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RODADA 1
Direito Constitucional
1
(Ponto 01)
Constitucionalismo e Teoria da Constituição1
1
Temáticas que resumem elementos diversos da parte inicial do último edital da PCSP para Delegado de
Polícia.
2
MENSAGEM DO MEGE
1.3. NEOCONSTITUCIONALISMO................................................................................... 16
2. QUESTÕES ................................................................................................................ 44
B. Constitucionalismo antigo
C. Constitucionalismo medieval
D. Constitucionalismo moderno
a) Constitucionalismo norte-americano
A carta americana de 1787 nasceu em substituição aos Articles Of
Confederation, a partir da reunião de onze das trezes colônias norte-americanas que
adquiriram independência. Suas marcas principais estão na instituição do federalismo,
da rígida separação de poderes e do presidencialismo. Seguem alguns pontos
principais:
i) Criação da primeira Constituição escrita, elaborada em 1787:
trata-se de uma Constituição sintética e concisa, que contém
apenas os elementos estruturantes do Estado e do poder.
Desde seu nascimento, tratou de um conjunto de NORMAS,
que impunham obrigatoriedade aos poderes instituídos.
Constatou-se, portanto, a existência de uma Constituição
dogmática, escrita e sistematizada por um órgão constituinte
soberano.
ii) Surgimento do controle de constitucionalidade difuso: O
controle de constitucionalidade está ligado às ideias de
supremacia e rigidez constitucionais, tendo como parâmetro
uma Constituição escrita, com a diferenciação entre
supremacia formal e material das constituições. O controle de
constitucionalidade DIFUSO, como conhecido hoje, surgiu do
famoso caso Marbury vs. Madison (1803), fruto, portanto, da
experiência do Constitucionalismo norte-americano.
iii) Fortalecimento do Poder Judiciário: Na obra “Os
Federalistas”, Hamilton ensina que o Poder Judiciário é o mais
fraco dos poderes, por não possuir nem a espada nem o cofre.
Os norte-americanos tinham bastante medo dos abusos
perpetrados pelo Parlamento inglês, razão pela qual optaram
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pelo fortalecimento do Judiciário.
iv) Importante contribuição para as noções de separação dos
poderes, forma federativa de Estado, sistema republicano e
presidencialista e regime democrático.
v) Existência de declarações de direitos: a Declaração de
Direitos da Virgínia é anterior à própria constituição (1776).
b) Constitucionalismo francês
O marco inicial do Constitucionalismo francês é a Revolução Francesa, de
1789. A primeira Constituição francesa escrita é de 1791. Duas ideias que constam da
Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789 são fundamentais
para a compreensão do Constitucionalismo francês: garantia de direitos e separação
dos poderes.
São características fundamentais do Constitucionalismo francês:
i) Consagração do princípio da separação dos poderes:
Montesquieu foi estudar no direito britânico a separação dos
poderes. Os franceses, que não entendiam esse sistema,
originário de um país de common law, foram buscar inspiração
nos EUA, onde a separação dos poderes foi bem recebida. Na
verdade, os sistemas francês e norte-americano se
interpenetraram reciprocamente em seu surgimento.
ii) Distinção entre poder constituinte originário e derivado: O
francês Abade Emmanuel Joseph Sieyès foi o teórico do poder
constituinte (“Qu’est-ce que le tiers état?” – O que é o terceiro
Estado? A Constituinte Burguesa). Nesta obra, Sieyès, com base
na doutrina do contrato social (John Locke, Jean-Jacques
Rousseau), vislumbrava a existência de um poder imanente à
nação, superior aos poderes ordinariamente constituídos e por
eles imodificáveis: o poder constituinte. Além de legitimar a
ascensão do Terceiro Estado (o povo) ao poder político, a obra
traçou as linhas mestras da Teoria do Poder Constituinte, ainda
hoje relevante para o estudo do Direito Constitucional.
iii) Supremacia do Parlamento: No modelo francês de
Constitucionalismo clássico, o Parlamento era considerado o
poder supremo. Há, portanto, a característica de valorização do
Legislativo, acarretando o enfraquecimento do controle de
constitucionalidade das leis (curiosidade: a primeira vez que um
tribunal francês exerceu o controle repressivo de
constitucionalidade foi em 2010). Isso ocorre, pois, os
revolucionários franceses viam o Poder Judiciário com
desconfiança, associando-o ao antigo regime monarquista.
