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Legislação

educacional
brasileira
Karina Gomes Rodrigues

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

>> Reconhecer a hierarquia da legislação educacional brasileira.


>> Visualizar o processo e as divisões da legislação educacional brasileira.
>> Identificar a educação nas constituições brasileiras.

Introdução
Neste capítulo, você vai estudar a legislação educacional brasileira, com desta-
que para os significados e as hierarquias. Na primeira seção, serão abordados
os Conselhos de Educação (a nível nacional, estadual e municipal). Na segunda,
o regime de colaboração entre União, Estado e Município para a elaboração da
legislação. Por fim, na terceira seção, você vai ver como a educação é abordada
nas constituições brasileiras, a partir de um resgate histórico.

Legislação educacional brasileira:


hierarquia
A princípio, é importante entender o que é a legislação de um Estado de-
mocrático. Uma legislação é proveniente de um processo legislativo que
compreende a elaboração, a análise e a votação de vários tipos de propostas,
decisões e interesses políticos, sociais e econômicos, definidos pelo poder
2 Legislação educacional brasileira

legislativo. Em resumo, a legislação é um conjunto de leis e normas legais


dadas a um povo.
Quando discutimos a legislação educacional, abordamos todas as leis que
objetivam organizar as políticas públicas educacionais tanto nas questões
pedagógicas quanto nas administrativas. Isso abrange desde a regulamen-
tação do direito à educação escolar em seus níveis e modalidades até a sua
articulação com as demais instâncias da sociedade.
De acordo com Pinto e Pizzirani (2017, p. 10), a legislação educacional pode
ser de natureza reguladora ou regulamentadora.

É reguladora quando é descritiva e se refere a leis, sejam federais, estaduais ou


municipais, ou seja, as normas que regulam o sistema nacional de educação. A
legislação é regulamentadora quando é prescritiva, ou seja, está voltada à práxis da
educação. Podemos citar, como exemplo, os decretos, as diretrizes e as resoluções
que prescrevem como serão executadas as regras jurídicas ou disposições legais
contidas no processo de regulação da educação nacional.

A Figura 1 mostra a hierarquia das leis nacionais adotada no processo


democrático brasileiro.

Constituição Federal
Emenda à Constituição
Lei Complementar
Lei Ordinária ou Código ou Consolidação
Lei Delegada
Decreto Legislativo
Resolução
Decreto
Instrução Normativa
Instrução Administrativa
Ato Normativo
Ato Administrativo
Portaria
Aviso

Figura 1. Pirâmide da hierarquia da legislação brasileira em um processo democrático de


elaboração legislativa.
Fonte: Adaptada de Pinto e Pizzirani (2017).
Legislação educacional brasileira 3

Considerando essa hierarquia, a Constituição Federal de 1988 (BRASIL,


[2016]) e as Emendas Constitucionais encontram-se no topo, sendo as prin-
cipais fontes de inspiração para as demais normas gerais que organizam o
sistema educacional, compreendido em seus três níveis: União, estados e
municípios.
A Constituição Federal de 1988 (BRASIL, [2016]), Seção I do Capítulo III,
estabelece os pontos fundamentais da educação e orienta a organização
dos sistemas de ensino. Além disso, define os deveres do Estado, estabelece
que a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios organizarão em
regime de colaboração seus sistemas de ensino, trata dos recursos públicos
destinados à educação e deixa claro seus objetivos, que, de acordo com
art. 205, são “[...] o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, [2016],
documento on-line).
De 1988 até hoje, houve várias Emendas Constitucionais. Pinto e Pizzirani
(2017, p. 12) explicam que “[...] a Emenda Constitucional acontece devido a
necessidades posteriores de regulamentação e que não foram contempladas
no texto da versão original”. As autoras ainda destacam que: “Em hierarquia
similar à da Constituição, porém, em jurisdição própria, encontram-se as
Constituições Estaduais e as Leis Orgânicas dos Municípios (as Leis Orgânicas
funcionam à semelhança de uma Constituição para o Município)” (PINTO;
PIZZIRANI, 2017, p. 12).
Logo abaixo na hierarquia, há as leis complementares que derivam da
Constituição Federal de 1988 (BRASIL, [2016]), como a Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional (LDBEN), Lei nº 9.394 (BRASIL, 1996), aprovada pelo
Congresso Nacional e sancionada pelo presidente em 20 de dezembro de
1996. Segundo Pinto e Pizzirani (2017, p. 13), essa legislação que deriva da
Constituição Federal “[...] é chamada de Lei Complementar, pois complementa
as normas institucionais. A Lei Complementar foi introduzida na hierarquia
da legislação brasileira após a Constituição de 1967 e tem sido usada com
maior frequência após a Constituição Federal de 1988”. Acredita-se que isso
acontece em decorrência da redemocratização do Estado e das demandas
contemporâneas da sociedade. Mais abaixo na hierarquia, há os decretos,
as resoluções e os pareceres, que definem a estrutura legal da educação
brasileira.
A LDBEN prevê a existência de órgãos normativos dos diferentes sistemas
de ensino. Na esfera Federal, a União é responsável pelo Conselho Nacional
de Educação (CNE), criado pela Lei nº 9.131/1995 e vinculado ao Ministério
da Educação (MEC). Na esfera Estadual, existem os Conselhos Estaduais
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de Educação. Nos municípios, é facultativa a organização dos Conselhos


