda que o
capacidades cognoscitivas e operativas dos alunos.
docente necessite atender um aluno em particular, a
Pode-se dizer então, que os métodos de ação estará direcionada para a atividade de todos os
ensino são as ações do professor pelas quais se alunos em torno dos mesmos objetivos e do
organizam atividades de ensino e dos alunos para conteúdo da aula. Ressalta-se a atuação de alguns
atingir objetivos do trabalho docente em relação a professores não como modelo inquestionável de
um conteúdo especifico. Esses métodos fazem à docência, mas como fonte de inspiração para buscar
mediação nas formas de interação entre ensino e um novo e melhor caminho para alcançar os alunos.
aprendizagem, entre o professor e os alunos, tendo Para isso faz-se necessário o diálogo, conforme
como resultado a assimilação consciente dos Libâneo (1994, p.250) diz:
conhecimentos e o desenvolvimento das
“O professor não apenas transmite uma
capacidades cognitivas e operacionais dos alunos.
informação ou faz perguntas, mas também ouve os
Ressaltando Freire (1980, p.23), “o alunos. Deve dar-lhes atenção e cuidar para que
diálogo é um encontro no qual a reflexão e a ação, aprendam a expressar-se, a expor opiniões e dar
inseparáveis daqueles que dialogam, orienta-se respostas. O trabalho docente nunca é unidirecional.
para o mundo que é preciso transformar e As respostas e as opiniões dos alunos mostram
humanizar”. A ação pedagógica do professor em como eles estão reagindo à atuação do professor
sala de aula é imprescindível, desde que o mesmo (...)”.
assuma seu papel como mediador e não como
Se o interesse dos profissionais da
condutor. Grossi (1994, p.02) entende que a
educação for de fato com o foco nas reais
relação professor-aluno deve pautar-se como “uma
necessidades, como expectativas da educação na
busca do aqui e agora e que nós não precisamos
formação de indivíduos críticos-reflexivos, são
nos comparar com outras gerações, mas, sobretudo
necessárias haver mudanças não apenas nas
temos que ser fiéis aos nossos sonhos”.
palavras, mas nas atitudes. É preciso estar
Loyola (2004) refere-se ao “professor comprometido com o aluno, a escola, a sociedade e
autoritário”, o qual não deve impor o respeito, mas professores com uma educação de qualidade, vendo
conquistar de seus alunos. O professor autoritário o aluno como indivíduo ativo do processo ensino-
busca com suas atitudes fazer com que os alunos aprendizagem. Só assim os docentes estarão
venham se calar, reprimindo suas expressões e até cumprindo o papel de orientador realizando mais que
mesmo sentir medo. Assim, essa relação professor- o simples papéis de ensinar.
aluno não tem uma ação dialógica de construção e
Faz-se necessário ao longo da trajetória
reconstrução de idéias. Seguindo essa linha de
formativa, seja ela recém-formada ou com anos de
pensamento, Freire (1996, p. 73) refere-se ao
formação, refletir sobre o quanto os professores são
professor autoritário como:
capazes de reconstruir os próprios caminhos. Isso
"O professor autoritário, o professor lhes dará experiências enquanto alunos que foram, e
licencioso, o professor competente, sério, o eternamente serão, e quanto a professores atuantes
professor incompetente, irresponsável, o professor no espaço escolar hoje e amanhã.
amoroso da vida e das gentes, o professor mal-
O professor em muitos casos é visto como
amado, sempre com raiva do mundo e das
força estimuladora para despertar nos alunos uma
pessoas, frio, burocrático, racionalista, nenhum
disposição motivadora para determinado assunto.
deles passa pelos alunos sem deixar sua marca."
Essa relação de “ídolo” do aluno para com o
(FREIRE, 1996, p.73)
professor estimula sentimentos, instiga a curiosidade,
A relação estabelecida entre professores relata de forma sugestiva um acontecimento, faz uma
e alunos constitui o ápice do processo pedagógico. leitura expressiva de um texto, e assim
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
sucessivamente, ocorre o crescimento desta Para estimular o desenvolvimento dos
cumplicidade entre professores e alunos. alunos, deve-se considerar a individualidade e
respeitar os níveis de desenvolvimento no que se
Os docentes devem levar em
refere a assimilação dos esquemas de elaboração
consideração, enquanto profissionais da educação
mental.
ou acadêmicos que almejam iniciar a carreira
docente, que não são melhores que ninguém, mas O professor, no papel de orientador, deve
que devem sempre aprender seja com outros apresentar atividades estimulantes para que o próprio
professores ou até mesmo com os alunos, pois até aluno descubra os caminhos que o levam a ser mais
o mais analfabeto pode ensinar de uma maneira criativo, conhecedor, participante e transformador da
diferente: com o exemplo da própria vida. E nesse sua realidade.
sentido que a produção conjunta do conhecimento
A proposta piagetiana não estabelece
é uma forma de interação ativa entre o professor e
métodos de ensino, mas elabora uma teoria de
os alunos, pois abre horizontes para novos
conhecimento, suas investigações são utilizadas em
conhecimentos, habilidades, atitudes e convicções,
áreas como Psicologia, Pedagogia e Didática.
bem como a fixação e consolidação de
conhecimentos e convicções adquiridas
anteriormente.
Assim sendo, entende-se que a proposta
de ensino de qualidade, que se volta para a
formação cultural e científica do aluno que o
possibilite em sua ampliação da participação efetiva
nas várias instâncias de decisão da sociedade,
defronta-se com problemas de fora e dentro da
escola. Sendo a escola pública gratuita, com direito
essencial para se constituírem como indivíduo-
cidadão, faz-se necessário pensar sobre uma “nova
didática” voltada para os interesses populares de
transformação da sociedade.
Faz-se cada vez mais evidente
pensarmos sobre as necessidades de se construir
uma prática educativa inovadora, pautada na
construção e reflexão do conhecimento
compartilhado, que possibilite agir, transformar e
refletir na prática educativa dos docentes. É preciso
pouco a pouco através dos desafios do contexto em
que se vive olhar e perceber os obstáculos como
possibilidades de construção do novo.
Para que essas mudanças aconteçam e
escola consiga exercer seu papel, é necessário que
todos caminhem juntos, tendo a perspectiva
praticada nas escolas de nossa sociedade,
educando para um mundo mais igual e cumprindo
assim o seu papel mais importante na educação:
formar seres que possam pensar a respeito de tudo
o que fazem.
Aluno como sujeito ativo na construção
de conhecimento
O conhecimento se dá através da interação
do indivíduo com o mundo, em constantes
processos de assimilação, acomodação e
reorganização de dados.
Piaget mostra que o desenvolvimento se dá
através da relação do aluno com o meio em que
vive, o conhecimento é construído a partir da ação
do sujeito sobre o objeto. Conhecer algo não
significa parafrasear a realidade, o sujeito deve ser
capaz de observar e modificar o objeto, fazendo
parte e compreendendo como se realizou todo o
processo.

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
O que é planejamento?
Antecipar as atividades e situações durante o
O Plano de Gestão Escolar é um ano ajuda na melhoria do ensino e da aprendizagem
documento legislatório que traça o perfil da escola, e evita que a equipe escolar seja pega de surpresa
impondo-lhe identidade e finalidades corriqueiras de por problemas
todo os abrangidos. Transporta como norte para o Imagine fazer uma viagem sem saber para
gerenciamento das ações colocadas no setor onde você irá, onde se hospedará e o que fará. Ela
interno da escola formando e operacionalizando o pode ser ótima, mas há espaço para muitas coisas
Projeto Pedagógico. darem errado ao longo do trajeto, não é mesmo?
Sendo assim, o Plano de Gestão escolar Você pode não ter onde dormir, nem saber onde
abarca todos os feitios da escola, bem como as comer, não ter dinheiro no final da jornada e se
ações que serão atingidas, que devem incluir entre perder pelo caminho.
outros itens a ficha de cadastro da escola, conjunto Esse panorama pode servir de modelo para
de alunos, resumo do rendimento escolar do ano muitas outras situações da vida, inclusive para uma
antecedente, discernimentos usados para a escola. Já pensou em dar início ao ano letivo sem
aglomeração dos alunos, determinações a serem saber o que acontecerá na semana seguinte? Muito
aceitas pela escola, período de férias do setor pode acontecer, por exemplo, os professores não
administrativo, calendário escolar, horário de aulas, saberem como lidar com a turma e a equipe escolar
plano de aplicação das soluções financeiras entre não conseguir implantar planos de ação e
outros. acompanhar o cumprimento de metas, como diminuir
Bem mais do que uma inovação da versão a evasão escolar e alfabetizar todas as crianças.
do Plano de Escola, o Plano de Gestão é um Portanto, se você deseja evitar impasses, ou
documento que individualiza a dinâmica na medida pelo menos antecipá-los, investir em planejamento é
em que se deve desempenhar o acompanhamento a solução.
de todos os fatos escolares ao longo e quatro anos,
apontando a operacionalização do Projeto Quando e como ele é feito?
Pedagógico e do Plano de Ensino conjugado. São Em geral, o planejamento escolar é feito para
planejados os desígnios e os conteúdos visando à o ano inteiro e acontece antes do início das aulas.
intenção dos alunos do ciclo propriamente dito. Nesse período, as escolas agendam uma semana
Sendo assim um dispositivo de ciclos onde pedagógica (que pode durar de 3 a 5 dias), durante a
embarga a ideia de que todos os alunos aprenderão qual se discute o que acontecerá nos próximos 200
sem a aceleração do conteúdo, poupando o ritmo dias letivos, e revisam o Projeto Político-Pedagógico
de cada aluno presente. (PPP), o documento que define a identidade da
escola e indica os caminhos para o ensino de
O mais admirável componente do Plano de qualidade.
Gestão é a operacionalização e acompanhamentos
das metas e objetivos do Projeto Pedagógico e do "O planejamento nasce a partir do
Plano de Ensino, dirigindo a qualidade do ensino estabelecimento de metas e de objetivos que a
que será dada aos alunos. O Plano de Gestão deve escola deseja alcançar. Ele é um momento
então ponderar os objetivos e metas pedagógicos, importantíssimo para a construção de conhecimento
de no mínimo um semestre. Se o Plano se sobre gestão e didática, articulação com a
acomoda a escola, ele poderá ser efetivado, sendo comunidade, constituição de uma equipe colaborativa
assim a sua real efetivação ao final dos quatro e qualificação das ações", diz Maura Barbosa,
anos. consultora de GESTÃO ESCOLAR.

É importante a reunião de todos os Essa atividade é assegurada pela Lei de


envolvidos, periodicamente para o julgamento do Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 1996, que
Plano de Gestão, para que seja demarcado se garante que todos os profissionais que trabalham em
houve o empenho de gerenciar. Desse jeito é uma escola tenham um tempo reservado para
possível tornar o plano um documento autêntico e planejar a rotina.
de utilidade na metodologia pedagógica. Todo o No entanto, não é só porque está na lei que
Plano de Gestão Escolar submerge os aspectos ele deve ser cumprido. O planejamento é
administrativos e pedagógicos, de maneira indispensável para a gestão do tempo, de materiais,
operacional, gerenciando os Planos Pedagógicos, de pessoas e de espaço, porque, ao colocar tudo o
sendo assim o Plano de Gestão começa a ser um que a escola realizará ao longo do ano na ponta do
documento que avaliará de tempos em tempos as lápis, é possível ter uma ideia do cenário e alocar os
metas e os objetivos e admitirá o controle do Plano recursos de acordo com as necessidades dos
de Ensino, ao longo de quatro anos. A maior períodos do ano.
importância é a garantia do Plano de Gestão
Escolar é de desempenhar um bom funcionamento O que acontece na reunião de planejamento?
do Projeto Pedagógico e do Plano de Ensino.

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Abaixo, uma lista do que deve ser membros da equipe discutirão o funcionamento da
considerado durante a elaboração do planejamento instituição como um todo e também as funções pelas
anual da escola. quais são responsáveis. Isso significa que todos
devem pensar juntos sobre qual é a missão e os
Recepção dos professores novatos
objetivos da escola, por exemplo. Mas, quando a
Troca de experiências entre os pauta for planejamento de uma disciplina específica,
professores e gestores apenas os professores e o coordenador pedagógico
se ocuparão da tarefa. Essa prática garante a
Apresentação e análise dos resultados
construção de uma gestão democrática e
do ano anterior participativa.
Estabelecimento de metas e objetivos Resumindo...
Apresentação do calendário escolar, de
Em poucas palavras, o planejamento significa
acordo com o disponibilizado pela Secretaria de
conhecer a realidade e as necessidades da
Educação
comunidade escolar, estabelecer metas e objetivos,
Revisão do Projeto Político-Pedagógico e destinar recursos financeiros e materiais e gerir
criação de planos de ação tempo e pessoas. Assim, é possível antecipar
problemas e antever ações para contribuir com o
Definição da grade horária das desenvolvimento educacional dos estudantes.
disciplinas
Gestão Educacional
Divisão das turmas
A gestão educacional é uma das instâncias
Organização das salas e dos materiais que compõe a gestão governamental, e atualmente
Recepção dos alunos vem ganhando destaque na pauta das discussões no
âmbito nacional e internacional. Esse fenômeno se
Planejamento pedagógico, levando em explica pela compreensão de que a educação é um
consideração a avaliação do ano anterior e a dos fatores determinantes para o desenvolvimento de
distribuição dos conteúdos de ensino e um país. Deste modo, o tema tem despertado
aprendizagem interesse de estudiosos, como também tem crescido
Como é possível ver, o planejamento do a oferta de cursos de formação relacionados a esse
ano não começa da estaca zero. O trabalho já se campo.
inicia no ano anterior, quando a equipe escolar Aspectos legais centrais
realiza a avaliação do último plano. Na semana
pedagógica, trabalha-se em cima dos resultados Conforme a Constituição de 1988 e a Lei de
obtidos e com a troca de experiência sobre as Diretrizes e Bases (LDB) de 1996, a educação é um
turmas entre os docentes, visando sempre melhorar direito social assegurado a todos os brasileiros. Além
o que tem sido feito. disso, a Constituição também define a educação
como “dever do Estado e da família, a ser promovida
É claro que as pautas das reuniões de e incentivada com a colaboração da sociedade”.
planejamento podem mudar, a depender de seu
objetivo. Em um encontro sobre diagnóstico, por No tocante ao Poder Público, essa atribuição
exemplo, não se discutirá questões como a é racionada entre as diferentes esferas
organização da sala de aula, mas sim sobre a governamentais (União, Distrito Federal, Estados e
forma de descobrir os saberes das crianças. "A Municípios), sob a forma de regime de colaboração
pauta do planejamento depende sempre de quem (CF, Art. 211 e LDB, Art.8º).
está participando da reunião", diz Maura. Em nosso país, a gestão educacional segue
Ao longo dos meses, é importante a um sistema determinado por orientações gerais
acompanhar se as ações previstas no planejamento sobrevindas da LDB. Segundo Vieira (2002), essas
têm sido implantadas e se as estratégias estão diretrizes vão estabelecer, pela primeira vez em
dando certo. Essa avaliação pode ocorrer a cada forma de lei, as incumbências para os
bimestre ou trimestre ou, ainda, semestralmente. estabelecimentos de ensino, bem como prevê a
Nessa altura, algumas perguntas são essenciais: flexibilidade no que se refere às formas de
tudo o que estava programado deu certo? Por que organização.
tal atividade deu errado? Como podemos melhorar Nesse sentido, a escola é a instituição onde
para os próximos meses? Com as respostas esse direito se viabiliza, e sua função é a
dessas perguntas em mãos, inicia-se o socialização do saber sistematizado. Essas
replanejamento. orientações vieram para atender a necessidade de
Quem participa? haver um ensino o mais padronizado possível a nível
nacional, seguindo o exemplo de países
Todo mundo participa da elaboração do desenvolvidos.
planejamento porque ele influencia a escola inteira.
Portanto, devem comparecer aos encontros os
gestores, os professores e os funcionários. Os
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Esferas do Poder Público e suas ANOTAÇÕES
incumbências
__________________________________________
A gestão da educação nacional se expressa
__________________________________________
através da organização dos sistemas de ensino
federal (União), estadual e municipal, com suas __________________________________________
incumbências e formas de articulação própria no
__________________________________________
que diz respeito à oferta de educação escolar.
__________________________________________
Segundo Vieira (2002), as competências
dos diferentes entes federativos são: __________________________________________
União: assume o papel de coordenar, __________________________________________
articular e redistribuir em relação às demais
__________________________________________
unidades federadas. Compete, também, ao governo
federal definir e assegurar as grandes linhas do __________________________________________
projeto educacional do país. __________________________________________
Estados e Distrito Federal: tem como __________________________________________
atribuição especifica o ensino médio. Bem como, a
cada uma deles compete “elaborar e executar __________________________________________
políticas e planos educacionais, em consonância __________________________________________
com os planos nacionais, integrando as suas ações
e as dos municípios. __________________________________________
Estados, Distrito Federal e Municípios: __________________________________________
apresenta a educação básica como uma atribuição __________________________________________
compulsória. Enquanto que a oferta do ensino
fundamental é responsabilidade compartilhada dos __________________________________________
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. __________________________________________
Municípios: tem como atribuição a __________________________________________
educação infantil. Incumbe também “organizar,
manter e desenvolver o seu sistema de ensino, __________________________________________
integrando-os as políticas e planos educacionais da __________________________________________
União e dos Estados”.
__________________________________________
Regime de colaboração
__________________________________________
Segundo Vieira (2002), “o regime de
colaboração é uma forma de articulação capaz de __________________________________________
responder aos crescentes requisitos de uma oferta __________________________________________
de educação básica em sintonia com as demandas
da sociedade do conhecimento”. No qual, as __________________________________________
atribuições estão bem definidas, porém em nem um __________________________________________
momento é deixado de lado a principal finalidade de
construção de sistema educacional sólido, __________________________________________
acessível à população e que tenha um mesmo __________________________________________
padrão de qualidade.
__________________________________________
Em suma, para o alcance do sucesso da
gestão educacional deve ser realizada uma __________________________________________
articulação estreita entre o conhecimento de suas __________________________________________
responsabilidades com a responsabilização de cada
instância, trazendo por conseqüência a garantia __________________________________________
desse direito inalienável de todos que é a __________________________________________
educação.
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Tudo isso deve ser desenvolvido em um
ambiente motivado, pois o aluno é o sujeito da sua
aprendizagem que deve ser significativa, porque lhe
é dado a liberdade de trabalhar conhecimento que
GESTÃO DE APRENDIZAGEM, UM
esteja em sintonia com seus interesses e
SAVOIR FAIRE!
necessidades.
Na perspectiva construtivista compreende-
Enfatizando, o aluno constrói conhecimento
se o ensino aprendizagem como parte de um único
em um ambiente motivado, com interação com seus
processo, complementando-se na dinâmica da sala
pares e com uma eficaz intervenção do professor,
de aula. Nessa concepção o professor em seu ato
pois o mais importante do que saber como se ensina
de ensinar, de formar profissionais para a
é saber como se aprende.
sociedade do futuro, poderá inventar muitas
ferramentas e educar seus alunos com novas e Esse princípio consiste exatamente na
várias linguagens. compreensão de como uma criança percorre,
enquanto aprendiz, e para descrever este percurso
O professor no seu ato de ensinar, remete a
temos a matriz teórica de Jean Piaget, que leva a
inteligência do aluno e, não somente a sua
entender como o sujeito aprende, como se processa
memória. Usar a inteligência do aluno é convidá-lo
a aquisição de códigos de representação e de
a fabricar o saber, manejar as letras, construir, criar
comunicação que o ajudam a operar sobre o mundo,
fórmulas, empreender, gerenciar, o saber,
através da aprendizagem da linguagem matemática,
deixando, portanto, em cada obra sua marca, suas
da representação espacial, temporal e gráfica, da
impressões digitais, construindo assim a sua
leitura de imagem (Escola, Arte e Alegria. 1990, p.17)
subjetividade.
Concluindo: saber fazer levará a formação
Desta forma, estamos diante de um desafio,
de uma escola cidadã, pois uma escola cidadã, é
aprender a aprender. Aprender passa a ser um ato
aquela que fortelece a concepção de uma educação
de criar e recriar idéias e não de consumi-las.
pautada na formação do indivíduo para a cidadania
Aprender é reinventar , é recriar e reescrever e,
ativa, buscando uma educação para o
enfim, tornar-se autor do conhecimento.
desenvolvimento de mentalidades, através de uma
O lugar do professor no início da visão dinâmica que valorize a mudança, a
aprendizagem, é o de surpreender seu aluno, é contradição , o conflito e a autonomia.
saber fazer com que ele passe acreditar que na
Considerando todos esses pressupostos, o
escola, existem coisas imprevisíveis e interessantes
papel do professor é bastante relevante no processo
e daí ao atingir o imaginário do aluno pode-se
ensino aprendizagem e para atingir os seus objetivos,
introduzir o desafio para o trabalho posterior.
deverá utilizar de práticas pedagógicas motivadoras,
O professor deve possibilitar ao aluno a dinâmicas, ativas e inovadoras que exijam ação,
compreensão para realidade cultural, social e interação, afetividade, debates e entre outras,
política, a fim de que se torne capaz de participar possibilitando assim, a construção do conhecimento
do processo da construção da sociedade. E ainda, eficiente e eficaz
levar o aluno a compreender e organizar suas
experiências de vida para que ele possa
desenvolver a capacidade de criticar a realidade
onde vive, portanto, deve-se trabalhar no sentido de
formar um cidadão consciente, crítico e
participativo.
Assim o professor deve estar preparado
para situação de aprendizagem que lhe propicie
atuar como mediador e promotor do processo de
aprendizagem, que, segundo Vygotsky, o papel de
mediador do professor entre o senso comum do
aluno e o saber científico é fundamental para que o
aluno possa construir conhecimento mais elaborado
e significativo da realidade.
Uma da sua função é verificar se o aluno
está aprendendo, se está fazendo algo que
encontra ao seu alcance ou distante de suas reais
possibilidades; se tem condições de avançar mais.
E adiante desses diagnósticos, fazer as devidas
adequações, desencadeando novas ações e
reflexões.

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
espaços de formação mútua, nos quais cada
professor é chamado a desempenhar,
simultaneamente, o papel de formador e de
FORMAÇÃO E PROFISSÃO formando.”
O Professor, sua formação O trabalho em equipe e o trabalho
interdisciplinar se revelam importantes. Quando as
Impossível falar em qualidade de ensino, decisões são tomadas em conjunto, desfavorece, de
sem falar da formação do professor, questões que certa forma, a resistência às mudanças e todos
estão intimamente ligadas. passam a ser responsáveis para o sucesso da
A formação teórica e prática do professor, aprendizagem na escola.
poderá contribuir para melhorar a qualidade do
O trabalho interdisciplinar evita que os
ensino, visto que, são as transformações sociais é
professores conduzam seus trabalhos isoladamente,
que irão gerar transformações no ensino.
em diferentes direções, pois a produção de práticas
Sendo assim, este artigo se ocupará de educativas eficazes, surge de uma reflexão da
explanar sobre a relação existente entre a formação experiência pessoal partilhada entre os colegas.
e a prática do professor.
O sucesso profissional do professor, o
2. A Formação e a Prática espaço ideal para seu crescimento, sua formação
Há algumas décadas, acreditava-se que, continuada, pode ser também seu local de trabalho.
quando terminada a graduação, o profissional 4. O Professor como Prático-Reflexivo
estaria apto para atuar na sua área o resto da vida.
Estudos apontam que existe a necessidade
Hoje a realidade é diferente, principalmente para o de que o professor seja capaz de refletir sobre sua
profissional docente. Este deve estar consciente de prática e direcioná-la segundo a realidade em que
que sua formação é permanente, e é integrada no
atua, voltada aos interesses e às necessidades dos
seu dia-a-dia nas escolas.
alunos.
O professor não deve se abster de estudar, Nesse sentido, Freire, (1996, p.43) afirma
o prazer pelo estudo e a leitura deve ser evidente,
que: “É pensando criticamente a prática de hoje ou
senão não irá conseguir passar esse gosto para de ontem é que se pode melhorar a próxima prática.”
seus alunos“O professor que não aprende com
prazer não ensinará com prazer. “ Snyders. (1990) Para entendermos melhor esse aspecto,
devemos recorrer a Schön.
São grandes os desafios que o profissional
docente enfrenta, mas manter-se atualizado e Donald Schön, foi idealizador do conceito de
desenvolver práticas pedagógicas eficientes, são os Professor Prático-Reflexivo, percebeu que em várias
principais. profissões, não apenas na prática docente, existem
situações conflitantes, desafiantes, que a aplicação
Nóvoa (2002, p. 23) diz que: “O aprender de técnicas convencionais, simplesmente não
contínuo é essencial se concentra em dois pilares:
resolvem problemas.
a própria pessoa, como agente, e a escola, como
lugar de crescimento profissional permanente.” Não se trata aqui de abandonar a utilização
Para esse estudioso português, a formação da técnica na prática docente, mas haverá momentos
continuada se dá de maneira coletiva e depende da em que o professor estará em situações conflitantes
experiência e da reflexão como instrumentos e ele não terá como guiar-se somente por critérios
contínuos de análise. técnicos pré-estabelecidos.
3. A relação sócio-interacionista Para Nóvoa (1997, p.27):
A teoria do desenvolvimento intelectual de As situações conflitantes que os professores
Vygotsky, sustenta que todo conhecimento é são obrigados a enfrentar (e resolver) apresentam
construído socialmente, no âmbito das relações características únicas, exigindo portanto
humanas. Essa teoria, tem por base o características únicas: o profissional competente
desenvolvimento do indivíduo como resultado de possui capacidades de autodesenvolvimento reflexivo
um processo sócio-histórico, enfatizando o papel da (…) A lógica da racionalidade técnica opõe-se
linguagem e da aprendizagem nesse sempre ao desenvolvimento de uma práxis reflexiva.”
desenvolvimento, sendo essa teoria considerada, Os bons profissionais lançam mão de uma
histórico-social. série de estratégias não planejadas, cheias de
O conhecimento que permite o criatividade, para resolver problemas no dia-a-dia.
desenvolvimento mental se dá na relação com os Schön identifica nos bons profissionais uma
outros. Nessa perspectiva o professor constrói sua combinação de ciência, técnica e arte. É esta
formação, fortalece e enriquece seu aprendizado. dinâmica que possibilita o professor agir em
Por isso é importante ver a pessoa do professor e contextos instáveis como o da sala de aula. O
valorizar o saber de sua experiência. processo é essencialmente meta cognitivo, onde o
Para Nóvoa (1997, p.26): “A troca de professor dialoga com a realidade que lhe fala, em
experiências e a partilha de saberes consolidam reflexão permanente.

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Ora, para maior mobilização do conceito de professor é a primeira das profissões. Todas as
reflexão na formação de professores é necessário outras especialidades e habilidades técnicas só
criar condições de trabalho em equipe entre os podem existir quando há professores ensinando-as
professores. Sendo assim, isso sugere que a escola aos seus discípulos. Toda profissão precisa de
deve criar espaço para esse crescimento. professores.
Nesse sentido, Schön (1997, p. 87) nos diz Essa origem semântica, que resume o valor
que: intrínseco e original do "ser professor", está
(…) Nessa perspectiva o desenvolvimento esquecida, perdida no tempo. Hoje em dia, sobretudo
de uma prática reflexiva eficaz tem que integrar o no Brasil, profissão e professor estão separadas. Na
contexto institucional. O professor tem de se tornar lista das profissões "ideais" - aquelas que as mães
um navegador atendo à burocracia. E os sonham para seus filhos e filhas, aquelas que
responsáveis escolares que queiram encorajar os remuneram melhor, são respeitadas, conferem status
professores a tornarem-se profissionais reflexivos social e abrem as portas para o seleto e esnobe
devem criar espaços de liberdade tranqüila onde a clube da elite - não aparecem os professores. Sinais
reflexão seja possível. Estes são os dois lados da dos tempos: no sonho do jovem brasileiro, rebolar em
questão – aprender a ouvir os alunos e aprender a programa de auditório e virar craque de futebol
fazer da escola um lugar no qual seja possível ouvir figuram entre as profissões reluzentes ("Reluzem
os alunos – devem ser olhados como inseparáveis.” mas não são ouro...", professaria o profeta). Não
poderia haver deturpação maior do sentido original,
A proposta prático-reflexiva, propõe-se a
até porque esse tipo de atividade não requer
levar em conta esta série de variáveis do processo
professor. Serão mesmo profissões?
didático, seja aproveitando, seja buscando um
processo de metacognição, onde o professor Não, não são. É preciso questionar a
perceba os efeitos de sua atuação na linguagem, desconstruir alguns termos que camuflam
aprendizagem de seus alunos. a realidade, ao colocar em um mesmo saco coisas
5. Formação e Valorização tão diferentes que, no fim das contas, as palavras
acabam perdendo a força e o sentido. Nessas hora,
A real valorização do magistério precisa ter um bom exercício é voltar aos primórdios das
três alicerces sólidos: boa formação inicial, boa palavras, à língua primeira que as formou e aos seus
formação continuada e boas condições de trabalho, sentido primitivos, que nos ajudam a repensar e
salário e carreira. redimensionar nossos conceitos, mudando em
A Universidade ocupa um papel essencial, seguida a prática.
mas não o único, para a formação do professor. Ás
O que é ter uma profissão? O que é ser
universidades cabe o papel de oferecer o potencial
professor? Ambas as palavras derivam do latim
físico, humano e pedagógico para a formação
professum, que por sua vez vem do verbo profitēri:
acontecer no melhor nível de qualidade.
"declarar perante um magistrado, fazer uma
Não é raro encontrarmos profissionais que declaração, manifestar-se; declarar em alto e bom
responsabilizam a instituição pelo desajuste entre som, afirmar, assegurar, prometer, protestar, obrigar-
as informações recebidas e sua aplicabilidade. A se, confessar, mostrar, dar a conhecer, ensinar, ser
formação só será completa quando esses professor" (Houaiss).
profissionais se auto produzirem. Nóvoa (S/D) diz:
“Os professores têm de se assumir como São muitos significados convergindo para um
produtores da sua profissão.” só sentido: professar é algo grave, importante, que
requer iniciativa, responsabilidade e segurança. Eis
O desenvolvimento profissional aí resgatada a nobreza do compromisso com a
corresponde ao curso superior somado ao profissão: ser professor é "obrigar-se", ou seja,
conhecimento acumulado ao longo da vida. Uma imbuir-se intimamente neste papel afirmativo e de
boa graduação é necessária, mas não basta, é liderança. A maioria dos verbos que o descrevem
essencial atualizar-se sempre, isso remete a envolvem também a comunicação. Isto quer dizer
necessidade da formação continuada no processo que professar não é ação solitária, isolada ou
da atuação profissional, ou seja, há a necessidade introspectiva. Requer o outro, direciona-se a alguém,
da construção do saber, no processo de atuação só faz sentido porque existe o aluno.
profissional.
Em latim, alumnus era "criança de peito,
A valorização e melhor remuneração que o
lactente, menino, aluno, discípulo", palavra derivada
profissional docente almeja, depende em boa parte
do verbo alěre, que significava "fazer aumentar,
de formação e atuação profissional.
crescer, desenvolver, nutrir, alimentar, criar,
Profissão: professor sustentar, produzir, fortalecer etc.". Novamente, as
origens nos lembram com quem estamos lidando e a
A primeira profissão
importância da nossa missão. Os alunos, que tantas
Já reparou como as palavras profissão e vezes definimos como "pestes", indisciplinados,
professor se parecem? Elas nasceram da mesma dispersos, bagunceiros, desinteressados ou
raiz etimológica, o que faz todo o sentido: o limitados, antes de todos esses adjetivos são

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
simplesmente crianças e adolescentes, indivíduos assunto menor, ou no máximo um assunto para ser
em formação, cujo crescimento será marcado por resolvido em casa, e apenas pelas famílias que
nossa intervenção. Somos responsáveis por tinham condições. Não havia a preocupação com a
"alimentar", "sustentar" e "fortalecer" essas formação das crianças desde cedo, pois elas não
pessoas. Palavras poderosas, bem adequadas às eram consideradas cidadãos. O ensino formal
transformações que um bom professor é capaz de começava apenas mais tarde, e privilegiando, é claro,
operar. As dificuldades que porventura surgirem (e os meninos.
sempre surgem) não podem nos afastar da missão
Também é curioso ver a definição diretor
primordial de contribuir para o desenvolvimento dos
associada a pedagogo. Estamos habituados a
alunos.
chamar de diretor apenas aquele que é responsável
Missão nobre mas árdua, sem dúvida. pela escola ou instituição educativa. O uso da palavra
Ninguém pode dizer que é fácil a vida do professor, resumiu-se, portanto, a um conceito estritamente
seja ele professador, profitente, preceptor, docente, trabalhista, ou seja, ao nome de um cargo e de uma
mestre, pedagogo, diretor. Estes são sinônimos que função designados pelo Estado. O significado
se cruzam nas várias definições do ofício de educativo de diretor, no entanto, é muito mais rico e
educar, mas que apontam para origens diversas: merece ser resgatado. Diretor é quem dirige ou,
como define o dicionário, quem "orienta,
Professor s.m. - 1. aquele que professa
fundamenta", o "norteador". Assim o título ganha em
uma crença, uma religião; 2. aquele cuja profissão é
abrangência, pode ser invocado por todo e qualquer
dar aulas em escola, colégio ou universidade;
educador que oriente os seus alunos, indicando-lhes
docente, mestre; 2.1. aquele que dá aulas sobre
o "norte", o rumo, a direção a se tomada.
algum assunto; 2.2. p. ext. aquele que transmite
algum ensinamento a outra pessoa; 3. aquele que Ensinar é ensignar
tem diploma de algum curso que forma professores
Em comum, no meio de tantas ideias e
(como o normal, alguns cursos universitários, o
associações, sobressai uma ação: ensinar. Professor
curso de licenciatura etc.); 4. fig. indivíduo muito
é quem ensina. E o que é ensinar?
versado ou perito em alguma coisa; adj. 5. que
professa; profitente; 6. que exerce a função de Ensinar v. 1. repassar (a alguém)
ensinar ou tem diploma ou título de professor. ensinamentos sobre (algo) ou sobre como fazer
(algo); doutrinar, lecionar. 1.1. p. ext. transmitir
Docente adj. 2g. 1. referente ao ensino
experiência prática a; instruir (alguém) por meio de
ou àquele que ensina. Do latim docēre,
exemplos; 1.2. tornar (algo) conhecido, familiar (a
"ensinar".
alguém); fazer ficar sabendo; 1.3. dar lições a,
Mestre s.m. - 1. pessoa dotada de instruir; 1.4. mostrar a alguém as consequências
excepcional saber, competência, talento em ruins de seus atos; 2. mostrar com precisão, indicar.
qualquer ciência ou arte; 2. indivíduo que ensina,
Eis uma palavra que poderia ter infinitas
que dá aulas em estabelecimento escolar, ou
definições, ganhar um dicionário só para ela. As que
particularmente. Do latim magĭster, "o que manda,
estão aí em cima sugerem princípios interessantes.
dirige, ordena, guia, conduz. [Têm a mesma origem
Por exemplo, a necessidade de trabalhar
as palavras maestro, magistratura, magistral...]
experiências práticas, seja para exemplificar um
Pedagogo s.m. - 1. escravo que conteúdo, seja como objetivo mesmo da Educação:
acompanhava as crianças à escola; 2. pessoa que ensinar para a vivência cotidiana, concreta, e não
emprega a pedagogia, que ensina; 3. aquele que ficar preso a abstrações e teorias distantes da
tem a prática de ensinar. Do grego paidagōgós, realidade. Outro exemplo: discutir as possíveis
"escravo encarregado de conduzir as crianças à consequências negativas dos nossos atos, o que
escola; preceptor de crianças, pedagogo", pelo significa educar para a cidadania, falar das relações
latim paedagōgus, "o que dirige meninos, aio, sociais, das responsabilidades de cada um para com
pedagogo, preceptor, mestre, diretor". o grupo (família, turma, escola, cidade, país), de
direitos e deveres.
Preceptor adj. s.m. - 2. que ou aquele
que dá preceitos ou instruções, educador, mentor, Tudo isso está contido, por definição, no ato
instrutor. Do latim praecēptor, "o que lança mão de de ensinar. Mas já vimos que nem sempre a
algo antecipadamente, o que ordena, instrui, realidade casa bem com a definição. Sobretudo
mestre". quando se fala em "ensinar". Este verbo terá tantas
definições diferentes quantos forem os professores e
Quantos sentidos diferentes, e até mesmo
professoras do Brasil, multiplicados pelo números de
contraditórios, pode conter uma mesma palavra!
turmas e alunos que interagem com eles. Não existe
Quem diria que pedagogo, na Grécia uma fórmula única, uma maneira "correta" de educar
Antiga, era o escravo que acompanhava as que possa ser reproduzida por todos os professores
crianças, ou uma espécie de preceptor, de aio e escolas. E isto implica em uma responsabilidade
encarregado apenas pela educação doméstica das ainda maior: cabem a cada um de nós as soluções
crianças de famílias nobres ou ricas! Isto mostra próprias para cada situação e a consciência de
como a educação de crianças era considerada um estarmos fazendo o melhor.
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
O segredo está na origem de ensinar: a ANOTAÇÕES
palavra latina insignīre, que quer dizer "por uma
__________________________________________
marca, distinguir, assinalar". É a mesma origem de
"signo", de "significado". Nossa missão é nada __________________________________________
menos do que isso: apontar o significado das
__________________________________________
coisas, assinalar o que julgamos importante,
marcante, distinto. Para isso é necessário __________________________________________
selecionar, escolher, julgar segundo critérios
__________________________________________
subjetivos. Quando ensino algo, por mais que seja
apenas um conteúdo do currículo tradicional, estão __________________________________________
embutidos na minha forma de ensinar os meus
__________________________________________
valores culturais, morais, éticos, a minha
capacidade de interpretar os signos e de me __________________________________________
comunicar. Para além do que digo ou escrevo, meu
__________________________________________
ato de ensinar inclui também o meu
comportamento, minha maneira de ser, pensar e __________________________________________
agir, até mesmo fora da escola. Ser professor
__________________________________________
refere-se também, e sobretudo, ao exemplo que se
dá. Mais do que "transmitir saberes", ensinar é __________________________________________
ensignar: emitir novos signos, que os alunos
__________________________________________
recebem, interpretam, digerem e levam vida afora.
__________________________________________
Aí está a nossa grandeza e o nosso
heroísmo: desempenhar uma das mais relevantes __________________________________________
missões humanas sob as mais adversas condições
__________________________________________
sociais. Há de se concordar com o que diz o
escritor José Saramago sobre os professores: "São __________________________________________
os heróis do nosso tempo".
__________________________________________
Portanto, eis aí o que somos:
__________________________________________
Herói s.m. do grego herōs, "chefe, nobre;
__________________________________________
semideus; herói, mortal elevado à classe dos
semideuses", pelo latim hēros, "semideus, filho de __________________________________________
um deus ou de uma deusa, homem célebre". __________________________________________
Nossa autoestima merece! __________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
sabor do conhecimento, aprendendo a degustá-lo
segundo Rubem Alves, procurando novas visões
sobre os mais variados temas, apresentando uma
Professor como pesquisador: o enfoque da maneira própria de compreender a realidade e
pesquisa-ação na prática docente. PEREIRA, fazendo seu próprio questionamento, a fim de chegar
Elisabete Monteiro de Aguiar. In: GERALDI, Corinta à elaboração da própria visão sobre as questões
M.; FIORENTINI, Dario; PEREIRA, Elisabete M. de cotidianas.
Aguiar. Cartografias do trabalho docente.
Campinas: Mercado das Letras, 2003. Esse movimento "é importante por se
caracterizar como uma contraposição à visão do
A pesquisa-ação descrita por Pereira (2003, professor como simples reprodutor e executor de
p. 153-154) constitui-se atualmente como um conhecimentos, e a notoriedade que John Elliott
movimento bastante difundido em alguns países, assumiu, como defensor dessa postura, nos fez
também vem tomando corpo no Brasil à perspectiva tomá-lo em consideração para um estudo de sua
do professor como pesquisador, com maior defesa, ao tornar visível o papel de pesquisador,
consistência nos movimentos de reestruturação dos sobre sua prática, que o professor desempenha".
cursos de formação de professores e de educação (idem, 2003, p. 154.)
continuada, com a preocupação de preparar o
profissional que pesquisa a sua prática. O professor enquanto pesquisador não deve
concentrar-se apenas na produção de conhecimento
A educação vem sofrendo uma grande a partir dos problemas vividos no dia-a-dia da sala de
transformação nos processos de ensino- aula, não pode abrir mão do campo teórico e
aprendizagem, com reflexos na prática pedagógica. científico, por meio da pesquisa-ação deve
Esse novo contexto imposto pela hegemonia desenvolver e colocar em contato o aluno com as
capitalista promoveu inúmeras mudanças na teorias, a estrutura do trabalho científico, a
sociedade e nas formas de relacionamento preocupação com metodologia e propiciar à
humano, isto requer novas competências e formulação de uma posição autêntica e independente
habilidades, surgindo novas necessidades, uma fundamentada elaboração de um trabalho próprio.
nova relação entre professores e alunos. A
modificação no processo ensino-aprendizagem, Para Elliott o movimento de reforma curricular
nesses novos tempos, exige novos papéis do estavam implícitas novas concepções de
professor e do aluno no âmbito da sala de aula e aprendizagem, ensino e avaliação, considerando-se
fora dela. as suas experiências na secondary modern schools
em 1962. Estas escolas buscaram dar um novo
A prática pedagógica deixa de ser baseada sentido à educação desses alunos, a partir de um
na figura do professor transmissor de informações e processo de reforma curricular, criando um novo de
o aluno receptor e passa para um novo paradigma currículo que ficou conhecido como "escolas
baseado no professor orientador e pelo aluno inovadoras". "Seus professores desejavam
pesquisador. O novo paradigma pedagógico passa estabelecer relação entre as matérias e as
a constituir um grande desafio, exigindo o experiências cotidianas dos alunos e empreenderam
envolvimento entre professor e aluno na construção uma reforma curricular centrada no ensino das
do conhecimento científico. matérias de humanidades, línguas, história, geografia
e religião (matérias desvalorizadas pelos alunos e por
O pensamento de Elliott (idem, 2003, p.
seus pais, como não importantes para o mundo do
154) procura mostrar a importância "dos
formadores de professores e para os professores trabalho)." (Idem, 2003, p. 156).
(que ele chama de práticos), a dimensão da Nessa linha de raciocínio podemos fazer uma
pesquisa-ação como meio de produzir referência, principalmente, ainda muito presente na
conhecimento sobre os problemas vividos pelo educação brasileira nesse início de um novo século,
profissional, com vista a atingir uma melhora da o posicionamento de alguns pais que querem ver
situação, de si mesmo e da sociedade". seus filhos se formarem "doutores" tendo como
Entendo que a formação do professor escolha profissional os cursos de medicina, direito e
(práticos, segundo Elliott) deve ter como premissa a engenharia, capaz de colocar os seus filhos no
mundo do trabalho. Outro fato que podemos salientar
pesquisa-ação como parte integrante de todo
são os cursos de caráter tecnológicos preocupados
processo que busque a emancipação e a
com a prática profissional, desprezando disciplinas
autonomia tanto do professor como do aluno, capaz
de formar ambos os sujeitos auto-suficientes, ligadas às humanidades, línguas, história etc. ou
críticos e autocríticos. Para que isso ocorra com qualquer currículo que procure trabalhar com teorias
eficácia, a pesquisa-ação exige criatividade, diálogo e postulações que não estejam ligadas a prática.
com a realidade, disciplina, compromisso e Para Elliott o importante não são as
comprometimento do corpo docente e discente. aplicações de teoria educativa aprendida no mundo
acadêmico, mas produções teóricas derivadas das
A função do professor e aluno em sala de
aula passa pela motivação da pesquisa, abrindo a tentativas para mudar a prática curricular na escola.
mente para a atenção à riqueza da discussão e o Assim, a teoria se deriva da prática e se constitui em

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
um conjunto de abstrações efetuadas a partir dela. específico para atender alunos de classes mais
(Idem, 2003, p. 157). pobres. Stenhouse enfatiza, no Humanities Project,
"uma idéia de currículo como especificação de
Um professor pesquisador é acima de tudo
princípios para levar à prática um conjunto de valores
um agente socializador de conhecimento, devendo
que definem um processo educativo". (Idem, p. 159).
agir como um mediador entre a relação
epistemológica do saber, o aluno e a disciplina de Stenhouse acreditava que se o currículo é o
estudo. O professor deve ter um desenvolvimento meio através do qual se comprovam e se
profissional diferente do domínio de especialistas desenvolvem as idéias educativas, o papel do
das matérias na qual foi formado e atua. professor é fundamental na constituição da teoria.
Baseado nessa concepção, tirou sua idéia "agora
O professor deve adquirir uma nova postura
famosa de professor como pesquisador". (Idem).
diferente além de especialista para que a
interdisciplinaridade e o método de trabalhar para O professor como pesquisador deve estar
que tenha um resultado diferente do tradicional. O aberto e ouvir a turma e assumir o papel de aprendiz,
aluno precisa desenvolver uma formação que lhe entendendo que quem mais precisa aprender é
forneça os meios teóricos e práticos para ser um aquele que ensina, ou seja, aprender a aprender.
pesquisador e que possa alcançar a autonomia Quando o professor está aberto para aprender
acadêmica. continuamente, deixa de se comportar como dono da
verdade, mas infelizmente a prática pedagógica na
A pesquisa-ação cria condições para o
sala de aula, no Brasil, caminha no sentido oposto.
professor se tornar um pesquisador por meio do
Os alunos continuam recebendo, na sua maioria,
desenvolvimento da capacidade de trabalhar
uma formação com uma relação de pouca
cientificamente os conteúdos de sua matéria;
autonomia, sendo negado a eles o conhecimento
conhecer as epistemologias da educação, do
investigativo. O ensino terá maior eficácia e eficiência
ensino e da aprendizagem que são a base que
quando o professor deixar de se colocar como
ligam a teoria à prática; desenvolvendo a
autoridade máxima e cujo conhecimento passado por
capacidade de observar e questionar a realidade;
ele não pode ser contestado.
dominar modos de aperfeiçoar continuamente o
processo de conhecimento da realidade, As diferenças apresentadas por Stanhouse e
capacitando-se a produzir conhecimentos novos as observações e os conhecimentos adquiridos em
com base em sua prática. diversos cursos na área pedagógica, corroboradas
pela leitura de diversos autores que tratam do
Não se pode falar em professor-
assunto, noto que a uma preocupação, mais recente,
pesquisador sem a citação da contribuição de
na formação e capacitação dos professores pelas
Lawrence Stenhouse a prática curricular reflexiva,
instituições de ensino superior. Entendo, a partir do
explorando os princípios que norteiam a relação
texto, que vem ocorrendo um esforço para uma
entre ensino e pesquisa, utilizando a investigação
tendência de superação da racionalidade técnica,
como recurso didático, técnica e os conhecimentos
segundo o qual o professor competente é aquele
profissionais, cabendo ao professor assumir uma
capaz de solucionar problemas, através da aplicação
postura investigativa do cotidiano e transformar a
sistemática de teorias e procedimentos científicos.
sala de aula em objeto de pesquisa.
Substituindo-se pela prática reflexiva.
Em 1967, cinco anos após o início de
De acordo com Pereira (2003, p. 159):
reforma curricular nas secondary modern schools, é
constituído na Inglaterra um Conselho de Escola O Humanities Projet tinha como base um
para respaldar a reforma nas áreas do currículo e modelo oposto ao existente no campo curricular
dos exames, com prioridade para os alunos de inglês dos anos 60, ele tinha como base o "modelo
capacidade escolar "média" ou "inferior" nas de processo", que se contrapunha ao modelo em
matérias de humanidades, sob a direção de curso, baseado em objetivos com especificações
Lawrence Stenhouse, Um projeto intitulado precisas sobre os resultados da aprendizagem.
"Humanities Curriculum Project" que pretendeu Stenhouse sempre se colocou contra a racionalidade
explorar os princípios que informam a relação entre técnica no planejamento curricular, acreditando que
ensino e pesquisa. (Idem, 2003, p. 158). esta era antieducativa, e propôs a alternativa do
modelo de processo ao modelo de objetivos, para ele
Nesse sentido a escola deve promover uma
currículo é aquilo que ocorre em aula e não um
profunda reavaliação de seus currículos e sobre as
projeto anterior.
competências que o professor deve ter para
ensinar, incluindo nesse novo perfil uma postura Entendo que as possibilidades de mudanças
reflexiva, ou seja, a capacidade de analisar a na racionalidade prática para a racionalidade
própria prática e a partir dessa análise efetuar reflexiva, repensando a epistemologia da prática, se
ajustes e melhorias no seu trabalho na sala de aula. em grande parte pela própria dinâmica das
mudanças que vem ocorrendo na sociedade
Elliott ajudou Stenhouse a sistematizar e
contemporânea, exigindo do professor a
desenvolver o novo projeto curricular nas secondary
fundamentação na reflexão a partir de situações
schools criou e pôs em prática um currículo
concretas.
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Segundo Pereira (2003, p. 159-160): quando se refere à realização de um ideal de vida e à
atualização de valores éticos, já poesis tem como
A racionalidade técnica está relacionada ao
referência um conjunto de procedimentos operativos
processo de transmissão de informação, e o
para produzir conseqüências qualificadas e
currículo desenvolvido pelo modelo de processo é
especificadas previamente. Portanto, práxis é a forma
relativo às estruturas de conhecimento que
de atualizar nossos ideais e valores em uma forma
solicitam uma atitude reflexiva perante a natureza
apropriada de ação, constituindo-se uma forma
discutível e problemática das situações humanas.
sempre inacabada que requer uma contínua reflexão.
Baseando-se nesses fundamentos, a proposta de
Para Stenhouse Elliott é forma de interação entre o
currículo de Stenhouse se organizou em forma de
conhecer (a teoria) e o fazer (a prática).
princípios que levassem a procedimentos
valorativos e que induzissem os alunos a processos Ao tratarmos da pesquisa-ação não se pode
de desenvolvimento das próprias pontecialidades deixar de referenciar Lewin, juntamente com
de compreensão. Stenhouse e Elliott. Porém para Lewin a pesquisa-
ação tinha seu foco central na área das Ciências
Tomo como base a minha busca por uma
Sociais, já para Stenhouse e Elliott a pesquisas-ação
formação como professor centrado na investigação
tinham seu eixo central às mudanças feitas no campo
do meu trabalho em sala de aula e na escola.
educacional, a partir daí a constituiu-se, hoje, um
Encaro essa nova maneira de conceber a formação
movimento bastante difundido, creditando enorme
docente baseado na idéia de que o professor deve
importância e influência em projetos de formação de
desenvolver a capacidade de refletir sobre a sua
professores.
prática docente, de modo a tornar explícitos os
saberes tácitos, provenientes de sua experiência Stenhouse e Elliott trabalharam juntos, como
profissional e de vida. colaboradores, no projeto conhecido como
Humanities Curriculum Project, que visava uma
Assim, não basta investigar a própria
reforma curricular com participação efetiva dos
prática. É preciso melhorar tanto suas qualidades
professores, esse projeto foi um marco na história da
internas, como as condições em que ela ocorre.
prática pedagógica, pois originou o movimento dos
Essa melhoria das situações sociais, reais,
professores como pesquisadores do seu próprio
conflitivas e confusas se constitui num dos pilares
cotidiano em sala de aula, caracterizado por ser uma
da pesquisa-ação, desde a sua concepção. Como
contraposição à visão do professor técnico e
define Lewin (1946): "É um tipo de pesquisa de
reprodutor de conhecimentos (PEREIRA, 2003).
ação, uma pesquisa comparativa acerca das
condições e resultados de diversas formas de ação Segundo Stenhouse seria impossível
social, é pesquisa que leva à ação social. Pesquisa produzir o desenvolvimento do currículo sem o
que produza apenas livros não será o bastante" (p. desenvolvimento do professor, porque a mudança
217). Stenhouse (1998) reforça essa idéia ao curricular satisfatória irá depender da aquisição das
distinguir a pesquisa pura da pesquisa-ação, capacidades de auto-análise e reflexão dos
caracterizando esta última, por atrelar a produção professores, ou seja, depende da capacidade do
de conhecimento à obrigação de beneficiar pessoas professor-pesquisador de investigar sua própria
que não pertencem à comunidade científica. A atuação. (Idem).
pesquisa-ação na formação inicial de professores:
Essa relação que Stenhouse estabelece
elementos para a reflexão. JORDÃO, Rosana dos
entre o currículo, a pesquisa-ação e o
Santos – FEUSP GT: Formação de Professores/n.
desenvolvimento profissional do professor é
8, p. 9.
compartilhada com Elliott, que define a investigação-
A pesquisa-ação está intimamente ligada à ação como o estudo de uma situação social,
prática reflexiva, pois a experiência prática refletida conduzido para melhorar a qualidade das ações que
tem um grande valor formativo para o professor, nela se desenvolvem (Elliott, 2000).
tendo os alunos como sujeitos capazes de
Para ele, o objetivo fundamental da
compreenderem a realidade, portanto, aprendem
investigação-ação é melhorar a prática e a partir dela,
mais ativamente quando estão inseridos nesse
gerar conhecimentos, cuja produção e utilização são
processo. O professor deve o impulso para a
subordinados a esse objetivo. Esse processo
formação e o desejo de resolver os problemas
acontece em grupos, nos quais as pessoas partilham
encontrados na prática cotidiana em sala de aula.
seus valores visando modificar as circunstâncias em
Deve-se entender que a pesquisa-ação apresenta
que se encontram, bem como a si próprias. Ocorre,
um grande potencial para estimular a prática
nesses grupos, a investigação reflexiva da própria
reflexiva capaz de estruturar os saberes que dela
prática e do processo de investigação sobre ela
resultarem.
(Pereira, 2001) apud A pesquisa-ação na formação
De acordo com Pereira (2003, p. 160) há inicial de professores: elementos para a reflexão.
uma distinção entre currículo concebido como JORDÃO, Rosana dos Santos – FEUSP GT:
processo e o currículo como racionalidade técnica, Formação de Professores/n. 8, p. 9.
e de acordo Elliott, isso reflete a distinção de
Vale ressaltar, ainda, que Elliott (1983; 1993)
Aristóteles entre poesis e praxis. Entendendo práxis
apud (PEREIRA; 2003, p. 165-166) atribuía duas
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
dimensões importantes à reflexão feita na pesquisa- para as quais tinham que desenvolver a prática dos
ação, a ética e a filosófica, o que a torna muito princípios pedagógicos.
diferente da reflexão pautada na racionalidade
Para iniciarmos análise das características da
técnica, que versa sobre os meios para se atingir os
pesquisa-ação devemos destacar que a expressão
fins.
pesquisa-ação não é nova no cenário das ciências
A pesquisa-ação trata da escolha de um Sociais. Kurt Lewin a usou pela primeira vez nos
plano de ação para levar à prática os próprios anos de 1940, e o que caracteriza seu aspecto
valores, portanto reveste-se de um caráter ético. inovador é o caráter participativo, o impulso
Mas como a ação ética supõe a interpretação dos democrático e a contribuição à mudança social. Para
valores que serão traduzidos na prática, a reflexão ele a concepção da pesquisa-ação está
sobre os meios não pode se separar da reflexão fundamentada no posicionamento realista da ação,
sobre os fins, de modo que a reflexão ética tem sempre seguida por uma reflexão autocrítica objetiva
uma dimensão filosófica. (Idem) e uma avaliação de resultados: "Nem ação sem
investigação nem investigação sem ação"
Elliott denomina essa reflexão de "filosofia
(SERRANO, 1990, p. 35. In: PEREIRA, 2003, p. 162).
da prática", que é importante, porque permite às
pessoas compreenderem o papel da crítica reflexiva Para Sommer (2005, p. 5):
e o valor da prática na melhoria da ação,
O educador inglês John Elliot, professor na
capacitando o professor-pesquisador a reestruturar
Universidade de East Anglia e diretor do Centro de
continuamente os seus valores e crenças,
Pesquisa Aplicada à Educação, em Norwich, na
compreendendo os problemas e as possibilidades
Inglaterra, entende pesquisa-ação como 'meio de
práticas.
produzir conhecimento sobre os problemas vividos
O pensamento de Stenhouse sobre as pelo profissional, com vista a atingir uma melhora da
práticas sociais está embasado no pensamento situação, de si mesmo e da coletividade'. Na
aristotélico, quando vê a implementação da verdade, Elliot seguiu as idéias de Lawrence
racionalidade técnica em todas as áreas da vida Stenhouse, também educador inglês, segundo as
social põe em risco valores humanos fundamentais. quais o professor deve ser reconhecido um produtor
(Idem) de conhecimentos sobre as situações vividas em sua
prática docente.
Segundo Elliott apud (PEREIRA, 2003, p.
160): Segundo Pereira (2003, p. 162) tanto para
Elliott, como para outros autores que tomam a
Mais que qualquer outro teórico
pesquisa-ação como base para a melhora da ação
contemporâneo da educação, Stenhouse captou a
prática, a característica mais marcante dessa
significação pedagógica da consideração da
abordagem é determinada por um processo que se
educação como uma forma de práxis em vez de
modifica continuamente em espirais de reflexão e
como processo técnico. Para Stenhouse não é
ação, na qual cada espiral tem de ter incluída no
possível produzir desenvolvimento do currículo sem
processo os seguintes aspectos:
desenvolvimento do professor, o que significa que
os currículos não são simplesmente meios de Aclarar e diagnosticar uma situação prática
instrução para melhorar o ensino, mas expressões ou um problema prático que se quer melhorar ou
de idéias para a melhora dos professores. resolver;Formular estratégias de ação;Desenvolver
essas estratégias e avaliar sua eficiência;Ampliar a
Stanhouse acreditava na premissa que a
compreensão da nova situação (situação
melhora dos professores determinava maiores
resultante);Proceder os mesmos passos para a nova
benefícios ao ensino e aos alunos. Por isso é
situação prática.
fundamental a idéia dos professores como
pesquisadores sobre o desenvolvimento do A pesquisa-ação é, aqui, entendida por mim
currículo. Esse processo de construção do currículo como uma alternativa epistemológica que orienta o
exige do professor conhecimentos, sensibilidade, desenvolvimento do currículo no contexto da sala de
capacidade de reflexão e dedicação profissional, aula, o lugar onde o professor-pesquisador trata do
desde que o processo ensino-aprendizagem seja contexto da aprendizagem sob o viés da prática.
adequado ao ritmo e às peculiaridades de cada Essa perspectiva do professor como pesquisador, no
aluno. Brasil, de acordo com Pereira (2003, p. 154) tomando
corpo com os movimentos de reestruturação dos
A idéia de Stenhouse era a de que os
cursos de formação dos professores e de educação
professores deviam modificar suas práticas à luz de
continuada, com a finalidade de preparar o
suas próprias reflexões. Tanto Elliott quanto
profissional na pesquisa de sua prática. E foi
Stenhouse estavam comprometidos com a idéia de
exatamente dessa forma que a pesquisa-ação
que a mudança curricular satisfatória dependeria do
também passou a merecer espaço nos cursos de
desenvolvimento das capacidades de auto-análise
pedagogia, podemos citar como exemplo a Univali a
e reflexão dos professores. Por conseguinte, o fator
partir de um Programa de Formação Continuada para
de maior importância era estimular a sensibilidade
os Professores no Cehcom, em fevereiro de 2003.
dos professores a respeito dos contextos concretos
Tratava-se de uma oportunidade para os docentes
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
refletirem sobre os seus conhecimentos e saberes precisa desenvolver-se primeiro para depois
e, conseqüentemente, as suas práticas implementar o currículo.
pedagógicas. (SOMMER, 2005, p.15).
Acredito que para a pesquisa-ação traga
Para Pereira (2003, p. 163): resultados melhores na qualidade do ensino, o
processo deve ser fundamentado no diálogo aberto,
Com diferentes ênfases, a pesquisa-ação
constante e interativo entre professor/aluno,
pretende, ao mesmo tempo, conhecer e atuar. Ao
aluno/professor e ainda aluno/aluno. Creio que cabe
invés de limitar-se a utilizar um saber existente,
aqui salientar que esse processo pode associar-se
como no caso da pesquisa aplicada, a pesquisa-
aos ensinamentos transmitidos pelo professor Paulo
ação procura uma mudança no contexto concreto e
Freire, segundo os quais, professor e alunos devem
estuda as condições e os resultados da experiência
saber que a postura deles deve ser aberta,
efetuada. É importante deixar mais evidente que o
indagadora e não passiva.
objetivo da pesquisa-ação não é simplesmente
resolver um problema prático da melhor forma, Antes de qualquer tentativa de discussão de
mas, pelo delineamento do problema, pretende técnicas, de materiais, de métodos para uma aula
compreender e melhorar a atividade educativa. Ela dinâmica assim, é preciso, indispensável mesmo, que
está, portanto, preocupada com a mudança da o professor se ache "repousado" no saber de que a
situação e não só com sua interpretação. pedra fundamental é a curiosidade do ser humano. É
ela que me faz perguntar, conhecer, atuar, mais
De acordo com Pereira (2003, p. 164) para
perguntar, re-conhecer." (FREIRE, 1986, p. 86).
Elliott, as características mais importantes da
pesquisa-ação podem ser apresentadas da A pesquisa-ação serve como instrumento de
seguinte forma: crescimento e aperfeiçoamento pessoal e profissional
tanto do professor quando do aluno. A partir dessa
A estratégia deve estar associada à
experiência, podem o professor e o aluno construir
formação das pessoas envolvidas nela;Focar as
juntos um trabalho, sustentados por um processo
atuações históricas e situações sociais que são
contínuo de reflexão e questionamento sobre
percebidas pelos professores como problemáticas e
caminhos a seguir, obstáculos a serem
passíveis de mudanças;Compreender o que está
ultrapassados, dúvidas a responder e
ocorrendo a partir da perspectiva de todos os
encaminhamentos a dar, acredito que o processo de
implicados no processo: direção, coordenadores,
ensino-aprendizado torna-se mais integrado,
professores, alunos, pais, entre ouros.Reestruturar
completo e eficaz.
discursivamente as contingências da situação e
determinar quais as inter-relações entre as E é nesse sentido que a pesquisa-ação
mesmas. possibilita ao professor reconhecer-se como
pesquisador, questionando e dinamizando a sua
Então de acordo com Pereira (2003, p.166)
própria prática pedagógica. Também ao aluno que,
pode-se definir pesquisa-ação como o estudo de
inserido num contexto acadêmico sustentado pela
uma situação social como mecanismo para
investigação e pela intervenção, torna-se mais ativo,
melhorar a qualidade da ação que nela intervém. O
participativo, por conseguinte, mais apto
objetivo da pesquisa-ação é propiciar elementos
profissionalmente.
que sirvam para facilitar o juízo prático em
situações concretas e a legitimidade das teorias e Atuo como professor há 17 anos e tendo
hipóteses que ela gera, desvinculada de provas como base o meu trabalho cotidiano em sala de aula
científicas de verdade, "mas deve ser considerada procuro encontrar caminhos teórico-práticos mais
sua utilidade para ajudar os professores a atuar de adequados ao currículo, sempre coloco os alunos
modo mais inteligente e acertado. Na pesquisa- como sujeitos ativos desse processo.
ação as teorias não se validam de forma
independente para aplicá-las logo mais à prática, Também busco partilhar com eles suas impressões,
senão através da prática" (Idem). suas inquietações, seus desejos, também procuro
após cada vivência refletir a respeito de tudo, analisar
Ainda segundo Pereira (2003, p. 167):
os resultados.
A pesquisa-ação unifica processos
Nesse processo acredito que o professor e
considerados muitas vezes independentes, como o
os alunos são partes integrantes e indissociáveis,
ensino, a avaliação, a pesquisa, o desenvolvimento
portanto, procuro estabelecer novos parâmetros de
profissional. Integra ensino e desenvolvimento do
atuação, sempre respeitando as especificidades de
currículo e avaliação, pesquisa e reflexão filosófica
cada um, em prol de um objetivo comum – melhorar
em uma concepção holística de prática reflexiva
a qualidade daquilo que ensino e o que os alunos
educativa. Da perspectiva da pesquisa-ação, o
aprendem.
aperfeiçoamento do ensino e desenvolvimento do
professor constituem dimensões do Para Pereira (2003, p. 172):
desenvolvimento do currículo, e o desenvolvimento
Quanto à relação entre pesquisadores
do currículo constitui, em si mesmo, um processo
externos e os professores, Elliott reconhece ser este
de desenvolvimento do professor. O professor não
um problema persistente, enquanto os estilos de
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
pesquisas se embasarem em diferentes conjuntos facilitador aceita resultados divergentes e estimula as
de cresças e suposições. Aponta que uma das expressões de individualidade na tomada de
circunstâncias que reforça a separação entre decisões.
pesquisadores externos e professores é a de ver o
Essas discussões devem envolver questões
pesquisador externo como especialista não
fundamentais de ordem doutrinária, indo a fundo à
comprometido com as práticas educativas e, os
questão educacional. Essas questões devem
professores, somente como aplicadores de
contemplar, por exemplo; Por que resolvi ser
conhecimento, por não possuírem as características
professor? Qual o sentido daquilo que me proponho a
próprias para a pesquisa, isto é, o domínio de
ensinar? Qual a utilidade disso para os alunos e a
métodos e técnicas.
sociedade? Que tipo de aluno, cidadão eu pretendo
Elliott após discorrer sobre vários conceitos ajudar a formar? A avaliação não deve começar por
a respeito das relações entre agentes internos e uma auto-avaliação do educador? O que
externos no processo de pesquisa-ação, de pretendemos avaliar, afinal? O nosso aluno ou o
maneira especial sobre o modelo positivista e o nosso trabalho? Ou nenhum dos dois?
teórico crítico. Para ele o seu conceito de pesquisa
De acordo com Pereira (2003, p. 174) a
deve ser desenvolvido na sua totalidade, "a partir
cultura tradicional do professor é pautada pelo
da prática social". (Idem)
conhecimento artesanal que ele tem, baseada no
Apesar de todo avanço das pesquisas em "saber como fazer". Geralmente o seu conhecimento
educação, da ciência e da tecnologia empregadas, é organizado por meio do ensaio e erro e transmitido
hoje, na sala de aula, nossas aulas mais se por um conjunto de normas de conduta comum
assemelham a modelos do início do século XX, passadas por professores experientes, como algo
tendo ainda como instrumento metodológico que se passa de pai para filho.
dominante à exposição, a reprodução e a
É necessário e sem demora no Brasil a
recompensa.
implementação da cultura reflexiva, pois ela
Noto que a escola da forma como está representa à criação de uma nova postura em face
organizada, não apresenta um correto significado das situações educativas brasileiras, afastando da
aos alunos, gerando abandono, desmotivação e sala de aula as práticas tradicionais que não
mesmo rebeldia que acaba se manifestando, entre apresentaram mais respostas frente aos problemas
outras coisas, na indisciplina e agressividade física impostos pela nova realidade e não atendem mais
e moral por parte dos alunos. aos anseios dos alunos.
Qual a resposta que a escola vem dando a A educação tem a sua atividade fim definida
isso? Vem acentuando ações que reprimem e como agente de preparação dos alunos para o
ampliam os recursos disciplinares. Pior, atribui exercício da cidadania, cabendo à escola promover
esses problemas a fatores externos a escola, tais conhecimentos, habilidades, valores, atitudes, formas
como, o desequilíbrio familiar, o estado prematuro de pensar e atuar na sociedade através de uma
dos alunos, ou a falta de interesse do aluno em aprendizagem que seja transformacional, ou seja,
estudar, somado aos inúmeros problemas de emancipadora, participativa e coletiva.
aprendizagem.
Pereira (2003, p. 175) que enfatiza que Elliott
Em geral, isto vem se agravando por falta "vê uma diferença em grau entre cultura reflexiva e o
de conhecimento pedagógico dos gestores das conhecimento profissional. O conhecimento
instituições escolares que estão mais preocupados profissional é em grande medida um processo tácito
com a empresa do que com o processo ensino- e intuitivo, e a cultura reflexiva é crítica e criativa".
aprendizagem, além de esbarrar na falta de Portanto há uma profunda diferença entre os agentes
atualização dos profissionais de ensino, dos externos e internos ao processo de ensino-
professores baseados em conhecimentos aprendizagem. A resposta sugere uma análise dos
específicos e fragmentados. instrumentos e processos presentes nas instituições
educacionais brasileiras. Para tanto, precisamos
Para Pereira (2003, p. 173):
refletir sobre o processo ensino-aprendizagem sobre
Esclarece o papel dos pesquisadores a óptica da pesquisa-ação.
externos à instituição escolar como sendo menos o
Para Pereira (2003, p.177):
de controladores do pensamento dos professores
sobre suas práticas e mais o de facilitadores. O Tanto Elliott como Stenhouse reiteram essa
papel de facilitador é diferente do de pesquisador tradição aristotélica e se empenham, em todas as
externo, como na perspectiva objetivista, do de suas obras, em demonstrar que o modelo de ensino
observador crítico, como nas teorias críticas e, por objetivos deforma e limita a natureza da
também, diferente do papel de observador educação, atingindo apenas a aquisição de
participante, como na pesquisa participante. Sua habilidades, necessárias para o desempenho de
participação na pesquisa é a de estimular tarefas específicas, e a instrução (que tem a ver com
processos de reflexão que capacitem os agentes a aquisição e a retenção da informação). É um
internos a gerar suas autocompreensões. O

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
modelo que deixa de considerar o juízo e o Precisamos romper com o passado, devemos
conhecimento. construir novas idéias para pensarmos a educação
hoje e amanhã. Para tanto, devemos construir:
O pesquisador externo é o indivíduo
especialista não comprometido com as práticas Um novo cenário baseado em:
educativas; já, o professor-pesquisador enquanto
ð Permanentes mudanças;
agente interno enfrenta o dualismo ensino-
pesquisa, já que o princípio da pesquisa-ação é o ð Inversão na perspectiva da organização
de ensinar enquanto a pesquisa é produzida. A curricular;
forma de concretizar a pesquisa resulta na
construção do currículo via a prática de ensino, ð Construção de redes de conhecimento;
visto que a pesquisa-ação possibilita a vivência do ð Investimento no capital humano;
processo de ação-reflexão-ação, que favorece a
implementação de propostas concretas de ação e ð Comunidade mundial mais justa e solidária.
abertura de novas aberturas numa visão real e Um Novo currículo determinado por:
dinâmica de ensino.
ð Novos Desafios: contextualização e
Para que uma aprendizagem ocorra, ela interdisciplinariedade;
deve ser transformacional, exigindo do professor
uma compreensão de novos significados, ð Foco na aprendizagem;
relacionando às experiências anteriores e vivências ð Adquirir Novas Competências e
dos alunos, permitindo a formulação de problemas, Habilidades: articuladas com conhecimentos,
que estimulem, seja desafiante e incentive o querer métodos, técnicas e valores;
aprender mais.
ð Autonomia intelectual do professor e aluno.
Esta aprendizagem transformacional deve
estabelecer diferentes tipos de relações entre fatos, Construir uma Práxis Educacional que
objetos, acontecimentos, noções e conceitos, privilegie:
desencadeando um processo participativo entre ð Várias situações, diferentes tipos de
professores e alunos, promovendo modificações de aprendizagem e diferentes recursos;
comportamentos e contribuindo para o emprego útil
do que é apresentado e discutido em diferentes ð A flexibilidade de estratégias;
situações. ð O desenvolvimento/exercício das
Isso é bem posto por Esteban; Zacur apud competências e habilidades.
(LIMA e MARTINS, 2006, p. 6): Mudar a Agenda do Professor que
Pensar e propor a formação do professor- contemple:
pesquisador [...] pode causar um certo ð A compreensão do processo de
estranhamento. Este estranhamento é fruto da aprendizagem;
cisão criada entre teoria e prática, entre pensar e
fazer, que leva à falsa impressão de que a docência ð A identificação das competências e
se caracteriza pela aplicação imediata de habilidades a serem desenvolvidas e exercitadas;
metodologias formuladas em alguma instância ð O conhecimento das articulações existente
'superior' à sala de aula, fazendo da sala de aula o entre as diversas áreas do conhecimento com a área
locus da ação, como se o agir desobrigasse o em que está inserido.
pensar. O pesquisador, que reflete sobre os dados
da realidade e formula os direcionamentos da ação ð A utilização de novas tecnologias;
tendo como instrumento de trabalho a teoria, se ð A aplicação da informação, tornando-as
encontra fora da sala de aula e, até mesmo, do conhecimentos para se adquirir novas competências.
cotidiano escolar. Assim, a pesquisa é entendida
como o momento do pensar: pensar para orientar o Ter a Pesquisa-ação fundamentada nos
fazer de outros. seguintes aspectos:
Após a leitura de Pereira (2003) e outros ð Interação entre pesquisadores e pessoas
autores que tratam do tema, acredito que a envolvidas na situação a ser investigada;
pesquisa-ação é um processo que não consiste ð Prioridades dos problemas como resultado
apenas na simples participação do professor- da interação;
pesquisador no meio investigado, mas ela é capaz
de produzir novas formas de conhecimento social e ð Relação do objeto de investigação com a
novos relacionamentos entre pesquisador e situação e os problemas encontrados;
pesquisados, acarretando a ambos, novos
ð Objetivo da pesquisa-ação: resolução do
relacionamentos com o saber, a melhoria do
problema ou seu esclarecimento;
ensino, portanto, a formação de uma sociedade
melhor, advinda desse processo. ð Há o acompanhamento das decisões,
ações e de toda atividade intencional;
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
ð Ampliação do conhecimento de todos ANOTAÇÕES
inseridos na situação "nível de consciência".
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BIBLIOGRAFIA
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FRANCO, Maria Amélia Santoro.
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Pedagogia da Pesquisa-Ação. Universidade
Católica de Santos. Educação e Pesquisa, São __________________________________________
Paulo, v. 31, n. 3, p. 483-502, set./dez, 2005.
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FREIRE, Paulo. Pedagogia da automonia: __________________________________________
saberes necessários à prática educativa. 28. ed.
São Paulo: Paz e Terra, 1986, p. 86. __________________________________________
JORDÃO, Rosana dos Santos. A pesquisa- __________________________________________
ação na formação inicial de professores: elementos __________________________________________
para a reflexão. São Paulo: FEUSP, Formação de
Professores/n.08. Disponível em __________________________________________
http://www.anped.org.br/reunioes/27/gt08/t0816.pdf __________________________________________
Acessado em 30 de outubro de 2007.
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LIMA, Márcio Antônio Cardoso Lima e
MARTINS, Pura Lúcia Oliver. Pesquisa-ação: __________________________________________
possibilidade para a prática problematizadora com o __________________________________________
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set./dez. 2006. __________________________________________
GERALDI, Corinta M; FIORENTINI, Dario; __________________________________________
PEREIRA, Elisabete M. de Aguiar. Professor como __________________________________________
pesquisador: o enfoque da pesquisa-ação na
prática docente. Cartografias do trabalho docente. __________________________________________
Campinas: Mercado das Letras, 2003. __________________________________________
SOMMER, Vera Lúcia. A pesquisa-ação no __________________________________________
processo de ensino-aprendizagem: uma
experiência empreendida no Curso de Jornalismo __________________________________________
da Univali (Universidade do Vale do Itajaí/Univali). __________________________________________
Trabalho apresentado ao NP 02 – Jornalismo, do V
Encontro de Núcleos de Pesquisa da Intercom __________________________________________
2005. __________________________________________
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
É necessário situar no tempo a escola
tradicional que interessa a esta discussão. Ela surgiu a
partir do advento dos sistemas nacionais de ensino, que
datam do século passado, mas que só atingiram maior
força e abrangência nas últimas décadas do século XX.
FILOSOFIAS TRADICIONAIS DA Com o início de uma política estritamente educacional
EDUCAÇÃO foi possível a implantação de redes públicas de ensino
na Europa e América do Norte (Patto, 1990). A
PARADIGMAS CONTEMPORÂNEOS DE organização desses sistemas de ensino inspirou-se na
EDUCAÇÃO: ESCOLA TRADICIONAL E ESCOLA emergente sociedade burguesa, a qual apregoava a
CONSTRUTIVISTA educação como um direito de todos e dever do
Estado. Assim, a educação escolar teria a função de
DENISE MARIA MACIEL LEÃO auxiliar a construção e consolidação de uma sociedade
Psicóloga, mestre e aluna especial do democrática:
Doutorado no Programa de Pós-Graduação em O direito de todos à educação decorria do tipo de
Educação Brasileira – FACED – UFC sociedade correspondente aos interesses da nova classe
Menos de cinco anos nos separam do século que se consolidara no poder: a burguesia... Para superar
XXI e quase nada mais impede ao homem o pleno a situação de opressão, própria do “Antigo Regime”, e
acesso à informação. A era da informática chegou e ascender a um tipo de sociedade fundada no contrato social
explodiu neste final de século XX. O futuro nunca foi tão celebrado “livremente” entre os indivíduos, era
imprevisível quanto agora. E a educação formal para necessário vencer a barreira da ignorância... A escola
onde caminha? é erigida, pois, no grande instrumento para converter
súditos em cidadãos. (Saviani, 1991. p. 18)
Tarefa não menos difícil é descrever e situar
nossos atuais modelos de educação. A “invasão” do A organização dessa escola do século passado
construtivismo em nossa sociedade é uma realidade da seguia os passos determinados por essa teoria
qual não podemos fugir. A escola tradicional — que pedagógica que permanece atual em seus pontos
sofreu inúmeras transformações ao longo de sua principais:
existência e que, paradoxalmente, continua resistindo Como as iniciativas cabiam ao professor, o
ao tempo —, dia-a-dia, vem sendo questionada sobre essencial era contar com um professor razoavel-
sua adequação aos padrões de ensino exigidos mente bem preparado. Assim, as escolas eram
pela atualidade, mas ao mesmo tempo é retentora organizadas em forma de classes, cada uma
da grande maioria das escolas do nosso país. contando com um professor que expunha as lições
Tudo o que rodeia a educação que os alunos seguiam atentamente e aplicava os
institucionalizada é fruto de nossa própria história de exercícios que os alunos deveriam realizar
sociedade em suas mais variadas ramificações disciplinadamente. (Saviani, 1991. p.18)
(política, econômica, etc.). As concepções sobre a A história da educação mostrou que tudo não
educação também fazem parte dos caminhos passou de um sonho embora não saibamos quem
tomados pela humanidade em sua incansável realmente o sonhou. A universalização da educação é
procura de cultura e conhecimento. Descreveremos a uma realidade na maioria dos países ocidentais;
seguir os aspectos princi- pais das duas teorias que porém, no dizer de Gadotti (1995), uns receberam
iremos abordar: a educação tradicional e a educação mais educação do que outros. A igualdade entre os
construtivista. Apresentaremos os suportes dessas homens permanece um sonho ainda muito distante do
escolas a partir de seus aspectos filosóficos, nosso planeta. Apesar de tudo a escola como instituição
epistemológicos, teóricos e metodológicos. destinada a “todos” surgiu nessa época e faz parte do
A ESCOLA TRADICIONAL nosso cotidiano e das obrigações da família e do Estado
para com suas crianças e adolescentes.
As teorias da educação que nortearam a
escola tradicional confundem-se com as próprias Não é propósito desse estudo analisar as
raízes da escola tal como a concebemos como diversas tendências que se opuseram à Escola
instituição de ensino. Não é falso afirmar que o Tradicional em nosso país, tais como a Escola Nova e
paradigma de ensino tradicional foi um dos principais o Tecnicismo. Essas e outras teorias educacionais
a influenciar a prática educacional formal, bem como o tiveram seus momentos históricos devidamente
que serviu de referencial para os modelos que o discutidos pelos pesqui- sadores e levamos em conta
sucederam através do tempo. Interessante é que podem ter trazido certas modificações à estrutura
perceber que a escola tradicional continua em original da escola tradicional. Mas o que interessa
evidência até hoje. Paradoxo? É possível, mas é analisar sobre a escola tradicional é que ela conti- nua
necessário reconhecer que o caráter “tradicional atual” existindo de modo semelhante ao que foi no seu início.
da escola passou por muitas modificações ao longo de Isso nos intriga e nos desafia. Afinal, não somos nós
sua história. mesmos produtos dessa escola tão criticada? A
aprendizagem escolar nessa escola tão tradicional
dependeu dos bons professores ou de nossos interesses

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
pessoais? Não temos as respostas para essa última haverá uma educação para os pobres e outra para os
questão, mas procuraremos mostrar agora os pilares ricos, mas já temos certeza de que a escola, por si só,
da escola tradicional a fim de entendermos sua não é redentora da humanidade. Acredita- mos que
trajetória. vamos entrar no terceiro milênio com uma escola
tradicional nada revolucionária se comparada às suas
Aspectos filosóficos da escola
origens.
tradicional
Aspectos epistemológicos da escola
O ensino tradicional fundamentou-se na
tradicional
filosofia da essência, de Rousseau, passando à
pedagogia da essência (Saviani, 1991). Tal pedagogia A abordagem tradicional do ensino parte do
acredita na igualdade essencial entre os homens: a de pressuposto de que a inteligência é uma faculdade que
serem livres, e essa igualdade vai servir de base para torna o homem capaz de armazenar informações, das
estruturar a pedagogia da essência respaldando o mais simples às mais complexas. Nessa perspectiva é
surgimento dos sistemas nacionais de ensino, que, por preciso decompor a realidade a ser estudada com o
sua vez, foram fundamentais para proporcionar a objetivo de simplificar o patrimônio de conhecimento a
escolarização para todos: ser transmitido ao aluno que, por sua vez, deve
armazenar tão somente os resultados do processo.
Esse ensino tradicional que ainda predomina hoje
Desse modo, na escola tradicional o conhecimento
nas escolas se constituiu após a revolução industrial e se
humano possui um caráter cumulativo, que deve ser
implantou nos chamados sistemas nacionais de ensino,
adquirido pelo indiví- duo pela transmissão dos
configurando amplas redes oficiais, criadas a partir de
conhecimentos a ser realizada na instituição escolar
meados do século passado, no momento em que,
(Mizukami,1986). O papel do indivíduo no processo de
consolidado o poder burguês, aciona-se a escola
aprendizagem é basicamente de passividade, como
redentora da humanidade, universal, gratuita e obrigatória
se pode ver:
como um instrumento de consolidação da ordem
democrática. (Saviani, 1991. p.54) ...atribui-se ao sujeito um papel irrelevante na
elaboração e aquisição do conhecimento. Ao indivíduo
Em História das ideias pedagógicas (1995), Moacir
que está “adquirindo” conhecimento compete memorizar
Gadotti nos remete à época de constituição da escola
definições, enunciados de leis, sínteses e resumos que lhe
como instituição de ensino, bem como à inspiração
são oferecidos no processo de educação formal a partir de
filosófica em que foi baseada:
um esquema atomístico. (Mizukami, 1986. p.11)
Nunca se havia discutido tanto a formação do
Ao abordarmos os aspectos epistemológicos da
cidadão como durante os seis anos de vida da Revolução
escola construtivista discutiremos as três diferentes
Francesa. A escola pública é filha dessa revolução
estratégias utilizadas pelas ciências humanas, na
burguesa. Os grandes teóricos iluministas pregavam
modernidade, para resolver o problema do
uma educação cívica e patriótica inspirada nos princípios da
conhecimento humano: o essencialismo, o
democracia, uma educação laica, gratuitamente oferecida
fenomenismo e o historicismo.
pelo Estado para todos. Tem início com ela a idéia da
unificação do ensino público em todos os graus. Mas Acreditamos que a escola tradicional ora se
ainda era elitista: só os mais capazes podiam utilizou do inatismo – que tem origem no essencialismo
prosseguir até a universidade. (Gadotti, 1995. p.88) do século XVII – e ora do ambientalismo – originado
do fenomenismo do século XVIII – para seu suporte
Sobre o surgimento dos sistemas nacionais
epistemológico, não importando, inclusive, o fato de
de ensino, Gadotti (1995) segue um pensamento
serem contraditórios. Grosso modo, ou o aluno
semelhante ao de Saviani (1991):
aprendia os conteúdos escolares porque era por-
O iluminismo educacional representou o tador de uma inteligência inata, ou sua aprendizagem
fundamento da pedagogia burguesa, que até hoje estava diretamente relacionada à quantidade ou
insiste, predominantemente na transmissão de qualidade da experiência escolar em determinado
conteúdos e na formação social individualis- ta. A conteúdo. Consequente- mente, como o historicismo
burguesia percebeu a necessidade de oferecer veio superar essas duas primeiras estratégias, foi a
instrução, mínima, para a massa trabalhadora. Por partir dessa epistemologia historicista que se originou o
isso, a educação se dirigiu para a formação do construtivismo.
cidadão disciplinado. O surgimento dos sistemas
Aspectos teóricos da escola
nacionais de educação, no século XIX, é o resultado
tradicional
e a expressão que a burguesia, como classe
ascendente, emprestou à educação. (Gadotti, 1995. De acordo com Mizukami (1986), a abordagem
p.90) tradicional do processo de ensino- aprendizagem não
se fundamenta em teorias empiricamente validadas,
A universalização da escola, em grande parte
mas sim numa práti- ca educativa e na sua transmissão
do Ocidente, é uma conquista que não podemos
através dos anos. Dessa forma, os pressupostos
deixar de reconhecer. Não podemos dizer o mesmo,
teóricos da escola tradicional partiram de concepções e
porém, dessa igualdade que ela representaria entre
práticas educacionais que prosseguiram no tem- po sob
os homens que foi embasamento para a escola
as mais diferentes formas. As críticas à escola
tradicional. Não sabemos por quanto tempo ainda
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
tradicional marcaram o início do surgimento das por Bacon, método que podemos esquematizar em
novas abordagens de ensino que tiveram de partir três momentos fundamentais: a observação, a
da própria abordagem tradicional como referencial generalização e a confirma- ção. Trata-se, portanto,
teórico e prático de ensino. daquele mesmo método formulado no interior do
movimento filosó- fico do empirismo, que foi a base do
Saviani (1991) mostra, porém, o caráter científico
desenvolvimento da ciência moderna. (Saviani, 1991.
do ensino tradicional em suas origens e que
p.55)
...se estruturou através de um método
O ensino tradicional pretende transmitir os
pedagógico, que é o método expositivo, que todos
conhecimentos, isto é, os conteúdos a serem
conhecem, todos passaram por ele, e muitos estão
ensinados por esse paradigma seriam previamente
passando ainda, cuja matriz teórica pode ser
compendiados, sistematizados e incorporados ao
identificada nos cinco passos formais de Herbart.
acervo cultural da humanidade. Dessa forma, é o
Esses passos, que são o passo da preparação, o da
professor que domina os conteúdos logicamente
apresentação, da comparação e assimilação, da
organizados e estruturados para serem transmitidos
generalização e da aplicação, correspondem ao
aos alunos. A ênfase do ensino tradicional, portanto, está
método científico indutivo, tal como fora formulado
na transmissão dos conhecimentos (Saviani, 1991).
CARACTERÍSTICAS DA ESCOLA
Papel da Conteúdos de Métodos Relacionamento Pressupostos de Manifestações na
Escola Ensino professor-aluno Aprendizagem prática escolar
A TRADICIONAL
• A atuação da • São os conhecimentos • Baseiam-se na • Predomina a • A capacidade de • Essa pedagogia,
escola e valores sociais exposição verbal da autoridade do assimilação da chamada pelo autor
consiste na acumulados pelas matéria e/ou professor criança é de
preparação gerações adultas e demonstração; que exige atitude idêntica à do Pedagogia
intelectual e repassados ao aluno • tanto a exposição receptiva dos alunos e adulto, apenas Liberal
moral dos como verdades; quanto a análise da impede qualquer menos Tradicional, é
alunos para • as matérias de estudo matéria são feitas pelo comunicação entre desenvolvida; viva e atuante
assumir sua visam preparar o aluno professor; eles no decorrer da • os programas em nossas
posição na para a vida, são • os passos a serem aula; devem escolas;
sociedade; determinadas pela observados são os • o professor ser dados numa • na descrição
• o seguintes: transmite o progressão lógica, apresentada aqui
sociedade e ordenadas ∗ preparação incluem-
compromisso da conteúdo na forma de sem levar em conta
na legislação; ∗ apresentação se as escolas
escola é com a • os conteúdos são ∗ associação verdade a ser as características
cultura, os absorvida; próprias de cada religiosas ou leigas
problemas
separados da experiência ∗ generalização
• a disciplina imposta que adotam uma
do aluno e das ∗ aplicação idade;
sociais realidades sociais; • a ênfase nos é • a aprendizagem é orientação clássico-
pertencem à • é criticada por ser exercícios, na repetição de o meio mais eficaz receptiva e mecânica humanista ou uma
sociedade; intelectualista ou ainda conceitos ou fórmulas e para utilizando-se muitas orientação
• o caminho enciclopédica. assegurar a vezes a coação; humano- científica,
na memorização visa
cultural em atenção e o • a retenção do sendo que esta se
disciplinar a mente e
direção ao saber silêncio. material aproxima mais do
éo formar hábitos.
mesmo para ensinado é garantida modelo de escola
pela
todos os repetição de predominante em
alunos nossa história
exercícios
desde que educacional.
sistemáticos e
se
recapitulação da
esforcem.
matéria;
• a transferência da
aprendizagem
depende do
treino; é
indispensável a
retenção, a fim de
que o aluno possa
responder às
situações novas de
forma semelhante
às respostas dadas
em situações
anteriores;
• a avaliação se dá
por
verificações de curto
e
longo prazo:
arguição, tarefa de
casa, provas
escritas, trabalhos de
casa.

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Aspectos metodológicos da escola filhos das classes populares. Ao nosso ver, porém, uma
tradicional análise da escola privada destinada às classes
privilegiadas da socieda- de chegaria à conclusão de que
Como dito anteriormente, o ensino
o ensino tradicional continua a ser o mais utilizado. As
tradicional estruturou-se através do método
escolas mais conceituadas do mundo, entre elas, as
pedagógico expositivo, cuja matriz teórica pode ser
inglesas e as suíças, são as mais tradicionais
identificada nos cinco passos formais de Herbart.
possíveis, até por serem mesmo muito antigas. Em
Saviani (1991) elabora uma síntese se falando da realidade brasileira e, especificamente
interessante sobre essa estrutura do método cearense, podemos nos certificar de que esse é o
tradicional, que vale ser lembrada: modelo de ensino mais utilizado e até mais desejado
pela sociedade.
Eis, pois, a estrutura do método; na lição
seguinte começa-se corrigindo os exercícios, porque Podemos questionar, no entanto, a qualidade do
essa correção é o passo da preparação. Se os alunos ensino da escola tradicional na atua- lidade.
fizerem corretamente os exercícios, eles assimilaram o Constatamos, informalmente, que ela está empobrecida
conhecimento anterior, então eu posso passar para o se comparada às instituições existentes nas décadas
novo. Se eles não fizeram corretamente, então eu passadas. Os conhecimentos não estão sendo
preciso dar novos exercícios, é preciso que a transmitidos com o mesmo rigor daquela antiga escola
aprendizagem se prolongue um pouco mais, que o tradicional que instruiu nossos pais e avós.
ensino atente para as razões dessa demora, de tal
Cremos ter mostrado as características
modo que, finalmente, aquele conhecimento anterior
principais do método tradicional de ensino. O importante
seja de fato assimilado, o que será a condição para se
é reconhecermos que o suporte teórico da escola
passar para um novo conhecimento. (Saviani, 1991.
tradicional já atravessou déca- das e mais décadas no
p.56)
tempo, o que possibilitou várias modificações em sua
Mizukami (1986) também enfatiza o método essência original. Podemos dizer que o método
expositivo como sendo o que caracte- riza, expositivo atual guarda sensível semelhança com os
essencialmente, a abordagem do ensino tradicional. passos de Herbart, mas, ao mesmo tempo, traz as
A metodologia expositiva privilegia peculiaridades dos paradigmas de ensino que vie- ram
posteriormente. É verdadeiro falar até de uma certa
o papel do professor como o transmissor dos contaminação dos outros métodos que tomaram o
conhecimentos e o ponto fundamental desse
método tradicional como base (para criticá-lo e/ou
processo será o produto da aprendizagem (a ser
ultrapassá-lo). E talvez não exista, sequer, um método
alcançado pelo aluno). Acredita-se que se o aluno foi
puro.
capaz de reproduzir os conteúdos ensinados, ainda
que de forma automática e invariável, houve A ESCOLA CONSTRUTIVISTA
aprendizagem. A autora demonstra também que outros
Poderíamos começar perguntando: em
fatores envolvidos no processo de ensino-
que se baseia uma prática docente construtivista?
aprendizagem, tais como os elementos da vida
Este questionamento se faz necessário para
emocional ou afetiva do sujeito, são negligenciados e,
esclarecer um primeiro ponto antes de adentrarmos na
por que não dizer, negados nesta abordagem, por
teoria construtivista. Construtivismo não é um método.
supor-se que eles poderiam comprometer
Construtivismo não é uma técnica. Veremos que esse
negativamente o processo.
novo paradigma de ensino na verdade não é exata-
A autora descreve também outra vertente do mente uma metodologia e sim uma postura em relação
ensino tradicional, o chamado ensino intuitivo, o qual à aquisição do conhecimento:
se pretende provocar certa atividade no aluno:
Construtivismo significa isto: a idéia de que
Esta forma de ensino pode ser caracterizada nada, a rigor, está pronto, acabado, e de que,
pelo método “maiêutico”, cujo aspecto básico é o especificamente, o conhecimento não é dado, em
professor dirigir a classe a um resultado desejado, nenhuma instância, como algo terminado. Ele se constitui
através de uma série de perguntas que represen- tam, pela interação do indivíduo com o meio físico e social,
por sua vez, passos para se chegar ao objetivo com o simbolismo humano, com o mundo das relações
proposto. (Mizukami, 1986. p.17) sociais; e se constitui por força de sua ação e não por
qualquer dotação prévia, na bagagem hereditária ou no
Essa metodologia seria ainda muito comum
meio, de tal modo que podemos afirmar que antes da
atualmente em nossas salas de aula. Segundo a
ação não há psiquismo nem consciência e, muito
autora os que defendem tal método acreditam que ele
menos, pensamento. (Becker, 1993. p.88)
provoca a pesquisa pessoal no aluno. Quando os
alunos conseguem chegar ao objetivo proposto pelo Para uma melhor compreensão, a exemplo do
professor, infere- se que eles compreenderam o que fizemos com o estudo da escola tradicional,
conteúdo total proposto. dividimos essa discussão em tópicos que se
complementam e servem para esclarecer a teoria
De acordo com Saviani (1991), o método
construtivista.
tradicional continua sendo o mais utilizado pelos
sistemas de ensino, principalmente os destinados aos

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Aspectos filosóficos do ser (essência) e as qualidades do ser (acidentes,
construtivismo atributos, modos etc.); toma a verdade como essência
a des-velar;
O construtivismo fundamenta-se no
iluminismo. Por sua vez, a filosofia iluminista preceitua 2. Fenomenista – Século XVIII – voltada para o
que o homem é um ser dotado de razão. Segundo modus operandi dos fenômenos como notas da
Freitag (1993), a novidade introduzida é que a observação e da experiência, isto é, não como
faculdade de fazer uso da razão não é transmitida essências a desvelar, mas fatos a descrever; seu
geneticamente, mas uma potencialidade que precisa elemento próprio é o fenômeno e as correlações dos
se desenvolver no decurso da vida. Para a autora, de fenômenos;
acordo com Piaget e Kolberg, o ser humano tem, sim,
3. Historicista – Século XIX – voltada para o
uma predisposição para pensar e julgar com bases
modus faciendi das coisas, seu elemento próprio é o
racionais, isto é, uma predisponibilidade para o
devir e as correlações do devir.
racional, que, no entanto, não é uma herança
genética. A construção do conhecimento humano pelo Domingues (1991) indica como a estratégia
uso da razão tem o objetivo de alcançar os historicista superou as duas anteriores que vigoraram
patamares mais elevados do pensamento lógico, do nos séculos XVII e XVIII:
julgamento e da argumentação, sempre no sentido
Ao fim e ao cabo do conflito dessas duas
de haver reciprocidade na transmissão e na
estratégias contraditórias, que ocupou demasiadamente os
compreensão das idéias ditas pelo outro:
espíritos dos dois séculos, emerge uma terceira
O pressuposto filosófico do Construtivismo é, estratégia discursiva, nem essencialista nem
de fato, um pressuposto iluminista. Sem a razão, fenomenista, mas histórica, que vai alterar profundamente o
teríamos a des-razão, teríamos a loucura, teríamos a programa de fundamentação do conhe- cimento e dar-lhe
impossibilidade de pensar o mundo, de ordenar, de uma configuração absolutamente nova:
construir uma visão, uma concepção sobre o mundo,
1) a realidade histórica está composta numa
da natureza e o mundo social, ou seja, a sociedade.
superfície que comporta dois planos ou níveis: em cima,
Portanto, existe implícito no Construtivismo um postulado
que eu chamaria de universalismo cognitivo. a zona ruidosa dos acontecimentos, à que corresponde
Potencialmente, o homem é um ser dotado de razão. Ou o mundo dos fenômenos da estratégia fenomenista;
embaixo, a região instável do devir ou do ser-advento,
seja, ele tem um potencial cognitivo de pensar o mundo,
algo parecida com o universo das essências da via
de reconstruir no pensamento, nos conceitos, o mundo
essencialista;
da natureza e de ordenar o mundo (inclusive o mundo
social), com o auxílio de critérios racionais. (Freitag, 1993. 2) para compreendermos o que se passa em
p.28) cima é preciso saber o que se passa embaixo, e
Aqui vale relembrar que os sistemas nacionais reconduzir os acontecimentos ao ser-advento ou ao devir.
(Domingues,1991. p.50)
de ensino criados no século passado e que são o berço
da escola tradicional desfrutaram da mesma inspiração Para os empiristas, inspirados pela estratégia
filosófica que a escola construtivista. Os passos da fenomenista, o conhecimento tem ori- gem e evolui a
prática pedagógica seguidos pela escola tradicional e partir da experiência acumulada pelo indivíduo. É o
pela escola construtivista são, no entanto, muito chamado determinismo ambiental: o homem é produto
diferentes de acordo com os aspectos pedagógicos e do ambiente. Por sua vez, para os inatistas,
metodológicos de cada escola discutidos neste influenciados pela estratégia essencialista, o
estudo. conhecimento é pré-formado; já nascemos com as
Aspectos epistemológicos do estruturas do conhecimento, que se atualizam à
construtivismo medida que nos desenvolvemos. Finalmente, o
construtivismo, que se baseou na estratégia
Epistemologia é uma ciência que tem como historicista, veio superar essas duas visões ao afirmar
objeto o estudo do conhecimento ou a compreensão que o conhecimento resulta da interação do indivíduo
de como chegamos a conhecer. O conhecimento com o ambiente:
humano é tema que vem sendo estudado ao longo
de toda a história da humanidade. Várias tentativas As estruturas do pensamento, do julgamento e da
têm sido feitas de formulação de uma teoria, capaz argumentação dos sujeitos não são impostas às crianças,
de chegar a uma conclusão ou, ao menos, a uma de fora, como acontece no behaviorismo... também não
aproximação sobre essa capacidade unicamente são consideradas inatas como se fossem uma dádiva da
humana de reter, criar e elaborar conhecimento. natureza. A concepção defendida por Piaget e pelos pós-
piagetianos é que essas estruturas são o resultado de uma
Ao analisar o problema da fundamentação construção realizada por parte da criança em longas etapas
teórica das ciências humanas, Domingues (1991) de reflexão, de remanejamento. Poderíamos dizer que
descreve as três diferentes estratégias da Episteme essas estruturas resultam da ação da criança sobre o
moderna: mundo e da interação da criança com seus pares e
interlocutores. (Freitag, 1993. p.27)
1. Essencialista – Século XVII – voltada para o
modus essendi das coisas, seu elemen- to próprio é o

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
A mesma autora considera que os interação se dá por dois processos simultâneos: a
pressupostos epistemológicos do construtivismo se organização interna e a adaptação ao meio.
fundamentam na idéia de que o pensamento não tem
A adaptação ao meio é definida por Piaget como
fronteiras: ele se constrói, se destrói, se reconstrói. Um
a própria função do desenvolvimento da inteligência.
dos pontos principais da visão construtivista de ensino
Ocorre por meio de dois processos complementares
é que a aprendiza- gem é uma construção da
– assimilação e acomodação:
própria criança, em que ela é o centro no
processo, e não o professor. ...a adaptação intelectual, como qualquer
outra, é um estabelecimento de equilíbrio progressivo
Aspectos teóricos do construtivismo
entre um mecanismo assimilador e uma
Vários estudiosos deste século podem ser acomodação complementar... em todos os casos,
classificados como teóricos do construtivismo. Entre sem exceção, a adaptação só se considera realizada
eles, os principais são: Jean Piaget (considerado o quando atinge um sistema estável, isto é, quando
precursor, ao mesmo tempo que sua obra extensa existe equilíbrio entre a acomodação e a assimilação.
continua baseando as pesquisas mais atuais sobre (Piaget, 1975. p.18)
aquisição do conhecimento), Henri Wallon, L.S.
É sempre bom lembrar que o significado desses
Vigotsky, A. N. Leontiev, A. R. Luria e Emília Ferreiro.
dois termos utilizados por Piaget não se refere ao
Esses dois últimos pesquisadores foram a fundo no
senso comum. Cotidianamente, assimilar refere-se a
estudo sobre a aquisição da escrita pela criança,
aprender, apreender ou fixar idéias ou ensinamentos;
sendo suas obras consideradas referenciais teóricos.
acomodar significa conformar-se ou adequar-se a uma
Dos autores citados Piaget é, sem dúvida, o situação. Em “O Nascimento da Inteligência na Criança”,
mais importante teórico do construtivismo. Sua obra Piaget esclarece o sentido que dá a esses dois termos.
científica é tão vasta que após mais de quinze anos Vejamos primeiro a assimilação:
de sua morte a leitura de inúmeros de seus livros
Com efeito, a inteligência é assimilação na
ainda é privilégio para estudantes completamente
medida em que incorpora nos seus quadros todo e
apaixonados por este gênio do conhecimento
qualquer dado da experiência. Quer se trate do
humano. Os dois pressupostos básicos de sua
pensamento que, graças ao juízo faz ingressar o novo no
obra são o Interacionismo e o Construtivismo
conhecido e reduz assim o universo às suas noções
Sequencial.
próprias, quer se trate da inteligência sensó- rio-motora
Para o biólogo suíço o desenvolvimento que estrutura igualmente as coisas percebidas,
resulta de combinações entre aquilo que o organismo integrando-as nos seus esquemas, a adaptação
traz e as circunstâncias oferecidas pelo meio. O eixo intelectual comporta, em qualquer dos casos, um
central de sua teoria sobre o desenvolvimento mental elemento de assimilação, isto é, de estruturação por
é justamente a interação entre o organismo e o meio incorporação da realidade exterior a formas devidas à
ambiente em que está inserido: atividade do sujeito. (Piaget,1975. p.17)
Cinquenta anos de experiências ensinaram-nos Em relação à acomodação, Piaget define:
que não existem conhecimentos resultantes de um
A vida mental também é acomodação ao
simples registro de observações, sem uma
meio ambiente. A assimilação nunca pode ser pura,
estruturação devida às atividades do indivíduo.
visto que, ao incorporar novos elementos nos
Mas tampouco existem (no homem) estruturas esquemas anteriores, a inteligência modifica
cognitivas a priori ou inatas: só o funcionamento da incessantemente os últimos para ajustá-los aos novos
inteligência é hereditário, e só gera estruturas mediante dados. Mas, inversamente, as coisas nunca são
uma organização de ações sucessivas, exercidas sobre conhecidas em si mesmas, porquanto esse trabalho
objetos. Daí resulta que uma epistemologia em de acomodação só é possível em função do processo
conformidade com os dados da psicogênese não inverso de assimilação. (Piaget, 1975. p.18)
poderia ser empírica nem pré-formista, mas não pode
Os esquemas de assimilação vão se
deixar de ser um construtivismo, com a elaboração
modificando, progressivamente, configurando os
contínua de operações e de novas estruturas. (Piaget
estágios de desenvolvimento, os quais, na teoria
apud Macedo, 1990. p.14)
piagetiana, representam os suportes para o
construtivismo sequencial. A ideia central do
construtivismo sequencial é que os estágios evoluem
O interacionismo piagetiano pretende
como uma espiral, na qual cada um engloba o anterior
superar as concepções inatistas e comporta-
e o amplia:
mentalistas sobre como o homem adquire
conhecimentos e condutas. Como vimos na O desenvolvimento mental da criança surge,
discussão dos aspectos epistemológicos, essas em síntese, como sucessão de três grandes
duas posturas são contrárias à concepção construções, cada uma das quais prolonga a anterior,
construtivista de aquisição do conhecimento e, ao reconstruindo-a primeiro num plano novo para
mesmo tempo, são fundidas para dar lugar a essa ultrapassá-la em seguida, cada vez mais
nova concepção chamada interação. Para Piaget essa amplamente. Isto já é verdade em relação à
primeira, pois a construção dos esquemas sensório-
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
motores prolonga e ultra- passa a das estruturas 3) O terceiro fator fundamental, mas também
orgânicas ao longo do curso da embriogenia. insuficiente por si só, é o das interações e transmissões
Depois a construção das relações semióticas, do sociais. De um lado, a socialização é uma estruturação,
pensamento e das conexões interindividuais para a qual o indivíduo contribui tanto quanto dela
interioriza os esquemas de ação, reconstruindo-os recebe: donde a solidariedade e o isomorfismo entre
no novo plano da representação e ultrapassa-os, as “operações” e a “cooperação” (numa ou duas
até constituir o conjunto das operações concretas e palavras). Por outro lado, mesmo no caso das
das estruturas de cooperação. Enfim, desde o nível transmissões, nas quais o sujeito parece mais
de 11-12 anos, o pensamento formal nascente receptivo, como a transmissão escolar, a ação social é
reestrutura as operações concretas, subordinando-as ineficaz sem uma assimilação ativa da criança, o que
a estruturas novas, cujo desdobramento se supõe instrumentos operatórios adequados;
prolongará, desde a adolescência e toda vida
4) processo de equilibração, não no sentido de
ulterior (com muitas outras transformações ainda).
simples equilíbrio de forças, como em mecânica, ou de
(Piaget, 1975. p.131)
aumento de entropia como em termodinâmica, mas no
Piaget não definiu idades rígidas para os sentido, hoje preciso graças à cibernética, de auto-
estágios por ele descritos. É certo que o regulação, isto é, de sequência de compensações
construtivismo sequencial baseia-se exatamente na ativas do sujeito em resposta às perturbações
constatação de que esses estágios apresentam-se exteriores e de regulagem ao mesmo tempo retroativa
em uma sequência constante. A divisão piagetiana da e antecipadora, que constitui um sistema permanente
evolução mental em grandes períodos ou estádios e de tais compensações. (p.131-2)
em subperíodos ou subestádios obedece aos
Este último aspecto constitui um dos conceitos
seguintes critérios:
mais importantes de sua obra, o da Equilibração
1) A ordem de sucessão é constante, embora Majorante, que, em última instância, é o processo que
as idades médias que os caracterizam possam variar permite que a criança ultrapasse um estágio inferior
de um indivíduo para outro, conforme o grau de para chegar ao próximo imediatamente superior por
inteligência, ou de um meio social a outro. O sucessivas desequilibrações e reequilibrações. Esta é,
desenrolar dos estádios é, portanto, capaz de motivar sem dúvida, uma parte bastante densa de sua teoria
acelerações ou atrasos, mas a ordem de sucessão e tem importância fundamental em sua utilização.
permanece constante nos do- mínios (operações
Sobre o papel da maturação orgânica no
etc.) em que se pode falar desses estádios;
desenvolvimento mental da criança, Piaget (1994)
2) Cada estádio é caracterizado por uma considera que o crescimento biológico dos órgãos é
estrutura de conjunto em função da qual se explicam fundamental, porém representa um dos fatores entre
as principais reações particulares. Não seria possível, outros:
portanto, que a gente se contentasse com uma
Mas que papel é esse? Cumpre notar, em
referência a elas ou se limitasse a apelar para a
primeiro lugar, que lhe conhecemos ainda muito mal
predominância de tal ou qual caráter (como é o caso
os pormenores e não sabemos, em particular, quase
dos estádios de Freud ou de Wallon);
nada das condições de maturação que possibilitam a
3) As estruturas de conjunto são integrativas e não constituição das grandes estruturas operatórias. Em
se substituem umas às outras: cada uma resulta da segundo lugar, nos pontos de que temos
precedente, integrando-a na qualidade de estrutura informações, vemos que a maturação consiste,
subordinada, e prepara a seguinte, integrando-se a ela essencialmente, em abrir possibilidades novas e
mais cedo ou mais tarde. (Piaget, Inhelder, 1994. p.129) constitui, portanto, condição necessária do
aparecimento de certas condutas, mas sem fornecer as
Piaget, Inhelder (1994) mencionam quatro
condições suficientes, pois continua a ser igualmente
fatores gerais estabelecidos para a evolução mental:
indispen- sável que as possibilidades assim abertas se
1) O crescimento orgânico e, especialmente, realizem e, para isso, que a maturação seja acrescentada
a maturação do complexo formado pelos sistema de um exercício funcional e de um mínimo de experiência.
nervoso e pelos sistemas endócrinos. Não há dúvida, Em terceiro lugar, quanto mais as aquisi- ções se afastam
com efeito, de das origens sensório-motoras tanto mais variável é a sua
cronologia, não na ordem de sucessão, porém nas datas
que certo número de condutas depende, de aparecimento: esse fato basta para mostrar que a
mais ou menos diretamente, dos primórdios do
maturação está cada vez menos só nessa tarefa e que as
funcionamento de alguns aparelhos ou circuitos...; a
influências do meio físico ou social crescem de importância.
maturação desempenha um papel durante todo o
(Piaget, 1994. p.130)
crescimento mental;
Piaget não foi um educador como muitos ainda
2) Um segundo fator fundamental é o papel do hoje pensam e sua obra destinada à educação não é
exercício e da experiência adquirida na ação efetuada extensa se comparada a outros temas. Mesmo assim,
sobre os objetos (por oposição à experiência social).
ele deixou contribui- ções incalculáveis quando
Esse fator é também essencial e necessário, até na
conseguimos interpretar sua obra com vistas à prática
formação das estruturas lógico-matemáticas;
escolar. Para ele a educação deve possibilitar à

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
criança o desenvolvimento amplo e dinâmico desde dar lugar à competência para criar situações
o período sensório-motor até o período operatório problematizadoras que provoquem o raciocínio do aluno e
abstrato. A escola deve levar em conside- ração os resultem em aprendizagem satisfatória.
esquemas de assimilação da criança e partir deles.
Aspectos metodológicos do
Deve favorecer a realização de atividades desafiadoras
construtivismo
que provoquem desequilíbrio (“conflitos cognitivos”) e
reequilibrações sucessivas, para que promovam a A questão da metodologia a ser adotada numa
descoberta e a construção do conhecimento. prática pedagógica construtivista é um dos aspectos que
mais têm gerado controvérsias na aplicação da teoria à
É vital que a escola reconheça nessa
realidade da sala de aula. No caso da alfabetização isso
construção do conhecimento infantil que as
fica claro em virtude de que, na escola tradicional, há
concepções das crianças (ou hipóteses) combinam-se
uma valorização dos métodos e/ou técnicas de
às informações provenientes do meio. Assim, o
ensino da leitura e da escrita. O professor
conhecimento não é concebido apenas como
construtivista, por sua vez, tem consciência de que
espontaneamente descoberto pela criança, nem
não pode mais utilizar essas velhas técnicas de
como mecanicamente transmitido pelo meio exterior ou
alfabetização; no entanto, o ensino da leitura e da
pelo adulto, mas como resultado dessa interação na
escrita e de outros aspectos próprios à alfabetização
qual o indivíduo é sempre ativo. Contrariando todas as
deverá também seguir uma metodologia coerente com
formas de modismos educacionais, Piaget
os objetivos da proposta construtivista.
efetivamente elabora uma teoria do conhecimento e
não um método de ensino. A prática de sala de aula deverá ter um norte,
uma orientação, e isso não é deixar de ser construtivista.
Em relação à aplicação pedagógica das teorias
Ao contrário, as orientações metodológicas baseadas nas
construtivistas, entre as quais a teoria de Piaget tem
teorias construtivistas devem explicar não apenas os
papel de destaque, devemos reconhecer a
detalhes das técnicas utilizadas, mas principalmente,
importância do papel do professor. É o professor o
justificar teoricamente como se chegou até essas
mediador do processo de aprendizagem da criança,
técnicas, quais são os objetivos em relação à
isto é, ele é quem vai propiciar a interação entre os
aprendizagem e suas prováveis consequências em
alunos e entre ele e seus alunos:
termos pedagógicos.
Criando situações problemáticas estará
A técnica por si só não tem mais sentido algum
permitindo o surgimento de momentos de conflito
na alfabetização. Quando, por exemplo, a professora da
para o alfabetizando e, consequentemente, o
escola tradicional aplica o método silábico, ela se utiliza
avanço cognitivo; estará considerando o aprendiz
da técnica das famílias silábicas e não questiona por
como um ser ativo, aquele que não espera
que as crianças devem aprender a ler e a escrever
passivamente que alguém venha lhe ensinar
daquela maneira. Simplesmente aplica a técnica, sabe
alguma coisa para começar a aprender, uma vez
que ela funciona e, se funciona, não há o que
que por si só compara, ordena, classifica,
questionar. O método e a técnica estão acima do
reformula e elabora hipóteses, reorganizando sua
conteúdo. A leitura e a escrita não são percebidas
ação em direção à construção do conhecimento.
como um meio, mas como um fim em si mesmas. O
(Elias, 1991. p.50)
importante é saber decifrar as sílabas, as palavras, as
Macedo (1994) acredita que a formação de frases e o texto. Os problemas com a interpretação da
professores numa proposta construtivista é possível leitura e com a produção de textos são deixados para as
levando-se em consideração quatro pontos, que ele séries seguintes. Na alfabetização o que interessa é que
considera fundamentais: a criança leia, ou melhor, decifre. Mas não é preciso
elaborar um tratado sobre leitura para chegar à
Primeiro: é importante para o professor
conclusão de que ler não é a mesma coisa que decifrar.
tomar consciência do que faz ou pensa a respeito
É isso e muito mais...
de sua prática pedagógica. Segundo, ter uma visão
crítica das atividades e procedimentos na sala de Segundo Pimentel (1992), esta é uma das
aula e dos valores culturais de sua função docente. críticas feitas à prática pedagógica que se sustenta na
Terceiro, adotar uma postura de pesquisador e não teoria construtivista: a não utilização de um método para
apenas de transmissor. Quarto, ter um melhor a alfabetização. Quando isso se confunde com um
conhecimento dos conteú- dos escolares e das expontaneísmo irresponsável por parte do professor,
características de aprendizagem de seus alunos. pode gerar muitas deformações e prejuízos para a
(Macedo, 1994. p.59) prática pedagógica:
A nosso ver, o mais importante em relação O construtivismo é incompatível sim com um
ao papel do professor na utilização do construtivismo método fechado, do tipo dos que são tradicionalmente
é sua capacidade de aceitar que não é mais o centro do usados na aprendizagem da leitura e da escrita, porque este
ensino e da aprendizagem. O professor deve saber que tipo de instrumento didático veicula uma generalização de
a criança e o adolescente aprendem em interação com conhecimento que todos sabemos não ser verdadeira: as
o outro, que pode ser o próprio professor ou seus crianças na alfabetização não se encontram todas no
colegas de classe. Novas figuras são introduzidas mesmo ponto de partida e nem aprendem, ao
nesse processo; a supremacia do professor deve
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
mesmo tempo, a ler e escrever. (Pimentel, 1991. Em suas pesquisas, o interesse fundamental era de
p.30) natureza epistemológica e não psicológica ou pedagó- gica.
Pretendia ele, com base em dados experimentais,
De acordo com esta autora, adotar um
recuperar a gênese das noções e os diferentes modos de
método exclusivo de ensino para a leitura e a escrita
sua estruturação cognitiva, desde um nível mais simples
seria ignorar que as crianças não têm as mesmas
até um mais complexo. Assim, o interesse fundamental de
experiências anteriores à própria escola, os
Piaget foi o problema do conhecimento e sua construção,
mesmos interesses e necessidades e a mesma
resultante das interações da criança com objetos ou
capacidade e velocidade de aprendizagem na pessoas. (Macedo, 1994. p.48)
alfabetização. Isto não significa que uma postura
construtivista seja incompa- tível com a aquisição dos Ainda para Macedo o interesse da educação é bem
conteúdos curriculares. A maneira como estes diferente dos interesses de Piaget descri- tos acima. A
conteúdos são trabalhados em sala de aula é que é educação está muito mais preocupada em promover o
diferente da utilizada na escola tradicional: desenvolvimento da criança:
Mas isto não significa dizer que não se O propósito da escola é retirá-la de seu
tenha, numa prática construtivista, uma metodologia estado atual e conduzi-la, tão sistematicamente
de trabalho, uma organização curricular, uma vez quanto possível, para um estado diferente. Se a criança
que não há nenhuma incompatibilidade do é analfabeta, a escola cuida de torná- la alfabetizada.
construtivismo com os conteúdos curriculares. Na Se a criança não sabe fazer contas, a escola cuida
realidade o que muda é a forma como estes de ensinar-lhe regras de cálculo. Em uma palavra, a
conteúdos são trabalhados pedagogicamente. escola, qualquer que seja seu método, está
(Pimentel, 1991. p.30) interessada no aprendizado da criança como um
resultado de sua ação sobre ela. (Macedo, 1994.
ESCOLA TRADICIONAL E ESCOLA p.48)
CONSTRUTIVISTA : CRÍTICAS
O reconhecimento das diferenças apontadas
Um aspecto importante da escola tradicional é por Macedo (1994) entre os objetivos de Piaget e os
que ela se preocupa em transmitir os conhecimentos objetivos da escola leva a pensar que a aplicação
acumulados pela humanidade. Possibilitar que todo pedagógica da obra de Piaget requer muito esforço e
esse acervo cultural seja objeto de aprendizagem é cuidados e não se faz diretamente, simplesmente
um dos méritos da escola tradicional. É óbvio que os aplicando-se a teoria à prática de sala de aula. De
conteúdos escolares têm de ser valorizados e acordo com esse autor, existem algumas maneiras
efetivamente ensinados ao aluno. O que se discute é interessantes de aplicar a obra de Piaget na prática
a forma mais adequada de realizar este contato dos pedagógica:
alunos com os conteúdos curriculares.
• o modo mais interessante refere-se ao
De acordo com Franco (1991), por muito esforço incessante de, na escola, se movi- mentar nas
tempo se pensou que saber “de cor” era o mesmo duas direções – teoria e prática – diferenciando-as e
que conhecer algo. No entanto, sabemos que o fato integrando-as até onde for possível;
de decorar não significa que se tenha compreendido
o que tentamos aprender. Ao nosso ver a verdadeira • é fundamental o estudo da obra de Piaget
aprendizagem é a que consegue gerar ou de parte dela, tal como ele a desenvolveu (o
conhecimento e desenvolvimento. Dessa forma a estudo dos originais de Piaget);
relação que se estabelece entre professor e alunos • é necessária uma constante pesquisa voltada
quando o primeiro expõe e os segundos anotam e
para as possibilidades de aplicação da obra de Piaget,
deco- ram, não propicia a aprendizagem, ao contrário,
com uma análise do modo concreto e particular como
dificulta ou impossibilita que ela ocorra:
essa aplicação está sendo feita.
Em relação ao construtivismo, é na aplicação A nosso ver, no caso específico da alfabetização
pedagógica de suas teorias ao cotidiano da sala de infantil, o professor, a partir do conhecimento
aula que encontramos as mais diversas críticas e
imprescindível sobre a língua portuguesa e do
dificuldades. Talvez seja a partir desse obstáculo que
conhecimento dos pressupostos da teoria
muitas experiências tenham se equivocado quando se
construtivista, deve elaborar sua forma de trabalhar
intitulavam construtivistas. É provável que essas
com as crianças. Não há receitas prontas para se
escolas não tenham conseguido adequar a teoria trabalhar em sala de aula. Cada escola deve
construtivista à prática pedagógica. procurar um caminho para possibilitar a aquisição dos
Macedo (1994) alerta para o reconhecimento conteúdos curriculares à sua clientela.
de que as dificuldades da aplicação pedagógica da
Os críticos de Piaget acreditam que sua teoria
obra de Piaget pode ser em razão de que, apesar de
enfatiza os aspectos cognitivos em detrimento dos
Piaget e a escola terem interesse comum pelo
aspectos social, afetivo e linguístico. Chegou-se a
desenvolvimento da criança, seguem orientações criticar Piaget partindo da interpretação de que o
diferentes para che- garem aos seus objetivos, que conhecimento dos estágios do desenvolvimento
são teóricos para Piaget, e práticos para a escola:
infantil pode ser tomado como único critério para a
ação do educador, minimizando-se os fatores sociais e
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
políticos da educação. De acordo com essa crítica, TEORIAS EDUCACIONAIS
considerar o desenvolvimento da inteligência como CONTEMPORÂNEAS
prioridade do trabalho pedagógico traria o risco de
uma pedagogia elitista, centrada em propostas
JOSÉ EVANGELISTA DAMASCENO E
norteadas por uma teoria “científica” e implementada
ANTÔNIA JOSILENE PINHEIRO ROCHA
por educadores supostamente neutros.
“Uma vez me perguntaram se seria possível
Dando ênfase ao tema da aprendizagem, há
mudar as pessoas... Eu respondi que não! As
teóricos de inspiração psicanalítica que apontam para
pessoas você não muda, mais sim, suas atitudes e
a dimensão afetiva do saber, ou seja, o desejo de
comportamentos”. Damasceno J. E.
aprender. Será essa mais uma tentativa de
desvendar os mistérios sobre a capacidade humana Por muito tempo, a escola perdeu o espaço
de aprender? O próprio Piaget preocupava-se com a de afluência e tornou o educando uma ferramenta
relação entre a evolução intelectual e cognitiva da isolada, aprisionando seus saberes, em detrimento
criança e o desenvolvimento da afetividade e da de um saber centrado no professor, sendo o
motivação: educador em muitas vezes, tido como o centro dos
saberes e das atenções, e não como facilitador e
Sustentar-se-á até, eventualmente, que os propulsor de conhecimentos, e aprendizados
fatores dinâmicos fornecem a chave de todo o sistemáticos. Para (Libâneo, 1983 e Silva, 1984).
desenvolvimento mental, e são, afinal de contas, as
necessidades de crescer, afirmar-se, amar e ser Educação é um conceito amplo que se refere
valorizado que constituem os motores da própria ao processo de desenvolvimento da personalidade,
inteligência, tanto quanto das condutas em sua envolvendo a formação de qualidades humanas –
totalidade e em sua crescente complexidade. físicas, morais, intelectuais, estéticas – tendo em
(Piaget, Inhelder, 1994. p.133) vista a orientação da atividade humana na sua
relação com o meio social, num determinado
Os críticos que afirmaram que o biólogo contexto de relações sociais.
suíço não questionou os aspectos afetivos envolvidos
na aprendizagem, de certo, nunca leram as linhas a No pensamento filosófico educacional
seguir: contemporâneo escolanovista, o indivíduo deve ser
visto e pensado como um todo, diferido do método
Vimo-lo mais de uma vez, a afetividade tradicional onde, o ser era educado de forma isolada
constitui a energética das condutas, cujo aspecto e passiva. Segundo Freire (1980). A educação para
cognitivo se refere apenas às estruturas. Não existe, ser válida precisa considerar a vocação ontológica do
portanto, nenhuma conduta, por mais intelectual homem, vocação de ser sujeito e as condições em
que seja, que não comporte, na qualidade de que vive: neste exato lugar, neste momento, neste
móveis, fatores afetivos; mas, reciprocamente, não determinado contexto.
poderia haver estados afetivos sem a intervenção
de percepções ou compreensão, que constituem a Porém, no contexto filosófico, Platão pode
sua estrutura cognitiva. A conduta é, portanto, ser considerado como o primeiro pedagogo porque
una, mesmo que as estruturas não lhes expliquem concebeu um modelo de ensino que mobilizava a
a energética e mesmo que, reciprocamente, esta sociedade de sua época integrando e interagindo o
não tome aquelas em consideração: os dois sujeito a uma dimensão ética e política. . O objetivo
aspectos afetivo e cognitivo são, ao mesmo final da educação, para o filósofo, era a formação do
tempo, inseparáveis e irredutíveis. (Piaget, Inhelder, homem moral, vivendo em um Estado justo. Platão
1994. p.133) foi o segundo da tríade dos grandes filósofos
clássicos, sucedendo Sócrates (399-469- a. C.) e
Em nossa opinião, o que sempre deve ser precedendo Aristóteles (322-384 a. C.), seu discípulo.
enfatizado é que o construtivismo não é, em sentido Para Platão a educação deve ser entendida como
amplo, uma teoria da educação e não é, em sentido tarefa de toda a sociedade.
estrito, uma metodologia de ensino. É uma
concepção teórica acerca de como o homem Para Platão, as pessoas têm saberes inatos
chega ao conhecimento, podendo alcançar vários que estão adormecidos, e que estes saberes só
campos da realidade contemporânea. precisam ser organizados para que se tornem
conhecimentos verdadeiros sem abstração do grau
de pensamentos. Já Sócrates, afirmou que as
pessoas já dominam determinados conceitos desde
que nascem. Os saberes estão postos desde
antiguidade, modernidade e atualidade. No modelo
pedagógico atual, o professor deve auxiliar o aluno a
acessar as informações prévias que estão
adormecidas no seu inconsciente, na busca de
evidenciar o saber, pois palavras e ideias podem
mudar o mundo. O desafio agora é reorganizar estes
saberes como instrumentos éticos na construção de

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
possibilidades e no desenvolvimento do Através da historia a escola era usada
pensamento humano, sem a alienação dos saberes enquanto trouxesse proveito para os grupos que
do educando em detrimento do educador ou vise e detinham o poder. Segundo La Chalotais na França
versa. em 1766 afirmava que:
O professor não deve abstrai-se do convívio “nunca houve tantos estudantes como hoje.
social, da interação do educando com comunidade Inclusive gente do povo quer estudar... Ensinar a ler
e escola, quando ele esquiva-se deste e a escrever a gente que só deveria aprender a
entendimento, acerca-se da alienação do saber e manejar instrumentos... O bem da cidade exige que o
passa a tornar a escola um espaço de alienação conhecimento das gentes não vá mais longe do que
quando não transforma estes saberes. A escola é necessário para a sua própria ocupação diária.
deve ser entendida como ferramenta propulsora de Todo homem que sabia além de sua rotina diária,
solução sem ausências de atitudes éticas que não será nunca capaz de continuar paciente e
viabilizem mudanças conceituais como: forma de atentamente esta rotina...”.
pensar, ensinar, aprender e agir.
Nesta concepção, podemos perceber que ao
A educação é um instrumento que forma longo da história, a escola poderia e pode atrapalhar
para o futuro, a escola é o lugar de “aprender a os planos de quem estar no poder, pois ela sempre
aprender”, o professor deve assumir o papel de foi usada como ferramenta de interesses de uma
facilitador, orientador e ou tutor. O educador não minoria, sendo em muitas vezes fabricas de soldados
deve (ensinar), precisa estimular o educando a obedientes à medida que ela se torna necessária ao
fomentar uma tempestade ou chuva de ideias, para sistema.
que juntos “educando e educador” possam, realizar
Aristóteles (384-322 a. C.) para ele, embora
a síntese das questões levantadas em torno da
as pessoas nascessem com capacidade de aprender,
sistematização dos conteúdos, possibilitando uma
elas precisariam de experiências ao longo da vida,
abrangência de situações para a resolução das
para que, se desenvolva o senso crítico
questões levantadas, estimulando o aprendizado e
intelectualizado para o dimensionamento equânime
deixando de lado o abismo criado entre educando e
da resolução das questões apresentadas. Neste
educador como se posiciona Viviane Mosé “o
pensamento, podemos discorrer que o indivíduo deve
professor deve Parar de ser professor para ser
estar inserido no meio, e que este meio deve
educador, quem acumula conteúdo não pensa” o
favorecer as condições e os mecanismos
educador deve discutir o processo de inclusão e
necessários para o seu desenvolvimento intelectual,
exclusão social e digital na atual problemática,
filosófico e crítico.
pensar não é dar respostas prontas,” a escola, não
é um problema da escola, é um problema social”, e O conhecimento estar posto em todas as
tudo isso reflete direto e indiretamente na figura do partes do Globo, ele é percebido e ensinado por
educando e perpassa pelo educador governos e todos os sentidos do corpo, do meio interior para o
sociedade. exterior ou vise e versa. Aristóteles ressalta ainda
que os conhecimentos sejam absorvidos como
O educador deve estimular o educando a
resultado da prática quando estes se tornam hábito.
procurar respostas para as suas inquietações
interferindo o mínimo possível, mas trazendo a linha A EDUCAÇÃO DE PLATÃO
de frentes às inquietações do educando de forma
Educação – Plantão dá muita ênfase à
organizada coordenada para construir uma
educação dos futuros cidadãos. Já Jean Jacques
condição na contextualização das ideias, pois a
Rousseau (dos tempos modernos) que diz que todo
mente deve estar sempre vazia para aprender.
homem é bom por natureza e que a educação, a
Para se compreender melhor o processo sociedade, é que o corrompeu (cf. Mênon, 89, in
socrático de educação, Sócrates dizia que o Diálogos, vol. I Edição de Ouro, Rio de Janeiro,
professor é semelhante a um parteiro. O parteiro 1969). Naquela época, Platão já pensava em
tira de dento do humano o humano. Assim deve ser métodos educacionais diferentes para aquele povo, o
o educador: aquele que tira de dentro das pessoas modelo de educação almejado por ele, era o que
aquilo que existe de humano dentro destas pudesse contempla a aprendizagem geral que
pessoas. A esse processo Sócrates chamou de envolvia a Música e a Ginástica. Platão já tinha uma
Maiêutica, que consistia em fazer perguntas ao visão futurista quando adotou esses dois modelos de
invés de dar respostas prontas fazendo o individuo educação, visando deixar as crianças prontas não só
pensar até que ele mesmo se desse conta de suas para assimilar conteúdos mais para uma abordagem
próprias contradições e compreendesse a que envolvia a saúde física e psíquica do alunato.
totalidade dos fenômenos. Com está filosofia
educacional Sócrates foi acusado, de corromper a Platão concebe a educação como um
juventude e colocar “minhocas” na cabeça dos instrumento de descobrir as vocações individuais,
procurando estimular o desenvolvimento de cada
jovens, estabeleceu-se uma grande perseguição
indivíduo conforme as tendências naturais das
contra a pessoa e o método, levando Sócrates a
propriedades de suas almas, quer dizer, procura
tomar cicuta.

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
desenvolver nos indivíduos as suas vocações educando. Existem graus de educação, mas estes
naturais. não são absolutos”.
Em sua tarefa educativa, Platão começa Para Oliveira (2009) a afirmação de Paulo
por afastar as crianças de aproximadamente dez Freire é tão coerente que nos faz refletir sobre o
anos do convívio de seus familiares, convívio este processo educativo contínuo, como base de uma
contaminado pelas endemias de preconceitos constante busca pela melhoria da qualidade da
malignos e tradições perniciosas. Neste contexto, formação docente e discente. A ação educativa
as crianças seriam educadas a partir de um novo implica em um conceito de homem e de mundo
modelo de vida, baseado na filosofia Platonista. concomitante, é preciso não apenas estar no mundo
e sim estar aberto ao mundo. Captar e compreender
A educação de Platão começa pela a
as finalidades deste a fim de transformá-lo, responder
Música, que não terá outro fim senão o amor ao
não só aos estímulos e sim aos desafios que este
belo. As doses de músicas, entretanto, serão
nos propõe. Não posso querer transmitir
controladas para evitarem-se extravios perigosos.
conhecimento, pois este já existe, posso orientar tal
Nesta contextualização deve-se estabelecer uma
indivíduo a buscar esse conhecimento existente,
rede de controle sistemática sobre todos os meios
estimular a descobrir suas afinidades em
de informações e de educação do povo para
determinadas áreas.
impedir a degenerescência moral. Isto na realidade
é o estabelecimento da censura sobre o sistema A educação não tem uma fórmula pronta a
educacional e sobre os meios de comunicação. Não seguir, a fórmula é criada, desvendada a cada passo
existe liberdade de expressão na cidade de Platão, em que estimulamos os nossos educandos, estes por
a não ser para a camada dominante, que decreta o sua vez têm seus conhecimentos prévios que
que dever ser o certo e o errado. devemos levar em consideração para acrescentar
nessa “fórmula” do educar, inserir a história da
Em seguida, vem a Ginástica, como outra
comunidade no currículo da escola para que estas se
parte da educação. A ginástica não só vista como
incluam na educação trazendo assim motivação
um corpo atlético, mais também como alma sadia.
necessária ao processo de ensino-aprendizagem.
Mente sã em corpo são, pode ser entendido como o
“Educação é um processo contínuo que orienta e
“equilíbrio entre o corpo e a mente”. Os educandos
conduz o indivíduo a novas descobertas a fim de
terão um regime alimentar regiamente
tomar suas próprias decisões, dentro de suas
estabelecidos, de onde se excluirão os manjares
capacidades”. (OLIVEIRA 2009).
requintados e guloseimas efeminadas, que de
modo algum poderão contribuir para a formação de A EDUCAÇÃO ARISTÓTELES
uma constituição física e emocional, forte e sadia.
Aristóteles foi precursor dos ensinamentos
Ambas devem contempla homens e mulheres, pois
como aluno e estagiário de Platão, mesmo assim não
Platão já dizia que, o homem só difere da mulher
se intimidava para fazer críticas ao modelo de
apenas quanto ao sexo e não quanto à natureza.
educação platônica. Entretanto, naquela época
Portanto, ambos terão os mesmos direitos e serão
Aristóteles compreendia a importância da educação e
educados juntos, podendo as mulheres atingir os
o quanto é necessário que ele esteja de acordo com
mais altos postos do Estado, já que irão governa
o tipo de regime vigente (de acordo com a “ideologia
com a sua capacidade intelectual e não com o
oficial”, diríamos hoje) – como se isto não tivesse
sexo.
sido proposto por Platão, até com maior ênfase.
Existem incontáveis definições de
Na verdade Aristóteles não trás em seu
educação, propostas pelos especialistas no
arcabouço educacional, muitas modificações em
assunto. Émile Durkheim, por exemplo, em sua
relação a Platão, de quem recebeu forte influência de
obra “Educação e Sociedade”, oferece sobre
seus ensinamentos, não só no que se refere à
educação a seguinte definição: a educação é a
educação, como de modo geral. Aristóteles faz uma
ação exercida pelas gerações adultas sobre as
antropologia com visão futurista no âmbito
gerações que não se encontram ainda preparadas
educacional, onde ele expressava, “que o cidadão
para a vida social; tem por objetivo suscitar e
deve aprender tanto a mandar como a obedecer,
desenvolver, na criança, certo número de estado
conforme as circunstâncias exijam, e que a educação
físico, intelectuais e morais reclamados pela
apropriada tornará isso possível”. Aristóteles diverge
sociedade no seu conjunto e pelo meio especial a
que a mulher não deve ter uma educação igualitária
que a criança particularmente se destina.
entre ambos os sexos, como já defendia Platão.
Já o dicionário Aurélio, define educação Conforme os modelos de educação aristotélica e
como o “processo de desenvolvimento da platônica, ambos os filósofos já pensavam em
capacidade física, intelectual e moral da criança e métodos de ensino e educação eficaz para aqueles
do ser humano em geral, visando à sua melhor indivíduos e que o ambiente escolar contribuísse
integração individual e social”. para os educandos.
Num entanto, Paulo Freire diz que, “a Uma educação deve ser pensada como
educação tem caráter permanente. Não há seres fenômeno social que contribui para o
educados e não educados, estamos todos nos desenvolvimento social, econômico, científico,
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
político e cultural de uma sociedade. Portanto há em seus estudos e análises sobre cosmologia, estar
uma correlação de como se educa e que tipo de à tese do universo infinito povoado por uma
sociedade se constrói, sendo ela de múltiplas infinidade de estrelas e planetas. Porém, as suas
visões, e que recebe influencias de vários ideias sobre a relatividade anteciparam-se as ideias
pensadores épocas e contexto social. Nesta de Galileu. Mais tarde o pensamento filosófico de
perspectiva pretendemos evidenciar e projetar no Bruno veio a impulsionar a Teoria da Evolução de
futuro as teorias educativas através das Darwin. Este filósofo acreditava na potencialidade
transformações evolutivas do processo humana, como instrumento de construir, desconstruir
educacional, disseminando e ampliando as diversas e reconstruir o pensamento filosófico universal, prova
escalas de saberes através do processo evolutivo. disso, é que estamos vivenciando suas descobertas
no século XXI. Suas ideias, filosofia e achados
Assim, direcionar a atuação educacional
planetários. Fica aqui, um pensamento de Giordano
para o processo do desenvolvimento humano mais
Bruno, Acerca do Infinito, o Universo e os Mundos,
harmonioso, que contempla as múltiplas dimensões
(1584). "Nós declaramos esse espaço infinito, dado
educativas e evolutivas, que é um processo
que não há qualquer razão, conveniência,
permanente filosófico dos conhecimentos, mais
possibilidade, sentido ou natureza que lhe trace um
também como via de construção da pessoa, das
limite." O pensar ciências, métodos, filosofias para
relações entre os indivíduos, meio ambiente,
educação no processo de ensino e aprendizado,
sociedade e planeta. Propõe uma reflexão sobre o
alinhado ao pensamento de Bruno (1584) não há, e
contexto em que se inserem as necessidades
nem existe limites, o pensar, o fazer e o existir devem
educacionais, promovendo a utilização de
ser entendido na razão como conveniência e
processos, métodos e tecnologias educacionais,
possibilidade para o aprender e o ensinar sem
para que todos possam construir juntos os
limites.
caminhos para a aplicação dessa concepção da
informação, cultura globalizada inversões Galileu Galilei (1564-1642) considerado
tecnologias no momento histórico atual. personalidade fundamental na revolução científica.
Descobriu a lei dos corpos, e enunciou, o princípio da
O NASCIMENTO DO PENSAMENTO
inércia e o conceito de referencial inercial, estes
PEDAGÓGICO MODERNO
achados possibilitaram as ideias precursoras da
Educação, instrumento condicionante, mecânica newtoniana. Aperfeiçoou o método do
formador, propulsor, locomotor, que dar forma, vida telescópio refratário e com ele descobriu as manchas
e curso a construção do ser. Possibilita ao solares, as montanhas da Lua, as fases de Vênus,
indivíduo, transcender o seu próprio universo e quatro dos satélites de Júpiter, os anéis de Saturno,
adentrar na estrutura dos conhecimentos as estrelas da Via Láctea. Sendo considerado o "pai
universais, para formar e construir um novo pensar, da ciência moderna”.
um novo fazer, para um novo entender e um existir
Johannes Kepler (1571- 1630) trouxe grande
da filosofia pedagógica moderna no processo de
contribuição para as ciências, foi astrônomo,
ensino e aprendizagem como elementos para a
matemático e astrólogo considerado peça-chave na
construção de uma nova sociedade.
revolução científica do século XVII.
Marco Fábio Quintiliano (Quintilianus, 35 d.
William Harvey (1578-1657) constatou a
C - 95 d.C.), tratava a educação como instrumento
circulação do sangue, onde este processo era
fundamental na vida do ser. Orientava, que se
realizado de forma sistêmica por todo o corpo através
possível fosse ensinado simultaneamente os nomes
do coração. Para Harvey, em seu livro de 72 páginas
das letras e as suas formas. Era contrário a
Exercitatio anatômica de motu cordis et sanguinis in
qualquer tipo de submissão do ser, a opressão e ou
animalibus (1628) “... Achei esta tarefa
imposição de algo para o aprender. Ressaltava a
verdadeiramente árdua... que quase me levou a
importância dos estímulos ao aprendizado através
pensar que os movimentos do coração só poderiam
da emulação como incentivo ao estudo, advertia
ser entendidos por Deus. Pois sequer eu podia
ainda que. O tempo que o educando estiver na
perceber de início da diferença entre a sístole e a
escolar deve ser interrompido por recreios, hoje
diástole dada à rapidez dos movimentos.”.
descritos como intervalos, já que o descanso em
sua opinião é propício à aprendizagem do Francis Bacon (1561-1626), conselheiro da
educando. Os conceitos filosóficos pedagógicos de Rainha Isabel da Inglaterra, deu um novo
Quintiliano, descrito há quase dois mil anos, ordenamento as ciências e propôs a distinção entre a
permanecem ativos no presente, irá permear no fé e a razão para não se cair nos preconceitos
futuro e retornar ao passado como instrumento e religiosos que distorcem a compreensão da
ferramenta pedagógica extremamente atual. realidade; criou o método indutivo da investigação,
opondo-se o método aristotélico de educação.
Entre os anos (1548 – 1637), surgirão
Francis Bacon pode ser considerado o fundador do
vários pensadores com a intenção de produzir
método científico moderno. Já René Descartes
obras científicas que pudesse contribuir com uma
(1596-1650), descreveu o famoso Discurso do
educação moderna. O Primeiro escritor foi Giordano
método.
Bruno (1548-1600), precursor da filosofia moderna,

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
No Discurso do método, René Descartes O surto das ciências naturais, da física, da
apresenta os quatro grandes princípios do seu química, da biologia, suscitou interesse pelos estudos
método científico: científicos e o abandono progressivo dos estudos de
autores clássicos e das línguas da cultura greco-
1º) O primeiro era o de jamais acolher
latina. Até a moral e a política deveriam ser
alguma coisa como verdadeira que eu não
modeladas pelas ciências da natureza. A educação
conhecesse evidentemente como tal; isto é, de
não era mais considerada um meio para aperfeiçoar
evitar, cuidadosamente, a precipitação e a
o homem. A educação e a ciências eram
prevenção, e de nada incluir em meus juízos que
consideradas um fim em si mesmo. O cristianismo
não se apresentasse tão clara e tão distintamente a
afirmava que era preciso saber para amar (Pascal).
meu espírito, que eu não tivesse nenhuma ocasião
Ao contrário, dizia Bacon, saber é poder, sobretudo
de pô-lo em dúvida.
poder sobre a natureza.
2º) O segundo, dividir cada uma das
Bacon divide as ciências em: ciência da
dificuldades que eu examinasse em tantas parcelas
memória ou ciência histórica; ciência da imaginação,
quantas possíveis e quantas necessárias fossem
ou poética; e ciência da razão ou filosófica. Já Locke
para melhor resolvê-las.
empresta à educação uma importância
3º) O terceiro, conduzir por ordem meus extraordinária. A criança, ao nascer, era, segundo
pensamentos, começando pelos objetos mais ele, uma tabula rasa, um papel em branco sobre o
simples e mais fáceis de conhecer, para subir, qual o professor podia tudo escrever.
pouco a pouco, como por degraus, até o
João Amos Comênio é considerado o grande
conhecimento dos mais compostos, e supondo
educador e pedagogo moderno e um dos maiores
mesmo uma ordem entre os que não se precedem
reformadores sociais de sua época. Foi o primeiro a
naturalmente uns aos outros.
propor um sistema articulado de ensino,
4º) E o último, o de fazer em toda parte reconhecendo o igual direito de todos os homens ao
enumerações tão completas e revisões tão gerais, saber. Para ele, a educação deveria ser permanente,
que eu tivesse a certeza de nada omitir". isto é, acontecer durante toda a vida humana.
Afirmava que a educação do homem nunca termina
Descarte foi considerado o pai da filosofia porque nós sempre estamos sendo homens e,
moderna, escreveu sua obra principal em francês, a
portanto, estamos sempre nos formando.
língua popular da época, possibilitando o acesso de
um maior número de pessoas.
UM NOVO OLHAR, UMA NOVA PERSPECTIVA,
Vinte anos depois da publicação do PARA AS TEORIAS DE APREDIZAGENS NOS
Discurso do método, João Amos Comênio (1592- TEMPOS MODERNOS
1670) escreveu a Didática magna (1657),
considerada como método pedagógico para ensinar Todos nós temos nossa teoria de como se
com rapidez, economia de tempo e sem fadiga. Ao aprende e de como se educa. Mesmo que não
invés de ensinar palavras, "sombras das coisas", sejamos professores ou mesmo que nunca tenhamos
dizia Comênio, “a escola deve ensinar o pensado em ser educador, dentro de nós possuímos
conhecimento das coisas”. O pensamento teorias de como se ensina e de como se aprende.
pedagógico moderno caracteriza-se pelo realismo, Diante do proposto pelo os autores do artigo o
John Locke (1632-1704) perguntava-se de que pensar, enquanto discutimos as diversas teorias de
serviria o latim para os homens que vão trabalhar aprendizagem foram baseadas nas visões
nas fábricas. Talvez fosse melhor ensinar mecânica contemporâneas dos filósofos, podemos nos
e cálculo. Mas as classes dirigentes continuavam questionar as seguintes indagações.
aprendendo latim e grego: um "bom cidadão"
1. Quais as suas ideologias?
deveria recitar algum verso de Horácio ou Ovídio
aos ouvidos apaixonados de sua namorada. Locke, 2. Qual a sua teoria de aprendizagem?
em seu Ensaio sobre o entendimento humano,
3. Para que ela serve?
combateu o inatismo antepondo a ideia da
experiência sensorial: nada existe em nossa mente 4. Qual sua linha pedagógica?
que não tenha sua origem nos sentidos.
5. Que métodos são adequados?
A pedagogia realista insurgiu-se contra o
formalismo humanista pregando a superioridade do 6. Que respostas e estímulos esperam dos
educandos?
domínio do mundo exterior sobre o domínio do
mundo interior, a supremacia das coisas sobre as 7. Qual tua proposta pedagógica?
palavras. Desenvolveu a paixão pela razão
(Descartes) e o estudo da natureza (Bacon). De 8. O educando compreendeu sua linha de
humanista, a educação torna-se científica. O pensamento raciocínio?
conhecimento só possuía valor quando preparava 9. A aprendizagem foi estabelecida?
para a vida e para a ação.
10. O entendimento é coletivo parcial ou
fragmentado?
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Refletindo sobre os dez questionamentos 7. Aprender a valorizar o saber social.
referenciados pelo os autores do artigo: sobre as
A educação para o século XXI estar
teorias de aprendizagem que devem ser aplicadas
condicionada a globalização do planeta e dos
como ferramentas para adequação dos saberes no
recursos tecnológicos disponíveis na rede mundial de
processo de ensinar e aprender, buscamos
informação (internet e intranets), e passa a ser
respostas no relatório final da pesquisa (Junior e
construída, sobre estes quatro pilares Educacionais
Silva. 2004), “Como me fiz professor notável” para
que estão baseado no Relatório da UNESCO da
tornar-se um “notável docente” é preciso
Comissão Internacional sobre Educação para o
emponderar-se dos seguintes métodos de ensino e
Século XXI, coordenada por Jacques Delors,
aprendizagem do docente e discente.
contudo, são indispensáveis ao processo educacional
1. Ensinar com humor; no planeta:
2. Valorizar o aprendente como estrela 1) Aprender a conhecer.
principal;
2) Aprender a fazer.
3. Apresentar transparências de
3) Aprender a viver com os outros.
sentimentos;
4) Aprender a ser.
4. Aprender com o aprendente;
Se estivermos a viver as condições Pós-
5. Exigir e ser flexível;
moderna, o pensar, o fazer e o entender do Educador
6. Avaliar positivamente; e do educando deve estar alinhados ao pensamento
de liberdade para que este pensamento seja capaz
7. Incentivar a aprendizagem em grupo;
de atender a diversidade do pensamento e da
8. Utilizar as tecnologias na educação; filosofia Pós-moderna, pois, a Pós-Modernidade
questiona a validade do projeto pedagógico unitário.
9. Conceber a aprendizagem de forma
vivencial; Segundo Lampert (2007), Esse processo
exige professores preparados, pois os recursos
10. Conservar a empatia vertical e
humanos são de capital importância em qualquer
horizontal na evolução dos conhecimentos
organização. Na escola, os professores são capazes
filosóficos científicos e pedagógicos. de provocar mudanças significativas no cenário
O processo de ensinar, não estar escolar e, conseqüentemente, melhorar a qualidade
dissociado do aprender, a técnica de ensinar e de ensino, o que é indispensável para o progresso do
aprender é neutra, mais estar associada ao país. Daí a importância da formação docente
contexto social. É preciso utilizar-se de diversos coerente com o momento histórico e contexto político
mecanismos para mobilizar saberes. e econômico-cultural.
O que está posto não estar acabado é Nesta contextualização seguindo o
preciso reprocessar, retransformar, readequar ao pensamento de Lampert, a formação adequada do
novo formato em vigência. Ensinar, valorizar, educador provoca mudanças na estruturação da
incentivar, aprender, conceber, vivenciar, são comunidade e no contexto social da vivência
instrumentos de referência para o entendimento de educacional. Nesta concepção, a formação
uma coletividade observando as peculiaridades profissional deve considera a visão e a conotação do
ideológicas de cada ser, vivenciando através do ter, (o saber) como política de formação, e dentro
dialogo, como este educando percebe o mundo e desta linha de pensamento a diversidade do
qual a sua visão prognóstica para o seu futuro e conhecimento como instrumento gerador de
para a coletividade. progresso na construção de um pensar, e um ser
pensante integral, valorizando os aspectos culturais,
Dentro do aprender e do ensinar para uma intelectuais na busca da construção e integração das
contextualização social no entendimento coletivo, é diversas formas de saberes.
preciso saber conviver sem deixar de lado os
valores éticos e condição moral que norteia a A escola como instrumento gerador de
filosofia pedagógica. Para Toro (1993), existem sete conhecimento precisa encontrar alternativas que
processos de aprendizagem básicos para a equacionem e possibilite a transformação ideológica
convivência social. nos diversos cenários do saber. Para Fazenda
(1994), Lück (2000), Doll Jr (1977), Santomé (1998),
1. Aprender não é agredir o semelhante; Demo (2004) apostam na interdisciplinaridade e/ou
2. Aprender a comunicar-se; transdisciplinaridade e Freire, na educação
problematizadora; como saída para a transformação
3. Aprender a interagir; do cenário educacional e para a construção de um
4. Aprender a decidir em grupo; novo pensar. Já Dutra diz que “a interdisciplinaridade
procura a globalidade, o debate, a dialética, a
5. Aprender a cuidar de si; participação, o envolvimento e a integração entre
6. Aprender a cuidar do outro; membros da comunidade. Estabelece a possibilidade

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
de um novo repensar da sociedade, tendo em vista AS CONCEPÇÕES DE APRENDIZAGEM
que a pós-modernidade exige a produção de ALUNO ENSINO PROFESSOR NESSAS
saberes que desmantele o paradigma da
fragmentação curricular e a visão de mundo, dando
ABORDAGENS TEÓRICAS
a noção da realidade como um todo, que se Não é o professor que define todo o plano
encontra em constante movimento”. do ensinar
No entanto, Lück (1994) salienta que a A questão da excelência do processo de
interdisciplinaridade, processo de integração e ensino-aprendizagem não é algo que pode ser
engajamento de educadores, num trabalho garantido apenas pelo professor e pelas suas
conjunto, que objetiva a integração de disciplinas estratégias didático-pedagógicas. Ela é uma
entre si e com a realidade para superar a conquista e supõe o diálogo, a participação efetiva do
fragmentação do ensino, possibilita a formação aluno e, sobretudo, a construção de relações de
integral do educando com o intuito de exercer proximidade e empatia com os estudantes.
criticamente a cidadania, mediante uma visão
global de mundo e a capacidade de enfrentar os Muitos professores vivem dramas terríveis
problemas complexos, amplos e globais da porque não conseguem atrair e construir sentido e
realidade atual. Freitag (1994) salienta que uma significado para seu projeto pedagógico. Não são
pedagogia pós-moderna, de qualidade, deveria poucas as estratégias que implementam no sentido
revelar o outro lado da modernidade e pós- de fazer com que os alunos apresentem interesse e
modernidade, a capacidade de síntese, de vontade de aprender os conteúdos que ministra e as
integração, ordenando impressões e sensações atividades que realizam. Há casos em que os
aparentemente desconexas, fragmentadas e próprios alunos boicotam as aulas, constroem
desintegradas. estratégias para driblá-las e apresentam-se apáticos
para as mesmas.
A importância de uma educação moldada Fica evidenciado que não basta ter um plano de aula
na interdisciplinaridade e multidisciplinaridade e na bem estruturado, organizado e fundamentado. Da
ação problematizadora deverá ser instrumento mesma forma, fica revelado que o plano do ensinar e
epistemológico de construção e formatação, para do aprender supõe a construção de relações de
possibilitar um novo olhar para o entendimento e a proximidade, empatia e significado que vão além dos
compreensão ética de uma nova realidade conteúdos estabelecidos pelo professor e de suas
educacional que atenda o processo de globalização estratégias didático-pedagógicas. A construção
dos saberes na busca de um construir pedagógico dessas relações tem a ver com a concepção e a
onde educando, educador, escola e sociedade prática docente no que se refere ao próprio processo
possam partilhar e vivenciar o intercâmbio de de ensino-aprendizagem e ao modo como os
aprendizado para desenvolver a sociedade e o professores vêem os alunos, seu lugar e papel na
meio ao qual, estamos inseridos. ação pedagógica.
As visões sobre o ensino-aprendizagem e
a relação professor-aluno
Afirmei que o plano de ensino-aprendizagem
não garante necessariamente excelência na
formação dos educandos. Ela é decorrente também
das relações que o professor constrói com seus
alunos e alunas, relações essas de proximidade,
empatia e significado. Contudo, a construção dessas
relações, a sua qualidade e consistência, bem como
seus impactos no processo de ensino-aprendizagem,
dependem da concepção que os professores
apresentam do ensino e da aprendizagem, do modo
como concebem seu papel, o papel dos alunos e
como consideram o pensar e o fazer docente no
contexto escolar.
Nesse sentido, grosso modo, pode-se falar
em duas concepções e práticas: uma autoritária e
antidemocrática, ancorada numa visão de que o
professor é “dono” do saber, é ele que detém o poder
do conhecimento; é ele que sabe o caminho através
do qual se ensina e se aprende. Essa visão,
naturalmente, vai produzir um tipo de relação
também autoritária com os alunos, uma vez que
estes são vistos como “latas” onde o professor “sabe
tudo” despeja seus conhecimentos e saberes.