Além disso, o Legislativo era valorizado como a expressão da
vontade geral do povo.
iv) Surgimento da escola da exegese, a partir do Código de 12
Napoleão de 1804: Para a escola da exegese, a interpretação
era uma atividade mecânica, e ao Judiciário cabia somente
dizer o que já estava na lei. O juiz deveria somente expressar o
que a lei continha, e não interpretar. Os adeptos dessa teoria
entediam que o Código de Napoleão já era algo perfeito e
acabado e não tinha de ser interpretado, muito menos
complementado.
v) Constituição analítica, extensa ou expansiva: Enquanto a
Constituição dos EUA é concisa ou sintética, a experiência
constitucional francesa demonstrou ser extensa, e regulou
situações que poderiam ser tratadas por normas
infraconstitucionais (não se limitou às matérias
substancialmente constitucionais, que são os direitos
individuais, a separação dos Poderes e a organização do Estado).
E. Constitucionalismo contemporâneo
G. Constitucionalismo abusivo
1.3. NEOCONSTITUCIONALISMO
• Críticas ao Neoconstitucionalismo
A Constituição Federal de 1988 dispõe que todo poder emana do povo, que o
exerce por meio de seus representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
Constituição. Dessa forma, a titularidade do poder é do povo, podendo seu exercício se
dar de forma direta ou indireta.
A CF prevê como regra a Democracia Indireta (representativa), que é
exercida pelos representantes eleitos pelo voto popular.
Contudo, há mecanismos de exercício da Democracia Direta previstos
constitucionalmente, que possibilitam o exercício do poder diretamente pelo povo.
São estes: o referendo, o plebiscito, a iniciativa popular e a ação popular.
Confiram a previsão contida no art. 14 do texto constitucional:
“Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio
universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para
todos, e, nos termos da lei, mediante:
I - plebiscito;
II - referendo;
III - iniciativa popular.”
1.4.1. PLEBISCITO
1.4.2. REFERENDO
Como base nessas premissas, Marcelo Neves define Constituição como uma
via de prestações recíprocas, um mecanismo de interpenetração entre política e
direito.
Atenção para mais uma classificação:
1) Constituição simbólica em sentido negativo: o texto
constitucional, de forma geral, não seria suficientemente
concretizado normativo-juridicamente de forma generalizada.
2) Constituição simbólica em sentido positivo: a atividade
constituinte e a linguagem constitucional desempenhariam
relevante papel político-ideológico, servindo para encobrir 27
conflitos e problemas sociais.
Quanto à Origem:
a) Promulgadas - São as Constituições que têm origem
democrática. Alguns chamam de votada ou popular (ex.: CF
1891; 1934; 1946; e 1988). Elaboradas por uma assembleia
nacional constituinte em nome do povo, pelo povo e para o
povo.
b) Outorgadas - São aquelas que foram impostas de maneira
unilateral por um agente revolucionário, assim não recebem
legitimidade popular (ex.: CF 1824, 1937, 1967 e emenda 1/69).
c) Cesaristas - Existe uma autorização popular por meio de
plebiscito ou referendo, mas o texto da Constituição é forçado
por um poder ditatorial (ex.: plebiscito napoleônicos e de
Pinochet no Chile). Também chamadas de napoleônicas ou
bonapartistas.
d) Pactuadas - Estas decorrem de um pacto entre os vários
titulares de poder (ex.: Magna Carta de 1215 na Inglaterra -
Decorreu de um pacto entre Realeza e Burguesia).
