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PARA O SELETIVO DE
CATANDUVA
2021
PROFESSOR 1/
BERÇARIO/RECREACIONISTA
VAGNER COPIADORA
vagnercopiadora@gmail.com
Recife, 570 – Centro de Catanduva
(17) 3524-6268 (WhatsApp)
SUMÁRIO
EDWARD: as cem linguagens da criança 01
FORNEIRO: a organização dos espaços na educação infantil 04
LERNER: ler e escrever na escola 13
MANTOAN: abrindo as escolas às diferenças 37 e 137
SOLÉ: estratégias de leitura 70
WEISZ: o diálogo entre o ensino e a aprendizagem 79
ZABALA: a prática educativa 95
MORAN – educação híbrida 103
MORAN – metodologias ativas 117
LERNER – a matemática na escola 132
LUCKESI – avaliação da aprendizagem 139
MINISTÉRIO DA ED. – campos de experiência 149
HOFFMANN: avaliação e educação infantil 197
OLIVEIRA: o trabalho do professor na Educação Infantil 210
TEMPO DE CRECHE 217
SALTO PARA O FUTURO: novas diretrizes 221
Autor faltante:
Geraldo Peçanha de Almeida: Neurociência e Sequência
Didática para a Educação Infantil
As cem linguagens da criança – Edward, Carolyn
.
PROTAGONISMO INFANTIL
No livro: As Cem Linguagens da Criança, um dos pontos principais da questão
educativa durante a infância é o protagonismo infantil. A começar pela palavra
"Protagonista" que tem origem no latim: “protos” que significa “principal" e
"agonistes" que significa "lutador". Fica bem claro o papel do protagonista como
o responsável pelo destaque em uma determinada situação/acontecimento. Os
sistemas educativos italianos criados em Reggio Emilia, destacam a criança como
um ser competente, curioso, forte e de fácil sociabilidade. Atuante ativo como
construtor do seu próprio conhecimento. A criança como protagonista, exerce
seu papel efetivamente perante as situações do cotidiano que as rodeia, e desta
forma, deve-se vincular e participar ativamente. Além disso é importante que a
criança possua a liberdade de expressão e atuação, para que dessa forma,
desenvolva sua independência e autonomia.
Levando em consideração às curiosidades da criança e promovendo a liberdade
1
para que ela questione suas dúvidas e construa seus conhecimentos baseados em
suas curiosidades e afinidades relacionadas às suas histórias de vida, devemos
como educadores usar tudo aquilo que a criança sabe, conhece e gosta, como
fator principal para trabalhar e aprimorar os conhecimentos de vida que elas
carregam em si.
ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR
A criança perante a metodologia interdisciplinar voltada para a construção das
diversas habilidades e competências, adquirem progressivamente e desenvolvem
de forma plena o questionamento sobre si, sobre situações do cotidiano, se
tornam mais reflexivas empenhando-se como cidadãos determinados em criar
uma sociedade mais justa e comprometida com a igualdade.
Conforme as crianças interagem entre si e com a equipe gestora, as relações de
mundo e suas habilidades são reconhecidas e conduzidas, aprimorando-se com a
troca de experiências vivenciadas perante a interação com os outros e as
atividades propostas na escola. De acordo com Loris Malaguzzi, é importante que
as crianças se expressem, criem, produzam e inventem por meio de suas mãos.
Com isso elas criam e recriam manifestações sobre tudo o que sabem.
PROJETO NA ESCOLA
O espaço de criação para a criança, proporciona a elas seu pleno
desenvolvimento e permite aos pais e à comunidade acompanhar o desempenho
e a evolução das crianças. É importante que a família esteja sempre presente
durante o processo de conhecimento da criança no ambiente escolar. Seguindo
o projeto idealizado por Loris Malaguzzi, a escola é vista como um canteiro de
obras em que as crianças são ativas na construção de suas obras juntamente com
a família e a comunidade.
De fato, quando a escola permiti à família e a comunidade participar ativamente
da educação e elaborar os projetos na escola, ela proporciona a integração,
coletividade e intensificação do papel sociocultural da sociedade. Esta
metodologia educacional, guia, cultiva e orienta o desenvolvimento intelectual,
moral, social e emocional das crianças pois, esta interação permite o
2
envolvimento das diversas formas de expressões culturais, vindas por meio de
habilidades, interesses e curiosidades advindas de cada grupo social.
Considerando todos os fatores que norteiam a educação infantil e como ela
acontece, temos em mente que a criança sendo protagonista, que a família e a
comunidade em parceria com a escola, e os professores atentando-se para a
individualidade de cada criança, em uma visão geral de todo o contexto escolar e
comunitário, permite que a educação se torne uma abordagem educacional
inovadora com o propósito de possibilitar o desenvolvimento da criança de forma
global.
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Pensando e fazendo educação de qualidade – livro no
prelo Editora Moderna
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diferenças, ou melhor, são escolas que não são indiferentes
às diferenças. Ao nos referirmos a essas escolas, estamos
tratando de ambientes educacionais que se caracterizam
por um ensino de qualidade, que não exclui, não categoriza
os alunos em grupos arbitrariamente definidos por perfis de
aproveitamento escolar e por avaliações padronizadas e
que não admitem a dicotomia entre educação regular e
especial. As escolas para todos são escolas inclusivas, em
que todos os alunos estudam juntos, em salas de aulas do
ensino regular. Esses ambientes educativos desafiam as
possibilidades de aprendizagem de todos os alunos e as
estratégias de trabalho pedagógico são adequadas às
habilidades e necessidades de todos.
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acadêmicos ganham nuances de entendimento, versões,
confrontos necessários à elaboração interdisciplinar das
idéias, à compreensão do mundo. A intenção é de fazer
com que os alunos percebam a importância de somar esses
talentos e reconheçam a complementaridade de suas
habilidades e vivências, para explorar temas de estudo,
para compreender melhor as noções acadêmicas.
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referendado por pressupostos de natureza epistemológica e
psicológica e na concretização de propostas inovadoras,
que revertem o que tradicionalmente se pratica nas salas
de aula.
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trabalho em suas escolas, com seus alunos, pais e
professores que iremos mesclar com as considerações que
faremos, no desenrolar deste texto.
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não está habituada a reconhecer e a valorizar as
diferenças.
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todos os alunos que estiverem vivendo situações de
desvantagem, frente aos demais, no desempenho de suas
atividades.
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com alguns alunos para fazê-los perceber o quanto ainda
estão marcados por idéias e sentimentos que lhes impedem
de admitir que um aluno possa ser diferente daquele que
acreditam ser os representativos de uma determinada
classe social, de um dado grupo de pessoas que é bem
dotada social, cultural e intelectualmente. Os próprios pais
de crianças com deficiência são os primeiros a admitir o
preconceito e a discriminação, pois não matriculam nas
mesmas escolas os seus outros filhos! Eles entendem que
as escolas que acolhem a todas as crianças só o fazem
porque estão menos comprometidas com a qualidade do
ensino e a aprendizagem dos alunos e que os alunos sem
deficiência serão prejudicados pela presença de colegas
com déficits de compreensão e de desempenho, que
comprometem a expectativa escolar, rebaixando-a para
todos.
44
pela deficiência" (Bunch,1994). A educação especial,
infelizmente, não cumpriu com a promessa que muitos
tinham depositado nela. A sociedade jamais poderia pensar
que as classes especiais falhariam em seus propósitos de
superar as classes regulares no atendimento escolar aos
deficientes, a despeito da especialização dos professores e
do número reduzido de alunos (MacMillan and Hendrick,
1993).
45
regulares começou a se expandir em todo o mundo. Em
1994 em Salamanca, na Espanha, foi assinada a Declaração
que convocou todos os governos a adotar com urgência,
como questão legal ou de política, o princípio da educação
inclusiva. No seu item 2, o referido documento da Unesco
afirma que "as escolas regulares com orientação inclusiva
são o meio mais efetivo para combater as atitudes
discriminatórias, criar comunidades abertas, construir uma
sociedade integrada e se obter uma educação para todos".
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ninguém das escolas, não apenas os deficientes e de lutar
por aperfeiçoar o sistema educativo, de modo que possa
oferecer educação de qualidade para todas as crianças,
como já nos referimos anteriormente. A liderança do ensino
especial nessa discussão está, ao nosso ver, prejudicando
significativamente o movimento em favor das escolas
abertas à diversidade e ainda é resistente à inclusão,
quando se trata de casos mais graves, ou seja,de alunos
com maiores prejuízos sendo atendidos seja nas classes
especiais como nas de ensino regular. O esclarecimento
público a esse respeito está sendo enviesado por outros
interesses, inclusive os de caráter corporativista,
envolvendo classes de profissionais, que se sentem
ameaçados pelas possíveis interferências do movimento no
trabalho que estão presentemente desenvolvendo nas suas
especialidades. O debate comunitário do tema prima por
desviar a atenção dos interessados, inclusive a mídia, para
questões que não são centrais ao debate da inclusão
escolar - as escolas de qualidade para todos. Em outras
palavras, o debate se concentra prioritariamente na
deficiência nas escolas., quando deveria se centrar na
eficiência das escolas, para corresponder às necessidades e
interesses e peculiaridades de todos os seus alunos. São
bem poucas as vozes que se manifestam, atualmente, no
sentido de desviar o rumo das discussões e de relacionar o
movimento inclusivo com as reformas do ensino regular e
com isso a idéia da inclusão escolar vai se deformando e
tomando rumos fora de sua rota principal. Sejam quais
forem as intenções dos representantes da educação
especial, na área da pesquisa, da administração e
operacionalização de serviços educacionais e terapêuticos
neste momento, o certo é que a reação dos que estão
lutando pela inclusão de todos nas escolas regulares terá
de se intensificar.
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Não queremos negar que a inclusão na educação foi
deflagrada pelos diretamente interessados na promoção e
garantia dos direitos à participação plena e igualdade de
oportunidades para pessoas com deficiência, mas não
somente essas pessoas têm seus direitos negados ou
esquecidos, dentro ou fora das escolas.
Bibliografia:
48
Baker, J.(1987) e Gaden, G.(1992). Integration and
equality. Em: G.Fairbain e S.Fairbain (org.) Integrating
special children:some ethical issues (p.12-25). Hants,
United Kingdon: Avebury.
49
Richler, D. (1993). S’organiser pour réaliser des
changements sociaux: comment obtenir ce que l’ont
veut. Entourage, Vol. 8, No. 5.
50
nada mais é do que garantir o direito de todos à educação -
e assim diz a Constituição !
51
O motivo que sustenta a luta pela inclusão como uma nova
perspectiva para as pessoas com deficiência é, sem dúvida,
a qualidade de ensino nas escolas públicas e privadas, de
modo que se tornem aptas para responder às necessidades
de cada um de seus alunos, de acordo com suas
especificidades, sem cair nas teias da educação especial e
suas modalidades de exclusão.
OS DESAFIOS
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pois mantém ativo, o ensino especial, que atende aos alunos
que caíram na cascata, por não conseguirem corresponder
às exigências e expectativas da escola regular. Para se evitar
a queda na cascata, na maioria das vezes sem volta, é
preciso remar contra a correnteza, ou seja, enfrentar os
desafios da inclusão : o ensino de baixa qualidade e o
subsistema de ensino especial, desvinculadae justaposto ao
regular.
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alternativas e práticas pedagógicas, que favoreçam a todos
os alunos, o que, implica na atualização e desenvolvimento
de conceitos e em aplicações educacionais compatíveis
com esse grande desafio.
AS AÇÕES
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- abrindo espaço para que a cooperação, o diálogo, a
solidariedade, a criatividade e o espírito crítico sejam
exercitados nas escolas, por professores, administradores,
funcionários e alunos, pois são habilidades mínimas para o
exercício da verdadeira cidadania;
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ciclos de formação é uma solução justa, embora ainda muito
incompreendida pelos professores e pais, por ser uma
novidade e por estar sendo ainda pouco difundida e
aplicada pelas redes de ensino. De fato, se dermos mais
tempo para que os alunos aprendam, eliminando a seriação,
a reprovação, nas passagens de um ano para outro,
estaremos adequando o processo de aprendizagem ao ritmo
e condições de desenvolvimento dos aprendizes - um dos
princípios das escolas de qualidade para todos
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todas as crianças, pois as escolas existem, para formar as
novas gerações, e não apenas alguns de seus futuros
membros, os mais privilegiados.
57
e aos papéis desempenhados pelos membros da
organização escolar.
58
Os professores, como qualquer ser humano, tendem a
adaptar uma situação nova às anteriores. E o que é habitual,
no caso dos cursos de formação inicial e na educação
continuada, é a separação entre teoria e prática. Essa visão
dicotômica do ensino dificulta a nossa atuação, como
formadores. Os professores reagem inicialmente à nossa
metodologia, porque estão habituados a aprender de
maneira incompleta, fragmentada e essencialmente
instrucional. Eles esperam aprender uma prática inclusiva, ou
melhor, uma formação que lhes permita aplicar esquemas de
trabalho pré-definidos às suas salas de aulas, garantindo-lhes
a solução dos problemas que presumem encontrar nas
escolas inclusivas.
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pedagógicos, assim como reagem às novidades, aos novos
possíveis educacionais.
A metodologia
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problemas reais, as situações do dia-a dia que desequilibram
o trabalho, nas salas de aula. Eles são a matéria-prima das
mudanças. O questionamento da própria prática, as
comparações, a análise das circunstâncias e dos fatos que
provocam perturbações e/ou respondem pelo sucesso vão
definindo, pouco a pouco, aos professores as suas "teorias
pedagógicas". Pretendemos que os professores sejam
capazes de explicar o que outrora só sabiam reproduzir, a
partir do que aprendiam em cursos, oficinas, palestras,
exclusivamente. Incentivamos os professores para que
interajam com seus colegas com regularidade, estudem
juntos, com e sem o nosso apoio técnico e que estejam
abertos para colaborar com seus pares, na busca dos
caminhos pedagógicos da inclusão.
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Participam dos grupos, além dos professores, o diretor da
escola, coordenadores, mas há grupos que se formam entre
membros de diversas escolas, que estejam voltados para um
mesmo tema de estudo, como por exemplo a indisciplina, a
sexualidade, a ética e a violência, a avaliação e outros
assuntos pertinentes.
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servir igualmente aos alunos e a todos os interessados pela
educação, no município.
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ativa e capaz de fazer frente às inúmeras solicitações que
essa modalidade de trabalho provoca nos interessados. Por
outro lado, essas parcerias ensejam o desenvolvimento de
outras ações, entre as quais a investigação educacional e
em outros ramos do conhecimento. São nessas redes e a
partir dessa formação que estamos pesquisando e orientando
trabalhos de nossos alunos de graduação e pós-graduação
da Faculdade de Educação / Unicamp e onde estamos
observando os efeitos desse trabalho, nas redes.
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É preciso, contudo, considerar que a avaliação dos efeitos de
nossos projetos não se centram no aproveitamento de alguns
alunos, os deficientes, nas classes regulares. Embora estes
casos sejam objeto de nossa atenção, queremos acima de
tudo saber se os professores evoluíram na sua maneira de
fazer acontecer a aprendizagem nas suas salas de aula; se as
escolas se transformaram, se as crianças estão sendo
respeitadas nas suas possibilidades de avançar,
autonomamente, na construção dos conhecimentos
acadêmicos; se estes estão sendo construídos no coletivo
escolar, em clima de solidariedade; se a as relações entre as
crianças, pais, professores e toda a comunidade escolar se
estreitaram, nos laços da cooperação, do diálogo, fruto de
um exercício diário de compartilhamento de seus deveres,
problemas, sucessos.
65
alunos da educação infantil, da escola fundamental e do
ensino médio...
AS PERSPECTIVAS
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reveladora dessa distância que precisa ser preenchida com
as ações que relacionamos anteriormente.
BIBLIOGRAFIA
67
young adults. In: The Journal of Special Education. 13 (1), 81-
90.
68
Stainback,S. et Stainback,W.(organizadores). Curriculum
considerations in inclusive classrooms:facilitating learning for
all students. Baltimore,MD: Paul H.Brookes Publishing Co. 207-
227.
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RESUMO – SOLÉ: ESTRATÉGIAS DE LEITURA
Um dos objetivos mais importante das escola é fazer com que os alunos
aprendam a ler corretamente. Essa aquisição da leitura é indispensável
para agir com autonomia nas sociedades letradas.
Como isso pode ser transferido para a sala de aula: sabe-se que na
diversidade da classe torna-se muito difícil contentar o interesse de todas
as crianças com relação à leitura, portanto, é papel do professor criar o
interesse.
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Uma forma possível de propiciar esse interesse é possibilitar o a diferentes
suportes para a leitura, que sejam e incentivem atitudes de interesse e
cuidado nos leitores.
Ao professor cabe o cuidado de analisar o conteúdo que veiculam.
Compreensão leitora e aprendizagem significativa
A leitura nos aproxima da cultura. Por isso um dos objetivos da leitura é ler
para aprender.
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Assim, o conhecimento que a criança tem das palavras e suas
características aumentará consideravelmente quando ela começar a
manejar o impresso.
O trabalho que se deve realizar com as crianças é mostrá-las que ler é
divertido, que escrever é apaixonante, que ela pode fazê-lo. Precisamos
instigá-las a fazer parte desse mundo maravilhoso e cheio de significados.
O ensino inicial da leitura
Na escola, as atividades voltadas para o ensino inicial da leitura devem
garantir a interação significativa e funcional da criança com a língua
escrita, como um meio de construir os conhecimentos necessários para
poder abordar as diferentes etapas de sua aprendizagem.
Para isso é fundamental trazer para a sala de aula, como ponto de partida,
os conhecimentos que as crianças já possuem e a partir de suas idéias,
ampliar suas significações.
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2. Ativar e aportar à leitura os conhecimentos prévios relevantes para o
conteúdo em questão. Que sei sobre o conteúdo do texto?
3. Dirigir a atenção ao fundamental, em detrimento do que pode parecer
mais trivial.
4. Avaliar a consistência interna do conteúdo expressado pelo texto e
sua compatibilidade com o conhecimento prévio e com o “sentido
comum”. Este texto tem sentido?
5. Comprovar continuamente se a compreensão ocorre mediante a
revisão e a recapitulação periódica e a auto-interrogação. Qual é a idéia
fundamental que extraio daqui.
6. Elaborar e provar inferências de diversos tipos, como interpretações,
hipóteses e previsões e conclusões. Qual poderá ser o final deste
romance?
Um conjunto de propostas para o ensino de estratégias de compreensão
leitora pode ser considerado segundo BAUMANN (1985;1990) nos
processos:
1. Introdução. Explica-se aos alunos os objetivos daquilo que será
trabalhado e a forma em que eles serão úteis para a leitura.
2. Exemplo. Exemplifica-se a estratégia a ser trabalhada mediante um
texto.
3. Ensino Direto. O professor mostra, explica e escreve a habilidade em
questão, dirigindo a atividade.
4. Aplicação dirigida pelo professor. Os alunos devem por em prática a
habilidade aprendida sob o controle e supervisão do professor.
5. Prática individual. O aluno deve utilizar independentemente a
habilidade com material novo.
Tipos de texto e expectativas do leitor
Alguns autores, entre eles ADAM (1985), classificam os textos da seguinte
forma:
1. Narrativo: texto que pressupõe um desenvolvimento cronológico e
que aspira explicar alguns acontecimentos em uma determinada ordem.
2. Descritivo: como o nome diz, descreve um objeto ou fenômeno,
mediante comparações e outras técnicas.
3. Expositivo: relaciona-se à análise e síntese de representações
conceituais ou explicação de determinados fenômenos.
4. Instrutivo-indutivo: tem como pretensão induzir a ação do leitor com
palavras de ordem, por exemplo.
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Seria fundamental que essa diversidade de textos aparecesse na escola
e não um único modelo. Principalmente os que freqüentam a vida
cotidiana.
Trata-se de organizar um ensino que caracterize cada um destes textos,
mostrando as pistas que conduzem à uma melhor compreensão, fazendo
com que o leitor saiba que pode utilizar as mesmas chaves que o autor
usou para formar um significado, e além de tudo interpretá-lo.
Capítulo 5 - Para compreender... Antes da leitura
Apresentam-se aqui seis passos importantes para a compreensão, que
devem ser seguidos antes da leitura propriamente dita:
Idéias Gerais
São algumas idéias que o professor tem sobre a leitura:
1. ler é muito mais do que possuir um rico cabedal de estratégias e
técnicas.
2. ler é um instrumento de aprendizagem, informação e deleite.
3. a leitura não deve ser considerada uma atividade competitiva.
4. quem não sente prazer pela leitura não conseguirá transmiti-lo aos
demais.
5. a leitura para as crianças tem que ter uma finalidade que elas possam
compreender e partilhar.
6. a complexidade da leitura e a capacidade que as crianças têm para
enfrentá-la.
Motivação para a leitura
Toda atividade deve ter como ponto de partida a motivação das crianças:
devem ser significativas, motivantes, e a criança deve se sentir capaz de
fazê-la.
Objetivos da leitura
Os objetivos dos leitores, ou propósitos, com relação a um texto podem
ser muito variados, de acordo com as situações e momentos. Vamos
destacar alguns dos objetivos da leitura, que podem e devem ser
trabalhados em sala de aula:
1. ler para obter uma informação precisa;
2. ler para seguir instruções;
3. ler para obter uma informação de caráter geral;
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4. ler para aprender;
5. ler para revisar um escrito próprio;
6. ler por prazer;
7. ler para comunicar um texto a um auditório;
8. ler para praticar a leitura em voz alta; e
9. ler para verificar o que se compreendeu.
Revisão e atualização do conhecimento prévio
Para compreender o que se está lendo é preciso ter conhecimentos sobre
o assunto. Mas algumas coisas podem ser feitas para ajudar as crianças
a utilizar o conhecimento prévio que têm sobre o assunto, como dar
alguma explicação geral sobre o que será lido; ajudar os alunos a prestar
atenção a determinados aspectos do texto, que podem ativar seu
conhecimento prévio ou apresentar um tema que não conheciam.
Estabelecimento de previsões sobre o texto
É importante ajudar as crianças a utilizar simultaneamente diversos
indicadores: como títulos, ilustrações, o que se pode conhecer sobre o
autor, cenário, personagem, ilustrações, etc. para a compreensão do texto
como um todo.
Formulação de perguntas sobre ele
Requerer perguntas sobre o texto é uma estratégia que pode ser utilizada
para ajudar na compreensão de narrações ensinando as crianças para as
quais elas são lidas a centrar sua atenção nas questões fundamentais.
Capítulo 6 - Construindo a compreensão... Durante a leitura
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3. ensine a determinar como se agrupam as idéias no parágrafo para
encontrar formas de englobá-las.
4. ensine a identificar uma frase-resumo do parágrafo ou a elaborá-la.
Capítulo 8- O ensino e a avaliação da leitura
Considerando o que foi visto até agora em relação aos processos de leitura
e compreensão é interessante ressaltar que:
1. Aprender a ler significa aprender a ser ativo ante a leitura, ter
objetivos para ela, se auto-interrogar sobre o conteúdo e sobre a própria
compreensão.
2. Aprender a ler significa também aprender a encontrar sentido e
interesse na leitura.
3. Aprender a ler compreensivamente é uma condição necessária par
poder aprender a partir dos textos escritos.
4. Aprender a ler requer que se ensine a ler, e isso é um papel do
professor.
5. Ensinar a ler é uma questão de compartilhar. Compartilhar objetivos,
compartilhar tarefas, compartilhar os significados construídos em torno
deles.
6. Ensinar a ler exige a observação dos alunos e da própria intervenção,
como requisitos para estabelecer situações didáticas diferenciadas
capazes de se adaptar à diversidade inevitável da sala de aula.
7. É função do professor promover atividades significativas de leitura,
bem como refletir, planejar e avaliar a própria prática em torna da leitura.
Para finalizar esse livro se faz necessário ressaltar que as mudanças na
escola acontecem quando são feitas em equipe. Reestruturar o ensino da
leitura deve passar por isso: uma construção coletiva e significativa para
os alunos, e também para os professores.
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Telma. O Diálogo entre o ensino e a aprendizagem
19. WEISZ, Telma. O Diálogo entre o ensino e a aprendizagem. São Paulo:
Ática, 2002.
- MEU BATISMO DE FOGO.
Weisz cursou o Normal no Instituto de Educação, no Rio de Janeiro,
possivelmente influenciada pela professora de seu curso primário de
quem gostava muito. Ao longo do curso, estando envolvida com outros
interesses (artes plásticas) quis sair, mas seus pais a convenceram a
continuar. Fez, então, o Instituto de Belas Artes (atual escola de Artes
Visuais do Parque Lage).
Em 1962, quando cursava o seu último ano do Curso Normal, constatou
que a repetência fabricada pelas escolas tinha ultrapassado os limites,
pelo fato de não haver, em consequência, vagas para alunos novos na 1a.
série. O governador, então, tomou três providencias: aprovou as crianças
por decreto - tendo ido todo mundo para a 2a. série, sabendo ou não ler;
montou escolas de madeira, com telhado de zinco, e convocou todas as
normalistas do último ano do curso para dar aulas.
A partir daí, ela foi dar aula, para um grupo de crianças que tinham entre
11 e 12 anos e, que depois de terem repetido várias vezes a 1a. série,
tinham passado para a 2a. em função do decreto do governador.
Eram 45 alunos, sendo que apenas 3 não eram negros. Não eram todos
analfabetos, porém não se podia considerá-los alfabetizados.
Apesar de empregar as técnicas de ensino, sentia-se como preenchendo
o tempo de aula. Não conseguia avaliar os resultados do trabalho, nem o
que deveria esperar das propostas que colocava em prática, sentindo-se
confusa e impotente. Situações da sala revelavam o abismo existente
entre o desempenho de seus alunos na escola e o que a vida fora da escola
exigia deles.
Nesse sentido, tinha a sensação de que a escola parecia uma armadilha
montada para que esses meninos não pudessem se sair bem, e também,
a convicção de que esse tipo de situação tinha um papel político muito
importante que devia ser enfrentado durante toda a sua vida profissional.
Ficava impressionada quando conversava com algumas mães e essas
achavam natural que seus filhos não tivessem sucesso na escola. Diziam
que ela poderia 'bater neles' para ver se estudavam.
Esse foi seu batismo de fogo que fez com que se afastasse por 12 anos da
educação. A sensação mais profunda que ficou dessa experiência foi a de
ignorância. Ficou claro, para ela, que as informações e ideias que
circulavam na educação não davam conta do problema do ensino. O
professor era um cego.Para ela, o professor continua chegando hoje à
escola com as mesmas insuficiências com a qual ela chegou em 1962,
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sendo que a diferença, hoje, está na possibilidade que o professor tem
de, se quiser, tentar resolver essa situação. Hoje, os professores têm à
sua disposição um corpo de conhecimentos que, se não dá conta de tudo,
pelo menos ilumina os processos através dos quais as crianças conseguem
ou não aprender certos conteúdos. O entendimento que se tem do
professor hoje é o de alguém com condições de ser sujeito de sua ação
profissional.
Ao final de 1962, e durante os 12 anos seguintes trabalhou em áreas
completamente diferentes, e como nenhuma outra atividade dava
sentido à sua vida profissional, acabou voltando para a educação. Seu
compromisso é com essas crianças - que são maioria nas escolas públicas
- para que superem o fracasso e tenham sucesso na escola.
Apesar de ser considerada especialista em alfabetização, sua questão é a
aprendizagem, em especial, a aprendizagem escolar.
Capítulo 2 - UM NOVO OLHAR SOBRE A APRENDIZAGEM.
Apesar de ter iniciado sua docência em 1962, e de ter na época um certo
conhecimento significativo quanto ao fato da criança conseguir escrever,
mesmo que não ortograficamente, ela não tinha um conhecimento
científico acumulado que lhe permitisse superar um ponto de vista
"adultocêntrico", ou seja, a forma como se concebe a aprendizagem das
crianças a partir da própria perspectiva do adulto que já domina o
conteúdo que quer ensinar. A partir dessa perspectiva, não é possível
compreender o ponto de vista do aprendiz, pois não se 'enxerga' o objeto
de seu conhecimento com os olhos de quem ainda não sabe.A partir dessa
perspectiva, o professor (do lugar de quem já sabe) define, a priori, o
que é mais fácil e o que é mais difícil para os alunos e quais os caminhos
que eles devem percorrer para realizar as atividades desejadas. Tal
concepção, por parte do professor, gera um tipo de procedimento
pedagógico que dificulta o processo de aprendizagem para uma parte das
crianças, principalmente, aquelas que mais necessitam da ajuda da
escola, por ter menos conhecimento construído sobre os conteúdos
escolares.
Assim, a adoção de uma postura adultocêntrica não é uma decisão
voluntária dos professores, uma vez que, o conhecimento científico que
trazem consigo, não lhes permite enxergar e acolher uma outra
concepção de aprendizagem relacionada à perspectiva do aprendiz.
A metodologia embutida nas cartilhas de alfabetização contribui para o
fracasso escolar.
A chamada Psicogênese da Língua Escrita, resultado das pesquisas
realizadas por Emília Ferreiro e Ana Teberosky (1970), sobre o que
pensam as crianças quanto ao sistema alfabético de escrita, evidencia os
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problemas que a metodologia embutida nas cartilhas (que faz uso do
método da análise-síntese ou da palavra geradora) traz para as criança.
Por meio das pesquisas das autoras acima mencionadas, em uma
sociedade letrada, as crianças constroem conhecimentos sobre a escrita
desde muito cedo, a partir do que observam na interação com o seu meio
físico e social e das reflexões que fazem a esse respeito. As pesquisas
evidenciaram que quando as crianças ainda não se alfabetizaram, buscam
uma lógica que explique o que não compreendem, elaborando hipóteses
muito interessantes sobre o funcionamento da escrita.
Esses estudos permitiram compreender que a metodologia das cartilhas
pode fazer sentido para crianças convencidas de que para escrever uma
determinada palavra, bastar uma letra para cada sílaba oral emitida
(hipótese silábica), mas para aquelas que ainda cultivam ideias muito
mais simples a respeito da escrita, ou seja, que ainda não estabeleceram
relação entre a escrita e a fala (pré-silábica), o esforço de demonstrar
que uma sílaba, geralmente, se escreve com mais de uma letra não faz
nenhum sentido. São essas as crianças que não conseguem aprender com
a cartilha e que ficam repetindo a 1a. série várias vezes, chegando a
desistir da escola.
As crianças constroem hipóteses sobre a escrita e seus usos a partir da
participação em situações nas quais os textos têm uma função social de
fato. Frequentemente as crianças mais pobres são as que têm hipóteses
mais simples, pois vivem poucas situações desse tipo. Para elas a
oportunidade de pensar e construir ideias sobre a escrita é menor do que
para as crianças que vivem em famílias típicas de classe média ou alta,
nas quais ouvem a leitura de bons textos, ganham livros e gibis, observam
os adultos manusearem jornais para buscar informações, recebem
correspondências, fazem anotações, etc.
Isso não quer dizer, que as crianças pobres não tenham acesso à escrita
ou não façam reflexões sobre seu funcionamento fora da escola, mas
habitualmente tais práticas não fazem parte do cotidiano do seu grupo
social de origem e isso faz com que o início de sua escolarização se dê
em condições menos favoráveis do que para aquelas crianças que
participam de práticas sociais letradas desde pequenas.
Assim, independente do fato de que as crianças venham de uma família
pobre ou não, o que importe realmente é a ação pedagógica do professor,
e esta dependerá da sua concepção de aprendizagem (todo o ensino se
apoia numa concepção de aprendizagem).
