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Desenvolvimento da
Criança
Professora Ms. Carolina dos Santos
Jesuino da Natividade
2021 by Editora Edufatecie
Copyright do Texto C 2021 Os autores
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Tiago Pereira da Silva
UNIDADE I....................................................................................................... 4
Psicologia do Desenvolvimento
UNIDADE II.................................................................................................... 21
Psicologia da Aprendizagem
UNIDADE III................................................................................................... 40
Psicologia da Educação e Psicologia do Desenvolvimento
UNIDADE IV................................................................................................... 61
As Teorias Psicológicas na Educação
UNIDADE I
Psicologia do Desenvolvimento
Professora Me. Carolina dos Santos Jesuino da Natividade
Plano de Estudo:
● Conceitualização
● Aspectos Culturais do Desenvolvimento;
● Fases do Desenvolvimento Humano.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar a ciência do desenvolvimento humano;
● Compreender os fatores que influenciam no ciclo vital;
● Estabelecer a importância dos aspectos culturais no desenvolvimento.
4
INTRODUÇÃO
O que sabemos sobre o ser humano é que está em constante mudança. De que
modo se dão as principais mudanças ao longo do ciclo vital é alvo dos cientistas do desen-
volvimento humano. De que modo a cultura influencia no desenvolvimento? A cultura inte-
rage com outros fatores na construção do ser humano? Veremos agora como os aspectos
sociais interagem com fatores biológicos e da história de vida de cada indivíduo.
Falamos de cultura de modo específico, como ao afirmar que um colega possui cul-
tura por ter muito conhecimento e falamos de cultura de modo amplo, como de influências
do grupo social passadas por meio da linguagem que descrevem porque viver e de que
modo. Papalia; Feldman (2014) conceituam cultura como o modo de vida global de uma
sociedade ou de um grupo, que inclui costumes, tradições, crenças e produções materiais.
Myers (2014) define cultura como comportamentos, ideias, atitudes e tradições duradouras
compartilhados por um grande grupo de pessoas e transmitido por gerações, sendo a cul-
tura marcada por suas normas. Book; Furtado; Teixeira (2018) caracterizam a cultura como
um conjunto da produção de conhecimento humano que se desenvolve enquanto constrói
suas próprias condições de vida. A perspectiva sociológica de Hofstede (1991) indica que
cada grupo cultural possui seus símbolos (gestos que carregam significado específico
para o grupo), heróis (aqueles que servem de modelo para os comportamentos) e rituais
(atividades coletivas que reafirmam os valores) que são as características mais superficiais
de uma cultura. Os valores a serem seguidos são os aspectos mais profundos. Discutir o
impacto da cultura na infância é muito relevante, pois para Hofstede (1991) muitos padrões
de pensar, agir e sentir são adquiridos na infância devido a ser um momento de fácil
assimilação e aprendizagem.
Um outro fator são as influências normativas relacionadas com a história, que afe-
tam todas as pessoas que vivem em uma certa época em um determinado grupo social. O
conceito de geração está muito relacionado com esse tipo de influência. Como, por exemplo,
a chamada geração X, que testemunhou a popularização da internet. Você conhece como
são chamadas e caracterizadas as gerações mais recentes?
O que gera a diversidade vista entre pessoas costuma ser a idade, que mantém
comportamentos peculiares a cada faixa etária. Há diferenças de atitudes perante a vida
e o trabalho que são explicadas pelas características por haver nascido em determinado
período histórico. Na literatura há a classificação entre as gerações Y (nascidos de 1978
em diante), X (nascidos entre 1965 e 1977) e baby boomers (nascidos entre 1946 e 1964).
Veja na figura 3 as características de cada geração ativa profissionalmente e analise se
você se identifica!
Fonte: a autora
Por estarmos imersos em uma cultura, nem sempre reconhecemos o quanto do que
fazemos é afetado por ela. O sociólogo Norbert Elias vem nos socorrer no entendimento
quanto ao indivíduo ser passivo ou ativo na sua relação com a cultura. Elias (2011) faz uma
metáfora sobre a cultura e o agir individual em que afirma que a cultura é como as regras
de um jogo de cartas, mas que cada jogador sabe exatamente quais cartas têm, que são
formações diferentes das mãos dos outros jogadores e que fará um lance único. Ou seja,
apesar da cultura ser uma forte influência sobre o ser humano, sempre há alguma liberdade
do homem escolher o que fará com as situações que recebeu, tal qual um jogador escolhe
o que fazer com as cartas que têm.
Os fatores culturais costumam estar relacionados com o nível socioeconômico da
família na qual a criança está. Isso porque o nível socioeconômico em geral delimita quais
aspectos de uma cultura teremos acesso. Um relato que ressalta essa determinação das
experiências pelo nível econômico é a história de Sidarta Gautama, que se tornou Buda.
O jovem príncipe vivia em seu palácio sem conhecer a pobreza, doença e velhice. Então,
seu grande poder aquisitivo e de nobreza restringia sua experiência de vida a uma pequena
parcela da cultura. Essa história pode ser assistida no filme “O pequeno buda” com o ator
Keanu Reeves. Ao se estudar grupos minoritários, observa-se também que a cultura de um
país, por exemplo, não é vivida de modo universal, havendo componentes que impactam
mais alguns grupos do que outros. Como no caso do machismo afetar negativamente o
gênero feminino e o racismo a pessoas negras.
Primeira infância (nascimento aos 3 anos) Ao nascer, o funcionamento dos sentidos e sis-
temas corporais ocorre em graus variados. As
habilidades motoras se desenvolvem rápido.
Terceira infância (dos 6 aos 11 anos) Torna-se mais lento o ritmo do desenvolvimen-
to. Aumento da força física e saúde.
Leontiev afirma em seu texto O homem e a cultura que as aptidões humanas não são
transmitidas por hereditariedade biológica, mas são adquiridas na vida coletiva em que
se inserem e as aprendem por um processo de apropriação da cultura. “[...] cada indi-
víduo aprende a ser um homem. O que a natureza lhe dá quando nasce não lhe basta
para viver em sociedade. É-lhe ainda preciso adquirir o que foi alcançado no decurso do
desenvolvimento histórico da sociedade humana”.e além de adquirir a herança social da
humanidade, os humanos continuam a produzir o mundo cultural e social onde estão.
As crianças que nascem encontram sempre um mundo novo e deixarão sempre um
mundo transformado. A sociedade estará sempre, como os humanos, em permanente
modificação, e essas transformações se dão e se darão pela relação que existe entre
indivíduo e coletividade/sociedade. Somos sócios no empreendimento de transformar o
mundo e a nós mesmos.
REFLITA
Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana,
seja apenas outra alma humana.
Estudar o desenvolvimento infantil nos faz pensar sobre a nossa própria história,
em quais fatores tiveram maior importância na construção do ser que estamos hoje. Sim,
o ser que estamos sendo, pois a psicologia do desenvolvimento tem entendido que o ser
humano está sempre evoluindo e mudando. Não existe uma versão final de nós mesmo ao
chegar em determinada idade. As teorias que defendiam o fim das mudanças de desen-
volvimento ao final da adolescência vem sendo reformuladas, pois as pesquisas realizadas
ajudaram a ampliar a noção de desenvolvimento trazendo o conceito de ciclo vital, em
que as mudanças físicas, cognitivas, emocionais e de personalidade são investigadas ao
longo de toda a vida. Sem dúvidas a infância é um momento bastante intenso de evoluções
físicas e comportamentais que exigem um olhar atento para vários aspectos da vida.
