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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS


FACULDADE DE DIREITO
DISCIPLINA DIREITO CONSTITUCIONAL I

A NOVA JURISDIÇÃO
CONSTITUCIONAL BRASILEIRA

Prof. Eriberto Francisco Bevilaqua Marin


CONTEÚDO DA AULA

1. Jurisdição constitucional: Fundamentos; definição; objeto; discursos de legitimação; origem;


modelos americano e austríaco; teorias da nulidade e anulabilidade; guardião da Constituição.
2. Controle de Constitucionalidade das leis e atos normativos: Inconstitucionalidade e
ilegalidade; Espécies de inconstitucionalidades. Espécies de controle de constitucionalidade.
Controle de Constitucionalidade no Direito Comparado.
3. Origem e desenvolvimento do modelo brasileiro de controle de constitucionalidade
4. A titularidade do controle de constitucionalidade
5. O controle difuso de constitucionalidade no Brasil
6. O controle concentrado e abstrato de constitucionalidade na CRFB/88
7. Ação Direta de Inconstitucionalidade perante o STF
8. Ação Direta de Inconstitucionalidade perante o Tribunal de Justiça
9. Ação Declaratória de Constitucionalidade
10. Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão
11. Ação Direta Interventiva
12. Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental
Referências
1. JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL

CONSTITUIÇÃO: A CONSTITUIÇÃO
MECANISMOS DE
ordenação sistemática
SUA DEFESA: para como NORMA
e racional da
garantir a sua SUPREMA de um
comunidade política
observância e ordenamento
através de um
cumprimento. jurídico.
documento escrito.
1.1. JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL: FUNDAMENTOS

● Pressupõe Constituição escrita, rígida e


superior: organização do Estado e da
sociedade.
CONSTITUIÇÃO
DOS EUA (1787)

● Princípio da supremacia da Constituição (PCO;


Rigidez constitucional, Guardião da Constituição e
controle de constitucionalidade) - fundamento de
validade do ordenamento jurídico.
● Hierarquia da Constituição em relação às leis e
CONSTITUIÇÃO
FRANCESA (1791)
atos normativos inferiores - conflito entre
normas: lex superior derogat legi inferiori.
1.2. JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL: DEFINIÇÃO

● JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL: é o complexo de


atividades jurídicas conferidas a um ou vários
órgãos jurisdicionais dentro da estrutura estatal,
cuja função consiste em verificar, num caso
concreto ou em caráter abstrato, a
compatibilidade formal e material das leis e atos
normativos infraconstitucionais em face da
Constituição (Bloco de Constitucionalidade).
1.2. JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL: DEFINIÇÃO

● Bloco de Constitucionalidade: parâmetro, norma de


referência ou paradigma de controle - a expressão
surgiu no Direito francês - Louis Favoreu - normas
com status constitucional.

● Constituição francesa de 1958 - Preâmbulo da


Constituição de 1946 e Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão de 1789. ž

● ADIs. 514/PI e 595-ES (Rel. Min. Celso de Melo)

● Art. 5º, § 3º, da CF/88.


1.3. JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL: FINALIDADE

● Realizar a fiscalização da
observância e cumprimento
das regras e princípios
constitucionais vigentes
(proteger a supremacia e
rigidez da Constituição).
1.4. JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL: A QUESTÃO DA LEGITIMIDADE DEMOCRÁTICA

● Tão instigante quanto complexa, no âmbito do Direito


Constitucional, é a questão da legitimidade
democrática do sistema de controle de
constitucionalidade das leis, chamado de Jurisdição
Constitucional.

● Afinal, como pode o juiz constitucional declarar


inválidas as leis editadas pelos representantes do
povo, sem ferir o princípio democrático?
1.4.1. JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL: A QUESTÃO DA LEGITIMIDADE DEMOCRÁTICA

Quem deve ser o guardião


da Constituição?
1.4.1. JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL: QUEM É O GUARDIÃO DA CONSTITUIÇÃO?

HANS KELSEN: reconhece como guardião da Constituição o Tribunal


Constitucional. Para Kelsen, Schmitt teria como arcabouço legitimador uma
interpretação equivocada da Constituição alemã de 1919 (com base no preâmbulo
e do art. 48 para balizar o Presidente do Reich como guardião da Constituição),
pois ignorou o art. 19, que fixa a competência do Tribunal Federal para ser o
protetor constitucional.

CARL SCHMITT: O guardião da Constituição, de Carl Schmitt, representa uma


reafirmação da tese do poder neutral de Benjamin Constant, com base na
interpretação do art. 48 da Constituição de Weimar (1919) - o que daria ao
presidente do Reich poderes excepcionais destinados à guarda da Constituição,
conferindo-lhe um poder neutral, ou seja, mediador, regulador e tutelar.
1.4.1. JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL: QUEM É O GUARDIÃO DA CONSTITUIÇÃO?

HANS KELSEN: Para Kelsen, o Presidente do Reich não gozaria da independência necessária à
consecução desse fim, tampouco estaria revestido da neutralidade imprescindível para o desempenho
desse papel. Para Kelsen, o Tribunal Constitucional seria a melhor solução, uma vez que o juiz, além de
gozar de independência funcional, seria impelido à neutralidade já por sua ética profissional.

CARL SCHMITT: Com base no caráter contramajoritário da jurisdição constitucional, Carl Schmitt
defendia que o controle judicial abstrato das leis pelas Supremas Cortes guardaria grave tensão com a
democracia, eis que atribuído a um reduzido número de indivíduos.
Schmitt procurava opor o político ao jurisdicional, como o exercício do poder em face do exercício do
direito.
1.4.2. JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL: DISCURSOS DE LEGITIMAÇÃO

1. A Constituição:
legitima a atuação do juiz
constitucional – Poder
Constituinte Originário.
1.4.2. JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL: DISCURSOS DE LEGITIMAÇÃO

2. Mecanismo de defesa ou tutela da


Constituição: de limite de organização, atuação
ou intervenção estatal (instituto consolidado nos
ordenamentos constitucionais democráticos);

3. Equilíbrio entre os poderes constitucionais no


Welfare State e de compensar o déficit de
legitimidade política - inclusive, do reexame das
razões do legislador e do administrador;
1.4.2. JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL: DISCURSOS DE LEGITIMAÇÃO

4. Instrumento fundamental de
defesa e efetivação da
democracia: respeito às regras
do jogo democrático.

5. Mecanismo de preservação da
minoria e inibidor da “ditadura da
maioria”.
1.4.2. JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL: DISCURSOS DE LEGITIMAÇÃO

6. Instrumento de garantia ou
tutela dos direitos
fundamentais da Constituição:
de promoção dos direitos
fundamentais - o juiz torna-se o
“guardião dos direitos e garantias
fundamentais” (doutrina francesa);
1.4.2. JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL: DISCURSOS DE LEGITIMAÇÃO

7. A posição privilegiada do juiz


constitucional.

8. Submissão do juiz às leis


emanadas da vontade popular.
1.4.2. JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL: DISCURSOS DE LEGITIMAÇÃO

9. A independência do Poder
Judiciário: principal fonte de
legitimação democrática.

10. Fundamentação das decisões


judiciais (art. 93, IX, CRFB/88).
1.4.3. JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL: SUBSTANCIALISMO E PROCEDIMENTALISMO

● Duas formas distintas de solucionar conflitos jurídicos:


procedimentalismo e o substancialismo…

● Divergência teórica sobre o papel do Poder Judiciário


e da justiça constitucional em relação ao novo trato
conferido aos direitos e princípios após o advento da
CF/1988.

● A partir de então, compromissos ético-comunitários


passaram a ser cobrados de modo incisivo - e gerou o
debate entre os defensores de ambas teorias (STRECK,
2004, p.147).
1.4.3. JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL: SUBSTANCIALISMO E PROCEDIMENTALISMO

● A compreensão de um Estado democrático de Direito


não pode estar desarticulada da noção de efetivação de
direitos fundamentais (justiça social e igualdade) -
desde a Modernidade.

● Os princípios ganham uma forma privilegiada no


texto constitucional - seu caráter normativo -
começam a ser interpretados como instrumentos de
ação estatal - conferindo conteúdo material às
Constituições (STRECK, 2004, p. 148).
1.4.3. JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL: SUBSTANCIALISMO E PROCEDIMENTALISMO

Defende o ativismo.

Concretização de valores constitucionais.

Processos judiciais - jurisdição constitucional.

POSIÇÃO Concretização dos direitos fundamentais - Estado de Bem-Estar


SUBSTANCIALISTA Social - legitimidade das decisões judiciais.

A tensão antes alicerçada nos procedimentos políticos ganha novos


contornos em sede judicial.

Promoção de políticas públicas mediante os atos jurisdicionais em


razão do compromisso com os princípios constitucionais.

Dworkin, Bonavides, Eros Grau, Lênio Streck etc.


1.4.3. JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL: SUBSTANCIALISMO E PROCEDIMENTALISMO

defende o regime democrático e republicano.

processo de construção dos referidos direitos.

maior contenção do intérprete constitucional.

POSIÇÃO
PROCEDIMENTALISTA sem adesão a valores morais que estejam na Constituição.

cabe às maiorias a decisão sobre as principais ações políticas.

a Constituição determina procedimentos políticos - deve ocorrer dentro da lei,


sendo destinada a impor uma determinada forma de vida sobre a sociedade.

Hart, Habermas, Gadamer, Luhmann, Alexy etc.


1.4.3. JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL: CRÍTICA ÀS TEORIAS

● No plano do agir cotidiano dos juristas no Brasil, nenhuma das 2


teses, procedimentalismo e substancialismo, é perceptível.

● Está longe da postura substancialista – pela inefetividade da


expressiva maioria dos direitos sociais previstos na CF/88…

● Também não se convive com uma prática procedimentalista -


está-se longe da garantia de preservação dos procedimentos
legislativos aptos a estabelecer a autonomia dos cidadãos, prova é
que o legislativo é atropelado pelo decretismo do Poder Executivo.

● Crise de paradigmas do Direito e do Estado (STRECK, 2004, p. 51).


1.5. GÊNESE DA JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL: MODELO AMERICANO

● CASO MARBURY
versus MADISON, de
1803, da Suprema Corte
Americana.
1.5. GÊNESE DA JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL: MODELO AMERICANO

● John Adams (Presidente dos EUA)


● Thomas Jefferson (novo Presidente
dos EUA)
● William Marbury: nomeado Juiz de
Paz (Juiz Federal) - mas a “Comissão”
para o cargo, embora assinada, não
lhe foi entregue.
● James Madison (novo Secretário de
Estado): não efetivou a “Comissão” por
ordem de Jefferson.
● John Marshall (Chefe de Justiça da
Suprema Corte Americana).
1.5. GÊNESE DA JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL: MODELO AMERICANO

➔ PERSONAGENS DO CASO:

1. JOHN ADAMS (1735 – 1826):

John Adams foi o segundo


Presidente dos Estados Unidos
(1797–1801) e, anteriormente,
primeiro Vice-Presidente dos Estados
Unidos (na presidência de George
Washington). Elegeu-se pelo Partido
Federalista e teve como seu
Vice-Presidente Thomas Jefferson.
1.5. GÊNESE DA JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL: MODELO AMERICANO

2. THOMAS JEFFERSON (1743 – 1826):

Thomas Jefferson foi o terceiro


Presidente dos Estados Unidos
(1801-1809) e, anteriormente,
segundo Vice-Presidente dos
Estados Unidos (na presidência de
John Adams). Elegeu-se pelo
Partido Democrata-Republicano.
1.5. GÊNESE DA JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL: MODELO AMERICANO

3. WILLIAM MARBURY (1762 - 1835):

Willian Marbury foi um empresário de


Georgetown, de grande sucesso, e membro
do Partido Federalista de John Adams. Foi
um dos "Juízes da Meia-Noite” nomeados
pelo presidente dos Estados Unidos John
Adams um dia antes de deixar o cargo.
Marbury foi o autor da ação no caso histórico
de 1803 (Marbury versus Madison), da
Suprema Corte.
1.5. GÊNESE DA JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL: MODELO AMERICANO

4. JAMES MADISON (1751 – 1836):

James Madison foi o quarto Presidente


dos Estados Unidos (1809-1817),
sucedendo a Thomas Jefferson.
Elegeu-se pelo Partido
Democrata-Republicano.

No governo do Presidente Thomas


Jefferson, Madison participou do gabinete
como Secretário de Estado (1801-1809).
1.5. GÊNESE DA JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL: MODELO AMERICANO

5. JOHN MARSHALL (1755 – 1835):

John Marshall foi um político e advogado americano


que serviu como o quarto Chefe de Justiça dos
Estados Unidos, de 1801 até sua morte, em 1835.

John Adams (Presidente dos EUA) nomeou Marshall


como Secretário de Estado (6/7/1800) e, em 1801, o
designou para a Suprema Corte Americana.

Como Chefe de Justiça, John Marshall proferiu a


decisão do célebre Caso Marbury versus Madison,
em 1803, na Suprema Corte Americana.
1.5. GÊNESE DA JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL: MODELO AMERICANO

➔ FUNDAMENTOS DA DECISÃO: A decisão proferida


pelo Chefe de Justiça John Marshall estruturou a
opinião da Corte em torno de 3 questões:

1. Marbury tinha direito à sua comissão?

2. Se Marbury tinha direito à sua comissão, havia


uma solução legal para ele obtê-la?

3. Se houvesse tal remédio, a Suprema Corte


poderia considerá-lo legal?
1.5. GÊNESE DA JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL: MODELO AMERICANO

1. Marbury tinha direito à sua comissão?


● A Corte considerou que Marbury tinha direito à sua comissão -
todos os procedimentos apropriados foram seguidos (assinada e
selada) - a comissão era válida e a retenção de Madison era
"violadora de um direito legal adquirido" de Marbury.
A assinatura (do presidente) é uma garantia para
afixar o grande selo na comissão e o grande selo só
deve ser afixado em um instrumento completo. (...) A
transmissão da comissão é uma prática orientada
por conveniência, mas não por lei. Não pode,
portanto, ser necessário constituir a nomeação, que
deve precedê-la e que é mero ato do Presidente. -
Marbury v. Madison, 5 US em 158, 160.
1.5. GÊNESE DA JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL: MODELO AMERICANO

2. Se Marbury tinha direito à sua comissão, havia uma


solução legal para ele obtê-la?

● "Onde há um direito legal, há um remédio legal":

A própria essência da liberdade civil certamente


consiste no direito de cada indivíduo de
reivindicar a proteção das leis sempre que sofrer
uma lesão. - Marbury, 5 EUA em 163.

● O Writ é o remédio adequado para a situação de Marbury.


1.5. GÊNESE DA JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL: MODELO AMERICANO

3. Se houvesse tal remédio, a Suprema Corte poderia legalmente


promulgá-lo?

● A resposta dependia da interpretação do texto da Lei Judiciária de 1789 pela


Suprema Corte.

● A Seção 13 da Lei Judiciária estabelece um sistema de tribunais federais - com


jurisdição originária e de apelação à Suprema Corte:

Que a Suprema Corte terá jurisdição exclusiva [original] sobre todos


os casos de natureza civil em que um Estado é parte... O Supremo
Tribunal terá ainda competência recursal dos tribunais de comarca e
dos tribunais dos diversos estados, nos casos aqui previstos
especialmente; e terá poder para emitir ... mandados de segurança,
nos casos garantidos pelos princípios e usos da lei, a quaisquer
tribunais nomeados, ou pessoas que exerçam cargos, sob a
autoridade dos Estados Unidos. Ato Judiciário de 1789, Seção 13
1.5. GÊNESE DA JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL: MODELO AMERICANO

3. Se houvesse tal remédio, a Suprema Corte poderia considerá-lo


legal?

● Marshall apontou que o Judiciary Act de 1789 violava o Artigo III da Constituição
dos EUA, que define a competência do Suprema Corte:

Em todos os casos que afetem Embaixadores, outros Ministros e


Cônsules públicos, e aqueles em que um Estado seja parte, a
Suprema Corte terá jurisdição originária. Em todos os outros casos
antes mencionados, o Supremo Tribunal terá jurisdição recursal,
tanto de Direito quanto de fato, com as exceções, e de acordo com
os regulamentos que o Congresso fizer. Constituição dos EUA, Artigo
III, Seção 2 (grifo nosso).

● De acordo com a Constituição, a Corte não tinha jurisdição original sobre um caso
como o de Marbury - considerou que parte da Seção 13 da Lei do Judiciário violou
o Artigo III da Constituição.
1.5. GÊNESE DA JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL: MODELO AMERICANO

➔ SÍNTESE DOS FUNDAMENTOS DA DECISÃO:

● A Corte denegou a ação originária de caráter mandamental -


considerou que não poderia ordenar a entrega da comissão a
Marbury por ter impetrado ação direta perante à Corte.

● O Judiciary Act de 1789 expandiu inconstitucionalmente a


jurisdição originária da Corte (definida na Constituição EUA) para
incluir a competência para apreciar o “writs of mandamus” -
afirmava que Madison havia violado a lei.

● A competência da Suprema Corte está prevista na Constituição


dos EUA - as leis federais não podem ampliar a competência da
Suprema Corte Americana.

● A decisão não foi de mérito, mas de questão processual.


1.5. GÊNESE DA JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL: MODELO AMERICANO

➔ SÍNTESE DOS FUNDAMENTOS DA DECISÃO:

● Reconheceu a supremacia da Constituição em face de


legislação federal - negar a supremacia da Constituição sobre
os atos do Congresso significaria que "as cortes devem
fechar os olhos para a Constituição e ver apenas a lei".

● Estabeleceu o poder de revisão judicial (judicial review) da


Corte - de invalidar leis inconstitucionais - parte da seção 13 da
Lei Judiciária de 1789 violou a Constituição dos EUA ao
ampliar a competência da Suprema Corte (expressa na
primeira e segunda seções do Artigo Terceiro).
1.5. GÊNESE DA JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL: MODELO AMERICANO

➔ SÍNTESE DOS FUNDAMENTOS DA DECISÃO:

● Criou o Controle Difuso de Constitucionalidade das leis e dos atos do


poder legislativo - , portanto, nulas e sem efeito.

Assim, a fraseologia particular da Constituição dos Estados


Unidos confirma e fortalece o princípio, supostamente essencial
a todas as Constituições escritas, de que uma lei que repugna à
Constituição é nula e que os tribunais, bem como outros
departamentos, estão vinculados por aquele instrumento. A
regra deve ser descartada. Marbury, 5 EUA a 180.