Municipais de Educação.
O atual CNE, órgão colegiado de responsabilidade administrativa do MEC,
foi sancionado pela Lei nº 9.131 (BRASIL, 1995), de 25 de novembro de 1995,
com o propósito de colaborar na criação da Política Nacional de Educação.
De acordo com o art. 7º da respectiva lei, “[...] possui atribuições normativas,
deliberativas e de assessoramento ao Ministro de Estado da Educação e do
Desporto” dentro do assunto ou matéria de sua competência (BRASIL, 1995,
documento on-line). Souza e Menezes (2017) destacam que a função norma-
tiva do CNE se dá por meio de pareceres e resoluções. Por isso, ele deve ter
provisão legal e sua intencionalidade é a de executar o ordenamento jurídico
que lhe dá fundamento.
A LDBEN, em seu art. 9, regulamenta que, “[...] na estrutura educacional,
haverá um Conselho Nacional de Educação, com funções normativas e de
supervisão e [de] atividade permanente, criado por lei” (BRASIL, 1996, docu-
mento on-line). O art. 10 determina que os estados devem se incumbir de:

I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus


sistemas de ensino;
II - definir, com os Municípios, formas de colaboração na oferta do ensino fundamen-
tal, as quais devem assegurar a distribuição proporcional das responsabilidades,
de acordo com a população a ser atendida e os recursos financeiros disponíveis
em cada uma dessas esferas do Poder Público;
III - elaborar e executar políticas e planos educacionais, em consonância com as
diretrizes e planos nacionais de educação, integrando e coordenando as suas ações
e as dos seus Municípios (BRASIL, 1996, documento on-line).

Indicando que devem trabalhar no âmbito do regime de cooperação recí-


proca, o exercício da função normativa é prerrogativa desses entes federativos
no que tange às suas atribuições referentes à educação escolar.
O Art. 11 da Lei nº 9.394/96 determina que aos municípios cabe “[...] or-
ganizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus
sistemas de ensino, integrando-os às políticas e planos educacionais da
União e dos Estados” (BRASIL, 1996, documento on-line). O artigo também
reforça a prerrogativa da colaboração entre os entes federados e destaca
que: “Os Municípios poderão optar, ainda, por se integrar ao sistema estadual
de ensino ou compor com ele um sistema único de educação básica” (BRASIL,
1996, documento on-line).
Mais abaixo na hierarquia, há um conjunto de leis complementares e
ordinárias que, muitas vezes, se sobrepõem ou se anulam. São também leis
ordinárias as medidas provisórias do governo para casos urgentes e relevan-
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tes, os Decretos Legislativos e as Resoluções e Decretos Administrativos. As


resoluções dão origem a uma série de documentos legais de explicitação e
execução. Como exemplo, é possível citar a Resolução CNE/CP nº 1 de 2006
(BRASIL, 2006), que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso
de pedagogia. Por fim, na hierarquia, temos as instruções normativas, as
instruções administrativas, os atos e as portarias, que permitem a execução
das leis.
O Quadro 1 mostra as diferenças entre diretriz, decreto, resolução e parecer
de acordo com a estrutura legal da educação brasileira.

Quadro 1. Diferenças entre as Leis Complementares na estrutura legal da


educação brasileira

Leis Complementares Definição

Diretriz Tem como intuito indicar a direção a ser


seguida para colocar em prática os preceitos
legais. As diretrizes têm a incumbência de
sistematizar os princípios legais e transformá-
los em orientações para assegurar a formação
básica comum em território nacional. As
diretrizes podem ser organizadas em forma de
decretos federais ou estaduais.

Decreto São ordens emanadas pelo poder executivo,


ou seja, presidência, governo de estado e
prefeituras. Os decretos ordenam ações que
levem a cabo os preceitos legais. Exemplo: as
diretrizes e bases da educação nacional de 2013
foram decretadas pela presidente do Brasil.