Quanto à Forma:
a) Escritas (instrumentalizada) - São aquelas sedimentadas em
documentos solenes, formais (ex.: CF 1988). Em algumas
Constituições escritas existe uma grande influência dos
costumes, como nos EUA. Podem ser codificadas ou legais.
b) Não escritas - Estas não trazem regras em um único texto
solene e codificado. É formada por textos esparsos,
reconhecidos pela sociedade como fundamentais. Além disso,
baseiam-se nos usos, costumes, jurisprudência e convenções
(ex.: Constituição Inglesa).
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Quanto à Extensão:
a) Sintéticas (concisas, breves, sumárias, sucintas, básicas) - O
texto da Constituição é principiológico e não se funda em
detalhes. Esta espécie de Constituição tem maior manutenção
do texto no ordenamento (ex.: EUA).
b) Analíticas (amplas, extensas, largas) - O texto da
Constituição é minucioso. Esta espécie de Constituição está
sujeita a uma maior modificação dada a evolução social (ex.: CF
1988).
Outras classificações:
a) Constituição-lei: tem status de lei ordinária.
b) Constituição-fundamento: liberdade do legislador é apenas
dar efetividade às normas constitucionais.
c) Constituição-quadro/constituição-moldura: legislador só
pode atuar dentro de determinado espaço estabelecido pelo
poder constituinte. Cabe à jurisdição constitucional verificar se
esses limites foram obedecidos.
1.5.3. ELEMENTOS DA CONSTITUIÇÃO
1.6.1. PREÂMBULO
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2. QUESTÕES
1. D
(A) INCORRETA. Embora jurídica, a Constituição normativa não desconsidera as
contingências histórias, sendo um erro tal afirmação.
(B) INCORRETA. As relações entre particulares também sofreram alterações
decorrentes do neoconstitucionalismo e da centralidade atribuída aos direitos
fundamentais, no que a doutrina designa “eficácia horizontal dos direitos
fundamentais”, razão pela qual a assertiva é incorreta.
(C) INCORRETA. A afirmativa diz respeito ao sentido político da Constituição, conforme
teoria de Carl Schimitt.
(D) CORRETA. A alternativa D está correta, não havendo qualquer reparo a ser feito.
2. A
(A) CORRETA. O Constitucionalismo Moderno tem como marcos as Constituições
americanas (1787) e francesa (1791), sendo esta a afirmativa correta.
(B) INCORRETA. A Carta Magna (1215) inaugura o Constitucionalismo Medieval, razão
pela qual a alternativa está incorreta.
(C) INCORRETA. A assertiva trata de característica do neoconstitucionalismo, razão 49
pela qual a assertiva está incorreta.
(D) INCORRETA. O constitucionalismo social difere do constitucionalismo moderno
clássico, com marcos históricos distintos, razão pela qual a assertiva está incorreta.
3. D
A doutrina entende de forma majoritária que o marco inicial do processo de
constitucionalização do Direito foi estabelecido na Alemanha, com a Lei Fundamental
de 1949, que endossou desenvolvimentos doutrinários expressos na jurisprudência do
Tribunal Constitucional Federal, notadamente de proteção aos direitos fundamentais.
4. E
A questão, embora de baixa complexidade, exigiu sólidos conhecimentos a respeito de
teorias e seus autores, não desafiando aquele/a que estuda a parte doutrinária, pois
tomou como afirmação duas teorias bastante conhecidas de Ferdinand Lassale e Carl
Schimitt, que são cobradas de forma recorrente. Assim, a parte doutrinária não deve
ser negligenciada, já que a cobrança de questão muitas vezes exige conhecimentos
básicos, mas desconhecidas de quem não estuda de forma sistemática toda a matéria.
5. C
A alternativa C é a que melhor esboça a finalidade de uma Constituição de acordo com
o entendimento da doutrina majoritária, sendo certo que a Constituição de 1988
atende às finalidades precípuas descritas na assertiva, que não merece qualquer
reparo.
6. D
Inicialmente, o conceito mais conhecido de constituição semântica foi desenvolvido
por Karl Loewenstein, seguindo o critério ontológico, segundo o qual, nas palavras de
Bernardo Gonçalves Fernandes (Curso de direito constitucional, 7ª ed, Juspodivm,
2015, p. 51), As constituições semânticas são aquelas que traem o significado de
Constituição (do termo Constituição). Sem dúvida, Constituição, em sua essência, é e
deve ser entendida como limitação de poder. A Constituição semântica trai o conceito
de Constituição, pois ao invés de limitar o poder, legitima (naturaliza) práticas
autoritárias de poder. A Constituição semântica vem para legitimar o poder autoritário
(sendo, portanto, Constituições tipicamente autoritárias).