● Qualquer juiz pode averiguar a alegação de inconstitucionalidade, diante


do caso concreto, na via de defesa ou exceção.
1.5. GÊNESE DA JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL: MODELO AUSTRÍACO

● Europa: a influência do modelo austríaco


de Jurisdição constitucional autônoma.

● O controle de constitucionalidade
concentrado tem a sua origem nas lições
de Hans Kelsen e foi adotado pela
Constituição austríaca de 1920 e
aperfeiçoado na Constituição de 1929. CONSTITUIÇÃO DA
ÁUSTRIA (1920)

● Kelsen defende a criação de uma Corte


Constitucional, pois não cabe aos órgãos
judiciais comuns a tarefa de legislador
negativo.
1.5. GÊNESE DA JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL: MODELO AUSTRÍACO

● Jurisdição constitucional
concentrada e abstrata:
exercido pelo Tribunal
Constitucional.

● A decisão declara a anulabilidade


da norma e gera, como sanção, a
sua expulsão do ordenamento
jurídico.

● A decisão tem efeitos erga


omnes - vinculam as decisões
Hans Kelsen
dos juízes e tribunais inferiores. (1881-1973)
1.6. TEORIA DA NULIDADE X TEORIA DA ANULABILIDADE

➔ MODELO AMERICANO: ➔ MODELO AUSTRÍACO:

TEORIA DA NULIDADE: TEORIA DA ANULABILIDADE:


1. Princípio da supremacia 1. Princípios da segurança
da Constituição. jurídica e da boa fé.

2. Decisão declaratória. 2. Decisão constitutiva.

3. Vício na validade da 3. Vício na existência da


norma. norma.

4. Efeitos ex tunc 4. Efeitos ex nunc


(retroativos). (prospectivos).

5. Ato nulo. 5. Ato anulável.


1.7. TEORIA DA NULIDADE E FLEXIBILIZAÇÃO DOS EFEITOS

ÁUSTRIA: na Constituição de 1920 havia a negativa de qualquer


retroatividade às decisões; na reforma de 1929, foi atenuada,
fixando-se a possibilidade de atribuição de efeitos retroativos à
decisão anulatória.

EUA: em alguns precedentes judiciais, a Suprema Corte


Americana flexibilizou o sistema de nulidade absoluta e permitiu a
modulação dos efeitos da declaração de inconstitucionalidade
(contudo, não se atribuiu efeitos retroativos).
1.7. TEORIA DA NULIDADE E FLEXIBILIZAÇÃO DOS EFEITOS

ESPANHA: hipótese de declaração de inconstitucionalidade sem


pronúncia de nulidade e pró-futuro – no precedente da
Sentença nº 45, de 1989, do Tribunal Constitucional.

PORTUGAL: a declaração de nulidade da lei inconstitucional é a


regra geral, mas há a possibilidade de expressa autorização
constitucional de modulação dos efeitos da decisão (é possível
a desconstituição da coisa julgada em matérias específicas por
determinação do Tribunal Constitucional).
1.7. TEORIA DA NULIDADE E FLEXIBILIZAÇÃO DOS EFEITOS

ALEMANHA: o princípio da nulidade da lei inconstitucional é


expresso em texto legal; contudo, em várias decisões, o
Tribunal Constitucional flexibilizou o princípio, destacando-se
o apelo ao legislador ou situação ainda constitucional; e a
declaração de inconstitucionalidade sem pronúncia de
nulidade (em caso de omissão parcial; exclusão de benefício
incompatível com o princípio da isonomia; ameaça do caos
jurídicos; lacunas ameaçadoras etc.).
1.7. TEORIA DA NULIDADE E FLEXIBILIZAÇÃO DOS EFEITOS

● DIREITO CONSTITUCIONAL BRASILEIRO:


● Adotou a teoria da nulidade (Modelo americano).

● Flexibilização da teoria da nulidade: doutrina, jurisprudência do STF;


Art. 27 da Lei nº 9.868/1999 e Art. 11 da Lei 9.882/1999.

● Técnica de modulação dos efeitos da decisão: defende a melhor


adequação da declaração de inconstitucionalidade - assegura outros
valores constitucionalizados, como os da segurança jurídica, do
interesse social, da boa-fé, da proteção da confiança legítima,
enquanto expressões do Estado Democrático de Direito.
1.7. TEORIA DA NULIDADE E FLEXIBILIZAÇÃO DOS EFEITOS

● Controle de constitucionalidade concentrado:


● Lei nº 9.868/1999:

Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato


normativo, e tendo em vista razões de segurança jurídica ou
de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal
Federal, por maioria de dois terços de seus membros,
restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só
tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de
outro momento que venha a ser fixado.

● Lei nº 9.882/1999:

Art. 11. (Mesmo teor)


1.7. TEORIA DA NULIDADE E FLEXIBILIZAÇÃO DOS EFEITOS

● Controle de constitucionalidade difuso: Aplicação do art. 27, da Lei nº


9868/99, por analogia, ao controle difuso.

Exemplo 1: Ação Civil Pública interposta pelo MP/SP, visando reduzir o


número de vereadores do Município de Mira Estrela (2651 habitantes) de 11
para 9 (art. 29, IV, da CF/88) - o pedido solicitava a devolução dos subsídios
indevidamente pagos, a declaração incidental de inconstitucionalidade e efeitos
retroativos - no caso, o Min. Maurício Corrêa, no RE 197.917/SP, modulou os
efeitos, sob o argumento de um verdadeiro caos quanto à validade, conferindo
efeitos tão somente para as legislaturas futuras.

Exemplo 2: RE-AgR 434.222/AM e MS 22357/DF: o STF, com fundamento


nos princípios da segurança jurídica, da confiança, da ética jurídica e da
boa-fé, mitigou os efeitos da decisão que reconheceu a inconstitucionalidade
da lei no controle difuso.
2. CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS E ATOS NORMATIVOS

PRINCÍPIO DA SUPREMACIA CONSTITUCIONAL:

● A Constituição confere o fundamento de


validade a todo o ordenamento jurídico.

● Requer que todas leis e atos normativos


estejam em conformidade com os
princípios e regras da Constituição.
2. CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS E ATOS NORMATIVOS

● É a verificação de adequação formal e


material (compatibilidade vertical) das
leis e atos normativos infraconstitucionais
em relação à Constituição Federal.

● Na atualidade, os diversos sistemas


constitucionais instituem mecanismos e
procedimentos destinados a identificar as
leis ou atos normativos incompatíveis com
a Constituição, para o efeito de retirá-los
do ordenamento jurídico.
2.1. INCONSTITUCIONALIDADE E ILEGALIDADE

● INCONSTITUCIONALIDADE:
incompatibilidade direta e
frontal de uma lei ou ato
normativo infraconstitucional
em face da Constituição.

FORMAL
MATERIAL
Fere normas ou Vícios de
Fere o conteúdo
procedimentos previstos inconstitucionalidades
(princípios e regras)
na CRFB/88 para a
previsto na CRFB/88.
elaboração de uma norma.
2.1. INCONSTITUCIONALIDADE E ILEGALIDADE

● ILEGALIDADE: incompatibilidade
que se constata entre espécies
normativas infraconstitucionais.

● Exemplo: regulamentação de
uma lei (norma primária) por
intermédio de decretos,
portarias, instruções
normativas, resoluções etc.
ILEGALIDADE:
(normas secundárias) - contudo,
pode haver inconstitucionalidade - Espécie normativa ou
situação contrária à lei…
direta ou indireta em caso de
contrariarem a Constituição.
2.2. ESPÉCIES DE INCONSTITUCIONALIDADES

a.1) Inconstitucionalidade material ou substancial: quando a lei ou


o ato normativo está em desacordo com o conteúdo das regras ou
princípios constitucionais.

a.2) Inconstitucionalidade formal: quando o vício do ato normativo


é derivado de um processo legislativo defeituoso.

➔ Subjetiva: defeito de titularidade do poder de iniciativa legislativa


(competência do órgão);

➔ Objetiva: não atendimento da forma pré-estabelecida quanto aos prazos,


rito, quorum de votação etc.
2.2. ESPÉCIES DE INCONSTITUCIONALIDADES

➔ Por violação a pressupostos objetivos do ato: trata-se de


inconstitucionalidade formal por não observância aos pressupostos do ato
legislativo - elementos vinculativos do ato legislativo.

● Na edição de Medida Provisória, por inobservância aos requisitos da


relevância e urgência (art. 62, caput); ou na criação de Municípios por
lei estadual sem observância dos requisitos do art. 18, §4º, da CF/88.

Ex: ADI 2240, Lei baiana nº 7619/2000, que criou o Município de Luís
Eduardo Magalhães sem observância aos pressupostos do art. 18, §4º,
CF/88 – declarou a inconstitucionalidade, mas com efeito futuro ou
prospectivo (manteve a vigência por 24 meses).
2.2. ESPÉCIES DE INCONSTITUCIONALIDADES

a.3) Inconstitucionalidade por vício de decoro parlamentar:

● É o caso de alguma espécie normativa primária ser aprovada


com a compra de votos de parlamentares.

● Há flagrante violação ao decoro parlamentar - o abuso das


prerrogativas asseguradas a parlamentares ou a percepção
de vantagem indevida (art. 55, § 1º, da CF/88).

● Não há pronunciamento do STF.

● Deve haver comprovação de que o voto “comprado” foi decisivo


para atingir o quórum mínimo exigido...
2.2. ESPÉCIES DE INCONSTITUCIONALIDADES

b.1) Inconstitucionalidade por ação: qualificada por


conduta positiva (ato comissivo) no ato de edição da lei
ou do ato normativo contrários à Constituição.

b.2) Inconstitucionalidade por omissão: quando a


mora ou a inércia do legislador descumpre preceito
constitucional - visa obter do legislador ou administrador
um comportamento de elaboração da lei faltante exigida
pela Constituição.
2.2. ESPÉCIES DE INCONSTITUCIONALIDADES

c.1) Inconstitucionalidade originária: aquela em que o ato padece do


defeito ou vício desde o seu nascimento sob a ótica da Constituição
vigente.

c.2) Inconstitucionalidade superveniente: aquela que se manifesta em


momento posterior ao seu nascimento, em virtude do surgimento de uma
nova Constituição.

➔ Exemplos: pela reforma constitucional; mutação constitucional;


ou, ainda, pela mudança nas circunstâncias fáticas.
2.2. ESPÉCIES DE INCONSTITUCIONALIDADES

d.1) Inconstitucionalidade total: quando


abrange todo o texto normativo.

d.2) Inconstitucionalidade parcial: quando o


vício atinge apenas parte da lei ou ato
normativo (artigo, inciso, alínea).
2.2. ESPÉCIES DE INCONSTITUCIONALIDADES

e.1) Inconstitucionalidade antecedente (ou imediata): quando


afronta direta e imediatamente uma norma constitucional.

e.2.) Inconstitucionalidade consequente (ou derivada): o vício


resulta dos efeitos derivados da inconstitucionalidade de uma lei
ou ato normativo que se reflete numa outra que lhe é dependente.

➔ Exemplo: se a delegação legislativa é inconstitucional, com


efeito, a lei delegada também será inconstitucional (art. 68 da
CF/88) - da Lei de conversão em relação à Medida Provisória
originária (art. 62 da CF/88).
2.3. ESPÉCIES DE CONTROLES DE CONSTITUCIONALIDADE

Comissões (CCJ)
Legislativo e Plenário

Prévio Veto
(Preventivo)
Executivo

MS impetrado
Judiciário por Parlamentar
Momentos
de
controle
França (Conselho
Político
Constitucional)

Brasil: Juiz ou
Posterior
Jurisdicional Tribunal (ex.: STF,
(Repressivo)
TJs)

Suíça: Leis locais


(Judiciário); e
Híbrido Leis Federais
(Assembleia Nacional)
2.3. ESPÉCIES DE CONTROLES DE CONSTITUCIONALIDADE

1. Quanto ao momento de sua realização:

a) Preventivo: evitar o ingresso de norma inconstitucional no


ordenamento jurídico (processo de elaboração da norma) - pelos órgãos:

● Legislativo (Comissões de Constituição e Justiça das Casas Legislativas -


pareceres não vinculativos - e pelo próprio Plenário);

● Executivo (veto - superável); e

● Judiciário: Mandado de segurança impetrado por parlamentar - controle


difuso para garantir o devido processo legislativo – não cabe questionar
questões políticas e interna corporis – a regularidade do processo
legislativo deve ser examinada em face de eventual afronta à Constituição.
2.3. ESPÉCIES DE CONTROLES DE CONSTITUCIONALIDADE

1. Quanto ao momento de sua realização:

b) Repressivo: visa declarar a lei ou o ato normativo


inconstitucional, em momento posterior à sua edição.

➔ POLÍTICO: Cortes ou Tribunais Constitucionais ou Órgão


de Natureza Política.
➔ JURISDICIONAL : Brasil - controle judicial difuso e
concentrado
➔ HÍBRIDO: pode ser realizado tanto pelo político como pelo
Jurisdicional.
2.3. ESPÉCIES DE CONTROLES DE CONSTITUCIONALIDADE

2. Em relação ao órgão fiscalizador:

a) Político: controle de
constitucionalidade realizado por órgão
especial (de natureza política) distinto
dos demais Poderes.
Exemplo: Conselho Constitucional
Francês.
2.3. ESPÉCIES DE CONTROLES DE CONSTITUCIONALIDADE

b) Judiciário: exercido por juiz ou órgão que compõe a estrutura do


Judiciário.

b.1) Difuso (aberto, incidental, por via de exceção ou


descentralizado): controle jurisdicional de constitucionalidade
(qualquer juiz ou tribunal) em face de um caso concreto.

b.2) Concentrado (abstrato, principal, por via de ação ou


centralizado): realizado por órgão ou tribunal identificado pela
Constituição, cabendo a ele aferir a constitucionalidade de texto
normativo em caráter abstrato (em tese) - o declarar que certa norma
é inconstitucional, exerce o órgão jurisdicional o papel de legislador
negativo (Hans Kelsen).
2.3. ESPÉCIES DE CONTROLES DE CONSTITUCIONALIDADE

c) Misto: quando a Constituição submete


certas leis ou atos normativos ao controle
político e outros ao controle do Poder
Judiciário.

Exemplo: Suíça - onde as leis federais


ficam sob controle político da Assembleia
Nacional, e as leis locais sob o controle
jurisdicional.
2.3. ESPÉCIES DE CONTROLES DE CONSTITUCIONALIDADE

No Brasil:

➔ Preventivo: Legislativo, Executivo e


Judicial.

➔ Repressivo: Judicial, difuso e


concentrado; Legislativo; Executivo e
TCU.
2.4. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NO DIREITO COMPARADO

4.1 Modelo inglês:

● Constituição histórica, costumeira, não escrita e


flexível - soberania do Parlamento, doutrina inglesa
consolidada desde a Revolução Gloriosa (1688-1689)
- sofreu mitigações nas últimas décadas (até 2005 não
havia mecanismo de controle de constitucionalidade).

● A criação da Suprema Corte do Reino Unido – 11


anos depois do Human Rights Act 1998 – HRA.
2.4. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NO DIREITO COMPARADO

● Human Rights Act 1998 – HRA:


1) direito à vida, e as proibições de tortura e de tratamento desumano;
2) direito de não ser escravizado;
3) direitos à liberdade e à segurança;
4) direito a um julgamento justo;
5) vedação da retroatividade penal;
6) direito à privacidade;
7) liberdade de pensamento, consciência e religião;
8) liberdade de expressão, de associação e de reunião pacífica e sem armas;
9) direito de casar e formar família;
10) direito de fruir das demais prerrogativas e garantias da convenção, sem
discriminação de sexo, raça, cor, idioma, religião, opinião política, origem nacional ou
social, condição econômica, vinculação a minorias nacionais ou de qualquer outro
status ou condição;
11) direito à propriedade e de sua fruição pacífica;
12) direito à educação; e
13) direito a eleições livres.
2.4. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NO DIREITO COMPARADO

4.1 Modelo inglês:

● Reform Act 2005 (em vigor desde 2009), criou


a Suprema Corte do Reino Unido, o Controle
de Constitucionalidade e a efetiva
independência da Câmara dos Lordes.

● Antes da adoção do HRA e da criação da


Suprema Corte, os residentes no Reino Unido
tinham de socorrer-se diretamente da Corte
Europeia de Direitos Humanos (Estrasburgo).

● Atualmente, a tutela dos direitos


fundamentais alcança contornos das nações
mais avançadas.
2.4. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NO DIREITO COMPARADO

4.1 Modelo inglês - garantias ao Poder Judiciário (Reform Act 2005):

a) a independência e a transparência do Poder Judiciário;


b) a não partidarização do processo de indicação dos
Ministros da Supreme Court;

c) a independência e a harmonia entre o Judiciário e o Parlamento;

d) a nomeação dos Ministros da Supreme Court, por meio de processo


dialogado de escolha, entre Governo, Parlamento e Judiciário, no seio da
Judicial Appointments Commission (Comissão de Nomeações Judiciais);

e) a chefia do Poder Judiciário, que cabia ao Lord Chancellor (integrante do


Governo), é transferida ao Ministro Presidente da Supreme Court; e

f) a colaboração de todos os poderes instituídos para garantir a independência


do Poder Judiciário.
2.4. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NO DIREITO COMPARADO

4.1 Modelo inglês (Reform Act 2005):

● O Reino Unido, com muita originalidade, encontrou na


declaração de incompatibilidade, a via natural para o controle
dos atos do Parlamento.

● Ele não admite que o Judiciário, por si só, rejeite statutes.

● O País arquitetou o estágio mais avançado de separação de


poderes: o de controle institucional, coparticipativo e
dialogal, entre Parlamento, Governo e Juiz.

● Modelo que poderá servir a outros países da Comunidade:


Nova Zelândia, Austrália, dentre outros.
2.4. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NO DIREITO COMPARADO

4.2. Modelo francês:


● Em virtude dos abusos cometidos pelos juízes no
período que antecedeu a Revolução Francesa de
1789 acabou por gerar uma desconfiança do povo
francês em relação ao Poder Judiciário.

● Implantação do princípio da divisão dos poderes com


um órgão político (Conseil Constitutionnel) com
atribuição de efetuar um controle preventivo de
constitucionalidade - como pressuposto necessário
de criação da lei - e que se exaure com a
promulgação da lei.
2.4. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NO DIREITO COMPARADO

● Lei Constitucional de 23 de julho de 2008: criou o controle incidental de


constitucionalidade pelo Conselho Constitucional.

