Você está na página 1de 127

Educação Física

Adaptada e Inclusiva
Professora Dra. Ana Luisa Barbosa Anversa
Professora Me. Bruna Solera
2021 by Editora Edufatecie
Copyright do Texto C 2021 Os autores
Copyright C Edição 2021 Editora Edufatecie
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correçao e confiabilidade são de responsabilidade
exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permi-
tidoo download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem
a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP

A637e Anversa, Ana Luísa Barbosa


Educação física adaptada e inclusiva / Ana Luísa Barbosa
Anversa, Bruna Solera. Paranavaí: EduFatecie, 2021.
121 p. : il. Color.

1. Educação física. 2. Educação física para pessoas com


Deficiência. I. Solera, Bruna. II. Centro Universitário UniFatecie.
III. Núcleo de Educação a Distância. IV. Título.

CDD : 23 ed. 796.07

Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577

UNIFATECIE Unidade 1
Reitor Rua Getúlio Vargas, 333
Prof. Ms. Gilmar de Oliveira Centro, Paranavaí, PR
Diretor de Ensino (44) 3045-9898
Prof. Ms. Daniel de Lima

Diretor Financeiro
Prof. Eduardo Luiz UNIFATECIE Unidade 2
Campano Santini
Rua Getúlio Vargas, 333
Diretor Administrativo Centro, Paranavaí, PR
Prof. Ms. Renato Valença Correia (44) 3045-9898

Secretário Acadêmico
Tiago Pereira da Silva

Coord. de Ensino, Pesquisa e UNIFATECIE Unidade 3


Extensão - CONPEX Rua Getúlio Vargas, 333
Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza Centro, Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
Coordenação Adjunta de Ensino
Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman
de Araújo

Coordenação Adjunta de Pesquisa UNIFATECIE Unidade 4


Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme Rua Getúlio Vargas, 333
Coordenação Adjunta de Extensão Centro, Paranavaí, PR
Prof. Esp. Heider Jeferson Gonçalves (44) 3045-9898

Coordenador NEAD - Núcleo de


Educação à Distância
Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal
www.unifatecie.edu.br/site
Web Designer
Thiago Azenha
As imagens utilizadas neste
Revisão Textual livro foram obtidas a partir
Kauê Berto do site Shutterstock.

Projeto Gráfico, Design e


Diagramação
André Dudatt
AUTORAS

Profa. Dra. Ana Luiza Barbosa Anversa

● Doutora em Educação Física pelo Programa de Pós-Graduação Associado


em Educação Física da Universidade Estadual de Maringá e da Universidade
Estadual de Londrina ( PEF-UEM/UEL);
● Mestre em Educação Física ( PEF-UEM/UEL);
● Especialista em Prescrição Personalizada de Exercícios Físicos- Personal
Training pela Universidade Estadual de Maringá (UEM);
● Especialista em Educação a Distância e Tecnologias Educacionais pela Univer-
sidade Cesumar (UNICESUMAR);
● Especialista em orientação, supervisão e gestão escolar pelo Centro Universitá-
rio Internacional Uninter (UNINTER);
● MBA em Gestão do conhecimento nas organizações pelo Centro Universitário
Metropolitano de Maringá (UNIFAMMA)
● Graduada em Educação Física (Universidade Estadual de Maringá);
● Graduada em Pedagogia (Centro Universitário Internacional Uninter);
● Vice- Coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Física
Escolar, Educação e Políticas Educacionais (GEEFE) (Universidade Estadual
de Maringá);
Experiência na área de Educação Física e Pedagogia, atuando principalmente nos
seguintes temas: princípios pedagógicos, estágio supervisionado, formação e intervenção
profissional, identidade profissional, planejamento e educação física para pessoas com
deficiência.

Link para acesso ao currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/7812424308966855


Prof. Me. Bruna Solera

● Doutoranda em Educação Física pelo Programa de Pós-Graduação Associado


em Educação Física da Universidade Estadual de Maringá e da Universidade
Estadual de Londrina (PEF- UEM/UEL);
● Mestre em Educação Física (PEF - UEM/UEL);
● Especialista em Tecnologias Aplicadas ao Ensino a Distância (Centro Universitário
Cidade Verde);
● Especialista em Educação Especial (Instituto Paranaense de Educação de
Maringá-PR);
● Especialista em Psicomotricidade no Contexto Escolar (Instituto Paranaense de
Educação, Maringá-PR);
● Graduada em Educação Física Bacharelado (Universidade Estadual de Maringá);
● Graduada em Educação Física Licenciatura (Universidade Estadual de Maringá);
● Integrante do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Física Escolar,
Educação e Políticas Educacionais (GEEFE) (Universidade Estadual de Maringá);
● Coordenadora do curso de Educação Física na modalidade de Educação à
Distância, no Centro Universitário Cidade Verde (UniFCV).

Experiência de atuação com a pessoa com deficiência e com o Esporte Paralímpico


por meio do Programa de Atividade Física Adaptada (PROAFA) e da arbitragem de Bocha
Paralímpica.

Link para acesso ao currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/4778060448341914


APRESENTAÇÃO DO MATERIAL

Olá estudante,

Seja bem vindo (a) a apostila de “Educação Física Adaptada e Inclusiva”!


Neste material iremos tratar de temas pertinentes a sua formação profissional no
que se refere a Educação Física Adaptada e Inclusão. Sua apostila está dividida em quatro
unidades. Vamos conhecê-las?
Na unidade I, intitulada de “Educação Física Adaptada e Inclusão”, você terá opor-
tunidade de adquirir conhecimentos acerca dos aspectos históricos da Educação Física
Adaptada, da pessoa com deficiência, assim como, entender o que é a deficiência. Vamos
contemplar em nosso conteúdo, os modelos de deficiência e as características das defi-
ciências física, visual, auditiva e intelectual.
Na unidade II, “Esportes Adaptados e Paralímpicos” vamos discutir a diferença
entre esportes adaptados e esportes paralímpicos. Você sabe o que diferencia tais nomen-
claturas? Além disso, você conhecerá os esportes paralímpicos de verão e de inverno.
Já na unidade III, chamada de “Educação Física Escolar Inclusiva”, teremos como
foco o debate da inclusão e seus aspectos legais no contexto escolar. Falaremos sobre
acessibilidade e traremos dicas de como incluir alunos com deficiência em suas aulas.
Por fim, na unidade IV “Educação Física e Populações Especiais”, estudaremos a
obesidade, gestantes e idosos de forma a caracterizá-los e a partir disso, verificarmos como
podemos atuar de forma a possibilitar a eles, uma intervenção profissional de qualidade,
seja no espaço escolar ou fora dele.
Esperamos que ao final dessa jornada do conhecimento você compreenda melhor
o universo da inclusão e da Educação Física para pessoas com deficiência, além de quais
ações podem ser desenvolvidas pelo profissional da área dentro e fora da escola. Deseja-
mos a você uma excelente caminhada pelas estradas do conhecimento!
SUMÁRIO

UNIDADE I....................................................................................................... 3
Educação Física Adaptada e Inclusão

UNIDADE II.................................................................................................... 36
Esportes Adaptados e Paralímpicos

UNIDADE III................................................................................................... 69
Educação Física Escolar e Inclusiva

UNIDADE IV................................................................................................. 100


Educação Física: Conhecendo Outras Condições
UNIDADE I
Educação Física Adaptada e Inclusão
Professora Dra. Ana Luiza Barbosa Anversa

Professora Ma. Bruna Solera

Plano de Estudo:
● Aspectos históricos da Educação Física Adaptada;
● Pessoa com deficiência: da exclusão à inclusão na sociedade e na escola;
● O que é deficiência: conceitos e características.

Objetivos da Aprendizagem:
● Contextualizar historicamente a Educação Física Adaptada e a deficiência;
● Compreender os modelos e os tipos de deficiência.

3
INTRODUÇÃO

Olá estudante,

Seja bem vindo(a) a primeira unidade da apostila de “Educação Física Adaptada e


Inclusão”!
A unidade I tem como objetivo apresentar conhecimentos que servirão como base
para as demais unidades, sendo essenciais para o entendimento da deficiência ao longo
da história e quais os desdobramentos que levaram à como a sociedade vê e se relaciona
com a pessoa com deficiência nos dias atuais.
Esta unidade está dividida em três tópicos. São eles: Tópico 1. “Aspectos históricos
da Educação Física Adaptada”. Tópico 2. “Pessoa com deficiência: da exclusão à inclusão
na sociedade e na escola” e Tópico 3. “O que é deficiência: conceitos e características”.
No primeiro momento vamos entender os aspectos históricos da Educação Física
Adaptada e quais ações e indicativos legais, médicos e pedagógicos levaram a esse campo
de atuação que conhecemos hoje, ou seja, vamos caminhar sobre as trilhas históricas do
esporte e seus indicativos para inclusão.
Na sequência conheceremos melhor o cotidiano das pessoas com deficiência,
refletindo em especial sobre os termos exclusão, segregação, integração e inclusão. Você
vai descobrir como as pessoas com algum tipo de “diferença” eram vistas no passado e
quais as barreiras e potencialidades as mesmas apresentam.
Por fim, no terceiro tópico você irá conhecer os tipos de deficiência. Você sabe
quais são os aspectos funcionais que acometem cada deficiência e quais os riscos e pos-
sibilidades de ações inerentes às deficiências física, visual, auditiva e intelectual? Vamos
conhecê-las!

Bons estudos!

UNIDADE I Educação Física Adaptada e Inclusão 4


1. ASPECTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA

A história da Educação Física Adaptada vem se consolidando nos últimos anos


com práticas direcionadas à inclusão, seja no âmbito esportivo, educacional, da saúde e
qualidade de vida.
No entanto, vale ressaltar que essas ações não são recentes, há relatos sobre a
utilização de exercícios físicos como o tratamento médico ou terapia desde os anos 3.000
a.C., mas à sistematização das propostas e adoção do termo Educação Física Adaptada
se deu apenas em 1950 por meio da American Association for Health Physical Education,
Recreation and Dance (AAHPERD).
O termo Educação Física Adaptada é o mais utilizado mundialmente, mas podemos
encontrar referenciais teóricos e materiais da área que adotam os termos Educação Física
Especial, Educação Física para pessoas com Deficiência, Educação Física Adaptada ou
ainda Atividades Motoras adaptadas. Mas afinal, porque surgiu a Educação Física Adaptada?
Os referenciais teóricos da área, indicam que à Educação Física Adaptada surgiu
como uma forma de abranger pessoas que não atendiam um padrão estético corporal so-
cialmente aceito, ou seja, que não apresentavam corpos bonitos, fortes e saudáveis para
prática esportiva competitiva, para os métodos ginásticos, incursões militares ou ações
laborais. De início as propositivas eram com o intuito de ocupar corpos vulneráveis ou des-
tituídos de contribuição social e econômica, reduzindo à instauração de doenças e gastos
com a saúde pública (FREITAS; CIDADE, 2010).

UNIDADE I Educação Física Adaptada e Inclusão 5


Com o passar do tempo, em especial após as grandes guerras mundiais, a pessoas
com deficiência começa a ser compreendida em suas individualidades e necessidades, fo-
mentando o olhar para práticas corporais como meio de fortalecimento físico e reintegração
social. Foi após a Segunda Guerra Mundial que a Educação Física Adaptada ganhou maior
visibilidade, sendo utilizada como exercícios terapêuticos em hospitais para recuperar a
força e função muscular perdidos nos tempos de convalescência. Essa prática incentivou a
criação de centros de reabilitação.
Foi em um desses centros de reabilitação, Centro Nacional de Lesionados Medu-
lares, incentivado pelo Dr. Ludwig Guttman que os jogos e esportes adaptados para ampu-
tados, paraplégicos ou outras deficiências se tornaram mais populares. Ele acreditava que
a Educação Física Adaptada era uma parte essencial no tratamento médico, considerando
tanto as mazelas de ordem física como psicológicas e de reintegração social. Foi por meio
de suas ações que ocorreu o Jogo de Stoke Mandeville, envolvendo 16 veteranos de guerra
em competição de arco e flecha.
Hoje em dia, de acordo com Winnick (2004) a Educação Física Adaptada se confi-
gura como um programa de práticas corporais elaborado para suprir as necessidades indi-
viduais das pessoas com deficiência ou alguma limitação, contemplando desde questões
motoras, físicas e esportivas até ações direcionadas à saúde e bem estar.
Frente ao exposto, nota-se que a princípio à Educação Física era uma prática
corporal direcionada apenas para corpos dentro de um “padrão” de normalidade, para o de-
senvolvimento de destrezas físicas, mas frente aos avanços científicos que desmistificam
as deficiências e com o quadro de militares lesionados devido às guerras, o pensar novas
possibilidades de práticas corporais voltadas para saúde, bem estar e integração social se
tornaram de suma importância, fomentando os indicativos da Educação Física adaptada
que temos hoje.

UNIDADE I Educação Física Adaptada e Inclusão 6


SAIBA MAIS

Você sabia que nos cursos de formação inicial em Educação Física questões sobre
a deficiência, suas características e possibilidades de intervenção só foram inseridas
no currículo na década de 1980, incentivados pelas propositivas do Ano Internacional
da Pessoa Deficiênte (1981), pressões políticas governamentais propostas pelas Or-
ganização das nações Unidas (ONU) e pela renovação crítica/pedagógica que à área
passou nesse período. Mas mesmo assim, o que se vê ainda são fragilidades sobre a
compreensão sobre a deficiência, estando a maioria das ações centradas apenas nos
conhecimentos e vivências dos esportes adaptados.

Fonte: Tendências do imaginário, 2014.

Fonte: As autoras.

UNIDADE I Educação Física Adaptada e Inclusão 7


2. PESSOA COM DEFICIÊNCIA: DA EXCLUSÃO A INCLUSÃO NA SOCIEDADE
E NA ESCOLA

O percurso histórico da pessoa com deficiência não foi fácil, assim como, ainda
não é. Mas após passar pela exclusão e diversos desafios, tais sujeitos chegam aos dias
atuais, dias estes marcados pela inclusão. Você conhece essa história? Vamos conhecê-la
ou relembrá-la.
Existem registros das pessoas com deficiência ao longo da história. Na Grécia Anti-
ga, em Esparta e Atenas, os recém nascidos que possuíam algum tipo de deficiência eram
abandonados em cavernas profundas ou a própria sorte (DIEHL, 2006), assim como em
Roma, na qual as pessoas “defeituosas” (como chamavam-nas na época) eram eliminadas.
Isso acontecia pois, não havia reconhecimento de qualquer humanidade nelas, devido a
presença de “defeitos” (ARANHA, 2001). As pessoas com deficiência passavam por um
momento de exclusão.
No decorrer da Idade Média, as pessoas com deficiência deixaram de ser extermina-
das, no entanto passaram a ser excluídas do contexto social (DIEHL,2006). Com isso, crianças,
jovens, adultos com deficiência passaram a ser isolados em porões, ilhas, vales, asilos, dentre
outros. Esse período passou a ser chamado de segregação (DIEHL, 2006; GAIO, 2006).
Então estudante, as pessoas com deficiência que antes eram eliminadas, agora
são isoladas do convívio social, veja a figura 1.

UNIDADE I Educação Física Adaptada e Inclusão 8


FIGURA 1. REPRESENTAÇÃO DA EXCLUSÃO E SEGREGAÇÃO

DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NA SOCIEDADE

Fonte: Governo do Paraná/UNIFESP, 2020.

Ao final da Idade Média, se tem o predomínio da razão e interesse pelo o homem


e pela natureza e então, começaram a surgir indícios de pesquisas sobre a deficiência
(DIEHL, 2006). Foi entre os séculos XVI e XVIII que médicos começaram a procurar cau-
sa da deficiência (KASSAR, 1999). Especificamente no século XVIII se tem as primeiras
instituições voltadas ao tratamento das deficiências (DIEHL, 2006), como exemplo temos o
Instituto Real, em Paris, a primeira escola para cegos.
Ainda no século XVII, XVIII e XIX, as pessoas com deficiência se apresentavam
em circos e em praças públicas. Tais sujeitos eram alvos de zombaria (FAVATO, 2018).
Observe a figura 2. Nela está Josephene Myrtle Corbin, conhecida como “a mulher de
quatro pernas”, ela era uma tração no circo, no “show de horrores” nos Estados Unidos. Ela
se apresentava como “aberração”.

UNIDADE I Educação Física Adaptada e Inclusão 9


FIGURA 2. JOSEPHENE MYRTLE CORBIN

Fonte: Mistérios do Mundo, [s.d].

Os estudos científicos foram se proliferando e atingiram seu auge no século XX


(DIEHL, 2006). Havia também um crescimento do interesse em “normalizar” as pessoas com
deficiência, por isso, há o surgimento de escolas e clínicas de reabilitação. Esperava-se que
tais pessoas se recuperassem para conviver em sociedade. A reabilitação seria uma forma
de integração ao mundo, visto ele, como “normal”. Com isso, tinha-se como objetivo, inserir a
pessoa com deficiência na sociedade sem transformações do ambiente social, esse processo
foi conhecido como Movimento de Integração (MARQUES; GUTIERREZ, 2014).
Durante esse movimento, as pessoas eram aceitas na sociedade, mas elas deve-
riam ser capazes de vencer e se adaptar ao ambiente social (CIDADE; FREITAS, 2002).
Veja a figura 3.

UNIDADE I Educação Física Adaptada e Inclusão 10


FIGURA 3. REPRESENTAÇÃO DA INTEGRAÇÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

Fonte: Governo do Paraná/UNIFESP, 2020.

Tal movimento não deu muito certo! Isso porque só a reabilitação não estava sendo
suficiente para ajudar as pessoas com deficiência a se “normalizarem” e conseguirem convi-
ver em sociedade, então, percebeu-se a necessidade de outra iniciativa, ou seja, viu-se que
a sociedade poderia ter papel essencial nesta questão. Sendo assim, chega-se à inclusão.
A inclusão é um movimento no qual o sujeito passa a fazer parte da sociedade.
Observe a figura 4.

FIGURA 4. REPRESENTAÇÃO DA INCLUSÃO

Fonte: Governo do Paraná/UNIFESP, 2020.

De acordo com Aranha (2001, p. 18) a inclusão é,


Processo de ajuste mútuo, onde cabe à pessoa com deficiência manifestar-
-se com relação a seus desejos e necessidades e à sociedade, a implemen-
tação dos ajustes e providências necessárias que a ela possibilitem o acesso
e a convivência no espaço comum, não segregado.

Neste momento, a sociedade passa a assumir responsabilidade na construção de


possibilidades para que as pessoas com deficiência possam conviver em melhores condi-
ções. A inclusão ela não substitui a integração, mas vem melhorá-la (SOLERA, 2018).
Até a chegada da inclusão, Leis e declarações foram sendo criadas e conquistadas
pelas pessoas com deficiência. Estas foram trilhando caminhos para chegarmos até a in-
clusão e também reafirmando-a na sociedade. Hoje temos a Lei mais atual que direcionada

UNIDADE I Educação Física Adaptada e Inclusão 11


a esses sujeitos, é a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (LEI Nº 13.146,
DE 6 DE JULHO DE 2015). Esta Lei tem como objetivo, conforme mencionado em seu Art.
1º “assegurar e promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liber-
dades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania”
(BRASIL, 2015).
Ademais, esta Lei afirma que assegurar os direitos das pessoas com deficiência é
dever do Estado, da sociedade e da família, veja a citação que segue:
Art. 8º É dever do Estado, da sociedade e da família assegurar à pessoa
com deficiência, com prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida,
à saúde, à sexualidade, à paternidade e à maternidade, à alimentação, à ha-
bitação, à educação, à profissionalização, ao trabalho, à previdência social,
à habilitação e à reabilitação, ao transporte, à acessibilidade, à cultura, ao
desporto, ao turismo, ao lazer, à informação, à comunicação, aos avanços
científicos e tecnológicos, à dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência
familiar e comunitária, entre outros decorrentes da Constituição Federal, da
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo
Facultativo e das leis e de outras normas que garantam seu bem-estar pes-
soal, social e econômico.

Neste documento, todos os direitos mencionados são esmiuçados. Visite-o na íntegra.

SAIBA MAIS

Você sabia que ao longo da história a pessoa com deficiência já foi chamada de mons-
tro, monstruosidade? Pois é. Com o passar do tempo, várias nomenclaturas foram uti-
lizadas para se referir a estes sujeitos, como deficiente, portador de deficiência. Mas o
termo mais adequado e atual para se referir a elas, é PESSOA COM DEFICIÊNCIA.

Fonte: As autoras.

UNIDADE I Educação Física Adaptada e Inclusão 12


3. O QUE É A DEFICIÊNCIA: CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS

Estudantes, o que é deficiência? Pare e reflita sobre este questionamento e em


seguida prossiga a leitura.
Sem dúvidas você já deve ter se deparado, em algum espaço, com alguma pessoa
com deficiência, não é mesmo? Pois é, nos dias atuais, esses sujeitos se fazem mais
presentes (atuantes) na sociedade, isso porque, como vimos nos tópicos anteriores, hoje a
sociedade oferece meios para que as pessoas com deficiência tenham condições de parti-
ciparem da vida social, presenciamos um momento de inclusão. Mesmo que a sociedade,
assim como o espaço escolar, não seja totalmente inclusivo, estamos buscando a cada dia
possibilitar maior equidade, e veja bem, já evoluímos!
O que vamos discutir em seguida, faz parte dessa bagagem em prol da inclusão,
pois o conhecimento desmistifica concepções e abre nossos olhos para novos caminhos.

3.1 Deficiência: modelo médico x social


Você já ouviu falar em modelos de deficiência? Pois é. Eles existem. Eles se referem
a formas de se entender a deficiência. São eles: Modelo Médico e Modelo Social.
No modelo médico, deficiência, de acordo com a Organização Mundial da Saúde
- Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF (2004, p. 49,

UNIDADE I Educação Física Adaptada e Inclusão 13


é definida como “problemas nas funções ou nas estruturas do corpo, tais como um desvio
importante ou uma perda”. Marques, Cidade e Lopes (2009, p. 119), trazem a deficiência
como “problemas nas funções ou nas estruturas do corpo como um desvio significativo
ou uma perda”. Tais conceitos associam a deficiência à dimensão biológica dos sujeitos.
Com isso, as alterações ou danos, significaram impedimento, que levaria a incapacidade
(FERREIRA; GUIMARÃES, 2003).
Incapacidade para Marques, Cidade e Lopes (2009, p. 119) “é uma desvantagem
individual, resultante do impedimento ou da deficiência, que limita ou impede o cumprimen-
to ou desempenho de um papel social”. A deficiência nesse olhar, é algo natural do corpo,
tendo por exemplo, como suporte para melhoria da qualidade de vida desses sujeitos, a
medicina, a reabilitação. Sendo apenas do sujeito a responsabilidade por não conseguir ir
e vir, por exemplo, de forma independente na sociedade.
Com o passar dos anos, esse modelo foi perdendo força e abrindo espaço para
outras formas de pensamento. Então, a este modelo médico, integrou-se um conceito cons-
truído a partir da área das humanidades, o modelo social. De acordo com este modelo, a
deficiência não está relacionada apenas ao corpo, e sim a restrição social (SOLERA, 2018).
Assim a deficiência teria sua causa associada a imposição social de barreiras que irão
impedir ou dificultar às pessoas com deficiência usufruírem seus direitos.
Estudante, conseguiu identificar a diferença entre os modelos? É importante ressal-
tar que eles se complementam. Então podemos afirmar que a deficiência está associada a
questões biológicas sim, mas ela só se torna uma desvantagem em uma sociedade cheia
de barreiras. Devemos então, contribuir para que possamos possibilitar a nossos alunos,
um ambiente, um espaço que possibilite a ele frequentar, conviver e se desenvolver de
forma autônoma, sem barreiras.
Para finalizar, trazemos a definição de pessoa com deficiência, segundo a Lei Bra-
sileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Esta é
a Lei mais atual relacionada à pessoa com deficiência, sendo assim ela é vista como,
Art. 2º [..] aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física,
mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais bar-
reiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igual-
dade de condições com as demais pessoas (BRASIL, 2015).