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Estabelece-se assim uma relação pautada no educativo;
autoritarismo e no não diálogo. O ensinar e o 2 – Construir coletivamente um ambiente de
aprender assumem um caráter “bancário” e aprendizagem onde todos possam ser escutados,
antidialógico, como dizia Paulo Freire (1987). sentirem-se acolhidos e valorizados em seus saberes
e experiências, implicando o conhecimento das
A relação que se constrói não é de empatia
histórias, trajetórias, perfil dos alunos, de seus
e proximidade, mas de negação do outro como
gostos, problemas e dificuldades;
legítimo outro (MATURANA, 1998).
3 – Estabelecer, em cada aula ou espaço de ensino-
O aluno, segundo essa visão, é visto como aprendizagem, condições alegres e bonitas para se
objeto da ação pedagógica e não como sujeito. trabalhar, vivenciando momentos de inquietação
A segunda concepção e prática docente referente epistemológica, produção individual e coletiva,
ao processo de ensino–aprendizagem pode ser sistematização e valorização das descobertas,
caracterizada como dialógica (FREIRE, 1987). procurando identificar os significados da convivência
pedagógica;
Essa concepção parte de outro
4 – Trabalhar o gosto pela curiosidade e a
pressuposto, onde a atitude dialógica é, antes de investigação, motivando e fomentando atitudes e
tudo, uma atitude de amor, humildade e fé no ser práticas produtivas, procurando dar um sentido social
humano, no seu poder de fazer e de refazer, de
para a produção do saber;
criar e de recriar. Portanto, o “ensinar não é
5 – Criar espaços de avaliação, entendendo-a não só
transferir conhecimento, mas criar as possibilidades
como aferição de resultados do ensino-
para a sua produção ou a sua construção",
aprendizagem, mas como identificação dos sentidos
(FREIRE, 1996, p. 21); o aprender, nessa e significados do saber e do fazer epistemológico e
perspectiva dialógica, é mais que uma relação de social.
saber; é relação de existência de vida; aprender é
uma modificação estrutural não do comportamento, Finalizo este artigo, reforçando a ideia de que
mas da convivencia (MATURANA,1998). não haverá excelência no processo de ensino-
aprendizagem se não houver uma busca permanente
O processo de ensino-aprendizagem por uma excelência nas relações de convivência, no
decorre então de uma relação entre parceiros, onde ambiente ou espaço de aprendizagem, entre
todos ensinam e todos aprendem. Numa relação
professores e alunos. É no espaço da convivência,
como essa, onde professores e alunos se sentem
onde se dá a proximidade e a empatia, que o ato de
acolhidos em seus saberes e experiências,
ensinar e aprender se efetiva, ganha sentido e
constroem juntos o conhecimento, alegram-se
significado.
juntos pelas descobertas que fazem, percebem
juntos o movimento da vida e da convivência no ato
de ensinar e aprender coletivamente, produzindo
proximidade, empatia e significado.
Nesse sentido, a proximidade e a empatia podem
ser consideradas como um instrumento da
dialogicidade, na medida em que, quando nos
juntamos para, parceiramente, descobrir, conhecer,
resolver problemas, ficar juntos e referendar o outro
no seu jeito de ver o mundo, de explicá-lo e
mobilizar as experiências e saberes de que é
portador, vivenciamos uma relação ontológica, uma
relação de totalidade do ser, existencialmente
produtiva, nunca uma busca objetivista do
conhecimento, muito menos um esforço de uso do
parceiro (FONSECA, 2000).
Sabendo que a construção de relações de
proximidade, empatia e significado, no processo de
ensino-aprendizagem, será sempre um desafio,
visto que é contextualizada, isto é, precisa
considerar a história, o ambiente, as trajetórias
formativas de professores e alunos, seus saberes e
experiências, etc., pode-se apontar algumas
recomendações que podem contribuir na superação
do desafio de construir relações de proximidade e
empatia, e perseguir a excelência no ensinar e no
aprender. Destaco, pois, as seguintes:
1 – É preciso adotar uma postura dialógica,
fundada na construção parceira do saber e na
afirmação da vida de cada ator do processo
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
fundamentais : A situação estimuladora, a pessoa
que aprende e a resposta.
Teoria do condicionamento–Skinner
Epistemologia genética, cognitivista-Jean Piaget
Teoria cognitiva–John Dewey
AS BASES EMPÍRICAS,
Segundo os teóricos, a aprendizagem é
METODOLÓGICAS E definida como o processo de apreensão pelo
EPISTEMOLÓGICAS DAS DIVERSAS indivíduo, do conteúdo da experiência humana de
TEORIAS DE APRENDIZAGEM forma interativa com seu meio.
Teoria comportamentalista
TEORIAS DA APRENDIZAGEM
Nesse tipo de aprendizagem o
O QUE SABEMOS SOBRE
comportamento segundo a psicologia é
APRENDIZAGEM?
compreendido para poder prevê-lo e se possível
• A Aprendizagem é ativa? modificá-lo.
• A Aprendizagem é um processo A resposta ocorre, mas ou menos por
individual? acaso e, então recompensa.
• A Aprendizagem é um processo social? estimulo–resposta-recompensa
• A Aprendizagem significa mudança? Esse tipo de condicionamento enfatiza a
associação da resposta desejada a um reforço, que
• A Aprendizagem nunca é completa? leve o indivíduo a repetir a mesma reposta em
• A Aprendizagem pode ser agradável? situações futuras.
É muito mais que uma explicação, De acordo com o pensamento
descrição ou representação da realidade de um comportamentalista, a conduta dos indivíduos é
determinado objeto no contexto das relações entre observável e mensurável, similarmente aos fatos
homem natureza e sociedade. A teoria é um e eventos nas ciências naturais e nas exatas.
discurso que extrapola uma mera descrição da Teoria Cognitiva
realidade, mas a própria construção do
conhecimento e da realidade em um determinado Para a Teoria Cognitiva, a aprendizagem
espaço/tempo/histórico. Cada teoria apresenta os coincide com o raciocínio ou a solução de problemas,
conceitos e questões relacionadas aos interesses que se faz em seis passos:
do discurso ao qual está implicada.
a) Noção de um problema
Bases: econômica sócio-histórico-cultural
b) Esclarecimento do problema
filosófica.
c) Aparecimento das hipóteses;
Implicações para a Prática Pedagógica–
Currículo. d) Seleção da hipótese mais provável;
Aprendizagem e) Verificação das hipóteses
É o processo através do qual vencemos f) Generalização
cada passo do caminho desde que respiramos pela
A fim de estimular a solução de problemas, a
primeira vez; a transformação que ocorre no
escol deve aproximar o ensino da vida real, deixar
cérebro sempre que uma nova informação é
margem para a independência, apresentar a matéria
integrada, que uma nova habilidade é dominada.
em forma de problema, utilizar uma linguagem
"Sábio é aquele que conhece os limites da acessível, favorecer o trabalho em grupo e estimular
própria ignorância". –Sócrates a participação dos alunos.
"Educai as crianças, para que não seja Aprendizagem Cognitiva
necessário punir os adultos". -Pitágoras
Segundo Ausubel, é a integração do
"Você não pode ensinar nada a um homem; conteúdo aprendido numa edificação mental
você pode apenas ajudá-lo a encontrar a resposta ordenada.
dentro dele mesmo". -Galileu Galilei
O conteúdo previamente detido pelo
Os Tipos elementos de Aprendizagem indivíduo representa um forte influenciador do
processo de aprendizagem.
Segundo alguns estudiosos, a
aprendizagem é o processo de alteração de Novos dados serão assimilados e
conduta de um indivíduo, seja por condicionamento, armazenados na razão direta da qualidade da
experiência ou ambos. Existem três elementos Estrutura Cognitiva prévia do aprendiz.

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Esse processo de associação de Mapas conceituais de Novak
informações inter-relacionadas denomina-se
•Trata-se de organizadores gráficos que
Aprendizagem Significativa.
representam relações significativas entre conceitos
A ideia central da teoria da aprendizagem na forma de proposições (Novak e Gowin, 1991, p.
significativa 15). Recorrem, para tal, apalavras de ligação entre os
conceitos.
• Se tivesse que reduzir toda a psicologia
educacional a um único princípio, enunciaria este: •“A construção de mapas conceptuais é um
de todos os fatores que influenciam a processo de ajudar os estudantes e os educadores a
aprendizagem, o mais importante é o que o aluno já penetrar na estrutura e significado do conhecimento
sabe. Averigue o que o aluno sabe e ensine-se em que eles procuram compreender.” (Novak e
conformidade. (D. Ausubel, 1968). Gowin,1991, p. 1).
As dimensões da aprendizagem APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
(Ausubel, 2002, Novak e Gowin, 1999, p.
23).
Aprendizagem significativa - processo
pelo qual os conhecimentos novos são relacionados
de modo substantivo com proposições e conceitos
relevantes previamente disponíveis na estrutura
cognitiva.
Aprendizagem memorística ou mecânica
– é a antítese da aprendizagem significativa.

O conceito de corpo tem de ser mais


trabalhado...

Aprendizagem por recepção – aquela em


que o conhecimento é fornecido diretamente ao
aluno, podendo este aprendê-lo ou não de modo
significativo.
Aprendizagem por descoberta autônoma •O mapa conceitual ajuda o professor a
– o conhecimento não é fornecido ao aluno, este desempenhar o seu papel de facilitação da
tem de identificar e selecionar por si a informação aprendizagem significativa dos alunos predispostos
necessária. para aprenderem significativamente.

O conteúdo a aprender deve ter significado •Esta motivação cresce com o seu
lógico enriquecimento fruto do sucesso que forem tendo.

•As ideias principais devem ser realçadas •OMC aponta para um ensino ativo, criativo
(títulos, destaques à margem, etc.). (sem receitas...), cooperativo e valoriza à uma
aprendizagem significativa.
•As ideias subordinadas devem ser
permanente e intencionalmente relacionadas com Aprendizagem Construtivista
as ideias principais de modo a elaborar estas. A concepção construtivista, define a
•As relações entre ideias principais e aprendizagem como um processo de troca mútua
subordinadas têm de possuir significado lógico e entre o meio e o indivíduo, tendo o outro como
ser claras e bem destacadas.

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
mediador. O sujeito é um elemento ativo que age e Simultaneamente vivemos, experimentamos e
constrói sua aprendizagem. aprendemos. ”Dewey, 1964: p.16
A Epistemologia Genética é a teoria Não se restringe ao ensino do conhecimento
desenvolvida por Jean Piaget, e consiste numa como algo acabado;
combinação das teorias então existentes. Para
O saber e a habilidade que o estudante
Piaget, o conhecimento é gerado através de uma
adquire, devem poder ser integrados na sua vida
interação do sujeito com seu meio, a partir de
como cidadão, pessoa e ser humano;
estruturas existentes no sujeito.
Assegurar o crescimento e o
Assim sendo, a aquisição de
desenvolvimento físico, intelectual e moral de cada
conhecimentos depende tanto das estruturas
um e do coletivo social;
cognitivas do sujeito como de sua relação com o
objeto. Articulação do caráter racional e emocional
entre o indivíduo, a sociedade e a educação.
Aprendizagem Interacionista
O crescimento, consequência das
Os estudos de Vygotsky postulam uma
experiências acumuladas, decorre da possibilidade
dialética das interações com o outro e com o meio,
de conviver com outros indivíduos,
como desencadeador do desenvolvimento.
desenvolvendoareflexão,acapacidadeinventivaeainici
Para Vygotsky, o desenvolvimento é ativa.
impulsionado pela linguagem. Ele acredita que a
A ideia básica do pensamento de John
estrutura dos estádios descrita por Piaget seja
Dewey sobre a educação está centrada no
correta, porém diferem na concepção de sua
desenvolvimento da capacidade de raciocínio e
dinâmica evolutiva.
espírito crítico do aluno
Enquanto Piaget defende que a
Alunos e professor detentores de
estruturação do organismo precede o
experiências próprias, que são aproveitadas no
desenvolvimento, para Vygotsky é o próprio
processo
processo de aprender que gera e promove o
desenvolvimento das estruturas mentais superiores. A experiência é um ponto central na
formação do conhecimento, mais do que os
Zona de desenvolvimento proximal
conteúdos formais;
Um ponto central da teoria Vygotskyana é o
John Dewey vê a educação como uma
conceito de ZDP, que afirma que a aprendizagem
reconstrução da experiência. Para ele todo o
acontece no intervalo entre o conhecimento real e o
conhecimento se constrói com base na experiência
conhecimento potencial. Em outras palavras, a ZDP
adquirida.
é a distância existente entre o que o sujeito já sabe
e aquilo que ele tem potencialidade de aprender. O grande mérito da sua teoria prende-se com
o fato de ter sido um dos primeiros a chamar a
As Inteligências Múltiplas
atenção para a capacidade de pensar dos alunos;
A partir dos anos 80, uma equipe de
Dewey entende a escola como um processo
pesquisadores da universidade de Harvard, liderada
de rejuvenescimento de uma sociedade democrática,
pelo psicólogo Howard Gardner, identificou sete
onde as pessoas se encontram para educar e serem
tipos de inteligência. Esta teoria teve grande
educadas;
impacto na educação no início dos anos 90.
A escola reflete a vida em sociedade e as
A inteligência pode ser definida como a
experiências vividas no plano social, econômico,
capacidade mental de raciocinar, planejar, resolver
político e religioso;
problemas, abstrair ideias, compreender ideias e
linguagens e aprender. Fundamenta uma nova prática pedagógica,
vinculada essencialmente a uma nova concepção de
Howard Gardner divide a inteligência em
democracia, onde todos tenham as mesmas
sete componentes diferentes: lógico-matemática,
oportunidades;
linguística, espacial, musical, cinemática,
intrapessoal e interpessoal. A escola é vista como via de
desenvolvimento social e como instrumento de
A Educação para John Dewey
equalização, numa sociedade desigual e burguesa.
“Mais do que preparação para a vida, a
Deve apresentar o mundo de um modo
educação deve ser vida: permitir a cada sujeito,
simplificado e organizado e, aos poucos, conduzir as
pela comunicação ética com os outros, adquirir e
crianças ao sentido e à compreensão das coisas
mobilizar um conjunto de hábitos e atitudes que lhe
mais complexas;
permitam viver condignamente. ”Dewey, 1988: p.57
A Pedagogia não é uma ação “de fora para
“A Educação é conseguida com as próprias
dentro ”mas“ de dentro para fora”
experiências vividas inteligentemente.

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
A escola deve funcionar como uma CONTRIBUIÇÕES DE PIAGET,
comunidade em miniatura, ensinando situações de VYGOTSKY E WALLON PARA A
comunicação e cooperação entre os indivíduos;
PSICOLOGIA E PEDAGOGIA
Defende os métodos ativos de ensino-
aprendizagem, a liberdade da criança, os trabalhos Certa vez um jornalista me perguntou para
de grupo e trabalhos práticos; que serve o construtivismo. E isso me fez pensar
bastante e cheguei à conclusão de que, a
princípio, não serve para nada. Aliás, aqui é
importante fazer uma generalização. As teorias,
bem como as filosofias não servem para nada.
Vocês devem estar achando estranho eu
dizer isso, ainda mais quem me conhece há mais
tempo e sabe do meu empenho em traduzir a
teoria de Piaget em uma linguagem mais simples
com o intuito de fazer os professores, ou mesmo
os pais entenderem o construtivismo.
É bem verdade que eu sempre fui um
defensor das teorias. Sempre gostei de
caracterizar meus cursos, minhas aulas, como
espaços de reflexão teórica. Mas tudo isso não é
incoerente com o que disse acima: que as teorias
não servem para nada.
De fato estou querendo afirmar que não é
possível dar um caráter pragmático à teoria. Afinal,
falando-se de educação, alguém pode conhecer
profundamente uma série de teorias pedagógicas,
e no entanto não ser um bom professor. Do
mesmo modo todos nós conhecemos professores
que não conhecem teorias, que agem muito mais
por instinto e são excelentes na sala de aula.
O problema é que intuição não garante
profissionalismo. Uma coisa é saber utilizar
procedimentos didáticos adequadamente, outra é
ter critérios claros e precisos que nos auxiliem a
julgar e a escolher os procedimentos a serem
utilizados e também a fazer opções relativas a sua
adaptação. Mas a construção desses critérios não
algo que acontece da noite para o dia, nem
provoca mudanças imediatas na nossa prática.
É neste sentido que a teoria não tem uma
utilização pragmática. Ou seja, não tem como
ensinar alguém a ser construtivista em um curso
de 40 horas de modo que ele saia dali como um
professor radicalmente diferente, superando todas
suas deficiências de formação e todos seus vícios
neuróticos que marcam sua maneira de se
relacionar na sala de aula.
As duas teorias que são foco neste painel
têm ainda uma característica peculiar: não são
teorias pedagógicas. Apesar de exercerem enorme
influência na prática pedagógica no mundo inteiro,
sua aplicação está longe de ser imediata.
Vygotski tem um certo privilégio em relação
a Piaget, pelo fato de ter esboçado uma teoria
psicológica, e há muito tempo a psicologia tem sido
um dos pontos de apoio da pedagogia. Às vezes
até mesmo tornando-se quase que o centro do
pensamento pedagógico. Já a teoria de Piaget não
pode ser encarada como uma teoria psicológica,
pelo menos não no sentido usual que damos à
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Psicologia. A preocupação de Piaget era comum, se baseiam em concepções lineares e não
epistemológica, ou seja, explicar como pode se dialéticas. Um exemplo disso é a pergunta muitas
produzir o conhecimento científico e as ciências. vezes repetidas nas discussões pedagógicas e
Para chegar a isso ele teve de fazer um psicológicas: "o que pesa mais: o que vem de
caminho pela Psicologia, já que a proposta dele dentro ou o que vem de fora?"
era de uma Epistemologia científica, baseada em
A compreensão da realidade de forma
pesquisas experimentais e não em especulações
dialética (interacionista) nos exige compreender
filosóficas. Por isso a opção por fazer uma
que não se pode ficar procurando o vencedor na
Epistemologia Genética.
batalha entre o que é de dentro e o que é de fora.
Por outro lado Piaget leva uma É por isso que Piaget propõe outro questionamento
vantagem sobre Vygotski por ter construído que é como o de dentro e o de fora se relacionam.
uma teoria muito sólida, fundamentada em
Por isso que não tem nada de construtivista
pesquisas realizadas durante aproximadamente
(muito menos de interacionista) a prática
50 anos. tendo tido o tempo que Vygotski não
pedagógica que se funda em "deixar que o aluno
teve, e sem a censura que este teve, para fazer
construa sozinho, sem interferência do professor".
as correções de rumo e construir um "edifício
Assim como não tem nada de construtivista aquela
teórico" majestoso.
que quer fazer com que os alunos se tornem
Se essas teorias não são pedagógicas. Se alfabéticos até o final de tal bimestre, como se
as teorias, especialmente aquelas que se fosse possível controlar a aprendizagem desses
relacionam indiretamente com nossa prática, não alunos.
têm utilidade, então para que conhecê-las?
Penso que as contribuições dessas teorias
Costumo dizer que uma teoria é como um para a prática pedagógica passam
par de óculos. Por se tratar de uma tentativa de necessariamente pela possibilidade de se
explicação da realidade nos faz enxergar de compreender melhor a dinâmica dos processos
maneira diferente essa realidade. que acontecem no ato de ensinar/aprender.
O diferencial dessas duas teorias em É neste sentido que podemos visualizar a
relação a outras tantas que foram aproveitadas contribuição da teoria piagetiana, em primeiro lugar
nos meios pedagógicos é que se tratam de (em ordem temporal de acontecimento na
concepções dialéticas. Ou seja, ambas procuram educação e não em ordem de importância) a
superar a visão linear que enfatiza o processo de compreensão dos estágios do desenvolvimento
desenvolvimento, ou mesmo de aprendizagem do cognitivo. Piaget faz uma demonstração tácita de
sujeito, de fora para dentro ou de dentro para que a criança pensa de modo diferente do adulto,
fora. demonstrando inclusive as estruturas de conjunto
que caracterizam cada estágio, possibilitando que
Isso quer dizer que são teorias
se possa entender melhor como a criança pensa,
interacionistas.
sem fazer dela um adulto em miniatura nem
Alguém poderá estar se perguntando se reduzi-la à condição de um bichinho que precisa
não estou distorcendo, afinal é costume dizer-se ser treinado para se transformar (de fora para
que Vygotski é interacionista, enquanto que dentro) em um adulto.
Piaget é construtivista. Trata-se neste caso de
Claro que uma leitura linear dessa
uma simplificação feita pelos carimbadores de
teorização sobre os estágios fez com que se
plantão que precisam estar o tempo todo
fizesse afirmações incoerentes com a concepção
classificando as teorias, as propostas, as
piagetiana, como por exemplo, o que se pregou
políticas, e que às vezes nem sequer
por muito tempo, de que não se pode ensinar a
conhecem direito o que estão a carimbar.
criança nem além nem aquém do estágio em que
Realmente Piaget deu ênfase em seus ela está. Transformava-se assim os estágios em
estudos ao caráter construtivo, ou seja, das uma camisa de força. Este tipo de afirmação não
construções realizadas pelo sujeito. Já Vygotski contempla a concepção dialética que tem como
deu ênfase aos processos de trocas, ou seja, de base a dinamicidade dos processos e que a
interação do sujeito com seu meio, criança, ou o aprendiz vai movimentar-se com as
principalmente seu meio social e cultural. O que estruturas previamente construídas por ele para
os carimbadores esquecem é que para Piaget as compreender o novo, inclusive resgatando
construções são possíveis graças à interação do processos mais primitivos, se for o caso, mas por
sujeito com seu meio (físico e social), e ao outro lado, se esse conhecimento ensinado não for
enfatizar a ação como o princípio básico, está de certo modo além das capacidades do aluno, ele
afirmando exatamente a impossibilidade de haver não ficará desafiado a construir novas estruturas.
construções sem a interação.
O interessante é que isso fica muito mais
O problema todo está na dificuldade de didático na explicação vygotskiana da zona de
se compreender o que seja interação, já que a desenvolvimento proximal.
tradição ocidental, e, portanto também o senso
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Uma outra contribuição largamente coordenações sobre coordenações, o nosso aluno
conhecida da teoria piagetiana para a Educação só poderá compreender o que lhe ensinamos se
são as descobertas da Emilia Ferreiro a respeito dermos oportunidade para que ele estabeleça
da psicogênese da língua escrita. Compreender relações diversas (muito mais do que aquelas
que o alfabetizando não aprende a escrever poucas que nós como professores podemos
porque copia o que lhe é mostrado, mas porque preparar para que ele faça) dos vários aspectos
formula hipóteses explicativas para o mecanismo que compõe o conteúdo e do conteúdo com outros
da escrita nos fez dar um salto qualitativo conteúdos e situações. Afinal, como Piaget
enorme para uma alfabetização mais eficaz, além demonstra bem, através de conceitos como o da
de nos ajudar a compreender certos fenômenos implicação significante, que são as relações que
classificados sob o carimbo da disgrafia, ou da nos possibilitam dar significação. e essa
disortografia. significação depende portanto das ações que o
sujeito executa, que são na verdade interações e
Há um conceito de Piaget ainda pouco
não simplesmente da significação apontada pelos
explorado na literatura, mas que pode nos ajudar
outros que o rodeiam.
a compreender de forma bem mais completa o
processo de aquisição de conhecimentos, e, por Para finalizar quero reforçar a ideia de que
extensão, de aprendizagem. Trata-se da noção as teorias de Piaget e de Vygotski vão ser
de abstração reflexionante. importantes para a educação à medida em que
nos ajudarem a ver de modo diferente os
A teoria da abstração nos demonstra
fenômenos que envolvem a mesma. Elas não são
como podemos construir novidades no nosso
de forma alguma a panaceia dos problemas da
pensamento. Através dela Piaget pôde
educação. No entanto não acredito em nenhum
demonstrar de forma mais completa porque não
caminho que se possa trilhar na educação, desde
se ensina de forma determinista um
a Psicopedagogia, até a gestão escolar que não
conhecimento novo. Porque esse conhecimento
parta de princípios dialéticos, que entenda que a
não é fruto nem da maturação do aprendente
realidade não é explicável a partir de um esquema
nem da imposição do ensinante ou do material
simplório de causa/efeito ou antes/depois, mas sim
didático, ou mesmo da experiência empírica
de uma compreensão de que essa realidade se
(desculpem a redundância).
organiza como rede de relações, e que, portanto,
Ao afirmar que todo conhecimento novo é toda iniciativa deve ter presente que não terá
construído porque se retira essa novidade das condições de mudar tudo, mas que não deixará de
coordenações das ações ou das coordenações dar sua marca.
das coordenações de ações, e não diretamente
É neste sentido que faz-se necessário
dos observáveis (objetos e ações), Piaget está
buscar um complemento para as contribuições
nos mostrando que não basta apresentar o
desses dois mestres do século XX em outros não
conteúdo para que o aluno aprenda. É preciso
menos brilhantes como Freud e Paulo Freire, bem
criar situações para que esse aluno estabeleça
como em tantos outros que nos abrem a
relações. Para que faça relações entre relações,
perspectiva de uma compreensão dialética dos
de modo que faça construções renovadas e
fenômenos educacionais. Neste sentido não me
reinvente as noções que se está querendo que
parece necessário constituir nenhum
ele aprenda. Só assim se alcança a
construtivismo pós ou dêutero-piagetiano, o que
compreensão de um conhecimento. É nesta
precisamos é construir uma teoria pedagógica que
perspectiva que faz sentido a frase de Piaget de
dê conta mais proximamente dessa dinâmica da
que "tudo que se ensina à criança a impede de
rede, embora a compreensão total dessa rede seja
inventar ou de descobrir".
impossível.
Gostaria de centrar-me mais neste
As rápidas mudanças ocorridas na
aspecto de trabalhar as relações.
sociedade e o grande volume de informações
Quanto mais estudo Piaget, Vygotski, estão refletindo-se no ensino, exigindo, desta
Paulo Freire e outros, e quanto mais discuto e forma, que a escola não seja uma mera
converso com professores que estão no dia-a-dia transmissora de conhecimentos, mas que seja um
da escola lutando para que seus alunos não se ambiente estimulante, que valorize a invenção e a
tornem simplesmente repetidores de matéria, descoberta, que possibilite à criança percorrer o
mas que aprendam a lidar melhor com o mundo conhecimento de maneira mais motivada, crítica e
(e não serem lidados pelo mundo) utilizando os criativa, que proporcione um movimento de
conteúdos ensinados na escola, mais me parceria, de trocas de experiências, de afetividade
convenço de que o centro do trabalho educativo no ato de aprender e desenvolver o pensamento
devem ser as relações e não os conteúdos. crítico reflexivo.
Não estou dizendo que os conteúdos não A integração dos computadores nas
sejam importantes, mas se a possibilidade da escolas, vista como uma dinâmica de interação,
construção de noções novas está no como um ambiente rico para a mediação entre
estabelecimento de relações sobre relações ou sujeitos, oferece condições para envolver as
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
crianças e estimular a investigação, além de acomodação, ou seja, entre os indivíduos e os
possibilitar paradas e retornos para objetos do mundo.
interpretação, análise, atendendo o ritmo de
A assimilação é a incorporação dos dados
cada criança.
da realidade nos esquemas disponíveis no sujeito,
Enfatiza-se, através da informática é o processo pelo qual as ideias, pessoas,
educativa, a descoberta e a invenção, costumes são incorporadas à atividade do sujeito.
possibilitando a formação de alunos capazes de A criança aprende a língua e assimila tudo o que
construir seu próprio conhecimento, tornando-se ouve, transformando isso em conhecimento seu.
pesquisadores autônomos à medida que A acomodação é a modificação dos esquemas
descobrem novas áreas de seu interesse. O para assimilar os elementos novos, ou seja, a
professor precisa transformar-se em um guia, criança que ouve e começa a balbuciar em
capaz de estimular seus alunos a navegarem resposta à conversa ao seu redor gradualmente
pelo conhecimento, fazerem suas próprias acomoda os sons que emite àqueles que ouve,
descobertas e desenvolverem sua capacidade de passando a falar de forma compreensível.
observar, pensar, comunicar e criar.
Segundo FARIA (1998), os esquemas são
Neste artigo, sistematizarei alguns uma necessidade interna do indivíduo. Os
pressupostos básicos das teorias do esquemas afetivos levam à construção do caráter,
desenvolvimento de Piaget, Wallon e Vygotsky. são modos de sentir que se adquire juntamente às
Após, farei algumas reflexões sobre a integração ações exercidas pelo sujeito sobre pessoas ou
de computadores nas escolas e as objetos. Os esquemas cognitivos conduzem à
contribuições da teoria do desenvolvimento de formação da inteligência, tendo a necessidade de
Vygotsky, a qual explica a interatividade e a serem repetidos (a criança pega várias vezes o
construção coletiva do conhecimento em um mesmo objeto). Outra propriedade do esquema é a
meio sócio-histórico cultural, propiciada pela ampliação do campo de aplicação, também
mediação aluno/aluno; aluno/professor; chamada de assimilação generalizadora (a criança
aluno/computador; enfim, aluno/conhecimento. não pega apenas um objeto, pega outros que
estão por perto). Através da discriminação
TEORIA DO DESENVOLVIMENTO DE
progressiva dos objetos, da capacidade chamada
JEAN PIAGET
de assimilação recognitiva ou reconhecedora, a
Formado em Biologia, Piaget especializou- criança identifica os objetos que pode ou não
se nos estudos do conhecimento humano, pegar, que podem ou não dar algum prazer à ela.
concluindo que, assim como os organismos vivos
FARIA (op.cit.) salienta que os fatores
podem adaptar-se geneticamente a um novo
responsáveis pelo desenvolvimento, segundo
meio, existe também uma relação evolutiva entre
Piaget, são: maturação; experiência física e lógico-
o sujeito e o seu meio, ou seja, a criança
matemática; transmissão ou experiência social;
reconstrói suas ações e ideias quando se
equilibração; motivação; interesses e valores;
relaciona com novas experiências ambientais.
valores e sentimentos. A aprendizagem é sempre
Para ele, a criança constrói sua realidade como
provocada por situações externas ao sujeito,
um ser humano singular, situação em que o
supondo a atuação do sujeito sobre o meio,
cognitivo está em supremacia em relação ao
mediante experiências. A aprendizagem será a
social e o afetivo.
aquisição que ocorre em função da experiência e
Na perspectiva construtivista de Piaget, o que terá caráter imediato. Ela poderá ser:
começo do conhecimento é a ação do sujeito experiência física - comporta ações diferentes em
sobre o objeto, ou seja, o conhecimento humano função dos objetos e consiste no desenvolvimento
se constrói na interação homem-meio, sujeito- de ações sobre esses objetos para descobrir as
objeto. Conhecer consiste em operar sobre o real propriedades que são abstraídas deles próprios, é
e transformá-lo a fim de compreendê-lo, é algo o produto das ações do sujeito sobre o objeto; e
que se dá a partir da ação do sujeito sobre o experiência lógico-matemática – o sujeito age
objeto de conhecimento. As formas de conhecer sobre os objetos de modo a descobrir
são construídas nas trocas com os objetos, tendo propriedades e relações que são abstraídas de
uma melhor organização em momentos suas próprias ações, ou seja, resulta da
sucessivos de adaptação ao objeto. A adaptação coordenação das ações que o sujeito exerce
ocorre através da organização, sendo que o sobre os objetos e da tomada de consciência
organismo discrimina entre estímulos e dessa coordenação. Essas duas experiências
sensações, selecionando aqueles que irá estão inter-relacionadas, uma é condição para o
organizar em alguma forma de estrutura. A surgimento da outra.
adaptação possui dois mecanismos opostos, mas
Para que ocorra uma adaptação ao seu
complementares, que garantem o processo de
ambiente, o indivíduo deverá equilibrar uma
desenvolvimento: a assimilação e a acomodação.
descoberta, uma ação com outras ações. A base
Segundo Piaget, o conhecimento é a
do processo de equilibração está na assimilação e
equilibração/reequilibração entre assimilação e
na acomodação, isto é, promove a reversibilidade
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
do pensamento, é um processo ativo de ele não é adepto da ideia de que a criança cresce
autorregulação. Piaget afirma que, para a criança de maneira linear. O desenvolvimento humano tem
adquirir pensamento e linguagem, deve passar momentos de crise, isto é, uma criança ou um
por várias fases de desenvolvimento psicológico, adulto não são capazes de se desenvolver sem
partindo do individual para o social. Segundo ele, conflitos. A criança se desenvolve com seus
o falante passa por pensamento autístico, fala conflitos internos e, para ele, cada estágio
egocêntrica para atingir o pensamento lógico, estabelece uma forma específica de interação com
sendo o egocentrismo o elo de ligação das o outro, é um desenvolvimento conflituoso.
operações lógicas da criança. No processo de
No início do desenvolvimento existe uma
egocentrismo, a criança vê o mundo a partir da
preponderância do biológico e após o social
perspectiva pessoal, assimilando tudo para si
adquire maior força. Assim como Vygotsky,
e ao seu próprio ponto de vista, estando o
Wallon acredita que o social é imprescindível. A
pensamento e a linguagem centrados na criança.
cultura e a linguagem fornecem ao pensamento os
Para Piaget, o desenvolvimento mental elementos para evoluir, sofisticar. A parte cognitiva
dá-se espontaneamente a partir de suas social é muito flexível, não existindo linearidade no
potencialidades e da sua interação com o meio. desenvolvimento, sendo este descontínuo e, por
O processo de desenvolvimento mental é lento, isso, sofre crises, rupturas, conflitos, retrocessos,
ocorrendo por meio de graduações sucessivas como um movimento que tende ao crescimento.
através de estágios: período da inteligência
De acordo com GALVÃO (op.cit.), no
sensório-motora; período da inteligência pré-
primeiro ano de vida, a criança interage com o
operatória; período da inteligência operatória-
meio regida pela afetividade, isto é, o estágio
concreta; e período da inteligência operatório-
impulsivo-emocional, definido pela simbiose afetiva
formal.
da criança em seu meio social. A criança começa a
TEORIA DO DESENVOLVIMENTO DE negociar, com seu mundo socioafetivo, os
HENRY WALLON significados próprios, via expressões tônicas. As
emoções intermediam sua relação com o mundo.
A criança, para Wallon, é essencialmente
emocional e gradualmente vai constituindo-se em Do estágio sensório-motor ao projetivo (1 a
um ser sócio-cognitivo. O autor estudou a criança 3 anos), predominam as atividades de
contextualizada, como uma realidade viva e total investigação, exploração e conhecimento do
no conjunto de seus comportamentos, suas mundo social e físico. No estágio sensório-motor,
condições de existência. permanece a subordinação a um sincretismo
subjetivo (a lógica da criança ainda não está
Segundo GALVÃO (2000), Wallon
presente). Neste estágio predominam as relações
argumenta que as trocas relacionais da criança
cognitivas da criança com o meio. Wallon
com os outros são fundamentais para o
identifica o sincretismo como sendo a principal
desenvolvimento da pessoa. As crianças
característica do pensamento infantil. Os
nascem imersas em um mundo cultural e
fenômenos típicos do pensamento sincrético são:
simbólico, no qual ficarão envolvidas em um
fabulação, contradição, tautologia e elisão.
"sincretismo subjetivo", por pelo menos três anos.
Durante esse período, de completa Na gênese da representação, que emerge
indiferenciação entre a criança e o ambiente da imitação motora-gestual ou motricidade
humano, sua compreensão das coisas emocional, as ações da criança não mais
dependerá dos outros, que darão às suas ações precisarão ter origem na ação do outro, ela vai
e movimentos formato e expressão. “desprender-se” do outro, podendo voltar-se para a
imitação de cenas e acontecimentos, tornando-
Antes do surgimento da linguagem falada,
se habilitada à representação da realidade. Este
as crianças comunicam-se e constituem-se como
salto qualitativo da passagem do ato imitativo
sujeitos com significado, através da ação e
concreto e a representação é chamado de
interpretação do meio entre humanos,
simulacro. No simulacro, que é a imitação em
construindo suas próprias emoções, que é seu
ato, forma-se uma ponte entre formas concretas
primeiro sistema de comunicação expressiva.
de significar e representar e níveis semióticos de
Estes processos comunicativos- expressivos
representação. Essa é a forma pela qual a
acontecem em trocas sociais como a imitação.
criança se desloca da inteligência prática ou das
Imitando, a criança desdobra, lentamente, a nova
situações para a inteligência verbal ou
capacidade que está a construir (pela
representativa.
participação do outro ela se diferenciará dos
outros) formando sua subjetividade. Pela Dos 3 aos 6 anos, no estágio personalístico,
imitação, a criança expressa seus desejos de aparece a imitação inteligente, a qual constrói os
participar e se diferenciar dos outros constituindo- significados diferenciados que a criança dá
se em sujeito próprio. para a própria ação. Nessa fase, a criança está
voltada novamente para si própria. Para isso, a
Wallon propõe estágios de
criança coloca-se em oposição ao outro num
desenvolvimento, assim como Piaget, porém,
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mecanismo de diferenciar-se. A criança, mediada pessoas. Para Vygotsky, signos são meios que
pela fala e pelo domínio do “meu/minha”, faz com auxiliam/facilitam uma função psicológica superior
que as ideias atinjam o sentimento de (atenção voluntária, memória lógica, formação de
propriedade das coisas. A tarefa central é o conceitos, etc.), sendo capazes de transformar o
processo de formação da personalidade. Aos 6 funcionamento mental. Desta maneira, as formas
anos a criança passa ao estágio categorial de mediação permitem ao sujeito realizar
trazendo avanços na inteligência. No estágio da operações cada vez mais complexas sobre os
adolescência, a criança volta-se a questões objetos.
pessoais, morais, predominando a afetividade.
Segundo Vygotsky, ocorrem duas
Ainda conforme GALVÃO, é nesse estágio que
mudanças qualitativas no uso dos signos: o
se intensifica a realização das diferenciações
processo de internalização e a utilização de
necessárias à redução do sincretismo do
sistemas simbólicos. A internalização é relacionada
pensamento. Esta redução do sincretismo e o
ao recurso da repetição onde a criança apropria-se
estabelecimento da função categorial dependem
da fala do outro, tornando-a sua. Os sistemas
do meio cultural no qual está inserida a criança.
simbólicos organizam os signos em estruturas,
TEORIA DO DESENVOLVIMENTO DE estas são complexas e articuladas. Essas duas
LEV S. VYGOTSKY mudanças são essenciais e evidenciam o quanto
são importantes as relações sociais entre os
Para Vygotsky, a criança nasce inserida
sujeitos na construção de processos psicológicos e
num meio social, que é a família, e é nela que
no desenvolvimento dos processos mentais
estabelece as primeiras relações com a
superiores. Os signos internalizados são
linguagem na interação com os outros. Nas
compartilhados pelo grupo social, permitindo o
interações cotidianas, a mediação (necessária
aprimoramento da interação social e a
intervenção de outro entre duas coisas para que
comunicação entre os sujeitos. As funções
uma relação se estabeleça) com o adulto
psicológicas superiores aparecem, no
acontece espontaneamente no processo de
desenvolvimento da criança, duas vezes: primeiro,
utilização da linguagem, no contexto das
no nível social (entre pessoas, no nível
situações imediatas.
interpsicológico) e, depois, no nível individual (no
Essa teoria apoia-se na concepção de um interior da criança, no nível intrapsicológico).
sujeito interativo que elabora seus Sendo assim, o desenvolvimento caminha do
conhecimentos sobre os objetos, em um nível social para o individual.
processo mediado pelo outro. O conhecimento
Como visto, exige-se a utilização de
tem gênese nas relações sociais, sendo
instrumentos para transformar a natureza e, da
produzido na intersubjetividade e marcado por
mesma forma, exige-se o planejamento, a ação
condições culturais, sociais e históricas.
coletiva, a comunicação social. Pensamento e
Segundo Vygotsky, o homem se produz linguagem associam-se devido à necessidade de
na e pela linguagem, isto é, é na interação com intercâmbio durante a realização do trabalho.
outros sujeitos que formas de pensar são Porém, antes dessa associação, a criança tem a
construídas por meio da apropriação do saber da capacidade de resolver problemas práticos
comunidade em que está inserido o sujeito. A (inteligência prática), de fazer uso de determinados
relação entre homem e mundo é uma relação instrumentos para alcançar determinados
mediada, na qual, entre o homem e o mundo objetivos. Vygotsky chama isto de fase pré-verbal
existem elementos que auxiliam a atividade do desenvolvimento do pensamento e uma fase
humana. Estes elementos de mediação são os pré-intelectual no desenvolvimento da linguagem.
signos e os instrumentos. O trabalho humano,
Por volta dos 2 anos de idade, a fala da
que une a natureza ao homem e cria, então, a
criança torna-se intelectual, generalizante, com
cultura e a história do homem, desenvolve a
função simbólica, e o pensamento torna-se verbal,
atividade coletiva, as relações sociais e a
sempre mediado por significados fornecidos pela
utilização de instrumentos. Os instrumentos são
linguagem. Esse impulso é dado pela inserção da
utilizados pelo trabalhador, ampliando as
criança no meio cultural, ou seja, na interação com
possibilidades de transformar a natureza, sendo
adultos mais capazes da cultura que já dispõe da
assim, um objeto social.
linguagem estruturada. Vygotsky destaca a
Os signos também auxiliam nas ações importância da cultura; para ele, o grupo cultural
concretas e nos processos psicológicos, assim fornece ao indivíduo um ambiente estruturado
como os instrumentos. A capacidade humana onde os elementos são carregados de significado
para a linguagem faz com que as crianças cultural.
providenciem instrumentos que auxiliem na
Os significados das palavras fornecem a
solução de tarefas difíceis, planejem uma solução
mediação simbólica entre o indivíduo e o mundo,
para um problema e controlem seu
ou seja, como diz VYGOTSKY (1987), é no
comportamento. Signos e palavras são para as
significado da palavra que a fala e o pensamento
crianças um meio de contato social com outras
se unem em pensamento verbal. Para ele, o
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pensamento e a linguagem iniciam-se pela fala pode resolver sozinha (nível de desenvolvimento
social, passando pela fala egocêntrica, real) e os que deverá resolver com a ajuda de
atingindo a fala interior que é pensamento outro sujeito mais capaz no momento, para em
reflexivo. seguida, chegar a dominá-los por si mesma (nível
de desenvolvimento potencial).
A fala egocêntrica emerge quando a
criança transfere formas sociais e cooperativas O INTERACIONISMO E A MEDIAÇÃO
de comportamento para a esfera das funções DAS NOVAS TECNOLOGIAS NA PRODUÇÃO
psíquicas interiores e pessoais. No início do DO CONHECIMENTO ESCOLAR
desenvolvimento, a fala do outro dirige a ação e
A integração de novas tecnologias nas
a atenção da criança. Esta vai usando a fala de
escolas precisa dar ênfase na importância do
forma a afetar a ação do outro. Durante esse
contexto sócio-histórico-cultural em que os alunos
processo, ao mesmo tempo que a criança
vivem e a aspectos afetivos que suas linguagens
passa a entender a fala do outro e a usar essa
representam. O uso de computadores como um
fala para regulação do outro, ela começa a
meio de interação social, onde o conflito cognitivo,
falar para si mesma. A fala para si mesma
os riscos e desafios e o apoio recíproco entre
assume a função auto reguladora e, assim, a
pares está presente, é um meio de desenvolver
criança torna-se capaz de atuar sobre suas
culturalmente a linguagem e propiciar que a
próprias ações por meio da fala. Para Vygotsky,
criança construa seu próprio conhecimento.
o surgimento da fala egocêntrica indica a
Segundo RICHTER (2000), as crianças precisam
trajetória da criança: o pensamento vai dos
correr riscos e desafios para serem bem sucedidas
processos socializados para os processos
em seu processo de ensino- aprendizagem,
internos.
produzindo e interpretando a linguagem que
A fala interior, ou discurso interior, é a está além das certezas que já tem sobre a língua.
forma de linguagem interna, que é dirigida ao
Vygotsky valoriza o trabalho coletivo,
sujeito e não a um interlocutor externo. Esta fala
cooperativo, ao contrário de Piaget, que considera a
interior, se desenvolve mediante um lento
criança como construtora de seu conhecimento de
acúmulo de mudanças estruturais, fazendo com
forma individual. O ambiente computacional
que as estruturas de fala que a criança já
proporciona mudanças qualitativas na zona de
domina, tornem-se estruturas básicas de seu
desenvolvimento proximal do aluno, os quais não
próprio pensamento. A fala interior não tem a
acontecem com muita frequência em salas de aula
finalidade de comunicação com outros, portanto,
“tradicionais”. A colaboração entre crianças
constitui-se como uma espécie de “dialeto
pressupõe um trabalho de parceria conjunta para
pessoal”, sendo fragmentada, abreviada.
produzir algo que não poderiam produzir
A relação entre pensamento e palavra individualmente.
acontece em forma de processo, constituindo-se
A zona de desenvolvimento proximal,
em um movimento contínuo de vaivém do
comentada anteriormente, possibilita a interação
pensamento para a palavra e vice-versa. Esse
entre sujeitos, permeada pela linguagem humana
processo passa por transformações que, em si
e pela linguagem da máquina, força o desempenho
mesmas, podem ser consideradas um
intelectual porque faz os sujeitos reconhecerem e
desenvolvimento no sentido funcional.
coordenarem os conflitos gerados por uma situação
VYGOTSKY (op.cit.) diz que o pensamento
problema, construindo um conhecimento novo a
nasce através das palavras. É apenas pela
partir de seu nível de competência que se
relação da criança com a fala do outro em
desenvolve sob a influência de um determinado
situações de interlocução, que a criança se
contexto sócio-histórico-cultural. Wallon também
apropria das palavras, que, no início, são sempre
acredita que o processo de construção do
palavras do outro. Por isso, é fundamental que as
conhecimento passa por conflitos, momentos de
práticas pedagógicas trabalhem no sentido de
crises e rupturas.
esclarecer a importância da fala no processo de
interação com o outro. A colaboração em um ambiente
computacional torna-se visível e constante, vinda do
Segundo VYGOTSKY (1989), a
ambiente livre e aberto ao diálogo, da troca de
aprendizagem tem um papel fundamental para o
ideias, onde a fala tem papel fundamental na
desenvolvimento do saber, do conhecimento.
aplicação dos conteúdos. A interação entre o
Todo e qualquer processo de aprendizagem é
parceiro sentado ao lado, entre o computador, os
ensino-aprendizagem, incluindo aquele que
conhecimentos, os professores que seguem o
aprende, aquele que ensina e a relação entre
percurso da construção do conhecimento, e até
eles. Ele explica esta conexão entre
mesmo os outros colegas que, apesar de estarem
desenvolvimento e aprendizagem através da
envolvidos com sua procura, pesquisa, navegação,
zona de desenvolvimento proximal (distância
prestam atenção ao que acontece em sua volta,
entre os níveis de desenvolvimento potencial e
gera uma grande equipe que busca a produção do
nível de desenvolvimento real), um “espaço
conhecimento constantemente. Através disso tudo a
dinâmico” entre os problemas que uma criança
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criança ganhará mais confiança para produzir entre si, conhecendo- se, comunicando-se, enfim,
algo, criar mais livremente, sem medo dos erros educando-se.
que possa cometer, aumentando sua auto-
RICHTER (op.cit.), ao referir-se ao
confiança, sua autoestima, na aceitação de
interacionismo, observa a necessidade de se dar
críticas, discussões de um trabalho feito pelos
ênfase à interação conversacional entre as
seus próprios pares.
crianças, para terem, com isso, acesso a input
As novas tecnologias não substituem o significativo e compreensivo (agir sobre uma
professor, mas modificam algumas de suas mensagem para verificar o que entendeu sobre
funções. O professor transforma-se agora no determinado assunto), com vistas à chegarem à
estimulador da curiosidade do aluno por querer negociação de sentidos (expressar e esclarecer
conhecer, por pesquisar, por buscar as intenções, pensamentos, opiniões). Através dessa
informações. Ele coordena o processo de negociação de sentidos, a criança poderá produzir
apresentação dos resultados pelos alunos, uma nova mensagem sobre o que realmente
questionando os dados apresentados, entendeu (output).
contextualizando os resultados, adaptando-os
Portanto, é no ensino fundamental que deve
para a realidade dos alunos. O professor pode
começar o processo de conscientização de
estar mais próximo dos alunos, receber
professores e alunos no sentido de buscar e usar a
mensagens via e-mail com dúvidas, passar
informação, na direção do enriquecimento
informações complementares para os alunos,
intelectual, na autoinstrução. Isso significa que não
adaptar a aula para o ritmo de cada um. Assim
podemos admitir, nos tempos de hoje, um professor
sendo, o processo de ensino-aprendizagem ganha
que seja um mero repassador de informações. O
um dinamismo, inovação e poder de comunicação
que se exige, é que ele seja um criador de
até agora pouco utilizados.
ambientes de aprendizagem, parceiro e colaborador
As crianças também podem utilizar o E- no processo de construção do conhecimento, que
mail para trocar informações, dúvidas com seus se atualize continuamente.
colegas e professores, tornando o aprendizado
mais cooperativo. O uso do correio eletrônico
proporciona uma rica estratégia para aumentar as
habilidades de comunicação, fornecendo ao aluno
oportunidades de acesso a culturas diversas,
aperfeiçoando o aprendizado em várias áreas do
conhecimento.
O uso da Internet, ou seja, o hiperespaço,
é caracterizado como uma forma de comunicação
que propicia a formação de um contexto
coletivizado, resultado da interação entre
participantes. Conectar-se é sinônimo de interagir
e compartilhar no coletivo. A navegação em sites
transforma-se num jogo discursivo em que
significados, comportamentos e conhecimentos
são criticados, negociados e redefinidos. Este jogo
comunicativo tende a reverter o “monopólio” da
fala do professor em sala de aula.
Desta forma, a implantação de novas
tecnologias na escola deve ser mediada por
atitudes pedagógicas que permitam formar o
cidadão que ocupará seu lugar neste novo
espaço. As tecnologias, dentro de um projeto
pedagógico inovador, facilitam e estimulam o
processo de ensino-aprendizagem. Neste sentido,
a hipermídia introduz a interatividade no
aprendizado, propiciando o diálogo ativo com o
mundo do conhecimento, apresentando
informações através de um contínuo canal de
escolhas individuais. Ela nos permite navegar e
determinar os caminhos a seguir de acordo com
nossos interesses e nosso próprio ritmo. Enfim, é
descoberta, é pesquisa, é conhecimento, é
participação, sensibilizando assim, para novos
assuntos, novas informações, diminuindo a rotina
e nos ligando com o mundo, trocando experiências
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Pesquisadores do desenvolvimento humano
concordam que um dos objetos de estudo do
psicólogo do desenvolvimento é o estudo das
ASPECTOS HISTÓRICOS E mudanças que ocorrem na vida dos indivíduos.
BIOPSICOSSOCIAIS Papalia e Olds (2000), por exemplo, definem
desenvolvimento como “o estudo científico de como
Psicologia do Desenvolvimento: uma as pessoas mudam ou como elas ficam iguais, desde
perspectiva histórica a concepção até a morte” (Papalia & Olds, 2000,
1. A delimitação conceitual do campo da p.25).
Psicologia do Desenvolvimento A definição destes autores salienta o fato de
Em um texto clássico sobre a psicologia do que psicólogos do desenvolvimento estudam as
desenvolvimento humano, Biaggio (1978) discute a mudanças, mas não nos oferece nenhuma
difícil tarefa de conceituá-lo. A controvérsia emana informação sobre questões fundamentais ao estudo
sem dúvida do vasto campo de estudo que envolve do desenvolvimento humano. O que muda? Como
esta disciplina. muda? E quando muda? Estas são perguntas
frequentes nas pesquisas sobre o desenvolvimento,
O desenvolvimento humano envolve o estão frequentemente abordadas de forma distintas
estudo de variáveis afetivas, cognitivas, sociais e pelas diferentes abordagens teóricas que descrevem
biológicas em todo ciclo da vida. Desta forma faz o desenvolvimento humano.
interface com diversas áreas do conhecimento
como: a biologia, antropologia, sociologia, Dizer que ao longo do tempo mudanças
educação, medicina entre outras. ocorrem na vida dos indivíduos não nos esclarece
estas questões. O tempo é apenas uma escala, não
Tradicionalmente o estudo do é uma variável psicológica. Portanto, é preciso
desenvolvimento humano focou o estudo da criança entender como as condições internas e externas ao
e do adolescente, ainda hoje muitos dos manuais indivíduo afetam e promovem essas mudanças
de psicologia do desenvolvimento abordam apenas (Biaggio, 1978). As mudanças no desenvolvimento
esta etapa da vida dos indivíduos (Bee, 1984; Cole são adaptativas, sistemáticas e organizadas, e
& Cole, 2004). refletem essas situações internas e externas ao
O interesse pelos anos iniciais de vida indivíduo que tem que se adaptar a um mundo em
dos indivíduos tem origem na história do estudo que as mudanças são constantes (Papalia & Olds,
científico do desenvolvimento humano, que se inicia 2000).
com a preocupação com os cuidados e com a Variáveis internas podem ser entendidas
educação das crianças, e com o próprio conceito de como aquelas ligadas à maturação orgânica do
infância como um período particular do indivíduo, as bases genéticas do desenvolvimento.
desenvolvimento (Cairns, 1983; Cole & Cole, 2004; Recentemente, os processos inatos que promovem o
Mahoney, 1998). desenvolvimento humano voltam a ser discutidos por
No entanto, este enfoque vem mudando teóricos do desenvolvimento humano (Cole & Cole,
nas últimas décadas, e hoje há um consenso de 2004).
que a psicologia do desenvolvimento humano deve As variáveis externas são aquelas ligadas à
focar o desenvolvimento dos indivíduos ao longo influência do ambiente no desenvolvimento. As
de todo o ciclo vital. Ao ampliar o escopo de estudo abordagens sistêmicas de investigação do
do desenvolvimento humano, para além dainfância desenvolvimento humano há muito chamam atenção
e adolescência, a psicologia do desenvolvimento para a importância de se entender as diversas
acaba por fazer interface também com outras interações que ocorrem nos múltiplos contextos em
áreas da psicologia. Só para citar algumas áreas que o desenvolvimento se dá. Incluindo-se nesta
temos: a psicologia social, personalidade, discussão uma análise do momento histórico em que
educacional, cognitiva. o indivíduo se desenvolve.
Assim surge a necessidade de se delimitar Biaggio (1978) argumenta que a
esse campo de atuação, definindo o que há de especificidade da psicologia do desenvolvimento
específico a psicologia do desenvolvimento humano está em estudar as variáveis externas e
humano. A necessidade de se integrar ao estudo internas aos indivíduos que levam as mudanças no
do desenvolvimento humano uma perspectiva comportamento em períodos de transição rápida
interdisciplinar, que adote uma metodologia de (infância, adolescência e envelhecimento). Teorias
pesquisa própria, faz com que alguns autores contemporâneas do desenvolvimento aceitam que as
sugiram que o estudo desenvolvimento humano mudanças são mais marcadas em períodos de
constitua um campo de atuação independente da transição rápida, mas mudanças ocorrem ao longo
Psicologia, que tem sido chamado de “Ciência do de toda a vida do indivíduo, não só nestes períodos.
Desenvolvimento Humano” (Aspesi, Dessen & Portanto, é preciso se ampliar o escopo do
Chagas, 2005; Bronfrenbrenner & Evans, 2000). entendimento do que é o estudo do desenvolvimento
humano.

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Para que se leve a termo estas parte da vida dos indivíduos (escola, trabalho,
considerações, as pesquisas em desenvolvimento família).
humano utilizam metodologia específica, entre elas
2. Evolução histórica da Psicologia do
a mais comumente usada são os estudos
Desenvolvimento
longitudinais. A “International Society for the Study of
BehavioralDevelopment” lançou em 2005uma edição Biaggio e Monteiro (1998) estudando a
especial intitulada “Longitudinal Research on Human evolução histórica da psicologia do desenvolvimento
Development: Approachs, Issues and New humano sistematizam o estudo do desenvolvimento
Directions”. Nesta edição se discute as contribuições humano em fases, cada fase englobando um período
e limitações dos estudos longitudinais para a de mais ou menos dez anos. Propomos a seguir uma
produção do conhecimento na psicologia do atualização desta divisão acrescentando também
desenvolvimento. uma análise do período formativo da psicologia do
desenvolvimento (Cairns, 1983).
Cillessen (2005) ressalta que estudos
longitudinais se aplicam as várias áreas do 2.1. O período formativo (1882-1912)
conhecimento não apenas a Psicologia
doDesenvolvimento. Também não se aplicam O estabelecimento da data de nascimento da
apenas a estudos de longo prazo e com muitos psicologia do desenvolvimento é motivo de alguma
controvérsia. Em 1882, Preyers (1841-1897)
indivíduos, mas na psicologia do desenvolvimento
publicou o livro “The mind of the child” que segundo
adquirem uma importância fundamental, pois
Cairns (1983) impulsionou as pesquisas na área de
permitem que se acompanhe o desenvolvimento
desenvolvimento.
dos indivíduos ao longo do tempo, ao mesmo
tempo em que, controlam-se as múltiplas variáveis O autor considera essa publicação como um
que afetam o desenvolvimento. marco no nascimento da psicologia do
desenvolvimento, mas ressalta que as primeiras
Os teóricos que trabalham na abordagem
sociedades para o estudo do desenvolvimento foram
do Curso da Vida, chamam atenção para algumas
criadas também no final do século XIX, e quase ao
das limitações deste tipo de abordagem, que
estudam apenas uma coorte de cada vez, não mesmo tempo em que as primeiras publicações
permitindo inferências sobre o comportamento entre especializadas na área surgiram, tanto na França
como nos Estados Unidos.
gerações. Apontam para a necessidade de incluir
outras coortes históricas em estudos sobre o Nos Estados Unidos, Stanley Hall funda o
desenvolvimento humano, ressaltando a “Child Research Institute at Clark” e o periódico
necessidade de estudos longitudinais de coorte, “Pedagogical Seminars” em 1891. Na França Binet
mais amplos que os estudos longitudinais funda em 1899 a “Société Libre pour l`Étude de
tradicionais (ver Baltes, 1968 para uma discussão). l´Énfant” e o periódico “LÁnnée Psychologique” (Ver
Cairns, 1983 para informações sobre a criação
Além da Teoria do Curso da Vida, teóricos
destes centros de estudo). Os interesses de pesquisa
de diversas abordagens chamam a atenção para a
nesta época envolviam principalmente a
necessidade de se considerar as questões
psicobiologia, psicologia da personalidade e
metodológicas específicas ao estudo do
desenvolvimento e as limitações das metodologias desenvolvimento cognitivo.
tradicionais (Bronfrenbrenner, 1996; Cole, 2005). 2.2. Primeira fase (1920-1939
aproximadamente)
Assim, pelas questões acima citadas,
consideramos que uma melhor definição de Este foi um período de grande investimento
Psicologia do Desenvolvimento seria “O estudo, no estudo do desenvolvimento da criança, embora
através de metodologia específica e levando em tenha se publicado os primeiros estudos sobre
consideração o contexto sócio- histórico, das envelhecimento(Hall, 1922 citado por Cairns, 1983) e
múltiplas variáveis, sejam elas cognitivas, afetivas, adolescência (Hall, 1904 citado por Cairns, 1983).
biológicas ou sociais, internas ou externas ao
indivíduo que afetam o desenvolvimento humano ao Observa-se a contínua institucionalização da
longo da vida”. psicologia do desenvolvimento, mas ainda muito
focada no estudo da criança. Até hoje influente a
Através da identificação dos fatores que “Society for Research in Child Development” foi
afetam o desenvolvimento humano podemos fundada em 1933 (Cairns, 1983).
pensar sobre trabalhos de intervenção mais
eficazes, que levem a um desenvolvimento Os principais interesses de estudo nesta
harmônico do indivíduo. Sendo assim, os época foram: o desenvolvimento intelectual,
conhecimentos gerados por essa área da psicologia maturação e crescimento. Começa-se a criticar os
trazem grandes contribuições para os trabalhos de métodos existentes de pesquisa na área do
prevenção e promoção de saúde. Aqui a desenvolvimento humano. Sendo que a maioria das
concepção de saúde adquire uma perspectiva mais pesquisas ainda usa métodos descritivos e
ampla e engloba os diversos contextos que fazem normativos. Há um aumento do interesse por estudos
longitudinais e começa-se discutir a importância do
uso deste tipo de metodologia para o estudo do
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desenvolvimento. Na prática o interesse por esse da psicologia, mas de outras áreas afins. No Brasil
tipo de delineamento não se concretiza. funda-se em 1998 a “Sociedade Brasileira de
Psicologia do Desenvolvimento”.
2.3. Segunda fase (1940 – 1959
aproximadamente) Os objetos de pesquisa anteriores
permanecem, mas observa-se um maior interesse
Esta fase foi grandemente influenciada
por estudos no curso da vida e por abordagens
pela depressão de 30 e pelas Guerras que levam a
contextuais e sistêmicas como a teoria ecológica de
uma escassez de investimentos em pesquisa. O
Bronfrebrenner. Quanto aos métodos de pesquisa
interesse nesta época ainda se concentra no
propõem-se novos paradigmas metodológicos,
estudo da criança, especialmente no
estudos sistêmicos, longitudinais, transculturais,
estabelecimento de relações entre variáveis que
transgeracionais e multimetodológicos.
afetam o desenvolvimento(Cairns, 1983). Desta
forma os principais métodos de pesquisa utilizados 3. A Psicologia do Desenvolvimento no
nesta fase foram os métodos correlacionais. Os Brasil: panorama atual e perspectivas futuras
avanços teóricos ficam limitados, pois como todos
Seidl de Moura e Moncorvo (2006) fizeram
sabem métodos correlacionais não permitem que
uma análise da produção científica nacional na área
se estabeleçam relações de causa e efeito entre
de desenvolvimento humano usando três fontes: a
variáveis (Biaggio, 1978).
análise da produção publicada na base de dados
2.4. Terceira fase (1960-1989 internacional Psyclit, análise dos Grupos de Pesquisa
aproximadamente) registrados no CNPq e análise dos Grupos de
Trabalho (GTS) da Associação Nacional de Pesquisa
Cairns (1983) afirma que nesta fase
e Pós-Graduação em Psicologia (ANPEPP).
verificou-se uma re-emergência das pesquisas no
campo do desenvolvimento. Até meados da década No levantamento feito no Psyclit no período
de 60 a psicologia do desenvolvimento sofre grande de 1974-1996 verificou-se que 14,82% dos
influência da Teoria Behaviorista e dos conceitos de documentos publicados nesta base de dados eram
Aprendizagem Social. Observa-se também a re- documentos na área de psicologia do
emergência da Teoria Piagetiana como arcabouço desenvolvimento (Seidl de Moura, Ribas Jr. &
teórico das pesquisas neste campo o conhecimento Ribas, 2000 citado por Seidl de Moura &
(Biaggio & Monteiro, 1998). Moncorvo, 2006). Estes dados nos dão indicações
da média da produção científica internacional nesta
A Revolução Cognitiva atinge a psicologia
área. É possível então comparar o impacto da
do desenvolvimento. Vários aspectos da cognição
produção científica nacional na esfera internacional.
são investigados dentro da Abordagem do
processamento de informação. Há um crescente Analisando o impacto da produção científica
interesse pela psicobiologia e pelas bases nacional neste banco de dados, os autores citados
biológicas do comportamento. mostraram que embora o número de publicações em
periódicos indexados em bases de dados
No que diz respeito à metodologia de
internacionais ainda seja muito baixo, houve um
pesquisa utilizada nesta fase busca-se o
aumento significativo do número de publicações da
estabelecimento das causas do desenvolvimento.
década de 70 para a década de 80, que segue uma
Há um aumento da utilização do método
relativa estabilidade no número de publicações nas
experimental e do uso de técnicas correlacionais
duas décadas subsequentes. Estes resultados
associadas a estudos longitudinais.
indicam uma necessidade de um aumento da
2.5. Quarta fase (1990- dias atuais) internacionalização da produção científica nacional.
Novos paradigmas na psicologia do Seidl de Moura e Moncorvo (2006) também
desenvolvimento emergem. O caráter fizeram uma análise dos principais grupos de
interdisciplinar da disciplina, a importância de se pesquisa na área do desenvolvimento cadastrados
discutir e incorporar nas pesquisas os diversos no CNPq. Foram identificados 76 grupos de
contextos em que os indivíduos se desenvolvem, pesquisa. A análise destes grupos permitiu que se
inclusive a dimensão histórica do desenvolvimento obtivessem informações sobre as principais linhas de
começa a ser discutida (Dessen & Costa Jr, 2006; pesquisa desenvolvidas nesta área do
Seidl de Moura & Moncorvo, 2006). conhecimento. Dentre elas estão: questões
epistemológicas, constituição da subjetividade e do
Cada vez mais o desenvolvimento é
sujeito, processos de desenvolvimento no ciclo vital,
estudado ao longo do ciclo vital, ao invés da
contextos do desenvolvimento/família,
tradicional ênfase na infância e adolescência.
desenvolvimento cognitivo e da linguagem,
Magnusson e Cairns (1996 citado por Aspesi,
desenvolvimento afetivo e sócio-cogntivo, gênero e
Dessen & Chagas, 2005) propõem que as desenvolvimento, desenvolvimento e saúde.
mudanças de perspectivas de estudo no
desenvolvimento humano constituem uma Ciência A Associação Nacional de Pesquisa e Pós-
do Desenvolvimento Humano, uma disciplina Graduação em Psicologia (ANPEPP) promove a
independente que engloba conhecimentos não só criação de grupos de trabalho em várias áreas da

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
psicologia. Os GTs de trabalho da ANPEPP têm contexto histórico em que os indivíduos se
como um dos objetivos promover o intercâmbio e a desenvolvem também tem sido cada vez mais
cooperação entre pesquisadores que se organizam incorporada na produção de conhecimento nesta
em torno de um determinado tema de interesse. área.
Embora nem todos os integrantes dos GTs estejam
O estudo do desenvolvimento que engloba
vinculados a pós-graduação esta associação visa o
todo o ciclo vital também traz importantes mudanças
fortalecimento da pós-graduação em psicologia e a
para o desenvolvimento científico na psicologia do
formação de pesquisadores.
desenvolvimento, mostrando a necessidade de uma
A análise dos GTs registrados para os discussão mais ampla da metodologia de pesquisa
Simpósios da ANPEPP mostram que nem todas em desenvolvimento humano.
estas linhas de pesquisa listadas por Seidl e
Em conclusão a ampliação da concepção de
Moncorvo (2006) apresentam-se refletidas nos GTs.
psicologia do desenvolvimento torna a produção
Seidl de Moura e Moncorvo (2006) identificaram
nesta área de atuação bastante importante para
dentre os 41 GTs inscritos em 2004 para o X
elaboração de programas de intervenção na
Simpósio da ANPEPP, 16 que tratavam de temas
prevenção e promoção de saúde, especialmente nos
ligados ao desenvolvimento humano, dos quais
contextos das práticas de profissionais da área de
sete tratavam diretamente de questões do
saúde e da de educação. Traz também com ela a
desenvolvimento. Seriam estes: contextos sociais e
necessidade de avanços metodológicos, para que se
desenvolvimento – aspectos evolutivos e culturais;
possam responder novas perguntas que surgem na
desenvolvimento e educação na perspectiva
medida em que o escopo da psicologia do
sociocultural; desenvolvimento humano em situação
desenvolvimento se amplia.
de risco social e pessoal; interação pais-bebê-
criança; os jogos e sua importância em psicologia e No que diz respeito à produção nacional,
educação; psicologia da educação matemática; esta ainda se encontra tímida. Embora haja um
psicologia e moralidade. interesse cada vez maior no desenvolvimento ao
longo do ciclo vital há ainda uma concentração no
Ampliaríamos esta descrição para incluir
estudo da infância e da adolescência. Novos
também o GT: brinquedo, aprendizagem e saúde e
caminhos precisam ser delineados para que a
pesquisa em psicologia pediátrica.
produção de conhecimento em desenvolvimento
Findo o XI Simpósio (maio de 2006) humano no Brasil produza um impacto efetivo no
fizemos nova análise dos GTs inscritos. desenvolvimento harmônico da nossa população.
Observamos que os grupos de trabalho inscritos no
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO:
X Simpósio se mantiveram no XI. Observamos
CONTRIBUIÇÕES TEÓRICAS
também um aumento no número de grupos na área
do desenvolvimento com a criação de dois novos Sigmund Freud (1856-1939)
grupos: desenvolvimento sócio- cognitivo e da
Propõe, à data, um novo e radical modelo
linguagem; e o grupo psicanálise, infância e
da mente humana, que alterou a forma como
educação.
pensamos sobre nós próprios, a nossa linguagem e a
A análise dos temas destes GTs mostra nossa cultura. A sua descrição da mente enfatiza o
ainda uma concentração no temas tradicionais de papel fundamental do inconsciente na psique
estudo do desenvolvimento sobretudo o estudo da humana e apresenta o comportamento humano como
infância, mostram também, no Brasil, a forte resultado de um jogo e de uma interação de
interface entre o desenvolvimento e a educação. energias.
Como ressaltamos acima, na entrada do Freud contribuiu para a eliminação da
novo milênio os psicólogos do desenvolvimento são tradicional oposição básica entre sanidade e loucura
confrontados com novos desafios. Estes desafios ao colocar a normalidade num continuum e procurou
envolvem, sobretudo, o caráter multidisciplinar compreender funcionamento do psiquismo normal
dessa disciplina fazendo com que psicólogos do através da génesis e da evolução das doenças
desenvolvimento precisem encontrar uma psíquicas.
linguagem que facilite a comunicação entre
profissionais de diferentes áreas de atuação Estudo do desenvolvimento psíquico da
(Dessen & Costa Jr, 2005). Este é ainda um desafio pessoa a partir do estádio indiferenciado do recém-
que se tenta ultrapassar neste campo de atuação. nascido até à formação da personalidade do adulto.
Muitos dos problemas psicopatológicos da
As metodologias de estudo tradicionais
idade adulta de que trata a Psicanálise têm as suas
também têm sido postas em questão. Há um
raízes, as suas causas, nas primeiras fases ou
relativo consenso entre pesquisadores desta área
de que o desenvolvimento ocorre no contexto. estádios do desenvolvimento.
Abordagens sistêmicas chamam a atenção para Na perspectiva freudiana, a “construção”
importância de se considerar os diversos contextos do sujeito, da sua personalidade, não se processa
que não só afetam, mas também são afetados em termos objetivos (de conhecimento), mas em
pelo desenvolvimento do indivíduo. A análise do termos objetais.
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
O objeto, em Freud, é um objeto libidinal, qualitativas (em género) e não qualitativas (em
de prazer ou desprazer, “bom ou mau”, gratificante quantidade).
ou não gratificante, positivo ou negativo.
Existem 2 aspectos principais nesta teoria:
A formação dos diferentes estádios é o processo de conhecer e os estádios/ etapas pelos
determinada, precisamente, por essa relação quais nós passamos à medida que adquirimos essa
objetal. (Estádios: Oral, Anal, Fálico, Latência, habilidade.
Genital)
Como biólogo, Piaget estava interessado
A sua teoria sobre o desenvolvimento da em como é que um organismo se adapta ao seu
personalidade atribui uma nova importância às ambiente (ele descreveu esta capacidade como
necessidades da criança em diversas fases do inteligência) - O comportamento é controlado através
desenvolvimento e sobre as consequências da de organizações mentais denominadas “esquemas”,
negligência dessas necessidades para a que o indivíduo utiliza para representar o mundo e
formação da personalidade para designar as ações.
Erik Erikson (1904-1994) Essa adaptação é guiada por uma
orientação biológica para obter o balanço entre esses
A teoria que desenvolveu nos anos 50
esquemas e o ambiente em que está. (equilibração).
partiu do aprofundamento da teoria psicossexual de
Assim, estabelecer um desequilíbrio é a motivação
Freud e respectivos estádios, mas rejeita que se
primária para alterar as estruturas mentais do
explique a personalidade apenas com base na
indivíduo.
sexualidade.
Piaget descreveu 2 processos utilizados
Acredita na importância da infância para
pelo sujeito na sua tentativa de adaptação:
o desenvolvimento da personalidade mas, ao
assimilação e acomodação. Estes 2 processos são
contrário de Freud, acredita que a personalidade se
utilizados ao longo da vida à medida que a pessoa se
continua a desenvolver para além dos 5 anos de
vai progressivamente adaptando ao ambiente de
idade.
uma forma mais complexa.
No seu trabalho mais conhecido, Erikson
o Capta as grandes tendências do
propõe 8 estádios do desenvolvimento
pensamento da criança
psicossocial através dos quais um ser humano em
desenvolvimento saudável deveria passar da o Encara as crianças como sujeitos ativos da
infância para a idade adulta. Em cada estádio cada sua aprendizagem
sujeito confronta-se, e de preferência supera, novos
Lev Vygotsky (1896-1934)
desafios ou conflitos. Cada estádio/ fase do
desenvolvimento da criança é importante e deve ser Lev Vygotsky desenvolveu a teoria
bem resolvida para que a próxima fase possa ser sociocultural do desenvolvimento cognitivo. A sua
superada sem problemas. teoria tem raízes na teoria marxista do materialismo
dialético, ou seja, que as mudanças históricas na
Tal como Piaget, concluiu que não se
sociedade e a vida material produzem mudanças na
deve apressar o desenvolvimento das crianças, que
natureza humana.
se deve dar o tempo necessário a cada fase de
desenvolvimento, pois cada uma delas é muito Vygotsky abordou o desenvolvimento
importante. Sublinhou que apressar o cognitivo por um processo de orientação. Em vez de
desenvolvimento pode ter consequências olhar para o final do processo de desenvolvimento,
emocionais e minar as competências das crianças ele debruçou-se sobre o processo em si e analisou a
para a sua vida futura. participação do sujeito nas atividades sociais → Ele
propôs que o desenvolvimento não precede a
"Human personality in principle
socialização. Ao invés, as estruturas sociais e as
develops according to steps predetermined in
relações sociais levam ao desenvolvimento das
the growing person's readiness to be driven
funções mentais.
toward, to be aware of and to interact with a
widening social radius" Erik Erikson. Ele acreditava que a aprendizagem na
criança podia ocorrer através do jogo, da brincadeira,
Jean Piaget (1896-1980)
da instrução formal ou do trabalho entre um aprendiz
Jean Piaget (1896-1980) foi um dos e um aprendiz mais experiente.
investigadores mais influentes do séc. 20 na área
O processo básico pelo qual isto ocorre é a
da psicologia do desenvolvimento. Piaget
mediação (a ligação entre duas estruturas, uma
acreditava que o que distingue o ser humano dos
social e uma pessoalmente construída, através de
outros animais é a sua capacidade de ter um
instrumentos ou sinais). Quando os signos culturais
pensamento simbólico e abstrato. Piaget acreditava
vão sendo internalizados pelo sujeito é quando os
que a maturação biológica estabelece as pré-
humanos adquirem a capacidade de uma ordem de
condições para o desenvolvimento cognitivo. As
pensamento mais elevada.
mudanças mais significativas são mudanças

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
• Ao contrário da imagem de Piaget em que espécie e as propriedades específicas da
o indivíduo constrói a compreensão do mundo, o aprendizagem;
conhecimento sozinho, Vygotsky via o
O trabalho de Lorenz forneceu uma
desenvolvimento cognitivo como dependendo mais
evidência muito importante de que existem períodos
das interações com as pessoas e com os
críticos na vida onde um determinado tipo definido de
instrumentos do mundo da criança
estímulo é necessário para o desenvolvimento
• Esses instrumentos são reais: canetas, normal. Como é necessária a exposição repetitiva a
papel, computadores; ou símbolos: linguagem, um estímulo ambiental (provocando uma associação
sistemas matemáticos, signos. com ele), podemos dizer que o imprinting é um tipo
de aprendizagem, ainda que contendo um elemento
Teoria de Vygotsky do Desenvolvimento
inato muito forte.
Cognitivo
Henri Wallon (1879 – 1962)
Vygotsky sublinhou as influências
socioculturais no desenvolvimento cognitivo da Wallon procura explicar os fundamentos da
criança: psicologia como ciência, os seus aspectos
epistemológicos, objetivos e metodológicos.
O desenvolvimento não pode ser
separado do contexto social - Considera que o homem é determinado
fisiológica e socialmente, sujeito às disposições
A cultura afeta a forma como pensamos
internas e às situações exteriores.
e o que pensamos
Wallon propõe a psicogénese da pessoa
Cada cultura tem o seu próprio impacto
completa (psicologia genética), ou seja, o estudo
O conhecimento depende da experiência integrado do desenvolvimento.
social
o Para ele o estudo do desenvolvimento
A criança desenvolve representações humano deve considerar o sujeito como
mentais do mundo através da cultura e da “geneticamente social” e estudar a criança
linguagem. contextualizada, nas relações com o meio. Wallon
recorreu a outros campos de conhecimento para
Os adultos têm um importante papel no
aprofundar a explicação dos fatores de
desenvolvimento através da orientação que dão e desenvolvimento (neurologia, psicopatologia,
por ensinarem (“guidance and teaching”). antropologia, psicologia animal).
Zona de Desenvolvimento Proximal
Considera que não é possível selecionar
(ZDP) – intervalo entre a resolução de problemas
um único aspecto do ser humano e vê o
assistida e individual.
desenvolvimento nos vários campos funcionais nos
Uma vez adquirida a linguagem nas quais se distribui a atividade infantil (afetivo, motor e
crianças, elas utilizam a linguagem/discurso interior, cognitivo).
falando alto para elas próprias de forma a Vemos então que para ele não é possível
direcionarem o seu próprio comportamento, dissociar o biológico do social no homem.
linguagem essa que mais tarde será internalizada e
silenciosa – Desenvolvimento da Linguagem. Esta é uma das características básicas da
sua Teoria do Desenvolvimento.
Konrad Lorenz (1903-1989)
Burrhus F. Skinner (1904 – 1990)
Zoólogo austríaco, ornitólogo e um dos
fundadores da Etologia moderna (estudo do Psicólogo Americano, conduziu trabalhos
comportamento animal) pioneiros em Psicologia Experimental e defendia o
comportamentalismo / behaviorismo (estudo do
Desenvolveu a ideia de um mecanismo
comportamento observável).
inato que desencadeia os comportamentos
instintivos (padrões de ação fixos) → modelo para a Tinha uma abordagem sistemática para
motivação para o comportamento compreender o comportamento humano, uma
abordagem de efeito considerável nas crenças e
Considera-se hoje que o sistema nervoso práticas culturais correntes.
e de controlo do comportamento envolvem
transmissão de informação e não transmissão de Fez investigação na área da modelação
energias. do comportamento pelo reforço positivo ou negativo
(condicionamento). O condicionamento operante
O seu trabalho empírico é uma das
explica que um determinado comportamento tem
grandes contribuições, sobretudo no que se refere uma maior probabilidade de se repetir se a seguir à
ao IMPRINTING e aos PERÍODOS CRÍTICOS
manifestação do comportamento se apresentar de
o imprinting é um excelente exemplo da um reforço (agradável). É uma forma de
interação de fatores genéticos e ambientais no condicionamento onde o comportamento acabará por
comportamento – o que é inato e específico na ocorrer antes da resposta.

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
A aprendizagem, pode definir-se como psicológicos, a sua participação dinâmica nos
uma mudança relativamente estável no potencial de ambientes, as suas características pessoais e a sua
comportamento, atribuível a uma experiência - construção histórico-sócio-cultural.
Importância dos estímulos ambientais na
Define o desenvolvimento humano como “o
aprendizagem
conjunto de processos através dos quais as
Albert Bandura (1925-presente) particularidades da pessoa e do ambiente interagem
para produzir constância e mudança nas
É, tal como Skinner, da linha behaviorista
características da pessoa no curso de sua vida"
da Psicologia. No entanto enfatiza a modificação do
(Bronfenbrenner, 1989, p.191).
comportamento do indivíduo durante a sua
interação. Ao contrário da linha behaviorista radical A Abordagem Ecológica do
de Skinner, acredita que o ser humano é capaz de Desenvolvimento privilegia estudos longitudinais,
aprender comportamentos sem sofrer qualquer tipo com destaque para instrumentos que viabilizem a
de reforço. Para ele, o indivíduo é capaz de descrição e compreensão dos sistemas da maneira
aprender também através de reforço vicariante, mais contextualizada possível.
ou seja, através da observação do comportamento
Bronfenbrenner - Abordagem Ecológica
dos outros e de suas consequências, com contato
do Desenvolvimento Humano: o sujeito
indireto com o reforço. Entre o estímulo e a
desenvolve-se em contexto, em 4 níveis dinâmicos –
resposta, há também o espaço cognitivo de cada
a pessoas, o processo, o contexto, o tempo.
indivíduo.
Arnold Gesell (1880-1961)
É um dos autores associado ao
Cognitivismo-Social, uma teoria da aprendizagem Psicólogo Americano que se especializou
baseada na ideia de que as pessoas aprendem na área do desenvolvimento infantil. Os seus
através da observação dos outros e que os primeiros trabalhos visaram o estudo do atraso
processos do pensamento humano são centrais mental nas crianças, mas cedo percebeu que é
para se compreender a personalidade: necessária a compreensão do desenvolvimento
normal para se compreender um desenvolvimento
As pessoas aprendem pela observação
anormal.
dos outros.
Foi pioneiro na sua metodologia de
A aprendizagem é um processo interno
observação e medição do comportamento e,
que pode ou não alterar o comportamento.
portanto, foi dos primeiros a implementar o estudo
As pessoas comportam-se de quantitativo do desenvolvimento humano, do
determinadas maneiras para atingir os seus nascimento até à adolescência.
objetivos.
Realizou uma descrição detalhada e total
O comportamento é autodirigido (por do desenvolvimento da criança; realça, com base em
oposição a determinado pelo ambiente) pesquisas rigorosas e sistemáticas, o papel do
processo de maturação no desenvolvimento.
O reforço e a punição têm efeitos
indiretos e impredizíveis tanto no comportamento Gesell e colaboradores caracterizaram o
como na aprendizagem. desenvolvimento segundo quatro dimensões da
conduta: motora, verbal, adaptativa e social. Nesta
Os adultos (pais, educadores,
perspectiva cabe um papel decisivo às maturações
professores) têm um papel importante como
nervosa, muscular e hormonal no processo de
modelos no processo de aprendizagem da criança.
desenvolvimento.
Urie Bronfenbrenner (1917 – presente)
Desenvolveu, a partir dos seus resultados,
Um dos grandes autores que escalas para avaliação do desenvolvimento e
desenvolveu a Abordagem Ecológica do inteligência.
Desenvolvimento Humano: o sujeito desenvolve-
Inaugurou o uso da fotografia e da
se em contexto, em 4 níveis dinâmicos – a observação através de espelhos de um só sentido
pessoas, o processo, o contexto, o tempo. como ferramentas de investigação
A sua proposta difere da da Psicologia
Científica até então (70’s): privilegia os aspectos
saudáveis do desenvolvimento, os estudos
realizados em ambientes naturais e a análise da
participação da pessoa focalizada no maior nº
possível de ambientes e em contacto com
diferentes pessoas.
Bronfenbrenner explicita a necessidade
dos pesquisadores estarem atentos à diversidade
que caracteriza o homem – os seus processos

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
na aprendizagem e causar traumas ao longo da
vida.
Acredita-se, que a prevenção começa pelo
BULLYING, O PAPEL DA ESCOLA, A conhecimento. É preciso que as escolas
ESCOLHA DA PROFISSÃO, reconheçam a existência do bullying e, sobretudo,
TRANSTORNOS ALIMENTARES NA esteja consciente de seus prejuízos para a
ADOLESCÊNCIA, FAMÍLIA, ESCOLHAS personalidade e o desenvolvimento
SEXUAIS socioeducacional dos alunos.

Bullying - Papel da escola Ainda há um grande número de profissionais


da educação que não sabem distinguir entre
Em relação à escola, em primeiro lugar, condutas de bullying ou outros tipos de violência, por
deve conscientizar-se de que esse conflito não ter um preparo para identificar e desenvolver
relacional já é considerado um problema de saúde estratégias pedagógicas para enfrentar os
pública. Por isso, é preciso desenvolver um olhar problemas no ambiente escolar.
mais observador tanto dos professores quanto
dos demais profissionais ligados ao espaço O despreparo dos professores ocorre
escolar. Sendo assim, deve atentar-se para sinais porque, tradicionalmente, nos cursos de formação
de violência, procurando neutralizar os agressores, acadêmica e nos cursos de capacitação, são
bem como assessorar as vítimas e transformar os treinados com técnicas que unicamente os habilitam
espectadores em principais aliados. para o ensino de suas disciplinas, não sendo
valorizada e necessidade de lidarem com o afeto e
Além disso, tomar algumas iniciativas muito menos com os conflitos e com os sentimentos
preventivas do tipo: aumentar a supervisão na dos alunos. (FANTE 2005 p.68)
hora do recreio e intervalo; evitar em sala de aula
menosprezo, apelidos, ou rejeição de alunos por Os professores deveriam ser preparados
qualquer que seja o motivo. Também pode- se para educar a emoção dos seus alunos. Porém,
promover debates sobre as várias formas de muitos professores têm dificuldades emocionais
violência, respeito mútuo e a afetividade tendo para lidar com os problemas de maus tratos ou de
como foco as relações humanas. violência que ocorrem dentro da sala de aula, e não
tendo capacidade de lidar com esses problemas e
Mas tais assuntos precisam fazer parte da de oferecer uma reposta eficaz a situação, acabam
rotina da escola como ações atitudinais e não reagindo com agressividade.
apenas conceituais. De nada valerá falar sobre a
não- violência, se os próprios profissionais em A escola precisa capacitar seus profissionais
educação usam de atos agressivos, verbais ou para a observação, para que os mesmos possam
não, contra seus alunos. Ou seja, procurar evitar a identificar, diagnosticar e saber intervir nas
velha política do “faça o que eu digo, não faça o situações do bullying ou até mesmo aos
que eu faço”. encaminhamentos corretos, levando o tema à
discussão com toda a comunidade escolar e traçar
Segundo Aramis Lopes Neto, coordenador estratégias que sejam capazes de fazer frente ao
do programa de bullying da ABRAPIA, “não se mesmo.
pode admitir que os alunos sofram violências que
lhes tragam danos físicos ou psicológicos, que De acordo com Pedra (2008), além de todo
testemunhem tais fatos e se calem para que não o esforço da equipe escolar frente ao bullying, é
sejam também agredidos e acabem por achá-los preciso contar com a ajuda de consultores externos,
banais ou, pior ainda, diante da omissão e como especialistas no tema, psicólogo e assistentes
tolerâncias dos adultos, adotem comportamentos sociais.
agressivos”. Cleo Fante (2005), comenta que, a
Infelizmente estamos vivendo uma época conscientização e a aceitação de que o bullying
em que a violência se torna cada vez mais ocorre com maior ou menor incidência, em todas as
presente em todas as instituições escolares. A escolas do mundo, independente características
violência escolar nas últimas décadas adquiriu “culturais, econômicas e sociais dos alunos”, são
crescente dimensão em todas as sociedades, o fatores decisivos para iniciativas no combate à
que a torna questão preocupante devido à grande violência no contexto escolar. Para desenvolver
incidência de sua manifestação em todos os níveis estratégias de intervenção e prevenção ao bullying
de escolaridade. (FANTE, 2005 p.20) em uma escola, é necessário que a comunidade
escolar esteja consciente da existência do mesmo,
As práticas de violência, discriminação e sobretudo, das consequências relacionadas aos
preconceito, vivenciadas pelos alunos no envolvidos, a esse tipo de comportamento.
cotidiano escolar, têm se apresentado como um
grande desafio para os professores, equipe
gestora e toda comunidade escolar. Essas
práticas, muitas vezes, podem causar dificuldades

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Desta forma, percebe-se que é primordial problematizar valores e regras morais através da
sensibilizar e envolver toda a comunidade escolar afetividade e racionalidade visando ao
na luta pela redução do comportamento bullying. desenvolvimento moral e à socialização e os alunos
o papel de entender e cooperar com as ações do
Gabriel Chalita (2008), salienta que
professor. A escola, juntamente com os professores
algumas atitudes simples por parte da direção
tem a função de trabalhar conteúdos relacionados
escolar, podem ajudar a reduzir os casos de
aos valores, como o diálogo, o respeito, e a
bullying no ambiente escolar. É necessário que
solidariedade.
toda equipe escolar, desde o primeiro dia de aula,
esclareça sobre o que é bullying, e que não será Com o diálogo o professor faz com que os
tolerado condutas do mesmo nas dependências da alunos agressores reflitam sobre suas atitudes
escola. Todos os alunos devem se comprometer a agressivas e as consequências que podem gerar
não praticá-lo e a comunicar a direção escolar nos alunos agredidos. Fazendo-os refletir como
sempre que presenciarem ou forem vítimas da deveria ser uma escola onde todos sentissem
conduta do bullying felizes, seguros e respeitados. Ao trabalhar o
respeito, tem como objetivo mostrar a diferença
É essencial que os professores promovam
entre as pessoas, o respeito pelo ser humano
debates sobre bullying nas salas de aula, fazendo
independente de sua origem social, etnia, religião,
com que o assunto seja bastante divulgado e
sexo, opinião e cultura, bem como nas
assimilado pelos alunos. Estimular os estudantes a
manifestações culturais, étnicas e religiosas. O
fazerem pesquisas sobre o tema na escola, para
respeito tem a condição necessária para o convívio
saber o que alunos, professores e funcionários
social democrático.
pensam sobre o bullying e como acham que se
deve lidar com esse assunto. Por mais que o professor seja presente e
trabalhe com seus alunos o respeito mútuo, a
Sempre que ocorrer alguma situação de
justiça e a solidariedade, em sala de aula, é
bullying, procurar lidar com ela diretamente,
quase que impossível que não haja conflitos entre
investigando os fatos, conversando com autores e
eles. Portanto, a escola deve estimular o ensino e o
vítimas. É relevante que os profissionais da
desenvolvimento de atitudes que valorizem a
educação interfiram diretamente nos grupos de
prática da tolerância e da solidariedade entre os
alunos envolvidos sempre que for necessário para
alunos. O incentivo ao exercício da solidariedade é
“romper a dinâmica” de bullying, orientando os
um fator motivador de mudanças, pois estimula a
alunos a sentarem em lugares previamente
amizade, a cooperação e o companheirismo no
indicados, mantendo afastados os possíveis
ambiente escolar.
autores de suas vítimas.
De acordo com Pedra (2008), há casos em
O mesmo autor comenta que, é relevante
que alunos praticantes de bullying se convertem em
que os professores incluam na rotina escolar de
“alunos solidários”, passando a auxiliar seus colegas
seus alunos, estratégias que amenizem as causas
dentro e fora da sala de aula, em especial aqueles
do bullying. A dramatização é uma “ferramenta
que outrora eram suas vítimas. Ou até mesmo as
excepcional’ para fazer crianças e jovens
modificações na postura de alguns professores, que
vivenciarem papéis. É essencial discutir sempre
após reconhecerem as práticas do bullying decide
as experiências depois de dramatizadas. O
mudar suas atitudes.
trabalho com filmes e letras de músicas também
permite uma reflexão crítica e significativa, com Como a escola deve denunciar os casos
possibilidade de minimizar as manifestações de de Bullying?
comportamentos agressivos.
Entende-se que, inicialmente os casos de
De acordo com Pedra (2008), as bullying devem se resolvidos na escola, por meio de
atividades em salas de aula em forma de redação ações pedagógicas.
onde os alunos são estimulados a falar no
De acordo com Pedra (2008, p.110), quando
anonimato sobre a sua vida na escola, ou seja,
a escola, não consegue solucionar o problema,
seu relacionamento com os colegas ajudará a
“deve-se orientar o aluno agressor e aplicar a
romper o silêncio e possibilitará a expressão de
ele a pena prevista pelo regimento interno escolar,
emoções e sentimentos.
além de alertar seus pais ou responsáveis”.
O mesmo autor comenta que, na
Dependendo da gravidade do caso, deve-se
educação infantil e nos anos iniciais do ensino
encaminhá-lo diretamente ao Conselho Tutelar. Se
fundamental é primordial trabalhar por meio de
houver lesão corporal, calúnia, injúria ou difamação,
histórias ou fábulas que trabalhem o preconceito
o pai ou responsável dever procurar uma delegacia
ou qualquer outra forma de exclusão e
de polícia para fazer boletim de ocorrência.
discriminação.
O autor, comenta que, é necessário sempre
É essencial tanto a participação do
ter o cuidado para não expor crianças e
professor quanto dos alunos. O professor de um
adolescentes a situações constrangedoras no
lado tem o dever de transmitir o papel ético,
momento da revista pessoal. Se o aluno for menor
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
de 12 anos, é preciso convocar um representante Programa de Redução do Comportamento
do Conselho Tutelar para dar os Agressivo entre estudantes. O objetivo desse projeto
encaminhamentos legais. Se for maior de 12 anos, era diagnosticar as situações de bullying entre
a polícia dever ser acionada para encaminhar o alunos.
caso a Justiça.
Atualmente o “O Observatório da Infância”
Programas de Redução do Bullying no vem ampliando o trabalho de divulgação dos direitos
Brasil da criança e do adolescente, dando continuidade
nos projetos da ABRAPIA, que paralisou seus
A mídia tem divulgado o tema bullying,
trabalhos devido à falta de apoio financeiro.
principalmente após as tragédias ocorridas em
inúmeras escolas de diversos países. Essas Fante, desenvolveu O Programa Educar
tragédias são resultantes dos sofrimentos das para a Paz, que foi implantado nas escolas de
vítimas. São José do Rio Preto, composto de estratégias
psicopedagógicas e sócio educacionais que visam à
Segundo Pedra (2008, pg.56), já foram
intervenção e a prevenção da violência nas escolas,
registradas no Brasil algumas tragédias em
com foque específico na redução do bullying nas
escolas tendo o bullying como causa principal,
escolas.
com envolvimento das vítimas que sofreram
agressões. No interior de São Paulo um jovem De acordo com Pedra (2008), atualmente no
atirou contra cinquenta pessoas durante o recreio Distrito Federal o Cemeobes implantou o Programa
da escola onde estudava, atingindo oito pessoas e Educar para a Paz em duas escolas, sendo
em seguida se matou com um tiro na cabeça. composta por profissionais voluntários das áreas de
Esse jovem era considerado gordo, pois estava Educação, Saúde, Segurança Pública, Assistência
acima do peso dos padrões estabelecidos pelo Social e Conselho Tutelar.
grupo. Era sempre ofendido, apelidado
Segundo a ABRAPIA, a implantação de um
pejorativamente, e humilhado.
programa para prevenir e reduzir o bullying, para
E que na cidade de Remanso, no interior que obtenha resultados positivos, é necessário
baiano um jovem de dezessete anos protagonizou saber que não existem soluções simples para a
uma tragédia, após ser humilhado e ridicularizado resolução do bullying, pois ele é complexo e
na escola na frente dos colegas, foi até a casa de variável. Entretanto, a cooperação dos professores,
seu agressor um garoto de treze anos, e disparou alunos, gestores e pais, é uma das formas de tentar
um tiro em sua cabeça. prevenir o bullying nas escolas.
Após a tragédia retornou a escola e tentou A Escolha da Profissão
matar uma professora de que não gostava, sendo
Ao longo da vida escolar, principalmente no
impedido por uma funcionária, que foi atingida com
ensino médio, os alunos têm um único objetivo: a
tiros na cabeça. No bolso do adolescente foi
escolha de uma profissão.
encontrado um bilhete dizendo que queria matar
mais de cem pessoas e ser reconhecido na Alguns estudantes crescem determinados
história como o “terrorista suicida brasileiro”. desde a infância, sabendo em que irão trabalhar,
mas muitos, em razão da pouca idade e experiência
Segundo o diário web (outubro de 2009),
de vida, não conseguem definir o caminho a seguir.
na cidade de Fernandópolis a Vara de Infância e
Juventude determinou que dois adolescentes entre Realmente não é uma decisão fácil, mas
quinze e dezesseis anos cumprissem medidas algumas atitudes podem ajudar, o fundamental é
socioeducativa por tempo indeterminado, por ter conhecer as diversas profissões existentes no
cometido condutas de bullying. O juiz determinou mercado, bem como especializações, ou seja, as
que a medida fosse cumprida em semiliberdade. diferentes opções que existem.
Os adolescentes foram punidos por terem
agredido fisicamente um estudante de dez Para isso, buscar informações sobre uma
anos no pátio da escola, desde então eles estão profissão, não só no que diz respeito ao exercício da
mesma, mas como está o mercado de trabalho, a
internados provisoriamente na Fundação Casa
faixa salarial para o profissional que a exerce, o
(Antiga Febem). Por não existir o termo bullyin
campo de atuação profissional, como a mesma é
juridicamente, eles foram punidos por agressão.
aceita e inserida na sociedade, é fundamental.
No Brasil, o tema violência tornou-se
Profissão - conhecer para escolher
prioridade em todas as escolas, motivo pelos quais
inúmeros projetos e programas antibullying estão Fazer um passeio por faculdades também
sendo desenvolvidos, com o objetivo de diminuir a pode ajudar na escolha, pois durante as visitas o
violência nas escolas. jovem terá a oportunidade de ver de perto como são
as aulas, as estruturas das faculdades, o que lhe
Na cidade do Rio de Janeiro, a ABRAPIA,
dará um bom suporte.
que é uma organização não governamental, no
ano de 2002 e 2003, em parceria com a Petrobrás À medida que formar opinião sobre as
Social, juntamente com 11 escolas, desenvolveu o profissões que interessam mais, o aluno poderá
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
buscar os locais onde existam esses profissionais (1995), a anorexia nervosa é a terceira doença
e explicar que quer conhecer a forma como crônica mais prevalente entre adolescentes. Outros
trabalham. Ver de perto os procedimentos de uma estudos apontam também que os transtornos
carreira é uma excelente forma de descobrir aquilo alimentares apresentam uma maior frequência em
que gosta ou não. países industrializados (WLODARCZYC-BISAGA e
DOLAN, 1996; LEE et al., 1998; GHAZAL et al.,
É comum ver estudantes que lutam por
2001).
vários anos, mas quando ingressam na faculdade
descobrem que não gostam daquilo, perdem o Segundo Nunes et al. (1998), a palavra
encanto com a carreira escolhida. Por isso é Bulimia vem do grego bous (boi) e limus (fome).
fundamental fazer um primeiro contato com o Bulimia nervosa significa então uma fome tão grande
mundo profissional, para se certificar bem e não quanto à de um boi. A Bulimia é uma doença
cometer erros. caracterizada por um auto descontrole ao comer,
“uma ingestão excessiva de alimentos”
Correr atrás, buscar o máximo de
(MAGALHÃES et al., 2005).
informações possíveis sobre os mais diversos
cursos, pedir ajuda aos pais, trocar informações Nunes et al. (1998), dizem que na bulimia
com amigos e parentes, procurar ampliar os nervosa ocorrem episódios recorrentes de
conhecimentos, são atitudes necessárias. compulsão, voracidade alimentar, falta de controle ao
comer, preocupação persistente com o comer e um
É necessário perguntar muito, sem ter
desejo irresistível por comida, restrições alimentares,
medo nem tampouco vergonha, pois o erro poderá
comportamento compensatório inadequado para
resultar em prejuízos futuros.
prevenir o aumento do peso como vômitos, uso de
Transtornos alimentares na adolescência laxantes, diuréticos e um aumento excessivo de
atividade física.
Os transtornos alimentares são doenças
caracterizadas por graves alterações do Para se ter uma ideia, Heinberg et al. (1995),
comportamento alimentar, que podem ocasionar em estudo realizado com adolescentes americanas
sérias agressões à saúde, principalmente quando verificou que 60 a 80% controlam a ingestão de
se trata de crianças e adolescentes. A incidência alimentos. Esse controle, se obsessivo, pode levar a
destes transtornos praticamente dobrou nos últimos um descontrole, a partir de dietas restritas demais,
20 anos (DUNKER e PHILIPPI, 2003). podendo desencadear um comer compulsivo.
Essas doenças acometem principalmente Estima-se uma prevalência entre 3 e 5% da
jovens e mulheres em idade reprodutiva, e, população feminina adolescente e jovem adulta com
apresentam importantes prevalências na população Bulimia nos países desenvolvidos (BOSI et al. 2004).
geral (MAGALHÃES et al., 2005). Estes transtornos Entretanto, tem sido observado que nos países em
são divididos em duas categorias principais: desenvolvimento, como é o caso do Brasil, o número
anorexia nervosa e bulimia nervosa. de adolescentes com algum distúrbio alimentar
também vem aumentando. Diante disto, torna-se
Segundo Nunes et al. (1998), o termo
necessário que estudos com intuito de diagnosticar
anorexia, vem do grego orexis (apetite), junto ao
estas doenças alimentares em adolescentes são
prefixo an (ausência). Anorexia nervosa, significa importantes para verificarmos a atual situação destes
então a perda de apetite de origem nervosa. A transtornos nos adolescentes do nosso país.
anorexia é uma doença que atinge grande parte da
população, pois atualmente a sociedade valoriza a Nesse sentido, considerando que é
atratividade, magreza, associação da beleza, necessário que mais pesquisas sejam realizadas a
sucesso e felicidade com um corpo magro ( fim de colaborar no desenho epidemiológico dessas
DUNKER e PHILIPPI, 2003). patologias, este presente trabalho teve como
objetivo, verificar a prevalência de transtornos
A doença normalmente tem inicio com um alimentares, anorexia e bulimia, seus sintomas e
jejum progressivo, caracterizado por uma restrição
ainda comparar sua prevalência de acordo com a
dietética auto imposta. (DUNKER e PHILIPPI,
idade.
2003). Para Nunes et al. (1998), a anorexia ocorre
devido ao medo de ganhar peso, mesmo Será que a população jovem feminina está
apresentando um peso abaixo do normal; trata-se bem informada sobre esses transtornos? Será que a
de uma distorção da imagem corporal, que acarreta prevalência dessas doenças vem aumentando
uma negação a ingestão de carboidratos e gradativamente?
gorduras. É uma luta obstinada contra a fome,
Adolescência
ocasionando a perda significativa de peso.
A adolescência é marcada por um período de
Estima-se que a prevalência de anorexia
transições e transformações significativas em todo o
nervosa varia de cerca de 0,3 a 3,7% e a de bulimia
funcionamento de um adolescente (BEE, 2003).
nervosa em torno de 1,1 a 4%, ambas em jovens do
sexo feminino (AMERICAN PSYCHIATRY Segundo Gallahue et al. (2001), a
ASSOCIATION, 2000). Segundo Fischer et al. adolescência começa por volta dos 10 anos e termina

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
por volta dos 20 anos, nesse período, o praticamente dobrou nos últimos 20 anos (DUNKER
adolescente passa por um desenvolvimento físico, e PHILIPPI, 2003). Isso se deve a nossa sociedade
cognitivo, psicológico, biológico, desenvolvimento industrializada e desenvolvida.
da sua personalidade de seus relacionamentos
Os transtornos alimentares têm uma
sociais, enfim, sua vida passa a ser feita de
prevalência maior em adolescentes de 10 a 19 anos.
conflitos com si mesmo e com o próximo (BEE,
Em sua grande maioria atingem principalmente as
2003).
mulheres adolescentes e adultas em idade
O aparecimento da adolescência é a reprodutiva, porém os homens também são
transição da infância para a idade adulta, há um acometidos, mas em proporções menores,
aumento acelerado da altura, do peso, representando apenas 10% dos casos (MAGALHÃES
aparecimento da puberdade a da maturação sexual. et al., 2005). Nos Estados Unidos, é a terceira
“A puberdade pode ser influenciada por fatores doença crônica mais comum entre adolescentes, só
genéticos”. Bee (2001 p. 515). perdendo para a obesidade e a asma (FISCHER et
al. 1995).
Nos meninos há um crescimento dos
testículos precedido pelo aumento do pênis, pelos Segundo Fischer et al. (1995), o aumento da
faciais, corporais, púbicos, formação de espermas, incidência desses transtornos coincide com a ênfase
alteração na voz. Já nas meninas, há o na magreza como uma expressão de atração sexual.
desenvolvimento dos seios, pelos púbicos, Atualmente, mudaram-se os padrões de beleza e
crescimento da genitália, e o aparecimento da saúde, do que é belo e saudável, os meios de
menarca. (GALLAHUE et al. 2001). comunicação ditam o que é bonito, o que esta na
moda, a beleza anoréxica das modelos, a beleza
O crescimento físico e a maturidade sexual
“sarada” das dançarinas de TV. A sociedade rejeita,
acelerado são pontos de desequilíbrio emocional
discrimina e reprova as pessoas obesas (FIATES et
para os jovens, a aceitação do próprio corpo e a
al. 2001).
busca pelo amor acabam por gerar conflitos,
obrigando-os a encontrar um novo sentido para sua Na adolescência, a personalidade não está
identidade, aderem a si mesmo características que plenamente configurada, assim, essa obsessão pelo
gostariam de possuir (SABINE, 1993). “Apresentam corpo perfeito, por seguir o modelo imposto pelos
um comportamento” rebelde “, intransigente com meios de comunicação torna-se um pesadelo tantos
desrespeitos ás regras, são confusos e para esses jovens tanto para os seus pais, que
imprevisíveis em suas condutas, gostam de usar acabam se sentindo impotentes diante do problema.
roupas e cabelos que estão na moda”. BEE (2001,
Chiodini et al. (2003) refere que, os distúrbios
p. 515).
dos comportamentos alimentares constituem uma
“Um aspecto que influencia muito o área de crescente interesse médico, nutricional e
adolescente em relação á satisfação com sua vida, psicólogo. Essa conduta alimentar vem sendo
é a aceitação da sua aparência física”. SABINE compreendida por meio de modelos impostos pela
(1993, pg. 93), sendo assim, o adolescente que sociedade e também relacionadas aos bens de
estiver com satisfeito, promoverá mais facilmente consumo, a família e a cultura.
seu autodesenvolvimento. Por outro lado, o
Os transtornos alimentares se dividem em
adolescente que não está satisfeito com sua
duas categorias: Anorexia nervosa e Bulimia
aparência física, tem a tendência de se sentir
nervosa, relatados a seguir:
enfraquecido, com insegurança, solitário com
depressão e amargura (SABINE, 1993). Anorexia Nervosa
O adolescente procura encontrar sua Segundo Chiodini et al. (2003), a evolução
identidade, e diante da tecnologia ao seu dispor, dos padrões de beleza, mostra a tendência
acaba sendo influenciado pelo meio em que está catequizante da figura feminina. Sendo assim, as
inserido. “As mudanças no modo pelo qual o mulheres apresentam maior tendência em apresentar
individuo percebe o mundo que o cerca e a ele distúrbios alimentares.
responde são resultantes de contínuas adaptações
As mulheres na busca do corpo perfeito, do
aos eventos físicos e sociais”. SABINE (1993, pg.
91). corpo ideal, acabam apresentando padrões
alimentares anormais, o que ocasiona o
Transtornos Alimentares na desenvolvimento de algum distúrbio alimentar. O
Adolescência sexo feminino de uma maneira geral é muito
vulnerável a aceitação de pressões sociais,
Nunca houve tantas pessoas com
econômicas e culturais associadas a padrões
transtornos alimentares como nos últimos anos. Os
estéticos (FIATES et al. 2001).
transtornos alimentares são doenças caracterizadas
por graves alterações do comportamento alimentar Perante a tanta insatisfação com o corpo, o
que podem ocasionar sérias agressões à saúde, medo da obesidade faz com que cresça o numero de
principalmente quando se trata de crianças e mulheres fazendo dietas e controlando o peso, o que
adolescentes. A incidência destes transtornos acaba fazendo com que cresça também a

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
prevalência de adolescentes com a anorexia e limite, perdendo as funções vitais do seu organismo,
bulimia. A anorexia é desenvolvida dos 13 aos 17 entrando em estado de bradicardia, hipotensão,
anos, suas causas podem ser de aspectos diminuição de suas funções intestinais, hipoglicemia,
genéticos, sociais, familiares e ambientais (BOSI et anemia, hipotermia, osteoporose, depressão, atrofias
al. 2004). cerebrais, leucopenia (diminuição dos leucócitos),
entre outras complicações, levando assim a morte
A anorexia nervosa se inicia geralmente na
(NUNES, 1998).
infância ou na adolescência. O início é marcado por
uma restrição dietética progressiva com a Bulimia Nervosa
eliminação de alimentos considerados
Assim como a anorexia, a bulimia também
“engordantes”, como os carboidratos. As pacientes
apresenta seus maiores índices em adolescentes do
passam a apresentar certa insatisfação com os
sexo feminino. Devido à insatisfação corporal as
seus corpos, sentindo-se então obesas, apesar de
adolescentes apresentam dietas excessivas. No que
muitas vezes se encontrarem até magras (alteração
se refere à bulimia nervosa, estima-se uma
da imagem corporal); sendo assim, o medo de
prevalência entre 3 e 5% da população feminina
engordar é uma característica essencial.
adolescente (BOSI et al. 2004). Ainda assim, os
Gradativamente, as pacientes passam a viver
homens também apresentam uma estimativa, só que
exclusivamente em função da dieta, da comida, do
em menor prevalência.
peso e da forma corporal, restringindo seu campo
de interesses e levando ao gradativo isolamento Em relação à bulimia nervosa, a faixa etária
social. A doença é caracterizada por uma perda de de maior incidência está entre 17 e 23 anos em
peso progressiva e continuada. O padrão alimentar mulheres, observando-se início um pouco mais tardio
vai se tornando cada vez mais secreto e muitas para os homens (20 a 25 anos). Ela manifesta-se por
vezes até assumindo características ritualizadas e meio de episódios de ingestão exagerada de
bizarras (APPOLINÁRIO e CLAUDINO, 2000). alimentos, ou seja, consumo de quantidade de
comida superior àquela que a maioria das pessoas
A instalação dessa doença de forma
comeria, em circunstância semelhante;
crônica provoca a principio a desidratação e a
acompanhado de sensação de intensa perda de
desnutrição. Apesar dos pacientes negarem fome,
controle, culpa e vergonha. Esses episódios de
apresentam constantes queixas por fadiga,
voracidade podem ser seguidos de métodos
fraqueza, tontura e visão turva (FIATES et al.,
compensatórios purgativos, como vômitos auto
2001).
induzidos, abuso de laxantes ou diuréticos, enemas,
A anorexia faz com que o adolescente além de períodos de jejum prolongados e excesso de
perca o seu senso critico em relação ao seu corpo, atividade física (SAPOZNIK et al., 2005).
apresenta vergonha de comer em público, tem um
Os indivíduos com bulimia nervosa
interesse especial pelo valor nutritivo dos alimentos,
consomem grandes quantidades de alimentos,
gostam de controlar a comida dos familiares,
especialmente se submetido a situações de stress
praticam atividade física em excesso, podendo
(BOSI et al. 2004). “Em episódios compulsivos,
acordar até mesmo de madrugada para fazer
acabam ingerindo em média de duas a cindo mil
exercícios, como abdominais, por exemplo.
calorias, havendo relatos que alcançaram mais de 15
Segundo Nunes et al. (1998), a anorexia mil calorias em um único episódio (NUNES, 1998, p.
pode se classificar em dois tipos: a anorexia 36)”.
restritiva e a anorexia periódica/ purgativa. O tipo
Para evitar o ganho de peso e aliviar a culpa
Restritivo é onde acontece a parada total de induzir
e a vergonha provocada pelo descontrole alimentar
alimentos, ou seja, a pessoa para de comer
apresentam comportamentos compensatórios como
totalmente. No tipo Purgativo, a pessoa fica vários
induzir seu próprio vômito usando escova de dente,
dias sem comer, mas depois não aguenta de fome
dedo, caneta, cabo de colher e de garfo. Os dedos
e come exageradamente, entrando em compulsão,
dessas adolescentes costumam ser na grande
causando vômitos, usando laxantes, diuréticos, e
maioria machucados (sinais de ransel), além de
até remédio para emagrecer.
terem problemas dentários, pois junto ao vômito vem
Conforme relataram Huse et al. (1984), em o suco gástrico que acaba corroendo o esmalte do
seu estudo com 96 anoréxicas, 37% tinham o dente. Esse ritual apresenta um caráter secreto, o
habito de jejuar e 40% apresentavam que dificulta o diagnóstico, sobretudo em fase inicial
peculiaridades nas preferências alimentares, (BOSI et al. 2004). Dessa forma, a adolescente com
procurando não comer gorduras, doces, carnes, bulimia passa facilmente despercebida.
manteiga, molhos de salada e maionese.
Segundo Nunes et al. (1998), essas
Por essa restrição alimentar, a anorexia é adolescentes acabam não tendo uma perca
uma doença que leva a pessoa a uma perca de significativa de peso, ou seja, não ficam super
peso, e essa perca de peso é tão significativa que magras, apresentam apenas um peso abaixo da
pode levar a pessoa à morte, pois por mais magra média, ou, ás vezes nem isso.
que ela esteja, nunca estará satisfeita e sempre irá
querer perder mais peso, chegando assim, ao seu
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Por apresentarem um comportamento de Abordarei alguns tópicos relacionados ao
descontrole alimentar, essas adolescentes tema.
dificilmente comem em lugares públicos, por medo
Todo educador sabe que o apoio da família é
do descontrole. Esses episódios de voracidade
crucial no desempenho escolar. Pai que acompanha
ocorrem na sua grande maioria durante a
a lição de casa.
madrugada, ás escondidas no quarto, o que acaba
provocando um isolamento social. Mãe que não falta a nenhuma reunião.
Nunes et al. (1998) ainda diz que, essas Pais cooperativos e atentos no desempenho
adolescentes sofrem de depressão, humores escolar dos filhos na medida certa.
alternados, fazem uma autocrítica severa, sua
autoestima depende do seu peso, necessidade de Esse é o desejo de qualquer professor.
aprovação dos outros entre outros aspectos. E você leitor, poderá contribuir, fazendo a
sua parte, lendo este artigo e incentivando as outras
Assim como a anorexia, a bulimia também
pessoas.
pode levar o individuo a morte, pois começa a
apresentar perda de potássio, irritações no esôfago Tipos de famílias.
podendo vir a ter até um câncer de esôfago,
irregularidades menstruais, desequilíbrio de liquido Segundo o dicionário da Língua Portuguesa o
do corpo, ulceras, anemias, parada cardíaca entre conceito de família é um conjunto formado por pai,
outras complicações (NUNES et al. 1998). mãe e filhos, mas sabemos que a família pode tanto
ser constituída por pai e filhos, como por outros
Muitas vezes estes transtornos são membros que assumem uma função social, que
causados devido a prática de bullying feitos por sejam responsáveis perante aos demais.
outros alunos, e a escola e professores tem de ficar
atentos, para que não ocorra problemas maiores Há diversas estruturas familiares, o
para o aluno que é abusado e fazer com que o importante é que cada integrante deste âmbito
abusador pare com a ação. familiar se coloque no seu lugar, assumindo o seu
papel e cumprindo de fato a sua verdadeira função.
Família
Esta questão de desvio de funções, que
Mais um ano escolar se inicia... o professor prejudica a estrutura familiar.
animado, cheio de projetos e ideias para envolver
sua turma. Passou os primeiros dias conhecendo Hoje existem famílias novas se formando, os
seus alunos, chegou a hora de conhecer os pais pais separados se unem com filhos de outros
(momento esse importante na relação escola e casamentos, constituindo uma nova família (irmão
família), reunião de pais. por parte de pai ou apenas de mãe).

O professor prepara sua reunião querendo Para a escola, não importa a estrutura da
a participação geral dos pais, enfocando sua família, o importante é o seu papel no processo
participação, seu compromisso, relata suas escolar.
expectativas durante o ano, seus objetivos com a Os responsáveis devem assumir uma postura
sala. de “chefe”- comandar, dar ordens, impor regras,
Mas infelizmente a realidade é triste e cruel. exigir resultados e sem dúvida retribuir e valorizar os
esforços. Não se trata de voltarmos agir como no
Ele depara com a presença da minoria dos passado, com palmatórias, castigos severos e
pais, esses com certeza são os pais que ele poderá agressões físicas.
contar com seu apoio, são os responsáveis
daqueles alunos, participativos, interessados, que Trata-se do respeito mútuo entre os
se desenvolvem seu aprendizado ao longo do ano. integrantes da família.

O presente estudo refere-se aos demais Como afirma PRADO: “A família influencia
pais, o não comprometimento com a escola de seus positivamente quando transmite afetividade, apoio e
filhos. solidariedade e negativamente quando impõe normas
através de leis dos usos e dos costumes” (PRADO,
Como fazer para trazê-los para o ambiente 1981: p.13).
escolar?
A família é peça essencial no crescimento e
Como envolver a família na escola? no processo de endoculturação, preparando a
A família é o alicerce de sustentação da criança para o ingresso na sociedade e dando
criança. suporte permanente.
Ela pertence ao um grupo primário na vida
É através da família que a criança
deste indivíduo.
desenvolverá sua auto-estima, segurança, domínio
próprio, confiança que contribuirá para o Já a Escola pertence ao grupo secundário e
desempenho de toda a sua vida. jamais poderá substituir a família na educação das

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
crianças, ou seja,não poderá assumir tarefas que Na prática, a escola passou a ser
não compete a ela. reconhecida como um espaço de aprendizagem dos
conteúdos e de valores para a formação da criança.
É também considerada a primeira
instituição social que, em conjunto com as outras, Hoje muitos pais precisam trabalhar o dia
busca assegurar a continuidade e o bem estar dos inteiro, inclusive as mulheres, que assumiram
seus membros e da coletividade, incluindo a responsabilidades também fora de casa.
proteção e o bem estar da criança.
Essa diminuição de contato, de cobrança,
Sendo ela responsável pela transmissão de prejudicou o convívio com a escola.
valores, crenças, idéias e significados que estão
No entanto, os pais precisam ficar atentos e
presentes na sociedade.
disponibilizar um pouco do seu tempo para
Sendo assim, ela tem um impacto acompanhar a vida escola do seu filho.
significativo e forte na influência do comportamento
E ter claro que a escola não é um depósito
dos indivíduos, principalmente das crianças, que
de alunos e que de fato se conscientizam de suas
aprendem as diferentes formas de ver o mundo e
obrigações.
construir as suas relações sociais.
Está na Lei de Diretrizes e Bases da
Portanto, a família é a matriz da
Educação Nacional e no Estatuto da Criança e do
aprendizagem humana.
Adolescente (ECA): as escolas têm a obrigação de
Não existe uma configuração familiar ideal, se articular com as famílias e os pais têm direito a ter
porque são inúmeras as combinações e formas de ciência do processo pedagógico, bem como de
interação entre os indivíduos que constituem os participar da definição das propostas educacionais.
diferentes tipos de famílias contemporâneas:
Porem nem sempre esse princípio é
tradicional, recasadas, mono parentais,
considerado quando se forma o vínculo entre
homossexuais, entre outras combinações.
diretores, professores e coordenadores pedagógicos
O importante é que existam os laços e a família dos alunos.
afetivos dentro de cada família e que cada membro
Mas, o que se pode esperar das famílias,
assuma uma função.
além de que elas garantam o ingresso e a
Não quer dizer que as crianças que têm permanência das crianças em sala de aula?
uma estruturação familiar (pai, mãe, irmãos) são as
Atribuições excessivas à Escola.
únicas que caminham e se alfabetizam.
Qual é o verdadeiro papel da Escola?
O excesso de amor, falta de limites,
também são prejudiciais no seu desenvolvimento. Como vimos atualmente a Escola não é vista
como um lugar apenas de aprendizado.
Precisa-se ter um equilíbrio entre o não
fazer nada pelo filho ou querer fazer de tudo. Foi se delegando muitas tarefas e
atribuições, se invertendo os papéis de cada um e
Família, no sentido mais amplo, é um
alguns pais deixaram de cumprir sua função e
conjunto de pessoas que se unem pelo desejo de
transferiram todas as suas responsabilidades para a
estarem juntas, de construírem algo e de se
Escola.
complementarem.
O professor deixou de ser professor, para ser
É por meio dessas relações que as pessoas
mãe, pai, etc.
podem se tornar mais humanas, aprendendo a viver
o jogo da afetividade de modo mais adequado. Além de dar conta do ensinar a ler e escrever
precisa cuidar, ensinar valores, enfim prepará-lo para
Os deveres da família.
a sociedade.
Até o século XIX, a separação de tarefas
A nossa grande dificuldade é envolvê-los no
entre escola e família era clara: a primeira cuidava
ambiente escolar e salientar da sua importância
daquilo que à época se chamava "instrução", que
desse acompanhamento da vida do seu filho,
na prática era a transmissão de conteúdos, e a
mostrando o que compete a Escola e aos
segunda se dedicava à "Educação", o que
Responsáveis.
significava o ensinamento de valores, hábitos e
atitudes. Pois a família, mesmo sofrendo com todo um
processo de transformação de seu papel social, seu
"A Era Moderna deixa nebulosa essa
padrão tradicional de organização; ainda é o local
divisão do trabalho educacional. (...) reconhecida
onde são desenvolvidos os primeiros contatos da
como um valor de ascensão social para as classes
criança com o mundo, onde são aprendidos
surgidas com a urbanização, a Educação passa a
conceitos importantes como valores morais e éticos,
ser objeto de atenção das famílias e as
onde se tem abrigo, carinho, amor e apoio.
expectativas em relação à escola se ampliam", diz
Maria Amália de Almeida, da UFMG. Quando nasce, cabe aos pais socializar a
criança, incluído-a no mundo, primeiramente através
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
do ensino da língua materna, comunicação verbal, Não podemos generalizar a ausência de
o relacionamento afetivo e positivo, mostrando lhe todos os pais.
as regras de convivência em grupo, englobando
As pesquisas têm demonstrado que alguns
aspectos de boa conduta, ou seja, estratégias
pais estão constantemente preocupados e envolvidos
disciplinares e de controle, enfatizando a educação
com as atividades escolares dos filhos e que dirigem
no geral, uma boa base.
a sua atenção à avaliação do aproveitamento
A escola tem sua contribuição no escolar, isto independente do nível socioeconômico
desenvolvimento deste individuo, porém mais ou escolaridade. (Polônia& Dessen, 2005).
focada na aquisição do saber.
Ainda neste aspecto, Epstein (citado por
Neste contexto, a escola deve visar não Marques,2002) destaca o envolvimento dos pais que
apenas a preocupação de conteúdos, ir alem, supervisionam e acompanham não somente a
buscando a formação de um cidadão inserido, realização das atividades escolares, mas também
crítico e transformador, já que a escola é um lugar adotam, em suas casas estratégias voltadas á
privilegiado para o desenvolvimento das idéias, disciplina e ao controle de atividades lúdicas.
ideais e valores.
Estas ações permitem a eles analisarem,
Concordo com LÓPES (2002) “a família não identificarem e realizarem intervenções no processo
tem condições de educar sem a colaboração da de desenvolvimento e aprendizagem dos filhos.
escola e acrescento a escola não tem condições de
Quanto ao restante dos pais que não
educar sozinha sem a participação e compromisso
assumem está responsabilidade, as escolas devem
dos pais”.
procurar inserir no seu projeto pedagógico um
Portanto, os pais precisam ter claro, que espaço para trabalhar as praticas educativas
cada um tem uma função e um objetivo a alcançar familiares e utilizar como recurso importante nos
com essa criança, e não podemos misturar as processos de aprendizagem.
funções. Mostrar a escola como ela é, e funciona e
Para que os mesmos reconheçam e
não como os pais gostariam que ela fosse.
valorizam a sua importância no processo escolar.
A escola constitui um contexto diversificado
O conhecimento dos valores e práticas
de desenvolvimento e aprendizagem, um local que
educativas que são adotadas em casa, e que se
reúne diversidade de conhecimentos, atividades,
refletem no âmbito escolar e vice-versa, são
regras e valores que é permeado por conflitos,
imprescindíveis para manter a relação família e
problemas e diferenças.
escola.
É nesse espaço físico, psicológico, social e
Portanto, as escolas devem investir no
cultural que os individuo processa o seu
fortalecimento desta união com a família.
desenvolvimento global.
Aproximação dos pais com a Escola e a
Trata-se de um ambiente multicultural que
Escola com os pais.
abrange também a construção de laços afetivos e
preparo para inserir na sociedade. A relação família-escola tem sido bastante
enfatizada, como uma das metas para o
O que encontramos atualmente são
desenvolvimento da educação de qualidade, bem
escolas, fazendo papel de cuidador, sendo os
como o desenvolvimento eficiente de todas as etapas
únicos responsáveis de criar aquela criança e
de construção do conhecimento.
prepara - lá para a sociedade.
Esse envolvimento aponta como principal
Talvez, o erro seja por comodismo?
fator de sucesso na vida do aluno.
Falta de tempo para acompanhar os
A família e a escola emergem como duas
estudos dos filhos?
instituições fundamentais para a vida de uma pessoa.
Ou pelo fato que nem todos os pais tiveram
Sabemos que não é fácil desenvolver esta
boas experiências no período de sua escolarização,
parceria.
tal fato faz com que eles transmitem percepções
negativas da escola para os seus filhos, adotando Ambos precisam buscar esse compromisso,
uma postura distante e desconfiada? a fim de superar as dificuldades existentes nessa
relação.
Seja qual for o motivo cabe aos
professores, diretores, desenvolverem ações que Cabe a escola promover essa aproximação,
visa uma implementação mais efetiva do de modo a propiciar a articulação da família com a
envolvimento da família. escola, estabelecendo relações mais próximas.
Muitas escolas e alguns projetos do E a família ter interesse da desta
Governo de São Paulo estão sendo realizados para aproximação.
está aproximação, os que se espera é a família
tenha envolvimento e interesse em participar. As investigações de Keller – Laine (1998) e
de Sanders e Epstein (1998) enfatizam que é
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
necessário planejar e programar ações que São pontos fundamentais que devem ser
assegurem as parcerias entre estes dois ambientes, tratados nas reuniões bimestrais.
visando a busca de objetivos comuns e de soluções
Qualquer ação que vai ser desenvolvida com
para os desafios enfrentados pela sociedade e pela
os pais deve partir da escola, mas precisa ser
comunidade escolar.
planejada juntamente com eles, perguntar, ouvir
Quem ganha com tudo isso são os opiniões e não chegar com tudo formado.
envolvidos (pais - professores - alunos).
Considera-se que agindo assim,
Os benefícios desta parceria tende a encontraremos uma fórmula boa para a relação
transformações evolutivas nos níveis cognitivos, escola-família.
afetivos, sociais e de personalidade dos alunos.
Em uma investigação realizada pó Jowett e
Mesmo quando a escola planeja e Baginsky (1988), relacionada aos potenciais
apresenta um bom programa curricular, a benefícios decorrentes da parceria família e escola
aprendizagem do aluno só é evidenciada quando no ensino básico, os diretores indicaram melhor
este é cercado de atenção da família e da compreensão dos pais sobre a escola e a educação
comunidade. em geral, realização de reuniões conjuntas, com
oportunidades para os pais falarem do seu papel e de
Neste caso, é importante a família ser
si mesmos, promoção de encontros específicos, com
orientada quanto às novas abordagens utilizadas no
o objetivo de ajudar pais e professores, em
ensino, visando acompanhar o progresso e as
momentos críticos, favorecimento de troca de
necessidades do aluno, através da participação das
informação entre professores e pais, abertura de
reuniões de pais bimestrais.
canais de comunicação, beneficiando os alunos,
Além da reunião de pais, há outras formas dentre outros, como resultados desta integração.
de interação, como por exemplo: festas culturais,
No entanto, quando predomina uma fraca ou
datas comemorativas, reuniões bimestrais,
pouca integração entre a família e a escola, as
elaboração do projeto político pedagógico,
consequências são variadas.
representante por sala (mãe/filho), APAM
(Associação de Pais, Alunos e Mestres), atividades Tais limitações podem ser também da equipe
em sala que envolvam a participação dos pais, seja pedagógica, principalmente por parte dos
para contar experiências anteriores ,como também professores.
auxiliar na execução das tarefas de casa.
Quando estes são resistentes a está
Na entrevista de Heloisa Zymaski, aproximação com a família, o trabalho na sala de
Professora de Psicologia da Educação da PUC-SP, aula acaba ficando prejudicial.
relata que é um mito a não participação da família.
Há inúmeros os fatores deste distanciamento:
Atualmente os responsáveis estão mais
intromissão dos pais, medo de críticas, seja da sua
participativos e envolvidos com a escola de seus
postura, do método adotado, da falta de tempo,
filhos.
Independente da situação, o professor também
Algumas escolas querem mais não sabem precisa ser maleável e aceitar as intervenções da
como fazer esta aproximação e não conseguem família para o bem do seu aluno.
vencer as barreiras.
Quando a criança percebe esta aliança entre
Já existem outras escolas que preferem escola e os pais ela se sente mais segura e
este distanciamento, e preferem apenas a presença protegida.
na reunião de pais.
A família é à base de tudo na vida da criança,
E deparamos infelizmente com professores o lar é a primeira escola e os pais os primeiros
desestimulados e nem se querer preparam uma professores.
adequada reunião para aproximar os pais de seus
Neste sentido, os pais e educadores devem
alunos, apresentam dificuldade na elaboração de
almejar a criança com dificuldade de aprendizagem,
uma boa reunião de pais.
para que haja um crescimento satisfatório em seu
É de extrema importância que ela seja bem rendimento escolar.
formulada, atrativa e que atenda todos os pais e
Entretanto, Bem - Fadel (1998) “reconhece
que estes gostem de frequentá-la, não por uma
que a escola, hoje, ainda não está preparada para
mera obrigação.
lidar com o envolvimento familiar. Para que isto
Visto que a reunião de pais não deve ser de ocorra, deve haver primeiramente o reconhecimento
rotular o aluno, tanto os quietos como os peraltas. do meio familiar como um verdadeiro aliado da
escola”.
Ela deve ser informativa, falar dos
progressos, da proposta, dos objetivos alcançados, Para orientar os pais, quanto essa
o que foi desenvolvido com a turma. necessidade e importância a Revista Nova Escola
elaborou uma matéria especial sobre o assunto*.

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Aproximar os pais do trabalho mecanismos para que a família acompanhe a vida
pedagógico. escolar dos filhos.
Um dever dos gestores é aproximar os pais "Os educadores precisam deixar de lado o
do trabalho pedagógico. Conheça aqui 13 ações medo de perder a autoridade e aprender a trabalhar
para essa parceria dar resultado. de forma colaborativa", afirma Heloisa Szymanski, do
Departamento de Psicologia da Educação da
Está na Lei de Diretrizes e Bases da
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Educação Nacional e no Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA): as escolas têm a obrigação de Um estudo realizado pelo Convênio Andrés
se articular com as famílias e os pais têm direito a Bello - acordo internacional que reúne 12 países das
ter ciência do processo pedagógico, bem como de Américas - chamado A Eficácia Escolar Ibero-
participar da definição das propostas educacionais. Americana, de 2006, estimou que o "efeito família" é
responsável por 70% do sucesso escolar.
Porém nem sempre esse princípio é
considerado quando se forma o vínculo entre "O envolvimento dos adultos com a
diretores, professores e coordenadores Educação dá às crianças um suporte emocional e
pedagógicos e a família dos alunos. afetivo que se reflete no desempenho", afirma Maria
Amália de Almeida, do Observatório Sociológico
O relacionamento chega a ser ambíguo.
Família-Escola, da Universidade Federal de Minas
Muitos gestores e docentes, embora no Gerais.
discurso reclamem da falta de participação dos pais
Mas o que significa uma parceria saudável
na vida escolar dos filhos - com alguns até
entre essas duas instituições?
atribuindo a isso o baixo desempenho deles - não
se mostram nada confortáveis quando algum Os pais devem ajudar no ensino dos
membro da comunidade mais crítico cobra conteúdos e os professores no dos bons modos?
qualidade no ensino ou questiona alguma rotina da
Claro que não.
escola.
A colaboração que se espera é de outra
Alguns diretores percebem essa atitude
ordem.
inclusive como uma intromissão e uma tentativa de
comprometer a autoridade deles. "O papel do pai e da mãe é estimular o
comportamento de estudante nos filhos, mostrando
Já a maioria dos pais, por sua vez, não
interesse pelo que eles aprendem e incentivando a
participa mesmo.
pesquisa e a leitura", diz Antônio Carlos Gomes da
Alguns por não conhecer seus direitos. Costa, pedagogo mineiro e um dos redatores do ECA
.
Outros porque não sabem como.
Para isso, é preciso orientar os pais e
E ainda há os que até tentaram, mas se
subsidiá-los com informações sobre o processo de
isolaram, pois nas poucas experiências de
ensino e de aprendizagem, colocá-los a par dos
aproximação não foram bem acolhidos e se
objetivos da escola e dos projetos desenvolvidos e
retraíram.
criar momentos em que essa colaboração possa se
No Brasil, o acesso em larga escala ao efetivar.
ensino se intensificou nos anos 1990, com a
Quando o assunto é aprendizagem, o papel
inclusão de mais de 90% das crianças em idade
de cada um está bem claro - da escola, ensinar, e
escolar no sistema.
dos pais, acompanhar e fazer sugestões.
Para as famílias antes segregadas do
Porém, se o tema é comportamento, as
direito à Educação, o fato de haver vagas, merenda
ações exigem cumplicidade redobrada.
e uniforme representou uma enorme conquista.
Ao perceber que existem problemas pessoais
"Muitos pais veem a escola como um
que se refletem em atitudes que atrapalham o
benefício e não um direito e confundem qualidade
desempenho em sala de aula, os pais devem ser
com a possibilidade de uso da infraestrutura e dos
chamados e ouvidos, e as soluções, construídas em
equipamentos públicos. Isso de nada adianta se a
conjunto, sem julgamento ou atribuição de culpa.
criança não aprender", afirma Maria do Carmo
Brant de Carvalho, coordenadora geral do Centro "Um bom começo é ter um diálogo baseado
de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e no respeito e na crença de que é possível resolver a
Ação Comunitária (Cenpec), em São Paulo. questão", acredita Márcia Gallo, diretora da EME
Professora Alcina Dantas Feijão, em São Caetano do
A escola foi criada para servir à
Sul, SP, e autora do livro A Parceria Presente: A
sociedade.
Relação Família-Escola numa Escola de Periferia de
Por isso, ela tem a obrigação de prestar São Paulo.
contas do seu trabalho, explicar o que faz e como
Visando ajudar você a dar os passos
conduz a aprendizagem das crianças e criar
necessários para cumprir o dever legal e social de ter
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
um relacionamento de qualidade com as famílias, Ao compartilhar com a comunidade o que as
NOVA ESCOLA GESTÃO ESCOLAR elaborou uma crianças fazem em sala de aula, os gestores
lista com 13 ações, que vão desde o acolhimento mostram o que importa no processo.
no começo do ano letivo até as atividades de
É possível expor as produções dos alunos
integração social.
nos diferentes espaços da escola e da comunidade
Um dever dos gestores é aproximar os pais durante o ano, de modo que todas as turmas tenham
do trabalho pedagógico. Conheça aqui 13 ações a possibilidade de mostrar o que aprenderam.
para essa parceria dar resultado.
7. Informar a comunidade sobre o andamento
Acolhimento. da escola.
1. Apresentar a escola e os funcionários à Demonstração de respeito e transparência.
família.
Ferramentas tradicionais, como murais,
Uma maneira de recepcionar e integrar. bilhetes, diário dos alunos e demais comunicados
impressos, são instrumentos que servem para
Convidar os pais para conhecer as
informar sobre o funcionamento da escola, prestar
instalações e, principalmente, a equipe pedagógica
contas, convocar reuniões e compartilhar os projetos
e os funcionários é fundamental para que eles se
em andamento.
apropriem do espaço e se sintam à vontade para
fazer parte dele. 8. Constituir a Associação de Pais e Mestres
(APM).
2. Fazer uma entrevista com os pais e os
alunos. Uma forte aliada para fazer uma boa escola.
Conhecendo para quem se trabalha. As APMs são organizações da sociedade
civil que dão apoio às questões financeiras em prol
As matérias-primas de qualquer relação
das necessidades pedagógicas e administrativas.
humana são o interesse, a compreensão e o
respeito. Enquanto os conselhos têm uma função
basicamente consultiva, as APMs constituem, pela
Para que a escola tenha uma parceria
sua natureza jurídica, os braços executores.
efetiva com as famílias e direcione as ações que
favoreçam a aprendizagem, ela precisa saber quem Elas podem receber recursos públicos vindos
é o seu público. de programas oficiais - como o Programa Dinheiro
Direto na Escola, do governo federal, e outros
3. Assegurar a participação no projeto
específicos das redes às quais pertencem - e têm a
político pedagógico
possibilidade de arrecadar contribuições da
Hora de expor o currículo e os projetos. comunidade.
No documento mais importante da escola, 9. Incentivar a participação no conselho
já devem estar previstas as possíveis contribuições escolar.
das famílias.
O fórum ideal para definir rumos.
4. Na reunião, ter uma pauta focada no
É no conselho escolar que são debatidas a
processo de ensino.
aplicação dos recursos financeiros, a compra de
Eficaz para informar sobre a aprendizagem. materiais pedagógicos e as estratégias adequadas
para a superação dos mais variados problemas
"A reunião para falar mal dos estudantes e relacionados com o dia a dia da instituição.
compartilhar somente problemas não serve para
nada. Os encontros devem mostrar as intenções 10. Disponibilizar os espaços para realização
educativas da escola e a evolução da de eventos.
aprendizagem e discutir estratégias conjuntas para
Um local público para uso da comunidade.
melhorá-la",
A escola pode abrir a quadra, o pátio e até as
5. Marcar encontros em horários
salas de aula para pais e vizinhos e oferecer
adequados para os pais.
atividades esportivas, culturais e sociais quando
Respeito aos que trabalham fora. esses ambientes não estiverem sendo utilizados
pelos alunos.
Uma medida simples e bastante eficiente
para garantir uma reunião com um quórum 11. Criar uma Escola de Pais com palestras e
significativo é marcá-la em data e hora que debates.
permitam aos pais comparecer.
Informações que ajudam a educar.
6. Dar visibilidade à produção dos alunos.
Sempre que possível, a escola deve ser uma
Procedimentos para valorizar a referência para as famílias, ajudando-as a
aprendizagem. compreender melhor os filhos e a realidade.

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Ela pode levantar o debate sobre as E o que aprendi esse ano é que devemos
questões sociais e culturais mais presentes no chamar estes pais para elogiar seus filhos, e não
cotidiano da comunidade. lembrar deles somente quando os alunos nos dão
trabalho.
12. Visitar as famílias dos alunos em casa.
Enfim, trabalhar lado a lado com a família
Ampliação do olhar sobre a comunidade.
nos proporciona maior aproximação da realidade dos
Sair da escola para conhecer o bairro, a alunos, abrindo-nos olhares diferenciados em nosso
residência e os pais dos estudantes pode ser uma trabalho diário.
experiência e tanto para gestores e docentes.
É uma prática minha sempre no inicio do ano,
13. Promover festas e comemorações. por conta do planejamento anual, estabelecer com os
familiares o que a escola espera deles e o que nós
Forma descontraída de estreitar o vínculo.
temos a oferecer enquanto parceiros, na construção
Assim como as atividades esportivas e do conhecimento do educando.
culturais, as festas não devem ser as únicas
O movimento pela elaboração coletiva e
oportunidades para contar com a presença de pais
divulgação do projeto Político Pedagógico deve ser
e mães na escola. incentivado pelos professores das U.E. Somente
Contudo, elas são ótimas chances para através dele a autonomia da escola será garantida.
criar uma relação mais próxima e conversar sobre Família participativa = Professor
os filhos. estimulados.
Reunião de pais.
Temos o outro lado da moeda, não podemos
Uma ótima oportunidade para aproximar os esquecer-nos de citar, que existem também aqueles
pais e contar com seu apoio. outros pais que são presentes dentro da escola, que
cumprem seu papel e valorizam toda ação educativa
Relato algumas dicas que uma professora e também professores que aceitam o envolvimento
da rede pública realiza e está obtendo bons da família.
resultados.
Há pesquisas e estudos que mostram que
Ciente da sala série/ ano que estou tanto os pais como também os professores estão
lecionando ofereço uma breve orientação dos realmente fazendo a sua parte.
conteúdos que serão trabalhados no bimestre, e
apresento as competência e habilidades que as Professores se atualizando cada vez mais,
crianças deverão adquirir nesta intermitência do preocupados em trabalhar de maneira que atendam
ano letivo. todos os alunos da sala, utilizando recursos e
técnicas diferenciadas.
Quando estou com crianças do primeiro
ano proporciono aos pais uma explicação de como Pais presentes em reuniões,
a criança se apropria da escrita, de maneira acompanhamento diário e cobrança das atividades
sucinta, tendo como aporte, Emilia Ferreiro e a desenvolvidas na sala e extraclasse.
psicogênese da língua escrita.
Percebe-se que ambos, buscam e ampliam
Falar com as famílias sobre o progresso da seus conhecimentos a fim de beneficiar a criança.
aprendizagem de seus filhos, sim, porém enfatizar o
Sabem que têm uma função em comum:
comportamento negativo deles não é aconselhável. auxiliar, mediar a criança para desenvolver-se nos
Saber dos defeitos dos filhos eles sabem aspectos: social, intelectual, moral, físico e religioso.
muito bem, cabe a nós mostrar-lhes como eles são
Esse auxílio será essencial para o seu
inteligentes e superam as expectativas da
sucesso da criança.
aprendizagem que propomos.
A sintonia com a escola é a chave de um
Esta pequena ação faz com que a família bom negócio.
se torne cada vez mais parceira em nossas
atividades cotidianas. Os pais comprometidos, respeitando normas
e regras da escola, com certeza seus filhos não
Além de manter contato próximo aos pais,
apresentarão divergências e acabam aceitando e
trazendo - os para a escola, através de atividades
cumprindo numa boa toda a conduta estabelecida e
que o coletivo desenvolve como o dia da família,
está parceria torna-se a escola um lugar agradável e
onde temos oficinas para eles, festas gostoso de frequentar, pois as ideias se
comemorativas, reuniões de pais. complementam.
Além do mais, trabalho com a família
Quando se sentem integradas, elas passam
leitora, onde a criança leva um livro e a família
a participar com entusiasmo das reuniões e se
realiza o registro das suas impressões em conjunto,
tornam parceiras no desafio de melhorar o
registram por meio de desenho, recorte e colagem,
desempenho dos filhos.
ou pequenos comentários.

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Com o intuito de indicar caminhos para a Escolhas sexuais
participação mais efetiva das famílias, o projeto
Vamos conversar um pouco sobre a escolha
Educar para Crescer, iniciativa da Editora Abril e da
de parceiros sexuais, principalmente sobre um
Universidade Anhembi Morumbi, vai lançar a partir
aspecto que costuma ser muito polêmico que é a
de 26 agosto o Guia da Educação em Família, que
escolha de parceiros do mesmo sexo. Nós vamos
será encartado em diversas publicações da editora.
falar sobre a homossexualidade, masculina ou
Esse material, assim como o folheto feminina.
Acompanhem a Vida Escolar dos Seus Filhos, do
Existem muitas explicações para o
Ministério da Educação traz orientações simples
comportamento sexual dos seres humanos,
sobre como os pais podem trabalhar com a escola.
inclusive para a homossexualidade. Tem
Educação em casa. explicações que vêm da biologia, da sociologia, da
antropologia e da psicologia. Como em quase tudo
Como você pode contribuir, em casa, com o
que é assunto relacionado à gente, nunca uma
desempenho do seu filho.
única explicação é suficiente. Aqui, nós vamos
Pergunte o que ele aprendeu na escola e escolher uma linha de pensamento que também não
mostre-se bastante interessado. é para explicar tudo. É uma das muitas formas de
entendimento. E nesta forma, nós vamos primeiro
A participação da família contribui para o
falar um pouco da sexualidade humana em geral.
aprendizado da criança.
A nossa sexualidade é única entre todas as
Quando os pais participam da vida escolar
espécies. Só nós mantemos relacionamento sexual
dos filhos, as notas aumentam em torno de 20 %.
fora do período de procriação. Nós ainda temos
Veja algumas dicas: muitas inibições e repressões pra exibir o corpo e a
falar sobre assuntos sexuais. Por outro lado,
Proponha que ele ensine algo que também somos os únicos que conversamos sobre
aprendeu na escola. Esta é uma boa maneira de sexo e utilizamos uma parte razoável do nosso
fixar o conteúdo. tempo pra pensar neste assunto.
Pergunte se ele tem dificuldades em Vamos exemplificar as diferenças com uma
alguma disciplina. cena bastante comum. Dois cachorros estão
Conversar sempre com os filhos sobre brincando ou brigando. O que acontece depois? Ou
assuntos da escola. eles descansam ou vai um para cada canto. Dois
seres humanos conversam, podem até discutir e
Garanta que ele vá à escola na hora certa. brigar. E aí, o que acontece depois? Eles podem
Faça perguntas para descobrir se ele presta continuar a conversa, ou cada qual vai para o seu
atenção nas aulas. canto ou, menos comum, podem até se matar.
Mas o que também muitas vezes acontece é
Ensine-o a respeitar os professores, os esse encontro gerar uma certa excitação que pode
funcionário e os colegas. levar a um relacionamento sexual.
Não deixe seu filho faltar às aulas sem E tem mais, o relacionamento sexual dos
necessidade- estudos mostram que faltas dificultam humanos se dá de uma forma muito ampla, com
a aprendizagem. trocas afetivas e emocionais. Repare bem. Por que
Quanto mais aula um aluno perder, maiores aquela amiga sua sempre se apaixona por uns
serão as chances de ele tirar notas ruins e não caras que não respeitam ela? Por que o seu amigo
avançar. só gosta de mulheres dominadoras? Você pode
fazer um monte de perguntas em torno dessas
Veja se seu filho está aprendendo o que variações, não é verdade? Porque o sexo faz parte
deveria na idade dele. de um relacionamento entre duas pessoas. E nessa
Verificar se o material escolar está área sempre há motivações emocionais nas
completo e em ordem. escolhas, mesmo que não se perceba quais são
estas motivações. Até quando se diz que é possível
Zelar pelo cumprimento das regras da fazer sexo sem nenhum envolvimento afetivo,
escola. acredite: a motivação emocional está presente,
Participar das reuniões sempre que porque por alguma razão, existe alguma
convocados. necessidade justamente de evitar as emoções
despertadas pelo encontro sexual. Quando o par é
Vistar sempre a agenda, se houver. homossexual, o mecanismo não é diferente do
Conversar com os professores e dar-lhe o heterossexual. Aqui também afetos e emoções
apoio necessário. estão presentes levando os parceiros a exercerem
determinados papéis. Por exemplo, no caso dos
homossexuais é comum se perguntar quem é ativo
e quem é passivo, quem é homem ou quem é

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
mulher, quem é mais mãe ou pai do outro ou da indiferente, influencia muito na maneira como a
outra. São perguntas que mostram como se tem sexualidade vai ser utilizada a partir da
uma ideia restrita a respeito dessas relações. Por adolescência. É nesse período que biologicamente o
isso, convidamos você, ouvinte, a ir um pouco ser humano começa a ficar apto a uma vida sexual
mais adiante nessa reflexão. genital.
O que quero dizer é que ser heterossexual A escolha homossexual também pode surgir
ou ser homossexual também é uma escolha na infância, relacionada a situações emocionais da
determinada por uma história emocional, que é história familiar. E aí são inúmeras as situações. O
sempre única, exclusiva de cada indivíduo. menino pode brincar mais com meninas pra receber
delas o amor que não recebe da mãe. A menina
Existem fases na vida de todo mundo em
pode preferir atividades dos meninos porque assim
que nós estamos mais próximos das pessoas do
ela se diferencia de uma mãe que se ache o único
mesmo gênero sexual que o nosso. As meninas,
modelo possível para a filha. Ou os papéis de
por exemplo, admiram a moça maior ou a mulher
homem e de mulher podem não ser bem definidos
adulta, e sonham ser iguais no futuro. Acontece a
em uma família. E todos os exemplos podem ser
mesma coisa com os meninos em relação aos
comportamentos transitórios que podem mudar
homens. Meninos e meninas fazem as suas
completamente, ou podem na idade adulta fazer
patotas, tipo Clube do Bolinha e da Luluzinha. Os
parte de um jeito de ser daquele homem ou mulher.
meninos maiores comparam o tamanho dos seus
Ou então, podem se consolidar como uma futura
membros genitais. As meninas podem fazer a
identidade sexual na escolha de parceiros do
mesma coisa quando os pelos e os seios
mesmo sexo.
começam a crescer. E continuamos parecidos
depois de adultos. Veja como é comum se ver um Uma das perguntas mais frequentes sobre
grupo de amigos homens, com conversa de a homossexualidade é se esta é uma escolha
homem, separado do grupo de amigas mulheres, sexual normal ou anormal. Já falamos várias vezes
que fica com conversa de mulher. E pense como que os conceitos de normalidade e anormalidade
nós olhamos pros adultos do mesmo gênero que são relativos porque se modificam com o tempo e
nós. Como é comum se comparar, e às vezes de cultura para cultura. O que é possível se falar
olhamos com admiração, às vezes com inveja... sobre sexualidade hoje em dia é bem diferente do
que se falava há 50 anos. E em muitos países o
Esses tipos de convívios com pessoas do
sexo não tem a presença na mídia e nas conversas
mesmo gênero que a gente são intensos
pessoais como acontece na maior parte da cultura
emocionalmente, e são muito importantes para
ocidental.
formar e afirmar a nossa identidade emocional.
Os conceitos sobre o que é ser um homem
Mas o que que é essa identidade
ou ser uma mulher também mudaram muito.
emocional? É como se fosse uma carteira de
Atualmente é normal um homem participar das
identidade, só que informa pra nós mesmos, e
tarefas domésticas ou uma mulher disputar postos
pros outros, que pessoa nós somos: como foi o
de trabalhos em áreas que antigamente eram
nascimento, como foi o relacionamento com os
restritas aos homens. Já houve um tempo em que
pais e outras figuras importantes da infância, qual
um homem podia ser visto como frágil por conta
é a história da vida da pessoa...A identidade
dessas atitudes ou uma mulher ser chamada de
emocional conta também como e com quem cada
machona porque competia de igual para igual com
um se relaciona sexualmente.
os homens.
Então, as escolhas de parceiros têm
Então, ao invés de falarmos sobre normal ou
importantes motivações na história pessoal de
anormal, é mais interessante se examinar qual a
cada um. Não é difícil de se entender com a forma
função que uma escolha sexual tem pra um
de se relacionar sexualmente passa a fazer parte
indivíduo. Hoje se fala mais sobre
da personalidade. Começa desde o início mesmo.
homossexualidade e algumas pessoas admitem
Para um bebê, a amamentação, o conforto e a
publicamente essa escolha. O que não se fala é
segurança proporcionadas pela mãe também são
sobre a função que representa essa escolha na
fontes de prazer. O bebê vai crescendo e brinca
identidade emocional do indivíduo.
com o seio da mãe, acaricia, solta gritinhos de
satisfação, ri das brincadeiras da mãe. Não parece Se uma pessoa faz uma escolha
um casal apaixonado querendo ficar juntinho e heterossexual tradicional, essa escolha também tem
entrar um dentro do outro? uma função. As pessoas formam uma família e tem
filhos não é porque é natural ou moralmente correto,
Mais adiante, a criança observa os pais e
é porque essa escolha tem um sentido na vida
vai aprendendo o que faz um homem e o que faz
dessas pessoas. Uma mulher que sempre se junta
uma mulher. A criança vai se identificando com o
com homens que maltratam, um homem que
papel desses genitores. O que cada criança
escolhe mulheres submissas...Cada escolha tem
aprende sobre como ser homem ou ser mulher
uma função, é pra atender a alguma necessidade
depende dessa história familiar de cada um. O tipo
da pessoa, tem um sentido na vida daquela
de convivência, se é amorosa, agressiva ou
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
pessoa. E uma pessoa que escolhe não se juntar ANOTAÇÕES
a ninguém, isso também tem uma função. Por
__________________________________________
exemplo, pode ser alguém que viveu situação de
abandono muito marcante na vida e sente __________________________________________
necessidade de evitar ligações emocionais pelo
__________________________________________
medo de ser abandonado.
__________________________________________
Então, essas funções têm a ver com cada
história individual, e aí a variedade é muito grande. __________________________________________
A escolha homossexual também tem uma __________________________________________
função na identidade emocional do indivíduo o
__________________________________________
que, vamos repetir, depende da história pessoal
de cada um. É importante frisar este aspecto pra __________________________________________
diminuir os preconceitos em relação aos
__________________________________________
homossexuais. A escolha tem um sentido, uma
razão de ser. Por outro lado, não é algo natural, __________________________________________
sem problemas, como muitas vezes os
__________________________________________
movimentos gays procuram demonstrar. Muitos
indivíduos sofrem devido a essa opção. E quando __________________________________________
existe o sofrimento não é só porque existe um
__________________________________________
preconceito no mundo. A escolha homossexual
pode ter sido a escolha possível pra alguém, pra __________________________________________
poder preservar sua identidade emocional.
__________________________________________
Muita gente pergunta se a
__________________________________________
homossexualidade é pra ser tratada, se o
homossexual deve virar heterossexual. O que se __________________________________________
deve examinar é a função emocional da escolha __________________________________________
homossexual. Se está causando sofrimento,
algo tem que ser feito. Mudar a escolha é uma __________________________________________
das possibilidades, apesar de ser menos comum
__________________________________________
de ocorrer. Ou ajudar o indivíduo a se sentir
melhor como ser humano e com menos sofrimento __________________________________________
dentro dessa identidade estabelecida pelas __________________________________________
circunstâncias de sua história.
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
inspeção, supervisão e orientação educacional. (Art.
64, LDB 9394/96).