Artigo 61º As leis orgânicas, antes da sua promulgação, as propostas de


lei mencionadas no artigo 11 antes de serem submetidas ao referendo e os
regulamentos das assembleias parlamentares, antes da sua aplicação,
devem ser submetidos ao Conselho Constitucional, que se pronuncia
sobre a sua conformidade com a Constituição. Com os mesmos fins, as
leis podem ser submetidas ao Conselho Constitucional, antes da sua
promulgação, pelo Presidente da República, Primeiro-Ministro, presidente
da Assembleia Nacional, Presidente do Senado ou por sessenta deputados
ou sessenta senadores. Nos casos previstos nos dois parágrafos
precedentes, o Conselho constitucional deve deliberar no prazo de um
mês. No entanto, a pedido do Governo, se há urgência, este prazo é
reduzido para oito dias. Nesses casos, o encaminhamento para o Conselho
Constitucional suspende o prazo para a promulgação.
2.4. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NO DIREITO COMPARADO

● Lei Constitucional de 23 de julho de 2008:

Artigo 61º-1. Quando, no âmbito de um processo pendente perante um


órgão jurisdicional, é argumentado que uma disposição legislativa
ameaça direitos e liberdades garantidos pela Constituição, o Conselho
Constitucional pode ser convocado para analisar o caso por meio de
citação do Conselho de Estado ou do Supremo Tribunal, que se
pronuncia em um prazo determinado. Uma lei orgânica determina as
condições de aplicação do presente artigo.
2.4. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NO DIREITO COMPARADO

● Lei Constitucional de 23 de julho de 2008:

Artigo 62º. Uma disposição declarada inconstitucional com base


no artigo 61 não pode ser promulgada ou executada. Uma
disposição declarada inconstitucional com base no artigo 61-1 é
revogada a contar da publicação da decisão do Conselho
Constitucional ou de uma data posterior fixada por esta decisão.
O Conselho Constitucional determina as condições e limites nos
quais os efeitos que a disposição produziu são susceptíveis de
serem questionados. As decisões do Conselho Constitucional
não são sujeitas a recurso. Impõem-se aos poderes públicos e
todas as autoridades administrativas e jurisdicionais.
2.4. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NO DIREITO COMPARADO

4.3. Modelo americano:


● O sistema americano de controle da constitucionalidade
é o controle difuso realizado pelo Poder Judiciário.

● Estreitamente ligado ao common law (modelo inglês),


adota o princípio do stare decisis, segundo o qual as
decisões dos Tribunais americanos, conforme sua
hierarquia, têm eficácia vinculante aos juízes de
instâncias inferiores.

● Prevalece em última instância a decisão da Suprema


Corte Americana.
2.4. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NO DIREITO COMPARADO

4.4. Modelo austríaco:

● A Constituição austríaca de 1920, por influência da obra de Hans Kelsen,


instituiu uma Corte Constitucional autônoma para realizar, com exclusividade, o
controle concentrado da constitucionalidade das leis.

● Com alterações introduzidas pela Constituição austríaca de 1929, adotou-se


conjuntamente com o controle concentrado, também, de forma singular, o
controle difuso, em que os Tribunais de 2ª instância, nos casos concretos,
podem suscitar a questão de inconstitucionalidade de norma, a qual deverá ser
dirimida pela Corte Constitucional (cuja decisão terá efeitos retroativos).
2.4. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NO DIREITO COMPARADO

4.4. Modelo austríaco:

● Os tribunais são competentes para conhecer, mas


não para decidir a controvérsia constitucional - aos
juízes singulares não se permite a via do controle
difuso (compete-lhes apenas aplicar a lei).

● O modelo austríaco, com algumas modificações,


foi adotado na maioria dos países da Europa
continental (Itália, Alemanha, Espanha, Portugal,
Bélgica, Grécia etc.).
2.4. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NO DIREITO COMPARADO

4.5. Modelo suíço:


Página
memorial
para marcar
● Na Suíça adota-se o modelo misto. a revisão da
constituição
de 1874 -
“Um por
● Para as leis federais existe um todos, todos
por um”.

controle político de sua compatibilidade


com a Constituição, realizado pela
Assembleia Nacional, e para as leis
estaduais existe um controle
jurisdicional de constitucionalidade.
2.4. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NO DIREITO COMPARADO

● Constituição da Suíça, de 18 de Abril de 1999:


Art. 189º Jurisdição constitucional
1. O Tribunal Federal aprecia:
a. as reclamações por violação de direitos constitucionais;
b. as reclamações por violação da autonomia dos municípios e
de outras garantias dos cantões a favor de corporações de
direito público;
c. as reclamações por violação de tratados internacionais ou de
acordos dos cantões;
d. conflitos de direito público entre a Confederação e os
cantões ou entre os cantões.
2. A lei pode delegar determinados casos a outras autoridades
federais para sua decisão.
3. ORIGEM E DESENVOLVIMENTO DO MODELO BRASILEIRO DE
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

1. Constituição de 1824:

● Não havia previsão de controle de constitucionalidade.

2. Constituição de 1891:

● Por influência americana foi instituído o controle


difuso de constitucionalidade das leis.
● A atribuição do controle da constitucionalidade coube
ao Poder Judiciário (art. 59, § 1º, “b”).
● A Revisão Constitucional de 1926 foi mais clara e
avançou no controle difuso da constitucionalidade
(art. 60, § 1º, “a” e “b”).
3. ORIGEM E DESENVOLVIMENTO DO MODELO BRASILEIRO DE
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

3. Constituição de 1934:
● Houve a manutenção do controle
jurisdicional difuso, mas com grandes
e importantes modificações:

a) estabeleceu a exigência de
quorum qualificado dos tribunais
para a decisão declaratória de
inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo (reserva de plenário);
3. ORIGEM E DESENVOLVIMENTO DO MODELO BRASILEIRO DE
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

3. Constituição de 1934:

b) previu a suspensão da eficácia do


texto declarado inconstitucional por
sentença definitiva do STF pelo Senado
Federal;

c) criou a Representação Interventiva, de


competência do STF, após a provocação
do Procurador-Geral da República, para
assegurar a observância, pelos Estados,
dos princípios constitucionais sensíveis.
3. ORIGEM E DESENVOLVIMENTO DO MODELO BRASILEIRO DE
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

4. Constituição de 1937:

● Retrocesso na fiscalização de
constitucionalidade das leis no Direito brasileiro.

● Recepcionou o modelo de 1891.

● Possibilitou que o Parlamento casasse, pelo


voto de 2/3 de cada casa, após iniciativa do
Presidente, a decisão definitiva do STF proferida
em controle difuso de constitucionalidade (art.
96, parágrafo único).
3. ORIGEM E DESENVOLVIMENTO DO MODELO BRASILEIRO DE
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

5. Constituição de 1946:

● Manteve o controle difuso


instituído nas Constituições de
1891 e de 1934.
3. ORIGEM E DESENVOLVIMENTO DO MODELO BRASILEIRO DE
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

5. Constituição de 1946:

● Emenda Constitucional n. 16, de 26/11/1965:


criou a Representação contra a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo
federal ou estadual, de iniciativa do
Procurador-Geral da República, perante o STF
(nova redação do art. 101, alínea “k”, da CF/46);
instituiu o controle concentrado e abstrato da
constitucionalidade de lei ou ato normativo
federal ou estadual - ação genérica.
3. ORIGEM E DESENVOLVIMENTO DO MODELO BRASILEIRO DE
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

● Art. 124, XIII: A lei poderá


estabelecer processo, de
competência originária do Tribunal
de Justiça, para declaração de
inconstitucionalidade de lei ou ato de
Município, em conflito com a
Constituição do Estado. (Incluído
pela EC nº 16/1965)
3. ORIGEM E DESENVOLVIMENTO DO MODELO BRASILEIRO DE
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

6. Constituição de 1967:

● manteve o sistema da Constituição de 1946,


com as inovações da EC nº. 16/65, e as
seguintes modificações:

a) omitiu a previsão, na esfera estadual, da


representação de inconstitucionalidade; e

b) passou ao Presidente da República o poder


de decretar a intervenção nas representações
interventivas.
3. ORIGEM E DESENVOLVIMENTO DO MODELO BRASILEIRO DE
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

7. Constituição de 1969:

● Manteve o modelo da Constituição de


1967;

● Criou a Representação Interventiva, em


nível estadual, de iniciativa do
Procurador-Geral de Justiça, para
garantir a observância dos princípios
constitucionais sensíveis nos Municípios;
3. ORIGEM E DESENVOLVIMENTO DO MODELO BRASILEIRO DE
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

7. Constituição de 1969:

● Emenda Constitucional n. 7/77 (inovações):

(a) criou a Representação para a interpretação de


lei, de competência do STF e de iniciativa do
Procurador-Geral da República; e

(b) possibilitou a concessão de medida cautelar na


Representação de inconstitucionalidade de lei ou
ato normativo federal ou estadual propostas pelo
Procurador-Geral da República.
3. ORIGEM E DESENVOLVIMENTO DO MODELO BRASILEIRO DE
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

7. Constituição de 1988:

● Institui um sistema de controle de


constitucionalidade extenso e complexo,
com muitos aperfeiçoamentos e inovações.

● Antes de 1988 há prevalência do controle


difuso - após a CRFB/1988 há uma nova
jurisdição constitucional - prevalência do
controle de constitucionalidade concentrado.
3. ORIGEM E DESENVOLVIMENTO DO MODELO BRASILEIRO DE
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

Inovações da CRFB/88:

1. Ampliação da legitimação ativa para a


propositura da ADI (art. 103, I a IX);

2. Criação da ADInpo (art. 103, § 2º);

3. Previsão de ADI em face da Constituição


Estadual - com vedação da legitimação para
agir a um único órgão (art. 125, § 2º);
3. ORIGEM E DESENVOLVIMENTO DO MODELO BRASILEIRO DE
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

4. Citação do Advogado-Geral da União


nas ADIs, que defenderá o ato ou texto
impugnado (art. 103, § 3º);

5. Previsão da ADPF (art. 102, § 1º);

6. Oitiva do Procurador-Geral da
República nas ADI do STF (art. 103, § 1º);
3. ORIGEM E DESENVOLVIMENTO DO MODELO BRASILEIRO DE
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

7. Emenda Constitucional nº 3, de
17/3/1993:

● Institui a Ação Declaratória de


Constitucionalidade de lei ou ato
normativo federal (ADC) - de
competência do STF - cuja decisão tem
eficácia contra todos (erga omnes) e
efeito vinculante (arts. 102, I, “a”, § 2º;
103, caput, da CF/88).
3. ORIGEM E DESENVOLVIMENTO DO MODELO BRASILEIRO DE
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

8. Leis nº 9.868, de
10/11/1999.

9. Lei nº 9.882, de 03/12/1999.

10. EC nº 45/2004.
4. A TITULARIDADE DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NA CRFB/1988

● Poderes Legislativo: por meio das Comissões


de Constituição e Justiça e votações no
Plenário (art. 32, III, do RICD; e art. 101, I, do
RISF).

● Poder Executivo: por meio do veto - art. 66, §


1º, da CRFB/88.

● Poder Judiciário: o controle repressivo - com


a entrada em vigor da lei ou ato normativo no
mundo jurídico - é, via de regra, de
competência exclusiva do Poder Judiciário
(STF: RTJ 153:331 - medida liminar).
4. A TITULARIDADE DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NA CRFB/1988

● Exceções de controle repressivo do


Poder Legislativo:
a) Art. 49, V, da CF/88:
Compete ao Congresso Nacional sustar os
atos normativos do Poder Executivo que
exorbitem do poder regulamentar ou dos
limites de delegação legislativa - por
meio de um decreto legislativo sustando o
decreto presidencial (art. 84, IV) ou a lei
delegada (art. 68), por desrespeito à
formalidade constitucional prevista para
sua edição.
4. A TITULARIDADE DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NA CRFB/1988

● Exceções de controle repressivo


do Poder Legislativo:

● Art. 62 da CF/88:

Na conversão de medida
provisória em lei ordinária pelo
Congresso Nacional, que pode
rejeitá-la, com base em
inconstitucionalidade apontada no
Parecer da Comissão Mista - retira-se
do ordenamento jurídico a medida
provisória flagrantemente
inconstitucional.
5. O CONTROLE DIFUSO DE CONSTITUCIONALIDADE

● O sistema jurídico brasileiro permite que


qualquer juiz ou tribunal exerça o controle
jurisdicional de constitucionalidade em face
de um caso concreto.

● O juízo de compatibilidade vertical da lei ou


ato normativo em relação à Constituição não
é o objeto da ação, mas mero incidente
necessário (exceção) ao deferimento do
pedido principal - antecede o mérito.
5. O CONTROLE DIFUSO DE CONSTITUCIONALIDADE

● Previsão legal do controle difuso:

➔ Código de Processo Civil (arts. 948 a 950) -


incidente de declaração de
inconstitucionalidade nos Tribunais;

➔ Regimentos Internos dos Tribunais


Superiores (ex.: RISTF - arts. 6º, II, “a”; 11, I e
II; 22, caput; 52, I; 101; 146, I; 172 a 178).
5.1. CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO

● Mecanismo no âmbito dos Tribunais (CF/1934, art. 179):

Constituição de 1988:

Art. 97. Somente pelo voto da maioria de seus


membros ou dos membros do respectivo
órgão especial poderão os tribunais declarar a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo
do Poder Público.
(Vide Lei nº 13.105/2015)
5.1. CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO

●Objetivo: condiciona a validade da decisão colegiada


- como garantia maior do princípio da segurança
jurídica e em prol do princípio da presunção de
constitucionalidade das leis.

● Súmula Vinculante 10:


Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a
decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não
declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou
ato normativo do Poder Público, afasta sua incidência,
no todo ou em parte.
5.1. CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO

● A infringência gera a nulidade absoluta do acórdão.

● Exceção de aplicação da cláusula de reserva de plenário:

(CPC) Art. 949. (...)

Parágrafo único. Os órgãos fracionários dos tribunais não


submeterão ao plenário ou ao órgão especial a arguição de
inconstitucionalidade quando já houver pronunciamento destes ou
do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a questão.

● Em questões de direito intertemporal: não há exigência em caso de


revogação de lei pela Constituição superveniente ou reformas
constitucionais (Clemerson Clève) no Direito pátrio (apesar das
divergências doutrinárias).
5.2. O RECONHECIMENTO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE OFÍCIO PELO JUIZ OU
TRIBUNAL NO CONTROLE DIFUSO

● Regra: Compete ao juiz ou Tribunal aplicar a lei ou


ato normativo compatível com a Constituição.

➔ No exercício do poder jurisdicional perante um caso


concreto deve o juiz ex officio declarar a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo
incidente que seja incompatível com a
Constituição (RTJ 95: 202) - deve motivar a
decisão segundo o princípio do livre convencimento.
5.3. O CONTROLE DIFUSO CONTRA LEI EM TESE

● Não é admitido o controle difuso


quando a discussão se faz contra lei
em tese.

● No controle difuso, a pronúncia judicial


deverá apreciar de forma incidental a
questão constitucional e dar a solução
a um litígio concreto.

● É uma fiscalização subjetiva de


constitucionalidade.
5.4. O CONTROLE DIFUSO PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

● O STF, como guardião da Constituição


Federal, cabe em última instância
reconhecer a inconstitucionalidade de
lei ou ato normativo.

● STF: por sua competência originária


(art. 102, I, alíneas b, c, d, q, d, da
CRFB/88); e pela via recursal (art. 102,
II e III, da CRFB/88 - recurso ordinário
e recurso extraordinário).
5.5. EFEITOS DA DECISÃO

● O STF, ao julgar a matéria, trata de reconhecer, ou não,


a inconstitucionalidade da questão proposta, fato que,
por si, não determina o expurgo da lei ou ato
normativo do ordenamento jurídico - a decisão
definitiva do STF faz coisa julgada apenas entre as
partes do processo em que a inconstitucionalidade foi
arguida (efeitos inter partes).

● No controle difuso a decisão os efeitos são retroativos


(ex tunc), mas inter partes (atingem somente os
envolvidos no processo judicial).
5.6. OS EFEITOS DA DECISÃO DO SENADO FEDERAL

● O STF ao julgar definitivamente o feito (com o trânsito


em julgado da ação) deve comunicar a decisão ao
Senado Federal, que, utilizando a competência do
artigo 52, X, da CF/88, tem a faculdade de, por meio
de resolução, suspender a execução (no todo ou em
parte) da norma inconstitucional.

● Pode ser objeto de resolução do Senado tanto as


normas federais como as normas estaduais,
distritais e municipais - não há distinção entre elas
no controle difuso.
5.6. OS EFEITOS DA DECISÃO DO SENADO FEDERAL

● A edição da resolução pelo Senado Federal é


exercício de seu poder discricionário
(conveniência política) - é ato de política
legislativa (de crivo exclusivo do Senado
Federal) - nesse sentido, é entendimento
jurisprudencial do STF.

● O objetivo da edição da resolução é estender a


decisão do STF para todos.
5.6. OS EFEITOS DA DECISÃO DO SENADO FEDERAL

● Há controvérsias quanto aos efeitos da resolução do Senado Federal:


● Os efeitos são erga omnes e ex tunc (STF - In. RDA
105:111; Gilmar Ferreira Mendes, Clemerson Merlim Clève,
Marcelo Caetano etc.).

● Os efeitos são erga omnes e ex nunc (José Afonso da


Silva, Alexandre de Moraes, Regina Maria Macedo Nery,
Nagib Slaibi Filho, Ada Pellegrini Grinover etc.) - implica a
suspensão da eficácia e não sua revogação - por ter a
deliberação do Senado Federal um caráter discricionário
não pode ser dotada de retroeficácia (segurança jurídica) -
prevaleceu este entendimento.
5.6. OS EFEITOS DA DECISÃO DO SENADO FEDERAL

● Habeas Corpus nº 82.959/SP:

● STF (6X5) declara a inconstitucionalidade de dispositivo da Lei de Crimes


Hediondos em face do princípio da individualização da pena (art. 5º, inciso XLVI) -
atribuir tratamento diverso a indivíduos que se encontram em situações distintas
consagra a isonomia material.

● Reclamação 4.335/AC: reclamação ajuizada pela DPU em face da decisão do juiz da


Vara de Execuções Penais de Rio Branco-AC, que indeferiu a progressão de regime da
pena a 10 condenados por crimes hediondos.