É possível enxergar o que o aluno já sabe a partir do que ele produz e
pensar no que fazer para que aprenda mais. Nas últimas décadas muitas
pesquisas pontuam uma concepção de aprendizagem que é resultado da
81
ação do aprendiz. Dessa forma, a função do professor é criar condições
para que o aluno possa exercer a sua ação de aprender participando de
situações que favoreçam a atividade mental, ou seja, o exercício
intelectual.
Quando o professor entende que o aprendiz sempre sabe alguma coisa e
pode usar esse conhecimento para continuar aprendendo ele pode
identificar que informação é necessária para que o conhecimento do
aluno avance. Essa percepção permite ao professor compreender que a
intuição não é mais suficiente para guiar a sua prática e que ele precisa
de um conhecimento que é produzido no território da ciência.É preciso
considerar o conhecimento prévio do aprendiz e as contradições que ele
enfrenta no processo.
Em uma concepção de aprendizagem construtivista, o conhecimento é
visto como produto da ação e reflexão do aprendiz. Esse aprendiz é
compreendido como alguém que sabe algumas coisas e que, diante de
novas informações que têm para ele sentido, realiza um esforço para
assimilá-la, assim frente a um problema (conflito cognitivo) o aprendiz
tem a necessidade de superá-lo.
O novo conhecimento aparece como aprofundamento do conhecimento
anterior que ele já detém. É inerente à própria concepção de
aprendizagem que o aprendiz busque o conhecimento prévio que ele
possui sobre qualquer conteúdo.
Através dos estudos de Emília Ferreiro e Ana Teberosky e demais
colaboradores, sabemos que a criança representa a escrita de diferentes
modos, como a expressão de um conhecimento sobre a escrita que
precede a compreensão real do funcionamento do sistema alfabético.
No caso da aprendizagem da escrita, o meio social coloca para as crianças
uma série de contradições e de conflitos que a forçam a buscar soluções,
superar as hipóteses inadequadas quanto ao sistema de escrita, através
da construção de novas teorias explicativas. Nesses momentos, a atuação
do professor é fundamental, pois a conquista de novos patamares de
compreensão pelo aluno é algo que depende também das propostas
didáticas e da intervenção que ele fizer.
Essas teorias explicativas são formas de interpretação não
necessariamente conscientes, mas que orientam a ação de quem está
aprendendo. Tais teorias são modificadas no embate com a realidade com
a qual o aluno se depara a todo instante e especialmente quando o
professor cria contextos adequados para que isso aconteça.Para
aprender, a criança passa por um processo que não tem a lógica do
conhecimento final, como é visto pelos adultos.
Do ponto de vista do referencial construtivista, nenhum conceito nasce
82
com o sujeito ou é incorporado de fora, mas precisa ser construído
através da interação do sujeito com o meio (físico, social, cultural); nesse
processo de construção, as expressões do aprendiz não têm a lógica do
conhecimento final, concebido pelo adulto. As pesquisas realizadas pelo
psicólogo Jean Piaget quanto à conservação de quantidades (massa/
fichas), demonstram que para crianças com idade de 5/7 anos, o fato de
oito fichas apresentarem-se juntas e oito fichas apresentarem-se
espalhadas apresentam quantidades diferentes, simplesmente pela
disposição / configuração dessas fichas (pensamento pré-
operatório/perceptivo/ irreversível).Começa com Piaget, a construção
de um novo olhar sobre a aprendizagem.
Piaget desenvolveu uma teoria do conhecimento (Epistemologia e
Psicologia Genética) que explica como se avança de um conhecimento
menos elaborado para um conhecimento mais elaborado, ressaltando que
o conhecimento é resultado da interação do sujeito com o meio externo,
que é um processo no qual o sujeito participa ativamente, modificando o
meio no qual está inserido e sendo, também, modificado por esse mesmo
meio.
Foram os estudos de Piaget que abriram a possibilidade de se estudar a
construção de conhecimentos específicos, como o fez Emília Ferreiro que
mostrou que era possível pensar o construtivismo - o modelo geral de
construção do conhecimento, tal como formulado por Piaget e
colaboradores da Escola de Genebra - como a moldura de uma
investigação sobre a aquisição de um conhecimento particular, no caso
de Emília Ferreiro, o da leitura e escrita.
A Psicogênese da Língua Escrita é um modelo psicológico de
aprendizagem específico da escrita que serve de informação ao educador,
porém a maneira como essas informações são usadas na ação educativa
pode variar muito porque nenhuma pedagogia responde apenas a um
modelo psicológico.
O modelo geral no qual se apoia a Psicogênese da Língua Escrita é de que
há um processo de aquisição no qual a criança vai construindo hipóteses
sobre a escrita, testando-as, descartando umas e reconstruindo outras.
Durante a alfabetização, aprende-se mais do que escrever
alfabeticamente. Aprendem-se, pelo uso, as funções da escrita, as
características discursivas dos textos escritos, os gêneros utilizados para
escrever e muito outros conteúdos.
O modelo de ensino atualmente relacionado ao construtivismo chama-se
aprendizagem pela resolução de problemas (situações-problema).
Aprender a aprender é algo possível apenas a quem já aprendeu muita
coisa.
83
Para aprender a aprender, o aprendiz precisa dominar conhecimentos de
diferentes naturezas, como as linguagens, por exemplo. Nesse processo,
a flexibilidade e a capacidade de se lançar com autonomia nos desafios
da construção do conhecimento são extremamente importantes, pois há
todo um saber necessário para poder aprender a aprender; e isso só é
possível para quem aprendeu muito sobre muita coisa.Deste modo, é
desejável que o aprendiz saiba buscar informações através do
computador, porém é fundamental desenvolver a capacidade de
estabelecer relações inteligentes entre os dados, as informações e os
conhecimentos já construídos.
Nesse sentido, para ser capaz de aprender permanentemente, a bagagem
básica necessária atualmente é acadêmico-cultural, em que se articulam
conhecimentos de origem tradicionalmente escolar e aqueles
relacionados aos movimentos culturais da sociedade (formação geral).
Assim, a escola tem uma tripla função:
1. levar o aluno a aprender a aprender;
2. dar-lhe os fundamentos acadêmicos e;
3. equalizar as enormes diferenças no repertório de conhecimentos dos
aprendizes.
É praticamente impossível a escola realizar sozinha essa terceira função,
mas sua contribuição é essencial, pois é preciso pensar como agir para
democratizar o acesso à informação e às possibilidades e construção de
conhecimento.
Capítulo 3 - O QUE SABE UMA CRIANÇA QUE PARECE NÃO SABER NADA
Saber o que o aluno sabe e o que ele não sabe para poder atuar é uma
questão complexa. Esse saber não está relacionado ao conteúdo a ser
ensinado (perspectiva adulta) e sim ao ponto de vista do aprendiz porque
é esse o conhecimento necessário para fazer o aluno avançar do que ele
já sabe para o que não sabe. O que realmente importa são as construções
e ideias que o aprendiz elaborou e que não foram ensinadas pelo
professor e, sim, construídas pelo aprendiz.
Quando uma criança escreve fazendo uso de uma concepção silábica de
escrita, por exemplo, essa 'escrita' não é reconhecida como um saber,
pois do ponto de vista de como se escreve em português, essa escrita não
existe. Mas, para chegar a escrever em português (escrita alfabética), o
aprendiz precisa passar por uma concepção de escrita desse tipo
(silábica), imaginando que quando se escreve representa-se as emissões
sonoras que ele consegue reconhecer (a sílaba), isolando-as pela via da
audição.
Tal conhecimento é importante e o professor deve reconhecê-lo na
84
aprendizagem da escrita. Caso contrário contribuirá muito pouco com os
avanços do aluno em relação à escrita e, se a criança aprender a ler,
provavelmente, será por conta própria.
Um olhar cuidadoso sobre o que a criança errou pode ajudar o professor
a descobrir o que ela tentou fazer.Somente um olhar cuidadoso e
despojado do professor sobre a produção do aprendiz (quanto ao saber
não reconhecido), permitir-lhe-á descobrir o que pensa esse aprendiz,
possibilitando-lhe levantar questões e perguntas sobre tal produção. Ao
desconsiderar o esforço do seu aluno, dizendo-lhe que sua produção não
está correta, acaba desvalorizando sua tentativa e esforço e,
conseqüentemente, o aluno vai pensar duas vezes antes de produzir de
novo.
O conhecimento se constrói por caminhos diferentes daqueles que o
ensino supõe. Isso acontece no processo de aquisição da escrita, na
construção dos conceitos matemáticos e na aprendizagem de qualquer
outro conteúdo e mesmo quando os alunos estão submetidos a um tipo de
ensino convencional, pois o que impulsiona a criança é o esforço para
acreditar que atrás das coisas que ela tem de aprender existe uma
lógica.Se o professor não sabe nada sobre o que o aluno pensa ou conhece
a respeito do conteúdo que quer que ele aprenda, o ensino que ele
oferece não tem com quem dialogar.Conhecimentos prévios dos alunos
não deve ser confundido com conteúdo já ensinado pelo professor.
Na perspectiva construtivista - de resolução de problemas - o professor
não pode considerar como sinônimos o que o aluno já sabe e o que lhe foi
ensinado, pois não são necessariamente a mesma coisa. Para que isso não
aconteça, é preciso que o professor desenvolva uma sensibilidade e uma
escuta atenta para a re¬flexão que as crianças fazem, supondo que o que
elas pensam tem sentido e não é fruto de sua ignorância.O professor
precisa criar um ambiente sócio-afetivo para que as crianças possam
manifestar livremente/espontaneamente o que pensam; somente assim,
poderá favorecer situações de aprendizagem significativas. Tal ambiente
deve possibilitar que as crianças pensem sobre suas ideias. Do mesmo
modo, cabe ao professor oferecer conflitos/situações problemas que
possibilitem às crianças exercitarem o pensamento, na busca de soluções
possíveis. Isso requer do professor estudo e uma postura reflexiva e
investigativa.A psicogênese da língua escrita abriu a possibilidade de o
professor olhar para a criança e acreditar que para aprender ela pensa,
que aquilo que ela faz tem lógica e o que o professor não enxerga é
porque não tem instrumentos suficientes para perceber o sentido que
está sendo manifestado pela criança.Um casamento entre a
disponibilidade da informação externa e a possibilidade da construção
85
interna.Quando o professor não entende a produção da criança deve-se
perguntar à criança, mesmo que não consiga entender suas explicações,
uma atividade indicada para isso é o trabalho em dupla, pois trabalhando
juntas as crianças dão explicações umas às outras e, então, o professor
poderá compreender as hipóteses das crianças.
Assim, é importante observar os procedimentos dos alunos diante de uma
atividade, para que o professor possa reconhecer esses procedimentos
dos alunos, de modo, a saber quais são os menos e os mais avançados e
que raciocínio os alunos mais avançados então realizando.
O trabalho em grupo permite que as crianças observem os procedimentos
de atuação de seus colegas, inclusive daqueles que utilizam
procedimentos de resolução de problemas mais avançados. Ao
perceberem a possibilidade de diferentes formas de execução,
reconhecem o procedimento do colega como mais produtivo e
econômico, construindo, assim, a lógica necessária para poder aprender
(a criança aprendeu com outra que sabe mais).
Tem-se, assim, de um delicado casa¬mento entre a disponibilidade da in-
formação externa e apossibilidade da construção interna -
construtivismo: um modelo explicativo da aprendizagem que considera,
ao mesmo tempo, as possibilidades do sujeito e as condições do meio.
Cabe ao professor tomar decisões importantes, seja na formação das
parcerias entre alunos, seja nas questões que ele mesmo propõe no
desenrolar da atividade.
Todas as crianças sabem muitas coisas, só que umas sabem coisas
diferentes das outras.
As crianças são provenientes de culturas diferentes e isso contribui para
que saibam coisas diferentes, por isso é importante que o professor tenha
claro que as crianças provenientes de um nível cultural valorizado pela
escola apresentam enormes vantagens em relação às outras crianças.
Para tais crianças a escola será muito mais fácil, porque está em
consonância com a cultura da família e do seu ambiente. Por outro lado,
as crianças provenientes de ambientes onde as pessoas possuem menor
grau de escolaridade e distantes dos usos cotidianos dos conteúdos que a
escola valoriza encontrarão dificuldades.
Assim, a equalização das oportunidades de aprendizagem dessas crianças
deve ser uma tarefa da escola que deve repensar sua própria prática, de
modo a não prejudicar o sucesso escolar desses alunos. (...) "É preciso,
pois, educar o olhar para enxergar o que sabem as crianças que
aparentemente não sabem nada".(p, 49)
A equalização de oportunidades de aprendizagem não significa uma
pedagogia compensatória. É preciso socializar os conteúdos pertencentes
86
ao mundo da cultura: literatura, ciência, arte, informação tecnológica,
etc., pois isso é uma questão de inserção social e, portanto, direito de
todas as crianças. A escola não pode ser instrumento de exclusão social.
Todo professor deve levar todos os seus alunos a participarem da cultura.
O termo cultura é utilizado não em seu sentido antropológico e sim no do
senso comum: a cultura erudita e a de larga difusão, mas produzida para
e pela elite.
Todos os professores, principalmente, aqueles das classes iniciais que
quiserem contribuir para que todos os alunos de sua classe tenham a
mesma oportunidade de aprender, devem estimulá-los a participar da
cultura.É papel do professor ler diferentes tipos de assuntos/textos (usar
o jornal e outras fontes de informação e de pesquisa) em classe e levar
as crianças para exposições de artistas importantes. É preciso oferecer às
cri¬anças a oportunidade de navegar na cultura, na Internet, na arte, em
todas as áreas do conhecimento, em todas as linguagens, em todas as
possibilidades.
Um exemplo de alguém que sabia como tratar as crianças era Monteiro
Lobato que escrevia livros contando coisas da Antiguidade, falando de
astronomia, da história do mundo. Porém, o que normalmente se oferece
para as crianças lerem são histórias empobrecidas, versões resumidas e
textos com supressões.Não é possível formular receitas prontas para
serem aplicadas a qualquer grupo de alunos.
Nos anos 1970, uma visão de escola como linha de montagem,
denominada de tecnicista, voltada para criar máquinas de ensinar,
métodos de ensino, sequências de passos programados, dominava a
concepção de ensino e aprendizagem. No Brasil, esse modelo chamava-
se ensino programado. A função do professor, nesse modelo, era
simplesmente, a de administrar o ensino programado e foi, justamente,
esse modelo o responsável por uma exigência cada vez mais baixa de
qualificação dos professores.
O ensino programado permitia o que se chamava de 'ensino na medida do
estudante', que embora considerasse os vários ritmos de aprendizagem
da criança, todos aprendiam, pois, seguindo os passos programados
chegariam todos, de alguma forma, ao final.
O papel do professor dentro de uma proposta construtivista é bem
diferente deste proposto pelo modelo tecnicista. Cabe ao professor
construir conhecimentos de diferentes naturezas, que lhe permitam ter
claros os seus objetivos, assim como selecionar conteúdos adequados,
enxergando na produção de seus alunos o que eles já sabem e construindo
estratégias que os levem a conquistar novos patamares de conhecimento.
Não há receitas prontas a serem aplicadas a grupos de alunos, uma vez
87
que, a prática pedagógica é complexa e contextualizada. O professor
precisa ser alguém com autonomia intelectual.
Capítulo 4 • AS IDEIAS, CONCEPÇÕES E TEORIAS QUE SUSTENTAM A
PRÁTICA DE QUALQUER PROFESSOR, MESMO QUANDO ELE NÃO TEM
CONSCIÊNCIA DELAS.
A prática pedagógica do professor é sempre orientada por um conjunto
de ideias, concepções e teorias, mesmo que nem sempre tenha
consciência disso. Para que possamos compreender a ação do professor,
é preciso verificar de que forma seus atos expressam sua concepção
sobre:
• o conteúdo que ele espera que o aluno aprenda;
• o processo de aprendizagem (os caminhos pelo quais a aprendizagem
acontece);
• como deve ser o ensino.
Historicamente, a teoria empirista é a teoria que mais vem impregnando
as representações sobre o que é ensinar, quem é o aluno, como ele
aprende e o que e como se deve ensinar (modelo de ensino e
aprendizagem conhecido como estímulo-resposta). Essa teoria define a
aprendizagem como 'a substituição de respostas erradas por respostas
certas', partindo da concepção de que o aluno precisa memorizar e fixar
informações, as mais simples e parciais possíveis e ir acumulando com o
tempo.
A cartilha está fundamentada nesse modelo (palavras-chaves, famílias
silábicas usadas exaustivamente, frases desconectadas, textos com
mínimo de coerência e coesão).
Como a metodologia de ensino expressa nas cartilhas concebe os
caminhos pelas quais a aprendizagem acontece. Na concepção empirista,
o conhecimento está 'fora' do sujeito (a fonte do conhecimento é externa
ao sujeito - é o meio físico e social) e, é interiorizado através dos
sentidos, ativado pela ação física e perceptual.
O sujeito é concebido como uma tábula rasa – ‘vazio’ na sua origem,
sendo 'preenchido' pelas experiências que tem com o mundo (conceito de
'educação bancária' criticada por Paulo Freire). O aprendiz é alguém que
vai juntando informações.
O processo de ensino fundamentado nessa teoria caracteriza-se pela:
cópia, ditado, memorização pura e simples, utilização da memória de
curto prazo para reconhecimentos das famílias silábicas, leitura mecânica
para posterior leitura compreensiva.
Para mudar é preciso reconstruir toda a prática a partir de um novo
paradigma teórico. Em uma concepção construtivista, o conhecimento
não é concebido como cópia do real, incorporado diretamente pelo
88
sujeito. A teoria construtivista pressupõe uma atividade, por parte do
aprendiz, que organiza e integra os novos conhecimentos aos já
existentes. Isso acontece com alunos e professores em processo de
transformação.
Uma preocupação, bastante pertinente, diz respeito ao fato do professor
querer inovar a sua prática, adotando um modelo de construção de
conhecimento sem compreender, suficientemente, as questões que lhe
dão sustentação, correndo o risco de se deslocar de um modelo que lhe
é familiar para o outro meio conhecido, mesclando teorias, como se
costuma afirmar.
Outra preocupação diz respeito ao entendimento destorcido por parte de
professores, que acreditando ser o sujeito sozinho quem constrói o
conhecimento, veem a intervenção pedagógica como desnecessária.
Tais concepções não fazem nenhum sentido num modelo construtivista.
Conteúdos escolares são objetos de conhecimento complexos, que devem
ser dados a conhecer, aos alunos, por inteiro.
Para o referencial construtivista, a aprendizagem da leitura e da escrita
é complexa e, portanto, deve ser apresentada / oferecida por inteiro ao
aprendiz e de forma funcional. Para os construtivistas, o aprendiz é um
sujeito, protagonista do seu próprio processo de aprendizagem, alguém
que vai produzir a transformação, convertendo informação em
conhecimento próprio.
Essa construção pelo aprendiz não se dá por si mesma e no vazio, mas a
partir de situações nas quais age sobre o que é o objeto do seu
conhecimento, pensa sobre ele, recebendo ajuda, sendo desafiado a
refletir, interagindo com outras pessoas. A diferença entre o modelo
empirista e o modelo construtivista é que no primeiro a informação é
introjetada ou não; enquanto que no segundo, o aprendiz tem de
transformar a informação para poder assimilá-la. Isso resulta em práticas
pedagógicas muito diferentes.Afirmar que o conhecimento prévio é a
base da aprendizagem não é defender pré-requisitos.
No modelo construtivista, o conhecimento não é gerado do nada, é uma
permanente transformação a partir do conhecimento que já existe. Essa
afirmação de que conhecimentos prévios constituem a base de novas
aprendizagens não significa a crença ou a defesa de pré-requisitos e
muito menos significa matéria ensinada anteriormente pelo professor.
Não informar nem corrigir significa abandonar o aluno à própria sorte.
A crença espontaneista de que o aluno constrói o conhecimento, não
sendo necessário ensinar-lhe, faz com que o professor passe a não
informar, a não corrigir e a se satisfazer com que o aluno faz ' do seu
jeito'; isso significa abandonar o aluno à sua própria sorte.
89
Cabe ao professor organizar a situação de aprendizagem de forma a
oferecer informação adequada. A função do professor é observar a ação
da criança, acolher ou problematizar / desestabilizar suas produções,
intervindo sempre que achar que pode contribuir para que a concepção
da criança sobre o objeto de conhecimento avance. É papel do professor
apoiar a construção do conhecimento pelo aprendiz.
94
RESUMO – ZABALA – A PRÁTICA EDUCATIVA: COMO ENSINAR
95
2 – O papel dos professores e alunos ou alunos/alunos → clima de convivência de
acordo com as necessidades de aprendizagem.
6 – Uso dos materiais curriculares – importância que adquirem nas diferentes formas
de intervenção (nas exposições, experimentação).
- Não é possível ensinar nada sem partir de uma idéia de como as aprendizagem
se produzem (conhecer as teorias).
- As formas de intervenção devem levar em conta a diversidade dos alunos,
identificando o desafio de que necessitam, a fim de que se sintam estimulados em
seu trabalho.
- O Construtivismo
96
• Papel ativo do aluno e do professor → atividade mental → sucessivos equilíbrio,
desequilíbrio e requilibrio.
• Zonas de desenvolvimento proximal.
• Na perspectiva construtivistas, as atividades de ensino têm que integrar ao
máximo os conteúdos e por mais específico que seja, sempre está associado a
conteúdos de outra natureza.
• Aprendizagem dos conteúdos atuais:- fatos, conhecimentos, situações, dados
e fenômenos concretos e singulares, conhecimento estes indispensáveis para
compreender informações e problemas.
• Ensino baseado em exercícios de repetição mediante organizações
significativas ou associações.
• Aprendizagem de princípios e conceitos – Termos abstratos
97
○ Promovam uma atitude favorável à aprendizagem;
○ Estimulam a auto-estima;
○ Ajudam a adquirir habilidades para aprender a aprender
98
○ Classes homogêneas e heterogêneas;
○ Conveniência dos grupos heterogêneos:- modelos diferentes de pensar e
atuar, surgimentos de conflitos cognitivos, a possibilidade de receber ajuda de
colegas;
• Distribuição da escola em grupos/Classes móveis ou flexíveis:-
○ Atender ao diferentes interesses (escolas que trabalham com créditos ou
matérias opcionais);
○ Atender as diferentes competências;
• Distribuição tradicional
• Os cantos e as pequenas oficinas, bibliotecas, sala ambiente;
• Prédios grandes, são radicalmente contrários as propostas educativas pois é
impossível promover determinadas atitudes, ou um bom clima afetivo onde não
podem se sentir seguros, no anonimato.
• Suporte de Informática:-
• Suporte Multimídia:-
101
• Uso do disc laser, CDI ou CD-ROM (interessante ver a disposição) banco de
dados de fácil acesso.
A AVALIAÇÃO
102
Educação híbrida:
um conceito chave para a educação, hoje
José Moran
Muitas misturas
Híbrido significa misturado, mesclado, blended. A educação sempre foi misturada, híbrida,
sempre combinou vários espaços, tempos, atividades, metodologias, públicos. Esse processo
agora, com a mobilidade e conectividade, é muito mais perceptível, amplo e profundo: é um
ecossistema mais aberto e criativo. Podemos ensinar e aprender de inúmeras formas, em
todos os momentos, em múltiplos espaços. Híbrido é um conceito rico, apropriado e
complicado. Tudo pode ser misturado, combinado e podemos, com os mesmos ingredientes,
preparar diversos “pratos” com sabores muito diferentes.
A mistura mais complexa é o que vale a pena aprender, para que e como. O que vale a pena?
Que conteúdos, competências e valores escolher, numa sociedade tão multicultural? O que faz
sentido aprender num mundo tão heterogêneo e mutante? Podemos ensinar a mudar se nós
mesmos os gestores e docentes temos tantas dificuldades em tomar decisões, em evoluir, em
sermos coerentes, livres, realizados? Podemos ensinar de verdade, se não praticamos o que
ensinamos?
A educação é híbrida também porque acontece num contexto de uma sociedade imperfeita,
contraditória nas políticas, nos modelos, entre os ideais afirmados e as práticas efetuadas,
onde muitas das competências socioemocionais e valores apregoados não são coerentes com
o comportamento cotidiano de uma parte dos gestores, docentes, alunos e famílias. Numa
sociedade em mudança, em construção, contraditória, com profissionais em estágios desiguais
de evolução cognitiva, emocional e moral, tudo é mais complexo e difícil. Uma escola
imperfeita é a expressão de uma sociedade também imperfeita, híbrida, contraditória. Muitos
gestores, docentes e alunos são “híbridos”, no sentido de contraditórios, pela formação
desbalanceada (mais competências cognitivas que socioemocionais) e pelas dificuldades em
saber conviver e aprender juntos.
103
Ensino é híbrido porque todos somos aprendizes e mestres, consumidores e produtores de
informação e conhecimento. Passamos em pouco tempo de consumidores da grande mídia
para “prosumidores” – produtores e consumidores- de múltiplas mídias, de múltiplas
plataformas e formatos para acessar informações, publicar nossas histórias,
sentimentos,reflexões e nossa visão de mundo. Somos o que escrevemos, o que postamos, o
que “curtimos”. Neles expressamos nossa caminhada, valores, visão de mundo, nossos sonhos
e limitações. Num sentido mais amplo, há muitos portais e aplicativos que facilitam que
qualquer um pode ser professor, pode ensinar algo que interesse a alguém (de forma gratuita
ou paga). Todos ensinamos e aprendemos o tempo todo, de forma muito mais livre, em
grupos mais ou menos informais, abertos ou monitorados.
São muitas questões que impactam a questão do ensino híbrido, que não se reduz a
metodologias ativas, ao mix de presencial e online, de sala de aula e outros espaços, mas que
mostra que, de um lado, ensinar e aprender nunca foi tão fascinante, pelas inúmeras
oportunidades oferecidas e, de outro, frustrante, pelas dificuldades em conseguir que todos
desenvolvam seu potencial e se mobilizem de verdade para evoluir sempre mais.
Qual é combinação melhor dessa mistura, como juntar o melhor de cada ingrediente e
conseguir um resultado excepcional?.
Outras instituições propõem modelos mais inovadores, sem disciplinas, que redesenham o
projeto, os espaços físicos, as metodologias, baseadas em atividades, desafios, problemas,
jogos e onde cada aluno aprende no seu próprio ritmo e necessidade e também aprende com
os outros em grupos e projetos, com supervisão de professores orientadores.
104
1.1. Ênfase no projeto de vida de cada aluno com orientação de um mentor;
O projeto de vida olha para o passado de cada aluno (história), para o seu contexto atual e
para as suas expectativas futuras. Isso pode ser trabalhado com histórias e narrativas: “Ver a
aprendizagem como algo ligado à história de vida é entender que ela está situada em um
contexto, e que também tem história – tanto em termos de histórias de vida dos indivíduos e
histórias e trajetórias das instituições que oferecem oportunidades formais de aprendizagem,
como de histórias de comunidades e situações em eu a aprendizagem informal se desenvolve”
(GOODSON, 2007, p 250). O currículo e a aprendizagem são narrativas que também se
constroem no percurso, em contraposição às narrativas prontas, definidas previamente nos
sistemas convencionais de ensino.
Cada um de nós vai construindo seu projeto de vida na fluência de uma rica trama de trocas,
reflexões, vivências, histórias físicas e digitais, formais e informais, previsíveis e ocasionais, que
se interligam e recombinam incessantemente. Nossa vida é uma narrativa dinâmica com
enredo fluido, costurado com fragmentos das múltiplas histórias que vivenciamos e
compartilhamos de diversas formas com alguns mais próximos física e digitalmente. Nesta
narrativa em construção, nossa vida adquire mais sentido, quando conseguimos perceber
alguma coerência, alguns padrões importantes, junto com algumas descobertas iluminadoras.
Construímos a vida como uma narrativa, com enredos múltiplos, com diversos atores internos
e externos, que se explicita nessa troca incessante de mensagens, vivências e saberes.
Aprendemos mais e melhor quando encontramos significado para o que percebemos, somos e
desejamos, quando há alguma lógica nesse caminhar - no meio de inúmeras contradições e
incertezas - que ilumina nosso passado e presente e orienta nosso futuro.
105
A educação no sentido mais amplo é aprender - e ajudar a que outros aprendam pela
comunicação e compartilhamento - a construir histórias de vida, que façam sentido, que nos
ajudem a compreender melhor o mundo, aos demais e a nós mesmos; que nos estimulem a
evoluir como pessoas, a fazer escolhas, nos libertem das nossas dependências e nos tornem
mais produtivos e realizados em todos os campos, como pessoas e cidadãos.
Bruner mostra que as narrativas são linguagens que contribuem para tornar significativa a
aprendizagem na vida dos estudantes através da interação pela reelaboração das diversas
experiências. (BRUNER, 2001).
A educação de qualidade nos ajuda a construir histórias relevantes. A pessoa motivada para
aprender consegue evoluir mais e desenvolver um projeto de vida mais significativo. Por isso,
além de saber contar histórias e estimular os alunos a que contem suas histórias, o
fundamental é que os ajudemos a perceber que a vida é uma grande história que vale a pena
ser vivida e que a vamos construindo em capítulos sucessivos: como crianças, jovens, adultos e
idosos. Isso amplia enormemente o potencial motivador para viver, e facilita a percepção de
que, no meio de múltiplas pequenas histórias, estamos construindo uma narrativa silenciosa
que as integra em uma sequência significativa. Costumamos dar muita mais ênfase a
conteúdos específicos do que à construção desta narrativa integradora de vida. O projeto de
vida é a grande história que precisa ser estimulada em cada aluno pelos adultos. Infelizmente
muitos só navegam na superfície dos acontecimentos, sem construir um sentido mais
profundo para sua existência. Não basta estar conectado para aprender o essencial.
Aprender é um processo ativo e progressivo: "Aprender é se tornar capaz de fazer o que antes
não conseguíamos fazer" (Peter Senge). É desenvolver um conjunto integrado de
competências de aprender a conhecer, a conviver, a ser e a agir.
106
Temos baseado a educação mais no controle do que no afeto, no autoritarismo do que na
colaboração. “Talvez o significado mais marcante de nosso trabalho e de maior alcance futuro
seja simplesmente nosso modo de ser e agir enquanto equipe. Criar um ambiente onde o
poder é compartilhado, onde os indivíduos são fortalecidos, onde os grupos são vistos como
dignos de confiança e competentes para enfrentar os problemas - tudo isto é inaudito na vida
comum. Nossas escolas, nosso governo, nossos negócios estão permeados da visão de que
nem o indivíduo nem o grupo são dignos de confiança. Deve existir poder sobre eles, poder
para controlar. O sistema hierárquico é inerente a toda a nossa cultura”. (ROGERS, 1987, p.66).
A comunicação afetiva – com apoio das tecnologias - nos ajuda a aprender a partir das
histórias de vida e dos sonhos de cada um dos alunos. O clima de acolhimento, de confiança,
incentivo e colaboração são decisivos para uma aprendizagem significativa e transformadora.
“Se as pessoas são aceitas e consideradas, tendem a desenvolver uma atitude de mais
consideração em relação a si mesmas” (ROGERS, 1987, p.65).
Num mundo tão dinâmico, de múltiplas linguagens, telas, grupos e culturas, cada um de nós
precisa – junto com todas as interações sociais - encontrar tempo para aprofundar, refletir,
reelaborar, produzir e fazer novas sínteses.
