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NFPSS | RETA FINAL – TJ/RJ


Ciclos Método

NFPSS PARTE 02 TJRJ


SUMÁRIO

DIREITO CONSTITUCIONAL..............................................................................................................................02
DIREITO CIVIL...................................................................................................................................................91
DIREITO PROCESSUAL CIVIL...........................................................................................................................182
DIREITO EMPRESARIAL..................................................................................................................................268

DIREITO CONSTITUCIONAL1

Olá, pessoal! Como estão? Bora revisar Direito Constitucional? Se o tempo estiver curto, procurem
por #APOSTACICLOS

CONSTITUCIONALISMO

O surgimento do direito constitucional está ligado ao constitucionalismo. Canotilho identifica


vários constitucionalismos (ex: inglês, francês, etc), mas prefere falar em movimentos constitucionais. Para
ele, constitucionalismo é uma teoria sobre a limitação de governo indispensável à garantia dos direitos em
uma dimensão estruturante da organização político-social de uma comunidade.
Já André Ramos Tavares afirma que o termo “constitucionalismo” é empregado com 04 diferentes
sentidos:
i. Movimento político-social cujo objetivo é a limitação do poder estatal.
ii. É o movimento que impõe que os Estados adotem cartas constitucionais escritas.
iii. Serve para indicar a função e a posição das Constituições nas diferentes sociedades.
iv. Refere-se à evolução histórico-constitucional de um determinado Estado.
Em que pese essas diferenças de nomenclaturas e conceitos/sentidos, deve-se ter presente as
ideias centrais do constitucionalismo, qual seja: limitação de poder e garantia de direitos.
E como iniciou esse constitucionalismo (ou movimento constitucional, como prefere Canotilho)?
Segundo a doutrina, iniciou lá na Antiguidade Clássica – chamando-se de constitucionalismo antigo. O povo
hebreu se organizava pelo regime teocrático, para o qual a Bíblia não poderia ser contrariedade. Aí está o
nascedouro da ideia do controle de constitucionalidade. Ainda no seio do constitucionalismo antigo,
destacam-se as cidades gregas, que remetiam à ideia de democrática. A Magna Carta Inglesa, de 1215, foi
um importante marco do constitucionalismo antigo, implementando, ainda que apenas formalmente,
proteção a certos direitos individuais. Anos mais à frente, na Idade Moderna, a doutrina identifica novas
manifestações do constitucionalismo, como o Petition of Rights (1628),Habeas Corpus Act (1679) e o Bill of
Rights (1689).
No constitucionalismo antigo a existência de documentos escritos denominados de Constituição
não era essencial. Todavia, com o tempo, surgiu a necessidade de um documento escrito para reger a relação
entre Estado e cidadão. Assim, a partir do início do século XVIII identifica-se o constitucionalismo moderno.
Essa necessidade de um documento escrito surgiu, sobretudo, com a mudança do Estado Absolutista para o
Estado Liberal, a fim de limitar o poder dos monarcas e frear os arbítrios que vinham ocorrendo até então.
Nesse sentido, são marcos do constitucionalismo moderno a Constituição dos Estados Unidos da América
(1787) e a Constituição da França (1791). Já havia, anteriormente, alguns documentos escritos, mas que não
chegavam a ser Constituições, como é o caso dos pactos (Magna Carta, Bill of Rights, Petition of Rights),
forais, etc.
Com o passar do tempo, o Estado Liberal foi perdendo forças, pois as exigências sociais
demandavam prestações positivas com relação aos indivíduos, garantindo-lhes os direitos sociais. Houve,

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Por Ana Paula

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portanto, no início do século XX, a passagem do Estado Liberal para o Estado Social. Então, percebe-se que,
dentro do constitucionalismo moderno, passamos em um primeiro momento por um constitucionalismo
com viés liberal e, em um segundo momento, por um constitucionalismo com viés social.
Já a partir do início do século XXI é possível perceber um novo movimento – é o constitucionalismo
pós-moderno, pós-positivismo ou também chamado de neoconstitucionalismo. Ainda também é chamado
por alguns de constitucionalismo contemporâneo, avançado ou constitucionalismo de direitos. Luís Roberto
Barroso identifica alguns marcos importantes quanto ao neoconstitucionalismo. São eles:
a) Histórico: no mundo, o marco histórico do neoconstitucionalismo é o pós 2ª Guerra Mundial.
Com isso, verifica-se a formação do Estado Constitucional de Direito. Surge para responder às
violações de direitos humanos cometidas pelo nazismo, tendo como fundamento a dignidade
da pessoa humana. No Brasil, o marco histórico foi a CF/88 e o processo de redemocratização.
b) Filosófico: o pós-positivismo é o marco filosófico, buscando superar as premissas teóricas do
positivismo e que que foram usadas como justificativas para o nazismo. O pós-positivismo traz
ao centro à proteção dos direitos fundamentais e a reaproximação entre Direito e ética.
c) Teórico: tem por base três grandes transformações:
i. Reconhecimento da força normativa da Constituição: Konrad Hesse preceitua que as
normas constitucionais são cogentes (com exceção do preâmbulo) e devem ser
cumpridas. Assim, as normas constitucionais assumem caráter de normas jurídicas,
dotadas de imperatividade, superioridade dentre do sistema e centralidade.
ii. Expansão da jurisdição constitucional: antes do neoconstitucionalismo vigorava o
modelo de Estado Legislativo. Com as mudanças do neoconstitucionalismo,
implementou-se também a expansão da jurisdição, pois há um comprometimento com
a solução dos problemas constitucionais.
iii. Desenvolvimento de uma nova dogmática da interpretação constitucional: a
especificidade das normas constitucionais fez com que a doutrina e a jurisprudência
desenvolvessem um sistema próprio de hermenêutica constitucional.
Constitucionalismo
antigo Neoconstitucionalismo

Constitucionalismo
moderno

Feita essa análise da evolução do constitucionalismo, podemos relembrar agora o que se entende
por Constituição (existem certas divergências e diferenças terminológicas, mas vamos ver aqui a ideia
central): é a lei fundamental e suprema de um Estado, criada a partir da vontade soberana do seu povo,
determinando a organização político-jurídica do Estado, sua forma, os órgãos que o integram, as
competências, os direitos fundamentais, a aquisição e o exercício do poder.
O neoconstitucionalismo é uma visão contemporânea, pós 2ª Guerra Mundial, com nova perspectiva
em relação ao constitucionalismo, também chamado de constitucionalismo pós-moderno, ou, ainda, pós-
positivismo. Busca não apenas atrelar o constitucionalismo à ideia de limitação do poder político, mas dar
eficácia a Constituição, que deixa de ser percebida como um texto de caráter meramente retórico e passa a
ser mais efetivo. Tem como uma de suas marcas a concretização das prestações materiais prometidas pela
sociedade, servindo como ferramenta para a implantação de um Estado Democrático Social de Direito.

Em resumo, suas principais ideias são:


➔ Formação do Estado Constitucional de Direito;
➔ Reconhecimento da força normativa da Constituição;
➔ Constituição no centro do ordenamento jurídico;

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NEOCONSTITUCIONALISMO:
Constituição como centro do sistema
Norma jurídica – imperatividade e superioridade
Carga valorativa – axiológica – dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais
Eficácia irradiante em relação aos Poderes e mesmo aos particulares

Garantia de condições dignas mínimas

MARCOS FUNDAMENTAIS DO NEOCONSTITUCIONALISMO


- Estado Constitucional de Direito
HISTÓRICO - Documentos a partir da Segunda Guerra Mundial
- Redemocratização
- Pós Positivismo
FILOSÓFICO - Direitos Fundamentais
- Direito - Ética
- Força normativa (Konrad Hesse)
TEÓRICO - Supremacia da Constituição (constitucionalização dos direitos fundamentais)
- Nova dogmática da interpretação constitucional.

CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES #APOSTACICLOS

Como visto, a Constituição é o documento escrito que representa a lei fundamental e suprema do
respectivo Estado. Essa é a ideia central, porém, há divergências entre os doutrinadores, as quais originam
sentidos diversos para a Constituição. Os principais sentidos atribuídos são os seguintes:

#FOCONATABELA
Idealizado por Ferdinand Lassalle. De acordo com essa concepção sociológica, a
Constituição é um fato social, não uma norma jurídica. Assim, a Constituição só
se legitima se representar o efetivo poder social, consistente na somatória dos
SENTIDO
fatores reais de poder dentro de uma sociedade. Para Lassale, então, coexistem
SOCIOLÓGICO
em um Estado duas Constituições: uma real, efetiva, correspondente à soma dos
fatores reais de poder que regem este país; e outra, escrita, que consistiria
apenas numa “folha de papel”.
Idealizado por Carl Schmitt. Diferencia Constituição das leis constitucionais. Para
Schmitt, Constituição é a decisão política fundamental que visa estruturar e
SENTIDO POLÍTICO
organizar os elementos essenciais do Estado. Já as leis constitucionais são os
demais dispositivos inseridos no texto do documento constitucional.
Do ponto de vista material, a definição depende do conteúdo da norma, pouco
SENTIDO MATERIAL E
importando a forma. Já pelo critério formal, não interessa o conteúdo da norma,
FORMAL
mas sim a forma como é introduzida no ordenamento.
Idealizado por Hans Kelsen. A Constituição é entendida como norma jurídica
pura, sem qualquer consideração de cunho sociológico, político ou filosófico. Ela
é a norma superior e fundamental do Estado, que organiza e estrutura o poder
SENTIDO JURÍDICO político, limita a atuação estatal e estabelecem direitos e garantias individuais.
Em sentido lógico-jurídico, a Constituição é a norma hipotética fundamental
(não real, mas sim imaginada, pressuposta) que serve como fundamento lógico
transcendental da validade da Constituição em sentido jurídico-positivo. Já no

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sentido jurídico-positivo a Constituição é a norma positiva suprema, que serve


para regular a criação de todas as outras.
Considera a Constituição como produto de um fato cultural, produzido pela
sociedade e que nela pode influir. Conduz a um conceito de uma Constituição
SENTIDO
Total, que é condicionada pela cultura do povo, apresentando, na sua
CULTURALISTA
complexidade intrínseca, aspectos econômicos, sociológicos, jurídicos e
filosóficos.

Vistos os possíveis sentido atribuídos às Constituições, qual a estrutura básica que, normalmente,
as Constituições apresentam no plano documental/concreto? De maneira geral, as Constituições dividem-se
em três partes:
i. Preâmbulo: é a parte que antecede o texto constitucional propriamente dito. Define as intenções
do legislador constitucional. Para o STF, o preâmbulo NÃO dispõe de força normativa e NÃO é
norma de reprodução obrigatória pelas Constituições Estaduais – teoria da irrelevância jurídica.
Tem caráter apenas interpretativo, não servindo como parâmetro no controle de
constitucionalidade.
ii. Parte dogmática: é o texto constitucional propriamente dito. Trata-se do “corpo permanente” da
CF, pois, a princípio, essas normas não têm caráter transitório, embora possam ser modificadas
pelo poder constituinte derivado, mediante emenda constitucional.
iii. Disposições transitórias: visa a integrar a ordem jurídica antiga à ordem jurídica constitucional
nova, quando ocorre o advento de uma nova Constituição. Suas normas são formalmente
constitucionais, podendo ser utilizados como parâmetro no controle de constitucionalidade das leis
e atos normativos.
Além disso, em que pese a Constituição seja um documento único, formando um todo
sistematizado, suas normas são agrupadas em títulos, capítulos e seções, de acordo com o conteúdo, a
origem e a finalidade. Em razão disso, a doutrina considera esses grupos formados no texto da CF a partir das
finalidades como “elementos das Constituições”. São eles:
a) Elementos orgânicos: são as normas que regulam a estrutura do Estado e do Poder. Ex: Título III –
Da Organização do Estado.
b) Elementos limitativos: são as normas que compõem os direitos e as garantias fundamentais e
limitam a atuação do poder estatal. Os direitos sociais não se enquadram aqui, pois exigem
prestações positivas do Estado em favor dos indivíduos.
c) Elementos socioideológicos: são as normas que traduzem o compromisso das Constituições com o
bem-estar dos cidadãos.
d) Elementos de estabilização constitucional: são as normas que asseguram a solução de conflitos
constitucionais, a defesa da Constituição, do Estado e das instituições democráticas.
e) Elementos formais de aplicabilidade: são as normas que estabelecem as regras de aplicação da
Constituição. Ex: ADCT.
Quanto às classificações das Constituições, existem diversas classificações, a partir dos mais
variados critérios. Vamos ver aqui as principais:

#SELIGANATABELA
PRINCIPAIS CLASSIFICAÇÕES DAS CONSTITUIÇÕES
Também chamada de imposta, ditatorial ou autocrática. É
OUTORGADA aquela Constituição imposta sem participação popular,
resultando de um ato unilateral de vontade.
QUANTO À ORIGEM Também chamada de democrática, popular ou votada.
Nasce a partir de um processo democrático. Normalmente,
PROMULGADA
é fruto do trabalho de uma Assembleia Nacional
Constituinte.

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Também chamada de bonapartista. É formada por um


CESARISTA plebiscito popular sobre um projeto elaborado por um
imperador ou um ditador.
Surge por meio de um pacto, em que o poder constituinte
originário se concentra nas mãos de mais de um titular.
PACTUADA Resultam do compromisso instável entre duas forças
antagônicas: de um lado, a monarquia enfraquecida; do
outro, a burguesia em ascensão.
Também chamada de instrumental. É a Constituição
sistematizada em um documento solene. Pode ser um
ESCRITA
documento único (Constituição codificada) ou diversos
QUANTO À FORMA documentos legais (Constituição legal ou pluritextual).
Também chamada de costumeira ou consuetudinária. As
NÃO ESCRITA normas da Constituição estão em várias fontes como, por
exemplo, leis, costumes, jurisprudência, etc.
Também chamada de sucinta, concisa, breve, sumária ou
básica. É a Constituição que veicula apenas os princípios
SÍNTÉTICA fundamentais e estruturais do Estado. De tal forma, é mais
duradoura, pois há maior estabilidade no texto
constitucional.
QUANTO À
Também chamada de ampla, extensa, larga, prolixa,
EXTENSÃO
longa, desenvolvida, volumosa ou inchada. É a
Constituição que aborda todos os assuntos que os
ANALÍTICA
representantes do povo entenderem como fundamentais
naquele momento. Pelo fato de tratar de tantas minúcias,
não tem tanta estabilidade quanto à Constituição sintética.
É aquela Constituição que contém o conjunto de normas,
MATERIAL escritas ou não, que regulam os aspectos essenciais da vida
QUANTO AO estatal.
CONTEÚDO É o conjunto de normas que estão inseridas no texto de
FORMAL uma Constituição rígida, independentemente do seu
conteúdo.
Também chamada de sistemática. É sempre escrita, tendo
sido elaborada por um órgão constituído para essa
DOGMÁTICA
QUANTO AO finalidade em um dado momento, segundo os dogmas e
MODO DE valores que estão em voga naquele momento.
ELABORAÇÃO Também chamada de costumeira, pois é do tipo não
HISTÓRICA escrita. É criada lentamente segundo as tradições e valores
históricos consolidados pela sociedade.
Também chamada de granítica, intocável ou permanente.
IMUTÁVEL É aquela cujo texto não pode ser modificado. Pretende ser
eterna.
QUANTO À É uma classificação adotada apenas por Alexandre de
ALTERABILIDADE Moraes. Segundo ele, super-rígida é a Constituição que
OU ESTABILIDADE possui um núcleo intangível (que não pode ser alterado) e
SUPER-RÍGIDA
que as demais normas podem ser alteradas por um
processo legislativo diferenciado, mais dificultoso do que o
ordinário. Para Moraes, a CF/88 é um exemplo.

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É aquela que exige, para a sua alteração, um processo


legislativo mais árduo e dificultoso do que o processo de
RÍGIDA
alteração das normas não constitucionais. É sempre escrita
(porém, nem toda Constituição escrita será rígida).
Também chamada de semiflexível. É a Constituição que
SEMIRRÍGIDA prevê processo de alteração mais dificultoso apenas para
algumas matérias e para outras não.
Também chamada de silenciosa, pois não estabelece
expressamente qual é o procedimento para sua reforma. É
FIXA aquela que somente pode ser alterada por um poder de
competência igual àquele que as criou, isto é, poder
constituinte originário.
Também chamada de plástica. É a Constituição que pode
ser modificada pelo mesmo procedimento legislativo
FLEXÍVEL
utilizado para modificar as leis comuns. Não há um
processo de alteração mais dificultoso.
É a Constituição suscetível de reforma, com base no
TRANSITORIAMENTE mesmo rito das leis comuns, mas apenas por um
FLEXÍVEL determinado período. Após tal prazo, o texto da
Constituição passa a ser rígido.
QUANTO À ORTODOXA É aquela Constituição formada por uma só ideologia.
DOGMÁTICA ECLÉTICA É a Constituição formada por ideologias conciliatórias.
Trata-se de classificação elaborada por Karl Loewenstein.
A Constituição normativa é aquela em que o processo de
poder está disciplinado de tal forma que as relações
políticas e os agentes políticos do poder subordinam-se às
NORMATIVA
determinações do seu conteúdo e do seu controle. É a
Constituição que regula efetivamente o processo político
do Estado, por corresponder à realidade política e social,
ou seja, limitam, de fato, o poder.
QUANTO À
Também chamada de nominativa ou nominal. É aquela
CORRESPONDÊNCIA
que busca regular o processo político do Estado, mas não
COM A REALIDADE
consegue lograr êxito em realizar este objetivo, pois não
NOMINALISTA
atende à realidade social. É uma Constituição
juridicamente válida, porém, não é real e nem efetiva. É
uma “Constituição de fachada”.
É a Constituição que não tem como objetivo regular
efetivamente a política estatal. Visa apenas a formalizar a
SEMÂNTICA
situação existente do poder político, em benefício dos seus
detentores.

Com podemos enquadrar a CF/88 nas classificações acima? Prevalece que a CF/88 é:
#VAMOSDETABELA
CLASSIFICAÇÕES DA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1988
• Quanto à forma: escrita
• Quanto à sistemática: codificada
• Quanto à origem: democrática
• Quanto à estabilidade: rígida ou super-rígida
• Quanto à identificação das normas: formal

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• Quanto à extensão: prolixa


• Quanto à dogmática: eclética
• Quanto à função: dirigente
• Quanto à ontologia: normativa ou nominal (há divergência)

PODER CONSTITUINTE

A teoria do poder constituinte surgiu na França, com a Revolução Francesca, em que se verificou
uma ruptura com o Antigo Regime. Abade Emmanuel Joseph Sieyès foi o seu idealizador, buscando abordar
o tema da legitimidade do poder.
Sieyès escreveu a obra “O que é o Terceiro Estado?”, buscando trazer elementos divinos para a
teorização do assunto. Nessa obra, diz que compete à nação criar uma ordem jurídica constitucional sem
limites pré-determinados. Então, originalmente, para Sieyès, o titular do poder constituinte era a nação.
Atualmente, porém, fala-se em um conceito mais ampliativo, considerando-se o povo como o titular do
poder constituinte.
A teoria do poder constituinte identifica dois grandes grupos a partir do qual desenvolve suas
considerações: o poder constituinte originário e o poder constituinte derivado. O poder constituinte
derivado, por sua vez, se subdivide em: reformador, decorrente e revisor.
O poder constituinte originário, também chamado de inicial, inaugural, genuíno ou de primeiro
grau, é aquele que instaura uma nova ordem jurídico e rompe com a ordem anterior. Quando cria pela
primeira vez a Constituição em um Estado é chamado de poder constituinte originário histórico. Já as demais
manifestações do poder constituinte originário após o histórico caracterizam o poder constituinte originário
revolucionário.
A doutrina também fala em dois momentos do poder constituinte originário: material (decisão
política de criar a Constituição, qualificando o direito como constitucional) e formal (elaboração da
Constituição em si).
As principais características do poder constituinte originário variam um pouco a depender da
corrente que se adote, se juspositivista ou jusnaturalista:
#VEMDETABELA
NATUREZA JURÍDICA
- 1ª Corrente: Político (positivista) – Hans Kelsen: um poder de fato ou poder político, retirando a sua força
da sociedade, e não de uma norma jurídica. Se embasa e se legitima no seu próprio processo de elaboração,
não sendo necessário, dessa forma, observar os valores supranacionais do direito natural. (Corrente que
prevalece).
- 2ª Corrente: Jurídico (jusnaturalista) - Abade Sieyes: o Poder Constituinte Originário está subordinado a
normas de direito natural (direito suprapositivo) e, portanto, deve ser considerado um poder jurídico ou de
direito. Segundo esta concepção, o PCO encontraria limitações matérias extrajudiciais, relacionadas aos
valores éticos e morais, aos imperativos do direito natural, aos direitos fundamentais conquistados por uma
sociedade (Princípio da Proibição do Retrocesso ou Efeito Cliquet) e às normas de Direito Internacional,
especialmente às ligadas aos Direitos Humanos.
- 3ª Corrente: natureza híbrida, surgindo como um poder de fato, mas, a cada desconstituição de parte do
antigo ordenamento, torna-se um poder de direito.
CARACTERÍSTICAS DO PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO
À luz da corrente juspositivista, ele seria:
- Inicial: não existe nem poder de fato e nem de direito acima dele; ele inicia toda a normatividade jurídica;
é esse o motivo pelo qual se diz que o Poder Constituinte Originário é de primeiro grau, já que origina a
ordem jurídica.

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- Autônomo: não convive com nenhum outro poder que tenha a mesma hierarquia; só o seu titular pode
dizer o seu conteúdo.
- Incondicionado: não se sujeita a nenhuma outra norma jurídica. Trata-se principalmente de não
subordinação a fórmulas pré-estabelecidas.
- Ilimitado juridicamente: nenhum limite de espécie alguma, muito menos imposto pela ordem jurídica
anterior, existe.
- Poder de fato e poder político: A nova ordem jurídica começa com a sua manifestação, e não antes dela.
Mas, por ser um poder de fato, o poder constituinte originário permanece latente mesmo após finda a ANC,
podendo ser exercido a qualquer tempo. O poder constituinte originário não se esgota quando edita uma
Constituição. Ele subsiste fora da Constituição e está apto para se manifestar a qualquer momento.
À luz da corrente jusnaturalista (Abade Sieyes) ele seria:
Permanente: não se esgota com o seu exercício. Só que ele fica em estado latente/repouso;
Inalienável: Ele sempre pertencerá ao povo a nação;
Incondicionado juridicamente: embora possua algumas limitações materiais extrajurídicas. Ele estaria
limitado pelos imperativos do direito natural.

Além do poder constituinte originário, existem também o poder constituinte derivado (também
chamado de instituído, constituído, secundário, de segundo grau ou remanescente).
#VEMDETABELA
PODER CONSTITUINTE DERIVADO
Conceito do poder constituinte derivado (secundário, de segundo grau): Para garantia de maior durabilidade
de uma CF, é importante que existam possibilidades de sua atualização, para se afastar de uma ruptura. Isso
ocorre por meio das mudanças na Constituição. É um poder derivado, pois decorre de uma norma
constitucional que lhe confere autenticidade, legitimidade para agir. Por isso que se lhe chama de secundário,
já que está embasado em outro poder constituinte, o originário.
NATUREZA JURÍDICA DO PODER CONSTITUINTE DERIVADO
Ao contrário do Poder Constituinte Originário, que é um poder de fato/político, o Poder Constituinte
Derivado é um poder de direito, já que encontra seu fundamento jurídico exatamente na nova Ordem
Jurídica.
CARACTERÍSTICAS DO PODER CONSTITUINTE DERIVADO:
Derivado: decorre do poder constituinte originário e da própria Constituição;
Subordinado: deve observância ao poder constituinte originário;
Condicionado ou limitado: seu exercício deve seguir as regras previamente estabelecidas no texto
constitucional.

As principais diferenças entre esses poderes são as seguintes:


#SELIGANATABELA
PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO PODER CONSTITUINTE DERIVADO
Conceito: poder de fato ou político (corrente que Conceito: poder jurídico
prevalece é a juspositivista)
Natureza: pré-jurídica Natureza: jurídica
Tipos: revolucionário e histórico Tipos: reformador, revisor, decorrente e difuso
Características: inicial, ilimitado (teoria positivista X Características: limitado, condicionado e derivado
teoria jusnaturalista), incondicionado, autônomo e
permanente

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Efeitos das normas: presunção absoluta de Efeitos das normas: presunção relativa de
constitucionalidade constitucionalidade (podem sofrer controle de
constitucionalidade)
Momentos de expressão: outorga ou assembleia Momento de expressão: após o poder constituinte
constituinte originário

Vistas essas diferenças entre o poder constituinte originário e o poder constituinte derivado,
podemos analisar melhor os tipos de poder constituinte derivado.
O poder constituinte derivado reformador reflete a possibilidade de alteração da Constituição
Federal por meio de um procedimento específico, disciplinado pelo poder constituinte originário. Não há
uma verdadeira revolução, mas apenas uma reforma. O poder constituinte derivado reformador é próprio
das Constituições rígidas, em que existe um procedimento mais dificultoso para alteração das normas
constitucionais do que o existente para as normas infraconstitucionais.
A manifestação do poder constituinte reformador verifica-se por intermédio das emendas
constitucionais, conforme previsão do art. 60 da CF/88:

#FOCONACF
#APOSTACICLOS
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;
II - do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada
uma delas, pela maioria relativa de seus membros.
§ 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou
de estado de sítio.
§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-
se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.
§ 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal,
com o respectivo número de ordem.
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
§ 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto
de nova proposta na mesma sessão legislativa.

Da leitura do art. 60 da CF é possível notar que não existe previsão de iniciativa popular para as
emendas constitucionais. Além disso, também é possível notar que existem limitações expressas ao poder
de emenda, são elas:
a) LIMITES TEMPORAIS: a limitação temporal proíbe a alteração da Constituição durante um determinado
período de tempo, isso ocorre para possibilitar a sedimentação do texto constitucional.
→ No Brasil, a Constituição de 1824 trouxe uma limitação temporal de 4 anos.
→ A Constituição Federal de 1988 não trouxe limitação temporal para o Poder Reformador, apenas
uma limitação temporal de 5 anos para o Poder Revisor (art. 3º, ADCT).
#ATENÇÃO: NÃO HÁ LIMITAÇÃO TEMPORAL PARA REFORMA DA CF!

b) LIMITES CIRCUNSTANCIAIS: são aqueles que proíbem a alteração da constituição durante a vigência de
situações excepcionais, nas quais a livre manifestação do Poder Constituinte possa estar ameaçada.

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→ As três circunstâncias previstas na Constituição são (art. 60, §1º, CF): Estado de Defesa, Estado de
Sítio e Intervenção Federal.
→ Prevalece na doutrina que as limitações previstas se aplicam ao Poder Revisor.
LIMITES CIRCUNSTANCIAIS DO PODER REFORMADOR
Estado de Defesa
Estado de Sítio
Intervenção Federal

c) LIMITES FORMAIS OU PROCEDIMENTAIS: impõem formalidades a serem observadas quando da alteração


da Constituição, previstas no art. 60, caput, §§ 2º, 3º e 5º da CF.
• Limitações formais subjetivas: relacionadas aos sujeitos competentes para alterar a Constituição,
esta iniciativa está prevista no art. 60, caput, I, II e III – de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos
Deputados ou do Senado Federal; do Presidente da República; Assembleias Legislativas (mais da metade
delas e manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros).
• Limitações formais objetivas: a proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso
Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos
respectivos membros.
LIMITES FORMAIS DO PODER REFORMADOR
Subjetivo – iniciativa do projeto de EC Objetivo – aprovação da EC
1/3 dos membros da Câmara ou Senado 2 turnos na Câmara e Senado
Presidente da República 3/5 dos votos de seus membros
+1/2 das Assembleias Legislativas, pelo voto da
maioria RELATIVA de seus membros

d) LIMITES MATERIAIS: são aquelas que proíbem modificações violadoras do núcleo essencial de certos
institutos e princípios, ela não impede alteração da constituição em si, mas apenas a violação desses núcleos
essenciais = CLÁUSULAS PÉTREAS (art. 60, §4º, CF).

LIMITES MATERIAIS DO PODER REFORMADOR


Forma federativa de Estado
Voto direto, secreto, universal e periódico
Separação de poderes
Direitos e garantias individuais
Cláusulas pétreas implícitas

Finalidades das cláusulas pétreas:


a. Preservar a identidade material da Constituição; melhor seria criar uma CF;
b. Proteger institutos e valores essenciais;
c. Assegurar a continuidade do processo democrático.

As cláusulas pétreas implícitas são as que dizem respeito à forma de criação de norma constitucional,
bem como as que impedem a pura e simples supressão dos dispositivos atinentes à intocabilidade dos temas
já elencados, tais como a titularidade do poder, a República e o Presidencialismo, o rol das cláusulas pétreas
(não adota o critério da dupla modificação)

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A expressão “tendente a abolir”, que consta do §4º do art. 60, deve ser interpretada no sentido de
proteger o núcleo essencial dos institutos e princípios elencados no dispositivo, e não como uma
intangibilidade literal. Pode haver cláusulas pétreas ampliadas e restringidas, contanto que não haja o
esvaziamento do núcleo essencial.
Outro tipo de poder constituinte derivado é o decorrente. Trata-se do o poder atribuído aos
Estados-membros de elaborar as suas próprias Constituições e, em um segundo momento, havendo
necessidade, de modifica-las (poder constituinte derivado decorrente de revisão estadual). Entende-se que
esse poder se manifesta também na elaboração da Lei Orgânica do Distrito Federal (LODF), pois deriva
diretamente da Constituição Federal. Por outro lado, a elaboração das leis orgânicas nos Municípios NÃO é
considerada como poder constituinte derivado decorrente, pois não deriva diretamente da CF, mas sim deve
respeitar tanto a CF como a CE. Por essa razão, ato local quando questionado em face da lei orgânica
municipal sofre controle de legalidade (não de constitucionalidade).
O poder constituinte derivado decorrente, como o próprio nome diz, é derivado e, por isso, deve
obedecer aos limites impostos pelo poder constituinte originário. Assim, diz-se que, em razão do princípio
da simetria, as Constituições Estaduais devem observar o modelo estabelecido pelos princípios da CF.
Prevalece na doutrina que os limites são os seguintes:
a) Princípios constitucionais sensíveis: a observância de tais princípios é obrigatória, sob pena de
intervenção federal. São eles: (i) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
(ii) direitos da pessoa humana; (iii) autonomia municipal; (iv) prestação de contas da administração
pública, direta e indireta; aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais,
compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas
ações e serviços públicos de saúde.
b) Princípios constitucionais estabelecidos: também chamados de organizatórios. São aqueles que
limitam, vedam ou proíbem a ação indiscriminada do poder constituinte derivado decorrente. Ex:
normas de repartição de competências, do sistema tributário nacional, dos direitos políticos, etc.
c) Princípios constitucionais extensíveis: são aqueles que integram a estrutura da Federação
brasileira. Ex: investidura em cargos eletivos, processo legislativo, orçamento, etc. Estão
expressamente previstos no texto da CF apenas para a União, mas são extensíveis às demais
entidades.
Outro tipo de poder constituinte derivado é o revisor. Trata-se da possibilidade de revisão do texto
constitucional, que é uma via extraordinária de alteração constitucional (ao contrário da reforma do texto
constitucional, que é a via ordinária). O art. 3º do ADCT previu a realização da revisão após 05 anos da
promulgação da CF/88, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional em sessão
unicameral.
Vale destacar que, por ocasião do julgamento da ADI 981, o STF consolidou entendimento no
sentido de que, após a realização da revisão constitucional, a norma do art. 3º do ADCT teve sua
APLICABILIDADE ESGOTADA e EFICÁCIA EXAURIDA, de forma a NÃO ser mais possível nova manifestação do
poder constituinte derivado revisor.
Por fim, o último tipo de poder constituinte derivado é o difuso. É um poder de fato e que modifica
informalmente a Constituição, pois não altera o seu texto, mas apenas sua interpretação e sentido. Serve de
fundamento para os mecanismos de atuação da mutação constitucional. Decorre de fatores sociais, políticos
e econômicos. Por ser um poder derivado, também se submete aos limites impostos pelo poder constituinte
originário.

#OLHAOGANCHO:
Teoria da dupla revisão: Teoria concebida para contornar as limitações constitucionais ao poder de reforma,
mediante duas operações subsequentes de alteração formal da Constituição. Numa primeira operação,
revogam-se ou excepcionam-se as limitações criadas pelo poder constituinte originário; numa segunda
operação, altera- se a constituição, sem nenhum desrespeito ao texto já em vigor, após a modificação
anterior. A maioria da doutrina não admite a dupla revisão, pois o artigo 60 é considerado cláusula pétrea,

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de forma que a primeira revisão proposta não seria possível. Jorge Mirada defende a possibilidade quando a
cláusula pétrea não trata de um conteúdo essencial. No caso do Brasil todas as cláusulas estão relacionadas
com a essência da CF.
Teoria do pré-comprometimento: Aduz que as Constituições democráticas são mecanismos de
autovinculação adotados pela soberania popular para se proteger de suas paixões e fraquezas. Desse modo,
não seria levado por elas para que se fizessem alterações nesses temas mais sensíveis que precisavam ser
petrificados. Relação com a mitologia grega, na Odisséia, Ulisses, durante seu regresso a Ítaca, saberia que
ia passar por todo tipo de provação e tentação. Ulisses saberia que não resistiria e por isso criou uma
autorestrição para não sucumbir depois.

#SELIGA:
Lei orgânica municipal e o poder constituinte derivado decorrente: Lei orgânica municipal é uma
constituição?
Não. O poder constituinte decorrente, conferido aos Estados-membros da Federação, não foi estendido aos
Municípios. Nesse sentido, Noemia Porto assinala: "o poder constituinte derivado decorrente deve ser de
segundo grau, tal como acontece com o poder revisor e o poder reformador, isto é, encontrar sua fonte de
legitimidade direta da Constituição Federal. No caso dos Municípios, porém, se descortina um poder de
terceiro grau, porque mantém relação de subordinação com o poder constituinte estadual e o federal. Não
basta, portanto, ser componente da federação, sendo necessário que o poder de auto-organização decorra
diretamente do poder constituinte originário. Por essa razão, ato local questionado em face da lei orgânica
municipal enseja controle de legalidade, e não de constitucionalidade.
As Constituições Estaduais devem observar o modelo estabelecido pelos princípios da CF. Há algumas normas
de observância obrigatória. Assim, entende-se como limites à manifestação do poder constituinte derivado
decorrente, os princípios constitucionais sensíveis, os princípios constitucionais estabelecidos
(organizatórios) e os princípios constitucionais extensíveis.

#DEOLHONAJURIS:
É inconstitucional dispositivo da Constituição Estadual que confere foro por prerrogativa de função, no
Tribunal de Justiça, para Procuradores do Estado, Procuradores da ALE, Defensores Públicos e Delegados de
Polícia. A CF/88, apenas excepcionalmente, conferiu prerrogativa de foro para as autoridades federais,
estaduais e municipais. Assim, não se pode permitir que os Estados possam, livremente, criar novas hipóteses
de foro por prerrogativa de função. STF. Plenário. ADI 2553/MA, Rel. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 15/5/2019 (Info 940).
A Constituição Estadual não pode trazer hipóteses de intervenção estadual diferentes daquelas que são
elencadas no art. 35 da Constituição Federal. As hipóteses de intervenção estadual previstas no art. 35 da
CF/88 são taxativas. Caso concreto: STF julgou inconstitucionais os incisos IV e V do art. 25 da Constituição
do Estado do Acre, que previa que o Estado-membro poderia intervir nos Municípios quando: IV – se
verificasse, sem justo motivo, impontualidade no pagamento de empréstimo garantido pelo Estado; V –
fossem praticados, na administração municipal, atos de corrupção devidamente comprovados. STF. Plenário.
ADI 6616/AC, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 26/4/2021 (Info 1014).

ORGANIZAÇÃO DO ESTADO E FEDERAÇÃO

É importante saber o que se entende por Estado. A doutrina indica os seguintes elementos como
componentes do Estado:
i. Povo: é o conjunto dos nacionais de um Estado.
ii. Governo (poder político): em sentido amplo, pode ser entendido como uma espécie
institucionalizada, organizada e permanente de poder social. A principal característica é a
capacidade de editar as normas jurídicas e de fazê-las cumprir.

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iii. Soberania: é o poder de mando de última instância numa sociedade política. É indivisível,
irrevogável, perpétuo e supremo. Atualmente, esse princípio vem perdendo sua força, em razão da
influência exercida por organizações internacionais e por grandes conglomerados econômicos.
iv. Território: é o espaço dentro do qual o Estado exercita seu poder de mando (soberania). São
considerados como partes integrantes do território: a terra firme localizada dentro dos limites
territoriais, as águas ali compreendidas, o mar territorial (lei 8.617/93), o subsolo, a plataforma
continental e o espaço aéreo.
Ainda quanto à Teoria Geral do Estado, deve-se distinguir os seguintes institutos:

#FOCONATABELA
Poder concentrado na figura do rei ou do monarca. As
Monarquia principais características são: irresponsabilidade
FORMA DE política do governante, hereditariedade e vitaliciedade.
GOVERNO Representa o governo da maioria. As principais
República características são: responsabilização política do
governante, eletividade e temporariedade.
É o sistema adotado pelo Brasil. O Presidente acumula
Presidencialismo as funções de Chefe de Estado e Chefe de Governo,
possuindo um mandato com tempo fixo.
As funções de Chefe de Estado e Chefe de Governo são
exercidas por pessoas distintas. O Chefe de Estado
SISTEMA DE
Parlamentarismo representa uma figura mais simbólica. O Chefe de
GOVERNO
Governo é o Primeiro-Ministro e ele que exerce as
funções políticas mais importantes.
Semipresidencialismo É um sistema híbrido, que conjuga aspectos do
ou parlamentarismo com o presidencialismo.
semiparlamentarismo
Há um centro único de poder – centralização política.
Todavia, com a complexidade das relações, com o
desenvolvimento e crescimento das cidades, esse
modelo de Estado não sobrevive. Surge, então, o Estado
Unitário
Unitário “desconcentrado ou descentralizado”, em que
existe alguma descentralização administrativa ou
política, mas ainda permanece a centralização política e
pouca autonomia dos entes.
É um Estado soberano dotado de entidades parciais
autônomas, ou seja, há distribuição e divisão do poder
FORMA DE ESTADO
político em função do território. Há descentralização
Federado política. Não existe direito de secessão (indissolubilidade
do vínculo). Os entes federados possuem autonomia. No
caso brasileiro, apenas a República Federativa do Brasil
possui soberania.
É uma pessoa jurídica de direito público composta por
vários Estados. Os membros são unidos, em regra, por
Confederação um tratado. Há direito de secessão, ou seja, o Estado que
desejar pode sair da Confederação. Os membros
possuem soberania.

O Brasil adota:
✓ A República como forma de governo;

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✓ O presidencialismo como sistema de governo; e


✓ A Federação como forma de Estado.
A Federação possui algumas peculiaridades, pois possui diferentes espécies/tipos, a depender do
critério adotado para a classificação. Então, vamos ver aqui os principais tipos de federalismo:

#TABELALOVERS
TIPOS DE FEDERALISMO
Surge quando Estados soberanos cedem parcela de sua
POR AGREGAÇÃO, soberania para formar um novo ente, que passa a ser
AGLUTINAÇÃO OU soberano. O poder que era soberano passa a ser
ASSOCIAÇÃO autônomo. O poder é deslocado da periferia para o
QUANTO AO
centro (movimento centrípeto).
SURGIMENTO
Surge com a descentralização política de um Estado
(ORIGEM/FORMAÇÃO)
POR Unitário, ou seja, existe um poder concentrado no
DESAGREGAÇÃO OU centro, o qual é dividido entre os Estados membros. O
SEGREGAÇÃO movimento é de dentro para fora (movimento
centrífugo).
Há uma repartição horizontal de competências entre a
União e os Estados Membros, ou seja, nessa espécie de
federalismo a CF divide de forma equilibrada as
competências entre a União e os Estados. A relação
DUAL/DUALISTA
entre a União e Estados é de coordenação, eles se
encontram no mesmo plano. A divisão é feita de
maneira rígida, não há interferência de ente com o
outro.
QUANTO À
É o oposto do dual. Há uma repartição vertical de
REPARTIÇÃO DE
competências, na qual há uma relação de sujeição dos
COMPETÊNCIAS DE INTEGRAÇÃO
Estados Membros em relação à União. As competências
são partilhadas.
Existe tanto uma repartição horizontal quanto uma
repartição vertical de competências. Não há hierarquia
entre as leis federais e as leis estaduais. Diz-se, ainda,
COOPERATIVO
que o modelo adotado pelo Brasil é tríplice ou
tricotômico, pois reconhece os Municípios como entes
federados autônomos.
É o federalismo típico. Há uma simetria entre o modelo
adotado pela Constituição e o modelo do federalismo
SIMÉTRICO OU clássico (principais características: Poder Judiciário com
HOMOGÊNEO órgãos nacionais e estaduais; poder constituinte
QUANTO À
originário e poder constituinte decorrente; organização
HOMOGENEIDADE NA
bicameral do Legislativo).
DISTRIBUIÇÃO DE
É o federalismo atípico. Há um rompimento com as
COMPETÊNCIAS
linhas tradicionais do federalismo simétrico. O fato de,
ASSIMÉTRICO OU
por exemplo, considerar-se os Municípios como entes
HETEROGÊNEO
federados autônomos é uma característica assimétrica
ou heterogênea da Federação brasileira.

As principais características da Federação brasileira são:


• Federalismo de desagregação: fruto de descentralização política de um Estado unitário;

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• De cooperação: dotado de competências verticais com o objetivo de tornar mais eficiente o


desempenho das tarefas públicas;
• De movimento centrífugo: descentralizando o poder do ente central;
• De equilíbrio: prioriza a conciliação entre integração e autonomia, unidade e diversidade);
• Simétrico: atribui o mesmo regime jurídico aos entes federativos de mesmo grau dentro de sua
esfera de atuação; e,
• Atípico, tridimensional, tripartite ou de 3º grau: isso porque inclui-se a figura dos Municípios como
entes federados, diferente dos outros modelos de federação existentes. O Distrito Federal acumula
as competências dos Estados e dos Municípios.

ORGANIZAÇÃO DO ESTADO E COMPETÊNCIAS DOS ENTES FEDERADOS

A Federação brasileira é composta por entes federados dotados de autonomia política, sendo a
soberania atribuída apenas a República Federativa do Brasil. Vamos ver algumas das principais características
dos entes federados autônomos?

#SELIGANATABELA
Possui dupla personalidade: no âmbito interno, a União é uma pessoa jurídica de direito
público; no âmbito internacional, a União representa a República Federativa do Brasil.
UNIÃO Bens da União: art. 20 da CF/88.
Competências materiais exclusivas da União: art. 21 da CF/88.
Competências legislativas privativas da União: art. 22 da CF/88.
Os Estados-membros são entes federados autônomos, dotados de capacidade auto-
organização, autogoverno, autoadministração e autolegislação. De acordo com a
CF/88, os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem,
observados os princípios da CF/88.
Bens dos Estados: art. 26 da CF/88.
O art. 25, §1º da CF/88 prevê que são reservadas aos Estados as competências que não
lhe são vedadas, ou seja, competências residuais. Exceções: (i) competência para
ESTADOS
explorar diretamente ou mediante concessão os serviços locais de gás canalizado, e (ii)
a possibilidade de criar regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões.
Formação de novos Estados: art. 18, §3º, CF/88 – “os Estados podem incorporar-se
entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem
novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população
diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei
complementar”.
O Distrito Federal é um território neutro, pois não faz parte de nenhum Estado da
Federação. É uma unidade federada com competência parcialmente tutelada pela
União, pois é a sede do Governo Federal. A CF/88 veda a divisão do DF em Municípios.
O DF será regido por Lei Orgânica, votada em 02 turnos, com interstício mínimo de 10
DISTRITO dias e aprovada por 2/3 da Câmara Legislativa, que a promulgará, observados os
FEDERAL princípios da CF. Em razão disso, a doutrina afirma que a estrutura do DF está mais
próxima dos Estados da que dos Municípios, pois a Lei Orgânica do DF deriva
diretamente da CF.
Ao DF são atribuídas tanto as competências legislativas dos Estados como dos
Municípios (art. 32, §1º, CF/88).
O Município pode ser definido como pessoa jurídica de direito público interno e
MUNICÍPIOS
autônoma nos termos e de acordo com as regras da CF/88. É ente federativo dotado

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de autonomia própria, materializada por sua capacidade de auto-organização,


autogoverno, autoadministração e autolegislação.
Os Municípios são regidos por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício
mínimo de 10 dias e aprovada por 2/3 dos membros da Câmara Municipal. É a Câmara
Municipal que promulga a lei orgânica.
Competências dos Municípios: art. 30 da CF/88.
Formação de novos Municípios: art. 18, §4º, da CF/88 – “a criação, a incorporação, a
fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do
período determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia,
mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos
Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 15, de 1996)”. OBS: enquanto não houver essa lei
complementar federal (ainda não foi editada), nenhum Município pode ser criado
regularmente.

#APOSTACICLOS:
#FIQUEDEOLHO:
#AJUDACONCURSOS360:
É incompatível com a Constituição Federal de 1988 — por violar a competência da União para definir os
princípios básicos a serem seguidos na execução dos serviços notariais e de registro (CF/1988, art. 236) —
norma estadual que objetiva regulamentar a forma de provimento de suas serventias extrajudiciais,
fixando regras do concurso para ingresso e remoção nos respectivos cartórios. (ADPF 209/SP – 09/05/2023
INFO 1092 – STF)

A referida competência foi reservada constitucionalmente ao legislador federal (1), que já a exerceu com a
edição da Lei 8.935/1994, a qual confere ao Poder Judiciário a realização dos certames e a consequente
atribuição para o ato de investidura na atividade notarial e de registro (2). Assim, norma estadual não pode
acrescentar qualquer condição restritiva além daquelas estabelecidas na legislação federal (3).
Ademais, com a finalidade de uniformizar os certames de provas e títulos para outorga de declaração de
serviços notariais e de registro, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) editou a Resolução 81/2009.
É incompatível com a Constituição Federal de 1988 — por violar o princípio da isonomia (CF/1988, art. 5º,
“caput”) — norma estadual que introduz novas regras para a avaliação de títulos nos concursos para ingresso
nas serventias extrajudiciais, prevendo benefícios a um grupo específico de candidatos.
Na espécie, a norma estadual impugnada conferiu indevida valoração aos títulos, beneficiando candidatos
que já desempenharam atividades funcionais pertinentes à área de notas e de registros, dando-lhes a
possibilidade de alcançar maior pontuação no certame. Essa circunstância restringe o universo de candidatos
aptos a conquistar a respectiva pontuação, razão pela qual configura afronta à igualdade de condições de
acesso à função pública (4).
Com base nesses e em outros entendimentos, o Plenário, por maioria, julgou improcedente a ação para
declarar não recepcionados pela Constituição Federal de 1988 os arts. 3º, § 2º; e 10, caput e §§ 2º, 4º, 5º e
6º, ambos da Lei Complementar 539/1988 do Estado de São Paulo (5).

Existem muitos julgados sobre essa questão da Federação e da autonomia dos entes federados.
Vejamos alguns que têm cara de prova e são #APOSTACICLOS:

#DEOLHONAJURIS
É inconstitucional — por violação aos princípios da simetria e da autonomia dos entes federados — norma
de Constituição estadual que prevê hipótese de intervenção do estado no município fora das que são
taxativamente elencadas no art. 35 da Constituição Federal. STF. Plenário. ADI 6619/RO, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 21/10/2022 (Info 1073).

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É inconstitucional norma que prevê a concentração excessiva do poder decisório nas mãos de só um dos
entes públicos integrantes de região metropolitana.
Nesse mesmo contexto, é inadmissível que a gestão e a percepção dos frutos da empreitada metropolitana
comum, incluídos os valores referentes a eventual concessão à iniciativa privada, aproveitem a apenas um
dos entes federados.
Com base nesse entendimento, o STF declarou inconstitucionais normas que concentravam no Estado de
Alagoas o poder decisório nas instâncias deliberativas e executivas da Região Metropolitana de Maceió,
resultando na violação da autonomia dos municípios envolvidos.
O STF, no entanto, modulou os efeitos da decisão para que passe a valer em 24 meses, período em que o
legislativo estadual deverá reapreciar o desenho institucional da região metropolitana. STF. Plenário. ADI
6573/AL, ADI 6911/AL e ADPF 863/AL, Rel. Min. Edson Fachin, julgados em 13/5/2022 (Info 1055).
A EC nº 57/08 não convalidou desmembramento municipal realizado sem consulta plebiscitária e, nesse
contexto, não retirou o vício de ilegitimidade ativa existente nas execuções fiscais que haviam sido propostas
por município ao qual fora acrescida, sem tal consulta, área de outro para a cobrança do IPTU quanto a
imóveis nela localizados. STF. Plenário. RE 614384/SE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 29/4/2022
(Repercussão Geral – Tema 559) (Info 1052).
A excepcionalidade e a gravidade que circundam a intervenção federal, bem como a complexidade que
emana do cumprimento da ordem de desocupação, sobrepõem-se ao interesse particular dos proprietários
do imóvel.
Na hipótese em análise, não há como reconhecer tenha o ente estatal se mantido inerte, em afronta à
decisão judicial, não havendo que se falar em recusa ilícita, a ponto de justificar a intervenção, porquanto a
situação fática comprovada nos autos revela questão de cunho social e coletivo, desbordando da esfera
individual da parte autora. STJ. Corte Especial. IF 113-PR, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 06/04/2022 (Info
732).
Obs: existem decisões mais antigas deferindo a intervenção: STJ. Corte Especial. IF 115/PR, Rel. Min.
Herman Benjamin, DJe de 21/6/2017.
Pendente a legislação federal prevista na redação atual do art. 18, § 4º, da Constituição Federal, são
inadmissíveis os regramentos estaduais que possibilitem o surgimento de novos municípios e que invadam a
competência da União para disciplinar o tema.
É inconstitucional lei estadual que permita a criação, incorporação, fusão e desmembramento de municípios
sem a edição prévia das leis federais previstas no art. 18, § 4º, da CF/88, com redação dada pela Emenda
Constitucional nº 15/96. STF. Plenário. ADI 4711/RS, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 3/9/2021 (Info
1028).

Ainda quanto à organização do Estado, é fundamental conhecer o desenho constitucional da


repartição de competências. Não tem como fugir de uma leitura atenta dos arts. 21, 22, 23, 24 e 30 da CF/88
– são artigos sempre cobrados em provas, especialmente de Procuradorias. Vamos fazer alguns breves
comentários e a leitura na ordem desses artigos.
As competências são classificadas, geralmente, em materiais/administrativas (que podem ser
comuns e exclusivas) e legislativas (que podem ser privativas e concorrentes) - #CUIDADO com esses nomes
para não confundir, pois são muito cobrados em provas.
Os critérios que norteiam a distribuição de competências prevista na CF/88 são:
a) Princípio da predominância do interesse: a distribuição de competências pelo poder constituinte
originário foi orientada com base no critério da preponderância de interesses.
• Matérias de interesse primordialmente nacional: conferidas à União
• Matérias de interesse preponderantemente regional: conferidas aos Estados-membros.
• Matérias de interesse preponderantemente local: conferidas aos Municípios.
b) Teoria dos poderes implícitos: trata-se de criação jurisprudencial do STF, no sentido de que,
quando a CF confere a determinado ente um poder expresso, implicitamente deu àquele os

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poderes necessários à realização daquele fim. Se a CF/88 deu a determinado ente uma
competência fim, também deu a competência meio, sem a qual a fim não seria possível alcançar.
c) Princípio da subsidiariedade: a competência, em princípio, deve ser dada ao ente menor, só
transferindo a competência ao ente maior quando o menor não tiver capacidade de exercê-la.
Assim, o ente menor recebe prioritariamente as competências e o ente maior, subsidiariamente,
fortalecendo a esfera de competência do ente menor. Ex.: Lei do SUS prevê uma prioridade das
competências para os Municípios.
Começando pelo art. 21 da CF/88, este trata das competências materiais exclusivas da União. São
competências administrativas que elencam providências por parte da União. São situações que demandam
uniformidade no território nacional ou, por questões de segurança, foram acometidas à União. #ATENÇÃO:
foco especialmente nas alterações sofridas em 2019 e 2022 pelo texto do art. 21.

#FOCONALEISECA
Art. 21. Compete à União:
I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais;
II - declarar a guerra e celebrar a paz;
III - assegurar a defesa nacional;
IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo território
nacional ou nele permaneçam temporariamente;
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção federal;
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material bélico;
VII - emitir moeda;
VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as operações de natureza financeira, especialmente
as de crédito, câmbio e capitalização, bem como as de seguros e de previdência privada;
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento
econômico e social;
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de
telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão
regulador e outros aspectos institucionais; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 8, de 15/08/95:)
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão:
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 8,
de 15/08/95:)
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água, em
articulação com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos;
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estrutura aeroportuária;
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que
transponham os limites de Estado ou Território;
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros;
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e a
Defensoria Pública dos Territórios; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 69, de 2012) (Produção de
efeito)
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia penal, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do
Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços
públicos, por meio de fundo próprio; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019)
XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geografia, geologia e cartografia de âmbito
nacional;
XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões públicas e de programas de rádio e televisão;
XVII - conceder anistia;

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XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas, especialmente as secas e
as inundações;
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos
de seu uso; (Regulamento)
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes
urbanos;
XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional de viação;
XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a
pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares
e seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condições:
a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e mediante
aprovação do Congresso Nacional;
b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercialização e a utilização de radioisótopos para
pesquisa e uso agrícolas e industriais; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 118, de 2022)
c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, a comercialização e a utilização de radioisótopos
para pesquisa e uso médicos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 118, de 2022)
d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa; (Incluída pela Emenda
Constitucional nº 49, de 2006)
XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho;
XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de garimpagem, em forma associativa.
XXVI - organizar e fiscalizar a proteção e o tratamento de dados pessoais, nos termos da lei. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 115, de 2022)

Já o art. 22 da CF/88 trata das competências legislativas privativas da União. Há a mesma lógica de
padronização e uniformidade. Sendo que, a princípio, os Estados membros não podem legislar sobre isso.
Também é uma técnica de repartição horizontal, estanque, que remete ao federalismo clássico. Regra geral,
há uma correlação entre a competência material e a legislativa: se a União tem competência para emitir
moeda (art. 21, VII), ela tem competência para legislar sobre sistema monetário (art. 22, VI); se a União possui
competência material para manter o serviço postal (art. 21, X), possui competência legislativa privativa a
respeito do serviço postal (art. 22, V).

#FOCONALEISECA #COMPETÊNCIALEGISLATIVA #UNIÃO


Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
II - desapropriação;
III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em tempo de guerra;
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;
V - serviço postal;
VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais;
VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores;
VIII - comércio exterior e interestadual;
IX - diretrizes da política nacional de transportes;
X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial;
XI - trânsito e transporte;
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;
XIV - populações indígenas;
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros;

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XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições para o exercício de profissões;


XVII - organização judiciária, do Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e da Defensoria Pública
dos Territórios, bem como organização administrativa destes; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
69, de 2012) (Produção de efeito)
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacionais;
XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupança popular;
XX - sistemas de consórcios e sorteios;
XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias, convocação, mobilização,
inatividades e pensões das polícias militares e dos corpos de bombeiros militares; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviária e ferroviária federais;
XXIII - seguridade social;
XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;
XXV - registros públicos;
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas
diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no
art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°,
III; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima, defesa civil e mobilização nacional;
XXIX - propaganda comercial.
XXX - proteção e tratamento de dados pessoais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 115, de 2022

Há, inclusive, súmulas vinculantes a respeito da competência legislativa privativa da União e que
devem ser conhecidas:

#COLANARETINA
Súmula Vinculante n. 2. É inconstitucional a lei ou ato normativo estadual ou distrital que disponha sobre
sistemas de consórcios e sorteios, inclusive bingos e loterias.
Súmula Vinculante n. 39. Compete privativamente à União legislar sobre vencimentos dos membros das
polícias civil e militar e do corpo de bombeiros militar do Distrito Federal.
Súmula Vinculante n. 46. A definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas
normas de processo e julgamento são da competência legislativa privativa da União.

O art. 23 da CF/88, por sua vez, dispõe sobre as competências materiais comuns de todos os entes
federados. Aqui se trata de uma repartição vertical de competências, em que todos os entes conjugam
esforços para aquilo que irá favorecer a todos como, por exemplo, cultura, educação, saúde, entre outros.
Trata-se de do princípio da colaboração. São competências administrativas.

#FOCONACF #COMPETÊNCIAMATERIAL
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar o patrimônio público;
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de
deficiência; (Vide ADPF 672)
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos,
as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico,
artístico ou cultural;
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à
inovação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)

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VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;


VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar;
IX - promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de
saneamento básico; (Vide ADPF 672)
X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração social dos
setores desfavorecidos;
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos
e minerais em seus territórios;
XII - estabelecer e implantar política de educação para a segurança do trânsito.
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito
nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)

Por fim, o art. 24 trata das competências legislativas concorrentes entre União, Estados e Distrito
Federal. Trata-se também de uma repartição vertical de competências, em que há um condomínio
legislativo: a União estabelece as normas gerais (diretrizes) e os Estados e o Distrito Federal podem detalhar
através das normas específicas.

#FOCONACF #COMPETÊNCIACONCORRENTE
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
II - orçamento;
III - juntas comerciais;
IV - custas dos serviços forenses;
V - produção e consumo;
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção
do meio ambiente e controle da poluição;
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico,
estético, histórico, turístico e paisagístico;
IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação; (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)
X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas;
XI - procedimentos em matéria processual;
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; (Vide ADPF 672)
XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;
XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência;
XV - proteção à infância e à juventude;
XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis.
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas
gerais. (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos
Estados. (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para
atender a suas peculiaridades. (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for
contrário. (Vide Lei nº 13.874, de 2019)

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Assim, no âmbito da competência concorrente, compete à União dispor sobre normas gerais, e aos
Estados e DF sobre as peculiaridades da matéria, de acordo com as realidades locais. Trata-se da denominada
competência suplementar (art. 24, § 2º, da CF). Essa competência suplementar é dividida em duas espécies:

É quando existe lei federal. Assim, caso a União tenha


Competência editado normas gerais sobre determinado tema, os
complementar Estados e o DF podem exercer sua competência
complementar.

Competência
suplementar
É quando não existe lei federal. Assim, se a União não
tiver editado a norma geral, os Estados e o DF adquirem
a competência plena, ou seja, para a edição da norma
Competência
de caráter geral e da norma de natureza específica
suplementar
(competência supletiva). Porém, a superveniência da
norma geral federal SUSPENDE a eficácia da norma
estadual no que lhe for contrária.

Não há possibilidade de delegação da União em favor dos Estados e do DF para que estes
disponham sobre as matérias consignadas no art. 24 (só cabe delegação na competência privativa da União
do art. 22, parágrafo único, CF/88).
Os Municípios possuem competência legislativa concorrente? Não há previsão expressa dos
Municípios no caput do art. 24, visto acima, o que gera certa polêmica. Todavia, o art. 30, I e II da CF/88 prevê
que os Municípios possuem competência para legislar sobre assuntos de interesse local e para suplementar
a legislação federal e a estadual no que couber. Assim, embora não estejam elencados no art. 24, os
Municípios poderão exercer uma competência suplementar para tratar de assuntos de interesse local. Essa
competência suplementar só não pode ser exercida quando se tratar de competência privativa ou exclusiva
da União ou dos Estados.

Art. 30. Compete aos Municípios:


I - legislar sobre assuntos de interesse local;
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; (Vide ADPF 672)
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da
obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual;
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de
interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial;
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação infantil e
de ensino fundamental; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à saúde
da população;
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso,
do parcelamento e da ocupação do solo urbano;
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora
federal e estadual.

Existe MUITA jurisprudência do STF sobre o tema das competências materiais e legislativas e é
muito importante conhecer, ao menos, os julgados a seguir:

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#DEOLHONAJURIS
Compete à União regular o mercado de planos de saúde, o que inclui a normatização da matéria (art. 22, VII,
CF/88), bem como toda a fiscalização do setor (art. 21, VIII, CF/88).
Tese fixada pelo STF:
“É inconstitucional, por violação à competência da União para legislar sobre direito civil e seguros (art. 22, I
e VII, CF/88), lei estadual que estabelece obrigações contratuais para operadoras de planos de saúde.”.
STF. Plenário. ADI 7208/MT, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 27/3/2023 (Info 1088).
É inconstitucional — por violar a competência privativa da União para legislar sobre trânsito e transporte
(art. 22, XI, CF/88) — lei distrital que prevê a possibilidade de parcelamento de multas decorrentes de
infrações de trânsito e o pagamento de débitos com cartão de crédito.
STF. Plenário. ADI 6578/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 27/3/2023 (Info 1088).
É inconstitucional — por violação à competência privativa da União para legislar sobre direito do trabalho
(art. 22, I, CF/88) — lei estadual que obriga hospitais públicos e privados a criarem uma sala de
descompressão para ser utilizada por enfermeiros, técnicos de enfermagem e auxiliares de enfermagem.
STF. Plenário. ADI 6317/SP, Rel. Min. Edson Fachin, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado
em 15/03/2023 (Info 1087).
É inconstitucional — por violar a competência privativa da União para legislar sobre diretrizes e bases da
educação nacional (art. 22, XXIV, CF/88) — lei estadual que veda a adoção da “linguagem neutra” na grade
curricular e no material didático de instituições de ensino públicas e privadas, assim como em editais de
concursos públicos locais.
Tese fixada pelo STF:
Norma estadual que, a pretexto de proteger os estudantes, proíbe modalidade de uso da língua portuguesa
viola a competência legislativa da União. STF. Plenário. ADI 7019/RO, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em
10/02/2023 (Info 1082).
A norma impugnada não usurpa a competência privativa da União para legislar sobre direito penal (art. 22,
I, da CF/88), tampouco sobre material bélico (art. 21, VI, e 22, XXI). Ao contrário, ela dispõe sobre matéria
afeta ao direito do consumidor e à proteção à infância e à juventude, inserindo-se, portanto, no âmbito da
competência concorrente das unidades da Federação (art. 24, V, VIII e XV, e art. 227). Dessa forma, o estado
tem competência suplementar para legislar sobre o assunto, podendo inclusive prever sanções
administrativas (art. 24, § 2º).
Não usurpa a competência privativa do chefe do Poder Executivo a lei que, embora crie despesa para a
Administração Pública, não trata da sua estrutura ou da atribuição de seus órgãos nem do regime jurídico de
servidores públicos.
Na linha da jurisprudência desta Corte, a mera circunstância de uma norma demandar atuação positiva do
Poder Executivo não a insere no rol de leis cuja iniciativa seja privativa de seu chefe.
Na espécie, o ato normativo questionado atribui a responsabilidade de fiscalização da lei ao Poder Executivo,
cabendo a ele designar o órgão responsável, bem como estimula a conscientização do disposto na lei por
meio de propaganda, deixando a regulamentação de como será realizada ao critério do Poder Executivo.
STF. Plenário. ADI 5126/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 17/12/2022 (Info 1081).

EVOLUÇÃO CONSTITUCIONAL BRASILEIRA

#TABELALOVERS
Foi outorgada em 1824, marcada por forte centralismo administrativo e político.
O Brasil era um Estado Unitário (Monarquia Unitária), com o território dividido
em províncias. Havia uma religião oficial do Império, qual seja, a Católica
CONSTITUIÇÃO DE
Apostólica Romana. Rio de Janeiro era a capital federal. Existência do Poder
1824
Legislativo, Judiciário, Executivo e Moderador (assegurava a estabilidade do
trono). As eleições para o Legislativo eram indiretas. A função executiva era
exercida pelo Imperador. Era semirrígida, pois algumas normas só podiam ser

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alteradas por procedimento mais rígido e outras, pelo procedimento ordinário.


Continha importante rol de direitos individuais fundamentais, mas mesmo assim,
na prática, vigorava a escravidão. Por isso, parte da doutrina diz que a CF de 1824
teve baixo grau de eficácia na prática.
A segunda Constituição da histórica brasileira (primeira sob a forma de governo
República) foi promulgada em 1891 por Assembleia Constituinte. A forma de
Estado passou a ser federada, com vedação ao direito de secessão. O Brasil deixa
de ter uma religião oficial – passou a ser laico. O Poder Moderador foi extinto,
havendo apenas o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. A CF tornou-se rígida. O
controle de constitucionalidade era difuso (inspiração norte-americana). Foi
CONSTITUIÇÃO DE
previsto pela primeira vez na CF o habeas corpus, com base na “teoria brasileira
1891
do habeas corpus”, com objeto de proteção amplo. Em 1926, foi promulgada a
EC 1, restringindo o habeas corpus exclusivamente à liberdade de locomoção e
promovendo centralização do poder. Revolução de 1930 leva ao fim a República
Velha e instituiu-se um Governo Provisório, que levou Getúlio Vargas ao Poder.
Em 1932 houve a previsão do voto feminino e do sufrágio universal no Código
Eleitoral.
Foi promulgada em 1934, com forte influência da Constituição de Weimar de
1919, tendo sido motivada em razão da crise econômica de 1929 e dos
movimentos sociais por melhores condições de trabalho. Rompeu-se com o
bicameralismo paritário ou rígido, no qual as duas Casas exercem funções básicas
idênticas, passando-se para um bicameralismo desigual ou unicameralismo
imperfeito, com o Senado Federal sendo mero colaborador da Câmara de
CONSTITUIÇÃO DE
Deputados. A Câmara dos Deputados era composta por: (i) representantes do
1934
povo, eleitos pelo sistema proporcional e sufrágio universal, igual e direto; e (ii)
representantes eleitos pelas organizações profissionais na forma da lei
(representação corporativa de influência fascista). O Executivo era exercido pelo
Presidente da República, eleito pelo sufrágio universal para mandato de 04 anos,
vedada a reeleição. Foi extinto o cargo de Vice-Presidente. Houve a criação do
mandado de segurança e da ação popular.
Getúlio Vargas assumiu em 1934 e, na época, havia forte antagonismo entre a
direito fascista e o movimento de esquerda. Em razão da Intentona Comunista
em 1935, foi decretado o Estado de Sítio e em 1937, após notícias de um plano
para tomada de poder (Plano Cohen), Vargas fechou o Congresso Nacional. Em
CONSTITUIÇÃO DE
1937 foi outorgada a Constituição, conhecida como “Polaca”, pois inspirada na
1937
Carta Polonesa fascista de 1935. As eleições voltaram a ser indiretas. Os direitos
fundamentais foram enfraquecidos, não havendo previsão de mandado de
segurança nem de ação popular. A Federação foi abalada pela nomeação de
interventores. Para atrair o povo (política populista), publicou a CLT.
Com a saída de Vargas do poder, buscou-se a redemocratização do país.
Convocou-se assembleia constituinte em 01.02.1946, com a participação de
diversas correntes políticas, inclusive dos representantes comunistas. A teoria
CONSTITUIÇÃO DE
clássica da repartição de poderes foi reestabelecida. Por meio da EC 04/61
1946
introduziu-se o sistema parlamentarista e por meio da EC 06/63 voltou-se ao
presidencialismo. Presidente da República eleito para mandato de 05 anos, junto
com o Vice, que exercia também a função de Presidente do Senado Federal.
Em 31.03.1964, o então Presidente João Goulart foi derrubado por um golpe
CONSTITUIÇÃO DE militar. O Congresso Nacional foi fechado em 1966 e reabriu em 1967 para
1967 aprovar a CF de 1967. Sofreu influência da Constituição de 1937. Representava
os ideais e princípios do Golpe Militar e a preocupação com a "segurança

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nacional". Conferiu amplos poderes para a União e para o Presidente. Eleições


diretas e secretas para Deputados e Senadores. Eleição indireta pra Presidente.
Possibilidade de o Presidente expedir decretos-lei, tendo força de lei. Redução
dos direitos individuais com a possibilidade de suspensão desses direitos em
caso de "abuso" por 10 anos. Competência do Judiciário foi diminuída. Em 1968
foi baixado o AI-5 e o Congresso Nacional foi fechado.
Alguns autores afirmam que se trata de uma CF, outros que se trata de uma EC.
Foi baixada por uma Junta de Militares. Para Pedro Lenza, pode ser considerada
uma manifestação do poder constituinte originário ante o seu caráter
EC N. 1/69 revolucionário. Os Atos Institucionais (AI's) do Presidente estavam acima da
Constituição. Em 1978, após a revogação total do AI-5 e a previsão de
impossibilidade de suspensão do Congresso Nacional pelo Presidente da
República, iniciou-se um processo de redemocratização.
Em 27 de novembro de 1985, por meio da emenda constitucional 26, foi
convocada a Assembleia Nacional Constituinte com a finalidade de elaborar novo
CONSTITUIÇÃO DE
texto constitucional para expressar a realidade social pela qual passava o país,
1988
que vivia um processo de redemocratização após o término do regime militar.
Trata-se da Constituição Cidadã.

NORMAS CONSTITUCIONAIS E HERMENÊUTICA #APOSTACICLOS

A hermenêutica constitucional é um dos marcos do neoconstitucionalismo. À hermenêutica


constitucional são aplicáveis todas as técnicas de interpretação das demais normas jurídicas (gramatical,
histórica, teleológica, dentre outras). Todavia, a hermenêutica em se tratando da Constituição apresenta
também métodos próprios, em razão da supremacia da Constituição, da sua força normativa e da maior
carga valorativa que carrega.
Em matéria de hermenêutica, é importante conhecer os métodos criados pela doutrina.

MÉTODOS TRADICIONAIS DE INTERPRETAÇÃO


GRAMATICAL: Também conhecido como literal ou filológico, busca extrair a norma jurídica do texto que
a consagra. Nos casos mais fáceis o elemento gramatical já fornece a resposta à questão jurídica, dando
ensejo à subsunção. Já noutros casos, não será suficiente, embora o texto permaneça relevante.
HISTÓRICO: Busca subsídios para interpretação jurídica na vontade do legislador. Examina-se a “occasio
legis”, as razões que motivaram a decisão de um ato normativo, a exposição de motivos e os debates
parlamentares.
LÓGICO: esse elemento se refere à estruturação do pensamento, ou seja, a relação lógica na que se acham
suas diversas partes.
SISTEMÁTICO: preconiza que cada norma jurídica deve ser interpretada com considerações de todas as
demais, e não de forma isolada. A partir dele, formulam-se postulados específicos: a unidade da Constituição
e a concordância prática.
TELEOLÓGICO: busca a finalidade subjacente ao preceito a ser interpretado.

MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO DA NOVA HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL


MÉTODO JURÍDICO (hermenêutico clássico) – considera que a constituição é uma lei como qualquer outra,
devendo ser interpretada usando as regras da Hermenêutica Constitucional, ou seja, elementos literal
(textual), lógico (sistemático), histórico, teleológico e genético.
CRÍTICA: Por terem sido desenvolvidos para o direito privado, os elementos clássicos são insuficientes para
dar conta das complexidades que envolvem a interpretação constitucional.
MÉTODO TÓPICO PROBLEMÁTICO (VIEHWEG)– Há prevalência do problema sobre a norma, ou seja, busca-
se solucionar determinado problema por meio da interpretação de norma constitucional. Esse método parte

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das premissas que (i) a interpretação tem caráter prático, pois busca resolver problemas concretos; (ii) a
normais constitucional é aberta, de significado indeterminado.
CRÍTICA: Casuísmo sem limites e pouca importância atribuída à jurisprudência. Para o método tópico-
problemático, a decisão que vai prevalecer é a que for mais convincente, o que convencer o maior número
de locutores, não significa que seja a mais correta
MÉTODO HERMENÊUTICO CONCRETIZADOR (HESSE) – a leitura da constituição inicia pela pré-compreensão
do seu sentido pelo intérprete, a quem cabe aplicar a norma para resolução de uma situação concreta.
Valoriza a atividade interpretativa e as circunstâncias nas quais esta se desenvolve, promovendo uma relação
entre o texto e contexto, transformando a interpretação em um movimento de “ir e vir” denominado círculo
hermenêutico. Esse método se diferencia do método tópico problemático porque enquanto este pressupõe
a primazia do problema sobre a norma, aquele se baseia na prevalência do texto constitucional sobre o
problema.
CRÍTICA: Enfraquecimento da força normativa; Quebra da unidade da Constituição (uso de fatores
extraconstitucionais).
MÉTODO INTEGRATIVO OU CIENTÍFICO ESPIRITUAL – A interpretação da constituição deve considerar a
ordem ou o sistema de valores subjacentes ao texto constitucional. Deve ser interpretada como um todo,
dentro da realidade do Estado.
CRÍTICA: O método assume uma feição mais política do que jurídica, conduzindo à indeterminação e à
mutabilidade dos resultados. Gera insegurança jurídica, já que a realidade social varia de acordo com o
momento histórico. Enfraquece a força normativa da Constituição
MÉTODO NORMATIVO ESTRUTURANTE – considera que a norma jurídica é diferente do texto normativo:
esta e mais ampla que aquele, pois resulta não só da atividade legislativa, mas igualmente da jurisdicional e
da administrativa. Assim, para se interpretar a norma, deve-se utilizar tanto seu texto quanto a verificação
de como se dá sua aplicação à realidade social (contexto). A norma seria o resultado da interpretação do
texto aliado ao contexto.
CRÍTICA: Enfraquecimento da força normativa da Constituição e quebra de sua unidade.
MÉTODO DA COMPARAÇÃO CONSTITUCIONAL (HABERLE) – Comparação dos institutos nos vários
ordenamentos. Estabelece-se, assim, uma comunicação entre as várias Constituições. Partindo dos 4
métodos ou elementos desenvolvidos por Savigny (gramatical, lógico, histórico e sistemático), Peter Häberle
sustenta a comparação constitucional como um quinto método de interpretação.
MÉTODO CONCRETISTA DA CONSTITUIÇÃO ABERTA – As normas constitucionais são dirigidas a toda a
sociedade e devem ser interpretadas por ela. Quanto mais plural for a sociedade, mais abertos devem ser os
critérios de interpretação constitucional

#OLHAOGANCHO:
A sociedade aberta dos intérpretes da Constituição: A interpretação constitucional foi vista, durante um bom
tempo, como algo restrito aos juízes; tratava-se, portanto, de atividade exclusiva de um pequeno grupo, uma
verdadeira “sociedade fechada”. Peter Häberle, jurista alemão, quebrou completamente esse paradigma
após a crise do processo democrático dos anos 70 na Alemanha, ao propor um novo modelo para a
interpretação constitucional. Segundo ele, são intérpretes da Constituição todos aqueles que a vivenciam: os
cidadãos, os órgãos públicos, a opinião pública e demais grupos sociais. A teoria desenvolvida por Häberle é
conhecida como a “sociedade aberta dos intérpretes”, que nos mostra que a interpretação constitucional é
tarefa de todos (e não apenas dos juízes).

Ainda em matéria de hermenêutica constitucional, temos que relembrar os princípios específicos


aplicáveis, além dos princípios aplicados na hermenêutica em geral. Os principais princípios são:
a) Princípio da unidade da Constituição: significa que a Constituição deve ser interpretada de forma
a evitar contradições entre suas normas e os seus princípios. Os conflitos/antinomias, na verdade,
são apenas aparentes, pois não há antinomias reais no texto da Constituição. Deve-se considerar a

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Constituição como um todo. Desse princípio deriva um entendimento doutrinário importante: o


de que não existem normas constitucionais originárias inconstitucionais.
b) Princípio da máxima efetividade, da eficiência ou da interpretação efetiva: o intérprete deve
atribuir à norma constitucional o sentido que lhe dê maior efetividade social. Visa, portanto, a
maximizar a norma, a fim de extrair dela todas as suas potencialidades.
c) Princípio da justeza, da conformidade funcional ou correção funcional: o órgão encarregado de
interpretar a Constituição não pode chegar a uma conclusão que subverta o esquema
organizatório-funcional previsto na CF.
d) Princípio da concordância prática ou da harmonização: impõe a harmonização dos bens jurídicos
em caso de conflito entre eles, de modo a evitar o sacrifício total de uns em relação aos outros. É
geralmente usado na solução de problemas referentes à colisão de direitos fundamentais.
e) Princípio do efeito integrador: busca que, na interpretação da Constituição, seja dada preferência
às determinações que favoreçam a integração política e social e o reforço da unidade política. É
uma decorrência da unidade da Constituição.
f) Princípio da força normativa da Constituição: determina que toda norma jurídica precisa de um
mínimo de eficácia, sob pena de não ser aplicada. Estabelece, portanto, que, na interpretação
constitucional, deve-se dar preferência às soluções que possibilitem a atualização de suas normas,
garantindo-lhes eficácia e permanência.
g) Princípio da interpretação conforme à Constituição: na hipótese de norma plurissignificativa ou
polissêmica (com mais de uma interpretação possível), deve-se privilegiar a que mais se aproxime
da CF e que não seja contrária ao texto constitucional. Não se aplica para normas que tenham
sentido unívoco (apenas um significado). Impõe-se a conservação da norma e a prevalência da CF.
Existem alguns limites a essa interpretação, destacando-se:
(i) só é admitida quando existir um espaço de decisão/interpretação;
(ii) se a lei for inequivocamente contrária à CF deve ser declarada inconstitucional e não realizada
a interpretação conforme;
(iii) não pode resultar em norma nova.
Os resultados possíveis dessa interpretação são:
i. Interpretação conforme COM redução de texto: a parte viciada é considerada
inconstitucional e sua eficácia é suspensa. Ex: no julgamento da ADI 1.127-8, o STF
suspendeu liminarmente a expressão “ou desacato”, prevista no art. 7º, §7º do Estatuto
da OAB.
ii. Interpretação conforme SEM redução de texto: o texto da norma constitucional
permanece o mesmo, mas se exclui ou se atribui um sentido à norma a fim de torná-la
compatível com a Constituição.

Normas Constitucionais

A CF/88 detém força normativa, ou seja, significa que suas normas criam obrigações e direitos e
devem ser observadas por todos. Assim, todas as normas constitucionais produzem efeitos jurídicos,
variando entre elas, porém, o grau de eficácia.
Quanto ao tema, existe a clássica classificação de José Afonso da Silva em normas de eficácia plena,
de eficácia contida e de eficácia limitada:

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Aplicabilidade direta, imediata e integral, ou seja,


Normas de eficácia autoaplicáveis e não restringíveis. Produzem (ou
plena podem produzir) todos os seus efeitos desde a
promulgação da CF.

Aplicabilidade direta, imediata, mas possivelmente


não integral, ou seja, são autoaplicáveis e
restringíveis. Estão aptas a produzir todos os seus
Classificação de José Normas de eficácia
efeitos desde a promulgação da CF, mas podem ser
Afonso da Silva contida
restringidas por uma lei, por outra norma
constitucional ou por conceitos ético-jurídicos
indeterminados.

Aplicabilidade indireta, mediata e reduzida, ou seja,


não são autoaplicáveis e dependem de
complementação legislativa para produzir efeitos.
Subdividem-se em normas de princípios institutivos
Normas de eficácia
ou organizativos (normas que dependem de lei
limitada
para estruturar e organizar as atribuições de
instituições, pessoas e órgãos previstas na CF) e de
princípios programáticos (estabelecem programas
a serem desenvolvidos pelo legislador).

Maria Helena Diniz também desenvolveu uma teoria classificando as normas constitucionais e de
acordo com a referida autora, as normas constitucionais podem ser:
a) Normas supereficazes ou com eficácia absoluta: são aquelas que não podem ser suprimidas por
meio de emenda constitucional, isto é, intangíveis. Correspondem às cláusulas pétreas expressas
do art. 60, §4º da CF/88.
b) Normas com eficácia plena: o conceito é o mesmo utilizado por José Afonso da Silva para as normas
de eficácia plena. A distinção entre elas se dá pelo fato de as normas com eficácia plena poderem
sofrer emendas tendentes a suprimi-las.
c) Normas com eficácia relativa restringível: são normas que podem vir a ser restringidas –
correspondem às normas de eficácia contida de José Afonso da Silva. Ex: art. 5º, VIII. A restrição
pode ser tanto por normas infraconstitucionais como por outra norma da própria Constituição.
d) Normas com eficácia relativa complementável ou dependente de complementação legislativa:
dependem de lei complementar ou ordinária para o exercício do direito ou do benefício
consagrado. Correspondem às normas de eficácia limitada de José Afonso da Silva.
Além dessas classificações, é importante conhecer a classificação prevista na própria CF/88 quanto
às normas definidoras de direitos e garantias fundamentais. O art. 5º, §1º da CF/88 prevê que tais normas
possuem aplicação imediata. De acordo com José Afonso da Silva, significa que tais normas são aplicáveis até
onde possam, até onde as instituições ofereçam condições para seu atendimento. Significa também que o
Judiciário, quando provocado em uma situação concreta, não pode deixar de aplicá-las.
Outra temática muito importante atinente às normas constitucionais se refere à aplicabilidade no
tempo, isto é, o que acontece, por exemplo, quando entra em vigor uma nova Constituição. É o que o edital
prevê como “direito constitucional intertemporal” e apresenta os fenômenos da revogação, da recepção, da
repristinação, da constitucionalização e da desconstitucionalização.

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Em primeiro lugar, quando uma nova Constituição entra em vigor, no Brasil, a Constituição anterior
é integralmente revogada. Isso porque não se adota aqui a teoria da desconstitucionalização, pela qual a
Constituição anterior seria recepcionada pela nova com status infraconstitucional (legal). Embora não
houvesse impedimento para que a CF/88 previsse a desconstitucionalização, ela não o fez, nem de forma
genérica, nem quanto a dispositivo específico. A desconstitucionalização só ocorre quando houver
determinação expressa do Poder Constituinte Originário, o que não é o caso da CF/88.
Situação diversa é o que acontece com as normas infraconstitucionais já existentes quando da
entrada em vigor de uma nova Constituição. Seria impossível faticamente que todas as normas editadas sob
a égide da Constituição anterior fossem revogadas e editadas novas leis a partir da publicação da nova
Constituição, até mesmo pelo fato de que haveria um vácuo legislativo nesse ínterim. De tal forma, aplica-se
o fenômeno da recepção pelo qual as normas infraconstitucionais editadas anteriormente à nova
Constituição serão por ela recepcionadas se forem compatíveis materialmente (quanto ao conteúdo). Os
requisitos para a recepção de norma infraconstitucional anterior à nova CF são:

Requisitos da recepção

• Estar em vigor no momento do advento da nova CF;


• Não ter sido declarada inconstitucional durante a sua vigência no
ordenamento anterior;
• Ter compatibilidade formal e material perante a Constituição sob cuja
regência ela foi editada (ordenamento anterior);
• Ter compatibilidade somente material perante a nova Constituição,
pouco importando compatibilidade formal.

Se as normas editadas na vigência da Constituição anterior forem materialmente incompatíveis


com a nova CF serão por ela revogadas, isto é, retiradas do mundo jurídico, deixando de ter vigência e
validade. Essa revogação (assim como também a recepção das normas materialmente compatíveis) é tácita
e automática: a nova Constituição não precisa dispor que os dispositivos incompatíveis serão expurgados do
ordenamento jurídico.
Alguns autores entendem que, com a vigência de uma nova Constituição, as normas
infraconstitucionais incompatíveis sofrem o fenômeno da inconstitucionalidade superveniente e, por isso,
são retiradas do ordenamento jurídico. Porém, não é esse o entendimento que prevalece no Brasil, pois o
STF preceitua que o controle de constitucionalidade só é cabível quando a norma impugnada é
contemporânea a Constituição, isto é, editada sob sua vigência. Então, podemos dizer que o Brasil não
reconhece a inconstitucionalidade superveniente nesse sentido. Porém, #CUIDADO: vem surgindo um novo
sentido para essa expressão “inconstitucionalidade superveniente”:

#AJUDAMARCINHO
INCONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE
Acepção tradicional (entrada em vigor de uma Acepção moderna (lei que sofreu um processo de
nova CF e leis anteriores incompatíveis) inconstitucionalização)

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Significa que a lei ou ato normativo impugnado por Significa que uma lei ou ato normativo que foi
meio de ADI deve ser posterior ao texto da CF/88 considerado constitucional pelo STF pode, com o
invocado como parâmetro. tempo e as mudanças verificadas no cenário
Assim, se a lei ou ato normativo for anterior à jurídico, político, econômico e social do país,
CF/88 e com ela incompatível, não se pode dizer tornar-se inconstitucional em um novo exame do
que há uma inconstitucionalidade. Nesse caso, o tema.
que existe é a não-recepção da lei pela Assim, inconstitucionalidade superveniente, nesse
Constituição atual. sentido, ocorre quando a lei (ou ato normativo)
Logo, nesse sentido, afirma-se que não existe no torna-se inconstitucional com o passar do tempo
Brasil inconstitucionalidade superveniente para se e as mudanças ocorridas na sociedade.
explicar que a lei anterior à 1988 e que seja Não há aqui uma sucessão de Constituições. A lei
contrária à atual CF não pode taxada como era harmônica com a atual CF e, com o tempo,
“inconstitucional”. torna-se incompatível com o mesmo Texto
Constitucional.

Não é admitida no Brasil. É admitida no Brasil.

Outro fenômeno de direito intertemporal é a repristinação. Pelo fenômeno da repristinação, uma


lei que anteriormente havia sido revogada volta a vigorar em razão da revogação da lei revogadora. Assim,
por exemplo, uma lei materialmente incompatível com a CF de 1967 e por ela revogada, volta a vigorar se
for materialmente compatível com a CF de 1988? Não, apenas se houver uma previsão expressa nesse
sentido.
A repristinação, contudo, só é admitida excepcionalmente e quando há disposição expressa nesse
sentido, em virtude da necessidade de se resguardar a segurança jurídica. Somente existe a possibilidade de
repristinação expressa.

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE #APOSTACICLOS

PARÂMETROS DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE


Constituição formal: o que importa para fins de controle de constitucionalidade é a supremacia formal da
Constituição. Portanto, para que uma norma constitucional sirva de parâmetro para o controle, não basta
ser ela materialmente constitucional, ela deverá ser formalmente constitucional.
Princípios implícitos (ordem constitucional global): o parâmetro abrange também os princípios implícitos
na Constituição.
Tratados e convenções internacionais de direitos humanos (incorporados na forma do art. 5º, §3º, da
CF/88).
“Bloco de constitucionalidade”: este termo foi cunhado pelo autor francês Louis Favoreu com o objetivo de
fazer referência a todas as normas do ordenamento jurídico francês com status constitucional; no Brasil, o
STF refere-se a este termo como abrangendo apenas normas formalmente constitucionais.

FORMAS DE INCONSTITUCIONALIDADE

INCONSTITUCIONALIDADE POR AÇÃO: decorre de condutas comissivas contrárias a preceitos


constitucionais. Assim, quando o Poder Público age de forma incompatível com a Constituição, ele está
praticando uma inconstitucionalidade por ação.
→ Exemplo: lei que seja discriminatória com as mulheres ou com os negros, neste caso, haverá
inconstitucionalidade material e por ação.

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INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO: ocorre quando não são adotadas, ou adotadas de modo
insuficiente, as medidas necessárias para tornar plenamente aplicáveis normas constitucionais carentes de
intermediação.
→ Omissão total: os Poderes Públicos não adotam as medidas necessárias; exemplo – direito de greve
dos servidores públicos (CF, art. 37, VII); instrumentos utilizados diante de omissão – Mandado de Injunção
ou ADI por omissão.
→ Omissão parcial: os Poderes Públicos adotam medidas insuficientes; exemplo – ADI proposta contra
a lei que fixava o valor do salário-mínimo, o qual não era suficiente para atender as necessidades vitais básicas
do trabalhador e de sua família, como previsto na CF: art. 7º, IV.

ESTADO DE COISAS INCONSTITUCIONAL:


→ Pressuposto fático: Violação generalizada e sistêmica de direitos fundamentais que afeta um número
elevado e indeterminado de pessoas.
→ Pressuposto político: conjunto de ações e omissões reiteradas tendentes a perpetuar ou agravar o
quadro de inconstitucionalidade (falhas estruturais).
→ Pressuposto jurídico: necessidade de adoção de medidas estruturais para a superação das violações
constatadas.

INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL (nomodinâmica): este nome se refere à dinâmica de produção de


normas jurídicas, assim, a inconstitucionalidade formal é aquela relacionada à violação de uma norma da
Constituição que estabelece um determinado procedimento ou formalidade.
→ Formal propriamente dita: decorre da violação de norma constitucional referente ao processo
legislativo.
→ Formal orgânica: decorre da violação de norma definidora do órgão competente para tratar da
matéria;
→ Formal por violação a pressupostos objetivos: decorre da inobservância de requisitos
constitucionalmente exigidos para elaboração de determinados atos normativos. Ex.: medidas provisórias:
urgência e relevância.

INCONSTITUCIONALIDADE MATERIAL (nomoestática): ocorre quando há ofensa a normas constitucionais de


fundo, ou seja, as que criam direitos ou impõem deveres.
INCONSTITUCIONALIDADE ORIGINÁRIA: ocorre quando a norma objeto contida na lei ou no ato normativo
é posterior à norma parâmetro ofendida.
INCONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE: a norma objeto é anterior à norma parâmetro, embora ela seja
originariamente constitucional, acaba se tornando posteriormente incompatível.
ATENÇÃO: No Brasil, a expressão “inconstitucionalidade superveniente” não é empregada pela
jurisprudência, o Supremo Tribunal Federal adota o termo “não recepção” ou “revogação”.
Exceção: mutação constitucional – a mutação constitucional ocorre quando há uma mudança do sentido da
Constituição sem que o seu texto seja modificado; ela só é possível porque existe uma diferença entre o texto
e a norma: o texto é o enunciado normativo e a norma é o produto da interpretação do texto.
INCONSTITUCIONALIDADE PROGRESSIVA: ocorre quando a norma, embora ainda constitucional ante as
circunstâncias fático-jurídicas existentes, caminha progressivamente para a inconstitucionalidade. Ex.: art.
68 do CPP.
INCONSTITUCIONALIDADE DIRETA (imediata ou antecedente): resulta da violação frontal à constituição,
ante a inexistência de ato normativo situado entre a norma objeto e o parâmetro ofendido.
INCONSTITUCIONALIDADE INDIRETA (ou mediata): ocorre quando da presença de uma norma interposta
entre a norma objeto e o dispositivo constitucional.
→ Consequente: ocorre quando a inconstitucionalidade de uma norma decorre da
inconstitucionalidade de outra.

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→ Reflexa ou oblíqua: resulta da violação a normas infraconstitucionais interpostas, ou seja, o ato é


ilegal e, por consequência, ele é inconstitucional.

FORMAS DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

PREVENTIVO: realizado durante o processo legislativo com o objetivo de evitar ofensa à Constituição

Análise do projeto de lei pela CCJ e pelo plenário; não aprovação da lei por
PODER LEGISLATIVO
delegação atípica.
PODER EXECUTIVO VETO (político ou jurídico).

Apenas de modo excepcional, a única hipótese de controle preventivo é o


PODER JUDICIÁRIO mandado de segurança impetrado por parlamentar quando inobservado o
devido processo legislativo constitucional.

REPRESSIVO: realizado após a conclusão do processo legislativo, para reparar ofensa à Constituição
Determinação de que a lei delegada volte para análise do Congresso
(delegação atípica); o Congresso elabora um decreto legislativo sustando a
PODER LEGISLATIVO
parte da lei delegada, caso tenha exorbitado os limites da delegação
(delegação típica).
O Chefe do Executivo pode negar cumprimento a uma lei que considere
PODER EXECUTIVO inconstitucional, desde que motivadamente e que seja dada publicidade a
este ato (por meio de um decreto).

Controle de constitucionalidade concentrado


PODER JUDICIÁRIO
Controle de constitucionalidade difuso

CONTROLE REPRESSIVO PELO PODER JUDICIÁRIO

DIFUSO OU ABERTO: é aquele que pode ser exercido por qualquer órgão do Poder Judiciário (juiz ou
Tribunal); recebe a denominação “sistema norte-americano de controle”
#DEOLHONASÚMULA
Súmula vinculante 10: Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário
de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder
Público, afasta sua incidência, no todo ou em parte.
→ A cláusula de reserva de plenário (art. 97 CF) é pressuposto de validade do julgamento, através da
qual ocorre a cisão funcional da competência em plano horizontal.

#SELIGA – A reserva de plenário é dispensada nas seguintes hipóteses:


- Declaração de constitucionalidade da norma;
- Decisão anterior do plenário do tribunal;
- Decisão anterior do plenário do STF;
- Em RE no STF (o encaminhamento de RE ao plenário do STF é procedimento que depende da apreciação,
pela
Turma, da existência das hipóteses regimentais);
- Em Juizados (porque não são órgãos do Poder Judiciário, mas compõem a organização judiciária).
- Juízo de recepção de lei anterior à CF (não se trata de declaração de inconstitucionalidade).

CONCENTRADO OU RESERVADO: atribuído exclusivamente a um único órgão do Poder Judiciário.

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→ STF: parâmetro – Constituição Federal.


→ TJ: parâmetro – Constituição Estadual.
→ Recebe a denominação de “sistema austríaco”

CONCRETO ou incidental, por via defesa ou por via de exceção:


→ O controle concreto assim se denomina porque é realizado a partir de um caso concreto levado ao
judiciário.
→ A pretensão é deduzida em juízo através de processo constitucional subjetivo, exercido com a
finalidade principal de solucionar controvérsia envolvendo direitos subjetivos.
→ O objeto principal é a proteção de um determinado direito supostamente violado, para isso,
incidentalmente, é necessário que o juiz afaste a aplicação e determinada lei por ela ser incompatível com a
Constituição.

ABSTRATO ou por via de ação, por via direta ou por via principal:
→ Voltado, precipuamente, a assegurar a supremacia da constituição.
→ A pretensão é deduzida em juízo através de um processo constitucional objetivo, ou seja, um
processo constitucional sem partes formais (não há autor e réu). Controle em tese. Aqui a finalidade principal
é a proteção da supremacia da CF, visando, indiretamente, à proteção de direitos subjetivos.
MUITO CUIDADO!!! Controle difuso não é o mesmo que controle concreto ou incidental. Da mesma forma,
controle concentrado também não é o mesmo que controle abstrato ou controle feito pela via principal. A
regra é que o controle seja difuso incidental (concreto) e concentrado abstrato. No entanto, existem
exceções a essa regra:
Exemplo 1: representação interventiva (controle concentrado e concreto).
Exemplo 2: mandado de segurança impetrado por parlamentar quando não for observado o devido processo
legislativo constitucional (controle concentrado e concreto).
Exemplo 3: cláusula de reserva de plenário - o julgamento da inconstitucionalidade de lei ou ato normativo
do Poder Público, quando efetuada por tribunal, só será possível pelo voto da maioria absoluta dos seus
membros ou dos membros de seu órgão especial (difuso e abstrato).

REGRA: DIFUSO E CONCRETO (TJ)


CONCENTRADO E ABSTRATO (STF)

EXCEÇÕES: CONCENTRADO E CONCRETO (representação interventiva e MS por parlamentar)


DIFUSO E ABSTRATO (cláusula de reserva de plenário)

AÇÕES DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE CONCENTRADO E ABSTRATO

AÇÃO DIRETA DE Quem propõe a ADI pede ao STF que declare que a lei é incompatível
INCONSTITUCIONALIDADE com a constituição.
(ADI) Pedido julgado improcedente: a lei é constitucional
AÇÃO DECLARATÓRIA DE Quem propõe a ADC pede ao STF que declare a lei como constitucional.
CONSTITUCIONALIDADE Pedido julgado improcedente: a lei é inconstitucional.
(ADC)
AÇÃO DE DESCUMPRIMENTO Tem como objeto qualquer ato do poder público que viole diretamente
DE PRECEITO FUNDAMENTAL preceito fundamental da constituição.
(ADPF) Só é cabível quando inexistir outro meio eficaz para sanar a lesividade
(caráter subsidiário) – não é cabível quando couber, por exemplo, ADI
ou ADC.

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Não são admitidos como objeto de ADPF:


I) Atos tipicamente regulamentares;
II) Normas constitucionais originárias;
III) Súmulas comuns e vinculantes: no caso da Súmula Vinculante, existe procedimento específico (pedido
de cancelamento ou revisão) para questionar o conteúdo da súmula, assim, existindo outro meio igualmente
eficaz, não se admite a S.V. como objeto; o STF adotou o entendimento de que, no caso da súmula comum,
não cabe ADPF, pois ela nada mais é do que uma sedimentação do entendimento do tribunal sobre uma
determinada matéria; da mesma forma que a súmula é construída gradativamente, o meio correto de
cancelá-la é a mudança de entendimento do Tribunal, não havendo necessidade de ADPF (Ressalva:
entendimento adotado antes do CPC/15, no qual houve uma valorização dos precedentes, pode ser que STF
mude seu posicionamento sobre o tema diante do CPC).
IV) Proposta de emenda à constituição: o STF não admitiu, pois a proposta não é um ato do poder público
pronto e acabado, trata-se de ato em formação e, portanto, não pode ser objeto de ADPF, caso contrário,
criar-se-ia outra espécie de controle preventivo.
V) Vetos: o STF não admite o veto (político ou jurídico) do Presidente da República como objeto de ADPF,
isso porque o veto pode ser derrubado pelo Congresso Nacional.
VI) Decisões judiciais transitadas em julgado: não podem ser objeto de ADC ou ADI, porque, do contrário, a
ADPF seria um sucedâneo da ação rescisória.
ATENÇÃO: Leis revogadas PODEM ser objeto de ADPF!!!
Precedente: STF – ADI 2.028/DF (transformada em ADPF pela fungibilidade): “[...] por coerência com os
precedentes do Tribunal, as ações diretas ora em exame devem ser conhecidas como Ações de Arguição de
Descumprimento de Preceito Fundamental, já que estas admitem a impugnação de atos normativos já
revogados...”

LEGITIMADOS: o rol de legitimados do art. 103 da CF é igualmente válido para ADI, ADC, ADO e ADPF.
CF, Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de
constitucionalidade:
I – o Presidente da República;
II – a Mesa do Senado Federal;
III - a Mesa da Câmara dos Deputados;
IV - a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;
V – o Governador de Estado ou do Distrito Federal;
VI – o Procurador-Geral da República;
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.

#OBS 1: Os únicos legitimados que não têm capacidade postulatória são as entidades de classe, os sindicatos
e os partidos políticos.
#OBS 2: Os Legitimados Especiais precisam comprovar pertinência temática = Governador, Mesa da ALE,
Confederação Sindical e entidade de classe de âmbito nacional (1/3 dos estados).
#DEOLHONAJURIS
Governador de Estado afastado do cargo não pode propor ADI. Governador de Estado afastado
cautelarmente de suas funções — por força do recebimento de denúncia por crime comum — não tem
legitimidade ativa para a propositura de ação direta de inconstitucionalidade. A atribuição contida no art.
103, V, da CF/88 é uma das funções típicas do cargo de Governador e, portanto, também está suspensa com
o afastamento do cargo. STF. Plenário. ADI 6728 AgR/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 30/4/2021 (Info
1015).

PARÂMETROS:

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• Parâmetros da ADI e ADC: essas ações podem ter como parâmetro qualquer norma formalmente
constitucional (qualquer artigo da CF).
• Parâmetro da ADPF: “preceito fundamental” – norma imprescindível à identidade da Constituição e
ao regime por ela adotado (José Afonso da Silva).
→ Princípios fundamentais (Título I da Constituição Federal).
→ Direitos e garantias fundamentais (Título II da Constituição Federal)
→ Princípios constitucionais sensíveis (CF, art. 34, VII).
→ Cláusulas pétreas.

OBJETO:
• ADI e ADC: devem ter como objeto lei ou ato normativo vigente e eficaz que violem diretamente a
Constituição, posteriores ao parâmetro invocado.
• ADPF: pode ter como objeto qualquer ato do poder público que viole diretamente preceito
fundamental da Constituição, anteriores ou posteriores ao parâmetro.
#DEOLHONAJURIS
Cabe ADPF quando se alega que está havendo uma OMISSÃO por parte do poder público. A arguição de
descumprimento de preceito fundamental (ADPF) é instrumento eficaz de controle da inconstitucionalidade
por omissão. A ADPF pode ter por objeto as omissões do poder público, quer totais ou parciais, normativas
ou não normativas, nas mesmas circunstâncias em que ela é cabível contra os atos em geral do poder público,
desde que essas omissões se afigurem lesivas a preceito fundamental, a ponto de obstar a efetividade de
norma constitucional que o consagra. STF. Plenário. ADPF 272/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em
25/3/2021 (Info 1011).
É cabível o ajuizamento de ADPF contra interpretação judicial de que possa resultar lesão a preceito
fundamental. Cabe ADPF contra o conjunto de decisões judiciais que determinam medidas de constrição
judicial em desfavor do Estado-membro, das Caixas Escolares ou das Unidades Descentralizadas de Execução
da Educação UDEs e que recaiam sobre verbas destinadas à educação. STF. Plenário. ADPF 484/AP, Rel. Min.
Luiz Fux, julgado em 4/6/2020 (Info 980).
Ação de controle concentrado de constitucionalidade não pode ser utilizada como sucedâneo das vias
processuais ordinárias. Caso concreto: partido político ajuizou ADPF alegando que determinados discursos,
pronunciamentos e comportamentos do Presidente da República, de Ministros de Estado e de outros
integrantes do alto escalão do Poder Executivo federal representariam violação de preceitos fundamentais
do Estado Democrático de Direito e do direito à saúde. O autor pediu “que o Presidente da República, bem
como todos os seus Ministros e auxiliares imediatos pautem doravante seus atos, práticas, discursos e
pronunciamentos em conformidade com os princípios constitucionais suprarreferidos.” O STF não conheceu
da ADPF. Na ação, o partido pede, em síntese, que o STF profira comando judicial para que o Presidente da
República e seus auxiliares cumpram a Constituição. Ocorre que isso já é óbvio. À luz do constitucionalismo
contemporâneo, não há qualquer dúvida de que a supremacia constitucional é o postulado sobre o qual se
assenta a validade de todos os atos estatais. Mostra-se inócua e desprovida de qualquer utilidade provocar
o Poder Judiciário objetivando, única e exclusivamente, declarar que as autoridades públicas estão sujeitas à
ordem constitucional. Em um Estado Democrático de Direito, como o Brasil, nenhum ato jurídico pode ser
praticado validamente à margem da Constituição. Transgressões aos princípios e regras constitucionais
praticadas por autoridades públicas ou particulares, quando ocorrem, exigem a intervenção judicial, em
caráter preventivo ou repressivo, diante de situações concretas e específicas, e não por meio de uma ação
de controle concentrado de constitucionalidade. STF. Plenário. ADPF 686/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado
em 18/10/2021 (Info 1034).

PERSPECTIVA ESPACIAL:
• ADC: só pode ter como objeto ato emanado de 1 esfera da federação – lei ou ato normativo FEDERAL.
• ADI: pode ter como objeto ato emanado de 2 esferas – lei ou ato normativo FEDERAL E ESTADUAL.

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• ADPF: pode ter como objeto ato do poder público de 3 esferas – FEDERAL, ESTADUAL OU
MUNICIPAL

#DEOLHONAJURIS
Não cabe ADI no TJ contra lei ou ato normativo municipal que viole a Lei Orgânica do Município. A Lei
Orgânica do Município não é parâmetro de controle abstrato de constitucionalidade estadual, uma vez que
a Constituição Federal, no art. 125, § 2º, estabelece como parâmetro apenas a Constituição Estadual. Assim,
é inconstitucional dispositivo da Constituição estadual que afirme ser possível ajuizar ADI, no Tribunal de
Justiça, contra lei ou ato normativo estadual ou municipal sob o argumento de que ele viola a Lei Orgânica
do Município. Ademais, é inconstitucional dispositivo da Constituição estadual que afirme que, se o Tribunal
de Justiça declarar a inconstitucionalidade de lei em ação direta de inconstitucionalidade (controle
concentrado de constitucionalidade), ele precisará comunicar essa decisão à Assembleia Legislativa (se for
lei estadual) ou à Câmara de Vereadores (se for lei municipal) a fim de que o órgão legislativo suspenda a
eficácia dessa lei. STF. Plenário. ADI 5548/PE, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 16/8/2021 (Info
1025).

Se uma lei ou ato normativo municipal viola a Lei Orgânica Municipal, “não estaremos diante de controle de
constitucionalidade, mas de simples controle de legalidade, cujas regras deverão ser explicitamente previstas
na Lei Orgânica de cada Município.” (LENZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado. 25ª ed., São Paulo:
Saraiva, 2021, p. 525).
ATENÇÃO: E se fosse a Lei Orgânica do Distrito Federal? Cabe ADI no TJDFT contra lei ou ato normativo
distrital que viola a Lei Orgânica do Distrito Federal? SIM. Isso porque prevalece que a Lei Orgânica do Distrito
Federal possui a mesma natureza jurídica de uma Constituição Estadual.
Tribunal de Justiça pode julgar ADI contra lei municipal tendo como parâmetro a Constituição Federal,
desde que seja uma norma de REPRODUÇÃO OBRIGATÓRIA. É constitucional o dispositivo de constituição
estadual que confere ao tribunal de justiça local a prerrogativa de processar e julgar ação direta de
constitucionalidade contra leis e atos normativos municipais tendo como parâmetro a Constituição Federal,
desde que se trate de normas de reprodução obrigatória pelos estados. STF. Plenário. ADI 5647/AP, Rel. Min.
Rosa Weber, julgado em 3/11/2021 (Info 1036).

CAUSA DE PEDIR: Nas ações de controle de constitucionalidade, a causa de pedir é ABERTA. O STF não fica
vinculado ao dispositivo alegado, podendo declarar a inconstitucionalidade com base na violação a outro
dispositivo. O STF não fica vinculado ao parâmetro invocado. Já o pedido é FECHADO (ESPECÍFICO).
MEDIDA CAUTELAR:
• ADC: suspensão dos julgamentos.
• ADI: em regra tem efeito EX NUNC + efeito repristinatório tácito automático da lei anterior
aparentemente revogada, salvo manifestação expressa na concessão da liminar de que não haverá o efeito
repristinatório.
• ADPF: analogia = efeito Ex Nunc.
OBS: Excepcionalmente, pode haver modulação de efeitos, e ser concedido efeito EX TUNC na liminar (efeito
retroativo da suspensão da vigência e eficácia da lei impugnada).
Lei 9.868/99:
Art. 11. § 1º A medida cautelar, dotada de eficácia contra todos, será concedida com efeito ex nunc, salvo
se o Tribunal entender que deva conceder-lhe eficácia retroativa.
§ 2º A concessão da medida cautelar torna aplicável a legislação anterior acaso existente, salvo expressa
manifestação em sentido contrário.

Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões de segurança
jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços

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de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu
trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado. #MODULAÇÃODOSEFEITOS
#DEOLHONAJURIS
Exige-se quórum de maioria absoluta dos membros do STF para modular os efeitos de decisão proferida
em julgamento de recurso extraordinário no caso em que não tenha havido declaração de
inconstitucionalidade.
• Se o STF declarou a lei ou ato inconstitucional: 2/3 dos membros.
• Se o STF não declarou a lei ou ato inconstitucional: maioria absoluta
O STF entende que, excepcionalmente, admite-se, em caso de controle difuso de constitucionalidade, a
modulação temporal dos efeitos da decisão proferida. Com o objetivo de seguir o mesmo modelo previsto
no art. 27 da Lei 9.868/99, o STF decidiu que é necessário o quórum de 2/3 para que ocorra a modulação de
efeitos em sede de RE com repercussão geral reconhecida. Considerou-se que esta maioria qualificada seria
necessária para conferir eficácia objetiva ao instrumento. Nesse sentido: É possível a modulação dos efeitos
da decisão proferida em sede de controle incidental de constitucionalidade. STF. Plenário. RE 522897/RN,
Min. Gilmar Mendes, 16/3/2017 (Info 857). Vale ressaltar que esse quórum de 2/3 é para o caso de o STF
declarar inconstitucional a lei ou ato normativo.

DECISÃO DE MÉRITO:
No controle concentrado-abstrato, a decisão definitiva é irrecorrível, salvo embargos de declaração
(aperfeiçoam a decisão). Além disso, não cabe ação rescisória em nenhuma hipótese.

Lei n. 9.868/99, art. 26: “A decisão que declara a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade da lei ou do
ato normativo em ação direta ou em ação declaratória é irrecorrível, ressalvada a interposição de embargos
declaratórios, não podendo, igualmente, ser objeto de ação rescisória”.