● SV nº 26 e alteração da lei - Art. 52, X, CF/88: o papel do Senado se limitaria a


conferir simples efeito de publicidade às declarações de inconstitucionalidade
incidentalmente proferidas pelo STF - Teoria da Abstrativização do Controle Difuso.
5.6. OS EFEITOS DA DECISÃO DO SENADO FEDERAL

● Reclamação nº 4.335:

● Por 8X2, o STF não aceitou a tese da mutação constitucional do art.


52, X, da CRFB/88 - inegável expansão das decisões do STF;

● Eficácia expansiva das decisões;

● Objetivação do controle difuso; usurpação de competência; reforma


constitucional; súmula vinculante; violação do princípio da separação
de poderes.
5.6. OS EFEITOS DA DECISÃO DO SENADO FEDERAL

● ADIs 3.406 e 3.470 (j. 29/11/2017, DJE de 1º/02/2019):

● Por 7x2, o STF (um ausente e um impedido) decidiu pela


mutação constitucional do art. 52, X, da CRFB/88.

● Cabe ao Senado Federal apenas dar publicidade à decisão


judicial (a tese ganhou força com o CPC/2015) - com isso o
efeito erga omnes e vinculante decorre da própria decisão
do STF (tendência do common law).
5.6. OS EFEITOS DA DECISÃO DO SENADO FEDERAL

➔ ADIs 3.406 e 3.470 (j. 29/11/2017, DJE de 1º/02/2019) - o STF deve:

● Formalmente deliberar sobre a mutação constitucional, destacando-a como


questão prejudicial;

● Observar o quórum mínimo de 6 Ministros (art. 97 da CRFB/88 - cláusula


de reserva de plenário); e

● Fazer integrar a questão resolvida na Ementa do Acórdão, deliberando


sobre os efeitos, inclusive de modulação dos efeitos, por ⅔ dos Ministros,
conforme art. 27, da Lei nº 9.868/99.
5.6. OS EFEITOS DA DECISÃO DO SENADO FEDERAL

● ADI’s 3406 e 3470 - foi proibida a utilização do amianto em todo território


nacional.

● A Relatora Ministra Rosa Weber declarou constitucionais as leis estaduais que


proibiam o amianto e declarou incidentalmente a inconstitucionalidade do art. 2º
da Lei Federal nº 9.055/1995, que autorizava a utilização do amianto crisotilla
(asbesto branco).

● Defendeu, expressamente, a tese da mutação do art. 52, X da CRFB/88 e a


abstrativização do controle difuso (objetivação do controle concreto) - a
exemplo da Recl. 4.335 - decisão favorável a teste (Rosa Weber, Cármen
Lúcia, Celso de Mello, Dias Toffoli, Luiz Fux e Gilmar Mendes) - bastava a
utilização das ferramentas da inconstitucionalidade por arrastamento e da
causa de pedir aberta das ações do controle concentrado.
5.7. A SÚMULA VINCULANTE E O CONTROLE DIFUSO

Art. 103-A da CRFB/1988:

O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação,


mediante decisão de dois terços dos seus membros, após
reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar
súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá
efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder
Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas
esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua
revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei.
5.7. A SÚMULA VINCULANTE E O CONTROLE DIFUSO

● Art. 2º, da Lei nº 11.417, de 19/12/2006:

Art. 2º O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício


ou por provocação, após reiteradas decisões sobre
matéria constitucional, editar enunciado de súmula
que, a partir de sua publicação na imprensa oficial,
terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos
do Poder Judiciário e à administração pública direta e
indireta, nas esferas federal, estadual e municipal,
bem como proceder à sua revisão ou cancelamento,
na forma prevista nesta Lei.
5.8. A SÚMULA VINCULANTE E O CONTROLE DIFUSO: AVANÇO OU RETROCESSO

1) A sua adoção vai esclerosar a Justiça e manietar


os juízes das instâncias inferiores.

2) Os adeptos da inovação sustentam que serve para


uniformizar os julgamentos e acelerar a tramitação
processual.

3) Favorável a uma alternativa intermediária: defende a


Súmula Impeditiva de Recursos.
5.8. A SÚMULA VINCULANTE E O CONTROLE DIFUSO: AVANÇO OU RETROCESSO

● Contrários: violação ao princípio da divisão de


poderes; do acesso à justiça; do devido
processo legal; do contraditório e da ampla
defesa; do livre convencimento do Juiz; do
duplo grau de jurisdição; da obrigatoriedade
de fundamentação de toda decisão judicial.

● Defensores: é um eficiente instrumento de


racionalização do sistema judicial (segurança
jurídica e igualdade).
5.9. A SÚMULA VINCULANTE E O CONTROLE DIFUSO: LEGITIMADOS
Art. 3º São legitimados a propor a edição, a revisão ou o cancelamento de enunciado de SV:

I - o Presidente da República;

II - a Mesa do Senado Federal;

III – a Mesa da Câmara dos Deputados;

IV – o Procurador-Geral da República;

V - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;

VI - o Defensor Público-Geral da União;

VII – partido político com representação no Congresso Nacional;

VIII – confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional;

IX – a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;

X - o Governador de Estado ou do Distrito Federal;

XI - os Tribunais Superiores, os Tribunais de Justiça de Estados ou do Distrito Federal e Territórios,


os Tribunais Regionais Federais, os Tribunais Regionais do Trabalho, os Tribunais Regionais
Eleitorais e os Tribunais Militares.
5.10. A SÚMULA VINCULANTE E O CONTROLE DIFUSO: PROCEDIMENTOS

● Art. 3º, da Lei 11.417/2006

§ 1º O Município poderá propor,


incidentalmente ao curso de processo em que
seja parte, a edição, a revisão ou o
cancelamento de enunciado de súmula
vinculante, o que não autoriza a suspensão do
processo.

§ 2º No procedimento de edição, revisão ou


cancelamento de enunciado da súmula
vinculante, o relator poderá admitir, por decisão
irrecorrível, a manifestação de terceiros na
questão, nos termos do Regimento Interno do
Supremo Tribunal Federal.
5.10. A SÚMULA VINCULANTE E O CONTROLE DIFUSO: PROCEDIMENTOS

Objetivo da edição de SV:


● A validade, a interpretação e a eficácia de normas
determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual
entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração
pública que acarrete grave insegurança jurídica e
relevante multiplicação de processos sobre questão
idêntica. (art. 2º, §1º, da Lei nº 11.417, de 19/12/2006)

Aprovação, Revisão ou Cancelamento da SV:


● Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, poderá
ser provocada por aqueles que podem propor a ADI. (art. 2º, §
2º, da Lei nº 11.417/2006)
5.10. A SÚMULA VINCULANTE E O CONTROLE DIFUSO: PROCEDIMENTOS

Art. 4º A súmula com efeito vinculante tem eficácia


imediata, mas o Supremo Tribunal Federal, por decisão de
2/3 (dois terços) dos seus membros, poderá restringir os
efeitos vinculantes ou decidir que só tenha eficácia a
partir de outro momento, tendo em vista razões de
segurança jurídica ou de excepcional interesse público.

Art. 5º Revogada ou modificada a lei em que se fundou a


edição de enunciado de súmula vinculante, o Supremo
Tribunal Federal, de ofício ou por provocação, procederá à
sua revisão ou cancelamento, conforme o caso.

Art. 6º A proposta de edição, revisão ou cancelamento de


enunciado de súmula vinculante não autoriza a suspensão
dos processos em que se discuta a mesma questão.
5.10. A SÚMULA VINCULANTE E O CONTROLE DIFUSO: PROCEDIMENTOS

● Reclamação ao STF:

Art. 7º Da decisão judicial ou do ato administrativo que contrariar


enunciado de súmula vinculante, negar-lhe vigência ou aplicá-lo
indevidamente caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal,
sem prejuízo dos recursos ou outros meios admissíveis de
impugnação.

§ 1º Contra omissão ou ato da administração pública, o uso da


reclamação só será admitido após esgotamento das vias
administrativas.

§ 2º Ao julgar procedente a reclamação, o Supremo Tribunal Federal


anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial
impugnada, determinando que outra seja proferida com ou sem
aplicação da súmula, conforme o caso.

● Aumento de reclamações ao STF.


6. O CONTROLE JURISDICIONAL CONCENTRADO E ABSTRATO DE
CONSTITUCIONALIDADE NA CRFB/1988

Natureza jurídica e objetivo:

● Um processo objetivo destinado à defesa


da Constituição.

● Não há lide ou caso concreto - não


existem partes (titulares de direitos
materiais em litígio), mas partes formais ou
processuais.
6. O CONTROLE JURISDICIONAL CONCENTRADO E ABSTRATO DE
CONSTITUCIONALIDADE NA CRFB/1988

Natureza jurídica e objetivo:

● O ente legitimado não alega a existência de


lesão a direitos, próprios ou alheios -
representa o interesse público na defesa da
ordem jurídica.

● Visa atacar o vício da lei ou ato normativo em


tese - expelir do sistema a lei ou ato normativo
inconstitucional - visa o adequado funcionamento
da mecânica constitucional.
6. O CONTROLE JURISDICIONAL CONCENTRADO E ABSTRATO DE
CONSTITUCIONALIDADE NA CRFB/1988

● Características do processo objetivo de controle -


Ministro Moreira Alves na ADC nº 1-1-DF:

a) não há jurisdição de composição de conflito de


interesses (ato político de fiscalização);

b) não há contraditório formal (processo unilateral -


há requerente, mas não há um requerido);
6. O CONTROLE JURISDICIONAL CONCENTRADO E ABSTRATO DE
CONSTITUCIONALIDADE NA CRFB/1988

c) a causa petendi não se restringe aos


fundamentos constitucionais invocados, mas abarca
todas as normas que compõem a CF (ADI 1.358-1);

d) não se admite a desistência da ação - princípio


da indisponibilidade (art. 169, § 1º, do RISTF);
6. O CONTROLE JURISDICIONAL CONCENTRADO E ABSTRATO DE
CONSTITUCIONALIDADE NA CRFB/1988

e) as informações dos órgãos que emanaram o texto


impugnado podem ser dispensadas (art. 170, § 2º, do RISTF -
ADI movida por Governador questionando ato do antecessor).

● É processo objetivo - características


jurídico-processuais (RTJ 136: 467):

a) não se admite a intervenção assistencial (RDA 155:


155);
6. O CONTROLE JURISDICIONAL CONCENTRADO E ABSTRATO DE
CONSTITUCIONALIDADE NA CRFB/1988

b) não se permitem embargos de declaração por terceiros que


dizem prejudicados (RTJ 109:880 - RDA 158: 173);

c) não comporta ação rescisória;

d) utilização da reclamação (art. 102, I, “l”, da CF/88) nos casos


em que ajuizada pelos legitimados na ADI “para salvaguarda da
autoridade da decisão, cautelar ou de mérito'' (STF - Reclamação
399-0-PE).
6.1. CONTROLE CONCENTRADO E OS ÓRGÃOS JURISDICIONAIS
COMPETENTES NO BRASIL

a) Supremo Tribunal Federal: controle da


constitucionalidade de lei ou ato normativo
federal ou estadual em face da Constituição
Federal (Arts. 101 c/c 102 CF).

b) Tribunais de Justiça: controle da


constitucionalidade de lei ou ato normativo
estadual ou municipal em face da
Constituição Estadual (Art. 125, § 2º, CF).
6.2. ESPÉCIES DE AÇÕES DO CONTROLE JURISDICIONAL
CONCENTRADO E ABSTRATO NA CRFB/1988

a) Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI):


perante o STF e Tribunais de Justiça dos Estados e
DF;

b) Ação Declaratória de Constitucionalidade


(ADC);

c) Ação Direta de Inconstitucionalidade por


Omissão (ADO);
6.2. ESPÉCIES DE AÇÕES DO CONTROLE JURISDICIONAL
CONCENTRADO E ABSTRATO NA CRFB/1988

d) Ação Direta Interventiva (ADIn); e

e) Ação de Arguição de Descumprimento de


Preceito Fundamental (ADPF).
7. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE PERANTE O
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

● Objetivo da ADI: visa um juízo negativo


de constitucionalidade de leis e atos
normativos federais e estaduais em
face da CF (art. 102, I, “a”, da CF/88).

● Não cabe ADI para leis ou atos


normativos municipais em face da
CF/88 (RTJ 93: 455).
7.1. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE PERANTE O SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL: LEGITIMAÇÃO ATIVA

Art. 103. Podem propor a ADI e a ADC: (*)

I - o Presidente da República;

II - a Mesa do Senado Federal;

III - a Mesa da Câmara dos Deputados;

IV - a Mesa de Assembleia Legislativa ou

da Câmara Legislativa do Distrito Federal; (*)

(*) Redação dada pela EC nº 45, de 2004


7.1. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE PERANTE O SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL: LEGITIMAÇÃO ATIVA

Art. 103. Podem propor a ADI e a ADC: (*)

V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal; (*)

VI - o Procurador-Geral da República;

VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do


Brasil;

VIII - partido político com representação no Congresso


Nacional;

IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito


nacional.
(*) Redação dada pela EC nº 45, de 2004
7.1. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE PERANTE O SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL: LEGITIMAÇÃO ATIVA

● Ampliação do rol dos legitimados (era apenas


o Procurador-Geral da República).

● Legitimado Universal: não precisam


demonstrar a pertinência temática – são
legitimados para propor qualquer ADI – em
face de sua atuação institucional (Art. 103, I, II,
III, VI, VII e VIII, da CRFB/88).
7.1. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE PERANTE O SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL: LEGITIMAÇÃO ATIVA

● Legitimado Interessados ou Especiais: são


autores interessados ou especiais que
necessitam demonstrar o interesse na
propositura da ação – o objeto da ação deve
estar relacionado com a sua finalidade
institucional (pertinência temática).
7.1. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE PERANTE O SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL: LEGITIMAÇÃO ATIVA

● Pertinência temática: é a correlação entre o conteúdo


material da norma impugnada e os interesses
específicos de cada um deles (Art. 103, IV, V e IX:

● Mesas de Assembleias Legislativas;


● Governadores; e
● Confederação Sindical ou Entidade de Classe de
âmbito nacional).
7.1. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE PERANTE O SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL: LEGITIMAÇÃO ATIVA

- Decisões do STF sobre a pertinência temática:

● ADI 591-MC/DF: STF negou legitimação ativa à


Associação dos Delegados de Polícia do Brasil
(ADEPOL) por se tratar de “associação de
associações”, mas mudou o seu entendimento na
ADI 3153-AgR/DF (Rel. Min. Sepúlveda Pertence).
7.1. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE PERANTE O SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL: LEGITIMAÇÃO ATIVA

- Decisões do STF sobre a pertinência temática:

● Confederação Sindical: deverão preencher os


requisitos da legislação pertinente - de ser constituída
por, no mínimo, 03 Federações Sindicais (art. 535 da
CLT - ADI 1121/RS) – conferiu legitimação ativa à
Confederação Nacional da Saúde (CNS) e
Confederação Nacional do Comércio (CNC), devendo
demonstrar a pertinência temática;
7.1. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE PERANTE O SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL: LEGITIMAÇÃO ATIVA

➔ Decisões do STF sobre a pertinência temática:

● Entidade de Classe de âmbito nacional: aplicou, por


analogia, a Lei Orgânica dos Partidos Políticos (Lei
nº 9096/95) - entidade organizada em pelo menos 09
Estados da Federação (ADI 79) – conferiu
legitimação ativa à Associação dos Magistrados
Brasileiros (AMB), devendo demonstrar a pertinência
temática.
7.1. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE PERANTE O SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL: LEGITIMAÇÃO ATIVA

➔ Decisões do STF sobre a pertinência temática:

● ADI 2866-RN (Medida cautelar) - O STF, por decisão unânime,


reconheceu a legitimidade ativa da Associação Brasileira dos
Extratores e Refinadores de Sal - ABERSAL para propor a ação
- e, quanto ao pedido de cautelar, determinou a suspensão da
vigência do artigo 6º, caput, e § 4º; artigos 7º e 9º da Lei nº
8.299, de 2003, do RN.
● No caso, o STF flexibilizou o entendimento e não aplicou o
critério de representação de pelo menos 9 Estados, em face da
relevância nacional da atividade dos associados da ABERSAL e
a produção de sal ocorrer em poucas unidades da Federação.
7.1. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE PERANTE O SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL: LEGITIMAÇÃO ATIVA

- Decisões do STF sobre a pertinência


temática:

● Centrais Sindicais (CUT e CGT): ADI 271 –


não tem legitimidade ativa para propor ADI
perante o STF;
● União Nacional dos Estudantes (UNE): não tem
legitimidade - representa a classe dos
estudantes brasileiros e não de classe
profissional (ADI 89-3/DF, Rel. Min. Néri da
Silveira).
7.1. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE PERANTE O SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL: LEGITIMAÇÃO ATIVA

- Decisões do STF sobre a pertinência temática:

● Perda de representação do partido político no Congresso


Nacional, após o ajuizamento da ADI: Considerou que não
descaracteriza a legitimação ativa para o prosseguimento da ação -
a aferição deve ser feita no momento da propositura da ação (ADI
2159 AgR/DF, Rel. orig. Carlos Velloso, Rel. p/acórdão Min. Gilmar
Mendes, 12.08.2004, Vencidos os Mins. Carlos Velloso e Celso de
Mello, que consideravam a perda da capacidade postulatória).

● ADI 5.589: Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil


(Afrebras) - falta de legitimidade, por não comprovar a pertinência
temática).
7.2. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE PERANTE O SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL: PARTICIPANTES NO PROCESSO

➔ Necessidade de Advogado: O STF (ADI 127)


entendeu que os legitimados tinham a capacidade
postulatória plena (decorre da CRFB/88), podendo
praticar atos no processo como advogado fosse,
com exceção dos Partidos Políticos e as
Confederações Sindicais ou Entidades de
Classe de Âmbito Nacional (Art. 103, VIII e IX).
7.2. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE PERANTE O SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL: PARTICIPANTES NO PROCESSO

➔ Governador de Estado ou do DF: tem capacidade

postulatória, podendo praticar no processo de ADI


quaisquer atos ordinariamente privativos de
advogado (ADI 127 MC/QO, Rel. Celso de Mello,
04.12.1992) – quando subscrita por advogado
deverá a petição inicial ser acompanhada de
instrumento de procuração com poderes
especiais (ADI 2187-7/BA, Rel. Min. Octavio
Gallotti).
7.2. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE PERANTE O SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL: PARTICIPANTES NO PROCESSO

➔ ADI 6764 (Rel. Min. Celso Mello, 18/03/2021):

➔ O Presidente da República ajuizou ADI, com pedido liminar,


buscando interpretação conforme à Constituição Federal de
dispositivos da Lei nº 13.874/2019 (Lei de liberdade econômica)
e da Lei nº 13.979/2020, a versar medidas de enfrentamento à
crise sanitária decorrente do novo coronavírus, e a declaração
de inconstitucionalidade dos Decretos nº 41.874/2021-DF; nº
20.233/2021-BA; nº 55.782/2021 e 55.789/2021- RS, por meio
dos quais determinava o fechamento total e toque de recolher
em virtude da pandemia Covid-19.
7.2. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE PERANTE O SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL: PARTICIPANTES NO PROCESSO

➔ ADI 6764 (Rel. Min. Celso Mello, 18/03/2021):

➔ Não houve assinatura do Advogado-Geral da União. “O Chefe do


Executivo personifica a União, atribuindo-se ao Advogado-Geral a
representação judicial, a prática de atos em Juízo. Considerado o
erro grosseiro, não cabe saneamento processual.”