Nesta unidade entendemos que investigar as características da infância é algo mui-
to recente na história ocidental, pois havia pouca valorização na criança na nossa cultura,
tratando-a como a um mini adulto. A partir da observação sistemática obteve-se a certeza
de que a criança é um ser diferente do adulto, com um modo de pensar próprio e limitações
físicas no que se refere à força física. Vimos também que a psicologia do desenvolvimento
não visa mais priorizar cultura ou biologia como fator principal no desenvolvimento de per-
sonalidade e padrões comportamentais, pois se reconhece a influência recíproca de ambas
no ser humano. Há aspectos biológicos importantes que permitem sistematizar em fases
as mudanças físicas e em habilidades pelas quais as crianças de qualquer nacionalidade
passam. Há também aspectos culturais que afetam o crescimento, como em sociedades
que priorizam a alimentação do adulto em momentos de restrição, interferindo no ritmo de
crescimento infantil. Esta unidade visou aproximar você estudante desse rico conteúdo, no
entanto, a jornada pelo conhecimento continua!
outras espécies animais. Um potrinho neonato, por exemplo, já pode ficar em pé, o que
nosso cérebro será capaz, ao final de sua maturação, de realizar uma série de funções
que outras espécies não possuem. Se o bebe humano tivesse, ao nascer, as mesmas
capacidades que têm, por exemplo, os bebês chimpanzés, o cérebro teria que ser tão
grande que não caberia no canal do parto. Fizemos uma espécie de troca com a natureza;
animal.A interação com o ambiente é importante porque é ela que confirmará ou induzirá a
comportamentos que dela decorrem. Em sua imensa maioria, nossos comportamentos são
que lhe ensinem a nadar. Ele apenas segue a pata mãe, e ao entrar no lago, já executa os
Não é o caso de nossa espécie, cujo cérebro, embora planejado para desenvolver certas
tudo, exatamente por isso a gama de comportamentos e a forma de sua expressão serão
empobrecidos apresentam, mais tarde, um cérebro menos sofisticado, com menor quan-
tidade de conexões sinápticas. Ele pode ser, por exemplo, menos pesado, com um córtex
LIVRO
Título: Genética do comportamento
Autor: Robert Plomin , John C. DeFries , Gerald E. McClearn ,
Peter McGuffin
Editora: Artmed
Sinopse: .Enfatiza o que se sabe sobre genética em psicologia
e psiquiatria hoje e apresenta aos estudantes das ciências com-
portamentais, biológicas e sociais a melhor introdução disponível
sobre o tema. Trata de temas como natureza humana, criação e
comportamento e a interação entre genes e comportamento em
vários transtornos.
FILME/VÍDEO
Título: O garoto selvagem
Ano: 1969
Sinopse: Cantão de São Sernin, França, 1798. Três caçadores
acham uma criança selvagem, que possui 11 ou 12 anos. Ele é
apelidado de Selvagem de Aveyron (Jean-Pierre Cargol), sendo
que se alimenta de grãos e raízes, não anda como um bípede nem
fala, lê ou escreve. O professor Jean Itard (François Truffaut) se
interessa pelo menino, que é levado a Paris para determinar seu
grau de inteligência e ver como se comporta a mentalidade de um
menino que desde cedo foi privado da educação, por não conviver
com ninguém da espécie. Itard começa a educá-lo. Todos pensam
que ele vai fracassar, mas com amor e paciência aos poucos ob-
tém resultados.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=OSg4S4F5bio
https://www.youtube.com/watch?v=MhhMYhXgALQ
Plano de Estudo:
● A Ciência da Psicologia;
● A Psicologia e a Educação;
● A Psicologia e o Desenvolvimento Humano;
● Fatores que interferem no Processo de Aprendizagem.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar a ciência psicológica;
● Compreender os fatores que interferem na aprendizagem;
● Estabelecer a importância da psicologia do desenvolvimento e aprendizagem.
22
INTRODUÇÃO
UNIDADE II
I Psicologia da
do Aprendizagem
Desenvolvimento 23
1. A CIENCIA DA PSICOLOGIA
A ciência é uma das formas de conhecimento sobre o mundo e sobre o ser humano
construída e passada entre gerações. Na atualidade, há grande expectativa de que vários
problemas sejam superados com sua ajuda, seja no campo das questões ligadas à natureza
e meio ambiente seja no campo social. É típico da atuação científica o uso de linguagem
rigorosa, métodos e técnicas específicas. A ciência se caracteriza por um processo cumula-
tivo do conhecimento. Bock, furtado teixeira (2001, p. 19) definem a ciência como:
A ciência compõe-se de um conjunto de conhecimentos sobre fatos ou as-
pectos da realidade (objeto de estudo), expresso por meio de uma linguagem
precisa e rigorosa. Esses conhecimentos devem ser obtidos de maneira pro-
gramada, sistemática e controlada, para que se permita a verificação de sua
validade. Assim, podemos apontar o objeto dos diversos ramos da ciência e
saber exatamente como determinado conteúdo foi construído, possibilitan-
do a reprodução da experiência. Dessa forma, o saber pode ser transmiti-
do, verificado, utilizado e desenvolvido. [...] Essa característica da produção
científica possibilita sua continuidade: um novo conhecimento é produzido
sempre a partir de algo anteriormente desenvolvido. Negam-se, reafirmam-
-se, descobrem-se novos aspectos, e assim a ciência avança. Nesse sentido,
a ciência caracteriza-se como um processo. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA,
2001, p.19).
UNIDADE II
I Psicologia da
do Aprendizagem
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relata que a filosofia preponderante da natureza humana considera impossível a previsão
e o controle do comportamento humano. A noção de ciência que estuda o comportamento
defendida por esse famoso pesquisador parte do pressuposto de que ele é ordenado (ou
seja, certos acontecimentos estão relacionados com outros, como sentir a chuva e abrir uma
sombrinha) e determinado (isto é, há condições específicas que influenciam fortemente em
determinadas direções).
Só pode haver estudo científico do comportamento humano porque ele não ocorre
ao acaso. “Não se pode aplicar os métodos da ciência em assuntos ditados pelo capricho.”.
(SKINNER, 2003, p. 7). O mesmo autor explica que a ciência é uma tentativa de encon-
trar a ordem entre eventos, de mostrar que certos acontecimentos estão ordenadamente
relacionados a outros. Para construir uma ciência que investiga de modo objetivo o agir do
ser humano é preciso admitir que influências externas incidam sobre nossa vontade, o que
gera estranheza e desagrado, como bem indica o controverso cientista:
O ponto de vista alternativo insiste em reconhecer forças coercitivas na con-
duta humana, que podemos preferir ignorar. Ameaça nossas aspirações,
quer materiais, quer espirituais. Apesar do quanto possamos ganhar ao ad-
mitir que o comportamento humano é objeto próprio de uma ciência, nenhu-
ma pessoa que seja um produto da civilização ocidental pode assim pensar
sem uma certa luta interior. Nós,simplesmente, não queremos essa ciência.
(SKINNER, 2003, p.7).
Lhe parece estranho cogitar que elementos externos influenciam suas escolhas
sem que você tenha consciência deles? Embora Freud não tenha sido psicólogo, sua obra,
a fundação da psicanálise, é muito fortemente relacionada com o conhecimento psicológico
(como será melhor diferenciado na unidade 4). O próprio pai da psicanálise considerava
o impacto de sua obra como a terceira grande ferida da humanidade, pois ela pressupõe
que o ser humano não é tão racional e tão esclarecido sobre as causas que lhe movem. A
explicação psicanalítica sobre nossas escolhas é que são predominantemente inconscien-
tes, ou seja, haveria um determinismo inconsciente para nossos comportamentos. Se há
um forte determinismo oriundo de conteúdos que não acessamos, inconscientes, há de fato
livre arbítrio? Estudar o ser humano é lidar com perguntas profundas e questionar o que é
aparentemente simples e óbvio.