Portanto, se adotado tal critério de classificação, a resposta “D” é a que mais se
enquadra dentro do conceito trazido.
No entanto, outros conceitos foram desenvolvidos para o termo “constituições
semânticas”. Para alguns autores, são as constituições nas quais o texto não é dotado
de uma clareza e especificidade e que, portanto, não vão trabalhar apenas o método
gramatical, exigindo outros métodos de interpretação (ou outras posturas
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interpretativas) (Bernardo Gonçalves Fernandes, Curso de direito constitucional, 7ª ed,
Juspodivm, 2015, p. 47).
Por fim, Canotilho conceitua tal espécie de Constituição, como sendo aquelas que
podem ser entendidas como Constituições fechadas de cunho meramente formal que
não consagram um conteúdo mínimo de justiça em termos materiais. Estas, para o
autor de Coimbra, diferenciam-se das Constituições normativas, que são aquelas
Constituições que trazem um conjunto de normas dotadas de bondade material que
garantem direitos e liberdades, bem como impõem limites aos poderes. (Bernardo
Gonçalves Fernandes, Curso de direito constitucional, 7ª ed, Juspodivm, 2015, p. 47).
7. B
(A) INCORRETA. Ao contrário! A aversão ao juiz está na França.
(B) CORRETA. Exato! A Constituição francesa de 1791 construiu um sistema fundado
na supremacia do Parlamento, restando ao executivo a função de dispor dos meios
aptos à aplicação da lei.
(C) INCORRETA. De jeito nenhum. No modelo francês, o Judiciário só diz o que a lei diz
(boca da lei) – impensável um controle judiciário das leis.
(D) INCORRETA. Aqui vigia o Constitucionalismo CLÁSSICO ou liberal! O
Neoconstitucionalismo vem após a 2ª Guerra Mundial.
(E) INCORRETA. A Constituição de 1824 adota a teoria dos 4 Poderes, incluindo o Real
ou Moderador (Benjamin Constant).
8. D
(A) INCORRETA. Em branco é a Constituição que NÃO veicula limitações explícitas ao
poder de reforma.
(B) INCORRETA. Semântica, dentro da classificação ontológica de Karl Loewenstein, é
aquela Constituição que está a serviço das classes dominantes, legitimando práticas
autoritárias de poder (trai seu escopo).
(C) INCORRETA. Simbólica (conceituação de Marcelo Neves) é aquela Constituição que
pretende não criar uma norma cogente, mas sim alcançar outros objetivos
(simbólicos).
(D) CORRETA. Conceito de Constituição dúctil, também conhecida como Constituição-
suave. Nas atuais sociedades, marcadas pela diversidade, a Constituição não pode ser
o ponto de partida, mas sim o de chegada; não deve ser um projeto predeterminado
de vida comunitária, cabendo-lhe apenas assegurar condições possíveis à vida comum
– tem de acompanhar a descentralização do Estado e refletir o pluralismo reinante.
(E) INCORRETA. Dirigente é a programática, isto é, estabelece um projeto para o
futuro. J. J. Gomes Canotilho assevera que a Constituição deve ser um plano que
direcionará a atuação do Estado, notadamente por meio das normas programáticas – a
Constituição passa a comandar a ação estatal e impor a realização de metas (não
substitui a política, mas se torna premissa material dela).
9. C 51
(A) INCORRETA. O constitucionalismo antigo possui raízes antes da Magna Carta de
1215, sendo citado por Pedro Lenza, em sua obra (Direito constitucional
esquematizado, 18ª ed., Saraiva, 2014, p.67), como exemplos o constitucionalismo
hebreu, estabelecendo-se no Estado teocrático limitações ao poder político ao
assegurar aos profetas a legitimidade para fiscalizar os atos governamentais que
extrapolassem os limites bíblicos (...), e das Cidades-Estados gregas como importante
exemplo de democracia constitucional.