Resolução Ato do poder administrativo, emanado pela


autoridade superior, com o objetivo de
normatizar um assunto de sua competência
específica. Uma resolução não pode causar
efeitos externos. Por exemplo, um secretário de
educação municipal pode baixar uma resolução
que defina procedimentos para matrículas nas
escolas daquele município. Tal resolução não
poderá ter efeito em outros municípios.

Parecer Ato enunciativo pelo qual um órgão emite


um encaminhamento fundamentado sobre
uma matéria de sua competência. Quando
homologado por autoridade competente da
administração pública, ganha força vinculante.

Fonte: Adaptado de Pinto e Pizzirani (2017).


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Na hierarquia da legislação educacional, existem também as instru-


ções normativas, os atos e as portarias para permitir a execução das
leis. Eles fazem sempre o detalhamento de como executar, cobrar e dispensar
serviços, verificar aplicação legal ou executar obrigações paralelas.

Processo e divisões da legislação


educacional brasileira
O sistema educacional brasileiro segue os princípios da Constituição Federal
(BRASIL, [2016]) e está organizado a partir da LDBEN, sendo dividido em federal,
estadual e distrital e municipal. A partir da reflexão sobre a legislação e a
cidadania na educação escolar, é importante compreender a hierarquia exis-
tente na estrutura educacional. Aos profissionais da educação, é importante
entender que os órgãos federais (MEC e CNE) são as instâncias da União que,
acima das demais, executam os programas e definem as diretrizes para a
educação, que serão desenvolvidas em todo o Brasil.
Nessa concepção, Pacheco e Cerqueira (2013, p. 25) destacam que:

Na estrutura da República Federativa, em que estados e municípios são entes


autônomos, estão as Secretarias Estaduais e Municipais de Educação e os Conse-
lhos Estaduais de Educação, instâncias de poder nas quais são tomadas decisões
que orientam a organização e a ação educativa nos estados bem como se fixam
as diretrizes para os sistemas estaduais de ensino, sem, com isso, contrariar as
deliberações das instâncias federais.

Em relação às políticas públicas educacionais, ao processo e às divisões


da legislação educacional, é importante saber que, embora possa haver casos
específicos em que os municípios legislam sobre os aspectos educacionais,
todos os entes federativos devem atender à Constituição Federal e à LDBEN.
Existe uma hierarquia nas leis que regulam a educação, bem como nos res-
pectivos órgãos responsáveis por essas leis em cada esfera administrativa. Ou
seja, um estado ou município, ao criar uma resolução ou lei, deve elaborá-la
em consonância com as instâncias superiores que a antecederam (Figura 2).
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CF

LDBN
União
Programa de polícas do
Ministério da educação
Resoluções do Conselho Nacional de
Educação
Resoluções das Secretarias Estaduais de
Educação
Estado
Resoluções e pareceres dos Conselhos Estaduais de
Educação

Resoluções e pareceres das Secretarias Municipais de Educação Município


Resoluções, pareceres e normas dos Conselhos Municipais de Educação

Figura 2. Pirâmide da hierarquia da legislação da educação brasileira.

De acordo com o art. 211 da Constituição Federal de 1988 (BRASIL, [2016]),


os municípios atuam prioritariamente no ensino fundamental e na educação
infantil, sob a gestão das Secretarias Municipais de Educação, obedecendo às
normas do respectivo Conselho Municipal de Educação, quando implantado o
sistema municipal de ensino. Quando o município, respeitando a LDBEN, optar
por não constituir um sistema de ensino autônomo, este, além de seguir as
determinações federais, integrará e se submeterá às normas do respectivo
sistema estadual, sem renunciar ao atendimento específico das demandas
decorrentes das peculiaridades locais.
Nesse sentido, Pacheco e Cerqueira (2013, p. 26) afirmam que:

[...] a legislação da educação caracteriza-se como conjunto de normas — artigos


da Constituição, leis, decretos, resoluções, pareceres, portarias, instruções e atos
— que dá forma e regulamenta a estrutura e o funcionamento da educação, com
amplitude maior ou menor.

Contudo, Saviani (2008, documento on-line) destaca a subordinação entre


as leis no sistema educacional:

Ora, a própria Constituição, ao prescrever no artigo 22, inciso XXIV, que compete
privativamente à União legislar sobre diretrizes e bases da educação nacional; que
compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre
educação, cultura, ensino e desporto (artigo 24, inciso IX); e que é competência
comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios proporcionar os
meios de acesso à cultura, à educação e à ciência (artigo 23, inciso V), não estendeu
aos municípios a competência para legislar em matéria de educação. Portanto,
8 Legislação educacional brasileira

não tendo autonomia para baixar normas próprias sobre educação ou ensino, os
municípios estariam constitucionalmente impedidos de instituir sistemas próprios,
isto é, municipais, de educação ou de ensino. Não obstante, o texto constitucional
deixa margem, no artigo 211, para que se possa falar em sistemas de ensino dos
municípios quando estabelece que "a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios organizarão, em regime de colaboração, os seus sistemas de ensino".