Igual previsão para ADPF:


Lei n. 9.882/99, art. 12: “A decisão que julgar procedente ou improcedente o pedido em argüição de
descumprimento de preceito fundamental é irrecorrível, não podendo ser objeto de ação rescisória”

QUÓRUM:

→ Votação: mínimo 2/3 dos Ministros presentes (Lei n. 9.868/99, art. 22 e Lei n. 9.882/99, art. 8º) –
portanto, para que haja o julgamento do mérito ou da liminar, devem estar presentes na sessão de
julgamento pelo menos 8 dos 11 Ministros.
→ Declaração da (in) constitucionalidade: 6 Ministros (maioria absoluta).

Lei 9.868/99, art. 23: “Efetuado o julgamento, proclamar-se-á a constitucionalidade ou a


inconstitucionalidade da disposição ou da norma impugnada se num ou noutro sentido se tiverem
manifestado pelo menos seis Ministros, quer se trate de ação direta de inconstitucionalidade ou de ação
declaratória de constitucionalidade”.

EFICÁCIA OBJETIVA E SUBJETIVA: As decisões em ADI, ADC e ADPF, no mérito, produzem eficácia contra
todos e efeito vinculante.

(ADI/ADC) Lei n. 9.868/99, art. 28, parágrafo único: “A declaração de constitucionalidade ou de


inconstitucionalidade, inclusive a interpretação conforme a Constituição e a declaração parcial de
inconstitucionalidade sem redução de texto, têm eficácia contra todos e efeito vinculante em relação aos
órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública federal, estadual e municipal”

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(ADPF) Lei n. 9.882/99, art. 10, § 3º: “A decisão terá eficácia contra todos e efeito vinculante relativamente
aos demais órgãos do Poder Público”.

Quanto à eficácia subjetiva: o efeito “erga omnes” atinge a todos, poderes públicos e particulares; já a
eficácia vinculante atinge apenas os poderes públicos (PJ, PE e PL).
• Poder Judiciário: todos os órgãos do Poder Judiciário estão vinculados, exceto o STF; apenas o Pleno
do Supremo não fica vinculado, pois ele poderá mudar seu posicionamento sobre aquele assunto, assim,
Ministros e os órgãos fracionários estão vinculados pela decisão proferida pelo Plenário.
• Poder Legislativo e Poder Executivo: a rigor, não há uma vinculação da atividade legiferante, não
importando se ela for praticada pelo Poder Legislativo ou pelo Executivo (atuações relacionadas ao processo
legislativo); assim, a função legislativa não fica vinculada, no entanto, caso se trate de uma função
administrativa ou jurisdicional, os Poderes Legislativo e Executivo também ficam vinculados; exemplo:
Súmula Vinculante n. 13 (atividade administrativa) e ADPF n. 378 (atividade jurisdicional).
OBS: A não vinculação do Supremo ou da atividade legiferante evita a chamada “fossilização da constituição”.
Trata-se da petrificação de suas normas, ou seja, seria a constituição ficar de tal forma petrificada que não
pudesse mais ser modificada por novos entendimentos, inclusive melhores.

EFICÁCIA TEMPORAL:
De acordo com o entendimento do STF, a lei inconstitucional tem a natureza de um ato nulo: ela possui um
vício de origem e a decisão tem natureza apenas declaratória, portanto, as decisões, em regra, possuem
efeito “ex tunc” (eficácia retroativa).
Exceções: com a modulação temporal dos efeitos da decisão, esta pode ter efeitos “ex nunc” ou “pro futuro”;
requisitos básicos para a modulação:
• Quórum de 2/3 dos Ministros (oito).
• Razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social.

MANDADO DE INJUNÇÃO X AÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO

MANDADO DE INJUNÇÃO ADO


Visa a tutelar um direito subjetivo, viabilizando o Processo objetivo, pautado no controle
seu exercício. Controle CONCRETO de concentrado e abstrato de constitucionalidade,
constitucionalidade. declarando a existência de uma omissão normativa.
É cabível quando ausente norma regulamentadora Ausência de norma regulamentadora de norma
de direitos e liberdades constitucionais, bem como constitucional de eficácia limitada.
de prerrogativas inerentes à nacionalidade, à
soberania e à cidadania.
- Individual: pessoas naturais ou jurídicas que Mesmos legitimados para a propositura da ADI (art.
afirmem serem titulares dos direitos, liberdades ou 103, CF).
prerrogativas.
- Coletivo:
I - Ministério Público,
II - Partido político com representação no Congresso
Nacional,
III - organização sindical, entidade de classe ou
associação legalmente constituída e em
funcionamento há pelo menos 1 ano,
IV - Defensoria Pública.

39
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Variará conforme a autoridade que ocupe o polo STF, podendo também ser instituída em âmbito
passivo. estadual, caso em que a competência será do
Tribunal de Justiça.
A lei do mandado de injunção (lei 13.300/2016) O Poder Judiciário dará ciência ao Poder
determina que será deferida a injunção para: competente, para que este adote as providências
I - determinar prazo razoável para que o impetrado necessárias.
promova a edição da norma regulamentadora; Tratando-se de órgão administrativo, este terá um
II - estabelecer as condições em que se dará o prazo de 30 dias para adotar a medida necessária.
exercício dos direitos, das liberdades ou das Se órgão do Poder Legislativo, não há prazo.
prerrogativas reclamados ou, se for o caso, as
condições em que poderá o interessado promover
ação própria visando a exercê-los, caso não seja
suprida a mora legislativa no prazo determinado.
#ATENÇÃO: Será dispensada a determinação a que
se refere o inciso I do caput quando comprovado
que o impetrado deixou de atender, em mandado
de injunção anterior, ao prazo estabelecido para a
edição da norma.

#PEGAOGANCHO
EFEITOS DA DECISÃO DO MANDADO DE INJUNÇÃO
A concessão da ordem no MI concretiza o direito diretamente,
independentemente de atuação do órgão omisso, até que a norma
constitucional venha a ser regulamentada. A decisão vale ou para todos
POSIÇÃO CONCRETISTA DIRETA
(geral) e, nesse caso, terá efeitos erga omnes, ou para um grupo, classe
ou categoria de pessoas (coletivo), ou apenas para o impetrante,
pessoa natural ou jurídica (individual).
Julgando procedente o mandado de injunção, o Judiciário fixa ao órgão
omisso prazo para elaborar a norma regulamentadora. Findo o prazo e
POSIÇÃO CONCRETISTA
permanecendo a inércia, o direito passa a ser assegurado para todos
INTERMEDIÁRIA
(geral), para grupo, classe ou categoria de pessoas (coletivo) ou apenas
para o impetrante, pessoa natural ou jurídica (individual).
a decisão apenas decreta a mora do Poder, órgão ou autoridade com
POSIÇÃO NÃO CONCRETISTA atribuição para editar a norma regulamentadora, reconhecendo-se
formalmente a sua inércia.

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE ESTADUAL

Art. 125. § 2º. Cabe aos Estados a instituição de representação de


inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais em
LEGITIMIDADE
face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a
um único órgão.
OBJETO Leis ou atos normativos estaduais ou municipais.
COMPETÊNCIA Tribunal de Justiça Estadual
PARÂMETRO Constituição Estadual
EFEITOS DA DECISÃO EX TUNC, vinculante, ERGA OMNES.

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RECURSO Se a norma da CE for se reprodução obrigatória da CF, caberá RE ao STF. Nesse


EXTRAORDINÁRIO caso, esse RE produzirá os mesmos efeitos de uma ADI

Caso o processo perante o Tribunal de Justiça esteja em curso quando uma ADI é ajuizada no STF, o processo
em âmbito estadual será suspenso até a decisão final do STF. Nesse caso, haverá possibilidades distintas, a
depender da natureza da norma:

DECISÃO DO STF DECISÃO DO TJ

Constitucionalidade Por se tratar de norma de reprodução obrigatória, o


NORMA DE
parâmetro é o mesmo em ambas as ações. Dessa
REPRODUÇÃO
forma, qualquer que seja a decisão do STF, obrigará o
OBRIGATÓRIA Inconstitucionalidade TJ em razão do seu efeito vinculante.
Por se tratar de norma autônoma, o parâmetro em
âmbito estadual é diverso, de modo que mesmo que
Constitucionalidade seja constitucional diante da constituição federal o TJ
poderá julgar a norma inconstitucional em face da
NORMA AUTÔNOMA constituição estadual.
Ao ter reconhecida sua inconstitucionalidade, a
norma não poderá permanecer no ordenamento, de
Inconstitucionalidade
modo que o TJ não poderá considerá-la
constitucional, ainda que o parâmetro seja distinto.

#DEOLHONAJURIS
A procuradoria jurídica estadual ou municipal possui legitimidade para interpor recurso em face de acórdão
de tribunal de justiça proferido em representação de inconstitucionalidade.STF. Plenário. ARE 873804 AgR-
segundo-ED-EDv-AgR/RJ, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 13/10/2022 (Info 1072).

INTERVENÇÃO FEDERAL E ESTADUAL

A intervenção é um ato político excepcional, que restringe temporariamente a autonomia de um


ente federado. Por tal razão, as hipóteses de cabimento da intervenção são taxativas.
A intervenção é um instrumento constitucional de combate às crises, possuindo natureza jurídica
de elemento de estabilização constitucional. Quais os princípios aplicáveis à intervenção?
a) Princípio da excepcionalidade ou da não intervenção: a União NÃO intervirá nos Estados e os
Estados NÃO intervirão nos Municípios, SALVO nas hipóteses constitucionalmente previstas. A
intervenção é sempre medida excepcional.
b) Princípio da taxatividade: o rol das hipóteses que admitem intervenção é taxativo/exaustivo.
c) Princípio da temporalidade: a intervenção deverá sempre vigorar por prazo determinado.
d) Princípio da necessidade ou proporcionalidade: a intervenção deve ser aplicada como última ratio,
em razão da sua natureza drástica.
Não se admite a intervenção per saltum (ex: União nos Municípios). A única exceção a essa regra é
a possibilidade de a União intervir em Municípios localizados em Territórios Federais (Art.35, CF/88).
As hipóteses de intervenção federal são:

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Manter a integridade nacional

Repelir invasão estrangeira ou de


uma unidade da Federação em
outra
Pôr termo a grave
comprometimento da ordem
pública
Intervenção federal

Garantir o livre exercício de


qualquer dos Poderes nas
undiades da Federação
Suspender o pagamento da dívida fundada por mais de 02
Reorganizar as finanças da anos consecutivos, salvo motivo de força maior
unidade da Federação que: Deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias
fixadas na CF/88, dentro dos prazos estabelecidos em lei
Prover a execução de lei federal, Forma republicana, sistema representativo e regime
ordem ou decisão judicial democrático

Direitos da pessoa humana

Assegurar a observância dos Autonomia municipal


seguintes princípios
constitucionais Prestação de contas da Administração Pública, direta e
indireta
Aplicação do mínimo exigido da receita de impostos
estaduais, compreendida a proveniente de transferências,
na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações
e serviços públicos de saúde.

A intervenção federal pode ser decretada:


(i) Ofício: de forma espontânea pelo Presidente da República. O Presidente decreta a intervenção por
meio de um Decreto Presidencial que deverá trazer as regras sobre a intervenção (amplitude, prazo,
condições). Antes de decretar, o Presidente consulta o Conselho da República e o Conselho de
Defesa. No Decreto, o Presidente poderá nomear um interventor para o Estado, se entender
necessário. O Decreto deverá ser submetido à apreciação do Congresso Nacional, no prazo de 24
horas. A doutrina chama isso de “controle político” da intervenção. Cabível nas hipóteses de:
manter a integridade nacional; repelir invasão estrangeira u de uma unidade da Federação em
outra; pôr termo a grave comprometimento da ordem pública; reorganizar as finanças da unidade
da Federação.
(ii) Solicitação: quando a coação ou impedimento recaírem sobre o Legislativo ou o Executivo, a
decretação da intervenção federal pelo Presidente da República dependerá de solicitação do Poder
coacto ou impedido.
(iii) Requisição: Se a coação for exercida contra o Judiciário, a decretação da intervenção federal
dependerá de requisição do STF. Se o STF concordar com o pedido, irá requisitar do Presidente da
República a intervenção (a requisição é vinculante).
(iv) Representação interventiva: havendo ofensa a princípios sensíveis ou para prover execução de LEI
federal (se for ordem ou decisão judicial é requisição). Assim, verificando a ocorrência de uma
dessas duas hipóteses, o PGR deverá propor uma representação de inconstitucionalidade

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interventiva (ADI interventiva) junto ao STF. Se o STF julgar a ação procedente, deverá levar ao
conhecimento do Presidente da República para que este, no prazo improrrogável de até 15 dias: a)
expeça decreto de intervenção; b) nomeie, nesse mesmo decreto, o interventor (se couber). Nesse
caso, a decretação da intervenção é vinculada.
Já as hipóteses de intervenção estadual são:

Deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos
consecutivos, a dívida fundada
Intervenção Estadual

Não forem prestadas contas devidas, na forma da lei

Não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na


manutenção e desenvolvimento do ensino e das ações e serviços
públicos de saúde

O Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a


observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para
prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial

#DEOLHONAJURIS
A Constituição Estadual não pode trazer hipóteses de intervenção estadual diferentes daquelas que são
elencadas no art. 35 da Constituição Federal. As hipóteses de intervenção estadual previstas no art. 35 da
CF/88 são taxativas. Caso concreto: STF julgou inconstitucionais os incisos IV e V do art. 25 da Constituição
do Estado do Acre, que previa que o Estado-membro poderia intervir nos Municípios quando: IV – se
verificasse, sem justo motivo, impontualidade no pagamento de empréstimo garantido pelo Estado; V –
fossem praticados, na administração municipal, atos de corrupção devidamente comprovados. STF. Plenário.
ADI 6616/AC, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 26/4/2021 (Info 1014).

A decretação da intervenção estadual é espontânea/de ofício nas hipóteses de não pagamento da


dívida fundada, ausência de prestação de contas e não aplicação do mínimo exigido em saúde e educação.
Já na hipótese de provimento de representação pelo Tribunal de Justiça, a decretação da intervenção se dá
mediante representação interventiva.

#SELIGA!! #CUIDADO COM A CASCA DE BANANAA

INTERVENÇÃO FEDERAL INTERVENÇÃO ESTADUAL


Intervenção FEDERAL em razão do não pagamento Intervenção ESTADUAL em razão do não pagamento
de dívida fundada: por MAIS de 02 anos de dívida fundada: 02 anos
Intervenção FEDERAL para prover a execução de Intervenção ESTADUAL para prover a execução de
ordem ou decisão judicial: NÃO exige ADI ordem ou decisão judicial: exige ADI
interventiva (exige somente no caso de recusa à (representação) interventiva
execução de lei federal)

ORGANIZAÇÃO DOS PODERES

A CF/88 prevê em seu art. 2º que os Poderes da União são harmônicos e independentes entre si.
São eles:

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Executivo

Poderes da
Legislativo
União

Judiciário

A teorização sobre a separação de poderes iniciou na Antiguidade grega, com Aristóteles, que
identificou três funções: executiva, legislativa e judiciária. Posteriormente, Montesquieu avançou no estudo
sobre o tema e atribuiu cada uma dessas funções a um órgão distinto, falando-se assim em separação de
poderes.
A separação de poderes preserva a liberdade individual e estabelece mecanismos de fiscalização
e de responsabilização recíproca entre os poderes estatais (mecanismos de freios e contrapesos – check and
balances). Atualmente, então, adota-se no Brasil a tripartição dos Poderes de Montesquieu. Todavia, não se
trata de uma separação estanque, pois existe o mecanismo de check and balances e cada poder exerce
funções típicas e atípicas.
Em âmbito estadual, verifica-se a presença dos três poderes também (Executivo, Legislativo e
Judiciário). Porém, no âmbito municipal NÃO existe Poder Judiciário próprio, apenas Executivo e Legislativo.
Então, #CUIDADO: não existe Poder Judiciário Municipal.

PODER LEGISLATIVO

Diz-se que o Poder Legislativo é o único que possui duas funções típicas/principais, quais sejam,
legislar e fiscalizar. Por legislar entende-se a edição de normas genéricas e abstratas com aptidão para inovar
o mundo jurídico. Já por fiscalizar entende-se o controle externo dos demais Poderes com relação as suas
funções administrativas.
Também existem funções atípicas no âmbito do Legislativo. A primeira função atípica é administrar
(ex: as Mesas Diretoras são grandes exemplos). A segunda função atípica é julgar (ex: julgar o Presidente da
República nos crimes de responsabilidade).
O Poder Legislativo federal é exercido pelo Congresso Nacional, o qual é regido pelo
bicameralismo, isto é, existem dois órgãos igualmente relevantes que compõem a estrutura do Legislativo
federal, são eles: Câmara dos Deputados e Senado Federal.
Vamos ver as principais diferenças entre as duas Casas que compõem o Congresso Nacional:

#SELIGANATABELA
CONGRESSO NACIONAL
CÂMARA DOS DEPUTADOS SENADO FEDERAL
Representação Representantes do povo Representantes dos Estados
Sistema de eleição Sistema proporcional Sistema majoritário
Tempo do 04 anos 08 anos
mandato
Renovação Total a cada 04 anos Renovação de 1/3 e 2/3, alternadamente,
a cada 04 anos
Idade mínima 21 anos 35 anos
Número Número total fixado por lei 03 Senadores por Estado e pelo Distrito
complementar, proporcionalmente à Federal, cada qual eleito com dois
população, sendo que nenhuma suplentes

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unidade da Federação terá menos de


08 ou mais de 70 Deputados. Os
Territórios Federais elegem o número
fixo de 04 Deputados.

Em matéria de competências, prevê competências para o Congresso Nacional e,


especificadamente, para cada uma das Casas que o compõe:

Art. 48: competências Por meio de lei - por isso


legislativas do Congresso deve haver sanção do
Nacional Presidente da República

Art. 49: competências


Por meio de decreto com
deliberativas do
efeitos externos
Congresso Nacional
Competências
Art. 51: competências da
Por meio de resolução
Câmara

Art. 52: competências do


Por meio de resolução
Senado

Vamos esquematizar o assunto com aquelas tabelas de sempre que amamos?

#TABELALOVERS
Competências legislativas do Congresso Nacional: Competências deliberativas do Congresso Nacional
(materializáveis por LEI) (materializáveis por decretos)
Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso
do Presidente da República, não exigida esta para o Nacional:
especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre I - resolver definitivamente sobre tratados,
todas as matérias de competência da União, acordos ou atos internacionais que acarretem
especialmente sobre: encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio
I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de nacional;
rendas; II - autorizar o Presidente da República a declarar
II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças
orçamento anual, operações de crédito, dívida estrangeiras transitem pelo território nacional ou
pública e emissões de curso forçado; nele permaneçam temporariamente, ressalvados
III - fixação e modificação do efetivo das Forças os casos previstos em lei complementar;
Armadas; III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da
IV - planos e programas nacionais, regionais e República a se ausentarem do País, quando a
setoriais de desenvolvimento; ausência exceder a quinze dias;
V - limites do território nacional, espaço aéreo e IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção
marítimo e bens do domínio da União; federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender
VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento qualquer uma dessas medidas;
de áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as V - sustar os atos normativos do Poder Executivo
respectivas Assembléias Legislativas; que exorbitem do poder regulamentar ou dos
VII - transferência temporária da sede do Governo limites de delegação legislativa;
Federal; VI - mudar temporariamente sua sede;

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VIII - concessão de anistia; VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados


IX - organização administrativa, judiciária, do Federais e os Senadores, observado o que dispõem
Ministério Público e da Defensoria Pública da os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º,
União e dos Territórios e organização judiciária e I; (Redação pela Emenda Constitucional 19/ 1998)
do Ministério Público do Distrito VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-
Federal; (Redação dada pela Emenda Presidente da República e dos Ministros de Estado,
Constitucional nº 69, de 2012) (Produção de efeito) observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º,
X – criação, transformação e extinção de cargos, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; (Redação dada
empregos e funções públicas, observado o que pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
estabelece o art. 84, VI, b; (Redação dada pela IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo
Emenda Constitucional nº 32, de 2001) Presidente da República e apreciar os relatórios
XI – criação e extinção de Ministérios e órgãos da sobre a execução dos planos de governo;
administração pública; (Redação dada pela X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por
Emenda Constitucional nº 32, de 2001) qualquer de suas Casas, os atos do Poder
XII - telecomunicações e radiodifusão; Executivo, incluídos os da administração indireta;
XIII - matéria financeira, cambial e monetária, XI - zelar pela preservação de sua competência
instituições financeiras e suas operações; legislativa em face da atribuição normativa dos
XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante outros Poderes;
da dívida mobiliária federal. XII - apreciar os atos de concessão e renovação de
XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo concessão de emissoras de rádio e televisão;
Tribunal Federal, observado o que dispõem os arts. XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal
39, § 4º; 150, II; 153, III; e 153, § 2º, de Contas da União;
I. (Redação dada pela Emenda Constitucional XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo
nº 41, 19.12.2003) referentes a atividades nucleares;
XV - autorizar referendo e convocar plebiscito;
XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e
o aproveitamento de recursos hídricos e a
pesquisa e lavra de riquezas minerais;
XVII - aprovar, previamente, a alienação ou
concessão de terras públicas com área superior a
dois mil e quinhentos hectares.
XVIII - decretar o estado de calamidade pública de
âmbito nacional previsto nos arts. 167-B, 167-C,
167-D, 167-E, 167-F e 167-G desta
Constituição. (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 109, de 2021)

#SELIGANATABELA
COMPETÊNCIAS DA CÂMARA DOS DEPUTADOS COMPETÊNCIA DO SENADO FEDERAL
Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
Deputados: I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente
I - autorizar, por dois terços de seus membros, da República nos crimes de responsabilidade, bem
a instauração de processo contra o Presidente e como os Ministros de Estado e os Comandantes da
o Vice-Presidente da República e os Ministros Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da
de Estado; mesma natureza conexos com aqueles; (Redação dada
II - proceder à tomada de contas do Presidente pela Emenda Constitucional nº 23, de 02/09/99)
da República, quando não apresentadas ao II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal
Congresso Nacional dentro de sessenta dias Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça
após a abertura da sessão legislativa; e do Conselho Nacional do Ministério Público, o
III - elaborar seu regimento interno; Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da

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IV – dispor sobre sua organização, União nos crimes de responsabilidade;(Redação dada


funcionamento, polícia, criação, transformação pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
ou extinção dos cargos, empregos e funções de III - aprovar previamente, por voto secreto, após
seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da argüição pública, a escolha de: [OBS: é a sabatina]
respectiva remuneração, observados os a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta
parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes Constituição;
orçamentárias; (Redação dada pela b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) pelo Presidente da República;
V - eleger membros do Conselho da República, c) Governador de Território;
nos termos do art. 89, VII. d) Presidente e diretores do banco central;
e) Procurador-Geral da República;
f) titulares de outros cargos que a lei determinar;
IV - aprovar previamente, por voto secreto, após
argüição em sessão secreta, a escolha dos chefes de
missão diplomática de caráter permanente;
V - autorizar operações externas de natureza
financeira, de interesse da União, dos Estados, do
Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;
VI - fixar, por proposta do Presidente da República,
limites globais para o montante da dívida consolidada
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios;
VII - dispor sobre limites globais e condições para as
operações de crédito externo e interno da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas
autarquias e demais entidades controladas pelo Poder
Público federal;
VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão
de garantia da União em operações de crédito externo
e interno;
IX - estabelecer limites globais e condições para o
montante da dívida mobiliária dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios; [#ATENÇÃO: NÃO
menciona a União aqui]
X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei
declarada inconstitucional por decisão definitiva do
Supremo Tribunal Federal;
XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto,
a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da
República antes do término de seu mandato;
XII - elaborar seu regimento interno;
XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento,
polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos,
empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de
lei para fixação da respectiva remuneração,
observados os parâmetros estabelecidos na lei de
diretrizes orçamentárias; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
XIV - eleger membros do Conselho da República, nos
termos do art. 89, VII.

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XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do


Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus
componentes, e o desempenho das administrações
tributárias da União, dos Estados e do Distrito Federal
e dos Municípios. (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 42, de 19.12.2003)
Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II,
funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal
Federal, limitando-se a condenação, que somente será
proferida por dois terços dos votos do Senado Federal,
à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para
o exercício de função pública, sem prejuízo das demais
sanções judiciais cabíveis.

A CF/88 prevê aos Deputados e Senadores, no art. 53, o gozo de imunidades. As imunidades
parlamentares são prerrogativas funcionais irrenunciáveis, inerentes ao exercício da função parlamentar
(não em razão da pessoa do parlamentar), visando a garantir a plena liberdade para o exercício do dever
constitucional. Existem diferentes espécies de imunidades, são elas:

#DEOLHONATABELA
IMUNIDADES PARLAMENTARES
É a inviolabilidade civil e penal por quaisquer opiniões, palavras e votos. Prevalece
que as manifestações proferidas dentro do recinto parlamentar gozam de presunção
de vinculação com a função e são, portanto, invioláveis (salvo falta de decoro
MATERIAL
parlamentar). Já as manifestações proferidas fora do recinto parlamentar não gozam
dessa presunção, devendo-se perquirir se há nexo funcional ou não e só serão
invioláveis se vinculadas ao exercício da função.
Desde a expedição do diploma pela Justiça Eleitoral, os membros do Congresso não
poderão ser presos, exceto prisão em flagrante de crime inafiançável. Os autos serão
remetidos à Casa Parlamentar respectiva para que resolva sobre a prisão, por voto da
maioria absoluta, em escrutínio aberto. Esse dispositivo se aplica para a prisão
FORMAL PARA provisória. Se o parlamentar for condenado com trânsito em julgado, aplica-se a
A PRISÃO execução penal. Quanto ao tema da imunidade formal para a prisão, deve-se analisar,
ainda, o leading case do Senador Delcídio do Amaral (AC 4036), em que o STF
considerou que é possível a prisão cautelar caso o parlamentar esteja em flagrante
delito de um crime permanente (no caso concreto, era organização criminosa e
embaraço à investigação criminal), pois assim estaria praticando o crime todos os dias.
De acordo com o previsto no art. 53, §3º da CF/88, RECEBIDA a denúncia contra
parlamentar federal, por CRIME ocorrido APÓS a diplomação, o STF dará ciência à
Casa respectiva para que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo
FORMAL PARA
voto da maioria de seus membros, decida, até a decisão final, sustar o andamento da
O PROCESSO
ação. Se se tratar de contravenção ou de crime anterior à diplomação, a ação não pode
ser sustada. Durante a sustação do processo, que perdura durante o mandato,
suspende-se a prescrição. Abrange apenas processos criminais.
A CF/88 prevê que os parlamentares federais, desde a expedição do diploma, são
submetidos a julgamento perante o STF (art. 53, §1º). Todavia, em razão da
PRERROGATIVA “disfuncionalidade prática” que o instituto vinha apresentando, o STF, no julgamento
DE FORO da AP 937, em 2018, reduziu a sua abrangência, afirmando que o foro por prerrogativa
de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e
relacionados às funções desempenhadas. Além disso, como forma de evitar a “ciranda

48
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Ciclos Método

de processos” e a burla à competência constitucional, o STF fixou um marco temporal


para perpetuar a competências dos Tribunais: após o final da instrução, com a
publicação do despacho de intimação para apresentação de alegações finais, a
competência para processar e julgar as ações penais não será mais afetada em razão de
o agente público vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava, qualquer que
seja o motivo.

Essas imunidades materiais e formais previstas na CF/88 são aplicáveis aos Parlamentares Federais,
Estaduais e Distritais. Os parlamentares Municipais apenas gozam da imunidade material na circunscrição
do respectivo Município.
A CF/88 também prevê hipóteses de incompatibilidades e impedimentos para os parlamentares
federais (as quais são aplicáveis também aos parlamentares estaduais, distritais e municipais). Tais hipóteses
são:

#FOCONATABELA
É VEDADO AOS DEPUTADOS E SENADORES...
a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa
Desde a
pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público, salvo
expedição
quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes;
do
b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os de que sejam
diploma
demissíveis "ad nutum", nas entidades constantes da alínea anterior;
a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente
de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada;
Desde a
b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis "ad nutum", nas entidades referidas;
posse
c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades referidas;
d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato público eletivo.

Se os parlamentares descumprirem esses impedimentos ou proibições ou incorrerem em alguma


das outras condutas listadas no art. 55 da CF/88, estão sujeitos à perda do mandato. A perda do mandato é
o gênero, o qual se divide nas seguintes espécies:

Ato da Mesa é
Cassação
constitutivo
Perda do mandato
parlamentar
Ato da Mesa é
Extinção
declaratório

Assim, nota-se que, na cassação, a perda do mandato só irá ocorrer após a declaração pela Mesa
da Casa respectiva, a qual possui discricionariedade para decidir a respeito. Já na extinção, a perda do
mandato já ocorreu, sendo apenas declarada essa situação pretérita pela Mesa respectiva, sem possibilidade
de análise de oportunidade ou conveniência. As hipóteses de cassação e de extinção são:

49
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Infringir qualquer das proibições estabelecidas no artigo anterior


(incompatibilidades).

Cassação Procedimento declarado incompatível com o decoro parlamentar.

Sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado.


Perda

Deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das


sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença ou missão
por esta autorizada.

Extinção Perder ou tiver suspensos os direitos políticos.

Decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos na CF88.

Um assunto extremamente relevante dentro do tópico do Poder Legislativo é a existência das


comissões parlamentares. Para a doutrina, são organismos constituídos em cada Casa Legislativa, com um
número restrito de membros. Podem ser permanentes ou temporárias e serão constituídas na forma e com
as atribuições previstas no Regimento Interno do Congresso Nacional e da respectiva Casa Legislativa.
A CF/88 assegura, em seu art. 58, §1º, que a constituição, tanto das Mesas como das Comissões,
observará, tanto quanto possível, a representação proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares
que participam da Casa.
As comissões em razão da matéria são exemplos de comissões permanentes (ex: Comissão de
Constituição e Justiça). O art. 58, §1º da CF/88 prevê as seguintes competências para tais comissões:

#FOCONACF
Art. 58, §2º. § 2º Às comissões, em razão da matéria de sua competência, cabe:
I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a competência do Plenário, salvo
se houver recurso de um décimo dos membros da Casa;
II - realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil;
III - convocar Ministros de Estado para prestar informações sobre assuntos inerentes a suas atribuições;
IV - receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer pessoa contra atos ou omissões
das autoridades ou entidades públicas;
V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão;
VI - apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento e sobre eles
emitir parecer.

As comissões permanentes diferenciam-se das comissões especiais ou temporárias, as quais são


criadas para analisar uma matéria específica e se extinguem com o término da legislatura ou da finalidade. A
comissão parlamentar de inquérito (CPI) é um exemplo de comissão temporária, pois é criada com um prazo
determinado de vigência e com vistas à apuração de fato determinado.
A CPI é criada mediante requerimento de 1/3 dos membros da Casa respectiva ou do Congresso
Nacional (nesse último caso, será uma Comissão Mista Parlamentar de Inquérito – CMPI). Prevalece na
jurisprudência do STF que a instauração de CPI é um direito público subjetivo das minorias, não podendo
haver imposição de outros requisitos para sua formação além do requerimento de 1/3 dos membros.

50
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O art. 58, §3º da CF/88 assevera que as CPIs terão poderes próprios das autoridades judiciais, além
de outros previstos nos regimentos internos das respectivas Casas. Tais poderes, porém, não podem adentrar
nas matérias restritas à reserva de jurisdição. Além disso, prevalece que as CPIs municipais não possuem
esses poderes, pois não há Judiciário municipal.
Um breve resumo do que a CPI pode (ou não) determinar é o seguinte:

PERMISSÕES VEDAÇÕES
• Quebra de sigilo fiscal, bancário e telefônico • Decretar medidas sujeitas à cláusula de reserva
(dados pretéritos) de jurisdição. Ex.: Interceptação telefônica
• Ouvir investigados ou indiciados, sendo • Decretar prisão, salvo em flagrante delito
garantido o direito ao silêncio • Determinar busca domiciliar
• Condução coercitiva de testemunha • Indisponibilidade de bens (arresto, sequestro e
• Diligência, perícia e exames. penhor)
• Requisitar documentos, inclusive sigilosos • Requerer a oitiva de magistrados para
• Busca e apreensão de documentos e esclarecer
• equipamentos, respeitados a inviolabilidade do • Atos de natureza jurisdicional
domicílio. • Decretar medidas cautelares penal e civil
• Ministros de Estado, Secretários de Estado ou • Anular ato do P. Executivo
Secretários Municipais podem ser convocados para • Convocar o Presidente da República
prestarem esclarecimentos.

#DEOLHONAJURIS
A instalação de uma CPI não se submete a um juízo discricionário seja do Presidente da casa legislativa, seja
do plenário da própria casa legislativa. Depende unicamente do preenchimento dos requisitos previstos no
art. 58, § 3º, da Constituição Federal, ou seja:
a) o requerimento de um terço dos membros das casas legislativas;
b) a indicação de fato determinado a ser apurado; e
c) a definição de prazo certo para sua duração.
STF. Plenário. MS 37760 MC-Ref/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 14/4/2021 (Info 1013).
Em juízo de delibação, não é possível a convocação de governadores de estados-membros da Federação
por Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada pelo Senado Federal. A convocação viola o
princípio da separação dos Poderes e a autonomia federativa dos estados-membros. STF. Plenário. ADPF
848 MC-Ref/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 25/6/2021 (Info 1023).

Vistas as principais disposições da CF/88 quanto ao Poder Legislativo Federal, cumpre-nos destacar
algumas peculiaridades do Poder Legislativo em âmbito estadual, distrital e municipal.
Em primeiro lugar, diferentemente do Poder Legislativo federal, em âmbito estadual, distrital e
municipal vigora o unicameralismo. Em outras palavras, existe apenas uma Casa Legislativa em cada um
desses entes.
No Estado, o Poder Legislativo é exercido pela Assembleia Legislativa Estadual, por meio de
Deputados Estaduais. No âmbito do Distrito Federal é exercido pela Câmara Legislativa do Distrito Federal
(CLDF), composto de Deputados Distritais, considerados representantes do povo. Já no âmbito dos
Municípios, o exercício do Poder Legislativo se dá pela Câmara Municipal de Vereadores.
De acordo com o art. 32, §3º da CF/88 aplicam-se aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa
do DF as mesmas disposições previstas no art. 27 para os Deputados Estaduais e as Assembleias Legislativas
(como, por exemplo, mandato com duração de 04 anos, subsídio fixado por lei de iniciativa da Casa
Legislativa, na razão de, no máximo, 75$ do subsídio dos Deputados Federais).
Por fim, um último aspecto a ser tratado ainda dentro do estudo do ponto sobre o Poder Legislativo
envolve a sua outra função típica, qual seja, a função de fiscalizar. Isso porque, além da função típica de

51
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legislar e do seu próprio controle interno, o Poder Legislativo também exerce a função típica de fiscalizar os
demais Poderes mediante controle externo.
Os Tribunais de Contas ostentam posição eminente e peculiar na estrutura constitucional brasileira,
pois não são subordinados, por qualquer vínculo de ordem hierárquica, ao Legislativo ou a qualquer outro
Poder. Apesar de autônomo (autonomia institucional), o TCU, em determinadas atribuições, é auxiliar do
Legislativo.
A CF/88 prevê que o exercício do controle externo, em âmbito federal, será exercido pelo Congresso
Nacional com auxílio do Tribunal de Contas da União (TCU), aplicando-se tal dispositivo também no âmbito
dos Estados e Distrito Federal. O TCU é composto por 09 Ministros, sediado no Distrito Federal, com quadro
próprio de servidores e “jurisdição” em todo o território nacional. Em que pese o art. 72 da CF/88 mencione
expressamente o termo “jurisdição”, não existe definitividade das decisões tomadas pelo TCU, as quais
podem ser revistas pelo Judiciário.
As funções previstas pela CF/88 para o TCU estão listadas no art. 71, sendo bem recomendada a
sua leitura:

#FOCONACF
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de
Contas da União, ao qual compete:
I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio que
deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento; [#ATENÇÃO: o TCU aprecia, mas quem
julga é o Congresso Nacional]
II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da
administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder
Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte
prejuízo ao erário público;
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na
administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas
as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões de aposentadorias,
reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato
concessório;
IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica ou de
inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e
patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais
entidades referidas no inciso II;
V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União participe, de
forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo;
VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste
ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município;
VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por
qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e
patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas;
VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanções
previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário;
IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento
da lei, se verificada ilegalidade;
X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputados
e ao Senado Federal;
XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados.
§ 1º No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congresso Nacional, que
solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis.

52
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§ 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não efetivar as medidas
previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito.
§ 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título executivo.
§ 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente, relatório de suas atividades.

#DEOLHONAJURIS
CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE DE EXERCÍCIO DE CONTROLE DE
CONSTITUCIONALIDADE COM EFEITOS ERGA OMNES E VINCULANTES PELO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO.
DECISÃO DE AFASTAMENTO GENÉRICO E DEFINITIVO DA EFICÁCIA DE DISPOSITIVOS LEGAIS SOBRE
PAGAMENTO DE “BÔNUS DE EFICIÊNCIA E PRODUTIVIDADE NA ATIVIDADE TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA” A
INATIVOS E PENSIONISTAS, INSTITUÍDO PELA LEI 13.464/2017. MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO
PROCEDENTE. ORDEM CONCEDIDA. 1. O Tribunal de Contas da União, órgão sem função jurisdicional, não
pode declarar a inconstitucionalidade de lei federal com efeitos erga omnes e vinculantes no âmbito de
toda a Administração Pública Federal. 2. Decisão do TCU que acarretou o total afastamento da eficácia dos
§§ 2º e 3º dos artigos 7º e 17 da Medida Provisória 765/2016, convertida na Lei 13.464/2017, no âmbito da
Administração Pública Federal. 3. Impossibilidade de o controle difuso exercido administrativamente pelo
Tribunal de Contas trazer consigo a transcendência dos efeitos, de maneira a afastar incidentalmente a
aplicação de uma lei federal, não só para o caso concreto, mas para toda a Administração Pública Federal,
extrapolando os efeitos concretos e interpartes e tornando-os erga omnes e vinculantes. 4. CONCESSÃO DA
ORDEM NO MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO para afastar a determinação contida no item 9.2 do
Acordão 2.000/2017 do Tribunal de Contas da União, proferido no Processo TC 0216.009/2017-1, e
determinar que as aposentadorias e pensões dos servidores substituídos sejam analisadas em conformidade
com os dispositivos legais vigentes nos §§ 2º e 3º do art. 7º da Lei nº 13.464/2017 e inciso XXIII do § 1º do
art. 4º da Lei nº 10.887/2004. STF, MS 35.410, Tribunal Pleno, Rel. Min. Alexandre de Moraes, j. em
13.04.2021, publicado em 06.05.2021.
Em atenção aos princípios da segurança jurídica e da confiança legítima, os Tribunais de Contas estão
sujeitos ao prazo de cinco anos para o julgamento da legalidade do ato de concessão inicial de
aposentadoria, reforma ou pensão, a contar da chegada do processo à respectiva Corte de Contas. Passado
esse prazo, o Tribunal de Contas não pode mais rever o ato.
STF. Plenário. RE 636553/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 19/2/2020 (repercussão geral – Tema 445)
(Info 967).

As normas previstas na CF/88 para o TCU aplicam-se, no que couber, para os Tribunais de Contas dos
Estados e do DF. A diferença é que os Tribunais de Contas dos Estados e do DF são compostos 07
Conselheiros, mas a forma de escolha deve observar a CF/88 – princípio da simetria.

#DEOLHONASÚMULA
Súmula 653-STF: No Tribunal de Contas estadual, composto por sete conselheiros, quatro devem ser
escolhidos pela Assembleia Legislativa e três pelo Chefe do Poder Executivo estadual, cabendo a este
indicar um dentre auditores e outro dentre membros do Ministério Público, e um terceiro à sua livre
escolha.

Encerrando esse tópico destaca-se que a CF/88 veda a criação de Tribunais, conselhos ou órgãos
de contas municipais. Os que existiam à época da promulgação da CF/88 ficaram por ela mantidos. Porém, é
possível a criação, mesmo sob a égide da CF/88, de Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios (não de
um Município específico), como um órgão estadual, que irá atuar sobre todo o território daquele respectivo
Estado, fiscalizando as contas de todos os Municípios daquele determinado Estado.

PODER EXECUTIVO

53
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O Brasil adota a República como forma de governo e o presidencialismo como sistema de governo,
considerando-se o Presidente da República como Chefe de Estado e Chefe de Governo. Os Chefes do Poder
Executivo nos demais entes federados, porém, não acumulam a função de Chefe de Estado, apenas Chefe de
Governo. Mesmo assim, tem-se que a chefia do Executivo (em âmbito federal, estadual, distrital e
municipal) é unipessoal.
O multipartidarismo, porém, tem gerado uma situação nova, a qual vem sendo chamada de
presidencialismo de coalização: situação na qual são necessárias alianças entre o Poder Executivo e os
partidos políticos a fim de formar uma maioria no Legislativo capaz de dar suporte ao governo.
Precipuamente, a função típica do Poder Executivo é aplicar de ofício as leis aos casos concretos,
administrando a coisa pública, na prestação de serviços públicos, no exercício do poder de polícia e no
fomento de atividades do interesse do Estado. Administrar também é praticar atos de chefia de Estado, chefia
de governo e atos de administração.
Além da função típica, o Executivo também exerce funções atípicas como, por exemplo, legislar,
editando medida provisória e lei delegada, e julgar matérias em contencioso administrativo como o PAD.
O Poder Executivo em âmbito federal é exercido pelo Presidente da República, com auxílio dos
Ministros de Estado.
Qualquer um pode ser eleito Presidente da República e Vice? Não! A CF/88 traz as seguintes
condições de elegibilidade para tais cargos:
✓ Ser brasileiro nato;
✓ Estar no pleno exercício dos direitos políticos;
✓ Alistamento eleitoral;
✓ Domicílio eleitoral na circunscrição;
✓ Filiação partidária;
✓ Idade mínima de 35 anos;
✓ Não ser inalistável nem analfabeto;
✓ Não ser inelegível nos termos do art. 14, §7º.
A eleição é pelo sistema majoritário: para ser eleito o candidato deve atingir a maioria absoluta
dos votos válidos (ou seja, não computados brancos e nulos). Se nenhum candidato atingir essa marca no 1º
turno, haverá 2º turno entre os dois mais votados, elegendo-se o que receber a maioria dos votos. Se algum
dos dois mais votados não puder mais participar das eleições, convoca-se, dentre os remanescentes, o de
maio votação e, se houver empate entre os remanescentes, convoca-se o mais idoso.
A Reforma Eleitoral (EC 111/2021) alterou o início do mandato do Presidente da República e do
Vice, que antes era 01 de janeiro, para dia 05:

CF,Art. 82. O mandato do Presidente da República é de 4 (quatro) anos e terá início em 5 de janeiro do ano
seguinte ao de sua eleição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 111, de 2021)

Qual a diferença entre vacância e impedimento do Chefe do Executivo? Essa diferença deve ser
conhecida para saber se é caso de sucessão ou de substituição.

Cassação, renúncia
Vacância Definitiva Sucessão
e morte
Doença, viagem,
Impedimento Temporário Substituição
férias

A vacância, então, é caso de sucessão, pois o afastamento do Presidente da República é definitivo.


Só quem pode suceder o Presidente da República é o Vice-Presidente. Se houver vacância também do cargo
de Vice-Presidente (vacância dupla), o Presidente da Câmara ficará provisoriamente no cargo até ser feita
uma nova eleição, para que os eleitos cumpram o término do mandato dos antecessores (mandato-tampão).

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O art. 81 da CF/88 prevê que, se a vacância dupla ocorrer nos 02 primeiros anos do mandato, a
nova eleição será realizada em até 90 dias. Se a vacância ocorrer nos 02 últimos anos de mandato, são
convocadas novas eleições indiretas no período de 30 dias, sendo o novo Presidente e Vice escolhidos pelo
Congresso Nacional. #ATENÇÃO: a eleição indireta prevista não fere a cláusula pétrea do voto direto, pois é
uma norma originária.
Já a substituição ocorre nas hipóteses de impedimentos temporários. O art. 80 da CF/88 prevê a
seguinte ordem sucessiva para a substituição ao Presidente da República (lembrando que todos devem ser
brasileiros natos):

Vice-Presidente da República

Presidente da Câmara dos


Deputados

Presidente do Senado Federal

Presidente do Supremo Tribunal


Federal

Sempre que o Presidente ou Vice-Presidente quiserem se autorizar do país por mais de 15 dias é
obrigado a pedir autorização ao Congresso Nacional, sob pena de perda do cargo. Por tratar de separação de
poderes, é uma norma de reprodução obrigatória pelos demais entes federados, em razão do princípio da
simetria.
Na sequência, a CF/88 prevê as atribuições do Presidente da República. Esse rol trazido pelo art. 84
é apenas exemplificativo, englobando tanto atribuições de índole política (como Chefe de Governo) como
de índole administrativa (como Chefe de Estado).

#FOCONACF
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração federal;
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Constituição;
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel
execução;
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
VI - dispor, mediante decreto, sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem
criação ou extinção de órgãos públicos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de
2001)
VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos;
VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;
IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
X - decretar e executar a intervenção federal;
XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Nacional por ocasião da abertura da sessão
legislativa, expondo a situação do País e solicitando as providências que julgar necessárias;
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei;

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XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e
da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são privativos; (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 02/09/99)
XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos
Tribunais Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o presidente e os
diretores do banco central e outros servidores, quando determinado em lei;
XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros do Tribunal de Contas da União;
XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta Constituição, e o Advogado-Geral da União;
XVII - nomear membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII;
XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional;
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado
por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou
parcialmente, a mobilização nacional;
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso Nacional;
XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;
XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo território
nacional ou nele permaneçam temporariamente;
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as
propostas de orçamento previstos nesta Constituição;
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias após a abertura da sessão
legislativa, as contas referentes ao exercício anterior;
XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei;
XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos termos do art. 62;
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Constituição.
XXVIII - propor ao Congresso Nacional a decretação do estado de calamidade pública de âmbito nacional
previsto nos arts. 167-B, 167-C, 167-D, 167-E, 167-F e 167-G desta Constituição. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 109, de 2021)

#SELIGA:

Edição de decreto autônomo


Aos Ministros de
Presidente da Estado, Procurador
Concessão de indulto e comutação de
República pode Geral da República
penas
delegar ou Advogado-Geral
da União
Provimento de cargos públicos federais
(extinção NÃO)

Como a forma de governo adotada é a República, a regra geral é a responsabilização do Chefe do


Executivo pelos atos que praticar. Todavia, a CF/88 prevê, de forma excepcional, certas imunidades ao
Presidente da República. Em razão disso, as imunidades previstas devem ser interpretadas restritivamente
e não podem ser extensíveis a Chefes do Executivo estadual, distrital ou municipal sem que haja previsão
expressa pela CF/88. As espécies de imunidades previstas no texto constitucional são:

#TABELALOVERS
O Presidente da República será julgado pelo STF quanto aos crimes comuns e
IMUNIDADE FORMAL
pelo Senado Federal quanto aos crimes de responsabilidade. Não se estende

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para outros cargos além do Presidente da República, do Vice e dos Ministros de


Estado.
A República traz a ideia de responsabilidade do governante, logo, as hipóteses
de imunidade são excepcionais e devem ser interpretadas restritivamente. O
art. 86, §3º afirma que, enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas
infrações comuns, o Presidente da República não está sujeito à prisão. Assim,
IMUNIDADE PRISIONAL
nota-se que o Presidente da República não pode ser preso em flagrante nem
provisoriamente ou temporariamente. É uma norma de reprodução PROIBIDA
pelos demais entes federados, pois conferida ao Presidente da República pelo
fato de ser Chefe de Estado (e não apenas Chefe de Governo).
O art. 86, §4º da CF/88 afirma que o Presidente da República, na vigência do
IMUNIDADE seu mandato, não pode ser responsabilizado por ato estranho ao exercício de
FUNCIONAL suas funções. Também é norma de reprodução PROIBIDA aos demais entes
federados.

#DEOLHONAJURIS
#AJUDA360
É inconstitucional — por violar o pressuposto da dupla vacância, previsto para o modelo federal e cuja
observância pelos estados-membros é obrigatória —, norma de Constituição estadual que determina, em
caso de vacância, eleição avulsa para o cargo de vice-governador pela Assembleia Legislativa. .” (ADI 999/AL,
relator Ministro Dias Toffoli, julgamento virtual finalizado em 23.6.2023) (Info 1100 - STF)
A imunidade formal prevista no art. 51, I, e no art. 86, caput, da CF/88 não se estende para os
codenunciados que não se encontrem investidos nos cargos de Presidente da República, Vice-Presidente
da República e Ministro de Estado.
A finalidade dessa imunidade é proteger o exercício regular desses cargos, razão pela qual não é extensível a
codenunciados que não se encontrem ocupando tais funções. STF. Plenário. Inq 4483 AgR-segundo/DF e Inq
4327 AgR-segundo/DF, rel. Min. Edson Fachin, julgados em 14 e 19/12/2017 (Info 888).

Já o art. 85 da CF/88, por sua vez, prevê que o Presidente da República pode praticar crimes de
responsabilidade e exemplifica hipóteses que serão consideradas como tal:

#FOCONACF
Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a
Constituição Federal e, especialmente, contra:
I - a existência da União;
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes
constitucionais das unidades da Federação;
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
IV - a segurança interna do País;
V - a probidade na administração;
VI - a lei orçamentária;
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de processo e
julgamento.

A competência para legislar sobre crime de responsabilidade e o estabelecimento das normas de


processo e julgamento é da União (SV n. 46). O Estado-membro não pode dispor sobre crime de
responsabilidade, ainda que seja na Constituição estadual (STF, Info 774).

57
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Ciclos Método

A prática de um crime de responsabilidade pelo Presidente da República o sujeita a um processo


de responsabilização conhecido como impeachment. Como visto, em razão da imunidade formal, quando
da prática de um crime de responsabilidade, o Presidente da República será julgado pelo Senado Federal.
Em caso de condenação no impeachment, as sanções são:

Perda do cargo

Sanções cabíveis no processo de Inabilitação para o exercício de


impeachment função pública por 08 anos

Sem prejuízo das demais sanções


judiciais cabíveis

A CF/88 também prevê órgãos superiores de consulta do Presidente da República, por ele
convocados e presididos. Os pareceres de tais órgãos são meramente opinativos, pois não vinculam o
Presidente da República. Tais órgãos superiores de consulta são:

#FOCONATABELA
Conselho da República Conselho de Defesa Nacional
o Vice-Presidente da República; o Vice-Presidente da República;
o Presidente da Câmara dos Deputados; o Presidente da Câmara dos Deputados;
o Presidente do Senado Federal; o Presidente do Senado Federal;
o Líderes da maioria e da minoria na Câmara dos o Ministro da Justiça;
Deputados e no Senado Federal; o Ministro de Estado da Defesa;
o Ministro da Justiça; o Ministro das Relações Exteriores;
o 06 cidadãos brasileiros natos, com mais de 35 o Ministro do Planejamento;
anos, sendo 02 nomeados pelo Presidente da o Comandantes da Marinha, do Exército e da
República, 02 eleitos pelo Senado e 02 eleitos Aeronáutica.
pela Câmara dos Deputados, para mandatos de
03 anos, vedada a recondução.

O Poder Executivo Estadual e Distrital é exercido pelo Governador, auxiliado pelos Secretários de
Estado e do Distrito Federal, respectivamente. Tanto a eleição dos Governadores Estaduais como a do
Distrital observará as disposições do art. 77 da CF/88 previstas para a eleição do Presidente da República.
A eleição do Governador e do Vice-Governador Distritais coincidirá com a dos Governadores e
Deputados Estaduais, para mandato de igual duração.

CF,Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-Governador de Estado, para mandato de 4 (quatro) anos,
realizar-se-á no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em
segundo turno, se houver, do ano anterior ao do término do mandato de seus antecessores, e a posse
ocorrerá em 6 de janeiro do ano subsequente, observado, quanto ao mais, o disposto no art. 77 desta
Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 111, de 2021)

Por fim, o Poder Executivo Municipal é exercido pelos Prefeitos, com auxílio dos Secretários
Municipais. A eleição do Prefeito e do Vice, para mandato de 04 anos, é realizada mediante pleito direto e
simultâneo realizado em todo o país no 1º domingo de outubro do ano anterior ao término do mandato dos
que devam suceder.

58
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Ciclos Método

Para saber se a eleição do Prefeito e do vice é pelo sistema majoritário absoluto ou simples, deve-
se analisar o número de habitantes: (i) se o Município tiver mais de 200 mil habitantes, o sistema é o
majoritário absoluto, ou seja, haverá 2º turno se for necessário; e (ii) se o Município tiver menos de 200 mil
habitantes, o sistema será majoritário simples, isto é, elege-se o mais votado, sem necessidade de 2º turno.
É permitida a reeleição para um único período subsequente como Prefeitoo. A vedação se aplica
mesmo que o terceiro mandato seja em outro Município, conforme decidiu o STF.
O Prefeito pode cometer tanto crime comum como crime de responsabilidade. Como regra geral,
o Prefeito será julgado pelo TJ local, nas hipóteses de crime comum; pela Câmara Municipal, nos crimes de
responsabilidade; pelo TRE, nos crimes eleitorais; e pelo TRF, nos crimes federais.

#DEOLHONASÚMULA
Súm. 702, STF. A competência do TJ para julgar Prefeitos restringe-se aos crimes de competência da justiça
comum estadual; nos demais casos, a competência originária caberá ao respectivo tribunal de segundo
grau.

MINISTÉRIO PÚBLICO

Ministério Público é definido como órgão constitucional autônomo caracterizado por sua
permanência e essencialidade. A autonomia o retira da órbita estrutural e hierárquica dos três Poderes
tradicionais. Suas qualidades constitucionais dão a ele status de instituição com relevância política e jurídica.

Princípios do Ministério Público:

O MP deve ser considerado uno não porque tenha um só chefe dentro de


UNIDADE cada um dos seus ramos ou espécies federativas, mas porque compõe um
só corpo institucional orientado para o interesse público e bem comum
A indivisibilidade se mantém nos esquadros de competências federativas,
sem que isso importe hierarquias. Não há um MP superior a outro, mas sim
INDIVISIBILIDADE um só MP com funções diversas e complementares dentro das unidades
federativas e dos respectivos graus de jurisdição, sempre em conformidade
com a Constituição e as leis.
A independência funcional refere-se à instituição como um todo
INDEPENDÊNCIA
(independência externa ou orgânica) e a cada membro individualmente
FUNCIONAL
(independência interna).

A AUTONOMIA ORÇAMENTÁRIO-FINANCEIRA do Ministério Público autoriza o órgão a elaborar sua


proposta orçamentária, dentro dos limites e prazos estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, não
podendo, todavia, a lei prever que o próprio órgão elabore o seu orçamento. Se, sem motivo justificado, o
Ministério Público não enviar a respectiva proposta orçamentária dentro do prazo legalmente previsto ou
enviá-la em desacordo com os limites fixados na LDO, o Executivo deverá ter em conta os valores aprovados
na lei orçamentária vigente, procedendo aos ajustes necessários nos termos daquelas diretrizes para fins de
consolidação da proposta orçamentária anual.

CF, Art. 127. (...)


§ 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e administrativa, podendo, observado o
disposto no art. 169, propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares,
provendo-os por concurso público de provas ou de provas e títulos, a política remuneratória e os planos de
carreira; a lei disporá sobre sua organização e funcionamento. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
19, de 1998)

59
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§ 3º O Ministério Público elaborará sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de
diretrizes orçamentárias.
§ 4º Se o Ministério Público não encaminhar a respectiva proposta orçamentária dentro do prazo estabelecido
na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para fins de consolidação da proposta
orçamentária anual, os valores aprovados na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com os limites
estipulados na forma do § 3º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 5º Se a proposta orçamentária de que trata este artigo for encaminhada em desacordo com os limites
estipulados na forma do § 3º, o Poder Executivo procederá aos ajustes necessários para fins de consolidação
da proposta orçamentária anual. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 6º Durante a execução orçamentária do exercício, não poderá haver a realização de despesas ou a assunção
de obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto se
previamente autorizadas, mediante a abertura de créditos suplementares ou especiais. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)

Cada Estado-membro tem o seu Ministério Público, organizado nos termos da respectiva lei complementar.
#SELIGA: A lei complementar federal de que trata o § 5º deste artigo deve servir de parâmetro normativo
obrigatório para as leis estaduais? Não. Cuida-se de lei estatutário-administrativa que deve atender às
peculiaridades de cada ente federado. Eis por que a Constituição faculta aos respectivos Procuradores-Gerais
(da República e dos Estados) a sua iniciativa, exercida evidentemente perante o Poder Legislativo próprio,
definindo a organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério Público.

Quanto ao Ministério Público que oficia junto aos Tribunais de Contas, entende-se que o artigo 130
da Constituição só assegura os direitos, vedações e forma de investidura do “Ministério Público comum”,
diferençando-o necessariamente desse e não lhe garantindo autonomia funcional.

Garantias dos membros do MP:

É a garantia de permanência no cargo, condicionada em


primeira instância e relativa em qualquer caso. É condicionada
VITALICIEDADE porque depende de aprovação em estágio probatório de dois
anos de exercício no cargo. É relativa pois expira
compulsoriamente aos 75 anos de idade.
É a permanência no local e ofício de atuação, excepcionada pela
vontade expressa do membro ministerial à remoção e à
promoção ou quando haja motivo de interesse público,
INAMOVIBILIDADE reconhecido por decisão do órgão colegiado interno, definido
em lei
como competente para tanto e tomada pelo voto da maioria
absoluta de seus membros, sendo assegurada ampla defesa.
Os integrantes do Ministério Público são remunerados por meio
IRREDUTIBILIDADE DE SUBSÍDIO de subsídio, fixado na forma do art. 39, § 4º, insuscetível de
sofrer decréscimo.

Vedações aos membros do MP:

RECEBIMENTO DE HONORÁRIOS, O subsídio e as vantagens instituídas com base no texto da


PERCENTAGENS OU CUSTAS Constituição são as únicas formas de remuneração pelo
PROCESSUAIS trabalho prestado.

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Se não pode participar de empresa, tampouco o membro do MP


pode ser destinatário de benefício pecuniário e custeio de
PERCEPÇÃO DE AUXÍLIOS OU despesas sem natureza de contrapartida de atividade lícita e
CONTRIBUIÇÕES DE PESSOAS FÍSICAS, autorizada à sua qualidade jurídica nem de doações que, direta
ENTIDADES PÚBLICAS OU PRIVADAS ou indiretamente, sejam oriundas de pessoas físicas ou jurídicas
que tenham interesse em feito ou procedimento sob sua
condução.
Por se tratar de atividade incompatível com a nova posição
EXERCÍCIO DA ADVOCACIA institucional de magistrado assumida pelo MP, não podem seus
integrantes advogar.
O membro do MP não pode participar de sociedade comercial,
PARTICIPAÇÃO EM SOCIEDADE especialmente na gerência ou na administração. Porém, é
COMERCIAL possível a participação como quotista ou acionista de
sociedades de capital.
EXERCÍCIO, AINDA QUE EM Proíbe-se a acumulação da função ministerial com outra de
DISPONIBILIDADE, DE QUALQUER natureza pública, seja em confiança ou comissionada (de
OUTRA FUNÇÃO PÚBLICA, SALVO recrutamento amplo), seja efetiva, ressalvada, nos dois casos,
UMA DE MAGISTÉRIO uma de professor.
Não há possibilidade de filiação político-partidária, de exercício
de cargo eletivo e de função no âmbito do Poder Executivo, por
membros do Ministério Público que ingressaram na carreira
após o regime jurídico instaurado pela Constituição Federal de
1988. (STF. Plenário. ADI 2534, Rel. Min. Marco Aurélio, Rel. p/
EXERCÍCIO DE ATIVIDADE POLÍTICO-
Acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 24/08/2020).
PARTIDÁRIA
OBS: Essa causa absoluta de inelegibilidade somente não se
aplica aos membros do Ministério Público que tenham
ingressado na carreira antes da promulgação da Constituição
de 1988, desde que façam a opção prevista no art. 29, § 3º,
do ADCT.

DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS

Pedro Lenza aponta que existem dois grupos dentro do tema “Defesa do Estado e das Instituições
Democráticas”:
(i) Grupo que prevê instrumentos para manter ou restabelecer a ordem nos momentos de
anormalidades constitucionais, instituindo o sistema constitucional de crises, composto pelo
estado de defesa e pelo estado de sítio; e
(ii) Grupo de defesa do país ou sociedade através das Forças Armadas e da segurança pública.

Iniciando pelo primeiro grupo, são estados de legalidade extraordinária. Canotilho identifica como
“constitucionalização das circunstâncias excepcionais”. As principais características desses estados,
conforme resumido por Pedro Lenza, são:
a) Excepcionalidade: a decretação dos estados de defesa e de sítio deve se dar em último caso, quando
não existirem outras medidas mais adequadas e menos gravosas.
b) Taxatividade: os pressupostos materiais para a decretação devem ser apenas aqueles indicados no
texto da CF/88.
c) Temporariedade: a legalidade extraordinária não pode ser perpetuada no tempo.
d) Determinação geográfica: deve haver determinação do espaço de atuação das medidas restritivas.
e) Sujeição a controles e publicidade: o controle decorre do caráter excepcional das medidas.

61
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Ciclos Método

f) Proporcionalidade: essas situações justificam-se apenas na proporção justamente necessária para


debelar as causas e restabelecer a normalidade.
g) Deve haver possibilidade de controle judicial, a fim de evitar ou punir arbitrariedades.

O Estado de Defesa está previsto no art. 136 da CF/88, com a finalidade de: preservar ou
prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas
por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na
natureza. É decretado pelo Presidente da República, após oitiva dos Conselhos da República e de Defesa
Nacional. Nota-se, portanto, que o estado de defesa tem um caráter preventivo e regional/local.
As restrições possíveis de serem implementadas durante o Estado de Defesa são as seguintes:

#FOCONACF
Art. 136, § 1º O decreto que instituir o estado de defesa determinará o tempo de sua duração, especificará as
áreas a serem abrangidas e indicará, nos termos e limites da lei, as medidas coercitivas a vigorarem, dentre
as seguintes:
I - restrições aos direitos de:
a) reunião, ainda que exercida no seio das associações;
b) sigilo de correspondência;
c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica;
II - ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na hipótese de calamidade pública, respondendo
a União pelos danos e custos decorrentes.

Como visto acima, o Estado de Defesa é medida excepcional e temporária, logo, tem um prazo de
duração. O art. 136, §2º da CF/88 prevê que a duração do Estado de Defesa não pode ser superior a 30 dias,
podendo ser prorrogado por mais 30 dias, se as razões da sua decretação persistirem.
Após a decretação pelo Presidente da República do Estado de Defesa, o decreto deve ser submetido
ao Congresso Nacional no prazo de 24 horas, o qual irá decidir por voto da maioria absoluta. O Congresso
Nacional apreciará o decreto dentro de 10 dias contados de seu recebimento, devendo continuar
funcionando enquanto vigorar o estado de defesa. Se o decreto for rejeitado pelo Congresso Nacional, cessa
imediatamente o Estado de Defesa.
Já o Estado de Sitio está previsto no art. 137 da CF/88. A diferença do Estado de Defesa, o Presidente
da República deve solicitar autorização para o Congresso Nacional a fim de declarar o Estado de Sítio. Abrange
situações de maior gravidade do que o Estado de Defesa. A duração e as medidas coercitivas passíveis de
implementação variam de acordo com a hipótese de decretação do Estado de Sítio.

#SELIGANATABELA
HIPÓTESES DE CABIMENTO DO ESTADO DE SÍTIO
Comoção grave de repercussão nacional ou Estado de guerra ou resposta a agressão
da ineficácia das medidas tomadas durante armada estrangeira
o Estado de Defesa
Não poderá ser superior a 30 dias, podendo Enquanto perdurar a guerra ou a
ser prorrogada sucessivamente enquanto agressão armada estrangeira.
Duração perdurar tal situação de anormalidade, sendo
que cada prorrogação também não poderá ser
superior a 30 dias.
Obrigação de permanência em localidade Qualquer garantia constitucional poderá
determinada; detenção em edifício não ser suspensa, desde que: a) tenham sido
Medidas
destinado a acusados ou condenados por observados os princípios da necessidade
coercitivas
crimes comuns; restrições relativas à e da temporariedade; b) tenha havido
inviolabilidade da correspondência, ao sigilo prévia autorização por parte do

62
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das comunicações, à prestação de Congresso Nacional; c) tenham sido


informações e à liberdade de imprensa, indicadas no decreto do estado de sítio a
radiodifusão e televisão; suspensão da sua duração, as normas necessárias a sua
liberdade de reunião; busca e apreensão em execução e as garantias constitucionais
domicílio; intervenção nas empresas de que ficarão suspensas.
serviços públicos; e requisição de bens.

O outro grupo de instrumentos previsto abrange as Forças Armadas e a Segurança Pública. Nos
termos do art. 142 da CF, a Marinha, o Exército e a Aeronáutica constituem as Forças Armadas, sendo
consideradas instituições nacionais permanentes e regulares, destinadas à defesa da Pátria, à garantia dos
poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
Já a Segurança Pública é um dever do Estado e também um direito e responsabilidade de todos.
Implementa-se por meio dos seguintes órgãos previstos na CF/88:

#FOCONACF
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a
preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
VI - polícias penais federal, estaduais e distrital. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019)

Vale realçar as polícias penais, as quais foram inseridas no texto constitucional pela EC 104/2019.
Destinam-se à administração do sistema penal da unidade federativa a que pertencem, disciplinando a
segurança dos estabelecimentos penais.
O STF entende que esse rol do art. 144 é taxativo e não pode ser objeto de ampliação pelos demais
entes federados.

#DEOLHONAJURIS
Não é possível que os Estados-membros criem órgão de segurança pública diverso daqueles que estão
previstos no art. 144 da CF/88.
Os Estados-membros e o Distrito Federal devem seguir o modelo federal.
O art. 144 da Constituição aponta os órgãos incumbidos do exercício da segurança pública, sendo esse rol
taxativo.
Assim, a Constituição Estadual não pode prever a criação de Polícia Científica como órgão integrante da
segurança pública.
Vale ressaltar que nada impede que a Polícia Científica, criada pelo Estado-membro para ser o órgão
responsável pelas perícias, continue a existir e a desempenhar suas funções, sem estar, necessariamente,
vinculada à Polícia Civil. No entanto, deve-se afastar qualquer interpretação que lhe outorgue caráter de
órgão de segurança pública.
STF. Plenário. ADI 2575/PR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 24/6/2020 (Info 983).

DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS #APOSTACICLOS

Inicialmente, é preciso distinguir entre os conceitos de direitos naturais, direitos humanos e direitos
fundamentais. Todos destinam-se à proteção da dignidade da pessoa humana, porém, possuem algumas
características próprias que os diferenciam. São elas:

63
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Direitos Naturais Direitos Fundamentais Direitos Humanos

Atemporais Temporais Previstos em tratados

Universais Nacionais Escritos

Não escritos Escritos (via de regra)

Assim, podemos dizer que, enquanto os direitos fundamentais são consagrados no plano interno
(Constituição Federal), os direitos humanos são consagrados no plano internacional (tratados e convenções
internacionais).
#SELIGA:

CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS


o Inalienabilidade: um direito fundamental não pode ser alienado (transferido a título gratuito ou
oneroso). Não possuem, em regra, conteúdo econômico patrimonial.
o Irrenunciabilidade: o titular do direito fundamental não pode abdicar dele. Pode optar por não exercê-
lo, mas não pode renunciar totalmente.
o Indisponibilidade: o titular de direito fundamental não pode dispor livremente sobre ele.
Excepcionalmente, admite-se que a pessoa disponha de forma parcial e temporária.
o Historicidade: os direitos fundamentais são frutos de uma época e, conforme mude o texto
constitucional, mudam-se também os direitos fundamentais.
o Imprescritibilidade: os direitos fundamentais podem não ser exercidos pelos seus titulares e, ainda
assim, permanecerão exigíveis. Isso porque não se sujeitam à prescrição, à decadência ou à
caducidade.
o Relatividade: não são absolutos. Em determinados casos concretos, havendo conflito entre os direitos
fundamentais envolvidos, é possível ocorrer um sopesamento entre eles.

Os direitos fundamentais passaram por uma evolução ao longo da história. Em razão disso, a
doutrina fala que existem “gerações” de direitos fundamentais. A doutrina mais moderna, porém, vem
criticando o termo “geração”, pois dá a ideia de total ruptura e exclusão entre elas, preferindo a expressão
“dimensão”, visto que há complementariedade. Em que pese as diferenças de nomenclatura, as
gerações/dimensões são:

#FOCONATABELA
Relacionada a direitos individuais civis e políticos ou negativos. Surge no
contexto das Revoluções Liberais e burguesas. Superado o Estado Absolutista,
PRIMEIRA GERAÇÃO
objetiva-se impor ao Estado obrigações de não-fazer, veiculando direitos de
OU DIMENSÃO
liberdade aos cidadãos. Ex: direito de propriedade, direito à vida, liberdade de
pensamento, etc.
Relacionada a direitos sociais, econômicos e culturais ou também chamados de
positivos. Supera-se o Estado liberal para adotar-se um modelo de Estado social,
SEGUNDA GERAÇÃO
em que se requer uma atuação positiva do Estado, de modo a garantir os direitos
OU DIMENSÃO
sociais dos cidadãos. Ex: direito à saúde, direito à educação, etc. Trata-se de
direitos pertencentes a grupos sociais.

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Surge no final do século XX e refere-se a direitos fundamentais difusos, isto é, de


TERCEIRA GERAÇÃO
toda a coletividade, como, por exemplo, direito ao meio ambiente, à fraternidade
OU DIMENSÃO
e à solidariedade. Aqui já se trata do modelo de Estado Democrático de Direito.
Norberto Bobbio fala em direitos fundamentais de quarta geração, imanentes ao
QUARTA GERAÇÃO patrimônio genético do indivíduo e à evolução política, envolvendo democracia
OU DIMENSÃO direta, informação e pluripartidarismo. Bonavides, ao seu turno, fala em
globalização política.
Por fim, atualmente, já há doutrina apontando para uma quinta geração.
QUINTA GERAÇÃO
Bonavides afirma que se trata do direito à paz universal de titularidade de toda
OU DIMENSÃO
a humanidade.

#SELIGA: Eficácia dos direitos fundamentais:

É a eficácia tradicional, pois o indivíduo está


subordinado ao Estado e os direitos fundamentais
Vertical
servem para proteção dos indivíduos contra o
Eficácia dos direitos fundamentais

arbítrio estatal.

Os direitos fundamentais também estão presentes


Horizontal, externa, privada, em
nas relações entre particulares, de modo que deve
relação a terceiros ou
haver proteção dos direitos fundamentais no âmbito
integradora
das relações privadas também.

Também se situa no âmbito das relações privadas,


com a particularidade que se trata de uma relação
jurídica em que há desigualdade fática entre os
Diagonal
particulares envolvidos. Um dos particulares está
em posição de subordinação com relação ao outro.
Ex: relação consumerista.

DIREITOS INDIVIDUAIS #APOSTACICLOS

DIREITO DE LIBERDADE

Liberdade de consciência, de crença e de culto (art. 5º, VI). Assegura a plena liberdade de culto e as
suas liturgias, bem como o direito de não acreditar ou professar nenhuma fé, devendo o Estado respeito ao
ateísmo. A liberdade de consciência é a mais ampla. Consiste na adesão de certos valores espirituais
independentemente de qualquer conotação religiosa.
Serviço militar obrigatório: uma pessoa pode alegar motivos religiosos para se eximir desta obrigação legal,
mas deverá cumprir uma prestação alternativa. A objeção de consciência deve ser baseada em convicções
seriamente arraigadas e que causem um grave tormento moral.
Dever de neutralidade do Estado (art. 19, CF).
Manifestação de Pensamento: O direito de resposta é assegurado a qualquer pessoa que for ofendida em
matéria divulgada, publicada ou transmitida por veículo de comunicação social. Vale ressaltar, que tanto
pessoas físicas como jurídicas possuem direito de resposta. Deve o direito de resposta ser gratuito e
proporcional ao agravo.

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#DEOLHONAJURIS
A divulgação de notícia ou crítica acerca de atos ou decisões do Poder Público, ou de comportamento de seus
agentes, não configuram, a princípio, abuso no exercício da liberdade de imprensa, desde que não se refiram
a núcleo essencial de intimidade e de vida privada da pessoa. STJ. 4ª Turma. REsp 1325938-SE, Rel. Min. Raul
Araújo, julgado em 23/08/2022 (Info 749).
A liberdade de expressão não alcança a prática de discursos dolosos (actual malice), com intuito
manifestamente difamatório, de juízos depreciativos de mero valor, de injúrias em razão da forma ou de
críticas aviltantes. A garantia da imunidade parlamentar, que deve ser compreendida de forma extensiva
para a garantia do adequado desempenho de mandatos parlamentares, não alcança os atos que sejam
praticados sem claro nexo de vinculação recíproca do discurso com o desempenho das funções
parlamentares (teoria funcional) ou nos casos em que for utilizada para a prática de flagrantes abusos, usos
criminosos, fraudulentos ou ardilosos. STF. 2ª Turma. Pet 8242, 8259, 8262, 8263, 8267 e 8366 AgR/DF, Rel.
Min. Celso de Mello, redator do acórdão Min. Gilmar Mendes, julgados em 3/5/2022 (Info 1053).
O STF julgou o pedido procedente e declarou inconstitucionais atos do Ministério da Justiça de produção
ou compartilhamento de informações sobre a vida pessoal, as escolhas pessoais e políticas, e as práticas
cívicas de cidadãos, servidores públicos federais, estaduais e municipais identificados como integrantes de
movimento político, professores universitários e quaisquer outros que, atuando nos limites da legalidade,
exerçam seus direitos de livremente expressar-se, reunir-se e associar-se. Os órgãos do Sistema Brasileiro
de Inteligência, conquanto necessários para a segurança pública, segurança nacional e garantia de
cumprimento eficiente dos deveres do Estado, devem operar com estrita vinculação ao interesse público,
observância aos valores democráticos e respeito aos direitos e garantias fundamentais. Caracterizam desvio
de finalidade e abuso de poder a colheita, a produção e o compartilhamento de dados, informações e
conhecimentos específicos para satisfazer interesse privado de órgão ou de agente público. Na hipótese, a
utilização da máquina estatal para a colheita de informações de servidores com postura política contrária ao
governo caracteriza desvio de finalidade e afronta aos direitos fundamentais da livre manifestação do
pensamento, da privacidade, reunião e associação, aos quais deve ser conferida máxima efetividade, pois
essenciais ao regime democrático. Ademais, os órgãos de inteligência de qualquer nível hierárquico de
qualquer dos Poderes do Estado, embora sujeitos ao controle externo realizado pelo Poder Legislativo,
submetem-se também ao crivo do Poder Judiciário, em respeito ao princípio da inafastabilidade da jurisdição.
STF. Plenário. ADPF 722/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 13/5/2022 (Info 1054).
É incompatível com a Constituição a ideia de um direito ao esquecimento, assim entendido como o poder
de obstar, em razão da passagem do tempo, a divulgação de fatos ou dados verídicos e licitamente obtidos
e publicados em meios de comunicação social analógicos ou digitais. Eventuais excessos ou abusos no
exercício da liberdade de expressão e de informação devem ser analisados caso a caso, a partir dos
parâmetros constitucionais – especialmente os relativos à proteção da honra, da imagem, da privacidade e
da personalidade em geral – e as expressas e específicas previsões legais nos âmbitos penal e cível. STF.
Plenário. RE 1010606/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 11/2/2021 (Repercussão Geral – Tema 786) (Info
1005).
O STF decidiu criminalizar a homofobia como forma de racismo. Ao finalizar o julgamento, em sede de ação
direta de inconstitucionalidade por omissão, a Corte declarou a omissão do Congresso em aprovar a matéria
e determinou que casos de agressões contra o público LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e
travestis) sejam enquadrados como o crime de racismo até que uma norma específica seja aprovada pelo
Congresso Nacional. STF. Plenário. ADO 26/DF, Rel. Min. Celso de Mello; MI 4733/DF, Rel. Min. Edson Fachin,
julgados em 13/6/2019 (Info 944).
O STF tem sido mais flexível na admissão de reclamação em matéria de liberdade de expressão, em razão
da persistente vulneração desse direito na cultura brasileira, inclusive por via judicial. No julgamento da
ADPF 130, o STF proibiu enfaticamente a censura de publicações jornalísticas, bem como tornou excepcional
qualquer tipo de intervenção estatal na divulgação de notícias e de opiniões. A liberdade de expressão
desfruta de uma posição preferencial no Estado democrático brasileiro, por ser uma pré-condição para o
exercício esclarecido dos demais direitos e liberdades. A retirada de matéria de circulação configura censura

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em qualquer hipótese, o que se admite apenas em situações extremas. Assim, em regra, a colisão da
liberdade de expressão com os direitos da personalidade deve ser resolvida pela retificação, pelo direito de
resposta ou pela reparação civil. Diante disso, se uma decisão judicial determina que se retire do site de uma
revista determinada matéria jornalística, esta decisão viola a orientação do STF, cabendo reclamação. STF.
1ª Turma. Rcl 22328/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 6/3/2018 (Info 893).
Para que seja publicada uma biografia NÃO é necessária autorização prévia do indivíduo biografado, das
demais pessoas retratadas, nem de seus familiares. Essa autorização prévia seria uma forma de censura, não
sendo compatível com a liberdade de expressão consagrada pela CF/88. As exatas palavras do STF foram as
seguintes: “É inexigível o consentimento de pessoa biografada relativamente a obras biográficas literárias ou
audiovisuais, sendo por igual desnecessária a autorização de pessoas retratadas como coadjuvantes ou de
familiares, em caso de pessoas falecidas ou ausentes”. Caso o biografado ou qualquer outra pessoa retratada
na biografia entenda que seus direitos foram violados pela publicação, terá direito à reparação, que poderá
ser feita não apenas por meio de indenização pecuniária, como também por outras formas, tais como a
publicação de ressalva, de nova edição com correção, de direito de resposta etc. STF. Plenário. ADI 4815/DF,
Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 10/6/2015 (Info 789).

LIBERDADE DE REUNIÃO: direito individual, mas que só pode ser exercido de forma coletiva. Exige-
se como requisitos: aviso prévio (não é preciso autorização) e a não frustração de outra reunião
anteriormente convocada para o mesmo local. #OBS: A CF autoriza a suspensão do direito de reunião se
houver decretação de estado de sítio (art. 139, VI) e sua restrição em caso de decretação de estado de defesa
(art. 136, §1º, I, “a”).
#DEOLHONAJURIS
A imposição legal de manutenção de exemplares de Bíblias em escolas e bibliotecas públicas estaduais
configura contrariedade à laicidade estatal e à liberdade religiosa consagrada pela Constituição da República
de 1988. STF. Plenário. ADI 5258/AM, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 12/4/2021 (Info 1012).
É compatível com a Constituição Federal a imposição de restrições à realização de cultos, missas e demais
atividades religiosas presenciais de caráter coletivo como medida de contenção do avanço da pandemia da
Covid-19. STF. Plenário. ADPF 811/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 8/4/2021 (Info 1012).
O STF fixou a seguinte tese: A exigência constitucional de aviso prévio relativamente ao direito de reunião
é satisfeita com a veiculação de informação que permita ao poder público zelar para que seu exercício se
dê de forma pacífica ou para que não frustre outra reunião no mesmo local. STF. Plenário. RE 806339, Rel.
para acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 14/12/2020 (Repercussão Geral – Tema 855).

DIREITO À INTIMIDADE, VIDA PRIVADA, HONRA E IMAGEM

Art. 5º, CF:


X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a
indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador,
salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação
judicial;
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins
de investigação criminal ou instrução processual penal;

O direito à privacidade abrange quatro dimensões: direito à intimidade, vida privada, honra e imagem
• Intimidade: relações subjetivas e de trato íntimo.
• Vida privada: é mais ampla, envolvendo os relacionamentos sociais, relações comerciais, de trabalho
e estudo.

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• Honra: preservação da reputação da pessoa perante a sociedade (honra objetiva) e a dignidade/auto


estima de cada um (honra subjetiva).
• Imagem: é a representação da pessoa.
#SELIGANASÚMULA
Súmula 403, STJ: Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada da imagem
de pessoa com fins econômicos ou comerciais.
#DEOLHONAJURIS
Em regra, a autorização para uso da imagem deve ser expressa; no entanto, a depender das circunstâncias,
especialmente quando se trata de imagem de multidão, de pessoa famosa ou ocupante de cargo público,
há julgados do STJ em que se admite o consentimento presumível, o qual deve ser analisado com extrema
cautela e interpretado de forma restrita e excepcional. De um lado, o uso da imagem da torcida - em que
aparecem vários dos seus integrantes - associada à partida de futebol, é ato plenamente esperado pelos
torcedores, porque costumeiro nesse tipo de evento; de outro lado, quem comparece a um jogo esportivo
não tem a expectativa de que sua imagem seja explorada comercialmente, associada à propaganda de um
produto ou serviço, porque, nesse caso, o uso não decorre diretamente da existência do espetáculo. A
imagem é a emanação de uma pessoa, a forma com a qual ela se projeta, se identifica e se individualiza no
meio social. Não há violação ao direito à imagem se a divulgação ocorrida não configura projeção,
identificação e individualização da pessoa nela representada. No caso concreto, o autor não autorizou ainda
que tacitamente a divulgação de sua imagem em campanha publicitária de automóvel. Ocorre que, pelas
circunstâncias, não há que se falar em utilização abusiva da imagem, tampouco em dano moral porque o
vídeo divulgado não destaca a sua imagem, mostrando o autor durante poucos segundos inserido na torcida,
juntamente com vários outros torcedores. STJ. 3ª Turma. REsp 1772593-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado

DIREITOS SOCIAIS #APOSTACICLOS

Os direitos sociais, de 2ª dimensão, são prestações positivas a serem implementadas pelo Estado e
tendem a concretizar a perspectiva de uma isonomia substancial e social.
CF, Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o
lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015)

RENDA BÁSICA FAMILIAR #EC-114/2021


CF, Art. 6º, Parágrafo único. Todo brasileiro em situação de vulnerabilidade social terá direito a uma renda
básica familiar, garantida pelo poder público em programa permanente de transferência de renda, cujas
normas e requisitos de acesso serão determinados em lei, observada a legislação fiscal e orçamentária.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 114, de 2021)
Os direitos sociais se efetivam especialmente pela implementação de políticas públicas pelo Estado.
O Judiciário não é o local adequado para a implementação desses direitos, mas sim o Executivo e o
Legislativo. No entanto, não se nega que, diante da inércia desses poderes, a judicialização seja uma medida
importante para a implementação dos direitos sociais. A crítica que se faz é que o juiz, por não ser eleito, não
poderia decidir a forma de distribuição dos escassos bens materiais de que necessita o povo brasileiro.

É entendida como limite ao poder do Estado de concretizar efetivamente


diretos fundamentais a prestação, uma vez que para a implementação de
uma política pública é necessários dispor-se de reserva financeira.
TEORIA DA RESERVA DO Analisada sob o aspecto fático entende não ser possível exigir uma
POSSÍVEL prestação positiva do Estado, se não há de fato, materialmente, dinheiro
em caixa. Já sob o aspecto jurídico é a impossibilidade baseada na falta de
previsão orçamentária, dentro do sistema vigente, para o gasto com este
ou aquele direito.

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Mesmo que o Estado não possa oferecer tudo a todos, é certo que ele deve
garantir ao menos um mínimo, básico e indispensável, para uma vida
MÍNIMO EXISTENCIAL
digna. Assim, o mínimo existencial costuma frequentemente afastar o
argumento da reserva do possível.
Trata-se de um limite material implícito, de forma que os direitos
PROIBIÇÃO DO
fundamentais sociais já constitucionalmente assegurados não poderão ser
RETROCESSO (EFEITO
suprimidos por EC ou por legislação infraconstitucional, a não ser que se
NON-CLIQUET)
tenham prestações alternativas.

ATENÇÃO!!! Se um direito é qualificado pelo legislador como absoluta prioridade, ele deixa de integrar o
universo de incidência da reserva do possível, já que a sua possibilidade é obrigatoriamente fixada pela
Constituição ou pela lei. Ademais, tratando-se de direito essencial, incluso no conceito de mínimo existencial,
inexistirá empecilho jurídico para que o Judiciário estabeleça a inclusão de determinada política pública nos
planos orçamentários do ente político, especialmente quando não houver comprovação objetiva da
incapacidade econômico-financeira da pessoa estatal.

#DEOLHONAJURIS
É constitucional lei estadual que autoriza o Poder Executivo a instituir, no âmbito do ente federado, programa
destinado ao pagamento de aluguel de imóvel a famílias que residam em local de situação de risco iminente
ou que tenham seu imóvel atingido por catástrofes, utilizando o valor do salário mínimo como parâmetro
para a concessão do benefício de programa social.
Vale ressaltar, contudo, que:
É inconstitucional norma que estabelece prazos ao chefe do Poder Executivo para a apresentação de projetos
de lei ou para a regulamentação de disposições legais. Obs: no caso concreto, a lei estadual estabelecia que
“o Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de 90 (noventa) dias, estabelecendo normas necessárias
para operacionalização do Programa.”
O STF declarou a inconstitucionalidade da expressão “no prazo de 90 (noventa) dias” porque ela afrontava o
princípio da separação dos Poderes.
STF. Plenário. ADI 4727/DF, Rel. Min. Edson Fachin, redator do acórdão Ministro Gilmar Mendes, julgado em
23/2/2023 (Info 1084).
Nos casos de internações pós-parto que durem mais de duas semanas, o termo inicial da licença-
maternidade e do salário-maternidade é a alta hospitalar da mãe ou do recém-nascido — o que ocorrer
por último —, prorrogando-se ambos os benefícios por igual período ao da internação, visto que não podem
ser reduzidos de modo irrazoável e conflitante com o direito social de proteção à maternidade e à infância.
STF. Plenário. ADI 6327/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 21/10/2022 (Info 1073).
À luz do art. 227 da Constituição Federal, que confere proteção integral da criança com absoluta prioridade
e do princípio da paternidade responsável, a licença maternidade, prevista no art. 7º, XVIII, da CF/88 e
regulamentada pelo art. 207 da Lei nº 8.112/90, estende-se ao pai genitor monoparental. STF. Plenário. RE
1348854/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 12/5/2022 (Repercussão Geral – Tema 1182) (Info
1054).
Os prazos da licença-adotante não podem ser inferiores ao prazo da licença-gestante, o mesmo valendo
para as respectivas prorrogações. Em relação à licença-adotante, não é possível fixar prazos diversos em
função da idade da criança adotada. STF. Plenário. RE 778889/PE, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em
10/3/2016 (Repercussão Geral - Tema 782) (Info 817).

DIREITO À SAÚDE

CF, Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas
que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e
serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

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CF, Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos
termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente
ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.

Diretrizes do sistema único de saúde (art. 198, CF):


I - descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços
assistenciais;
III - participação da comunidade.

A assistência à saúde é livre à iniciativa privada, que poderá participar de forma complementar do sistema
único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo
preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos (art. 199, CF).

CF, Art. 196. (...)


§ 7º O vencimento dos agentes comunitários de saúde e dos agentes de combate às endemias fica sob
responsabilidade da União, e cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer, além de
outros consectários e vantagens, incentivos, auxílios, gratificações e indenizações, a fim de valorizar o
trabalho desses profissionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 120, de 2022)
§ 8º Os recursos destinados ao pagamento do vencimento dos agentes comunitários de saúde e dos agentes
de combate às endemias serão consignados no orçamento geral da União com dotação própria e exclusiva.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 120, de 2022)
§ 9º O vencimento dos agentes comunitários de saúde e dos agentes de combate às endemias não será
inferior a 2 (dois) salários mínimos, repassados pela União aos Municípios, aos Estados e ao Distrito Federal.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 120, de 2022)
§ 10. Os agentes comunitários de saúde e os agentes de combate às endemias terão também, em razão dos
riscos inerentes às funções desempenhadas, aposentadoria especial e, somado aos seus vencimentos,
adicional de insalubridade. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 120, de 2022)
§ 11. Os recursos financeiros repassados pela União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para
pagamento do vencimento ou de qualquer outra vantagem dos agentes comunitários de saúde e dos agentes
de combate às endemias não serão objeto de inclusão no cálculo para fins do limite de despesa com pessoal.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 120, de 2022)
§ 12. Lei federal instituirá pisos salariais profissionais nacionais para o enfermeiro, o técnico de enfermagem,
o auxiliar de enfermagem e a parteira, a serem observados por pessoas jurídicas de direito público e de direito
privado. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 124, de 2022)
§ 13. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, até o final do exercício financeiro em que for
publicada a lei de que trata o § 12 deste artigo, adequarão a remuneração dos cargos ou dos respectivos
planos de carreiras, quando houver, de modo a atender aos pisos estabelecidos para cada categoria
profissional. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 124, de 2022)
§ 14. Compete à União, nos termos da lei, prestar assistência financeira complementar aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios e às entidades filantrópicas, bem como aos prestadores de serviços
contratualizados que atendam, no mínimo, 60% (sessenta por cento) de seus pacientes pelo sistema único de
saúde, para o cumprimento dos pisos salariais de que trata o § 12 deste artigo. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 127, de 2022)
§ 15. Os recursos federais destinados aos pagamentos da assistência financeira complementar aos Estados,
ao Distrito Federal e aos Municípios e às entidades filantrópicas, bem como aos prestadores de serviços
contratualizados que atendam, no mínimo, 60% (sessenta por cento) de seus pacientes pelo sistema único
de saúde, para o cumprimento dos pisos salariais de que trata o § 12 deste artigo serão consignados no
orçamento geral da União com dotação própria e exclusiva. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 127,
de 2022)

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#DEOLHONAJURIS
É possível obrigar o Estado a fornecer medicamento off label? Em regra, não é possível que o paciente exija
do poder público o fornecimento de medicamento para uso off label. Excepcionalmente, será possível que o
paciente exija o medicamento caso esse determinado uso fora da bula (off label) tenha sido autorizado pela
ANVISA. O Estado não é obrigado a fornecer medicamento para utilização off label, salvo autorização da
ANVISA. STJ. 1ª Seção. PUIL 2.101-MG, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 10/11/2021 (Info 717).

OBS: Off label é uma expressão em inglês que, em tradução literal, significaria “fora de indicação”. O
medicamento off label é aquele cujo médico prescreve para uma determinada finalidade que não consta
expressamente na sua bula.

#CUIDADO:
A operadora de plano de saúde não pode negar o fornecimento de tratamento prescrito pelo médico sob o
pretexto de que a sua utilização em favor do paciente está fora das indicações descritas na bula/manual
registrado na ANVISA (uso off-label). STJ. 3ª Turma. REsp 1721705-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
28/08/2018 (Info 632).
É indevida a recusa do plano de saúde quanto a cobertura de tratamento prescrito pelo médico, ainda que
experimental, porquanto não compete à operadora a definição do diagnóstico ou do tratamento para
moléstia coberta pelo plano contratado. STJ. 3ª Turma. AgInt no AREsp 1819953/SP, Rel. Min. Moura Ribeiro,
julgado em 22/06/2021.
• SUS: em regra, o poder público não é obrigado a fornecer medicamento off label.
• Saúde suplementar: em regra, o plano de saúde não pode negar tratamento prescrito pelo médico, mesmo
sendo off label.

#SELIGA Nova hipótese foi estabelecida no art. 19-T, parágrafo único, da Lei nº 8.080/90, qual seja, o uso do
medicamento fora da bula ter sido recomendado pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no
Sistema Único de Saúde (Conitec), e esteja padronizado em protocolo estabelecido pelo Ministério da Saúde,
ou que este seja recomendado pela Conitec e adquirido por intermédio de organismos multilaterais
internacionais, para uso em programas de saúde pública do Ministério da Saúde e suas entidades vinculadas.

#AJUDAMARCINHO
Em ação pedindo medicamento do poder público, o juiz pode exigir a presença da União caso ela não figure
no polo passivo?

A) Nas hipóteses de ações relativas à saúde intentadas com o objetivo de compelir o Poder Público ao
cumprimento de obrigação de fazer consistente na dispensação de medicamentos não inseridos na lista do
SUS, mas registrado na ANVISA, deverá prevalecer a competência do juízo de acordo com os entes contra os
quais a parte autora elegeu demandar.
B) As regras de repartição de competência administrativas do SUS não devem ser invocadas pelos
magistrados para fins de alteração ou ampliação do polo passivo delineado pela parte no momento da
propositura da ação, mas tão somente para fins de redirecionar o cumprimento da sentença ou determinar
o ressarcimento da entidade federada que suportou o ônus financeiro no lugar do ente público competente,
não sendo o conflito de competência a via adequada para discutir a legitimidade ad causam, à luz da Lei nº
8.080/90, ou a nulidade das decisões proferidas pelo Juízo estadual ou federal, questões que devem ser
analisadas no bojo da ação principal.
C) A competência da Justiça Federal, nos termos do art. 109, I, da CF/88, é determinada por critério objetivo,
em regra, em razão das pessoas que figuram no polo passivo da demanda (competência ratione personae),
competindo ao Juízo federal decidir sobre o interesse da União no processo (Súmula 150/STJ), não cabendo

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ao Juízo estadual, ao receber os autos que lhe foram restituídos em vista da exclusão do ente federal do feito,
suscitar conflito de competência (Súmula 254/STJ).
STJ. 1ª Seção. CC 188.002-SC, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 12/4/2023 (IAC 14) (Info 770).

Depois do julgamento acima, o STF, concedeu tutela provisória para estabelecer que, até o julgamento
definitivo do Tema 1.234 da Repercussão Geral, sejam observados os seguintes parâmetros:
1. nas demandas judiciais envolvendo medicamentos ou tratamentos padronizados: a composição do polo
passivo deve observar a repartição de responsabilidades estruturada no Sistema Único de Saúde, ainda que
isso implique deslocamento de competência, cabendo ao magistrado verificar a correta formação da relação
processual;
2. nas demandas judiciais relativas a medicamentos não incorporados: devem ser processadas e julgadas
pelo Juízo, estadual ou federal, ao qual foram direcionadas pelo cidadão, sendo vedada, até o julgamento
definitivo do Tema 1.234 da Repercussão Geral, a declinação da competência ou determinação de inclusão
da União no polo passivo;
3. diante da necessidade de evitar cenário de insegurança jurídica, esses parâmetros devem ser observados
pelos processos sem sentença prolatada; diferentemente, os processos com sentença prolatada até a data
desta decisão (17 de abril de 2023) devem permanecer no ramo da Justiça do magistrado sentenciante até o
trânsito em julgado e respectiva execução;
4. ficam mantidas as demais determinações contidas na decisão de suspensão nacional de processos na fase
de recursos especial e extraordinário.
STF. Plenário. RE 1366243 TPI-Ref, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 19/04/2023.

#DEOLHONAJURIS

É inconstitucional norma estadual que determina a hospitais, casas de saúde e maternidades a coleta
compulsória de material genético de mães e bebês na sala de parto e o subsequente armazenamento à
disposição da Justiça para o fim de evitar a troca de recém-nascidos nas unidades de saúde. Essa previsão
viola os direitos à intimidade e à privacidade (art. 5º, X, CF/88), bem como os princípios da proporcionalidade
e da razoabilidade, na dimensão da proibição do excesso.
Tese fixada pelo STF:
É inconstitucional a lei estadual que preveja o arquivamento de materiais genéticos de nascituros e
parturientes, em unidades de saúde, com o fim de realizar exames de DNA comparativo em caso de dúvida.
STF. Plenário. ADI 5545/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 13/4/2023 (Info 1090).
Se um hospital privado que presta serviços para o SUS ingressar com ação pedindo a revisão dos valores
pagos, haverá litisconsórcio passivo necessário da União com o Estado ou Município que firmou o
contrato/convênio?
SIM. Nas demandas em que se alega desequilíbrio econômico-financeiro de contrato ou convênio firmado
com hospitais particulares para prestação de serviços de saúde em caráter complementar, o polo passivo
deve ser composto necessariamente pela União e o contratante subnacional (Estado ou Município).
STJ. 1ª Turma. AREsp 2067898-DF, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 15/12/2022 (Info 762).
NÃO. O funcionamento do SUS é de responsabilidade solidária da União, dos Estados e dos Municípios. Dessa
forma, qualquer um destes Entes tem legitimidade ad causam para figurar no polo passivo da demanda. STJ.
2ª Turma. AgInt no AREsp 2145302/DF, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 7/12/2022.
Nos casos de internações pós-parto que durem mais de duas semanas, o termo inicial da licença-maternidade
e do salário-maternidade é a alta hospitalar da mãe ou do recém-nascido — o que ocorrer por último —,
prorrogando-se ambos os benefícios por igual período ao da internação, visto que não podem ser reduzidos
de modo irrazoável e conflitante com o direito social de proteção à maternidade e à infância. STF. Plenário.
ADI 6327/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 21/10/2022 (Info 1073).
É ilegítima a recusa dos pais à vacinação compulsória de filho menor por motivo de convicção filosófica. É
constitucional a obrigatoriedade de imunização por meio de vacina que, registrada em órgão de vigilância

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sanitária, (i) tenha sido incluída no Programa Nacional de Imunizações ou (ii) tenha sua aplicação obrigatória
determinada em lei ou (iii) seja objeto de determinação da União, estado, Distrito Federal ou município, com
base em consenso médico-científico. Em tais casos, não se caracteriza violação à liberdade de consciência e
de convicção filosófica dos pais ou responsáveis, nem tampouco ao poder familiar. STF. Plenário. ARE
1267879/SP, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 16 e 17/12/2020 (Repercussão Geral – Tema 1103) (Info
1003).

DIREITO À EDUCAÇÃO

CF, Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com
a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da
cidadania e sua qualificação para o trabalho.

CF, Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
I - Educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada
inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009)
II - progressiva universalização do ensino médio gratuito; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14,
de 1996)
III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular
de ensino;
IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de
cada um;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;
VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas
suplementares de material didáticoescolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009)
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.
§ 2º O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta irregular, importa
responsabilidade da autoridade competente.
§ 3º Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar,
junto aos pais ou responsáveis, pela freqüência à escola.

#DEOLHONAJURIS
É constitucional lei estadual, de iniciativa parlamentar, que determina a reserva de vagas, no mesmo
estabelecimento de ensino, para irmãos que frequentem a mesma etapa ou ciclo escolar, pois disciplina
medida que visa consolidar políticas públicas de acesso ao sistema educacional e do maior convívio familiar
possível. STF. Plenário. ADI 7149/RJ, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 23/9/2022 (Info 1069).
O Estado tem o dever constitucional de assegurar às crianças entre zero e cinco anos de idade o
atendimento em creche e pré-escola. 1. A educação básica em todas as suas fases — educação infantil,
ensino fundamental e ensino médio — constitui direito fundamental de todas as crianças e jovens,
assegurado por normas constitucionais de eficácia plena e aplicabilidade direta e imediata. 2. A educação
infantil compreende creche (de zero a 3 anos) e a pré-escola (de 4 a 5 anos). Sua oferta pelo Poder Público
pode ser exigida individualmente, como no caso examinado neste processo. 3. O Poder Público tem o dever
jurídico de dar efetividade integral às normas constitucionais sobre acesso à educação básica. STF. Plenário.
RE 1008166/SC, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 22/9/2022 (Repercussão Geral – Tema 548) (Info 1069).
O ensino religioso nas escolas públicas brasileiras pode ter natureza confessional. A CF/88 prevê que “o
ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas de

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ensino fundamental.” (art. 210, § 1º). Diante disso, nas escolas públicas são oferecidas aulas de ensino
religioso, normalmente vinculadas a uma religião específica. É o chamado ensino religioso confessional. A
partir da conjugação do binômio Laicidade do Estado (art. 19, I) e Liberdade religiosa (art. 5º, VI), o Estado
deverá assegurar o cumprimento do art. 210, § 1º da CF/88, autorizando na rede pública, em igualdade de
condições o oferecimento de ensino confessional das diversas crenças, mediante requisitos formais
previamente fixados pelo Ministério da Educação. Assim, deve ser permitido aos alunos, que expressa e
voluntariamente se matricularem, o pleno exercício de seu direito subjetivo ao ensino religioso como
disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, ministrada de acordo com os
princípios de sua confissão religiosa, por integrantes da mesma, devidamente credenciados a partir de
chamamento público e, preferencialmente, sem qualquer ônus para o Poder Público. Dessa forma, o STF
entendeu que a CF/88 não proíbe que sejam oferecidas aulas de uma religião específica, que ensine os
dogmas ou valores daquela religião. Não há qualquer problema nisso, desde que se garanta oportunidade a
todas as doutrinas religiosas. STF. Plenário.ADI 4439/DF, rel. orig. Min. Roberto Barroso, red. p/ o ac. Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 27/9/2017 (Info 879).
Não é possível, atualmente, o ensino domiciliar (homeschooling) como meio lícito de cumprimento, pela
família, do dever de prover educação. Não há, na CF/88, uma vedação absoluta ao ensino domiciliar. A
CF/88, apesar de não o prever expressamente, não proíbe o ensino domiciliar. No entanto, o ensino
domiciliar não pode ser atualmente exercido porque não há legislação que regulamente os preceitos e as
regras aplicáveis a essa modalidade de ensino. Assim, o ensino domiciliar somente pode ser implementado
no Brasil após uma regulamentação por meio de lei na qual sejam previstos mecanismos de avaliação e
fiscalização, devendo essa lei respeitar os mandamentos constitucionais que tratam sobre educação. STF.
Plenário. RE 888815/RS, rel. orig. Min. Roberto Barroso, red. p/ o acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado
em 12/9/2018 (repercussão geral) (Info 915).

DIREITOS DE NACIONALIDADE

Também são direitos fundamentais as normas relativas à nacionalidade previstas na CF/88. A


nacionalidade é um conceito mais amplo do que o conceito de cidadania. A cidadania refere-se ao indivíduo
no gozo dos direitos políticos. Para ser cidadão brasileiro pressupõe-se a nacionalidade. Porém, para ser um
nacional não se pressupõe a cidadania. Então, cuidado para não confundir os seguintes conceitos:

#SELIGANATABELA
POVO Conjunto de pessoas (elemento humano do Estado) unidas pelo vínculo da
nacionalidade.
POPULAÇÃO Conjunto de habitantes de um território, podendo ser nacionais ou estrangeiros.
NAÇÃO Agrupamento humano ligados por laços históricos, culturais, econômicos e linguísticos.
CIDADANIA Possui como pressuposto a nacionalidade, caracterizando-se como titularidades de
direitos políticos de votar e ser votado.

Toda a pessoa tem direito a nacionalidade, devendo ser evitada a figura do apátrida (ou heimatlos
– pessoa sem nacionalidade). A nacionalidade é um tema regulado pelo direito interno de cada país, o qual
irá prever os critérios que irá adotar para considerar as pessoas como nacionais. No âmbito da CF/88, temos
a divisão em nacionalidade primária/originária e nacionalidade secundária/adquirida/voluntária/de 2º
grau/por naturalização.
Como regra geral, o Brasil adotou o critério do ius soli para determinar quem será brasileiro nato.
De tal forma, de acordo com a CF/88, art. 12, inciso I, são brasileiros natos:

Art. 12. São brasileiros:


I - natos:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais

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estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; (Critério territorial ou jus soli)
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço
da República Federativa do Brasil; (Critério sanguíneo ou jus sanguinis e serviço para a República Federativa
do Brasil;)
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em
repartição brasileira competente (critério jus sanguinis e registro em repartição competente) ou venham a
residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela
nacionalidade brasileira (critério jus sanguinis e opção confirmativa)
- Nesta última hipótese denomina-se nacionalidade potestativa, em razão de a nacionalidade estar adstrita
à vontade do indivíduo. É importante frisar que o ato de opção pela nacionalidade brasileira não gera a
própria nacionalidade, que é anterior, mas, sim, a definitividade da condição de brasileiro nato, confirmando-
a. No caso, a opção funciona como uma condição suspensiva e sua manifestação expressa o pleno gozo da
condição de nacional.
- Esse ato voluntário pode ser expresso ou tácito. A pessoa se torna nacional naturalizado. A nossa CF 88 não
contempla nenhuma hipótese de naturalização tácita.
- Art. 12. II - Naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua
portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; (Ordinária)
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze
anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. (Extraordinária)
Português equiparado ou quase brasileiro: Aos portugueses com residência permanente no País serão
atribuídos os direitos inerentes a brasileiro naturalizado se houver reciprocidade de tratamento em favor dos
brasileiros em Portugal. Essa regra dirige-se ao português que não quer a naturalização, mas sim permanecer
como português no Brasil. Esse nacional português terá os mesmos direitos do brasileiro naturalizado, mesmo
sem ter obtido a naturalização, desde que haja reciprocidade de tratamento para os brasileiros em Portugal.
A isso se chama de cláusula do ut des (cláusula de reciprocidade).
#OLHAOGANCHO:Nacionalidade SECUNDÁRIA (também chamada de derivada, adquirida ou voluntária): A
nacionalidade secundária, também denominada de segundo grau, é aquela que resulta de um ato voluntário,
consistente num concurso de vontades entre o pretendente, que deseja obter a nacionalidade de determinado
país, e a concordância do Estado em conceder a nacionalidade e receber o estrangeiro ou o apátrida como
nacional. Referida nacionalidade se efetiva com a naturalização.

#TABELALOVERS
HIPÓTESES CONSTITUCIONAIS DE DISTINÇÕES ENTRE BRASILEIROS NATOS E NATURALIZADOS
O brasileiro nato nunca poderá ser extraditado passivamente pelo Brasil. Já o
naturalizado poderá ser extraditado passivamente em duas situações: (i) crime
EXTRADIÇÃO comum antes da naturalização; e (ii) tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
afins, na forma da lei, não importante se antes ou depois da naturalização. O
estrangeiro só não poderá ser extraditado por crime político ou de opinião.
Art. 12, § 3º, CF. São privativos de brasileiro nato os cargos:
I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
CARGOS II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
PRIVATIVOS DE III - de Presidente do Senado Federal;
BRASILEIROS IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
NATOS V - da carreira diplomática;
VI - de oficial das Forças Armadas.
VII - de Ministro de Estado da Defesa.
PERDA DA Art. 12, § 4º, CF. Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:
NACIONALIDADE

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I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade


nociva ao interesse nacional; [OBS: hipótese que se aplica somente para o
brasileiro naturalizado]
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: (Redação dada pela Emenda
Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; (Incluído pela
Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente
em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou
para o exercício de direitos civis; (Incluído pela Emenda Constitucional de
Revisão nº 3, de 1994)
Dentre os componentes do Conselho da República, órgão superior de consulta do
Presidente da República, além do Vice-Presidente da República, do Presidente
da Câmara dos Deputados, do Presidente do Senado Federal, dos líderes da
CONSELHO DA
maioria e da minoria da Câmara dos Deputados e do Senado Federal e do
REPÚBLICA
Ministro da Justiça, dele participam: 06 cidadãos brasileiros natos, com mais de
35 anos, sendo 2 nomeados pelo Presidente da República, 2 pelo Senado e 2 pela
Câmara, todos com mandato de 03 anos, vedada a recondução.
Art. 222, CF. A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de
sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de 10
anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham
PROPRIEDADE DE sede no País. (Redação dada EC 36/ 2002)
EMPRESA § 1º Em qualquer caso, pelo menos setenta por cento do capital total e do capital
JORNALÍSTICA E votante das empresas jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e
DE imagens deverá pertencer, direta ou indiretamente, a brasileiros natos ou
RADIODIFUSÃO naturalizados há mais de 10 anos, que exercerão obrigatoriamente a gestão das
SONORA E DE atividades e estabelecerão o conteúdo da programação. (Redação dada pela EC
SONS E 36/2002)
IMAGENS § 2º A responsabilidade editorial e as atividades de seleção e direção da
programação veiculada são privativas de brasileiros natos ou naturalizados há
mais de dez anos, em qualquer meio de comunicação social. (Redação dada pela
EC 36/2002)

DIREITOS POLÍTICOS

Também estão inseridos no rol de direitos fundamentais da CF/88. De acordo com Pedro Lenza, os
direitos políticos são os instrumentos por meio dos quais a CF/88 garante o exercício da soberania popular,
atribuindo poderes aos cidadãos para interferirem na condução, direta ou indireta, da vida pública e política
do país.
Como nosso objetivo aqui é revisar os assuntos (e não os esgotar), vamos sintetizar da seguinte
forma a matéria:

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Direito de votar - alistabilidade.