107
As escolas que nos mostram novos caminhos estão mudando o modelo disciplinar por modelos
mais centrados em aprender ativamente com problemas reais, desafios relevantes, jogos,
atividades e leituras, valores fundamentais, combinando tempos individuais e tempos
coletivos; projetos pessoais de vida e de aprendizagem e projetos em grupo. Isso exige uma
mudança de configuração do currículo, da participação dos professores, da organização das
atividades didáticas, da organização dos espaços e tempos.
Desafios e atividades podem ser dosados, planejados e acompanhados e avaliados com apoio
de tecnologias. Os desafios bem planejados contribuem para mobilizar as competências
desejadas, intelectuais, emocionais, pessoais e comunicacionais. Exigem pesquisar, avaliar
situações, pontos de vista diferentes, fazer escolhas, assumir alguns riscos, aprender pela
descoberta, caminhar do simples para o complexo. Nas etapas de formação, os alunos
precisam de acompanhamento de profissionais mais experientes para ajudá-los a tornar
conscientes alguns processos, a estabelecer conexões não percebidas, a superar etapas mais
rapidamente, a confrontá-los com novas possibilidades.
As atividades podem ser muito mais diversificadas, com metodologias mais ativas, que
combinem o melhor do percurso individual e grupal. As tecnologias móveis e em rede
permitem conectar todos os espaços e elaborar políticas diferenciadas de organização de
processos de ensino e aprendizagem adaptados à cada situação, aos que são mais proativos e
aos mais passivos; aos muito rápidos e aos mais lentos; aos que precisam de muita tutoria e
acompanhamento e aos que sabem aprender sozinhos.
108
professores sobre como cada aluno aprende, em que estágio se encontra, o que o motiva
mais1.
A escola pode integrar-se aos espaços significativos da cidade e do mundo pelo contato físico e
o digital: centros produtivos, comerciais e culturais - museus, cinemas, teatros, parques,
praças, ateliês, entre outros. Podem organizar também os currículos com atividades
profissionais ou sociais, com apoio da comunidade, além de todos os ambientes virtuais
disponíveis.
Um dos muitos modelos interessantes para pensar como organizar a “sala de aula” de forma
diferente é olhar para algumas escolas inovadoras. Por exemplo os projetos das escolas
Summit (Summit Schools) da California equilibram tempos de atividades individuais, com as de
grupo; sob a supervisão de dois professores, de áreas diferentes (humanas e exatas) que se
preocupam com projetos que permitam olhares abrangentes, integradores, sem disciplinas.
Acompanham o progresso de cada aluno (toda sexta feira conversam individualmente com
cada aluno) e cada aluno tem um Mentor, que o orienta no seu projeto de vida. Os alunos
fazem avaliações quando se sentem preparados. As competências socioemocionais são muito
enfatizadas assim como o desenvolvimento de atividades e projetos em organizações fora das
escolas.2
O ambiente físico das salas de aula e da escola como um todo também foi redesenhado por
estas escolas mais inovadoras, mais centrado no aluno. As salas de aula são mais
multifuncionais, combinem facilmente atividades de grupo, de plenário e individuais. Os
ambientes estão cada vez mais adaptados para uso de tecnologias móveis.
As escolas como um todo precisam repensar esses espaços tão quadrados para espaços mais
abertos, onde lazer e estudo estejam mais integrados. O que impressiona nas escolas com
desenhos arquitetônicos e pedagógicos mais avançados é que os espaços são mais amplos,
agradáveis. Há escolas mais em contato com a natureza, que tem vantagens inegáveis para
projetos de ecologia de aprendizagem mais integral (como o Projeto Âncora)3 , mas também
há projetos em comunidades carentes como o da Escola Municipal Campos Salles, em que os
alunos desenvolvem roteiros de aprendizagem personalizados, em pequenos grupos, com o
acompanhamento dos Professores Tutores e o apoio dos dados da evolução de cada aluno,
fornecidos online por uma plataforma adaptativa4.
Também no Rio e Recife temos as escolas públicas do projeto NAVE - o Colégio Estadual Leite
Lopes, no Rio, participa do Projeto Nave – Núcleo Avançado de Educação – que utiliza as
1
Patricia GOMES. Entenda como funcionam as plataformas adaptativas. Desponível em
http://porvir.org/porcriar/entenda-como-funcionam-plataformas-adaptativas/20130328
2 http://www.summitps.org/
3 http://www.projetoancora.org.br/index.php?lang=port
4 Os alunos se reúnem em grupos de 4 para o desenvolvimento dos roteiros de pesquisa. Cada um tem o seu
próprio roteiro e segue um ritmo individual de execução das tarefas solicitadas. Atividades extra-salão: aulas no
cinema da escola, visitas à comunidade, pesquisas na internet na sala de informática, aulas de arte e de educação
física. http://www.escolasqueinovam.org.br/escolas/
109
tecnologias para capacitar alunos do ensino médio para profissões no campo digital. São
espaços grandes, com pátios onde lazer e pesquisa se misturam.5
Os impactos positivos do programa vêm sendo colhidos também nas avaliações realizadas pelo
Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Nos resultados divulgados nas duas últimas edições
O
do exame, o Colégio Estadual José Leite Lopes foi o 1º lugar das escolas ligadas à Secretaria de
Estado de Educação (SEEDUC-RJ), resultado também alcançado pela Escola Técnica Estadual
Cícero Dias, 1ª colocada entre as escolas de Pernambuco vinculadas à Secretaria Estadual de
Educação de Pernambuco (SEEP. Um dos exemplos brasileiros de foco nas competências
socioemocionais é o Colégio Estadual Chico Anysio, no Rio de Janeiro. A unidade, inaugurada
em 2013, faz parte de um projeto da Secretaria de Educação fluminense e o Instituto Ayrton
Senna. A escola tem jornada integral no ensino médio, mas sem conteúdo profissionalizante.
Os eixos da formação envolvem trabalho, convívio, aprendizagem e autonomia6.
Outro conjunto de escolas interessantes são as escolas públicas High Tech High que lembram
laboratórios multiuso, onde os alunos vão da ideia à realização e apresentação dos seus
projetos, com apoio de ferramentas físicas e digitais, entre elas as impressoras 3-D. Há uma
ênfase na cultura do fazer (cultura maker) e nas competências socioemocionais.7
No Ensino Superior a área de saúde foi pioneira em trabalhar com solução de problemas (PBL),
já na década de sessenta através da Universidade McMaster, no Canadá e a Universidade de
Maastricht na Holanda. (CYRINO, E. & TORALLES-PEREIRA, M.L, 2004). Muitos cursos de
Medicina trabalham com problemas e também muitos cursos de Engenharia adotam a
Metodologia de Projetos, como o Olin College8 e, no Brasil, o Insper. Instituições inovadoras
como o Institute of Design de Stanford admitem alunos de todas as áreas de conhecimento e
desenvolvem projetos criativos através da metodologia do Design Thinking9.
Agora, com as tecnologias móveis, os modelos de Problemas e Projetos são mais híbridos. Uma
parte das atividades é realizada no ambiente virtual e outra parte, presencialmente. Também
há uma maior flexibilidade para fazer reuniões virtuais ou presenciais. O modelo híbrido é
muito importante para os que trabalham com problemas e com projetos. Instituições como a
Unisal em Lorena desenvolvem metodologias ativas como a Aprendizagem por pares (Peer
Instruction), por times e outros. O Peer Instruction é uma das metodologias inovadoras
aplicadas por professores nos diversos cursos. Outros métodos utilizados são PBL – Project
Based Learning (aprendizagem por meio de projetos ou de problemas); TBL –Team-based
Learning (aprendizagem por times), WAC – Writing Across the Curriculum (escrita por meio das
disciplinas) e Study Case (estudo de caso).10
5 http://www.oifuturo.org.br/educacao/nave/
6
Educação do futuro será personalizada e híbrida. Jornal Estado de São Paulo. 13/10/2013. Disponível
em http://educacao.estadao.com.br/noticias/geral,educacao-do-futuro-sera-personalizada-e-hibrida-imp-
,1575897
7
www.hihgtechhigh.org
8
www.olin.edu
9
http://dschool.stanford.edu/
10
Eric Mazur recebe prêmio internacional pela criação de método aplicado no UNISAL – Disponível em
<http://unisal.br/blog/blog/eric-mazur-recebe-premio-internacional-pela-criacao-de-metodo-aplicado-no-
unisal/#sthash.EfOyiv7l.dpuf>
110
Outra proposta interessante é a da Uniamérica de Foz de Iguaçu, que aboliu em cursos como o
de Biomedicina e Farmácia a divisão por séries e o currículo não é organizado por disciplinas,
mas por projetos e aula invertida. “Ao tirar a divisão por disciplinas, orientamos todas as
competências necessárias através de projetos semestrais temáticos. O aluno escolhe um
problema real de sua comunidade ou região para trabalhar os temas daquele período.”11 As
aulas expositivas também foram abolidas. Agora, os alunos estudam os conteúdos em casa, ou
onde preferirem. São disponibilizados em uma plataforma on-line vídeos, textos e um
conjunto de atividades às quais os estudantes devem se dedicar antes de ir para a aula. Essas
atividades são de dois tipos: um primeiro de fixação e garantia de compreensão do conteúdo,
e outro de problematização, que estimula a pesquisa e a transposição do conhecimento para
problemas reais. Com isso, o tempo em sala de aula é usado para que os temas sejam
debatidos mais profundamente e também para a realização dos projetos do semestre.
Na educação formal uns projetos pedagógicos dão mais ênfase à aprendizagem grupal,
enquanto outros à aprendizagem individualizada. Ambos são importantes e precisam ser
integrados para dar conta da complexidade de aprender na nossa sociedade cada vez mais
dinâmica e incerta. Um bom projeto pedagógico prevê o equilíbrio entre tempos de
aprendizagem pessoal e tempos de aprendizagem colaborativa. Aprendemos com os demais e
aprendemos sozinhos.
11 Ryon Braga, Diretor da Uniamérica. In Universidade abole disciplinas em prol de projetos. Disponível em
http://porvir.org/porfazer/universidade-abole-disciplinas-em-prol-de-projetos/20140409
111
Sozinhos vamos até um certo ponto; juntos, também. Essa interconexão entre a aprendizagem
pessoal e a colaborativa, num movimento contínuo e ritmado, nos ajuda a avançar muito além
do que o faríamos sozinhos ou só em grupo. Os projetos pedagógicos inovadores conciliam, na
organização curricular, espaços, tempos e projetos que equilibram a comunicação pessoal e a
colaborativa, presencial e online.
O que a tecnologia traz hoje é integração de todos os espaços e tempos. O ensinar e aprender
acontece numa interligação simbiótica, profunda, constante entre o que chamamos mundo
físico e mundo digital. Não são dois mundos ou espaços, mas um espaço estendido, uma sala
de aula ampliada, que se mescla, hibridiza constantemente. Por isso a educação formal é cada
vez mais blended, misturada, híbrida, porque não acontece só no espaço físico da sala de aula,
mas nos múltiplos espaços do cotidiano, que incluem os digitais. O professor precisa seguir
comunicando-se face a face com os alunos, mas também digitalmente, com as tecnologias
móveis, equilibrando a interação com todos e com cada um.
Essa mescla, entre sala de aula e ambientes virtuais é fundamental para abrir a escola para o
mundo e para trazer o mundo para dentro da escola. Uma outra mescla, ou blended é a de
prever processos de comunicação mais planejados, organizados e formais com outros mais
abertos, como os que acontecem nas redes sociais, onde há uma linguagem mais familiar, uma
espontaneidade maior, uma fluência de imagens, ideias e vídeos constante.
“Há indicadores que nos permitem argumentar a favor do currículo por projetos como uma
matriz de mudança em potencial para aqueles segmentos da educação que entendem ser
necessário recuperar a totalidade do conhecimento e romper com o conservadorismo das
práticas pedagógicas repetitivas e acríticas” (KELLER-FRANCO & MASSETTO, 2012, p.12)
“O ensino híbrido é um programa de educação formal no qual um aluno aprende, pelo menos
em parte, por meio do ensino online, com algum elemento de controle do estudante sobre o
tempo, lugar, modo e/ou ritmo do estudo, e pelo menos em parte em uma localidade física
supervisionada, fora de sua residência”. (CHRISTENSEN, HORN & STAKER, 2013). Todas as
escolas podem implementar o ensino híbrido, misturado, tanto as que possuem uma
infraestrutura tecnológica sofisticada como as mais carentes. Todos os professores, também.
10
112
Podemos ensinar por problemas e projetos num modelo disciplinar e em modelos sem
disciplinas; com modelos mais abertos - de construção mais participativa e processual - e com
modelos mais roteirizados, preparados previamente, mas executados com flexibilidade e forte
ênfase no acompanhamento do ritmo de cada aluno e do seu envolvimento também em
atividades em grupo.
A combinação de aprendizagem por desafios, problemas reais, jogos, com a aula invertida é
muito importante para que os alunos aprendam fazendo, aprendam juntos e aprendam,
também, no seu próprio ritmo. Os jogos e as aulas roteirizadas com a linguagem de jogos cada
vez estão mais presentes no cotidiano escolar. Para gerações acostumadas a jogar, a de
desafios, recompensas, de competição e cooperação é atraente e fácil de perceber.
Muitas escolas e professores preferem neste momento manter os modelos de aulas prontas,
com roteiros definidos previamente, principalmente os chamados sistemas de ensino.
Dependendo da qualidade desses materiais, das atividades de pesquisa e projetos planejados
e da forma de implementá-los (adaptando-os à realidade local e com intensa participação dos
alunos) podem ser úteis, se não forem executados mecanicamente. Um bom professor pode
enriquecer materiais prontos com metodologias ativas: pesquisa, aula invertida, integração
sala de aula e atividades online, projetos integradores e jogos. De qualquer forma esses
modelos precisam também evoluir para incorporar propostas mais centradas no aluno, na
colaboração e personalização.
11
113
As escolas mais conectadas podem fazer uma integração maior entre a sala de aula, os espaços
da escola e do bairro e os espaços virtuais de aprendizagem. Podem disponibilizar as
informações básicas de cada assunto, atividade ou projeto num ambiente virtual (Moodle,
Desire2Learn, Edmodo e outros) e fazer atividades com alguns tablets, celulares ou ultrabooks
dentro e fora da sala de aula, desenvolvendo narrativas “expansivas”, que se conectam com a
vida no entorno, com outros grupos, com seus interesses profundos.
“Há indicadores que nos permitem argumentar a favor do currículo por projetos como uma
matriz de mudança em potencial para aqueles segmentos da educação que entendem ser
necessário recuperar a totalidade do conhecimento e romper com o conservadorismo das
práticas pedagógicas repetitivas e acríticas” (KELLER-FRANCO & MASSETTO, 2012, p.12)
“O ensino híbrido é um programa de educação formal no qual um aluno aprende, pelo menos
em parte, por meio do ensino online, com algum elemento de controle do estudante sobre o
tempo, lugar, modo e/ou ritmo do estudo, e pelo menos em parte em uma localidade física
supervisionada, fora de sua residência”. (CHRISTENSEN, HORN & STAKER, 2013). Todas as
escolas podem implementar o ensino híbrido, misturado, tanto as que possuem uma
infraestrutura tecnológica sofisticada como as mais carentes. Todos os professores, também.
Conclusão
Algumas dimensões estão ficando claras na educação formal: 1) o modelo híbrido, misturado,
com foco em valores, competências amplas, projeto de vida, metodologias ativas,
personalização e colaboração, com tecnologias digitais. O currículo é mais flexível, com tempos
e espaços integrados, combinados, presenciais- virtuais, onde nos reunimos de várias formas,
em grupos e momentos diferentes, de acordo com a necessidade, com muita flexibilidade, sem
os horários rígidos e planejamento engessado; 2) Metodologias ativas com tecnologias digitais:
aprendemos melhor através de práticas, atividades, jogos, problemas, projetos relevantes do
que da forma convencional, combinando colaboração (aprender juntos) e personalização
(incentivar e gerenciar os percursos individuais). Cada aluno desenvolve um percurso mais
individual e participa em determinados momentos de atividades de grupo. Nos cursos online,
uma parte da orientação será via sistema (plataformas adaptativas com roteiros
semiestruturados, que respondem as questões mais previsíveis) e a principal será feita por
professores e tutores especialistas, que orientarão os alunos nas questões mais difíceis e
profundas.
12
114
Todos os processos de organizar o currículo, as metodologias, os tempos, os espaços precisam
ser revistos e isso é complexo, necessário e um pouco assustador, porque não temos muitos
modelos prévios bem sucedidos para aprender. Estamos sendo pressionados para mudar sem
muito tempo para testar. Por isso é importante que cada instituição escolar defina um plano
estratégico de como fará estas mudanças. Pode ser de forma mais pontual inicialmente,
apoiando professores, gestores e alunos – alunos também e alguns pais – que estão mais
motivados e tem experiências em integrar o presencial e o virtual. Podemos aprender com os
que estão mais avançados e compartilhar esses projetos, atividades, soluções. Depois
precisamos pensar mais estruturalmente para mudanças. Capacitar coordenadores,
professores e alunos para trabalhar mais com metodologias ativas, com currículos mais
flexíveis, com inversão de processos (primeiro atividades online e depois, atividades em sala
de aula). Podemos realizar mudanças incrementais, aos poucos e, quando possível, mudanças
mais profundas, disruptivas, que quebrem os modelos estabelecidos.
-----------
Bibliografia:
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13
115
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14
116
Metodologias ativas para uma aprendizagem mais profunda
José Moran
Professor, Pesquisador e gestor de projetos de inovação em educação
Blog www2.eca.usp.br/moran
Num sentido amplo, toda a aprendizagem é ativa em algum grau, porque exige do aprendiz e do
docente formas diferentes de movimentação interna e externa, de motivação, seleção,
Interpretação, comparação, avaliação, aplicação.
As metodologias ativas são caminhos para avançar mais no conhecimento profundo, nas
competências socioemocionais e em novas práticas1.
As escolas que nos mostram novos caminhos estão mudando para modelos mais centrados em
aprender ativamente com problemas reais, desafios relevantes, jogos, atividades e leituras,
valores fundamentais, combinando tempos individuais e tempos coletivos; projetos pessoais de
vida e de aprendizagem e projetos em grupo. Isso exige uma mudança de configuração do
currículo, da participação dos professores, da organização das atividades didáticas, da
organização dos espaços e tempos.
Quanto mais aprendamos próximos da vida, melhor. Teóricos como Dewey (1950), Freire (2009),
Rogers (1973), Novack (1999), entre outros, enfatizam, há muito tempo, a importância de
superar a educação bancária, tradicional e focar a aprendizagem no aluno, envolvendo-o,
motivando-o e dialogando com ele.
1
http://porvir.org/serie-de-dialogos-debate-competencias-socioemocionais/
117
A tecnologia em rede e móvel e as competências digitais são componentes fundamentais de
uma educação plena. Um aluno não conectado e sem o domínio digital perde importantes
chances de informar-se, de acessar materiais muito ricos disponíveis, de comunicar-se, de
tornar-se visível para os demais, de publicar suas ideias e de aumentar sua empregabilidade
futura.
A convergência digital exige mudanças muito mais profundas que afetam a escola em todas as
suas dimensões: infraestrutura, projeto pedagógico, formação docente, mobilidade. A chegada
das tecnologias móveis à sala de aula traz tensões, novas possibilidades e grandes desafios. São
cada vez mais fáceis de usar, permitem a colaboração entre pessoas próximas e distantes,
ampliam a noção de espaço escolar, integrando os alunos e professores de países, línguas e
culturas diferentes. E todos, além da aprendizagem formal, têm a oportunidade de se engajar,
aprender e desenvolver relações duradouras para suas vidas.
O papel do professor é ajudar os alunos a ir além de onde conseguiriam fazê-lo sozinhos. Até
alguns anos atrás, ainda fazia sentido que o professor explicasse tudo e o aluno anotasse,
pesquisasse e mostrasse o quanto aprendeu.
Hoje a forma de fazer isso mudou bastante. Sobre qualquer tema, há textos, vídeos e animações
muito ricos, variados, que transmitem as informações básicas de forma adequada. O professor
seleciona os mais relevantes e elabora um roteiro orientador para os alunos no ambiente virtual.
Os alunos leem, veem e fazem algumas atividades previstas e em classe o professor ajuda os
alunos na ampliação do conhecimento prévio que eles trazem e adapta as atividades aos grupos
e à cada aluno, sempre que possível. O papel do professor é o de ajudar na escolha e validação
dos materiais mais interessantes, (impressos e digitais), roteirizar a sequência de ações prevista
e mediar a interação com o grande grupo, com os pequenos grupos e com cada um dos alunos.
É um papel mais complexo, flexível e dinâmico. Antes podia preparar uma mesma aula para
todos, a mesma atividade para todos. Hoje precisa ir além e concentrar-se no essencial, que é
aprofundar o que os alunos não percebem, ajudar a cada um de acordo com o seu ritmo e
necessidades e isso é muito mais difícil e exige maior preparação em todos os sentidos:
preparação em competências mais amplas, além do conhecimento do conteúdo, como saber
adaptar-se ao grupo e à cada aluno; planejar, acompanhar e avaliar atividades significativas e
diferentes.
118
A aprendizagem se constrói num processo equilibrado entre três movimentos principais: a
construção individual – em que cada aluno percorre seu caminho -; a grupal – em que
aprendemos com os semelhantes, os pares e a orientada, em que aprendemos com alguém
mais experiente, com um especialista um professor.
A aprendizagem acontece nas múltiplas buscas que cada um faz a partir dos interesses,
curiosidade, necessidades. Ela vai muito além da sala de aula.
Aprendizagem personalizada
Na escola podemos oferecer propostas mais individualizadas, para cada estilo predominante de
aprendizagem, monitorando-as, avaliando-as em tempo real, o que não era possível na
educação mais massiva ou convencional. Alunos mais pragmáticos preferirão atividades
diferentes às dos alunos mais teóricos ou conceituais e a ênfase nas atividades será também
distinta.
Trabalhar com desafios hoje é mais complexo, porque cada um dos alunos envolvidos tem
expectativas diferentes, motivações diferentes, atitudes diferentes diante da vida. O educador
precisa descobrir quais são as motivações profundas de cada um, o que o mobiliza mais para
aprender, os percursos mais adequados para sua situação e combinar atividades grupais e
pessoais de aprendizagem cooperativa e competitiva, de aprendizagem tutorada e autônoma,
com tecnologias próximas da vida dos alunos. E isso exige mediadores muito experientes e
preparados.
Quanto mais tecnologias móveis, maior é a necessidade de que o professor planeje quais
atividades fazem sentido para a classe, para cada grupo e para cada aluno. As atividades exigem
o apoio de materiais bem elaborados. Os conteúdos educacionais - atualizados e atraentes –
podem ser muito úteis para que os professores possam selecionar materiais textuais,
audiovisuais – impressos e/ou digitais – que sirvam para momentos diferentes do processo
educativo: para motivar, para ilustrar, para contar histórias, para orientar atividades, organizar
roteiros de aprendizagem, para a avaliação formativa.
119
Os professores podem utilizar as tecnologias em suas disciplinas ou áreas de atuação,
incentivando os alunos a serem produtores e não só receptores. Podem disponibilizar os
conteúdos (ao menos, uma parte deles) em ambientes virtuais de aprendizagem, para sentirem-
se livres da tarefa monótona, repetitiva, cansativa e pouco produtiva de falar e escrever os
mesmos assuntos para diversas turmas e concentrar-se em atividades mais criativas e
estimulantes, como as de orientação, tirar dúvidas, aprofundar as informações básicas
adquiridas e contextualizá-las. As tecnologias nos libertam das tarefas mais penosas – as
repetitivas – e nos permitem concentrar-nos nas atividades mais criativas, produtivas e
fascinantes.
Sozinhos vamos até um certo ponto que se amplia com a interação com os demais, com grupos.
Para os leitores que não experimentaram uma plataforma adaptativa, podem entrar em
https://pt.khanacademy.org e inscrever-se como aluno e realizar os exercícios que achar
convenientes. Logo visualizará seu progresso, através de pontos e medalhas. Se for professor,
entre como professor e cadastre alguns alunos e conseguirá ver o percurso de cada um, onde
tem mais domínio e mais dificuldades em matemática. O movimento de aprendizagem
individual ultrapassa a escola e o que é exigido no ensino formal. Hoje há inúmeras
possibilidades de pesquisa, acesso a materiais, cursos, vídeos para que cada um escolha os que
mais lhe motivam2.
2
Para aprofundar este tema: BACICH, L.; TANZI NETO, A.e TREVISANI, F. de M. Ensino Híbrido:
personalização e tecnologia na educação. Porto Alegre: Penso, 2015.
120
acostumadas a jogar, a linguagem de desafios, recompensas, de competição e cooperação é
atraente e fácil de perceber. Os jogos colaborativos e individuais; de competição e colaboração;
de estratégia, com etapas e habilidades bem definidas se tornam cada vez mais presentes nas
diversas áreas de conhecimento e níveis de ensino.
Há inúmeros grupos interessantes nas redes sociais – Facebook, LinkedIn, WhatsApp – em que
nos tornamos coautores, coparticipantes, coaprendentes. O compartilhamento de visões,
olhares diferentes, materiais abertos amplia nossos horizontes e nos motiva a sermos proativos,
corresponsáveis por múltiplas aprendizagens.
No ensino formal, a aprendizagem em grupos nos permite ir além de onde cada um consegue
chegar isoladamente. O compartilhamento dentro e fora da sala de aula é riquíssimo. Nesses
momentos e espaços nos sentimos mais sujeitos ativos, entre iguais, sem as barreiras que
podem existir diante de profissionais com um grau de conhecimento maior.
A aprendizagem acontece num ambiente social cada vez mais complexo, dinâmico e
imprevisível. A colaboração nos ajuda a desenvolver nossas competências, mas também pode
provocar-nos muitas tensões, desencontros, ruídos e decepções. A colaboração na
aprendizagem se realiza em um espaço fluido de acolhimento e de rejeição, que nos induz a
repensar as estratégias traçadas previamente, dada a diversidade, riqueza e complexidade de
conviver em uma sociedade multicultural em rápida transformação.
A rapidez com que interagimos nos ajuda e nos complica. Nos ajuda a situar-nos, a atualizar-nos,
a circular digitalmente, a visibilizar-nos em inúmeras possibilidades de expressão; mas também
facilita a dispersão e a dependência. É muito difícil concentrar-se, focar-se num tema específico
por muito tempo. O acesso contínuo a redes sociais traz informações interessantes, mas tende
a desviar-nos do objetivo inicial de um trabalho ou projeto, se não estivermos muito atentos e
pode manter-nos num nível de conhecimento superficial.
121
O que a educação formal hoje precisa levar em conta é que a aprendizagem individual, grupal e
tutorial avança no cotidiano fora das escolas, pelas muitas ofertas informais na rede. Temos
inúmeras oportunidades de aprender sozinhos, em grupo e em coaching ou orientação de
diversos tutores. Há inúmeros cursos massivos abertos, grupos de colaboração acessíveis e
pessoas mais experientes que podem ajudar-nos (de forma gratuita ou remunerada) fora das
instituições formais. De outro lado, se a educação formal quer continuar sendo relevante precisa
incorporar todas estas possibilidades do cotidiano aos seus projetos pedagógicos. Incorporar os
caminhos individuais de aprender, os colaborativos e os de orientação.
Sozinhos vamos até um certo ponto; juntos, vamos além. Essa interconexão entre a
aprendizagem pessoal e a colaborativa, num movimento contínuo e ritmado, nos ajuda a
avançar muito além do que o faríamos sozinhos ou só em grupo. Os projetos pedagógicos
inovadores conciliam, na organização curricular, espaços, tempos e projetos que equilibram a
comunicação pessoal e a colaborativa, presencial e online e que, sob orientação de um
orientador, nos levam a um patamar mais elevado de síntese e de novas habilidades.
Metodologias são grandes diretrizes que orientam os processos de ensino e aprendizagem e que
se concretizam em estratégias, abordagens e técnicas concretas, específicas, diferenciadas.
122
As metodologias ativas num mundo conectado e digital se expressam através de modelos de
ensino híbridos, blended, com muitas possíveis combinações.
Contar, criar e compartilhar histórias é muito mais fácil hoje. Podemos fazê-lo a partir de livros,
da Internet, de qualquer dispositivo móvel. Crianças e jovens gostam e conseguem produzir
vídeos e animações e postá-los imediatamente na rede. Existem aplicativos fáceis de edição nos
smartphones. As narrativas são elementos poderosos de motivação e produção de
conhecimento.
Os jogos e as aulas roteirizadas com a linguagem de jogos (gameficação) estão cada vez estão
mais presentes na escola e são estratégias importantes de encantamento e motivação para uma
aprendizagem mais rápida e próxima da vida real. Cursos gratuitos como o Duolingo
(duolingo.com) são atraentes porque utilizam todos os recursos de atratividade para quem quer
aprender: cada um escolhe o ritmo, vê o avanço dos seus colegas, ganha recompensas. Para
gerações acostumadas a jogar, a linguagem de desafios, recompensas, de competição e
cooperação é atraente e fácil de perceber. Os jogos colaborativos e individuais; de competição
e colaboração; de estratégia, com etapas e habilidades bem definidas se tornam cada vez mais
presentes nas diversas áreas de conhecimento e níveis de ensino.
A diversidade de técnicas pode ser útil, se bem equilibrada e adaptada entre o individual e o
coletivo. Cada abordagem - problemas, projetos, design, jogos, narrativas... - tem importância,
mas não pode ser superdimensionada como a única. A analogia de um cardápio alimentar pode
ser ilustrativa. Uma alimentação saudável pode ser conseguida com uma receita básica única.
Mas se todos os dias repetimos o mesmo menu, torna-se insuportável. A variedade e
combinação dos ingredientes são componentes fundamentais do sucesso de um bom projeto
alimentar assim como do educacional.
123
e ideias.
– Modelagem e simulação de processos e sistemas típicos da área de
formação.
– Criação de sites ou redes sociais visando aprendizagem cooperativa.
– Elaboração de questões de pesquisa na área científica e tecnológica.3
O passo seguinte é fazer uma avaliação pedindo que a turma responda a três ou quatro questões
sobre o assunto, para diagnosticar o que foi aprendido e os pontos que necessitam de ajuda. Em
sala de aula, o professor orienta aqueles que ainda não adquiriram o básico para que possam
avançar. Ao mesmo tempo, oferece problemas mais complexos a quem já domina o essencial,
assim os estudantes vão aplicando os conhecimentos e relacionando-os com a realidade. Um
modelo um pouco mais complexo é partir direto de desafios, o que pode ocorrer dentro de uma
só disciplina ou juntando-se várias. Três ou quatro professores que trabalhem com a mesma
turma podem propor um problema interessante cuja resolução envolva diversas áreas do
conhecimento. É importante que os projetos estejam ligados à vida dos alunos, às suas
motivações profundas, que o professor saiba gerenciar essas atividades, envolvendo-os,
negociando com eles as melhores formas de realizar o projeto, valorizando cada etapa e
principalmente a apresentação e a publicação em um lugar virtual visível do ambiente virtual
para além do grupo e da classe.
As regras básicas para inverter a sala de aula, segundo o relatório Flipped Classroom Field Guide
são: 1) as atividades em sala de aula envolvem uma quantidade significativa de questionamento,
resolução de problemas e de outras atividades de aprendizagem ativa, obrigando o aluno a
recuperar, aplicar e ampliar o material aprendido on-line; 2) Os alunos recebem feedback
imediatamente após a realização das atividades presenciais; 3) Os alunos são incentivados a
participar das atividades on-line e das presenciais, sendo que elas são computadas na avaliação
3
BONWELL, C. C.; EISON, J. A. Active learning: creating excitement in the classroom. Washington, DC:
Eric Digests, 1991. Disponível em: www.eric.ed.gov/PDFS/ED340272.pdf
124
formal do aluno, ou seja, valem nota; 4) tanto o material a ser utilizado on-line quanto os
ambientes de aprendizagem em sala de aula são altamente estruturados e bem planejados4.