É possível observar nesta definição a tentativa de junção dos modelos que estamos
tratando neste subtópico, conseguiu identificar? Ao mesmo tempo em que se relaciona
a pessoa com deficiência ao um impedimento, ela afirma que este pode ser fortalecido
por meio da interação com barreiras, o que implica na dificuldade de participação plena e
efetiva na sociedade.

UNIDADE I Educação Física Adaptada e Inclusão 14


Estudante, definir a deficiência não é tarefa simples, assim como não se trata de
algo engessado, é algo biológico e social, que poderá refletir em nossa atuação. Então
temos a responsabilidade de entender do que trata este assunto e contribuir com a minimi-
zação de barreiras para uma inclusão efetiva.

3.2 Deficiência Física


De acordo com Marques, Cidade e Lopes (2009, p. 128) a deficiência física
“caracteriza-se por uma alteração da estrutura anatômica ou da função que interfere na
movimentação e/ou locomoção do indivíduo e lhe causa dificuldades de participar da vida
de forma independente”. Para Diehl (2006, p. 92), as pessoas com deficiência física são
aquelas que “apresentam algum tipo de comprometimento para a realização dos padrões
motores esperados”. Isso resulta na dificuldade em executar os padrões motores, o que
pode consequentemente pode comprometer ou não a realização de alguns movimentos
como: “caminhar, correr, saltar, manipular coordenadamente objetos e movimentos de
estabilização”.
As deficiências físicas podem ser de origem cerebral, medular, muscular ou ós-
seo-articular, o que afetará diferentes áreas motoras. Vamos conhecer então algumas
deficiências?

3.2.1 Origem Cerebral


As deficiências de origem cerebral, de acordo com Diehl (2006), têm sua causa
devido a lesões que acontecem no cérebro, afetando diferentes partes do corpo. Segundo
Diehl (2006) e Marques, Cidade e Lopes (2009) as deficiências podem causar:
● Monoplegia: quando um membro do corpo é afetado.
● Diplegia: quando afeta dois membros.
● Triplegia: quando afeta três membros.
● Quadriplegia: quando afeta quatro membros.
● Hemiplegia: comprometimento completo, apenas de um lado do corpo.
● Paraplegia: comprometimento de ambos os membros inferiores.

A paralisia cerebral é o tipo mais comum de deficiência de origem cerebral.

UNIDADE I Educação Física Adaptada e Inclusão 15


3.2.1.1 Paralisia Cerebral

FIGURA 05. CRIANÇA COM PARALISIA CEREBRAL

A Paralisia Cerebral (PC), para Diehl (2006, p. 94), “é uma lesão que afeta o Siste-
ma Nervoso Central (SNC) antes que seu desenvolvimento tenha se completado, causando
desordem motora e sensitiva na movimentação ampla e fina do corpo”. A PC pode ser
classificada de acordo com o tipo de alteração do controle de movimento. Veja a seguir.
Espástica: O tônus muscular está aumentado (HERNÁNDEZ et al., 2018). Há uma
desordem nos movimentos voluntários do sujeito, fazendo com que todo o corpo participe
de um movimento, que em pessoas sem a PC espástica, envolveria apenas uma parte do
corpo (DIEHL, 2006).
Atetóica: Neste tipo, o tônus muscular apresenta variações, podendo em momen-
tos estar em hipotonia e em outros em hipertonia. Essa mudança se dá conforme a atividade
e também provoca movimentos involuntários anormais (HERNÁNDEZ et al., 2018). Esse
movimento involuntário pode acontecer até mesmo em repouso (DIEHL, 2006).
Atáxica: O tônus muscular tende a estar diminuído com frequência. Há um distúrbio
motor que acarreta em problemas na postura e na coordenação motora, o que conse-
quentemente reflete em dificuldades no equilíbrio e na percepção tátil (DIEHL, 2006. As
crianças podem ter dificuldades em se manter em uma determinada posição (HERNÁNDEZ
et al., 2018).

UNIDADE I Educação Física Adaptada e Inclusão 16


De acordo com Hernández et al. (2018) a alteração cerebral tende a dar origem
a transtornos do movimento e do tônus muscular, como vimos nos tipos mencionados
anteriormente. Isso resulta na falta de coordenação e de equilíbrio muscular. Destacamos
ainda, que a gravidade da PC pode variar bastante. Podemos ter crianças com profundas
alterações da postura, com quase que ausência total de autonomia, assim como, podemos
ter apenas crianças com uma desordenação para movimentos finos. Pessoas podem ter a
necessidade de utilizar uma comunicação alternativa (Figura 6), enquanto outras podem se
comunicar verbalmente, como os demais sujeitos.

FIGURA 6. PASTA DE COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA

Fonte: Blog AEE 2013 Bruna.

A figura 6, mostra uma pasta de comunicação alternativa, ou seja, é um meio de


comunicação para a PC. Então as figuras e as páginas podem ser adicionadas conforme
necessidade do sujeito, que por sua vez, apontará a figura de acordo com o que ele deseja
ou necessita dizer.
Veja estudante, podemos nos deparar com crianças que apresentam comprome-
timento intelectual associado a PC, mas isso não é regra. A PC está ligada a dificuldades
motoras. Sendo assim, na maioria dos casos o intelecto está preservado, possibilitando a
essas pessoas, por exemplo, a participação em jogos complexos.
Devemos tomar cuidado ao depararmos com tais sujeitos, pois muitas das pes-
soas confundem as dificuldades motoras, com deficiência intelectual, e com essa falta de
conhecimento, agem de forma errônea, fortalecendo atitudes que andam na contramão da
inclusão. Fique atento!

UNIDADE I Educação Física Adaptada e Inclusão 17


SAIBA MAIS

“A incidência normal da PC é de cerca de 2% das crianças nascidas vivas, mas este


número varia segundo as séries estudadas, os critérios de seleção, o tempo e o tipo de
comunidade analizada”

(HERNÁNDEZ et al., 2018, p. 19).

3.2.2 Origem Muscular


As deficiências físicas neste tipo, tem sua origem associada a questão muscular,
há uma degeneração progressiva da musculatura. Sua origem é genética e esta ligada ao
sexo (DIEHL, 2006). O tipo mais comum é chamado de Distrofia Muscular de Duchenne.
Vamos conhecer?

3.2.2.1 Distrofia Muscular Progressiva de Duchenne


A Distrofia Muscular Progressiva de Duchenne é uma “doença neuromuscular trans-
mitida por herança recessiva ligada ao gênero: as mães são portadoras do gene responsá-
vel que desencadeia a enfermidade e esta afeta a 50% dos filhos homens” (HERNÁNDEZ,
et al., 2018, p. 24). Diehl (2006) afirma que é uma deficiência rara em meninas. Ela aparece
em torno dos 4 anos de idade e, segundo Diehl (2006) possui duas etapas bem definidas:
1. No primeiro momento há o aparecimento de um desequilíbrio da marcha que,
aos poucos, vai aumentando e evolui para um desvio na coluna que acaba por piorar a
postura, levando a criança ao uso de cadeira de rodas.
2. A partir dos 10 anos, aproximadamente, há um agravamento da degeneração e o
adolescente irá precisar ser auxiliado em todas as tarefas, atividades, isso porque tem uma
perda de força. De forma geral, pessoas com Distrofia Muscular Progressiva de Duchenne
vão a óbito em torno de 20 anos, por insuficiência respiratória (DIEHL, 2008).
Hernández et al. (2018, p.25) destacam que, na realização de atividade física, de-
ve-se levar em consideração estas características. Atividades na água não são ótima ideia,
pois as pessoas conseguirão se deslocar com maior facilidade. Ademais, é importante
ressaltar que a criança com Distrofia de Duchenne “não pode esgotar sua musculatura no
decorrer da prática física, embora esta seja uma terapia”.

UNIDADE I Educação Física Adaptada e Inclusão 18


3.2.3 Origem Ósseo-articular
As deficiências de origem ósseo-articular, são aquelas em que as lesões afetam
principalmente o tecido ósseo e/ou articular. Isso pode levar a sequelas no aparato motor
(DIEHL, 2006). Tais lesões podem ser originadas antes ou durante o nascimento da crian-
ça, que são as chamadas de malformações congênitas, ou podem ainda, ser adquiridas ao
longo da vida, como exemplo temos a amputação.

3.2.3.1 Malformações

A malformação pode acontecer durante a gestão ou no momento do nascimento.

Isso pode resultar na ausência de um membro completo ou ausência de alguma parte. Essa

ausência de membro ou de parte dele pode ser causada por toxicidade de medicamentos,

podemos mencionar como exemplo a talidomida (DIEHL, 2006).

FIGURA 8. MALFORMAÇÃO NA MÃO

Diehl (2006) aponta que há também outra forma de malformação congênita. Esta

diz respeito à rigidez articular, há a calcificação das articulações de forma com que o sujeito

pede a mobilidade dos locais atingidos.

UNIDADE I Educação Física Adaptada e Inclusão 19


3.2.3.2 Amputação
A amputação, de acordo com Hernández et al. (2018, p. 30) é “perda total ou
parcial de uma extremidade superior ou inferior”. Amputação é uma lesão adquirida,
em geral, tem como causa algum trauma que acaba afetando o sistema nervoso
periférico, causando sequelas graves, que por sua vez, se torna necessário a retirada
do membro um pouco acima da lesão (DIEHL, 2006).
O médico irá preservar a parte de cima do membro que foi amputado. Este restante
é chamado de coto. É o coto que permite a colocação da prótese (DIEHL, 2006). Tais
próteses substituem a extremidade perdida (HERNÁNDEZ, et al., 2018).

FIGURA 9. MEMBRO INFERIOR AMPUTADO

Estudante, é importante ressaltar que a amputação pode acontecer em qualquer


momento da vida. Suas causas podem ser:
Congênitas: quando acontece a falta de formação embrionária.
Traumáticas: por acidentes de trânsito ou de trabalho…
Vasculares: ocorre em pessoas que possuem diabetes ou arteriosclerose.
Tumorais: por tumores.

3.2.4 ORIGEM MEDULAR


As deficiências de origem medular são aquelas causadas por lesões na região
da coluna medular, com isso, afeta-se a sensibilidade, o controle motor ou os dois. Ela
pode ocorrer na coluna cervical (C1 a C7), torácica (T1 a T12), lombar (L1 a L5) ou sacral
(DIEHL, 2006). Veja a figura 6, que representa a coluna.

UNIDADE I Educação Física Adaptada e Inclusão 20


FIGURA 10. COLUNA VERTEBRAL

A deficiência de origem medular, podem ter suas lesões originadas da Espinha


Bífida, Traumatismos e outros.

3.2.4.1 Espinha Bífida


De acordo com Hernández et al. (2018, p. 16), a espinha bífida é “uma malforma-
ção congênita que consiste numa falha no fechamento do tubo neural durante o período
embrionário”. Quando a criança ainda está útero, não acontece o fechamento total da
coluna vertebral quando ela se forma, e com isso, algumas vértebras ficam abertas e parte
da medula espinhal fica para fora (HERNÁNDEZ et al., 2018). A criança que nasce com a
espinha bífida apresenta uma protuberância nas costas bem evidente. Hernández et al.
(2018) traz uma primeira classificação:

UNIDADE I Educação Física Adaptada e Inclusão 21


Espinha bífida oculta: aqui não há protuberância e nem manifestação externa de
algo. Este é o tipo mais leve e comum de espinha bífida (MARQUES; CIDADE; LOPES,
2009).

FIGURA 11. ESPINHA BÍFIDA OCULTA

Fonte: Tua Saúde, s/d. https://www.tuasaude.com/espinha-bifida-oculta/

Meningocele: há meninge e líquido cefalorraquidiano na protuberância, não células


nervosas. Para Marques, Cidade e Lopes (2009), essa forma de espinha bífida raramente
tem danos neurológicos.

FIGURA 12. MENINGOCELE

Fonte: Saúde News, 2020.https://www.amato.com.br/meningocele-mielomenigocele-espinha-bifida/

UNIDADE I Educação Física Adaptada e Inclusão 22


Mielomeningocele: malformação medular, acarretando em hérnia dorsal com célu-
las nervosas. Este é o tipo mais grave. A mielomeningocele acontece com mais frequência
nas vértebras lombares, o que limita a deficiência aos membros inferiores (MARQUES;
CIDADE; LOPES, 2009).

FIGURA 13. MIELOMENINGOCELE

Fonte: Blog Casa Adaptada, 2016.

https://casadaptada.com.br/2016/12/mielomeningocele-causas-sintomas-e-tratamentos/

3.2.4.2 Traumatismos medulares


A coluna é parte integrante do Sistema Nervoso Central, qualquer lesão que aconteça
nela, causará danos irreversíveis. Segundo Diehl (2006, p. 98), “conforme o trauma, o indiví-
duo pode perder parcial ou totalmente a sensibilidade do corpo e o controle dos movimentos
logo abaixo de onde ocorreu a lesão”. A altura da lesão na coluna está relacionada com a
consequência desta, ou seja, quanto mais alta a lesão maior o comprometimento. Veja a
seguir um quadro com a explicação acerca das lesões, classificações e consequências.

UNIDADE I Educação Física Adaptada e Inclusão 23


QUADRO 1. LESÕES, CLASSIFICAÇÕES E CONSEQUÊNCIAS

ALTURA DA LESÃO CLASSIFICAÇÃO CONSEQUÊNCIA


Acima da C4 Tetraplegia alta Perda da capacidade respi-
ratória, perda sensitiva e do
controle motor dos quatro
quatro membros e tronco.
Cervicais abaixo da C4 Tetraplegia Perda sensitiva e do controle
motor dos quatro membros e
tronco.
Torácicas Paraplegia alta Perda sensitiva e do controle
motor dos membros inferio-
res e tronco.
Lombares Paraplegia baixa Perda sensitiva e do con-
trole motor da musculatura
do quadril e dos membros
inferiores.
Sacrais e coccígeas Paralisia parcial Perda parcial da sensibili-
dade e do controle motor da
musculatura e dos membros
inferiores.
Fonte: Diehl, 2006, p.98.

REFLITA

Você sabia que a principal origem das deficiência físicas no Brasil advém de acidentes
de trânsito e de trabalho? Pois é. Essa informação é verdadeira.

Fonte: Hernádez et al., 2018.

UNIDADE I Educação Física Adaptada e Inclusão 24


3.3 Deficiência Visual

FIGURA 14. CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA VISUAL

Então estudante, você sabe o que é a deficiência visual e como devemos chamar
tais sujeitos? Vamos juntos descobrir.
A deficiência visual, é um termo que usamos para nos referirmos à perda visual que
não pode ser corrigida com lentes por prescrição regular (SILVA; VITAL; MELLO, 2012),
“se refere a uma limitação sensorial que anula a ou reduz a capacidade ver” (MARQUES;
CIDADE; LOPES, 2009).
A deficiência visual pode ser de origem congênita ou adquirida, ou seja, o sujeito
nasce com a deficiência ou a adquire ao longo da vida. Um exemplo para essa aquisição,
seria o glaucoma, a retinose pigmentar, retinoblastoma, diabetes tipo 1. A pessoas que
possuem deficiência visual ela pode ser cega ou ter baixa visão.
A pessoa cega é aquela que não consegue ver nada. A cegueira é a “ausência
ou perda da visão em ambos os olhos, ou um campo inferior a 0,1 grau do melhor olho”
(DIEHL, 2006, p. 62), isso mesmo após correção. Falando sobre o viés educacional, Diehl
(2006) afirma que a cegueira é vista como perda total da visão ou resíduo mínimo de visão
que leva o aluno a utilizar do Braille (sistema de escrita tátil) para ler e escrever, além
de outros recursos didáticos necessários. Observe a figura abaixo, nela você encontra o
alfabeto em braille.

UNIDADE I Educação Física Adaptada e Inclusão 25


FIGURA 15. ALFABETO EM BRAILLE

A pessoa que possui baixa visão, são aquelas que “apresentam desde condições
de indicar projeção luminosa, até o grau em que a redução de sua acuidade visual limite o
desempenho das atividades diárias da vida” (MARQUES; CIDADE; LOPES, 2009, p. 140).
Na educação elas também necessitam de recursos didáticos especiais, como alteração da
cor do papel, impressão com letras grandes.
As pessoas com deficiência visual podem usar uma bengala. Esta bengala possui
cores, que por sua vez ajudam a identificar a deficiência. Veja a figura 16.

FIGURA 16. CORES DE BENGALA E TIPOS DE DEFICIÊNCIA

Fonte: Folha da Terra, 2019.

UNIDADE I Educação Física Adaptada e Inclusão 26


Estudante, a pessoa que utiliza a bengala branca é cega. A pessoa que usa a
bengala verde, possui baixa visão e a pessoa com a bengala vermelha e branca, significa
que é surda e cega.
Além da bengala a pessoa com deficiência visual pode utilizar como meio de orien-
tação e mobilidade o cão-guia (figura 17) (ele indica os espaços em que a pessoa pode se
deslocar com segurança) e o guia humano ou vidente (a pessoa com deficiência visual é
orientada por uma pessoa que enxerga) (figura 18).

FIGURA 17. CÃO GUIA

FIGURA 18. GUIA HUMANO

Fonte: Solera (2021)

UNIDADE I Educação Física Adaptada e Inclusão 27


3.4 Deficiência Auditiva
A pessoa que possui deficiência auditiva, é chamada de surda, sendo assim ela
possui surdez. A surdez caracteriza-se pela “perda total ou parcial da capacidade de con-
duzir ou perceber sinais sonoros, ou seja, corresponde à perda parcial ou total da audição”
(DUARTE; GORLA, 2009, p. 24). A surdez pode ser:
Surdez de condução: a lesão está localizada no ouvido externo ou médio, o que
leva a diminuição da audição na intensidade sonora.
Surdez neurossensorial: lesão no ouvido interno, no labirinto. Há a diminuição ou
perda da capacidade de perceber o som.
Independente do tipo de surdez, as alterações poderão ocorrer em maior ou menor
grau. De acordo com Duarte e Gorla (2009, p. 25) “ o surdo, muitas vezes escuta o som,
mas não compreende o que está escutando, e isso pode desencadear irritação, frustração,
curiosidade e desmotivação, que podem interferir em seu processo cognitivo e psicológico”.
Mas estudante, você sabe como se identifica e mede o grau de audição de uma
pessoa? Por meio de testes audiométricos. Veja o quadro abaixo (Quadro 2) sobre os
níveis de limiares auditivas.

QUADRO 2. NÍVEIS DE LIMIARES AUDITIVAS

DEFICIÊNCIA AUDITIVA LIMIAR AUDITIVO EXEMPLOS


APROXIMADOS
Leve 25 a 40 dB Sussurro / cochicho
Moderada 41 a 55 dB Voz fraca
Acentuada 56 a 70 dB Voz normal
Severa 71 a 85 dB Tráfego, furadeira, voz forte
Grave 86 a 90 dB Liquidificador, voz muito forte
Trem, britadeira, buzina de
Profunda Superior a 91 dB automóvel, turbina de avião,
sons que causam dor.
Fonte: Diehl, 2006, p. 43.

Sendo assim, pessoas que têm perda auditiva em ambos os ouvidos e escutam
entre 25 a 40 dB são consideradas pessoas com deficiência auditiva leve. Estes sujeitos
irão conseguir ouvir o som de uma conversa sussurrada, mas eles não ouvem, por exemplo,
os barulhos das folhas. E assim por diante conforme mencionado no quadro 2.
É importante destacar que a surdez pode ser congênita ou adquirida. E a pessoa
com deficiência auditiva utilizará da língua de sinais para sua comunicação. Esta língua “é
uma forma de comunicação estritamente visual, comunicada através de gestos codificados,
tais como expressões faciais e pequenos movimentos do corpo” (DIEHL, 2006, p. 45).

UNIDADE I Educação Física Adaptada e Inclusão 28


FIGURA 19. LÍNGUA DE SINAIS

3.5 Deficiência Intelectual


A deficiência intelectual é aquela que está associada a um funcionamento intelec-
tual abaixo da média. Para Silva, Vital e Mello (2009) a deficiência intelectual é resultado de
múltiplos fatores, mas o que há de comum, é a insuficiência intelectual. Geralmente esses
sujeitos possuem um ritmo mais lento de aprendizagem. Esse funcionamento abaixo da
média, interfere em atividades como comunicação, realizações de tarefas diárias, adapta-
ção social, segurança, lazer, trabalho, entre outros.
Há tipos de deficiência intelectual, que dependendo do grau de comprometimento
dos sujeitos, eles irão apresentar algumas características. Esses tipos estão relacionados
com QI (Quociente de Inteligência), que é um indicador derivado de vários testes que ava-
liam a capacidade cognitiva das pessoas. Para Silva, Vital e Mello (2009), são eles:
● Profundo (QI abaixo de 19): esses indivíduos apresentam independência
completa, eles não conseguem cuidar de si mesmos. Possuem limitações ex-
tremamente acentuadas de aprendizagem;
● Severo (QI entre 20 e 35): os sujeitos ainda precisam de apoio tanto em casa
quanto na escola. Há um acentuado prejuízo de comunicação e mobilidade.
Es-sas pessoas podem chegar a resultados por meio de atividades
condicionadas e repetitivas de forma supervisionada;
● Moderado (QI entre 36 e 51): indivíduo que possui um considerável atraso na
aprendizagem e na maioria dos casos apresenta problemas motores visíveis.
Apesar disso, tal sujeito apresenta maior facilidade social, assim como a inser-
ção social na família, na escola e na comunidade;

UNIDADE I Educação Física Adaptada e Inclusão 29


● Leve (QI entre 55 e 69): são as pessoas que apresentam uma aprendizagem
lenta, mas que possuem capacidade para realizar tarefas escolares e da vida
diária;
● Limítrofe (QI entre 68 e 84): Aqui o sujeito é considerado como a pessoa que
possui um desvio de inteligência por conta de algumas dificuldades em exercer
tarefas que precisam de raciocínio lógico e grande demanda cognitiva.
Como exemplo de deficiência intelectual temos a Síndrome de Down.

3.5.1 Síndrome De Down


A Síndrome de Down é uma anomalia causada por um acidente genético na hora
da divisão cromossômica das células (DIEHL, 2006).
Em pessoas sem esta síndrome, as células possuem 46 cromossomos e estes
estão distribuídos em 23 pares. Na Síndrome de Down, o erro acontece no cromossomo
21, que fica com 3 cromossomos, ao invés de dois (figura 20).