Obrigatório: maiores de 18 e menores de
Capacidade
70 anos. Facultativo: maiores de 16 e
eleitoral ativa
menores de 18 anos, analfabetos e
maiores de 70 anos.
Positivos (sufrágio)
Direito de ser votado - elegibilidade.
Condições: nacionalidade brasileira,
Capacidade
exercício dos direitos políticos, domicílio
eleitoral passiva
eleitoral na circunscrição, filiação
partidária e idade mínima.
Impedimento para
qualquer cargo,
sempre previsto na
CF/88. São
absolutamente
Direitos políticos

Absoluta inelegíveis: inalistáveis


(estrangeiros e,
durante o serivço
militar obrigatório, os
conscritos) e
analfabeto.
Inelegibilidade
Em razão da função
(art. 14, §§5º e 6º,
CF/88), em razão de
parentesco (art. 14,
§7º, CF/88), função
Relativa
militar (art. 14, §8º) e
hipóteses previstas em
lei complementar
(como é a Lei da Ficha
Negativos Limpa).

Cancelamento da naturalização, recusa


de cumprir obrigação a todos imposta ou
Perda prestação alternativa e perda da
nacionalidade brasileira em virtude da
aquisição de outra.
Incapacidade civil absoluta, condenação
criminal transitada em julgado,
Suspensão improbidade administrativa, Deputado ou
Senador declarado incompatível com o
decoro parlamentar.

#DEOLHONASÚMULAVINCULANTE
Súmula Vinculante n. 18. A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta
a inelegibilidae prevista no § 7° do artigo 14 da Constituição Federal.

AÇÕES CONSTITUCIONAIS

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O rol do art. 5º da CF/88 também traz as garantias fundamentais. São normas assecuratórias dos
direitos fundamentais, por isso, também são chamadas de remédios constitucionais. Além disso, as garantias
também são direitos, pois revelam a faculdade dos cidadãos de exigir do Poder Público a proteção de outros
direitos.
Em breve síntese, os remédios constitucionais previstos na CF/88 são:
#FOCONATABELA
De acordo com o art. 5º, LXVIII, da CF/88, “conceder-se-á "habeas-
corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou
coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder”.
Trata-se de instrumento para garantir a liberdade de locomoção, assim, não se
admite a impetração e a concessão de habeas corpus quando não estiver prevista
pena privativa de liberdade. Logo, não cabe HC quando se tratar de pena de
HABEAS CORPUS
multa, de processo de impeachment, etc. De outro lado, caberá HC para
impugnar medidas cautelares de natureza criminal diversas da prisão (ex: medida
protetiva, quebra de sigilo de dados) que possam resultar em privação de
liberdade. Além disso, se trata de remédio gratuito e que pode ser interposto por
qualquer pessoa, sem assistência de advogado. STF e STJ admitem a impetração
de HC coletivo, em que pese não haja expressa previsão na CF ou na lei.
O art. 5º, LXXII, da CF/88, prevê a concessão de habeas data nas seguintes
hipóteses: “a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa
do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades
governamentais ou de caráter público; b) para a retificação de dados, quando
não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo”. É
regulado pela Lei 9.507. É uma exceção ao princípio da inafastabilidade da
HABEAS DATA
jurisdição, pois só será cabível o habeas data após a recusa no âmbito
administrativo da prestação das informações ou da retificação. A ação refere-se
a informações pessoais do impetrante. Se a informação for de interesse coletivo
ou geral, o instrumento para tutelar é o mandado de segurança. Assim não se
admite habeas data para obter certidões públicas, cópias de processos
administrativos, etc.
De acordo com o art. 5º, LXIX, da CF/88, “conceder-se-á mandado de segurança
para proteger direito líquido e certo, não amparado por "habeas-
corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de
poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
atribuições do Poder Público”. A Lei 12.016 regulamenta o assunto. O objeto é a
impugnação de ato ilegal ou abusivo contra direito líquido e certo, ou seja, aquela
MANDADO DE
que pode ser demonstrado de plano com prova documental e não requer
SEGURANÇA
dilação probatória. O caráter é residual, pois não pode ser tutelado por habeas
corpus ou habeas data. Além disso, a CF/88, em seu art. 5º, LXX, prevê também a
possibilidade de impetração de mandado de segurança coletivo por: “a) partido
político com representação no Congresso Nacional; b) organização sindical,
entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há
pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados”.
De acordo com o art. 5º, LXXI, da CF/88, “conceder-se-á mandado de injunção
sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos
direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
MANDADO DE
nacionalidade, à soberania e à cidadania”. Combate a “síndrome de
INJUNÇÃO
inefetividade das normas constitucionais”, de modo que prevalece que só cabe
mandado de injunção para fruir de normas constitucionais de eficácia limitada. É
um instrumento de controle concreto ou individual de constitucionalidade,

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voltado a tutela de direitos subjetivos. A Lei 13.300 trata do assunto e, inovando


com relação a CF/88, prevê tanto a possibilidade de MI para omissão total como
para omissão PARCIAL (quando a regulamentação existir, mas for insuficiente) e
também a possibilidade de impetração de MI coletivo (adotou como base o rol
de legitimados para o MS coletivo e ampliou, incluindo o Ministério Público e a
Defensoria Pública).
O art. 5º, LXXIII, da CF/88 prevê que “qualquer cidadão é parte legítima para
propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de
entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo
AÇÃO POPULAR comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência”. É um
instrumento republicano em razão da responsabilidade existente na relação
entre governante e governado. É regulada pela Lei 4.717. A impetração é restrita
ao cidadão, que deve comprovar sua condição mediante apresentação do título
eleitoral.

PODER JUDICIÁRIO

Em razão da relevância da função jurisdicional, o legislador constituinte previu garantias a fim de


que os juízes possam exercer suas funções sem medo de represálias, por exemplo. Tais garantias funcionais
são:
a) Vitaliciedade: os juízes adquirem vitaliciedade após 02 anos de exercício no primeiro grau ou da
posse em Tribunal (#ATENÇÃO: o prazo de 02 anos só existe no primeiro grau – quando assumem no
Tribunal, a vitaliciedade é automática). Após a vitaliciedade, os juízes só perdem o cargo por sentença
judicial transitada em julgado (antes dos 02 anos, podem perder o cargo por decisão do Tribunal ao
qual estão vinculados) – exceção: Ministros do STF e membros do CNJ podem perdem o cargo por
decisão do Senado Federal no julgamento de crime de responsabilidade. A vitaliciedade não admite
a demissão por meio de PAD. É diferente dos servidores em geral, que possuem estabilidade após 03
anos de efetivo exercício e aprovação em estágio probatório e que podem ser demitidos por decisão
proferida no PAD.
b) Inamovibilidade: garante ao juiz a impossibilidade de remoção, sem o seu consentimento, de um
local para outro, SALVO por motivo de interesse público reconhecido em decisão por maioria
absoluta do respectivo Tribunal ou do CNJ. Aplica-se também aos juízes substitutos (STF, ADI 3358).
c) Irredutibilidade salarial: é uma garantia para que o juiz pode exercer livremente a profissão, sem
medo de represálias.
Além das garantias funcionais conferidas aos juízes, a CF/88 também assegurou garantias ao Poder
Judiciário. As garantias institucionais ou orgânicas são:
a) Autonomia orgânica-administrativa: manifesta-se na estruturação e funcionamento dos órgãos. É
a possibilidade de eleger seus próprios órgãos diretivos, sua estrutura administrativa interna, etc.
b) Autonomia financeira: é a possibilidade de o Judiciário elaborar a sua proposta orçamentária,
desde que dentro dos limites estipulados com os demais Poderes na lei de diretrizes orçamentárias.
A EC 45/2004 fixou que, se esses órgãos não encaminharem as respectivas propostas orçamentárias
dentro do prazo estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará,
para fins de consolidação da proposta orçamentária anual, os valores aprovados na lei
orçamentária vigente.
c) Capacidade normativa: é assegurada a possibilidade de cada Tribunal elaborar seu regimento
interno.
A CF/88 também traz vedações inerentes ao exercício da magistratura, a fim de evitar situações
que poderiam violar a imparcialidade judicial. Tais vedações são:

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#FOCONACF
Art. 95, Parágrafo único. Aos juízes é vedado:
I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério;
II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;
III - dedicar-se à atividade político-partidária.
IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas
ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do
afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004) [OBS: é a chamada “quarentena”]

Vistas as noções gerais acerca do Poder Judiciário, vamos analisar qual a estrutura que a CF/88
desenha para esse Poder:

Supremo
Tribunal Federal
(STF)

Conselho
Nacional de
Justiça (CNJ)

Superior Tribunal Tribunal Superior


Tribunal de Superior Superior do Tribunal Militar
Justiça (STJ) Eleitoral (TSE) Trabalho (TST) (STM)

Tribunais Tribunais Tribunais Tribunais de


Tribunais de
Regionais Regionais Regionais do Justiça Militar
Justiça (TJ)
Federais (TRF) Eleitorais (TRE) Trabalho (TRT) (TJM)

Juízes do
Juízes de Direito Juízes Federais Juízes Eleitorais Juízes Militares
Trabalho

Como se percebe do organograma acima, o STF é o órgão de cúpula do Poder Judiciário, possuindo
jurisdição em todo o território nacional. A sua função precípua é a guarda da Constituição Federal. É
composto por 11 membros, escolhidos dentre brasileiros natos, com mais de 35 e menos de 70 anos, de
notável saber jurídico e reputação ilibada.
Não se pode dizer que o STF é uma Corte Constitucional típica, pois seus membros não têm
mandatos fixos e não é o único órgão que exerce o controle de constitucionalidade no Brasil.
As competências do STF estão listadas taxativamente no art. 102 da CF/88, dividindo-se em
competência originária, em grau de recurso ordinário e em grau de recurso extraordinário. Existem muitos
julgados sobre tais competências, vamos citar alguns deles:
A Emenda Constitucional n. 45 (conhecida como a Reforma do Judiciário) inseriu no texto
constitucional a previsão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). É órgão do Poder Judiciário, mas sem
jurisdição, consubstanciando-se em órgão administrativo de controle do Poder Judiciário e da atividade da
magistratura. A composição do CNJ é a seguinte:

#TABELALOVERS

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Membros do CNJ: 15 Quem indica o membro do CNJ


Presidente do STF (membro nato) STF
Desembargado de TJ
Juiz Estadual
Ministro do STJ STJ
Juiz de TRF
Composição do CNJ

Juiz Federal
Ministro do TST TST
Juiz de TRT
Juiz do Trabalho
Membro do MPU PGR
Membro do MPE
Advogado Conselho Federal da OAB
Advogado
Cidadão Câmara dos Deputados
Cidadão Senado Federal

A CF/88 prevê também a existência da Justiça Federal, composta pelos Tribunais Regionais Federais
(TRFs) e pelos Juízes Federais. Os TRFs são compostos, no mínimo, por 07 juízes, recrutados, quando
possível, na respectiva região e nomeados pelo Presidente da República, devendo ser observada a regra do
“quinto constitucional”. Os requisitos para o cargo são: ser brasileiro nato ou naturalizado; ter mais de 30 e
menos de 70 anos de idade. A competência da Justiça Federal está no art. 109 da CF/88:

#FOCONACF
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na
condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as
sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;
II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada ou
residente no País;
III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo
internacional;
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da
União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a
competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o
resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;
V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema
financeiro e a ordem econômico-financeira;
VII - os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento provier de
autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição;
VIII - os mandados de segurança e os habeas data contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de
competência dos tribunais federais;
IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar;
X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o
"exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive
a respectiva opção, e à naturalização;

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XI - a disputa sobre direitos indígenas.


[...]
§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade
de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos
quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito
ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)

#SELIGA: Precatório é o instrumento pelo qual a Fazenda Pública paga um débito pelo qual foi condenada
por sentença judicial transitada em julgado. Esses pagamentos, segundo o art. 100 da CF/88, far-se-ão
exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos,
proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos abertos para esse
fim.
Todavia, os débitos de natureza alimentar gozam de prioridade no pagamento. Entende-se por
débito de natureza alimentar aquele decorrente de salário, vencimento, provento, pensão e
complementação, benefício previdenciário e indenização por morte ou por invalidez, fundada em
responsabilidade civil. Para o STF, a definição de crédito de natureza alimentícia não é exaustiva, assim os
honorários advocatícios incluídos na condenação pertencem ao advogado e consubstanciam prestação
alimentícia cuja satisfação pela Fazenda ocorre via precatório.
A ordem de pagamento, portanto, é a seguinte:
1) Superpreferência: débitos de natureza alimentícia cujos titulares, originários ou por sucessão
hereditária, tenham 60 anos de idade, ou sejam portadores de doença grave, ou pessoas com
deficiência, assim definidos na forma da lei. As “superpreferências” serão pagas com preferência
sobre todos os demais débitos, até o valor equivalente ao triplo fixado em lei para o RPV,
admitido o fracionamento para essa modalidade, sendo que o restante será pago na ordem
cronológica de apresentação do precatório.
2) Preferência: créditos alimentares.
3) Créditos não alimentares
O prazo para apresentação dos precatórios a fim de sua inclusão no orçamento e pagamento até
o final do exercício seguinte era 1º de julho. Todavia, a EC 114/2021 alterou esse prazo para 02 de abril:

#FOCONACF
Art. 100, § 5º É obrigatória a inclusão no orçamento das entidades de direito público de verba necessária
ao pagamento de seus débitos oriundos de sentenças transitadas em julgado constantes de precatórios
judiciários apresentados até 2 de abril, fazendo-se o pagamento até o final do exercício seguinte, quando
terão seus valores atualizados monetariamente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 114, de
2021) (Vigência)

ORDEM ECONÔMICA

#DEOLHONACF
DA ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA
CAPÍTULO I
DOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por
fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes
princípios:
I - soberania nacional;
II - propriedade privada;

82
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III - função social da propriedade;


IV - livre concorrência;
V - defesa do consumidor;
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental
dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
VII - redução das desigualdades regionais e sociais;
VIII - busca do pleno emprego;
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que
tenham sua sede e administração no País. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 6, de 1995)
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica,
independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. (Vide Lei nº
13.874, de 2019)
Art. 171. (Revogado pela Emenda Constitucional nº 6, de 1995)
Art. 172. A lei disciplinará, com base no interesse nacional, os investimentos de capital estrangeiro,
incentivará os reinvestimentos e regulará a remessa de lucros.
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica
pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante
interesse coletivo, conforme definidos em lei.
§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas
subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação
de serviços, dispondo sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
I - sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela sociedade; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações
civis, comerciais, trabalhistas e tributários; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os princípios da
administração pública; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
IV - a constituição e o funcionamento dos conselhos de administração e fiscal, com a participação de
acionistas minoritários; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
V - os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsabilidade dos administradores. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 2º As empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não
extensivos às do setor privado.
§ 3º A lei regulamentará as relações da empresa pública com o Estado e a sociedade.
§ 4º - lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da
concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros.
§ 5º A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a
responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados
contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular.
Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei,
as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e
indicativo para o setor privado. (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
§ 1º A lei estabelecerá as diretrizes e bases do planejamento do desenvolvimento nacional equilibrado, o
qual incorporará e compatibilizará os planos nacionais e regionais de desenvolvimento.
§ 2º A lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outras formas de associativismo.
§ 3º O Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em cooperativas, levando em conta a
proteção do meio ambiente e a promoção econômico-social dos garimpeiros.

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§ 4º As cooperativas a que se refere o parágrafo anterior terão prioridade na autorização ou concessão


para pesquisa e lavra dos recursos e jazidas de minerais garimpáveis, nas áreas onde estejam atuando, e
naquelas fixadas de acordo com o art. 21, XXV, na forma da lei.
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão,
sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.
Parágrafo único. A lei disporá sobre:
I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter especial de seu
contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão
ou permissão;
II - os direitos dos usuários;
III - política tarifária;
IV - a obrigação de manter serviço adequado.

ORDEM SOCIAL

#FOCONACF
Art. 193. A ordem social tem como base o primado do trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça
sociais.
Parágrafo único. O Estado exercerá a função de planejamento das políticas sociais, assegurada, na forma
da lei, a participação da sociedade nos processos de formulação, de monitoramento, de controle e de
avaliação dessas políticas. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)

Para os fins da nossa revisão final, vamos fazer apenas um compilado do que é cada um dos
elementos que compõem a ordem social:

#FOCONATABELA
ORDEM SOCIAL (COMPILADO DA CF/88)
A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos
SEGURIDADE
Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde,
SOCIAL
à previdência e à assistência social.
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e
EDUCAÇÃO incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes
CULTURA da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações
culturais.
É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não-formais, como direito
DESPORTO
de cada um.
CIÊNCIA, O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a pesquisa, a
TECNOLOGIA E capacitação científica e tecnológica e a inovação.
INOVAÇÃO
A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer
COMUNICAÇÃO
forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto na
SOCIAL
Constituição.
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum
do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
MEIO
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
AMBIENTE
#DEOLHONACF

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Art. 225, da CF. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem
de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras
gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
(...)
VIII - manter regime fiscal favorecido para os biocombustíveis destinados ao consumo
final, na forma de lei complementar, a fim de assegurar-lhes tributação inferior à
incidente sobre os combustíveis fósseis, capaz de garantir diferencial competitivo em
relação a estes, especialmente em relação às contribuições de que tratam a alínea "b"
do inciso I e o inciso IV do caput do art. 195 e o art. 239 e ao imposto a que se refere
o inciso II do caput do art. 155 desta Constituição. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 123, de 2022)
A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao
FAMÍLIA, jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação,
CRIANÇA, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
ADOLESCENTE, convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de
JOVEM E negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
IDOSO A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas,
assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar
e garantindo-lhes o direito à vida
São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e
ÍNDIOS tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam,
competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.

JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA #APOSTACICLOS

#AJUDA360:
É inconstitucional norma estadual que institui a obrigatoriedade de licenciamento ambiental para a
instalação de Rede de Transmissão de Sistemas de Telefonia e de Estações Rádio Base (ERBs) e Equipamentos
de Telefonia sem Fio em seu território local.
Essa norma viola a competência privativa da União para legislar sobre telecomunicações (art. 22, IV, da
CF/88) e a competência exclusiva da União para explorar esses serviços (art. 21, XI).
Ainda que sob a justificativa de proteger, defender e conservar o meio ambiente local e seus recursos
naturais, a lei estadual impugnada, ao criar uma obrigação às empresas prestadoras de serviços de
telecomunicações e estipular critérios para a instalação de infraestruturas a ele relacionadas, invadiu a
competência da União para dispor sobre a matéria e interferiu diretamente na relação contratual formalizada
entre o Poder concedente e as concessionárias.
STF. Plenário. ADI 7.321/AL, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 5/6/2023 (Info 1097).
"É inconstitucional — por invadir a competência privativa da União para dispor sobre normas gerais de
organização dos corpos de bombeiros militares e defesa civil (CF/1988, art. 22, XXI e XXVIII c/c o art. 144, V
e § 5º) — norma estadual que dispõe de forma contrária à legislação federal vigente sobre esses assuntos e
viabiliza a delegação de atividades tipicamente estatais a organizações voluntárias de natureza privada." (ADI
5.354/SC, relator Ministro Dias Toffoli, julgamento virtual finalizado em 23.6.2023 (sexta-feira), às 23:59)
(Info nº 1100 - STF)
É inconstitucional lei estadual que (a) reduza o conceito de pessoas com deficiência previsto na Constituição,
na Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, de estatura constitucional, e na
lei federal de normas gerais; (b) desconsidere, para a aferição da deficiência, a avaliação biopsicossocial por

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equipe multiprofissional e interdisciplinar prevista pela lei federal; ou (c) exclua o dever de adaptação de
unidade escolar para o ensino inclusivo. ADI 7.028/AP, relator Ministro Roberto Barroso, julgamento virtual
finalizado em 16.6.2023 (sexta-feira), às 23:59. (Info 1099 - STF)
É constitucional — pois não verificada violação aos princípios da livre iniciativa (CF/1988, arts. 1º, IV; e 170,
“caput”), da livre concorrência (CF/1988, art. 170, IV), da propriedade privada (CF/1988, art. 170, II) e da
isonomia (CF/1988, arts. 5º, “caput”; e 19, III), tampouco invasão à competência privativa da União para
legislar sobre comércio interestadual (CF/1988, art. 22, VIII) — lei estadual que obriga empresas do setor
têxtil a identificarem as peças de roupa com etiquetas em braile ou outro meio acessível que atenda as
pessoas com deficiência visual - ADI 6.989/PI, relatora Ministra Rosa Weber, julgamento virtual finalizado em
16.6.2023 (sexta-feira), às 23:59 (Info 1099 - STF).
É inconstitucional — por violar o art. 113 do ADCT — lei estadual que concede vantagens e aumento de
vencimentos a seus servidores públicos sem prévia estimativa de impacto orçamentário e financeiro." (ADI
6.090/RR, relator Ministro Dias Toffoli, julgamento virtual finalizado em 12.6.2023 (segunda- feira), às 23:59)
(Informativo nº 1098 - STF).
“Considerando-se a natureza do cargo, é constitucional a necessidade de ordem ou autorização expressa do
Advogado-Geral da União para manifestação do advogado público sobre assunto pertinente às suas funções,
ressalvadas a liberdade de cátedra e a comunicação às autoridades competentes acerca de ilegalidades
constatadas.” (ADI 4.652/DF, relator Ministro Roberto Barroso, julgamento virtual finalizado em 12.6.2023
(segunda-feira), às 23:59) (Info nº 1098 - STF) .
É inconstitucional — por violar os princípios da simetria e da independência e harmonia entre os Poderes
(CF/1988, art. 2º) — norma estadual que cria uma Procuradoria-Geral da Assembleia Legislativa e equipara
a remuneração dos seus membros à dos da Procuradoria-Geral do estado.ADI 2.820/ES, relator Ministro
Nunes Marques, julgamento virtual finalizado em 2.6.2023 (sexta-feira), às 23:59 (Info 1097- STF)
É inconstitucional disposição de Constituição estadual ou Lei Orgânica distrital que, em desacordo com o
previsto no art. 78, § 3º, da Lei nº 1.079/50, atribuam à Assembleia ou Câmara Legislativa o julgamento do
Governador por crime de responsabilidade. STF. Plenário. ADI 3.466/DF, Rel. Min. Eros Grau, redator do
acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 15/5/2023 (Info 1094).
São constitucionais — formal e materialmente — os dispositivos incluídos pela EC 20/1998 e pela EC 41/2003,
que instituíram uma ampla reformulação do regime previdenciário no setor público, na parte em que
submetem os magistrados ao Regime de Previdência Social comum aos servidores públicos.
STF. Plenário. ADI 3308/DF, ADI 3363/DF, ADI 3998/DF, ADI 4802/DF e ADI 4803/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgados em 15/5/2023 (Info 1094).
É constitucional — por dispor sobre a proteção do meio ambiente e a proteção e defesa da saúde, matérias
de competência legislativa concorrente entre a União, estados e DF (art. 24, VI e XII, CF/88), e estabelecer
restrição necessária, adequada e proporcional no âmbito de sua competência suplementar e nos limites de
seu interesse local (art. 30, I e II, CF/88) — lei municipal que veda a soltura de fogos de artifício e artefatos
pirotécnicos produtores de estampidos.
Tese fixada pelo STF:
É constitucional – formal e materialmente – lei municipal que proíbe a soltura de fogos de artifício e artefatos
pirotécnicos produtores de estampidos.
STF. Plenário. RE 1.210.727/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 9/5/2023 (Repercussão Geral – Tema 1056)
(Info 1093).
É inconstitucional — por invadir a competência privativa da União para legislar sobre águas e energia (art.
22, IV, CF/88) e para dispor sobre os bens federais (art. 20, III e VIII, CF/88), bem como por ocupar
indevidamente o espaço normativo da Agência Nacional de Águas (ANA) — lei estadual que proíbe a
construção de instalações hidrelétricas em toda a extensão de curso de água de domínio da União.
STF. Plenário. ADI 7.319/MT, Rel. Min. Edson Fachin, redator do acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em
9/5/2023 (Info 1093).
São inconstitucionais leis estaduais que dispõem sobre associações de socorro mútuo e associações e
cooperativas de autogestão de planos de proteção contra riscos patrimoniais. Essas normas violam a

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competência privativa da União para legislar sobre direito civil, seguros e sistema de captação da poupança
popular (art. 22, I, VII e XIX, CF/88), bem como a sua competência exclusiva para fiscalizar o setor de seguros
(art. 21, VIII, CF/88).STF. Plenário. ADI 6753/GO e ADI 7151/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgados em
3/5/2023 (Info 1092).
O art. 287da LC 75/93 permite a aplicação subsidiária da Lei nº 8.112/90 aos membros do MPU. O STJ,
contudo, interpretando esse dispositivo, afirma que a aplicação do Estatuto dos Servidores Públicos Federais
para os membros do MPU somente pode ocorrer quando a legislação específica da carreira não prever
instituto próprio para solucionar a questão jurídica controvertida.
A LC 75/93 poderia ter criado o direito à remoção em caso de doença de pessoa da família, no entanto, optou
por conceder apenas a licença nessas hipóteses. Logo, houve uma escolha da LC 75/93, devendo prevalecer
tal previsão especial.
A omissão na lei própria do MPU a respeito da remoção para tratamento de saúde de familiar não se tratou
de omissão atécnica do legislador, mas sim de caso de silêncio eloquente/opção nesse aspecto.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.846.400/PB, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 9/5/2023 (Info 774).

É inconstitucional norma estadual que fixa o tempo de serviço público no ente federado ou o maior número
de filhos como critério de desempate na aferição da antiguidade para a promoção e a remoção de membros
do Ministério Público local.
Essa norma afronta a competência do legislador complementar nacional (arts. 61, § 1º, II, “d”; 93; e 129, §
4º, CF/88), além de violar o princípio da isonomia (arts. 5º, “caput”; e 19, III, CF/88).
STF. Plenário. ADI 7.283/MG, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 3/5/2023 (Info 1092).

É inconstitucional norma que condicione a transferência de recursos do Fundo Penitenciário Nacional


(FUNPEN) à prévia aprovação, pelo respectivo tribunal de contas, de projeto apresentado por organização
da sociedade civil que administre estabelecimento penal, bem como que atribua, a esse órgão local, a
prestação de contas relativas à aplicação de recursos federais. Essa previsão viola violar os princípios da
simetria e da separação de Poderes (art. 2º, CF/88), e a autonomia federativa.
Teses fixadas pelo STF:
1. É inconstitucional, por ausência de simetria com as competências do TCU e por afronta à separação de
poderes, lei que condicione genericamente o repasse de recursos federais à prévia aprovação de projeto pelo
Tribunal de Contas da unidade federativa destinatária das verbas.
2. É inconstitucional, por contrariedade ao art. 70 e incisos da CF/88 e por desrespeito à autonomia
federativa, lei federal que atribua aos tribunais de contas estaduais competência para analisar contas
relativas à aplicação de recursos federais.
STF. Plenário. ADI 7.002/PR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 25/4/2023 (Info 1091).

É inconstitucional norma estadual que regulamenta o Programa Jovem Aprendiz. Isso porque compete
privativamente à União legislar sobre direito do trabalho (art. 22, I, CF/88).
STF. Plenário. ADI 7.148/RO, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 25/4/2023 (Info 1091).

É inconstitucional norma estadual que prevê a modalidade de venda direta de arma de fogo aos membros
de seus órgãos de segurança pública.
Essa previsão viola a competência privativa da União para legislar sobre material bélico (arts. 21, VI; e 22,
XXI, CF/88) e para editar normas gerais sobre licitações e contratos (art. 22, XXVII, CF/88), cujo prévio
procedimento licitatório é requisito necessário para a contratação de obras, serviços, compras e alienações
pela Administração Pública (art. 37, XXI, CF/88).
STF. Plenário. ADI 7004/AL, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 25/4/2023 (Info 1091)

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É inconstitucional lei estadual que reconhece o risco da atividade e a efetiva necessidade do porte de armas
de fogo para os vigilantes de empresas de segurança privada.
Essa norma invade a competência exclusiva da União para autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de
material bélico (art. 21, VI, CF/88), e a competência privativa da União para legislar sobre material bélico (art.
22, XXI, CF/88).
Tese fixada pelo STF: É inconstitucional, por violação à competência legislativa privativa da União, lei estadual
que reconhece o risco da atividade e a efetiva necessidade do porte de armas de fogo para os vigilantes de
empresas de segurança privada.
STF. Plenário. ADI 7.252/TO, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 25/4/2023 (Info 1092).

É compatível com o sistema normativo-constitucional vigente, norma estadual que veda a promoção ou a
participação de policiais em manifestações de apreço ou desapreço a quaisquer autoridades ou contra atos
da Administração Pública em geral.
Caso concreto: lei do Estado de Pernambuco prevê que são transgressões disciplinares dos policiais civis:
i)promover ou participar de manifestações de apreço ou desapreço a quaisquer autoridades; ii)manifestar-
se ou participar de manifestações contra atos da Administração Pública em geral.
Para o STF, essa previsão é compatível com a Constituição Federal.
As restrições preconizadas nessa lei estadual são adequadas, necessárias e proporcionais, especialmente se
levarmos em conta que os policiais civis são agentes públicos armados cujas manifestações de apreço ou
desapreço relativamente a atos da administração em geral e/ou a autoridades públicas em particular podem
implicar ofensa ao art. 5º, XVI, da Constituição, segundo o qual se reconhece a todos o direito de reunir-se
pacificamente e “sem armas”, fazendo-se necessária a conciliação entre esses valores constitucionais: de um
lado, a liberdade de expressão dos policiais civis; de outro, a segurança e a ordem públicas, bem como a
hierarquia e a disciplina que regem as organizações policiais.
STF. Plenário. ADPF 734/PE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 13/4/2023 (Info 1090).

É inconstitucional norma estadual que determina a hospitais, casas de saúde e maternidades a coleta
compulsória de material genético de mães e bebês na sala de parto e o subsequente armazenamento à
disposição da Justiça para o fim de evitar a troca de recém-nascidos nas unidades de saúde. Essa previsão
viola os direitos à intimidade e à privacidade (art. 5º, X, CF/88), bem como os princípios da proporcionalidade
e da razoabilidade, na dimensão da proibição do excesso.
Tese fixada pelo STF:
É inconstitucional a lei estadual que preveja o arquivamento de materiais genéticos de nascituros e
parturientes, em unidades de saúde, com o fim de realizar exames de DNA comparativo em caso de dúvida.
STF. Plenário. ADI 5545/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 13/4/2023 (Info 1090).

São constitucionais leis estaduais que dispõem sobre a criação de Grupos de Atuação Especial contra o Crime
Organizado (GAECOs).
Os GAECOs são órgãos de cooperação institucional criados dentro da estrutura do Ministério Público local
com a finalidade de concretizar instrumentos procedimentais efetivos para a realização de planejamento
estratégico e garantir a eficiência e a eficácia dos procedimentos de investigação criminal realizados para o
combate à criminalidade organizada, à impunidade e à corrupção.
STF. Plenário. ADI 2838/MT e ADI 4624/TO, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgados em 13/4/2023 (Info
1090).

É constitucional a instituição de órgãos, funções ou carreiras especiais para consultoria e assessoramento


jurídicos do Poder Legislativo ou do Poder Judiciário estaduais, admitindo-se a representação judicial
extraordinária apenas nos casos em que o Poder estadual correspondente precise defender em juízo, em
nome próprio, sua autonomia, prerrogativas e independência em face dos demais Poderes.

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Não ofende o princípio do concurso público a mudança da denominação do cargo público efetivo de assessor
jurídico para a de consultor jurídico, quando ausente efetiva transformação ou transposição de um cargo no
outro.
Nas hipóteses em que admitida, a atividade de representação judicial extraordinária a ser desempenhada
pelos órgãos, funções ou carreiras especiais deve permanecer devidamente apartada da atividade-fim do
Poder estadual ao qual vinculados.
Tese fixada pelo STF:
“É constitucional a instituição de órgãos, funções ou carreiras especiais voltadas à consultoria e
assessoramento jurídicos dos Poderes Judiciário e Legislativo estaduais, admitindo-se a representação
judicial extraordinária exclusivamente nos casos em que os referidos entes despersonalizados necessitem
praticar em juízo, em nome próprio, atos processuais na defesa de sua autonomia, prerrogativas e
independência face aos demais Poderes, desde que a atividade desempenhada pelos referidos órgãos,
funções e carreiras especiais remanesça devidamente apartada da atividade-fim do Poder estadual a que se
encontram vinculados.”.
STF. Plenário. ADI 6433/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 03/04/2023 (Info 1089).

Não configura inconstitucionalidade por omissão — por alegada ofensa aos princípios do contraditório e da
ampla defesa quanto à participação da sociedade civil no processamento das ações declaratórias de
constitucionalidade — o veto presidencial aos textos constantes do art. 17 e dos §§ 1º e 2º do art. 18 do
projeto de lei convertido na Lei nº 9.868/99.
É constitucional a norma contida no art. 27 da Lei nº 9.868/99, que permite a modulação de efeitos, pelo
STF, da decisão que declara a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo.
Além disso, o STF também declarou constitucionais: i) a parte final do § 2º do art. 11; ii) o art. 21; iii) a parte
final do art. 26.
STF. Plenário. ADI 2154/DF e ADI 2258/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, redatora do acórdão Min. Cármen Lúcia,
julgados em 03/04/2023 (Info 1089).
Compete à União regular o mercado de planos de saúde, o que inclui a normatização da matéria (art. 22, VII,
CF/88), bem como toda a fiscalização do setor (art. 21, VIII, CF/88).
Tese fixada pelo STF:
“É inconstitucional, por violação à competência da União para legislar sobre direito civil e seguros (art. 22, I
e VII, CF/88), lei estadual que estabelece obrigações contratuais para operadoras de planos de saúde.”.
STF. Plenário. ADI 7208/MT, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 27/3/2023 (Info 1088).

É inconstitucional — por violar a competência da União para dispor sobre a magistratura brasileira — norma
estadual que cria nova vantagem remuneratória (benefício de permanência em atividade) para os
magistrados do Poder Judiciário local.
A LOMAN, em seu art. 65, enumera, de forma taxativa, as vantagens que podem ser conferidas aos
magistrados e veda a concessão de outras parcelas. Isso significa que esse art. 65 da LOMAN proíbe o
legislador ordinário (federal ou estadual) e os tribunais de suprimir os existentes ou instituir novos benefícios.
STF. Plenário. ADI 2952/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 03/04/2023 (Info 1089).

É inconstitucional — por ofensa aos princípios da isonomia, da moralidade e da eficiência administrativa —


norma que permite o exercício da advocacia em causa própria, mediante inscrição especial na OAB, aos
policiais e militares da ativa, ainda que estritamente para fins de defesa e tutela de direitos pessoais.
STF. Plenário. ADI 7227/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 20/03/2023 (Info 1087).

É inconstitucional — por violar a independência do Ministério Público — norma estadual que permite que a
Secretaria de Fazenda do estado retenha, na fonte, as contribuições previdenciárias devidas pelo órgão
ministerial, e por seus membros e servidores.
São constitucionais normas estaduais que impõem:

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(i) a vinculação do Ministério Público ao regime próprio de previdência social daquela unidade federativa e
(ii) a participação do referido órgão no financiamento do sistema previdenciário estadual, inclusive mediante
o custeio do abono de permanência dos seus membros e servidores.
Teses fixadas pelo STF:
1. É constitucional norma de lei estadual que imponha ao Ministério Público:
(i) a vinculação ao regime próprio de previdência social do respectivo ente federado; e
(ii) a participação, juntamente com os poderes e demais órgãos autônomos, do custeio previdenciário.
2. É inconstitucional norma de lei estadual que autorize a Secretaria de Estado de Fazenda a reter o valor
correspondente às contribuições previdenciárias devidas pelo Ministério Público, seus membros e
servidores.
STF. Plenário. ADI 4824/PI, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 13/03/2023 (Info 1086).

No exercício da autonomia legislativa municipal, não pode o Município, ao disciplinar o regime jurídico de
seus servidores, restringir o direito de férias a servidor em licença saúde de maneira a inviabilizar o gozo de
férias anuais previsto no art. 7º, XVII da Constituição Federal de 1988. RE 593448/MG, relator Ministro Edson
Fachin, julgamento virtual finalizado em 2.12.2022 (sexta-feira), às 23:59. (Tema 221 - Repercussão Geral).
(Info 1078 - STF)
É inconstitucional — por tratar de matéria que diz respeito a norma de direito econômico e contrariar a
disciplina conferida a benefício já previsto no art. 23 da Lei federal 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) — lei
municipal que institui o acesso gratuito de idosos às salas de cinema da cidade, de segunda a sexta-feira. ARE
1307028/SP, relator Ministro Edson Fachin, redator do acórdão Ministro Gilmar Mendes, julgado em
22.11.2022. (Info 1077 – STF)
A prerrogativa atribuída aos membros do Ministério Público de situar-se no mesmo plano e imediatamente
à direita dos magistrados nas audiências e sessões de julgamento (Lei Complementar 75/1993, art. 18, I, “a”;
e Lei 8.625/1993, art. 41, XI) não fere os princípios da isonomia, do devido processo legal, da ampla defesa e
do contraditório (CF/1988, art. 5º, I, LIV e LV) nem compromete a necessária paridade de armas que deve
existir entre a defesa e a acusação. ADI 4768/DF, relatora Ministra Cármen Lúcia, julgamento finalizado em
23.11.2022. (Info 1077 - STF)
É constitucional a ratificação de registros imobiliários prevista na Lei 13.178/2015, desde que observados os
requisitos e condições exigidos pela própria norma e os previstos pela Constituição Federal de 1988
concernentes à política agrícola, ao plano nacional de reforma agrária e à proteção dos bens imóveis que
atendam a sua função social. ADI 5623/DF, relatora Ministra Cármen Lúcia, julgamento virtual finalizado em
25.11.2022 (sexta-feira), às 23:59. (Info 1077 - STF)
É incompatível com a Constituição Federal norma de Constituição estadual que estabelece a natureza jurídica
da Polícia Civil como função essencial à atividade jurisdicional do Estado e à defesa da ordem jurídica, bem
como atribui aos Delegados de Polícia a garantia de independência funcional. ADI 5517/ES, relator Min.
Nunes Marques, julgamento virtual finalizado em 21.11.2022 (segunda-feira), às 23:59. (Info 1076 - STF)
A procuradoria jurídica estadual ou municipal possui legitimidade para interpor recurso em face de acórdão
de tribunal de justiça proferido em representação de inconstitucionalidade. STF. Plenário. ARE 873804 AgR-
segundo-ED-EDv-AgR/RJ, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 13/10/2022 (Info 1072).
A sobreposição da propriedade rural com área indígena, ainda que o processo de demarcação não tenha
sido concluído, inviabiliza a certificação de georreferenciamento.
Caso hipotético: João, proprietário de uma fazenda, realizou o georreferenciamento de seu imóvel rural e,
em seguida, solicitou ao INCRA a atualização cadastral e a certificação das peças técnicas (planta e memorial
descritivo), decorrentes para atender as exigências da Lei 10.267/2001. O INCRA, contudo, recusou-se a fazer
a certificação sob o argumento de que a fazenda estaria sobreposta a uma reserva indígena.
A recusa do INCRA foi correta mesmo se a área indígena ainda não tiver sido demarcada.
As terras ocupadas pelos indígenas são inalienáveis e indisponíveis, e os direitos sobre elas, imprescritíveis
(§ 4º do art. 231 da CF/88). Não pode a Administração ser compelida a certificar situação imobiliária em

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descumprimento da lei e Constituição, pois são nulos os títulos particulares sobre terras indígenas, a teor do
§ 6º do art. 231 da CF/88.
STJ. 2ª Turma. AREsp 1640785-MS, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 25/10/2022 (Info 755).
É constitucional – formal e materialmente – lei municipal que obriga à substituição de sacos e sacolas
plásticos por sacos e sacolas biodegradáveis.
Os municípios — no limite de seu interesse local e desde que em harmonia com a disciplina estabelecida
pelos demais entes federados — possuem competência para legislar sobre meio ambiente, e, caso sua
regulamentação seja mais protetiva, pode ter prevalência sobre a legislação federal ou estadual.
STF. Plenário. RE 732686/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 19/10/2022 (Repercussão Geral – Tema 970) (Info
1073).
Nos casos de internações pós-parto que durem mais de duas semanas, o termo inicial da licença-maternidade
e do salário-maternidade é a alta hospitalar da mãe ou do recém-nascido — o que ocorrer por último —,
prorrogando-se ambos os benefícios por igual período ao da internação, visto que não podem ser reduzidos
de modo irrazoável e conflitante com o direito social de proteção à maternidade e à infância.
STF. Plenário. ADI 6327/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 21/10/2022 (Info 1073).

1. A educação básica em todas as suas fases — educação infantil, ensino fundamental e ensino médio —
constitui direito fundamental de todas as crianças e jovens, assegurado por normas constitucionais de
eficácia plena e aplicabilidade direta e imediata.
2. A educação infantil compreende creche (de zero a 3 anos) e a pré-escola (de 4 a 5 anos). Sua oferta pelo
Poder Público pode ser exigida individualmente, como no caso examinado neste processo.
3. O Poder Público tem o dever jurídico de dar efetividade integral às normas constitucionais sobre acesso à
educação básica.
STF. Plenário. RE 1008166/SC, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 22/9/2022 (Repercussão Geral – Tema 548) (Info
1069).
É constitucional lei estadual, de iniciativa parlamentar, que determina a reserva de vagas, no mesmo
estabelecimento de ensino, para irmãos que frequentem a mesma etapa ou ciclo escolar, pois disciplina
medida que visa consolidar políticas públicas de acesso ao sistema educacional e do maior convívio familiar
possível.
STF. Plenário. ADI 7149/RJ, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 23/9/2022 (Info 1069).
É inconstitucional, por violar competência da União para legislar sobre materiais bélicos, norma estadual que
reconhece o risco da atividade e a efetiva necessidade do porte de arma de fogo ao atirador desportivo
integrante de entidades de desporto legalmente constituídas e ao vigilante de empresa de segurança privada.
STF. Plenário. ADI 7188/AC e ADI 7189/AM, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgados em 23/9/2022 (Info 1069).

Espero que tenham


gostado da revisão, pessoal!
Bons estudos
=)
DIREITO CIVIL2

1. Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro.


2. Capacidade e incapacidade. Estatuto da pessoa com deficiência. Direitos da Personalidade. Pessoas
naturais. Início da personalidade e fim da personalidade. Morte. Ausência. Morte presumida.
3. Pessoas jurídicas. Desconsideração da personalidade jurídica. Domicílio. Bens. Bem de família.

2
Por Thais S. Cavallieri

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DAS PESSOAS NATURAIS

Inicialmente, é importante lembrar que pessoa natural não se confunde com pessoa física, pois o Direito Civil
atual caminha no sentido da “despatrimonialização”.

#SELIGA:
TEORIAS SOBRE O INÍCIO DA PERSONALIDADE
A personalidade jurídica se inicia com o nascimento com vida. O nascituro não
NATALISTA teria direitos, mas apenas expectativa de direitos. Os autores clássicos adotam
CC/02 esta teoria, que também é adotada pelo Código Civil (embora ele sofra
influência concepcionista em algumas oportunidades)
Para a teoria concepcionista, com a concepção, já surgem direitos da
personalidade de cunho existencial. A expressão “nascimento com vida” revela
marco temporal para a aquisição de direitos patrimoniais. O nascituro, portanto,
para essa teoria, tem direitos da personalidade.

CONCEPCIONISTA “Com efeito, ao que parece, o ordenamento jurídico como um todo – e não
STJ e CONVENÇÃO apenas o Código Civil de 2002 – alinhou-se mais à teoria concepcionista para a
AMERICANA construção da situação jurídica do nascituro, conclusão enfaticamente
sufragada pela majoritária doutrina contemporânea [...] Por outro ângulo,
cumpre frisar que as teorias mais restritivas dos direitos do nascituro – natalista
e da personalidade condicional – fincam raízes na ordem jurídica superada pela
Constituição Federal de 1988 e pelo Código Civil de 2002.” (Trecho do voto do
Rel. Min. Luis Felipe Salomão,no REsp no 1.415.727 – SC, j. 04/09/2014)
Defende que, embora o nascituro detenha direitos da personalidade desde a
concepção, os direitos patrimoniais estão condicionados e, por isso, a sua
PERSONALIDADE personalidade como um todo está condicionada ao nascimento com vida.
CONDICIONAL Nascituro teria personalidade jurídica sujeita a condição suspensiva.
Doutrinadores mais modernos são adeptos a esta teoria: Francisco Amaral,
Nelson Rosenvald, Cristiano Chaves, Pablo Stolze.

CAPACIDADE

CC, Art. 3º São ABSOLUTAMENTE incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16
(dezesseis) anos.

A Lei 13.146/15 alterou o regime jurídico das incapacidades, de maneira que apenas o menor de 16 anos é
absolutamente incapaz (arts. 3º e 4º) e APENAS contra este não corre a prescrição aquisitiva ou extintiva (art.
198, I do CC).

CC, Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de exercê-los:


I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;
IV - os pródigos.

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#IMPORTANTE: Os absolutamente incapazes serão representados, ao passo que os relativamente incapazes


serão assistidos. Todavia, quanto aos relativamente incapazes, maiores de 16 anos, existem situações em
que não se exigirá assistência. Nestes casos, mesmo sem assistência, o ato será válido. Ex:

a) Fazer testamento: Art. 1.860, P.U, CC.


b) Ser testemunha (art. 228, inciso I, do CC);
c) Votar (Art. 14, da CF);
d) Ser mandatário (Art. 666, CC);
e) Se ele for emancipado;

#OLHAAJURIS:
Depois do Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015), que alterou os arts. 3º e 4º do Código
Civil, não é mais possível declarar como absolutamente incapaz o maior de 16 anos que, em razão de
enfermidade permanente, encontra-se inapto para gerir sua pessoa e administrar seus bens de modo
voluntário e consciente.
A Lei nº 13.146/2015 teve por objetivo assegurar e promover a inclusão social das pessoas com deficiência
física ou psíquica e garantir o exercício de sua capacidade em igualdade de condições com as demais pessoas.
A partir da entrada em vigor da referida lei, só podem ser considerados absolutamente incapazes os menores
de 16 anos, ou seja, o critério passou a ser apenas etário, tendo sido eliminadas as hipóteses de deficiência
mental ou intelectual anteriormente previstas no Código Civil.
O instituto da curatela pode ser excepcionalmente aplicado às pessoas com deficiência, ainda que agora
sejam consideradas relativamente capazes, devendo, contudo, ser proporcional às necessidades e às
circunstâncias de cada caso concreto (art. 84, § 3º, da Lei nº 13.146/2015).
STJ. 3ª Turma. REsp 1927423/SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 27/04/2021 (Info 694).

#TABELINHA

É o titular de interesses juridicamente protegidos, qualificado como tal por


SUJEITO DE DIREITO
uma norma jurídica.
É a medida da personalidade. Aptidão jurídica (de gozo) ou de fato
CAPACIDADE
(exercício/ação).
CAPACIDADE DE DIREITO, É a aptidão para adquirir direitos e contrair deveres. Todas as pessoas
AQUISIÇÃO OU DE GOZO possuem esse tipo de capacidade.
É a aptidão para praticar, pessoalmente, por si só, os atos da vida civil (ex.:
CAPACIDADE DE FATO/ contrato). Nem todas as pessoas possuem tal capacidade. Todavia, não
EXERCÍCIO/ AÇÃO havendo capacidade de fato, é possível suprir a sua ausência por meio de
representação ou assistência.
Aptidão especial exigida para a prática de certos atos (ex. CC arts. 496, 1749,
LEGITIMAÇÃO
I, 1.687).

DIREITOS DA PERSONALIDADE

Direitos da personalidade são àqueles ligados aos nossos atributos fundamentais, a ex. a honra, a imagem, a
intimidade e a integridade física. Antes de tudo, os direitos da personalidade são direitos fundamentais (todo
direito da personalidade é um direito fundamental, mas nem todo direito fundamental é um direito da
personalidade).

CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE:


Intransmissíveis
Irrenunciáveis

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Não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária


Admite-se ato de restrição voluntária nos casos previstos em lei ou decorrente da autonomia
privada. Ex.: doação de órgãos, cessão de imagem. Além disso:
(i) não pode ser permanente. Exceção: doação de órgãos.
(ii) não pode ser genérica.
(iii) não pode violar a dignidade do titular.
Inatos
Absolutos: oponíveis erga omnes (opõem-se à observância de todos, como predicado da proteção da
dignidade da pessoa humana).
Extrapatrimoniais: não podem ser objeto de penhora ou expropriação, muito embora isso seja possível
quanto às consequências econômicas.
Impenhoráveis: não pode ser penhorado, mas a indenização já recebida pode ser penhorada.
Imprescritíveis: não há prazo extintivo para o seu exercício. A indenização, por sua vez, submete-se a prazo
prescricional de 03 anos.

Súmula 647-STJ: são imprescritíveis as ações indenizatórias por danos morais e materiais decorrentes de
atos de perseguição política com violação de direitos fundamentais ocorridos durante o regime militar.

Art. 943, CC: O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança
Vitalícios: perduram durante toda a vida do titular e, em regra, adquirem-se desde a concepção, salvo as
exceções legais e as decorrentes da sua própria natureza.

#DEOLHONASÚMULA:
Súmula 37, STJ: São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato.
Súmula 387, STJ: é lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral.
Súmula 388, STJ: a simples devolução indevida de cheque caracteriza dano moral.

Art. 11, do Código Civil. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são
intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.

Art. 12, do Código Civil. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar
perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o
cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau. (Cláusula Geral de
Tutela aos Direitos da Personalidade).

Art. 13, do Código Civil. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando
importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes.
Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida
em lei especial. (Direito à integridade física).

Art. 14, do Código Civil. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo,
no todo ou em parte, para depois da morte. (Direito à integridade física).
Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo.

Art. 15, do Código Civil. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento
médico ou a intervenção cirúrgica. (Direito à integridade física).

#PRESTAATENÇÃO: O art. 12, parágrafo único, do CC, prevê regra geral para a tutela dos direitos da
personalidade, tendo como legitimados: ascendentes, descendentes, cônjuge e colaterais até o quarto grau.

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Por outro lado, o art. 20, parágrafo único prevê regra especial, pois só trata de determinados direitos da
personalidade (imagem e direitos morais do autor), tendo como legitimados apenas os ascendentes,
descendentes e cônjuge.

#ATENÇÃO: O que são as diretivas antecipativas de vontade? Em atenção à autonomia privada, há


importante debate, no cenário nacional, derredor da (i) legalidade da chamada diretriz antecipativa de
vontade, também denominada declaração antecipada de vontade. Diretriz antecipativa de vontade consiste
em um gênero, tendo como principais espécies o testamento vital e o mandado duradouro. Por testamento
vital compreendem-se as instruções prévias de uma pessoa, consciente, derredor de tratamentos que deseja,
ou não, receber, quando da terminalidade da vida. Ensina Joaquim Clotet que visa afastar prolongamentos
vitais dolorosos e fúteis, os quais não promoverão a cura, mas apenas trarão a perpetuação da dor.
Dialoga o testamento vital com a ortotanásia, sendo um negócio jurídico unilateral, extrapatrimonial,
informal, inter vivos e atípico. Tem batismo digno de crítica, pois remete à figura do testamento, ato
sucessório diverso e mortis causa. Já o mandado duradouro - também chamado de poder duradouro do
representante para cuidados com a saúde - diz respeito à nomeação de alguém para que tome decisões pelo
paciente, quando este esteja em situação incapacitante, seja ela transitória ou definitiva. Veja-se que
diversamente do testamento vital, o objeto do mandado duradouro não condiz apenas com a terminalidade
da vida, conforme vaticina Joaquim Clotet. Outrossim, no mandado duradouro se elege um substituto para
declaração de vontade, quem agirá no melhor interesse do paciente; enquanto no testamento vital é o
próprio paciente quem declarará a sua vontade

#JURISEMFRASES:
Não é possível a completa supressão e substituição total do nome registral, por pessoa autoidentificada como
indígena, por ausência de previsão legal, bem como por respeito ao princípio da segurança jurídica e das
relações jurídicas a serem afetadas.STJ. 4ª Turma. REsp 1927090-RJ, Rel. Min.Luis Felipe Salomão, Rel. para
acórdão Ministro Raul Araújo, julgado em 21/3/2023 (Info 768).
Configura dano moral, sujeito à indenização, a veiculação, em rede nacional de TV, de imagem de pessoa nua
em praia de naturismo, sem autorização e com atribuição de conotação pejorativa. STJ. 4ª Turma. AgInt no
AREsp 1519848/SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 23/08/2022 (Info 746).
É inadmissível a homologação de acordo extrajudicial de retificação de registro civil de menor em juízo
sem a observância dos requisitos e procedimento legalmente instituído para essa finalidade. STJ. 3ª
Turma. REsp 1698717-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/06/2018 (Info 627).
A existência de um homônimo que responde a processo criminal, ainda que em outro estado da federação,
pode ensejar um constrangimento capaz de configurar o justo motivo para fundamentar a inclusão de
patronímico. REsp 1.962.674-MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, por unanimidade, julgado
em 24/05/2022, DJe 31/05/2022. (Info 748)
Configura dano moral, sujeito à indenização, a veiculação, em rede nacional de TV, de imagem de pessoa nua
em praia de naturismo, sem autorização e com atribuição de conotação pejorativa. STJ. 4ª Turma. AgInt no
AREsp 1519848/SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 23/08/2022 (Info 746).
É inexigível o consentimento de pessoa biografada relativamente a obras biográficas literárias ou
audiovisuais, sendo por igual desnecessária a autorização de pessoas retratadas como coadjuvantes ou de
familiares, em caso de pessoas falecidas ou ausentes. STF. Plenário. ADI 4815/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia,
julgado em 10/6/2015 (Info 789)
O direito ao esquecimento é considerado incompatível com o ordenamento jurídico brasileiro. Logo, não é
capaz de justificar a atribuição da obrigação de excluir a publicação relativa a fatos verídicos. STJ. 3ª Turma.
REsp 1961581-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 07/12/2021 (Info 723).
É incompatível com a Constituição a ideia de um direito ao esquecimento, assim entendido como o poder de
obstar, em razão da passagem do tempo, a divulgação de fatos ou dados verídicos e licitamente obtidos e
publicados em meios de comunicação social analógicos ou digitais. Eventuais excessos ou abusos no exercício
da liberdade de expressão e de informação devem ser analisados caso a caso, a partir dos parâmetros

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constitucionais – especialmente os relativos à proteção da honra, da imagem, da privacidade e da


personalidade em geral – e as expressas e específicas previsões legais nos âmbitos penal e cível. STF. Plenário.
RE 1010606/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 11/2/2021 (Repercussão Geral – Tema 786) (Info 1005).
Poder Judiciário pode determinar que o Google desvincule o nome de determinada pessoa, sem qualquer
outro termo empregado, com fato desabonador a seu respeito dos resultados de pesquisa; isso não se
confunde com direito ao esquecimento. STJ. 3ª Turma. REsp 1660168/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze,
julgado em 21/06/2022 (Info 743).

#IMPORTANTE
O transgênero tem direito fundamental subjetivo à alteração de seu prenome e de sua classificação de
gênero no registro civil, não se exigindo, para tanto, nada além da manifestação de vontade do indivíduo, o
qual poderá exercer tal faculdade tanto pela via judicial como diretamente pela via administrativa. Essa
alteração deve ser averbada à margem do assento de nascimento, vedada a inclusão do termo “transgênero”.
Nas certidões do registro não constará nenhuma observação sobre a origem do ato, vedada a expedição de
certidão de inteiro teor, salvo a requerimento do próprio interessado ou por determinação judicial.
Efetuando-se o procedimento pela via judicial, caberá ao magistrado determinar de ofício ou a requerimento
do interessado a expedição de mandados específicos para a alteração dos demais registros nos órgãos
públicos ou privados pertinentes, os quais deverão preservar o sigilo sobre a origem dos atos. STF. Plenário.
RE 670422/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 15/8/2018 (repercussão geral) Info 911).
Os transgêneros, que assim o desejarem, independentemente da cirurgia de transgenitalização, ou da
realização de tratamentos hormonais ou patologizantes, possuem o direito à alteração do prenome e
do gênero (sexo) diretamente no registro civil. O direito à igualdade sem discriminações abrange a
identidade ou expressão de gênero. A identidade de gênero é manifestação da própria personalidade
da pessoa humana e, como tal, cabe ao Estado apenas o papel de reconhecê-la, nunca de constituí-la. A
pessoa transgênero que comprove sua identidade de gênero dissonante daquela que lhe foi designada
ao nascer por autoidentificação firmada em declaração escrita desta sua vontade dispõe do direito
fundamental subjetivo à alteração do prenome e da classificação de gênero no registro civil pela via
administrativa ou judicial, independentemente de procedimento cirúrgico e laudos de terceiros, por se
tratar de tema relativo ao direito fundamental ao livre desenvolvimento da personalidade. STF. Plenário.
ADI 4275/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 28/2 e
1º/3/2018 (Info 892).

O CC, abraçando o posicionamento jurisprudencial, dispõe que, malgrado os direitos da personalidade


tenham sido feitos para a proteção do ser humano, sua aplicação se estende às Pessoas jurídicas, no que
couber (naquilo que sua falta de estrutura biopsicológica permite exercer).

Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.

STJ, Súmula 227: A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.

1) Imagem (imagem atributo);


2) Nome;
3) Honra objetiva.

#FAZOLINK

Não se admite que o dano moral de pessoa jurídica seja considerado como in re ipsa, sendo necessária a
comprovação nos autos do prejuízo sofrido. Apesar disso, é possível a utilização de presunções e regras de
experiência para a configuração do dano, mesmo sem prova expressa do prejuízo, o que sempre comportará

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a possibilidade de contraprova pela parte ou de reavaliação pelo julgador. Ex: caso a pessoa jurídica tenha
sido vítima de um protesto indevido de cambial, há uma presunção de que ela sofreu danos morais.STJ. 3ª
Turma. REsp 1564955-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 06/02/2018 (Info 619).

Cuidado: existem julgados em sentido contrário, ou seja, dizendo que pessoa jurídica pode sofrer dano
moral in re ipsa. Nesse sentido: STJ. 4ª Turma. REsp 1327773/MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
28/11/2017 (Info 619). STJ. 4ª Turma. AgInt-AREsp 1.328.587/ DF. Rel. Min. Raul Araújo, julgado em
07/05/2019. STJ. 3ª Turma AgInt-AREsp 1.345.802/ MT. Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 25/02/2019.

EXTINÇÃO DA PESSOA NATURAL

A extinção da pessoa natural se opera com a morte:

#DEOLHONOCC
Art. 6º A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos
casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.

Art. 7º Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:


I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o
término da guerra.
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de
esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.

Art. 8º Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos
comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos. (COMORIÊNCIA)

#DEOLHONATABELA
Aferida, em regra, por um profissional da medicina, nas 24 horas
seguintes ao falecimento e, na sua falta, por duas testemunhas, na
MORTE REAL
forma dos arts. 78 e seguintes da Lei de Registros Públicos (LRP -
6.015/73).
Um motivo aparente para o desaparecimento, e, em virtude da
MORTE PRESUMIDA SEM
grande probabilidade da morte, autoriza sua declaração sem
PROCEDIMENTO DE AUSÊNCIA
perpassar pelo procedimento de ausência. Art. 7º do CC.
Quando alguém desaparece sem um motivo claro, não havendo a
aplicação das hipóteses do art. 7° do Código Civil. Nesses casos. deverá
o magistrado lançar mão de um procedimento bem lento,
denominado declaração de ausência. Tal exigência é necessária para
que não seja, indevidamente, declarado o óbito de alguém. Lembra-
MORTE PRESUMIDA COM se de que, em rigor técnico, o ausente é aquele que desaparece de
PROCEDIMENTO DE AUSÊNCIA seu domicílio, sem deixar notícias.
Uma vez ausente, como posto, lança-se mão de um procedimento de
ausência, o qual é composto por três fases:
a) curadoria de bens ou arrecadação de bens do ausente;
b) sucessão provisória; e
c) sucessão definitiva.

AUSÊNCIA

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#ABREOVADE
Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado
representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer
interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador.
(...)
Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por mais de dois
anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador.
§ 1 o Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe aos pais ou aos descendentes, nesta
ordem, não havendo impedimento que os iniba de exercer o cargo.
§ 2 o Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos.
§ 3 o Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador.
Seção II
Da Sucessão Provisória
Art. 26. Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou
procurador, em se passando três anos, poderão os interessados requerer que se declare a ausência e se abra
provisoriamente a sucessão.
(...)
Art. 28. A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só produzirá efeito cento e oitenta dias
depois de publicada pela imprensa; mas, logo que passe em julgado, proceder-se-á à abertura do
testamento, se houver, e ao inventário e partilha dos bens, como se o ausente fosse falecido.
§ 1 o Findo o prazo a que se refere o art. 26, e não havendo interessados na sucessão provisória, cumpre ao
Ministério Público requerê-la ao juízo competente.
§ 2 o Não comparecendo herdeiro ou interessado para requerer o inventário até trinta dias depois de passar
em julgado a sentença que mandar abrir a sucessão provisória, proceder-se-á à arrecadação dos bens do
ausente pela forma estabelecida nos arts. 1.819 a 1.823.
Seção III
Da Sucessão Definitiva
Art. 37. Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão provisória,
poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o levantamento das cauções prestadas.
(...)
#SELIGA:
Se o ausente tem mais que 80 anos e há mais de 5 anos não se tem notícias dele, será possível requerer
diretamente a sucessão definitiva, sem necessidade de sucessão provisória
(...)
A regra do art. 38 do CC traz uma hipótese autônoma de abertura da sucessão definitiva, que ocorre de forma
direta e que não depende da existência, ou não, de sucessão provisória.
É dispensável a abertura da sucessão provisória quando presentes os requisitos da sucessão definitiva
previstos no art. 38 do CC.
Não se afigura razoável o entendimento de que o herdeiro de um octogenário desaparecido há mais de cinco
anos precise, obrigatoriamente, passar pela fase da abertura de sucessão provisória, com todos os seus

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expressivos prazos, diante de uma hipótese em que é absolutamente presumível a morte do autor da
herança. STJ. 3ª Turma. REsp 1924451-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 19/10/2021 (Info 716).

PESSOA JURÍDICA

#RESUMINHO

ESPÉCIES DE PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO


• são formadas pela união de indivíduos com propósito de realizar uma
finalidade ideal ou não econômica (art. 53).
• O ato constitutivo é o estatuto (art. 54), devendo seu registro ser feito no
CRPJ.
• não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos; o estatuto
poderá instituir categorias de associados com vantagens especiais;
• a qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não dispuser o
ASSOCIAÇÃO contrário;
• é possível a exclusão do associado havendo justa causa, reconhecida em
procedimento que assegure a ampla defesa e o contraditório (eficácia horizontal
dos direitos fundamentais); compete privativamente à assembleia geral
• destituir os administradores e alterar o estatuto.
• dissolvida a associação, o seu patrimônio será atribuído a entidades de fins
não econômicos designadas no estatuto ou, omisso este, à instituição municipal,
federal ou estadual, de fins iguais ou semelhantes.
• instituída por meio de contrato social, com o objetivo de exercer atividade
econômica e partilhar lucro.
SOCIEDADE
• sociedade empresária - Requisito material: atividade típica de empresário;
Requisito formal: registro público da empresa na Junta Comercial
• são instituídas por escritura pública ou testamento;
• se o estatuto não for elaborado no prazo assinalado pelo instituidor, ou, não
havendo prazo, em 180 dias, a incumbência será do Ministério Público;
• alteração do estatuto da fundação: deliberação de 2/3 dos competentes para
FUNDAÇÕES
gerir e representar a fundação, não contrarie ou desvirtue o fim da fundação e
seja aprovada pelo órgão do Ministério Público (caso este denegue, o juiz poderá
suprir, a requerimento do interessado).

EMPRESA INDIVIDUAL • EIRELI deixou de existir no ordenamento jurídico brasileiro a partir da Lei
DE RESPONSABILIDADE 14.195/2021.
LIMITADA • Todas as EIRELIs foram transformadas em SOCIEDADES UNIPESSOAIS.

#ALTERAÇÃOLEGISLATIVA
48-A. As pessoas jurídicas de direito privado, sem prejuízo do previsto em legislação especial e em seus
atos constitutivos, poderão realizar suas assembleias gerais por meio eletrônico, inclusive para os fins do
disposto no art. 59 deste Código, respeitados os direitos previstos de participação e de
manifestação. (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022)

DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA

O uso abusivo da personalidade jurídica em detrimento de seus credores, poderá dar ensejo à
desconsideração dessa autonomia patrimonial. A desconsideração da personalidade jurídica autoriza o

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afastamento dos efeitos da personalização da sociedade – autonomia e separação patrimonial – nos casos
em que a personalidade jurídica for utilizada de forma abusiva, em prejuízo aos interesses dos credores.

#ABREOVADE
Art. 49-A. A pessoa jurídica não se confunde com os seus sócios, associados, instituidores ou
administradores. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
Parágrafo único. A autonomia patrimonial das pessoas jurídicas é um instrumento lícito de alocação e
segregação de riscos, estabelecido pela lei com a finalidade de estimular empreendimentos, para a geração
de empregos, tributo, renda e inovação em benefício de todos.

Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela
confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber
intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações
sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados
direta ou indiretamente pelo abuso. (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019)
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização da pessoa jurídica com o
propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza. (Incluído pela Lei nº 13.874,
de 2019)
§ 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato entre os patrimônios,
caracterizada por: (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador ou vice-versa; (Incluído
pela Lei nº 13.874, de 2019)
II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto os de valor
proporcionalmente insignificante; e (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
§ 3º O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo também se aplica à extensão das obrigações de sócios
ou de administradores à pessoa jurídica. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
§ 4º A mera existência de grupo econômico sem a presença dos requisitos de que trata o caput deste artigo
não autoriza a desconsideração da personalidade da pessoa jurídica. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
§ 5º Não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a alteração da finalidade original da atividade
econômica específica da pessoa jurídica. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)

Desconsideração da Personalidade jurídica (Teoria Maior, CC)


Deve-se provar:
1) Abuso da personalidade (desvio de finalidade ou confusão patrimonial);
2) Que os administradores ou sócios da pessoa jurídica foram beneficiados direta ou indiretamente pelo
abuso (novo requisito trazido pela Lei nº 13.874/2019).

#PEGAOGANCHO #SAINDODOFORNO: Incidente de desconsideração da personalidade jurídica. Relação de


consumo. Art. 28, § 5º, do Código de Defesa do Consumidor. Teoria Menor. Sócio. Atos de gestão. Prática.
Comprovação. A despeito de não se exigir prova de abuso ou fraude para aplicação da Teoria Menor da
desconsideração da personalidade jurídica, não é possível a responsabilização pessoal de sócio que não
desempenhe atos de gestão, ressalvada a prova de que contribuiu, ao menos culposamente, para a prática
de atos de administração. REsp 1.900.843-DF, Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino (in memorian), Rel.
para acórdão Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, por maioria julgado em 23/5/2023, DJe
30/5/2023

#FIQUEDEOLHO
Cuidado com algumas nomenclaturas específicas trazidas pela doutrina:

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NOMENCLATURAS DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA


Desconsideração inversa Permite que a pessoa jurídica, eventualmente, responda por obrigações
pessoais de um ou mais de seus integrantes.
Desconsideração indireta Consiste em desconsiderar a personalidade jurídica da empresa controlada para
atingir o patrimônio da empresa controladora, que em geral detém um
patrimônio mais significativo e robusto capaz da saldar as dívidas da empresa
controlada.
Desconsideração Os credores podem requerer a desconsideração expansiva da personalidade
expansiva jurídica para atingir o patrimônio da nova pessoa jurídica constituída pelos
mesmos sócios, no mesmo endereço e com o mesmo objeto social, em uma
clara tentativa destes de se esquivarem da responsabilidade pelas dívidas da
primeira sociedade constituída.

#DEOLHONAJURIS
O sócio executado possui legitimidade e interesse recursal para impugnar a decisão que defere o pedido de
desconsideração inversa da personalidade jurídica dos entes empresariais dos quais é sócio. STJ. 3ª Turma.
REsp 1980607-DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 09/08/2022 (Info 744).
O fato de ser o Fundo de Investimento em participação (FIP) constituído sob a forma de condomínio e de não
possuir personalidade jurídica não é capaz de impedir, por si só, a aplicação do instituto da desconsideração
da personalidade jurídica em caso de comprovado abuso de direito por desvio de finalidade ou confusão
patrimonial. STJ. 3ª Turma. REsp 1965982-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 05/04/2022
(Info 733).

BENS

Bem jurídico é toda utilidade física ou ideal que seja objeto de um direito subjetivo.

CLASSIFICAÇÃO QUANTO À MOBILIDADE (ARTS. 79 A 84, CC). Bens considerados em si mesmos

IMÓVEIS

Bens imóveis por natureza a imobilidade decorre de sua essência.


Bens imóveis por ascensão física industrial a imobilidade decorre da atuação humana, concreta
e efetiva.
Bens imóveis por ascensão física intelectual são os bens móveis incorporados ao bem imóvel
pela vontade do proprietário.
Bens imóveis por determinação legal (art. 80, CC) I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os
asseguram;
II - o direito à sucessão aberta.

MÓVEIS

são aqueles que podem ser removidos ou transportados


Bens móveis por natureza a mobilidade decorre de sua essência, sendo
possível a remoção por força alheia ou por força
própria.
Bens móveis por antecipação eram imóveis, mas foram mobilizados por uma
atuação humana concreta e efetiva.

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Bens móveis por determinação legal (art. 84, CC): Art. 84. Os materiais destinados a alguma
construção, enquanto não forem empregados,
conservam sua qualidade de móveis; readquirem
essa qualidade os provenientes da demolição de
algum prédio.

Saem do bem sem diminuir a quantidade.


Podem ser naturais, industriais e civis.
FRUTOS
É aquela utilidade que a coisa principal periodicamente gera e cuja percepção não
diminui a sua substância (não esgota a coisa principal).
Saem do bem diminuindo o principal. São utilidades que não se renovam (não
PRODUTOS renováveis), de maneira que a sua percepção esgota/diminui a coisa principal.
Exemplos: Ouro, carvão, petróleo, etc.
Não constituem parte integrante, mas servem de modo duradouro ao uso, serviço
ou
embelezamento de outro bem. É a coisa que, sem fazer parte integrante do bem
PERTENÇAS principal, acopla-se ao mesmo para sua melhor utilização, para melhor servi-lo. É
a coisa que, sem integrar o bem principal, facilita a sua utilização.
Exemplos: Ar-condicionado, escada de incêndio, trator.
OBS: As pertenças não seguem a sorte do principal, é exceção à regra.
PARTE INTEGRANTE Acessório unido ao bem principal formando com este um todo indivisível
Acréscimos e melhoramentos introduzidos no bem principal. Podem ser:
• Necessárias;
BENFEITORIAS • Úteis;
• Voluptuárias.
Não existe benfeitoria natural. A benfeitoria é SEMPRE artificial.

4. Fatos jurídicos. Negócios jurídicos. Forma do negócio jurídico. Condição, termo e encargo. Representação.
5. Defeitos do negócio jurídico: erro, dolo, coação, fraude contra credores, lesão e estado de perigo.
6. Invalidade do negócio jurídico. Nulidade. Simulação. Efeitos da nulidade e da anulabilidade.
7. Ato lícito e ato ilícito. Abuso do direito. Teoria da aparência. Prescrição e decadência. Da prova.

NEGÓCIO JURÍDICO

Ordinário - Nascimento natural, morte natural,


Fato jurídico em sentido
decurso do tempo.
estrito (a intervenção
Extraordinário - Tem carga de imprevisibilidade ou
humana não existe)
FATO JURÍDICO inevitabilidade, um furacão por exemplo.
Em sentido Ato jurídico em sentido estrito (não
amplo, é todo Atos Jurídicos lato sensu - negocial) - com consequências
acontecimento Ações humanas (se destaca impostas pela lei e não escolhidas pelas
Lícito
natural ou precipuamente a ação da partes.
humano apto a pessoa, ou seja, sua Negócio Jurídico - regulamentação pela
criar, modificar manifestação de vontade em autonomia privada.
ou extinguir praticar o ato) Atuação humana com efeitos
Ilícito
relações jurídicas. repudiados pelo ordenamento.

Ato-fato (embora a atuação do homem seja o núcleo do fato, é desprovida de


voluntariedade e consciência em direção ao resultado jurídico existente).

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ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO NEGÓCIO JURÍDICO


PLANO DA EXISTÊNCIA são elementos: partes (ou agentes), vontade, objeto e forma.
partes ou agentes capazes; vontade livre, sem vícios; objeto lícito, possível,
PLANO DA VALIDADE
determinado ou determinável e forma prescrita e não defesa em lei.
estão os elementos relacionados com a suspensão e resolução de direitos e
deveres, caso da condição, do termo, do encargo ou modo, das regras de
PLANO DA EFICÁCIA inadimplemento negocial (juros, multa e perdas e danos), do registro
imobiliário, da rescisão contratual, do regime de bens do casamento, entre
outros.

#PEGAOGANCHO:
Boa-fé objetiva Boa-fé subjetiva
Significa manter uma conduta de acordo com Não é um princípio, mas sim um estado
padrões sociais de lisura, honestidade e correção. psicológico.
Tem como objetivo não frustrar a legítima confiança Para examinar a boa-fé subjetiva, deve-se analisar
da outra parte. se a pessoa pensava, sinceramente, que agia ou
Deve ser examinada externamente, ou seja, não não de acordo com o direito (é examinado se a
importa qual era o sentimento da pessoa, mas sim a pessoa tinha boas ou más intenções).
sua conduta. Deve ser examinada internamente, ou seja, de
acordo com o sentimento da pessoa.

Funções do princípio da Boa-fé:


I) INTERPRETATIVA: Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé́ e os usos do lugar de
sua celebração.
II) CONTROLE: controle das condutas humanas, eis que a sua violação pode gerar o abuso de direito,
modalidade de ilícito (art. 187).
III) INTEGRATIVA: função de integrar todas as fases pelas quais passa o contrato (art. 422). Faz surgir deveres
anexos, como por exemplo: a) dever de cuidado; b) dever de respeito; c) dever de informação; d) dever de
agir conforme a confiança depositada; e) dever de lealdade; f) dever de cooperação; g) dever de agir
conforme a razoabilidade, a equidade e a boa razão.

FIGURAS PARCELARES DA BOA-FÉ OBJETIVA


(SUBESPÉCIES DO ATO ILÍCITO OBJETIVO - ABUSO DE DIREITO)
VENIRE CONTRA FACTUM Vedação do comportamento contraditório.
PROPRIUM (ou teoria dos
atos próprios)
SUPRESSIO Supressão de um direito ou obrigação decorrente de conduta reiterada das
partes.
SURRECTIO Surgimento de direito ou obrigação decorrente de conduta reiterada das
partes.
TU QUOQUE A locução significa "tu também" e representa as situações nas quais a parte
vem a exigir algo que também foi por ela descumprido ou negligenciado.
EXCEPTIO DOLI Exceção de dolo, ou seja, não age com boa-fé aquele que atua intuito não
de preservar legítimos interesses, mas, sim, de prejudicar a parte contrária
DUTY TO MITIGATE THE Credor a evitar o agravamento do próprio prejuízo.
OWN LOSS
ADIMPLEMENTO Ocorre quando a obrigação do devedor, ainda que não cumprida
SUBSTANCIAL completamente, é tão próxima do que esperava o credor que seria injusta

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eventual resolução, afrontando a boa-fé objetiva. Vale lembrar que o STJ


entende que não se aplica a teoria em casos de alienação fiduciária.

#PEGAOGANCHO: O tu quoque é uma figura parcelar da boa-fé objetiva e quer dizer “Até tu?”. de acordo
com esta teoria uma pessoa não poderá violar a norma jurídica e depois tentar tirar proveito dela. Ex. Se um
adolescente entre 16 e 18 anos, dolosamente, ocultar a sua idade ou se declarar maior, para realizar um ato
civil, este ato não será anulável.

CC, Art. 180: “O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação, invocar
a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ouse, no ato de obrigar-se, declarou-
se maior. ”

DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO


* Vício de consentimento: o defeito está na formação da vontade (vontade interna) e o prejudicado é
um dos contratantes. Ex.: Erro, Dolo, Coação, Lesão ou Estado de Perigo.
* Vício social: o defeito está na manifestação da vontade (vontade externa) e o prejudicado é sempre
um terceiro. Ex.: fraude contra credores e simulação.

DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO


São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade
emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de
diligência normal, em face das circunstâncias do negócio.
O erro é substancial quando:
I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a
alguma das qualidades a ele essenciais;
II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira
a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante;
DO ERRO OU III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo
IGNORÂNCIA único ou principal do negócio jurídico.
O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão
determinante.
O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se referir a declaração de
vontade, não viciará o negócio quando, por seu contexto e pelas
circunstâncias, se puder identificar a coisa ou pessoa cogitada.
O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem
a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na
conformidade da vontade real do manifestante.
São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa.
O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental
quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo.
Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte
a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso
DO DOLO
contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por
todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou.
Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para
anular o negócio, ou reclamar indenização (DOLO BILATERAL,
ENANTIOMÓRFICO, RECÍPROCO ou COMPENSADO).

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A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao


paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua
família, ou aos seus bens.
DA COAÇÃO Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, com
base nas circunstâncias, decidirá se houve coação.
Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o
simples temor reverencial.
Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de
salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra
DO ESTADO DE PERIGO parte, assume obrigação excessivamente onerosa.
Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz
decidirá segundo as circunstâncias.
Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por
inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao
valor da prestação oposta.
Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento
suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.
DA LESÃO
JDC150. A lesão de que trata o art. 157 do Código Civil NÃO EXIGE DOLO DE
APROVEITAMENTO.
Para a caracterização do vício de lesão, exige-se a presença simultânea de:
a) elemento objetivo (desproporção das prestações); e
b) elemento subjetivo (a inexperiência ou a premente necessidade).
Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os
praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda
quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como
lesivos dos seus direitos.

REQUISITOS: PRESSUPOSTOS:
- Anterioridade da dívida No caso de alienação onerosa:
-Eventus damni (prejuízo aos Eventus damni + consilium fraudis
DA FRAUDE CONTRA credores) Na alienação gratuita ou remissão
CREDORES Consilium fraudis (intenção de
de dívida:
prejudicar credores ou conluio entre
Exige-se apenas o eventus damni.
alienante e adquirente do bem)
OBS: nos casos de disposição gratuita
de bens ou remissão de dívida, basta
comprovar o evento danoso aos
credores, dispensando-se a
comprovação de consilium fraudis
- O ato jurídico praticado tenha
levado o devedor à insolvência

#TABELANDO
INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO
NULIDADE ANULABILIDADE
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: Art. 171. Além dos casos expressamente declarados
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; na lei, é anulável o negócio jurídico:
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu I - por incapacidade relativa do agente;
objeto;

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III - o motivo determinante, comum a ambas as II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado
partes, for ilícito; de perigo, lesão ou fraude contra credores.
IV - não revestir a forma prescrita em lei; Art. 172. O negócio anulável pode ser confirmado
V - for preterida alguma solenidade que a lei pelas partes, salvo direito de terceiro.
considere essencial para a sua validade; Art. 173. O ato de confirmação deve conter a
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa; substância do negócio celebrado e a vontade
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir- expressa de mantê-lo.
lhe a prática, sem cominar sanção. Art. 174. É escusada a confirmação expressa,
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas quando o negócio já foi cumprido em parte pelo
subsistirá o que se dissimulou, se válido for na devedor, ciente do vício que o inquinava.
substância e na forma. Art. 175. A confirmação expressa, ou a execução
§ 1 o Haverá simulação nos negócios jurídicos voluntária de negócio anulável, nos termos dos
quando: arts. 172 a 174, importa a extinção de todas as
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a ações, ou exceções, de que contra ele dispusesse
pessoas diversas daquelas às quais realmente se o devedor.
conferem, ou transmitem; Art. 176. Quando a anulabilidade do ato resultar da
II - contiverem declaração, confissão, condição ou falta de autorização de terceiro, será validado se
cláusula não verdadeira; este a der posteriormente.
III - os instrumentos particulares forem Art. 177. A anulabilidade não tem efeito antes de
antedatados, ou pós-datados. julgada por sentença, nem se pronuncia de
§ 2 o Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa- ofício; só os interessados a podem alegar, e
fé em face dos contraentes do negócio jurídico aproveita exclusivamente aos que a alegarem,
simulado. salvo o caso de solidariedade ou indivisibilidade.
Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetível de Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência
confirmação, nem convalesce pelo decurso do para pleitear-se a anulação do negócio jurídico,
tempo. contado:
Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver I - no caso de coação, do dia em que ela cessar;
os requisitos de outro, subsistirá este quando o II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado
fim a que visavam as partes permitir supor que o de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o
teriam querido, se houvessem previsto a negócio jurídico;
nulidade. III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a
incapacidade.
Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado
ato é anulável, sem estabelecer prazo para
pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a
contar da data da conclusão do ato.
Ação declaratória de nulidade:
(1) majoritária - imprescritível, com base no art. 169
Ação anulatória – prazo especial. Estão espalhados
do CC, jurisprudência e doutrina.
no Código Civil. Há um prazo geral, quando não
(2) Prescreve em 10 anos, que é prazo geral de
houver prazo específico – art. 179, CC – 2 anos.
prescrição no art. 205 CC. Caio Mário.
Ex.: a anulação da venda de ascendente para
(3) Declaração de nulidade é imprescritível, mas
descente. Art. 496. Súmula 494 do STF está
para desfazer os efeitos patrimoniais teria um
superada. Ex nunc.
prazo de 10 anos. – Stolze e enunciado 536/CJF.
Ex tunc.
Interesse público (norma de ordem pública). Interesse particular (norma de ordem privada).
Coisa julgada erga omnes. Coisa julgada inter partes.
Juiz deve declarar de ofício. Juiz não pode declarar de ofício.

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Pode ser suprido/sanado – confirmação ou


Não pode ser sanado/suprido/convalidado, mas
assentimento/convalidado (gênero). Ex.: simples
pode ser objeto de conversão.
decurso do tempo.

#PEGAOGANCHO:
A simulação provoca a nulidade absoluta do negócio jurídico. É o que prevê o caput do art. 167 do CC.
Diante disso, como se trata de matéria de ordem pública, a simulação pode ser declarada até mesmo de
ofício pelo juiz da causa (art. 168, parágrafo único, do CC). Como negócio jurídico simulado é nulo, o
reconhecimento dessa nulidade pode ocorrer de ofício, até mesmo incidentalmente em qualquer processo
em que for ventilada a questão. Logo, é desnecessário o ajuizamento de ação específica para se declarar a
nulidade de negócio jurídico simulado. Dessa forma, não há como se restringir o seu reconhecimento em
embargos de terceiro. Para casos posteriores ao Código Civil de 2002, não é mais possível aplicar o
entendimento da Súmula 195 do STJ às hipóteses de simulação. STJ. 3ª Turma. REsp 1927496/SP, Rel. Min.
Moura Ribeiro, julgado em 27/04/2021 (Info 694)

#IMPORTANTE:
Doação de imóvel aos filhos do casal não é fraude contra credores se a família continua morando nele.
A ocorrência de fraude contra credores requer: (i) a anterioridade do crédito; (ii) a comprovação de prejuízo
ao credor (eventus damni) e (iii) o conhecimento, pelo terceiro adquirente, do estado de insolvência do
devedor (scientia fraudis). O eventus damni trata-se de pressuposto objetivo e estará configurado quando o
ato de disposição impugnado pelo credor tenha agravado o estado de insolvência do devedor ou tenha
levado-o a este estado. A fraude contra credores na hipótese de alienação de bem impenhorável,
especialmente de bem de família, exige uma ponderação de valores pelo Juiz em cada situação particular: de
um lado, a proteção legal conferida ao bem de família, fundada no direito à moradia e no mínimo existencial
do devedor e/ou sua família e, de outro, o direito à tutela executiva do credor. "O parâmetro crucial para
discernir se há ou não fraude contra credores ou à execução é verificar a ocorrência de alteração na
destinação primitiva do imóvel - qual seja, a morada da família - ou de desvio do proveito econômico da
alienação (se existente) em prejuízo do credor. Na hipótese, os recorrentes e seus filhos residem no imóvel
desde o ano 2000. Embora esse bem tenha sido doado, no ano de 2011, pelo casal aos filhos menores, a
situação fática em nada se alterou, já que o bem continuou servindo como residência da entidade familiar.
Ou seja, o bem permaneceu na posse das mesmas pessoas e teve sua destinação (moradia) inalterada. Essas
peculiaridades demonstram a ausência de eventus damni e, portanto, de disposição fraudulenta. A
jurisprudência do STJ é no sentido de que a proteção instituída pela Lei 8.009/1990, quando reconhecida
sobre metade de imóvel relativa à meação, deve ser estendida à totalidade do bem. Assim, não sendo a
esposa devedora, a doação de sua quota-parte sobre o imóvel (50%) não pode ser tida por fraudulenta. E,
haja vista que os donatários residem no local, por mais essa razão, o imóvel está protegido pela garantia da
impenhorabilidade do bem de família. STJ. 3ª Turma. REsp 1.926.646/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado
em 15/02/2022.
O reconhecimento de simulação na compra e venda de imóvel em detrimento da partilha de bens do casal
gera nulidade do negócio e garante o direito à meação a ex-cônjuge
Na análise do vício da simulação, devem ser considerados os seguintes elementos: a consciência dos
envolvidos na declaração do ato simulado, sabidamente divergente de sua vontade íntima, a intenção
enganosa em relação a terceiros, e o conluio entre os participantes do negócio danoso. No caso concreto,
ficou demonstrado que as circunstâncias evidenciam seguramente a ocorrência de simulação no negócio
jurídico envolvendo a compra e venda de um imóvel em prejuízo à meação da ex-esposa. STJ. 3ª Turma. REsp
1969648-DF, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 18/10/2022 (Info 754).
Pode ser válida a estipulação que confira ao credor a possibilidade de exigir, “tão logo fosse de seu
interesse", a transferência da propriedade de imóvel

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Situação adaptada: em 1970, Hugo e sua esposa Maria assinaram um documento particular reconhecendo
que metade de uma gleba de terra pertencia a Diogo, irmão de Hugo. No mesmo documento os signatários
ainda consignaram que a fração de Diogo lhe seria transmitida tão logo ele manifestasse interesse nesse
sentido.
Esse documento foi levado a registro em 1977, mas apenas em 2006 Diogo interpelou seu irmão e sua
cunhada para que lhe transferissem a sua fração. Como não foi atendido, promoveu ação de obrigação de
fazer pleiteando a outorga da escritura pública correspondente ao seu quinhão no imóvel. Os réus alegaram
que essa condição segundo a qual a propriedade do imóvel seria transferida a Diogo “quando fosse de seu
interesse”, seria vedada pelo art. 115 do CC/1916 e pelo art. 122 do CC/2002, por se tratar de condição
puramente potestativa. Assim, referida condição deveria ser considerada não escrita e, portanto, inapta para
suspender a fluência do prazo prescricional. O STJ não concordou com os argumentos dos requeridos. O art.
122 do CC/2002 (correspondente ao art. 115 do CC/1916) proíbe as condições puramente potestativas, assim
compreendidas como aquelas que sujeitam a eficácia do negócio jurídico ao puro arbítrio de uma das partes,
comprometendo a seriedade do acordo e depondo contra a boa-fé objetiva. No caso, a estipulação assinalada
mais se assemelha a termo incerto ou indeterminado do que, propriamente, a condição potestativa. E mesmo
admitindo tratar-se de condição, seria de rigor verificar quem ela beneficiava (credor e devedor), não
havendo falar, por isso, em falta de seriedade na proposta ou risco à estabilidade das relações jurídicas. STJ.
3ª Turma. REsp 1990221-SC, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 03/05/2022 (Info 735).

ELEMENTOS ACIDENTAIS DO NEGÓCIO JURÍDICO


CONDIÇÃO TERMO ENCARGO/MODO
Evento futuro e INCERTO Evento futuro e CERTO Cláusula acessória à liberalidade
Quando suspensiva: suspende a Quando suspensivo: NÃO impede a NÃO impede a aquisição nem o
aquisição e o exercício do aquisição do direito, mas, apenas o exercício do direito - gera
direito seu exercício - gera direito adquirido. direito adquirido
Condição incertus an incertus: Termo certus an certus: há certeza
há absoluta incerteza em quanto ao evento futuro e quanto ao
relação à ocorrência do evento tempo de duração.
futuro e incerto
Condição incertus an certus: Termo certus an incertus: há certeza
não se sabe se o evento quanto ao evento futuro, mas
ocorrerá, mas, se acontecer, incerteza quanto à sua duração.
será dentro de um determinado
prazo

PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA

PRESCRIÇÃO
- A exceção prescreve no mesmo prazo em que a pretensão.
- A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro,
depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do interessado,
incompatíveis com a prescrição.
- Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes.
- Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os seus assistentes ou representantes
legais, que derem causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente.
- A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor
- Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem ou
interrompem a prescrição.
- A prescrição intercorrente observará o mesmo prazo de prescrição da pretensão, observadas as causas de
impedimento, de suspensão e de interrupção da prescrição.

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-Não corre a prescrição:


a) entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal; b) entre ascendentes e descendentes, durante o
poder familiar;
c) entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela.
d) contra os absolutamente incapazes;
e) contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios;
f) contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra.

#PEGAOGANCHO:
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PRESCRIÇÃO. INTERRUPÇÃO. EMENDA À INICIAL.
EFEITOS DA CITAÇÃO VÁLIDA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. AGRAVO INTERNO A QUE SE NEGA
PROVIMENTO.
1. A interrupção da prescrição, na forma prevista no § 1º do artigo 219 do Código de Processo Civil, retroagirá
à data em que petição inicial reunir condições de desenvolvimento válido e regular do processo, o que, no
caso, deu-se apenas com a emenda da inicial, momento em que já havia decorrido o prazo prescricional.
2. O Tribunal de origem decidiu com base nos elementos de prova dos autos que estava prescrita a pretensão,
rever esse entendimento esbarra no óbice da Súmula n. 7/STJ.
3. Agravo a que se nega provimento.
(STJ, AgInt no AREsp n. 2.235.620/PR, relator Ministro Raul Araújo, Quarta Turma, julgado em 8/5/2023, DJe
de 17/5/2023.)

CAUSAS QUE IMPEDEM OU SUSPENDEM A CAUSAS QUE INTERROMPEM A PRESCRIÇÃO


PRESCRIÇÃO
Art. 197. Não corre a prescrição: Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente
I - entre os cônjuges, na constância da sociedade poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:
conjugal; I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que
II - entre ascendentes e descendentes, durante o ordenar a citação, se o interessado a promover no
poder familiar; prazo e na forma da lei processual;
III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou II - por protesto, nas condições do inciso antecedente;
curadores, durante a tutela ou curatela. III - por protesto cambial;
IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de
Art. 198. Também não corre a prescrição: inventário ou em concurso de credores;
I - contra os incapazes de que trata o art. 3o ; V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o
II - contra os ausentes do País em serviço público da devedor;
União, dos Estados ou dos Municípios; VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que
III - contra os que se acharem servindo nas Forças extrajudicial, que importe reconhecimento do direito
Armadas, em tempo de guerra. pelo devedor.
Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça
Art. 199. Não corre igualmente a prescrição: a correr da data do ato que a interrompeu, ou do
I - pendendo condição suspensiva; último ato do processo para a interromper.
II - não estando vencido o prazo; Art. 203. A prescrição pode ser interrompida por
III - pendendo ação de evicção. qualquer interessado.
Art. 204. A interrupção da prescrição por um credor
Art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva não aproveita aos outros; semelhantemente, a
ser apurado no juízo criminal, não correrá a interrupção operada contra o co-devedor, ou seu
prescrição antes da respectiva sentença definitiva. herdeiro, não prejudica aos demais coobrigados.
§ 1 o A interrupção por um dos credores solidários
aproveita aos outros; assim como a interrupção

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Art. 201. Suspensa a prescrição em favor de um dos efetuada contra o devedor solidário envolve os
credores solidários, só aproveitam os outros se a demais e seus herdeiros.
obrigação for indivisível. § 2 o A interrupção operada contra um dos herdeiros
do devedor solidário não prejudica os outros
herdeiros ou devedores, senão quando se trate de
obrigações e direitos indivisíveis.
§ 3 o A interrupção produzida contra o principal
devedor prejudica o fiador.

#OLHAAJURIS:
A interrupção da prescrição ocorre somente uma única vez para a mesma relação jurídica, isto é,
independentemente de seu fundamento
Exemplo hipotético: Montago Ltda deveria pagar, em setembro de 2012, R$ 300 mil à Galícia Comércio Ltda.
Essa quantia estava materializada em três duplicatas mercantis de R$ 100 mil cada. Não houve pagamento
na data do vencimento. Logo, iniciou-se a contagem do prazo prescricional para a credora exigir o pagamento
da quantia.
Em outubro de 2012, a credora (Galícia) levou as duplicatas a protesto. Isso interrompeu a prescrição (art.
202, III, do CC).
Em dezembro de 2014, a devedora (Montago) ajuizou, contra a credora, ação declaratória de inexigibilidade
dos débitos. O pedido foi julgado improcedente. Isso, em tese, tem o condão de interromper a prescrição.
No entanto, no caso concreto, essa ação não teve o condão de interromper porque a prescrição já havia sido
interrompido uma vez antes e o art. 202 do CC somente admite uma única interrupção da prescrição.
Em suma: não é possível a interrupção do prazo prescricional em razão do ajuizamento de ação declaratória
de inexigibilidade dos débitos pelo devedor quando já tiver havido anterior interrupção do prazo
prescricional pelo protesto das duplicatas.
STJ. 3ª Turma. REsp 1963067-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 22/02/2022 (Info 727).

TEORIA DA ACTIO NATA: 3

Em regra, o termo inicial da prescrição é data da violação do direito (teoria da actio nata)

Na legislação civil brasileira, prevalece a noção clássica de que o termo inicial da prescrição se dá com o
próprio nascimento da ação (actio nata), sendo este determinado pela violação de um direito atual,
suscetível de ser reclamado em juízo.

Tanto é assim que o Código Civil de 2002, em seu art. 189, dispõe expressamente que

CC, Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos
a que aludem os arts. 205 e 206.

Sob essa ótica, o prazo prescricional é contado, em regra, a partir do momento em que configurada lesão ao
direito subjetivo, sendo desinfluente para tanto ter ou não seu titular conhecimento pleno do ocorrido ou da
extensão dos danos (art. 189 do CC/2002).

É o que se chama de viés OBJETIVO da teoria da actio nata:

3CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Critérios que indicam a tendência de adoção excepcional do viés subjetivo da teoria da actio nataa. Buscador
Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/da52dbdb51e5c9b3fcacdc228065d5e0>.

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(...) Pelo viés objetivo da teoria da actio nata, a prescrição começa a correr com a violação do direito, assim
que a prestação se tornar exigível. (...) STJ. 3ª Turma. REsp 1.736.091/PE, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado
em 14/05/2019.

Viés SUBJETIVO da teoria da actio nata: O STJ passou a admitir que, em determinadas hipóteses, o início
dos prazos prescricionais deveria ocorrer a partir da ciência do nascimento da pretensão por seu titular, no
que ficou conhecido como o viés subjetivo da teoria da actio nata. Com efeito, pelo sistema subjetivo, o início
do prazo prescricional só se dá quando o credor tenha conhecimento dos elementos essenciais relativos ao
seu direito.

Assim, “segundo a vertente subjetiva da actio nata, a contagem do prazo prescricional exige a efetiva inércia
do titular do direito, a qual somente se verifica diante da inexistência de óbices ao exercício da pretensão e
a partir do momento em que o titular tem ciência inequívoca do dano, de sua extensão, e da autoria da lesão”
(STJ. 3ª Turma. REsp 1.736.091/PE, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 14/05/2019).

Actio nata em sua vertente subjetiva é excepcional

Vale ressaltar, contudo, que a “a aplicação da teoria da actio nata em sua vertente subjetiva é excepcional”
(STJ. 3ª Turma. REsp 1.736.091/PE, julgado em 14/05/2019).

Exemplo de aplicação da teoria da actio nata em sua vertente subjetiva:


Prescrição relativa à indenização em virtude de incapacidade permanente, em que a jurisprudência do STJ
fixou-se no sentido de que o prazo prescricional começa a fluir apenas a partir do momento em que a vítima
toma ciência inequívoca de sua invalidez e da extensão da incapacidade de que restou acometida.

Nesse sentido:
Súmula 278-STJ: O termo inicial do prazo prescricional, na ação de indenização, é a data em que o segurado
teve ciência inequívoca da incapacidade laboral.

Teoria da actio nata


• na vertente objetiva: prestigia o valor segurança;
• na vertente subjetiva: prestigia o valor justiça.

Quando se deve adotar a vertente subjetiva?


A adoção do sistema subjetivo pode revelar-se adequada na medida em que o estabelecimento do termo
inicial do prazo prescricional na data do nascimento da pretensão (= sistema objetivo) possui o inconveniente
de impor ao credor o pesado ônus de identificar, em curto espaço de tempo, quem é o devedor e a extensão
de sua pretensão, o que nem sempre se revela fácil ou possível.
Os inconvenientes da vertente objetiva também se revelam naquelas hipóteses em que a experiência comum
aponta notória dificuldade para o titular do direito tomar conhecimento do nascimento da sua pretensão,
como ocorre nas hipóteses em que há alguma distância física entre o titular do direito e o objeto tutelado
pelo sistema jurídico (p. ex. propriedades rurais longínquas) ou naquelas outras em que existe algum lapso
temporal entre o ato ilícito (dano-evento) e a lesão (dano-prejuízo), como ocorre, por exemplo, nos casos de
problemas de saúde cujos sintomas demoram a surgir.

Viés subjetivo da teoria da actio nata tem maior campo de aplicação no caso de responsabilidade
extracontratual
O viés subjetivo da teoria da actio nata encontra maior campo de aplicação na hipótese de responsabilidade
civil por ato ilícito absoluto (= responsabilidade civil extracontratual). Isso porque neste caso existe uma
maior dificuldade para o credor determinar o causador e a extensão do dano sofrido.

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Assim, pode-se afirmar que, em regra, o viés subjetivo da teoria da actio nata possui maior afinidade com as
hipóteses de responsabilidade civil por ato ilícito absoluto, estabelecendo-se como termo a quo do prazo
prescricional a data do conhecimento, pelo titular, do nascimento da pretensão.

Em alguns casos, a lei impõe a adoção da vertente subjetiva


Por fim, deve-se apontar como critério serviente a guiar o intérprete na determinação do dies a quo dos
prazos prescricionais a própria escolha levada a efeito pelo direito positivo.
De fato, em algumas hipóteses o próprio legislador, de maneira expressa, impõe a adoção da vertente
subjetiva da teoria da actio nata.
É o que se verifica, por exemplo, no art. 27 do CDC - ao estatuir que o prazo prescricional se inicia a partir do
conhecimento do dano e de sua autoria pelo consumidor - e no art. 206, § 1º, II, “b”, do Código Civil, ao
estabelecer que, nos contratos de seguro em geral, o termo a quo do prazo prescricional é a “ciência do fato
gerador da pretensão”.

Resumo dos critérios para adoção do viés subjetivo


Assim, ainda que de modo não exaustivo e não cumulativo, pode-se concluir que são critérios que indicam a
tendência de adoção do viés subjetivo da teoria da actio nata:
1) a submissão da pretensão a prazo prescricional curto;
2) a constatação, na hipótese concreta, de que o credor tinha ou deveria ter ciência do nascimento da
pretensão, o que deve ser apurado a partir da boa-fé objetiva e de standards de atuação do homem médio;
3) o fato de se estar diante de responsabilidade civil por ato ilícito absoluto; e
4) a expressa previsão legal a impor a aplicação do sistema subjetivo.

#SEGUIMOSDERESUMO

DECADÊNCIA
- Não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição, salvo
disposição em contrário.
- Não corre decadência contra os absolutamente incapazes.
- Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os seus assistentes ou representantes
legais, que derem causa à decadência, ou não a alegarem oportunamente.
- É nula a renúncia à decadência fixada em lei.
- Deve o juiz, de ofício, conhecer da decadência, quando estabelecida por lei.
- Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição,
mas o juiz não pode suprir a alegação.

#OLHAADIFERENÇA

PRESCRIÇÃO DECADÊNCIA
Põe fim à pretensão. Põe fim ao direito
Relacionada aos direitos subjetivos (cunho Relacionada aos direitos potestativos (aqueles que
prestacional. Aqueles que se opõem a um dever se opõem a um estado de sujeição)
jurídico).
Somente pode ser prevista em lei. Pode ser prevista em lei (decadência legal) ou
através de contrato (decadência convencional).
Prazo da prescrição pode ser impedido, suspenso Prazo de decadência não pode ser impedido,
ou interrompido. suspenso ou interrompido (em regra –art. 207 do
CC: “Salvo disposição legal em contrário, não se
aplicam à decadência as normas que impedem,

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suspendem ou interrompem a prescrição”).


Exceção (disposição legal em contrário): art. 26, §
2º, do CDC

#SELIGANAJURIS
É de 10 anos o prazo prescricional aplicável à pretensão de restituição de valores de benefícios
previdenciários complementares recebidos por força de decisão liminar posteriormente revogada, tendo em
vista não se tratar de hipótese de enriquecimento sem causa, de prescrição intercorrente ou de
responsabilidade civil. (REsp n. 1.939.455/DF, relatora Ministra Nancy Andrighi, Segunda Seção, julgado em
26/4/2023, DJe de 9/6/2023.)
"O termo inicial dos juros de mora, em ação de cobrança de valores pretéritos ao ajuizamento de anterior
mandado de segurança que reconheceu o direito, é a data da notificação da autoridade coatora no mandado
de segurança, quando o devedor é constituído em mora (art. 405 do Código Civil e art. 240 do CPC)". (REsp
n. 1.925.235/SP, relatora Ministra Assusete Magalhães, Primeira Seção, julgado em 10/5/2023, DJe de
29/5/2023.)
É de 10 anos o prazo prescricional aplicável à pretensão de restituição de valores de benefícios
previdenciários complementares recebidos por força de decisão liminar posteriormente revogada, tendo em
vista não se tratar de hipótese de enriquecimento sem causa, de prescrição intercorrente ou de
responsabilidade civil. O fundamento legal é o art. 205 do Código Civil. STJ. 2ª Seção.REsp 1.939.455-DF, Rel.
Min. Nancy Andrighi, julgado em 26/4/2023 (Info 772).
A fluência da prescrição da pretensão indenizatória fundada na imputação de crimes dos quais se venha a
ser posteriormente absolvido tem início com o trânsito em julgado da sentença na ação penal
Caso hipotético: João trabalhou como diretor de um banco até o início do ano 2000. Vale ressaltar que, nessa
época, a instituição financeira estava enfrentando uma grave crise decorrente do fato de que grandes
devedores do banco tornaram-se inadimplentes e não pagaram os empréstimos que haviam contraído. João
foi demitido. A instituição financeira divulgou ao mercado e comunicou ao Banco Central que os prejuízos
sofridos decorreram da má gestão de João que teria aprovado os empréstimos sem as garantias necessárias.
O banco insinuou João teria se apropriado indevidamente de valores e promovido desvio de recursos. Por
esse motivo, João foi alvo de processos administrativo e criminal. Ao final das apurações, João foi absolvido.
A decisão absolutória no âmbito penal transitou em julgado em 04/09/2009. No dia 01/11/2011, João ajuizou
ação de indenização contra o banco. O juiz, contudo, extinguiu o processo por prescrição. O autor recorreu
alegando que a pretensão não estaria prescrita, considerando que o prazo prescricional somente teria
começado a fluir após o trânsito em julgado da sentença penal absolutória.
O STJ acolheu o entendimento.
Inicialmente, cumpre ressaltar que o prazo prescricional é de 3 anos, nos termos do art. 206, § 3º, V, do CC.
Assim, é trienal o prazo prescricional aplicável à pretensão de indenização fundada em atos ofensivos
praticados após a rescisão do contrato de trabalho.
Quanto ao termo inicial, a fluência da prescrição da pretensão indenizatória fundada na imputação de crimes
dos quais se venha a ser posteriormente absolvido tem início com o trânsito em julgado da sentença na ação
penal.
STJ. 4ª Turma. AREsp 1192906-SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 14/3/2023 (Info 767).
Em ação indenizatória que se origina de alegado ilícito concorrencial, uma vez verificada inexistência de
decisão do CADE sobre a formação de cartel, o prazo prescricional é de três anos - art. 206, § 3º, V, CC/2002
- e o termo inicial para sua contagem é a data da ciência do fato danoso.
STJ. 4ª Turma. REsp 1971316-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 25/10/2022 (Info 756).
O termo inicial do prazo de prescrição da pretensão ao recebimento de honorários advocatícios contratados
sob a condição de êxito da demanda judicial, no caso em que o mandato foi revogado por ato unilateral do
mandante antes do término do litígio, é a data do êxito da demanda, e não a da revogação do mandato. STJ.
4ª Turma. REsp 1777499-RS, Rel. Ministro Raul Araújo, julgado em 22/11/2022 (Info 759).

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Em razão do princípio da unicidade da interrupção prescricional, mesmo diante de uma hipótese interruptiva
extrajudicial (protesto de título) e outra em decorrência de ação judicial de cancelamento de protesto e título
executivo, apenas admite-se a interrupção do prazo pelo primeiro dos eventos. REsp 1.786.266-DF, Rel. Min.
Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 11/10/2022.
Em ação indenizatória que se origina de alegado ilícito concorrencial, uma vez verificada inexistência de
decisão do CADE sobre a formação de cartel, o prazo prescricional é de três anos - art. 206, § 3º, V, CC/2002
- e o termo inicial para sua contagem é a data da ciência do fato danoso.
STJ. 4ª Turma. REsp 1971316-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 25/10/2022 (Info 756).
Em razão do princípio da unicidade da interrupção prescricional, mesmo diante de uma hipótese
interruptiva extrajudicial e outra em decorrência de citação judicial, apenas admite-se a interrupção do
prazo apenas pelo primeiro dos eventos (no caso, o protesto)
Nos termos do art. 202, caput, do Código Civil, a prescrição pode ser interrompida somente uma única vez.
Logo, em razão do princípio da unicidade da interrupção prescricional, mesmo diante de uma hipótese
interruptiva extrajudicial (protesto de título) e outra em decorrência de ação judicial de cancelamento de
protesto e título executivo, apenas admite-se a interrupção do prazo pelo primeiro dos eventos.
STJ. 4ª Turma. REsp 1786266-DF, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 11/10/2022 (Info 754).
Aplica-se a prescrição quinquenal do Decreto 20.910/1932 às empresas estatais prestadoras de serviços
públicos essenciais, não dedicadas à exploração de atividade econômica com finalidade lucrativa e
natureza concorrencial
REGRA: em regra, o prazo de prescrição quinquenal, previsto no Decreto nº 20.910/1932 e no Decreto-Lei nº
4.597/1942, não se aplica para as sociedades de economia mista e empresas públicas.
EXCEÇÃO: Aplica-se a prescrição quinquenal do Decreto Nº 20.910/1932 às empresas estatais prestadoras
de serviços públicos essenciais, não dedicadas à exploração de atividade econômica com finalidade lucrativa
e natureza concorrencial. STJ. 1ª Turma. REsp 1635716-DF, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em
04/10/2022 (Info 753).
A propositura da ação revisional pelo devedor interrompe o prazo prescricional para o ajuizamento da
ação executiva
Caso adaptado: em julho de 2007, João celebrou contrato de mútuo com a Caixa Econômica Federal (CEF).
Em julho de 2010, venceu a última parcela do contrato. Em julho de 2018, a CEF ajuizou execução cobrando
R$ 200 mil de saldo que João ainda estaria devendo. O executado arguiu a prescrição afirmando que a
pretensão se submetia ao prazo prescricional de 5 anos, previsto no art. 206, § 5º, I, do Código Civil. Como a
última parcela venceu em julho de 2010, a instituição financeira teria até julho de 2015 para executar (5
anos). A CEF, contudo, contra argumentou afirmando que, em janeiro de 2010, João ajuizou ação revisional
contra ela pedindo que fosse recalculado o saldo devedor considerando que os índices aplicados para
reajuste das parcelas estaria errado. Essa ação revisional somente foi definitivamente julgada em julho de
2017. Assim, a CEF argumentou que a ação ajuizada por João para discutir a dívida interrompeu a prescrição,
pois somente após o trânsito em julgado da decisão é que seria possível saber o valor exato a ser exigido do
devedor. Em outras palavras, a CEF defendeu que a prescrição foi interrompida com o ajuizamento da ação
que controverteu os valores. Esse prazo prescricional somente foi reiniciado (do zero) após o último ato do
processo, qual seja, o trânsito em julgado da sentença. O STJ concordou com a CEF. A configuração da mora
nem sempre induz à inércia do credor em relação à persecução do seu direito. A quebra da inércia do credor
é caracterizada não só pela ação executiva, mas por qualquer outro meio que evidencie a defesa do crédito
representado pelo título executivo. A possibilidade de o credor negociar, transigir ou reconhecer, total ou
parcialmente, eventual excesso do crédito no âmbito da própria ação movida pelo devedor pode evitar a
necessidade posterior da execução de um título que representa um mesmo objeto. O reconhecimento da
prescrição se opera em desfavor do titular do crédito. Assim, a disposição contida no § 1º do art. 784 do
CPC/2015 não deve ser interpretada no sentido de que a ação executiva seja a única forma de o credor
demonstrar uma atitude ativa em relação à pretensão de receber o que lhe é devido. STJ. 3ª Turma. REsp
1956817-MS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 14/06/2022 (Info 743).