A combinação de aprendizagem por desafios, problemas reais, jogos, com a aula invertida é
muito importante para que os alunos aprendam fazendo, aprendam juntos e aprendam,
também, no seu próprio ritmo. Os jogos e as aulas roteirizadas com a linguagem de jogos –
gameficação - cada vez estão mais presentes no cotidiano escolar e são importantes caminhos
de aprendizagens para gerações acostumadas a jogar.
Há muitas formas de inverter esse processo. Pode-se começar por projetos, pesquisa, leituras
prévias, produções dos alunos e depois aprofundamentos em classe com a orientação do
professor. O curso Ensino Híbrido, Personalização e Tecnologia oferece vídeos e materiais feitos
por professores brasileiros e norte-americanos sobre os diversos aspectos do ensino híbrido, na
visão do professor, do aluno, do currículo, da tecnologia, da avaliação, da gestão, da mudança
de cultura. Vale a pena ler o livro sobre o mesmo tema (BACICH, TANZI & TREVISANI, 2015).
O articulador das etapas individuais e grupais é o docente, com sua capacidade de acompanhar,
mediar, de analisar os processos, resultados, lacunas e necessidades, a partir dos percursos
realizados pelos alunos individual e grupalmente. Esse novo papel do professor é mais complexo
do que o anterior de transmitir informações. Precisa de uma preparação em competências mais
amplas, além do conhecimento do conteúdo, como saber adaptar-se ao grupo e à cada aluno;
planejar, acompanhar e avaliar atividades significativas e diferentes.
Ele pode fazer isso com tecnologias simples, incentivando que os alunos contem histórias,
trabalhem com situações reais, que integrem alguns dos jogos do cotidiano. Se mudarmos a
mentalidade dos docentes para serem mediadores, poderão utilizar os recursos próximos, os
que estão no celular, uma câmera para ilustrar, um programa gratuito para juntar as imagens e
contar com elas histórias interessantes.
4
Texto completo disponível em inglês em
http://www.cvm.umn.edu/facstaff/prod/groups/cvm/@pub/@cvm/@facstaff/documents/content/c
vm_content_454476.pdf
5
BONWELL, C. C.; EISON, J. A. Active learning: creating excitement in the classroom. Washington, DC:
Eric Digests, 1991. Disponível em: www.eric.ed.gov/PDFS/ED340272.pdf
125
Aprendizagem baseada em problemas
É uma metodologia de aprendizagem em que os alunos se envolvem com tarefas e desafios para
resolver um problema ou desenvolver um projeto que também tenha ligação com sua vida fora
da sala de aula. No processo, eles lidam com questões interdisciplinares, tomam decisões e
agem sozinhos e em equipe. Por meio dos projetos, são trabalhadas também suas habilidades
de pensamento crítico, criativo e a percepção de que existem várias maneiras para a realização
de uma tarefa, tidas como competências necessárias para o século XXI. Os alunos são avaliados
de acordo com o desempenho durante e na entrega dos projetos.
6
VIGNOCHI, C. e outros. Considerações sobre aprendizagem baseada em problemas na educação em
saúde. Rev HCPA, 2009;29(1):45-50.
7
WETZEL, M. An update on problem based learning at Harvard Medical School. Ann Com Orient Educ.
1994;7:237-47
126
Essa abordagem adota o princípio da aprendizagem colaborativa, baseada no trabalho
coletivo. Buscam-se problemas extraídos da realidade pela observação realizada pelos
alunos dentro de uma comunidade. Os alunos identificam os problemas e buscam
soluções para resolvê-los.
De acordo com o Buck Institute for Education (2008, p.18)8 , os projetos que se
apresentam como efetivos possuem os seguintes atributos:
(a) reconhecem o impulso para aprender, intrínseco dos alunos;
(b) envolvem os alunos nos conceitos e princípios centrais de uma disciplina;
(c) destacam questões provocativas;
(d) requerem a utilização de ferramentas e habilidades essenciais, incluindo tecnologia
para aprendizagem, autogestão e gestão do projeto;
(e) especificam produtos que resolvem problemas;
(f) incluem múltiplos produtos que permitem feedback;
(g) utilizam avaliações baseadas em desempenho; e
(h) estimulam alguma forma de cooperação.
São vários os modelos de implementação da metodologia de projetos, que variam de projetos
de curta duração (uma ou duas semanas) - restritos ao âmbito da sala de aula e baseados em
um assunto específico - até projetos de soluções mais complexas, que envolvem temas
transversais e demandam a colaboração interdisciplinar, com uma duração mais longa
(semestral ou anual).
Os principais modelos são:
(a) Exercício projeto, quando o projeto é aplicado no âmbito de uma única disciplina;
(b) Componente projeto, quando o projeto é desenvolvido de modo independente das
disciplinas, apresentando-se como uma atividade acadêmica não articulada com
nenhuma disciplina específica;
(c) Abordagem projeto, quando o projeto apresenta-se como uma atividade
interdisciplinar, ou seja, como elo entre duas ou mais disciplinas; e
(d) Currículo projeto, quando não mais é possível identificar uma estrutura formada por
disciplinas, pois todas elas se dissolvem e seus conteúdos passam a estar a serviço do
projeto e vice-versa.
8
Buck Institute for Education. Aprendizagem Baseada em Projetos: guia para professores de ensino
fundamental e médio. 2. ed. Porto Alegre: Artmed. 2008.
127
· Atividades para motivação e contextualização (os alunos precisam querer fazer o
projeto, se envolver emocionalmente, achar que dão conta do recado se se esforçarem,
etc.)
· Atividades de brainstorm (o espaço para a criatividade, para dar ideias, ouvir os
outros, escolher o que e como vão produzir saber argumentar, convencer...)
· Atividades de organização (divisão de tarefas, responsabilidades, escolha de
recursos que serão utilizados na produção e nos registros, elaboração de planejamento,
etc.)
· Atividades de registro e reflexão (auto avaliação, avaliação dos colegas, reflexão
sobre qualidade dos produtos e processos, identificação de necessidade de mudanças
de rota)
· Atividades de melhoria de ideias (pesquisa, ideias de outros grupos, incorporação
de boas ideias e práticas)
· Atividades de produção (aplicação do que estão aprendendo para gerar os produtos)
· Atividades de apresentação e/ ou publicação do que foi gerado (com celebração e
avaliação final)
Diferentes níveis de desenvolvimento de Projetos
Todas as organizações estão revendo seus métodos tradicionais de ensinar e de
aprender. Algumas estão ainda muito ancoradas em métodos convencionais, mais
centrados na transmissão e informações pelo professor. Metodologias ativas com
projetos são caminhos para iniciar um processo de mudança, desenvolvendo as
atividades possíveis para sensibilizar mais os estudantes e engajá-los mais
profundamente.
128
as técnicas apontadas antes (dentro e fora da sala de aula, em vários espaços, onde o
digital pode ser muito importante, assim como o desenvolvimento de jogos, histórias,
produtos).
Projetos interdisciplinares importantes hoje são os que estão próximos da vida e do
entorno dos estudantes, que partem de necessidades concretas e que expressam uma
dimensão importante da aprendizagem hoje que é a da aprendizagem-serviço:
Estudantes e professores, em contato com diferentes grupos e problemas reais,
aprendendo com eles e contribuindo com soluções concretas para a comunidade. Os
estudantes não só conhecem a realidade: simultaneamente contribuem para melhorá-
la e isso dá um sentido muito mais profundo ao aprender: aprendendo não só para mim,
mas também para melhorar a vida dos demais. A combinação de projetos
interdisciplinares com o conceito de aprendizagem-serviço, com apoio de recursos
digitais, é um caminho fantástico para engajar os estudantes no conhecimento, vivência
e transformação de um mundo complexo e em rápida transformação.
Uma outra dimensão dos projetos está voltada para que cada estudante se conheça
mais como pessoa (autoconhecimento), desenvolva um projeto de futuro
(possibilidades a curto e médio prazo) e construa uma vida com significado (valores,
competências amplas). É o projeto de vida, que organizações mais atentas incluem no
currículo como um eixo transversal importante, com alguns momentos fortes ao longo
do curso e alguma forma de mentoria, de orientação pessoal dos estudantes.
• Projetos transdisciplinares
A aprendizagem supera o modelo disciplinar e parte de problemas e projetos mais
simples até os mais complexos, projetos individuais e grupais. O PBL é o caminho mais
consolidado de aprendizagem por problemas na área de saúde. Há um movimento forte
e consistente, na educação básica, superior e de adultos no mundo inteiro e também no
Brasil de desenvolver currículos mais transdisciplinares, a partir de problemas, projetos,
jogos e desafios. Esse é o caminho mais interessante, promissor e inevitável de aprender
num mundo complexo, imprevisível e criativo.
Conclusão
As metodologias ativas são caminhos para avançar mais no conhecimento profundo, nas
competências socioemocionais e em novas práticas9.
O papel do professor hoje é muito mais amplo e avançado: não está centrado só em transmitir
informações de uma área específica; ele é principalmente design de roteiros personalizados e
grupais de aprendizagem e orientador/mentor de projetos profissionais e de vida dos alunos.
9
http://porvir.org/serie-de-dialogos-debate-competencias-socioemocionais/
129
Caminhar para modelos curriculares inter e transdisciplinares mais flexíveis, com
acompanhamento e avaliação contínua.
. Importância maior do aluno ser mais protagonista, participante, através de situações práticas,
produções individuais e de grupo e sistematizações progressivas. Inversão da forma tradicional
de ensinar, (depois que o aluno tem as competências básicas mínimas de ler, escrever, contar):
o básico o aluno aprende sozinho, no seu ritmo e o mais avançado, com atividades em grupo e
a supervisão de professores.
. Formação inicial e continuada de professores em metodologias ativas, em orientação/
mentoria e em tecnologias presenciais e online. Importância do compartilhamento de
experiências, da orientação dos mais experientes, da aprendizagem por imersão e por “clínicas”
com supervisão.
. Planejamento do ritmo das mudanças de forma mais progressiva ou profunda (currículos mais
flexíveis, mais integradores, menos disciplinares).
Podemos combinar tempos e espaços individuais e grupais, presenciais e digitais, com maior ou
menor supervisão. Aprendemos melhor quando conseguimos combinar três processos de forma
equilibrada: a aprendizagem personalizada (em que cada um pode aprender o básico por si
mesmo - aprendizagem prévia, aula invertida); a aprendizagem com diferentes grupos
(aprendizagem entre pares, em redes) e a aprendizagem mediada por pessoas mais experientes
(professores, orientadores, mentores).
As escolas que nos mostram novos caminhos estão mudando para modelos mais centrados em
aprender ativamente com problemas reais, desafios relevantes, jogos, atividades e leituras,
valores fundamentais, combinando tempos individuais e tempos coletivos; projetos pessoais
de vida e de aprendizagem e projetos em grupo. Isso exige uma mudança de configuração do
currículo, da participação dos professores, da organização das atividades didáticas, da
organização dos espaços e tempos.
BACICH, L.; TANZI NETO, A.e TREVISANI, F. de M. Ensino Híbrido: personalização e tecnologia
na educação. Porto Alegre: Penso, 2015.
130
_______________________. Designing a Blended Learning Program (Projetando um
Programa de Blended Learning). Disponível em
http://thejournal.com/Articles/2015/01/28/Designing-a-Blended-Learning-
Program.aspx?Page=2
NOVAK, J. D.; GOWIN, D. B. Aprender a aprender. 2. ed. Lisboa: Plátano Edições Técnicas.
1999.
131
Resumo: A matemática na escola: aqui e agora. ZUNINA, Delia
Lerner de.
Capítulo I
Não obstante várias professoras afirmaram ter tido boas experiências com a
matemática, apenas uma afirmou enfaticamente que gostava de matemática.
Não são poucas as crianças que se referem à matemática como a disciplina que menos
gostam, e mesmo aquelas com bom rendimento em matemática manifestam uma
opinião contrária a ela.
Os pais também afirmaram que a matemática serve para tudo inclusive para a vida.
Quanto aos conteúdos a opinião dos professores e dos alunos coincidem: na primeira
série os conteúdos mais difíceis são o valor posicional e a subtração, a partir da 3a série
é a divisão, na terceira série é a divisão com decimais.
Quando as crianças tem dificuldades, são encaminhadas para a repetição, para a aula
integrada.
132
Em relação a importância dos pais no processo de aprendizagem, pais, professores e
crianças tem opiniões unânimes.
Pais e professores afirmam que o ponto de apoio para a avaliação são as provas e
participação em aula.
Capítulo II
Outra questão significativa para refletir é, até que ponto os problemas propostos são
desafios e constroem conhecimentos matemáticos?
133
colocando de forma não convencional de todos os termos envolvidos;
colocando a representação convencional.
No que diz respeito à interpretação dos sinais, todos os alunos interpretaram com
exatidão os sinais ( + e _ ).; Entretanto, com o sinal (=), apenas duas crianças o
nominaram e são poucas que atribuem uma interpretação a eles quando está isolado.
As contas
Capítulo III
Algumas crianças usam um indicador exclusivo, ou seja, palavras chaves para definir a
operação que deve ser realizada. Por exemplo: juntos, comprou... são indicadores para
a criança que trata da adição.
" (...) o fato de que uma criança não encontre qual é a conta que corresponde para
resolver determinada situação não significa de modo algum que não possa resolvê-la:
com base na estrutura lógica do problema ela poderá aproximar um resultado possível".
Com relação a divisão as crianças comprovam na escola essas contas, logo é possível
que saibam que esta verificação se faz multiplicando o quociente pelo divisor.
Conclusão
134
Os dados demonstraram que todas as crianças são capazes de elaborar estratégias
para resolver diversos problemas a elas formulados, inclusive aqueles que envolvem
frações.
Capítulo IV
O valor posicional
Nas pesquisas, verificou-se que as respostas obtidas, mostram em primeiro plano, que
todas as crianças da 3a série, quando questionadas sobre o valor "0" (zero)
responderam que não tinha valor nenhum. Ficou claro que as crianças já sabem que o
zero é elemento neutro nas operações de soma e subtração.
Quando o zero vem acompanhado de outro número como por exemplo (0089, 0003 ),
responderam que vale se estiver à direita, e à esquerda não.
No que se refere as crianças de 5a série, a autora ssinala que muitas delas tinham
dificuldade acerca da relação entre centenas e dezenas. Contudo, para algumas essas
relações são claras.
Os resultados obtidos na pesquisa com relação aos decimais, mostram que as crianças
conseguem obter em alguns casos, respostas corretas como é o caso da adição porém,
tal como em outras operações, realizam-nas de forma mecânica, pois, não entendem o
que estão fazendo.
135
Conclusões
As crianças têm aprendido muito na escola, e reconstroem muito cedo algumas regras
que regem o sistema posicional.
Por isso, é necessário criar condições que permitam às crianças construir e apropriar-
se dos princípios que regem nosso sistema de numeração, como reflexão, formulação
de hipóteses, confronto de idéias etc.
136
Pensando e Fazendo Educação de Qualidade
Maria Teresa Eglér Mantoan
Capítulo 5 - Abrindo as Escolas às diferenças Anotações
Como então apoiar as escolas para que se organizem e se tronem capazes de incluir
alunos outrora banidos de suas salas de aula? Como influir no sentido de reestruturar suas
práticas, redefinir seus programas de ensino e serviços de suporte na direção de inclusão
escolar? Que formação oferecer aos professores para aprimorar o que assimilaram nos
cursos e nas experiências em serviço? E as interações da escola com o meio social e cultural,
que são o eixo da concepção e do desenvolvimento dos novos currículos acadêmicos? Com
quem e com o que estamos contando para promover essa revolução educacional?
De modo geral temos muita dificuldade para fazer as escolas reconhecerem
que precisam mudar, porém estamos trabalhando com sistemas de ensino e, assim,
sentimo-nos mais respaldadas para assessorar os processos de mudanças.
A perturbação é muito forte, pois estamos falando de inclusão incondicional, que
implica uma modificação igualmente drástica das estruturas escolares preexistentes,
mas modificar não significa negá-las ou eliminá-las. O processo de incorporação do
novo, nesse caso, é produzido por mecanismos de adaptação em que a assimilação é
lenta, ocasionando muitas deformações da novidade e um balanço desproporcional
entre as estruturas que se mantêm e as que se desenvolvem.
Em outras palavras, não conseguimos uma transformação real, duradoura se não
vivermos esse “purgatório” da exclusão, que é um período em que precisamos de
muita paciência e de crenças nos propósitos revolucionários para atingir o desejado:
derrubar as resistências que nos impedem de criar condições para a inclusão escolar.
Condições para mudar as escolas
A maior desculpa para justificar o estado atual da maioria das nossas escolas é o
despreparo do professor. Já sabemos que este é um motivo que pesa muito, mas não
é suficiente para explicar o que acontece realmente com o ensino, nas escolas públicas
e particulares, tão distantes ainda do que é uma instituição educacional inclusiva.
Existem também os que não acreditam nos benefícios que alunos com deficiência
podem auferir do ensino inclusivo, principalmente os casos mais graves. Esses alunos,
por não terem condições de acompanhar os avanços dos demais colegas, seriam mais
marginalizados e discriminados do que nas classes e escolas especiais.
Mudar a escola é enfrentar uma tarefa que exige trabalho em muitas frentes.
Temos de agir urgentemente:
• Colocando a aprendizagem como eixo das escola, porque elas existem para que
todos os alunos aprendam;
• Garantindo tempo para que todos os alunos possam aprender e reprovando a
repetência;
• Abrindo espaços para que a cooperação, o diálogo, a solidariedade, a criatividade
e o espírito crítico sejam exercitados nas escolas por professores, administradores,
funcionários e alunos, pois são habilidades mínimas para o exercício da verdadeira
cidadania;
• Estimulando, formando continuamente e valorizando o professor, que é o
responsável pela tarefa fundamental da escola: a aprendizagem dos alunos;
• Elaborando planos de cargos e aumentando salários, realizando concursos
públicos de ingresso, acesso e remoção de professores.
Essas sugestões dizem respeito a mudanças na organização escolar, na formação de
professores e à remoção de barreiras atitudinais à inclusão de todas as crianças, não apenas
as deficientes ou com necessidades educacionais especiais, em salas de aula regulares.
Aspectos Pedagógicos; organizacionais:
A primeira condição para estar no caminho de uma educação aberta às diferenças e de
qualidade é estimular as escolas para que elaborem com autonomia e de forma participava
o seu projeto político-pedagógico, diagnosticando a demanda, ou seja. Verificando a
quantidade de alunos, onde estão na escola e por que alguns estão fora dela.
137
Prof. Pimentel 17 Bibliografia
Na visão inclusiva, não se segregam os atendimentos, seja dentro ou fora das salas Anotações
de aula, e, portanto, nenhum aluno é encaminhado às salas de reforço ou apreende a
partir de currículos adaptados. É o aluno que se adapta ao novo conhecimento e que
autorregula a sua construção.
A avaliação constitui outro entrave na implementação da inclusão. É urgente
suprimir o caráter classificatório da avaliação escolar, as notas, as, provas, por outra
concepção desse processo, que teria como objetivo depurar o ensino e torná-lo cada
vez adequado e eficiente à aprendizagem de todos os alunos. Esta medida já diminuiria
substancialmente o número de alunos indevidamente avaliados e categorizados como
deficientes e/ou incapazes de cursar as escolas regulares.
A inclusão não requer um ensino específico para esta ou aquela deficiência e/ou
dificuldade dos alunos. Eles aprendem até o limite a que conseguem chegar, se o ensino
for de qualidade, isto é, se o professor considera as possibilidades de desenvolvimento
de cada um e as explora por si mesmo, na medida de seus interesses, necessidades,
competências, habilidades, ao resolver um problema ou realizar uma tarefa. Eis aí um
grande desafio a ser enfrentando pelas escolas regulares tradicionais, baseadas na
transmissão de conhecimentos.
A descentralização da gestão administrativa, por sua vez, promove uma maior autonomia
pedagógica, administrativa e financeira de recursos materiais e humanos, por meio dos
conselhos, colegiados, assembleias de pais e alunos. Mudam-se os rumos da administração
escolar. E com isso o aspecto pedagógico das funções do diretor e do supervisor emerge.
Deixam de existir os motivos pelos quais esses profissionais ficam confinados aos gabinetes,
sem tempo para conhecer o que acontece nas salas de aula e delas participar.
A Formação Continuada Dos Professores
Nossa proposta de formação se baseia em princípios educacionais que reconhecem
a cooperação, a autonomia a intelectual e social e a aprendizagem ativa como condições
que propiciam o desenvolvimento global de todos os alunos, assim como a formação
inicial e o aprimoramento profissional dos professores.
O professor e o aluno não aprendem no vazio. Desse modo, nossa proposta
de formação parte do “saber fazer” deste profissional, que já tem conhecimentos,
experiências, crenças, esquemas de trabalho adquiridos ao entrar em contato com a
inclusão ou qualquer outra inovação educacional.
O fato de os professores fundamentarem as práticas e os argumentos pedagógicos
no senso comum é uma barreira que impede a explicitação dos problemas de
aprendizagem. Esta dificuldade pode mudar a trajetória escolar de alunos que, muitas
vezes, são encaminhados indevidamente para as modalidades do ensino especial e
outras opções segregativas de atendimento educacional.
Daí a necessidade de se formarem grupos interdisciplinares de estudos nas escolas
para o debate e a compreensão dos problemas educacionais, à luz de conhecimentos
teóricos/científicos atualizados. Os grupos são organizados espontaneamente pelos
próprios professores, no horário em que estão na escola e não são acompanhados, de
início, pela equipe da rede de ensino encarregada de coordenar as ações de formação. O
ponto de partida das reuniões são as necessidades e os interesses comuns dos professores
de esclarecer situações e de aperfeiçoar o modo como trabalham na sala de aula.
Os Centros de Desenvolvimento Do Professor
Redes de ensino criaram o avanço nesse novo sentido de formação continuada sediam
a maioria das ações de aprimoramento da rede, promovendo eventos de pequeno, médio
e grande porte, como workshops, seminários, entrevistas com especialistas, fóruns e outras
atividades. Esse Centros atendem individualmente e em pequenos e grandes grupos os
professores, os pais, a comunidade e também encaminham alunos que necessitam de
tratamento clínico em áreas que não são específicas da escola.
As escolas e os professores com as quais trabalhamos já apresentam sinais de
que estão evoluindo dia a dia para uma educação de qualidade para todos. Estes sinais
podem ser notadamente quando existem:
• Reconhecimento e valorização das diferenças como elemento enriquecedor do
processo de ensino e aprendizagem;
• Consciência do modo de atuar para promover a aprendizagem de todos os alunos;
• Cooperação entre os envolvidos no processo educativo, dentro e fora da escola;
• Valorização do processo da aprendizagem;
• Enfoques curriculares, metodológicos e estratégias pedagógicas que possibilitam a
construção coletiva do conhecimento.
138
Prof. Pimentel 18 Bibliografia
Material Para
Concurso
Assunto: Resumo do Livro Avaliação
da Aprendizagem Escolar de Luckesi
CAPITULO I
CAPITULO II
CAPÍTULO III
CAPITULO IV
O indivíduo para estar realmente inserido no contexto social precisa fazer uso do
conhecimento, o qual a escola é um instrumento necessário para tal.
O desafio da democratização é o acesso universal ao ensino e a permanência
deste acesso, ou seja, o aluno que teve acesso à escola deve permanecer nela
até a conclusão de seus estudos.
Devido a grande desigualdade social evidente em nosso país, o acesso à
educação e ainda mais, a sua permanecia, é bastante precária. Isto se deve ao
fato de que ainda acredita-se que quanto mais uma sociedade for desprovida de
conhecimentos, mais fácil é o seu domínio.
Outro fator que interfere no processo de democratização do ensino é a questão
da qualidade de ensino, cujo objetivo está voltado para uma escolarização que
propicia o saber e desenvolve as aptidões necessárias como também, a
criticidade do ser humano. Uma escola democrática não deve apenas transmitir o
conhecimento, mas construir um conhecimento de qualidade junto aos alunos.
A avaliação tem o poder de inviabilizar a democratização do ensino quanto é
conduzida de maneira inadequada: texto mal elaborado, leitura inadequada,
contexto.... podem possibilitar a repetência e esta, traz como conseqüência à
evasão escolar. A avaliação do aprendizado existe para garantir a qualidade da
aprendizagem do aluno e não sua exclusão.
Um sistema de avaliação classificatório, o qual apenas contribui para assegurar a
estagnação do aluno, em termos de apropriação dos conhecimentos e habilidades
mínimos necessários, temos um processo antidemocrático. Para o melhor
entendimento de um sistema avaliatório, faz-se necessário discutir sobre o
conceito de avaliação, o qual é definido como um juízo de qualidade sobre dados
relevantes, tendo em vista uma tomada de decisão. Para que o professor saiba
qual caminho a ser percorrido e o que deve ser mudado neste percurso é
necessário que se faça uma avaliação dos dados, para que se saiba o que fazer
com o aluno quanto a sua aprendizagem.
Quando o professor não dispõe de um planejamento adequado, não sabendo
assim, onde ele está e aonde quer chegar, dificilmente ele conseguirá desenvolver
um processo avaliatório de qualidade.
CAPÍTULO V
Verificação ou Avaliação: o que pratica a escola?
A escola opera com verificação e não com avaliação, isso significa que na prática
há aferição do aproveitamento escolar, em que os professores realizam
basicamente três procedimentos sucessivos: medida do aproveitamento escolar;
transformação da medida em nota e utilização dos resultados identificados.
A avaliação da aprendizagem escolar adquire seu sentido na medida em que se
articula um projeto pedagógico junto com seu conseqüente projeto de ensino. O
texto expõe os elementos do movimento real na prática escolar.
O padrão de medida é usado no tocante ao acerto de questões, notas e conceitos
que expressam a qualidade da aprendizagem. Com o resultado em mãos os
professores podem simplesmente anotar a nota do aluno em seu diário, oferecer
uma outra oportunidade de melhorar a nota caso tenha obtido nota baixa ou mudar
seu método em sala, pra que todos aprendam como deveriam aprender. Na
minoria das vezes os professores usam a terceira opção e quando o professor
procura rever a matéria, não está afim de que os alunos aprendam e sim que
consigam uma melhor nota.
Seria apropriado que os professores aproveitassem os resultados da avaliação e
mudassem o seu método, mas é esta medida é muito pouco utilizada na escola.
Desta forma, as escolas aferem a aprendizagem escolar, classificando os alunos
em aprovados e reprovados, por isso conclui-se que a escola vem praticando a
verificação, pois não oferece meios de aprendizagem significativa, isto é, quando
avalia não se toma uma outra decisão.
CAPÍTULO VI
Planejamento e Avaliação na Escola: articulação e necessária determinação
ideológica
O ser humano age de duas formas: aleatoriamente - “sem saber aonde se quer
chegar” ou planejado - estabelecer fins e construí-los por meio intencional.
O ser humano interfere no meio ambiente em função de modificá-lo para buscar
a satisfação de suas necessidades contendo efeitos negativos sobre a natureza
propriamente dita e também sobre o mundo social. Ações positivas e negativas
são de ação intencional do ser humano que se manifestam no modo de ser e
estruturar a sociedade com todas as manifestações de satisfatoriedade ou
insatisfatoriedade, que constroem resultados.
CAPÍTULO VII
CAPÍTULO VIII
CAPÍTULO IX
LUCKESI, Carlos Cipriano. Avaliação da Aprendizagem Escolar. 14ª ed. São Paulo:
Cortez, 2002.
Efetivando
Efetivando
Efetivando
direitos
direitos
direitos
e eaprendizage
eaprendizag
aprendiza
nanana
Educação
Educação
EducaçãoInfantil
Infantil
Infantil
En cooperación con la
En cooperación con la
149
ESTRUTURA DO DOCUMENTO
APRESENTAÇÃO
Este material foi elaborado para apoiar professores 03 Os 6 direitos
e gestores na implementação da Base Nacional Comum de aprendizagem
Curricular (BNCC) na Educação Infantil. Referencial para
10 Apresentação do conceito
todos os currículos da Educação Básica, a BNCC determina
os conhecimentos e habilidades que todas as crianças
campos de experiência
e jovens têm o direito de aprender.
16 CAMPOS DE EXPERIÊNCIA
Tomando como referência as Diretrizes Curriculares Nacionais
da Educação Infantil, a BNCC propõe, para esta etapa, uma 18 O Eu, o Outro
e o Nós
organização curricular em campos de experiência, onde
as práticas pedagógicas acontecem com intencionalidade Corpo, Gestos
22
e Movimentos
e levando em consideração que bebês e crianças aprendem
Traços, Sons,
e se desenvolvem a partir de experiências cotidianas. 26 Cores e Formas
Ao navegar no documento a seguir, você encontrará um resumo Escuta, Fala, Pensamento
30
do que a BNCC traz para a Educação Infantil (direitos, campos e Imaginação
de experiência, objetivos de aprendizagem) e algumas sugestões 34 Espaço, Tempos, Quantidades,
aos professores de práticas considerando as especificidades Relações e Transformações
etárias e integrando os campos de experiências.
38 FAIXAS ETÁRIAS
Esta sistematização tem como base a publicação “Campos de
Experiências: Efetivando Direitos e Aprendizagens na Educação 39 Bebês
Infantil”, de autoria de Zilma de Moraes Ramos de Oliveira, Bebês Crianças bem Crianças
(de zero a 1 ano pequenas pequenas
e 6 meses) (de 1 ano e 7 meses
Crianças (de 4 anos a 5 anos
a 3 anos e 11 meses) e 11 meses)
lançada pelo Ministério da Educação, em 2018. 42
bem pequenas
Boa navegação e bom trabalho! 45 Crianças
pequenas
Bebês Crianças bem Crianças
(de zero a 1 ano pequenas pequenas
e 6 meses) (de 1 ano e 7 meses (de 4 anos a 5 anos
a 3 anos e 11 meses) e 11 meses)
150
DIREITOS DE APRENDIZAGEM O CONCEITO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS FAIXAS ETÁRIAS
EXPRESSAR CONVIVER
Direitos de
CONHECER-SE aprendizagem BRINCAR
EXPLORAR PARTICIPAR
151
DIREITOS DE APRENDIZAGEM O CONCEITO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS FAIXAS ETÁRIAS
EXPRESSAR CONVIVER
COM OUTRAS CRIANÇAS E
ADULTOS, em pequenos e
grandes grupos, utilizando
diferentes linguagens, ampliando
o conhecimento de si e do outro,
o respeito em relação à cultura e Direitos de
CONHECER-SE aprendizagem BRINCAR
às diferenças entre as pessoas.
EXPLORAR PARTICIPAR
152
DIREITOS DE APRENDIZAGEM O CONCEITO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS FAIXAS ETÁRIAS
EXPRESSAR CONVIVER
DE DIVERSAS FORMAS, em
diferentes espaços e tempos,
com diferentes parceiros de
forma a ampliar e diversificar suas
possibilidades de acesso
a produções culturais. Direitos de BRINCAR
CONHECER-SE aprendizagem
A participação e as transformações
introduzidas pelas crianças nas
brincadeiras devem ser valorizadas,
tendo em vista o estímulo
ao desenvolvimento de seus
conhecimentos, sua imaginação, EXPLORAR PARTICIPAR
criatividade, experiências
emocionais, corporais, sensoriais,
expressivas, cognitivas, sociais
e relacionais.
