Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Práticas
de alfabetização
em contextos de
multiletramentos
Acompanhamento
do curso
Elaboração de conteúdo:
Angela Kim e Marly Barbosa
Coordenação técnica:
Renata Frauendorf
Coordenação geral:
Silvia Carvalho
Caderno de Apoio
Práticas
de alfabetização
em contextos de
multiletramentos
Acompanhamento
do curso
Desenvolvimento Técnico:
Instituto Avisa Lá - SP
2022
Sumário
Carta de apresentação 5
Estrutura do curso 6
Orientações gerais 6
Módulo 1A – Escrita 9
Referências bibliográficas 20
Bom trabalho!
Módulo 1: Escrita e produção de textos escritos (1A – Escrita e 1B – Produção de textos escritos).
Módulo 2: Leitura (2 A – Leitura pelo professor e pela professora e 2 B – Leitura pelo e
pela estudante).
Módulo 3: Oralidade na escola.
As aulas estão organizadas num movimento metodológico reflexivo, que se inicia com uma
atividade disparadora para promover a ativação dos conhecimentos prévios dos e das parti-
cipantes. A esta atividade, segue-se a apresentação dos conceitos principais envolvidos na
aula por meio de um vídeo. Na sequência, há uma proposta de estudo e aprofundamento,
sempre com uma atividade prática para que o e a cursista realize e estude mais sobre o tema
em foco. Há, ainda, a sugestão de sequências didáticas para ampliar os referenciais para o
trabalho em sala de aula. Por fim, são apresentados alguns materiais extras para aqueles e
aquelas que desejarem estudar mais sobre cada tema das aulas, além de uma breve síntese
e o anúncio do tema da próxima aula. Entre os materiais ofertados, há um conjunto de ppts
de cada aula com algumas sugestões para flexibilização curricular, bem como sugestão de
material de estudo.
Educação inclusiva
e seus princípios
É sempre bom lembrar que a educação inclusiva não é nova e que é norteada por alguns
princípios (INSTITUTO RODRIGO MENDES, 2022):
1. Toda pessoa tem o direito de acesso à educação.
2. Toda pessoa aprende.
3. O processo de aprendizagem de cada pessoa é singular.
4. O convívio no ambiente escolar comum beneficia a todos.
5. A educação inclusiva diz respeito a todos.
Módulo 1A – Escrita
Nesta aula, há dois importantes conceitos que orientam a organização das atividades na sala
de aula: conceito de escrita e de produção escrita ou produção de textos escritos. Vale
dizer que devemos cuidar para que na sala de aula convivam tanto atividades de reflexão
sobre a língua (sistema de escrita, ortografia etc.), quanto atividades de reflexão sobre a lin-
guagem (escuta e leitura de textos, produção de textos escritos e orais). Outro importante
aspecto a ser discutido com os e as participantes é a garantia de um contexto comunicativo
para todas as atividades propostas em sala de aula, sejam elas de alfabetização, no sentido
mais restrito, ou de produção de textos orais ou escritos e, até mesmo, nas atividades de
leitura. Você pode incentivar a ampliação dos estudos propostos indicando aos e às cursistas
a exploração das experiências e sequências didáticas de modo a favorecer a implementação.
Em relação às atividades de escrita, é fundamental a diferenciação entre escrita (atividade em
que o ou a estudante escreve de modo espontâneo, pensando em quais letras usar e onde
usá-las) e a atividade de cópia. Além disso, os e as participantes devem trabalhar com as tur-
mas tanto as atividades de escrita, quanto as de produção de textos escritos, independente
do ou da estudante saber grafar o texto.
Neste módulo é importante chamar a atenção dos e das cursistas para o fato de que crian-
ças/adolescentes/jovens com diferentes deficiências passam pelos mesmos processos de
apropriação de conhecimento que os e as demais estudantes. A diferença está nas estraté-
gias que precisam ser utilizadas para que possam se apropriar da linguagem escrita.
Em relação às atividades voltadas à construção do sistema de escrita, o uso de materiais
alternativos, como letras móveis, pode ser um recurso importante. Nessas situações o uso
de palavras significativas pode ser de grande ajuda para a reflexão sobre o sistema. Para
estudantes com deficiência intelectual, a pouca compreensão da função da escrita como re-
presentação da linguagem pode ser um obstáculo. Isso requer estratégias que sirvam para a
criança ou adolescente desenvolver a capacidade de relacionar o falado com o escrito. Para
ajudar, o professor ou a professora pode ressaltar o uso social da língua e usar ilustrações
e fichas de leitura. O objetivo é estimular o ou a estudante a relacionar imagens com textos.
O trabalho com produção de textos, mesmo que o ou a estudante não escreva de forma con-
vencional, é de grande importância. Professores, professoras, estudantes mais experientes
podem ser os(as) escribas nesses momentos. Aproveitar algumas situações do cotidiano para
realizar situações de produção de texto pode ser uma boa estratégia. Em todas essas ativida-
des, deve-se considerar o uso de jogos e brincadeiras que contribuem nesse processo.