FIGURA 20. TRISSOMIA 21

Por isso, esta síndrome também é conhecida como Trissomia 21 (DANIELSKI,


2001). Este tipo de erro acontece em 95% dos casos de Síndrome de Down. Os outros 5%
estão entre a Translação e a Síndrome de Down em Mosaico.

UNIDADE I Educação Física Adaptada e Inclusão 30


A Translação é caracterizada “por uma translocação entre o cromossomo 21 e um
dos demais cromossomos, geralmente o 12 ou o 22” (DIEHL, 2006, p. 79). Ela ocorre em
cerca de 4% dos pacientes.
A Síndrome de Down em Mosaico, ocorre em 1% dos sujeitos. Neste caso “a “pri-
meira célula” do embrião é normal e o erro ocorre no momento da primeira duplicação desta
célula e se repete em cada célula enquanto o feto se desenvolve” (DANIELSKI, 2001, p. 25).
Apesar desses casos, as pessoas com Síndrome de Down possuem algumas
prováveis características. São elas: “Hipotonia, baixa estatura, pescoço curto, orelhas com
aparência dobrada típica, boca aberta com a língua protrusa, prega no canto dos olhos se-
melhante à das pessoas da raça mongólica, pele áspera e seca, dentes pequenos” (DIEHL,
2006, p. 79). A mobilidade pode ser desajeitada e acanhada (DANIELSKI, 2001).

FIGURA 21. CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN

Você já deve ter visto uma criança com Síndrome de Down, não é mesmo estudan-
te? Devido a questão genética, é possível reconhecermos tais sujeitos em boa parte dos
casos, pois a aparência entre eles é muito semelhante. Veja a próxima figura.

UNIDADE I Educação Física Adaptada e Inclusão 31


FIGURA 22. CRIANÇAS COM SÍNDROME DE DOWN

Essas crianças podem apresentar algumas anomalias, como: instabilidade atlan-


toaxial, convulsões, epilepsia, cardiopatias congênitas, duplicação intestinal, infecções do
aparelho respiratório, estrabismo/miopia, entre outras (DIEHL, 2006). Ademais, possuem
também deficiência intelectual, tendo um processo de aprendizagem mais lento, dificuldade
de manter a atenção por muito tempo, antecipar e selecionar estímulos e respostas (MAR-
QUES; CIDADE; LOPES, 2009).

UNIDADE I Educação Física Adaptada e Inclusão 32


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Estudante, chegamos ao fim de nossa primeira unidade da apostila de “Educação


Física Adaptada e Inclusiva”. Nesta empreitada inicial, desvendamos o campo voltado à
pessoa com deficiência. Você teve a oportunidade de ter contato com aspectos históricos
da Educação Física Adaptada e da pessoa com deficiência, assim como, pode conhecer
algumas das características e tipos das deficiências física, visual, auditiva e intelectual.
Frente a isso podemos concluir que:
O esporte adaptado surgiu com o intuito de auxiliar as pessoas mutiladas da guerra
em sua recuperação e partir disso, tem evoluído a cada dia e possibilitado às pessoas que o
pratica diversos pontos positivos, não é mesmo? Além disso, trouxe para a Educação Física a
oportunidade de olhar para um corpo fora de um padrão socialmente estabelecido, buscando
compreender suas práticas e propositivas para além do corpo perfeito, saudável, forte, etc.
O percurso histórico da pessoa com deficiência não foi fácil. Pelo contrário, foi
sempre desafiador. Mas apesar de tais sujeitos terem percorrido os caminhos da exclusão,
segregação, integração, hoje nos deparamos com o momento de inclusão, no qual, as
pessoas com deficiência podem se sentir pertencentes à sociedade, assim como possuem
melhores condições para convivência e seu desenvolvimento autônomo. No entanto, vale
ressaltar que ainda temos muito a fazer.
Quanto às deficiências física, visual, auditiva e intelectual, é preciso ter em mente
a importância de conhecer cada detalhe destas e suas especificidades. Apesar de termos
definido, por exemplo, os tipos de deficiência física, cada sujeito pode apresentar uma
condição particular. Fique atento!
Por fim estudante, estes conhecimentos são extremamente importantes para o
decorrer de seus estudos em nossa apostila. Conhecer a história é uma forma de entender
os desdobramentos atuais, assim como, conhecer os tipos de deficiência é a base para em
seguida conhecer as modalidades esportivas destinadas a ela.

Vamos em frente!

UNIDADE I Educação Física Adaptada e Inclusão 33


LEITURA COMPLEMENTAR

Caro(a estudante, vimos que as pessoas com deficiência apresentam algumas


especificidades que devem ser levadas em consideração ao intervimos junto a elas e que
nem todas as ações partem efetivamente dos preceitos da integração e inclusão.
Quando olharmos a pessoa com deficiência apenas em suas limitações e buscamos
ajudá-la fazendo as coisas por ela e não a auxiliando a fazer por si mesmo (em suas poten-
cialidades não estamos incluindo e sim evidenciando suas dificuldades, agindo de forma
assistencialista. Por isso, lembre-se de sempre ver o que a pessoa com deficiência consegue
fazer para então buscar a melhor forma de ajudá-la, viabilizando autonomia a mesma.
Nesta unidade, conhecemos as deficiências em seus conceitos e características,
compreendendo seus modelos e tipos e vimos também que a Educação Física
Adapta-da,expressão relativamente nova (proposta em 1950 pela Association for Health,
Physical Education, Recreation and Dance) vem se instaurando como um campo de
atuação que busca promover saúde, bem estar físico, psicológico, social e cognitivo para
essas pessoas, por isso, é um campo multifacetado que diariamente se reinventa e abre
novas possibilida-des de práticas e atuação profissional.
As primeiras ações sistematizadas para os propósitos supra apresentados, par-
tiram das propositivas do Dr. Ludwig Guttman, conhecido como pai da Educação Física
Adaptada, em especial dos esportes paralímpicos.
No Brasil, segundo Costa e Souza (2004) a preocupação com práticas direcio-
nadas às pessoas com deficiência e ao esporte adaptado ganham força em 1950, com
enfoque médico, ou seja, direcionado para prevenção de doenças e exercícios de correção
e prevenção, mas de certa forma, nos dias de hoje ainda possuem algumas lacunas que
precisam ser revistas e melhoradas, ampliando o olhar para a Educação Física Adaptada
como um meio de inserção social e efetiva inclusão.
Vocês já pararam para pensar que os esportes adaptados/paralímpicos, são sim um
meio de reintegração social, saúde, qualidade de vida, etc., mas muitas vezes essas práticas
são realizadas apenas entre pessoas com deficiência? Para uma efetiva inclusão e atender
os propósitos em sua plenitude, essas experiências corporais precisam envolver pessoas
com e sem deficiência, por isso os esportes adaptados precisam ser fomentados no contexto
escolar, de centros esportivos, academias, clubes e associações, entre tantos outros.
Carmo (2002) traz reflexões importantes; será que a Educação Física está prepa-
rada para tratar o uno e o diverso em uma mesma prática corporal? Quais práticas propõe
a participação conjunta de pessoas com e sem deficiência? Será possível uma educação
inclusiva? As escolas, alunos, professores, espaços públicos estão preparados e abertos
para essas experiências?
Ficam aqui algumas reflexões importantes para a Educação Física Adaptada e para
busca da inclusão, esperamos que ao longo deste material você encontre respostas para
esses e tantos outros questionamentos.
Fonte: Anversa; Solera (2021)

UNIDADE I Educação Física Adaptada e Inclusão 34


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Educação Física Adaptada.
Autor: Maria de Fátima Fernanda Vara; Ruth Eugênia Cidade.
Editora: Intersaberes.
Sinopse: A prática de atividades físicas é de suma importância
para a manutenção da saúde das pessoas. Quando a atividade
física é um esporte, os ganhos são ainda maiores, uma vez que
ele proporciona, entre outras habilidades, a de superação de obs-
táculos. Nesse sentido, a educação física adaptada entra em cena
para garantir que o desenvolvimento de práticas tão benéficas da
cultura corporal de movimento e do esporte estejam ao alcance de
todos. Acompanhe-nos nestas páginas e descubra novas formas
de ensinar, explorar e valorizar a possibilidade e o potencial de
cada aluno, de modo que a diferença seja a motivação para novas
oportunidades de aprendizado.

FILME / VÍDEO
Título: Intocáveis.
Ano: 2019.
Sinopse: O filme “Intocáveis”, escrito e dirigido por Eric Toledano
e Olivier Nakache, conta a história de tetraplégico milionário, que
contrata um homem da periferia para ser o seu acompanhante,
apesar de sua aparente falta de preparo. Ao longo do filme, a
relação que antes era profissional cresce e vira uma amizade que
mudará a vida dos dois.
1.

UNIDADE I Educação Física Adaptada e Inclusão 35


UNIDADE II
Esportes Adaptados e Paralímpicos
Professora Dra. Ana Luiza Barbosa Anversa

Professora Ma. Bruna Solera

Plano de Estudo:
● Esportes Adaptados x Esportes Paralímpicos;
● Esportes Paralímpicos de Verão;
● Esportes Paralímpicos de Inverno.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e caracterizar os Esportes Adaptados e Esportes Paralímpicos;
● Conhecer as modalidades de verão e inverno de Esporte Paralímpico.

36
INTRODUÇÃO

Olá estudante,

Seja bem vindo (a) a segunda unidade da nossa apostila de “Educação Física
Adaptada e Inclusiva”!
Esta unidade, intitulada de “Esportes Adaptados e Paralímpicos” tem como objetivo
possibilitar a você conhecimentos acerca das modalidades esportivas que foram adaptadas
ou criadas para pessoas com deficiência, destacando os esportes Paralímpicos de verão e
de inverno.
Sendo assim, dividimos esta unidade em três momentos: tópico 1 “Esportes
Adaptados x Esportes Paralímpicos”, tópico 2 “Esportes Paralímpicos de Verão” e tópico 3
“Esportes Paralímpicos de Inverno”.
No primeiro tópico iremos conceituar esporte adaptado e esporte paralímpico, assim
como diferenciá-los. Você conhece essa diferença? Já no tópico seguinte, você terá a opor-
tunidade de conhecer as modalidades que integram o programa de esporte paralímpico de
verão, como, a bocha, basquete em cadeira de rodas, canoagem, ciclismo, entre outros. E
por fim, no terceiro tópico, haverá a exposição das modalidades esportivas paralímpicas de
inverno, como esqui cross country, curling em cadeira de rodas, hóquei no gelo, snowboard,
esqui alpino e biatlo.
Será uma caminhada incrível que contribuirá com a sua formação e atuação
profissional.

Bons estudos!

UNIDADE III Educação


Esportes Adaptados
Física Adaptada
e Paralímpicos
e Inclusão 37
1. ESPORTES ADAPTADOS X ESPORTE PARALÍMPICOS: CONCEITOS E HISTÓRIA

O esporte adaptado é uma terminologia que abrange a prática esportiva realizada


pelas pessoas com deficiência com o objetivo de inclusão ou melhoria nas questões moto-
ras (COSTA; WINCKLER, 2012). Ele é baseado em modalidades convencionais que foram
adaptadas para a participação desses sujeitos (exemplo, Basquete em Cadeira de Rodas,
Vôlei Sentado, Bocha) ou foram criadas especificamente para atender as necessidades de
uma deficiência, como é o caso do goalball, esporte criado exclusivamente para pessoas
com deficiência visual.
Enquanto o esporte paralímpico, se caracteriza como uma das formas do esporte
adaptado (MARQUES; GUTIERREZ, 2014). As modalidades que se encaixam aqui, são
reconhecidas pelo Comitê Paralímpico Internacional. Sendo assim, ele se constitui como
um espaço mais restrito, pois remete a prática de modalidades de verão e modalidades de
inverno e demanda uma avaliação médica e funcional do praticante, para partidas oficiais.
Tais modalidades estão presentes nos chamados Jogos Paralímpicos. De acordo
com Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), seguem as modalidades que temos em tal
competição:

UNIDADE III Esportes


EducaçãoAdaptados
Física Adaptada
e Paralímpicos
e Inclusão 38
Modalidades de Verão:
Atletismo; Basquete em Cadeira de Rodas; Bocha; Canoagem; Ciclismo; Esgrima
em Cadeira de Rodas; Futebol de 5; Futebol de 7; Goalball; Halterofilismo; Hipismo; Judô;
Natação; Parabadminton; Parataekwondo; Remo; Rugby em Cadeira de Rodas; Tênis de
Mesa; Tênis em Cadeira de Rodas; Tiro com Arco; Tiro Esportivo; Triatlo; Vôlei Sentado.

Modalidades de Inverno:
Esqui Cross-Country; Curling em Cadeira de Rodas; Esqui Alpino; Biatlo; Hóquei no
Gelo; Snowboard. Conheça essas modalidades nos próximos tópicos.

O Esporte Paralímpico possui um logotipo/símbolo. Observe a figura 1.

FIGURA 1. LOGOTIPO ATUAL PARALÍMPICO

Este símbolo é composto por 3 Agitos das cores vermelho, azul e verde. O Agito
significa “Eu me movimento” em latim. As cores dos Agitos representam as cores mais
utilizadas em todas as bandeiras do mundo. Os três agitos circulam um ponto central, com
o objetivo de enfatizar o papel do Comitê Internacional Paralímpico (IPC) em reunir atletas
de todo o mundo e fazê-los competir.

1.2 Jogos Paralímpicos


Os Jogos Paralímpicos acontecem a cada 4 anos, em geral nos mesmos anos dos
esportes olímpicos. Nele estão os melhores atletas do mundo. É o segundo maior evento
esportivo, perde apenas para as Olímpiadas. Mas é o maior evento quando se trata de
esporte para pessoas com deficiência.

UNIDADE III Esportes


EducaçãoAdaptados
Física Adaptada
e Paralímpicos
e Inclusão 39
A primeira edição aconteceu no ano de 1952, em Stoke Mandeville, cujo havia
apenas pessoas com lesão medular, dois países e 130 atletas participando. A competição
de chamou 1º Jogos Internacionais Stoke Mandeville. Mas o Brasil começou a participar
apenas em 1972, na Alemanha (Heidelberg). Do total de 984 atletas, dez eram do Brasil
competindo em cinco modalidades, e o restante, de 43 países. Já em 1976, em Toronto
(Canadá), participaram do evento pessoas de 38 países com lesão medular, amputação,
deficiência visual e outras deficiências, com 1.657 atletas. Destes, 23 eram brasileiros
competindo em oito modalidades.
O evento e a participação em geral, assim como do Brasil, foram crescendo, in-
cluindo deficiências e modalidades esportivas ao longo das edições. Em 2008, na China
(Beijing), 150 países participaram com um total de 1.970 atletas, o Brasil levou 186 atletas
que competiram em 13 modalidades (PARSONS; WINCKLER, 2012) e 2016 foi o ano em
que o país teve sua maior participação na Paralimpíada, tanto em número de atletas quanto
de modalidades. Veja o quadro 1.

QUADRO 1. INFORMAÇÕES SOBRE OS JOGOS PARALÍMPICOS, ENTRE 1952 E 2016

NÚMERO COLOCA- NÚMERO TOTAL MODALIDADES


N DE
ANO LOCAL DE ÇÃO DE DE DE PARTICIPAÇÃO
PAÍSES
ATLETAS DO BRASIL ATLETAS MEDALHAS BRASILEIRA
1952 Stoke 2 130 - - - -
Mandeville
Inglaterra
1960 Roma, 23 400 - - - -
Itália
1964 Tóquio, 21 357 - - - -
Japão
1968 Tel Aviv, 29 750 - - - -
Israel
Basquetebol,
Heidelberg, 43 984 32o 10 0
1972 atletismo, natação
Alemanha
e tiro com arco.
Atletismo,
basquetebol,
bocha paralímpica
1976 Toronto, 38 1657 32o 23 2 e bocha, dardo,
Canadá sinuca, tênis
de mesa,
levantamento de
peso.
Arnhem, Basquetebol e
1980 42 1973 42o 15 0
Holanda natação.

Stoke 1.100
41
Mandeville, Inglaterra
Inglaterra Atletismo e
1984 Inglaterra ; 24o 31 22
Nova York, 1.800 natação.
45 EUA
EUA EUA

UNIDADE III Esportes


EducaçãoAdaptados
Física Adaptada
e Paralímpicos
e Inclusão 40
NÚMERO COLOCA- NÚMERO TOTAL MODALIDADES
N DE
ANO LOCAL DE ÇÃO DE DE DE PARTICIPAÇÃO
PAÍSES
ATLETAS DO BRASIL ATLETAS MEDALHAS BRASILEIRA
Atletismo, judô,
Seul, natação, tênis
1988 Coréia do 61 3.013 25o 60 27 de mesa e
Sul basquetebol em
cadeira de rodas.
Atletismo, ciclismo,
Barcelona, futebol de 7, judô,
1992 82 3.021 30o 41 7
Espanha natação e tênis de
mesa.
Atletismo,
basquetebol em
cadeira de rodas,
ciclismo, futebol de
1996 Atlanta, 103 3195 37o 60 21 7, judô, natação,
EUA levantamento de
peso, tênis em
cadeira de rodas e
tênis de mesa
Atletismo,
basquetebol DM,
ciclismo, esgrima,
2000 Sydney, futebol de 7,
122 3.843 24o 64 22 judô, natação,
Austrália
levantamento de
peso e tênis de
mesa.
Atletismo,
basquetebol DM,
ciclismo, esgrima,
2004 Atenas, 136 3.806 14o 96 33 futebol de 7,
Grécia judô, natação,
levantamento de
peso e tênis de
mesa
Atletismo,
basquete em
cadeira de
rodas, ciclismo,
2008 Pequim, 150 3.970 9o 186 47 hipismo, futebol
China de 5, futebol de
7, goalball, judô,
Tênis em cadeira
de rodas, remo e
tênis de mesa
Atletismo,
bocha, ciclismo,
hipismo, futebol
de 5, futebol de
7, goalball, judô,
levantamento de
2012 Londres, 164 4.245 7o 182 43 potência, tênis
Inglaterra em cadeira de
rodas, remo ,
vela, natação,
tiro esportivo,
basquete em
cadeira de rodas,
esgrima em
cadeira de rodas.

UNIDADE III Esportes


EducaçãoAdaptados
Física Adaptada
e Paralímpicos
e Inclusão 41
NÚMERO COLOCA- NÚMERO TOTAL MODALIDADES
N DE
ANO LOCAL DE ÇÃO DE DE DE PARTICIPAÇÃO
PAÍSES
ATLETAS DO BRASIL ATLETAS MEDALHAS BRASILEIRA
Atletismo,
basquete em
cadeira de rodas
(BCR), bocha,
canoagem,
ciclismo de
estrada, ciclismo
de pista, esgrima
em cadeira de
rodas, futebol
de 5, futebol
2016 Rio de 160 4.328 8o 283 72
de 7, goalball,
Janeiro, Brasil
halterofilismo,
hipismo, judô,
natação, remo,
rúgbi em cadeira
de rodas, tênis
de mesa, tênis
em cadeira de
rodas, tiro com
arco, tiro esportivo,
triatlo, vela e vôlei
sentado.

Na última edição dos Jogos Paralímpicos, Rio 2016, o megaevento contou com
mais de 4.000 atletas de 170 países (quadro 2), sendo 283 atletas brasileiros que com-
petiram nas 23 modalidades do programa paralímpico, com cobertura jornalística de 154
países (PORTAL BRASIL, 2016).

QUADRO 2. PAÍSES QUE PARTICIPARAM DOS JOGOS PARALÍMPICOS RIO 2016

CONTINENTE PAÍS
Algéria Angola
Benin Botsuana
BurundI Camarão
Burkina Faso Cabo Verde
República da África Central Congo
República Democrática Costa do Marfim
do Congo
Egypt Etiópia
ÁFRICA Gabon Gâmbia
Ghana Guiné
Guinea-Bissa Quênia
Líbia Madagascar
Lesoto Moçambique
Malauí Namíbia
Mauritânia Nigéria
Marrocos Ruanda
São Tomé e Principe Senegal

UNIDADE III Esportes


EducaçãoAdaptados
Física Adaptada
e Paralímpicos
e Inclusão 42
Seychelles Serra Leoa
Somália África do Sul
ÁFRICA Tanzânia Togo
Tunísia Uganda
Zimbábue
Argentina Aruba
Aruba Ilhas Virgens
Americanas
Bermuda Brasil
Canadá Costa Rica
Cuba Equador
AMÉRICA
El Salvador Guatemala
Haiti Honduras
Jamaica México
Nicarágua Panamá
Peru Porto Rico
República
Trinidade e Tobago
Dominicana
Uruguai Estados Unidos
Venezuela Suriname
Afeganistão Bahrein
Camboja China
Hong Kong Índia
Indonésia Irã
Iraque Japão
Casaquistão Coréia
Kuwait Jordãnia
Uzbequistão Quirguistão
Macau Nepal
Malásia Myanmar
ÁSIA
Filipinas Omã
Paquistão Palestina
Mongólia Sri Lanka
Arábia Saudita Cingapura
Qatar Tailândia
Taipé Chinesa Tajiquistão
Vietnã Síria
Timor Leste Turcomenistão
Emirádos Árabes
Unidos
Armênia Áustria
Azerbaijão Belarus
EUROPA Bósnia e Herzegovina Bélgica
Bulgaria Croácia
Chipre República Tcheca

UNIDADE III Esportes


EducaçãoAdaptados
Física Adaptada
e Paralímpicos
e Inclusão 43
Bélgica Bósnia e Herzegovina
Bulgária Croácia
Dinamarca Estônia
Ilhas Faroé Finlândia
Macedônia França
Geórgia Alemanha
Grã-Bretanha Grécia
Hungria Islândia
Irlanda Israel
EUROPA Itália Letônia
Ilhas Faroé Lituânia
Luxemburgo Malta
Moldávia Montenegro
Holanda Noruega
Polônia Portugal
Romênia Sérvia
Eslováquia Eslovênia
Espanha Suécia
Suíça Turquia
Ucrânia
Austrália Fiji
OCEANIA
Nova Zelândia Papua-Nova-Guiné
Fonte: Adaptação International Paralympic Committee (2016).

Note estudante, que com o passar das edições do Jogos Paralímpicos, houve uma evolução
na participação do Brasil, assim como, teve um aumento no ganho de medalhas e melhor
posicionamento na classificação geral, tendo atingido o 7º lugar em Londres, o melhor
deles. No Rio 2016, apesar de colocado em 8º lugar, o país levou maior número de atletas
e conquistou mais medalhas que na edição anterior.

UNIDADE III Esportes


EducaçãoAdaptados
Física Adaptada
e Paralímpicos
e Inclusão 44
SAIBA MAIS

O termo paralímpico é “uma associação entre o prefixo grego “para”, que significa pa-
ralelo, e o termo “olímpico”, que segundo o IPC(2010), representa a condição paralela
entre os Jogos Olímpicos e Paralímpicos” (PARSONS; WINCKLER, 2014, p. 6). Vale
ressaltar que por muitos anos foi utilizado o termo paraolímpico, unindo “paraplegia” e
“olimpíada”, mas o fato de envolver outras deficiências para além de cadeirantes, soma-
da a questões linguísticas resultou na mudança do termo.