CÓDIGO DE ÉTICA DO PROFISSIONAL CAPÍTULO II


PEDAGOGO Dos Deveres Fundamentais
O código de Ética Profissional enuncia os Artigo 2° -
fundamentos e as condutas necessárias que
permeiam a profissão do Pedagogo enquanto a. respeitar a dignidade e os direitos
campo científico profissional, procurando fomentar fundamentais da pessoa humana;
sua autorreflexão, pautando-se na legislação em b. atuar com elevado padrão de competência,
vigor: Constituição Federal do Brasil (1988), Lei de senso de responsabilidade, zelo, discrição e
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (9394/96) honestidade;
e Diretrizes Curriculares para o curso de Pedagogia
(Resolução n° 1 do MEC/CNE de 15 de maio de c. manter-se atualizado quanto aos
2006) e outras resoluções complementares afins. conhecimentos científicos e técnicos, corroborando
com pesquisas que tratem o fenômeno do
TÍTULO I desenvolvimento humano;
DA AÇÃO PROFISSIONAL DO PEDAGOGO d. colocar-se a serviço do bem comum da
CAPÍTULO I sociedade, sem permitir que prevaleça qualquer
interesse particular ou de classe;
Dos Princípios
e. ter filosofia de vida que permita, respeito à
Artigo 1° - justiça, transmissão de segurança e firmeza para
O exercício da profissão de Pedagogo todos aqueles com quem se relaciona
pautar-se-á: profissionalmente;

a. no respeito, na dignidade e na f. respeitar os códigos sociais e as


integridade do ser humano, objetivando o expectativas morais das comunidades com as quais
desenvolvimento harmônico do Ser e dos seus realize seu trabalho;
valores, munindo-se de técnicas adequadas, g. assumir somente a responsabilidade de
assegurando os resultados propostos e a qualidade tarefas para as quais esteja capacitado, recorrendo a
satisfatória da educação; outros especialistas sempre que for necessário;
b. na defesa da democracia, respeitando as h. zelar para que o exercício profissional seja
posições filosóficas, políticas, religiosas e culturais, efetuado com a máxima dignidade, recusando e
analisando critica e historicamente a realidade em denunciando situações em que o indivíduo esteja
que atua, buscando a socialização do saber; correndo risco ou o exercício profissional esteja
c. na promoção do bem-estar do indivíduo e sendo aviltado;
da comunidade atuando a favor destes com i. prestar serviços profissionais,
aplicação de várias áreas do conhecimento desinteressadamente, em campanhas educativas e
humano, selecionando métodos, técnicas e práticas situações de emergência, dentro de suas
que possibilitem a consecução do ato de educar; possibilidades;
d. na responsabilidade profissional através j. manter atitude de colaboração e
de um constante desenvolvimento pessoal, solidariedade com colegas sem ser conivente ou
cientifico, técnico e ético; acumpliciar-se, de qualquer forma, com ato ilícito ou
e. na definição de suas responsabilidades, calúnia. O respeito e a dignidade na relação
direitos e deveres de acordo com os princípios profissional são deveres fundamentais do pedagogo
estabelecidos na Declaração Universal dos Direitos para a harmonia da classe e manutenção do conceito
Humanos, no Estatuto da Criança e do Adolescente público que o mesmo contribui para a formação do
e na legislação educacional em vigor. Ser;

O profissional licenciado em Pedagogia, k. denunciar ao Conselho Federal e Regional


forma-se para a docência da Educação Infantil, de Pedagogia, às instituições públicas ou privadas,
para os anos iniciais do Ensino Fundamental, além onde as condições de trabalho não sejam dignas ou
do exercício nos cursos de Ensino Médio, na depreciem, monetária e moralmente, nas diferentes
modalidade Normal e em cursos de Educação mídias, a formação e a atuação do profissional
Profissional, na área de serviços e apoio escolar, Pedagogo;
bem como em outras áreas nas quais sejam l. dar conhecimento ao Conselho Federal
previstos conhecimentos pedagógicos, atuando em e/ou Regional de Pedagogia, às instituições públicas
contextos escolares e não-escolares, além de e particulares de atos que possam prejudicar alunos,
capacitar-se para atuar como profissional da suas famílias, membros da comunidade ou outros
Educação na administração, planejamento, profissionais;

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
m. lutar pela expansão da Pedagogia e CAPÍTULO IV
defender a qualidade na sua profissão;
Dos Direitos
n. n. denunciar falhas nos regulamentos,
Artigo 4° -
normas e programas da instituição em que trabalha,
quando os mesmos estiverem ferindo os princípios a. dispor de condições de trabalhos
e diretrizes curriculares do Curso de Pedagogia, condignas, sejam em entidade públicas ou privadas,
como também deste Código, mobilizando, inclusive de forma a garantir a qualidade do exercício
o Conselho Regional, caso se faça necessário; profissional;
o. denunciar ao Conselho Regional b. buscar a valorização profissional, garantida
profissionais Pedagogos e/ou Instituições que não na forma da lei, com planos de carreira, ingresso
atendam aos preceitos científicos da profissão e exclusivamente por concursos públicos de provas e
que, notoriamente, ferem este Código e outros títulos, quando a atuação se der em redes públicas;
parâmetros legais.
c. respeitar-se e valorizar-se,
O Pedagogo, no âmbito profissional deve: profissionalmente, em suas atividades desenvolvidas
no âmbito da Educação Escolar e Não-Escolar;
p. empregar com transparência as verbas
sob a sua responsabilidade, de acordo com os d. fazer cumprir a aplicação do inciso II do
interesses e necessidades coletivas dos usuários. Parágrafo Único do art. 22 da lei nº 11.494/2007,
referente à destinação de, pelo menos, 60 % dos
CAPÍTULO III
recursos anuais totais dos fundos no pagamento da
Dos Impedimentos remuneração dos profissionais do magistério da
Educação Básica em efetivo exercício na rede
Artigo 3°
pública;
a. favorecer, de qualquer forma, pessoa
e. garantir o piso salarial da categoria,
que exerça ilegalmente e, em desacordo a este
conforme legislação em vigor.
Código de Ética, a profissão de Pedagogo;
Constituem Direitos do Pedagogo:
b. usar títulos que não possua;
CAPÍTULO V
c. usar de privilégio profissional ou
faculdade decorrente de função para fins Do Sigilo Profissional
discriminatórios ou para auferir vantagens pessoais;
Artigo 5° -
d. desviar, para atendimento particular
Guardar sigilo de tudo que tem
próprio, os casos da instituição onde trabalha;
conhecimento, como decorrência de sua atividade
e. usar ou permitir tráfico de influência para profissional, que possa prejudicar o educando.
obtenção de emprego desrespeitando concursos ou
Parágrafo Único:
processos seletivos;
a. para a criança regularmente matriculada
f. induzir a convicções políticas, filosóficas,
na instituição de ensino onde trabalha;
morais ou religiosas, quando do exercício de suas
funções profissionais; b. para familiares ou responsáveis pela
guarda do educando.
g. adulterar, interferir em resultados e fazer
declarações falsas; será admissível a quebra de sigilo quando se
tratar de caos que constitua perigo eminente:
h. apresentar publicamente os resultados
de desempenho de indivíduos ou de grupos, que os TÍTULO II
depreciem;
DO TRABALHO CIENTÍFICO
i. exercer sua autoridade de maneira a
CAPÍTULO VI
limitar ou cercear o direito de participação do
próximo e decidir livremente sobre seus interesses, Da Divulgação
sem anuência do mesmo.
Artigo 6º
j. descumprir normas técnicas e princípios
teóricos que embasam a ação do profissional - Divulgar os resultados de investigações e
Pedagogo, deixando de divulgar os conhecimentos experiências, quando isso importar em benefício do
científicos, artísticos e tecnológicos inerentes à desenvolvimento educacional.
profissão. Artigo 7º -
Ao profissional Pedagogo fica vedado: a. identificação e autorização dos envolvidos;
b. seguir normas científicas que
regulamentam a publicação em questão.

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Observar, nas divulgações dos trabalhos Artigo 10 –
científicos, a seguintes normas:
As transgressões dos preceitos deste Código
TÍTULO III constituem infração disciplinar com a aplicação de
penalidades, na forma de dispositivos legais ou
DAS RELAÇÕES PROFISSIONAIS
regimentais.
CAPÍTULO VII
Artigo 11
Com a Categoria
a. advertência;
Artigo 8º -
b. multa;
a. defender a dignidade e os direitos
c. suspensão do exercício profissional;
profissionais;
d. exclusão ou cassação do exercício
b. difundir e aprimorar a Pedagogia,
profissional.
pautando-se nas ciências e de forma profissional;
– As sanções disciplinares consistem em:
c. harmonizar e unir sua categoria
profissional; Artigo 12 –
d. defender os direitos trabalhistas; a. violação a preceito desta norma, revistos,
principalmente, nos itens do art. 9º, e sujeita à
e. garantir a qualidade profissional no
advertência escrita, a ser aplicada de forma
desempenho de suas funções, em relação aos
reservada.
educandos, com outros profissionais, com as
instituições empregadoras, com as comunidades e A advertência é aplicável pelo Conselho
com as entidades de classe. Regional, nos casos:
O Pedagogo prestigiará as Associações Artigo 13 –
Profissionais e Científicas que tenha por finalidade:
A multa é aplicável pelo Conselho Regional,
TÍTULO IV nos casos de descumprimento, principalmente, dos
itens a, c e d do art. 9º e em casos de reincidência,
DAS MEDIDAS DISCIPLINARES
aplicada em dobro e encaminhada à apreciação do
CAPÍTULO VIII Conselho Federal. A pena de multa variará entre o
mínimo correspondente ao valor de uma anuidade e
Das infrações e sanções disciplinares
o máximo do seu décuplo.
Artigo 9º - Artigo 14 –
a. exercer quando impedido de fazê-lo, ou
A suspensão é aplicável pelo Conselho
facilitar, por qualquer meio, o seu exercício aos não
Regional, nos casos de violação, principalmente dos
inscritos, proibidos ou impedidos;
itens do art. 9º quando da reincidência nos casos
Constitui infração disciplinar: previstos.
b. violar, sem justa causa, sigilo Artigo 15
profissional; a. em caso de cassação do exercício
c. deixar de pagar as contribuições, multas profissional, além dos editais e das comunicações
e preços de serviços devidos ao Conselho depois feitas às autoridades competentes interessadas no
de regularmente notificado a fazê-lo; assunto, proceder-se-á a apreensão da Carteira de
Registro do profissional infrator emitida pelo
d. incidir em erros reiterados que Conselho Regional.
evidenciem inépcia profissional;
– A exclusão é aplicável pelo Conselho
e. manter conduta incompatível com a Regional, nos casos de falta grave, previstos,
atividade do pedagogo; principalmente, nos itens f, g, h: do art. 9º.
f. fazer falsa prova a qualquer dos Parágrafo único
requisitos para inscrição;
– A exclusão do profissional pedagogo será
g. tornar-se moralmente inidôneo para o ratificada pelo Conselho Federal e Pedagogia.
exercício da pedagogia;
Artigo 16
h. praticar crime infamante.
– Fica garantida ampla defesa ao Pedagogo
Parágrafo único – infrator. A punibilidade do Pedagogo, por falta sujeita
incluem-se na conduta incompatível; a a processo ético e disciplinar, prescreve em 5 (cinco)
prática reiterada de jogo de azar não autorizado por anos, contados da data da verificação do fato
lei, incontinência pública e escandalosa, respectivo.
embriaguez ou toxicomania habitual.
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Artigo 17 ANOTAÇÕES
- As dúvidas na observância deste Código e __________________________________________
os casos omissos serão resolvidos pelos Conselhos
__________________________________________
Regionais de Pedagogia, ad referendum ao
Conselho Federal de Pedagogia, a quem cabe __________________________________________
firmar jurisprudência e fazê-la incorporar a este
__________________________________________
Código.
__________________________________________
Artigo 18 -
__________________________________________
As sanções disciplinares previstas neste
Código somente poderão ser aplicadas por __________________________________________
profissional Pedagogo qualificado e/ou por
__________________________________________
autoridade judicial pública.
__________________________________________
Artigo 19-
__________________________________________
O presente Código poderá ser alterado pelo
Conselho Federal de Pedagogia, por iniciativa __________________________________________
própria ou da categoria, ouvidos os Conselhos __________________________________________
Regionais de Pedagogia.
__________________________________________
TÍTULO V
__________________________________________
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
__________________________________________
CAPÍTULO IX
__________________________________________
Da Divulgação e Cumprimento do Código
__________________________________________
Artigo 20 –
__________________________________________
Divulgar este Código de Ética é obrigação
das entidades de classe. __________________________________________

Artigo 21 – __________________________________________

São Paulo, 28 de março de 2009 e 12 de setembro __________________________________________


de 2009 __________________________________________
Responsável pela elaboração: __________________________________________
Comissão da Associação Universitária de __________________________________________
Pedagogia do Brasil – AUNIPEDAG.BR com a
ratificação dos Associados Alunos e Professores __________________________________________
Universitários presentes aos eventos __________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
23 - À escola contemporânea cabe criar
condições que garantam o aprendizado de
conteúdos necessários para a vida em
sociedade, oferecendo instrumentos de
compreensão da realidade, bem como
favorecendo a participação dos educandos nas
instâncias sociais de sua comunidade. Nesta
perspectiva, o trabalho específico da escola é
proporcionar um conjunto de
CONHECIMENTOS DIDÁTICO- A) vivências pedagógicas com o propósito de
PEDAGÓGICOS contribuir para que os alunos assimilem
determinados elementos culturais, para que num
21 - A abordagem tradicional do ensino parte do processo de aculturação possa fundir-se em uma
pressuposto de que a inteligência é uma humanidade que sobreviva num mundo de
faculdade que torna o homem capaz de complexidades.
armazenar informações, das mais simples às B) práticas planejadas com o propósito de contribuir
mais complexas. Nessa perspectiva é preciso para que os alunos assimilem determinados
decompor a realidade a ser estudada com o elementos culturais,
objetivo de simplificar o patrimônio de considerados essenciais para seu desenvolvimento e
conhecimento a ser transmitido ao aluno que, para a sociedade que, dificilmente, seriam adquiridos
por sua vez, deve armazenar tão somente os sem uma orientação específica.
resultados do processo. Desse modo, na escola C) vivências socioemocionais com o propósito de
tradicional, o conhecimento humano possui um contribuir para que os alunos desenvolvam
caráter cumulativo, que competências relacionais, consideradas essenciais
para o desenvolvimento da sociedade que,
A) se constrói a partir da ressignificação das dificilmente, evoluirá se todos os cidadãos não se
experiências pessoais. unirem pelo bem da humanidade.
B) não existe no âmbito da percepção individual e D) práticas planejadas com o propósito de contribuir
se reconhece na objetividade dos fatos. para que os alunos assimilem determinados
C) implica uma construção do próprio aluno, em elementos acadêmicos, considerados essenciais
que ela é o centro no processo, e não o professor. para seu desenvolvimento e para a sociedade, que
D) deve ser adquirido pelo indivíduo pela são desenvolvidos dentro das instituições que
transmissão dos conhecimentos a ser realizada na viabilizam a educação formal.
instituição escolar.
24 “As concepções pedagógicas refletem o
22 - Uma nova concepção ampliada de
contexto brasileiro em que ela é produzida.
educação deve fazer com que todos possam
Depois de 1980, começam as críticas e protestos
descobrir, reanimar e fortalecer o seu
civis ao regime de dominação autocrática sob o
potencial criativo – revelar o tesouro escondido
controle burocrático militar instalado no Brasil
em cada um de nós. Isto supõe que se
em 1964. Nesse contexto, a didática denuncia que
ultrapasse a visão puramente
seus objetivos e conteúdos dissimulam e
instrumental da educação, considerada como a
reforçam esse contexto social e político de
via obrigatória para obter certos resultados
ditadura através da abordagem _______________
(saber fazer, aquisição de
de educação.” Assinale a alternativa que
capacidades diversas, fins de ordens
completa corretamente a afirmativa anterior.
econômicas), e se passe a considerá-la em toda
sua plenitude: realização da A) tecnicista
pessoa que, na sua totalidade, aprende a ser. Na
B) tradicional
sociedade contemporânea, a escola deverá
considerar que: C) humanista

A) Cabe às tecnologias o desenvolvimento integral D) comportamentalista


da pessoa humana.
B) As novas tecnologias mudam o conceito de
tempo, espaço e ensino.
C) Acrescenta o eixo dos conteúdos no das
competências e habilidades.
D) Muda apenas o modo de aprender na escola,
mas não aquilo que se necessita saber.

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
25 As tensões e os desafios originados a partir B) a função social da educação e da escola em uma
da globalização contribuem para aprofundar a sociedade cada vez mais excludente,
complexidade da questão da centralidade da compreendendo que a educação, como campo de
cultura, fenômeno este que tem ocupado lugar mediações sociais, define-se sempre por seu caráter
central nas discussões da escola e seus atores intencional e político.
principais discentes e docentes. As questões C) a necessária organicidade entre o PPP e os
multiculturais estão presentes em todas as anseios da comunidade escolar, implicando a efetiva
sociedades e adquirem uma dimensão participação dos professores e alunos nos momentos
planetária. Acerca das questões multiculturais, de elaboração e implementação, e dos gestores no
é INCORRETO afirmar que: acompanhamento e
avaliação.
A) As visões homogêneas, estáveis e permanentes D) que a escola pode, tanto reforçar, manter,
são questionadas. reproduzir formas de dominação e de exclusão como
B) Somos convidados a assumir o múltiplo, o plural, constituir-se em espaço emancipatório, de
o diferente, o híbrido. construção de um novo projeto social, que atenda às
C) As desigualdades sociais, as relações necessidades da grande maioria da
assimétricas de poder são realidades que podem população.
ser dissociadas destas preocupações.
D) As certezas vão cedendo lugar à desconstrução, 28 Os Parâmetros Curriculares Nacionais apoiam-
pluralização, ressignificação, reinventando se em normas legais e procuram contribuir na
identidades, subjetividades, saberes e valores. busca de respostas a problemas identificados no
ensino fundamental, objetivando uma
transformação desse ensino que atenda às
demandas da sociedade brasileira atual. Acerca
26 Os sujeitos são dotados de infinitas
de suas características, analise as afirmativas a
possibilidades, cabendo à educação propiciar
seguir.
as melhores condições para seu
desenvolvimento, auxiliar em sua inserção no
I. O estabelecimento de parâmetros curriculares
mundo, capacitando-os para bem intervir, para
comuns para todo o país, ao mesmo tempo em que
participar ativamente na vida produtiva e social,
contribui para a construção da unidade, busca
dando-lhes condições de intercâmbios
garantir o respeito à diversidade, que é marca cultural
socioculturais, de compreender o mundo em
do país, por meio de adaptações que integrem as
que vivem em condições de respeito e
diferentes dimensões da prática educacional.
dignidade. A inserção no mundo implica a
II. Constituem um conjunto de diretrizes mandatórias
apropriação do
do currículo, que já vem ocorrendo em diversos
locais, sobre os currículos estaduais e municipais.
A) patrimônio sociocultural da humanidade que, na
III. O conjunto das proposições, expressas nos
escola, toma a forma de conteúdos socioeducativos
Parâmetros Curriculares Nacionais, tem como
e assimilação direitos humanos personalíssimos e
objetivo estabelecer referenciais a partir dos quais a
subjetivos.
educação possa atuar, decisivamente, no processo
B) patrimônio histórico-cultural da humanidade que,
de construção da cidadania.
na escola, toma a forma de conteúdos de
aprendizagem e assimilação dos métodos das
Estão corretas as afirmativas
chamadas disciplinas científicas.
C) pensamento complexo presente nas sociedades A) I, II e III.
globalizadas que, na escola, toma a forma de
B) I e II, apenas.
conteúdos de aprendizagem transmitidos de forma
transdisciplinar e interdisciplinar. C) I e III, apenas.
D) multiculturalismo presente em todas as
D) II e III, apenas.
instituições sociais e relações humanas que, na
escola, toma a forma de compromisso ético com as
diferenças individuais das minorias desfavorecidas. 29 - A educação não mudou apenas os métodos
de ensino, que se tornaram ativos, mas também a
27 - O Projeto Político-Pedagógico (PPP) deve concepção de avaliação. Antes, ela tinha um
se constituir na referência norteadora de todos caráter seletivo, uma vez que era vista apenas
os âmbitos da ação educativa da escola. Para como uma forma de classificar e promover o
compreender o caráter político e pedagógico do aluno de uma série pra outra ou de um grau para
PPP, é INCORRETO considerar outro. Atualmente, a avaliação assume novas
funções, pois é um
A) na perspectiva participativa, o projeto se
expressa como uma totalidade (presente-futuro), A) meio de delinearmos pontos de partida e delimitar
englobando todas as ou padronizar pontos de chegada.
dimensões da vida escolar.

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
B) meio de eliminar a subjetividade, evitando, à proteção no trabalho em conformidade com o
assim, que se cometam injustiças na contagem de ECA, assinale a afirmativa INCORRETA.
erros e acertos.
C) meio de verificar o rendimento escolar do aluno, A) É assegurada bolsa de aprendizagem ao
realizando uma avaliação paralela e cumulativa do adolescente até 14 (catorze) anos de idade.
desempenho do aluno. B) São assegurados os direitos trabalhistas ao
D) meio de diagnosticar e de verificar em que adolescente aprendiz maior de 14 (catorze) anos.
medida os objetivos propostos para o processo C) É proibido qualquer trabalho a menor de 16
ensino-aprendizagem estão sendo atingidos. (dezesseis) anos de idade, salvo na condição de
aprendiz a partir de 14 (catorze) anos.
D) São assegurados os direitos trabalhistas e
30 - O interacionismo piagetiano pretende previdenciários ao adolescente aprendiz, somente se
superar as concepções inatistas e maior de 16 (dezesseis) anos.
comportamentalistas sobre como o homem
adquire conhecimentos e condutas. Essas duas
posturas são contrárias à concepção
33 - Leia a charge a seguir.
construtivista de aquisição do conhecimento e,
ao mesmo tempo, são fundidas para dar lugar a
essa nova concepção chamada interação. Para
Piaget essa interação se dá por dois processos
simultâneos; assinale-os.

A) A assimilação e a acomodação.
B) A assimilação e a organização interna.
C) A organização interna e a acomodação.
D) A organização interna e a adaptação ao meio.

31 “João, aluno do 3º ano do ensino médio, está


prestando serviço militar e suas aulas de
educação física acontecem sempre no período
da manhã, coincidindo com o serviço militar
obrigatório. O professor informou ao aluno que
a educação física é integrada à proposta
pedagógica da escola, sendo componente
curricular obrigatório da educação básica e,
pelo quantitativo de sua ausência de 30%, ainda
no 2º bimestre do ano letivo, já está
considerado reprovado na disciplina.” Acerca
deste caso hipotético e conforme a Lei de
Diretrizes e Bases, nº 9.394/1996, o professor
está

A) errado, porque o aluno é dispensado das aulas


de educação física por prestar serviço militar.
B) correto, porque apenas o aluno maior de 30 anos
de idade está dispensado das aulas de educação
física. (Disponível em:
C) correto, pois apenas está dispensado das aulas https://www.google.com.br/webhp?sourceid=chrome‐in
de educação física o aluno que cumpre jornada de stant&ion=1&espv=2&ie=U.)
trabalho igual ou superior a seis horas.
D) errado, porque o aluno será considerado Considerando a função da avaliação de acordo
reprovado na disciplina de educação física apenas com o professor, personagem da charge, é
com frequência superior a 45% durante o ano letivo. correto afirmar que é

32 - A Constituição Brasileira determina a A) somativa.


proibição de trabalho noturno, perigoso ou B) formativa.
insalubre a menores. A aprendizagem está C) diagnóstica.
presente no Estatuto da Criança e do D) quantitativa.
Adolescente (ECA) e é regulamentada por lei
própria. Acerca do direito à profissionalização e
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
34 - Considerando vários momentos históricos
educacionais e pensamentos pedagógicos da ( ) O professor assume a posição de facilitador deste
educação na época do absolutismo que traz o processo assegurando a integração do aluno com os
começo do sistema escolar brasileiro, seus objetos de
ideários e suas influências na prática aprendizagem. A ideia central está em prever
educacional da colonização à Reforma atividades que correspondam ao nível de
Pombalina, analise. desenvolvimento
I. Os jesuítas organizaram, no século XVI, uma intelectual dos alunos e organizar situações que
educação estruturada em três cursos: letras, estimulem suas capacidades cognitivas e sociais, de
estabelecido para formar o humanista com o ensino modo a
voltado ao latim e a gramática para os meninos possibilitar a construção pessoal do conhecimento
brancos e mamelucos; filosofia e ciências ou artes, através da participação ativa do sujeito.
oferecido para formar o filósofo; e, por fim, teologia ( ) A finalidade deste currículo é criar autonomia de
e ciências sagradas, ensino direcionado para a pensamento, destacando a importância da
formação de padres e mestres, os teólogos. responsabilidade
II. No ano de 1759, os jesuítas foram expulsos do social, buscar sempre o interesse do coletivo,
Brasil, seus bens foram apreendidos e seus livros e compreender a realidade e transformá‐la. A
manuscritos destruídos. O ensino regular não foi educação cumpre o seu
substituído por outra organização escolar de papel de transmitir a cultura, mas,
imediato e Marquês de Pombal só inicia a concomitantemente, ajuda o aluno no
reconstrução do ensino uma década mais tarde, desenvolvimento de suas próprias
provocando o retrocesso de todo o sistema capacidades de aprender e na sua inserção crítica e
educacional brasileiro. participativa na sociedade em função da formação
III. Com o fim do ensino jesuíta, a uniformidade de cidadã e a
ensino e a formação de mestres foram reduzidas; busca pela transformação social.
antes era altamente valorizada a atividade ( ) O professor administra as condições de
intelectual, passando o ensino, a partir da Reforma transmissão da matéria, conforme um sistema
Pombalina, caracterizar‐se por literatura, retórica e instrucional eficiente e
importância de se valorizar a atividade manual. efetivo em termos de resultados da aprendizagem; o
IV. Com o início do movimento do absolutismo aluno recebe, aprende e fixa as informações. O
ocorreu um processo de secularização da educação professor é
no mundo ocidental; logo após implantar o Ensino apenas um elo entre a verdade científica, e ao aluno,
Público Oficial, Marquês de Pombal realiza cabe empregar o sistema instrucional previsto. O
reformas (Reformas Pombalinas) retirando aluno é um
os jesuítas do monopólio da educação e indivíduo responsivo, não participa da elaboração do
substituindo‐os por professores régios. programa educacional. Ambos são espectadores
frente à
Estão corretas as afirmativas verdade objetiva.
A) I, II, III e IV. ( ) O maior comprometimento da escola é a formação
B) I e II, apenas. intelectual e moral de seus alunos. Os conteúdos são
C) I e III, apenas. conhecimentos e valores sociais acumulados pelas
D) II e IV, apenas. gerações adultas e são transmitidos como verdades
absolutas.
Essa transmissão acontece de forma oral e
35 - “O currículo reflete intenções (objetivos) e predomina a metodologia da repetição e
ações (conhecimentos, procedimentos, valores, memorização de características
formas de gestão, avaliação etc.), tornadas fortes de um ensino livresco e enciclopédico. O aluno
realidades pelo trabalho dos professores e sob é visto como um sujeito passivo e domesticado,
determinadas condições providas pela organização armazenador
escolar, tendo em vista a melhor qualidade do de informações. O professor é o detentor do saber e
processo de ensino e aprendizagem.” (Libâneo, a autoridade máxima deste ambiente.
apud Carvalho e Diogo, 1994.) ( ) O professor assume a posição de facilitador da
aprendizagem, os conteúdos vêm da experiência dos
Considerando algumas concepções de alunos. Não há
organização curricular que expressam formas posição de destaque, busca‐se a solidariedade e a
de concretização das intenções vivência democrática, tal qual deva ser a vida em
pedagógicas, relacione‐as com as sociedade. Este
características citadas a seguir. modelo curricular compreende a educação como um
1. Currículo Tradicional. processo interno de desenvolvimento, de contínua
2. Currículo Racional Tecnológico (tecnicista). adequação ao meio, colocando os conteúdos
3. Currículo Escolanovista (ou progressivista). escolares como instrumentos para o desenvolvimento
4. Currículo Construtivista. de processos
5. Currículo Sócio‐Crítico (ou histórico‐social).
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
mentais, não como verdades estabelecidas, mas visão interacionista de desenvolvimento humano
como conceitos experimentados e construídos. e aprendizagem. Em relação às teorias
psicogenéticas, à construção da concepção atual
A sequência está correta em de infância e suas implicações educacionais e
A) 1, 2, 3, 4, 5. pedagógicas, assinale a afirmativa que
B) 4, 5, 2, 1, 3. CONTRADIZ os autores na visão interacionista.
C) 5, 3, 2, 4, 1.
D) 3, 4, 5, 1, 2. A) O interacionismo entende que o desenvolvimento
e a aprendizagem humanos acontecem por meio da
interação entre o indivíduo e o meio onde está
36 - Em termos gerais, a avaliação é um inserido. Dessa forma, o ser humano é visto como
processo de coleta e análise de dados, tendo um ser ativo que, ao interagir com o mundo, se
em vista verificar se os objetivos propostos desenvolve e aprende.
foram atingidos. Segundo Haydt (2011), a B) As teorias psicogenéticas concordam com as
avaliação da aprendizagem do aluno também visões inatista e empirista no que se refere ao
está diretamente desenvolvimento e à aprendizagem humana,
ligada à avaliação do próprio trabalho docente. principalmente com o inatismo, pois é através da
Acerca desse pressuposto, é INCORRETO cultura, nos quais o sujeito está situado, que
afirmar que a avaliação é influenciam o desenvolvimento das possibilidades
cognoscentes.
A) funcional, porque se realiza em função dos C) Por meio do pressuposto interacionista, a
objetivos previstos. Os objetivos são os elementos psicogenética pode ser definida como o estudo da
norteadores da avaliação. origem e do desenvolvimento da mente e do
B) orientadora, porque indica os avanços e conhecimento. Portanto, as teorias psicogenéticas
dificuldades do aluno, ajudando‐o a progredir na coincidem em seu objeto de estudo: definir a maneira
aprendizagem, orientando‐o no sentido de atingir os como se origina e se desenvolve o conhecimento no
objetivos propostos. ser humano.
C) um processo assistemático, devendo ocorrer D) Na teoria de Piaget, o conhecimento é construído
esporadicamente e de forma improvisada, de modo a partir da relação do sujeito com o objeto
a não causar desorientação aos alunos no processo dependendo do grau de desenvolvimento das suas
de ensino‐aprendizagem. estruturas cognitivas. Para Vygotsky, o conhecimento
D) integral, pois considera o aluno como um ser se dá através da relação entre a cultura, o grupo
total e integrado e não de forma compartimentada. social e o indivíduo. E Wallon, além de dar
Deve analisar e julgar todas as dimensões do importância à maturação biológica, considera
comportamento, incidindo sobre os elementos importante a emoção.
cognitivos e também sobre o aspecto afetivo e o
domínio psicomotor.
39 - Libâneo (2004) define conteúdo de forma
37 - Paulo Freire, através de suas obras, parte abrangente incluindo não só conhecimentos, mas
da ideia de que o ser humano é histórico, logo habilidades, hábitos, modos valorativos e
está submerso em condições espaço‐temporais. atitudinais de atuação social visando sempre sua
Essa filosofia se apoia em alguns pressupostos aplicação na vida prática dos alunos. Conteúdo,
que o próprio autor designa como “ideia‐força”. para ele, engloba conceitos, ideias, fatos,
Acerca desses pressupostos, assinale a processos, princípios, leis científicas, regras,
afirmativa que CONTRADIZ o autor. habilidades cognoscitivas, modos de atividade,
A) Toda ação educativa deve, necessariamente, métodos de compreensão e aplicação, hábitos de
estar precedida de reflexão sobre o homem e de estudo, de trabalho e de convivência social,
uma análise do meio de vida do educando. valores, convicções, atitudes etc. Para selecionar
B) Através da integração do homem com o seu e organizar os conteúdos a serem transmitidos, o
contexto haverá a reflexão, o comprometimento, a professor precisa dominar a estrutura de sua
construção de si mesmo e o ser sujeito. disciplina, conhecer as necessidades e os
C) O homem é criador de cultura e fazedor da interesses de seus alunos e basear‐se nos
história, pois, na medida em que ele cria e decide, seguintes critérios:
as fases vão se formando e reformando. I. Validade: o conteúdo deve estar adequado e
D) É necessário que a educação facilite a vinculado aos objetivos estabelecidos para o
adaptação do homem para que este se ocupe do processo de ensino e aprendizagem.
papel designado para ele na sociedade onde está II. Utilidade: o conteúdo deve estar adequado às
inserido, tendo como meta a educação para a ética exigências e condições do meio em que os alunos
do mercado: o bom é o mais forte. vivem.
III. Significação: o conteúdo será significativo e
38 - As teorias de Piaget, Vygotsky e Wallon interessante para o aluno quando este não detém
apresentam afinidades e divergências sobre nenhum
determinados temas, mas comungam de uma conhecimento anterior sobre o mesmo.

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
IV. Flexibilidade: quando houver possibilidade de
fazer alterações nos conteúdos selecionados.
V. Adequação ao nível de desenvolvimento do
aluno: o conteúdo selecionado deve respeitar o
grau de maturidade intelectual do aluno e estar
adequado ao nível de suas estruturas cognitivas.

Correlacionam‐se corretamente aos critérios os


conceitos presentes nos itens:
A) I, II, III, IV e V.
B) I e III, apenas.
C) II, III e IV, apenas.
D) I, II, IV e V, apenas.

40 - “(...) o Manifesto dos Pioneiros da Educação


Nova de 1932, documento entendido como um
símbolo, ou melhor, como um marco aglutinador de
um grupo de intelectuais dispostos a pensar a
modernização do Brasil via processo educacional.”
(Prado, 2003.)
Sobre o Manifesto dos Pioneiros da Educação
Nova, marque V para as afirmativas verdadeiras
e F para as falsas.
( ) Foi uma iniciativa de Fernando de Azevedo e
outros, que consolidou o documento como um
manifesto, ao organizar uma publicação na forma
de um livro, em 1932, incluindo a expressão do
“Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova”.
( ) O Manifesto propôs a elaboração de um Plano
Geral de Educação voltado para uma escola única,
laica, pública, gratuita, promovendo uma
descentralização do ensino e a educação para
todos, sem distinção de classe social.
( ) O ideal de uma escola integral e única
apresentado pelo manifesto foi criado em oposição
ao modelo educacional existente, denominado
“tradicional” e, por isso, o modelo proposto foi
conceituado como uma “nova educação”.
( ) Ao ser lançado, o documento foi considerado um
marco inaugural do projeto de renovação
educacional do Brasil e também foi apoiado pela
Igreja Católica que, naquele contexto, era uma
aliada do Estado na perspectiva de educar a
população.
( ) A investigação científica, método muito discutido
no Manifesto, eclode como raiz do movimento
industrial. Para os pioneiros este método
modificaria e renovaria os olhares dos educadores
e impulsionaria a evolução necessária à
administração dos serviços escolares.

A sequência está correta em


A) F, V, F, V, V.
B) V, F, V, F, V.
C) V, V, V, F, V.
D) F, V, F, F, V.

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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS

GABARITO:

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EDUCAÇÃO FÍSICA

SEDUC/PA 2018
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
1. Desportos: ...................................................................................................................................................... 03

Regras oficiais de organização de competições ................................................................................................... 03

Aprendizagem dos esportes escolares ................................................................................................................ 05

2. Judô:................................................................................................................................................................ 12

Regras básicas ..................................................................................................................................................... 12

Modalidades de competição ............................................................................................................................... 14

Processo de ensino-aprendizagem dos fundamentos na escola ....................................................................... 14

3. Caratê: ............................................................................................................................................................. 17

Regras básicas .................................................................................................................................................... 17

Modalidades de competição................................................................................................................................ 19

Processo de ensino-aprendizagem dos fundamentos na escola ..................................................................... 20

4. Dança: ............................................................................................................................................................. 25

Fundamentos da dança ....................................................................................................................................... 25

Estilos de dança e suas principais características ............................................................................................... 26

Aspectos sociais e culturais que envolvem a dança ............................................................................................ 30

Função e objetivos da dança................................................................................................................................ 32

Dança criativa e seus fundamentos ..................................................................................................................... 32

5. Capoeira: ......................................................................................................................................................... 34

Histórico ............................................................................................................................................................... 34

Questões culturais e sociais ................................................................................................................................. 35

Instrumentos musicais utilizados ......................................................................................................................... 37

Fundamentos da capoeira ................................................................................................................................... 39

6. Folclore: .......................................................................................................................................................... 43

Significados .......................................................................................................................................................... 43

Brincadeiras folclóricas ........................................................................................................................................ 43

Danças folclóricas ................................................................................................................................................ 45

Crendices, culinária, mitos por região ................................................................................................................... 46

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EDUCAÇÃO FÍSICA
7. Coordenação motora fina e coordenação motora grossa (ampla) ............................................................. 55

8. Atletismo: ........................................................................................................................................................ 57

Regras básicas .................................................................................................................................................... 57

Provas masculinas e femininas ............................................................................................................................ 58

Processo de ensino-aprendizagem dos fundamentos na escola ......................................................................... 59

9. Avaliação em educação física escolar ......................................................................................................... 63

Plano de ensino e plano de aula ........................................................................................................................... 63

Currículos oficiais e não-oficiais ........................................................................................................................... 66

Currículo em educação física ............................................................................................................................... 69

Educação física e cultura ............................................................................................................................... 73

10. Metodologia dos grandes jogos ................................................................................................................. 78

11. História da Educação Física ....................................................................................................................... 79

12. PCN (Ensino Fundamental/Ensino Médio) e RCN (Educação Infantil) ................................................... 81

13. Educação Física Especial: .......................................................................................................................... 154

As diferentes deficiências e formas de trabalho nas escolas .............................................................................. 154

14. Aprendizagem motora ................................................................................................................................. 163

15. Educação Física escolar para grupos especiais (gestantes, idosos, hipertensos, diabéticos, etc.) . 168

16. Anatomia básica: .......................................................................................................................................... 170

Ossos, músculos e articulações ............................................................................................................................ 170

Planos e eixos de movimentos .............................................................................................................................. 181

Funções musculares e suas ações ...................................................................................................................... 183

17. Abordagens Pedagógicas para o ensino da Educação Física ................................................................ 184

18. Ética profissional ......................................................................................................................................... 189

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EDUCAÇÃO FÍSICA
apenas os vencedores até que se conheça o
vencedor do torneio.
2.3 – Eliminatória dupla ou Repescagem
REGRAS OFICIAIS E ORGANIZAÇÃO DE No sistema de eliminatória dupla o
COMPETIÇÕES competidor ou a equipe é eliminado somente após a
segunda derrota. Mesmo após uma derrota o
1 – Tipos de competições ou eventos participante ainda poderá ser o vencedor do torneio.
esportivos
2.4 – Sistema Misto
1.1 – Organização de Campeonato
Esportivo Quando se utiliza dois sistema de disputa
na realização de uma competição.
Na Organização de Competições
esportivas, os Campeonatos são competições Exemplo: Sistema de rodízio na primeira
esportivas de longa duração, ou seja, só escolha fase e sistema de eliminatória simples a partir da
essa forma de competição esportiva se você tiver segunda fase. A Copa do Mundo de Futebol da FIFA
bastante tempo/dias para realização da utiliza exatamente esse sistema.
competição. Nos campeonatos todas as equipes 3 – Critérios para organização de
se enfrentam num sistema de rodízio. competições esportivas
Exemplo: Campeonato Brasileiro de Para organizar uma competição ou evento
Futebol (Brasileirão). esportivo você precisa escolher uma forma ou tipo
1.2 – Organização de Competições de competição (torneio, campeonato ou jogos) e um
esportivas: O Torneio sistema de disputa (eliminatórias, rodízio ou misto).
Basicamente, se você tem pouco tempo para realizar
Os Torneios são competições esportivas uma competição esportiva, sua escolha deve ser pela
de curta ou curtíssima duração, podem ser forma de disputa TORNEIO e o sistema de disputa o
realizadas até em um só dia. Os Torneios são de ELIMINATÓRIA SIMPLES. Já se você tem
disputados em sistemas de eliminatórias simples bastante tempo disponível, a forma deve ser o
ou dupla. CAMPEONATO e o sistema deve ser o de RODÍZIO
Exemplo: Copa do Brasil de Futebol. ou MISTO.

1.3 – Organização de Competições 4 – Organização de tabela de competições


esportivas: Os Jogos esportivas

Os Jogos são competições ou eventos 4.1 – Sistemas de Eliminatória simples


esportivos onde são disputadas várias Se o número de participantes do torneio que
modalidades desportivas ao mesmo tempo. Os você vai organizar é igual a uma potência de 2, ou
Jogos são também competições esportivas de curta seja, 2, 4, 8, 16, 32, 64, não haverá isentos, todos os
duração, por isso os Jogos são disputados em participantes vão se enfrentar na primeira rodada.
forma de Torneios de várias modalidade. Nos
Jogos pode haver um vencedor geral ou apenas ⇒ Ex. 01: organização de Torneio com 8
os vencedores por modalidades desportivas. participantes

Exemplo: Jogos Olímpicos, Jogos Pan- Passo 01: Liste todas as equipes ou
americanos, Olimpíadas de Inverno, Jogos competidores um embaixo do outro como na
Estudantis. imagem abaixo.

2 – Os sistemas de disputa de Passo 02: Desenhe as as chaves definindo


competições esportivas os confrontos, assim como aparece na imagem
abaixo.
2.1 – Rodízio
Passo 03: A cada partida há um
É usado na realização de campeonatos, classificado e um eliminado, escreve o nome da
todos os participantes jogam contra todos até que equipe ou competidor vencedor do confronto na
se conheça o campeão, ou seja, aquele que próxima linha da chave de jogos.
ganhou mais ou somou mais pontos. Quando o
campeonato é dividido em fases, o sistema de Passo 04: Fazendo isso em todos os jogos
Rodízio pode ser usado apenas dentro dos grupos, de todas as rodadas você chegará naturalmente a o
utilizando outro sistema de disputa nas outras fases último jogo, ou seja, a grande final do seu torneio.
da competição.
2.2 – Eliminatória simples
Na eliminatória simples cada jogo, cada
disputa há um eliminado, prosseguindo na disputa

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EDUCAÇÃO FÍSICA
Passo 04: Agora com a tabela perfeita, sem
isentos, é só seguir anotando os classificados e
formando os novos confrontos até chegar a final.

Calcule o Número de Jogos: Torneio


com 8 participantes
Para organizar uma competição ou evento
esportivo, saber o número de jogos é muito Calcule o número de Jogos: Torneio com
importante. Veja como é simples fazer esse cálculo. 14 participantes
Número de jogos = Número de Número de jogos = Número concorrentes –
concorrentes – 1 1
Número de jogos = 8 – 1 Número de jogos = 14 – 1
Número de jogos = 7 jogos Número de jogos = 13 jogos
⇒ Ex. 02: Organização de Torneio com 4.2 – Eliminatória Dupla ou Repescagem
14 participantes
Passo 01: Neste caso temos um torneio
com número de participantes diferente de uma
potência de 2 (2, 4, 8, 16, 32, 64…), sendo assim
precisamos primeiro calcular o número de isentos.
Calcule o Número de Isentos: Torneio
com 14 participantes
Para calcular o número de isentos basta
pegar o Número de Concorrentes e subtrair da
potência de 2 imediatamente superior ao número de
concorrente. Veja abaixo:
Número de isento = (potência de 2
superior a 14) – (número de participantes)
Número de isento = 16 – 14
Número de isento = 2 isentos
Passo 02: Liste as as equipes ou No Sistema de Eliminatória Dupla ou Repescagem
competidores uma embaixo do outro, porém deixe a cada rodada os perdedores formam uma nova
os isentos listados mais a frente, na segunda chave de jogos (a repescagem), nessa nova chave
rodada. Para facilitar a organização, coloque os os que perderem pela segunda vez serão
isentos no topo e no final da tabela. Na imagem eliminados, os que ganharem irão continuar na
abaixo os isentos serão os participantes 01 e 14. disputada enfrentando os perdedores da chave
Passo 03: Realize a primeira rodada sem principal.
os isentos. Repare que após a primeira roda, Importante: A final na Eliminatória Dupla
teremos 6 classificados que se somaram aos 2
isentos, agora ficou fácil, pois o número de A final em um torneio no sistema de
participantes restantes será igual a 8, ou seja, uma eliminatória dupla acontece entre o vencedor da
potência de 2. Chave Principal e o Vencedor da Chave de

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EDUCAÇÃO FÍSICA
Repescagem. Porém, caso o vencedor da chave APRENDIZAGEM DOS ESPORTES ESCOLARES
principal perca a partida final, haverá a Super
SABERES ACADÊMICOS SOBRE O
Final, respeitando assim o sistema de eliminatória
ESPORTE: CONTRIBUIÇÕES E ESTRATÉGIAS DE
dupla.
ENSINO
Número de Jogos na Eliminatória Dupla
Por meio dessa categoria buscamos trazer
Na Eliminatória Dupla o Número de algumas discussões a respeito dos elementos que,
Jogos é calculado de forma diferente da de certa forma, foram relevantes para a formação
Eliminatória Simples. Veja a fórmula abaixo: profissional desses professores. As questões que
desencadearam as mesmas foram: Quais as
Número de Jogos = (Número de
contribuições das escolas e da instituição de ensino
Concorrentes – 1) x 2
superior para a sua formação em Educação Física?
O cálculo do Número de Isentos na Quais as estratégias de ensino que foram utilizadas
Eliminatória Dupla é feito da mesma forma que na para o trabalho com o esporte, durante a sua
eliminatória simples, ou seja, (Número de formação inicial?
Concorrentes – Potencia de 2 Superior).
Esses aspectos se tornam relevantes, pois,
Vídeo: Eliminatória Dupla ou nos permitem refletir sobre as histórias de vida e
Repescagem com 8 equipes experiên- cias dos professores, as quais, ao longo do
processo de formação, foram essenciais para a
Ficou com dúvidas sobre a organização de
construção de uma identidade profissional docente.
torneio no sistema de eliminatória dupla?
No que tange aos elementos que estimularam os
Separamos um ótimo vídeo do Prof. Giovani
sujeitos para a escolha da profissão, percebemos a
Soldera mostrando uma eliminatória dupla com 8 existência de um consenso entre as respostas que
participantes. Confira! foram determinantes para a escolha profissional.
4.3 – Sistema de Rodízio Simples
Nesse processo de identificação dos
O sistema de Rodízio é utilizado na elementos que contribuíram para os sujeitos da
organização de campeonatos esportivos de pesquisa em sua escolha profissional, buscamos
longa duração. O Rodízio pode ser Simples, informações referentes a quanto e como a graduação
quando todas as equipes se enfrentam apenas uma contribuiu para a sua formação em Educação Física.
vez ou Rodízio Duplo, quando todas as equipes se Sob esses critérios, obtivemos algumas respostas
enfrentam duas vezes, em turno e returno ou pertinentes para o de- bate em questão, sendo: Com
primeiro e segundo turno. certeza, foi de grande contribuição à formação
acadêmica, pois me deu um embasamento teórico e
Ex. Organização de Campeonato em prático para atuar na escola (P6B); A minha formação
Rodízio Simples com 08 participantes contribuiu muito na forma pedagógica de trabalhar
Para confeccionar uma tabela com rodízio com os alunos e no conteúdo científico (P5B); Foi
simples, basta fixar no topo da tabela a primeira absolutamente essencial, tive grandes mestres que
equipe ou atleta que aparece na tabela, no exemplo só vieram a acrescentar na minha formação como
abaixo, a equipe fixada é o “Time A”, após isso professor (P1A); Passei a entender que a Educação
basta ir rodando no sentido horários os outros Física não está apenas ligada ao esporte, e sim
participantes, até que todos joguem contra todos. abrange muito mais coisas (P3A); Foi imprescindível
por fazer entender o verdadeiro papel do professor
Time A x Time B AXF AXE AXD AXC de Educação Física (P2A).
Essas questões se apresentam como um
Time F X Time C EXB DXF CXE BXD desafio para os professores, pois a relação entre o
pensamento acadêmico (teoria) e a ação pedagógica
Time E X Time D DXC CXB BXF FXE na escola (prá- tica) são elementos fundamentais
para a aquisição de competências e habilidades para
o campo de atuação em Educação Física. Diante
dessas manifestações dos professores, percebemos
que a formação inicial foi essencial para a
compreensão de como ser professor, assim como no
rompimento das ideias em acreditar que essa área
está somente articulada e subordinada ao conteúdo
esporte. Entre essas informações que foram
colocadas pelos professores, temos duas
manifestações que demonstram a relevância de
algumas disciplinas e da formação continuada,
sendo: Na minha formação tive bons professores,
que contribuíram para minha formação, mas a busca
do conhecimento deve ser contínua, para o professor

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EDUCAÇÃO FÍSICA
melhorar a sua prática (P4B); Meu curso de técnicas que são exigidas no esporte de rendimento.
graduação contribuiu muito, fiz uma matriz Dessa forma, não basta apenas dominar a técnica, a
curricular de 4 anos em tempo integral, com tática, reconhecer as regras de tal modalidade, sem
professores que trabalhavam disciplinas voltadas uma devida reflexão sobre as diversas formas de
para a escola, como metodologia de ensino e pensar esse fenômeno, a partir de suas diferentes
estágio supervisionado em diversas áreas. No manifestações. Por meio de outra ótica, percebemos
entanto, a for- mação continuada foi e está sendo nas respostas de alguns professores algumas
imprescindível no entendimento do contexto escolar estratégias diferenciadas no tratamento dispensado
(P3B). ao ensino do esporte para o âmbito educacional, são
elas: Sistematizado da mesma forma que são
Essas considerações são importantes, pois
aplicados nas escolas, o ensino é dividido em partes
nos apresentam a contribuição de algumas
padronizadas do mais simples ao mais complexo
disciplinas como Metodologia de Ensino, a partir de
(P1A); Foi trabalhado a maioria dos esportes,
suas diversas abordagens pedagógicas e do
mostrando como ensinar o conteúdo em sala (P3A);
Estágio Supervisionado, para o contato com a
O conteúdo esporte foi trabalhado de modo que ele
realidade escolar e consolidação dessas estratégias
fosse aplicado no meio escolar e sendo mais lúdico
de ensino por meio da práxis pedagógica. Ainda
(P5B); O conteúdo esporte foi trabalhado
nessas análises dos professores, fica evidente a
intensamente, pois tínhamos um ano voltado para o
importância da formação continuada para o
rendimento e um ano voltado para a escola.
entendimento do contexto escolar, sendo essa uma
Exemplo: handebol 1 (rendimento) e handebol 2
exigência necessária para romper com estratégias
(escola) (P3B).
ultrapassadas de ensino que valorizam apenas a
aptidão/ capacitação física. De acordo com Essas estratégias vivenciadas por esses
Macedo,5 “se nós professores, não colocarmos na professores nos permitem refletir sobre algumas
pauta de nossa vida pessoal e profissional, a atitudes adotadas para a transmissão do
questão do aprender continuado, nossa conhecimento sobre o esporte, a partir de uma
competência de ensinar pode ficar cada vez mais intervenção que é desenvolvida do saber mais
insuficiente, obsoleta”. simples ao mais complexo, porém, percebe-se que o
ensino ainda continua sendo dividido em partes, os
Nesse sentido, buscando uma
quais apresentam uma relação restrita com a
compreensão de como o esporte foi trabalhado,
dimensão técnica.
durante a formação inicial dos sujeitos da pesquisa,
obtivemos algumas informações que nos auxiliam a Já, na opinião do terceiro professor, fica
refletir sobre as possibilidades e limitações das evidente que o processo de como esse conteúdo
estratégias de ensino que vem sendo utilizadas no pode ser ensi- nado, segue uma perspectiva
tratamento do esporte, enquanto conteúdo, sendo: educacional que valoriza o caráter da ludicidade que
O esporte foi abordado numa maneira mais ampla, pode estar articulada aos diversos debates que
tive que aprofundar meus estudos para melhorar a compõe o campo de estudos sobre a pedagogia do
minha prática em âmbito escolar (P4B); Nossa esporte.
grade trouxe os esportes separadamente, vimos
E por último, a exposição de que o esporte foi
fundamentos, histórico, regras, enfim, conhecemos
trabalhado de maneira intensa por meio das
um pouco de cada modalidade esportiva (P1B); Foi
dimensões do esporte de rendimento e do esporte
dividido em disciplinas (P6B); Todos os esportes
educacional, já que o processo de formação dessa
em geral (P2A).
professora engloba- va a unificação entre
O esporte como já mencionado, apresenta bacharelado e licenciatura. Essa relação se torna
muitas dimensões que no processo de ensino relevante, pois apresenta as diversas possibilidades
aprendizagem podem se articular conforme estudos e limitações perante o trabalho com o esporte em
de Bracht e Tubino pois o objetivo, além de seus diferentes contextos, com suas especificidades
estabelecer essas especificidades de cada tipo de distintas e seus objetivos próprios, mas que de certa
manifestação, é contribuir para seu entendimento forma contribuem para uma compreensão mais
de forma multicultural, já que um mesmo tipo de heterogênea do fenômeno esportivo.
esporte pode ser apropriado pelos alu- nos de
CONTEÚDO PREDOMINANTE E
diferentes maneiras. No entanto, a partir dessas
ESTRATÉGIAS METODOLÓGICAS UTILIZADAS
considerações, percebemos que o conteúdo
NAS AULAS
esporte foi abordado de forma isolada, não sendo
desenvolvido a partir de suas diferentes Por meio dessas discussões buscamos
manifestações e possibilidades de aproximações. apontar os conhecimentos que os professores
desenvolvem em suas aulas e que compõe o
Por meio dessas variadas formas de pensar
planejamento e a organização curricular dessa área
o es- porte na escola, o processo de formação pode
do conhecimento, assim como, as estratégias
ser mais significativo, pois visa uma articulação
metodológicas que são utilizadas no processo de
entre o saber científico com as diversas
ensino e aprendizagem. Para isso, delimitamos essa
perspectivas de pensar e experimentar o esporte no
categoria a partir dos seguintes questionamentos:
contexto social, que possam ir além das dimensões
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EDUCAÇÃO FÍSICA
Quais conteúdos você busca selecionar e educação física (P2A); Sempre trabalho mais os “4
sistematizar, durante suas aulas de Educação bols”, pois dentro dos mesmos em sua aprendizagem
Física? Por quê? e Quais estratégias metodológicas podemos trabalhar lateralidade, cognitivo,
são adotadas para o trabalho com o conteúdo cooperativismo, etc. No ensino médio algo voltado
esporte em suas aulas de Edu- cação Física nos para parte da anatomia e fisiologia (P1A); Nas
finais do ensino fundamental? Por quê? Essas minhas aulas procuro proporcionar a vivência de
informações são relevantes, pois nos apresenta a vários esportes para os meus alunos (P4B); Todos os
realidade da EF no âmbito escolar referente ao esportes. Tanto os novos como o badminton, para
trabalho com o esporte no ensino fundamental, no que conheçam regras e como se prática, muitos não
entanto, a pesquisa evidencia-se a partir de um sabem o que é (P2B); O conteúdo que eu mais
estudo singular de algumas realidades, o qual nos trabalho é o esporte da escola. É o conteúdo que
traz subsídios relevantes sobre o tratamento mais retorno se tem dos alunos, pois eles têm grande
pedagógico que é direcionado ao conteúdo esporte influência através da mídia e no seu dia a dia (P5B).
nas aulas de EF.
Percebemos a partir dessas considerações
Sabemos que a Educação Física no que a Educação Física está subordinada ao conteúdo
contexto da escola passou por várias esporte por meio de diferentes perspectivas dos
transformações e mudanças que destacava por docentes, devido à abrangência de significados que o
meio de seus conteúdos primeiramente a mesmo representa, enquanto fenômeno sociocultural
predominância da ginástica e em seguida para e pelo possível envolvimento que ambos incorporam
atender aos interesses e necessidades de cada por meio dos diferentes aparatos técnicos de
época, o esporte passa a ser o conteúdo informação.
predominante da Edu- cação Física na escola.
No entanto, vale ressaltar que nossa intenção
O esporte exerce uma ampla influência na não é estabelecer uma crítica ao esporte, mas
sociedade e na escola, cujo contexto é o foco de evidenciar quais metodologias são utilizadas no trato
nossa pesquisa, pois como nos relata Silva; Bracht desse conhecimento, nas aulas de Educação Física,
nas “décadas de 1960, 1970 e 1980 e grande parte para que as mesmas não se configurem em uma
da década de 1990, cristalizou-se nas escolas mera reprodução dos métodos tradicionais que
brasileiras uma determinada prática pedagógica em priorizam somente a técnica e o rendimento
Educação Física, em que configurou-se certa esportivo. Esse debate já vem sendo desenvolvido
tradição, razão pela qual denominamos a mesma por alguns estudiosos como Brach e Vago, sobre o
aqui de Educação Física tradicional”. esporte “da/na” escola, cuja preocupação é
estabelecer um diálogo que apresente de forma clara
Por meio dessas considerações, podemos
o entendimento sobre esse conteúdo em seus
perceber a noção de historicidade diante do campo
diversos contextos.
da Edu- cação Física, cuja metodologia de
intervenção, pautada em uma perspectiva Nesse sentido, ressaltamos que, além da
tecnicista, visava o rendimento e a padronização necessidade de o professor contextualizar e tornar
dos movimentos por meio do esporte, inclusive no significativos os conteúdos, é fundamental a
contexto educacional, já que naquele período, o presença de um planejamento que possa balizar o
ensino era visto como uma maneira de formar mão trabalho pedagógico no processo de intervenção. A
de obra qualificada, ou seja, “para essa [aquela] seleção, organização e sistematização dos
nova sociedade, tornava-se necessário ‘construir’ conteúdos são elementos necessários para uma
um novo homem: mais forte, mais ágil, mais prática pedagógica fundamentada nos princípios e
empreendedor” valores de uma sociedade democrática, porém, essa
seleção e organização, não podem ser efetivadas de
Atualmente, pensando no trabalho com a
forma arbitrária ou incoerente com a realidade e
Educação Física na escola, buscam-se novas
necessidade dos alunos, pois, caso atenda a essas
metodologias de intervenção, que possam romper
configurações de acordo com Sobrinho:
com essa ideia de valorizar somente as
perspectivas hegemônicas do esporte ou de A escola, com seus mecanismos internos,
esportivização das aulas de uma forma singular e pode confirmar e consolidar um processo de
superficial. exclusão do acesso aos bens socialmente
produzidos. E faz isso quando nega conteúdos, burla
Sabemos que a cultura corporal enquanto
o tempo pedagógico e desenvolve sistemáticas de
objeto da EF escolar, apresenta várias formas de
avaliação voltadas para seleções dos mais altos,
expressão e saberes que são determinantes para o
mais fortes e mais velozes, eliminando os demais.
entendimento e compreensão dessa área do
conhecimento. No entanto, por meio das Portanto, a organização dos conteúdos que
informações obtidas pelos professores a respeito do compõe o currículo escolar, o tempo
conteúdo mais abordado nas aulas, percebe- mos pedagogicamente necessário para a aprendizagem,
uma hegemonia do esporte nas aulas de Educação as estratégias metodológicas e os critérios utilizados
Física. As práticas esportivas, Educação Física e para a avaliação são elementos indispensáveis para
saúde (P3A); A prática esportiva, pois é a base da pensarmos em uma intervenção que possam ir além

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da reprodução de elementos conservadores no História do esporte e os fundamentos dos esportes
tratamento pedagógico do conteúdo esporte nas (P3A); Histórico, o jogo, regras, realizando
aulas de Educação Física. Assim, “não sendo
3 (três) avaliações (P2B); No início do ano é
mesmo possível à escola isolar-se da sociedade, já
feito o planejamento, neste é colocado um esporte
que a escola é, ela mesma, uma instituição da
por bimestre, onde é trabalhado a teoria e a prática
sociedade, uma de suas tarefas, então, é a de
(P4B); Através de aulas teóricas e práticas,
debater o esporte, de criticá-lo, de produzi-lo... e de
trabalhando dirigidamente o esporte e através de
praticá-lo! [...].
jogos pré–desportivos, jogos e brincadeiras, jogos
Nessa linha de análise referente aos cooperativos (P6B).
conteúdos que são abordados pelos professores,
Por meio dessas considerações é possível
identificamos algumas respostas que nos
aproximarmos essas intervenções de algumas
apresentam a utilização de outros conteúdos que
abordagens pedagógicas da Educação Física, as
englobam o objeto de estudo da Educação Física,
quais não são explicitadas pelos professores em
além do esporte. Trabalho todos os conteúdos que
relação as estratégias adotadas, mas que se
estão no planejamento que realizamos para cada
aproximam de algumas concepções a partir das
série no início do ano de acordo com as di- retrizes
ações que são desempenhadas por esses
curriculares (P6B); Procuro trabalhar com jogos e
professores no processo de ensino. A noção de
brincadeiras, ginástica, esportes, dança e quando
historicidade que é elencada por alguns se torna
possível lutas também, apesar de considerar um
relevante no sentido de buscar fazer com que os
tanto difícil o conteúdo de lutas (P1B); Trabalho
alunos possam perceber esse processo de evolução
com todos os conteúdos considerados clássicos da
pelo qual passou a Educação Física na escola por
educação física, como esporte, dança, lutas, jogos
meio de seus conteúdos de ensino. Essas estratégias
e ginástica. No entanto, o percentual de carga
se caracterizam e se aproximam de uma perspectiva
horária é maior para o conteúdo esportes. Primeiro,
crítica para o ensino da Educação Física, pois de
porque são vários esportes; segundo, porque na
acordo com o Coletivo de Autores,10 cada conteúdo
minha formação foi dado uma ênfase maior neste
dessa área do conhecimento “deve ser estudado
conteúdo; e terceiro por ter sido atleta, portanto,
profundamente pelo(s) professor(es), desde a sua
gosto muito de esportes (P3B).
origem histórica ao seu valor educativo para os
Diante dessas informações é possível propósitos e fins do currículo”.
compreendermos a Educação Física a partir de um
Outra questão bastante abordada pelos
processo de mudança que pode ir além do
professo- res, enquanto estratégia metodológica
rendimento físico e técnico, que muitas vezes
adotada para o trabalho com os esportes, foi a
acaba sendo veiculado por meio do esporte. A
presença do jogo como um recurso didático que
contemplação de outros conteúdos que fazem parte
muitas vezes pode ser:
da cultura corporal estimula e incentiva os alunos
pela busca de novos conhecimentos, além de [...] aplicado para minimizar a atmosfera
superar a insuficiência de um modelo tradicional de predo- minantemente artificial e tecnicista que impera
ensino pautado somente no desenvolvimento de nos meios educacionais. Estimula a crítica, a
habilidades motoras. criatividade, a sociabilização (torna sociável) e a
socialização (estende vantagens particulares ao
Nesse sentido, independentemente dos
grupo), sendo, portanto, reconhecido como uma das
conteúdos que são ensinados para os alunos,
atividades mais significativas – senão a mais
devemos considerar o planejamento como um
significativa – pelo seu conteúdo pedagógico –
instrumento importante e significativo para o
social”.
professor de Educação Física escolher as direções
para um ensino de qualidade. A estratégia metodológica articulada no
trabalho com os jogos é muito importante, pois
Esses elementos são indispensáveis para o
contribui para o desenvolvimento da criticidade e da
tratamento dos conteúdos, para que a metodologia
criatividade dos alunos diante das transformações e
escolhida possa ser efetivada de maneira produtiva
mudanças que são reivindicadas, atualmente, no
no que tange a apreensão dos conhecimentos por
trato pedagógico que é dispensado ao conteúdo
parte dos alunos e do desenvolvimento da
esporte. No entanto, vários estudos vêm sendo
criticidade diante desses saberes. Nesse sentido,
desenvolvidos a respeito do trabalho com os
considerando que as estratégias metodológicas
conteúdos da Educação Física e sua relação entre a
utilizadas são fundamentais para um processo de
teoria e a prática no âmbito escolar, os quais são
ensino e aprendizagem de qualidade, buscamos
elenca- dos por alguns professores a partir de suas
perguntar para os professores como eles trabalham
intervenções.
os conhecimentos sobre o esporte nas aulas de
Educação Física; sendo assim destacamos as Dessa forma, buscando um diálogo com as
seguintes respostas: Primeiro o teórico com o representações dos professores, notamos que existe
histórico básico, regras, fundamentos, práticas de a relação teoria/prática, porém de forma distanciada
fundamentos, jogos que possibilitem um contato uma da outra, de um lado os elementos que tratam
próximo ao jogo e por fim o jogo em si. (P1A); dos aspectos históricos do esporte e em seguida os
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EDUCAÇÃO FÍSICA
jogos que são utilizados para a iniciação de que o regulamentam dentro de nosso contexto sócio-
algumas modalidades. Portanto, é importante histórico”
destacarmos que não é necessário dividir o número
Nessa mesma linha de análise, utilizando-se
de aulas em teóricas ou práticas, mas sim
do mes- mo referencial que baliza a abordagem
acreditarmos na ideia de que o professor sempre
crítico-superadora, temos a manifestação de (P3B),
esteja relacionando as duas dimensões no
que busca desenvolver suas aulas a partir dos cinco
processo educativo, ou seja, que ele desenvolva
momentos da pedagogia histórico – crítica por
suas aulas com a ideia da práxis, que é a prática
acreditar que essa metodologia trabalha além da
refletida e teorizada de forma irredutível.
vivência motora, o conhecimento de várias situações
Por outro lado referente aos aspectos voltadas ao esporte. Trabalho com os cinco
metodológicos adotados por alguns professores, momentos da pedagogia histórico – crítica por
identificamos a presença de algumas concepções acreditar que essa metodologia trabalha além da
que sustentam e contribuem para o processo de vivência motora, trabalha também o conhecimento de
intervenção desses sujeitos, os quais se várias situações voltadas ao esporte (P3B). De
desenvolvem da seguinte maneira: Através de acordo com Gasparin e Saviani os cinco momentos
pesquisas, leituras, debates e discussões de temas são distribuídos da seguinte forma:
específicos; atividades práticas desportivas e
1) prática social (diagnóstico do
construção de novas regras e jogos (P1B); No
conhecimento da turma sobre o assunto);
ensino fundamental é trabalhado a base sobre os
fundamentos e no ensino médio a reflexão crítica 2) Problematização (introdução do conteúdo,
do mesmo (P2A); Eu gosto de despertar o aluno com diversos questionamentos);
para o meio crítico e isso o jogo proporciona, ele
está sempre no processo de ensino aprendizagem. 3) Instrumentalização (vivência motora do
esporte);
A abordagem crítico–superadora pauta-se para isso
(P5B). 4) Catarse (avaliação do conhecimento
adquirido pelo aluno); e
Essas estratégias metodológicas adotadas
pelos professores apresentam um interesse em 5) Retorno à prática social (comparação com
pensar a Edu- cação Física além do trabalho com a o conhecimento adquirido) (P3B).
técnica ou com as habilidades motoras. Na
perspectiva dos professores a intenção é que por Essa estratégia utilizada é muito relevante,
meio das práticas corporais historicamente pois permite que o aluno se aproprie do esporte não
construídas, os alunos estejam aptos a refletir só na sua dimensão técnica e motora, mas também
criticamente sobre as diversas manifestações da das di- versas manifestações que esse conteúdo se
Educação Física e do esporte no contexto da articula, enquanto fenômeno multicultural.
escola, pois conforme Taffarel et al.: Dessa forma, a ordem metodológica para o
A educação física se caracteriza desen- volvimento das atividades que tratam do
historicamente pelo trabalho pedagógico da esporte seguem os cinco momentos distribuídos da
docência no campo da cultura corporal [...] por seguinte forma:
tratar de um campo de conhecimento que se 1) Prática social que se caracteriza pela
estrutura a partir das práticas históricas, apresentação do conteúdo e pelo diagnóstico do
socialmente produzidas, cientificamente estudadas conhecimento dos alunos sobre o assunto proposto;
e investigadas e criativamente ensinadas de
geração em geração. 2) Problematização que se caracteriza pela
proposição de um desafio, questionamento,
A partir das estratégias elencadas pelos obstáculo, cujo propósito é problematizar esse
professo- res no tratamento pedagógico para o conhecimento advindo da realidade dos alunos;
ensino do esporte, fica evidente a aproximação de
algumas abordagens que se caracterizam como 3) Instrumentalização que se evidencia pela
críticas da Educação Física, tais como: a disponibi- lidade do conhecimento sistematizado para
concepção de aulas abertas (1986), sistêmica os alunos, por meio da contraposição de saberes
(1991), crítico-superadora (1992) e crítico- (vivência motora do esporte e reflexão sobre a
emancipatória (1994), tais abordagens valorizam o prática);
diálogo e a ação comunicativa no processo de 4) Catarse que se apresenta como um meio
ensino aprendizagem, bem como a construção de para analisar por meio de diversos instrumentos
novas propostas de ensino, as práticas históricas, avaliativos, a assimilação dos conhecimentos
entre outras. No entanto, a abordagem crítico- adquiridos pelos alunos); e
superadora (CS) na perspectiva de alguns
professores, como descreve o (P5B), apresenta 5) Retorno à prática social que se destaca
uma teoria mais estruturada no que tange o ensino pela comparação e no- va leitura da realidade, a
do esporte na escola, “evidenciando-se o sentido e partir de todo processo que contribuiu para que o
o significado dos valores que inculca e as normas conhecimento fosse adquirido de forma crítica,
criativa e transformadora.

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Por meio dessa situação explanada, local e a vontade dos praticantes. Enquanto nos
corroboramos com a ideia de Bracht,11 o qual nos esportes a regra é fixa em qualquer lugar (P3A);
apresenta que é “preciso analisar o tipo de Existem várias definições atribuídas por teóricos,
educação possível, a partir de cada uma das porém vou defini-los de forma empírica, ou seja,
manifestações do esporte, integrando estas como eu os classifico em minhas aulas. Esporte:
análises discursiva e praticamente na concepção regras definidas e oficializadas. Jogo: a partir do
pedagógica eleita”. No entanto, a Educação Física momento que o grupo define as regras eu as adapto
e a escola por meio de seu projeto político (P3B).
pedagógico, de- vem apresentar suas propostas de
Por meio dessas manifestações, podemos
intervenção de forma articulada, visando
identificar que os professores apresentam uma
transformações que podem ocorrer a partir de uma
diferenciação entre esses dois conteúdos,
pedagogia crítica, para o ensino do esporte.
compreendendo o jogo como um conteúdo que se
Dessa forma, podemos identificar, por meio evidencia pelas suas regras, mas que podem ser
dos pressupostos teóricos pesquisados e das modificadas ou reestruturadas a qualquer momento,
manifestações dos professores, que apesar da buscando aumentar a complexidade da ação dos
utilização metodológica se apropriar de diferentes jogadores a partir da problematização das atividades.
formas de intervenção, o objetivo de transmitir o Por outro lado, o esporte aparece como um conteúdo
conhecimento com qualidade, torna-se o mesmo, que apresenta suas regras de maneira universal,
porém, devemos analisar se o cará- ter subjetivo oficializada, compondo um campo de organização
das informações prestadas está articulado à burocrática.
objetividade das ações, que são necessárias a
No entanto, além das diversas formas de
escola.
conceituar esses conhecimentos que fazem parte da
Nesse sentido, é necessário que o Educação Física, torna-se necessário
professor analise a metodologia a ser utilizada nas compreendermos essa prática e transformá-la no
aulas, a qual inclui a seleção e a organização dos contexto da escola, pois de acordo com Sobrinho:
conteúdos de acordo com a faixa etária, o
O jogo na escola tem sido estudado em suas
conhecimento da realidade e o contexto dos alunos,
diversas manifestações: enquanto recurso
entre outros fatores, os quais são funda- mentais
metodológico, enquanto conteúdo de ensino,
para fortalecer a ação pedagógica no processo de
enquanto método de pesquisa. Ele é capaz de
ensino e aprendizagem no contexto da escola.
propiciar aprendizagens importantes, como o sentido
O JOGO COMO POSSIBILIDADE DE e significado das regras, como a lógica, como as
INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA PARA O ENSINO diferenciações, as nuances e os contrastes
DO ESPORTE necessários para entendermos e explicarmos o
mundo.
Essa categoria teve como base as questões
que re- tratam sobre o entendimento dos Para isso, buscamos analisar, a partir da
professores a respeito da diferença entre jogo e concepção dos professores, as possibilidades e
esporte e das possibilidades de utilização da limitações da utilização do jogo como estratégia
estratégia metodológica do jogo para o ensino do metodológica para o ensino do esporte, sem intenção
esporte. As perguntas levantadas para a discussão de descaracterizá-lo, mas como um subsídio para a
foram: Quais as diferenças existentes entre jogo e ampliação dos saberes por parte da diversidade dos
esporte? e Você acredita que o conteúdo jogo pode alunos a partir de uma metodologia pautada na
contribuir como estratégia metodológica para o ludicidade.
ensino do esporte? Por quê?
De forma geral, todos os professores
O jogo e o esporte vêm sendo abordados e apresentaram a mesma ideia referente à utilização do
pesquisados em suas diferentes perspectivas no jogo como uma estratégia para o ensino do esporte,
intuito de apresentar suas definições, todavia, vale ressaltar, que assim como qualquer
características e suas possibilidades de intervenção outro conteúdo, o esporte deve ser abordado em
em diferentes contextos. Nesse direcionamento, suas diferentes perspectivas, levando os alunos a
buscamos interpretar por meio das contribuições compreenderem e refletirem sobre suas diversas
dos professores, quais são seus entendimentos manifestações.
sobre a relação entre jogo e esporte. Dentre as
O jogo utilizado como um recurso
respostas obtidas apresentamos algumas sob o
metodológico contribui para que esse processo de
foco de análise conforme segue: O jogo não possui
aprendizagem se- ja mais democrático e se torne
regras fixas e o esporte em si as regras são fixas e
mais lúdico durante a sistemática de intervenção
universais (P2A); O jogo é definido como um
profissional. Essa definição metodológica se
caráter lúdico com normas livremente estabelecidas
caracteriza por uma concepção que vem sendo
pelos praticantes. O esporte por sua vez, tem
estudada por vários autores, sendo a mesma
regras preestabelecidas pelas diferentes
conceituada como pedagogia do esporte. Conforme
instituições que o regem (P1A); Nos jogos não há
nos relata Sadi18 “A pedagogia do esporte como
regras específicas, se define a regra conforme o
concepção tem como princípio fundamental o ensino
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EDUCAÇÃO FÍSICA
(de esporte) por meio de jogos; não qualquer jogo, ANOTAÇÕES
mas aqueles que se aproximam dos esportes, os
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jogos esportivos”.
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Essa opção de intervenção docente por
meio de jogos esportivos torna as aulas mais __________________________________________
dinâmicas, além de ampliar a capacidade dos
__________________________________________
alunos de compreenderem o esporte de forma mais
sistemática e criativa por meio da transformação e __________________________________________
recriação das regras, dos espaços, tempos de
__________________________________________
aprendizagem e número de participantes. Portanto,
é preciso “pensar o esporte” na perspectiva de __________________________________________
múltiplas possibilidades, atendendo, tanto as
__________________________________________
pessoas que o praticam como ocupação de tempo
livre, quanto por questões de saúde; enfim, é __________________________________________
preciso trabalhar com a iniciação esportiva que
__________________________________________
permita aos cidadãos uma prática consciente,
reflexiva e crítica. __________________________________________
Diante desse posicionamento, identificamos __________________________________________
a preocupação de Paes (2001) em pensar em
__________________________________________
estratégias que possam superar uma visão
reduzida e estilizada do esporte; dessa forma, uma __________________________________________
proposta pedagógica para o ensino desse conteúdo
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na escola, deve valorizar suas diferentes
dimensões e manifestações, orientados por um __________________________________________
processo contextualizado e coerente com as
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necessidades e dificuldades dos alunos.
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EDUCAÇÃO FÍSICA
6º Kyu (Rokukyu): faixa azul
5º Kyu (Gokyu): faixa amarela
REGRAS BÁSICAS 4º Kyu (Yonkyu): faixa laranja
O judô é um esporte de origem japonesa do 3º Kyu (Sankyu): faixa verde
século XVII. É considerado uma arte marcial e pode
ser praticado tanto por homens quanto mulheres. 2º Kyu (Nikyu): faixa roxa
Não há objetos para essa prática, apenas o uso do 1º Kyu (Ikyu): faixa marrom
próprio corpo. É necessário, entretanto, que haja
uma vestimenta adequada. O nome de tal Após atingir o 1º Kyu, o judoca completa a
vestimenta é judogui e é composto por três peças: graduação de nível iniciante e estará apto a ingressar
Um casaco, de nome wagui, uma calça, de nome no nível avançado. A sequência é a seguinte:
shitabaki, e uma faixa, de nome obi. Graduações Dan para avançados
O objetivo principal dessa prática, como 1º Dan (Shoudan): faixa preta
modalidade esportiva, a conquista de pontos, feita
ao levar o oponente ao chão e imobilizá-lo, fazendo 2º Dan (Nidan): faixa preta
com que suas costas ou seus ombros permaneçam 3º Dan (Sandan): faixa preta
tocando o tatame durante 30 segundos. O judô
atualmente é uma modalidade dos Jogos 4º Dan (Yondan): faixa preta
Olímpicos. A entidade de âmbito global responsável 5º Dan (Godan): faixa preta
pela promoção e fiscalização e eventos, bem como
a manutenção de regras desse esporte é a IJF, 6º Dan (Rokudan): faixa coral (vermelha e
Federação Internacional de Judô. branca)
As faixas do judô 7º Dan (Shichidan): faixa coral
As chamadas graduações do judô 8º Dan (Hachidan): faixa coral
consistem na classificação do judoca de acordo 9º Dan (Kyuudan): faixa vermelha
com seu desempenho físico e pessoal na prática do
esporte. São usados diversos critérios, tais como 10º Dan (Juudan): faixa vermelha
duração do tempo de treino, idade e
Após atingir o nível de Juudan, o judoca
comportamento durante jogos. Quando um
alcança sua última graduação possível.
indivíduo melhora seu desempenho, ele troca a cor
da faixa que é usada em seu quimono. A sequência As regras do judô
das cores das faixas, em ordem crescente, é:
Pratica-se o judô em um tatame de forma
• Branca quadrada, com medidas que variam de 14 a 16
metros.
• Cinza
As lutas tem duração máxima de certa de 5
• Azul
minutos.
• Amarela
– No judô, uma luta tem duração de cinco
• Laranja minutos cronometrados.
• Verde A cada interrupção anunciada pelo árbitro, o
relógio para e só volta a correr quando os judocas
• Roxa recebem autorização para voltar ao combate;
• Marrom – Vence a luta o judoca que acumular maior
• Preta pontuação ao final do tempo regulamentar;
Graduação e faixas – Caso um judoca consiga um ippon, ele
vence automaticamente a luta.
As faixas utilizadas pelos judocas são uma
representação de seu nível nesta arte marcial. O objetivo da luta é conquistar o ippon, que
Conforme o tempo de treino, idade e desempenho consiste na imobilização do oponente por 30
em competições, o praticante se gradua e avança segundos.
para a próxima cor de faixa. No Brasil, a sequência Caso nenhum dos lutadores consiga um
é a seguinte: ippon ao final da partida, são consideradas as
Graduações Kyu para iniciantes vantagens adquiridas por cada um ao longo da
partida e dá-se o ponto àquele que tiver mais.
8º Kyu (Mukyu): faixa branca (primeira faixa
de todos os judocas) O ippon também pode ser conquistado de
outras formas: o wazari é considerado um ippon
7º Kyu (Shichikyu): faixa cinza (somente incompleto. Ocorre, por exemplo, quando o lutador
para menores de 15 anos)
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imobiliza seu oponente com apenas um ombro no As penalizações durante uma luta
chão. Cada wazari vale meio ponto. Dessa forma,
Shido: É uma penalização fraca, que não faz
dois wazari equivalem a um ippon.
com que o adversário ganhe pontos.
Além disso, há o yuko, que vale um terço
Chui: É aplicado em casos mais graves ou
de ponto. Ocorro quando o adversário cai de lado
quando se aplica a um lutador seu segundo shido.
no tatame.
Keikoku: É atribuído quando o lutador já tem
Há, também, o kako, que apresenta a
um chui e recebe um shido. Essa penalidade não
menor pontuação do esporte. Vale um quarto de
encerra o combate, entretanto é aplicada em
ponto. Ocorre quando o adversário cai sentado no
infrações graves.
tatame.
Hansoku-Make: É aplicado em casos de
Essas formas de queda em questão não
infração grave. Na aplicação do hansoku-make, o
finalizam a luta, mas permitem ao lutador o acúmulo
lutador é expulso e a vitória de seu adversário é
de pontos para vencê-la.
declarada.
Pontuação no judô
Durante a luta, o árbitro pode fazer uma
Durante a luta, o objetivo é derrubar ou interrupção para aplicar penalidades ou advertências
imobilizar o adversário. Para confirmar a efetividade aos competidores, caso eles não respeitem as regras
dos golpes e movimentos, o árbitro os classifica em do judô. Um judoca é penalizado nas seguintes
três tipos de pontuação: situações:
– Ippon: pontuação mais alta do judô. – Falta de combatividade: o competidor não
Quando um judoca aplica um ippon, a luta é demonstra esforço em tentar derrubar o adversário e
imediatamente encerrada e o competidor vence fica apenas se esquivando;
automaticamente a disputa. Um judoca consegue
– Desarrumar o judogui (kimono)
um ippon quando:
propositadamente, para que o árbitro interrompa a
a) Imobiliza um oponente por 20 segundos; luta;
ou
– Colocar os dedos por dentro das mangas
b) Ao ser imobilizado, o oponente anuncia do adversário;
desistência, batendo a mão duas vezes no tatame
– Colocar mãos, pés ou pernas diretamente
ou de forma verbal; ou
no rosto do oponente;
c) Aplica uma técnica de queda que o
– Tentar uma imobilização envolvendo a
árbitro considera possuir três elementos: induz a
cabeça ou pescoço do adversário.
queda de costas no adversário, possui força e
velocidade. A cada infração, o judoca acumula um shido,
considerado apenas uma advertência.
– Wazari: segunda pontuação do judô. O
acúmulo de dois wazari durante uma luta é Entretanto, dois shidos garantem ao
equivalente a um ippon, fazendo com que o adversário um yuko. Três, um wazari. Quatro shidos
competidor vença o confronto automaticamente. dão ao adversário um ippon, encerrando a luta.
Um judoca consegue um wazari quando: PS: Caso um judoca tenha pontuado um
wazari e seu adversário sofra três shidos, ele
a) Imobiliza um oponente por mais de 15
acumulará dois wazari, que equivalem a um ippon,
segundos e menos de 20 segundos; ou
vencendo a luta.
b) Derruba o oponente, porém o árbitro
Existem ainda infrações mais graves,
considera que um elemento do ippon (queda de
chamadas de hansoku make. Tal tipo de penalidade
costas, força e velocidade) não foi exercido
dá a vitória direta ao adversário e exclui do torneio o
corretamente durante a técnica.
competidor que a causou. Um judoca pode receber
– Yuko: a menor pontuação que pode ser um hansoku make se:
conseguida na luta, que serve como desempate ao
– Ofender ou discutir com o árbitro da luta;
final dos cinco minutos de disputa. Um judoca
consegue um yuko quando: – Agredir o adversário, colocando em risco
sua integridade física;
a) Imobiliza um oponente por mais de 10 e
menos de 15 segundos; ou – Utilizar objetos por baixo do judogui.
b) Derruba o oponente, porém o árbitro
considera que dois elementos do ippon (queda de
costas, força e velocidade) não foram exercidos
corretamente durante a técnica.

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EDUCAÇÃO FÍSICA
MODALIDADES DE COMPETIÇÃO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DOS
FUNDAMENTOS NA ESCOLA
Categorias do Judô
No Brasil o judô é um dos esportes de lutas
Masculino
mais praticados (ARTIOLI, FRANCHINI e JUNIOR
- Ligeiro: até 60 quilos 2006). O judô é uma modalidade esportiva
amplamente praticada no Brasil, de característica
- Meio-leve: até 66 quilos
intermitente, derivado do antigo Ju-jutsu, criado pelo
- Leve: até 73 quilos mestre Jigoro Kano. O atleta de judô é caracterizado
quanto ao consumo máximo de oxigênio, à força, à
- Meio-médio: até 81 quilos resistência muscular localizada, à flexibilidade e tipo
- Médio: até 90 quilos de fibra muscular (PREUX e GUERRA 2006). Com o
equilíbrio corporal alcançado o indivíduo atinge o
- Meio-pesado: até 100 quilos equilíbrio mental.
- Pesado: mais de 100 quilos De acordo com os dados de Choma et al
Feminino 1998, a redução rápida de peso prejudica a memória
de curta duração e propicia um estado mental mais
- Ligeiro: até 48 quilos negativo quando são comparados com jovens da
- Meio-leve: até 52 quilos mesma idade que não praticam perda de peso
(ARTIOLI, FRANCHINI e JUNIOR 2006). Isso nos
- Leve: até 57 quilos levou a pensar no estado mental de indivíduos
- Meio-médio: até 63 quilos sedentários que pela sua situação se vêem ou num
estado de nutrição debilitado ou se encontram
- Médio: até 70 quilos obesos ou próximos da obesidade, o que leva a uma
- Meio-pesado: até 78 quilos dificuldade de concentração e atrapalha o
desenvolvimento cognitivo.
- Pesado: mais de 78 quilos
Criado com a intenção de ampliar e
CATEGORIAS DE PESO E FAIXAS ETÁRIAS aprofundar um debate educacional que envolva
escolas, pais, governos e sociedade e dê origem a
uma transformação positiva no sistema educativo
brasileiro, os Parâmetros Curriculares Nacionais
propõem que, as lutas estejam contempladas no
currículo escolar a fim de discipliná-los e contribuir
para sua formação pessoal. Propõem também que os
conteúdos atitudinais se façam presentes nas aulas,
pois eles apresentam-se como objetos de ensino e
aprendizagem, e apontam para a necessidade de o
aluno vivenciá-los de modo concreto no cotidiano,
buscando minimizar a construção de valores e
atitudes por meio do currículo oculto (BRASIL, 1998,
p.5, p.19, p.70).
O processo motivacional é uma função
dinamizadora da aprendizagem. Os motivos
canalizam as informações percebidas na direção do
comportamento. Para Nietzche, todo conhecimento
nada mais representa do que a realização de uma
vontade, que se revela como uma aspiração
potencial. A aprendizagem esta ligada a um processo
de mudança. Assim podem ser incluídos no campo
de aprendizagem não apenas conhecimentos e
habilidades, mas também preferências, preconceitos
e relações afetivas (TRESCA & DE ROSE 2000) e
como o aprendizado depende de motivação isso nos
leva a acreditar que praticantes de atividades físicas
e atletas têm um desempenho educacional melhor do
que sedentários por terem uma motivação maior,
desenvolverem mais suas habilidades suas
preferências e terem mais relações afetivas, que são
naturais em ambientes de praticas esportivas.
De acordo com TRESCA & DE ROSE 2000
qualitativamente indivíduos que praticam alguma

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EDUCAÇÃO FÍSICA
atividade física tem um aprendizado mais rico por A palavra Judô é composta por dois
aspectos que permitem maiores oportunidades para ideogramas japoneses, sendo que, “JU” significa
a manutenção da motivação e um campo propício agilidade, não resistência, suavidade e “DÔ” significa
para aprendizagens mais significativas, que via, caminho, ou seja, a palavra Judô pode ser
contribuem na estrutura psicológica do educando. traduzida em Caminho Suave. Para Peruca (1996),
Judô pode ser traduzido com a frase “Gentileza é
Laserre (1969) entende que o judô é um
mais importante que obstinação”.
esporte que pode ser considerado como uma arte e
uma filosofia, e que sua prática exercita e estimula Essa busca pelo "Caminho Suave", do Judô,
as faculdades físicas e mentais. caracteriza um processo progressivo e contínuo mas
não uniforme, individualizado mas com um
Para Derbabiux e Blaya (2002), os
condicionante social, específico mas com influência
principais fatores psicológicos que levam a prever o
geral no desenvolvimento do ser humano e de suas
mau comportamento são: a hiperatividade, a
atividades cotidianas. (CARVALHO 1995)
impulsividade, o controle comportamental e
problemas de atenção. Judô no ambiente escolar
Pode-se dizer que o judô é um esporte que De acordo com Pina (2005) a dimensão
pode ser considerado um dos mais completos, pois conceitual no Judô pode ser trabalhada juntamente
filosoficamente seus princípios e sua disciplina com os alunos no aprofundamento do conhecimento
complementam o trabalho, que permite um das bases teóricas em que se apóia a prática e a
desenvolvimento global do indivíduo (CRUZ e importância dos exercícios que devem ser
MARCON). executados antes dos combates para se evitar lesões
e acidentes, a dimensão atitudinal pode abranger
Breve histórico do judô
instruções acerca da eliminação de estereótipos
O Judô é uma arte marcial com raízes sociais, disposições favoráveis a auto-estima e auto-
nipônicas criada em 1882 pelo professor Jigoro valorização, conscientização do Judô como prática
Kano. Homem de baixa estatura, franzino e pouco desportiva com grandes virtudes formadoras e a
avantajado fisicamente, começou a praticar o ju- dimensão procedimental engloba a aprendizagem
jitsu aos 18 anos pelo propósito de não ser dos exercícios da luta em geral e execuções corretas
dominado por sua fraqueza física. Desenvolveu um dos mesmos.
estilo de luta a partir do Ju-Jitsu, eliminando os
O Mestre Jigoro Kano com seus princípios da
golpes mais lesivos como socos e pontapés
formação educacional dos alunos, demonstrou que
(SHIOZAWA, 1999). Graduado em filosofia pela
com um trato pedagógico bem assimilado, pode dar
Universidade Imperial de Tóquio, observou que
até mesmo a uma luta, o caráter educativo, com
suas técnicas poderiam ter valor educativo na
finalidades e objetivos pertinentes ao processo de
preparação dos jovens, oferecendo a eles a
formação (QUEIROZ, et al).
oportunidade de aprimoramento do seu
autodomínio para superar a própria limitação Esta modalidade tem como meta principal, a
(Virgílio 2000). Jigoro Kano tentava dar maior procura de um equilíbrio entre o corpo e a mente em
expressão à lenda de origem do estilo Yoshin-Ryu situação de combate. Desta maneira valorizam-se o
(Escola do Coração de Salgueiro), esta se baseava respeito pelo ser humano, o raciocínio e a
no princípio de “ceder para vencer”, utilizando a não coordenação motora. É uma modalidade completa,
resistência para controlar, desequilibrar e vencer o onde todo o corpo trabalha formando um equilíbrio
adversário com o mínimo de esforço. muscular. As atividades aplicadas devem ser alegres,
divertidas, onde as crianças sintam prazer em
Diz a lenda que durante uma caminhada
praticá-las, o Judô nesta fase deve ser trabalhado de
nos bosques nevados do Japão, o mestre parou
forma lúdica, sem cobrança de desempenho ou
para observar um salgueiro que era atingido pela
resultados. O importante é o contato inicial com a
neve. Percebeu que enquanto os galhos mais
modalidade. Os equipamentos, vestuários e recursos
grossos acumulavam a neve e depois de um tempo
indispensáveis à prática do Judô competitivo, podem
se quebravam, os galhos mais finos e flexíveis
ser adaptados para as aulas na escola. O tatame
simplesmente se dobravam e deixavam a neve
(piso para o Judô), e o judogui (vestimenta
escorrer, mantendo-se intactos.
específica) podem ser substituídos por outros
Felizmente o Judô foi criado por Jigoro materiais que amorteçam as quedas e roupas
Kano, que foi muito ligado à Educação no Japão. comuns sem que se perca o objetivo do ensino nas
Dentre seus feitos, incluiu a própria Educação aulas.
Física na grade curricular das escolas quando foi
A prática de artes marciais nas escolas sofre
secretário de Educação (Virgílio, 1986).
resistência por parte dos professores regentes e
Ele aprofundou seus conhecimentos coordenação pedagógica por motivos relacionados à
tomando como base a força e a racionalidade. Além “mítica” criada em torno do esporte, violência, mau
disso, criou novas técnicas para o treinamento de comportamento e complexidade, a falta de material
esportes competitivos, mas também pelo cultivo do adequado e o alto preço desses materiais também
caráter. dificultam o trabalho desses esportes pelos
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EDUCAÇÃO FÍSICA
professores de Educação Física, e os professores  PERUCA, Ângelo. Judô: Metodologia
de Educação Física não possuírem formação da participação. Londrina: Lido, 1996.
adequada nem conhecimento de esportes de lutas
e o desconhecimento por parte dos profissionais da  PIÑA, María Dolores Jurado. El judo
Educação além do não conhecimento dos y las actividades de lucha dentro del área de
benefícios físicos e cognitivos são as principais Educación Física. EFDeportes.com, Revista Digital.
causas que levam os estabelecimentos de ensino a Buenos Aires, Ano 10 - N° 85, Junho 2005.
não incluírem os esportes de lutas em seus planos http://www.efdeportes.com/efd85/judo.htm
de ensino da Educação Física.  QUEIROZ, Élen Vilarino et al. Judô
Os conteúdos propostos para a em suas dimensões intelectuais, morais e físicas: um
Educação Física devem proporcionar aos alunos componente valioso para o processo de ensino-
reflexão e discussão acerca da prática corporal aprendizagem na Educação Física Escolar.
numa perspectiva transformadora e crítica da  SANTOS, Benedito N. A. Judô o
realidade. Os professores devem trabalhar com Caminho Suave. São Paulo, 1975.
conteúdos que abordem dimensões conceituais,
procedimentais e atitudinais, pois na escola não se  SHIOZAWA, Lhofei. Manual de Judô
ensina apenas conceito e fato, mas também Nikkei Sport Center. Goiânia, 1999.
habilidades, técnicas, atitudes, normas e valores.
Na prática pedagógica da Educação
Física escolar, devemos analisar e propor uma
série de conteúdos que condizem com os objetivos
da disciplina. Ao citar e propor o Judô e a sua
aplicação na escola, entendemos que este pode
contribuir com o processo de ensino-aprendizagem,
favorecendo o desenvolvimento físico e mental da
criança, auxiliando em seu desenvolvimento
intelectual e no desenvolvimento escolar.
Referencias bibliográficas
 ARTIOLI, Guilherme A.
FRANCHINI, Emerson & JUNIOR, Antonio H. L.
Perda de peso em esportes e combate de domínio:
Revisão e recomendações aplicadas, 2006.
 BAPTISTA, Carlos Fernando dos
Santos. Judô da escola a competição. 3. ed. Rio de
Janeiro: Sprint, 2003.
 CALLEJA, Carlos Catalano.
Caderno Técnico-Didático: Judô. Ministério da
Educação Cultura, Brasil, 1982.
 CORIA-SABINI, M. A. Psicologia
aplicada a educação. São Paulo, EPU, 1986.
 CRUZ, Giovani e MARCON, Daniel,
A influência da prática do judô na formação
atitudinal das Crianças e seu reflexo no contexto
escolar. Caxias do Sul.
 DE PREUX, Cristiano G. dos
Santos & GUERRA, Tasso Coimbra. Perfil da
Aptidão Física de praticantes de judô do Centro
Universitário do Leste de Minas Gerais, 2006.
 LORENZETT, E. L. & KALININE, I,
Determinação das peculiaridades tipológicas
básicas do sistema nervoso central e índices
dermatoglíficas nos atletas do judô. Campos,
Concórdia.
 PENNA, A. G. Aprendizagem e
motivação. Rio de Janeiro, Zahar, 1980.

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EDUCAÇÃO FÍSICA
A competição de KT visa principalmente
testar corretamente a si mesmo com o propósito de
desenvolvimento futuro. Ciente deste objetivo, a
REGRAS BÁSICAS competição do KT deve promover a experiência e
orientação necessária para que o atleta busque o seu
Informações básicas sobre este esporte: auto desenvolvimento. Do mesmo modo, o respeito
O karatê , que traduzindo para português mútuo e mentalidade aberta devem também serem
significa “caminho da mão vazia” é uma arte marcial fatores presentes entre os participantes. Os
que tem origem na mescla do Kung Fu chinês e de oponentes devem respeitar um ao outro, da mesma
lutas da Ilha Ryukuy. maneira quanto aos árbitros, médicos, mesários e
todos envolvidos no evento, de tal forma que cada
No karatê utiliza-se socos, chutes, um tenha a oportunidade de se aprimorar;
joelhadas, cotoveladas e golpes com a palma da
mão aberta. Também existem golpes de defesa e Art.4º) DA COORDENAÇÃO GERAL
de ataque em regiões vitais. A Confederação Brasileira de Karatê-Dô
O treino do Karatê pode ser divido em três Tradicional-CBKT, será a promotora (coordenadora
fases: geral) de todas as competições de nível nacional ou
internacional (da modalidade) no Brasil, portanto,
Kihon (fundamentos): estudo dos qualquer pessoa ou entidade que pretender realizar
movimentos básicos; qualquer evento inclusive apresentações com esta
Kata (padrão de luta): é um luta contra um abrangência deverá ter primeiro a aprovação desta
inimigo imaginário, onde realiza-se uma série de Confederação;
golpes em seqüências fixas (como passos de uma Art.5º) DOS OBJETIVOS
dança);
As competições de KT, tem por objetivo o
Kumite (encontro de mãos): é a luta congraçamento entre as entidades e órgãos
propriamente dita, com regras e tudo mais. envolvidos com este e outros esportes; através de
Regras do karatê profissional: seus dirigentes, representantes, árbitros, delegados,
atletas, pais, colaboradores e autoridades,
Art.1º) PROPÓSITO DAS REGRAS estimulando a prática do esporte e contribuindo para
A CBKT reuniu estas regras gerais, a formação integral, principalmente da criança nos
identificando as particularidades especificas para o aspectos bio-psico-social;
Campeonato Brasileiro Júnior/Juvenil, com a Art.6º) DO REGULAMENTO GERAL
finalidade de atender o mínimo necessário para o
crescimento do Karatê-Dô Tradicional no BRASIL, O Regulamento Geral é o conjunto de
complementando as existentes sancionadas pela normas que regerá as competições do Karatê
ITKF; Tradicional.
Art.2º) DEFINIÇÃO DO KARATE Os atletas, técnicos, delegados, enfim, todos
TRADICIONAL os participantes e envolvidos no evento, serão
considerados conhecedores das normas sancionadas
Karatê Tradicional (KT) se baseia na pela CBKT e ITKF e das particularidades adotadas
utilização do corpo humano para capacitar o especificamente para cada caso, assim submeter-se-
praticante a descobrir no seu corpo o mais ão sem ressalva alguma a todas as conseqüências
completo desenvolvimento físico e mental através que possam emanar.
de técnicas de auto defesa.
Art.7º) DA PARTICIPAÇÃO E INSCRIÇÃO
As técnicas do KT estão focalizadas no
controle mental/físico e habilidade na concentração Poderão se inscrever para participar das
da energia total do corpo; competições do KT, as entidades ou atletas
especificados no oficio específico do evento e para
Art.3º) DAS FINALIDADES E DEFINIÇÃO aquelas entidades ou atletas que possuírem vínculo
DO KARATE DE COMPETIÇÃO com a CBKT ou filiadas, deverão estar regulares
As competições de Karatê-Dô Tradicional junto as mesmas e atenderem todas as orientações e
tem como finalidade principal reunir adultos, jovens exigências emitidas pela Comissão Organizadora,
e crianças, praticantes desta arte milenar oriundas previamente aprovadas pela CBKT.
de todos os níveis sociais, cidades e estados, em Será obrigatório a participação de todos os
uma competição esportiva de auto nível para que atletas inscritos para o campeonato, nos desfiles e
possam desenvolver e demonstrar suas habilidades solenidade de abertura e encerramento que
e assim descobrir novos valores para o nosso acontecerão a partir da hora e local especificado para
esporte, além de promover a integração social, cada evento, podendo a entidade perder pontos na
trocas de informações e culturas. contagem geral conforme especificado pela
organização do evento;

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EDUCAÇÃO FÍSICA
Art.8º) DAS PARTICULARIDADES Caso ocorra empate nas semifinais e ou
finais, o critério de desempate será primeiro a
Nas modalidades de Kata Equipe e En bu,
somatória de todas as notas e caso persista o
qualquer atleta poderá subir de categoria, ou seja,
empate, deverá ser executado Kata diferente do
competir em uma faixa etária superior a sua. Esta
apresentado. Se ocorrer na semifinal, o atleta ou a
flexibilidade não dá o direito de participação
equipe poderá inclusive executar o mesmo que será
múltipla, competir por exemplo; Kata Equipe na sua
apresentado na final.
categoria e também Kata Equipe em outra categoria
acima, En bu na sua categoria e En bu em outra Nas modalidade de Kata Equipe e Individual,
categoria acima. É legal a participação por exemplo categorias a partir de 14 anos, deverão executar na
de Kata Equipe na sua categoria e En bu em final kata diferente do que foi apresentado na
categoria acima de sua idade; semifinal e no caso de equipe; demonstrar a
aplicação. A pontuação total para as disputas
Nas modalidades de Kata Individual, Kumitê
individuais será o somatório das notas (semifinal +
e Fuku-go, não será permitido subir de categoria,
final) e para o caso de disputas por equipe será
ou seja o atleta só pode competir nas categorias
(semifinal + final + aplicação);
correspondente à sua idade;
Caso ocorra empate nas semifinais de equipe
Nenhum atleta poderá descer de categoria
ou individuais, o critério de desempate será primeiro
em qualquer modalidade, exceto, para as que
o somatório de todas as notas e caso persista o
fizerem aniversário no mês do evento (ex.: no dia
empate, deverá ser executado Kata diferente do
01/08 o atleta completará 16 anos e a competição
apresentado, podendo o atleta ou a equipe inclusive
acontecerá no dia 22/8, portanto, o atleta poderá
executar o mesmo que será apresentado na final;
optar em competir todas as modalidades na
categoria de 14 e 15 anos ou na categoria de 16 e Caso ocorra empate nas finais de disputas
17 anos). individuais, o critério de desempate será primeiro o
somatório de todas as notas e caso persista o
As eliminatórias de Kata Individual de todas
empate, deverá ser executado Kata diferente do
as categorias começarão por bandeiradas e o Kata
apresentado e no caso de disputas por equipes, o
solicitado deverá ser até no máximo o
critério de desempate será primeiro pela maior nota
imediatamente inferior ao exigido ao menos
da aplicação, e caso persista o empate será
graduado. Ex. competindo um faixa preta e um
considerado a somatória das seis notas originais da
roxa, o Kata deverá ser no máximo o Heian Godan),
aplicação e se ainda persistir o empate, as equipes
até sobrarem 08 (oito) atletas os quais deverão se
deverão executar kata diferente do apresentado na
juntar obrigatoriamente no mesmo Dojô onde
final sem aplicação;
disputarão por nota as semifinais. No caso de
atletas que forem apresentar kata que não seja do No caso de En-bu para as categorias até 13
estilo Shotokan, deverá ser notificado no ato da anos, o tempo sem penalidades será tolerado
inscrição e informar diretamente aos mesários 5”(cinco segundos) além do que determina as
antes de iniciar as disputas de sua categoria. Nas normas internacionais (Ex. Qualquer En-bu que
semifinais ficará definido o 3º e 4º colocados e os termine exatamente aos 50”(cinqüenta segundos) ou
dois primeiros colocados disputarão nas finais o 1º 1’10”(um minuto e dez segundos) e para as
lugar. categorias de 14 anos acima valerá as regras
internacionais, ou seja, de 55″(cinqüenta e cinco
Nas modalidades de Kata Equipe e
segundos a 1’05”(um minuto e cinco segundos),
Individual, categorias até 11 anos poderão repetir o
sendo tolerável os centésimos e milésimos de
mesmo Kata em todas as etapas inclusive finais e
segundos;
ainda não será considerado a nota da semifinal;
Na modalidade Fuku-go o Kata exigido
Caso ocorra empate nas semifinais e ou
deverá ser o KI-TEI;
finais, o critério de desempate será primeiro a
somatória de todas as notas e caso persista o Nas modalidades Kumitê Individual, Kumitê
empate, no caso de Equipe poderá repetir o mesmo Equipe e Fuku-go para as categorias até 17 anos,
kata e no caso de individual, deverá ser executado será terminantemente proibido o contato na área da
kata por bandeirada obedecendo o mesmo critério face (jyodan) sendo que tal contato, quando ocorrido,
das disputas nas eliminatórias por bandeiradas; independentemente do tipo da lesão(leve, moderado
ou forte) o atleta ou a equipe será penalizado com
Observação.: Nas modalidades de kata
Hansoku;
equipe e individual nas categorias até 11 anos o
desvio da posição original não devem ser A menção de ataque(finta) na área da face
consideradas; (jyodan) ocasionará Keikoku, ocorrendo pela
segunda vez resultará em Chuí e assim
Nas modalidades de Kata Equipe e
sucessivamente;
Individual, categoria de 12 e 13 anos, deverão
executar na final Kata diferente do que foi feito na Na modalidade de Kumitê e Fuku-go é
semifinal e a pontuação total será o somatório das obrigatório o uso do protetor bucal em todas as
notas (semifinal + final); categorias e para os atletas que usam aparelho na
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EDUCAÇÃO FÍSICA
parte inferior, deverão usar protetor superior e MODALIDADES DE COMPETIÇÃO
inferior. Para atletas do sexo feminino é obrigatório
Tipos de Competições e Pontuação
também o uso do protetor de seios, sendo que o
equipamento de proteção deverá ser de uso Tipos de Torneios
pessoal, portanto, de responsabilidade da atleta,
Os torneios são realizados em duas
academia ou federação a que é filiada;
modalidades, kata e kumite. Uma terceira
A graduação mínima para os atletas de modalidade, que outros enxergam como subdivisão
Kumitê e Fuku go deverá ser faixa verde (3º kyu), e da de kata, é a de bunkai.
a comprovação será pelo passaporte da CBKT;
Na competição de kata, pontos são
O uso de adereços, ataduras ou protetores concedidos por cinco juízes, de acordo com a
não oficiais, somente poderão ser utilizados qualidade do desempenho do atleta, de maneira
mediante aprovação da corte de juizes; análoga à ginástica olímpica. São critérios
fundamentais para uma boa performance a correta
A indumentária a ser utilizada deverá ser
execução dos movimentos e a interpretação pessoal
oficial da ITKF padronizada e regulamentada e
do kata através da variação de velocidade dos
cada árbitro deverá apresentar-se com seu próprio
movimentos (bunkai). Quando o kata é executado em
Hakama, livro de regras e apito;
grupo (usualmente, de três atletas), também é
O CAMPEÃO GERAL será definido pela importante a sincronização dos movimentos entre os
somatória de pontos conquistados em cada componentes do grupo.
modalidade disputada.
No kumite, dois oponentes (ou duas equipes
de lutadores) enfrentam-se por um tempo, que pode
variar de dois a cinco minutos. Pontos são
concedidos tanto pela técnica quanto pela área do
corpo em que os golpes são desferidos. As técnicas
permitidas e os pontos permissíveis de serem
atacados variam de estilo para estilo. Além disso, o
kumite pode ser de semi-contato (como no estilo
Shotokan), ou de contato direto (como no estilo
Kyokushin).
Tabela de pontuação utilizada pela
Confederação Brasileira de Karate-do - CBK, e
entidades a ela filiadas, válida a partir de janeiro
de 2012:
Yuko (equivalente a um ponto) - soco na área
do abdome, do peito, do rosto ou costas.
Wazari (equivalente a dois pontos) - chute na área
das costas; chute na área do abdome ou do peito;
chute nas laterais do tronco.
Ippon (equivalente a três pontos) - chute na
cabeça ou nas laterais do pescoço, com contato
rigorosamente controlado (ou, dependendo da
categoria em disputa, com aproximação de 5 cm a 10
cm, desde que o oponente não esboce reação),
independentemente do oponente estar caído ou não;
aplicar uma técnica pontuável no oponente
completamente caído e sem chances de contra-
atacar, num intervalo de até 2 segundos,
independentemente de ter caído por si só ou ter sido
derrubado com técnica de varredura ou projeção.
O Caratê ou Karatê é uma arte marcial
japonesa, que consiste em golpes como soco,
pontapé, joelhada, além de técnicas de bloqueio e
imobilização. As categorias são denominadas
Kumite. Sendo Juvenil de 12 a 13 anos, Cadete de
14 a 15 anos, Juniores de 16 a 17 anos e Seniores
maior ou igual a 18 anos. Conforme quadro:

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EDUCAÇÃO FÍSICA
Categorias Peso PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DOS
FUNDAMENTOS NA ESCOLA
Juvenil Menos de 40 Kg
O Karatê-Dô é um conhecimento que pode
Juvenil Menos de 45 Kg estar presente nas escolas de educação básica,
mais precisamente no Conteúdo Estruturante
Juvenil Menos de 50 Kg Lutas, na disciplina de Educação Física. Justifica-se
a modalidade de luta como um importante saber pois
Juvenil Menos de 55 Kg
é uma manifestação cultural, que contribui para a
Juvenil Menos de 60 Kg aquisição de conhecimentos e prepara o estudante
para o convívio na sociedade. O Karatê é uma arte
Juvenil Mais de 60 Kg marcial que deve ser compreendida nos aspectos
técnicos, históricos, sociais, políticos, econômicos e
Juniores Menos de 61 Kg
culturais.
Juniores Menos de 68 Kg
Os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN
Juniores Menos de 76 Kg caracterizam o conteúdo estruturante lutas como:

Juniores Mais de 76 Kg Disputas em que o(s) oponente(s) deve(m)


ser subjugado(s), com técnicas e estratégias de
Cadete Menos de 52 Kg desequilíbrio, contusão, imobilização ou exclusão
de um determinado espaço nacombinação de
Cadete Menos de 57 Kg ações de ataque e defesa. Caracterizam-se por uma
Cadete Menos de 63 Kg regulamentação específica a fim de punir atitudes
de violência e de deslealdade. Podem ser citados
Cadete Menos de 70 Kg como exemplos de lutas desde as brincadeiras de
cabo-de-guerra e braço-de- ferro até as práticas
Cadete Mais de 70 Kg mais complexas da capoeira, do judô e do caratê.
Seniores Menos de 67 Kg (BRASIL, 1998, p.70)

Seniores Menos de 75 Kg Mesmo sendo exigido o ensino do Conteúdo


Estruturante Lutas nas aulas de Educação Física
Seniores Menos de 84 Kg Escolar, não é o que vem acontecendo,
necessitando de uma inclusão no currículo uma
Seniores Mais de 84 Kg vez que os conteúdos precisam ser ensinados em
uma proporção igual. No entanto, evidencia-se nas
aulas a predominância da prática esportiva, jogos
e brincadeiras com o objetivo de regulação e
controle das atividades motoras com ênfase no
condicionamento e desenvolvimento de capacidades
físico-motora.
É raro presenciar a luta especificamente o
Karatê nas aulas de Educação Física, e isso
possivelmente ocorre por diversos motivos: a falta de
professores capacitados em ensinar tal conteúdo
estruturante em relação as técnicas para a execução,
a falta de materiais e espaço para a prática do
Karatê, o preconceito pelo motivo das lutas estarem
vinculados a ação de violência, e a falta dos saberes
necessários para o ensinamento desta arte marcial
(PRADO, 2009) sendo este último motivo o
problematização deste presente estudo.
Além da questão dos saberes necessários
para o ensinamento do Karatê-Dô nas aulas de
Educação Física, é preocupante o conhecimento que
os alunos devem adquirir com tal ensinamento. Para
a compreensão desta arte marcial, a perspectiva
deste estudo se embasa na Ciência da
Motricidade Humana.
A Ciência da Motricidade Humana, tendo o
português Manuel Sérgio como precursor, quando
deparada com a atual situação da Educação
Física, na qual se evidencia o dualismo cartesiano

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EDUCAÇÃO FÍSICA
(dicotomia corpo/mente) e sem um objeto de estudo denominadas de Te (no dialeto de Okinawa, “Ti”, e
definido, tem como proposta um corte do japonês “mãos”). Os golpes baseavam-se em
epistemológico do paradigma clássico (cartesiano). empurrões, técnicas de agarramento, batidas de
Tal ciência tem como objetivo resolver os ombro, punho e pés, e utilizavam-se de enxadas,
problemas ontológicos e epistemológicos da batedores de arroz, varas, foices, e outras
Educação Física tradicional. ferramentas rurais (FROSI E MAZO, 2011).
Quando relacionado tal ciência com o Neste período, Okinawa ainda mantinha
ensino do Karatê-Dô nas aulas de Educação relações com a China, mais precisamente na
Física, existe uma relação que integra província de Fukien, no sul do país. Funakoshi
dialogicamente todos esses aspectos, sempre (2013) conta que os habitantes da ilha eram
enaltecendo o sentido e o significado tanto supervisionados constantemente pelos chineses e
dosmovimentos na prática quanto na teoria (práxis). que provavelmente o Kempo (boxe) chinês foi
É importante e necessário existir uma articulação introduzido nas ilhas de Okinawa durante o
dos conhecimentos teóricos e práticos, pois Sapposhi (visitas diplomáticas). Assim, o Te
somente o ser práxico, é capaz de realizar esse desenvolvido pelos heimins/camponeses e
vínculo, entre o fazer e saber fazer. apropriados pelos peichins/guerreiros mesclou-se
com o Kempo, originando o To-de (da
Desta forma, as questões levantadas para
pronuncia nativa de Okinawa, e do japonês
esta pesquisa foram: Quais saberes do Karatê-Dô
Karatê).No ano de 1868 o Japão passava por uma
devem ser ensinados nas escolas? Qual o
propósito de ensinar estes saberes nas aulas de transição de regime político, a Era Meiji 1. Significou a
Educação Física? extinção do regime do Xogunato (espécie de governo
militar) junto aos samurais, que tinham um prestigio
A partir dessas inquietações, o presente considerável na sociedade japonesa tradicional, e a
estudo organizou e sistematizou os saberes/fazeres posse do poder sobre o país por parte do imperador
do Conteúdo Estruturante Lutas, especificamente o japonês. (FUNAKOSHI, 2013). Neste mesmo ano da
Karatê, a serem ensinados no âmbito da Educação Era Meiji, nascia, Gichin Funakoshi, a responsável
Física Escolar (Ensino Fundamental e Médio). pelo desenvolvimento do Karatê conhecido hoje.
A ORGANIZAÇÃO DOS SABERES E DOS
FAZERES DO KARATÊ-DÔ No ano de 1921, o Príncipe Hirohito 2, fez
uma viagem com destino à Europa e uma de suas
HISTÓRIA DO KARATÊ-DÔ escalas foi Okinawa. Nesta parada, o príncipe
Para compreender o Karatê-Dô enquanto assistiu a uma apresentação de Karatê organizado e
um saber da Educação Física para a formação do dirigido pelo mestre Gichin Funakoshi.
estudante é necessário saber a gênese desta arte Dessa forma o Funakoshi recebeu um
marcial e seu processo histórico até os dias convite do Príncipe Hirohito para demonstrar o To-de/
contemporâneos, pois segundo Cartaxo (2001, p. Karatê publicamente em maio de 1922 durante a
165) “É importante conhecer as lutas em todos os Exibição Atlética Nacional na cidade de Tóquio.
aspectos, não somente a sua aplicabilidade (NAKAYAMA, 2012). A partir desta demonstração,
técnica, mas também suas histórias e suas Funakoshi não retornou mais à Okinawa, pois
culturas”. constantemente recebia convites para que
As referencias utilizadas para este primeiro apresentasse essa arte marcial para o público.
saber são estudos de pesquisadores que se Dessa forma o Karatê foi introduzido no
dedicaram para explicitar vários aspectos tais como Japão e mais tarde internacionalizou-se para o
a historicidade, os valores e princípios filosóficos e mundo inteiro, devido às frequentes guerras,
a prática pedagógica do referido objeto de estudo. especificamente a Segunda Guerra Mundial.
Diversos mestres desta arte como Gichin Existem diversas histórias relacionadas à
Funakoshi, Masatoshi Nakayama, Norio Haritani e origem do Karatê-Dô no Brasil. Alguns autores
Shugoro Nakazato também escreveram sobre a explicam que essa arte chegou ao país brasileiro
história do Karatê a partir de suas próprias em 1908 junto com os imigrantes no navio
experiências. Kasato Maru. Outros contam que a introdução do
O Karatê-Dô originou-se na cidade de Karatê ocorreu após a Segunda Guerra Mundial na
Okinawa por volta do século XIV na época feudal. década de 50. Dessa maneira, é necessário que as
Neste período, Okinawa era um reino duas vertentes sobre a origem sejam apresentadas,
independente, nomeado de Reino de Ryukyu pois indicam registros históricos.
(FUNAKOSHI, 2013). O reino era dividido por As histórias referentes ao ano de 1908 da
castas sociais, sendo que embates entre a classe chegada do navio Kasato Maru com imigrantes
guerreira (peichins) e camponesa (heimins) sempre japoneses ao solo brasileiro não possuem clareza e
existiam. Dessa forma, os camponeses nem certeza. Acredita-se que existia algum praticante
desenvolveram técnicas para que pudessem se da arte do Karatê entres os japoneses que
defender da tirania. Essas técnicas foram embarcaram no Brasil, mas essa arte não se difundiu

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EDUCAÇÃO FÍSICA
até o momento que outros mestres vieram ao país o kata é como uma luta que o praticante
na década de 50. realiza contra diversos adversários imaginários. Cada
kata tem seu próprio nome e um criador, não
O número de escolas de Karatê aumentava
necessariamente conhecido, que nele expressava
a cada ano que se passava e os principais estilos
suas preferencias técnicas para a luta. Os kata
praticados pelo Brasil eram Shotokan, Wado- Ryu,
modificam-se com o passar do tempo de acordo,
Goju-Ryu, Shorin-Ryu e Shito-Ryu.
principalmente, com os estilos dos que os praticam.
Atualmente o Karatê não está incluído no Para o observador externo, o kata é uma sequência
programa dos Jogos Olímpicos e é significativa a de vários golpes e defesas em movimentos ritmado,
busca por essa conquista, pensando-se no Karatê através dos quais se nota uma intensa
enquanto competição, pois é uma maneira de concentração no praticante. (BARREIRA E MASSIMI,
reconhecimento dessa luta diante da popularidade 2006, p. 88).
de outros esportes como futebol, basquetebol,
Da mesma forma que o Kihon possui suas
voleibol, handebol, entre outros.
particularidades dependendo dos estilos
ASPECTOS TÉCNICOS DO KARATÊ-DÔ existentes, o Kata não é diferente. É notável
que existem certas similaridades em alguns
O ensino dos aspectos técnicos do Karatê movimentos realizados nos Kata de um estilo para o
pode ser dividido basicamente em três momentos,
outro, no entanto, o nome e as técnicas dependem
sendo considerado a tríade fundamental desta arte, da linhagem do estilo, seja de Naha, Shuri ou Tomari
nomeadamente: Kihon, Kata e Kumitê. (LOPES
(as três principais cidades na qual o Karatê era
FILHO, FROSI E LIMA, 2013). Para esta
praticado em Okinawa). (CAMPS E CEREZO, 2005).
pesquisa, deteremos a estudar as técnicas do
Karatê em geral sem a distinção dos estilos. Os Katas podem ser dividos conforme a sua
complexidade de execução, indiferentemente dos
KIHON - 基本 - OS FUNDAMENTOS DO estilos. Camps e Cerezo (2005) explicam que
KARATÊ-DÔ existem três categorias: 1) Katas elementares; 2)
Katas avançados; 3) Katas superiores. No entanto,
Kihon, do japonês, significa fundamento as categorias referentes aos Katas avançados e
ou básico, entendido também como escola superiores podem ser entendidas como uma
primária (GUIMARÃES E GUIMARÃES, 2002). categoria, sem separá-las.
Baseia-se no conjunto de movimentos básicos do
Karatê-Dô, como técnicas de ataques e bloqueios O mestre Gichin Funakoshi explica em uma
utilizando pés, mãos, cotovelos, braços, joelhos, e de suas obras que sem a cortesia, o Karatê-Dô
também abrange todas as posturas existentes perde o seu espírito. Por isso, ao realizar
nesta arte marcial. É considerado o pilar principal qualquer Kata, o indivíduo deve inicia-lo com
para o aprendizado dos Kata e do Kumitê. uma reverência e finalizar da mesma forma.Dessa
forma, o ensino deste segundo pilar essencial para o
Cada estilo de Karatê-Dô possui suas aprendizado do Karatê-Dô, o Kata, deve ocorrer para
particularidades referente as técnicas básicas além da execução por sí só. O estudante precisa se
devido à linhagem seguida desde os tempos de conscientizar do motivo de estar realizando cada
Okinawa (Shuri-Te, Naha-Te e Tomari-Te). defesa, ataque e movimento. Além do aprendizado
Dessa forma, a nomenclatura de alguns técnico, o docente tem que ressaltar a questão
movimentos podem variar devido ao conhecimento disciplinar, como a reverência e a cortesia para além
dos diferentes mestres da época antiga, que assim do Kata, ou seja, para todo momento da vida.
foi preservado até os dias atuais. Deve ser
ensinado aos estudantes que mesmo havendo KUMITÊ - 組手 – ENCONTRO DAS MÃOS
diferentes nomenclaturas para uma mesma técnica,
não se perde a essência e a utilidade prática.O O terceiro pilar do ensino da arte do
Kihon é um método de aprendizado no qual estuda- Karatê-Dô é o Kumitê. Kanazawa (2010) explica
se cada movimento ou golpe de maneira individual. que o kumitê “refere-se ao livre intercâmbio de
Dessa maneira, esse momento é entendido como técnicas ofensivas e defensivas contra um
fundamental para qualquer prática explicitada nos adversário” (KANAZAWA, 2010, p.
tópicos abaixos.
99). Funakoshi (1973) explica que o Kumitê é
KATA - 型 – FORMAS a forma de se aplicar técnicas de ataque e defesa
praticadas no Kata em condições e adversários reais
O Kata abrange os fundamentos na qual um karateka 3 aplica técnicas ofensivas e o
praticados no Kihon organizados em uma série outro, técnicas defensivas.
pré-determinada e aplicados imaginando-se
diversos adversários. (LOPES FILHO, FROSI E Guimarães e Guimarães (2002) associam o
LIMA, 2013). Kihon e o Kata com o momento de afiar uma espada,
e o Kumitê com o momento de usar essa espada
Segundo Barreira e Massimi (2006) afiada.

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EDUCAÇÃO FÍSICA
Para realizar o Kumitê nas aulas de Cada homem possui sua própria
Educação Física é fundamental a supervisão do complexidade, seus próprios sonhos, seus próprios
docente para conter qualquer espírito de agressão objetivos, sua própria historia. Dessa maneira, é
ou violência entre os estudantes pois o sentido do tarefa do professor proporcionar uma troca de
aprendizado do Karatê-Dô é o desenvolvimento do conhecimento com os estudantes de modo que tal
autocontrole seja durante o combate ou em aprendizagem tenha um sentido e significado para a
qualquer momento da vida. A tomada de decisão vida de cada um.Na teoria da Motricidade Humana,
visada durante um combate é um aspecto essencial o ser práxico é aquele que além de realizar a ação,
para a educação e formação do estudante possui consciência e decisão ao atuar, é aquele que
enquanto sujeitos autônomos em uma sociedade, intencionalmente toma as próprias decisões para
pois espera-se que o estudante saiba por quais enfrentar um problema. (PEREIRA, 2007). O sujeito
caminhos percorrer durante sua trajetória de vida. práxico não é alienado, pois suas ações, dotadas de
uma intenção, possuem um sentido e um significado.
A CIÊNCIA DA MOTRICIDADE HUMANA
Dessa forma, este sujeito práxico, a partir das ações
A Ciência da Motricidade Humana surgiu intencionais com sentido e significado, segue em
com a necessidade de um corte epistemológico busca dos sonhos e objetivos sociais, afetivos,
com a Educação Física tradicional superando materiais ou ideológicos.
o paradigma dualista antropológico cartesiano
Os diferentes projetos de vida do ser humano
em direção ao paradigma complexo (SÉRGIO,
influenciam no aparecimento de uma força única para
1999).
que se alcance o que almeja, e dessa forma,
A Ciência Moderna Cartesiana entende o alcançar a transcendência, ou seja, um novo ser que
corpo enquanto uma máquina no qual rende-se à evoluiu em algum aspecto para melhor.
um simples objeto da mente. Esta separação entre
Dessa maneira, a partir desta teoria, espera-
corpo e mente significou a fragmentação do homem
se do estudante o “homem movimentando-se com
em partes, de forma que a Educação Física
sentido e conteúdo – o conteúdo do desejo e o
tratasse somente do corpo, objetivando a
sentido da transcendência!” (SÉRGIO, 1994, p. 62).
aptidão física, o fazer prático e a repetição.
Entende-se que os conhecimentos referentes
Manuel Sérgio, superando a visão
ao Karatê como seu percurso histórico, os
cartesiana de homem defendeu que o ser humano
precursores desta arte marcial, a cultura oriental, os
deve ser compreendido como um ser inteiro, uno,
diferentes estilos existentes no mundo, os aspectos
em sua totalidade, sem a distinção entre corpo e
técnicos compreendidos no Kihon, Kata e Kumitê, as
mente, entre sensível e inteligível, ou seja, na sua
regras do Karatê como esporte e questões como
complexidade. Defende que o ser humano é um ser
disciplina, convivência em sociedade, respeitar o
complexo no qual é possível compreende-lo em
próximo e a si mesmo, devem ser ensinados nas
uma perspectiva global a partir de diversos
aulas de Educação Física. No entanto, devemos
fenômenos existentes, sendo que corpo e mente,
superar a mera reprodução das técnicas e refletir o
devem ser compreendidos enquanto componentes
porquê aprender a técnica.
que integrem um mesmo organismo (SÉRGIO,
1994). Todavia, sugere-se esses conhecimentos
referente à arte marcial oriental, o Karatê-Dô sejam
A partir da superação da visão
ensinados respeitando os princípios da Ciência da
fragmentada do ser humano para uma
Motricidade Humana, considerando aspectos, tais
compreensão complexa de homem, a Ciência da
como, o homem inteiro e o paradigma da
Motricidade Humana baseada na fenomenologia de
complexidade, o movimento dotado de
Merleau-Ponty objetiva o ser humano consciente e
intencionalidade, o sentido e o significado em
que interpreta o mundo a partir de suas
qualquer ação, a educação no sentido da práxis e do
experiências (PEREIRA, 2007). As ações
homem práxico, visando a evolução e a
conscientes são realizadas com intencionalidade
transcendência pessoal e coletiva.Faz-se necessário,
operante. Segundo Sérgio (1999)
antes de ensinar o Karatê, uma reflexão sobre qual
o homem, em si e a partir de si, está dotado será o objetivo quando o estudante tiver contato com
de uma orientação e de uma capacidade de este saber. Ter o cuidado para não instigar as
intercâmbio com o Mundo e toda a sua crianças em apropriarem-se das técnicas para a
motricidade é uma procura intencional do Mundo violência é essencial para o sucesso do aprendizado
que o rodeia... para realizar, para realizar-se. desta arte marcial, para que se apropriem deste
(SÉRGIO, 1999, p. 133) conhecimento seja qual for os objetivos de vida
deste sujeito.
Tais ações conscientes movidas por uma
intencionalidade operante rumo aos objetivos e Defende-se, o Karatê-Dô, nas aulas de
sonhos necessitam de um sentido e significado. Educação Física a partir dos saberes apresentados,
Cada aula de Educação Física deve possuir um porém equilibrando as técnicas dos movimentos
sentido e significar algo para a vida do ser humano. específicos do Karatê, e também, outros
conhecimentos ligados às questões filosófica,

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EDUCAÇÃO FÍSICA
sociais, históricas, políticas, econômicas e éticas PRADO. G. N. O Karatê Como
desta cultura motora. Conteúdo da Educação Física Escolar – Uma
Revisão de Literatura. 34 f. Trabalho de Conclusão
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de Curso ( Escola de Educação Física – Disciplina
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atividades recreativas e psicomotoras. Teoria e
2009. Disponível em
prática. 1ª Edição. Petrópolis, RJ: Editora Vozes,
<http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/18864>.
2011.
Acesso em: 10 out. 2013.
BARREIRA, C. R. A; MASSIMI, M. O
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO
Caminho Espiritual do Corpo: a dinâmica psíquica
FUNDAMENTAL – MEC. Parâmetros Curriculares
no karatê-dô shotokan. Memorandum, Belo
Nacionais Terceiro e Quarto Ciclos do Ensino
Horizonte, Minas Gerais, v. 11, p. 85-101, 2006.
Fundamental: Educação Física. Brasília, DF: 1998.
Disponível em
<http://karatementeforca.com.br/documentos_pdf/c SÉRGIO, M. Um Corte Epistemológico: Da
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técnico comparado de los Katas de
Universidade Estadual de Londrina – Rua
Karate. Barcelona: Editorial Alas, 2005. Fermino Barbosa, 188, Apto. 1206
FRÉDÉRIC, L. O Japão: Dicionário e Bl. 1, Bairro Aurora, Londrina, Paraná. CEP:
Civilização. São Paulo: Globo, 2008. FROSI, T. 86047-480
O.; MAZO, J. Z.; Repensando a História do
Ana Maria Pereira
Karatê Contada no
Universidade Estadual de Londrina – Av.
Brasil. Revista Brasileira de Educação
Ernani Lacedad de AThayde,188. Bl
Física e Esporte, São Paulo, v. 25, n.
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2, p. 297-312, 201. Disponível em:
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2007. 382 p. Tese de Doutoramento em
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Beira Interior, Covilhã – Portugal, 2007.

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EDUCAÇÃO FÍSICA
Espaço
Onde o movimento de dança se processa,
possui volume e densidade, ou seja, comprimento,
FUNDAMENTOS DA DANÇA largura e altura. Os gestos e expressões se utilizam
Um dos aspectos fundamentais no trabalho desses elementos indispensáveis para dar
de dança criativa é conscientizar profundamente o significado, sentido expressivo do conteúdo, quando
esquema corporal, em movimento. Com o intuito de falamos de espaço, referimo-nos ao todo do contexto
desenvolver e aprimorar a percepção justa das onde a ação acontece e não apenas aquela do piso
formas, do espaço e do tempo, ou seja, dar-se que nos serve de apoio.
conta do como, onde e quando sucedem-se as 1. Sem deslocamentos corporais:
modificações corporais. Estão restritas ao espaço compreendido entre o eixo
Conscientizar um movimento significa longitudinal do corpo e a maior distância que os
percebe-lo, incorporá-lo, conhecê-lo tanto através segmentos corporais possam alcançar, sem
dos movimentos como dos sentimentos, ou seja, de deslocamento.
como ele acontece. 2. Através de deslocamento: Onde o
Forma corpo se translada de um ponto a outro no espaço.
É a estrutura, a arquitetura do movimento, 3. Utilizando o espaço aéreo: Por meio
ou ainda, simplificando, é o desenho resultante da de saltos e suspensões.
ação corporal que se projeta no espaço. 4. Espaço relativo ao solo: Através de
Acrescente-se a essa ação um conteúdo ou quedas e rolamentos.
significado e ela será compreendida em sua Fatores Integrantes
totalidade, porque refletirá uma intenção, através da
sua função.  Direção: Indica o rumo que um
movimento pode seguir.
A forma reflete a ação externa e
perceptível de uma intenção subjetiva, através da  Desviado: Movimento que seguindo
constante e infinita troca de formas que o corpo sua rota natural, imprevisívelmente muda de direção.
pode realizar na dança.
 Distância: É o traçado realizado por
Quando o aluno incorpora e assimila esses um movimento de ato a outro ato do espaço.
conceitos, ele se sente encorajado ao desafio, na
perspectiva da busca e da descoberta de novas  Planos: Quando o movimento é
formas. realizado frontal, sagital ou horizontal.

Fatores Integrantes  Níveis: Referem-se a altura em que


um movimento pode ser realizado.
 Variedade: A forma externa e
visível de um movimento e a figura final. 1. Nível Alto: Posição em pé, para cima
( saltos).
 Contraste: Elemento componente
da forma e que traduz o inesperado, a surpresa. 2. Nível Médio: Movimento realizado
com joelhos ou tronco flexionados.
 Equilíbrio: Mínimo do contato de
3. Nível Baixo: Cócoras, ajoelhado,
apoio corporal com o solo. Desenvolve o controle
sentado e deitado.
muscular e o poder de concentração, pode ser
estático (parado) ou dinâmico.  Direções: São as rotas, caminhos a
seguir em relação ao eixo central do corpo.
 Sequência: Sucessão de
movimentos que se seguem interligados, porém
independentes entre si.
 Repetição: Número de vezes que
um movimento ou sequência podem acontecer.
Variam as possibilidades de execução em
diferentes planos, níveis e direções
 Harmonia: Disposição ordenada
dos elementos que compõem um movimento.
Possui característica de regularidade, gerência e
proporcionalidade.
Tempo
 Clímax: Ápice do movimento é uma Subentende-se aqui o tempo referente a todas as
ação inesperada, surpreendente. Ou grau máximo coisas do universo e em especial a dança.
da progressão dessa ação, que pode ser isolada,
associada ou conseqüente de outra ação.
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EDUCAÇÃO FÍSICA
O ritmo na dança funciona, entre outras ESTILOS DE DANÇA E SUAS PRINCIPAIS
coisas, na utilização da memorização de CARACTERÍSTICAS
seqüências de passos, concretização da
Dança Clássica
intensidade do movimento e alimentação do poder
de concentração. Estabelecendo um acentuado Balé
grau de economia de energia, imprimindo um
caráter dinâmico aos esforços.
Fatores integrantes
 Pulso: Identifica o caráter de um
movimento. Se é alegre, moderado, lento, sóbrio ou
vivaz.
 Acento: É o tempo mais forte ou
acentuado de um movimento.
 Intervalo: Distância quase
imperceptível de um movimento para outro, quando
em seqüência fluente.
 Duração: Medida de permanência
de um movimento. E que pode ser percebido do
início até o seu final.
 Intensidade: Condicionada aos
fatores energia ou força, liberados pela ação -
movimento fraco ou forte. O balé surgiu na corte italiana durante a
Renascença no século XV. Depois a dança passou a
 Velocidade: Refere-se a aceleração
ser executada em países como França, Rússia e
ou retardamento na execução de movimentos,
Inglaterra ao som de músicas clássicas. O destaque
podendo ser lenta, média ou rápida.
fica para a França, pois o rei Luís XIV influenciou a
prática do balé e a língua francesa é usada para
denominar diversos passos da dança. No início da
Primeira Guerra Mundial, essa dança passou a ser
mais praticada na Europa Ocidental através de uma
companhia russa chamada Ballets Russes.
É uma dança que exige bastante prática e é
ensinada em escolas específicas instaladas em
diversos países. As principais exigências do balé são
os movimentos dos membros superiores, leveza,
harmonia, a postura ereta e a simetria dos bailarinos.
Balé Clássico: É uma das vertentes dessa
dança e a que mais utiliza as técnicas mais
tradicionais do balé. É um gênero que surgiu em
países como França, Dinamarca e Rússia.
Balé Neoclássico: É um balé bem parecido
com o clássico, mas possui menos rigidez em seus
passos. É mais estruturada e teve como precursor o
balé Apollo, em 1928.
Balé Contemporâneo: É a mistura da dança
contemporânea com o balé clássico. Utiliza
movimentos distintos dos que são usados no balé
clássico. O precursor desse gênero é George
Balanchine.
Valsa
A valsa é uma dança que surgiu nas regiões
da Alemanha e da Áustria no início do século XIX e a
palavra significa 'dar voltas'/'girar'/'deslizar'. Buscou
referências em danças como o laendler e o minueto.
Primeiramente, ela era conhecida como uma dança
vulgar e depois foi transformada em algo nobre e das

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EDUCAÇÃO FÍSICA
altas classes. Entrou de vez nas altas sociedades populares em certa região se tornaram conhecidos
após uma festa dos nobres na Áustria, na cidade de pelo mundo inteiro. Nesta seleção estão em destaque
Viena, em 1776. os 10 estilos de dança mais populares do mundo.
Surgiram partes diversificadas da dança 10° Hip-hop
como a valsa vienense, a valsa original, peruana e
a inglesa. Como os pares dançam muito próximos,
ela era chamada de proibida, mas, atualmente, as
valsas são mais praticadas em festas de
casamentos, formaturas e aniversários de
debutantes.
Dança Moderna
A dança moderna começou no século XX e
surgiu como forma de expressar o sentimento das
pessoas que queriam desvincular-se das danças
clássicas. Esse tipo de dança busca trabalhar com
movimentos parecidos com o cotidiano da vida
contemporânea. Os principais nomes da dança
moderna foram Émile Jaques-Dalcroze, François
A dança hip-hop é um tipo popular pelo
Delsarte, Isadora Duncan, Ruth St. Denis e Rudolf
planeta, e dele surgiram varias vertentes.
von Laban.
O estilo emergiu nos anos 1970.
Émile Jaques-Dalcroze criou um sistema
chamado eurritmia em que os movimentos Ele também é conhecida como Street Dance
corporais eram transformados em uma espécie de e executada com música hip-hop.
ginástica. Nesse estilo de dança, o dançarino tem a
Ao se deparar com cultura hip-hop é possível
opção de se expressar de uma maneira mais livre e
facilmente dançar este estilo.
atual. Trabalha com o ritmo, dinamismo,
movimentos inspirados na natureza e um estilo de dança popular para os grupos
espontaneidade. nos Estados Unidos.
No Brasil, a dança moderna começou a ser
9° Sapateado
mais divulgada após a Segunda Guerra Mundial
quando os artistas abandonaram o estilo mais
clássico e propuseram novas formas. As cidades
mais influenciadas por esse estilo foram São Paulo
e Rio de Janeiro.
Dança de Rua
Conhecida também como street dance, a
dança de rua é um estilo que conta com
movimentos com o corpo e expressões faciais.
Surgiu nos Estados Unidos, em 1929, durante uma
das maiores crises econômicas do mundo. As
performances eram realizadas pelos trabalhadores
que ficaram desempregados após a crise.
Muitas vezes associada aos negros, a
dança de rua está ligada a outras manifestações
culturais como a pintura, grafite e a forma de se Muitas pessoas conhecem como este estilo é
vestir. Posteriormente, surgiu uma nova vertente executado. Por bater o sapato, isso é o que
que recebeu o nome de Hip-Hop, mais realizado caracteriza a dança.
nas ruas. Já o Street Dance originou-se das escolas Há sapatos especiais particularmente
de dança. produzidos para tal.
10 estilos de dança mais populares do mundo Os sapatos feitos com placa de metal, e esta
colocada no calcanhar e na ponta do sapato.
A dança é extremamente divertida e
empolgante. Todos amam dançar, até aqueles que A placa é fixada para contribuir em tornar o
não são tão bons. A dança é a coordenação do som mais alto.
corpo, cérebro e música tocada. O corpo se A dança encontrou raízes na dança afro-
movimentará com o ritmo da canção. americana, como dança juba. E acredita-se que o
Ela evoluiu durante um longo período e se divide sapateado começou há muito tempo atrás, nos anos
em várias maneiras de dançar. Muitos estilos 1800 na ascensão do show de menestrel.
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EDUCAÇÃO FÍSICA
8° Dança Yangko Ela é usada no templo quando os rituais estão sendo
realizados. O nome da dança se originou da palavra
Sanskrit que também significa história. Não é apenas
o nome que é difícil de pronunciar, a dança também
exige muito treino e habilidade.

5° Kpop

É uma dança da tradição e cultura do grupo chinês


Han. Sua origem foi a partir da cultura chinesa e
permanece como a mais popular na China. Ao se
movimentar, deve-se balançar o corpo em
determinado ritmo. Os quadris e a cintura são
usados para conduzir os pés no ritmo da música. A
dança tem existido por mais de mil anos na cultura
chinesa.

7° Dança do ventre Esta dança se tornou viral no ano 2012 em


agosto. O nome é a junção do estilo de vida no
Distrito Gangnam, na cidade de Seul (Coréia do Sul).

A dança influenciou a cultura porque o estilo


recebeu todos os tipos de avaliações das pessoas.
As performances em vários locais compuseram a
forma para se tornar um fenômeno e se mostrou
muito popular em toda Ásia Oriental.

4° Breakdance

A parte do corpo que é principalmente exibida é o


quadril. A barriga é também envolvida enquanto se
dança. A dança se tornou popular no Ocidente
durante o movimento romântico no século 18 e 19.
A origem apresenta controvérsia. Costuma-se
atribuir origem para rituais de fertilidade com
localização no Egito.

6° Kathak

É uma dança de rua que ficou famosa com


Michael Jackson. E tem 4 elementos principais,
downrock, toprock, freezes e movimentos power.

O estilo tem algumas características


acrobáticas e elementos da ginástica.

Para dançar o estilo, é preciso ter força, ser


Esta dança está entre as melhores em danças
capaz de equilibrar o próprio corpo, ter a habilidade e
clássicas indianas que se originaram do povo
a técnica para fazer os movimentos.
indiano. A dança faz um traço para sua origem aos
nômades dos anciãos encontrados no norte da
Índia conhecidos como narradores.
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EDUCAÇÃO FÍSICA
3° Ballet 1° Dança em linha

Esta dança se originou na Itália no século quinze. A


dança se desenvolveu na Rússia e França e é
principalmente executada em concertos. Ela é A dança em linha está entre as coreografadas com
complicada, não pode ser executada sem a prática uma seqüência repetida onde um grupo em linha está
adequada. diante da mesma direção. Eles fazem o mesmo
A dança é ensinada em várias escolas pelo mundo. passo e se movimentam ao mesmo tempo.
E movimenta comumente com coreografia com Ao contrário da dança em círculo, estes dançarinos
música orquestral ou de vocais. O ballet segue uma não estão em contato físico uns com os outros. Este
linha romântica, expressionista e ballet neoclássico. estilo é praticado e aprendido em bares de dança
country-ocidental, clubes sociais, clubes de dança e
2° Salsa salões de baile.

A salsa é uma das danças de Cuba. É uma dança


padrão, embora reconhecida como uma forma
individual.
É executada junto com a música de salsa
especialmente produzida para esta dança.

Este estilo exige um casal, mas é possível


coreografar ela com a linha de dança, qualquer
padrão não é necessário. Ela é popular na América
Latina e globalmente.

A salsa, no castelhano, tem significado de


“tempero” e a escolha da denominação transmite a
noção de música apresentando “sabor”.
O movimento que deu origem para este
estilo novo de som latino-americano iniciou em
Nova York, na situação de um grupo composto por
jovens músicos ter dado início a misturar sons e
ritmos, com foco na geração de sonoridade que
apresentasse “sabor” latino-americano.

