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UNIFATECIE Unidade 1
Reitor Rua Getúlio Vargas, 333
Prof. Ms. Gilmar de Oliveira
Centro, Paranavaí, PR
Diretor de Ensino (44) 3045-9898
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Diretor Financeiro
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Campano Santini UNIFATECIE Unidade 2
Rua Cândido Bertier
Diretor Administrativo
Prof. Ms. Renato Valença Correia Fortes, 2178, Centro,
Paranavaí, PR
Secretário Acadêmico (44) 3045-9898
Tiago Pereira da Silva
Revisão Textual
Beatriz Longen Rohling
Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante
Kauê Berto
Lembre-se, caro(a) estudante, que o texto apresentado não irá esgotar todas as
possibilidades de pensar e refletir acerca das temáticas abordadas ao longo da disciplina,
mas irá iniciar momentos importantes e oportunos para a compreensão das análises reali-
zadas acerca das temáticas propostas.
Pensamos que, para além do texto em si, você, estudante, poderá explorar as
sugestões de leitura sobre atendimento educacional de alunos com AH/SD.
UNIDADE I....................................................................................................... 4
Altas Habilidades / Superdotação: Histórico, Classificação e
Legislação
UNIDADE II.................................................................................................... 26
Adequações Curriculares
UNIDADE III................................................................................................... 51
Altas Habilidades / Superdotação: Caracterização, Atendimento
Educacional e Enriquecimento Curricular
UNIDADE IV................................................................................................... 77
Altas Habilidades / Superdotação : Promovendo Potencialidades
UNIDADE I
Altas Habilidades / Superdotação:
Histórico, Classificação e Legislação
Professora Me. Fabiane Fantacholi Guimarães
Plano de Estudo:
● Inteligência: o contexto histórico.
● Conceituando e classificando altas habilidades/superdotação
● Legislação direcionada ao atendimento das altas habilidades/superdotação no Brasil.
Objetivos da Aprendizagem:
● Contextualizar historicamente inteligência.
● Conceituar altas habilidades/superdotação e conhecer a classificação adotada pela
literatura pertinente que caracteriza o aluno com AH/SD.
● Estabelecer a importância da legislação direcionada ao atendimento
das altas habilidades/superdotação no Brasil.
4
INTRODUÇÃO
Caro(a) acadêmico(a).
Boa leitura!
Refletir sobre a inteligência humana é um assunto complexo, haja visto que a ca-
pacidade de compreender as ideias, adaptar-se ao meio ambiente e ao pensamento lógico
difere-se entre os sujeitos. É válido salientar que o desempenho intelectual de um indivíduo
também varia conforme a ocasião e os diferentes domínios e critérios. (FARIAS, 2020).
Após esse preâmbulo, cabe ressaltar que inteligência é um vocábulo derivado do
latim intelligentia, segundo o mini dicionário da língua portuguesa (FERREIRA, 2010, p. 432)
significa: “1. Faculdade ou capacidade de aprender, compreender ou adaptar-se facilmente;
intelecto, intelectualidade. 2. Destreza mental; agudeza, perspicácia. 3. Pessoa inteligente.”.
Nessa perspectiva, “[...] a palavra inteligência nos remete ao conhecimento, à
compreensão e ao entendimento, ou seja, indica a capacidade do sujeito de interligar as
ideias que nem sempre estão explicitamente relacionadas”. (FARIAS, 2020, p. 17).
Caro(a) estudante para darmos continuidade ao nosso tópico retomaremos as prin-
cipais influências filosóficas, sendo elas do período grego, Império Romano, Idade Média e
período do Renascimento sobre as questões relacionadas à mente e ao corpo, das quais
deveria o interesse pela inteligência.
Os gregos foram um dos povos mais evoluídos de sua época. Foi um momento
histórico em que ciências como a física, a geometria, a arquitetura e a agricultura evoluíram
e permitiram ao homem deixar de se preocupar apenas com sua subsistência e passar a
se ocupar com as “coisas do espírito”, como a filosofia e a arte (BOCK et. al.,1999 apud
ROCHA, 2020). Assim, é neste período que encontram-se as primeiras tentativas de siste-
matizar o pensamento sobre o espírito humano ou sua interioridade.
Alencar e Fleith (2001, p. 52-53) também alertam sobre o uso dos testes de inteligência:
Sabemos que tradicionalmente os testes de inteligência não medem algumas
operações presentes no pensamento criativo, e assim um indivíduo pode
passar despercebido pelos testes de inteligência, apesar de ter um potencial
criativo superior. O mesmo ocorre com diversos tipos de habilidades, que
podem passar despercebidas se forem considerados apenas resultados em
testes de inteligência.
Para as autoras supracitadas não se admite mais no meio científico atribuir valor à
inteligência como se ela fosse algo estático no tempo e no espaço, pois, conforme menciona
Gottfredson (1997, apud FARIAS, 2020, p. 23):
Inteligência é uma capacidade mental muito geral que, entre outras coisas, en-
volve a capacidade de raciocinar, planejar, resolver problemas, pensar de ma-
neira abstrata, compreender ideias complexas, aprender rapidamente e apren-
der com a experiência. Isso não é meramente um aprendizado pelos livros,
uma habilidade acadêmica restrita ou uma execução de testes de inteligência.
Pelo contrário, ela reflete uma capacidade mais ampla e profunda, que auxilia
na compreensão de nosso entorno e no planejamento de nossas vidas.
É importante frisar que vários outros estudiosos têm postulado suas teorias a
respeito da inteligência, dentro os quais Joy Paul Guilford (1897-1987), para quem a inte-
ligência compreende 150 fatores, e Howard Gardner (1943- até dias atuais), o idealizador
das inteligências múltiplas. Gardner (1995, apud FARIAS, 2020, p. 24) “identifica sete tipos
de inteligência independentes entre si, isto é, que operam em blocos separados no cérebro
como suas próprias regras”, sendo elas: “1) lógico-matemática, 2) linguística, 3) músical, 4)
espacial, 5) corporal-cinestésica, 6) intrapessoal e 7) interpessoal”.
Caro(a) estudante, como vimos o estudo da inteligência passou por importante am-
pliação da sua significação ao longo da história. Se inicialmente sua concepção era psico-
métrica e unidimensional, atualmente essa visão tornou-se multidimensional. (SAKAGUTI,
2020).Mesmo assim, e apesar de contestada, a aplicação de testes de inteligência ainda é
utilizada e considerada para identificar o sujeito com altas habilidades/superdotação.
SAIBA MAIS
Caro(a) acadêmico(a) você sabia que a Teoria das Inteligências Múltiplas tornou-se uma
alternativa para redefinir a inteligência como uma capacidade inata de origem biológica
que desenvolve habilidades para resolver problemas ou para elaborar produtos que são
valorizados em um ou mais ambientes culturais ou comunitários. Para saber mais sobre
a Teoria das Inteligências Múltiplas, indicamos a leitura da tese de doutorado em educa-
ção especial de Danitiele Maria Calazans Marques de 2017.
Boa leitura!
da Teoria das Inteligências Múltiplas. Tese (doutorado em educação especial). Universidade Federal de
Para Simonetti (2007, p. 1-2), “Superdotação é um conceito que serve para expres-
sar alto nível de inteligência e indica desenvolvimento acelerado das funções cerebrais [...]
o talento indica destrezas mais específicas”.
Os aspectos emocionais são evidenciados no conceito atribuído por Silverman
(apud VIRGOLIM, 2003, p. 16, grifo do original), para quem superdotação
[...] é um desenvolvimento assincrônico no qual habilidades cognitivas avan-
çadas e grande intensidade combinam para criar experiências internas e
consciência que são qualitativamente diferentes da norma. Essa assincronia
aumenta com a capacidade intelectual. A unicidade do superdotado os torna
particularmente vulneráveis, e são necessárias modificações na educação
parental, no ensino e no aconselhamento psicológico, a fim de que possam
alcançar um desenvolvimento ótimo.
Mettrau e Reis (2007, p. 492) mencionam que seis dos tipos citados de AH/SD do
documento oficial mencionado acima são reconhecidos pela literatura internacional, sendo eles:
Fonte: Elaborado pela autora com base em Mettrau e Reis (2007, p. 492).
Fonte: Elaborado pela autora com base Renzulli (1986 apud FARIAS, 2020).
Diante do exposto, caro(a) estudante, é possível perceber que, além dos genéti-
cos, outros tantos determinam as características dos sujeitos com AH/SD, entretanto, é
importante conhecê-los e/ou identificá-los, a fim, de estabelecer indicadores que auxiliem
na construção da identidade dessas pessoas e dissipar os mitos e as crenças que existem
ao redor delas.
CURIOSIDADE
No que concerne à educação, é possível afirmar que os direitos dos sujeitos com
altas habilidades/superdotação (AH/SD) estão explicitados na Constituição Federal de
1988, a qual dispões que:
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho. (BRASIL, 1988).
Nesse sentido, é possível entender que todas as pessoas têm direito à educação,
independentemente de suas características.
Mediante a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) – Lei
n. 4.024, de 20 de dezembro de 1961 (BRASIL, 1961) -, a área de AH/SD teve seus direitos
garantidos, os quais foram reafirmados nas LDBs subsequentes: Lei n. 5.692, de 11 de
agosto de 1971; e Lei n. 9.394, de 10 de dezembro de 1996. (BRASIL, 1971, 1996).
Os autores Sant’Ana, Stadler, Deliberalli e Vestena (2015, p. 37.418) esclarecem que:
É apenas com a promulgação da Lei 5.692/1971, que definiu quais Necessi-
dades Educacionais Especiais deviam ser atendidas por essa modalidade de
Educação, que aparecem as primeiras preocupações por parte do Estado em
relação às Altas Habilidades/Superdotação, por influência de estudos tais como
de Binnet, Sternberg, Thorndike e de estudos de cognitivistas como Piaget.
SAIBA MAIS
Caro(a) acadêmico(a) a Declaração Mundial sobre Educação para Todos foi um docu-
mento redigido durante a Conferência Mundial sobre Educação para Todos, realizada em
Jomtien, na Tailândia, em março de 1990, com o intuito de estabelecer os compromissos
mundiais relacionados à noção de que a educação é direito de todas as pessoas, a fim
de que possam viver dignamente em uma sociedade mais justa e humanitária.