Isso objetiva o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito


nacional sobre algumas matérias, entre elas as educacionais. Ou seja, sobre
a educação, as três instâncias da federação poderão definir leis, desde que
a deliberação da de menor poder não implique em descumprimento do es-
tabelecido pelas esferas superiores a ela.
Pacheco e Cerqueira (2013, p. 26) ressaltam a importância de conhecermos
a legislação educacional e de exercermos de modo democrático o nosso papel
de cidadão de direitos:

Conhecer a legislação educacional torna-se fator relevante ao exercício da cidada-


nia, uma vez que é nela que estão, não apenas definidos, mas também limitados
tanto nossos direitos quanto nossos deveres. O que nos permite conhecer nossos
limites, os limites das autoridades de nosso município e estado, bem como a
quais instâncias cabe cada responsabilidade, o que eleva nossa capacidade de
reivindicação e de proposição de sugestões.

Nessa mesma perspectiva, Pinto e Pizzirani (2017) comentam sobre a ne-


cessidade e importância do profissional da educação de conhecer a legislação
educacional. As autoras ainda trazem um exemplo prático:

Um coordenador pedagógico para proporcionar aos docentes, alunos e comunidade


o repensar contínuo do projeto educativo e do processo de ensino e aprendizagem
na escola em que atua necessita de uma compreensão maior da educação, certo?
Ou seja, precisa compreender, entre outras, a LDB e suas intenções, as políticas
educacionais em vigência e as orientações para a educação, a fim de promover
reflexões, mudanças, orientações no contexto escolar, contribuindo para uma
educação de qualidade e emancipadora (PINTO; PIZZIRANI, 2017, p. 16).

É muito importante que o profissional da educação conheça a legislação,


pois só assim entenderá a ação e as responsabilidades do Estado na organi-
zação do sistema educacional. Além disso, conhecerá seus direitos e deveres
assegurados por lei.
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Toda legislação citada neste capítulo para o nível federal serve


igualmente para os níveis estadual e municipal. Cada estado tem uma
constituição e um conjunto de leis estaduais próprios, e ambos devem sempre
estar de acordo com a esfera federal. Da mesma forma, nos municípios, as leis
orgânicas e as demais leis devem estar de acordo com as leis estadual e federais.
Os estados e municípios, com base na Constituição Federal, definem leis para
solucionar seus problemas de educação. Como cada estado e município vive
situações específicas, as leis definidas por eles vão solucionar essas questões
pontuais. O profissional da educação precisa conhecer a legislação educacional
tanto em relação à carta magna quanto em relação às constituintes estaduais e
municipais. Assim, será capaz de desenvolver seu trabalho de modo consciente,
contribuindo para a qualidade da educação.

Planos de Educação
Os Planos de Educação são considerados os principais instrumentos da política
pública educacional. Eles têm força de lei e estabelecem metas para garantir
que o direito à educação de qualidade seja prioridade para o município, estado
ou país no período de dez anos. Esses documentos abordam as diretrizes para
o atendimento educacional em um território, envolvendo redes municipais,
estaduais, federais e instituições privadas que atuam em diferentes níveis e
modalidades da educação: das creches até as universidades.
O Plano Nacional de Educação (PNE) é um instrumento da política educa-
cional, uma lei ordinária prevista na Constituição Federal de 1988 (BRASIL,
[2016]). De duração decenal, o PNE tem por finalidade “[...] articular o sistema
nacional de educação em regime de colaboração e definir diretrizes, objetivos,
metas e estratégias de implementação para assegurar a manutenção e o
desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades”
(BRASIL, [2016], documento on-line). Ele faz isso a partir de ações integradas
com outros poderes públicos de diversas esferas federativas. O PNE tem
como objetivos:

I - erradicação do analfabetismo;
II - universalização do atendimento escolar;
III - melhoria da qualidade do ensino;
IV - formação para o trabalho;
V - promoção humanística, científica e tecnológica do País;
VI - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação
como proporção do Produto Interno Bruto (BRASIL, [2016], documento on-line).
10 Legislação educacional brasileira

Assim, o PNE, Lei nº 13.005/2014 (BRASIL, 2014), passa a ser uma política
do Estado brasileiro, tornando-se obrigatório. A partir de sua vigência, os
estados, o Distrito Federal e os municípios devem tomá-lo como base para
o desenvolvimento de seus planos educacionais.
O PNE, a cada cinco anos, é avaliado pela Secretaria da Educação Básica
(SEB), que formula políticas públicas para a educação do Brasil e estimula
os estados e municípios a criarem seus planos correspondentes de acordo
com a própria lei. Todas as ações e os programas da SEB visam ao alcance
das metas do PNE.
Em relação ao Plano Estadual de Educação (PEE), Souza e Menezes (2017, p.
3) destacam que eles são considerados importantes instrumentos de gestão,

[...] cuja particularidade implica, de um lado, integrar objetivos e metas do plano


nacional, traduzindo-os, portanto, para a realidade territorial do estado e, de outro,
prever a sua articulação às demandas municipais, a fim de que essas localidades
possam adequar o planejamento nacional às suas particularidades.