Fonte: Rede Nacional de Esporte, 2016.

http://rededoesporte.gov.br/pt-br/noticias/brasil-alcanca-feito-inedito-vence-a-coreia-do-sul-e-e-ouro-na-bocha

UNIDADE III Esportes


EducaçãoAdaptados
Física Adaptada
e Paralímpicos
e Inclusão 45
2. ESPORTES PARALÍMPICOS DE VERÃO: HISTÓRICO, CARACTERIZAÇÃO,
REGRAS OFICIAIS

Estudante, nesse tópico você irá conhecer alguns dos Esporte Paralímpicos de
verão. Vamos lá?

2.1 Atletismo
O atletismo é uma modalidade adaptada para as pessoas com deficiência física, vi-
sual e intelectual, seja eles, do sexo feminino ou masculino. Os competidores são divididos
em classes esportivas, geralmente os números indicam o grau de comprometimento (quan-
to menor o número mais grave à deficiência) e as letras indicam o tipo de esporte. Essas
classes consideram a funcionalidade na prática esportiva para os atletas com deficiência
física e a acuidade visual para os atletas com deficiência visual (COMITÊ PARALÍMPICO
BRASILEIRO).

2.1.1 Provas de Atletismo


No Atletismo Paralímpico há provas de corrida, saltos, lançamentos e arremessos,
tanto no feminino quanto masculino. De acordo com o CPB, são elas:

UNIDADE III Esportes


EducaçãoAdaptados
Física Adaptada
e Paralímpicos
e Inclusão 46
2.1.1.1 Provas de Pista
As provas de pista são:
● Velocidades : 100m, 200m, 400, rev. 4x400m e rev. 4x100m;
● Meio fundo: 800m, 1.500m;
● Fundo: 5.000, 10.000m;
● Salto em distância;
● Salto em altura;
● Salto Triplo.

2.1.1.2 Provas de Rua


As provas de rua são:
● Maratona: 42km;
● Meia-maratona:
21km.

2.1.1.3 Provas de Campo


As Provas de Campo são:
● Lançamento de disco e club;
● Lançamento de dardo;
● Arremesso de peso.

2.1.2 Classes no Atletismo


Os atletas são divididos em grupos de acordo com o grau de deficiência identificado
por meio da classificação funcional. Os que disputam provas de pista (velocidade, meio fun-
do, fundo e saltos) e de rua (maratona), levam a letra T (de track) em sua classe (COMITÊ
PARALÍMPICO BRASILEIRO).
● T | Track (pista);
● T11 a T13 | Deficiências visuais;
● T20 |Deficiências intelectuais;
● T31 a T38 |Paralisados cerebrais (31 a 34 para cadeirantes: 35 a 38 para
andantes);
● T40 e T41 |Anões;
● T42 a T44 |Deficiência nos membros inferiores;
● T45 a T47 |Deficiência nos membros superiores;
● T51 a T54 |Competem em cadeiras de rodas;
● T61 a T64 |Amputados de membros inferiores com prótese.

UNIDADE III Esportes


EducaçãoAdaptados
Física Adaptada
e Paralímpicos
e Inclusão 47
Para os atletas que participam das provas de campo, sendo elas os arremessos e
lançamentos, há a identificação com a letra F (field) em sua classificação, conforme segue.
● F | Field;
● F11 a F13 | Deficiências visuais;
● F20 | Deficiências intelectuais;
● F31 a F38 |Paralisados cerebrais (31 a 34 para cadeirantes: 35 a 38 para
andantes);
● F40 e F41 | Anões;
● F42 a F46 |Amputados ou deficiência nos membros superiores ou inferiores;
(F42 a F44 para membros inferiores e F45 a F46 para membros superiores);
● F51 A F57 | competem em cadeiras de rodas (sequelas de poliomielite, lesões
medulares, amputações).

Estudante, os atletas com deficiência visual possuem atletas-guia e de apoio. Essa


utilização varia de acordo com a classe funcional. Nas provas de 5000m, de 10.000m e
na maratona, os atletas das classes T11 e T12 podem ter o auxílio de até dois atletas-guia
durante o percurso. No caso de pódio, recebe medalha o atleta-guia que terminar a prova
(COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO).
E durante a prova, como funciona o auxílio do atleta-guia? Para os atletas T11, eles
correm ao lado do atleta-guia e usa um cordão de ligação (figura 2). No salto em distância
eles são auxiliados por um apoio.

FIGURA 2. T11 E SEU ATLETA-GUIA

Para os atletas T12 o atleta-guia e apoio são opcionais. Já os T13 não podem usar
atleta-guia e nem apoio no salto.

UNIDADE III Esportes


EducaçãoAdaptados
Física Adaptada
e Paralímpicos
e Inclusão 48
2.2 Basquete Em Cadeira De Rodas
O Basquete em Cadeira de Rodas (BCR), é uma modalidade de esporte paralím-
pico que sofreu adaptações, ou seja, ele foi inspirado no basquete convencional. Essa
modalidade envolve pessoas com deficiência física/motora, do sexo feminino e masculino.
A quadra e cesta usadas nesta modalidade, seguem os padrões olímpicos.

FIGURA 3. BASQUETE EM CADEIRA DE RODAS

A partida de BCR tem duração de quatro quartos de 10 minutos e suas regras são
as mesmas do basquete olímpico, contando com uma adaptação: cada atleta deve quicar,
arremessar ou passar a bola a cada dois toques de dedo na cadeira (COMITÊ PARALÍM-
PICO BRASILEIRO). Em quadra, cada equipe deve conter 5 atletas. Cada time possui uma
pontuação referente aos atletas em quadra, e essa pontuação não pode ultrapassar 14
pontos no total.

2.2.1 Classes no Basquete em Cadeira de Rodas


Na classificação funcional, os atletas serão avaliados conforme comprometimento
físico-motor, com base nessa avaliação, eles vão receber pontos em uma escala de 1 a 4,5
(COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO). Então, quanto maior a deficiência, menor a classe,
e vice-versa. Nesse sentido, a equipe precisa ter atletas com uma pontuação diversificada,
o que impossibilita que só se tenha atletas com menor comprometimento.

UNIDADE III Esportes


EducaçãoAdaptados
Física Adaptada
e Paralímpicos
e Inclusão 49
2.3 BOCHA
A Bocha é um esporte que sofreu adaptações para possibilitar a participação de
pessoas com deficiência. Os atletas dessa modalidade são do sexo feminino ou masculino
com deficiência severa ou elevado grau de paralisia cerebral. A Bocha exige que os atletas
pensem em estratégias a cada jogada, então os jogadores, apesar do alto grau de compro-
metimento motor, não possuem deficiência intelectual.
A competição consiste em lançar bolas de cor (azul e vermelhas) o mais próximo
possível da bola alvo (também chamada de Jack). Para isso, os atletas ficam em um es-
paço demarcado, chamado de box. Os atletas devem lançar as bolas dentro dos limites da
quadra, para esse lançamento é permitido usar as mãos, os pés e instrumentos de auxílio.
Os atletas com maior comprometimento contam com a ajuda de um assistente desportivo
(também chamados de calheiros) em seu lançamento.

FIGURA 4. ATLETA DE BOCHA

Fonte: Comitê Paralímpico Brasileiro, 2016.

2.3.1 Classes da Bocha

A bocha conta com 4 classes, elas são divididas de acordo com o grau da deficiên-
cia e da necessidade de auxílio ou não. Vamos conhecê-las?

BC1: o atleta apresenta paralisia cerebral com disfunção motora que afeta todo o
corpo (VIEIRA; CAMPEÃO, 2012). Nesta classe a opção de auxílio de ajudantes, estes por
sua vez podem estabilizar a cadeira de rodas do jogador e entregar a bola, quando pedido).

UNIDADE III Esportes


EducaçãoAdaptados
Física Adaptada
e Paralímpicos
e Inclusão 50
FIGURA 5. ATLETA BC1

Fonte: Globo.com, 2012. Foto de Guilherme Taboada / CPB

Disponivel em: http://globoesporte.globo.com/mg/triangulo-mineiro/noticia/2012/09/jose-carlos-fica-em-4-na-

-bocha-paralimpica-e-ja-pensa-no-brasileiro.html. Acesso em 23 de jul. 2021.

BC2: o atleta também apresenta paralisia cerebral com disfunção disfunção motora
que afeta o corpo todo (VIEIRA; CAMPEÃO, 2012), no entanto, o seu comprometimento é
menor do que na classe BC1. Estes atletas não podem ter assistente.

FIGURA 6. ATLETA BC2

Fonte: CQ.

Disponível em: https://gq.globo.com/GQ-no-podio/noticia/2016/09/bocha-ja-rendeu-oito-medalhas-ao-brasil-

-nos-jogos-paralimpicos.html. Acesso em: 23 de jul. 2021.

UNIDADE III Esportes


EducaçãoAdaptados
Física Adaptada
e Paralímpicos
e Inclusão 51
BC3: O atleta pode apresentar paralisia cerebral ou uma deficiência de origem
não cerebral ou degenerativa (VIEIRA; CAMPEÃO, 2012). Esta é a classe na qual estão os
atletas com maior comprometimento motor, estão inclusas as deficiência muito severas. Os
atletas podem usar instrumento auxiliar (ponteira e calha), e ainda podem ser ajudados por
um assistente desportivo.

FIGURA 7. ATLETA BC3

Fonte: Rede Nacional do Esporte, 2016. Disponível em:http://rededoesporte.gov.br/pt-br/noticias/brasil-al-

canca-feito-inedito-vence-a-coreia-do-sul-e-e-ouro-na-bocha. Acesso em 23 de jul. 2021.

BC4: Os atletas nesta classe também possuem deficiência severas, eles tem uma
grave disfunção locomotora nos quatro membros (VIEIRA; CAMPEÃO, 2012). Recebem
assistência apenas os atletas que jogam com o pé.

FIGURA 8. ATLETA BC4

Fonte: Comitê Paralímpico Brasileiro,2017.Disponível em: https://cpb.org.br/noticia/detalhe/1598/atletas-da-

-bocha-voltam-cedo-aos-treinamentos-para-a-temporada-de-2017. Acesso em: 23 de jul. 2021.

UNIDADE III Esportes


EducaçãoAdaptados
Física Adaptada
e Paralímpicos
e Inclusão 52
2.3.2 Divisões de jogo
A Bocha pode ser jogada de forma individual, em pares (duplas) ou equipes (3
atletas para cada lado). Em todas as divisões, cada lado terá 6 bolas de cor. Um lado jogará
com as bolas vermelhas e outro lado com as bolas azuis. Então no caso de duplas, cada
atleta terá 3 bolas, e em equipes, cada um terá duas bolas. Ambos lados possuem apenas
uma bola branca (a primeira bola a ser lançada no jogo).

2.4 Ciclismo
O Ciclismo é uma modalidade adaptada que pode ser praticada por pessoas com
paralisia cerebral, deficiência visual, amputação e lesão medular (usuários de cadeira de
rodas), de ambos os sexos. Esta modalidade segue as regras da União Internacional de
Ciclismo, tendo apenas algumas diferenças.
As provas provas podem ser de estrada e pista. Temos quatro tipos de Bikes. De
acordo com o Comitê Paralímpico Brasileiro, são elas:
Convencionais: Esta bikes são para atletas amputados e com outras deficiências
físico-motoras. Elas podem ter adaptações específicas para o uso de câmbios e freios.

FIGURA 10. BIKE CONVENCIONAL

Triciclos: Estas bikes possuem duas rodas atrás para dar mais equilíbrio. Os atle-
tas que a usam são aqueles com paralisia cerebral.

UNIDADE III Esportes


EducaçãoAdaptados
Física Adaptada
e Paralímpicos
e Inclusão 53
FIGURA 11. TRICICLOS

Fonte: Jornal de Indaiatuba. Photo Credit To Arquivo - Giuliano Miranda/ RIC-PMI

http://www.jornalexemplo.com.br/jornal/indaiatuba-recebe-copa-brasil-de-paraciclismo/

Handbikes: São impulsionados pelos braços. São para atletas com paraplegia e
tetraplegia.

FIGURA 12. HANDBIKE

Tandem: são bicicletas de dois lugares, elas são utilizadas pelos atletas com deficiên-
cia visual que vão atrás e são conduzidos por seus guias que vão na frente (CIVATTI, 2012).

UNIDADE III Esportes


EducaçãoAdaptados
Física Adaptada
e Paralímpicos
e Inclusão 54
FIGURA 13. TANDEM

Fonte: Pedal, Photo por Marcio Rodrigues. 2018. Disponível em:https://www.pedal.com.br/mundial-de-para-

ciclismo-de-pista-2018-brasil-tera-maior-delegacao-da-historia_texto12781.html. Acesso em: 23 de jul. 2021.

2.4.1 Classes do Ciclismo


Os atletas de ciclismo são divididos em quatro tipos de classes. De acordo com o
Comitê Paralímpico Brasileiro, são elas:
H1 a H5 | Atletas impulsionam a bicicleta adaptada (handbike) com os braços. T1
e T2 | Ciclistas com paralisia cerebral cuja deficiência impede de andar numa
bicicleta convencional (competem em triciclos).
C1 a C5 | Atletas competem em bicicletas convencionais. Classes direcionadas aos
competidores com deficiência físico-motora e amputados.
Tandem | Classe destinada aos deficientes visuais. As bicicletas são de dois luga-
res e o ciclista da frente, ou “piloto” enxerga normalmente.

2.5 Futebol de 5
O Futebol de 5 é uma modalidade adaptada e exclusiva para cegos e pessoas
com deficiência visual do sexo masculino. Sua elaboração baseia-se nas regras do futsal
adotadas pela FIFA (FREIRE; MORATO, 2012). As adaptações que existem, vem para con-
templar as especificidades da deficiência. As medidas da quadra de jogo são as mesmas do
futsal e o seu piso pode ser madeira, borracha sintética, mas ultimamente tem se utilizado
grama sintética (COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO).

UNIDADE III Esportes


EducaçãoAdaptados
Física Adaptada
e Paralímpicos
e Inclusão 55
Junto às linhas laterais, são colocadas bandas, que impedem que a bola saia de
campo. Cada time é formado por 5 jogadores, sendo um goleiro vidente (ele não pode
ter participado de competições oficiais da Fifa nos últimos cinco anos) e quatro na linha
(com deficiência visual). A bola possui guizos internos para que os atletas consigam ouvi-la,
sendo assim as partidas são silenciosas, podendo haver manifestação da torcida apenas
na hora do gol.
O jogo tem duração de dois tempos de 25 minutos com 10 minutos de intervalo.
Os jogadores usam uma venda nos olhos, caso eles a toquem, cometerão uma falta. Com
cinco infrações o atleta é expulso de campo, e pode ser substituído por outro jogador.
Além disso, há no jogo um guia (chamador). Ele fica atrás do gol adversário com o objetivo
de orientar os atletas de seu time. O chamador pode dizer onde os jogadores devem se
posicionar e para onde devem chutar. O técnico e goleiro também auxiliam em quadra.

FIGURA 14. FUTEBOL DE 5

Fonte: Adaptação Educa + Brasil. 2019.https://images.educamaisbrasil.com.br/content/banco_de_

imagens/guia-de-estudo/D/futebol-para-cegos-chamador.jpg

2.5.1 Classes no Futebol de 5


Após a aferição visual dos atletas, eles são classificados em três classes:
B1: são os atletas com maior comprometimento, são cegos ou com percepção de
luz, no entanto não reconhecem o formato de uma mão a qualquer distância.
B2: atletas com baixa visão, com percepção de vultos.
B3: atletas com menor comprometimento, conseguem definir imagens.
Nos Jogos Paralímpicos competem apenas as classes B1.

UNIDADE III Esportes


EducaçãoAdaptados
Física Adaptada
e Paralímpicos
e Inclusão 56
2.6 Futebol De 7
O Futebol de 7 é uma modalidade adaptada baseada no futebol, da qual participam
atletas do sexo masculino, com paralisia cerebral, indivíduos com sequelas de traumatismo
crânio-encefálico ou de acidentes vasculares cerebrais (CRUZ, 2012).
As regras são da FIFA, com a diferença de que os arremessos laterais podem ser
cobrados com apenas uma das mãos e não há impedimento (COMITÊ PARALÍMPICO
BRASILEIRO).
FIGURA 15. FUTEBOL DE 7

Fonte: Esporte MS, 2018.https://esportems.com.br/site/2018/11/28/com-quatro-times-do-ms-comeca-hoje-

-disputa-do-brasileiro-de-futebol-pc-7-em-sao-paulo/

Campo de Jogos: o campo tem no máximo 75mx55m, com balizas de 5mx2m. A


marca do pênalti fica a 9,20m do centro da linha de gol.
Número de atletas: cada equipe possui 7 jogadores, sendo um deles o goleiro. O
time conta ainda com 5 reservas.
Tempo de jogo: A partida dura 60 minutos, que são divididos em dois tempos de 30
minutos com intervalo de 10 minutos.

2.6.1 Classes no Futebol de 7


No Futebol de 7, há 3 classes. Segundo o Comitê Paralímpico Brasileiro são elas:
FT1: são os atletas que possuem comprometimento severo;
FT2: atletas que possuem comprometimento mediano;
FT3: os atletas possuem comprometimento leve.

UNIDADE III Esportes


EducaçãoAdaptados
Física Adaptada
e Paralímpicos
e Inclusão 57
De acordo com a regra atual é obrigatório que exista sempre, pelo menos um atleta
da classe FT1 em campo. Caso não seja possível, o time deve jogar com um dois jogadores
a menos. Além disso, cada equipe só pode contar com no máximo um atleta da classe FT3
em campo, durante toda a partida (COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO).

2.7 Goalball
O Goalball é uma modalidade criada exclusivamente para pessoas com
deficiência visual, tanto para o sexo feminino quanto masculino. O objetivo deste esporte
é fazer gols, é balançar a rede adversária. Os arremessos são realizados com as mãos
e devem ser rasteiros ou tocar pelo menos uma vez nas áreas obrigatórias.
A equipe é composta por 3 atletas em quadra que são ao mesmo tempo
arremessadores e defensores. E 3 jogadores são reservas. Os atletas podem ser cegos
ou de baixa visão, e para que não haja vantagem, todos os atletas devem entrar em
quadra bandados e vendados (MORATO; ALMEIDA, 2012).
A quadra tem as mesmas dimensões da quadra de vôlei (9m de largura por 18m de
comprimento). De cada lado da quadra, há um gol com 9m de largura e 1,30m de altura.

FIGURA 16. GOALBALL

Fonte: Comitê Paralímpico Brasileiro. 2017. Disponível em:https://cpb.org.br/noticia/detalhe/1053/campeona-

to-das-americas-de-goalball-comeca-nesta-quarta-feira-29-em-sp. Acesso em: 23 de jul. 2021.

O jogo é dividido em dois tempos de 12 minutos, com 3 minutos de intervalo. A bola


usada no Goalball é de borracha e possui um guizo em seu interior, então esta modalidade
também é um jogo silencioso para que os atletas escutem a bola.

UNIDADE III Esportes


EducaçãoAdaptados
Física Adaptada
e Paralímpicos
e Inclusão 58
FIGURA 17. BOLA DE GOALBALL

2.7.1 Classes no Goalball


No Goalball temos 3 classes, B1, B2 e B3. Essas classes competem juntas. Todas
as classificações são realizadas por meio da mensuração do melhor olho e da possibilidade
máxima de correção do problema (COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO). Todos os atle-
tas, independente da classificação, usam vendas.
B1: os atletas são cegos totais ou com percepção de luz, no entanto, não conse-
guem reconhecer o formato de uma mão a qualquer distância;
B2: os atletas possuem percepção de vultos;
B3: os atletas conseguem definir imagens.

2.8 Vôlei Sentado


O Vôlei Sentado é uma modalidade adaptada para a prática de homens e mulheres
com alguma deficiência física ou relacionada à locomoção (COMITÊ PARALÍMPICO BRA-
SILEIRO). As regras são as mesmas do vôlei olímpico (melhor de 4 sets). A exceção é que
se pode bloquear o saque, no entanto, os jogadores devem manter contato com o chão o
tempo todo. Ganha a partida a equipe que vencer três sets.
A quadra possui medidas específicas. Ela mede 10m X 6m. A rede fica a 1,15m do
chão no masculino, e a 1,05m no feminino. Cada time é composto por 6 jogadores.

UNIDADE III Esportes


EducaçãoAdaptados
Física Adaptada
e Paralímpicos
e Inclusão 59
FIGURA 18. VÔLEI SENTADO

2.8.1 Classificação no Vôlei Sentado


De acordo com o Comitê Paralímpico Brasileiro, no Vôlei Sentado os atletas são
divididos em dois grupos, sendo eles, VS1 e VS2.
VS1: nesta classe estão os atletas com uma deficiência que tem maior impacto nas
funções essenciais da modalidade, por exemplo, amputados de perna.
VS2: nesta classe encontram-se os atletas com uma deficiência com menor inter-
ferência nas funções em quadra, por exemplo, amputação de parte do pé, amputação de
polegar.
Então, no Vôlei Sentado temos atletas com deficiências menos severas.

UNIDADE III Esportes


EducaçãoAdaptados
Física Adaptada
e Paralímpicos
e Inclusão 60
3. ESPORTES PARALÍMPICOS DE INVERNO: CARACTERIZAÇÃO E REGRAS
OFICIAS BÁSICAS

Neste momento vamos falar sobre os esportes paralímpicos de inverno, Esqui Cros-
s-Country; Curling em Cadeira de Rodas; Esqui Alpino; Biatlo; Hóquei no Gelo; Snowboard.

3.1 Esqui Cross-country


O Esqui cross-country é uma modalidade que permite a participação de atletas com
deficiência física e visual.
Sobre a deficiência física: dependendo da limitação, o esquiador poderá usar um
sit-ski, ou seja, uma cadeira equipada com par de esquis).

FIGURA 19. ESQUI CROSS-COUNTRY: DEFICIÊNCIA FÍSICA

UNIDADE III Esportes


EducaçãoAdaptados
Física Adaptada
e Paralímpicos
e Inclusão 61
Sobre deficiência visual: tais atletas competem com um guia, ou não. As classes
B2 e B3 podem escolher se irão competir com guia ou não. Homens e mulheres participam
de provas de distâncias curtas, que envolvem provas de velocidade, provas de distância
média (5 km a 20 km) e longas, que variam de 10 km a 20 km. Além disso, ainda temos o
revezamento por equipe.

3.2 Curling Em Cadeira De Rodas


O curling em cadeira de rodas é uma adaptação do curling (um esporte coletivo prati-
cado em pista de gelo, que tem como objetivo lançar pedras de granito o mais próximo possível
do alvo, para isso usa-se varredores). As equipes são formadas por homens e mulheres, A
modalidade é aberta para pessoas com qualquer tipo de dificuldade de locomoção (paraplegia,
lesão da medula espinhal, paralisia cerebral, esclerose múltipla e amputação de pernas).
Os times devem elaborar estratégias para empurrar sua pedra em direção ao alvo ou
bloquear as pedras da outra equipe utilizando um bastão. Os atletas devem calcular o peso,
a volta e o caminho que a pedra deve ser jogada (COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO).