Fonte: UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Declaração
Mundial sobre Educação para Todos: satisfação das necessidades básicas de aprendizagem - Jomtien,
A referida lei foi alterada pela Lei n. 12.976, de 4 de abril de 2013, na qual constam
alguns itens que garantem o atendimento ao aluno com AH/SD e amparam legalmente o
atendimento educacional a esses alunos:
Art. 4º. O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado me-
diante a garantia de:
III. Atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
superdotação, transversal a todos os níveis, etapas e modalidades, preferen-
cialmente na rede regular de ensino;
[...]
Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a mo-
dalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de
ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvi-
mento e altas habilidades ou superdotação.
Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação:
[...]
Art. 60.
Parágrafo único. O poder público adotará, como alternativa preferencial, a
ampliação do atendimento aos educandos com deficiência, transtornos glo-
bais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na própria rede
pública regular de ensino, independentemente do apoio às instituições pre-
vistas neste artigo. (BRASIL, 2013).
Nessa trajetória sobre as legislações que amparam as pessoas com AH/SD é im-
portante citarmos a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva, que tem como objetivo
Caro(a) acadêmico(a).
Boa leitura!
LIVRO
Título: Inteligências Múltiplas: A Teoria na Prática
Autor: Howard Gardner
Editora: Artmed
Sinopse: O autor explica as ideias fundamentais que desenca-
deiam uma revolução na aprendizagem e mostra como elas podem
ser aplicadas em toda sala de aula onde se espera que os alunos
pensem.
FILME / VÍDEO
Título: Lucy
Ano: 2014
Sinopse: Quando a inocente jovem Lucy (Scarlett Johansson)
aceita transportar drogas dentro do seu estômago, ela não conhece
muito bem os riscos que corre. Por acaso, ela acaba absorvendo
as drogas, e um efeito inesperado acontece: Lucy ganha poderes
sobre-humanos, incluindo a telecinesia, a ausência de dor e a
capacidade de adquirir conhecimento instantaneamente.
Plano de Estudo:
● Premissas básicas do currículo escolar.
● Currículo escolar.
● Adequações de acesso ao currículo.
Objetivos da Aprendizagem:
● Estudar as premissas básicas do currículo escolar.
● Analisar o currículo escolar pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
● Estudar as adequações de acesso ao currículo para a escola inclusiva.
26
INTRODUÇÃO
Caro(a) acadêmico(a).
Boa leitura!
UNIDADE II
I Adequações Curriculares
Altas Habilidades / Superdotação: Histórico, Classificação e Legislação 27
1. PREMISSAS BÁSICAS DO CURRÍCULO ESCOLAR
UNIDADE II
I Adequações Curriculares
Altas Habilidades / Superdotação: Histórico, Classificação e Legislação 28
Ao recorrermos aos diversos autores e pesquisadores como: Candau; Moreira,
(2007); Silva, (2010); Moreira; Silva, (2011) entre outros, que se dedicaram ao estudo do
currículo, concluímos que esse termo recebeu diferentes conceituações e apreensões
quanto ao seu significado ou função ao longo da história, os quais variam conforme os
contextos históricos e culturais em que estão situados.
Assim, segundo D. Paula e R. Paula (2016, p. 18) afirmam que o termo currículo é
“polissêmico” e que, muitas vezes, “não há consenso entre tais conceituações, sendo que
essas remetem a diferentes concepções, valores, interesses e intenções, os quais implicam
diretamente na prática pedagógica”.
Candau e Moreira (2007, p. 18) apresentam algumas das conceituações dadas
ao currículo nas diferentes épocas e contextos: “listagem de conteúdos; experiências de
aprendizagens escolares; planos pedagógicos; objetivos do processo de ensino; processos
de avaliação que influem nos conteúdos e nos procedimentos metodológicos”.
Dessa forma, cabe ao professor conhecer tais conceituações de maneira contex-
tualizada, não com a finalidade de elucidar o verdadeiro conceito de currículo ou de eleger
o melhor conceito, mas compreender como o currículo tem sido definido pelos diferentes
autores e teorias e, assim, ter condições para avaliar quais dessas conceituações melhor
atendem às necessidades do contexto educativo em que está inserido. Para isso, faz-se
necessário recorrer aos estudos desenvolvidos pelas teorias do campo do currículo.
UNIDADE II
I Adequações Curriculares
Altas Habilidades / Superdotação: Histórico, Classificação e Legislação 29
REFLITA
Caro(a) estudante, você já parou para refletir sobre as seguintes questões: O que a
escola precisa ensinar? Como deve ensinar? Por que deve ensinar? Embora essas
questões permeiem o contexto educacional atual, você sabia que elas não são novas?
Tais questões desafiaram professores de outros momentos históricos, o que motivou a
constituição de um campo de estudos específico para refletir sobre elas.
Professores de diferentes épocas e lugares sempre estiveram envolvidos com o currícu-
lo, antes mesmo de esse termo ser empregado. No entanto, estudos e pesquisas espe-
cializados e específicos sobre o currículo surgiram pela primeira vez nos anos de 1920,
nos Estados Unidos, em um contexto caracterizado pela massificação da escolarização
em decorrência do processo de industrialização e dos movimentos migratórios.
A emergência do currículo como campo de estudos está diretamente ligada à constitui-
ção de um grupo de especialistas, de disciplinas e departamentos sobre currículo liga-
dos às universidades; à criação, pelo Estado, de setores especializados em currículo; a
publicações, em revistas acadêmicas, sobre pesquisas e estudos a respeito da temática.
Mas, caro(a) estudante, pensando nas definições de currículo citadas, não podemos
deixar de conhecer três aspectos relacionados à teorização e aplicação do currículo, se-
gundo Ângulo Rasco e Blanco Garcia (1994) citados por Eyng (2012), sendo: a) o currículo
como conteúdo; b) o currículo como planificação; e c) o currículo como realidade interativa.
UNIDADE II
I Adequações Curriculares
Altas Habilidades / Superdotação: Histórico, Classificação e Legislação 30
2) O currículo como planificação - Entender o currículo como planificação
significa assumi-lo como algo que está estabelecido, indicando os marcos a
partir dos quais se desenvolverá a atividade educativa de uma escola. Ainda ele
pode ser entendido como um conjunto organizado de intenções educativas e de
instruções e também como o documento onde se apresentam tanto o que há
de ser aprendido e ensinado, como os materiais e métodos de ensino. Convém
alertar que a clareza da intencionalidade educativa é fundamental.
3) O currículo como realidade interativa - Entender o currículo como realidade
interativa é assumi-lo como ente que comporta todas as experiências educativas
sob responsabilidade da escola. Ou seja, o currículo é uma construção realizada na
interação entre professores e alunos, e em geral na criação ativa de todos aqueles
que direta ou indiretamente participam da vida da escola. (Aqui caro(a) estudante,
se assemelha à visão de elaboração participativa do projeto pedagógico curricular
da escola prevista na Lei n. 9.394/96). Nenhuma dessas concepções citadas aci-
ma e suas correspondentes projeções nos âmbitos da racionalidade, para Ângulo
Rasco e Blanco Garcia (1994) citados por Eyng (2012, p. 25) “[...] tem de ser a
única legítima ou a única digna de ser considerada, pois teríamos de aceitar, pelo
contrário, que a análise, teorização, inovação e discussão sobre o currículo não
podem prescindir de considerar as diversas concepções e projeções”. Portanto,
“a indagação e a melhora do currículo dependem tanto do aprofundamento de
cada concepção separadamente como do aperfeiçoamento das interações em
que uma se entrelaça com a outra”.
Para fecharmos este tópico não poderíamos deixar de trazer as concepções do
autor Gimeno Sacristán (1995 citado por EYNG, 2012) sobre o currículo:
4) Currículo como fenômeno prático complexo - o currículo se “plasma” dentro
de um sistema escolar concreto, é direcionado a professores e alunos deter-
minados e é condicionado pelo contexto no qual é elaborado, desenvolvido
e avaliado. São as múltiplas variáveis que interatuam no contexto que dão o
significado ao currículo em termos de intenção, representação e ação.
5) Currículo como práxis - significa que muitos tipos de ações intervêm em sua
configuração, que o processo tem lugar dentro de condições concretas, que
se configura dentro de um mundo de interações culturais e sociais, que é um
universo construído, não natural, e que essa construção não é independente
de quem tem o poder para construí-la. Aqui caro(a) estudante, o autor assinala
ainda que a construção do currículo, nessa perspectiva, não pode ser entendida
UNIDADE II
I Adequações Curriculares
Altas Habilidades / Superdotação: Histórico, Classificação e Legislação 31
separada das reais condições de seu desenvolvimento, considerando os condi-
cionantes advindos dos contextos políticos, administrativos e pedagógicos.
6) Currículo como construção social - partir desse conceito que subsidia a
escolaridade de conteúdos e orientações nos obriga a analisar os contextos
concretos que lhe vão dando forma e conteúdo, antes de passar a ter alguma
realidade como experiência de aprendizagem para os alunos. Essa análise
deve, ainda, considerar a dinâmica do âmbito interno do sistema educativo com
seus determinantes mais imediatos, até que seja convertido e “plasmado” de
uma forma particular na prática pedagógica.
7) Currículo como construção da cultura - não se trata de uma ideia abstrata,
pensar o currículo não como um conceito, mas sim como uma construção cul-
tural que tem algum tipo de existência fora da experiência humana ou anterior a
ela, mas sim de um modo de organizar uma série de práticas educativas.
8) Currículo como campo de investigação - requer concebê-lo como algo que
mantém certas interdependências com outros campos da educação, o que exige
uma perspectiva ecológica na qual o significado de qualquer elemento deve ser
visto como algo em constante reconfiguração, em função das interdependências
com as forças às quais está relacionado.
9) Currículo como guia de experiência - é entendido aqui como que o aluno ob-
tém na escola e como o conjunto de responsabilidades da escola para promover
uma série de experiências. Essas são proporcionadas consciente e intencional-
mente, ou seja, são experiências de aprendizagem planificadas, dirigidas sob
supervisão da escola, idealizadas e executadas na escola ou oferecidas por ela,
com o intuito de se obter determinadas mudanças por ela, com o intuito de se
obter determinadas mudanças nos alunos, ou, ainda, são experiências que as
escolas utilizam com a finalidade de alcançar determinados objetivos.
10) Currículo como definidor dos conteúdos - é entendido como conceituação da
educação mediante planos ou propostas, especificação de objetivos, reflexo da
herança cultural, mudança de comportamentos e atitudes, programa da escola
que contenha conteúdos e atividades, soma de aprendizagens ou resultados,
ou todas as experiências que o aprendiz pode obter.