As políticas e os planos estaduais, além de consoantes ao PNE, devem


visar não apenas à integração e à coordenação de suas ações, mas também
às relativas ao âmbito municipal, embora não haja obrigatoriedade de os
municípios elaborarem o seu Plano Municipal de Educação (PME). É importante
considerar que os “[...] PEEs devem fornecer elementos que subsidiem, de
modo integrado e articulado, a elaboração de PMEs (Brasil, 2001, Capítulo
VI)” (SOUZA; ALCÂNTARA, 2017, p. 716).
Monlevade (2002, p. 58) aponta que os PEEs têm função estratégica na
implantação efetiva do PNE, já que suas metas somente serão atingidas se
“[...] os Planos Estaduais as compatibilizarem pela média de seus Municípios”.
Por isso, é muito importante o envolvimento dessas localidades na elaboração
do PEE. Caso contrário, cada município se responsabiliza “[...] por alcançar ou
ultrapassar as metas nacionais” (MONLEVADE, 2002, p. 58).
Dias (2018, documento on-line) ressalta que o PME é “[...] uma lei elaborada
com participação popular, discutido em audiências públicas, fóruns e confe-
rências municipais, apresentado pelo Poder Executivo ao Legislativo para sua
votação, aprovação e publicação”. O Poder Executivo do município recebe as
demandas da população quanto às necessidades no âmbito da educação e,
a partir dessas ideias e solicitações, a Câmara de Vereadores, em seu Poder
Legislativo, regulamenta e elabora as leis do campo educacional. Nesse caso,
a Câmara também é a responsável por zelar pelo seu cumprimento.
Vale destacar que, para que as metas dos Planos de Educação (PNE, PEE
e PME) se concretizem, é importante o apoio de vários órgãos e entes públi-
Legislação educacional brasileira 11

cos municipais, estaduais e federais. Dias (2018, documento on-line) alerta


que “[...] existe a necessidade do legislador e Poder Executivo planejar sua
execução, ao longo dos dez anos de sua vigência, levando-o em conta ao
elaborar as peças orçamentárias municipais, reservando orçamento próprio
para cumprimento e efetivação da Lei”.
Reconhecido como um importante instrumento da política educacional,
o PME diagnostica a realidade local educacional e prevê ações planejadas e
sistemáticas para atender a demandas identificadas, junto ao PNE e ao PEE
(SOUZA; MENEZES, 2017).
O MEC, em conjunto com o Conselho Nacional de Secretários de Educação
(Consed) e com a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação
(Undime), criou uma rede de suporte para orientar, acompanhar e assessorar
o trabalho de elaboração e aprovação dos PMEs em todo o Brasil. O MEC
destaca que:

A Constituição Federal, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e o novo


PNE, que agora é lei, estipulam que as metas nacionais, especialmente aquelas que
dizem respeito às etapas obrigatórias da educação nacional, são responsabilidades
conjuntas da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. Considerando
que as visões de políticas públicas e as soluções para os desafios educacionais
são as mais diversas e que os Planos Municipais de Educação a serem elaborados
ou adequados ao novo PNE e aos PEEs exigem compromisso e envolvimento de
todos — sociedade e governos [...] (BRASIL, 2014, p. 6).

Os Planos de Educação são importantes nas esferas nacional, estadual


e municipal. Eles são instrumentos de planejamento e desenvolvimento da
política educacional e devem respeitar à hierarquia da legislação educacional
vigente, bem como articular estratégias com os demais planos de médio e
longo prazo e com leis orçamentárias referentes ao nível governamental
em que estão vinculados. Esse engajamento serve para atingir as metas
no período previsto. Vale ressaltar que os municípios, além de respeitar a
Constituição Federal de 1988 (BRASIL, [2016]), a LDBEN, o PNE e as demais leis
nacionais, estaduais e municipais, devem estar vinculados aos planos locais
de médio e longo prazo, como o Plano Diretor e o Plano Plurianual (PPA),
cumprindo com o compromisso e envolvimento de todos os entes federados.
12 Legislação educacional brasileira

A LDBEN, em seu art. 24, estabelece que a carga horária mínima anual
será de 800 horas para o ensino fundamental e médio, distribuídas
por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar (BRASIL, 1996).
O estado ou o município deve organizar o seu sistema de ensino respeitando
essa diretriz. É possível ampliar a carga horária, mas jamais diminuí-la. Em São
Paulo, por exemplo, a carga horária dos anos iniciais do ensino fundamental é
de 1.000 horas, 200 a mais do que a lei prevê.