FIGURA 19. CURLING EM CADEIRA DE RODAS

3.3 Esqui Alpino


O esqui alpino paralímpico é uma adaptação do esqui alpino. A modalidade é pra-
ticada em uma pista de esqui, localizada geralmente entre montanhas. Os atletas devem
percorrer um percurso decente em velocidade com passagens obrigatórias por destacas
plantadas na neve (portas). O objetivo é completar o percurso o mais rápido possível. O
Esqui alpino possui três categorias.

UNIDADE III Esportes


EducaçãoAdaptados
Física Adaptada
e Paralímpicos
e Inclusão 62
De pé: são para atletas com alguma amputação (LW 1 a LW9);
Sentados: possuem alguma deficiência de paraplegia (Lw10- Lw12);
Deficiência Visual: são para atletas com deficiência visual (B1-B3).
Neste caso os atletas terão um guia, que pode iniciar a prova sem passar pelo
portão inicial, permitindo que ele esteja um pouco à frente do atleta para oferecer a
ele instruções verbais.
Há duas provas técnicas:
Slalom: possui um percurso que exige curvas abruptas, há menor distâncias
entre as portas;
Slalom Gigante: apresenta maior distância entre as portas.
Temos também duas disciplinas de velocidade:
Super-G e Downhill: possuem menos mudança de direção, isso porque a distância
entre as portas é maior.
Por fim, se tem o Super Combinado, que combina uma prova técnica com uma
prova de velocidade.

FIGURA 20. ESQUI ALPINO

3.4 Biatlo
De acordo com o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), o Biatlo é um esporte que
combina o esqui cross-country com o tiro esportivo. Os atletas são divididos nas categorias
sentado, em pé e com deficiência visual. O esporte foi adotado como uma disciplina formal
nos Jogos Paralímpicos de Inverno de Lillehammer, em 1994.

UNIDADE III Esportes


EducaçãoAdaptados
Física Adaptada
e Paralímpicos
e Inclusão 63
O Biatlo paralímpico consiste em 7,5m, dividido em 3 etapas de 2,5m, entre as
duas etapas os atletas devem acertar dois alvos localizados a uma distância de 10m. A
modalidade combina resistência física e capacidade de tiro. Os rifles dos atletas cegos são
equipados com óculos eletroacústicos. Quanto mais próximo do alvo o atleta aponta, mais
alto é o tom.

FIGURA 21. BIATLO

3.5 Hóquei No Gelo


O hóquei no gelo, de acordo com o Comitê Paralímpico Brasileiro é um esporte
rápido, com alta exigência física, jogado por homens e mulheres com deficiência física nos
membros inferiores do corpo.
Os atletas usam trenós com duas lâminas, duas varas (uma tem uma ponta para
empurrar e outra para o tiro). A disputa é entre dois times de 13 jogadores e dois goleiros.

UNIDADE III Esportes


EducaçãoAdaptados
Física Adaptada
e Paralímpicos
e Inclusão 64
FIGURA 22. HÓQUEI NO GELO

3.6 Snowboard
No snowboard os atletas são divididos em dois grupos, com comprometimento nos
membros inferiores (categorias SBLL-1, SBLL-2) e com comprometimento nos membros
superiores (categoria SB-UL) . Há provas de:
Snowboard cross: na qual os atletas percorrem um trajeto cheio de obstáculos.
A classificação é feita com tomada de tempo individual. Depois os competidores avançam
conforme cada round;
Banked slalom, os atletas têm o trajeto com banco de viradas, todos os atletas
descem três vezes, o melhor tempo determina o resultado final.
FIGURA 23. SNOWBOARD

UNIDADE III Esportes


EducaçãoAdaptados
Física Adaptada
e Paralímpicos
e Inclusão 65
REFLITA

O conhecimento faz parte da concretização do movimento de inclusão, sendo assim,


temos o compromisso em transmitir o aprendizado aos nossos alunos, a fim de minima-
mente contribuir para desmistificar preconceitos imbricados em pessoas leigas quando
o assunto é deficiência.

Fonte: As autoras.

UNIDADE III Esportes


EducaçãoAdaptados
Física Adaptada
e Paralímpicos
e Inclusão 66
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Chegamos ao fim de mais uma unidade da apostila de “Educação Física Adaptada”.


Nesta segunda etapa da nossa disciplina, objetivamos possibilitar a você conhecimentos acerca
das modalidades esportivas que foram adaptadas ou criadas para pessoas com deficiência.
Para isso, traçamos caminhos que nos levaram a entender que a o esporte adapta-
do, se constitui como uma manifestação adaptada ou criada para a participação de pessoas
com deficiência, enquanto o esporte paralímpico é uma forma do esporte adaptado, no
entanto, direcionado a um ambiente mais restrito de modalidades, ou seja, inclui apenas as
modalidades presentes nos Jogos Paralímpicos de Verão e Inverno.
A respeito dos esportes paralímpicos apresentados, vimos que todos eles buscam
adequar suas regras e os materiais utilizados durante a prática, de forma que potencialize a
performance dos atletas. Assim como, toda modalidade possui uma classificação funcional,
a qual permite que as disputas sejam justas.
Estudante, os conhecimentos trazidos não se esgotam nas páginas de nossa
apostila. Sendo assim, busque a cada dia conhecer com maior profundidade o visto neste
momento, assim como, conteúdos novos, com isso, daremos mais um passo em direção a
uma formação e uma atuação profissional de qualidade.

Vamos em frente!

UNIDADE III Educação


Esportes Adaptados
Física Adaptada
e Paralímpicos
e Inclusão 67
LEITURA COMPLEMENTAR

Caro(a) estudante, você reparou ao longo dessa unidade, que os Jogos Paralímpi-
cos contemplam as deficiências físicas, visuais e intelectuais? Frente a isso, você deve ter
pensado e a deficiência auditiva, porque não é contemplada nesse evento?
A resposta é simples, os atletas surdos participam de um evento específico, co-
nhecido como “Surdolímpiadas”. O Comitê Paralímpico Internacional, apresenta que a
realização de evento específico para os atletas surdos se dá pela limitação do número
de atletas nos Jogos Paralímpicos, não sendo possível contemplar todos os atletas das
diferentes deficiências. E devido ao alto custo que envolveria a contratação de intérpretes
de línguas de sinais.
Em relação a Surdolimpíadas, a primeira edição do evento ocorreu em 1924 em
Paris-França, sendo nomeado de Jogos Internacionais para Surdos ou Jogos Internacionais
Silenciosos, essa nomenclatura foi adotada até o ano de 1965. De 1966 a 1999 a compe-
tição assumiu o nome de Jogos Mundiais para surdos e em 2000, passou-se a adotar o
termo Surdolimpíadas (assumido até hoje) (WINNICK, 2004).
O evento é organizado pelo Comitê Internacional de Desporto para Surdos (ICSD)
e ocorre a cada quatro anos. Para participar dos jogos é preciso que o atleta tenha perdido
55 decibéis no seu melhor ouvido e não é permitido o uso de recursos para a deficiência,
como aparelhos auditivos, implantes cocleares, entre outros.
Esse evento paradesportivo também possui sua versão verão e inverno. Nos jogos
de verão são contempladas 13 modalidades esportivas individuais (atletismo, badminton,
boliche, caratê, ciclismo, judô, lutas, natação, orientação, tênis, tênis de mesa, taekwondo
e tiro desportivo) e quatro modalidades esportivas coletivas (basquete, futebol, vôlei e vôlei
de praia). Já no evento de inverno são contempladas quatro modalidades individuais (esqui
alpino, esqui cross-country, snowboard e xadrez) e duas coletivas (Curling e Hóquei no gelo).
Atualmente, o evento conta com a participação de 108 federações nacionais. O
Brasil teve sua primeira participação no evento na década de 1990, mas até os dias de hoje,
conta com poucos atletas e apoio financeiro, devido a falta de visibilidade.
Por fim, vale ressaltar que a Surdolimpíadas apresenta algumas particularidades.
Não há adaptações nas modalidades, elas seguem as mesmas regras dos esportes para
as pessoas sem deficiência, a única adaptação é à substituição de avisos e sinalizações
sonoras por visuais, por exemplo, apitos são substituídos por sinais de luz, placas ou ban-
deiras com cores, etc.

Fonte: Anversa e Solera (2021)

UNIDADE III Esportes


EducaçãoAdaptados
Física Adaptada
e Paralímpicos
e Inclusão 68
MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Esporte Paralímpico.
Autor: Marco Túlio de Mello e Ciro Winckler.
Editora: Atheneu
Sinopse: O Livro Esporte Paralímpico tem como objetivo divulgar
e consolidar o conhecimento sobre um dos movimentos esporti-
vos que mais cresce no Brasil nos últimos anos. O livro tem seu
conteúdo dividido em 3 grandes tópicos: Na primeira parte, serão
tratados os aspectos históricos, filosóficos e políticos do esporte
paralímpico; no segundo tópico serão abordados os impactos da
deficiência sobre o rendimento esportivo e a classificação esporti-
va das pessoas com deficiência; e no terceiro serão apresentadas
as 20 modalidades esportivas disputadas no programa dos Jogos
Paralímpicos de Verão.

FILME/VÍDEO
Título: Pódio para todos (Rising Phoenix)
Ano: 2020
Sinopse: O filme, “Pódio para todos”, é um documentário que traz
depoimentos de nove atletas de elite de diferentes países, ativistas
e dirigentes, sobre os Jogos Paralímpicos e como esse evento
se reflete na forma que vemos a deficiência, à diversidade e a
excelência.

UNIDADE III Esportes


EducaçãoAdaptados
Física Adaptada
e Paralímpicos
e Inclusão 69
UNIDADE III
Educação Física Escolar e Inclusiva
Professora Dra. Ana Luiza Barbosa Anversa

Professora Ma. Bruna Solera

Plano de Estudo:
● Questões legais acerca da inclusão de pessoas com deficiência;
● Acessibilidade x Barreiras;
● Aulas de Educação Física Inclusivas: o que, como e porque fazer?

Objetivos da Aprendizagem:
● Conhecer as questões legais acerca da inclusão de pessoas com deficiência na escola;
● Compreender a acessibilidade;
● Estudar as aulas de Educação Física como espaço para
inclusão dos alunos com deficiência.

70
INTRODUÇÃO

Olá estudante,

Seja bem vindo (a) a Unidade III da apostila de “Educação Física Escolar e Inclusiva”!
Após você ter adquirido conhecimentos acerca da deficiência, do esporte adaptado,
dos tipos de deficiência, das modalidades de esporte paralímpico, nesta unidade chamada
de “Educação Física Inclusiva” as discussões se ampliarão, e será possibilitado a aquisição
de saberes acerca da Educação Física como meio de promover, contribuir e trabalhar com
a inclusão, seja na escola ou fora dela.
Para isso, nossa unidade está dividida em 3 tópicos. Tópico 1 “Questões legais
acerca da inclusão de pessoas com deficiência”, tópico 2 “Acessibilidade x barreiras” e
tópico 3 “Aulas de Educação Física inclusivas: o que, como e porque fazer?”.
No primeiro tópico iremos falar sobre Leis, declarações que dão suporte, que ga-
rantem direitos às pessoas com deficiência, tanto com relação a sua presença no espaço
escolar, como o direito à vida, a reabilitação, a saúde, ao trabalho, a moradia.
Já no tópico seguinte, vamos estudar a acessibilidade. Você sabe o que é a aces-
sibilidade? Será que em sua cidade as ruas, as calçadas, o transporte público oferece con-
dições para o ir e vir das pessoas com deficiência? Vamos juntos desvendar tais questões.
E por fim, no terceiro tópico, vamos focar nas aulas de Educação Física como meio
de promoção da inclusão e como espaço de envolvimento e participação de todos os alunos,
independente de sua condição. Assim como, traremos dicas e estratégias para utilizarmos
em nossa prática profissional, seja ela, dentro ou fora da escola, para envolver a todos.
Esperamos que aproveitem esta parte da caminhada rumo a uma formação profis-
sional que respeita e envolve a todos em suas intervenções.

Bons estudos!

UNIDADE III Educação Física Escolar e Inclusiva 71


1. QUESTÕES LEGAIS ACERCA DA INCLUSÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

Caro aluno, como vimos anteriormente, a Organização das Nações Unidas (ONU)
define a pessoa com deficiência como aquela que tem impedimentos de natureza física,
intelectual ou sensorial, que diante de barreiras diversas, tem sua participação plena e
efetiva na sociedade e com as demais pessoas limitada.
Vimos também que para que ocorra a efetiva inclusão da pessoa com deficiência
na sociedade, é importante que a sociedade se adapte a pessoa com deficiência e não o
contrário, reduzindo barreiras arquitetônicas, comunicacionais, metodológicas ou pedagó-
gicas e atitudinais ou sociais.
A Lei Brasileira de Inclusão (BRASIL, 2015) aponta que é fundamental garantir o
acesso à informação e a comunicação e tratar com punição quem descumpre esses pon-
tos, quebrando as barreiras que impedem a efetiva inclusão. Para se atingir esse propósito,
algumas questões legais são implementadas. Dentre as Leis e indicativos internacionais de
inclusão podemos destacar:
● 1990: Declaração de Jomtien (Tailândia), indicando a necessidade da inclusão e
permanência de todos na escola. Esse documento foi elaborado na Conferência
Mundial sobre Educação para Todos e traz pontos referentes às necessidades
básicas de aprendizagem para crianças, jovens e adultos. Não é específico
da pessoa com deficiência, mas traz indicativos importantes para a vida com
dignidade e qualidade de vida.

UNIDADE III Educação Física Escolar e Inclusiva 72


● 1994: Declaração de Salamanca (Espanha), parte das “Regras e padrões sobre
Equalização de Oportunidades para Pessoas com Deficiência” da ONU que
indica a necessidade de inclusão da pessoa com deficiência no ensino regular
e o apoio ao desenvolvimento da educação especial. Além disso, o documento
apresenta a estrutura de ação em educação especial e as linhas de ação em
nível nacional.
● 1999: Convenção de Guatemala, traz direcionamentos interamericanos para a
eliminação das formas de descriminação contra à pessoa com deficiência, com
o objetivo de prevenir e eliminar todas as formas de descriinação e propiciar a
plena integração à sociedade, além de definir os direitos iguais à participação,
aprendizagem e trabalho.
● 2006: Realização da convenção sobre os direitos da pessoa com deficiência,
adotada pela ONU em comemoração ao Dia Internacional dos Direitos Huma-
nos. Essa convenção teve como propósito “promover, proteger e assegurar o
exercício pleno e equitativo de todos os direitos humanos e liberdades funda-
mentais para todas as pessoas com deficiência e promover o respeito pela sua
dignidade inerente” (SICORDE, 2007, p.16).
● 2013: Apresentação do Relatório da situação mundial da Infância pela UNICEF,
que traz dados estatísticos sobre as crianças com deficiência e apresenta indi-
cativos de como superar barreiras da inclusão e viabilizar a participação ativa
destas na sociedade.
● 2015: Apresentação dos objetivos do desenvolvimento sustentável, indicando a
necessidade da educação inclusiva e equitativa para todos.

Já nas Leis e indicativos nacionais de inclusão destaca-se:

● 1988: Constituição Federal, que defende a educação como direito de todos e


dever do Estado em oferecer atendimento educacional especializado;
● 1994: Direcionamentos do Ministério da Educação (MEC) quanto aos aspectos
éticos e políticos para as ações educacionais de normatização e integração da
pessoa com deficiência;
● 1996: Implantação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDBEN) indicando a necessidade da Educação Especial e criação de
instituições priva-das sem fins lucrativos;
● 2003: Instauração da Portaria 3.284 que torna obrigatória condições de acessi-
bilidade para autorização e reconhecimento de cursos em nível superior;

UNIDADE III Educação Física Escolar e Inclusiva 73


● 2005: Programa Acessibilidade no Ensino Superior, que propõe normativas
para
o atendimento da pessoa com deficiência física e sensorial, destacando à adap-
tação arquitetônica e Decreto 5.626 que indica a necessidade de inclusão da
LIBRAS como disciplina curricular obrigatória nos cursos superiores destinados
à formação de professores e no curso de Fonoaudiologia e optativa nos demais
cursos de educação superior e educação profissional;
● 2007: Homologação do Plano de Desenvolvimento Educacional, indicando a
im-portância da acessibilidade arquitetônica, sala de recursos e formação
docente para atendimento das pessoas com deficiência. E Decreto 6.094
garantindo o acesso e permanência da pessoa com deficiência no ensino
regular;
● 2008: Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da educação
inclusiva, ação que visa acompanhar os avanços do conhecimento e das lutas
sociais em prol da qualidade da educação para todos os estudantes. Essa polí-
tica destaca o atendimento educacional especializado complementar ou suple-
mentar, mas destaca que o atendimento em escolas especiais não potencializa
a educação inclusiva;
● 2009: Resolução 02/2009 que trata das Diretrizes Operacionais para o aten-
dimento educacional especializado na educação básica, indicando que aten-
dimentos em sala de recursos e atendimentos especializados não são substi-
tutivos das classes comuns, por isso devem ser ofertados em turno inverso da
escolarização;
● 2011: Plano Nacional dos direitos da pessoa com deficiência (Decreto
7.612/2011), destacando a educação inclusiva, inclusão social e ampliação da
participação da pessoa com deficiência no mercado de trabalho,
acessibilidade, ampliação das políticas de assistência social, prevenção das
causas da defi-ciência, atenção à saúde e promoção o acesso,
desenvolvimento e da inovação em tecnologia assistiva;
● 2013: Parecer CNE/CEB nº 2/2013, que indica a possibilidade de ampliação da
terminalidade específica e flexibilização curricular, adequando os componentes
curriculares à possibilidade cognitiva dos alunos, ou seja, atendendo desde
os que não puderem atingir o nível exigido no tempo proposto, devido a sua
deficiência, até à aceleração para concluir o cronograma escolar frente à casos
de superdotação.
● 2015: Lei Brasileira de Inclusão da pessoa com deficiência (Lei 13.146), que
instituiu o Estatuto da Pessoa com Deficiência, promovendo “condições de
igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais da pessoa
com deficiência, visando à inclusão social e cidadania” (BRASIL, 2015, p.1).

UNIDADE III Educação Física Escolar e Inclusiva 74


2. ACESSIBILIDADE X BARREIRAS

Estudante, você sabe o que é a acessibilidade? Reflita sobre esta pergunta e em


seguida prossiga a leitura.
De acordo com a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº
13.146, de 6 de julho de 2015), a acessibilidade se refere a:
Possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e auto-
nomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, trans-
portes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias,
bem como de outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público
ou privados de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa
com deficiência ou com mobilidade reduzida (BRASIL, 2015).

A acessibilidade é um direito da pessoa com deficiência. Sua garantia é dever do


Estado, da sociedade e da família. Sendo assim, a escola deve ser acessível, a educação,
todos os ambientes e serviços ofertados devem possibilitar a pessoa com deficiência con-
dições para sua utilização com segurança e autonomia.
Sassaki (2005) classifica a acessibilidade em 6 tipos. São eles: acessibilidade
atitudinal, acessibilidade arquitetônica, acessibilidade metodológica, acessibilidade comu-
nicacional, acessibilidade instrumental e acessibilidade programática. Vamos conhecê-las?
Acessibilidade atitudinal: refere-se a percepção do outro sem preconceitos, sem
estigmas, sem estereótipos e sem discriminação. Aqui, o mencionado é superado por meio
de programas e práticas de conscientização das pessoas em geral acerca da diversidade
humana. A atitude das pessoas possibilita a quebra de barreiras, à compreensão sobre
a deficiência e suas potencialidades e os meios para abordar e auxiliar as pessoas que
precisam.

UNIDADE III Educação Física Escolar e Inclusiva 75


Acessibilidade arquitetônica: a acessibilidade arquitetônica refere-se a não ter
barreiras ambientais físicas nos espaços urbanos, nos edifícios, no transporte coletivo, na
sala de aula e espaços públicos e privados.

FIGURA 1. ACESSIBILIDADE NO TRANSPORTE COLETIVO

Para as pessoas com deficiência física é preciso que se tenham rampas, espaço
reservado para a deficiência física, como na figura 2. Banheiros também devem ser ade-
quados, possibilitando condições para o uso independente (figura 3).

FIGURA 2. BANHEIRO ACESSÍVEL

No caso da deficiência visual, são exemplos de acessibilidade estrutural o piso tátil


(figura 4) e avisos sonoros para travessia na faixa de pedestres (figura 5).

UNIDADE III Educação Física Escolar e Inclusiva 76


FIGURA 3. PISO TÁTIL PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL

FIGURA 4. SEMÁFORO SONORO PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL

Acessibilidade metodológica: também conhecida como acessibilidade pedagó-


gica, ela quer dizer sem barreiras nos métodos e técnicas de estudo, como adaptações
curriculares, uso de todos os estilos de aprendizagem, aulas com base nas inteligências
múltiplas, novo visão sobre avaliação da aprendizagem. São exemplos, pranchas de
comunicação, texto impresso e ampliado, softwares ampliadores de comunicação
alternativa, leitores de tela, entre outros.

UNIDADE III Educação Física Escolar e Inclusiva 77


FIGURA 5. PRANCHA DE COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA

Fonte: CIVIAM.

FIGURA 6. TECLADO ACESSÍVEL PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL

Na figura 7 observe estudante, que no teclado convencional há um teclado em


braile. Outro recurso que se pode utilizar é o DOSVOX. Ele é um sistema computacional
baseado no uso sintetizador de voz. O sistema conversa com a pessoa com deficiência
visual, facilitando o uso de computadores.
Acessibilidade comunicacional: a acessibilidade comunicacional se refere a não
ter barreiras na comunicação interpessoal (face-a-face, língua de sinais, linguagem corpo-

UNIDADE III Educação Física Escolar e Inclusiva 78


ral), na comunicação escrita (jornal, livros, entrevistas com braille, com letras ampliadas e
outras tecnologias assistivas) e na comunicação virtual (acessibilidade digital).
Acessibilidade instrumental: sem barreiras nos instrumentos e utensílios de estu-
dos (lápis, caneta, borracha, carteira), sem barreiras nas atividades da vida diária (higiene,
comer, vestir) e de lazer, esporte e recreação (dispositivos que atendam às pessoas com
deficiência, independente de qual ela seja).

FIGURA 7. ADAPTAÇÃO PARA ESCRITA COM LÁPIS

Fonte: Reab, 2017.https://www.reab.me/materiais-adaptados-para-a-escrita/

Acessibilidade programática: a acessibilidade programática se refere a ausência


de barreiras nas políticas públicas, em regulamentos e em normas no geral.
Além do mencionado e trazido seguindo os estudos de Sassaki (2005). Temos ainda
a acessibilidade digital. Este tipo de acessibilidade se refere a apresentação de informa-
ções em formatos alternativos. Exemplo: a instituição de ensino superior que disponibiliza o
seu material teórico em formato que possibilite a pessoa com deficiência, independente de
qual for ela, condições para acesso à informação e ao conhecimento.
De encontro com a acessibilidade, temos as barreiras, sendo elas,
Qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que limite ou impeça
a participação social da pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exercício
de seus direitos à acessibilidade, à liberdade de movimento e de expressão,
à comunicação, ao acesso à informação, à compreensão, à circulação com
segurança (BRASIL, 2015).

As barreiras, acordo com a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência


(Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015), podem ser classificadas como:

UNIDADE III Educação Física Escolar e Inclusiva 79


a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e nos espaços públicos e priva-
dos abertos ao público ou de uso coletivo.