11) Currículo como conjunto de conhecimentos - é entendido ainda como con-
junto de matérias, os quais devem ser superados pelo aluno dentro de um ciclo,
nível educativo ou modalidade de ensino, é a concepção clássica e difundida.
UNIDADE II
I Adequações Curriculares
Altas Habilidades / Superdotação: Histórico, Classificação e Legislação 32
Ainda segundo Sacristán citado por Eyng (2012) faz apontamentos muito importan-
tes para a construção de uma síntese reflexiva sobre a conceituação do currículo, indicando
que devem ser considerados quatro aspectos em qualquer conceituação de currículo.
Primeiro: o estudo do currículo deve servir para oferecer uma visão da cultura construída
nas escolas, em sua dimensão oculta e manifesta, tendo em conta as condições em que
se desenvolve. Segundo: trata-se de um projeto que só pode ser entendido como um pro-
cesso historicamente condicionado, pertencente a uma sociedade, selecionado de acordo
com as forças nela dominantes, mas não só com capacidade de reproduzir, senão também
de incidir sobre essa sociedade. Terceiro: o currículo é um campo no qual interagem ideias
e práticas. Quatro: como projeto cultural elaborado, condiciona a profissionalidade do do-
cente e caracteriza-se como uma pauta com diferentes graus de flexibilidade, para que os
professores possam intervir nele.
UNIDADE II
I Adequações Curriculares
Altas Habilidades / Superdotação: Histórico, Classificação e Legislação 33
2. CURRÍCULO ESCOLAR
O questionamento sobre o que ensinar nas escolas não é um debate que se limita
aos muros da escola. Essa questão também está inserida nas políticas que direcionam e or-
ganizam a educação no Brasil. A Lei n. 9.394/1996 define as diretrizes e bases da educação
nacional com base nos aspectos que devem ser seguidos por todas as escolas brasileiras.
No que se refere ao currículo, podemos inicialmente pensar sobre o artigo 12 e 13,
que enfatizam a responsabilidade dos estabelecimentos de ensino e dos professores em
relação à elaboração e ao desenvolvimento das dimensões do planejamento educacional
(proposta pedagógica e plano de trabalho), bem como os aspectos que organizam e defi-
nem o currículo escolar. Também destacam a participação de toda a comunidade escolar
na construção, execução e avaliação das propostas pedagógicas. (BRASIL, 1996).
UNIDADE II
I Adequações Curriculares
Altas Habilidades / Superdotação: Histórico, Classificação e Legislação 34
VIII – notificar ao Conselho Tutelar do Município a relação dos alunos que
apresentem quantidade de faltas acima de 30% (trinta por cento) do percen-
tual permitido em lei; (Redação dada pela Lei nº 13.803, de 2019)
IX - promover medidas de conscientização, de prevenção e de combate a to-
dos os tipos de violência, especialmente a intimidação sistemática (bullying),
no âmbito das escolas; (Incluído pela Lei nº 13.663, de 2018)
X - estabelecer ações destinadas a promover a cultura de paz nas escolas.
(Incluído pela Lei nº 13.663, de 2018)
XI - promover ambiente escolar seguro, adotando estratégias de prevenção
e enfrentamento ao uso ou dependência de drogas. (Incluído pela Lei nº
13.840, de 2019)
Aos analisarmos, caro(a) estudante, os arts. 12 e 13, podemos perceber que na lei
garante maior autonomia aos docentes e às instituições na definição de seus currículos e
nas formas de gestão escolar.
Mas, caro(a) acadêmico(a) o que é proposta pedagógica? Libâneo (2004, p. 151)
define o projeto pedagógico como aquele que se consolida em um “documento que detalha
objetivos, diretrizes e ações do processo educativo a ser desenvolvido na escola, expres-
sando a síntese das exigências sociais e legais do sistema de ensino e os propósitos e
expectativas da comunidade escolar”. De certo modo, o projeto pedagógico curricular é
a expressão da cultura da escola. O projeto, portanto, orienta a prática de produzir uma
realidade: “conhece-se a realidade presente, reflete-se sobre ela e traçam-se as coordena-
das para a construção de uma nova realidade, propondo-se as formas mais adequadas de
atender às necessidades sociais e individuais dos alunos”. (LIBÂNEO, 2004, p. 151).
A elaboração da proposta pedagógica é pontuada como tarefa dos professores que
fazem parte do estabelecimento de ensino. Muito embora cada escola possa elaborar sua pro-
posta, esta deve atender às exigências legais. Caro(a) estudante, que exigências são essas?
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDBEN (BRASIL, 1996) define que:
UNIDADE II
I Adequações Curriculares
Altas Habilidades / Superdotação: Histórico, Classificação e Legislação 35
II - participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou
equivalentes.
[...]
Art. 23. A educação básica poderá organizar-se em séries anuais, períodos
semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não-
-seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por
forma diversa de organização, sempre que o interesse do processo de apren-
dizagem assim o recomendar.
[...]
Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada
de acordo com as seguintes regras comuns:
I - a carga horária mínima anual será de oitocentas horas para o ensino fun-
damental e para o ensino médio, distribuídas por um mínimo de duzentos
dias de efetivo trabalho escolar, excluído o tempo reservado aos exames
finais, quando houver; (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
[...]
Art. 26. Os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino
médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, em cada siste-
ma de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada,
exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da
economia e dos educandos.(Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)
§ 1º Os currículos a que se refere o caput devem abranger, obrigatoriamente,
o estudo da língua portuguesa e da matemática, o conhecimento do mundo
físico e natural e da realidade social e política, especialmente do Brasil.
“É possível observar o perfil de ser humano desejado na lei, um cidadão que atenda
às necessidades da sociedade capitalista e que seja bem preparado para suprir as deman-
das do mercado”. (LIMA; ZANLORENZI; PINHEIRO, 2012, p. 166).
A LDBEN, no artigo 30 (BRASIL, 1996) também define as orientações para a edu-
cação infantil, deixando claro que esta tem por finalidade o desenvolvimento integral da
criança e será oferecida em creches, para crianças de até três anos de idade e pré-esco-
las, para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade. Já no ensino fundamental, o
objetivo é delineado para a formação do cidadão, com duração de 9 (nove) anos e com os
seguintes objetivos:
UNIDADE II
I Adequações Curriculares
Altas Habilidades / Superdotação: Histórico, Classificação e Legislação 36
Art. 32. [...]
I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos
o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;
II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecno-
logia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade;
III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a
aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores;
IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade hu-
mana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social.
Art. 36. O currículo do ensino médio será composto pela Base Nacional Co-
mum Curricular e por itinerários formativos, que deverão ser organizados por
meio da oferta de diferentes arranjos curriculares, conforme a relevância para
o contexto local e a possibilidade dos sistemas de ensino, a saber: (Redação
dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
I - linguagens e suas tecnologias;
II - matemática e suas tecnologias;
III - ciências da natureza e suas tecnologias;
IV - ciências humanas e sociais aplicadas;
V - formação técnica e profissional.
UNIDADE II
I Adequações Curriculares
Altas Habilidades / Superdotação: Histórico, Classificação e Legislação 37
FIGURA 1 - REPRESENTAÇÃO DO CURRÍCULO ESCOLAR
Portanto, o currículo escolar vai além da mera relação de conteúdos a serem cum-
pridos em determinado ano letivo, que vá além da matriz curricular. O currículo elaborado,
pensado e construído com um arcabouço de fundamentos e orientações da prática escolar,
a partir da dinâmica social, está formulando conhecimentos a partir de um conjunto de
aprendizagens, está fazendo história.
Caro(a) estudante, contudo que já estudamos sobre o currículo até o momento,
finalizamos com a seguinte pergunta: como o currículo escolar deve ser elaborado e
estruturado?
Se concebemos que o currículo compreende os objetivos, os conhecimento, as
metodologias, os métodos, as formas de gestão e de avaliação, etc. desenvolvidos pelos
professores nas relações com os estudantes, sob uma determinada forma de organização
escolar, a fim de promover a qualidade do ensino e da aprendizagem e, consequentemente,
a formação integral e cidadã voltada à emancipação dos sujeitos, não é possível pensar
num currículo elaborado exclusivamente por especialistas, externos à instituição escolar, na
mera reprodução de currículos de outras instituições ou de maneira impositiva por órgãos
responsáveis pelos sistemas ou redes de ensino.
Na perspectiva, o currículo precisa ser elaborado no interior da escola, pelos
seus sujeitos. Assim, professores, demais profissionais da escola, estudantes e famílias
se tornam “produtores curriculares”. (VASCONCELLOS, 2011). A elaboração do currículo
da escola, a cultura organizacional, a cultural local, as necessidades e os interesses dos
estudantes e dos professores.
UNIDADE II
I Adequações Curriculares
Altas Habilidades / Superdotação: Histórico, Classificação e Legislação 38
Vasconcellos (2011), ao refletir sobre o processo de construção do currículo, afirma
que o ponto de partida dessa construção é a sensibilidade, a motivação, a necessidade
por parte do coletivo, em realizá-la, advertindo, porém, que isso não é suficiente. É preciso
domínio do conhecimento teórico-metodológico referente ao currículo, assim como conhe-
cimento dos sujeitos, do objeto do conhecimento, do contexto em que a escola está inserida
e da diversidade de necessidades dos estudantes.
Assim, a escola precisa ouvir, conhecer, acolher, respeitar e valorizar na construção do
seu currículo as condições de vida, os valores, os hábitos, os saberes e a cultura dos estudan-
tes, bem como dos seus professores, além de verificar se estes estão na profissão “por inteiro”,
se estão abertos ao diálogo, ao debate e à mudança. (D. PAULA; R. PAULA, 2016).
Em relação ao objeto do conhecimento, o professor precisa dominar os conheci-
mentos que irá desenvolver em sala de aula e, ainda, conhecer as melhores maneiras de
desenvolvê-los, estabelecendo relações com os conhecimentos prévios dos estudantes,
despertando o interesse e a motivação destes. (D. PAULA; R. PAULA, 2016).
Além disso, é fundamental conhecer o contexto em que se realiza a construção do
currículo: a sala de aula, a escola, o bairro, a cidade etc., ou seja, os condicionantes que
interferem no processo de ensino-aprendizagem. Quando esses condicionantes não são
conhecidos profundamente, são utilizados para justificar o insucesso do trabalho escolar,
sendo que o importante é conhecê-los, discuti-los e propor alternativas para superação. (D.
PAULA; R. PAULA, 2016).