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A pretensão de repetição de indébito por cobrança indevida de valores referentes a serviços de TV por
assinatura não previstos no contrato sujeita-se à norma geral do lapso prescricional de dez anos.
STJ. 4ª Turma. REsp 1951988-RS, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 10/05/2022 (Info 737).

#TEMQUESABER

PRAZO PRAZOS DE PRESCRIÇÃO


I - a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destinados a consumo no
próprio estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dos alimentos; II - a
pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o prazo: a)
para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em que é citado para
responder à ação de indenização proposta pelo terceiro prejudicado, ou da data que a este
indeniza, com a anuência do segurador; b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato
01 ANO gerador da pretensão; III - a pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários
judiciais, árbitros e peritos, pela percepção de emolumentos, custas e honorários; IV - a
pretensão contra os peritos, pela avaliação dos bens que entraram para a formação do
capital de sociedade anônima, contado da publicação da ata da assembleia que aprovar o
laudo; V - a pretensão dos credores não pagos contra os sócios ou acionistas e os
liquidantes, contado o prazo da publicação da ata de encerramento da liquidação da
sociedade.
02 ANOS Prestações alimentares.
I - a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos;
II - a pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou vitalícias; III - a
pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias, pagáveis, em
períodos não maiores de um ano, com capitalização ou sem ela;
IV - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa;
V - a pretensão de reparação civil;
VI - a pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de má-fé, correndo o
prazo da data em que foi deliberada a distribuição;
VII - a pretensão contra as pessoas em seguida indicadas por violação da lei ou do estatuto,
03 ANOS contado o prazo:
a) para os fundadores, da publicação dos atos constitutivos da sociedade anônima;
b) para os administradores, ou fiscais, da apresentação, aos sócios, do balanço referente
ao exercício em que a violação tenha sido praticada, ou da reunião ou assembleia geral que
dela deva tomar conhecimento;
c) para os liquidantes, da primeira assembleia semestral posterior à violação;
VIII - a pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do vencimento,
ressalvadas as disposições de lei especial;
IX - a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso de
seguro de responsabilidade civil obrigatório.
04 ANOS (i) Pretensão relativa à tutela.
I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou
particular;
II - a pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e
05 ANOS
professores pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da cessação
dos respectivos contratos ou mandato;
III - a pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo.
Prazo geral (art.205 do CC)
10 ANOS - A ação de repetição de indébito por cobrança indevida de valores referentes a serviços
não contratados de telefonia fixa.

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- Responsabilidade CONTRATUAL (inadimplemento contratual).


- Pretensão de cobrar dívida decorrente de conserto de automóvel por mecânico que não
tenha conhecimento técnico e formação intelectual suficiente para ser qualificado como
profissional liberal.
-Prazo para que um advogado autônomo possa cobrar de outro advogado o valor
correspondente à divisão de honorários advocatícios contratuais e de sucumbência
referentes a ação judicial na qual ambos trabalharam em parceria.
-Ação pedindo o ressarcimento por despesas médico-hospitalares que não foram pagas
pelo plano e que estariam previstas no contrato.

#SELIGANAJURIS:
A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça definiu que nas pretensões relacionadas a responsabilidade
contratual, se aplica a regra geral (art. 205 do CC/2002), que prevê dez anos de prazo prescricional, e, nas
demandas que versarem sobre responsabilidade extracontratual, aplica-se o disposto no art. 206, § 3º, V, do
mesmo diploma, com prazo prescricional de três anos.
O termo a quo do prazo prescricional está diretamente relacionado ao surgimento do interesse processual
para a propositura da ação; enquanto não houver interesse, condição da ação, não se inicia a prescrição.
Na falta de predeterminação de data para o cumprimento da obrigação, é necessário constituir o devedor
em mora, para então surgir a pretensão de cobrança.
Na espécie, proposta a ação antes de findo o prazo decenal após a notificação dos devedores, deve ser
afastada a prescrição. STJ. 3ª Turma. REsp 1.758.298/MT, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 3/05/2022.
Art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição
antes da respectiva sentença definitiva.
Exemplo hipotético: em 2010, “P” praticou estupro, sem violência real, contra “T”. Em 2012, o Ministério
Público ofereceu denúncia contra “P”. Em 2014, o processo penal foi extinto sob o argumento de que o MP
seria parte ilegítima porque não houve representação, conforme se exigia antes da Lei nº 13.718/2018. Logo
em seguida, “T” (a vítima) ajuizou ação de indenização por danos morais contra “P”.
Mesmo já tendo passado três anos do fato (art. 206, § 3º V, do CC), não houve prescrição. Isso porque o
prazo prescricional somente se iniciou com o trânsito em julgado da sentença do processo penal.
STJ. 3ª Turma. REsp 1987108-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 29/03/2022 (Info 732).
O art. 197, I, do Código Civil prevê que “não corre a prescrição entre os cônjuges, na constância da sociedade
conjugal”.
Se os cônjuges estão separados há muitos anos, não se deve aplicar a regra do art. 197, I, do CC.
Mesmo não estando prevista no rol do art. 1.571 do CC, a separação de fato muito prolongada, ou por tempo
razoável, também pode ser considerada como causa de dissolução da sociedade conjugal e, em assim sendo,
não tem o condão de impedir a natural fluência do prazo prescricional da pretensão de partilha de bens de
ex-cônjuges.
Caso concreto: a pretensão de partilha de bem comum após mais de 30 anos da separação de fato e da
partilha amigável dos bens comuns do ex-casal está fulminada pela prescrição.
STJ. 3ª Turma. REsp 1660947-TO, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 05/11/2019 (Info 660).

8. Obrigações. Obrigações de dar, fazer e não fazer. Obrigações alternativas. Obrigações divisíveis e
indivisíveis. Obrigações solidárias.
9. Pagamento. Condições subjetivas e objetivas. Prova, lugar e tempo do pagamento. 26/45
10. Pagamentos especiais. Pagamento por consignação e com sub-rogação. Imputação do pagamento. Dação
em pagamento.
11. Extinção da obrigação sem pagamento: novação, compensação, confusão, compromisso e remissão.
12. Inadimplemento das obrigações. Mora. Perdas e danos. Juros legais e cláusula penal.
13. Arras. Transmissão de obrigações: cessão de crédito, assunção de dívida, cessão de contrato.

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DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

O direito das obrigações reúne o conjunto de normas reguladoras da relação jurídica pessoal vinculativa do
credor ao devedor. A relação é pessoal e vinculativa.

CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES


* A classificação básica é formada pelas obrigações negativas e obrigações positivas. As obrigações
negativas são as obrigações de não fazer e as obrigações positivas podem ser as de fazer e as de dar. As
obrigações de dar podem ser as de dar coisa certa ou dar coisa incerta
Regulada a partir do art. 250, CC, a obrigação de não fazer é aquela que tem por
objeto uma prestação negativa, ou seja, um comportamento omissivo do devedor.
#SELIGA: O que são obrigações de não fazer transeuntes? São também
OBRIGAÇÃO DE NÃO
denominadas obrigações negativas instantâneas, sendo aquelas que, quando
FAZER
descumpridas uma única vez, são irreversíveis, gerando inadimplemento absoluto,
na medida em que é impossível retornar ao estado originário. Ex.: Obrigação de
não divulgar segredo industrial de empresa
Regulada a partir do art. 247, CC, a obrigação de fazer é aquela que tem por objeto
uma prestação de fato positiva, ou seja, na obrigação de fazer interessa ao credor
a própria atividade do devedor. A obrigação de fazer poderá ser fungível (não
OBRIGAÇÃO DE FAZER
personalíssima), quando a atividade possa ser prestada por terceiro, ou infungível
(personalíssima), quando somente a atividade do próprio devedor interessa.

A obrigação de dar é aquela que tem por objeto prestações de coisas. “Dar”, em
direitos das obrigações, pode significar: transferir a propriedade da coisa,
transferir apenas a posse ou a detenção da coisa ou restituir.
A coisa pode ser certa ou incerta.
a) Obrigação de dar coisa certa (art. 233, CC): a obrigação de dar coisa certa é
aquela que tem por objeto uma coisa determinada ou individualizada, a exemplo
OBRIGAÇÃO DE DAR da obrigação imposta à construtora na venda de determinado apartamento.
b) Obrigação de dar coisa incerta (art. 243, CC): trata-se de uma obrigação
genérica com prestação determinável. Vale dizer, é a obrigação em que a coisa é
indicada apenas pelo gênero e pela quantidade, não estando ainda individualizada.
Em regra, a individualização da coisa (operação denominada concentração do
débito ou da prestação devida), é feita pelo devedor, se o contrário não resultar
do título da obrigação. E toda escolha deve ser feita pela média.

#NÃOESQUEÇA #SEMPRECAI

OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA – ARTS. 233/242.


PERDA COM CULPA O devedor responde pelo equivalente mais perdas e danos.
PERDA SEM CULPA Resolve-se a obrigação, com o retorno das partes à situação anterior.
Poderá o credor exigir o equivalente ou aceitar a coisa no estado em que
DETERIORAÇÃO COM CULPA se achar, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização
por perdas e danos.
Poderá o credor resolver a obrigação ou aceitar a coisa, abatido de seu
DETERIORAÇÃO SEM CULPA
preço o valor que perdeu.

OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS
SOLIDARIEDADE ATIVA (ARTS. 267 A 274)

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Na solidariedade ativa, cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da
prestação por inteiro (art. 267, do CC). Em complemento, enquanto alguns dos credores solidários não
demandarem o devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar (art. 268, do CC).
O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago (art.
269, do CC).
Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir e receber
a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível (art.
270, do CC).
Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste (permanece), para todos os efeitos, a
solidariedade (art. 271, do CC).
#OLHAOGANCHO: De acordo com o art. 263, do CC/2002, a obrigação indivisível perde esse caráter
quando da sua conversão em perdas e danos, o que não ocorre com a obrigação solidária ativa, que
permanece com o dever do sujeito passivo obrigacional de pagar a quem quer que seja.
O credor que tiver remitido (perdoado) a dívida ou recebido o pagamento responderá aos outros pela
parte que lhes caiba (art. 272, do CC).
Como novidade na atual codificação material, preceitua o art. 273 que “a um dos credores solidários não
pode o devedor opor as exceções pessoais oponíveis aos outros”. As exceções pessoais são defesas de
mérito existentes somente contra determinados sujeitos, como aquelas relacionadas com os vícios da
vontade (erro, dolo, coação, estado de perigo e lesão) e as incapacidades em geral, como é o caso da falta
de legitimação. Na obrigação solidária ativa, o devedor não poderá opor essas defesas contra os demais
credores diante da sua natureza personalíssima.
Segundo o art. 274, do CC (redação dada pela Lei nº 13.105, de 2015), “O julgamento contrário a um dos
credores solidários não atinge os demais, mas o julgamento favorável aproveita-lhes, sem prejuízo de
exceção pessoal que o devedor tenha direito de invocar em relação a qualquer deles”.
#OLHAAJURIS:
Ação de regresso. Subtração de bens mantidos em cofre alugado. Dívida solidária oriunda de sentença
condenatória. Terceiro e instituição financeira. Pagamento integral da condenação pela instituição
financeira. Pretensão pelo ressarcimento. Solidariedade passiva desconstituída na relação interna dos
codevedores. Dívida solidária que interessava somente ao terceiro que praticou o ato ilícito. Aplicação do
art. 285 do Código Civil. REsp 2.069.446-SP, Rel. Ministro Moura Ribeiro, Terceira Turma, por unanimidade,
julgado em 23/5/2023, DJe 29/5/2023.
SOLIDARIEDADE PASSIVA (ARTS. 275 A 285):
Na obrigação solidária passiva, o credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores,
parcial ou totalmente, a dívida comum. Se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores
continuam obrigados solidariamente pelo resto (art. 275, caput, do CC). Não importará renúncia da
solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores (art. 275, parágrafo
único, do CC).
Como ocorre com a solidariedade ativa, o art. 276, do CC, traz regra específica envolvendo a morte de um
dos devedores solidários. No caso de falecimento de um destes, cessa a solidariedade em relação aos
sucessores do de cujus, eis que os herdeiros somente serão responsáveis até os limites da herança e de
seus quinhões correspondentes. A regra não se aplica se a obrigação for indivisível. Outra exceção é feita
pelo comando, eis que todos os herdeiros reunidos são considerados um único devedor em relação aos
demais devedores
Tanto o pagamento parcial realizado por um dos devedores como o perdão da dívida (remissão) por ele
obtida não têm o efeito de atingir os demais devedores na integralidade da dívida (art. 277, do CC). No
máximo, caso ocorra o pagamento direto ou indireto, os demais devedores serão beneficiados de forma
reflexa, havendo desconto em relação à quota paga ou perdoada.
Dispõe o art. 278, do CC, que “qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre um
dos devedores solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos outros sem consentimento destes”.

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Por regra, o que for pactuado entre o credor e um dos devedores solidários não poderá agravar a situação
dos demais, seja por cláusula contratual, seja por condição inserida na obrigação, seja ainda por aditivo
negocial. Deve ser respeitado o princípio da relatividade dos efeitos contratuais, eis que o negócio firmado
gera efeitos inter partes, em regra.
Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo
de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado.
Na solidariedade passiva, o devedor demandado poderá opor contra o credor as defesas que lhe forem
pessoais e aquelas comuns a todos, tais como pagamento parcial ou total e a prescrição da dívida (art. 281
do CC). Mas esse devedor demandado não poderá opor as exceções pessoais a que outro codevedor tem
direito, eis que estas são personalíssimas, como se pode aduzir pelo próprio nome da defesa em questão.
Exemplificando: qualquer um dos devedores poderá alegar a prescrição da dívida, ou o seu pagamento
total ou parcial, direto ou indireto, pois as hipóteses são de exceções comuns. Por outra via, os vícios do
consentimento (erro, dolo, coação, estado de perigo e lesão), somente podem ser suscitados pelo devedor
que os sofreu.
O Código Civil de 2002 continua admitindo a renúncia à solidariedade, de forma parcial (a favor de um
devedor) ou total (a favor de todos os codevedores), no seu art. 282, caput (“O credor pode renunciar à
solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores”). A expressão renúncia à solidariedade
pode ser utilizada como sinônima de exoneração da solidariedade. Enuncia o parágrafo único do
dispositivo que “Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos demais”.
O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos codevedores a sua quota,
dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes
de todos os codevedores (art. 283, do CC). Entretanto, se a dívida solidária interessar exclusivamente a um
dos devedores, responderá este por toda ela para com aquele que a pagar (art. 285, do CC).

#DEOLHONAJURIS
Os pais, detentores do poder familiar, não respondem solidariamente por contrato oneroso de prestação
de serviços escolares celebrado entre a instituição de ensino e terceiro estranho à entidade familiar. "(...)
os pais, detentores do poder familiar, têm o dever de garantir o sustento e a educação dos filhos,
compreendendo, aí, a manutenção do infante em ensino regular, pelo que deverão, solidariamente,
responder pelas mensalidades da escola em que matriculado o filho". Assim, o genitor ou a genitora, que não
conste como responsável financeiro no contrato de prestação de serviços escolares firmado pelo outro
cônjuge com a instituição de ensino da criança, detém legitimidade para figurar no polo passivo de ação de
cobrança da dívida. A responsabilidade solidária dos genitores, nos termos em que reconhecida nos julgados
supramencionados, decorre da interpretação combinada de dispositivos do Código Civil de 2002, do Código
de Processo Civil (de 1973 e/ou de 2015) e do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Consoante
interpretação dos arts. 1.643 e 1.644 do CC/2002 e 592, IV, do CPC/73 (correspondente ao art. 790, IV, do
CPC/2015), o casal responde solidariamente pelas obrigações relativas à manutenção da economia
doméstica, em proveito da entidade familiar, ainda que a dívida tenha sido contraída por apenas um dos
cônjuges/companheiros, sendo possível, inclusive, requerer a excussão dos bens não só do legitimado
ordinário, mas também do coobrigado, extraordinariamente legitimado, uma vez que o patrimônio deste se
sujeita à solvência do débito utilizado para satisfazer as necessidades da entidade familiar. Ainda, conforme
previsão contida no art. 55 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), "os pais ou responsável têm a
obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino". Desse modo, sendo a obrigação
relativa à manutenção dos filhos no ensino regular de ambos os genitores, tem-se que a dívida originada de
contrato de prestação de serviços educacionais firmado em benefício da prole é comum ao casal, como
resultado do poder familiar. Nesse cenário, firmado o contrato de serviços educacionais por apenas um dos
detentores do poder familiar, é indiferente que o outro não esteja nominado no instrumento para que seja
possível o redirecionamento da execução da dívida. Isso significa que, constando do contrato apenas o nome
da mãe, o pai também responde pela dívida inadimplida, e vice-versa. Isso, porque, como já mencionado, o
poder familiar implica responsabilidade solidária de ambos os genitores em prover a educação dos filhos.

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Ocorre que, na hipótese, tem-se circunstância excepcional, diferenciada. Trata-se de determinar se o


inadimplemento das mensalidades escolares relativas a contrato de serviços escolares firmado por terceiro,
estranho à entidade familiar, obriga os pais da criança ao pagamento do débito decorrente da contratação.
Com efeito, nos termos do art. 265 do CC/2002, a solidariedade não pode ser presumida, resultando de
previsão legal ou contratual. Assim, não havendo como se reconhecer a responsabilidade solidária
decorrente do poder familiar (legal), a única maneira de se redirecionar a execução aos pais do aluno seria
caso houvesse alguma anuência ou participação de qualquer dos pais no instrumento contratual firmado
pela ora agravante com a parte contratante. Afigura-se, pois, descabida a aplicação da mesma ratio ao
julgamento de circunstância fática e jurídica distinta. Consequentemente, inexistindo previsão legal e/ou
convencional que respalde o reconhecimento da solidariedade entre os genitores do aluno e os contratantes
dos serviços, não é possível, na hipótese, redirecionar a execução das mensalidades inadimplidas aos
genitores, que não fizeram parte da avença. STJ, AREsp 571.709-SP, Rel. Ministro Raul Araújo, Quarta Turma,
por unanimidade, julgado em 7/2/2023 (Info. 763).

TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES

ASSUNÇÃO DE DÍVIDA CESSÃO DE CRÉDITO


Regra: consentimento EXPRESSO do credor Regra: não precisa de consentimento expresso
Exceção: é permitido o consentimento tácito apenas Eficácia: Apenas para que a cessão tenha EFICÁCIA
no caso do adquirente de imóvel hipotecado e se o perante o devedor, será necessária à sua
credor, notificado, não impugnar em trinta dias a NOTIFICAÇÃO. Repare: não pede o consentimento,
transferência do débito. (art. 303). mas apenas a notificação!
Substitui o polo PASSIVO da obrigação Substitui o polo ATIVO da obrigação
* Não se confunde com a novação ativa subjetiva,
pois não é criada uma obrigação nova.
* Não se confunde com o pagamento com sub-
rogação

#SELIGA: Na cessão de crédito, a reponsabilidade é pro soluto, o cedente responde apenas pela existência
do crédito, ao passo que no endosso a responsabilidade do crédito é pro solvendo.

#NÃOCONFUNDA: novação é uma forma de pagamento indireto em que ocorre a substituição de uma
obrigação anterior por uma obrigação nova, diversa da primeira criada pelas partes. Seu principal efeito é a
extinção da dívida primitiva.

INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES

a) Inadimplemento absoluto ou definitivo: é a hipótese em que o cumprimento da obrigação se tornou


impossível ou inútil ao credor (art. 389, CC). Ex.: contrata costureiro e ele entrega o vestido depois do
casamento.

OBS.: se a impossibilidade absoluta for de natureza inicial (desde a origem da obrigação) estamos a tratar de
caso de nulidade da obrigação por ausência de objeto.

b) Inadimplemento relativo ou mora: é a hipótese em que o cumprimento da obrigação ainda é possível e


útil ao credor. Em regra, há um simples atraso no cumprimento da obrigação (tempo). Antigamente, a única
hipótese de inadimplemento relativo era a de situação de atraso, mas o Código Civil ampliou o conceito de
inadimplemento relativo, abrangendo também o cumprimento da obrigação em lugar distinto ou de forma
diversa da contratada. Agora temos o aspecto do tempo, da forma e do lugar. Ex.: mandei pintar minha casa
e pintou a do vizinho (ainda é possível e útil cumprir o que foi pactuado).

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CLÁUSULA PENAL

Cláusula penal é uma cláusula do contrato, ou um contrato acessório ao principal, em que se estipula,
previamente, o valor da indenização que deverá ser paga pela parte contratante que não cumprir,
culposamente, a obrigação.

A cláusula penal também pode ser chamada de multa convencional, multa contratual ou pena convencional.

NATUREZA JURÍDICA: Trata-se de uma obrigação acessória, referente a uma obrigação principal.

Pode estar inserida dentro do contrato (como uma cláusula) ou prevista em instrumento separado.

FINALIDADES DA CLÁUSULA PENAL:

• Função ressarcitória: serve de indenização para o credor no caso de inadimplemento culposo do


devedor. Ressalte-se que, para o recebimento da cláusula penal, o credor não precisa comprovar qualquer
prejuízo. Desse modo, a cláusula penal serve para evitar as dificuldades que o credor teria no momento de
provar o valor do prejuízo sofrido com a inadimplência do contrato.
• Função coercitiva ou compulsória (meio de coerção): intimida o devedor a cumprir a obrigação,
considerando que este já sabe que, se for inadimplente, terá que pagar a multa convencional.

ESPÉCIES DE CLÁUSULA PENAL


CLÁUSULA PENAL MORATÓRIA CLÁUSULA PENAL COMPENSATÓRIA
(compulsória) (compensar o inadimplemento)
Estipulada para desestimular o devedor a incorrer Estipulada para servir como indenização no caso de
em mora ou para evitar que deixe de cumprir total inadimplemento da obrigação principal.
determinada cláusula especial da obrigação
principal. É a cominação contratual de uma multa
para o caso de mora.
Finalidade: para uns, funciona como punição pelo Funciona como uma prefixação das perdas e danos.
atraso no cumprimento da obrigação. Para outros
autores, teria uma função apenas de inibir o
descumprimento e indenizar os prejuízos (não teria
finalidade punitiva).
Aplicada para o caso de inadimplemento relativo. Aplicada para o caso de inadimplemento absoluto.
Ex: em uma promessa de compra e venda de um Ex: em um contrato para que um cantor faça um
apartamento, é estipulada multa para o caso de show no réveillon, é estipulada uma multa de 100
atraso na entrega. mil reais caso ele não se apresente.

#OLHAAJURIS:
Em um contrato no qual foi estipulada uma cláusula penal COMPENSATÓRIA, caso haja o inadimplemento,
é possível que o credor exija o valor desta cláusula penal e mais as perdas e danos?
NÃO. Para o Min. Luis Felipe Salomão, a natureza da cláusula penal moratória é eminentemente reparatória
(indenizatória), possuindo também, reflexamente, uma função dissuasória (ou seja, de desestímulo ao
descumprimento). Tanto isso é verdade que a maioria dos contratos de promessa de compra e venda prevê
uma multa contratual por atraso (cláusula penal moratória) que varia de 0,5% a 1% ao mês sobre o valor total
do imóvel. Esse valor é escolhido porque representa justamente a quantia que o imóvel alugado,
normalmente, produziria ao locador.

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Assim, como a cláusula penal moratória já serve para indenizar/ressarcir os prejuízos que a parte sofreu, não
se pode fazer a sua cumulação com lucros cessantes (que também consiste em uma forma de ressarcimento).
Diante desse cenário, havendo cláusula penal no sentido de prefixar, em patamar razoável, a indenização,
não cabe a sua cumulação com lucros cessantes.
Se não houver cláusula penal, continua sendo possível a condenação por lucros cessantes
Nem sempre os contratos de promessa de compra e venda possuem cláusula penal estipulando multa para
a construtora em caso de atraso na entrega do imóvel. Assim, se não existir cláusula penal e se houve
efetivamente o atraso, será possível, em tese, condenar a construtora ao pagamento de lucros cessantes: O
atraso na entrega do imóvel enseja pagamento de indenização por lucros cessantes durante o período de
mora do promitente vendedor, sendo presumido o prejuízo do promitente comprador. Os lucros cessantes
serão devidos ainda que não fique demonstrado que o promitente comprador tinha finalidade negocial na
transação.
STJ. 2ª Seção. EREsp 1.341.138-SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 09/05/2018 (Info 626).
Vale ressaltar, no entanto, que essa hipótese será cada vez mais rara na prática, considerando o que decidiu
o STJ no REsp 1.631.485-DF: No contrato de adesão firmado entre o comprador e a
construtora/incorporadora, havendo previsão de cláusula penal apenas para o inadimplemento do
adquirente, deverá ela ser considerada para a fixação da indenização pelo inadimplemento do vendedor. As
obrigações heterogêneas (obrigações de fazer e de dar) serão convertidas em dinheiro, por arbitramento
judicial. STJ. 2ª Seção. REsp 1.631.485-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 22/05/2019 (recurso
repetitivo) (Info 651).

#SAIBADIFERENCIAR

CLÁUSULA PENAL ARRAS CONFIRMATÓRIAS


Art. 416. Parágrafo único. Ainda que o prejuízo Art. 419. A parte inocente PODE PEDIR
exceda ao previsto na cláusula penal, NÃO PODE o INDENIZAÇÃO SUPLEMENTAR, se provar maior
credor EXIGIR INDENIZAÇÃO SUPLEMENTAR se prejuízo, valendo as arras como taxa mínima.
assim não foi convencionado.
ARRAS
CONFIRMATÓRIAS (Art. 418/419, do CC) PENITENCIAIS (Art. 420, do CC)
Previstas no contrato com o objetivo de reforçar, São previstas no contrato com o objetivo de
incentivar que as partes cumpram a obrigação permitir que as partes possam desistir da obrigação
combinada. combinada caso queiram e, se isso ocorrer, o valor
das arras penitenciais já funcionará como sendo as
perdas e danos.
Em regra, são as arras confirmatórias. Assim, no Ocorre quando o contrato estipula arras, mas
silêncio do contrato, as arras são confirmatórias. também prevê o direito de arrependimento.
Se as partes cumprirem as obrigações contratuais, Se as partes cumprirem as obrigações contratuais,
as arras serão devolvidas para a parte que as havia as arras serão devolvidas para a parte que as havia
dado. Poderão também ser utilizadas como parte dado. Poderão também ser utilizadas como parte
do pagamento. do pagamento.
Se a parte que deu as arras não cumprir o contrato: Se a parte que deu as arras decidir não cumprir o
a outra parte poderá reter as arras. contrato (exercer seu direito de arrependimento):
ela perderá as arras dadas.
Se a parte que recebeu as arras não executar o Se a parte que recebeu as arras decidir não cumprir
contrato: a outra parte poderá exigir a devolução o contrato (exercer seu direito de arrependimento):
das arras mais o equivalente. deverá devolver as arras mais o equivalente.
Além das arras, a parte inocente poderá pedir: As arras penitenciais têm FUNÇÃO UNICAMENTE
- Indenização suplementar, se provar maior INDENIZATÓRIA.
prejuízo, valendo as arras como taxa mínima;

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- A execução do contrato, com as perdas e danos, Isso significa que a parte inocente ficará apenas com
valendo as arras como o mínimo da indenização. o valor das arras (e do equivalente) e NÃO terá
direito a indenização suplementar.
Súmula 412-STF: No compromisso de compra e
venda com cláusula de arrependimento, a
devolução do sinal, por quem o deu, ou a sua
restituição em dobro, por quem o recebeu, exclui
indenização maior, a título de perdas e danos, salvo
os juros moratórios e os encargos do processo.

Na hipótese de inexecução do contrato, revela-se inadmissível a cumulação das arras com a cláusula penal
compensatória, sob pena de ofensa ao princípio do non bis in idem. Ex: João celebrou contrato de promessa
de compra e venda com uma incorporadora imobiliária para aquisição de um apartamento. João
comprometeu-se a pagar 80 parcelas de R$ 3 mil e, em troca, receberia um apartamento. No início do
contrato, João foi obrigado a pagar R$ 20 mil a título de arras. No contrato, havia uma cláusula penal
compensatória prevendo que, em caso de inadimplemento por parte de João, a incorporadora poderia reter
10% das prestações que foram pagas por ele. Trata-se de cláusula penal compensatória. Suponhamos que,
após pagar 30 parcelas, João tenha parado de pagar as prestações. Neste caso, João perderá apenas as arras,
mas não será obrigado a pagar também a cláusula penal compensatória. Não é possível a cumulação da perda
das arras com a imposição da cláusula penal compensatória. Logo, decretada a rescisão do contrato, fica a
incorporadora autorizada a apenas reter o valor das arras, sem direito à cláusula penal. STJ. 3ª Turma. REsp
1617652-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 26/09/2017 (Info 613).

14. Contratos. Classificação dos contratos. Contratos de adesão. Contrato aleatório. Contrato com pessoa a
declarar. Contrato preliminar. 15. Formação dos contratos. Contratos por tempo determinado e
indeterminado. Efeitos dos contratos. Estipulação em favor de terceiro. 16. Cláusulas gerais. Conceitos legais
indeterminados. Conceitos determinados pela função. Interpretação dos contratos. 17. Vícios redibitórios.
Evicção. Extinção dos contratos: resolução, rescisão e resilição. 18. Compra e venda. Cláusulas especiais.
Promessa de compra e venda. Troca ou permuta. Contrato estimatório. Doação. 19. Locação de coisas.
Locação de imóveis urbanos. Comodato. Mútuo. Prestação de serviço. Empreitada. Depósito. Mandato.
Comissão. Corretagem. Transporte. Fiança. Transação. 20. Seguro. Disposições gerais. Seguro de dano e
seguro de pessoa. Contratos referentes a planos e seguros privados de assistência à saúde. 21. Atos
unilaterais. Pagamento indevido. Enriquecimento sem causa. Promessa de recompensa. Gestão de negócios.

CONTRATOS

PRINCÍPIOS BÁSICOS DOS CONTRATOS


PRINCÍPIO DA conduz a uma liberdade contratual, de modo que a pessoa é livre para contratar,
AUTONOMIA DA estipular cláusulas contratuais, escolher com quem irá contratar e a escolha do objeto
VONTADE contratual.
PRINCÍPIO DO Pelo princípio do consensualismo, os contratos se formam pela manifestação da
CONSENSUALISMO vontade e, via de regra, a forma é livre.
PRINCÍPIO DA Em regra, o contrato só produz efeitos em relação às pessoas que dele participam e
RELATIVIDADE DOS que manifestaram suas vontades. Todavia, de forma excepcional, pode o contrato
CONTRATOS atingir terceiro. Portanto, trata-se de um princípio não absoluto.
O princípio da obrigatoriedade dos contratos refere-se à intangibilidade dos contratos,
PRINCÍPIO DA
ou seja, força vinculante destes. Dessa forma, uma vez celebrado o contrato, as partes
OBRIGATORIEDADE
estarão por ele obrigadas. Pontos básicos: segurança jurídica + pacta sunt servanda - o
DOS CONTRATOS
contrato faz lei entre as partes.

123
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A teoria da imprevisão é uma mitigação moderna à obrigatoriedade dos contratos,


trazida nos artigos 478 e 479 do CC/02.
Aplica-se a teoria da imprevisão:
(i) nos contratos de execução continuada ou diferida;
PRINCÍPIO DA
(ii) quando houver desequilíbrio nas prestações;
REVISÃO DOS
(iii) em contrato comutativo (aquele em que as prestações estão previamente
CONTRATOS OU
definidas).
PRINCÍPIO DA
Pressupostos de incidência da teoria da imprevisão:
ONEROSIDADE
I. Imprevisibilidade: é objetiva, ou seja, não há como ser prevista;
EXCESSIVA
II. Excepcionalidade do fato;
III. Desequilíbrio entre as prestações mesmo sem demonstrar o “efeito gangorra”: esse
efeito é aquele em que uma das partes detém vantagem e a outra não;
IV. Não se aplica aos contratos aleatórios.
O princípio da boa-fé exige que as partes se comportem de forma correta não só
PRINCÍPIO DA BOA- durante as tratativas, como também durante a formação e o cumprimento do contrato.
FÉ E PROBIDADE Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato,
como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.

#SELIGA: A cláusula que desobriga uma das partes a remunerar a outra por serviços prestados na hipótese
de rescisão contratual não viola a boa-fé e a função social do contrato quando presente equilíbrio entre as
partes contratantes no momento da estipulação. REsp 1.799.039-SP, Rel. Min. Moura Ribeiro, Rel. Acd. Min.
Nancy Andrighi, Terceira Turma, por maioria, julgado em 04/10/2022, DJe 07/10/2022. (Info 754 - STJ)

VÍCIO REDIBITÓRIO
Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos
ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor.
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas.
PRAZO REDIBIÇÃO/ABATIMENTO
MÓVEL IMÓVEL
Regra: 30 dias Regra: 1 ano
Se já estiver na posse: 15 dias Se já estiver na posse: 6 meses

RESOLUÇÃO POR ONEROSIDADE EXCESSIVA – Art. 478/480, do CC.


Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente
onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis,
poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da
citação. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar equitativamente as condições do
contrato (TEORIA DA IMPREVISÃO).
#pegadinha: a regra é que seja possível a aplicação apenas em contratos comutativos, entretanto, se em
contratos aleatórios, o evento superveniente extraordinário e imprevisível não se relacionar com a álea
assumida no contrato, será possível sua revisão ou resolução (enunciado da jornada de direito civil nº 440).

TIPO RESUMO GERAL DOS CONTRATOS


Natureza Jurídica: Contrato bilateral, oneroso, comutativo, consensual, informal e não
solene. CC rege apenas as locações não tratadas pela Lei nº 8.245/91 (locação de imóveis
destinados à residência, indústria, comércio ou prestação de serviços).
LOCAÇÃO
A referida lei exclui de sua abrangência 1. Imóveis que integram o patrimônio público
(regidos pelo Decreto n. 9.760/46 e pela Lei n. 8.666/93); 2. Vagas autônomas de
garagens ou espaços destinados a veículos (CC); 3. Espaços publicitários/outdoors (CC);

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4. Apart-hotéis/flats ou equiparados (CC e, para alguns, CDC); 5. Arrendamento


mercantil/leasing (Lei n. 6.099/74).
Natureza Jurídica: Contrato unilateral, gratuito, consensual, comutativo, exigindo forma
FIANÇA escrita. Trata-se de um contrato acessório sui generis.

PRESTAÇÃO DE Natureza jurídica: Contrato bilateral, oneroso, consensual, comutativo e informal.


SERVIÇO
Conceito: O contrato de empreitada (locatio operis) é aquele pelo qual uma das partes
(empreiteiro ou prestador) obriga-se a fazer ou a mandar fazer determinada obra,
EMPREITADA mediante uma determinada remuneração, a favor de outrem (dono de obra ou tomador).

Natureza jurídica: Contrato bilateral oneroso, comutativo, consensual e informal.


Natureza jurídica: O contrato é, em regra, unilateral, podendo assumir também a forma
bilateral (por isso é conceituado como sendo um contrato bilateral imperfeito). Assim
MANDATO
sendo, o contrato pode ser gratuito ou oneroso. É também contrato consensual,
comutativo e informal
Natureza jurídica: Contrato bilateral, oneroso, consensual, comutativo e informal. Na
grande maioria das vezes o transporte assume a forma de contrato de consumo (Lei
TRANSPORTE
8.078/1990) ou de adesão. Assim, é possível buscar diálogos entre o CC e o CDC no que
se refere ao contrato em questão, aplicando-se os princípios sociais contratuais.
Natureza jurídica: Contrato bilateral, oneroso, consensual e aleatório, dependendo do
fator risco. Na maioria das vezes, constitui contrato de adesão, pois o seu conteúdo é
imposto por uma das partes, geralmente a seguradora. Também, muitas vezes, o
contrato é de consumo, o que justifica a busca de diálogos de complementaridade
SEGURO
entre o CC e o CDC (diálogo das fontes).
Súmula 632-STJ: Nos contratos de seguro regidos pelo Código Civil, a correção monetária
sobre a indenização securitária incide a partir da contratação até o efetivo pagamento.

Natureza jurídica: Contrato unilateral, gratuito (regra), comutativo, informal, real


(aperfeiçoa-se com a entrega).
Mútuo é o empréstimo de bem fungível (móvel) e consumível, em que coisa de mesma
espécie, qualidade e quantidade deverá ser restituída ao final. Se for destinado a fins
econômicos, presume-se oneroso (FENERATÍCIO).
Comodato é o empréstimo de bem infungível e inconsumível (móvel ou imóvel), o qual
MÚTUO E deverá ser restituído ao final. Não se transfere aos herdeiros nem pode ser objeto de
COMODATO cessão sem anuência (intuitu personae)
#SELIGA:
Cessado o comodato, o condômino privado da posse do imóvel tem direito ao
recebimento de indenização equivalente aos aluguéis proporcionais ao seu quinhão,
dos proprietários que permaneceram na posse exclusiva do bem
STJ. 4ª Turma. REsp 1953347-SP, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em
09/08/2022 (Info 745).

CLÁUSULAS ESPECIAIS DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA


O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la no prazo máximo
de decadência de três anos, restituindo o preço recebido e reembolsando as despesas
RETROVENDA
do comprador, inclusive as que, durante o período de resgate, se efetuaram com a sua
autorização escrita, ou para a realização de benfeitorias necessárias.

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VENDA A A venda feita a contento do comprador entende-se realizada sob condição suspensiva,
CONTENTO E DA ainda que a coisa lhe tenha sido entregue; e não se reputará perfeita, enquanto o
SUJEITA A adquirente não manifestar seu agrado.
PROVA
A preempção, ou preferência, impõe ao comprador a obrigação de oferecer ao
PREEMPÇÃO OU
vendedor a coisa que aquele vai vender, ou dar em pagamento, para que este use de
PREFERÊNCIA
seu direito de prelação na compra, tanto por tanto.
VENDA COM Na venda de coisa móvel, pode o vendedor reservar para si a propriedade, até que o
RESERVA DE preço esteja integralmente pago.
DOMÍNIO
Na venda sobre documentos, a tradição da coisa é substituída pela entrega do seu
VENDA SOBRE
título representativo e dos outros documentos exigidos pelo contrato ou, no silêncio
DOCUMENTOS
deste, pelos usos.

#DEOLHONAJURIS:
O contrato de compra e venda pode ser comutativo ou aleatório (a coisa pode ser futura).
Nesse caso, NÃO CONFUNDA:
(i) EMPTIO SPEI/venda de esperança (art. 458) o comprador assume o risco pela inexistência.
(ii) EMPTIO REI SPARATAE/venda de coisa esperada (art. 459) o comprador não assume o risco pela
inexistência da coisa, mas apenas pela quantidade.
Decai em 1 ano pedido do adquirente para restituição de valor pago por área excedente, decorrente da
aquisição de imóvel entregue em metragem menor do que a contratada
Na hipótese em que as dimensões de imóvel adquirido não correspondem às noticiadas pelo vendedor, cujo
preço da venda foi estipulado por medida de extensão (venda ad mensuram), aplica-se o prazo decadencial
de 1 (um) ano, previsto no art. 501 do CC/2002, para exigir:
• o complemento da área;
• reclamar a resolução do contrato; ou
• o abatimento proporcional do preço.
STJ. 3ª Turma. REsp 1890327/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/04/2021 (Info 693).
Cuidado! Se a pretensão for indenizatória, aplica-se o prazo prescricional de 10 anos:
Imagine a situação em que uma pessoa ingressa com uma ação de indenização contra a construtora
pleiteando a condenação da ré ao pagamento de danos materiais em virtude da metragem a menor da vaga
de garagem, do que foi previsto no contrato de compra e venda.
Há incidência de prazo prescricional ou decadencial? De quanto seria o prazo para ingressar com a ação?
A pretensão seria de natureza indenizatória (de ressarcimento pelo prejuízo decorrente dos vícios do imóvel),
não havendo incidência de prazo decadencial, sujeitando-se a ação ao prazo de prescrição.
Assim, a orientação do Superior Tribunal de Justiça é firme no sentido de se aplicar o prazo prescricional
disposto no art. 205 do Código Civil à pretensão indenizatória decorrente do vício construtivo.
STJ. 3ª Turma. AgInt-REsp 1.889.229, Rel. Min. Ricardo Villas Boas Cueva, julgado em 15/06/2021.
A cláusula que desobriga uma das partes a remunerar a outra por serviços prestados na hipótese de rescisão
contratual não viola a boa-fé e a função social do contrato quando presente equilíbrio entre as partes
contratantes no momento da estipulação. STJ. 3ª Turma. REsp 1799039-SP, Rel. Min. Moura Ribeiro, Rel. Acd.
Min. Nancy Andrighi, julgado em 04/10/2022 (Info 754).
Em contrato de compra e venda de imóvel com garantia de alienação fiduciária devidamente registrado em
cartório, a resolução do pacto, na hipótese de inadimplemento do devedor, devidamente constituído em
mora, deverá observar a forma prevista na Lei n. 9.514/1997, por se tratar de legislação específica, afastando-
se, por conseguinte, a aplicação do Código de Defesa do Consumidor. REsp 1.891.498-SP, Rel. Min. Marco
Buzzi, Segunda Seção, por unanimidade, julgado 26/10/2022. (Tema 1095).
Na ausência de registro do contrato que serve de título à propriedade fiduciária no competente registro de
imóveis, como determina o art. 23 da Lei nº 9.514/97, não é exigível do adquirente que se submeta ao

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procedimento de venda extrajudicial do bem para só então receber eventuais diferenças do vendedor.
STJ. 3ª Turma.REsp 1976082-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 09/08/2022 (Info 746).
Violação da boa-fé objetiva justifica rescisão parcial de pacto de exploração ambiental
O reconhecimento de violação da boa-fé objetiva durante a execução de contrato de compra e venda de
imóvel rural com pacto adjeto de arrendamento e exploração florestal enseja, nas circunstâncias dos autos,
a resolução parcial da avença.
A boa-fé objetiva, prevista de forma expressa no art. 422 do Código Civil, impõe às partes da relação jurídica
o dever de comportar-se de acordo com padrões éticos de confiança e de lealdade, de modo a permitir a
concretização das legítimas expectativas que justificaram a celebração do contrato.
O ordenamento jurídico, nesse contexto, repele a prática de condutas contraditórias, impregnadas ou não
de malícia ou torpeza, que importem em quebra da confiança legitimamente depositada na outra parte da
relação contratual.
O descumprimento de deveres laterais, decorrentes da incidência do princípio da boa-fé, pode ensejar a
resolução do contrato, se for capaz de comprometer o interesse do credor na utilidade da prestação.
Na hipótese dos autos, o acórdão recorrido está a merecer reforma, pois, a par de reconhecer o
descumprimento culposo da avença em prejuízo dos recorrentes (violação da boa-fé objetiva), decidiu de
forma descorrelacionada com o pedido deduzido na inicial e impediu os recorrentes de exercerem a
faculdade que lhes assegura expressamente a norma do art. 475 do CC (resolver o contrato).
STJ. 3ª Turma. REsp 1.944.616/MT, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 8/03/2022.
Para o cancelamento de cláusulas de inalienabilidade e de impenhorabilidade em imóvel rural, os dispositivos
protetivos do Estatuto da Pessoa Idosa devem ser analisados em conjunto com a exigência de justa causa
para manutenção ou levantamento dos gravames. REsp 2.022.860-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 27/09/2022, DJe 30/09/2022.
A condição resolutiva de doação verbal estabelecida entre pai e filho e desconhecida por terceiros não produz
efeitos jurídicos contra estes. STJ. 3ª Turma. REsp 1905612-MA, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado
em 29/03/2022 (Info 731).
Na ação de nulidade de doação inoficiosa, o prazo prescricional é contado a partir do registro do ato jurídico
que se pretende anular, salvo se houver anterior ciência inequívoca do suposto prejudicado. STJ. 3ª Turma.
REsp 1933685-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/03/2022 (Info 729).
A doação remuneratória deve respeitar a legítima dos herdeiros STJ. 3ª Turma. REsp 1.708.951-SE, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 14/05/2019 (Info 648).
É válida a cláusula de reversão em favor de terceiro aposta em contrato de doação celebrado à luz do
CC/1916. É válida e eficaz a cláusula de reversão estipulada em benefício de apenas alguns dos herdeiros do
donatário, mesmo na hipótese em que a morte deste se verificar apenas sob a vigência do CC/2002. STJ. 3ª
Turma. REsp 1922153/RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/04/2021 (Info 693).
É nula a doação entre cônjuges casados sob o regime da comunhão universal de bens, na medida em que a
hipotética doação resultaria no retorno do bem doado ao patrimônio comum amealhado pelo casal diante
da comunicabilidade de bens no regime e do exercício comum da copropriedade e da composse. STJ. 3ª
Turma. REsp 1787027-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 04/02/2020 (Info 670).

#IMPORTANTE
Contrato de Locação
O fiador do contrato de locação, mesmo não tendo participado da fase de conhecimento na ação
renovatória, pode ser incluído no polo passivo do cumprimento de sentença. Admite-se a inclusão do fiador
no polo passivo da fase de cumprimento de sentença em ação renovatória, caso o locatário não solva
integralmente as obrigações pecuniárias oriundas do contrato que foi renovado, ainda que não tenha
integrado o polo ativo da relação processual na fase de conhecimento. Para o ajuizamento da ação
renovatória é preciso que o autor da ação instrua a inicial com indicação do fiador (que é aquele que já
garantia o contrato que se pretende ver renovado ou, se não for o mesmo, de outra pessoa que passará a
garanti-lo) e com um documento que ateste que o mesmo aceita todos os encargos da fiança. O fiador não

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necessita integrar o polo ativo da relação processual na renovatória, porque tal exigência é suprida pela
declaração deste de que aceita os encargos da fiança referente ao imóvel cujo contrato se pretende renovar.
Assim, admite-se a inclusão do fiador no polo passivo do cumprimento de sentença, caso o locatário não
solva integralmente as obrigações pecuniárias oriundas do contrato que foi renovado - ou, como na espécie,
ao pagamento das diferenças de aluguel decorrentes da ação renovatória. STJ. 3ª Turma. REsp 2.060.759-SP,
Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 16/5/2023 (Info 775).
A via processual adequada para a retomada, pelo proprietário, da posse direta de imóvel locado é a ação
de despejo, não servindo para esse propósito o ajuizamento de ação possessória. A via processual
adequada para a retomada, pelo proprietário, da posse direta de imóvel locado é a ação de despejo, na forma
do art. 5º da Lei nº 8.245/91, não servindo para esse propósito o ajuizamento de ação possessória. Caso
hipotético: João era proprietário de um apartamento que foi alugado para Regina.Após a morte de João, seu
filho Pedro herdou o apartamento e pediu para Regina desocupá-lo porque não tinha mais interesse na
locação e pretendia tomar posse direta do imóvel.Regina não aceitou.Diante desse cenário, Pedro ajuizou
ação de reintegração de posse contra Regina, requerendo a sua retirada do imóvel. Pedro não agiu
corretamente. O art. 5º da Lei nº 8.245/91 prevê que “seja qual for o fundamento do término da locação, a
ação do locador para reaver o imóvel é a de despejo.” Não é possível aplicar, no presente caso, o princípio
da fungibilidade. STJ. 4ª Turma. REsp 1.812.987-RJ, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 27/4/2023
(Info 774).

Contrato de Seguro
(I) Na modalidade de contrato de seguro de vida coletivo, cabe exclusivamente ao estipulante, mandatário
legal e único sujeito que tem vínculo anterior com os membros do grupo segurável (estipulação própria), a
obrigação de prestar informações prévias aos potenciais segurados acerca das condições contratuais quando
da formalização da adesão, incluídas as cláusulas limitativas e restritivas de direito previstas na apólice
mestre, e
(II) não se incluem, no âmbito da matéria afetada, as causas originadas de estipulação imprópria e de falsos
estipulantes, visto que as apólices coletivas nessas figuras devem ser consideradas apólices individuais, no
que tange ao relacionamento dos segurados com a sociedade seguradora.
STJ. 2ª Seção.REsp 1874788-SC, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 2/3/2023 (Recurso Repetitivo
– Tema 1112) (Info 766).
Nos seguros de pessoas, é vedada a exclusão de cobertura na hipótese de sinistros ou acidentes decorrentes
de atos praticados pelo segurado em estado de insanidade mental, de alcoolismo ou sob efeito de
substâncias tóxicas. REsp 1.999.624-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Rel. Acd. Min. Raul Araújo, Segunda
Seção, por maioria, julgado em 28/09/2022.
(I) O infortúnio qualificado como acidente de trabalho pode também ser caracterizado como sinistro coberto
pelo seguro obrigatório (DPVAT), desde que estejam presentes seus elementos constituintes: acidente
causado por veículo automotor terrestre, dano pessoal e relação de causalidade, e
(II) Os sinistros que envolvem veículos agrícolas passíveis de transitar pelas vias públicas terrestres estão
cobertos pelo seguro obrigatório (DPVAT). REsp 1.937.399-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Segunda
Seção, por unanimidade, julgado em 28/09/2022, DJe de 03/10/2022. (Tema 1111)

#DEOLHONASÚMULA
Súmula 632-STJ: Nos contratos de seguro regidos pelo Código Civil a correção monetária sobre indenização
securitária incide a partir da contratação até o efetivo pagamento.
Súmula 620-STJ: A embriaguez do segurado não exime a seguradora do pagamento da indenização prevista
em contrato de seguro de vida.
Súmula 616-STJ: A indenização securitária é devida quando ausente a comunicação prévia do segurado
acerca do atraso no pagamento do prêmio, por constituir requisito essencial para a suspensão ou resolução
do contrato de seguro.

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Súmula 610-STJ: O suicídio não é coberto nos dois primeiros anos de vigência do contrato de seguro de vida,
ressalvado o direito do beneficiário à devolução do montante da reserva técnica formada.
Súmula 402-STJ: O contrato de seguro por danos pessoais compreende danos morais, salvo cláusula expressa
de exclusão.
Súmula 529-STJ: No seguro de responsabilidade civil facultativo, não cabe o ajuizamento de ação pelo
terceiro prejudicado direta e exclusivamente em face da seguradora do apontado causador do dano.
Súmula 537-STJ: Em ação de reparação de danos, a seguradora denunciada, se aceitar a denunciação ou
contestar o pedido do autor, pode ser condenada, direta e solidariamente junto com o segurado, ao
pagamento da indenização devida à vítima, nos limites contratados na apólice.
Súmula 465-STJ: Ressalvada a hipótese de efetivo agravamento do risco, a seguradora não se exime do dever
de indenizar em razão da transferência do veículo sem a sua prévia comunicação
Súmula 278-STJ: O termo inicial do prazo prescricional, na ação de indenização, é a data em que o segurado
teve ciência inequívoca da incapacidade laboral.
Súmula 101-STJ: A ação de indenização do segurado em grupo contra a seguradora prescreve em um ano
Súmula 188-STF: O segurador tem ação regressiva contra o causador do dano, pelo que efetivamente pagou,
até ao limite previsto no contrato de seguro.

CONTRATO DE DOAÇÃO
CARACTERÍSTICAS
O cônjuge que for casado, para doar, precisa da autorização do outro, exceto:
FEITA POR PESSOA a) no regime da separação absoluta; b) na doação remuneratória; c) nas
CASADA doações propter nuptiaes de bens feitos aos filhos quando casarem ou
estabelecerem economia separada.
FEITA POR INCAPAZ O absolutamente incapaz não pode realizar doações. Se o fizer, é nula.
Doação universal é aquela que engloba a totalidade de bens do devedor. É
UNIVERSAL proibida. Art. 548. É nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou
renda suficiente para a subsistência do doador.
A pessoa pode doar para seus ascendentes, descendentes ou cônjuges. No
entanto, isso será considerado “adiantamento da legítima”, ou seja, um
COLACIONÁVEL
adiantamento do que o donatário iria receber como herdeiro no momento em
que o doador morresse.
É aquela realizada pelo devedor insolvente ou que, com a doação, torna-se
insolvente. Vale ressaltar que devedor insolvente é aquele cujo patrimônio
passivo (dívidas) é maior que o ativo (bens). A doação, nesses casos, somente
FRAUDULENTA
é válida se foi realizada com o consentimento de todos os credores. Se feita
sem tal consentimento, configura fraude contra os credores, sendo, portanto,
anulável.
Doação inoficiosa é a que invade a legítima dos herdeiros necessários. A pessoa
que tenha herdeiros necessários só pode doar até o limite máximo da metade
INOFICIOSA
de seu patrimônio, considerando que a outra metade é a chamada “legítima”
(art. 1.846 do CC) e pertence aos herdeiros necessários.
DO CÔNJUGE Art. 550. A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser anulada pelo
ADÚLTERO A SEU outro cônjuge, ou por seus herdeiros necessários, até dois anos depois de
CÚMPLICE dissolvida a sociedade conjugal.
A doação remuneratória é aquela feita como uma forma de recompensa dada
pelo doador pelo serviço prestado pelo donatário e que, embora quantificável
REMUNERATÓRIA
pecuniariamente, não é juridicamente exigível. A doação remuneratória não
pode se constituir em uma doação universal nem em uma doação inoficiosa.

#SELIGANAJURIS:

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Para o cancelamento de cláusulas de inalienabilidade e de impenhorabilidade em imóvel rural, os dispositivos


protetivos do Estatuto da Pessoa Idosa devem ser analisados em conjunto com a exigência de justa causa
para manutenção ou levantamento dos gravames. REsp 2.022.860-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 27/09/2022, DJe 30/09/2022.
A condição resolutiva de doação verbal estabelecida entre pai e filho e desconhecida por terceiros não produz
efeitos jurídicos contra estes.
STJ. 3ª Turma. REsp 1905612-MA, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 29/03/2022 (Info 731).
Na ação de nulidade de doação inoficiosa, o prazo prescricional é contado a partir do registro do ato jurídico
que se pretende anular, salvo se houver anterior ciência inequívoca do suposto prejudicado.
STJ. 3ª Turma. REsp 1933685-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/03/2022 (Info 729).
A doação remuneratória deve respeitar a legítima dos herdeiros
STJ. 3ª Turma. REsp 1.708.951-SE, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 14/05/2019 (Info 648).
É válida a cláusula de reversão em favor de terceiro aposta em contrato de doação celebrado à luz do
CC/1916. É válida e eficaz a cláusula de reversão estipulada em benefício de apenas alguns dos herdeiros do
donatário, mesmo na hipótese em que a morte deste se verificar apenas sob a vigência do CC/2002. STJ. 3ª
Turma. REsp 1922153/RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/04/2021 (Info 693).
É nula a doação entre cônjuges casados sob o regime da comunhão universal de bens, na medida em que a
hipotética doação resultaria no retorno do bem doado ao patrimônio comum amealhado pelo casal diante
da comunicabilidade de bens no regime e do exercício comum da copropriedade e da composse. STJ. 3ª
Turma. REsp 1787027-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 04/02/2020 (Info 670).

#PEGAOGANCHO:
É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante
expressamente houverem consentido (art. 496 do CC). O prazo para anular a venda direta entre ascendente
e descendente é de 2 anos, a contar da conclusão do ato (art. 179 do CC). A venda de bem entre ascendente
e descendente, por meio de interposta pessoa, também é ato jurídico anulável, devendo ser aplicado o
mesmo prazo decadencial de 2 anos previsto no art. 179 do CC. Isso porque a venda por interposta pessoa
não é outra coisa que não a tentativa reprovável de contornar-se a exigência da concordância dos demais
descendentes e também do cônjuge. Em outras palavras, é apenas uma tentativa de se eximir da regra do
art. 496 do CC, razão pela qual deverá ser aplicado o mesmo prazo decadencial de 2 anos. STJ. 3ª Turma.
REsp 1679501-GO, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 10/03/2020 (Info 667)

#NÃOCONFUNDA: art. 544. A doação de ascendentes a descendentes, ou de um cônjuge a outro, importa


adiantamento do que lhes cabe por herança.

22. Responsabilidade civil. Requisitos. Responsabilidade por fato de outrem. Responsabilidade sem culpa.
23. Responsabilidade pela perda de uma chance. Dano moral. Dano estético. Indenização do dano material
e do dano moral. Liquidação de danos.

RESPONSABILIDADE CIVIL

Responsabilidade civil é a OBRIGAÇÃO que incumbe a uma pessoa de ter de REPARAR os danos causados a
outra, ou seja, é o fenômeno jurídico que propicia ao credor de uma obrigação por ato ilícito buscar
ressarcimento junto ao patrimônio do devedor. A RESPONSABILIDADE CIVIL deriva de uma violação de uma
norma jurídica preexistente, impondo ao infrator a obrigação de indenizar. A depender da natureza da
norma jurídica violada, a obrigação pode ser CONTRATUAL OU EXTRACONTRATUAL (responsabilidade
aquiliana).
Como relação obrigacional, há a ideia de credor, devedor e prestação. O credor é a vítima. O devedor
é o sujeito que deu causa ao prejuízo ou ao dano. A prestação consiste em tudo aquilo que for necessário
para a reparação do dano, ou seja, um dar ou um fazer, restabelecendo a situação anterior.

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ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL


Pode ser uma:
Ação: culpa in comittendo.
• Omissão: culpa in omittendo. A omissão será relevante quando houver
o dever de agir, seja decorrente da lei, do contrato ou dos costumes
sociais. Normalmente, o descumprimento contratual consiste em uma
omissão.
A ação ou a omissão pode se expressar em 03 situações possíveis:
• Ato próprio: a obrigação de indenizar é imposta à pessoa que praticou a
conduta e causou o resultado. Essa é a situação padrão, é a regra, com
fundamento no artigo 186 e no artigo 942 do CC.
CONDUTA • Ato de terceiro: a obrigação de indenizar é imposta à pessoa diversa da
que praticou a conduta e causou o resultado. Ex.: pai que responde pelos
atos dos filhos.
• Fato da coisa ou do animal: a obrigação de indenizar será imposta a uma
pessoa, danos decorrentes de fato de coisa ou do animal. O elo com a
pessoa do devedor está na relação de poder (propriedade ou posse). Ex.:
cachorro que causa lesões corporais.
#SELIGA!! Essa conduta nem sempre será ilícita, porque pode haver
responsabilidade civil por ATO LÍCITO (Paulo Lobo, Von Tur, Martinho Garcez,
Demogue, Windischeid). Ex.: a desapropriação é um ato LÍCITO que gera
responsabilidade civil; é um ato admitido pelo direito, mas causa dano.
Culpa lato sensu ou em sentido amplo: engloba o Dolo (ação ou omissão
voluntária) e Culpa. No âmbito cível, NÃO HÁ DIFERENÇA entre o
comportamento doloso e o comportamento culposo, porque o objetivo
primordial da indenização não é a punição.
CULPA LATU SENSU (DOLO
Culpa em sentido estrito ou stricto sensu: é a violação de um dever
OU CULPA EM SENTIDO
preexistente relacionada a três padrões de conduta: imprudência (falta de
ESTRITO)
cuidado + ação. Ex.: dirigir bêbado), negligência (falta de cuidado + omissão.
Ex.: omissão de socorro), imperícia (falta de qualificação em sentido geral
para desempenho de uma atribuição. Ex.: empregado não foi bem treinado
para aquilo).
É a relação de CAUSA E EFEITO entre o fato do agente e o resultado do dano,
ou seja, o fato antecedente constitui a causa do efeito do dano. O CC adotou
a teoria da causalidade adequada, diferente do Código Penal (equivalência
NEXO DE CAUSALIDADE
dos antecedentes, em regra)! Excludentes: fato de terceiro, fato exclusivo da
vítima, cláusula de não indenizar, legítima defesa própria, estado de
necessidade, exercício regular de direito e caso fortuito/força maior.
É o fato jurídico gerador da responsabilidade civil;
Pode ser:
Dano Material/ Patrimonial: Prejuízos que atingem o patrimônio
corpóreo de alguém. Subdividido em:
Danos Emergentes (Danos Positivos): refere-se o que a vítima efetivamente
DANO
perdeu. A mensuração é efetivada através da teoria da diferença,
comparando-se o patrimônio antes e depois do ilícito.
Lucros Cessantes (Danos Negativos): refere-se ao que a vítima razoavelmente
deixou de ganhar, e, portanto, sua mensuração não pode se basear em danos
meramente imaginários/hipotéticos.

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Dano Moral: Decorre da violação dos direitos da personalidade. Dor,


sofrimento, tristeza, vexame, angústia e humilhação são as consequências do
dano, e não o dano em si. Possui tríplice função: a compensatória (clássica),
para mitigar os danos sofridos pela vítima; a punitiva, para condenar o autor
da prática do ato ilícito lesivo; e a preventiva, para dissuadir o cometimento
de novos atos ilícitos.
Dano Estético: Lesão à beleza física, à harmonia das formas externas de
alguém. É toda alteração morfológica do indivíduo, abrangendo as
deformidades ou deformações, marcas e defeitos, ainda que mínimos, mas
que impliquem um afeamento da vítima.
Perda de uma chance: Decorre da perda de uma oportunidade ou da
frustração de uma expectativa de um fato que provavelmente ocorreria,
desde que a chance seja real, atual e certa. É um dano intermediário entre o
dano emergente o os lucros cessantes. Não se paga como indenização o valor
do resultado final que poderia ter sido obtido, mas sim uma quantia a ser
arbitrada pelo juiz.
Dano coletivo: Violação a direitos da personalidade em seu aspecto
individual homogêneo ou coletivo em sentido estrito, em que as vítimas são
determinadas ou determináveis. É aferível in re ipsa, decorrendo da mera
prática de conduta ilícita que, de maneira injusta e intolerável, viole direitos
de conteúdo extrapatrimonial da coletividade, revelando-se despicienda a
demonstração de prejuízos concretos ou de efetivo abalo moral.
Dano social: Decorre de comportamentos socialmente reprováveis, que
diminuem o nível social de tranquilidade. Somente pode ocorrer em
demandas coletivas. Envolvem interesses difusos e as vítimas são
indeterminadas ou indetermináveis. Decorre do princípio da sociabilidade.

MODALIDADES DE RESPONSABILIDADE CIVIL QUANTO AO TIPO


Subjetiva Está estruturada na teoria da culpa, pressupondo o ato ilícito culposo ou doloso. Assim, a
ou clássica vítima só obterá a reparação do dano se provar a culpa do agente.
O desenvolvimento industrial, bem como o crescimento populacional geraram novas
situações que não podiam ser amparadas pelo conceito tradicional de culpa. Nesse contexto,
a responsabilidade civil ocorre independentemente da culpa, e admite a exclusão da
responsabilidade em algumas situações. Tem como fundamento uma das seguintes teorias:
Risco da Atividade Risco Proveito Risco Criado
É adotada quando a É adotada nas situações em Aplicável aos casos em que o
atividade profissional que o risco decorre de uma agente cria o risco. Se satisfaz
desempenhada cria riscos atividade lucrativa, ou seja, com a constatação objetiva da
a terceiros. O risco é o agente retira um proveito relação de causalidade entre o
inerente à atividade e não do risco criado. Parte do risco de uma atividade e o dano
Objetiva resulta do específico pressuposto de que a injusto, ou seja,
Simples comportamento do atuação empresarial deve independentemente da obtenção
agente suportar o bônus e o ônus. de qualquer proveito. É mais
ampla do que a teoria do risco
proveito porque defere a
obrigação objetiva de indenizar
mesmo que os danos não tenham
decorridos de uma atividade
empresarial.

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Objetiva Não admite o afastamento da responsabilidade por caso fortuito, força maior e culpa
Agravada exclusiva da vítima. Adotada nas hipóteses de:
(Risco • Dano ambiental
Integral) • Dano nuclear

O caso fortuito e a força maior somente serão considerados como excludentes da responsabilidade civil
quando o fato gerador do dano não for conexo à atividade desenvolvida.

Eventos externos = estão fora do risco do negócio ou do empreendimento e, portanto, são caso fortuito e
força maior, excluindo a responsabilidade civil.
Ex.: A queda de um cometa no banco é FORTUIRO EXTERNO
Os RISCOS ANORMAIS decorrentes do FORTUITO EXTERNO romperão o NEXO DE CAUSALIDADE, não sendo
possível o reconhecimento da responsabilidade. ex.: DOLO DE TERCEIRO.

Eventos internos = estão dentro do risco do negócio ou do empreendimento, não sendo caso fortuito ou
força maior, não excluindo a responsabilidade civil.
RISCOS NORMAIS de um empreendimento – todos os empreendimentos têm riscos.
Ex.: acidente causado por CULPA DE TERCEIRO não afasta a responsabilidade de contrato de transporte. Q
motorista profissional que atropela pessoa – objetiva.

#OLHAALEI:
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados
em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco
para os direitos de outrem. →cláusula geral de responsabilização civil objetiva.

Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem
obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes. ➔ CUIDADO COM A PEGADINHA: O INCAPAZ
RESPONDE CIVILMENTE DE MANEIRA SUBSIDIÁRIA E EQUITATIVA.
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser equitativa, não terá lugar se privar do
necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.

Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: ➔ RESPONSABILIDADE OBJETIVA POR ATOS DE
TERCEIROS.
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que
lhes competir, ou em razão dele;
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para
fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.

Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte,
responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.

Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem
pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz. ➔ Restrição
ao direito de regresso.

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Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a
existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo
criminal. ➔ Independência das instâncias.

Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima
ou força maior.

Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta provier
de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta.

Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem
ou forem lançadas em lugar indevido. ➔ Hipótese de causalidade alternativa.

Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano. → ESSA SEMPRE CAI! Não é pelo grau de culpa.
Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir,
equitativamente, a indenização. ➔Hipótese de redução equitativa do dano.

RESPONSABILIDADE CIVIL DO INCAPAZ


➢ Os incapazes (ex: filhos menores), quando praticarem atos que causem prejuízos, terão
responsabilidade subsidiária, condicional, mitigada e equitativa, nos termos do art. 928 do CC.
➢ É SUBSIDIÁRIA porque apenas ocorrerá quando os seus genitores não tiverem meios para ressarcir a
vítima.
➢ É CONDICIONAL e MITIGADA porque não poderá ultrapassar o limite humanitário do patrimônio
mínimo do infante.
➢ Deve ser EQUITATIVA, tendo em vista que a indenização deverá ser equânime, sem a privação do
mínimo necessário para a sobrevivência digna do incapaz.
➢ A responsabilidade dos pais dos filhos menores será SUBSTITUTIVA, EXCLUSIVA e NÃO SOLIDÁRIA.
STJ (Info 599).
• Se os pais têm condições de arcar com os prejuízos: os PAIS
responderão diretamente e objetivamente.
• Se os pais não têm condições de arcar com os prejuízos: o FILHO responderá pelos
prejuízos subsidiariamente e equitativamente.
• Se o filho foi emancipado voluntariamente pelos pais: pais e filho Responderão solidariamente pela
totalidade dos prejuízos
RESPONSABILIDADE PELO FATO DA COISA OU DO ANIMAL
Uma pessoa será responsabilizada pelo FATO (acontecimento juridicamente relevante) da coisa. O VÍNCULO
da pessoa se estabelece pela sua RELAÇÃO DE PODER com a coisa.
Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima
ou força maior. Jurisprudência e doutrina acrescentam culpa ou fato exclusivo de terceiro e caso fortuito.
A responsabilidade é do guardião, ou seja, a pessoa que detém poder de comando sobre o referido bem.
Essa responsabilidade agora passa a ser OBJETIVA, como se pode notar pelo artigo 936. Dentre as
excludentes (culpa da vítima ou força maior), não há menção ao CASO FORTUITO. Destaque-se que não é
qualquer culpa da vítima, é preciso entender que há GRAUS DE CULPA, nesse caso, somente a CULPA
EXCLUSIVA DA VÍTIMA para excluir a responsabilidade do dono ou detentor do animal.

#FIQUEDEOLHO:

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Não se aplica a teoria da perda de uma chance para responsabilizar empresa que deixou de apresentar seus
livros societários em prazo hábil para subsidiar impugnação de alegada doação inoficiosa por um de seus
sócios, na hipótese de não restar comprovado o nexo de causalidade entre o extravio dos livros e as chances
de vitória na demanda judicial.
OBS.: Parte interessante do julgado: Os pressupostos para o reconhecimento da responsabilidade civil por
perda de uma chance, no caso concreto, foram bem sintetizados no acórdão de origem: "(i) a viabilidade
e a probabilidade de sucesso de futura ação declaratória de nulidade de doações inoficiosas; (ii) a
viabilidade e a probabilidade de sucesso de futura ação de sonegados; (iii) a existência de nexo de
causalidade entre o extravio de dois livros e as chances de vitória nas demandas judiciais.".
REsp 1.929.450-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em
18/10/2022. (Info 754 - STJ)

#SÚMULAS
Súmula 642-STJ: O direito à indenização por danos morais transmite-se com o falecimento do titular,
possuindo os herdeiros da vítima legitimidade ativa para ajuizar ou prosseguir a ação indenizatória.

#DEOLHONAJURIS
A Teoria do Desvio Produtivo do Consumidor é predisposta a ser aplicada no âmbito do direito consumerista,
notadamente em razão da situação de desigualdade e de vulnerabilidade que são características das relações
de consumo, não se aplicando, portanto, a relações jurídicas não consumeristas regidas exclusivamente pelo
Direito Civil. STJ. 3ª Turma. REsp 2017194-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 25/10/2022 (Info Especial
9).
A pensão por ato ilícito somente é devida quando o autor do fato causa a morte ou a debilidade física da
vítima
Caso adaptado: “M” foi acusado de ter praticado homicídio contra “L”. Ele foi absolvido na esfera criminal
em razão da dúvida existente a respeito da causa da morte e do dolo. Na esfera cível, ele foi condenado a
pagar indenização por danos materiais em favor da filha de “L” consistente em pensão mensal. A condenação
na ação indenizatória baseou-se na omissão em prestar socorro e no abandono do corpo em local
indevido.Essa condenação não encontra amparo no Código Civil. Nos termos dos arts. 948, II, e 950 do
CC/2002, a pensão por ato ilícito somente é devida quando o autor do fato causa a morte ou a debilidade
física da vítima. Não sendo nenhum destes o fundamento da responsabilidade civil no caso, o afastamento
da condenação ao pagamento de pensão é medida que se impõe. STJ. 4ª Turma. REsp 1837149-PR, Rel. Min.
Maria Isabel Gallotti, julgado em 22/11/2022 (Info Especial 9).
A existência de outros beneficiários não retira a legitimidade do autor de buscar a cobertura securitária
nem o dever da seguradora de indenizar; se outro herdeiro aparecer no futuro, ele deverá pleitear o que
entender direito por meio de ação própria
No caso de morte em razão de acidente de trânsito, a existência de mais herdeiros não afasta a legitimidade
dos que figuram no polo ativo da demanda para pleitear o pagamento integral da cobertura do Seguro
Obrigatório de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres, ou por sua Carga, a
Pessoas Transportadas ou Não (Seguro DPVAT), cabendo àqueles que se sentirem prejudicados requererem,
por meio de ação própria, o que for de direito. STJ. 3ª Turma. AgInt no AREsp 2067882/MT, Rel. Min. Marco
Aurélio Bellizze, julgado em 15/8/2022. STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp 2103981-MT, Rel. Min. João Otávio de
Noronha, julgado em 14/11/2022 (Info Especial 9).
Deve responder pelos danos causados aos torcedores o time mandante que não se desincumbiu
adequadamente do dever de minimizar os riscos da partida, deixando de fiscalizar o porte de artefatos
explosivos nos arredores do estádio e de organizar a segurança de forma a evitar tumultos na saída da
partida. STJ. 3ª Turma. REsp 1773885-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 30/08/2022 (Info
747).
Incide a Súmula 326 do STJ, no caso de discrepância entre o valor indicado no pedido e o quantum arbitrado
na condenação, não havendo falar em sucumbência dos autores da demanda, vencedores em seu pedido

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indenizatório STJ. 4ª Turma. REsp 1837386-SP, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 16/08/2022 (Info
746).
O valor sugerido pela parte autora para a indenização por danos morais traduz mero indicativo referencial,
apenas servindo para que o julgador pondere a informação como mais um elemento para a árdua tarefa de
arbitrar o valor da condenação, a fim de que se afigure suficiente para reparar o prejuízo imaterial suportado
pela vítima do evento danoso.
Súmula 326-STJ: Na ação de indenização por dano moral, a condenação em montante inferior ao postulado
na inicial não implica sucumbência recíproca.
Havendo pedido de indenização por perdas e danos em geral, pode o juiz reconhecer a aplicação da perda
de uma chance sem que isso implique em julgamento fora da pretensão autoral. STJ. 3ª Turma. REsp
1.637.375-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 17/11/2020 (Info 683).
Excessos cometidos pelo advogado não podem ser cobertos pela imunidade profissional, sendo em tese
possível a responsabilização civil ou penal do causídico pelos danos que provocar no exercício de sua
atividade. STJ. 3ª Turma. REsp 1731439-DF, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 05/04/2022
(Info 732).
O excesso no exercício do direito de informar é capaz de gerar dano moral ao denunciado quando o membro
do Ministério Público comete abusos ao divulgar, na mídia, o oferecimento da denúncia criminal.
STJ. 4ª Turma.REsp 1842613-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 22/03/2022 (Info 730).
Para atender ao princípio da proteção integral, é dever do provedor de aplicação de internet proceder à
retirada de conteúdo que viola direitos de crianças e adolescentes assim que for comunicado do caráter
ofensivo da publicação, independentemente de ordem judicial.
Caso concreto: foi feito um post, no Facebook, trazendo a foto de uma criança com seu pai e uma acusação,
no texto, de que este último (o genitor), teria envolvimento com pedofilia e estupro.
O pai denunciou o fato à empresa, que, no entanto, se recusou a excluir a publicação, sob o argumento de
ter analisado a foto e não haver encontrado nela nada que violasse os “padrões de comunidade” da rede
social.
Diante disso, foi ajuizada ação de indenização por danos morais, tendo o Facebook sido condenado.
O provedor de aplicação que se nega a excluir publicação ofensiva a pessoa menor de idade, mesmo depois
de notificado – e ainda que sem ordem judicial –, deve ser condenado a indenizar os danos causados à vítima.
A divulgação da foto do menor sem autorização de seus representantes legais, vinculada a conteúdo
impróprio, em total desacordo com a proteção conferida pelo ECA, representou grave violação do direito à
preservação da imagem e da identidade.
O ECA possui caráter “especialíssimo” e prevalece como sistema protetivo, em detrimento da lei que rege o
serviço de informação prestado pelo provedor de internet.
Dessa forma, no caso julgado, não pode haver aplicação isolada do art. 19 do Marco Civil da Internet, que
condiciona a responsabilização civil do provedor ao prévio descumprimento de ordem judicial.
Em suma: responde civilmente por danos morais o provedor de aplicação de internet que, após formalmente
comunicado de publicação ofensiva a imagem de menor, se omite na sua exclusão, independentemente de
ordem judicial.
STJ. 4ª Turma. REsp 1783269-MG, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 14/12/2021 (Info 723).
Se o provedor de aplicações (exs: Facebook, Instagram, Youtube) disponibilizar conteúdo gerado por
terceiros e a postagem feita causar prejuízos a alguém (ex: ofensa à honra), o que deve ser feito para a
remoção do material? Exige-se autorização judicial para a remoção do conteúdo? • Regra geral: SIM (exige-
se ordem judicial). É a regra do art. 19 do MCI. • Exceção: se houver divulgação de imagens, vídeos ou outros
materiais contendo cenas de nudez ou de atos sexuais de caráter privado (exposição pornográfica não
consentida). Neste caso, basta que o provedor seja notificado extrajudicialmente. É o que prevê o art. 21.
Caso concreto: “F”, modelo, realizou ensaio fotográfico de nudez para uma revista masculina. Ocorre que ela
passou a encontrar suas fotos de nudez em blogs hospedados pela Google sem que tivesse autorizado. Ela
fez então a notificação extrajudicial da Google para a retirada dos materiais dos blogs. O STJ decidiu que,
neste caso, não era suficiente a notificação, sendo necessária a ordem judicial. Em outras palavras, não se

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aplica o art. 21, sendo situação que se amolda ao art. 19. Para a aplicação do art. 21 é indiscutível que a nudez
e os atos de conteúdo sexuais envolvam inerentes à intimidade das pessoas, de modo reservado, particular
e privativo. Nem toda divulgação indevida de material de nudez ou de conteúdo sexual atrai a regra do art.
21, mas apenas aquele que apresenta, intrinsecamente, uma natureza privada. O ensaio fotográfico de nudez
realizado especificamente para sua exploração econômica por revista adulta, voltada para público seleto
mediante pagamento pelo acesso no seu website, não pode mesmo ser definida como de caráter privado.
STJ. 3ª Turma. REsp 1930256-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, relator p/ acórdão Min. Marco Aurélio Bellizze,
julgado em 07/12/2021 (Info 721).
Cuidado com esse outro julgado específico: Para atender ao princípio da proteção integral, é dever do
provedor de aplicação de internet proceder à retirada de conteúdo que viola direitos de crianças e
adolescentes assim que for comunicado do caráter ofensivo da publicação, independentemente de ordem
judicial. STJ. 4ª Turma. REsp 1783269-MG, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 14/12/2021 (Info
723).
Não é possível impor a provedores de aplicações de pesquisa na internet o ônus de instalar filtros ou criar
mecanismos para eliminar de seu sistema a exibição de resultados de links contendo o documento
supostamente ofensivo.
STJ. 3ª Turma. REsp 1593249-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 23/11/2021 (Info 719).
O condomínio edilício responde pelos danos causados por seus empregados mesmo que fora do horário de
expediente, desde que em razão do seu trabalho. No caso concreto, o evento danoso ocorreu com a
participação do empregado do condomínio, tendo em vista que o empregado permaneceu no trabalho e lá
mesmo se embebedou, além de ter se locupletado da informação adquirida em função de seu emprego para
ingressar no veículo e causar o dano. A situação se enquadra no art. 932, III, do Código Civil.
Trata-se de responsabilidade objetiva do empregador, ou seja, independentemente de culpa.
STJ. 3ª Turma. REsp 1787026-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 26/10/2021 (Info 717).
É cabível dano moral pelo defeito na prestação de serviço de transporte aéreo com a entrega de passageiro
menor desacompanhado, após horas de atraso, em cidade diversa da previamente contratada.
STJ. 3ª Turma. REsp 1733136-RO, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 21/09/2021 (Info 711).
As conversas travadas por meio do WhatsApp são resguardadas pelo sigilo das comunicações.
Assim, terceiros somente podem ter acesso às conversas de WhatsApp se houver consentimento dos
participantes ou autorização judicial. As mensagens eletrônicas estão protegidas pelo sigilo em razão de o
seu conteúdo ser privado, isto é, restrito aos interlocutores. Dessa forma, ao enviar mensagem a
determinado ou a determinados destinatários, via WhatsApp, o emissor tem a expectativa de que ela não
será lida por terceiros, quanto menos divulgada ao público, seja por meio de rede social ou da mídia.
Essa expectativa advém não só do fato de ter o indivíduo escolhido a quem enviar a mensagem, como
também da própria encriptação a que estão sujeitas as conversas (criptografia ponta-a-ponta).
Além disso, se a sua intenção fosse levar ao conhecimento de diversas pessoas o conteúdo da mensagem, a
pessoa que enviou a mensagem teria optado por uma rede social menos restrita ou mesmo repassado a
informação à mídia para que fosse divulgada. Assim, se o indivíduo divulga ao público uma conversa privada,
além de estar quebrando o dever de confidencialidade, está também violando legítima expectativa, a
privacidade e a intimidade do emissor. Justamente por isso, esse indivíduo pode ser responsabilizado por
essa divulgação caso se configure o dano. É importante consignar que a ilicitude poderá ser descaracterizada
(afastada) quando a exposição das mensagens tiver como objetivo resguardar um direito próprio do receptor.
Nesse caso, será necessário avaliar as peculiaridades concretas para fins de decidir qual dos direitos em
conflito deverá prevalecer. STJ. 3ª Turma. REsp 1903273-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
24/08/2021 (Info 706).

24. Posse. Aquisição, perda e efeitos. Propriedade. Aquisição da propriedade imóvel e móvel. Perda da
propriedade. Usucapião. Desapropriação. Direito de laje.
25. Condomínio geral. Condomínio edilício. Direitos de vizinhança. Direito de superfície.
26. Direitos reais sobre coisas alheias: servidões, usufruto, uso e habitação.

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27. Direitos reais de garantia. Hipoteca. Penhor e suas espécies.


28. Propriedade resolúvel. Propriedade fiduciária. Alienação fiduciária em garantia no Código Civil e na
legislação extravagante. Cessão fiduciária. Patrimônio separado. Patrimônio de afetação. Securitização.
29. Direito real de aquisição. Loteamento. Incorporação imobiliária

POSSE

TEORIAS SOBRE A POSSE


Savigny
A posse é um poder direto que o indivíduo tem sobre a coisa, podendo dispor
fisicamente e a possuindo com intenção de ser dono.
TEORIA SUBJETIVA
Posse = corpus (elemento objetivo) + animus domini (elemento subjetivo).
DA POSSE
Não há posse sem intenção de ser proprietário. Por essa teoria, não são
possuidores o locatário; o comodatário e o depositário.
Adotada na configuração da usucapião
Ihering
Posse é corpus. Para que haja a configuração da posse, é necessário dispor
TEORIA OBJETIVA fisicamente da coisa ou haja possibilidade de querendo, realize a sua disposição
DA POSSE física.
Adotada no CC (art. 1196) – o mero comportamento em reação à coisa, como se
fosse dono, induz a posse.
Teoria da sociabilidade em relação ao direito das coisas, de forma que se analisa
com o crivo hermenêutico da função social. Para que se verifique a posse, deve
haver o cumprimento de sua função social, consistente em conferir à posse uma
utilidade, mormente relacionada ao direito fundamental de moradia.
TEORIA DA FUNÇÃO POSSE = CORPUS (DOMÍNIO FÁTICO) + FUNÇÃO SOCIAL (FUNÇÃO COLETIVA QUE A
SOCIAL DA POSSE POSSE DEVE TER)
Essa teoria, porém, não vem expressa nos artigos 1196 e 1197 do Código Civil, mas
foi implicitamente adotada pelo CC/02 por meio da valorização da posse-trabalho.
A ideia é de que a pessoa que confere uma destinação positiva ao bem pelo
atendimento da função social da posse deve ter uma premiação.

POSSE – CLASSIFICAÇÃO
QUANTO AO
DESDOBRAMENTO a) posse direta: contato corpóreo.
OU RELAÇÃO b) posse indireta: contato incorpóreo.
PESSOA-COISA
a) posse justa: “limpa”, sem vícios objetivos.
b) posse injusta:
QUANTO AOS
• Violenta (física/psíquica).
VÍCIOS OBJETIVOS
• Clandestina (ocultamento).
• Precária (abuso de confiança).
a) posse de boa fé: ignora obstáculo para aquisição da propriedade ou tem um justo
QUANTO AOS
título.
VÍCIOS
b) posse de má fé: não ignora obstáculo para aquisição do domínio e não tem justo
SUBJETIVOS
título.
a) posse com título (ius possidendi) – há causa representativa. Posse causal ou posse
civil.

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QUANTO AO b) posse sem título (ius possessionis, quod possideo) – não há causa representativa.
TÍTULO Posse natural ou posse ato-fato.

QUANTO AO a) posse nova.


TEMPO b) posse velha – tem pelo menos 1 ano e 1 dia.

- EFEITOS DA POSSE

a) Responsabilidade pela perda ou deterioração da coisa:

Art. 1.217, do CC. “O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, que não der
causa.”

Art. 1.218, do CC. “O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais,
salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante.”

b) Direito aos frutos:

Art. 1.214, do CC. “O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos.
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de
deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com
antecipação.”
Art. 1.215, do CC. “Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que são separados;
os civis reputam-se percebidos dia por dia.”
Art. 1.216, do CC. “O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos
que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às
despesas da produção e custeio.”

c) Direito à usucapião: apenas o possuidor pode usucapir o bem.

d) Direito às benfeitorias:

Art. 1.219, do CC. “O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem
como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da
coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.

Art. 1.220, do CC. “Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe
assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias.”

#ESQUEMATIZANDO

FRUTOS BENFEITORIAS RESPONSABILIDADE

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Tem direito aos frutos Tem direito à indenização e Só responde pela coisa se
BOA-FÉ percebidos, salvo retenção pelas necessárias e houver dolo ou culpa.
pendentes e colhidos por úteis; podendo levantar as
antecipação - mas tem voluptuárias, sem causar
direito à dedução das prejuízo da coisa.
despesas da produção de
custeio destes.

Não tem direito, e responde Tem direito à indenização Responde pela coisa, ainda que
MÁ-FÉ pelos frutos colhidos e que das benfeitorias necessárias por fato acidental (caso fortuito
deixou de colher. Tem (indenização, mas não e força maior), exceto se
direito à indenização das retenção). A indenização comprovar que o dano
despesas da produção de será pelo valor atual ou de ocorreria mesmo se não
custeio destes. custo. estivesse sob a sua posse.

CONSTITUTO POSSESSÓRIO TRADITIO BREVI MANU


Possuía em seu próprio nome, passa a possuir em Possuía em nome alheio, passa a possuir em nome
nome de outrem. próprio.

Diferenças entre posse e detenção

A detenção também é chamada de fâmulo da posse, ou servidor da posse. O detentor tem a posse não em
nome próprio, mas em nome daquele ao qual ele está subordinado, seguindo ordens e instruções (art. 1198).

Art. 1.198, do CC. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro,
CONSERVA A POSSE EM NOME DESTE e em cumprimento de ordens ou instruções suas.
Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação ao
bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário.

#OLHAOGANCHO: A função social da propriedade tem dupla função:


- Função limitadora: impõe um não fazer. Ex. a propriedade não pode ser exercida em abuso de direito. art.
1228, §2º do CC: São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e
sejam animados pela intenção de prejudicar outrem.
- Função impulsionadora: impõe condutas. A coisa cumpre a sua função social quando é utilizada em um
sentido positivo

PROPRIEDADE4

A propriedade é definida, tradicionalmente, como a soma de quatros atributos (direitos ou faculdade): usar,
fruir/gozar, reivindicar e dispor (GRUD).

4
#GOLDENTIPS Lembrem da recente novidade legislativa. Art. 1.225. São direitos reais: XII - a concessão de
direito real de uso; (Redação dada pela Lei nº 14.620, de 2023) XIII - a laje; (Redação dada pela Lei nº
14.620, de 2023) XIV - os direitos oriundos da imissão provisória na posse, quando concedida à União, aos
Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios ou às suas entidades delegadas e a respectiva cessão e
promessa de cessão. (Incluído pela Lei nº 14.620, de 2023)

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G – gozar/fruir: retirar frutos da coisa.


R – reivindicar: através de ação petitória com prova de domínio.
U – usar: o uso da propriedade encontra limites nos direitos de vizinhança e no Estatuto da Cidade.
D – dispor: por atos inter vivos ou causa mortis.

A junção de todos esses atributos ou faculdades compõe a propriedade plena. Havendo apenas um desses
atributos, existirá posse, e não propriedade. Se esses atributos estiverem divididos entre pessoas distintas,
sobre um mesmo bem, haverá a figura da propriedade restrita (e não mais plena), que dá ensejo aos demais
direitos reais que conhecemos: a hipoteca, o uso, o usufruto, a servidão, e outros.

CARACTERÍSTICAS
Caráter erga omnes. O proprietário pode usar a sua propriedade como bem
Direito Absoluto entender. É a regra, mas que deve ser relativizada em algumas situações, diante da
função social e socioambiental da propriedade (art. 1.228, § 1º, do CC).
Significa dizer que a propriedade deve pertencer apenas a uma pessoa, salvo as
hipóteses de condomínio e multipropriedade, por exemplo. Pode ser extraído do
Direito Exclusivo
Art. 1.231 do CC: “A propriedade presume-se plena e exclusiva, até prova em
contrário”.
Através de tal característica, vislumbra-se que o direito de propriedade permanece,
Direito Perpétuo independentemente do seu exercício, enquanto não se verificar alguma causa
modificativa ou extintiva, de origem legal ou convencional.
Tal característica é vislumbrada pelo desmembramento dos quatro atributos da
Direito Complexo
propriedade (usar, gozar, dispor e reaver).
Sobre essa característica, dispõe Flávio Tartuce (2016): “não se pode esquecer que
a propriedade é um direito fundamental, pelo que consta do art. 5.º, XXII e XXIII, da
Constituição Federal. Esse caráter faz que a proteção do direito de propriedade e a
correspondente função social sejam aplicados de forma imediata nas relações entre
Direito Fundamental particulares, pelo que consta do art. 5.º, § 1.º, do Texto Maior (eficácia horizontal
dos direitos fundamentais). Em reforço, o direito de propriedade pode ser
ponderado frente a outros direitos tidos como fundamentais, caso da dignidade
humana (art. 1.º, III, da CF/1988), particularmente naqueles casos de difícil solução
(técnica de ponderação)”.
A elasticidade do direito de propriedade pode ser vislumbrada através da distensão
ou contração quanto ao seu exercício. Assim, na dicção de Orlando Gomes, a
Direito Elástico
propriedade alodial está em seu grau máximo de elasticidade, posto que todos os
atributos estão sendo utilizados, por exemplo.

USUCAPIÃO:

RESUMO – MODALIDADES DE USUCAPIÃO


- Comum - Posse ad usucapionem por 10 anos - Justo título. Ex. contrato,
compromisso de compra e venda. - Boa fé subjetiva (art. 1.201) se o possuidor
USUCAPIÃO ORDINÁRIA ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa.
ART. 1242, CC - Por posse trabalho - Requisito material - Destinação positiva dada à coisa:
Não importa o tamanho moradia ou realização de investimentos de interesse social e econômico
do imóvel relevante - Prazo cai para 5 anos - Requisito formal: aquisição onerosa que foi
cancelada. Ex.: compromisso de compra e venda que foi registrado e foi
cancelado. Esse requisito regra o chamado usucapião tabular. O legislador

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exigiu um justo título especial, que consiste no título que já esteve registrado
em nome do possuidor. Obs. doutrina majoritária exige os dois requisitos.
USUCAPIÃO - Comum - Posse ad usucapionem por 15 anos - A boa-fé e o justo título
EXTRAORDINÁRIA ART. presumem-se de forma absoluta.
1238, CC - Por posse trabalho - Estabelecimento da moradia ou realização de
Não importa o tamanho investimentos de caráter produtivo - NÃO PRECISA de boa-fé nem de justo
do imóvel título - Prazo cai para 10 anos.
USUCAPIÃO - NÃO SÃO EXIGIDOS O JUSTO TÍTULO E A BOA-FÉ. - Imóvel rural até 50
CONSTITUCIONAL hectares - Posse ad usucapionem por 5 anos - Utilização do imóvel para
ESPECIAL RURAL subsistência ou trabalho pelo possuidor ou sua família (moradia) - Não pode
(USUCAPIÃO AGRÁRIA ser proprietário de outro imóvel rural ou urbano.
OU PRO LABORE) ART.
191, CAPUT CF, ART.
1239 CC
USUCAPIÃO - Urbana individual - Área urbana não superior a 250m². - Posse ad
CONSTITUCIONAL OU usucapionem por 5 anos - Imóvel destinado para moradia do possuidor ou de
ESPECIAL URBANA sua família - Não pode ser proprietário de outro imóvel urbano ou rural. - Só
(URBANA INDIVIDUAL pode ser reconhecido uma vez (é requisito apenas da usucapião urbana).
OU PRO MISERO) ART.
183 CF, ART. 1240 CC E
ART. 9º ESTATUTO DA
CIDADE.
- É na vara cível e não na de família. - Posse ad usucapionem por 2 anos -
Posse direta. Enunciado 502 – não necessariamente é a posse direita do art.
1197. Para dar compatibilidade ao fato do artigo permitir a moradia da
USUCAPIÃO ESPECIAL
família. - Imóvel urbano até 250m². - Imóvel em copropriedade ou em
URBANA POR
condomínio com o cônjuge ou companheiro. Obs. qualquer forma de família.
ABANDONO DO LAR ART.
Enunciado 500 da JDC. - Abandono do lar. Obs.: basta ser separação de fato.
1240-A, CC
- Utilizar para moradia ou de sua família (crítica – exige posse direita e fala
que pode ser família) - Não pode ser proprietário de imóvel urbano ou rural -
Somente uma vez.
- Área urbana – área total dividida pelo número de possuidores seja inferior
a 250m² por possuidor - Posse ad usucapionem por 5 anos - Núcleos urbanos
USUCAPIÃO ESPECIAL informais - Moradia - Não pode ser proprietário de outro imóvel urbano ou
URBANA COLETIVA ART. rural. - Não exige justo título e boa fé. - Rito sumário.
10 DO ESTATUTO DA A nova redação legal não exige que os possuidores sejam de baixa renda e
CIDADE que não seja possível a identificação da área de cada possuidor.
O §1º do art. 10 do Estatuto permite expressamente a accessio possessionis
para essa modalidade de usucapião.
O proprietário pode ser privado da coisa se: - um considerável número de
pessoas - estiver por mais de 5 anos - na posse ininterrupta e de boa-fé - de
extensa área - e nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente,
DESAPROPRIAÇÃO obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico
JUDICIAL PRIVADA POR relevante. Neste caso, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário;
POSSE-TRABALHO (art. pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em
1.228, §§ e 4º e 5º do CC) nome dos possuidores. Alguns doutrinadores, especialmente civilistas,
afirmam que esse instituto tem natureza jurídica de “usucapião”. Outros
autores, no entanto, sustentam que se trata de uma hipótese de
“desapropriação”, considerando a posição topográfica (o § 3º do art. 1.228

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está tratando sobre desapropriação) e o fato de se exigir pagamento de


indenização.
Requisitos: a) posse da terra por índio (integrado ou não) b) por 10 anos
consecutivos c) devendo ocupar como se fosse próprio trecho de terra
INDÍGENA (art. 33 do inferior a 50 hectares.
Estatuto do Índio) Não é possível a usucapião indígena de: • terras do domínio da União; • terras
ocupadas por grupos tribais; • áreas reservadas segundo o Estatuto do Índio;
• terras de propriedade coletiva de grupo tribal.
Trata-se da possibilidade de o réu, em uma ação de invalidade de registro
TABULAR público, alegar a usucapião em seu favor. O juiz, na mesma sentença que
(CONVALESCENÇA reconhece a invalidade do registro, declara a ocorrência de usucapião,
REGISTRAL) (art. 214, § concedendo ao réu a propriedade do bem. A usucapião tabular tem relação
5º, da Lei 6.015/73) com a usucapião ordinária do art. 1.242, parágrafo único, porque exige do
possuidor justo título e boa-fé.
O art. 68 do ADCT da CF/88 confere proteção especial aos territórios
ocupados pelos remanescentes quilombolas: Art. 68. Aos remanescentes das
comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é
RECONHECIDA A PROPRIEDADE DEFINITIVA, devendo o Estado emitir-lhes os
títulos respectivos. O que são as terras dos quilombolas? São as áreas
ocupadas pelos remanescentes das comunidades dos quilombos e utilizadas
por este grupo social para a sua reprodução física, social, econômica e
cultural. O que são remanescentes das comunidades dos quilombos? Existe
uma grande discussão antropológica sobre isso, mas, de maneira bem
DE QUILOMBOLAS (art. simples, os grupos que hoje são considerados remanescentes de
68 do ADCT) comunidades de quilombos são agrupamentos humanos de
afrodescendentes que se formaram durante o sistema escravocrata ou logo
após a sua extinção. Alguns doutrinadores afirmam que esse instituto teria
natureza jurídica de “usucapião”. Essa, contudo, não é a posição que
prevalece, considerando que o fundamento jurídico para esse direito de
propriedade não é a posse mansa, pacífica e por determinado prazo. A fonte
desse direito é uma decisão do legislador constituinte. A previsão do art. 68
do ADCT foi uma forma que o constituinte encontrou de homenagear “o
papel protagonizado pelos quilombolas na resistência ao injusto regime
escravista” (Min. Rosa Weber).

Súmula 263-STF: O possuidor deve ser citado, pessoalmente, para a ação de usucapião.
Súmula 237-STF: A usucapião pode ser arguida em defesa.

#SAINDODOFORNO
O termo inicial da prescrição aquisitiva é o do exercício da posse ad usucapionem, não da ciência do titular
do imóvel da violação ao seu direito de propriedade, ainda que constatada somente após ação demarcatória,
devendo ser afastada a aplicação da teoria da actio nata em seu viés subjetivo. De acordo com o art. 189 do
CC, o prazo prescricional é contado, em regra, a partir do momento em que configurada a lesão ao direito
subjetivo, independentemente do momento em que seu titular tomou conhecimento pleno do ocorrido e da
extensão dos danos. Essa regra é excepcionada somente quando a própria lei estabeleça o termo inicial da
prescrição de forma diversa ou quando a própria natureza da relação jurídica torna impossível ao titular do
direito adotar comportamento diverso da inércia, haja visto absoluta falta de conhecimento do dano. O viés
subjetivo da teoria da actio nata deve ser admitido com muita cautela, em situações excepcionalíssimas,
somente quando as circunstâncias demonstrem que o titular do direito violado não detém nenhuma
possibilidade de exercitar sua pretensão, justamente por não se evidenciar nenhum comportamento

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negligente de sua parte. No caso dos autos, o STJ não vislumbrou a excepcionalidade necessária para sua
aplicação, pois não obstante a ação demarcatória tenha demonstrado a existência de demarcação irregular
entre os lotes, a violação do direito dos recorrentes era passível de constatação desde o momento em que
cercas foram estabelecidas irregularmente entre os imóveis. Assim, o proprietário já tinha condições de
exercitar sua pretensão contra o possuidor. STJ. 3ª Turma. REsp 1.837.425-PR, Rel. Min. Marco Aurélio
Bellizze, julgado em 13/6/2023 (Info 779).

#DEOLHONAJURIS
É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem com condenar a parte em quantidade
superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado.
No entanto, não há julgamento extra petita quando o julgador reconhece os pedidos implícitos formulados
na petição inicial. Assim, o magistrado não se encontra restrito ao que está expresso no capítulo referente
aos pedidos, sendo-lhe permitido extrair, mediante interpretação lógico-sistemática da petição inicial, aquilo
que a parte pretende obter, aplicando o princípio da equidade.
Não é extra petita o julgado que decide questão que é reflexo de pedido deduzido na inicial, superando a
ideia da absoluta congruência entre o pedido e a sentença para outorgar ao demandante a tutela jurisdicional
adequada e efetiva.
A sentença judicial que, ao reconhecer a usucapião, individualiza, de forma clara e precisa, a área usucapida,
pode ser objeto de registro no cartório de registro de imóveis, sem a necessidade de pedido expresso na
inicial a respeito da medida extrajudicial.
STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp 1802192-MG, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 12/12/2022 (Info
765).
#IMPORTANTE:
O STF autorizou o retorno das desocupações e despejos – que estavam suspensas desde junho/2021 –
determinando a implementação de um regime de transição com a instalação de comissões para mediar
eventuais despejos antes de qualquer decisão judicial
Em face do arrefecimento dos efeitos da pandemia da Covid-19, cabe adotar um regime de transição para a
retomada das reintegrações de posse suspensas em decorrência da doença, por meio do qual os tribunais
deverão instalar comissões para mediar eventuais despejos antes de qualquer decisão judicial, a fim de
reduzir os impactos habitacionais e humanitários em casos de desocupação coletiva.
STF. Plenário. ADPF 828 TPI-quarta-Ref/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 2/11/2022 (Info 1075).
O fato de os possuidores serem proprietários de metade do imóvel usucapiendo não faz incidir a vedação de
não possuir "outro imóvel" urbano, contida no artigo 1.240 do Código Civil. REsp 1.909.276-RJ, Rel. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 27/09/2022, DJe 30/09/2022.
É possível a usucapião mesmo em uma área irregular (área na qual não houve regularização fundiária). É
cabível a aquisição de imóveis particulares situados no Setor Tradicional de Planaltina/DF, por usucapião,
ainda que pendente o processo de regularização urbanística. STJ. 2ª Seção. REsp 1818564-DF, Rel. Min.
Moura Ribeiro, julgado em 09/06/2021 (Recurso Repetitivo – Tema 1025) (Info 700).
A usucapião especial urbana apresenta como requisitos a posse ininterrupta e pacífica, exercida como dono,
o decurso do prazo de cinco anos, a dimensão da área (250 m² para a modalidade individual e área superior
a esta, na forma coletiva), a moradia e o fato de não ser proprietário de outro imóvel urbano ou rural. O uso
misto da área a ser adquirida por meio de usucapião especial urbana não impede seu reconhecimento
judicial, se a porção utilizada comercialmente é destinada à obtenção do sustento do usucapiente e de sua
família. É necessário que a área pleiteada seja utilizada para a moradia do requerente ou de sua família, mas
a lei não proíbe que o autor a utilize também para seu sustento. Assim, o fato de o autor da ação de
usucapião utilizar uma parte do imóvel para uma atividade comercial que serve ao sustento da família
domiciliada no imóvel não inviabiliza a prescrição aquisitiva buscada. STJ. 3ª Turma. REsp 1777404-TO, Rel.
Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/05/2020 (Info 671).
A tentativa de usucapião extrajudicial não é condição indispensável para o ajuizamento da ação de usucapião.
Mesmo que estejam preenchidos os requisitos para a usucapião extrajudicial, o interessado pode livremente

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optar pela propositura de ação judicial. O próprio legislador deixou claro, no art. 216-A da Lei de Registros
Públicos, que a existência da possibilidade de usucapião extrajudicial não traz prejuízo à busca da usucapião
na via jurisdicional: Art. 216-A. Sem prejuízo da via jurisdicional, é admitido o pedido de reconhecimento
extrajudicial de usucapião (...) STJ. 3ª Turma. REsp 1824133-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado
em 11/02/2020 (Info 665).
O art. 216-A da Lei de Registros Públicos, inserido pelo CPC/2015, estabeleceu modalidade de usucapião
pela via administrativa.
Não cabe intervenção de terceiros na modalidade de oposição na ação de usucapião. STJ. 3ª Turma. REsp
1726292-CE, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 12/02/2019 (Info 642).
A existência de bem público não demarcado em condomínio pro indiviso com particulares não impede ação
de usucapião parcial. REsp 1.504.916-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Rel. Acd. Min. Raul Araújo, Quarta
Turma, por maioria, julgado em 27/09/2022.

DIREITOS REAIS SOBRE COISA ALHEIA

Os Direitos reais na coisa alheia podem ser classificados de acordo com a tabela abaixo:

DIREITO REAL DE GOZO OU DIREITO REAL DA COISA ALHEIA


DIREITO REAL A AQUISIÇÃO
FRUIÇÃO DE GARANTIA

Permitir que uma pessoa Não terá a coisa consigo. É vedada Busca-se através do domínio ser
tenha consigo os poderes de a utilização da coisa. proprietário.
utilização da coisa. Credor tem o direito real. O exercício dos poderes do
domínio viabiliza a aquisição da
propriedade.
Permitir que terceiro retire as
ASSEGURAR CUMPRIMENTO DE
utilidades da coisa.
OBRIGAÇÃO.
UTILIDADE
6 HIPÓTESES 4 HIPÓTESES 1 HIPÓTESE (OU 2)
1. Enfiteuse (código 16)
1. Hipoteca
2. Superfície 1. Promessa irretratável de
2. Penhor
3. Servidão predial compra e venda
3. Anticrese
4. Usufruto 2. Direito de preferência (não
4. Alienação fiduciária em
5. Uso unânime)
garantia.
6. Habitação

#VEMDERESUMO

DIREITO REAL DE GOZO OU FRUIÇÃO


INSTITUTO CONCEITO
Servidão é a relação jurídica real por meio da qual o proprietário vincula o seu imóvel, dito
serviente, a prestar certa utilidade a outro prédio, dito dominante, pertencente a dono
Servidão distinto, obrigando-se, em consequência, a não praticar determinados atos dominiais no
prédio serviente ou a não impedir que neste o proprietário do imóvel dominante pratique
atos de extração da utilidade que lhe foi concedida.
Trata-se de direito real temporário concedido a uma pessoa para desfrutar um objeto alheio
Usufruto como se fosse próprio, retirando as suas utilidades e frutos, contudo sem lhe alterar a
substância. Assim, o conteúdo do domínio é fracionado, pois, enquanto o usufrutuário

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percebe os frutos naturais, industriais e civis e retira proveito econômico da coisa, remanesce
em poder do nu-proprietário a substância do direito, vale dizer, a faculdade de disposição da
coisa e o seu próprio valor, podendo alienar, instituir ônus real ou dar qualquer outra forma
de disposição ao objeto, apesar de despido de importantes atributos. Como contrapartida ao
aproveitamento do bem e às faculdades que lhe são concedidas, zelará o usufrutuário pela
manutenção da integridade da coisa, em sua destinação econômica.
O direito real de uso é próximo ao de usufruto, mas com ele não se confunde. Ambos são
temporários por essência, mas o direito de uso possui abrangência reduzida, pois o seu titular
Uso
não tem autorização para gozar da coisa. Ou seja, o usuário pode usar o bem móvel ou imóvel,
desde que não sejam consumíveis ou fungíveis, sendo-lhe, todavia, impedida a sua fruição.
Circunscreve-se este direito real à faculdade de seu titular residir gratuita e temporariamente
Habitação em um prédio, com sua família. O imóvel só se destina à ocupação direta do beneficiário,
sendo insuscetível de locação ou comodato, sob pena de resolução contratual.

SELIGANAJURIS: A morte de usufrutuário que arrenda imóvel, durante a vigência do contrato de


arrendamento, sem a reivindicação possessória pelo proprietário, torna precária e injusta a posse exercida
pelos seus sucessores, mas não constitui óbice ao exercício dos direitos provenientes do contrato de
arrendamento pelo espólio perante o terceiro arrendatário. STJ. 3ª Turma. REsp 1758946-SP, Rel. Min. Marco
Aurélio Bellizze, julgado em 08/06/2021 (Info 700).

#NÃOSABOTEASSÚMULAS:
Súmula 415-STF: Servidão de trânsito não titulada, mas tomada permanente, sobretudo pela natureza das
obras realizadas, considera-se aparente, conferindo direito a proteção possessória.
Súmula 237-STF: A usucapião pode ser arguido em defesa.
Súmula 638-STJ: É abusiva a cláusula contratual que restringe a responsabilidade de instituição financeira
pelos danos decorrentes de roubo, furto ou extravio de bem entregue em garantia no âmbito de contrato de
penhor civil.
Súmula 637-STJ: O ente público detém legitimidade e interesse para intervir, incidentalmente, na ação
possessória entre particulares, podendo deduzir qualquer matéria defensiva, inclusive, se for o caso, o
domínio.
Súmula 619-STJ: A ocupação indevida de bem público configura mera detenção, de natureza precária,
insuscetível de retenção ou indenização por acessões e benfeitorias.
Súmula 478-STJ: Na execução de crédito relativo a cotas condominiais, este tem preferência sobre o
hipotecário.
Súmula 308-STJ: A hipoteca firmada entre a construtora e o agente financeiro, anterior ou posterior à
celebração da promessa de compra e venda, não tem eficácia perante os adquirentes do imóvel.
Súmula 260-STJ: A convenção de condomínio aprovada, ainda que sem registro, é eficaz para regular as
relações entre os condôminos.