153
DIREITOS DE APRENDIZAGEM O CONCEITO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS FAIXAS ETÁRIAS
EXPRESSAR CONVIVER
ATIVAMENTE, com adultos
e outras crianças, tanto do
planejamento da gestão da escola
e das atividades propostas pelo
educador quanto da realização
das atividades da vida cotidiana, Direitos de
CONHECER-SE aprendizagem BRINCAR
tais como a escolha das
brincadeiras, dos materiais e
dos ambientes, desenvolvendo
diferentes linguagens e elaborando
conhecimentos, decidindo e se
posicionando. EXPLORAR PARTICIPAR
PARTICIPAR
154
DIREITOS DE APRENDIZAGEM O CONCEITO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS FAIXAS ETÁRIAS
EXPRESSAR CONVIVER
MOVIMENTOS, gestos, sons,
formas, texturas, cores, palavras,
emoções, transformações,
relacionamentos, histórias, objetos,
elementos da natureza, na escola e
fora dela, ampliando seus saberes Direitos de
CONHECER-SE aprendizagem BRINCAR
sobre a cultura em suas diversas
modalidades: as artes, a escrita,
a ciência e a tecnologia.
EXPLORAR
EXPLORAR PARTICIPAR
155
DIREITOS DE APRENDIZAGEM O CONCEITO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS FAIXAS ETÁRIAS
EXPRESSAR CONVIVER
E CONSTRUIR sua
identidade pessoal, social
e cultural, constituindo uma
imagem positiva de si e de
seus grupos de pertencimento,
nas diversas experiências de CONHECER Direitos de
CONHECER-SE aprendizagem BRINCAR
cuidados, interações, brincadeiras
e linguagens vivenciadas na
instituição escolar e em seu
contexto familiar e comunitário.
EXPLORAR PARTICIPAR
156
DIREITOS DE APRENDIZAGEM O CONCEITO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS FAIXAS ETÁRIAS
EXPRESSAR
EXPRESSAR CONVIVER
SUAS NECESSIDADES,
emoções, sentimentos, dúvidas,
hipóteses, descobertas, opiniões
e questionamentos, por meio
de diferentes linguagens,
como sujeito dialógico, criativo Direitos de
CONHECER-SE aprendizagem BRINCAR
e sensível.
EXPLORAR PARTICIPAR
157
DIREITOS DE APRENDIZAGEM O CONCEITO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS FAIXAS ETÁRIAS
158
DIREITOS DE APRENDIZAGEM O CONCEITO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS FAIXAS ETÁRIAS
CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS:
Os campos de experiências reconhecem que a
imersão das crianças em práticas sociais e culturais
criativas e interativas promove aprendizados
significativos. São um arranjo curricular que
organiza e integra brincadeiras, observações,
interações que acontecem na rotina da creche/escola.
Dão intencionalidade para as práticas pedagógicas
e colocam a criança no centro do processo.
159
DIREITOS DE APRENDIZAGEM O CONCEITO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS FAIXAS ETÁRIAS
160
DIREITOS DE APRENDIZAGEM O CONCEITO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS FAIXAS ETÁRIAS
161
DIREITOS DE APRENDIZAGEM O CONCEITO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS FAIXAS ETÁRIAS
ISSO LEVA A:
Não definir o processo pedagógico como metas que são impostas à criança,
negligenciando o significado que aquele processo tem na experiência infantil.
162
DIREITOS DE APRENDIZAGEM O CONCEITO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS FAIXAS ETÁRIAS
CAMPOS DE FAIXAS
EXPERIÊNCIAS ETÁRIAS
pág. 16 pág. 38
163
DIREITOS DE APRENDIZAGEM O CONCEITO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS FAIXAS ETÁRIAS
CAMPOS DE
EXPERIÊNCIAS
No planejamento de uma atividade ou de um conjunto
de atividades, os campos de experiência devem ser
pensados de maneira integrada, ou seja, objetivos
de diferentes campos de experiência podem estar
presentes em uma mesma proposta.
164
DIREITOS DE APRENDIZAGEM O CONCEITO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS FAIXAS ETÁRIAS
ESCUTA, FALA,
PENSAMENTO
E IMAGINAÇÃO
TRAÇOS,
O EU, O OUTRO SONS, CORES
E O NÓS E FORMAS
CAMPOS DE
EXPERIÊNCIAS
ESPAÇO, TEMPOS,
CORPO, QUANTIDADES,
GESTOS E RELAÇÕES E
MOVIMENTOS TRANSFORMAÇÕES
165
DIREITOS DE APRENDIZAGEM O CONCEITO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS FAIXAS ETÁRIAS
CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS
O EU,
O OUTRO
E O NÓS
Trabalha com as experiências de interação
com os pares e os adultos, a partir das quais
as crianças constroem um modo próprio de
agir, sentir e pensar e vão descobrindo que
existem outros modos de vida e pessoas
diferentes. Ao mesmo tempo que vivem suas
primeiras experiências sociais, desenvolvem
autonomia e senso de autocuidado.
166
DIREITOS DE APRENDIZAGEM O CONCEITO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS FAIXAS ETÁRIAS
objetivos
aprendizagens
professor
O EU,
O OUTRO
E O NÓS Bebês Crianças bem Crianças
(de zero - 1a6m) pequenas pequenas
(de 1a7m - 3a11m) (de 4 anos - 5a11m)
Perceber que suas ações têm efeitos Demonstrar atitudes de cuidado e Demonstrar empatia pelos outros,
OBJETIVOS DE nas outras crianças e nos adultos. solidariedade na interação com crianças percebendo que as pessoas têm diferentes
e adultos. sentimentos, necessidades e maneiras de
APRENDIZAGEM pensar e agir.
Interagir com crianças da mesma faixa Demonstrar imagem positiva de si e Ampliar relações interpessoais, com
etária e adultos ao explorar materiais, confiança em sua capacidade para enfrentar atitudes de participação e cooperação.
objetos e brinquedos. dificuldades e desafios. Saber lidar com conflitos nas interações.
Comunicar necessidades, desejos, Compartilhar os objetos e os espaços com Agir de maneira independente,
emoções, utilizando gestos, balbucios crianças da mesma faixa etária e adultos. com confiança em suas capacidades,
e palavras. reconhecendo suas conquistas e limitações.
Reconhecer seu corpo e expressar suas Respeitar regras básicas de convívio social Comunicar ideias e sentimentos
sensações em momentos de alimentação, nas interações e brincadeiras. a pessoas e grupos diversos.
higiene, brincadeira e descanso.
Interagir com outras crianças da mesma Perceber que as pessoas têm características Demonstrar valorização das características
faixa etária e adultos, adaptando-se ao físicas diferentes, respeitando essas de seu corpo e respeitar as características
convívio social. diferenças. das crianças e adultos com os quais convive.
167
DIREITOS DE APRENDIZAGEM O CONCEITO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS FAIXAS ETÁRIAS
objetivos
aprendizagens
professor
O EU,
O OUTRO
E O NÓS Bebês Crianças bem Crianças
(de zero - 1a6m) pequenas pequenas
(de 1a7m - 3a11m) (de 4 anos - 5a11m)
• Compartilhar brinquedos e objetos • Escolher com os companheiros uma • Brincar no pátio, praça ou jardim, em
APRENDIZAGENS com outros bebês e adultos e imitar história a ser encenada, usando constante contato com a natureza.
seus gestos. justificativas e argumentos ligados a seus
ESPERADAS sentimentos. • Interagir com outras crianças em
• Experimentar sabores, perceber brincadeiras e atividades. Participar
cheiros e escolher o que quer comer. • Apoiar parceiros em dificuldade, sem de jogos de regras e aprender a construir
Identificar no ambiente texturas e sons. discriminá-los por suas características. estratégias de jogo.
• Vestir uma bermuda ou sapato • Brincar de se esconder, de faz de conta, • Pesquisar em casa sua tradições
e os retirar sem ajuda. cuidar de animais domésticos, ouvir e familiares, reconhecendo elementos
contar histórias, observar o ambiente, de sua identidade cultural.
• Brincar diante do espelho, observando colecionar objetos.
os próprios gestos ou imitar outros. • Arrumar a mesa para um almoço
• Vestir fantasias, experimentando ser com os amigos e manter a organização
• Ouvir histórias lidas ou contadas outras pessoas e personagens de seus pertences.
pela professora e cantar com ela de histórias.
e as crianças. • Estabelecer relações entre seu modo
• Torcer a favor de um grupo: um time de vida e as formas de viver de outros
esportivo, uma equipe musical, grupos. Explorar brincadeiras e
um grupo de gincana. organização social de diferentes culturas.
168
DIREITOS DE APRENDIZAGEM O CONCEITO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS FAIXAS ETÁRIAS
objetivos
aprendizagens
professor
O EU,
O OUTRO
E O NÓS Bebês Crianças bem Crianças
(de zero - 1a6m) pequenas pequenas
(de 1a7m - 3a11m) (de 4 anos - 5a11m)
A MEDIAÇÃO Criar situações em que as crianças possam expressar afetos, desejos e saberes
e aprendam a ouvir o outro, conversar, argumentar, fazer planos, enfrentar
DO PROFESSOR conflitos, participar de atividades em grupo e criar amizades.
169
DIREITOS DE APRENDIZAGEM O CONCEITO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS FAIXAS ETÁRIAS
CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS
CORPO,
GESTOS E
MOVIMENTOS
Destaca experiências em que gestos,
posturas e movimentos constituem
uma linguagem com a qual crianças
se expressam, se comunicam e
aprendem sobre si e sobre o universo
social e cultural.
170
DIREITOS DE APRENDIZAGEM O CONCEITO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS FAIXAS ETÁRIAS
objetivos
aprendizagens
professor
CORPO,
GESTOS E
MOVIMENTOS Bebês Crianças bem Crianças
(de zero - 1a6m) pequenas pequenas
(de 1a7m - 3a11m) (de 4 anos - 5a11m)
Movimentar as partes do corpo para Apropriar-se de gestos e movimentos Criar com o corpo formas diversas
OBJETIVOS DE exprimir corporalmente emoções, de sua cultura no cuidado de si, nos de expressão de sentimentos, sensações
necessidades e desejos. jogos e brincadeiras. e emoções, em situações do cotidiano
APRENDIZAGEM e brincadeiras.
Experimentar possibilidades corporais nas Explorar formas de deslocamento no Demonstrar controle e adequação
brincadeiras e interações em ambientes espaço (pular, saltar, dançar) combinando do uso do corpo em jogos, contação
acolhedores e desafiantes. movimentos e seguindo orientações. de histórias, atividades artísticas
e brincadeiras.
Imitar gestos e movimentos de outras Demonstrar progressiva independência Criar movimentos, gestos, olhares, mímicas
crianças, adultos e animais. no cuidado do seu corpo. e sons com o corpo em jogos, atividades
artísticas e brincadeiras.
171
DIREITOS DE APRENDIZAGEM O CONCEITO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS FAIXAS ETÁRIAS
objetivos
aprendizagens
professor
CORPO,
GESTOS E
MOVIMENTOS Bebês Crianças bem Crianças
(de zero - 1a6m) pequenas pequenas
(de 1a7m - 3a11m) (de 4 anos - 5a11m)
• Pegar, amassar, empilhar, montar, • Participar de jogos de faz de conta • Brincar de esconde, de pique, de siga
APRENDIZAGENS encaixar, mover, lançar longe, chutar assumindo determinadas posturas o mestre. Andar como robôs, zumbis
objetos de diferentes formas, cores, corporais, gestos e falas que delineiam e de outros jeitos.
ESPERADAS pesos, texturas, tamanhos. papéis.
• Participar de jogos que envolvam
• Brincar com água, terra e outros • Dançar com diferentes expressões orientar-se (em frente, atrás,
elementos naturais. Brincar de procurar faciais, posturas corporais ao som no alto, embaixo), em resposta
e achar objetos escondidos. de diferentes gêneros. a comandos da professora.
• Explorar espaços, rolando, sentando, • Brincar com marionetes reproduzindo • Teatralizar histórias, com gestos
rastejando, engatinhando, erguendo falas de personagens que memorizaram e expressões. Usar fantoches e
o tronco e a cabeça. ou que inventam. confeccionar cenários e figurinos.
• Participar com autonomia crescente • Manipular diferentes objetos: pegar, • Incluir em jogos desafios motores
dos momentos de cuidados pessoais, lançar, encaixar, empilhar, rasgar, (jogar futebol com uma bola menor)
como a hora do banho, de vestir-se, amassar, folhear, pintar. ou conteúdo simbólico (pega vira
de desvestir-se. “pega-monstro”).
• Explorar desafios do espaço com
• Acompanhar a narrativa ou leitura de maior autonomia e presteza. • Dançar. Imitar, criar e coordenar
uma história fazendo expressões e gestos Correr, saltar, escalar. movimentos, explorando o espaço
para seguir a ação dos personagens. e as qualidades do movimento.
• Brincar seguindo orientações como:
em frente, atrás, no alto, em cima, • Descrever, avaliar e reproduzir
embaixo, dentro, fora. apresentações de dança e outras
expressões da cultura corporal (circo,
esportes, mímica, teatro).
172
DIREITOS DE APRENDIZAGEM O CONCEITO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS FAIXAS ETÁRIAS
objetivos
aprendizagens
professor
CORPO,
GESTOS E
MOVIMENTOS Bebês Crianças bem Crianças
(de zero - 1a6m) pequenas pequenas
(de 1a7m - 3a11m) (de 4 anos - 5a11m)
173
DIREITOS DE APRENDIZAGEM O CONCEITO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS FAIXAS ETÁRIAS
TRAÇOS, SONS,
CORES E FORMAS
Possibilita à criança viver de forma criativa
experiências com o corpo, a voz, instrumentos
sonoros, materiais plásticos e gráficos que
alimentem percursos expressivos ligados
à música, à dança, ao teatro, às artes
plásticas e à literatura.
174
DIREITOS DE APRENDIZAGEM O CONCEITO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS FAIXAS ETÁRIAS
objetivos
aprendizagens
professor
TRAÇOS,
SONS, CORES
E FORMAS Bebês Crianças bem Crianças
(de zero - 1a6m) pequenas pequenas
(de 1a7m - 3a11m) (de 4 anos - 5a11m)
Explorar sons produzidos com Utilizar diferentes fontes sonoras Utilizar sons produzidos por materiais,
OBJETIVOS DE o próprio corpo e com objetos cotidianos. disponíveis no ambiente em brincadeiras objetos e instrumentos musicais durante
cantadas, canções, músicas e melodias. brincadeiras de faz de conta, encenações,
APRENDIZAGEM criações musicais ou festas.
Traçar marcas gráficas em diferentes Utilizar materiais moldáveis (massa de Expressar-se livremente por meio de
suportes, usando instrumentos riscantes modelar, argila), explorando cores, texturas, desenho, pintura, colagem, dobradura e
e tintas. planos, superfícies, formas e volumes ao escultura, criando produções bidimensionais
criar objetos tridimensionais. ou tridimensionais.
Explorar diferentes fontes sonoras e Criar sons com materiais, objetos Reconhecer as qualidades do som
materiais para acompanhar brincadeiras e instrumentos musicais, para (intensidade, duração, altura e timbre)
cantadas, canções, músicas e melodias. acompanhar ritmos diversos. utilizando-as em suas produções sonoras
e ao ouvir músicas e sons.
175
DIREITOS DE APRENDIZAGEM O CONCEITO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS FAIXAS ETÁRIAS
objetivos
aprendizagens
professor
TRAÇOS,
SONS, CORES
E FORMAS Bebês Crianças bem Crianças
(de zero - 1a6m) pequenas pequenas
(de 1a7m - 3a11m) (de 4 anos - 5a11m)
• Reagir a sons e músicas por meio • Explorar com diferentes materiais, • Contar histórias com modulações de voz,
APRENDIZAGENS de movimento corporal, ou batendo, relações de peso, tamanho e volume na objetos sonoros e instrumentos musicais.
chacoalhando objetos sonoros. criação de formas tridimensionais.
ESPERADAS • Criar formas planas e volumosas
• Explorar qualidades sonoras de objetos • Participar de jogos musicais e explorar por meio da escultura/modelagem
e instrumentos musicais. formas de produzir som com o corpo. e expressar-se sobre o processo de
produção.
• Brincar com as possibilidades • Identificar sons da natureza (animais,
expressivas da própria voz. chuva), da cultura (voz, instrumentos), • Reconhecer padrões no uso de cores
ou o silêncio. em várias culturas e aplicar esse
• Utilizar a seu modo tintas caseiras, conhecimento.
guache, aquarela em produções • Expressar sensações conforme explora
visuais, ampliando possibilidades objetos e materiais com várias texturas. • Fazer dobraduras com papel, construir
de exploração da cor. castelos de cartas, experimentar efeitos
• Cantar, sozinha ou em grupo, partes de luz e sombra com velas e lanternas.
• Explorar materiais gráficos na criação de ou frases das canções que já conhece.
garatujas e outras formas de expressão. • Pintar usando diferentes suportes (papéis,
• Criar formas planas e com volume por panos, telas, pedaços de metal ou acrílico)
meio da escultura e da modelagem. e materiais (aquarela, guache, lápis).
176
DIREITOS DE APRENDIZAGEM O CONCEITO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS FAIXAS ETÁRIAS
objetivos
aprendizagens
professor
TRAÇOS,
SONS, CORES
E FORMAS Bebês Crianças bem Crianças
(de zero - 1a6m) pequenas pequenas
(de 1a7m - 3a11m) (de 4 anos - 5a11m)
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DIREITOS DE APRENDIZAGEM O CONCEITO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS FAIXAS ETÁRIAS
CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS
ESCUTA, FALA,
PENSAMENTO
E IMAGINAÇÃO
Promove situações de fala e escuta, em que as
crianças participam da cultura oral (contação de
histórias, descrições, conversas). Também envolve
a imersão na cultura escrita, partindo do que
as crianças conhecem e de suas curiosidades e
oferecendo o contato com livros e gêneros literários
para, intencionalmente, desenvolver o gosto pela
leitura e introduzir a compreensão da escrita como
representatividade gráfica.
178
DIREITOS DE APRENDIZAGEM O CONCEITO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS FAIXAS ETÁRIAS
objetivos
aprendizagens
professor
ESCUTA, FALA,
PENSAMENTO
E IMAGINAÇÃO Bebês Crianças bem Crianças
(de zero - 1a6m) pequenas pequenas
(de 1a7m - 3a11m) (de 4 anos - 5a11m)
Reconhecer quando é chamado por seu Dialogar com crianças e adultos, Expressar ideias, desejos e sentimentos
OBJETIVOS DE nome e reconhecer os nomes das pessoas expressando seus desejos, necessidades, sobre suas vivências, por linguagem oral
com quem convive. sentimentos e opiniões. e escrita, de fotos, desenhos e outras
APRENDIZAGEM formas de expressão.
Demonstrar interesse ao ouvir a leitura Demonstrar interesse ao ouvir histórias, Escolher e folhear livros, procurando
de poemas, apresentação de músicas diferenciando escrita de ilustrações, orientar-se por temas e ilustrações, e
e ao ouvir histórias lidas ou contadas. e seguindo, com a ajuda do adulto-leitor, tentando identificar palavras conhecidas.
a direção da leitura.
Comunicar-se com outras pessoas usando Relatar experiências, fatos, histórias, filmes Recontar histórias ouvidas e planejar
movimentos, gestos, balbucios, fala e peças e criar e contar histórias oralmente, coletivamente suas encenações. E produzir
e outras formas de expressão. com base em imagens ou temas sugeridos. recontos escritos, com o professor
como escriba.
Reconhecer elementos das ilustrações Formular e responder questões sobre Produzir suas próprias histórias orais e
de histórias, apontando-as, e imitar as fatos das histórias, identificando cenários, escritas (escrita espontânea) em situações
variações de entonação e gestos realizados personagens e fatos. com função social significativa.
pelos adultos ao ler histórias e ao cantar.
Conhecer e manipular materiais impressos Manipular textos e participar de situações Levantar hipóteses sobre gêneros textuais,
e audiovisuais em diferentes portadores. de escuta para ampliar seu contato com recorrendo a estratégias de observação gráfica
diferentes gêneros textuais. Manusear e de leitura, e sobre a linguagem escrita,
diferentes portadores textuais. registrando palavras e textos por
meio da escrita espontânea.
179
DIREITOS DE APRENDIZAGEM O CONCEITO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS FAIXAS ETÁRIAS
objetivos
aprendizagens
professor
ESCUTA, FALA,
PENSAMENTO
E IMAGINAÇÃO Bebês Crianças bem Crianças
(de zero - 1a6m) pequenas pequenas
(de 1a7m - 3a11m) (de 4 anos - 5a11m)
• Participar de jogos rítmicos ou • Explorar ferramentas e suportes de • Saber organizar etapas de uma tarefa,
APRENDIZAGENS de nomeação em que a professora escrita para, a seu modo, desenhar, como uma receita culinária ou as regras
aponta para algo, propõe a questão: traçar letras e sinais gráficos. E saber de um jogo.
ESPERADAS “O que é isso?”, e o bebê responde. identificar a escrita do nome próprio.
• Expressar-se na linguagem oral,
• Brincar com outros bebês, com ou • Identificar e criar sons, rimas musical, corporal, na dança, no desenho,
sem objetos, expressando-se, corporal e gestos em brincadeiras de roda na escrita, na dramatização e outras.
e/ou verbalmente. e outras interações sociais.
• Debater assuntos polêmicos do cotidiano,
• Conversar com a professora • Reconhecer as histórias e personagens como a forma de organizar os brinquedos.
em ambiente tranquilo e lúdico. nos livros. E adotar procedimentos
básicos de um leitor, como ler a partir da • Recontar histórias com recursos
• Repetir acalantos, cantigas, poesias capa e virar as páginas sucessivamente. expressivos próprios, preservando
explorando o ritmo, as palavras elementos da linguagem escrita.
e a sonoridade. • Comunicar regras de jogos aos colegas
e orientar outras crianças. • Expor impressões sobre prosas ou poesia
• Brincar de traçar marcas gráficas em que ouviu e relatar aos colegas histórias
cartolinas ou outro suporte, usando os • Relatar fatos acontecidos, histórias lidas por alguém da família.
dedos ou pincéis. de livros, filmes e peças. E conversar
sobre diferentes assuntos. • Levantar hipóteses sobre o que está
escrito e como se escreve. Localizar
• Apreciar e comentar leituras de histórias um nome específico em uma lista
e criar narrativas oralmente, a partir de palavras.
de imagens e temas sugeridos.
180
DIREITOS DE APRENDIZAGEM O CONCEITO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS FAIXAS ETÁRIAS
objetivos
aprendizagens
professor
ESCUTA, FALA,
PENSAMENTO
E IMAGINAÇÃO Bebês Crianças bem Crianças
(de zero - 1a6m) pequenas pequenas
(de 1a7m - 3a11m) (de 4 anos - 5a11m)
A MEDIAÇÃO Perceber avanços nas tentativas de comunicação dos bebês, observando seus
balbucios, gestos, expressões faciais, entonação e modulação da voz e os ajudando
DO PROFESSOR a organizar seus pedidos, relatos, memórias, para que possam pouco a pouco se
expressar oralmente.
Instigar o interesse pela língua escrita por meio da leitura de histórias, do incentivo
para que a criança aprenda a escrever o próprio nome e para que comece a
organizar ideias sobre o sistema de escrita.
181
DIREITOS DE APRENDIZAGEM O CONCEITO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS FAIXAS ETÁRIAS
ESPAÇO, TEMPOS,
QUANTIDADES,
RELAÇÕES E
TRANSFORMAÇÕES
Promove interações e brincadeiras nas quais a criança
possa observar, manipular objetos, explorar seu
entorno, levantar hipóteses e buscar respostas às suas
curiosidades e indagações. Isso amplia seu mundo
físico e sociocultural e desenvolve sua sensibilidade,
incentivando um agir lúdico e um olhar poético sobre
o mundo, as pessoas e as coisas nele existentes.
182
DIREITOS DE APRENDIZAGEM O CONCEITO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS FAIXAS ETÁRIAS
objetivos
aprendizagens
professor
ESPAÇO, TEMPOS,
QUANTIDADES,
RELAÇÕES E Bebês Crianças bem Crianças
TRANSFORMAÇÕES (de zero - 1a6m) pequenas pequenas
(de 1a7m - 3a11m) (de 4 anos - 5a11m)
Explorar e descobrir as propriedades Observar, relatar e descrever incidentes Identificar e selecionar fontes de
OBJETIVOS DE de objetos e materiais (odor, cor, sabor, do cotidiano e fenômenos naturais (luz solar, informações, para responder a questões
temperatura). vento, chuva etc.). sobre a natureza, seus fenômenos, sua
APRENDIZAGEM conservação.
Explorar relações de causa e efeito Utilizar conceitos básicos de tempo (agora, Estabelecer relações de comparação
(transbordar, tingir, misturar, mover antes, durante, depois, ontem, hoje, amanhã, entre objetos, a partir de suas
e remover etc.) na interação com lento, rápido, depressa, devagar). propriedades.
o mundo físico.
Explorar o ambiente pela ação e Classificar objetos, considerando Observar e descrever mudanças
observação, manipulando, experimentando determinado atributo (tamanho, peso, resultantes de ações em experimentos
e fazendo descobertas. cor, forma). com fenômenos naturais e artificiais.
Manipular, experimentar, arrumar Identificar relações espaciais (dentro e fora, Relatar fatos importantes sobre seu
e explorar o espaço por meio de em cima, embaixo, acima, abaixo, entre e do nascimento e desenvolvimento, a história
experiências de deslocamentos de si e lado) e temporais (antes, durante e depois). dos seus familiares e da sua comunidade.
dos objetos. Manipular materiais diversos e
variados para comparar as diferenças
e semelhanças entre eles.
Vivenciar diferentes ritmos, velocidades Explorar e descrever semelhanças e Registrar observações, manipulações e
e fluxos nas interações e brincadeiras diferenças entre as características e medidas, usando múltiplas linguagens
(em danças, balanços etc). propriedades dos objetos (sonoridade, (desenho, registro por números ou escrita
textura, massa, tamanho, posição). espontânea), em diferentes suportes.
183
DIREITOS DE APRENDIZAGEM O CONCEITO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS FAIXAS ETÁRIAS
objetivos
aprendizagens
professor
ESPAÇO, TEMPOS,
QUANTIDADES,
RELAÇÕES E Bebês Crianças bem Crianças
TRANSFORMAÇÕES (de zero - 1a6m) pequenas pequenas
(de 1a7m - 3a11m) (de 4 anos - 5a11m)
• Explorar objetos com formas e volumes • Explorar objetos de vários formatos e • Utilizar diferentes instrumentos de
APRENDIZAGENS variados, percebendo propriedades tamanhos, com intencionalidade, a partir medição convencional e não convencional
simples como: luminosidade, de suas propriedades. Por exemplo: para estabelecer distâncias, comprimento
ESPERADAS consistência, textura. empilhar objetos do menor para o maior. e massa.
• Deslocar-se livre em espaços planejados, • Resolver problemas cotidianos, como • Explorar relações de peso, tamanho e
enfrentando obstáculos: subindo, divisão de materiais, desenvolvendo volume de formas bi ou tridimensionais,
descendo, pulando, passando por cima, noções de direção, quantidade, tempo. percebendo a transformação do espaço.
por baixo.
• Observar animais em livros, revistas • Brincar de vender frutas na feira,
• Acompanhar corporalmente o canto da e filmes, reproduzir os sons que eles olhar lista de preços, localizar data no
professora alterando o ritmo e o timbre produzem e descrever seu físico calendário. São práticas que apoiam
(alto, baixo, grave, agudo) e reproduzir (pelagem, forma do corpo), alimentação a elaboração de conhecimentos acerca
parlendas ou cantigas de roda sobre e habitat. da escrita de números.
quantidades.
• Nomear partes do próprio corpo, • Solucionar problemas envolvendo noções
• Brincar com materiais com possibilidades comparar e entender as diferenças geométricas, espaciais e de medidas.
transformadoras: com água e areia, ou corporais entre meninos e meninas. Comunicar quantidades e números,
com terra, “melecas”, pasta de maisena, de forma oral e escrita.
que podem ser amassados ou deslocados. • Observar fenômenos e elementos
da natureza e reconhecer algumas • Desenhar e interpretar imagens de
• Explorar alimentos, objetos e cheiros características do clima: calor, chuva, objetos a partir de diferentes pontos
e ampliar suas experiências visuais, claro-escuro, quente-frio. de vista. Observar e comentar obras
auditivas, gustativas e olfativas, que exploram formas simétricas.
comunicando suas sensações ao/à • Explorar traços e formas utilizando
professor/a e às outras crianças. os materiais e procedimentos do fazer • Explicar fenômenos e elementos
plástico. naturais, estabelecendo regularidades,
relacionando-os à necessidade dos
humanos por abrigo e cuidados básicos
e às mudanças nos hábitos dos animais.
184
DIREITOS DE APRENDIZAGEM O CONCEITO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS FAIXAS ETÁRIAS
objetivos
aprendizagens
professor
ESPAÇO, TEMPOS,
QUANTIDADES,
RELAÇÕES E Bebês Crianças bem Crianças
TRANSFORMAÇÕES (de zero - 1a6m) pequenas pequenas
(de 1a7m - 3a11m) (de 4 anos - 5a11m)
Realizar a “escuta” das crianças, para ajudá-las a perceber relações entre objetos
e materiais, estimulá-las a fazer novas descobertas e construir novos
conhecimentos a partir dos saberes que já possuem.
185
DIREITOS DE APRENDIZAGEM O CONCEITO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS FAIXAS ETÁRIAS
FAIXAS ETÁRIAS
Cada campo de experiência define objetivos
de aprendizagem e desenvolvimento específicos
para cada faixa etária.
186
DIREITOS DE APRENDIZAGEM O CONCEITO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS FAIXAS ETÁRIAS
FAIXAS ETÁRIAS
BEBÊS
(de zero a 1 ano e 6 meses)
187
(de zero a 1 ano pequenas
DIREITOS DE APRENDIZAGEM O CONCEITO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS FAIXAS ETÁRIAS
objetivos
indicadores
BEBÊS
(de zero - 1a6m) OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
por campo de experiência:
Bebês Crianças bem Crianças
(de zero a 1 ano pequenas pequenas ESPAÇO, TEMPOS,
O EU,
e 6 meses) CORPO, TRAÇOS, ESCUTA, FALA, QUANTIDADES,
(de 1 ano e 7GESTOS
meses E (de 4 anos a 5 anos
SONS, CORES PENSAMENTO RELAÇÕES E
O OUTRO a 3 anos e 11 meses) e 11 meses)
E O NÓS MOVIMENTOS E FORMAS E IMAGINAÇÃO TRANSFORMAÇÕES
Perceber que suas ações têm Movimentar as partes do corpo Explorar sons produzidos com Reconhecer quando é chamado Explorar e descobrir as propriedades
efeitos nas outras crianças e nos para exprimir corporalmente o próprio corpo e com objetos por seu nome e reconhecer os de objetos e materiais (odor, cor, sabor,
adultos. emoções, necessidades e desejos. cotidianos. nomes das pessoas com quem temperatura).
convive.
Interagir com crianças da mesma Experimentar possibilidades Traçar marcas gráficas em Demonstrar interesse ao ouvir a Explorar relações de causa e efeito
faixa etária e adultos ao explorar corporais nas brincadeiras diferentes suportes, usando leitura de poemas, apresentação (transbordar, tingir, misturar, mover
materiais, objetos e brinquedos. e interações em ambientes instrumentos riscantes e tintas. de músicas e ao ouvir histórias e remover etc.) na interação com
acolhedores e desafiantes. lidas ou contadas. o mundo físico.