Você já pode ter assistido entrevistas com psicólogos sobre diversos assuntos,
desde como resolver um problema específico ou questões bem gerais como o que fazer
para viver bem. Mas, você sabe exatamente o que estuda a psicologia ? (BOCK; FURTADO;
TEIXEIRA, 2001) defendem que o objeto de estudo é a subjetividade.
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Descrevem que a subjetividade é: “[...] a síntese singular e individual que cada um
de nós vai constituindo conforme vamos desenvolvendo e vivenciando as experiências da
vida social e cultural[...]” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2011, p. 22). Conforme a exposi-
ção de Bock; Teixeira; Furtado (2011, p. 7):
O humano passa a ser pensado cada vez mais como indivíduo, como único.
As experiências vividas são subjetivadas de forma individualizada. A noção
de EU se fortalece. E a ciência que se propõe a cuidar, compreender e expli-
car esse EU é a psicologia.
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2. A PSICOLOGIA E A EDUCAÇÃO
A psicologia emprega conhecimentos dos seus vários ramos para propiciar o de-
senvolvimento intelectual, social e emocional do indivíduo. A psicologia tem como dever
auxiliar na reflexão sobre o que é educação. Khouri (2014) descreve a educação como
atividade que participa da totalidade da organização social, integrada no processo de rela-
ções de produção. Ainda segundo esse autor, a psicologia aplicada à educação visa facilitar
a autorrealização e promover a saúde mental.
A educação é objeto de estudo da psicologia, sendo assim, criou-se um ramo dessa
chamada de psicologia da educação/educacional. A psicóloga Souza (2021, p. 27) detalha
que “No âmbito da Psicologia Educacional, a (o) aluna (o), seus aprendizados e outras
questões que a (o) permeiam são analisados de maneira global, tecendo uma rede que leva
em consideração suas relações dentro e fora da instituição”. A educação, nas palavras de
Sacristan (2001, p.21):
A educação contribuiu consideravelmente para fundamentar e para manter
a ideia de progresso como processo de marcha ascendente na História; as-
sim, ajudou a sustentar a esperança em alguns indivíduos, em uma socieda-
de, em um mundo e em um porvir melhores. A fé na educação nutre-se da
crença de que esta possa melhorar a qualidade de vida, a racionalidade, o
desenvolvimento da sensibilidade, a compreensão entre os seres humanos,
o decréscimo da agressividade, o desenvolvimento econômico, ou o domínio
da fatalidade e da natureza hostil pelo progresso das ciências e da tecno-
logia propagadas e incrementadas pela educação. Graças a ela, tornou-se
possível acreditar na possibilidade de que o projeto ilustrado pudesse triunfar
devido ao desenvolvimento da inteligência, ao exercício da racionalidade, à
utilização do conhecimento científico e à geração de uma nova ordem social
mais racional.
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A psicologia e a educação se congregam em dois campos de produção de conheci-
mento e atuação que se imbricam de modo indissociável; psicologia educacional/escolar.
Andrada et al. (2019) diferencia a psicologia educacional como a área de conhecimento
da psicologia que se dedica à construção de saberes fundamentado em concepções
ontológicas, epistemológicas, metodológicas e éticas determinadas. Enquanto isso, a
psicologia escolar se preocupa com conhecimentos e práticas que devem subsidiar a
atuação dos profissionais, tendo como objeto a escola e as relações que nela se desen-
volvem, com foco em práticas educativas. Ou seja, há mais de um ramo da psicologia a
se dedicar à educação.
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3. A PSICOLOGIA E O DESENVOLVIMENTO HUMANO
Sabemos que a psicologia não é algo simples de se conceituar pela sua multipli-
cidade de métodos e objetos de estudo, contudo, a psicologia do desenvolvimento pode
ser mais facilmente especificada, como explica Griggs (2009, p. 236): “A psicologia do
desenvolvimento é o estudo científico do desenvolvimento biológico, cognitivo, social e
da personalidade ao longo de todo o período da vida”. Bee e Boyd (2011, p. 38) ensinam
que: “A psicologia do desenvolvimento usa o método científico para alcançar suas metas:
descrever, explicar, prever e influenciar o desenvolvimento humano da concepção à morte.”
O objetivo é dar explicações coerentes que possam ajudar a compreender e intervir no de-
senvolvimento humano para que seja o mais saudável possível dentro de condições reais.
Ao falar sobre desenvolvimento humano nos referimos às mudanças e desenvolvimento
mental e orgânico que ocorrem de modo geralmente previsível em nossa espécie.A psicologia lança
luz sobre a infância, partindo de metodologias que diminuam o impacto de concepções prévias (e
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Desenvolvimento 29
até preconceituosas) sobre o desenvolvimento quando o cientista investiga a evolução de aspectos
físicos e mentais. Há muitos dados que comprovam que a criança não pensa como um adulto, pois
suas estruturas neurológicas ainda são imaturas. Portanto, a criança não é um adulto em miniatura.
O que demonstra a relevância de uma ciência que se dedique à infância.
Um aspecto que ainda suscita muitas dúvidas sobre o desenvolvimento é quanto ao tempera-
mento e personalidade. Papalia e Feldman (2014) explicam que o temperamento é de base biológica
e determina como as pessoas reagem a situações como novidades e mudanças. Já a personalidade
é a combinação coerente entre temperamento, emoções, pensamentos e comportamentos.
Com a interação entre temperamento do bebê e dos cuidadores vai se constituindo a
personalidade da criança. Veja abaixo uma categorização de temperamento.
CRIANÇA DE
CRIANÇA FÁCIL CRIANÇA DIFICIL
AQUECIMENTO LENTO
Humor oscila entre brando Expressa humores Apresenta reações
e moderado, geralmente intensos e geralmente razoavelmente intensas,
positivo. negativos, chora com tanto positivas quanto
frequência com muita negativas.
intensidade.
Responde bem a Não responde bem a Responde lentamente a
novidades e mudanças. novidades e mudanças. novidades e mudanças.
Desenvove rapidamente Dorme e se alimenta de Dorme e se alimenta com
horários regulares para o maneira irregular. mais regularidade que a
sono e a alimentação. criança difícil, mas com
menos regularidade que a
criança fácil.
Passa a ingerir novos Demora a aceitar novos A resposta inicial a
alimentos com facilidade. alimentos. novos estímulos é
moderadamente negativa
(primeiros contatos com
pessoas, lugares ou
situações desconhecidas).
Sorri para estranhos. Desconfia de estranhos.
Adapta-se facilmente a Adapta-se lentamente a
novas situações. novas situações.
Aceita a maior parte das Reage furiosamente a
frustrações sem muito frustrações.
estardalhaço.
Adapta-se rapidamente a Ajusta-se lentamente a Aceita gradualmente
novas rotinas e regras de novas rotinas. novos estímulos, depois
novas brincadeiras. de repetidas exposições e
sem pressão.
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do Aprendizagem
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Estudar o desenvolvimento humano é buscar conhecer e compreender as carac-
terísticas comuns de cada faixa etária, como o modo de fazer julgamentos morais e capa-
cidade maior ou menor de se colocar na perspectiva do outro. Com o estudo sistemático
é possível reconhecer as individualidades e possibilidades de cada faixa etária (BOCK;
FURTADO; TEIXEIRA, 2001).