Educação nas constituições brasileiras


A Constituição Federal, lei suprema de um país, é o documento que reúne
as leis fundamentais de estruturação do Estado, a formação de poderes, as
formas de governo e os direitos e deveres dos cidadãos (TOLEDO, 2016). A
legislação como um todo deve estar subordinada e em consonância com a
Constituição. No Brasil, estamos na oitava constituição, que iniciou-se em 1988.
A legislação educacional brasileira evoluiu e, atualmente, assegura o
direito à educação como direito público subjetivo, respaldado pela Consti-
tuição Federal de 1988 (BRASIL, [2016]). Porém, a positivação de um direito
não significa sua imediata concretização e efetivação para os cidadãos. O
resgate histórico da evolução do direito à educação pela Constituição começa
nos tempos do Império. Veja a seguir.

Legislação educacional no Brasil Colônia


As práticas educativas no Brasil tiveram início a partir da chegada dos je-
suítas, que tinham como principal objetivo disseminar e preservar a cultura
portuguesa e religiosa (católica).
As primeiras regras normativas educacionais foram formuladas pelo
fundador da Companhia de Jesus, Inácio de Loyola. Houve a Constituição da
Companhia de Jesus (1547‒1551) e a Ratio Atque Institutio Studiorum Societatis
Iesu (1548‒1599). A Companhia de Jesus foi expulsa em 1759 e obrigada a
sair do Brasil em 1760, com a política pombalina (PINTO; PIZZIRANI, 2017). Na
perspectiva dos autores:

Um novo sistema educacional é implantado, pior que o anterior, devido às precárias


condições de trabalho dos professores, de um ensino fragmentado e da falta de
um currículo regular. Além disso, há continuidade na escolarização, baseada na
formação clássica, ornamental e “europeizante” dos jesuítas (PINTO; PIZZIRANI,
2017, p. 24).
Legislação educacional brasileira 13

A seguir, vamos abordar o Brasil Imperial.

Legislação educacional no Brasil Imperial


A partir da Declaração da Independência do Brasil, em 1822, novas preocupa-
ções surgiram para o Estado. A elite que dirigia o País tinha como prioridade
o enfrentamento a lutas armadas, tanto internas quanto externas, atreladas
à consolidação do Estado nacional. Assim, a educação foi deixada de lado.
D. Pedro I reservou apenas dois incisos do art. 179 da Carta Constitucional
de 1824 para tratar a educação (PINTO; PIZZIRANI, 2017). Ele limitou-se à
gratuidade da instrução primária a todos os cidadãos. Pinto e Pizzirani (2017,
p. 25) destacam que, em 1827, “[...] em forma de lei, a criação de escolas de
primeiras letras passa a ser orientada em todas as cidades, vilas e lugares
populosos do Império”. Isso, na prática, não se efetivou.

Legislação educacional na República


A República, inaugurada em 1889, foi consolidada pela Constituição, que tinha
o objetivo de organizar um regime livre e democrático. Para a educação, a
Constituição Republicana de 1891 trouxe uma abordagem indireta. Segundo
Bulhões (2009, p. 181), na leitura do art. 72, parágrafo § 6º, nota-se “[...] o
princípio da liberdade e da laicidade do ensino ministrado nos estabeleci-
mentos públicos”: a separação do Estado e da Igreja, “[...] limitando, assim,
os poderes de ingerência de um sobre o outro” (BULHÕES, 2009, p. 181). A
Constituição também definiu que cada estado organizaria sua educação,
mantendo como base um regime democrático e com ensino público e leigo.
Vale destacar o art. 35, que incumbe, ao Congresso, mas não apenas a ele
(BRASIL, 1891, documento on-line):

„„ animar no País o desenvolvimento das letras, artes e ciências, bem


como a imigração, a agricultura, a indústria e o comércio, sem privilégios
que tolham a ação dos governos locais;
„„ criar instituições de ensino superior e secundário nos estados;
„„ prover a instrução secundária no Distrito Federal.