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EDUCAÇÃO FÍSICA
ASPECTOS SOCIAIS E CULTURAIS QUE Cultura Popular define todas as
ENVOLVEM A DANÇA manifestações culturais de um determinado país,
estado ou cidade, e se referem a danças, literatura,
Como a Dança é uma manifestação
folclore, arte, festas, gastronomia e músicas. Os
corporal milenar, parte integrante da nossa cultura e
principais exemplos de manifestações da cultura
intensamente vivenciada pela nossa sociedade,
popular brasileira são: festas folclóricas, literatura de
consideramos de grande relevância aprofundar
cordel, sambas, carnaval, capoeira, artesanato,
questões que possam vir a contribuir para pesquisa
contos, fábulas, superstições, lendas urbanas,
e difusão da linguagem, tendo em vista a
provérbios, festa junina, frevo, artesanato, lendas
importância da Dança no processo de
urbanas, MPB (Música Popular Brasileira) e cantigas
desenvolvimento da sociedade brasileira.
de roda. Como estamos na semana do Dia Mundial
No sentido de mediação das diferentes da Dança, vou abordar os tipos de danças da cultura
formas de expressão em dança, procuramos brasileira.
pesquisar e entender suas diversidades em seus
As danças constituem um importante
contextos culturais, estudando sua propagação
componente cultural da humanidade. E no caso do
enquanto prática de encenação. Partimos da
Brasil, que possui uma cultura tão rica e diversificada,
premissa que para entender arte é necessário viver
a gama de modalidades são enormes, e muito
arte, estetizar a vida, buscando assim nas leituras,
importantes para a cultura brasileira. O folclore
discussões e práticas deste núcleo de pesquisa,
brasileiro é rico em danças que representam as
uma articulação com as perspectivas da animação
tradições e a cultura de uma determinada região.
cultural. Nesse sentido é relevante pensar a Dança
na sua relação com diferentes linguagens artísticas, Estão ligadas aos aspectos religiosos, festas,
considerando aspectos técnicos, filosóficos e lendas, fatos históricos, acontecimentos do cotidiano
históricos, bem como, peculiaridades e e brincadeiras. As danças folclóricas brasileiras
possibilidades dessas linguagens, no sentido de caracterizam-se pelas músicas animadas (com letras
incorporá-las em projetos de animação cultural. simples e populares) e figurinos e cenários
representativos. Estas danças são realizadas,
Entendemos a animação cultural como um
geralmente, em espaços públicos: praças, ruas e
processo de mediação, e trabalhando com
largos.
especificidades culturais locais procuramos resgatar
elementos da cultura popular deteriorada, difundir As danças folclóricas são uma forma de
elementos da cultura erudita e resistir à ação da desenvolver essa expressão artística com base em
indústria cultural, sempre considerando as tradições e costumes de um povo. Elas podem ser
possibilidades da linguagem da dança já executadas de várias formas com pares ou em
elaboradas, e, indiretamente contribuir para o grupos e a forma original de dançar e cantar
ampliar da consciência de um corpo que pode se permanece praticamente a mesma. Em diversos
expressar de forma mais diversa, menos países, a dança folclórica é a expressão daquele
reprodutora, sendo mais crítico em relação à povo.
sociedade na qual está inserido.
No Brasil, as danças folclóricas sofreram
Não nos parece absurdo dizer que no influências das tradições dos estados, dos povos
contexto da nossa sociedade onde os prazeres são africanos e europeus. Dessa forma, dependendo do
hierarquizados, esse deveria ser um de nossos estado, as danças podem ser mais influenciadas
maiores desafios: pensar pressupostos teóricos e pelos africanos, indígenas ou europeus.
considerações críticas que possam nos permitir
Além disso, a Igreja Católica também ajudou
colher indicadores de incorporação da dança em
no surgimento de personagens e contos da história
projetos para o grande público. Um projeto de
brasileira. Uma das principais características das
dança nesta perspectiva, antes de preocupações
danças folclóricas do país são as músicas simples e
com a formação do bailarino profissional, deve
os personagens chamativos.
procurar despertar em seus alunos o conhecimento
acerca do gosto e do prazer de dançar, que tanto Algumas das principais danças folclóricas do
pode ser sentido no próprio corpo, quanto na Brasil
ampliação de suas possibilidades de assistir outros
O Samba
corpos dançando.
O samba chegou junto com os negros ao
"Temos como elemento principal dos
Brasil e primeiramente era dançado apenas nas
estudos do lazer a animação cultural enquanto uma
senzalas pelos escravos. Os primeiros estados
intervenção pedagógica, uma tecnologia
brasileiros a difundirem esse ritmo foram o Rio de
educacional que busca reverter o quadro de
privatização e midialização da cultura, Janeiro, a Bahia e o Maranhão. A dança tinha sons
apresentando, discutindo e relacionando diferentes de percussão e batidas com os pés. Já o samba de
roda surgiu na África e também veio para o Brasil
formas de arte, sejam elas populares ou eruditas"
através dos escravos. O samba de roda é praticado
(MELO, 2003)
em círculos e as pessoas têm a liberdade nos
movimentos. Pode ser visto principalmente em
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EDUCAÇÃO FÍSICA
estados como Rio de Janeiro e Bahia. Conheça dançarinos, vestem roupas típicas da cultura caipira,
mais sobre o samba, visitando o site Samba como camisas e vestido xadrez, e chapéu de palha.
Enredo. Os dançarinos realizam uma coreografia especial, e
muito animada, com muitos movimentos
O Samba de Roda
coreografados, e as músicas de festa junina são
Trata-se de um estilo musical caracterizado parecidas com marchinhas, mas nada semelhante
por elementos da cultura afro-brasileira. Surgida no com as marchinhas de carnaval. As mais conhecidas
estado da Bahia, no século XIX, é a variante mais são: Capelinha de Melão, Pula Fogueira e Cai,Cai
tradicional do samba. Os dançarinos dançam numa balão.
roda ao som de músicas, acompanhadas por
Reisado
palmas e cantos. Chocalho, pandeiro, viola,
atabaque e berimbau são os instrumentos musicais Uma dança popular realizada entre a véspera
mais utilizados. de natal e o dia seis de janeiro, Dia de Reis. Também
chamada de folia de Reis, essa dança envolve
Maracatu
cantores e músicos que vão até as casas para
Trata-se de um ritmo musical com dança, anunciar a chegada de um Messias. As pessoas que
típico da região pernambucana, que reúne a participam possuem diversos personagens e são
mistura de elementos culturais afro-brasileiros, acompanhados por instrumentos como o violão, a
indígenas, e europeus, e com forte característica sanfona, o triângulo e a zabumba.
religiosa. Os dançarinos representam personagens
Caninha Verde
históricos, como duques, duquesas, embaixadores,
o rei e a rainha, e o cortejo é acompanhado por Dança portuguesa que foi inserida no país
uma banda que vai tocando instrumentos de durante o Ciclo do Açúcar. Também foi praticada em
percussão, como tambores, caixas, taróis, e colônias de pescadores, festa de casamento e
ganzás. cordões.
Frevo Pau da bandeira
Este é o estilo pernambucano de carnaval, Estilo de dança realizado principalmente na
surgida por volta de 1910, é uma espécie de região nordeste que acontece principalmente durante
marchinha muito acelerada, que, ao contrário de o dia de Santo Antônio. Um tronco é escolhido e
outras músicas de carnaval, não possui letra, sendo carregado pelos homens da cidade. Como manda a
simplesmente tocada por uma banda que segue os tradição, as mulheres que desejam casar devem
blocos carnavalescos, enquanto os dançarinos se tocar esse tronco.
divertem dançando. Os dançarinos de frevo usam,
Maneiro-Pau
geralmente, um pequeno guarda-chuva colorido
como elemento coreográfico, e usam diversos Dança com maior influência no estado do
passos de danças com malabarismos, passos Ceará, Maneiro-Pau conta com dançarinos que
elaborados, rodopios e saltos. realizam os passos em rodas e com pedaços de pau
nas mãos. Esses pedaços são batidos no chão
Baião
formando o ritmo da dança. Durante toda a
O baião é um ritmo musical, com dança coreografia, alguns participantes duelam enquanto
típica da região nordeste do Brasil, onde os outros batem no chão.
músicos tocam instrumentos como o triângulo, a
Bumba meu Boi
viola, o acordeom e a flauta doce. A dança é
realizada em pares, entre homem e mulher, com Um dos símbolos folclóricos do Brasil, o
movimentos parecidos com o do forró, que é uma Bumba meu Boi mescla dança, música e teatro. Além
dança onde o casal, dança com os corpos colados. disso, é praticado nas mais variadas regiões do país.
O maior representante do baião no Brasil foi Luiz Os personagens cantam e dançam para contar a
Gonzaga. história de um boi que morreu e ressuscitou após ter
sua língua cortada para satisfazer os desejos de uma
Catira
mulher grávida.
A catira, é também conhecida como
Fandango
cateretê, é uma dança caracterizada pelos passos,
batidas de pés, e palmas dos dançarinos, e está Essa dança chegou à região sul do Brasil por
ligada à cultura caipira, ela é comum no interior dos volta de 1750 e foi trazida por portugueses. Os
estados de São Paulo, Paraná, Minas Gerais , dançarinos recebiam o nome de folgadores e
Goiás e Mato Grosso. O instrumento usado é a folgadeiras, dançavam em festas executando
viola, geralmente tocada por um par de músicos. diversos passos. Atualmente, permanece preservado
na região com passos, música e canto. Os
Quadrilha
instrumentos mais usados são as violas, a rabeca, o
Esta é uma dança típica da época de festa acordeão e o pandeiro. Os dançarinos vestem roupas
junina, onde um animador vai anunciando frases, e típicas da região e rodam próximo ao seu par, mas
marcando os momentos da dança, e os casais de sem se tocar. Eles se movimentam para atrair a
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atenção do outro e os homens sapateiam de forma E ainda temos:
contínua. A dança contém traços de valsas e bailes
Axé - Origem na capoeira - descendência
e forte presença de sensualidade.
Baiana.
Carimbó
Pagode - Origem no samba - descendência
Enquanto os homens vestem camisas e Brasileira com desenvolvimento em São Paulo.
calças lisas, as mulheres utilizam blusas com
Gafieira - Origem no samba - descendência
ombros à mostra e saias rodadas. Os casais ficam
brasileira com desenvolvimento no Rio de Janeiro.
em fileiras e o homem se aproxima de seu par
batendo palmas. Segue-se passos de volteio e as Forró - Origem nordestina - descendência do
mulheres também jogam um lenço no chão para xote e baião.
que seu parceiro possa pegar como forma de
Lambada - Origem no zouk com
respeito.
desenvolvimento no Brasil.
A congada
Zouk - Origem francesa com
As dança dos congos foi trazida pelos desenvolvimento na Europa e no Brasil.
escravos negros e usada pelos jesuítas para
Xote - Origem indígena com descendência e
sublimar o instinto guerreiro do negro, criando uma
luta irreal entre cristãos e pagãos. desenvolvimento nordestino.
Vaneirão - Origem alemã com
Cabaçais do Cariri
desenvolvimento no Rio Grande do Sul.
O nome cabaçal é pejorativo, em virtude de
Chorinho - Origem de ritmos musicais
a caixa, o zabumba e os pífaros – seus
populares no Brasil até ser desenvolvido para a
instrumentos básicos – fazerem um ruído
semelhante a muitas cabaças secas dança.
entrechocando-se. São dança e música, de ritmo Sem mencionar o Quilombo, Jongo, Tambor
forte, tanto que os cabaçais eram também de Crioula, Araruna, Bugio, Danças indígenas, Funk,
chamados de “esquenta mulher”, porque, à sua Lpinha, Lundu, Maculelê, Maxixe, Mazuca,
chegada ou passagem, o mulheril se afogueava... Merengue, Rasqueado, Rancheira, Siriri,
Torém Tecnobrega, Ticumbi...
E muito mais!
É dança que Aracajú nos legou como uma
herança dos índios tremembés, que habitavam a A lista de estilos de danças brasileiras é
região. Ao sabor do mocororó (aguardente do caju), vasta, e suas origens também são bem
cerca de 20 caboclos (homens e mulheres) iniciam diversificadas, porque o Brasil é muito rico em
a dança ao ritmo do “aguaim”, espécie de maracá, diversidade cultural, influenciada pelas diversas
empunhado pela figura do “chefe”. culturas presentes no país, e certamente sua cultura
Côco popular e suas danças compõem essa vasta riqueza
sem fim.
Na praia de Majorlândia, município de
Aracati, ainda se pode presenciar exibições de
dança do Coco, também denominada de pagode,
zambé, bambelô. É apresentado ao som de caixas,
pandeiros, ganzás, íngonos, numa batida
contagiante. Homens e mulheres reúnem-se em
roda, com um solista no centro, fazendo passos
ritmados, “puxando o côco”, e ao cumprimentar e a
despedir-se dos parceiros com umbigadas, fazendo
vênia ou com batida do pé.
Xaxado
Muito popular no Nordeste brasileiro, o
xaxado era inicialmente praticado pelo grupo de
Lampião, o Rei do cangaço, como uma forma de
afrontar a polícia. Substituindo as parceiras, os
cangaceiros dançavam com seus rifles, seguindo
em fila e arrastando as alpargatas no chão. Devido
aos movimentos da dança, os calçados produziam
um som de “xá, xá, xá”, que deu origem ao nome
do ritmo. Em meio a um bailado cheio de ritmo e
vigor, a música é simples e de fácil aprendizado,
sendo acompanhada da sanfona, da zabumba e do
triângulo.
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FUNÇÃO E OBJETIVOS DA DANÇA DANÇA CRIATIVA E SEUS FUNDAMENTOS
Dança é uma manifestação artística que A dança criativa ou dança contemporânea
vem sendo praticada há milênios por todos os infantil é uma prática de dança que tem o foco
povos e culturas, adequando-se de acordo com as voltado para instigar a capacidade de criação.
mudanças sociais e do momento cultural das Baseia-se na organização espacial do movimento e
sociedades. na sua qualidade, ritmo e dinâmica. É uma forma de
comunicação através do movimento.
Durante sua prática milenar estabeleceu
padrões estéticos e comportamentais entre as É voltada para crianças a partir de quatro
diferentes camadas sociais, estabeleceu a anos de idade e propõe a descoberta do corpo, do
diferenciação entre dominantes e dominados e movimento e suas potencialidades. Busca
exigiu de cada ser humano a superação de seus desenvolver na criança uma identificação motora, de
próprios limites. equilíbrio, lateralidade e coordenação através de
movimentos dançantes.
Sem dúvida, é um fenômeno social. Um
fenômeno que está sempre se renovando, Na infância a aprendizagem das habilidades
transformando e trazendo diferentes significados motoras acontece permeada de experimentações
aos homens e suas sociedades. variadas de fatores do movimento (peso, fluxo, tempo
e espaço) de forma habitual. A criança se desloca
rastejando, deslizando, inclinando, rolando,
explorando apoios invertidos, mas ao passo que ela
vai crescendo, essas ações vão diminuindo e a
dança criativa vem para que haja uma continuidade
nessa exploração, que é tão importante para o seu
desenvolvimento.
Nas aulas de dança criativa privilegiam-se
temas básicos de movimento e suas variações, ao
invés de uma série de exercícios codificados e
repetitivos. O trabalho desenvolvido visa incentivar o
prazer do movimento e o autoconhecimento por meio
A dança pode ser vista como: expressão da dança.
artística, humana e de sentimentos pessoais,
grupais ou da sociedade. Como forma de aquisição Através de percepções sensório-motoras, o
de conhecimentos, de desenvolvimento da trabalho procura orientar a criança na descoberta das
criatividade, da imaginação, da comunicação e possibilidades corporais e na investigação da sua
como meio de socialização. (BARRETO, 2004) linguagem, devolvendo a consciência, a criatividade e
a expressividade do corpo. Assim, ela adquire maior
Como expressão artística tem o mesmo controle dos seus movimentos, passando a ter maior
valor da pintura, da escultura, da arquitetura, da
autonomia para explorar o mundo que a rodeia.
linguagem etc. Cada conjunto coreográfico conta
uma história. A dança criativa atua de forma descontraída,
para que cada aluno dance livremente dentro de uma
Como autoexpressão faz com que cada proposta e se sinta capaz de ajudar na construção de
pessoa descubra e compreenda aspectos uma coreografia. Ela estimula a criatividade e auto-
importantes de sua vida. Como comunicação, expressão, ao proporcionar uma atmosfera amigável,
individual ou coletiva, renova a cultura e revitaliza a
informativa e aberta, criando um ambiente de
sociedade e dos povos. HAAS &GARCIA (2003).
aprendizagem positivo, onde todos estão para
compartilhar experiências corporais, sem
competitividade e julgamento do certo ou errado.
Além disso, ela pode melhorar o desenvolvimento
social através dos jogos lúdicos imaginativos e das
atividades cooperativas.
Mas além de estimular a criatividade e
facilitar a descoberta de novas formas de ações no
mundo, praticar dança criativa na infância como
forma de aprendizagem é sinônimo da construção de
seres mais ativos e criativos na vida adulta.

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movimentos que sirvam de engodo ao oponente em
combate.
Capoeira Regional
HISTÓRICO
O Regional é o estilo contemporâneo de
A capoeira é uma expressão cultural
capoeira, com atributos de outras artes-marciais em
brasileira que compreende os componentes arte-
sua prática.
marcial, esporte, cultura popular, dança e
música. Esse estilo foi criado pelo Mestre Bimba e
difundiu-se rapidamente pelo mundo. Isso contribuiu
É difundida de modo oral e gestual, nas
para melhorar a imagem do capoeirista ao mesmo
ruas e nas academias, bem como das relações de
tempo que favoreceu o aumento de seus adeptos.
sociabilidade e familiaridade construídas entre
mestres e discípulos. Assista um vídeo que explica a diferença
entre a capoeira Angola e a capoeira Regional:
Golpes
A capoeira é caracterizada por golpes e
movimentos ágeis e intricados. Aproveitando
principalmente chutes e rasteiras, além de
cabeçadas, joelhadas, cotoveladas e acrobacias em
solo ou aéreas, são frequentemente feitos junto ao
chão ou de cabeça para baixo.
Portanto, a capoeira é uma luta de defesa e
ataque em que os oponentes utilizam os pés e a
cabeça. As mãos são utilizadas raramente, mas com
efeito tanto para o ataque quanto para defesa.
Características
Grupo de capoeiristas praticando capoeira Uma característica que distingue a capoeira
Origem e História de outras lutas é o fato de a mesma ser
acompanhada por música.
A palavra "capoeira" denota "o que foi
mata", por meio da conexão dos termos ka'a É a música que decide o ritmo e o estilo do
("mata") e pûer ("que foi"). Alude às áreas de mata jogo, que é praticado no decorrer da roda de
rasa do interior do Brasil onde era feita a agricultura capoeira, um círculo de pessoas onde a capoeira é
indígena. jogada.
Tem origem com os fugitivos da escravidão, Assim, os capoeiristas se alinham na roda de
os quais utilizavam frequentemente a vegetação capoeira batendo palmas no ritmo do berimbau
rasteira para fugirem do encalço dos capitães-do- enquanto cantam a música de capoeira para os dois
mato. Esses foram os primeiros capoeiristas. praticantes jogarem.
Mais adiante, ainda no período colonial, os O berimbau é um instrumento musical de
negros irão disfarçar a capoeira introduzindo-lhe corda feito de madeira, bambu, arame e uma cabaça.
mímicas, danças e músicas. Tudo isso servia para O jogo pode terminar ao comando do
resistir à repressão da Polícia Imperial e da Milícia capoeirista no berimbau (normalmente um capoeirista
Republicana. mais experiente) ou com o início de um novo
A capoeira foi uma prática proibida no Brasil combate entre uma nova dupla.
até 1930 até ser reconhecida como um símbolo da A música, por sua vez, é composta de
identidade brasileira. Em 2014, a Roda de Capoeira instrumentos e canções, onde o ritmo varia de acordo
foi declarada Patrimônio Cultural Imaterial da com o 'toque de capoeira' de lento (Angola) ao
Humanidade pela Unesco. bastante acelerado.
Os dois principais tipos de capoeira são Nos grupos de capoeira regional ou de
Angola e Regional. capoeira angola, a graduação é simulada pelas cores
Capoeira Angola de cordas ou cordéis atados na cintura do jogador.
A Angola é o estilo original praticado pelos Música de Capoeira
escravos, caracterizada por ser mais lenta, Que navio é esse
composta de movimentos furtivos executados de que chegou agora
modo rasteiro. é o navio negreiro
O componente básico desse estilo é a com os escravos de Angola
malícia. Essa “malandragem” consiste em simular vem gente de Cambinda

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Benguela e Luanda QUESTÕES CULTURAIS E SOCIAIS
eles vinham acorrentados
pra trabalhar nessas bandas A capoeira talvez seja a expressão do que há
Que navio é esse de mais brasileiro em termos de atividade física, já
que chegou agora que se trata de uma luta criada no Brasil por
é o navio negreiro escravos de origem africana. Isso é tão
com os escravos de Angola significativo que no exterior a capoeira é
aqui chegando não perderam a sua fé conhecida como “brazilian martial art”, ou arte
criaram o samba marcial brasileira. Por ser praticada em grupo e
a capoeira e o candomblé acompanhada de música constante que impõe ritmo
Que navio é esse aos movimentos, muitas pessoas a confundem com
que chegou agora um jogo ou algum tipo de dança, mas como já disse
é o navio negreiro Mestre Pastinha: Capoeira Angola é, antes de tudo,
com os escravos de Angola luta, e luta violenta.
acorrentados no porão do navio
muitos morreram de banzo e de frio O termo capoeira significa: o mato que nasce
depois do desmatamento, provavelmente porque era
Curiosidades: Você Sabia? praticada entre esses matos, com os lutadores
próximos ao chão, para não serem descobertos pelos
 Um capoeirista experimentado que
seus senhores. É preciso dizer que nessa época a
ignora a musicalidade é considerado incompleto.
capoeira era uma prática proibida, pois com os
Ele deve ser capaz de tocar os instrumentos típicos,
escravos treinando sua forma de defesa pessoal,
cantar e aplaudir durante o jogo de capoeira.
poderiam trazer problemas para aqueles que se
 Outras demonstrações culturais, consideravam seus donos.
como o maculelê e o samba de roda, são muito No entanto, ainda que proibida, a capoeira
associadas à capoeira, embora tenham nunca deixou de ser praticada e ensinada. A antiga
ascendência e significados distintos. capoeira marcava-se por um grande respeito aos
rituais tradicionais, diferentemente do que ocorre nos
dias de hoje. Atualmente, são raras as academias
que adotam a denominação de Angola ou Regional
para a capoeira que é ali praticada. E, entre as que
se identificam como Capoeira Regional, poucas
demonstram efetivamente relação direta com o
trabalho desenvolvido por Mestre Bimba. Na
verdade, os mestres e professores de capoeira
afirmam jogar e ensinar uma forma mista, que
concilia elementos da Angola tradicional com as
inovações introduzidas por Mestre Bimba.
De fato, delimitar a separação entre essas
duas escolas da capoeira é algo muito difícil hoje em
dia, e há muitos anos sabe-se que a tendência é que
a capoeira incorpore as características dessas duas
escolas. No entanto, é fundamental que os
capoeiristas conheçam a sua história, para que
possam desenvolver sua luta de maneira consciente.
Algumas das mais relevantes características
da Angola a serem recuperadas para os dias de hoje
são: a continuidade de jogo, em que os capoeiristas
procuram explorar ao máximo a movimentação
evitando interrupções na dinâmica do jogo; a
importância das esquivas, fundamentais na Angola,
em que o capoeirista evita ao máximo o bloqueio
dos movimentos do adversário, procurando trabalhar
dentro dos golpes, aproveitando-se dos
desequilíbrios e falhas na guarda do outro; a
capacidade de improvisação, típica dos angoleiros,
que sabiam que os golpes e outras técnicas
treinadas no dia-a-dia são um ponto de partida para
a luta, mas precisam sempre ser moldadas rápida e
criativamente à situação do momento; a valorização
do ritual, que contém um enorme universo de
informações sobre o passado de nossa arte-luta e
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EDUCAÇÃO FÍSICA
que consiste em um grande patrimônio cultural. Já força esta, que ora estamos precisando verificar os
a capoeira regional apresenta movimentos mais interesses ideológicos que estão sendo defendidos
acrobáticos, é jogada em pé e tem regras nas entrelinhas de sua expansão pelo mundo (...).
específicas, elemento característico de um esporte. (MOREIRA, 2007, p.56)
Outra diferença importante entre esses dois A capoeira gradativamente vai inserindo-se
tipos de capoeira é o modo como um membro se no contexto escolar, podendo-se atribuir ao Mestre
torna mestre: na capoeira regional, conforme os Bimba um papel importante neste processo, pois
praticantes vão desenvolvendo melhor suas através de seu contato com estudantes universitários
habilidades, aprendendo golpes diferentes e de Salvador, que o convidaram para ensinar na
pensando sobre esses golpes, eles vão sendo pensão onde residiam, o mestre pode ter acesso a
graduados por meio de um cordão, em que cada uma camada social e a códigos e símbolos do
cor representa um estágio em que o praticante conhecimento científico que possibilitaram a criação
está classificado, assim ele vai adquirindo novos e sistematização deste novo modelo de ensino da
cordões até se tornar um mestre. capoeira.
Na capoeira angola o processo é bastante A partir daí, a capoeira inicia seu processo
diferente: após muitos anos de prática e de de institucionalização. O novo modelo de capoeira
dedicação ao mestre e à capoeira, o praticante criado por Bimba e seus discípulos passa a ser
recebe do mestre um lenço, que representa que reconhecido paulatinamente pela sociedade civil,
esse discípulo está pronto para ser mestre. Assim, sendo inclusive o Mestre Bimba agraciado com o
na capoeira angola, a formação do mestre título de Instrutor de Educação Física, mediante
depende exclusivamente da vontade do mestre diploma oficial assinado por Dr. Gustavo Capanema,
que ensina. Outra característica importante da o então Ministro de Educação, no ano de 1957 pelo
capoeira é a música. enquadramento do ensino da capoeira na legislação
vigente.
A música é sempre tocada por
membros da roda que se revezam, e é Partindo dos princípios de que a capoeira, ao
acompanhada de uma regra fundamental: os longo de sua história, passou por uma série de
membros da roda sempre precisam responder ao transformações para firmar seu espaço no ambiente
canto, também chamado de ladainha. As ladainhas escolar e que a escola funciona, na maioria das
são acompanhadas pelo toque de alguns vezes, como um aparelho ideológico do estado, que
instrumentos: pandeiro, atabaque, caxixi, agogô e por sua vez estará sujeito aos ditames do capital, é
reco-reco. Uma relação dialética entre a capoeira preciso traçar um painel desta dialética relação entre
e a escola, proporcionará uma analise dos a capoeira e a escola.
aspectos social e disciplinar da capoeira
Para compreender os conflitos desta
Segundo Rossine (2003, p.16 apud relação, é preciso lembrar que o surgimento da
ROCHA et al, 2007), se o ser humano não está escola teve suas bases associadas a uma
bem afetivamente, sua ação como ser social estratégia de manutenção da diferença entre a
estará comprometida, sem expressão, sem força, classe operária e a classe burguesa, sendo esta
sem vitalidade.Isto vale para qualquer área da última beneficiada pela manutenção ideológica
afetividade humana, independentemente de garantida pela escola, pois ali estariam garantidos os
idade, sexo ou cultura. O afeto é uma energia princípios de construção da separação entre fazer e
necessária para que a criança construa o pensar, corpo e mente princípios estes que resistem
conhecimento com mais prazer e motivação. As até os dias atuais.
crianças devem e precisam aderir às regras criadas
A partir da análise deste contexto acima, fica
na escola e em casa, são os professores e os pais
fácil compreender o tamanho do desafio e das
que juntamente com as crianças, devem executar
transformações, que foram necessárias para
as regras estabelecidas aos alunos.
enquadrar a capoeira na lógica escolar, pois a
Precisa-se deixar claro o que eles podem e capoeiragem historicamente foi também símbolo de
ou não podem fazer, cabe ao professor, controlar contestação da lógica vigente e sua fundamentação
os alunos no sentido do não cumprimento das filosófica, centra-se em uma simbologia que
regras, pois uma vez desrespeitada, a mesma não extrapola o conceito de educação escolar, ratificando
terá mais o mesmo objetivo. o verdadeiro conceito de educação, que não
estabelece fronteiras, nem limites para as relações
A capoeira, essa arte de origem
de ensino- aprendizagem.
controversa e que ainda desperta muita polêmica,
emergiu no bojo das camadas populares e adentra Cabe ao Profissional de Educação Física
as instituições públicas e privadas de forma Escolar contribuir para que o educando vivencie a
arrebatadora e efusiva, sendo capaz de um pouco Cultura Corporal do Movimento através das
mais de quatrocentos anos de trajetória estar muitas manifestações que existem, inclusive a
presente na maior parte das escolas, clubes, Capoeira, percebendo nela a maneira de ser e agir
universidades, academias, dentre outros, se de um povo que procurava felicidade em meio a
firmando com força em vários países do mundo, inquietações e dificuldades na vida, povo esse que
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EDUCAÇÃO FÍSICA
veio contribuir com a formação da sociedade INSTRUMENTOS MUSICAIS UTILIZADOS
brasileira.
O acompanhamento musical da capoeira,
Com isso o educando pode reter
desde os primórdios até nossos dias, já foi feito pelo
conhecimentos que o ajude a estabelecer atitudes
berimbau, pandeiro, adufe, atabaque, ganzá ou
de superação de pré-conceitos e discriminação,
reco-reco, caxixi e agogô. No presente, é comum
adotar atitudes democráticas e posicionar-se
vê-la acompanhada por berimbau, pandeiro,
contra qualquer atitude servil. Em uma primeira
atabaque (nem sempre), caxixi e agogô (nem
aproximação, a conexão capoeira-educação
sempre).
parece um tanto inusitada, pois, a capoeiragem
possui uma forma de organização muito diferente Têm esses instrumentos procedências as
da lógica escolar: enquanto na sala de aula os mais diversas.
espaços são lineares, com lugares demarcados, na
capoeira há circularidade, flexibilidade temporal e
espacial.
Referências
BERIMBAU
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia:
saberes necessários à prática educativa. 3 ed.
São Paulo: Paz e Terra, 1997.
GONÇALVES JUNIOR, L. Dialogando
sobre a Capoeira: possibilidades de
intervenção a partir da motricidade humana.
Motriz: Revista de Educação Física (On-line), Atualmente, é o principal instrumento
efdeportes.com. v. 15, p. 01-09, 2009. musical da capoeira. É o único que, numa roda de
capoeira, pode figurar sozinho, sem os demais
MARINHO I.P. Subsídios para o instrumentos. Os afro-brasileiros o usavam em suas
Estudo de Metodologia do Treinamento da festas, e sobretudo no samba de roda, como até hoje
Capoeiragem, Rio de Janeiro: Ministério do ainda se vê. Henry Koster, pesquisador inglês,
Trabalho, Industria,Comércio, 1945. quando viajou pelo nordeste do Brasil, observou e
descreveu essas festas, que incluem o berimbau
MOREIRA, R; M. N. Capoeira :Sua entre os instrumentos utilizados, como se pode ver
Origem e sua Inserção no Contexto Escolar. no seguinte trecho: – “Os negros livres também
Disponível em: >www.eddeports.com/revista< dançavam, mas se limitavam a pedir licença e sua
digital-Buenos Aires-ano 12-114- Novembro de festa decorria diante de uma das suas
2007. Acesso em: 10/10/2010. choupanas. As danças lembravam as dos negros
REIS, L. V. S. O mundo de pernas para o africanos. O círculo se fechava e o tocador de
ar: a capoeira no Brasil. São Paulo: Publisher viola sentava-se num dos cantos, e começava
Brasil, 2000. uma simples toada, acompanhada por algumas
canções favoritas, repetindo o refrão, e
ROCHA, N.M B.et.al; Indisciplina: freqüentemente um dos versos era improvisado e
compreender ou reprimir? Disponível em: continha alusões obcenas. Um homem ia para o
>www.faesi.com.br/2007/downloods/6/tcc% centro da roda e dançava minutos, tomando
<20pronto%20%20noeli%20e%20neuza.p df. atitudes lascivas, até que escolhia uma mulher,
Acesso em: 20/11/09 que avançava, repetindo os meneios não menos
indecentes, e esse divertimento durava, às vezes,
até o amanhecer. Os escravos igualmente pediam
permissão para suas danças.
Os instrumentos musicais eram
extremamente rudes. Um deles é uma espécie de
tambor, formado de uma pele de carneiro,
estendida sobre um tronco oco de árvore. O outro
é um grande arco, com uma corda tendo uma
meia quenga de côco no meio, ou uma pequena
cabaça amarrada. Colocam-na contra o abdômen
e tocam a corda com o dedo ou com um
pedacinho de pau. Quando dois dias santos se
sucediam ininterruptamente, os escravos
continuavam a algazarra até a madrugada.”
O berimbau que hoje se conhece e
se toca em todo o mundo é um arco feito de madeira
específica (nem toda madeira serve; a mais usada é

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EDUCAÇÃO FÍSICA
a biriba), tendo as pontas ligadas por meio de um Nascentes e Pedro Machado, e admitir o espanhol
fio de aço (geralmente, retirado das bordas de um pandero como gerador do nosso pandeiro.
pneu). Numa das extremidades, amarra-se uma
Luciano Gallet inclui erradamente o pandeiro
cabaça (Cucurbita lagenaria, Linneu), e esta,
entre os instrumentos africanos vindos para o Brasil,
quanto mais seca estiver, melhor. Faz-se na cabaça
enquanto José Subirá, em sua História de la Musica
uma abertura na parte que se liga com o caule e, na
(Salvat Editora, 1958), relaciona o pandeiro como um
parte inferior, dois furinhos por onde passará o
dos antiqüíssimos instrumentos musicais da Índia. Os
cordão que vai ligá-la ao arco de madeira e ao fio
hebreus o utilizavam bastante, mormente em
de aço.
cerimônias religiosas. Na Idade Média, impôs sua
Para tocá-lo, toma-se um dobrão (moeda presença e instalou-se definitivamente na península
antiga) ou um seixo arredondado e chato, uma ibérica com a invasão árabe.
baqueta (ou vaqueta, pequena vareta de madeira
Os ibéricos o utilizavam com freqüência em
ou de bambu) e um caxixi. Nos primeiros tempos da
bodas, casamentos e cerimônias religiosas,
colonização, havia no Brasil outro tipo de berimbau,
especialmente na Procissão de Corpus Christi em
bem menor, tocado com a boca, conhecido na
Portugal, e, no século XVI, na Espanha. Teve ainda o
América Latina como berimbau de Paris.
pandeiro grande destaque entre os jograis, que o
Entre os etimólogos, há verdadeiro levavam de corte em corte.
desencontro a respeito da origem do nome
O pandeiro entrou no Brasil por via
berimbau. A Real Academia Española registrou o
a portuguesa, e se fez presente já na primeira
verbete na 12 . edição de seu dicionário, em 1884,
procissão que aqui se realizou, a de Corpus Christi,
que até hoje ainda sugere proposição
na Bahia, a 13 de junho de 1549. Depois, foi
onomatopaica para a sua origem: “voz imitativa del
aculturado e aproveitado pelos negros em seus
sonido de este instrumento”. Há proposições para
folguedos, o que se verificou também entre os negros
origem africana, de Leite de Vasconcelos, em artigo
da América Latina, especialmente os cubanos: em
publicado na Revue Hispanique, onde apresenta o
Cuba, o pandeiro é um dos instrumentos da liturgia
mandinga bilimbano. Renato Mendonça propõe o
nagô, havendo até pandeiros específicos para orixás.
quimbundo mbirimbau, com a simplificação do
grupo consonantal mb. ADUFE:
Desconhece-se precisamente a verdadeira O adufe é um pequeno pandeiro de formato
origem do próprio instrumento e por que vias quadrado. Sua procedência é mourisca. O termo é de
chegou ao Brasil. Registra-se sua existência em origem árabe, ligado a duff, tímpano.
várias partes do mundo, inclusive na África, nos
territórios de Iaca e Benguela. Possui muitas Foi instrumento familiar dos hebreus e,
segundo José Subirá, o tympanum, que aparece no
denominações e vem sendo motivo de estudo, até
Gênesis, 31.27 é o adufe. Na Arábia, teve muito
mesmo em cadeiras de departamentos
prestígio entre os monarcas; quando invadiram a
universitários a ele dedicadas. É considerado o
península ibérica, os árabes levaram consigo o
mais completo instrumento de percussão. No Brasil,
é conhecido por: berimbau, urucungo, orucungo, adufe, que lá teve muito mais prestígio que o
oricungo, uricungo, rucungo, berimbau de barriga, pandeiro.
gobo, marimbau, bucumbumba, gunga, macungo, Assim como o pandeiro, o adufe entrou no
matungo, rucumbo. Brasil por via portuguesa, e também foi incluído
erradamente por Luciano Gallet entre os
Em Cuba, país da América Latina onde ele
instrumentos africanos vindos para cá. O adufe foi
é tão conhecido como no Brasil, é chamado de
sambi, pandiguro, gorokikamo e também também aculturado e aproveitado pelos negros no
burumbumba, que deve ser uma variação de Brasil. Foi muito utilizado, porém hoje não se tem
bucumbumba no Brasil. Há indicações de seu uso mais notícia de sua existência.
nas práticas religiosas afro-cubanas, coisa de que ATABAQUE:
não se tem notícia de se fazer no Brasil.
Burumbumba (buro = falar, conversar; mbumba = O termo é de origem árabe; os etimólogos
habitáculo do morto ou espírito “familiar”) é o arabistas aceitam com unanimidade a forma tabl, que
instrumento que “fala com os mortos”. Diez nomeia como maurische Panke (tímpano
mouro). Espalhou-se o vocábulo na área românica. E
PANDEIRO: além do português antigo atabal e tabal, deu no
espanhol atabal, asturiano tabal, santanderino tabal,
A origem do termo ainda é
catalão tabal, italiano ataballo, taballo, provençal
controvertida. No século passado, Adolfo Coelho
tabalh e moderno francês attabal.
relacionava o vocábulo, com alguma dúvida, ao
latim pandura. Em nossos dias, J. Carominas o faz Assim como o pandeiro e o adufe, o
derivar de pandorius, variante de pandura, tomado atabaque se encontra presente na poética medieval,
do grego pandoura. O mais sensato, porém, no principalmente por obra dos Reis Católicos de
caso da língua portuguesa, é acompanhar Antenor Espanha, Isabel e Fernando de Aragão, que muito o

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EDUCAÇÃO FÍSICA
prestigiavam, por meio dos jograis, bodas e outras FUNDAMENTOS DA CAPOEIRA
festas.
A Capoeira é considerada como uma prática
É um instrumento oriental muito antigo cultural que se organiza em forma de sistema,
entre os persas e os árabes, muito divulgado na constituindo-se pelos seguintes elementos: a roda, os
África. Embora os africanos já conhecessem o toques musicais de berimbau, as músicas, a ginga e
atabaque, acredita-se que ao chegarem ao Brasil já os movimentos corporais das dois estilos (Capoeira
o encontraram aqui, trazido pelos portugueses para Regional e Angola). Há, portanto, uma
ser usado em festas e procissões religiosas, como interdependência, em que os participantes da roda
o pandeiro e o adufe. Desconhece-se a história de deverão se revesar nestas diferentes funções no
como passou a ser utilizado na capoeira. decorrer do jogo, ou seja: o capoeirista deverá saber
desempenhar todas as formas necessárias para
(aguarde alguns dias para ver ocorrer o evento: tocará tanto o berimbau quanto o
aumentada esta relação dos instrumentos atabaque, o pandeiro, o agogô e o caxixi e ainda
musicais utilizados na prática da capoeira.) revezará com outros participantes jogando e também
cantando.

O jogo de capoeira acontece no interior de


um círculo de uns 2,5 metros de raio. Esse círculo é
reconhecido pelos capoeiristas como roda. Dentro do
círculo irão “jogar” dois participantes, enquanto que
em torno do círculo, sentados ou de pé, ficam os
demais capoeiristas.

O mestre de capoeira responsável pelo


espaço onde se realiza a roda é a autoridade máxima
do recinto, e inicialmente entram na roda apenas eles
e os formados. O ritual da roda consiste no conjunto
das regras que ordenam o comportamento dos
jogadores dentro da roda e regem a disputa em si.

Dois capoeiristas a cocoram-se à frente da


orquestra musical. Um deles “puxa” então uma
ladainha, cuja letra, geralmente, contém um desafio
ao seu parceiro de jogo. Este então, responderá à
provocação entoando outra ladainha, ao final se
preparam para o combate: benzem-se levando a mão
ao chão (e ás vezes tocando também o berimbau) e
completam com um sinal da cruz ou levam a mão
rapidamente á testa e á nuca, como é usual do
candomblé. É um ritual para pedir a proteção no jogo
e depende da religiosidade de cada um. Em seguida,
dão-se as mãos e fitam-se mutuamente, aguardando
que o tocador do berimbau-berra-boi (em geral a
pessoa de maior graduação ali presente) o incline,
ligeiramente, sobre suas cabeças. O berimbau além
de ser o principal instrumento da orquestra musical
da capoeira atual, é representado também como a
maior autoridade da roda de capoeira, uma vez que a
ordem para a entrada na mesma (e muitas vezes,
para a saída) é por ele emitida. Esse gesto de
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EDUCAÇÃO FÍSICA
inclinação do berimbau é visto como uma Há uma importante significação nessa
“autorização” ou uma “bênção” para seu ingresso analogia entre a roda de capoeira e o mundo pelo
na roda. fato de estes movimentos, gestos, músicas e todo o
sistema, poderem ser tidos como testemunhos
Os capoeiristas entram na roda através de históricos, pois na capoeira temos como
uma região conhecida como boca-da-roda à frente antecedentes históricos o escravismo, e essa
do conjunto musical. Detém-se na boca-da-roda e resistência sócio-cultural no Brasil se deu de uma
executam, um de frente para o outro e forma não-verbal. Assim, o principal suporte de
simultaneamente, um aú (estrelinha) em direção ao memória dessa cultura está em um “saber corporal”,
centro.Inicia-se então o jogo, que deve restringir-se ou seja, pode ser interpretado através dos
ao espaço da roda. Se forem dois mestres de movimentos e rituais da roda de
capoeira, ninguém a não ser outro mestre poderá capoeira.
interrompê-los.

Quando um dos capoeiristas deseja


finalizar o jogo, estende a mão a seu adversário (o
qual deve manter-se atento pois esse gesto pode Através da oposição ataque/esquiva, nasce a
ser uma cilada para a aplicação de algum ataque dialética dos movimentos corporais da capoeira que
surpresa) e, juntos, benzem-se na boca-da-roda, reside a mandinga, em que uma esquiva pode conter
saindo pelo mesmo lugar em que entraram. um ataque, enquanto que um ataque pode
rapidamente transformar-se em esquiva. É nessa
Para entrar na roda deve-se “comprar” o mandinga, ou “malícia” que está o segredo do
jogo. Um capoeirista acocora-se na boca-da-roda e, capoeirista, pois é através dela que o jogador irá
quando julga oportuno, interrompe a disputa que interpretar as intenções do outro e adiantar-se,
está em curso, colocando-se à frente daquele com colocando o adversário em desvantagem.
quem deseja jogar.
Ainda hoje, no jogo de capoeira, o que
Geralmente o ritual da roda encerra-se com importa é saber conservar-se em equilíbrio, não
cantigas de despedida. perder o apoio e, se acaso acontecer de cair, “cair
bem”, isto é, pronto para se levantar o mais rápido
Há, portanto, uma interessante analogia possível.Para o capoeirista, ter malícia significa ser
que os capoeiristas estabelecem entre a roda de flexível e oportunista, onde vê-se o jogo de capoeira
capoeira e o mundo, pois, como percebemos como um ritual de busca de poder, impregnado da
facilmente nos versos das “ladainhas”, entrar na memória da escravidão.
roda é “dar a volta ao mundo” ou “ir pelo mundo A roda de capoeira constitui-se, portanto, no
afora”. Mas o mundo da capoeira é um mundo agrupamento de todas as características que formam
diferente, particular e sagrado, (remete muitas o ritual da capoeira, e é através dela que irá
vezes aos rituais do candomblé, como por exemplo transparecer aos observadores a sua peculiaridade e
a freqüência das mãos no chão, da inversão; o que, riqueza cultural e social.
na cultura africana, é um gesto sagrado, já que o
solo para eles é como o céu para a cultura Durante o tempo que o aluno convive com o
ocidental), ninguém entra ou tampouco sai sem mestre que ele entra em contato com o infinito mundo
antes se benzer. Na verdade, há uma ambigüidade da capoeira. Por isso, não existe capoeira sem
profano-sagrada que contamina todos os elementos mestre. Cada mestre tem seu jeito particular de
do sistema cultural da capoeira, e podemos ensinar, de passar para o seu aluno tudo o que ele
perceber isso por exemplo no berimbau, um achar que o aluno
instrumento musical e ao mesmo tempo uma
autoridade espiritual. Assim como na nomenclatura
dos movimentos corporais, que mesclam nomes
sagrados e profanos (bênção, cruz, vingativa,
desprezo, etc.).

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EDUCAÇÃO FÍSICA
coordena o jogo, pede para parar ou começar ou
ainda para mudar a cadência do jogo. Não pode
haver troca de instrumento entre os jogadores e
tocadores durante o jogo, para que o tocador também
possa jogar, ele tem de esperar uma “folga” no jogo
para poder passar o instrumento para outro tocador.

É obrigatório a um bom capoeirista saber


tocar todos os instrumentos e cantar pelo menos dez
músicas diferentes. Quando dois mestres estão
jogando não se compra o jogo deles. Eles decidem
quando querem passar o jogo para outro mestre.

deve aprender para ser um bom capoeirista. Na


maioria das vezes, fundamento quer dizer
conselhos de mestre e estes conselhos ajudam aos
“menos avisados” a evitarem os vacilos na roda ou
durante o jogo. Alguns destes conselhos vêm em
forma de dicas para o aluno e são fundamentais
para o “bom comportamento” na roda, pois muitos
mestres antigos exigem o respeito às tradições e,
como não encontram, deixam de jogar e assim
deixam de ensinar muita coisa boa para os mais
novos. Na Capoeira Angola, por exemplo, vemos
que não se pode jogar sem sapato nem sem
camisa. Cada um é cada um, ninguém luta com o
jeito do outro, mas na luta de cada um há toda a
Na roda de capoeira, se você quer ser bem sabedoria que aprendeu. No jogo da capoeira, o
recebido, você tem que em primeiro lugar se principal movimento é a ginga, da qual partem todos
apresentar ao mestre dono da roda, depois os outros movimentos. Ainda existe uma infinidade
observar o jogo, tocar um instrumento e só então de pontos fundamentais a ser dita, mas está em
pedir licença e sair para o jogo. A roda começa e aberto, pois nunca chegaria a um final sendo que
termina ao pé do berimbau, não ficar disperso na existem muitos, inúmeros mestres no Brasil inteiro e
roda é o motivo principal pelo qual ela é formada, a dizer os fundamentos que cada um deles segue,
roda é o símbolo da concentração. Não”acumular” seria impossível. Destaco abaixo
nem fazer confusão ao pé do berimbau, só abaixar alguns”Mandamentos da Capoeira” e os “Pontos
para a saída pro jogo depois que os dois Essenciais do Aprendizado”, muito usados por
adversários saírem da roda. Não bater palmas e Mestre Bimba e por todos os que seguem seu estilo
nem jogar durante a de ensino.
ladainha,
Mandamentos da Capoeira
 Respeitar o mestre e guardar
disciplina durante os treinos;
 Manter vigilância permanente em
todo o ambiente;
 Não perder de vista os movimentos
do parceiro;
 Manter a calma em todas as
situações;
 Cuidar da segurança dos
pois ela pode ser um desafio e todos os jogadores companheiros de treino;
têm de estar atentos. Um mestre diz que não se  Zelar pela higiene do ambiente de
bate palmas no jogo de Angola. Outro diz que sim, treino;
que as palmas em duas batidas ritmadas e bem
compassadas fazem parte do jogo de Angola. No  Não usar os conhecimentos
jogo de Regional as palmas também podem se adquiridos em brincadeiras ou agressões de rua;
diferenciar. De qualquer forma, considere todas  Obedecer ao comando do berimbau
hipóteses corretas. Não se deve tampar a frente durante a prática da capoeira;
dos tocadores de berimbau, pois é o berimbau que

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EDUCAÇÃO FÍSICA
 Obedecer às instruções do mestre Uma finta de movimento, um faz que vai e
durante os treinos; não vai, um floreio de mão, uma meia-queda para um
lado ou para o outro, tanto faz o tipo de “segredo”
 Praticar diariamente todos os que o jogador vai usar, são todos movimentos
movimentos já aprendidos; imprevisíveis, feito um gato andando em cima de
 Não se afastar nem de virar de telhas, nunca se sabe para onde ele vai pular. A
costas para o parceiro. mandinga é o “trunfo”, “a carta na manga” que o
capoeirista usa para testar seu adversário e para ver
Pontos Essenciais no Aprendizado até onde ir com o jogo, se aperta ou deixa correr
 Humildade; folgado.

 Disciplina; Também faz parte da mandinga a reza que o


capoeira faz antes de iniciar o jogo, é o momento de
 Educação esportiva; concentração que ele tem para planejar seu jogo,
 Respeito à hierarquia; ninguém sabe o que o capoeirista diz quando se
abaixa ao pé do berimbau, além de pedir proteção
 Atenção ao companheiro; contra os eventuais acidentes ele também dá uma
 Gingado perfeito; boa mandingada alí, naquele momento que para ele
é sagrado e cheio de segredo.
 Obediência ao comando do
berimbau; Outra coisa que poucos entendem dentro da
roda de capoeira são os trejeitos de rosto e de corpo
 A esquiva deve ser o começo do que o jogador faz para o seu adversário, é aí que ele
contra-golpe; camufla todas as partidas para seus movimentos de
 Não oferecer resistência direta; ataque e de defesa, ou seja, quando o adversário
pensa que ele vai fazer um movimento, ele muda a
 Sempre acompanhar a direção do queda do corpo e de repente faz um outro movimento
ataque durante a esquiva; completamente saindo do ataque de um lado e
 Nunca fugir para trás; atacando de outro lado pelas costas. É na
camuflagem de movimentos que está toda
 Atacar de encontro ao a”malandragem” do jogo.
deslocamento do adversário;
É por isso que se diz: “QUEIM DROMI IM
 Saltar antes de ser derrubado; CASA DUS ÔTRU NUM FÊXA US ÓIU, CONTA AS
 Defesa de rasteira é aú; TÊIA!“. Isso quer dizer que, ARVE GRANDI PODI TÊ
MACACU VÉIO NUS GÁIU.
 Jamais expor o flanco, a cabeça, o
pescoço ou as costas;
 Manter o adversário no campo
visual periférico;
 Sempre esquivar girando para o
mesmo lado do movimento de ataque;
Se levarmos em conta que cada um destes
mandamentos ou destes pontos essenciais quer
dizer, teremos na verdade mais uma bela
seqüência de ótimos fundamentos para qualquer
um aprender e adquirir para ensinar.
A Mandinga ou Malícia “Nêgo véio
mandinguêro dá um risu a todumundu mais é brabo
i veiaco cum mulequi i vagabundu“. Nesta parábola,
vê-se muito bem onde se esconde a mandinga de
um velho capoeira.

É de sorriso em sorriso que ele arma seu


jogo e faz hora com o adversário dentro da roda.
Não é só no jogo de Angola que existe mandinga,
na Regional também existe e muita.

A mandinga ou malícia é o jeito que cada


um cria de jogar a capoeira e de lidar com seu
adversário dentro da roda.

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BRINCADEIRAS FOLCLÓRICAS

As brincadeiras folclóricas reúnem diversos


SIGNIFICADOS jogos tradicionais e populares.

O que é Folclore: São muito utilizadas na educação infantil pois


além de divertirem, trabalham com a cognição,
Folclore é o conjunto de tradições e coordenação, criatividade, concentração e interação
manifestações populares constituído por lendas, social das crianças.
mitos, provérbios, danças e costumes que são
passados de geração em geração. As brincadeiras folclóricas são passadas de
geração em geração e normalmente não possuem
A palavra tem origem no inglês, em que um autor definido. Elas podem sofrer algumas
"folklore" significa sabedoria popular. A palavra é modificações, seja no nome ou nas regras,
formada pela junção de folk (povo) e lore (sabedoria dependendo da região do país.
ou conhecimento).
Lembre-se que o folclore reúne diversas
O folclore simboliza a cultura popular e expressões de caráter popular como as lendas,
apresenta grande importância na identidade de um músicas, cantigas, danças, crenças, festas,
povo, de uma nação. Para não se perder a tradição provérbios, adivinhações, anedotas, parlendas, etc.
folclórica, é importante que as manifestações
culturais sejam transmitidas através das gerações. Brinquedos Tradicionais

O folclore é o produto da cultura de um país Os brinquedos tradicionais são objetos que


e por isso cada país tem elementos únicos de envolvem (ou não) uma brincadeira popular, por
folclore. O folclore japonês, por exemplo, está exemplo:
repleto de lendas sobre criaturas misteriosas e Bolas de gude: bolinhas de vidro coloridas
sobrenaturais, conhecidas como Yokai ou Youkai utilizadas em jogos de grupos, onde uma bola é
(aparições misteriosas). lançada acima da outra (do concorrente).
A UNESCO é uma organização Pipas (papagaio): produzidas de vareta de
internacional que tenta salvaguardar o patrimônio madeira (ou bambu) e papel de seda colorido, as
cultural e sensibilizar o povo para a importância da pipas são feitas para fazer manobras acrobáticas no
herança folclórica e necessidade de preservação da céu.
cultura popular.
Pião: geralmente é feito de madeira e possui
Em sentido figurado, a palavra "folclore" é uma ponta metálica. Com uma corda enrolada ao
usada com o significado pejorativo de "mentira", pião, a pessoa lança o objeto que realiza diversos
"invenção", designando algo fantasioso. Também rodopios.
se refere a determinadas características pitorescas
relacionadas com uma pessoa, um acontecimento, Estilingue: objetos feitos de galhos em forma
um lugar, etc. Por exemplo: folclore político. de forquilha e tiras de borracha. São utilizados para
disparar pedras ou qualquer objeto pequeno como
Folclore brasileiro grãos.
O folclore brasileiro é muito rico e há uma Figurinhas: pequenas cartas temáticas em
grande variedade de manifestações culturais em que as crianças fazem coleção e realizam trocas
todo o Brasil. Apenas alguns exemplos: entre elas. Há alguns álbuns destinados para
Festas populares: Carnaval, Festas colagem. As figurinhas podem ser usadas num jogo
Juninas, Cavalhadas, Festa do Divino; popular de "bater figurinha". Nesse casoi, são
reunidas num monte e a pessoa bate e as cartas que
Lendas e Mitos: Saci-Pererê, Negrinho do virar são dela.
pastoreio, Mula sem cabeça, Lobisomem, Curupira,
Bicho-papão, Boitatá; Jogos Populares

Música e Dança: Frevo, Samba,


Fandango, Xaxado, Xote, Maracatu, Pau-de-fita,
Quadrilha
Cantigas de roda: Atirei o Pau no Gato,
Escravos de Jó, Ciranda-cirandinha, O Cravo e a
Rosa, Sapo Cururu.
No Brasil, o Dia do Folclore é celebrado no
dia 22 de Agosto.

Foto de criança brincando de amarelinha

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EDUCAÇÃO FÍSICA
Os jogos populares são brincadeiras adversários passem da linha marcada. Assim, o
tradicionais e que podem ser jogadas grupo mais forte vence o jogo.
individualmente ou em grupo.
Cabra-Cega
Amarelinha
Jogada em grupo, uma pessoa é escolhida e
Jogada em grupo, no chão é desenhado seus olhos são vendados. Sem ver os outros
uma sequência de uma e depois duas quadras. São participantes ela tenta encontrá-los.
feitos dez quadrados e cada um leva um número
Se conseguir tocar um deles, ela se livra da
(de 1 a 10).
venda e passa para a pessoa que foi pega. Note que
Com uma pedra, por exemplo, cada jogador em alguns lugares é chamado de cobra-cega.
deve acertar na casa dos números em sequências
Gato-Mia
e ir pulando (com um e dois pés) cada quadra, até
chegar no final. Da mesma forma que a cobra-cega, o gato-
mia é um tipo de brincadeira que envolve um grupo
O jogador não pode pisar no número que
de pessoas. A diferença é que quando a pessoa
está a pedra, nem nas linhas dos quadrados.
vendada encosta em outra, essa faz um som de
Assim, ganha quem conseguir atingir todos os
miado.
números e pular sem pisar fora ou na quadra que
está lançada a pedra. Através do som, a pessoa vendada deve
adivinhar quem é. Se ela adivinhar, o jogo passa para
Pega-Pega
a pessoa tocada. Do contrário, ela recomeça. Essa
Em grupo, uma pessoa é escolhida para ser brincadeira também pode ser jogada num local
o pegador de outras. Assim que este encosta a mão escuro.
em outras, a pessoa fica fora de jogo. O objetivo é
Passa Anel
tocar em todos os jogadores.
Atividade em grupo, onde um é escolhido
Há diversas versões dessa brincadeira
para passar o anel pela mão de outras crianças. Em
popular. Uma delas é quando o pegador toca numa
fila, todos os participantes permanecem com as mãos
pessoa, essa muda sua posição e passa a pegar as
unidas e entreabertas em forma de concha.
outras.
Assim, o passador deixa discretamente o
Esconde-Esconde
anel na mão de algum jogador e por fim, escolhe
Brincadeira em grupo onde uma pessoa fica outro jogador para adivinhar com quem ficou o anel.
encarregada de contar (geralmente até 10) e de Se este não conseguir acertar, começa novamente
olhos fechados, até que os outros se escondem. com aquele que ficou com o anel.
O local onde a pessoa realizou a contagem Forca
é utilizado para imunizar os outros, o qual é
Jogo realizado em grupos e tem como
chamado de pique.
objetivo a adivinhação de alguma palavra. A pessoa
Por isso também, essa brincadeira é que escolhe a palavra pode enunciar alguma dica
também conhecida por "pique-esconde" sobre as características, por exemplo, é uma fruta,
um local, um objeto, etc.
Se o último jogador conseguir atingir o
pique e dizer a frase "salvo o mundo", todos os Cada um indica uma letra e se a palavra não
jogadores que foram pegos ficam salvos. A partir tiver essa letra, aos poucos é desenhado um corpo
disso, a mesma pessoa deve realizar a contagem numa “suposta” forca.
novamente.
Os jogadores podem adivinhar a palavra ao
Pular Corda longo da partida. Se não for adivinhada e o corpo
todo for desenhado, eles perdem.
Atividade realizada individualmente ou em
grupo. Quando envolve mais pessoas, duas delas Por: Daniela Diana Professora licenciada em
balançam e rodam a corda, para outra ficar Letras
pulando.
Se a pessoa que pula pisar na corda, é a
vez de outra. Essa atividade também pode envolver
músicas populares, cantadas pelas pessoas que
balançam a corda.
Cabo de guerra
Brincadeira formada por dois grupos. É
utilizada uma corda e desenhado um limite no chão.
Ao começar, cada grupo puxa a corda, até que os

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EDUCAÇÃO FÍSICA
DANÇAS FOLCLÓRICAS Ciranda
A ciranda é uma dança tipicamente
As tradições e cultura de uma região
pernambucana, das mulheres de pescadores que
brasileira estão mergulhadas no folclore, sejam elas
dançavam e entoavam cantos a espera dos homens
de cunho religioso, baseadas em lendas ou na
chegarem do mar. A ciranda é basicamente uma
história, homenagens a importantes acontecimentos
grande roda, onde seu integrantes dançam ao som
ou brincadeiras populares. As danças folclóricas
de ritmo lento, acompanhado por instrumentos como
são uma das principais formas de manifestação
zabumba, tarol, ganzá e maracá. A dança é marcada
cultural, com músicas animadas e simples, além
com passos simples ou coreografados.
dos trajes típicos para executá-las em espaços
públicos. Maracatu
As danças folclóricas brasileiras mais O maracatu, de origem africana, é uma
conhecidas são: samba de roda, catira, ciranda, dança folclórica típica da região nordeste do Brasil,
maracatu, maculele, quadrilha de festa junina, mas concentrada no Estado de Pernambuco. Seu
bumba meu boi, baião, xaxado, frevo, carimbó, nome significa batuque ou dança e representa a
dentre outras. saída de pessoas adeptas às religiões afro-brasileiras
às ruas, para saudar os orixás. Essa manifestação
Samba de Roda
ocorre durante o carnaval e as fantasias mais
comuns são de reis, princesas, rainhas, índios e
baianas. A dança é composta por giros e pulos sob
um ritmo frenético que remete às congadas, festa
popular brasileira.
Maculele
O Maculelê é uma dança folclórica de origem
africana e indígena. Simula uma luta tribal que utiliza
dois bastões como “arma”. A esses bastões dá-se o
nome de grimas ou esgrimas. A música do maculelê
é composta por percussão e canto.
Quadrilha de Festa Junina
Dança muito conhecida em todo o Brasil no
período de festas juninas, mas principalmente na
região de maior destaque: o nordeste brasileiro.
Herança cultural do período da escravidão Homens e mulheres vestidos em trajes típicos da
no Brasil e influenciada pelos portugueses, o samba cultura caipira dançam de maneira animada, com
de roda é uma dança folclórica originalmente de muitos movimentos e coreograficas, ao som de
culto aos orixás e caboclos, em 1860 no Recôncavo músicas conhecidas como “capelinha de melão, “pula
Baiano. Se divide em dois estilos característicos: fogueira” e "cai, cai balão”. Um animador anuncia
samba chula e samba corrido. frases que marcam momentos na dança.
O samba de roda é também conhecido Frevo
como Umbigada, pois a cada saída de um
participante da roda, outro é combindada para O frevo é uma dança folclórica típica do
dança, dando-lhe uma “Umbigada”. Palmas e carnaval de rua e salão da cidade de Recife, em
cantos animam os dançarinos na roda, ao som de Pernambuco. É uma dança rítmica, de andamento
instrumentos como chocalhos, pandeiros, viola, rápido e coreografia individual. Os dançarinos são
atabaque e berimbau. conhecidos como passistas, que com suas fantasias
coloridas agitam guarda-chuvas, elemento
Principais compositores do samba de característico do frevo. A música do frevo é
roda: Dorival Caymmi, João Gilberto e Caetano executada por instrumentos de sopro que compõem
Veloso. a fanfarra.
Catira Carimbó
Dança folclórica também conhecida como O carimbó é uma dança folclórica paraense
cateretê, a catira tem ritmo musical caracterizado de origem indígena, mais precisamente dos índios
pela batida dos pés e mãos dos dançarinos. Sofre tupinambá e influenciada por africanos e
influência indígena, africana e europeia. portugueses. Carimbó é o nome do tambor utilizado
Geralmente, a catira é dançada em duas fileiras, na dança. A dança é representada em pares, com
com mulheres de um lado e homens de outro ao duas fileiras de homens e mulheres voltados para o
som de violas e cantos dos violeiros. Pode ser centro da roda. O ritmo da música é marcado com os
dançada apenas por homens. pés e palmas dos homens, convidando as mulheres

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para a dança. Após o convite, os pares se formam e CRENDICES, CULINÁRIA, MITOS POR REGIÃO
giram em torno de si mesmo.
Folclore Região Sudeste
Bumba meu Boi
O folclore da região sudeste do Brasil, assim
O bumba meu boi, ou boi bumbá, é uma como sua parte econômica, é bastante rico. Apesar
dança folclórica nordestina, do início do século XVIII de conter vários mitos e lendas que são comuns em
e que sofre influências das culturas portuguesa, outras regiões brasileiras e até em outros países
negra e indígena. O bumba meu boi é composto de (como é o caso do lobisomem), a cultura popular
música regional, vários personagens da lenda, também tem mitos regionais. Os costumes folclóricos
incluindo um homem vestido de boi. No decorrer da da região incluem dança, seres misteriosos e festas
dança, o boi morre e é ressuscitado com um puxão marcantes. O maior exemplo de festa símbolo da
em seu rabo. região é o carnaval, que tem forte presença no Rio de
Janeiro e em São Paulo, duas importantes cidades
Baião
turísticas. Minas Gerais e Espírito Santo também são
O Baião é um subgênero do forró, uma focos culturais, com danças e mitos característicos
dança típica nordestina, que surgiu inicialmente da região.
como nome de uma festa com danças e melodias
Um ponto a ser destacado é que há uma
executadas em violas. O patrono do baião foi Luiz
forte influência da cultura afro no folclore dessa
Gonzaga, importante compositor e cantor popular
região. Isso se deve ao fato de que, na época da
brasileiro. A temática do baião é baseada nas
escravidão, os centros comerciais e as grandes
dificuldades e no cotidiano dos nordestinos.
plantações das fazendas que os negros trabalhavam
Chula se situavam nesse local. Os seus costumes e ritos
acabaram sendo incorporados pela cultura popular.
De origem portuguesa, a chula é uma
dança folclórica do Rio Grande do Sul, Danças
caracterizada pelo desafio e disputa. Uma vara é
Começando pela dança, de uma forma geral,
disposta no chão e em cada extremidade fica um
a dança da cana-verde, a quadrilha e o fandango são
dançarino. Um deles executa uma coreografia
praticadas em toda região. A quadrilha tem destaque
complexa e outro deve repetir.
por estar vinculada à festa nacional de São João. A
Xaxado origem da quadrilha é inglesa, no século XVIII. No
Brasil, a dança é puxada por um animador e os
Dança folclórica muito praticada pelo
casais vão agindo segundo as instruções dadas pelo
cangaceiro Lampião e seu bando no sertão
animador. Uma curiosidade dessa dança é que, em
nordestino. O nome xaxado é derivado de uma
alguns históricos, a quadrilha é uma dança em que
onomatopeia, ou seja, do som produzido pelas pessoas tipicamente urbanas se vestem e agem de
sandálias dos cangaceiros se arrastando sob o solo forma a ridicularizar pessoas residentes do campo.
durante alguma comemoração do bando. As letras
das músicas são satíricas e o tempo fortemente Ainda há outras danças são típicas da região,
marcado. Com a entrada de Maria Bonita e outras com mais presença em alguns estados isoladamente.
mulheres do bando, a presença feminina na dança É o caso do batuque (SP, MG e ES), catira (SP e
se tornou mais forte. Instrumentos típicos da dança MG), caxambu (MG, RJ), ciranda (RJ), dança de São
eram o pífano, zabumba, triângulo e sanfona. Gonçalo (MG, SP), dança do tamanduá (ES),
fandango (SP), jongo (MG, SP) e Mineiro-pau (MG,
RJ). Vale destacar também a grande quantidade de
danças típicas do Espírito Santo que, entre muitas,
estão: a dança alemã, bate flechas, dança açoriana,
congo e a tradicional capoeira.
Festas
Muitas são as festas características da região
sudeste. Dentre elas, o carnaval é a mais famosa.
Assim como a quadrilha, ela é uma festa de caráter
nacional. O sudeste, no entanto, tem grande tradição
nessa festa, sendo que, nos desfiles das escolas de
samba do Rio e São Paulo são destaques nacionais.
Também em Minas Gerais e no Espírito Santo
ocorrem grandes carnavais, só que mais voltados
para os de rua. Ele nasceu na Grécia, entre os anos
600 e 520 a.C. Mas tomou uma forma mais parecida
com a que conhecemos em Roma. Apesar de muitas
controvérsias que existem sobre a origem dessa
festa, o que já se sabe é que o Brasil, hoje, é país
com o carnaval mais famosos do mundo.
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Ainda há outras festas que são tipicamente - Minas Gerais (MG);
do sudeste brasileiro: as festas juninas (quando são
- Espírito Santo (ES);
dançadas a quadrilha, os rodeios, a folia de reis
(festa realizada do 24 de dezembro até 6 de É a região que possui uma culinária
janeiro), a festa do divino Espírito Santo (em misturada e variada. Os estados de São Paulo e Rio
Diamantina) e ainda outras festas que são mais de Janeiro, por exemplo, estão na lista dos melhores
regionais nos quatro estados. lugares para comer, devido as diversas opções
gastronômicas.
Ritos
Culinária da Região Sudeste
Os ritos da região sudeste são uma mistura
de duas culturas dominantes na região: a tradição A variedade gastronômica surgiu
da religião católica e a cultura trazida pelos principalmente por causa da chegada de imigrantes,
escravos no período de escravidão. Um exemplo dos colonizadores e também dos povos que já
clássico de cada uma dessas linhas, começando residiam no Brasil. Desde a colonização, do contato
pela cultura afro, é a tradicional homenagem á dos jesuítas com os índios, mantendo-os no litoral
iemanjá (orixá considerada rainha das águas), que capixaba, parte de sua cultura e culinária foi
acontece na passagem de ano, praticado incorporada aos costumes atuais. Depois com os
principalmente no Rio de Janeiro. Nesse ritual, são bandeirantes que desbravaram o interior,
jogadas flores, presentes e oferendas no mar, especialmente Minas Gerais, em busca de riquezas,
dedicados para ao orixá. Além disso, existe a ao realizarem grandes viagens precisavam carregar
tradição de “pular sete ondas” como uma forma de alimentos duráveis tais como feijão e milho, que
pedir sorte para ela. posteriormente deram origem ao virado paulista, que
atualmente, é feito com cebola, alho e toucinho.
Já o exemplo católico de rito muito
difundido no sudeste brasileiro é também um Com o declínio da busca pelo ouro em Minas
exemplo de festa tradicional: a folia de reis. Nessa Gerais, o estado passou a investir na produção
ocasião, pessoas saem em festa pelas ruas, com o pecuária, e através do leite, veio a se tornar o maior
proposito de imitar o três reis magos que saíram ao produtor de queijo e doce do Brasil.
encontro de Jesus quando esse nasceu. O grupo
de pessoas vai cantando com os tocadores que Outras influências vieram através de
imigrantes italianos e japoneses, em São Paulo, que
acompanham a festa e saem de casa em casa
trouxeram a pizza, o sushi e o sashimi; árabes e
recebendo bebidas e comidas, pois, segundo a
espanhois, no Rio de Janeiro, com comidas como
lenda, quem recebesse essas pessoas seriam
esfirras, tabules, quibes, kaftas, paella, dentre outras;
abençoadas.
além de alemães e também italianos, no estado do
Mitos Espírito Santo, com pratos como polenta, café
colonial, chucrutes, dentre outros.
Quanto aos mitos, alguns deles são
comuns em todo o Brasil, outros já têm mais caráter Culinária do Rio de Janeiro
regional e não são tão populares assim.
Feijoada Brasileira
Personagens como a mula-sem-cabeça, o
lobisomem e a Iara tem fama nacional. Já outras A culinária do Rio de Janeiro possui uma
como o cavalo invisível, lenda de Chico Rei ou a influência muito forte dos pratos portugueses e
chamada missa dos mortos são menos conhecidos, também uma enorme variedade, desde frutos do mar
mas tão presentes na cultura popular da região à feijoada.
como os outros.
A cidade do Rio de Janeiro durante muito
O lobisomem, apesar de ser típico dessa tempo foi capital de Portugal e por isso, grande parte
região é um mito de origem europeia, com raízes na dos pratos lusitanos são oriundos desse país.
mitologia grega. A lenda conta que um homem, nas
noites de sexta-feira de lua cheia, se transforma Um dos pratos populares é a feijoada. Chega
num ser meio homem, meio lobo e, ao nascer do o final de semana ou mesmo durante o decorrer dela,
Sol, ele volta a ser homem. Para que isso aconteça, os restaurantes já começam a servir a famosa
é necessário que um casal tenha sete filhas e que o feijoada carioca com torresmo, couve, arroz, farofa e
oitavo seja homem, sendo que esse último será o rodelas de laranja.
lobisomem. Pratos Típicos do Rio de Janeiro
Comidas do Sudeste ♦ Feijoada
A região sudeste é considerada uma das ♦ Aipim (“Mandioca ou Macaxeira” em outros
mais ricas e populosas do Brasil. É formada pelos lugares)
estados de:
♦ Bacalhau
- São Paulo (SP);
♦ Caldo Verde
- Rio de Janeiro (RJ);
♦ Bolinho de Aipim

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♦ Bolinho de Bacalhau Damorida ♦ Bolo de macaxeira ♦ Caruru ♦ Gurijuba ♦
Maniçoba ♦ Pirarucu de Casaca
♦ Feijão Preto
Pato no Tucupi
♦ Estrogonofe de Carne
O pato no tucupi é um prato popular da
♦ Camarão com Chuchu
região norte composto por pato, jambu e tucupi
♦ Filé à Oswaldo Aranha (líquido extraído da mandioca brava). Outros
temperos também são acrescentados. Como
♦ Picadinho
acompanhamento, o prato pode ser servido com
♦ Canjiquinha. farinha de mandioca e arroz.
♦ Feijoada Caldeirada
A feijoada é considerada o prato mais A caldeirada é um prato típico da região, feita
popular no Brasil, é um cozido feito com feijão preto com peixe em postas (dourado, filhote, pescada
e pedaços de porco, servido com rodelas de amarela, tucunaré etc.), temperos, ovos, azeite e
laranja, arroz, torresmo, farofa e couve. tucupi.
Comidas do Norte Pirarucu à Casaca
O pirarucu à casaca é um prato popular feito
com peixe, temperos, manteiga e colorau. O estado
do Acre é um dos principais comercializantes desse
peixe.
Mujica de Peixe
Prato tradicional da região norte, que pode
ser feito com tambaqui desfiado, farinha, pimenta-do-
reino, cheiro-verde, pimenta-de-cheiro, colorau,
tomate, alho e cebola.
Tacacá
A culinária do Norte do Brasil possui forte
influência indígena, com muitos pratos de peixes e Receita de origem indígena semelhante a
carnes de caça. É rica devido aos ingredientes uma sopa feita com goma de tapioca, caldo de
oferecidos pelo bioma amazônico e por isso, é um tucupi, sal, jambu, alho, camarão e pimenta.
dos maiores exemplos de culinária nacional. Parte Geralmente, é servido quente em uma cuia.
da cultura portuguesa foi incorporada na Caruru Paraense
gastronomia através dos imigrantes que
permaneceram na região após a colonização. Além Prato composto por camarão seco com
disso, outros povos deixaram suas contribuições cebola, cebolinha, alho, pimentão, quiabo, jambu,
tais como japoneses, italianos e libaneses. farinha, pimenta-do-reino e azeite de dendê.

A região norte abriga a Floresta Amazônica Gurijuba


e o Rio Amazonas e é composta pelos estados: É um peixe saboroso de cor parda-
- Amazonas (AM); acizentada, com cabeça grande e achatada. É muito
comercializado no Amapá e pode ser feito com
- Acre (AC); manteiga, farinha de mandioca, alho e leite de coco.
- Amapá (AP); Além disso, com sua carne é possível produzir filé e
hambúrguer.
- Roraima (RR);
Maniçoba
- Rondônia (RO);
É um tipo de feijoada feita com folhas de
- Pará (PA); mandioca, que substitui o feijão. Acrescenta-se paio,
costelinha e carne de porco. Como acompanhamento
- Tocantins (TO)
temos farinha, arroz e pimenta podem ser servidos.
Ingredientes mais utilizados
Damorida
Os principais ingredientes consumidos na
Receita indígena feita com carne ou peixe
região norte são milho, mandioca, farinha d'água,
assado. Adiciona-se pimenta malagueta, pimenta
farinha seca, farinha de peixe, guaraná em pó, açaí,
jiquitaia, sal e goma de tapioca. Por ser uma prato
cupuaçu, castanhas, peixes diversos, etc.
apimentado, é importante consumí-lo com cuidado.
Comidas Típicas da Região Norte Como acompanhamento, uma dica é servir com arroz
e pirão feito com farinha de tapioca.
♦ Pato ao tucupi ♦ Peixada de Tucunaré ♦
Tacacá ♦ Pescada Paraense ♦ Mujica de peixe ♦

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Doces do Norte africanas produziam as comidas típicas e pratos
sagrados com alto significado religioso. Exemplo
Os doces da região norte são populares e
disso, existem o abará e o acarajé, vendido
criados a partir dos frutos da Floresta Amazônica.
atualmente nos tabuleiros das baianas. Outros pratos
Com eles, é possível fazer doces com açaí,
populares estão o caruru e o vatapá. Os elementos
cupuaçú, camu-camu, tucumã, dentre outros.
principais da cozinha baiana são o azeite de dendê, o
Bolo de Macaxeira coco, a pimenta e o quiabo que são frequentemente
adicionados às receitas.
A macaxeira, também chamada de aipim
nas regiões sudeste e sul, é uma raiz da mesma Em Alagoas, prevalecem os pratos com
família da mandioca. É muito utilizada para a frutos do mar. Já no Maranhão, com um forte
produção de farinhas, bolos e doces. Como contribuição dos portugueses, receberam pratos com
exemplo, existe o bolo de macaxeira, muito popular temperos picantes e uma comida característica do
na região. estado. Os pratos oriundos de Portugal foram
mantidos e perpetuados pela dona de casa
Comidas do Nordeste
portuguesa. Um exemplo, é a galinha ao molho
pardo, feito com o sangue da ave, que deu origem a
famosa galinha de cabidela. Outros pratos lusitanos
estão o sarapatel e a buchada.
No sertão do Nordeste, devido ao clima, a
carne-de-sol, feijão, milho, rapadura e pratos
elaborados com raízes, como a mandioca são os
mais populares. No interior, uma das tradições são as
festas juninas que contribuíram com a produção de
diversos pratos do festejo. Com danças típicas,
músicas, brincadeiras e comidas típicas é uma festa
que homenageia os santos populares e atualmente é
A culinária nordestina é forte, influenciada comemorada em vários estados brasileiros. Nessa
pelas condições geográficas-econômicas e festa são produzidas comidas como milho cozido ou
principalmente pelas comidas assado, canjica, cocada, pé de moleque, arroz-doce,
africanas/portuguesas (apesar de holandeses, cuscuz e pamonha.
franceses e ingleses terem permanecido na região
Pratos Típicos do Nordeste
por um certo tempo).
♦ Tapioca ♦ Acarajé ♦ Vatapá ♦ Moqueca de
Os pratos contém, geralmente, muitos
peixe, ostra e camarão ♦ Buchada de Bode ♦ Baião
vegetais, carne bovina e caprina, peixes e frutos do
de Dois ♦ Macaxeira ("aipim ou mandioca" em outros
mar. Devido ao bioma da caatinga, os pratos
lugares) ♦ Mariscos e Moluscos ♦ Lagosta ♦ Fritada
adquiriram um sabor forte, apimentado e com alto
de siri ♦ Paçoca (de carne) ♦ Caruru ♦ Carne-de-sol ♦
teor calórico. Já no litoral do Nordeste, receberam
Queijo Coalho ♦ Cuscuz de Milho.
um sabor carregado, além de uma variedade de
ingredientes e cores. Os frutos do mar se Alguns Pratos Populares
destacam, com a produção de bobó de camarão,
moquecas de peixe ou moluscos e crustáceos. Tapioca

A região é formada pelos estados: A tapioca ou beiju, é uma massa feita com
goma originária da fécula da mandioca que foi criada
- Sergipe (SE); pelos índios brasileiros (tupis-guaranis). Depois, os
colonizadores foram dominando as técnicas dando
- Ceará (CE);
origem a famosa tapioca.
- Paraíba (PB);
Baião de Dois
- Alagoas (AL);
Quando o povo nordestino passava por
- Rio Grande do Norte (RN); problemas devido a seca na região, a comida era
escassa e era preciso guardar o necessário, sem que
- Pernambuco (PE);
houvesse desperdício. Por isso, surgiu no Ceará, o
- Maranhão (MA); Baião de Dois, uma mistura de arroz, feijão, carne
seca e queijo coalho.
- Bahia (BA);
Acarajé
- Piauí (PI).
Receita de origem africana que teria surgido
Influências na Culinária Nordestina
de acordo com uma lenda de Xangô e sua esposa
Na Bahia e no Pernambuco, os pratos Iansã. É um bolinho feito com feijão fradinho, sal,
africanos fazem sucesso, por causa da escravidão alho, cebola, gengibre frito no azeite de dendê e
dos negros. No estado baiano, as escravas recheado com camarão seco temperado.

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Moqueca indígena de onde surgiu o consumo de raízes, como
a mandioca.
É um prato no qual é cozido peixe com
azeite de dendê, leite de coco, pimenta e coentro. Culinária Mato-Grossense
Carne de Sol com Queijo Coalho A culinária mato-grossense tem pratos
exóticos, mas também pratos simples e temperos
A carne de sol geralmente é consumida no
provenientes do Cerrado.
Nordeste com pirão (feito de coalhada, leite,
manteiga de garrafa, farinha de mandioca) e queijo A maioria dos pratos típicos são à base de
coalho. peixes (de água doce), dentre eles: pintado, pacu,
pacupeba, piabucu, piraputanga e dourado. São
Paçoca de Carne Seca
criados pratos como costela de pacu frita ou
É uma farofa criada com a mistura da ensopado de filete de pintado, por exemplo. É
farinha de mandioca, cebola e carne seca moída. comum consumir como acompanhamento arroz,
Consumida, geralmente, com banana e baião de pirão e farofa de banana. Um dos pratos típicos que
dois. faz sucesso é o caldo de piranha. Além de peixes,
carnes bovinas e suínas, além de carnes exóticas,
Sarapatel
como de javali, capivara e jacaré fazem parte do
É um prato criado com vísceras de porco, cardápio mato-grossense.
bode ou carneiro, cozida com o sangue do animal e
Ainda na gastronomia, são produzidos
recebe diversas variações pelos estados. Pode ser
licores, conservas, cachaças e sobremesas diversas.
acompanhado de farinha e pimenta.
Pratos Típicos de Mato Grosso
Vatapá
♦ Mojica de Pintado ♦ Galinha Caipira ♦ Pacu
É um creme de tem diversas receitas.
Assado ♦ Caldo de Piranha ♦ Ventrecha de Pacu ♦
Geralmente, é feito com camarão, pão, farinha de
Moqueca de Peixe ♦ Curimba à Moda Mato-
rosca ou fubá, castanha de caju, pimenta, leite de
Grossense ♦ Piraputanga ao Molho Branco ♦ Animais
coco, amendoim e azeite de dendê. É servido com
Selvagens (Capivara na Caçarola) ♦ Costela Atolada
recheio para o Acarajé.
♦ Carne Seca com Banana ♦ Vaca Atolada ♦
Caruru Picadinho com Quiabo ♦ Guisado à Moda Cuiabana.
É um prato produzido com quiabo, Culinária Mato-Grossense-do-Sul
camarão, azeite de dendê e temperos que são
Formada pelos biomas da Mata Atlântica,
misturados à farinha de mandioca e caldo.
Pantanal e Cerrado. Tem pratos feitos com
Comidas do Centro-Oeste ingredientes do próprio estado, mas influência das
culinárias da Argentina, da Bolívia e do Paraguai.
Pratos Típicos de Mato Grosso do Sul
♦ Sopa Paraguaia ♦ Forrundu (doce de
mamão com rapadura) ♦ Pacu ♦ Caribéu (abóbora
com carne-seca) ♦ Tereré (tipo de chá semelhante ao
chimarrão) ♦ Puchero (espécie de cozido proveniente
da Argentina) ♦ Locro.
Culinária de Goiás
Em Goiás, a culinária é bem variada, caseira
e possui traços da cozinha mineira. Um dos pratos
mais populares é a galinhada, uma mistura de arroz,
A região centro-oeste possui uma gastronomia pequi (ou guariroba) e galinha. Mas o pequi é um dos
variada, sendo o Cerrado, o bioma que faz parte de frutos mais populares do estado. Tem um gosto forte
todos os estados, que são: e diferente e é utilizado para a produção de diversos
pratos doces, salgados, sorvetes, licores, azeites e
 - Goiás (GO); geleia. Além do pequi, a castanha de baru e o
cajuzinho do Cerrado também são utilizados para a
 - Distrito Federal (DF);
produção de doces e sorvetes.
 - Mato Grosso (MT);
Pratos Típicos do Goiás
 - Mato Grosso do Sul (MS). ♦ Arroz com Pequi ♦ Guariroba ♦ Galinhada ♦
Além disso, a culinária é bastante marcada pela Pamonha de Milho ♦ Abobrinha Recheada ♦
pecuária com o consumo de carnes caprina, suína Empadão Goiano ♦ Peixe na Telha ♦ Arroz Maria
e bovina. Teve contribuição também da culinária Isabel.

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Culinária do Distrito Federal Comidas do Sul
Em Brasília, não existe nenhum prato
realmente típico, pois a capital é uma cidade de
misturas. A população é formada por pessoas de
todas as regiões. Possui uma cultura variada, assim
como a culinária, com traços de todos os cantos do
Brasil. É possível encontrar restaurantes de todos
os tipos, além de muitos pratos da culinária
internacional.
Alguns Pratos Populares
Caldo de Piranha
É um caldo feito com piranha, temperos e
água. É responsável por oferecer energia e hidratar A região sul, com temperaturas baixas, é
o corpo. É costume tomá-lo em cumbucas ou composta pelo bioma dos Pampas, e devido ao clima
xícaras. semelhante ao europeu, recebeu vários imigrantes
Vaca Atolada que se instalaram nos seguintes estados:

É um prato típico feito com costela de boi, - Paraná (PR);


mergulhada num caldo de gordura e mandioca. - Santa Catarina (SC);
Mojica de Pintado - Rio Grande do Sul (RS);
A mojica de pintado é um prato típico do A vegetação produz ingredientes típicos tais
Mato Grosso e é um peixe (pintado) feito com como o pinhão, encontrado nos meses de maio e
mandioca. O nome mojica, vem da língua indígena junho, é uma semente que pode ser acrescentada
e significa ‘o que vem do rio com mandioca’. em várias receitas para fazer molhos ou doces. Além
Sopa Paraguaia da típica erva-mate, responsável pela produção da
bebida chamada de chimarrão.
É um prato que não parece uma sopa, mas
uma torta feita com milho, queijo, cebola. Veio do Influências na Culinária Sulina
Paraguai e é muito popular no estado do Mato A culinária sulina recebeu influência dos
Grosso do Sul. países que faz fronteira (Argentina, Paraguai e
Tereré Uruguai), sendo o churrasco uma das principais
comidas derivadas dessa aproximação.
É um tipo de chimarrão feito com erva-mate
e água fria, muito consumido no Mato Grosso do Com a imigração, muitos descendentes de
Sul. italianos se instalaram em colônias na região, foram
os responsáveis por disseminar pratos como a
Galinhada polenta, frango (galeto al primo canto), massas
A galinhada é um prato popular no Goiás (como a sopa de capelleti), embutidos e bebidas
feito com pedaços de galinha, pequi e arroz. como o vinho. Por isso, existem restaurantes italianos
variados em Curitiba, no Paraná, por exemplo.
Pamonha
A cozinha alemã também fez tradição com o
A pamonha é uma receita feita com milho e Café Colonial, sendo comum encontrar esse tipo de
muito popular em vários estados brasileiros. No café em cidades do Sul que tiveram origem italiana.
Goiás é um dos quitutes mais apreciados, sendo Geralmente, o cardápio é formado por biscoitos, pães
encontrada em pamonharias, restaurantes, caseiros, bolos, geleias, salame, polenta, frutas,
mercados, rodovias, etc. vinhos, etc. Outros pratos da culinária alemã são
Empadão Goiano formados por ingredientes como batatas, salsinhas,
joelho de porco e bebidas como cerveja. Devido a
É torta com massa de empada recheada imigração alemã surgiu a Oktoberfest, um dos
com frango, guariroba (um tipo de palmito popular maiores festivais germânicos do Brasil que acontece
na região), queijo, linguiça e carne de porco. na cidade de Blumenau, em Santa Catarina.
Além disso, houve uma grande contribuição
dos tropeiros, mercadores que vinham do Rio
Grande do Sul para a região Sudeste a fim de
comercializar carnes. Eles criaram um tipo de
cardápio diferente, indicado para viagens longas, à
base de arroz, feijão, carne de charque, temperos e
gordura.

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Variedade Gastronômica Doces do Sul
A região sul do Brasil possui uma variedade Doces famosos na região se destacam a
enorme em sua culinária, a carne bovina, a cozinha cuca, um tipo de pão de origem alemã, que leva
típica do interior, a presença da culinária Italiana, várias coberturas, e os doces de maçã.
traços da comida alemã, polonesa e até frutos do
mar (principalmente em Santa Catarina). Isso se MITOS
deve a colonização dos europeus. Porém, o que Região norte: Boto
mais se destaca e carateriza o Sul, é o bom e
famoso churrasco com chimarrão.
Pratos, Petiscos e Bebidas Típicas do Sul
♦ Churrasco ♦ Costela assada no Fogo de
Chão ♦ Arroz Carreteiro ♦ Rabada ♦ Polenta ♦
Mocotó ♦ Barreado ♦ Roupa Velha ♦ Pinhão Cozido
ou Assado ♦ Fortaia (salame com ovo) ♦ Queijos ♦
Salame ♦ Chimarrão ♦ Vinho.
Alguns Pratos Populares
Churrasco
Com carne bovina, suína ou caprina de
O boto-cor-de-rosa só espiando o momento
animais que vivem no Pampas surgiram as carnes
certo de sair das águas amazônicas (foto: iStock)
preparadas para o famoso churrasco. Além das
carnes, as linguiças também são utilizadas para a Ao cair da noite, um homem muito belo se
produção do prato. Essas carnes são temperadas e levanta das águas de um rio vestido inteiramente de
colocadas em uma grelha ou no espeto com carvão branco. Ele é o boto, um formoso conquistador de
vegetal. Como acompanhamento, a população jovens mulheres. Seu look é completado por um
costume comer arroz, farofa, salada e pão. chapéu branco para disfarçar seu nariz grande –
única coisa que confessa o contorno do seu corpo
Barreado
original. Seu charme e elegância são tamanhos que
Prato típico encontrado próximo à cidades ele enlouquece todas as meninas da região em
costeiras do Sul, como Morretes e Antonina, no noites de festa junina, se transformando no mais
Paraná. Utiliza-se carne de boi cozida numa panela requisitado homem da festividade. Ele atrai uma bela
de barro e misturada com farinha de mandioca e donzela desacompanhada, a leva para o fundo do rio
banana amassada. e, ali, a engravida. Na manhã seguinte, volta a sua
real natureza.
Arroz Carreteiro
A região norte é a das mais rica na criação
O arroz carreteiro é uma mistura de arroz
de mitos no Brasil e uma de suas (e do país!) mais
com carne de charque que era preparado pelo
famosas lendas é a do boto. Acredita-se que esta
carreteiro, aquele que transportava cargas em
fábula era utilizada por mães solteiras para disfarçar
carroças puxadas por bois pelo Rio Grande do Sul.
sua situação que, em épocas passadas, era
Polenta considerada degradante. A expressão “filho de boto”
vem dessa história.
A Polenta é um prato típico italiano que fez
tradição na região sul. A receita é preparada com Região nordeste: Cuca
fubá, água e sal, sendo frita, na chapa ou cozida.
Pode ser servida pura ou como acompanhamento
para outros pratos.
Bebidas Típicas
Uma das bebidas mais populares do Sul é o
chimarrão. É costume encontrar gaúchos
carregando uma bolsa com a cuia e água para
beber o chimarrão. O hábito indígena se perpetuou
até os dias atuais e existem até regras para
consumí-lo. Além do chimarrão, é no sul que são
produzidos os principais vinhos do Brasil. O Vale do
Vinhedo é um dos mais reconhecidos e responsável
por produzir espumantes que receberam
premiações a nível internacional. Personagem da Cuca no programa infantil,
Sítio do Picapau Amarelo

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Quando se pensa em Cuca, logo se lembra Região sudeste: Curupira
da personagem de Monteiro Lobato. Mas, apesar
do autor morar no interior de São Paulo, a lenda da
bruxa tem origens nordestinas e portuguesas.
A cuca foi inspirada em um dragão de
lendas lusitanas, o coca. Com a colonização, a
história se transformou no mito de uma velha, muito
feia, com feições de jacaré, que saia pelas ruas
roubando as crianças malcriadas. A fábula era
usada principalmente para fazer as crianças
dormirem. Quando os pequenos insistiam a cair no
sono, os pais falavam que “a cuca vem pegar”,
como na famosa cantiga popular “nana neném”.
Região Centro-Oeste: Romãozinho

Curupira e seu cabelo vermelho-fogo,


superfeliz por vencer os exploradores (foto: iStock)
Em outras regiões do país, essa lenda é
conhecida como caipora, mas as características são
as mesmas: um menino (ou anão) levado, de cabelos
vermelhos como fogo e com pés invertidos
(calcanhares para frente), que tem como tarefa cuidar
da floresta e de todos os seus seres vivos.
Esse mito se originou no estado de São
Paulo com os exploradores da região. Os índios,
Mães não perdoam! muito astutos, não queriam ser capturados pelos
portugueses e bandeirantes que, no século XVI,
Crianças levadas são um tema muito
andavam pelas matas brasileiras fazendo expedições
recorrente entre as lendas brasileiras. Isso porque a
em busca de indígenas para escravizar ou
maior parte desses mitos eram usados para fazer
catequizar.
as crianças desobedientes tremerem na base!
Para enganarem os estrangeiros, os nativos
Uma das mais conhecidas para as crianças
marcavam o caminho com folhas, pedras e rochas e
do centro do Brasil é a lenda do Romãozinho. Nela,
andavam de costas para deixar rastros ao contrário,
um menino fica encarregado de levar um pacote
forjando uma trilha ao inverso, sendo impossível de
com o almoço de seu pai, que a sua mãe preparou.
rastreá-los.
No caminho, ele come toda a comida e só deixa os
ossos do frango. Ao entregar o embrulho ao pai, diz Região sul: Negrinho do Pastoreio
que a sua mãe comeu tudo juntamente de um
amante e só enviou as sobras para ele. Enfurecido,
o pai volta para casa e mata a esposa.
A mãe, que não tinha culpa nenhuma, joga
uma maldição sobre o filho: ele nunca morrerá e
ficará vagando eternamente, sem jamais crescer.
Alguns acreditam que, até hoje, a criança fica
vagando por aí, fazendo todo tipo de peripécias,
travessuras e malvadezas.

O cavalo é um símbolo de superação na


lenda sulista (foto: iStock)
Um dos temas mais frequentes do folclore
brasileiro é o da escravidão. Existia todo um
misticismo derivado do medo que os brancos sentiam
da cultura africana e, do lado dos negros, uma
vontade de expressar suas próprias tradições.

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A história do negrinho do pastoreio é de ANOTAÇÕES
muita tristeza e perseverança. De acordo com a
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lenda, o menino era um escravo que trabalhava
cuidando dos cavalos e com o pastoreio das terras __________________________________________
de um rico fazendeiro. Certo dia, ele foi acusado de
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ter perdido um dos animais e foi açoitado por seu
senhor. Depois de sofrer com a punição, foi __________________________________________
comandado a procurar e trazer o bicho de volta,
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mas, como era inocente, não conseguiu cumprir a
tarefa. Seu segundo castigo foi ainda pior: foi __________________________________________
colocado pelado dentro de um formigueiro.
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No dia seguinte, o fazendeiro se
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surpreendeu ao encontrar o garoto montado no
cavalo, sem nenhum ferimento e cavalgando __________________________________________
livremente pelas terras da fazenda. Muitos
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acreditam que a história foi um milagre de Nossa
Senhora da Aparecida em nome dos inocentes. __________________________________________
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EDUCAÇÃO FÍSICA
Capacidade motora fina

A capacidade que o corpo tem de


desenvolver um movimento é chamada de
coordenação motora. Pular, correr, andar, saltar
ou realizar tarefas que exijam maior habilidade,
como segurar um lápis, bordar, desenhar, recortar,
tudo isso exige de nós coordenação motora.
Na coordenação motora, ocorre
participação de alguns sistemas do corpo humano,
como o sistema muscular, sistema esquelético e
sistema sensorial. Com a interação desses
sistemas, obtêm-se reações e ações equilibradas. A
velocidade e a agilidade com que a pessoa
responde a certos estímulos medem a sua A coordenação motora fina está relacionada
capacidade motora. com as atividades que requerem o movimento dos
pequenos músculos do nosso corpo, tais como:
→ Coordenação motora grossa e fina Escrever, coordenar os movimentos das mãos e dos
Podemos classificar a coordenação motora olhos, criar peças de arte, mover olhos e lábios são
de duas maneiras: coordenação motora grossa e exemplos de habilidade motora fina. O mesmo
a coordenação motora fina. acontece com a montagem de um quebra-cabeça ou
quando alguém brinca com tijolinhos de construção
Na coordenação motora grossa, — o que envolve também a nossa capacidade
verificamos o uso de grupos de músculos maiores e motora visual. Qualquer coisa que fazemos
o desenvolvimento de habilidades como correr, coordenando olhos e mãos tem a ver com essa
pular, chutar, subir e descer escadas, que podem capacidade motora fina, como usar um lápis,
ser desenvolvidas a partir de um plano sistemático inclusive para desenhar.
de exercícios e atividades esportivas. Quando se
tem deficit nessas habilidades, verificamos Capacidade motora grossa
dificuldades, por parte principalmente de crianças,
em praticar atividades esportivas, o que acaba
causando baixa autoestima.
Na coordenação motora fina, verificamos
o uso de músculos pequenos, como os das mãos e
dos pés. Ao desenhar, pintar ou manusear
pequenos objetos, a criança realiza movimentos
mais precisos, delicados, e desenvolve habilidades
que a acompanharão por toda a vida.
→ A criança e o desenvolvimento motor
É possível observar a coordenação
motora de um indivíduo desde pequeno. A
criança responde aos estímulos de várias formas e
cabe ao professor, nas primeiras séries, trabalhar a
motricidade da criança. Ao aprender a pintar dentro Por outro lado, a coordenação motora grossa
de espaços delimitados, a criança já começa a diz respeito a atividades que envolvem os músculos
desenvolver sua coordenação. À medida que ela maiores do nosso corpo, resultando em movimentos
for sendo alfabetizada, aumentará a sua maiores, tais como:
capacidade motora.
Sentar, usar os braços, pernas e pés, andar e
Mas não é somente em crianças que se correr são exemplos disso. Rolar morro abaixo,
desenvolve a motricidade. Em pessoas idosas ou empurrar um velocípede...
pessoas que tenham certas limitações físicas,
também é preciso trabalhar a coordenação motora. Toda vez que usamos grandes músculos, o
Com auxílio profissional, a pessoa desenvolve os nosso corpo todo ou várias partes dele ao mesmo
grupos musculares e exercita o cérebro para tempo, estamos colocando em ação a nossa
conseguir manter o equilíbrio e realizar atividades capacidade motora grossa.
que requerem movimentos precisos, fortes e Por isso o tônus muscular é fundamental
rápidos. para exercê-la. Se o corpo reage de maneira muito

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constrita, os movimentos saem estranhos ou ANOTAÇÕES
desconectados. Se ele reage de modo muito solto,
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os movimentos parecem lentos e é preciso usar
mais força para realizá-los. __________________________________________
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Lançamento
Os lançamentos podem ser de martelo, de
peso, de disco ou de dardo. As massas dos objetos
REGRAS BÁSICAS em questão são variáveis, de acordo com o gênero
do competidor. Em geral, os lançamentos são feitos
Corrida
no interior das pistas de corrida. Os vencedores,
Essa modalidade pode ser subdidivida em: obviamente, são os competidores que mais se
aproximarem do alvo determinado ou que
Corrida de pista: É a forma mais
conseguirem fazer os respectivos objetos alcançarem
tradicional. É praticada em pistas de formato oval. A
a maior distância.
pista é dividida em várias faixas, que limitam o
espaço de cada um dos competidores. Sua
extensão pode ser de 100, 200 ou até 400 metros.
Corrida com obstáculos: Como o próprio
nome diz, é uma corrida que apresenta obstáculos
a serem ultrapassados ao longo da pista.
Normalmente é disputada em estádios e a extensão
do percurso pode ser de 100, 110, 400 e até 3000
metros.
Corrida de Meio Fundo: Também
conhecida como corrida de média distância. Nessa
subdivisão, não é obrigatório que os competidores
se mantenham o tempo todo em suas raias. A
distância do percurso pode variar entre 800 e 1500
metros.
Corrida de Fundo: Também conhecida
como corrida de longa distância. Nesse tipo, o
tamanho do percurso a ser feito pode variar de
5000 a 10000 metros.
Corrida de revezamento: São disputadas
por equipes. Cada equipe possui quatro atletas, e
cabe a cada um percorrer um quarto do percurso
com um bastão e entregá-lo ao parceiro que se
encontra ao final de seu trajeto.
Maratona: É uma espécie de corrida de
longa distância. É realizada em meios públicos,
geralmente estradas. Seu percurso têm, em média,
42 quilômetros.
Salto
Essa modalidade tem como subdivisões:
Salto em altura: Também conhecido como
salto vertical. Nessa modalidade, o atleta deve
correr por uma pista uma distância mínima de 20
metros e, com o auxílio de uma vara, deve saltar
por uma barra horizontal, denominada sarrafo. É
permitido que o atleta toque a barra. A altura do
sarrafo aumenta a cada salto realizado pelo atleta.
O vencedor é aquele que conseguir dar o maior
deles.
Salto em distância: Também conhecido
como salto horizontal. Nesse tipo de salto, o atleta
deve correr em uma pista por aproximadamente 40
metros e, em seguida, realizar um salto. Esse salto,
deve ser feito antes de uma marca estabelecida. O
vencedor é aquele que conseguir alcançar a maior
distância na areia.

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PROVAS MASCULINAS E FEMININAS Dardo
Diferenças entre homens e mulheres no
esporte 800 gramas
As diferenças entre os sexos no esporte
são muitas, principalmente nas atividades em que 600 gramas
determinadas capacidades são decisivas, como
Martelo
força e resistência. O ser humano, independente do
sexo, possui sete capacidades físicas: força, O conjunto bola, arame e alça formam uma
resistência, flexibilidade, coordenação motora, unidade de comprimento máximo de 1,2m para
agilidade, equilíbrio e velocidade. ambos os sexos.
Na maioria dos casos o homem será mais
alto, mais forte, mais veloz e por estas razões terá
vantagem no desempenho físico. O homem possui
maior quantidade de massa muscular e menor de Arremesso de Peso (bronze ou ferro
gordura corporal. Estes fatores, associados a fundido e chumbo)
questões hormonais, colocam o sexo masculino em
melhor condição para as práticas esportivas de uma culina: mede entre 11 e 12cm
forma geral. de diâmetro e pesa 7,26 quilos

O que nos perguntamos é: será possível


mulheres e homens praticarem uma modalidade quatro quilos
esportiva no mesmo nível? Dificilmente a mulher Um outro ponto importante a ser colocado é o
conseguirá ter um desempenho físico melhor que o ciclo menstrual. As alterações hormonais durante o
do homem, porém em atividades em que a período menstrual podem influenciar de diferentes
coordenação motora e concentração são mais maneiras dependendo da fase e do tipo de atividade
importantes que a força e a velocidade, podemos que é praticada. Na maioria dos casos as mulheres
encontrar uma mulher que supere o homem. O que não sentem influência em seu desempenho físico.
percebemos nos últimos anos é que, em atividades Quando o rendimento é afetado, percebemos com
de resistência (longa duração), as diferenças de maior intensidade nas atividades de longa duração,
tempo entre os sexos já vêm caindo. Até onde isso enquanto as atividades de caráter explosivo em
irá chegar só o tempo para nos dizer. muitos casos até melhoram. O melhor rendimento
A Adaptação do espaço físico das físico da mulher geralmente é atingido no período
modalidades esportivas é outra discussão antiga e pós-menstrual pela maior concentração hormonal de
cada federação esportiva parece ter uma opinião estrógeno, o que aumenta a secreção de
diferente. A necessidade de se adaptar o espaço noroadrenalina.
físico é uma questão individual de cada esporte e Homens e mulheres possuem suas
deve ser avaliada com bastante cuidado para que diferenças e similaridades dentro do mundo
possíveis alterações não descaracterizem a esportivo. O que vale é sempre estar satisfeito com
atividade e, ao mesmo tempo, tornem a prática seu esporte, independente da comparação de
mais competitiva para as mulheres. desempenho com seu colega, seja ele homem ou
Em esportes como futebol, basquete e mulher. O benefício da atividade física está na
tênis, por exemplo, as dimensões das quadras e satisfação de quem a pratica, atingindo sua meta e
campos são as mesmas. Em casos como o vôlei, a superando o seu próprio limite.
altura da rede é mais baixas para as mulheres. No
atletismo, o tamanho e a distância em provas de
barreiras difere entre masculino e feminino, sendo o
primeiro disputado numa raia de 110m com altura
do obstáculo de 1,067m e o segundo 100m com
84cm de altura. O mesmo ocorre com os
lançamentos, seguindo as regras abaixo:
Disco

219 e 221mm de diâmetro e de 44 a 46mm de


espessura. Pesa dois quilos.

182mm de diâmetro e de 37 a 39mm de espessura.


Pesa um quilo.

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PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DOS processo dramático. O mesmo autor afirma ainda "os
FUNDAMENTOS NA ESCOLA alunos preferem mil vezes jogar, brincar com a bola,
do que saltar em altura, distancia ou arremessar ou
O atletismo é um esporte que na maioria
se 'matar" numa corrida de quatrocentos metros".
das vezes é negligenciado na Educação Física
escolar. Os motivos que levam a esta afirmação Kunz (1998, p. 23) complementa dizendo:
são vários, conforme se pode confirmar com
A preferência por atividades jogadas não esta
Lencina (1999, p. 78) "os professores da rede
somente na falta de ludicidade como de apresentam
escolar de Santa Maria apontam a falta de infra-
as chamadas "provas" de atletismo, mas na maioria
estrutura física das escolas como um dos principais
dos casos, por lembranças de insucesso ou de uma
motivos pelo desinteresse em trabalhar o atletismo
vivencia não bem sucedida pelos parâmetros normais
nas aulas de Educação Física".
como essas provas se apresentam.
Na cultura da sociedade atual, os esportes
Em relação à disciplina de atletismo nos
contemplam um alto grau de importância como
cursos de Educação Física de ensino superior,
prática social. Ao fazer esta consideração tem-se
observa-se um baixo interesse dos acadêmicos para
presente que hierarquicamente entre as
com este esporte. Dentre outros argumentos já
modalidades esportivas, a que possui maior
mencionados, os acadêmicos não vêem sentido ou
relevância como prática esportiva e social é o
aplicação dos conteúdos em relação à sua futura
futebol, conforme afirma Ramos (1984, p. 48), "o
atuação profissional. Decorre daí, uma série de
futebol será um esporte como os demais.
dificuldades no processo de ensino-aprendizagem,
Apaixonar-se emerge de sua fetichização.
sendo que a forma como este esporte é abordado em
Atribuem-lhe um valor inexistente para utilizá-lo
contexto acadêmico repercute diretamente na
como instrumento de despolitização".
maneira como ele é apresentado pelo profissional de
Pode-se afirmar que nesta classificação Educação Física em contexto escolar.
cultural esportiva e social dos esportes, o atletismo
A disciplina de Esporte Individual III do curso
figura entre as últimas posições. Esse aspecto deve
de Educação Física da Universidade Federal de
ser considerado inicialmente sob duas perspectivas:
Santa Maria, apresenta algumas competências que
a primeira referindo-se as possibilidades que teria o
devem ser adquiridas pelos acadêmicos,
atletismo se possuísse maior espaço na cultura
principalmente no que diz respeito ao futuro exercício
esportiva, o que despertaria um interesse crescente
profissional, a saber:
pela modalidade, um "gosto popular". Para Singer
(1986, p. 186) "a popularidade de um certo esporte  a aprendizagem das provas do
em uma sociedade em particular pode muito bem atletismo enquanto cultura de movimento já
influir sobre as atitudes e preferências da consolidada. Assim se deve dominar o conteúdo
juventude"; a segunda refere-se a primeira e se teórico específico que forma a base dessa cultura de
relaciona com o fato do atletismo ser pouco movimento.
reconhecido em termos de espaços, ou seja,
incentivos e apoios, oportunidades e trabalhos  O desenvolvimento da capacidade de
desenvolvidos, tanto no meio escolar como em ensinar atletismo, principalmente na escola que
clubes e comunidades em geral. envolve o fazer e o agir dentro de exigências
pedagógicas.
Considerando as diversas problemáticas
que envolvem o ensino desse esporte na escola, Essas duas exigências básicas a serem
dar-se-á, neste trabalho, ênfase ao processo de cumpridas pela disciplina, uma em relação à
ensino-aprendizagem do atletismo enquanto aprendizagem prática das provas de atletismo que
conteúdo em contexto escolar e em cursos de inclui seu conteúdo teórico, e a outra em relação ao
Educação Física de ensino superior, apontando ensino, principalmente na escola, não se excluem,
novos caminhos para sua concretização enquanto pelo contrário, complementam-se, embora a segunda
uma possibilidade de movimento, desvinculando-o implique em reflexões pedagógicas mais profundas.
da tradicional maneira de compreendê-lo. Dessa maneira, delineou-se o presente
Sabe-se que nas orientações didáticas trabalho tendo como objetivos proporcionar aos
adotadas para o ensino do atletismo na acadêmicos do curso de Educação Física/UFSM
universidade e na escola, prioriza-se, vivências práticas de ensino e aprendizagem do
principalmente, desenvolver as provas atléticas com atletismo junto às escolas da comunidade Santa-
base no esporte institucionalizado, observando mariense bem como oportunizar a vivência dessa
suas regras e normas oficiais de competição, modalidade à escolares de escolas públicas dessa
tornando-o pouco atrativo e interessante, cidade.
especialmente para aqueles que são caracterizados O presente trabalho é decorrente dessa
como "menos habilidosos". proposta e se propõe a relatar a realização dessa
Assim, a modalidade de atletismo experiência em uma das escolas envolvidas no
normalmente é "deixada de lado", pois ensiná-lo trabalho.
representa, conforme Kunz (1998, p. 23) um
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EDUCAÇÃO FÍSICA
Metodologia Para Costa (1992) o atletismo a ser utilizado
na escola deve ser considerado como o "pré-
O trabalho foi iniciado com estudos teóricos
atletismo", onde, numa primeira fase, faz-se através
realizados na disciplina de esporte individual III,
dos gestos motores básicos correr, saltar, lançar e
envolvendo tanto aspectos referentes as diferentes
arremessar; e numa segunda fase, mantêm-se os da
provas que compõem o atletismo como também
primeira, avançando-se para as tarefas que exigem
metodologias de ensino.
uma maior codificação dos gestos motores básicos,
O desenvolvimento da parte prática de aproximando progressivamente a criança do
ensino-aprendizagem foi realizado com escolares Atletismo.
entre 9 e 11 anos da Escola Municipal de Ensino
Correr, saltar, lançar e arremessar são as
Fundamental Vicente Farencena de Santa
habilidades físicas de base, estão presentes em
Maria/RS.
quase todas as modalidades esportivas. Como ações
Foi realizado o contato com a direção da motoras naturais, significam uma função da natureza
escola apresentado os objetivos do projeto de humana. Por isso, em si, os movimentos atléticos não
atletismo na escola; logo, após a autorização da são desinteressantes. O que pode torná-los assim é
direção, estabeleceu-se o contato com a turma a sua interpretação e sistematização didática
disponibilizada, também apresentado o projeto à vinculadas somente ao atletismo institucionalizado.
turma e à professora responsável. E após
Assim, propõe-se o processo de ensino-
demonstrarem interesse em participar do projeto,
aprendizagem do atletismo vinculado à aspectos
combinou-se os dias e horários para a realização
lúdicos, onde o brincar permita o desenvolvimento
das aulas.
das capacidades motoras básicas, possibilitando a
O período que envolveu a parte prática na aprendizagem do atletismo e a vivencia de diferentes
escola foi entre os meses de setembro e novembro situações permitidas pelo brincar, favorecendo
de 2004, sendo que foram realizadas duas aulas desenvolvimento integral da criança (escolar).
semanais de 50 minutos.
De acordo com Moyles (2002), brincando a
Na realização das aulas, utilizou-se de criança desenvolve confiança em si mesma e em
atividades lúdicas e recreativas enfocando os suas capacidades, levando-a a desenvolver
movimentos básicos do atletismo: correr, saltar, percepções sobre as outras pessoas e a
lançar e arremessar. compreender as exigências bidirecionais de
expectativa e tolerância. O ato de brincar proporciona
Destaca-se que no período em que
as crianças a oportunidade de explorar conceitos
ocorreram as aulas na escola, mantiveram-se as
como liberdade existentes implicitamente em muitas
aulas regulares da disciplina de Esporte Individual situações lúdicas favorecendo o desenvolvimento de
III no curso de Educação Física/CEFD/UFSM, sua independência. O brincar oferece situações em
sendo que estas foram espaços privilegiados para
que as habilidades podem ser praticadas, tanto as
troca de experiências entre colegas da turma,
físicas quanto as mentais, e repetidas tantas vezes
discussão de textos para sustentar o trabalho
quanto for necessário para obter confiança e
prático e teórico, orientações da professora
domínio, além de permitir a exploração de seus
responsável pela disciplina e orientadora do potenciais e limitações.
trabalho, enriquecendo as vivencias e possibilitando
qualidade no trabalho que estava sendo realizado. Destaca-se ainda que a utilização do lúdico
no processo de ensino-aprendizagem do atletismo
Ensino-aprendizagem do atletismo e
ganha dimensão em importância no contexto escolar
aspectos didáticos
por possibilitar a participação de todos, independente
A iniciação ao atletismo - visto como um do seu atual desenvolvimento motor e também por se
conjunto de habilidades específicas - constitui a caracterizar como sendo uma atividade prazerosa,
primeira fase do processo ensino-aprendizagem que possibilita alegria e prazer na sua realização.
desta modalidade, utilizando-se das formas básicas Contextualização e desenvolvimento das
de correr, saltar, lançar e arremessar. aulas
Na atual cultura esportiva que normalmente
O trabalho foi iniciado com conhecimento e
coloca a competição e a vitória, ou seja, o produto, reconhecimento do atletismo pelos alunos
como o que se tem de mais importante, não é participantes. Através de conversas sobre o
possível negar a relação do esporte atletismo com o
atletismo, delineou-se qual o conhecimento que os
rendimento, implícita na prática do atletismo
escolares apresentavam sobre esta modalidade
convencional. Porém, é impossível negar os
esportiva.
processos intermediários e, tratando-se de contexto
escolar, deve-se trabalhá-lo em seu potencial e sua Percebeu-se que o conhecimento destes
adaptabilidade à interpretação recreativa e lúdica, estava vinculado ao esporte atletismo
tão ou até mais ampla que a tradicional, institucionalizado, com regras e normas dirigidas
reconhecendo o fato de que a maioria dos pelas competições, sem nenhuma flexibilidade.
escolares não atinge o nível de atleta.

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EDUCAÇÃO FÍSICA
Diante dessa realidade propôs-se um A partir dessa prática, iniciou-se a construção
desafio a turma: aprender o atletismo de uma conjunta das aulas, sendo que correr era a atividade
maneira diferenciada, onde todos, independente de preferida dos alunos em geral. Foram realizadas
suas qualidades físicas poderiam participar e diversas e diferentes brincadeiras envolvendo
aprender. corridas, desde jogos competitivos e cooperativos até
corridas individuais e coletivas e que repercutiram
Outra proposta foi a adaptação das aulas
muitas melhorias nas capacidades motoras
ao espaço físico disponível na escola. Grande parte
envolvidas no correr.
dos escolares consideravam que não eram capazes
de aprender e praticar atletismo e também que na Desde o início das aulas, os alunos já
escola seria muito difícil, uma vez que não havia um demonstraram seu interesse pelo esporte futebol e,
espaço adequado para a prática segundo suas como seus interesses foram sempre considerados
concepções. importantes, justificou- se a prática do atletismo como
também uma possibilidade para melhorias no jogo de
Buscou-se apoio bibliográfico em Kunz
futebol. Propuseram-se reflexões em busca de
(1998) que em sua obra "Didática da Educação
relações, onde os próprios alunos perceberam que o
Física" propõem uma transformação didático-
atletismo é de fundamental importância para a
pedagógica do atletismo, sendo que aborda nesta
melhora nas capacidades físicas utilizadas nos
obra uma estratégia didática através de um
demais esportes. Também, proporcionou-se em
exemplo concreto de ensino e oferece ao professor
momentos finais das aulas pequenos jogos de futebol
de Educação Física possibilidades para que possa
modificado, como por exemplo, futebol em corrente e
refletir na elaboração e desenvolvimento das aulas
futebol em dupla, estimulando a participação e
de atletismo.
interesse de todos.
E, a partir do que Kunz (1998)
Na seqüência, o movimento saltar tornou-se
apresentou em sua obra delineou-se as ações
objetivo direcionador das práticas realizadas nas
práticas das aulas de atletismo desenvolvidas, a
aulas. Os alunos foram convidados a relatar e propor
saber:
diferentes situações de dia-a-dia onde usavam-se de
 o aluno foi colocado no centro do saltos. Surgiram diferentes situações que foram
desenvolvimento das ações de aprendizagem, encenadas pelo grande grupo e também em
sendo que suas opiniões e interesses eram levados pequenos grupos que as apresentavam à todos na
em consideração na construção das atividades; seqüência. Brincadeiras envolvendo saltos em
distancia e altura e diferentes desafios foram criados
 os alunos não eram considerados e vivenciados pelos alunos.
meros executores das atividades propostas, mas
descobridores e inventores, criando formas de um O lançar e arremessar foi trabalhado com a
"se movimentar" a partir das relações situacionais- utilização da pelota. Os próprios alunos construíram-
individuais e também situacionais de relações na, percebendo dessa maneira que materiais
aluno-professor e aluno-aluno; alternativos poderiam oferecer possibilidades de
movimentos quando se pensava que era necessário
 o correr, saltar, lançar e arremessar ter aqueles materiais convencionais utilizados na
foram propostos como possibilidades pedagógicas prática do atletismo como o peso, o disco e o
para um "se-movimentar" atrativo e prazeroso e de martelo.
significados individuais e coletivos.
Novamente aspectos lúdicos e recreativos
A prática inicialmente proposta partiu de um tomaram espaço nas aulas. Diferentes jogos e
princípio de desconstrução de imagens, ou seja, brincadeira possibilitaram experimentar o "se
aquelas imagens que o aluno internalizou através movimentar" proporcionado pelo lançamento e
dos contatos que teve com atletismo, seja arremesso.
assistindo competições na televisão, seja
participando e onde só poderia obter êxito aquele Na escola onde este trabalho foi
que apresentava uma excelente condição natural desenvolvido não havia a disciplina de Educação
de força, velocidade e resistência orgânica ou a Física como disciplina regular obrigatória oferecida
partir de um enorme investimento na melhoria aos alunos e, dessa maneira a prática proposta pelo
dessas capacidades físicas e só poderia ser projeto desenvolvido junto aos alunos, era o único
realizado dentro de um espaço físico oficial. momento em que estes tinham possibilidades de "se
movimentar" e se descobriram enquanto seres de
Realizaram-se diversas atividades, movimento. Este fato repercutiu, em alguns
conhecidas e sugeridas pelos alunos e que momentos de forma positiva, quando os alunos
envolviam a corrida. Todos participaram com êxito e valorizam este espaço de forma singular; noutros foi
satisfação. Ao final , em momento de conversa e fator de dificuldade, pois os alunos mostravam-se
reflexão sobre a aula, fez-se compreender que foi agitados e ansiosos pela aula, não a aproveitando de
praticado atletismo, uma vez que correr era um dos maneira integral como poderiam.
movimentos básicos enfocados nesse esporte.
Ao concluir as atividades, os próprios
escolares demonstraram que foram capazes de
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EDUCAÇÃO FÍSICA
aprender e praticar aulas de atletismo de maneira ANOTAÇÕES
satisfatória, uma vez que o aspecto lúdico presente
__________________________________________
em todas as aulas permitiu grande participação e
interesse por parte destes. __________________________________________
Percebeu-se que de modo geral os __________________________________________
escolares melhoraram significativamente seu
__________________________________________
desempenho motor e qualidades físicas sendo que
também mudaram sua imagem e concepção de __________________________________________
atletismo, não abandonando aquela maneira
__________________________________________
tradicional de vê-lo, mas percebendo que existem
outras possibilidades de aprendê-lo e vivenciá-lo. __________________________________________
Da mesma maneira, esta prática __________________________________________
proporcionou para os acadêmicos envolvidos no
__________________________________________
desenvolvimento das aulas uma experiência única,
pois mostrou a possibilidade de trabalhar o __________________________________________
atletismo de uma forma diferenciada, quebrando
__________________________________________
tabus de métodos tradicionais e mostrando que
através da ludicidade é possível obter ótimos __________________________________________
resultados e possibilitar experiências muito
__________________________________________
significativas para o universo de movimentos dos
escolares. __________________________________________
Referências bibliográficas __________________________________________
 KUNZ, E. Didática da Educação __________________________________________
Física. Ijuí: Unijuí, 1998. __________________________________________
 LENCINA, L. A. Diagnóstico do __________________________________________
Atletismo Escolar em Santa Maria. Monografia de
Especialização, Universidade Federal de Santa __________________________________________
Maria. Santa Maria, 1999. __________________________________________
 MIOTTI, I. M. L. Reflexões sobre o __________________________________________
conceito de movimento na formação profissional em
Educação Física: uma experiência com o Atletismo. __________________________________________
Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de __________________________________________
Santa Maria. Santa Maria, 2002.
__________________________________________
 RAMOS, R. Ideologia do Poder.
Petrópolis: Ed. Vozes Ltda, 1984. __________________________________________
__________________________________________
 SINGER, R. N. & DICK, W.
Ensinando Educação Física: uma abordagem __________________________________________
Sistêmica. Porto Alegre: Ed. Globo, 1980.
__________________________________________
 MOYLES, Janet R. Só brincar? O
__________________________________________
papel do brincar na educação infantil - Porto Alegre:
Artmed, 2002. __________________________________________
 COSTA, A. Atletismo. In: Educação __________________________________________
Física na escola primária. Volume II. Iniciação __________________________________________
Desportiva. Porto: Faculdade de Ciências do
Desporto e de Educação Física, 1992. __________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
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EDUCAÇÃO FÍSICA
- Componentes de um plano:
objetivos/competências/habilidades,
conteúdos/atividades, métodos/técnicas, avaliação.
- A Educação Física e trato pedagógico por
meio da problematização;
PLANO DE ENSINO E PLANO DE AULA
• Educação Física: prática pedagógica
Plano de Ensino
- Campos de atuação profissional.
Objetivo
- Relação professor-aluno.
O curso de Educação Física Bacharelado
tem como objetivo de formar profissionais - Ética profissional.
empreendedores, competentes, conscientes, Plano de Aula
autônomos, éticos, para intervenção profissional
nos campos da saúde, do lazer, do esporte e da O planejamento é considerado uma peça
cultura tendo como referência o contexto social e chave para o alcance de qualquer objetivo
econômico regional em uma visão globalizada. profissional. Ele é responsável por nortear a
realização de suas atividades, bem como de suas
Ementa ações, sendo imprescindível na carreira de um
Organização de propostas metodológicas professor.
para o ensino da Educação Física. Profissionais da área da educação que se
Teorias/tendências pedagógicas da Educação comprometem a fazer o planejamento de aula
Física. possuem mais chances de obter êxito no processo de
Competências aprendizagem, de modo que sejam evitadas aulas
monótonas, desestimulantes e desorganizadas.
• Compreender as mudanças na sociedade
e os desafios para uma prática reflexiva, ética e Para fazer um plano de aula de educação
transformadora. física é necessário que se cumpre as normas da
secretária de educação em relação a planos de
• Planejar aulas reflexivas e aulas. Há varias coisas que se podem fazer na aula
problematizadoras, relacionando teoria e prática em de educação física sejam elas praticas ou teórica,
diferentes contextos socioculturais. seja dentro da quadra de esportes ou dentro de sala
Habilidades de aula.

• Compreender e relacionar as principais Para dar aula teórica podemos usar matérias
correntes filosóficas às tendências pedagógicas na especificas de um jogo, usando as regras e como se
prática escolar; deve jogar, é importante a participação de todos os
alunos e que eles sempre prestem bastante atenção
• Compreender a metodologia do ensino da nas regras. Podemos usar o vôlei como um exemplo:
educação física não apenas como um conjunto de Explicando as regras da seguinte forma escrevendo
técnicas e métodos, mas como espaço de no quadro negro ou apenas falando e mostrando
construção do ato educativo; exemplos para chamar a atenção dos alunos,
podendo sempre iniciar com regras, modo de jogar e
• Identificar diferentes metodologias no
muitos outros por exemplo:
processo de ensinar e de aprender;
No vôlei devem se ter 12 jogadores e em
• Analisar o processo do ensino na
cada lado conter 6, durante o jogo não se podem dar
perspectiva da construção de competências,
2 toques na bola antes de passar para o adversário,
através da identificação das características e dos
falar sobre o tamanho da campo que é de 18×9
procedimentos metodológicos;
metros de dimensão, 3 metros de linhas do
• planejar aulas na perspectiva da comprimento e 6 metros de linha na lateral.
metodologia da problematização, mantendo a
Podemos também na aula prática falar sobre
coerência em todo o procedimento.
alongamentos, a prática de exercícios, alimentação e
Programa muitas outras coisas mas também podemos usar
outras formas de passar um exercícios, fazer
• Ensino da Educação Física
dinâmicas sobre a matéria dada, brincadeiras, jogos
- Por que e para que planejar? e muitas outras coisas que estimula o aluno a prestar
mais atenção na aula de educação física que por
- Ensinar e aprender.
mais que esteja dentro de sala de aula na aula de
• Planejamento em Educação Física educação física os alunos costumam ficar inquietos.
- Diferentes tipos de planejamento. Os planos de aula de educação física na
quadra de esporte podem ser feito da seguinte forma:
durante 10 minutos fazer com que todos os alunos

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EDUCAÇÃO FÍSICA
pratique exercícios físicos, como correr na quadra, Atletismo:
fazer alongamento individual e em dupla, fazer
• conseguir a integração através das
agachamento e depois escolher um esporte do
atividades realizadas, e aumentar as capacidades
interesse de todos para jogar, dessa forma
físicas gerais.
estimulando os alunos que praticar esporte e
exercícios faz bem a saúde e para o corpo. Já nas • identificar e aplicar os elementos técnicos e
provas bimestrais é necessário colocar tudo que se básicos do atletismo.
foi dado para que eles respondam da forma como
Lutas:
foi ensinado.
Para um bom plano de aula é muito bom • adotar atitudes de confiança, respeito mútuo
que sempre se fale do porque é importante seguir e solidário na prática da oficina;
regras, fazer exercícios e coisas desse gênero para • Conhecer os principais fundamentos de
que na hora da prova eles possam responder todas ataque e defesa;
as perguntas e é sempre bom fazer perguntas de
coisas que eles menos deram atenção, pois assim Danças e Atividades Rítmicas e Expressivas:
eles passam a estudar mais e prestar mais atenção • Vivenciar as inúmeras possibilidades de
nos pequenos detalhes. gestos e ritmos corporais;
Justificativas: buscando oferecer • Ampliar as propriedades expressivas do
alternativas para a concretização do processo de próprio movimento;
aprendizagem, a proposta de ampliação de jornada
educativa, este projeto proporciona aos alunos • Conhecer e identificar as características da
novas experiências culturais e esportivas voltadas dança e dos movimentos expressivos;
para a melhoria de sua qualidade de vida. Através • Valorizar, apreciar e desfrutar de algumas
dos conteúdos de Educação Física, tornarem meios das diferentes manifestações da
para o aluno desenvolver competências e cultura corporal, presentes no cotidiano.
habilidades necessárias, para viver e atuar como
cidadão em um mundo globalizado e complexo, • Conhecer e valorizar as musica e seus
intervindo nessa realidade de forma critica e movimentos;
criativa. Ginástica:
Objetivo geral: • despertar nos alunos interesse pela
• Favorecer o processo de formação realização e valorização de técnicas de trabalho
humana valorizando não só o domínio do corporal, de caráter individualizado com finalidade
conhecimento, habilidades e competências, sejam, diversa;
intelectuais ou motoras, mas também, a formação • executar movimentos corporais
estética, política e ética do educando tornando compreendendo e utilizando de forma adequada com
assim um processo integral da formação humana, segurança, equilíbrio e estética;
através de atividades diferenciada tirando o aluno
de sua rotina; • Conhecer limites e potencialidades do
corpo;
• Estimular os alunos agirem sobre o meio
físico e atuarem sobre o ambiente humano, Esporte:
mobilizando as pessoas por meio de seu teor • Executar os movimentos fundamentais
expressivo. básicos aplicando-os no contexto dos esportes;
Objetivos específicos: • Iniciar o conhecimento das regras oficiais
Jogos e Brincadeiras: dos principais esportes, facilitando assim sua pratica;

• Oferecer aos alunos atividades de lazer, • Transmitir conhecimentos sobre regras,


na escola, visando promover a socialização e penalidades, técnica e tática dos desportos;
entretenimento; • Conhecer diferentes esportes fora do
• Resgatar a prática de jogos de rua como cotidiano de formar adaptada e recreativa;
forma de recreação e vivência de regras; Brinquedos:
• desenvolver as habilidades sensório- • Incentivar o aproveitamento de material
motoras e a criatividade através de atividades reciclável e ensinar aos alunos a importância da
recreativas. responsabilidade com a natureza.
• solucionar problemas que possam surgir Teatro:
no desenvolvimento de cada atividade.
• Desenvolver um olhar crítico sobre a arte da
• desenvolver a atenção, concentração e representação, tendo discernimento sobre atuação,
raciocínio rápido através de jogos de salão. direção, encenação e dramaturgia;

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EDUCAÇÃO FÍSICA
• Contribuir para que o aluno perca timidez; • Futebol (domínio, passe, finta, drible,
condução, cabeceio e chute)
• Aprender a trabalhar em grupo;
• Handebol (manejo, quique, passe, drible,
• Promover a socialização e a integração;
condução, lançamento e arremesso)
• Desenvolver sua sensibilidade;
• Vôlei (saque, toque e manchete)
• Aprender a atuar, ler um texto teatral,
• Basquete (manejo, drible, passe, arremesso
compor um personagem e montar uma cena.
e lançamento)
Conteúdos das oficinas:
• natação (braçada, pernada e respiração);
Jogos e brincadeiras
• Peteca (saque e toque)
• Tradicionais (recreativas, com regras
• pingue e pongue (saque, passe e
simples e adaptadas, cooperativas e de
empunhadura)
competição);
• esportes recreativos (basebol, rugby, futebol
• de salão para dias de chuva (de raciocínio
de areia, vôlei de areia, hand beach, biribol,
rápido, atenção concentração e entretenimento).
badminton)
Atletismo:
Brinquedos:
• Corridas (longas e curtas, com obstáculos
• Confecção de brinquedos (a partir de sucata
e revezamentos)
com materiais reciclados e para ser utilizados em
• Saltos (altura, distancia e triplo); outras oficinas.
• Arremessos e lançamentos (dardo, disco, Teatro:
peso e martelo).
• Encenar peças teatrais (expressões faciais,
Lutas: corporais/ memorização/ fantoches)
• Capoeira (ginga, esquivas e golpes); Dança:
• Sumô (cumprimento e ataque defesa); • Recreação socialização (ritmos diversos);
• Recreação (atividades recreativas com • Fatores integrantes do espaço (níveis,
objetivo de ataque e defesas). planos, direções e distancias)
Danças e atividades rítmicas: • Recursos coreográficos (uníssono,
contraste simultâneo e cânon / antífona-responsorial
• Com música (vivencia de atividades e rondo);
rítmicas seguindo a música);
• Movimentos e gestos técnicos na dança
• Percussão corporal (vivencia de atividades
(montagem de coreografias).
rítmicas com percussão corporal);
Recursos materiais e físicos:
• Instrumento de percussão (vivencia de
atividades rítmicas com instrumentos de percussão, Materiais:
confeccionados pelos alunos).
• Bolas de borracha de diversos tamanhos;
Ginástica:
• Bolas de futebol,
• Manutenção da saúde (aquecimentos/
• Bolas de handebol
alongamentos/exercícios físicos);
• Bolas de basquete,
• Recreação na água;
• Bolas de vôlei, rede e postes.
• Ginástica Olímpica (elementos ginásticos
acrobáticos/ exercícios corporais sistematizados); • Petecas, rede e postes.
• Ginástica Rítmica Desportiva (técnicas por • Bola de tênis, taco e cones.
elementos corporais da dança, ginástica e arte de
• Bolas de pingue-pongue, rede e raquetes.
manipular material). (modalidade que relaciona com
corpo, musica e aparelho). • Corda grande;
Esporte • Jogo de boliche;
História do esporte, características, objetivo • Elástico;
do esporte, regras, fundamentos básicos e jogos
• Dominós, quebra-cabeças, damas, xadrez;
pré-desportivas recreativos e adaptados (para
iniciação). • Pneus velhos;
• Cones;

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EDUCAÇÃO FÍSICA
• bexigas; CURRÍCULOS OFICIAIS E NÃO-OFICIAIS
• giz;
CURRÍCULO OFICIAL
• Aparelho de som e CDs diversos;
É entendido como o que é planejado
• TV e DVD; oficialmente para ser trabalhado nas diferentes
• Latas, pedras, grãos, fita crepe; disciplinas e séries de um curso, no âmbito da
legislação educacional.
• Colchonetes;
Designa um conjunto de disciplinas a ser
• Banco (sueco);
desenvolvida em um dado curso ou série, sendo que
• Arcos (bambolês) historicamente variou a intensidade da sua
normatização, desde o simples elenco de disciplinas
• Bolas pequenas até a definição de conteúdos para determinadas
• Fitas de cetim disciplinas, além de abordar, em alguns momentos,
aspectos didáticos e metodológicos do currículo.
• Massas;
• Cordas individuais Então, o currículo oficial se constitui na
prescrição legal da organização das
• Tesouras matérias/disciplinas a serem trabalhadas pela escola
• Lápis de cor e canetinha e demais orientações, tais como de conteúdo,
didáticas e avaliativas, fruto de um movimento mais
• Giz de cera amplo que se processa nas políticas educacionais e
• Tinta guache e pinceis na sociedade como um todo.

• Cola Neste caso, no estudo do currículo oficial é


fundamental analisar os documentos legais (Leis,
• Régua
Decretos, Pareceres, Resoluções, Indicações) das
• Papeis diversos; políticas públicas de educação em âmbito federal,
estadual e municipal, levando em conta as práticas
• Fitas adesivas coloridas; políticas, econômicas e sociais, pois o currículo
Físicos: proposto é fruto das opções tomadas dentro dessas
práticas. Nesse sentido, o Dicionário Interativo da
• Pátio Educação Brasileira
• Sala de aula (http://www.educabrasil.com.br/eb/dic/dicionario.asp),
define que o currículo “também pode ser entendido
• Campo como um documento histórico na medida em que
• Quadra reflete expectativas, valores, tendências etc. de um
determinado grupo ou tempo”. No mesmo dicionário,
• Quadra de areia Currículo escolar é entendido como o “Conjunto de
• Piscina dados relativos à aprendizagem escolar, organizados
para orientar as atividades educativas, as formas de
Avaliação: Será individual e contínua no executá-las e suas finalidades.
decorrer das oficinas, através da participação,
interesse, desempenho e disciplina nas atividades Geralmente, exprime e busca concretizar as
realizadas. intenções dos sistemas educacionais e o plano
cultural que eles personalizam como modelo ideal de
escola defendido pela sociedade. A concepção de
currículo inclui desde os aspectos básicos que
envolvem os fundamentos filosóficos e sociopolíticos
da educação até os marcos teóricos e referenciais
técnicos e tecnológicos que a concretizam na sala de
aula”.

Currículo Oculto e Currículo Oficial - 03/10/2005

Sintonizando as salas de aula e o mundo exterior

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EDUCAÇÃO FÍSICA
Esqueçam as clássicas e tradicionais salas de míopes ou até mesmo cegos a questões relevantes que
aula. Carteiras enfileiradas geometricamente onde os afetam o trabalho nas escolas.
estudantes se acomodam calmamente e ficam a espera
de seus professores para que novas aulas sejam dadas. O homem literalmente chegou a Lua, criou meios de
Alunos respeitosos e que trazem de suas casas transporte velocíssimos e eficientes, logrou transformações
recomendações expressas de bom comportamento e de importantes nos setores produtivos e elevou
máximo aproveitamento das oportunidades que lhes são consideravelmente sua capacidade de criar mercadorias.
oferecidas pela escola. Essa mesma humanidade condenou milhares de pessoas à
fome, ao abandono e aos descalabros da miséria. Guerras
A clientela escolar mudou muito e não nos permite têm sido travadas em diferentes partes do mundo, doenças
mais pensar o ambiente educacional sem observar o epidêmicas assolam os países desprovidos e a distribuição
contexto global em que estamos inseridos. Olhar apenas de riquezas é totalmente desigual e injusta entre as nações
para o próprio umbigo e tentar diagnosticar as causas da ricas e as pobres.
indisciplina, da falta de disposição dos estudantes, do
marasmo do trabalho executado nas escolas e dos A educação tem papel primordial na formação e
resultados pífios obtidos não vai nos levar a nenhuma esclarecimento das novas gerações.
solução eficiente e plena.
Para que isso aconteça o professor também deve
Pode-se mesmo pensar que a resposta para estar sintonizado com as
nossos problemas esteja muito distante e que talvez seja
inatingível. Partindo-se de um diagnóstico tão impróprio transformações do mundo em que vive e tem que
quanto o que nos leva a tratar câncer com aspirina é tentar aproximar o currículo oficial
realmente improvável que consigamos extirpar os nossos
males... das notícias e informações do cotidiano que
constituem um autêntico currículo oculto,
Não podemos deixar de pensar que a educação
está inserida em um amplo contexto social, político, de grande influência na vida desses nossos
econômico e cultural. Que ao abordarmos tal situação estudantes.
temos que perceber inferências provenientes não apenas
das decisões governamentais locais ou nacionais, mas E como tudo isso se relaciona à escola?
também as influências sofridas das transformações que
acontecem em outras regiões do planeta e que aos Vivemos num país em desenvolvimento, pelo menos
poucos promovem mudanças em nosso cotidiano, em é o que nos dizem há algum tempo (desde que entrei nos
nossos hábitos e nas relações que estabelecemos com o bancos escolares escuto essa afirmação). Isso significa
mundo. que há problemas sociais e desigualdade econômica. Não
há guerras envolvendo o Brasil e outras nações, mas há
O Mundo mudou com as novas tecnologias e a soldados brasileiros em outras partes do mundo (como no
educação não pode ficar alheia a Haiti). Vivemos algumas tensões internas que algumas
vezes extrapolam os limites da racionalidade e se
isso. No entanto não basta adicionar laboratórios e transformam em confrontos sangrentos (como no caso da
computadores, televisores e questão agrária).

aparelhos de DVD ou qualquer outro recurso às A fome é um flagelo que ronda permanentemente
escolas, é necessário aprender a uma parcela significativa de famílias brasileiras. A
destruição de florestas em território nacional é questão de
utilizá-los e torná-los parte integrante dos interesse internacional e tema de debates em diferentes
currículos e instrumentais básicos para o trabalho em partes do mundo. Temos governos que não querem
sala de aula. assumir seus posicionamentos neoliberais que, entretanto,
seguem à risca as cartilhas do Banco Mundial e do FMI.
Pensamos em educação como as pessoas que Assistimos ao crescimento constante e avassalador do
querem entender as mudanças climáticas apenas em advento das novas tecnologias ao cotidiano de nossa
nível local, sem inserir nessa ampla e complexa questão população (vimos recentemente, por exemplo, que há no
situações como o efeito estufa, a camada de ozônio, a Brasil atual o dobro de celulares comparativamente as
destruição das florestas tropicais ou a extinção de linhas de telefones fixos ou ainda que a Internet de banda
animais e vegetais. larga já superou a de linhas discadas).

Não podemos desprezar mudanças que têm Já deu para perceber que tudo isso influencia a
acontecido no âmbito das comunicações como o escola?
surgimento da Internet, a ampliação das transmissões por
satélite, as notícias que rapidamente cruzam as fronteiras Ainda não? Então vamos um pouco além em nossas
e nos permitem saber o que se passa no Japão ou no observações. Que tal lembrar, por exemplo, que a
Oriente Médio em questão de minutos. disponibilização mais rápida de informações e notícias pelo
rádio, televisão, jornais diários ou internet atinge uma boa e
Ignorar o avanço do neoliberalismo e a falência do considerável parcela dos estudantes que freqüentam
sonho socialista; fechar os olhos para as disputas nossas escolas.
religiosas que abalam regiões do planeta; desprezar a
rápida e portentosa ascensão da China no mercado
mundial; ou ainda não se informar acerca dos grandes
tratados internacionais que levaram a formação da União
Européia nos levam a erros grosseiros e nos tornam

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EDUCAÇÃO FÍSICA
antiquada nesse sentido. Criar relações de proximidade e
permitir que os alunos se permitam uma nova
compreensão da escola e da educação. Isso não significa
abdicar da autoridade e do respeito que se fazem
necessários nessa atuação profissional. Seriedade,
trabalho, disciplina e responsabilidade são totalmente
condizentes com diálogo, amizade e construção
cooperativa de novos conhecimentos. Todos ganham com
isso, ninguém perde.

Para completar, não podemos deixar de mencionar


a necessidade da criatividade e do amor à profissão.
Criatividade que dá o tom e o tempero, que estimula e
convence, que atrai e estabelece o interesse na educação.
As mudanças do mundo não fazem parte dos currículos Amor que nos faz vencer as adversidades, os pessimismos
oficiais e têm forte influência sobre a vida de nossos e as pequenas derrotas do cotidiano para que possamos
estudantes. Questões como a Guerra do Iraque, o chegar ao triunfo e as realizações...
pagamento de mensalões ou o referendo sobre a venda
de armas devem ser discutidas em sala de aula e
aproximadas dos temas previstos nos currículos oficiais.

Esses meios de comunicação são freqüentes


companheiros de nossos estudantes e disponibilizam
informações que afetam e sensibilizam o comportamento
dessas crianças e jovens. E o que fazemos com esses
dados e notícias? Desprezamos, ignoramos ou, por
vezes, comentamos com brevidade entre uma aula e
outra. Isso não consta do currículo e dos planos de aula,
portanto representa perda de tempo precioso de nossas
explanações e trabalhos. Esse é o pensamento da
grande maioria dos professores...

Ao fazermos isso perdemos a sintonia que


pretendemos estabelecer com os estudantes. Precisamos
estabelecer relações entre o currículo oficial e o mundo
que nos cerca e influencia constantemente. A influência
da realidade no contexto educacional é muito maior do
que podemos imaginar e constitui, de acordo com
pesquisas conduzidas por especialistas em educação, o
que pode ser chamado de currículo oculto.

Outro exemplo? Que tal pensarmos na economia


e no neoliberalismo? A competição entre produtores
internacionais e as conseqüências diretas no dia a dia
dos estudantes é muito maior do que podemos imaginar.
Vai desde as explicações acerca do desemprego dos
pais até as justificativas quanto aos baixos salários
oferecidos no mercado brasileiro ou a dificuldade para se
obter o primeiro emprego.

E como conciliar o currículo oculto com o


oficial?

O primeiro passo é manter-se atualizado em


relação ao mundo que nos cerca. O segundo é colocar os
neurônios para conseguir relacionar as notícias e
informações obtidas aos planos e projetos de ensino. Isso
significa que não podemos desprezar os currículos
oficiais e sim modernizá-los criando elos que permitam a
comunicação entre esses direcionadores de atuação da
escola e a realidade em que vivemos. Outro aspecto
fundamental é redimensionar nossa prática e questionar
nossos caminhos, valores, posturas e até mesmo o nosso
conhecimento (fazer novos cursos, entender as
tecnologias e utilizá-las na educação, ler novos autores,
reler os clássicos, assistir filmes, freqüentar teatros,...).

Criar canais de comunicação com os alunos.