Esse processo de construção coletiva precisa conhecer e contemplar espaços para
a diversidade de necessidades dos estudantes: necessidade de se comunicar, de brincar,
de se movimentar, de se sentir valorizado, entre outros. Se o currículo não satisfizer ou ca-
nalizar tais necessidades, dificilmente o professor conseguirá uma participação organizada
e produtiva em sala de aula. (D. PAULA; R. PAULA, 2016).
Vasconcellos (2011) indica que o processo de construção coletiva do currículo deve
ser caracterizado por estudo e o respeito devem ser assegurados para que todos possam
expressar suas ideias sem medo de serem criticados. Ressalta ainda que dificuldades e
desafios surgem nesse processo, os quais só serão superados pela constituição de um
grupo com os mesmos objetivos e polo processo contínuo de construção coletiva.
Libâneo (2004) desta que o processo de construção do currículo ocorre em dois
momentos inter-relacionados: um dos momentos diz respeito ao que analisamos até então,
o currículo construído pela escola e o outro momento se refere ao planejamento do pro-
fessor para se desenvolver em sala de aula, ou seja, o plano de trabalho docente. (Aqui,
caro(a) estudante utilizamos o termo “trabalho docente” para referirmos ao planejamento
do professor, conforme redação utilizada no artigo 3, inciso II, da LDBEN. (BRASIL, 1996).
UNIDADE II
I Adequações Curriculares
Altas Habilidades / Superdotação: Histórico, Classificação e Legislação 39
Dessa maneira, todas as vezes que o professor se dedica a planejar suas aulas,
definir quais serão os objetivos a serem alcançados, quais conhecimentos serão desen-
volvidos, quais procedimentos metodológicos e avaliativos serão empregados, ele (re)
constrói o currículo.
UNIDADE II
I Adequações Curriculares
Altas Habilidades / Superdotação: Histórico, Classificação e Legislação 40
3. ADEQUAÇÕES DE ACESSO AO CURRÍCULO
UNIDADE II
I Adequações Curriculares
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FIGURA 2 - CURRÍCULO FECHADO
UNIDADE II
I Adequações Curriculares
Altas Habilidades / Superdotação: Histórico, Classificação e Legislação 42
Em suma, um currículo fechado, como podemos observar há vantagem de certa
“comodidade” para o professor, sendo que este se limita a aplicá-lo, seguindo passo a pas-
so as programações, ou seja, independente do perfil do aluno, da turma ou da comunidade,
segue-se a programação. Ainda nesse modelo há uma vantagem na “normalização”, dando
uniformidade e coesão ao que é ensinado e avaliado. As suas desvantagens estariam em
não se adaptar às características individuais, não acompanhando as particularidades de
cada contexto. Já o currículo aberto por sua vez se adapta às particularidades do ambiente
e dos alunos. Todos os alunos podem se beneficiar dele, pois é possível encontrar diferen-
tes formas de atender à diversidade. Ainda nesse modelo a principal desvantagem está na
dificuldade de se manter uma homogeneidade no currículo, o que esperamos no ensino
obrigatório básico. Além disso, exige muito mais do professor em termos de criatividade e
organização de atividades diferenciadas, formação, atualização, dedicação, tornando-os
co-responsáveis pelas programações e adequações necessárias.
Mas caro(a) estudante até que ponto podemos “adaptar” o currículo sem perder
qualidade? O professor tem autonomia para fazer o que quiser e como quiser?
A autonomia que o professor passou a ter com a flexibilização do currículo não
deve nunca acabar em um trabalho isolado. Ter autonomia implica responsabilidade e
comprometimento, sem perder a relação com o PPP e os objetivos da escola. Atender às
necessidades individuais não significa mudar tudo, porque, se pensarmos, todos temos
dificuldades específicas e, em alguma época de nossas vidas, podemos ter necessidades
especiais mais significativas. Todas as adaptações precisam ser entendidas como necessá-
rias por uma equipe multiprofissional, incluindo aí a equipe da escola e, a partir da posição
dessa equipe, é que se decide o que pode e deve ser feito. (MINETTO, 2008).
O currículo aberto e flexível exige objetivos bem definidos que representam as con-
cepções e os desejos de todos. Os professores, diretores e pais só conseguirão entender
as adaptações se isso fizer parte de suas crenças.
Para que uma escola consiga encontrar o ponto de equilíbrio para se beneficiar
com as vantagens de um currículo flexível e assim construir adaptações curriculares
adequadas, ela precisa estar atenta a alguns aspectos que podem ser muito significativos.
São pontos que, se forem desprezados, impedirão que a instituição educacional obtenha
sucesso nas suas tentativas de atender com qualidade à diversidade. (MINETTO, 2008).
É fundamental destacar que a flexibilidade deve ser constante. É necessário co-
memorar os sucessos e não paralisar com as dificuldades, além de sempre aprender com
os desafios. Faz-se urgente reconhecer os progressos, mesmo que pequenos, e buscar
entender o que contribuiu para que eles aconteçam.
UNIDADE II
I Adequações Curriculares
Altas Habilidades / Superdotação: Histórico, Classificação e Legislação 43
Para tanto, a estruturação adequada de um currículo flexível só trará benefícios
quando todos entenderem sua razão e colaborarem com sua execução. O professor precisa
contar com uma rede de apoio real e eficiente que lhe dê sustentação para a continuidade
das modificações que, na maioria das vezes, ele é quem vai executar, mas que foram
decididas pela equipe. De nada adiantaria metodologias inovadoras e materiais de apoio de
última geração, se não houver um preparo dos colegas de sala e de todo o contexto escolar
para a acolhida do aluno com necessidades especiais.
Afinal, caro(a) estudante, você sabe o que são adaptações curriculares? Podería-
mos entender que as adaptações curriculares abrangem toda a organização de estratégias
educativas que ajudem, facilitem e promovam a aprendizagem do aluno, por meio da flexi-
bilização do currículo, independente da dimensão.
Qualquer modificação que necessite ser feita, por menor que seja, é considerada
uma adaptação curricular. Assim, podem existir vários níveis de amplitude para favorecer as
necessidades educativas especiais dos alunos. Contudo, o mais importante a destacar é que
não se trata de elaborar programas paralelos, mas sim a introdução de medidas capazes de
flexibilizar os currículos normais, estabelecidos no PPP da escola. São medidas que conver-
tem o currículo num instrumento útil para responder à inevitável diversidade que apresentam
os alunos quanto aos seus interesses ou ritmos de aprendizagem. (MINETTO, 2008).
Mas, caro(a) estudante, quando é necessário fazer adaptações curriculares? A
decisão de modificar ações pedagógicas e alterar o currículo deve ser tomada por uma
equipe e nunca somente pelo professor. Cada caso deve ser considerado individualmente
para que se chegue a uma conclusão das reais mudanças necessárias e, por isso, deve
contar com a participação ativa de toda a equipe técnico-pedagógica da escola, assessoria
externa e dos pais.
As adaptações aconteceram somente nos casos em que a proposta geral não cor-
responde efetivamente às necessidades específicas do aluno. Somente em alguns casos
teríamos a elaboração de planos verdadeiramente individuais. Mas precisamos tomar cuida-
do, pois não podemos criar dois currículos paralelos na escola, sendo o regular e o especial.
O currículo flexível que acolhe as adaptações curriculares tem na sua proposta
pontos de destaque como, por exemplo, segundo Minetto (2008, p. 67) “[...] a compreen-
são de que a decisão da necessidade de adaptações não é individual (do professor ou
do orientador), mas sim de responsabilidade de todos os envolvidos e, por isso, distribui
responsabilidades, incluindo aí a família”. Portanto, o sucesso não depende somente de
uma pessoa, mas da participação de todos. O aluno que está chegando não é “daque-
UNIDADE II
I Adequações Curriculares
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le”professor, mas de toda a escola. Isso implica cooperação e co-participação de todos
e responsabilidades divididas. O professor não deve se sentir sozinho nessa caminhada.
O aluno também precisa ser ouvido sempre que possível. Muitas vezes, ele sabe o que
precisa e o que deseja.
Logo, fazer adaptação curricular não é uma resposta automática diante da iden-
tificação de determinadas necessidades educativas especiais, mas um processo a ser
pensado e programado, seguindo uma ordem que corresponde à organização do trabalho
cooperativo com base no currículo regular. Somente a partir disso é que se pode determinar
o tipo de adaptação mais adequada, podendo ser menos significativa ou mais significativa.
(MINETTO, 2008).
SAIBA MAIS
Caro(a) acadêmico(a), você sabe por onde começar a organização das adaptações
curriculares?
Num primeiro momento, é necessário conhecer o aluno para depois definir suas ne-
cessidades, observando-o em ambientes diferentes, como intervalo/recreio, na aula de
educação física, perto da família. É necessário verificar o que ele consegue fazer sem
auxílio e quais são os aprendizados que ele já tem, além de observar com calma seu
desempenho, seu comportamento e suas potencialidades.
Após o conhecimento prévio, podemos definir os conteúdos programáticos a serem tra-
balhados e, a partir dos objetivos definidos, selecionar o que ensinar. Dos conteúdos
que estão estruturados para uma determinada turma, analisar o que seria adequado
para aquele determinado aluno, o que seria necessário ser acrescentado.
Há necessidade de uma pesquisa metodológica minuciosa para fundamentar o sucesso
do aprendizado de um aluno. Todo o trabalho anterior pode ser perdido se não for defi-
nido o método mais adequado para cada situação.
Avaliar todo o processo é tão importante quanto avaliar o desempenho do aluno. Com
essa proposta temos a vantagem de distribuir responsabilidades, a avaliação vai identi-
ficar os pontos falhos para que possam ser repensados.
Finalmente, o registro de tudo que foi feito, em outras palavras, um documento que re-
gistre todas as realizações, com resultados alcançados. O famoso portfólio.
UNIDADE II
I Adequações Curriculares
Altas Habilidades / Superdotação: Histórico, Classificação e Legislação 45
Mas, caro(a) estudante, você deve estar se perguntando ao estudar até aqui, como
podem ser as adaptações curriculares?
De acordo com o Ministério da Educação e Secretaria de Educação Especial (BRA-
SIL, 2000a; BRASIL, 2000b), podemos efetivar adaptações curriculares de duas formas
distintas, vide a figura 2:
UNIDADE II
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Altas Habilidades / Superdotação: Histórico, Classificação e Legislação 46
SAIBA MAIS
Caro(a) acadêmico(a) para saber mais sobre adaptações curriculares, acesse o material
abaixo do Ministério da Educação e Secretaria de Educação Especial.