➔ O Rel. Min. Marco Aurélio indeferiu a inicial, observado o art. 4º,


caput, da Lei nº 9.868/99 (legitimidade X capacidade postulatória -
Agravo).

➔ Foi interposta nova ADI 6855/2021 (Assinada pela AGU).


7.2. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE PERANTE O SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL: PARTICIPANTES NO PROCESSO

➔ Possibilidade de litisconsórcio ativo:


podem figurar no polo ativo dois ou mais
legitimados para a propositura da ADI.

➔ Não cabe intervenção de terceiros (art.


7º da Lei n. 9.868/99).
7.2. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE PERANTE O SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL: PARTICIPANTES NO PROCESSO

➔ Amicus Curiae: o relator, considerando a relevância da matéria e


a representatividade dos postulantes, poderá, por despacho
irrecorrível, admitir, observado o prazo fixado no parágrafo anterior,
a manifestação de outros órgãos ou entidades (§ 2º) -
intervenção atípica - ADI 575-PI (AgR), Rel. Min. Celso de Mello.

➔ O Amigo da Corte (art. 138 do CPC) possibilita ao magistrado – de


ofício ou a requerimento das partes – solicitar ou admitir a
participação de pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade
especializada, para que colabore com o julgamento.
7.2. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE PERANTE O SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL: PARTICIPANTES NO PROCESSO

● Fundamentos do Amigos da Corte:

a) fator de legitimação social das decisões da


Suprema Corte (Tribunal Constitucional).

b) viabiliza o postulado democrático com a


abertura do processo constitucional.
7.2. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE PERANTE O SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL: PARTICIPANTES NO PROCESSO

● Fundamentos do Amigos da Corte:

c) participação pluralista no processo constitucional


de órgãos e entidades com representatividade na
defesa dos interesses da coletividade ou que
expressem os valores essenciais e relevantes de
grupos, classes ou estratos sociais – viabiliza a
participação da sociedade aberta dos intérpretes da
Constituição de Peter Häberle.
7.2. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE PERANTE O SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL: PARTICIPANTES NO PROCESSO

● Fundamentos do Amigos da Corte:

d) elementos de informação e pelo acervo de


experiências – as decisões poderão ser
proferidas com maior conhecimento de argumentos
e informações fáticas (implicações jurídicas,
sociais, políticas, econômicas, culturais,
filosóficas, científicas etc.).
7.2. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE PERANTE O SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL: PARTICIPANTES NO PROCESSO

● Admissão ou não do Amicus Curiae: decisão do


Relator, que verificará o preenchimento dos requisitos e
a conveniência e oportunidade da manifestação (ADI
2238, DJ 09.05.2002).

● Natureza jurídica do Amicus Curiae: Intervenção


atípica, ad coadjuvandum (AGRADI 748-RS, Celso de
Mello, DJ 18.11.1994) – intervenção de terceiros sui
generis no RISTF (art. 131, § 3º).
7.2. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE PERANTE O SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL: PARTICIPANTES NO PROCESSO

● ADI 2591- Decisão será irrecorrível: não cabe


recurso da decisão interlocutória que admite ou
não a presença do amicus curiae - busca evitar o
tumulto processual, contudo alguns Ministros
estão aceitando a interposição de recurso para
impugnar a decisão de não admissibilidade de
intervenção do amicus curiae (ADI 2591, o Rel.
Min. Sepúlveda Pertence, aceitou o cabimento de
agravo).
7.2. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE PERANTE O SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL: PARTICIPANTES NO PROCESSO

● ADI 3346, o Rel. Min. Marco Aurélio


(Julg. 28.04.2009) sustenta o cabimento
de embargos de declaração, mas,
mantida a decisão de indeferimento,
não admite o agravo - tema
controverso e não uniformizado pelo
STF.
7.2. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE PERANTE O SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL: PARTICIPANTES NO PROCESSO

● Requisitos do Amicus Curiae:

1. Relevância da matéria e
representatividade dos postulantes.

2. Não se admite pessoa física como


amicus curiae em sede de ADI –
carência de representatividade (ADI
4178/GO, Rel. Min. Cezar Peluso).
7.2. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE PERANTE O SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL: PARTICIPANTES NO PROCESSO

● Prazo para admissão do Amicus Curiae: veto do § 1º do


art. 7º da Lei 9868/99 - via de regra o prazo tem sido de 30
dias, mas o prazo pode ser flexibilizado pelo Ministro
Relator, que tem a discricionariedade de acatar ou não o
pedido – inclusive por ocasião da apresentação de
sustentação – como se verificou na ADPF 46/DF (Rel.
Min. Marco Aurélio, DJ de 20.06.2005) – uma vez iniciado
o julgamento, o pedido deve ser rejeitado (ADI 2238, Inf.
267/STF).
7.2. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE PERANTE O SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL: PARTICIPANTES NO PROCESSO

● Em definitivo, o STF restringiu o prazo anterior, mas


definiu de forma razoável, com a ADI 4071 AgR/DF
(Rel. Min. Menezes Direito, DJE de 16.10.2009),
que o amicus curiae somente pode demandar a
sua intervenção até a data em que o Relator
liberar o processo para pauta (ver ADI 2777;
3345/DF; 3540; 3498; 3056).
7.3. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE PERANTE O SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL: INFORMAÇÕES, PERÍCIAS E AUDIÊNCIA PÚBLICA

➔ Art. 9º, § 1º, da Lei n. 9.868/99:

“Em caso de esclarecimento de matéria ou circunstância


de fato ou de notória insuficiência das informações
existentes nos autos, poderá o relator requisitar
informações adicionais, designar perito ou comissão de
peritos para que emita parecer sobre a questão, ou fixar data
para, em audiência pública, ouvir depoimentos de pessoas
com experiência e autoridade na matéria.”

➔ Deverão ser realizadas no prazo de 30 dias, contado da


solicitação do Relator (art. 9º, § 3º).
7.3. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE PERANTE O SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL: INFORMAÇÕES, PERÍCIAS E AUDIÊNCIA PÚBLICA

➔ Em 20.04.2007 foi realizada a primeira AUDIÊNCIA


PÚBLICA (STF – ADI 3510): impugnava dispositivos da
Lei de Biossegurança (Lei 11.105/2005).

➔ Proposta pelo Procurador-Geral da República, contra a


utilização das células-tronco de embriões humanos em
pesquisas e terapias (afronta ao direito à vida e a
dignidade da pessoa humana – que a vida começa com a
fecundação e ressalta que o embrião é vida humana) – o
STF entendeu, por 6 X 5, que as pesquisas com
células-tronco embrionárias não violam o direito à
vida, nem mesmo a dignidade humana, julgando, assim,
improcedente a ADI.
7.3. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE PERANTE O SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL: INFORMAÇÕES, PERÍCIAS E AUDIÊNCIA PÚBLICA

Informações aos Tribunais Superiores, aos Tribunais Federais e


aos Tribunais Estaduais na ADI:

➔ O relator poderá, ainda, solicitar informações aos Tribunais


Superiores, aos Tribunais federais e aos Tribunais estaduais
acerca da aplicação da norma impugnada no âmbito de sua
jurisdição (art. 9º, § 2º, da Lei n. 9868/99).

➔ Deverão ser realizadas no prazo de trinta dias, contado da


solicitação do Relator (art. 9º, § 3º, da Lei n. 9868/99).
7.4. ADI PERANTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: PÓLO PASSIVO

● Deve sempre atuar no pólo passivo da ADI o Advogado-Geral da


União - age como curador e defensor da presunção da
constitucionalidade do ato normativo impugnado com o vício da
inconstitucionalidade, inclusive dos textos estaduais (art. 103, § 3º)
– contudo, em algumas situações o AGU, segundo orientação do
STF, “não está obrigado a defender a tese jurídica se a Corte já
fixou entendimento pela sua inconstitucionalidade” (ADI 1616/PE;
ADI 2101/MS e ADI 3415/AM) – o AGU tem direito de
manifestação (ADI 71, ADI 3916).

● Litisconsortes passivo: as autoridades ou órgãos legislativos


que criaram a lei ou ato normativo impugnado.
7.5. ADI PERANTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: LEIS E ATOS
NORMATIVOS PASSÍVEIS DE IMPUGNAÇÃO

1. Emendas Constitucionais;

2. Leis complementares;

3. Leis ordinárias;

4. Leis delegadas;

5. Medidas provisórias;
7.5. ADI PERANTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: LEIS E ATOS
NORMATIVOS PASSÍVEIS DE IMPUGNAÇÃO

6. Decretos legislativos ou presidenciais referentes a


tratados internacionais;

7. Decretos legislativos, inclusive do art. 49, V, da CF/88;

8. Constituições estaduais e suas emendas;

9. Regimentos Internos dos Tribunais e Casas


Legislativas;

10. Atos normativos editados por pessoa de direito


público;
7.6. ADI PERANTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: LEIS E ATOS
NORMATIVOS PASSÍVEIS DE IMPUGNAÇÃO

Outros atos dotados de força normativa


abstrata:

● Decreto autônomo aprovado pelo Chefe do


Executivo com caráter de abstração e
originalidade;

● Resoluções aprovados pelo Chefe do


Executivo;

● Resoluções Administrativas dos Tribunais;


7.6. ADI PERANTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: LEIS E ATOS
NORMATIVOS PASSÍVEIS DE IMPUGNAÇÃO

Outros atos dotados de força normativa abstrata:

● Deliberações Administrativas dos órgãos judiciais


(ADI 728, Rel. Min. Marco Aurélio);

● Deliberações dos Tribunais Regionais do Trabalho


Judiciários (ADI 681, Rel. Min. Neri da Silveira);

● Resoluções do Conselho Internacional de Preços


(ADI 8-0/DF, Rel. Min. Carlos Velloso) etc.
7.7. ADI PERANTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: LEIS E ATOS
NORMATIVOS NÃO PASSÍVEIS DE IMPUGNAÇÃO

➔ Atos normativos de efeitos concretos:

● ADI 2484 MC-DF, Rel. Min. Carlos Velloso, 14.3.2003: Atos normativos de efeitos
concretos (Decretos do Executivo etc.) – pela inexistência de densidade
normativa (Ver também ADI 2557 MC-AP, Rel. Min. Maurício Correa, 09.12.1999)
– não se trata de ação popular constitucional (recurso de amparo).
● ADI 4048-MC/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, 17.04.2008: o STF modificou o seu
entendimento se o ato do Poder Público foi editado sob a forma de lei do ato de
efeito concreto não editado sob a forma de lei () – possibilidade de controle
abstrato e concentrado de constitucionalidade das leis orçamentárias (de efeito
concreto na aparência), pois dependerá de muitos outros atos, estes sim de de
efeito concreto (ADI 4048 e 4049).
7.7. ADI PERANTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: LEIS E ATOS
NORMATIVOS NÃO PASSÍVEIS DE IMPUGNAÇÃO

➔ Regulamentos: controvérsia no âmbito da


ilegalidade.

➔ Leis distritais editadas sobre matéria de


competência municipal (Código Distrital de
Posturas) - se violar a Lei Orgânica Distrital
cabe ADI perante o TJDF;

➔ Súmulas dos Tribunais (inclusive Súmula


Vinculante);
7.7. ADI PERANTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: LEIS E ATOS
NORMATIVOS NÃO PASSÍVEIS DE IMPUGNAÇÃO

➔ Sentenças normativas e Convenções coletivas;

➔ Leis e atos normativos anteriores à Constituição


vigentes (é objeto de revogação - controvérsia de
direito intertemporal);

➔ As normas constitucionais originárias (não é


passível de controle - RTJ 163: 872; ADI
4097-AgR, Rel. Min. Cezar Peluso, 07.11.2008)
7.7. ADI PERANTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: LEIS E ATOS
NORMATIVOS NÃO PASSÍVEIS DE IMPUGNAÇÃO

➔ Ato normativo já revogado ou de eficácia exaurida: valor


meramente histórico.

➔ Lei revogada ou que tenha perdido a sua vigência após a


propositura da ADI (ADI 737/DF, Rel. Min. Moreira Alves):
transformaria a ADI em instrumento de proteção de situações
jurídicas pessoais e concretas – perda de objeto com a
revogação (ADI 2010-QO/DF, Rel. Min. Celso de Mello –
diversas decisões nesse sentido).
7.7. ADI PERANTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: LEIS E ATOS
NORMATIVOS NÃO PASSÍVEIS DE IMPUGNAÇÃO

➔ ADI 3232 – Rel. Min. Cezar Peluso, 14.8.2008: trata-se de


verdadeira fraude processual – pois a revogação foi
apenas para frustrar o julgamento que se encontrava pautado
– a questão de ordem foi superada, pois “não subtrai à
Corte a jurisdição nem a competência para examinar a
constitucionalidade da lei até então vigente e suas
consequências jurídicas” – mudança de entendimento
para rever a prejudicialidade, especialmente em razão de
análise da situação concreta.
7.7. ADI PERANTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: LEIS E ATOS
NORMATIVOS NÃO PASSÍVEIS DE IMPUGNAÇÃO

➔ Alteração do parâmetro constitucional


invocado: a alteração da Constituição, do
parâmetro constitucional invocado, acarreta a
perda superveniente de seu objeto – deve ser
julgada prejudicada (ADI 1434/ SP, Rel. Min.
Sepúlveda Pertence, 25.02.2000; ADI 2197/RJ,
Rel. Maurício Corrêa, 02.04.2004 e diversas
outras).
7.7. ADI PERANTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: LEIS E ATOS
NORMATIVOS NÃO PASSÍVEIS DE IMPUGNAÇÃO

➔ ADI 2158/PR e ADI 2189, Rel. Min. Dias Toffoli


(16.12.2010): o STF não admite o fenômeno da
constitucionalidade superveniente – a referida lei
nasceu inconstitucional e deve ser nulificada perante a
regra da Constituição que vigorava à época de sua
edição (princípio da contemporaneidade) – portanto,
não admitiu a tese de prejudicialidade - analisando a
constitucionalidade da lei à luz da regra constitucional
que à época vigorava.
7.7. ADI PERANTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: LEIS E ATOS
NORMATIVOS NÃO PASSÍVEIS DE IMPUGNAÇÃO

➔ Lei ou ato normativo municipal em face da


Constituição Federal – ADI 347/SP: não há
previsão constitucional (silêncio eloquente) –
se a norma municipal violar norma da
Constituição Estadual repetida cabe ADI
perante o TJ – ou somente pelo controle
difuso ou por ADPF.
7.8. ADI PERANTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: PROCEDIMENTO

● Art. 103, § 1º e 3º, da CF/88; arts. 169 a 178 do RISTF e


regulamentação pela Lei n. 9868, de 10/11/1999
(regulamenta o processo e julgamento da ADI e ADC).

● A propositura da ADI não está sujeita a prazo


decadencial (Súmula 360 - STF) - os atos
inconstitucionais jamais se convalidam pelo mero decurso
de prazo (ADI 1247 MC/PA, Rel. Min. Celso de Mello,
08.09.1995).

● Não se admite desistência (art. 5º da Lei n.9.868/99) -


princípio da indisponibilidade.
7.8. ADI PERANTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: PROCEDIMENTO

● Não sendo o caso de indeferimento de liminar, o Relator


pedirá informações aos órgãos ou às autoridades das
quais emanou a lei ou o ato normativo impugnado,
devendo tais informações ser prestadas no prazo de 30 dias
contado do recebimento do pedido (art. 6º da Lei 9868/99).

● Decorridos o prazo de informações, serão ouvidos,


sucessivamente, o Advogado-Geral da União e o
Procurador-Geral da República, que deverão
manifestar-se, cada qual, no prazo de 15 dias (art. 103, §
3º, da CF/88).
7.8. ADI PERANTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: PROCEDIMENTO

● Petição Inicial: deverá indicar o dispositivo da lei ou do

ato normativo impugnado e os fundamentos jurídicos


do pedido em relação a cada uma das impugnações, bem
como o pedido, com suas especificações (art. 3º da Lei
9868/99 - ver ADI 2187-7/BA, Rel. Min. Octavio Gallotti).

● Petição inicial inepta por falta de fundamentação ou

por manifesta improcedência: o Relator pode indeferir,


cabendo recurso de agravo para impugnar a decisão (art.
4º, parágrafo único, da Lei 9868/99).
7.8. ADI PERANTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: PROCEDIMENTO

● Admissibilidade do pedido passa por


três crivos genéricos:

a) legitimação ativa;

b) demonstração de pertinência temática


(legitimados ativos especiais); e

c) o objeto juridicamente possível.


7.9. ADI PERANTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: A CONCESSÃO DE
LIMINAR

● Concessão de medida liminar (art. 102, I, “p”, da CF/88 -


Lei nº 9.868/99, arts. 10 ao 12): é possível, mas precisa
comprovar o Fumus boni iuris e do Periculum in mora (STF
entende que lei antiga não tem perigo de mora).
7.9. ADI PERANTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: A CONCESSÃO
DE LIMINAR

● Art. 10 da Lei 9.868/99:

Salvo no período de recesso, a medida


cautelar na ação direta será concedida por
decisão da maioria absoluta dos membros
do Tribunal, observando o disposto no art.
22, após a audiência dos órgãos ou
autoridades dos quais emanou a lei ou ato
normativo impugnado, que deverão
pronunciar-se no prazo de cinco dias.
7.9. ADI PERANTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: A CONCESSÃO
DE LIMINAR

● Concessão liminar por decisão do Tribunal: ouvidos ou


não os órgãos ou autoridades dos quais emanou a lei ou o
ato normativo - ou ainda, com a oitiva do Advogado-Geral
da União e do Procurador-Geral da República no prazo de
três dias (§ 1º).