FIGURA 8. BARREIRA URBANÍSTICA

Fonte: Beta. [s.d].http://www.betaredacao.com.br/garantir-acessibilidade-e-desafio-para-a-administracao-publica/

b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifícios públicos e privados;

FIGURA 9. BARREIRA ARQUITETÔNICA

c) barreiras nos transportes: existentes nos sistemas e meios de transportes.


d) barreiras nas comunicações e na informação: qualquer entrave, obstáculo,
atitude ou comportamento que dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de
mensagens e de informações por intermédio de sistemas de comunicação e de tecnologia
da informação;

UNIDADE III Educação Física Escolar e Inclusiva 80


e) barreiras atitudinais: atitudes ou comportamentos que impeçam ou prejudiquem
a participação social da pessoa com deficiência em igualdade de condições e oportunidades
com as demais pessoas;
f) barreiras tecnológicas: as que dificultam ou impedem o acesso da pessoa com
deficiência às tecnologias.

2.1 Tecnologias Assistivas


Estudante, temos na sociedade algo que se chama Tecnologias Assistivas (TA). Já
ouviu falar algo sobre isso?
Pois bem. A TA de acordo com Bersch (2007, p. 2) pode ser vista como “um auxílio que
promoverá a ampliação de uma habilidade funcional deficitária ou possibilitará a realização
da função desejada e que se encontra impedida por circunstância de deficiência”.“Tecnologia
assistiva é uma expressão utilizada para identificar todo o arsenal de recursos e serviços que
contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficiência
e, consequentemente, promover vida independente e inclusão” (BERSCH, 2007, p. 31).
Quando olhamos para a TA no espaço escolar, podemos afirmar que ela é um meio de
buscar com criatividade, uma opção para que nossos alunos realizem o que desejam ou precisam.
É encontrar uma estratégia para que ele possa fazer de outro jeito. É valorizar
o seu jeito de fazer e aumentar suas capacidades de ação e interação a partir
de suas habilidades. É conhecer e criar novas alternativas para a comunica-
ção, escrita, mobilidade, leitura, brincadeiras, artes, utilização de materiais
escolares e pedagógicos, exploração e produção de temas através do com-
putador, etc. É envolver o aluno ativamente, desfiando-se a experimentar e
conhecer, permitindo que construa individual e coletivamente novos conhe-
cimentos. É retirar do aluno o papel de espectador e atribuir-lhe a função de
ator (BERSCH, 2007, p. 31).

Para Solera (2020) a TA vem como uma possibilidade para posicionar o aluno no
centro do processo educacional e, com isso, contribuir com sua autonomia. Bersch (2007,
p. 37), afirma que a TA se organiza por modalidades. Veja abaixo.
● Auxílios para a vida diária e vida prática;
● Comunicação Aumentativa e Alternativa ;
● Recursos de acessibilidade ao computador;
● Adequação Postural (posicionamento para função);
● Auxílios de mobilidade;
● Sistemas de controle de ambiente;
● Projetos arquitetônicos para acessibilidade;
● Recursos para cegos ou para pessoas com visão subnormal;
● Recursos para surdos ou pessoas com déficits auditivos;
● Adaptações em veículos.

Vamos conhecer cada uma delas? De acordo com Bersch (2017):

UNIDADE III Educação Física Escolar e Inclusiva 81


a) Auxílios para a vida diária e vida prática: são materiais e produtos que
contribuem com o desempenho de forma autônoma e independente em tarefas do dia a dia,
assim como, tem como objetivo facilitar o cuidado de pessoas com deficiência que depen-
dem de auxílio em atividades como se alimentar, cozinhar, vestir-se e outras necessidades.
São exemplos: talheres modificados, velcro, barras de apoio. Além disso, aqui também se
insere equipamentos que auxiliam as pessoas com deficiência visual em sua independência
na realização de tarefas, como, consultar o relógio, usar a calculadora, identificar peças de
vestuário, escrever dentre outros.

FIGURA 11. TALHER ADAPTADO

b) Comunicação Aumentativa e Alternativa: A CAA é direcionada ao atendi-


mento de pessoas sem fala e ou escrita funcional ou com defasagem entre sua necessi-
dade comunicativa e sua habilidade de falar, escrever e/ou compreender. São exemplos,
pranchas de comunicação (utilizadas para que os sujeitos consigam expressar seus dese-
jos, questões, sentimentos…) (figura 12) e computadores com softwares específicos que
contribuem com a efetiva comunicação.

UNIDADE III Educação Física Escolar e Inclusiva 82


FIGURA 12. PRANCHA DE COMUNICAÇÃO

Fonte: UFRGS, 2020. Disponível em:https://www.ufrgs.br/coronavirus/base/hospitais-de-porto-alegre-rece-

bem-pranchas-para-auxiliar-a-comunicacao-com-pacientes/. Acesso em: 23 de jul. 2021.

c) Recursos de Acessibilidade ao computador: Conjunto de hardware e sof-


tware pensados para deixar os computadores acessíveis para as pessoas com deficiência
visual, auditiva, intelectual e motora. Nesses recursos estão inclusos mouses, teclados e
outros (dispositivos de entrada) e sons, imagens, informações táteis (dispositivos de saída).
Como exemplo podemos citar teclados modificados, software de reconhecimento de voz,
órteses, ponteiras para digitação e etc.
FIGURA 13. TECLADO ADAPTADO PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL

Fonte: Blog Acessibilidade, 2010. Disponível em: http://mundoacessivel.blogspot.com/2010/03/conheca-os-

-equipamentos-para.html. Acesso em: 23 de jul. 2021.

UNIDADE III Educação Física Escolar e Inclusiva 83


d) Sistemas de Controle do Ambiente: por meio de um controle remoto as
pessoas podem ligar, desligar e ajustar a luz, o som, a TV, ventilador, abrir e fechar portas.
e) Projetos arquitetônicos para acessibilidade: projetos de edificação e ur-
banismo que possibilita o acesso, funcionalidade e mobilidade para todas as pessoas com
deficiência. São exemplos, elevadores, banheiros, mobiliários e etc.

FIGURA 15. MOBILIÁRIO ADAPTADO

Fonte: Pinterest, s/d.Disponível em: https://br.pinterest.com/pin/328481366542530701/.

Acesso em: 23 de jul. 2021.

f) Órteses e próteses: as órteses são colocadas junto a um segmento do cor-


po, contribuindo uma melhor posição, estabilização ou função do mesmo (figura 16). As
próteses substituem partes do corpo que são ausentes (figura 17).

UNIDADE III Educação Física Escolar e Inclusiva 84


FIGURA 16. ÓRTESE

FIGURA 17. PRÓTESE

g) Adequação Postural: auxílio para manter a postura alinhada, estável, con-


fortável. Exemplo: almofadas no leito, estabilizadores ortostáticos etc.

UNIDADE III Educação Física Escolar e Inclusiva 85


FIGURA 18. ESTABILIZADOR

Fonte: Meu Anjo Gabriela, 2014. Disponível em:http://meuanjogabriela.com.br/gabi-no-parapodium/. Acesso em: 23 de jul. 2021.

h) Auxílios de Mobilidade: cadeiras de rodas, andadores, bengalas são meios


de auxiliar na mobilidade pessoal das pessoas com deficiência.
i) Recursos para surdos ou pessoas com déficits auditivos: são auxílios que
incluem aparelhos para surdez, sistemas com alerta visual e tátil, celular com mensagens
escritas, vibrações, livros e dicionários digitais com a língua de sinais.
j) Recursos para cegos ou para pessoas com visão subnormal: recursos
que vão desde o braille até softwares de ampliação de tela, lupas e teclado ampliados.
k) Adaptações em veículos: são acessórios que ajudam as pessoas com
deficiência física a dirigir um automóvel, a entrar e sair do transporte coletivos, como ele-
vadores, rampas.

Fonte: Blog Moda Infantil. Disponível em: https://blog.brandili.com.br/5-desenhos-com-licoes-bonitas-sobre-

-inclusao/cuerdas-es-un-cortometraje-de-animacion-escrito-y-dirigido-por-pedro-solis-garcia-2/

UNIDADE III Educação Física Escolar e Inclusiva 86


3. AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVAS: O QUE, COMO E PORQUE FAZER?

O que devemos fazer ao receber alunos com deficiência em nossas aulas?


O primeiro passo é simples e valoriza o aluno. Devemos perguntar a ele, o que
ele PODE fazer, o que ele CONSEGUE fazer. Ou seja, vamos iniciar nosso diagnóstico da
deficiência, a partir das potencialidades dos sujeitos que a contém. Claro que vamos levar
em consideração as suas fragilidades e necessidades, mas inicialmente para que ele se
sinta incluído, partir de suas potencialidades é indispensável.
Além desta atitude positiva, tem muitas outras que devemos ter em nossa atuação
profissional. Veja a seguir.

3.1 Atitudes Positivas

3.1.1 Atitudes dos professores para com os alunos com deficiência física
De acordo com Marques, Cidade e Lopes (2009), são atitudes positivas dos profes-
sores para o trabalho com alunos com deficiência física:
● Acolher e valorizar o nosso aluno com ênfase em suas potencialidades;
● Criar um clima que ofereça segurança e confiança para que o aluno consiga
expressar suas vivências, expectativas, preocupações e medos;
● Ficar alerta com possíveis situações de apatia, tristeza e cansaço;

UNIDADE III Educação Física Escolar e Inclusiva 87


● Estimular a expressão corporal e linguística, sobretudo em alunos com acome-
timentos mais severos;
● Em relação a aprendizagem, ter uma atitude aberta, flexível e incessante na
busca da melhor forma de comunicação, aplicação das estratégias metodológi-
cas e avaliação;
● Ter flexibilidade na organização de horários das atividades;
● Observar permanentemente;
● Manter rotinas que ajude os alunos a antecipar situações e a estruturar tempo-
ralmente seu mundo;
● Ter atitude investigativa e aberta, procurar experimentar novos métodos, mate-
riais ou sugestões.

Além disso, é importante:


● Facilitar o acesso dos alunos com deficiência física, por meio da eliminação de
barreiras arquitetônicas (rampas, elevadores), contribuindo com a garantia da
mobilidade dos alunos dentro da escola ou do espaço de atuação;
● Providenciar adaptações específicas, como muletas, andadores, cadeiras de
rodas;
● Verificar a adaptação dos banheiros;
● Saber como manejar e familiarizar-se com instrumentos mais específicos, como,
sondas, coletores etc;
● Utilizar recursos pessoais como amigo tutor, voluntários e familiares.

3.1.2 Cuidados a serem tomados pelo professor em relação à pessoa com


deficiência visual
Ao atuar com pessoas com deficiência visual, devemos tomar alguns cuidados,
para que nossa prática interventiva seja efetiva e inclusiva. São elas:
● Sempre verbalizar as atividades que serão realizadas. Falar de forma clara,
objetiva e tranquila. Isso facilitará a percepção do aluno;
● Caso necessário, demonstrar o exercício a partir da ajuda física;
● Saber o nome do aluno. Isso transmite segurança a ele;
● Usar dicas específicas ambientais, como muros, cheiro característico de algum
local, posição do sol. Isso auxiliará o aluno em sua locomoção e formação de
um mapa mental do ambiente físico;

UNIDADE III Educação Física Escolar e Inclusiva 88


● Evitar ambientes com muitos estímulos sonoros para desenvolver suas atividades;
● Ao se aproximar ou se afastar de pessoas com deficiência visual sempre o
comunicar sobre isso, se apresentar e se despedir;
● Buscar trabalhar as atividades por etapas, para que os alunos se sintam seguros;
● Não demonstre excesso de proteção. O aluno cego é um ser humano, deve ser
tratado como os demais e ter liberdade;
● Integrar seus conteúdos com as adaptações necessárias para inclusão de todos
os alunos.

IMPORTANTE!

Com profissionais, devemos reconhecer o nível de orientação e mobilidade de cada


pessoa, de cada aluno com deficiência visual para conseguir lidar de forma mais efetiva
com a deficiência.
A principal via de recepção da informação das pessoas com deficiência visual é a audição.
A interação no ambiente e com as pessoas e crianças sem deficiência visual facilitará
seu desenvolvimento.

3.1.3 Cuidados para trabalhar com as pessoas com deficiência auditiva


Para se trabalhar com pessoas com deficiência, precisamos ter alguns cuidados,
que contribuirão com a inclusão desses sujeitos.
● Durante sua intervenção sempre fala com seu aluno de frente para ele. Muitos
deles podem fazer leitura labial;
● Fale de forma objetiva e clara;
● Não masque chicletes enquanto fala;
● Utilize estratégias visuais para aplicar suas atividades;
● Não mude constantemente as regras das atividades e sempre que fizer isso,
chame todos os alunos e dê uma instrução clara;
● Tente estimular o maior envolvimento dos alunos;
● Utilize Libras.

UNIDADE III Educação Física Escolar e Inclusiva 89


3.1.4 Orientações gerais para inclusão das pessoas com deficiência
intelectual
Para inclusão de pessoas com deficiência intelectual é preciso considerar alguns
aspectos para facilitar a inclusão desses sujeitos durante nossa prática profissional.

Atitudes:
● Aja naturalmente;
● Não superproteger o aluno com deficiência intelectual;
● Garanta a participação de todos;
● Promova desafios;
● Garanta a autonomia;
● Estimule a prática esportiva sem preconceitos ou medos;
● Não subestime a capacidade dos alunos;

Na prática:
● Selecionar atividades que estejam de acordo com o desenvolvimento do aluno;
● Seja criativo, proponha atividades que chame a atenção dos alunos;
● Se necessário faça adaptações nas atividades;
● Atividades mais complexas devem ser desenvolvidas por etapas;
● Evite instruções longas e preze por orientações claras e breves.

3.2 Amigo Tutor


Você conhece o amigo tutor?
Ele é um colega da turma, da sala, que irá auxiliar a pessoa com deficiência em suas
atividades durante a aula ou em seus deslocamentos pela escola ou em outros espaços.
O amigo tutor pode ser alguém próximo do aluno com deficiência. O professor
ainda pode revezar essa função entre a turma, mas, é importante saber que, ser o amigo
tutor, deve ser algo prazeroso para quem desempenha esse papel.
Ao exercer o papel de amigo tutor é preciso se atentar para alguns aspectos como:
posicionamento, procurando sempre estar a frente ou próximo da pessoa que irá tutoriar;
vestimenta, a roupa do tutor precisa ser confortável não limitando movimentação e auxílio,
além disso deve se atentar para alguns pontos. Ao ser tutor de uma pessoa baixa visão
buscar roupas com maior contraste, se da pessoa com transtorno espectro autista, evitar
cores vibrantes, acessórios e perfumes com fragrância muito forte. Motivação, o amigo
tutor precisa sempre estar motivado e buscar motivar o tutoriado, estimulando-o a tentar

UNIDADE III Educação Física Escolar e Inclusiva 90


executar as tarefas e superar as barreiras apresentadas, além disso é importante que o
tutor conheça as barreiras que a atividade e/ou ambiente irão oferecer para analisar e
estruturar a melhor forma de auxílio.
Fulk e King (2001) apresentam que na formação e atuação como tutor, algumas
Diretrizes devem ser consideradas:
● Explicar a finalidade e papéis de ação: o tutor deve conhecer sua função e
quais ações devem ser desenvolvidas, além disso, precisa conhecer as
principais características da deficiência na qual irá atuar;
● Colaboração e Cooperação: é importante conhecer a diferença entre os termos
e analisar a situação para ver qual das duas atenderá melhor às demandas da
pessoa com deficiência e da atividade proposta;
● Treinamento: a pessoa que irá exercer a tutoria precisa conhecer e vivenciar a
deficiência, além de discutir junto aos seus pares, professores ou especialistas
quais as melhores estratégias de feedback e correção;
● Modelar comportamentos: estimulando a pessoa com deficiência a tentar
executar a atividade proposta dentro de suas potencialidades, auxiliando-a a
relacionar com situações cotidianas e outras tarefas que demandem ações
similares;
● Roteiros pré-estabelecidos: para atuar da melhor forma o amigo tutor precisa
ter ciência do que será desenvolvido para que não precise compreender ou
receber instruções sobre a tarefa durante a execução da mesma;
● Acompanhamento e orientação: analisar as principais barreiras apresentadas e
como acompanhar e orientar a pessoa com deficiência;
● Avaliação do processo de tutoria: após a ação desenvolvida analisar os pontos
positivos e negativos, buscando feedback junto a pessoa com deficiência e ao
professor ou profissional responsável pelas atividades propostas.

FIGURA 19. AMIGO TUTOR

Fonte: Pinterest. [s.d].https://br.pinterest.com/pin/492229434265061697/

A utilização do amigo tutor é uma estratégia válida e que de fato funciona.

UNIDADE III Educação Física Escolar e Inclusiva 91


3.3 Educação Física e Inclusão na Escola
No espaço escolar vamos nos deparar com uma diversidade de alunos, entre eles,
os com deficiência. A Educação Física, como componente curricular obrigatório e presente
na Educação Básica, deve possibilitar o envolvimento de todos os alunos em suas aulas,
independente de sua condição.
Para isso o professor assume importante papel. É ele quem deverá planejar as
aulas considerando estratégias para incluir o aluno com deficiência, possibilitando vivên-
cias, experiências efetivas e ativas na Educação Física, o que por sua vez, levará uma
aprendizagem com sentido e significado a esse sujeito.
É importante ressaltar que o professor deve pensar em todos os alunos de sua
turma ao elaborar seu plano, e não apenas nos estudantes com algum tipo de deficiência!
Fique atento a isso.
Como esse pensar em todos pode ser efetivado? Algo valioso para a inclusão e
participação ativa dos alunos com deficiência é a adaptação. O que isso quer dizer? Você
como professor pode pensar em uma aula para toda a turma e partir disso, adaptar o
envolvimento do aluno com deficiência. Por exemplo: a aula é sobre Jogos e Brincadeiras,
na brincadeira escolhida, é preciso passar entre os cones saltando, no caso da deficiência
física, o aluno pode passar os cones os contornando. Além disso, temos o amigo tutor,
como vimos anteriormente, ele é uma peça essencial para contribuir com a participação dos
indivíduos que não possuem independência para locomoção.
Há inúmeras formas de adaptar as nossas aulas! Use a criatividade! O que não
devemos fazer é deixar este aluno de lado, excluído, ou simplesmente fazendo trabalhos
teóricos ou sendo assistente do professor.
Além disso, é importante mencionar que em nossas aulas, podemos e devemos traba-
lhar com os esportes adaptados. A partir disso, iremos possibilitar aos alunos sem a deficiência a
vivência da mesma. É uma experiência incrível, o que também contribui com a conscientização
dos demais acerca das dificuldades e desafios dos alunos com deficiência. Veja em seguida
imagens com possibilidades para se trabalhar os esportes adaptados na escola.

UNIDADE III Educação Física Escolar e Inclusiva 92


FIGURA 20. BASQUETE ADAPTADO

Fonte: Colégio Sagrado Coração. [s.d]. Disponível em:http://www.novosite.ssps.org.br/novosite/public.asp?-

7362-18416-o-esporte-adaptado. Acesso em: 23 de jul. 2021.

Na figura 20, temos a adaptação para a prática do Basquete em Cadeira de Rodas.


Repare que o professor utilizou cadeiras convencionais para isso. É uma ótima ideia, no
caso de não se ter cadeira de rodas para todos os alunos.

FIGURA 21. GOALBALL

Fonte: Colégio Certus. [s.d]. Disponível em:https://certus.com.br/blog/esporte/inclusao-voce-ja-ouviu-falar-

-do-goalball/. Acesso em: 23 de jul. 2021.

UNIDADE III Educação Física Escolar e Inclusiva 93


Na figura 21, temos a prática do Goalball na escola. As vendas foram adaptadas
com coletes, os gols são demarcados com cones e a bola, é uma bola de volêi envolvida
por sacolas, para que esta produza som.
Outra opção para a bola, é pegar uma bola que está sem condições de uso e fazer
um furinho nela, e por ele, inserir um gizo. As vendas também podem ser confeccionadas
com TNT.

FIGURA 22. BOCHA

Fonte: Diversa: educação inclusiva na prática. 2015. Disponível em: https://diversa.org.br/relatos-de-expe-

riencia/bocha-inclusiva-incentiva-protagonismo-de-aluno-com-deficiencia-fisica/. Acesso em: 23 de jul. 2021.

Na figura 22, os alunos estão jogando Bocha. Para isso você pode utilizar qualquer
bolinha que se tenha na escola, bolinhas de plástico, bolinhas de meia, bolinhas de alpiste.
Basta que você tenha 6 bolas azuis, 6 bolas vermelhas e uma bola branca.
Dependendo do material das bolas, você escolherá qual o melhor piso para o jogo.
Sabemos que a Bocha é jogada na quadra, mas isso não impede que façamos uma adap-
tação do local. Durante o jogo os alunos podem ficar sentados no chão ou em cadeiras.

UNIDADE III Educação Física Escolar e Inclusiva 94


FIGURA 23. VOLÊI SENTADO

Fonte: Professor Leandro Miller.https://www.youtube.com/watch?v=-Y7f6u5kyTM

Na figura 23, temos o vôlei sentado. Veja que tal modalidade pode ser facilmente
trabalhada em suas aulas. Na grande maioria das escolas, há bola de vôlei e rede,
sendo assim, para jogar basta adaptar a altura da rede. Na ausência dela, utilize uma
corda.

3.3.1 Atendimento Educacional Especializado e a Educação Física


Estudante, nas escolas você poderá encontrar o professor AEE. Você sabe quem
são eles?
AEE significa, Atendimento Educacional Especializado. Este atendimento é reali-
zado por professores, sendo estes, aqueles especializados em Educação Inclusiva, com
conhecimentos das especificidades da atuação com pessoas com deficiência (SOLERA,
2020). Tais professores possuem a responsabilidade em possibilitar a autonomia dos alu-
nos com deficiência, melhor qualidade de vida e ampliação de suas habilidades (como
comunicação e mobilidade) (BERSCH; MACHADO, 2007). Além disso, eles estabelecem
parcerias com outras áreas, como engenharia, terapia ocupacional, fisioterapeuta para
o desenvolvimento de serviços e recursos adequados aos alunos que necessitam e que
fazem parte desse atendimento.
O aluno frequenta o AEE no contra turno escolar. O AEE pode ser realizado na
sala de recursos multifuncionais. Mas além disso, o professor AEE deve atuar em
parceria com os demais professores da escola, como o de Educação Física. Nesse
sentido, o professor de Educação Física, de sala de aula comum, irá identificar
possíveis barreiras para este aluno e comunicar ao AEE. E em conjunto, possibilitarão um
processo de ensino e aprendizagem com sentido e significado ao aluno, assim como
contribuirão com seu desenvolvimento e sua autonomia.