Nas cartilhas adaptações curriculares de pequeno e adaptações curriculares de grande
porte, você irá encontrar discussões como: Adaptações de Acesso ao Currículo; Adapta-
ção de Objetivos; Adaptação de Conteúdos; Adaptações do Método de Ensino e da Or-
ganização Didática; Adaptação de Sistema de Avaliação; Adaptação de Temporalidade.
Boa leitura!
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro(a) acadêmico(a).
Boa leitura!
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LEITURA COMPLEMENTAR
Boa leitura!
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MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: Currículo na Educação Inclusiva: entendendo este desafio
Autor: Maria de Fátima Minetto
Editora: InterSaberes
Sinopse: Currículo na Educação Inclusiva: entendendo esse de-
safio, de Maria de Fátima Minetto, é uma obra voltada ao professor
que deseja aprimorar sua atuação em sala de aula, trabalhando a
realidade da inclusão. A obra chama a atenção para a compreensão
do diferente e de suas particularidades. Aqui, o educador encon-
trará sugestões de atividades e de adaptação de conteúdos que
podem ser fonte de inspiração para uma prática docente voltada
ao diálogo e à inclusão.
FILME/VÍDEO
Título: Cordas
Ano: 2014
Sinopse: O curta animado “Cordas” narra a amizade entre Maria,
uma garotinha muito especial e Nicolás, seu novo colega de clas-
se, que sofre de paralisia cerebral. A pequena, vendo algumas
das impossibilidades do amigo, não desiste e faz de tudo para
que ele se divirta e consiga brincar. Reconfigurando e recriando
jogos e atividades, Maria celebra a vida do colega, aprende ao
passo que ensina e emociona a todos – inclusive os espectadores
-, com as possibilidades do sonho e de uma amizade verdadeira.
Ao final, uma surpresa especial, que lembra a todos da impor-
tância do educar e da relação que se estabelece no ensino e
aprendizagem.
UNIDADE II
I Adequações Curriculares
Altas Habilidades / Superdotação: Histórico, Classificação e Legislação 50
UNIDADE III
Altas Habilidades / Superdotação:
Caracterização, Atendimento Educacional
e Enriquecimento Curricular
Professora Me. Fabiane Fantacholi Guimarães
Plano de Estudo:
● Caracterização geral dos alunos com Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD).
● Especificidades das pessoas com Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD).
● Formas de atendimento educacional e enriquecimento curricular.
Objetivos da Aprendizagem:
● Abordar as caracterização gerais dos alunos com
Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD).
● Compreender os tipos de especificidades das pessoas com
● Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD).
● Estudar as formas de atendimento educacional
e a importância do enriquecimento curricular.
51
INTRODUÇÃO
Caro(a) acadêmico(a).
Boa leitura!
UNIDADE III Altas Habilidades / Superdotação: Caracterização, Atendimento Educacional e Enriquecimento Curricular 52
1. CARACTERIZAÇÃO GERAL DOS ALUNOS COM ALTAS HABILIDADES/
SUPERDOTAÇÃO (AH/SD)
UNIDADE III Altas Habilidades / Superdotação: Caracterização, Atendimento Educacional e Enriquecimento Curricular 53
FIGURA 1 - CARACTERÍSTICAS PARA ESTABELECER A SUPERDOTAÇÃO NA CRIANÇA
Mas esses são apenas três aspectos em um universo bastante plural com possibi-
lidades de muitas características e com alta variação de presença e intensidade.
Para se ter ideia, a previsão da Organização Mundial da Saúde (OMS) é de que 3
a 5% da população seja superdotada, mas, no Brasil, a proporção de alunos identificados
não alcança essas marcas. Um dos motivos que dificultam essa identificação é justamente
a dificuldade para encontrá-los por meio dos padrões de avaliação.
Apesar da dificuldade de estabelecer esses padrões, a Secretaria de Educação
Especial do Ministério da Educação – SEESP relacionou algumas características conside-
radas universais para identificação da criança AH/SD:
[...] curiosidade e vivacidade mental, motivação interna, persistência na área
de seu talento,facilidade de compreensão e percepção da realidade, capaci-
dade de resolver problemas, energia, senso de humor, habilidade em assu-
mir riscos, sensibilidade, pensamento original e divergente, conduta criativa.
(BRASIL, 2006, p. 34).
UNIDADE III Altas Habilidades / Superdotação: Caracterização, Atendimento Educacional e Enriquecimento Curricular 54
Diante dessas informações, o documento da Secretaria de Educação Especial do
Ministério da Educação – SEESP intitulado “Saberes e práticas da inclusão: desenvolvendo
competências para o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos com
altas habilidades/superdotação” aconselha que:
A identificação de alunos com superdotação, na escola, deve assim, se
basear no programa a ser implementado para o atendimento de suas ne-
cessidades, a utilização de várias fontes de coleta de dados (entrevistas,
observações, sondagens do rendimento e desempenho escolar, análise de
produções e outros), no conhecimento das características específicas desse
aluno e das diferentes fases de desenvolvimento pelas quais as pessoas
passam em cada faixa etária. (BRASIL, 2006, p. 20).
E afirma que, aos serem identificados por seus professores, esses alunos provavel-
mente apresentarão ainda, vide figura 2:
FIGURA 2 - ALGUMAS IDENTIFICAÇÕES DE ALUNOS COM SUPERDOTAÇÃO
UNIDADE III Altas Habilidades / Superdotação: Caracterização, Atendimento Educacional e Enriquecimento Curricular 55
Assim, a identificação do sujeito AH/SD passa a envolver uma espécie de avaliação
que considere e atenda às várias fontes de informação e também às diversas dimensões,
lembrando sempre que o ser humano é complexo e existem muitas variáveis, e, por isso,
não existem regras fixas ou dados absolutos na identificação das altas habilidades/super-
dotação. (CUPERTINO, 2008).
Ainda, a família contribui com o processo de identificação, ao apresentar algumas
características particulares de seu/sua filho(a), observado(a) durante o processo de de-
senvolvimento. Há que se observar algumas questões em relação ao desempenho que
é exigido por alguns pais, que estimulam excessivamente seu filho para que este possa
apresentar indicadores de superdotação. (BRASIL, 2006).
SAIBA MAIS
UNIDADE III Altas Habilidades / Superdotação: Caracterização, Atendimento Educacional e Enriquecimento Curricular 56
por isso, é grande o desafio de diagnosticar ou identificar esse aluno em sala de aula,
mas a legislação brasileira, como vimos já estabeleceu algumas listas e característica para
auxiliar os professores de todos o país a avaliarem e identificarem seus alunos com alto
potencial de superdotação. Conforme pesquisadores/autores, entender as peculiaridades
que caracterizam o aluno com altas habilidades/superdotação é necessário porque o de-
senvolvido dela, é influenciado por suas características físicas e psicológicas, mas também
pelas interações sociais às quais essa criança é submetida. (SAKAGUTI, 2020).
UNIDADE III Altas Habilidades / Superdotação: Caracterização, Atendimento Educacional e Enriquecimento Curricular 57
2. ESPECIFICIDADES DAS PESSOAS COM ALTAS HABILIDADES/
SUPERDOTAÇÃO (AH/SD)
UNIDADE III Altas Habilidades / Superdotação: Caracterização, Atendimento Educacional e Enriquecimento Curricular 58
O aluno precoce “[...] é aquele que se destaca perante crianças da mesma idade,
em razão habilidades que apresenta”, contudo, “[...] estas podem ter suas origens na sim-
ples prematuridade do desenvolvimento de aspectos cognitivos, que se normalizarão com
o decorrer do tempo”. (MARTINS; CHACON, 2016, p. 190).
Explicam Martins e Chacon (2016) que somente no final da infância será possível
verificar se realmente existe uma configuração cognitiva superior ou se a performance
apresentada é apenas uma prematuridade no desenvolvimento.
Gama (2006, p. 65), explica que “[...] a precocidade está sempre relacionada não
ao comportamento ou forma de pensamento propriamente ditos, mas à idade em que esses
são exibidos [...]”. Quando a criança se desenvolve com plenitude em variadas áreas do co-
nhecimento e chega ao nível de compreensão e capacidade de execução equivalentes ao
de um adulto em idade muito inferior à esperada, então ela é chamada de criança prodígio.
Como já visto, só no final da infância será possível confirmar o diagnóstico, mas, seja
precoce, seja superdotada, a criança deve receber todo suporte para desenvolver seu potencial.
Além do suporte, a compreensão da família se faz necessária para evitar que tanto a criança
quanto seus pais fiquem frustrados com o processo ou os resultados dele. (SAKAGUTI, 2020).
A palavra prodígio segundo o dicionário da língua portuguesa, vem de verbo
portento que significa: “Coisa ou sucesso maravilhoso. Pessoa de inteligência incomum”.
(FERREIRA, 2010, p. 600).
O termo prodígio segundo Cupertino (2008) sugere algo extremamente raro e
único, melhor dizendo, fora do curso normal da natureza, e se tais indivíduos promoverem
contribuições extraordinárias à humanidade, revolucionando suas áreas de conhecimento,
passam a ser denominados gênios.
São consideradas crianças prodígio aquelas que apresentam habilidades e desem-
penhos diferenciados para a idade, ainda são consideradas crianças precoces com talento
extraordinário em algum campo das artes ou domínio de temas do conhecimento, com nível
de profissionais adultos. Um exemplo disso clássico é Wolfgang Amadeus Mozart, que
mostrou uma habilidade musical prodigiosa desde sua infância.
SAIBA MAIS
Caro(a) estudante, vamos conhecer alguns casos divulgados pela mídia brasileira e
internacional sobre crianças prodígio? Vamos lá...
UNIDADE III Altas Habilidades / Superdotação: Caracterização, Atendimento Educacional e Enriquecimento Curricular 59
2.2 Prodígio na Música
Um típico caso de criança prodígio é o pianista catarinense Pablo Rossi que,
com apenas 11 anos de idade, gravou um CD com obras de Chopin, Bartók, Schumann,
Tchaikovsky, Rachmaninov, Shostakovich e Nepomuceno, tendo sido também notícia
na mídia impressa.3 Pablo toca com a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo e
treina cinco a seis horas por dia. Considerado hoje o melhor pianista jovem do Brasil, este
catarinense de 17 anos foi vencedor do 1º Concurso Nacional Nelson Freire de Novos
Talentos Brasileiros e acumula premiações no Brasil e no exterior.