● Efeitos da concessão de medida cautelar (art. 11, § 1º):

§ 1o A medida cautelar, dotada de eficácia contra todos,


será concedida com efeito ex nunc, salvo se o Tribunal
entender que deva conceder-lhe eficácia retroativa.
7.9. ADI PERANTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: A CONCESSÃO
DE LIMINAR

● ADI 2574 (Rel. Min. Carlos Velloso, DJ de


29.08.2003) e 3148 (Rel. Min. Celso de Mello, DJ de
28.09.2007):

● A concessão da medida cautelar torna aplicável a


legislação anterior acaso existente, salvo expressa
manifestação em contrário (art. 11, § 2º, da Lei n.
9.868/99.
7.9. ADI PERANTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: A CONCESSÃO
DE LIMINAR

● O indeferimento da medida cautelar não significa a


confirmação da constitucionalidade da lei ou do ato
normativo.

● Reclamação e efeito da decisão de medida


cautelar: “Não se admite reclamação contra decisão
que, em ADI, indefere, sob qualquer que seja o
fundamento, pedido de liminar” (Rcl 3458 – Agr, Rel.
Min. Cezar Peluso, DJE de 23.11.2007).
7.9. ADI PERANTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: A CONCESSÃO
DE LIMINAR

Art. 12. Havendo pedido de medida cautelar, o relator, em face


da relevância da matéria e de seu especial significado para a
ordem social e a segurança jurídica, poderá, após a
prestação de informações, no prazo de dez dias, e a
manifestação do Advogado-Geral da União e do
Procurador-Geral da República, sucessivamente, no prazo de
cinco dias, submeter o processo diretamente ao Tribunal,
que terá a faculdade de julgar definitivamente a ação.
(Lei n. 9.868/99)
7.10. ADI PERANTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: CLÁUSULA DE
RESERVA DE PLENÁRIO

● Exigência do quorum qualificado para apreciação de


inconstitucionalidade de lei ou ato normativo em sede de
ADI (art. 97 da CF/88) - exige-se a presença na sessão
de pelo menos 8 Ministros (art. 22 da Lei n. 9.868/99).

● Para a concessão de medida liminar exige-se a


reserva de plenário, salvo em casos de excepcional
urgência em que o Tribunal pode deferir a liminar (art.
10, § 3º da Lei n. 9.868/99) sem audiência dos órgãos
ou das autoridades das quais emanou a lei ou o ato
normativo impugnado.
7.11. ADI PERANTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: A DECISÃO E
SEUS EFEITOS

● Presença na sessão de julgamento de 8 Ministros (art. 22 da Lei n.


9.868/99) - e decisão de pelo menos 6 Ministros para a proclamação
da constitucionalidade ou inconstitucionalidade da lei ou ato normativo
(art. 23) - em caso de não se alcançar o quórum. o julgamento deve
ser suspenso a fim de aguardar-se a presença dos Ministros ausentes
(parágrafo único).

● “A decisão que declara a constitucionalidade ou inconstitucionalidade


da lei ou do ato normativo em ação direta é irrecorrível, ressalvada a
interposição de embargos declaratórios, não podendo, ser objeto de
ação rescisória” (art. 26 da Lei n. 9.868/99).
7.11. ADI PERANTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: A DECISÃO E SEUS
EFEITOS

● O julgamento pela improcedência do pedido


equivale à declaração de constitucionalidade
da lei ou ato normativo impugnado.

● Efeitos erga omnes: atinge a todos os


destinatários da norma (efeitos subjetivos totais)
- há o expurgo da lei ou ato normativo do
ordenamento jurídico - implica em atuação
judicante com função de legislador negativo.
7.11. ADI PERANTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: A DECISÃO E
SEUS EFEITOS

● A concessão de medida liminar gera efeitos erga


omnes e ex nunc (não retroativos), salvo se o
Tribunal entender que deva conceder-lhe eficácia
retroativa (art. 11, § 1º da Lei nº 9.868/99).

● Os efeitos da sentença definitiva em sede de ADI é


via de regra ex tunc (retroativos), contudo pode ser
conferido efeito ex nunc, ou com indicação de outro
momento a ser fixado (art. 27 da Lei n. 9.868/99).
7.11. ADI PERANTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: A DECISÃO E
SEUS EFEITOS

● Art. 27 da Lei n. 9.868/99:

Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato


normativo, e tendo em vista razões de segurança
jurídica ou de excepcional interesse social,
poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de
dois terços de seus membros, restringir os efeitos
daquela declaração ou decidir que ela só tenha
eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de
outro momento que venha a ser fixado.

● Não é necessária a comunicação ao Senado


Federal (para fins do art. 52, X, da CF/88).
7.11. ADI PERANTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: A DECISÃO E
SEUS EFEITOS

● ADI e efeito vinculante:

Art. 102, § 2º (com redação dada


pela EC nº 45/2004) dispõe que nas
decisões definitivas de mérito, em sede
de ADI, também produz eficácia contra
todos e efeito vinculante.
7.11. ADI PERANTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: A DECISÃO E SEUS
EFEITOS

● Efeitos em hipótese específica na ADI: que preencha os


requisitos formais (quórum de 2/3) e material (razões de
segurança jurídica ou de excepcional interesse social), serão:

(i) erga omnes;

(ii) ex tunc; ou outro momento a ser fixado pelos Ministros do


STF, podendo a modulação ser em algum momento do passado,
no momento do julgamento, ou para o futuro (efeito
prospectivo – pro futuro);

(iii) vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário e da


Administração Pública federal, estadual, municipal e distrital.
7.11. ADI PERANTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: A DECISÃO E
SEUS EFEITOS

Pode o STF declarar:

1. Nulidade total: suspensão da eficácia de todo o texto da lei ou ato normativo.

2. Nulidade parcial: suspensão da eficácia de parte do texto da norma - a


declaração de inconstitucionalidade parcial não pode resultar em alteração do
sentido ou alcance da norma impugnada (vedação ao papel de legislador
positivo) - a solução ideal seria de todo o dispositivo (RTJ 159: 111), mas é
possível a declaração de inconstitucionalidade de apenas uma palavra,
expressão, uma frase (diferente do veto presidencial - art. 66, § 2º). Ex.: ADI
1227 - trata-se de interpretação conforme com redução de texto, suspendendo a
eficácia da expressão “desacato”, do art. 7º, § 2º, do Estatuto da OAB.
7.11. ADI PERANTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: A DECISÃO E
SEUS EFEITOS

Pode o STF declarar:

3. Nulidade parcial sem redução de texto: trata-se de redução do âmbito de aplicação da


lei, segundo uma interpretação conforme à Constituição - ex.: tributo que fere o
princípio da anterioridade - não muda o texto, pois apenas limita a sua aplicação para
o próximo ano.

● Quando o STF declara que o vício de inconstitucionalidade reside em uma determinada


aplicação da lei ou em um sentido interpretativo – a interpretação conforme à
Constituição não se configura uma inconstitucionalidade - só será admitida quando existir
um espaço para a decisão do Judiciário, deixada pelo Legislativo - é o caso de diversas
interpretações, cabendo ao Judiciário dizer qual a interpretação se coaduna com a
Constituição.
7.11. ADI PERANTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: A DECISÃO E
SEUS EFEITOS

● “A declaração de constitucionalidade ou de

inconstitucionalidade, inclusive a interpretação conforme a


Constituição e a declaração de inconstitucionalidade sem
redução de texto, têm eficácia contra todos e efeito
vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário e à
Administração Pública federal, estadual e municipal” (art.
28, parágrafo único, da Lei n. 9.868/99)

● “Inconcebível fenômeno da fossilização da Constituição”


- caso inserisse o Legislativo (Recl. 2617, Inf. 386/STF).
7.11. ADI PERANTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: A DECISÃO E
SEUS EFEITOS

● O julgamento pela improcedência do pedido equivale

à declaração de constitucionalidade da lei ou ato


normativo impugnado.

● Art. 24 da Lei 9868/99: “proclamada a

constitucionalidade, julgar-se-á improcedente a ação


direta ou procedente eventual ação declaratória; e,
proclamada a inconstitucionalidade, julgar-se-á
procedente a ação direta ou improcedente eventual
ação declaratória” – caráter dúplice ou ambivalente.
7.12. ADI PERANTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: RECLAMAÇÃO

● Reclamação (RCL): é um instrumento jurídico


com status constitucional que visa preservar a
competência do Supremo Tribunal Federal (STF) e
garantir a autoridade de suas decisões.

● Origem: da construção jurisprudencial do STF


(art. 102, I, “l”, da CF/88) - cabe em sede de ADI.
7.12. ADI PERANTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: RECLAMAÇÃO

● Competência Originária do STF: decorre do


exercício constitucional de direito de petição aos
Poderes Públicos em defesa de direito ou contra a
ilegalidade ou abuso de poder (art. 5º, XXXIV, “a”)
– de caráter mandamental e natureza
constitucional.

● Visa garantir os princípios da efetividade do processo,


da economia e celeridade processual.
7.12. ADI PERANTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: RECLAMAÇÃO

● Regulamentação: art. 13 da Lei 8.038/1990; e arts. 156 e seg.


do RISTF - pertence à classe de processos originários do STF –
deve ser ajuizada no Tribunal, a quem cabe analisar se o ato
questionado na ação invadiu competência da Corte ou se
contrariou alguma de suas decisões - a Emenda Regimental
49/2014, do STF, transferiu para as Turmas a competência de
julgar todas as Reclamações.

● Requisito do ato judicial violador da decisão do STF: não


tenha transitado em julgado (Súmula 734/STF, de 26.11.2003).
7.12. ADI PERANTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: RECLAMAÇÃO

● Emenda à Constituição 45/2004: ampliou para impugnar ato


administrativo ou decisão judicial que contrarie ou aplique
indevidamente súmula vinculante da Corte (art. 103-A, § 3º, da
CF/88).

● Desde 01/2010: tramitação exclusiva por meio eletrônico


(Resolução 417 do STF).

● Legitimidade: todos aqueles que sejam prejudicados por atos


contrários às decisões que possuam eficácia vinculante e
geral (erga omnes) - Rcl 6078 AgR, Pleno, Relator Min. Joaquim
Barbosa. DJ 29-04-2010.
7.12. ADI PERANTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: RECLAMAÇÃO

Ano Reclamações Recebidas pelo STF ADI (2022 - 1.173)

● 2006 848
● 2010 1.301
● 2011 1.856
● 2012 1.895
● 2013 1.894
● 2014 2.375
● 2015 3.273
● 2016 3.283
● 2017 3.326
● 2018 3.467
● 2019 5.789
● 2020 6.576
● 2021 5.882
● 2022 5.899 (até 2/12)
7.12. ADI PERANTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: RECLAMAÇÃO

“A desobediência aos precedentes não é causa. É


consequência.

O que os tribunais fazem são 'teses', que não são


precedentes. Precedentes nunca são feitos para o futuro. Só
o Brasil é que tem essa noção equivocada. Pensam que
podem fixar interpretações para o futuro. Ora, os tribunais
julgam o passado. O Legislativo é que cuida do futuro. No
Brasil o erro é os tribunais quererem cuidar do futuro".

Lênio Streck (Revista Consultor Jurídico, 4/12/2022; In:


https://www.conjur.com.br/2022-dez-04/explosao-reclamacoes-mostra
-desrespeito-cultura-precedentes ).
8. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE PERANTE O TRIBUNAL
DE JUSTIÇA: PREVISÃO CONSTITUCIONAL

● Art. 125, § 2º, da CRFB/88: permite aos


Estados, por seus Tribunais de Justiça, o
controle concentrado da
constitucionalidade das leis e atos
normativos estaduais e municipais em
face das Constituição Estaduais, vedada
a atribuição da iniciativa a um único órgão.
8.1. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE PERANTE O
TRIBUNAL DE JUSTIÇA: LEGITIMAÇÃO ATIVA

Art. 60. Podem propor a ADI e a ADC de leis ou atos


normativos estaduais ou municipais, contestados em face
desta Constituição:

I - Governador do Estado, ou a Mesa da Assembleia


Legislativa;

II - o Prefeito, ou a Mesa da Câmara Municipal;

III - o Tribunal de Contas do Estado;

IV - o Tribunal de Contas dos Municípios;

Redação dada pela EC nº 46, de 09-09-2010, D.A. de 09-09-2010.


8.1. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE PERANTE O
TRIBUNAL DE JUSTIÇA: LEGITIMAÇÃO ATIVA
Art. 60. (...)

V - o Procurador-Geral de Justiça;

VI - a Ordem dos Advogados do Brasil Seção de Goiás;

VII - as federações sindicais ou entidades de classe de


âmbito estadual;

VIII - os partidos políticos com representação na Assembleia


Legislativa, ou, em se tratando de lei ou ato municipal, na
respectiva Câmara Municipal.

Redação dada pela EC nº 46, de 09-09-2010, D.A. de 09-09-2010.


8.2. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE PERANTE O
TRIBUNAL DE JUSTIÇA: PROCEDIMENTO

● O procedimento é disciplinado pela Lei n.


9.868/99 e RITJGO, que adota, por analogia,
o RISTF.

● Concessão de medida liminar (art. 46, VII,


“a”, da CE).
8.2. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE PERANTE O
TRIBUNAL DE JUSTIÇA: PROCEDIMENTO

● Art. 60, §1º, da CE: o Procurador-Geral de


Justiça deverá ser previamente ouvido nas
ações de inconstitucionalidade e em todos os
processos de competência do Tribunal de
Justiça.

● Cabe ao Procurador-Geral do Estado a


defesa da lei ou ato normativo impugnado (art.
60, § 3º, da CE).
8.2. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE PERANTE O
TRIBUNAL DE JUSTIÇA: PROCEDIMENTO

● § 4º Declarada a inconstitucionalidade, a
decisão será comunicada à Assembleia ou à
Câmara Municipal.

● § 5º Somente pelo voto da maioria absoluta dos


membros do seu órgão especial o Tribunal de
Justiça poderá declarar a inconstitucionalidade
de lei ou ato estadual ou municipal em face desta
Constituição.
8.2. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE PERANTE O
TRIBUNAL DE JUSTIÇA: PROCEDIMENTO

● O § 7º do art. 60, da Constituição de Goiás,


acrescido pela EC nº 46/2010, dispõe que os
legitimados constantes nos incisos II, III, IV e
VII deverão demonstrar que “a pretensão por
eles aduzida guarda relação de pertinência
direta com os seus objetivos
institucionais”.
8.3. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE PERANTE O
TRIBUNAL DE JUSTIÇA: EFEITOS DA DECISÃO

● (Art. 60, § 6º, da CE) As decisões definitivas de


mérito, proferidas pelo Tribunal de Justiça nas ADIs e
nas ADCs produzirão eficácia contra todos e efeito
vinculante, relativamente aos demais órgãos do
Poder Judiciário e à administração pública direta e
indireta, nas esferas estadual e municipal - incluído
pela EC nº 46/2010.)
8.4. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE PERANTE O
TRIBUNAL DE JUSTIÇA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO

● Na hipótese de lei ou ato normativo impugnado em


face de dispositivo da CE que repete texto da
CRFB/88 permite-se a propositura de ADI perante o
Tribunal de Justiça (STF - RTJ 152: 371), com a
possibilidade de interposição de Recurso Extraordinário
para o STF (art. 102, III, alíneas “a” e “c”) - caso o
acórdão do TJ viole o texto da CRFB/88.

● Interposição de Recurso Extraordinário: qualquer dos


co-legitimados ou mesmo o Ministério Público Federal
(art. 37, par. único, da LC n. 75/1993).
8.4. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE PERANTE O
TRIBUNAL DE JUSTIÇA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO

● Interposição de Recurso Extraordinário ao STF:

(i) em caso de decisão do TJ local em controle abstrato


(ADI) de lei estadual ou municipal em face de texto da
Constituição Estadual não cabe recurso extraordinário
ao STF (guardião da Constituição Federal);

(ii) em caso de norma estadual ou municipal, de


reprodução obrigatória, que vier a contrariar a
Constituição Federal, cabe o recurso extraordinário ao
STF – sob pena de usurpação de competência do STF.
8.5. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE PERANTE O
TRIBUNAL DE JUSTIÇA: ADI NO TJ E NO STF

● Propositura simultânea de ADI no TJ e no STF, relativo a


normas estaduais que contrariarem simultaneamente a
Constituição Estadual e Federal:

Predominante coeficiente de federalidade – reprodução


necessária da Constituição Federal - é hipótese de suspensão
prejudicial do processo de controle concentrado e abstrato
instaurado perante o Tribunal de Justiça local – necessidade de
se aguardar, em tal caso, a conclusão, pelo STF, do julgamento da
ADI (ADI 4138, j. 11.12.2009).
8.5. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE PERANTE O
TRIBUNAL DE JUSTIÇA: ADI NO TJ E NO STF

2. Possibilidade de hipóteses que poderão surgir a partir da


decisão a ser proferida pelo STF:

(i) STF declara inconstitucional a lei estadual perante à CF: a ADI


Estadual perderá o seu objeto, não produzindo efeitos no referido
Estado.

(ii) STF declara constitucional a lei estadual perante à CF: o TJ


poderá prosseguir o julgamento da ADI da lei estadual em face da
Constituição Estadual, pois perante a Constituição Estadual, a referida
lei poderá ser incompatível – desde que seja por fundamento diverso.
8.5. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE PERANTE O
TRIBUNAL DE JUSTIÇA: ADI NO TJ E NO STF

3. Possibilidade de ação proposta perante o TJ e que este julgue a


ação que transitou em julgado. A mesma lei poderá ser objeto de ADI
perante o STF (se violar a CF)? Duas hipóteses:

(i) TJ declara previamente a lei estadual constitucional: não se


trata de simultaneidade de processos - se o STF julgar a lei estadual
inconstitucional em face da CF, a nova decisão prevalece inclusive
sobre a coisa julgada inconstitucional estadual.

(ii) TJ declara previamente a lei estadual inconstitucional: não há


que se falar em controle perante o STF, pois a lei estadual já foi
retirada do ordenamento jurídico.
8.6. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE PERANTE O TRIBUNAL DE
JUSTIÇA: RECLAMAÇÃO

● ADI 2480-PB (DJ de 15.06.2006): considerou constitucional a previsão de


reclamação no controle de constitucionalidade estadual com previsão na
Constituição da Paraíba.