Sobre o desenvolvimento mental, podemos citar a teoria de Vygotsky, pesquisa-
dor russo cuja obra foca nas relações históricas e sociais do ser humano. Vygotsky (1984)
conceitua o desenvolvimento da mente como caracterizado pelo gradual surgimento de
estruturas mentais superiores, em decorrência do contato com o ambiente social. Ao
nascer o ser humano já teria as mesmas estruturas básicas também presentes em outras
espécies de mamíferos, como atenção involuntária, certo grau de memória e motivação.
Ao longo da interação do bebê com seu meio social as formas de organização da ativi-
dade mental vão se aperfeiçoando até atingir um estado de equilíbrio superior quanto a
inteligência, afetividade e relações sociais.
Conhecer o desenvolvimento humano é fundamental para que se possa planejar
o que ensinar e como fazer isso, porque para preparar as condições de ensino é preciso
saber quem é o educando. Tanto o desenvolvimento quanto a educação são afetados pela
interação de vários fatores. Abaixo nos deteremos no que influencia na aprendizagem.
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Desenvolvimento 31
4. FATORES QUE INTERFEREM NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM
sabemos fazer e o que não sabemos, como ao ter habilidade para dirigir um carro, mas
não para pilotar um avião. Como já discutido na unidade 1, grande parte do que os seres
humanos sabem fazer e de suas reações emocionais foi adquirido por meio da aprendi-
relativamente estável no repertório de um organismo que lhe permita emitir novos com-
portamentos. Em Abbagnano (2007, p. 75) temos uma definição bem completa, pois é a:
mudança nas respostas de um organismo ao ambiente, que melhore tais respostas com
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I Psicologia da
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Desenvolvimento 32
Aprender é fundamental para que cada indivíduo da nossa espécie sobreviva e a
espécie se mantenha. Pode-se dividir basicamente em dois grandes fatores as influências
sobre a aprendizagem: fatores intrapessoais e situacionais. Fatores intrapessoais são os
fatores individuais resultado da interação entre genética, história individual e acesso a edu-
cação formal (como escolas) e informal (como, por exemplo, museus) de qualidade. Ainda
entre esses fatores podemos citar o nível de inteligência, nível de sociabilidade, padrões
familiares sobre valorização da leitura e motivação para a área acadêmica, personalidade,
crença de autoeficácia e presença ou ausência de distúrbios da aprendizagem.
Quanto aos fatores situacionais há o aspecto social, como as condições físicas
da escola, maior ou menor proximidade dos alunos com os funcionários. De modo amplo,
esses fatores são os que não dependem da hereditariedade, mas sim das experiências
sobre o desenvolvimento.
UNIDADE II
I Psicologia da
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Desenvolvimento 33
com os aspectos ambientais, os chamados fatores situacionais, intensificando ou ameni-
zando a manifestação do distúrbio. Se o ambiente escolar é apropriado para identificar
e auxiliar pedagogicamente um aluno com distúrbio de aprendizagem, o aluno consegue
obter bom rendimento. Já um ambiente escolar que oferece pouca assistência ao aluno e
a sua família pode acentuar as dificuldades, diminuindo a motivação do aluno e afetando
negativamente seu desempenho. O aspecto situacional desfavorável se manifesta com
a Dificuldade Escolar, que é quando a criança não aprende, ou fica muito abaixo do seu
potencial, em decorrência de um problema pedagógico relacionado à falta de adaptação ao
método de ensino, à escola em si e a outros problemas de cunho acadêmico. Mesmo nos
distúrbios graves, como a dislexia (que interfere na capacidade de leitura), com forte base
biológica, é o ambiente no qual o aluno está inserido que modula a gravidade da manifes-
tação do distúrbio, segundo Smith e Strick (2012). De acordo com as autoras, mesmo que
as dificuldades de aprendizagem tenham como origem problemas fisiológicos, a extensão
da gravidade com que o aluno é afetado depende do ambiente em que vive. A manifestação
de um déficit leve ou incapacitante depende das condições em casa e da escola. Sendo
possível entender plenamente as dificuldades de aprendizagem somente ao entendermos
os ambientes doméstico e escolar.
Tanto o ambiente doméstico como escolar podem ajudar na construção de crença
de autoeficácia, pois, conforme acentuam Smith e Strick (2012), crianças que recebem
incentivos de modo carinhoso tendem a apresentar atitudes positivas sobre si e sobre
aprender. Observa-se nos alunos com dificuldades de aprendizagem, mas que recebem
estímulo e apoio adequado em casa, que usam áreas em que são fortes para compensar
as áreas em que são fracos.
Em compensação, crianças que cresceram em ambiente pouco estimulante nos
primeiros anos de vida podem se tornar jovens mais lentos na aquisição das habilidades
cognitivas básicas, parecendo ter dislexia, por exemplo, quando não tem. Muitos desses
parecem antecipar o fracasso e desistir antes de tentar.
É sabido que crianças pobres estão mais expostas a riscos ambientais, como vizi-
nhança perigosa, escola que não oferece segurança, maior risco de lesões e pais que não
valorizam o estudo. Smith e Strick (2012) denunciam que se o sistema escolar não propicia
oportunidades apropriadas de aprendizagem, talvez os alunos nunca desenvolvam todas
as suas habilidades.
UNIDADE II
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Desenvolvimento 34
SAIBA MAIS
Profecia auto-realizada. Uma afirmação que se torna verdadeira em função de ter sido
feita. O exemplo clássico da profecia auto-realizada em ação vem do trabalho elabora-
do por Rosenthal, no qual foram dados a estudantes de graduação um grupo de ratos
experimentais para treinamento em labirinto de corrida. Apesar de não haver diferença
observável no comportamento entre os ratos no início do experimento, dizia-se aos
estudantes que eles podiam esperar que alguns ratos iriam aprender muito rápido, en-
quanto os outros seriam mais lentos. Os ratos tiveram um desempenho de acordo com
aquelas afirmações, pois as mesmas haviam induzido as expectativas dos estudantes,
o que afetou o modo como eles manipularam os animais durante o treinamento. Estudos
realizados posteriormente por Rosenthal e seus colegas demonstraram o poder das ex-
pectativas mantidas pelos professores em relação a seus alunos, bem como a profecia
auto-realizada passou a ser considerada hoje como uma principal influência social que
precisa controle na investigação psicológica.
REFLITA
José de Anchieta
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Desenvolvimento 35
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Compreender que toda ciência que estuda o ser humano é rica em complexidade é
um pré-requisito para se iniciar na longa jornada de busca de conhecimento. Falar sobre o
ser humano requer aceitar que não há verdades absolutas e universais, não ao utilizar-se
do fazer científico. Em algumas descrições da psicologia se dá ênfase no comportamento,
no consciente ou inconsciente. Tal aspecto reflete a complexidade humana. A psicologia é
um vasto campo do saber com diversas interfaces e possibilidades de intervenção. Dentro
da psicologia, dois principais ramos se dedicam à educação. A educação como um todo é
debatida de modo mais teórico na psicologia da educação e a vida escolar de modo prático
na psicologia escolar, contudo, ambas levam reflexões, sensibilizações e novas ideias no
entendimento do belo processo de ensino-aprendizagem. Um dos elementos em pauta na
educação é a diversidade. Se no início a psicologia entrou na educação para diagnosticar
e favorecer a homogenização entre alunos, hoje ela ajuda a refletir e a lidar com a diversi-
dade, algo tão presente na vida escolar e que quanto mais respeitada e valorizada, mais se
promove a saúde mental e uma sociedade mais justa. Já os conhecimentos da psicologia
do desenvolvimento ajudam a explicar, prever e influenciar, aspectos que auxiliam o educa-
dor a compreender e a executar seu trabalho de modo mais consciente em seus impactos.