DIREITOS REAIS DE GARANTIA

DIREITOS REAIS DE GARANTIA


A hipoteca é um direito real de garantia, em virtude do qual um bem imóvel
remanesce na posse do devedor ou de terceiro, assegurando preferencialmente ao
credor o pagamento de uma dívida. Um ou mais bens específicos do patrimônio
imobiliário do devedor ou do terceiro garantidor são afetados como caução
HIPOTECA
específica de uma obrigação.

#GOLDENTIPS Fiquem atentos a novidade legislativa: Art. 1.473. Podem ser objeto
de hipoteca: X - a propriedade superficiária; (Redação dada pela Lei nº 14.620,

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de 2023) XI - os direitos oriundos da imissão provisória na posse, quando concedida


à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios ou às suas entidades
delegadas e a respectiva cessão e promessa de cessão. (Incluído pela Lei nº
14.620, de 2023).
Pelo penhor, entrega-se a coisa móvel, fungível ou infungível, corpóreo ou
PENHOR incorpóreo (ex. créditos), a título de garantia, mas sem a transferência da
propriedade, que remanesce na titularidade do devedor.
Anticrese é o direito real de garantia em que o devedor transmite ao seu credor a
posse direta de imóvel de sua propriedade, a fim de que este último pague-se com
ANTICRESE
os frutos oriundos da exploração econômica da coisa, paulatinamente abatendo os
juros e o débito principal.

CONDOMÍNIO

#OLHAAJURIS: O promitente comprador passa a ser responsável pelo pagamento das despesas condominiais
a partir da entrega das chaves, tendo em vista ser o momento em que tem a posse do imóvel.
A recusa em receber as chaves constitui, em regra, comportamento contrário aos princípios contratuais,
principalmente à boa-fé objetiva, desde que não esteja respaldado em fundamento legítimo.
A rejeição em tomar a posse do imóvel, sem justificativa adequada, faz com que o adquirente das unidades
imobiliárias passe a ser responsável pelas taxas condominiais. STJ. 3ª Turma. REsp 1847734-SP, Rel. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 29/03/2022 (Info 731).
Em regra, a utilização ou a fruição da coisa comum indivisa com exclusividade por um dos coproprietários,
impedindo o exercício de quaisquer dos atributos da propriedade pelos demais consortes, enseja o
pagamento de indenização àqueles que foram privados do regular domínio sobre o bem, tal como o
percebimento de aluguéis. STJ. 3ª Turma. REsp 1966556-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
08/02/2022 (Info 724).

#ALTERAÇÃOLEGISLATIVA:
Art. 1.353. Em segunda convocação, a assembleia poderá deliberar por maioria dos votos dos presentes, salvo
quando exigido quórum especial.
§ 1º Quando a deliberação exigir quórum especial previsto em lei ou em convenção e ele não for atingido, a
assembleia poderá, por decisão da maioria dos presentes, autorizar o presidente a converter a reunião em
sessão permanente, desde que cumulativamente: (Incluído pela Lei nº 14.309, de 2022)
I - sejam indicadas a data e a hora da sessão em seguimento, que não poderá ultrapassar 60 (sessenta) dias,
e identificadas as deliberações pretendidas, em razão do quórum especial não atingido; (Incluído pela Lei
nº 14.309, de 2022)
II - fiquem expressamente convocados os presentes e sejam obrigatoriamente convocadas as unidades
ausentes, na forma prevista em convenção; (Incluído pela Lei nº 14.309, de 2022)
III - seja lavrada ata parcial, relativa ao segmento presencial da reunião da assembleia, da qual deverão
constar as transcrições circunstanciadas de todos os argumentos até então apresentados relativos à ordem
do dia, que deverá ser remetida aos condôminos ausentes; (Incluído pela Lei nº 14.309, de 2022)
IV - seja dada continuidade às deliberações no dia e na hora designados, e seja a ata correspondente lavrada
em seguimento à que estava parcialmente redigida, com a consolidação de todas as deliberações. (Incluído
pela Lei nº 14.309, de 2022)
§ 2º Os votos consignados na primeira sessão ficarão registrados, sem que haja necessidade de
comparecimento dos condôminos para sua confirmação, os quais poderão, se estiverem presentes no
encontro seguinte, requerer a alteração do seu voto até o desfecho da deliberação pretendida. (Incluído
pela Lei nº 14.309, de 2022)

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§ 3º A sessão permanente poderá ser prorrogada tantas vezes quantas necessárias, desde que a assembleia
seja concluída no prazo total de 90 (noventa) dias, contado da data de sua abertura inicial. (Incluído pela
Lei nº 14.309, de 2022)

Art. 1.354. A assembleia não poderá deliberar se todos os condôminos não forem convocados para a reunião.

Art. 1.354-A. A convocação, a realização e a deliberação de quaisquer modalidades de assembleia poderão


dar-se de forma eletrônica, desde que: (Incluído pela Lei nº 14.309, de 2022)
I - tal possibilidade não seja vedada na convenção de condomínio; (Incluído pela Lei nº 14.309, de 2022)
II - sejam preservados aos condôminos os direitos de voz, de debate e de voto. (Incluído pela Lei nº 14.309,
de 2022)
§ 1º Do instrumento de convocação deverá constar que a assembleia será realizada por meio eletrônico, bem
como as instruções sobre acesso, manifestação e forma de coleta de votos dos condôminos. (Incluído pela
Lei nº 14.309, de 2022)
§ 2º A administração do condomínio não poderá ser responsabilizada por problemas decorrentes dos
equipamentos de informática ou da conexão à internet dos condôminos ou de seus representantes nem por
quaisquer outras situações que não estejam sob o seu controle. (Incluído pela Lei nº 14.309, de 2022)
§ 3º Somente após a somatória de todos os votos e a sua divulgação será lavrada a respectiva ata, também
eletrônica, e encerrada a assembleia geral. (Incluído pela Lei nº 14.309, de 2022)
§ 4º A assembleia eletrônica deverá obedecer aos preceitos de instalação, de funcionamento e de
encerramento previstos no edital de convocação e poderá ser realizada de forma híbrida, com a presença
física e virtual de condôminos concomitantemente no mesmo ato. (Incluído pela Lei nº 14.309, de 2022)
§ 5º Normas complementares relativas às assembleias eletrônicas poderão ser previstas no regimento interno
do condomínio e definidas mediante aprovação da maioria simples dos presentes em assembleia convocada
para essa finalidade. (Incluído pela Lei nº 14.309, de 2022)
§ 6º Os documentos pertinentes à ordem do dia poderão ser disponibilizados de forma física ou eletrônica
aos participantes. (Incluído pela Lei nº 14.309, de 2022)

DO CONDOMÍNIO EM MULTIPROPRIEDADE

Time-sharing (multipropriedade): ocorre quando um bem é dividido entre vários proprietários sendo que
cada um deles utilizará a coisa, com exclusividade, durante certo(s) período(s) de tempo por ano, em um
sistema de rodízio.)

#ABREOVADE
Art. 1.358-B. A multipropriedade reger-se-á pelo disposto neste Capítulo e, de forma supletiva e subsidiária,
pelas demais disposições deste Código e pelas disposições das Leis nºs 4.591, de 16 de dezembro de 1964 ,
e 8.078, de 11 de setembro de 1990 (Código de Defesa do Consumidor) . (Incluído pela Lei nº 13.777, de
2018) (Vigência)

Art. 1.358-C. Multipropriedade é o regime de condomínio em que cada um dos proprietários de um mesmo
imóvel é titular de uma fração de tempo, à qual corresponde a faculdade de uso e gozo, com exclusividade,
da totalidade do imóvel, a ser exercida pelos proprietários de forma alternada. (Incluído pela Lei nº 13.777,
de 2018) (Vigência)
Parágrafo único. A multipropriedade NÃO se extinguirá automaticamente se todas as frações de tempo
forem do mesmo multiproprietário. (Incluído pela Lei nº 13.777, de 2018) (Vigência) #ATENÇÃO #SEMPRECAI

Art. 1.358-D. O imóvel objeto da multipropriedade: (Incluído pela Lei nº 13.777, de 2018) (Vigência)
I - é indivisível, não se sujeitando a ação de divisão ou de extinção de condomínio; (Incluído pela Lei nº 13.777,
de 2018) (Vigência)

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II - inclui as instalações, os equipamentos e o mobiliário destinados a seu uso e gozo. (Incluído pela Lei nº
13.777, de 2018) (Vigência)

Art. 1.358-E. Cada fração de tempo é indivisível. (Incluído pela Lei nº 13.777, de 2018) (Vigência)
§ 1º O período correspondente a cada fração de tempo será de, no mínimo, 7 (sete) dias, seguidos ou
intercalados, e poderá ser: (Incluído pela Lei nº 13.777, de 2018) (Vigência)
I - fixo e determinado, no mesmo período de cada ano; (Incluído pela Lei nº 13.777, de 2018) (Vigência)
II - flutuante, caso em que a determinação do período será realizada de forma periódica, mediante
procedimento objetivo que respeite, em relação a todos os multiproprietários, o princípio da isonomia,
devendo ser previamente divulgado; ou (Incluído pela Lei nº 13.777, de 2018) (Vigência)
III - misto, combinando os sistemas fixo e flutuante. (Incluído pela Lei nº 13.777, de 2018) (Vigência)
§ 2º Todos os multiproprietários terão direito a uma mesma quantidade mínima de dias seguidos durante o
ano, podendo haver a aquisição de frações maiores que a mínima, com o correspondente direito ao uso por
períodos também maiores. (Incluído pela Lei nº 13.777, de 2018) (Vigência)

Art. 1.358-F. Institui-se a multipropriedade por ato entre vivos ou testamento, registrado no competente
cartório de registro de imóveis, devendo constar daquele ato a duração dos períodos correspondentes a cada
fração de tempo. (Incluído pela Lei nº 13.777, de 2018) (Vigência)

Art. 1.358-G. Além das cláusulas que os multiproprietários decidirem estipular, a convenção de condomínio
em multipropriedade determinará: (Incluído pela Lei nº 13.777, de 2018) (Vigência)
I - os poderes e deveres dos multiproprietários, especialmente em matéria de instalações, equipamentos e
mobiliário do imóvel, de manutenção ordinária e extraordinária, de conservação e limpeza e de pagamento
da contribuição condominial; (Incluído pela Lei nº 13.777, de 2018) (Vigência)
II - o número máximo de pessoas que podem ocupar simultaneamente o imóvel no período correspondente a
cada fração de tempo; (Incluído pela Lei nº 13.777, de 2018) (Vigência)
III - as regras de acesso do administrador condominial ao imóvel para cumprimento do dever de manutenção,
conservação e limpeza; (Incluído pela Lei nº 13.777, de 2018) (Vigência)
IV - a criação de fundo de reserva para reposição e manutenção dos equipamentos, instalações e
mobiliário; (Incluído pela Lei nº 13.777, de 2018) (Vigência)
V - o regime aplicável em caso de perda ou destruição parcial ou total do imóvel, inclusive para efeitos de
participação no risco ou no valor do seguro, da indenização ou da parte restante; (Incluído pela Lei nº 13.777,
de 2018) (Vigência)
VI - as multas aplicáveis ao multiproprietário nas hipóteses de descumprimento de deveres. (Incluído pela Lei
nº 13.777, de 2018) (Vigência)

Art. 1.358-H. O instrumento de instituição da multipropriedade ou a convenção de condomínio em


multipropriedade poderá estabelecer o limite máximo de frações de tempo no mesmo imóvel que poderão
ser detidas pela mesma pessoa natural ou jurídica. (Incluído pela Lei nº 13.777, de 2018) (Vigência)
Parágrafo único. Em caso de instituição da multipropriedade para posterior venda das frações de tempo a
terceiros, o atendimento a eventual limite de frações de tempo por titular estabelecido no instrumento de
instituição será obrigatório somente após a venda das frações. (Incluído pela Lei nº 13.777, de
2018) (Vigência)

DIREITO DE SUPERFÍCIE

SUPERFÍCIE
CC ESTATUTO DA CIDADE

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O proprietário pode conceder a outrem o direito O proprietário urbano poderá conceder a outrem o
de construir ou de plantar em seu terreno, por direito de superfície do seu terreno, por TEMPO
TEMPO DETERMINADO, mediante escritura DETERMINADO OU INDETERMINADO, mediante
pública devidamente registrada no Cartório de escritura pública registrada no cartório de registro de
Registro de Imóveis. imóveis.
O direito de superfície não autoriza obra no O direito de superfície abrange o direito de utilizar o
subsolo, salvo se for inerente ao objeto da solo, o subsolo ou o espaço aéreo relativo ao terreno,
concessão. na forma estabelecida no contrato respectivo,
atendida a legislação urbanística.
1. Imóvel urbano ou rural; 1. Apenas imóvel urbano;
2. Exploração mais restrita: construção e 2. Exploração mais ampla: qualquer utilização;
plantação; 3. É possível utilizar o subsolo e o espaço aéreo;
3. Não há autorização para utilização do subsolo e 4. Cessão por prazo determinado ou indeterminado.
do espaço aéreo;
4. Cessão somente por prazo determinado.

30. Família. Conceito e modalidades de família. Casamento. Processo matrimonial. Habilitação para o
casamento. Celebração. Forma. Modalidades.
31. Casamento: natureza jurídica, existência, validade e eficácia. Impedimentos e causas suspensivas,
deveres conjugais. Casamento putativo. União estável. Concubinato.
32. Regime de bens. Pacto antenupcial. Dissolução da sociedade conjugal e do casamento.
33. Paternidade e filiação. Paternidade post mortem. Filiação por reprodução assistida. Reconhecimento da
paternidade. Paternidade biológica e socioafetiva. Poder familiar. Alimentos. Alienação parental.
34. Poder familiar. Tutela. Curatela. Tomada de decisão apoiada.

CASAMENTO

Art. 1.517, do CC. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorização de ambos
os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil.

Parágrafo único. Se houver divergência entre os pais, aplica-se o disposto no parágrafo único do art. 1.631.

Art. 1.518, do CC. Até a celebração do casamento podem os pais ou tutores revogar a autorização. (Redação
dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)

Art. 1.519, do CC. A denegação do consentimento, quando injusta, pode ser suprida pelo juiz.

Art. 1.520, do CC. Não será permitido, em qualquer caso, o casamento de quem não atingiu a idade núbil,
observado o disposto no art. 1.517 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 13.811, de 2019)

O art. 1.521 do CC/02 traz um ROL TAXATIVO de pessoas que não pode casar, em situações que envolvem a
ordem pública.

IMPEDIMENTOS MATRIMONIAIS (casamento nulo) – ART. 1.521 do CC/02 – TAMBÉM CHAMADOS DE


IMPEDIMENTOS DIRIMENTES ABSOLUTOS

Os ascendentes com os descendentes, qualquer que seja o tipo de parentesco.

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Os colaterais, até o 3o grau (tio – sobrinho), qualquer que seja o tipo de parentesco – excetuado o exame
pré-nupcial de compatibilidade sanguínea – DL 3.200/41 (casamento avuncular – casamento de tio
com sobrinho que só é possível após exame de compatibilidade sanguínea).

Os afins em linha reta (impedimento decorrente de parentesco por afinidade). Nos termos do art. 1.595
do CC, há parentesco por afinidade entre um cônjuge (ou companheiro) e os parentes do outro
consorte (ou convivente). O impedimento, por razão moral, existe apenas na afinidade em linha reta
até o infinito (sogra e genro, sogro e nora, padrasto e enteada, madrasta e enteado, e assim
sucessivamente). Os cunhados podem se casar, depois de terminado o casamento, pois são parentes
afins colaterais. Destaque-se que o CC/2002 inovou ao reconhecer a afinidade em decorrência da
união estável.

No que concerne ao parentesco por afinidade na linha reta descendente, merece destaque a consolidada
valorização social da afetividade, na relação constituída entre padrastos, madrastas e enteados, tema
que ainda será aprofundado. Confirmando tal valorização, a Lei 11.924/2009, de autoria do Deputado
Clodovil Hernandes, passou a admitir que o enteado utilize o sobrenome do padrasto ou madrasta,
introduzindo no art. 57 da Lei de Registros Públicos (Lei 6.015/1976) o § 8.º.

O adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; os ascendentes
e descendentes em casos envolvendo a adoção; o adotado com o filho do adotante (impedimentos
em decorrência do parentesco civil formado pela adoção). Vale a máxima pela qual a adoção imita a
família consanguínea. Sendo assim, até por ausência de previsão legal, o adotado pode se casar com a
irmã do adotante, pois esta seria como se sua tia fosse.

Como visto, não há esse impedimento na família natural se uma junta médica afastar os problemas
congênitos à prole, que aqui não estarão presentes.

As pessoas já casadas (proibição de bigamia). A questão do casamento religioso apenas.

Sobrevivente com quem foi condenado por homicídio ou tentativa contra o falecido cônjuge (crime
doloso e necessidade de trânsito em julgado da sentença penal condenatória).

CAUSAS SUSPENSIVAS DO CASAMENTO – ART. 1.523 – TAMBÉM CHAMADOS DE IMPEDIMENTOS


IMPEDIENTES

O viúvo (a), que tem filhos do falecido (a), enquanto não fizer a partilha dos bens deixados (a questão da
hipoteca legal – art. 1.489, I). Só há causa suspensiva se houver filhos em comum. Além da imposição do
regime da separação obrigatória de bens, essa causa suspensiva gera uma segunda sanção, qual seja a
imposição de uma hipoteca legal a favor dos filhos sobre os bens imóveis dos pais que passarem a outras
núpcias antes de fazerem o inventário do cônjuge falecido (art. 1.489, II, do CC).

A mulher cujo casamento se desfez nos 10 meses subsequentes ao término (turbatio sanguinis). O objetivo
é evitar confusões sobre a paternidade do filho que nascer nesse espaço temporal (turbatio ou confusio
sanguinis).

O (a) divorciado(a), enquanto não fizer a partilha dos bens (STJ 197 e CC 1.581). Essa previsão foi incluída
no CC/2002, uma vez que o divórcio pode ser concedido sem que haja prévia partilha de bens, o que
abrange o divórcio extrajudicial (art. 1.581). Anote-se que a lei exige apenas a homologação ou decisão da
partilha e não a sua efetivação em si.

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O tutor/curador e seus parentes com o tutelado/curatelado enquanto perdurar a tutela/curatela. A razão


é moral, pois, supostamente, o tutor ou o curador poderia induzir o tutelado ou o curatelado a erro, diante
de uma relação de confiança, o que geraria repercussões patrimoniais.

CASAMENTO PUTATIVO

Trata-se do casamento que embora nulo ou anulável, gera efeitos em relação ao cônjuge que esteja de boa-
fé subjetiva (ignorando os motivo da nulidade ou anulação).

Art. 1.561. Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, o casamento,
em relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da sentença anulatória.

§ 1 o Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só a ele e aos filhos
aproveitarão.

§ 2 o Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só aos filhos
aproveitarão.

Hipóteses:

O casamento gera efeitos em relação a estes e aos filhos, até o


BOA-FÉ DE AMBOS OS CÔNJUGES
trânsito em julgado da sentença de nulidade ou anulação.
O casamento somente gera efeitos para este e aos filhos do casal.
Art. 1.564. Quando o casamento for anulado por culpa de um dos
cônjuges, este incorrerá:
BOA-FÉ DE APENAS UM CÔNJUGE
I - na perda de todas as vantagens havidas do cônjuge inocente;
II - na obrigação de cumprir as promessas que lhe fez no contrato
antenupcial.
MÁ-FÉ DE AMBOS OS CÔNJUGES O casamento somente gera efeitos para os filhos.

#OLHAAJURIS
Para formalização do casamento nuncupativo, é admissível a flexibilização do prazo de 10 dias para as
testemunhas comparecerem perante a autoridade judicial. Casamento nuncupativo é uma espécie de
casamento realizado quando um dos contraentes está em iminente risco de vida, não houve a prévia
habilitação para o matrimônio e não se conseguiu fazer com que a autoridade que poderia presidir o
casamento estivesse presente. Neste caso, o casamento é realizado perante 6 testemunhas. O art. 1.541 do
CC afirma que, depois que o casamento for realizado, as testemunhas deverão comparecer perante o juiz,
no prazo de 10 dias, para declarar o que aconteceu. Esse prazo é absoluto ou pode ser flexibilizado? Se as
testemunhas comparecerem perante o juiz após esse prazo mesmo assim será possível reconhecer a validade
e eficácia do casamento nuncupativo? SIM.O prazo de 10 dias para que as testemunhas compareçam à
autoridade judicial é uma formalidade do ato, no entanto, não está relacionado com a sua essência ou
substância. Logo, esse prazo não está relacionado com a existência, validade ou eficácia do ato. Desse modo,
esse prazo consiste, em tese, em formalidade suscetível de flexibilização, especialmente quando constatada
a ausência de má-fé.
Assim, não é adequado impedir a formalização do casamento apenas por esse fundamento, sem perquirir,
antes ou conjuntamente, se estão presentes os demais requisitos estabelecidos pelo legislador,
especialmente àqueles que digam respeito à essência do ato. O desrespeito ao prazo deve ser
contextualizado para que possa, eventualmente, ser mitigado. STJ. 3ª Turma.Resp 1978121/RJ, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 22/03/2022 (Info 730).

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Casal se divorciou e não fez a partilha dos bens; ex-mulher ficou morando no imóvel comum durante anos
sem oposição do ex-marido; vale ressaltar que metade do imóvel pertencia ao ex-marido; a ex-mulher
poderá adquirir essa outra metade por usucapião
Dissolvida a sociedade conjugal, o bem imóvel comum do casal rege-se pelas regras relativas ao condomínio,
ainda que não realizada a partilha de bens, cessando o estado de mancomunhão anterior.
Justamente por isso, possui legitimidade para usucapir em nome próprio o condômino que exerça a posse
por si mesmo, sem nenhuma oposição dos demais coproprietários, tendo sido preenchidos os demais
requisitos legais. No caso, após o fim do matrimônio houve completo abandono pelo cônjuge da fração ideal
pertencente ao casal dos imóveis usucapidos pela ex-esposa, sendo que esta não lhe repassou nenhum valor
proveniente de aluguel nem o ex-marido o exigiu, além de não ter prestado conta nenhuma por todo o
período antecedente ao ajuizamento da referida ação.Em razão disso, o que houve foi o exercício da posse
pela ex-esposa, com efetivo ânimo de dona, a amparar a procedência do pedido de usucapião.Em suma:
dissolvida a sociedade conjugal, o bem imóvel comum do casal rege-se pelas regras relativas ao condomínio,
ainda que não realizada a partilha de bens, possuindo legitimidade para usucapir em nome próprio o
condômino que exerça a posse por si mesmo, sem nenhuma oposição dos demais coproprietários. STJ. 3ª
Turma. REsp 1840561-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 03/05/2022 (Info 739).

UNIÃO ESTÁVEL

#SELIGA:
Súmula 655, STJ: Aplica-se a união estável contraída por septuagenário o regime da separação obrigatória
de bens, comunicando-se os adquiridos na constância, quando comprovado o esforço comum.

REQUISITOS DA UNIÃO ESTÁVEL


PÚBLICA (deve ter fama social, conhecida pela sociedade).
DURADOURA (relação sólida).
INTENÇÃO DE CONSTITUIR FAMÍLIA (diferencia essa relação amorosa das demais relações
amorosas, como as de pai e filho, namoro, etc.).
*Elemento mais importante!
AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTOS MATRIMONIAIS (art. 1521).

#ATENÇÃO: NÃO PRECISA DE COABITAÇÃO.

Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se as relações patrimoniais,
no que couber, o regime da comunhão parcial de bens.

O STJ já decidiu (REsp 1.459.597-SC) que é válido, desde que escrito, o pacto de convivência formulado pelo
casal no qual se opta pela adoção da regulação patrimonial da futura relação como símil ao regime de
comunhão universal, ainda que não tenha sido feito por meio de escritura pública. Ou seja, a escritura
pública é dispensável para a validade do contrato de convivência.

#DEOLHONAJURIS:
Encerrado o estado de mancomunhão, aplica-se o prazo prescricional trienal à pretensão de que o ex-
companheiro arque com gastos de animais de estimação adquiridos durante a união estável. REsp 1.944.228-
SP, Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. Acd. Ministro Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, por
maioria, julgado em 18/10/2022, DJe 7/11/2022. (Info Ed. Esp. 9 -STJ)
No sistema constitucional vigente, é inconstitucional a diferenciação de regimes sucessórios entre cônjuges
e companheiros, devendo ser aplicado, em ambos os casos, o regime estabelecido no art. 1.829 do Código
Civil. STF. Plenário. RE 646721/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso e RE
878694/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em 10/5/2017 (repercussão geral) (Info 864). O STJ

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acompanhou o entendimento do Supremo e também decidiu de forma similar: É inconstitucional a distinção


de regimes sucessórios entre cônjuges e companheiros, devendo ser aplicado, em ambos os casos, o regime
estabelecido no art. 1.829 do CC/2002. STJ. 3ª Turma. REsp 1332773-MS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
julgado em 27/6/2017 (Info 609).
A paternidade socioafetiva, declarada ou não em registro público, não impede o reconhecimento do vínculo
de filiação concomitante baseado na origem biológica, com os efeitos jurídicos próprios. STF. Plenário. RE
898060/SC, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 21 e 22/09/2016 (Info 840).
É possível a inclusão de dupla paternidade em assento de nascimento de criança concebida mediante as
técnicas de reprodução assistida heteróloga e com gestação por substituição, não configurando violação ao
instituto da adoção unilateral. STJ. 3ª Turma. REsp 1.608.005-SC, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino,
julgado em 14/05/2019 (Info 649).

#SELIGANASÚMULA
Súmula 301-STJ: Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se ao exame de DNA induz
presunção juris tantum de paternidade. (art. 231 do CC/2002: aquele que se nega a submeter-se a exame
médico necessário não poderá aproveitar-se de sua recusa).
Súmula 277-STJ: Julgada procedente a investigação de paternidade, os alimentos são devidos a partir da
citação.
Súmula 149, STF: É imprescritível a ação de investigação de paternidade, mas não o é a ação de petição de
herança.

REGIME DE BENS ENTRE OS CÔNJUGES

Comunicam-se todos os bens onerosamente durante o casamento. A lei estabelece


uma presunção absoluta de que o bem foi adquirido na metade ideal por cada
um dos cônjuges. Não se comunicam os bens adquiridos anteriormente ao
casamento (a título gratuito ou oneroso), os adquiridos gratuitamente durante
REGIME DA
o casamento (ex. doações e heranças) e os bens sub-rogados em seu lugar.
COMUNHÃO
#ATENÇÃO: Diante do divórcio de cônjuges que viviam sob o regime da comunhão
PARCIAL DE
parcial de bens, não deve ser reconhecido o direito à meação dos valores que
BENS
foram depositados em conta vinculada ao FGTS em datas anteriores à constância
do casamento e que tenham sido utilizados para aquisição de imóvel pelo casal
durante a vigência da relação conjugal. STJ. 2ª Seção. REsp 1.399.199-RS, Rel.
Min. Maria Isabel Gallotti, Rel. para acórdão Min. Luis Felipe Salomão, julgado
em 9/3/2016 (Info 581).
REGIME DA
Comunicam-se todos os bens, antes ou durante o casamento, a título gratuito ou
COMUNHÃO
oneroso. Obs.: doação e herança são comunicáveis, salvo se houver cláusula de
UNIVERSAL DOS
incomunicabilidade.
BENS
Durante a relação os bens são administrados e adquiridos individualmente pelos
REGIME DE cônjuges (como se estivessem casados pelo regime da separação). Com o fim do
PARTICIPAÇÃO casamento, os bens adquiridos onerosamente durante a relação serão objeto de
FINAL NOS partilha (como se estivessem casados pelo regime da comunhão parcial). Obs.:
AQUESTOS tecnicamente não existe meação nesse regime. É feito um complexo cálculo
contábil que apontará o direito à participação dos cônjuges no patrimônio do
outro.
REGIME DA
É o regime que determina a incomunicabilidade dos bens adquiridos antes e durante
SEPARAÇÃO DE
o casamento.
BENS

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É a hipótese em que o regime da separação é imposto por lei


OBS.: O art. 1.641 do CC determina a separação obrigatória de bens para o
casamento em situações específicas.
A doutrina majoritária é no sentido de que a Súmula 377, STF, ainda tem
aplicabilidade. Nesse sentido é também a jurisprudência do STJ (“no regime de
REGIME DE
separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na constância do
SEPARAÇÃO
casamento”, desde que comprovado o esforço comum para sua aquisição. STJ.
OBRIGATÓRIA
4ª Turma. REsp 1.689.152/SC).
#ATENÇÃO: A partir desse entendimento, conclui-se que só existe um regime de
separação absoluta, qual seja, o regime de separação convencional. Na
separação legal não há separação absoluta, pois a Súmula n. 377 determina a
comunicação dos bens.
É a hipótese em que o regime de separação de bens é escolhido livremente pelos
SEPARAÇÃO
nubentes. É o único regime em que existe verdadeira separação absoluta de
CONVENCIONAL
bens. Neste caso não se aplica a Súmula 377, STF.

#JURIS:
O reconhecimento de simulação na compra e venda de imóvel em detrimento da partilha de bens do casal
gera nulidade do negócio e garante o direito à meação a ex-cônjuge. REsp 1.969.648-DF, Rel. Min. Moura
Ribeiro, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 18/10/2022, DJe 21/10/2022.
A atribuição dinâmica do ônus probatório acerca da realização de acessões/benfeitorias em imóvel de
propriedade do cônjuge varão, objeto de eventual partilha em ação de divórcio, pode afastar a presunção do
art. 1.253 do CC
Situação adaptada: João e Regina casaram-se, pelo regime da comunhão parcial de bens, em 4/10/1997. O
casal se separou em 21/5/2002. Em 01/02/2003, João comprou uma chácara. Em 02/10/2003, o casal
restabeleceu a união conjugal. Em 25/3/2014, Regina ajuizou novamente ação de divórcio litigioso contra
João. Na ação, Regina pediu a partilha das acessões e benfeitorias feitas na chácara alegando que elas foram
realizadas durante o casamento, com esforço comum. João contra-argumentou afirmando que tais acessões
e benfeitorias não foram realizadas durante o casamento.
Em regra, de quem seria o ônus de provar que a data das acessões e benfeitorias: de Regina ou de João? O
ônus seria de Regina, com base no art. 373, I, do CPC.
João goza de uma presunção legal em seu favor. Trata-se da presunção relativa prevista no art. 1.253 do CC:
“Toda construção ou plantação existente em um terreno presume-se feita pelo proprietário e à sua custa,
até que se prove o contrário.”
Diante desse cenário, o magistrado entendeu que seria o caso de inverter o ônus da prova e determinar que
João prove a data da realização das acessões e benfeitorias já que, por ele ser o proprietário e possuidor do
imóvel, teria melhores condições de comprovar que não foram edificadas na constância do casamento. Essa
inversão é possível com base no art. 373, § 1º, do CPC.
STJ. 3ª Turma. REsp 1888242/PR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 29/03/2022 (Info 731).
Os valores depositados em planos de previdência complementar aberta equiparam-se a investimentos
financeiros como outro qualquer.
Deste modo, rompida a sociedade conjugal, tais valores devem ser partilhados conforme o regime de bens.
Por outro lado, as contribuições feitas para plano de previdência fechado, em percentual do salário do
empregado, aportadas pelo beneficiário e pelo patrocinador, conforme definido pelo estatuto da entidade,
não integram o patrimônio sujeito à comunhão de bens a ser partilhado quando da extinção do vínculo
conjugal.
STJ. 4ª Turma. REsp 1545217-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Rel. Acd. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado
em 07/12/2021 (Info 723).
Os valores depositados em planos de previdência privada durante a vida em comum do casal, integram o
patrimônio comum e devem ser partilhados?

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• se for um plano ABERTO: SIM.


• se for um plano FECHADO: NÃO.
No casamento ou na união estável regidos pelo regime da separação obrigatória de bens, é possível que os
nubentes/companheiros, em exercício da autonomia privada, estipulando o que melhor lhes aprouver em
relação aos bens futuros, pactuem cláusula mais protetiva ao regime legal, com o afastamento da Súmula
377 do STF, impedindo a comunhão dos aquestos.
A mens legis do art. 1.641, II, do Código Civil é conferir proteção ao patrimônio do idoso que está se casando
e aos interesses de sua prole, impedindo a comunicação dos aquestos. Por uma interpretação teleológica da
norma, é possível que o pacto antenupcial venha a estabelecer cláusula ainda mais protetiva aos bens do
nubente septuagenário, preservando o espírito do Código Civil de impedir a comunhão dos bens do ancião.
Súmula 377-STF: No regime de separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na constância do
casamento.STJ. 4ª Turma. REsp 1922347-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 07/12/2021 (Info 723).
Exemplo hipotético: em 2015, Lúcia adquiriu um aparamento financiado em 60 prestações mensais; nessa
época, Lúcia namorava Henrique. Lúcia arcou, de forma autônoma e independente, com os valores para a
aquisição do imóvel, sem qualquer ajuda financeira por parte de Henrique. Em 2018, Lúcia e Henrique se
casaram, sob o regime da comunhão parcial de bens. Em 2020, Lúcia terminou de pagar o financiamento do
apartamento. Em 2021, Lúcia e Henrique se divorciaram.
A mulher arcou de forma autônoma e independente com os valores para a aquisição do bem, motivo pelo
qual o pagamento de financiamento remanescente não repercute em posterior partilha por ocasião do
divórcio, sendo considerado montante estranho à comunhão de bens.
O ex-cônjuge não faz jus a nenhum benefício patrimonial decorrente do negócio jurídico, sob pena de a
circunstância configurar um manifesto enriquecimento sem causa.
STJ. 3ª Turma. REsp 1841128-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 23/11/2021 (Info 719).
O contrato de união estável produz efeitos retroativos?
• Regra: NÃO. A eleição (escolha) do regime de bens da união estável por contrato escrito produz efeitos ex
nunc (para frente), sendo inválidas cláusulas que estabeleçam a retroatividade dos efeitos.
• Exceção: é possível cláusula retroativa sobre o regime de bens, em contrato celebrado entre os conviventes,
desde que haja expressa autorização judicial, nos termos do art. 1.639, § 2º, do CC.
STJ. 4ª Turma. AREsp 1631112-MT, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 26/10/2021 (Info 715).
A cessação da incapacidade civil de um dos cônjuges, que impunha a adoção do regime da separação
obrigatória de bens sob a égide do Código Civil de 1916, autoriza a modificação do regime de bens do
casamento
Caso concreto: cônjuges casaram-se em 1990 e, como a nubente era menor de 16 anos, o regime de bens do
casamento foi o da separação obrigatória, conforme previa o CC/1916. Muitos anos depois, já sob a égide do
CC/2002, os cônjuges pediram a mudança do regime de bens sob o argumento de que a incapacidade civil já
cessou e não havia mais motivo para se manter esse regime de separação obrigatória.
O STJ afirmou que a alteração deve ser deferida. Isso porque não se deve “exigir dos cônjuges justificativas
exageradas ou provas concretas do prejuízo na manutenção do regime de bens originário, sob pena de se
esquadrinhar indevidamente a própria intimidade e a vida privada dos consortes.
Assim, se o juiz não identifica nenhum elemento concreto que indique que a mudança acarretará danos a
algum dos consortes ou a terceiros, há de ser respeitada a vontade dos cônjuges, sob pena de violação de
sua intimidade e vida privada.
STJ. 3ª Turma. REsp 1947749-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 14/09/2021 (Info 709).
No pedido de alteração do regime de bens, não se deve exigir dos cônjuges justificativas ou provas
exageradas, sobretudo diante do fato de que a decisão que concede a modificação do regime de bens opera
efeitos ex nunc.
A fraude e má-fé não podem ser presumidas. Ao contrário, existe uma presunção de boa-fé que beneficia os
consortes.

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No caso concreto, os autores já haviam juntado certidões negativas e apresentaram justificativa plausível
para a mudança (a esposa assumiu a gestão do patrimônio de seus pais, atividade que seria facilitada pelo
regime da separação de bens). Logo, não fazia sentido exigir a relação pormenorizada do acervo patrimonial.
STJ. 3ª Turma. REsp 1904498-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 04/05/2021 (Info 695).
Ex-marido que mora com a filha no imóvel comum não é obrigado a pagar aluguéis à ex-mulher
Caso hipotético: Lucas e Virgínia foram casados e tiveram uma filha, atualmente com 10 anos de idade.
Durante a vida em comum, o casal, com esforço comum, comprou um apartamento, onde a família morava.
Eles decidiram se divorciar e foi decretada a partilha do imóvel, na proporção de 50% para cada um. A mulher
foi viver na casa de seu novo companheiro e Lucas ficou morando no apartamento com a filha. Virgínia
ajuizou, então, ação contra Lucas alegando que, enquanto não fosse vendido o apartamento, ele deveria lhe
pagar valor equivalente a 50% do aluguel. A autora argumentou que o imóvel é bem indivisível e que ela
detém 50% para cada um. A mulher foi viver na casa de seu novo companheiro e Lucas ficou morando no
apartamento com a filha. Virgínia ajuizou, então, ação contra Lucas alegando que, enquanto não fosse
vendido o apartamento, ele deveria lhe pagar valor equivalente a 50% do aluguel. A autora argumentou que
o imóvel é bem indivisível e que ela detém 50% da propriedade. Logo, caracterizaria enriquecimento ilícito o
fato de ele estar sendo utilizado exclusivamente pelo réu. Lucas defendeu-se alegando que o imóvel é
utilizado para a moradia da filha comum. Argumentou, ainda, que ele sustenta a filha sozinho e, portanto,
não haveria razão para pagar ainda aluguel. Em regra, o uso exclusivo do imóvel comum por um dos ex-
cônjuges — após a separação ou o
divórcio e ainda que não tenha sido formalizada a partilha — autoriza que aquele privado da fruição do bem
reivindique, a título de indenização, a parcela proporcional a sua quota-parte sobre a renda de um aluguel
presumido. No entanto, no caso concreto, isso não é devido. Não é obrigatório o arbitramento de aluguel ao
ex-cônjuge que reside, após o divórcio, em imóvel de propriedade comum do ex-casal com a filha menor de
ambos. O fato de o imóvel estar sendo utilizado para a moradia da filha em comum do casal significa que, de
algum modo, tanto o homem como a mulher estão usufruindo do bem. Isso porque o sustento da menor
(incluindo a moradia) é um dever de ambos.
STJ. 4ª Turma. REsp 1699013-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 04/05/2021 (Info 695).
O direito real de habitação tem caráter gratuito, razão pela qual os herdeiros não podem exigir remuneração
do(a) companheiro(a) ou cônjuge sobrevivente pelo fato de estar usando o imóvel.
Seria um contrassenso dizer que a pessoa tem direito de permanecer no imóvel em que residia antes do
falecimento do seu companheiro ou cônjuge, e, ao mesmo tempo, exigir dela o pagamento de uma
contrapartida (uma espécie de “aluguel”) pelo uso exclusivo do bem.
STJ. 3ª Turma. REsp 1846167-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 09/02/2021 (Info 685).

RELAÇÕES DE PARENTESCO

PARENTESCO NA LINHA RETA é aquele existente entre ascendentes e descendentes (art. 1.591).
PARENTESCO NA LINHA existente entre pessoas provenientes do mesmo tronco que não são
COLATERAL OU TRANSVERSAL ascendentes e descendentes (art. 1.592). Está limitado ao quarto grau.
entre um cônjuge ou companheiro e os parentes do outro cônjuge ou
companheiro. O CC/2002 admite parentesco por afinidade em união
PARENTESCO POR AFINIDADE
estável. Na linha reta o parentesco por afinidade não se extingue com
a dissolução do casamento ou união estável.
PARENTESCO CIVIL é aquele que possui “outra origem”, conforme art. 1.593 do CC.

Art. 1.593, do CC. O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de consanguinidade ou outra origem.

#IMPORTANTE:

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Inexiste qualquer vedação legal ao reconhecimento da fraternidade/irmandade socioafetiva, ainda que post
mortem, pois a declaração da existência de relação de parentesco de segundo grau na linha colateral é
admissível no ordenamento jurídico pátrio, merecendo a apreciação do Poder Judiciário.
Processo sob segredo de justiça, Rel. Min. Marco Buzzi, Quarta Turma, por maioria, julgado em 04/10/2022.
O pedido de nova adoção formulado pela mãe biológica, em relação à filha adotada por outrem,
anteriormente, na infância, não se afigura juridicamente impossível. Processo sob segredo de justiça, Rel.
Min. Raul Araújo, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 11/10/2022, DJe 24/10/2022.
A declaração posta em contrato padrão de prestação de serviços de reprodução humana é instrumento
absolutamente inadequado para legitimar a implantação post mortem de embriões excedentários, cuja
autorização, expressa e específica, deve ser efetivada por testamento ou por documento análogo. STJ. 4ª
Turma. REsp 1918421-SP, Rel. Min. Marco Buzzi, Rel. Acd. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 08/06/2021
(Info 706).
É possível a inclusão de dupla paternidade em assento de nascimento de criança concebida mediante as
técnicas de reprodução assistida heteróloga e com gestação por substituição.
A reprodução assistida e a paternidade socioafetiva constituem nova base fática para incidência do preceito
“ou outra origem” do art. 1.593 do Código Civil.
Os conceitos legais de parentesco e filiação exigem uma nova interpretação, atualizada à nova dinâmica
social, para atendimento do princípio fundamental de preservação do melhor interesse da criança.
Vale ressaltar que não se trata de adoção, pois não se pretende o desligamento do vínculo com o pai
biológico, que reconheceu a paternidade no registro civil de nascimento da criança. STJ. 3ª Turma. REsp
1.608.005-SC, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 14/05/2019 (Info 649).
Irmãos unilaterais possuem legitimidade ativa e interesse processual para propor ação declaratória de
reconhecimento de parentesco natural com irmã pré-morta, ainda que a relação paterno-filial com o pai
comum, também pré-morto, não tenha sido reconhecida em vida
Exemplo hipotético: Pedro e Paulo são irmãos. Eles são filhos de João e Regina. João já faleceu há alguns
anos. Determinado dia, Regina estava assistindo televisão com Pedro e Paulo e viu uma reportagem
noticiando a morte de uma mulher chamada Laís. Regina, então, contou que Laís era filha de João, apesar de
ele não a ter registrado. Desse modo, Regina afirmou que Pedro e Paulo seriam irmãos unilaterais de Laís.
Vale ressaltar que Laís nunca ajuizou qualquer ação contra João pedindo o reconhecimento de sua condição
de filha. Diante disso, Pedro e Paulo ajuizaram ação declaratória de reconhecimento de parentesco natural
em face de Laís (irmã pré-morta), a fim de que fosse declarada a relação de irmandade biológica entre eles e
Laís. A ação foi proposta contra o espólio de Laís.
STJ. 3ª Turma. REsp 1892941-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 01/06/2021 (Info 699).
A possibilidade de cumulação da paternidade socioafetiva com a biológica contempla especialmente o
princípio constitucional da igualdade dos filhos (art. 227, § 6º, da CF).
Não se deve admitir que na certidão de nascimento conste o termo "pai socioafetivo", bem como não é
possível afastar a possibilidade de efeitos patrimoniais e sucessórios quando reconhecida a
multiparentalidade. Caso contrário, estar-se-ia reconhecendo a possibilidade de uma posição filial inferior
em relação aos demais descendentes do genitor socioafetivo, violando o disposto nos arts. 1.596 do CC/2002
e 20 da Lei n. 8.069/1990.
Portanto, reconhece-se a equivalência de tratamento e dos efeitos jurídicos entre as paternidades biológica
e socioafetiva na hipótese de multiparentalidade.
STJ. 4ª Turma. REsp 1487596/MG, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 28/09/2021.
Na multiparentalidade deve ser reconhecida a equivalência de tratamento e de efeitos jurídicos entre as
paternidades biológica e socioafetiva.
STJ. 4ª Turma.REsp 1487596-MG, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 28/09/2021 (Info 712).
A anulação de ato registral, com base na divergência entre a paternidade biológica e a declarada no registro
de nascimento, apenas será possível se preenchidos os seguintes requisitos: a) Existência de prova robusta
de que o pai foi induzido a erro ou coagido a efetuar o registro: o registro de nascimento tem valor absoluto,
de modo que não se pode negar a paternidade, salvo se existentes provas de erro ou falsidade. b) Inexistência

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de relação socioafetiva entre pai e filho registrado: para que a ação negatória de paternidade seja julgada
procedente, não basta apenas que o DNA prove que o “pai registral” não é o “pai biológico”. É necessário
também que fique provado que o “pai registral” nunca foi um “pai socioafetivo”, ou seja, que nunca foi
construída uma relação socioafetiva entre pai e filho. A mera comprovação da inexistência de paternidade
biológica através do exame do DNA não é suficiente para desconstituir a relação socioafetiva criada entre os
indivíduos. A filiação deve ser entendida como elemento fundamental da identidade do ser humano, da
própria dignidade humana. O nosso ordenamento jurídico acolheu a filiação socioafetiva como verdadeira
cláusula geral de tutela da personalidade humana. STJ. 3ª Turma. REsp 1829093-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 01/06/2021 (Info 699).
A anulação de ato registral, com base na divergência entre a paternidade biológica e a declarada no registro
de nascimento, apenas será possível se preenchidos os seguintes requisitos:
a) Existência de prova robusta de que o pai foi induzido a erro ou coagido a efetuar o registro: o registro de
nascimento tem valor absoluto, de modo que não se pode negar a paternidade, salvo se existentes provas
de erro ou falsidade.
b) Inexistência de relação socioafetiva entre pai e filho registrado: para que a ação negatória de paternidade
seja julgada procedente, não basta apenas que o DNA prove que o “pai registral” não é o “pai biológico”. É
necessário também que fique provado que o “pai registral” nunca foi um “pai socioafetivo”, ou seja, que
nunca foi construída uma relação socioafetiva entre pai e filho.
A mera comprovação da inexistência de paternidade biológica através do exame do DNA não é suficiente
para desconstituir a relação socioafetiva criada entre os indivíduos.
A filiação deve ser entendida como elemento fundamental da identidade do ser humano, da própria
dignidade humana. O nosso ordenamento jurídico acolheu a filiação socioafetiva como verdadeira cláusula
geral de tutela da personalidade humana.
STJ. 3ª Turma. REsp 1829093-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 01/06/2021 (Info 699).
O exame de paternidade negativo não é suficiente, por si só, para desconstituir a paternidade socioafetiva
que, para além da paternidade biológica, ficou caracterizada pelas demonstrações afetivas conferidas em
vida pelo falecido ao menor, sem prejuízo do reconhecimento do pai biológico, em respeito ao instituto da
multiparentalidade.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.867.308/MT, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 11/05/2022

AÇÕES JUDICIAIS BASEADAS NA FILIAÇÃO:

• Ação reivindicatória de filho: proposta por terceiro para pleitear vínculo parental

Art. 1.604 do CC: “ninguém pode vindicar estado contrário ao registro, salvo prova de erro ou falsidade”.

#OLHAAJURIS: RECURSO ESPECIAL. CIVIL. FAMÍLIA. AÇÃO ANULATÓRIA DE REGISTRO CIVIL (CC/2002, ART.
1.604). FALSIDADE IDEOLÓGICA. FILHOS DO AUTOR FALECIDO. LEGITIMIDADE ATIVA. INTERESSADOS.
RECURSO PROVIDO.1. A anulação do registro de nascimento ajuizada com fulcro no art. 1.604 do Código Civil
de 2002, em virtude de falsidade ideológica, pode ser pleiteada por todos que tenham interesse em tornar
nula a falsa declaração.2. Recurso especial provido. (REsp n. 1.238.393/SP, relator Ministro Raul Araújo,
Quarta Turma, julgado em 2/9/2014, DJe de 18/9/2014.)

• Ação negatória de paternidade: O art. 1601 do CC prevê que esta ação é imprescritível. Trata-se de
ação que possui caráter personalíssimo.
• Ação investigatória de paternidade ou maternidade: legitimidade ativa para a ação é personalíssima
do filho (se menor, deverá estar representado ou assistido). A legitimidade passiva é, em regra, do suposto
pai ou suposta mãe; mas também pode ser proposta contra os herdeiros do(a) falecido(a) pai/mãe, ou até
mesmo contra os avós (ação avoenga).

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Súmula 301-STJ: Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se ao exame de DNA induz
presunção juris tantum de paternidade. (art. 231 do CC/2002: aquele que se nega a submeter-se a exame
médico necessário não poderá aproveitar-se de sua recusa).
Súmula 277-STJ: Julgada procedente a investigação de paternidade, os alimentos são devidos a partir da
citação.

#SELIGANOVIDADE:
art. 2º-A, §2º, Lei nº 8.560: Se o suposto pai houver falecido ou não existir notícia de seu paradeiro, o juiz
determinará, a expensas do autor da ação, a realização do exame de pareamento do código genético (DNA)
em parentes consanguíneos, preferindo-se os de grau mais próximo aos mais distantes, importando a recusa
em presunção da paternidade, a ser apreciada em conjunto com o contexto probatório.

#IMPORTANTE
Súmula 277, do STJ - Julgada procedente a investigação de paternidade, os alimentos são devidos a partir da
citação.

#DEOLHONAJURIS:
É legal a ordem judicial de exumação de restos mortais do de cujus, a fim de subsidiar exame de DNA para
averiguação de vínculo de paternidade, diante de tentativas frustradas de realizar-se o exame em parentes
vivos do investigado, bem como de completa impossibilidade de elucidação dos fatos por intermédio de
outros meios de prova. Processo sob segredo de justiça, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira
Turma, por unanimidade, julgado em 04/10/2022.

Súmula 149, STF: É imprescritível a ação de investigação de paternidade, mas não o é a ação de petição de
herança.

#OLHAOGANCHO:
A ausência de prévia propositura de ação de investigação de paternidade, imprescritível, e de seu
julgamento definitivo não constitui óbice para o ajuizamento de ação de petição de herança e para o início
da contagem do prazo prescricional.
A definição da paternidade e da afronta ao direito hereditário, na verdade, apenas interfere na procedência
da ação de petição de herança.
O termo inicial do prazo prescricional da pretensão de petição de herança conta-se da abertura da sucessão,
ou, em se tratando de herdeiro absolutamente incapaz, da data em que completa 16 (dezesseis) anos,
momento em que, em ambas as hipóteses, nasce para o herdeiro, ainda que não legalmente reconhecido, o
direito de reivindicar os direitos sucessórios (actio nata).
STJ. 2ª Seção. EAREsp 1260418/MG, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 26/10/2022 (Info 757).
É intransmissível ao cônjuge sobrevivente a pretensão de ver declarada a existência de relação avoenga
com o de cujus. A impossibilidade do julgamento do pedido declaratório de relação avoenga não acarreta,
necessariamente, a impossibilidade do julgamento do pedido de petição de herança. STJ. 3ª Turma. REsp
1868188-GO, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. Acd. Min. Nancy Andrighi, julgado em 28/09/2021 (Info
713).

ALIMENTOS

Alimentos são as prestações devidas para a satisfação das necessidades pessoais


daquele que não pode provê-las pelo trabalho próprio. Os fundamentos são os
CONCEITO
princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana e da solidariedade
familiar.

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Necessidade (de quem pede) + possibilidade (de quem paga) + proporcionalidade


PRESSUPOSTOS
(doutrina moderna)
a) Direito personalíssimo
b) Reciprocidade
c) Irrenunciabilidade
d) Obrigação divisível ou solidária
CARACTERÍSTICAS e) Obrigação imprescritível
f) Obrigação incessível e inalienável
g) Obrigação incompensável
h) Obrigação impenhorável
i) Transmissível
I. Quanto às fontes:
(a) Alimentos legais ou familiares ➔ são os alimentos decorrentes de lei,
fundamentados no Direito de Família.
(b) Alimentos convencionais ➔ são aqueles fixados por força de contrato,
testamento ou legado, ou seja, que decorrem da autonomia privada do instituidor.
(c) Alimentos indenizatórios, ressarcitórios ou indenitários ➔ são aqueles
fundamentados na responsabilidade civil (art. 948, II).
II. Quanto à extensão:
(a) Alimentos civis ou côngruos ➔ visam à manutenção do status quo antes.
(b) Alimentos indispensáveis, naturais ou necessários ➔ visam somente ao
indispensável à sobrevivência da pessoa.
III. Quanto ao tempo:
(a) Alimentos pretéritos ➔ são aqueles que ficaram no passado e que não podem
mais ser cobrados, via de regra, eis que o princípio que rege os alimentos é o da
atualidade (ex. prescritos).
(b) Alimentos presentes ➔ são aqueles que estão sendo exigidos no momento, e
que pela atualidade da obrigação alimentar podem ser cobrados mediante ação
específica.
PRINCIPAIS (c) Alimentos futuros ➔ são os alimentos pendentes, como aqueles que vão
CLASSIFICAÇÕES vencendo no curso da ação e que podem ser cobrados quando chegar o momento
próprio, mais uma vez diante da atualidade da obrigação alimentar.
IV. Quanto à forma de pagamento:
(a) Alimentos próprios ou in natura ➔ são aqueles pagos em espécie, ou seja, por
meio do fornecimento de alimentação, sustento e hospedagem, sem prejuízo do
dever de prestar o necessário para a educação dos menores (art. 1701, caput).
(b) Alimentos impróprios ➔ são aqueles pagos mediante pensão. Cabe ao juiz da
causa, de acordo com as circunstâncias do caso concreto, fixar qual a melhor forma
de cumprimento da prestação (art. 1.701, parágrafo único, do CC).
V. Quanto à finalidade:
(a) Alimentos definitivos ou regulares ➔ são aqueles fixados definitivamente, por
meio de acordo de vontades ou de sentença judicial já transitada em julgado.
Embora sejam chamados de definitivos, o CC permite a revisão.
(b) Alimentos provisórios ➔ são aqueles fixados de imediato na ação de alimentos
que segue o rito especial previsto na Lei 5.478/1968 (Lei de Alimentos). Em outras
palavras, estão fundados na obrigação alimentar e, por isso, exigem prova pré-
constituída do parentesco (certidão de nascimento) ou do casamento (certidão de
casamento). São frutos da cognição sumária do juiz antes mesmo de ouvir o réu da
demanda.

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(c) Alimentos provisionais ➔ são aqueles fixados em outras ações que não seguem
o rito especial mencionado, visando manter a parte que os pleiteia no curso da lide,
por isso a sua denominação ad litem. São fixados por meio de antecipação de tutela
ou em liminar concedida em medida cautelar de separação de corpos em ações em
que não há a mencionada prova pré-constituída, caso da ação de investigação de
paternidade ou da ação de reconhecimento e dissolução da união estável (art. 1706).
(d) Alimentos transitórios ➔ como visto, reconhecidos pela mais recente
jurisprudência do STJ, são aqueles fixados por determinado período de tempo, a
favor de ex-cônjuge ou ex-companheiro, fixando-se previamente o seu termo final.

#PEGAOGANCHO: Alimento do Idoso: A obrigação de sustentar e amparar o idoso não é uma questão
privada, familiar, mas se trata de uma questão social. O idoso pode exigir alimentos dos seus parentes, sejam
eles quem for. O direito de opção do familiar a lhe prestar alimentos atende aos interesses sociais de amparo
à velhice. Tanto é assim que se os parentes do idoso não tiverem possibilidade de lhe prestar alimentos, o
art. 14 da Lei 10.741 estabelece que o Estado, através da sua assistência social irá pagar alimentos ao idoso,
mas essa obrigação é subsidiária. O Estatuto do Idoso criou uma figura que, até então, o CPC não conhecia.
O art. 13 prevê um acordo de alimentos celebrado entre o idoso e seus parentes. Se esse acordo for assinado
por Defensor Público ou por Promotor de Justiça, esse documento, promovido fora do Poder Judiciário, será
um título executivo extrajudicial, não precisando de homologação para tanto.

A prerrogativa de ser recolhido em sala de estado-maior não pode incidir na prisão civil do advogado devedor
de alimentos, desde que lhe seja garantido um local apropriado, separado de presos comuns. Processo sob
segredo judicial, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Segunda Seção, por unanimidade, julgado em 26/10/2022.
O art. 7º, V, do Estatuto da Advocacia (Lei nº 8.906/94) prevê ser direito do advogado não ser recolhido
preso, antes de sentença transitada em julgado, senão em sala de Estado Maior, com instalações e
comodidades condignas, e, na sua falta, em prisão domiciliar. A jurisprudência do STF e do STF, contudo,
firmou entendimento no sentido de que a existência de cela especial em unidade penitenciária, com
instalações condignas e separada dos demais detentos, supre a exigência de sala de Estado Maior para o
advogado.
Assim, é possível a prisão civil de advogado devedor de alimentos, em cela especial, desde que provida de
instalações com comodidades condignas e localizada em área separada dos demais detentos.
STJ. 4ª Turma. HC 759953/SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 6/12/2022 (Info Especial 9).

#SELIGA:
Não é possível aplicar por analogia as disposições acerca da pensão alimentícia, baseada na filiação e regida
pelo Direito de Família, aos animais de estimação adquiridos durante união estável As despesas com o
custeio da subsistência dos animais são obrigações inerentes à condição de dono, como se dá, naturalmente
com os bens em geral. Enquanto vigente a união estável, é indiscutível que estas despesas podem e devem
ser partilhadas entre os companheiros, na forma do art. 1.315 do Código Civil. Após a dissolução da união
estável, esta obrigação de sustentar os pets pode ou não subsistir, a depender do que as partes
voluntariamente estipularem. Vale ressaltar que essa combinação não existe nenhuma formalidade, ainda
que não seja proibido que isso seja consignado expressamente no formal de partilha dos bens. Se, em virtude
do fim da união, as partes, ainda que verbalmente ou até implicitamente, convencionarem, de comum
acordo, que o animal de estimação ficará com um deles, este passará a ser seu único dono, que terá o bônus
de desfrutar de sua companhia, arcando, por outro lado, sozinho, com as correlatas despesas. Enquanto
perdurar o estado de mancomunhão, o coproprietário que assumir sozinho as despesas do bem pertencente
em condomínio, tem o prazo de 3 anos, contados de cada parcela/mensalidade paga, para obter a reparação
dos prejuízos gerados pelo locupletamento sem causa do outro proprietário (na proporção de metade).
Independentemente do modo como a pretensão é veiculada pela parte, este é o fundamento do pedido,
consoante o ordenamento jurídico posto. Encerrado o estado de mancomunhão, aplica-se o prazo

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prescricional trienal à pretensão de que o ex-companheiro arque com gastos de animais de estimação
adquiridos durante a união estável, nos termos do art. 206, § 3º, IV, do Código Civil. STJ. 3ª Turma. REsp
1944228-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. para acórdão Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
18/10/2022 (Info Especial 9).

#DEOLHONASÚMULA:
Súmula 596-STJ: A obrigação alimentar dos avós tem natureza complementar e subsidiária, somente se
configurando no caso de impossibilidade total ou parcial de seu cumprimento pelos pais.
Súmula 594-STJ: O Ministério Público tem legitimidade ativa para ajuizar ação de alimentos em proveito de
criança ou adolescente independentemente do exercício do poder familiar dos pais, ou do fato de o menor
se encontrar nas situações de risco descritas no art. 98 do Estatuto da Criança e do Adolescente, ou de
quaisquer outros questionamentos acerca da existência ou eficiência da Defensoria Pública na comarca. STJ.
2ª Seção. Aprovada em 25/10/2017, DJe 06/11/2017.
Súmula 621-STJ: Os efeitos da sentença que reduz, majora ou exonera o alimentante do pagamento
retroagem à data da citação, vedadas a compensação e a repetibilidade.
Súmula 358-STJ: O cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade está sujeito à
decisão judicial, mediante contraditório, ainda que nos próprios autos.

CURATELA

A curatela é um encargo (múnus) imposto a um indivíduo (chamado de “curador”), por meio do qual ele
assume o compromisso judicial de cuidar de uma pessoa (“curatelado”) que, apesar de ser maior de idade,
necessita de auxílio para a prática de determinados atos. Por conta disso, o curatelado só poderá praticar
certos atos patrimoniais se for assistido pelo curador.

#TEMQUELERALEI:
Art. 1.767. Estão sujeitos a curatela:
I - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; (Redação dada pela
Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
II - (Revogado) ; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
III - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
IV - (Revogado) ; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
V - os pródigos.
(...)
Art. 1.775. O cônjuge ou companheiro, não separado judicialmente ou de fato, é, de direito, curador do
outro, quando interdito.
§1 o Na falta do cônjuge ou companheiro, é curador legítimo o pai ou a mãe; na falta destes, o descendente
que se demonstrar mais apto.
§ 2 o Entre os descendentes, os mais próximos precedem aos mais remotos.
§ 3 o Na falta das pessoas mencionadas neste artigo, compete ao juiz a escolha do curador.

Art. 1.775-A. Na nomeação de curador para a pessoa com deficiência, o juiz poderá estabelecer curatela
compartilhada a mais de uma pessoa. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)

Art. 1.777. As pessoas referidas no inciso I do art. 1.767 receberão todo o apoio necessário para ter
preservado o direito à convivência familiar e comunitária, sendo evitado o seu recolhimento em
estabelecimento que os afaste desse convívio. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)

Art. 1.778. A autoridade do curador estende-se à pessoa e aos bens dos filhos do curatelado, observado o art.
5 o.

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Art. 1.779. Dar-se-á curador ao nascituro, se o pai falecer estando grávida a mulher, e não tendo o poder
familiar. Parágrafo único. Se a mulher estiver interdita, seu curador será o do nascituro.

Art. 1.781. As regras a respeito do exercício da tutela aplicam-se ao da curatela, com a restrição do art. 1.772
e as desta Seção.

Art. 1.782. A interdição do pródigo só o privará de, sem curador, emprestar, transigir, dar quitação, alienar,
hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que não sejam de mera administração.

Art. 1.783. Quando o curador for o cônjuge e o regime de bens do casamento for de comunhão universal, não
será obrigado à prestação de contas, salvo determinação judicial.

#IMPORTANTE Art. 1.783-A. A tomada de decisão apoiada é o processo pelo qual a pessoa com deficiência
elege pelo menos 2 (duas) pessoas idôneas, com as quais mantenha vínculos e que gozem de sua confiança,
para prestar-lhe apoio na tomada de decisão sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes os elementos e
informações necessários para que possa exercer sua capacidade. (Incluído pela Lei nº 13.146, de
2015) (Vigência)
§ 1 o Para formular pedido de tomada de decisão apoiada, a pessoa com deficiência e os apoiadores devem
apresentar termo em que constem os limites do apoio a ser oferecido e os compromissos dos apoiadores,
inclusive o prazo de vigência do acordo e o respeito à vontade, aos direitos e aos interesses da pessoa que
devem apoiar. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
§ 2 o O pedido de tomada de decisão apoiada será requerido pela pessoa a ser apoiada, com indicação
expressa das pessoas aptas a prestarem o apoio previsto no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.146,
de 2015) (Vigência)
§ 3 o Antes de se pronunciar sobre o pedido de tomada de decisão apoiada, o juiz, assistido por equipe
multidisciplinar, após oitiva do Ministério Público, ouvirá pessoalmente o requerente e as pessoas que lhe
prestarão apoio. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
§ 4 o A decisão tomada por pessoa apoiada terá validade e efeitos sobre terceiros, sem restrições, desde que
esteja inserida nos limites do apoio acordado. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
§ 5 o Terceiro com quem a pessoa apoiada mantenha relação negocial pode solicitar que os apoiadores
contra-assinem o contrato ou acordo, especificando, por escrito, sua função em relação ao apoiado. (Incluído
pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
§ 6 o Em caso de negócio jurídico que possa trazer risco ou prejuízo relevante, havendo divergência de
opiniões entre a pessoa apoiada e um dos apoiadores, deverá o juiz, ouvido o Ministério Público, decidir
sobre a questão. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
§ 7 o Se o apoiador agir com negligência, exercer pressão indevida ou não adimplir as obrigações assumidas,
poderá a pessoa apoiada ou qualquer pessoa apresentar denúncia ao Ministério Público ou ao juiz. (Incluído
pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
§ 8 o Se procedente a denúncia, o juiz destituirá o apoiador e nomeará, ouvida a pessoa apoiada e se for de
seu interesse, outra pessoa para prestação de apoio. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
§ 9 o A pessoa apoiada pode, a qualquer tempo, solicitar o término de acordo firmado em processo de
tomada de decisão apoiada. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
§ 10. O apoiador pode solicitar ao juiz a exclusão de sua participação do processo de tomada de decisão
apoiada, sendo seu desligamento condicionado à manifestação do juiz sobre a matéria. (Incluído pela Lei nº
13.146, de 2015) (Vigência)
§ 11. Aplicam-se à tomada de decisão apoiada, no que couber, as disposições referentes à prestação de
contas na curatela. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)

#DEOLHONAJURIS

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Deve-se demonstrar o efetivo prejuízo para comprovar a nulidade processual pela falta de intimação para
participar de audiência que reconduziu anterior curador
Ante o consagrado princípio "pas de nullité sans grief", deve-se demonstrar o efetivo prejuízo para
comprovar a nulidade processual pela falta de intimação para participar de audiência que reconduziu
anterior curador. Caso adaptado: Carmem, curadora provisória, foi destituída do encargo. Ela recorreu contra
essa decisão, mas o recurso foi desprovido. Houve, então, uma audiência na qual se escolheu como curador
provisório um indivíduo que já havia sido curador anteriormente. Carmem não foi intimada para essa
audiência. O STJ entendeu que, mesmo assim, não houve nulidade. Isso porque: i) a recorrente não era parte
no feito; ii) a decisão por sua destituição do cargo foi mantida em outro julgamento; e iii) não houve prejuízo,
porque ela foi autorizada a adotar as medidas correspondentes aos poderes que lhe foram outorgados por
meio do documento lavrado pela interditanda. STJ. 4ª Turma. REsp 1657034-SP, Rel. Min. Antonio Carlos
Ferreira, julgado em 20/09/2022 (Info 751).
O juiz poderá dispensar o interrogatório do interditando (atualmente chamado de “entrevista”)
argumentando que este é desnecessário diante das conclusões do laudo médico? NÃO. A ausência de
realização do interrogatório do interditando (atual “entrevista”) acarreta a nulidade do processo de
interdição. O interrogatório (entrevista) do interditando é medida que garante o contraditório e a ampla
defesa de pessoa que se encontra em presumido estado de vulnerabilidade. STJ. 3ª Turma. REsp 1.686.161-
SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 12/9/2017 (Info 611).
O laudo médico, previsto no art. 750 do CPC/2015 como necessário à propositura da ação de interdição,
pode ser dispensado na hipótese em que o interditando resiste em se submeter ao exame
Caso concreto: Regina é filha de João e cuida do seu pai idoso e enfermo. Com o objetivo de melhor gerenciar
os atos da vida civil de seu genitor, Regina propôs ação de interdição com pedido de tutela provisória de
curatela. Ocorre que o seu pai se nega a realizar tratamento com especialista. Assim, Regina não conseguiu
juntar o laudo médico necessário para a ação de interdição (art. 750).
O art. 750 do CPC ressalva, expressamente, a possibilidade de o laudo médico ser dispensado na hipótese
em que for impossível colacioná-lo à petição inicial: “O requerente deverá juntar laudo médico para fazer
prova de suas alegações ou informar a impossibilidade de fazê-lo.”
No caso, a justificativa apresentada para a ausência do laudo é plausível. Vale ressaltar que a juntada do
laudo médico na petição inicial não tem a finalidade de substituir a prova pericial que ainda será produzida
em juízo, conforme expressamente prevê o art. 753 do CPC/2015.
STJ. 3ª Turma. REsp 1933597-RO, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 26/10/2021 (Info 717)
O art. 1.783 do CC prevê que se o curador for o cônjuge do curatelado e eles forem casados sob o regime da
comunhão universal, em regra, ele não será obrigado à prestação de contas dos bens administrados durante
a curatela, “salvo determinação judicial” que o obrigue a prestar. O STJ identificou duas situações nas quais
o juiz poderá determinar a prestação de contas. Assim, o magistrado poderá (deverá) decretar a prestação
de contas pelo cônjuge curador, resguardando o interesse prevalente do curatelado e a proteção especial do
interdito quando:
a) houver qualquer indício ou dúvida de malversação dos bens do incapaz, com a periclitação de prejuízo ou
desvio de seu patrimônio, no caso de bens comuns; e
b) se tratar de bens incomunicáveis, excluídos da comunhão, ressalvadas situações excepcionais. STJ. 4ª
Turma. REsp 1.515.701-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 02/10/2018 (Info 637)
É nulo o processo em que não houve a intimação e a intervenção do MP em primeiro grau de jurisdição,
apesar da presença de parte com enfermidade psíquica grave e cujos legitimados para pedir a interdição
possuem conflitos de interesses
Caso adaptado: Maria padece de enfermidade psíquica grave (esquizofrenia). Ela ajuizou ação de obrigação
de fazer contra seu ex-cônjuge Eduardo e seus filhos Jeferson, Daniel e Michele pedindo que os réus fossem
condenados a arcar com os custos de sua internação em um estabelecimento adequado. O Ministério Público
não foi intimado para intervir no processo. A sentença julgou improcedente o pedido. A autora interpôs
apelação. O MP foi intimado para intervir em 2º grau e o TJ/SP manteve a sentença.
Três conclusões importantes:

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1) O art. 178, II, do CPC, ao prever a necessidade de intervenção no processo que envolva interesse de
incapaz, não se refere apenas ao juridicamente incapaz (legal ou judicialmente declarado como tal). Essa
regra abrange, igualmente, o faticamente incapaz. Assim, ainda que a autora não estivesse declarada
formalmente como incapaz, como isso já era alegado na petição inicial, era indispensável a intimação do MP.
2) A ausência de intimação do MP em 1º grau de jurisdição causou prejuízo concreto porque o Parquet
poderá ter promovido pedido para a interdição da autora.
3) Em regra, se houve a intervenção do Ministério Público em 2º grau, essa participação já supre a falta de
intimação do Parquet no 1º grau de jurisdição. No entanto, caso concreto, a intervenção desde o início se
fazia necessária não apenas para a efetiva participação do Parquet na fase instrutória (por exemplo,
requerendo diligências para melhor elucidar a situação econômica dos filhos e a suposta impossibilidade de
prestar auxílio à mãe), mas também para, se necessário, propor a ação de interdição apta a, em tese,
influenciar decisivamente o desfecho desta ação.
STJ. 3ª Turma. REsp 1969217-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 08/03/2022 (Info 729).

35. Sucessões. A herança e sua administração. Vocação hereditária. Aceitação e renúncia da herança. Cessão
de herança. Excluídos da herança. Sucessão Legítima. Sucessão do companheiro.
36. Sucessão testamentária. Testamento. Formas de testamento. Disposições testamentárias. Codicilo.
Fideicomisso. Legados. Direito de acrescer e substituições. Execução do testamento. Deserdação.
37. Sonegados. Redução das disposições testamentárias. Revogação, rompimento e anulação do testamento.
Testamenteiro. Inventário e partilha.
38. Direito de autor. Registros Públicos. 39. Súmulas do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal
Federal

DIREITO DAS SUCESSÕES

Art. 1.784 do CC. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros
legítimos e testamentários (droit de saisine). Herdeiro legítimo é aquele apontado pela
lei; herdeiro testamentário é aquele nomeado por testamento, legado ou codicilo (art.
1.796 do CC).
Art. 1.787 do CC. A sucessão e a legitimação para suceder serão reguladas pela lei do
REGRAS BÁSICAS tempo da abertura da sucessão.
DA SUCESSÃO Art. 1.788 do CC. Se a pessoa falecer sem testamento, a sua herança será transmitida
aos herdeiros legítimos. O mesmo vale para os casos de ausência de testamento, de
caducidade ou nulidade absoluta do ato de disposição.
Art. 1.789 do CC. Havendo herdeiros necessários (descendentes, ascendentes e
cônjuge), o testador somente poderá dispor de metade da herança. Trata-se da famosa
proteção da legítima, que é a quota dos herdeiros necessários.
A herança defere-se de forma unitária, ainda que haja pluralidade de herdeiros. A
herança, antes da partilha, constitui um bem imóvel por determinação legal, indivisível
ADMINISTRAÇÃO e universal (universalidade jurídica), nos termos do art. 1.791 do CC. A herança é
DA HERANÇA administrada pelo inventariante, que exerce um mandato legal e, na sua falta, pelo
administrador provisório (art. 1.797 do CC).

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A aceitação ou adição da herança é o ato pelo qual o herdeiro manifesta a sua vontade
de receber os bens do falecido, confirmando a transmissão sucessória. Trata-se de um
ato jurídico unilateral, que produz efeitos independentemente da concordância de
terceiros, tendo, portanto, natureza não receptícia.

Três são as formas de aceitação da herança, a saber:

ACEITAÇÃO DA (a) Aceitação expressa – feita por declaração escrita do herdeiro, por meio de
HERANÇA instrumento público ou particular.
(b) Aceitação tácita – resultante tão somente de atos próprios da qualidade de
herdeiro. Como exemplo, cite-se a hipótese em que o herdeiro toma posse de um bem
e começa a administrá-lo e a geri-lo como se fosse seu.
(c) Aceitação presumida – tratada pelo art. 1.807 do CC, segundo o qual o interessado
em que o herdeiro declare se aceita ou não a herança, poderá, 20 dias após aberta a
sucessão, requerer ao juiz prazo razoável, não maior de 30 dias, para nele se pronunciar
o herdeiro. Isso, sob pena de haver a herança por aceita.
É o ato solene pelo qual uma pessoa, chamada à sucessão de outra, declara que a não
aceita. Duas são as modalidades de renúncia à herança:

(a) Renúncia abdicativa – o herdeiro diz simplesmente que não quer a herança,
havendo cessão pura e simples a todos os coerdeiros, o que equivale à renúncia pura.
RENÚNCIA
Em casos tais, não há incidência de Imposto de Transmissão Inter Vivos contra o
renunciante;
(b) Renúncia translativa – quando o herdeiro cede os seus direitos a favor de
determinada pessoa (in favorem). Como há um negócio jurídico de transmissão,
verdadeira doação, incide o Imposto de Transmissão Inter Vivos contra o renunciante.
De acordo com o art. 1.824 que o herdeiro pode, em ação de petição de herança,
PETIÇÃO DE demandar o reconhecimento de seu direito sucessório, para obter a restituição da
HERANÇA herança, ou de parte dela, contra quem, na qualidade de herdeiro, ou mesmo sem
título, a possua.

ACEITAÇÃO RENÚNCIA
EXPRESSA (ESCRITA), TÁCITA OU PRESUMIDA. EXPRESSA = INSTRUMENTO PÚBLICO OU TERMO
JUDICIAL.
IRREVOGÁVEL IRREVOGÁVEL
- ABDICATIVA OU TRANSLATIVA

RENÚNCIA DA HERANÇA IMPOSTOS


Renúncia abdicativa (devolve ao acervo Nenhum imposto.
hereditário).
Renúncia translativa gratuita (cessão gratuita a ITCMD (causa mortis – porque para ceder você tem
um herdeiro específico). que receber antes) e novo ITCMD (doação).
Renúncia translativa onerosa. ITCMD (causa mortis) e ITIV/ITBI (imóvel).

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INDIGNIDADE SUCESSÓRIA DESERDAÇÃO


Matéria de sucessão legítima e testamentária. Matéria de sucessão testamentária.
Alcança qualquer classe de herdeiro. Somente atinge os herdeiros necessários
(ascendentes, descendentes e cônjuge).
As hipóteses de indignidade servem para a Existem hipóteses de deserdação que não alcançam
deserdação. a indignidade (arts. 1.962 e 1.963).
Há pedido de terceiros interessados ou do MP, Realizada por testamento, com declaração de causa
com confirmação com sentença transitada em e posterior confirmação por sentença.
julgado.

REGIME EM QUE O CÔNJUGE HERDA EM REGIMES EM QUE O CÔNJUGE NÃO HERDA EM


CONCORRÊNCIA CONCORRÊNCIA
Comunhão parcial, havendo bens particulares do Comunhão parcial, não havendo bens particulares do
falecido e em razão deles. falecido.
Participação final nos aquestos. Comunhão universal.
Separação convencional de bens. Separação obrigatória ou legal de bens.

Como é feita a divisão da herança entre o cônjuge herdeiro e os descendentes do falecido?

Se o cônjuge estiver concorrendo com filhos, netos Se o cônjuge estiver concorrendo com filhos, netos
ou bisnetos do falecido que também sejam seus ou bisnetos do falecido que não sejam seus
descendentes (o cônjuge está concorrendo apenas descendentes (o cônjuge está concorrendo com
com herdeiros comuns) herdeiros comuns e com herdeiros exclusivos do
falecido)

Em regra, o cônjuge deverá receber quinhão igual Em regra, o cônjuge deverá receber quinhão igual ao
ao que for recebido pelos herdeiros que sucederem que for recebido pelos herdeiros que sucederem por
por cabeça. cabeça.
Mesmo que sejam muitos herdeiros para dividir, o Não existe essa previsão de que o cônjuge deverá
cônjuge não poderá receber menos que 1/4 da receber, no mínimo, 1/4 da herança.
herança.
Ex1: João faleceu e deixou Maria (cônjuge) e dois Ex1: Rui faleceu e deixou Laura (cônjuge) e dois filhos
filhos. Significa que Maria e cada um dos filhos terá fruto de outro casamento. Significa que Laura e cada
direito a 1/3 da herança. um dos seus enteados terá direito a 1/3 da herança.

Ex2: Pedro faleceu e deixou como herdeiros Rosa Ex2: José faleceu e deixou como herdeiros Paula
(cônjuge) e 5 filhos. Rosa receberá 1/4 da herança e (cônjuge) e 5 filhos, sendo 3 filhos também de Paula
os outros 3/4 serão divididos entre os 5 filhos. e 2 de um outro casamento anterior de José. Paula e
cada um dos demais herdeiros receberá 1/6 da
herança.
Trata-se daquilo que Giselda Hironaka chama de
“concorrência sucessória híbrida”.

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#DEOLHONAJURIS
A reserva da quarta parte da herança, prevista no art. 1.832 do Código Civil, não se aplica à hipótese de
concorrência sucessória híbrida.
Concorrência sucessória híbrida ocorre quando o cônjuge/companheiro estiver concorrendo com
descendentes comuns e com descendentes exclusivos do falecido. Ex: José faleceu e deixou como herdeiros
Paula (cônjuge) e 5 filhos, sendo 3 filhos também de Paula e 2 de um outro casamento anterior de José. Paula
e cada um dos demais herdeiros receberá 1/6 da herança.
Art. 1.832. Em concorrência com os descendentes (art. 1.829, inciso I) caberá ao cônjuge quinhão igual ao
dos que sucederem por cabeça, não podendo a sua quota ser inferior à quarta parte da herança, se for
ascendente dos herdeiros com que concorrer.
Assim, essa reserva de um quarto da herança, prevista no art. 1.832 do CC, não se aplica em caso de
concorrência sucessória híbrida. A reserva de, no mínimo, 1/4 da herança em favor do consorte do falecido
ocorrerá apenas quando concorra com seus próprios descendentes (e eles superem o número de 3).
STJ. 3ª Turma. REsp 1.617.650-RS, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 11/06/2019 (Info 651).

Quando a pessoa morre, seu cônjuge tem direito à meação, ou seja, metade
dos bens do falecido já pertencem obrigatoriamente ao cônjuge supérstite. A
COMUNHÃO UNIVERSAL outra metade é que será a herança. Ora, o legislador pensou o seguinte: “se o
cônjuge já vai ter direito à metade dos bens pelo fato de ser meeiro, não é justo
que ele também tenha parte da outra metade em prejuízo dos descendentes;
vamos excluir o cônjuge da herança para que ela fique toda para os
descendentes”.
Em regra, o cônjuge não terá direito à herança porque já terá direito à meação
(metade dos bens). Pessoal, o cônjuge só terá direito à herança quanto aos
bens que o falecido deixar referente às suas coisas particulares. Isso porque os
COMUNHÃO PARCIAL bens particulares do falecido não integram o conceito de “meação”. Logo, tais
bens serão herdados tanto pelo cônjuge como pelos descendentes (eles
dividirão/concorrerão). Contudo, se o falecido não deixou bens particulares,
não há razão para o cônjuge sobrevivente ser herdeiro, pois já tem a meação
sobre o total dos bens em comum do casal deixados pelo inventariado,
cabendo a outra metade somente aos descendentes deste.
REGIME DA Houve uma falha do legislador, que não previu como fica a sucessão do cônjuge
PARTICIPAÇÃO FINAL em caso do regime da participação final nos aquestos. Diante disso, a doutrina
NOS AQUESTOS majoritária afirma que deverá ser aplicada, por analogia, a mesma regra da
comunhão parcial de bens.
É aquele no qual a lei impõe a sua adoção pelo fato de as pessoas estarem
SEPARAÇÃO LEGAL casando em determinadas situações em que o legislador considerou
(OBRIGATÓRIA) “arriscadas” ao patrimônio de um dos nubentes. Tais hipóteses estão previstas
no art. 1.641 do CC. Por isso, a lei impõe que os patrimônios fiquem separados.
Pensando nisso, o legislador entendeu que, se tais patrimônios deverão ficar
separados quando em vida, é natural que eles também fiquem separados
quando houver a morte do cônjuge e existirem descendentes.

NÃO HÁ DIREITO SUCESSÓRIO HÁ DIREITO SUCESSÓRIO

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Divórcio ou Separados Judicialmente e Casados ou não separados de fato.


Extrajudicialmente. Separados de fato por menos de 02 anos ou por mais
Separados de fato há mais de 02 anos, havendo de 02 anos por culpa do falecido.
culpa do sobrevivente.

#SELIGANAJURIS:
O herdeiro que seja autor, coautor ou partícipe de ato infracional análogo ao homicídio doloso praticado
contra os ascendentes fica excluído da sucessão
É juridicamente possível o pedido de exclusão do herdeiro em virtude da prática de ato infracional análogo
ao homicídio, doloso e consumado, contra os pais, à luz da regra do art. 1.814, I, do CC/2002.
STJ. 3ª Turma. REsp 1938984-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/02/2022 (Info 725).
O valor existente em plano de previdência complementar privada aberta na modalidade PGBL, antes de sua
conversão em renda e pensionamento ao titular, possui natureza de aplicação e investimento, devendo ser
objeto de partilha por ocasião da dissolução do vínculo conjugal ou da sucessão por não estar abrangido pela
regra do art. 1.659, VII, do CC/2002.
Art. 1.659. Excluem-se da comunhão: (...) VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas
semelhantes.
STJ. 3ª Turma. REsp 1726577-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 14/09/2021 (Info 709).
Para fins de determinação da legitimidade ativa em ação de inventário, a adoção realizada na vigência do
CC/1916 é suscetível de revogação consensual pelas partes após a entrada em vigor do Código de Menores
(Lei nº 6.697/79), mas antes da entrada em vigor do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90).
STJ. 3ª Turma. REsp 1930825-GO, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 24/08/2021 (Info 706).
A contratação de advogado por representante de incapaz, para atuar em inventário, configura ato de
simples administração e, por isso mesmo, não depende de autorização judicial
O fato de ter sido concedida a gestão da herança a terceiro não implica restrição do exercício do poder
familiar do genitor sobrevivente para promover a contratação de advogado, em nome dos herdeiros
menores, a fim de representar os interesses deles no inventário.
Exemplo hipotético: Carlos faleceu e deixou como herdeiros Andrea (viúva), Lucas e Gabriela (filhos
menores). Carlos deixou um testamento no qual nomeou sua irmã (Elisângela) como testamenteira. O juiz
nomeou Elisângela como inventariante dos bens deixados por Carlos, cabendo a ela a administração do
patrimônio deixado para os filhos pelo de cujus. A mãe dos menores contratou advogados para defender os
interesses de seus filhos menores no inventário e pactuou honorários de 3% sobre o valor real dos bens
móveis e imóveis inventariados. Os advogados do escritório ajuizaram execução cobrando os honorários.
Elisângela, na qualidade de tia dos menores executados, testamenteira e única administradora, ofereceu
exceção de pré-executividade em favor dos devedores Lucas e Gabriela, filhos do de cujus, alegando que o
contrato de serviços advocatícios onerou o patrimônio deles sem que houvesse sua expressa autorização,
tendo o negócio sido firmado por pessoa (Andrea) que não possuía ingerência sobre tais bens, dando-os em
garantia de pagamento da obrigação.
O STJ não concordou com a alegação de nulidade do contrato.
A contratação de advogado por representante de incapaz, para atuar em inventário, como ocorreu no
presente caso, configura ato de simples administração e, por isso mesmo, não depende de autorização
judicial.
É possível aplicar a pena de perdimento da herança aos herdeiros, ainda que estes não tenham sido
interpelados pessoalmente, quando comprovados o conhecimento acerca da ocultação de bens da herança
e o dolo existente na conduta de sonegação desses bens. No caso concreto, o falecido deixou duas filhas do
primeiro casamento e dois filhos do segundo matrimônio. Houve sonegação em favor dos dois filhos do
segundo casamento. A segunda esposa - mãe desses filhos beneficiados – foi a inventariante. Ela foi
interpelada pessoalmente pelas filhas do primeiro matrimônio e, mesmo assim, não trouxe os bens para
inventariar. Pelas circunstâncias do caso concreto, os filhos beneficiados, mesmo sem terem sido

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pessoalmente interpelados, também sofreram a pena de sonegados porque ficou demonstrado que tinham
os elementos objetivo e subjetivo. STJ. 4ª Turma.EDcl no REsp 1567276-CE, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti,
Rel. Acd. Raul Araújo, julgado em 22/11/2022 (Info 758).
O prazo prescricional para propor ação de petição de herança conta-se da abertura da sucessão. A ausência
de prévia propositura de ação de investigação de paternidade, imprescritível, e de seu julgamento definitivo
não constitui óbice para o ajuizamento de ação de petição de herança e para o início da contagem do prazo
prescricional. A definição da paternidade e da afronta ao direito hereditário, na verdade, apenas interfere na
procedência da ação de petição de herança. O termo inicial do prazo prescricional da pretensão de petição
de herança conta-se da abertura da sucessão, ou, em se tratando de herdeiro absolutamente incapaz, da
data em que completa 16 (dezesseis) anos, momento em que, em ambas as hipóteses, nasce para o herdeiro,
ainda que não legalmente reconhecido, o direito de reivindicar os direitos sucessórios (actio nata). STJ. 2ª
Seção. EAREsp 1260418/MG, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 26/10/2022 (Info 757).
Não havendo interesses em conflito entre os interessados, os honorários do advogado contratado pela
inventariante constituem encargo da herança. Por outro lado, havendo conflito de interesses entre os
herdeiros, as despesas de verba honorária do advogado constituído pelo inventariante não devem ser
suportadas pelo espólio.Se os interesses dos demais herdeiros eram antagônicos em relação ao
inventariante, os honorários do advogado por este contratado, não constituem ônus do espólio, cada qual
respondendo pelo pagamento do trabalho dos respectivos procuradores. Obs: no caso concreto, o conflito
de interesses não estava relacionado diretamente com divergências entre os herdeiros a respeito da herança,
mas sim com a discordância quanto à representação realizada pelo escritório de advocacia.STJ. 4ª
Turma.AgInt no AREsp 1924962-CE, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 08/08/2022 (Info 746).
Por se tratar de ato de simples administração, independe de prévia autorização judicial a contratação de
advogado para patrocinar a ação de inventário de bens do falecido, realizada pela genitora dos menores que
herdarão o patrimônio deixado pelo de cujus.
STJ. 4ª Turma. REsp 1566852-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Rel. Acd. Min. Raul Araújo, julgado em
17/08/2021 (Info 705).
A tese fixada pelo Supremo Tribunal Federal por ocasião do julgamento do tema n. 809/STF, segundo a qual
"é inconstitucional a distinção de regimes sucessórios entre cônjuges e companheiros prevista no art. 1.790
do CC/2002, devendo ser aplicado, tanto nas hipóteses de casamento quanto nas de união estável, o regime
do art. 1.829 do CC/2002", deve ser aplicada ao inventário em que a exclusão da concorrência entre herdeiros
ocorreu em decisão anterior à tese.
STJ. 3ª Turma. REsp 1904374/DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 13/04/2021 (Info 692).
Se o companheiro é proprietário de um bem particular e o aluga, o valor dos aluguéis é considerado bem que
entra na comunhão (art. 1.660, V, CC), de forma que a companheira é meeira dessa quantia:
Art. 1.660. Entram na comunhão: (...) V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge,
percebidos na constância do casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão.
Depois que ele morre, essa comunhão termina e a companheira não terá mais direito à metade desse valor.
Os aluguéis que vencerem depois da abertura da sucessão, não estão abrangidos pelo art. 1.660, V, do CC e
devem se submeter à divisão da herança.
STJ. 3ª Turma. REsp 1795215/PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 23/03/2021 (Info 690).
O pronunciamento judicial que versa sobre a habilitação do crédito no inventário é uma decisão
interlocutória a que se impugna por meio de agravo de instrumento com base no art. 1.015, parágrafo único,
do CPC/2015. No caso concreto, o juiz indeferiu o pedido de habilitação de crédito no inventário, remetendo
o eventual credor às vias ordinárias e reservando bens suficientes para pagar a dívida por ele cobrada, nos
termos do art. 643 do CPC. Esse pronunciamento judicial é uma decisão interlocutória recorrível mediante
agravo de instrumento. STJ. 3ª Turma. REsp 1963966-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 03/05/2022
(Info 744).

SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA

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Decorre da sucessão por testamento, tendo origem em ato de última vontade do, agora, de cujus. Há uma
voluntariedade expressa em testamento, codicilo ou legado. Pelo princípio da saisine, a transmissão da
propriedade e da posse aos herdeiros ocorre no exato momento da morte, pois neste instante é extinta a
personalidade da pessoa. O lugar de abertura da sucessão se dá no último domicílio do morto. Quando o de
cujus for estrangeiro e tiver domicílio no exterior, mas tiver bens no Brasil, o inventário desses bens será
feito no Brasil, por autoridade brasileira. Já no que diz respeito, neste caso, à regulação dessa sucessão, em
regra ela se dá com base na lei do local de domicílio do de cujus, e excepcionalmente será regulamentada
pela lei brasileira quando houver prejuízo para cônjuge ou filho brasileiro.

Com relação ao testamento, este representa, em sede de Direito das Sucessões, a principal forma de
expressão e exercício da autonomia privada, como típico instituto causa mortis. Além de constituir o cerne
da modalidade sucessão testamentária, por ato de última vontade, o testamento também é a via adequada
para outras manifestações da liberdade pessoal. Extingue-se em cinco anos o direito de impugnar a validade
do testamento, contado o prazo da data do seu registro.

CARACTERÍSTICAS DO TESTAMENTO:
Negócio jurídico unilateral (tem aperfeiçoamento com uma única manifestação de vontade);
Não receptício (não há necessidade de aceitação da parte contrária para formação do ato);
Gratuito, tendo assim interpretação restritiva;
causa mortis (somente produz efeitos após a morte do testador);
Formal (tem de ser observadas as formalidades legais para que seja válido);
Personalíssimo (ninguém poderá testar conjuntamente em um mesmo instrumento ou por procuração); e

Revogável a qualquer tempo (testamento pode ser revogado expressamente pelo mesmo modo e forma
como pode ser feito. É possível revogar um testamento público ou cerrado por outro testamento particular,
e vice-versa, com ampla variação e liberdade de forma na revogação)

Trata-se do ato sucessório de exercício da autonomia privada por excelência, pelo qual o testador faz
disposições de caráter patrimonial ou extrapatrimonial, para depois de sua morte.

- Capacidade testamentária: Capacidade testamentária é o conjunto de condições necessárias para que


alguém possa, juridicamente, dispor de seu patrimônio por meio de testamento, ou ser por ele beneficiado.

São essas condições:


1) capacidade testamentária ativa e passiva;
2) não haver deserdação;
3) observância de todas as formalidades legais.

- Capacidade Testamentária Ativa é a capacidade para testar. São incapazes para fazer testamento, os
menores de 16 anos; os que, no ato de fazê-lo, não tiverem pleno discernimento; os surdos-mudos que não
puderem exprimir sua vontade, e as pessoas jurídicas.

- Capacidade Testamentária Passiva é a capacidade para adquirir por testamento e rege-se pela regra de
que são capazes para isso todas as pessoas físicas ou jurídicas, existentes ao tempo da morte do testador,
não havidas como incapazes. São absolutamente incapazes para adquirir o testamento: os não concebidos
até a morte do testador, salvo se a disposição testamentária se referir à prole eventual de pessoa designada
pelo testador, existente ao abrir-se a sucessão; e as pessoas jurídicas do direito público externo. São
relativamente incapazes para receber por testamento as pessoas arroladas no art. 1.801 do Código Civil.

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Anulam-se todas as disposições testamentárias em favor dos incapazes, ainda quando simulem a forma de
contrato oneroso ou os beneficiem por interposta pessoa.

- Testemunha testamentária: é a pessoa que tem capacidade para assegurar a veracidade do ato que se
quer provar, subscrevendo-o. Na apreciação da incapacidade das testemunhas testamentárias dever-se-á
levar em conta o instante da feitura do ato de última vontade, pois se a causa de sua incapacidade for
posterior ao ato testamentário, este será valido e eficaz.

#DEOLHONOGANCHO
Testamento conjuntivo é aquele feito juntamente com outra pessoa, num mesmo instrumento. Essa
modalidade é vedada.
Testamentos recíprocos são aqueles pelos quais seus respectivos testadores se beneficiam reciprocamente.
Admitem-se os testamentos recíprocos, desde que sejam realizados por meio de instrumentos distintos e
que não haja correspectividade (ato jurídico em que há retribuição de benefícios ou vantagens recebidas),
restando presente apenas a reciprocidade.

FORMAS ORDINÁRIAS DE TESTAMENTO


Público (art. 1864, CC): Lavrado pelo tabelião em livro de notas, de acordo com a declaração de vontade do
testador, exarada verbalmente, na presença de duas testemunhas. Não necessita de confirmação em juízo.
Idioma: nacional, apenas.
Cerrado (secreto ou místico) (art. 1868, CC): É aquele escrito pelo próprio testador ou por outra pessoa a
seu rogo, cujas disposições podem ser de caráter estritamente sigiloso, se assim quiser o testador, e que se
completa pelo instrumento lavrado pelo oficial público, que o aprova na presença de duas testemunhas.
Falecendo o testador, aquele que tem conhecimento da existência do testamento o apresentará em juízo,
requerendo ao juiz que ele seja aberto. O juiz determinará uma audiência para sua abertura, intimando-se o
apresentante e demais interessados. Idioma: nacional ou estrangeiro, pelo próprio testador, ou por outrem,
a seu rogo.
Particular (ou hológrafo) (art. 1876, CC): É escrito pelo próprio testador, mas deve ser redigido na presença
de três testemunhas. Depois da morte do testador, o testamento particular deve ser confirmado em juízo, o
que só pode ocorrer se houver, ao menos, uma das testemunhas. A lei não exige que a testemunha se lembre
do conteúdo do testamento, mas é necessário que ela diga ao juiz que estava presente na lavratura do
testamento, que ela leu o seu conteúdo e que ela reconheça a autenticidade da sua assinatura. Pode ser
escrito em língua estrangeira, contanto que as testemunhas o compreendam. Idioma: nacional ou
estrangeiro, desde que as testemunhas o conheçam.

#IMPORTANTE: Art. 1.879. Em circunstâncias excepcionais declaradas na cédula, o testamento particular de


próprio punho e assinado pelo testador, sem testemunhas, poderá ser confirmado, a critério do juiz.
(TESTAMENTO DE EMERGÊNCIA)

FORMAS EXTRAORDINÁRIAS DE TESTAMENTO


Marítimo (art. 1.888, CC): é feito a bordo de embarcações. O testamento é feito perante comandante, na
presença de duas testemunhas, em forma que corresponda ao testamento público ou ao testamento
cerrado. O registro do testamento é feito no diário de bordo. Se o testador falecer ainda embarcado ou até
90 dias após o desembarque, será dado cumprimento ao testamento. Porém, passados os 90 dias do
desembarque, o testamento caduca, porque o testador poderia ter feito outro testamento de forma
ordinária.
Aeronáutico (art. 1.888, CC): inovação do Código atual. É feito a bordo de aeronave, da mesma forma que o
marítimo, com as mesmas ressalvas.

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Militar (art. 1.894, CC): feito por militar ou civil que esteja em missão militar. Em regra, o testamento militar
também caduca se, depois dele, o testador esteja, 90 dias seguidos, em lugar onde possa fazer outro
testamento em forma ordinária.
Nuncupativo (art. 1.896, CC): é o testamento oral, feito nas hipóteses em que a pessoa esteja ferida em
guerra ou em missão militar. O testador declarará sua última vontade para duas testemunhas, que irão ao
comandante e transmitirão a ele o que lhes foi confiado pelo testador. O comandante lavrará o que foi dito
pelas testemunhas. Se o testador não morrer na guerra ou convalescer do ferimento, o testamento caduca.

CONCEITOS IMPORTANTES SOBRE SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA


- Legados: O legado constitui uma disposição específica sucessória, realizada a título singular. Envolve,
assim, uma sucessão causa mortis que produzirá efeitos apenas com o falecimento do testado. Deve ficar
claro que a lei admite o sublegado, tratado pelo art. 1.913 do CC. Determina tal comando que se o testador
ordenar que o herdeiro ou legatário entregue coisa de sua propriedade a outrem (o sublegatário), não
cumprindo, entender-se-á que renunciou à herança ou ao legado.
- Direito de acrescer: O direito de acrescer ocorre quando o testador contempla vários beneficiários
(coerdeiros ou colegatários), deixando-lhes a mesma herança ou o mesmo legado, em proporções não
determinadas, e um dos concorrentes não quiser ou não puder aceitá-la (ex: pré-morte, exclusão por
indignidade, não implemento de condição, renúncia). Nesse caso, a parte daquele que faltar acrescerá à dos
concorrentes, desde que não haja substituto (art. 1.941 e 1.942, CC). Consiste no direito de o herdeiro ou
legatário também receber, respeitada a proporção do número de contemplados no testamento, a parte que
caberia a um outro herdeiro ou legatário que não pôde ou não quis receber sua herança ou legado.
- Substituições: A substituição é a disposição testamentária na qual o testador chama uma pessoa para
receber, no todo ou em parte, a herança ou o legado, na falta ou após o herdeiro ou legatário nomeado em
primeiro lugar, ou seja, quando a vocação deste ou daquele cessar por qualquer causa. Dessa forma, na
substituição já consta do testamento quem será o herdeiro a ser chamado em segundo lugar. Quebra-se,
pela nomeação testamentária, a ordem de vocação hereditária prevista em lei. Como efeito a ser destacado
da substituição, o substituto fica sujeito à condição ou encargo imposto ao substituído, quando não for
diversa a intenção manifestada pelo testador, ou não resultar outra coisa da natureza da condição ou do
encargo.
- Herança necessária. Redução das disposições testamentárias: Pode ser necessária a redução das
disposições testamentária, a fim de não se prejudicar a legítima, quota dos herdeiros necessários (50% do
patrimônio do autor da herança). Quando o testador dispõe, no testamento, de parte do seu patrimônio
superior àquela de que pode dispor, invadindo a legítima, o juiz pode, de ofício ou a requerimento,
determinar a redução das cláusulas testamentárias para preservar a legítima. Na redução, devem ser
observados os seguintes critérios:
- a) se houver só herança ou só legado, o juiz reduz proporcionalmente;
- b) se houver herança e legado: o juiz reduz primeiro da herança e, só depois, se necessário, do legado.
- Rompimento do testamento: A ruptura do testamento ocorre quando há a superveniência de uma
circunstância relevante, capaz de alterar a manifestação de vontade do testador como, por exemplo, o
aparecimento de um herdeiro necessário. O rompimento do testamento é determinado pela lei, na
presunção de que o testador não teria disposto de seus bens no testamento da forma que fez se soubesse
da existência de tal herdeiro. O rompimento, no entanto, independe de vontade do testador; é determinado
pela lei.
- Colação (Ler arts. 2002 a 2012 do CC): Colação é o dever imposto pelo Código Civil aos herdeiros
necessários do falecido no sentido de que, se eles receberam alguma doação do falecido quando este ainda
era vivo, serão obrigados a trazer de volta para o monte esses bens a fim de que, reunido todo o patrimônio
que pertencia ao morto, ele seja partilhado entre os herdeiros na forma prevista na lei.

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#DEOLHONAJURIS
Sucessão testamentária. Testamento público. Formalidades legais. Não observância. Quebra do princípio
da unicidade do ato testamentário. Superação. Vontade real da testadora. Aferição no caso concreto.
Princípio da vontade soberana do testador. Preponderância. Descumprimento das formalidades legais por
ato exclusivo do tabelião. Teoria da aparência. Aplicação. Ausência de violação manifesta à norma jurídica.
Não havendo interesses em conflito entre os interessados, os honorários do advogado contratado pela
inventariante constituem encargo da herança. É válido o testamento público que, a despeito da existência
de vício formal, reflete a real vontade emanada livre e conscientemente do testador, aferível diante das
circunstâncias do caso concreto, e a mácula decorre de conduta atribuível exclusivamente ao notário
responsável pela prática do ato. AR 6.052-SP, Rel. Ministro Marco Aurélio Bellizze, Segunda Seção, por
unanimidade, julgado em 8/2/2023, DJe 14/2/2023.
Por outro lado, havendo conflito de interesses entre os herdeiros, as despesas de verba honorária do
advogado constituído pelo inventariante não devem ser suportadas pelo espólio.
STJ. 4ª Turma.AgInt no AREsp 1924962-CE, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 08/08/2022 (Info 746).
Tem direito ao recebimento de aluguéis a parte que, sem vínculo de parentalidade com a cônjuge
supérstite, possuía imóvel em copropriedade com o de cujus
Situação hipotética: João faleceu. Regina, a viúva, ficou morando no apartamento a título de suposto direito
real de habitação. Esse imóvel pertencia a João e sua filha Letícia, em copropriedade. Letícia não é filha de
Regina. Letícia terá direito de receber alugueis referente à sua fração ideal.
Vale ressaltar que “a copropriedade anterior à abertura da sucessão impede o reconhecimento do direito
real de habitação, visto que de titularidade comum a terceiros estranhos à relação sucessória que ampararia
o pretendido direito” (STJ. 2ª Seção. EREsp 1.520.294/SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, DJe 02/09/2020.
Info 680).Em verdade, o direito de habitação só existe sobre bem que pertence, em sua integralidade, ao de
cujus. A existência de coproprietários impede o uso pelo sobrevivente.No caso, além da preexistente
copropriedade, a parte, filha do primeiro casamento do de cujus, não guarda nenhum tipo de solidariedade
familiar em relação à cônjuge supérstite, não havendo se falar em qualquer vínculo de parentalidade ou até
mesmo de afinidade.Nessa linha de intelecção, portanto, não lhe cabe suportar qualquer limitação ao seu
direito de propriedade, que é, justamente, a essência do direito real de habitação. STJ. 3ª Turma.REsp
1830080-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 26/04/2022 (Info 734).
É prescindível (dispensável) que o herdeiro necessário traga à colação o valor correspondente à ocupação e
ao uso a título gratuito de imóvel que pertencia ao autor da herança. Ex: Pedro possuía três filhos (Alberto,
Rodrigo e Vanessa). Enquanto estava vivo, Pedro permitiu que sua filha ficasse morando, gratuitamente, em
um apartamento que estava em seu nome. Pedro faleceu. Vanessa (herdeira necessária) não precisa trazer
à colação o valor dos “alugueis” que ela deixou de pagar pelo fato de ter morado gratuitamente no imóvel.
O art. 2.002 do CC, ao tratar sobre a colação, fala em “doação”, o que não se confunde com comodato.
Da mesma forma, o empréstimo gratuito não pode ser considerado gasto, para os fins do art. 2.010 do CC,
na medida em que o autor da herança nada despendeu em favor da herdeira a fim de justificar a necessidade
de colação. STJ. 3ª Turma. REsp 1.722.691-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 12/03/2019
(Info 644).
Se o companheiro é proprietário de um bem particular e o aluga, o valor dos aluguéis é considerado bem que
entra na comunhão (art. 1.660, V, CC), de forma que a companheira é meeira dessa quantia: Art. 1.660.
Entram na comunhão: (...) V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos
na constância do casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão. Depois que ele morre, essa
comunhão termina e a companheira não terá mais direito à metade desse valor. Os aluguéis que vencerem
depois da abertura da sucessão, não estão abrangidos pelo art. 1.660, V, do CC e devem se submeter à divisão
da herança. STJ. 3ª Turma. REsp 1795215/PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 23/03/2021 (Info 690).
A cessão de direitos hereditários sobre bem singular, desde que celebrada por escritura pública e não envolva
o direito de incapazes, não é negócio jurídico nulo, tampouco inválido, ficando apenas a sua eficácia
condicionada a evento futuro e incerto, consubstanciado na efetiva atribuição do bem ao herdeiro cedente

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por ocasião da partilha. Assim, aberta a sucessão, o coerdeiro pode ceder os seus direitos hereditários, bem
como o quinhão de que disponha, por escritura pública, conforme prevê o caput do art. 1.793 do Código Civil.
Como esse negócio não é nulo (tem apenas a sua eficácia suspensa), conclui-se que a cessão de direitos
hereditários sobre bem singular tem força para transmitir a posse desse bem ao cessionário. Logo, o
cessionário pode tutelar a posse sobre o bem, inclusive por meio de embargos de terceiro. Admite-se a
oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de posse advinda do compromisso de compra e
venda de imóvel, mesmo que desprovido do registro. Esse mesmo entendimento deve ser aplicado na
hipótese em que a posse é defendida com base em instrumento público de cessão de direitos hereditários.
STJ. 3ª Turma. REsp 1809548-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 19/05/2020 (Info 672).
A herança jacente é um procedimento especial de jurisdição voluntária que consiste na arrecadação judicial
de bens da pessoa falecida, com declaração, ao final, da herança vacante, ocasião em que se transfere o
acervo hereditário para o domínio público, salvo se comparecer em juízo quem legitimamente os reclame.
Esse procedimento pode ser iniciado por qualquer interessado, pelo Ministério Público, pela Defensoria
Pública e pela Fazenda Pública, bem como pelo juiz, de ofício (art. 738 do CPC/2015). Se um legitimado
ingressar com petição ao juiz requerendo a instauração do procedimento de herança jacente, o magistrado
não deverá indeferir a inicial sob o argumento de que o requerente não juntou todas as provas necessárias
à comprovação dos fatos alegados. Antes de extinguir o feito, o magistrado deverá diligenciar, ainda que
minimamente, para obter as informações necessárias considerando que ele tem o poder-dever de instaurar,
ainda que de ofício, esse procedimento. STJ. 3ª Turma. REsp 1812459/ES, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze,
julgado em 09/03/2021 (Info 688).

LEI DE REGISTROS PÚBLICOS

PRINCÍPIOS DOS REGISTROS PÚBLICOS


Segundo este princípio, todos os atos que são descritos na matrícula, tanto em
relação ao imóvel como em relação às pessoas envolvidas, devem ter uma
Continuidade sequência lógica dos fatos. (art. 195, LRP)
Exceções: usucapião e na desapropriação, que são denominadas aquisições
originárias.
Para este princípio, tanto o objeto do negócio (o imóvel), como os contratantes
devem estar perfeitamente determinados, identificados e particularizados, para
Especialidade
que o registro reflita com exatidão o fato jurídico que o originou. (Art. 176, §1º,
inciso II, item 3 e 225, ambos da LRP).
Este princípio torna público os atos relativos a imóveis, trais como constituição,
Publicidade transferência ou modificação dos direitos reais, a fim de indicar a situação física
e jurídica do imóvel.
Tem por objetivo inviabilizar o registro de títulos inválidos, ineficazes ou
Legalidade
imperfeitos.
O princípio da inscrição significa que a constituição, transmissão e extinção de
direitos reais sobre imóveis só se operam mediante sua inscrição no registro. Ele
Inscrição
se justifica pela necessidade de dar a conhecer à coletividade a existência dos
direitos reais sobre imóveis.
O título só será registrado se atender aos requisitos legais, de onde se presume
Presunção e Fé Pública a validade do negócio jurídico que originou o título registrado, conferindo a seu
titular presunção juris tantum de domínio. (Art. 1.231 do Código Civil)
Tem prioridade o registro cuja prenotação foi feita primeiro. Assim, à pessoa que
Prioridade primeiro apresentar o título ao tabelião assiste à preferência do exame e do
registro do bem.