Comunicar necessidades, desejos, Imitar gestos e movimentos Explorar diferentes fontes sonoras Comunicar-se com outras pessoas Explorar o ambiente pela ação
emoções, utilizando gestos, de outras crianças, adultos e materiais para acompanhar usando movimentos, gestos, e observação, manipulando,
balbucios e palavras. e animais. brincadeiras cantadas, canções, balbucios, fala e outras formas experimentando e fazendo descobertas.
músicas e melodias. de expressão.
Reconhecer seu corpo e expressar Utilizar os movimentos de Reconhecer elementos das Manipular, experimentar, arrumar
suas sensações em momentos de preensão, encaixe e lançamento, ilustrações de histórias, e explorar o espaço por meio de
alimentação, higiene, brincadeira e ampliando as possibilidades de apontando-as, e imitar as experiências de deslocamentos de si
descanso. manuseio de diferentes materiais variações de entonação e gestos e dos objetos. Manipular materiais
e objetos. realizados pelos adultos ao ler diversos e variados para comparar as
histórias e ao cantar. diferenças e semelhanças entre eles.
Interagir com outras crianças Participar do cuidado do seu corpo Conhecer e manipular materiais Vivenciar diferentes ritmos, velocidades
da mesma faixa etária e adultos, e da promoção do seu bem-estar. impressos e audiovisuais em e fluxos nas interações e brincadeiras
adaptando-se ao convívio social. diferentes portadores. (em danças, balanços etc).
188
DIREITOS DE APRENDIZAGEM O CONCEITO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS FAIXAS ETÁRIAS
objetivos
indicadores
BEBÊS
(de zero - 1a6m) ESSES OBJETIVOS SÃO ALCANÇADOS
pelos bebês conforme eles:
Bebês Crianças bem Crianças
(de zero a 1 ano pequenas pequenas ESPAÇO, TEMPOS,
O EU,
e 6 meses) CORPO, TRAÇOS, ESCUTA, FALA, QUANTIDADES,
(de 1 ano e 7GESTOS
meses E (de 4 anos a 5 anos
SONS, CORES PENSAMENTO RELAÇÕES E
O OUTRO a 3 anos e 11 meses) e 11 meses)
E O NÓS MOVIMENTOS E FORMAS E IMAGINAÇÃO TRANSFORMAÇÕES
Compartilham brinquedos e Pegam, amassam, empilham, Reagem a sons e músicas por Participam de jogos rítmicos ou Exploram objetos com formas
objetos com outros bebês e montam, encaixam, movem, meio de movimento corporal, de nomeação em que a professora e volumes variados, percebendo
adultos e imitam seus gestos. lançam longe, chutam objetos de ou batendo, chacoalhando aponta para algo, propõe a propriedades simples dos materiais
diferentes formas, cores, pesos, objetos sonoros. questão: “O que é isso?”, como: luminosidade, temperatura,
texturas, tamanhos. e o bebê responde. consistência, textura.
Experimentam sabores, percebem Brincam com água, terra e outros Exploram qualidades sonoras Brincam com outros bebês, com Deslocam-se livres em espaços
cheiros e escolhem o que querem elementos naturais. Brincam de objetos e instrumentos ou sem objetos, expressando-se, planejados, enfrentando obstáculos nos
comer. Identificam no ambiente de procurar e achar objetos musicais. corporal e/ou verbalmente. trajetos: subindo, descendo, pulando,
texturas e sons. escondidos. passando por cima, por baixo, rodeando,
equilibrando-se.
Vestem uma bermuda Exploram espaços, rolando, Brincam com as possibilidades Conversam com a professora em Acompanham corporalmente o canto da
ou sapato e os retiram sentando, rastejando, expressivas da própria voz. ambiente tranquilo e lúdico. professora alterando o ritmo e o timbre
sem ajuda. engatinhando, erguendo o tronco (alto, baixo, grave, agudo) dos sons e
e a cabeça. reproduzem parlendas ou cantigas de
roda que tratem de quantidades.
Brincam diante do espelho, Participam com autonomia Utilizam a seu modo tintas Repetem acalantos, cantigas, Brincam com materiais com
observando os próprios gestos crescente dos momentos de caseiras, guache, aquarela poesias explorando o ritmo, possibilidades transformadoras: com
ou imitam outros. cuidados pessoais, como do banho, na produção visual, ampliando as palavras e a sonoridade. água e areia, ou com terra, “melecas”,
do vestir-se, do desvestir-se. possibilidades de exploração pasta de maisena ou outros materiais e
da cor. com objetos que podem ser amassados
ou deslocados.
Ouvem histórias lidas ou contadas Acompanham a narrativa ou Exploram materiais gráficos na Brincam de traçar marcas gráficas Exploram alimentos, objetos e cheiros
pela professora e cantam com leitura de uma história fazendo criação de garatujas e outras em cartolinas ou outro suporte, e ampliam suas experiências visuais,
ela e as crianças. expressões e gestos para seguir formas de expressão. usando os dedos ou pincéis. auditivas, gustativas e olfativas,
a ação dos personagens. comunicando suas sensações ao/à
professor/a e às outras crianças.
189
DIREITOS DE APRENDIZAGEM O CONCEITO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS FAIXAS ETÁRIAS
FAIXAS ETÁRIAS
CRIANÇAS
BEM PEQUENAS
(de 1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses)
190
DIREITOS DE APRENDIZAGEM O CONCEITO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS FAIXAS ETÁRIAS
objetivos
indicadores
CRIANÇAS
BEM PEQUENAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
(de 1a7m - 3a11m) por campo de experiência:
ESPAÇO, TEMPOS,
O EU, CORPO, TRAÇOS, ESCUTA, FALA, QUANTIDADES,
O OUTRO GESTOS E SONS, CORES PENSAMENTO RELAÇÕES E
E O NÓS MOVIMENTOS E FORMAS E IMAGINAÇÃO TRANSFORMAÇÕES
Demonstrar atitudes de cuidado Apropriar-se de gestos e Utilizar diferentes fontes sonoras Dialogar com crianças e adultos, Observar, relatar e descrever incidentes
e solidariedade na interação com movimentos de sua cultura disponíveis no ambiente em expressando seus desejos, do cotidiano e fenômenos naturais (luz
crianças e adultos. no cuidado de si, nos jogos e brincadeiras cantadas, canções, necessidades, sentimentos e solar, vento, chuva etc.).
brincadeiras. músicas e melodias. opiniões.
Demonstrar imagem positiva Explorar formas de deslocamento Utilizar materiais moldáveis Demonstrar interesse ao ouvir Utilizar conceitos básicos de tempo
de si e confiança em sua no espaço (pular, saltar, dançar) (massa de modelar, argila), histórias, diferenciando escrita (agora, antes, durante, depois, ontem,
capacidade para enfrentar combinando movimentos e explorando cores, texturas, planos, de ilustrações, e seguindo, hoje, amanhã, lento, rápido, depressa,
dificuldades e desafios. seguindo orientações. superfícies, formas e volumes ao com a ajuda do adulto-leitor, devagar).
criar objetos tridimensionais. a direção da leitura.
Compartilhar os objetos Deslocar o corpo no espaço, Criar sons com materiais, objetos Relatar experiências, fatos, Classificar objetos, considerando
e os espaços com crianças da orientando-se por noções como: e instrumentos musicais, para histórias, filmes e peças e criar determinado atributo (tamanho, massa,
mesma faixa etária e adultos. em frente, atrás, no alto, embaixo, acompanhar ritmos diversos. e contar histórias oralmente, cor, forma).
ao se envolver em brincadeiras e com base em imagens ou temas
atividades. sugeridos.
Respeitar regras básicas de Demonstrar progressiva Formular e responder questões Explorar e descrever semelhanças
convívio social nas interações independência no cuidado do seu sobre fatos das histórias, e diferenças entre as características
e brincadeiras. corpo. identificando cenários, e propriedades dos objetos (sonoridade,
personagens e fatos. textura, massa, tamanho, posição).
Perceber que as pessoas têm Desenvolver progressivamente Manipular textos e participar de Identificar relações espaciais
características físicas diferentes, habilidades manuais, adquirindo situações de escuta para ampliar (dentro e fora, em cima, embaixo, acima,
respeitando essas diferenças. controle para desenhar, pintar, seu contato com diferentes abaixo, entre e do lado) e temporais
rasgar, folhear, entre outros. gêneros textuais. Manusear (antes, durante e depois).
diferentes portadores textuais.
Comunicar-se com os colegas Manusear diferentes instrumentos Compartilhar, com outras crianças,
e os adultos, buscando e suportes de escrita para situações de cuidado de plantas e
compreendê-los e fazendo-se desenhar, traçar letras e outros animais nos espaços da instituição
compreender. sinais gráficos. e fora dela.
191
DIREITOS DE APRENDIZAGEM O CONCEITO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS FAIXAS ETÁRIAS
objetivos
indicadores
CRIANÇAS
BEM PEQUENAS ESSES OBJETIVOS SÃO ALCANÇADOS
(de 1a7m - 3a11m) pelas crianças bem pequenas conforme elas:
ESPAÇO, TEMPOS,
O EU, CORPO, TRAÇOS, ESCUTA, FALA, QUANTIDADES,
O OUTRO GESTOS E SONS, CORES PENSAMENTO RELAÇÕES E
E O NÓS MOVIMENTOS E FORMAS E IMAGINAÇÃO TRANSFORMAÇÕES
Escolhem com os companheiros Participam de jogos de faz de Com diferentes materiais, Exploram ferramentas e suportes Exploram objetos de vários formatos e
uma história a ser encenada, conta assumindo determinadas exploram relações de peso, de escrita para, a seu modo, tamanhos e utilizam o conhecimento de
usando justificativas e argumentos posturas corporais, gestos e falas tamanho e volume na criação de desenhar, traçar letras e sinais suas propriedades para explorá-los com
ligados a seus sentimentos. que delineiam papéis. formas tridimensionais. gráficos. E sabem identificar a maior intencionalidade: por exemplo,
escrita do nome próprio. empilhar objetos do menor para o maior
e vice-versa.
Apoiam parceiros em dificuldade, Dançam com diferentes Participam de jogos musicais e Identificam e criam sons, rimas e Resolvem problemas cotidianos (divisão
sem discriminá-los por suas expressões faciais e posturas exploram formas de produzir som gestos em brincadeiras de roda e de materiais, execução de uma receita),
características. corporais ao som de diferentes com o corpo. outras interações sociais. desenvolvendo noções de direção,
gêneros. quantidade, tempo.
Brincam de se esconder, de Brincam com marionetes Identificam sons da natureza Reconhecem as histórias e Observam animais em livros, revistas
faz de conta, cuidar de animais reproduzindo falas de personagens (animais, chuva), da cultura (voz, personagens nos livros. E adotam e filmes, reproduzem os sons por eles
domésticos, ouvir e contar que memorizaram ou que instrumentos), ou o silêncio. procedimentos básicos de um produzidos e descrevem-nos fisicamente
histórias, observar o ambiente, inventam. leitor, como ler a partir da capa e (pelagem, forma do corpo), além de citar
colecionar objetos. virar as páginas sucessivamente. alimentação e habitat.
Vestem fantasias, experimentando Manipulam diferentes objetos: Expressam sensações conforme Comunicam regras de jogos Nomeam partes do próprio corpo,
ser outras pessoas e personagens pegam, lançam, encaixam, exploram objetos e materiais com aos colegas e orientam outras comparam e entendem as diferenças
de histórias. empilham, rasgam, amassam, várias texturas. crianças. corporais entre meninos e meninas.
folheam, pintam.
Torcem a favor de um grupo: Exploram desafios do espaço Cantam, sozinhas ou em grupo, Relatam fatos acontecidos, Observam fenômenos e elementos
um time esportivo, uma equipe com maior autonomia e presteza. partes ou frases das canções que histórias de livros, filmes e peças. da natureza e reconhecem algumas
musical, um grupo de gincana. Correm, saltam, escalam. já conhecem. E conversam sobre diferentes características do clima: calor, chuva,
assuntos. claro-escuro, quente-frio.
Cantam, respeitando sua vez Brincam seguindo orientações Criam formas planas e com Apreciam e comentam leituras Exploram traços e formas utilizando
e ouvindo os companheiros. como: em frente, atrás, no alto, volume por meio da escultura de histórias e criam narrativas os materiais e procedimentos
em cima, embaixo, dentro, fora. e da modelagem. oralmente, a partir de imagens e do fazer plástico.
temas sugeridos.
192
DIREITOS DE APRENDIZAGEM O CONCEITO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS FAIXAS ETÁRIAS
FAIXAS ETÁRIAS
CRIANÇAS
PEQUENAS
(de 4 anos a 5 anos e 11 meses)
Crianças
193
pequenas
DIREITOS DE APRENDIZAGEM O CONCEITO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS FAIXAS ETÁRIAS
objetivos
indicadores
CRIANÇAS
PEQUENAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
(de 4a - 5a11m) por campo de experiência:
Crianças
ESPAÇO, TEMPOS,
pequenas
O EU, CORPO, TRAÇOS, ESCUTA, FALA, QUANTIDADES,
anos
(de 4 anos aO5OUTRO GESTOS E SONS, CORES PENSAMENTO RELAÇÕES E
e 11 meses)
E O NÓS MOVIMENTOS E FORMAS E IMAGINAÇÃO TRANSFORMAÇÕES
Demonstrar empatia pelos outros, Criar com o corpo formas diversas Utilizar sons produzidos por Expressar ideias, desejos e Identificar e selecionar fontes de
percebendo que as pessoas de expressão de sentimentos, materiais, objetos, e instrumentos sentimentos sobre suas vivências, informações, para responder a questões
têm diferentes sentimentos, sensações e emoções, em musicais durante brincadeiras por meio de linguagem oral e sobre a natureza, seus fenômenos, sua
necessidades e maneiras de situações do cotidiano e de faz de conta, encenações, escrita, de fotos, desenhos e conservação.
pensar e agir. brincadeiras. criações musicais ou festas. outras formas de expressão.
Ampliar relações interpessoais, Demonstrar controle e adequação Expressar-se livremente por meio Escolher e folhear livros, Estabelecer relações de comparação
com atitudes de participação do uso do corpo em jogos, do desenho, pintura, colagem, procurando orientar-se por entre objetos, a partir de suas
e cooperação. Saber lidar com contação de histórias, atividades dobradura e escultura, criando temas e ilustrações, e tentando propriedades.
conflitos nas interações. artísticas e brincadeiras. produções bidimensionais ou identificar palavras conhecidas.
tridimensionais.
Agir de maneira independente, Criar movimentos, gestos, olhares, Reconhecer as qualidades do Recontar histórias ouvidas e Observar e descrever mudanças
com confiança em suas mímicas e sons com o corpo som (intensidade, duração, altura planejar coletivamente suas resultantes de ações em experimentos
capacidades, reconhecendo suas em jogos, atividades artísticas e e timbre) utilizando-as em suas encenações. E produzir recontos com fenômenos naturais e artificiais.
conquistas e limitações. brincadeiras. produções sonoras e ao ouvir escritos, com o professor como
músicas e sons. escriba.
Comunicar ideias e sentimentos a Adotar hábitos de autocuidado Produzir suas próprias histórias Relatar fatos importantes sobre seu
pessoas e grupos diversos. relacionados à higiene, orais e escritas (escrita nascimento e desenvolvimento, a
alimentação, conforto e aparência. espontânea) em situações com história dos seus familiares e da sua
função social significativa. comunidade.
Demonstrar valorização das Coordenar suas habilidades Levantar hipóteses sobre gêneros Registrar observações, manipulações e
características de seu corpo e manuais no atendimento adequado textuais, recorrendo a estratégias medidas, usando múltiplas linguagens
respeitar as características das a seus interesses e necessidades de observação gráfica e de leitura, (desenho, registro por números ou
crianças e adultos com os quais em situações diversas. e sobre a linguagem escrita, escrita espontânea), em diferentes
convive. registrando palavras e textos por suportes.
meio da escrita espontânea.
Manifestar interesse e respeito Inventar brincadeiras cantadas, Classificar objetos e figuras, de acordo
por diferentes culturas e poemas e canções, com rimas, com suas semelhanças e diferenças.
modos de vida. aliterações etc.
194
DIREITOS DE APRENDIZAGEM O CONCEITO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS FAIXAS ETÁRIAS
objetivos
indicadores
CRIANÇAS
PEQUENAS ESSES OBJETIVOS SÃO ALCANÇADOS
(de 4a - 5a11m) pelas crianças pequenas conforme elas:
Crianças
ESPAÇO, TEMPOS,
pequenas
O EU, CORPO, TRAÇOS, ESCUTA, FALA, QUANTIDADES,
anos
(de 4 anos aO5OUTRO GESTOS E SONS, CORES PENSAMENTO RELAÇÕES E
e 11 meses)
E O NÓS MOVIMENTOS E FORMAS E IMAGINAÇÃO TRANSFORMAÇÕES
Brincam no pátio, praça ou jardim, Brincam de esconde, de pique, de Contam histórias com modulações Sabem organizar etapas de uma Utilizam diferentes instrumentos
em constante contato com a siga o mestre. Andam como robôs, de voz, objetos sonoros e tarefa, como uma receita culinária de medição convencional e não
natureza. zumbis e de outros jeitos. instrumentos musicais. ou as regras de um jogo. convencional para estabelecer
distâncias, comprimento e massa.
Interagem com outras crianças em Participam de jogos que envolvam Criam formas planas e volumosas Expressam-se na linguagem oral, Exploram relações de peso, tamanho e
brincadeiras e atividades. Participam orientar-se (em frente, atrás, no por meio da escultura/modelagem musical, corporal, na dança, no volume de formas bi ou tridimensionais,
de jogos de regras e aprendem a alto, embaixo), em resposta a e expressam-se sobre o processo desenho, na escrita, percebendo a transformação do espaço
construir estratégias de jogo. comandos da professora. de produção. na dramatização e outras. tridimensional em bidimensional.
Pesquisam em casa sua tradições Teatralizam histórias, com gestos Reconhecem padrões no uso de Debatem assuntos polêmicos Brincam de vender frutas na feira,
familiares, reconhecendo e expressões. Usam fantoches e cores em várias culturas e aplicam do cotidiano, como a forma de contar pontos em um jogo, olhar lista
elementos de sua identidade confeccionam cenários e figurinos. esse conhecimento. organizar os brinquedos. de preços, localizar data no calendário.
cultural. São práticas sociais que apoiam a
elaboração de conhecimentos acerca
da escrita de números.
Arrumam a mesa para um almoço Incluem em jogos desafios Fazem dobraduras com papel, Recontam histórias com recursos Solucionam problemas envolvendo
com os amigos e mantêm a motores (jogar futebol com uma constroem castelos de cartas, expressivos próprios, preservando noções geométricas, espaciais e de
organização de seus pertences. bola menor) ou conteúdo simbólico experimentam efeitos de luz e elementos da linguagem escrita. medidas como idade, altura, datas.
(pega vira “pega-monstro”). sombra com velas e lanternas. Comunicam quantidades e números,
de forma oral e escrita.
Estabelecem relações entre seu Dançam, imitam, criam e Pintam usando diferentes suportes Expõem impressões sobre prosas Desenham e interpretam imagens
modo de vida e as formas de coordenam movimentos, (papéis, panos, telas, pedaços ou poesia que ouviram e relatam de objetos a partir de diferentes pontos
viver de outros grupos. Exploram explorando o espaço e as de metal ou acrílico) e materiais aos colegas histórias lidas por de vista. Observam e comentam obras
brincadeiras e organização social qualidades do movimento. (aquarela, guache, lápis). alguém da família. que exploram formas simétricas.
de diferentes culturas.
Falam de situações pessoais Descrevem, avaliam e reproduzem Fazem improvisações e Levantam hipóteses sobre o que Explicam fenômenos e elementos
ou narram histórias familiares. apresentações de dança e outras composições com objetos sonoros está escrito e como se escreve. naturais, estabelecendo regularidades,
Discutem situações-problemas expressões da cultura corporal e constroem instrumentos musicais Localizam um nome específico em relacionando-os à necessidade dos
em grupo ou formas de planejar (circo, esportes, mímica, teatro). com materiais alternativos. uma lista de palavras. humanos por abrigo e cuidados básicos
um evento. e às mudanças nos hábitos dos animais.
195
Efetivando
Efetivando
Efetivando
direitos
direitos
direitos
e eaprendizagens
eaprendizagens
aprendizagens
nanana
Educação
Educação
EducaçãoInfantil
Infantil
Infantil
En cooperación con la
En cooperación con la
196
AVALIAÇÃO E EDUCAÇÃO INFANTIL
Um olhar sensível e reflexivo sobre a criança
(Jussara Hoffmann)
O QUE É AVALIAR?
- Avaliar é essencialmente questionar. É observar e promover experiências educativas que signifiquem provocações intelectuais significativas
no sentido do desenvolvimento do aluno. Dessa forma, as tarefas e testes mudam radicalmente de lugar e de importância no contexto
escolar. Enquanto na avaliação classificatória esses instrumentos ocupam o lugar de verificar, comprovar o alcance de um objetivo ao final
de um estudo, de um determinado tempo, na visão mediadora, ao contrário, elas assumem o caráter permanente de mobilização, de
provocação.
197
- Observação, reflexão e mediação
- Observação: o educador a estende o olhar mais profundo para outros alunos, para todos os alunos. Mais do que reunir dados ou fatos
que expliquem o seu desempenho atual, trata-se de uma reconstrução permanente de hipóteses à medida que o professor interage
com o aluno e efetiva sua mediação numa cadeia de ações flexíveis e de complexidade crescente. Prática para se aprender a observar,
registrar, reunir dados, analisar tarefas, escutar os alunos lendo, acompanhando brincadeiras, conversando com as famílias, ouvindo
outros professores.
- Reflexão: a avaliação em educação infantil precisa resgatar urgentemente o sentido essencial de acompanhamento do
desenvolvimento e de reflexão permanente sobre as crianças em seu cotidiano, como elo na continuidade da ação pedagógica.
- Mediação: envolvimento do professor com os alunos e no seu comprometimento com o progresso deles em termos de aprendizagens.
3 princípios essenciais orientam a prática mediadora: a) princípio dialógico/interpretativo da avaliação; b) princípio da reflexão
prospectiva; c) princípio da reflexão-na-ação.
198
AVALIAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL
- Formalização excessiva:
- Controle sobre a ação do professor e sobre o comportamento infantil
- Base: prática de elaboração de fichas comportamentais classificatórias
- Avaliar: registrar as atitudes que a criança apresentou, ao final de um período, aplicar testes, avaliação descontextualizada em
termos de dinâmica do cotidiano das crianças, boletins.
- Nas últimas décadas acreditou-se que a avaliação deveria transformar-se num processo objetivo, a partir da definição de critérios
definidos, claros e observáveis sobre o desempenho do aluno. Esse pressuposto resultou em padrões uniformes de avalição, em
definição de critérios mensuráveis, e numa arbitrariedade muito maior do processo porque sugeriram ao educador que o juízo
estabelecido sobre o aluno era absolutamente imparcial.
- O olhar sensível e reflexivo: o que se diz sobre as crianças, as verdades que são enunciadas, precisam ser sempre repensadas,
transformando-se em hipóteses a serem permanentemente investigadas por meio da observação e diálogo com as crianças, o que exige
estudo e reflexão teórica. (O conhecimento de uma criança é construído lentamente, pela sua própria ação e por suas próprias ideias que se
desenvolvem numa direção: para maior coerência, maior riqueza e maior precisão).
199
AVALIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO INFANTIL
- Piaget: a criança constrói conhecimento na sua interação com o objeto, entendido como o seu próprio corpo, as pessoas, os animais, a
natureza, os fenômenos do mundo físico em geral. Ao nascer cada criança apresenta processo internos que lhe possibilitam a aprendizagem,
mas que resultam em desenvolvimento a partir, essencialmente, da sua experiência sobre o meio e das condições que o meio lhe oferecer
para isso.
- Vygotsky: a ação da criança é essencial para o seu desenvolvimento. Ela atribui significados aos objetos, não a partir de sua herança genética
ou a partir dos estímulos do meio ambiente, mas pela interação com os elementos de sua cultura e do seu meio social. O curso do seu
desenvolvimento cognitivo é influenciado pelo meio sociocultural da criança, e as referências semânticas apresentadas pelas palavras e
conceitos vigentes no grupo social determinam o conteúdo e a forma, tanto das estruturas linguísticas quanto das estruturas do seu
pensamento.
- Professor: necessidade de abandonar listagens de comportamentos uniformes, padronizados, e buscar estratégias de acompanhamento da
história que cada criança vai construindo ao longo de sua descoberta do mundo. (Problema: utilização de fichas padronizadas).
200
- Avaliar para julgar ou para desafiar?
- O espaço pedagógico que respeita e valoriza a criança no seu próprio tempo é, antes de mais nada, um ambiente espontâneo, seguro
e desafiador.
201
202
- Pareceres descritivos ou relatórios de avaliação?
- Pareceres descritivos – equívocos na elaboração desses documentos:
- Muitos pareceres reduzem-se a apontar aspectos atitudinais das crianças, com julgamentos de valor sobre o seu
desenvolvimento em termos socioafetivos e cognitivos. São breves e superficiais.
- Pareceres elaborados sobre crianças de uma mesma turma tendem a referir-se sobre elas a respeito dos mesmos aspectos, numa
mesma sequência e ainda comparando atitudes evidenciadas.
- Alguns pareceres parecem apenas reproduzir, por extenso, fichas de comportamento, apresentando um rol de aspectos
apontados sobre a criança, sem clareza teórica ou significado pedagógico.
- Roteiros elaborados por diretores ou supervisores uniformizam o relato dos professores e centram-se muito mais na rotina do
professor do que na observação do desenvolvimento da criança.
- Os pareceres parecem atender muito mais ao interesse da família, no sentido de poder controlar o trabalho desenvolvido com os
seus filhos, do que ser um instrumento de reflexão sobre o desenvolvimento da criança e com significado pedagógico para o
professor ou a instituição.
- IMPORTANTE: A questão principal referente aos estudos atuais sobre o desenvolvimento infantil é o respeito pelas diferentes formas
de ser de cada criança, decorrentes de suas experiências próprias de mundo, ritmos de maturação, contextos sociais e culturais
diferenciados. Processos avaliativos embasados na comparação, a partir de padrões considerados normais, perseguem a uniformidade
de comportamento das crianças, negando a heterogeneidade normal dos indivíduos, concebendo-a como negativa e inesperada.
- Relatórios: revelam a clareza, a concretude no relato do desenvolvimento das crianças e a análise reflexiva, pelos professores, sobre os
diferentes momentos vividos pelas crianças. (A escola mostra que valoriza seus alunos no ser individual, sabe que cada um possui o
seu tempo e a sua hora de aprender, assimilar, crescer, sem ocorrer rotulações do que é certo ou errado. Provocam o olhar reflexivo do
professor sobre os desejos, interesses, conquistas, possibilidades e limites das crianças.
203
204
- Práticas de elaboração de relatórios de avaliação numa perspectiva mediadora:
- Os objetivos norteadores da análise do desenvolvimento da criança transparecem nos relatórios?
- Evidencia-se a inter-relação entre objetivos (socioafetivos e cognitivos) a serem alcançados, áreas temáticas trabalhadas e realização
de atividades pela criança?
- Percebe-se o caráter mediador do processo avaliativo?
- Privilegia-se, ao longo do relatório, o caráter evolutivo do processo de desenvolvimento da criança?
- Percebe-se o caráter individualizado no acompanhamento da criança?
- Procedimentos didáticos:
- Hoffmann define a avaliação como “um conjunto de procedimentos didáticos que se estendem por um longo tempo e em vários
espaços escolares”, realizando assim um processo de acompanhamento do desenvolvimento da criança, podendo utilizar-se de
instrumentos como: pareceres descritivos, fichas de avaliação, portfólio, relatórios, dossiês ou qualquer outra forma de registros ou
anotações.
- Relatórios Avaliativos Individuais: instrumento socializador de conquistas históricas, favorecendo o surgimento de outros olhares
reflexivos sobre a história da criança, tornando-a singular para muitas outras pessoas, e, ao mesmo tempo, contextualizando o seu
processo evolutivo e natural de desenvolvimento.
- Dossiê/Portfólio: dá relevância e visibilidade ao processo formativo de aquisição, treino e desenvolvimento de competências. Seu
caráter compreensivo, de registro longitudinal, permite detectar dificuldades e agir em tempo hábil, ajudando o aluno a melhorar.
Possibilita, ainda, a compreensão tanto da complexidade como das dinâmicas de crescimento do saber pessoal, proporcionando ao
professor a ressignificação contínua de sua prática.
205
- Fichas de Avaliação: apresentam-se como prática típica de avaliação infantil que se dá a partir do preenchimento dos instrumentos de
avaliação, ao final de algum período (semestre, bimestre, trimestre), com anotações de aspectos e características uniformes sobre crianças
em idades diferentes, frequentemente com termos vagos e imprecisos que enfatizam somente as atividades e áreas do desenvolvimento
das crianças que, muitas vezes, ainda não foram instigadas pelo professor.
206
EXERCÍCIOS
a) acompanhamento superficial
b) desenvolvimento cognitivo comprovado
c) provas mediante notas
d) acompanhamento e registro do desenvolvimento da criança
e) desenvolvimento mental comprovado
3) (FAFIPA – 2014) Sobre a avaliação na Educação Infantil, podemos afirmar que ela
207
4) (IPAD – 2010) A avaliação numa perspectiva mediadora, conforme entende Jussara Hoffmann (2004), tem a finalidade de:
a) Estabelecer a classificação entre os alunos capazes e incapazes, comparar diferenças, definir padrões homogêneos de sucesso e fracasso
b) Acompanhar e favorecer a progressão contínua do aluno, através das etapas de mobilização, experiência educativa e expressão do
conhecimento
c) Possibilitar a tomada de decisões de classificação com relação ao aluno, e decisões referentes à promoção e certificação pelo sistema
educacional
d) Manter o controle de cada passo do processo de aprendizagem dos alunos, para classificá-los
e) Favorecer o exercício da função burocrática, com base em regras neutras, objetivas e supostamente justas.
a) um instrumento de avaliação que permite a quantificação dos erros e acertos dos estudantes, sendo de grande valia para a atribuição das
notas finais
b) uma ferramenta de trabalho para o professor que pode utilizá-lo como um dossiê para comprovar as notas finais que cada estudante tirará
c) eficiente na obtenção de dados acerca das aprendizagens dos estudantes, constituindo-se num conjunto despretensioso de tarefas
realizadas ao longo do ano
d) usualmente utilizado nas salas de aula, propiciando trocas e feedbacks constantes entre professores e alunos, posto que cada um elabora o
seu
e) um dossiê da trajetória do estudante, constituindo-se em um instrumento de registro que propicia a memória dos processos de ensino e de
aprendizagem
208
6) ( FADESP – 2018) O instrumento de avaliação que consiste na “organização de uma coletânea de registros sobre aprendizagens do aluno que
favoreçam ao professor, aos próprios alunos e às famílias uma visão evolutiva do processo” (HOFFMANN,J. Avaliar para promover: as setas do
caminho. Porto alegre: Mediação, 2002, p.201) denomina-se
a) Relatório
b) Anedotário
c) Registro de observação
d) Mapa conceitual
e) Portfólio
7) Assinale a alternativa incorreta. O processo de avaliação na Educação Infantil, não tem como objetivo a promoção ou a classificação dos
alunos. Na Educação Infantil o acompanhamento do desenvolvimento da criança, deve garantir:
a) Documentação específica que permita às famílias conhecer o trabalho da instituição junto às crianças e os processos de desenvolvimento e
aprendizagem da criança na Educação Infantil
b) Utilização de múltiplos registros dos trabalhos realizados pelas crianças como, relatórios e fotografias dentre outros
c) A não retenção das crianças na Educação Infantil.
d) Apenas o trabalho com materiais lúdicos, excluindo os desenhos e a leitura.