Pablo Rossi nasceu em Florianópolis em 1989 e iniciou os estudos musicais aos
seis anos. Aos sete ganhou o concurso para piano Jovens Intérpretes, de Lages, e passou
a ter aulas em Curitiba com Olga Kiun, pianista russa naturalizada brasileira, ela própria
uma criança prodígio que fez seu primeiro recital solo aos nove anos e aos doze realizou
seu primeiro concerto como solista de orquestra.
Pablo acumula diversos prêmios em sua curta carreira de pianista: já aos oito anos
recebia o prêmio revelação no XXXII Festival de Inverno de Campos do Jordão e logo em
seguida recebia o primeiro lugar nos seguintes concursos: Concurso de Piano Artlivre em
1997 e em 2000; no VII Concurso Nacional Magda Tagliaferro; no IX Concurso Nacional
de Piano em Governador Valadares; no XIII Concurso Internacional na cidade de Córdoba,
Argentina; no XI Concurso Internacional de Piano ‘Perfecto García Chornet’, na Espanha;
e no I Concurso Nacional Nelson Freire para Novos Talentos Brasileiros. Com o apoio do
Governo do Estado do Paraná, Pablo conseguiu uma bolsa de estudos para cursar o Con-
servatório Tchaikovsky de Moscou, a convite da Sociedade Rachmaninov, em novembro de
1999, quando tinha 10 anos, tendo então a oportunidade de participar das masterclasses
de Alexander Mndoyants e Viktor Merdjanoff. O aclamado prodígio já se apresentou com a
Orquestra de Câmara Solistas de Londrina, a Orquestra Sinfônica do Paraná, a Camerata
Florianópolis, a Sinfônica de Santa Catarina, a Sinfônica de Ribeirão Preto, a Orquestra
Sinfônica Brasileira, além de ter realizado recitais em cidades como São Paulo, São José
dos Campos, Macaé e Curitiba.
UNIDADE III Altas Habilidades / Superdotação: Caracterização, Atendimento Educacional e Enriquecimento Curricular 60
Em maio de 2006, aos 16 anos de idade, recebeu o título de Mestre em Matemática pela
Universidade de Virginia, EUA. Recentemente revelou que pretende obter seu PhD em quatro
diferentes áreas: matemática, engenharia aeroespacial, ciência política e engenharia biomédica.
É fundador da International Youth Advocates, dedicada à defesa de jovens e crian-
ças carentes e à paz mundial. Em suas viagens ao exterior (já visitou nove países em
quatro continentes, incluindo o Brasil) e dentro de seu próprio país, Gregory dá palestras
sobre o fim do ciclo da violência e sobre a manutenção da paz. Já se encontrou com a
rainha Noor, da Jordânia, com presidentes, como Bill Clinton e Mikhail Gorbachev, líderes
religiosos como o Arcebispo Desmond Tutu da África do Sul, e educadores para discutir
suas ideias para a educação e para a paz.
Foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz em 2002 (quando tinha 12 anos), continuando
a concorrer nos anos posteriores (2003 a 2006).
Quando terminou o Ensino Fundamental e o Médio em apenas cinco anos – em vez
dos treze esperados de uma criança comum –, virou estrela de programas populares nos
Estados Unidos.
Gregory foi precoce em muitas áreas e de uma forma qualitativamente diferente da
grande maioria das crianças. Começou a falar muito mais cedo que o esperado para um
bebê, aos 2 meses de idade. Com um ano e dois meses era capaz de nomear todos os
tipos de dinossauros que já existiram e de resolver problemas simples de álgebra. Aos 2
anos já lia e corrigia a gramática de adultos. Nesta idade ele também decidiu abandonar os
sanduíches do McDonald’s e tornou-se vegetariano por conta própria. Aos 5 anos era capaz
de recitar trechos de livros de memória – tinha na cabeça a coleção inteira de Júlio Verne
e era capaz de discorrer sobre uma enorme gama de assuntos. Seus pais comentam que,
nesta idade, sua capacidade mental, medida por testes de QI, ultrapassava os limites dos
próprios testes. Gregory foi acelerado nos estudos e o currículo compactado para atender
suas necessidades especiais únicas; assim, no período de um ano o menino cumpriu sete
séries escolares (da segunda à oitava), pulando toda a terceira série e cumprindo um curso
de Álgebra em 10 semanas. Ele tinha sete anos quando entrou para o Ensino Médio no
Orange Park High School, na Florida.
Em entrevista ao jornal Washington Post, em 1999, quando se formava com honras
no Ensino Médio, dois dias antes do seu 10º aniversário, Gregory comentou: “Acredito que
recebi um dom especial, mas não sei como ou porque ele me foi dado; apenas sei que
quero usar o máximo de minhas habilidades para ajudar a humanidade.” Entre as suas
metas, anunciou, está a de se tornar Presidente dos Estados Unidos.
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2.4 Prodígio na Pintura
Marla Olmstead, começou a pintar pouco antes de completar 2 anos, com o incen-
tivo de seu pai, também artista plástico. Usando pincéis, espátulas, seus próprios dedos e
até tubos de ketchup, a menina cria telas de aproximadamente um metro e meio, que já lhe
renderam mais de US$ 300 mil, tendo cerca de 200 compradores na lista de espera.
Nascida no estado de Nova York, em Fevereiro de 2000, Marla começou a pintar
antes de 2 anos. Seu pai, gerente de uma fábrica e pintor amador, no início achava que a
pintura era apenas uma distração para a filha, mantendo-a ocupada enquanto ele próprio
pintava. No entanto, logo passou a comprar telas e tintas quando observou o senso de
equilíbrio, forma e composição presentes nos quadros abstracionistas da filha. A mãe,
recepcionista em tempo parcial, conseguiu com um amigo que os trabalhos da criança
fossem expostos em uma lanchonete local.
O primeiro quadro, vendido por 250 dólares, foi logo sucedido por outros. Em
Agosto de 2004 a galeria de artes Anthony Brunelli, de Nova York, atraiu mais de 2.000
pessoas com a primeira exposição de Marla, cujos quadros foram vendidos por cerca de
6 mil dólares cada. Marla gosta de usar tintas acrílicas coloridas e, diferentemente das
crianças de sua idade, constrói suas pinturas em camadas e cobre toda a tela de tinta,
não deixando espaços vazios. Inicialmente trabalha com largas pinceladas de tinta e com
os dedos, e progressivamente outras ferramentas são incorporadas ao trabalho, como
garrafas de plástico. O pai, atuando agora como seu assistente, incentiva a filha a produzir
com regularidade e rapidez, pintando vários quadros por mês. Segundo o pai, Marla pinta
regularmente, três vezes por semana, e em geral termina seu trabalho após três horas de
grande concentração.
Atraindo a atenção da mídia, e tornando-se notícia no The New York Times, Time,
CBS News e BBC News e em outras revistas, TV e jornais da França, Alemanha, Canadá,
Inglaterra, Espanha, África do Sul, Austrália, Brasil e Itália, Marla tem sido comparada a
grandes gênios do expressionismo abstrato, como Wassily Kandinsky e Jackson Pollock.
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respondendo perguntas e demonstrando seu processo de escrita ao vivo, com a ajuda de
um projetor. Seu primeiro livro , escrito aos 7 anos de idade, inclui nove histórias, poemas,
e sua opinião sobre política, religião, mídia e educação. Sua mãe, Joyce Svitak, contribui
no livro com dicas e estratégias de ensino para ajudar pais e professores em como ensinar
a criança a escrever, ilustrando cada técnica ou exercício com as histórias escritas por Ado-
ra. Apaixonada por história medieval e contemporânea, filosofia e mitologia, seus contos
traduzem sua paixão pela leitura e escrita. Adora entende que sua missão engloba ensinar
outras crianças a ler e escrever, visitar escolas e repassar para os jovens o prazer que a
leitura e a escrita podem proporcionar.
SAIBA MAIS
Talento é um vocábulo derivado do latim talentum e significa “[...] Dom natural ou adqui-
rido. Inteligência excepcional. (FERREIRA, 2010, p. 725). Uma definição complementar
do próprio dicionário é o adjetivo talentoso, isto é, uma pessoa “que tem muito talento,
inteligência”.
Mas, caro(a) estudante, relacionar talento e altas habilidades/superdotação não é uma
tarefa simples ou simplista. Não existe unanimidade na atribuição e associação dos
termos. Segundo a autora Anjos (2011) em sua tese de doutorado relata que alguns
autores usam esses termos como “[...] sinônimos, em expressões do tipo: “os dotados
e talentosos”.”. Mas, outros autores como Joseph Renzulli ou Robert Sternberg hesitam
em usar o termo “talento” e “[...] focalizam a concepção de capacidade e desempenho
superior no conceito único de dotação”. (ANJOS, 2011, p. 25).
Guenther (2011) também diferencia dotação e talento, após realizar sua pesquisa em
grandes autores.
UNIDADE III Altas Habilidades / Superdotação: Caracterização, Atendimento Educacional e Enriquecimento Curricular 63
FIGURA 3 - DIFERENÇA ENTRE DOTAÇÃO E TALENTO
Em resumo, podemos entender que dotação é o domínio de pelo menos uma das
capacidades humanas de forma natural, já o talento, no entanto, é a capacidade de realizar
com maestria uma habilidade, e é desenvolvida por meio de treino sistemático ou por co-
nhecimento pleno de alguma área da atividade humana.
Sobre desenvolver talentos, ainda Guenther (2011, p. 85) relata também que “[...]
pode ser um processo relativamente simples, que alcança resultados em menor tempo, e
depende essencialmente de um plano pedagógico-educacional claro e determinado, focali-
zado em ensino, exercício, treino”. Já desenvolver dotação, em outras palavras, o potencial
sinalizado em um domínio de capacidade, é mais complexo, “[...] exige vivência em quantida-
de, qualidade, complexidade, profundidade, diversidade, por longos períodos de tempo, em
condições configuradas por vias de educação informal”. Contudo, “considerando resultados
em generalização e aprendizagem futura, desenvolver dotação é mais promissor para a
pessoa, e para os objetivos da sociedade, que cultivar talentos”. (GUENTHER, 2011, p.85).
Por fim, Anjos (2011) traz em sua tese a fala de Piirto (1999), no qual acredita “[...]
que a construção da superdotação não é linear, mas uma esfera, um círculo, que envolve
todos os tipos de talentos.”. Neste sentido, apresenta as seguintes características: “[...] ele-
vada inteligência, talentos acadêmicos, criatividade, talentos musicais, talentos mecânicos,
talentos para o relacionamento, talentos religiosos”. (ANJOS, 2011, p. 22).