● Reclamação no Tribunal de Justiça: o STF entendeu que os TJs. podem utilizar a


Reclamação no âmbito de sua atuação (ADI 2212-CE), para preservar o respeito às
suas decisões - na função de guardiãs das Constituições Estaduais.

● Reclamação (RCL) 7358, de 2009: o STF reconheceu, por decisão majoritária, a


legitimidade do Ministério Público estadual (a ação foi proposta pelo Ministério
Público de São Paulo contra decisão do Tribunal de Justiça daquele estado, que teria
afrontado a Súmula Vinculante nº 9 - STF, que trata da perda de dias remidos por
apenados).
8.6. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE PERANTE O TRIBUNAL DE
JUSTIÇA: RECLAMAÇÃO

● Reclamação no Tribunal de Justiça do Estado de Goiás:

Art. 46 Compete privativamente ao Tribunal de Justiça:

i) as reclamações para a preservação de sua competência ou


garantia da autoridade das suas decisões;
9. AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE: CONTROVÉRSIAS

● Houve grandes controvérsias com a criação da ADC -


por pretensa violação aos princípios do devido
processo legal (abrangendo o do contraditório e o da
inafastabilidade judicial), da separação dos poderes e
do duplo grau de jurisdição - o STF manifestou-se na
ADC nº 1-1-DF (DJU 5/11/93, p. 23.286), em questão de
ordem e decidiu pela constitucionalidade e
aplicabilidade imediata da ADC.

● Não há empecilhos de sua criação no âmbito estadual.


9.2. AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE: OBJETO E EFEITO
VINCULANTE

● Somente as leis e atos normativos federais


(processo objetivo) estão sujeitos à
interposição da ADC.

● Decisões da ADC (procedentes ou


improcedentes) possuem efeito vinculante
aos demais órgãos do Judiciário e do
Executivo (e erga omnes).
9.2. AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE: OBJETO E EFEITO
VINCULANTE

Implica que:

● Autoridade administrativa ou judicial: a não observância da


decisão caracteriza violação do dever funcional - estão vinculadas à
orientação (proibição de repetição);
● Órgãos do Poder Judiciário: nos casos concretos sob seu julgamento
e não respeitarem a decisão prolatada, a parte prejudicada poderá
utilizar o instituto da reclamação para o STF;
● Os efeitos atingem os atos normativos emanados pelo Judiciário e
Executivo, mas não pelo Legislativo: de igual conteúdo daquele
impugnado, independentemente de nova ADC - o STF tem cognição
plena do tema da ação e não está preso à causa de pedir do autor
(STF - AI n. 174.811-7-RS).
9.3. AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE: LEGITIMAÇÃO
ATIVA

● Os mesmos legitimados para a ADI, conforme


redação dada pela EC nº 45/2004 (revogou o §
4º do art. 103, da CF/88).

● Não há intervenção do Advogado-Geral da


União na defesa da lei ou ato normativo
federal impugnado.

● É obrigatória a atuação do Procurador-Geral


da República (art. 103, § 1º, CF/88).
9.4. AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE: PROCEDIMENTO

● É regulado pela Lei n. 9.868/99.

● Não se admite a desistência (art. 16).

● É necessária a comprovação, na inicial, da


controvérsia judicial existente a respeito da
constitucionalidade da lei ou ato normativo (art. 14).

● Impossibilidade da admissão de intervenção de


terceiros na relação processual da ADC (art. 18).
9.4. AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE: PROCEDIMENTO

● Quórum qualificado para apreciação da


questão constitucional - cláusula da reserva
de plenário (art. 97 da CF/88).

● Art. 21 da Lei n. 9.868/99: é cabível - o STF


já tinha este entendimento de concessão de
medida liminar na ADC (ADC nº 4).

● Efeito da concessão de medida cautelar é ex


nunc e com efeito vinculante.
10. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO

● Competência privativa do STF: objetiva afastar


situações de omissão na tarefa de tornar efetivas
as normas constitucionais.

● A violação negativa do texto constitucional ou


omissão inconstitucional pode se dar de forma
total (nenhuma providência) ou parcial - espécie
de processo objetivo (controle abstrato).
10.1. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO: OBJETO

● É a garantia da Constituição, impedida de ser efetivada por falta


de norma regulamentadora - princípio da supremacia ou
prevalência da Constituição - princípio da eficiência ou de
máxima efetividade das normas constitucionais.

● A omissão inconstitucional pressupõe a exigência


constitucional de ação - a obrigação constitucional - resulta do
silêncio do legislador/administrador na tarefa de editar as normas
necessárias para a efetividade da Constituição - a eficácia e
aplicabilidade das normas constitucionais (ex.: arts. 5º, XXIV,
XLVI, 7º, XI; e arts. 12, 20, 48 e 50 dos ADCT).
10.2. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO: ORIGEM

● CRFB/88 (art. 103, §§ 2º e 3º): inspiração da Constituição portuguesa de 1976.

Art. 279. Quando a Constituição não estiver a ser cumprida por omissão
das medidas legislativas necessárias para tornar exeqüíveis as normas
constitucionais, o Conselho da Revolução poderá recomendar aos órgãos
legislativos competentes que as emitam em tempo razoável.

● Alterado na 1ª Revisão Constitucional, tornando-se o art. 283:


(...) 1. A requerimento do Presidente da República, do Provedor de Justiça
ou, com fundamento em violação de direitos das regiões autônomas, dos
presidentes das assembléias regionais, o Tribunal Constitucional aprecia
e verifica o não cumprimento da Constituição por omissão das medidas
legislativas necessárias para tornar exeqüíveis as normas constitucionais.
2. Quando o Tribunal Constitucional verificar a existência de
inconstitucionalidade por omissão, dará disso conhecimento ao órgão
legislativo competente.
10.2. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO:
LEGITIMAÇÃO ATIVA

Art. 103, I a IX, da CRFB/88 e Art. 12-A da Lei nº 9.868/99


(incluído pela Lei nº 12.063/2009):

I - o Presidente da República;

II - a Mesa do Senado Federal;

III - a Mesa da Câmara dos Deputados;

IV - a Mesa de Assembleia Legislativa ou

da Câmara Legislativa do Distrito Federal; (*)

(*) Redação dada pela EC nº 45, de 2004


10.2. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO:
LEGITIMAÇÃO ATIVA

Art. 103, I a IX, da CRFB/88 e Art. 12-A da Lei nº 9.868/99 (incluído pela Lei nº
12.063/2009):

V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal; (*)

VI - o Procurador-Geral da República;

VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;

VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;

IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito


nacional.

(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004


10.2. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO: PETIÇÃO
INICIAL

Lei nº 9.868/99 (incluído pela Lei nº 12.063/2009):

Art. 12-B. A petição indicará:

I - a omissão inconstitucional total ou parcial


quanto ao cumprimento de dever constitucional de
legislar ou quanto à adoção de providência de índole
administrativa;

II - o pedido, com suas especificações.


10.2. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO: PETIÇÃO
INICIAL

Lei nº 9.868/99 (incluído pela Lei nº 12.063/2009):

Art. 12-C. A petição inicial inepta, não


fundamentada, e a manifestamente improcedente
serão liminarmente indeferidas pelo relator.

Parágrafo único. Cabe agravo da decisão que


indeferir a petição inicial.
10.2. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO: PETIÇÃO
INICIAL

● Em caso de início do processo legislativo não cabe ADO -


assim decidiu o STF (ADI 2495, Rel. Min. Ilmar Galvão, DJ
de 02.08.2002).

● Todavia, este entendimento foi modificado no julgamento da


ADI 3682 (Rel. Min. Gilmar Mendes): o STF entendeu não se
justificar a demora na apreciação de projetos já
propostos, passível de caracterizar uma conduta
manifestamente negligente e desidiosa das Casas
Legislativas, colocando em risco a própria ordem
constitucional.
10.2. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO:
PROCEDIMENTO

Lei nº 9.868/99 (incluído pela Lei nº 12.063/2009):

Art. 12-D. Proposta a ADO, não se admitirá


desistência.

Art. 12-E. Aplicam-se ao procedimento da ADO, no


que couber, as disposições constantes da Seção I do
Capítulo II desta Lei.
10.2. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO:
PROCEDIMENTO

Lei nº 9.868/99 (incluído pela Lei nº


12.063/2009):

Art. 12-E. (...)

§ 1o Os demais titulares referidos no art. 2o


desta Lei poderão manifestar-se, por escrito,
sobre o objeto da ação e pedir a juntada de
documentos reputados úteis para o exame da
matéria, no prazo das informações, bem como
apresentar memoriais.
10.2. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO:
PROCEDIMENTO

Lei nº 9.868/99 (incluído pela Lei nº 12.063/2009):

Art. 12-E. (...)

§ 2o O relator poderá solicitar a manifestação do


Advogado-Geral da União, que deverá ser
encaminhada no prazo de 15 (quinze) dias.

§ 3o O Procurador-Geral da República, nas ações


em que não for autor, terá vista do processo, por 15
(quinze) dias, após o decurso do prazo para
informações.
10.3. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO:
CONCESSÃO DE LIMINAR

Concessão de Liminar (STF):

Entendimento inicial: É incompatível com o


objeto mediato da ação - suprir a omissão
constitucional - já que nem mesmo o provimento
judicial final pode implicar o afastamento da
omissão (STF - RTJ 133: 569; 162: 877).

Mudança (Art. 12-F da Lei nº 9.868/99, incluído


pela Lei nº 12.063/2009).
10.3. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO: MEDIDA
LIMINAR

Lei nº 9.868/99 (incluído pela Lei nº 12.063/2009):

Art. 12-F. Em caso de excepcional urgência e


relevância da matéria, o Tribunal, por decisão da
maioria absoluta de seus membros, observado o
disposto no art. 22, poderá conceder medida cautelar,
após a audiência dos órgãos ou autoridades
responsáveis pela omissão inconstitucional, que
deverão pronunciar-se no prazo de 5 (cinco) dias.
10.3. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO: MEDIDA
LIMINAR

A medida cautelar poderá consistir (§ 1º):

● na suspensão da aplicação da lei ou do ato


normativo questionado, no caso de omissão parcial;

● na suspensão de processos judiciais ou de


procedimentos administrativos;

● ou ainda em outra providência a ser fixada pelo


Tribunal.
10.3. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO: MEDIDA
LIMINAR

Art. 12-F, §§ 1º ao 3º, da Lei nº 9.868/99 (incluído pela Lei nº


12.063/2009):

● O relator, julgando indispensável, ouvirá o


Procurador-Geral da República, no prazo de 3 (três)
dias (§ 2o).

● No julgamento do pedido de medida cautelar, será


facultada sustentação oral aos representantes
judiciais do requerente e das autoridades ou órgãos
responsáveis pela omissão inconstitucional, na
forma estabelecida no Regimento do Tribunal (§ 3º).
10.3. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO:
PROCEDIMENTO

Art. 12-G da Lei nº 9.868/99 (incluído pela Lei nº 12.063/2009):

Concedida a medida cautelar, o Supremo Tribunal Federal fará


publicar, em seção especial do Diário Oficial da União e do Diário
da Justiça da União, a parte dispositiva da decisão no prazo de 10
(dez) dias, devendo solicitar as informações à autoridade ou
ao órgão responsável pela omissão inconstitucional,
observando-se, no que couber, o procedimento estabelecido na
Seção I do Capítulo II desta Lei.
10.4. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO: DECISÃO

Art. 12-H, caput, da Lei nº 9.868/99:

Art. 12-H. Declarada a inconstitucionalidade por


omissão, com observância do disposto no art. 22
(decisão tomada por 8 Ministros), será dada
ciência ao Poder competente para a adoção
das providências necessárias.
10.4. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO: DECISÃO

Art. 12-H, caput, da Lei nº 9.868/99:

a) Em caso de ser omissão legislativa inconstitucional do


Poder Legislativo: o STF entende não ser possível o
suprimento da omissão legislativa - limitando os efeitos da
decisão à mera comunicação da mora ao órgão
inadimplente - não há cominação de prazo para suprimento
de mora legislativa, não podendo o Judiciário obrigar a
produção da norma, que se qualifica como ato político, sob
pena de violar o princípio da divisão de poderes.
10.4. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO: EFEITOS
DA DECISÃO

● Caso paradigmático (ADI 3682, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJ de


06.09.2007):

EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR


OMISSÃO. INATIVIDADE DO LEGISLADOR QUANTO AO DEVER DE
ELABORAR A LEI COMPLEMENTAR A QUE SE REFERE O § 4º DO
ART. 18 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, NA REDAÇÃO DADA PELA
EMENDA CONSTITUCIONAL NO 15/1996. AÇÃO JULGADA
PROCEDENTE.

● A EC nº 57, de 18.12.2008, acrescenta o art. 96 do ADCT:

Art. 96. Ficam convalidados os atos de criação, fusão, incorporação e


desmembramento de Municípios, cuja lei tenha sido publicada até 31 de
dezembro de 2006, atendidos os requisitos estabelecidos na legislação
do respectivo Estado à época de sua criação.
10.4. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO: EFEITOS
DA DECISÃO

● Caso paradigmático (ADI 3682, Rel. Min. Gilmar Mendes,


DJ de 06.09.2007):

● A convalidação foi muito criticada, pois


constitucionalizou um gritante, ilegítimo e imoral
mecanismo de inconstitucionalidade superveniente
- a decisão do STF fazia um “apelo ao legislador” para
que elaborasse a Lei Complementar no sentido de
corrigir a omissão apontada, dando oportunidade para
que os Municípios criados preenchessem todos os
requisitos exigidos pelo art. 18, § 4º, da CF/88.
10.4. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO: EFEITOS
DA DECISÃO

Art. 12-H, § 1º, da Lei nº 9.868/99 (incluído pela Lei


nº 12.063/2009):

§ 1o Em caso de omissão imputável a órgão


administrativo, as providências deverão ser
adotadas no prazo de 30 (trinta) dias, ou em
prazo razoável a ser estipulado
excepcionalmente pelo Tribunal, tendo em vista
as circunstâncias específicas do caso e o
interesse público envolvido.
10.4. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO: EFEITOS
DA DECISÃO

Art. 12-H, § 1º, da Lei nº 9.868/99 (incluído pela Lei nº 12.063/2009):

b) Em caso de omissão inconstitucional por órgão administrativo:


deverá o órgão administrativo adotar as providências necessárias
em 30 dias, sob pena de futura responsabilização do Poder
Público, ou em prazo razoável a ser estipulado excepcionalmente
pelo Tribunal, tendo em vista as circunstâncias específicas do caso
e o interesse público envolvido.

§ 2o Aplica-se à decisão da ADO, no que couber, o disposto no


Capítulo IV desta Lei.
10.4. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO: EFEITOS
DA DECISÃO

Art. 60 da Constituição do Estado de Goiás:

§ 2º - Declarada a inconstitucionalidade por


omissão de medida para tornar efetiva norma
constitucional, será dada ciência ao Poder
competente para adoção das providências
necessárias e, em se tratando de órgão
administrativo, para fazê-lo em trinta dias.
11. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE INTERVENTIVA

- Conceito e objeto:

● Art. 18 da CF/88 - garante a autonomia dos entes


federativos - essa é a regra - todavia, a CF permite a
intervenção, nos casos taxativos de violação dos
princípios constitucionais sensíveis (art. 34, I ao
VII).

● Destina-se a promover a intervenção federal em


Estado ou DF; ou intervenção estadual do Estado
em Município de seu território, conforme o caso.
11. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE INTERVENTIVA

● Objeto:

(i) lei ou ato normativo estadual contrário aos princípios


sensíveis da Constituição Federal;

(ii) omissão ou incapacidade das autoridades locais


para se assegurar o cumprimento e preservação dos
princípios sensíveis (ex.: direitos da pessoa humana);

(iii) ato governamental estadual que desrespeite os


princípios sensíveis da CRFB/88.
11. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE INTERVENTIVA

● Apreciação pelo Poder Judiciário sobre as ofensas aos


princípios constitucionais sensíveis - cabe ao STF
declarar a inconstitucionalidade de ato violatório -
decretada a intervenção pelo Presidente da República -
pode apenas suspender a execução do ato
inconstitucional se tal medida bastar para o
restabelecimento da normalidade do Estado.

● Visa solucionar um conflito federativo - tem finalidade


jurídica e política.
11. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE INTERVENTIVA

● A dupla finalidade da ação de


inconstitucionalidade interventiva:

1. Visa a declaração de inconstitucionalidade


formal ou material da lei ou ato normativo
estadual (finalidade jurídica).

2. Visa a decretação de intervenção federal


no Estado-membro ou Distrito Federal
(finalidade política).
11. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE INTERVENTIVA

Os princípios constitucionais sensíveis:

● Os princípios constitucionais sensíveis são


aqueles princípios básicos, de observância
obrigatória pelos Estados-membros (ou DF), cuja
violação deflagra uma das formas do processo de
intervenção federal, por meio da Ação Direta
Interventiva.
● Pode acarretar uma sanção política grave no
Estado-membro que é a intervenção na sua
autonomia política.
11. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE INTERVENTIVA

● Origem: Constituição de 1934 (art. 12, § 2º).

● Natureza jurídica:
1. De sistema de controle difuso (Clemerson
Clève, Gilmar Mendes etc.)

2. Hipótese de controle concentrado (José


Afonso da Silva, Alexandre de Moraes etc.) - é
um controle direto, para fins concretos.
11.1. AÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE INTERVENTIVA FEDERAL

● Competência do STF: depende de provimento


judicial.

● Legitimação ativa (exclusiva):


Procurador-Geral da República (art. 36, III; art.
2º da Lei nº 12.562/11) - ato discricionário.
11.1. AÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE INTERVENTIVA FEDERAL

● Objeto: hipótese de violação aos princípios


constitucionais sensíveis expressos (art. 34, VII).

● Previsão: arts. 34, VII; e 36, III, da CF/88.

● Procedimentos: Lei nº 12.562, de 23/12/2011.


11.1. AÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE INTERVENTIVA FEDERAL

● Princípios constitucionais sensíveis (art. 34, VII):

a) forma republicana, sistema representativo e


regime democrático;
b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública;
e) e aplicação do mínimo exigido (25% - art. 212)
da receita resultante de impostos estaduais na
manutenção e desenvolvimento do ensino
(Inovação da EC n. 14/96).
11.1. AÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE INTERVENTIVA FEDERAL

Petição Inicial (Lei nº 12.562, de 23/12/2011):

Art. 3º A petição inicial deverá conter:

I - a indicação do princípio constitucional que se


considera violado ou, se for o caso de recusa à
aplicação de lei federal, das disposições questionadas;

II - a indicação do ato normativo, do ato


administrativo, do ato concreto ou da omissão
questionados;

III - a prova da violação do princípio constitucional ou


da recusa de execução de lei federal;

IV - o pedido, com suas especificações.