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É HORA DE AVALIAR A EDUCAÇÃO INFANTIL À DISTÂNCIA… E NÃO
ESQUECER A DOCUMENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Diversas escolas de educação infantil já trabalham à distância há semanas.
Estamos trabalhando uma educação à distância ou a escola está ficando distante
das crianças e das famílias? O que têm acontecido? Será que no meio da busca
insana por atividades e recursos digitais, estamos parando para avaliar cada
proposta e o processo como um todo?
Percebemos que um poderoso instrumento de avaliação e devolutiva está sendo
deixado de lado: a documentação pedagógica. Como está a reflexão e a avaliação?
Como está acontecendo a devolutiva com olhar pedagógico para as crianças e os
pais?
217
materiais, preparo um ambiente, brinco com meu filho e faço um registro para
enviar para a escola.
Aí, a professora acompanha os registros e dá alguns retornos do tipo “que lindo”,
“parabéns”, “que legal”. E só!!!
Eu, mãe/pai penso:
bom, cumpri o solicitado… mas o que aconteceu de fato? Foi só “uma
brincadeira”/”mais um desenho”/”uma pintura”?
O que se perde nesse processo? O que está faltando?
Hoje, já olhamos com críticas para as práticas pedagógicas espontaneístas, que
“tiram coelhos da cartola” todos os dias, inventando atividades desconexas, sem
reflexão e avaliação sobre aprendizagens, interesses e necessidades. Ocorre que
não percebemos que podemos estar desenvolvendo justamente esta dinâmica com
as famílias! Falta o OLHAR PEDAGÓGICO sobre os acontecimentos. Falta, como
diz Madalena Freire, sistematizar os registros, refletir e dar uma DEVOLUTIVA.
Sem este elo da prática pedagógica, não fechamos o ciclo de ensino-aprendizagem
das crianças, das famílias e o nosso em relação aos encaminhamentos e
aprofundamentos.
Nesta postagem vamos pensar sobre documentação pedagógica para a educação
à distância. Para que a escola NÃO FIQUE DISTANTE da aprendizagem.
Retomando uma concepção de documentação pedagógica…
Fazer a documentação pedagógica é contar uma “história pedagógica” utilizando
recursos que sejam compreendidos pelo público ao qual se destina: crianças,
famílias ou colegas de equipe.
É bom lembrar que OS REGISTROS SÃO AS COLHEITAS DOS FRUTOS
PEDAGÓGICOS. MAS NÃO BASTA SÓ COLHER!
A narrativa da “história” deve deixar evidente a voz e o protagonismo da criança,
a interação com as famílias e também as reflexões do professor.
Para compor a narrativa é importante esquecer o que é genérico* e ressaltar os
acontecimentos e pensamentos sobre o contexto. É falar sobre situações únicas,
que só poderiam acontecer com aquelas crianças, aquelas famílias e o pensamento
e a ação pedagógica característica daquele professor. Uma boa documentação
pedagógica revela as particularidades das pessoas envolvidas no processo e, por
isso, é um retrato do conjunto singular composto pelo professor + crianças +
famílias.
Assim, para compor a documentação pedagógica é saber o que se quer
comunicar, para quem comunicar e como comunicar (o formato da documentação).
Em tempos de escola via internet, estudamos a Pedagogia do Bom Senso do
educador francês Freinet (1896 – 1966). Ao criar a Escola do Povo e difundir novas
218
concepções para a educação de crianças pequenas, Freinet propôs alguns
recursos para sistematizar e compartilhar as aprendizagens vivenciadas pelas
crianças, entre eles, o Jornal Mural e o Livro da Vida.
Para falar sobre este tema, gravamos dois videos … também estamos digitais
Também relacionamos dois percursos reflexivos para inspirar a avaliação das
práticas pedagógicas à distância. Talvez nossos questionamentos ajudem você a
pensar sobre sua prática!
Por fim, elaboramos um pequeno texto sobre alguns aspectos da vida e da Escola
do Povo de Freinet.
PERCURSO REFLEXIVO
Participou de encontros com outros educadores e percebeu que sua realidade mais
humilde demandava encontrar técnicas e recursos que pudessem ser utilizados por
todos.
Para Freinet, a natureza e a comunidade do entorno da escola eram tão
importantes quanto a sala de aula. As descobertas realizadas nos passeios e no
trabalho realizado a partir destas explorações precisavam ser registradas e
sistematizadas para que se transformassem em conhecimentos.
Com isso, Freinet propôs alguns recursos que despertavam o interesse e o
engajamento das crianças e que favoreciam a construção dos percursos de
aprendizagem:
1- O Jornal escolar e Jornal Mural– relatos sobre os acontecimentos organizados
de modo que todos pudessem ler e reviver o que havia sido registrado.
2 – O Livro da vida – um grande caderno coletivo com o registro dos
acontecimentos do dia a dia: um documento vivo que podia ser lido e construído por
todos – professores, crianças, famílias e comunidade.
219
3- Correspondência interescolar – um modo de ampliar ainda mais o
compartilhamento dos acontecimentos com outras comunidades escolares.
4- Fichário escolar – no lugar de livros e manuais escolares, a ideia era construir
um fichário com recortes de imagens e textos que interessavam os grupos.
Outro aspecto importante da pedagogia de Freinet foi a valorização do desenho
como expressão da criança, ilustração da documentação, representação simbólica
e precursor da escrita.
Até o fim de sua vida, Freinet lutou pela “Escola do Povo”, criando movimentos
políticos para defender uma pedagogia que pudesse envolver todas as crianças no
processo de aprendizagem, independentemente de características pessoais,
inteligência e meio social.
220
ISSN 1982 - 0283
NOVAS DIRETRIZES
PARA A EDUCAÇÃO
INFANTIL
Ano XXIII - Boletim 9 - JUNHO 2013
221
NOVAS DIRETRIZES PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL
SUMÁRIO
Apresentação........................................................................................................................... 3
Rosa Helena Mendonça
Introdução............................................................................................................................... 4
Zilma de Moraes Ramos de Oliveira
Texto 1 - As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil: uma breve apresen-
tação....................................................................................................................................... 10
Silvia Helena Vieira Cruz
222
Apresentação
A publicação Salto para o Futuro comple- A edição 9 de 2013 traz como tema Novas
menta as edições televisivas do programa diretrizes para a Educação Infantil e conta
de mesmo nome da TV Escola (MEC). Este com a consultoria de Zilma de Moraes Ra-
aspecto não significa, no entanto, uma sim- mos de Oliveira, professora e pesquisadora
ples dependência entre as duas versões. Ao da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras
contrário, os leitores e os telespectadores de Ribeirão Preto – FFCLRP-USP.
– professores e gestores da Educação Bási-
ca, em sua maioria, além de estudantes de Os textos que integram essa publicação são:
cursos de formação de professores, de Fa-
3
culdades de Pedagogia e de diferentes licen- 1. As Diretrizes Curriculares Nacionais
ciaturas – poderão perceber que existe uma para a Educação Infantil: uma breve
interlocução entre textos e programas, pre- apresentação
servadas as especificidades dessas formas
distintas de apresentar e debater temáticas 2. A experiência de aprender na Educação
223
Novas diretrizes para a Educação Infantil
INTRODUÇÃO
224
beres, de modo a promover igualdade de Mas, atualmente, as críticas em relação ao
oportunidades educacionais às crianças de modo como a concepção de currículo vinha
diferentes classes sociais, no compromisso sendo trabalhada nas escolas não ficam res-
de que a sociabilidade cotidianamente pro- tritas aos educadores da Educação Infantil,
porcionada às crianças lhes possibilite se mas são assumidas por vários setores que
perceberem como sujeitos marcados pelas trabalham no Ensino Fundamental e Médio,
ideias de democracia e de justiça social, e etapas que, inclusive, estão também reven-
se apropriarem de atitudes de respeito às do suas diretrizes curriculares.
demais pessoas, lutando contra qualquer
forma de exclusão social. A colocação dessa Por sua vez, nos últimos 20 anos, acumu-
tarefa requer uma forma de organização dos lou-se uma série de conhecimentos sobre
ambientes de aprendizagem que, na pers- as formas de organização do cotidiano das
pectiva do sistema de ensino, é orientada unidades de Educação Infantil de modo a
pelo currículo. promover o desenvolvimento das crianças.
Nesse sentido, o texto da professora Silva-
É importante lembrar que o debate sobre o na Augusto é ao mesmo tempo ilustrativo e
currículo na Educação Infantil tem gerado provocativo.
muitas controvérsias entre os professores 5
225
as maneiras de o professor exercer seu papel condições para ela se apropriar de determi-
(organizando o ambiente, ouvindo as crian- nadas aprendizagens que lhe promovem o
ças, respondendo-lhes de determinada ma- desenvolvimento de formas de agir, sentir e
neira, oferecendo-lhes materiais, sugestões, pensar que são marcantes em um momento
apoio emocional, ou promovendo condições histórico.
para a ocorrência de valiosas interações e
brincadeiras criadas pelas crianças etc.). Quando o/a professor/a ajuda as crianças a
compreender os saberes envolvidos na reso-
A atividade da criança não se limita à passiva lução de certas tarefas – tais como empilhar
incorporação de elementos da cultura, mas blocos, narrar um acontecimento, recontar
ela afirma sua singularidade atribuindo sen- uma história, fazer um desenho, consolar
tidos à sua experiência através de diferentes outra criança que chora etc. – são criadas
linguagens, como meio para seu desenvolvi- condições para o desenvolvimento de habili-
mento em diversos aspectos (afetivos, cog- dades cada vez mais complexas pelas crian-
nitivos, motores e sociais). Assim, a criança ças, que têm experiências de aprendizagem
busca compreender o mundo e a si mesma, e desenvolvimento diferentes de crianças
testando de alguma forma as significações que têm menos oportunidades de interação
que constrói, modificando-as continuamen- e exploração. O desafio que se coloca para a 6
te em cada interação, seja com outro ser hu- elaboração curricular e para sua efetivação
mano, seja com objetos. Em outras palavras, cotidiana é transcender a prática pedagó-
a criança, desde pequena, não só se apropria gica centrada no/a professor/a e trabalhar,
de uma cultura, mas o faz de um modo pró- sobretudo, a sensibilidade deste/a para uma
prio, construindo cultura por sua vez. aproximação real da criança, compreenden-
do-a do ponto de vista dela, e não no ponto
As experiências vividas no espaço de Educa- de vista do adulto.
ção Infantil devem possibilitar o encontro de
explicações pela criança sobre o que ocorre O campo de aprendizagens que as crianças
à sua volta e consigo mesma, enquanto de- podem realizar na Educação Infantil é muito
senvolve formas de sentir, pensar e solucio- grande. As situações cotidianas criadas nas
nar problemas. Nesse processo, é preciso creches e pré-escolas podem ampliar as pos-
considerar que as crianças necessitam en- sibilidades de as crianças viverem a infân-
volver-se com diferentes linguagens e valori- cia e aprenderem a conviver, brincar e de-
zar as brincadeiras, as culturas infantis. Não senvolver projetos em grupo, expressar-se,
se trata, assim, de transmitir à criança uma comunicar-se, criar e reconhecer novas lin-
cultura considerada pronta, mas de oferecer guagens, ouvir e recontar histórias lidas, ter
226
iniciativa para escolher uma atividade, bus- vez que é por meio dela que a instituição se
car soluções para problemas e conflitos, ou- abre à comunidade e possibilita sua partici-
vir poemas, conversar sobre o crescimento pação na elaboração e acompanhamento da
de algumas plantas que são por elas cuida- proposta pedagógica.
das, colecionar objetos, participar de brin-
cadeiras de roda, brincar de faz de conta, de Todas essas preocupações, além de marcar
casinha, ou de ir à venda, calcular quantas significativamente todas as instituições de
balas há em uma vasilha para distribuí-las Educação Infantil do país, devem ainda estar
pelas crianças presentes, aprender a arre- presentes nas seguintes situações aponta-
messar uma bola em um cesto, cuidar de sua das nas DCNEI: o trabalho pedagógico com
higiene e de sua organização pessoal, cuidar as crianças com deficiência, transtornos glo-
dos colegas que necessitam ajuda e cuidar bais de desenvolvimento e altas habilidades/
do ambiente, compreender suas emoções e superdotação, e o atendimento à demanda
sua forma de reagir às situações, construir das populações do campo, dos povos da flo-
as primeiras hipóteses, por exemplo, sobre resta e dos rios, indígenas, quilombolas por
o uso da linguagem escrita, e formular um uma educação e cuidado de qualidade para
sentido de si mesmas. seus filhos.
7
227
inadequados como instrumentos de educar, as práticas cotidianas vividas pelas crianças
cuidar e promover o desenvolvimento das nas instituições de Educação infantil e pela
crianças. Em parte, a presença desses mode- busca de formas de trabalho pedagógico
los é devida à longa tradição assistencialis- que possam caminhar na direção pretendi-
ta presente no processo de constituição da da. Se hoje algumas instituições já se encon-
área de Educação Infantil, em particular em tram bem avançadas na concretização de
relação à creche, o que prejudicou a elabora- suas propostas de modo compatível com as
ção de modelos pedagógicos mais afinados normativas trazidas pelas novas Diretrizes,
com as formas de promoção do desenvolvi- outras instituições podem, desde já, se en-
mento infantil. Outro fator é a ausência de volverem em amplo processo de renovação
uma política de formação específica para os de práticas, de revolução de representações
profissionais da Educação Infantil nos cur- cristalizadas sobre a criança, criando novas
sos de Pedagogia, com uma explicitação cla- expectativas acerca do que ela pode apren-
ra de suas atribuições junto às crianças, par- der e da melhor forma de fazê-lo. Afinal, não
ticularmente em relação àquelas com idade apenas as crianças são sujeitos do processo
entre zero a três anos. de aprendizagem, mas também seus profes-
sores se incluem no fascinante processo de
Nossa aposta é pelo envolvimento dos edu- ser “um eterno aprendiz”. 8
cadores que atuam na área na reflexão sobre
Para orientar as unidades de Educação Infantil na tarefa de aperfeiçoar suas práticas pedagógicas,
as novas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil (DCNEI), aprovadas pelo Conselho
Nacional de Educação em 2009 (Parecer CNE/CEB nº 20/09 e Resolução CNE/CEB nº 05/09), desafiam
os professores que atuam junto às crianças de 0 a 5 anos a construírem propostas pedagógicas que,
no cotidiano de creches e pré-escolas, deem voz às crianças e acolham a forma de elas significarem
o mundo e a si mesmas, em parceria com as famílias. Neste sentido, foram elencados três aspectos
a serem discutidos nesta edição temática: currículo, campos de experiência e avaliação.
2 Os textos desta publicação eletrônica são referenciais para o desenvolvimento dos assuntos abordados
na edição temática Novas diretrizes para a Educação Infantil, com veiculação no programa Salto para o Futuro/TV
Escola nos dias 3 e 5 de junho de 2013.
228
TEXTO 1: AS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO
INFANTIL: UMA BREVE APRESENTAÇÃO
O primeiro texto da edição temática tem como foco a exposição do processo de elaboração
das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil (DCNEI), aprovadas pelo Conselho
Nacional de Educação em 2009 (Parecer CNE/CEB nº 20/09 e Resolução CNE/CEB nº 05/09), com
explicitação da identidade da Educação Infantil, condição indispensável para o estabelecimen-
to de normativas em relação ao currículo e a outros aspectos envolvidos em uma proposta
pedagógica.
9
TEXTO 3: AVALIAÇÃO: INSTRUMENTO DO PROFESSOR PARA APRIMORAR
O TRABALHO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
O terceiro texto da edição temática traz importantes reflexões sobre a avaliação na Educação
Infantil, enquanto instrumento de reflexão sobre a prática pedagógica pelo professor, na medi-
da em que é ele quem pesquisa que elementos podem estar contribuindo, ou dificultando, as
possibilidades de expressão da criança, sua aprendizagem e desenvolvimento.
229
TEXTO 1
1 Doutora em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela Universidade de São Paulo. Professora
da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará – UFC.
230
torno do objetivo do trabalho pedagógico e Propostas Pedagógicas, uma contribuição
das estratégias utilizadas para alcançá-lo fa- preciosa destas DCNEI que precisa ser desta-
zem parte deste empenho da área de Educa- cada é a explicitação dos seus fundamentos
ção Infantil na construção da sua identidade. norteadores:
231
dos documentos produzidos nesse processo, crucial para dar visibilidade aos consensos
“Práticas cotidianas na Educação Infantil: provisórios e descensos que ainda persistem
bases para a reflexão sobre as orientações acerca de vários temas implicados no currí-
curriculares” (MEC/SEB, 2009a) serviu de culo para a Educação Infantil, nesse deter-
base para a elaboração de “Subsídios para as minado momento histórico.
Diretrizes Curriculares Nacionais Específicas
da Educação Básica” (MEC/SEB, 2009b). Um Nesse sentido, é preciso atentar para o fato
texto-síntese dos pontos básicos foi discuti- de que, embora as DCNEI tenham caráter
do em audiências públicas promovidas pela mandatório, isto é, devem ser consideradas
Câmara de Educação Básica do CNE nas ci- por todas as instituições que oferecem esta
dades de São Luís, Brasília e São Paulo. Além etapa da educação, cabe a cada instituição
disso, um grande número de entidades, uni- de Educação Infantil promover uma discus-
versidades, fóruns estaduais de educação in- são coletiva e democrática, da qual participe
fantil, profissionais e pesquisadores da área toda a comunidade escolar, a fim de definir
participaram de debates sobre a proposta como a sua proposta pedagógica poderá
inicial e puderam contribuir para a elabora- dela se beneficiar. Isto porque as decisões
ção final deste documento. acerca das concepções, objetivos, aborda-
gens metodológicas, avaliação etc. sempre 12
Vale destacar que as definições que necessa- precisam ser tomadas e assumidas por to-
riamente precisaram ser feitas aconteceram dos que fazem a instituição. As DCNEI não
com base nos conhecimentos, mas também substituem nem diminuem a importância
nas concepções, crenças, valores e desejos desse processo.
dos que delas participaram. Portanto, foi
um processo marcado por consensos e di- Ao cumprir o seu objetivo de orientar as po-
vergências que precisaram ser explicitadas líticas públicas e a elaboração, planejamen-
e, como afirma Bondioli (2004), “negocia- to, execução e avaliação de propostas peda-
das” entre os diversos atores sociais. Nele, gógicas e curriculares de Educação Infantil,
foram feitas “escolhas explicitamente éticas as DCNEI reúnem uma série de princípios,
e filosóficas, julgamentos de valor realiza- fundamentos e procedimentos expressos
dos em relação às questões mais amplas do nos seus diversos artigos. Todos eles são
que queremos para os nossos filhos hoje e relevantes, mas considerando que alguns
no futuro”, como afirmam Dahlberg, Moss aspectos serão tratados em outros textos
e Pence (2003, p. 144) acerca do discurso da desta edição temática, gostaria, nesse mo-
construção de significados. Assim, o pró- mento de destacar apenas algumas defini-
prio processo de construção das DCNEI foi ções trazidas neste documento e como nele
232
é vista a função sociopolítica e pedagógica do precisam ser sensíveis e levar em conta as
das instituições de Educação Infantil. suas curiosidades, interesses e desejos. Além
disso, ao referir-se a práticas, é evidente que
estão sendo consideradas as formas caracte-
CURRÍCULO (ARTIGO 3º)
rísticas de as crianças se apropriarem de co-
cupações acerca do tema currículo. Consi- anos iniciais, em alguma medida as práticas
derando que se trata de bebês e crianças tão cotidianas têm papel relevante nessa apro-
de que passe a predominar uma tônica “es- por estas experiências oferecidas pelo cur-
cia. Assim, o tema currículo para a Educação 0 a 5 anos de idade”, retomando o objeti-
do como “um conjunto de práticas que bus- seu desenvolvimento físico, afetivo e social.
233
da criança como sujeito histórico e de di- pelos adultos, são agentes ativos que cons-
reitos, é ressaltado que ela constrói a sua troem suas próprias culturas e contribuem
identidade pessoal e coletiva através das in- para a produção do mundo adulto, confor-
terações, relações e práticas cotidianas que me preconiza a Sociologia da Infância.
vivencia. Apesar de esse processo de cons-
trução da identidade continuar ao longo da A apropriação da concepção de criança ati-
vida, nos anos pré-escolares ele é particu- va, competente, curiosa, questionadora,
larmente intenso; nesse período são dados com desejos, imaginação e fantasias pró-
os passos decisivos para a diferenciação e prios, pode significar uma mudança radical
individuação da pes- na prática pedagógica, no currículo pratica-
soa, para a constru- do. Não é uma mu-
ção da consciência A apropriação da dança simples, pois
de si, na perspectiva concepção de criança esta concepção não
walloniana. E o fato é hegemônica na
ativa, competente,
de esse processo nossa sociedade,
curiosa, questionadora,
acontecer nas inte- que geralmente vê
rações, relações e
com desejos, imaginação as crianças como
práticas cotidianas e fantasias próprios, pouco competen- 14
234
A definição de Educação Infantil ressalta o a frequência na Educação Infantil não é pré-
seu caráter institucional e educacional. O requisito para a matrícula no Ensino Funda-
caráter educacional é reafirmado ao definir mental. Mesmo tendo em vista a atual obri-
que se trata de um atendimento feito no gatoriedade de matrícula das crianças de
período diurno (o que descarta a denomi- quatro e cinco anos (Emenda Constitucional
nação de creche ou pré-escolas para outros nº 59), é provável que tenha sido considera-
tipos de atendimentos dos quais as famílias do que essa obrigatoriedade deverá ser im-
também necessitem), o que é também re- plementada progressivamente até 2016 e há
forçado quando assevera que os estabeleci- ainda um grande número de crianças exclu-
mentos que oferecem creches e pré-escolas ídas do seu direito à educação.
são regulados e supervisionados por órgão
competente do sistema de ensino. A função sociopolítica e pedagógica das ins-
tituições de Educação Infantil (Artigo 7º)
A reafirmação do caráter institucional e edu-
cacional da Educação Infantil é necessária e Segundo as DCNEI, a proposta pedagógica
oportuna. As DCNEI mostram-se atentas ao das instituições de Educação Infantil deve
atual momento histórico, em que conquis- garantir que elas cumpram plenamente
tas da área na direção da garantia de quali- duas funções: sociopolítica e pedagógica. 15
dade e construção da identidade de creches Gostaria de ressaltar aqui alguns requisitos
e pré-escolas são ameaçadas. Ao explicitar o que são apontadas para isso:
caráter institucional, não doméstico, toma
posição contra a existência, por exemplo, a) O oferecimento de “condições e recur-
de “creches domiciliares”, iniciativa que sos para que as crianças usufruam
tem sido tomada por alguns municípios. E seus direitos civis, humanos e sociais”
o fato de creches e pré-escolas fazerem par- (Inciso I), pelo reconhecimento de que
te do sistema de ensino tem consequências é necessário garantir nas instituições
importantes, por exemplo, para a carreira e pré-requisitos para um trabalho de
condições de trabalho dos professores que qualidade, que vão desde a infraestru-
aí atuam. tura dos prédios até como é desenvol-
vida a formação continuada e o acom-
Ao citar o dever do Estado de garantir a ofer- panhamento dos professores; como
ta de Educação Infantil pública, gratuita e é realizado o planejamento; qual a
de qualidade, sem requisito de seleção, tam- qualidade e diversidade dos brinque-
bém é reafirmado o direito das crianças à dos, livros de literatura infantil etc.
educação. Por outro lado, é considerado que disponíveis para as crianças. São es-
235
sas condições e recursos, oferecidos a na famosa afirmação de Paulo Freire,
todas as crianças, que irão promover a educação não transforma o mundo,
a “igualdade de oportunidades educa- a educação muda pessoas. E pessoas
cionais entre as crianças de diferen- mudam o mundo.
tes classes sociais no que se refere ao
acesso a bens culturais e às possibili- Gostaria de concluir esta breve apresenta-
dades de vivência da infância”, como ção ressaltando que, ao longo de vários arti-
apontado no Inciso IV. gos, este documento chama a atenção para
o necessário cuidado com as crianças, par-
b) A construção de “novas formas de so- ticularmente com as características que as
ciabilidade e de subjetividade compro- constituem e as fazem singulares, diferen-
metidas com a ludicidade, a democra- tes de outros como indivíduos ou grupos. Os
cia, a sustentabilidade do planeta e princípios éticos já se referem ao respeito
com o rompimento de relações de do- às diferentes culturas, identidades e singu-
minação etária, socioeconômica, étni- laridades, os princípios políticos incluem os
co-racial, de gênero, regional, linguís- direitos de cidadania de todas as crianças, e
tica e religiosa” (Inciso V, grifos meus), os estéticos referem-se à sensibilidade, cria-
que me parece expressar o potencial tividade, ludicidade e liberdade de expressão 16
revolucionário da Educação Infantil. nas diferentes manifestações artísticas e
Afinal, aponta a possibilidade de uma culturais, que são essenciais na construção
intervenção positiva na construção da da identidade das crianças.
sociabilidade e subjetividade infantis
em curso, de tal maneira bem suce- Ao definir o próprio objetivo da proposta
dida que contribua fortemente para pedagógica das instituições de Educação
o nascimento de pessoas comprome- Infantil, é apontado que ela deve garantir
tidas com valores como a ludicidade, à criança “o direito à proteção, à saúde, à
a democracia e a sustentabilidade do liberdade, à confiança, ao respeito, à digni-
planeta. E as novas formas de sociabi- dade, à brincadeira, à convivência e à inte-
lidade e de subjetividade construídas ração com outras crianças” (Artigo 8º). Em
podem ser capazes de romper com vários incisos deste artigo, é afirmado como
relações de dominação tão presentes deve acontecer a efetivação deste objetivo.
na nossa sociedade: etária, socioeco- Entre as condições arroladas está a garan-
nômica, étnico-racial, de gênero, re- tia do cuidado como algo indissociável ao
gional, linguística e religiosa. Há algo processo educativo e o reconhecimento das
de muito promissor nisso, pois, como especificidades etárias, das singularidades
236
individuais e coletivas das crianças (incisos pa da educação realmente contribuir para
I e V deste mesmo artigo). Tais singularida- a formação de novas pessoas. Pessoas que,
des estão contempladas, também, ao tratar além de se apropriarem “dos conhecimentos
da necessidade de assegurar às crianças com que fazem parte do patrimônio cultural, ar-
deficiência, transtornos globais de desenvol- tístico, ambiental, científico e tecnológico”,
vimento e altas habilidades/superdotação sejam comprometidas “com a ludicidade, a
a acessibilidade de espaços, materiais, ob- democracia, a sustentabilidade do planeta e
jetos, brinquedos e instruções (Inciso VII). com o rompimento de relações de domina-
Por outro lado, os incisos IX e X afirmam o ção etária, socioeconômica, étnico-racial, de
imperativo de que sejam combatidos o ra- gênero, regional, linguística e religiosa”.
cismo e a discriminação e preservada a dig-
nidade da criança como pessoa humana,
REFERÊNCIAS
garantindo-lhe a proteção contra qualquer
forma de violência – física ou simbólica – BRASIL/Ministério da Educação. Conselho
e negligência no interior da instituição ou Nacional de Educação. Diretrizes Curricula-
praticadas pela família. Os parágrafos 2º e res Nacionais para a Educação Infantil. Pa-
3º deste artigo também expressam cuidado recer CEB nº. 22, de 7/12/98. Brasília: MEC,
em relação às peculiaridades das crianças, 17
1998.
ao tratar da educação das crianças perten-
centes aos povos indígenas e das que são fi- BRASIL/Ministério da Educação/Secretaria de
lhas de agricultores familiares, extrativistas, Educação Básica/Universidade Federal do Rio
pescadores artesanais, ribeirinhos, assenta- Grande do Sul. Projeto de cooperação técnica
dos e acampados da reforma agrária, qui- MEC e UFRGS para construção de orientações
lombolas, caiçaras, povos da floresta: é ex- curriculares para a educação infantil. Práticas
plicitado o reconhecimento e o respeito aos cotidianas na Educação Infantil: bases para
diferentes conhecimentos, crenças, valores, a reflexão sobre as orientações curriculares.
concepções e práticas dessas populações, o MEC/SEB, 2009a.
seu papel na constituição da identidade das
crianças e, portanto, a necessidade de que BRASIL/Ministério da Educação/Secretaria
sejam contemplados na prática pedagógica. de Educação Básica/Diretoria de Concepções
e Orientações Curriculares para Educação
Se o conjunto de práticas que constitui o Básica. Subsídios para as Diretrizes Curricula-
currículo na Educação Infantil acontecer res Nacionais Específicas da Educação Básica.
com esse cuidado que é preconizado, haverá MEC/SEB, 2009b.
grande possibilidade de esta primeira eta-
237
BRASIL/Ministério da Educação. Conselho BONDIOLI, Anna (org.). O projeto pedagógico
Nacional de Educação. Revisão das Diretrizes da creche e a sua avaliação: a qualidade ne-
Curriculares Nacionais para a Educação In- gociada. Campinas – SP: Autores Associados,
fantil. Parecer CNE/CEB nº. 20, de 11/11/2009. 2004.
Brasília: MEC, 2009
DAHLBERG, G. MOSS, P. e PENCE, A. Qualida-
BRASIL/Ministério da Educação. Conselho de na Educação da primeira infância: perspec-
Nacional de Educação. Diretrizes Curricula- tivas pós-modernas. Porto Alegre: Artmed,
res Nacionais para a Educação Infantil. Reso- 2003.
lução CNE/CEB nº 5, de 17/12/2009. Brasília:
MEC, 2009.