(B) INCORRETA. Trata-se, em verdade, do Constitucionalismo contemporâneo do pós-
guerra.
(C) CORRETA.
(D) INCORRETA. Locke, Montesquieu e Rousseau são considerados principais
precursores do Constitucionalismo moderno, e não do contemporâneo.
10. C
(A) INCORRETA. O sentido de Constitucionalismo na Antiguidade era um sentido
eminentemente descritivo, não era um sentido normativo. Embora a pólis grega seja
de fato um embrião da democracia, com o julgamento de questões importantes pelo
povo, em praça pública (democracia direta), registre-se que nem todos eram
considerados cidadãos, sendo excluídos diversos estratos sociais da participação na
vida política. Outrossim, a aludida experiência se deu essencialmente em Atenas, e não
em Esparta. (Cláudio P. S. Neto e Daniel Sarmento - Direito constitucional - teoria,
história e métodos de trabalho).
(B) INCORRETA. De fato, a Constituição de 1946 estabeleceu a condicionante de
atendimento ao bem estar da sociedade em relação ao direito de propriedade, com
possibilidade de desapropriação por interesse social, contudo, a primeira Constituição
a registrar um compromisso social mais firme foi a de 1934, a qual rompeu com o
conceito essencialmente liberal que prevalecia nas Constituições anteriores e
introduziu elementos socioideológicos. Ex.: implementou a Justiça do Trabalho, a
Justiça Eleitoral, o voto secreto, o mandado de segurança, a ação popular, dentre
outros direitos individuais e sociais.
(C) CORRETA. A defesa das liberdades clássicas (direitos civis e políticos) e da igualdade
em sentido formal e a limitação do poder estatal compõem a tônica do
Constitucionalismo moderno. As Revoluções liberais da Europa, nesse contexto
histórico, buscavam a garantia da proteção do homem contra as arbitrariedades
estatais (abstenção estatal). Trata-se da construção de uma espécie de “círculo” em
volta do homem, composto pelas liberdades públicas e intransponível pelo Estado.
(D) INCORRETA. De fato, uma das características do Constitucionalismo hebreu reside
na circunstância de os profetas dotados de legitimidade popular no Estado Teocrático
fiscalizarem e punirem os atos dos governantes que ultrapassavam os limites bíblicos.
Ocorre que a assertiva o situa de forma cronologicamente equivocada, uma vez que
não se situa na época medieval, e sim na perspectiva do Constitucionalismo primitivo.
(E) INCORRETA. A Revolução Gloriosa promoveu a derrubada do absolutismo inglês,
que foi substituído pela monarquia parlamentar constitucional, sendo de fato uma
base importante para a afirmação do Constitucionalismo, porém não se previa um
modelo de estado federado.
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11. D
(A) INCORRETA. A visão de Constituição como decisão política fundamental remete ao
autor Carl Schmmit. Na perspectiva jurídica (positivista) de Kelsen, a Constituição seria
a norma posicionada no topo do ordenamento jurídico e se apresentaria como
fundamento de validade de todas as outras normas ou outros atos normativos, daí
porque não se admite, na teoria de Kelsen, que se deixe de atender à Lei
Constitucional (na teoria Kelseana sequer é admitida a diferenciação entre
Constituição e Lei Constitucional).
(B) INCORRETA. Kelsen é quem trabalha o conceito jurídico de Constituição. Para
Canotilho, a Constituição deve ser vista em perspectiva dirigente, revelando um viés
social.
(C) INCORRETA. O conceito Sociológico de Constituição é fornecido por LASSALE. Para
HESSE, a Constituição por si só tem um sentido mais concreto, devido à sua força
normativa. Logo, na visão desse autor a Constituição não é só fato, norma e valor, e
sim resulta de uma síntese dialética desses 3 fatores, pois cada um deles interage com
os outros. Norma, fato e valor interagem, comunicam-se. Uma das funções da norma é
modificar a situação fática vigente em determinado contexto. O fato repercute sobre a
norma assim como a norma repercute sobre o fato. As normas visam a condicionar a
realidade social, mudar a situação fática.