11.1. AÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE INTERVENTIVA FEDERAL

Medida Liminar (Lei nº 12.562, de 23/12/2011):

Art. 5º O Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria


absoluta de seus membros, poderá deferir pedido de medida
liminar na representação interventiva.

§ 1º O relator poderá ouvir os órgãos ou autoridades


responsáveis pelo ato questionado, bem como o
Advogado-Geral da União ou o Procurador-Geral da
República, no prazo comum de 5 (cinco) dias.

§ 2º A liminar poderá consistir na determinação de que se


suspenda o andamento de processo ou os efeitos de
decisões judiciais ou administrativas ou de qualquer outra
medida que apresente relação com a matéria objeto da
representação interventiva.
11.1. AÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE INTERVENTIVA FEDERAL

Participação pluralista (Lei nº 12.562, de


23/12/2011):

Art. 7º Se entender necessário, poderá o relator


requisitar informações adicionais, designar perito ou
comissão de peritos para que elabore laudo sobre a
questão ou, ainda, fixar data para declarações, em
audiência pública, de pessoas com experiência e
autoridade na matéria.

Parágrafo único. Poderão ser autorizadas, a critério do


relator, a manifestação e a juntada de documentos por
parte de interessados no processo.
11.1. AÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE INTERVENTIVA FEDERAL

Decisão (Lei nº 12.562, de 23/12/2011):

Art. 9º A decisão sobre a representação interventiva somente


será tomada se presentes na sessão pelo menos 8 (oito)
Ministros.

Art. 10. Realizado o julgamento, proclamar-se-á a procedência


ou improcedência do pedido formulado na representação
interventiva se num ou noutro sentido se tiverem manifestado
pelo menos 6 (seis) Ministros.

Parágrafo único. Estando ausentes Ministros em número que


possa influir na decisão sobre a representação interventiva, o
julgamento será suspenso, a fim de se aguardar o
comparecimento dos Ministros ausentes, até que se atinja o
número necessário para a prolação da decisão.
11.1. AÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE INTERVENTIVA FEDERAL

Decisão (Lei nº 12.562, de 23/12/2011):

Art. 11. Julgada a ação, far-se-á a comunicação às autoridades


ou aos órgãos responsáveis pela prática dos atos
questionados, e, se a decisão final for pela procedência do
pedido formulado na representação interventiva, o Presidente
do Supremo Tribunal Federal, publicado o acórdão, levá-lo-á
ao conhecimento do Presidente da República para, no prazo
improrrogável de até 15 (quinze) dias, dar cumprimento aos
§§ 1º e 3º do art. 36 da Constituição Federal.

Art. 12. A decisão que julgar procedente ou improcedente o


pedido da representação interventiva é irrecorrível, sendo
insuscetível de impugnação por ação rescisória.
11.1. AÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE INTERVENTIVA FEDERAL

Efeitos da decisão (CRFB/88):

Art. 36. (...)

§ 1º O decreto de intervenção, que especificará a amplitude,


o prazo e as condições de execução e que, se couber,
nomeará o interventor, será submetido à apreciação do
Congresso Nacional ou da Assembléia Legislativa do
Estado, no prazo de vinte e quatro horas.

§ 2º Se não estiver funcionando o Congresso Nacional ou a


Assembléia Legislativa, far-se-á convocação extraordinária, no
mesmo prazo de vinte e quatro horas.
11.1. AÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE INTERVENTIVA FEDERAL

Efeitos da decisão (CRFB/88):

Art. 36. (...)

§ 3º Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, dispensada a


apreciação pelo Congresso Nacional ou pela Assembléia
Legislativa, o decreto limitar-se-á a suspender a execução do
ato impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento da
normalidade.

§ 4º Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas


de seus cargos a estes voltarão, salvo impedimento legal.
11.1. AÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE INTERVENTIVA FEDERAL

● A decretação depende de requisição do STF;

● A decretação da IF é de competência do Presidente


da República (art. 84, X, da CRFB/88);

● O Decreto presidencial se limitará a suspender a


execução do ato impugnado, se esta medida
bastar ao restabelecimento da normalidade;
11.1. AÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE INTERVENTIVA FEDERAL

● Caso não seja suficiente, será decretada a


intervenção, rompendo-se
momentaneamente com a autonomia do
Estado-membro;

● Com a decretação da intervenção não


haverá controle político pelo Congresso
Nacional.
11.1. AÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE INTERVENTIVA FEDERAL

Exemplos:

1. IF 114, Rel. Min. Presidente Néri da Silveira, j.


13.03.1991: pedido de intervenção em razão de omissão do
poder público no controle de linchamento de presos no
Estado de Mato Grosso – pedido indeferido em face de
providências adotadas pelo r. estado.

2. IF 4822, Rel. Min. Presidente do STF, j. 08.04.2005:


pedido de intervenção no Centro de Atendimento Juvenil
Especializado – CAJE, com base em deliberação do
Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana –
CDDPH, que condenou a sua estrutura física e gerencial –
perda superveniente de objeto.
11.1. AÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE INTERVENTIVA FEDERAL

Exemplos:

3. IF 5129, Rel. Min. Presidente do STF (05.10.2008): pedido


de intervenção formulado pela PGR contra o Estado de
Rondônia, por suposta violação a direitos humanos no Presídio
Urso Branco, em Porto Velho, que se encontra em situação de
calamidade – em tramitação no STF.

4. IF 5179 (11.02.2010): pedido de intervenção por suposto


esquema de corrupção no DF – julgada improcedente.
11.2. AÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE INTERVENTIVA ESTADUAL

● É ação de competência do Tribunal de Justiça


- legitimação ativa (exclusiva) do
Procurador-Geral de Justiça do Estado.

● Objeto: fundamenta-se na hipótese de


desrespeito, pelo Município, aos princípios
constitucionais sensíveis expressos na
Constituição Estadual.
11.2. AÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE INTERVENTIVA ESTADUAL

● Previsão: arts. 35, IV; 36, § 3º, da CF/88.

● Procedimento: Constituição Estadual -


RITJ - RISTF - Lei nº 12.562, de
23/12/2011.
12. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL (ADPF)

Origens e conceito:

● O sistema brasileiro de controle da


constitucionalidade é um dos mais ricos do
mundo - o constituinte de 88 incluiu o instituto
da ADPF como mais um instrumento de
defesa da Constituição.

● Trata-se de grande inovação, principalmente


com o advento da Lei nº 9.882/99.
12. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL
(ADPF)

● Finalidade: é a garantia da segurança jurídica e do Estado


de Direito e de ampliação da cidadania - como garantia de
decisões unívocas sobre as questões constitucionais - evitar o
dissenso nas interpretações constitucionais.
12. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL
(ADPF)

● Finalidade:

● Visa antecipar o deslinde de uma questão jurídica em


tramitação nos juízos pelo controle difuso (evitar a via crucis
da via difusa) - evitar o acúmulo de processos e de decisões
contraditórias em relação aos preceitos fundamentais.
12. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL (ADPF)

● A ADPF é cabível em duas hipóteses:

1) Ação Autônoma (art. 1º, caput, da Lei 9882/99): tem


por objeto evitar ou reparar lesão a preceito
fundamental, resultante de ato do Poder Público –
com nítido caráter preventivo (evitar lesão) e caráter
repressivo (reparar lesão) – devendo haver nexo de
causalidade entre a lesão ao preceito fundamental e
o ato do Poder Público (de qualquer ato
administrativo, inclusive decretos regulamentares).
12. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL
(ADPF)

● A ADPF é cabível em duas modalidades ou hipóteses:

2) Por Equivalência ou Equiparação (art. 1º, parág. único, da


Lei 9882/99): quando for relevante o fundamento da
controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo
federal, estadual, municipal (e distrital), incluídos os
anteriores à Constituição - necessidade de demonstrar a
divergência jurisdicional relevante (comprovação da
controvérsia judicial) na aplicação do ato normativo, violador do
preceito fundamental – ao ter como objeto ato anterior à
Constituição, a ADPF torna-se um instrumento de análise em
abstrato de recepção de lei ou ato normativo.
12. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL
(ADPF)

Novidades da ADPF:

a) possibilidade de controle concentrado de


constitucionalidade de lei municipal (antes só pela
via difusa).

b) foi criado o controle de constitucionalidade de


atos não normativos.
12. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL
(ADPF)

Novidades da ADPF:

c) possibilidade de controle de constitucionalidade de atos


anteriores à Constituição.

d) em caso de ato ou omissão capaz de violar estes


valores fundamentais pode haver a provocação do STF para
decidir a questão constitucional.
12. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL
(ADPF)

Previsão: art. 102, § 1º, da


CF/88 - regulamentado pela Lei nº
9.882, de 03/12/1999.

Competência: do STF (art. 102,


§ 1º, da CF; art. 1º da Lei n.
9.882/99).
12. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL
(ADPF)

Objeto:

● Art. 1º, parágrafo único, da Lei nº 9.882/99, cabe a ação:

(i) para evitar lesão a preceito fundamental;

(ii) para reparar lesão a preceito fundamental;

(iii) e quando for relevante o fundamento da controvérsia


constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual
ou municipal, incluídos os anteriores à Constituição.
12. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL
(ADPF)

Preceito fundamental (princípios e regras basilares


da CRFB/88 e Bloco de Constitucionalidade):
● Soberania;
● Cidadania;
● Dignidade da pessoa humana;
● Valores sociais do trabalho;
● Livre iniciativa;
● Pluralismo político;
● Forma federativa de Estado
● Voto direto, secreto, universal e periódico;
● Separação dos poderes;
● Direitos e garantias individuais.
12. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL
(ADPF)
Novidades da ADPF:

a) possibilidade de controle concentrado de constitucionalidade de lei


municipal (antes só pela via difusa);

b) foi criado o controle de constitucionalidade de atos não normativos;

c) possibilidade de controle de constitucionalidade de atos anteriores à


Constituição.

● Apesar do alargamento de controle dos atos normativos, as hipóteses de seu


uso são restringidas em relação aos demais instrumentos.
12. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL
(ADPF)

Legitimação para agir:

● Art. 2º da Lei n. 9.882/99 - os legitimados indicados


no art. 103, I ao IX, da CRFB/88 - comprovar a
pertinência temática (ADPF 418 - AMB)

● Art. 2º, parágrafo único: permite que interessado


possa, mediante representação, solicitar a propositura
de ADPF ao Procurador-Geral da República, que,
examinando os fundamentos jurídicos do pedido,
decidirá do cabimento do seu ingresso em juízo.
12. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL
(ADPF)

Procedimentos:

● Lei n. 9.882/99 - requisitos da petição inicial (arts. 3º e 4º).

● Ação subsidiária: art. 4º, § 1º - diz que não é admitida a


ADPF quando houver qualquer outro meio eficaz de
sanar a lesividade (ADI, ADC, MS, habeas data,
mandado de injunção etc.) – caráter residual – princípio
da subsidiariedade (ADPF 6/RJ, ADPF 3 – QO; ADPF
33; ADPF 47-MC).
12. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL
(ADPF)

Procedimento:

● Aplica-se o princípio da fungibilidade no sentido do


conhecimento da ADPF como ADI (caráter subsidiário
da ADPF e satisfação dos requisitos exigidos à
propositura da ADI – legitimidade ativa, objeto,
fundamentação e pedido).

● Ver ADI 4180-REF-MC, Rel. Min. Cezar Peluso, j.


10.3.2010; ADPF 72 QO/PA, Rel. Min. Ellen Gracie,
1º.06.2005 etc.
12. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL
(ADPF)

● Informações das autoridades responsáveis


pela prática do ato questionado (10 dias) - art. 6º.

● Oitiva de partes, perícias, outras informações,


declarações (em audiência pública) de pessoas
com experiência e autoridade na matéria (§ 1º)

● A critério do relator pode ser autorizada a


sustentação oral e juntada de memoriais (§ 2º -
Ver ADPF 623).
12. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL
(ADPF)

● Audiências Públicas: ADPF 101 (importação de pneus


usados – 27.06.2008); ADPF 54 (interrupção de gravidez
por anencefalia – 26 e 28.0 e 4 e 16.09 de 2008) e ADPF
186 e RE 597.285/RS (sobre a constitucionalidade de políticas
públicas de ação afirmativa ou discriminação reversa –
cotas de acesso ao ensino superior – 03 a 05.03.2010);
AgR nas SL nº 47 e 64, nas STA ns. 36, 185, 211 e 278, e
nas SS ns. 2361, 2944, 3345 e 3355 (judicialização da
saúde pública - possibilidade de decisões jurisdicionais
obrigarem o Estado a fornecer tratamentos e medicamentos –
27, 28 e 29.04 e 4, 5 e 6.05 de 2009) etc.

● *SL (Suspensão de Liminar) *AgR (Agravo Regimental) *STA


(Suspensão de Tutela Antecipada) *SS (Suspensão de Segurança).
12. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL
(ADPF)
Concessão de liminar:

● Art. 5º da Lei n. 9.882/99: maioria absoluta dos membros


do STF - em caso de extrema urgência ou perigo de
lesão grave, ou ainda, em período de recesso, poderá o
relator conceder a liminar, ad referendum do Tribunal
Pleno (§ 1º).

● O relator poderá ouvir os órgãos ou autoridades


responsáveis pelo ato questionado, bem como o
Advogado-Geral da União ou o Procurador-Geral da
República, no prazo comum de cinco dias (§ 2º).
12. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL
(ADPF)

Concessão de liminar:

● Art. 5º da Lei n. 9.882/99:

● “A liminar poderá consistir na determinação de que juízes


e tribunais suspendam o andamento de processo ou
os efeitos de decisões judiciais, ou de qualquer outra
medida que apresente relação com a matéria objeto da
ADPF, salvo se decorrentes da coisa julgada” (§ 3º).
12. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL
(ADPF)

● Em caso de liminar, a decisão incidirá diretamente sobre os


diversos processos judiciais ou processos administrativos em
curso, que deverão acatar a orientação do STF, a ser proferida
no final do processo.

● A suspensão liminar dos processos pelo STF dá-se para fins de


proferir decisões com efeito vinculante apenas sobre a
questão constitucional - o juiz não é afastado de sua posição
de julgador - não agride o princípio do juiz natural - apenas se
confere ao STF a função de guardião da Constituição.
12. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL
(ADPF)

● Oitiva do Ministério Público Federal - art.


7º, parágrafo único,da Lei nº 9.882/99:

Art. 7o Decorrido o prazo das informações,


o relator lançará o relatório, com cópia a
todos os ministros, e pedirá dia para
julgamento.

Parágrafo único. O Ministério Público, nas


arguições que não houver formulado, terá
vista do processo, por cinco dias, após o
decurso do prazo para informações.
12. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL
(ADPF)

Decisão:

● A decisão sobre a ADPF somente será tomada se


presentes na sessão de pelo menos 2/3 dos
Ministros (art. 8º).

● Julgada a ação far-se-á comunicação às


autoridades ou órgãos responsáveis pela prática
dos atos questionados, fixando-se as condições e o
modo de interpretação e aplicação do preceito
fundamental (art. 10).
12. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL
(ADPF)

Decisão:

● Observância à cláusula de reserva de plenário (art. 97 da


CF/88 e art. 8º da Lei 9882/99).

● O Presidente do STF determinará o imediato cumprimento


da decisão, lavrando-se o acórdão posteriormente (art. 10, §
1º) - publicação no prazo de 10 dias (§ 2º).

● A decisão terá eficácia contra todos e efeito vinculante


relativamente aos demais órgãos do Poder Público (art. 10, §
3º - Ver ADPF 774).
12. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL
(ADPF)

● A decisão via de regra tem efeito ex tunc.

● Todavia, “ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato


normativo, no processo de argüição de descumprimento de
preceito fundamental, e tendo em vista razões de segurança
jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo
Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus membros,
restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só
tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro
momento que venha a ser fixado” (art. 11) - ou seja, efeito ex
nunc ou outro momento que venha a ser fixado.
12. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL
(ADPF)

● A decisão é irrecorrível, não podendo ser


objeto de ação rescisória (art. 12).

● Caberá reclamação contra o


descumprimento da decisão proferida pelo
STF, na forma de seu RISTF (art. 13).
REFERÊNCIAS
BARROSO, Luís Roberto. O controle de constitucionalidade no Direito brasileiro. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2022.
BULOS, Uadi Lammego. Curso de Direito constitucional. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2022.
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e teoria da Constituição. 7. ed. Coimbra: Almedina, 2003.
DWORKIN, Ronald. Levando os direitos a sério. Trad. de Nelson Boeira. São Paulo: Martins Fontes, 2010, p. 127-204,
235-314. (Casos difíceis; A justiça e os direitos; Levando os direitos a sério).
FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 14. ed. Salvador: Juspodivm, 2022.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 26. ed. São Paulo: Saraiva, 2022.
MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito
constitucional. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.
MITIDIERO, Daniel. Processo constitucional: do controle ao processo, dos modelos ao sistema. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2022.
MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 38. ed. São Paulo: Atlas. 2022.
SARLET, Ingo Wolfgang; MARINONI, Luiz Guilherme;MITIDIERO, Daniel. Curso de Direito Constitucional. 11. ed. São
Paulo: Saraiva, 2022.
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 44. ed. Salvador: Juspodivm & Malheiros, 2022.
SILVA, Virgílio Afonso da. O STF e o controle de constitucionalidade: deliberação, diálogo e razão pública. Revista de Direito
Administrativo, v. 250, p. 197-227, 2009.
STRECK, Lênio Luiz. Verdade e consenso. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 84-102, 156-181 (Constitucionalismo e
democracia: o valor da Constituição e o papel da jurisprudência constitucional em países de modernidade tardia; A idealidade
da teoria do discurso contraposta às necessidades do direito como saber prático. O papel da Constituição na busca da
efetividade do direito).
______. Hermenêutica Jurídica e(m) Crise. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2004.
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. A Constituição e o Supremo. In: https://portal.stf.jus.br/constituicao-supremo/
Sites: http://www.periodicos.capes.gov.br/ www.stf.jus.br/ e www.planalto.gov.br

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