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Gênio no dicionário da língua portuguesa estabelece que é a pessoa com “[...]
Altíssimo grau de capacidade mental criadora, em qualquer sentido, Indivíduo de potência
intelectual incomum. (FERREIRA, 2010, p. 376). Como por exemplo, Albert Einstein, o
físico, ou Pablo Ruiz Picasso, o artista.
Segundo Anjos (2011, p. 21, grifo da autora) gênio “[...] seriam aquelas pessoas que
deram contribuições extraordinárias para a humanidade, que deixam marcas na história”.
A Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação, por meio de pu-
blicações oficiais, mostra o entendimento da distinção terminológica para genialidade e
altas habilidades/superdotação. Esta se caracteriza por elevada potencialidade de apti-
dões, talentos e habilidades demonstradas por alto desempenho em diferentes áreas. Já a
genialidade é o potencial superior para construção e que contribui de forma transformadora
para o desenvolvimento da sociedade e da ciência, isto é, são considerados gênios apenas
aqueles que deixam um legado à humanidade, pelas suas contribuições originais e de
grande valor. (SAKAGUTI, 2020).
Para fecharmos esta discussão não poderíamos deixar de retomarmos o que
iniciamos na Unidade I da nossa apostila, a definição brasileira para pessoas com altas
habilidades/superdotação, sendo a Política Nacional de Educação Especial (1994, p. 11),
estudantes com AH/SD demonstram potencial elevado em qualquer uma das seguintes
áreas, isoladas ou combinadas: “intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e
artes, além de apresentar grande criatividade, envolvimento na aprendizagem e realização
de tarefas em áreas de seu interesse”.
Completando o estudo sobre essas áreas citadas acima, utilizaremos para comple-
mentação Virgolim (2007, p. 28):
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e) Talento Especial para Artes – Envolve alto desempenho em artes plásticas,
musicais, dramáticas, literárias ou cênicas (por exemplo, facilidade para expres-
sar idéias visualmente; sensibilidade ao ritmo musical; facilidade em usar gestos
e expressão facial para comunicar sentimentos); e
f) Capacidade Psicomotora – Refere-se ao desempenho superior em esportes
e atividades físicas, velocidade, agilidade de movimentos, força, resistência,
controle e coordenação motora fina e grossa.
Esta definição é vantajosa, segundo Virgolim (2007, p. 28), uma vez que chama a
atenção para importantes aspectos, como:
UNIDADE III Altas Habilidades / Superdotação: Caracterização, Atendimento Educacional e Enriquecimento Curricular 66
3. FORMAS DE ATENDIMENTO EDUCACIONAL E ENRIQUECIMENTO CURRICULAR
UNIDADE III Altas Habilidades / Superdotação: Caracterização, Atendimento Educacional e Enriquecimento Curricular 67
A educação especial na perspectiva da educação inclusiva busca assegurar um
atendimento não segregado na sala comum, bem como suportes para garantir não somen-
te o acesso, mas também a permanência na escola. Um desses suportes que tem sido
decisivo no processo inclusivo é o Atendimento Educacional Especializado (AEE) realizado
nas salas de recursos multifuncionais (SRM).
O Parecer n. 17, de 3 de julho de 2001 do CNE/CEB aponta como deve se dar o aten-
dimento no AEE em relação aos alunos com AH/SD, no item 4.1, que trata da organização.
(FARIAS, 2020).
Vale mencionar ainda o Decreto n. 7.611, de 17 de novembro de 2011, que dispõe
o atendimento educacional especializado, que assegura:
Art. 5º A União prestará apoio técnico e financeiro aos sistemas públicos de
ensino dos Estados, Municípios e Distrito Federal, e a instituições comunitárias,
confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, com a finalidade de ampliar a
oferta do atendimento educacional especializado aos estudantes com deficiên-
cia, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdota-
ção, matriculados na rede pública de ensino regular. (BRASIL, 2011).
UNIDADE III Altas Habilidades / Superdotação: Caracterização, Atendimento Educacional e Enriquecimento Curricular 68
matrícula em classe comum e em sala de recursos multifuncionais de outra
escola pública;
matrícula em classe comum e em centro de Atendimento Educacional Espe-
cializado de instituição de Educação Especial pública;
matrícula em classe comum e em centro de Atendimento Educacional Espe-
cializado de instituições de Educação Especial comunitárias, confessionais
ou filantrópicas sem fins lucrativos. (BRASIL, 2009).
REFLITA
Caro(a) acadêmico vamos refletir! Será que existe uma enorme distância entre a política
educacional proposta pelo governo e a prática realizada nas escolas. Essa distância
pode ser explicada por preconceitos sobre os alunos com AH/SD, recursos inadequados
e mal utilizados, barreiras atitudinais e falta de compromisso na implantação das políti-
cas educacionais.
É importante ressaltar ainda que existem diferentes programas voltados aos alu-
nos com AH/SD entre eles os de aceleração e os de enriquecimento curricular. Conforme
Martins e Pedro (2013, p. 2909) o programa de aceleração “[...] consiste em pular etapas
da formação regular, de modo a cumprir o programa em menor tempo”. Nesse programa,
“[...] o aluno vivencia experiências com colegas mais velhos, deste modo, é indispensável
certificar-se de que a criança possui as condições psicológicas e os conhecimentos neces-
sários para esta interação”.
O programa prevê ainda, segundo os autores Martins e Pedro (2013, p. 2909),
agrupamento que “[...] podem ocorrer em centros específicos, escolas e classes especiais
ou mesmo nas classes regulares, em tempo parcial (agrupamento flexível)”. Embora
UNIDADE III Altas Habilidades / Superdotação: Caracterização, Atendimento Educacional e Enriquecimento Curricular 69
também chamados de “segregação”, “[...] os agrupamentos podem estar apartados da
escolarização na forma de acampamentos temáticos, intercâmbios ou cursos específicos”.
Embora de destinar-se a um grupo previamente escolhido, a heterogeneidade permanece
sempre, assim como as diferenças individuais, o que não exclui a necessidade de algumas
instruções individualizadas. Nestes agrupamentos, “a interação entre semelhantes é faci-
litada e gera ganhos acadêmicos substanciais, no entanto, podem ocasionar o isolamento
do grupo selecionado”.
SAIBA MAIS
Qual o objetivo?
A proposta tem como objetivo corrigir a distorção idade/ano dos alunos que estão cur-
sando os anos finais do Ensino Fundamental, assim como garantir qualidade no proces-
so de ensino-aprendizagem das turmas de aceleração de estudos.
UNIDADE III Altas Habilidades / Superdotação: Caracterização, Atendimento Educacional e Enriquecimento Curricular 70
Como são organizadas as turmas?
As turmas do Programa são compostas por no mínimo 15 e no máximo 20 alunos, a
serem ofertadas em dois níveis, sendo a turma I para alunos matriculados no 6.º ano do
Ensino Fundamental, com idade mínima de 13 anos, e a turma II para alunos matricula-
dos no 8.º ano do Ensino Fundamental, com idade mínima de 15 anos.
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UNIDADE III Altas Habilidades / Superdotação: Caracterização, Atendimento Educacional e Enriquecimento Curricular 71
Lembre-se! Caro(a) estudante, as pessoas com AH/SD não são iguais, mas guar-
dam singularidades a serem consideradas e respeitadas pelas escolas ao escolherem o
programa mais adequado às suas necessidades. Além disso, os alunos com AH/SD pre-
cisam do AEE, indicando uma atenção específica a esses indivíduos. Nesse processo, é
necessário o envolvimento da família, dos professores da classe comum, do professor da
SRM e da escola. O trabalho articulado possivelmente resultará não só em um rendimento
escolar satisfatório, mas também num desenvolvimento afetivo adequado. (FARIAS, 2020).
Para fecharmos o estudo, não podemos deixar de complementar que os professo-
res precisam estar cientes da responsabilidade que têm junto a esse público, no entanto,
é imprescindível a clareza de que o trabalho deve ser realizado de forma articulada entre
família, escola e comunidade. Conforme Sabatella (2005, p. 120):
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● Por professor especialista, realizada em núcleo de recursos especiais, com
atividades paralelas às desenvolvidas em classe;
● Pela montagem de um currículo totalmente enriquecido como consequência do
conteúdo aprofundado, usado, individualmente, para os talentos específicos ou
em classe comum, sem quebra da unidade do programa.
Sabatella (2005) ressalta ainda que esses programas podem tomar formas varia-
das, como a inclusão de novas unidades de estudo, permitindo que o aluno acelere o
currículo; o estímulo à pesquisa, por meio da utilização de mais fontes de informação e do
desenvolvimento de projetos específicos para áreas de conhecimento diversas.
No entanto, considerando a realidade das escolas públicas brasileiras, é possível
reconhecer a dificuldade do professor da classe comum em realizar um programa de enri-
quecimento curricular. O que muitas vezes acontece é a utilização de uma maior quantidade
de atividades ou o crescimento no conteúdo programático, sem levar em conta a qualidade
do que se oferta. (FARIAS, 2020).
Em um programa de enriquecimento, Farias (2020, p. 164) relata que “[...] é essen-
cial que o aluno tenha liberdade nas escolhas do que deseja estudar, de acordo com sua
área de interesse, e que utilize o estilo de estudo que mais gosta e aprenda de forma muito
mais independente”. Na perspectiva apresentada, o professor é o facilitador e o orientador
do estudo e da pesquisa do aluno.
Atenção! Caro(a) estudante, é interessante que o trabalho de enriquecimento cur-
ricular seja realizado de forma articulada entre o professor da classe comum e o professor
da sala de recursos multifuncionais.
SAIBA MAIS
bvirtual.com.br/
UNIDADE III Altas Habilidades / Superdotação: Caracterização, Atendimento Educacional e Enriquecimento Curricular 73
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro(a) acadêmico(a).
Boa leitura!
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LEITURA COMPLEMENTAR
Boa leitura!
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MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: Altas Habilidades na Escola: Identificar para não discriminar.
Autor: Maria da Graça Rezende Mendes.
Editora: Appris.