Compreender o desenvolvimento requer ter noção clara do que é aprendizagem, visto que
a aprendizagem interfere no desenvolvimento. Os educadores necessitam ter noção do
quanto fatores biológicos e sociais interagem intensificando ou amenizando transtornos
ou questões emocionais que interferem no processo de aprendizado. Quanto mais cons-
ciência houver de que o ser humano está em constante transformação em decorrência das
interações sociais que vive, mais a educação pode ser respeitosa e agregar valor individual
e coletivamente.
UNIDADE II
I Psicologia da
do Aprendizagem
Desenvolvimento 36
LEITURA COMPLEMENTAR
UNIDADE II
I Psicologia da
do Aprendizagem
Desenvolvimento 37
A escolaridade paterna está associada a melhores oportunidades de estimulação
no lar. Esta estimulação pode ser entendida, como por exemplo, por oferecer um ambiente
que contenha recursos para aprendizagem, no qual as mídias interativas também estejam
presentes. Sugere-se ainda que os pais que tenham maior escolaridade façam mais o uso
de mídia em sua rotina, o que pode influenciar diretamente no tempo de tela da criança.
A escolaridade materna tem sido apontada como uma importante preditora para
o crescimento, a saúde e o desenvolvimento infantil. É possível que as mães com maior
escolaridade materna disponibilizem maiores recursos para o desenvolvimento infantil, utili-
zando a mídia interativa como recurso para promoção do aprendizado. Vectore et al. fazem
uma reflexão sobre a criança na contemporaneidade e afirmam que a vida em sociedades
altamente competitivas intensificou a preocupação e o desejo da mãe moderna na busca de
super qualificação dos filhos, com atividades diversificadas e exposição precoce ao mundo
do adulto altamente tecnológico, visando um futuro distante de sucesso na fase adulta, mas
construído desde os primeiros anos de vida.
Os recursos que promovem processos proximais apresentaram associação positi-
va com o maior tempo de tela. Quanto mais disponibilidade de brinquedos e materiais que
aprendizagem em casa, maior a possibilidade de haver recursos tecnológicos como mídias
interativas, computadores e televisão e, portanto, maior tempo de exposição às telas.
[...]
Quanto à linguagem, há associação entre o uso da TV a atrasos na linguagem em
crianças. Entretanto, o presente estudo investigou o tempo de tela, incluindo as mídias
interativas. Reich et al., em uma revisão de pesquisas em aprendizagem de crianças a
partir de telas afirmam que, ebooks bem projetados propiciam às crianças aprendizagem
igualmente bem, e às vezes mais do que dos livros impressos. Porém, os autores ressaltam
que ebooks aprimorados com sons, animações e jogos podem distrair as crianças e reduzir
a aprendizagem.
Há evidências na literatura de que aplicativos educacionais contribuem para o au-
mento lexical em crianças e pode ensinar habilidades de leitura e alfabetização. Consoante
com este entendimento, em seu estudo sobre interatividade, toque de tela e aprendizagem
da criança, Russo-Johnson et al. associaram positivamente o uso de tablet na aprendiza-
gem de palavras com provável transferência de aprendizagem ao objeto real, corroborando
com Huber et al., que identificaram em sua pesquisa com crianças de 4 a 6 anos de idade,
a capacidade de aprender e transferir aprendizagem de um dispositivo de toque de tela,
aplicando esse conhecimento em suas interações.
UNIDADE II
I Psicologia da
do Aprendizagem
Desenvolvimento 38
No entanto, a literatura enfatiza a importância de se levar em consideração alguns
fatores para o uso das mídias interativas por crianças na primeira infância: a restrição do
tempo e seu conteúdo; atividades interativas versus atividades passivas; uso para diversão
ou aprendizado em contraposição ao uso para “deixar a criança quieta” e principalmente, a
importância da presença do adulto como mediador. A presença de um adulto compartilhan-
do com a criança a experiência de leitura para interpretar, dialogar e discutir propicia uma
melhor interpretação e estimula o desenvolvimento da linguagem, o que diferencia do fato
da criança interagir por ela mesma com a mídia interativa.
UNIDADE II
I Psicologia da
do Aprendizagem
Desenvolvimento 39
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: Lutando contra as trevas: minha professora Anne Sullivan Macy
Autor: Hellen Keller
Editora: Fundo de cultura S. A.
Sinopse: Hellen conta a sua história de lutas para estudar com a
companhia e incentivo constante de sua professora Anne Sullivan,
pessoa que sempre se esforçou para que Hellen atingisse seu
potencial. A história de aluna e professora se confundem em uma
trama em busca de inclusão.
FILME/VÍDEO
Título: Helen Keller - O milagre de Anne Sullivan
Ano: 2000
Sinopse: Baseado em uma história real que conta o desafio viven-
ciado pela professora Anne Sullivan ao se dedicar a ensinar Helen
Keller, uma menina cega e surda, muito superprotegida pelos pais.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=OR7stkBVeJE
UNIDADE II
I Psicologia da
do Aprendizagem
Desenvolvimento 40
UNIDADE III
Psicologia da Educação e
Psicologia do Desenvolvimento
Professora Me. Carolina dos Santos Jesuino da Natividade
Plano de Estudo:
● Aspectos Psicológicos da Educação;
● Relações entre Desenvolvimento Humano e Aprendizagem;
● Aprendizagem e Maturidade.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar aspectos emocionais na aprendizagem;
● Compreender os estágios do desenvolvimento;
● Estabelecer a importância da relação entre desenvolvimento e aprendizagem.
41
INTRODUÇÃO
Por muitos anos a educação formal apenas atentou para as capacidades acadê-
micas e a inteligência lógico-matemática e linguística. O que é pouco eficiente. Os dados
obtidos com a observação sistemática de pessoas que utilizaram bem suas capacidades
acadêmicas demonstra o quanto o emocional é um fator diferenciador que pode modular
o quanto se expressará os talentos ou as dificuldades do indivíduo em um determinado
contexto. Como acentua Félix (2007, p. 114):
O importante, em última análise, é entender que o rendimento acadêmico e
o rendimento nos diferentes aspectos da vida real só podem ser explicados
de uma perspectiva global que leve em conta, além das capacidades inte-
ligentes de caráter instrumental, o manejo das emoções, dos afetos e das
relações sociais.
Quando se trata de saúde mental, muitas pessoas acreditam que o único caminho
é a medicação. Rossato; Constantino; Tessaro Leonardo (2017) alertam sobre a medica-
lização, termo aplicado a diferentes esferas da vida humana estendendo o domínio das
ciências médicas (como neurociência, psiquiatria e etc), especialmente o poder médico, de
maneira a transformar questões de vida, da escola e do trabalho em problemas médicos.
As autoras sinalizam que o alto consumo de medicamentos vem confirmando que o homem
mantém viva sua busca pelas soluções pontuais para problemas complexos produzidos
no intrincado das suas relações sociais. Sobre o modo de lidar com questões emocionais
Vieira et al. (2014, p.14) declara a limitação da visão biomédica pois:
É possível que o fenômeno da medicalização tenha como origem a falta de
informação confiável, e não sua presença. A informação leva ao desenvolvi-
mento de autonomia, ao senso crítico e à democratização do conhecimento
sobre saúde, o que deveria ser benéfico à comunidade. Em linha com esse
parecer, pesquisas apontam que muitos encaminhamentos feitos ao sistema
de saúde por escolas são equivocados, ocasionando sobrecarga aos já es-
cassos recursos terapêuticos (no ano de 2007, havia 107 psiquiatras infantis
registrados no país inteiro).