Escutar e aprender com os estudantes também é medida
essencial. A escola ainda é deveras conservadora e

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EDUCAÇÃO FÍSICA
CURRÍCULO EM EDUCAÇÃO FÍSICA multilateral e harmonioso do aluno, através da prática
de:
Currículo Nacional do Ensino Básico –
Competências Essenciais • As atividades físicas desportivas nas suas
dimensões técnica, táctica, regulamentar e
A Educação Física, enquanto área
organizativa;
curricular, estabelece um quadro de relações com
as que com ela partilham os contributos • As atividades físicas expressivas (danças),
fundamentais para a formação dos alunos ao longo nas suas dimensões técnica, de composição e
da escolaridade. interpretação;
O essencial do valor pedagógico dessas • As atividades físicas de exploração da
relações reside nos aspectos particulares da Natureza, nas suas dimensões técnica, organizativa
Educação Física, materializado no conjunto de e ecológica;
contributos e de riquezas patrimoniais específicas,
• Jogos tradicionais e populares.
que não podem ser promovidas por qualquer outra
área ou disciplina do currículo escolar. • Promover o gosto pela prática regular das
atividades físicas e aprofundar a compreensão da
Trata-se, como em muitas outras facetas do
sua importância como fatores de saúde e
desenvolvimento humano, da partilha geracional de
componente da cultura, na dimensão individual e
um conjunto de aquisições socialmente relevantes,
social.
que se constituem como o património cultural, tendo
como referente o corpo e a atividade física, na sua • Promover a formação de hábitos, atitudes e
vertente de construção individual e coletiva e de conhecimentos relativos à interpretação e
relacionamento e integração na sociedade. participação nas estruturas sociais no seio das quais
se desenvolvem as atividades físicas, valorizando:
Da diversidade das construções culturais
operadas (em constante construção e mutação) • A iniciativa e a responsabilidade pessoal, a
resulta um processo de apropriação cooperação e a solidariedade; •A ética desportiva;
invariavelmente inacabado e imperfeito.
• A higiene e a segurança pessoal e coletiva;
Olha-se, portanto, para este percurso
educativo como o combate ao analfabetismo motor, • A consciência cívica na preservação das
que deverá estar completamente erradicado nos condições de realização das atividades físicas, em
especial a qualidade do ambiente."
nossos jovens no fim da escolaridade básica, a
partir da progressiva integração de um conjunto de As competências em Educação Física
atitudes, capacidades, conhecimentos e hábitos no adquirem-se pela prática de atividade física
âmbito da Educação Física. qualitativa e quantitativamente adequada às
Esse percurso obriga à aquisição de possibilidades e necessidades de cada aluno, em
competências em diferentes domínios e matérias situações que promovam o seu desenvolvimento, isto
é, situações em que o esforço físico, a
próprias da Educação Física, num claro sinal de
aprendizagem, a descoberta e o desafio pessoal e
ampliação das experiências motoras vividas, de
coletivo sejam uma constante.
modo eclético, tendo como pano de fundo a
perseguição constante da qualidade de vida, da Cooperar com outros em tarefas e projetos
saúde e do bem-estar. comuns é uma competência intrínseca desta área
Neste quadro perseguem-se um conjunto disciplinar.
de finalidades1enformadoras de todo o plano Em todas as matérias da Educação Física
curricular e garante de orientação, equilíbrio e coexistem atividades de superação e
interdependência quer entre os diversos anos, quer aperfeiçoamento pessoal e atividades de
dentro de cada ano e ciclo de escolaridade: demonstração de competências, individuais e em
"Na perspectiva da melhoria da qualidade grupo (por exemplo, as ações em situação de Jogo
Desportivo Coletivo, a exploração de movimento a
de vida, da saúde e do bem-estar:
pares e em grupo na Dança, os esquemas em grupo
• Melhorar a aptidão física elevando as na Ginástica, os percursos em equipa na Orientação,
capacidades físicas de modo harmonioso e etc.).
adequado às necessidades de desenvolvimento do
aluno; A atitude de empenho, perseverança, esforço
e autodisciplina, imprescindíveis num processo de
• Promover a aprendizagem dos desenvolvimento em que o aperfeiçoamento e a
conhecimentos relativos aos processos de elevação superação são um desafio constante, passa pela
e manutenção das capacidades físicas; autonomia e responsabilidade dos alunos na
realização e regulação da sua própria atividade.
• Assegurar a aprendizagem de um
conjunto de matérias representativas das diferentes É neste quadro que, na Educação Física, o
atividades físicas, promovendo o desenvolvimento cumprimento de regras assume grande importância
em cenários diversos mas complementares.
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EDUCAÇÃO FÍSICA
Às exigências de respeito pelas regras de Um dos aspectos particulares do
participação nas várias atividades/matérias, desenvolvimento de estratégias cognitivas ocorre, por
definidas pelos seus regulamentos, juntam-se as de exemplo, nas situações de jogo, que solicitam
realização das tarefas, sem as quais o treino é constantemente ao aluno a adequação das suas
inconsequente, as regras de funcionamento e ações à leitura que faz do jogo, isto é, às ações dos
segurança em espaços e atividades próprias da companheiros de equipa e adversários, ou, noutro
disciplina (ginásios, transporte e manipulação dos exemplo, na resposta que o aluno encontra face aos
equipamentos, etc.), ou ainda normas para problemas colocados em percursos de orientação, na
preservação do equilíbrio ecológico (por exemplo, procura da melhor solução.
em atividades de exploração da natureza).
Para além disso, a aprendizagem de
O relacionamento interpessoal e de grupo habilidades técnicas pressupõe a reprodução e ou
assume importância vital nesta área, em que recriação de padrões de movimento, que o aluno tem
grande parte das realizações dos alunos são identificar e interpretar a partir da informação
coletivas. A qualidade deste relacionamento é uma prestada verbal e ou visualmente.
das preocupações representada nos objetivos da
Em todas as situações de interação com o
Educação Física no Ensino Básico e nos princípios
aluno, por exemplo, na apresentação da habilidade a
de organização das atividades educativas e assenta
realizar ou na correção da sua prestação, é solicitada
na "promoção da autonomia, pela atribuição,
a interpretação de informação visando a
reconhecimento e exigência de responsabilidades
adequação/ajustamento das suas ações ao contexto
efetivas aos alunos, nos problemas organizativos e
ou modelo apresentado.
de tratamento das matérias que podem ser
assumidos e resolvidos por eles" e na "orientação As competências associadas à resolução de
da sociabilidade no sentido de uma cooperação problemas são amplamente solicitadas na Educação
efetiva entre os alunos, associando-se não só à Física. A construção do pensamento estratégico, que
melhoria da qualidade das prestações, permite ao aluno escolher a ação mais favorável ao
especialmente nas situações de competição entre êxito pessoal e do grupo nos Jogos Desportivos
equipas, mas também ao clima relacional favorável Coletivos ou na acumulação de vantagem nos
ao aperfeiçoamento pessoal e ao prazer desportos de raqueta ou na pertinência das opções
proporcionado pelas atividades." (Cf. Programas de tomadas em percursos de orientação, é exemplo do
Educação Física do Ensino Básico). contributo único da Educação Física.
Competências Específicas –Educação As competências relacionadas com a
Física utilização de diferentes formas de comunicação e de
linguagens de diferentes áreas do saber
Apesar da diversidade dos contextos de
desenvolvem-se, na Educação Física, pela utilização
aprendizagem, as situações e os métodos de
de terminologia específica da cultura física e de cada
trabalho utilizados evidenciam sempre o aluno
uma das matérias de ensino e pela utilização de
como protagonista do processo ensino-
comunicação gestual específica das modalidades
aprendizagem, apelando a uma participação ativa
desportivas, como são, por exemplo, as ações
em todas as situações de aula.
técnicas de arbitragem, a comunicação dentro da
A realização de atividades de forma equipa nos jogos desportivos coletivos e também as
autónoma e criativa é, obviamente, valorizada e habilidades de expressão e de comunicação nas
incentivada. Por este motivo esta preocupação vem atividades rítmicas expressivas.
explícita nos programas de Educação Física,
A promoção de estilos de vida saudáveis e a
nomeadamente nos Objetivos Gerais comuns a
responsabilização dos alunos quanto à segurança
todas as áreas, referindo que o aluno deverá
pessoal e coletiva recebem contributos
"participar em todas as situações (…) apresentando
inquestionáveis da Educação Física. Vem explícita
iniciativas e propostas pessoais de
nos seus programas como uma referência
desenvolvimento da atividade individual e do grupo,
fundamental e transversal da área, traduzida, não só,
considerando as que são apresentadas pelos
na interpretação conceptual (ou cognitiva) destes
companheiros com interesse e objetividade".
assuntos, mas também na sua interpretação prática,
A promoção e aceitação da iniciativa dos sistemática, na atividade física (cf. Objetivos Gerais
alunos, orientando-a para a elevação da qualidade de ciclo e especificações das matérias).
do seu empenho e dos efeitos positivos das
É, aliás, neste domínio, bem como no da
atividades, traduz a valorização da criatividade.
realização de atividade física pedagogicamente
Este processo, a par da especificidade das orientada, que o contributo desta área disciplinar para
matérias da Educação Física e do desejável clima a formação e desenvolvimento dos alunos se torna
de desafio e descoberta, enquadra um singular mais visível.
contributo desta área para o desenvolvimento das
Com efeito, as características intrínsecas à
competências relacionadas com o tratamento da
atividade física proporcionam, de uma forma singular,
informação, a tomada de decisões e a resolução de
no currículo dos alunos do ensino básico contextos
problemas.
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EDUCAÇÃO FÍSICA
favoráveis e facilitadores do desenvolvimento do • Ser significativas, correspondendo às
conjunto das competências aqui mencionadas. expectativas de aperfeiçoamento pessoal do aluno.
Experiências de aprendizagem Os desafios devem ser colocados acima das
suas possibilidades do momento, mas acessíveis em
O percurso educativo do aluno no ensino
curto prazo. No seu conjunto, a atividade do aluno
básico deve ser organizado em torno da
deve ser de "moderada a intensa" constituindo-se
diferenciação e relação entre os diferentes tipos de
como carga física que permita a elevação do nível
atividade física, que caracterizam cada uma das
funcional das capacidades motoras;
áreas e subáreas identificadas nas “Finalidades da
Educação Física do Ensino Básico”. • Ser agradáveis, possibilitando que os
alunos realizem a atividade de que necessitam, mas
Em cada um dos ciclos do ensino básico
também a que gostam, conciliando-a com
deve assegurar-se que os alunos participem em
motivações, gostos e interesses;
situações características da aprendizagem dos
Jogos Desportivos Coletivos, da Ginástica, do • Ser variadas, solicitando diferentes
Atletismo, dos Desportos de Raquetas, dos capacidades e colocando exigências diversificadas
Desportos de Combate, da Patinagem, da Dança, do ponto vista motor e do tipo de esforço;
das Atividades de Exploração da Natureza e dos
• Ser realizadas num ambiente pedagógico
Jogos Tradicionais e Populares (integrando-se
que promova a cooperação e entreajuda, o respeito
nesta área os Jogos Infantis), de forma a garantir o
pelos outros, o sentido da responsabilidade, a
ecletismo da Educação Física e promover o
segurança e o espírito de iniciativa, reconhecendo-se
desenvolvimento multilateral das crianças e jovens.
que as atividades específicas da Educação Física se
Devem ser igualmente consideradas realizam fundamentalmente em grupo (em
situações de aprendizagem dos conhecimentos cooperação/oposição), apresentando-se como
relativos aos processos de elevação e manutenção terreno excelente para a Educação para a Cidadania.
da Aptidão Física e também à interpretação e
Competências Específicas –Educação
participação nos contextos em que se realizam as
Física
atividades físicas, visando, por um lado, a
promoção de estilos de vida ativos e, por outro, o Reconhecendo que a Educação Física se
exercício consciente de cidadania. centra na atividade física, embora não se esgote
nela, privilegia-se a referência às situações de
A Educação e Promoção da Saúde e a
aprendizagem que envolvam atividade motora.
elevação da Aptidão Física, sendo preocupações
centrais da Educação Física, "obriga" a que os Neste quadro, entende-se como situações de
alunos se empenhem, em todas as aulas, em aprendizagem as oportunidades de prática,
atividades de treino, cuja qualidade e quantidade de organizadas de forma que todos os alunos tenham o
esforço físico sejam adequadas às necessidades e máximo tempo de atividade motora significativa e
possibilidades dos alunos e capazes de promover o especificamente orientada para o alcance das
desenvolvimento das capacidades motoras. competências.
Tendo como pano de fundo estes Dadas as características próprias da
pressupostos, cabe aos Departamentos de Educação Física e das suas aprendizagens, um
Educação Física das escolas e ou dos conjunto de aspectos essenciais têm de ser
agrupamentos de escolas a organização do considerados na elaboração e seleção das situações
percurso e das exigências educativas ao longo dos de aprendizagem:
anos de cada ciclo de escolaridade, tendo sempre
• A atividade formativa deve ser tão global
como referência os objetivos do ciclo.
quanto possível e tão analítica quanto necessário.
No plano mais operacional da concepção e Entende-se por atividade "global" a organização da
organização das atividades de desenvolvimento prática do aluno segundo as características da
que promovem os efeitos educativos pretendidos, atividade referente – jogo, concurso, percurso,
deve ser assegurado um conjunto de qualidades sequência, coreografia, etc. Por atividade "analítica"
genéricas, independentemente do tipo de atividade. entendemos a exercitação, o aperfeiçoamento de
Assim, as situações de aprendizagem e treino elementos parciais e críticos, das diferentes
devem, per si ou no seu conjunto: competências técnicas ou técnico-tácticas, em
situações simplificadas ou fraccionadas da atividade
• Ser inclusivas, pois, nenhum aluno pode
referente;
ser excluído por dificuldades ou aptidão insuficiente,
nem por exigências gerais que deixem de • A constituição dos grupos, face às
considerar as suas possibilidades; características já referidas dos processos de
aprendizagem desta área curricular (os alunos
• Proporcionar muito tempo de prática de
aprendem em interação com os outros, existência de
atividade física com significado e qualidade, isto é,
competências de realização coletiva, etc.). Esta é
adequada às necessidades e características dos
uma questão delicada que o professor não pode
alunos;
deixar de equacionar de forma a gerir a dinâmica e
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EDUCAÇÃO FÍSICA
as relações intraturma, aproveitando ao máximo as cooperação e entreajuda (o 1+1 no badminton,
suas potencialidades para a realização dos situações de ensino recíproco na Ginástica, percurso
objetivos estabelecidos. Assim, os diferentes modos na natureza ou de orientação), ou quando a natureza
de agrupamento (grupos heterogéneos e das aprendizagens implica a sua realização em grupo
homogéneos) devem ser considerados processos (por exemplo a Luta, os "toques" em grupo no
convenientes em períodos limitados do plano de voleibol, o 1x1 no basquetebol).
turma, adequados, portanto, às etapas de
As sequências de habilidades e coreografias
aprendizagem e aos propósitos pedagógicos do
são situações mais complexas em que a
professor;
aprendizagem só se pode realizar nos contextos de
• A diferenciação de objetivos e ou demonstração de competências de algumas matérias
atividades formativas para alunos e ou subgrupos (Ginástica, Dança, Patinagem). Nalguns casos
distintos é desejável e necessária para (quando não são predeterminadas pelo professor),
corresponder ao princípio metodológico segundo o exigem um trabalho prévio do aluno ou grupo de
qual a atividade formativa proporcionada aos alunos alunos, de concepção da sequência ou da
deve ser tão coletiva (de conjunto, interativa) coreografia. Não se trata só da realização de
quanto possível e tão individualizada (ou determinadas habilidades, mas sim da composição
diferenciada por grupos de nível) quanto o de umas com as outras (da sua ligação), o que faz
necessário. Esta diferenciação é garante também realçar a importância da harmonia e fluidez de
da inclusividade característica das aulas de movimentos. É o caso da sequência gímnica no solo
Educação Física. ou na trave, ou da coreografia na Dança ou na
Ginástica Acrobática.
As situações de aprendizagem na
Educação Física são inúmeras e variadas, As situações de jogo, típicas de
originando contextos de aprendizagem bastante aprendizagem dos Jogos Desportivos Coletivos ou
diversificados consoante o tipo de atividade e dos Desportos de Raquetas, são idênticas às
papéis atribuídos ao professor e ao(s) aluno(s). No atividades referentes das matérias destas subáreas.
entanto, as situações que a seguir se enumeram A escolha, a oportunidade e adequação das ações
constituem-se como referência fundamental na técnicas e ou técnicas-tácticas depende da
organização do processo ensino-aprendizagem. capacidade de os alunos "lerem o jogo", cuja
aprendizagem implica que o professor, nestas
O exercício individual é uma situação
situações, não comande as ações dos alunos,
simples de aprendizagem ou aperfeiçoamento de
substituindo ou inibindo as suas opções.
ações técnicas e ou técnico-tácticas das várias
matérias dos programas. A constituição dos grupos assume, aqui, uma
importância decisiva, de modo a garantir que todos
A sua construção deve considerar, sempre
os alunos tenham a possibilidade de protagonismo no
que possível, a associação de várias habilidades de
jogo, necessário para aprender.
forma a aproximá-la do contexto da atividade
referente. É o caso das situações de exercício nos Nas situações de jogo simplificado, procura-
Jogos Desportivos Coletivos, em que, por exemplo, se retirar alguma complexidade às situações de jogo
a aprendizagem e o aperfeiçoamento da finalização formal, reduzindo o número de jogadores (3x3 no
deve ser associada à recepção, passe ou basquetebol) e ou reduzindo as dimensões do campo
progressão (nos jogos de invasão) ou a recepção (4x4 no voleibol em campo reduzido). A simplificação
associada ao serviço (no voleibol). Mesmo na do jogo pode também ser conseguida utilizando
Ginástica, é fundamental que à aprendizagem de somente uma fracção do campo (3x3 em meio campo
cada habilidade seja associada outra, de forma a no basquetebol).
garantir o seu encadeamento e facilitar a
Este tipo de situações visa aumentar a
aprendizagem e demonstração de competências no
participação dos alunos no jogo, ampliando o espaço
contexto da sequência gímnica ou da coreografia.
relativo de cada um e a possibilidade de
O exercício individual pode assumir várias protagonismo no jogo.
formas organizativas, como é o caso do concurso
As situações de exploração do movimento
no voleibol, dos percursos e circuitos na Ginástica
são típicas da Dança, em que os alunos,
ou no treino das capacidades motoras, sendo por
individualmente ou em grupo, combinam movimentos
esse aspecto uma situação facilitadora da
locomotores e não locomotores, segundo
diferenciação do ensino.
determinado ritmo (musical ou outro), e em que o
Currículo Nacional do Ensino Básico – aspecto expressivo tem um relevo fundamental.
Competências Essenciais
Os exercícios em grupo constituem-se
como situações simples de aprendizagem ou
aperfeiçoamento de ações técnicas e ou técnico-
tácticas em várias matérias dos programas, em que
existe o propósito de valorizar atitudes de

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EDUCAÇÃO FÍSICA
EDUCAÇÃO FÍSICA E CULTURA aspectos da cultura da Mongólia, país encravado na
Ásia, entre a Rússia e a China. Naquele país realiza-
Quando se diz que a Educação Física é um
se anualmente, conforme a referida matéria, há
fenômeno cultural, não se quer dizer que os dados
quase oito séculos, um “festival de esportes”, que
biológicos não estão presentes ou não são
inclui as modalidades: arco e flecha, corrida de
importantes, mas que estes últimos não são
cavalo e luta. Na corrida, o percurso totaliza 56
suficientes para a compreensão, por exemplo, do
quilômetros, tendo como cavaleiros meninos de 4 a
esporte. Os europeus do Renascimento ou os
12 anos; exaustos, alguns cavalos morrem de
indígenas brasileiros à mesma época não jogavam
cansaço, literalmente. É o animal vitorioso, e não o
basquetebol ou futebol, embora do ponto de vista
cavaleiro, quem recebe as honras.
fisiológico-mecânico possuíssem o potencial para
fazê-lo. Na competição de luta, mais de 500
concorrentes se enfrentam sucessivamente, sem
É claro que jogos com bola, atendendo ao
divisão de categorias por peso e sem limite de tempo
impulso lúdico que está na origem da própria
(algumas lutas chegam a durar duas horas), até que
cultura humana (HUIZINGA, 1980) são registros
apenas um deles permaneça em pé – o vencedor é
bastante antigos na história, mas apenas em
aclamado como herói. Tais fatos podem chocar
contextos socioculturais específicos é que surgiram
defensores dos direitos dos animais, médicos,
o basquetebol e o futebol tal como os conhecemos
pedagogos e/ou profissionais da Educação Física,
hoje.
porque confrontam valores estabelecidos (mesmo
O surgimento e ascensão do esporte como que provisoriamente) em nossa cultura – tanto a
um importante fenômeno sociocultural pode ser cultura no sentido mais amplo (a cultura ocidental,
explicado pelos predicados intrínsecos (lúdicos e por exemplo), como em sentido mais específico (a
agonísticos) presentes nas diversas modalidades cultura profissional-pedagógica da Educação Física,
esportivas, aliados ao contexto de liberalismo e por exemplo).
industrialização da Europa no século XIX, daí
Todavia, se tomarmos a corrida de cavalos
espalhando-se para todo o mundo (BETTI, 2009a).
como exemplo, é preciso considerar que saber
Cultura Corporal de Movimento cavalgar, num país em que a maioria da população
possui hábitos nômades, e onde há mais equinos que
Mas o que é cultura? Temos dificuldade
seres humanos, é habilidade altamente valorizada,
em compreender nossa própria cultura, porque
inclusive para crianças.
estamos nela imersos, ela nos aparece como um
dado evidente, sobre o qual não nos debruçamos a O exemplo nos permite entender porque
todo momento para uma análise sistemática. “cultura” pode ser definida como “conjunto dos modos
de vida de um grupo humano determinado, sem
DaMatta (1978) considera que, ao estudar referência ao sistema de valores para os quais estão
uma dada cultura, um antropólogo deve realizar um
orientados esses modos de vida” (ABBAGNANO,
duplo movimento: transformar o estranho em
2000, p. 229). Tal definição aplica-se tanto a
familiar, e, ao mesmo tempo, o familiar em
sociedades complexas, tecnológicas, como a
estranho. O primeiro é o movimento original da
sociedades simples e rústicas.
Antropologia, ao final do século XIX, quando
buscava compreender culturas nativas. O segundo Todavia, na sociedade ocidental
corresponde ao momento presente da Antropologia, contemporânea, em especial nas últimas décadas,
que se volta para a nossa própria sociedade, e um conceito que destaque o caráter semiótico da
então temos que estranhar o que nos é familiar. cultura parece ser mais apropriado - qual seja,
considerar a cultura como uma dinâmica de produção
Lembra Dartigues (1973) que Husserl e circulação de signos e sentidos. Para essa direção
(1859-1938), considerado o “pai” da fenomenologia se volta o conhecido trabalho de Geertz (1989), cuja
moderna, agradeceu aos antropólogos do seu
importância foi destacada por Thompson (1995), por
tempo, já que concebia a descoberta da essência
ter reorientado a análise da cultura para o estudo do
dos fenômenos sociais e culturais como
significado e do simbolismo, adotando uma
decorrentes de uma compreensão prévia, logo, de concepção simbólica de cultura, que Thompson
um conhecimento, pelo sociólogo/historiador, de (1995, p. 176) caracteriza como: “padrões de
culturas diferentes da sua – e os antropólogos significados incorporados nas formas simbólicas, que
penetraram em universos culturais inteiramente
inclui ações, manifestações verbais e objetos
estranhos ao homem europeu, os quais não
significativos de vários tipos, em virtude dos quais os
poderiam ter concebido, nem mesmo como pura
indivíduos comunicam-se entre si e partilham suas
possibilidade, se não tivessem ido investigar in loco.
experiências, concepções e crenças” .
Uma boa e didática ilustração do que Levando adiante tal entendimento,
poderia ser esse processo de estranhamento, e que Thompson (1995, p.1981), propõe uma concepção
apresenta interesse para a Educação Física, é a estrutural da cultura, que “dá ênfase tanto ao caráter
matéria jornalística exibida na televisão (matéria
simbólico dos fenômenos culturais como ao fato de
exibida no "Globo Repórter", produzido pela TV
tais fenômenos estarem sempre inseridos em
Globo, em 9 de junho de 1999) sobre alguns
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EDUCAÇÃO FÍSICA
contextos sociais estruturados”, e a por “análise Física (que não surgiu previamente a estas formas)
cultural” entende o “estudo das formas simbólicas”, articula a partir de diferentes intencionalidades
que dizer “ações, objetos e expressões pedagógicas. É a este processo e produto que
significativas de vários tipos - em relação a denominamos “cultura corporal de movimento”
contextos e processos historicamente específicos e (BETTI, 2003), já que não existe movimento sem um
socialmente estruturados dentro do quais, e por corpo que se movimente (DARTIGUES, 1973). São
meio dos quais, essas formas simbólicas são estas também as formas culturais que interessam às
produzidas, transmitidas e recebidas”. mídias, aos empresários, aos políticos, cada qual
buscando extrair delas diferentes valores, de acordo
Destaca-se, nessa concepção, a dimensão
com suas intencionalidades. Contudo, é importante
semiótica e comunicativa da cultura (cultura e
explicar que o termo “intencionalidade” não é usado
comunicação são como duas faces da mesma
aqui apenas com um conotação utilitarista no sentido
moeda), e por outro lado, a crescente midiatização
de obter, de modo consciente e previamente
da cultura contemporânea, já que as mídias são
planejado, alguma vantagem de ordem “prática” com
atualmente as principais fontes de produção e
alguma ação.
transmissão de formas simbólicas e construção de
sentidos no mundo de hoje. Santaella (1996) refere- Vamos a um exemplo. Didi, um dos maiores
se mesmo ao surgimento de uma nova cultura, que jogadores de futebol que o Brasil já conheceu,
redefine a cultura de massa e a cultura erudita: é a atuante até início da década de 1960, descreveu, em
cultura das mídias, que cria sua própria linguagem. entrevista à televisão, a que eu tive a oportunidade
de assistir, como inventou a “folha seca”, um chute
Então, quando a matéria televisiva fala em
de longa distância no qual a bola se elevava muito e,
“esporte” na Mongólia, refere-se a uma forma
já próxima à meta adversária, descia rapidamente,
simbólica que possui significados diferentes para os
enganando o goleiro. Pois bem, tal modo de chutar a
mongóis e para nós, e que se situa em um contexto
bola não foi fruto de um processo de “treino”, de
histórico e social específico.
experimentação controlada com o propósito de criar
Somos seres cuja relação original com o um novo tipo de chute mais eficiente para atingir o
mundo e com os outros é corporal-motora objetivo do futebol (“fazer gols”), mas decorreu do
(MERLEAU-PONTY, 1999). Possuímos uma infinita fato de estar com o calcanhar machucado, o que o
capacidade de “movimento para...”, quer dizer, obrigou a chutar apoiado na ponta dos pés, criando
nossa motricidade é regida por intencionalidades. involuntariamente uma nova mecânica do chute.
Santin (1987) destaca que os elementos fundantes
Quer dizer, ele não “pensou”, não refletiu
da Educação Física são: o ser humano (uma
antecipadamente sobre como chutar a bola nessa
totalidade indivisível) e o movimento, o qual possui
nova situação corporal que a contusão lhe impôs,
componentes/elementos intencionais internos e
mas o corpo organizou a ação motora
externos.
espontaneamente, intuitivamente – isto é exatamente
Dentre outros, são componentes o que se chama intencionalidade operante
intencionais internos do movimento humano: o (MERLEAU-PONTY, 1999), conceito que também
prazer intrínseco à execução dos próprios Sérgio (2003) emprestou à fenomenologia merleau-
movimentos, a superação de si próprio e a fruição pontyana, para definir a motricidade humana como
estética; elementos externos seriam aqueles que “intencionalidade operante”. É claro que a
provém de fora do campo do próprio movimento, biomecânica poderá explicar a “folha seca” nos
como troféus, recompensas financeiras, bem como termos da Física, assim como professores de
a busca de valores extrínsecos ao movimento em Educação Física e treinadores esportivos poderão
si, como a saúde. apropriar-se desse movimento e inseri-lo em uma
pedagogia de ensino/treinamento do futebol –
E tais componentes intencionais internos e estaríamos aí, então, no âmbito da cultura. Mas tais
externos podem ser articulados de diferentes procedimentos são posteriores, assim como, a
modos, a partir de diferentes valores - entendendo posteriori, o próprio Didi pode compreender
valor como uma possibilidade de escolha
racionalmente o que fez, e pode explicá-lo em
(ABBAGNANO, 2000). Por exemplo, a saúde pode palavras.
ser promovida ou prejudicada, dependendo da
articulação que se faz entre os componentes O depoimento de Didi, então, além de nos
intencionais do movimento, já que ela não é, em si, servir para exemplificar o conceito de
um componente intencional interno do movimento “intencionalidade operante”, também serve para nos
humano. mostrar de onde vem o novo, onde está a fonte na
qual a cultura corporal de movimento “bebe” a
É a exercitação intencionada, e em geral matéria prima do seu dinamismo, pois, afinal, a
sistemática, da motricidade humana (que dizer, cultura não é estática, ela não apenas reproduz os
nossa capacidade de movimento para...) que foi
jogos, os esportes, as danças, mas os produz, os
construindo, ao longo da história, as formas
transforma, os cria e recria. Observemos as crianças
culturalmente codificadas que hoje conhecemos
em suas brincadeiras; os jovens empobrecidos nas
como esporte, ginásticas, dança etc., as quais
periferias e favelas improvisando jogos e danças;
constituem os meios e conteúdos que a Educação
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EDUCAÇÃO FÍSICA
famílias nos parques públicos rebatendo uma bola descontextualizam a experiência global de praticar
por sobre uma corda amarrada entre duas árvores; esporte. Os eventos e fatos são retirados do seu
nas praias, meninos e meninas fazendo contexto histórico, sociológico, antropológico; a
malabarismos com uma bola nos pés, ou experiência global do ser-atleta é fragmentada. Como
deslizando por dunas de areia com pedaços de tal descontextualização é sutil e compensada com
tábua encerada. Aí encontraremos a exercitação informações suplementares (closes, câmaras
mais original da motricidade humana, e original em dispostas em diversos ângulos, microfones captando
dois sentidos: como origem das formas que sons no campo e na torcida, etc.), o telespectador
adquirirão posteriormente codificação cultural, e tem a falsa sensação de estar olhando por uma
original porque inovadoras, não-codificadas, “janela de vidro”, quando na verdade aprecia uma
transgressoras em certa medida. “Brincar” de interpretação da realidade, mediada pelas câmaras
rebater uma bola de plástico por sobre uma corda televisivas (BETTI, 1998).
amarrada entre duas árvores é, nesse sentido, mais
De fato, há diferenças profundas na
original que o voleibol regulamentado como esporte
experiência de assistir ao esporte como testemunha
formal-federativo.
corporalmente presente nos estádios e ginásios e na
Nessa mesma direção, Baitello Júnior sala de estar, pela televisão. Por outro lado valorizam
(1999) evidenciou como, para os teóricos da os aspectos parciais que mais lhes interessam para
semiótica da cultura, o jogo/brinquedo, na qualidade efeito de espetacularização, e acabam por veicular
de atividade não direcionada a um fim utilitário, é uma concepção hegemônica do que é esporte: vitória
um dos nascedouros da cultura humana. a qualquer custo, esforço máximo, disciplina,
recompensa financeira etc. Aspectos como o prazer,
As mídias, a televisão e a cultura
a sociabilidade e o conhecimento de si no confronto
corporal de movimento
com outrem, por exemplo, são negligenciados.
Mas desde a década de 1960 entrou em
É então importante compreender que o
cena uma novo elemento dinamizador da cultura
interesse das mídias no esporte não se fundamenta
corporal de movimento: a televisão. Dotada de
no interesse de estimular a prática esportiva, mas de
enorme capacidade técnica para produzir discursos
vender a si próprias, e, por sua vez, o esporte
audiovisuais, cuja principal característica é a
profissional torna-se cada vez mais dependente das
espetacularização das imagens, a televisão, aliada
mídias, em especial da televisão. Atualmente,
a interesses comerciais, encontrou no esporte a
nenhum grande evento esportivo é possível sem o
matéria-prima ideal, criando o esporte
envolvimento das empresas televisivas, que divulgam
telespetáculo, o qual pode ser definido, conforme
os produtos e as marcas dos patrocinadores, por
Betti (1998) como uma realidade textual
intermédio da publicidade.
relativamente autônoma (face à prática “real” do
esporte) que é construída pela codificação e O esporte telespetáculo ensaiou seus
mediação dos eventos esportivos efetuadas pelo primeiros passos na Copa do Mundo de 1966 -o
enquadramento das câmaras televisivas, edição primeiro evento esportivo internacional integralmente
das imagens e comentários, sons e efeitos gráfico- explorado pela televisão- e firmou-se nos Jogos
computacionais que se acrescentam a elas. É Olímpicos de 1984, em Los Angeles, também os
regido pela lógica da espetacularização, por sua primeiros Jogos Olímpicos que auferiram lucros
vez ligada aos interesses econômicos das grandes financeiros. O esporte nunca mais seria o mesmo
empresas midiáticas e às possibilidades após o surgimento da televisão ao vivo, o vídeo tape,
tecnológicas de produção e emissão de imagens. o close, os sistemas de satélite que fazem as
imagens e sons do espetáculo esportivo trafegar por
É tal “texto” audiovisual
todo o planeta.
(predominantemente imagético) que se tornou
produto vendido pela televisão e por outras mídias Já há alguns anos, pode-se constatar que as
(jornais, revistas, sites da internet etc.) – o mídias passaram a investir também em outras
espetáculo esportivo em si e a “falação” (ECO, manifestações da cultura corporal de movimento, em
1984) sobre ele. Além disso, a possibilidade da especial as ginásticas (aeróbica, localizada, com
associação do esporte a uma infinidade de pesos etc.), associando-as a um modelo de beleza
produtos, do açúcar (“energia”) aos serviços corporal de magreza, para cujo alcance concorrem
bancários (“velocidade”), passando pelos materiais também as dietas alimentares e intervenções
esportivos propriamente ditos (bolas, vestimentas cirúrgicas (prótese, lipoaspiração etc.).
etc.) é amplamente explorada pela publicidade.
Dessa associação resulta a possibilidade de
Contudo, tal lógica da espetacularização - vender inúmeros produtos: esteiras-rolantes,
ao transformar o esporte em texto equipamentos domésticos de ginástica, remédios
predominantemente imagético e relativamente “emagrecedores”, além, é claro, de um sem número
autônomo face à prática “real” do esporte- traz uma de publicações (em especial revistas de “banca”)
importante consequência: a dirigidas prioritariamente ao público feminino, em
fragmentação/descontextualização do fenômeno cujas capas, observem, sempre aparecem
esportivo. As mídias fragmentam e “chamadas” para programas de exercício e ginástica

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EDUCAÇÃO FÍSICA
que visam emagrecimento e/ou obtenção de âmbito da cultura corporal, também constituem hoje a
fortalecimento muscular em determinadas regiões mais importante fonte de informações sobre a cultura
do corpo (por exemplo, “levantar o bumbum”). É corporal de movimento para o grande público não
oportuno lembrar que as academias, destacado especializado. Jornais, revistas, sites da internet,
espaço de atuação dos profissionais da Educação vídeo games, rádio e televisão difundem ideias sobre
Física, toma parte nesse mercado do corpo que, se a cultura corporal de movimento. Há muitas
não é novo, foi expandido e tomou novos rumos produções dirigidas ao público adolescente e infantil.
sob o patrocínio das mídias. Pela televisão, as crianças tomam contato
precocemente com as manifestações corporais e
Já havíamos apontado (Betti, 2001, 2004)
esportivas do mundo adulto.
a decisiva influência das mídias (em especial a
televisão), no direcionamento de tendências da Hoje, somos todos consumidores potenciais
cultura corporal de movimento, com importantes do esporte-espetáculo, senão como torcedores nos
repercussões para a Educação Física, entendida estádios e quadras, ao menos como espectadores
esta tanto como área de conhecimento como de pela televisão. Há aulas de ginástica aeróbica pela
intervenção profissional. São essas tendências: TV; médicos e profissionais da Educação Física
concedem entrevistas expondo os benefícios e riscos
(i) Novas esportivizações: fenômeno que
do exercício físico, comentaristas nos informam sobre
tende a assimilar diversas formas da cultura
táticas e regras nas partidas de futebol, voleibol ou
corporal de movimento ao modelo do esporte
basquete, revistas femininas e para adolescentes
espetáculo.
sugerem exercícios para emagrecer. Informações
(ii) Progressivo distanciamento do esporte nem sempre corretas, nem sempre confiáveis, mas
telespetáculo das demais formas da cultura que se sobrepõem pela baixa capacidade crítica da
esportiva, afastamento este provocado pelas mídias maioria dos telespectadores e leitores.
e pelas grandes corporações econômicas, as quais,
Tudo isso elevou o nível de informação
cada vez mais, assumem o gerenciamento do
publicamente partilhada na área de Educação Física
esporte como espetáculo televisivo; essa tendência
a um patamar nunca antes atingido na História. Com
distancia, na sua forma (embora não no seu
isso, corremos o risco de, em algum momento, nos
simbolismo) o esporte telespetáculo do esporte
depararmos, nas escolas ou nas academias, com
praticado em contextos de lazer, educação e saúde.
alunos ou clientes que detém mais informações sobre
(iii) “Confundimento” ou “entrelaçamento” um dado aspecto da cultura corporal de movimento
entre os modelos de estética corporal e o modelo do que seus professores/profissionais de Educação
do fitness (saúde/aptidão física); a vinculação Física.
valorativa do exercício físico à saúde, que a
Contudo, isso não é ruim, o que devemos
tradição Educação Física conhece tão bem, foi
fazer é examinar as possibilidades de usar as mídias
deslocada para o valor da beleza, segundo um
a nosso favor, pela sua capacidade de sintetizar
padrão imposto pelas mídias; em consequência, o
informações, de atrair a atenção, de seduzir pelas
exercício físico de modo geral, e em especial as
imagens, e, ao mesmo tempo, investir na formação
ginásticas, passa a revestir-se de certos sentidos:
do leitor/telespectador crítico, que compreenda os
emagrecimento, definição e hipertrofia muscular,
mecanismos de funcionamento e a linguagem das
sensualidade etc.
mídias, dotando-o de ferramentas para a
Na primeira tendência assistimos interpretação mais aprofundada e contextualizada do
transformar-se em esporte o que surgiu como jogo que vê, ouve e lê nas mídias. Na Educação Física
(por exemplo, o skate e o vôlei de praia), ginástica escolar, por exemplo, já há suficiente fundamentação
(ginástica aeróbica) ou atividade na natureza (por teórica e experiências concretas de uso de matérias
exemplo, o surfe); na segunda, temos o exemplo do televisivas como ferramenta metodológica no
esporte infantil, no qual as crianças não são vistas contexto de programas de Educação Física (BETTI,
em sua presentidade, mas em seu devir, como o 2006, 2009b).
que serão: futuros Neymar; na terceira a motivação
Inspirando-nos nas metáforas de Babin e
aparente (infelizmente, a única que muitos
Kouloumdjian (1989) já propusemos (BETTI, 1998)
profissionais da Educação Física levam em conta)
um trabalho com “mixagem”, num primeiro momento,
de quem procura as ruas e parques para caminhar
e depois, em “estéreo”. Trabalhar com mixagem é
ou correr, ou as academias para “malhar”, é o
associar as produções da mídia às aulas
emagrecimento e a construção do corpo
“tradicionais”, fazendo referências às imagens e
“imaginado” (quer dizer, fixado em imagens) pelas
eventos esportivos transmitidos pela TV, utilizando
mídias.
programas e trechos previamente gravados na TV
A atualização cultural da Educação convencional, vídeos produzidos para finalidades
Física educacionais, matérias sobre a cultura corporal de
movimento publicadas em jornais e revistas. Trata-se
Se as mídias exercem papel cada vez mais aí do que Ferrés (1996) denomina educação com o
importante na construção de novos significados e meio. Conteúdos ligados a técnicas, táticas, história,
modalidades de entretenimento e consumo no
dimensões políticas e econômicas do esporte, bem
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EDUCAÇÃO FÍSICA
como relacionados a aspectos fisiológicos, a bola, monopolizada pelos mais hábeis, como
psicológicos e sociológicos das atividades corporais sempre se vê nas “escolinhas” de futebol por aí. Para
em geral seriam enriquecidos com o audiovisual, isso, é necessário à Educação Física investir em uma
associados a textos jornalísticos. pedagogia do esporte na qual o esporte não seja um
fim em si mesmo, e que, sem ignorar suas
Trabalhar em estéreo consiste em
influências, não se submeta contudo aos interesses
compreender a linguagem específica da televisão,
das mídias e das grandes corporações econômicas.
aprender a interpretar criticamente o discurso da
televisão sobre a cultura corporal em busca de Da mesma forma, o profissional da
sentidos. Implica também em aprender a identificar Educação Física que atua nas academias deve
os diversos modelos de práticas corporais e considerar a busca pela beleza corporal como uma
esportivas a partir do próprio discurso televisivo. É o motivação aparente, por trás da qual se escondem
que Ferrés (1996) denomina educação no meio. desejos mais profundos desse ser (humano) tão e
complexo e contraditório. Mas deve, sem dúvida,
Mais recentemente, a popularização do
partir desta motivação aparente (afinal, não há nada
computador pessoal, das câmaras digitais portáteis
de errado com ela, pois não se trata de fazer um
e dos programas de edição de vídeo tornaram
juízo de valor) para revelar ao cliente/aluno como o
possível a produção de materiais audiovisuais para
exercício físico (assim como o jogo, o esporte, a
muitas pessoas, mesmo que não "experts". A
dança...) pelas suas propriedades intrínsecas, pode
possibilidade de postar tais produtos audiovisuais,
propiciar uma experiência gratificante do ponto de
digitais, na internet (no Youtube, por exemplo),
vista psicossocial, porque não há como exercitar
torna todos nós, além de receptores, potenciais
apenas o físico. Lembremo-nos aqui de Santin
produtores de mensagens midiáticas. Com isso,
(1987): os componentes intencionais externos do
constitui-se as três frentes do campo que tem sido
movimento (no caso, obter emagrecimento, definição
chamado "mídia-educação" (FANTIN, 2012):
muscular etc.) não podem ser desarticulados dos
estudos e intervenções pedagógicas sobre as
componentes intencionais internos (por exemplo, o
mídias (análise dos conteúdos), com as mídias
prazer inerente ao próprio fato de movimentar-se).
(apoio aos processos de ensino e aprendizagem) e
através das mídias (produção de conteúdos). Só assim a Educação Física poderá atualizar
sua tarefa educativa. Só assim a Educação Física
Se as mídias, em especial a televisão, faz
tornar-se-á elemento dinâmico da cultura (CARMO
crianças tomarem contato precoce com as formas
JÚNIOR, 1998) e não mera técnica de intervenção
codificadas do esporte, se para uma garota jogar
sobre o físico. Só assim ela será tanto educação
voleibol é sacar “viagem” e “cortar” contra um
como física.
bloqueio triplo, e se no imaginário de um garoto ele
é o Neymar quando chuta uma bola, mesmo que Referências
velha e esgarçada num chão de terra, o • ABBAGNANO, N. Dicionário de filosofia. 4ª ed. São
professor/profissional de Educação Física que os Paulo: Martins Fontes, 2000.
recebe deve considerar isso, e trabalhar a partir • BABIN, P., KOULOUMDJIAN, M.F. Os novos modos de
disso. Mas não pode confundir este ponto de compreender: a geração do audiovisual e do computador. São
partida com o ponto de chegada, assim como deve Paulo, Edições Paulinas, 1989.
saber que este simbolismo presente na atividade • BETTI, M. A janela de vidro: esporte, televisão e
esportiva de uma criança, para cuja constituição as educação física. Campinas: Papirus, 1998.
mídias são decisivas, não pode confundir-se com a • BETTI, M. Educação física e sociologia: novas e velhas
forma desta atividade; quer dizer, o questões no contexto brasileiro. In: CARVALHO, Y.M. de; RUBIO,
professor/profissional deve adaptar a forma de jogar K. (Org.). Educação física e ciências humanas. São Paulo:
futebol e voleibol para que não haja discrepância Hucitec, 2001. p. 155-169.
entre o que a criança/aluno espera e o que lhes é • BETTI, M. “Imagens em ação”: uma pesquisa-ação
oferecido. sobre o uso de matérias televisivas em programas de educação
física do ensino fundamental e médio. Movimento: Revista da
Como? Por exemplo, resgatando o que é Escola de Educação Física, Porto Alegre, v. 12, n.2, p.95-120,
originalmente o voleibol: um jogo de rebater a bola maio/ago 2006. Disponível em:
http://www.seer.ufrgs.br/index.php/Movimento/article/view/2898/15
por sobre um obstáculo (que pode ser uma rede 34
oficial ou uma corda), cuja dinâmica deve ser
• BETTI, M.Educação física e sociedade. 2a ed. São
preservada. Ora, se não é possível a uma criança
Paulo: Movimento, 2009a.
realizar o saque “por cima” com uma bola e altura
da rede oficiais, talvez ela poderá fazê-lo com a • BETTI, M. Educação física escolar: ensino e pesquisa-
ação. Ijuí: Ed. Unijuí, 2009b.
rede mais baixa, com uma bola maior e mais leve.
Nada há de errado em que um garoto vista a • BETTI, M. Imagem e ação: a televisão e a educação
camisa 9 da seleção brasileira e “sinta-se” o física escolar. In:______ (Org.). Mídia e educaçao física: novos
olhares, outras práticas. São Paulo: Hucitec, 2003. p. 91-137.
Neymar (de fato, ele o “é” nesse momento), o que
importa é que lhe seja dada a oportunidade de • BETTI, M. Corpo, cultura, mídias e educação física:
novas relações no mundo contemporâneo. Lecturas: Educación
participar plena e ativamente do jogo de futebol, Física y Deportes, Revista Digital. Buenos Aires, v.10, n. 79, p. 1-9,
chutando, passando e fazendo gols, e não apenas dez 2004. http://www.efdeportes.com/efd79/corpo.htm
fique correndo de um lado para outro, sem receber
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EDUCAÇÃO FÍSICA
• BAITELLO JÚNIOR, N. O animal que parou os
relógios: ensaios sobre comunicação, cultura e mídia. 2a ed. São
Paulo: Annablume, 1999. (Coleção E)
• CARMO JÚNIOR, W. A cultura e a educação física. Os grandes jogos têm regras totalmente
Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 19, n.3, p.106-111,
1998.
fixas, mais complexas e em maior quantidade.

• DAMATTA, R. O ofício do etnógrafo, ou como ter Num grande jogo o animador atua como um
‘anthropological blues’. In: NUNES, E. de O. (Org.). A aventura árbitro.
sociológica. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.
Grandes jogos são caracterizados por terem
• DARTIGUES, A. O que é a fenomenologia. Rio de
Janeiro: Eldorado, 1973. (Coleção Quid)
um grande número de participantes

• ECO, U. Viagem na irrealidade cotidiana. Rio de Existem vários autores conceituando e


Janeiro: Nova Fronteira, 1984. classificando o jogo e a brincadeira, não pretendo
• FANTIN, M. Mídia-educação no ensino e o currículo entrar nesse mérito, quero aqui somente falar sobre
como prática cultural. Currículo sem Fronteiras, v. 12, n. 2, p. um tipo de jogo especificamente, os Grandes Jogos.
437-452, maio/ago. 2012.
Grandes Jogos é uma definição usada por
• FERRÉS, J. Televisão e educação. Porto Alegre, alguns autores para classificar jogos com algumas
Artes Médicas, 1996.
características específicas, veja abaixo algumas
• GEERTZ, C. A interpretação das culturas. Rio de dessas definições.
Janeiro: LTC, 1989.
FERREIRA (2003) nos diz que grandes jogos
• HUIZINGA, J. Homo Ludens: o jogo como elemento
da cultura. São Paulo: Perspectiva, 1980. são caracterizados por terem um grande número de
participantes. Já MIAN (2003) classifica os jogos
• LOVISOLO, H. Hegemonia e legitimidade nas
ciências do esporte. Motus Corporis, v.3, n. 2, p. 51-72, 1996.
como:
• MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da Pequenos: regras fáceis e em menor
percepção. 2a ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999. quantidade, menor número de participantes e locais
• SANTAELLA, L. A cultura das mídias. São Paulo: restritos;
Experimento, 1996.
Médios: com regras pré-estabelecidos, em
• SANTIN, S. Reflexões antropológicas sobre a locais maiores como quadras ou piscina;
educação física e o esporte escolar. In: Educação física: uma
abordagem filosófica da corporeidade. Ijuí: Ed. Unijuí, 1987. Grandes: com regras pré-estabelecidas e
• SERGIO, M. Alguns olhares sobre o corpo. Lisboa: complexas, em maior quantidade e em locais
Instituto Piaget, 2003. (Coleção Epistemologia e Sociedade) grandes e abertos, com maior número de
• THOMPSON, J. B. Ideologia e cultura moderna:
participantes.
teoria social crítica na era dos meios de comunicação de massa. Ainda nessa linha de pensamento temos
Petrópolis: Vozes, 1995.
GUERRA (1998) que classifica os jogos quanto à sua
dificuldade de execução:
Grandes: duração de 10 a 20 minutos com
as primeiras regras preestabelecidas, preparam para
os desportos e destina-se para alunos do 5º ano em
diante.
Concordando com temos ROSADO et al.
(2009): "Grandes jogos são mais propícios, às faixas
etárias mais elevadas."
Os autores CAVALLARI e ZACHARIAS
(2005) também classificam os jogos em pequenos e
grandes:
Grandes Jogos: Nos grandes jogos, todas as
regras são cobradas de forma totalmente rígida, são
mais complexas e em maior quantidade.A atuação do
professor aqui como um árbitro.
Podemos observa que todas as definições
tem algumas características em comum, SILVA e
GONÇALVES (2010) elencaram estas características
para nós, aqui temos algumas delas:
Grandes Jogos
• Muita movimentação geralmente;
• Grande complexidade das regras;

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EDUCAÇÃO FÍSICA
• Grande quantidade de regras;
• Cumprimento obrigatório das regras;
• Possibilidades de participação de maior A história da Educação Física, está
número de jogadores; relacionada a toda a ciência que estuda o passado e
o presente das atividades humanas, e suas
• Realizados em espaços amplos; evoluções. O homem tem como um objetivo
Claro que nem todas as características vão investigar e acompanhar o desenvolvimento das
se aplicar a todos os jogos, por exemplo um ping atividades físicas esteja elas progredindo ou não, que
pong é um jogo com muitas regras e que pode se modificam de acordo com os sistemas políticos,
ocorrer em um espaço pequeno. Já uma queimada sociais, econômicos ou científicos da população.
tem poucas regras mas ocorre em um espaço Desde os primórdios da civilização o homem
amplo e pode ser considerado um jogo médio praticava atividade física, fazia parte da sua
devido sua baixa complexidade, porém um sobrevivência e cotidiano, nadar, caçar, lutar, correr,
Dodgeball (ou Queimada Americana) pode ser saltar, lançar, arremessar etc.
considerado um grande jogo pela sua complexidade As origens mais remotas da história falam de
de regras e como a aplicação dessas podem 3000 a.C. na China, onde o Imperador, Hoang Ti,
influenciar no resultado do jogo. recomendava aos seus guerreiros e à população, que
Uma das grandes vantagens dos grandes fizessem exercícios físicos com finalidades higiênicas
jogos é exatamente o fato de ser possível um e terapêuticas além do caráter de treino para guerra.
número grande de participantes, isso facilita sua Já no começo do primeiro milênio, na Índia, os
aplicação principalmente em escolas públicas onde exercícios físicos eram tidos como uma doutrina por
as turmas são sempre cheias. causa das "leis de Manu", uma espécie de código
civil, político, social e religioso.
Talvez a desvantagem principal seja
justamente o fato de requerer muitos participantes, Eram, portanto, indispensáveis às
isso, é claro, para escolas onde as turmas não necessidades militares além do caráter fisiológico.
tenham tantos alunos assim, porém quase todos os Buda atribuía aos exercícios, o caminho da energia
jogos podem ser adaptados para um número de física, a pureza dos sentimentos, a bondade e o
participantes maior ou menor do que foi previsto. conhecimento das ciências para a suprema felicidade
do Nirvana. A Yoga tem suas origens na mesma
“Uma das condições necessárias a pensar época retratando os exercícios ginásticos no livro
certo é não estarmos demasiado certos de nossas "Yajur Veda" que além de um aprofundamento da
certezas”. (FREIRE, 1996) Medicina, ensinava técnicas posturais de respiração.
Paralelamente ao período Chinês e Indiano a
civilização japonesa também desenvolvia estudos
sobre atividade física, principalmente ligada ao
treinamento de seus guerreiros, os samurais.
Somando-se a estas civilizações orientais o Egito,
também desenvolvera seus estudos de esportes e
atividade física ligada à guerra.
O início do desenvolvimento dos esportes e
estudos de Educação Física como conhecemos
atualmente está ligado às civilizações ocidentais e
orientais antigas. A Grécia, sem dúvida alguma, foi à
civilização que mais marcou o começo desta ciência.
Filósofos como Sócrates, Platão, Aristóteles, e
Hipócrates contribuíram muito para a Educação
Física, atribuindo conceitos até hoje aceitos na
ligação corpo e alma através das atividades
corporais.
Os sistemas metodizados e em grupo, assim
como os termos halteres, atleta, ginástica, pentatlo
etc., são uma herança grega. As atividades sociais e
físicas eram uma prática até a velhice praticada em
estádios destinados a isso. Roma, por sua vez, herda
todas as características culturais da Grécia, inclusive
as práticas esportivas, porém seu principal enfoque
no Império é o desenvolvimento dos soldados para
guerra. Na idade Média com queda do império
romano a Educação Física é deixada de lado,

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EDUCAÇÃO FÍSICA
principalmente com a ascensão do cristianismo que associando música ao ritmo dos exercícios que são
perdurou por toda esta era. O culto ao corpo era feitos à mão livre usando pequenos acessórios para
pecado mortal, atividades braçais eram reservadas fins corretivos, fisiológicos e pedagógicos. Os
apenas aos servos. O período da Renascença fez responsáveis pela fixação deste método foram o Dr.
explodir novamente a cultura física, as artes, a Dio Lewis e a (A. C. M.) Associação Cristã de Moços
música, a ciência e a literatura. A beleza do corpo, com proposta inicial de melhorar a forma física dos
antes pecaminosa, é novamente explorada americanos que mais precisavam. No Brasil, nos
surgindo grandes artistas como Leonardo da Vinci anos 60 começou a ser implantada nas poucas
(1452-1519), responsável pela criação utilizada até academias pelos professores da A. C. M. ganhando
hoje das regras proporcionais do corpo humano. cada vez mais adeptos nos anos 70 sempre com
inovações fundamentadas na ciência. Já na década
Consta desse período o estudo da
de 80 a ginástica aeróbica invade as academias do
anatomia e a escultura de estátuas famosas como,
Rio de Janeiro e São Paulo.
por exemplo, a de Davi, esculpida por Michelângelo
Buonarroti (1475 - 1564). A dissecação de A partir da república, no Brasil, começa a
cadáveres humanos deu origem à Anatomia como a profissionalização da Educação Física. E até os anos
obra clássica "De Humani Corporis Fábrica" de 60 esta ficou restrita às estruturas organizacionais e
Andrea Vesalius (1514-1564). administrativas específicas como: Divisão de
Educação Física e o Conselho Nacional de
A volta da Educação Física escolar se deve
Desportos. Os anos 70 foram marcados pela ditadura
também nesse período a Vitório de Feltre (1378-
militar, a Educação Física era usada, não para fins
1466) que em 1423 fundou a escola "La Casa
educativos, mas de propaganda do governo sendo
Giocosa" onde o conteúdo programático incluía os
todos os ramos e níveis de ensino voltado para os
exercícios físicos. Mais tarde no Iluminismo todos
esportes de alto rendimento.
estes conceitos são retomados e acrescentados por
seus novos teóricos. Rousseau (1712-1778) propõe Nos anos 80 a Educação Física vive uma
a Educação Física como requisito fundamental para crise existencial à procura de propósitos voltados à
o desenvolvimento infantil, ou seja, já no século sociedade. Nos anos 90 o esporte passa a ser visto
XVIII havia focos de estudos sobre como meio de promoção à saúde acessível a todos
psicomotricidade. manifestada de três formas: esporte educação,
esporte participação e esporte desempenho. A
Começa a se desenvolver na Idade
Educação Física finalmente regulamentada é de fato
Contemporânea o termo "ginástica" e quatro
e de direito uma profissão a qual compete mediar e
grandes escolas foram as responsáveis por isso: a
conduzir todo o processo. Os passos da profissão:
alemã, a nórdica, à francesa e a inglesa. A alemã,
influenciada por Rousseau e Pestalozzi, teve como 1946 - Fundada a Federação Brasileira de
destaque Johann Cristoph Friederick Guts Muths Professores de Educação Física.
(1759-1839) considerado pai da ginástica
1950 a 1980 - Poucos e infrutíferos
pedagógica moderna. Friederick Ludwig Jahn
movimentos.
(1788-1825) cria nesta época uma ginástica que
dera origem à ginástica olímpica. Adolph Spiess 1984 - 1º projeto de lei visando à
(1810-1858) introduz definitivamente a Educação regulamentação da profissão.
Física nas escolas alemãs, sendo inclusive um dos
primeiros defensores da ginástica feminina. 1998 - A 1º de setembro é assinada a lei nº
9.696 regulamentando a profissão.
Já escola nórdica escreve a sua história
IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA
através de Nachtegall (1777-1847) que fundou seu
próprio instituto de ginástica (1799) e o Instituto A prática regular de atividade física sempre
Civil de Ginástica para formação de professores de esteve ligada à imagem de pessoas saudáveis.
Educação Física (1808). A escola Francesa teve Antigamente, existiam duas ideias que tentavam
como elemento principal o espanhol naturalizado explicar a associação entre o exercício e a saúde: a
Francisco Amoros Y Ondeano (1770-1848). A primeira defendia que alguns indivíduos
escola inglesa baseava-se nos jogos e nos apresentavam uma predisposição genética á prática
esportes, tendo como principal defensor Thomas de exercício físico, já que possuíam boa saúde, vigor
Arnold (1795-1842) embora não fosse o criador. físico e disposição mental, a outra proposta dizia que
Essa escola também ainda teve a influência de a atividade física, na verdade, representava um
Clias no treinamento militar. estímulo ambiental responsável pela ausência de
doenças, saúde mental e boa aptidão física. Hoje em
A Educação Física no Brasil teve grande
dia sabe-se que os dois conceitos são importantes e
influência da Ginástica Calistênica criada em 1829
se relacionam.
na França por Phoktion Heinrich Clias (1782-1854).
A Calistenia, segundo Marinho (1980), vem do A prática regular de exercícios físicos
grego Kallos (belo), Sthenos (força) e mais o sufixo acompanha-se de benefícios que se manifestam sob
"ia". Com origem na ginástica sueca apresenta uma todos os aspectos do organismo. Do ponto de vista
divisão de oito grupos de exercícios localizados musculoesquelético, auxilia na melhora da força e do

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EDUCAÇÃO FÍSICA
tônus muscular e da flexibilidade, fortalecimento
dos ossos e das articulações. No caso de crianças,
pode ajudar no desenvolvimento das habilidades
psicomotoras.
Com relação à saúde física, observamos
perda de peso e da porcentagem de gordura PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS
corporal, redução da pressão arterial em repouso,
EDUCAÇÃO FÍSICA
melhora do diabetes, diminuição do colesterol total
e aumento do HDL-colesterol (o "colesterol bom"). (1ª A 4ª SÉRIE)
Todos esses benefícios auxiliam na prevenção e no
Volume 7 - Educação Física
controle de doenças, sendo importantes para a
redução da mortalidade associada a elas. Veja a OBJETIVOS GERAIS DO ENSINO
pessoa que deixa de ser sedentária e passa a ser FUNDAMENTAL
um pouco mais ativa diminui o risco de morte por
doenças do coração em 40%! Isso mostra que uma Os Parâmetros Curriculares Nacionais
pequena mudança nos hábitos de vida é capaz de indicam como objetivos do ensino fundamental
provocar uma grande melhora na saúde e na que os alunos sejam capazes de:
qualidade de vida. • compreender a cidadania como
Já na saúde mental, a prática de exercícios participação social e política, assim como exercício
ajuda na regulação das substâncias relacionadas de direitos e deveres políticos, civis e sociais,
ao sistema nervoso, melhora o fluxo de sangue adotando, no dia-a-dia, atitudes de solidariedade,
para o cérebro, ajuda na capacidade de lidar com cooperação e repúdio às injustiças, respeitando o
problemas e com o estresse. Além disso, auxilia outro e exigindo para si o mesmo respeito;
também na manutenção da abstinência de drogas e • posicionar-se de maneira crítica,
na recuperação da autoestima. Há redução da responsável e construtiva nas diferentes situações
ansiedade e do estresse, ajudando no tratamento sociais, utilizando o diálogo como forma de mediar
da depressão. A atividade física pode também conflitos e de tomar decisões coletivas;
exercer efeitos no convívio social do indivíduo, tanto
no ambiente de trabalho quanto no familiar. • conhecer características fundamentais do
Brasil nas dimensões sociais, materiais e culturais
A atividade física consiste em exercícios como meio para construir progressivamente a
bem planejados e bem estruturados, realizados noção de identidade nacional e pessoal e o
repetitivamente. Eles conferem benefícios aos sentimento de pertinência ao País;
praticantes e têm seus riscos minimizados através
de orientação e controle adequados. Esses • conhecer e valorizar a pluralidade do
exercícios regulares aumentam a longevidade, patrimônio sociocultural brasileiro, bem como
melhoram o nível de energia, a disposição e a aspectos socioculturais de outros povos e nações,
saúde de um modo geral. Afeta de maneira positiva posicionando- se contra qualquer discriminação
o desempenho intelectual, o raciocínio, a baseada em diferenças culturais, de classe social,
velocidade de reação, o convívio social. de crenças, de sexo, de etnia ou outras
características individuais e sociais;
• perceber-se integrante, dependente e
agente transformador do ambiente, identificando
seus elementos e as interações entre eles,
contribuindo ativamente para a melhoria do meio
ambiente;
• desenvolver o conhecimento ajustado de
si mesmo e o sentimento de confiança em suas
capacidades afetiva, física, cognitiva, ética,
estética, de inter-relação pessoal e de inserção
social, para agir com perseverança na busca de
conhecimento e no exercício da cidadania;
• conhecer e cuidar do próprio corpo,
valorizando e adotando hábitos saudáveis como
um dos aspectos básicos da qualidade de vida e
agindo com responsabilidade em relação à sua
saúde e à saúde coletiva;
• utilizar as diferentes linguagens —
verbal, matemática, gráfica, plástica e corporal —
como meio para produzir, expressar e comunicar
suas ideias, interpretar e usufruir das produções
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EDUCAÇÃO FÍSICA
culturais, em contextos públicos e privados, considerar no desenvolvimento de seu trabalho,
atendendo a diferentes intenções e situações subsidiando as discussões, os planejamentos e as
de comunicação; avaliações da prática da Educação Física nas
escolas.
• saber utilizar diferentes fontes de
informação e recursos tecnológicos para adquirir A primeira parte do documento descreve a
e construir conhecimentos; trajetória da disciplina através do tempo,
localizando as principais influências históricas e
• questionar a realidade formulando-se
tendências pedagógicas, e desenvolve a
problemas e tratando de resolvê-los, utilizando
concepção que se tem da área, situando-a como
para isso o pensamento lógico, a criatividade, a
produção cultural. A seguir, aponta suas
intuição, a capacidade de análise crítica,
contribuições para a formação da cidadania,
selecionando procedimentos e verificando sua
discutindo a natureza e as especificidades do
adequação.
processo de ensino e aprendizagem e expondo os
ESTRUTURA DOS PARÂMETROS CURRICULARES objetivos gerais para o ensino fundamental.
NACIONAIS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL
A segunda parte aborda o trabalho das
primeiras quatro séries, indicando objetivos,
conteúdos e critérios de avaliação. Os conteúdos
estão organizados em blocos inter-relacionados e
foram explicitados como possíveis enfoques da
ação do professor e não como atividades isoladas.
Essa parte contempla, também, aspectos didáticos
gerais e específicos da prática pedagógica em
Educação Física que podem auxiliar o professor
nas questões do cotidiano das salas de aula e
servem como ponto de partida para discussões.
O trabalho de Educação Física nas séries
iniciais do ensino fundamental é importante, pois
possibilita aos alunos terem, desde cedo, a
oportunidade de desenvolver habilidades corporais
e de participar de atividades culturais, como jogos,
esportes, lutas, ginásticas e danças, com
finalidades de lazer, expressão de sentimentos,
afetos e emoções.
Secretaria de Educação Fundamental
EDUCAÇ ÃO FÍSICA
1ª PARTE
CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE EDUCAÇÃO
Os quadrinhos não-sombreados FÍSICA
correspondem aos itens que serão trabalhados nos
Parâmetros Curriculares Nacionais de quinta a oitava Histórico
série. Para que se compreenda o momento atual
EDUCAÇ ÃO FÍSICA da Educação Física é necessário considerar suas
origens no contexto brasileiro, abordando as
APRESENTAÇÃO principais influências que marcam e caracterizam esta
Para boa parte das pessoas que disciplina e os novos rumos que estão se delineando.
frequentaram a escola, a lembrança das aulas No século passado, a Educação Física
de Educação Física é marcante: para alguns, esteve estreitamente vinculada às instituições
uma experiência prazerosa, de sucesso, de muitas militares e à classe médica. Esses vínculos foram
vitórias; para outros, uma memória amarga, de determinantes, tanto no que diz respeito à
sensação de incompetência, de falta de jeito, concepção da disciplina e suas finalidades quanto
de medo de errar... ao seu campo de atuação e à forma de ser
O documento de Educação Física traz ensinada.
uma proposta que procura democratizar, Visando melhorar a condição de vida, muitos
humanizar e diversificar a prática pedagógica da médicos assumiram uma função higienista e
área, buscando ampliar, de uma visão apenas buscaram modificar os hábitos de saúde e higiene da
biológica, para um trabalho que incorpore as população. A Educação Física, então, favoreceria a
dimensões afetivas, cognitivas e socioculturais educação do corpo, tendo como meta a constituição de
dos alunos. Incorpora, de forma organizada, as um físico saudável e equilibrado organicamente, menos
principais questões que o professor deve
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EDUCAÇÃO FÍSICA
suscetível às doenças. Além disso havia no práticas e os problemas relativos ao ensino da
pensamento político e intelectual brasileiro da época Educação Física.
uma forte preocupação com a eugenia. Como o
A Educação Física que se ensinava nesse
contingente de escravos negros era muito
período era baseada nos métodos europeus — o
grande, havia o temor de uma “mistura” que
sueco, o alemão e, posteriormente, o francês —,
“desqualificasse” a raça branca. Dessa forma, a
que se firmavam em princípios biológicos. Faziam
educação sexual associada à Educação Física
parte de um movimento mais amplo, de natureza
deveriam incutir nos homens e mulheres a
cultural, política e científica, conhecido como
responsabilidade de manter a “pureza” e a
Movimento Ginástico Europeu, e foi a primeira
“qualidade” da raça branca.
sistematização científica da Educação Física no
Embora a elite imperial estivesse de Ocidente.
acordo com os pressupostos higiênicos, eugênicos
Na década de 30, no Brasil, dentro de um
e físicos, havia uma forte resistência na realização
contexto histórico e político mundial, com a
de atividades físicas por conta da associação entre
ascensão das ideologias nazistas e fascistas,
o trabalho físico e o trabalho escravo. Qualquer
ganham força novamente as idéias que associam
ocupação que implicasse esforço físico era vista
a eugenização da raça à Educação Física. O
com maus olhos, considerada “menor”. Essa
exército passou a ser a principal instituição a
atitude dificultava que se tornasse obrigatória a
comandar um movimento em prol do “ideal” da
prática de atividades físicas nas escolas.
Educação Física que se mesclava aos objetivos
Dentro dessa conjuntura, as instituições patrióticos e de preparação pré-militar. O discurso
militares sofreram influência da filosofia eugênico logo cedeu lugar aos objetivos higiênicos
positivista, o que favoreceu que tais instituições e de prevenção de doenças, estes sim, passíveis
também pregassem a educação do físico. de serem trabalhados dentro de um contexto
Almejando a ordem e o progresso, era de educacional.
fundamental importância formar indivíduos fortes
A finalidade higiênica foi duradoura, pois
e saudáveis, que pudessem defender a pátria e
instituições militares, religiosas, educadores da
seus ideais.
“escola nova” e Estado compartilhavam de muitos
No ano de 1851 foi feita a Reforma Couto de seus pressupostos.
Ferraz, a qual tornou obrigatória a Educação Física
Mas a inclusão da Educação Física nos
nas escolas do município da Corte. De modo geral
currículos não havia garantido a sua
houve grande contrariedade por parte dos pais em
implementação prática, principalmente nas
ver seus filhos envolvidos em atividades que não
escolas primárias. Embora a legislação visasse tal
tinham caráter intelectual. Em relação aos meninos,
inclusão, a falta de recursos humanos capacitados
a tolerância era um pouco maior, já que a ideia de
para o trabalho com Educação Física escolar era
ginástica associava-se às instituições militares;
muito grande.
mas, em relação às meninas, houve pais que
proibiram a participação de suas filhas. Apenas em 1937, na elaboração da
Constituição, é que se fez a primeira referência
Em 1882, Rui Barbosa deu seu parecer
explícita à Educação Física em textos
sobre o Projeto 224 — Reforma Leôncio de
constitucionais federais, incluindo-a no currículo
Carvalho, Decreto n. 7.247, de 19 de abril de 1879,
como prática educativa obrigatória (e não como
da Instrução Pública —, no qual defendeu a
disciplina curricular), junto com o ensino cívico e
inclusão da ginástica nas escolas e a equiparação
os trabalhos manuais, em todas as escolas
dos professores de ginástica aos das outras
brasileiras. Também havia um artigo naquela
disciplinas. Nesse parecer, ele destacou e
Constituição que citava o adestramento físico
explicitou sua ideia sobre a importância de se ter
como maneira de preparar a juventude para a
um corpo saudável para sustentar a atividade
defesa da nação e para o cumprimento dos
intelectual.
deveres com a economia.
No início deste século, a Educação
Os anos 30 tiveram ainda por
Física, ainda sob o nome de ginástica, foi
característica uma mudança conjuntural bastante
incluída nos currículos dos Estados da Bahia,
significativa no país: o processo de industrialização
Ceará, Distrito Federal, Minas Gerais,
e urbanização e o estabelecimento do Estado
Pernambuco e São Paulo.
Novo. Nesse contexto, a Educação Física ganhou
Nessa mesma época a educação novas atribuições: fortalecer o trabalhador,
brasileira sofria uma forte influência do melhorando sua capacidade produtiva, e
movimento escolanovista, que evidenciou a desenvolver o espírito de cooperação em benefício
importância da Educação Física no da coletividade.
desenvolvimento integral do ser humano. Essa
Do final do Estado Novo até a
conjuntura possibilitou que profissionais da
promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da
educação na III Conferência Nacional de
Educação de 1961, houve um amplo debate sobre
Educação, em 1929, discutissem os métodos, as
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EDUCAÇÃO FÍSICA
o sistema de ensino brasileiro. Nessa lei ficou massa que se desenvolveria, tornando-se um
determinada a obrigatoriedade da Educação desporto de elite, com a seleção de indivíduos
Física para o ensino primário e médio. A partir aptos para competir dentro e fora do país.
daí, o esporte passou a ocupar cada vez mais
Na década de 80 os efeitos desse modelo
espaço nas aulas de Educação Física. O
começaram a ser sentidos e contestados: o Brasil
processo de esportivização da Educação Física
não se tornou uma nação olímpica e a competição
escolar iniciou com a introdução do Método
esportiva da elite não aumentou o número de
Desportivo Generalizado, que significou uma
praticantes de atividades físicas. Iniciou-se então
contraposição aos antigos métodos de ginástica
uma profunda crise de identidade nos
tradicional e uma tentativa de incorporar esporte,
pressupostos e no próprio discurso da Educação
que já era uma instituição bastante
Física, que originou uma mudança significativa nas
independente, adequando-o a objetivos e
políticas educacionais: a Educação Física escolar,
práticas pedagógicas.
que estava voltada principalmente para a
Após 1964, a educação, de modo geral, escolaridade de quinta a oitava séries do primeiro
sofreu as influências da tendência tecnicista. O grau, passou a priorizar o segmento de primeira a
ensino era visto como uma maneira de se formar quarta e também a pré-escola. O enfoque passou
mão-de-obra qualificada. Era a época da difusão a ser o desenvolvimento psicomotor do aluno,
dos cursos técnicos profissionalizantes. Nesse tirando da escola a função de promover os
quadro, em 1968, com a Lei n. 5.540, e, em esportes de alto rendimento.
1971, com a 5.692, a Educação Física teve seu
O campo de debates se fertilizou e as
caráter instrumental reforçado: era considerada
primeiras produções surgiram apontando o rumo
uma atividade prática, voltada para o
das novas tendências da Educação Física. A
desempenho técnico e físico do aluno.
criação dos primeiros cursos de pós-graduação em
Na década de 70, a Educação Física Educação Física, o retorno de professores
ganhou, mais uma vez, funções importantes doutorados fora do Brasil, as publicações de um
para a manutenção da ordem e do progresso. O número maior de livros e revistas, bem como o
governo militar investiu na Educação Física em aumento do número de congressos e outros
função de diretrizes pautadas no nacionalismo, eventos dessa natureza foram fatores que também
na integração nacional (entre os Estados) e na contribuíram para esse debate.
segurança nacional, tanto na formação de um
As relações entre Educação Física e
exército composto por uma juventude forte e
sociedade passaram a ser discutidas sob a
saudável como na tentativa de desmobilização
influência das teorias críticas da educação:
das forças políticas oposicionistas. As atividades
questionou-se seu papel e sua dimensão política.
esportivas também foram consideradas como
Ocorreu então uma mudança de enfoque, tanto no
fatores que poderiam colaborar na melhoria da
que dizia respeito à natureza da área quanto no
força de trabalho para o “milagre econômico
que se referia aos seus objetivos, conteúdos e
brasileiro”. Nesse período estreitaram-se os
pressupostos pedagógicos de ensino e
vínculos entre esporte e nacionalismo. Um bom
aprendizagem. No primeiro aspecto, se ampliou a
exemplo é o uso que se fez da campanha da
visão de uma área biológica, reavaliaram-se e
seleção brasileira de futebol, na Copa do Mundo
enfatizaram-se as dimensões psicológicas, sociais,
de 1970.
cognitivas e afetivas, concebendo o aluno como
Em relação ao âmbito escolar, a partir do ser humano integral. No segundo, se abarcaram
Decreto n. 69.450, de 1971, considerou-se a objetivos educacionais mais amplos (não apenas
Educação Física como “a atividade que, por seus voltados para a formação de um físico que pudesse
meios, processos e técnicas, desenvolve e sustentar a atividade intelectual), conteúdos
aprimora forças físicas, morais, cívicas, diversificados (não só exercícios e esportes) e
psíquicas e sociais do educando”. A falta de pressupostos pedagógicos mais humanos (e não
especificidade do decreto manteve a ênfase na apenas adestramento).
aptidão física, tanto na organização das
Atualmente se concebe a existência de
atividades como no seu controle e avaliação. A
algumas abordagens para a Educação Física
iniciação esportiva, a partir da quinta série,
escolar no Brasil que resultam da articulação de
tornou-se um dos eixos fundamentais de ensino;
diferentes teorias psicológicas, sociológicas e
buscava-se a descoberta de novos talentos que
concepções filosóficas. Todas essas correntes
pudessem participar de competições
têm ampliado os campos de ação e reflexão para
internacionais, representando a pátria. Nesse
a área e a aproximado das ciências humanas, e,
período, o chamado “modelo piramidal” norteou
embora contenham enfoques científicos
as diretrizes políticas para a Educação Física: a
diferenciados entre si, com pontos muitas vezes
Educação Física escolar, a melhoria da aptidão
divergentes, têm em comum a busca de uma
física da população urbana e o empreendimento
Educação Física que articule as múltiplas
da iniciativa privada na organização desportiva
dimensões do ser humano.
para a comunidade comporiam o desporto de

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EDUCAÇÃO FÍSICA
Nas escolas, embora já seja reconhecida — fundamentos de seu trabalho — aos seus
como uma área essencial, a Educação Física aspectos fisiológicos e técnicos.
ainda é tratada como “marginal”, que pode, por
Atualmente, a análise crítica e a busca de
exemplo, ter seu horário “empurrado” para fora
superação dessa concepção apontam a
do período que os alunos estão na escola ou
necessidade de que, além daqueles, se considere
alocada em horários convenientes para outras
também as dimensões cultural, social, política e
áreas e não de acordo com as necessidades
afetiva, presentes no corpo vivo, isto é, no
de suas especificidades (algumas aulas, por
corpo das pessoas, que interagem e se
exemplo, são no último horário da manhã,
movimentam como sujeitos sociais e como
quando o sol está a pino). Outra situação em que
cidadãos.
essa “marginalidade” se manifesta é no
momento de planejamento, discussão e Buscando uma compreensão que melhor
avaliação do trabalho, no qual raramente a contemple a complexidade da questão, a
Educação Física é integrada. Muitas vezes o proposta dos Parâmetros Curriculares Nacionais
professor acaba por se convencer da adotou a distinção entre organismo — um
“pequena importância” de seu trabalho, sistema estritamente fisiológico — e corpo —
distanciando-se da equipe pedagógica, que se relaciona dentro de um contexto
trabalhando isoladamente. Paradoxalmente, sociocultural — e aborda os conteúdos da
esse professor é uma referência importante para Educação Física como expressão de produções
seus alunos, pois a Educação Física propicia uma culturais, como conhecimentos historicamente
experiência de aprendizagem peculiar ao mobilizar acumulados e socialmente transmitidos. Portanto,
os aspectos afetivos, sociais, éticos e de sexualidade a presente proposta entende a Educação Física
de forma intensa e explícita, o que faz com que o como uma cultura corporal.
professor de Educação Física tenha um
A EDUCAÇÃO FÍSICA COMO
conhecimento abrangente de seus alunos. Levando
CULTURA CORPORAL
essas questões em conta e considerando a
importância da própria área, evidencia-se cada vez O ser humano, desde suas origens,
mais, a necessidade de integração. produziu cultura. Sua história é uma história de
cultura, na medida em que tudo o que faz está
A Lei de Diretrizes e Bases promulgada
inserido num contexto cultural, produzindo e
em 20 de dezembro de 1996 busca transformar
reproduzindo cultura. O conceito de cultura é aqui
o caráter que a Educação Física assumiu nos
entendido como produto da sociedade, da
últimos anos ao explicitar no art. 26, § 3o, que “a coletividade à qual os indivíduos pertencem,
Educação Física, integrada à proposta antecedendo-os e transcendendo-os.
pedagógica da escola, é componente curricular
da Educação Básica, ajustando-se às faixas “É preciso considerar que não se trata,
etárias e às condições da população escolar, aqui, do sentido mais usual do termo cultura,
sendo facultativa nos cursos noturnos”. Dessa empregado para definir certo saber, ilustração,
forma, a Educação Física deve ser exercida em refinamento de maneiras. No sentido
toda a escolaridade de primeira a oitava séries, antropológico do termo, afirma-se que todo e
não somente de quinta a oitava séries, como era qualquer indivíduo nasce no contexto de uma
anteriormente. cultura, não existe homem sem cultura, mesmo que
não saiba ler, escrever e fazer contas. É como se
A consideração à particularidade da se pudesse dizer que o homem é biologicamente
população de cada escola e a integração ao incompleto: não sobreviveria sozinho sem a
projeto pedagógico evidenciaram a preocupação participação das pessoas e do grupo que o
em tornar a Educação Física uma área não- gerou.
marginalizada.
A cultura é o conjunto de códigos
Educação Física: concepção e simbólicos reconhecíveis pelo grupo: neles o
importância social indivíduo é formado desde o momento da sua
O trabalho na área da Educação Física concepção; nesses mesmos códigos, durante a sua
tem seus fundamentos nas concepções de corpo infância, aprende os valores do grupo; por eles é
e movimento. Ou, dito de outro modo, a mais tarde introduzido nas obrigações da vida
natureza do trabalho desenvolvido nessa área adulta, da maneira como cada grupo social as
tem íntima relação com a compreensão que se concebe”.
tem desses dois conceitos. A fragilidade de recursos biológicos fez
Por suas origens militares e médicas e com que os seres humanos buscassem suprir as
por seu atrelamento quase servil aos insuficiências com criações que tornassem os
mecanismos de manutenção do status quo vigente movimentos mais eficazes, seja por razões
na história brasileira, tanto a prática como a “militares”, relativas ao domínio e uso de espaço,
reflexão teórica no campo da Educação Física seja por razões econômicas, que dizem respeito às
restringiram os conceitos de corpo e movimento tecnologias de caça, pesca e agricultura, seja por

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EDUCAÇÃO FÍSICA
razões religiosas, que tangem aos rituais e podem ser privados das aulas de Educação Física.
festas ou por razões apenas lúdicas. Derivaram
Independentemente de qual seja o
daí inúmeros conhecimentos e
conteúdo escolhido, os processos de ensino e
representações que se transformaram ao longo
aprendizagem devem considerar as características
do tempo, tendo ressignificadas as suas
dos alunos em todas as suas dimensões (cognitiva,
intencionalidades e formas de expressão, e
corporal, afetiva, ética, estética, de relação
constituem o que se pode chamar de cultura
interpessoal e inserção social). Sobre o jogo da
corporal.
amare- linha, o voleibol ou uma dança, o aluno
Dentre as produções dessa cultura deve aprender, para além das técnicas de
corporal, algumas foram incorporadas pela execução, a discutir regras e estratégias, apreciá-
Educação Física em seus conteúdos: o jogo, o los criticamente, analisá-los esteticamente,
esporte, a dança, a ginástica e a luta. Estes têm avaliá-los eticamente, ressignificá-los e recriá-los.
em comum a representação corporal, com
É tarefa da Educação Física escolar,
características lúdicas, de diversas culturas
portanto, garantir o acesso dos alunos às práticas
humanas; todos eles ressignificam a cultura
da cultura corporal, contribuir para a construção de um
corporal humana e o fazem utilizando uma atitude
estilo pessoal de exercê-las e oferecer instrumentos
lúdica.
para que sejam capazes de apreciá-las criticamente.
A Educação Física tem uma história de
CULTURA CORPORAL E CIDADANIA
pelo menos um século e meio no mundo
ocidental moderno, possui uma tradição e um A concepção de cultura corporal amplia a
saber-fazer e tem buscado a formulação de um contribuição da Educação Física escolar para o
recorte epistemológico próprio. pleno exercício da cidadania, na medida em que,
tomando seus conteúdos e as capacidades que se
Assim, a área de Educação Física hoje
propõe a desenvolver como produtos socioculturais,
contempla múltiplos conhecimentos produzidos e
afirma como direito de todos o acesso a eles. Além
usufruídos pela sociedade a respeito do corpo e
disso adota uma perspectiva metodológica de ensino
do movimento. Entre eles, se consideram
e aprendizagem que busca o desenvolvimento da
fundamentais as atividades culturais de
autonomia, a cooperação, a participação social e a
movimento com finalidades de lazer, expressão
afirmação de valores e princípios democráticos. O
de senti- mentos, afetos e emoções, e com
trabalho de Educação Física abre espaço para que
possibilidades de promoção, recuperação e
se aprofundem discussões importantes sobre
manutenção da saúde.
aspectos éticos e sociais, alguns dos quais merecem
Trata-se, então, de localizar em cada destaque.
uma dessas manifestações (jogo, esporte,
A Educação Física permite que se vivenciem
dança, ginástica e luta) seus benefícios
diferentes práticas corporais advindas das mais
fisiológicos e psicológicos e suas possibilidades
diversas manifestações culturais e se enxergue como
de utilização como instrumentos de
essa variada combinação de influências está
comunicação, expressão, lazer e cultura, e
presente na vida cotidiana. As danças, esportes,
formular a partir daí as propostas para a
lutas, jogos e ginásticas compõem um vasto
Educação Física escolar.
patrimônio cultural que deve ser valorizado,
A Educação Física escolar pode conhecido e desfrutado. Além disso, esse
sistematizar situações de ensino e aprendizagem conhecimento contribui para a adoção de uma
que garantam aos alunos o acesso a postura não-preconceituosa e discriminatória diante
conhecimentos práticos e conceituais. Para isso das manifestações e expressões dos diferentes
é necessário mudar a ênfase na aptidão física e grupos étnicos e sociais e às pessoas que dele
no rendimento padronizado que caracterizava a fazem parte.
Educação Física, para uma concepção mais
A prática da Educação Física na escola
abrangente, que contemple todas as dimensões
poderá favorecer a autonomia dos alunos para
envolvidas em cada prática corporal. É
monitorar as próprias atividades, regulando o
fundamental também que se faça uma clara
esforço, traçando metas, conhecendo as
distinção entre os objetivos da Educação Física
potencialidades e limitações e sabendo distinguir
escolar e os objetivos do esporte, da dança, da
situações de trabalho corporal que podem ser
ginástica e da luta profissionais, pois, embora
prejudiciais.
seja uma referência, o profissionalismo não pode
ser a meta almejada pela escola. A Educação A possibilidade de vivência de situações de
Física escolar deve dar oportunidades a todos socialização e de desfrute de atividades lúdicas,
os alunos para que desenvolvam suas sem caráter utilitário, são essenciais para a saúde
potencialidades, de forma democrática e não e contribuem para o bem-estar coletivo. Sabe- se,
seletiva, visando seu aprimoramento como seres por exemplo, que a mortalidade por doenças
humanos. Nesse sentido, cabe assinalar que os cardiovasculares vem aumentando e entre os
alunos portadores de deficiências físicas não

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EDUCAÇÃO FÍSICA
principais fatores de risco estão a vida fundamental que se trabalhe em equipe, a
sedentária e o estresse. solidariedade pode ser exercida e valorizada. Em
relação à postura diante do adversário podem-se
O lazer e a disponibilidade de espaços
desenvolver atitudes de solidariedade e dignidade,
para atividades lúdicas e esportivas são
nos momentos em que, por exemplo, quem ganha
necessidades básicas e, por isso, direitos do
é capaz de não provocar e não humilhar, e quem
cidadão. Os alunos podem compreender que os
perde pode reconhecer a vitória dos outros sem se
esportes e as demais atividades corporais não
sentir humilhado.
devem ser privilégio apenas dos esportistas ou
das pessoas em condições de pagar por Viver os papéis tanto de praticante quanto
academias e clubes. Dar valor a essas atividades de espectador e tentar compreender, por
e reivindicar o acesso a elas para todos é um exemplo, por que ocorrem brigas nos estádios
posicionamento que pode ser adotado a partir que podem levar à morte de torcedores favorece
dos conhecimentos adquiridos nas aulas de a construção de uma atitude de repúdio à
Educação Física. violência.
Os conhecimentos sobre o corpo, seu Em determinadas realidades, o consumo
processo de crescimento e desenvolvimento, de álcool, fumo ou outras drogas já ocorre em
que são construídos concomitantemente com o idade muito precoce. A aquisição de hábitos
desenvolvimento de práticas corporais, ao saudáveis, a conscientização de sua importância,
mesmo tempo que dão subsídios para o cultivo bem como a efetiva possibilidade de estar
de bons hábitos de alimentação, higiene e integrado socialmente (o que pode ocorrer
atividade corporal e para o desenvolvimento das mediante a participação em atividades lúdicas e
potencialidades corporais do indivíduo, esportivas), são fatores que podem ir contra o
permitem compreendê-los como direitos consumo de drogas. Quando o indivíduo preza
humanos fundamentais. sua saúde e está integrado a um grupo de
referência com o qual compartilha atividades
A formação de hábitos de autocuidado e
socioculturais e cujos valores não estimulam o
de construção de relações interpessoais
consumo de drogas, terá mais recursos para evitar
colaboram para que a dimensão da sexualidade
esse risco.
seja integrada de maneira prazerosa e segura.
APRENDER E ENSINAR EDUCAÇÃO FÍSICA
No que tange à questão do gênero, as
NO ENSINO FUNDAMENTAL
aulas mistas de Educação Física podem dar
oportunidade para que meninos e meninas Embora numa aula de Educação Física os
convivam, observem-se, descubram-se e aspectos corporais sejam mais evidentes, mais
possam aprender a ser tolerantes, a não facilmente observáveis, e a aprendizagem esteja
discriminar e a compreender as diferenças, vinculada à experiência prática, o aluno precisa ser
de forma a não reproduzir estereotipadamente considerado como um todo no qual aspectos
relações sociais autoritárias. cognitivos, afetivos e corporais estão inter-
relacionados em todas as situações.
No âmbito da Educação Física, os
conhecimentos construídos devem possibilitar a Não basta a repetição de gestos
análise crítica dos valores sociais, tais como os estereotipados, com vistas a automatizá-los e
padrões de beleza e saúde, que se tornaram reproduzi-los. É necessário que o aluno se aproprie
dominantes na sociedade, seu papel como do processo de construção de conhecimentos
instrumento de exclusão e discriminação social relativos ao corpo e ao movimento e construa uma
e a atuação dos meios de comunicação em possibilidade autônoma de utilização de seu
produzi-los, transmiti-los e impô-los; uma potencial gestual.
discussão sobre a ética do esporte profissional,
O processo de ensino e aprendizagem em
sobre a discriminação sexual e racial que existe
Educação Física, portanto, não se restringe ao
nele, entre outras coisas, pode favorecer a
simples exercício de certas habilidades e destrezas,
consideração da estética do ponto de vista do
mas sim de capacitar o indivíduo a refletir sobre
bem-estar, as posturas não-consumistas, não-
suas possibilidades corporais e, com autonomia,
preconceituosas, não-discriminatórias e a
exercê-las de maneira social e culturalmente
consciência dos valores coerentes com a ética
significativa e adequada.
democrática.
Trata-se de compreender como o indivíduo
Nos jogos, ao interagirem com os
utiliza suas habilidades e estilos pessoais dentro
adversários, os alunos podem desenvolver o
de linguagens e contextos sociais, pois um mesmo
respeito mútuo, buscando participar de forma
gesto adquire significados diferentes conforme a
leal e não violenta. Confrontar-se com o resultado
intenção de quem o realiza e a situação em que
de um jogo e com a presença de um árbitro
isso ocorre. Por exemplo, o chutar é diferente no
permitem a vivência e o desenvolvimento da
futebol, na capoeira, na dança e na defesa
capacidade de julgamento de justiça (e de
pessoal, na medida em que é utilizado com
injustiça). Principalmente nos jogos, em que é
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intenções diferenciadas e em contextos consegue bater a bola com alguma segurança,
específicos; é dentro deles que a habilidade de sem precisar olhá-la o tempo todo, pode olhar para
chutar deve ser apreendida e exercitada. É os seus companheiros de jogo, situar-se melhor no
necessário que o indivíduo conheça a natureza e espaço, planejar algumas ações e isso o torna um
as características de cada situação de ação jogador melhor, mais eficiente, capaz de adaptar-se
corporal, como são socialmente construídas e a uma variedade maior de situações.
valorizadas, para que possa organizar e utilizar
No entanto, a repetição pura e simples,
sua motricidade na expressão de sentimentos e
realizada de forma mecânica e desatenta, além de
emoções de forma adequada e significativa.
ser desagradável, pode resultar num automatismo
Dentro de uma mesma linguagem corporal, um
estereotipado. Dessa forma, em cada situação, é
jogo desportivo, por exemplo, é necessário saber
necessário que o professor analise quais dos gestos
discernir o caráter mais competitivo ou recreativo
envolvidos já podem ser realizados automaticamente
de cada situação, conhecer o seu histórico,
sem prejuízo de qualidade, e quais solicitam a
compreender minimamente regras e
atenção do aluno no controle de sua execução. A
estratégias e saber adaptá-las. Por isso, é
intervenção do professor se dá a fim de criar
fundamental a participação em atividades de
situações em que os automatismos sejam
caráter recreativo, cooperativo, competitivo, entre
insuficientes para a realização dos movimentos e a
outros, para aprender a diferenciá-las.
atenção seja necessária para o seu
Aprender a movimentar-se implica aperfeiçoamento.
planejar, experimentar, avaliar, optar entre
A quantidade de execuções justifica-se
alternativas, coordenar ações do corpo com
pela necessidade de alimentar funcionalmente os
objetos no tempo e no espaço, interagir com
mecanismos de controle dos movimentos, e se
outras pessoas, enfim, uma série de
num primeiro momento é necessário um esforço
procedimentos cognitivos que devem ser
adaptativo para que a criança consiga executar
favorecidos e considerados no processo de
um determinado movimento ou coordenar uma
ensino e aprendizagem na área de Educação
sequência deles, em seguida essa realização pode
Física. E embora a ação e a compreensão sejam
ser exercida e repetida, por prazer funcional, de
um processo indissociável, em muitos casos, a
manutenção e de aperfeiçoamento. Além disso,
ação se processa em frações de segundo,
os efeitos fisiológicos decorrentes do exercício,
parecendo imperceptível, ao próprio sujeito, que
como a melhora da condição cardiorrespiratória e
houve processamento mental. É fundamental
o aumento da massa muscular, são partes do
que as situações de ensino e aprendizagem
processo da aprendizagem de esquemas
incluam instrumentos de registro, reflexão e
motores, e não apenas um aspecto a ser
discussão sobre as experiências corporais,
trabalhado isoladamente.
estratégicas e grupais que as práticas da cultura
corporal oferecem ao aluno. Em relação à atenção, estão envolvidos
complexos processos de ajuste neuromuscular e
Automatismos e atenção
de equilíbrio, regulações de tônus muscular,
No ser humano, constata-se uma interpretação de informações perceptivas, que são
tendência para a automatização do controle na postos em ação sempre que os automatismos já
execução de movimentos, desde os mais básicos construídos forem insuficientes para a execução
e simples até os mais sofisticados. Esse processo de determinado movimento ou sequência deles.
se constrói a partir da quantidade e da qualidade
O processo de ensino e aprendizagem
do exercício dos diversos esquemas motores e da
deve, portanto, contemplar essas duas variáveis
atenção nessas execuções. Quanto mais uma
simultaneamente, permitindo que o aluno
criança tiver a oportunidade de saltar, girar ou
possa executar cada movimento ou conjunto de
dançar, mais esses movimentos tendem a ser
movimentos o maior número de vezes e criando
realizados de forma automática. Menos atenção é
solicitações adequadas para que essa realização
necessária no controle de sua execução e essa
ocorra da forma mais atenta possível.
demanda atencional pode dirigir-se para o
aperfeiçoamento desses mesmos movimentos e no Tome-se como exemplo um jogo de
enfrentamento de outros desafios. Essa tendência amarelinha. Quando uma criança depara pela
para a automatização é favorável aos primeira vez com esse jogo, em princípio já dispõe
processos de aprendizagem das práticas da de alguns esquemas motores solicitados, ou seja,
cultura corporal desde que compreendida como saltar e aterrissar sobre um ou dois pés e
uma função dinâmica, mutável, como parte equilibrar-se sobre um dos pés são conhecimentos
integrante e não como meta do processo de prévios e sua execução já ocorre de forma mais
aprendizagem. ou menos automática. No entanto, a coordenação
desses movimentos nas circunstâncias espaciais
Por exemplo, quanto mais automatizados
propostas pela amarelinha constitui um problema a
estiverem os gestos de digitar um texto, mais o
ser resolvido, e esse problema solicita toda a
autor pode se concentrar no assunto que está
atenção da criança durante as execuções iniciais.
escrevendo. No basquetebol, se o aluno já
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EDUCAÇÃO FÍSICA
Com a prática atenta, e à medida que as A aprendizagem em Educação Física
execuções ocorrerem de forma cada vez mais envolve alguns riscos do ponto de vista físico
satisfatória e eficiente, a criança será capaz de inerentes ao próprio ato de se movimentar, como,
realizá-las de forma cada vez mais automática. por exemplo, nas situações em que o equilíbrio
Nesse momento, uma proposta de jogar corporal é solicitado, a possibilidade de
amarelinha em duplas, com as casas mais desequilíbrio estará inevitavelmente presente.
distantes umas das outras, ou até de olhos Dessa forma, mesmo considerando que
vendados, constitui um problema a ser resolvido escorregões, pequenas trombadas, quedas,
que “chama a atenção” do aluno para a impacto de bolas e cordas não possam ser
reorganização de gestos que já estavam sendo evitados por completo, cabe ao professor a tarefa
realizados de forma automática. de organizar as situações de ensino e
aprendizagem, de forma a minimizar esses
As situações lúdicas, competitivas ou não,
pequenos incidentes. O receio ou a vergonha do
são contextos favoráveis de aprendizagem, pois
aluno em correr riscos de segurança física é
permitem o exercício de uma ampla gama de
motivo suficiente para que ele se negue a participar
movimentos que solicitam a atenção do aluno na
de uma atividade, e em hipótese alguma o aluno
tentativa de executá-los de forma satisfatória e
deve ser obrigado ou constrangido a realizar
adequada. Elas incluem, simultaneamente, a
qualquer atividade. As propostas devem desafiar e
possibilidade de repetição para manutenção e
não ameaçar o aluno, e como essa medida varia de
por prazer funcional e a oportunidade de ter
pessoa para pessoa, a organização das atividades
diferentes problemas a resolver. Além disso, pelo
tem que contemplar individualmente esse aspecto
fato de o jogo constituir um momento de
relativo à segurança física.
interação social bastante significativo, as questões
de sociabilidade constituem motivação suficiente Uma outra característica da maioria das
para que o interesse pela atividade seja mantido. situações de prática corporal é o grau elevado de
excitação somática que o próprio movimento
Nesse sentido, uma atividade só se
produz no corpo, particularmente em danças,
tornará desinteressante para a criança quando
lutas, jogos e brincadeiras. A elevação de
não representar mais nenhum problema a ser
batimentos cardíacos e de tônus muscular, a
resolvido, nenhuma possibilidade de prazer
expectativa de prazer e satisfação, e a
funcional pela repetição e nenhuma motivação
possibilidade de gritar e comemorar, configuram
relacionada à interação social.
um contexto em que sentimentos de raiva, medo,
A interação e a complementaridade vergonha, alegria e tristeza, entre outros, são
permanente entre a atenção e o automatismo no vividos e expressos de maneira intensa. Os tênues
controle da execução de movimentos poderiam limites entre o controle e o descontrole dessas
ser ilustradas pela imagem de uma pessoa emoções são postos à prova, vivenciados
andando de bicicleta. Na roda de trás e nos corporalmente e numa intensidade que, em
pedais flui uma dinâmica repetitiva, de caráter muitos casos, pode ser inédita para o aluno. A
automático e constante, responsável pela expressão desses sentimentos por meio de
manutenção do movimento e da impulsão. No manifestações verbais, de riso, de choro ou de
guidão e na roda da frente predomina um estado agressividade deve ser reconhecida como objeto
de atenção, um alerta consciente que opta, decide, de ensino e aprendizagem, para que possa ser
direciona, estabelece desafios e metas, resolve pautada pelo respeito por si e pelo outro.
problemas de trajetória, enfim, que dá sentido à
As características individuais e as vivências
força pulsional e constante que o pedalar
anteriores do aluno ao deparar com cada situação
representa.
constituem o ponto de partida para o processo de
Afetividade e estilo pessoal ensino e aprendizagem das práticas da cultura
corporal. As formas de compreender e relacionar-
Neste item pretende-se refletir de que
se com o próprio corpo, com o espaço e os
forma os afetos, sentimentos e sensações do
objetos, com os outros, a presença de deficiências
aluno interagem com a aprendizagem das físicas e perceptivas, configuram um aluno real e
práticas da cultura corporal e, ao mesmo tempo, não virtual, um indivíduo com características
de que maneira a aprendizagem dessas
próprias, que pode ter mais facilidade para
práticas contribui para a construção de um estilo
aprender uma ou outra coisa, ter medo disso ou
pessoal de atuação e relação interpessoal dentro
vergonha daquilo ou ainda julgar-se capaz de
desses contextos.
realizar algo que, na realidade, ainda não é.
Alguns fatores serão considerados para Deparar com suas potencialidades e
essa reflexão: os riscos de segurança física, o limitações para buscar desenvolvê-las é parte
grau de excitação somática, as características
integrante do processo de aprendizagem das
individuais e vivências anteriores do aluno (como
práticas da cultura corporal e envolve sempre um
vivencia a satisfação e a frustração de seus
certo risco para o aluno, pois o êxito gera um
desejos de aprendizagem) e a exposição do
sentimento de satisfação e competência, mas
indivíduo num contexto social.
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EDUCAÇÃO FÍSICA
experiências sucessivas de fracasso e frustração imagina ser, como gostaria de ser e, portanto,
acabam por gerar uma sensação de impotência conhece e se permite conhecer pelo outro.
que, num limite extremo, inviabiliza a
Quanto mais domínio sobre os próprios
aprendizagem.
movimentos o indivíduo conquistar, quanto mais
O êxito e o fracasso devem ser conhecimentos construir sobre a especificidade
dimensionados tendo como referência os gestual de determinada modalidade esportiva, de
avanços realizados pelo aluno em relação ao seu dança ou de luta que exerce, mais pode se utilizar
próprio processo de aprendizagem e não por dessa mesma linguagem para expressar seus
uma expectativa de desempenho sentimentos, suas emoções e o seu estilo pessoal
predeterminada. de forma intencional e espontânea. Dito de outra
forma, a aprendizagem das práticas da cultura
Por isso, as situações de ensino e
corporal inclui a reconstrução dessa mesma
aprendizagem contemplam as possibilidades de
técnica ou modalidade, pelo sujeito, por meio da
o aluno arriscar, vacilar, decidir, simular e errar,
criação de seu estilo pessoal de exercê-las, nas
sem que isso implique algum tipo de humilhação
quais a espontaneidade deve ser vista como uma
ou constrangimento. A valorização no
construção e não apenas como a ausência de
investimento que o indivíduo faz contribui para a
inibições.
construção de uma postura positiva em relação
à pesquisa corporal, mesmo porque, a rigor, não Portadores de deficiências físicas
existe um gesto certo ou errado e sim um gesto
Por desconhecimento, receio ou mesmo
mais ou menos adequado para cada contexto.
preconceito, a maioria dos portadores de
No âmbito das práticas coletivas da deficiências físicas foram (e são) excluídos das
cultura corporal com fins de expressão de aulas de Educação Física. A participação nessa
emoções, sentimentos e sensações, as aula pode trazer muitos benefícios a essas
relações de afetividade se configuram, em muitos crianças, particularmente no que diz respeito ao
casos, a partir de regras e valores peculiares a desenvolvimento das capacidades afetivas, de
determinado contexto estabelecido pelo grupo integração e inserção social.
de participantes. Assim, é a partir do fato de uma
É fundamental, entretanto, que alguns
atividade se revestir de um caráter competitivo ou
cuidados sejam tomados. Em primeiro lugar,
recreativo, se a eficiência ou a plasticidade
deve-se analisar o tipo de necessidade especial
estética serão valorizadas, ou se as regras serão
que esse aluno tem, pois existem diferentes tipos
mais ou menos flexíveis, que serão
e graus de limitações, que requerem
determinadas as relações de inclusão e
procedimentos específicos. Para que esses
exclusão do indivíduo no grupo. Na escola,
alunos possam frequentar as aulas de Educação
portanto, quem deve determinar o caráter de
Física é necessário que haja orientação médica e,
cada dinâmica coletiva é o professor, a fim de
em alguns casos, a supervisão de um especialista
viabilizar a inclusão de todos os alunos. Esse é
em fisioterapia, um neurologista, psicomotricista ou
um dos aspectos que diferencia a prática corporal
psicólogo, pois as restrições de movimentos,
dentro e fora da escola.
posturas e esforço podem implicar riscos graves.
Gradualmente, ao longo do processo de
Garantidas as condições de segurança, o
aprendizagem, a criança concebe as práticas
professor pode fazer adaptações, criar situações
culturais de movimento como instrumentos para
de modo a possibilitar a participação dos alunos
o conhecimento e a expressão de sensações,
especiais. Uma criança na cadeira de rodas pode
sentimentos e emoções individuais nas relações
participar de uma corrida se for empurrada por
com o outro.
outra e, mesmo que não desenvolva os músculos
Em paralelo com a construção de uma ou aumente a capacidade cardiovascular, estará
melhor coordenação corporal ocorre uma sentindo as emoções de uma corrida. Num jogo de
construção de natureza mais sutil, de caráter futebol, a criança que não deve fazer muito
mais subjetivo, que diz respeito ao estilo pessoal esforço físico pode ficar um tempo no gol, fazer
de se movimentar dentro das práticas corporais papel de técnico, de árbitro ou mesmo torcer. A
cultivadas socialmente. aula não precisa se estruturar em função desses
alunos, mas o professor pode ser flexível, fazendo
Essas práticas corporais permitem ao
as adequações necessárias.
indivíduo experimentar e expressar um conjunto
de características de sua personalidade, de seu Outro ponto importante é em relação a
estilo pessoal de jogar, lutar, dançar e brincar. situações de vergonha e exposição nas aulas de
Mais ainda, de sua maneira pessoal de Educação Física. A maioria das pessoas portadoras
aprender a jogar, a lutar, a dançar e a brincar. de deficiências tem traços fisionômicos, alterações
Pode-se falar em estilo agressivo, irreverente, morfológicas ou problemas de coordenação que as
obstinado, elegante, cerebral, ousado e retraído, destacam das demais. A atitude dos alunos diante
entre outros. Nessas práticas o aluno explicita dessas diferenças é algo que se construirá na
para si mesmo e para o outro como é, como se convivência e dependerá muito da atitude que o
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EDUCAÇÃO FÍSICA
professor adotar. É possível integrar essa criança • conhecer, organizar e interferir no espaço
ao grupo, respeitando suas limitações, e, ao de forma autônoma, bem como reivindicar locais
mesmo tempo, dar oportunidade para que adequados para promover atividades corporais de
desenvolva suas potencialidades. lazer, reconhecendo-as como uma necessidade
básica do ser humano e um direito do cidadão.
A aula de Educação Física pode favorecer
a construção de uma atitude digna e de respeito OS CONTEÚDOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA
próprio por parte do deficiente e a convivência NO ENSINO FUNDAMENTAL
com ele pode possibilitar a construção de
Critérios de seleção e organização dos
atitudes de solidariedade, de respeito, de
conteúdos
aceitação, sem preconceitos.
Com a preocupação de garantir a coerência
OBJETIVOS GERAIS DE EDUCAÇÃO
com a concepção exposta e de efetivar os
FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL
objetivos, foram eleitos os seguintes critérios para
Espera-se que ao final do ensino a seleção dos conteúdos propostos:
fundamental os alunos sejam capazes de:
• Relevância social
• participar de atividades corporais,
Foram selecionadas práticas da cultura
estabelecendo relações equilibradas e
corporal que têm presença marcante na
construtivas com os outros, reconhecendo e
sociedade brasileira, cuja aprendizagem favorece a
respeitando características físicas e de
amplia- ção das capacidades de interação
desempenho de si próprio e dos outros, sem
sociocultural, o usufruto das possibili- dades de
discriminar por características pessoais, físicas,
lazer, a promoção e a manutenção da saúde
sexuais ou sociais;
pessoal e coletiva.
• adotar atitudes de respeito mútuo,
Considerou-se também de fundamental
dignidade e solidariedade em situações lúdicas e
importância que os conteúdos da área
esportivas, repudiando qualquer espécie de
contemplem as demandas sociais apresentadas
violência;
pelos Temas Transversais.
• conhecer, valorizar, respeitar e desfrutar
• Características dos alunos
da pluralidade de manifestações de cultura
corporal do Brasil e do mundo, percebendo-as A definição dos conteúdos buscou guardar
como recurso valioso para a integração entre uma amplitude que possibilite a consideração das
pessoas e entre diferentes grupos sociais; diferenças entre regiões, cidades e localidades
brasileiras e suas respectivas populações. Além
• reconhecer-se como elemento integrante do
disso tomou-se também como referencial a
ambiente, adotando hábitos saudáveis de higiene,
necessidade de considerar o crescimento e as
alimentação e atividades corporais, relacionando-os
possibilidades de aprendizagem dos alunos nesta
com os efeitos sobre a própria saúde e de
etapa da escolaridade.
recuperação, manutenção e melhoria da saúde
coletiva; • Características da própria área
• solucionar problemas de ordem Os conteúdos são um recorte possível da
corporal em diferentes contextos, regulando e enorme gama de conhecimentos que vêm sendo
dosando o esforço em um nível compatível com produzidos sobre a cultura corporal e estão
as possibilidades, considerando que o incorporados pela Educação Física.
aperfeiçoamento e o desenvolvimento das
Blocos de conteúdos
competências corporais decorrem de
perseverança e regularidade e devem ocorrer de Os conteúdos estão organizados em três
modo saudável e equilibrado; blocos, que deverão ser desenvolvidos ao longo
• reconhecer condições de trabalho que de todo o ensino fundamental, embora no
comprometam os processos de crescimento e presente documento sejam especificados apenas
os conteúdos dos dois primeiros ciclos.
desenvolvimento, não as aceitando para si nem
para os outros, reivindicando condições de vida Essa organização tem a função de
dignas; evidenciar quais são os objetos de ensino e
• conhecer a diversidade de padrões de aprendizagem que estão sendo priorizados,
saúde, beleza e estética corporal que existem nos servindo como subsídio ao trabalho do professor,
que deverá distribuir os conteúdos a serem
diferentes grupos sociais, compreendendo sua
trabalhados de maneira equilibrada e adequada.
inserção dentro da cultura em que são
Assim, não se trata de uma estrutura estática ou
produzidos, analisando criticamente os padrões
inflexível, mas sim de uma forma de organizar o
divulgados pela mídia e evitando o consumismo e
o preconceito; conjunto de conhecimentos abordado, segundo os
diferentes enfoques que podem ser dados:

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EDUCAÇÃO FÍSICA
e reposição de nutrientes básicos. Os
Esportes, jogos, lutas e Atividades rítmicas e
conhecimentos de biomecânica são relacionados
ginásticas expressivas
à anatomia e contemplam, principalmente, a
adequação dos hábitos posturais, como, por
Conhecimentos sobre o corpo
exemplo, levantar um peso e equilibrar objetos.
Estes conteúdos são abordados
Os três blocos articulam-se entre si, têm principalmente a partir da percepção do próprio
vários conteúdos em comum, mas guardam corpo, isto é, o aluno deverá, por meio de suas
especificidades. O bloco “Conhecimentos sobre sensações, analisar e compreender as alterações
o corpo” tem conteúdos que estão incluídos nos que ocorrem em seu corpo durante e depois de
demais, mas que também podem ser abordados e fazer atividades. Poderão ser feitas análises sobre
tratados em separado. Os outros dois guardam alterações a curto, médio ou longo prazos.
características próprias e mais específicas, mas Também sob a ótica da percepção do próprio
também têm interseções e fazem articulações corpo, os alunos poderão analisar seus
entre si. movimentos no tempo e no espaço: como são seus
CONHECIMENTOS SOBRE O deslocamentos, qual é a velocidade de seus
CORPO movimentos, etc.

Este bloco diz respeito aos As habilidades motoras deverão ser


conhecimentos e conquistas individuais que aprendidas durante toda a escolaridade, do ponto
subsidiam as práticas corporais expressas nos de vista prático, e deverão sempre estar
outros dois blocos e dão recursos para o contextualizadas nos conteúdos dos outros blocos.
indivíduo gerenciar sua atividade corporal de Do ponto de vista teórico, podem ser observadas e
forma autônoma. O corpo é compreendido como apreciadas principalmente dentro dos esportes,
um organismo integrado e não como um jogos, lutas e danças.
amontoado de “partes” e “aparelhos”, como um Também fazem parte deste bloco os
corpo vivo, que interage com o meio físico e conhecimentos sobre os hábitos posturais e
cultural, que sente dor, prazer, alegria, medo, atitudes corporais. A ênfase deste item está na
etc. Para se conhecer o corpo abordam-se os relação entre as possibilidades e as necessidades
conhe- cimentos anatômicos, fisiológicos, biomecânicas e a construção sociocultural da
biomecânicos e bioquímicos que capacitam a atitude corporal, dos gestos, da postura. Por que,
análise crítica dos programas de atividade física por exemplo, os orientais sentam-se no chão, com
e o estabelecimento de critérios para julgamento, as costas eretas? Por que as lavadeiras de um
escolha e realização que regulem as próprias determinado lugar lavam a roupa de uma maneira?
atividades corporais saudáveis, seja no trabalho Por que muitas pessoas do interior sentam-se de
ou no lazer. São tratados de maneira cócoras? Observar, analisar, compreender essas
simplificada, abordando-se apenas os atitudes corporais são atividades que podem ser
conhecimentos básicos. No ciclo final da desenvolvidas juntamente com projetos de
escolaridade obrigatória, podem ser ampliados e História, Geografia e Pluralidade Cultural.
aprofundados. É importante ressaltar que os
conteúdos deste bloco estão contextualizados Além da análise dos diferentes hábitos,
nas atividades corporais desenvolvidas. pode-se incluir a questão da postura dos alunos
em classe: as posturas mais adequadas para fazer
Os conhecimentos de anatomia referem- determinadas tarefas, para diferentes situações e
se principalmente à estrutura muscular e óssea por quê.
e são abordados sob o enfoque da percepção do
próprio corpo, sentindo e compreendendo, por ESPORTES, JOGOS, LUTAS E
exemplo, os ossos e os músculos envolvidos nos GINÁSTICAS
diferentes movimentos e posições, em situações Tentar definir critérios para delimitar cada
de relaxamento e tensão. uma destas práticas corporais é tarefa arriscada,
Os conhecimentos de fisiologia são pois as sutis interseções, semelhanças e diferenças
aqueles básicos para compreender as entre uma e outra estão vinculadas ao contexto
alterações que ocorrem durante as atividades em que são exercidas. Existem inúmeras tentativas
físicas (frequência cardíaca, queima de calorias, de circunscrever conceitualmente cada uma
perda de água e sais minerais) e aquelas que delas, a partir de diferentes pressupostos
ocorrem a longo prazo (melhora da condição teóricos, mas até hoje não existe consenso.
cardiorrespiratória, aumento da massa muscular, As delimitações utilizadas no presente
da força e da flexibilidade e diminuição de tecido documento têm o intuito de tornar viável ao
adiposo). professor e à escola operacionalizar e sistematizar
A bioquímica abordará conteúdos que os conteúdos de forma mais abrangente,
subsidiam a fisiologia: alguns processos diversificada e articulada possível.
metabólicos de produção de energia, eliminação

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EDUCAÇÃO FÍSICA
Assim, consideram-se esporte as práticas Uma prática pode ser vivida ou classificada
em que são adotadas regras de caráter oficial e em função do contexto em que ocorre e das
competitivo, organizadas em federações regionais, intenções de seus praticantes. Por exemplo, o
nacionais e internacionais que regulamentam a futebol pode ser praticado como um esporte, de
atuação amadora e a profissional. Envolvem forma competitiva, considerando as regras oficiais
condições espaciais e de equipamentos que são estabelecidas internacionalmente (que
sofisticados como campos, piscinas, bicicletas, incluem as dimensões do campo, o número de
pistas, ringues, ginásios, etc. A divulgação pela participantes, o diâmetro e peso da bola, entre
mídia favorece a sua apreciação por um diverso outros aspectos), com plateia, técnicos e árbitros.
contingente de grupos sociais e culturais. Por Pode ser considerado um jogo, quando ocorre na
exemplo, os Jogos Olímpicos, a Copa do Mundo praia, ao final da tarde, com times compostos na
de Futebol ou determinadas lutas de boxe hora, sem árbitro, nem torcida, com fins
profissional são vistos e discutidos por um puramente recreativos. Pode ser vivido também
grande número de apreciadores e torcedores. como uma luta, quando os times são compostos
por meninos de ruas vizinhas e rivais, ou numa
Os jogos podem ter uma flexibilidade
final de campeonato, por exemplo, entre times cuja
maior nas regulamentações, que são adaptadas
rivalidade é histórica. Em muitos casos, esses
em função das condições de espaço e material
aspectos podem estar presentes
disponíveis, do número de participantes, entre
simultaneamente.
outros. São exercidos com um caráter
competitivo, cooperativo ou recreativo em Os esportes são sempre notícia nos meios
situações festivas, co- memorativas, de de comunicação e dentro da escola; portanto,
confraternização ou ainda no cotidiano, como podem fazer parte do conteúdo, principalmente
simples passatempo e diversão. Assim, incluem- nos dois primeiros ciclos, se for abordado sob o
se entre os jogos as brincadeiras regionais, os enfoque da apreciação e da discussão de aspectos
jogos de salão, de mesa, de tabuleiro, de rua e técnicos, táticos e estéticos. Nos ciclos posteriores,
as brincadeiras infantis de modo geral. existem contextos mais específicos (como torneios
e campeonatos) que possibilitam que os alunos
As lutas são disputas em que o(s)
vivenciem uma situação mais caracterizada como
oponente(s) deve(m) ser subjugado(s),
esporte.
mediante técnicas e estratégias de desequilíbrio,
contusão, imobilização ou exclusão de um Incluem-se neste bloco as informações
determinado espaço na combinação de ações de históricas das origens e características dos
ataque e defesa. Caracterizam-se por uma esportes, jogos, lutas e ginásticas, valorização e
regulamentação específica, a fim de punir apreciação dessas práticas.
atitudes de violência e de deslealdade. Podem
A gama de esportes, jogos, lutas e
ser citados como exemplo de lutas desde as
ginásticas existentes no Brasil é imensa. Cada
brincadeiras de cabo-de-guerra e braço-de-ferro
região, cada cidade, cada escola tem uma
até as práticas mais complexas da capoeira, do
realidade e uma conjuntura que possibilitam a
judô e do caratê.
prática de uma parcela dessa gama. A lista a seguir
As ginásticas são técnicas de trabalho contempla uma parcela de possibilidades e pode
corporal que, de modo geral, assumem um ser ampliada ou reduzida:
caráter individualizado com finalidades diversas.
• jogos pré-desportivos: queimada, pique-
Por exemplo, pode ser feita como preparação
bandeira, guerra das bolas, jogos pré-desportivos
para outras modalidades, como relaxamento, para
do futebol (gol-a-gol, controle, chute-em-gol-
manutenção ou recuperação da saúde ou ainda
rebatida- drible, bobinho, dois toques);
de forma recreativa, competitiva e de convívio
social. Envolvem ou não a utilização de materiais • jogos populares: bocha, malha, taco,
e aparelhos, podendo ocorrer em espaços boliche;
fechados, ao ar livre e na água. Cabe ressaltar
• brincadeiras: amarelinha, pular corda,
que são um conteúdo que tem uma relação
privilegiada com “Conhecimentos sobre o elástico, bambolê, bolinha de gude, pião, pipas,
corpo”, pois, nas atividades ginásticas, esses lenço-atrás, corre-cutia, esconde-esconde, pega-
pega, coelho- sai-da-toca, duro-ou-mole, agacha-
conhecimento se explicitam com bastante
agacha, mãe-da-rua, carrinhos de rolimã, cabo-
clareza. Atualmente, existem várias técnicas de
de-guerra, etc.;
ginástica que trabalham o corpo de modo
diferente das ginásticas tradicionais (de • atletismo: corridas de velocidade, de
exercícios rígidos, mecânicos e repetitivos), resistência, com obstáculos, de revezamento;
visando a percepção do próprio corpo: ter saltos em distância, em altura, triplo, com vara;
consciência da respiração, perceber relaxamento arremessos de peso, de martelo, de dardo e de
e tensão dos músculos, sentir as articulações da disco;
coluna vertebral.

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EDUCAÇÃO FÍSICA
• esportes coletivos: futebol de campo, recebem múltiplas influências, incorporam-nas,
futsal, basquete, vôlei, vôlei de praia, handebol, transformando-as em novas manifestações, como
futvôlei, etc.; os forrós do Nordeste, que incorporaram os ritmos
caribenhos, resultando na lambada.
• esportes com bastões e raquetes:
beisebol, tênis de mesa, tênis de campo, pingue- Nas cidades existem danças como o funk,
pongue; o rap, o hip-hop, as danças de salão, entre outras,
que se caracterizam por acontecerem em festas,
• esportes sobre rodas: hóquei, hóquei
clubes, ou mesmo nas praças e ruas. Existem
inline, ciclismo;
também as danças eruditas como a clássica, a
• lutas: judô, capoeira, caratê; contemporânea, a moderna e o jazz, que podem
às vezes ser apreciadas na televisão, em
• ginásticas: de manutenção de saúde
apresentações teatrais e são geralmente
(aeróbica e musculação); de preparação e
ensinadas em escolas e academias. Nas cidades
aperfeiçoamento para a dança; de preparação e
do Nordeste e Norte do país, existem danças e
aperfeiçoamento para os esportes, jogos e lutas;
coreografias associadas às manifestações musicais,
olímpica e rítmica desportiva. como a timbalada ou o olodum, por exemplo.
ATIVIDADES RÍTMICAS E
A presença de imigrantes no país também
EXPRESSIVAS
trouxe uma gama significativa de danças das mais
Este bloco de conteúdos inclui as diversas culturas. Quando houver acesso a elas, é
manifestações da cultura corporal que têm importante conhecê-las, situá-las, entender o que
como características comuns a intenção de representam e o que significam para os
expressão e comunicação mediante gestos e a imigrantes que as praticam.
presença de estímulos sonoros como referência Existem casos de danças que estão
para o movimento corporal. Trata-se das danças e
desaparecendo, pois não há quem as dance,
brincadeiras cantadas.
quem conheça suas origens e significados.
O enfoque aqui priorizado é Conhecê-las, por intermédio das pessoas mais
complementar ao utilizado pelo bloco de velhas da comunidade, valorizá-las e revitalizá-las
conteúdo “Dança”, que faz parte do documento é algo possível de ser feito dentro deste bloco de
de Arte. O professor encontrará, naquele conteúdos.
documento, mais subsídios para desenvolver
As lengalengas são geralmente
um trabalho de dança, no que tange aos
conhecidas das meninas de todas as regiões do
aspectos criativos e à concepção da dança como
país. Caracterizam-se por combinar gestos simples,
linguagem artística. ritmados e expressivos que acompanham uma
Num país em que pulsam o samba, o música canônica. As brincadeiras de roda e as
bumba-meu-boi, o maracatu, o frevo, o afoxé, a cirandas também são uma boa fonte para
catira, o baião, o xote, o xaxado entre muitas atividades rítmicas.
outras manifestações, é surpreendente o fato de
Os conteúdos deste bloco são amplos,
a Educação Física ter promovido apenas a
diversificados e podem variar muito de acordo
prática de técnicas de ginástica e com o local em que a escola estiver inserida. Sem
(eventualmente) danças europeias e dúvida alguma, resgatar as manifestações culturais
americanas. A diversidade cultural que caracteriza
tradicionais da coletividade, por intermédio
o país tem na dança uma de suas expressões
principalmente das pessoas mais velhas é de
mais significativas, constituindo um amplo leque
funda- mental importância. A pesquisa sobre
de possibilidades de aprendizagem. danças e brincadeiras cantadas de regiões
Todas as culturas têm algum tipo de distantes, com características diferentes das
manifestação rítmica e/ou expressiva. No Brasil danças e brincadeiras locais, pode tornar o
existe uma riqueza muito grande dessas trabalho mais completo.
manifestações. Danças trazidas pelos africanos
Por meio das danças e brincadeiras os
na colonização, danças relativas aos mais
alunos poderão conhecer as qualidades do
diversos rituais, danças que os imigrantes movimento expressivo como leve/pesado,
trouxeram em sua bagagem, danças que foram forte/fraco, rápido/lento, fluido/interrompido,
aprendidas com os vizinhos de fronteira, danças
intensidade, duração, direção, sendo capaz de
que se veem pela televisão. As danças foram e
analisá-los a partir destes referenciais; conhecer
são criadas a todo tempo: inúmeras influências
algumas técnicas de execução de movimentos e
são incorporadas e as danças transformam-se,
utilizar-se delas; ser capazes de improvisar, de
multiplicam-se. Algumas preservaram suas construir coreografias, e, por fim, de adotar
características e pouco se transformaram com o atitudes de valorização e apreciação dessas
passar do tempo, como os forrós que acontecem
manifestações expressivas.
no interior de Minas Gerais, sob a luz de um
lampião, ao som de uma sanfona. Outras,

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EDUCAÇÃO FÍSICA
A lista a seguir é uma sugestão de Dessa forma, os critérios explicitados para
danças e outras atividades rítmicas e/ou cada um dos ciclos de escolaridade têm por
expressivas que podem ser abordadas e deverão objetivo auxiliar o professor a avaliar seus alunos
ser adaptadas a cada contexto: dentro desse processo, abarcando suas múltiplas
dimensões. Também buscam explicitar os
• danças brasileiras: samba, baião, valsa,
conteúdos fundamentais para que os alunos
quadrilha, afoxé, catira, bumba- meu- boi,
possam seguir aprendendo.
maracatu, xaxado, etc.;
EDUCAÇ ÃO FÍSICA
• danças urbanas: rap, funk, break,
pagode, danças de salão; 2ª PARTE
• danças eruditas: clássicas, modernas, PRIMEIRO CICLO
contemporâneas, jazz;
Ensino e aprendizagem de Educação
• danças e coreografias associadas a Física no primeiro ciclo
manifestações musicais: blocos de afoxé,
Ao ingressarem na escola, as crianças já têm
olodum, timbalada, trios elétricos, escolas de
uma série de conhecimentos sobre movimento,
samba;
corpo e cultura corporal, frutos de experiência pessoal,
• lengalengas; das vivências dentro do grupo social em que estão
inseridas e das informações veiculadas pelos meios
• brincadeiras de roda, cirandas;
de comunicação.
• escravos-de-jó.
As diferentes competências com as quais
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO EM as crianças chegam à escola são determinadas
EDUCAÇÃO FÍSICA pelas experiências corporais que tiveram
oportunidade de vivenciar. Ou seja, se não puderam
Os Parâmetros Curriculares Nacionais brincar, conviver com outras crianças, explorar
consideram que a avaliação deve ser algo útil,
diversos espaços, provavelmente suas competências
tanto para o aluno como para o professor, para
serão restritas. Por outro lado, se as experiências
que ambos possam dimensionar os avanços e as
anteriores foram variadas e frequentes, a gama de
dificuldades dentro do processo de ensino e movimentos e os conhecimentos sobre jogos e
aprendizagem e torná-lo cada vez mais brincadeiras serão mais amplos. Entretanto, tendo
produtivo.
mais ou menos conhecimentos, vivido muitas ou
Tradicionalmente, as avaliações dentro poucas situações de desafios corporais, para os alunos
desta área se resumem a alguns testes de força, a escola configura-se como um espaço diferenciado,
resistência e flexibilidade, medindo apenas a onde terão que ressignificar seus movimentos e
aptidão física do aluno. O campo de atribuir-lhes novos sentidos, além de realizar novas
conhecimento contemplado por esta proposta aprendizagens.
vai além dos aspectos biofisiológicos. Embora a
Cabe à escola trabalhar com o repertório
aptidão possa ser um dos aspectos a serem
cultural local, partindo de experiências vividas, mas
avaliados, deve estar contextualizada dentro dos
também garantir o acesso a experiências que não
conteúdos e objetivos, deve considerar que cada
teriam fora da escola. Essa diversidade de
indivíduo é diferente, que tem motivações e experiências precisa ser considerada pelo professor
possibilidades pessoais. Não se trata mais quando organiza atividades, toma decisões sobre
daquela avaliação padronizada que espera o
encaminhamentos individuais e coletivos e avalia
mesmo resultado de todos. Isso significa dizer
procurando ajustar sua prática às reais necessidades
que, por exemplo, se um dos objetivos é que o
de aprendizagem dos alunos.
aluno conheça alguns dos seus limites e
possibilidades, a avaliação dos aspectos físicos Nesse momento da escolaridade, os alunos
estará relacionada a isso, de forma que o aluno têm grande necessidade de se movimentar e estão
possa compreender sua função imediata, o ainda se adaptando à exigência de períodos mais
contexto a que ela se refere e, de posse dessa longos de concentração em atividades escolares.
informação, traçar metas e melhorar o seu Entretanto, afora o horário de intervalo, a aula de
desempenho. Além disso, a aptidão física é um Educação Física é, muitas vezes, a única situação em
dos aspectos a serem considerados para que que têm essa oportunidade. Tal peculiaridade
esse objetivo seja alcançado: o conhecimento frequentemente gera uma situação ambivalente: por
de jogos, brincadeiras e outras atividades um lado, os alunos apreciam e anseiam por esse
corporais, suas respectivas regras, estratégias e horário; por outro, ficam em um nível de excitação tão
habilidades envolvidas, o grau de independência alto que torna difícil o andamento da aula. A
para cuidar de si mesmo ou para organizar capacidade dos alunos em se organizar é também
brincadeiras, a forma de se relacionar com os objeto de ensino e aprendizagem; portanto, distribuir-
colegas, entre outros, são aspectos que se no espaço, organizar-se em grupos, ouvir o
permitem uma avaliação abrangente do professor, arrumar materiais, entre outras coisas, são
processo de ensino e aprendizagem. procedimentos que devem ser trabalhados para
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EDUCAÇÃO FÍSICA
favorecer o desenvolvimento dessa capacidade. das crianças modifica-se paulatinamente e elas
Tomar todas as decisões pelos alunos ou deixá-los podem, então, construir uma boa representação
totalmente livre para resolver tudo, dificilmente mental de seus deslocamentos e
contribuirá para a construção dessa autonomia. posicionamentos.
Se for o professor polivalente quem Todas as crianças sabem pelo menos uma
ministra as aulas de Educação Física abre-se a brincadeira ou um jogo que envolva movimentos.
possibilidade de, além das aulas já planejadas na Esse repertório de manifestações culturais pode vir
rotina semanal, programar atividades em de fontes como família, amigos, televisão, entre
momentos diferenciados, por exemplo, logo após outros, e é algo que pode e deve ser
alguma atividade que tenha exigido das crianças compartilhado na escola. É fundamental que o
um grau muito grande de concentração, de aluno se sinta valorizado e acolhido em todos os
forma a balancear o tipo de demanda solicitada. momentos de sua escolaridade e, no ciclo inicial,
em que seus vínculos com essa instituição estão
Mesmo sendo o professor quem faz as
se estabelecendo, o fato de poder trazer algo de
propostas e conduz o processo de ensino e
seu cotidiano, de sua experiência pessoal,
aprendizagem, ele deve elaborar sua intervenção
favorece sua adaptação à nova situação.
de modo que os alunos tenham escolhas a fazer,
decisões a tomar, problemas a resolver, assim os Ao desafio apresentado, acrescenta-se que,
alunos podem tornar-se cada vez mais principalmente no que diz respeito às habilidades
independentes e responsáveis. motoras, os alunos devem vivenciar os movimentos
numa multiplicidade de situações, de modo que
A maneira de brincar e jogar sofre uma
construam um repertório amplo. A especialização
profunda modificação no que diz respeito à
mediante treinamento não é adequada para a
questão da sociabilidade. Ocorre uma ampliação
faixa etária que se presume para esta etapa da
da capacidade de brincar: além dos jogos de
escolaridade, pois não é momento de restringir as
caráter simbólico, nos quais as fantasias e os
possibilidades dos alunos. Além disso, o contexto
interesses pessoais prevalecem, as crianças
da aula de Educação Física deve poder
começam a praticar jogos coletivos com regras,
contemplar as diferentes competências de todos
nos quais têm de se ajustar às restrições de
os alunos, não apenas daqueles que têm mais
movimentos e interesses pessoais.
facilidades para determinados desafios, de modo
Essa restrição é a própria regra, que que todos possam desenvolver suas
garante a viabilidade da interação de interesses potencialidades. O trabalho com as habilidades
pessoais numa dinâmica coletiva. A possibilidade motoras e capacidades físicas deve estar
e a necessidade de jogar junto com os outros, contextualizado em situações significativas e não
em função do movimento dos outros, passa pela ser transformado em exercícios mecânicos e
compreensão das regras e um automatizados. Mais do que objetos de
comprometimento com elas. Isso é algo que aprendizagem para os alunos, são um recurso para
leva todo o primeiro ciclo para ser construído. o professor poder olhar, analisar e criar
Significa também que o professor deve discutir o intervenções que auxiliem o desenvolvimento e a
sentido de tais regras, explicitando quais são aprendizagem de seus alunos.
suas implicações nos jogos e brincadeiras.
Nas aulas de Educação Física, as crianças
Nos casos em que houver estão muito expostas: nos jogos, brincadeiras,
desentendimentos, é importante lembrar como desafios corporais, entre outros, umas veem o
as regras foram estabelecidas e quais suas desempenho das outras e já são capazes de
funções, tentando fazer com que as crianças fazer algumas avaliações sobre isso. Não leva
cheguem a um acordo. Caso isso não ocorra, o muito tempo para que descubram quem são aqueles
professor pode assumir o papel de juiz, que têm mais familiaridade com o manuseio de
explicitando que essa é uma forma socialmente uma bola, quem é que corre mais ou é mais lento
legítima de se atuar em competições, e então e quem tem mais dificuldade em acertar um
arbitrar uma decisão. É essencial que, em arremesso, por exemplo. Por isso, é fundamental
situações de conflito, as crianças tenham no que se tome cuidado com as discriminações e
adulto uma referência externa que garanta o estigmatizações que possam ocorrer. Se, no início
encaminhamento de soluções. de sua escolaridade, a criança é tachada de
incompetente por ter algum tipo de dificuldade, é
No início da escolaridade, durante os
improvável que supere suas limitações, que
jogos e brincadeiras os alunos se agrupam em
busque novos desafios e se torne mais
apenas alguns espaços da quadra ou do campo. competente. Nesse sentido, é função do
Isso fica claro quando, em alguns jogos coletivos, professor dar oportunidade para que os alunos
todos se aglutinam em torno da bola,
tenham uma variedade de atividades em que
inviabilizando a utilização estratégica e articulada
diferentes competências sejam exercidas e as
do espaço. Com a vivência de variadas
diferenças individuais sejam valorizadas e
situações em que tenham que resolver problemas
respeitadas.
relativos ao uso do espaço, a forma de atuação
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EDUCAÇÃO FÍSICA
Um outro aspecto dessa mesma questão por exemplo, frear antes de uma linha, desviar de
que merece destaque neste ciclo é a diferença obstáculos ou arremessar uma bola a uma
entre as competências de meninos e meninas. determinada distância.
Normalmente, por razões socioculturais, ao
É característica marcante desse ciclo a
ingressar na escola, os meninos tiveram mais
diferenciação das experiências e competências
experiências corporais, principalmente no que se
de movimento de meninos e meninas. Os
refere ao manuseio de bolas e em atividades
conteúdos devem contemplar, portanto, atividades
que demandam força e velocidade. As meninas,
que evidenciem essas competências de forma a
por sua vez, tiveram mais experiências, portanto
promover uma troca entre os dois grupos.
têm mais competência, em atividades expressivas
Atividades lúdicas e competitivas, nas quais os
e naquelas que exigem mais equilíbrio,
meninos têm mais desenvoltura, como, por
coordenação e ritmo. Tradicionalmente, a
exemplo, os jogos com bola, de corrida, força e
Educação Física valoriza as capacidades e
agilidade, devem ser mescladas de forma
habilidades envolvidas nos jogos, nas quais os
equilibrada com atividades lúdicas e expressivas
meninos são mais competentes, e a
nas quais as meninas, genericamente, têm uma
defasagem entre os dois sexos pode aumentar.
experiência maior; por exemplo, lengalengas,
Duas mudanças devem ocorrer para alterar esse
pequenas coreografias, jogos e brincadeiras que
quadro: primei- ro, às meninas devem ser dadas
envolvam equilíbrio, ritmo e coordenação.
oportunidades de se apropriarem dessas
competências em situações em que não se Os jogos e atividades de ocupação de
sintam pressionadas, diminuídas, e tenham tempo espaço devem ter lugar de destaque nos
para adquirir experiência; em segundo lugar, com conteúdos, pois permitem que se amplie as
a incorporação das atividades rítmicas e possibilidades de se posicionar melhor e de
expressivas às aulas de Educação Física, os compreender os próprios deslocamentos,
meninos poderão também desenvolver novas construindo representações mentais mais
competências. acuradas do espaço. Também nesse aspecto, a
referência é o próprio corpo da criança e os
Objetivos de Educação Física para o
desafios devem levar em conta essa
primeiro ciclo
característica, apresentando situações que possam
Espera-se que ao final do primeiro ciclo os ser resolvidas individualmente, mesmo em
alunos sejam capazes de: atividades em grupo.
• participar de diferentes atividades No plano especificamente motor, os
corporais, procurando adotar uma atitude conteúdos devem abordar a maior diversidade
cooperativa e solidária, sem discriminar os possível de possibilidades, ou seja, correr, saltar,
colegas pelo desempenho ou por razões sociais, arremessar, receber, equilibrar objetos, equilibrar-
físicas, sexuais ou culturais; se, desequilibrar-se, pendurar-se, arrastar, rolar,
escalar, quicar bolas, bater e rebater com
• conhecer algumas de suas
diversas partes do corpo e com objetos, nas mais
possibilidades e limitações corporais de forma a
diferentes situações.
poder estabelecer algumas metas pessoais
(qualitativas e quantitativas); Cabe ainda ressaltar que essas
explorações e experiências devem ocorrer
• conhecer, valorizar, apreciar e
inclusive individualmente. Equivale dizer que, no
desfrutar de algumas das diferentes
primeiro ciclo, é necessário que o aluno tenha
manifestações de cultura corporal presentes no
acesso aos objetos como bolas, cordas, elásticos,
cotidiano;
bastões, colchões, alvos, em situações não-
• organizar autonomamente alguns competitivas, que garantam espaço e tempo para
jogos, brincadeiras ou outras atividades o trabalho individual. A inclusão de atividades em
corporais simples. circuitos de obstáculos é favorável ao
desenvolvimento de capacidades e habilidades
Conteúdos de Educação Física para o
individuais.
primeiro ciclo
Ao longo do primeiro ciclo serão
No primeiro ciclo, em função da transição abordados uma série de conteúdos, nas
que se processa entre as brincadeiras de caráter
dimensões conceituais, procedimentais e
simbólico e individual para as brincadeiras sociais
atitudinais. Tais conteúdos são referentes aos
e regradas, os jogos e as brincadeiras
blocos explanados no item “Critérios de seleção e
privilegiados serão aqueles cujas regras forem
organização dos conteúdos” do presente
mais simples. Jogos do tipo mãe-da-rua, documento, mas estão colocados de maneira
esconde-esconde, pique- bandeira, entre muitos integrada, sem divisões. Explicita-se a seguir a lista
outros, permitem que a criança vivencie uma
daqueles a serem trabalhados nesse ciclo que
série de movimentos dentro de certas
poderão ser retomados e aprofundados e/ou
delimitações. Um compromisso com as regras
inclui a aprendizagem de movimentos como,
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EDUCAÇÃO FÍSICA
tornarem-se mais complexos nos ciclos Critérios de avaliação de Educação
posteriores: Física para o primeiro ciclo
• participação em diversos jogos e lutas, • Enfrentar desafios corporais em
respeitando as regras e não discriminando os diferentes contextos como circuitos, jogos e
colegas; brincadeiras
• explicação e demonstração de Pretende-se avaliar se o aluno demonstra
brincadeiras aprendidas em contextos extra- segurança para experimentar, tentar e arriscar em
escolares; situações propostas em aula ou em situações
cotidianas de aprendizagem corporal.
• participação e apreciação de
brincadeiras ensinadas pelos colegas; • Participar das atividades respeitando as
regras e a organização
• resolução de situações de conflito por
meio do diálogo, com a ajuda do professor; Pretende-se avaliar se o aluno participa
adequadamente das atividades, respeitando as
• discussão das regras dos jogos;
regras, a organização, com empenho em utilizar
• utilização de habilidades em situações os movimentos adequados à atividade proposta.
de jogo e luta, tendo como referência de
• Interagir com seus colegas sem
avaliação o esforço pessoal;
estigmatizar ou discriminar por razões físicas,
• resolução de problemas corporais sociais, culturais ou de gênero
individualmente;
Pretende-se avaliar se o aluno reconhece
• avaliação do próprio desempenho e e respeita as diferenças individuais e se participa
estabelecimento de metas com o auxílio do de atividades com seus colegas, auxiliando
professor; aqueles que têm mais dificuldade e aceitando ajuda
dos que têm mais competência.
• participação em brincadeiras cantadas;
SEGUNDO CICLO
• criação de brincadeiras cantadas;
Ensino e aprendizagem de Educação
• acompanhamento de uma dada Física no segundo ciclo
estrutura rítmica com diferentes partes do corpo;
No segundo ciclo é de se esperar que os
• apreciação e valorização de danças alunos já tenham incorporado a rotina escolar,
pertencentes à localidade;
atuem com maior independência e dominem uma
• participação em danças simples ou série de conhecimentos. No que se refere à
adaptadas, p ert en ce nte s a manifestações Educação Física, já têm uma gama de
populares, folclóricas ou de outro tipo que conhecimentos comum a todos, podem
estejam pre- sentes no cotidiano; compreender as regras dos jogos com mais
clareza e têm mais autonomia para se organizar.
• participação em atividades rítmicas e Desse modo, podem aprofundar e também fazer
expressivas; uma abordagem mais complexa daquilo que sabem
• utilização e recriação de circuitos; sobre os jogos, brincadeiras, esportes, lutas,
danças e ginásticas.
• utilização de habilidades (correr, saltar,
arremessar, rolar, bater, reba- ter, receber, Já devem ter consolidado um repertório de
amortecer, chutar, girar, etc.) durante os jogos, brincadeiras e jogos que deverá ser transformado
lutas, brin- cadeiras e danças; e ampliado. A possibilidade de compreensão das
regras do jogo é maior, o que permite que
• desenvolvimento das capacidades percebam as funções que elas têm, de modo a
físicas durante os jogos, lutas, brincadeiras e sugerir alterações para tornar os jogos e
danças; brincadeiras mais desafiantes. É comum nesse
• diferenciação das situações de esforço ciclo que as crianças comecem a organizar as
e repouso; atividades e brincadeiras vivenciadas nas aulas de
Educação Física em horários de recreio e de
• reconhecimento de algumas das entrada e saída da escola.
alterações provocadas pelo esforço físico, tais
como excesso de excitação, cansaço, elevação A compreensão das regras e a autonomia
de batimentos cardíacos, mediante a percepção para a organização das atividades permitem
do próprio corpo. ainda que os aspectos estratégicos dos jogos
passem a fazer parte dos problemas a serem
resolvidos pelo grupo e, nesse sentido, o
professor pode interromper os jogos em
determinados momentos, solicitando uma
reflexão e uma conversa sobre qual estratégia

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EDUCAÇÃO FÍSICA
mais adequada para cada situação, auxiliando aos tipos de movimento tradicionalmente
assim para que novos aspectos tornem-se considerados.
observáveis.
Depois de um período em que têm mais
O grau de dificuldade e complexidade interesse em se relacionar com as crianças de
dos movimentos pode aumentar — um pouco seu próprio sexo, no segundo ciclo meninos e
mais específicos, com desafios que visem um meninas voltam a se aproximar. Antes dos
desempenho mais próximo daquele requerido meninos, as meninas começam a sofrer as
nas atividades corporais socialmente construídas. alterações físicas e psicológicas da puberdade e
Por exemplo, correr quicando uma bola de do início da adolescência. Iniciam-se os primeiros
basquete, saltar e arremessar em suspensão, namoros, as primeiras aproximações, num momento
receber em deslocamento, chutar uma bola de em que convivem a necessidade de se exibir
distâncias mais longas, etc. corporalmente e, simultaneamente, a vergonha
de expor seu corpo e seu desempenho. É
Em relação à utilização do espaço e à
importante que o professor esteja atento a isso,
organização das atividades, deve-se lançar mão
buscando responder às questões sobre a
de divisões em pequenos grupos (por habilidade,
puberdade que venham a surgir, interpretando
afinidade pessoal, conhecimentos específicos,
atitudes de vergonha, receio e insegurança como
idades), alternando-as com situações coletivas de
manifestações desse momento, tomando cuidado
toda a classe. Por exemplo: a quadra — ou o
para não expor seus alunos a situações de
espaço disponível — pode ser dividida em quatro
constrangimento, humilhação ou qualquer tipo de
partes, nas quais os subgrupos trabalhem com
violência.
atividades diferenciadas. Isso permite que os
alunos tenham tempo de experimentar Objetivos de Educação Física para o
determinados movimentos, treiná-los, perceber segundo ciclo
seus avanços e dificuldades, criar novos desafios
Espera-se que ao final do segundo ciclo os
para si mesmos, etc.
alunos sejam capazes de:
O conhecimento e o controle do corpo
• participar de atividades corporais,
permite que comecem a monitorar seu
reconhecendo e respeitando algumas de suas
desempenho, adequando o grau de exigência e
características físicas e de desempenho motor,
de dificuldade de algumas tarefas. Podem
bem como as de seus colegas, sem discriminar
também, pela percepção do próprio corpo,
por características pessoais, físicas, sexuais ou
começar a compreender as relações entre a
sociais;
prática de atividades corporais, o
desenvolvimento das capacidades físicas e os • adotar atitudes de respeito mútuo,
benefícios que trazem à saúde. dignidade e solidariedade em situações lúdicas e
esportivas, buscando solucionar os conflitos de
Nessa etapa da escolaridade a
forma não- violenta;
apreciação das mais diversas manifestações da
cultura corporal pode ocorrer com a • conhecer os limites e as possibilidades do
incorporação de mais aspectos e detalhes. Ao próprio corpo de forma a poder controlar algumas
assisti-las, os alunos podem apreciar a beleza, de suas atividades corporais com autonomia e a
a estética, discutir o contexto de sua produção, valorizá-las como recurso para manutenção de
avaliar algumas técnicas e estratégias, observar sua própria saúde;
os padrões de movimento, entre inúmeras outras
• conhecer, valorizar, apreciar e desfrutar
possibilidades. Podem, principalmente, aprender
a contemplar essa diversidade e perceber as de algumas das diferentes manifestações da
inúmeras opções que existem, tanto para praticar cultura corporal, adotando uma postura não-
preconceituosa ou discriminatória por razões sociais,
como para apreciar.
sexuais ou culturais;
A questão das discriminações e do
• organizar jogos, brincadeiras ou outras
preconceito deve abarcar dimensões mais amplas
atividades corporais, valorizando-as como recurso
do que as da própria classe. Ao se tratar das
manifestações corporais das diversas culturas, para usufruto do tempo disponível;
deve-se salientar a riqueza da diferença e a • analisar alguns dos padrões de estética,
dimensão histórico-social de cada uma. beleza e saúde presentes no cotidiano, buscando
compreender sua inserção no contexto em que
Se tiver havido um trabalho para diminuir
são produzidos e criticando aqueles que incentivam
as diferenças entre as competências de meninos
o consumismo.
e meninas no primeiro ciclo, o desempenho será
quantitativamente mais semelhante. Nesse Conteúdos de Educação Física para o
momento, também, as crianças estão mais segundo ciclo
cientes das diferenças entre os sexos; portanto, há
que se tomar cuidado em relação às Os conteúdos abordados para o segundo
estereotipias, principalmente no que se refere ciclo serão, na realidade, desdobramentos e

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EDUCAÇÃO FÍSICA
aperfeiçoamentos dos conteúdos do ciclo melhor e a ampliar suas possibilidades de
anterior. movimento.
As habilidades e capacidades podem As informações sobre aspectos históricos,
receber um tratamento mais específico, na contextos sociais em que os jogos foram criados,
medida em que os alunos já reúnem condições as regras e as estratégias básicas de cada
de compreender determinados recortes que modalidade podem e devem ser abordados. A
podem ser feitos ao analisar os tipos de reflexão, a apreciação e a crítica desses aspectos
movimento envolvidos em cada atividade. É passam a ser incluídas como conteúdos, o que
possível sugerir brincadeiras e jogos em que pode ser feito a partir das informações veiculadas
algumas habilidades mais específicas sejam pelos meios de comunicação.
trabalhadas, dentro de contextos significativos. É
Ao longo do segundo ciclo serão
possível ainda solicitar que as crianças criem
abordados conteúdos nas dimensões
brincadeiras com esse objetivo.
conceituais, procedimentais e atitudinais. Como
As habilidades corporais devem no primeiro ciclo, os conteúdos estão integrados e
contemplar desafios mais complexos. Por não separados por blocos. Explicita-se a seguir a
exemplo, correr- quicar uma bola, saltar- lista daqueles que continuam a ser abordados além
arremessar, saltar-rebater, girar-saltar, equilibrar dos que deverão começar a ser desenvolvidos
objetos-correr. nesse ciclo e pode- rão ser aprofundados e/ou
tornarem-se mais complexos nos ciclos
Em relação à percepção do corpo os
posteriores:
alunos podem fazer análises simples,
percebendo a própria postura e os movimentos • participação em atividades competitivas,
em diferentes situações do cotidiano, buscando respeitando as regras e não discriminando os
encontrar aqueles mais adequados a cada colegas, suportando pequenas frustrações,
momento. Perceber as características de evitando atitudes violentas;
movimento de sua coletividade, por meio da
• observação e análise do desempenho
observação e do conhecimento da história local é
dos colegas, de esportistas, de crianças mais
um trabalho que pode ser desenvolvido junto
velhas ou mais novas;
com os conteúdos de História, Geografia e
Pluralidade Cultural. • expressão de opiniões pessoais quanto a
atitudes e estratégias a serem utilizadas em
Nas atividades rítmicas e expressivas é
situações de jogos, esportes e lutas;
possível combinar a marcação do ritmo com
movimentos coordenados entre si. As • apreciação de esportes e lutas
manifestações culturais da própria coletividade ou considerando alguns aspectos técnicos, táticos e
aquelas veiculadas pela mídia podem ser estéticos;
analisadas a partir de alguns conceitos de
• reflexão e avaliação de seu próprio
qualidade de movimento como ritmo, velocidade,
desempenho e dos demais, tendo como
intensidade e fluidez; podem ser aprendidas e
referência o esforço em si, prescindindo, em alguns
também recriadas. Da mesma forma, as noções
de simultaneidade, sequência e alternância casos, do auxílio do professor;
poderão também subsidiar a aprendizagem e a • resolução de problemas corporais
criação de pequenas coreografias. individualmente e em grupos;
As crianças geralmente estão muito • participação na execução e criação de
motivadas pelo esportes porque os conhecem por coreografias simples;
meio da mídia e pelo convívio com crianças
mais velhas e adultos. Por isso, os jogos pré- • participação em danças pertencentes a
desportivos e os esportes coletivos e individuais manifestações culturais da coletividade ou de
podem predominar nesse ciclo. outras localidades, que estejam presentes no
cotidiano;
A construção das noções de espaço e
tempo se desenvolverá em conjunto com as • apreciação e valorização de danças
aquisições feitas no plano motor; localização no pertencentes à localidade;
espaço já não é mais tão egocentrada, podendo • valorização das danças como expressões
incluir o ponto de vista dos outros, o que permite da cultura, sem discriminações por razões
a realização de antecipações mentais a partir da culturais, sociais ou de gênero;
análise de trajetórias e de cálculos de
deslocamento de pessoas e objetos. • acompanhamento de uma dada
estrutura rítmica com diferentes partes do corpo,
De posse desses instrumentos, a análise em coordenação;
e a compreensão das regras mais complexas e
das estratégias de jogo tornam-se um • participação em atividades rítmicas e
conhecimento que ajuda a criança a jogar expressivas;

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EDUCAÇÃO FÍSICA
• análise de alguns movimentos e posturas ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS Introdução
do cotidiano a partir de elementos socioculturais e
No ensino tradicional todas as áreas do
biomecânicos;
conhecimento tratavam do intelecto e a aula de
• percepção do próprio corpo e busca de Educação Física tratava exclusivamente das
posturas e movimentos não- prejudiciais nas questões ligadas ao corpo e ao movimento.
situações do cotidiano; Entretanto, no que diz respeito à concepção de
aprendizagem, tanto a Educação Física como as
• utilização de habilidades motoras nas
demais áreas do currículo partiam dos mesmos
lutas, jogos e danças;
princípios e estruturavam sua metodologia de
• desenvolvimento de capacidades físicas ensino na repetição, memorização e reprodução de
dentro de lutas, jogos e danças, percebendo conhecimentos e comportamentos.
limites e possibilidades;
Se aprender Matemática consistia em
• diferenciação de situações de esforço repetir fórmulas até decorá-las, aprender Educação
aeróbico, anaeróbico e repouso; Física consistia em repetir exercícios mecânicos e
padronizados e reproduzir gestos estereotipados.
• reconhecimento de alterações Mesmo em atividades como a dança, a
corporais, mediante a percepção do próprio corpo, metodologia utilizada dava mais ênfase ao aspecto
provocadas pelo esforço físico, tais como
técnico em si do que ao aspecto expressivo.
excesso de excitação, cansaço, elevação de
batimentos cardíacos, efetuando um controle Dentro do universo de conhecimentos que
dessas sensações de forma autônoma e com o a Educação Física procura abordar, quando a
auxílio do professor. metodologia utilizada é a de ensino por
condicionamento, o resultado é uma
Critérios de avaliação de Educação
aprendizagem restrita e limitada. Isso ocorre
Física para o segundo ciclo
basicamente por dois motivos: o movimento
• Enfrentar desafios colocados em corporal não pode ser esvaziado ou fragmentado a
situações de jogos e competições, respeitando as ponto de perder seu significado pessoal, social e
regras e adotando uma postura cooperativa cultural, e o movimento corporal deve refletir uma
intenção do sujeito e não depender
Pretende-se avaliar se o aluno aceita as exclusivamente de um estímulo externo.
limitações impostas pelas situações de jogo,
tanto no que se refere às regras quanto no que Por exemplo: ao sistematizar a
diz respeito à sua possibilidade de desempenho aprendizagem do basquete, a metodologia
e à interação com os outros. Espera-se que o consistia em eleger os movimentos mais comuns,
aluno tolere pequenas frustrações, seja capaz mais frequentes nesse esporte (chamados
de colaborar com os colegas, mesmo que estes “fundamentos”) e treiná-los em separado, visando
sejam menos competentes, e participe do jogo uma automatização, na equivocada esperança de
com entusiasmo. que bastava ao aluno conhecer os “pedaços” do
movimento presente nessa modalidade para poder
• Estabelecer algumas relações entre a praticá-la. Fazendo uma rudimentar analogia com
prática de atividades corporais e a melhora da a alfabetização, seria acreditar que decorar as
saúde individual e coletiva letras e as sílabas fosse condição suficiente para
Pretende-se avaliar se o aluno reconhece se aprender a ler e a escrever. Na situação de
que os benefícios para a saúde decorrem da jogo, os movimentos de arremessar, passar,
realização de atividades corporais regulares, se receber e bater a bola acontecem num contexto
tem critérios para avaliar seu próprio avanço e dinâmico de deslocamentos, de coordenação de
se nota que esse avanço decorre da trajetórias da bola e dos jogadores, em que cada
perseverança. movimento precisa ser executado em função de
uma situação específica que contém muitas
• Valorizar e apreciar diversas variáveis. Quando fora desse contexto, a repetição
manifestações da cultura corporal, identificando pura e simples perde o sentido, torna-se
suas possibilidades de lazer e aprendizagem enfadonha e cansativa e não necessariamente
Pretende-se avaliar se o aluno promove um aprimoramento do desempenho na
reconhece que as formas de expressão de cada situação de jogo.
cultura são fontes de aprendizagem de Além disso, os exercícios ocupavam a maior
diferentes tipos de movimento e expressão. parte da aula, sendo reservados os dez minutos
Espera-se também que o aluno tenha uma finais para a prática do jogo, mesmo assim
postura receptiva, não discrimine produções condicionado ao grau de organização e disciplina
culturais por quaisquer razões sociais, étnicas ou que o grupo demonstrasse durante a aula. Ou
de gênero. seja, muitas vezes nem mesmo uma pequena
prática contextualizada do que havia sido
treinado era possibilitada.