(D) CORRETA. Na concepção de Haberle, a Constituição é o documento fundamental
de uma sociedade pluralista e aberta, obra de vários partícipes. A Constituição é uma
ordem fragmentária, passível de interpretação e descontínua. É o reflexo de um
processo interpretativo aberto e conduzido à luz da força normativa da publicidade.
(E) INCORRETA. A noção de Constitucionalismo dirigente remete à Canotilho. Para
Luhmann, a Constituição é documento regulador do sistema político, instrumento que
serve para reduzir a complexidade do sistema político, buscando uma reflexão de
funcionalidade do direito. Não basta analisar o vínculo de conformidade das leis com a
Constituição – juízos de constitucionalidade – sendo necessário que a Constituição
funcione como campo de contingência de autofixação do sistema político.
12. C
A banca considerou correta a seguinte assertiva: “Devem ser observados na
interpretação das normas constitucionais, por se tratarem de vetores adotados pela
Constituição”.
Entretanto, o STF adotou a tese da irrelevância jurídica do preâmbulo. Possuindo,
inclusive entendimento consolidado sobre a matéria:
O preâmbulo não se situa no âmbito do Direito, mas sim no domínio da política. Ele
apenas reflete a posição ideológica do constituinte. Desse modo, o preâmbulo não
possui relevância jurídica. Vale ressaltar, ainda, que o preâmbulo não constitui norma
central da Constituição, não sendo de reprodução obrigatória nas Constituições dos
Estados-membros. A invocação a Deus, presente no preâmbulo da CF/88, reflete um
53
sentimento religioso. Isso não faz, contudo, que o Brasil deixe de ser um Estado laico.
O Brasil é um Estado laico, ou seja, um Estado em que há liberdade de consciência e de
crença, onde ninguém é privado de direitos por motivo de crença religiosa ou
convicção filosófica. A invocação da proteção de Deus contida no preâmbulo da CF/88
não se trata de norma de reprodução obrigatória na Constituição estadual, não tendo
força normativa. Se a Constituição estadual não tiver esta expressão, não há qualquer
inconstitucionalidade nisso. STF. Plenário. ADI 2076, Rel. Min. Carlos Velloso, julgado
em 15/08/2002.
Dessa forma, a equipe do MEGE indicou que a questão era passível de anulação. De
toda forma, trouxe a questão para fins de estudo e análise da forma como o conteúdo
é cobrado.
13. E
(A) INCORRETA. A assertiva se equivoca ao dizer que existe separação entre o direito
e a moral. O Neoconstitucionalismo é uma nova forma de se interpretar o Direito, que
aproximado da Moral, passa a contemplar juízos de valor com a finalidade de
preservar, garantir e promover os direitos fundamentais, que por estarem prescritos
em regras ou princípios constitucionais faz com que o Direito Constitucional se aloque
no centro do sistema jurídico irradiando sua forma normativa.
(B) CORRETA. Constituições pluralistas ou compromissórias são aquelas que possuem
normas inspiradas em ideologias diversas. Geralmente resultam de um compromisso
entre os diversos grupos participantes do momento constituinte.
(C) INCORRETA. A assertiva se equivoca ao dizer que nas Constituições flexíveis o
conflito entre a norma constitucional anterior e a lei superveniente resolve-se não
pelo critério hierárquico. Flexíveis são aquelas Constituições que não possuem um
processo legislativo de alteração mais dificultoso do que o processo legislativo de
alteração das normas infraconstitucionais. A dificuldade em alterar a Constituição é a
mesma encontrada para alterar uma lei que não é constitucional.
(D) INCORRETA. O Brasil não adotou a teoria da dupla revisão, sendo inclusive
entendido como uma limitação implícita ao poder de reforma constitucional.
(E) INCORRETA. No sentido sociológico, a Constituição, segundo a conceituação de
Lassalle, seria a somatória dos fatores reais do poder dentro de uma sociedade.
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