De modo mais objetivo, ponto crítico é compreendido por Bee e Boyd (2011, p.29) como:
Qualquer período de tempo durante o desenvolvimento em que um organis-
mo é especificamente responsivo e aprende a partir de um tipo específico
de estimulação. A mesma estimulação em outros pontos no desenvolvimento
tem pouco ou nenhum efeito.
Piaget (1978) preconizou. O desenvolvimento pleno da inteligência foi estudado por Jean
Piaget (1978), que registrou o quanto a maturação do indivíduo permite que ele adquira
certos conhecimentos e pode ainda não estar pronto para outros. A compreensão de in-
ção de várias aprendizagens. Bee e Boyd (2011) explicam a maturação como padrões de
Papalia; Feldman (2014) afirmam que exames mais detalhados sobre os estágios
do desenvolvimento cognitivo de Piaget revelou avanços graduais, em vez de mudanças
abruptas. Ou seja, há o desenvolvimento gradual de uma forma de pensamento menos
adaptativa para uma mais adaptativa, pois a natureza não dá saltos. As mudanças eram
quase imperceptíveis e se somavam a uma mudança qualitativa da inteligência.
Piaget (1978) elaborou uma série de testes e os aplicava em crianças de várias
idades para conhecer sua forma de lidar com problemas, do quanto podiam compreender
e solucionar naquele determinado momento. Abaixo um esquema sobre o modo como se
avalia o estágio em que uma criança se encontra.
Embora não tenha sido descrito por Piaget, recentemente chegou-se ao entendi-
mento de que há um estágio posterior ao pensamento formal, seria o pensamento pós-for-
mal, que, segundo Belsky (2010, p. 530) “Um tipo exclusivamente adulto de inteligência que
envolve ser sensível a diferentes perspectivas, tomar decisões baseado em sentimentos
interiores e estar interessado na exploração de novas questões”.
A Teoria das Inteligências Múltiplas, desenvolvida como uma explicação da cognição hu-
mana, além de reconhecer as diversas e independentes facetas que a compõem, ainda,
preconiza a interdependência entre duas ou mais delas. Isto se explica pelo fato de que
cada uma das formas de inteligência pode ser canalizada para outros fins, isto é, os sím-
bolos vinculados àquela forma de conhecimento podem migrar para outras, denotando
as características de independência e interdependência anteriormente salientadas. Em-
bora essa migração seja cogitada, Gardner (op cit.) reafirma essas duas características
marcantes, expressando-se como “convencido de que todas as inteligências têm igual
direito à prioridade”. [...] As sete primeiras inteligências mapeadas foram a lógico-ma-
temática, lingüística, cinestésica-corporal, musical, espacial, interpessoal, intrapessoal.
REFLITA
O principal objetivo da educação é criar pessoas capazes de fazer coisas novas e não
simplesmente repetir o que outras gerações fizeram.
Jean Piaget
Chegamos ao final de mais uma unidade. Nesta unidade discorremos sobre como
aspectos psicológicos podem influenciar na obtenção de sucesso acadêmico ou influen-
ciar negativamente na aprendizagem do aluno, em seus relacionamentos com colegas e
professores. Quando o educador presta atenção no lado emocional do aluno pode estar
mais sensível a influências ambientais que limitam as experiências educacionais positi-
vas. O educador pode ajudar seus alunos criando um clima afetivo adequado em sala
de aula e criando um relacionamento com as famílias. Afinal, lidar com o lado emocional
dos alunos na escola é aceitar o aluno como pessoa integral e não focar apenas em seu
desempenho acadêmico. Quando o ser humano é compreendido em sua complexidade
não faz sentido tratá-lo apenas como um organismo com problemas (de atenção, humor,
emocional ou outro) pois a vida escolar é igualmente complexa e muitos fatores devem
ser considerados antes de medicalizar uma criança. A busca pela compreensão pela
relação entre desenvolvimento e aprendizagem levou os olhares de pesquisadores para
a vida animal, como no processo de imprinting, que aparece em alguns animais. Ao ana-
lisar o imprinting em animais questionou-se se com seres humanos haveria um período
crítico para aprendizagens importantes, como a linguagem. Se houvesse um período
cuja aprendizagem só pudesse se dar nesse intervalo restrito, pessoas cuja vida foi
desfavorável não aprenderiam depois. Casos extremos de adolescentes sem linguagem
demonstraram que na espécie humana há períodos sensíveis ao desenvolvimento da
linguagem, que favorecem um aprendizado mais rápido e profundo. Mas, mesmo depois
desse período sensível é possível aprender, mesmo com mais dificuldades. Concluímos
lembrando que a teoria do desenvolvimento da inteligência e conhecimento de Piaget aju-
da a compreender a qualidade do pensamento em cada momento da infância, mostrando
nitidamente que a criança pensa e age diferente do adulto.
1. Relativismo
O pensamento formal tende a ser dicotômico; Assim, por exemplo, as pessoas são
geralmente categorizadas como “boas” ou “ruins”, e as afirmações são entendidas como
verdades absolutas ou mentiras, sem pontos intermediários.
No entanto, a interação com outras pessoas, a adoção de múltiplos papéis e a
aquisição de novas informações favorecem a conscientização de que existem múltiplas
verdades que dependem do ponto de vista, fortemente influenciadas pela história pessoal
e pelo contexto a partir do qual Eu os observei.
Assim, essa tendência não dá tanta atenção ao que deveria ser “a verdade”, e o
foco está no tipo de narrativas adotadas para explicá-la.
2. Contradição
Uma vez que o pensamento relativístico aparece, a contradição é aceita como um
aspecto natural da vida. Fenômenos aparentemente incompatíveis podem coexistir, tanto
na percepção da realidade quanto nos seres e objetos vivos.
Assim, qualquer um pode ser “bom” e “ruim” simultaneamente, seguindo o exemplo
anterior. A natureza complexa da realidade é aceita e a ideia de que existem realidades
ontológicas diferentes que se sobrepõem é internalizada.
Vários autores argumentam que a aceitação da contradição é a característica mais
característica do pensamento adulto, e que geralmente se desenvolve durante a meia ida-
de. No entanto, a variabilidade interindividual é alta, portanto também pode acontecer mais
cedo ou mais tarde.
3. Síntese ou dialética
Como eles assumem o relativismo e a contradição como aspectos naturais da
experiência humana, as pessoas que usam o pensamento pós-formal podem integrar (ou
sintetizar) conteúdos mentais contraditórios, tanto cognitivamente quanto emocionalmente.
Durante esse estágio, há uma dialética contínua no pensamento, de modo que
todas as ideias são comparadas e sintetizadas com seus opostos e com diferentes expe-
riências. Isso permite uma capacidade de raciocínio mais alta e mais flexível do que aquela
que caracteriza o pensamento formal.
LIVRO
Título: Desenvolvimento psicomotor e aprendizagem.
Autor: Vitor da Fonseca
Editora: Artmed.
Sinopse: Na obra é feito um levantamento sobre as principais li-
nhas de conceituação do desenvolvimento psicomotor, conseguin-
do superar o desafio de unificar concepções de distintas disciplinas
e de autores de várias culturas.
FILME / VÍDEO
Título: Como estrelas na terra.
Ano: 2007
Sinopse: O filme mostra uma lição de vida. Um garoto que foi
tratado com respeito por um professor, que soube valorizar e
entender as diferenças, usa como forma de expressão a arte, in-
centivando-o e mostrando-o que seu problema pode ser superado
e que sua deficiência não o tornava diferente dos outros. A dislexia
é uma doença que está longe de ser solucionada, e o que salvou o
garoto não foi a descoberta da doença, mas sim, os novos métodos
utilizados pelo educador, fazendo com que o menino aprendesse
a lidar com sua diferença. Este filme retrata a realidade na qual
vivemos, os alunos com diversas deficiências são colocados em
escolas normais e infelizmente as escolas regulares e os profes-
sores não estão preparados para essa mudança.