Na aula deste módulo são apresentadas as operações que caracterizam a produção de texto:
contextualização, elaboração e tratamento do conteúdo temático, planificação, textualização
e releitura, revisão e reescrita. Estudantes em situação de inclusão podem participar desses
momentos, em especial se forem organizadas situações de produção escrita em duplas ou
trios. Contribuir, por exemplo, no momento do planejamento com uma lista do que deve
aparecer no texto (de forma oral) pode ser uma das atividades. Outra situação que pode ser
usada é gravar o e a estudante para que depois ele ou ela, o professor ou a professora, possa
servir de escriba. O apoio em imagens para que o conteúdo do texto possa ser recuperado e
escrito – caso o ou a estudante já tenha essa condição –, pode ser uma estratégia de traba-
lho. O uso de recursos tecnológicos pode ser de grande serventia. Oriente os e as cursistas
a procurarem a equipe de tecnologia da escola ou da Secretaria de Educação.
Módulo 3A – Oralidade
Alguns gêneros orais são aprendidos na interação fora da escola, enquanto outros precisam
ser ensinados, como aqueles pertencentes a situações comunicativas orais públicas, entre
elas a exposição oral ou o debate regrado. Este módulo aborda o ensino das práticas de
oralidade, que demanda, assim como o da produção textual escrita, ter clareza a respeito da
situação comunicativa e considerar as operações de produção.
O acompanhamento do trabalho com as práticas de oralidade nas escolas revelará em que
medida os conteúdos trabalhados no curso estão sendo incorporados à sala de aula. Nesse
sentido, vale a pena observar se a produção de textos orais está ocorrendo, quais gêneros es-
tão sendo trabalhados, se pertencem ao domínio da comunicação pública formal e se, no pro-
cesso, os e as estudantes são colocados para realizar as diferentes operações de produção.
A seguir, indicamos algumas fichas com pautas de observação sobre o trabalho com a lin-
guagem oral nas escolas. Essas fichas podem ser indicadas para os professores e as pro-
fessoras tanto para planejarem um trabalho com gêneros orais, em que a ficha seria utilizada
para orientar a produção dos textos previstos nos gêneros, quanto para avaliarem os e as
estudantes em situação de práticas orais. Considere que as fichas são sugestões e devem
ser ajustadas de acordo com as características dos gêneros estudados e dos objetivos didá-
ticos do professor e da professora.
Anos iniciais do ensino fundamental (4º e 5º ano) e anos finais do ensino fundamental
O conteúdo deste módulo merece muita atenção. Algumas das deficiências podem trazer
comprometimentos da expressão oral. Isso não deve ser confundido com incapacidade de
comunicação e deve ser um dos objetivos do docente buscar formas de comunicação al-
ternativa e assistiva com o e a estudante (STAINBACK e STAINBACK, 1999). Em estudantes
com transtorno do espectro autista (TEA), a comunicação muitas vezes é rara pela falta de
interação. A convivência com colegas é essencial para o desenvolvimento dessa capacida-
de. Criar situações (jogos, brinquedos e brincadeiras de interesse) é importante. O uso de
pranchas com desenhos que simbolizam o que os ou as estudantes querem comunicar pode
ser um recurso em casos de muita dificuldade de comunicação. Já para aqueles que se co-
municam (ainda que com dificuldade), o apoio de imagens pode ser um recurso importante.
Nas situações didáticas com um gênero oral específico, deve haver uma mediação do pro-
fessor, da professora, outro adulto, outra adulta e dos próprios colegas. Outros recursos po-
tentes podem ser: músicas, brincadeiras orais, leituras com entonação apropriada, poemas
e parlendas. Todos eles ajudam a desenvolver a oralidade.
______; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artmed; 1985.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17. Ed. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1987.
LERNER, Délia. Ler e escrever: o real, o possível e o necessário. Porto Alegre: Artmed, 2002.
RAMOS, Rossana. Inclusão na prática: estratégias eficazes para a educação inclusiva. 3. ed. São
Paulo: Summus, 2016.
Módulo 1A – Escrita
FERREIRO, Emília. Reflexões sobre alfabetização. São Paulo: Cortez; 1985.
WEISZ, Telma. O diálogo entre o ensino e a aprendizagem. São Paulo: Ática, 2001/2006.
BRÄKLING, Kátia Lomba. “O contexto de produção dos textos”. In: Oficina Cultura 4 – Momento 1.
PEC – Formação Universitária. São Paulo: SEE/Fundação Vanzolini, 2001.
CASTEDO, Mirta. A revisão de textos na escola: situações didáticas e estratégias elaboradas pelos
alunos. Projeto Revisión y Intercambio. Mimeo [s.d.].
LODI, Ana Cláudia; HARRISON, Kathrin Marie P. e CAMPOS, Sandra Regina L. (org.). Leitura e escrita
no contexto da diversidade. Porto Alegre: Mediação, 2012.
PADILHA, Anna Maria Lunardi. Práticas pedagógicas na educação especial. Campinas: Autores As-
sociados, 2017.
WEISZ, Telma. O diálogo entre o ensino e a aprendizagem. São Paulo: Ática, 2001/2006. Sugestão
de leitura: p. 75 a 82.