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O princípio da instância diz respeito à provocação ao registro, ou seja, o oficial


precisa ser provocado por alguém para exercer sua função, não podendo de
ofício (Arts. 13 e 217, da LRP).
Art. 13. Salvo as anotações e as averbações obrigatórias, os atos do registro serão
praticados:
I - por ordem judicial;
Instância II - a requerimento verbal ou escrito dos interessados;
III - a requerimento do Ministério Público, quando a lei autorizar.
§ 1º O reconhecimento de firma nas comunicações ao registro civil pode ser
exigido pelo respectivo oficial.
§ 2° A emancipação concedida por sentença judicial será anotada às expensas do
interessado.

#OLHAAJURIS #SAINDODOFORNO
Ação reivindicatória. Existência de dois títulos de propriedade para o mesmo bem imóvel. Duplicidade de
registros. Cartórios distintos da mesma cidade. Prevalência do primeiro título aquisitivo registrado. Em ação
reivindicatória, constatada a existência de dois títulos de propriedade para o mesmo bem imóvel, prevalecerá
o primeiro título aquisitivo registrado. REsp 1.657.424-AM, Rel. Ministro Raul Araújo, Quarta Turma, por
unanimidade, julgado em 16/5/2023, DJe 23/5/2023.

#LEISECASALVA #NOVIDADESLEGISLATIVAS
Lei de Registros Públicos.
Art. 55. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome, observado que ao
prenome serão acrescidos os sobrenomes dos genitores ou de seus ascendentes, em qualquer ordem e, na
hipótese de acréscimo de sobrenome de ascendente que não conste das certidões apresentadas, deverão ser
apresentadas as certidões necessárias para comprovar a linha ascendente. (Redação dada pela Lei nº
14.382, de 2022)
§ 1º O oficial de registro civil não registrará prenomes suscetíveis de expor ao ridículo os seus portadores,
observado que, quando os genitores não se conformarem com a recusa do oficial, este submeterá por escrito
o caso à decisão do juiz competente, independentemente da cobrança de quaisquer emolumentos. (Incluído
pela Lei nº 14.382, de 2022)
§ 2º Quando o declarante não indicar o nome completo, o oficial de registro lançará adiante do prenome
escolhido ao menos um sobrenome de cada um dos genitores, na ordem que julgar mais conveniente para
evitar homonímias. (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022)
§ 3º O oficial de registro orientará os pais acerca da conveniência de acrescer sobrenomes, a fim de se evitar
prejuízos à pessoa em razão da homonímia. (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022)
§ 4º Em até 15 (quinze) dias após o registro, qualquer dos genitores poderá apresentar, perante o registro
civil onde foi lavrado o assento de nascimento, oposição fundamentada ao prenome e sobrenomes indicados
pelo declarante, observado que, se houver manifestação consensual dos genitores, será realizado o
procedimento de retificação administrativa do registro, mas, se não houver consenso, a oposição será
encaminhada ao juiz competente para decisão. (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022)
Art. 56. A pessoa registrada poderá, após ter atingido a maioridade civil, requerer pessoalmente e
imotivadamente a alteração de seu prenome, independentemente de decisão judicial, e a alteração será
averbada e publicada em meio eletrônico. (Redação dada pela Lei nº 14.382, de 2022)
§ 1º A alteração imotivada de prenome poderá ser feita na via extrajudicial apenas 1 (uma) vez, e sua
desconstituição dependerá de sentença judicial. (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022)
§ 2º A averbação de alteração de prenome conterá, obrigatoriamente, o prenome anterior, os números de
documento de identidade, de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) da Secretaria Especial da Receita

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Federal do Brasil, de passaporte e de título de eleitor do registrado, dados esses que deverão constar
expressamente de todas as certidões solicitadas. (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022)
§ 3º Finalizado o procedimento de alteração no assento, o ofício de registro civil de pessoas naturais no qual
se processou a alteração, a expensas do requerente, comunicará o ato oficialmente aos órgãos expedidores
do documento de identidade, do CPF e do passaporte, bem como ao Tribunal Superior Eleitoral,
preferencialmente por meio eletrônico. (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022)

§ 4º Se suspeitar de fraude, falsidade, má-fé, vício de vontade ou simulação quanto à real intenção da pessoa
requerente, o oficial de registro civil fundamentadamente recusará a retificação. (Incluído pela Lei nº
14.382, de 2022)

Art. 57. A alteração posterior de sobrenomes poderá ser requerida pessoalmente perante o oficial de
registro civil, com a apresentação de certidões e de documentos necessários, e será averbada nos assentos
de nascimento e casamento, independentemente de autorização judicial, a fim de: (Redação dada pela
Lei nº 14.382, de 2022)
I - inclusão de sobrenomes familiares; (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022)
II - inclusão ou exclusão de sobrenome do cônjuge, na constância do casamento; (Incluído pela Lei nº
14.382, de 2022)
III - exclusão de sobrenome do ex-cônjuge, após a dissolução da sociedade conjugal, por qualquer de suas
causas; (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022)
IV - inclusão e exclusão de sobrenomes em razão de alteração das relações de filiação, inclusive para os
descendentes, cônjuge ou companheiro da pessoa que teve seu estado alterado. (Incluído pela Lei nº
14.382, de 2022)
§ 1º Poderá, também, ser averbado, nos mesmos termos, o nome abreviado, usado como firma comercial
registrada ou em qualquer atividade profissional. (Incluído pela Lei nº 6.216, de 1975).
§ 2º Os conviventes em união estável devidamente registrada no registro civil de pessoas naturais poderão
requerer a inclusão de sobrenome de seu companheiro, a qualquer tempo, bem como alterar seus
sobrenomes nas mesmas hipóteses previstas para as pessoas casadas. (Redação dada pela Lei nº 14.382,
de 2022)
§ 3º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.382, de 2022)
§ 3º-A O retorno ao nome de solteiro ou de solteira do companheiro ou da companheira será realizado por
meio da averbação da extinção de união estável em seu registro. (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022)
(...)

SÚMULAS DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RIO DE JANEIRO

Súmula 2, TJRJ: É admissível a purgação de mora em locações regidas pelo Decreto nº. 24.150, de 20 de abril
de 1934.

Súmula 3, TJRJ: Os depósitos das prestações devem ser efetuados com base nos valores dos créditos
declarados no pedido de concordata, ainda que não julgados.

Súmula 8, TJRJ: A cláusula genérica de obrigar herdeiros e sucessores, não basta para a oponibilidade prevista
no art. 1.197 do Código Civil.

Súmula 10, TJRJ: O valor do imóvel, para o efeito do resgate da enfiteuse, será o real atual proposto pelo
titular do domínio direto ou, se inaceito, mediante avaliação.

Súmula 13, TJRJ: Extinto pela morte do usufrutuário, o usufruto instituído por ato intervivos, o cancelamento
do gravame, no Registro de Imóveis, independe de prévia decisão judicial.

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Súmula 15, TJRJ: A inexistência de registro imobiliário não faz presumir seja o imóvel público.

Súmula 23, TJRJ: Aplica-se o art. 22 da Lei nº. 6.435/77, a partir de sua vigência, aos contratos celebrados
anteriormente, salvo se os termos contratuais autorizarem interpretação mais ampla.

Súmula 25, TJRJ: Com a Lei nº. 7.274, de 1984, a correção monetária passou a incidir nas concordatas
preventivas, a partir do 31º dia do ingresso em juízo, tanto nas concordatas a prazo, quanto nas à vista,
suspensa apenas nos termos do Decreto-Lei nº. 2.283, de 1986

Súmula 27, TJRJ: Para julgar ação de consignação em pagamento em que seja réu o BANERJ, o foro
competente é o do lugar em que o pagamento deve ser efetuado.

Súmula 33, TJRJ: O prazo de cinco anos do artigo 183 da Constituição Federal de 1988, aplica-se a partir de
05/10/1988, data de sua vigência, salvo se, pela lei anterior, ocorrer a prescrição aquisitiva no curso dessa
dilação.

Súmula 35, TJRJ: É exigível Taxa de Ocupação, instituída por Diretoria de Clube, na forma dos Estatutos
Sociais, enquanto não invalidada a instituição, pelas vias próprias.

Súmula 54, TJRJ: Submete-se às regras processuais em geral a sociedade de economia mista, por ser pessoa
de direito privado e não possuir Juízo privativo.

Súmula 61, TJRJ: É válida, e não abusiva, a cláusula inserida em contrato de locação de imóvel urbano, que
comina multa até o limite máximo de 10% sobre o débito locativo, não se aplicando a redução para 2%,
prevista na Lei nº. 8078/90 (CPDC).

Súmula 62, TJRJ: Cabível, em face do locatário e do fiador, a cumulação do pedido de despejo por falta de
pagamento com a cobrança dos aluguéis e encargos, na forma especial prevista na lei de locações, atendendo
ao princípio da economia processual.

Súmula 67, TJRJ: A cobrança antecipada do valor residual (VRG) pelo arrendador, não descaracteriza o
contrato de arrendamento mercantil (LEASING), podendo, para a solução do litígio, ser utilizada tanto a ação
reintegratória específica com possível liminar, como a ação ordinária, com eventual antecipação de tutela,
se preenchidos os requisitos da tutela provisória.

Súmula 95, TJRJ: Os juros, de que trata o art. 406, do Código Civil de 2002, incidem desde sua vigência, e são
aqueles estabelecidos pelo art. 161, parágrafo 1º, do Código Tributário Nacional.

Súmula 96, TJRJ: As verbas relativas às indenizações por dano moral e dano estético são acumuláveis.

Súmula 97, TJRJ: A correção monetária da verba indenizatória de dano moral, sempre arbitrada em moeda
corrente, somente deve fluir do julgado que a fixar.

Súmula 99, TJRJ: Tratando-se de endosso-mandato, devidamente comprovado nos autos, não responde o
endossatário por protesto indevido, salvo se lhe era possível evitá-lo.

Súmula 103, TJRJ: Nas ações fundadas em contratos de arrendamento mercantil, basta a carta dirigida ao
devedor, com aviso de recebimento, entregue no endereço constante do contrato, para comprovar a mora
e justificar a concessão de liminar.

Súmula 111, TJRJ: Competência para a execução de alimentos. A regra é a da competência do juízo da ação
salvo quando este não for mais o foro do domicílio do alimentando.

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Súmula 122, TJRJ: É inadmissível o reconhecimento de uniões estáveis concomitantes.

Súmula 127, TJRJ: Para a configuração do abuso do direito é dispensável a prova da culpa.

Súmula 128, TJRJ: Imputação ofensiva, coletiva, não configura dano moral.

Súmula 134, TJRJ: Nos contratos de locação responde o fiador pelas obrigações futuras após a prorrogação
do contrato por prazo indeterminado se assim o anuiu expressamente e não se exonerou na forma da lei.

Súmula 160, TJRJ: Na prestação alimentícia decorrente de responsabilidade civil, a constituição de capital
configura medida preferencial em relação às empresas de direito privado, ressalvadas as empresas públicas
e as sociedades de economia mista.

Súmula 161, TJRJ: Questões atinentes a juros legais, correção monetária, prestações vincendas e condenação
nas despesas processuais constituem matérias apreciáveis de ofício pelo Tribunal, ouvidas as partes, na
forma do art. 10, do CPC/2015.

Súmula 185, TJRJ: Na regulamentação de visita de criança, ainda em fase de amamentação, deve ser evitado
o pernoite.

Súmula 186, TJRJ: Insere-se entre os poderes instrutórios do juiz a expedição de ofícios à Receita Federal e
às instituições financeiras para exame das possibilidades do alimentante.

Súmula 187, TJRJ: É cabível a retenção da parcela do FGTS devido ao alimentante, no percentual
correspondente ao pensionamento, para garantia da execução da prestação alimentícia.

Súmula 188, TJRJ: O adicional de férias e o 13º salário integram a base de cálculo da pensão alimentícia,
quando fixada em percentual de remuneração do alimentante.

Súmula 189, TJRJ: A partilha de bens decorrente da dissolução da união estável deve observar a lei de
regência da época da extinção do vínculo.

Súmula 201, TJRJ: Em obrigações periódicas não se configura o anatocismo, se o pagamento da parcela
anterior abranger a totalidade dos juros.

Súmula 205, TJRJ: A limitação judicial de descontos decorrentes de mútuo bancário realizados por instituição
financeira em conta-corrente, no índice de 30%, não enseja ao correntista o direito à devolução do que lhe
foi antes cobrado acima do percentual, nem a conduta configura dano moral.

Súmula 212, TJRJ: A rescisão do contrato de seguro, por mora do segurado, depende de prévia notificação,
permitida a dedução do prêmio não pago do montante indenizatório.

Súmula 213, TJRJ: Os contratos de seguro de vida, ininterruptos e de longa duração, configuram-se como
cativos, renovando-se automaticamente, sem reajuste do valor do prêmio em razão de idade e sem
modificação do capital segurado ressalvada a atualização monetária.

Súmula 214, TJRJ: A vedação do reajuste de seguro saúde, em razão de alteração de faixa etária, aplica-se
aos contratos anteriores ao Estatuto do Idoso.

Súmula 216, TJRJ: A tenra idade, a doença mental e outros estados limitadores da consciência de agressão
não excluem a incidência do dano moral.

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Súmula 217, TJRJ: Na ação fundada em responsabilidade civil, o décimo terceiro salário e as férias não
integram a base de cálculo da indenização, se a vítima não possuía vínculo empregatício antes do evento
danoso.

Súmula 224, TJRJ: As pessoas jurídicas de direito público estão dispensadas de depositar previamente a multa
prevista nos art. 538, parágrafo único e 557, § 2°, ambos do Código de Processo Civil, para interpor outro
recurso.

Súmula 236, TJRJ: São destinados a protesto, na forma da Lei 9.492/1997, títulos e documentos de dívidas
não prescritos, ainda que desprovidos de eficácia executiva.

Súmula 250, TJRJ: O percentual correspondente à pensão alimentícia deve incidir sobre a verba denominada
participação nos lucros e resultados percebida pelo alimentante.

Súmula 274, TJRJ: A competência para conhecer e julgar pedido indenizatório de dano moral decorrente de
casamento, união estável ou filiação é do juízo de família.

Súmula 275, TJRJ: É cabível a relativização da coisa julgada em ação de investigação de paternidade,
anteriormente proposta quando ainda não era tecnicamente possível o exame de DNA, desde que a
improcedência do pedido tenha se dado por ausência de provas.

Súmula 281, TJRJ: A cláusula geral pode ser aplicada de ofício pelo magistrado, ouvidas as partes, na forma
do art. 10 do CPC/2015.

Súmula 282, TJRJ: O pedido de busca e apreensão fundado no Decreto-Lei nº 911/69 independe do registro
do contrato em Cartório de Títulos e Documentos.

Súmula 283, TJRJ: A comprovação da mora é condição específica da ação de busca e apreensão do bem
alienado fiduciariamente.

Súmula 296, TJRJ: No procedimento de inventário, a inércia do inventariante não enseja a extinção do
processo, mas a sua substituição, salvo na hipótese da sucessão poder ser realizada na seara extrajudicial.

Súmula 317, TJRJ: É juridicamente possível o pedido de usucapião de imóvel com área inferior ao módulo
mínimo urbano definido pelas posturas municipais.

Súmula 332, TJRJ: No caso de endosso translativo, endossante e endossatário respondem solidariamente
pelo protesto indevido de título de crédito com vício formal anterior à transmissão.

Súmula 333, TJRJ: Nas demandas em que se discute atraso na entrega das chaves, não configura "bis in idem"
a condenação de multa contratual cumulada com indenização por danos morais, verbas de origem e natureza
jurídicas distintas.

Súmula 334, TJRJ: Na hipótese da Lei nº 9514/97, a concessão de liminar de reintegração de posse em favor
do credor fiduciário, seus sucessores ou adquirentes independe do tempo da posse do fiduciante.

Súmula 336, TJRJ: As taxas de deslocamento ou interveniência sobre o repasse do financiamento são de
responsabilidade do incorporador e construtor, vedada a sua transferência ao adquirente, mesmo que
prevista contratualmente.

Súmula 343, TJRJ: A verba indenizatória do dano moral somente será modificada se não atendidos pela
sentença os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade na fixação do valor da condenação.

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Súmula 346, TJRJ: A despesa pelo serviço de transporte coletivo prestado a condomínio pode ser objeto de
rateio obrigatório entre os condôminos, desde que aprovado em assembleia, na forma da convenção.

Súmula 348, TJRJ: Descumprido o prazo para entrega do imóvel objeto do compromisso de compra e venda,
é cabível, além da indenização correspondente à cláusula penal de natureza moratória, o pagamento de
indenização por lucros cessantes.

Súmula 350, TJRJ: Nos contratos de promessa de compra e venda decorrentes de incorporação imobiliária,
é válida a cláusula de tolerância de prorrogação de 180 dias para a entrega do imóvel, pactuada
expressamente pelas partes.

Súmula 351, TJRJ: O pagamento de despesas com decoração das áreas comuns, em incorporações
imobiliárias, é de responsabilidade do incorporador, vedada sua transferência ao adquirente.

Súmula 365, TJRJ: A validade da locação prescinde da propriedade do bem pelo locador, bastando que ele
garanta o exercício da posse direta, desembaraçada, pelo locatário, salvo com relação à comprovação para
legitimidade da propositura da ação de despejo, quando deverão ser observadas as exceções legais.

Súmula 367, TJRJ: O deferimento de recuperação judicial não suspende as execuções fiscais em curso contra
a sociedade em recuperação, ficando os atos que importem em constrição ou alienação do patrimônio da
recuperanda submetidos ao juízo universal.

Súmula 371, TJRJ: Em execução de alimentos, podem ser objeto de penhora os valores referentes ao FGTS
do alimentante.

Súmula 372, TJRJ: Nas dívidas relativas a cotas condominiais deliberadas em assembleia, incide o condômino
em mora a partir de seu vencimento, independente da utilização de meios de cobrança.

Súmula 373, TJRJ: Para a configuração da responsabilidade por danos morais à pessoa jurídica é
imprescindível que a conduta do agente viole sua honra objetiva.

Súmula 382, TJRJ: Para o acolhimento da pretensão reintegratória ou de manutenção, impõe-se a prova da
posse, do esbulho ou turbação, a data em que ocorreu, como também a continuação da posse, na demanda
de manutenção, e sua perda, no caso da reintegração.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL5

1. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015.


2. Lei nº 13.256, de 4 de fevereiro de 2016.
3. Princípios constitucionais e infraconstitucionais do processo civil. Garantias constitucionais do processo.
Autonomia do Direito Processual. Institutos e normas fundamentais do processo civil. Direito Processual
Constitucional.
4. Interpretação da norma processual. Norma processual no tempo e no espaço. Efetividade do processo e
acesso à Justiça. Escopos do processo. Instrumentalidade do processo.

PRINCÍPIOS DO PROCESSO CIVIL

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL


DEVIDO PROCESSO LEGAL Art. 5º, LIV. Dimensões: Formal: diz respeito às garantias formais impostas pelo

5
Por Thais S. Cavallieri

182
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direito para que o processo seja devido (contraditório, juiz competente,


motivação).
Art. 5º, XXXV. A lei não pode excluir da apreciação do Judiciário nenhuma lesão
ACESSO À JUSTIÇA ou ameaça de lesão a direito. E o Judiciário deve responder a todos os
requerimentos a ele dirigidos (ação em sentido amplo).
Art. 5º, LV. Segundo Renato Montans de Sá, este princípio assevera “que a todos
deve se dar o direito de conhecer da demanda que lhe é proposta, tomar ciência
de todos os atos processuais, bem como ter a possibilidade de reagir aos atos
PRINCÍPIO DO contrários ao seu direito.”
CONTRADITÓRIO Dimensões: a) Formal: direito de participação no processo, de ser ouvido. b)
Substancial: direito de influenciar na decisão (participação efetiva). Inclui o direito
à prova (não adianta nada deixar alegar, mas não deixar provar). O contraditório
é indissociável do conceito de processo. Sem processo existe apenas
procedimento (como no caso do inquérito penal ou civil).
Art. 5º, LXXVIII. Princípio dirigido ao legislador e ao juiz. Ao legislador, a fim de
DURAÇÃO
que, na edição de leis processuais, cuide para que o processo chegue ao fim
RAZOÁVEL DO
almejado no menor tempo possível e com a maior economia de esforços e gastos.
PROCESSO
Ao juiz, a fim de que conduza o processo com toda a presteza possível.
Art. 5º, caput e inc. I. Também dirigida ao legislador e ao juiz, exige que a lei e o
ISONOMIA Judiciário tratem igualmente os iguais e desigualmente os desiguais na medida da
sua desigualdade (isonomia real).
Art. 5º, LIII e XXXVII. Sintetiza Antônio Magalhães Gomes Filho: “a imparcialidade
constitui um valor que se manifesta, sobretudo no âmbito interno do processo,
traduzindo a exigência de que na direção de toda a atividade processual – e
IMPARCIALIDADE
especialmente nos momentos de decisão – o juiz se coloque sempre super partes,
conduzindo-se como um terceiro desinteressado, acima, portanto, dos interesses
em conflito”.
Não tem previsão expressa.
DUPLO GRAU DE Conquanto não previsto, decorre implicitamente da adoção, pela CF, de um
JURISDIÇÃO sistema de juízos e tribunais que julgam recursos contra decisões inferiores. No
entanto, nada impede que, em algumas circunstâncias, não exista o duplo grau.
Imposição constitucional que garante o processo público com duas dimensões: i)
PUBLICIDADE Interna: para as partes, a qual não pode sofrer restrição; ii) Externa: para a
DOS ATOS sociedade (fiscalização social, decorrente do interesse público à informação).
PROCESSUAIS Pode sofrer restrição a) nos casos em que houver interesse público; b) como
forma de proteção da intimidade das partes. Segredo de justiça (189, CPC).
Art. 93, IX. imposição constitucional que garante a obrigatoriedade da
exteriorização das razões de decidir (motivação, fundamentação), ou seja, da
MOTIVAÇÃO DAS exposição da conclusão formada pelo juiz a partir da cognição. Visa a conferir
DECISÕES transparência ao exercício do poder pelo juiz, para conhecimento pelas partes e
possível controle pelos órgãos superiores da Magistratura e pela própria opinião
pública.
PRINCÍPIOS INFRACONSTITUCIONAIS DO PROCESSO CIVIL
Tradicionalmente, a doutrina distinguia a ampla defesa e o contraditório, que
seriam figuras conexas, sendo que a ampla defesa qualifica o contraditório, pois
AMPLA DEFESA não há contraditório sem defesa. Atualmente, tendo em vista o desenvolvimento
da dimensão substancial do princípio do contraditório, pode-se dizer que eles se
fundiram, formando uma amálgama de um único direito fundamental. A ampla
defesa corresponde ao aspecto substancial do princípio do contraditório.

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Ampla defesa: direito de acesso aos instrumentos para influenciar na decisão.


Integra o contraditório.
É ônus do interessado invocar o exercício da jurisdição, mediante o exercício do
poder ou direito de ação, do qual resulta a prática de um ato (o primeiro do
processo) que é chamado de demanda. (Yarshell - Curso de Processo Civil)

Sistemas: A) Inquisitivo puro: o juiz é colocado como figura central do processo,


cabendo a ele a sua instauração e condução sem a necessidade de qualquer
provocação das partes. B) dispositivo: o juiz tem uma participação condicionada
à vontade das partes, que definem não só a existência e extensão do processo,
como também o seu desenvolvimento.

DA DEMANDA E DO No Brasil, em relação à jurisdição contenciosa, adota-se o sistema misto, com


DISPOSITIVO preponderância do princípio dispositivo. Segundo Daniel Assumpção, essa opção
tem os seguintes fundamentos: a) há necessidade de provocação do interessado
para que exista o processo (dispositivo) a ser desenvolvido por impulso oficial
(inquisitivo); b) o juiz está vinculado aos fatos jurídicos componentes da causa de
pedir (dispositivo), mas as provas a respeito dos fatos podem ser determinadas
de ofício (inquisitivo); c) o juiz deve observar o princípio da congruência ou da
demanda (dispositivo), mas se admite pedidos implícitos e a aplicação do
princípio da fungibilidade (inquisitivo).
Desdobramento do princípio da demanda: O juiz deve julgar a lide nos limites do
objeto do processo delimitado pelo autor (492 CPC). Regra da adstrição ou
congruência. Também se aplica em matéria recursal (1.013 CPC)
Art. 456 do CPC. Derivado da oralidade, determina que o juiz colha diretamente a
IMEDIAÇÃO
prova, sem intermediários
Exigência de que os atos de exercício da função estatal jurisdicional sejam
realizados por juízes instituídos pela própria Constituição e competentes segundo
a lei (Dinamarco).
Desse princípio resultam as seguintes garantias: a) impossibilidade de escolha do
juiz para julgamento de determinada demanda (a escolha será sempre aleatória
JUIZ NATURAL
de acordo com as regras abstratas e gerais de competência); b) proibição da
criação de tribunais de exceção (o juízo deve ser prévio ao acontecimento de
determinado fato); c) julgamentos por juiz e não por outras pessoas ou
funcionários, sendo considerados juízes somente os integrantes dos órgãos
enunciados pela Constituição Federal em numerus clausus (art. 92 da CF);
A regra da eventualidade (Eventual maxime) ou da concentração da defesa na
contestação significa que cabe ao réu formular toda sua defesa na contestação
(art. 336, CPC). Toda defesa deve ser formulada de uma só vez como medida de
previsão ad eventum, sob pena de preclusão. O réu tem o ônus de alegar tudo o
EVENTUALIDADE
quanto puder, pois, caso contrário, perderá a oportunidade de fazê-lo. (DIDIER
JÚNIOR, 2015, p.638). Depreende-se então que, pelo princípio da eventualidade,
a parte deve praticar o ato no momento oportuno, tendo como consequência por
não o fazer, a ameaça de não mais poder agir.
É a busca constante do resultado útil do processo (julgamento de mérito), com o
dispêndio de um esforço mínimo processual. Assim, o princípio da economia
processual ou da economicidade repele a prática de atos desnecessários e inúteis,
ECONOMIA PROCESSUAL
durante a tramitação do processo, a exemplo da realização de provas
desnecessárias ou a repetição de atos processuais dispensáveis, apenas em razão
de não ter seguido, o ato já praticado, o modelo legal, apesar não ter causado, a

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realização do ato em desconformidade com a lei, prejuízo algum às partes no


processo. Assim, o atual CPC, por exemplo, ao permitir que na contestação o réu,
em preliminar, também impugne o requerimento de assistência judiciária ou o
valor da causa, preocupou, sobremaneira, com uma maior rapidez na tramitação
dos feitos e, portanto, com a desnecessidade da prática de vários atos que
serviam, no Código anterior, apenas para embaraçar ou dificultar a discussão do
assunto principal em debate.
Prioriza a solução do conflito, ou seja, a busca pela decisão de mérito com
prioridade sobre a extinção do feito por causas processuais, que devem ser
corrigidas e sanadas. A solução de mérito deve preponderar sobre a decisão que
não é de mérito. Princípio espalhado por todo CPC. (Art. 4º, CPC).
PRIMAZIA DA SOLUÇÃO DE
MÉRITO Manifestações: relator não pode deixar de conhecer recurso por questões formais
(art. 932); recurso especial recebido como recursos extraordinário (art. 1032);
antes de indeferir a inicial, abre-se oportunidade para emendá-la (art. 321); STF e
STJ podem desconsiderar vício formal de recurso tempestivo ou determinar a sua
correção desde que não o reputem grave (art. 1028, §3º)
A cooperação envolve (considerando que esse dever se estende a todos os
sujeitos do processo): a) das partes com o juiz: essa cooperação já se dá
naturalmente no desenrolar do processo, na medida em que, quanto mais a parte
exerce sua defesa (dentro da boa-fé e sem abusos), mais auxilia o juiz na formação
do seu convencimento; b) do juiz com as partes: a doutrina identifica três
vertentes do princípio nesse ponto: dever de esclarecimento (requerer às partes
COOPERAÇÃO
esclarecimentos sobre suas manifestações e pedidos); dever de consulta
(consultar as partes antes de decidir); dever de prevenção (apontar eventuais
deficiências e permitir correções). c) entre as partes: não significa que as partes
devem cooperar com a outra em detrimento de seus próprios interesses, mas sim,
que devem ser, também, responsáveis pelo desenvolvimento processual.

Dever de lealdade de quem participa do processo. Processo devido é aquele


pautado por comportamentos éticos dos sujeitos processuais (inclusive o juiz).
Não tem previsão expressa na CF, mas é um corolário do devido processo legal
(devido processo leal).

Art. 5º, CPC. É cláusula geral que foi sendo concretizada pela doutrina e pela
jurisprudência. Abrange: i) proibição de comportamentos dolosos; ii)
BOA-FÉ E LEALDADE
impedimento do abuso de direito; iii) proibição de comportamento contraditório
PROCESSUAL
(venire contra factum proprium – ex: juiz diz que é caso de julgamento antecipado
e julga improcedente por falta de provas); iv) interpretação de postulações e
decisões (322, §2º, e 489, §3º, CPC); v) fonte do princípio da cooperação (art. 6º);
vi) influência na condução dos negócios jurídicos processuais.

Funções da boa-fé (Judith Martins Costa – direito civil): i) interpretativa; ii)


limitativa ou de controle; iii) criativa (criação de deveres anexos/laterais).
Determina-se que as fases processuais já concluídas não possam ser rediscutidas,
num retrocesso que acabaria atrasando o julgamento do pedido, em desprezo,
por conseguinte, ao princípio da efetividade e o da economia processual, salvo,
PRECLUSÃO
evidentemente, se desobedecido o princípio maior, eis que todos os demais em
análise, dele advém, que é o do devido processo legal. Portanto, o princípio da
preclusão reforça o da efetividade e o da economia processual.

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NORMAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL

CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL


Art. 1º O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e as normas
fundamentais estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil , observando-se as disposições
deste Código.

Art. 2º O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções
previstas em lei.

Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.


§ 1º É permitida a arbitragem, na forma da lei.
§ 2º O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos.
§ 3º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados
por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo
judicial.

Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade
satisfativa.

Art. 5º Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a BOA-FÉ.

Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável,
decisão de mérito justa e efetiva.

Art. 7º É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades


processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo
ao juiz zelar pelo efetivo contraditório.

Art. 8º Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum,
resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a
razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.

Art. 9º Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:
I - à tutela provisória de urgência;
II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III ;
III - à decisão prevista no art. 701 .

Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual
não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva
decidir de ofício.

Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as
decisões, sob pena de nulidade.
Parágrafo único. Nos casos de segredo de justiça, pode ser autorizada a presença somente das partes, de seus
advogados, de defensores públicos ou do Ministério Público.

#OLHAJURIS:

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Em respeito ao princípio da não surpresa, é vedado ao julgador decidir com base em fundamentos jurídicos
não submetidos ao contraditório no decorrer do processo. Caso adaptado: a parte autora ingressou com
ação de indenização por desapropriação indireta contra o Município. O advogado, na sustentação oral feita
no julgamento da apelação, argumentou que a Lei municipal nº 17.337/2017, ato administrativo concreto,
com roupagem de lei formal, significou, na prática o reconhecimento municipal de que houve desapropriação
indireta. A apelação da parte autora foi provida e dois Desembargadores mencionaram expressamente o
argumento deduzida na tribuna na proclamação de seus votos.Ocorre que isso não havia sido alegado ou
discutido anteriormente nos autos. O julgamento foi nulo por violação ao princípio da não-surpresa. Para o
STJ, não houve apenas a alegação em plenário de fundamento legal novo, mas sim de construção
argumentativa com conclusão de postura municipal de reconhecimento administrativo de realização de
desapropriação indireta, tudo com base em fato jurídico apresentado de forma surpreendente, sem prévia
possibilidade, com antecedência devida, de ponderação do argumento e construção de contra-argumento
no pleno exercício do contraditório e da ampla defesa. STJ. 2ª Turma.REsp 2.049.725-PE, Rel. Min. Humberto
Martins, julgado em 25/4/2023 (Info 772).
Não ofende o art. 10 do CPC/2015 o provimento jurisdicional que dá classificação jurídica à questão
controvertida apreciada em sede de embargos de divergência. Não há ofensa ao princípio da não surpresa
(art. 10 do CPC) quando o magistrado, diante dos limites da causa de pedir, do pedido e do substrato fático
delineado nos autos, realiza a tipificação jurídica da pretensão no ordenamento jurídico posto, aplicando a
lei adequada à solução do conflito, ainda que as partes não a tenham invocado (iura novit curia) e
independentemente de oitiva delas, até porque a lei deve ser do conhecimento de todos, não podendo
ninguém se dizer surpreendido com a sua aplicação. Esse princípio não é absoluto e sua aplicação não é
automática e irrestrita. Desse modo, não há ofensa ao art. 10 do CPC/2015 se o Tribunal dá classificação
jurídica aos fatos controvertidos contrários à pretensão da parte com aplicação da lei aos fatos narrados nos
autos. STJ. 1ª Seção. EDcl nos EREsp 1213143-RS, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 8/2/2023 (Info
763).
Não contraria o princípio da adstrição o deferimento de medida cautelar que diverge ou ultrapassa os
limites do pedido formulado pela parte, se entender o magistrado que essa providência milita em favor da
eficácia da tutela jurisdicional. Processo em segredo de justiça, Rel. Ministro Antonio Carlos Ferreira, Quarta
Turma, por unanimidade, julgado em 6/12/2022, DJe 13/12/2022. (Info 763 - STJ)
Incorre em negativa de prestação jurisdicional o tribunal que prolata acórdão que, para resolver a
controvérsia, apoia-se em princípios jurídicos sem proceder à necessária densificação, bem como emprega
conceitos jurídicos indeterminados sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso. REsp
1.999.967-AP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, por unanimidade, julgado em
17/08/2022. (Info 745 - STJ)
Não cabe a aplicação de multa pelo não comparecimento pessoal à audiência de conciliação, por ato
atentatório à dignidade da Justiça, quando a parte estiver representada por advogado com poderes
específicos para transigir. Isso está expressamente previsto no § 10 do art. 334 do CPC/2015: Art. 334 (...) §
10. A parte poderá constituir representante, por meio de procuração específica, com poderes para negociar
e transigir. STJ. 4ª Turma. AgInt no RMS 56422-MS, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 08/06/2021 (Info 700).
A nova legislação processual civil instrumentaliza a denominada Justiça Multiportas, incentivando a solução
consensual dos conflitos, especialmente por meio das modalidades de conciliação e mediação. O art. 334 do
CPC estabelece a obrigatoriedade da realização de audiência de conciliação ou de mediação após a citação
do réu. Não comparecendo o INSS à audiência de conciliação, inevitável a aplicação da multa prevista no art.
334, § 8º do CPC/2015, que estabelece que o não comparecimento injustificado do autor ou do réu à
audiência de conciliação é considerado ato atentatório à dignidade da Justiça e será sancionado com multa
de até 2% da vantagem econômica pretendida ou do valor da causa, revertida em favor da União ou do
Estado. Qualquer interpretação que relativize esse dispositivo será um retrocesso na evolução do Direito pela
via jurisdicional e um desserviço à Justiça. STJ. 1ª Turma. REsp 1769949-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia
Filho, julgado em 08/09/2020 (Info 680).

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5. Jurisdição. Elementos conceituais. Características. Espécies. Organização judiciária. Distinção em relação


às demais funções do Estado. Jurisdição estatal e arbitral. Poderes do juiz e do árbitro. Impedimento e
suspeição.
6. Competência. Critérios de determinação e de modificação. Incompetência absoluta e relativa. Conflito de
competência. Cooperação internacional.

JURISDIÇÃO

Jurisdição é a função atribuída a um terceiro imparcial de realizar o direito de modo imperativo,


reconhecendo, efetivando, protegendo situações jurídicas, concretamente deduzidas em decisão
insuscetível de controle externo e com aptidão para se tornar insubstituível.

CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS DA JURISDIÇÃO


SUBSTITUTIVIDADE Estado, por meio da jurisdição, substitui a vontade das partes na resolução do litígio.
DEFINITIVIDADE Somente as decisões judiciais adquirem, após certo momento, caráter definitivo.
IMPERATIVIDADE As decisões judiciais têm força coativa e obrigam os litigantes.
A lei não pode excluir da apreciação do Poder Judiciário nenhuma lesão ou ameaça a
INAFASTABILIDADE
direito (CF, art. 5º, XXXV).
A função jurisdicional só pode ser exercida pelo Poder Judiciário, não podendo haver
INDELEGABILIDADE delegação de competência, sob pena de ofensa ao princípio constitucional do juiz
natural.
A jurisdição é inerte, isto é, ela não se mobiliza senão mediante provocação do
INÉRCIA
interessado.

#SELIGA: A investidura não é uma característica propriamente da jurisdição, mas daqueles que a exercem
(juízes). Só exerce jurisdição quem ocupa o cargo de juiz, tendo sido regularmente investido nessa função.
A ausência de investidura implica óbice intransponível para o exercício da jurisdição, pressuposto processual
da própria existência do processo.

CLASSIFICAÇÃO DA JURISDIÇÃO:

a) Quanto ao critério de julgamento:

● Jurisdição de legalidade estrita – é a regra;


● Jurisdição de equidade: quando a lei permite ao juiz afastar-se da legalidade estrita decidindo por
equidade, isto é, aplicando a solução mais justa ao caso, embora não prevista em lei. É excepcional. Por
exemplo: ações baseadas no CDC, no juizado especial, nos procedimentos de jurisdição voluntária.

b) Quanto ao objeto (a ser decidido):

● Jurisdição contenciosa: é aquela que, em regra, tem por objeto um conflito (lide);
● Jurisdição voluntária: não há conflito. No máximo lide presumida, quando a resistência é da lei e não de
um adversário. Há uma situação jurídica de interesse comum (todos os envolvidos pretendem aquele objeto)
que só se aperfeiçoa com uma decisão judicial. Exemplos: divórcio consensual com filho menor, interdição.
Obs.: tradicionalmente, a maioria dos procedimentos de jurisdição voluntária são ações constitutivas
necessárias (obrigatórias), o que foi mitigado pela possibilidade de solução de algumas situações por
escritura pública, na via extrajudicial. Exemplos: separação/divórcio consensuais sem filho incapaz e
alteração de nome (CNJ).

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COMPETÊNCIA

ABSOLUTA RELATIVA
Funcional/hierárquico e material Valorativo e territorial
CRITÉRIOS
(regra geral) (regra geral)
Art. 64, CPC Art. 65, CPC (mas, o art. 64, §2º a §4º
PREVISÃO LEGAL também valem para a competência
relativa)
INTERESSE PROTEGIDO Público Privado
De ofício, em qualquer momento e Só mediante alegação da parte ou do MP
CONHECIMENTO PELO
grau de jurisdição, observando o (Súmula 33, STJ e art. 65, parágrafo
JUIZ
art. 10 do CPC único, CPC)
NÃO. #ATENÇÃO: inaplicabilidade SIM: Foro de eleição e conexão e
DERROGABILIDADE
do art. 190, CPC) continência
MOMENTO E MODO Preliminar de contestação ou a Preliminar de contestação, sob pena de
PARA ALEGAÇÃO qualquer momento. prorrogação
Remessa ao Juiz competente que Validade dos atos praticando, havendo
deliberará sobre os atos prorrogação de competência. Não cabe
VIOLAÇÃO praticados. Cabe rescisória. rescisória.
#ATENÇÃO: Não há extinção do
processo.

COMPETÊNCIA ABSOLUTA COMPETÊNCIA RELATIVA


Baseada em critérios de ordem pública (matéria; Baseada em critérios com base em interesse particular
pessoa ou qualidade da parte; hierarquia; das partes (territorial e valor da causa).
funcional; distribuição).
Regra: não pode ser alterada. Exceções:

Exceções: art. 47, CPC/153; art. 2º da LACP – fixam competência


territorial absoluta; Juizado especial federal e foros
- Art. 516, parágrafo único, CPC/151 (o credor pode regionais em SP fixam competência absoluta pelo
requerer o cumprimento da sentença em outro valor.
foro em prol da efetividade) e art. 528, §9º do
CPC/152.

- Súmula 489 do STJ: “reconhecida a continência,


devem ser reunidas na Justiça Federal as ações
civis públicas propostas nesta e na Justiça
estadual”.
Incompetência absoluta: Incompetência relativa:

- Pode ser reconhecida de ofício; - Não pode ser conhecida de ofício, salvo art. 63, §3º do
CPC/155
- Deve ser alegada pelo réu em preliminar na
contestação; Exceção: Antes da citação, o juiz pode, de ofício,
declarar ineficaz o foro de eleição abusivo e remeter
- Pode ser alegada a qualquer tempo arcando com as o processo para o foro de domicílio do réu;
custas de retardamento;

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- Réu deve alegar em preliminar na contestação, sob


- Gera nulidade dos atos decisórios (a ser declarada pena de preclusão e prorrogação da competência.
pelo juízo competente);
- Pode ser arguida pelo Ministério Público (fiscal da
- Autoriza ação rescisória após trânsito em julgado. ordem jurídica – art. 65, parágrafo único, CPC/156).

SELIGANOCPC:
Arts. 42 a 53, do Código de Processo Civil:

Art. 42. As causas cíveis serão processadas e decididas pelo juiz nos limites de sua competência, ressalvado
às partes o direito de instituir juízo arbitral, na forma da lei.

Art. 43. Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da petição inicial, sendo
irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando
suprimirem órgão judiciário ou alterarem a competência absoluta.

Art. 44. Obedecidos os limites estabelecidos pela Constituição Federal, a competência é determinada pelas
normas previstas neste Código ou em legislação especial, pelas normas de organização judiciária e, ainda, no
que couber, pelas constituições dos Estados.

Art. 45. Tramitando o processo perante outro juízo, os autos serão remetidos ao juízo federal competente
se nele intervier a União, suas empresas públicas, entidades autárquicas e fundações, ou conselho de
fiscalização de atividade profissional, na qualidade de parte ou de terceiro interveniente, exceto as ações:
I - de recuperação judicial, falência, insolvência civil e acidente de trabalho;
II - sujeitas à justiça eleitoral e à justiça do trabalho.

§ 1º Os autos não serão remetidos se houver pedido cuja apreciação seja de competência do juízo perante
o qual foi proposta a ação.
§ 2º Na hipótese do § 1º, o juiz, ao não admitir a cumulação de pedidos em razão da incompetência para
apreciar qualquer deles, não examinará o mérito daquele em que exista interesse da União, de suas
entidades autárquicas ou de suas empresas públicas.
§ 3º O juízo federal restituirá os autos ao juízo estadual sem suscitar conflito se o ente federal cuja presença
ensejou a remessa for excluído do processo.

Art. 46. A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis será proposta, em regra, no
foro de domicílio do réu.
§ 1º Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer deles.
§ 2º Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele poderá ser demandado onde for encontrado ou no
foro de domicílio do autor.
§ 3º Quando o réu não tiver domicílio ou residência no Brasil, a ação será proposta no foro de domicílio do
autor, e, se este também residir fora do Brasil, a ação será proposta em qualquer foro.
§ 4º Havendo 2 (dois) ou mais réus com diferentes domicílios, serão demandados no foro de qualquer deles,
à escolha do autor.
§ 5º A execução fiscal será proposta no foro de domicílio do réu, no de sua residência ou no do lugar onde for
encontrado.

Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro de situação da coisa.
§ 1º O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição se o litígio não recair sobre
direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e de nunciação de obra nova.

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§ 2º A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo tem competência
absoluta.

Art. 48. O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o inventário, a partilha, a
arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade, a impugnação ou anulação de partilha
extrajudicial e para todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro.
Parágrafo único. Se o autor da herança não possuía domicílio certo, é competente:
I - o foro de situação dos bens imóveis;
II - havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes;
III - não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do espólio.

Art. 49. A ação em que o ausente for réu será proposta no foro de seu último domicílio, também competente
para a arrecadação, o inventário, a partilha e o cumprimento de disposições testamentárias.

Art. 50. A ação em que o incapaz for réu será proposta no foro de domicílio de seu representante ou
assistente.

Art. 51. É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autora a União.
Parágrafo único. Se a União for a demandada, a ação poderá ser proposta no foro de domicílio do autor, no
de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou no Distrito Federal.

Art. 52. É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autor Estado ou o Distrito Federal.
Parágrafo único. Se Estado ou o Distrito Federal for o demandado, a ação poderá ser proposta no foro de
domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou na
capital do respectivo ente federado.

Art. 53. É competente o foro:


I - para a ação de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento ou dissolução de união
estável:
a) de domicílio do guardião de filho incapaz;
b) do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz;
c) de domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no antigo domicílio do casal;
d) de domicílio da vítima de violência doméstica e familiar, nos termos da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de
2006 (Lei Maria da Penha); (Incluída pela Lei nº 13.894, de 2019)
II - de domicílio ou residência do alimentando, para a ação em que se pedem alimentos;
III - do lugar:
a) onde está a sede, para a ação em que for ré pessoa jurídica;
b) onde se acha agência ou sucursal, quanto às obrigações que a pessoa jurídica contraiu;
c) onde exerce suas atividades, para a ação em que for ré sociedade ou associação sem personalidade jurídica;
d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se lhe exigir o cumprimento;
e) de residência do idoso, para a causa que verse sobre direito previsto no respectivo estatuto;
f) da sede da serventia notarial ou de registro, para a ação de reparação de dano por ato praticado em razão
do ofício;
IV - do lugar do ato ou fato para a ação:
a) de reparação de dano;
b) em que for réu administrador ou gestor de negócios alheios;
V - de domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de reparação de dano sofrido em razão de delito ou
acidente de veículos, inclusive aeronaves.

#ATENÇÃO:

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- O CPC mantém a regra da perpetuatio jurisdictionis, mas previu um novo critério de prevenção.

- Competência ação possessória imobiliária:


Art. 47, do CPC. (...) § 2º A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo
tem competência absoluta”.

- Competência para ações de alimentos, casamento e união estável:


“Art. 53, do CPC. É competente o foro:
I - para a ação de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento ou dissolução de união
estável:
a) de domicílio do guardião de filho incapaz;
b) do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz;
c) de domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no antigo domicílio do casal;
II - de domicílio ou residência do alimentando, para a ação em que se pedem alimentos; (...)”.

- Possibilidade de reunião de processos semelhantes para julgamento conjunto mesmo que não haja
conexão:
Art. 55, do CPC. (...) § 3º Serão reunidos para julgamento conjunto os processos que possam gerar risco de
prolação de decisões conflitantes ou contraditórias caso decididos separadamente, mesmo sem conexão
entre eles”.

- COMPETÊNCIA EM RAZÃO DO VALOR E DO TERRITÓRIO:


Art. 63, do CPC. As partes podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo foro
onde será proposta ação oriunda de direitos e obrigações.
§1º A eleição de foro só produz efeito quando constar de instrumento escrito e aludir expressamente a
determinado negócio jurídico.
§2º O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes.
§3º Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz de ofício pelo juiz,
que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu.
§4º Citado, incumbe ao réu alegar a abusividade da cláusula de eleição de foro na contestação, sob pena de
preclusão.

- INCOMPETÊNCIA:
Art. 64, do CPC. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão preliminar de
contestação.
§1º A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição e deve ser declarada
de ofício.
§2º Após manifestação da parte contrária, o juiz decidirá imediatamente a alegação de incompetência.
§3º Caso a alegação de incompetência seja acolhida, os autos serão remetidos ao juízo competente.
§4º Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos de decisão proferida pelo juízo
incompetente até que outra seja proferida, se for o caso, pelo juízo competente.

#SELIGA: Se o juízo reconhece a sua incompetência absoluta para conhecer da causa, ele deverá determinar
a remessa dos autos ao juízo competente e não extinguir o processo sem exame do mérito. O argumento de
impossibilidade técnica do Poder Judiciário em remeter os autos para o juízo competente, ante as
dificuldades inerentes ao processamento eletrônico, não pode ser utilizado para prejudicar o jurisdicionado,
sob pena de configurar-se indevido obstáculo ao acesso à tutela jurisdicional. Assim, implica indevido
obstáculo ao acesso à tutela jurisdicional a decisão que, após o reconhecimento da incompetência absoluta
do juízo, em vez de determinar a remessa dos autos ao juízo competente, extingue o feito sem exame do
mérito, sob o argumento de impossibilidade técnica do Judiciário em remeter os autos para o órgão julgador

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competente, ante as dificuldades inerentes ao processamento eletrônico. STJ. 2ª Turma. REsp 1526914-PE,
Rel. Min. Diva Malerbi (Desembargadora convocada do TRF da 3ª Região), julgado em 21/6/2016 (Info 586).

- PRORROGAÇÃO DE COMPETÊNCIA:
Art. 65, do CPC. Prorrogar-se-á a competência relativa se o réu não alegar a incompetência em preliminar de
contestação. Parágrafo único. A incompetência relativa pode ser alegada pelo Ministério Público nas causas
em que atuar.

#ATENÇÃO JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS


#PACIFICOUENTENDIMENTO
Compete às Câmaras Reunidas ou à Seção Especializada dos Tribunais de Justiça a competência para
processar e julgar as Reclamações destinadas a dirimir divergência entre acórdão prolatado por Turma
Recursal Estadual e a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, consolidada em incidente de assunção
de competência e de resolução de demandas repetitivas, em julgamento de recurso especial repetitivo e em
enunciados das Súmulas do STJ. AgInt na Rcl 41.841-RJ, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Primeira
Seção, por unanimidade, julgado em 8/2/2023. (Info 763 - STJ)

COMPETÊNCIA #DEOLHONAJURIS
A competência para julgamento de ação de indenização por danos morais, decorrente de ofensas
proferidas em rede social, é do foro do domicílio da vítima, em razão da ampla divulgação do ato ilícito.
Caso adaptado: João, morador de Artur Nogueira (SP), gravou e divulgou, no WhatsApp, um vídeo contendo
xingamentos e ameaças contra um determinado político. O político ofendido ingressou com ação de
indenização por danos morais contra João.A ação foi proposta na vara cível da comarca de São Bernardo do
Campo (SP), domicílio do autor. O requerido apresentou contestação suscitando a incompetência e
afirmando que a ação deveria ser julgada no foro do Município onde o vídeo foi produzido e divulgado, ou
seja, em Artur Nogueira (SP), que também é o foro do domicílio do réu. Logo, seja com base no art. 46 do
CPC, seja com fundamento no art. 53, IV, “a”, também do CPC, a competência para julgar o caso seria da
comarca de Artur Nogueira (SP). O STJ não concordou com os argumentos do réu e confirmou a competência
do juízo de São Bernardo do Campo (SP). A competência para julgamento de ação de indenização por danos
morais, decorrente de ofensas proferidas em rede social, é do foro do domicílio da vítima, em razão da ampla
divulgação do ato ilícito. STJ. 4ª Turma. REsp 2.032.427-SP, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em
27/4/2023 (Info 774).
É competência da Justiça trabalhista processar e julgar o cumprimento de sentença por ela proferida, ainda
que tenha ocorrido a cessão a terceiro da titularidade do crédito nela reconhecido.CC 162.902-SP, Rel.
Ministro Marco Aurélio Bellizze, Segunda Seção, por unanimidade, julgado em 2/3/2023. (Info 766 - STJ)
Em demandas relativas a direito à saúde, é incabível ao juiz estadual determinar a inclusão da União no polo
passivo da demanda se a parte requerente optar pela não inclusão, ante a solidariedade dos entes federados.
AgInt no CC 182.080-SC, Rel. Min. Manoel Erhardt (Desembargador convocado do TRF da 5ª Região), Primeira
Seção, por unanimidade, julgado em 22/06/2022. (Info 742 - STJ)
Existindo interesse jurídico da União no feito, na condição de assistente simples, a competência afigura-se
da Justiça Federal, conforme prevê o art. 109, I, da Constituição da República, motivo pelo qual compete ao
Tribunal Regional Federal o julgamento de embargos de declaração opostos contra acórdão proferido pela
Justiça Estadual. EREsp 1.265.625-SP, Rel. Min. Francisco Falcão, Corte Especial, por maioria, julgado em
30/03/2022.

CONEXÃO E CONTINÊNCIA

CONEXÃO CONTINÊNCIA
Art. 55, do CPC. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais Art. 56, do CPC. Dá-se a continência entre 2 (duas)
ações quando lhes for comum o pedido ou a causa de ou mais ações quando houver identidade quanto às

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pedir. partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por


§ 1o Os processos de ações conexas serão reunidos ser mais amplo, abrange o das demais.
para decisão conjunta, salvo se um deles já houver
sido sentenciado. Art. 57. Quando houver continência e a ação
§ o Aplica-se o disposto no caput: continente tiver sido proposta anteriormente, no
I - à execução de título extrajudicial e à ação de processo relativo à ação contida será proferida
conhecimento relativa ao mesmo ato jurídico; sentença sem resolução de mérito, caso contrário,
II - às execuções fundadas no mesmo título executivo. as ações serão necessariamente reunidas.
§ o Serão reunidos para julgamento conjunto os
processos que possam gerar risco de prolação de
decisões conflitantes ou contraditórias caso decididos
separadamente, mesmo sem conexão entre eles.
Art. 784, § 1º, do CPC A propositura de qualquer ação
relativa a débito constante de título executivo não
inibe o credor de promover-lhe a execução

#OLHAJURIS:
Tese A) Prevalecem sobre quaisquer outras normas locais, primárias ou secundárias, legislativas ou
administrativas, as seguintes competências de foro:
i) em regra, do local do dano, para ação civil pública (art. 2º da Lei nº 7.347/85);
ii) ressalvada a competência da Justiça Federal, em ações coletivas, do local onde ocorreu ou deva ocorrer o
dano de impacto restrito, ou da capital do estado, se os danos forem regionais ou nacionais, submetendo-se
ainda os casos à regra geral do CPC, em havendo competência concorrente (art. 93, I e II, do CDC).

Tese B) São absolutas as competências:


i) da Vara da Infância e da Juventude do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou a omissão, para as
causas individuais ou coletivas arroladas no ECA, inclusive sobre educação e saúde, ressalvadas a
competência da Justiça Federal e a competência originária dos tribunais superiores (arts. 148, IV, e 209 da
Lei nº 8.069/90 e Tese nº 1.058/STJ);
ii) do local de domicílio do idoso nas causas individuais ou coletivas versando sobre serviços de saúde,
assistência social ou atendimento especializado ao idoso portador de deficiência, limitação incapacitante ou
doença infectocontagiosa, ressalvadas a competência da Justiça Federal e a competência originária dos
tribunais superiores (arts. 79 e 80 da Lei nº 10.741/2003 e 53, III, e, do CPC/2015);
iii) do Juizado Especial da Fazenda Pública, nos foros em que tenha sido instalado, para as causas da sua
alçada e matéria (art. 2º, § 4º, da Lei nº 12.153/2009);
iv) nas hipóteses do item (iii), faculta-se ao autor optar livremente pelo manejo de seu pleito contra o estado
no foro de seu domicílio, no do fato ou ato ensejador da demanda, no de situação da coisa litigiosa ou, ainda,
na capital do estado, observada a competência absoluta do Juizado, se existente no local de opção (art. 52,
parágrafo único, do CPC/2015, c/c o art. 2º, § 4º, da Lei nº 12.153/2009).

Tese C) A instalação de vara especializada não altera a competência prevista em lei ou na Constituição
Federal, nos termos da Súmula n. 206/STJ (“A existência de vara privativa, instituída por lei estadual, não
altera a competência territorial resultante das leis de processo.”). A previsão se estende às competências
definidas no presente IAC n. 10/STJ.

Tese D) A Resolução n. 9/2019/TJMT é ilegal e inaplicável quanto à criação de competência exclusiva em


comarca eleita em desconformidade com as regras processuais, especificamente quando determina a
redistribuição desses feitos, se ajuizados em comarcas diversas da 1ª Vara Especializada da Fazenda Pública
da Comarca de Várzea Grande/MT. Em consequência:

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i) fica vedada a redistribuição à 1ª Vara Especializada da Fazenda Pública da Comarca de Várzea Grande/MT
dos feitos propostos ou em tramitação em comarcas diversas ou em juizados especiais da referida comarca
ou de outra comarca, cujo fundamento, expresso ou implícito, seja a Resolução n. 9/2019/TJMT ou normativo
similar;
ii) os feitos já redistribuídos à 1ª Vara Especializada de Várzea Grande/MT com fundamento nessa norma
deverão ser devolvidos aos juízos de origem, salvo se as partes, previamente intimadas, concordarem
expressamente em manter o processamento do feito no referido foro;
iii) no que tange aos processos já ajuizados - ou que venham a ser ajuizados - pelas partes originariamente
na 1ª Vara Especializada da Fazenda Pública da Comarca de Várzea Grande/MT, poderão prosseguir
normalmente no referido juízo;
iv) não se aplicam as previsões dos itens (ii) e (iii) aos feitos de competência absoluta, ou seja: de competência
dos Juizados Especiais da Fazenda, das Varas da Infância e da Juventude ou do domicílio do idoso, nos termos
da Tese B deste IAC n. 10/STJ.
STJ. 1ª Seção. REsp 1896379-MT, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 21/10/2021 (Tema IAC 10) (Info 718)
Existindo interesse jurídico da União no feito, na condição de assistente simples, a competência afigura-se
da Justiça Federal, conforme prevê o art. 109, I, da Constituição da República, motivo pelo qual compete ao
Tribunal Regional Federal o julgamento de embargos de declaração opostos contra acórdão proferido pela
Justiça Estadual. EREsp 1.265.625-SP, Rel. Min. Francisco Falcão, Corte Especial, por maioria, julgado em
30/03/2022.
Os efeitos da Lei nº 13.876/2019 na modificação de competência para o processamento e julgamento dos
processos que tramitam na Justiça Estadual no exercício da competência federal delegada insculpido no art.
109, § 3º, da Constituição Federal, após as alterações promovidas pela Emenda Constitucional nº 103/2019,
aplicar-se-ão aos feitos ajuizados após 1º de janeiro de 2020. As ações, em fase de conhecimento ou de
execução, ajuizadas antes de 01/01/2020, continuarão a ser processadas e julgadas no juízo estadual, nos
termos em que previsto pelo § 3º do art. 109 da Constituição Federal, pelo inciso III do art. 15 da Lei nº
5.010/65, em sua redação original. STJ. 1ª Seção. CC 170051-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado
em 21/10/2021 (IAC 6) (Info 716).
Em janeiro de 2021, durante a “segunda onda” da Covid-19, milhares de pessoas foram internadas nas
unidades hospitalares do Estado do Amazonas. Houve um aumento tão grande do consumo de oxigênio que
a empresa que o fornece no Estado (White Martins) não mais conseguiu atender toda a demanda. Em
resumo, faltou oxigênio para as pessoas internadas. Diante disso, começaram a ser propostas várias ações
judiciais contra a White Martins exigindo que ela fornecesse oxigênio para os hospitais públicos e privados.
Essas ações foram propostas em diversos juízos diferentes, com algumas determinações conflitantes. Havia
decisões diferentes dos seguintes juízos: 1ª Vara Federal da Seção Judiciária do Amazonas, 1ª Vara de
Iranduba (AM), 5ª, 6ª, 11ª e 15ª Varas Cíveis de Manaus (AM), 3ª Vara da Fazenda Pública de Manaus (AM).
Um dos processos envolvidos é uma ação civil pública proposta pelo MPF e DPU contra a União justamente
para obrigar o ente federal a garantir o fornecimento de oxigênio. O STJ, ao resolver conflito positivo de
competência, declarou o juízo da 1ª Vara Federal de Manaus como sendo o competente para reunir e julgar
todas as ações envolvendo o tema. STJ. 1ª Seção. CC 177113-AM, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em
25/08/2021 (Info 706).
Compete à Justiça Federal processar e julgar feitos em que se discuta controvérsia relativa à expedição de
diploma de conclusão de curso superior realizado em instituição privada de ensino que integre o Sistema
Federal de Ensino, mesmo que a pretensão se limite ao pagamento de indenização. STF. Plenário. RE
1304964/SP, Rel. Min. Presidente Luiz Fux, julgado em 25/06/2021 (Repercussão Geral – Tema 1154).

7. Funções essenciais à Justiça. Magistratura. Advocacia Pública e Privada. Assistência judiciária. Taxa
judiciária. Ministério Público. Órgãos auxiliares da justiça. Conciliadores e mediadores.
8. A ação. Conceito e natureza. Condições da ação. Elementos da ação. Ação e tutela jurisdicional. Cumulação
de ações. Classificação da tutela jurisdicional. Processo. Conceito e natureza. Espécies. Pressupostos
processuais. Procedimento e relação jurídica processual.

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DEVERES DAS PARTES E PROCURADORES

#TABELALOVERS:
DEVERES DAS PARTES E SEUS PROCURADORES
Só haverá má-fé se ficar comprovado que o
participante conhecia a verdade, e sabia que sua
Expor os fatos em juízo conforme a verdade afirmação não correspondia a ela, pois ele não pode
deixar de dizer a verdade quando a conhece. O que
não se admite é a mentir consciente e intencional.
Se tiver havido erro grosseiro na formulação da
Não formular pretensão ou apresentar defesa,
pretensão ou na apresentação da defesa, que não
quando ciente de que são destituídas de
pode ser escusado, o juiz sancionará aquele que o
fundamento
cometeu com a litigância de má-fé.
Considera-se litigante de má-fé aquele que provoca
Não produzir provas e não praticar atos inúteis ou
incidentes manifestamente infundados e interpõe
desnecessários à declaração ou defesa do direito
recursos com intuito protelatório.
Esse dever, imposto a todos aqueles que participam
Cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de
direta ou indiretamente do processo, tem por
natureza provisória ou final, e não criar embaraços à
finalidade principal assegurar-lhe a efetividade.
sua efetivação
Constitui ato atentatório à dignidade da justiça
Declinar, no primeiro momento que lhes couber Trata-se de derivação da exigência de boa-fé
falar nos autos, o endereço residencial ou processual.
profissional onde receberão intimações, atualizando
essa informação sempre que ocorrer qualquer
modificação temporária ou definitiva
Não praticar inovação ilegal no estado de fato de Constitui também ato atentatório à dignidade da
bem ou direito litigioso justiça.

#NÃOCONFUNDA: Ocorrendo a litigância de má-fé, a previsão legal é de dupla consequência: sujeição à


multa de 1% a 10% do valor da causa corrigido e indenização dos prejuízos sofridos pela parte contrária (art.
81, caput).

#ATENÇÃO: Diferentemente do que ocorre com a litigância de má-fé, a condenação imposta pelo juiz não
reverte em proveito da parte contrária, mas em favor da Fazenda Pública. É que, no caso de violação dos
incisos IV e VI, o ofendido não é o adversário, mas a administração da justiça. O juízo poderá arbitrar multa
de até vinte por cento do valor da causa, de acordo com a gravidade da conduta.

ATO ATENTATÓRIO A DIGNIDADE DA JUSTIÇA


Não cumprir com exatidão as decisões Praticar inovação ilegal no estado de fato de bem ou
jurisdicionais e criar embaraços a sua direito litigioso.
efetivação.
Aplicação de multa de até 20% valor da causa
Se o valor da causa for irrisório, possível fixação em até 10x salário-mínimo
Não aplicação aos advogados públicos ou privados, DP e MP.

LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ
Aplicação de multa de 1% a 10% do valor da causa
Se o valor da causa for irrisório, possível fixação em até 10x salário-mínimo

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+ indenização + honorários advocatícios + despesas


Art. 96. O valor das sanções impostas ao litigante de má-fé REVERTERÁ EM BENEFÍCIO DA PARTE
CONTRÁRIA

#SELIGA: Não se aplicam ao advogado, público ou privado, ao Defensor Público e ao Ministério Público as
disposições relativas ao ato atentatório à dignidade da justiça, previstos nos §§ 2º e 5º do art. 77. A afronta
aos incisos IV e VI poderá dar ensejo à responsabilização disciplinar, que deverá ser apurada pelo respectivo
órgão de classe ou corregedoria, para a qual o juiz oficiará.

#OLHAAJURIS:
É INCONSTITUCIONAL norma estadual que institui sanções processuais diversas da legislação federal para
litigantes que abusem do seu direito à prestação jurisdicional e um procedimento mais restritivo para
requerer o benefício da gratuidade de justiça. A instituição de sanções processuais para litigantes que
abusem do seu direito à prestação jurisdicional e a criação de novo procedimento para a requisição de
gratuidade de justiça invadem a competência da União para legislar sobre direito processual (art. 22, I, da
Constituição Federal). Por outro lado, é CONSTITUCIONAL norma estadual que fixa custas processuais mais
elevadas para causas consideradas de alto valor ou alta complexidade. STF. Plenário. ADI 7063/RJ, Rel. Min.
Edson Fachin, julgado em 3/6/2022 (Info 1057).

TEORIAS DO DIREITO DE AÇÃO

- O direito de ação é um apêndice do direito material (não existe


TEORIA SINCRETISTA, IMANENTISTA
autonomia do direito de ação).
OU PRIVATISTA
- O direito de ação é dirigido contra o adversário.
- A ação tem AUTONOMIA em relação ao direito material.
TEORIA AUTONOMISTA - O direito de ação (relação de direito processual) é exercido contra
o Estado (natureza pública).
- Reconhece a autonomia do direito de ação.
- O direito de ação é o direito ao provimento jurisdicional de
TEORIA AUTONOMISTA E CONCRETA
MÉRITO FAVORÁVEL (autônomo, mas dependente).
- Exercitado contra o Estado e o adversário.
- Reconhece a autonomia do direito de ação.
- O direito de ação é direito ao provimento jurisdicional de MÉRITO
TEORIA AUTONOMISTA DA AÇÃO
FAVORÁVEL (autônomo, mas dependente).
COMO DIREITO POTESTATIVO
- A ação é o exercício de direito potestativo (não depende da
concordância do adversário).
- Reconhece a autonomia do direito de ação.
- A existência do direito de ação independe da existência do direito
TEORIA AUTONOMISTA ABSTRATA material – independe do tipo de RESPOSTA dada pelo Judiciário
PURA FAVORÁVEL (procedência) OU DESFAVORÁVEL (improcedência ou
extinção sem julgamento do mérito) (autônoma e independente).
- Direito de ação é incondicionado - inexistem condições da ação.
- Intermediária entre a concreta e a abstrata pura.
- Reconhece a autonomia do direito de ação.
- O direito de ação é o direito a obter uma RESPOSTA de MÉRITO,
isto é, uma decisão, positiva (procedência) OU negativa
TEORIA AUTONOMISTA ABSTRATA E
(improcedência).
ECLÉTICA
- O direito constitucional de ação (ou de petição ou de acesso) é
incondicionado. Mas o direito processual de ação é um direito
condicionado (CONDIÇÕES DA AÇÃO).

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- Reconhece a autonomia do direito de ação.


- Apesar de existentes as condições da ação, essas condições
apenas poderão ser analisadas conforme alegação do autor na
TEORIA DA ASSERÇÃO (DELLA petição inaugural (in status assertionis).
PROSPETAZIONE) Precisando o juiz de uma cognição mais aprofundada (exauriente)
do caso para saber se estão ou não presentes as condições da ação,
estar-se-á diante de uma análise de mérito, não seria mais caso de
extinção da ação sem julgamento do mérito, mas de improcedência
do pedido, pois a análise das condições da ação é feita somente na
análise da inicial.

CONDIÇÕES DA AÇÃO

LEGITIMIDADE ADEQUAÇÃO
Interesse = necessidade + adequação + utilidade da
ação ou do provimento jurisdicional pretendido.

É denominada pertinência subjetiva. Legitimidade é Esses 3 elementos que compõem o interesse devem
a autorização ou qualidade para figurar ser analisados em conjunto.
corretamente no polo da ação.
∙ Necessidade - Real = decorre da impossibilidade de
∙ Legitimidade ordinária: há uma autorização resolução pela via extrajudicial - seja por resistência
genérica do sistema, isto é, todo o titular de um do adversário (lide) seja por resistência da lei. - Ficta =
direito pode defendê-lo em juízo. é possível a solução extrajudicial, mas o sistema
permite ao autor escolher e ele opta pela via judicial.
∙ Legitimidade extraordinária: é a autorização
expressa e excepcional para alguém, em nome ∙ Adequação: uso da ação correta para o direito
próprio, defender direito alheio. É sinônimo de material. Ex.: se o contrato é de locação, a ação
substituição processual. correta é de despejo – se ajuizar ação de reintegração
de posse será tida como inadequada.

∙ Utilidade: é a aptidão para melhorar a situação


jurídica do autor

VERIFICAÇÃO DAS CONDIÇÕES:

Quando a falta das condições da ação for algo evidente, trata-se de causa de indeferimento da inicial (art.
330, II e III do CPC/15).

A doutrina defende que deve ser adotada a teoria da asserção:

▪ No começo (até o momento do saneador), antes de produzir provas, as condições são analisadas com
base nas assertivas da inicial.
▪ Se após a instrução ficar demonstrado que as assertivas são inverídicas, a ação será improcedente.

Obs.: o princípio da primazia do mérito também previsto no art. 488 do CPC/15 autoriza a ação ser julgada
improcedente após a instrução, quando revelada a ausência das condições.

#DEOLHONAJURIS:

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Não há nulidade no despacho saneador que se limita a postergar o exame das matérias preliminares, quando
essas se confundem com a pretensão meritória e há necessidade de prévia instrução probatória. STJ. 1ª
Turma. REsp 1945660-SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 27/09/2022 (Info 751).
É cabível o ajuizamento de ação de alimentos, ainda que exista acordo extrajudicial válido com o mesmo
objeto, quando o valor da pensão alimentícia não atende aos interesses da criança. Situação concreta: mãe
e pai da criança firmaram acordo extrajudicial de alimentos no centro judiciário de solução de conflitos. Cerca
de 2 meses depois, a criança, representada pela mãe, ajuizou ação de alimentos contra o pai pedindo um
valor maior. O juiz extinguiu o processo sem resolução do mérito, decisão que, na visão do STJ, foi incorreta,
não estando de acordo com a teoria da asserção, adotada em nosso ordenamento jurídico. O
arrependimento e a insatisfação com os termos da avença realizada, porque não atenderia interesse
indisponível e teria sido prejudicial, em tese, para a criança, caracteriza, sim, potencial interesse processual
e o alegado prejuízo se confunde com o próprio mérito da ação, mostrando-se adequada a pretensão
buscada. STJ. 3ª Turma. REsp 1609701-MG, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 18/05/2021 (Info 697).
As condições da ação, dentre elas o interesse processual e a legitimidade ativa, definem-se da narrativa
formulada inicial, não da análise do mérito da demanda (teoria da asserção), razão pela qual não se
recomenda ao julgador, na fase postulatória, se aprofundar no exame de tais preliminares. STJ. 3ª Turma.
REsp 1561498/RJ, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 01/03/2016.

ELEMENTOS DA AÇÃO

PARTES CAUSA DE PEDIR PEDIDO


∙ Partes (elemento subjetivo); ∙ Causa de pedir (elemento objetivo); ∙ Pedido (elemento objetivo);
Adota-se a teoria da substanciação. A
Sentido material: parte é o titular causa de pedir é composta por fatos Objeto = mérito, ou seja, o que se
do direito material discutido. Ex.: + os fundamentos jurídicos do pretende com a ação.
na ação de cobrança – credor x pedido.
devedor. Fatos = causa de pedir fática; O pedido divide-se em 2 espécies:
Fundamentos jurídicos = causa de
Sentido formal: parte no sentido pedir jurídica; a) Pedido imediato: é dirigido ao
formal são aqueles que figuram Outros sistemas que só exigem o juiz e tem natureza processual. É o
no processo como autor e réu. fundamento jurídico adotam a teoria pedido de tutela jurisdicional. Em
da individuação ou individualização. outras palavras, o que se pretende
Obs.: Porque adotamos a teoria da é um provimento jurisdicional.
substanciação, aplica-se o princípio
iuria novit curia, ou seja, o juiz b) Pedido mediato: é dirigido ao
conhece o direito e, embora o autor réu e tem natureza material. É o
tenha que expor os fatos e os bem da vida pretendido
fundamentos jurídicos do pedido, o
juiz só está vinculado aos fatos, e
pode dar enquadramento jurídico
diverso.

9. Atos processuais. Forma, tempo e lugar. Regime de invalidades processuais. Preclusões. Comunicação dos
atos processuais. Atos processuais eletrônicos. Convenção das partes em matéria processual.
10. Partes e terceiros no processo civil. Conceitos. Litisconsórcio, assistência e modalidades de intervenção
de terceiros. Amicus curiae. Incidente de desconsideração da personalidade jurídica.
11. Tutela provisória. Tutela de urgência e tutela de evidência. Estabilização da tutela antecipada.

ATOS PROCESSUAIS

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Art. 231, do CPC. Salvo disposição em sentido diverso, considera-se dia do começo do prazo:
I - a data de juntada aos autos do aviso de recebimento, quando a citação ou a intimação for pelo correio;
II - a data de juntada aos autos do mandado cumprido, quando a citação ou a intimação for por oficial de
justiça;
III - a data de ocorrência da citação ou da intimação, quando ela se der por ato do escrivão ou do chefe de
secretaria;
IV - o dia útil seguinte ao fim da dilação assinada pelo juiz, quando a citação ou a intimação for por edital;
V - o dia útil seguinte à consulta ao teor da citação ou da intimação ou ao término do prazo para que a
consulta se dê, quando a citação ou a intimação for eletrônica;
VI - a data de juntada do comunicado de que trata o art. 232 ou, não havendo esse, a data de juntada da
carta aos autos de origem devidamente cumprida, quando a citação ou a intimação se realizar em
cumprimento de carta;
VII - a data de publicação, quando a intimação se der pelo Diário da Justiça impresso ou eletrônico;
VIII - o dia da carga, quando a intimação se der por meio da retirada dos autos, em carga, do cartório ou da
secretaria.
IX - o quinto dia útil seguinte à confirmação, na forma prevista na mensagem de citação, do recebimento da
citação realizada por meio eletrônico. (Incluído pela Lei nº 14.195, de 2021)

Art. 238, do CPC. Citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o interessado para integrar
a relação processual.
Parágrafo único. A citação será efetivada em até 45 (quarenta e cinco) dias a partir da propositura da ação.
(Incluído pela Lei nº 14.195, de 2021)

Art. 246, do CPC. A citação será feita preferencialmente por meio eletrônico, no prazo de até 2 (dois) dias
úteis, contado da decisão que a determinar, por meio dos endereços eletrônicos indicados pelo citando no
banco de dados do Poder Judiciário, conforme regulamento do Conselho Nacional de Justiça. (Redação
dada pela Lei nº 14.195, de 2021)
I - pelo correio;
II - por oficial de justiça;
III - pelo escrivão ou chefe de secretaria, se o citando comparecer em cartório;
IV - por edital;
V - por meio eletrônico, conforme regulado em lei.
§ 1º As empresas públicas e privadas são obrigadas a manter cadastro nos sistemas de processo em autos
eletrônicos, para efeito de recebimento de citações e intimações, as quais serão efetuadas
preferencialmente por esse meio. (Redação dada pela Lei nº 14.195, de 2021)
§ 1º-A A ausência de confirmação, em até 3 (três) dias úteis, contados do recebimento da citação
eletrônica, implicará a realização da citação: (Incluído pela Lei nº 14.195, de 2021)
I - pelo correio; (Incluído pela Lei nº 14.195, de 2021)
II - por oficial de justiça; (Incluído pela Lei nº 14.195, de 2021)
III - pelo escrivão ou chefe de secretaria, se o citando comparecer em cartório; (Incluído pela Lei nº 14.195,
de 2021)
IV - por edital. (Incluído pela Lei nº 14.195, de 2021)
§ 1º-B Na primeira oportunidade de falar nos autos, o réu citado nas formas previstas nos incisos I, II, III e
IV do § 1º-A deste artigo deverá apresentar justa causa para a ausência de confirmação do recebimento
da citação enviada eletronicamente. (Incluído pela Lei nº 14.195, de 2021)
§ 1º-C Considera-se ato atentatório à dignidade da justiça, passível de multa de até 5% (cinco por cento)
do valor da causa, deixar de confirmar no prazo legal, sem justa causa, o recebimento da citação recebida
por meio eletrônico. (Incluído pela Lei nº 14.195, de 2021)

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§ 2º O disposto no § 1º aplica-se à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios e às entidades da
administração indireta.
§ 3º Na ação de usucapião de imóvel, os confinantes serão citados pessoalmente, exceto quando tiver por
objeto unidade autônoma de prédio em condomínio, caso em que tal citação é dispensada.
§ 4º As citações por correio eletrônico serão acompanhadas das orientações para realização da confirmação
de recebimento e de código identificador que permitirá a sua identificação na página eletrônica do órgão
judicial citante. (Incluído pela Lei nº 14.195, de 2021)
§ 5º As microempresas e as pequenas empresas somente se sujeitam ao disposto no § 1º deste artigo quando
não possuírem endereço eletrônico cadastrado no sistema integrado da Rede Nacional para a Simplificação
do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios (Redesim). (Incluído pela Lei nº 14.195, de 2021)
§ 6º Para os fins do § 5º deste artigo, deverá haver compartilhamento de cadastro com o órgão do Poder
Judiciário, incluído o endereço eletrônico constante do sistema integrado da Redesim, nos termos da
legislação aplicável ao sigilo fiscal e ao tratamento de dados pessoais. (Incluído pela Lei nº 14.195, de 2021)

Art. 247. A citação será feita por meio eletrônico ou pelo correio para qualquer comarca do País, exceto:
(Redação dada pela Lei nº 14.195, de 2021)
I - nas ações de estado, observado o disposto no art. 695, § 3º;
II - quando o citando for incapaz;
III - quando o citando for pessoa de direito público;
IV - quando o citando residir em local não atendido pela entrega domiciliar de correspondência;
V - quando o autor, justificadamente, a requerer de outra forma.

#OLHAAJURIS:
Caso concreto: a autora ajuizou ação contra a União, o Estado-membro e o Município pleiteando o
fornecimento de suplementação alimentar necessária para tratamento de uma doença. O Juiz Federal
deferiu o pedido de tutela provisória de urgência (“deferiu a liminar”), determinando primeiramente, a
intimação dos réus para o cumprimento da decisão e, em seguida, a citação. O magistrado determinou, ainda,
a intimação da autora para juntar aos autos três orçamentos do suplemento nutricional pedido na ação. A
Secretaria expediu os mandados de intimação (não expediu mandado de citação). A União foi intimada da
liminar e, alguns dias depois, peticionou ao juízo informando que foi enviado ofício ao Ministério da Saúde
para fins de cumprimento da decisão antecipatória. A autora juntou aos autos o orçamento do suplemento.
O Juiz proferiu novo despacho determinando o prosseguimento do feito com a citação dos réus. Ocorre que
esse comando não foi cumprido pela Secretaria. O Estado e o Município apresentaram contestação, mas a
União, não o fez. O Juiz proferiu sentença julgando procedente o pedido. O STJ considerou que não houve
citação válida da União. De igual modo, não se pode dizer que tenha havido comparecimento
espontaneamente aos autos, apto a suprir a falta de citação, nos termos do art. 239, § 1º, do CPC. Houve
quebra de legítima expectativa da União de que seria citada para oferta da contestação. Isso porque depois
de a União ter informado sobre a expedição do ofício, o magistrado determinou a expedição de mandado de
citação, o que não aconteceu. STJ. 2ª Turma. REsp 1904530-PE, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em
08/03/2022 (Info 728).
Não há ofensa à prerrogativa de intimação pessoal prevista no art. 183 do CPC, quando o ente público deixa
de realizar o necessário cadastramento no Sistema de Intimação Eletrônica do Superior Tribunal de Justiça,
nos termos do art. 1.050 do CPC, sendo válida a intimação pela publicação no Diário de Justiça Eletrônico.
STJ. 1ª Seção. AR 6503-CE, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 27/10/2021 (Info 716).

CONVENÇÕES PROCESSUAIS

#IMPORTANTE

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CPC, Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes plenamente
capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre
os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo.
Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das convenções previstas neste
artigo, recusando-lhes aplicação somente nos casos de nulidade ou de inserção abusiva em contrato de
adesão ou em que alguma parte se encontre em manifesta situação de vulnerabilidade.

Art. 191. De comum acordo, o juiz e as partes podem fixar calendário para a prática dos atos processuais,
quando for o caso.
§ 1º O calendário vincula as partes e o juiz, e os prazos nele previstos somente serão modificados em casos
excepcionais, devidamente justificados.
§ 2º Dispensa-se a intimação das partes para a prática de ato processual ou a realização de audiência cujas
datas tiverem sido designadas no calendário.

Eleição negocial do foro (art. 47 e 63)


EXEMPLOS DE
Suspensão do processo por convenção das partes (art. 313, II)
NEGÓCIOS PROCESSUAIS
Desistência da ação (art. 90 e 200)
PREVISTOS NO CPC
Desistência do recurso (art. 998)

LITISCONSÓRCIO E INTERVENÇÃO DE TERCEIROS

LITISCONSÓRCIO
Litisconsórcio é a existência, no mesmo polo do
CONCEITO processo, de uma pluralidade de partes ligadas por
uma afinidade de interesses.
a) Quanto aos sujeitos – Ativo, Passivo e Misto;
CLASSIFICAÇÃO b) Quanto ao momento – Inicial e Ulterior;
c) Quanto aos efeitos – Simples e Unitário.
LITISCONSÓRCIO UNITÁRIO:
LITISCONSÓRCIO SIMPLES:
é aquele que, pela natureza do direito material
Aquele que pela natureza da relação, o juiz pode
discutido, impõe ao juiz uma decisão de mérito única
decidir de maneira diversa o mérito da questão.
para todos os litisconsortes. O magistrado não pode
Basta que exista a possibilidade de ser diferente
decidir o mérito de modo diverso (imposição do
para que o litisconsórcio seja simples.
direito material).
Quanto à obrigatoriedade:
1) Facultativo: a) entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide; b)
entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir; c) ocorrer afinidade de questões por
ponto comum de fato ou de direito.
2) Obrigatório: a) por disposição de lei ou quando, pela natureza da relação jurídica controvertida, a
eficácia da sentença depender da citação de todos que devam ser litisconsortes.
LITISCONSÓRCIO MULTITUDINÁRIO: litisconsórcio formado por um número excepcionalmente grande de
litigantes, sempre que, em razão de sua formação, possa ocorrer o comprometimento da defesa, ou do
cumprimento de sentença, ou a rápida solução do litígio. Por motivos atinentes à paridade de armas e à
efetividade do processo, portanto, é possível desmembrar o litisconsórcio.

LEGITIMIDADE ORDINÁRIA LEGITIMIDADE EXTRAORDINÁRIA


UNITARIEDADE DE LIDE No campo da legitimidade ordinária, Como, nesse caso, há lei autorizando
(PROCESSOS QUE VERSAM haverá a formação de um que a coisa ou direito, conquanto uno,
litisconsórcio necessário — porque a incindível e com vários titulares, possa

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SOBRE COISAS OU relação pertence a todos — e ser defendido por só um, surge a
DIREITOS QUE SÃO UNOS, unitário, porque, sendo incindível, a opção. Defendê-la individualmente,
INCINDÍVEIS E sentença tem de ser igual para todos caso em que não haverá litisconsórcio;
COM VÁRIOS TITULARES) os ou defendê-la em grupo, caso em que
litisconsortes. São exemplos: as ações haverá a formação de um
declaratórias de nulidade de litisconsórcio facultativo e unitário.
casamento, de dissolução de Essa combinação é excepcional, e só
sociedade e anulação de contrato. existe no plano da legitimidade
Como a legitimidade ordinária é a extraordinária. O exemplo mais
regra, o mais comum é que a importante é o das ações possessórias
unitariedade de lide gere e reivindicatórias de bens em
litisconsórcio necessário e unitário. condomínio, que podem ser ajuizadas
por qualquer dos condôminos.

#DEOLHONAJURIS #SAINDODOFORNO
A reconvenção promovida em litisconsórcio com terceiro não acarreta a inclusão deste no polo passivo da
ação principal. João ingressou com ação contra a empresa 1. A ré apresentou contestação na qual também
formulou pedido reconvencional. O aspecto interessante foi que essa reconvenção foi proposta não apenas
pela empresa 1 (ré). A reconvenção foi também deduzida pela empresa 2, integrante do mesmo grupo
econômico. Isso é permitido? O CPC autoriza que uma parte que não integrava originalmente a lide possa
também apresentar reconvenção? Sim. Além da ampliação objetiva (ampliação do que está sendo pedido ao
Estado-juiz), a reconvenção também pode ocasionar a ampliação subjetiva, por meio da inclusão de um
sujeito que até então não participava do processo. O art. 343, § 4º, do CPC/2015 autoriza que a reconvenção
seja proposta pelo réu em litisconsórcio com terceiro. Isso significa que a reconvenção, neste caso, modificou
o polo passivo da ação principal? Não. Como a reconvenção é autônoma e independente, a ampliação
subjetiva do processo promovida pela reconvenção não modifica os polos da ação principal. Assim, as
questões debatidas na ação principal continuam restritas às partes que já integravam os polos ativo e passivo
da demanda, não se estendendo ao terceiro, que apenas é parte da demanda reconvencional. Em uma
simples frase: o terceiro que apresentou reconvenção não se torna parte da ação principal. Em relação à ação
principal, ele continua sendo terceiro. STJ. 3ª Turma. REsp 2.046.666-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado
em 16/5/2023 (Info 775).

DENUNCIAÇÃO DA LIDE
• Constitui uma demanda, pois ela envolve o direito de ação. Essa demanda se caracteriza por ser:
a) incidente;
b) regressiva;
c) eventual; e
d) antecipada.
• Hipóteses de denunciação da lide:
- ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido ao denunciante, a fim de que
possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam;
- àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem
for vencido no processo.
• Feita a denunciação pelo autor: o denunciado poderá assumir a posição de litisconsorte do denunciante e
acrescentar novos argumentos à petição inicial, procedendo-se em seguida à citação do réu.
• Feita a denunciação pelo réu:
- se o denunciado contestar o pedido formulado pelo autor, o processo prosseguirá tendo, na ação principal,
em litisconsórcio, denunciante e denunciado;
- se o denunciado for revel, o denunciante pode deixar de prosseguir com sua defesa, eventualmente
oferecida, e abster-se de recorrer, restringindo sua atuação à ação regressiva;

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- se o denunciado confessar os fatos alegados pelo autor na ação principal, o denunciante poderá prosseguir
com sua defesa ou, aderindo a tal reconhecimento, pedir apenas a procedência da ação de regresso.
• Não é extinta a denunciação da lide apresentada intempestivamente pelo réu nas hipóteses em que o
denunciado contesta apenas a pretensão de mérito da demanda principal. STJ. 3ª Turma. REsp 1.637.108-PR,
Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 6/6/2017 (Info 606).

CHAMAMENTO AO PROCESSO
• Admite-se o chamamento do afiançado quando o fiador for demandado;
• Admite-se o chamamento ao processo dos demais fiadores quando a ação for proposta apenas contra um
deles;
• Admite-se o chamamento ao processo dos demais devedores solidários quando o credor ingressar contra um
deles apenas;
• É cabível: na fase de conhecimento; execução de título extrajudicial.
• Chamamento ao processo e fornecimento de medicamento. Nas ações para fornecimento de
medicamentos, apesar de a obrigação ser solidária entre Municípios, Estados e União, caso o autor tenha
proposto a ação apenas contra o Estado-membro, não cabe o chamamento ao processo da União, medida que
apenas iria protelar a solução da causa. STJ. 1ª Seção. REsp 1203244-SC, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado
em 9/4/2014 (recurso repetitivo) (Info 539).

#SELIGA:
É inviável a intervenção anômala da União na fase de execução ou no processo executivo, salvo na ação
cognitiva incidental de embargos. AgInt no REsp 1.838.866-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma,
por unanimidade, julgado em 23/08/2022, DJe 31/08/2022. (Info 754 - STJ)
A comunidade indígena cuja posse fundiária é questionada em ação de nulidade de demarcação tem o direito
subjetivo de ser ouvida no processo, na qualidade de litisconsorte passivo necessário. STJ. 2ª Turma. AgInt
na Pet no REsp 1586943-SC, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 17.05.2022 (Info 737).
É irrecorrível a decisão na qual o relator indefere pedido de ingresso de amicus curiae na ação. STF.
Plenário. ADO 70 AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 04/07/2022.
É irrecorrível a decisão que indefere o pedido de ingresso na condição de amicus curiae. A diretriz vigora
também relativamente a processos de índole subjetiva (RE 1017365 AgR, Relator(a): EDSON FACHIN, Tribunal
Pleno, DJe de 24/9/2020). STF. Plenário. Inq 4888 AgR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
22/08/2022.
Cabe recurso contra a decisão do Relator que admite o ingresso do amicus curiae?
NÃO. O art. 138 do CPC/2015 expressamente prevê que se trata de decisão irrecorrível. Veja:
Art. 138. O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema objeto da
demanda ou a repercussão social da controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou a
requerimento das partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a participação de pessoa
natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com representatividade adequada, no prazo de 15
(quinze) dias de sua intimação.
O amicus curiae não tem legitimidade para propor ação direta; logo, também não possui legitimidade para
pleitear medida cautelar.
Assim, a entidade que foi admitida como amicus curiae em ADPF não tem legitimidade para, no curso do
processo, formular pedido para a concessão de medida cautelar.
STF. Plenário. ADPF 347 TPI-Ref/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes,
julgado em 18/3/2020 (Info 970).

INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA

O CPC/2015 disciplinou o procedimento para a decretação da desconsideração da personalidade jurídica no


processo, a qual pode ser postulada de duas formas:

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a) em caráter principal, quando o pedido é formulado já na petição inicial;


b) em caráter incidental, quando o pedido é feito no curso do processo;
Este pedido poderá ser feito: • pela parte; ou • pelo Ministério Público (quando lhe couber intervir no
processo).

#OBS: o juiz não pode instaurar de ofício.


O requerimento deve demonstrar o preenchimento dos pressupostos legais específicos para
desconsideração da personalidade jurídica. Esses pressupostos estão previstos no “direito material” (art. 50
do Código Civil, art. 28 do CDC, art. 34 da Lei nº 12.529/2011 etc.).
É cabível em todas as fases do processo de conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução
fundada em título executivo extrajudicial.
O incidente de desconsideração da personalidade jurídica aplica-se também a processos de competência dos
juizados especiais (art. 1.062 do CPC/2015).
A instauração do incidente suspenderá o processo.

DESCONSIDERAÇÃO Atinge bens da empresa que estão em nome dos sócios


“COMUM”
DESCONSIDERAÇÃO Atinge bens dos sócios que estão em nome da empresa
INVERSA
Atinge bens da empresa controladora que estão em nome da
DESCONSIDERAÇÃO INDIRETA
controlada/coligada;
DESCONSIDERAÇÃO Atinge bens do sócio oculto que estão em nome de terceiro (“laranja”)
EXPANSIVA
DESPERSONALIZAÇÃO Dissolução da pessoa jurídica

#OLHAAJURIS:
O sócio executado possui legitimidade e interesse recursal para impugnar a decisão que defere o pedido de
desconsideração inversa da personalidade jurídica dos entes empresariais dos quais é sócio. REsp 1.980.607-
DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 09/08/2022, DJe
12/08/2022. (Info 744 - STJ)
Caso adaptado: em 2012, a seguradora ajuizou ação de indenização por danos materiais contra uma empresa
(Arnon Ltda). O juiz julgou o pedido procedente, condenando a empresa a pagar a indenização. Houve o
trânsito em julgado em 2014. No cumprimento de sentença, sem ainda receber o pagamento e ter tentado
de todas as formas alcançar o patrimônio da executada (Arnon Ltda – “Arnon 1”), a seguradora apresentou
pedido de desconsideração inversa da personalidade jurídica, para alcançar o patrimônio de outra pessoa
jurídica pertencente ao mesmo grupo econômico que detinha o mesmo sócio, a Arnon Participações Ltda.
(“Arnon 2”). Em 2014, ou seja, antes da entrada em vigor do CPC/2015, o Juiz, em decisão interlocutória
inaudita altera pars (sem que fosse ouvida a outra parte), acolheu o pedido e desconsiderou a personalidade
jurídica da executada Arnon 1, para alcançar o patrimônio da Arnon 2. Essa decisão foi publicada em 2014,
isto é, ainda na vigência do CPC/1973. A Arnon 2, contudo, não fazia parte do processo anteriormente. Logo,
a publicação da decisão não servia como forma de comunicação para ela da decisão judicial. A Arnon 2
somente foi intimada da decisão acima em 2019, ou seja, depois que já estava em vigor o CPC/2015.
A Arnon 2 recorreu alegando nulidade da decisão que decretou a desconsideração porque não houve
contraditório prévio.
A controvérsia jurídica pode assim ser resumida:
- o juiz, por decisão interlocutória proferida e publicada na vigência do CPC/1973, decretou a
desconsideração sem prévio contraditório. Nem o CPC/1973 nem a jurisprudência do STJ exigiam prévio
contraditório.
- a parte atingida foi intimada quando já estava em vigor o CPC/2015, que passou a exigir prévio contraditório.

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A decisão foi mantida. O fato de a intimação da empresa alcançada pela desconsideração ter ocorrido depois
da em vigor do CPC/2015 não torna essa legislação aplicável a fatos processuais anteriores, sob pena de se
estar aplicando retroativamente a norma processual, o que viola o art. 14 do CPC.
STJ. 3ª Turma. REsp 1954015-PE, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 26/10/2021 (Info 718).

TUTELA PROVISÓRIA

O CPC/2015 prevê duas classificações das tutelas provisórias de URGÊNCIA:


1) Cautelar e antecipada;
2) Antecedente e incidental.

Quanto à satisfatividade:
Em uma primeira classificação, a tutela provisória de URGÊNCIA divide-se em:

1.1) ANTECIPADA (satisfativa): o órgão julgador antecipa aquele direito ou bem da vida que o autor espera
conseguir ao final do processo. Ex: em uma ação de cobrança, o juiz, entendendo que o autor precisa dos
valores para sobreviver, determina que o réu entregue a quantia pleiteada enquanto se aguarda o desfecho
do processo.

1.2) CAUTELAR: o órgão julgador confere uma medida para assegurar aquele direito ou bem da vida que o
requerente espera obter ao fim do processo. Ex: em uma ação de cobrança, o juiz, entendendo que há receio
de que o réu se desfaça de seu patrimônio, determina o arresto dos bens do requerido.

Quanto ao momento de sua concessão:


Além disso, a tutela provisória de URGÊNCIA também pode ser:

2.1) INCIDENTAL: é aquela que é requerida no curso do processo. A tutela incidental pode ser cautelar ou
antecipada.

2.2) ANTECEDENTE: é aquela “formulada antes que o pedido principal tenha sido apresentado ou, ao menos,
antes que ele tenha sido apresentado com a argumentação completa.” (ob. cit., p. 727). A tutela antecedente
também pode ser cautelar ou antecipada.

OBS: A Tutela da Evidência será sempre antecipada, pois o juiz antecipará a satisfação do pedido, e sempre
incidental, pois requerida no curso do processo.

#ESQUEMINHA

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Antecedente
Cautelar
Incidental
Tutela de
Urgência
Antecedente
Tutelas Antecipada
Provisórias Incidental

Tutela da
Antecipada Incidental
Evidência

#SELIGANALEISECA:

DA TUTELA PROVISÓRIA
TÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 294. A tutela provisória pode fundamentar-se em urgência ou evidência.


Parágrafo único. A tutela provisória de urgência, cautelar ou antecipada, pode ser concedida em caráter
antecedente ou incidental.

Art. 295. A tutela provisória requerida em caráter incidental independe do pagamento de custas.

Art. 296. A tutela provisória conserva sua eficácia na pendência do processo, mas pode, a qualquer tempo,
ser revogada ou modificada.
Parágrafo único. Salvo decisão judicial em contrário, a tutela provisória conservará a eficácia durante o
período de suspensão do processo.

Art. 297. O juiz poderá determinar as medidas que considerar adequadas para efetivação da tutela
provisória.
Parágrafo único. A efetivação da tutela provisória observará as normas referentes ao cumprimento provisório
da sentença, no que couber.

Art. 298. Na decisão que conceder, negar, modificar ou revogar a tutela provisória, o juiz motivará seu
convencimento de modo claro e preciso.

Art. 299. A tutela provisória será requerida ao juízo da causa e, quando antecedente, ao juízo competente
para conhecer do pedido principal.
Parágrafo único. Ressalvada disposição especial, na ação de competência originária de tribunal e nos recursos
a tutela provisória será requerida ao órgão jurisdicional competente para apreciar o mérito.

TÍTULO II
DA TUTELA DE URGÊNCIA

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CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade
do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
§ 1 o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória
idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a
parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la.
§ 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia.
§ 3º A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver perigo de
irreversibilidade dos efeitos da decisão.

Art. 301. A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada mediante arresto, sequestro,
arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem e qualquer outra medida idônea para
asseguração do direito.

Art. 302. Independentemente da reparação por dano processual, a parte responde pelo prejuízo que a
efetivação da tutela de urgência causar à parte adversa, se:
I - a sentença lhe for desfavorável;
II - obtida liminarmente a tutela em caráter antecedente, não fornecer os meios necessários para a citação
do requerido no prazo de 5 (cinco) dias;
III - ocorrer a cessação da eficácia da medida em qualquer hipótese legal;
IV - o juiz acolher a alegação de decadência ou prescrição da pretensão do autor.
Parágrafo único. A indenização será liquidada nos autos em que a medida tiver sido concedida, sempre
que possível.

CAPÍTULO II
DO PROCEDIMENTO DA TUTELA ANTECIPADA REQUERIDA EM CARÁTER ANTECEDENTE

Art. 303. Nos casos em que a urgência for contemporânea à propositura da ação, a petição inicial pode
limitar-se ao requerimento da tutela antecipada e à indicação do pedido de tutela final, com a exposição
da lide, do direito que se busca realizar e do perigo de dano ou do risco ao resultado útil do processo.
§ 1º Concedida a tutela antecipada a que se refere o caput deste artigo:
I - o autor deverá aditar a petição inicial, com a complementação de sua argumentação, a juntada de novos
documentos e a confirmação do pedido de tutela final, em 15 (quinze) dias ou em outro prazo maior que o
juiz fixar;
II - o réu será citado e intimado para a audiência de conciliação ou de mediação na forma do art. 334 ;
III - não havendo autocomposição, o prazo para contestação será contado na forma do art. 335 .
§ 2º Não realizado o aditamento a que se refere o inciso I do § 1º deste artigo, o processo será extinto sem
resolução do mérito.
§ 3º O aditamento a que se refere o inciso I do § 1º deste artigo dar-se-á nos mesmos autos, sem incidência
de novas custas processuais.
§ 4º Na petição inicial a que se refere o caput deste artigo, o autor terá de indicar o valor da causa, que deve
levar em consideração o pedido de tutela final.
§ 5º O autor indicará na petição inicial, ainda, que pretende valer-se do benefício previsto no caput deste
artigo.
§ 6º Caso entenda que não há elementos para a concessão de tutela antecipada, o órgão jurisdicional
determinará a emenda da petição inicial em até 5 (cinco) dias, sob pena de ser indeferida e de o processo
ser extinto sem resolução de mérito.

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Art. 304. A tutela antecipada, concedida nos termos do art. 303 , torna-se estável se da decisão que a
conceder não for interposto o respectivo recurso.
§ 1º No caso previsto no caput, o processo será extinto.
§ 2º Qualquer das partes poderá demandar a outra com o intuito de rever, reformar ou invalidar a tutela
antecipada estabilizada nos termos do caput.
§ 3º A tutela antecipada conservará seus efeitos enquanto não revista, reformada ou invalidada por decisão
de mérito proferida na ação de que trata o § 2º.
§ 4º Qualquer das partes poderá requerer o desarquivamento dos autos em que foi concedida a medida, para
instruir a petição inicial da ação a que se refere o § 2º, prevento o juízo em que a tutela antecipada foi
concedida.
§ 5º O direito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada, previsto no § 2º deste artigo, extingue-
se após 2 (dois) anos, contados da ciência da decisão que extinguiu o processo, nos termos do § 1º.
§ 6º A decisão que concede a tutela não fará coisa julgada, mas a estabilidade dos respectivos efeitos só
será afastada por decisão que a revir, reformar ou invalidar, proferida em ação ajuizada por uma das
partes, nos termos do § 2º deste artigo.

CAPÍTULO III
DO PROCEDIMENTO DA TUTELA CAUTELAR REQUERIDA EM CARÁTER ANTECEDENTE

Art. 305. A petição inicial da ação que visa à prestação de tutela cautelar em caráter antecedente indicará a
lide e seu fundamento, a exposição sumária do direito que se objetiva assegurar e o perigo de dano ou o risco
ao resultado útil do processo.
Parágrafo único. Caso entenda que o pedido a que se refere o caput tem natureza antecipada, o juiz
observará o disposto no art. 303 .

Art. 306. O réu será citado para, no prazo de 5 (cinco) dias, contestar o pedido e indicar as provas que
pretende produzir.

Art. 307. Não sendo contestado o pedido, os fatos alegados pelo autor presumir-se-ão aceitos pelo réu
como ocorridos, caso em que o juiz decidirá dentro de 5 (cinco) dias.
Parágrafo único. Contestado o pedido no prazo legal, observar-se-á o procedimento comum.

Art. 308. Efetivada a tutela cautelar, o pedido principal terá de ser formulado pelo autor no prazo de 30
(trinta) dias, caso em que será apresentado nos mesmos autos em que deduzido o pedido de tutela
cautelar, não dependendo do adiantamento de novas custas processuais.
§ 1º O pedido principal pode ser formulado conjuntamente com o pedido de tutela cautelar.
§ 2º A causa de pedir poderá ser aditada no momento de formulação do pedido principal.
§ 3º Apresentado o pedido principal, as partes serão intimadas para a audiência de conciliação ou de
mediação, na forma do art. 334 , por seus advogados ou pessoalmente, sem necessidade de nova citação do
réu.
§ 4º Não havendo autocomposição, o prazo para contestação será contado na forma do art. 335 .

Art. 309. Cessa a eficácia da tutela concedida em caráter antecedente, se:


I - o autor não deduzir o pedido principal no prazo legal;
II - não for efetivada dentro de 30 (trinta) dias;
III - o juiz julgar improcedente o pedido principal formulado pelo autor ou extinguir o processo sem
resolução de mérito.
Parágrafo único. Se por qualquer motivo cessar a eficácia da tutela cautelar, é vedado à parte renovar o
pedido, salvo sob novo fundamento.

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Art. 310. O indeferimento da tutela cautelar não obsta a que a parte formule o pedido principal, nem influi
no julgamento desse, salvo se o motivo do indeferimento for o reconhecimento de decadência ou de
prescrição.

TÍTULO III
DA TUTELA DA EVIDÊNCIA

Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou
de risco ao resultado útil do processo, quando:
I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte;
II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em
julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante;
III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de depósito,
caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa;
IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor,
a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável.
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir liminarmente.

#NÃOCONFUNDA
TUTELA ANTECIPADA TUTELA CAUTELAR
Só no processo de conhecimento. Qualquer processo (conhecimento e
execução/cumprimento de sentença)
É satisfativa - gera satisfação fática antes do fim do É garantidora ou assecuratória: visa garantir a
processo - permitindo à parte usufruir de efeitos utilidade ou a efetividade do processo.
práticos do provável provimento final.
Exige risco de dano à parte. Exige risco de dano ao processo (efetividade ou
utilidade)
É medida de apoio à parte. É medida de apoio ao processo
Segundo a doutrina, baseada em interpretação Poder geral de cautela: no processo o juiz pode/deve
sistemática, exige requerimento da parte, ou seja, determinar qualquer medida para garantir a utilidade
não pode ser concedida de ofício. do processo.

#SELIGANAJURIS: A contagem do prazo de 30 (trinta) dias previsto no art. 308 do CPC/2015 para formulação
do pedido principal se inicia na data em que for totalmente efetivada a tutela cautelar.
STJ. 3ª Turma. REsp 1954457-GO, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 9/11/2021 (Info 718).
#OLHAOGANCHO: O CPC/2015, seguindo a mesma linha do CPC/1973, adotou a teoria do risco-proveito, ao
estabelecer que o beneficiado com o deferimento da tutela provisória deverá arcar com os prejuízos
causados à parte adversa, sempre que: i) a sentença lhe for desfavorável; ii) a parte requerente não fornecer
meios para a citação do requerido no prazo de 5 dias, caso a tutela seja deferida liminarmente; iii) ocorrer a
cessação da eficácia da medida em qualquer hipótese legal; ou iv) o juiz acolher a decadência ou prescrição
da pretensão do autor (art. 302).
Em relação à forma de se buscar o ressarcimento dos prejuízos advindos com o deferimento da tutela
provisória, o parágrafo único do art. 302 do CPC/2015 é claro ao estabelecer que “a indenização será
liquidada nos autos em que a medida tiver sido concedida, sempre que possível”, dispensando-se, assim, o
ajuizamento de ação autônoma para esse fim.
A obrigação de indenizar a parte adversa dos prejuízos advindos com o deferimento da tutela provisória
posteriormente revogada é decorrência ex lege da sentença de improcedência ou de extinção do feito sem
resolução de mérito, como no caso, sendo dispensável, portanto, pronunciamento judicial a esse respeito,
devendo o respectivo valor ser liquidado nos próprios autos em que a medida tiver sido concedida, em

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obediência, inclusive, aos princípios da celeridade e economia processual. STJ. 3ª Turma. REsp 1770124-SP,
Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 21/05/2019 (Info 649).
A obrigação de indenizar o dano causado pela execução de tutela antecipada posteriormente revogada é
consequência natural da improcedência do pedido, dispensando-se, nessa medida, pronunciamento judicial
que a imponha de forma expressa. Os danos causados a partir da execução de tutela antecipada suscitam
responsabilidade processual objetiva e devem ser integralmente reparados (art. 944 do CC/02) após
apurados em procedimento de liquidação levado a efeito nos próprios autos. STJ. 3ª Turma. REsp
1780410/SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Rel. p/ Acórdão Min. Moura Ribeiro, julgado em
23/02/2021.

ESTABILIZAÇÃO DA TUTELA PROVISÓRIA SATISFATIVA

PRESSUPOSTOS PARA A ESTABILIZAÇÃO DA TUTELA PROVISÓRIA SATISFATIVA

Somente a tutela provisória satisfativa antecedente tem


REQUERIMENTO DO AUTOR NA
aptidão para estabilizar-se nos termos do art. 304.
PETIÇÃO INICIAL
Deve haver requerimento expresso nesse sentido.

Em outras palavras: o réu precisa saber de antemão a intenção


do autor. Se o autor expressamente declara a sua opção pelo
benefício do art. 303, subentende-se que ele estará satisfeito
AUSÊNCIA DE REQUERIMENTO, NA
com a estabilização da tutela antecipada, caso ela ocorra. Isto
PETIÇÃO INICIAL, NO SENTIDO DE
porque o réu pode, confiando na estabilização, simplesmente
DAR PROSSEGUIMENTO AO
aceitar a decisão antecipatória, pois permanecendo inerte terá
PROCESSO APÓS EVENTUAL DECISÃO
a vantagem da redução do custo do processo. É um estímulo
CONCESSIVA DA TUTELA
para que o réu não reaja já que, ainda que a tutela se estabilize
nos termos do art. 304, poderá ser reformada ou invalidada por
ação autônoma.

Somente os efeitos da decisão positiva podem tornar-se


estáveis. Não há necessidade de que a decisão tenha sido
A PROLAÇÃO DE UM DECISÃO
proferida liminarmente.
CONCESSIVA DA TUTELA
O que importa é que a decisão ocorra antes de o autor aditar a
SATISFATIVA ANTECEDENTE
inicial para complementar a sua causa de pedir e formular o seu
pedido definitivo (art. 303, §1º).

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Ou seja, ausência de impugnação do réu, litisconsorte passivo


ou assistente simples.
É necessário que não tenha havido qualquer tipo de
impugnação.
Obs.: a inércia que enseja a estabilização não depende da
ocorrência da revelia.

Não há estabilização quando:


INÉRCIA DO RÉU - O réu inerte foi citado/intimado por edital ou por hora certa, se
estiver preso ou for incapaz sem representante ou em conflito
com ele (art. 72). Nesses casos, será necessária a designação de
curador especial, e este terá o dever de promover sua defesa,
impugnando a tutela concedida.
- A despeito da inércia do réu, a demanda for devidamente
respondida e a tutela antecipada concedida antecedentemente
for questionada por quem se apresente como assistente simples
do réu ou por litisconsorte cujos fundamentos de defesa
aproveitem também o réu inerte.