Link do vídeo: https://www.adorocinema.com/filmes/filme-147116/
• Link do site.https://institutoneurosaber.com.br/cursos/
Plano de Estudo:
● Psicanálise;
● Behaviorismo;
● Humanismo;
● Gestalt.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar as principais forças da psicologia;
● Compreender como as relações interferem na aprendizagem;
● Estabelecer a importância da psicologia na educação.
62
INTRODUÇÃO
Sabe o que o marketing de conteúdo tem a ver com psicologia? Um grande pioneiro
da compreensão sistematizada do ser humano é ainda o primeiro nome a ser lembrado
quando o assunto é psicologia graças a grande divulgação de sua obra. Se você pensou em
Freud está correto. É o nome mais famoso, muito embora a psicanálise não seja o mesmo
que a psicologia (são profissões e conhecimentos diferentes), o conhecimento psicanalítico
é considerado a primeira força da psicologia e abriu portas para um novo modo de gerar
saberes sobre o ser humano. A psicanálise enfatiza que o professor esteja atento aos seus
conteúdos para que os processos de transferência e contratransferência não prejudiquem
nos processos de ensino-aprendizagem. Como segunda força da psicologia há a análise
do comportamento, abordagem que se funda com as ideias do behaviorismo. Que apregoa
que o estudo sobre o ser humano é mais fecundo quando se encara o comportamento
como o dado em si e não um indicativo de mudanças internas não observadas. A análise
do comportamento dá direcionamentos para que a educação use mais o que é valorizado
pelo aluno e diminua a ênfase na punição, ainda muito frequente. Com a terceira força da
psicologia, o humanismo, observamos que as relações podem ser curativas e possibilitar
o desenvolvimento e crescimento pessoal dos envolvidos. Com o humanismo fica explícito
que relações sem autoridade fortalecem a autonomia e o crescimento. Concordando em
muitos aspectos com o humanismo, surge a gestalt-terapia. Que destaca a percepção
do homem sobre as coisas como aspecto mais importante sobre como se fundamenta a
apreensão da realidade.Cada abordagem teórica da psicologia enfatiza um aspecto huma-
no e traz contribuições relevantes para os profissionais da educação, seja em relação ao
como ensinar, seja sobre a importância do relacionamento entre pessoas para que o ensino
seja facilitado.
Começaremos este tópico com noções básicas de psicanálise tal qual seu maior
sistematizador a elaborou, contudo já fica o alerta de Andrade (2017) de que embora Freud
tenha feito vários comentários sobre questões educacionais, não desenvolveu sobre ela uma
reflexão mais elaborada. Lajonquiere (2014) traz que há concordância no meio psicanalítico
com o meio educacional de que Freud não pode ser considerado um pedagogo no sentido
pleno do termo. O que não diminui o valor de sua obra para o entendimento do ser humano,
o que sempre ajuda a educação. Dados esses esclarecimentos vamos falar de psicanálise.
Marx e Hilix (1973) delineiam o aparelho psíquico, como formulado por Freud, como
impulsionado pela energia denominada libido, cuja fonte está nas tensões biológicas. A
fonte mais importante de energia da libido é a sexual, cujas fontes são as zonas erógenas
do corpo, as áreas do corpo mais sensíveis à estimulação. O aparelho psíquico é dividido
em três: Id, ego e superego. O Id é considerado o reservatório primordial da libido, ele
é totalmente inconsciente. É no id que residem os instintos. Como apontam Marx; Hillix
(1973, p. 328, grifos no original): “[...] cada instinto tem uma fonte nas tensões biológicas,
uma finalidade de descarga em alguma atividade particular e um objeto que servirá para
facilitar a descarga”. Essa instância opera de acordo com o princípio do prazer, que visa a
eliminação da tensão ou manutenção de um nível razoável de tensão. O ser humano nasce
apenas com o id, o lado biológico. Do id se separa outra instância, o ego.
De acordo com Moreira Leite (1981), o que diz respeito ao educador é o nível mais
superficial, ou consciente das relações interpessoais, muito embora haja um determinismo
inconsciente. Tanto que Andrade (2017) declara que uma grande dificuldade do encontro
entre educador e aluno decorre da reatualização de conteúdos inconscientes que o encon-
tro com outros sempre produz.
Após falarmos da primeira força em psicologia, passaremos a outra abordagem
teórica que se apoia no behaviorismo, como veremos a seguir.
Outro efeito sobre o comportamento é quando em sua relação com o ambiente (físi-
co, biológico e/ou social) a frequência e/ou a intensidade do comportamento diminui. Tem-se,
então, o conceito de extinção operante que se refere tanto ao procedimento de suspensão
do reforço quanto ao processo dele decorrente (retorno da frequência do comportamento
ao nível operante). No processo de extinção operante há a suspensão do reforço tendo
como resultado a gradual diminuição da frequência de ocorrência do comportamento. Além
de diminuir a frequência da resposta até o nível operante, a extinção produz outros três
efeitos no início do processo, como um aumento na frequência da resposta, pelo menos
logo no início do processo de extinção; aumento na variabilidade da forma da resposta e
eliciação de respostas emocionais (raiva, ansiedade, irritação, frustração).
Uma outra forma de consequência para o comportamento é a punição. A retirada
de um reforçador é classificada como punição assim como a introdução de um estímulo
aversivo, como a dor. Interações nas quais predomina o uso de punição ou de extinção
tendem a levar ao comportamento de fuga e esquiva. O estudo em laboratório dos efeitos
deletérios do excesso de punição faz com que a indicação para que todas as relações sejam
pautadas no respeito e individualizadas. É importante ressaltar que dentro da análise do
comportamento há uma ampla discussão que concorda em que o melhor modo de educar
é por meio do reforço positivo, pois nas interações em que predominam a adversidade
(excesso de punição e extinção) as pessoas não se sentem livres e felizes.
A análise do comportamento não surgiu um um enfoque clínico, como na psicaná-
lise, e entre os seus objetivos visa promover bem-estar em várias áreas da vida, como na
educação. De orientações mais pontuais decorrentes da filosofia behaviorista na análise do
comportamento na educação, Hübner (2012, p.82-83 ) expõe:
Dê aula expositiva de vez em quando para seus alunos; ou ofereça uma
demonstração; mas não exija frequência e não faça a matéria constar de
exames. [...] Modifique o material do curso imediatamente de acordo com a
reação dos seus alunos e monitores. Nem as suas questões nem as tarefas
serão permanentes. Dê nota dez a todos os alunos que satisfizerem as exi-
gências, pouco importando o quanto demorem (dentro de certos limites) ou
quantos testes sejam necessários. Seu objetivo principal não é separar o joio
do trigo, como em uma empresa. Nem é medir o QI dos alunos. É apenas
ensiná-los o que você, como especialista, acha que devem aprender.
Antes de falar sobre o humanismo, é relevante conhecer seu principal expoente: Carl
Rogers. Hall; Lindzey (1973) nos apresenta Rogers como um alguém que inicialmente se
interessa por ciências biológicas e físicas, oriundo de uma família de protestantes conserva-
dores e que frequentou o Seminário Teológico. Tornou-se doutor em psicologia e atuou em
um instituto para crianças cuja tendência de atendimento era freudiana, mas posteriormente
Rogers rompe com essa abordagem. Em 1940, nasce a proposta teórica de psicoterapia que
Rogers nomeia de Psicoterapia Não-Diretiva ou Aconselhamento Não-Diretivo. Após novos
entendimentos adquiridos, passa a denominá-la de Terapia Centrada na Cliente e por fim:
Abordagem Centrada na Pessoa. (MOREIRA, 2010; ARAUJO; VIEIRA, 2013).