LERNER, Delia. Ler e escrever na escola: o real, o possível e o necessário. Porto Alegre: Artmed,
2002.
MANSANI, Mara. “Inclusão na alfabetização: sugestões de atividades para um bom trabalho”. Nova
Escola. Disponível em: <https://novaescola.org.br/conteudo/20802/inclusao-na-alfabetizacao-suges-
toes-de-atividades-para-um-bom-trabalho>. Acesso em: jul. 2022.
MOSS, Joy. Literary Discussion in the Elementary Classroom. Urbana: NCTE, 2002.
PEZZUOL, Maria de Lourdes de Moraes. “Benefícios da leitura para alunos com transtorno do es-
pectro autista”. Disponível em: <https://diversa.org.br/artigos/beneficios-da-leitura-para-estudantes-com-
-transtorno-do-espectro-autista/>. Acesso em: 16 jun. 2022.
ROJO, Roxane H. R. Letramento e capacidades de leitura para a cidadania. São Paulo: SEE/
CENP, 2004.
SAEB/Prova Brasil, 4ª série/5º ano, Ensino Fundamental. Língua portuguesa: orientações para o
professor. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2009.
COHEN, Elizabeth; LOTAN, Rachel A. Planejando o trabalho em grupo: estratégias para salas de
aula heterogêneas. Porto Alegre: Penso, 2017.
LERNER, Délia. “Explicitar os conteúdos envolvidos nas práticas”. In: Ler e escrever na escola: o
real, o possível e o necessário. Porto Alegre: Artmed, 2002, p.61-4.
ROJO, Roxane H. “Letramento e capacidades de leitura para a cidadania”. São Paulo (SP): SEE/CENP:
2004. Apresentado em congresso, em maio de 2004 (p. 191-217). Disponível em: <https://pt.scribd.com/
document/365443750/Letramento-e-Capacidades-de-Leitura-Para-a-Cidadania>. Acesso em: jul. 2022.
WEISZ, Telma. O diálogo entre o ensino e a aprendizagem. São Paulo: Ática, 2001/2006.
Módulo 3A – Oralidade
BAKHTIN, M. “Os gêneros do discurso”. In: Estética da criação verbal. 2. ed. São Paulo: Martins
Fontes, 1997.
BRÄKLING, Kátia L. Linguagem oral e linguagem escrita: novas perspectivas de discussão. Dispo-
nível em: <https://www.academia.edu/18103901/Linguagem_oral_e_linguagem_escrita_novas_pers-
pectivas_de_discuss%C3%A3o>. Acesso em: 11 abr. 2022.
BRASIL. Ministério da Educação. Base nacional comum curricular. Brasília: MEC/SEF, 2018.
INSTITUTO RODRIGO MENDES (IRM). Diversa – Educação inclusiva na prática. Disponível em: <ht-
tps://diversa.org.br/>. Acesso em: 16 jun. 2022.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo: Cortez,
2001.
ROJO, Roxane H. R. Letramento escolar, oralidade e escrita em sala de aula: diferentes modali-
dades ou gêneros do discurso? São Paulo: LAEL PUC-SP, 1999.
______; MOURA, Eduardo (org.). “Pedagogia dos multiletramentos”. In: Multiletramentos na escola.
São Paulo: Parábola Editorial, 2012.
SCHNEUWLY, Bernard et al. Gêneros orais e escritos na escola. Campinas: Mercado de Letras,
2004.
SOUZA, Ana Lúcia. Letramentos de reexistência: poesia, grafite, música, dança: hip-hop. São
Paulo: Parábola, 2011.
DIÓGENES, Bruna et al. “Comunicação alternativa e tecnologias assistivas sob as vias de trabalho
em redes: construindo práticas inclusivas”. Disponível em: <https://drive.google.com/drive/u/2/re-
cent>. Acesso em: jul. 2022.
PLETSCH, Márcia Denise; SOUZA, Flávia Faissal de; ORLEANS, Luis Fernando Orleans. “A diferen-
ciação curricular e o desenho universal de aprendizagem” (2017). Disponível em: <https://drive.google.
com/file/d/1deP8-VUs7ZcT2DXX3wiEdNs5vjyfG9tL/view?usp=sharing>. Acesso em: jul. 2022.
SOUZA, F. F. de. Políticas de educação inclusiva: análise das condições de desenvolvimento dos
alunos com deficiência na instituição escolar 13. Tese (doutorado em Educação) – Universidade Es-
tadual de Campinas, Campinas (SP), 297 f., 2013.
STAINBACK, Susan; STAINBACK, William. Inclusão: um guia para educadores (Parte IV – Considera-
ções sobre o currículo). Porto Alegre: Penso, 1999.
VIANNA, M. M.; SILVA, S. E.; SIQUEIRA, C. F. O. “Plano Educacional Individualizado: que ferramenta
é esta?”. Trabalho apresentado no VII Encontro da Associação Brasileira de Pesquisadores em Edu-
cação Especial, Universidade Estadual de Londrina (UEL), Londrina, 2011.