Divergência: Como interpretar a palavra “recurso” prevista no art. 304 do CPC? Em outras palavras, a mera
contestação é suficiente para impedir a estabilização?

Para a 3ª Turma do STJ: SIM. A leitura que deve ser feita do dispositivo legal, tomando como base uma
interpretação sistemática e teleológica do instituto, é que a estabilização somente ocorrerá se não houver
qualquer tipo de impugnação pela parte contrária, sob pena de se estimular a interposição de agravos de
instrumento, sobrecarregando desnecessariamente os Tribunais, além do ajuizamento da ação autônoma,
prevista no art. 304, § 2º, do CPC/2015, a fim de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada estabilizada.
No caso concreto analisado pelo STJ, a empresa ré não interpôs agravo de instrumento contra a decisão que
deferiu o pedido de antecipação dos efeitos da tutela requerida em caráter antecedente, mas apresentou
contestação, na qual pleiteou, inclusive, a revogação da tutela provisória concedida. Diante disso, o Tribunal
considerou que não houve a estabilização da tutela antecipada, devendo, por isso, o feito prosseguir
normalmente até a prolação da sentença. A ideia central do instituto é que, após a concessão da tutela
antecipada em caráter antecedente, nem o autor nem o réu tenham interesse no prosseguimento do feito,
isto é, não queiram uma decisão com cognição exauriente do Poder Judiciário, apta a produzir coisa julgada
material. Por essa razão, é que, apesar de o caput do art. 304 do CPC/2015 falar em “recurso”, a leitura que
deve ser feita do dispositivo legal, tomando como base uma interpretação sistemática e teleológica do
instituto, é que a estabilização somente ocorrerá se não houver qualquer tipo de impugnação pela parte
contrária. Logo, a interpretação da palavra “recurso” deve ser de maneira sistemática e teleológica, de modo
que há requisitos cumulativos para o cabimento da estabilização da tutela deferida em caráter antecedente:
i) a não interposição de agravo de instrumento; e ii) a não apresentação de contestação. STJ. 3ª Turma. REsp
1760966-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 04/12/2018 (Info 639).
Para a 1ª Turma do STJ: NÃO. A não utilização da via própria – agravo de instrumento – para a impugnação
da decisão mediante a qual deferida a antecipação da tutela em caráter antecedente, tornaria preclusa a
possibilidade de revisão, excepcionando a utilização da ação autônoma prevista no art. 304, § 2º, do
CPC/2015. Desconsiderou-se o argumento de que a estabilidade apenas seria alcançada caso não houvesse
nenhuma resistência (ex: apresentação de contestação), pois caracterizaria o alargamento da hipótese
prevista na lei, podendo acarretar um esvaziamento do instituto da estabilização e a inobservância
da preclusão. Isso porque, embora a apresentação de contestação tenha o condão de demonstrar a
resistência em relação à tutela exauriente (mérito do processo principal), tal ato processual não se revelaria

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capaz de evitar que a decisão proferida em cognição sumária seja alcançada pela preclusão, considerando
que os meios de defesa da parte ré estão arrolados na lei, cada qual com sua finalidade específica, não se
revelando coerente a utilização de meio processual diverso para evitar a estabilização, porque os institutos
envolvidos – agravo de instrumento e contestação – são inconfundíveis. Ademais, a interpretação ampliada
da palavra “recurso” caracterizaria indevida extrapolação da função jurisdicional, já que durante a tramitação
legislativa do Novo CPC, houve modificação de uma impugnação mais genérica por um termo mais restritivo.
Assim, deve-se fazer uma interpretação restritiva da palavra “recurso”, não podendo a mera contestação
impedir os efeitos da estabilização. STJ. 1ª Turma. REsp 1797365-RS, Red. acórdão Min(a). Regina Helena
Costa, julgado em 03/10/2019 (Info 658).

12. Petição inicial. Requisitos. Juízo de Admissibilidade. Audiência de conciliação e mediação. Defesa do réu.
Contestação e reconvenção. Providências preliminares. Julgamento conforme o estado do processo.
Audiência de saneamento e organização do processo.
13. Provas. Objeto, fonte e meios. Prova atípica e prova ilícita. Ônus da prova. Antecipação da prova. Provas
em espécie e sua produção. Audiência de instrução e julgamento.
14. Sentença. Elementos e requisitos. Vícios das sentenças. Coisa julgada formal e material. Limites
subjetivos, objetivos e cronológicos. Eficácia preclusiva da coisa julgada. Coisa julgada e resolução de questão
prejudicial. Relativização da coisa julgada.

HIPÓTESES DE INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL

Art. 330. A petição inicial será indeferida quando:


I - For inepta;
II - A parte for manifestamente ilegítima;
III - o autor carecer de interesse processual;
IV - Não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321 .
§ 1º Considera-se inepta a petição inicial quando:
I - Lhe faltar pedido ou causa de pedir;
II - O pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido genérico;
III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;
IV - Contiver pedidos incompatíveis entre si.
§ 2º Nas ações que tenham por objeto a revisão de obrigação decorrente de empréstimo, de financiamento
ou de alienação de bens, o autor terá de, sob pena de inépcia, discriminar na petição inicial, dentre as
obrigações contratuais, aquelas que pretende controverter, além de quantificar o valor incontroverso do
débito.
§ 3º Na hipótese do § 2º, o valor incontroverso deverá continuar a ser pago no tempo e modo contratados.

#ATENÇÃO Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de 5 (cinco) dias,
retratar-se. Se não houver retratação, o juiz mandará citar o réu para responder ao recurso.

#DEOLHONAJURIS #SAINDODOFORNO
Se o réu falecer antes do ajuizamento da ação, não havendo citação válida, deve ser facultada ao autor a
emenda à petição inicial, para incluir no polo passivo o espólio ou os herdeiros. Se o réu falecer antes do
ajuizamento da ação, não havendo citação válida, deve ser facultada ao autor a emenda à petição inicial,
para incluir no polo passivo o espólio ou os herdeiros, nos termos do art. 329, I, do CPC/2015 (Art. 329. O
autor poderá: I - até a citação, aditar ou alterar o pedido ou a causa de pedir, independentemente de
consentimento do réu). Caso concreto: em 27/06/2011, o banco ajuizou ação monitória contra João. O juiz
recebeu a petição inicial e determinou a citação. O Oficial de Justiça deixou de citar o requerido porque,
segundo informações da viúva, ele teria falecido em 16/02/2001. À vista dessa certidão, o autor requereu a

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substituição do polo passivo da demanda para espólio de João. STJ. 4ª Turma. REsp 2.025.757-SE, Rel. Min.
Antonio Carlos Ferreira, julgado em 2/5/2023 (Info 775).

IMPROCEDÊNCIA LIMINAR DO PEDIDO

Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da citação do réu, julgará
liminarmente improcedente o pedido que contrariar:
I - Enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça;
II - Acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de
recursos repetitivos;
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de
competência;
IV - Enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.
§ 1º O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar, desde logo, a ocorrência
de decadência ou de prescrição.
§ 2º Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença, nos termos do art.
241.
§ 3º Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias.
§ 4º Se houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento do processo, com a citação do réu, e, se não
houver retratação, determinará a citação do réu para apresentar contrarrazões, no prazo de 15 (quinze) dias.

Quando há dispensa da fase instrutória


Independe de citação do réu
Cabe Apelação
Cabe juízo de retratação
Hipóteses:
a) Pedido contrário à Súmula do STF/STJ
IMPROCEDÊNCIA
b) Pedido contrário a julgamento de recurso repetitivo pelo STF/STJ
LIMINAR DO
c) Pedido contrário ao entendimento firmado em IRDR
PEDIDO
d) Pedido contrário ao entendimento firmado em IAC
e) Pedido contrário à súmula do TJ local
f) Prescrição
g) Decadência
h) Pedido contrário à decisão do STF em controle concentrado de constitucionalidade
i) Pedido contrário à súmula vinculante

JULGAMENTO ANTECIPADO PARCIAL DO MÉRITO

Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais dos pedidos formulados ou parcela deles:
I - mostrar-se incontroverso;
II - estiver em condições de imediato julgamento, nos termos do art. 355 .
§ 1º A decisão que julgar parcialmente o mérito poderá reconhecer a existência de obrigação líquida ou
ilíquida.
§ 2º A parte poderá liquidar ou executar, desde logo, a obrigação reconhecida na decisão que julgar
parcialmente o mérito, independentemente de caução, ainda que haja recurso contra essa interposto.
§ 3º Na hipótese do § 2º, se houver trânsito em julgado da decisão, a execução será definitiva.
§ 4º A liquidação e o cumprimento da decisão que julgar parcialmente o mérito poderão ser processados em
autos suplementares, a requerimento da parte ou a critério do juiz.
§ 5º A decisão proferida com base neste artigo é impugnável por agravo de instrumento.

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Nesse caso, não haverá sentença de improcedência liminar, mas decisão interlocutória de improcedência
liminar, contra a qual caberá agravo de instrumento.

#ATENÇÃO: é cabível a ação rescisória do julgamento antecipado e parcial do mérito e o prazo dessa ação
rescisória não conta do trânsito em julgado dessa decisão e sim do trânsito em julgado apenas da apreciação
total do pedido (última decisão proferida no processo), independentemente se o pedido foi parcialmente
apreciado por decisão interlocutória anos antes ou somente na sentença definitiva

CUMULAÇÃO DE PEDIDOS

Art. 326, do CPC. É lícito formular mais de um pedido em ordem subsidiária, a fim de que o juiz conheça do
posterior, quando não acolher o anterior.
Parágrafo único. É lícito formular mais de um pedido, alternativamente, para que o juiz acolha um deles.

Art. 327. É lícita a cumulação, em um único processo, contra o mesmo réu, de vários pedidos, ainda que entre
eles não haja conexão.
§ 1º São requisitos de admissibilidade da cumulação que:
I - os pedidos sejam compatíveis entre si;
II - seja competente para conhecer deles o mesmo juízo;
III - seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento.
§ 2º Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento, será admitida a cumulação se o
autor empregar o procedimento comum, sem prejuízo do emprego das técnicas processuais diferenciadas
previstas nos procedimentos especiais a que se sujeitam um ou mais pedidos cumulados, que não forem
incompatíveis com as disposições sobre o procedimento comum.
§ 3º O inciso I do § 1º não se aplica às cumulações de pedidos de que trata o art. 326.

#SELIGA: AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIVÓRCIO.


ALIMENTOS. FILHA MAIOR DE IDADE. LEGITIMIDADE ATIVA. PEDIDOS. CUMULAÇÃO. POSSIBILIDADE.
SÚMULA Nº 568/STJ. ART. 538 DO CPC/1973. MULTA. CABIMENTO. 1. Recurso especial interposto contra
acórdão publicado na vigência do Código de Processo Civil de 1973 (Enunciados Administrativos n.º 2 e 3/STJ).
2. A filha maior de idade tem legitimidade ativa para postular alimentos do seu genitor.
3. A obrigação alimentar do pai em relação aos filhos não cessa automaticamente com o advento da
maioridade, a partir da qual subsiste o dever de assistência fundada no parentesco sanguíneo, devendo ser
dada a oportunidade ao alimentando de comprovar a impossibilidade de prover a própria subsistência ou a
necessidade da pensão por frequentar curso técnico ou universitário. Precedentes.
4. Esta Corte admite a cumulação de pedidos, desde que sejam compatíveis, que o mesmo juiz seja
competente para a sua apreciação e que, em caso de procedimento diverso para cada um, seja adotado o
procedimento ordinário. 5. Não escapa a parte recorrente da imposição da multa de que trata o parágrafo
único do art. 538 do Código de Processo Civil de 1973 ante a oposição de declaratórios de caráter
manifestamente protelatório.
6. Agravo interno não provido.
(AgInt no AREsp 970.461/RS, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em
27/02/2018, DJe 08/03/2018)

PROVAS

Art. 369. As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos,
ainda que não especificados neste Código, para provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a
defesa e influir eficazmente na convicção do juiz.

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Art. 370. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas necessárias ao
julgamento do mérito.
Parágrafo único. O juiz indeferirá, em decisão fundamentada, as diligências inúteis ou meramente
protelatórias.

Art. 371. O juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do sujeito que a tiver promovido,
e indicará na decisão as razões da formação de seu convencimento.

Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em outro processo, atribuindo-lhe o valor que
considerar adequado, observado o contraditório.

Art. 373. O ônus da prova incumbe:


I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.
§ 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à
excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova
do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão
fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi
atribuído.
§ 2º A decisão prevista no § 1º deste artigo não pode gerar situação em que a desincumbência do encargo
pela parte seja impossível ou excessivamente difícil.
§ 3º A distribuição diversa do ônus da prova também pode ocorrer por convenção das partes, salvo quando:
I - recair sobre direito indisponível da parte;
II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito.
§ 4º A convenção de que trata o § 3º pode ser celebrada antes ou durante o processo.

Art. 374. Não dependem de prova os fatos:


I - notórios;
II - afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária;
III - admitidos no processo como incontroversos;
IV - em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade.

Art. 375. O juiz aplicará as regras de experiência comum subministradas pela observação do que
ordinariamente acontece e, ainda, as regras de experiência técnica, ressalvado, quanto a estas, o exame
pericial.

Art. 376. A parte que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário provar-lhe-á o teor e
a vigência, se assim o juiz determinar.

Art. 377. A carta precatória, a carta rogatória e o auxílio direto suspenderão o julgamento da causa no caso
previsto no art. 313, inciso V, alínea “b”, quando, tendo sido requeridos antes da decisão de saneamento, a
prova neles solicitada for imprescindível.
Parágrafo único. A carta precatória e a carta rogatória não devolvidas no prazo ou concedidas sem efeito
suspensivo poderão ser juntadas aos autos a qualquer momento.

INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA DISTRIBUIÇÃO DINÂMICA DO ÔNUS DA PROVA


É uma mudança prévia e abstrata das regras de ônus É uma mudança das regras de ônus da prova que se dá
da prova. no caso concreto, com base na análise de quem está
em melhores condições de produzir a prova.
O juiz não tem ampla liberdade na distribuição do Há uma ingerência mais ampla do juiz na distribuição

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ônus da prova. Não existe a possibilidade de se do ônus da prova entre as partes que permitirá,
inverter o ônus de apenas um fato, por exemplo. inclusive, o exame e a distribuição de cada fato
específico isoladamente.
Ex: art. 6º, VIII, do CDC Ex: hipóteses 2 e 3 do § 1º do art. 373 do CPC (veja
novamente acima).

#JURIS:
O imóvel penhorado para pagamento da dívida deve ser avaliado necessariamente por perícia, não sendo
possível que seu valor seja fixado pelo próprio julgador com base nas regras de experiência comum
previstas no art. 375 do CPC. As regras (ou máximas) da experiência designam um conjunto de juízos que
podem ser formulados pelo homem médio a partir da observação do que normalmente acontece. Reúnem
proposições muito variadas, que vão desde conhecimentos científicos consolidados como o de que corpos
metálicos dilatam no calor até convenções mais ou menos generalizadas, como a de que as praias são mais
frequentadas aos finais de semana.
Muito embora constituam um conhecimento próprio do juiz, não se confundem com o conhecimento pessoal
que ele tem a respeito de algum fato concreto, em relação ao qual, exige-se, de qualquer forma, a produção
de prova específica, sob o crivo do contraditório. Ainda que se possa admitir que o julgador, por conhecer o
mercado imobiliário local e também o imóvel penhorado, pudesse saber o seu real valor, não há como
afirmar que essa seja uma informação de conhecimento público. Logo, não se pode sustentar que o bem
penhorado possa ser avaliado sem produção de prova pericial, pelo próprio julgador, com base no art. 375
do CPC. Em suma: o conhecimento técnico ou científico de juiz sobre determinado mercado imobiliário não
pode ser equiparado às regras de experiência comum previstas no art. 375 do CPC, sendo indispensável a
realização de perícia para avaliar bem imóvel objeto de penhora. STJ. 3ª Turma.REsp 1.786.046-RJ, Rel. Min.
Moura Ribeiro, julgado em 9/5/2023 (Info 774). #SAINDODOFORNO
O art. 382, § 4º, do CPC não pode ser interpretado em sua acepção literal, de modo a obstar qualquer
manifestação da parte adversa no procedimento de antecipação de provas. O § 4º do art. 382 do CPC prevê
que, na ação de produção antecipada de provas, “não se admitirá defesa ou recurso, salvo contra decisão
que indeferir totalmente a produção da prova pleiteada pelo requerente originário.” Eventual restrição legal
a respeito do exercício do direito de defesa da parte não pode, de modo algum, conduzir à intepretação que
elimine, por completo, o contraditório. A vedação legal quanto ao exercício do direito de defesa somente
pode ser interpretada como a proibição de veiculação de determinadas matérias que se afigurem
impertinentes ao procedimento nela regulado. Assim, no âmbito da ação probatória autônoma, é impróprio
ficar discutindo os fatos que a prova supostamente irá demonstrar ou as consequências jurídicas daí
advindas. A vedação contida no § 4º do art. 382 do CPC refere-se a essas matérias, absolutamente
impertinentes ao objeto tratado na ação de produção antecipada de provas. Vale ressaltar, contudo, que a
ação probatória autônoma possui efetivo conflito de interesses em torno da própria prova. A autora da ação
postula o direito à produção da prova e, naturalmente, a parte adversa pode apresentar resistência a esse
pedido. Por conseguinte, o § 4º do art. 382 do CPC - ao estabelecer que, no procedimento de antecipação de
provas, “não se admitirá defesa ou recurso, salvo contra decisão que indeferir totalmente a produção da
prova pleiteada pelo requerente originário” - não pode ser interpretado em sua acepção literal. STJ. 3ª
Turma. REsp 2037088-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 7/3/2023 (Info 767).
Se não há consenso entre as partes a respeito da escolha do perito, o profissional indicado por uma das
partes, mas rejeitado pela outra, não pode realizar a produção da prova como perito do juízo. Os peritos
são escolhidos entre os profissionais legalmente habilitados e os órgãos técnicos ou científicos devidamente
inscritos em cadastro mantido pelo tribunal ao qual o juiz está vinculado. Na localidade onde não houver
inscrito no cadastro disponibilizado pelo tribunal, a nomeação do perito é de livre escolha pelo juiz e deverá
recair sobre profissional ou órgão técnico ou científico comprovadamente detentor do conhecimento
necessário à realização da perícia.
As partes podem, de comum acordo, escolher o perito, mediante requerimento dirigido ao magistrado, desde
que sejam plenamente capazes e a causa admitir autocomposição. Inexistindo consenso entre os litigantes,

217
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o profissional indicado por uma das partes e rejeitado por outra não pode realizar a prova pericial nos autos.
STJ. 3ª Turma. REsp 1924452-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 04/10/2022 (Info 755).

SENTENÇA

#SELIGANAJURIS:
A indicação de julgado simples e isolado não ostenta a natureza jurídica de "súmula, jurisprudência ou
precedente" para fins de aplicação do art. 489, § 1º, VI, do CPC [§ 1º Não se considera fundamentada
qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: VI - deixar de seguir enunciado
de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no
caso em julgamento ou a superação do entendimento.]. AREsp 1.267.283-MG, Rel. Min. Gurgel de Faria,
Primeira Turma, por unanimidade, julgado em 27/09/2022, DJe 26/10/2022. (Info 760 - STJ)
O artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal não determina que o órgão judicante se manifeste sobre todos
os argumentos apresentados pelas partes, mas sim que ele explicite as razões que entendeu suficientes à
formação de seu convencimento. STF. Plenário. Ag-RE-AgR 1.374.117-MG. Rel. Min. Presidente Luiz Fux, DJE
27/05/2022.

SENTENÇA TERMINATIVA SENTENÇA DEFINITIVA


- Extingue o feito sem resolução de mérito (art. 485, - Extingue o feito com resolução de mérito (art. 487,
do CPC) do CPC)
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:
I - indeferir a petição inicial; I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou
II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) na reconvenção;
ano por negligência das partes; II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a
III - por não promover os atos e as diligências que ocorrência de decadência ou prescrição;
lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais III - homologar:
de 30 (trinta) dias; a) o reconhecimento da procedência do pedido
IV - verificar a ausência de pressupostos de formulado na ação ou na reconvenção;
constituição e de desenvolvimento válido e b) a transação;
regular do processo; c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na
V - reconhecer a existência de perempção, de reconvenção.
litispendência ou de coisa julgada; Parágrafo único. Ressalvada a hipótese do § 1º do art.
VI - verificar ausência de legitimidade ou de 332 , a prescrição e a decadência não serão
interesse processual; reconhecidas sem que antes seja dada às partes
VII - acolher a alegação de existência de convenção oportunidade de manifestar-se.
de arbitragem ou quando o juízo arbitral Art. 488. Desde que possível, o juiz resolverá o mérito
reconhecer sua competência; sempre que a decisão for favorável à parte a quem
VIII - homologar a desistência da ação; aproveitaria eventual pronunciamento nos termos
IX - em caso de morte da parte, a ação for do art. 485 .
considerada intransmissível por disposição legal;
e
X - nos demais casos prescritos neste Código.
§ 1º Nas hipóteses descritas nos incisos II e III, a
parte será intimada pessoalmente para suprir a
falta no prazo de 5 (cinco) dias.
§ 2º No caso do § 1º, quanto ao inciso II, as partes
pagarão proporcionalmente as custas, e, quanto
ao inciso III, o autor será condenado ao
pagamento das despesas e dos honorários de
advogado.

218
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§ 3º O juiz conhecerá de ofício da matéria constante


dos incisos IV, V, VI e IX, em qualquer tempo e
grau de jurisdição, enquanto não ocorrer o
trânsito em julgado.
§ 4º Oferecida a contestação, o autor não poderá,
sem o consentimento do réu, desistir da ação.
§ 5º A desistência da ação pode ser apresentada até
a sentença.
§ 6º Oferecida a contestação, a extinção do processo
por abandono da causa pelo autor depende de
requerimento do réu.
§ 7º Interposta a apelação em qualquer dos casos de
que tratam os incisos deste artigo, o juiz terá 5
(cinco) dias para retratar-se.
Art. 486. O pronunciamento judicial que não resolve
o mérito não obsta a que a parte proponha de
novo a ação.

CLASSIFICAÇÃO DA SENTENÇA:
Sentença Constitutiva É aquela que cria, modifica ou extingue uma relação jurídica.
Aqui, busca-se a existência ou a inexistência, bem como o modo de ser, de uma
Sentença Declaratória
relação jurídica de direito material.
O seu conteúdo, além da indispensável declaração de existência do direito material,
é a imputação ao réu do cumprimento de uma prestação de fazer, não fazer,
Sentença Condenatória
entregar coisa ou pagar quantia certa, com o objetivo de resolver a crise jurídica do
inadimplemento.

É extra petita a decisão que, em ação de reparação de prejuízos supostamente causados pela compensação
e posterior depósito de cheque nominal endossado por quem não tinha poderes para tanto, condena a
instituição financeira ao pagamento do valor das cártulas indevidamente compensadas. A pretensão da
parte autora era a restituição dos prejuízos resultantes da desídia imputada à instituição financeira
demandada ao deixar de conferir a regularidade de endossos lançados em cheques por ela compensados,
equivalente aos valores despendidos para pôr fim às demandas judiciais contra ela ajuizadas pelos emitentes
das cártulas. Contudo, o órgão julgador condenou o banco ao pagamento de valores referentes às cártulas
indevidamente compensadas.Ao assim decidir, concedeu providência jurisdicional diversa da requerida, em
flagrante desrespeito ao princípio da congruência. STJ. 3ª Turma. REsp 2.035.370-DF, Rel. Min. Ricardo Villas
Bôas Cueva, julgado em 18/4/2023 (Info 771).

- Reexame Necessário

Art. 495. (...) § 3º Não se aplica o disposto neste artigo quando a condenação ou o proveito econômico obtido
na causa for de valor certo e líquido inferior a:
I - 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e as respectivas autarquias e fundações de direito público;
II - 500 (quinhentos) salários-mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as respectivas autarquias e
fundações
de direito público e os Municípios que constituam capitais dos Estados;
III - 100 (cem) salários-mínimos para todos os demais Municípios e respectivas autarquias e fundações de
direito
público.
§ 4º Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em:

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I - súmula de tribunal superior;


II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de
recursos repetitivos;
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de
competência;
IV - entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito administrativo do próprio ente
público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa.

COISA JULGADA

EFEITOS DA COISA JULGADA


primeiro efeito da coisa julgada é o efeito negativo, responsável por
EFEITO NEGATIVO impedir/proibir nova decisão sobre a matéria já examinada e consolidada.
É o mais óbvio.
o efeito positivo da coisa julgada é o de impor que o juiz de um segundo
EFEITO POSITIVO processo, que tenha a coisa julgada como fundamento, leve-a em
consideração
segundo este efeito, com a coisa julgada, tudo aquilo que a parte poderia ter
deduzido, mas não o fez, considera-se deduzido e repelido. A alegação não
EFEITO PRECLUSIVO
deduzida, após a coisa julgada, se equipara ao desprovimento judicial do
feito

MODOS DE PRODUÇÃO DA COISA JULGADA


é a coisa julgada que surge qualquer que tenha sido o resultado da causa,
PRO ET CONTRA
seja ela favorável ou desfavorável. É a regra geral no sistema.
é o oposto da coisa julgada pro et contra; é aquela que somente ocorre
mediante a verificação de um dos resultados da causa. Não há exemplo no
processo civil brasileiro, pois violaria a igualdade.

É o regime adotado no sistema processual penal, afinal, a sentença


condenatória criminal pode ser revista a qualquer tempo, diferentemente
da absolutória.
SECUNDUM EVENTUM LITIS
Obs.: Coisa julgada secundum eventum litis x extensão secundum eventum
litis da coisa julgada: Não se deve confundir coisa julgada secundum
eventum litis com extensão secundum eventum litis da coisa julgada. A
extensão secundum eventum litis da coisa julgada estende os efeitos
benéficos/favoráveis da coisa julgada a indivíduos que não integram o
processo. Ex.: coisa julgada coletiva, extensiva ao plano individual se
favorável.
é a coisa julgada que não se forma se a sentença for pela improcedência
por falta de provas. Em outras palavras, sendo o fundamento da sentença
SECUNDUM EVENTUM
de improcedência for a falta de provas, não há coisa julgada. Ex.1: pedido
PROBATIONIS
coletivo julgado improcedente por falta de prova. Ex.2: regime da coisa
julgada no mandado de segurança

#DEOLHONAJURIS
Configura violação à coisa julgada o imediato cumprimento de sentença, quando o título judicial transitado
em julgado determina a apuração dos danos materiais sofridos pela parte em liquidação de sentença e esta

220
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não apresenta documentação apta a comprovar a liquidez da dívida. STJ. 4ª Turma. AREsp 1832357-DF, Rel.
Min. Marco Buzzi, Rel. Acd. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 23/08/2022 (Info 749).
A eficácia preclusiva da coisa julgada impede a apreciação de questões deduzidas e dedutíveis, ainda que não
tenham sido examinadas, desde que atinentes à mesma causa de pedir. REsp 1.989.143-PB, Rel. Ministra
Maria Isabel Gallotti, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 6/12/2022. (Info 761 - STJ)
Não faz coisa julgada sobre a integralidade da relação jurídica o pronunciamento judicial que aprecia relações
de trato continuado que sofrem modificações de ordem fática e jurídica no tempo. REsp 2.027.650-DF, Rel.
Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 25/10/2022, DJe
28/10/2022. (Info 759 - STJ)
É incabível a repropositura de cumprimento de sentença de parcela de mesmo crédito que não foi cobrado
anteriormente em observância à coisa julgada impeditiva de nova demanda. REsp 1.778.638-MA, Rel. Min.
Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 02/08/2022, DJe 07/11/2022. (Info 758 -
STJ)
#IMPORTANTE Nos casos em que já executado o título formado na primeira coisa julgada, ou se iniciada sua
execução, deve prevalecer a primeira coisa julgada em detrimento daquela formada em momento posterior.
AgInt nos EDcl no REsp 1.930.955-ES, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, por unanimidade,
julgado em 08/03/2022.

15. Recursos. Princípios gerais. Pressupostos de admissibilidade. Efeitos. Ações autônomas de impugnação.
Ação rescisória. Reclamação.
16. Recursos em espécie: apelação, agravo de instrumento, embargos de declaração, recursos extraordinário
e especial, embargos de divergência, agravo interno. Julgamento estendido em caso de divergência.
17. Precedentes judiciais. Incidente de resolução de demandas repetitivas. Julgamento de recursos
repetitivos nos tribunais superiores. Assunção de competência. Súmula Vinculante. Controle concentrado de
constitucionalidade.

PRECEDENTES

- PRECEDENTES OBRIGATÓRIOS

Princípios consagrados pela adoção de um sistema de precedentes obrigatórios:


1) Promove a igualdade.
2) Promove a confiança, o direito tem que ser previsível. Segurança jurídica evita, inclusive, que as pessoas
recorram ao judiciário. A previsibilidade evita demandas temerárias o que, em última instancia, acelera o
processo.
3) Aceleração do processo diante da simplificação da controvérsia.
4) Dá racionalidade ao direito. Isso porque o direito não fica submetido ao voluntarismo de cada juiz.

- DISTINGUISHING E OVERRULING

* DISTINGUISHING
Ocorre quando o caso concreto em julgamento apresenta particularidades que não permitem aplicar
adequadamente a jurisprudência do tribunal pacificada em um precedente normativo. É, portanto, a não
adoção de um precedente normativo pelo julgador, em razão de o caso concreto possuir certas
peculiaridades que permitem ao magistrado excepcionar a tese fixada pela jurisprudência, de forma a
restringir sua aplicação ou afastá-la completamente.

#ATENÇÃO: Percebam que o juízo de distinção não é um juízo que revoga o precedente. Ao distinguir, o juiz
não está negando a tese, apenas dizendo que a tese não se aplica ao caso.

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A distinção assume duas acepções:

1) Método. Método de confronto entre um caso e um precedente. Proceder a distinção é proceder a um


confronto entre o caso e o precedente.
2) Distinção-Resultado. É o resultado que se chega a partir do confronto. Percebe-se que o precedente se
distingue e, portanto, não se aplica.

* OVERRULING
É a superação de um precedente normativo, sendo considerado pela doutrina a “essência do sistema de
precedentes”. Afinal, a jurisprudência estável não é eterna, podendo ser superada se existem razões para
isso. Afinal, as mudanças são justificadas e necessárias à evolução do Direito e da sociedade.
Vejamos algumas regras básicas:
• Só pode revogar o precedente o Tribunal que o originou.
• Não se admite em hipótese nenhuma a superação implícita, consistente na alteração judicial sem
diálogo com o passado, arbitrária (art. 927, §4o, NCPC).
• Devem-se expor os motivos que justificam a superação, como a alteração na percepção social.
Geralmente os precedentes que sofrem maior número de superações são aqueles relacionados à moralidade.
• Caso sobrevenha lei ou emenda constitucional contrário ao precedente, ele deixa de ser aplicado. Esse
fenômeno ocorreu com algumas súmulas após o advento do NCPC.
• Transformação no modo de ver o Direito.

#SELIGA: O Tribunal ainda pode fazer o que se chama de “julgamento alerta”, sendo aquele em que não há
superação, tão somente aviso do que está para ser superado. Nesse caso, há aviso que a quebra de confiança
está por ocorrer. Trata-se de obiter dictum.

TÉCNICA DE JULGAMENTO AMPLIADA OU TÉCNICA DE AMPLIAÇÃO DE COLEGIADO

Art. 942. Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá prosseguimento em sessão a
ser designada com a presença de outros julgadores, que serão convocados nos termos previamente definidos
no regimento interno, em número suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial,
assegurado às partes e a eventuais terceiros o direito de sustentar oralmente suas razões perante os novos
julgadores.
§ 1º Sendo possível, o prosseguimento do julgamento dar-se-á na mesma sessão, colhendo-se os votos de
outros julgadores que porventura componham o órgão colegiado.
§ 2º Os julgadores que já tiverem votado poderão rever seus votos por ocasião do prosseguimento do
julgamento.
§ 3º A técnica de julgamento prevista neste artigo aplica-se, igualmente, ao julgamento não unânime
proferido em:
I - ação rescisória, quando o resultado for a rescisão da sentença, devendo, nesse caso, seu prosseguimento
ocorrer em órgão de maior composição previsto no regimento interno;
II - agravo de instrumento, quando houver reforma da decisão que julgar parcialmente o mérito.
§ 4º Não se aplica o disposto neste artigo ao julgamento:
I - do incidente de assunção de competência e ao de resolução de demandas repetitivas;
II - da remessa necessária;
III - não unânime proferido, nos tribunais, pelo plenário ou pela corte especial.

A TÉCNICA DO ART. 942 DO CPC É APLICADA EM CASO DE ACÓRDÃOS NÃO UNÂNIMES (POR MAIORIA)
PROFERIDOS EM:

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APELAÇÃO AGRAVO DE INSTRUMENTO AÇÃO RESCISÓRIA


Não importa se o Tribunal Somente se o Tribunal reformou Se o resultado do acórdão for a
manteve ou reformou a decisão que julgou parcialmente rescisão da sentença.
sentença. Basta que o acórdão o mérito.
tenha sido por maioria.

#DEOLHONAJURIS: A técnica de julgamento ampliado do art. 942 do CPC aplica-se aos aclaratórios opostos
ao acórdão de apelação quando o voto vencido nascido apenas nos embargos for suficiente para alterar o
resultado inicial do julgamento, independentemente do desfecho não unânime dos declaratórios (se
rejeitados ou se acolhidos, com ou sem efeito modificativo). STJ. 3ª Turma. REsp 1786158-PR, Rel. Min. Nancy
Andrighi, Rel. Acd. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 25/08/2020 (Info 678). Deve ser aplicada a técnica
de julgamento ampliado nos embargos de declaração toda vez que o voto divergente possua aptidão para
alterar o resultado unânime do acórdão de apelação. STJ. 4ª Turma. REsp 1910317-PE, Rel. Min. Antônio
Carlos Ferreira, julgado em 02/03/2021 (Info 687).
O julgamento dos embargos de declaração, quando opostos contra acórdão proferido pelo órgão em
composição ampliada, deve observar o mesmo quórum (ampliado), sob pena de o entendimento lançado,
antes minoritário, poder sagrar-se vencedor. Processo em segredo de Justiça, Rel. Ministro Paulo de Tarso
Sanseverino, Terceira Turma, por maioria, julgado em 7/3/2023. (Info 766 - STJ)

TÉCNICA DE AMPLIAÇÃO DO COLEGIADO


APLICA-SE NÃO SE APLICA
Apelação IAC
Ação rescisória, quando for rescindir a sentença IRDR
Agravo de instrumento, quando houver reforma da
Remessa necessária
decisão parcial de mérito
Não unânime proferido, nos Tribunais, pelo Pleno ou
Apelação interposta em MS (JDPC62)
Corte Especial
Não unânime proferido dos Juizados (FPPC599)
Rescisão parcial do julgado (JDPC63) Embargos infringentes pendentes ao tempo do início
da vigência do CPC (FPPC466)

INCIDENTE DE ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA

O incidente de assunção de competência é um instrumento por meio do qual se percebe que determinado
processo que chegou ao Tribunal possui grande repercussão social e, em razão disso, o relator deste processo
propõe que o julgamento deste feito seja realizado não pelo órgão julgador que normalmente seria
competente, mas sim por órgão julgador “maior” previsto no Regimento Interno.

Art. 947, do CPC. É admissível a assunção de competência quando o julgamento de recurso, de remessa
necessária ou de processo de competência originária envolver relevante questão de direito, com grande
repercussão social, sem repetição em múltiplos processos.
§ 1º Ocorrendo a hipótese de assunção de competência, o relator proporá, de ofício ou a requerimento da
parte, do Ministério Público ou da Defensoria Pública, que seja o recurso, a remessa necessária ou o processo
de competência originária julgado pelo órgão colegiado que o regimento indicar.
§ 2º O órgão colegiado julgará o recurso, a remessa necessária ou o processo de competência originária se
reconhecer interesse público na assunção de competência.
§ 3º O acórdão proferido em assunção de competência vinculará todos os juízes e órgãos fracionários, exceto
se houver revisão de tese.
§ 4º Aplica-se o disposto neste artigo quando ocorrer relevante questão de direito a respeito da qual seja
conveniente a prevenção ou a composição de divergência entre câmaras ou turmas do tribunal.
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INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS

Art. 976, do CPC: É cabível a instauração do incidente de resolução de demandas repetitivas quando houver,
simultaneamente:
I - efetiva repetição de processos que contenham controvérsia sobre a mesma questão unicamente de direito;
II - risco de ofensa à isonomia e à segurança jurídica.
§ 1º A desistência ou o abandono do processo não impede o exame de mérito do incidente.
§ 2º Se não for o requerente, o Ministério Público intervirá obrigatoriamente no incidente e deverá assumir
sua titularidade em caso de desistência ou de abandono.
§ 3º A inadmissão do incidente de resolução de demandas repetitivas por ausência de qualquer de seus
pressupostos de admissibilidade não impede que, uma vez satisfeito o requisito, seja o incidente novamente
suscitado.
§ 4º É incabível o incidente de resolução de demandas repetitivas quando um dos tribunais superiores, no
âmbito de sua respectiva competência, já tiver afetado recurso para definição de tese sobre questão de direito
material ou processual repetitiva.
§ 5º Não serão exigidas custas processuais no incidente de resolução de demandas repetitivas.

Art. 977. O pedido de instauração do incidente será dirigido ao presidente de tribunal:


I - pelo juiz ou relator, por ofício;
II - pelas partes, por petição;
III - pelo Ministério Público ou pela Defensoria Pública, por petição.
Parágrafo único. O ofício ou a petição será instruído com os documentos necessários à demonstração do
preenchimento dos pressupostos para a instauração do incidente.

Art. 978. O julgamento do incidente caberá ao órgão indicado pelo regimento interno dentre aqueles
responsáveis pela uniformização de jurisprudência do tribunal.
Parágrafo único. O órgão colegiado incumbido de julgar o incidente e de fixar a tese jurídica julgará
igualmente o recurso, a remessa necessária ou o processo de competência originária de onde se originou o
incidente.

Art. 979. A instauração e o julgamento do incidente serão sucedidos da mais ampla e específica divulgação
e publicidade, por meio de registro eletrônico no Conselho Nacional de Justiça.
§ 1º Os tribunais manterão banco eletrônico de dados atualizados com informações específicas sobre
questões de direito submetidas ao incidente, comunicando-o imediatamente ao Conselho Nacional de Justiça
para inclusão no cadastro.
§ 2º Para possibilitar a identificação dos processos abrangidos pela decisão do incidente, o registro eletrônico
das teses jurídicas constantes do cadastro conterá, no mínimo, os fundamentos determinantes da decisão e
os dispositivos normativos a ela relacionados.
§ 3º Aplica-se o disposto neste artigo ao julgamento de recursos repetitivos e da repercussão geral em recurso
extraordinário.

Art. 980. O incidente será julgado no prazo de 1 (um) ano e terá preferência sobre os demais feitos,
ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos de habeas corpus.
Parágrafo único. Superado o prazo previsto no caput, cessa a suspensão dos processos prevista no art. 982 ,
salvo decisão fundamentada do relator em sentido contrário.

#RESUMINHO:
Cabimento:

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1) efetiva repetição de processos que contenham controvérsia sobre a mesma questão unicamente de
direito; e
2) risco de ofensa à isonomia e à segurança jurídica.

Há ainda um pressuposto negativo previsto no § 4º do art. 976, que é a inexistência de afetação de recurso
repetitivo pelos tribunais superiores no âmbito de sua respectiva competência para a definição de tese sobre
a questão de direito objeto do IRDR.

Legitimidade:
O pedido de instauração do incidente será dirigido ao presidente de tribunal:
I - pelo juiz ou relator, por meio de ofício;
II - pelas partes, por petição;
III - pelo Ministério Público ou pela Defensoria Pública, por petição.

#SELIGA: O prévio esgotamento das instâncias ordinárias somente é exigido quando a reclamação objetivar
a preservação da competência do STJ e a observância do recurso especial repetitivo. É isso que se extrai do
art. 988, § 5º, II, do CPC que nada fala sobre IAC:
Art. 988 (...)§ 5º É inadmissível a reclamação:(...)II – proposta para garantir a observância de acórdão de
recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida ou de acórdão proferido em julgamento de
recursos extraordinário ou especial repetitivos, quando não esgotadas as instâncias ordinárias.
Caso concreto: juiz federal, em 1ª instâncias, não acolheu o argumento de incompetência invocado pela ré
na contestação. Ocorre que esse argumento de incompetência estava baseado no IAC 5, julgado pelo STJ.
Diante disso, a ré ingressou com reclamação no STJ afirmando que o magistrado descumpriu o IAC 5. O STJ
conheceu do IAC, mesmo o processo estando ainda em 1ª instância, sem sentença, e determinou a remessa
dos autos à Justiça do Trabalho. STJ. 2ª Seção.Rcl 40617-GO, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
24/08/2022 (Info 746).
#OLHAOGANCHO: A decisão de retorno dos autos ao tribunal de origem, a fim de que lá seja exercido o juízo
de conformidade (arts. 1.040 e 1.041 do CPC/15) é irrecorrível, salvo se demonstrado por meio de
requerimento, efetivamente, erro ou equívoco patente. RCD nos EDcl no AgInt no REsp 1.963.580-RJ, Rel.
Ministra Regina Helena Costa, Primeira Turma, por unanimidade, julgado em 6/10/2022, DJe 11/10/2022.
(Info Ed. Esp. 8 - STJ)

RECURSOS

Remédio voluntário idôneo apto a ensejar, dentro do mesmo processo, a reforma, invalidação,
esclarecimento ou integração da decisão judicial.

PRINCÍPIOS:
a. TAXATIVIDADE
b. SINGULARIDADE ou unirrecorribilidade
c. FUNGIBILIDADE
d. VEDAÇÃO DA REFORMA PARA PIOR

EFEITOS DOS RECURSOS


O efeito obstativo está ligado à preclusão temporal e sua relação com a interposição do
EFEITO recurso. A doutrina majoritária entende que a interposição de qualquer recurso impede a
OBSTATIVO geração da preclusão temporal, bem como do trânsito em julgado, que somente vai ocorrer
após o julgamento do recurso.
EFEITO Trata-se da transferência ao órgão “ad quem” do conhecimento de matérias que já tenham
DEVOLUTIVO sido objeto de decisão no juízo “a quo”.

225
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A doutrina entende que todo recurso gera efeito devolutivo. Isso porque a incidência do
efeito devolutivo independe de a competência para analisar o recurso ser de órgão distinto
do recorrido. O essencial aqui é que seja permitida uma nova análise da matéria
anteriormente decidida, pouco importando qual órgão jurisdicional fará tal exame. Na
realidade, o que vai variar em relação ao efeito devolutivo de cada recurso é somente sua
extensão e profundidade.

O efeito devolutivo possui duas dimensões:

A dimensão horizontal é entendida como a extensão da devolução, estabelecida pela


matéria em relação à qual uma nova decisão é pedida, é dizer, aquilo que o recorrente
pretende devolver ao tribunal. O efeito horizontal está previsto no art. 1.013, caput, do CPC.

A dimensão vertical é entendida como a profundidade da devolução. Dessa forma, dentro


daquelas matérias definidas pelo recorrente, o tribunal poderá analisar todos os
fundamentos, questões e alegações relativas àquela matéria, ainda que eles não tenham
sido objeto de recurso pela parte.
O efeito suspensivo diz respeito à impossibilidade de a decisão impugnada gerar efeitos
enquanto não for julgado o recurso interposto.

Nem todo recurso tem efeito suspensivo previsto em lei, mas em todos é possível a sua
EFEITO obtenção no caso concreto, desde que preenchidos determinados requisitos.
SUSPENSIVO
O efeito suspensivo previsto em lei, que de nada depende para ser gerado, é chamado de
efeito suspensivo próprio, enquanto o efeito suspensivo obtido no caso concreto, a
depender do preenchimento de determinados requisitos, é chamado de efeito suspensivo
impróprio.
Por efeito translativo, deve-se entender a possibilidade de o tribunal conhecer
determinadas matérias de ofício no julgamento do recurso. Normalmente é associado às
matérias de ordem pública, mas também se aplica às matérias que, apesar de não serem
propriamente de ordem pública, a própria lei determina que podem ser conhecidas de
ofício (Ex.: prescrição).

No âmbito dos recursos ordinários, é pacífica na jurisprudência a possibilidade de o tribunal


conhecer de ofício a matéria de ordem pública e a prescrição. A grande controvérsia diz
respeito aos recursos excepcionais (recurso especial e extraordinário).
EFEITO
Uma primeira corrente entende que não é possível o reconhecimento de ofício das matérias
TRANSLATIVO
de ordem pública em razão da ausência de prequestionamento de tal matéria, o que
impediria sua análise pelos tribunais superiores. Esse, inclusive, é o entendimento do STF
(AI 823.893-AgR/MG) e do STJ (AgRG no Resp 1.189.824/RS).

Uma segunda corrente entende que o prequestionamento é apenas um requisito especial


de admissibilidade recursal, voltado a admissibilidade do recurso e não ao seu mérito. Em
sendo assim, uma vez preenchidos os requisitos de admissibilidade do recurso, haveria o
conhecimento do recurso, com a consequente possibilidade de análise das matérias de
ordem pública, mesmo que não prequestionadas.
Será gerado o efeito expansivo toda vez que o julgamento do recurso ensejar decisão mais
EFEITO
abrangente do que a matéria impugnada, ou ainda quando atingir sujeitos que não
EXPANSIVO
participaram como partes no recurso, apesar de serem partes na demanda. Na primeira

226
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situação ocorre o chamado efeito expansivo objetivo, o qual pode ser ainda interno ou
externo, a depender da matéria atingida pelo julgamento do recurso estar localizada dentro
ou fora da decisão impugnada. Na segunda situação há o chamado efeito expansivo
subjetivo.
O CPC determina que o julgamento do recurso substituirá a decisão recorrida, nos limites da
impugnação.

A doutrina, contudo, defende que não se deve interpretar o dispositivo de forma literal,
uma vez que a substituição por ele apregoada somente ocorre nos julgamentos de mérito
recursal, e ainda assim a depender do resultado de tal julgamento, não ocorrendo a
substituição em caso de não conhecimento do recurso.
EFEITO
SUBSTITUTIVO No caso de recurso julgado em seu mérito, é preciso analisar o conteúdo da decisão para
saber se há ou não o efeito substitutivo. Sendo a causa de pedir do recurso fundada em
“error in judicando” e o pedido de reforma da decisão, qualquer que seja a decisão de
mérito do recurso haverá a substituição da decisão recorrida. Já nos casos de causa de pedir
composta por “error in procedendo” e sendo o pedido de anulação da decisão, somente
haverá efeito substitutivo no caso de “não provimento” do recurso, porque o provimento
do recurso, ao anular a decisão impugnada, não a substitui, uma vez que uma nova decisão
deverá ser proferida em seu lugar.
Parte da doutrina entende que não se trata de um efeito autônomo, sendo um simples
reflexo do princípio devolutivo.

Cuida-se de efeito que permite que, por via do recurso, a causa volte ao conhecimento do
juízo prolator da decisão.
EFEITO
REGRESSIVO
Trata-se de efeito previsto em todas as espécies de agravo previstas no CPC.

No caso de apelação, o CPC previu três hipóteses desse efeito: no art. 331, caput, na
sentença de indeferimento da petição inicial, no art. 332, §3º, na sentença de
improcedência liminar e no art. 485, §7º.
Ocorre quando o conhecimento do recurso depende de recurso a ser interposto contra
outra decisão ou a mesma decisão.

No primeiro caso, pode-se dar como exemplo a necessidade de a apelação ser conhecida
EFEITO
para que a impugnação da decisão interlocutória não recorrível por agravo de instrumento
DIFERIDO
seja julgada em seu mérito. No segundo caso, ocorre, por exemplo, no caso do uso de
recurso especial e do extraordinário contra o mesmo acórdão, sempre que a análise do
segundo dependa do conhecimento e julgamento do primeiro. Também o recurso adesivo
somente será julgado se o recurso principal for conhecido e julgado em seu mérito.

Os recursos previstos no NCPC são os seguintes:


1. Apelação;
2. Agravo de Instrumento;
3. Agravo Interno;
4. Embargos de Declaração;
5. Recurso Ordinário; Recurso Especial;
6. Recurso Extraordinário;
7. Agravo em Recurso Especial ou Extraordinário;
8. Embargos de Divergência.

227
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#PEGAOGANCHO:Situação adaptada: João impetrou MS na 1ª instância. O juiz julgou procedente o pedido.


O ente público interpôs apelação. O TRF deu provimento à apelação. João não se conformou e quer recorrer.
Qual é o recurso cabível neste caso? Recurso especial (art. 105, III, da CF/88). Não cabe recurso ordinário
(art. 105, II, da CF/88). Não cabe recurso ordinário porque, no caso concreto, o TRF não decidiu o mandado
de segurança em única instância. O TRF decidiu uma apelação (ainda que envolvendo mandado de
segurança).
Não se deve, portanto, confundir:
• se o mandado de segurança foi impetrado diretamente no TJ ou TRF e o Tribunal julgou contra o
impetrante: cabe recurso ordinário para o STJ.
• se o mandado de segurança foi impetrado em 1ª instância e o TJ ou TRF julgou contra o impetrante em
grau de recurso: cabe recurso especial para o STJ.
Vale ressaltar que a jurisprudência do STJ é no sentido de que constitui erro grosseiro interpor recurso
ordinário, em vez de recurso especial, contra acórdão de apelação e remessa necessária em mandado de
segurança.
STJ. 2ª Turma. RMS 66905-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 22/03/2022 (Info 731).

- JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE:
A regra geral é a de que tanto o juízo de admissibilidade quanto o juízo de mérito do recurso são realizados
pelo órgão ad quem.
#SELIGA: AS EXCEÇÕES SÃO: RECURSO ESPECIAL E RECURSO EXTRAORDINÁRIO!

- JUÍZO DE RETRATAÇÃO:
O NCPC enumera diversas hipóteses em que é possível o juízo de retratação:
• Apelação em desfavor da sentença que indefere a petição inicial;
• Apelação contra sentença de improcedência liminar do pedido;
• Apelação contra sentença que extingue o processo sem julgamento de mérito;
• Nos casos de agravo de instrumento;
• Agravo interno;
• Recurso especial e Extraordinário Repetitivos.

- PREPARO RECURSAL:
No ato da interposição do recurso, se a parte não comprova o recolhimento do preparo, inclusive porte de
remessa e retorno, lhe é oportunizada mais uma chance, sendo intimado a recolher o valor devido, porém,
em dobro. Assim, se, devidamente intimado, cumprir a determinação, não haverá deserção.
Outra novidade legislativa é o fato de que não se considera imediata deserção qualquer equívoco observado
no preenchimento da guia de custas. Dessa forma, surgindo dúvida quanto ao recolhimento, o recorrente
será intimado para, no prazo de 05 (cinco) dias, sanar o vício. Também foi dispensado o recolhimento do
porte de remessa e retorno no processo em autos eletrônicos.

#SELIGA POSSIBILIDADE DE DESISTÊNCIA DO RECURSO ESCOLHIDO COMO PARADIGMA PARA FIXAÇÃO DA


TESE:

Art. 998, do CPC. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes,
desistir do recurso. Parágrafo único. A desistência do recurso não impede a análise de questão cuja
repercussão geral já tenha sido reconhecida e daquele objeto de julgamento de recursos extraordinários
ou especiais repetitivos.

APELAÇÃO

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Diante da extinção do agravo retido pelo CPC 2015, as questões resolvidas na fase de conhecimento, caso
não sejam recorríveis por agravo de instrumento, não ficam prejudicadas pela preclusão e devem ser
suscitadas em preliminar de apelação ou nas contrarrazões. O Capítulo da sentença que confirma, concede
ou denega a tutela provisória é impugnável por apelação. A apelação interposta em desfavor da sentença
que decreta a interdição somente é recebida no efeito devolutivo.

Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.


§1º. As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar agravo de
instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de apelação,
eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões.

Após as contrarrazões, os autos seguem para o tribunal. O juízo de primeiro grau NÃO FAZ MAIS JUÍZO DE
ADMISSIBILIDADE. Em regra, possui efeito devolutivo e suspensivo.

#ATENÇÃO para as exceções:


Art. 1012. § 1º Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos imediatamente após a
sua
publicação a sentença que:
I - homologa divisão ou demarcação de terras;
II - condena a pagar alimentos;
III - extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do executado;
IV - julga procedente o pedido de instituição de arbitragem;
V - confirma, concede ou revoga tutela provisória;
VI - decreta a interdição.
§ 4º Nas hipóteses do § 1º, a eficácia da sentença poderá ser suspensa pelo relator se o apelante
demonstrar
a probabilidade de provimento do recurso ou se, sendo relevante a fundamentação, houver risco de dano
grave ou de difícil reparação.

- TEORIA DA CAUSA MADURA:

Art. 1.013, do CPC (...),


§ 3º Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir desde logo o mérito
quando:
I - reformar sentença fundada no art. 485 ;
II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da causa de pedir;
III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo;
IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação.
§ 4º Quando reformar sentença que reconheça a decadência ou a prescrição, o tribunal, se possível, julgará
o mérito, examinando as demais questões, sem determinar o retorno do processo ao juízo de primeiro grau.

Não é possível se valer da teoria da causa madura, prestigiada de modo explícito no § 3º do art. 1.013 do
CPC/2015, se não houve contraditório acerca da questão decidida.
Para se considerar que a causa está madura não basta que a questão de mérito a ser decidida seja apenas de
direito. Assim, mesmo que não haja prova a ser produzida, o Tribunal não poderá aplicar o § 3º do art. 1.013
e julgar diretamente a causa se uma das partes ainda não teve oportunidade processual adequada de debater
a questão de mérito.
Se ainda não houve contraditório, não se pode dizer que a causa esteja madura, ou seja, em condições de
imediato julgamento.

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#DEOLHONAJURIS
A ausência de assinatura na petição de ratificação do recurso de apelação interposto prematuramente não
o torna inexistente, mas revela irregularidade formal que pode ser sanada pela parte peticionante, nos
termos do art. 13 do CPC/1973. REsp 1.712.851-PA, Rel. Min. Gurgel de Faria, Primeira Turma, por
unanimidade, julgado em 14/12/2021.
As decisões interlocutórias sobre a instrução probatória não são impugnáveis por agravo de instrumento ou
pela via mandamental, sendo cabível a sua impugnação diferida pela via da apelação. RMS 65.943-SP, Rel.
Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, por unanimidade, julgado em 26/10/2021.

AGRAVO DE INSTRUMENTO

O art. 1.015 do CPC/2015 prevê as hipóteses de cabimento do agravo de instrumento:


Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:
I - tutelas provisórias;
II - mérito do processo;
III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem;
IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica;
V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação;
VI - exibição ou posse de documento ou coisa;
VII - exclusão de litisconsorte;
VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;
IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;
X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução;
XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1º;
XII - (VETADO);
XIII - outros casos expressamente referidos em lei.

Segundo decidiu o STJ, o art. 1.015 do CPC/2015 traz um rol de taxatividade mitigada.
Assim:
• Em regra, somente cabe agravo de instrumento nas hipóteses listadas no art. 1.015 do CPC/2015.
• Excepcionalmente, é possível a interposição de agravo de instrumento fora da lista do art. 1.015, desde
que preenchido um requisito objetivo: a urgência.

O rol do art. 1.015 do CPC é de taxatividade mitigada, por isso admite a interposição de agravo de
instrumento quando verificada a urgência decorrente da inutilidade do julgamento da questão no recurso de
apelação.
STJ. Corte Especial. REsp 1704520-MT, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/12/2018 (Recurso Repetitivo
– Tema 988) (Info 639).

#JURIS:
Na fase de cumprimento de sentença, não há óbice à interposição direta do recurso de agravo de
instrumento contra decisão que determina a penhora de bens sem a prévia utilização do procedimento de
impugnação previsto no art. 525, § 11, do CPC/2015. REsp 2.023.890-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira
Turma, por unanimidade, julgado em 25/10/2022, DJe 27/10/2022. (Info 757 - STJ)
É cabível a interposição de agravo de instrumento contra decisões que versem sobre o mero requerimento
de expedição de ofício para apresentação ou juntada de documentos ou coisas, independentemente da
menção expressa ao termo “exibição” ou aos arts. 396 a 404 do CPC/2015.
STJ. 1ª Turma. REsp 1853458-SP, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 22/02/2022 (Info 726).
As decisões interlocutórias sobre a instrução probatória não são impugnáveis por agravo de instrumento ou
pela via mandamental, sendo cabível a sua impugnação diferida pela via da apelação.

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STJ. 2ª Turma. RMS 65943-SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 26/10/2021 (Info 715)
A decisão que deixa de homologar pedido de extinção consensual da lide retrata decisão interlocutória de
mérito a admitir recorribilidade por agravo de instrumento, interposto com fulcro no art. 1.015, II, do
CPC/2015. Caso hipotético: a empresa “D” ingressou com execução de título extrajudicial contra a empresa
“U”. A executada apresentou exceção de pré-executividade arguindo a ilegitimidade ativa da exequente. O
juiz indeferiu a exceção de pré-executividade. A devedora interpôs agravo de instrumento. O recurso foi
distribuído para a 1ª Câmara Cível, composta por três Desembargadores (Regina, Maria e Ricardo). Regina, a
relatora, votou por negar provimento ao agravo. Maria acompanhou a relatora. Ricardo, contudo, votou por
dar provimento ao agravo. Diante disso, o Desembargador Presidente da Câmara Cível entendeu que deveria
aplicar a técnica do julgamento colegiado (art. 942 do CPC) e assim convocou dois Desembargadores (João e
Pedro) para também votarem. João e Pedro acompanharam o voto de Ricardo e, desse modo, foi dado
provimento ao agravo. O STJ entendeu que não deveria ter sido aplicado o art. 942 do CPC. Esse dispositivo,
ao tratar sobre a técnica ampliada de julgamento envolvendo o agravo de instrumento, afirma que é
necessário que, no julgamento inicial do agravo, tenha havido a reforma da decisão que julgar parcialmente
o mérito da causa. Assim, no que tange ao agravo, só se aplica o art. 942 do CPC, se a maioria do Tribunal
estiver reformando a decisão interlocutória e desde que esta verse sobre o mérito da causa. No caso
concreto, a Câmara Cível estava votando para negar provimento ao agravo e a decisão agravada não tratava
sobre o mérito da causa. Logo, não foi correto suspender o julgamento e aplicar a técnica do art. 942 do CPC.
STJ. 3ª Turma. REsp 1960580-MT, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 05/10/2021 (Info 713).
Exemplo hipotético: João ajuizou ação de cobrança contra Pedro. Na contestação Pedro alegou que a
pretensão estaria prescrita. Logo, pediu a extinção do processo com resolução do mérito, nos termos do art.
487, II, do CPC. O juiz, contudo, não concordou e proferiu decisão interlocutória rejeitando a arguição de
prescrição. Contra essa decisão, Pedro interpôs agravo de instrumento, insistindo no argumento de que teria
havido a consumação da prescrição. Antes que o agravo de instrumento fosse julgado, houve a prolação de
sentença. Mesmo assim, não haverá perda superveniente do objeto de agravo de instrumento que versa
sobre a consumação da prescrição.
STJ. 3ª Turma. REsp 1921166-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/10/2021 (Info 713).
É cabível agravo de instrumento para impugnar decisão que define a competência.
O art. 1.015 do CPC/2015 prevê as hipóteses de cabimento do agravo de instrumento.
Segundo decidiu o STJ (Tema repetitivo 988), o art. 1.015 do CPC/2015 traz um rol de taxatividade mitigada.
O que isso significa?
• Em regra, somente cabe agravo de instrumento nas hipóteses listadas no art. 1.015 do CPC/2015.
• Excepcionalmente, é possível a interposição de agravo de instrumento fora da lista do art. 1.015, desde
que preenchido um requisito objetivo: a urgência.
A decisão que define a competência é considerada uma situação urgente?
SIM. Não é razoável que o processo tramite perante um juízo incompetente por um longo período e, somente
por ocasião do julgamento da apelação, seja reconhecida a incompetência e determinado o retorno ao juízo
competente.
STJ. Corte Especial. EREsp 1730436-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 18/08/2021 (Info 705).

RECURSO EXTRAORDINÁRIO E RECURSO ESPECIAL

- Juízo de admissibilidade bipartido.


- São interpostos no tribunal de origem.
- Possuem fundamentação vinculada.
- Não permitem análise fática.
- Só são cabíveis contra decisões de cunho jurisdicional.

Súmula 311 STJ: Os atos do presidente do tribunal que disponham sobre processamento e pagamento de
precatório não têm caráter jurisdicional.

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- Ambos são dotados de efeito devolutivo, apenas. O efeito suspensivo deve ser requerido pela parte.

Art. 1.029. § 5º O pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso extraordinário ou a recurso especial
poderá ser formulado por requerimento dirigido:
I – ao tribunal superior respectivo, no período compreendido entre a publicação da decisão de admissão do
recurso e sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para julgá-lo;
II - ao relator, se já distribuído o recurso;
III – ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, no período compreendido entre a
interposição do recurso e a publicação da decisão de admissão do recurso, assim como no caso de o recurso
ter sido sobrestado, nos termos do art. 1.037.

- Requisitos de admissibilidade:
a. Exaurimento das vias recursais ordinárias: embora a remessa necessária não seja um recurso, vale para
fins de exaurimento;
b. Tempestividade;
c. Preparo;
d. Prequestionamento;
e. Repercussão Geral (só para o RE): o tribunal a quo apenas verifica se está presente, mas não enfrenta o
mérito. Necessário 8 ministros do STF para negá-la (quórum de 2/3);
f. Violação direta à Constituição Federal (só para RE): se o STF precisar analisar lei infraconstitucional para
decidir, a violação é apenas reflexa.
Súmula 636 STF: Não cabe recurso extraordinário por contrariedade ao princípio constitucional da legalidade,
quando a sua verificação pressuponha rever a interpretação dada a normas infraconstitucionais pela decisão
recorrida.

#SELIGA: #NOVIDADE:
Art. 105, CF:
(...) § 2º No recurso especial, o recorrente deve demonstrar a relevância das questões de direito federal
infraconstitucional discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que a admissão do recurso seja examinada
pelo Tribunal, o qual somente pode dele não conhecer com base nesse motivo pela manifestação de 2/3 (dois
terços) dos membros do órgão competente para o julgamento. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 125,
de 2022)
§ 3º Haverá a relevância de que trata o § 2º deste artigo nos seguintes casos: (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 125, de 2022)
I - ações penais; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 125, de 2022)
II - ações de improbidade administrativa; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 125, de 2022)
III - ações cujo valor da causa ultrapasse 500 (quinhentos) salários mínimos; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 125, de 2022)
IV - ações que possam gerar inelegibilidade; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 125, de 2022)
V - hipóteses em que o acórdão recorrido contrariar jurisprudência dominante o Superior Tribunal de
Justiça; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 125, de 2022)
VI - outras hipóteses previstas em lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 125, de 2022)

AÇÃO RESCISÓRIA

- Ação autônoma de impugnação, de competência originária dos tribunais.


- Inaplicável nas Turmas Recursais (Lei 9.099/95).

Art. 59. Não se admitirá ação rescisória nas causas sujeitas ao procedimento instituído por esta Lei.

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- São vícios que deixaram de ser nulidade e passaram a ser rescindibilidade (alguns vícios deixam de ser
nulidades, mas não precluem com a coisa julgada).

- Comporta dois pedidos:


• Juízo rescindente: apura o vício para fazer cessar a coisa julgada e cassar a sentença. SEMPRE TEM ESSE
PEDIDO!
• Juízo rescisório: por economia processual, e mediante pedido da parte, o tribunal já julga a causa.
- Decisões que podem ser rescindidas:
• Acórdão de mérito;
• Decisão interlocutória de mérito;
• Sentença de mérito;
• Decisão monocrática de mérito;
• Decisão que não seja de mérito (nos termos do artigo abaixo). #ATENÇÃO #NOVIDADE

Art. 966. § 2º, do CPC Nas hipóteses previstas nos incisos do caput, será rescindível a decisão transitada em
julgado que, embora não seja de mérito, impeça:
I - nova propositura da demanda; ou
II - admissibilidade do recurso correspondente.

- No caso de prova nova, o prazo da rescisória é de 2 anos da data da descoberta da prova, mas não pode
ultrapassar 5 anos do trânsito em julgado.

Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:
VII - obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência ignorava ou de que
não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável;

Art. 975. § 2º Se fundada a ação no inciso VII do art. 966, o termo inicial do prazo será a data de descoberta
da prova nova, observado o prazo máximo de 5 (cinco) anos, contado do trânsito em julgado da última
decisão proferida no processo.

- O tribunal julga ação rescisória do juiz a ele vinculado e dos seus próprios acórdãos.
- Em regra, a ação rescisória NÃO suspende a execução, salvo deferimento de tutela provisória.
- É cabível a improcedência liminar do pedido em ação rescisória.
#ATENÇÃO: para o STJ, segundo o enunciado da súmula 401, não existe coisa julgada pulverizada. O Novo
CPC adotou esse entendimento (que é diverso do STF, que entende possível a existência de várias ações
rescisórias, quando o trânsito em julgado dos capítulos da sentença não ocorre no mesmo momento).
Art. 975. O direito à rescisão se extingue em 2 (dois) anos contados do trânsito em julgado da última decisão
proferida no processo.

Súmula 401 STJ: O prazo decadencial da ação rescisória só se inicia quando não for cabível qualquer recurso
do último pronunciamento judicial.

#DEOLHONAJURIS:
É cabível o ajuizamento de ação rescisória em face de acórdão proferido pelo STF em processo de extradição,
pois este possui cunho predominantemente administrativo, não havendo que se falar na hipótese de
julgamento de natureza penal. Verificada a ocorrência de empate em julgamento de processo de extradição,
é necessário o seu adiamento para que a decisão seja tomada somente depois do voto de desempate, visto
que a aplicação de solução mais favorável ao réu se restringe aos casos expressamente previstos na
legislação. STF. Plenário. AR 2921/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 30/04/2023 (Info 1089).

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A apresentação de nova prova é um vício rescisório quando, apesar de preexistente ao julgado, não foi
juntada ao processo originário pelo interessado por desconhecimento ou por impossibilidade.AR 5.196-RJ,
Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Primeira Seção, por unanimidade, julgado em 14/12/2022, DJe
19/12/2022. (Info 762 - STJ)
No caso de verificação de nulidade de ato processual gerador de cerceamento de defesa, impõem-se o
retorno dos autos para correção do vício e o posterior prosseguimento regular do processo, sob pena de o
Tribunal incorrer no mesmo erro que ensejou a rescisão do julgado. STJ. 3ª Turma. REsp 1.982.586/SP, Rel.
Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 15/03/2022.
Havendo conflito entre sentenças transitadas em julgado deve valer a coisa julgada formada por último,
enquanto não invalidada por ação rescisória. STJ. Corte Especial. EAREsp 600811/SP, Rel. Min. Og Fernandes,
julgado em 04/12/2019. Havendo conflito entre duas coisas julgadas, prevalecerá a que se formou por
último, enquanto não desconstituída mediante ação rescisória. Assim, em regra, prevalece a segunda
sentença transitada em julgado, a não ser que ela seja desconstituída por meio de ação rescisória. Enquanto
não o for, ela é que vale. Se passar o prazo de 2 anos da rescisória, a segunda valerá para sempre. Na doutrina,
essa posição é defendida por Pontes de Miranda, Vicente Greco Filho, Barbosa Moreira, Cândido Rangel
Dinamarco, Humberto Theodoro Jr, entre outros.
EXCEÇÃO:
Nos casos em que já executado o título formado na primeira coisa julgada, ou se iniciada sua execução, deve
prevalecer a primeira coisa julgada em detrimento daquela formada em momento posterior.
STJ. 2ª Turma. AgInt nos EDcl no REsp 1.930.955-ES, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em
08/03/2022 (Info 728).
O termo inicial do prazo para ajuizamento da ação rescisória, quando há insurgência recursal da parte contra
a inadmissão de seu recurso, dá-se da última decisão a respeito da controvérsia, salvo comprovada má-fé.
STJ. 3ª Turma. REsp 1887912-GO, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 21/09/2021 (Info 711).

RECLAMAÇÃO

Caberá reclamação (art. 988 e ss, do CPC) da parte interessada ou do Ministério Público para:
I - Preservar a competência do tribunal;
II - Garantir a autoridade das decisões do tribunal;
III – garantir a observância de enunciado de súmula vinculante e de decisão do STF em controle concentrado
de constitucionalidade; (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)
IV – Garantir a observância de acórdão proferido em julgamento de IRDR ou de IAC; .

É inadmissível a reclamação:
I – Proposta após o trânsito em julgado da decisão reclamada;
II – Proposta para garantir a observância de acórdão de recurso extraordinário com repercussão geral
reconhecida ou de acórdão proferido em julgamento de recursos extraordinário ou especial repetitivos,
quando não esgotadas as instâncias ordinárias.

#ATENÇÃO:
Súmula 734-STF: Não cabe reclamação quando já houver transitado em julgado o ato judicial que se alega
tenha desrespeitado decisão do Supremo Tribunal Federal.

Na reclamação fundada no descumprimento de decisão emanada pelo STF, o ato alvo de controle deve ser
posterior ao paradigma. STF. 2ª Turma. Rcl 32655 AgR/PR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 23/4/2019
(Info 938).

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#SELIGA: Não é cabível, no processamento da reclamação, condenação ao pagamento de honorários


advocatícios. A reclamação, por ter a natureza de ação constitucional, não comporta a condenação em
honorários advocatícios.
Está consagrada em nosso sistema normativo a orientação no sentido de que, salvo em caso de comprovada
má-fé, não é cabível a condenação em honorários em ações de natureza constitucional, que visam a tutelar
relevantes interesses sociais.
Com mais razão esse entendimento se aplica à reclamação, que é ação de natureza constitucional destinada
a preservar a competência do próprio Supremo Tribunal Federal e para garantia da autoridade de suas
decisões.
STF. 2ª Turma. Rcl-AgR-ED 50.321; RJ; Rel. Min. Edson Fachin; DJE 23/09/2022.

18. Procedimentos especiais de jurisdição contenciosa. Ação de consignação em pagamento; ação de exigir
contas; ações possessórias, ações de divisão e demarcação. Ação de dissolução parcial de sociedade.
19. Procedimentos especiais de jurisdição contenciosa: inventário e partilha, embargos de terceiro, oposição,
ações de família, habilitação, restauração de autos, ação monitória, homologação de penhor legal, regulação
de avaria grossa.
20. Arbitragem. Compromisso arbitral e cláusula compromissória. Tutelas de urgência antes, durante e
depois do processo arbitral. Impugnação judicial da sentença arbitral. Meios alternativos de solução de
conflito (Resolução nº 125 de 29 de novembro de 2010, do Conselho Nacional de Justiça). Instauração da
Arbitragem. Ação para obtenção do compromisso arbitral. Impedimento e Substituição do Árbitro.
Responsabilidade do Árbitro. Cooperação do Poder Judiciário com a Arbitragem.

AÇÕES POSSESSÓRIAS

Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido
e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos estejam provados.
§ 1º No caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de pessoas, serão feitas a
citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e a citação por edital dos demais,
determinando-se, ainda, a intimação do Ministério Público e, se envolver pessoas em situação de
hipossuficiência econômica, da Defensoria Pública.
§ 2º Para fim da citação pessoal prevista no § 1º, o oficial de justiça procurará os ocupantes no local por uma
vez, citando-se por edital os que não forem encontrados.
§ 3º O juiz deverá determinar que se dê ampla publicidade da existência da ação prevista no § 1º e dos
respectivos prazos processuais, podendo, para tanto, valer-se de anúncios em jornal ou rádio locais, da
publicação de cartazes na região do conflito e de outros meios.

Art. 555. É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de:


I - condenação em perdas e danos;
II - indenização dos frutos.
Parágrafo único. Pode o autor requerer, ainda, imposição de medida necessária e adequada para:
I - evitar nova turbação ou esbulho;
II - cumprir-se a tutela provisória ou final.

AÇÃO DE Deverá ser proposta pela pessoa que sofreu um esbulho, ou seja, perdeu a posse.
REINTEGRAÇÃO DE
POSSE
AÇÃO DE Proposta quando a pessoa está sofrendo uma turbação, isto é, quando estão sendo
MANUTENÇÃO DE praticados contra ela atos materiais concretos de agressão à posse, sem que ela
POSSE tenha sido ainda desapossada integralmente.

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INTERDITO Ajuizada quando a pessoa estiver sofrendo ameaças de efetiva ofensa à posse, sem
PROIBITÓRIO que tenha havido, contudo, um ato material concreto.

EMBARGOS DE TERCEIRO

Art. 674. Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de constrição sobre bens que
possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo, poderá requerer seu desfazimento
ou sua inibição por meio de embargos de terceiro.
§ 1º Os embargos podem ser de terceiro proprietário, inclusive fiduciário, ou possuidor.
§ 2º Considera-se terceiro, para ajuizamento dos embargos:
I - o cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens próprios ou de sua meação, ressalvado o
disposto no art. 843 ;
II - o adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão que declara a ineficácia da alienação realizada
em fraude à execução;
III - quem sofre constrição judicial de seus bens por força de desconsideração da personalidade jurídica, de
cujo incidente não fez parte;
IV - o credor com garantia real para obstar expropriação judicial do objeto de direito real de garantia, caso
não tenha sido intimado, nos termos legais dos atos expropriatórios respectivos.

Art. 675. Os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no processo de conhecimento enquanto não
transitada em julgado a sentença e, no cumprimento de sentença ou no processo de execução, até 5 (cinco)
dias depois da adjudicação, da alienação por iniciativa particular ou da arrematação, mas sempre antes da
assinatura da respectiva carta.
Parágrafo único. Caso identifique a existência de terceiro titular de interesse em embargar o ato, o juiz
mandará intimá-lo pessoalmente.

#OLHONAJURIS
É possível a oposição de embargos de terceiro preventivos, isto é, antes da efetiva constrição judicial sobre
o bem. STJ. 3ª Turma. REsp 1726186/RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 08/05/2018
Além do pedido de proteção da posse ou propriedade, é possível formular pedido de indenização por danos
morais em embargos de terceiro? NÃO. Os embargos de terceiro têm como única finalidade a de evitar ou
afastar a constrição judicial sobre bens de titularidade daquele que não faz parte do processo. Diz-se,
portanto, que os embargos de terceiro possuem uma cognição limitada/restrita porque se limitam a uma
providência constitutivo-negativa. Dessa forma, considerando a cognição limitada dos embargos de terceiro,
revela-se inadmissível a cumulação de pedidos estranhos à sua natureza constitutivo-negativa, como, por
exemplo, o pleito de condenação a indenização por danos morais. STJ. 3ª Turma. REsp 1703707-RS, Rel. Min.
Marco Aurélio Bellizze, julgado em 25/05/2021 (Info 698).

#NÃOSABOTEASSÚMULAS:
Súmula 195-STJ: Em embargos de terceiro não se anula ato jurídico, por fraude contra credores.
Súmula 134-STJ: Embora intimado da penhora em imóvel do casal, o cônjuge do executado pode opor
embargos de terceiro para defesa de sua meação.
Súmula 84-STJ: É admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de posse advinda do
compromisso de compra e venda de imóvel, ainda que desprovido do registro.
Súmula 303-STJ: Em embargos de terceiro, quem deu causa à constrição indevida deve arcar com os
honorários advocatícios.

AÇÃO MONITÓRIA

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Art. 700. A ação monitória pode ser proposta por aquele que afirmar, com base em prova escrita sem eficácia
de título executivo, ter direito de exigir do devedor capaz:
I - o pagamento de quantia em dinheiro;
II - a entrega de coisa fungível ou infungível ou de bem móvel ou imóvel;
III - o adimplemento de obrigação de fazer ou de não fazer.
§ 1º A prova escrita pode consistir em prova oral documentada, produzida antecipadamente nos termos
do art. 381 .
§ 2º Na petição inicial, incumbe ao autor explicitar, conforme o caso:
I - a importância devida, instruindo-a com memória de cálculo;
II - o valor atual da coisa reclamada;
III - o conteúdo patrimonial em discussão ou o proveito econômico perseguido.
§ 3º O valor da causa deverá corresponder à importância prevista no § 2º, incisos I a III.
§ 4º Além das hipóteses do art. 330 , a petição inicial será indeferida quando não atendido o disposto no § 2º
deste artigo.
§ 5º Havendo dúvida quanto à idoneidade de prova documental apresentada pelo autor, o juiz intimá-lo-á
para, querendo, emendar a petição inicial, adaptando-a ao procedimento comum.
§ 6º É admissível ação monitória em face da Fazenda Pública.
§ 7º Na ação monitória, admite-se citação por qualquer dos meios permitidos para o procedimento comum.

Art. 701. Sendo evidente o direito do autor, o juiz deferirá a expedição de mandado de pagamento, de entrega
de coisa ou para execução de obrigação de fazer ou de não fazer, concedendo ao réu prazo de 15 (quinze)
dias para o cumprimento e o pagamento de honorários advocatícios de cinco por cento do valor atribuído à
causa.
§ 1º O réu será isento do pagamento de custas processuais se cumprir o mandado no prazo.
§ 2º Constituir-se-á de pleno direito o título executivo judicial, independentemente de qualquer formalidade,
se não realizado o pagamento e não apresentados os embargos previstos no art. 702 , observando-se, no que
couber, o Título II do Livro I da Parte Especial .
§ 3º É cabível ação rescisória da decisão prevista no caput quando ocorrer a hipótese do § 2º.
§ 4º Sendo a ré Fazenda Pública, não apresentados os embargos previstos no art. 702 , aplicar-se-á o disposto
no art. 496 , observando-se, a seguir, no que couber, o Título II do Livro I da Parte Especial.
§ 5º Aplica-se à ação monitória, no que couber, o art. 916 .

#ATENÇÃO:

⮚ O NCPC estende o conceito de prova escrita, para fins de ação monitória, à prova oral colhida
antecipadamente, na forma do art. 381 do CPC.
⮚ Os contratos bilaterais, como de prestação de serviços, podem embasar a ação monitória, desde que
acompanhados de comprovação de que o serviço foi prestado.
⮚ Na ação monitória admite-se a reconvenção, sendo vedado o oferecimento de reconvenção à
reconvenção.

#JURIS: O correio eletrônico (e-mail) pode fundamentar a pretensão monitória, desde que o juízo se
convença da verossimilhança das alegações e da idoneidade das declarações. STJ. 4ª Turma. REsp 1381603-
MS, Rel. Min. Luís Felipe Salomão, julgado em 6/10/2016 (Info 593).

#DEOLHONASSÚMULAS:
Súmula 247-STJ: O contrato de abertura de crédito em conta-corrente, acompanhado do demonstrativo de
débito, constitui documento hábil para o ajuizamento da ação monitória.
Súmula 299-STJ: É admissível a ação monitória fundada em cheque prescrito.

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Súmula 503-STJ: O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de cheque sem força
executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte à data de emissão estampada na cártula.
Súmula 531-STJ: Em ação monitória fundada em cheque prescrito ajuizada contra o emitente, é dispensável
a menção ao negócio jurídico subjacente à emissão da cártula.
Súmula 339-STJ: É cabível ação monitória contra a Fazenda Pública.
Súmula 504-STJ: O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de nota promissória sem
força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte ao vencimento do título.
Súmula 384-STJ: Cabe ação monitória para haver saldo remanescente oriundo de venda extrajudicial de bem
alienado fiduciariamente em garantia.

21. O Poder Público em juízo. Mandado de segurança. Ação Popular. Habeas data. Ação de improbidade
administrativa. Execução fiscal e execução contra a Fazenda Pública. Suspensão de segurança.
22. Tutela dos interesses transindividuais. Direitos e interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos.

MANDADO DE SEGURANÇA

O Mandado de Segurança um instituto híbrido, que circunda diversos ramos do direito. A doutrina classifica
o MS como uma ação civil com procedimento sumarizado, além de ser um remédio constitucional. A
natureza de ação civil não se desnatura em hipótese alguma, ainda que seja impetrado no curso de uma ação
penal ou eleitoral, por exemplo.
Trata-se de procedimento sumarizado, uma vez que os fatos devem ser provados de plano, pois o MS é uma
ação feita de provas pré-constituídas, exclusivamente documental. Ademais, não se admite prova oral ou
pericial de espécie alguma, ou seja, só é líquido e certo aquilo que pode ser provado de plano, via
documentos.
LEGITIMIDADE ATIVA: qualquer pessoa física ou jurídica
LMS, Art. 1º Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por
habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou
jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for
e sejam quais forem as funções que exerça.

#QUESTÃO: Os entes despersonalizados têm essa legitimidade? A doutrina e jurisprudência entendem que
sim, sendo a legitimidade do MS a mais ampla possível, bastando, inclusive, que seja pessoa, sem exigir a
condição de cidadão quando esta for pessoa física, todos em legitimidade ordinária.

Já no art. 3º da lei há o único caso de legitimidade extraordinária, substituição processual, no mandado de


segurança individual:

Art. 3º O titular de direito líquido e certo decorrente de direito, em condições idênticas, de TERCEIRO poderá
impetrar mandado de segurança a favor do direito originário, se o seu titular não o fizer, no prazo de 30
(trinta) dias, quando notificado judicialmente.
Parágrafo único. O exercício do direito previsto no caput deste artigo submete-se ao prazo fixado no art. 23
desta Lei, contado da notificação.

Art. 23. O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento e vinte) dias,
contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado.

Assim, de acordo com o art. 3º, o titular do direito originário fica inerte e, a partir disso, surge a legitimidade
do titular do direito decorrente. É necessário notificar judicialmente o titular do direito originário para que

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este se movimente. A partir da inércia do titular do direito originário, surge tal legitimidade extraordinária
subsidiária/eventual.

#SELIGANASÚMULA
Súmula 614, STJ: O LOCATÁRIO NÃO POSSUI LEGITIMIDADE ATIVA para discutir a relação jurídico-tributária
de IPTU e de taxas referentes ao imóvel alugado nem para repetir indébito desses tributos.

#ATENÇÃO – A contagem do prazo para impetração do MS é igual para o legitimado ordinário e


extraordinário. Porém, do prazo deste é descontado o tempo de 30 dias que o legitimado ordinário tinha
para agir e impetrar o MS. Assim, o prazo do legitimado extraordinário será de 90 dias.

LEGITIMIDADE PASSIVA: O legislador não diz de quem é a legitimidade passiva. Basicamente, a polêmica é
se essa legitimidade é da pessoa jurídica ou da autoridade coatora ou, como alguns autores preferem, um
litisconsórcio entre as duas. Esse tema não é pacífico na jurisprudência, mas há uma tendência que a
legitimidade passiva seja da autoridade coautora.
Na prática, por vezes, o impetrante costuma colocar a pessoa jurídica e a autoridade coatora no polo passivo,
embora, na verdade, a autoridade seja um “desdobramento” da pessoa jurídica, mesma pessoa, embora isso
seja uma ficção jurídica.

#OLHAOGANCHO #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:
Nessa lógica, o STJ, para evitar maiores problemas, criou a Teoria da Encampação (não relacionada com a do
direito administrativo), um verdadeiro princípio da instrumentalidade, mas sem previsão legal, tendo como
requisitos:
(i) Indicação equivocada da autoridade coatora;
(ii) Que a autoridade indicada equivocadamente seja hierarquicamente superior à autoridade correta;
(iii) Autoridade indicada justifica o ato impugnado praticado por seu subordinado;
(iv) Não pode gerar deslocamento de competência (requisito negativo).

Súmula 628, STJ: A teoria da encampação é aplicada no mandado de segurança quando presentes,
cumulativamente, os seguintes requisitos: a) existência de vínculo hierárquico entre a autoridade que
prestou informações e a que ordenou a prática do ato impugnado; b) manifestação a respeito do mérito nas
informações prestadas; e c) ausência de modificação de competência estabelecida na Constituição Federal.
Súmula 510, STF: Praticado o ato por autoridade, no exercício de competência delegada, contra ela cabe o
mandado de segurança ou a medida judicial.

Assim, para que seja aplicada a Teoria da Encampação, a autoridade coatora deve ter sido indicada de modo
equivocado, mas esta é hierarquicamente superior à autoridade correta e quando aquela se manifesta no
MS acaba justificando o ato do seu subordinado, desde que seja mantida a competência que, de fato, deveria
ser observada.
Ademais, a legitimidade passiva do MS é a mais ampla possível. Até mesmo os atos praticados por
representantes de pessoas jurídicas de direito privado, em cujo capital social nenhuma participação possui o
poder público, podem ser atacados por MS se no exercício de funções públicas. Assim, em tese, revela-se
admissível o uso da ação mandamental se o particular atuar sob delegação do poder público.

#ATENÇÃO: O simples fato da atividade ser autorizada (ex.: consórcio) não gera MS.
#ATENÇÃO: Representantes ou órgãos de partidos políticos podem ser sujeitos passivos em MS.

NÃO CABIMENTO DO MANDADO DE SEGURANÇA:

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Art. 1º, § 2º Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial praticados pelos
administradores de empresas públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço
público.
Art. 5o Não se concederá mandado de segurança quando se tratar:
I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução;
II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;
III - de decisão judicial transitada em julgado.

#DEOLHONAJURIS:
É incabível mandado de segurança contra decisão judicial transitada em julgado (art. 5º, III, da Lei nº
12.016/2009 e Súmula nº 268-STF). No entanto, se a impetração do mandado de segurança for anterior ao
trânsito em julgado da decisão questionada, mesmo que este venha a acontecer posteriormente, o mérito
do MS deverá ser julgado, não podendo ser invocado o seu não cabimento ou a perda de objeto. STJ. Corte
Especial. EDcl no MS 22.157-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 14/03/2019 (Info 650).

#SELIGANASÚMULA
Súmula 460, STJ: É incabível o mandado de segurança para convalidar a compensação tributária realizada
pelo contribuinte.
Súmula 474, STF: Não há direito líquido e certo, amparado pelo mandado de segurança, quando se escuda
em lei cujos efeitos foram anulados por outra, declarada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal.
Súmula 430, STF: Pedido de reconsideração na via administrativa não interrompe o prazo para o mandado
de segurança.
Súmula 429, STF: A existência de recurso administrativo com efeito suspensivo não impede o uso do
mandado de segurança contra omissão da autoridade.
Súmula 269, STF: O mandado de segurança não é substitutivo de ação de cobrança.
Súmula 267, STF: Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou correição.
Súmula 266, STF: Não cabe mandado de segurança contra lei em tese.
Súmula 268, STF: Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com trânsito em julgado.
Súmula 101, STF: O mandado de segurança não substitui a ação popular.

OBJETOS DE IMPETRAÇÃO DE MS:


Os atos normativos concretos produzem efeitos diretos no campo da vida,
ATO NORMATIVO podendo sua edição gerar lesão ao jurisdicionado, podendo ser utilizado
o MS. Os atos normativos abstratos não podem ser impugnados via MS.
Considerando o princípio da autonomia e da independência dos Poderes
ATO INTERNA CORPORIS Federativos, o ato interna corporis não pode ser apreciado pelo Judiciário.
Assim sendo, o MS não pode ataca-lo.
Para conhecimento da impetração, exige-se a cumulação de três
requisitos:
1. Inexistência de instrumento recursal idôneo;
ATO JUDICIAL 2. Não formação da coisa julgada;
3. Teratologia na decisão atacada ou manifestamente ilegal.
Súmula 202, STJ: A impetração de mandado de segurança por terceiro,
contra ato judicial, não se condiciona a interposição de recurso.
Súmula 429, STF: A existência de recurso administrativo com efeito
ATO ADMINISTRATIVO suspensivo não impede o uso do mandado de segurança contra omissão da
autoridade.

PRAZO DECADENCIAL: É de 120 dias contados da ciência do ato impugnado

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Art. 23. O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento e vinte) dias,
contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado.

Nas relações jurídicas de trato sucessivo, ressalvadas as hipóteses em que é negado o próprio direito de
fundo, o prazo decadencial para impetração se renova cada vez em que se verifica lesão ao patrimônio do
impetrante.

#SELIGANASÚMULA
Súmula 430, STF: Pedido de reconsideração na via administrativa não interrompe o prazo para o mandado
de segurança.
Súmula 632, STF: É constitucional lei que fixa o prazo de decadência para a impetração de mandado de
segurança.
Súmula 304, STF: Decisão denegatória de mandado de segurança, não fazendo coisa julgada contra o
impetrante, não impede o uso da ação própria.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #PEGADINHADEPROVA:
O prazo decadencial para impetrar mandado de segurança contra redução do valor de vantagem integrante
de proventos ou de remuneração de servidor público renova-se mês a mês. A redução, ao contrário da
supressão de vantagem, configura relação de trato sucessivo, pois não equivale à negação do próprio fundo
de direito. Assim, o prazo decadencial para se impetrar a ação mandamental renova-se mês a mês. Ato que
SUPRIME vantagem: é ato ÚNICO (o prazo para o MS é contado da data em que o prejudicado tomou ciência
do ato).
• Ato que REDUZ vantagem: consiste em prestação de TRATO SUCESSIVO (o prazo para o MS renova-se mês
a mês).STJ. Corte Especial. EREsp 1.164.514-AM, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em
16/12/2015 (Info 578).
• O ato que SUPRIME ou REDUZ vantagem de servidor é ato único ou prestação de trato sucessivo? Para o
STJ, é preciso fazer a seguinte distinção:
• Supressão: ato ÚNICO (prazo para o MS é contado da data em que o prejudicado tomou ciência do ato).
• Redução: prestação de TRATO SUCESSIVO (o prazo para o MS renova-se mês a mês).
STJ. 2ª Turma. RMS 34.363-MT, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 6/12/2012 (Info 513)

#SELIGANATABELA
ATO QUE SUPRIME VANTAGEM ATO QUE REDUZ VANTAGEM
Ato único. Prestação de trato sucessivo.
O prazo para o MS é contado da data em que o O prazo para o MS renova-se mês a mês
prejudicado toma ciência do ato. (periodicamente).
O ato administrativo que suprime vantagem de
A redução de vencimentos sofrida por servidores
servidor é ato único e de efeitos permanentes,
denota prestação de trato sucessivo, em que o
iniciando-se o prazo decadencial para MS no dia
prazo decadencial renova-se mês a mês.
em que ele tem ciência da supressão.
(...) 2. A Terceira Seção deste Superior Tribunal de (...) Esta Corte vem definindo que quando houver
Justiça firmou entendimento no sentido de que a redução, e não supressão do valor de vantagem, fica
supressão de vantagem pecuniária devida a configurada a prestação de trato sucessivo, que se
servidor público caracteriza-se como ato renova mês a mês, pois não equivale à negação do
comissivo, único e de efeitos permanentes, não próprio fundo de direito, não havendo que se falar,
havendo, pois, que se falar em prestações de trato portanto, em decadência do mandado de
sucessivo. segurança. (...)
(AgRg no Ag 909.400/PA, Rel. Min. Maria Thereza (AgRg no REsp 1110192/CE, Rel. Min. Celso Limongi
de Assis Moura, Sexta Turma, julgado em (Des. Conv. do TJ/SP), Sexta Turma, julgado em
15/04/2010) 04/05/2010)

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Ato que reajusta benefício em


Ato que SUPRIME vantagem Ato que REDUZ vantagem
valor inferior ao devido
Ato único. Prestação de trato sucessivo. Prestação de trato sucessivo.
O prazo para o MS é contado da O prazo para o MS renova-se mês O prazo para o MS renova-se mês
data em que o prejudicado toma a mês (periodicamente). a mês (periodicamente).
ciência do ato.

COMPETÊNCIA: Será aferida com base na qualidade da autoridade pública ou da delegação titularizada pelo
particular. Do ponto de vista territorial, será o local onde a autoridade coatora exerce suas funções,
competência esta de índole absoluta.
Quando houver mais de uma autoridade coatora, serão demandados no foro de qualquer uma delas, na
escolha do impetrante. Caso uma das autoridades tenha maior hierarquia com privilegio de foro, este
determinara a competência.

#SELIGANASÚMULA:
Súmula 41, STJ: O Superior Tribunal de Justiça não tem competência para processar e julgar, originariamente,
mandado de segurança contra ato de outros tribunais ou dos Respectivos órgãos (compete ao próprio TJ ou
TRF).
Súmula 376, STJ: Compete a turma recursal processar e julgar o mandado de segurança contra ato de juizado
especial.
Súmula 330, STF: O Supremo Tribunal Federal não é competente para conhecer de mandado de segurança
contra atos dos tribunais de Justiça dos Estados.
Súmula 624, STF: Não compete ao supremo tribunal federal conhecer originariamente de mandado de
segurança contra atos de outros tribunais.

#DEOLHONAJURIS
Em mandado de segurança, é vedada a oportunização ao impetrante de emenda à inicial para a indicação da
correta autoridade coatora, quando a referida modificação implique na alteração da competência
jurisdicional. REsp 1.954.451-RJ, Rel. Ministro Francisco Falcão, Segunda Turma, por unanimidade, julgado
em 14/2/2023. (Info 764 - STJ)

MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO: Aplica-se ao MSC o microssistema de processo coletivo, conjugando-


se a LACP, CDC e demais diplomas. O MSC nada mais é do que a possibilidade de impetrar-se o MS tradicional
por meio da tutela jurisdicional coletiva.

CF, Art. 5º, LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há
pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;

LMS, Art. 21. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação
no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade
partidária, ou por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em
funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte,
dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades,
dispensada, para tanto, autorização especial.

A lei reduz a legitimação dos partidos políticos expressamente “na defesa de seus interesses legítimos
relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária”. Assim, cria limitação subjetiva, relativa aos

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integrantes do partido político, e objetiva, relativa à finalidade partidária. Somente os partidos políticos com
representação no congresso nacional estão legitimados a propor o MSC.

Na legitimação das entidades de classe e sindicatos não em sendo exigida a constituição há pelo menos um
ano. Esta exigência vale apenas para as associações.

Quanto aos sindicatos, diz o STF que basta a prova da existência jurídica do sindicato, não carecendo de
outros registros.

Quanto às associações, a norma deixa clara a exigência de constituição ânua, há pelo menos um ano, com a
finalidade de evitar a lide temerária e a constituição de associações apenas para ajuizar MSC. Exige-se a
pertinência temática ou nexo de finalidade pela lei.

Mesmo havendo resistência na doutrina, o STJ vem admitindo legitimidade do MP para impetrar MSC.

#SELIGANASÚMULA
Súmula 629 STF: a impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor de seus
associados independe da autorização destes.
Súmula 630 STF: a entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda quando a
pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria.

LMS, Art. 21, Parágrafo único. Os direitos protegidos pelo mandado de segurança coletivo podem ser:
I - COLETIVOS, assim entendidos, para efeito desta Lei, os transindividuais, de natureza indivisível, de que seja
titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica
básica;
II - INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS, assim entendidos, para efeito desta Lei, os decorrentes de origem comum e
da atividade ou situação específica da totalidade ou de parte dos associados ou membros do impetrante.

LMS, Art. 22. No mandado de segurança coletivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente aos
membros do grupo ou categoria substituídos pelo impetrante.
§ 1o O mandado de segurança coletivo não induz litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da
coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título individual se não requerer a DESISTÊNCIA de seu
mandado de segurança no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração da
segurança coletiva.

#DEOLHONAJURIS
É inconstitucional o § 2º do art. 22, que exigia a oitiva prévia do representante da pessoa jurídica de direito
público como condição para a concessão de liminar em mandado de segurança coletivo. Essa previsão
restringia o poder geral de cautela do magistrado. STF. Plenário. ADI 4296/DF, Rel. Min. Marco Aurélio,
redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes julgado em 9/6/2021 (Info 1021).

AÇÃO CIVIL PÚBLICA

O objeto da ACP está previsto no art. 1º da LACP, de forma que, da leitura do inciso IV, do mencionado artigo,
infere-se que se trata de rol meramente exemplificativo, sendo possível o ajuizamento de ação civil pública
para a tutela de outros direitos coletivos não previstos no dispositivo.

Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de responsabilidade
por danos morais e patrimoniais causados: (Redação dada pela Lei nº 12.529, de 2011).
l - ao meio-ambiente;

243
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ll - ao consumidor;
III – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo. (Incluído pela Lei nº 8.078 de 1990)
V - por infração da ordem econômica; (Redação dada pela Lei nº 12.529, de 2011).
VI - à ordem urbanística. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001)
VII – à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos. (Incluído pela Lei nº 12.966, de 2014)
VIII – ao patrimônio público e social. (Incluído pela Lei nº 13.004, de 2014)
Parágrafo único. Não será cabível ação civil pública para veicular pretensões que envolvam tributos,
contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS ou outros fundos de natureza
institucional cujos beneficiários podem ser individualmente determinados. (Incluído pela Medida provisória
nº 2.180-35, de 2001)

#IMPORTANTE:
Quanto a vedação do art. 1°, parágrafo único, da LACP quando veiculadas no pedido, e não na causa de pedir,
é importante saber que:
a) Segundo o STF, o Ministério Público tem legitimidade para a propositura de ação civil pública em defesa
de direitos sociais relacionados ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). STF. Plenário. RE
643978/SE, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 9/10/2019 (repercussão geral – Tema 850) (Info 955).
É preciso fazer uma interpretação conforme a Constituição. Vale ficar esperto com o caso da questão pedir
o teor da lei, em uma prova objetiva.
b) Também segundo o STF, o Ministério Público é legitimado para propor ação civil pública que vise anular
acordo que conceda benefício fiscal a determinadas empresas, pois nesse caso não se defendem direitos
de contribuintes determináveis, mas sim o interesse mais amplo de todos os cidadãos no tocante à
integridade do erário e à higidez do processo de arrecadação tributária, questões de natureza metaindividual
(STF, RE 576.155/DF).
c) O STF entende que a limitação quanto ao pedido em matéria tributária não alcança o mandado de
segurança coletivo (RE 196.184/AM).

COMPETÊNCIA: A regra geral para definição de competência territorial nas ações civis públicas está contida
no art. 2°, caput, da LACP combinado com o art. 93 do CDC (microssistema de processo coletivo):

LACP, Art. 2º As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá
competência funcional para processar e julgar a causa.

CDC, Art. 93. Ressalvada a competência da Justiça Federal, é competente para a causa a justiça local:
I - no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano, quando de âmbito local;
II - no foro da Capital do Estado ou no do Distrito Federal, para os danos de âmbito nacional ou regional,
aplicando-se as regras do Código de Processo Civil aos casos de competência concorrente.

Prevalece no STF e no STJ, que a competência do art. 2° da LACP é territorial e funcional, e, portanto,
ABSOLUTA.

Quanto a competência material, será da Justiça Federal, conforme análise do critério da causa de pedir ou
da parte.
➢ Exemplo: Art. 109, inciso IX, da CF (Disputa sobre direitos indígenas). O fato do bem ser da União não
necessariamente atrai a competência para a Justiça Federal. A competência da Justiça Estadual é residual.

O STF, julgando a Reclamação 7358, entendeu que os Ministérios Públicos Estaduais têm autonomia para
demandar inclusive em Tribunais Federais, podendo demandar em qualquer órgão do judiciário, portanto
perfeitamente possível que o Ministério Público Estadual entre com ações na Justiça Federal. Dessa maneira,

244
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esse entendimento se aplica à ACP. No entanto, não é comum, normalmente quando o MPE atua na Justiça
Federal é porque ele está em litisconsórcio com o MPF.

#DEOLHONASÚMULA
Súmula 42, STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar as causas cíveis em que é parte
sociedade de economia mista e os crimes praticados em seu detrimento.
Súmula 150, STJ: Compete à Justiça Federal decidir sobre a existência de interesse jurídico que justifique a
presença, no processo, da União, suas autarquias ou empresas públicas.
Súmula 224, STJ: Excluído do feito o ente federal, cuja presença levará o Juiz Estadual a declinar da
competência, deve o Juiz Federal restituir os autos e não suscitar conflito.
Súmula 489, STJ: Reconhecida a continência, devem ser reunidas na Justiça Federal as ações civis públicas
propostas nesta e na Justiça estadual

LEGITIMIDADE ATIVA:

Art. 5o Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: (Redação dada pela Lei nº 11.448,
de 2007).
I - o Ministério Público; (Redação dada pela Lei nº 11.448, de 2007).
II - a Defensoria Pública; (Redação dada pela Lei nº 11.448, de 2007).
III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; (Incluído pela Lei nº 11.448, de 2007).
IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista; (Incluído pela Lei nº 11.448, de
2007).
V - a associação que, concomitantemente: (Incluído pela Lei nº 11.448, de 2007).
a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil; (Incluído pela Lei nº 11.448, de 2007).
b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio ambiente,
ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos
ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. (Redação dada pela Lei nº 13.004,
de 2014)

Trata-se de legitimidade concorrente e disjuntiva:


➢ Legitimidade concorrente: significa que existe mais de um legitimado, ou seja, mais de um que pode
entrar com ACP.
➢ Legitimidade disjuntiva: significa que não há ordem preferencial entre os legitimados para propositura
da ACP, ou seja, que um não depende da vontade do outro.

É admitido o litisconsórcio ativo (neste caso, ele é facultativo e unitário):

LACP, art. 5º, § 2º: Fica facultado ao Poder Público e a outras associações legitimadas nos termos deste artigo
habilitar-se como litisconsortes de qualquer das partes.

LACP, art. 5º, § 5°: Admitir-se-á o litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da União, do Distrito
Federal e dos Estados na defesa dos interesses e direitos de que cuida esta lei.

Ao contrário do que ocorre com a Administração Pública Direta, a legitimação dos entes da Administração
Pública Indireta está condicionada à existência de pertinência temática.

É verdade que a LACP e o CDC apenas trazem a pertinência temática como requisito para as associações,
todavia as entidades da Administração Indireta se orientam pelo princípio da especialidade, extraído do art.
37, XIXIII e XX, da Constituição, segundo o qual tais entidades não podem se desviar das finalidades para as

245
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quais foram criadas. Uma autarquia criada, por exemplo, para o fomento do turismo não pode atuar na área
da saúde, ou em outras que lhe distanciem de sua finalidade legal.

#DEOLHONAJURIS:
A legitimidade ativa na ação civil pública das pessoas jurídicas da administração pública indireta depende
da pertinência temática entre suas finalidades institucionais e o interesse tutelado. Se formos analisar
apenas o texto literal, o art. 5º da Lei nº 7.347/85 apenas exige expressamente da associação a comprovação
de pertinência temática para propositura de ação civil pública. Assim, em uma interpretação literal, as
autarquias, empresas públicas, fundações públicas e sociedades de economia mista não precisariam
comprovar a pertinência temática para ajuizarem ações coletivas. Ocorre que o STJ não adota essa
interpretação literal. Isso porque não se pode esquecer que as autarquias, empresas públicas, fundações
públicas e sociedades de economia mista possuem competências legais e estatutárias, as quais delimitam o
seu campo de atuação. Justamente por isso, a doutrina defende e o STJ encampou a tese de que as entidades
da administração pública indireta somente poderão ingressar com ACP se demonstrarem a pertinência
temática.STJ. 4ª Turma. REsp 1.978.138-SP, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 22/03/2022 (Info
731).

#DEOLHONASÚMULA
Súmula 643, STF: O Ministério Público tem legitimidade para promover ação civil pública cujo fundamento
seja a ilegalidade de reajuste de mensalidades escolares.
Súmula 601, STJ: O Ministério Público tem legitimidade ativa para atuar na defesa dos direitos difusos,
coletivos e individuais homogêneos dos consumidores, ainda que decorrentes da prestação de serviços
públicos.
Súmula 329, STJ: O Ministério Público possui legitimidade ativa para propor ação civil pública visando o
ressarcimento de danos causados ao patrimônio público por prefeito municipal.

#SAIBADIFERENCIAR
Quando a associação ajuíza ação coletiva, ela precisa juntar aos autos autorização expressa dos associados
para a propositura dessa ação e uma lista com os nomes de todas as pessoas que estão associadas naquele
momento?
1) em caso de ação coletiva de rito ordinário 2) em caso de ação civil pública (ação coletiva proposta
proposta pela associação na defesa dos interesses na defesa de direitos difusos, coletivos ou individuais
de seus associados: SIM homogêneos): NÃO
A associação, quando ajuíza ação na defesa dos A associação, quando ajuíza ação na defesa de direitos
interesses de seus associados, atua como difusos, coletivos ou individuais homogêneos, atua
REPRESENTANTE PROCESSUAL e, por isso, é como SUBSTITUTA PROCESSUAL e não precisa dessa
obrigatória a autorização individual ou assemblear autorização.
dos associados.
Aplica-se o entendimento firmado pelo STF no RE O entendimento firmado no RE 573232/SC não foi
573232/SC (veja abaixo). pensado para esses casos.
O disposto no artigo 5º, inciso XXI, da Carta da (...) 1. Ação civil pública, ajuizada pelo Movimento das
República encerra representação específica, não Donas de Casa e Consumidores de Minas Gerais, na
alcançando previsão genérica do estatuto da qual sustenta a nulidade de cláusulas de contratos de
associação a revelar a defesa dos interesses dos arrendamento mercantil. (...)
associados. 3. Por se tratar do regime de substituição processual, a
As balizas subjetivas do título judicial, formalizado autorização para a defesa do interesse coletivo em
em ação proposta por associação, é definida pela sentido amplo é estabelecida na definição dos
representação no processo de conhecimento, objetivos institucionais, no próprio ato de criação da
presente a autorização expressa dos associados e a associação, sendo desnecessária nova autorização ou
lista destes juntada à inicial. deliberação assemblear. (...)

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STF. Plenário. RE 573232/SC, rel. orig. Min. Ricardo 9. As teses de repercussão geral resultadas do
Lewandowski, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, julgamento do RE 612.043/PR e do RE 573.232/SC tem
julgado em 14/5/2014 (Repercussão Geral – Tema seu alcance expressamente restringido às ações
82) (Info 746). coletivas de rito ordinário, as quais tratam de
interesses meramente individuais, sem índole coletiva,
pois, nessas situações, o autor se limita a representar
os titulares do direito controvertido, atuando na defesa
de interesses alheios e em nome alheio. (...)
STJ. 3ª Turma. AgInt no REsp 1799930/MG, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 26/08/2019.
Fonte: Dizer o Direito

#DEOLHONAJURIS:
Em ação civil pública ajuizada por associação civil, cujo estatuto prevê como finalidade a defesa de direitos
humanos, em que se postula por indenização por danos morais decorrentes da prática de atos vexatórios
em revistas íntimas para ingresso em centros de detenção, não é obrigatória a juntada de autorização
individual de cada uma das pessoas interessadas.
Caso concreto: Conectas Direitos Humanos, associação civil que tem como finalidade estatutária a defesa
dos direitos humanos, ajuizou ACP pedindo que o Estado de São Paulo seja condenado a pagar indenização
todas as mulheres vítimas que foram vítimas de abusos na revista íntima realizada nos centros de detenção
provisória. Neste caso, a associação atuará como substituta processual, daí porque não é necessário que as
pessoas eventualmente lesadas sejam associadas ou autorizem, por qualquer meio, o ajuizamento da ação.
STJ. 1ª Turma. AgInt no REsp 1833056-SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 22/08/2022 (Info 750).
O juízo de verificação da pertinência temática para a proposição de ações civis públicas há de ser
responsavelmente flexível e amplo, em contemplação ao princípio constitucional do acesso à justiça,
mormente a considerar-se a máxima efetividade dos direitos fundamentais.
STJ. 4ª Turma. AgInt nos EDcl no REsp 1788290-MS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 24/05/2022
(Info 738).

#DEOLHONAJURIS
Em caso de dissolução, por decisão judicial, da associação autora de ação civil pública, é possível a
substituição processual pelo Ministério Público. STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp 1.582.243-SP, Rel. Min. Maria
Isabel Gallotti, julgado em 14/2/2023 (Info 764).

SENTENÇA NA ACP: A sentença coletiva é aquela proferida em ação civil pública, que versa sobre direitos
difusos, coletivos ou individuais homogêneos. Normalmente, as ações civis públicas, de cunho condenatório,
têm como objeto imediato os provimentos cominatórios (obrigação de fazer, de não fazer, ou de entregar
coisa) ou indenizatórios (obrigação de pagar).

Art. 11 da LACP: “Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz
determinará o cumprimento da prestação da atividade devida ou a cessação da atividade nociva, sob pena
de execução específica, ou de cominação de multa diária, se esta for suficiente ou compatível,
independentemente de requerimento do autor”.