UNIDADE III Educação Física Escolar e Inclusiva 95


SAIBA MAIS

Além do auxílio prestado pelo amigo tutor a pessoa com deficiência, podemos contar
com o trabalho colaborativo e a consultoria. O trabalho colaborativo ocorre quando dois
profissionais ou professores atuam de modo conjunto, ou seja, se tem um direcionado
para a ação a ser desenvolvida (por exemplo o professor regular, preparador físico) e
um professor ou prosional especialista em Educação Física Adaptada, nesse caso à
ação se dá em planejar em conjunto as atividades à serem desenvolvidas, pensando
em metodologias inclusivas e adaptações necessárias às práticas propostas. Já na con-
sultoria o auxílio prestado é indireto, o professor/profissional que trabalha com pessoas
com deficiência busca auxílio de um especialista que o ajuda a identificar as potencia-
lidades e dificuldades, presta feedback das ações desenvolvidas e reanalisar as ações
de modo a torná-las mais significativas, atuando assim na estruturação do planejamento
e na solução de problemas.

Fonte: FULK e KING (2001).

REFLITA

A Educação Física é para todos, logo precisamos saber como auxiliar a pessoa com
deficiência ou alguma limitação de forma natural e espontânea. Por isso é importante
que informações sobre as deficiências e as formas específicas de ajuda sejam propaga-
das na sociedade, de modo a reduzir o preconceito e aumentar as formas de inclusão e
participação ativa das pessoas com deficiência. Reflita como você pode contribuir com
essa ação.

Fonte: As autoras.

UNIDADE III Educação Física Escolar e Inclusiva 96


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caros estudantes, chegamos ao fim de nossa terceira unidade da apostila “Educa-


ção Física Adaptada”. Essa unidade teve por objetivo apresentar as questões legais acerca
da inclusão de pessoas com deficiência na escola, debatendo sobre pontos relacionados à
acessibilidade e barreiras para a inclusão e como favorecer a participação ativa e autônoma
das pessoas com deficiência na educação física escolar e prática de exercícios físicos.
Para se atingir esses propósitos, conhecemos os principais indicativos legais inter-
nacionais e nacionais que regulamentam a inclusão e quais as prepositivas direcionadas à
superação das barreiras de acessibilidade (atitudinal, arquitetônica, metodológica, comuni-
cacional e instrumental).
Sobre a Educação Física Escolar e Inclusiva, debatemos sobre algumas ações pe-
dagógicas adotadas pelo cenário escolar, como o uso de tecnologias assistivas, atendimento
especializado e atitudes positivas que podem ser adotadas ao se trabalhar com as diferentes
deficiências, indicando também a importância do amigo tutor nesse processo de inclusão.
Esperamos que os conhecimentos trazidos contribuam com sua prática interventiva
e que essas se reflitam no contexto social, contribuindo para efetividade dos indicativos le-
gais mas principalmente para à inclusão e construção de um novo olhar para a deficiência.
Além disso, almeja-se que o atendimento especializado prestado por vocês vá além dos
indicados ao longo desta unidade.

Vamos em frente!

UNIDADE III Educação Física Escolar e Inclusiva 97


LEITURA COMPLEMENTAR

Ao longo desta unidade conhecemos sobre as questões legais da inclusão da


pessoa com deficiência e como essas se refletem nas questões da acessibilidade e nas
aulas/atividades relacionadas à Educação Física. Mas como tem se dado a acessibilidade
e inclusão na sociedade contemporânea?
Amaral (2019) indica que para se ter inclusão social é importante garantir parti-
cipação igualitária, e isso remete à questões educacionais, políticas, laborais, culturais,
etc. Será que essa inclusão tem ocorrido? Pense nas estruturas da sua cidade, quais são
as estratégias de inclusão adotadas pelas empresas, comércio, universidades, cinemas,
teatros, entre outros? Acreditamos que muito se avançou nos últimos anos, mas ainda se
tem muito a fazer, logo mesmo com indicativos legais ainda temos espaços de exclusão
social do indivíduo.
Segundo Silva (2014, p.138) para se ter a inclusão é necessário “investir em tecno-
logias assistivas, diagnósticos de áreas e atividades possíveis de adaptações”, além de ca-
pacitação de equipes. Logo no cenário da Educação Física precisa-se de um planejamento
estrutural e pedagógico para que a inclusão se efetive em escolas, centros esportivos,
academias, etc.
Na questão arquitetônica os espaços para à prática de exercícios físicos precisa
ofertar além de rampas de acesso e banheiros adaptados, a utilização de pisos antiderra-
pantes e táteis, espaços específicos para pessoas com deficiência nas arquibancadas, nas
piscinas é necessário bancos de transferência, degraus e rampas submersos e barras de
apoio nas bordas (ABNT, 2015), além de maior espaço entre as carteiras ou materiais de
musculação e um ambiente organizado sem grandes mudanças de distribuição.
Na questão comunicacional precisamos estar preparados para nos comunicar com
as pessoas com deficiência, seja por meio da LIBRAS ou gestos previamente combinados,
sabendo descrever exercícios, movimentos e espaços de modo auxiliar o deficiênte visual
e tendo nas quadras esportivas painéis eletrônicos (placar), que emita sinais sonoros e de
luz em momentos e ações específicos das partidas esportivas.
Na questão atitudinal precisamos ver as pessoas com deficiência sempre em suas
potencialidades, não subestimando e proporcionando vivências que venham a enriquecer
suas experiências motoras. Além disso, é importante que a sociedade como um todo respeite
os espaços direcionados para esse público (filas prioritárias, vagas de estacionamento, etc.)

UNIDADE III Educação Física Escolar e Inclusiva 98


Por fim, na questão pedagógica alunos e professores precisam ser treinados para
ofertar assistência física primária e secundária condizente e discernir quando uma ou outra
se faz necessária. A assistência física primária é quando se explica o exercício ou atividade
por meio de instrução verbal, gestual ou gráfica, auxiliando na execução apenas questões
pontuais. Já a assistência física secundária é quando o instrutor ou tutor toca na pessoa
com deficiência auxiliando-a a executar o movimento do geral para específico, essa assis-
tência só deve ser oferecida em casos específicos, uma vez que de certa forma reduz a
autonomia do praticante.

Fonte: Anversa e Solera (2021).

UNIDADE III Educação Física Escolar e Inclusiva 99


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Deficiência e Inclusão Escolar
Auto:. Elsa Midori Shimazaki e Edilson Roberto Pacheco (Org.)
Editora: Eduem (Disponível em: http://old.periodicos.uem.br/~e-
duem/novapagina/?q=node/710)
Sinopse: O livro Deficiência e Inclusão Escolar, traz reflexões de
pesquisadores da área sobre a educação especial, abordando a
relação com à família, à inclusão escolar, a aprendizagem e o de-
senvolvimento, as características morfofuncionais das deficiências
e as tecnologias assistiva, além de indicativos para inclusão das
pessoas com deficiência no ensino regular.

FILME/VÍDEO
Título: Extraordinário (Wonder)
Ano: 2017
Sinopse: Auggie Pullman (Jacob Tremblay) é um garoto de 10
anos com uma deformação facial congênita, que já passou por
muitas cirurgias. O filme retrata seu ingresso no ensino regular, e
como ele lida com a constante observação e avaliação dos colegas
de escola.

UNIDADE III Educação Física Escolar e Inclusiva 100


UNIDADE IV
Educação Física: Conhecendo
Outras Condições
Professora Dra. Ana Luiza Barbosa Anversa

Professora Ma. Bruna Solera

Plano de Estudo:
● Obesidade, gestantes e idosos e a atuação do profissional em
espaços formais e informais;
● Transtorno do Espectro Autista e Transtorno do déficit de atenção
com hiperatividade.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conhecer a obesidade, gestantes e idosos e a atuação
do profissional em espaços formais e informais;
● Estudar o Transtorno do Espectro Autista e Transtorno do déficit
de atenção com hiperatividade.

101
INTRODUÇÃO

Olá estudante,

Seja bem vindo (a) a última unidade da nossa apostila de “Educação Física Adap-
tada e Inclusiva”!
Nesta unidade intitulada de “Educação Física: foco em outras condições” você terá
a oportunidade de conhecer populações com necessidades especiais ou transtornos, e
como você pode intervir com esse grupo quando se deparar com eles ao longo de sua
caminhada profissional.
Para tanto, essa unidade está estruturada em dois tópicos. No tópico 1 “Educação
Física e Populações Especiais”, abordaremos conhecimentos que possibilitarão a você
conhecer aspectos relacionados à obesidade, às gestantes e aos idosos, assim como, os
cuidados devem ser considerados para a intervenção com essa população.
Já no tópico 2 “Educação Física: foco nos transtornos” você terá oportunidade
de estudar e se aproximar do Transtorno do Espectro Autista e Transtorno do déficit de
atenção com hiperatividade, vendo as principais características destes e como atuar de
modo a amenizar os reflexos desses transtornos no cotidiano de ações e/ou no processo
de aprendizagem.

Vamos juntos até o fim desta viagem!

Bons estudos!

UNIDADE IV Educação Física: Conhecendo Outras Condições 102


1. EDUCAÇÃO FÍSICA E POPULAÇÕES ESPECIAIS

A inclusão não se refere apenas às pessoas com deficiência, mas sim, a todas
minorias ou possíveis pessoas que estejam ou possam ser excluídas da sociedade devido
às suas necessidades especiais. Sendo assim, devemos também incluir em nossa prática
pedagógica esses grupos, e para tanto precisamos conhecê-los em suas características,
potencialidades e limitações.

1.1 Obesidade, Gestantes e Idosos e a Atuação Profissional em Espaços


Formais e Informais
Estudante, em sua atuação profissional, seja ela em espaço formal (escola) como
informal (contexto não escolar), você irá se deparar com uma diversidade de sujeitos, que
demandam conhecimentos e ações diferenciadas. Nas unidades anteriores falamos bas-
tante sobre a pessoa com deficiência, mas além dela, temos que considerar e conhecer os
grupos especiais, como a obesidade, as gestantes e os idosos. Vamos lá?

UNIDADE IV Educação Física: Conhecendo Outras Condições 103


1.1.1 Obesidade

FIGURA 1. OBESIDADE

Há algum tempo atrás, a obesidade e os depósitos de gordura estavam asso-


ciados ao sinônimo de saúde e a falta de doença, dessa forma, as crianças, os adoles-
centes, os adultos que estivessem acima do peso, não iriam contrair doenças (ZANUTO;
ZWARG; TEIXEIRA, 2008). Com o decorrer dos anos, o excesso de peso foi aumentando
e hoje, ele é considerado o principal problema de saúde pública enfrentado não só no
Brasil, mas no mundo, devido a sua associação com algumas das doenças crônicas não
transmissíveis (DCNT).
A obesidade é caracterizada como uma doença multifatorial, o que isso quer
dizer? Que ela possui várias causas, como, fatores genéticos, psicológicos, metabólicos
e ambientais (ZANUTO; ZWARG; TEIXEIRA, 2008). Então a obesidade pode ter sua
gênese de fatores endógenos (genéticos, psicogênicos exemplo, compulsão alimentar),
endócrinos (por exemplo, síndrome do ovário policístico) fatores medicamentosos (exem-
plo, antidepressivos)) e/ ou exógenos (alimentação, o estresse, a inatividade física). A
obesidade está associada a várias doenças (quadro 1).

UNIDADE IV Educação Física: Conhecendo Outras Condições 104


QUADRO 1. DOENÇAS PROVOCADAS PELA OBESIDADE

ÓRGÃO PATOLOGIA ASSOCIADA


Hipertensão arterial, doença cardiovascular (hiper-
Cardiovascular
trofia ventricular esquerda), varizes e trombose.
Respiratório Dispnéia, apnéia obstrutiva do sono.
Gastrointestinal Hérnia de hiato, colelitíase, estenose hepática, cirro-
se, hemorróidas, câncer colorretal.
Metabólico Dislipidemia, diabetes mellitus 2, resistência à insu-
lina.
Gravidez Complicações obstétricas, macrossomia fetal.
Mamas Câncer e ginecomastia.
Uterino Câncer de endométrio e cervical.
Urológico Câncer de próstata e incontinência urinária.
Pele Dermatites por sudorese, micoses, linfoedema e
celulite.
Ortopédico Osteoartrites, gota e problemas ortopédicos e articu-
lares.
Endócrino Hipercortisolismo, ovário policístico, hiperandroge-
nismo e irregularidade menstrual.
Renal Proteinúria.

Fonte: ZANUTO; ZWARG; TEIXEIRA, 2008. Adaptado de Halpern e Mancini (2002) e Pi-Sunyer (2002).

Então caro estudante, a obesidade é uma doença de várias causas que se mani-
festa por meio do excesso de massa corporal, excesso de gordura no corpo, este excesso
é algo anormal e com isso prejudica a saúde, levando a patologias como as mencionadas
no quadro 1.
A obesidade pode ser classificada de acordo com a distribuição da massa de gor-
dura. Sendo assim ela pode ser andróide e ginóide (figura 2).

FIGURA 2. OBESIDADE ANDRÓIDE E GINÓIDE

Fonte: Adaptado IMEB.https://imeb.com.br/corpo-em-formato-de-maca-pode-indicar-risco-aumentado-de-diabetes/.

UNIDADE IV Educação Física: Conhecendo Outras Condições 105


O tipo ginóide (pêra) apresenta a distribuição de gordura geralmente na região do
quadril, nas extremidades. Já a tipo andróide (maçã) possui o tecido adiposo na região
abdominal e no tronco.
Independente do tipo, precisamos como profissionais da Educação Física atender
tais sujeitos, seja na escola ou fora dela. A atividade física regular traz benefícios para o or-
ganismo, sendo assim, pessoas ativas obesas apresentam menor morbidade e mortalidade
do que sedentários (ZANUTO; ZWARG; TEIXEIRA, 2008). Além disso, o exercício físico e
uma alimentação saudável são meios infalíveis para perder peso. É possível afirmar que a
prática do exercício físico é meio de tratamento da obesidade.
Sendo assim, nós como profissionais temos papel importantíssimo na prescrição
de treinos para auxiliar nessa doença. Para isso é preciso considerar o quadro do aluno,
verificar se além do excesso de peso ele possui patologias, fragilidades, limitações e moni-
torar essas ao longo de sua prática interventiva. Conhecer o nosso aluno é indispensável.
Já na escola, é o espaço no qual os professores de Educação Física, possibilitarão
a seus alunos conhecimentos sobre os benefícios do exercício físico, sobre os tipos
de treinos, nos quais os sujeitos serão motivados a manterem uma vida fisicamente ativa,
assim como, a terem hábitos saudáveis para que se tenha, consequentemente uma
melhor qualidade de vida.

SAIBA MAIS

Há estudos que indicam que em 2025 o Brasil será o quinto país do mundo a ter proble-
mas de obesidade em sua população.

Fonte: ZANUTO; ZWARG; TEIXEIRA, 2008.

UNIDADE IV Educação Física: Conhecendo Outras Condições 106


1.1.2 Gestantes

FIGURA 3. GESTANTE

A gravidez geralmente tem duração de 38 a 42 semanas. Tal período pode ser


dividido por trimestres.
1º Trimestre (entre 0 a 12 semanas): neste momento tem-se a implantação do
óvulo fertilizado no útero da mãe. Ela já começa a sentir os primeiros sintomas da gravidez.
Espera- se um ganho de peso entre 00 e 1,5kg.
2º Trimestre (entre 13 e 26 semanas): fase na qual a gestante se sente bem. A
barriga se torna visível. Momento de sentir os primeiros movimentos fetais. Geralmente
nessa etapa da gravidez exercícios físicos de baixo impacto são indicados, uma vez que
auxiliará a mãe a se preparar para o trabalho de parto, fortalecerá a musculatura lombar e
o assoalho pélvico.
3º Trimestre (entre 27 e 42 semanas): são nesses meses que a gestante sentirá os
maiores desconfortos, como falta de ar, dificuldade para dormir confortavelmente, inchaço
nos pés, dor na região lombar. Há contrações regulares, conhecidas como contrações de
treinamento (Braxton Hicks).
Com base nesses indicativos, estudos que apontam que mulheres que são fisica-
mente ativas têm menor possibilidade de surgimento de problemas durante a gestação,
além disso, tendem a ganhar menos peso. Para Pfrimer e Teixeira (2008, p. 274),
Por meio da prática de atividades físicas regulares, a gestante poderá dimi-
nuir as diversas dores de origem musculoesqueléticas, em razão do fortaleci-
mento de músculos fracos e alongamento de músculos tensos e encurtados,
levando à adoção de uma postura corporal mais adequada. O exercício con-
tribui para o aumento do gasto energético da gestante, sendo coadjuvante no
controle do peso corporal, evitando maior sobrecarga articular em virtude de
um peso corporal excessivo.

UNIDADE IV Educação Física: Conhecendo Outras Condições 107


São várias as contribuições do exercício físico para as gestantes, não é mesmo?
A prática da atividade física deveria estar na rotina de todas as mulheres que
passam pela gestação, afinal, ela proporciona uma melhora no condiciona-
mento físico facilitando o momento do parto. Embora a gravidez não seja uma
doença, passa por diversas transformações e os benefícios adquiridos atra-
vés da prática de atividade física podem diminuir o desconforto desse período
(SOUZA et al., 201?, p. 262).

Mas quando devemos iniciar tais práticas com essa população? Para Pfrimer e

Teixeira (2008), este momento é sempre após a autorização médica. No início deve-se

evitar estímulos novos, já que o bebê está em formação. Após o terceiro mês o bebê já

está quase que totalmente formado, a partir daí ele irá crescer e desenvolver o que já está

pronto. Assim, se a gestante era sedentária, a prática do exercício físico deve-se iniciar

após o terceiro mês, mas se ela já era uma pessoa ativa antes de engravidar, ela deve

continuar desde o primeiro trimestre (restrições podem existir no caso de se tratar de uma

gravidez de risco).

Na escola também podemos nos deparar com adolescentes grávidas, então du-

rante as aulas de Educação Física, deve-se também ter a permissão do médico para o

envolvimento da gestante nas atividades práticas. “A gravidez na adolescência requer um

olhar individualizado por se tratar de uma temática complexa envolvida na rotina escolar”

(SOUZA et al., 201?, p. 261). Mas é preciso considerar que “as aulas de educação física

podem ser o único acesso às atividades esportivas e os cuidados com a saúde durante a

gravidez são fundamentais para o desenvolvimento do feto e da gestante” (SOUZA et al.,

201?, p. 261).

Veja estudante, que tanto dentro quanto fora da escola, nós como profissionais de

Educação Física temos o compromisso em tomar os devidos cuidados com as gestantes,

assim como, devemos conhecer esta condição para poder intervir de forma adequada. Aqui

temos o início de seus conhecimentos. Ainda há muito para aprender.

UNIDADE IV Educação Física: Conhecendo Outras Condições 108


1.1.3 Idosos

De acordo com o Estatuto do Idoso (BRASÍLIA, 2009), é considerado idoso aquele


indivíduo com 60 anos ou mais. Apesar disso, há um Projeto de Lei (PL5383/2019 que pro-
põe a alteração de 60, para 65 anos. O idoso tem todos os direitos fundamentais inerentes
à pessoa humana, o que assegura-lhe “todas as oportunidades e facilidades, para preser-
vação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e
social, em condições de liberdade e dignidade” (BRASÍLIA, 2009, p. 7).
O idoso possui prioridades. São elas:

I - atendimento preferencial imediato e individualizado junto aos órgãos públi-


cos e privados prestadores de serviços à população;
II - preferência na formulação e na execução de políticas sociais públicas
específicas;
III - destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com
a proteção ao idoso;
IV - viabilização de formas alternativas de participação, ocupação e convívio
do idoso com as demais gerações;
V - priorização do atendimento do idoso por sua própria família, em detri-
mento do atendimento asilar, exceto dos que não a possuam ou careçam de
condições de manutenção da própria sobrevivência;
VI - capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas de geriatria e
gerontologia e na prestação de serviços aos idosos;
VII - estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divulgação de infor-
mações de caráter educativo sobre os aspectos biopsicossociais de envelhe-
cimento;
VIII - garantia de acesso à rede de serviços de saúde e de assistência social
locais (BRASÍLIA, 2009).

É preciso considerar que o envelhecimento é uma etapa do desenvolvimento hu-


mano (PEIXOTO; TEIXEIRA, 2008). Com o avanço da idade é comum nos depararmos
com alterações na mobilidade, perda da função física, devido à redução da força muscular,
da tolerância ao exercício físico, aumento dos quadros de DCNT, como as cardiovasculares
e metabólicas, e devido ao aumento de risco de quedas e fraturas.

UNIDADE IV Educação Física: Conhecendo Outras Condições 109


Perante isso, é de suma importância que o profissional de Educação Física esteja
qualificado e habilitado a intervir junto a esse grupo, auxiliando na capacidade funcional,
saúde mental, cognitiva e psicossocial dos mesmo.
Conforme indicado por Oliveira (2021), ao trabalharmos com exercícios físicos
com o público idoso, precisamos partir de atividades com evidência científica, que sejam
seguros e de fácil compreensão, utilizando-se de materiais acessíveis que atendam as
necessidades e limitações físicas e funcionais. Os autores indicam que é importante que
sejam realizados 300 minutos de atividade física moderada por semana e de 75 a 150
minutos de atividade vigorosa, que tenham por foco, principalmente, os grandes grupos
musculares e ações cotidianas como sentar e levantar, caminhar, puxar e empurrar, equi-
librar-se etc. Os principais exercícios indicados para o público idoso são os resistidos, na
água, aeróbicos ou funcionais.
Os exercícios resistidos, tem por objetivo o desenvolvimento da qualidade mus-
cular, devem ser desenvolvidos junto a esse público de forma sequencial e sistematizada,
atentando-se para uma sequência dinâmica, que envolva diferentes grupos musculares e
com velocidades de execução na fase concêntrica e excêntrica. Para tanto Bertelli-Costa
e Oliveira (2021) ressaltam que as variáveis de treinamento devem ser consideradas,
destacando:
● Intensidade: refere-se a carga empregada no exercício físico. Para definição da mesma é
importante a realização de testes como o de força máxima ou a percepção subjetiva de
esforço (esse é mais utilizado para esse público);
● Volume: refere-se à quantidade do trabalho realizado na sessão considerando o número
de séries/ repetições e a carga empregada (peso). Os autores indicam com base em
Nelson et al., (2007) que o volume indicado ao público idoso é de 2 a 3 séries com 6 a 15
repetições cada, e que esse volume deve passar por progressão ao longo do período de
treinamento;
● Densidade: refere-se a relação entre duração e frequência, indicando a frequência
semanal e duração dos intervalos entre séries e entre exercícios. A densidade indicada é
de duas a três sessões por semana, podendo ter variações, com intervalos curtos (até 60
segundos), moderados (de 60 à 120 segundos) e longos (igual ou superior a 180
segundos).
Os exercícios na água são indicados para esse grupo por apresentar a diminuição
do peso corporal/ impacto devido a flutuação, se refletindo em variáveis fisiológicas e cine-
siológicas. Mezzaroba e Oliveira (2021, p. 159) apontam que exercícios na água propiciam
um ambiente relaxante e atrativo, trabalho da maioria dos grupos musculares, boa amplitude
muscular (devido a facilidade de execução) e redução do impacto nas articulações. Além

UNIDADE IV Educação Física: Conhecendo Outras Condições 110


disso, os autores apontar que práticas como a natação e o fitness aquático contribuem para
“[...] cinco componentes do condicionamento físico, sendo: resistência aeróbica, resistência
muscular localizada, força, flexibilidade e composição corporal”, além de contribuir com o
“[..] equilíbrio, agilidade, reflexo e coordenação motora”.
Já os aeróbicos, caracterizado pelo padrão cíclico com fonte energética predomi-
nantemente oxidativa e realizado de forma regular e sistematizada, melhoram a função
arterial e fluxo sanguíneo, o metabolismo, aptidão cardiorrespiratória e composição cor-
poral, podendo ser contínuo, intervalado ou combinado (CHACON-MIKAHIL; CASTRO;
SARDELI, 2021). Os autores indicam, com base no American College of Sports Medicine
(2017), que exercícios aeróbicos de intensidade moderada são indicados cinco dias por
semana ou mais, intensidade vigorosa, três vezes ou mais e quando combinados de três à
cinco veze por semana e basear-se em uma escala de percepção de esforço ( de 0 à 10) e
na frequência cardíaca.
Os exercícios funcionais voltam-se para o trabalho específico de qualidades físicas
de forma multiarticular, o que auxilia na saúde e autonomia dos idosos. Para estruturar
um programa de treinamento funcional é de suma importância considerar os princípios
biológicos e metodológicos do treinamento físico.
Para tanto, em geral, são estruturados em forma de circuito, que propicia uma
recuperação ativa entre os exercícios.
Por fim, conforme a autora supracitada, esse circuito é estruturado em quatro
blocos, sendo o primeiro com exercícios de mobilidade e estabilidade articular, o segundo
e terceiro bloco voltado para aspectos neuromusculares e o quarto para exercícios cardio-
metabólicos. A intensidade de cada bloco precisa considerar a capacidade individual e se
embasar na percepção subjetiva de esforço.