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EDUCAÇÃO FÍSICA
O resultado prático dessa metodologia é princípio a igualdade de oportunidades para todos
de conhecimento de todos: um processo de os alunos e o objetivo de desenvolver as
seleção dos indivíduos aptos (legitimando uma potencialidades, num processo democrático e não
concepção fortemente inatista), produzindo um seletivo. Assim, nas aulas de Educação Física o
grande contingente de frustrados em relação às professor deverá sempre contextualizar a prática,
próprias capacidades e habilidades corporais. considerando as suas várias dimensões de
Mesmo as atividades de caráter expressivo como aprendizagem, priorizando uma ou mais delas e
a dança eram consideradas sob a ótica do possibilitando que todos seus alunos possam
preconceito e da marginalidade e, muitas vezes, aprender e se desenvolver.
quando ensinadas repetiam as mesmas fórmulas
Orientações gerais
seletivas de ensino e aprendizagem.
ORGANIZAÇÃO SOCIAL DAS
A presente proposta firma-se numa
ATIVIDADES E ATENÇÃO À
concepção de aprendizagem que parte das
DIVERSIDADE
situações globais, amplas e diversificadas em
direção às práticas corporais sociais mais Se um dos objetivos da educação é ajudar
significativas, que exigem movimentos mais as crianças a conviverem em grupo de maneira
específicos, precisos e sistematizados. É produtiva, de modo cooperativo, é preciso
necessário ainda incluir no processo de proporcionar situações em que aprender a dialogar,
aprendizagem, para além das questões relativas a ouvir o outro, ajudá-lo, pedir ajuda, trocar ideias
ao movimento em si, os contextos pessoais, e experiências, aproveitar críticas e sugestões
culturais e sociais em que ele ocorre, para que a sejam atitudes possíveis de serem exercidas.
ação corporal adquira um significado que Levando em conta o fato de que as experiências e
extrapole a própria situação escolar. competências corporais são muito diversificadas,
não se pode querer que todo o grupo realize a
A justificativa da presença da Educação
mesma tarefa, ou que uma atividade resulte numa
Física no ensino tem sido vinculada à formação
mesma aprendizagem para todos.
do homem integral, que ocorreria por meio do
exercício físico e da disciplina do corpo. Deve-se, portanto, favorecer a troca de
Entretanto, na prática, a amplitude das questões repertórios e os procedimentos de resolução de
referentes às relações entre o corpo e a mente, problemas de movimento, fazendo uso de variadas
dentro de um contexto sociocultural, não foram formas de organização das atividades. Por
amplamente abordadas. Falava-se de exemplo, ao se organizar uma aula em que o
“enobrecer o caráter”, mas não existiam conteúdo gire em torno do voleibol, pode-se dividir
conteúdos dentro das aulas que tratassem desse a classe em três grupos, tendo como critério o grau
assunto. Pregava-se que o esporte afastava o de habilidade dos alunos. Um grupo com os mais
indivíduo das drogas, mas não se abordava hábeis, outro com os médios e outro com os
esse assunto na sua dimensão afetiva, menos hábeis. Essa organização permite ao
psicológica, política, econômica ou sociocultural. professor visualizar em que ponto estão as
Separavam-se meninos e meninas para a prática habilidades de cada grupo e propor um desafio
esportiva ou ginástica, considerando apenas as adequado para cada um. Além disso, aqueles que
diferenças de rendimento físico, sem questionar têm menos habilidade podem arriscar algumas
se não haveria situações em que a diferença tentativas sem se exporem frente ao grupo dos
entre os sexos pudesse ser enfocada de maneira mais habilidosos. Numa aula posterior com a
provei- tosa. Alardeava-se o mérito quase mesma classe, o professor pode dividir o grupo,
exclusivo dos esportes na integração social, mas usando os mais hábeis como “cabeças de chave”,
não se enxergavam os alunos que ficavam distribuindo-os entre os três grandes grupos.
excluídos por não terem capacidades a priori, Nessa situação, a natureza da aprendizagem
sendo que era função da própria área promover estará vinculada à troca de informações e à
essas capacidades. cooperação, e na tentativa de se superar,
enfrentando um grau maior de desafio, as
Sabe-se, hoje, que exercitar ou
crianças podem avançar nas suas conquistas.
disciplinar o corpo não resulta obrigatoriamente
na formação completa do ser humano. Sabe-se, Tendo ainda como referência a diversidade
por exemplo, que o caráter pode ser corrompido que as crianças apresentam em relação às
pelas glórias do esporte, favorecendo a atitude de competências corporais, um outro aspecto a ser
obter a vitória a qualquer custo e até mesmo com considerado na organização das atividades deve
o uso de drogas. Sabe-se, ainda, que a ser o de contemplar essa mesma diversidade
integração social pode transformar-se em valorizando as diferenças. Ao distribuir, ao longo do
desintegração, com guerras entre torcidas e planejamento, atividades com ênfase nas
brigas dentro de campos e quadras. capacidades de equilíbrio, força, velocidade,
coordenação, agilidade e ritmo de forma equitativa,
Nesse sentido, a presente proposta
ou que exijam que diferentes habilidades sejam
aborda a complexidade das relações entre corpo
e mente num contexto sociocultural, tem como
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EDUCAÇÃO FÍSICA
colocadas em prática, o professor viabiliza que as técnicos num jogo de futebol disputado por times
características individuais sejam valorizadas. de meninas.
A diversidade de competências corporais a COMPETIÇÃO & COMPETÊNCIA
serem consideradas inclui a facilidade e a dificuldade
Nas atividades competitivas as
para lidar com situações estratégicas, de simulação,
competências individuais se evidenciam e cabe ao
de cooperação, de competição, entre outras.
professor organizá-las de modo a democratizar as
O trabalho em duplas e grupos, em que a oportunidades de aprendizagem. É muito comum
cooperação seja fundamental e haja coordenação acontecer, em jogos pré-desportivos e nos
de diferentes competências é algo valioso para esportes, que as crianças mais hábeis
se perceber que todos, sem exceção, têm algum monopolizem as situações de ataque, restando
tipo de conhecimento. aos menos hábeis os papéis de defesa, de goleiro
ou mesmo a exclusão. O professor deve intervir
As atividades de caráter expressivo
diretamente nessas situações, promovendo formas
constituem um outro recurso para atender a
de rodízio desses papéis, criando regras nesse
diversidade de competências no processo de
sentido. Por exemplo, a cada ponto num jogo de
ensino e aprendizagem. Incluir as experiências e
pique-bandeira, o grupo de crianças que ficou no
conhecimentos que as crianças têm de dança é
ataque deve trocar de posição com o grupo que
extremamente interessante por se tratar de um
ficou na defesa, ou simplesmente observando a
contexto em que a ênfase não está na
regra do rodízio do voleibol, que foi instituída
competição.
exatamente com esse propósito. Cabe ainda ao
A consideração das diversidades de professor localizar quais as competências
conhecimento promove, em última análise, a corporais em que alguns alunos apresentem
construção de um estilo pessoal de exercer as dificuldades e promover atividades em que possam
práticas da cultura corporal propostas como avançar.
conteúdos.
É utópico pretender que todos os avanços
DIFERENÇAS ENTRE MENINOS E de aprendizagem sejam homogêneos e
MENINAS simultâneos entre os alunos, uma vez que a
diversidade traduz uma realidade de histórias de
Particularmente no que diz respeito às
vivências corporais, interesses, oportunidades de
diferenças entre as competências de meninos e
aprimoramento fora da escola e o convívio em
meninas deve-se ter um cuidado especial.
ambientes físicos diferenciados. A aula de
Muitas dessas diferenças são determinadas
Educação Física, para alcançar todos os alunos,
social e culturalmente e decorrem, para além deve tirar proveito dessas diferenças ao invés de
das vivências anteriores de cada aluno, de configurá-las como desigualdades. A pluralidade
preconceitos e comportamentos estereotipados.
de ações pedagógicas pressupõe que o que torna
As habilidades com a bola, por exemplo, um dos
os alunos iguais é justamente a capacidade de se
objetos centrais da cultura lúdica, estabelecem-
expressarem de forma diferente.
se com a possibilidade de prática e experiência
com esse material. Socialmente essa prática é Ao longo da escolaridade fundamental
mais proporcionada aos meninos que, portanto, ocorre, em paralelo com a possibilidade de
desenvolvem-se mais do que meninas e, assim, ampliação das competências corporais, um
brincar com bola se transforma em “brincadeira processo de escolha cada vez mais
de menino”. independente por parte do aluno, de quais
competências satisfazem suas necessidades de
O raciocínio inverso também poderia ser movimento para a construção de seu estilo
feito, pois existem habilidades que as meninas pessoal.
acabam por aperfeiçoar em função de uma
maior experiência; mas o fundamental é que O que se quer ressaltar é que as atividades
existe um estilo diferenciado entre meninos e competitivas realizadas em grupos ou times
meninas, como também existe entre diferentes constituem uma situação favorável para o
pessoas de praticar uma mesma atividade lúdica exercício de diversos papéis, estilos pessoais, e,
ou expressiva. São modos diferentes de ser e portanto, numa situação que promove um melhor
atuar que devem se completar e se enriquecer conhecimento e respeito de si mesmo e dos
mutuamente, ao invés de entrar em conflitos outros.
pautados em estereótipos e preconceitos.
Essa construção, que envolve estilos e
As intervenções didáticas podem preferências pessoais, torna-se mais complexa à
propiciar experiências de respeito às diferenças medida que as possibilidades de reflexão sobre as
e de intercâmbio: dividir um grupo de primeiro competências pessoais e coletivas se ampliam e
ciclo em trios, cada um deles contendo pelo as situações competitivas sejam compreendidas
menos uma menina, e colocar para elas a tarefa como um jogo de cooperação de competências.
de ensinar uma sequência do jogo de elástico;
ou ainda atribuir aos meninos o papel de
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EDUCAÇÃO FÍSICA
PROBLEMATIZAÇÃO DAS jardim, um campinho, dentro ou próximo à escola,
REGRAS para realizar as atividades de Educação Física.
Geralmente os alunos conhecem as Estender cordas entre árvores, para que as
regras do convívio escolar, mas pouco crianças se pendurem e se equilibrem, ou
compreendem a sua natureza, o modo e as organizem voleibol em pequenos grupos, pendurar
razões pelas quais foram estabelecidas. pneus e aros nas árvores para funcionarem como
alvos em jogos de arremesso e basquete em
No caso da Educação Física existe a
pequenos grupos, utilização de desníveis de terreno
possibilidade de se abordarem diferentes jogos
como parte dos circuitos com materiais diversos e
e atividades e se discutirem as regras em
obstáculos são sugestões de formas de utilização do
conjunto com os alunos, tentando encontrar as
espaço físico.
razões que as originaram, propondo modificações,
testando-as, repensando sobre elas e assim por Mesmo em se tratando de quadras
diante. A com- preensão das normas que pode convencionais, o professor pode e deve, conforme
advir daí é completamente diferente de a exigência da situação, dividi-las de diferentes
quando as regras são consideradas absolutas, formas, possibilitando a execução de atividades de
inquestionáveis e imutáveis. natureza diferenciada, simultaneamente.
Os jogos, esportes e brincadeiras são CONHECIMENTOS PRÉVIOS
contextos favoráveis para a intervenção do
As crianças, ao iniciarem o ensino
professor nesse sentido, por várias razões. A
fundamental, trazem de sua experiência pessoal
primeira delas diz respeito ao próprio
uma série de conhecimentos relativos ao corpo,
desenvolvimento dos conhecimentos relativos à
ao movimento e à cultura corporal. Partindo disso,
cultura corporal. Mover-se dentro de limites
a escola deve promover a ampliação desses
espaciais, gestuais, de relação com objetos e
conhecimentos, permitindo sua utilização em
com os outros constitui um problema a ser
situações sociais. O professor deve criar situações
resolvido, ou seja, não é qualquer tipo de
que coloquem esses conhecimentos em questão,
movimento que vale, mas um certo tipo que se
ou seja, situações que solicitem da criança a
ajuste àquelas delimitações que a regra impõe.
resolução de um problema, seja no plano motor, na
Nos jogos pré-desportivos e nas organização do espaço e do tempo, na utilização
brincadeiras, nem sempre as regras preveem de uma estratégia ou na elaboração de uma
regulamentação para todas as situações que regra.
surgem; nesses casos, é necessário discutir e
Na prática, representa fazer o seguinte: ao
legislar a respeito e essa prática deve ser
constatar que uma conduta corporal é exercida de
incentivada pelo professor.
uma forma estável e segura pelas crianças, o
Além disso, as regras dos jogos podem professor deve interferir, criando uma pequena
ser adaptadas para diferentes situações e dificuldade, um obstáculo a ser superado, que
contextos. Numa situação recreativa pode-se mobilize os conhecimentos disponíveis ao sujeito e
considerar válida uma série de movimentos e solicite uma reorganização deles. Por exemplo: se
procedimentos que, numa situação de um grupo de crianças consegue pular corda com
competição, não seriam adequados. segurança e eficiência, o professor pode solicitar,
como desafio, que as crianças entrem na corda
USO DO ESPAÇO
pelo lado oposto, ou ainda que os saltos sejam
Sabe-se que na realidade das escolas realizados em duplas, trios e pequenos grupos.
brasileiras os espaços disponíveis para a prática
APRECIAÇÃO/CRÍTICA
e a aprendizagem de jogos, lutas, danças
esportes e ginásticas não apresentam a Assistir a jogos de futebol, olimpíadas,
adequação e a qualidade necessárias. Alterar apresentações de dança, capoeira, entre outros, é
esse quadro implica uma conjugação de esforços uma prática muito corrente fora da escola;
de comunidade e poderes públicos. entretanto, dentro das aulas de Educação Física
isso não acontece.
Essa situação, no entanto, não exclui a
possibilidade de uma potencialização de uso dos Ao se apreciarem essas diferentes
espaços já disponíveis. manifestações da cultura corporal, o aluno poderá
não só aprender mais sobre corpo e movimento de
Mesmo que não se tenha uma quadra
uma determinada cultura, como também a
convencional, é possível adaptar espaços para as
valorizar essas manifestações.
aulas de Educação Física. As crianças fazem isso
cotidianamente e é comum vê-las jogando gol-a-gol O professor, portanto, poderá criar
na porta de aço de uma garagem, ou usando um situações em que a atividade seja assistir e
portão como rede para um jogo de voleibol comentar os diferentes movimentos, estratégias,
adaptado. O professor pode utilizar um pátio, um posturas, etc. Isso pode ser feito assistindo a
vídeos, televisão ou mesmo pessoas da própria

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EDUCAÇÃO FÍSICA
comunidade escolar: alunos de outras classes, PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS
professores ou os próprios pais.
TER CEIR O E Q U ART O CICLO S
Prestar atenção aos próprios colegas em
DO ENSINO FU N D A M ENTAL
ação também é uma situação interessante. O
professor, em todas essas ocasiões, deve, EDUC AÇ ÃO FÍSI CA
juntamente com seus alunos, pontuar quais os
aspectos que devem ser observados, para que (5ª A 8ª SÉRIES)
depois se façam comentários, sistematizando o OBJETIVOS DO ENSINO FUNDAMENTAL
que pode ser aprendido e contribuindo com
aqueles que foram assistidos. Os Parâmetros Curriculares Nacionais
indicam como objetivos do ensino fundamental que
É possível que uma pessoa goste de os alunos sejam capazes de:
praticar um ou outro esporte, fazer uma ou outra
atividade física; entretanto, apreciar é algo que • compreender a cidadania como
todos podem fazer e amplia as possibilidades de participação social e política, assim como exercício
lazer e diversão. de direitos e deveres políticos, civis e sociais,
adotando, no dia-a-dia, atitudes de solidariedade,
A crítica está bastante vinculada à cooperação e repúdio às injustiças, respeitando
apreciação; entretanto, trata-se de uma o outro e exigindo para si o mesmo respeito;
avaliação mais voltada à questão da mídia.
• posicionar-se de maneira crítica,
Nesse sentido, o professor pode responsável e construtiva nas diferentes situações
questionar a forma como os meios de sociais, utilizando o diálogo como forma de mediar
comunicação apresentam padrões de beleza, conflitos e de tomar decisões coletivas;
saúde, estética, bem como aspectos éticos.
Assim, pode, por exemplo, fazer leituras dos • conhecer características fundamentais do
cadernos esportivos e discutir termos como Brasil nas dimensões sociais, materiais e culturais
“inimigos”, “guerra”, “batalha de morte”, que são como meio para construir progressivamente a
empregados para descrever jogos entre dois times noção de identidade nacional e pessoal e o
ou seleções e quais as implicações dessa sentimento de pertinência ao país;
utilização. Pode também pesquisar os tipos físicos • conhecer e valorizar a pluralidade do
em evidência nas propagandas, novelas, etc., e patrimônio sociocultural brasileiro, bem como
sua relação com o consumo de produtos e aspectos socioculturais de outros povos e nações,
serviços. posicionando-se contra qualquer discriminação
baseada em diferenças culturais, de classe social,
de crenças, de sexo, de etnia ou outras
características individuais e sociais;
• perceber-se integrante, dependente e
agente transformador do ambiente, identificando
seus elementos e as interações entre eles,
contribuindo ativamente para a melhoria do
meio ambiente;
• desenvolver o conhecimento ajustado
de si mesmo e o sentimento de confiança em
suas capacidades afetiva, física, cognitiva, ética,
estética, de inter-relação pessoal e de inserção
social, para agir com perseverança na busca de
conhecimento e no exercício da cidadania;
• conhecer o próprio corpo e dele cuidar,
valorizando e adotando hábitos saudáveis como um
dos aspectos básicos da qualidade de vida e agindo
com responsabilidade em relação à sua saúde e à
saúde coletiva;
• utilizar as diferentes linguagens — verbal,
musical, matemática, gráfica, plástica e corporal
— como meio para produzir, expressar e comunicar
suas idéias, interpretar e usufruir das produções
culturais, em contextos públicos e privados,
atendendo a diferentes intenções e situações de
comunicação;

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EDUCAÇÃO FÍSICA
• saber utilizar diferentes fontes de Educação Física no ensino fundamental. A
informação e recursos tecnológicos para adquirir seguir, localiza as principais tendências
e construir conhecimentos; pedagógicas e desenvolve a concepção da área,
situando-a como produção cultural. A primeira
• questionar a realidade formulando-se
parte trata das contribuições para a formação da
problemas e tratando de resolvê-los, utilizando
cidadania, sugerindo possíveis interfaces com os
para isso o pensamento lógico, a criatividade,
temas transversais, discutindo a natureza e a
a intuição, a capacidade de análise crítica,
especificidade do processo de ensino e
selecionando procedimentos e verificando sua
aprendizagem e expondo os objetivos gerais para
adequação.
o ensino fundamental.
ESTRUTURA DOS PARÂMETROS CURRICULARES
A segunda parte aborda o trabalho com as
NACIONAIS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL
quatro séries finais do ensino fundamental,
indicando objetivos, conteúdos e critérios de
avaliação. Os conteúdos são apresentados
segundo sua categoria conceitual,
procedimental e atitudinal, organizados em
blocos interrelacionados e são explicitados como
possíveis enfoques da ação do professor. Essa
parte contempla, também, aspectos didáticos
gerais e específicos da prática pedagógica em
Educação Física que podem auxiliar o professor
nas questões do cotidiano das salas de aula e serve
como ponto de partida para as discussões.
O trabalho de Educação Física nas séries
finais do ensino fundamental é muito importante na
medida em que possibilita aos alunos uma
ampliação da visão sobre a cultura corporal de
movimento, e, assim, viabiliza a autonomia para o
desenvolvimento de uma prática pessoal e a
capacidade para interferir na comunidade, seja na
manutenção ou na construção de espaços de
participação em atividades culturais, como jogos,
esportes, lutas, ginásticas e danças, com
finalidades de lazer, expressão de sentimentos,
afetos e emoções. Ressignificar esses elementos da
cultura e construí-los coletivamente é uma
proposta de participação constante e responsável
na sociedade.
APRESENTAÇÃO Secretaria de Educação Fundamental
Para boa parte das pessoas que EDUCAÇÃO FÍSI CA
freqüentaram a escola, a lembrança das aulas
de Educação Física é marcante: para alguns, uma 1 ª P A RTE
experiência prazerosa, de sucesso, de muitas
SÍNTESE DOS PRINCÍPIOS QUE NORTEIAM
vitórias; para outros, uma memória amarga, de
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL
sensações de incompetência, de falta de jeito, de
medo de errar... Os Parâmetros Curriculares Nacionais para
a área de Educação Física escolar trazem como
Os Parâmetros Curriculares Nacionais
contribuição para a reflexão e discussão da
de Educação Física trazem uma proposta que
prática pedagógica, três aspectos fundamentais,
procura democratizar, humanizar e diversificar a
expostos a seguir.
prática pedagógica da área, buscando ampliar, de
uma visão apenas biológica, para um trabalho Princípio da inclusão
que incorpore as dimensões afetivas, cognitivas e
A sistematização de objetivos, conteúdos,
socioculturais dos alunos. Incorpora, de forma
processos de ensino e aprendizagem e avaliação
organizada, as principais questões que o professor
tem como meta a inclusão do aluno na cultura
deve considerar no desenvolvimento de seu
corporal de movimento, por meio da participação e
trabalho, subsidiando as discussões, os
reflexão concretas e efetivas. Busca-se reverter o
planejamentos e as avaliações da prática de
quadro histórico da área de seleção entre
Educação Física.
indivíduos aptos e inaptos para as práticas
Na abertura, o documento apresenta a corporais, resultante da valorização exacerbada
síntese dos princípios que norteiam a do desempenho e da eficiência.

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EDUCAÇÃO FÍSICA
Princípio da diversidade discussão só alcançou a Educação Física escolar
muito tempo depois.
O princípio da diversidade aplica-se na
construção dos processos de ensino e Mais recentemente, na década de 70, a
aprendizagem e orienta a escolha de objetivos e Educação Física sofreu, mais uma vez, influências
conteúdos, visando a ampliar as relações entre importantes no aspecto político. O governo militar
os conhecimentos da cultura corporal de investiu nessa disciplina em função de diretrizes
movimento e os sujeitos da aprendizagem. Busca- pautadas no nacionalismo, na integração (entre
se legitimar as diversas possibilidades de os Estados) e na segurança nacionais,
aprendizagem que se estabelecem com a objetivando tanto a formação de um exército
consideração das dimensões afetivas, cognitivas, composto por uma juventude forte e saudável como
motoras e socioculturais dos alunos. a desmobilização das forças políticas
oposicionistas. As atividades esportivas também
Categorias de conteúdos
foram consideradas importantes na melhoria da
Os conteúdos são apresentados segundo força de trabalho para o “milagre econômico
sua categoria conceitual (fatos, conceitos e brasileiro”. Nesse período, estreitaram-se os
princípios), procedimental (ligados ao fazer) e vínculos entre esporte e nacionalismo. Um bom
atitudinal (normas, valores e atitudes). Os exemplo é o uso que se fez da campanha da seleção
conteúdos conceituais e procedimentais mantêm brasileira de futebol, na Copa do Mundo de 1970.
uma grande proximidade, na medida em que o
Em relação ao âmbito escolar, a partir do
objeto central da cultura corporal de movimento
gira em torno do fazer, do compreender e do sentir Decreto no 69.450, de 1971, a Educação Física
com o corpo. Incluem-se nessas categorias os passou a ser considerada como “a atividade que, por
próprios processos de aprendizagem, seus meios, processos e técnicas, desenvolve e
organização e avaliação. Os conteúdos aprimora forças físicas, morais, cívicas, psíquicas e
atitudinais apresentam-se como objetos de sociais do educando”. O decreto deu ênfase à
ensino e aprendizagem, e apontam para a aptidão física, tanto na organização das atividades
necessidade de o aluno vivênciá-los de modo como no seu controle e avaliação, e a iniciação
concreto no cotidiano escolar, buscando esportiva, a partir da quinta série, se tornou um
minimizar a construção de valores e atitudes por dos eixos fundamentais de ensino; buscava-se a
meio do “currículo oculto”. descoberta de novos talentos que pudessem
participar de competições internacionais,
CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA representando a pátria.
Influências, tendências e quadro atual
Nesse período, o chamado “modelo
No século XX, a Educação Física escolar piramidal” norteou as diretrizes políticas para a
sofreu, no Brasil, influências de correntes de Educação Física: a Educação Física escolar e o
pensamento filosófico, tendências políticas, desporto estudantil seriam a base da pirâmide; a
científicas e pedagógicas. Assim, até a década de melhoria da aptidão física da população urbana e o
50, a Educação Física ora sofreu influências empreendimento da iniciativa privada na
provenientes da filosofia positivista, da área organização desportiva para a comunidade
médica (por exemplo, o higienismo), de comporiam o desporto de massa, o segundo nível da
interesses militares (nacionalismo, instrução pré- pirâmide. Este se desenvolveria, tornando-se um
militar), ora acompanhou as mudanças no próprio desporto de elite, com a seleção de indivíduos aptos
pensamento pedagógico (por exemplo, a vertente para competir dentro e fora do país.
escola-novista na década de 50).
Na década de 80 os efeitos desse modelo
Nesse mesmo período histórico ocorreu a começaram a ser sentidos e contestados: o Brasil
importação de modelos de práticas corporais, como não se tornou uma nação olímpica e a competição
os sistemas ginásticos alemão e sueco e o esportiva da elite não aumentou significativamente
método francês, entre as décadas de 10 e 20, e o o número de praticantes de atividades físicas.
método desportivo generalizado, nas décadas de Iniciou-se então uma profunda crise de identidade
50 e 60. nos pressupostos e no próprio discurso da
Contudo, observa-se na história da Educação Física, que originou uma mudança
Educação Física uma distância entre as concepções expressiva nas políticas educacionais: a Educação
teóricas e a prática real nas escolas. Ou seja, Física escolar, que estava voltada principalmente
nem sempre os processos de ensino e para a escolaridade de quinta a oitava séries do
aprendizagem acompanharam as mudanças, às primeiro grau, passou a dar prioridade ao
vezes bastante profundas, que ocorreram no segmento de primeira a quarta séries e também
pensamento pedagógico desta área. Por à pré- escola. O objetivo passou a ser o
exemplo, a co-educação (meninos e meninas na desenvolvimento psicomotor do aluno, propondo-se
mesma turma) era uma proposta dos escola- retirar da escola a função de promover os esportes
novistas desde a década de 20, mas essa de alto rendimento.

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EDUCAÇÃO FÍSICA
O campo de debates se fertilizou e as com o ato de aprender, com os processos
primeiras produções surgiram apontando o cognitivos, afetivos e psicomotores, ou seja,
rumo das novas tendências da Educação Física. Às buscando garantir a formação integral do aluno. A
recém-criadas organizações da sociedade civil, bem Educação Física é, assim, apenas um meio para
como entidades estudantis, sindicais e ensinar Matemática, Língua Portuguesa,
partidárias, somaram-se setores do meio sociabilização... Para este modelo, a Educação
universitário identificados com as tendências Física não tem um conteúdo próprio, mas é um
progressistas. Simultaneamente, a criação dos conjunto de meios para a reabilitação, readaptação e
primeiros cursos de pós-graduação em integração, substituindo o conteúdo que até então era
Educação Física, o retorno de professores predominantemente esportivo, o qual valorizava a
doutorados que estavam fora do Brasil, as aquisição do esquema motor, lateralidade,
publicações de um número maior de livros e consciência corporal e coordenação viso-motora.
revistas, bem como o aumento do número de
Este discurso penetrou no contexto
congressos e outros eventos dessa natureza
escolar, tendo sido aceito pelos diferentes
foram fatores que contribuíram para esse debate.
segmentos que o compõem, como diretores,
As relações entre Educação Física e coordenadores e professores. O discurso e a
sociedade passaram a ser discutidas sob a prática da Educação Física sob a influência da
influência das teorias críticas da educação: psicomotricidade conduzem à necessidade de o
seu papel e sua dimensão política foram professor de Educação Física sentir-se um
questionados. professor com responsabilidades escolares e
pedagógicas. Buscam desatrelar sua atuação na
ALGUMAS TENDÊNCIAS
escola dos pressupostos da instituição desportiva,
PEDAGÓGICA S DA EDUCAÇÃO FÍSICA
valorizando o processo de aprendizagem e não
ESCOL AR
mais a execução de um gesto técnico isolado.
Em oposição à vertente mais tecnicista,
A principal vantagem desta abordagem é
esportivista e biologicista surgem novas
que ela possibilitou uma maior integração com a
abordagens na Educação Física escolar a partir
proposta pedagógica ampla e integrada da
do final da década de 70, inspiradas no
Educação Física nos primeiros anos de educação
momento histórico social pelo qual passou o
formal. Porém, representou o abandono do que era
país, nas novas tendências da educação de uma
específico da Educação Física, como se o
maneira geral, além de questões específicas da
conhecimento do esporte, da dança, da
própria Educação Física.
ginástica e dos jogos fosse, em si, inadequado
Atualmente coexistem na área várias para os alunos.
concepções, todas elas tendo em comum a
Abordagem construtivista
tentativa de romper com o modelo anterior, fruto
de uma etapa recente da Educação Física. Essas É preciso lembrar que, no âmbito da
abordagens resultam da articulação de diferentes Educação Física, a psicomotricidade influenciou a
teorias psicológicas, sociológicas e concepções perspectiva construtivista-interacionista na questão
filosóficas. Todas essas correntes têm ampliado da busca da formação integral, com a inclusão das
os campos de ação e reflexão para a área, o que a dimensões afetivas e cognitivas ao movimento
aproxima das ciências humanas. Embora humano. Na discussão do objeto da Educação Física
contenham enfoques diferenciados entre si, escolar, ambas trazem uma proposta de ensino
com pontos muitas vezes divergentes, têm em para a área que abrange principalmente crianças na
comum a busca de uma Educação Física que faixa etária até os 10-11 anos.
articule as múltiplas dimensões do ser humano.
Na perspectiva construtivista, a intenção é a
As abordagens que tiveram maior construção do conhecimento a partir da interação
impacto a partir de meados da década de 70 são do sujeito com o mundo, e para cada criança a
comumente denominadas de psicomotora, construção desse conhecimento exige
construtivista e desenvolvimentista com elaboração, ou seja, uma ação sobre o mundo.
enfoques da psicologia crítica, com enfoque Nesta concepção, a aquisição do conhecimento é
sociopolítico, embora outras transitem pelos um processo construído pelo indivíduo durante toda
meios acadêmico e profissional, como, por a sua vida, não estando pronto ao nascer nem sendo
exemplo, a sociológica-sistêmica e a adquirido passivamente de acordo com as
antropológica-cultural. pressões do meio. Conhecer é sempre uma ação
que implica esquemas de assimilação e
Abordagem psicomotora
acomodação num processo de constante
A psicomotricidade é o primeiro reorganização.
movimento mais articulado que aparece a partir
A meta da construção do conhecimento é
da década de 70 em contraposição aos modelos
evidente quando alguns autores propõem como
anteriores. Nele, o envolvimento da Educação
objetivo da Educação Física respeitar o universo
Física é com o desenvolvimento da criança,
cultural dos alunos, explorar a gama múltipla de
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EDUCAÇÃO FÍSICA
possibilidades educativas de sua atividade lúdica aprendizagem das habilidades motoras seja
e, gradativamente, propor tarefas cada vez mais alcançada. A criança deve aprender a se
complexas e desafiadoras com vista à construção movimentar para adaptar-se às demandas e às
do conhecimento. exigências do cotidiano, ou seja, corresponder aos
desafios motores.
A proposta teve o mérito de levantar a
questão da importância de se considerar o A partir dessa perspectiva passou a ser
conhecimento que a criança já possui na extremamente difundida a questão da
Educação Física escolar, incluindo os adequação dos conteúdos ao longo das faixas
conhecimentos prévios dos alunos no processo de etárias. A exemplo do domínio cognitivo, foi
ensino e aprendizagem. Essa perspectiva também proposta uma taxionomia para o
procurou alertar os professores sobre a importância desenvolvimento motor, ou seja, uma classificação
da participação ativa dos alunos na solução de hierárquica dos movimentos dos seres humanos.
problemas.
Abordagens críticas
Abordagem desenvolvimentista
Com apoio nas discussões que vinham
A abordagem desenvolvimentista é ocorrendo nas áreas educacionais e na tentativa de
dirigida especificamente para a faixa etária até 14 romper com o modelo hegemônico do esporte
anos e busca nos processos de aprendizagem e praticado nas aulas de Educação Física, a partir da
desenvolvimento uma fundamentação para a década de 80 são elaborados os primeiros
Educação Física escolar. É uma tentativa de pressupostos teóricos num referencial crítico, com
caracterizar a progressão normal do fundamento no materialismo histórico e dialético.
crescimento físico, do desenvolvimento motor e
As abordagens críticas passaram a
da aprendizagem motora em relação à faixa
questionar o caráter alienante da Educação Física
etária e, em função dessas características,
na escola, propondo um modelo de superação das
sugerir aspectos ou elementos relevantes à
contradições e injustiças sociais. Assim, uma
estruturação de um programa para a Educação
Educação Física crítica estaria atrelada às
Física na escola.
transformações sociais, econômicas e políticas, tendo
A abordagem defende a idéia de que o em vista a superação das desigualdades sociais.
movimento é o principal meio e fim da Educação
Esta abordagem levanta questões de
Física, propugnando a especificidade do seu
poder, interesse e contestação. Acredita que
objeto. Sua função não é desenvolver capacidades
qualquer consideração sobre a pedagogia mais
que auxiliem a alfabetização e o pensamento
apropriada deve versar não somente sobre como
lógico-matemático, embora tal possa ocorrer
se ensinam e como se aprendem esses
como um subproduto da prática motora. Em
conhecimentos, mas também sobre as suas
suma, uma aula de Educação Física deve
implicações valorativas e ideológicas, valorizando a
privilegiar a aprendizagem do movimento,
questão da contextualização dos fatos e do resgate
conquanto possam estar ocorrendo outras
histórico. Busca possibilitar a compreensão, por parte
aprendizagens, de ordem afetivo-social e
do aluno, de que a produção cultural da humanidade
cognitiva, em decorrência da prática das
expressa uma determinada fase e que houve
habilidades motoras.
mudanças ao longo do tempo. Essa reflexão
Grande parte do modelo conceitual desta pedagógica é compreendida como sendo um
abordagem relaciona-se com o conceito de projeto político- pedagógico. Político porque
habilidade motora, pois é por meio dela que os encaminha propostas de intervenção em
seres humanos se adaptam aos problemas do determinada direção, e pedagógico porque
cotidiano. Como as habilidades mudam ao longo da propõe uma reflexão sobre a ação dos homens
vida do indivíduo, desde a concepção até a morte, na realidade, explicitando suas determinações.
constituíram-se numa área de conhecimento
Quanto à seleção de conteúdos para as
da Educação Física — o Desenvolvimento
aulas de Educação Física, sugere que se
Motor. Ao mesmo tempo, estruturou-se também
considere a sua relevância social, sua
uma outra área em torno da questão de como
contemporaneidade e sua adequação às
os seres humanos aprendem as habilidades
características sociocognitivas dos alunos. Em
motoras — a Aprendizagem Motora.
relação à organização do currículo, ressalta que é
Para a abordagem desenvolvimentista, a preciso fazer o aluno confrontar os conhecimentos do
Educação Física deve proporcionar ao aluno senso comum com o conhecimento científico, para
condições para que seu comportamento motor ampliar o seu acervo.
seja desenvolvido pela interação entre o
Além disso, sugere que os conteúdos
aumento da diversificação e a complexidade dos
selecionados para as aulas de Educação Física
movimentos. Assim, o principal objetivo da
devem propiciar uma melhor leitura da realidade
Educação Física é oferecer experiências de
pelos alunos e possibilitar, assim, sua inserção
movimento adequadas ao seu nível de
transformadora nessa realidade.
crescimento e desenvolvimento, a fim de que a
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EDUCAÇÃO FÍSICA
A Educação Física é entendida como uma conhecimentos da cultura corporal de movimento. Por
área que trata de um tipo de conhecimento, outro lado, interesses políticos e econômicos
denominado cultura corporal de movimento, escusos podem, a partir de uma interpretação
que tem como temas o jogo, a ginástica, o distorcida da lei, legitimar a descaracterização da
esporte, a dança, a capoeira e outras Educação Física escolar, tornando-a mera área
temáticas que apresentarem relações com os técnica ou recreativa, desprovida de função no
principais problemas dessa cultura corporal de processo educativo pleno.
movimento e o contexto histórico-social dos
É fundamental, portanto, que a escola,
alunos.
a comunidade de pais e alunos e
Em resumo, a introdução das principalmente o professor valorizem-se e sejam
abordagens psicomotora, construtivista, valorizados, assumindo a responsabilidade da
desenvolvimentista, e críticas no espaço do integração desta área de conhecimento humano
debate da Educação Física proporcionou uma ao projeto pedagógico de cada escola, exigindo
ampliação da visão da área, tanto no que diz plenas condições para o exercício de seu
respeito à natureza de seus conteúdos quanto no trabalho, garantindo para o aluno a manutenção
que refere aos seus pressupostos pedagógicos de de número adequado de aulas e de condições
ensino e aprendizagem. Reavaliaram- se e efetivas para a aprendizagem.
enfatizaram-se as dimensões psicológicas,
Os Parâmetros Curriculares Nacionais se
sociais, cognitivas, afetivas e políticas,
propõem a contribuir nessa construção, fornecendo
concebendo o aluno como ser humano integral.
subsídios para a discussão e concretização da
Além disso, foram englobados objetivos
proposta curricular de cada escola.
educacionais mais amplos, não apenas
voltados para a formação de físico que pudesse Educação Física e a cultura corporal
sustentar a atividade intelectual, e conteúdos mais de movimento
diversificados, não só restritos a exercícios
O ser humano, desde suas origens,
ginásticos e esportes.
produziu cultura. Sua história é uma história de
Quadro atual cultura na medida em que tudo o que faz é parte
de um contexto em que se produzem e
Na atualidade, as quatro grandes
reproduzem conhecimentos. O conceito de
tendências apontadas têm se desdobrado em
cultura é aqui entendido, simultaneamente, como
novas propostas pedagógicas, em função do
produto da sociedade e como processo dinâmico que
avanço da pesquisa e da reflexão teórica
vai constituindo e transformando a coletividade à qual
específicas da área e da educação escolar de
os indivíduos pertencem, antecedendo-os e
forma geral, e da sistematização decorrente da
transcendendo-os.
reflexão sobre a prática pedagógica concreta de
escolas e professores, que, muitas vezes dentro Não se trata aqui do termo cultura no
de situações desfavoráveis, seguem inovando. sentido mais usual, empregado para definir certo
Ao mesmo tempo, infelizmente, encontra-se saber, ilustração, refinamento de maneiras. No
ainda, em muitos contextos, a prática de sentido antropológico do termo, afirma- se que todo
propostas de ensino pautadas em concepções e qualquer indivíduo nasce no contexto de uma
ultrapassadas, que não suprem as cultura. Não existe homem sem cultura, mesmo
necessidades e as possibilidades da educação que não saiba ler, escrever e fazer contas. Pode-se
contemporânea. dizer que o homem é biologicamente incompleto;
não sobreviveria sozinho sem a participação das
Nesse contexto, instala-se um novo
pessoas e do grupo que o geraram.
ordenamento legal na proposição da atual Lei de
Diretrizes e Bases, que orienta para a A cultura é o conjunto de códigos
integração da Educação Física na proposta simbólicos reconhecíveis pelo grupo, e é por
pedagógica da escola. Ao delegar autonomia para intermédio desses códigos que o indivíduo é
a construção de uma proposta pedagógica formado desde o nascimento. Durante a infância,
integrada, a nova lei responsabiliza a própria por esses mesmos códigos, aprende os valores
escola e o professor pela adaptação da ação do grupo; por eles é mais tarde introduzido nas
educativa escolar às diferentes realidades e obrigações da vida adulta, da maneira como cada
demandas sociais. grupo social as concebe.
É importante ressaltar que essa A fragilidade de recursos biológicos fez com
autonomia deve pressupor a valorização do que os seres humanos buscassem suprir as
professor e da instituição escolar, criando insuficiências com criações que tornassem os
condições concretas e objetivas para o exercício movimentos mais eficientes e satisfatórios,
produtivo dessa responsabilidade, pois a procurando desenvolver diversas possibilidades de
possibilidade de construção deve gerar um avanço uso do corpo com o intuito de solucionar as mais
em direção ao exercício pleno da cidadania, variadas necessidades.
garantindo a todos os alunos o acesso aos

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EDUCAÇÃO FÍSICA
Entre essas possibilidades e necessidades A Educação Física tem uma história de
podem-se incluir motivos militares, relativos ao pelo menos um século e meio no mundo ocidental
domínio e ao uso de espaço; motivos moderno. Possui uma tradição e um saber-fazer
econômicos, que dizem respeito às tecnologias ligados ao jogo, ao esporte, à luta, à dança e à
de caça, pesca e agricultura; motivos de saúde, ginástica, e, a partir deles, tem buscado a
pelas práticas compensatórias e profiláticas. formulação de um recorte epistemológico próprio.
Podem-se incluir, ainda, motivos religiosos, no que
O trabalho na área da Educação Física
se referem aos rituais e festas; motivos artísticos,
tem seus fundamentos nas concepções
ligados à construção e à expressão de idéias e
socioculturais de corpo e movimento, e a natureza
sentimentos; e por motivações lúdicas,
do trabalho desenvolvido nessa área se relaciona
relacionadas ao lazer e ao divertimento.
intimamente com a compreensão que se tem
Algumas práticas com motivos de caráter desses dois conceitos.
utilitário relacionam-se mais diretamente à
Historicamente, suas origens militares e
realidade objetiva com suas exigências de
médicas e seu atrelamento quase servil aos
sobrevivência, adaptação ao meio, produção de
mecanismos de manutenção do status quo
bens, resolução de problemas e, nesse sentido,
vigente na sociedade brasileira contribuíram para
são conceitualmente mais próximas do trabalho.
que tanto a prática como a reflexão teórica no
Outras, com motivos de caráter campo da Educação Física restringissem os
eminentemente subjetivo e simbólico, são conceitos de corpo e movimento — fundamentos
realizadas com fim em si mesmas, por prazer e de seu trabalho — aos seus aspectos fisiológicos e
divertimento. Estão mais próximas do lazer e da técnicos.
fantasia, embora suas origens, em muitos casos,
No entanto, é necessário superar a
estejam em práticas utilitárias. Por exemplo, a
ênfase na aptidão física para o rendimento
prática do remo, da caça e da pesca por lazer e
padronizado, decorrente deste referencial
não por sobrevivência, o caminhar como passeio
conceitual, e caracterizar a Educação Física de
e o correr como competição e não como forma de
forma mais abrangente, incluindo todas as
locomoção. Assim, às atividades desse segundo
dimensões do ser humano envolvidas em cada
agrupamento pode-se atribuir o conceito de
prática corporal.
atividade lúdica, de certo modo diferenciada do
trabalho. Atualmente, a análise crítica e a busca de
superação dessa concepção apontam a
Com um caráter predominantemente
necessidade de que se considerem também as
utilitário ou lúdico, todas visam, a seu modo, a
dimensões cultural, social, política e afetiva,
combinar o aumento da eficiência dos
presentes no corpo vivo, isto é, no corpo das
movimentos corporais com a busca da satisfação
pessoas, que interagem e se movimentam como
e do prazer na sua execução. A rigor, o que define o
sujeitos sociais e como cidadãos.
caráter lúdico ou utilitário não é a atividade em si,
mas a intenção do praticante; por exemplo, um Buscando uma compreensão que melhor
esporte pode ser praticado com fins utilitários, no contemple a complexidade da questão, a proposta
caso do esportista profissional, e pode ser dos Parâmetros Curriculares Nacionais adotou a
praticado numa perspectiva de prazer e distinção entre organismo — no sentido
divertimento, pelo cidadão comum. estritamente fisiológico — e corpo — que se
relaciona dentro de um contexto sociocultural — e
Derivaram daí conhecimentos e
aborda os conteúdos da Educação Física como
representações que se transformam ao longo
expressão de produções culturais, como
do tempo. Ressignificadas, suas
conhecimentos historicamente acumulados e
intencionalidades, formas de expressão e
socialmente transmitidos.
sistematização constituem o que se pode chamar
de cultura corporal de movimento. Portanto, entende-se a Educação Física
como uma área de conhecimento da cultura
Dentro desse universo de produções da
corporal de movimento e a Educação Física
cultura corporal de movimento, algumas foram
escolar como uma disciplina que introduz e
incorporadas pela Educação Física como
integra o aluno na cultura corporal de movimento,
objetos de ação e reflexão: os jogos e
formando o cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la
brincadeiras, os esportes, as danças, as
e transformá-la, instrumentalizando-o para usufruir
ginásticas e as lutas, que têm em comum a
dos jogos, dos esportes, das danças, das lutas e
representação corporal de diversos aspectos
das ginásticas em benefício do exercício crítico da
da cultura humana. São atividades que
cidadania e da melhoria da qualidade de vida.
ressignificam a cultura corporal humana e o fazem
utilizando ora uma intenção mais próxima do caráter Trata-se, portanto, de localizar em cada uma
lúdico, ora mais próxima do pragmatismo e da dessas modalidades (jogo, esporte, dança, ginástica
objetividade. e luta) seus benefícios humanos e suas
possibilidades de utilização como instrumentos

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EDUCAÇÃO FÍSICA
de comunicação, expressão de sentimentos e no processo de ensino e aprendizagem, para evitar a
emoções, de lazer e de manutenção e melhoria exclusão ou alienação na relação com a cultura
da saúde. E a partir deste recorte, formular as corporal de movimento.
propostas de ensino e aprendizagem da
Além disso, aponta para uma perspectiva
Educação Física escolar.
metodológica de ensino e aprendizagem que busca o
É fundamental também que se faça uma desenvolvimento da autonomia, a cooperação, a
clara distinção entre os objetivos da Educação participação social e a afirmação de valores e
Física escolar e os objetivos do esporte, da princípios democráticos.
dança, da ginástica e da luta profissionais.
O lazer e a disponibilidade de espaços
Embora sejam uma fonte de informações, não
públicos para as práticas da cultura corporal de
podem transformar-se em meta a ser almejada
movimento são necessidades essenciais ao
pela escola, como se fossem fins em si mesmos.
homem contemporâneo e, por isso, direitos do
A Educação Física escolar deve dar cidadão. Os alunos podem compreender que os
oportunidades a todos os alunos para que esportes e as demais atividades corporais não
desenvolvam suas potencialidades, de forma devem ser privilégio apenas dos esportistas
democrática e não seletiva, visando seu profissionais ou das pessoas em condições de pagar
aprimoramento como seres humanos. Cabe por academias e clubes. Dar valor a essas atividades
assinalar que os alunos portadores de e reivindicar o acesso a centros esportivos e de lazer,
necessidades especiais não podem ser privados e a programas de práticas corporais dirigidos à
das aulas de Educação Física. população em geral, é um posicionamento que
pode ser adotado a partir dos conhecimentos
Seja qual for o objeto de conhecimento
adquiridos nas aulas de Educação Física.
em questão, os processos de ensino e
aprendizagem devem considerar as No âmbito da Educação Física, os
características dos alunos em todas as suas conhecimentos construídos devem possibilitar a
dimensões (cognitiva, corporal, afetiva, ética, análise crítica dos valores sociais, como os
estética, de relação interpessoal e inserção padrões de beleza e saúde, desempenho,
social). Sobre o jogo da amarelinha, o de voleibol competição exacerbada, que se tornaram
ou uma dança, o aluno deve aprender, para além dominantes na sociedade, e do seu papel como
das técnicas de execução (conteúdos instrumento de exclusão e discriminação social.
procedimentais), a discutir regras e estratégias,
A atuação dos meios de comunicação e da
apreciá-los criticamente, analisá-los
indústria do lazer em produzir, transmitir e impor
esteticamente, avaliá-los eticamente, ressignificá-
esses valores, ao adotar o esporte-espetáculo
los e recriá-los (conteúdos atitudinais e conceituais).
como produto de consumo, torna imprescindível
É tarefa da Educação Física escolar, a atuação da Educação Física escolar. Esta deve
portanto, garantir o acesso dos alunos às práticas fornecer informações políticas, históricas e
da cultura corporal, contribuir para a construção sociais que possibilitem a análise crítica da
de um estilo pessoal de praticá-las, e oferecer violência, dos interesses políticos e econômicos, do
instrumentos para que sejam capazes de doping, dos sorteios e loterias, entre outros
apreciá-las criticamente. aspectos.
Educação Física e cidadania O vínculo direto que a indústria cultural e
do lazer estabelece entre o acesso aos
A concepção de cultura corporal de
conhecimentos da cultura corporal de movimento e
movimento amplia a contribuição da Educação
o consumo de produtos deve ser alvo de
Física escolar para o pleno exercício da
esclarecimento e reflexão.
cidadania, na medida em que, tomando seus
conteúdos e as capacidades que se propõe a A compreensão da organização
desenvolver como produtos socioculturais, institucional da cultura corporal de movimento na
afirma como direito de todos o acesso e a sociedade, incluindo uma visão crítica do sistema
participação no processo de aprendizagem. esportivo profissional, deve dar subsídios para uma
Favorece, com isso, a modificação do histórico discussão sobre a ética do esporte profissional e
da área, que aponta para um processo de ensino amador, sobre a discriminação sexual e racial que
e aprendizagem centrado no desempenho físico neles existe. Essa discriminação pode ser
e técnico, resultando em muitos momentos numa compreendida pela explicitação de atitudes
seleção entre indivíduos aptos e inaptos para as cotidianas, muitas vezes inconscientes e
práticas da cultura corporal de movimento. automáticas, pautadas em preconceitos. Contribui
para essa compreensão, por exemplo, o
O princípio da inclusão do aluno é o eixo
conhecimento do processo político e histórico de
fundamental que norteia a concepção e a ação
inclusão dos negros e das mulheres nas práticas
pedagógica da Educação Física escolar,
organizadas dos esportes em olimpíadas e
considerando todos os aspectos ou elementos, seja
campeonatos mundiais. Pode, ainda, favorecer a
na sistematização de conteúdos e objetivos, seja
formação de uma consciência individual e social
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EDUCAÇÃO FÍSICA
pautada no bem-estar, em posturas não- falar nos programas especificamente esportivos de
preconceituosas e não- discriminatórias e, ainda, reportagens e comentários. É possível assistir ao
no cultivo dos valores coerentes com a ética campeonato americano de basquetebol, ao
democrática. campeonato espanhol ou japonês de futebol, à
maratona de Nova York, a ciclismo ou hóquei, e
Mídia e cultura corporal de
assim por diante. A mídia apresenta uma
movimento
concepção prevalecente do que é esporte e do
A adolescência tem como uma de suas que é ser esportista, muitas vezes associada a
características atuais a capacidade de produzir “vencer na vida”, cultivando como valores o esforço
formas culturais próprias. Essa “cultura dos intenso, o dinheiro, as medalhas olímpicas e
jovens” está muito associada aos meios de recordes. Por outro lado, numa aparente
comunicação, em especial a televisão, e contradição, ela tende a chamar de “esporte” todas
valoriza o uso de uma linguagem audiovisual as atividades corporais que visam à melhoria da
(combinação de palavras, imagens e música) condição física (andar, correr, “malhar” na
que se manifesta na própria comunicação entre academia etc.), à superação de desafios (body-
os jovens (uso de gestos corporais, jumping, asa-delta) ou a atividades na natureza
onomatopéias, gírias, palavras e frases (montanhismo, trilhas ecológicas).
truncadas etc.) e na linguagem da mídia
Mas também há aulas de ginástica
(videoclipes, imagens produzidas por
aeróbica pela televisão, médicos dão entrevistas
computação gráfica, desenhos e fotos
falando dos benefícios e riscos da atividade física,
associadas a textos concisos nas revistas e
comentaristas informam sobre táticas e regras nas
jornais etc.).
partidas de futebol, vôlei ou basquete, e revistas
A mídia está presente no cotidiano dos femininas e para adolescentes sugerem exercícios e
alunos, transmitindo informações, alimentando um equipamentos para deixar o corpo em forma.
imaginário e construindo um entendimento de Informações nem sempre corretas, nem sempre
mundo. Os alunos permanecem muitas horas confiáveis, mas que se sobrepõem pela baixa
diante do aparelho de televisão, que hoje rivaliza capacidade crítica da maioria dos telespectadores e
com a escola e com a família como fonte de leitores. Tudo isso levou o nível de informações
formação de valores e atitudes. Contudo, o que publicamente partilhadas na área da cultura
a mídia propicia, num primeiro momento, é um corporal de movimento a um patamar nunca antes
grande mosaico sem estrutura lógica aparente, atingido na História.
composto de informações desconexas e, em geral,
No caso do esporte, a televisão produziu uma
descontextualizadas.
nova modalidade — o esporte espetáculo — que se
Também no campo da cultura corporal de apóia na sofisticação de modernos recursos
movimento a atuação da mídia é crescente e tecnológicos. Nas transmissões de natação,
decisiva na construção de novos significados e ginástica, hóquei, pára-quedismo, vôlei, corrida de
modalidades de entretenimento e consumo. O automóveis, esportes na neve, ciclismo, e esportes
esporte, as ginásticas, as danças e as lutas radicais, o close, a câmara lenta, o replay, os recursos
tornam-se, cada vez mais, produtos de consumo gráficos propiciados pela informática, as
(mesmo que apenas como imagens) e objetos de minicâmaras acopladas nos capacetes dos atletas
conhecimento e informações amplamente e nos automóveis de corrida tornam quase todas as
divulgados ao grande público. Jornais, revistas, modalidades espetáculos televisivos em potencial.
videogames, rádio e televisão difundem idéias Mesmo as tradicionais transmissões de partidas
sobre a cultura corporal de movimento, e muitas de futebol utilizam cada vez mais câmaras,
dessas produções são dirigidas especificamente microfones no campo, replay computadorizado (o
ao público adolescente e infantil. Os alunos tira-teima) e outros recursos que propiciam ao
também tomam contato, às vezes telespectador uma experiência muito diferente de
precocemente, com práticas corporais e assistir ao vivo.
esportivas do mundo adulto. Hoje, todos os
Nas atividades rítmicas e expressivas,
indivíduos são consumidores potenciais do
particularmente nas danças urbanas do universo pop,
esporte-espetáculo, senão como torcedores nos
ocorre o mesmo fenômeno de espetacularização nos
estádios e quadras, ao menos como
videoclipes realizados com edições em velocidade
espectadores de televisão.
alucinante e efeitos especiais.
É evidente que, na mídia, existe uma
Na verdade, a televisão ilude o
participação majoritária do esporte como notícia,
espectador, dando-lhe a falsa sensação de
transmissão de eventos ao vivo ou
contato direto com a realidade, quando existe uma
simplesmente como temática (por exemplo, na
distância entre a prática real do esporte e da
publicidade). Basta ligar a televisão para
dança e o que se vê na TV. Há um processo de
perceber que o esporte está em toda parte. Em
mediação entre a realidade e a imagem, que
novelas, noticiários, programas de auditório,
envolve a seleção e a edição de fatos e aspectos,
filmes, seriados, desenhos animados, para não
segundo uma lógica de espetacularização que é em
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EDUCAÇÃO FÍSICA
parte motivada por interesses econômicos, em Educação Física e os temas
parte pela própria especificidade da linguagem transversais
televisiva, cujas possibilidades são levadas às
A Educação Física dentro da sua
últimas conseqüências. Isso leva, em geral, à
especificidade deverá abordar os temas
fragmentação e à descontextualização do
transversais, apontados como temas de urgência
fenômeno esportivo e corporal em geral,
para o país como um todo, além de poder tratar
dissociando-o, ainda mais, da experiência
outros relacionados às necessidades específicas de
primeira de praticar modalidades da cultura
cada região. Sobre cada tema este documento traz
corporal ativamente.
algumas reflexões para serem tratadas pela área,
Por exemplo, a cada final de semana com a intenção de ampliar o olhar sobre a prática
realizam-se centenas de milhares de partidas de cotidiana e, ao mesmo tempo, estimular a
futebol em todo o mundo. Terão destaque no reflexão para a construção de novas formas de
noticiário de domingo à noite, além das partidas abordagem dos conteúdos.
de nível técnico mais elevado, em geral dos
ÉTICA
países mais importantes do cenário do futebol
mundial, aquela ou aquelas em que O desenvolvimento moral do indivíduo, que
ocorreram cenas de violência, resulta das relações entre a afetividade e a
independentemente da origem geográfica ou racionalidade, encontra no universo da cultura
nível técnico, induzindo os telespectadores à falsa corporal um contexto bastante peculiar, no qual a
opinião de que o futebol é, ou está se tornando, intensidade e a qualidade dos estados afetivos
um esporte violento. E as outras milhares de experimentados corporalmente nas práticas da
partidas, nas quais tantas pessoas, sejam cultura de movimento literalmente afetam as
atletas ou não, vivenciaram uma experiência atitudes e decisões racionais.
corporal que lhes propiciou satisfação e bem-
A vivência concreta de sensações de
estar, oportunidades de sociabilização e
excitação, irritação, prazer, cansaço e
autoconhecimento no confronto com outrem etc.?
A televisão raramente fala sobre isso. eventualmente até dor, junto à mobilização intensa
de emoções e sentimentos de satisfação, medo,
Nesse contexto, aparecem vergonha, alegria e tristeza, configuram um desafio à
conseqüências importantes para a Educação racionalidade. Desafio no melhor sentido de controle
Física. Em primeiro lugar, os alunos possuem e de adequação na expressão desses
muitas informações sobre a cultura corporal de sentimentos e emoções, pois se processam em
movimento em geral e sobre esportes em contextos em que as regras, os gestos, as relações
particular, exigindo do professor uma atualização interpessoais, as atitudes pessoais e suas
constante. A mídia exerce uma função genérica conseqüências são claramente delimitadas. E,
de conhecimento sobre essa cultura, o que habitualmente, distintas das experimentadas na
pode enriquecer a sua apreciação e interpretação vida cotidiana.
pelos alunos. A imagem possui uma importância
Aqui reside a riqueza e o paradoxo das
cognitiva na atualidade e vai ao encontro da
cultura audiovisual cultivada pelos alunos. O práticas da cultura corporal, particularmente nas
professor precisa estar permanentemente atento situações que envolvem interação social, de criar
uma situação de intensa mobilização afetiva, em
à mídia, a fim de não perder um importante canal de
que o caráter ético do indivíduo se explicita para si
diálogo e compartilhamento de interesses. Em
mesmo e para o outro por meio de suas atitudes,
segundo lugar, há um evidente descompasso
entre o nível técnico difundido pelo esporte- permitindo a tomada de consciência e a reflexão
espetáculo da TV e as reais possibilidades de sobre esses valores mais íntimos.
alunos, professores e escola atingirem-no. Como O que se quer ressaltar é a possibilidade de
atingir o nível técnico dos astros do basquete construir formas operacionais de praticar e refletir
americano, ou de qualquer outra modalidade sobre esses valores, a partir da constatação de que
exercida profissionalmente? apenas a prática das atividades e o discurso verbal
Não se podem ignorar a mídia e as práticas do professor resultam insuficientes na sua
corporais que ela retrata. Esse é o universo em que transmissão e incorporação pelo estudante.
as novas gerações socializam-se na cultura O respeito mútuo, a justiça, a dignidade
corporal de movimento, pois o futebol, por e a solidariedade podem, portanto, ser
exemplo, não é mais só uma pelada num exercidos dentro de contextos significativos,
terreno baldio, é também videogame e estabelecidos em muitos casos de maneira
espetáculo da TV. Portanto, a Educação Física autônoma pelos próprios participantes. E podem,
deverá manter um permanente diálogo crítico para além de valores éticos tomados como
com a mídia, trazendo-a para dentro da escola referência de conduta e relacionamento, tornar-se
como um novo dado relacionado à cultura procedimentos concretos a serem exercidos e
corporal de movimento. cultivados nas práticas da cultura corporal.

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EDUCAÇÃO FÍSICA
No caso específico dos jogos, esportes e atribui valores às atitudes pessoais, e que, em
lutas, certamente não se pode estabelecer uma muitos contextos, acaba por legitimar a
relação direta entre uma atitude pautada na ética transferência da responsabilidade das atitudes
dentro e fora da situação de jogo, ou seja, ser justo pessoais para o grupo ou para o juiz. Em
no jogo não implica necessariamente ser justo nas qualquer âmbito, a responsabilidade moral pelas
relações sociais concretas e objetivas. O inverso atitudes é conseqüência do ato em si,
também é verdadeiro, pois nem sempre uma independente de ter sido percebido ou não pelo
atitude pautada no respeito mútuo se mantém outro. O futebol profissional atualmente traz
no calor de uma disputa lúdica. Nesse universo elementos para essa discussão, na medida em
de situações, portanto, podem-se valorizar a que as tentativas de simulação são
possibilidade de construção coletiva e a priori das consideradas passíveis de punição pela regra e,
regras e os acordos firmados entre os em algumas transmissões pela TV, existe um
participantes. Pois quando ocorre um comentarista específico para o árbitro.
descumprimento do que foi combinado se
A apreciação do esporte-espetáculo
estabelece uma relação de responsabilidade pela
permite conhecer e diferenciar as referências de
conseqüência das atitudes intrínsecas à própria
valores e atitudes presentes nas práticas da
atividade.
cultura corporal exercidas profissionalmente, nas
Ao interagirem com os adversários, os quais, obviamente, a vitória, a derrota, a regra e a
alunos podem exercer o respeito mútuo, transgressão da regra adquirem outra conotação,
buscando participar de forma leal e não- outro tipo de conseqüência.
violenta. Confrontar-se com o resultado de um
SAÚDE
jogo e com a presença de um árbitro permite a
vivência e o desenvolvimento da capacidade de As relações que se estabelecem entre o
julgamento de justiça (e de injustiça). tema transversal Saúde e a Educação Física são
Principalmente nos jogos, em que é fundamental quase que imediatas e automáticas ao
que se trabalhe em equipe, a solidariedade pode considerar-se a proximidade dos objetos de
ser exercida e valorizada. Em relação à postura conhecimento envolvidos e relevantes em ambas as
frente ao adversário, podem-se desenvolver abordagens. Dessa forma, a preocupação e a
atitudes de solidariedade e dignidade nos responsabilidade na valorização de conhecimentos
momentos em que, por exemplo, quem ganha é relativos à construção da auto-estima e da identidade
capaz de não provocar e não humilhar, e quem pessoal, ao cuidado do corpo, à nutrição, à
perde pode reconhecer a vitória dos outros sem valorização dos vínculos afetivos e a negociação
se sentir humilhado. de atitudes e todas as implicações relativas à
saúde da coletividade, são compartilhadas e
Nos jogos, esportes e lutas em que
constituem um campo de interação na atuação
existem regras delimitando as ações, surgem dois
escolar.
elementos interessantes para a discussão de
valores éticos: um deles é a simulação de fatos e o No entanto, como apontado de forma
outro é a figura do árbitro. Por exemplo, num acertada e inequívoca no documento de Saúde, a
jogo de futebol, um atacante entra na área, mera informação tem se mostrado insuficiente
dribla o jogador da defesa, mas adianta demais para a alteração ou construção de
a bola e, ao perceber que perdeu a jogada, comportamentos favoráveis à proteção e à
imediatamente se lança ao chão, simulando ter promoção da saúde do educando, e cabe à
sofrido uma falta. Essa situação pode ser pano Educação Física escolar a responsabilidade de lidar
de fundo para uma interessante discussão, de forma específica com alguns aspectos relativos
pois apesar das possíveis “vantagens” aos conhecimentos procedimentais, conceituais e
resultantes da simulação, o jogador segue sendo atitudinais característicos da cultura corporal de
responsável por um ato que sabe desonesto. movimento.
A figura do árbitro potencializa essa Nesse sentido, algumas ressalvas devem
situação, na medida em que permite aos jogadores ser feitas ao tratamento específico que a área dá
transferirem a responsabilidade moral para o juiz, aos valores e conceitos que circulam no
incorporando a figura do árbitro ao jogo, como mais ambiente sociocultural, veiculados
um elemento que pode ser manipulado. Ou seja, principalmente pela mídia, e aos aspectos
toda simulação não percebida pelo juiz tornar-se procedimentais como fonte de informações direta e
legítima e em muitos contextos essa necessariamente vinculada ao fazer corporal.
capacidade de simulação é tão valorizada como
as habilidades técnicas. Valores e conceitos

Em ambas as situações a discussão deve A prática de jogos, esportes, lutas, danças e


ginásticas é considerada, no senso comum, como
incluir a dimensão pessoal da ética no valor
sinônimo de saúde. Essa relação direta de causa
atribuído às atitudes certas ou erradas, positivas
e efeito linear e incondicional é explorada e
ou negativas, construtivas ou destrutivas. Deve
estimulada pela indústria cultural, do lazer e da
incluir, ainda, a dimensão social da ética que
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EDUCAÇÃO FÍSICA
saúde ao reforçar conceitos e cultivar valores, no distorções, por exemplo no plano institucional, a
mínimo questionáveis, de dieta, forma física e manipulação demagógica de poderes públicos, na
modelos de corpo ideais. Atrelada a essas prestação de serviços de lazer e programas de
premissas inevitavelmente carregadas de valores atividade física, e o uso de instituições públicas de
ideológicos e a interesses econômicos, a prática da pesquisa na geração de tecnologia e conhecimento
atividade física é vinculada diretamente ao a serem utilizados pelo setor privado. No plano
consumo de bens e de serviços (equipamentos, pessoal, da vida cotidiana do cidadão, abre-se um
academias, espaços de lazer, complementos espaço que favorece os modismos, o
alimentares, prescrições de treinamento), citada consumismo exacerbado ou a impossibilidade de
como método infalível no combate ao uso acesso, a anorexia entre adolescentes, a exclusão
abusivo de álcool, fumo e drogas, e como recurso calcada em estereótipos e padrões corporais, no
de integração social do jovem e do adolescente. comércio clandestino de anabolizantes, entre
outros.
Em síntese, os conceitos e valores sobre
as práticas corporais são divulgados dando mais Nesse sentido, para além do suporte de
ênfase aos produtos da prática e menos aos informações de caráter científico e cultural, é
processos. Assim, a prática do esporte resultaria responsabilidade da Educação Física escolar
necessariamente em saúde, a dança em diversificar, desmistificar, contextualizar, e,
capacidade expressiva, a convivência lúdica em principalmente, relativizar valores e conceitos da
relacionamento integrado, o exercício em boa cultura corporal de movimento.
forma, o esforço em sucesso e bem-estar, a
Assim, o aprendizado das relações entre
prática sistemática em disciplina, e a superação
a prática de atividades corporais e a
de limites na satisfação e no prazer. As práticas
recuperação, manutenção e promoção da saúde
da cultura corporal aparecem, quase sempre,
deve incluir o sujeito e sua experiência pessoal ao
em relações de causa e efeito que não são
considerar os benefícios, os riscos, as indicações
necessariamente verdadeiras e, em alguns
e as contra-indicações das diferentes práticas da
casos, em premissas efetivamente falsas (por
cultura corporal de movimento e as medidas de
exemplo, de que exercícios abdominais
segurança no seu exercício. O cotidiano postural, o
emagrecem). Parece restar ao sujeito apenas
tipo de trabalho físico exercido, os hábitos de
submeter-se, adaptar-se a metas e padrões
alimentação, sono, lazer e interação social, o
estabelecidos de antemão. Ou, sentindo-se
histórico pessoal de relação com as atividades
incapaz, alienar-se, não se permitindo vivenciar a
corporais constituem um sujeito real que deve ser
experiência.
considerado na formulação de qualquer programa
É necessário fazer um contraponto ao de saúde que envolva atividade física.
incluir outras interpretações sobre os elementos e as
Procedimentos
possibilidades que se abrem ao educando
durante os processos. Por exemplo, a Principalmente nas zonas urbanas, as
mobilização de afetos e sentimentos de medo, atuais condições socioeconômicas, como o
vergonha, prazer, inclusão e exclusão; as desemprego crescente, a informatização e
sensações de prazer, dor, preguiça, exaustão e automatização do trabalho, a urbanização
satisfação; a negociação de interesses pessoais e descontrolada e o consumismo, favorecem a
grupais; a diversidade de formas de formação de um ambiente em que o cidadão
sistematização de programas de atividade física, convive com a poluição, a violência, a deterioração
os riscos de contusão a curto e longo prazos. O dos espaços públicos de lazer e a falta de tempo
exemplo mais gritante dessa distorção é o para a atividade física e convívio social. Esse
discurso sobre os talentos inatos que omitem os contexto contribui para a geração de um estilo de
processos de treinamento e desenvolvimento que vida caracterizado pelo sedentarismo, pelo
antecedem as conquistas e as vitórias. estresse e pela alimentação inadequada,
resultando num crescente aumento de mortes por
Além disso, deve-se ressaltar que
doenças cardiovasculares.
grande parte das informações conceituais
disponíveis no ambiente sociocultural relativas às Essa situação, somada à falta de infra-
práticas da cultura corporal de movimento dizem estrutura pública para atividades corporais,
respeito ao exercício profissional dessas transforma as horas diante da televisão em uma
atividades, com enfoques e valores muitas vezes das poucas opções de lazer para a maioria da
contraditórios que contribuem para a construção população, especialmente para crianças e
tanto de uma imagem distorcida do exercício adolescentes, o que leva à diminuição da
profissional de esportes, lutas, danças e atividade motora, ao abandono da cultura de jogos
ginástica, como numa referência equivocada para infantis e à substituição da experiência de praticar
o cotidiano do cidadão comum. Considerando a atividades pela de assistir passivamente às
força que a cultura de massa consegue imprimir práticas da cultura corporal de movimento.
na constituição/geração de modelos de
Não bastasse essa conjuntura, a Educação
comportamentos e atitudes, resultam dessas
Física escolar, em muitos contextos, ainda
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reproduz modelos de alienação e consumismo apreciação e a comparação de estilos e maneiras
no próprio tratamento metodológico, excluindo de praticá-las, relacionando-as a diversos grupos
alunos do processo de aprendizagem por não sociais e culturais. No caso da dança, é possível
resolver uma questão básica: como fazer para questionar as distorções decorrentes da
que todos tenham a experiência de fazer? massificação, da banalização e do caráter
Como permitir que cada um, a seu modo, tenha competitivo impostos pela indústria do lazer e do
as oportunidades de experimentar? turismo, em manifestações como o samba e a
capoeira, por exemplo.
Nenhum discurso racional, por mais
elaborado que seja, pode substituir a experiência As regras dos jogos, as adaptações dos
prática e a vivência corporal. O movimento é esportes, assim como as expressões regionais,
real e não virtual. O gesto é a sensação, a ganham um sentido maior quando vivenciadas
emoção, a reflexão, a possibilidade de dentro de um contexto significativo, que permita,
comunicação e satisfação. Todas as modalidades por exemplo, comparar a capoeira que se pratica
de esporte, dança ou ginástica, têm existência na na Bahia com a capoeira que se pratica em São
medida em que são exercidas por pessoas. Pode Paulo. Pode-se, ao contextualizar aspectos
parecer óbvio, mas a cultura corporal existe na relativos à expressão cultural e ao treinamento
medida em que é cultivada. para competição, explicitar a trajetória da
imigração de uma cultura, sua apropriação por
PLURALIDADE CULTURAL
outras culturas, trazendo à tona os valores e
A Educação Física permite que se usos dados por seus protagonistas.
vivenciem diferentes práticas corporais advindas
MEIO AMBIENT E
das mais diversas manifestações culturais.
Permite também que se perceba como essa As interseções da Educação Física com
variada combinação de influências está este tema transversal, no que diz respeito ao
presente na vida cotidiana. Particularmente no cuidado de si mesmo como um elemento integrante
Brasil, as danças, os esportes, as lutas, os jogos do meio ambiente e à responsabilidade social
e as ginásticas, das mais variadas origens decorrente, estão diretamente vinculadas aos
étnicas, sociais e regionais, compõem um vasto aspectos desenvolvidos no item Saúde. No entanto,
patrimônio cultural que deve ser valorizado, algumas outras reflexões são necessárias.
conhecido e desfrutado. O acesso a esse
Na sociedade contemporânea assiste-se ao
conhecimento contribui para a adoção de uma
cultivo de atividades corporais praticadas em
postura não preconceituosa e não
ambientes abertos e próximos da natureza. São
discriminatória diante das manifestações e
exemplos dessa valorização o surfe, o alpinismo, o
expressões dos diferentes grupos étnicos e
bice-cross, o jet-ski, entre os esportes radicais; e o
sociais (religiosos, econômicos e de diferentes
montanhismo, as caminhadas, o mergulho e a
origens regionais) e das pessoas que deles
exploração de cavernas, entre as atividades de
fazem parte.
lazer ecológico. Se por um lado é possível perceber
Na escola, a Educação Física pode nessas práticas uma busca de proximidade com o
fazer um trabalho de pesquisa e cultivo de ambiente natural, também é necessário estar
brincadeiras, jogos, lutas e danças produzidos na atento para as conseqüências da poluição
cultura popular, que por diversas razões correm o sonora, visual e ambiental que essas atividades
risco de ser esquecidos ou marginalizados pela podem causar. As características básicas de
sociedade. Pesquisar informações sobre essas algumas dessas modalidades, como o
práticas na comunidade e incorporá-las ao individualismo, a busca da emoção violenta
cotidiano escolar, criando espaços de exercício, (adrenalina), a necessidade de equipamentos
registro, divulgação e desenvolvimento dessas sofisticados e caros, devem ser discutidas e
manifestações, possibilita ampliar o espectro de compreendidas no contexto da indústria do lazer.
conhecimentos sobre a cultura corporal de Ou seja, é ingênuo pensar que apenas a prática de
movimento. Dessa forma, a construção de atividades junto à natureza, por si só, é suficiente
brinquedos, a prática de brincadeiras de rua para a compreensão das questões ambientais
dentro da escola, a inclusão de danças emergentes. Embora possa existir, entre os adeptos
populares de forma sistemática — e não dessas modalidades, o envolvimento com as
apenas eventual — nas festas e questões ambientais, o que determinará o nível
comemorações contribuem para a construção de reflexivo sobre uma ou outra questão ambiental é a
efetivas opções de exercício de lazer cultural e para reflexão crítica e atenta realizada pelos praticantes
o diálogo entre a produção cultural da de cada atividade.
comunidade e da escola.
Sempre que possível é interessante trazer
A intensa veiculação pela mídia e o para o cotidiano uma visão sobre o equilíbrio dos
caráter quase universal de determinadas sistemas e de sociedade sustentável que seja a
modalidades esportivas, como o futebol, o vôlei, o mais próxima da realidade local. Com a realização
basquete, o boxe e o atletismo, permitem a de atividades no meio natural, pode-se desenvolver

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EDUCAÇÃO FÍSICA
uma atitude de observador atento às mudanças, Nesse sentido, a valorização do estilo
traçando possíveis relações que o meio pessoal e do interesse de cada pessoa em
estabelece com o organismo durante uma aperfeiçoar-se numa ou noutra modalidade
prática, e de uma atitude no cotidiano que contribui para o cultivo da cultura corporal de
busque minimizar as marcas deixadas pelo movimento como instrumento de sociabilidade e
homem no meio ambiente. convivência saudável. Por exemplo, numa atividade
de vivência e apreciação crítica, pode-se conhecer
Pode-se, ainda, desenvolver o hábito
a diversidade de linguagens corporais que se
de silenciar quando em meio à natureza,
expressam num desfile de escolas de samba, em
ampliando a capacidade de percebê-la, de
que crianças, passistas, malabaristas, ritmistas, ala
sentir-se parte, de responsabilizar-se pela sua
das baianas compõem, cada um a seu modo, uma
manutenção. Esse enfoque pode representar
manifestação de intensa riqueza simbólica. Essa
um grande diferencial, pois desperta para a
experiência pode ser pano de fundo para uma
percepção de que os seres humanos são parte
reflexão sobre conceitos e preconceitos
integrante do meio ambiente, e que poder
relativos à nudez, ao corpo do idoso e do
observá-lo, estudá-lo, deve contribuir para a
jovem, e à diversidade de biotipos e formas de
compreensão de seus próprios desequilíbrios,
expressão corporal. Outra vez se pretende evitar
projetados no meio por intermédio das suas
uma abordagem apenas discursiva, mas sim buscar
ações e interferências.
a construção de situações nas quais conceitos,
Dentro do projeto pedagógico de cada preconceitos, valores e atitudes tenham
escola, por meio das aulas de Educação Física, conseqüências efetivas, reais, concretas.
inclui-se essa dimensão no trabalho cotidiano, com
Ainda em relação à valorização do corpo e do
a utilização tanto dos espaços da escola como das
movimento como instrumento de relação, é comum a
área próximas, tais como parques, praças e praias,
seguinte equação: a possibilidade de satisfação
espaços possíveis para as práticas. Representam o
depende da aparência; a aparência se constrói com
meio ambiente com o qual o indivíduo se
esforço; e o esforço é sinônimo de sofrimento.
relaciona e são oportunos para o
Nesse contexto, se justificariam falsas idéias como
desenvolvimento das propostas de trabalho, pois
a de que “o exercício para fazer efeito tem de doer”,
viabilizam a discussão sobre a adequação de
ou de que “determinado alimento engorda”.
espaços para a prática da cultura corporal, seja em
locais mais próximos da natureza, seja nos Abordar essa dimensão dentro de uma ótica
centros urbanos. de autoconhecimento para o autocuidado e ampliá-
la como sendo um direito almejar uma vida
ORIENTAÇÃO SEXUAL
prazerosa possibilitarão uma contraposição aos
As práticas da cultura corporal de interesses econômicos que pregam a busca da
movimento se caracterizam, entre outros aptidão física por meio do sofrimento, subjugando o
aspectos, por serem espaços de produção corpo pela vontade apoiada em um modelo de
simbólica, de linguagens por meio das quais o dominação e no consumo de bens e serviços.
homem se relaciona e se comunica com o outro e
Outra questão presente no universo da
com sua própria cultura. Jogar, lutar e dançar cultura corporal de movimento e da sexualidade
pode representar, portanto, a possibilidade de diz respeito à configuração de padrões de gênero
expressar afetos e sentimentos, de explicitar
homem e mulher e sua relação com o corpo e a
desejos, de seduzir, de exibir-se.
motricidade, padrões que se constroem e que
Essa comunicação ocorre dentro de certos são cultivados desde a infância, pautados em
padrões estabelecidos pela própria cultura referências biológicas e socioculturais.
corporal de movimento, o que envolve Essa construção pode ser compreendida
valores, normas, atitudes, conceitos e,
pela explicitação das atitudes cotidianas, muitas
inevitavelmente, preconceitos.
vezes inconscientes e automáticas, pautadas
Para o jovem e o adolescente, as práticas em valores preconceituosos. Por exemplo, com
da cultura corporal de movimento podem relação à habilidade das meninas para jogar
constituir-se num instrumento interessante de futebol, é comum surgirem frases como: “ela joga
comunicação e construção de auto-imagem, mas bem, parece até homem jogando”, “aquela
podem também, se certos cuidados não forem menina é meio macho, olha como ela joga bem,
tomados, constituir-se num contexto ameaçador pode até jogar com a gente”, e, nesses casos, é
e desfavorável para essa mesma auto- fundamental que se questione o modelo de
imagem. O ambiente sociocultural, permeado eficiência que tem como referência o jogo
de valores preestabelecidos de beleza, estética masculino. Essa visão em si já está permeada de
corporal e gestual, eficiência e desempenho, se valores culturais e estabelece padrões de
não for objeto de uma postura crítica e reflexiva, identificação para a caracterização de gênero em
pode estabelecer padrões cruéis para a maioria relação com a motricidade, pois as características
da população, abrindo espaço para a tirania dos mais genéricas da motricidade do gênero masculino,
modelos de corpo e comportamento. como força e velocidade, e do gênero feminino,
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EDUCAÇÃO FÍSICA
como coordenação e equilíbrio, devem ser Torna-se muito importante ao professor
compreendidas independentemente do valor que trabalha com essa faixa etária ampliar seu
que socialmente se atribui a elas. olhar para essa questão, pois o adolescente, ao lidar
com as questões de consumo, deve poder criticar e
Pode-se estimular os alunos a
reconstruir seus modelos e ideais de vida. Essa
comparar o desenvolvimento do futebol a
situação de transformação, com todos os conflitos
outros esportes, como o basquete, que
que acarreta, fica oculta muitas vezes, pois o foco é
inicialmente foram praticados apenas por
colocado na ação de consumir: o consumo é
homens e que, num segundo momento,
apresentado como forma e objetivo da vida, com
desenvolveram-se sob as características
a criação permanente de novas necessidades,
femininas, criando um estilo próprio, nem melhor
transformando bens de consumo supérfluos ou
nem pior que o modelo masculino. Pode-se atuar
conspícuos em vitais. A isto chama-se
concretamente contra o preconceito expresso na
consumismo. O consumismo pode ser visto como
falsa idéia de que “homem não dança”,
uma das chaves para a interpretação da vida
cultivando as possibilidades de expressão
cotidiana na atualidade, tanto da vida cotidiana dos
masculina nas atividades rítmicas e expressivas.
setores sociais que podem consumir como
Uma breve análise sobre a parceria também por sua incorporação como desejo e
coreográfica que se estabelece entre uma porta- expectativa nos setores que têm menos acesso —
bandeira e um mestre-sala, em que uma ou estão fortemente excluídos — aos bens e
movimentação centrada e sutil da primeira atua serviços oferecidos pelo mercado. Como
em complementariedade e como referência para exemplo, pode-se apontar o modelo de boa forma
uma movimentação mais dinâmica do segundo, física veiculado com as práticas e os equipamentos
pode ilustrar uma reflexão sobre a riqueza de nas academias, que pode ser analisado como
expressão que pode resultar do diálogo de inclusivo de alguns grupos que podem consumir,
características gestuais relativas ao gênero. As afirmando determinados valores estéticos e de
aulas mistas de Educação Física podem dar moda, e exclusivo daqueles que não podem
oportunidade para que meninos e meninas consumir nem a moda, nem pagar a academia.
convivam, observem-se, descubram- se e Não se trata de ser contra a academia e suas
possam aprender a ser tolerantes, a não práticas, pois elas representam significativa e
discriminar e a compreender as diferenças, de benéfica influência nos hábitos de vida de parte da
forma a não reproduzir, de forma estereotipada, população, mas sim, a partir de uma análise
relações sociais autoritárias. contextualizada e mais aprofundada, de trazer
para a discussão com os alunos quais os
Cabe, por último, alertar para a conhecimentos científicos que embasam suas
importância de uma reflexão dos professores
práticas, quais os modismos e como se exploram
sobre quais são os valores e os conceitos,
comercialmente certos produtos gerando o ato de
cultivados implicitamente, que mantêm, instalam
consumir inconscientemente.
ou ainda reforçam um papel de submissão nas
relações que ocorrem no ambiente escolar, Ainda com relação ao tema Trabalho e
pautadas nas questões de gênero. Consumo, é interessante lembrar da produção de
jogos, brinquedos e materiais necessários
TRABALHO E CON SU M O
para determinadas práticas. Pode-se
A crescente divulgação, pela mídia, das desenvolver a visão histórica da produção desses
atividades corporais pode ser positiva como equipamentos e conhecimentos tratados dentro da
estimulo à prática e à divulgação da cultura cultura corporal de movimento e sua forma de
corporal, mas negativa quando agrega valores e divulgação através dos tempos. Por exemplo, sobre
reproduz modelos estereotipados. Mais uma vez as chamadas pipas ou papagaios, podem-se
busca-se apontar para a necessidade de levantar algumas questões: como se ensina e se
estimular no aluno a reflexão crítica sobre as aprende a fazer e a usar? Qual é o valor de saber
relações que envolvem o consumo. fazer e utilizar a sua produção? Como as crianças
têm aprendido, tanto no passado como atualmente,
Pode-se considerar, junto aos alunos, a construir os próprios brinquedos? Para refletir sobre
quais são os equipamentos esportivos realmente a transformação da produção cultural em produto a
fundamentais para a realização de uma ser consumido, podem-se levantar vários
determinada prática e, por meio dessa mesma exemplos: tendo como objeto de análise a
análise, abordar a evolução desses equipamentos, capoeira, considerar como foram historicamente
relacionando-os com aspectos técnicos de conforto produzidos e transmitidos seus conhecimentos e
ou moda. Trata-se de refletir, principalmente como isso ocorre atualmente; relacionar o
junto aos grupos de jovens e adolescentes, de que surgimento das escolinhas de futebol com o
modo esses produtos são vinculados pela mídia desaparecimento, quase que por completo, dos
à prática de atividades e em que medida se campos de futebol de várzea nos grandes centros
tornam objeto de desejo, pois sua aquisição (tênis, urbanos; questionar os critérios utilizados para os
skate, roupas) implica a inclusão ou não a um recortes que são feitos sobre o conhecimento da
determinado grupo de referência.
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EDUCAÇÃO FÍSICA
cultura corporal, por exemplo pelas academias de da mesma forma que os objetos de ensino
natação, quando elegem os quatro estilos de transformam os sujeitos da aprendizagem, são, ao
competição como objetos de ensino e mesmo tempo, por eles transformados.
aprendizagem representativos desse universo de
É interessante refletir e considerar a
conhecimento.
qualidade e a quantidade de experiências de
APRENDER E ENSINAR EDUCAÇÃO aprendizagem oferecidas pela escola, em relação
FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL com o meio sociocultural vivido pelo aluno fora
dela, no qual é bombardeado pela indústria de
É necessário visualizar com nitidez os
massa da cultura e do lazer com falsas
diversos caminhos que se estabelecem entre os
necessidades de consumo, carregado de mitos de
sujeitos da aprendizagem e os objetos de ensino.
saúde, desempenho e beleza, de informações
E, nesse sentido, precisar com clareza as
pseudocientíficas e falácias. Em suma, uma
relações entre o que, para quem, e como se
sociedade que promete para muitos e viabiliza para
ensina e se aprende a cultura corporal de
poucos.
movimento na escola.
Os valores, os preconceitos, e os
O que ensinar?
estereótipos presentes no ambiente são o pano
O principal instrumento que os de fundo determinante para a geração de
Parâmetros Curriculares Nacionais trazem interesses e motivações dos alunos e, nesse
nesta direção é a abordagem dos conteúdos contexto, deve-se valorizar a função social da
escolares em procedimentos, conceitos e escola como espaço de experiências em que
atitudes. Apontam para uma valorização dos ampla parcela da população pode ter acesso à prática
procedimentos sem restringi-los ao universo e à reflexão da cultura corporal de movimento.
das habilidades motoras e dos fundamentos
Como ensinar?
dos esportes, incluindo procedimentos de
organização, sistematização de informações, Nas aulas de Educação Física, os
aperfeiçoamento, entre outros. Aos conteúdos aspectos procedimentais são mais facilmente
conceituais de regras, táticas e alguns dados observáveis, pois a aprendizagem desses
históricos factuais de modalidades somam-se conteúdos está necessariamente vinculada à
reflexões sobre os conceitos de ética, estética, experiência prática. No entanto, a valorização do
desempenho, satisfação, eficiência, entre desempenho técnico com pouca ênfase no prazer
outros. E, finalmente, os conteúdos de natureza ou vice-versa, a abordagem técnica com referência
atitudinal são explicitados como objeto de ensino e em modelos muito avançados, a desvalorização de
aprendizagem e propostos como vivências conteúdos conceituais e atitudinais e,
concretas pelo aluno, o que viabiliza a principalmente, uma concepção de ensino que
construção de uma postura de deixa como única alternativa ao aluno adaptar-
responsabilidade perante si e o outro. Essa se ou não a modelos predeterminados têm
explicitação minimiza a construção de valores e resultado, em muitos casos, na exclusão dos
atitudes, por meio do chamado “currículo oculto”. alunos. Portanto, além de buscar meios para
garantir a vivência prática da experiência corporal,
Propõe-se, ainda, a inclusão de
ao incluir o aluno na elaboração das propostas de
conteúdos conceituais, procedimentais e
ensino e aprendizagem são consideradas sua
atitudinais relativos aos próprios processos de
realidade social e pessoal, sua percepção de si e
aprendizagem, visando à construção de uma
do outro, suas dúvidas e necessidades de
autonomia para aprender a aprender.
compreensão dessa mesma realidade. A partir da
Para quem ensinar? inclusão, pode-se constituir um ambiente de
aprendizagem significativa, que faça sentido para o
Quem é o aluno do ensino
aluno, no qual ele tenha a possibilidade de fazer
fundamental? Quais são os seus interesses
escolhas, trocar informações, estabelecer questões
de aprendizagem? Quais são os seus
e construir hipóteses na tentativa de respondê-las.
conhecimentos prévios? Como são compostas as
classes? Quais as transformações corporais, Na aprendizagem e no ensino da cultura
cognitivas, afetivas e sociais que ocorrem neste corporal de movimento, trata-se basicamente de
aluno durante o ensino fundamental? Que grau de acompanhar a experiência prática e reflexiva dos
autonomia em relação ao próprio processo de conteúdos na aplicação dentro de contextos
aprendizagem o aluno pode assumir em cada significativos. Durante esse acompanhamento,
etapa da escolaridade? As respostas a essas e a diversificando estratégias de abordagem dos
inúmeras outras perguntas devem dar conteúdos, professor e aluno podem participar de uma
subsídios para que os processos de ensino e integração cooperativa de construção e descoberta,
aprendizagem incluam o aluno em relação em que o professor promove uma visão organizada
interativa com os objetos de conhecimento da do processo, como possibilidades reais (experiência
área. É fundamental que não se percam de vista a socioculturalmente construída, referência para a
duração e a complexidade dessa interação, pois leitura da tentativa do aluno), e o aluno contribui com

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o elemento novo (o seu estilo pessoal de executar nem por isso deixa de conter momentos de
e refletir, e, portanto, de aprender), de que se frustração e insatisfação. Revela o que é possível
apropria, trazendo a síntese da atualidade para realizar a partir das referências obtidas no
o momento da aprendizagem (conhecimentos ambiente sociocultural, dos recursos corporais
prévios, recursos de troca de informações, disponíveis e das experiências anteriores daqueles
informações da mídia etc.). Desse modo, ambos jogadores.
podem ressignificar suas estruturas interiores de
Trata-se de compreender, na construção
aprendizagem e de ensino e elaborar a intenção
das propostas de ensino e aprendizagem, a busca
e a predisposição necessárias para a construção do
da eficiência (técnica) e da satisfação (prazer)
novo e do atual.
como aspectos simultâneos e complementares e
Em síntese, o que se quer ressaltar é que não como antagônicos ou excludentes. Aspectos
nem os alunos, nem os conteúdos e tampouco os que podem co-existir, mas que não são,
processos de ensino e aprendizagem são virtuais necessariamente, vinculados ou decorrentes um
ou ideais, mas sim reais, vinculados ao que é do outro.
possível em cada situação e em cada momento.
Nesse sentido, é fundamental
Prazer, técnica e interesses compreender de que modo se articulam os
conhecimentos técnicos, a satisfação/prazer e,
Em função da própria natureza lúdica de
principalmente, os interesses do aluno como
muitas das práticas da cultura corporal e dos
motivação para a aprendizagem, assim como situar
diferentes contextos e intenções em que são
quais conceitos de técnica, satisfação e interesse
exercidas, muito facilmente uma série de
estão implícitos em cada concepção de ensino e
confusões se estabelecem na concepção dos
aprendizagem presente em cada contexto.
processos de ensino e aprendizagem. Essas
concepções se expressam nas propostas Para refletir sobre como se estabelecem os
curriculares originárias de vários estados referenciais para a aprendizagem técnica, pode-se
brasileiros da seguinte forma: utilizar, por exemplo, o ensino da natação. Por
uma série de razões históricas e sociais, e de
• em alguns casos, julga-se adequado nos
interesses econômicos, dentre todo o universo de
dois primeiros ciclos uma ênfase nas atividades
conhecimentos construídos pelo homem na sua
lúdicas por meio de jogos e brincadeiras,
relação com o meio líquido se faz um recorte
considerando os perigos de uma especialização
priorizando os quatro estilos de natação presentes
técnica precoce e seus efeitos decorrentes;
nas competições esportivas. Muito facilmente,
• noutras, justamente em função da esses estilos vão sendo considerados como
suposta precariedade técnica dos jogos e sinônimo de natação, ou seja, aprender a nadar
brincadeiras exercidos nesses primeiros ciclos, significa aprender a nadar os estilos clássico,
propõem-se exercícios de habilidades e costas, peito e borboleta. Outras situações como
fundamentos esportivos como construção de o nadar em rios, o nadar no mar, os vários tipo de
pré-requisitos para a aprendizagem de mergulho e salto, as brincadeiras na água, são
modalidades esportivas nos ciclos posteriores. excluídas como referenciais de técnica e situações
de produção de conhecimento. No extremo seria
Em ambos os casos, o lúdico é visto considerar que, nessas situações, os
como necessariamente satisfatório e como
conhecimentos utilizados são inatos e não frutos
sinônimo de ausência de técnica ou, no mínimo,
de um processo de aprendizagem, ou, no mínimo,
como descompromisso com a eficiência. Em
que neles a técnica não está presente. O mesmo
oposição, em busca da eficiência técnica é raciocínio poderia ser aplicado à dança, ao
atribuído um caráter de seriedade e de futebol ou ao judô, entre outros.
mecanicismo, pautado em critérios de
desempenho via de regra equivocados. Se, de No exemplo da natação, sob esse critério
fato, as atividades lúdicas contêm um caráter de valorização dos quatro estilos como
de fruição, de liberdade, de prazer e de referencial de análise técnica, são construídas as
improvisação, também é fato que constituem propostas de ensino e aprendizagem, o que via
um universo de desafios na direção da de regra resulta numa visão restrita e excludente
eficiência e do aperfeiçoamento técnico. E de outras possibilidades de aprendizagem.
vice-versa, todo esforço na direção do Talvez a mais restritiva delas seja a noção de certo
aperfeiçoamento técnico, seja em que grau for, e errado a partir de um referencial absoluto e não
pode e deve ser fonte de satisfação e prazer. relativo.
Por exemplo, um jogo de futebol de Sempre que se falar em ensino e
crianças iniciantes na modalidade, mesmo sendo aprendizagem de alguma técnica corporal, é
tecnicamente não muito elaborado, necessário ter claro qual o universo de
apresenta procedimentos que são frutos de conhecimento que se está elegendo como
aprendizagem, resultantes de esforços e referencial; e qualquer que seja esse referencial,
adaptações. Mesmo sendo cativante e prazeroso, omitir a técnica é obrigar o sujeito a “reinventar a

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roda”, alienando-o dos conhecimentos manutenção, e a inserção nos grupos de
socialmente construídos. Valorizar o conhecimento referência social.
técnico como referência ideal e imutável é
Nos dois primeiros está presente, com
desconsiderar o sujeito da aprendizagem e
maior ênfase, a busca da eficiência e da
inviabilizar a sua contribuição nessa construção.
satisfação, localizada na aprendizagem de
Em determinados momentos, optar por aspectos procedimentais e conceituais e na
uma tentativa gestual mais elaborada pode conseqüente possibilidade de usufruir das
significar uma possibilidade mais arriscada de obter conquistas realizadas. No terceiro, predomina a
satisfação, embora com menos chances de valorização da aprendizagem pela possibilidade
eficiência objetiva, como, por exemplo, ao tentar, de utilização de sua produção, como
num jogo de futebol, um drible numa situação em instrumento de inserção social, de
que um passe seria o mais previsível. Em caso de comunicação e diálogo, de expressão de afetos
sucesso, a satisfação obtida decorre justamente e sentimentos.
da eficiência na execução de um gesto com um
A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS
grau de dificuldade maior.
Dentro de cada prática da cultura corporal
Nesse contexto, quando se diz
de movimento existe um saber-fazer em
popularmente que “jogo é jogo e treino é treino”,
constante mudança, um conjunto de
o que se explicita é o alcance e a limitação que a
procedimentos que, ao longo do tempo, mostra-
própria técnica traz em si mesma. O exercício de
se mais eficiente e adequado para a solução de
alguma prática da cultura corporal numa situação
determinados problemas ou circunstâncias. Esses
em que todas as variáveis pudessem ser
conhecimentos evoluem e se detalhando de
controladas e previstas inviabilizaria a ligação
maneira cada vez mais sutil e complexa, constituindo
entre a técnica e o uso intencional que o sujeito
a técnica específica de cada modalidade da
faz dessa mesma técnica, com o seu estilo
cultura corporal de movimento, cuja expressão
pessoal, e da improvisação determinada pelo
máxima, via de regra, se encontra no exercício
momento. No caso específico dos jogos e dos
profissional dessas mesmas práticas.
esportes, tornaria mecânica uma ação cuja
riqueza reside na sua fascinante Na perspectiva do estudante, os
imponderabilidade. conhecimentos técnicos de cada modalidade
corporal disponíveis no ambiente sociocultural são
No caso específico dos jogos e esportes,
ao mesmo tempo um problema e uma solução.
é preciso ter claro que apenas as situações de jogo
Problema porque conseguir incorporá-los na prática
são insuficientes para garantir a aprendizagem
envolve um esforço adaptativo; solução porque
do próprio jogo e que apenas os exercícios
utilizá-los significa a ampliação de recursos para
baseados em recortes e aspectos isolados (os
obter eficiência e satisfação.
fundamentos de uma modalidade esportiva, por
exemplo) não serão suficientes para, somados, Durante o processo de aprendizagem, os
contemplarem a aprendizagem de cada uma dessas procedimentos técnicos de coordenação de
práticas da cultura corporal de movimento, gestos, de adaptação de movimentos a
principalmente nas dinâmicas que envolvem determinadas regras e ritmos, e de uso do espaço
aspectos relacionais. Nem por isso a e dos objetos constituem-se em problemas a
aprendizagem dos aspectos técnicos, táticos ou serem resolvidos pelos alunos. Além deles,
estratégicos deve ser vista como possível incluem-se ainda o controle e a expressão de
apenas por meio de exercícios de repetição, sentimentos e emoções, a superação de
descontextualizados, sérios, mecânicos, inibições, a resolução de problemas táticos e
inclusive nas situações específicas de estratégicos, a comunicação e a negociação de
aprendizagem motora. Deve-se buscar sempre a atitudes de maneira adequada com os parceiros ou
formulação de atividades significativas, que eventuais adversários.
façam sentido para o aluno.
Resta saber, a cada momento da
Para considerar quanto de prazer e aprendizagem, em que grau de complexidade a
satisfação podem estar presentes na aprendizagem referência técnica é observável para o aluno e de
de técnicas específicas, quanto a aprendizagem que maneira esses conhecimentos possam ser
técnica pode contribuir para uma melhor e mais considerados como problemas possíveis de serem
satisfatória movimentação, e, ao mesmo solucionados. E o que constitui esse observável,
tempo, como os interesses do aluno para o aluno, são os seus conhecimentos prévios,
contribuem, a cada contexto, no interesse pelo são as vivências anteriores que de alguma
processo de aprendizagem e de ensino, sugere- maneira possam ser relacionadas com a situação-
se a análise de três eixos motivacionais para a problema colocada.
aprendizagem e o ensino da cultura corporal de
Os conhecimentos prévios podem ser
movimento: a resolução de problemas, o
mobilizados por diversos recursos operacionais,
exercício de soluções por prazer funcional e de
diversificando as possibilidades de localização

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dos problemas e no estabelecimento de metas. percepção de si e do outro por meio do toque, ou seja,
Fazem parte desses recursos as informações, experiências corporais ricas o suficiente para que se
os modelos e as interferências do educador, as justifiquem por si só, em determinados contextos.
informações veiculadas pela mídia, a observação e
Ainda no plano gestual, a possibilidade de
apreciação do desempenho de outros praticantes
utilização se coloca pela própria natureza desse
(colegas, alunos de mais idade, educadores,
conhecimento, pois o gesto só tem existência ao
praticantes adultos), as tentativas de imitação, a
ser realizado. É possível filmá-lo, fotografá-lo,
auto-avaliação a partir de sensações
desenhá-lo, mas a sua concretitude só é plena na
proprioceptivas e de imagens refletidas num
execução, não deixa produto da ação, pois é ela
espelho, a observação de registros em vídeo,
própria. Fazer de novo o que já se conhece é
entre outros.
sempre, em última análise, fazer o novo.
Especificamente em relação aos aspectos
Vale lembrar a importância, ao discernir o
técnicos, a utilização de modelos pode ser útil na
prazer funcional e de manutenção, da repetição
medida em que situa o aluno tanto no que diz
pura e simples de automatismos estereotipados.
respeito às coordenações executadas com êxito
quanto àquelas em que o êxito não é obtido. Por É fundamental que no cotidiano escolar se
isso, assim como é importante ressaltar garantam as condições para o usufruto dos
dificuldades que ainda podem ser superadas, conhecimentos resultantes dessas vivências, que
também o é ressaltar os ganhos já realizados. O se dê destino à produção dos alunos.
modelo externo deve ser sentido e
Da valorização dessa utilização de
compreendido como referência organizadora
para a busca do modelo interno, do modelo conhecimentos, no plano pessoal e grupal, pode
individual, e como foco do processo de derivar a prática sistemática para a manutenção e
a promoção da saúde, e como recurso para o uso
aprendizagem e ensino no presente, no possível
do tempo disponível para o lazer, tanto dentro como
e no desejável de cada momento.
fora da escola.
A adequação do referencial utilizado é
fundamental, pois uma expectativa muito além A INSERÇÃO NOS GRUPOS DE
da possibilidade de êxito, se for sistemática, pode REFERÊNCIA SOCIAL
criar uma sensação de frustração (incapacidade). A posse e o uso de conhecimentos da
Da mesma forma, uma expectativa muito cultura corporal de movimento possibilitam o cultivo
aquém das possibilidades do aluno no limite de um sentimento de pertinência ao grupo, desde o
extremo vai gerar desinteresse. sociocultural mais abrangente até os grupos de
Todas as considerações feitas até aqui convivência cotidiana. Podem constituir-se em
permitem que se relativizem definitivamente as valioso instrumento de relacionamento social pois,
ao jogar, lutar, dançar ou fazer ginástica, o aluno
noções de certo e errado na aprendizagem das
pode revelar intenções, expressar sentimentos,
práticas da cultura corporal de movimento.
construir estratégias e criar códigos de
Em suma, as situações de resolução de comunicação.
problemas são promotoras de aprendizagem na
medida em que, ao mobilizar os Conhecer para pertencer ao grupo,
conhecimentos prévios do sujeito, trazem conhecer para poder se relacionar e compartilhar
experiências, conhecer para trazer ao grupo
simultaneamente um desafio na direção da
vivências de outros ambientes socioculturais.
eficiência e da satisfação. A mediação entre o
Pode-se incluir aqui a satisfação gerada pela
interesse pessoal e o valor socialmente atribuído
constitui, a cada situação, motivação para a possibilidade de exibir aos outros as conquistas
aprendizagem. realizadas, comparar desempenhos, viabilizar
atividades competitivas, cooperar servindo de
O EXER CÍCIO DE SO LU Ç Õ ES POR modelo e referência para a aprendizagem dos
PRAZER FUNCIONAL E DE MANUTENÇÃO outros, utilizar esses conhecimentos em situações
de recreação.
Os conhecimentos que derivam das
situações de resolução de problemas podem ser Automatismo e atenção
utilizados por prazer funcional e de
manutenção. Ou seja, fazer por prazer e para No ser humano constata-se uma
tendência para a automatização do controle na
não esquecer, utilizar um conhecimento que
execução de movimentos, desde os mais básicos
resultou de um esforço adaptativo de aprendizagem
e simples até os mais sofisticados. Essa tendência
e que, uma vez incorporado, pode ser exercido
para a automatização é favorável aos processos de
com um fim em si mesmo.
aprendizagem das práticas da cultura corporal de
Especificamente nos procedimentos movimento desde que compreendida como uma
gestuais/motores, a sua realização produz função dinâmica, mutável, como parte integrante e
sensações corporais de excitação, tensão, não como meta final do processo de aprendizagem.
alteração de tônus, relaxamento, fruição, cansaço, Nesse sentido, estabelecer uma relação entre a

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automatização de movimentos com a atenção insuficientes para a execução de determinado
necessária para o controle de sua execução movimento ou seqüência deles.
pode contribuir para torná-la um meio
O processo de ensino e aprendizagem deve,
interessante na ampliação de recursos
portanto, contemplar essas duas variáveis
motores, gestuais e da consciência corporal do
simultaneamente, permitindo que o aluno possa
indivíduo.
executar cada movimento ou conjunto de
Em determinadas situações, poder movimentos o maior número de vezes e criando
realizar movimentos de forma automatizada, sem solicitações adequadas para que essa realização
que seja necessária muita atenção no controle da ocorra da forma mais atenta possível.
sua execução, é um recurso favorável sob o
Tome-se como exemplo um jogo de
aspecto funcional. Por exemplo, quanto mais
futebol. Quando uma criança se depara pela
automatizados estiverem os gestos de digitar um
primeira vez com esse jogo, em princípio já dispõe
texto, mais o autor pode se concentrar no assunto
de alguns esquemas motores solicitados, ou seja,
que está escrevendo. No basquetebol, se o aluno já
deslocar-se pelo espaço em várias direções e
consegue bater a bola com alguma segurança,
velocidades e realizar os movimentos de chutar e
sem precisar olhá-la o tempo todo, pode olhar
cabecear uma bola. São conhecimentos prévios
para os seus companheiros de jogo, situar-se
e sua execução já ocorre de forma mais ou
melhor no espaço, planejar algumas ações, e isso
menos automática. No entanto, a coordenação
o torna um jogador melhor, mais eficiente, capaz
desses movimentos nas circunstâncias
de adaptar-se a uma variedade maior de
espaciais propostas pelo futebol constitui um
situações. Desse modo, a demanda atencional
problema a ser resolvido e esse problema solicita
pode dirigir-se para a coordenação com outros
toda a atenção da criança durante as execuções
movimentos e a superação de outros desafios.
iniciais. Com a prática atenta, e à medida que as
Esse processo se constrói a partir da execuções ocorrerem de forma cada vez mais
quantidade de execuções e da qualidade de satisfatória e eficiente, a criança será capaz de
experiências gestuais no sentido da atenção realizá-las de forma cada vez mais automática.
envolvida nas execuções. Nesse momento, a introdução de uma regra
limitando o máximo de dois “toques” na bola por
No entanto, a repetição pura e simples,
jogada constitui um problema a ser resolvido
realizada de forma mecânica e desatenta, além
que chama a atenção do aluno para a
de ser desagradável, pode resultar num
reorganização de gestos que já estavam sendo
automatismo estereotipado. Assim, em cada
realizados de forma automática.
situação é necessário que o professor analise
quais dos gestos envolvidos já podem ser Propor a execução simultânea de duas
realizados automaticamente, sem prejuízo de situações de movimento já previamente
qualidade, e quais solicitam a atenção do aluno conhecidas constitui uma outra forma de realizar
no controle de sua execução. A intervenção do esse tipo de intervenção. Por exemplo, solicitar do
professor se dá a fim de criar situações em que os aluno a execução dos movimentos do jogo de
automatismos sejam insuficientes para a elástico dentro da estrutura rítmica de uma
realização dos movimentos e que a atenção seja coreografia de rap ou funk.
necessária para o seu aperfeiçoamento.
As práticas da cultura corporal de
A quantidade de execuções se justifica pela movimento, competitivas ou não, são contextos
necessidade de alimentar funcionalmente os favoráveis de aprendizagem, pois permitem o
mecanismos de controle dos movimentos e, se exercício de uma ampla gama de movimentos que
num primeiro momento é necessário um esforço solicitam a atenção do aluno na tentativa de executá-
adaptativo para que o aluno consiga executar los de forma satisfatória e adequada. Elas incluem,
um determinado movimento ou coordenar uma simultaneamente, a possibilidade de repetição
seqüência deles, em seguida essa realização para manutenção e prazer funcional e a
pode ser exercida e repetida por prazer funcional, oportunidade de ter diferentes problemas a
de manutenção e de aperfeiçoamento. resolver. Além disso, pelo fato de constituírem
momentos de interação social bastante
Simultaneamente, da quantidade de
significativos, as questões de sociabilidade
execuções decorrem os efeitos fisiológicos de
constituem motivação suficiente para que o
melhora da condição respiratória e cardiovascular
interesse pela atividade seja mantido.
e o aumento da massa muscular.
Nesse sentido, uma atividade poderá se
Em relação à atenção, ou seja, ao
tornar desinteressante para o aluno quando não
aspecto qualitativo, estão envolvidos complexos
representar mais um problema a ser resolvido, uma
processos de ajuste neuromuscular e de
possibilidade de prazer funcional pela execução em
equilíbrio, regulações de tônus muscular,
si ou uma motivação relacionada à interação social.
interpretação de informações perceptivas, que
são postos em ação sempre que os A interação e a complementaridade
automatismos já construídos forem permanente entre a atenção e o automatismo no
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controle da execução de movimentos poderiam excitação somática que o próprio movimento
ser ilustradas pela imagem de uma pessoa produz no corpo, particularmente em danças,
andando de bicicleta. Na roda de trás e nos lutas, jogos e brincadeiras. A elevação de
pedais flui uma dinâmica repetitiva, de caráter batimentos cardíacos e de tônus muscular, a
automático e constante, responsável pela expectativa de prazer e satisfação e a possibilidade
manutenção do movimento e da impulsão. No de gritar e comemorar configuram um contexto em
guidão e na roda da frente predomina um que sentimentos e emoções de raiva, euforia, medo,
estado de atenção, um alerta consciente que coragem, vergonha, alegria, entre outros, são
opta, decide, direciona, estabelece desafios e vividos e expressos de maneira intensa. Os tênues
metas, resolve problemas de trajetória, enfim, que limites entre o controle e o descontrole dessas
dá sentido à força pulsional e constante que o emoções são postos à prova, vivenciados
pedalar representa. corporalmente e numa intensidade que, em
muitos casos, pode ser inédita para o aluno. A
Em relação ao interesse do aluno pela
expressão desses sentimentos em
atividade, cabe ainda ao professor questionar os
manifestações verbais, de riso, de choro ou de
seus procedimentos de ensino que porventura se
agressividade deve ser reconhecida como objeto
repitam automaticamente, nos quais a
de ensino e aprendizagem, para que possa ser
possibilidade de prestar atenção no aluno e no
pautada pelo respeito por si e pelo outro.
processo de aprendizagem fica relegada a um
segundo plano. As características individuais e as vivências
anteriores do aluno ao deparar-se com cada
Estilo pessoal e relacionamento
situação constituem o ponto de partida para o
Neste item pretende-se refletir de que processo de ensino e aprendizagem das práticas
forma os afetos, os sentimentos e as sensações do da cultura corporal. As formas de compreender e
aluno interagem com a aprendizagem das relacionar-se com o próprio corpo, com o espaço e
práticas da cultura corporal e, ao mesmo tempo, os objetos, com os outros, a presença de
de que maneira a aprendizagem dessas práticas deficiências físicas e perceptivas configuram um
contribui para a construção de um estilo pessoal aluno com características próprias e com livre-
de atuação e relação interpessoal dentro desses arbítrio para determinar suas próprias metas de
contextos. superação, sua capacidade de lidar com a
frustração e a satisfação, e mediar suas escolhas
Alguns fatores serão considerados para
com os valores socialmente atribuídos a elas.
essa reflexão: os riscos de segurança física, o grau
de excitação somática, as características Deparar-se com suas potencialidades e
individuais e vivências anteriores (como o aluno limitações para buscar desenvolvê-las é parte
vivencia a satisfação e a frustração de seus integrante do processo de aprendizagem das
desejos de aprendizagem) e a exposição do práticas da cultura corporal e envolve sempre um
indivíduo num contexto social. desafio para o aluno, pois o êxito gera um
sentimento de satisfação e competência, mas
A aprendizagem em Educação Física
experiências sucessivas de fracasso e
envolve alguns riscos do ponto de vista físico frustração acabam por gerar uma sensação de
inerentes ao próprio ato de se movimentar, impotência que, num limite extremo, inviabiliza a
como, por exemplo, nas situações em que o
aprendizagem.
equilíbrio corporal é solicitado, a possibilidade
de desequilíbrio estará inevitavelmente presente. O êxito e o fracasso devem ser
Dessa forma, mesmo considerando que dimensionados tendo como referência os avanços
escorregões, pequenas trombadas, quedas, realizados pelo aluno em relação ao seu próprio
impacto de bolas e cordas não possam ser processo de aprendizagem, e não por uma
evitados por completo, cabe ao professor a tarefa expectativa de desempenho predeterminada.
de organizar as situações de ensino e
Por isso, as situações de ensino e
aprendizagem de forma a minimizar esses
aprendizagem contemplam as possibilidades de o
pequenos incidentes. O receio ou a vergonha do
aluno arriscar, vacilar, decidir, simular e errar,
aluno em correr riscos de segurança física é
sem que isso implique algum tipo de humilhação
motivo suficiente para que ele se negue a
ou constrangimento. A valorização do investimento
participar de uma atividade, e em hipótese
que o indivíduo faz contribui para a construção de
alguma o aluno deve ser obrigado ou
uma postura positiva em relação à experimentação
constrangido a realizar qualquer atividade. As
corporal, mesmo porque, a rigor, não existe um
propostas devem desafiar e não ameaçar o
gesto certo ou errado e sim um gesto mais ou menos
aluno. E como essa medida varia de pessoa
adequado para cada contexto.
para pessoa, a organização das atividades tem
de contemplar individualmente esse aspecto No âmbito das práticas coletivas da cultura
relativo à segurança física. corporal com fins de vivência e expressão de
emoções, sentimentos e sensações, as relações de
Uma outra característica da maioria das
afetividade se configuram, em muitos casos, a partir
situações de prática corporal é o grau elevado de
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de regras e valores peculiares a determinado Por desconhecimento, receio ou mesmo
contexto estabelecido pelo grupo de preconceito, a maioria dos portadores de
participantes. Assim, é a partir do fato de uma necessidades especiais tendem a ser excluídos das
atividade se revestir de um caráter competitivo ou aulas de Educação Física. A participação nessa aula
recreativo, se a eficiência ou a plasticidade pode trazer muitos benefícios a essas crianças,
estética serão valorizadas, ou se as regras serão particularmente no que diz respeito ao
mais ou menos flexíveis, que serão determinadas desenvolvimento das capacidades perceptivas,
as relações de inclusão e exclusão do indivíduo afetivas, de integração e inserção social, que
no grupo. Na escola, ao considerar as opiniões e levam este aluno a uma maior condição de
os interesses dos alunos no intuito de viabilizar a consciência, em busca da sua futura
inclusão de todos, em última instância quem independência.
determina o caráter de cada dinâmica coletiva é
É fundamental, entretanto, que alguns
o professor. Esse é um dos aspectos que
cuidados sejam tomados. Em primeiro lugar, deve-
distingue a prática da cultura corporal de
se analisar o tipo de necessidade especial que esse
movimento dentro e fora da escola.
aluno tem, pois existem diferentes tipos e graus de
Gradualmente, ao longo do processo de limitações, que requerem procedimentos
aprendizagem, o aluno concebe as práticas específicos. Embora existam inúmeros cursos de
culturais de movimento como instrumentos para o aprofundamento, de especialização, de mestrado e
conhecimento e a expressão de sensações, mesmo de doutorado no país, que preparam
sentimentos e emoções individuais nas relações professores de Educação Física para a atuação na
com o outro. área de educação motora adaptada, nos contextos
em que não houver professores preparados para
Em paralelo com a construção de uma
atuar com este tipo de população é necessário
melhor coordenação corporal ocorre uma
que haja orientação médica e, em alguns casos,
construção de natureza mais sutil, de caráter
a supervisão de um especialista em fisioterapia, um
mais subjetivo, que diz respeito ao estilo
neurologista, psicomotricista ou psicólogo, pois as
pessoal de se movimentar dentro das práticas
restrições de movimentos, posturas e esforço
corporais cultivadas socialmente.
podem implicar graves riscos.
Essas práticas corporais constituem um
Garantidas as condições de segurança,
espaço de desenvolvimento e formação da
o professor deve fazer adaptações, criar
personalidade, na medida em que permitem ao
situações de modo a possibilitar a participação dos
indivíduo experimentar e expressar diversas
alunos especiais. Esse aluno poderá participar dos
formas de ser e estar no mundo, contribuindo
jogos ou danças, por exemplo, criando-se um papel
para a construção de seu estilo pessoal de
específico para sua atuação, onde cada limitação
jogar, lutar, dançar e brincar. Mais ainda, de sua
gerará um nível de solução, pois o desenvolvimento
maneira pessoal de aprender a jogar, a lutar, a
da percepção das possibilidades permite a sua
dançar e a brincar. Pode-se falar em estilo
conseqüente potencialização. O professor deve
agressivo, irreverente, obstinado, elegante,
ser flexível, fazendo as adequações necessárias no
cerebral, ousado, retraído, entre outros. Nessas
plano gestual, nas regras das atividades, na utilização
práticas o aluno explicita para si mesmo e para o
de materiais e do espaço para estimular, tanto no
outro como é, como se imagina ser, como
aluno portador de necessidades especiais como no
gostaria de ser e, portanto, conhece e se permite
grupo, todas as possibilidades que favoreçam o
conhecer pelo outro.
princípio da inclusão.
Quanto mais domínio sobre os próprios
Caminham, também nesta direção, a
movimentos o indivíduo conquistar, quanto mais
informação e a discussão sobre a participação de
conhecimentos construir sobre a especificidade
portadores de necessidades especiais em
gestual de determinada modalidade esportiva, de
competições oficiais, adaptadas para cada
dança ou de luta que exerce, mais pode se
condição específica, em que se pode valorizar a
utilizar dessa mesma linguagem para expressar
superação de limitações e impedimentos.
seus sentimentos, suas emoções e o seu estilo
pessoal de forma intencional e espontânea. Dito Outro ponto importante é em relação a
de outra forma, a aprendizagem das práticas da situações de vergonha e exposição nas aulas de
cultura corporal inclui a reconstrução dessa Educação Física. A maioria das pessoas
mesma técnica ou modalidade, pelo sujeito, portadoras de deficiências têm traços
com a criação de seu estilo pessoal de exercê-las, fisionômicos, alterações morfológicas ou
nas quais a espontaneidade deve ser vista como problemas de coordenação que as destacam das
uma construção e não apenas como um estado de demais. Uma atitude positiva de todos diante
ausência de inibições. dessas diferenças é algo que se construirá na
convivência e que dependerá muito da postura
Portadores de necessidades
pedagógica que o professor adotar
especiais
concretamente nesta direção.

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EDUCAÇÃO FÍSICA
A aula de Educação Física deve É necessário, no momento, um esforço
favorecer a construção de uma atitude digna e significativo de todos os profissionais envolvidos
de respeito próprio por parte do portador de com os cursos noturnos para que se criem as
necessidades especiais, e a convivência com ele condições de valorização desse universo de
pode possibilitar a construção de atitudes de conhecimento, de modo que se possa ter mais
solidariedade, respeito e aceitação, sem um núcleo de difusão dessa cultura, que, antes de
preconceitos. ser regida pela obrigatoriedade legal, tem seu valor
na construção da cidadania.
Curso noturno
Avaliação no ensino fundamental
A seleção dos conteúdos e a distribuição
das atividades desenvolvidas pela área para o Os Parâmetros Curriculares Nacionais
curso noturno, em função das características do consideram que a avaliação deva ser de
curso e do grupo, devem receber uma atenção utilidade, tanto para o aluno como para o professor,
especial. Mais do que qualquer outro contexto, para que ambos possam dimensionar os avanços
cabe em relação aos cursos noturnos um esforço e as dificuldades dentro do processo de ensino e
para a otimização na transmissão dos conteúdos aprendizagem e torná-lo cada vez mais produtivo.
listados como relevantes. Cabe, no momento, uma
Os instrumentos de avaliação deverão
reflexão sobre o papel social da Educação Física:
atender à demanda dos objetivos educativos
• promover a integração e a inserção no expressos na seleção dos conteúdos,
grupo; abordados dentro das categorias conceitual,
procedimental e atitudinal. A predominância das
• representar uma via de acesso, de
intenções avaliativas ocorrerá dentro de uma
valorização e de apreciação da cultura corporal;
perspectiva processual, ou seja, facilitará a
• apontar a relação entre a cultura observação do aluno no processo de
corporal e o exercício da cidadania; construção do conhecimento. Essa avaliação
contínua compreende as fases que se
• validar e instrumentalizar o lazer,
convencionou denominar diagnóstica ou inicial,
resgatando o prazer enquanto aspecto formativa ou concomitante e somativa ou final.
fundamental para a Saúde e melhoria da
qualidade de vida; A avaliação diagnóstica ou inicial fornecerá
os dados para a elaboração de um projeto de
• promover, por meio do conhecimento
desenvolvimento dos conteúdos, a partir da
sobre o corpo, a formação de hábitos de
consideração dos conhecimentos prévios do aluno.
autocuidado;
A avaliação formativa ou concomitante é
• criar condiçõe s para que os aquela que, como o nome sugere, ocorre junto ao
conhecimento s construídos possibilitem uma processo de ensino e aprendizagem,
análise crítica dos valores sociais, como os
fornecendo dados importantes para o
padrões de beleza, as relações de gênero e
ajustamento das ações educativas,
preconceitos.
possibilitando a tomada de decisões quanto à
Pode-se afirmar que a não valorização continuidade do programado ou da necessidade de
da Educação Física nos cursos noturnos alterações. Poderá, além disso, tornar- se em si um
representa uma legalização da exclusão de objeto de ensino, pois dela derivam as reflexões
cidadãos dos seus direitos de acesso a um universo sobre os valores e conceitos envolvidos e sobre a
de cultura. Novamente ressalta-se a necessidade validade do próprio instrumento.
de construção do conhecimento com uma
A avaliação final ou somativa se refere aos
acentuada participação do aluno. instrumentos que pretendem avaliar o final de um
Os procedimentos de ensino e processo de aquisição de um conteúdo. Poderá ser
aprendizagem serão os mesmos do ensino utilizada enquanto momento de formalização do
diurno, cabendo as adaptações ao tempo das processo e deverá expressar para o aluno o nível
aulas e às características dos grupos. O fato de atingido dentro dos objetivos de aprendizagem
os alunos dos cursos noturnos serem em sua propostos.
maioria trabalhadores e com idade mais avançada Outro fator importante a ser ressaltado é a
que os dos cursos diurnos caracterizará um clareza dos instrumentos de avaliação; mesmo
padrão próprio de abordagem, que não deve
para os aspectos mais subjetivos, como, por
significar diferencial quanto a qualidade do
exemplo, “participar com interesse”, o aluno deverá
ensino e aprendizagem oferecidas. Pois as
saber logo de início como, quando e de que modo
diferenças se expressam no trato de todos os
estará sendo avaliado, para que sua participação e
conteúdos nas inúmeras regiões do país, com entendimento do processo de ensino e
escolas e comunidades com características aprendizagem sejam ampliados. O professor de
específicas.
Educação Física encontra-se em uma posição
privilegiada para avaliar a partir desses critérios

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EDUCAÇÃO FÍSICA
informais, como o interesse, a participação, a para cada conteúdo e para cada objetivo
organização para o trabalho cooperativo, o específico, como por exemplo:
respeito aos materiais e aos colegas, pois esses
• fichas de acompanhamento do
aspectos tornam-se bastante evidentes nas
desenvolvimento pessoal;
situações de aula. O fundamental é que esses
critérios devem estar claros para o professor e • relatório de uma atividade em grupo ou
serem explicitados para os alunos. fichas de observação com critérios definidos sobre
a participação e a contribuição no desenvolvimento
É importante ressaltar que o processo de
de algumas atividades em grupo;
avaliação não se restringe em estabelecer uma
nota. A nota poderá adquirir um significado maior • relatório de apreciação de um evento
quando tornar-se uma referência qualitativa ou esportivo ou de um espetáculo de dança, onde
quantitativa, que expressa e faz parte do determinados aspectos fossem ressaltados;
próprio processo de ensino e aprendizagem, e
• ficha de avaliação do professor quanto à
não apenas como um produto resultante dele.
capacidade do grupo de aplicar as regras de um
A avaliação processual dos conteúdos determinado jogo, reconhecendo as transgressões
conceituais, procedimentais e atitudinais deverá ser e atuando com autonomia;
integrada, podendo ter momentos formalizados
• dinâmicas de criação de jogos, produção
que enfatizem uma ou outra categoria.
e transmissão para outros grupos;
É aconselhável que esse processo integre
• relatórios ou fichas de observação e
também a avaliação do aluno, não só como auto-
auto-avaliação sobre a participação na
avaliação, mas também como reflexão sobre a
metodologia e a organização do processo de organização de um evento escolar ou para a
trabalho, dando subsídios para o professor comunidade;
avaliar seu próprio trabalho e planejar sua • relatórios para avaliação das etapas em
continuidade. trabalhos sobre projetos;
Em síntese, os instrumentos de avaliação • fichas de auto-avaliação mapeando o
deverão: interesse sobre os diversos conteúdos, propiciando
• explicitar os objetivos específicos uma reflexão sobre interesse e participação.
propostos pelo programa de ensino; OBJETIVOS GERAIS PARA O ENSINO
FUNDAMENTAL
• situar alunos e professor dentro do
processo de ensino e aprendizagem; Espera-se que, ao final do ensino
fundamental, os alunos sejam capazes de:
• considerar de forma integrada os
conteúdos conceituais, procedimentais e • participar de atividades corporais,
atitudinais; estabelecendo relações equilibradas e
construtivas com os outros, reconhecendo e
• ser claros o suficiente para que o aluno
respeitando características físicas e de
saiba o que, como e quando será avaliado;
desempenho de si próprio e dos outros, sem
• incluir a valorização do aluno, não apenas discriminar por características pessoais, físicas,
como auto-avaliação, mas também como aquele sexuais ou sociais;
que opina sobre o processo que vivencia;
• repudiar qualquer espécie de violência,
• reconhecer o desenvolvimento adotando atitudes de respeito mútuo, dignidade
individual valorizando o aluno e contribuindo com e solidariedade nas práticas da cultura corporal
a auto-estima; de movimento;
• avaliar a construção do conhecimento • conhecer, valorizar, respeitar e
como um processo; desfrutar da pluralidade de manifestações de
cultura corporal do Brasil e do mundo,
• aferir a capacidade do aluno de
percebendo-as como recurso valioso para a
expressar-se, pela linguagem escrita e falada,
integração entre pessoas e entre diferentes
sobre a sistematização dos conhecimentos
grupos sociais e étnicos;
relativos à cultura corporal de movimento, e da sua
capacidade de movimentar-se nas formas • reconhecer-se como elemento
elaboradas por esta cultura. integrante do ambiente, adotando hábitos
saudáveis de higiene, alimentação e
INSTRUMENTO S DE AVALIAÇÃO
atividades corporais, relacionando-os com os
Os instrumentos de avaliação estão efeitos sobre a própria saúde e de melhoria da
diretamente relacionados com o grau de saúde coletiva;
abordagem dos conteúdos em função dos objetivos
• solucionar problemas de ordem
propostos. Assim, os professores poderão
corporal em diferentes contextos, regulando e
construir inúmeros instrumentos de avaliação
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EDUCAÇÃO FÍSICA
dosando o esforço em um nível compatível ESPECIFICIDADES DO
com as possibilidades, considerando que o CONHECIMENTO DA ÁR EA
aperfeiçoamento e o desenvolvimento das
A possibilidade de utilização das práticas da
competências corporais decorrem de
cultura corporal de movimento de forma diferenciada
perseverança e regularidade e que devem
pelo tratamento metodológico disponível na área.
ocorrer de modo saudável e equilibrado;
Blocos de conteúdo
• reconhecer condições de trabalho que
comprometam os processos de crescimento e Os conteúdos estão organizados em três
desenvolvimento, não as aceitando para si nem blocos, que deverão ser desenvolvidos ao longo
para os outros, reivindicando condições de vida de todo o ensino fundamental. A distribuição e o
dignas; desenvolvimento dos conteúdos estão
relacionados com o projeto pedagógico de cada
• conhecer a diversidade de padrões
escola e a especificidade de cada grupo. A
de saúde, beleza e desempenho que existem
característica do trabalho deve contemplar os
nos diferentes grupos sociais,
vários níveis de competência desenvolvidos, para
compreendendo sua inserção dentro da
que todos os alunos sejam incluídos e as diferenças
cultura em que são produzidos, analisando
individuais resultem em oportunidades para troca e
criticamente os padrões divulgados pela mídia e
enriquecimento do próprio trabalho. Dentro
evitando o consumismo e o preconceito;
dessa perspectiva, o grau de aprofundamento dos
• conhecer, organizar e interferir no conteúdos estará submetido às dinâmicas dos
espaço de forma autônoma, bem como próprios grupos, evoluindo do mais simples e geral
reivindicar locais adequados para promover para o mais complexo e específico ao longo dos
atividades corporais de lazer, reconhecendo- ciclos.
as como uma necessidade do ser humano e um
Essa organização tem a função de
direito do cidadão, em busca de uma melhor
evidenciar quais são os objetos de ensino e
qualidade de vida.
aprendizagem que estão sendo privilegiados,
EDUCAÇÃO FÍSI CA servindo como subsídio ao trabalho do professor,
que deverá distribuir os conteúdos a serem
2 ª P A RT E
trabalhados de maneira diversificada e adequada
EDUCAÇÃO FÍSICA PARA TERCEIRO E às possibilidades e necessidades de cada
QUARTO CICLOS contexto. Assim, não se trata de uma estrutura
estática ou inflexível, mas sim de uma forma de
Critérios de seleção dos conteúdos
organizar o conjunto de conhecimentos abordados,
Com a preocupação de garantir a segundo os diferentes enfoques que podem ser
coerência com a concepção exposta e de efetivar dados:
os objetivos, foram eleitos alguns critérios para a
Esportes, jogos, lutas e ginásticas
seleção dos conteúdos propostos.
Atividades rítmicas e expressivas
RELEVÂNCIA SO CIAL
Conhecimentos sobre o corpo
Foram selecionadas práticas da cultura
Os três blocos articulam-se entre si, têm
corporal de movimento que têm presença vários conteúdos em comum, mas guardam
marcante na sociedade brasileira, cuja especificidades. O bloco Conhecimentos sobre o
aprendizagem favorece a ampliação das
corpo tem conteúdos que estão incluídos nos
capacidades de interação sociocultural, o usufruto
demais, mas que também podem ser abordados e
das possibilidades de lazer, a promoção da
tratados em separado. Os outros dois guardam
saúde pessoal e coletiva. características próprias e mais específicas, mas
Considerou-se também de também têm interseções e fazem articulações entre
fundamental importância que os conteúdos da si.
área contemplem as demandas sociais
CONHECIMENTOS SOBRE O
apresentadas pelos temas transversais.
CORPO
CAR ACTERÍSTIC AS DOS ALUN OS
Este bloco diz respeito aos conhecimentos
A definição dos conteúdos buscou e conquistas individuais que subsidiam as práticas
guardar uma amplitude que possibilite a corporais expressas nos outros dois blocos e que
consideração das diferenças entre regiões, cidades dão recursos para o indivíduo gerenciar sua
e localidades brasileiras e suas respectivas atividade corporal de forma autônoma. O corpo é
populações. Além disso tomou-se também como compreendido não como um amontoado de partes
referencial a necessidade de considerar os níveis e aparelhos, mas sim como um organismo
de crescimento e desenvolvimento e as integrado, como um corpo vivo, que interage com o
possibilidades de aprendizagem dos alunos nesta meio físico e cultural, que sente dor, prazer,
etapa da escolaridade. alegria, medo etc. Para se conhecer o corpo,

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EDUCAÇÃO FÍSICA
abordam-se os conhecimentos anatômicos, procedimental, podem ser observadas, praticadas e
fisiológicos, biomecânicos e bioquímicos que apreciadas dentro dos esportes, jogos, lutas e
capacitam a análise crítica dos programas de danças.
atividade física e o estabelecimento de critérios
Também fazem parte deste bloco os
para julgamento, escolha e realização de
conhecimentos sobre os hábitos posturais e
atividades corporais saudáveis. Esses
atitudes corporais. A ênfase deste item está na
conhecimentos são tratados de maneira
relação entre as possibilidades e as
simplificada, abordando- se apenas os aspectos
necessidades biomecânicas e a construção
básicos. No ciclo final da escolaridade obrigatória
sociocultural da atitude corporal, dos gestos, da
podem ser ampliados e aprofundados. É importante
postura. Por que, por exemplo, os orientais
ressaltar que os conteúdos deste bloco estão
sentam-se no chão, com as costas eretas? Por
contextualizados nas atividades corporais
que existe uma tendência em apoiar-se em
desenvolvidas. Ou seja, ganham sentido na
apenas uma das pernas nas posturas em pé?
abordagem simultânea de conceitos, atitudes e
Observar, analisar, compreender essas atitudes
procedimentos ao fazer, compreender, sentir e
corporais são atividades que podem ser
falar sobre as possibilidades e necessidades
desenvolvidas juntamente com projetos de História,
corporais.
Geografia e Pluralidade Cultural. Além da análise
Os conhecimentos de anatomia referem- dos diferentes hábitos, pode-se incluir a questão da
se principalmente à estrutura muscular e óssea postura dos alunos na escola: as posturas mais
e são abordados sob o enfoque da percepção adequadas para fazer determinadas tarefas e para
do próprio corpo, sentindo e compreendendo, diferentes situações.
por exemplo, os ossos e os músculos envolvidos
O corpo como sede de sensações e
nos diferentes movimentos e posições, em
emoções deverá ser contemplado como conteúdo,
situações de relaxamento e tensão.
de modo a permitir a compreensão da dimensão
Os conhecimentos de fisiologia são emocional que se expressa nas práticas da cultura
aqueles básicos para compreender as alterações corporal e a percepção do corpo sensível e emotivo
que ocorrem durante as atividades físicas por meio de vivências corporais, como jogos
(freqüência cardíaca, queima de calorias, perda dramáticos, massagem etc.
de água e sais minerais) e aquelas que
ESPORTES, JOGOS, LUTAS E
ocorrem a longo prazo (melhora da condição
GINÁSTICA S
cardiorrespiratória, aumento da massa muscular,
da força e da flexibilidade e diminuição de tecido Tentar definir critérios para delimitar cada
adiposo). uma destas práticas corporais é tarefa arriscada,
pois as sutis interseções, semelhanças e
A bioquímica abordará conteúdos que
diferenças entre uma e outra estão vinculadas ao
subsidiam a fisiologia: alguns processos
contexto em que são exercidas. Existem inúmeras
metabólicos de produção de energia,
tentativas de circunscrever conceitualmente cada
eliminação e reposição de nutrientes básicos.
uma delas, a partir de diferentes pressupostos
Os conhecimentos de biomecânica são
teóricos, mas até hoje não se chegou a um consenso.
relacionados à anatomia e contemplam,
principalmente, a adequação dos hábitos As delimitações utilizadas no presente
gestuais e posturais, como, por exemplo, documento têm o intuito de tornar viável ao
levantar um peso e equilibrar objetos. professor e à escola operacionalizar e sistematizar
os conteúdos da forma mais abrangente,
Estes conteúdos são abordados
diversificada e articulada possível.
principalmente a partir da percepção do próprio
corpo, isto é, o aluno poderá, estimulado por suas Assim, considera-se esporte as práticas em
sensações e de posse de informações conceituais que são adotadas regras de caráter oficial e
sistematizadas, analisar e compreender as competitivo, organizadas em federações
alterações que ocorrem em seu corpo durante e regionais, nacionais e internacionais que
depois de fazer atividades. Poderão ser feitas regulamentam a atuação amadora e a
análises sobre alterações a curto, médio ou longo profissional. Envolvem condições espaciais e de
prazos. Também sob a ótica da percepção do equipamentos sofisticados como campos, piscinas,
próprio corpo os alunos poderão analisar seus bicicletas, pistas, ringues, ginásios etc. A
movimentos no tempo e no espaço: como são divulgação pela mídia favorece a sua apreciação
seus deslocamentos, qual é a velocidade de seus por um diverso contingente de grupos sociais e
movimentos etc. culturais. Por exemplo, os Jogos Olímpicos, a
Copa do Mundo de Futebol ou determinadas lutas
As habilidades motoras deverão ser
de boxe profissional são vistos e discutidos por um
aprendidas durante toda a escolaridade, do ponto
grande número de apreciadores e torcedores.
de vista prático, e deverão sempre estar
contextualizadas nos conteúdos dos outros Os jogos podem ter uma flexibilidade maior
blocos. Do ponto de vista conceitual e nas regulamentações, que são adaptadas em função

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EDUCAÇÃO FÍSICA
das condições de espaço e material disponíveis, Incluem-se neste bloco as informações
do número de participantes, entre outros. São históricas sobre as origens e características dos
exercidos com um caráter competitivo, esportes, jogos, lutas e ginásticas, e a valorização e
cooperativo ou recreativo em situações festivas, apreciação dessas práticas.
comemorativas, de confraternização ou ainda no
ATIVIDADES RÍTMICAS E
cotidiano, como simples passatempo e diversão.
EXPRES SIVAS
Assim, incluem-se entre os jogos as brincadeiras
regionais, os jogos de salão, de mesa, de Em princípio, é relevante sublinhar que
tabuleiro, de rua e as brincadeiras infantis de todas as práticas da cultura corporal de
modo geral. movimento, mais ou menos explicitamente,
possuem expressividade e ritmo. Em relação à
As lutas são disputas em que o(s)
expressão, essas práticas se constituem em
oponente(s) deve(m) ser subjugado(s), com
códigos simbólicos, por meio dos quais a vivência
técnicas e estratégias de desequilíbrio, contusão,
individual do ser humano, em interação com os
imobilização ou exclusão de um determinado
valores e conceitos do ambiente sociocultural,
espaço na combinação de ações de ataque e
produz a possibilidade de comunicação por gestos
defesa. Caracterizam-se por uma
e posturas. Em relação ao ritmo, desde a
regulamentação específica a fim de punir atitudes
respiração até a execução de movimentos mais
de violência e de deslealdade. Podem ser
complexos, se requer um ajuste com referência
citados como exemplos de lutas desde as
no espaço e no tempo, envolvendo, portanto, um
brincadeiras de cabo-de-guerra e braço-de-ferro
ritmo ou uma pulsação.
até as práticas mais complexas da capoeira, do
judô e do caratê. Este bloco de conteúdos inclui as
manifestações da cultura corporal que têm como
As ginásticas são técnicas de trabalho
característica comum a intenção explícita de
corporal que, de modo geral, assumem um
expressão e comunicação por meio dos gestos na
caráter individualizado com finalidades
presença de ritmos, sons e da música na
diversas. Por exemplo, pode ser feita como
construção da expressão corporal. Trata-se
preparação para outras modalidades, como
especificamente das danças, mímicas e
relaxamento, para manutenção ou recuperação da
brincadeiras cantadas. Nessas atividades rítmicas
saúde ou ainda de forma recreativa, competitiva e
e expressivas encontram-se mais subsídios para
de convívio social. Envolvem ou não a utilização de
enriquecer o processo de informação e formação
materiais e aparelhos, podendo ocorrer em
dos códigos corporais de comunicação dos
espaços fechados, ao ar livre e na água. Cabe
indivíduos e do grupo.
ressaltar que são um conteúdo que tem uma
relação privilegiada com o bloco “conhecimentos Num país em que pulsam a capoeira, o
sobre o corpo”, pois nas atividades ginásticas samba, o bumba-meu-boi, o maracatu, o frevo, o
esses conhecimentos se explicitam com afoxé, a catira, o baião, o xote, o xaxado, entre
bastante clareza. Atualmente, existem várias muitas outras manifestações, é surpreendente o
técnicas de ginástica que trabalham o corpo de fato de a Educação Física, durante muito tempo, ter
modo diferente das ginásticas tradicionais (de desconsiderado essas produções da cultura
exercícios rígidos, mecânicos e repetitivos), popular como objeto de ensino e aprendizagem. A
visando à percepção do próprio corpo: ter diversidade cultural que caracteriza o país tem na
consciência da respiração, perceber relaxamento e dança uma de suas expressões mais significativas,
tensão dos músculos, sentir as articulações da constituindo um amplo leque de possibilidades de
coluna vertebral. aprendizagem.
Uma prática pode ser vivida ou Todas as culturas têm algum tipo de
classificada em função do contexto em que ocorre manifestação rítmica e expressiva. No Brasil existe
e das intenções de seus praticantes. Por uma riqueza muito grande dessas manifestações.
exemplo, o futebol pode ser praticado como um Danças trazidas pelos africanos na colonização,
esporte, onde se valorizam os aspectos formais, danças relativas aos mais diversos rituais, danças
considerando as regras oficiais que são que os imigrantes trouxeram em sua bagagem,
estabelecidas internacionalmente (e que danças que foram aprendidas com os vizinhos de
incluem as dimensões do campo, o número de fronteira, danças que se vêem pela televisão. As
participantes, o diâmetro e o peso da bola, entre danças foram e são criadas a todo tempo:
outros aspectos), com platéia, técnicos e inúmeras influências são incorporadas e as
árbitros. Pode ser considerado um jogo, danças transformam-se, multiplicam-se.
quando ocorre na praia, ao final da tarde, com Algumas preservaram suas características e
times compostos na hora, sem árbitro nem pouco se transformaram com o passar do
torcida, com fins puramente recreativos. E, em tempo, como os forrós que acontecem nas
muitos casos, esses aspectos podem estar zonas rurais, sob a luz de um lampião, ao som
presentes simultaneamente. de uma sanfona. Outras recebem múltiplas
influências, incorporam-nas, transformando-as em

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EDUCAÇÃO FÍSICA
novas manifestações, como os forrós do Nordeste, criação e cópia utilizados de forma inadequada
que incorporaram os ritmos caribenhos, resultando reacendem categoricamente as atitudes corporais
na lambada. estereotipadas. Portanto a possibilidade de
harmonizar criação livre e cópia de movimento
Nos centros urbanos existem danças
passa a ser uma atitude sensata de equilíbrio na
como o funk, o rap, as danças de salão, entre
aplicação dos conteúdos.
outras, que se caracterizam por acontecerem
em festas, clubes, ou mesmo nas praças e ruas. Conhecer algumas técnicas de
Há também as danças eruditas, como a clássica, a execução de movimentos e utilizar-se delas no
contemporânea, a moderna e o jazz, que podem execercício de seu potencial comunicativo, ser capaz
às vezes ser apreciadas na televisão, em de improvisar, de construir coreografias, podem
apresentações teatrais, e que são geralmente contribuir na adoção de atitudes de valorização e
ensinadas em escolas e academias. Nas apreciação dessas manifestações expressivas.
cidades do Nordeste e do Norte do país existem
Organização dos conteúdos
danças e coreografias associadas às
manifestações musicais, como a timbalada ou o Os conteúdos de aprendizagem serão
olodum, por exemplo. apresentados dentro dos blocos, segundo sua
categoria conceitual (fatos, princípios e
A presença de imigrantes no país também
conceitos), procedimental (ligados ao fazer), e
trouxe uma gama significativa de danças das mais
atitudinal (normas, valores e atitudes), o que
diversas culturas. Quando houver acesso a elas,
permite a identificação mais precisa das
é importante conhecê-las, situá-las, entender o
intenções educativas. Antes, porém, é
que representam e o que significam para os
conveniente se precaver dos perigos de
imigrantes que as praticam.
compartimentalizar o que nunca se encontra
Existem casos de danças que estão separado na aprendizagem. Essas categorias são
desaparecendo, pois não há quem as dance, utilizadas para melhor clareza das diferentes
quem conheça suas origens e significados. dimensões que interferem nas aprendizagens,
Conhecê-las, por meio das pessoas mais velhas permitindo uma análise global para a
da comunidade, valorizá-las e revitalizá-las é algo diferenciação da abordagem metodológica.
possível de ser feito dentro deste bloco de Nesse sentido, deve-se considerar que essas
conteúdos. categorias de conteúdo (conceitual,
procedimental, atitudinal) sempre estão
As lengalengas são geralmente
associadas, mesmo que tratadas de maneira
conhecidas das meninas de todas as regiões do
específica. Por exemplo, os aspectos conceituais do
país. Caracterizam-se por combinar gestos
desenvolvimento da resistência orgânica são
simples, ritmados e expressivos que acompanham
aprendidos junto com os procedimentais, por meio
uma música canônica. As brincadeiras de roda e
da aplicação de exercícios de natureza aeróbica e
as cirandas também são uma boa fonte para
anaeróbica junto dos aspectos atitudinais de
atividades rítmicas.
valorização (sentir-se envolvido e responsabilizar
Os conteúdos deste bloco são amplos, pelo seu desenvolvimento). Essas categorias
diversificados e podem variar muito de acordo com constituem-se em referenciais para o diálogo entre
o local em que a escola estiver inserida. Sem o ensino e a aprendizagem.
dúvida alguma, resgatar as manifestações culturais
Os conteúdos dos blocos são organizados
tradicionais da coletividade, principalmente por
em dois itens: o primeiro trata dos conteúdos
meio das pessoas mais velhas, é de fundamental
atitudinais, e o segundo agrupa conteúdos
importância. A pesquisa sobre danças e
conceituais e procedimentais.
brincadeiras cantadas de regiões distantes, com
características diferentes das danças e Os conteúdos atitudinais (normas, valores
brincadeiras locais, pode tornar o trabalho mais e atitudes) são apresentados em primeiro plano,
completo. perpassando os três blocos, pois a
aprendizagem de qualquer prática da cultura
Por meio das danças e brincadeiras os
corporal de movimento que não considerá-los de
alunos poderão conhecer as qualidades do
forma explícita se reduzirá a mera aprendizagem
movimento expressivo como leve/pesado,
tecnicista e alienada. Entende-se por valores os
forte/fraco, rápido/lento, fluido/interrompido.
princípios éticos e as idéias que permitem que se
Podem perceber sua intensidade, duração,
possa emitir um juízo sobre as condutas e seu
direção e analisá-lo a partir destes referenciais.
sentido. As atitudes refletem a coerência entre o
Importante também é a percepção de um comportamento e o discurso do sujeito. São as
momento muito especial na dança que é o saber formas que cada pessoa encontra para expressar
conviver com a sensação de liberdade que seus valores e posicionar-se em diferentes
acompanha o exercício de criação, assim como contextos. As normas são padrões ou regras de
também o exercício de conviver com o modelo comportamento construídos socialmente para
pronto do desenho coreográfico. Processos de organizar determinadas situações; constituem a

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EDUCAÇÃO FÍSICA
forma pactuada de concretizar os valores como parte do processo de aprendizagem (diálogo
compartilhados por um coletivo e indicam o que de competências).
se pode e o que não se pode fazer.
• Disposição em adaptar regras,
Em seguida, os conteúdos conceituais materiais e espaço visando à inclusão do outro
(conceitos e princípios) e procedimentais são (jogos, ginásticas, esportes etc.).
distribuídos nas especificidades de cada bloco.
• Disposição para aplicar os
Os procedimentos expressam um saber- fazer
conhecimento adquiridos e os recursos
que envolve tomar decisões e realizar uma série
disponíveis na criação e adaptação de jogos,
de ações, de forma ordenada e não aleatória, para
danças e brincadeiras, otimizando o tempo
atingir uma meta. Os conceitos e princípios
disponível para o lazer.
constituem-se em generalizações, deduções,
informações e sistematizações relativas ao • Valorização da cultura corporal de
ambiente sociocultural. São organizados lado movimento como parte do patrimônio cultural da
a lado em função do diálogo que se estabelece comunidade, do grupo social e da nação.
na cultura corporal de movimento entre o fazer,
o pensar e o sentir. • Valorização do estilo pessoal de cada um.

ATITUDES: CONHECIMENTO • Valorização da cultura corporal de


SOBRE O CORPO; ESPORTES, JOGOS, movimento como instrumento de expressão de
LUTAS E GINÁSTICAS; ATIVIDADES afetos, sentimentos e emoções.
RÍTMIC AS E EXPRESSIVAS • Valorização da cultura corporal de
movimento como possibilidade de obter
• Predisposição a cooperação e
solidariedade (ajudar o outro, dar segurança, satisfação e prazer.
contribuir com um ambiente favorável ao trabalho • Valorização da cultura corporal de
etc.). movimento como linguagem, como forma de
comunicação e interação social.
• Predisposição ao diálogo (favorecer a
troca de conhecimento, não sonegar informações • Respeito a diferenças e características
úteis ao desenvolvimento do outro, valorizar o relacionadas ao gênero presente nas práticas da
diálogo na resolução de conflitos, respeitar a opinião cultura corporal de movimento.
do outro).
Conceitos e procedimentos:
• Valorização da cultura popular e nacional. Conhecimentos sobre o corpo
• Predisposição para a busca do • Identificação das capacidades físicas
conhecimento, da diversidade de padrões, da básicas.
atitude crítica em relação a padrões impostos, do
reconhecimento a outros padrões pertinentes a • Compreensão dos aspectos relacionados
diferentes contextos. com a boa postura.

• Respeito a si e ao outro (próprios • Compreensão das relações entre as


limites corporais, desempenho, interesse, capacidades físicas e as práticas da cultura
biotipo, gênero, classe social, habilidade, erro corporal de movimento.
etc.). • Compreensão das técnicas de
• Valorização do desempenho esportivo de desenvolvimento e manutenção das capacidades
um modo geral, sem ufanismo ou regionalismo. físicas básicas.

• Predisposição para experimentar • Vivência de diferentes formas de


situações novas ou que envolvam novas desenvolvimento das capacidades físicas
aprendizagens. básicas.

• Predisposição para cultivar algumas • Identificação das funções orgânicas


práticas sistemáticas (exercícios técnicos, de relacionadas às atividades motoras.
manutenção das capacidades físicas etc.). • Vivências corporais que ampliem a
• Aceitação da disputa como um elemento percepção do corpo sensível e do corpo emotivo.
da competição e não como uma atitude de • Conhecimento dos efeitos que a atividade
rivalidade frente aos demais. física exerce sobre o organismo e a saúde.
• Predisposição em aplicar os • Compreensão dos mecanismos e
conhecimentos técnicos e táticos. fatores que facilitam a aprendizagem motora.
• Valorização do próprio desempenho em • Compreensão dos fatores fisiológicos
situações competitivas desvinculadas do resultado. que incidem sobre as características da
• Reconhecimento do desempenho do motricidade masculina e feminina.
outro como subsídio para a própria evolução,
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EDUCAÇÃO FÍSICA
Conceitos e procedimentos: • Percepção do ritmo pessoal.
Esportes, jogos, lutas e ginásticas
• Percepção do ritmo grupal.
• Compreensão dos aspectos históricos
• Desenvolvimento da noção
sociais relacionados aos jogos, às lutas, aos
espaço/tempo vinculada ao estímulo musical e
esportes e às ginásticas.
ao silêncio com relação a si mesmo e ao outro.
• Participação em jogos, lutas, e
• Exploração de gestos e códigos de outros
esportes dentro do contexto escolar de forma
movimentos corporais não abordados nos outros
recreativa.
blocos.
• Participação em jogos, lutas, e
• Compreensão do processo expressivo
esportes dentro do contexto escolar de forma
partindo do código individual de cada um para o
competitiva.
coletivo (mímicas individuais, representações de
• Vivência de jogos cooperativos. cenas do cotidiano em grupo, danças
individuais, pequenos desenhos coreográficos em
• Desenvolvimento das capacidades físicas
grupo).
e habilidades motoras por meio das práticas da
cultura corporal de movimento. • Percepção dos limites corporais na
vivência dos movimentos rítmicos e expressivos.
• Compreensão e vivência dos aspectos
relacionados à repetição e à qualidade do • Predisposição a superar seus próprios
movimento na aprendizagem do gesto limites nas vivências rítmicas e expressivas.
esportivo.
• Vivências das danças folclóricas e
• Aquisição e aperfeiçoamento de regionais, compreendendo seus contextos de
habilidades específicas a jogos, esportes, lutas e manifestação (carnaval, escola de samba e seus
ginásticas. integrantes, frevo, capoeira, bumba-meu-boi etc.).
• Compreensão e vivência dos aspectos • Reconhecimento e apropriação dos
técnicos e táticos do esporte no contexto princípios básicos para construção de desenhos
escolar. coreográficos e coreografias simples.
• Desenvolvimento da capacidade de • Vivência da aplicação dos princípios
adaptar espaços e materiais na criação de jogos. básicos na construção de desenhos coreográficos.
• Desenvolvimento da capacidade de • Vivência das manifestações das
adaptar espaços e materiais para realizar esportes danças urbanas mais emergentes e
simultâneos, envolvendo diferentes objetivos compreensão do seu contexto originário.
de aprendizagem.
• Vivência das danças populares
• Vivência de esportes individuais regionais, nacionais e internacionais e
dentro de contextos participativos e competitivos. compreensão do contexto sociocultural onde se
desenvolvem.
• Vivência de esportes coletivos
dentro de contextos participativos e Quadro ilustrativo
competitivos.
• Vivência de variados papéis assumidos
no contexto esportivo (goleiro, defesa, atacante,
técnico, torcedor, juiz).
• Participação na organização de
campeonatos, gincanas, excursões e
acampamentos dentro do contexto escolar.
• Compreensão das diferentes técnicas
ginásticas relacionadas com diferentes
contextos histórico-culturais e com seus
objetivos específicos.
• Compreensão e vivência dos
aspectos de quantidade e qualidade
relacionados aos movimentos ginásticos.
Conceitos e procedimentos:
Atividades rítmicas e expressivas
ENSINAR E APRENDER NO TERCEIRO E
• Compreensão dos aspectos histórico- NO QUARTO CICLOS
sociais das danças.