A teoria rogeriana enfatiza as relações humanas, porque visualiza a existência do
sujeito como um processo contínuo de desenvolvimento e busca resgatar o respeito pelo
ser humano. São três as principais premissas do humanista. A primeira é a aceitação positi-
va incondicional, que se expressa na capacidade de aceitar a pessoa, os seus sentimentos,
as suas opiniões e confiar nele sem o julgar. É uma confiança no organismo humano e uma
crença nas suas capacidades enquanto pessoa. A segunda é a compreensão empática,
um processo que significa a capacidade de penetrar no universo do outro, sem julgamen-
to, tomando consciência dos seus sentimentos, respeitando o ritmo de descoberta de si
mesmo, fazendo com que o outro se sinta aceito e compreendido como pessoa na sua
totalidade a partir do seu quadro de referência interno. E, por fim, a congruência que se
Sobre a saúde mental, a gestalt-terapia não se ocupa apenas com a cura dos
transtornos, mas com o desenvolvimento do ser humano e com seu crescimento. A ges-
talt-terapia se utilizou dos conhecimentos provindos de experimentos de pesquisadores
da psicologia da gestalt. Muitos desses experimentos avaliavam a percepção humana,
principalmente o sentido da visão, para entender como as pessoas aprendem o sentido
do mundo. Os pesquisadores formularam leis, ou princípios, que explicam as tendências
perceptivas do homem.
Rogers afirma que é pelo contato que se educa e que o professor deve ser um edu-
cador-facilitador, uma pessoa realmente presente para seus alunos. O educador não
deve adotar um modelo único de facilitar o aprendizado, precisa colocar os interesses
dos alunos em primeiro lugar, esse método consiste em o aluno seguir, apreendendo a
aprender e o professor, sendo um facilitador dessa aprendizagem de forma singular e
livre, com autenticidade, aceitação, confiança tanto em si como no aluno e compreensão
empática. Sugere ainda a não padronização e a universalização dos comportamentos e
sim a singularizarão e o respeito às diferenças, a relação aluno professor deve transcen-
der a sala de aula [...] o aluno precisa ser ator do seu processo de aprendizagem, refle-
tindo, questionando e fazendo escolhas. O educador-facilitador deve ajudar seu aluno a
entrar em contato com os seus interesses, objetivos e expectativas, incentivando-o a
ser um agente da sua própria aprendizagem.
Fonte: LIMA, L. D.; BARBOSA, Z. C.; PEIXOTO, S. P. L. Teoria humanista: Carl Rogers e a educação.
REFLITA
A falha nem sempre é um erro; pode ser simplesmente a melhor coisa que alguém pos-
sa fazer em certas circunstâncias. O verdadeiro erro é parar de tentar.
B. F. Skinner.
LIVRO
Título: Descobrindo crianças: a abordagem gestáltica com crian-
ças e adolescentes.
Autor: Violet Oaklander
Editora: Summus
Sinopse: O livro traz exemplos de como interagir valorizando a
fantasia e criatividade de crianças e adolescentes, favorecendo
experiências sensoriais e possibilitando uma expressão autêntica
de si.
FILME/VÍDEO
Título: Freud além da alma.
Ano: 1962
Sinopse: Filme retrata a biografia de Freud, seus principais aten-
dimentos e o nascimento da psicanálise.
Link do vídeo: https://vimeo.com/142402784
ARIÈS, P. História Social da Criança e da Família. 2 ed. São Paulo: LTC, 1981.
BEE, H.; BOYD, D. A criança em desenvolvimento. 12 ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.
BOCK, A. M. B. ; TEIXEIRA, M. L.; FURTADO, O. Psicologia fácil. São Paulo: Saraiva, 2011.
83
COSENZA, R. M.; GUERRA, L. B. Neurociências e educação: como o cérebro aprende.
Porto Alegre:Artmed, 2011.
ELIAS, N. O processo civilizador, volume 1: uma história dos costumes. 2 ed. Rio de Janei-
ro: Zahar, 2011.
GOLEMAN, D. Inteligência emocional: a teoria revolucionária que define o que é ser inteli-
gente. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
GRIGGS,R, A. Psicologia: uma abordagem concisa. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.
HÜBNER, M.M. C. O Skinner que poucos conhecem: contribuições do autor para um mundo
melhor, com ênfase na relação professor-aluno. In.: Contribuições da análise do comporta-
mento à prática educacional. Santo André, SP: ESETec Editores Associados, 2012.
84
KHOURI, Y. G. (Org.) psicologia escolar. Vol. 1. São Paulo:EPU, 2014. (Coleção temas
básicos de psicologia).
MARX, M. H.;HILLIX, W. A. Sistemas e teorias em psicologia. 2 ed. São Paulo: Cultrix, 1973.
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NATIVIDADE, C. S. J.; COSTA, C. J. A proibição do assédio sexual como processo civiliza-
dor. In. Norbert Elias em debate: usos e possibilidades de pesquisa no Brasil/ [livro eletrôni-
co]/ Ana Flavia Braun Vieira; Miguel Archanjo de Freitas Junior (Orgs.). Ponta Grossa: Texto
e Contexto, 2020. (Coleção Singularis, v.6) 658 p.; e-book PDF Interativa.
SKINNER, B. F. Ciência e comportamento humano. 11 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
86
SKINNER, B. F. Sobre o behaviorismo. 7 ed. São Paulo: Cultrix, 2002.
VIEIRA, M.A. et al. Saúde mental na escola. In.: Saúde mental na escola. (Orgs.) Gustavo
Estanislau, Rodrigo A. Bressan. Porto Alegre: Artmed, 2014.
VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.
87
CONCLUSÃO GERAL
Caro (a) aluno (a), neste material busquei contribuir com seu conhecimento so-
bre o que é a ciência da psicologia para podermos entender como esta se relaciona com
a psicologia do desenvolvimento. A psicologia do desenvolvimento da criança estuda o
crescimento físico, cognitivo e emocional e articula suas mudanças com aspectos tanto
biológicos quanto culturais nos quais a criança está inserida.
Sobre a influência biológica, sabe-se ser mais impactante na infância do que em
qualquer outra fase, mas questões culturais e do momento histórico também estão presen-
tes e interagem na construção e autoconstrução do indivíduo. A escola e seus profissionais
devem ter consciência de que o modo como estruturam-na interfere no entendimento que a
criança tem de si e de mundo, podendo entender o mundo como lugar seguro ou inseguro.
O desenvolvimento e a aprendizagem caminham muito próximos durante a infância,
tendo aspectos marcantes da espécie, assim como a aquisição da linguagem, requerendo
interação humana para ocorrer. A linguagem carece de estimulação em idade adequada
para que o sujeito realize seu potencial inato para a comunicação. Sem ambiente cultural e
social adequado, muitos potenciais não são atingidos.
Lançando um olhar para as abordagens da psicologia, podemos notar o quanto o
autoconhecimento é fundamental para que haja interações mais autênticas e empáticas.
As trocas e interações que ocorrem na escola tem a capacidade de marcar mais positiva ou
negativamente a criança, formando um sujeito aberto para a aprendizagem e socialização
ou cheio de bloqueios.
A partir de agora acreditamos que você já está preparado para seguir em frente
desenvolvendo seus conhecimentos e sua sensibilidade para atuar junto a pessoas em
fase tão especial do desenvolvimento!
88
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