SAIBA MAIS

“Evidências científicas têm fortalecido a teoria de que o sedentarismo ao longo da vida


é uma das principais causas da fragilidade física das pessoas idosas”.

Fonte: Peixoto e Teixeira, 2008, p. 289.

UNIDADE IV Educação Física: Conhecendo Outras Condições 111


2. EDUCAÇÃO FÍSICA: FOCO NOS TRANSTORNOS

2.1 TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA E TRANSTORNO DO DÉFICIT


DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE

O transtorno do espectro autista (TEA), é caracterizado pelo déficit permanente na


comunicação e interação social e pelo comportamento e/ou interesse repetitivo ou restrito
(DSM-V-5, 2013; GOERGEN, 2014). O TEA pode ser dividido por graus:
● Nível I: A pessoa apresenta falta de empatia, baixa capacidade para fazer
amizades, conversação unilateral dando respostas inconsistentes. Apresenta
foco por assuntos específicos, movimentos desordenados e comportamento
repetitivo e restrito. Nesse nível o nível de apoio é baixo;
● Nível II: A pessoa apresenta menor grau de autonomia e dificuldade de se ex-
pressar verbalmente, devido a um déficit nas habilidades de comunicação ver-
bais e não verbais, devido a isso apresenta necessidade de apoio substancial;
● Nível III: O grau de comprometimento pode interferir no desenvolvimento da
criança e na sua independência na realização de atividades cotidianas. Devido a
severos prejuízos na comunicação, não conseguem estabelecer interações e
apresentam alto nível de estresse, necessitando de apoio muito substancial.
Ainda não se sabe ao certo quais são as causas que levam ao autismo, no entanto, estudos
evidenciaram que o transtorno é desencadeado devido a falhas no processo de interação

UNIDADE IV Educação Física: Conhecendo Outras Condições 112


entre neuroliginas e neurotoxinas durante as sinapses, o que leva à um desequilíbrio entre
os sinais excitatórios e inibitórios. Por não se ter uma causa clara e sinais e sintomas que
parte da interação social e linguagem, a maioria dos diagnósticos são fechados após os
três anos de idade, momento em que as crianças estão juntando palavras e formando
frases (GOERGEN, 2014). Mas alguns indicativos podem gerar alerta anteriormente a esse
período, sendo:
● Dificuldade de se relacionar com crianças e adultos;
● Fala pobre ou falha;
● Sensibilidade aos sons;
● Brincadeiras inapropriadas com brinquedos;
● Dificuldades de sair da rotina;
● Choro ou riso inapropriado;
● Falta de noção de perigo;
● Hiperatividade ou passividade extrema;
● Sensibilidade ao contato/toque físico;
● Atração estranha por objeto;
● Falta de contato visual;
● Não responder à ser chamado pelo nome;
● Falha na execução de funções sociais (ex: mandar beijo);
● Atraso na linguagem e no desenvolvimento motor;
● Realização de movimentos involuntários ( estereotipias) ou de movimentos
auto regulatórios;
● Dificuldade em brincar de faz de conta.
No cenário da Educação Física, Goergen (2014) indica que geralmente as crian-
ças com autismo apresentam-se irritadas ao serem inseridas em atividades coletivas. Por
exemplo, em atividades com bola ficam extasiados e por isso apresentam dificuldades em
seguir sequências de regras do jogo, além disso, estímulos causados por texturas, olfato,
coloração, luz, podem prejudicar seu engajamento nas ações propostas.
Já o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um transtorno
do neurodesenvolvimento que afeta o autocontrole, resultando em problemas de atenção,
hiperatividade ou impulsividade. Geralmente esse transtorno inicia entre os seis e doze
anos de idade gerando comportamentos que persistem por mais de seis meses, esses
comportamentos geralmente afetam a capacidade de controlar o comportamento, susten-
tar à atenção e controlar ou inibir impulsos proporcionados por situações e/ou atividades
(BARKLEY, 2020).

UNIDADE IV Educação Física: Conhecendo Outras Condições 113


Com base no autor supracitado, alguns passos podem ser adotados para melhorar
o comportamento de uma pessoa com TDAH, sendo:
● Estabelecer relação de respeito, cooperação e compreensão;
● Reduzir conflitos, aborrecimentos ou discussões;
● Fortalecer e/ou fomentar comportamentos adequados e sociais;
● Dar comandos claros e efetivos.
O tratamento do TDAH envolve acompanhamento psicológico, alteração no estilo de
vida/alimentação e medicação. Segundo Mattos (2020) essas estratégias buscam modificar
os níveis de dopamina e noradrenalina em especial nas áreas cerebrais responsáveis pela
atenção, emoção, motivação e atividade motora. Vale ressaltar que o uso de medicamentos
deve ser analisado junto a uma equipe multiprofissional.

SAIBA MAIS

Você já deve ter ouvido falar sobre a Síndrome de Asperger, um transtorno neurobio-
lógico que leva à pessoa a ter dificuldade de socialização, atos motores repetitivos
e interesses restritos, gerando, por vezes, grandes habilidades devido a repetição de
movimentos. No entanto, desde 2013 com a quinta edição do Manual de Diagnóstico
da Associação Americana de Psiquiatria (DSM-5) o termo entrou em desuso, passando
a ser considerado uma forma branda de autismo (não apresenta perdas intelectuais ou
verbais).

Fonte: As autoras.

REFLITA

Você sabia que o autismo afeta quatro a cinco vezes mais meninos do que meninas? E
que a estimativa é que uma em cada 68 crianças apresentam o transtorno? Será que
estamos preparados para trabalhar junto com esse público?

Fonte: As autoras.

UNIDADE IV Educação Física: Conhecendo Outras Condições 114


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Autismo: fala, linguagem e comunicação
Autor: Silva Dias Caldas
Editora: Contentus
Sinopse: O Livro, disponível em nossa biblioteca virtual, traz maio-
res informações sobre o Autismo. Estruturado em seis capítulos,
você aprofundará seus conhecimentos sobre o desenvolvimento
da linguagem, a linguagem no transtorno do espectro do autismo,
comunicação, sistemas de comunicação, aprendizagem e autismo
e brincadeiras e autismo.

FILME/VÍDEO
Título: Gilbert Grape - Aprendiz de Sonhador
Ano: 1993
Sinopse: “No filme Gilbert Grape - Aprendiz de Sonhador, lançado
em 1994, o ator Leonardo DiCaprio interpreta Arnie, um adoles-
cente que está prestes a completar 18 anos e sofre de autismo.
Na trama, o personagem passa por crises constantes, nas quais,
por vezes, tenta fugir de casa ou agredir a si próprio.” (AGÊNCIA
UNIVERSITÁRIA DE NOTÍCIAS, Ano: 48 - Edição Nº: 116)
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=MuwJ41XNN2E

UNIDADE IV Educação Física: Conhecendo Outras Condições 115


REFERÊNCIAS

AMARAL, L. C. Pessoa com deficiência: inclusão e acessibilidade na sociedade contempo-


rânea. Legis Augustus, v. 12, n. 1, p. 33-52, 2019.

ARANHA, M. S. F. Paradigmas da relação da sociedade com as pessoas com deficiência.


Revista do Ministério Público do Trabalho, São Paulo, n. 21, p. 160-173, mar. 2001.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050: Acessibilidade de pes-


soas portadoras de deficiência a edificações, espaços, mobiliário e equipamentos urbanos.
2. ed. Rio de Janeiro, 2015.

BARKLEY, R.À. Aprendendo a viver TDAH: transtorno do Déficit de Atenção com Hiperati-
vidade. Tradução de Luis Reyes Gil, 1 ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2020.

BERSCH, R. Tecnologia Assistiva -TA. In: SCHIRMER, C. R.; BROWNING, N.; BERSCH,
R.; MACHADO, R. Atendimento Educacional Especializado: deficiência física. Brasília:
SEESP/SEED/MEC, 2007.

MACHADO, R. Atendimento Educacional Especializado: deficiência física. Brasília: SEESP/


SEED/MEC, 2007.

BERTELLI- COSTA, T.; OLIVEIRA, D.V. O programa de exercícios resistidos para idoso. In:
OLIVEIRA, D.V (org). Educação Física em Gerontologia. Curitiba: Appris, 2021.

BRASIL, Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Brasília, DF, 2015a. Sessão 1, p. 2. Dis-
ponível em: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2015/lei-13146-6-julho-2015-781174-
norma-pl.html. Acesso: 25 abri. 2021.

BRASIL. Constituição da República Federativa (1988). Disponível em: http://www.planalto.


gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm Acesso: 14 maio 2021.

BRASIL. Convenção sobre os Direitos das pessoas com deficiência. Secretaria Especial
dos Direitos Humanos, Brasília, 2007. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?op-
tion=com_docman&view=download&alias=424-cartilha-c&category_slug=documentos-pd-
f&Itemid=30192 Acesso: 14 maio 2021.

116
BRASIL. Decreto nº 5.626 de 22 de dezembro de 2005: dispõe sobre a Língua Brasileira
de Sinais. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/2005/decreto-
-5626-22-dezembro-2005-539842-publicacaooriginal-39399-pe.html Acesso: 14 maio
2021.

BRASIL. Decreto nº 6.094 de 24 de abril de 2007: Dispõe sobre a implementação do Plano


de Metas Compromisso Todos pela Educação. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/d6094.htm Acesso: 14 maio 2021.

BRASIL. Decreto nº 7.611, de 17 de novembro de 2011: dispõe sobre a Educação Especial,


o atendimento educacional especializado e dá outras providências. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7611.htm Acesso: 14 maio
2021.

BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996: dispõe sobre as diretrizes e bases da


educação nacional. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ Acesso: 14 maio 2021.

BRASIL. Parecer CNE/CEB n.02/2013: Consulta sobre a possibilidade de aplicação de


“terminalidade específica” nos cursos técnicos integrados ao Ensino Médio. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=12517-p-
ceb002-13-pdf&category_slug=fevereiro-2013-pdf&Itemid=30192. Acesso: 14 maio 2021.

BRASIL. Portaria 3.284: dispõe sobre requisitos de acessibilidade de pessoas portadoras


de deficiência, para instruir os processos de autorização e de reconhecimento de cursos
e de credenciamento de instituições. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/
portaria3284.pdf Acesso: 14 maio 2021.

BRASIL. Resolução nº 04/2009: institui as Diretrizes Operacionais para o atendimento


educacional especializado na educação básica, modalidade Educação Especial. Disponível
em: http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb004_09.pdf Acesso: 14 maio 2021.

BRASÍLIA. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Estatuto do Idoso. Brasília/DF, 2009.

CARMO, A.A do. Inclusão escolar e a educação física: que movimentos são estes. Revista
Integração, p. 6-13, 2002.

CHACON-MIKAHIL, M.P.T; CASTRO, A. SARDELI, A.V. Prescrição do treinamento aeróbio


para idosos. In: OLIVEIRA, D.V (org). Educação Física em Gerontologia. Curitiba: Appris,
2021.

UNIDADE IV Educação Física: Conhecendo Outras Condições 117


CIDADE, R. E. A.; FREITAS, P. S. Introdução à educação física e ao desporto para pessoas
com deficiência. Curitiba: Ed. da UFPR, 2002.

CIVATTI, C. Ciclismo. In: MELLO, M. T.; WINCKLER, C. Esporte paralímpico. São Paulo:
Atheneu, 2012.

COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO. Modalidades. Brasília, DF, 201?. Disponível em:


<http://www.cpb.org.br/modalidades>. Acesso em: 5 maio 2021.

COSTA, A. M. da; SOUSA, S. B. Educação física e esporte adaptado: história, avanços e


retrocessos em relação aos princípios da integração/inclusão e perspectivas para o século
XXI. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 25, n. 3, 2004.

COSTA, A. M.; WINCKLER, C. A. Educação física e o esporte paralímpico. In: MELLO, M.


T.; WINCKLER, C. Esporte paralímpico. São Paulo: Atheneu, 2012. p. 15 - 20.

CRUZ, P. Futebol de sete. In: MELLO, M. T.; WINCKLER, C. Esporte paralímpico. São
Paulo: Atheneu, 2012.

DANIELSKI, V. Síndrome de Down: uma contribuição à habilitação da criança com Down.


2ª ed. São Paulo: Ave Maria, 2001.

DIEHL, R. M. Jogando com as diferenças: jogos para crianças e jovens com deficiência.
São Paulo: Phorte, 2006.

DUARTE, E.; GORLA, J. I. Pessoas com deficiência. In: GORLA, J. I.; CAMPANA, M. B.;
OLIVEIRA, L. Z. (org). Teste e avaliação em esporte adaptado. São Paulo: Phorte, 2009.

FAVATTO, N. C. Educação Física Inclusiva. Maringá: Unicesumar, 2018.

FERREIRA, M. E. C.; GUIMARÃES, M. Educação Inclusiva. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.

FREIRE; J.; MORATO, M. O. Futebol de Cinco. In: MELLO, M. T.; WINCKLER, C. Esporte
paralímpico. São Paulo: Atheneu, 2012.

FREITAS, P. S; CIDADE, R. E. A. Introdução a educação física adaptada para pessoas com


deficiência. Curitiba: Editora UFPR, 2010.

118
FULK, Barbara M.; KING, Kathy. Classwide peer tutoring at work. Teaching Exceptional
Children, v. 34, n. 2, p. 49-53, 2001.

GAIO, R. Para além do corpo deficiente. Jundiaí: Fontoura, 2006.

GOERGEN, M.S. Sobre o diagnóstico em transtorno do espectro do autismo (TEA): consi-


derações introdutórias à temática. In: SCHMITD, C (org). Autismo, educação e transdisci-
plinaridade. Campinas: Papirus, 2014.

HERNÁNDEZ, M.; RODRÍGUEZ, A. B.; JANÉ, T. B.; GRES, N. C. Atividade Física Adaptada:
o jogo e os alunos com deficiência. Petrópolis: Vozes, 2018.

KASSAR, M. C. M. Deficiência múltipla e educação no Brasil: discurso e silêncio na história


dos sujeitos. Campinas,SP: Autores Associados, 1999.

MARQUES, A. C.; CIDADE, R. E. C.; LOPES, K. A. T. Questões da deficiência e as ações


no Programa Segundo Tempo.In: OLIVEIRA, A. A. B.; PERIM, G. L. Fundamentos Pedagó-
gicos do Programa Segundo Tempo: da reflexão à prática. Maringá: Eduem, 2009.

MARQUES, R. F.R.; GUTIERREZ, G. L. O esporte paralímpico no Brasil: profissionalismo,


administração e classificação de atletas. São Paulo: Phorte, 2014.

MATTOS, P. No mundo da lua: 100 perguntas e respostas sobre o tratamento do Déficit de


Atenção com Hiperatividade (TDAH), 17 ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2020.

MEZZAROBA, P.V; OLIVEIRA, D.V. Treinamento aquático para idosos- natação e fitness
aquático. In: OLIVEIRA, D.V (org). Educação Física em Gerontologia. Curitiba: Appris, 2021.

MORATO, M.; ALMEIDA, J. J. G. Goalball. In: MELLO, M. T.; WINCKLER, C. Esporte para-
límpico. São Paulo: Atheneu, 2012.

NELSON, Miriam E. et al. Physical activity and public health in older adults: recommenda-
tion from the American College of Sports Medicine and the American Heart Association.
Circulation, v. 116, n. 9, p. 1094, 2007.

OLIVEIRA, D.V (org). Educação Física em Gerontologia. Curitiba: Appris, 2021.

119
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Classificação Internacional de Funcionalidade,
Incapacidade e Saúde-CIF. Lisboa, 2004. Disponível em: http://www.inr.pt/uploads/docs/cif/
CIF_port_%202004.pdf. Acesso em: 3 mar. 2021.

PARSONS, A.; WINCKLER, C. A Esporte e a pessoa com deficiência: contexto histórico. In:
MELLO, M. T.; WINCKLER, C. Esporte paralímpico. São Paulo: Atheneu, 2012.

PEIXOTO, C.; TEIXEIRA, L. Envelhecimento: uma visão. In: TEIXEIRA, L. Atividade Física
Adaptada e Saúde. São Paulo: Phorte, 2008.

PFRIMER, L.D. F. M.; TEIXEIRA, L. Exercícios Físicos Adaptados à Gravidez. In: TEIXEIRA,
L. Atividade Física Adaptada e Saúde. São Paulo: Phorte, 2008.

PORTAL BRASIL. Esporte. 2016. Disponível em: http://www.brasil.gov.br/esporte/2016/09/


brasil-tera-atletas-em-22-modalidades-da-paralimpiada. Acesso em: 5 maio. 2021.

SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão: o paradigma do século 21. Revista Inclusão. ano I, n.
1, p. 19-23, out., 2005.

SCHMIDT, C (org). Autismo, educação e transdisciplnaridade. Campinas: Papirus, 2014.

SICORDE - SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES SOBRE DEFICIÊNCIA. Convenção


sobre os direitos das pessoas com deficiência. Brasília: Coordenadoria Nacional para Inte-
gração da Pessoa Portadora de Deficiência, 2007.

SILVA, R. S. A inclusão no mercado de trabalho formal e a construção da identidade


de pessoas com deficiência: um estudo de caso. 89 f. Dissertação (Mestrado Profis-
sional em Administração). Centro Universitário UNA, Belo Horizonte, 2014.

SILVA, A.; VITAL, R.; MELLO, M. T. Deficiência, incapacidades e limitações que influenciam
na prática do esporte paralímpico. In: MELLO, M. T.; WINCKLER, C. Esporte Paralímpico.
São Paulo: Atheneu, 2012.

SOLERA, B. Atendimento educacional de alunos com deficiência física. Unifatecie: Para-


navaí, 2020.

SOLERA, Bruna. Deficiência, corpo e inclusão: um estudo a partir de praticantes de espor-


tes paralímpicos. 2018. Dissertação (Mestrado em Educação Física)– Centro de Ciências
da Saúde. Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2018.

120
SOUZA, D. L. A. et al. Gestantes na educação física escolar: reflexão sobre a contribuição
dos professores de Educação Física. Educação Física e Ciências do Esporte: Uma Aborda-
gem Interdisciplinar - Volume 2. 201?.

SOUZA, S.C. Treinamento funcional para idosos. In: OLIVEIRA, D.V (org). Educação Física
em Gerontologia. Curitiba: Appris, 2021.

TEIXEIRA, Denilson de Castro. Exercício físico no equilíbrio e prevenção de quedas em


idosos. In: OLIVEIRA, D.V (org). Educação Física em Gerontologia. Curitiba: Appris, 2021.

UNESCO. Declaração de Salamanca: sobre princípios, políticas e práticas na área das


necessidades educativas especiais. Salamanca: Espanha, 1994.

UNESCO. Declaração Mundial sobre Educação para Todos: satisfação das necessidades
básicas de aprendizagem. UNESCO: Jomtien, 1990.

UNICEF. Situação Mundial da Infância: Criança com Deficiência, 2013. Disponível em:
https://crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/unicef_sowc/sit_mund_inf_2013_deficiencia.
pdf Acesso: 14 maio 2021.

VIEIRA, I. B.; CAMPEÃO, M. Bocha. In: MELLO, M. T.; WINCKLER, C. Esporte Paralímpico.
São Paulo: Atheneu, 2012.

WINNICK, J. Educação física e esportes adaptados. São Paulo: Manole, 2004.

ZANUTTO, R.; ZWARG, M. G. G.; TEIXEIRA, L. Atividade Física no Controle da Obesidade.


In: In: TEIXEIRA, L. Atividade Física Adaptada e Saúde. São Paulo: Phorte, 2008.

121
CONCLUSÃO GERAL

Prezado(a) aluno(a),
Ao longo deste material, procuramos trazer para você os principais conceitos a
respeito da Educação Física Adaptada. Iniciamos nossos estudos e reflexões contextuali-
zando a deficiência ao longo da história e quais as principais características das deficiências
físicas e sensoriais.
Esse percurso histórico nos ajudou a compreender que as deficiências são tão
antigas quanto à própria humanidade, mas por muito tempo permaneceram veladas pela
sociedade, por serem vistas como um pecado ou castigo. Até chegar na compreensão de
que a deficiência se trata de um caráter patológico de causa orgânica, as pessoas desse
grupo social passaram por momentos de eliminação, aceitação até conquistar meios e
diretos em busca de sua efetiva inclusão.
Compreendido à deficiência ao longo da história e seus desdobramentos na socie-
dade, discutimos sobre os esportes adaptados e paralímpicos, de verão e de inverno, des-
tacando ações que levam a prática esportiva, à importância da Educação Física Adaptada e
algumas ações que nos levam a refletir se realmente os esportes paralímpicos são inclusivos.
Dando sequência conhecemos as questões legais da inclusão da pessoa com
deficiência na escola e na sociedade, conhecendo os meios e barreiras de acessibilidade e
como podemos intervir junto a esse grupo no cenário escolar e não escolar.
Por fim, conhecemos alguns grupos que também demandam uma prática interven-
tiva diferenciada, mesmo não tendo deficiência a população especial requer uma prática
diferenciada e adaptada aos seus anseios e necessidades. Obesos, gestantes, idosos,
pessoas com transtornos intelectuais apresentam peculiaridades e precisam de atendimen-
to especializado, uma vez que, à prática de exercício físico se faz de suma importância para
a saúde, qualidade de vida, autonomia e inclusão social dos mesmos.
A partir de agora acreditamos que você já está preparado para desenvolver uma
boa prática interventiva, compreendendo esse público não em suas limitações mas sim em
suas potencialidades.
Até uma próxima oportunidade. Muito Obrigado!

122
+55 (44) 3045 9898
Rua Getúlio Vargas, 333 - Centro
CEP 87.702-200 - Paranavaí - PR
www.unifatecie.edu.br

Você também pode gostar