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EDUCAÇÃO FÍSICA
Inicialmente, é fundamental que se demasiadamente reducionista, e até mesmo
façam algumas considerações sobre aspectos falsa, se não incluir o aluno em primeiro plano de
da realidade escolar brasileira que vão incidir referência.
sobre os processos de ensino e
Neste momento da escolaridade, jovens
aprendizagem característicos de terceiro e
e adolescentes dão andamento a um processo
quarto ciclos.
de busca de identificação e afirmação pessoal,
No ensino fundamental, a em que a construção da auto- imagem e da auto-
correspondência ideal entre idade e ciclo estima desempenham um papel muito importante.
escolar, em grande parte dos casos, inexiste. Nesta construção, as experiências corporais
Já presente nos ciclos anteriores, essa adquirem uma dimensão significativa, cercada
situação se acentua nos dois ciclos finais do de dúvidas, conflitos, desejos, expectativas e
ensino fundamental, apresentando, em muitos inseguranças. Quase sempre influenciados por
momentos, a convivência de alunos entre 10 e modelos externos, o jovem e o adolescente
17 anos num mesmo grupo. Esse quadro questionam a sua auto-imagem em relação a
potencializa a já característica diversidade de beleza, capacidades físicas, habilidades, limites,
interesses e formas de aprendizagem, de competências de expressão e comunicação,
qualidade de interação social, de interesses etc. Esse questionamento se poderia
conhecimentos prévios entre alunos de uma resumir na seguinte pergunta: Como eu sou e
mesma turma ou classe, exigindo do professor como eu desejo ser?
ainda mais clareza de intenções na sistematização
A emergência da sexualidade genital
de conteúdos, objetivos, estratégias,
reveste as vivências corporais pessoais e de
dinâmicas e formas de intervenção.
interação social de um colorido peculiar, onde ver
Por uma série de razões, o primeiro ano e ser visto, expor-se ou retrair-se, escolher e ser
do terceiro ciclo concentra as retenções de escolhido são caminhos que implicam
alunos e constitui o momento em que a conseqüências reais, vividas de maneira mais ou
evasão escolar se verifica de forma mais menos satisfatória. Em muitos momentos a
acentuada. Fora da escola, inicia-se, em muitos pergunta ganha outro sentido: Como ser, para
casos, a inserção do aluno no mercado de ser desejável?
trabalho.
O processo de afirmação pessoal passa
Somam-se a este momento da vida pela necessidade de inserção social, desde os
escolar a atuação do professor especialista no grupos de convivência cotidiana até os grupos
lugar do professor polivalente e uma série de socioculturais mais abrangentes. Ser
alterações no cotidiano escolar do aluno em reconhecido pelo grupo é subsídio para o auto-
relação a horários, responsabilidades, reconhecimento e, em alguns momentos até,
organização de materiais e do tempo, entre negar-se a participar pode ser uma forma de ser
outras. percebido por ele. Pertencer a um determinado
grupo significa experimentar um estilo
Nos ciclos iniciais, a convivência do
diferenciado de ser, onde, paradoxalmente,
grupo com apenas um professor, de maneira
comportamentos, posturas e valores
geral, favorece a construção de vínculos mais
padronizados contribuem para a construção da
estreitos e pessoais e a consideração de
identidade pessoal.
particularidades do aluno em relação à
aprendizagem. Com a presença de um professor Neste processo, o universo de valores,
por área de conhecimento altera-se a qualidade atitudes, conceitos e procedimentos da cultura
da relação professor-aluno e da relação aluno- corporal de movimento atua de maneira
conhecimento. Verifica-se a tendência, nessa extremamente significativa como referência
circunstância, de a atenção da escola e do para o jovem e o adolescente, criando uma
professor recaírem mais sobre o processo de multiplicidade de interesses, uma enorme
ensino e menos sobre o processo de variedade de possibilidades de identificações com
aprendizagem. O olhar do professor volta-se para estilos e, aparentemente, inúmeras formas de
conteúdos e objetivos e tende a afastar- se do buscar prazer e satisfação. Essa diversidade
aluno como sujeito da aprendizagem. pode ser vivida de forma proveitosa, se for
objeto de experimentação e reflexão
As considerações que seguem são
simultâneas, se efetivamente for tratada como
referências que apontam para determinadas
objeto sociocultural sobre o qual se exerce um
direções e tendências presentes ao longo do
papel ativo de produção, de participação real. E
desdobramento da escolaridade, importantes de
muito prejudicial se tratada com omissão,
serem observadas e aprofundadas nos dois
restringindo a experiência do aluno à passividade
últimos ciclos. Pois qualquer tentativa de
consumista.
organizar processos de ensino e aprendizagem
em relação direta com faixas etárias de forma A padronização de modelos de beleza,
propedêutica e hierarquizada será desempenho, saúde e alimentação impostos pela

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EDUCAÇÃO FÍSICA
sociedade de consumo contribui para a da NBA frente ao basquete escolar, o basquete
cristalização de conceitos e comportamentos no clube e as possíveis alterações nas regras
estereotipados e alienados, tornando a para torná-lo mais cooperativo e menos
discussão, a reflexão e a relativização de competitivo, será possível ao aluno ultrapassar
conceitos e valores uma permanente um modelo único, muitas vezes seletivo,
necessidade. A Educação Física é carregado de valores pré-concebidos, abrindo a
responsável por abrir esse espaço de produção percepção para os valores fundamentais para a
de conhecimento no ambiente escolar. Neste convivência, para a solidariedade.
sentido, os Parâmetros Curriculares Nacionais
O acesso à informação na área não se
têm como proposta que o processo de ensino
restringe aos procedimentos, mas está
e aprendizagem nos ciclos finais considerem
intimamente ligado a eles, à possibilidade concreta
simultaneamente três elementos: a
de vivenciar o maior número possível de práticas
diversidade, a autonomia e as aprendizagens
e modalidades da cultura corporal de
específicas.
movimento. Na pior das hipóteses, o contexto
Diversidade escolar dispõe de um tempo e de um espaço que,
mesmo quando inadequados, precisam ser bem
A cultura corporal de movimento se
aproveitados. A Educação Física escolar não pode
caracteriza, entre outras coisas, pela
reproduzir a miséria da falta de opções e
diversidade de práticas, manifestações e
perspectivas culturais, nem ser cúmplice de um
modalidades de cultivo. Trata-se de um espectro
processo de empobrecimento e
tão amplo e complexo, que é quase impossível
descaracterização cultural. Ou seja, o mesmo
sistematizá-lo conceitualmente de forma
espaço-tempo que viabiliza o futebol e a
abrangente. De qualquer forma, é esse
“queimada” deve viabilizar o vôlei, o tênis com
universo de informações que chega ao jovem e
raquetes de madeira, os jogos pré-desportivos,
ao adolescente da mídia, de forma sedutora,
a dança, a ginástica, as atividades aeróbicas, o
fragmentada, manipulada por interesses
relaxamento, o atletismo, entre inúmeros outros
econômicos e por valores ideológicos. Dessa
realidade a Educação Física escolar não pode exemplos.
fugir nem alienar-se, pois é impossível negar a No entanto, a Educação Física e a escola
força que a indústria da cultura e do lazer de maneira geral não precisam confinar- se em
exerce na geração de comportamentos e seus muros. O diálogo permanente com a
atitudes. comunidade próxima pode ser cultivado
franqueando espaço para o desenvolvimento de
O conhecimento da cultura corporal de
movimento deve constituir-se num produções relativas ao lazer, à expressão e à
instrumento de compreensão da realidade promoção da saúde, assim como
ultrapassando os muros escolares na busca de
social e humana do aluno, e neste sentido é
informações e produções desta natureza. A
fundamental que se lhe garanta o acesso à
escola pode buscar na comunidade pessoas e
informação diversificada e aos inúmeros
instituições que dominem conhecimentos
procedimentos e recursos para obtê-la. Entre
eles, incluem-se os próprios processos de relativos a práticas da cultura corporal e trazê-
ensino e aprendizagem. las para o seu interior. Academias de capoeira,
escolas de samba, grupos de danças populares,
A Educação Física escolar dispõe de sindicatos e associações de classe que
uma diversidade de formas de abordagem para a cultivem práticas esportivas são freqüentados
aprendizagem, entre elas as situações de jogo pelos próprios alunos e podem estabelecer um
coletivo, os exercícios de preparação corporal, de diálogo permanente com a instituição escolar.
aperfeiçoamento, de improvisação, a imitação
Da mesma forma, pode-se ir ao encontro
de modelos, a apreciação e discussão, os
de experiências e informações no meio ambiente
circuitos, as atividades recreativas, enfim, todas
próximo. Por exemplo, nas inúmeras escolas
devem ser utilizadas como recurso para a
situadas em regiões litorâneas, a inclusão de
aprendizagem.
atividades como caminhadas nas praias, rios e
Por meio da percepção da diversidade mangues, natação, recreação na areia e em
de estilos, dos diferentes tempos de árvores, escalada em paredões costeiros, surfe,
assimilação do conhecimento, dos também body-boarding, “sonrisal”, bóias de pneus,
diferentes níveis motivacionais, o aluno poderá “frescobol” etc., pode ampliar o leque de
construir uma atitude mais inclusiva do que experiências corporais e de interação social.
seletiva durante as suas próprias Lembre-se, por exemplo, de que já existem
aprendizagens, bem como frente à escolas públicas de surfe (de administração
aprendizagem do outro e do grupo. Se por municipal), abertas a todas as pessoas
intermédio do desenvolvimento dos conteúdos for interessadas.
estimulada uma rica abordagem de interpretações
Faz parte dessa ampliação de repertório o
do mesmo objeto de estudo, como o basquete
trabalho com equipamentos e brinquedos cultivados
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EDUCAÇÃO FÍSICA
fora da escola, que permitem um Essa localização de atribuições inclui, entre
enriquecimento da aprendizagem de outras, questões sobre a organização do espaço e
conteúdos da Educação Física. Bicicletas, do tempo de trabalho, as metas e formas de
patins, skates, playgrounds, tacos, pipas, aprendizagem, e as articulações entre os interesses
promovem possibilidades de experiências e as possibilidades reais de desenvolvimento.
corporais ricas e peculiares, bastante diversas
O grau de autonomia para organização
das tradicionalmente vivenciadas nas aulas.
das atividades pode evoluir se forem considerados
Permitem a aprendizagem de procedimentos de
objetos de ensino procedimentos gerais como
construção, restauração, utilização
escolha de times, distribuição de pequenos
cooperativa, conservação, adaptação, ou seja,
grupos por espaços adaptados, construção e
podem tornar-se objetos de ensino e
adequação de materiais, discussão e elaboração
aprendizagem bastante significativos para o
de regras, distribuições espaciais em filas,
jovem e o adolescente, desmistificando de
círculos e outras. Inclui-se ainda o espaço para
certo modo, a sua posse e utilização apenas
discussão de táticas, técnicas e estratégias,
por parcela privilegiada da população.
para a apreciação e observação. Por exemplo, é
Ensinar e aprender a cultura corporal possível organizar uma aula sobre o voleibol que
de movimento envolve a discussão inclua, além do uso da quadra, rede e bola
permanente dos direitos e deveres do cidadão oficiais, a distribuição em espaços adaptados de
em relação às possibilidades de exercício do minivôlei, com cordas e bolas plásticas, variando
lazer, da interação social e da promoção da o tamanho do espaço para jogo e a altura da rede.
saúde. Envolve, portanto, também o ensino de Organiza-se o tempo de forma que todos os
formas de organização para a reivindicação grupos circulem pelos diversos espaços fazendo
junto aos poderes públicos de equipamentos, um rodízio. Dessa forma, além dos procedimentos
espaços e infra-estrutura para a prática de técnicos da modalidade, os alunos podem
atividades. aprender sobre as formas de organização para o
jogo, as formas de negociar a composição de
Autonomia
equipes, a determinação do caráter mais ou
A evolução da autonomia do aluno, na menos competitivo de cada situação.
sua relação com o conhecimento, não se dá
No trabalho com atividades rítmicas e
naturalmente, mas é fruto de uma construção e
expressivas, além dos momentos de criação e
de um esforço que podem ser favorecidos a
improvisação em conjunto com a aprendizagem
partir de situações concretas e significativas
por meio de modelos coreográficos, juntam-se
para o seu exercício. Os objetivos de
procedimentos de organização de tempo e
construção e exercício da cidadania com base
espaço para os ensaios, pesquisa das fontes de
na valorização de conteúdos atitudinais de
informação, construção de fantasias, adereços,
respeito, solidariedade, justiça e diálogo serão
cenários e instrumentos, organização e
possíveis se incorporados no cotidiano escolar e
divulgação das eventuais apresentações, em
nos processos de ensino e aprendizagem.
suma, tudo o que gira em torno da aprendizagem
Caminha também nessa direção a inclusão de
corporal específica.
conteúdos procedimentais de pesquisa,
organização e observação como objetos de A busca da autonomia pauta-se na
ensino e aprendizagem, a partir dos quais os ampliação do olhar da escola sobre o objeto de
alunos possam fazer opções e escolhas, ensino e aprendizagem da cultura corporal de
localizar problemas, checar hipóteses, e movimento. Essa ampliação significa a
também atribuir sentido e significado à possibilidade de construção, pelo aluno, do seu
aprendizagem. Faz parte desse processo o próprio discurso conceitual, atitudinal e
acesso a livros, revistas, jornais e vídeos; a procedimental. Em vez da reprodução ou
elaboração de pesquisas, entrevistas, painéis, memorização de conhecimentos, a sua recriação
visitas, apreciação e organização de eventos e pelo sujeito por meio da construção da
produção de materiais. Amplia-se, com isso, o autonomia para aprender.
universo de aprendizagem possível, somando-se
aos conhecimentos produzidos na aprendizagem Aprendizagem específica
de procedimentos técnicos e gestuais. Nos ciclos finais do ensino fundamental,
vão se consolidando possibilidades e
Não se trata de mera alternância entre
necessidades de aprendizagem cada vez mais
momentos em que os alunos fazem o que
específicas, em função de as condições
querem e momentos em que fazem o que o
professor manda, e sim da atribuição de cognitivas, afetivas e motoras dos alunos
responsabilidades que possam ser exercidas permitirem cada vez mais um distanciamento do
próprio objeto de ensino. Ou seja, percebe-se
de forma produtiva em cada contexto e
com nitidez que, embora se trate de
situação de ensino e aprendizagem.
instrumentos para o lazer e a recreação, as
práticas da cultura corporal de movimento podem

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EDUCAÇÃO FÍSICA
constituir-se em objetos de estudo e pesquisa características físicas e de desempenho motor,
sobre o homem e sua produção cultural. A aula bem como a de seus colegas, sem discriminar por
de Educação Física, além de ser um momento características pessoais, físicas, sexuais ou sociais.
de fruição corporal, pode se configurar num Apropriar-se de processos de aperfeiçoamento das
momento de reflexão sobre o corpo, a capacidades físicas, das habilidades motoras
sociedade, a ética, a estética e as relações inter e próprias das situações relacionais, aplicando-os
intrapessoais. com discernimento em situações-problema que
surjam no cotidiano;
A vivência da diversidade pode,
paulatinamente, ser ampliada pela experiência • adotar atitudes de respeito mútuo,
do aprofundamento na direção da técnica e da dignidade e solidariedade na prática dos jogos, lutas
satisfação, pautada nos interesses de obter e dos esportes, buscando encaminhar os conflitos
respostas mais complexas para questões mais de forma não-violenta, pelo diálogo, e prescindindo da
específicas, sejam elas de natureza conceitual, figura do árbitro. Saber diferenciar os contextos
procedimental ou atitudinal. Por exemplo, um amador, recreativo, escolar e o profissional,
esporte como o futebol traz como possibilidade reconhecendo e evitando o caráter
de aprofundamento o desenvolvimento técnico, excessivamente competitivo em quaisquer
tático e estratégico pelo treinamento desses contextos;
sistematizado de fundamentos e conceitos.
• conhecer, valorizar, apreciar e
Permite a organização e a participação de
desfrutar de algumas das diferentes
equipes com finalidades competitivas e
manifestações da cultura corporal, adotando uma
recreativas em campeonatos, festivais, eventos
postura despojada de preconceitos ou discriminações
de confraternização. O estudo da história do
por razões sociais, sexuais ou culturais.
futebol no Brasil permite a reflexão sociopolítica
Reconhecer e valorizar as diferenças de
sobre a condição do negro, a evolução do
desempenho, linguagem e expressividade
esporte-espetáculo e as relações trabalhistas, o
decorrentes, inclusive, dessas mesmas
ufanismo, o fanatismo, a violência das torcidas
diferenças culturais, sexuais e sociais. Relacionar
organizadas, a emergência do futebol feminino
a diversidade de manifestações da cultura corporal
etc.
de seu ambiente e de outros, com o contexto em que
O aprofundamento não deve estar são produzidas e valorizadas;
centrado somente nos interesses dos alunos e
• aprofundar-se no conhecimento dos limites
sim na possibilidade de realização de uma
e das possibilidades do próprio corpo de forma a
aprendizagem significativa, que articula
poder controlar algumas de suas posturas e
simultaneamente a compreensão de si mesmo,
atividades corporais com autonomia e a valorizá-las
do outro e da realidade sociocultural.
como recurso para melhoria de suas aptidões físicas.
Na aprendizagem específica, é Aprofundar as noções conceituais de esforço,
importante que o aluno sinta-se intensidade e freqüência por meio do
comprometido e capaz de dar significado à planejamento e sistematização de suas práticas
aprendizagem, que essa significação não parta corporais. Buscar informações para seu
exclusivamente das intenções dos aprofundamento teórico de forma a construir e
professores. Deve-se relacionar, durante o adaptar alguns sistemas de melhoria de sua
desenvolvimento do aluno, o quanto pode ser aptidão física;
aprendido em dado momento, e quanto os
• organizar e praticar atividades corporais,
alunos já podem perceber como importante
valorizando-as como recurso para usufruto do
de ser aprendido naquele mesmo momento.
tempo disponível, bem como ter a capacidade de
Poderemos, nessa relação, estabelecer o
alterar ou interferir nas regras convencionais, com
exercício do diálogo sobre e com o objeto de
o intuito de torná-las mais adequadas ao
aprendizagem, que ao adquirir dimensões
momento do grupo, favorecendo a inclusão dos
mais aprofundadas e ampliadas quanto à sua
praticantes. Analisar, compreender e manipular os
dimensão social gera um maior número de
elementos que compõem as regras como
questionamentos, necessidades de pesquisa e
instrumentos de criação e transformação;
vivências, pois trabalha-se com o conhecimento
vivo, o que de mais atual se expressa na • analisar alguns dos padrões de beleza,
realidade do aluno, e, portanto, instrumento saúde e desempenho presentes no cotidiano, e
de leitura dessa própria realidade. compreender sua inserção no contexto sociocultural
em que são produzidos, despertando para o senso
OBJETIVOS PARA TERCEIRO E QUARTO
crítico e relacionando-os com as práticas da cultura
CICLOS
corporal de movimento;
Espera-se que ao final do quarto ciclo os
• conhecer, organizar e interferir no espaço
alunos sejam capazes de:
de forma autônoma, bem como reivindicar locais
• participar de atividades de natureza adequados para promoção de atividades
relacional, reconhecendo e respeitando suas corporais e de lazer, reconhecendo-as como
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EDUCAÇÃO FÍSICA
uma necessidade do ser humano e um direito do • Predisposição para participar em jogo
cidadão, em busca de uma melhor qualidade de esportivo, recreativo, ginásticas, lutas e atividades
vida. rítmicas e expressivas.
CONTEÚDOS PARA TERCEIRO E • Predisposição para criar, transformar e
QUARTO CICLOS adaptar regras na criação de jogos e atividades que
dêem prioridade à inclusão de todos.
Ao longo deste documento tem-se
enfatizado a importância da participação dos alunos • Reconhecimento e valorização de atitudes
na construção do processo de aprendizagem não discriminatórias quanto a habilidade, sexo ou
e na seleção dos conteúdos diante da outras, como conduta eficiente para inclusão de
diversidade. Com as divisões que se seguem, todos nas práticas da cultura corporal de
procura-se organizar para a leitura do professor movimento.
algumas das possibilidades dentro dos blocos de
• Valorização dos jogos recreativos e das
conteúdos. Ao reafirmar a importância da
danças populares como forma de lazer e integração
diversidade, valoriza-se a dimensão das
social.
múltiplas leituras da realidade e a conseqüente
ampliação das possibilidades de comunicação e • Cooperação e aceitação das funções
relacionamento entre as pessoas. atribuídas dentro do trabalho em equipe (nos
jogos, coreografias, mímicas etc.).
Este item aborda inicialmente os
conteúdos dentro de uma perspectiva atitudinal, • Predisposição para aplicar os
com a intenção de reforçar o olhar sobre essa fundamentos adquiridos e os recursos
categoria de conteúdos visando à sistematização de disponíveis na criação e adaptação de jogos,
ações planejadas de encaminhamento. Em danças e brincadeiras (mímicas e representações),
seguida, as perspectivas conceituais e otimizando o tempo de lazer.
procedimentais são propostas lado a lado, em
• Valorização da cultura corporal de
função do diálogo que se estabelece entre essas
movimento como parte do patrimônio cultural da
categorias, na aprendizagem e ensino da cultura
corporal de movimento. comunidade.

Atitudes: Conhecimento sobre o • Reconhecimento e valorização da


aplicação dos procedimentos para a prática segura.
corpo; Esportes, jogos, lutas e ginásticas;
Responsabilidade para aplicar formas de auxílio e
Atividades rítmicas e expressivas
segurança aos colegas durante as execuções
• Predisposição para responsabilizar-se das práticas da cultura corporal.
pelo desenvolvimento e manutenção de suas
capacidades físicas (resistência aeróbica, força, • Valorização e respeito pelas sensações e
velocidade, flexibilidade). emoções pessoais e as dos colegas.
• Respeito ao limite pessoal e ao limite do
• Predisposição para conhecer a sua
outro.
própria postura comprometendo-se com a
utilização dos conhecimentos obtidos sob o tema, • Respeito à integridade física e moral do
responsabilizando-se pelo registro do processo e outro.
a avaliação do trabalho.
• Predisposição em cooperar com o colega ou
• Valorização dos efeitos que as grupo nas situações de aprendizagem.
práticas corporais e hábitos saudáveis exercem
sobre a aptidão física e a qualidade de vida. Conceitos e procedimentos:
Conhecimentos sobre o corpo
• Predisposição para aplicar os princípios
que regem a melhora das habilidades: qualidade e • Identificação das capacidades físicas
quantidade. básicas:

• Valorização dos efeitos que, para as * análise do grau de implicação das


condições de saúde e qualidade de vida, têm a diferentes capacidades em uma determinada
prática habitual de atividades desportivas. atividade física.

• Disposição favorável para a superação • Condicionamento físico e


de limitações pessoais. desenvolvimento das capacidades físicas:

• Aceitação de que o competir com outros * conceitos, princípios e sistemas para seu
não significa rivalidade, entendendo a oposição desenvolvimento, abordando o nível das
como uma estratégia do jogo e não como uma capacidades físicas pessoais para a aplicação
atitude frente aos demais. concreta de sistemas de desenvolvimento dessas
capacidades, segundo necessidades e
• Predisposição para vivenciar e aplicar os características individuais.
conceitos técnicos e táticos adquiridos.

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EDUCAÇÃO FÍSICA
• Identificação das funções orgânicas * percepção dos movimentos mais sutis
relacionadas com a atividade motora: dos músculos diretamente relacionados ao
equilíbrio postural;
* contração muscular: tensão e
relaxamento; * percepção dos diferentes níveis de
tensão dos músculos diretamente relacionados
* circulação cardiovascular: freqüência
ao equilíbrio postural, e as interferências
cardíaca;
causada pelo excesso ou carência de tensão/
* captação de oxigênio: freqüência tônus;
respiratória;
* vivência de exercícios de alongamento e
* utilização de algumas relações conscientização sobre a musculatura diretamente
(freqüência cardíaca e respiratória) como relacionada ao equilíbrio postural.
indicadores da intensidade e do esforço.
• Reconhecimento do corpo sensível e
• Conhecimento dos efeitos da atividade emotivo:
física sobre o organismo e a saúde;
* compreensão da dimensão emocional
* funções dos aparelhos e sistemas que se expressa nas práticas da cultura corporal
orgânicos com relação aos exercícios e de movimento;
adaptações destes aos exercícios;
* compreensão da dimensão do corpo
* efeitos das atividades físicas sobre o sensível que se expressa nas práticas da cultura
organismo e a saúde: benefícios, riscos, corporal de movimento;
indicações e contra-indicações;
* percepção do corpo sensível e do corpo
* o aquecimento: fundamentos e formas emotivo por meio de vivências corporais
de aquecimento como preparação para a atividade (técnicas de massagem, jogos dramáticos,
física (aquecimento geral e específico). representações de cenas do cotidiano etc.).
• Planejamento do trabalho de Conceitos e procedimentos:
condicionamento físico: Esportes, jogos, lutas e ginásticas
* elaboração de programas de • Aspectos histórico-sociais dos jogos e
condicionamento físico para manutenção, esportes mais atuais e relevantes:
desenvolvimento das capacidades físicas;
* a inclusão e exclusão da mulher em
* trabalhos com a automotivação; determinados esportes, em determinados
momentos históricos;
* projetos de desenvolvimento da
responsabilidade do aluno na construção, * a mídia e o esporte-espetáculo;
aplicação, manutenção e avaliação desses
* esporte e a violência;
programas.
* a transformação do jogo em esporte;
• Reconhecimento na aprendizagem
motora: * a história das olimpíadas (questão das
condições, do apoio ao esporte nos diversos
* os mecanismos envolvidos e fatores que os
países com as políticas de marketing);
facilitem (feedback intrínseco e extrínseco,
quantidade de execução); * a inclusão e exclusão do negro nos esportes
em determinados momentos históricos;
* adaptação das capacidades
coordenativas às alterações morfológicas * preconcepções relacionadas ao
próprias da adolescência. desempenho físico e esportivo relacionados a
etnias, a faixa etária e a portadores de necessidades
• Reconhecimento na análise postural:
especiais;
* análise dos movimentos e posturas do
* influências e contribuições dos imigrantes
cotidiano a partir de elementos socioculturais e
na formação da cultura corporal de movimento no
biomecânicos (trabalho, esporte, risco de lesões,
Brasil;
esforço);
* aspectos socioculturais do surgimento dos
* percepção do próprio corpo e
esportes radicais, alternativos ou não convencionais
consciência de posturas e movimentos não
no contexto da sociedade atual.
prejudiciais no cotidiano;
• Construção do gesto esportivo:
* reconhecimento dos principais grupos
musculares e estruturas articulares * percepção e desenvolvimento das
relacionadas com os movimentos e envolvidos capacidades físicas e habilidades motoras
no equilíbrio postural; relacionadas às atividades desportivas;

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EDUCAÇÃO FÍSICA
* compreensão e vivência dos aspectos prática das lutas e a violência na adolescência
relacionados à repetição e à qualidade do (luta como defesa pessoal e não “arrumar briga”?).
movimento na aprendizagem do gesto esportivo;
• Construção do gesto nas lutas:
* aquisição e aperfeiçoamento das
* vivência de situações que envolvam
habilidades específicas relacionadas aos
perceber, relacionar e desenvolver as
esportes;
capacidades físicas e habilidades motoras
* aquisição e aperfeiçoamento das presentes nas lutas praticadas na atualidade
habilidades específicas relacionadas aos jogos; (capoeira, caratê, judô etc.);
* reconhecimento e utilização da técnica * vivência de situações em que seja
para resoluções de problemas em situações de necessário compreender e utilizar as técnicas
jogo (técnica e tática individual); para resoluções de problemas em situações de
luta (técnica e tática individual aplicadas aos
* vivência de situações que gerem a
fundamentos de ataque e defesa);
necessidade de ajustar as respostas individuais à
estratégia do grupo (tática coletiva); * vivência de atividades que envolvam as
lutas, dentro do contexto escolar, de forma
* participação em atividades desportivas
recreativa e competitiva.
recreativas coletivas e individuais;
• Aspectos histórico-sociais das ginásticas:
* participação em atividades
desportivas de competições coletivas e * compreensão e vivência das diferentes
individuais (campeonatos entre as classes, formas de ginásticas relacionadas aos contextos
campeonatos entre escolas, municipais etc.); histórico-sociais (modismos e valores estéticos,
ginásticas com diferentes origens culturais. Por
* vivência de esportes radicais,
exemplo: aeróbica, chinesa, ioga).
alternativos ou não convencionais (skate, surfe,
mergulho, alpinismo, ciclismo etc.). • Construção do gesto na ginástica:
• Compreensão, discussão e construção * vivência de situações em que se faça
de regras aplicadas aos jogos e esportes: necessário perceber, relacionar e desenvolver as
capacidades físicas e habilidades motoras
* compreensão das transformações nas
presentes na ginástica esportiva e acrobática
regras e sua relação com o desenvolvimento do
(estrelas, rodantes, mortais etc.);
nível técnico;
* compreensão e vivência das situações
* vivência de situações de aprendizagem
em que estejam presentes os aspectos
para utilização e adaptação das regras ao nível
relacionados à repetição e à qualidade do
da capacidade do grupo, do espaço e dos
movimento na aprendizagem do gesto ginástico,
materiais disponíveis (exemplos: futebol jogado em
tanto no que se refere às acrobacias como à criação
um corredor onde não existe lateral, vôlei
de seqüências de exercício com e sem material
jogado em um campo reduzido tendo como rede
(espaldar, barra fixa, corda, exercícios em duplas,
um fio de varal, basquete em que não se
trios etc.).
considere a regra das duas saídas em função do
nível de competência do grupo). Conceitos e procedimentos:
Atividades rítmicas e expressivas
LUTAS E GINÁSTICAS
• Aspectos histórico-sociais das danças:
As lutas e as ginásticas pertencem ao
mesmo bloco de conteúdos dos esportes e * as várias manifestações das danças nas
jogos, mas essa descrição tem por objetivo diferentes culturas, em diferentes contextos, em
acrescentar o que deve ser ressaltado como diferentes épocas (danças rituais, sagradas,
específico dessas práticas, somando-se a tudo comemorativas, danças circulares etc.);
que foi tratado anteriormente.
* cultivo da cultura corporal de movimento
• Aspectos histórico-sociais das lutas: por meio da cultura popular (regional, folclórica
etc.);
* compreensão do ato de lutar: por que
lutar, com quem lutar, contra quem ou contra o * conhecimento sobre as danças só
que lutar; para os homens, sobrepondo-se à idéia de que os
homens não dançam;
* compreensão e vivência de lutas dentro
do contexto escolar (lutas x violência); * a dança como atividade não competitiva
dentro da cultura corporal de movimento (o esporte
* vivência de momentos para a apreciação
como sobrepujança induz à comparação; a dança
e reflexão sobre as lutas e a mídia;
como expressão induz à comunicação; são atividades
* análise sobre os dados da realidade das que podem ser vistas como complementares).
relações positivas e negativas com relação a

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EDUCAÇÃO FÍSICA
• Construção do movimento expressivo e necessidade de sentir-se reconhecido, tornarão o
rítmico a partir do/da: processo de avaliação significativo.
* equilíbrio entre a instrumentalização e a Esses instrumentos poderão estar
liberação do gesto espontâneo (nem só técnica, inseridos nos conteúdos de aprendizagem, como
nem só movimento pelo movimento; uma forma sistemática de valoração e de
contextualizar a instrumentalização sempre que for reflexão sobre os recortes possíveis de serem
conveniente, não só para apresentações). observados. Por exemplo, ao se tomar
conhecimento sobre o nível de resistência
* percepção do seu ritmo próprio;
aeróbica por meio do teste Cooper, os alunos
* percepção do ritmo grupal; apreenderão nesse instrumento de avaliação
qual referencial comparativo e que critério
* desenvolvimento da noção
classificativo foi utilizado. Como conteúdos, os
espaço/tempo vinculada ao estímulo musical e
instrumentos de avaliação poderão representar a
ao silêncio com relação a si mesmo e ao outro;
forma concreta de apropriação, por parte dos
* compreensão do processo expressivo alunos, do conhecimento socialmente construído,
relacionando o código individual de cada um com o revelando, quando utilizados, que intenções e
coletivo (mímicas individuais, representações de aspectos desse conhecimento estão sendo
cenas do cotidiano em grupo, danças valorizados. Esse sentido fica explicitado quando
individuais, pequenos desenhos coreográficos em o aluno conscientiza-se, como sujeito da ação, que
grupo); poderá optar por se adequar a um modelo ou
sugerir opções baseadas em uma crítica reflexiva.
* percepção dos limites corporais na
vivência dos movimentos fluidos e alongados, Ao selecionar os instrumentos de avaliação
criando a oportunidade de transcender as limitações. que serão empregados, professor e aluno poderão
discutir qual recorte do conhecimento estará sendo
• Danças populares, manifestações observado. Por exemplo, ao se aplicar instrumentos
culturais e desenhos coreográficos: de avaliação do desenvolvimento de uma habilidade
* vivência de danças folclóricas e esportiva, poderão ser levantados, além dos
regionais, compreendendo seus contextos de valores mensuráveis, os aspectos motivacionais
manifestação (carnaval, escola de samba e seus e subjetivos relacionados ao resultado, suas relações
integrantes, frevo, capoeira, bumba-meu-boi com diferentes contextos de aplicação e o significado
etc.); que esses dados trarão para a construção do
conhecimento pessoal do aluno e para a
* reconhecimento e apropriação dos coletividade à qual pertence.
princípios básicos para construção de desenhos
coreográficos simples; Critérios de avaliação
* utilização dos princípios básicos na • Realizar as práticas da cultura
construção de desenhos coreográficos. corporal do movimento.
AVALIAÇÃO NO TERCEIRO E NO Pretende-se avaliar se o aluno realiza as
QUARTO CICLOS atividades, agindo de maneira cooperativa,
utilizando formas de expressão que favoreçam a
O processo de avaliação no terceiro e no integração grupal, adotando atitudes de respeito
quarto ciclos deve levar em consideração a faixa mútuo, dignidade e solidariedade. Se o aluno
etária dos alunos e o grau de autonomia e realiza as atividades, reconhecendo e respeitando
discernimento que possuem. Esse processo, por se suas características físicas e de desempenho
manifestar de forma contínua, poderá revelar as motor, bem como a de seus colegas, sem
alterações próprias e características desse discriminar por características pessoais, físicas,
momento do aprendizado. Abordagens que sexuais ou sociais. Da mesma forma, se o aluno
incluam os adolescentes como participantes organiza e pratica atividades da cultura corporal
do processo avaliativo serão bem aceitas, pois de movimento, demonstrando capacidade de
além de estimular o desenvolvimento da adaptá-las, com o intuito de torná-las mais
responsabilidade pelo próprio processo, adequadas ao momento do grupo, favorecendo a
creditando-lhes maturidade/ responsabilidade, inclusão de todos.
também favorecerá a maior compreensão e
localização desses alunos na construção do • Valorizar a cultura corporal de
conhecimento. movimento.
Os instrumentos poderão ser tão variados Pretende-se avaliar se o aluno conhece,
quanto forem os conteúdos e seus objetivos; no aprecia e desfruta de algumas das diferentes
entanto, mais do que nunca é importante que manifestações da cultura corporal de movimento de
sejam claros para o aluno, pois o senso crítico, seu ambiente e de outros, relacionando- as com o
característico dessa faixa etária, aliado à contexto em que são produzidas, e percebendo-as
como recurso para a integração entre pessoas e

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EDUCAÇÃO FÍSICA
entre diferentes grupos sociais. Se reconhece nas eventos esportivos importantes, como os Jogos
atividades corporais e de lazer, uma necessidade Olímpicos e a Copa do Mundo.
do ser humano e um direito do cidadão.
Utilizando a mídia como fonte, é possível
• Relacionar os elementos da cultura apreciar criticamente e ter acesso a informações
corporal com a saúde e a qualidade de vida. sobre surfe, luta livre, sumô, esporte radicais —
modalidades que, na maioria das escolas, têm
Pretende-se avaliar se o aluno consegue
poucas possibilidades de vivência no plano
aprofundar-se no conhecimento dos limites e das
prático, mas que permitem, por outro lado, trabalhar
possibilidades do próprio corpo de forma a poder
no plano dos conceitos e atitudes —, pois são
controlar algumas de suas posturas e atividades
conteúdos importantes da cultura esportiva
corporais com autonomia e a valorizá-las como
contemporânea.
recurso para melhoria de sua aptidão física. Se ele
integra a dimensão emocional e sensível do corpo Uma outra etapa consiste em aprender a
à cultura corporal de movimento ampliando sua interpretar o discurso da mídia de maneira crítica, o
compreensão de saúde e bem-estar. Como o que implica compreender sua linguagem específica
aluno se apropria de informações e experiências da e aprender a identificar outros modelos de práticas
cultura corporal de movimento, e de que modo corporais que não o hegemônico, a partir das
estabelece relações entre esses conhecimentos contradições contidas no próprio discurso da
no plano dos procedimentos, conceitos, mídia. Embora busque impor um modelo
valores e atitudes, tendo em vista a promoção da hegemônico de esporte, a televisão, por exemplo,
saúde e a qualidade de vida. apresenta contradições. O professor atento poderá
descobrir matérias que apresentam o esporte
ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS Mídia,
como realização pessoal, sociabilização e
apreciação e crítica
autoconhecimento, assim como matérias que
Pela sua importância e influência nas denunciam a exploração do atleta profissional (em
práticas da cultura corporal de movimento, a especial no futebol) pelos clubes, os baixos
mídia precisa ser objeto explícito de ensino e salários da maioria dos jogadores, a escravidão da
aprendizagem na Educação Física, tanto como lei do passe, o doping. A linguagem da televisão
meio (educar com a mídia) quanto como fim tende a apresentar os assuntos de maneira rápida e
(educar para a mídia), tendo como finalidade superficial e utilizando muitos estereótipos; ela
última capacitar o aluno a uma apreciação crítica busca atingir a emoção, e não a razão, do
em relação a ela. telespectador. Uma atividade interessante, nesse
sentido, é assistir à transmissão de uma partida de
Num primeiro momento, pode-se futebol sem o som de narradores e comentaristas ou,
associar as produções da mídia às aulas, ainda, substituindo a narração por uma transmissão
fazendo referências a imagens e eventos
de rádio da mesma partida. Em ambos os casos, é
esportivos transmitidos pela TV, utilizando
possível perceber claramente quanto da “emoção”
programas e trechos previamente gravados,
é induzida pelo discurso do narrador.
vídeos produzidos para finalidades educacionais,
matérias sobre a cultura corporal de movimento Já em revistas e jornais, pelas suas
publicadas em jornais e revistas. Conteúdos próprias características e funções, é possível
ligados a técnicas, táticas, história, dimensões encontrar muitas matérias de caráter mais
políticas e econômicas do esporte, bem como analítico e investigativo, que permitem uma
relacionados a aspectos fisiológicos, psicológicos e abordagem mais aprofundada sobre a relação
sociológicos das atividades corporais em geral saúde-atividade física, modelos de beleza corporal,
seriam enriquecidos com o audiovisual e textos interesses políticos e econômicos no esporte etc.
jornalísticos. Trata-se de temas como: riscos e O professor pode questionar a forma como a
benefícios das atividades físicas, a vinculação de mídia apresenta padrões de beleza, saúde e
certas práticas corporais a camadas sociais, a estética, bem como aspectos éticos. Assim, pode,
popularidade de certos esportes etc. por exemplo, fazer leituras dos cadernos esportivos
e discutir termos como “inimigos”, “guerra”, “batalha
A violência das torcidas organizadas, a de morte”, que são empregados para descrever
intenção de sediar os Jogos Olímpicos no Brasil jogos entre dois times ou seleções nacionais, e
são outros exemplos de assuntos que, trazidos
quais as implicações dessa utilização — incitação à
ao público pela televisão, precisam ser debatidos
rivalidade, à violência etc. Pode também
na Educação Física escolar, para a sua
pesquisar os tipos físicos em evidência nas
contextualização crítica — assim, o mundo do
propagandas, novelas, e relacioná-los com o
esporte seria trazido para dentro da escola. O consumo de produtos e serviços. O que se
professor poderá utilizar vídeos gravados pretende é desenvolver nos alunos a capacidade de
diretamente da televisão, com os acontecimentos
associar informações desconexas, analisá- las e
noticiados, entrevistas com os envolvidos etc.
aprofundá-las.
Pode-se propor aos alunos a criação de um mural
com notícias e matérias de jornais e revistas Também é preciso considerar que assistir
sobre assuntos da cultura corporal, ou sobre a eventos esportivos, como partidas de futebol ou
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EDUCAÇÃO FÍSICA
outras modalidades, Jogos Olímpicos, televisão, o vídeo e a câmara são equipamentos que
apresentações de dança e capoeira, quer ao vivo, cada vez mais participam do cotidiano das novas
quer pela televisão, é uma prática corrente fora da gerações, seja porque estão presentes nos lares,
escola e que proporciona muitas possibilidades seja porque muitas escolas já os possuem, em
pedagógicas para uma apreciação técnica, estética função da contínua redução de seus preços. A
e crítica, ao ser incorporada nas aulas de Educação comunidade escolar deve considerar que tais
Física. Ao apreciar diferentes manifestações da equipamentos podem ter um uso coletivo, não se
cultura corporal, o aluno poderá não só aprender restringindo sua utilização somente às aulas, mas
mais sobre corpo e movimento de uma também em atividades extracurriculares e nos
determinada cultura como também a valorizar programas de educação continuada de
essas manifestações. professores e funcionários.
O professor poderá criar situações em Olhar sobre os conteúdos
que a atividade seja assistir aos diferentes
Considerar a condição social e as
movimentos, estratégias, posturas etc., e
características dos alunos pressupõe clareza na
comentá-los. Isso pode ser feito por meio do
compreensão de como se articulam o cultivo dos
vídeo, da televisão, ou mesmo assistindo a
diversos aspectos das manifestações da cultura
atividades corporais de pessoas da comunidade
corporal de movimento e o desenvolvimento das
escolar, como os colegas, os professores, ou os
potencialidades individuais de cada aluno na
próprios pais. Prestar atenção aos próprios
relação com esse universo de conhecimento.
colegas em ação é também uma situação
interessante. O professor em todas essas Para isso é necessário ter em conta que a
ocasiões deve, juntamente com seus alunos, construção da identidade individual também ocorre
salientar quais aspectos podem ser observados, de forma intensa nas situações de relação, pela
para que depois se façam comentários, vivência de um sentimento de pertinência a um
sistematizando o que pode ser aprendido e grupo, a uma sociedade e a uma cultura. O ser
contribuindo também para a aprendizagem humano não pode se definir como indivíduo
daqueles que se apresentaram. apenas isoladamente. A auto-imagem, a auto-
estima e as possibilidades de satisfação das
É possível que uma pessoa goste de
necessidades pessoais se estabelecem a partir do
praticar um ou outro esporte, fazer uma ou outra
referencial vivido nas situações de relação, em que é
atividade corporal. Entretanto, apreciar é algo
possível se identificar ou se diferenciar, partilhar ou
que todos podem fazer e que amplia as
não de valores, atitudes, formas de expressão e
possibilidades de lazer e diversão.
convivência cultivados pelos grupos sociais nas
Numa terceira etapa, mais complexa, suas diversas dimensões.
pretende-se que os próprios alunos aprendam a
Nesse sentido é fundamental poder
produzir imagens e textos — uma produção
perceber as situações relacionais que, num limite
cultural que inclua e desenvolva as
extremo, sufoquem o desenvolvimento das
experiências, as necessidades e os interesses
individualidades, por exemplo, ao não favorecer que
dos alunos, oriundos do seu contexto de vida. Por
as competências individuais sejam exercidas por
exemplo, pode-se propor que os alunos, utilizando
vergonha, por medo ou por insegurança em relação
uma câmara de vídeo, gravem uma partida de
ao julgamento e à expectativa do próprio grupo.
seus colegas, entrevistem os participantes etc.
Inversamente, também é necessário perceber
Isso possibilitaria uma melhor compreensão da
com nitidez as situações em que o grupo encobre e
própria linguagem da televisão, que envolve a
legitima intenções e atitudes pessoais de caráter
seleção de imagens, enquadramentos e falas, e
duvidoso. Por exemplo, um comportamento
uma melhor compreensão da diferença entre
violento ou a transgressão de uma regra, gerando
jogar, assistir ao jogo como testemunha
atitudes que se pretende justificar apenas pelo
presente no estádio ou na quadra e assistir
contexto coletivo. Pois a dinâmica coletiva ou
pela TV. Outra possibilidade é a produção de textos
grupal não constitui apenas uma somatória de
escritos sobre a cultura corporal para um jornal
individualidades, como uma colcha de retalhos, mas
interno ou para o mural da escola. Há um claro
pode adquirir também uma dimensão própria que a
potencial de trabalho interdisciplinar nessas
caracteriza e identifica.
atividades — a produção de textos e imagens
pode estar associada às áreas de Língua É preciso, então, localizar quais posturas
Portuguesa e Arte, por exemplo. ou intenções individualistas impedem, dificultam
ou descaracterizam uma dinâmica relacional, e vice-
Os professores podem encontrar
versa. Por exemplo, quando os mais habilidosos
dificuldades iniciais no trabalho com a mídia. Não
monopolizam a ação central de um jogo, excluindo
apenas por fatores materiais, mas porque os
os demais, gerando uma situação em que o grupo
aparelhos audiovisuais ainda não são para eles
deixa de existir.
extensões de suas mãos, olhos e ouvidos,
assim como o são o giz, a lousa ou as bolas e Para observar o processo de construção de
outros materiais esportivos. Contudo, a conhecimentos da cultura corporal como elemento
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EDUCAÇÃO FÍSICA
de formação das individualidades e do ser social, conhecimentos prévios, realiza tentativas de
propõe-se um olhar sobre os conteúdos a partir execução gestual, soluciona problemas, busca
de dois eixos estruturantes: informações e avalia seus avanços e suas
dificuldades. A sua localização é importante para
• a dimensão individual dos conteúdos;
garantir o espaço da aprendizagem individual, pois
• a dimensão relacional e interativa dos muitos desses conteúdos implicam um alto grau de
conteúdos. atenção e consciência do sujeito, buscando
minimizar as interferências negativas à
Antes de se buscar uma divisão ou
aprendizagem. Certas aprendizagens exigem
hierarquização dos conteúdos a partir desse um determinado número de repetições e
referencial de análise, o que se pretende é tentativas e demandam respeito às variações
ressaltar a importância das suas dimensões
de ritmos pessoais nessas construções.
individual e coletiva com vistas a potencializar as
situações relacionais como processos O momento de aprendizagem individual é
privilegiados de ensino e aprendizagem. importante para o aluno, na medida em que ele se
sente valorizado no seu empenho pessoal e como
Na dimensão individual dos objetos de co-produtor do processo de aprendizagem,
ensino e aprendizagem, o enfoque será dado à estabelecendo metas e desafios a partir de
perspectiva da transformação e da evolução
referências e escolhas pessoais, podendo
decorrentes das vivências no plano individual. A
também perceber nas suas aquisições um
análise será direcionada à formulação de
instrumento de ampliação de suas possibilidades
respostas para a seguinte pergunta: “o que é
de relacionamento. Assim, não se deve perder de
fundamental de ser percebido, considerando vista a aplicabilidade das aquisições individuais no
apenas o indivíduo nos processos de ensino e contexto coletivo, pois as situações de relação trazem
aprendizagem?”.
características e problemas peculiares, nas
Por exemplo, os movimentos utilizados quais esses conteúdos serão submetidos a
nos jogos e nos esportes, como bater bola, saltar, outro tipo de solicitação.
arremessar, lançar, chutar de diferentes formas, Neste ponto, o olhar sobre os conteúdos
quicar uma bola e amortecê-la de diferentes volta-se para o outro extremo das situações de
formas, rebater com taco, rebater com raquete
aprendizagem, e a pergunta passa a ser: “quais
etc., podem ser abordados dentro da dimensão
conteúdos só podem ser aprendidos nas situações
individual, pois prescindem da presença do outro
de relação e interação grupal?”.
para acontecer. No entanto, o fato de esses
fundamentos poderem ser praticados fora de uma Levanta-se a necessidade de identificar
situação real de jogo, na qual a ação do grupo situações de aprendizagem de natureza
sobre a aprendizagem fica reduzida, gerará uma exclusivamente relacional, que envolvam desde
situação favorável à construção individual. O que habilidades e capacidades até conceitos e atitudes,
não quer dizer que o trabalho individual seja pré- a partir das quais as competências individuais
requisito para o trabalho coletivo, mas que esse podem avançar, na medida em que precisam se
olhar ajudará a localizar uma possível dificuldade adaptar, se submeter, negociar com as
do aluno, passível de tornar-se causa de exclusão. contingências do contexto de relação interpessoal.
Assim, constitui-se um precioso Certos procedimentos utilizados nos jogos
instrumento de análise da inclusão dos alunos e esportes (finta, marcação, bloqueio, “corta-luz”,
nas práticas da cultura corporal. Observar as jogadas táticas de um modo geral), nas danças
respostas vindas das situações vivenciadas, a (coreografia coletiva, dança de casais) e nas lutas
partir desses dois eixos, pode auxiliar o caracterizam situações específicas nas quais a
professor a individualizar um pouco mais suas aprendizagem ocorre em contextos relacionais. O
ações educativas. Por exemplo, o aluno capaz de olhar do professor deve recair sobre o que,
fazer cem embaixadas não é necessariamente nessas dinâmicas relacionais, está favorecendo
um bom jogador, apesar de possuir um alto ou dificultando a inclusão dos alunos e, em
padrão motor dentro de uma prática individual, conseqüência, a possibilidade de aprendizagem.
alguns elementos da aprendizagem relacional se Por exemplo, observar se a capacidade de
farão necessários para torná-lo um bom jogador. conduzir, fintar e passar uma bola dentro do jogo
Ao mesmo tempo, essa habilidade individual está favorecendo a participação de todos, ou se,
poderá gerar, num dado momento, pelo aumento restrita aos mais habilidosos, torna o jogo
da auto-estima e da autoconfiança, condições desmotivante para os demais. Nas atividades
favoráveis para as aprendizagens relacionais dentro rítmicas e expressivas, se as habilidades
do futebol. individuais (percepção do ritmo, fluidez de
movimento, coordenação) aplicadas para dançar com
Esse questionamento visa a
o outro ou em grupo estiverem sendo extremamente
estabelecer quais conteúdos demandam um
valorizadas como determinantes de sucesso e
espaço particular de experimentação e reflexão, no
fracasso, de “ter jeito ou não”, podem estar
qual o aluno mobiliza o maior número possível de
favorecendo situações de exclusão.
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EDUCAÇÃO FÍSICA
Na perspectiva da dimensão relacional, a PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS
atribuição de valores ao sucesso e ao fracasso, ao
ENSINO MÉDIO – EDUCAÇÃO FÍSICA
acerto e ao erro, ao “jeito” e à “falta de jeito” pode
ser vista por meio das relações que o grupo Conhecimentos de Educação Física
estabelece com a competição (comparando-se
O presente documento não tem a intenção
uns aos outros), e também com os valores do
de indicar um único caminho a ser seguido pelos
ambiente sociocultural no qual o grupo está
profissionais, mas propor, de maneira objetiva,
inserido. É função do professor despertar a
formas de atuação que proporcionarão o
reflexão crítica sobre esses valores, possibilitando
assim uma interferência no sociocultural vivido e desenvolvimento da totalidade dos alunos e não
expresso pelos alunos, evidenciando a só o dos mais habilidosos. Aproximar o aluno do
Ensino Médio novamente à Educação Física, de
necessidade da cooperação, da participação
forma lúdica, educativa e contributiva para o
responsável e do respeito mútuo. Ou seja, abordar
processo de aprofundamento dos conhecimentos, é o
junto aos alunos a questão da igualdade de
objetivo do que aqui será exposto.
oportunidades de produção relacionada com a
diversidade de produtos desse processo (os Pensando na continuidade do que foi
estilos pessoais de fazer, aprender, desenvolvido no Ensino Fundamental, podemos
experimentar). constatar uma forte inclinação ao trabalho com os
esportes e, principalmente, a mesma metodologia
O professor pode observar como estão
de ensino – a execução de fundamentos, seguida de
estabelecidas relações afetivas dentro do grupo e
vivências de situações de jogo. Contudo, é possível
se são adequadas a permitir que seus
integrantes sintam-se suficientemente seguros constatar em algumas escolas um aprofundamento
a compartilhar seus sucessos e fracassos, que, tático das modalidades, o que nos dá a impressão de
que o sentido da Educação Física passa a ser o
enfim, sintam prazer na atividade, junto ao grupo,
comportamento estratégico durante a prática
a ponto de motivar-se a superar os desafios. Essa
desportiva.
autoconfiança se constrói na medida em que
acertar ou errar é visto e valorizado como parte Essa especialização, no entanto, não se
integrante do processo de aprendizagem. mostra eficaz pois, de certa forma, podemos dizer
que só é possível “jogar taticamente” aquele que
domina os fundamentos do jogo. Não conseguimos
imaginar um sistema 4 x 2 no voleibol, se os alunos
não internalizaram a recepção, o levantamento e a
cortada. Tem-se então, a característica recreativa da
maior parte das aulas no Ensino Médio.
Os alunos as frequentam, muitas vezes, de
forma descompromissada com o que está sendo
ensinado, pela constatação de que não obtêm a
performance que desejam. Consequentemente,
observa-se nessa fase uma visível evasão dos
alunos das aulas, fator indesejável para todos os
profissionais envolvidos, salientando o
empobrecimento do trabalho do professor de
Educação Física.
A LDB nº 9.394/96 aponta as finalidades
específicas do Ensino Médio: a consolidação e o
aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no
Ensino Fundamental; o prosseguimento dos
estudos; o preparo para o trabalho e a cidadania; o
desenvolvimento de habilidades como continuar a
aprender e capacidade de se adaptar com
flexibilidade às novas condições de ocupação e
aperfeiçoamento; o aprimoramento do educando
como pessoa humana, incluindo a formação ética e o
desenvolvimento da autonomia intelectual e do
pensamento crítico; e a compreensão dos
fundamentos científico-tecnológicos dos processos
produtivos, relacionando teoria e prática.
A visão legal, quando confrontada com a
realidade do ensino de Educação Física, apresenta-
nos um paradoxo: a nossa prática pedagógica em
pouco tem contribuído para a compreensão dos
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EDUCAÇÃO FÍSICA
fundamentos, para o desenvolvimento da habilidade preocupado com essas questões e buscado
de aprender ou sequer para a formação ética. alternativas para superá-las. Podemos destacar os
trabalhos realizados na área psicomotora, humanista
Nesse sentido, uma vinculação das
e a desenvolvimentista. Essas vertentes conduzem a
competências da área com os objetivos do
um reestudo da importância do trabalho com o
Ensino Médio e a opção pela aproximação desses
movimento dentro da instituição escolar.
com o ensino de Educação Física parece-nos a
“saída” para o impasse com o qual nos deparamos. O que fazer no Ensino Médio, uma vez que a
O motor dessa transformação é a real constatação nossa realidade impõe-nos turmas absolutamente
de que o educando vem, paulatinamente, se heterogêneas, no que concerne aos aspectos
afastando das quadras, do pátio, dos espaços motores, afetivos e cognitivos?
escolares e buscando em locais extra-escolares
Atravessando um período de discussões
experiências corporais que lhe trazem satisfação e
parecido com o nosso, os educadores de diversas
aprendizado como parques, clubes, academias,
origens encontraram no trabalho com a Aptidão
agremiações, festas regionais.
Física e Saúde uma alternativa viável e educacional
O Ensino Médio compõe o ciclo de para suas aulas.
aprofundamento da sistematização do
Aponta-se uma linha de pensamento que se
conhecimento. O aluno começa a compreender que
aprofunda nesse sentido: uma Educação Física
há propriedades comuns e lidar com a regularidade
atenta aos problemas do presente não poderá deixar
científica.
de eleger, como uma das suas orientações centrais,
Confrontando, portanto, os objetivos do a da educação para a saúde. Se pretende prestar
Ensino Médio com os que se tem no cotidiano da serviços à educação social dos alunos e contribuir
Educação Física nas escolas, deparamo-nos para uma vida produtiva, criativa e bem sucedida, a
com uma incongruência. Enquanto as demais Educação Física encontra, na orientação pela
áreas de estudo dedicam-se a aprofundar os educação da saúde, um meio de concretização das
conhecimentos dos alunos, através de suas pretensões.
metodologias diversificadas, estudos do meio,
Diversos autores enfatizam sobretudo a
exposição de vídeos, apreciação de obras de
conquista da Aptidão Física e Saúde pelas crianças.
diversos autores, leituras de textos, solução de
Para esses autores, a Educação Física, enquanto
problemas, discussão de assuntos atuais e
componente curricular, tem “fabricado” espectadores
concretos, as aulas do “mais atraente” dos
e não praticantes de atividades físicas. De uma forma
componentes limita-se aos já conhecidos
geral, as aulas não têm arrebanhado defensores da
fundamentos do esporte e jogo.
atividade física constante. Os alunos fazem não
A influência do esporte no sistema escolar é sabem o quê, nem o por quê.
de tal magnitude que temos não o esporte da
As informações disponíveis na literatura
escola, mas sim o esporte na escola. Isso indica a
demonstram uma estreita associação entre os níveis
subordinação da Educação Física aos
habituais de prática da atividade física e os índices
códigos/sentido da instituição esportiva: esporte
de adiposidade e de desempenho motor. Isso indica
olímpico, sistema desportivo nacional e
que quanto mais ativa for a criança e o
internacional.
adolescente, no seu dia-a-dia, menor será sua
Esses códigos podem ser resumidos em: tendência ao acúmulo de gordura.
princípios de rendimento atlético/desportivo,
A incidência cada vez maior de
comparação de rendimento, competição,
adolescentes e jovens obesos, com dificuldades
regulamentação rígida, sucesso no esporte como
oriundas da falta de movimento, com possibilidades
sinônimo de vitória, racionalização de meios e
de acidentes cardiovasculares e com oportunidades
técnicas etc.
reduzidas de movimento, leva-nos a pensar na
Essa espécie de atividade determina retomada da vertente voltada à Aptidão Física e
relações entre professor e aluno que passam a ser: Saúde.
professor-treinador e aluno-atleta. Esse
Mas a simples elaboração de programas de
posicionamento, presente em grande parte das
condicionamento não garante a modificação do
escolas brasileiras, é fruto da pedagogia tecnicista
quadro atual nem o sucesso do novo
muito difundida no Brasil na década de 70. Vários
posicionamento. Pensemos no jovem de hoje,
autores têm abordado essa temática, coincidindo
atuante, crítico, conhecedor dos seus direitos,
suas opiniões na necessidade de superação.
exposto a toda espécie de informações veiculadas
A Educação Física precisa buscar sua pelos meios de comunicação. Aqui, apresenta-se o
identidade como área de estudo fundamental para a maior desafio do professor: elaborar um
compreensão e entendimento do ser humano, planejamento envolvente e coerente com os objetivos
enquanto produtor de cultura. do seu trabalho.
Essa discussão não se dá unicamente no Somente um plano de trabalho bem
Brasil. Educadores de diversos países têm se elaborado e assim desenvolvido pode possibilitar o
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EDUCAÇÃO FÍSICA
processo de avaliação dos alunos e do próprio O avanço tecnológico tem trazido mudanças
trabalho. É essa postura – de compromisso com de hábitos aos homens com resultados positivos e
o trabalho desenvolvido – que eleva a autoimagem negativos. Dentre os negativos, tem sido destaque o
do professor e, em última instância, encaminha-o à stress acumulado, que torna o indivíduo sujeito a
auto-realização profissional. doenças psicossomáticas, como ansiedade,
frustração e depressão, ou até um sentimento
Estudando o trabalho do professor de
generalizado de insatisfação, prejudicando as
Educação Física, concluiu-se que esse profissional
relações interpessoais. Outras causas citadas, como
adquire uma considerável bagagem de
resultantes do avanço tecnológico, são os problemas
conhecimentos, durante a sua formação, e o
respiratórios, musculares, distúrbios no aparelho
empobrecimento do seu trabalho nas escolas leva-o
imunológico, hipertensão arterial, arteriosclerose e
ao não-resgate do que aprendeu, ao esquecimento,
cardiopatias.
à subutilização de seu potencial, ou seja, a não
utilização de suas capacidades e habilidades . Como o aluno do Ensino Médio encontra-se
exposto a algumas dessas circunstâncias, a inclusão
A vida escolar foi bastante modificada pela
de programas escolares que valorizem o aprendizado
nova Lei, dando abertura à iniciativa das escolas e
e a prática de exercícios de elevação e manutenção
à equipe pedagógica. O professor de Educação
da frequência cardíaca em limites submáximos,
Física, nesse momento, passa a ser mais exigido
alongamento e flexibilidade, relaxamento e
quanto à sua qualificação e ao uso de seu
compensação com o objetivo profilático
conhecimento, principalmente, no que corresponde
desencadearão, consequentemente, uma melhor
ao planejamento de atividades que venham ao
qualidade de vida.
encontro dos interesses e necessidades dos
alunos. É domínio do senso comum que a prática de
atividades físicas no período noturno desencadearia
Portanto, todo e qualquer projeto de
maiores graus de cansaço aos alunos inibindo, por
estímulo à atividade física deve ser proposto pelo
consequência, o seu desempenho escolar. Essa
professor, submetido à aprovação pela equipe
ideia tem gerado posições equivocadas e contrárias
pedagógica e incluído na proposta de trabalho da
à permanência da Educação Física no período
escola.
noturno. Existe uma variedade de substâncias
O Regimento Escolar é a “tábua de químicas que são produzidas pelo cérebro, glândula
mandamentos”, dentro da Unidade, podendo, pituitária e outros tecidos. Entre elas podem ser
amparado pela Lei, ampliar a carga horária de citadas os vários tipos de endorfinas, cuja ação se
determinado componente, inseri-lo dentro do parece com a da morfina, no sentido de serem
horário de aulas, prestigiá-lo ou, simplesmente, capazes de reduzir a sensação de dor e produzir um
diminui-lo, caso nenhuma ação seja implementada. estado de euforia. Inúmeros investigadores relataram
que certas atividades físicas facilitam a secreção de
Aos professores de Educação Física cabe
endorfina e esse efeito persiste durante duas a cinco
recuperar o prestígio perdido nas últimas décadas,
horas após a atividade física. Assim, pode-se concluir
propondo e desenvolvendo projetos de ação que
que a atividade física traz extraordinários benefícios
realmente alcancem os objetivos do Ensino Médio. mentais e físicos se praticada sem exageros.
No Art. 24 Inciso IV, a nova LDB traz O professor de Educação Física deve buscar,
considerações a respeito da organização do
a todo custo, uma integração com o trabalho
trabalho: “poderão organizar-se classes, ou turmas,
desenvolvido na escola, colocando o seu
com alunos de séries distintas, com níveis
componente curricular no mesmo patamar de
equivalentes de adiantamento na matéria” e, seriedade e compromisso com a formação do
ainda, no Art. 26, Parágrafo 3º: “A Educação educando. Essas palavras podem soar estranhas a
Física, integrada à proposta pedagógica da
muitos educadores. No entanto, sabe-se que, em
escola, é componente curricular da educação
diversas escolas, a disciplina encontra-se
básica, ajustando-se às faixas etárias e às
desprestigiada e relevada a segundo plano. Tal
condições da população escolar, sendo facultativa
fato é de fácil verificação. Basta notar que nem
nos cursos noturnos”. sempre somos chamados a opinar sobre alterações
Ou seja, no caso especial da Educação nos assuntos escolares, Conselhos de Classe,
Física, até mesmo no ensino noturno, existe a Conselhos de Escola etc. Portanto, mostrar-se
possibilidade de reunir os alunos por grupos de presente e envolvido com a proposta da Unidade e
interesse e necessidades e, junto a eles, apresentar os resultados do trabalho é um dado
desenvolver projetos de atividades físicas importantíssimo na recuperação do prestígio da
especiais. Exemplificando, os alunos trabalhadores disciplina.
podem compor um grupo que desenvolva Assim, não somente podemos apresentar-
atividades voltadas à restituição de energias,
nos como competentes profissionais no momento da
estímulos de compensação e redução de cargas
organização de campeonatos escolares, como
resultantes do cotidiano profissional.
também orientando os alunos na apresentação de
trabalhos na Feira de Ciências da escola, exibição
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EDUCAÇÃO FÍSICA
de conceitos adquiridos nas aulas, através de majoritariamente, nos conhecimentos de ordem
painéis e cartazes, e até a criação de eventos técnica (disciplinas esportivas). Esse fato se deu,
exclusivos da área: semana da saúde, sábados entre muitas causas, pela confusão do ambiente
recreativos, torneios envolvendo a comunidade etc. esportivo-competitivo com o escolar-educacional
fruto de um contexto histórico que quis elevar o País
Segundo o Art. 27, Inciso IV da LDB, “Os
à categoria de nação desenvolvida às custas de seus
conteúdos curriculares da Educação Básica
sucessos no campo dos esportes. Portanto, como é
observarão, ainda, as seguintes diretrizes:
de se esperar, o que predomina no Ensino Médio é a
promoção do desporto educacional e apoio às
idéia de que a aula de Educação Física é um espaço
práticas desportivas não-formais.” Notamos que o
para treinamento e aperfeiçoamento das habilidades
legislador procurou desvincular o espaço escolar
desportivas.
daquele antigo campo de descoberta de talentos
esportivos. O esporte, de preferência não-formal e Nesse sentido, é fator comum a pressão
de cunho educativo, deve encontrar-se presente exercida sobre muitos professores, para que
na escola. O que significa que os momentos dessa inscrevam seus alunos em campeonatos
prática devem atender a todos os alunos, interescolares, com a intenção de divulgar o nome da
respeitando suas diferenças e estimulando-os ao instituição. O que, de certo modo, significa o
maior conhecimento de si e de suas abandono das aulas da grade curricular (com todos
potencialidades. os alunos), para dar preferência aos momentos de
treinamento das equipes desportivas (com poucos
O Art. 36, Inciso I da LDB estabelece: “O
alunos), reduzindo a sua ação de educador à de
currículo do ensino médio destacará a educação
treinador. O esporte deve encontrar o seu lugar na
tecnológica básica, a compreensão do significado
escola, através de uma proposta que atinja a todos
da Ciência, das Letras e das Artes, o processo
os alunos. No caso de equipes representativas, este
histórico de transformação da sociedade da cultura,
espaço poderá estar garantido através de atividades
a Língua Portuguesa como instrumento de
extra- curriculares, permitindo que os maiores
comunicação, acesso ao conhecimento e exercício
interessados desfrutem de momentos a eles
da cidadania”. A LDB nos dá a ideia de que o
reservados.
professor de Educação Física deve perceber-se
como membro de uma equipe que está envolvida Sendo o corpo, ao mesmo tempo, modo e
com um trabalho grandioso: educar o cidadão do meio de integração do indivíduo na realidade do
próximo século. mundo, ele é necessariamente carregado de
significado. Sempre soubemos que as posturas, as
O aluno do Ensino Médio, após, ao
atitudes, os gestos e sobretudo o olhar exprimem
menos, onze anos de escolarização, deve
melhor do que as palavras as tendências bem
possuir sólidos conhecimentos sobre aquela que
como as emoções e os sentimentos da pessoa que
denominamos cultura corporal. Não é permitido ao
vive numa determinada situação, num determinado
cidadão do novo milênio uma postura acrítica
contexto.
diante do mundo. A tomada de decisões para sua
autoformação passa, obrigatoriamente, pelo O professor deve cumprir o seu papel de
cabedal de conhecimentos adquiridos na escola. A mediador, adotando a postura de interlocutor de
Educação Física tem, nesse contexto, um papel mensagens e informações; sendo flexível no tocante
fundamental e insubstituível. às mudanças do planejamento e do programa de
curso; mostrando aos alunos que aquele é um
A Lei de Diretrizes e Bases em vigor, ao ser
espaço de aprendizagem e procurando entender e
interpretada, indica uma direção obrigatória: a
aceitar as relações corporais existentes no mundo
busca de aperfeiçoamento constante dos
humano para o bom desempenho do seu papel de
profissionais envolvidos com o ensino. O professor
educador.
de Educação Física não deve encontrar no
comodismo, no individualismo e no ressentimento a É com o corpo que somos capazes de ver,
solução de seus problemas na escola. Acrescenta- ouvir, falar, perceber e sentir as coisas. O
se ainda que os professores devem ter muita relacionamento com a vida e com outros corpos
persistência, criatividade e competência técnica dá-se pela comunicação e pela linguagem que o
para o desempenho de suas tarefas e não se corpo é e possui. Essa é a nossa existência, na qual
deixar envolver em simplificações do ato temos consciência do eu no tempo e no espaço. O
pedagógico. corpo, ao expressar seu caráter sensível, torna-se
veículo e meio de comunicação.
Contudo, não é possível uma abordagem
abrangente dos processos de ensino e A comunicação corporal entre os indivíduos
aprendizagem sem destacar a profissionalização tende a acontecer quando estes têm a consciência
dos educadores que atuam com os alunos no de seus corpos sensíveis, repletos de vontade e
Ensino Médio. intencionalidade. Portanto, a receptividade e a
transmissão de informações, através dos movimentos
Os professores de Educação Física,
corporais entre os indivíduos acontecem de maneira
tiveram na sua formação, experiências e uma
natural e espontânea, sucedendo-se entre eles um
bagagem de conhecimentos, alicerçadas,
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EDUCAÇÃO FÍSICA
elo de ligação preso pela sensibilidade. A O caráter duplo do signo possibilita que ele
comunicação é uma negociação entre pessoas, um faça parte tanto do mundo exterior ao organismo
ato criativo. E quando nós nos comunicamos humano, como do mundo interior. A constituição do
formamos um sistema de interação e reação indivíduo em ser humano decorre da internalização
integrado em harmonia. dos signos sociais. À medida que o homem vai
aprendendo os signos – as linguagens estabelecidas
Os gestos, as posturas e as expressões
socialmente –, ele vai formando os órgãos funcionais
faciais são criados, mantidos ou modificados em
do cérebro e adquirindo as qualidades humanas
virtude de o homem ser um ser social e viver
respectivas. O desenvolvimento mental está
num determinado contexto cultural. Isto significa
relacionado com a coordenação sígnica.
que os indivíduos têm uma forma diferenciada de
se comunicar corporalmente, que se modifica de Aprendemos por meio da ação em um
cultura para cultura. ambiente social determinado. Aprender um signo
significa internalizá-lo. A internalização é um
E o indivíduo, por sua vez, aprende a fazer
processo de reconstrução interna de uma atividade
uso das expressões corporais, de acordo com o
externa. Mas o efeito da internalização não se detém
ambiente em que se desenvolve como pessoa. Isso
aí. Inúmeros acontecimentos ocorridos ao longo do
quer dizer que todo movimento do corpo tem um
desenvolvimento do indivíduo possibilitarão uma
significado, de acordo com o contexto.
coordenação sígnica; processos cerebrais sofrerão
Se o aluno não quer participar da aula e mudanças; órgãos funcionais serão criados no
seu corpo o demonstra, nem sempre o professor cérebro em correspondência a essas mudanças; e a
procura saber o que está acontecendo, conduta motora será profundamente alterada.
desconsidera o fato e segue adiante com o seu
Os movimentos do corpo “certos” ou
trabalho. Nesse contexto, o corpo é considerado
“errados” são determinados socialmente, indicando o
como um objeto reprodutor de movimentos e ações
comportamento adequado. O estabelecimento de
previamente estipulados pelo professor.
padrões culturais de movimento acontece com se
Nas ações corporais dos jovens e fosse um fenômeno natural. O jeito de andar, a
adolescentes, durante as atividades físicas, o postura corporal, a maneira de gesticular, o olhar, o
enfoque está voltado para o corpo, para as ideias e ouvir, enfim, a conduta motora aparece como ação
para os sentimentos que continuam sendo puramente biológica. A apreensão de determinado
controlados. Dessa forma, o corpo acabará fenômeno depende dos instrumentos sígnicos de que
imobilizado, sem reações, sem vibrações, tornando se dispõe. Esses instrumentos vão moldar as ações
as ideias conservadoras, tensas e rígidas. internas e externas do indivíduo e vão, portanto,
influenciar as relações entre as pessoas.
Sentir as emoções, transmitir vontades,
decidir sobre o que quer fazer, explorar as No que diz respeito à Educação Física, a
potencialidades com vigor são mensagens emitidas conduta motora de um indivíduo depende do papel
pelos alunos por meio dos movimentos corporais, e social que aquele desempenha. Dentro de traços
os professores, por sua vez, não as consideram comuns de motricidade que identificam os elementos
significativas. de uma mesma comunidade, há diferenças de
inúmeras ordens.
Continua prevalecendo, exclusivamente, o
corpo que corre com mais velocidade, que é capaz Qualquer área que pretenda estudar os
de pegar a bola mais vezes sem deixá-la cair movimentos humanos, ou utilizá-los de alguma
no chão, e tantos outros mais que aparecem forma, deve abordá-los com a complexidade que os
enfatizados, durante as atividades. O ter e o movimentos têm. Em primeiro lugar, deve-se levar
poder corporal ainda predominam sobre o ser- em conta a relação do corpo e meio social; é aqui
corpo que pensa, age, sente e se comunica pelos que se inserem o beijo, o abraço, o jogo de futebol, a
seus gestos e expressões. brincadeira de criança ou os códigos motores
utilizados por determinada comunidade.
O complexo organismo humano se
relaciona com o mundo movendo-se. Quando o Isso explica, de certa forma, a localização
corpo se move, os sentidos captam informações. social de determinadas práticas corporais – jogos,
As terminações neurais enviam informações para danças, esportes. Nossos alunos vibram ao jogar
os córtices sensoriais da visão, da audição, do futebol, comunicam-se através dos movimentos:
paladar, do olfato e das sensações somáticas. Os “Você não entendeu aquela jogada?” A aceitação do
sentidos possibilitam ler o mundo. vôlei de duplas cresceu bastante nos últimos anos; a
capoeira ganha cada vez mais espaço; e o futsal já
Pode-se dizer que um signo não existe
faz parte do cotidiano escolar. Não temos, no
apenas como parte de uma realidade; ele também entanto, o mesmo retorno ao desenvolver temas que
reflete e refrata uma outra. Essa outra realidade se distanciam das práticas culturais do nosso povo:
pode estar em correspondência com a realidade
que dizer de uma aula de “cárdio-funk”, beisebol ou
que lhe dá origem, pode distorcer esta última ou
badminton?
apreendê-la de um ponto de vista específico.

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EDUCAÇÃO FÍSICA
A linguagem corporal – desenvolvida não poderá propor aos alunos que tentem levar seus
somente pela Educação Física, como também pela oponentes para fora de um espaço previamente
Arte – aglutina e expõe uma quantidade infinita de delimitado. A repetição dessa atividade com
possibilidades, que a escola estimula e aprofunda. companheiros mais altos, mais leves, mais fortes
levará ao desenvolvimento de pequenas estratégias
Nesse sentido, o que se deseja do aluno do
de ataque e defesa. Cabe ao professor socializar as
Ensino Médio é uma ampla compreensão e atuação
conquistas individuais. Um exemplo: ao descobrir
das manifestações da cultura corporal.
que empurrar é uma forma pouco eficaz de vencer
Projetos como a elaboração de jogos, um oponente mais forte, o educando poderá chegar à
resgate de brincadeiras populares, narração de conclusão de que não adianta fazer força. Nesse
fatos e elaboração de coreografias podem estar contexto, caberão algumas técnicas desenvolvidas
perfeitamente articulados com Português, História, primariamente e que, posteriormente, poderão ser
Geografia, Sociologia etc. Esclarece-se que a via descobertas enquanto pertencentes às lutas já
de integração não é única, e sim de duas mãos, o conhecidas, entre elas o judô, o jiu-jitsu e o sumô.
que significa que as demais áreas devem utilizar-se
Na discussão de uma proposta de atividades
do movimento, buscando também integrar-se de
físicas entre os alunos, o professor adotará a postura
forma eficiente com a Educação Física.
de coordenador dos debates, questionando o grupo
Exemplificando, é fator comum o pronto de forma a favorecer o aproveitamento de respostas
atendimento do professor às dúvidas apresentadas que sejam oriundas de reflexões individuais e
pelos alunos no que concerne às questões de coletivas. Os alunos serão estimulados a explicar as
fisiologia do esforço. No transcorrer da aula, muitos suas posições e ações e essa explicação far-se-á no
alunos se queixam de dores musculares sentido de atribuir-lhes um significado. Isto permite
ocasionadas por esforços físicos anteriores, ao aluno o questionamento de condutas e valores do
perguntando a todo momento porque as dores grupo e de si próprio.
persistem mesmo após o exercício. O professor,
Às vezes, é o próprio professor de
impulsionado pelo entendimento de ser o único
Educação Física que na comunidade detém a
responsável por apresentar as respostas, perde
maior parte dos conhecimentos sobre higiene, saúde
uma excelente oportunidade de levar seus alunos à
e até primeiros socorros, o que amplia o seu grande
construção do seu próprio conhecimento, através
comprometimento social e responsabilidade perante
de uma busca em diversas fontes como perguntar a
a população que o rodeia, proporcionando-lhe o
outros professores ou investigar em casa ou na
enriquecimento de suas tarefas pedagógicas e
biblioteca da escola.
consequente elevação de seu status profissional.
O desenvolvimento de um comportamento
É frequente a elaboração de planejamentos
autônomo depende de suportes materiais,
sem a atenção a este aspecto. É a atividade que
intelectuais e emocionais. Para a conquista da
deve adequar-se ao aluno e não o aluno à atividade.
autonomia, é preciso considerar tanto o trabalho
Ou seja, o professor, ao se manter rígido em
individual como o coletivo-cooperativo. O individual
atividades desinteressantes aos alunos, termina por
é potencializado pelas exigências feitas aos alunos
afastá-los da disciplina.
no sentido de se responsabilizarem por suas
tarefas, pela organização, pelo envolvimento com o Não podemos, no entanto, esquecer que a
tema de estudo. falta de interesse origina-se, na maioria das vezes,
no desconhecimento. Nesse sentido, o professor é
A importância do trabalho em grupo está
responsável pela aproximação do educando a novos
em valorizar a interação aluno-aluno e professor-
conhecimentos que contribuam com sua formação.
aluno como fonte de desenvolvimento social,
Exemplificando: o desconhecimento dos benefícios
pessoal e intelectual. Situações de grupo exigem
fisiológicos das atividades aeróbicas ocasionam o
dos alunos a consideração das diferenças
não envolvimento dos alunos com trabalhos de baixa
individuais, respeito a si e aos outros. Trazer
intensidade e longa duração (corridas de grandes
contribuições para o cumprimento das regras
percursos).
estabelecidas são atitudes que propiciam a
realização de tarefas conjuntas. Contudo, nem todos os alunos reúnem as
condições necessárias para freqüentar essa
A proposição pelo professor de atividades
atividade, mas caminhadas podem ser propostas
de complexidade progressiva leva a uma
sem que se alterem os objetivos das aulas.
necessidade de organização mental por parte do
aluno. Constantes desafios aos alunos provocam Turmas que provêm de trabalhos
desequilíbrios que precisam ser resolvidos e é desportivos-motores mais eficientes lidam com o
nessa necessidade de voltar ao equilíbrio que movimento esportivo de forma mais tranquila que
ocorre a construção de pensamento. aquelas com níveis de motricidade inferiores.
Comunidades urbanas ligam-se, muitas vezes, a
No Ensino Médio, esses desafios podem
determinadas modalidades esportivas, danças e lutas
ser provocados por meio de inúmeras atividades.
que as comunidades rurais ignoram e vice-versa. O
Desenvolvendo atividades de luta, o professor
professor não só deve atentar a essas
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EDUCAÇÃO FÍSICA
características, como também conversar com o • Refletir sobre as informações específicas
grupo de alunos, descobrindo as atividades de sua da cultura corporal, sendo capaz de discerni-las e
preferência, o que não significa abrir mão do seu reinterpretá-las em bases científicas, adotando uma
trabalho. postura autônoma na seleção de atividades e
procedimentos para a manutenção ou aquisição da
Apresentamos a relevância social como um
saúde.
aspecto ao qual o profissional deve manter-se
atento: será que o que ensinamos vai ao encontro • Assumir uma postura ativa, na prática das
dos interesses dos nossos alunos? Tantas vezes atividades físicas, e consciente da importância delas
nos perdemos em repetição de fundamentos na vida do cidadão.
esportivos que nada significam para aqueles que na
Este bloco refere-se aos conhecimentos e
verdade são o motivo do trabalho: os alunos.
aprendizagens que subsidiam o educando para o
Temos visto professores desiludidos por autogerenciamento das atividades corporais.
não atingirem seus objetivos. Existe uma influência Inseridos nele, encontram-se os conhecimentos de
determinante nas condições de trabalho, na seleção Anatomia, Fisiologia e Biologia que capacitam para
de atividades e na organização da própria tarefa uma análise crítica dos programas de atividade física
pedagógica. Os professores devem lutar por e o estabelecimento de critérios para julgamento,
condições de trabalho adequadas ou próximas a escolha e realização de atividades corporais
essa situação, mas nunca podem deixar de atuar saudáveis.
com as condições de trabalho que possuem, pois o
Raras vezes as escolas se preocupam
conformismo é o nosso maior inimigo.
em desenvolver ações educativas para levar os
Dessa forma, as atividades devem ser jovens a adquirir hábitos de vida que favoreçam a
desenvolvidas “com o pé no chão”. Não podemos prática de atividades físicas de forma continuada. A
alcançar aperfeiçoamento do arremesso à cesta se aprendizagem escolar se constitui em excelente
não dispomos de bolas em quantidade para que os oportunidade para a prevenção e controle do
alunos, durante as aulas, repitam o movimento excesso de peso corporal.
um considerável número de vezes.
Esclarecendo: a compreensão do
Com frequência, constata-se na falta de funcionamento do organismo, no que concerne ao
materiais o fator causador para o empobrecimento consumo de energia ou acúmulo em forma de
do programa de Educação Física. gordura, poderá diminuir a prática, tradicional entre
os jovens, de períodos de jejum prolongados,
Apesar dessa constatação, o professor
utilização de inibidores de apetite, práticas
pode, desde que amparado pelo seu planejamento,
desportivas utilizando excesso de agasalhos, a fim
estruturar formas de trabalho em que, por exemplo,
de alcançar uma silhueta culturalmente aceita como
grupos de alunos alternem-se, simultaneamente, na
bela.
execução de fundamentos esportivos e exercícios
de ginástica, o que desencadearia discussões • Compreender as diferentes manifestações
férteis sobre a elevação, oscilação e manutenção da cultura corporal, reconhecendo e valorizando as
da frequência cardíaca, assim como as qualidades diferenças de desempenho, linguagem e expressão.
físicas envolvidas.
As ginásticas são técnicas de trabalho
Essas ideias não intencionam a corporal que, de modo geral, assumem um caráter
conformação do professor de Educação Física com individualizado com finalidades diversas. Por
as precárias condições de trabalho. A luta pela exemplo, pode ser feita como preparação para outras
obtenção de condições próximas das ideais deve modalidades, como relaxamento e alongamento, para
ser estimulada pelo educador de forma coletiva e recuperação ou manutenção da saúde ou ainda de
voltada para o retorno aos alunos. forma recreativa, competitiva e de convívio social e
ainda como restituição das cargas de trabalho
Competências e habilidades a serem
profissional.
desenvolvidas em Educação Física
• Participar de atividades em grandes e
Espera-se que, no decorrer do Ensino
pequenos grupos, compreendendo as diferenças
Médio, em Educação Física, as seguintes
individuais e procurando colaborar para que o
competências sejam desenvolvidas pelos alunos:
grupo possa atingir os objetivos a que se propôs.
• Compreender o funcionamento do
• Reconhecer na convivência e nas práticas
organismo humano, de forma a reconhecer e
pacíficas, maneiras eficazes de crescimento coletivo,
modificar as atividades corporais, valorizando-as
dialogando, refletindo e adotando uma postura
como recurso para melhoria de suas aptidões
democrática sobre os diferentes pontos de vista
físicas.
postos em debate.
• Desenvolver as noções conceituais de
• Interessar-se pelo surgimento das múltiplas
esforço, intensidade e frequência, aplicando-as em
variações da atividade física, enquanto objeto de
suas práticas corporais.

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EDUCAÇÃO FÍSICA
pesquisa, área de grande interesse social e de pequenos momentos das aulas em que uma
mercado de trabalho promissor. atividade ritmada seja desenvolvida.
Considera-se esporte as práticas em que Competências e habilidades a serem
são adotadas regras de caráter oficial e competitivo, desenvolvidas em Educação Física
organizadas em federações regionais, nacionais e
Representação e comunicação
internacionais que regulamentam a atuação
amadora e profissional. Envolvem condições • Demonstrar autonomia na elaboração de
especiais de equipamentos sofisticados como atividades corporais, assim como capacidade para
campos, piscinas, bicicletas etc. discutir e modificar regras, reunindo elementos de
várias manifestações de movimento e
Os jogos podem ter uma flexibilidade maior
estabelecendo uma melhor utilização dos
nas regulamentações, que são adaptadas em
conhecimentos adquiridos sobre a cultura corporal.
função das condições de espaço e material
disponíveis, do número de participantes, entre • Assumir uma postura ativa na prática das
outros. São exercidos com um caráter competitivo, atividades físicas, e consciente da importância delas
cooperativo ou recreativo em situações festivas, na vida do cidadão.
comemorativas, de confraternização ou ainda de
cotidiano, como simples passatempo ou diversão. • Participar de atividades em grandes e
pequenos grupos, compreendendo as diferenças
Assim, podemos destacar entre os jogos alguns
individuais e procurando colaborar para que o grupo
que podem vir a ser utilizados como atividades do
possa atingir os objetivos a que se propôs.
Ensino Médio na Educação Física escolar, alguns
jogos regionais, os jogos pré-desportivos, algumas • Reconhecer na convivência e nas práticas
brincadeiras infantis etc. pacíficas, maneiras eficazes de crescimento coletivo,
As lutas são disputas em que os oponentes dialogando, refletindo e adotando uma postura
democrática sobre diferentes pontos de vista postos
devem ser subjugados, com técnicas e estratégias
em debate.
de desequilíbrio, contusão, imobilização ou
exclusão de um determinado espaço na • Interessar-se pelo surgimento das múltiplas
combinação de ações de ataque e defesa. variações da atividade física, enquanto objeto de
Caracterizam-se por uma regulamentação pesquisa e área de interesse social e de mercado de
específica a fim de punir atitudes de violência e de trabalho promissor.
deslealdade. Podem ser citados como exemplos de
lutas desde as brincadeiras de cabo-de-guerra e Investigação e compreensão
braço-de-ferro, até práticas mais complexas da • Compreender o funcionamento do
capoeira, do judô e caratê. organismo humano de forma a reconhecer e
• Demonstrar autonomia na elaboração de modificar as atividades corporais, valorizando-as
atividades corporais, assim como capacidade para como melhoria de suas aptidões físicas.
discutir e modificar regras, reunindo elementos de • Desenvolver as noções conceituadas de
várias manifestações de movimento e esforço, intensidade e frequência, aplicando- as em
estabelecendo uma melhor utilização dos suas práticas corporais.
conhecimentos adquiridos sobre a cultura corporal.
• Refletir sobre as informações específicas da
Aqui são incluídas as manifestações da cultura corporal, sendo capaz de discerni-las e
cultura corporal que têm como características a reinterpretá-las em bases científicas, adotando uma
intenção de expressão e comunicação por meio postura autônoma, na seleção de atividades
dos gestos e a presença de estímulos sonoros procedimentos para a manutenção ou aquisição de
como referência para o movimento corporal. Trata- saúde.
se, principalmente, das atividades ritmadas, como
dança ou jogos musicais. Contextualização sociocultural

Num país tão rico em ritmos e danças, • Compreender as diferentes manifestações


parece paradoxal um programa de Educação Física da cultura corporal, reconhecendo e valorizando as
centrado em esportes e ginásticas. O professor, no diferenças de desempenho, linguagem e expressão.
entanto, perguntar-se-á como inserir essa atividade
para os alunos que até então não vivenciaram RCN (EDUCAÇÃO
essas experiências em aula.
INFANTIL) EM ANEXO EM
Pois bem, não podemos negar que as
atividades rítmicas e expressivas têm o seu espaço ARQUIVO PDF
na vida dos adolescentes e jovens. O fato disso não
acontecer na escola é que nos chama a atenção. O
professor poderia começar resgatando o que seus
alunos conhecem de música, quais estilos ouvem,
quais estilos dançam. Partindo daí para a inserção

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EDUCAÇÃO FÍSICA
Nível III:
Estimulação específica e iniciação esportiva;
AS DIFERENTES DEFICIÊNCIAS E FORMAS DE aprendizagem e desenvolvimento de habilidades
TRABALHO NAS ESCOLAS específicas, visando à iniciação esportiva;
treinamento de habilidades esportivas específicas,
Educação Física na Educação Especial visando à participação em treinamento e
Por desconhecimento, receio ou mesmo competições.
preconceito, a maioria das pessoas com deficiência Entende-se que na EF Adaptada deve ser
foram e são excluídas das aulas de Educação mantida a integridade das atividades e promovida a
Física (EF). A participação nessa aula pode trazer maximização do potencial individual, uma vez
muitos benefícios a essas crianças, particularmente conhecidas às metas do programa, convém modificá-
no que diz respeito ao desenvolvimento das las, apenas quando necessário, sempre respeitando
capacidades afetivas, de integração e inserção as metas previamente determinadas, assegurando
social. (PARÂMETROS CURRICULARES que as atividades sejam um desafio à todos os
NACIONAIS, 1997). participantes e, sobretudo, que seja valorizada a
As escolas especiais, como as Associações diferença. (GORGATTI; COSTA, 2005).
de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), Os Parâmetros Curriculares Nacionais
dividem a EF em: (1997, p. 85) citam que:
•EF Escolar para a Educação Infantil (0 a 6 A Educação Física para alcançar todos os
anos) 1ª fase; alunos deve tirar proveito dessas diferenças ao invés
•EF Escolar para o Ensino Fundamental e de configurá-las como desigualdades. A pluralidade
Educação Profissional para os Ciclos de: de ações pedagógicas pressupõe que o que torna os
alunos diferentes é justamente a capacidade de se
•Escolarização Inicial (7 a 14 anos) 2ª fase; expressarem de forma diferente.
•Escolarização e profissionalização (acima O processo de ensino aprendizagem, a
de 14 anos) 3ª fase. respeito dos conteúdos escolhidos deve considerar
as características dos alunos em todas as suas
A formação de turmas para o atendimento
dimensões (cognitivas, corporais, afetiva, ética,
em EF, proposta pela APAE Educadora (projeto
estética, de relação inter pessoal e inserção social).
escolar), deverá observar, além da idade
cronológica do aluno para a inserção nas Não se restringe a simples exercícios de certas
respectivas fases, o seu padrão funcional que é a habilidades corporais e exercê-las com autonomia de
capacidade de compreensão dos estímulos e de maneira social e culturalmente significativa.
execução dos movimentos propostos. (TIBOLA, Para Gorgatti e Costa (2005), é importante
2001, apud GORGATTI; COSTA, 2005). focalizar o desenvolvimento das habilidades,
selecionando atividades apropriadas, providenciando
Nas fases II (Escolarização Inicial) e III
(Escolarização e Profissionalização), há três níveis um ambiente favorável à aprendizagem encorajando
de atuação da EF (nível I, II e III) e para a inserção a auto-superação, a todos os participantes da EF
do aluno dever-se-á considerar suas condições Adaptada.
físicas momentâneas. (TIBOLA, 2001, apud Concordamos com os Parâmetros
GORGATTI; COSTA, 2005). Curriculares Nacionais (1997), quando ele diz que a
Nível I: EF deve oportunizar à todos os alunos, independente
de suas condições biopsicossociais, o
Estimulação motora; desenvolvimento do desenvolvimento de suas potencialidades de forma
sistema motor global por meio da estimulação das democrática e não seletiva, visando o seu
percepções motoras, sensitivas, e mental com aprimoramento como seres humanos. Nesse sentido,
experiências vividas do movimento global; cabe assinalar que os alunos com deficiência não
desenvolvimento dos movimentos fundamentais. podem ser privados das aulas de EF.
Nível II: E assim, a EF faz parte de um processo de
educação do ser humano, e, se bem trabalhada e
Estimulação das habilidades básicas;
administrada, poderá surtir efeitos benéficos para os
melhoria da educação e aumento da capacidade de
praticantes, bem como para a sociedade.
combinação dos movimentos fundamentais;
desenvolvimento de atividades coletivas, visando à Através desta pesquisa, constatou-se a
adoção de atitudes cooperativas e solidárias sem evolução ocorrida através dos tempos em relação às
discriminar os colegas pelo desempenho ou por pessoas com deficiência.
razões sociais, físicas, sexuais ou culturais.
Assim, neste momento têm-se uma nova
Educação Física (EF) fundamentada nos princípios
da Educação Especial que muito transformou-se a
partir do século XX, sendo capaz de transformar os
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valores vigentes estagnados, que atenda a expropriando deste qualquer possibilidade de
diversidade dos homens, que solidifique o partilhar desenvolvimento de outras capacidades.
e cooperar nas relações sociais, sem ostentar a
A nosso ver, a discussão sobre a utilização
caridade, mas o respeito às particularidades;
de um determinado termo para nos referirmos aos
possibilitar a sociedade a convivência respeitando
portadores de deficiências é de suma relevância, já
os limites, desenvolvendo um cidadão mais sociável
que se trata de um assunto de cunho humano sobre
numa sociedade tão exclusiva, com a certeza de
uma perspectiva inclusiva. Neste caso, a terminologia
que se está trabalhando para minimizar a
correta é especialmente importante, pois estamos
discriminação em busca dos direitos humanos,
abordando um assunto tradicionalmente arraigado de
onde a responsabilidade é de todos, sendo de vital
preconceitos, estigmas e estereótipos.
importância para a inclusão dos especiais no
mercado de trabalho, desempenhando seu papel Compreendendo a deficiência física
para o verdadeiro exercício de cidadania.
Para falarmos sobre a inclusão de alunos
Enfim, diante do exposto no trabalho, com deficiência física nas escolas e as relações
percebe-se como a EF foi inserida na Educação desse processo inclusivo com a educação física
Especial e pode-se concluir que a Educação Física escolar adaptada, entendemos ser necessário clarear
teve uma evolução na Educação Especial através o que estamos abarcando com o termo “deficiência”.
da história em relação as leis determinadas e
Mazzotta (1982) indica que as pessoas com
sancionadas; a inclusão da disciplina nos cursos de
necessidades educacionais especiais são aquelas
graduação, consequentemente a capacitação
que “(...) em razão de desvios acentuados, de ordem
profissional; cursos de extensão e de pós
graduação; a luta profissional em prol do tema; a física, intelectual, emocional ou sociocultural,
conscientização da importância da Educação Física apresentam necessidades educacionais que, para
serem adequadamente atendidas, requerem auxílios
Adaptada no desenvolvimento geral dos
ou serviços especiais de educação”.
praticantes, bem como sua inclusão na sociedade.
Sobre deficiência Entendemos que esse conceito é bastante
apropriado devido à sua abrangência. Porém, para
Discutir um conceito não é apenas uma melhor definir o objeto central dessa pesquisa
questão de tornar comum, em um âmbito de optamos por utilizar o termo “deficiência”. Esse termo
investigação científica, uma terminologia. Para além designa todo e qualquer comprometimento que afeta
do esclarecimento do significado da palavra a integridade da pessoa e traz prejuízos para a fala,
deficiência, está a necessidade de expor a carga de compreensão de informações, orientação espacial,
preconceito que pode ser acrescentada ao seu uso locomoção, coordenação de movimento, percepção
para nomear um portador de necessidades ambiental e contato com outras pessoas. A
especiais. deficiência acarreta em dificuldades ou
impossibilidades de execução de atividades comuns
A palavra ‘deficiência’ denota a condição
às outras pessoas.
de um ser humano resultante de um impedimento,
ou seja, de uma limitação, perda ou anormalidade Nesse estudo pretendeu-se abarcar de
numa parte ou estrutura corporal ou numa função forma privilegiada a deficiência física entendendo
orgânica. esta como todo comprometimento da mobilidade, da
coordenação motora geral, causado por lesões
Segundo Sassaki (2005), o termo
neurológicas, neuromusculares e ortopédicas bem
anormalidade é utilizado na CIF (Classificação
como por má formação congênita ou adquirida.
Internacional de Funcionalidade, Deficiência e
Saúde) para se referir a uma variação das normas Para Mader (1997), existe um repertório
estatísticas estabelecidas, ou seja, quando se está muito amplo e variado de deficiências físicas que têm
referindo a um desvio da média da população como traço incomum a diminuição permanente ou
dentro de normas estatisticamente delineadas. progressiva da movimentação do corpo. Essa
Portanto não é apropriado o uso desse termo para dificuldade pode ser adquirida, principalmente, a
designar um portador de necessidades especiais. partir de um trauma na medula espinhal, de uma
doença degenerativa dos músculos ou do sistema
Este autor ainda afirma que o conceito de
nervoso ou de uma lesão no cérebro.
incapacidade denota um estado negativo de
funcionamento da pessoa, resultante do ambiente Essa dificuldade pode também ser genética
humano e físico inadequado ou inacessível, e não ou oriunda de má formação intra-uterina. Entende-se
um tipo de condição. Como um exemplo disso, que, quando a deficiência física acompanha o sujeito
podemos citar a incapacidade de um usuário de desde o nascimento ou nos primeiros meses de vida
cadeiras de rodas em acessar um prédio que não este tem diminuídas suas possibilidades de agir
possua instalações adequadas à sua condição. sobre o meio, de fazer descobertas, de construir
Além disso, não devemos tomar o significado de conceitos espaciais, temporais, corporais e de avaliar
deficiência por incapacidade, uma vez que ao o impacto de suas ações sobre o meio.
nomearmos um deficiente como incapaz, estaremos

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EDUCAÇÃO FÍSICA
As pessoas com deficiência física Alguns fatores de risco também não devem
apresentam uma significativa ausência de ser ignorados como violência urbana, acidentes
coordenação dos membros o que dificulta a desportivos, acidentes de trabalho, tabagismo, maus
execução de uma série de movimentos como hábitos alimentares, abuso de entorpecentes,
comer, vestir, andar, correr, saltar, pegar/soltar e sedentarismo, epidemias, endemias, agentes tóxicos
tirar/colocar. Isso porque esse tipo de deficiência e falta de saneamento básico.
acarreta em importantes alterações no tônus
Devido às questões apresentadas
muscular. Entendemos por tônus o estado natural
anteriormente entende-se que o diagnóstico precoce
de contração de nossa musculatura quando
e a inclusão da criança em ambientes e programas
estamos em repouso. Normalmente os músculos,
estimuladores são de suma importância para a
ainda que relaxados, conservam certa firmeza que
estimulação do movimento e do posicionamento
nos permite movimentar membros, sustentar o
adequados, estimulação das aquisições motoras
corpo e executar movimentos de forma harmônica e
básicas, da participação em jogos, brincadeiras e
coordenada. A pessoa com deficiência física pode
tarefas de autocuidado.
ter a musculatura muito flácida (hipotônica) ou
muito rígida (hipertônica), ou pode, ainda, ter um O posicionamento corporal adequado evita a
tônus que oscile entre a hipotonia e a hipertonia, o atrofia muscular - encurtamento da musculatura - e
que faz com que seus movimentos sejam pouco facilita a execução correta dos movimentos. O
harmônicos (Mader, 1994). trabalho com esse posicionamento deve ser bastante
diversificado oferecendo diferentes oportunidades de
Ainda segundo a rede “Entre Amigos”,
participação das atividades características de sua
implementada em 1998 com o objetivo de oferecer
idade cronológica. Esse trabalho também é de suma
informações rápidas e fidedignas acerca das mais
importância nas atividades de autocuidado como a
diferentes deficiências, a deficiência física refere-se
alimentação, o vestir, o despir, o banho e a higiene
ao comprometimento do aparelho locomotor com a
oral já que visa uma maior autonomia do sujeito.
produção de limitações físicas derivadas de lesões
ou doenças dos sistemas ósteo-articular, muscular Ainda nesse sentido, não devemos ignorar
e nervoso. que a adaptação de materiais e de atividades para as
necessidades da criança é imprescindível para que
As principais causas da deficiência física
ela passe a ser mais ativa em suas ações motoras
são:
sobre os objetos. Entendemos, então, que a
A. Paralisia Cerebral: por prematuridade; introdução gradativa da criança com deficiência física
anóxia perinatal; desnutrição; materna; rubéola; no mundo do movimento é essencial para o seu
toxoplasmose; trauma de parto; subnutrição; outras. desenvolvimento motor e cognitivo.
B. Hemiplegias: por acidente vascular No âmbito da cognição, devemos
cerebral; aneurisma cerebral; tumor cerebral e acrescentar que a deficiência física não está
outras. vinculada à deficiência mental. Quando indicamos
déficits cognitivos em crianças com esse tipo de
C. Lesão medular: por ferimento por arma
deficiência, não devemos perder de vista que, na
de fogo; ferimento por arma branca; acidentes de
maioria dos casos, esse déficit está relacionado à
trânsito; mergulho em águas rasas. Traumatismos
falta de estimulação adequada ou inadequação do
diretos; quedas; processos infecciosos; processos
ambiente para o desenvolvimento da criança. Sendo
degenerativos e outros.
assim, o pleno desenvolvimento da criança com
D. Amputações: causas vasculares; deficiência física prevê a atuação de equipe
traumas; malformações congênitas; causas interdisciplinar voltada para o trabalho de reabilitação
metabólicas e outras. e de educação como fisioterapeutas, oftalmologistas,
pedagogos e profissionais de educação física.
E. Mal formações congênitas: por
exposição à radiação; uso de drogas; causas Educação inclusiva
desconhecidas.
Numa viagem pela história, podemos
F. Artropatias: por processos inflamatórios; perceber que a pessoa deficiente tem sido
processos degenerativos; alterações biomecânicas; sistematicamente excluída do sistema escolar
hemofilia; distúrbios metabólicos e outros. regular. No Brasil, as primeiras possibilidades de
educação formal foram oferecidas através de um
A mesma rede, indica que a OMS
sistema educacional segregativo. Atualmente existe
(Organização Mundial da Saúde) estima que
um movimento em torno da inclusão desses alunos
desconsiderando os períodos de guerra, 10% da
nas escolas regulares de ensino (Mazzotta, 1982).
população de países desenvolvidos e de 12 a 15%
da população de países em desenvolvimento, são De forma geral, a inclusão significa que
constituídos de pessoas com algum tipo de todas as crianças e jovens em idade escolar têm o
deficiência. Destes 20% são portadores de alguma direito de frequentar a escola regular que deverá
deficiência física. estar organizada para atender às necessidades
educativas de todos os alunos seja qual for a sua

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EDUCAÇÃO FÍSICA
condição social, econômica, física ou psíquica. ambiente educacional flexível, que vise o processo
Desta forma, falar de educação inclusiva significa de aprendizagem das pessoas com deficiências. A
falar da garantia de que também os alunos com autora não deixa de frisar a importância da parceria
deficiência tenham acesso à escola regular. da escola inclusiva com os pais, uma vez que os
considera parceiros essenciais no processo de
O que se chama atualmente de Educação
inclusão da criança na escola.
Inclusiva foi um movimento iniciado nos Estados
unidos a partir da promulgação da Lei 94.142 de Outro aspecto ao qual a escola que pretende
1975. A preocupação com a educação dedicada ser inclusiva deve estar atenta é ao que diz respeito
aos deficientes foi aderida por outros países, como às formas de avaliação da aprendizagem. Modelos
é o caso da Grã-Bretanha, onde está sediado o tradicionais e antiquados de avaliação não podem ser
mais reconhecido centro de estudos a respeito de utilizados com os alunos portadores de deficiência,
Educação Inclusiva, o CSIE (Centre for Studies on pois suas diferenças precisam ser consideradas
Inclusive Education) sediado em Bristol. É dele que nesse processo.
têm partido os principais documentos a respeito da
Para Merch, é preciso que sejam realizadas
área da Educação Especial: 1. O CSIE -
modificações na estrutura física da escola que
International Perspectives on Inclusion; 2. O
receberá alunos que necessitam de atenção e
Unesco Salamanca Statement(1994).
cuidados especiais, de forma a tornar mais fácil seu
De acordo com Aguiar e Duarte (2005), o acesso. Também deve ser considerado o
paradigma da escola inclusiva pressupõe uma oferecimento de cursos preparatórios para os
educação apropriada e de qualidade dada funcionários dessa escola, de maneira a prepará-los
conjuntamente para todos os alunos, em escola para trabalhar com esses alunos.
regular, onde deve ser desenvolvido um trabalho
Para Cardoso (2003) a inclusão de alunos
pedagógico que sirva a todos os alunos,
com necessidades especiais na escola regular,
indiscriminadamente. Sendo assim, o ensino
constitui uma perspectiva e um desafio para o século
inclusivo é a prática da inclusão de todos,
XXI, cada vez mais firme, nos diferentes sistemas e
independente de seu talento, deficiência (sensorial,
níveis educativos.
física ou cognitiva), origem socioeconômica, étnica
ou cultural. Educação Física Escolar Inclusiva
Segundo Mrech, pode-se entender por Toda grande transformação no âmbito
Educação Inclusiva o processo de inclusão das educacional, exige reavaliações profundas de todos
pessoas com deficiências ou de distúrbios de os professores. Com os professores de educação
aprendizagem na rede comum de ensino em todos física não é diferente. A inclusão tem sido discutida a
os seus graus. Ressalta ainda que a escola mais de uma década e exige um reposicionamento
inclusiva deve ter algumas características destes frente a uma nova realidade. Ao tratarmos da
peculiares que discutiremos a seguir. deficiência física fica ainda mais evidente essa
necessidade.
Mrech afirma que em uma escola inclusiva,
o processo educativo é visto como um processo Segundo Aguiar e Duarte (2005),
social, no qual as crianças com deficiências e culturalmente, a formação pedagógica do professor
distúrbios de aprendizagem devem ter acesso à de Educação Física vem sendo colocada em plano
escolarização o mais próxima possível do ‘normal’. secundário, prevalecendo os conteúdos das
O objetivo dessa escola é fazer com que as disciplinas de cunho técnico- desportivo, corporal e
crianças atinjam o seu potencial máximo, sendo o biológico, em detrimento das disciplinas pedagógicas.
seu processo de ensino-aprendizagem adequado Sendo assim, a formação vem privilegiando o
às necessidades de cada criança. desenvolvimento de capacidades e habilidades
físicas, que tem por prioridade o desempenho físico,
Para atingir também a este público, a
técnico e o corpo enquanto objeto de consumo.
escola que se propõe inclusiva precisar sofrer uma
readaptação dos papéis tradicionais dos Tendo essa visão como base, focada na
professores e da equipe técnica. A pessoa cultura desportiva e competitiva, entendemos que as
portadora de deficiência, segundo esta autora, resistências com relação à inclusão de pessoas
precisa de uma maior proximidade dos professores vistas como menos capazes fisicamente são
e que estes estejam aptos a perceber e a trabalhar históricas. Muitas das proposições de atividades
com suas maiores dificuldades. Portanto, o suporte feitas em Educação Física, realizadas na base da
aos professores da classe comum é essencial para cultura competitiva, podem ser observadas nas
o bom andamento do processo de ensino- escolas. A prática desportiva, quando usada sem os
aprendizagem. princípios da inclusão, é uma atividade que não
favorece a cooperação, que não valoriza a
A escola inclusiva precisa estabelecer uma
diversidade e que pode gerar sentimentos de
nova infraestrutura de serviços, onde ela
satisfação e de frustração. Essa cultura competitiva
gradativamente irá criando uma rede de suporte
constitui uma fonte de exclusão e pode se consistir
para a superação das maiores dificuldades do
numa barreira à educação inclusiva.
deficiente. Para isto, ela precisa também de um
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EDUCAÇÃO FÍSICA
Segundo os Parâmetros Curriculares alunos dessas atividades, principalmente os alunos
Nacionais (PCNs), documento que subsidia a com deficiências, alegando que o professor não está
atuação dos profissionais da área de educação, a preparado para desenvolver habilidades nessas
proposta curricular é incluir os temas transversais crianças. Algumas escolas designam essas crianças
nas aulas de educação física como ética, saúde, para realizar atividades externas, como por exemplo
meio ambiente, orientação sexual, pluralidade a cronometragem de tempo. Porém, não devemos
cultural e orientação para trabalho e consumo. perder de vista os objetivos da educação física.
Nesse sentido, cabe também ao professor de
Segundo Ribeiro (1987), a educação física
educação física estimular processos reflexivos
deve favorecer a qualquer criança, incluindo as com
contribuindo para uma visão crítica do meio social
deficiências, o pleno desenvolvimento tendo como
trazendo um novo objetivo para essa disciplina: a
parâmetro a capacidade de cada um. Sendo assim o
formação de cidadãos.
aluno deficiente deve ser incluído também nas aulas
Os Parâmetros Curriculares Nacionais de de educação física por apresentar necessidade de
Educação Física para o Ensino Fundamental desenvolvimento motor. Afinal não devemos perder
(BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto, de vista que é uma das principais funções dessas
1997) expressam, em seus objetivos gerais, a aulas favorecerem o desenvolvimento social e afetivo
expectativa que os alunos sejam capazes de: do qual nenhuma criança pode ser privada.
participar de atividades corporais, estabelecendo
Para a implementação de uma escola
relações equilibradas e construtivas com os outros,
inclusiva, ainda que consideremos apenas a
reconhecendo e respeitando características físicas
Educação Física enquanto unidade curricular há que
e de desempenho de si próprio e dos outros, sem
se considerar múltiplos aspectos. O primeiro deles
discriminar por características pessoais, físicas,
consiste no oferecimento de cursos de reciclagem
sexuais ou sociais (p. 43); participar de diferentes
para capacitação de docentes. Outro aspecto diz
atividades corporais, procurando adotar uma atitude
respeito à importância da existência de um corpo
cooperativa e solidária, sem discriminar os colegas
técnico especializado composto por psicólogo,
pelo desempenho ou por razões sociais, físicas,
fonoaudiólogo e psicopedagogo. E, por último, porém
sexuais ou culturais (p. 63); participar de atividades
não menos importante, o apoio da família do aluno
corporais, reconhecendo e respeitando algumas de
com necessidades especiais, além de outros fatores
suas características físicas e de desempenho
como o número de alunos na classe, a eliminação de
motor, bem como as de seus colegas, sem
barreiras arquitetônicas, a revisão pela sociedade
discriminar por características pessoais, físicas,
civil da concepção sobre a pessoa com necessidades
sexuais ou sociais (p. 71); conhecer, valorizar,
especiais, o apoio da sociedade política, a destinação
apreciar e desfrutar de algumas das diferentes
de verbas, a adequação de currículos, metodologias
manifestações de cultura corpórea, adotando uma
de ensino, recursos didáticos e materiais e sistemas
postura não-preconceituosa ou discriminatória por
de avaliação.
razões sociais, sexuais ou culturais (p. 72).
De acordo com o princípio da Inclusão, a
Essa discussão parece ainda mais
Educação Física escolar deve ter como eixo
importante quando refletimos sobre o objetivo da
fundamental o aluno e deve se voltar para o
educação física no ensino fundamental numa
desenvolvimento das competências de todos os
escola inclusiva: formar alunos capazes de
alunos e proporcionar condições de acesso aos
participar de atividades corporais estabelecendo
conteúdos a partir de estratégias adequadas.
uma atitude construtiva com os colegas deficientes
desenvolvendo uma atitude de respeito, aceitação e Os Parâmetros Curriculares Nacionais
solidariedade. ampliam a contribuição da Educação Física escolar
para o pleno exercício da cidadania, modificando a
A educação deve romper com o tratamento
história desse componente curricular que vem
tradicional dos conteúdos que favorece os alunos
apontando para um processo de ensino e
que já têm aptidões, adotando como eixo estrutural
aprendizagem centrado no desenvolvimento de
da ação pedagógica o princípio da inclusão,
capacidades e habilidades físicas e que objetiva e
apontando para uma perspectiva metodológica de
privilegia o desempenho físico e técnico, quase
ensino e aprendizagem que busca o
sempre, resultando numa constante seleção entre
desenvolvimento da autonomia, da cooperação, da
pessoas aptas e inaptas para a prática da cultura
participação social e da afirmação de valores e
corporal do movimento.
princípios democráticos. Nesse sentido, deve
buscar garantir a todos a possibilidade de usufruir Inclusão e Educação Física Adaptada
de jogos, esportes, danças, lutas e ginástica em
benefício do exercício crítico da cidadania. Conforme visto anteriormente, a inclusão
dos alunos com deficiências nas escolas regulares é
A bibliografia consultada enfatiza que cabe um processo amplo, com transformações em todas
ao professor de Educação física, desenvolver as as dimensões no ambiente físico e na mentalidade de
potencialidades de todos os seus alunos atentando- todas as pessoas envolvidas no processo educativo,
se para a não exclusão de nenhum deles. Porém, incluindo o próprio portador de deficiência e sua
no geral, a escola opta por dispensar determinados família. Nesse sentido, não devemos perder de vista
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que o professor da escola inclusiva deve • Adaptações de objetivos e conteúdos,
compreender as diferenças individuais, aprendendo adequando-os quando for necessário, em função das
a conviver com a diversidade humana a partir de necessidades educativas especiais, dando prioridade
valores como respeito, compreensão e cooperação a conteúdos e objetivos próprios, definindo mínimos e
mútua. introduzindo novos quando for preciso.
Frente à realidade de proposta de inclusão, Incluir o indivíduo portador de necessidades
cada área de atuação tem buscado possíveis especiais nas escolas significa oferecer
estratégias frente a essa nova realidade. Sob o oportunidades iguais, apesar das diferenças. Neste
aspecto legal, a inclusão dos portadores de sentido, a Educação Física Adaptada surgiu como
deficiência está amplamente amparada. A ONU estratégia oficial nos cursos de graduação através da
promulgou, em 1948, a Declaração Universal de resolução 3/87 do Conselho Federal de Educação e
Direitos Humanos, assegurando a todas as prevê a atuação do professor de Educação Física
pessoas, de todas as nações, os mesmos direitos e com o portador de deficiências e outras necessidades
deveres, assim como a Constituição de 1988, a especiais. Porém, muitos professores em plena
Declaração de Salamanca de 1994, a Lei de atividade nas escolas não tiveram esse subsídio em
Diretrizes e bases da Educação Nacional de 1996, sua formação acadêmica, portanto poucas escolas
entre outras, asseguram a inclusão do portador de estão preparadas para receber o aluno com
necessidades especiais. deficiência principalmente no que diz respeito aos
professores.
Incluir é um desafio que deve ser encarado
pelos profissionais da educação. Mas o simples ato A Educação Física Adaptada “é uma área da
de transferir o aluno portador de deficiência de uma Educação Física que tem como objetivo de estudo a
escola totalmente adaptada às suas necessidades motricidade humana para as pessoas com
para outra de ensino regular, não significa inclusão. necessidades educativas especiais, adequando
metodologias de ensino para o atendimento às
Ao professor de educação física cabe
características de cada portador de deficiência,
proporcionar vivências e oportunidades motoras
respeitando suas diferenças individuais” (Saint-
adaptando-se às mais diferentes realidades e
Laurent, 1997p.113). Ela se constitui em uma grande
construir exercícios e atividades que promovam a
área de adaptação ao permitir a participação de
estimulação das áreas motoras mais debilitadas, as
crianças e jovens em atividades adequadas às suas
quais, devido ao impedimento de um
possibilidades. Do exposto anteriormente,
desenvolvimento adequado, estão comprometidas.
concluímos que um programa de educação física
A educação física é uma área de quando adaptada ao aluno portador de deficiência,
adaptação que permite a participação de todos, em possibilita a ele a compreensão de suas limitações e
atividades adequadas às possibilidades de cada capacidades, auxiliando-o na busca de uma melhor
um, proporcionando a integração. Para cada tipo de adaptação.
deficiência existe uma maneira de enfatizar as
No Brasil, um dos marcos de
necessidades a serem contempladas.
desenvolvimento profissional e acadêmico ocorreu
Uma intervenção efetiva no que diz em 1984 quando foram estruturados alguns cursos
respeito à atividade física para deficientes deve de preparação profissional para atender uma
respeitar suas limitações e promover autonomia. É demanda futura de inserção da disciplina Educação
importante que o professor sempre tenha Física Adaptada no ensino superior.
conhecimentos básicos sobre seu aluno (tipo de
Em 1986 aconteceu o I Simpósio Paulista de
deficiência, idade, funções e estruturas que estão
Educação Física Adaptada, e nos anos pares
sendo prejudicadas, etc.), uma vez que, ao
subsequentes este seria o evento que reuniria os
conhecer o educando, ele adequará a metodologia
profissionais e estudantes da área.
a ser adotada. Para Cidade e Freitas (2002, p. 42-
43) várias considerações devem ser levadas em Em 1988 foi criado o primeiro curso de
conta: especialização em Uberlândia, que até os dias de
hoje é um dos cursos de referência no país. Com o
• Em que grupo de educandos haverá maior
ingresso de docentes nos cursos de pós-graduação
facilidade para a aprendizagem e desenvolvimento
stricto sensu, um novo perfil se delineou. Em 1989
de todos;
houve a primeira participação brasileira num ISAPA,
• A avaliação constante do programa de e a partir de então, em cada ano ímpar, outros
atividades possibilitando as adequações profissionais compareceram a ISAPAs, sendo que na
necessárias, considerando as possibilidades e última edição, em julho de 2001, 20 resumos de
capacidades dos educandos, sempre em relação trabalhos brasileiros foram publicados nos anais.
aos conteúdos e objetivos da educação física
A USP e UNICAMP foram pioneiras na
adaptada;
formação de mestres e doutores, e hoje dividem o
• Adaptação de material e sua organização mérito da produção de conhecimentos com tantas
na aula, tempo disponível, espaço e recursos outras Instituições de Ensino Superior e laboratórios
materiais;
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EDUCAÇÃO FÍSICA
de pesquisa que se instalaram em várias capitais e relações com a inclusão escolar desses alunos bem
cidades do Brasil. como sínteses das principais ideias de cada texto
pesquisado. A elaboração dos fichamentos com as
Em 1991 surgiu a ideia de fundar uma
principais ideias de cada texto objetivou uma
sociedade que auxiliasse a congregar os
posterior correlação entre os diversos autores. O
profissionais da área, foi então que fundou-se, em
cruzamento dos resultados e conclusões
1994, a Sociedade Brasileira de Atividade Motora
apresentados por cada estudo possibilitou uma visão
Adaptada - SOBAMA. Segundo conceito
sobre os caminhos que as pesquisas sobre o tema
apresentado pela SOBAMA, a "Educação Física
vêm seguindo.
Adaptada constitui a área de conhecimentos
relativos à cultura corporal de movimento da pessoa Discussão dos resultados
com uma diferença significativa, particularmente a
Uma das grandes dificuldades enfrentadas
deficiência/descapacidade”.
pelos professores de Educação Física Adaptada
Metodologia e procedimentos (EFA) é a diversidade terminológica usada entre
muitos instrumentos de avaliação presente nos
Tendo como base a definição de Turtelli
estudos com origem nas diferentes escolas
(2003), entendemos que o presente estudo
superiores, pelos grupos de estudo de pesquisas e
corresponde à pesquisa do tipo bibliográfica. Esse
pelos editores. Na realidade, cada termo representa
tipo de pesquisa está incluído na gama de
as dificuldades experimentadas pelas crianças com
pesquisas do tipo documental, mas se caracteriza,
dificuldades de movimento.
principalmente por ser desenvolvida a partir de
material já elaborado como livros e artigos A avaliação motora em crianças e
científicos e não prevê o contato direto com adolescentes portadores de deficiência mental é
“materiais de brutos” ou informantes de primeira necessária para uma intervenção de qualidade,
ordem (Gil, 1991). porém se faz necessário identificar claramente os
critérios que o instrumento oferece. A seleção de um
Dessa forma, a base desta pesquisa
instrumento de avaliação deve ser precedida de uma
consistiu no estudo de livros, de artigos
compreensão sobre o porque da criança estar sendo
especializados, de dissertações e de teses, o que
testada e como as medidas serão utilizadas. A
possibilitou o acesso e a manipulação de
avaliação da habilidade motora total é primeiramente
informações relevantes para a reflexão sobre as
completada para a proposta de triagem, diagnostico e
relações entre inclusão, deficiência física e
prescrição.
Educação Física escolar adaptada. O levantamento
bibliográfico foi realizado em bases de dados Essa avaliação é um processo complexo e
disponíveis via internet. Restringimos o período de os dados obtidos através dela são utilizados para se
levantamento bibliográfico dos livros, das tornarem decisões importantes sobre os indivíduos.
dissertações, das teses e dos artigos em periódicos Podem ocorrer muitos problemas no processo de
de 1990 a 2004. Esse período é considerado de avaliação dos alunos e, quando há efeitos negativos,
grande relevância uma vez que corresponde ao os alunos e suas oportunidades na vida podem ser
aumento do interesse da comunidade científica afetados de maneira adversa.
sobre o tema e proporciona uma visão dos
Resumidamente, podemos classificar os
trabalhos atuais desenvolvidos.
problemas concernentes à Educação Física
Para a seleção das bases de dados a Adaptada em dois grandes grupos: problemas de
serem pesquisadas, optamos por duas bases caráter macro, que norteiam a área da educação
científicas gerais – Scielo e Bireme –, bases de como um todo e problemas de ordem micro que
dados específicas sobre o assunto – SOBAMA / remetem especificamente à área da educação física.
Sociedade brasileira de atividade motora adaptada Dentre as dificuldades encontradas para uma
– e bancos de dissertações de algumas importantes intervenção em contexto inclusivo no nível macro é
universidades do país que trabalham com a possível destacar: a desinformação por parte da
perspectiva da Educação física adaptada – USP/ comunidade em geral.
Universidade de São Paulo e Unicamp /
Nos mais variados campos de atuação
Universidade de Campinas.
percebe-se uma falta de compreensão por parte da
A pesquisa foi realizada em todas as bases comunidade no que tange as características de cada
de dados por assunto. Foram utilizadas, como deficiência. De modo geral, é possível inferir que
palavras-chave, “inclusão”, “deficiência física”, ainda prevalece grande falta de entendimento sobre
“comprometimento motor”, “educação física escolar” as possíveis consequências da prática inclusiva.
e “educação física adaptada”.
Outra dificuldade está vinculada à
Após o levantamento bibliográfico, o insuficiência de informações atualizadas relativas à
material foi estudado por meio da realização de pessoa portadora de deficiência. Há uma tendência,
fichamentos, que objetivavam abranger todas as até mesmo, em muitos eventos científicos e
informações relevantes para o estudo da educação publicações de se discutir muito propostas de
física adaptada para deficientes físicos e suas intervenção para indivíduos portadores de

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deficiência. Contudo, percebe-se uma falta de A busca pela superação das dificuldades
compreensão mais efetiva das características e individualmente ou em grupos, muitas vezes, típicas
possibilidades de cada indivíduo. dos contextos dos jogos pré-desportivos, pode criar
condições favoráveis à segregação. Para a
As atitudes de muitos portadores de
conquista, frequentemente, privilegia-se a formação
deficiência que querem conviver apenas com seus
de pares e a composição de grupos com os
pares também se constituem em uma dificuldade a
considerados mais "aptos" ou "melhores", os quais,
nível macro. Mais especificamente, o envolvimento
nem sempre incluem os indivíduos portadores de
dos próprios indivíduos portadores de deficiência,
necessidades especiais.
pode representar uma dificuldade para a
concretização de alguns projetos de intervenção. Mais especificamente no que tange à
formação dos professores de educação física é
Podemos observar também reações de
possível destacar quatro aspectos fundamentais que
negação à deficiência, ou mesmo de superproteção
podem contribuir de forma significativa para essa
por parte das famílias dos indivíduos portadores de
dificuldade. O primeiro diz respeito à falta de
deficiência. Muitas vezes, a própria família
disciplinas ou mesmo ênfase na formação
representa um embargo considerável para a
profissional para essas discussões. Em especial, no
proposta de intervenção. Caso não ocorra uma
Brasil, somente a partir da década de 80 é que
grande interação entre o que propõe a instituição e
passou a ocorrer uma discussão mais efetiva sobre
o que, de fato, a família promove, corre-se o risco
as diferentes deficiências e as possíveis implicações
de fazer com as metas de trabalho não sejam
para a intervenção nos cursos de Educação Física
alcançadas.
por meio de disciplinas específicas, tais como
Muitas organizações de atendimento às Educação Física Adaptada, Educação Física
pessoas portadoras de deficiência que apelam para Especial ou Educação Física para portadores de
o assistencialismo protecionista e esse fato pode necessidades especiais.
servir de propagador de uma falsa idéia a respeito
Outro aspecto refere-se à própria tendência
dos portadores de deficiência. Algumas instituições
das disciplinas que abordam temas associados à
que proporcionam atendimento a indivíduos
intervenção junto a indivíduos portadores de
portadores de deficiência, pecam pelo excessivo
deficiência atribuírem muita ênfase à etiologia do
amadorismo em seus quadros de funcionários.
problema, negligenciando, grande parte das vezes,
A ausência de uma análise crítica em um aprofundamento na caracterização e nas
relação à idéia de integração e ambigüidades nos implicações de cada problema para o processo de
textos e documentos legais em relação tema inclusão dos indivíduos.
acarreta dificuldades para aqueles que se
Sem sombra de dúvida, existe uma série de
encontram empenhados no processo de inclusão. A
barreiras que devem ser suplantadas para o alcance
dificuldade na interpretação de algumas leis, bem
de propostas de inclusão na área da educação física.
como, a discussão mais aprofundada das limitações
Tomando como base o "estado da arte" talvez não
e ganhos com o processo de inclusão podem
seja possível aplicar um modelo único e que sirva de
representar uma grande entrave ao alcance das
receita para todos os contextos de atuação, mas sim,
propostas.
realizar uma análise de alguns projetos que não
E, por fim (porque não apontar para um alcançaram seus objetivos e avaliar o que os
problema recorrente em diversas áreas no Brasil?) mesmos deixaram de fazer.
devemos apontar para carência de recursos
Ao mesmo tempo, cabe destacar a
financeiros, humanos e materiais destinados ao
existência de alguns caminhos que podem ser
atendimento nas áreas da saúde, educação,
percorridos para o desenvolvimento de políticas de
esporte e preparação para o trabalho.
inclusão na área da educação física e do esporte.
Em meio a essa conjuntura que ainda Algumas dessas propostas implicam
dificulta a plena inserção de indivíduos portadores necessariamente em mudanças na esfera macro,
de necessidades especiais nas aulas regulares, como a das próprias políticas públicas na área da
existem dificuldades específicas que se consolidam educação. Essas iniciativas passam, até mesmo, por
no universo da área da Educação física e estes são investimentos maiores na área da educação e, mais
os problemas de ordem micro. especificamente, no segmento da educação especial.
Desse modo, seria possível que essas mudanças de
Um dos aspectos que merece
caráter macro resultassem na aquisição de
consideração é a própria natureza do fenômeno
equipamentos especializados, na estruturação de
movimento, com o qual lida a educação física. Das
ambientes e na qualificação de profissionais.
mais variadas situações que norteiam o movimento
humano surgem entraves específicos ao processo No âmbito das escolas, nos parece
de inclusão que podem e devem ser analisados de imprescindível criar condições favoráveis para o
forma mais cautelosa por parte dos profissionais da envolvimento das famílias das crianças nos projetos
área. de inclusão. É fundamental que a implantação
dessas propostas envolva a participação da família.

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Não são poucas as situações em que o discurso e a avaliação que levem em consideração dimensões
prática das famílias de crianças, portadoras de como a equivalência motora pode contribuir de forma
deficiência ou não, resulta em conflito com o projeto preponderante no processo de aprendizagem de
inclusivo. Desse modo, é fundamental que exista crianças com necessidades especiais, sobretudo
uma interação entre os profissionais e o projeto quando isso acontece em contexto voltado para a
pedagógico da instituição com a família. inclusão.
A área da educação física apresenta Outro aspecto fundamental é a ideia de que,
peculiaridades que podem favorecer o envolvimento pelo menos, no início de um processo de intervenção
família x escola, como as situações que levam a a inclusão não deve ser pensada a partir de grandes
família à escola tendo em vista o acompanhamento grupos, mas sim, deveria acontecer por meio de
de uma competição, semana de jogos, eventos de grupos com número reduzido de componentes. É
caráter lúdico. Cabe aos profissionais da área da fundamental que sujeito a ser incluído e grupo
educação física ampliar as possibilidades para que acolhedor se conheçam relativamente. Esse
ocorram essas situações. conhecimento pode ser decorrente do número de
relações estabelecidas entre os diferentes elementos
Outro aspecto crucial corresponde à
do grupo, bem como, do tempo em que essas
necessidade de se refletir sobre a preparação que é
relações acontecem.
feita sobre as crianças com necessidades especiais
para se inserir num grupo com outras crianças, A educação física muito tem a contribuir
ditas normais. neste processo através de suas práticas, rompendo
as barreiras do preconceito, promovendo a
O profissional de educação física deve, na
integração e oportunizando o acesso à educação, à
medida do possível, proporcionar melhor orientação
saúde, ao trabalho, ao lazer e acima de tudo à
aos pais das crianças ou jovens sobre como os
atividade física.
mesmos podem estruturar o ambientes residenciais
e de outros locais e, até mesmo, realizar a Mas é fundamental que a comunidade
estimulação motora de seus filhos, tendo em vista escolar esteja convencida do importante papel da
favorecer a sua melhor adaptação no âmbito educação física nesse processo, para que, ao
escolar. Ao mesmo tempo, é necessário que haja desenvolver o projeto político-pedagógico da escola
uma grande reflexão sobre os meios que têm sido ela seja parte do compromisso que toda a escola
utilizados na área da educação física adaptada para está assumindo.
o processo de ensino-aprendizagem e para a
O professor de educação física tem que
avaliação de indivíduos portadores de
acreditar na inclusão, acreditar que é peça
necessidades especiais.
fundamental no processo e ser o defensor dessa
Tradicionalmente as intervenções dos proposta na elaboração do projeto político-
profissionais de educação se baseiam em estilos de pedagógico. Por enquanto, isso parece caminhar a
ensino eminentemente diretivos, bem como, a passos bem lentos em grande parte do nosso país.
forma de elaboração das metas a serem
É possível perceber o longo caminho que
sobrepostas pelos alunos nas sessões de atividade
ainda precisamos percorrer no processo de inclusão.
pouco levam em consideração as possibilidades
Há ainda preconceitos a quebrar, em todas as frentes
individuais.
de trabalho. Na escola regular, na escola
Indivíduos portadores de necessidades especializada, no sistema educacional e na
especiais, marcados, muitas vezes, por restrições sociedade de uma maneira geral.
estruturais e funcionais podem encontrar
As escolas ainda não perceberam a
dificuldades em apresentar os padrões de
importância do projeto político-pedagógico dentro do
movimento típicos de indivíduos normais. Na busca
contexto sócio-político da escola. Falta um
de interagir no seu ambiente esses indivíduos, em
envolvimento maior, tanto da comunidade interna
algumas ocasiões empregam estratégias motoras
como da externa à escola. Uma falta de fé na
não usuais. São várias as ocasiões em que essas
capacidade da comunidade escolar de participar de
estratégias refletem um dinamismo no seu
um planejamento coletivo em todas à suas fases.
comportamento motor. Esses meios alternativos
refletem uma propriedade presente no Também a educação física ainda não
comportamento motor do ser humano denominada conseguiu se estabelecer como disciplina importante
de equivalência motora. na escola. Ainda não se compreende o seu
verdadeiro papel no processo de educação e
A valorização desses meios alternativos
especialmente da educação inclusiva.
tende a valorizar a autoestima e a aprimorar a
competência motora do aprendiz. Quando o É importante também compreender que a
processo de avaliação também leva em Inclusão é um processo que envolve pessoas. Por
consideração parâmetros dessa natureza a relação isso nunca podemos afirmar que existe um modelo
"normal" e "deficiente" se modifica, incitando um de inclusão que vai ser o ideal para todas as pessoas
repensar sobre conceitos como aptidão e em todos os lugares. É fundamental entender que o
capacidade. O emprego de ferramentas de ensino e que vai dar qualidade e promover cada processo de
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inclusão é o esforço coletivo em refletir bastante e
profundamente, propor e apoiar ideias inclusivas e
ter coragem de colocá-las em prática, assumindo os
riscos de errar, mas tendo sempre a disposição de Mudança interna no domínio motor do
aprender com os erros, e a partir daí criar novas indivíduo, deduzida de uma melhoria relativamente
práticas. permanente em seu desempenho, como resultado da
Referências bibliográficas
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o controle motor, a percepção figura-fundo, Elementos básicos do desenvolvimento
integração Inter sensorial (sentidos), noção de motor
corpo, espaço e tempo, etc.
Motricidade fina
DESENVOLVIMENTO MOTOR:
Motricidade Fina “é uma atividade de
Campo de investigação que estuda o movimento espacialmente pequena, que requer um
comportamento motor (habilidades padrões, emprego de força mínima, mas grande precisão ou
generalizações motoras e capacidades físicas) em velocidade ou ambos, sendo executada
populações normais ou não em diferentes faixas principalmente pelas mãos e dedos, às vezes
etárias. Estuda as teorias que fundamentam o também pelos pés” (MEINEL, 1984, p.154).
sentido/significado do movimento humano no
A coordenação fina diz respeito à habilidade
processo de desenvolvimento e aprendizagem
e destreza manual ou pedal constituindo-se como um
humana. Estabelece princípios básicos para
aspecto particular na coordenação global.
fundamentar a ação pedagógica.
Habilidades motoras finas requerem a
Freire enfatiza como função da educação
capacidade de controlar os músculos pequenos do
física o desenvolvimento da habilidades motoras,
corpo, a fim de atingir a execução bem-sucedida da
porém no contexto lúdico de jogo e de brinquedo,
habilidade (MAGILL, 1984). Conforme Canfield
desenvolvidas a partir do universo da criança.
(1981), a motricidade fina envolve a coordenação
Além disso, ele afirma que "a escola deve óculo-manual e requerem um alto grau de precisão
buscar não é que a criança aprenda esta ou aquela no movimento para o desempenho da habilidade
habilidade para saltar ou para escrever, mas que específica, num grande nível de realização. Podemos
através dela ela possa se desenvolver plenamente" citar exemplo da necessidade desta habilidade que
(1989, p. 76) seria na realização de tarefas como escrever, tocar
piano, trabalhar em relógios etc.
Sabemos que o corpo é composto e de
matéria e alma e tem a necessidade da A coordenação viso manual representa a
comunicação através dele, por isso se faz atividade mais frequente utilizada pelo homem, pois
necessário que exista uma relação rápida do atua para inúmeras atividades como pegar ou lançar
cérebro com o corpo para que possa desenvolver a objetos, escrever, desenhar, pintar, etc (ROSA
atividade pela criança. NETO, 1996). Velasco (1996, p. 107) destaca que “a
interação com pequenos objetos exigem da criança
As brincadeiras (recreativas) distinguem-se
os movimentos de preensão e pinça que representam
dos jogos por terem regras simples e flexíveis, não
a base para o desenvolvimento da coordenação
se necessitando de quadras, tabuleiros, instruções,
motora fina”.
treinamento, peças ou dispositivos especiais para
delas se participar. No mais das vezes, devido à Motricidade global
sua simplicidade, brincadeiras são feitas por
Segundo Batistella (2001), a motricidade
crianças. Somente umas poucas, como a mímica,
global tem como objetivo a realização e a automação
são, ocasionalmente, feitas, também, por
dos movimentos globais complexos, que se
adolescentes ou adultos. A brincadeira de criança,
desenrolam num certo período de tempo e que
por ser livre de regras e objetivos pré-
exigem a atividade conjunta de vários grupos
estabelecidos, é solta e despreocupada, o que
musculares.
proporciona uma certa liberdade.
A motricidade global envolve movimentos
As crianças brincam para gastar energia e
que envolvem grandes grupos musculares em ação
se divertirem. Na maioria das vezes, utilizam um
simultânea, com vistas à execução de movimentos
brinquedo em seus jogos. Este brinquedo é visto
voluntários mais ou menos complexos.
pelos adultos como um objeto auxiliar da
brincadeira, mas para a crianças isso vai além. Ela Dessa forma, as capacidades motoras
o vê como uma fonte de conhecimentos e um globais são caracterizadas por envolver a grande
"simulador da realidade". Como exemplo, podemos musculatura como base principal de movimento. No
citar a menina que brinca que a boneca é a sua desempenho de habilidades motoras globais, a
filha. precisão do movimento não é tão importante para a
execução da habilidade, como nos casos das
Compreende-se que a atividade Rítmica,
habilidades motoras finas. Embora a precisão não
enquanto o conhecimento da Educação Física, e
seja um componente importante nesta tarefa, a
conteúdo de interesse físico no lazer devem
coordenação perfeita na realização deste movimento
enfatizar fundamentos que dão ênfase ao
é imprescindível ao desenvolvimento hábil desta
movimento com sons para inspirar o movimento,
tarefa (MAGILL, 1984).
através de vivências e experiências diversas, no
sentido de possibilitar a expressão corporal e a A coordenação global e as experimentações
educação rítmica, desenvolvendo de forma feitas pela criança levam a adquirir a dissociação do
simultânea o domínio motor, cognitivo e afetivo- movimento, levando-a a ter condições de realizar
social. diversos movimentos simultaneamente, sendo que
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cada um destes movimentos pode ser realizado O esquema corporal é um elemento básico
com membros diferentes sem perder a unidade do indispensável para a formação da personalidade da
gesto (OLIVEIRA, 2001). criança. É a representação relativamente global,
científica e diferenciada que a criança tem de seu
A conduta motora, de coordenação motora
próprio corpo (WALLON, 1975).
global é concretizada através da maturação, motora
e neurológica da criança. Para isto ocorrer haverá A criança percebe-se e percebe os seres e
um refinamento das sensações e percepções, as coisas que a cercam, em função de sua pessoa.
visual, auditiva, sinestésica, tátil e principalmente Sua personalidade se desenvolverá a uma
proprioceptiva, através da solicitação motora que as progressiva tomada de consciência de seu corpo, de
atividades infantis requerem (VELASCO, 1996). seu ser, de suas possibilidades de agir e transformar
o mundo à sua volta. Ela se sentirá bem na medida
Equilíbrio
em que seu corpo lhe obedece, em que o conhece
O equilíbrio é a base primordial de toda bem, em que o utiliza não só para movimentar-se,
ação diferenciada dos membros superiores. Quanto mas também para agir (PEREIRA, 2002).
mais defeituoso é o movimento mais energia
As atividades tônicas, que está relacionada à
consome, tal gasto energético poderia ser
atitude, postura e a atividade cinética, orientada para
canalizado para outros trabalhos neuromusculares.
o mundo exterior. Essas duas orientações da
Nesta luta constante, ainda que inconsciente,
atividade motriz (tônica e cinética), com a incessante
contra o desequilíbrio resulta numa fatiga corporal,
reciprocidade das atitudes, da sensibilidade e da
mental e espiritual, aumentando o nível de stress,
acomodação perceptiva e mental, correspondem aos
ansiedade, e angustia do indivíduo.
aspectos fundamentais da função muscular, que
A postura é a atividade reflexa do corpo deve assegurar a relação com o mundo exterior
com respeito ao espaço. O equilíbrio considerado graças aos deslocamentos e movimentos do corpo
como o estado de um corpo, quando distintas e (mobilidade) e assegurar a conservação do equilíbrio
encontradas forças que atuam sobre ele se corporal, infraestrutura de toda ação diferenciada
compensam e se anulam mutuamente. Desde o (tono). A função tônica se apresenta em um plano
ponto de vista biológico, a possibilidade de manter fisiológico, em dois aspectos: o tono de repouso o
posturas, posições e atitudes indica a existência de estado de tensão permanente do músculo que se
equilíbrio. conserva inclusive durante o sono; o tono de atitude,
ordenado e harmonizado pelo jogo complexo dos
O equilíbrio tônico postural do sujeito, seu
reflexos da atitude, sendo estes mesmos, resultado
gesto, seu modo de respirar, sua atitude, etc., são o
das sensações proprioceptivas e da soma dos
reflexo de seu comportamento, porém ao mesmo estímulos provenientes do mundo exterior (ROSA
tempo de suas dificuldades e de seus bloqueios. NETO, 1996).
Para voltar a encontrar seu estado de equilíbrio
biopsicossocial, é necessário liberar os pontos de A imagem corporal como resultado complexo
maior tensão muscular (couraças musculares), isto de toda a atividade cinética, sendo a imagem do
é, o conjunto de reações tônicas de defesa corpo a síntese de todas as mensagens, de todos os
integradas a atitude corporal. No plano da estímulos e de todas as ações que permitam a
organização neuropsicológica, se pode dizer que o criança se diferenciar do mundo exterior, e de fazer
equilíbrio tônico postural constitui o modelo de do “EU” o sujeito de sua própria existência. O
autorregulação do comportamento (ROSA NETO, esquema corporal pode ser definido no plano
1996). educativo, como a chave de toda a organização da
personalidade (PEREIRA, 2002).
Asher (1975), considera que as variações
da postura estão associadas a períodos de Organização espacial
crescimento, aparecendo como uma resposta aos
A noção do espaço é uma noção
problemas de equilíbrio que costumam ocorrer
ambivalente, ao mesmo tempo concreta e abstrata,
segundo as mudanças nas proporções corporais e
finita e infinita. Na vida cotidiana utilizamos
seus segmentos. Conforme Rosa Neto (1996), a
constantemente os dados sensoriais e perceptivos
postura inadequada está associada a uma
relativos ao espaço que nos rodeia. Estes dados
excessiva tensão que favorece um maior trabalho
sensoriais contêm as informações sobre as relações
neuromuscular, dificultando a transmissão e
entre os objetos que ocupam o espaço, porém, é
informações dos impulsos nervosos.
nossa atividade perceptiva baseada sobre a
Esquema corporal experiência do aprendizado a que lhe dá um
significado. A organização espacial depende
A imagem do corpo representa uma forma
simultaneamente da estrutura de nosso próprio corpo
de equilíbrio. Em um contexto de relações mútuas (estrutura anatômica, biomecânica, fisiológica, etc.),
do organismo e do meio é onde se organiza a da natureza do meio que nos rodeia e de suas
imagem do corpo como núcleo central da
características (ROSA NETO, 1996).
personalidade (ROSA NETO, 1996).
Todas as modalidades sensoriais participam
pouco ou muito na percepção espacial: a visão; a
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audição; o tato; a propriocepção; e o olfato. A uns a continuação de outros, numa ordem física
orientação espacial designa nossa habilidade para irreversível; a segunda permite a variação do
avaliar com precisão a relação física entre nosso intervalo que separa os dois pontos, o princípio e o
corpo e o meio ambiente, e a tratar as modificações fim de um acontecimento. Esta medida possui
no curso de nossos deslocamentos (OLIVEIRA, diferentes unidades cronométricas como o dia e suas
2001). divisões, horas, minutos e segundos. A ordem ou
distribuição cronológica das mudanças ou
As primeiras experiências espaciais estão
acontecimentos sucessivos representa o aspecto
estreitamente associadas ao funcionamento dos
qualitativo do tempo e a duração seu aspecto
diferentes receptores sensoriais sem os quais a
quantitativo (ROSA NETO, 1996).
percepção subjetiva do espaço não poderia existir;
a integração contínua das informações recebidas A organização temporal inclui uma dimensão
conduz a sua estruturação, e ação eficaz sobre o lógica (conhecimento da ordem e duração, os
meio externo. Olho e ouvido; labirinto; receptores acontecimentos se sucedem com intervalos), uma
articulares e tendinosos; fusos neuromusculares e dimensão convencional (sistema cultural de
pele; representam o ponto de partida de nossa referências, horas, dias, semanas, meses, e anos) e
experiência espacial (ROSA NETO, 1996). um aspecto de vivência, que aparece antes dos
outros dois (percepção e memória da sucessão e da
A percepção relativa à posição do corpo no
duração dos acontecimentos na ausência de
espaço e de movimento tem como origem estes
elementos lógicos ou convencionais). A consciência
diferentes receptores com seus limites funcionais,
do tempo se estrutura sobre as mudanças
enquanto que a orientação espacial dos objetos ou
percebidas, independente de ser sucessão ou
dos elementos do meio, necessita mais da visão e
duração, sua retenção depende da memória e da
audição. Está praticamente estabelecido que da
codificação da informação contida nos
interação e da integração destas informações
acontecimentos. Os aspectos relacionados à
internas e externas provem nossa organização
percepção do tempo, evolucionam e amadurecem
espacial (OLIVEIRA, 2001).
com a idade. No tempo psicológico organizamos a
Segundo as características das nossas ordem dos acontecimentos e estimamos sua
atividades, podemos utilizar duas dimensões do duração, construindo assim nosso próprio tempo. A
espaço plano distância ou profundidade. A pele percepção da ordem nos leva a distinguir o
apresenta receptores táteis onde a concentração simultâneo do sucessivo, variando o umbral segundo
modifica de uma região a outra no corpo. A os receptores utilizados. A percepção da duração
separação dos pontos de estimulação permite fazer começa pela discriminação do instantâneo e do
diferenças entre o contínuo e o distinto. Os índices duradouro que se estabelece a partir de 10 ms a
táteis, associados aos índices sinestésicos resultam 50ms para a audição e 100ms a 120ms para a visão
da exploração de um objeto que permite o (RIGAL, 1988).
reconhecimento das formas (esterognosia) em
Lateralidade
ausência da visão (sentido háptico). Os
deslocamentos de uma parte do corpo sobre uma O corpo humano está caracterizado pela
superfície plana podem ser apreciados pela presença de partes anatômicas pares e globalmente
sinestesia tanto no caso dos movimentos lineares simétricas. Esta simetria anatômica se redobra, não
como angulares. As sensações vestibulares obstante, por uma assimetria funcional no sentido de
abastecem índices sobre certos dados espaciais que certas atividades que só intervêm numa das
(orientação, velocidade e aceleração). Chegam aos partes. Por exemplo, escrevemos com uma só mão;
núcleos vestibulares, ao cerebelo e ao lóbulo os centros de linguagem se situam na maioria das
frontal, porém só contribuem muito debilmente a pessoas no hemisfério esquerdo. A lateralidade é a
percepção dos deslocamentos. Não obstante, preferência da utilização de uma das partes
durante os deslocamentos passivos onde a visão e simétricas do corpo: mão, olho, ouvido, perna; a
a sinestesia não intervêm, a orientação espacial lateralização cortical é a especialidade de um dos
diminui, geralmente se existe lesão do sistema dois hemisférios enquanto ao tratamento da
vestibular (RIGAL, 1988). informação sensorial ou enquanto ao controle de
certas funções (OLIVEIRA, 2001).
Organização temporal
A lateralidade está em função de um
Percebemos o transcurso do tempo a partir
predomínio que outorga a um dos dois hemisférios a
das mudanças que se produzem durante um
iniciativa da organização do ato motor, que
período estabelecido e da sua sucessão que
desembocará na aprendizagem e a consolidação das
transforma progressivamente o futuro em presente
praxias. Esta atitude funcional, suporte da
e depois em passado. O tempo é antes de tudo
intencionalidade, se desenvolve de forma
memória, à medida que leio, o tempo passa. Assim
fundamental no momento da atividade de
aparecem os dois grandes componentes da
investigação, ao largo da qual a criança vai enfrentar-
organização temporal, a ordem e a duração, que o
se com seu meio. A ação educativa fundamental para
ritmo reúne, o primeiro define a sucessão que
colocar a criança nas melhores condições para
existe entre os acontecimentos que se produzem,
aceder a uma lateralidade definida, respeitando
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EDUCAÇÃO FÍSICA
fatores genéticos e ambientais, é permitir-lhe De acordo com Rigal et al. (1993), existe
organizar suas atividades motoras (ROSA NETO, uma grande quantidade de testes, que por sua
1996). facilidade de utilização e sua relação com as
diferentes aprendizagens escolares, são muito úteis
Segundo Pereira (2002), a definição de
para medir o comportamento humano, entre eles,
uma das partes do corpo só ocorre por volta dos
destacamos a Escala de Desenvolvimento Motor -
sete anos de idade, antes disso, devem-se
EDM (ROSA NETO, 1996).
estimular ambos os lados, para que a criança possa
descobrir por si só, qual o seu lado de preferência.
“A preferência pelo uso de uma das mãos
geralmente se evidencia aos três anos”.
Avaliação motora
O padrão de crescimento e comportamento
motor humano que se modifica por meio da vida e
do tempo; e a grande quantidade de influência que
os afetam, constituem basicamente por diferentes
teorias científicas e sustentam a evolução de
estudos que se caracterizam pelas técnicas de
pesquisa e pelos meios utilizados na obtenção de
dados, que são elaborados e discutidos, como
forma de elucidar os diferentes vieses que
perfazem a existência do homem e sua evolução
física, orgânica, cognitiva e psicológica. Os
conceitos, ilustrações e teorias adicionam ao
contexto, a estrutura necessária para que tais
estudos possam legitimar-se e oferecer
fundamentos fidedignos sobre as hipóteses que
pretendem estabelecer e discutir. É importante
lembrar que o caráter estatístico de nível normal de
referência dos testes não engloba o mesmo valor
para todas as populações, tendo em conta os
aspectos afetivos e sociais (ROSA NETO, 1996).
Normalmente utilizam-se testes para
conhecer as características e necessidades
individuais das pessoas, isto se torna indispensável
se pensar em cada vez mais atender o
desenvolvimento das pessoas, em especial as
crianças, como o máximo de acertos possíveis para
que seu desenvolvimento ocorra dentro dos
períodos desejáveis, contribuindo assim, para com
um desenvolvimento pleno.
Para que tenhamos estas informações
devemos lançar mão de meios auxiliares que como
já comentamos anteriormente seria a utilização de
testes. É importante destacar que para esta
avaliação não são utilizados somente um único
teste e sim um conjunto de testes, a fim de
examinarmos a criança em todas as dimensões do
desenvolvimento humano (ROSA NETO, 1996).
A observação do comportamento humano
feito através de testes já se constitui prática antiga,
através de estudos realizados por autores
clássicos, como Ozeretski, Guilmain, Grajon, Zazzo,
Piaget, Stambak, Picq e Vayer, entre outros que se
dedicaram ao estudo da criança (ROSA NETO,
1996).
Testes padronizados, que embora bastante
antigos, mas que freqüentemente são revisados
destacam-se na avaliação física, afetiva, cognitiva e
motora dos seres humanos.

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EDUCAÇÃO FÍSICA
doenças. A partir da terceira idade isso continua
sendo verdade, com algumas diferenças.

Para os idosos, a ênfase aos exercícios


resistidos tem os seguintes objetivos:

 Melhoria e prevenção da
Avaliação, orientação e prescrição de osteoporose.
atividades físicas congruentes com as
necessidades, visando a melhora da expectativa e  Equilíbrio – para prevenir quedas e
qualidade de vida. futuras fraturas.

Compreensão, avaliação, orientação,  Alongamento – importante nas


desenvolvimento e prescrição de atividades físicas atividades diárias.
congruentes com as necessidades, características
biopsicossociais e especificidades de diferentes Porém, para praticá-los é necessário o
populações chamadas de grupos especiais, visando acompanhamento especializado a fim de minimizar
a melhora da expectativa e qualidade de vida. os riscos de lesões e potencializar os resultados.
Gestantes Nutrição: O idoso também precisa de uma
O exercício na gravidez deve ser alimentação e suplementação adequados à sua
acompanhado em conjunto por médicos idade.
especialistas em esporte e ginecologia-obstetrícia,
tanto em atletas, como em pessoas que desejam Objetivos:
começar ou já praticam alguma atividade física. O
acompanhamento torna-se necessário por algumas  Qualidade de vida,
peculiaridades deste período e para não expor a
riscos desnecessários.  Menor perda muscular,

A atividade física é plenamente  Redução de gordura e colesterol,


recomendada na gravidez e melhora a saúde tanto
da mãe, quanto do feto.  Hidratação,

Objetivos:  Se necessário, suplementação.


Obesos
 Reduzir danos posturais,
Os efeitos do excesso de comida como
 Reduzir dores nas costas, pressão alta, diabetes, problemas do coração, dores
articulares, falta de disposição e limitações de todos
 Melhoria da condição os tipos podem ser minimizados com
cardiopulmonar, acompanhamento e controle.

 Diminuição das intercorrências A realização de atividade física regular é


médicas, essencial para o obeso:

 Melhora da circulação feto-  Melhora a qualidade de vida,


placenta,
 Reduz a pressão alta e a diabetes,
 Qualidade de vida.
 Diminui o risco de doenças,
Durante o período pré-natal realizamos a
orientação nutricional visando um ganho de peso  O acompanhamento médico
adequado e saudável, associando a orientação de adequado reduz o risco de lesões e acentua os
atividade física, de acordo com as características benefícios do exercício.
individuais da gestante.
 Esse acompanhamento
A nutrição para o obeso tem o objetivo de:
seria trimestral ou mensal, de acordo com a
necessidade da gestante e da orientação do  Reeducação alimentar,
Ginecologista.
Terceira Idade  Suplementação de elementos
essenciais à dieta,
Todos os trabalhos comprovam que a
atividade física em qualquer idade é essencial para  Emagrecimento,
uma vida saudável e reduz os riscos para todas as

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EDUCAÇÃO FÍSICA
 Redução de riscos a saúde (tanto ANOTAÇÕES
nos pacientes obesos, como nos que já realizaram
__________________________________________
a cirurgia do estômago e precisam melhorar
hábitos alimentares e adequar a alimentação ao __________________________________________
novo estômago).
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EDUCAÇÃO FÍSICA
No interior da
matriz óssea
existem espaços
OSSOS
chamados lacunas
Conceito de Sistema Esquelético: que contêm células
ósseas chamadas
O sistema esquelético osteófitos. Cada
é composto de ossos e osteófito possui
cartilagens. prolongamentos
chamados
canalículos, que se
Conceito de Ossos: estendem a partir
Ossos são órgãos das lacunas e se
esbranquiçados, muito unem aos
duros, que unindos-se aos canalículos das
outros, por intermédio das lacunas vizinhas,
junturas ou articulações formando assim,
constituem o esqueleto. É uma rede de
uma forma especializada de canalículos e
tecido conjuntivo cuja a lacunas em toda a
principal característica é a massa de tecido
mineralização (cálcio) de mineralizado.
sua matriz óssea (fibras
colágenas e proteoglicanas).
Conceito de
O osso é um tecido Cartilagem: É uma
vivo, complexo e dinâmico. forma elástica de
Uma forma sólida de tecido tecido conectivo
conjuntivo, altamente semi-rígido - forma
especializado que forma a partes do
maior parte do esqueleto e esqueleto nas
é o principal tecido de apoio quais ocorre
do corpo. O tecido ósseo movimento. A
participa de um contínuo cartilagem não
processo de remodelamento possui suprimento
dinâmico, produzindo osso sangüíneo próprio;
novo e degradando osso conseqüentemente,
velho. suas células obtêm
oxigênio e
O osso é formado por nutrientes por
vários tecidos diferentes: difusão de longo
tecido ósseo, cartilaginoso, alcance.
conjuntivo denso, epitelial,
adiposo, nervoso e vários
tecidos formadores de Funções do Sistema Esquelético:
sangue.
Sustentação do organismo
Quanto a irrigação do (apoio para o corpo)
osso, temos os canais de Proteção de estruturas vitais
Volkman (vasos sangüíneos (coração, pulmões, cérebro)
maiores) e os canais de Base mecânica para o
Havers (vasos sangüíneos movimento
menores). O tecido ósseo Armazenamento de sais (cálcio,
não apresenta vasos por exemplo)
linfáticos, apenas o tecido Hematopoiética (suprimento
periósteo tem drenagem contínuo de células sangüíneas novas)
linfática.

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EDUCAÇÃO FÍSICA
Número de Ossos do Corpo
Humano:

É clássico admitir o número de 206


ossos.