No entanto, a organização de dois sistemas escolares permanece. A dua-


lidade do ensino, com origem no Brasil Colônia, foi ganhando força.
14 Legislação educacional brasileira

Legislação educacional do Estado Novo ao Golpe


Militar
Na década de 1920, o movimento educacional conhecido como Escola Nova
ganhou força no Brasil, propondo mudanças à educação. Em 1932, foi publicado
o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova: a reconstrução educacional
no Brasil. O período de 1930 a 1945 é chamado de Era Vargas. O governo de
Getúlio Vargas apresentou características nacionalistas, de autoritarismo
e incentivo por parte do Estado ao desenvolvimento industrial e populista.
Nesse período, foram promulgadas duas Constituições: a de 1934 e a de 1937
(PACHECO; CERQUEIRA, 2013).
A Constituição de 1934 assumiu como responsabilidade elaborar o PNE.
“Segundo Fávero (2005, p. 13), [no] texto constitucional de 1934 [...] o direito à
educação aparece disposto, de forma explícita, no art. 149, que compreende
as disposições acerca da família, da educação e da cultura” (BULHÕES, 2009,
p. 181). Vale destacar que o direito à educação passa a ser dividido entre o
Estado e a família, ou seja, a família tem a obrigatoriedade de enviar e manter
os filhos nas escolas, enquanto os poderes públicos têm de assegurar a gra-
tuidade do ensino. Considerando o contexto de desenvolvimento industrial
do país, aproveitou-se para estabelecer a gratuidade do ensino primário fora
dos centros escolares. Tornou-se dever das empresas industriais ou agrícolas
com mais de cinquenta trabalhadores oferecer educação aos funcionários
e a seus filhos.
A Constituição de 1937 foi a segunda Carta brasileira outorgada. Nesse
caso, foi pelo Estado Novo, “[...] que teve por objetivo ‘assegurar à Nação a
sua unidade, o respeito à sua honra e à sua independência’” (BULHÕES, 2009,
p. 182). Essa Constituição significou um retrocesso considerável em relação à
Constituição anterior, especialmente em relação à educação, atribuindo-se
à família a responsabilidade primeira pela educação integral da prole. Ao
Estado, havia “[...] o dever de colaborar para a execução dessa responsabi-
lidade. [...] O art. 130 define o ensino primário como obrigatório e gratuito,
mas a ênfase do texto [está no Estado subsidiar o] provimento da educação
àqueles a quem faltarem recursos” (BULHÕES, 2009, p. 182).

O período neoliberal de 1946


Com a Constituição Federal de 1946, o Estado perde a primazia, enquanto a
sociedade a ganha. A liberdade objetivava maior participação popular na vida
Legislação educacional brasileira 15

social e econômica. Na Constituição de 1946, a educação se torna um direito


público subjetivo, sendo dever do Estado e da família.
“Os incisos I e II do art. 168 definem a obrigatoriedade e a gratuidade [do]
ensino primário oficial” (BULHÕES, 2009, p. 182). No entanto, dispõem sobre o
Estado subsidiar o “[...] provimento do ensino oficial posterior para aqueles
que provarem a falta ou insuficiência de recursos” (BULHÕES, 2009, p. 183).
Vale lembrar que é a partir da Constituição neoliberal de 1946 que surge o:

[...] ciclo das leis de diretrizes e bases, sendo a Lei nº 4.024/61 [...] a primeira lei geral
de educação. Essa Lei previa o Plano Nacional de Educação (PNE), [...] elaborado
em 1962, revisto em 1965 e complementado pelo Conselho Federal de Educação
(CFE) em 1966. O PNE visava a instrumentalizar os dois princípios fundamentais
da LDBEN, ou seja, o direito de todos à educação e a igualdade de oportunidades
(BULHÕES, 2009, p. 183).

Ditadura Militar
A Constituição de 1967, de inspiração militar, limitou o poder da sociedade
civil. Ela foi decretada e promulgada pelo Congresso Nacional. “O direito à
educação encontra-se previsto no art. 168, [que dispõe] da família, da edu-
cação e da cultura” (BULHÕES, 2009, p. 183). Ainda segundo Bulhões (2009, p.
183), “O texto constitucional mantém alguns princípios gerais da educação,
como o direito de todos, a liberdade de ensino, a igualdade de oportunidades
e a limitação da gratuidade, mas inaugura o regime de bolsas de estudos
restituíveis, no ensino superior”.

A Emenda Constitucional nº 1 de 1969 [passa a ser a] nova Constituição [do País],


com características mais ditatoriais que sua antecessora. [...] No entanto, manteve
todos os dispositivos referentes à educação e reconheceu, pela primeira vez, [em
seu] (art. 176), que a educação é um direito de todos e dever do Estado, devendo
ser ministrada tanto no lar quanto na escola. As bolsas de estudos restituíveis se
estendem ao ensino médio (BULHÕES, 2009, p. 183-184).