18
238
Texto 2
A experiência de aprender na Educação Infantil
Silvana de Oliveira Augusto1
239
de modo reflexivo: é preciso aprender com heterônoma pelos adultos; exercícios repeti-
a experiência. No mundo profissional, a ex- tivos de coordenação motora, preparatórios
periência agrega valor ao trabalho especiali- de alfabetização, entre outros, são alguns
zado, complementando e, muitas vezes, se exemplos de vivências que comumente não
sobrepondo à formação universitária. constituem uma experiência transformado-
ra. Da mesma forma, muitas vezes, os pro-
Também usamos a palavra experiência para fessores vivem o cotidiano como um lida,
nos referirmos ao modo de funcionamento cheio de afazeres e tarefas que se repetem
de muitos campos das ciências, um modo de um dia a outro, submetido ao funciona-
que pressupõe procedimentos e protocolos mento burocrático de uma instituição que
para verificar ou demostrar certa hipótese. pouco altera sua condição profissional, o
Esse termo também é usado pelos artistas sentido de ser professor. Em todos esses ca-
em sentido contrário ao do cientista, menos sos, não se vê o que toca o sujeito de modo
ligado à repetição de procedimentos, mas, a promover mudanças importantes em seu
sim, ao imprevisto, à surpresa, à inovação, comportamento, na visão de mundo, no
características típicas das vanguardas. modo de se expressar. São experiências, no
entanto, não são boas e próprias da Educa-
Muitas vezes, a ideia de experiência é confun- ção Infantil. 20
dida com a de vivência, mas, vivenciar não é
o mesmo que experienciar. Somos expostos De que modo a experiência da Educação In-
cotidianamente a inúmeras situações, às fantil pode se distinguir de qualquer outra
vezes conhecidas, outras vezes novas. Mas experiência para crianças e professores?
nem todas se constituem em experiência
educativa. Uma análise de um dia vivido na A ideia de experiência pode aparecer na ins-
instituição de Educação Infantil pode apon- tituição em todos esses sentidos. A criança
tar uma lista de inúmeras atividades pelas pode se envolver nas propostas que lhe são
quais as crianças e professores passam e feitas com a curiosidade própria da experi-
que pouco as afetam. Atividades com pouco mentação dos cientistas, a criatividade da
ou nenhum desafio, como preencher fichas inovação dos artistas experimentais, a práti-
de tarefas simples, ligar pontos, colorir de- ca que conduz todas as ações no dia a dia, a
senhos prontos etc.; conhecer uma grande sabedoria da memória de situações já vividas.
quantidade de informações extraídas dos Mas a mais importante característica des-
livros, sem conversar com os colegas sobre sa experiência reside na sua capacidade de
os sentidos que isso tem para cada um; lon- transformação. A experiência é fruto de uma
gos períodos de espera conduzidos de forma elaboração, portanto, mobiliza diretamente
240
o sujeito, deixa marcas, produz sentidos que de modo a promover o desenvolvimento
podem ser recuperados na vivência de outras integral de crianças de 0 a 5 anos de ida-
situações semelhantes, portanto, constitui de (DCNEI, art.3º).
um aprendizado em constante movimento.
Nessa formulação, a ideia de experiência pa-
Aprender em si mesmo, como processo que
rece se referir à história que as crianças car-
alavanca o desenvolvimento, é uma experiên-
regam, aos saberes que puderam construir
cia fundamental às crianças e compromisso
na vida e a seus modos próprios de sentir,
de uma boa instituição educativa.
imaginar e conhecer.
A ideia de experiên-
Esse modo de com-
cia está presente nas
preender a experi-
Diretrizes Curricula- Para a Educação Infantil, é
ência como articu-
res Nacionais para muito importante refletir lação dialoga com
a Educação Infantil,
sobre o que significa tendências contem-
documento fixado
adquirir experiência, porque porâneas da Ciên-
pelo Conselho Na-
cional de Educação
é na experiência que as cia e se enquadra
no paradigma da
em 2009 para nor- crianças se diferenciam 21
complexidade, que
matizar aspectos umas das outras, mais do
assume o processo
do funcionamento que por sua idade ou classe de desenvolvimento
das instituições de
social. não como resultado
Educação Infantil e
da simples transmis-
apoiar a organização
são, mas, sim, do
de propostas peda-
funcionamento de redes, de complexos pro-
gógicas voltadas para as crianças de 0 a 5
cessos que envolvem a imersão cultural de
anos. A primeira referência a essa ideia apa-
uma criança e as interações que surgem de
rece no capítulo das definições, no item que
sua própria rede de significações (Oliveira,
define o currículo de Educação Infantil. Ali,
2002, 2011; Rossetti-Ferreira, Amorim & Sil-
o currículo é entendido como:
va, 2004).
[...] conjunto de práticas que buscam ar- Nesse paradigma, os saberes das crianças
ticular as experiências e os saberes das devem ser validados pela escola e conside-
crianças com os conhecimentos que fa- rados desde o planejamento do professor,
zem parte do patrimônio cultural, artís- visando à sua articulação aos novos conhe-
tico, ambiental, científico e tecnológico, cimentos. O que se espera é que a criança
241
possa envolver-se em processos de significa- tos que fazem parte do patrimônio cultural,
ção tomando os novos conhecimentos e di- artístico, ambiental, científico e tecnológi-
ferentes modos de aprender como parte de co. Por exemplo, uma criança não aprende
sua própria experiência. a Língua Portuguesa, mas, sim, as práticas
de comunicação e expressão em sua língua,
Para a Educação Infantil, é muito impor-
nas diferentes situações sociais. Não apren-
tante refletir sobre o que significa adquirir
de Literatura, mas, sim, a ser um bom ou-
experiência, porque é na experiência que as
vinte de leituras feitas pelos professores,
crianças se diferenciam umas das outras,
a ser leitor/a antes mesmo de saber ler, a
mais do que por sua idade ou classe social.
ser apreciador/a de bons textos literários,
Pensar um currículo como um conjunto de
contador/a de histórias. Não aprende Histó-
práticas que articulam experiências impli-
ria da Arte, mas, sim, a relacionar-se com as
ca assumir que não basta ao professor e à
produções de artistas em diversos tempos.
própria instituição deixar o tempo passar e
Não aprende Ciências, mas, sim, a explorar,
apenas acompanhar as experiências espon-
observar, registrar, testar suas hipóteses so-
tâneas e casuais das crianças. A experiência
bre o mundo da natureza, comunicar o que
da Educação Infantil tem um compromisso
aprendeu a outros etc. Em todos esses ca-
com o aprender da criança pequena, sendo 22
sos, o próprio processo de significações é
essa a sua principal característica.
visto como experiência do sujeito.
242
mostraram que o desenvolvimento humano que a cercam, a emitir sons e gestos que
não é um processo natural e sim produto de provocam os adultos a com ela interagirem.
processos sociais mediados pela cultura. A É no contato com aquele que a acolhe que
partir de Vigotski, podemos dizer que a ex- ela aprende a se comunicar, primeiramente
periência é construída na interação. por gestos e balbucios, antes que pelas pala-
vras. É na relação de seu corpo em contato
A ideia de interação social é assim apro- com aquele que lhe dá colo, que a toca, a
ximada da noção de ação conjunta, da abraça, a afaga, que ela reconhece o contor-
relação Eu / Outro, em que sentidos são no do próprio corpo e aprende o que signi-
construídos sempre em resposta a uma fica sentir-se segura. É na interação com o
alteridade. Mas tal noção vai além dis- meio que ela inicia a jornada para erguer-se
so e abrange o social enquanto aparato e sustentar-se ereta, primeiramente com al-
histórico e ideológico, enquanto conjun- gum apoio, até que possa, autonomamen-
to de normas, valores, representações. te, dar seus próprios passos. Nesse sentido,
Assim, a atividade em parceria na rea- podemos dizer que não é com a experiência
lização de atividades culturais concre- que a criança aprende, mas sim na experi-
tas – tais como: construir um brinquedo ência.
com sucata, consolar alguém, escrever 23
243
como banho, trocas de fraldas, cuidados bal, plástica, dramática e musical” (DCNEI,
de higiene pessoal, nas brincadeiras de faz art. 9º, inciso II).
de conta etc., as crianças podem construir
experiências que ampliam sua confiança e Além de aprender nas ações cotidianas e
participação nas atividades individuais e co- na imersão nesse ambiente cultural que é a
letivas (DCNEI, art. 9º, inciso V). instituição de Educação Infantil, as crianças
também podem aprender em propostas es-
É também no cotidiano da Educação Infan- peciais que envolvam pesquisar um assunto
til que as crianças observam aspectos da novo. Elas podem, por exemplo, conhecer
cultura escrita, na forma como os adultos melhor um determinado ambiente natural
se relacionam com ela, como recorrem à e suas relações com os homens. A partir
escrita para organizar o cotidiano, para se desse estudo, elas podem criar formas de
informar, se divertir etc. Atividades siste- comunicar o que aprenderam a outros cole-
máticas de leitura pelo professor, de recon- gas como, por exemplo, uma apresentação
to de histórias pelas crianças, de rodas de oral a outros grupos, ou a organização de
conversa, associadas a projetos especiais de um espaço expositivo desse ambiente. Nes-
estudo de determinado repertório de histó- se contexto, as crianças podem viver experi-
rias e pesquisas das brincadeiras da tradição ências que: 24
244
Os conhecimentos matemáticos, por exem- manifestações de música, artes plásticas
plo, ao contrário do que muitos pensam, não e gráficas, cinema, fotografia, dança, te-
são espontâneos na criança, mas sim cons- atro, poesia e literatura” (DCNEI, art. 9º,
truídos a partir de sua interação com os nú- inciso IX).
meros, suas relações e as práticas sociais em
O mesmo pode ser feito com relação às fes-
que contar, comparar, calcular etc. estão em
tas regionais que as escolas costumam re-
jogo. Por isso, é necessário que a instituição
produzir. Quando isso é feito na perspectiva
de Educação Infantil desenvolva um trabalho
da experiência educativa e não apenas do
pedagógico intencional que garanta experi-
evento comercial, as crianças podem inte-
ências que “recriem, em contextos significa-
ragir com os conhecimentos que são trans-
tivos para as crianças, relações quantitativas,
mitidos pelas manifestações e tradições cul-
medidas, formas e orientações espaço tem-
turais brasileiras (DCNEI, art. 9º, inciso XI).
porais” (DCNEI, art. 9º, inciso IV).
245
terminados pela sucessão dos episódios, tes para as atividades, o que propõe uma
pela sua recorrência no decorrer do dia, aproximação com vistas à construção de
pelo ritmo geral, pelas modulações das familiaridade com determinadas práticas,
várias dimensões; aspectos dinâmicos que exigem o desenvolvimento de hábitos e
do contexto educativo que, em um jogo comportamentos específicos. É o caso, por
de oscilações entre a continuidade e a exemplo, da roda para conversar, da roda
descontinuidade, se traduzem em uma para ler e contar histórias, dos momentos
vivência que se articula entre o polo do de alimentação. É possível, ainda, propor se-
familiar, do habitual e do previsível, e o quências didaticamente pensadas para pro-
polo do inédito, do inesperado e do esti- por graus crescentes de desafios às crianças,
mulante (Nigito, 2004, p.44). sempre baseadas em avaliações das apren-
dizagens e na projeção de novos objetivos.
Muitas instituições de Educação Infantil
Outra maneira é a organização de projetos
costumam planejar em função da diversida-
coletivos que permitem à criança aprender
de, prioritariamente, porque muitos profes-
com seus pares e ser apoiada na pesquisa,
sores pensam que as crianças gostam de no-
investigação, sistematização e comunicação
vidades. No entanto, análises de percursos
de novos conhecimentos, utilizando seus
criativos de crianças mostram o contrário: a 26
próprios recursos, além de outros que ela
novidade não está na atividade aplicada pela
pode ter acesso no ambiente da Educação
professora, mas sim nas novas descobertas
Infantil, tais como livros, vídeos, instrumen-
resultantes da atividade da própria criança e
tos e materiais específicos etc.
do sentido que ela constrói para o que está
fazendo (Augusto, 2009). A diversidade de O problema da gestão pedagógica está no
experiências é pano de fundo para as elabo- fato de que o tempo de elaboração das crian-
rações das crianças, mas é a continuidade ças, subjetivo, não obedece a relógios. Nas
que promove a exploração, a investigação, atividades individuais, por exemplo, é co-
a sistematização de conhecimentos e a atri- mum que algumas crianças concluam suas
buição de sentido. produções em menor tempo. Outras demo-
ram mais. Às vezes, encontram dificuldades
Estudos mais específicos no campo da di-
técnicas em solucionar seus problemas, em
dática já sistematizaram formas de gestão
outras se entretêm com o que observam na
desse tempo e trouxeram pistas que podem
mesa ao lado, pensam, alimentam novas
ser interessantes para a Educação Infantil
ideias, iniciam novos projetos quando já de-
(Lerner, 2002). Uma das formas é a institui-
viam estar encerrando o programado. Por
ção de tempos mais estáveis e permanen-
isso, construir uma experiência que respeite
246
os tempos de criação de cada um é um de- A EXPERIÊNCIA DE SER
safio para o professor, mas necessário à Edu- PROFESSOR
cação Infantil, já que aprender a reconhecer
e lidar com seus próprios tempos, o interno Por fim, é importante considerar que o pro-
Do ponto de vista prático, o professor ções para a experiência das crianças está
experiências? Por que todos/as precisam professor não se dá isoladamente, mas sim
sempre fazer tudo juntos? Isso é mesmo em contextos de interações. Ele está imerso
do grupo? Que alternativas ou opções ofe- ordenador pedagógico etc. Nessa interação
recer aos que já concluíram o que estavam está em jogo a sua própria história de vida, 27
fazendo? No seu planejamento diário, o que se articula à história de vida de seu gru-
tas que ele fará ao grupo e também tem- experiência de ouvir e de se relacionar com
ais em qualquer situação, seja em ateliês com os colegas com maior ou menor expe-
de arte, no parque etc. A criança tem mui- riência profissional, tudo isso compõe a di-
to que aprender sobre seu tempo de pro- versidade de situações a que ele é exposto
deve organizar modos de apoiar essa im- sobre a prática e a possibilidade de planejar
portante aprendizagem. Observando aten- uma e mais outra vez, de verificar os resulta-
tamente como as crianças vivem o tempo dos com o grupo de crianças, de registrar e
de criação, será possível criar alternativas comparar as diferentes reações das crianças
à gestão da sala, para que não haja homo- vão pouco a pouco permitindo que, ao longo
247
roga, testa, confirma, cria, aprecia, marca, NIGITO, G. Tempos institucionais, tempos
transforma. Um saber que só se constitui de crescimento: a gestão do cotidiano dos
na experiência de ser um professor. pequenos, dos médios, dos grandes na cre-
che. In: BONDIOLI, A. (org). O tempo no coti-
diano infantil, perspectivas de pesquisa e estu-
REFERÊNCIAS
dos de casos. São Paulo: Cortez, 2004.
ção do olhar do professor para os desenhos de São Paulo: Martins Fontes, 2002.
248
Texto 3
1 Mestre em Psicologia pela Universidade de São Paulo (2001) e doutora em Educação: Currículo pela
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Professora do Instituto Superior de Educação Vera Cruz (ISEVEC) nos
cursos de Graduação em Pedagogia e de Especialização em Gestão Pedagógica e Formação na Educação Infantil.
2 Faço essa distinção porque, em algum momento do processo, alterou-se a indicação de notas ou conceitos
para relatórios descritivos, mas que continuaram seguindo a mesma lógica de avaliação anterior.
249
educação infantil. Ao mesmo tempo, aponta avaliação que têm como foco o atendimen-
para a direção de que esses processos avalia- to oferecido em creches e pré-escolas, sejam
tivos serão realizados: para acompanhamen- ações desenvolvidas no âmbito da unidade
to e registro do desenvolvimento da criança (avaliação institucional), sejam aquelas de-
na educação infantil. De lá para cá, o debate senvolvidas no âmbito da rede (incluindo as
tem se ampliado e se complexificado, pois avaliações de políticas educacionais, de pro-
as ênfases e perspectivas são diversas. Além gramas e do próprio sistema).
disso, a questão da avaliação está presente
no cotidiano das creches e pré-escolas e as Na educação infantil brasileira, atualmen-
equipes de trabalho continuam desafiadas a te, ainda não há dispositivos configurados
construir seus processos avaliativos. de avaliação e monitoramento do funcio-
namento dos sistemas de ensino, apesar de
algumas discussões virem sendo feitas em
DO MACRO AO MICRO: nível federal e municipal. Sem pretender
AVALIAÇÃO NA E DA EDUCAÇÃO abordar a complexidade dessa discussão, há
INFANTIL que se ressaltar a importância de construir
ferramentas que possibilitem conhecer a
No cenário atual da educação, a avaliação foi
oferta de educação infantil no que se refere 30
ganhando amplitude para além do foco nos
à sua qualidade de atendimento aos bebês e
processos de aprendizagem até a implemen-
crianças pequenas.
tação das avaliações de sistemas de ensino.
250
As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Seguindo a direção da LDB, as Diretrizes Cur-
Educação Infantil (Resolução n° 5, CNE/CEB, riculares Nacionais para a Educação Infan-
2009) colocam em seu artigo 10°: til definem como tarefa das instituições de
Educação Infantil a construção de procedi-
As instituições de Educação Infantil devem criar mentos para o acompanhamento do traba-
procedimentos para acompanhamento do tra- lho pedagógico e para avaliação do desen-
balho pedagógico e para avaliação do desenvol- volvimento das crianças. Estão presentes,
vimento das crianças, sem objetivo de seleção, portanto, nesse artigo, os dois âmbitos que
promoção ou classificação, garantindo: compõem a avaliação na Educação Infantil:
a instituição e seu trabalho pedagógico pla-
I - a observação crítica e criativa das ativi- nejado e desenvolvido e o desenvolvimen-
dades, das brincadeiras e interações das to das crianças. É fundamental que não se
crianças no cotidiano; perca de vista esses dois polos, pois é só na
interação entre eles que poderemos efetiva-
II - utilização de múltiplos registros realiza- mente construir processos avaliativos con-
dos por adultos e crianças (relatórios, textualizados e que efetivamente funcionem
fotografias, desenhos, álbuns etc.); como ferramenta de aprimoramento do tra-
balho na educação infantil. 31
III - a continuidade dos processos de apren-
dizagens por meio da criação de estraté- Essa perspectiva nos coloca frente à ques-
gias adequadas aos diferentes momentos tão da interação da criança com o cotidia-
de transição vividos pela criança (transi- no da unidade, que é organizado, planejado,
ção casa/instituição de Educação Infan- pensado para a vivência de um conjunto de
til, transições no interior da instituição, aprendizagens consideradas importantes
transição creche/pré-escola e transição naquela comunidade. Esse meio social edu-
pré-escola/Ensino Fundamental); cativo constitui o cenário em que se concre-
tiza o currículo e, nesse sentido, o trabalho
IV - documentação específica que permita pedagógico, que constitui um aspecto da
às famílias conhecer o trabalho da ins- avaliação. Vale ressaltar que o professor é
tituição junto às crianças e os processos não só organizador desse meio educativo,
de desenvolvimento e aprendizagem da como ele mesmo faz parte desse meio, o que
criança na Educação Infantil; destaca a importância desse profissional.
V - a não retenção das crianças na Educação Na interação com esse meio (que a nosso ver
Infantil. deve ser continuamente pensado, reorgani-
251
zado, incrementado), a criança pode viver ram? (Oliveira, Maranhão, Abbud, Zura-
uma diversidade de experiências de apren- wski, Ferreira e Augusto, 2012, no prelo).
dizagem, que são significadas no contexto
Nessa direção, a avaliação constitui instru-
das práticas sociais: aprender a conviver
mento de aprimoramento do trabalho do
com outras pessoas, a cuidar da natureza,
professor e da própria instituição, pois ilu-
diferentes formas de se expressar, a amarrar
mina as condições de acontecimento dos
os sapatos, o valor social da alimentação e
processos de aprendizagem.
formas saudáveis de alimentação e cuidado
consigo mesma e com o outro etc. A avalia-
ção consiste em conhecer sob que condições UM EXERCÍCIO DE REFLEXÃO: O
o meio social organizado pelos adultos pôde QUE É POSSÍVEL AVALIAR
promover experiências de aprendizagem
para as crianças no cerne das interações. Buscando fazer um exercício de reflexão3
retomamos o conjunto de experiências de
Então, olhar para o que o meio oferece e para
aprendizagem que devem ser promovidas
os processos de aprendizagem e desenvolvi-
nas instituições de Educação Infantil, con-
mento das crianças é a possibilidade de pro-
forme artigo 9° das DCNEI, e que, portanto,
por cada vez mais práticas pedagógicas apri- 32
constituem parâmetros de organização do
moradas e que consideram as possibilidades
currículo nessa etapa da educação. A partir
infantis. Essa parece constituir uma boa dire-
desse conjunto, buscamos pensar em per-
ção para nortear o trabalho dos professores,
guntas reflexivas que podem contribuir com
ao visar à mediação de aprendizagens signi-
o olhar de uma equipe pedagógica para os
ficativas em um movimento reflexivo cons-
dois âmbitos da avaliação no contexto da
tante por parte do docente, que se pergunta:
Educação Infantil: o acompanhamento do
trabalho pedagógico e o desenvolvimento
• O que espero que as crianças aprendam?
das crianças.
• Que situações vivenciaram?
Exercícios como esse podem ser elaborados
• Que condições (tempo, espaço, materiais e
no contexto das equipes de Educação Infan-
interações) foram oferecidas?
til, considerando os princípios da contextua-
• Como agiram nessas situações? lização ao projeto pedagógico da instituição
e do trabalho coletivo como meio para en-
• O que considero que as crianças aprende-
riquecer a reflexão sobre o currículo. Cada
252
campo de experiências deve ser ampliado dades de educação infantil, daquela prática
com outras perguntas que se dedicam a ilu- de avaliação que mais se assemelha à pres-
minar as diversas situações planejadas e de- tação de contas para os pais e controle dos
senvolvidas junto às crianças. professores). Não é a esse registro que nos
referimos.
Ainda há que se considerar, aprofundando
a leitura das DCNEI, os incisos de seu arti- O registro desse percurso nos possibilita do-
go 10, que apontam importantes aspectos a cumentar os processos vividos para todos
bem como das brincadeiras e interações das a participação mais ampliada de todos na
Relatório esse que, inclusive, cria uma aura cação Infantil que acontece no cotidiano de
de ansiedade nos professores a cada período creches e pré-escolas. Assim, ela se constitui
253
Quadro 1: Experiências de aprendizagem que devem ser promovidas nas insti-
tuições de Educação Infantil
254
Campos de experiências Algumas perguntas que contribuem Algumas perguntas que contribuem
de aprendizagem com a gestão do trabalho para a reflexão sobre a aprendiza-
pedagógico gem da criança
III - possibilitem às crianças experi- • São propiciadas situações de • Como as crianças interagem nas
ências de narrativas, de apreciação conversa com as crianças, mo- diferentes atividades e momentos
e interação com a linguagem oral mentos de contar e ler histórias, do cotidiano que envolvem a lin-
e escrita, e convívio com diferentes diversificando-se a forma (leitura, guagem oral e escrita?
suportes e gêneros textuais orais e contação, leitura dramática, en-
• As crianças falam com os outros
escritos; cenação etc.) e os objetivos? Os
(adultos e crianças) acerca de si-
alunos participam da narrativa da
tuações cotidianas e de suas per-
história, fazendo a voz de algum
cepções e sentimentos, amplian-
personagem ou narrando peque-
do seus recursos expressivos?
nos trechos?
• Como as crianças interagem com
• Os jogos de nomear/reconhecer
os diferentes gêneros orais e es-
objetos, personagens, cenários,
critos? O que lhes chama aten-
ações tem sido animados com no-
ção?
vidades?
• As crianças expressam hipóteses
• Estão presentes em diferentes si-
a respeito da linguagem (oral ou
tuações a declamação de poemas,
escrita)? Quais? Em que circuns-
as canções, as parlendas etc.?
tâncias? Que teorias constroem a
• São propostas situações de apre- esse respeito?
ciação, leitura e comentários a
• Que uso fazem dos diferentes re-
partir das produções “escritas”
cursos (livros, revistas, objetos,
das próprias crianças?
imagens, brinquedos...) que lhe
• Estão disponíveis tempos e espa- são oferecidos?
ços de conversação no decorrer
do dia, tanto em situações de
roda de conversa quanto momen- 35
tos de iniciativa da criança?
IV - recriem, em contextos signifi- • As atividades propostas têm • Em situações de jogos (encaixe,
cativos para as crianças, relações possibilitado às crianças explo- tabuleiro, corporais...), como
quantitativas, medidas, formas e rarem os diferentes espaços da as crianças interagem, que
orientações espaçotemporais; instituição (internos e exter- desafios se colocam e que
nos)? estratégias elaboram para
resolver os problemas?
• Ao passear com as crianças (in-
clusive pela instituição) tem-se
chamado atenção para os pon-
tos de referência e as marcas • Gradativamente, as crianças
que aparecem no caminho? vão se apropriando e
fazendo uso no cotidiano de
• Há marcadores temporais cla- marcadores espaço temporais?
ros que ritualizam para as crian- Em que circunstâncias isso tem
ças a passagem do tempo e as sido observado?
mudanças de atividades?
• Tem-se jogado na instituição,
incluindo jogos motores, de ta- • As crianças identificam marcas
buleiro etc.? de referência no espaço da
escola?
255
Campos de experiências Algumas perguntas que Algumas perguntas que contribuem
de aprendizagem contribuem com a gestão do para a reflexão sobre a aprendiza-
trabalho pedagógico gem da criança
V - ampliem a confiança e a parti- • Tem-se proporcionado situações • As crianças cooperam
cipação das crianças nas atividades de diálogo em pequenos grupos, nas diferentes atividades
individuais e coletivas; boa ocasião para as crianças se propostas, especialmente nas
colocarem e aprenderem a escu- situações em que precisam
tar e argumentar? trabalhar em subgrupos?
• Como têm sido trabalhados os • Como reagem diante
acordos e regras definidos com da discordância com o
a turma? adulto ou com os colegas?
Gradativamente, têm ampliado
• Há momentos do dia nos quais
recursos de argumentação e
as crianças são convidadas a es-
colaboração?
colher que atividades vão desen-
volver?
VI - possibilitem situações de apren- • Diversas manifestações culturais • Como as crianças interagem
dizagem mediadas para a elabora- brasileiras fazem parte de ativi- em situações de novas
ção da autonomia das crianças nas dades regulares propiciadas na brincadeiras e jogos que
ações de cuidado pessoal, auto-or- instituição? envolvem diferentes
ganização, saúde e bem-estar; manifestações culturais?
• As situações didáticas promovem
a exploração de sons, ritmos, his- • Como vão se apropriando,
tórias, sabores dos diversos gru- utilizando, comentando as
pos que compõem a sociedade características de diferentes
brasileira? grupos culturais?
• Eventuais situações de mani- • As crianças se expressam
festação de preconceito são a respeito da percepção da
trabalhadas no contexto da ins- diversidade social e cultural e,
tituição, inclusive no grupo de em situações em que emergem 36
profissionais? preconceitos, são levadas a
conhecer outras formas de
significar a diversidade?
VII - possibilitem vivências éticas • Diversas manifestações culturais • Como as crianças interagem
e estéticas com outras crianças e brasileiras fazem parte de ativi- em situações de novas
grupos culturais, que alarguem seus dades regulares propiciadas na brincadeiras e jogos que
padrões de referência e de identida- instituição? envolvem diferentes
des no diálogo e reconhecimento da manifestações culturais?
• As situações didáticas promovem
diversidade;
a exploração de sons, ritmos, his- • Como vão se apropriando,
tórias, sabores dos diversos gru- utilizando, comentando as
pos que compõem a sociedade características de diferentes
brasileira? grupos culturais?
• Eventuais situações de mani- • As crianças se expressam
festação de preconceito são a respeito da percepção da
trabalhadas no contexto da ins- diversidade social e cultural e,
tituição, inclusive no grupo de em situações em que emergem
profissionais? preconceitos, são levadas a
conhecer outras formas de
significar a diversidade?
256
Campos de experiências Algumas perguntas que Algumas perguntas que contribuem
de aprendizagem contribuem com a gestão do para a reflexão sobre a aprendiza-
trabalho pedagógico gem da criança
VIII - incentivem a curiosidade, a ex- • As crianças têm sido convidadas • Como têm acontecido as situa-
ploração, o encantamento, o ques- a brincar com diferentes objetos, ções de observação e/ou explo-
tionamento, a indagação e o conhe- em diferentes espaços, em que ração de objetos e de fenômenos
cimento das crianças em relação ao possam explorar e observar as do mundo físico e social por par-
mundo físico e social, ao tempo e à diferentes características e con- te das crianças?
natureza; dições do mundo?
• Que comentários emergem nes-
• Atividades com projeção de som- ses momentos? O que tem cha-
bras têm sido propostas? mado sua atenção? Que pergun-
tas são feitas? Como buscam as
• Têm sido propostas atividades
respostas?
em que as crianças executem
pratos de culinária fáceis e de-
gustem?
IX - promovam o relacionamento e • Em diferentes situações, as crian- • As crianças escutam e se envol-
a interação das crianças com diver- ças têm sido convidadas a obser- vem com diferentes tipos de
sificadas manifestações de música, var os efeitos de sons, luzes, co- músicas, assim como são convi-
artes plásticas e gráficas, cinema, res, cenários etc.? dadas a expressar sua opinião a
fotografia, dança, teatro, poesia e respeito desses tipos musicais?
• Têm sido estimuladas a opinar
literatura;
sobre filmes, músicas, apresen- • Participam de recitais de poesia,
tações e demonstrar agrado ou leitura e contação de histórias,
desagrado, assim como medo, veiculação de filmes, exposição
alegria? de artes e de fotografias (na es-
cola e em museus)? Observam,
• As famílias têm sido incluídas na
exploram e expressam de forma
definição e no planejamento de
cada vez mais ampliada sua opi-
eventos que acontecem na insti-
nião e comentários a respeito
tuição?
das diferentes manifestações ar- 37
tísticas?
X - promovam a interação, o cuida- • A instituição tem espaços ver- • Que atitudes de cuidado e preser-
do, a preservação e o conhecimento des (pátios, hortas) nos quais as vação têm sido apropriadas pelas
da biodiversidade e da sustentabili- crianças podem brincar e explo- crianças? Como explicam a im-
dade da vida na Terra, assim como rar com diferentes objetivos? portância dessas atitudes?
o não desperdício dos recursos na-
• Há propostas de atividades em • Que explicações têm sido produ-
turais;
que as crianças podem vivenciar zidas/elaboradas pelas crianças
o processo de produção das coi- para explicar os processos de
sas (por exemplo, fazer um pão, confecção de produtos? Como
observar uma pequena constru- relacionam/confrontam suas hi-
ção)? póteses com a busca de informa-
ções em fontes diversas (livros,
conversas)
XI - propiciem a interação e o conhe- • As manifestações culturais da co- • Como as crianças têm participa-
cimento pelas crianças das manifes- munidade escolar estão presen- do em situações de jogos e brin-
tações e tradições culturais brasilei- tes em diferentes situações do cadeiras tradicionais? Como inte-
ras; cotidiano da instituição? ragem? O que expressam (verbal
ou plasticamente)?
• Jogos tradicionais, canções, his-
tórias e ‘causos’ têm sido com-
partilhados com as crianças?
• As crianças têm tido oportunida-
de de assistir a peças teatrais e
espetáculos de música com enre-
dos da cultura brasileira?
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Campos de experiências Algumas perguntas que Algumas perguntas que contribuem
de aprendizagem contribuem com a gestão do para a reflexão sobre a aprendiza-
trabalho pedagógico gem da criança
XII - possibilitem a utilização de • As contações de histórias utili- • Como as crianças têm partici-
gravadores, projetores, computado- zam diferentes recursos (proje- pado das diferentes situações
res, máquinas fotográficas, e outros tores de imagens, computadores propostas com recursos tec-
recursos tecnológicos e midiáticos. etc.)? nológicos? Têm se apropriado
desse uso? Como?
• As crianças fotografam, são fo-
tografadas e depois observam
suas fotografias rememorando • Gradativamente, ampliam sua
os eventos vividos, construindo narrativa a partir de memó-
seus relatos e expressando sua rias que fotografias impressas
opinião sobre as lembranças? e projetadas podem fazer
emergir?
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Presidência da República
Ministério da Educação
Secretaria de Educação Básica
Acompanhamento pedagógico
Grazielle Avellar Bragança
Copidesque e Revisão
Magda Frediani Martins
Diagramação e Editoração
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Equipe do Núcleo de Produção Gráfica de Mídia Impressa – TV Brasil
Gerência de Criação e Produção de Arte
E-mail: salto@mec.gov.br
Home page: www.tvbrasil.org.br/salto
Rua da Relação, 18, 4o andar – Centro.
CEP: 20231-110 – Rio de Janeiro (RJ)
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