Cabeça = 22
Crânio
Membro Superior
= 08
= 32
Face
Cintura
= 14
Escapular = 2
Braço = 1
Pescoço = 8
Antebraço
=2
Tórax = 37
Mão = 27
24
costelas
Membro Inferior
12
= 31
vértebras
Cintura
1
Pélvica = 1
esterno
Coxa = 1
Joelho =
Abdômen = 7
1
5
Perna = 2
vértebras
Pé = 26
lombares
1
Ossículos do Classificação dos Ossos:
sacro
Ouvido Médio = 3
1
Os ossos são classificados de acordo
cóccix
com a sua forma em:

Tem o
comprimento
Divisão do Esqueleto:
maior que a
largura e são
Esqueleto Axial - Composta pelos
constituídos
ossos da cabeça, pescoço e do tronco.
por um corpo
e duas
Esqueleto Apendicular - Composta
extremidades.
pelos membros superiores e inferiores.
Eles são um
pouco
A união do esqueleto axial com o
encurvados, o
apendicular se faz por meio das cinturas
que lhes
escapular e pélvica.
garante maior
resistência. O
osso um
pouco
encurvado
absorve o
estresse
mecânico do
peso do corpo
em vários
pontos, de tal
forma que há
melhor
distribuição
do mesmo.

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EDUCAÇÃO FÍSICA
Os ossos São ossos
longos tem finos e
suas diáfises compostos
formadas por por duas
tecido ósseo lâminas
compacto e paralelas de
apresentam tecido ósseo
grande compacto,
quantidade de com
tecido ósseo camada de
esponjoso em osso
suas epífises. esponjoso
entre elas.
Exemplo: Os ossos
Fêmur. planos
garantem
considerável
proteção e
Ossos Curtos geram
grandes
São parecidos áreas para
com um inserção de
cubo, tendo músculos.
seus
comprimentos Exemplos:
praticamente Frontal e
iguais às suas Parietal.
larguras. Eles
são
compostos
por osso Além desses três grupos básicos bem
esponjoso, definidos, há outros intermediários, que
exceto na podem ser distribuído em 5 grupos:
superfície,
onde há fina Ossos Alongados
camada de
tecido ósseo São ossos
compacto. longos,
porém
Exemplo: achatados e
Ossos do não
Carpo. apresentam
canal
central.

Ossos Laminares (Planos) Exemplo:


Costelas.

Ossos Pneumáticos
São osso
ocos, com
cavidades
cheias de ar
e revestidas
por mucosa
(seios),

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EDUCAÇÃO FÍSICA
apresentando Exceções notáveis
pequeno são as duas
peso em patelas, que são
relação ao grandes ossos
seu volume. sesamóides,
presentes em
Exemplo: quase todos os
Esfenóide. seres humanos.

Ossos Irregulares São


pequenos
Apresentam ossos
formas localizados
complexas e dentro de
não podem articulações,
ser chamadas de
agrupados suturas,
em nenhuma entre alguns
das ossos do
categorias crânio. Seu
prévias. Eles número varia
tem muito de
quantidades pessoa para
variáveis de pessoa.
osso
esponjoso e
de osso
compacto.
Estrutura dos
Exemplo: Ossos Longos:
Vértebras.
A disposição
dos tecidos
Ossos Sesamóides ósseos
compacto e
Estão presentes esponjoso em
no interior de um osso longo
alguns tendões em é responsável
que há por sua
considerável resistência. Os
fricção, tensão e ossos longos
estresse físico, contém locais
como as palmas e de crescimento
plantas. Eles e remodelação,
podem variar de e estruturas
tamanho e associadas às
número, de articulações. As
pessoa para partes de um
pessoa, não são osso longo são
sempre as seguintes:
completamente
ossificados,
normalmente, Diáfise: é a
medem apenas haste longa do
alguns milímetros osso. Ele é
de diâmetro. constituída
principalmente

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EDUCAÇÃO FÍSICA
de tecido ósseo
compacto,
proporcionando,
considerável
resistência ao
osso longo.

Epífise: as
extremidades
alargadas de
um osso longo.
A epífise de um
osso o articula, Cabeça do fêmur (fêmur)
Processos transversos e
ou une, a um espinhoso (vértebras)

segundo osso,
em uma
articulação. Depressões Ósseas
Cada epífise
consiste de Articulares Não Articulares
uma fina
camada de osso
compacto que - Fossas
- Cavidades
reveste o osso - Sulcos
esponjoso e - Forames
- Acetábulo
recobertas por - Meatos
cartilagem. - Seios
- Fóvea
- Fissuras
Metáfise: parte - Canais
dilatada da
diáfise mais
próxima da
epífise.

Configuração Externa dos Ossos:

Articulares Não Articulares

- Cabeça - Processos
- Tubérculos
Fossa do olécrano
- Trôcanter Cavidade glenóide (escápula)
- Côndilos (úmero)
- Espinha
- Facetas - Eminência Configuração Interna dos Ossos:
- Lâminas
- Cristas

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EDUCAÇÃO FÍSICA
O Endósteo se encontra no interior da
cavidade medular do osso, revestido por tecido
conjuntivo.

Contém poucos
espaços em seus Constitui a maior
componentes rígidos. parte do tecido
Dá proteção e suporte ósseo dos ossos
e resiste às forças curtos, chatos e
produzidas pelo peso irregulares. A maior
e movimento. parte é
Encontrados encontrada nas
geralmente nas epifises.
diáfises.

As diferenças entre os dois tipos de


osso, compacto e esponjoso ou reticular,
dependem da quantidade relativa de
substâncias sólidas e da quantidade e
tamanho dos espaços que eles contém. Todos
os ossos tem uma fina lâmina superficial de
osso compacto em torno de uma massa
central de osso esponjoso, exceto onde o
último é substituído por uma cavidade
medular. O osso compacto do corpo, ou
diáfise, que envolve a cavidade medular é a
substância cortical. A arquitetura do osso
esponjoso e compacto varia de acordo com a
função. O osso compacto fornece força para
sustentar o peso.

Nos ossos longos planejados para


rigidez e inserção de músculos e ligamentos,
a quantidade de osso compacto é máxima,
próximo do meio do corpo onde ele está
sujeito a curvar-se. Os ossos possuem
alguma elasticidade (flexibilidade) e grande
rigidez.

Periósteo e Endósteo:

O Periósteo é uma membrana de


tecido conjuntivo denso, muito fibroso, que
reveste a superfície externa da diáfise,
fixando-se firmemente a toda a superfície
externa do osso, exceto à cartilagem
articular. Protege o osso e serve como ponto
de fixação para os músculos e contém os
vasos sangüíneos que nutrem o osso
subjacente.

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EDUCAÇÃO FÍSICA
MÚSCULOS Grupos
Musculares:
Conceito de Músculos:

São estruturas individualizadas que Em número


cruzam uma ou mais articulações e de nove.
pela sua contração são capazes de São eles:
transmitir-lhes movimento. Este é
efetuado por células especializadas a)
denominadas fibras musculares, cuja Cabeça
energia latente é ou pode ser b)
controlada pelo sistema nervoso. Os Pescoço
músculos são capazes de transformar c)
energia química em energia mecânica. Tórax
d)
O músculo vivo é de cor vermelha. Abdome
Essa coloração denota a existência de e)
pigmentos e de grande quantidade de Região
sangue nas fibras musculares. posterior
do tronco
Os músculos representam 40-50% do f)
peso corporal total. Membros
superiores
g)
Funções dos Músculos: Membros
inferiores
a) Produção dos movimentos h)
corporais: Movimentos globais do Órgãos dos
corpo, como andar e correr. sentidos
i)
b) Estabilização das Posições Períneo
Corporais: A contração dos músculos
esqueléticos estabilizam as
articulações e participam da
manutenção das posições corporais, Classificação dos Músculos:
como a de ficar em pé ou sentar.
Quanto a Situação:
c) Regulação do Volume dos Órgãos:
A contração sustentada das faixas
a) Superficiais ou
anelares dos músculos lisos
Cutâneos: Estão logo
(esfíncteres) pode impedir a saída do
abaixo da pele e
conteúdo de um órgão oco.
apresentam no
mínimo uma de suas
d) Movimento de Substâncias dentro
inserções na camada
do Corpo: As contrações dos músculos
profunda da derme.
lisos das paredes vasos sangüíneos
Estão localizados na
regulam a intensidade do fluxo. Os
cabeça (crânio e
músculos lisos também podem mover
face), pescoço e na
alimentos, urina e gametas do sistema
mão (região
reprodutivo. Os músculos esqueléticos
hipotenar).
promovem o fluxo de linfa e o retorno
do sangue para o coração.
Exemplo: Platisma.
e) Produção de Calor: Quando o tecido
muscular se contrai ele produz calor e
grande parte desse calor liberado pelo
músculo é usado na manutenção da
temperatura corporal.

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EDUCAÇÃO FÍSICA
b) Profundos ou b) Transverso: Perpendicular à linha
Subaponeuróticos: média. Ex: Transverso abdominal.
São músculos que não
apresentam inserções c) Oblíquo: Diagonal à linha média. Ex:
na camada profunda Oblíquo externo.
da derme, e na
maioria das vezes, se
inserem em ossos. Quanto à Origem e Inserção:
Estão localizados
abaixo da fáscia a) Origem: Quando se originam de mais
superficial. de um tendão. Ex. Bíceps, Quadríceps.

Exemplo: Pronador b) Inserção: Quando se inserem em


quadrado. mais de um tendão. Ex: Flexor Longo
dos Dedos.

Quanto à Forma:
Quanto à Função:

a) Longos: São a) Agonistas: São os músculos


encontrados principais que ativam um movimento
especialmente nos específico do corpo, eles se contraem
membros. Os mais ativamente para produzir um
superficiais são os movimento desejado. Ex: Pegar uma
mais longos, podendo chave sobre a mesa, agonistas são os
passar duas ou mais flexores dos dedos.
articulações.
b) Antagonistas: Músculos que se
Exemplo: Bíceps opõem à ação dos agonistas, quando o
braquial. agonista se contrai, o antagonista
relaxa progressivamente, produzindo
um movimento suave. Ex: idem
anterior, porém os antagonistas são os
c) Curtos: Encontram-
extensores dos dedos.
se nas articulações
cujos movimentos
c) Sinergistas: São aqueles que
tem pouca amplitude,
participam estabilizando as articulações
o que não exclui força
para que não ocorram movimentos
nem especialização.
indesejáveis durante a ação principal.
Ex: idem anterior, os sinergistas são
Exemplo: Músculos da
estabilizadores do punho, cotovelo e
mão.
ombro.

d) Fixadores: Estabilizam a origem do


b) Largos: agonista de modo que ele possa agir
Caracterizam-se por mais eficientemente. Estabilizam a
serem laminares. São parte proximal do membro quando
encontrados nas move-se a parte distal.
paredes das grandes
cavidades (tórax e
abdome).

Exemplo: Diafragma.

Quanto à Disposição da Fibra:

a) Reto: Paralelo à linha média. Ex:


Reto abdominal.

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EDUCAÇÃO FÍSICA
estriado
porque faixas
alternadas
claras e
escuras
(estriações)
podem ser
vistas no
microscópio
óptico.
b) Músculos
Lisos:
Localizado
nos vasos
sangüíneos,
vias aéreas
e maioria
dos órgãos
da
cavidade
Quanto à Nomenclatura: abdômino-
pélvica.
O nome dado aos músculos é derivado Ação
de vários fatores, entre eles o involuntária
fisiológico e o topográfico: controlada
pelo
a) Ação: Extensor dos dedos. sistema
nervoso
b) Ação Associada à Forma: Pronador autônomo.
redondo e pronador quadrado.
c) Músculo Estriado Cardíaco:
c) Ação Associada à Localização: Representa a arquitetura cardíaca. É
Flexor superficial dos dedos. um músculo estriado, porém
involuntário – AUTO RITMICIDADE.
d) Forma: Músculo Deltóide (letra
grega delta).

e) Localização: Tibial anterior.

f) Número de Origem: Bíceps femoral


e tríceps braquial.

Tipos de Músculos:

a) Músculos
Estriados
Esqueléticos:
Contraem-se
por influência
da nossa
vontade, ou
seja, são
voluntários. O
tecido
muscular
esquelético é
chamado de

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Componentes de lâminas
Anatômicos ou em
dos Músculos leques.
Estriados:
d) Bainhas Tendíneas são estruturas
que formam pontes ou túneis entre as
a) Ventre
superfícies ósseas sobre as quais
Muscular é a deslizam os tendões. Sua função é
porção
conter o tendão, permitindo-lhe um
contrátil do
deslizamento fácil.
músculo,
constituída e) Bolsas Sinoviais são encontradas
por fibras entre os músculos ou entre um músculo
musculares e um osso. São pequenas bolsas
que se forradas por uma membrana serosa
contraem. que possibilitam o deslizamento
Constitui o muscular.
corpo do
músculo
(porção Tipos de Contrações:
carnosa).
O nome dado aos músculos é derivado
b) Tendão é de vários fatores, entre eles o
um fisiológico e o topográfico:
elemento de
tecido a) Contração Concêntrica: o músculo se
conjuntivo, encurta e traciona outra estrutura,
ricos em como um tendão, reduzindo o ângulo
fibras de uma articulação. Ex: Trazer um livro
colágenas e que estava sobre a mesa ao encontro
que serve da cabeça.
para fixação
do ventre, b) Contração Excêntrica: quando
em ossos, aumenta o comprimento total do
no tecido músculo durante a contração. Ex: idem
subcutâneo anterior, porém quando recolocamos o
e em livro sobre mesa.
cápsulas
articulares. c) Contração Isométrica: servem para
Possuem estabilizar as articulações enquanto
aspecto outras são movidas. Gera tensão
morfológico muscular sem realizar movimentos. É
de fitas ou responsável pela postura e sustentação
de cilindros. de objetos em posição fixa. Ex: idem
anterior, porém quando o livro é
c) sustentado em abdução de 90°.
Aponeurose
é uma
estrutura
Anatomia
formada por Microscópica da
tecido Fibra Muscular:
conjuntivo.
Membrana O tecido
que envolve muscular
grupos consiste de
musculares. células
Geralmente contráteis
apresenta- especializadas,
se em forma ou fibras

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musculares, interior de cada fascículo e separa as
que são fibras musculares individuais de seus
agrupadas e vizinhos.
dispostas de
forma
altamente
organizada.
Cada fibra de
músculo
esquelético
apresenta dois
tipos de
estruturas
filiformes
muito
delgadas,
chamadas
miofilamentos
grossos
(miosina) e
finos (actina).

Componentes Anatômicos do
Tecido Conjuntivo:

a) Fáscia Superficial separa os


músculos da pele.

b) Fáscia Muscular é uma lâmina ou


faixa larga de tecido conjuntivo
fibroso, que, abaixo da pele, circunda
os músculos e outros órgãos do corpo.

c) Epimísio é a camada mais externa


de tecido conjuntivo, circunda todo o
músculo.

d) Perimísio circunda grupos de 10 a


100 ou mais fibras musculares
individuais, separando-as em feixes
chamados fascículos. Os fascículos
podem ser vistos a olho nu.

e) Endomísio é um fino revestimento


de tecido conjuntivo que penetra no
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EDUCAÇÃO FÍSICA
PLANOS E EIXOS DE MOVIMENTOS

As descrições anatômicas, tanto do corpo humano


quanto dos órgãos, são baseadas em 3 principais
planos de secção que passam através do corpo na
posição anatômica.

1. Plano Sagital: são todos os planos verticais


com orientação paralela à sutura sagital do
crânio (ou da orelha). O plano sagital mediano
(ou plano mediano) divide o corpo em duas
metades iguais, direita e esquerda.

3. Plano Transversal: são todos os planos que


cortam o corpo horizontalmente. Divide o corpo
em duas metades diferentes, superior e inferior.

2. Plano Frontal: são todos os planos verticais


com trajeto paralelo à sutura coronal do crânio
(ou da “testa”). O plano coronal divide o corpo
em duas metades diferentes, anterior e
posterior.

Quando é observado o movimento do corpo


humano, aplica-se o conhecimento de eixo. Os

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EDUCAÇÃO FÍSICA
eixos são linhas imaginárias que atravessam os
planos do corpo perpendicularmente para
possibilitar movimentos. Lembrando que estes
planos e eixos serão sempre apliacados nas
partes do corpo humano que permitem graus
de movimentos amplos (articulações
diartrose).

A. Eixo Látero-Lateral: estende-se de um lado ao


outro, tanto da direita para esquerda quanto o
inverso, perpendicular ao plano sagital. Esse
eixo também é conhecido como Transversal
ou Horizontal. Esse eixo possibilita os
movimentos de flexão e extensão. Ex.:
Articulação do ombro, do cotovelo, etc.

C. Eixo Longitudinal: estende-se de cima para baixo


(ou vice e versa), perpendicular ao plano
transversal. Esse eixo possibilita os movimentos
de rotação lateral e rotação medial. Ex.:
Articulação do ombro, do cotovelo, etc.

B. Eixo Ântero-Posterior: estende-se em sentido


anterior para posterior, perpendicular ao
plano frontal. Esse eixo também é chamado de
sagital. Esse eixo possibilita os movimentos de
abdução e adução. Ex.: Articulação do ombro,
do quadril, etc.

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EDUCAÇÃO FÍSICA
FUNÇÕES MUSCULARES Produção de calor

Funções dos músculos do corpo humano A contração involuntária realizada pelos músculos
esqueléticos é capaz de produzir calor em nosso
corpo. Esta função é importante para manter a
As principais funções dos músculos, sistema
temperatura de nosso organismo na temperatura
muscular, tecido muscular, anatomia humana,
ideal. Quando estamos num local muito frio é normal
músculos esqueléticos e lisos
que ocorra tremedeiras, pois é uma forma dos
músculos esqueléticos produzir calor e aumentar a
temperatura corporal.

Músculos: funções na movimentação e sustentação


do corpo

Os músculos do corpo humano desempenham


várias funções que são de fundamental importância
para o bom funcionamento do nosso organismo.
São nas áreas de movimentação e força que eles
mais atual. Existem vários tipos de músculos em
nosso corpo, sendo que eles realizam tarefas
diferenciadas.

Funções dos músculos

Movimentação do corpo

Esta é uma das principais funções do tecido


muscular humano. Esta tarefa é executada pelos
músculos esqueléticos em conjunto e de forma
integrada com os ossos e articulações.

Estabilização corporal

As posições que assumimos em nosso cotidiano


(ficar em pé, sentado agachado, deitado, etc.)
dependem muito de nossos músculos. Tanto os
músculos esqueléticos quanto os corporais atuam
na estabilização do nosso corpo. Esta estabilização
é possível graças as contrações destes músculos.

Regulação do volume dos órgãos

Esta função é realizada pelos esfíncteres de


músculos lisos. São eles que controlam, por
exemplo, o refluxo de alimentos do estômago e de
urina da bexiga. Isto é possível, pois estes
músculos obstruem os canais de saída desses
órgãos.

Movimentação de substâncias no corpo

O melhor exemplo desta função é a movimentação


de sangue dentro do nosso corpo. Ela só é possível
graças aos movimentos executados pelo músculo
cardíaco, que através da contração e relaxamento
consegue bombear sangue pelos vasos
sanguíneos. Esta função também ocorre em nosso
sistema digestório, quando os músculos lisos
ajudam a movimentar o alimento através do trato
gastrointestinal.
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EDUCAÇÃO FÍSICA
aprendizagem, a superioridade dos métodos e
técnicas ativos sobre os passivos. Claro que o ensino
de cada disciplina ou área de estudo requer métodos
e técnicas específicos, mas devem estar, todos eles,
orientados no sentido de levar o educando a
Talvez seja este o momento mais difícil, participar ativamente nos trabalhos de aula,
uma vez que uma nova abordagem da Educação retirando-o daquela posição clássica de só ouvir,
Física exige uma nova concepção de método. O anotar e repetir. Pelo contrário, sejam quais forem os
problema é fugir de uma teorização abstrata, de um métodos ou técnicas aplicadas, o professor deve
praticismo que termine nas velhas e conhecidas fazer com que o educando viva o que está sendo
receitas. Este é o momento de apontar pistas para estudado.
o “como fazer”. Pode-se perceber que os conteúdos
Os métodos e técnicas de ensino devem
da cultura corporal a serem aprendidos na escola
propiciar oportunidades para que o educando
devem emergir da realidade dinâmica e concreta do
mundo do aluno. Tendo em vista uma nova perceba, compare, selecione, classifique, defina,
compreensão dessa realidade social, um novo critique, isto é, que elabore por si os frutos da sua
aprendizagem. Os métodos e técnicas de ensino são
entendimento que supere o senso comum, o
os instrumentos com que efetivar o ensino, realizar a
professor orientará, através dos ciclos, uma nova
aprendizagem. São os instrumentos de ação da
leitura da realidade pelo aluno, com referências
cada vez mais amplas. didática, a fim de levar o educando a alcançar os
objetivos do ensino.
Os passos que intermediam a primeira
leitura da realidade, como se apresenta aos olhos Os métodos e técnicas de ensino
representam as estratégias instrucionais aplicadas no
do aluno, com a segunda leitura, em que ele próprio
ensino, para serem alcançados os objetivos
reformula seu entendimento sobre ela, sãos de:
previstos.
constatar, interpretar, compreender e explicar,
momentos estes que conduzem à apropriação de Como foi visto, os métodos e técnicas de
um conteúdo pelos alunos. Eles devem expressar ensino podem assumir, para o educando, caráter
com clareza a relação dialética entre o passivo ou ativo.
desenvolvimento de um conhecimento, de uma
lógica e de uma pedagogia. Os métodos e técnicas de ensino passivos
são aqueles que levam o educando apreender, fixar
Os conteúdos selecionados, organizados e e, se possível compreender conhecimentos
sistematizados devem promover uma concepção apresentados, em que a memorização é solicitada
científica de mundo, a formação de interesses e a constantemente.
manifestação de possibilidades e aptidões para
conhecer a natureza e a sociedade. Para isso, o Os métodos e técnicas de ensino ativos são
método deve apontar o incremento da atividade aqueles que colocam o educando em posição de
criadora e de um sistema de relações sociais entre elaborar por si os conhecimentos ou as formas de
os homens. conhecimentos desejadas, em que a busca, a
realização e a reflexão, são solicitadas constantes.
A ESTRUTURAÇÃO DAS AULAS
A concepção de métodos e técnica de ensino
A metodologia na perspectiva crítico- evoluiu daquela que fornece a todos os dados, para
superadora implica um processo que acentue, na aquelas que fornecem alguns dados, até chegar à
dinâmica da sala de aula, a intenção prática do que fornece dado algum, para estimular, em
aluno para aprender a realidade. Por isso, crescente, a ação de pesquisa do educando.
entendemos a aula como um espaço
intencionalmente organizado para possibilitar a A disposição e a maneira de utilização dos
direção da apreensão, pelo aluno, do conhecimento métodos e técnicas de ensino podem receber a
específico da Educação Física e dos diversos das dominação de plano de ação didática ou estratégia
suas práticas na realidade social. institucional.

A aula, nesse sentido, aproxima o aluno da Plano de ação didática ou estratégia


percepção da totalidade das suas atividades, uma educacional representa a maneira de desenvolver o
vez que lhe permite articular uma ação (o que faz), ensino quanto aos momentos mais oportunos de
com o pensamento sobre ela(o que pensa) e com o utilização da adequada metodologia didática, a fim de
sentido que dela tem (o que sente ). tornar o ensino e a consequente aprendizagem mais
eficientes.
METODOLOGIA DO ENSINO
O plano de ação didática representa,
A metodologia do ensino é fundamental no realmente, a estratégia, a maneira de agir e de
processo da aprendizagem e deve estar o mais aplicar certos recursos didáticos, tendo em vista
próximo possível da maneira de aprender dos tornar mais consequente a marcha para obtenção
educandos. Deve propiciar atividade dos dos objetos visados pelo ensino.
educandos, pois mostra a psicologia da

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EDUCAÇÃO FÍSICA
O mesmo tema a ser estudado, em classes A resposta pronta, embora” mais fácil”
ou séries diferentes, poderá admitir planos de ação naquele momento, impede o processo de
didática diferentes, tendo em vista as diferenças e aprendizagem individual do aluno, encontrando,
as condições específicas de cada uma delas. exclusivamente no professor, as soluções para as
suas dúvidas. Neste caso, o aluno não aprende a
O PROCESSO DE ENSINO- APRENDIZAGEM EM
aprender, é um elemento passivo da aprendizagem.
EDUCAÇÃO FÍSICA
O professor por outro lado, responderá a mesma
A Educação Física, apresenta como questão diversas vezes, fato que se repetirá
característica própria da área a possibilidade da infinitamente ao longo do período letivo. O
construção de conhecimentos sobre a cultura posicionamento de estímulo à pesquisa individual
corporal, envolvendo movimentos, gestos e proporcionará a adoção de uma postura de sujeito da
expressões, extrapolando qualquer recurso calcado aprendizagem, contribuindo, sobremaneira, na
apenas na palavra do professor, levando o aluno à formação de educandos.
prática, o que é certamente, o meio que no nosso
O desenvolvimento de um comportamento
entender mais se aproxima do ideal. MATTOS
autônomo depende de suportes materiais,
(p.17.2000)
intelectuais e emocionais. Para a conquista da
No entanto, há determinadas considerações autonomia é preciso considerar tanto o trabalho
que evidenciam que o ensino não pode estar individual quanto o coletivo- cooperativo. O individual
limitado a um padrão de intervenção homogêneo e é potencializado pelas exigências feitas aos alunos
idêntico para todos os alunos. A prática educativa é no sentido de se responsabilizarem por suas tarefas,
bastante complexa, pois o contexto de aula traz pela organização e pelo envolvimento com o tema de
questões de ordem afetiva, emocional, cognitiva, estudo.
física e de relação pessoal. A dinâmica dos
A importância do trabalho em grupo está em
acontecimentos de uma aula é tal que, mesmo
valorizar a interação aluno-aluno e professor –aluno
planejada, detalhada e consistente, dificilmente
como fonte de desenvolvimento social, pessoal e
ocorre conforme o imaginado. Olhar, tom de voz,
intelectual. Situações de grupo, exigem dos alunos a
manifestação de afeto ou desafeto e diversas
consideração das diferenças individuais, respeito a si
variáveis interferem diretamente na dinâmica
e aos outros e trazem contribuições e cumprimento
anteriormente prevista.
das regras estabelecidas. Essas são atitudes que
A ênfase na autonomia condiciona a opção propiciam a realização de tarefas conjuntas. Para
por uma proposta de trabalho que considere a tanto, é necessário que as decisões assumidas pelo
atividade do aluno na construção de seus próprios professor auxiliem os alunos a desenvolver atitudes e
conhecimentos, valorize as suas experiências, seus procedimentos adequados a uma postura de
conhecimentos prévios e a interação professor- educandos, que só será efetivamente alcançada
aluno e aluno-aluno, buscando essencialmente a através de investimentos sistemáticos ao longo de
passagem progressiva de situações dirigidas por toda a escolaridade.
outrem a situações dirigidas pelo próprio Aluno.
Tem-se experimentado essa atuação
A aprendizagem de determinados coletivo-cooperativa na conquista da autonomia nas
procedimentos e atitudes é essencial na construção aulas de Educação Física da seguinte forma: em um
da autonomia intelectual e moral. Planejar a bloco de aulas cujo tema seja a elaboração de jogos
realização de uma tarefa, identificar formas de utilizando um ou mais fundamentos esportivos,
resolver um problema, saber formular boas (arremesso, drible, bandeja, passe) os alunos,
perguntas e respostas, levantar hipóteses e buscar distribuídos em pequenos grupos, elaboram um jogo,
meios de verificá-las, validar raciocínios, saber registrando-o. Em um segundo momento, passa-se à
resolver conflitos e cuidar da própria saúde, dentre apresentação dos jogos elaborados. O grupo-classe,
outras situações, são procedimentos e atitudes que agora conhecedor de todas as propostas, decide
compõem a aprendizagem escolar, ou seja, o democraticamente a ordem de colocá-las em prática.
professor pode criar situações que auxiliem os Assim, proporciona-se aos alunos a vivência de
alunos a se tornarem protagonistas da própria conceitos como corresponsabilidade na elaboração e
aprendizagem. planejamento das atividades, decisões coletivas e o
respeito às regras e normas para vivência em
Podemos instigar a curiosidade e o espírito
sociedade, garantindo o movimento na aula de
de pesquisador de nossos alunos, em momentos do
Educação Física.
cotidiano da sala de aula, não respondendo de
pronto as suas indagações e sim os incentivando a A proposição pelo professor de atividades de
buscar as respostas com outros professores, livros, complexidade progressiva leva a uma necessidade
arquivos, retornando o debate e esclarecimentos no de organização mental por parte do aluno.
encontro seguinte. Dessa forma o aluno constrói Constantes desafios aos alunos provocam
seu conhecimento partindo de várias referências e desequilíbrios que precisam ser resolvidos e é nessa
não de uma referência única e inquestionável: O necessidade de voltar ao equilíbrio que ocorre a
professor. construção do pensamento.

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EDUCAÇÃO FÍSICA
Na discussão de uma proposta de 5.Existe a preocupação com a sistematização
atividades físicas entre os alunos, o professor dos conhecimentos de forma acabada. As tarefas são
adotará a postura de coordenador dos debates, padronizadas.
questionando o grupo de forma a favorecer o
Abordagem do ensino comportamentalista
aproveitamento de respostas que sejam oriundas
de reflexões individuais e coletivas. Os alunos 1. Ensinar consiste num arranjo e
serão estimulados a explicar as suas posições e planejamento de condições externas que levam o
ações e essa explicação far-se-á no sentido de aluno a aprender. É de responsabilidade do professor
atribuir-lhes um significado. Isto permite ao aluno o assegurar a aquisição de comportamento;
questionamento de condutas e valores do grupo e
de si próprio. 2. Os comportamentos esperados dos alunos
são instalados e mantidos por condicionamento e
Dependendo da estrutura organizacional, reforçadores arbitrários, tais como: elogios, graus,
social, filosófica e econômica da instituição na qual notas, prêmios, reconhecimentos do professor e dos
o professor está engajado, esta poderá a vir colegas, associados a outros mais distantes como: o
influenciá-lo não só nas suas atitudes pedagógicas, diploma, as vantagens da futura profissão,
mas também nas suas reflexões e ideias sobre a possibilidade de ascensão social, monetária;
educação em geral. Estas interferências tornam-no,
3. Os elementos mínimos a serem
muitas vezes, descompromissado com o ato
considerados num processo de ensino são: o aluno,
educativo, afastando-o de discussões e
um objetivo de aprendizagem e um plano para
implantações de abordagens inovadoras para uma
alcançar o objetivo proposto. A aprendizagem será
melhoria significativa da educação.
garantida pelo programa estabelecido.
“Sendo o corpo, ao mesmo tempo, modo e
A abordagem do ensino humanista
meio de integração do indivíduo na realidade do
mundo, ele é necessariamente carregado de 1. No ensino humanista a pessoa está
significado. Sempre soubemos que as posturas, as incluída no processo de ensino-aprendizagem;
atitudes, os gestos e, sobretudo, o olhar exprimem
as tendências e pulsões melhor do que as palavras, 2. O ensino está centrado na pessoa, o que
bem como as emoções e os sentimentos da pessoa implica orientá-lo para sua própria experiência para
que vive em uma determinada situação, em um que, dessa forma, possa estruturar-se e agir;
determinado contexto”. MATTOS E NEIRA 3. A atitude básica a ser desenvolvida é a da
(p.28.2000) confiança e de respeito ao aluno;
O professor deve cumprir o seu papel de 4. A aprendizagem tem a qualidade de um
mediador, adotando a postura de interlocutor de envolvimento pessoal. A pessoa considerada em sua
mensagens e informações, sendo flexível no sensibilidade e sob o aspecto cognitivo é incluída de
tocante às mudanças do planejamento e do fato na aprendizagem. Esta é auto iniciada. Mesmo
programa de curso, mostrando aos alunos que quando o primeiro impulso ou estímulo vem de fora, o
aquele é o espaço de aprendizagem e procurando sentido da descoberta, do alcançar, do captar e do
entender e aceitar as relações corporais existentes compreender vem de dentro.
no mundo humano para o bom desempenho do seu
papel de educador. 5. A aprendizagem nesta abordagem é
significativa e penetrante. Suscita modificações no
AS ABORDAGENS DO ENSINO- comportamento e nas atitudes.
APRENDIZAGEM
6. Além disso, é avaliada pelo educando.
A abordagem do ensino tradicional Este sabe se está indo ao encontro de suas
1. A abordagem do ensino tradicional necessidades, em direção ao que quer saber, se a
enfatiza a transmissão de conceitos e a imitação aprendizagem projeta luz sobre aquilo que ignora.
dos modelos aprendidos; A abordagem do ensino cognitivista
2. A ênfase é dada às situações de sala de 1. A preocupação principal nesta abordagem
aula, onde os alunos são instruídos, ensinados pelo do ensino é entender como se dá aprendizagem;
professor. Os conteúdos e as informações têm que
ser adquiridos e os modelos, imitados; 2. O importante é como ocorrem a
organização do conhecimento, o processamento das
3. Em termos gerais, é um ensino em que informações e os comportamentos relativos à tomada
se preocupa mais com a variedade e a quantidade de decisões;
de noções, conceitos e informações do que com a
formação do pensamento reflexivo; 3. As pessoas lidam com os estímulos do
meio, sentem e resolvem , adquirem conceitos e
4. A expressão oral do professor tem um empregam símbolos verbais. A ênfase, pois, está na
lugar proeminente cabendo ao aluno a capacidade do aluno de integrar informações e
memorização desse conteúdo verbalizado; processá-las;

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EDUCAÇÃO FÍSICA
4. O que é priorizado são as atividades do Na Educação Física, como em todas as
sujeito, considerando-o inserido numa situação outras áreas, para avaliar bem é preciso definir os
social; objetivos, pois eles determinam o conteúdo a ser
trabalhado e os critérios para observar a evolução da
5. O ensino é baseado no ensaio e erro, na
aprendizagem. Exemplos: descobrir o próprio corpo
pesquisa, na investigação, na solução de
para utilizá-lo melhor em atividades motoras básicas
problemas por parte do aluno e não na
(correr, saltar) ou específicas (passes no basquete ou
aprendizagem de fórmulas, nomenclaturas,
handebol, chutes no futebol) e compreender e
definições, etc. Assim, a primeira tarefa da
respeitar as regras de um jogo e agir
educação consiste em desenvolver o raciocínio;
cooperativamente.
6. O ponto fundamental do ensino, portanto,
As primeiras aulas funcionam como
consiste em processos e não em produtos de
referência, para que o professor faça a análise inicial
aprendizagem;
da turma, observando e registrando as características
7. A aprendizagem só se realiza realmente de cada estudante. Independentemente de o grupo
quando o aluno elabora seu conhecimento. Isso conhecer ou não a atividade, é preciso explicar,
porque conhecer um objeto é agir sobre ele e desde o início, os motivos pelos quais ela faz parte
transformá-lo. O mundo deve ser reinventado; do programa, quais os movimentos, as capacidades
e as habilidades que serão trabalhados e que
8. O ensino dos fatos deve ser substituído
aspectos serão avaliados, coletiva e individualmente.
pelo ensino das relações, pela proposição de
"O estudante precisa conhecer quando e como será
problemas;
julgado", explica Caio Martins Costa, consultor na
9.Não existem currículos fixos. Antes são área de Educação Física do Colégio Friburgo, em
oferecidos às crianças situações desafiadoras, tais São Paulo.
como jogos, leituras, excursões, trabalhos em
Prazer de ver avançar quem tem pouca
grupo, arte, oficina, teatro, etc.
aptidão
COMO AVALIAR NA EDUCAÇÃO FÍSICA
É comum o professor de Educação Física
Esqueça uniforme, frequência ou "veia" de encher os olhos quando vê alunos habilidosos nos
campeão. Para levar os alunos a conhecer o esportes. Alexandre Moraes de Mello propõe olhar
próprio corpo, o melhor caminho é diagnóstico também de modo inverso.
prévio e análise constante
"A criança com pouca vivência motora é a
Na Educação Física a avaliação é a chance mais importante para o trabalho docente, justamente
de verificar se o aluno aprendeu a conhecer o porque representa um desafio", diz. Com esse tipo de
próprio corpo e a valorizar a atividade física como estudante é preciso aplicar métodos adequados para
fator de qualidade de vida. Portanto, nada de trabalhar suas dificuldades específicas. Mello afirma
considerar apenas a frequência às aulas, o que agir dessa maneira compensa, pois o prazer de
uniforme ou a participação em jogos e competições ver o crescimento do estudante não tem preço.
- nem comparar os que têm "veia" de campeão com Os três focos
os que não têm. Não há uma única fórmula pronta
para avaliar, mas é essencial detectar as Os Parâmetros Curriculares Nacionais
dificuldades e os progressos dos estudantes. "O indicam três focos principais de avaliação na
mais indicado é não utilizar um só padrão para Educação Física:
todos, mas fazer um diagnóstico inicial para poder
Realização das práticas
acompanhar o desenvolvimento de cada um",
É preciso observar primeiro se o estudante
Em fichas, a evolução
respeita o companheiro, como lida com as próprias
Cleverson da Silva, professor do Colégio limitações (e as dos colegas) e como participa dentro
Estadual Núcleo Social Yvone Pimentel, em do grupo. Em segundo lugar vem o saber fazer, o
Curitiba, sempre verifica a condição física de seus desempenho propriamente dito do aluno tanto nas
alunos. No começo de 2002 ele notou que Karoline atividades quanto na organização das mesmas. O
Pialecki, da 6ª série, tinha pouca flexibilidade para a professor deve estar atento para a realização correta
idade e as condições físicas. Silva deu de uma atividade e também como um aluno e o
alongamentos em todas as aulas e, em agosto, grupo formam equipes, montam um projeto e agem
repetiu o teste (fotos ao lado). A menina tinha cooperativamente durante a aula.
evoluído 11 pontos. "Hoje o passatempo dela e das
Valorização da cultura corporal de
amigas é fazer exercícios na hora do intervalo", diz.
movimento
Para perceber os avanços de cada aluno, Silva
criou fichas em que anota a evolução aula por aula. É importante avaliar não só se o educando
Outros instrumentos muito úteis são relatórios, valoriza e participa de jogos esportivos. Relevante
dinâmicas, redações e auto avaliações. também é seu interesse e sua participação em
danças, brincadeiras, excursões e outras formas de
O caminho das pedras

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EDUCAÇÃO FÍSICA
atividade física que compõem a nossa cultura ANOTAÇÕES
dentro e fora da escola.
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Relação da Educação Física com saúde
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e qualidade de vida
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É necessário verificar como crianças e
jovens relacionam elementos da cultura corporal __________________________________________
aprendidos em atividades físicas com um conceito
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mais amplo, de qualidade de vida.
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EDUCAÇÃO FÍSICA
CONSIDERANDO as sugestões de
alterações propostas no VIII Seminário de Ética da
Educação Física, realizado em conjunto com o 30º
Congresso Internacional da FIEP, ocorridos na
CÓDIGO DE ÉTICA DOS PROFISSIONAIS DE
Cidade de Foz do Iguaçu - PR, em janeiro de 2015;
EDUCAÇÃO FÍSICA
CONSIDERANDO finalmente, o que decidiu
RESOLUÇÃO CONFEF nº 307/2015
o Plenário do CONFEF em Reunião Ordinária,
Dispõe sobre o Código de Ética dos realizada em 09 de maio de 2015;
Profissionais de Educação Física registrados no
RESOLVE:
Sistema CONFEF/CREFs.
Art. 1º - Fica aprovado o Código de Ética dos
O PRESIDENTE DO CONSELHO
Profissionais de Educação Física, na forma do anexo
FEDERAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA, no uso das
desta Resolução.
atribuições que lhe confere o inciso IX do art. 43 do
Estatuto do Conselho Federal de Educação Física Art. 2º - Fica revogada a Resolução CONFEF
e: nº 254/2013.
CONSIDERANDO o disposto no inciso Art. 3º - Esta Resolução entra em vigor nesta
XVIII do art. 26 do Estatuto do Conselho Federal de data.
Educação Física, criado pela Lei nº 9.696, de 1º de
Setembro de 1998; Jorge Steinhilber

CONSIDERANDO a responsabilidade do Presidente


Conselho Federal de Educação Física - CONFEF, CREF 000002-G/RJ
como órgão formador de opinião e educador da CÓDIGO DE ÉTICA DOS PROFISSIONAIS DE
comunidade para compromisso ético e moral na EDUCAÇÃO FÍSICA
promoção de maior justiça social;
PREÂMBULO
CONSIDERANDO a finalidade social do
Sistema CONFEF/CREFs; No processo de elaboração do Código de
Ética para o Profissional de Educação Física
CONSIDERANDO que um país mais justo e tomaram-se por base, também, as Declarações
democrático passa pela adoção da ética na Universais de Direitos Humanos e da Cultura, a
promoção das atividades físicas, desportivas e Agenda 21, que conceitua a proteção do meio
similares; ambiente no contexto das relações entre os seres
CONSIDERANDO a função educacional humanos em sociedade, e, ainda, os indicadores da
dos órgãos integrantes do Sistema Carta Brasileira de Educação Física 2000; nesta
CONFEF/CREFs, responsáveis pela normatização esteira, repudia-se todas e quaisquer ações que
e codificação das relações entre beneficiários e possam incidir em risco para o contexto ecológico da
destinatários; natureza, da sociedade e do indivíduo,
nomeadamente, o uso de todos os meios que
CONSIDERANDO a necessidade de desencadeiem o subjugo da saúde, segundo os
mobilização dos integrantes da categoria princípios assegurados pelas Agências Nacionais e
profissional para assumirem seu papel social e se Internacionais de Controle Anti-dopagem, dentre
comprometerem, além do plano das realizações outros.
individuais, com a realização social e coletiva;
Esses documentos, juntamente com a
CONSIDERANDO a necessidade de legislação referente à Educação Física e a seus
adaptação e aperfeiçoamento do Profissional de profissionais nas esferas federal, estadual e
Educação Física, para adequar-se à proposta municipal, constituem o fundamento para a função
contida no Manifesto Mundial de Educação Física - mediadora do Sistema CONFEF/CREFs no que
FIEP/2000, que reformulou o conceito da profissão; concerne ao Código de Ética.
CONSIDERANDO as contribuições, A Educação Física afirma-se, segundo as
encaminhadas ao CONFEF, de setores e órgãos mais atualizadas pesquisas científicas, como
interessados; atividade imprescindível à promoção e à preservação
da saúde e à conquista de uma boa qualidade de
CONSIDERANDO ser o Código de Ética
vida.
dos Profissionais de Educação Física, sobretudo,
um código de ética humano, que contém normas e Ao se regulamentar a Educação Física como
princípios que devem ser por estes seguidos, e se atividade profissional, foi identificada,
aplicam às pessoas físicas devidamente registradas simultaneamente à importância de conhecimento
no Sistema CONFEF/CREFs, por adesão, técnico e científico especializado, a necessidade do
demonstrando, portanto, a total aceitação aos desenvolvimento de competência específica para sua
princípios nele contidos; aplicação, que possibilite estender a toda a

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EDUCAÇÃO FÍSICA
sociedade os valores e os benefícios advindos da IV - A referência básica deste Código de
sua prática. Ética, em termos de operacionalização, é a
necessidade em se caracterizar o Profissional de
Este Código propõe normatizar a
Educação Física diante das diretrizes de direitos e
articulação das dimensões técnica e social com a
deveres estabelecidos normativamente pelo Sistema
dimensão ética, de forma a garantir, no
CONFEF/CREFs. Tal Sistema deve visar assegurar
desempenho do Profissional de Educação Física, a
por definição: qualidade, competência e atualização
união de conhecimento científico e atitude,
técnica, científica e moral dos Profissionais nele
referendando a necessidade de um saber e de um
incluídos através de inscrição legal e competente
saber fazer que venham a efetivar-se como um
registro;
saber bem e um saber fazer bem.
V - O Sistema CONFEF/CREFs deve pautar-
Assim, o ideal da profissão define-se pela
se pela transparência em suas operações e decisões,
prestação de um atendimento melhor e mais
devidamente complementada por acesso de direito e
qualificado a um número cada vez maior de
de fato dos beneficiários e destinatários à informação
pessoas, tendo como referência um conjunto de
gerada nas relações de mediação e do pleno
princípios, normas e valores éticos livremente
exercício legal. Considera-se pertinente e
assumidos, individual e coletivamente, pelos
fundamental, nestas circunstâncias, a viabilização da
Profissionais de Educação Física.
transparência e do acesso ao Sistema
A CONSTRUÇÃO DO CÓDIGO DE ÉTICA CONFEF/CREFs, através dos meios possíveis de
informação e de outros instrumentos que favoreçam
A construção do Código de Ética para a
a exposição pública;
Profissão de Educação Física foi desenvolvida
através do estudo da historicidade da sua VI - Em termos de fundamentação filosófica o
existência, da experiência de um grupo de Código de Ética visa assumir a postura de referência
profissionais brasileiros da área e da resposta da quanto a direitos e deveres de beneficiários e
comunidade específica de profissionais que atuam destinatários, de modo a assegurar o princípio da
com esse conhecimento em nosso país. consecução aos Direitos Universais. Buscando o
aperfeiçoamento contínuo deste Código, deve ser
Assim, foram estabelecidos os 12 (doze) implementado um enfoque científico, que proceda
itens norteadores da aplicação do Código de Ética,
sistematicamente à reanálise de definições e
que fixa a forma pela qual se devem conduzir os
indicações nele contidas. Tal procedimento objetiva
Profissionais de Educação Física registrados no
proporcionar conhecimentos sistemáticos, metódicos
Sistema CONFEF/CREFs:
e, na medida do possível, comprováveis;
I - O Código de Ética dos Profissionais de VII - As perspectivas filosóficas, científicas e
Educação Física, instrumento regulador do educacionais do Sistema CONFEF/CREFs se tornam
exercício da Profissão, formalmente vinculado às
complementares a este Código, ao se avaliarem fatos
Diretrizes Regulamentares do Sistema
na instância do comportamento moral, tendo como
CONFEF/CREFs, define-se como um instrumento
referência um princípio ético que possa ser
legitimador do exercício da profissão, sujeito,
generalizável e universalizado. Em síntese, diante da
portanto, a um aperfeiçoamento contínuo que lhe força de lei ou de mandamento moral (costumes) de
permita estabelecer os sentidos educacionais, a beneficiários e destinatários, a mediação do Sistema
partir de nexos de deveres e direitos;
produz-se por meio de posturas éticas (ciência do
II - O Profissional de Educação Física comportamento moral), símiles à coerência e
registrado no Sistema CONFEF/CREFs e, fundamentação das proposições científicas;
consequentemente, aderente ao presente Código VIII - O ponto de partida do processo
de Ética, na qualidade de interventor social, deve sistemático de implantação e aperfeiçoamento do
assumir compromisso ético para com a sociedade,
Código de Ética dos Profissionais de Educação
colocando-se a seu serviço primordialmente,
Física delimita-se pelas Declarações Universais de
independentemente de qualquer outro interesse,
Direitos Humanos e da Cultura, como também pela
sobretudo de natureza corporativista;
Agenda 21, que situa a proteção do meio ambiente
IIII - Este Código de Ética define, para seus em termos de relações entre os homens e mulheres
efeitos, no âmbito de toda e qualquer atividade em sociedade e ainda, através das indicações
física, como destinatário, o Profissional de referidas na Carta Brasileira de Educação Física
Educação Física registrado no Sistema (2000), editada pelo CONFEF. Estes documentos de
CONFEF/CREFs e, como beneficiários das aceitação universal, elaborados pelas Nações
intervenções profissionais os indivíduos, grupos, Unidas, e o Documento de Referência da qualidade
associações e instituições que compõem a de atuação dos Profissionais de Educação Física,
sociedade. O Sistema CONFEF/CREFs é a juntamente com a legislação pertinente à Educação
instituição mediadora, por exercer uma função Física e seus Profissionais nas esferas federal,
educativa, além de atuar como reguladora e estadual e municipal, constituem a base para a
codificadora das relações e ações entre aplicação da função mediadora do Sistema
beneficiários e destinatários;
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EDUCAÇÃO FÍSICA
CONFEF/CREFs no que concerne ao Código de II - destinatário, o Profissional de Educação
Ética; Física.
IX – Além, da ordem universalista Art. 3º - O Sistema CONFEF/CREFs
internacional e da equivalente legal brasileira, o reconhece como Profissional de Educação Física, o
Código de Ética deverá levar em consideração profissional identificado consoante as características
valores que lhe conferem o sentido educacional da atividade que desempenha nos campos
almejado. Em princípio, tais valores como liberdade, estabelecidos da profissão.
igualdade, fraternidade e sustentabilidade com
CAPÍTULO II
relação ao meio ambiente, são definidos nos
Dos Princípios e Diretrizes
documentos já referidos. Em particular, o valor da
identidade profissional no campo da atividade física Art. 4º - O exercício profissional em
- definido historicamente durante séculos - deve Educação Física pautar-se-á pelos seguintes
estar presente, associado aos valores universais de princípios:
homens e mulheres em suas relações
I - o respeito à vida, à dignidade, à
socioculturais;
integridade e aos direitos do indivíduo;
X - Tendo como referências a experiência
histórica e internacional dos Profissionais de II - a responsabilidade social;
Educação Física no trato com questões técnicas, III - a ausência de discriminação ou
científicas e educacionais, típicas de sua profissão preconceito de qualquer natureza;
e de seu preparo intelectual, condições que lhes
conferem qualidade, competência e IV - o respeito à ética nas diversas atividades
responsabilidade, entendidas como o mais elevado profissionais;
e atualizado nível de conhecimento que possa V - a valorização da identidade profissional
legitimar o seu exercício, é fundamental que no campo das atividades físicas, esportivas e
desenvolvam suas atuações visando sempre similares;
preservar a saúde de seus beneficiários nas
diferentes intervenções ou abordagens conceituais; VI - a sustentabilidade do meio ambiente;
XI - A preservação da saúde dos beneficiários VII - a prestação, sempre, do melhor serviço
implica sempre na responsabilidade social dos a um número cada vez maior de pessoas, com
Profissionais de Educação Física, em todas as suas competência, responsabilidade e honestidade;
intervenções. Tal responsabilidade não deve e nem
pode ser compartilhada com pessoas não VIII - a atuação dentro das especificidades do
credenciadas, seja de modo formal, institucional ou seu campo e área do conhecimento, no sentido da
legal; educação e desenvolvimento das potencialidades
humanas, daqueles aos quais presta serviços.
XII - Levando-se em consideração os
preceitos estabelecidos pela bioética, quando de Art. 5º - São diretrizes para a atuação dos
seu exercício, os Profissionais de Educação Física órgãos integrantes do Sistema CONFEF/CREFs e
estarão sujeitos sempre a assumirem as para o desempenho da atividade profissional em
responsabilidades que lhes cabem. Educação Física:

CAPÍTULO I I - comprometimento com a preservação da


Disposições Gerais saúde do indivíduo e da coletividade, e com o
desenvolvimento físico, intelectual, cultural e social
Art. 1º - O exercício da profissão exige do do beneficiário de sua ação;
Profissional de Educação Física conduta compatível
com os preceitos da Lei nº. 9.696/1998, do Estatuto II - aperfeiçoamento técnico, científico, ético e
do CONFEF, deste Código, de outras normas moral dos Profissionais registrados no Sistema
expedidas pelo Sistema CONFEF/CREFs e com os CONFEF/CREFs;
demais princípios da moral individual, social e III - transparência em suas ações e decisões,
profissional. garantida por meio do pleno acesso dos beneficiários
Parágrafo Único - Este Código de Ética e destinatários às informações relacionadas ao
constitui-se em documento de referência para os exercício de sua competência legal e regimental;
Profissionais de Educação Física, no que se refere IV - autonomia no exercício da profissão,
aos princípios e diretrizes para o exercício da respeitados os preceitos legais e éticos e os
profissão e aos direitos e deveres dos beneficiários princípios da bioética;
das ações e dos destinatários das intervenções.
V - priorização do compromisso ético para
Art. 2º - Para os efeitos deste Código, com a sociedade, cujo interesse será colocado acima
considera-se: de qualquer outro, sobretudo do de natureza
I - beneficiário, o indivíduo ou instituição corporativista;
que utilize os serviços do Profissional de Educação VI - integração com o trabalho de
Física; profissionais de outras áreas, baseada no respeito,
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EDUCAÇÃO FÍSICA
na liberdade e independência profissional de cada a exceção somente por determinação judicial ou
um e na defesa do interesse e do bem-estar dos quando o fato for imprescindível como única forma de
seus beneficiários. defesa perante o Tribunal de Ética do Sistema
CONFEF/CREFs;
CAPÍTULO III
Das Responsabilidades e Deveres XIV - responsabilizar-se por falta cometida no
exercício de suas atividades profissionais,
Art. 6º - São responsabilidades e deveres
independentemente de ter sido praticada
do Profissional de Educação Física:
individualmente ou em equipe;
I - promover a Educação Física no sentido
XV - cumprir e fazer cumprir os preceitos
de que se constitua em meio efetivo para a
éticos e legais da profissão;
conquista de um estilo de vida ativo dos seus
beneficiários, através de uma educação efetiva, XVI - emitir parecer técnico sobre questões
para promoção da saúde e ocupação saudável do pertinentes a seu campo profissional, respeitando os
tempo de lazer; princípios deste Código, os preceitos legais e o
interesse público;
II - zelar pelo prestígio da profissão, pela
dignidade do Profissional e pelo aperfeiçoamento XVII - comunicar formalmente ao Sistema
de suas instituições; CONFEF/CREFs fatos que envolvam recusa ou
demissão de cargo, função ou emprego motivados
III - assegurar a seus beneficiários um
pelo respeito à lei e à ética no exercício da profissão;
serviço profissional seguro, competente e
atualizado, prestado com o máximo de seu XVIII - apresentar-se adequadamente trajado
conhecimento, habilidade e experiência; para o exercício profissional, conforme o local de
atuação e a atividade a ser desempenhada;
IV - elaborar o programa de atividades do
beneficiário em função de suas condições gerais de XIX - respeitar e fazer respeitar o ambiente
saúde; de trabalho;
V - oferecer a seu beneficiário, de XX - promover o uso adequado dos materiais
preferência por escrito, uma orientação segura e equipamentos específicos para a prática da
sobre a execução das atividades e dos exercícios Educação Física;
recomendados;
XXI - manter-se em dia com as obrigações
VI - manter o beneficiário informado sobre estabelecidas no Estatuto do CONFEF.
eventuais circunstâncias adversas que possam XXII - portar e utilizar a Cédula de Identidade
influenciar o desenvolvimento do trabalho que lhe Profissional - CIP como documento identificador do
será prestado; pleno direito ao exercício profissional, observando,
imperiosamente, o período de vigência do referido
VII - renunciar às suas funções, tão logo se
documento.
verifique falta de confiança por parte do
beneficiário, zelando para que os interesses do Art. 7º - No desempenho das suas funções é
mesmo não sejam prejudicados e evitando vedado ao Profissional de Educação Física:
declarações públicas sobre os motivos da renúncia;
I - contratar, direta ou indiretamente, serviços
VIII - manter-se informado sobre pesquisas que possam acarretar danos morais para si próprio
e descobertas técnicas, científicas e culturais com o ou para seu beneficiário, ou desprestígio para a
objetivo de prestar melhores serviços e contribuir categoria profissional;
para o desenvolvimento da profissão;
II - auferir proventos que não decorram
IX - avaliar criteriosamente sua exclusivamente da prática correta e honesta de sua
competência técnica e legal, e somente aceitar atividade profissional;
encargos quando se julgar capaz de apresentar
III - assinar documento ou relatório elaborado
desempenho seguro para si e para seus
por terceiros, sem sua orientação, supervisão ou
beneficiários;
fiscalização;
X - zelar pela sua competência exclusiva na
IV - exercer a profissão quando impedido, ou
prestação dos serviços a seu encargo;
facilitar, por qualquer meio, o seu exercício por
XI - promover e facilitar o aperfeiçoamento pessoa não habilitada ou impedida;
técnico, científico e cultural das pessoas sob sua
V - concorrer, no exercício da profissão, para
orientação profissional;
a realização de ato contrário à lei ou destinado a
XII - manter-se atualizado quanto aos fraudá-la;
conhecimentos técnicos, científicos e culturais;
VI - prejudicar, culposa ou dolosamente,
XIII - guardar sigilo sobre fato ou interesse a ele confiado;
informação de que tiver conhecimento em
VII - interromper a prestação de serviços sem
decorrência do exercício da profissão, admitindo-se
justa causa e sem notificação prévia ao beneficiário;
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EDUCAÇÃO FÍSICA
VIII - transferir, para pessoa não habilitada V - zelar pelo cumprimento deste Código;
ou impedida, a responsabilidade por ele assumida
VI - não formular, junto a beneficiários e
pela prestação de serviços profissionais;
estranhos, mau juízo das entidades de classe ou de
IX - aproveitar-se das situações decorrentes Profissionais não presentes, nem atribuir seus erros
do relacionamento com seus beneficiários para ou as dificuldades que encontrar no exercício da
obter, indevidamente, vantagem de natureza física, Profissão à incompetência e desacertos daqueles;
emocional, financeira ou qualquer outra;
VII - acatar as deliberações emanadas do
X – incidir em erros reiterados que Sistema CONFEF/CREFs;
evidenciem inépcia profissional;
VIII - manter-se em dia com as obrigações
XI – fazer falsa prova de qualquer dos legais e pecuniárias relativas ao exercício profissional
requisitos para registro no Sistema estabelecidas pelo Conselho Regional de Educação
CONFEF/CREFs. Física – CREF no qual tenha registro.
XII - vincular o seu nome e/ou registro a CAPÍTULO IV
atividades de cunho manifestamente duvidoso. Dos Direitos e Benefícios
Art. 8º - No relacionamento com os colegas Art. 10 - São direitos do Profissional de
de profissão, com outros profissionais nos diversos Educação Física:
espaços de atuação profissional, a conduta do
I - exercer a Profissão sem ser discriminado
Profissional de Educação Física será pautada pelos
por questões de religião, raça, sexo, idade, opinião
princípios de consideração, apreço e solidariedade,
política, cor, orientação sexual ou de qualquer outra
em consonância com os postulados de harmonia da
natureza;
categoria profissional, sendo-lhe vedado:
II - recorrer ao Conselho Regional de
I - fazer referências prejudiciais ou de
Educação Física, quando impedido de cumprir a lei
qualquer modo desabonadoras a colegas de
ou este Código, no exercício da profissão;
profissão, ou a outros profissionais nos diversos
espaços de atuação profissional; III - requerer desagravo público ao Conselho
Regional de Educação Física sempre que se sentir
II - aceitar encargo profissional em
atingido em sua dignidade profissional;
substituição a colega que dele tenha desistido para
preservar a dignidade ou os interesses da IV - recusar a adoção de medida ou o
profissão, desde que permaneçam as mesmas exercício de atividade profissional contrários aos
condições originais; ditames de sua consciência ética, ainda que
permitidos por lei;
III - apropriar-se de trabalho, iniciativa ou
solução encontrados por terceiros, apresentando-os V - participar de movimentos de defesa da
como próprios; dignidade profissional, principalmente na busca de
aprimoramento técnico, científico e ético;
IV - provocar desentendimento com colega
que venha o substituir no exercício profissional; VI - apontar falhas e/ou irregularidades nos
regulamentos e normas, formalmente, por escrito,
V - pactuar, em nome do espírito de
aos gestores de eventos e de instituições que
solidariedade, com erro ou atos infringentes das
oferecem serviços no campo da Educação Física
normas éticas ou legais que regem a profissão.
quando os julgar tecnicamente incompatíveis com a
Art. 9º - No relacionamento com os órgãos dignidade da profissão e com este Código ou
e entidades representativos da categoria e da prejudiciais aos beneficiários;
classe, o Profissional de Educação Física observará
VII - receber salários ou honorários pelo seu
as seguintes normas de conduta:
trabalho profissional.
I - exercer com interesse e dedicação o
Parágrafo Único - As falhas e/ou
cargo de dirigente de entidades de classe que lhe
irregularidades apontadas de acordo com o inciso VI
seja oferecido, podendo escusar-se de fazê-lo
deste artigo, quando não atendidas, deverão ser
mediante justificação fundamentada;
transformadas em denúncia que será formulada ao
II - jamais se utilizar de posição ocupada na CREF, por escrito.
direção de entidade de classe em benefício próprio,
Art. 11 - As condições para a prestação de
diretamente ou através de outra pessoa;
serviços do Profissional de Educação Física serão
III - denunciar aos órgãos competentes as definidas previamente à execução, de preferência,
irregularidades no exercício da profissão ou na por meio de contrato escrito e, com pertinência na
administração das entidades de classe de que legislação vigente, sua remuneração será
tomar conhecimento; estabelecida em função dos seguintes aspectos:
IV - auxiliar a fiscalização do exercício I - a relevância, o vulto, a complexidade e a
Profissional; dificuldade do serviço a ser prestado;

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EDUCAÇÃO FÍSICA
II - o tempo que será consumido na os princípios norteadores da justiça alicerçados no
prestação do serviço; devido processo legal, na ampla defesa, no
contraditório e, no duplo grau de jurisdição.
III - a possibilidade do Profissional ficar
impedido ou proibido de prestar outros serviços no CAPÍTULO VI
mesmo período; Disposições Finais
IV - o fato de se tratar de serviço eventual, Art. 15 - O registro no Sistema
temporário ou permanente; CONFEF/CREFs implica, por parte dos Profissionais
de Educação Física, total aceitação e submissão às
V - a necessidade de locomoção na própria
normas e princípios contidos neste Código.
cidade ou para outras cidades do Estado ou do
País; Art. 16 - Com vistas ao contínuo
aperfeiçoamento deste Código, serão desenvolvidos
VI - a competência e o renome do
procedimentos metódicos e sistematizados que
Profissional;
possibilitem a reavaliação constante dos comandos
VII - os equipamentos e instalações nele contidos.
necessários à prestação do serviço;
Art. 17 - Os casos omissos serão analisados
VIII - a oferta de trabalho no mercado onde e deliberados pelo Conselho Federal de Educação
estiver inserido; Física.
IX - os valores médios praticados pelo
mercado em trabalhos semelhantes.
§ 1º - O Profissional de Educação Física
poderá transferir a prestação dos serviços a seu
encargo a outro Profissional de Educação Física,
com a anuência do beneficiário.
§ 2º - É vedado ao Profissional de
Educação Física oferecer ou disputar serviços
profissionais mediante aviltamento de honorários ou
concorrência desleal.
CAPÍTULO V
Das Infrações e Penalidades
Art. 12 - O descumprimento do disposto
neste Código constitui infração ética, ficando o
infrator sujeito a uma das seguintes penalidades, a
ser aplicada conforme a gravidade da infração:
I - advertência escrita, com ou sem
aplicação de multa;
II - censura pública;
III - suspensão do exercício da Profissão;
IV - cancelamento do registro profissional e
divulgação do fato.
Art. 13 - Incorre em infração ética o
Profissional que tiver conhecimento de
transgressão deste Código e omitir-se de denunciá-
la ao respectivo Conselho Regional de Educação
Física.
Art. 14 – As Comissões de Ética, as Juntas
de Instrução e Julgamento, os Tribunais Regionais
de Ética e o Tribunal Superior de Ética são órgãos
do Sistema CONFEF/CREFs com suas áreas de
abrangência e competências elencadas no Código
Processual de Ética do Sistema CONFEF/CREFs.
Parágrafo Único - O documento
mencionado no caput deste artigo corresponde ao
ordenamento adjetivo no que respeita a
materialidade do fenômeno ético no âmbito do
exercício profissional da Educação Física e, garante
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EDUCAÇÃO FÍSICA
CÓDIGO DE ÉTICA DO PROFISSIONAL Dos Deveres Fundamentais
PEDAGOGO
Artigo 2° -
O código de Ética Profissional enuncia os
a. respeitar a dignidade e os direitos
fundamentos e as condutas necessárias que
fundamentais da pessoa humana;
permeiam a profissão do Pedagogo enquanto
campo científico profissional, procurando fomentar b. atuar com elevado padrão de competência,
sua autorreflexão, pautando-se na legislação em senso de responsabilidade, zelo, discrição e
vigor: Constituição Federal do Brasil (1988), Lei de honestidade;
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (9394/96)
e Diretrizes Curriculares para o curso de Pedagogia c. manter-se atualizado quanto aos
(Resolução n° 1 do MEC/CNE de 15 de maio de conhecimentos científicos e técnicos, corroborando
com pesquisas que tratem o fenômeno do
2006) e outras resoluções complementares afins.
desenvolvimento humano;
TÍTULO I
d. colocar-se a serviço do bem comum da
DA AÇÃO PROFISSIONAL DO PEDAGOGO sociedade, sem permitir que prevaleça qualquer
interesse particular ou de classe;
CAPÍTULO I
e. ter filosofia de vida que permita, respeito à
Dos Princípios
justiça, transmissão de segurança e firmeza para
Artigo 1° - todos aqueles com quem se relaciona
profissionalmente;
O exercício da profissão de Pedagogo
pautar-se-á: f. respeitar os códigos sociais e as
expectativas morais das comunidades com as quais
a. no respeito, na dignidade e na
realize seu trabalho;
integridade do ser humano, objetivando o
desenvolvimento harmônico do Ser e dos seus g. assumir somente a responsabilidade de
valores, munindo-se de técnicas adequadas, tarefas para as quais esteja capacitado, recorrendo a
assegurando os resultados propostos e a qualidade outros especialistas sempre que for necessário;
satisfatória da educação;
h. zelar para que o exercício profissional seja
b. na defesa da democracia, respeitando as efetuado com a máxima dignidade, recusando e
posições filosóficas, políticas, religiosas e culturais, denunciando situações em que o indivíduo esteja
analisando critica e historicamente a realidade em correndo risco ou o exercício profissional esteja
que atua, buscando a socialização do saber; sendo aviltado;
c. na promoção do bem-estar do indivíduo e i. prestar serviços profissionais,
da comunidade atuando a favor destes com desinteressadamente, em campanhas educativas e
aplicação de várias áreas do conhecimento situações de emergência, dentro de suas
humano, selecionando métodos, técnicas e práticas possibilidades;
que possibilitem a consecução do ato de educar;
j. manter atitude de colaboração e
d. na responsabilidade profissional através solidariedade com colegas sem ser conivente ou
de um constante desenvolvimento pessoal, acumpliciar-se, de qualquer forma, com ato ilícito ou
cientifico, técnico e ético; calúnia. O respeito e a dignidade na relação
profissional são deveres fundamentais do pedagogo
e. na definição de suas responsabilidades,
para a harmonia da classe e manutenção do conceito
direitos e deveres de acordo com os princípios
público que o mesmo contribui para a formação do
estabelecidos na Declaração Universal dos Direitos
Ser;
Humanos, no Estatuto da Criança e do Adolescente
e na legislação educacional em vigor. k. denunciar ao Conselho Federal e Regional
de Pedagogia, às instituições públicas ou privadas,
O profissional licenciado em Pedagogia,
onde as condições de trabalho não sejam dignas ou
forma-se para a docência da Educação Infantil,
depreciem, monetária e moralmente, nas diferentes
para os anos iniciais do Ensino Fundamental, além
mídias, a formação e a atuação do profissional
do exercício nos cursos de Ensino Médio, na
Pedagogo;
modalidade Normal e em cursos de Educação
Profissional, na área de serviços e apoio escolar, l. dar conhecimento ao Conselho Federal
bem como em outras áreas nas quais sejam e/ou Regional de Pedagogia, às instituições públicas
previstos conhecimentos pedagógicos, atuando em e particulares de atos que possam prejudicar alunos,
contextos escolares e não-escolares, além de suas famílias, membros da comunidade ou outros
capacitar-se para atuar como profissional da profissionais;
Educação na administração, planejamento,
m. lutar pela expansão da Pedagogia e
inspeção, supervisão e orientação educacional.
defender a qualidade na sua profissão;
(Art. 64, LDB 9394/96).
CAPÍTULO II
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EDUCAÇÃO FÍSICA
n. n. denunciar falhas nos regulamentos, a. dispor de condições de trabalhos
normas e programas da instituição em que trabalha, condignas, sejam em entidade públicas ou privadas,
quando os mesmos estiverem ferindo os princípios de forma a garantir a qualidade do exercício
e diretrizes curriculares do Curso de Pedagogia, profissional;
como também deste Código, mobilizando, inclusive
b. buscar a valorização profissional, garantida
o Conselho Regional, caso se faça necessário;
na forma da lei, com planos de carreira, ingresso
o. denunciar ao Conselho Regional exclusivamente por concursos públicos de provas e
profissionais Pedagogos e/ou Instituições que não títulos, quando a atuação se der em redes públicas;
atendam aos preceitos científicos da profissão e
c. respeitar-se e valorizar-se,
que, notoriamente, ferem este Código e outros
profissionalmente, em suas atividades desenvolvidas
parâmetros legais.
no âmbito da Educação Escolar e Não-Escolar;
O Pedagogo, no âmbito profissional deve:
d. fazer cumprir a aplicação do inciso II do
p. empregar com transparência as verbas Parágrafo Único do art. 22 da lei nº 11.494/2007,
sob a sua responsabilidade, de acordo com os referente à destinação de, pelo menos, 60 % dos
interesses e necessidades coletivas dos usuários. recursos anuais totais dos fundos no pagamento da
remuneração dos profissionais do magistério da
CAPÍTULO III
Educação Básica em efetivo exercício na rede
Dos Impedimentos pública;
Artigo 3° e. garantir o piso salarial da categoria,
conforme legislação em vigor.
a. favorecer, de qualquer forma, pessoa
que exerça ilegalmente e, em desacordo a este Constituem Direitos do Pedagogo:
Código de Ética, a profissão de Pedagogo;
CAPÍTULO V
b. usar títulos que não possua;
Do Sigilo Profissional
c. usar de privilégio profissional ou
Artigo 5° -
faculdade decorrente de função para fins
discriminatórios ou para auferir vantagens pessoais; Guardar sigilo de tudo que tem
conhecimento, como decorrência de sua atividade
d. desviar, para atendimento particular
profissional, que possa prejudicar o educando.
próprio, os casos da instituição onde trabalha;
Parágrafo Único:
e. usar ou permitir tráfico de influência para
obtenção de emprego desrespeitando concursos ou a. para a criança regularmente matriculada
processos seletivos; na instituição de ensino onde trabalha;
f. induzir a convicções políticas, filosóficas, b. para familiares ou responsáveis pela
morais ou religiosas, quando do exercício de suas guarda do educando.
funções profissionais;
será admissível a quebra de sigilo quando se
g. adulterar, interferir em resultados e fazer tratar de caos que constitua perigo eminente:
declarações falsas;
TÍTULO II
h. apresentar publicamente os resultados
DO TRABALHO CIENTÍFICO
de desempenho de indivíduos ou de grupos, que os
depreciem; CAPÍTULO VI
i. exercer sua autoridade de maneira a Da Divulgação
limitar ou cercear o direito de participação do
Artigo 6º
próximo e decidir livremente sobre seus interesses,
sem anuência do mesmo. - Divulgar os resultados de investigações e
experiências, quando isso importar em benefício do
j. descumprir normas técnicas e princípios
teóricos que embasam a ação do profissional desenvolvimento educacional.
Pedagogo, deixando de divulgar os conhecimentos Artigo 7º -
científicos, artísticos e tecnológicos inerentes à
profissão. a. identificação e autorização dos envolvidos;

Ao profissional Pedagogo fica vedado: b. seguir normas científicas que


regulamentam a publicação em questão.
CAPÍTULO IV
Observar, nas divulgações dos trabalhos
Dos Direitos científicos, a seguintes normas:
Artigo 4° - TÍTULO III
DAS RELAÇÕES PROFISSIONAIS

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EDUCAÇÃO FÍSICA
CAPÍTULO VII aplicação de penalidades, na forma de dispositivos
legais ou regimentais.
Com a Categoria
Artigo 11
Artigo 8º -
a. advertência;
a. defender a dignidade e os direitos
profissionais; b. multa;
b. difundir e aprimorar a Pedagogia, c. suspensão do exercício profissional;
pautando-se nas ciências e de forma profissional;
d. exclusão ou cassação do exercício
c. harmonizar e unir sua categoria profissional.
profissional;
– As sanções disciplinares consistem em:
d. defender os direitos trabalhistas;
Artigo 12 –
e. garantir a qualidade profissional no
a. violação a preceito desta norma, revistos,
desempenho de suas funções, em relação aos
principalmente, nos itens do art. 9º, e sujeita à
educandos, com outros profissionais, com as
advertência escrita, a ser aplicada de forma
instituições empregadoras, com as comunidades e
reservada.
com as entidades de classe.
A advertência é aplicável pelo Conselho
O Pedagogo prestigiará as Associações
Regional, nos casos:
Profissionais e Científicas que tenha por finalidade:
Artigo 13 –
TÍTULO IV
A multa é aplicável pelo Conselho Regional,
DAS MEDIDAS DISCIPLINARES
nos casos de descumprimento, principalmente, dos
CAPÍTULO VIII itens a, c e d do art. 9º e em casos de reincidência,
aplicada em dobro e encaminhada à apreciação do
Das infrações e sanções disciplinares
Conselho Federal. A pena de multa variará entre o
Artigo 9º - mínimo correspondente ao valor de uma anuidade e
o máximo do seu décuplo.
a. exercer quando impedido de fazê-lo, ou
facilitar, por qualquer meio, o seu exercício aos não Artigo 14 –
inscritos, proibidos ou impedidos;
A suspensão é aplicável pelo Conselho
Constitui infração disciplinar: Regional, nos casos de violação, principalmente dos
itens do art. 9º quando da reincidência nos casos
b. violar, sem justa causa, sigilo
previstos.
profissional;
c. deixar de pagar as contribuições, multas
e preços de serviços devidos ao Conselho depois Artigo 15
de regularmente notificado a fazê-lo;
a. em caso de cassação do exercício
d. incidir em erros reiterados que profissional, além dos editais e das comunicações
evidenciem inépcia profissional; feitas às autoridades competentes interessadas no
assunto, proceder-se-á a apreensão da Carteira de
e. manter conduta incompatível com a
Registro do profissional infrator emitida pelo
atividade do pedagogo;
Conselho Regional.
f. fazer falsa prova a qualquer dos
– A exclusão é aplicável pelo Conselho
requisitos para inscrição; Regional, nos casos de falta grave, previstos,
g. tornar-se moralmente inidôneo para o principalmente, nos itens f, g, h: do art. 9º.
exercício da pedagogia;
Parágrafo único
h. praticar crime infamante.
– A exclusão do profissional pedagogo será
Parágrafo único – ratificada pelo Conselho Federal e Pedagogia.
incluem-se na conduta incompatível; a Artigo 16
prática reiterada de jogo de azar não autorizado por – Fica garantida ampla defesa ao Pedagogo
lei, incontinência pública e escandalosa,
infrator. A punibilidade do Pedagogo, por falta sujeita
embriaguez ou toxicomania habitual.
a processo ético e disciplinar, prescreve em 5 (cinco)
Artigo 10 – anos, contados da data da verificação do fato
respectivo.
As transgressões dos preceitos deste
Código constituem infração disciplinar com a Artigo 17

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EDUCAÇÃO FÍSICA
- As dúvidas na observância deste Código e
os casos omissos serão resolvidos pelos Conselhos
Regionais de Pedagogia, ad referendum ao
Conselho Federal de Pedagogia, a quem cabe
firmar jurisprudência e fazê-la incorporar a este
Código.
Artigo 18 -
As sanções disciplinares previstas neste
Código somente poderão ser aplicadas por
profissional Pedagogo qualificado e/ou por
autoridade judicial pública.
Artigo 19-
O presente Código poderá ser alterado pelo
Conselho Federal de Pedagogia, por iniciativa
própria ou da categoria, ouvidos os Conselhos
Regionais de Pedagogia.
TÍTULO V
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
CAPÍTULO IX
Da Divulgação e Cumprimento do Código
Artigo 20 –
Divulgar este Código de Ética é obrigação
das entidades de classe.
Artigo 21 –
São Paulo, 28 de março de 2009 e 12 de setembro
de 2009
Responsável pela elaboração:
Comissão da Associação Universitária de
Pedagogia do Brasil – AUNIPEDAG.BR com a
ratificação dos Associados Alunos e Professores
Universitários presentes aos eventos

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EXERCÍCIOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

C) A articulação do ombro é considerada


como tri-axial, pois além da flexão, extensão,
abdução e adução, também realiza rotação. É
classificada como uma articulação esferoide, como
acontece no quadril (entre o quadril e o fêmur).
D) O movimento articular depende da forma
das superfícies que entram em contato e dos meios
de união que podem limitá-lo. A região do ombro,
apesar de ser uma articulação mais robusta, ao
articular-se exclusivamente com o acrômio, permite
maior frouxidão a articulação.
E) A articulação do ombro só se torna
multiplanar quando o cotovelo está flexionado, e
durante o movimento, o tronco pode ser girado em
torno do eixo longitudinal. Isso é evidente quando as
crianças tentam rodar o braço para frente e para trás
durante um aquecimento, por exemplo.

22) A avaliação da aprendizagem se


mostra como uma das práticas escolares que
tendencialmente vêm expressando contradições
21) Após algumas aulas expositivas e ao longo dos tempos, no processo ensino-
dialogadas sobre o funcionamento do corpo aprendizagem entre os componentes curriculares.
humano para alunos do terceiro ano do Ensino De acordo com Darido (1999), há quatro
Médio, você passou uma atividade de pesquisa. abordagens para a avaliação no contexto da
Para a realização da pesquisa, a turma foi Educação Física escolar: Tradicional, Baseada em
dividida em grupos de até quatro componentes. Objetivos, Humanista e Crítica. Nesse sentido,
Cada grupo ficou responsável por um sistema: analise as afirmativas:
circulatório, nervoso, ósseo e muscular. A I. Na abordagem Tradicional, observa-se a
elaboração da pesquisa deveria ter como
ênfase no desempenho físico, habilidades motoras
proposta a resposta à seguinte pergunta
e conhecimento técnico baseado em tabelas,
específica para cada grupo: “por que devemos
padrões e que fornecem informações quantitativas.
saber mais sobre o sistema circulatório
(nervoso, ósseo e muscular)?” O grupo que II. Na abordagem Baseada em Objetivos,
tratou do sistema muscular mostrou a busca-se medir o produto do aluno e comparar o
importância de um bom nível de força na resultado com o objetivo
melhora da postura corporal dos adolescentes,
elaborado previamente pelo professor. O
por exemplo. Destacou também que os
aluno compara seu desempenho com seus próprios
músculos são presos aos ossos através dos
resultados iniciais e não com tabelas.
tendões e são responsáveis pela produção de
movimento. Entretanto, a turma apresentou a III. Na abordagem Humanista, busca-se
seguinte dúvida, que foi repassada ao descobrir formas de participação para todos os
professor: “que característica articular a região alunos nas atividades de Educação Física, nos mais
do ombro apresenta para que faça mais variados níveis de habilidades e potencialidades. Há
movimentos do que o cotovelo?” A resposta uma preocupação em valorizar aspectos internos do
correta a ser dada é: indivíduo e sua dimensão psicológica. Isso faz com
que a auto-avaliação venha a ser vista como uma
A) A região do ombro possui mais
forma interessante do processo, uma vez que
mobilidade articular do que a maioria das
coloca o aluno frente a seu entendimento sobre
articulações devido ao tipo de estrutura mantida
seus avanços, dificuldades e potenciais.
entre o úmero e a escápula. A mesma
característica só se repete na região do joelho que, IV. Na abordagem Crítica, a avaliação
quando fletido, permite rotação medial e lateral. deve ser um processo sistemático e intencional,
tanto sobre os dados quantitativos quanto os
B) A região gleno-umeral é considerada
qualitativos, de modo que ela sirva de subsídio
como de uma articulação tipo dobradiça, por isso,
indicador dos caminhos a serem tomados pelo
seus movimentos são realizados em todos os
Projeto Pedagógico da escola. Essa abordagem
eixos. Essa característica é ainda facilitada pela
faz uso do discurso da justiça social, da
pequena quantidade de músculos que perpassam
contextualização histórica e social dos
a articulação.
conhecimentos.

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EXERCÍCIOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Está(ão) correta(s) apenas a(s) em distância auxilia na distância total alcançada; e


afirmativa(s): controlar seu exercício fora da escola.
A) IV C) respeitar as regras do jogo e relacioná-las
com a vida em sociedade; valorizar as aulas de
B) I, II, IV
Educação Física como componente curricular; e
C) II, III, IV equilibrar o próprio corpo nas atividades de ginástica.
D) II, IV D) valorizar a dança como forma de
manifestação sociocultural da humanidade; aferir
E) I, II, III, IV sua frequência cardíaca; e
relacionar a frequência cardíaca com a
23) No contexto histórico da civilização, intensidade do exercício realizado.
a “dança” configura-se como uma das mais
E) entender os objetivos da Educação Física
antigas manifestações humanas. Os primeiros
dentro e fora da escola; relacionar o consumo de
registros que se tem sobre essa prática
bens esportivos a partir de uma influência do
corporal, datam do período paleolítico
marketing na sociedade moderna; e conhecer os
superior, época em que as preocupações do
jogos populares como forma de cultura social.
homem voltavam-se para a luta pela própria
sobrevivência, bem como o cultivo de
alimentos. (Mendes, 1987 apud Rangel, 2002)
25) Com a finalidade de alcançar os
Basicamente, do ponto de vista objetivos educacionais, por meio de uma
cronológico, é possível detectar três etapas que abordagem ampla dos conteúdos da Educação
marcam a evolução histórica da dança. São Física escolar, os Parâmetros Curriculares
elas: Nacionais recomendam que sejam consideradas
as respectivas dimensões dos conteúdos:
A) A dança mítica, a dança étnica e a dança conceitual, atitudinal e procedimental. Nesse
folclórica. sentido, analise as afirmativas:
B) A dança étnica, a dança folclórica e a I. Conhecer as mudanças pelas quais
dança teatral. passaram os esportes ao longo dos tempos, como
C) A dança natural, a dança animalesca e a por exemplo, alterações das
dança de salão. D) A dança tribal, a dança feminina regras e influência exercida pela mídia
e a dança teatral. sobre uma dada modalidade esportiva em um
E) A dança animalesca, a dança circular e a contexto histórico são características da dimensão
dança tribal. atitudinal.
II. Como exemplos da dimensão
procedimental tem-se a vivência pelos alunos
24) A Educação Física como dos fundamentos básicos e movimentos das
componente curricular obrigatório e integrante modalidades esportivas, dança, lutas e demais
do projeto político pedagógico da escola deve conteúdos que constituem a Cultura Corporal de
antes, durante e após o processo de ensino, Movimento tratados pela Educação Física escolar.
buscar por mecanismos de avaliação dos
alunos. Não como instrumento de pressão ou III. A valorização e adoção pelos alunos
castigo, mas mostrando-se útil para todos os de uma postura cooperativa, solidária e não
envolvidos (professores, alunos e escola). preconceituosa quanto aos diferentes níveis de
Darido e Souza Júnior (2009) destacam que os habilidades dos colegas, gênero e religião no
alunos devem ser avaliados nas dimensões ambiente de prática dos conteúdos que
cognitiva, motora e atitudinal. Assinale a constituem a Cultura Corporal de Movimento
alternativa que apresenta, respectivamente, caracteriza a dimensão conceitual.
testes que contemplem essa característica IV. Embora possa ocorrer a ênfase, por parte
apresentada pelos autores: “O aluno deve ser
do professor, em uma das dimensões do conteúdo,
capaz de...” na prática pedagógica cotidiana não há como dividir
A) explicar e ter noção de posicionamento os conteúdos na dimensão conceitual, atitudinal e
e de ação tática em um jogo de handebol; realizar procedimental. Elas costumam se efetivar de forma
um passe no futebol; simultânea no decorrer de uma aula de Educação
Física.
valorizar a prática esportiva como forma de
manutenção da saúde. Está(ão) correta(s) apenas a(s)
afirmativa(s):
B) realizar um saque por cima no voleibol
de acordo com a solicitação do professor; A) I, II, III, IV
compreender por que a corrida que precede o salto B) IV
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EXERCÍCIOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

C) II, IV C) “Qual a origem histórica das diversas


formas de lutas encontradas na sociedade moderna?”
D) I, II, III
D) “Por que algumas lutas não são
E) I, IV
encontradas nos jogos olímpicos ou são
culturalmente menos conhecidas?”
26) As disputas das provas de atletismo E) “Quais são as mudanças na temperatura
têm grande destaque nos jogos olímpicos. corporal e na frequência cardíaca durante a prática
Historicamente, o atletismo é mais antigo de das atividades de luta?”
todos os desportos. Descende de linha direta
dos jogos que os gregos organizavam há mais
de 28) “A utilização das diferentes
possibilidades metodológicas surge na tentativa
2.700 anos na cidade de Olímpia [...] O
de possibilitar um caminho mais adequado para
atletismo era a modalidade mais largamente
a ação educativa em cada momento histórico
representada. (Laigret, 2000) Apesar do grande
n o t r at o com os co nt e úd o s n a Ed u c aç ão
destaque do atletismo nos Jogos Olímpicos,
Fí si ca es co la r. ” Sobre a abordagem
muitas vezes os escolares não conhecem
Desenvolvimentista é correto afirmar, EXCETO:
realmente esta modalidade. Costumam
considerar que provas de ciclismo e triathlon A) Busca implementar atividades motoras
se enquadram no grupo de disputas do que visam o desenvolvimento do aluno, levando em
atletismo, por exemplo. Considerando os consideração as suas
objetivos e realidades da Educação Física
características e seu processo maturacional.
escolar, que técnica de “Salto em Altura”
Visa o aluno que se encontra na faixa etária de 4 a
deveria ser ensinada de forma procedimental no
14 anos de idade.
contexto escolar?
B) Tem como conceito fundamental a
A) Técnica de salto de costas (Fosbury-
habilidade motora, embora possa desenvolver
flop).
outras capacidades como subproduto da prática
B) Técnica grupada. motora. A proposta é buscar na Educação Física o
. desenvolvimento motor da criança.
C) Técnica de rolamento ventral. C) Os conteúdos devem ser trabalhados
segundo uma ordem de habilidades básicas e
D) Técnica de passada no ar.
específicas.
E) Técnica tesoura
D) Ao se considerar o estágio maturacional
do aluno, esta abordagem desenvolve as habilidades
motoras através da metodologia do conflito. Baseia-
27) Segundo os Parâmetros Curriculares
se em autores como Gallahue e Cannoly.
Nacionais (1997), os conteúdos de Educação
Fundamenta-se em aprendizagem motora e
Física estão organizados em três blocos: a)
crescimento e desenvolvimento.
esportes, jogos, lutas e ginástica; b) atividades
rítmicas e expressivas; e c) conhecimento sobre E) O movimento humano é considerado
o corpo. Destaca-se que os três blocos por essa abordagem pedagógica como fator
articulam-se entre si, tendo vários conteúdos essencial nas inúmeras interações que o homem
em comum. “Você está trabalhando com o estabelece na vida em sociedade.
ensino das lutas para alunos dos últimos anos
do Ensino Fundamental. Para este objetivo são
utilizadas, por exemplo, atividades de cabo GABARITO
de guerra, queda de braço e desequilíbrio
do colega.” Visando desenvolver ao mesmo
tempo atividades de conhecimento do corpo,
que propostas e questionamentos pode-se
levantar junto aos alunos?
A) Como os lutadores competitivos
precisam de muita força para derrubar seu
oponente, os alunos poderiam ser
questionados do ensino desse conteúdo na
Educação Física escolar.
B) “Por que as lutas são utilizadas algumas
vezes como forma de violência?”

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EXERCÍCIOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

permanecer com o corpo reto e os ombros


flexionados.” A descrição se refere ao exercício
21. Considere os pressupostos teóricos
denominado
da tendência pedagógica da educação física
escolar que se segue: busca valorizar o A) roda (estrela).
conhecimento prévio do aluno e resgatar sua
B) parada de mãos.
cultura de jogos e brincadeiras e outras atividades
que compõem o seu universo cultural ao longo do C) parada de cabeça.
processo ensino-aprendizagem. Para melhor
D) rolamento para trás.
compreender essa tendência, se faz necessário
compreender aspectos do trabalho de Vygotsky e E) rolamento de frente.
de Jean Piaget. Os pressupostos anteriores
descrevem elementos referentes à tendência
pedagógica de 24. Analise a estrutura de uma aula de
A) psicomotricidade. educação física escolar, cujo objetivo é trabalhar a
. habilidade motora de saltar: “os alunos foram
dispostos em pequenos grupos para a realização
B) crítico-superadora. das atividades organizadas em estações, nas
C) desenvolvimentista. quais os mesmos deverão 1ª estação: vir correndo e
saltar entre duas cordas estendidas no chão;
D) concepções abertas
2ª estação: vir correndo e saltar de lado as
E) construtivista-interacionista. mesmas cordas; 3ª estação: saltar de costas entre
as cordas.” Pela descrição anterior, trata-se de uma
aula fundamentada na tendência pedagógica
22. Analise as afirmativas acerca dos
A) saúde renomada.
aspectos conceituais relacionados à ética e à
moral. B) crítico-superadora.
I. A ética é a ciência da moral, isto é, de C) desenvolvimentista.
uma esfera do comportamento humano.
D) critico-emancipatória
II. Não existe uma moral científica, mas
existe – ou pode existir – um conhecimento da E) construtivista-interacionista
moral que pode ser científico.
III. A ética é a teoria ou a ciência do 25. Relacione as posturas básicas da
comportamento moral dos homens em sociedade. ginástica de solo e suas respectivas descrições.
IV. A ética não é a moral e, portanto, não 1. Estendida.
pode ser reduzida a um conjunto de normas e
prescrições; sua missão é explicar a moral efetiva 2. Grupada.
e, nesse sentido, pode influir na própria moral. 3. Carpada.
Estão corretas apenas as afirmativas 4. Afastada.
A) I, II ( ) As pernas estão estendidas e unidas
B) III, IV com o tronco fletido sobre elas ou vice-versa.

C) I, II, III ( ) O tronco, os braços e as pernas unidas


estão totalmente estendidos.
D) II, III, IV
( ) As pernas estão flexionadas com os
E) I, II, III, IV joelhos próximos ao tórax.
( ) As pernas estão estendidas e
afastadas com o tronco flexionado ereto entre elas e
23. Analise a sequência de movimentos
com os braços elevados.
de um exercício da prática corporal de
ginástica: “o aluno inicia o movimento em um A sequência está correta em
plano superior. Com o contato no solo, as mãos
A) 3, 1, 2, 4
deverão estar ao lado da orelha e os cotovelos
flexionados como se fosse deitar, permanecendo B) 1, 2, 3, 4
com eles flexionados até o final do movimento.
Gradativamente, encosta-se toda a parte posterior C) 2, 4, 1, 3
do corpo no solo de forma harmônica, evitando D) 4, 3, 1, 2
que o corpo ‘caia’ de uma só vez. Quando os pés
tocarem o solo, o aluno deverá ficar em pé e E) 1, 4, 3, 2

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EXERCÍCIOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

26. Sobre a aprendizagem motora, é ( ) Explicar a disposição das atividades


correto afirmar que realizadas em uma pista de atletismo,
esclarecendo, por exemplo, porque nas provas de
A) caracteriza-se por uma modificação
100 m rasos realiza-se a saída de bloco em curva e o
contínua e sempre progressiva no estado interno de
atleta da raia 8 inicia, aparentemente, com vantagem
uma pessoa.
em relação aos outros corredores.
B) quanto mais domínio se tiver do gesto a
( ) Apesar do estilo tesoura ser o mais
realizar, maior será a preocupação do indivíduo em
simples e utilizado no ensino do salto em altura,
relação aos detalhes da execução do movimento.
sobretudo para as crianças, é importante que o
C) o primeiro estágio da aprendizagem estilo Fosbury Flop também seja ensinado de forma
denomina-se autônomo e caracteriza-se pela procedimental; afinal , para estes dois casos é
grande quantidade de necessário apenas que se determine a altura do salto
a ser realizado e a queda feita de pé.
atividade mental para a realização de um
movimento. ( ) O ensino da marcha atlética poderá
iniciar-se com exercícios que envolvam o andar, o
D) algumas vezes, após a melhora
andar mais rápido, até
constante e antes de ocorrer mais melhora,
ocorrem platôs nas curvas de desempenho a inserção de especificidades do movimento,
durante a aquisição de uma habilidade motora. compreendendo a diferença entre andar, marchar e
correr.
E) os termos desempenho e aprendizagem
podem ser considerados como sinônimos, ( ) O ensino de como se afere a frequência
entretanto, a aprendizagem pode ser observada, cardíaca pode estimular os alunos a se interessarem
mas o desempenho não. pelas provas de corrida de média e longa distância,
podendo, inclusive, servir como um meio de prática
de atividade física autônoma fora da escola.
27. A motivação é importante para a
A sequência está correta em
compreensão da aprendizagem e do
desempenho de habilidades motoras devido a seu A) F, V, F, V
papel na iniciação, manutenção e intensidade do
B) F, V, V, F
comportamento. Sabendo disso, o professor de
educação física deve estimular, ou utilizar, em C) V, F, F, V
seus alunos
D) V, F, V, F
I. a criação de objetivos e metas
E) F, F, V, V
plausíveis a serem alcançados.
II. o aumento da ansiedade, pois segundo
a teoria do U invertido, níveis muito baixos ou 29. Como conteúdos de ensino nas aulas de
elevados de ansiedade resultam em desempenhos educação física escolar, têm-se as práticas
igualmente altos. corporais do jogo, ginástica, dança, esporte e lutas.
Assinale a afirmativa que caracteriza uma atividade
III. o reforço positivo e negativo. No reforço
coerente com o conteúdo de lutas.
negativo, o melhor exemplo seria a punição.
A) Os cavalheiros tomam as damas e andam
IV. as técnicas apropriadas de reforço
de mãos dadas até o centro do salão, encontrando-
positivo ou negativo, pois podem servir para facilitar
a aprendizagem e o desempenho de habilidades se com a fila da frente. Trocam-se as duplas.
motoras. B) A turma será dividida de acordo com sua
preferência musical, levando para a aula um CD de
Estão corretas apenas as afirmativas
músicas que se identifica. O grupo deverá mostrar
A) I, IV para os outros o conjunto de movimentos
adequados para o ritmo escolhido.
B) II, III
C) A turma será dividida em duplas. Cada
C) I, II, IV
dupla estará dentro de um círculo desenhado no
D) I, III, IV chão do tamanho que se achar conveniente. O
objetivo é tirar o colega do círculo ou derrubá-lo
E) II, III, IV
apenas usando movimentos de empurrar e puxar.
D) Os alunos devem se deitar em decúbito
28. Sobre o atletismo e sua utilização dorsal. Buscar uma posição confortável e manter os
nas aulas de educação física escolar, marque olhos fechados.
V para as afirmativas verdadeiras e F para as
Deve-se, durante um minuto, inspirar pelo
falsas.
nariz e expirar pela boca de forma calma e relaxada.

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EXERCÍCIOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

E) A turma será dividida em três grupos. O 01. “De acordo com a concepção
grupo A será responsável por fazer um denominada , o
levantamento do tipo de alimentação que os alunos movimento humano é o sentido e/ou
fazem na escola. O grupo B terá a preocupação de significado do mover‐se, mediados
saber como os alunos se alimentam fora da escola. simbolicamente e que os coloca no plano da
O grupo C buscará conhecer o que é considerada cultura.” Assinale a alternativa que completa
uma alimentação adequada para os jovens. corretamente a afirmativa anterior.
A) ensino aberto
30. Relacione a modalidade de ginástica C) corpo cultura e movimento
com a respectiva característica.1. Ginástica
artística. B) abordagem cultural

2. Ginástica de trampolim. D) cultura corporal de movimento

3. Ginástica rítmica.
4. Ginástica acrobática. 02. Sobre a história da educação física
na escola, marque V para as afirmativas
A sequência está correta em verdadeiras e F para as falsas.
( ) Passou a ser um esporte olímpico ( ) A educação física no século XX
no ano de 2000. Seu principal aparelho é esteve estreitamente vinculada à instituição
conhecido como cama elástica. médica e militar, apresentando conteúdos com a
( ) É disputada nos Jogos Olímpicos. função de higienização e disciplinarização corporal.
Algumas de suas provas são o salto sobre a ( ) No auge do militarismo, a educação
mesa, paralelas assimétricas, solo e trave. física, através da adoção oficial do método francês,
( ) Tem como principal característica ser tinha como objetivo desenvolver a aptidão física, a
executada em pares ou grupo, onde são formadas formação do caráter e a autodisciplina.
figuras, que podem ser chamadas de pirâmides. ( ) Somente a partir dos movimentos
( ) É uma modalidade exclusivamente renovadores (final da década de 1970 e início da
feminina de ginástica, realizada com corda, maçãs, década de 1980) é que se busca
bola, arco e fita. uma nova dimensão sobre qual é o
A) 4, 2, 3, 1 conhecimento específico da educação física.

B) 2, 1, 4, 3 ( ) De acordo com a concepção


denominada cultura corporal de movimento, a
C) 4, 1, 2, 3 educação física é uma prática pedagógica que
D) 3, 4, 1, 2 tematiza formas de atividades expressivas corporais,
como: jogos, danças, esportes, ginásticas e lutas.
E) 2, 3, 1, 4
A sequência está correta em
A) V, F, V, V.
GABARITO
B) V, V, F, V.
C) F, V, V, V.
D) V, V, V, F.

03. Associe, corretamente, os termos de


movimentos articulares com suas respectivas
descrições.1. Adução.
2. Supinação.
3. Pronação.
4. Dorsiflexão.
( ) Movimento de flexão na articulação do
tornozelo, como acontece quando se caminha morro
acima ou se levantam os dedos do solo.
( ) Movimento na direção do plano
mediano.

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EXERCÍCIOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

( ) Movimento de rotação medial do 06. Sobre o sistema muscular, marque V


antebraço e mão, de modo que a palma da mão para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.
olha para o plano posterior.
( ) O músculo vivo é de cor vermelha.
( ) Movimento de rotação lateral do Essa coloração denota a existência de pigmentos e
antebraço e mão, de modo que a palma da mão de grande quantidade de sarcolemas nas fibras
olha para o plano anterior, como na posição musculares.
anatômica.
( ) Os músculos representam uma média
A sequência está correta em de 40‐50% do peso corporal total.
A) 4, 1, 3, 2. ( ) A contração dos músculos
esqueléticos estabiliza as articulações e
B) 1, 2, 4, 3.
participam da manutenção das posições corporais,
C) 4, 2, 1, 3. como a de ficar em pé ou sentar.
D) 2, 4, 3, 1. ( ) Quando o tecido muscular se contrai,
ele produz calor e grande parte desse calor liberado
pelo músculo é usado na manutenção da temperatura
04. “Abordagem pedagógica da corporal.
educação física que tem como principais
A sequência está correta em
autores Silvino Santin e Wagner Wey Moreira.
A) V, V, V, V.
Busca a reflexão sobre a corporeidade
baseada nos pensamentos de Heidegger e B) F, V, V, V.
Merleau‐Ponty. Sua principal finalidade é
C) V, V, V, F.
valorizar a consciência corporal a partir das
experiências vividas pelo corpo.” Trata‐se da D) V, F, V, F.
abordagem
A) cultural.
. 07. Analise as afirmativas sobre a
trajetória histórica da educação física na escola.
B) sociológica.
I. No desenvolvimento do conteúdo da
C) construtivista educação física escolar, o médico higienista
desempenhou um papel preponderante.
D) fenomenológica.
II. A construção da identidade pedagógica
da educação física escolar foi erigida a partir das
05. Sobre o sistema nervoso, marque normas e valores próprios da instituição militar.
V para as afirmativas verdadeiras e F para as
III. Nas quatro primeiras décadas do século
falsas.
XX, foi marcante no sistema educacional brasileiro a
( ) O sistema nervoso apresenta três influência dos métodos ginásticos e da instituição
funções básicas: sensitiva, integradora e motora. militar.
( ) O sistema nervoso central é aquele IV. A primeira escola civil de formação inicial
localizado dentro do esqueleto axial (cavidade de professores de educação física no Brasil se deu
craniana e canal vertebral). somente em 1960.
( ) O encéfalo é a parte do sistema Estão corretas as afirmativas
nervoso central situado dentro do crânio e a
A) I, II, III e IV.
medula é localizada dentro do canal vertebral.
B) I e IV, apenas .
( ) No encéfalo tem‐se o cérebro, o
cerebelo e o tronco encefálico. C) I, II e III, apenas.
A sequência está correta em D) II, III e IV, apenas.
A) F, V, F, V.
B) F, V, V, V. 08. “Fundamenta‐se na área da Psicologia
em trabalhos como o de Piaget e Vygotsky. Há
C) F, V, V, F.
uma preocupação considerável com a cultura
D) V, V, V, V. infantil, parte do pressuposto de que o
conhecimento se dá a partir da interação do
sujeito com o mundo e privilegia o conteúdo
jogos e propõe a educação simbólica, dos

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EXERCÍCIOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

sentidos e do movimento.” A descrição anterior A) construtivista.


refere‐se a qual abordagem pedagógica?
B) aptidão física.
A) Crítico‐superadora.
C) saúde renovada.
.
D) desenvolvimentista.
B) Concepções abertas.
C) Crítico‐emancipatória
12. Analise as afirmativas, marque V para
D) Construtivista‐interacionista.
as verdadeiras e F para as falsas.
( ) Os movimentos renovadores na
09. Num programa de jogos para as educação física escolar surgidos nas décadas de 70
diversas séries, é importante que os jogos e 80 contestavam, sobretudo, a concepção dualista
sejam selecionados, considerando a memória de homem.
lúdica da comunidade em que o aluno vive e ( ) Os movimentos renovadores na
oferecendo‐lhe, ainda, o conhecimento dos educação física escolar que buscam uma
jogos das diversas regiões brasileiras e de concepção abrangente de homem se
outros países. Esta orientação para o trato do
conteúdo jogos nas aulas de educação física caracterizam pela retomada aos princípios
pertence à abordagem pedagógica biológicos e cinestésicos nas aulas.
A) crítico‐superadora. ( ) Na área da educação física, os
princípios humanistas foram tratados por Vitor
B) concepções abertas. Marinho de Oliveira, o qual se fundamenta
C) crítico‐emancipatória. teoricamente na psicologia humanista de Maslow e
Rogers.
D) construtivista‐interacionista.
( ) A perspectiva humanista desloca a
propriedade dada ao produto para o processo de
10. “Propõe‐se, a partir de jogos de ensino, introduzindo o princípio do ensino não
movimento e exercitações, contribuir para a diretivo.
educação integral do sujeito. Com vistas a A sequência está correta em
instrumentalizar o movimento às tarefas
fundamentais da escola, essa abordagem A) F, F, V, V.
considera as atividades como algo secundário, B) V, F, V, V.
devendo subordinar‐se ao desenvolvimento de
algumas capacidades e relacionadas com as C) V, V, F, V.
funções mentais.” A descrição se refere à D) V, V, V, V.
abordagem pedagógica da educação física
denominada
A) sociológica. 13. Analise as afirmativas, marque V para
as verdadeiras e F para as falsas.
B) construtivista.
( ) A partir de meados da década de 1960,
C) saúde renovada. a concepção dominante na educação física escolar é
D) psicomotricidade. calcada na perspectiva higienista.
( ) Os métodos ginásticos procuravam
capacitar os indivíduos no sentido de contribuir com a
11. “Fundamenta‐se nas áreas de indústria nascente e com a prosperidade da nação.
crescimento e desenvolvimento e
aprendizagem motora e volta‐se ( ) As concepções higienista e militarista
especificamente consideravam a educação física como disciplina
essencialmente prática, não necessitando, portanto,
para crianças de quatro a quatorze anos. de uma fundamentação teórica que lhe desse
Habilidade motora é um dos conceitos mais suporte.
importantes dentro desta abordagem, pois é
através dela que os seres humanos se adaptam ( ) Atualmente, coexistem na área da
aos problemas do cotidiano. Os autores desta educação física várias concepções, todas tendo
abordagem defendem a ideia de que o em comum a tentativa de romper com o modelo
movimento é o principal meio e fim da humanista, fruto de uma etapa recente desta área do
educação física.” A descrição se refere à conhecimento.
abordagem pedagógica da educação física A sequência está correta em
denominada
A) F, V, V, F.
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EXERCÍCIOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

B) V, F, F, V. desempenho do aluno é comparado com os seus


próprios resultados iniciais, e não com uma
C) V, V, V, V.
tabela de resultados. É uma proposta avaliativa
D) V, F, V, V. que, apesar de valorizar o aspecto quantitativo e
se limitar à avaliação dos comportamentos
observáveis e passíveis de serem mensurados, a
14. “Nos músculos estriados são proposta avança quando passa a considerar a
encontrados elementos de tecido conjuntivo, individualidade do aluno.” A definição anterior
ricos em fibras colágenas e que servem para refere‐se à
fixação do ventre, em ossos, no tecido A) autoavaliação.
subcutâneo e em cápsulas articulares. Esses
elementos possuem aspecto morfológico B) avaliação crítica.
fusiforme ou membranáceo.” Esse componente
C) avaliação formativa.
dos músculos estriados denomina‐se
D) avaliação baseada nos objetivos de
A) tendão. ensino.
B) músculos lisos.
C) fáscia muscular.
18. Sobre o sistema esportivo, marque V
D) ventre muscular. para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.
( ) Na sociedade capitalista, os códigos
da instituição esportiva constituem‐se por:
15. “Localizado na região posterior e princípio do rendimento atlético‐desportivo,
superior do diencéfalo, o competição, comparação de rendimentos e
desempenha funções endócrinas e não
recordes, regulamentação rígida, sucesso
endócrinas. A formação endócrina mais
esportivo como sinônimo de vitória, racionalização de
importante é a glândula pineal. As formações
meios e técnicas.
não endócrinas são os núcleos da habênula,
comissura das habênulas, estrias medulares e ( ) Observa‐se que a transplantação dos
comissura posterior, sendo esta não códigos da instituição esportiva para as aulas de
pertencente ao sistema límbico que é um educação física geralmente se dá por meio de um
sistema relacionado ao comportamento processo de pedagogização, o qual propicia
emocional.” Assinale a alternativa que adequações para que se tenha o esporte da escola.
completa corretamente a afirmativa anterior.
( ) O desenvolvimento da instituição
A) tálamo esportiva não se dá independentemente do
desenvolvimento da educação física:
B) epitálamo
condicionam‐se mutuamente. A esta é
C) subtálamo
colocada a tarefa de fornecer a “base” para o esporte
D) hipotálamo de rendimento.
( ) Observa‐se que a instituição esportiva
sempre lançou mão do argumento de que esporte é
16. “Nesta abordagem pedagógica da cultura, é educação, para legitimar‐se no contexto
educação física, as formas de ensino se dão social e, principalmente, para conseguir apoio e
através da descoberta orientada e financiamento oficial.
solução de problemas por estímulos e A sequência está correta em
colocação de temas e tarefas. Considera a
possibilidade de codecisão no planejamento, A) F, V, V, F.
objetivos, conteúdos, formas de transmissão e
B) V, V, V, V.
comunicação no ensino. Fundamenta‐se na
teoria sociológica do interacionismo simbólico.” C) V, F, V, V.
Trata‐se da abordagem
D) F, V, F, V.
A) sociológica.
B) cultura corporal.
19. “Essa abordagem pedagógica
C) crítico‐emancipatória. fundamenta‐se na transcendência de limites
através de três fases. Na primeira, os alunos
D) concepções abertas. descobrem pela própria experiência manipulativa
em atividades de movimentos e jogos. Na
segunda, devem manifestar pela linguagem ou
17. “Trata‐se de uma abordagem de representação cênica o que experimentaram e o
avaliação em educação física na qual o
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EXERCÍCIOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

que aprenderam numa forma de exposição; e, então, eram praticadas apenas por razões utilitárias,
na terceira, os alunos devem aprender a guerreiras ou ritualísticas.
questionar sobre suas aprendizagens e
III. A Turquia talvez seja a possuidora da
descobertas, com a finalidade de entender o
mais antiga história do esporte e, seguramente, foi a
significado cultural da aprendizagem.” A
que mais influenciou a educação física no Extremo
descrição se refere à abordagem pedagógica da
Oriente.
educação física denominada
IV. Em “A República”, Platão fala por
A) sistêmica.
intermédio de Sócrates a respeito do tipo de
B) crítico‐superadora. educação pela qual os guardiões da sua utópica
cidade deveriam passar. Era a “Paideia”, o ideal da
C) concepções abertas.
educação grega que unia a ginástica à música.
D) crítico‐emancipatória. Está(ão) correta(s) apenas a(s)
afirmativa(s)
20. Sobre as funções do sistema A) I.
esquelético, marque V para as verdadeiras e F B) I e II.
para as falsas.
C) II e IV.
( ) Sustentação do organismo.
D) III e IV.
( ) Proteção de estruturas vitais.
( ) Base mecânica para o movimento.
23. Sobre o esporte, marque V para as
( ) Armazenamento de sais minerais.
afirmativas verdadeiras e F para as falsas.
( ) Hemopoiética. ( ) A década de 1930 dispensa ao
A sequência está correta em esporte, principalmente ao futebol, uma
popularidade que já o colocava como fenômeno
A) V, V, F, V, F. social.
B) V, V, V, F, F. ( ) O movimento denominado “Esporte
C) V, V, V, V, V. para Todos”, implantado na década de 1980,
aparece como tentativa de
D) V, V, V, F, V.
democratização esportiva. Foi iniciado com a
campanha “Mexa‐se” pela mídia televisiva.
21. “São ossos finos e compostos por ( ) Pode‐se dizer que o processo de
duas lâminas paralelas de tecido ósseo esportivização das práticas corporais foi
compacto, com camada de osso esponjoso contemporâneo ao processo de industrialização e
entre elas. Os ossos ____________ garantem urbanização da Inglaterra.
considerável proteção e geram grandes
áreas para inserção de músculos.” Assinale a ( ) O esporte‐rendimento ainda é a
alternativa que completa corretamente a manifestação que fornece o modelo para o esporte
afirmativa anterior. na escola e para o esporte praticado como um dos
conteúdos culturais de lazer.
A) planos
A sequência está correta em
B) delgados
A) V, V, V, V.
C) alongados
B) F, F, V, V.
D) irregulares
C) V, F, V, V.
D) F, V, F, V.
22. Analise as afirmativas sobre a
história da educação física.
I. Uma das atividades físicas mais 24. “A avaliação em educação física deve
significativas para o homem antigo foi o atletismo. considerar a observação, a análise e a
Era praticado por todos os povos, desde o conceituação de elementos que compõem a
paleolítico superior (60.000 a.C). totalidade da conduta humana, ou seja, a
avaliação deve estar voltada para a aquisição
II. Na medida em que o homem atingiu um do conhecimento, habilidade e atitude dos
estágio definitivo de sedentarização, seu espaço alunos.” A descrição se refere à abordagem de
ocioso aumentou, levando ao surgimento de uma avaliação denominada
concepção esportiva, para as atividades que, até

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EXERCÍCIOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

A) crítica. ( ) A partir do Decreto nº 69.450/1971, foi


determinada a obrigatoriedade da iniciação esportiva
B) fenomenológica.
na escola a partir da
C) humanista progressista.
5ª série do 1º grau (atualmente 6º ano do
D) baseada em objetivos de ensino. ensino fundamental I).
( ) Considera‐se que a esportivização da
educação física ocorreu de forma mais intensa nas
25. “Os conteúdos dessa abordagem
décadas de 1960 e 1970 e a sua relação com a
pedagógica são selecionados de acordo com a
educação física escolar sob o método desportivo
perspectiva do conhecimento que a escola
generalizado.
elege para apresentar ao aluno. No caso do
conteúdo esporte, busca‐se sistematizá‐lo na ( ) No Brasil, a Comissão de Reformulação
forma de técnicas e táticas dos seus do Esporte Brasileiro em 1985 e, incorporado pela
fundamentos, buscando o rendimento. Constituição Federal de
Trata‐se de uma abordagem que enfatiza a
1988, diferencia o conceito de esporte em
dimensão biológica em educação física.” A
três manifestações: educação, filantrópico e
descrição anterior refere‐se à abordagem
rendimento.
A) biologicista. ( ) A origem do esporte na Inglaterra é
B) aptidão física. interpretada como um produto da ascensão da nova
forma de organização social socialista daquela
C) desenvolvimentista. época.
D) crítico‐emancipatória. A sequência está correta em
A) V, F, V, V.
26. “Na abordagem de avaliação B) V, V, F, F.
tem‐se como ênfase o desempenho físico, as
habilidades motoras e o C) V, V, V, V.
conhecimento técnico baseados em D) F, V, V, V.
tabelas, padrões e que fornecem
informações quantitativas.” Assinale a
alternativa que completa corretamente a 29. Sobre a história da educação física,
afirmativa anterior. marque V para as afirmativas verdadeiras e F para
as falsas.
A) tradicional
( ) Na Idade Média, a educação física
B) biologicista passou a ser assunto dos intelectuais, numa tentativa
C) humanista de reintegração do físico e do estético às
preocupações educacionais.
D) baseada nos objetivos
( ) No século XVIII, encontram‐se os
reais precursores de uma educação física que
27. Dentre as correntes históricas que iria se firmar no horizonte
influenciaram a educação física escolar, pedagógico do século seguinte.
percebe‐se nas décadas de 1960 e 1970 as
seguintes características: ( ) No século XIX, por influência de
Rousseau, a ginástica passou a ser incluída entre os
A) Uma nova identidade e concepções deveres da vida humana e, sob este aspecto, muito
humanistas. lembrava os princípios da educação grega.
B) Influência militar, professor sargento e ( ) No século XIX, nota‐se que a
aluno soldado. corrente francesa foi da maior importância, pois
C) Incorporação dos desportos, alta dela chegaram os primeiros estímulos que vieram a
performance e professor treinador e aluno atleta. constituir os alicerces da educação física brasileira.

D) Esporte de massa, prática, repetição de A sequência está correta em


movimentos, ênfase na técnica e rendimento e A) F, V, V, V.
competição.
B) V, V, F, F.
C) V, F, V, F.
28. Analise as afirmativas, marque V para
as verdadeiras e F para as falsas. D) V, F, V, V.

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EXERCÍCIOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

30. Associe, corretamente, as duas


colunas relacionando as referências
bibliográficas com suas respectivas
abordagens pedagógicas da educação física.
1. Educação física e sociedade.
2. Educação de corpo inteiro.
3. Transformação didático‐pedagógica do
esporte.
4. Metodologia do ensino da educação
física.
( ) Crítico‐superadora.
( ) Crítico‐emancipatória.
( ) Construtivista‐interacionista.
( ) Sociológica.
A sequência está correta em
A) 3, 4, 1, 2.
B) 2, 1, 4, 3.
C) 1, 4, 3, 2.
D) 2, 3, 4, 1.

GABARITO

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CONCURSO PÚBLICO – MUNICÍPIO DE UBERLÂNDIA/MG

CARGO: PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA


Texto
Proteção, sim; violação de privacidade, não. Esse é o desejo dos consumidores brasileiros que navegam na
Internet. E esse é o mote – mais que o mote, o alerta – que orienta a campanha lançada pelo Instituto Brasileiro
de Defesa do Consumidor (Idec) na última terça-feira, contra o Projeto de Lei 84/99, que trata de crimes
cibernéticos.
A campanha “Consumidores contra o PL Azeredo” pretende chamar a atenção da sociedade para a ameaça
que o PL 84 representa ao direito à privacidade e liberdade na rede, aos direitos dos consumidores no acesso aos
produtos e serviços e no direito fundamental de acesso à cultura, à informação e à comunicação.
No Congresso desde 1999, o PL 84/99 segue na Câmara dos Deputados nos termos do texto substitutivo
proposto pelo deputado Eduardo Azeredo (PSDB-MG). O PL Azeredo tramita em caráter de urgência na Casa e
está prestes a ser votado no início de agosto, quando termina o recesso parlamentar. Se aprovado, desviando-se
de sua pretensa função de combater os crimes na Internet, o projeto vai instaurar um cenário de vigilância e
monitoramento na rede, restringindo sensivelmente os direitos e liberdades e criminalizando condutas que são
cotidianas dos cidadãos no mundo virtual.
Para os consumidores, a aprovação do projeto traz consequências drásticas, especialmente se
considerarmos que a Internet é inteiramente permeada por relações de consumo. Desde a conexão até o acesso a
conteúdos em sites, produtos e serviços via comércio eletrônico, passando pela utilização de e-mails, plataformas
colaborativas e redes sociais, em menor ou maior grau, tudo é relação de consumo e deve ser entendido na lógica
da defesa dos direitos consagrados pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC).
Há 20 anos, esse mesmo CDC tenta fazer valer um de seus princípios básicos: a boa-fé. Pressupõe-se que
todos são legítimos titulares de direitos e praticam seus atos cotidianos com base na legalidade, na confiança e no
respeito. Por óbvio, essa premissa é válida também para a Internet. O que o PL Azeredo faz, no entanto, é
inverter essa lógica. No lugar da presunção da boa-fé, instaura-se a constante suspeita. No lugar do respeito à
privacidade dos dados e informações dos usuários, o projeto determina a sua vigilância constante, como se a
qualquer momento fossem praticar um crime, um ato de vandalismo, uma atitude ilícita. Para o PL Azeredo, como
norma penal que é, na Internet todos passam a ser suspeitos até que se prove o contrário.
(Guilherme Varella, Carta Capital. 28/07/11)

01
Na frase “Proteção, sim; violação de privacidade, não”, há uma indicação de
A) ideia de concessão. D) causa e consequência.
B) motivo e finalidade. E) ideias que se completam.
C) oposição de ideias.

02
Assinale o elemento de coesão textual destacado que tem o seu referente corretamente identificado.
A) “Esse é o desejo dos consumidores...” – Proteção, sim; violação de privacidade, não
B) “E esse é o mote...” – Internet
C) “Por óbvio, essa premissa é válida...” – defesa dos direitos
D) “... e praticam seus atos cotidianos...” – direitos
E) “... é inverter essa lógica.” – validade da Internet

03
De acordo com o contexto, a palavra “mote” significa
A) alerta. B) conceito. C) campanha. D) motivo. E) mostra.

04
Acerca da regência verbal, no trecho “... a ameaça que o PL 84 representa ao direito à privacidade e liberdade
na rede...”, é correto afirmar que
A) a ocorrência de preposição em “ao direito” deve-se à presença do verbo “representa”.
B) a ocorrência de crase deve-se à presença do verbo “representa”.
C) substituindo “privacidade” por “regalias” mantém-se o sinal indicador de crase.
D) “representa o direito à privacidade” é uma reescrita que mantém a correção e o sentido.
E) a indicação de crase em “à privacidade” deve-se à presença de “direito”.

PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA (84-M)


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CONCURSO PÚBLICO – MUNICÍPIO DE UBERLÂNDIA/MG

05
Algumas palavras ou expressões assumem sentido conotativo de acordo com o contexto no qual estão
inseridas. Isso ocorre em
A) “... que navegam na Internet.” D) “O PL Azeredo tramita em caráter de urgência...”
B) “... que trata de crimes cibernéticos.” E) “... criminalizando condutas que são cotidianas...”
C) “... traz consequências drásticas,...”

06
O uso de travessões no 1º§ indica
A) uma citação textual.
B) introdução de uma enumeração.
C) dúvida e hesitação referentes às ideias do texto.
D) atribuição de expressividade ao trecho que eles separam.
E) destaque de palavras não características da linguagem padrão.

07
De acordo com o texto, o Projeto de Lei 84/99
A) determina o acesso irrestrito a produtos e serviços virtuais.
B) atende ao clamor público de que seja instituída uma proteção virtual.
C) é incentivado pela campanha: Proteção, sim; violação à privacidade, não.
D) impõe limites no mundo virtual desconsiderando o respeito à privacidade.
E) está de acordo com a lógica de defesa dos direitos consagrados pelo CDC.

08
Assinale a alternativa que apresenta a classificação do “que” DIFERENTE dos demais.
A) “... que navegam na Internet.” D) “... que trata de crimes cibernéticos.”
B) “... que orienta a campanha lançada...” E) “... a ameaça que o PL 84 representa...”
C) “... mais que o mote, o alerta...”

09
No 3º§, ao falar do PL 84, quanto à sua aprovação, está expressa uma ideia de
A) finalidade. B) condição. C) acréscimo. D) tempo. E) explicação.

10
O texto afirma que o PL 84 apresenta um conteúdo expressando que, a qualquer momento, alguém pode
praticar um crime, um ato de vandalismo, uma atitude ilícita. Tal pressuposto indica
A) hipótese. B) certeza. C) condição. D) indução. E) altivez.

CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
11
O ato educativo, na abordagem da construção do conhecimento, requer que o professor tenha domínio dos
conteúdos a serem tratados na sala de aula, como também que se conheça a realidade do aluno. Acerca deste
princípio, analise.
I. Numa perspectiva de interação professor-aluno, a ação pedagógica voltada para a aprendizagem significativa
parte do conhecimento que o aluno tem do cotidiano, da sua realidade.
II. O ponto de partida para a ação pedagógica na sala de aula, para se trabalhar o conhecimento científico e os
conteúdos da proposta curricular é o saber que o aluno domina e traz para a escola.
III. A construção do conhecimento se dá pela interação dialógica professor-aluno como sujeitos ativos,
construtores desse conhecimento – os alunos deixam de ser passivos, no sentido de receber o conhecimento
pronto, transmitido pelo professor, e passam a ser ativos em relação à construção do conhecimento.
IV. O saber que a criança traz para a escola é adquirido através do senso comum em sua vida diária, pela
observação e informações assimiladas: observação da realidade que a cerca e informações veiculadas pela
família, pela escola, pelos grupos a que pertence e meios de comunicação de um modo geral.
Estão corretas apenas as afirmativas
A) II, IV B) I, III C) I, II, III D) I, II, III, IV E) I, III, IV

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CONCURSO PÚBLICO – MUNICÍPIO DE UBERLÂNDIA/MG

12
De acordo com a Resolução que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a educação infantil, pode-se
afirmar que, EXCETO:
A) É dever do Estado garantir a oferta de educação infantil pública gratuita e de qualidade, sem requisito de seleção.
B) A frequência na educação infantil é pré-requisito para a matrícula no ensino fundamental.
C) As vagas em creches e pré-escolas devem ser oferecidas próximas às residências das crianças.
D) As práticas pedagógicas que compõem a proposta curricular da educação infantil devem ter como eixos
norteadores as interações e a brincadeira.
E) A educação infantil, primeira etapa da educação básica, é oferecida em creches e pré-escolas.

13
“O ingresso das crianças de seis anos no ensino fundamental não pode constituir uma medida meramente
administrativa. É preciso atenção ao processo de desenvolvimento e aprendizagem delas, o que implica
conhecimento e respeito às suas características etárias, sociais, psicológicas e cognitivas.” (MEC/SEB) Portanto, é
INCORRETO afirmar que o(a)
A) ampliação do ensino fundamental para nove anos significa uma possibilidade de qualificação do ensino e da
aprendizagem da alfabetização e do letramento, pois a criança terá mais tempo para se apropiar desses
conteúdos.
B) implantação de uma política de ampliação do ensino fundamental de oito para nove anos de duração exige
tratamento político, administrativo e pedagógico, uma vez que o objetivo de um maior número de anos no
ensino obrigatório é assegurar a todas as crianças um tempo mais longo de convívio escolar com maiores
oportunidades de aprendizagem.
C) ensino fundamental de nove anos aponta que a aprendizagem depende exclusivamente do aumento do tempo
de permanência na escola, não só o aumento de anos de escolaridade, mas também o aumento da jornada
diária do aluno na escola.
D) educação infantil não tem como propósito preparar crianças para o ensino fundamental. No que concerne ao
ensino fundamental, as crianças de seis anos, assim como as de sete a dez anos de idade, precisam de uma
proposta curricular que atenda às suas características, potencialidades e necessidades específicas.
E) Lei Federal nº 11.274/2006 dispõe sobre a duração de nove anos para o ensino fundamental, com matrícula
obrigatória a partir dos seis anos de idade.

14
De acordo com Marçal e Sousa (2001, p.23), há quatro dimensões que orientam a construção do projeto político-
pedagógico, de forma interdependente, uma interferindo nas outras, que são denominadas de
A) pedagógica, administrativa, consultiva e jurídica.
B) administrativa, jurídica, financeira e consultiva.
C) pedagógica, administrativa, financeira e jurídica.
D) administrativa, pedagógica, deliberativa e consultiva.
E) financeira, pedagógica, jurídica e deliberativa.

15
Os currículos integrados, que não estabelecem uma fronteira nítida entre as disciplinas, ou seja, aqueles que
buscam trabalhar de forma interdisciplinar, são estimulados e defendidos porque, EXCETO:
A) Permitem o trabalho com conteúdos culturais relevantes, englobando a discussão de questões que não
poderiam ser trabalhadas no limite de uma única disciplina.
B) Privilegiam o ensino, com base em questões reais e práticas, que estimulam o interesse e a curiosidade dos
alunos e a formulação de respostas criativas e inovadoras.
C) Favorecem o trabalho coletivo entre os professores, eliminando as hierarquias entre as disciplinas e facilitando
a troca de experiências entre os docentes.
D) São elaborados com base na seleção de um conjunto de conteúdos, organizados de forma justaposta,
favorecendo a fragmentação dos saberes escolares.
E) Sua forma de organização tem similaridade com a maneira como se enfrentam/solucionam problemas reais de
ordem pessoal e profissional.

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-4-
CONCURSO PÚBLICO – MUNICÍPIO DE UBERLÂNDIA/MG

16
Álvarez Leite (1998) destaca que os projetos de trabalho revelam dimensões, que nos possibilitam entender a
postura pedagógica neles refletida, afirmando que, EXCETO:
A) Não há uma fórmula ou modelo pronto de como desenvolver projetos em sala de aula, mas, sim, uma postura
coerente na forma de compreender e vivenciar a experiência escolar.
B) O aluno é sujeito cultural, que usa sua experiência e seu conhecimento para resolver problemas colocados
pelo projeto.
C) A flexibilidade no uso do tempo e do espaço possibilita um repensar do cotidiano escolar.
D) No projeto entrelaçam-se, de forma significativa, o conhecimento social e o processo individual dos alunos,
permitindo uma avaliação contínua da aprendizagem.
E) Na perspectiva de projetos, aprender é simplesmente um ato de memorização e ensinar significa passar
conteúdos prontos.

17
Os colegiados da escola têm um papel importante no processo de gestão democrática da escola, constituindo-
se em espaços de ensino e democracia. Marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.
( ) A democratização da escola implica, além de um trabalho centrado na formação plena do cidadão, a atuação
efetiva de instâncias colegiadas que permitam a participação ativa dos vários segmentos escolares.
( ) O Conselho Escolar ou Colegiado de Escola é um órgão colegiado formado por representantes das
comunidades escolar e local, e que tem como atribuição deliberar somente a respeito das questões de
natureza administrativa e financeira, no âmbito da escola.
( ) A gestão participativa na escola deve ser compreendida como um meio capaz de possibilitar maior
envolvimento dos profissionais da educação, pais e alunos, com o planejamento e a tomada de decisões na
prática cotidiana.
( ) O Conselho de Classe é o colegiado responsável para avaliar coletivamente o processo ensino-aprendizagem
de cada turma, visando à identificação e ao tratamento das dificuldades de aprendizagem evidenciadas pelos
alunos, bem como a análise do trabalho docente.
( ) A principal tarefa do Conselho Escolar consiste no acompanhamento do trabalho pedagógico, focando o
processo ensino-aprendizagem.
( ) Superar práticas burocratizantes e rotineiras é condição para que o Conselho Escolar ocupe o seu lugar de
sujeito político coletivo, como uma instância colegiada capaz de fortalecer práticas de gestão pautadas pela
participação e pela democracia, como exigência ao exercício da cidadania.
A sequência está correta em
A) V, F, V, V, V, V B) V, V, V, V, F, V C) F, F, V, V, V, F D) V, V, F, F, F, V E) F, V, V, V, V, F

18
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB nº 9.394/96, em seu Artigo 3º, o ensino será
ministrado com base nos seguintes princípios, EXCETO:
A) Garantia de padrão de qualidade.
B) Gestão autoritária do ensino público.
C) Valorização do profissional da educação escolar.
D) Valorização da experiência extraescolar.
E) Vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.

19
De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para o ensino fundamental, as escolas deverão estabelecer,
como norteadores de suas ações pedagógicas, os princípios
I. éticos da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem comum.
II. dos Direitos e Deveres da Cidadania, do exercício da criticidade e do respeito à ordem democrática.
III. estéticos da sensibilidade, da criatividade e da diversidade de manifestações artísticas e culturais.
IV. de relevância social e vínculo com práticas sociais significativas e possibilidades de ampliação do repertório de
conhecimentos a respeito do mundo social e natural.
Estão corretas apenas as alternativas
A) I, II, III, IV B) I, II, III C) I, II D) I, II, IV E) II, III

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CONCURSO PÚBLICO – MUNICÍPIO DE UBERLÂNDIA/MG

20
Segundo Luckesi, “a avaliação é um ato dinâmico e serve à prática pedagógica, que também é dinâmica.” Para
proceder à avaliação, o importante é
I. definir com clareza aquilo que se deseja (os objetivos).
II. obter os dados relevantes da realidade (no decorrer da ação ou em momentos sucessivos da ação).
III. qualificá-la diante do que se espera ser o necessário.
IV. obter os resultados para classificar o aluno: aprovado ou reprovado, de forma imediata.
V. caso a qualidade esperada não tenha sido atingida, há a possibilidade de reencaminhar a atividade até o
momento em que a qualidade necessária possa ser atingida, no mínimo, como aceitável.
Estão corretas apenas as alternativas
A) I, II, IV B) II, III, IV, V C) I, II, III D) I, III, IV E) I, II, III, V

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
21
Considere os pressupostos teóricos da tendência pedagógica da educação física escolar que se segue: busca
valorizar o conhecimento prévio do aluno e resgatar sua cultura de jogos e brincadeiras e outras atividades que
compõem o seu universo cultural ao longo do processo ensino-aprendizagem. Para melhor compreender essa
tendência, se faz necessário compreender aspectos do trabalho de Vygotsky e de Jean Piaget. Os pressupostos
anteriores descrevem elementos referentes à tendência pedagógica de
A) psicomotricidade. D) concepções abertas.
B) crítico-superadora. E) construtivista-interacionista.
C) desenvolvimentista.

22
Analise as afirmativas acerca dos aspectos conceituais relacionados à ética e à moral.
I. A ética é a ciência da moral, isto é, de uma esfera do comportamento humano.
II. Não existe uma moral científica, mas existe – ou pode existir – um conhecimento da moral que pode ser
científico.
III. A ética é a teoria ou a ciência do comportamento moral dos homens em sociedade.
IV. A ética não é a moral e, portanto, não pode ser reduzida a um conjunto de normas e prescrições; sua missão
é explicar a moral efetiva e, nesse sentido, pode influir na própria moral.
Estão corretas apenas as afirmativas
A) I, II B) III, IV C) I, II, III D) II, III, IV E) I, II, III, IV

23
Analise a sequência de movimentos de um exercício da prática corporal de ginástica: “o aluno inicia o
movimento em um plano superior. Com o contato no solo, as mãos deverão estar ao lado da orelha e os
cotovelos flexionados como se fosse deitar, permanecendo com eles flexionados até o final do movimento.
Gradativamente, encosta-se toda a parte posterior do corpo no solo de forma harmônica, evitando que o corpo
‘caia’ de uma só vez. Quando os pés tocarem o solo, o aluno deverá ficar em pé e permanecer com o corpo reto
e os ombros flexionados.” A descrição se refere ao exercício denominado
A) roda (estrela). D) rolamento para trás.
B) parada de mãos. E) rolamento de frente.
C) parada de cabeça.

24
Analise a estrutura de uma aula de educação física escolar, cujo objetivo é trabalhar a habilidade motora de
saltar: “os alunos foram dispostos em pequenos grupos para a realização das atividades organizadas em
estações, nas quais os mesmos deverão 1ª estação: vir correndo e saltar entre duas cordas estendidas no chão;
2ª estação: vir correndo e saltar de lado as mesmas cordas; 3ª estação: saltar de costas entre as cordas.” Pela
descrição anterior, trata-se de uma aula fundamentada na tendência pedagógica
A) saúde renomada. D) critico-emancipatória.
B) crítico-superadora. E) construtivista-interacionista.
C) desenvolvimentista.

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Relacione as posturas básicas da ginástica de solo e suas respectivas descrições.
1. Estendida. ( ) As pernas estão estendidas e unidas com o tronco fletido sobre elas ou vice-versa.
2. Grupada. ( ) O tronco, os braços e as pernas unidas estão totalmente estendidos.
( ) As pernas estão flexionadas com os joelhos próximos ao tórax.
3. Carpada.
( ) As pernas estão estendidas e afastadas com o tronco flexionado ereto entre elas e com
4. Afastada. os braços elevados.
A sequência está correta em
A) 3, 1, 2, 4 B) 1, 2, 3, 4 C) 2, 4, 1, 3 D) 4, 3, 1, 2 E) 1, 4, 3, 2

26
Sobre a aprendizagem motora, é correto afirmar que
A) caracteriza-se por uma modificação contínua e sempre progressiva no estado interno de uma pessoa.
B) quanto mais domínio se tiver do gesto a realizar, maior será a preocupação do indivíduo em relação aos detalhes
da execução do movimento.
C) o primeiro estágio da aprendizagem denomina-se autônomo e caracteriza-se pela grande quantidade de
atividade mental para a realização de um movimento.
D) algumas vezes, após a melhora constante e antes de ocorrer mais melhora, ocorrem platôs nas curvas de
desempenho durante a aquisição de uma habilidade motora.
E) os termos desempenho e aprendizagem podem ser considerados como sinônimos, entretanto, a aprendizagem
pode ser observada, mas o desempenho não.

27
A motivação é importante para a compreensão da aprendizagem e do desempenho de habilidades motoras
devido a seu papel na iniciação, manutenção e intensidade do comportamento. Sabendo disso, o professor de
educação física deve estimular, ou utilizar, em seus alunos
I. a criação de objetivos e metas plausíveis a serem alcançados.
II. o aumento da ansiedade, pois segundo a teoria do U invertido, níveis muito baixos ou elevados de ansiedade
resultam em desempenhos igualmente altos.
III. o reforço positivo e negativo. No reforço negativo, o melhor exemplo seria a punição.
IV. as técnicas apropriadas de reforço positivo ou negativo, pois podem servir para facilitar a aprendizagem e o
desempenho de habilidades motoras.
Estão corretas apenas as afirmativas
A) I, IV B) II, III C) I, II, IV D) I, III, IV E) II, III, IV

28
Sobre o atletismo e sua utilização nas aulas de educação física escolar, marque V para as afirmativas
verdadeiras e F para as falsas.
( ) Explicar a disposição das atividades realizadas em uma pista de atletismo, esclarecendo, por exemplo, por
que nas provas de 100 m rasos realiza-se a saída de bloco em curva e o atleta da raia 8 inicia, aparentemente,
com vantagem em relação aos outros corredores.
( ) Apesar do estilo tesoura ser o mais simples e utilizado no ensino do salto em altura, sobretudo para as
crianças, é importante que o estilo Fosbury Flop também seja ensinado de forma procedimental; afinal , para
estes dois casos é necessário apenas que se determine a altura do salto a ser realizado e a queda feita de pé.
( ) O ensino da marcha atlética poderá iniciar-se com exercícios que envolvam o andar, o andar mais rápido, até
a inserção de especificidades do movimento, compreendendo a diferença entre andar, marchar e correr.
( ) O ensino de como se afere a frequência cardíaca pode estimular os alunos a se interessarem pelas provas de
corrida de média e longa distância, podendo, inclusive, servir como um meio de prática de atividade física
autônoma fora da escola.
A sequência está correta em
A) F, V, F, V B) F, V, V, F C) V, F, F, V D) V, F, V, F E) F, F, V, V

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Como conteúdos de ensino nas aulas de educação física escolar, têm-se as práticas corporais do jogo, ginástica,
dança, esporte e lutas. Assinale a afirmativa que caracteriza uma atividade coerente com o conteúdo de lutas.
A) Os cavalheiros tomam as damas e andam de mãos dadas até o centro do salão, encontrando-se com a fila da
frente. Trocam-se as duplas.
B) A turma será dividida de acordo com sua preferência musical, levando para a aula um CD de músicas que se
identifica. O grupo deverá mostrar para os outros o conjunto de movimentos adequados para o ritmo
escolhido.
C) A turma será dividida em duplas. Cada dupla estará dentro de um círculo desenhado no chão do tamanho que
se achar conveniente. O objetivo é tirar o colega do círculo ou derrubá-lo apenas usando movimentos de
empurrar e puxar.
D) Os alunos devem se deitar em decúbito dorsal. Buscar uma posição confortável e manter os olhos fechados.
Deve-se, durante um minuto, inspirar pelo nariz e expirar pela boca de forma calma e relaxada.
E) A turma será dividida em três grupos. O grupo A será responsável por fazer um levantamento do tipo de
alimentação que os alunos fazem na escola. O grupo B terá a preocupação de saber como os alunos se
alimentam fora da escola. O grupo C buscará conhecer o que é considerada uma alimentação adequada para
os jovens.

30
Relacione a modalidade de ginástica com a respectiva característica.
1. Ginástica artística. ( ) Passou a ser um esporte olímpico no ano de 2000. Seu principal aparelho é
conhecido como cama elástica.
2. Ginástica de trampolim. ( ) É disputada nos Jogos Olímpicos. Algumas de suas provas são o salto sobre a
mesa, paralelas assimétricas, solo e trave.
3. Ginástica rítmica. ( ) Tem como principal característica ser executada em pares ou grupo, onde são
formadas figuras, que podem ser chamadas de pirâmides.
4. Ginástica acrobática. ( ) É uma modalidade exclusivamente feminina de ginástica, realizada com corda,
maçãs, bola, arco e fita.
A sequência está correta em
A) 4, 2, 3, 1 B) 2, 1, 4, 3 C) 4, 1, 2, 3 D) 3, 4, 1, 2 E) 2, 3, 1, 4

CONHECIMENTOS GERAIS

Texto para responder às questões de 31 a 33.


Os compostos químicos que destroem a camada de ozônio têm origem em substâncias chamadas
clorofluorcabonos (CFC’s), que começaram a ser usados no século passado em vários produtos, incluindo
refrigeradores. Estes compostos químicos, que aumentam o chamado “buraco” na camada de ozônio, foram
proibidos ou tiveram o uso limitado pelo Protocolo de Montreal das Nações Unidas, assinado em 1987, mas
permanecem por tanto tempo na atmosfera que os especialistas esperam que os danos continuem por décadas.
(BBC/Brasil – www.bbc.co.uk/portuguese/noticias – 02/10/11)

31
Este fenômeno, detectado inicialmente na década de 1980, ocorreu na região do(a)(s)
A) África. D) Ártico.
B) América do Sul. E) proximidades da linha do Equador.
C) Antártica.

32
Os efeitos da incidência dos raios ultravioletas (UV) na superfície da Terra estão associados, principalmente, ao
aumento da incidência de uma doença na pele dos seres humanos denominada
A) albinismo. D) psoríase.
B) câncer. E) vitiligo.
C) envelhecimento precoce.

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33
Enquanto o Protocolo de Montreal objetiva a erradicação, de forma gradativa, das substâncias nocivas à
camada de ozônio, o Protocolo de Kyoto objetiva
A) ampliar a vigilância e proteção das áreas verdes do planeta.
B) estabelecer valores para as riquezas naturais de uma nação.
C) preservar a biodiversidade com a promoção de ações de controle e proteção.
D) proibir a produção química dos poluentes orgânicos persistentes.
E) reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa.

34
Sobre a localização geográfica do Brasil, é correto afirmar que
A) é cortado pelo Trópico de Câncer na região Sul.
B) encontra-se na parte centro-ocidental do sul da América.
C) faz fronteira com todos os países da América do Sul.
D) possui três faixas distintas de fuso horário e horário de verão.
E) seu ponto extremo ao Norte está localizado no Oiapoque/AP.

35
Em 2012, os Estados Unidos podem passar a ter 51 estados, com a inclusão do estado livre associado de
A) Bahamas. B) Bermudas. C) Cuba. D) Groelândia. E) Porto Rico.

36
Em um planeta onde a comunidade internacional instituiu um Tratado de Não-Proliferação Nuclear – TNP, a
incursão do Irã e da Coreia do Norte em experimentos nucleares gera grande preocupação. Sobre o
posicionamento do Brasil com relação à esta questão, pode-se afirmar que
I. aderiu a este tratado no governo de Fernando Henrique Cardoso.
II. ainda não assinou o Protocolo adicional do TNP.
III. assim como Israel e Paquistão, o país já possui arsenal nuclear.
IV. construiu uma usina secreta contrariando as normas do TNP.
Estão corretas apenas as afirmativas
A) I, II B) III, IV C) I, III D) II, IV E) I, II, IV

37
Relacione corretamente os blocos econômicos com algumas de suas respectivas nações integrantes.
Blocos econômicos: Países integrantes:
1. União Europeia. ( ) Estados Unidos e Canadá.
2. Nafta. ( ) Luxemburgo e Estônia.
3. Unasul. ( ) Dominica e Granada.
4. Caricom. ( ) Brasil e Argentina.
A sequência está correta em
A) 3, 4, 1, 2 B) 2, 1, 4, 3 C) 1, 4, 3, 2 D) 2, 3, 1, 4 E) 3, 1, 4, 2

38
O povo curdo, de etnia indo-europeia, é considerado o maior grupo étnico sem estado do mundo, tendo parte
significativa de sua população abrigada nos países
A) Estados Unidos, Grã-Bretanha e Austrália. D) Líbano, Síria e Arábia Saudita.
B) Índia, Paquistão e Indonésia. E) Turquia, Irã e Iraque.
C) Itália, Grécia e Macedônia.

39
Muito conhecido(a) como “Grupo dos Ricos”, foi instituído(a) na década de 1960, possuindo sede em Paris, na
França, e congregando cerca de 30 países comprometidos com a economia de livre comércio. Trata-se do(a)
A) G8.
B) G20.
C) Organização das Nações Unidas (ONU).
D) Organização Mundial do Comércio (OMC).
E) Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

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Analise.

(http://geografiadoalfredo.blogspot.com.br/2011/07/populacao-conceitos-iniciais.html)

Sobre as pirâmides etárias apresentadas, pode-se afirmar que


I. a África tem uma baixa taxa de natalidade e a Europa, uma taxa elevada.
II. ambos os continentes possuem baixa expectativa de vida.
III. a primeira pirâmide é típica de países subdesenvolvidos, enquanto a segunda, de países desenvolvidos.
IV. a taxa de mortalidade é mais alta na África do que na Europa.
Estão corretas apenas as afirmativas
A) I, II B) III, IV C) I, II, IV D) I, III, IV E) II, III, IV

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PROVA DISCURSIVA

ORIENTAÇÕES GERAIS

• A Prova Discursiva é de caráter eliminatório e classificatório, constituída de uma redação.


• O candidato deverá formular tal redação com extensão máxima de trinta linhas.
• A redação deverá ser manuscrita em letra legível, com caneta esferográfica de corpo transparente e de tinta
azul ou preta.
• O candidato receberá nota zero na Prova Discursiva em casos de fuga ao tema, de não haver texto, de
manuscrever em letra ilegível ou grafada com interferência e/ou a participação de outras pessoas, salvo em
caso de candidato portador de deficiência que o impossibilite de redigir textos, como também solicitar
atendimento especial para este fim, nos termos do Edital. Será desconsiderado, para efeito de avaliação,
qualquer fragmento de texto que for escrito fora do local apropriado ou que ultrapassar a extensão máxima
permitida.
• A Folha de Resposta da Prova Discursiva será previamente identificada através do número de inscrição do
candidato. Não é necessário registrar nome ou assinatura na Folha de Resposta.
• A Prova Discursiva terá o valor de 100 pontos. Para efeito de avaliação da Prova Discursiva serão considerados
os seguintes elementos de avaliação:

ELEMENTOS DE AVALIAÇÃO DA PROVA DISCURSIVA (REDAÇÃO)


Total de pontos
Critérios Elementos da Avaliação
por critério
Aspectos Formais e Observância das normas de ortografia, pontuação, concordância, regência e flexão,
55 pontos
Aspectos Textuais paragrafação, estruturação de períodos, coerência e lógica na exposição das ideias.
Pertinência da exposição relativa ao tema, à ordem de desenvolvimento proposto e ao
Aspectos Técnicos 45 pontos
conteúdo programático proposto.
TOTAL DE PONTOS 100 pontos

TEXTOS DE REFERÊNCIA

Texto I
Atualmente, a Prefeitura de Uberlândia desenvolve projetos e programas em vários setores que contribuem
para o combate às drogas. Na área de Saúde, a Prefeitura de Uberlândia oferece assistência às pessoas que fazem
uso decorrente, abusivo ou dependente de drogas e álcool no Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e Drogas III
(CAPS-AD III). A unidade oferece atenção 24 horas por dia, durante toda a semana. Já os setores oeste e sul são
atendidos pelo CAPS-AD II, de responsabilidade da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
(http://www.uberlandia.mg.gov.br)

Texto II
Mistura de calmantes e álcool: possível causa da morte de Whitney Houston
Los Angeles (EUA), 12 fev (EFE). – A hipótese sobre uma suposta combinação de calmantes e álcool ganha
força para explicar a súbita morte na noite do sábado da cantora Whitney Houston, cuja única filha teve que ser
internada duas vezes nas últimas horas por causa de uma crise de ansiedade.
Um dia depois da morte da diva americana, cerca de uma dezena de ramos de flores, velas e cartas
enfeitavam a esquina da Wilshire com Santa Monica Boulevard, onde fica o Beverly Hilton, o hotel de Beverly Hills
(Los Angeles), onde o corpo da cantora foi encontrado. (http://veja.abril.com.br/noticia/internacional)

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Texto III
O vício
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), droga é toda “substância que, quando administrada ou
consumida por um ser vivo, modifica uma ou mais de suas funções, com exceção daquelas substâncias
necessárias para a manutenção da saúde normal”.
Há dois grupos de pessoas bastante vulneráveis ao vício – os adolescentes e os portadores de distúrbios
psiquiátricos, como esquizofrenia, depressão e ansiedade. Durante a adolescência, o cérebro sofre mudanças
dramáticas. Uma das áreas ainda em maturação é o córtex pré-frontal, associado à tomada de decisões e
responsável pelo controle dos desejos e emoções. O uso de substâncias químicas nesse momento de
desenvolvimento tende a ter um impacto mais profundo e duradouro no funcionamento cerebral. A maior parte
dos dependentes químicos se iniciou no vício – qualquer um deles – na juventude. Entre os usuários de drogas,
isso ocorre, em geral, antes dos 21 anos. Quanto aos alcoólatras, antes dos 15. (http://veja.abril.com.br)

TEMA PROPOSTO

Com base nos textos de referência, redija um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema:

“A necessidade de uma constante e preventiva campanha contra o uso de drogas, uma responsabilidade social.”

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INSTRUÇÕES

1. Material a ser utilizado: caneta esferográfica azul ou preta. Os objetos restantes devem ser colocados em local indicado
pelo fiscal da sala, inclusive aparelho celular desligado e devidamente identificado com etiqueta.
2. Não é permitido consulta, utilização de livros, códigos, dicionários, apontamentos, apostilas, calculadoras e etc. Não é
permitido ao candidato ingressar na sala de provas sem a respectiva identificação e o devido recolhimento de telefone
celular, bip e outros aparelhos eletrônicos.
3. Durante a prova, o candidato não deve levantar-se, comunicar-se com outros candidatos e nem fumar.
4. A duração da prova é de quatro horas, já incluindo o tempo destinado à entrega do Caderno de Provas e à identificação –
que será feita no decorrer da prova – e ao preenchimento do Cartão de Respostas (Gabarito) e Folha de Respostas (Prova
Discursiva).
5. Somente em caso de urgência pedir ao fiscal para ir ao sanitário, devendo no percurso permanecer absolutamente
calado, podendo, antes e depois da entrada, sofrer revista através de detector de metais. Ao sair da sala, no término da
prova, o candidato não poderá utilizar o sanitário. Caso ocorra uma emergência, o fiscal deverá ser comunicado.
6. O Caderno de Provas consta de quarenta questões de múltipla escolha. Serão aplicadas provas escritas discursivas para
os cargos de Advogado, Arquivista, Assistente Administrativo, Assistente Social, Bibliotecário, Contador, Especialista da
Educação – Orientador Educacional, Especialista da Educação – Supervisor Escolar, Especialista de Educação – Inspetor
Escolar, Fiscal de Defesa do Consumidor, Fiscal de Obras, Fiscal de Patrimônio, Fiscal de Posturas, Fiscal do Meio
Ambiente, Geógrafo, Professor de Ciências, Professor de Educação Artística, Professor de Educação Física, Professor de
Ensino Religioso, Professor de Geografia, Professor de Inglês, Professor de Matemática, Professor de Português,
Professor de Pré ao 5º ano, Psicólogo Clínico, Psicólogo Social, Redator, Secretário Escolar, Técnico de Restauração,
Técnico em Assuntos Culturais – Artes Visuais, Técnico em Assuntos Culturais – Audiovisual, Técnico em Assuntos
Culturais – Dança, Técnico em Assuntos Culturais – História, Técnico em Assuntos Culturais – Letras e Técnico em
Assuntos Culturais – Teatro, de caráter eliminatório e classificatório, constituída de uma redação.
7. As questões das provas objetivas são do tipo múltipla escolha, com cinco opções (A a E) e uma única resposta correta.
8. Ao receber o material de realização das provas, o candidato deverá conferir atentamente se o Caderno de Provas
corresponde ao cargo a que está concorrendo, bem como se os dados constantes no Cartão de Respostas (Gabarito) e
Folha de Respostas (Prova Discursiva), que lhe foram fornecidos, estão corretos. Caso os dados estejam incorretos, ou o
material esteja incompleto ou tenha qualquer imperfeição, o candidato deverá informar tal ocorrência ao fiscal.
9. Os fiscais não estão autorizados a emitir opinião e prestar esclarecimentos sobre o conteúdo das provas. Cabe única e
exclusivamente ao candidato interpretar e decidir.
10. O candidato poderá retirar-se do local de provas somente a partir dos noventa minutos após o início de sua realização,
contudo não poderá levar consigo o Caderno de Provas, somente sendo permitida essa conduta no decurso dos últimos
trinta minutos anteriores ao horário previsto para o seu término.
11. Os três últimos candidatos de cada sala somente poderão sair juntos. Caso o candidato insista em sair do local de
aplicação da prova, deverá assinar um termo desistindo do Concurso Público e, caso se negue, deverá ser lavrado o
Termo de Ocorrência, testemunhado pelos dois outros candidatos, pelo fiscal da sala e pelo coordenador da unidade.

RESULTADOS E RECURSOS

- Os gabaritos oficiais preliminares das provas objetivas serão divulgados na Internet, no site www.consulplan.net, a partir
das 16h00min do dia subsequente ao da realização das provas.
- Os recursos deverão ser apresentados, conforme determinado no item 8 do Edital de Concurso Público nº 001/2011,
sendo observados os seguintes aspectos:
a) O candidato que desejar interpor recursos contra os gabaritos oficiais preliminares das provas objetivas disporá de dois
dias úteis, a partir do dia subsequente ao da divulgação, em requerimento próprio disponibilizado no link correlato ao
Concurso Público no site www.consulplan.net.
b) A interposição de recursos poderá ser feita somente via Internet, através do Sistema Eletrônico de Interposição de
Recursos, acessível ao candidato com o fornecimento de dados referentes à sua inscrição, apenas no prazo recursal, à
Consulplan, conforme disposições contidas no site www.consulplan.net, no link correspondente ao Concurso Público.

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