Década de 1980: redemocratização do Brasil


Entre 1983 e 1984, o Brasil se organizou em torno de um dos maiores movi-
mentos de massa da história do País: o Diretas Já. Em 1985, terminou o período
ditatorial. A organização de diferentes movimentos sociais, que lutavam
pela redemocratização do Brasil e reivindicavam o retorno de um Estado
de direito, contribuiu para a elaboração de uma nova Constituição Federal,
16 Legislação educacional brasileira

promulgada em 5 de outubro de 1988 (BRASIL, [2016]), que estabeleceu o


Estado Democrático de Direito.
Chamada de Constituição Cidadã, ela mobilizou a sociedade brasileira e
ampliou o rol dos direitos sociais (dentro do qual se insere o direito à edu-
cação) e as atribuições do poder público. A declaração do direito à educação
encontra-se bem detalhada, com maior abrangência e precisão de redação,
e descreve os instrumentos jurídicos que garantam tal direito. O direito à
educação aparece na Carta Magna já no art. 6º, pela primeira vez como um
dos direitos sociais: “São direitos sociais a educação, a saúde, [...], o trabalho,
[...], o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à
infância, a assistência aos desamparados” (BRASIL, [2016], documento on-line).
Na Constituição Federal de 1988 (BRASIL, [2016]), foram dedicados à educa-
ção os artigos de 205 a 214 da seção I do capítulo III do título VIII, além do art.
nº 60 das disposições constitucionais transitórias. Nota-se que a educação
é considerada relevante pelo legislador e reconhecida como importante
mecanismo na promoção da justiça social, mobilidade social e diminuição
das desigualdades. O art. nº 205 dispõe que a educação é direito de todos e
um dever do Estado (BRASIL, [2016]). Sua promoção tem como finalidade o
desenvolvimento tanto da pessoa quanto da própria sociedade.
O ensino começa a ser especificado no art. nº 206, que expõe como seus
princípios norteadores (BRASIL, [2016], documento on-line):

„„ igualdade de condições para o acesso e permanência na Escola;


„„ gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
„„ garantia do direito à educação e à aprendizagem ao longo da vida.

O ensino superior é, pela primeira vez, posto como gratuito, no art. nº


207 (BRASIL, [2016]). Ele aponta que as universidades têm “[...] autonomia
didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial”
(BRASIL, [2016], documento on-line). Além disso, devem obedecer ao princípio
de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.
O detalhamento do direito à educação se dá no art. nº 208 (BRASIL, [2016],
documento on-line):

O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:


I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não
tiveram acesso na idade própria;
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;
III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, prefe-
rencialmente na rede regular de ensino;
Legislação educacional brasileira 17

IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade;


V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística,
segundo a capacidade de cada um;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;
VII - atendimento ao educando, no ensino fundamental, através de programas
suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência
à saúde.

Em 2009, a Emenda Constitucional nº 59 alterou a redação do inciso


I, que passou a vigorar da seguinte forma: “A educação básica obri-
gatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada
inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na
idade própria” (BRASIL, 2009, documento on-line).

O art. nº 211 dispõe sobre a organização dos sistemas de ensino (BRASIL,


[2016], documento on-line):

A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de


colaboração seus sistemas de ensino.
§ 2º – Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na edu-
cação infantil.
§ 3º – Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino funda-
mental e médio.

Os entes federados, em regime de colaboração, organizam as responsabi-


lidades pela oferta do ensino em todos os níveis e modalidades da educação.
A educação infantil é obrigatória e gratuita a partir dos 4 anos de idade, e a
LDBEN garante a vaga na escola pública de educação infantil mais próxima
de sua residência. O ensino médio é universalizado e gratuito.
Em comparação com as constituições anteriores, é evidente o avanço em
relação ao direito à educação. Também é possível perceber que, ao longo
do período analisado, o direito à educação recebeu diferentes tratamentos,
refletindo ideologias e valores da época. Para concluir, vale lembrar que não
basta garantir direitos. Além disso, é imprescindível protegê-los e efetivá-los.
Ainda há um longo caminho a trilhar em relação a isso. No entanto, o sistema
educacional brasileiro está adequadamente estruturado e respaldado na
legislação do País.
18 Legislação educacional brasileira

Em 1948, foi apresentado à Câmara Federal um projeto de reforma


geral da educação nacional, elaborado por três subcomissões: do
Ensino Primário, do Ensino Secundário e do Ensino Superior. Foi desse projeto
que nasceu a primeira LDBEN. Ela trouxe como novidade a maior liberdade das
escolas na elaboração de programas e no desenvolvimento de conteúdos de
ensino, além de proporcionar a criação de setores especializados nas esco-
las para coordenar suas atividades. A primeira LDBEN também apresentou a
equivalência entre os cursos propedêutico e profissionalizante, abrindo-se ao
Ensino Superior, e uma ênfase no ensino da ciência como superior à religião.

Referências
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