Sinopse: No Brasil, um número muito pequeno de alunos é apon-
tado com perfil de altas habilidades, devido às dificuldades de
identificação que ocorrem nas escolas. A falta de informação dos
professores e de grande parte da sociedade provoca concepções
errôneas , e produz alguns problemas pelas dúvidas acerca desta
temática. Esse trabalho discute o papel do professor no contexto
da educação atual, que deveria ser inclusiva, com ênfase nas
altas habilidades, e destaca resultados de pesquisa que indicam,
falta de conhecimento e/ou preparo do docente levando a não
identificação da população que apresenta essas habilidades, e,
consequentemente, ao desperdício de seu potencial.
FILME/VÍDEO
Título: Uma Mente Brilhante
Ano: 2001
Sinopse: John Forbes Nash Jr. é reconhecido como gênio da
matemática aos 21 anos. Cedo, casa-se com uma bela mulher,
mas logo começa a dar sinais de esquizofrenia. Após anos de luta
contra a doença, ele acaba ganhando o prêmio Nobel.
UNIDADE III Altas Habilidades / Superdotação: Caracterização, Atendimento Educacional e Enriquecimento Curricular 76
UNIDADE IV
Altas Habilidades / Superdotação :
Promovendo Potencialidades
Professora Me. Fabiane Fantacholi Guimarães
Plano de Estudo:
● Aspecto pessoal e social da pessoa com Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD).
● Desenvolvimento de habilidades básicas da criatividade.
● Desenvolvimento cognitivo e emocional da pessoa com Altas Habilidades/
Superdotação (AH/SD).
Objetivos da Aprendizagem:
● Abordar aspecto pessoal e social da pessoa com Altas Habilidades/
Superdotação (AH/SD).
● Tratar o desenvolvimento de habilidades básicas da criatividade.
● Discutir o desenvolvimento cognitivo e emocional da pessoa com
Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD).
77
INTRODUÇÃO
Caro(a) acadêmico(a).
Boa leitura!
No mesmo sentido, Amabile (1989 apud VIRGOLIM, 2019, p. 229) lista os aspectos
de uma filosofia que encoraja a criatividade na sala de aula:
● Aprender é muito importante e pode ser muito divertido.
● A sala de aula deve ser um local no qual a criança se sinta confortável e estimu-
lada, sem tensão ou pressão.
● É melhor cooperar do que competir.
● A sala de aula é responsabilidade de todos e todos devem cooperar para sua
organização.
● Limites são importantes. As regras em sala de aula devem ser estabelecidas
conjuntamente entre alunos e professores, preservando a atmosfera criativa.
● Alunos devem respeitar seus professores, sentindo-se confortáveis em sua
presença.
● O ambiente deve permitir que os alunos se sintam livres para discutir seus pro-
blemas com professores e colegas.
● O professor deve deixar muito claro as áreas nas quais não há respostas certas
nem erradas e nas quais as opiniões diferentes, os estilos distintos de pensar e
as abordagens diversas são igualmente válidos.
● Experiências de aprendizagem devem ser relacionadas ao mundo real sempre
que possível, a fim de que faça sentido para a criança.
● A aprendizagem é mais fácil quando relacionada às áreas fortes de cada um.
● Cada aluno tem seu estilo preferencial de aprender; a tolerância à adversidade
deve ser estimulada.
O conhecimento limitado que se tem acerca da pessoa com AH/SD contribui para a
criação de mitos sobre eles, tornando-os invisíveis para a família e para a escola e, logo, sem
atendimento às suas necessidades. Essa falta de reconhecimento influi de forma expressiva
no desenvolvimento psíquico, emocional e social no decorrer de sua trajetória de vida.
Caro(a) estudante como sabemos a família, tem papel importante no desenvolvi-
mento emocional e social dos indivíduos com AH/SD. Em muitas situações, não se sabe
como lidar com as crianças superdotadas, pois elas demonstram mais curiosidade, mais
rapidez de pensamento, dificuldades em aceitar regras, entre outras características. Tais
comportamentos causam dificuldades familiares na rotina diária e no convívio com amigos,
parentes e pessoas das comunidades das quais participam. Frequentemente, esses indiví-
duos sentem-se entediados e não sabem como lidar com esse sentimento, já que não têm
maturidade emocional, o que causa estresse na família. (FARIAS, 2020).
A falta de regularidade entre o desenvolvimento intelectual e o emocional do indiví-
duo é chamado de assincronia e “[...] caracteriza-se por não estar em concomitância com os
pares ou ainda ter um desenvolvimento desigual entre os aspectos intelectual e emocional,
bem como entre a idade mental e a cronológica”. É muito provável que “[...] esse fator cause
sofrimento, pois o indivíduo, mesmo que criança, pode pensar como adolescente ou adulto”
e, apesar de em alguns momentos “[...] apresente muita maturidade, em outros, suas ações
demonstram a idade real, como as outras crianças”. (FARIAS, 2020, p. 186-187).
SAIBA MAIS
Boa leitura!
Fonte: ABAD, A.; ABAD, T. M. M. Altas Habilidades/Superdotação: um olhar para o desenvolvimento cog-
nitivo, ajuste emocional e seus impactos na vida profissional. Revista FOCO, v.9, n.2, p. 97-119, ago./
Caro(a) acadêmico(a).
Boa leitura!
Boa leitura!
LIVRO
Título: Altas Habilidades/Superdotação - Manual para Guiar o
Aluno desde a Definição de um Problema até o Produto Final
Autor: Deborah E. Burns - Coordenação e Revisão: Angela Vir-
golim - Tradução: Danielle Lossio de Araújo e Luiane Daufenbach
Amaral
Editora: Jaruá
Sinopse: Este é um livro essencialmente prático, que busca
apresentar aos professores, em dez lições, formas, sugestões
e trajetórias para desenvolver a capacidade de investigação em
seus alunos, começando na sala regular e se estendendo à sala
de recursos; e almeja propiciar aos alunos com altas habilidades/
superdotação um melhor entendimento do que se espera deles
nesses contextos. O manual se encontra embasado no Modelo
de Enriquecimento Escolar de Joseph Renzulli, que foi adotado
no Brasil pelo MEC em 2005, quando o Ministério da Educação
implementou os Núcleos de Atividades de Altas Habilidades/Super-
dotação (NAAH/S) em todos os estados brasileiros. Desta forma,
as dez lições aqui apresentadas ajudam o professor da sala de
recursos a desenvolver passo a passo um caminho que perpassa
pelos interesses individuais do estudante, suas áreas fortes e áreas
de motivação, para chegar, então, ao delineamento de um projeto
de investigação, pautado em necessidades reais do mundo atual.
O estudante é levado a compreender o que significam projetos do
tipo I (Atividades Exploratórias Gerais), do Tipo II (Atividades de
Treinamento) e do Tipo III (Investigação de Problemas Reais).
O livro conta ainda com um link com fotos, pôsteres e formulários
de exercícios que auxiliarão o professor nessa tarefa inicial.
FILME/VÍDEO
Título: Mentes Que Brilham
Ano:1991
Sinopse: Mãe solteira de filho superdotado de sete anos, que tra-
balha como garçonete, luta para que o filho leve uma vida normal,
mas não quer limitar seu potencial, e consente a aproximação de
uma professora interessada nos talentos do filho.
BRASIL. Lei n. 5.692, de 11 de agosto de 1971. Fixa Diretrizes e Bases para o ensino de 1°
e 2º graus, e dá outras providências.
96
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Orientações para
Implementação da Política de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva.
Brasília, 2015. Disponível em http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&-
view=download&alias=17237-secadi-documento-subsidiario-2015&Itemid=30192 Acesso
em maio de 2021.
97
MARQUES, D. M. C. Aluno com Altas Habilidades/Superdotação: um estudo longitudinal a
partir da Teoria das Inteligências Múltiplas. Tese (doutorado em educação especial). Univer-
sidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2017. Disponível em https://repositorio.ufscar.br/
bitstream/handle/ufscar/10162/MARQUES_Danitiele_2018.pdf?sequence=6&isAllowed=y
Acesso em maio de 2021.
98
SIMONETTI, D.C. Altas habilidades: revendo concepções e conceitos. ABAHSD - Associa-
ção Brasileira para Altas Habilidades/Superdotados, 2007.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN). Lei número 9.394, 20
de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.
99
LIBÂNEO, J. C. Organização e gestão da escola: teoria e prática, 5. ed. rev. e ampl. Goiânia:
Alternativa, 2004.
MOREIRA, A. F. B.; SILVA, T. T. da. (Org.). Currículo, cultura e sociedade. São Paulo: Cor-
tez, 2011.
100
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de
Educação Especial. Brasília, 1994. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?op-
tion=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de-educacao-especial-
-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192 Acesso em maio de 2021.
CARVALHO, R. E. Educação Inclusiva: com os pingos nos “is”. 10 ed. Porto Alegre: Media-
ção, 2014.
101
MARTINS, B. A.; CHACON, M. C. M. Características de Altas Habilidades/Superdotação
em Aluno Precoce: Um Estudo de Caso. Rev. Bras. Ed. Esp., Marília, v. 22, n. 2, p. 189-
202, Abr.-Jun., 2016. Disponível em https://www.scielo.br/pdf/rbee/v22n2/1413-6538-r-
bee-22-02-0189.pdf Acesso em maio de 2021.
WINNER, E. Crianças superdotadas: mitos e realidades. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
102
PALUDO, K. I. João Feijão, o superdotado amigão: por uma concepção interacional de
assincronismo e superdotação. Tese (Doutorado em Educação). Universidade Federal
do Paraná, Curitiba, 2018. Disponível em https://acervodigital.ufpr.br/handle/1884/65381
Acesso em maio de 2021.
Chegamos, caro(a) acadêmico(a), ao fim de mais uma pequena jornada, que teve
como objetivo geral propiciar habilidades e competências para o atendimento educacional de
alunos com altas habilidades/superdotação. Ao longo das quatro unidades, criteriosamente
selecionadas para dar sustentação à presente discussão, autores que promoveram uma rica
interlocução entre: altas habilidades/superdotação: histórico, classificação e legislação; ade-
quações curriculares; altas habilidades/superdotação: caracterização, atendimento educacio-
nal e enriquecimento curricular; altas habilidades/superdotação: promovendo potencialidades.
Sendo assim, caro(a) acadêmico(a), alcançamos ao final dos nossos estudos rela-
cionados a essa temática, mas reforço o que disse inicialmente, o texto apresentado não
esgota todas as possibilidades de pensar e refletir acerca das temáticas abordadas. Espero
que tenha lhe oportunizado momentos importantes e oportunos para a compreensão das
análises realizadas ao longo da disciplina.
Desejo a você, estudante, sucesso e inúmeras realizações profissionais.
Até breve!
104
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