Art. 84, do CDC: Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer, o juiz
concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado prático
equivalente ao do adimplemento.

COISA JULGADA COLETIVA:

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#DIRETODAFUC
ANÁLISE DA COISA JULGADA MATERIAL SECUNDUM EVENTUM PROBATIONES
NOS DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS
Sentença Coisa julgada Direitos difusos Direitos coletivos
Procedente Coisa julgada material Efeito erga omnes Efeito ultra partes
Improcedente (por Coisa julgada material Efeito erga omnes. Efeito ultra partes.
outro motivo que não Obs.: impede somente nova Obs.: impede somente nova
a insuficiência de propositura de ação coletiva. propositura de ação coletiva.
provas) Não impede que os Não impede que os
consumidores intentem consumidores intentem
ações individuais pelos ações individuais pelos
danos individualmente danos individualmente
sofridos (art. 103, §1º) sofridos (art. 103, §1º)
Improcedente por Não faz coisa julgada Qualquer legitimado do art. Qualquer legitimado do art.
insuficiência de material 82 poderá intentar 82 poderá intentar
provas novamente a ação coletiva, novamente a ação coletiva,
bastando possuir nova bastando possuir nova
prova. prova.

- COISA JULGADA SECUNDUM EVENTUM LITIS, formada de acordo com o resultado do processo.

- As ações individuais foram preservadas pelo legislador, pois os efeitos da coisa julgada nos direitos difusos
e coletivos não prejudicarão os direitos individuais dos envolvidos, podendo os consumidores ainda intentar
ações pelos danos individualmente sofridos, uma vez que se tratam de ações diversas, não só com relação
às partes, como também pelo objeto, não induzindo, portanto, litispendência.

ANÁLISE DA COISA JULGADA MATERIAL SECUNDUM EVENTUM LITIS NOS DIREITOS INDIVIDUAIS
HOMOGÊNEOS
Sentença Coisa julgada Direitos individuais homogêneos
Procedente Faz coisa julgada material Efeito erga omnes, bastando o
consumidor se habilitar na
liquidação e promover a execução,
provando o dano sofrido.
Improcedente Se o consumidor integrou o processo Não poderá intentar a ação
como litisconsorte, sofre os efeitos individual.
da coisa julgada material
Improcedente Se o consumidor ficou inerte ao Poderá intentar a ação individual.
processo, não sofre os efeitos da
coisa julgada material

- Em todos os casos de ações coletivas (direitos difusos, coletivos ou individuais homogêneos), a coisa julgada
erga omnes ou ultra partes não beneficiará aqueles autores de ações individuais que, mesmo tendo ciência
da ação coletiva, deixam de requerer a suspensão no prazo de 30 dias.

#DEOLHONAJURIS
É inconstitucional o art. 16 da Lei nº 7.347/85, na redação dada pela Lei nº 9.494/97. É inconstitucional a
delimitação dos efeitos da sentença proferida em sede de ação civil pública aos limites da competência
territorial de seu órgão prolator. Em se tratando de ação civil pública de efeitos nacionais ou regionais, a
competência deve observar o art. 93, II, da Lei nº 8.078/90 (CDC). Ajuizadas múltiplas ações civis públicas de

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âmbito nacional ou regional, firma-se a prevenção do juízo que primeiro conheceu de uma delas, para o
julgamento de todas as demandas conexas. STF. Plenário. RE 1101937/SP, Rel. Min. Alexandre de Moraes,
julgado em 7/4/2021 (Repercussão Geral – Tema 1075) (Info 1012)

TRANSPORTE DA COISA JULGADA IN UTILIBUS: É a técnica consistente na extensão útil da coisa julgada, na
qual o indivíduo interessado se vale dos efeitos do processo coletivo para liquidar e executar os danos
reconhecidos. Está previsto no art. 103, § 3°, do CDC:

Art. 103, (....), § 3° Os efeitos da coisa julgada de que cuida o art. 16, combinado com o art. 13 da Lei n° 7.347,
de 24 de julho de 1985, não prejudicarão as ações de indenização por danos pessoalmente sofridos, propostas
individualmente ou na forma prevista neste código, mas, se procedente o pedido, beneficiarão as vítimas e
seus sucessores, que poderão proceder à liquidação e à execução, nos termos dos arts. 96 a 99.

LIQUIDAÇÃO E EXECUÇÃO DA SENTENÇA COLETIVA

A execução da sentença coletiva que reconhece DIREITOS ESSENCIALMENTE COLETIVOS (DIFUSOS E


COLETIVOS EM SENTIDO ESTRITO), é subdivida em duas espécies:

a) Execução coletiva: Cabe ao próprio ente legitimado, autor da ação coletiva, promover, perante o juízo da
condenação, a liquidação e a execução da sentença coletiva, cujo valor será revertido ao fundo de reparação.
Em caso de inércia do autor por mais de 60 dias, qualquer outro colegitimado poderá intentar a
liquidação/execução (em relação ao Ministério Público se trata de um dever, e não de uma faculdade, diante
do princípio da indisponibilidade da execução coletiva).

b) Execução individual: Em razão do instituto do transporte in utilibus da coisa julgada coletiva, o interessado
pode transportar a coisa julgada da sentença do processo coletivo para o processo individual, podendo
liquidar e executar, perante o juízo da condenação ou juízo do seu domicílio, conforme seu critério (CDC, art.
101, I, e 98, § 2°, I).

EXECUÇÃO DA SENTENÇA CONDENATÓRIA COLETIVA (DIREITOS DIFUSOS/COLETIVOS)


Proposta pelos legitimados
Execução da pretensão coletiva No juízo da AÇÃO CONDENATÓRIA
coletivos
Execução de pretensão individual –
No juízo da LIQUIDAÇÃO DA
transporte in utilibus da coisa julgada
Proposta pela vítima SENTENÇA ou da AÇÃO
coletiva para o plano individual (art.
CONDENATÓRIA
103, §3º)

Por sua vez, a execução da sentença coletiva que reconhece DIREITOS ACIDENTALMENTE COLETIVOS
(INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS), é subdivida em três espécies:

a) Execução individual: Cabe ao próprio interessado promover a execução individual, através do transporte
in utilibus da coisa julgada, perante o juízo do domicílio ou da condenação, a seu critério (CDC, art. 101, I, e
98, § 2°, I), cumprindo a ele comprovar que se enquadra na situação fática descrita na sentença (an debeatur)
e o valor devido (quantum debeatur). Se o interessado tiver ajuizado ação individual para discutir o mesmo
objeto da ação coletiva, deverá requerer a suspensão da ação individual, no prazo de 30 dias da notificação,
para que possa fazer o transporte in utilibus (art. 104, CDC).

#SELIGA: O prazo para habilitação dos interessados (vítimas e sucessores) não é de 1 ano, mas sim o PRAZO
PRESCRICIONAL do direito material.

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É de cinco anos o prazo prescricional para ajuizamento da execução individual de sentença proferida em Ação
Civil Pública. EDcl no REsp 1.569.684-SP, Rel. Min. Raul Araújo, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em
25/10/2022. (Info 756 - STJ)

b) Execução coletiva (ou pseudocoletiva): As liquidações individuais podem ser reunidas em apenas uma
execução, promovendo-se uma execução coletiva de sentença (art. 98, CDC). Essa forma de execução pode
ser intentada tanto pelo autor da ação coletiva quanto por qualquer outro legitimado perante o juízo da
condenação. O valor da reparação será revertido em favor das vítimas ou sucessores.

c) Execução residual (fluid recovery): Se não houver a habilitação dos indivíduos lesados nas ações coletivas
que tratam de direitos individuais homogêneos, dentro do prazo de um ano, o autor da demanda ou um dos
colegitimados podem promover a execução perante o juízo da condenação, a serem revertidos para o fundo
de reparação (art. 100, CDC)

EXECUÇÃO DA SENTENÇA CONDENATÓRIA GENÉRICA – DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS


No juízo da LIQUIDAÇÃO DA
Proposta pelas vítimas (art. 97) SENTENÇA ou no JUÍZO DA AÇÃO
Execução de danos CONDENATÓRIA
individuais Proposta pelos legitimados coletivos
- somente as vítimas com No juízo da AÇÃO CONDENATÓRIA
indenizações liquidadas (art. 98)
Execução de indenização para
o fundo – “fluidrecovery”
Proposta pelos legitimados coletivos
(somente quando não haja No juízo da AÇÃO CONDENATÓRIA
(art. 100)
habilitação individual no
prazo de 1 ano)

- Em sede de execução de direitos individuais homogêneos, a liquidação é IMPRÓPRIA: tem objetivo mais
amplo do que a liquidação tradicional e elevada carga cognitiva (individualização, liquidação, juízo sobre a
titularidade do exequente).

- Para que se dê a execução coletiva, é necessário que se tenham as indenizações fixadas em sentença de
liquidação. Assim, a execução promovida pelos entes legitimados somente abrangerá as vítimas que já
tiverem suas indenizações liquidadas.

#MUITAATENÇÃO
O MP não possui legitimidade para promover a execução coletiva prevista no art. 98 do CDC. O Ministério
Público não possui legitimidade para promover a execução coletiva do art. 98 do CDC por ausência de
interesse público ou social a justificar sua atuação: Art. 98. A execução poderá ser coletiva, sendo promovida
pelos legitimados de que trata o art. 82, abrangendo as vítimas cujas indenizações já tiveram sido fixadas em
sentença de liquidação, sem prejuízo do ajuizamento de outras execuções. Nessa execução do art. 98, o que
se tem é a perseguição de direitos puramente individuais. O objetivo é o ressarcimento do dano
individualmente experimentado, de modo que a indivisibilidade do objeto cede lugar à sua individualização.
Essa particularidade da fase de execução constitui óbice à atuação do Ministério Público pois o interesse
social, que justificaria a atuação do Parquet, à luz do art. 129, III, da Constituição Federal, era a
homogeneidade do direito que, no caso, não mais existe. STJ. 4ª Turma. REsp 869.583-DF, Rel. Min. Luis
Felipe Salomão, julgado em 05/06/2012. STJ. 3ª Turma. REsp 1.801.518-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, julgado em 14/12/2021 (Info 722)
Não cabe ao Ministério Público promover a liquidação da sentença coletiva para satisfazer, um a um, os
interesses individuais disponíveis das vítimas ou seus sucessores, por se tratar de pretensão não amparada

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no CDC e que foge às atribuições institucionais do Parquet. Logo, o requerimento de liquidação da sentença
coletiva, acaso seja feito pelo MP, não é apto a interromper a prescrição para o exercício da respectiva
pretensão pelos verdadeiros titulares do direito tutelado. Em homenagem à segurança jurídica e ao interesse
social que envolve a questão, e diante da existência de julgados anteriores desta Corte, nos quais se
reconheceu a interrupção da prescrição em hipóteses análogas à destes autos, gerando nos jurisdicionados
uma expectativa legítima nesse sentido, faz-se a modulação dos efeitos desta decisão, com base no § 3º do
art. 927 do CPC/2015, para decretar a eficácia prospectiva do novo entendimento, atingindo apenas as
situações futuras, ou seja, as ações civil públicas cuja sentença seja posterior à publicação deste acórdão.
Convém alertar que a liquidação das futuras sentenças coletivas, exaradas nas ações civis públicas propostas
pelo Ministério Público e relativas a direitos individuais homogêneos, deverão ser promovidas pelas
respectivas vítimas e seus sucessores, independentemente da eventual atuação do Parquet, sob pena de se
sujeitarem os beneficiados à decretação da prescrição. STJ. Corte Especial. REsp 1758708-MS, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 20/04/2022 (Info 734).

AÇÃO POPULAR

A ação popular está prevista no art. 5, inciso LXXIII, da CF, constituindo uma garantia constitucional com
natureza de cláusula pétrea.

Art. 5º (...) LXXIII — qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo
ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas
judiciais e do ônus da sucumbência.

#VEMDETABELA

AÇÃO POPULAR
•Ato inválido (nulo, anulável ou inexistente).
•Ato lesivo.
REQUISITOS •Características do ato:
FUNDAMENTAIS - vinculado ou discricionário;
- omissivo ou comissivo;
- controle de políticas públicas.
•Ativa: cidadão (art. 1°, § 3°, da Lei n. 4.717/65).
•Passiva: litisconsórcio necessário e simples (art. 6° da Lei n. 4.717/65):
- pessoa jurídica de direito público ou com função pública;
LEGITIMIDADE
- autoridades, funcionários ou administradores;
- beneficiários diretos do ato.
- Intervenção móvel da pessoa jurídica.
• Atua como fiscal da lei (art. 6°, § 4°);
• Não pode assumir a defesa do ato impugnado.
• Pode prosseguir como autor em caso de abandono ou desistência da ação (art. 9°
MINISTÉRIO PÚBLICO
da Lei n. 4.717/65).
• Deve proceder à execução caso o autor popular ou a pessoa jurídica de direito
público não o façam em 60 dias (art. 16 da Lei n 4.717/65).
• Cumulação sucessiva de pedidos (art. 11 da Lei n. 4.717/65):
PEDIDO - decretação da invalidade (sentença constitutiva);
- ressarcimento da lesão (sentença condenatória).
• Requisitos:
LIMINAR
- fumus boni iuris;

251
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- periculum in mora.
• Local do ato:
- Justiça Federal (União) ou Estadual;
- Vara da Fazenda Pública Estadual ou Municipal;
COMPETÊNCIA
• competência territorial;
• 1o grau.
• Prevenção: propositura da demanda.
Procedimento comum ordinário, com modificações.
• Documentos necessários à propositura da demanda:
- cidadão: requerimento à pessoa jurídica:
• prazo: 15 dias.
• negativa: sigilo:
• juiz requisita;
- prazo: 15 a 30 dias;
- segredo de justiça;
PROCEDIMENTO
- pena de desobediência.
•Citação por edital: requisitos do art. 231 do CPC.
• Resposta do réu:
- prazo: 20 dias, prorrogáveis por mais 20;
• litisconsortes com diferentes advogados: prazo em dobro;
• exceções: cabíveis;
• reconvenção: não cabe.
• Julgamento antecipado da lide
Cidadão: isento:
CUSRAS E ÔNUS DE
• salvo má-fé, quando paga o décuplo das custas e honorários.
SUCUMBÊNCIA
• Réus e pessoa jurídica: pagam ao final.
•Sentença de improcedência ou de carência: remessa necessária;
RECURSOS E REMESSA - legitimidade para recorrer: qualquer cidadão ou Ministério Público.
NECESSÁRIA •Sentença de procedência: apelação com efeito suspensivo.
•Decisão interlocutória: agravo de instrumento.
• Prazo: 5 anos.
• Não afeta outras demandas coletivas.
PRESCRIÇÃO • Início:
- publicidade do ato.
- execução da lei de efeitos concretos.
Secundum eventum probations: em caso de improcedência por insuficiência de
provas, qualquer cidadão pode intentar novamente a mesma demanda, desde que
COISA JULGADA se valha de nova prova.
Secundum eventum litis: se a ação for julgada procedente ou improcedente por ser
infundada, produzirá efeito de coisa julgada oponível erga omnes.

#DEOLHONAJURIS
Determinado cidadão propôs “ação popular” contra a Presidente da República pedindo que ela fosse
condenada à perda da função pública e à privação dos direitos políticos. A competência para julgar essa
ação é do STF? NÃO. Em regra, o STF não possui competência originária para processar e julgar ação popular,
ainda que ajuizada contra atos e/ou omissões do Presidente da República. A competência para julgar ação
popular contra ato de qualquer autoridade, até mesmo do Presidente da República, é, via de regra, do juízo
de 1º grau. STF. Plenário. Pet 5856 AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 25/11/2015 (Info 811).

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No mesmo sentido: A jurisprudência é firme no sentido de que o STF não possui competência para julgar
ação popular contra ato de qualquer autoridade. STF. Plenário. AO 2489 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso,
julgado em 29/06/2020.
Não é da competência originária do STF conhecer de ações populares, ainda que o réu seja autoridade que
tenha na Corte o seu foro por prerrogativa de função para os processos previstos na Constituição. STF.
Plenário. Pet 8504 AgR, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 19/12/2019.

EXCEÇÕES: É possível apontar quatro exceções a essa regra. Assim, compete ao STF julgar:
1) ação popular que envolva conflito federativo entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou
entre uns e outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta (art. 102, I, “f”, da CF/88);
2) ação popular em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente interessados, e
aquela em que mais da metade dos membros do tribunal de origem estejam impedidos ou sejam direta ou
indiretamente interessados (art. 102, I, “n”, da CF/88);
3) ação popular proposta contra o Conselho Nacional de Justiça ou contra o Conselho Nacional do Ministério
Público (art. 102, I, “r”, da CF/88).
4) ação popular cujo pedido seja próprio de mandado de segurança coletivo contra ato de Presidente da
República, por força do art. 102, I, “d”, da CF/88 (STF. Plenário. Pet 8104 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em
06/12/2019).
No âmbito da Ação Popular, em que se pleiteia "a anulação ou a declaração de nulidade de atos lesivos ao
patrimônio" público (art. 1º da Lei 4.717/1965), não se pode condenar o réu ao pagamento de ressarcimento
ao Erário se não se configurar o dano.STJ. 1ª Turma. AgInt no AREsp 1497559/PA, Rel. Min. Napoleão Nunes
Maia Filho, julgado em 05/10/2020

23. Cumprimento de sentença e execução. Classificações. Pressupostos. Título executivo: espécies e


requisitos. Liquidação.
24. Cumprimento de sentença para pagamento de quantia, para obrigação de fazer, não fazer e dar coisa
certa. Cumprimento de sentença na obrigação de alimentos.
25. Execução por quantia certa contra devedor solvente. Procedimento. Penhora, avaliação e expropriação.
Satisfação do credor.
26. Defesa do executado no cumprimento de sentença e na execução de título extrajudicial. Ações
autônomas de impugnação à execução. Exceção de pré-executividade.

CUMPRIMENTO DE SENTENÇA

- Processo Sincrético: Em regra, o cumprimento de sentença é feito nos mesmos autos do processo de
conhecimento, no modelo do processo sincrético. O local do cumprimento de sentença é o local da ação,
mas há exceções.

Art. 513. O cumprimento da sentença será feito segundo as regras deste Título, observando-se, no que couber
e conforme a natureza da obrigação, o disposto no Livro II da Parte Especial deste Código.
§ 1º O cumprimento da sentença que reconhece o dever de pagar quantia, provisório ou definitivo, far-se-á a
requerimento do exequente.
§ 2º O devedor será INTIMADO para cumprir a sentença:
I - pelo Diário da Justiça, na pessoa de seu advogado constituído nos autos;
II - por carta com aviso de recebimento, quando representado pela Defensoria Pública ou quando não tiver
procurador constituído nos autos, ressalvada a hipótese do inciso IV;
III - por meio eletrônico, quando, no caso do § 1º do art. 246 , não tiver procurador constituído nos autos
IV - por edital, quando, citado na forma do art. 256 , tiver sido revel na fase de conhecimento.

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§ 3º Na hipótese do § 2º, incisos II e III, considera-se realizada a intimação quando o devedor houver mudado
de endereço sem prévia comunicação ao juízo, observado o disposto no parágrafo único do art. 274.
§ 4º Se o requerimento a que alude o § 1º for formulado após 1 (um) ano do trânsito em julgado da sentença,
a intimação será feita na pessoa do devedor, por meio de carta com aviso de recebimento encaminhada ao
endereço constante dos autos, observado o disposto no parágrafo único do art. 274 e no § 3º deste artigo.
§ 5º O cumprimento da sentença não poderá ser promovido em face do fiador, do coobrigado ou do
corresponsável que não tiver participado da fase de conhecimento.

Art. 516. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante:


I - os tribunais, nas causas de sua competência originária;
II - o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição;
III - o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal condenatória, de sentença arbitral, de
sentença estrangeira ou de acórdão proferido pelo Tribunal Marítimo.
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o exequente poderá optar pelo juízo do atual domicílio do
executado, pelo juízo do local onde se encontrem os bens sujeitos à execução ou pelo juízo do local onde deva
ser executada a obrigação de fazer ou de não fazer, casos em que a remessa dos autos do processo será
solicitada ao juízo de origem.

#DEOLHONAJURIS
É constitucional o art. 139, IV, do CPC, que prevê medidas atípicas destinadas a assegurar a efetivação dos
julgados. São constitucionais — desde que respeitados os direitos fundamentais da pessoa humana e
observados os valores especificados no próprio ordenamento processual, em especial os princípios da
proporcionalidade e da razoabilidade — as medidas atípicas previstas no CPC/2015 destinadas a assegurar a
efetivação dos julgados. STF. Plenário. ADI 5941/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 9/02/2023 (Info 1082).

CUMPRIMENTO PROVISÓRIO DE SENTENÇA QUE RECONHECE A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR


QUANTIA CERTA

Trata-se da possibilidade de permitir que a parte possa, na pendência de um recurso, dar início ao
cumprimento de sentença.

Hipóteses:
– Títulos judiciais sujeitos a recurso sem efeito suspensivo (CPC, arts. 520 e 995)
– Decisões relacionadas à antecipação de tutela provisória (arts. 297, parágrafo único e 519 do CPC).

Obs.: Títulos extrajudiciais: a execução é sempre definitiva (fim dos artigos 587 e 739-A do CPC/73)
(restabelecimento da Súmula 317 STJ).

Art. 520. O cumprimento provisório da sentença impugnada por recurso desprovido de efeito suspensivo será
realizado da mesma forma que o cumprimento definitivo, sujeitando-se ao seguinte regime:
I - corre por iniciativa e responsabilidade do exequente, que se obriga, se a sentença for reformada, a reparar
os danos que o executado haja sofrido;
II - fica sem efeito, sobrevindo decisão que modifique ou anule a sentença objeto da execução, restituindo-se
as partes ao estado anterior e liquidando-se eventuais prejuízos nos mesmos autos;
III - se a sentença objeto de cumprimento provisório for modificada ou anulada apenas em parte, somente
nesta ficará sem efeito a execução;
IV - o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem transferência de posse ou
alienação de propriedade ou de outro direito real, ou dos quais possa resultar grave dano ao executado,
dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos próprios autos.

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§ 1º No cumprimento provisório da sentença, o executado poderá apresentar impugnação, se quiser, nos


termos do art. 525 .
§ 2º A multa e os honorários a que se refere o § 1º do art. 523 são devidos no cumprimento provisório de
sentença condenatória ao pagamento de quantia certa.
§ 3º Se o executado comparecer tempestivamente e depositar o valor, com a finalidade de isentar-se da
multa, o ato não será havido como incompatível com o recurso por ele interposto.
§ 4º A restituição ao estado anterior a que se refere o inciso II não implica o desfazimento da transferência
de posse ou da alienação de propriedade ou de outro direito real eventualmente já realizada, ressalvado,
sempre, o direito à reparação dos prejuízos causados ao executado.
§ 5º Ao cumprimento provisório de sentença que reconheça obrigação de fazer, de não fazer ou de dar coisa
aplica-se, no que couber, o disposto neste Capítulo.

#OLHAAJURIS: No cumprimento provisório de decisão condenatória ao pagamento de quantia certa, o


executado não pode substituir o depósito judicial em dinheiro por bem equivalente ou representativo do
valor, salvo se houver concordância do exequente, como forma de se isentar da multa e dos honorários
advocatícios com base no art. 520, §3º, do CPC/2015. STJ. 3ª Turma. REsp 1942671-SP, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 21/09/2021 (Info 711).

IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA

⮚ É iniciado por mera petição. Tem natureza de incidente.


⮚ Prazo: 15 dias (do fim do prazo para pagamento).
⮚ É desnecessária a garantia do juízo para ofertar impugnação ao cumprimento de sentença (art. 525 do
CPC).

Qual é o recurso cabível contra o pronunciamento que julga a impugnação ao cumprimento de sentença?
a) Se o pronunciamento judicial extinguir a execução: será uma sentença e caberá APELAÇÃO.
b) Se o pronunciamento judicial não extinguir a execução: será uma decisão interlocutória e caberá AGRAVO
DE INSTRUMENTO.

#DEOLHONAJURIS
Assim, o recurso cabível contra a decisão que acolhe impugnação ao cumprimento de sentença e extingue a
execução é a apelação. STJ. 4ª Turma. REsp 1.698.344-MG, Rel. Min. Luís Felipe Salomão, julgado em
22/05/2018 (Info 630).
No caso de acolhimento da impugnação ao cumprimento de sentença fundada no art. 525, § 1º, I, do
CPC/2015, o prazo para a apresentação de contestação se inicia somente na data em que houver a intimação
da decisão do juiz que acolheu a impugnação. Esse prazo não se iniciou no momento em que o executado
compareceu espontaneamente. O réu poderá esperar a decisão do juiz antes de apresentar a contestação.
O art. 239, § 1º do CPC afirma que o prazo para a apresentação de contestação se inicia na data do
comparecimento espontâneo do réu. Isso significa que o réu não deve ficar esperando a decisão do juiz,
tendo em vista que seu prazo já começou a correr. Ocorre que o art. 239, § 1º do CPC é voltado para as
hipóteses em que o réu toma conhecimento do processo ainda na sua fase de conhecimento. Esse dispositivo
não se aplica para o caso em que o processo já está na fase de cumprimento de sentença. STJ. 3ª Turma.
REsp 1930225-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 08/06/2021 (Info 700).

EXECUÇÃO

#SÓJURISNOVAS
Na hipótese de execução de dívida de natureza não alimentar, é possível a penhora de salário, ainda que
este não exceda 50 salários mínimos, quando garantido o mínimo necessário para a subsistência digna do

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devedor e de sua família. Regra: os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os


proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios, os montepios etc. são, como regra geral,
impenhoráveis. Exceções expressas (§ 2º do art. 833 do CPC): 1) é possível a penhora das verbas salariais
para pagamento de prestação alimentícia (qualquer que seja a sua origem, ou seja, pode ser pensão
alimentícia decorrente de poder familiar, de parentesco ou mesmo derivada de um ato ilícito). 2) é possível
a penhora sobre o montante que exceder 50 salários-mínimos. Exceção implícita: é permitida a penhora para
satisfação de dívida de natureza não alimentar, desde que a quantia bloqueada se revele razoável em relação
à remuneração recebida pelo executado, não afrontando a dignidade ou a subsistência do devedor e de sua
família. STJ. Corte Especial.EREsp 1.874.222-DF, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 19/4/2023
(Info 771).
A existência de cláusula de arbitragem não pode impedir a execução de título extrajudicial perante a
Justiça, justamente porque esta é a única competente para o exercício de medidas que visem à
expropriação de bens do devedor. Assim, a execução de título executivo que contenha cláusula
compromissória por credor sub-rogado deve ser processada na jurisdição estatal, que, contudo, não tem
competência para analisar as questões alusivas às disposições do contrato em si invocadas em embargos à
execução. Nessas situações, cabe ao executado que pretende questionar a própria exequibilidade do título
dar início ao procedimento arbitral respectivo, nos termos do art. 8º, parágrafo único, da Lei nº 9.307/96.
Não compete ao juízo estatal, em execução de título executivo extrajudicial que contenha cláusula
compromissória ajuizada por credor sub-rogado, analisar questões alusivas às disposições do contrato em si,
o que deve ser discutido na jurisdição arbitral. STJ. 3ª Turma. REsp 2.032.426-DF, Rel. Min. Moura Ribeiro,
Rel. para acórdão Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 11/4/2023 (Info 770).
É possível a substituição da penhora em dinheiro por seguro garantia judicial, observados os requisitos do
art. 835, § 2º, do CPC/2015, independentemente da discordância da parte exequente, ressalvados os casos
de insuficiência, defeito formal ou inidoneidade da salvaguarda oferecida. O legislador, ao dispor sobre a
ordem preferencial de bens e a substituição da penhora, expressamente equiparou a fiança bancária e o
seguro-garantia judicial ao dinheiro, nos seguintes termos: “para fins de substituição da penhora, equiparam-
se a dinheiro a fiança bancária e o seguro garantia judicial, desde que em valor não inferior ao do débito
constante da inicial, acrescido de trinta por cento” (art. 835, § 2º, do CPC/2015). STJ. 3ª Turma. REsp
2034482-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 21/3/2023 (Info 769).
Nas execuções por quantia certa, o art. 798, I, “b”, do CPC prevê que incumbe ao credor o dever de instruir
a petição inicial com o demonstrativo do débito atualizado até a data da propositura da ação. De maneira
simétrica, o art. 917, em seu § 3º, imputa igual ônus ao executado, quando seus embargos fundarem-se na
arguição de excesso de execução. E, sob pena de não serem conhecidos os embargos de tal natureza, o
executado deverá juntar à inicial a memória de cálculo do débito que entende correto. Vale ressaltar,
entretanto, que haverá casos em que a apuração do excesso alegado pode ficar comprometido pela
necessidade de conhecimento técnico contábil, do qual não disponha a parte. Nessas hipóteses, a
jurisprudência e a doutrina têm admitido a mitigação daquela previsão legal, tornando mesmo imperativa a
dilação probatória para se alcançar o valor realmente devido, evitando-se, assim, cerceamento de defesa.
Assim, em situações como a referida, reconhece-se que, ainda com mais acerto, o devedor deve se valer dos
embargos à execução, meio de oposição à pretensão do credor por excelência, mormente pela viabilidade
do contraditório, excepcional no expediente executório. STJ. 4ª Turma.REsp 1987774-CE, Rel. Min.Luis Felipe
Salomão, julgado em 21/3/2023 (Info 769).
É relativa a nulidade advinda da não suspensão do feito em virtude da morte de coexecutado, sendo
imprescindível a comprovação do prejuízo processual sofrido pela parte a quem a nulidade aproveitaria.
O art. 313, I, do CPC prevê que a se uma das partes do processo for a óbito, haverá a imediata suspensão do
processo desde o evento morte. Isso para viabilizar a substituição processual da parte por seu espólio. O
objetivo é preservar o interesse particular do espólio, assim como dos herdeiros do falecido. Sendo esse o
propósito da norma processual, a nulidade advinda da inobservância dessa regra é relativa, passível de
declaração apenas no caso de a não regularização do polo ensejar real e concreto prejuízo processual ao

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espólio. Do contrário, os atos processuais praticados, a despeito da não suspensão do feito, hão de ser
considerados absolutamente válidos.
Se a parte a quem a nulidade aproveitaria, ciente da morte, deixa de informá-la nos autos logo na primeira
oportunidade que lhe é dada, ela não poderá conseguir a anulação dos atos processuais posteriormente, sob
pena de ofensa ao princípio da boa-fé processual. No caso concreto, a esposa do executado falecido, também
coexecutada, deixou, deliberadamente, de informar ao Juízo a respeito do óbito de seu marido nos atos
processuais que se seguiram. STJ. 3ª Turma. REsp 2033239-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
14/2/2023 (Info 764).
Se a executada, em vez de pagar integralmente o valor, efetuou o depósito de 30% e pediu o parcelamento
do restante, ela deverá pagar honorários advocatícios referentes ao cumprimento de sentença. Na vigência
do antigo Código de Processo Civil, os honorários da fase de cumprimento de sentença eram fixados no
recebimento da inicial, sendo devidos desde o esgotamento do prazo para pagamento voluntário, inclusive
na hipótese de parcelamento prevista no art. 745-A do CPC/1973. STJ. 4ª Turma. AgInt nos EDcl no AREsp
920284-SP, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 14/2/2023 (Info 764).
A suspensão da execução ou do cumprimento de sentença, em virtude da ausência de bens passíveis de
excussão, por longo período de tempo, sem nenhuma diligência por parte do credor, não pode dar ensejo à
suspensão da fluência dos juros e da correção monetária pela configuração da supressio, porquanto a
pendência da ação que busca a concretização do título judicial impede que se gere no devedor a expectativa
de inexigibilidade do débito. STJ. 4ª Turma. REsp 1717144-SP, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em
14/2/2023 (Info 765).
A decisão que declara a inexigibilidade parcial da execução é recorrível mediante agravo de instrumento,
configurando erro grosseiro a interposição de apelação, o que inviabiliza a aplicação do princípio da
fungibilidade recursal. STJ. 2ª Turma. REsp 1947309-BA, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 7/2/2023 (Info
763).

EMBARGOS À EXECUÇÃO

Art. 916. No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exequente e comprovando o depósito de
trinta por cento do valor em execução, acrescido de custas e de honorários de advogado, o executado
poderá requerer que lhe seja permitido pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de
correção monetária e de juros de um por cento ao mês.
§ 1º O exequente será intimado para manifestar-se sobre o preenchimento dos pressupostos do caput , e o
juiz decidirá o requerimento em 5 (cinco) dias.
§ 2º Enquanto não apreciado o requerimento, o executado terá de depositar as parcelas vincendas, facultado
ao exequente seu levantamento.
§ 3º Deferida a proposta, o exequente levantará a quantia depositada, e serão suspensos os atos executivos.
§ 4º Indeferida a proposta, seguir-se-ão os atos executivos, mantido o depósito, que será convertido em
penhora.
§ 5º O não pagamento de qualquer das prestações acarretará cumulativamente:
I - o vencimento das prestações subsequentes e o prosseguimento do processo, com o imediato reinício dos
atos executivos;
II - a imposição ao executado de multa de dez por cento sobre o valor das prestações não pagas.
§ 6º A opção pelo parcelamento de que trata este artigo importa renúncia ao direito de opor embargos
§ 7º O disposto neste artigo não se aplica ao cumprimento da sentença.

Art. 919, do CPC. Os embargos à execução não terão efeito suspensivo.


§ 1o O JUIZ PODERÁ, a REQUERIMENTO DO EMBARGANTE, atribuir efeito suspensivo aos embargos quando
verificados os REQUISITOS PARA A CONCESSÃO DA TUTELA PROVISÓRIA e desde que a EXECUÇÃO JÁ ESTEJA
GARANTIDA POR PENHORA, DEPÓSITO OU CAUÇÃO SUFICIENTES.

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§ 2° Cessando as circunstâncias que a motivaram, a decisão relativa aos efeitos dos embargos poderá, a
requerimento da parte, ser modificada ou revogada a qualquer tempo, em decisão fundamentada.
§ 3° Quando o efeito suspensivo atribuído aos embargos disser respeito apenas a parte do objeto da execução,
esta prosseguirá quanto à parte restante.
§ 4° A concessão de efeito suspensivo aos embargos oferecidos por um dos executados não suspenderá a
execução contra os que não embargaram quando o respectivo fundamento disser respeito exclusivamente ao
embargante.
§ 5° A concessão de efeito suspensivo não impedirá a efetivação dos atos de substituição, de reforço ou de
redução da penhora e de avaliação dos bens.
Art. 920. Recebidos os embargos:
I - o exequente será ouvido no prazo de 15 (quinze) dias;
II - a seguir, o juiz julgará imediatamente o pedido ou designará audiência;
III - encerrada a instrução, o juiz proferirá sentença.

#OLHAOGANCHO: Como regra, os embargos à execução não possuem efeito suspensivo.


Excepcionalmente, o art. 919, § 1º, do CPC/2015 prevê que o magistrado poderá atribuir efeito suspensivo
aos embargos à execução quando presentes, cumulativamente, os seguintes requisitos:
a) requerimento do embargante;
b) relevância da argumentação;
c) risco de dano grave de difícil ou incerta reparação; e
d) garantia do juízo.
Caso concreto: empresa ajuizou ação de execução contra João alegando ser credora de R$ 300 mil,
decorrente do inadimplemento de contrato de locação de equipamentos firmado entre as partes. João, antes
do ajuizamento da ação de execução, já havia ajuizado ação de rescisão contratual cumulada com declaração
de inexigibilidade de débito, questionando a higidez do contrato, bem como ação cautelar de sustação de
protesto onde foi oferecido um bem móvel em garantia em valor superior ao da execução.
Como houve caução na ação cautelar e tendo em vista que o débito ali discutido é o mesmo que se cobra na
ação de execução, não há por que se determinar que o devedor ofereça nova caução, podendo ser
aproveitada a garantia do juízo que já foi prestada na ação conexa (cautelar) para que seja concedido o efeito
suspensivo aos embargos à execução.
STJ. 3ª Turma. REsp 1743951-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 06/10/2020 (Info 681).

- IMPENHORABILIDADE

Art. 833, Do CPC. São impenhoráveis:


I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução;
II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de
elevado valor ou os que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida;
III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor;
IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as
pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas
ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional
liberal, ressalvado o § 2º;
V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários
ou úteis ao exercício da profissão do executado;
VI - o seguro de vida;
VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas;
VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família;
IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde
ou assistência social;

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X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários-mínimos;


XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos termos da lei;
XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de incorporação imobiliária,
vinculados à execução da obra.

§ 1º A impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida relativa ao próprio bem, inclusive àquela
contraída para sua aquisição.

§ 2º O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de penhora para pagamento de prestação
alimentícia, independentemente de sua origem, bem como às importâncias excedentes a 50 (cinquenta)
salários-mínimos mensais, devendo a constrição observar o disposto no art. 528, § 8º , e no art. 529, § 3º .

§ 3º Incluem-se na impenhorabilidade prevista no inciso V do caput os equipamentos, os implementos e as


máquinas agrícolas pertencentes a pessoa física ou a empresa individual produtora rural, exceto quando tais
bens tenham sido objeto de financiamento e estejam vinculados em garantia a negócio jurídico ou quando
respondam por dívida de natureza alimentar, trabalhista ou previdenciária.

#OLHAOGANCHO:
As hipóteses permissivas da penhora do bem de família devem receber interpretação restritiva, não havendo
possibilidade de incidência da exceção à impenhorabilidade do bem de família do fiador ao devedor solidário.
AgInt no AREsp 2.118.730-PR, Rel. Ministro Marco Buzzi, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em
14/11/2022, DJe 21/11/2022. (Info 763 - STJ)
Ofendem os princípios da legalidade orçamentária, da separação dos Poderes e da continuidade da prestação
dos serviços públicos as decisões judiciais que, com o objetivo de satisfazer créditos trabalhistas, determinam
o bloqueio de recursos públicos federais transferidos às Associações de Pais e Professores (APPs) pelo Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para a implementação do Programa Dinheiro Direto na
Escola (PDDE). ADPF 988/SC, relatora Min. Cármen Lúcia, julgamento virtual finalizado em 17.10.2022
(segunda-feira), às 23:59. (Info 1072 - STF)
A aplicação da garantia de impenhorabilidade do valor depositado em conta corrente, sem repercussão
alguma acerca do atributo do valor executado, evidencia erro de percepção, autorizando a rescisão do
julgado, consoante o previsto no art. 485, IX, do CPC/1973. AR 5.947-DF, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão,
Segunda Seção, por unanimidade, julgado em 14/9/2022, DJe 1º/12/2022. (Info 759 - STJ)
A obrigação do coproprietário de pagar alugueres de imóvel que este utiliza com exclusividade, como
moradia por sua família, em favor do outro configura-se como propter rem afastando, assim, a
impenhorabilidade do bem de família. REsp 1.888.863-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. Acd. Min.
Nancy Andrighi, Terceira Turma, por maioria, julgado em 10/05/2022, DJe 20/05/2022. (Info 748 - STJ)
É possível ao devedor poupar valores sob a regra da impenhorabilidade no patamar de até quarenta salários
mínimos, não apenas aqueles depositados em cadernetas de poupança, mas também em conta corrente ou
em fundos de investimento, ou guardados em papel-moeda. AgInt no REsp 1.958.516-SP, Rel. Min. Raul
Araújo, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 14/06/2022.(Info 742 - STJ)
Os valores pagos a título de indenização pelo “Seguro DPVAT” aos familiares da vítima fatal de acidente de
trânsito gozam da proteção legal de impenhorabilidade ditada pelo art. 833, VI, do CPC/2015, enquadrando-
se na expressão "seguro de vida".
Art. 833. São impenhoráveis: (...) VI - o seguro de vida.
STJ. 4ª Turma. REsp 1412247-MG, Rel. Min. Antônio Carlos Ferreira, julgado em 23/03/2021 (Info 690).
O art. 649, IV, do CP/1973 previa que as verbas de natureza salarial do executado eram impenhoráveis.
O § 2º do art. 649 previa uma exceção explícita e dizia que era possível a penhora da verba salarial do devedor
para pagamento de prestação alimentícia.

259
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O STJ, interpretando esse dispositivo, afirmou que é possível a penhora das verbas salariais do devedor para
pagamento de outras dívidas, além da prestação alimentícia, desde que essa penhora preserve um valor que
seja suficiente para o devedor e sua família continuarem vivendo com dignidade.
Nas palavras do STJ: a regra geral da impenhorabilidade de salários, vencimentos, proventos etc. do devedor
(art. 649, IV, do CPC/1973) (art. 833, IV, do CPC/2015), também pode ser excepcionada quando for
preservado percentual de tais verbas capazes de dar guarida à dignidade do devedor e de sua família.
Ex: Flávio recebe salário de R$ 30 mil por mês. Ricardo ajuizou execução contra Flávio. O juiz determinou a
penhora de 30% do salário de Flávio, todos os meses, até que a dívida que está sendo executada seja paga.
O STJ entendeu que essa penhora é válida e que não violou o art. 649, IV, do CPC/1973.
STJ. Corte Especial. EREsp 1582475-MG, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 03/10/2018 (Info 635).
A impenhorabilidade dos valores recebidos pelo beneficiário do seguro de vida limita-se ao montante de 40
(quarenta) salários-mínimos, por aplicação analógica do art. 833, X, do CPC/2015, cabendo a constrição
judicial da quantia que a exceder.
Cuidado com a redação literal do art. 833, VI, do CPC/2015: “São impenhoráveis: (...) VI - o seguro de vida”.
STJ. 3ª Turma. REsp 1361354-RS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 22/05/2018 (Info 628).

#DEOLHONASÚMULA
Súmula 517-STJ: São devidos honorários advocatícios no cumprimento de sentença, haja ou não
impugnação, depois de escoado o prazo para pagamento voluntário (15 dias), que se inicia após a intimação
do advogado da parte executada.
Súmula 519-STJ: Na hipótese de rejeição da impugnação ao cumprimento de sentença, não são cabíveis
honorários advocatícios.

27. Procedimento dos Juizados Especiais Cíveis e Juizados Especiais da Fazenda Pública. Juizados Especiais
Federais. 28. Procedimentos Especiais de Jurisdição Voluntária. Características. Notificação e interpelação.
Alienações Judiciais. Testamento e Codicilo. Herança Jacente. Bens dos Ausentes. Coisas Vagas. Tutela e
curatela. Organização e Fiscalização das Fundações. 29. Ações locatícias. Ação de Despejo. Ação Renovatória.
Ação Revisional. Ação Consignatória. 30. O processo da recuperação judicial e da falência. 31. Interesses
Difusos e Coletivos. Legitimação: Ordinária e Extraordinária. Coisa julgada na ação coletiva. Competência.
Proteção ao patrimônio público social. Tutela de direitos metaindividuais.

JUIZADO ESPECIAL CÍVEL

PRINCÍPIOS
Oralidade;
Simplicidade;
Informalidade;
Economia processual;
Celeridade.

Para indicar quais causas são de competência do juizado, o legislador valeu-se de três critérios: o valor da
causa, a matéria e as pessoas. Entre os diversos juizados, no entanto, o critério prevalente é o territorial.

Art. 3º O Juizado Especial Cível tem competência para conciliação, processo e julgamento das causas cíveis
de menor complexidade, assim consideradas:
I - as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo;
II - as enumeradas no art. 275, inciso II, do Código de Processo Civil;
III - a ação de despejo para uso próprio;
IV - as ações possessórias sobre bens imóveis de valor não excedente ao fixado no inciso I deste artigo.

260
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§ 1º Compete ao Juizado Especial promover a execução:


I - dos seus julgados;
II - dos títulos executivos extrajudiciais, no valor de até quarenta vezes o salário mínimo, observado o disposto
no § 1º do art. 8º desta Lei.
§ 2º Ficam excluídas da competência do Juizado Especial as causas de natureza alimentar, falimentar, fiscal
e de interesse da Fazenda Pública, e também as relativas a acidentes de trabalho, a resíduos e ao estado e
capacidade das pessoas, ainda que de cunho patrimonial.
§ 3º A opção pelo procedimento previsto nesta Lei importará em renúncia ao crédito excedente ao limite
estabelecido neste artigo, excetuada a hipótese de conciliação.

Art. 4º É competente, para as causas previstas nesta Lei, o Juizado do foro:


I - do domicílio do réu ou, a critério do autor, do local onde aquele exerça atividades profissionais ou
econômicas ou mantenha estabelecimento, filial, agência, sucursal ou escritório;
II - do lugar onde a obrigação deva ser satisfeita;
III - do domicílio do autor ou do local do ato ou fato, nas ações para reparação de dano de qualquer natureza.
Parágrafo único. Em qualquer hipótese, poderá a ação ser proposta no foro previsto no inciso I deste artigo.

O art. 8º, da Lei n. 9.099/95, estabelece restrições à competência do Juizado Estadual, em função da
qualidade de parte que nele intervenha.
→ Só as pessoas físicas capazes podem propor ação perante o juizado especial, excluídos os cessionários
de direito de pessoas jurídicas.
→ Além das pessoas físicas, podem também propor ação as microempresas e as empresas de pequeno
porte, nos termos do art. 74 do Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte (LC 123,
de 14/12/2006).

#ATENÇÃO: Nada impede, porém, que pessoas jurídicas ou entes despersonalizados possam figurar no polo
passivo da ação.

Há, contudo, algumas restrições a que determinadas pessoas ou entes, figurem como partes no Juizado,
tanto no polo ativo quanto no passivo: pessoas físicas incapazes, o preso, as pessoas jurídicas de direito
público, as empresas públicas da União, a massa falida e o insolvente civil (art. 8º, caput, da Lei n. 9.099/95).
No entanto, admitem-se como rés as sociedades de economia mista.

Art. 8o Não poderão ser partes, no processo instituído por esta Lei, o incapaz, o preso, as pessoas jurídicas
de direito público, as empresas públicas da União, a massa falida e o insolvente civil.
§ 1o Somente serão admitidas a propor ação perante o Juizado Especial: (Redação dada pela Lei no 12.126,
de 2009)
I - as pessoas físicas capazes, excluídos os cessionários de direito de pessoas jurídicas; (Incluído pela Lei no
12.126, de 2009)
II - as pessoas enquadradas como microempreendedores individuais, microempresas e empresas de
pequeno porte na forma da Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006; (Redação dada pela Lei
Complementar no 147, de 2014)
III - as pessoas jurídicas qualificadas como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, nos termos
da Lei no 9.790, de 23 de março de 1999; (Incluído pela Lei no 12.126, de 2009)
IV - as sociedades de crédito ao microempreendedor, nos termos do art. 1o da Lei no 10.194, de 14 de
fevereiro de 2001. (Incluído pela Lei no 12.126, de 2009)
§ 2o O maior de dezoito anos poderá ser autor, independentemente de assistência, inclusive para fins de
conciliação.

Recursos:

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Contra a sentença caberá recurso, para o qual a lei não deu nome, então é chamado de RECURSO
INOMINADO, mas que guarda semelhança com a apelação. Ele será sempre escrito, e deverá, seja qual for
o valor da causa, ser subscrito por advogado.

O prazo para interposição é de 10 dias, contados da data em que as partes tomam ciência da sentença. Se
esta for proferida na própria audiência, as partes saem intimadas; do contrário, haverá necessidade de
intimação.

O recurso não tem efeito suspensivo. No entanto, em situações excepcionais, quando o juiz verificar que do
cumprimento imediato da sentença pode resultar perigo de prejuízo irreparável ou de difícil reparação, pode
concedê-lo excepcionalmente.

Não há previsão legal de agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias no Juizado Especial Cível.
As decisões proferidas no curso do processo são irrecorríveis.

Cabem embargos de declaração contra sentenças e acórdãos, mas não contra decisões interlocutórias,
podendo ser opostos, inclusive, oralmente. As hipóteses de cabimento são as mesmas previstas no CPC:
quando a sentença ou acórdão padecer dos vícios da obscuridade, contradição ou omissão, ou, ainda, quando
contiver erro material.

O prazo para interposição é de 05 dias e interrompe o prazo para a interposição de outros recursos.

#ATENÇÃO: É pacífico o entendimento de que cabe mandando de segurança nos Juizados Especiais!

Súmula 376, STJ: Compete a turma recursal processar e julgar o mandado de segurança contra ato de
juizado especial.

Não se admite Recurso Especial no Juizado Especial Cível.

Por que é cabível o RE, mas não o REsp?


Previsão do RE na CF/88 Previsão do REsp na CF/88
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
precipuamente, a guarda da Constituição, III - julgar, em recurso especial, as causas decididas,
cabendo-lhe: em única ou última instância, pelos
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos
causas decididas em única ou última instância, Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a
quando a decisão recorrida: decisão recorrida:

Desse modo, o Recurso Extraordinário é cabível contra causas decididas em única ou última instância por
qualquer órgão jurisdicional. Já o REsp., somente é cabível contra causas decididas em única ou última
instância pelo TJ ou TRF. Como a Turma Recursal não é Tribunal, suas decisões não desafiam REsp.

#SELIGANASÚMULA:
Súmula 640, do STF: É cabível recurso extraordinário contra decisão proferida por juiz de primeiro grau nas
causas de alçada, ou por turma recursal de juizado especial cível ou criminal.

SÚMULAS DE PROCESSO CIVIL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RIO DE JANEIRO

Súmula 1, TJRJ: Se o crédito não exceder a metade do valor do bem comum ou se excedendo-a, o credor não
demonstrar a existência de outros bens comuns, será penhorado o bem todo e ressalvada a metade do valor

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apurado, a não ser que se trate de bem de fácil divisão, caso em que será penhorada apenas a metade ideal
de seu valor. Se, entretanto, excedendo o crédito a metade do valor do bem, o credor demonstrar a
existência de outros bens comuns, a execução absorverá o valor do bem até onde for necessário para a
satisfação do crédito, dentro dos limites da meação do cônjuge que se obrigou, computados os bens comuns
restantes.
Súmula 14, TJRJ: A sentença proferida em ações de divórcio e de separação, quando condenar a pagar
alimentos, terá efeito somente devolutivo.
Súmula 26, TJRJ: É recorrível o despacho de deliberação da partilha no inventário
Súmula 28, TJRJ: Para efeito de distribuição, não há vinculação entre a causa nova e a causa finda.
Súmula 31, TJRJ: Competem às Varas Cíveis Regionais de Santa Cruz e Ilha do Governador o processo e
julgamento da matéria orfanológica prevista no artigo 108 do Código de Organização Judiciária do Estado.
Súmula 39, TJRJ: É facultado ao Juiz exigir que a parte comprove a insuficiência de recursos, para obter
concessão do benefício da gratuidade de Justiça (art. 5º, inciso LXXIV, da CF), visto que a afirmação de
pobreza goza apenas de presunção relativa de veracidade.
Súmula 40, TJRJ: Não é obrigatória a atuação da Defensoria Pública em favor do beneficiário da gratuidade
de Justiça, facultada a escolha de advogado particular para representá-lo em Juízo, sem a obrigação de firmar
declaração de que não cobra honorários.
Súmula 41, TJRJ: Quando vencido, o beneficiário da Justiça gratuita deve ser condenado nos encargos
sucumbenciais, na forma do art. 98, §2º. do CPC de 2015.
Súmula 42, TJRJ: O benefício da gratuidade de justiça, concedido no curso do processo, em ambos os graus
de jurisdição, alcança os atos subseqüentes, se comprovadas as condições supervenientes e sem depender
de impugnação.
Súmula 43, TJRJ: Cabe a revogação, de ofício e a qualquer tempo, do benefício da gratuidade de justiça,
desde que fundamentada.
Súmula 46, TJRJ: Não se suspende, com o pedido de reconsideração, o prazo para interposição de qualquer
recurso.
Súmula 48, TJRJ: Os embargos de declaração, quando intempestivos, não interrompem o prazo para a
interposição de recursos.
Súmula 50, TJRJ: Em ação de indenização ajuizada em face de pessoa jurídica de Direito Público, não se
admite a denunciação da lide ao seu agente ou a terceiro (art. 37, § 6º, CF/88).
Súmula 51, TJRJ: Não constitui garantia hábil, para interposição de embargos de devedor, o oferecimento de
títulos da dívida pública antigos, de difícil liquidez.
Súmula 52, TJRJ: Inexiste omissão a sanar através de embargos declaratórios, quando a decisão deixar de
enfrentar argumentos que não são capazes de infirmar a conclusão adotada pelo julgador.
Súmula 53, TJRJ: O art. 557, do Código de Processo Civil abrange, não só julgamento dos recursos arrolados
no art. 496, como o reexame necessário previsto no art. 475, do mesmo diploma legal. (Súmula 253 do S.T.F.).
Súmula 55, TJRJ: Na ação de busca e apreensão, fundada em alienação fiduciária, basta a carta dirigida ao
devedor com aviso de recebimento entregue no endereço constante do contrato, para comprovar a mora, e
justificar a concessão de liminar.
Súmula 59, TJRJ: Somente se reforma a decisão concessiva ou não, da tutela de urgência, cautelar ou
antecipatória, se teratológica, contrária à lei, notadamente no que diz respeito à probabilidade do direito
invocado, ou à prova dos autos.
Súmula 60, TJRJ: Admissível a antecipação de tutela de mérito, mesmo contra a fazenda pública, desde que
presente os seus pressupostos.
Súmula 63, TJRJ: Cabe a incidência de penhora sobre imóvel único do fiador de contrato de locação, Lei nº.
8009/90 (art. 3º, VII) e Lei nº. 8245/91.
Súmula 71, TJRJ: O Juiz não está obrigado a deferir diligências que, justificadamente, entender
desnecessárias ou impertinentes.
Súmula 80, TJRJ: A Defensoria Pública é órgão do Estado do Rio de Janeiro. Logo, a este não pode impor
condenação nos honorários em favor daquele Centro de Estudos, conforme jurisprudência iterativa do STJ.

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Súmula 92, TJRJ: Inadmissível, em qualquer hipótese, a denunciação da lide nas ações que versem relação
de consumo.
Súmula 100, TJRJ: A penhora de receita auferida por estabelecimento comercial, industrial ou agrícola, desde
que fixada em percentual que não comprometa a respectiva atividade empresarial, não ofende o princípio
da execução menos gravosa, nada impedindo que a nomeação do depositário recaia sobre o representante
legal do devedor.
Súmula 101, TJRJ: A gratuidade de justiça não abrange o valor devido em condenação por litigância de má-
fé.
Súmula 102, TJRJ: Descabe a impetração de mandado de segurança, perante o Órgão Especial, contra as
decisões das Câmaras isoladas, nos casos em que a lei prevê recursos para os Tribunais Superiores.
Súmula 104, TJRJ: O agravo de instrumento, sob pena de não conhecimento, deve ser instruído, no ato de
sua interposição, não só com os documentos obrigatórios, mas também com os necessários à compreensão
da controvérsia, salvo justo impedimento.
Súmula 106, TJRJ: A mera expedição do precatório, antes de sua liquidação, não autoriza a extinção da
execução, na forma do art. 794, I, do Código de Processo Civil.
Súmula 107, TJRJ: Ainda que não conste da sentença, é automática a aplicação do artigo 12, da Lei nº.
1.060/50, quando vencido beneficiário da gratuidade de justiça.
Súmula 108, TJRJ: A gratuidade de justiça abrange o depósito na ação rescisória.
Súmula 109, TJRJ: Os embargos do devedor não transformam em provisória a execução definitiva.
Súmula 114, TJRJ: Legitimado passivo do mandado de segurança é o ente público a que está vinculada a
autoridade coatora.
Súmula 117, TJRJ: A penhora on line, de regra, não ofende o princípio da execução menos gravosa para o
devedor.
Súmula 118, TJRJ: A citação postal comprovadamente entregue à pessoa física, bem assim na sede ou filial
da pessoa jurídica, faz presumir o conhecimento e a validade do ato.
Súmula 119, TJRJ: A garantia do juízo da execução, deferida penhora de receita, efetiva-se com a lavratura
do termo e a intimação do depositário, fluindo o prazo para a impugnação do devedor, independente da
arrecadação.
Súmula 121, TJRJ: A gratuidade de justiça a pessoa jurídica não filantrópica somente será deferida em casos
excepcionais, diante da comprovada impossibilidade do pagamento das despesas processuais.
Súmula 132, TJRJ: A intimação da parte para fins de extinção do processo na hipótese do art. 267, parágrafo
1º do Código de Processo Civil, poderá ser determinada de ofício pelo juiz.
Súmula 133, TJRJ: Aplica-se supletivamente e no que couber o artigo 267, II e III do Código de Processo Civil
ao processo de execução e ao cumprimento de sentença.
Súmula 135, TJRJ: Os honorários advocatícios de sucumbência constituem verba autônoma, de natureza
alimentar, podendo ser objeto de requisição específica e independente de requisitório correspondente à
condenação devida à parte.
Súmula 136, TJRJ: Nas hipóteses de litisconsórcio ativo facultativo, o crédito devido a cada litisconsorte, para
fins de aplicação do parágrafo 3º do artigo 100 da Constituição Federal, deverá ser individualmente
considerado.
Súmula 137, TJRJ: A medida cabível pelo descumprimento da requisição de pequeno valor, de competência
do Juízo de primeiro grau, é o seqüestro.
Súmula 139, TJRJ: A regra do artigo 100 da Constituição Federal não se aplica às empresas públicas e às
sociedades de economia mista.
Súmula 141, TJRJ: A competência das varas da infância, da juventude e do idoso é fixada pelo lugar do
domicílio dos pais, do responsável ou, na falta destes, do abrigo.
Súmula 151, TJRJ: É competente a Justiça Federal comum para processar e julgar Mandado de Segurança
contra ato ou omissão de dirigente de Sociedade de Economia Mista Federal, investido em função
administrativa.

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Súmula 155, TJRJ: Mero inconformismo com as conclusões da prova pericial, desacompanhado de
fundamentação técnica, não autoriza sua repetição
Súmula 156, TJRJ: A decisão que defere ou indefere a produção de determinada prova só será reformada se
teratológica.
Súmula 157, TJRJ: Medidas de apoio tendentes ao cumprimento da tutela específica podem ser decretadas
ou modificadas, de ofício, pelo Tribunal.
Súmula 162, TJRJ: A decisão que disponha sobre o efeito suspensivo aplicável à impugnação ao cumprimento
da sentença e aos embargos à execução só será reformada se teratológica.
Súmula 163, TJRJ: O valor da causa na denunciação da lide, fundada em contrato de seguro, corresponde à
extensão do exercício do direito de regresso, não podendo, em qualquer hipótese, exceder o valor da apólice.
Súmula 164, TJRJ: O levantamento do valor depositado em juízo, sem ressalva, presume o pagamento dos
juros, mas nele não se compreendem as diferenças de despesas processuais, a correção monetária e os juros
incidentes sobre tais parcelas.
Súmula 165, TJRJ: A pena de litigância de má-fé pode ser decretada, de ofício, nas decisões monocráticas
proferidas com base no art. 932, III e IV, do CPC, observado o disposto nos seus arts. 9º. e 10.
Súmula 166, TJRJ: A intimação pessoal, de que trata o art. 485, § 1º, do CPC, pode ser realizada sob a forma
postal.
Súmula 167, TJRJ: Tem natureza protelatória a reiteração de recursos, sem novos fundamentos, contra
decisão baseada em jurisprudência pacificada.
Súmula 168, TJRJ: O relator pode, em decisão monocrática, declarar a nulidade de sentença ou decisão
interlocutória.
Súmula 169, TJRJ: Deve o embargante, sob pena de multa, indicar, precisamente, os pontos omissos e as
normas constitucionais ou legais alegadamente violadas, adequando-as à hipótese dos autos.
Súmula 170, TJRJ: Configura intuito protelatório a reedição, nos embargos de declaração, das teses aduzidas
ao longo do processo que constituam objeto de outro recurso, sem caracterizar ponto de omissão,
obscuridade ou contradição da decisão embargada.
Súmula 172, TJRJ: A contradição, para ensejar a interposição de embargos de declaração, deve estar contida
no próprio conteúdo da decisão embargada.
Súmula 173, TJRJ: São protelatórios os embargos de declaração sem a prévia discussão das partes sobre a
questão federal ou constitucional omitida na decisão embargada, salvo se contida no aresto impugnado ou
configurar matéria de ordem pública.
Súmula 190, TJRJ: A gratuidade de justiça concedida à parte não se estende ao patrono quando seu recurso
envolver exclusivamente a fixação ou majoração dos honorários advocatícios de sucumbência
Súmula 208, TJRJ: Admissível chamamento ao processo da seguradora pelo fornecedor nas ações fundadas
em relação de consumo.
Súmula 221, TJRJ: Os municípios e as fundações autárquicas municipais respondem pela verba honorária
devida ao Centro de Estudos Jurídicos da Defensoria Pública, em caso de sucumbência.
Súmula 238, TJRJ: Consideram-se protelatórios embargos de declaração opostos sem o recolhimento da
multa prevista no art. 1021,§ 4º, do CPC.
Súmula 239, TJRJ: Ao relator que prolata decisão monocrática compete julgar os embargos declaratórios que
lhe são opostos.
Súmula 240, TJRJ: Inadmissível a denunciação da lide fundada na imputação de responsabilidade a terceiro
pelo evento danoso.
Súmula 247, TJRJ: A multa do artigo 1021 § 4º., do CPC, não exclui a sanção por litigância de má-fé.
Súmula 249, TJRJ: O recurso interposto contra sentença que modifica alimentos é recebido, em regra, sem
efeito suspensivo.
Súmula 266, TJRJ: O risco de decisões contraditórias impõe a reunião de ações que tramitam perante juízos
com a mesma competência em razão da matéria.
Súmula 267, TJRJ: Não se tratando de circulabilidade por endosso, a inicial, instruída com a reprodução
digitalizada do título executivo extrajudicial, dispensa a autenticação ou a juntada do original.

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Súmula 270, TJRJ: O prazo do art. 523, do CPC, conta-se da ciência do advogado do executado acerca do
demonstrativo discriminado e atualizado do crédito, apresentado pelo credor em execução definitiva.
Súmula 278, TJRJ: É ineficaz a comunicação feita nos autos, por advogado, acerca da renúncia do mandato,
antes da efetiva notificação do mandante.
Súmula 279, TJRJ: Os honorários advocatícios não incidem sobre a medida coercitiva de multa.
Súmula 287, TJRJ: Na criação de novos juízos, não se aplica o princípio da perpetuação da jurisdição na
hipótese de incompetência absoluta, salvo se prevista expressamente na lei de organização judiciária ou em
resolução do Órgão Especial.
Súmula 288, TJRJ: Não se presume juridicamente necessitado o demandante que deduz pretensão revisional
de cláusulas de contrato de financiamento de veículo, cuja parcela mensal seja incompatível com a condição
de hipossuficiente.
Súmula 290, TJRJ: Não se tratando de falta de recolhimento de despesas processuais iniciais, mas de seu
complemento, é obrigatória a intimação pessoal do autor para o pagamento da diferença.
Súmula 291, TJRJ: As Câmaras Cíveis do Tribunal de Justiça não têm competência para o julgamento de
mandados de segurança impetrados contra decisões das turmas recursais.
Súmula 292, TJRJ: Para a citação por edital não se exige a expedição de ofícios, mas apenas a certidão
negativa no endereço declinado na petição inicial e constante nos documentos existentes nos autos e, ainda,
a pesquisa nos sistemas informatizados do TJRJ.
Súmula 297, TJRJ: O beneficiário da gratuidade de justiça não tem direito à isenção do imposto de
transmissão causa mortis ou doação, sem que se preencham os demais requisitos da lei específica.
Súmula 298, TJRJ: É de 5 (cinco) anos o prazo de prescrição da Ação de Busca e Apreensão fundada em
contrato de alienação fiduciária em garantia, aplicando-se no caso o disposto no art. 206, § 5º, I, do CCB.
Súmula 302, TJRJ: Compete às Câmaras Cíveis especializadas o julgamento das demandas que envolvam as
tarifas de água e esgoto sanitário, quando se tratar de serviço utilizado como destinatário final e for prestado
por sociedade de economia mista.
Súmula 303, TJRJ: Excluem-se da competência das Câmaras Cíveis especializadas as demandas que envolvam
a utilização de empréstimos financeiros concedidos por instituições bancárias em que o objeto do mútuo, é
utilizado como capital de giro ou aquisição de insumos para a atividade empresarial.
Súmula 304, TJRJ: Excluem-se da competência das Câmaras Cíveis especializadas as demandas que envolvam
a cobrança de seguro DPVAT uma vez que se trata de seguro obrigatório, cogente, pago a um pool indefinido
de seguradores, e não a fornecedora específica de bens e serviços.
Súmula 305, TJRJ: Excluem-se da competência das Câmaras Cíveis especializadas as demandas que envolvam
cobrança de tarifa de esgoto sanitário quando o serviço público for prestado por autarquia municipal, por se
tratar de matéria de competência fazendária.
Súmula 306, TJRJ: Os recursos nas demandas que envolvam operações bancárias entre instituição financeira
e cliente na qualidade de destinatário final são da competência das Câmaras Especializadas em matéria de
consumo.
Súmula 307, TJRJ: Excluem-se da competência das Câmaras Cíveis Especializadas em consumo, as demandas
que envolvam atividade intermediária, assim entendida como aquela cujo produto ou serviço é contratado
para implementar atividade econômica, porquanto não está configurado o destinatário final da relação de
consumo.
Súmula 308, TJRJ: É competente a Câmara Especializada para dirimir controvérsia referente a contrato de
telefonia móvel firmado por pessoa jurídica na qualidade de destinatário final do serviço.
Súmula 310, TJRJ: Incluem-se na competência das Câmaras Cíveis Especializadas as demandas em que
litigarem micro empresa ou empresa individual contra concessionária de serviços públicos, em razão da
vulnerabilidade.
Súmula 311, TJRJ: Excluem-se da competência das Câmaras Cíveis Especializadas as demandas que envolvam
fornecimento de serviços bancários como relação de consumo intermediário, salvo no caso de micro empresa
ou empresa individual.

266
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Súmula 312, TJRJ: Incluem-se na competência das Câmaras Cíveis Especializadas as demandas que envolvam
contrato de mútuo garantido por alienação fiduciária quando o devedor obtém o crédito para aquisição de
bem para consumo próprio.
Súmula 313, TJRJ: Há prevenção da Câmara Cível não Especializada, para julgar ações mandamentais,
incidentes e recursos a ela distribuídos antes de 02 de setembro de 2013, ainda que versem sobre matéria
atinente a relações de consumo.
Súmula 314, TJRJ: Excluem-se da competência das Câmaras Cíveis Especializadas as demandas que resultem
de acidente de trânsito e não envolvam contrato de transporte.
Súmula 316, TJRJ: Incluem-se na competência das Câmaras Cíveis especializadas recursos em ação cognitiva
de cobrança ou em ação de reintegração de posse movidas por arrendador em face de arrendatário de bem
de consumo, sendo de leasing o negócio jurídico conflituoso, se este estiver em situação de hipossuficiência
em relação àquele.
Súmula 322, TJRJ: Não cabe a condenação, nem a execução, de autarquias estaduais ou fundações
autárquicas estaduais a pagar honorários advocatícios em favor do Centro de Estudos Jurídicos da Defensoria
Pública do Estado do Rio de Janeiro.
Súmula 326, TJRJ: Incluem-se na competência das Câmaras Cíveis especializadas recursos em ação monitória
proposta com base em prova escrita que remonte a relação de consumo.
Súmula 327, TJRJ: É competente a Câmara Cível especializada para dirimir controvérsia entre segurado e
seguradora, referente a seguro de vida em grupo que figure o empregador como estipulante, por qualificar-
se o segurado (empregado/beneficiário) como destinatário final.
Súmula 328, TJRJ: É competente a Câmara Especializada para dirimir controvérsia referente à prestação de
serviço por pessoa física a pessoa jurídica na qualidade de destinatária final.
Súmula 347, TJRJ: A penhora do imóvel, nas ações de cobrança de cotas condominiais, requer a citação
daquele em nome de quem o bem está registrado.
Súmula 360, TJRJ: Para perícias de engenharia de menor complexidade, relativas a fornecimento de energia
elétrica, água e esgotamento ou serviço de telefonia, atendem aos princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade os honorários fixados em quantia equivalente a até 4 (quatro) salários mínimos vigentes
na data do arbitramento.
Súmula 361, TJRJ: Ressalvadas as demandas acidentárias, para perícias médicas de menor complexidade que
apuram extensão das lesões da vítima, atendem aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade os
honorários fixados em quantia equivalente a até 3,5 (três e meio) salários mínimos vigentes na data do
arbitramento.
Súmula 362, TJRJ: Para perícias grafotécnicas, atendem aos princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade os honorários fixados em quantia equivalente a até 4 (quatro) salários mínimos vigentes
na data do arbitramento, ressalvadas as despesas com o custo da diligência.
Súmula 363, TJRJ: Para perícias que apuram erro médico, atendem aos princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade os honorários fixados em quantia equivalente a até 5 (cinco) salários mínimos vigentes na
data do arbitramento, ressalvados os casos de especialização incomum.
Súmula 364, TJRJ: Para perícias contábeis de menor complexidade, relativas à operação de mútuo bancário,
arrendamento mercantil ou cartão de crédito, atendem aos princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade os honorários fixados em quantia equivalente a até 3,5 (três e meio) salários mínimos
vigentes na data do arbitramento.
Súmula 370, TJRJ: Compete ao juízo de família o julgamento de demanda que verse sobre o reconhecimento
e dissolução da união estável, post mortem, dirimindo a questão atinente à divisão de bens.
Súmula 374, TJRJ: O abuso do direito de demandar gera o direito à indenização.
Súmula 375, TJRJ: Em atenção ao Princípio da fungibilidade, a denunciação da lide da seguradora poderá ser
convolada em chamamento ao processo.
Súmula 376, TJRJ: É desnecessário caução para a execução provisória de sentença de despejo por falta de
pagamento dos alugueres.

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Súmula 386, TJRJ: Nas execuções por título extrajudicial de crédito referente a cotas condominiais, admite-
se a inclusão das prestações que se vencerem no curso do processo.

DIREITO EMPRESARIAL6

E aí, pessoal! Tudo bem? Hoje vamos revisar alguns pontos de Direito Empresarial. Na pressa, procurem por
#APOSTACICLOS. Vamos lá?

TEORIA DOS ATOS DE COMÉRCIO

#VEMDEFUC

O Código Comercial de 1850 era dividido em três partes: I – Do comércio em geral; II – Do Comércio marítimo;
III – Das quebras. Esta última parte já havia sido revogada pelo Decreto-Lei 7.661/45, que, posteriormente,
foi revogado pela nova Lei de Falências – Lei 11.101/05.

A primeira parte do Código – Do comércio em geral- adotou a teoria dos atos de comércio, que tem origem
na França, e, para ela, existem as figuras do comerciante (pessoa física) e da sociedade comercial (pessoa
jurídica). Para serem classificados como tal, necessária seria a prática de atos de comércio. O conceito de
empresário estaria ligado a essas práticas.

O Regulamento 737/1850 era o responsável por arrolar os atos de comércio: a) compra e venda de bens
móveis; b) atividade de seguro; c)atividade bancária; d) atividade de frete marítimo; dentre outros.

É de se observar que a prestação de serviços não estava elencada no regulamento, bem como a atividade
imobiliária (construtoras, imobiliárias, etc.). Isso ocasionava grandes problemas, na medida em que as regras
do direito comercial não incidiam sobre essas atividades.

O Código Civil de 2002 passou a adotar a teoria da empresa, de matriz italiana. Trouxe, com isso, novos
conceitos, quais sejam o de empresário e de empresa. Deste modo, houve a revogação da parte I, do Código
Comercial de 1850 (art. 2.045, do CC). Isso significa que a parte II, que trata do comércio marítimo, ainda está
em vigor.

EMPRESÁRIO

Conceito de Empresário

Artigo 966, CC: Considera-se empresário quem exerce profissionalmente uma atividade econômica
organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.

EMPRESÁRIO
❖ Profissionalmente: é necessário habitualidade;

❖ Atividade econômica: finalidade lucrativa;

❖ Organizada: reunião dos 4 fatores de produção – mão de obra, capital, matéria prima/insumos e
tecnologia;

6
Por Ana Paula

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❖ Produção ou circulação de bens ou serviços: é a atividade da empresa.

❖ O empresário pode ser pessoa física (empresário individual) ou pessoa jurídica (sociedade
empresária).

EMPRESÁRIO INDIVIDUAL
❖ Pessoa natural (pessoa física), que individualmente, de forma profissional, exerce uma
atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços.
❖ Requisitos (artigo 972, CC): estar em pleno gozo da capacidade civil e não ter
impedimento legal.
❖ Responsabilidade do empresário individual: ILIMITADA, pois o empresário responde com
seus bens pessoais por dívidas empresariais contraídas (Princípio da unidade patrimonial
= a PF e a empresa possuem um único patrimônio).
❖ Empresário individual casado: o empresário casado pode, sem necessidade de outorga
conjugal, qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o
patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real.

#OLHAOGANCHO:

OBS: O incapaz não pode iniciar empresa como empresário individual, somente poderá ser sócio de
sociedade, atendidos os requisitos do artigo 974, § 3º, CC.
CC, Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa
antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança.
§ 3o O Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais deverá registrar contratos ou
alterações contratuais de sociedade que envolva sócio incapaz, desde que atendidos, de forma conjunta, os
seguintes pressupostos: (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011)
I – o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade; (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011).
II – o capital social deve ser totalmente integralizado; (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011).
III – o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente incapaz deve ser representado por
seus representantes legais. (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011).

CC, Art. 977. Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não tenham
casado no regime da comunhão universal de bens, ou no da separação obrigatória.
Art. 978. O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de
bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real.

Agentes econômicos excluídos do conceito de empresário:

Quando a sociedade NÃO tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário, ela será considerada
sociedade SIMPLES (Artigo 982, CC).

❖ Pessoa Física – profissional liberal / autônomo:

a) Profissional intelectual (art. 966, p. único, CC): profissão de natureza científica, literária ou artística;
exceção – se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.

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b) Exercente de atividade rural sem registro na junta comercial (artigo 971, CC): empresário, cuja atividade
rural constitua sua principal profissão; a partir do momento que faz o registro na junta comercial, passa a ser
empresário.

❖ Pessoa Jurídica – sociedade simples ou EIRELI simples


a) Sociedade de advogados: por força do próprio Estatuto da OAB (arts. 15 e 16 da Lei 8.906/1994), a
sociedade de advogados não tem natureza jurídica de sociedade empresária, sendo, na maioria das vezes,
uma sociedade simples;

b) Sociedade cooperativa (artigo 982, p. único, CC): independentemente de seu objeto.

#SELIGA: a distinção entre uma sociedade simples e empresária está atrelada ao modo de exploração de seu
objeto social. Isto é, a atividade pode ter finalidade lucrativa, contudo não será empresária se não tiver a
organização dos fatores de produção. Não confundam: Ambas exercem atividades econômicas, mas
diferenciam-se pela natureza da atividade exercida.

#NOVIDADELEGISLATIVA – Lei 14.195/2021:

EXTINÇÃO DAS EIRELI´S

A EIRELI era uma forma de pessoa jurídica composta por uma só pessoa física. Tratava-se de uma espécie de
pessoa jurídica unipessoal autônoma e que apresentava, portanto, personalidade jurídica e patrimônio
distintos daquele titularizado pela pessoa física que explora a atividade em questão.

Criação da sociedade unipessoal e esvaziamento da função da EIRELI

Sociedade unipessoal é aquela formada por um só sócio que detém a totalidade do capital social.

A figura da sociedade unipessoal é admitida em alguns países do mundo.

É possível a existência de sociedade unipessoal no Brasil?

Antes da Lei nº 13.874/2019: NÃO Depois da Lei nº 13.874/2019: SIM


Como regra, havia a necessidade de dois ou mais A Lei nº 13.874/2019 acrescentou dois parágrafos ao
sócios. art. 1.052 do CC prevendo a possibilidade de a
sociedade limitada ser composta por um único sócio:
A doutrina apontava a existência de três exceções Art. 1.052. (...)
muito peculiares:
§ 1º A sociedade limitada pode ser constituída por 1
1) sociedade subsidiária integral (art. 251, § 2º, da (uma) ou mais pessoas.
Lei nº 6.404/76);
§ 2º Se for unipessoal, aplicar-se-ão ao documento
2) empresa pública unipessoal. de constituição do sócio único, no que couber, as
disposições sobre o contrato social.
3) sociedade limitada que ficou com apenas um
sócio, situação que podia durar por, no máximo,

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180 dias (art. 1.033, IV, do CC – atualmente


revogado).

Assim, a Lei nº 13.874/2019 previu a possibilidade de ser, livremente, criada a sociedade limitada unipessoal.
Vale ressaltar que, com a criação da sociedade limitada unipessoal, a EIRELI perdeu praticamente toda a sua
importância e, na prática, passou a não mais ser adotada.

Transformação das EIRELIs em sociedades unipessoais


Diante do modelo que caiu em desuso, o legislador resolveu simplificar o panorama e decidiu transformar
todas EIRELIs ainda existentes em sociedades unipessoais. Confira o art. 41 da Lei nº 14.195/2021:

Lei 14.195/21

Art. 41. As empresas individuais de responsabilidade limitada existentes na data da entrada em vigor desta
Lei serão transformadas em sociedades limitadas unipessoais independentemente de qualquer alteração em
seu ato constitutivo.

REGISTRO PÚBLICO DE EMPRESAS MERCANTIS

#LEISECASALVA:

Art. 1.150. O empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao Registro Público de Empresas Mercantis a
cargo das Juntas Comerciais, e a sociedade simples ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas, o qual deverá
obedecer às normas fixadas para aquele registro, se a sociedade simples adotar um dos tipos de sociedade
empresária.
Art. 1.151. O registro dos atos sujeitos à formalidade exigida no artigo antecedente será requerido pela
pessoa obrigada em lei, e, no caso de omissão ou demora, pelo sócio ou qualquer interessado.
§ 1 o Os documentos necessários ao registro deverão ser apresentados no prazo de trinta dias, contado da
lavratura dos atos respectivos.
§ 2 o Requerido além do prazo previsto neste artigo, o registro somente produzirá efeito a partir da data de
sua concessão.
§ 3 o As pessoas obrigadas a requerer o registro responderão por perdas e danos, em caso de omissão ou
demora.
Art. 1.152. Cabe ao órgão incumbido do registro verificar a regularidade das publicações determinadas em
lei, de acordo com o disposto nos parágrafos deste artigo.
§ 1 o Salvo exceção expressa, as publicações ordenadas neste Livro serão feitas no órgão oficial da União
ou do Estado, conforme o local da sede do empresário ou da sociedade, e em jornal de grande circulação.
§ 2 o As publicações das sociedades estrangeiras serão feitas nos órgãos oficiais da União e do Estado onde
tiverem sucursais, filiais ou agências.
§ 3 o O anúncio de convocação da assembléia de sócios será publicado por três vezes, ao menos, devendo
mediar, entre a data da primeira inserção e a da realização da assembléia, o prazo mínimo de oito dias,
para a primeira convocação, e de cinco dias, para as posteriores.
Art. 1.153. Cumpre à autoridade competente, antes de efetivar o registro, verificar a autenticidade e a
legitimidade do signatário do requerimento, bem como fiscalizar a observância das prescrições legais
concernentes ao ato ou aos documentos apresentados.
Parágrafo único. Das irregularidades encontradas deve ser notificado o requerente, que, se for o caso,
poderá saná-las, obedecendo às formalidades da lei.

ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL

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CC, Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa,
por empresário, ou por sociedade empresária. (Vide Lei nº 14.195, de 2021)
§ 1º O estabelecimento não se confunde com o local onde se exerce a atividade empresarial, que poderá ser
físico ou virtual. (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022)
§ 2º Quando o local onde se exerce a atividade empresarial for virtual, o endereço informado para fins de
registro poderá ser, conforme o caso, o endereço do empresário individual ou o de um dos sócios da sociedade
empresária. (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022)
§ 3º Quando o local onde se exerce a atividade empresarial for físico, a fixação do horário de funcionamento
competirá ao Município, observada a regra geral prevista no inciso II do caput do art. 3º da Lei nº 13.874, de
20 de setembro de 2019. (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022)

Também chamado de fundo de comércio ou “azienda”, trata-se do complexo de bens organizado, para o
exercício da empresa, por empresário ou sociedade empresária. O conceito de complexo de bens se refere
aos bens materiais e imateriais (ex. ponto comercial, marca, patente) utilizados pelo comerciante para a
exploração da atividade. Tradicionalmente a doutrina entende que o estabelecimento possui natureza de
uma universalidade de fato, pois pode ser considerado uma pluralidade de bens singulares que, organizados,
tem uma destinação unitária (a exploração da empresa).

CC, art. 1.143: “Pode o estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de negócios jurídicos, translativos ou
constitutivos, que sejam compatíveis com a sua natureza.”

❖ Quando se fala em estabelecimento empresarial, analisa-se o conjunto/complexo de bens e


não os bens individualmente considerados.

❖ Imóvel não é estabelecimento, mas elemento integrante do estabelecimento empresarial.

#PEGAOGANCHO

Súmula Vinculante 38-STF: É competente o município para fixar o horário de funcionamento de


estabelecimento comercial.

Súmula 19-STJ: A fixação do horário bancário, para atendimento ao público, é da competência da União.

Lei municipal pode dispor sobre:

a) Horário de funcionamento de estabelecimento comercial: SIM (SV 38).

b) Horário de funcionamento dos bancos (horário bancário): NÃO (Súmula 19 do STJ).

SÚMULA 451, STJ: A penhora de imóvel no qual se localiza o estabelecimento da empresa é,


excepcionalmente, permitida, quando inexistentes outros bens passíveis de penhora e desde que não seja
servil à residência da família.

Contrato de Trespasse

#LEISECASALVA:

CC, Art. 1.143. Pode o estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de negócios jurídicos, translativos ou
constitutivos, que sejam compatíveis com a sua natureza.

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Art. 1.144. O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento do estabelecimento,
só produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem da inscrição do empresário, ou da
sociedade empresária, no Registro Público de Empresas Mercantis, e de publicado na imprensa oficial.
Art. 1.145. Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu passivo, a eficácia da alienação
do estabelecimento depende do pagamento de todos os credores, ou do consentimento destes, de modo
expresso ou tácito, em trinta dias a partir de sua notificação.
Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à
transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo solidariamente
obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros,
da data do vencimento.
Art. 1.147. Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer
concorrência ao adquirente, nos cinco anos subseqüentes à transferência.
Parágrafo único. No caso de arrendamento ou usufruto do estabelecimento, a proibição prevista neste artigo
persistirá durante o prazo do contrato.
Art. 1.148. Salvo disposição em contrário, a transferência importa a sub-rogação do adquirente nos contratos
estipulados para exploração do estabelecimento, se não tiverem caráter pessoal, podendo os terceiros
rescindir o contrato em noventa dias a contar da publicação da transferência, se ocorrer justa causa,
ressalvada, neste caso, a responsabilidade do alienante.
Art. 1.149. A cessão dos créditos referentes ao estabelecimento transferido produzirá efeito em relação aos
respectivos devedores, desde o momento da publicação da transferência, mas o devedor ficará exonerado se
de boa-fé pagar ao cedente.

#RESUMEAIPROF:

➢ A eficácia do trespasse perante terceiros depende da averbação do registro da publicação na


imprensa oficial. Além disto, no que se refere aos débitos da empresa, é preciso que (de forma
alternativa):

➢ Seja mantido no patrimônio do devedor bens suficientes para pagar os débitos;

➢ Seja realizada a notificação de todos os credores, para que se manifestem em 30 dias, consentido
com a negociação. O silêncio será considerado anuência tácita.

➢ Pagamento de todos as dívidas em caso de não notificação ou o pagamento daqueles que


impugnaram nos 30 dias.

➢ A não observação destas regras configura ATO DE FALÊNCIA (art. 94, inciso III, c, da Lei
11.101/05), de forma que o negócio em relação à massa falida será considerado ineficaz (juiz pode
reconhecer de oficio – art. 129, inciso VI e p. u. da Lei 11.101/05).

#SELIGANAJURIS: A caracterização da sucessão empresarial fraudulenta não exige a comprovação formal da


transferência de bens, direitos e obrigações à nova sociedade, admitindo-se sua presunção quando os
elementos indiquem que houve o prosseguimento na exploração da mesma atividade econômica, no mesmo
endereço e com o mesmo objeto social. STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp 1837435-SP, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 10/05/2022 (Info 737).

NOME EMPRESARIAL

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O nome empresarial é o elemento de identificação do empresário e goza de proteção jurídica constitucional,


como se vê do art. 5º, inciso XXIX, CF:

“XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem
como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos
distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País;”

A proteção do nome se encerra com a dissolução total da sociedade. Trata-se do elemento de identificação
do empresário e da sociedade empresária. Em regra, o nome empresarial não pode ser alienado, o que se
infere do art. 1164, CC:

“Art. 1.164. O nome empresarial não pode ser objeto de alienação. Parágrafo único. O adquirente de
estabelecimento, por ato entre vivos, pode, se o contrato o permitir, usar o nome do alienante, precedido do
seu próprio, com a qualificação de sucessor.”

#SELIGA: Embora o nome seja inalienável, o título do estabelecimento e a marca são alienáveis.

#TABELALOVERS:

NOME EMPRESARIAL MARCA TÍTULO DO ESTABELECIMENTO


Elemento de identificação do Designação identificativa Símbolo identificador do
empresário do produto ou serviço estabelecimento
Depende de registro na Junta Registro no INPI Não carece de registro
Comercial
Proteção estadual Proteção nacional Proteção nacional.
#IMPORTANTE: Em regra, a #IMPORTANTE: A proteção da
proteção do nome empresarial marca obedece ao sistema
fica restrita ao Estado/DF de atributivo, sendo adquirida pelo
competência da Junta Comercial registro validamente expedido
em que foi registrado o ato pelo INPI, que assegura ao titular
constitutivo da empresa. Ex.: se a seu uso exclusivo em todo o
empresa “A” registrou seu ato território nacional (art. 129,
constitutivo na Junta Comercial caput e § 1º, da Lei nº
de Blumenau, a proteção será 9.279/1996).
apenas em Santa Catarina.
Em outras palavras, depois do
Essa proteção poderá ser registro no INPI, apenas o titular
estendida a todo o território desta marca poderá utilizá-la em
nacional, desde que seja feito todo o Brasil.
pedido complementar de
arquivamento nas demais Juntas
Comerciais. (CC, art. 1.166 e STJ,
REsp. 1.184.867 e REsp.
1.190.341/RJ).

#IMPORTANTE: Não possuem nome empresarial:

- A sociedade em conta de participação (já que seu registro é facultativo e, ainda que realizado, não outorga
personalidade jurídica).

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- Sociedade comum (ainda que utilizem alguma denominação, a ausência de registro impede a proteção
legal).

O nome pode se apresentar de duas formas: firma (que pode ser firma individual e firma ou razão social) e
denominação.
FIRMA INDIVIDUAL ou RAZÃO SOCIAL DENOMINAÇÃO
Sociedade em Comandita Simples Sociedade Anônima (Sempre adotará a
Sociedade em Nome Coletivo denominação)
Sociedade em Comandita por Ações
Sociedade Limitada
(Podem adotar tanto a firma individual, quanto a denominação)

#NOVIDADE:

Art. 1.160. A sociedade anônima opera sob denominação integrada pelas expressões ‘sociedade anônima’ ou
‘companhia’, por extenso ou abreviadamente, facultada a designação do objeto social. (Redação dada pela
Lei nº 14.382, de 2022)
Parágrafo único. Pode constar da denominação o nome do fundador, acionista, ou pessoa que haja concorrido
para o bom êxito da formação da empresa.
Art. 1.161. A sociedade em comandita por ações pode, em lugar de firma, adotar denominação aditada da
expressão ‘comandita por ações’, facultada a designação do objeto social. (Redação dada pela Lei nº 14.382,
de 2022)

As cooperativas devem adotar a denominação contendo a expressão “Cooperativa”. Por sua vez, as
sociedades simples, se adotarem uma das formas societárias, seguiram as respectivas regras (em caso de não
adotarem nenhuma forma societária, poderá utilizar firma ou denominação seguida pela abreviação S.S).

#NOVIDADELEGISLATIVA: A Lei 14.195/21 acrescentou o art. 35-A na Lei 8934/94.

“Art. 35-A. O empresário ou a pessoa jurídica poderá optar por utilizar o número de inscrição no Cadastro
Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) como nome empresarial, seguido da partícula identificadora do tipo
societário ou jurídico, quando exigida por lei. (Incluído pela Lei nº 14.195, de 2021)”

FIRMA INDIVIDUAL RAZÃO OU FIRMA SOCIAL DENOMINAÇÃO


Utilizada pelo empresário Utilizada pelas sociedades Utilizada pelas sociedades
individual, é formada pelo nome empresárias que possuem sócios empresárias que assim quiserem
civil completo ou abreviado, que respondam ilimitadamente (como a limitada e a comandita
podendo-se, facultativamente, pelas obrigações sociais (nome por ações) e obrigatoriamente
acrescentar uma designação mais coletivo e comandita simples) pela Sociedade Anônima. É
precisa da pessoa ou do ramo de e sociedades que assim formada por qualquer expressão
atividade. preferirem, a exemplo da linguística + o ramo de atividade.
sociedade anônima e da
#SELIGA: As empresas comandita por ações. #SELIGA: É possível, na S/A,
enquadradas como É formada pelo nome civil dos incluir na denominação o nome
Microempresa ou Empresa de sócios e o ramo da atividade é de pessoa relevante para a
Pequeno Porte não pode mais opcional. sociedade, mas que dela não faz
acrescentar a partícula ME ou mais parte.
EPP.

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#IMPORTANTE: Não precisa


conter o nome de todos os sócios
(exceto dos que responderem
ilimitadamente), podendo-se
conter o nome de um ou alguns
seguindo-se a partícula “& Cia”.
O designativo do tipo social é
facultativo, exceto na Limitada,
em que a ausência da partícula
“Ltda” implicará a
responsabilidade solidária e
ilimitada de todos os
administradores que fizerem uso
do nome empresarial.

#SELIGA: Enquanto o nome empresarial identifica a pessoa natural ou jurídica que explora a atividade
empresarial, o título de estabelecimento (também conhecido como Nome Fantasia ou Nome de Fachada) é
o nome popular de um estabelecimento, o apelido comercial dado que pode ser ou não ser igual ao seu nome
empresarial. Geralmente, é o nome que serve para a divulgação de determinada empresa, visando o maior
aproveitamento da sua marca e da estratégia de marketing e vendas.

PROPRIEDADE INDUSTRIAL

É espécie de propriedade intelectual:

Direito autoral
Propriedade
intelectual
Propriedade
industrial

CF, art. 5º, XXIX: “a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua
utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e
a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do
País”.

A Lei de Propriedade Industria protege a invenção e o modelo de utilidade por meio da PATENTE; e o desenho
industrial e a marca por meio do REGISTRO.

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Invenção 20 anos
Patente
Modelo de
15 anos
utilidade
INPI
Desenho
10 anos
industrial
Registro
Marca 10 anos

Patente

É um título de monopólio temporário sobre uma invenção ou modelo de utilidade, outorgado pelo Estado
aos inventores ou autores (pessoas físicas ou jurídicas) detentores de direitos sobre a criação para exploração
econômica. De outro lado, o inventor se obriga a revelar detalhadamente todo conteúdo técnico da matéria
protegida pela patente. O que importa, para fins de titularidade da patente, é a DATA DO DEPÓSITO,
independentemente da data da invenção ou criação do produto. Assim, há uma presunção de que o titular é
aquele que fez o depósito primeiro. O titular pode ser pessoa física ou pessoa jurídica.

BENS PATENTEÁVEIS
INVENÇÃO MODELO DE UTILIDADE
Produto da inteligência humana que objetiva criar É o objeto de uso prático, ou parte deste, suscetível
bens até então desconhecidos para aplicação de aplicação industrial, que apresente nova forma
industrial. A invenção, de modo geral, consiste na ou disposição, envolvendo ato inventivo, que
criação de uma coisa até então inexistente resulte em melhoria funcional no seu uso ou em sua
(diferente de uma descoberta, que é a revelação de fabricação.
algo existente na natureza).
Exemplo: ventilador. Exemplo: ventilador de teto com lâmpada –
melhoria funcional da invenção.

REQUISITOS DA PATENTEABILIDADE
❖ Novidade: a invenção e o modelo de utilidade são considerados novos quando não
compreendidos no estado da técnica (Lei n. 9.279/96, art. 11).
❖ Atividade inventiva: sempre que, para um técnico no assunto, não decorra de maneira evidente
ou óbvia do estado da técnica (Lei n. 9.279/96, arts. 13 e 14).
❖ Aplicação industrial: se a invenção não comporta uma industrialização, não pode ser patenteada
quando o objeto for passível ou capaz de ser fabricado ou utilizado em qualquer tipo/gênero de
indústria, incluindo as indústrias agrícola, extrativas e de produtos manufaturados ou naturais.
❖ Não ter impedimento legal (art. 18, Lei n. 9.279/96):

#LEISECASALVA:

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Lei 9.279/96, art. 18: Não são patenteáveis:


I - O que for contrário a moral, aos bons costumes e à segurança, à ordem e à saúde públicas;
II - As substâncias, matérias, misturas, elementos ou produtos de qualquer espécie, bem como a modificação
de suas propriedades físico-químicas e os respectivos processos de obtenção ou modificação, quando
resultantes de transformação do núcleo atômico; e
III - o todo ou parte dos seres vivos, exceto os micro-organismos transgênicos que atendam aos três requisitos
de patenteabilidade - novidade, atividade inventiva e aplicação industrial - previstos no art. 8º e que não
sejam mera descoberta.

Quando há exclusividade de uso, é possível licenciar o uso para terceiros interessados. A


remuneração decorrente de tal licença é chamada de royalties.

O titular ficará sujeito a ter a patente licenciada compulsoriamente se:

❖ Exercer os direitos dela decorrentes de forma abusiva, ou por meio dela praticar abuso de poder
econômico, comprovado nos termos da lei, por decisão administrativa ou judicial;

❖ Nos casos do artigo 71 da Lei 9.279/96.

Características da licença compulsória: temporária, sem exclusividade e remuneração paga ao titular.

#SELIGANANOVIDADELEGISLATIVA:

Lei 9.279/96. Art. 71. Nos casos de emergência nacional ou internacional ou de interesse público declarados
em lei ou em ato do Poder Executivo federal, ou de reconhecimento de estado de calamidade pública de
âmbito nacional pelo Congresso Nacional, poderá ser concedida LICENÇA COMPULSÓRIA, de ofício,
temporária e não exclusiva, para a exploração da patente ou do pedido de patente, sem prejuízo dos direitos
do respectivo titular, desde que seu titular ou seu licenciado não atenda a essa necessidade. (Redação dada
pela Lei nº 14.200, de 2021)
§ 1º O ato de concessão da licença estabelecerá seu prazo de vigência e a possibilidade de
prorrogação. (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 14.200, de 2021)
§ 2º Nos casos previstos no caput deste artigo, o Poder Executivo federal publicará lista de patentes ou de
pedidos de patente, não aplicável o prazo de sigilo previsto no art. 30 desta Lei, potencialmente úteis ao
enfrentamento das situações previstas no caput deste artigo, no prazo de até 30 (trinta) dias após a data de
publicação da declaração de emergência ou de interesse público, ou do reconhecimento de estado de
calamidade pública, excluídos as patentes e os pedidos de patente que forem objetos de acordos de
transferência da tecnologia de produção ou de licenciamento voluntário capazes de assegurar o atendimento
da demanda interna, nos termos previstos em regulamento. (Incluído pela Lei nº 14.200, de 2021)
§ 3º Entes públicos, instituições de ensino e pesquisa e outras entidades representativas da sociedade e do
setor produtivo deverão ser consultados no processo de elaboração da lista de patentes ou de pedidos de
patente que poderão ser objeto de licença compulsória, nos termos previstos em regulamento. (Incluído pela
Lei nº 14.200, de 2021)
§ 4º Qualquer instituição pública ou privada poderá apresentar pedido para inclusão de patente ou de pedido
de patente na lista referida no § 2º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 14.200, de 2021)
§ 5º A lista referida no § 2º deste artigo conterá informações e dados suficientes para permitir a análise
individualizada acerca da utilidade de cada patente e pedido de patente e contemplará, pelo
menos: (Incluído pela Lei nº 14.200, de 2021)
I – o número individualizado das patentes ou dos pedidos de patente que poderão ser objeto de licença
compulsória; (Incluído pela Lei nº 14.200, de 2021)
II – a identificação dos respectivos titulares; (Incluído pela Lei nº 14.200, de 2021)
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III – a especificação dos objetivos para os quais será autorizado cada licenciamento compulsório. (Incluído
pela Lei nº 14.200, de 2021)
§ 6º A partir da lista publicada nos termos do § 2º deste artigo, o Poder Executivo realizará, no prazo de 30
(trinta) dias, prorrogável por igual período, a avaliação individualizada das invenções e modelos de utilidade
listados e somente concederá a licença compulsória, de forma não exclusiva, para produtores que possuam
capacidade técnica e econômica comprovada para a produção do objeto da patente ou do pedido de patente,
desde que conclua pela sua utilidade no enfrentamento da situação que a fundamenta. (Incluído pela Lei nº
14.200, de 2021)
§ 7º Patentes ou pedidos de patente que ainda não tiverem sido objeto de licença compulsória poderão ser
excluídos da lista referida no § 2º deste artigo nos casos em que a autoridade competente definida pelo Poder
Executivo considerar que seus titulares assumiram compromissos objetivos capazes de assegurar o
atendimento da demanda interna em condições de volume, de preço e de prazo compatíveis com as
necessidades de emergência nacional ou internacional, de interesse público ou de estado de calamidade
pública de âmbito nacional por meio de uma ou mais das seguintes alternativas: (Incluído pela Lei nº 14.200,
de 2021)
I – exploração direta da patente ou do pedido de patente no País; (Incluído pela Lei nº 14.200, de 2021)
II – licenciamento voluntário da patente ou do pedido de patente; ou (Incluído pela Lei nº 14.200, de 2021)
III – contratos transparentes de venda de produto associado à patente ou ao pedido de patente. (Incluído
pela Lei nº 14.200, de 2021)
§ 8º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.200, de 2021)
§ 9º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.200, de 2021)
§ 10. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.200, de 2021)
§ 11. As instituições públicas que possuírem informações, dados e documentos relacionados com o objeto da
patente ou do pedido de patente ficam obrigadas a compartilhar todos os elementos úteis à reprodução do
objeto licenciado, não aplicáveis, nesse caso, as normas relativas à proteção de dados nem o disposto no
inciso XIV do caput do art. 195 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.200, de 2021)
§ 12. No arbitramento da remuneração do titular da patente ou do pedido de patente, serão consideradas as
circunstâncias de cada caso, observados, obrigatoriamente, o valor econômico da licença concedida, a
duração da licença e as estimativas de investimentos necessários para sua exploração, bem como os custos
de produção e o preço de venda no mercado nacional do produto a ela associado. (Incluído pela Lei nº
14.200, de 2021)
§ 13. A remuneração do titular da patente ou do pedido de patente objeto de licença compulsória será fixada
em 1,5% (um inteiro e cinco décimos por cento) sobre o preço líquido de venda do produto a ela associado
até que seu valor venha a ser efetivamente estabelecido. (Incluído pela Lei nº 14.200, de 2021)
§ 14. A remuneração do titular do pedido de patente objeto de licença compulsória somente será devida caso
a patente venha a ser concedida, e o pagamento, correspondente a todo o período da licença, deverá ser
efetivado somente após a concessão da patente. (Incluído pela Lei nº 14.200, de 2021)
§ 15. A autoridade competente dará prioridade à análise dos pedidos de patente que forem objeto de licença
compulsória. (Incluído pela Lei nº 14.200, de 2021)
§ 16. Os produtos que estiverem sujeitos ao regime de vigilância sanitária deverão observar todos os
requisitos previstos na legislação sanitária e somente poderão ser comercializados após a concessão de
autorização, de forma definitiva ou para uso em caráter emergencial, pela autoridade sanitária federal, nos
termos previstos em regulamento. (Incluído pela Lei nº 14.200, de 2021)
§ 17. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.200, de 2021)
§ 18. Independentemente da concessão de licença compulsória, o poder público dará prioridade à celebração
de acordos de cooperação técnica e de contratos com o titular da patente para a aquisição da tecnologia
produtiva e de seu processo de transferência. (Incluído pela Lei nº 14.200, de 2021)

Registro

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O registro confere direito de propriedade temporária sobre marca ou desenho industrial, pelo qual assegura
o seu uso exclusivo em todo o território nacional. O titular pode ser pessoa física ou pessoa jurídica (direito
privado ou direito público)

BENS REGISTRÁVEIS
DESENHO INDUSTRIAL MARCA
Considera-se desenho industrial a forma plástica É o sinal distintivo, visualmente perceptível, não
ornamental de um objeto ou o conjunto ornamental compreendido nas proibições legais (art. 122, Lei
de linhas e cores que possa ser aplicado a um 9.279/96).
produto, proporcionando resultado visual novo e Não é possível registrar o sinal sonoro ou o sinal
original na sua configuração externa e que possa olfativo como marca. Apenas é possível registrar
servir de tipo de fabricação industrial. É o design. como marca o que é visível.

PRAZOS DO REGISTRO
❖ Desenho industrial: vigorará pelo prazo de 10 (dez) anos contados da data do depósito,
prorrogável por 3 (três) períodos sucessivos de 5 (cinco) anos cada (Prazo máximo: 10 + 5 + 5 + 5 = 25
anos).

❖ Marca: vigorará pelo prazo de 10 (dez) anos, contados da data da concessão do registro,
prorrogável por períodos iguais e sucessivos (não tem limite de prorrogação).

CONCORRÊNCIA DESLEAL

Se liga nos conceitos importantes:

#NÃOCONFUNDA

ABUSO DO PODER ECONÔMICO PRÁTICAS DESLEAIS


Tutela das estruturas de mercado competitivas e Tutela da lealdade dos concorrentes no
eficientes desenvolvimento de atividade econômica
Atos que atingem um concorrente in abstrato Atos que atingem um concorrente in concreto
Interesse público Interesse particular
Lei Antitruste (Lei 12.529/11) Lei da Propriedade Industrial (Lei 9.279/96)

Finalidades da Lei Antitruste Ditames constitucionais orientadores


- Estruturar o SBDC (Sistema Brasileiro de Defesa da - Livre iniciativa
Concorrência); - Livre concorrência
- Dispor sobre a prevenção e a repressão às - Função social da propriedade
infrações contra a ordem econômica - Defesa dos consumidores
- Repressão ao abuso do poder econômico

#DEOLHONOSCONCEITOS: Mercado relevante é o ambiente concorrencial no qual os agentes econômicos


competem e os consumidores buscam determinado produto. O mercado relevante será determinado em
termos dos produtos e/ou serviços que o compõem (dimensão do produto) e da área geográfica para qual a
venda destes produtos é economicamente viável (dimensão geográfica). Para definir determinado mercado
relevante, utiliza-se o teste do “monopolista hipotético”: busca-se o menor grupo de produtos e a menor

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área geográfica necessários para que um suposto monopolista esteja em condições de impor um aumento
de preços, mesmo que “pequeno, porém significativo e não transitório”. Concorrência Ilícita e Desleal: O que
a lei Antitruste deseja punir é a concorrência desleal, predatória. Dito de outro modo, se o agente econômico
conquista o mercado justificadamente, não haverá no que se intervir.

🡺 SISTEMA BRASILEIRO DE DEFESA DA CONCORRÊNCIA:

SEAE (Secretaria de
Acompanhamento Tribunal Administrativo
Econômico do de Defesa
Ministério da Econômica
SBDC Fazenda)

CADE (Conselho
Administrativo de Superintendência-Geral
Defesa Econômica)

Departamento de
Estudos Econômicos

#APOSTACICLOS

CADE: Conselho Administrativo de Defesa Econômica. Nesse ponto, você deve saber que o Sistema
Brasileiro de Defesa da Concorrência é formado pelo CADE e pela SAE (Secretaria de Acompanhamento
Econômico do Ministério da Fazenda (art. 3º).

O que mais cai em prova é a natureza jurídica do CADE = autarquia federal do Ministério da Justiça,
entidade judicante com jurisdição em todo o território nacional. A SAE é órgão do Ministério da Fazenda.
Assim, o examinador, em geral, troca os Ministérios.

#NÃOCONFUNDA!

- CADE = vinculada ao Ministério da Justiça;

- SEAE = vinculada ao Ministério da Fazenda.

O CADE é autarquia federal constituído pelos seguintes órgãos:

✔ Tribunal Administrativo

✔ Superintendência-Geral

✔ Departamento de Estudos Econômicos

a) TRIBUNAL ADMINISTRATIVO DE DEFESA ECONÔMICA: Art. 6º a 11. Em geral, caem as informações do


caput do art. 6º, ou seja, o Tribunal possui 7 (sete) membros, sendo um Presidente e seis Conselheiros,
cidadãos com mais de 30 anos e notório saber jurídico OU econômico e reputação ilibada, nomeados pelo
Presidente da República, depois de aprovados pelo Senado Federal.

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b) SUPERINTENDÊNCIA-GERAL: Art. 12 a 14. O CADE tem 1 Superintendente-Geral e 2 (dois)


Superintendentes-Adjuntos. O Superintendente-Geral terá mandato de 2 anos, permitida uma recondução,
para 1 único período subsequente.

c) DEPARTAMENTO DE ESTUDOS ECONÔMICOS: Art. 17 e 18.

d) PROCURADORIA FEDERAL JUNTO AO CADE: Existe uma Procuradoria Especializada junto ao CADE, com
as competências traçadas no art. 15.

#ATENÇÃO: a Lei estabelece que haverá uma Procuradoria Federal Especializada que atuará junto ao Cade.
Todavia, não está elencada dentro do rol dos órgãos que constituem o Cade.
É a Procuradoria quem promove a execução judicial das decisões e julgados do CADE. Na lei anterior, o MPF
podia promover (at. 15, III). Agora, não pode mais!

A Procuradoria também pode firmar acordos judiciais nos processos relativos a infrações contra a ordem
econômica, mediante autorização do Tribunal (art. 15, VI).

e) MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL JUNTO AO CADE: Atente para o fato de que o MPF perdeu atribuições
junto ao CADE com o advento da Lei nº 12.529/11. Em suma, o art. 20 da Lei define que o PGR, ouvido o
Conselho Superior da Carreira, designará membro do MPF para, nesta qualidade, emitir parecer nos
processos administrativos para imposição de sanções administrativas por infrações à ordem econômica, de
ofício ou a requerimento do Conselheiro-Relator.

INFRAÇÕES À ORDEM ECONÔMICA

Quanto aos dispositivos gerais da Infração à ordem econômica, lembre-se de que a lei se aplica a qualquer
ente, até aos despersonalizados. Além disso, a responsabilidade do grupo econômico e dirigentes é
SOLIDÁRIA.

A quem se aplica a Lei Antitruste?


- Associações de entidades ou pessoas,
- Constituídas de fato ou de direito,
- Pessoas Físicas ou Pessoas Jurídicas, - Ainda que temporariamente,
- De direito público ou privado. - Com ou sem personalidade jurídica,
- Mesmo que exerçam atividade sob regime de
monopólio legal.

Haverá solidariedade entre a responsabilidade da empresa que cometeu a infração contra a ordem
econômica e a responsabilidade individual dos seus dirigentes ou administradores.

Também haverá responsabilidade solidária entre as empresas ou entidades integrantes de grupo econômico,
de fato ou de direito, quando alguma delas praticar infração à ordem econômica. Ou seja, o grupo econômico
não precisará estar constituído formalmente, a mera existência de grupo econômico no plano fático já é
suficiente para ensejar a responsabilidade solidária entre os entes integrantes.

Entre empresas e seus dirigentes/administradores


Responsabilidade solidária Entre empresas/entidades integrantes de grupo
econômico.

282
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#DEOLHONAJURIS

As questões acerca do trade dress (conjunto-imagem) dos produtos concorrência desleal e outras demandas
afins, por não envolver registro no INPI e cuidando de ação judicial entre particulares, é inequivocamente de
competência da Justiça estadual, já que não afeta interesse institucional da autarquia federal. No entanto,
compete à Justiça Federal, em ação de nulidade de registro de marca, com a participação do INPI, impor ao
titular a abstenção do uso, inclusive no tocante à tutela provisória. STJ. 2ª Seção. REsp 1527232-SP, Rel. Min.
Luis Felipe Salomão, julgado em 13/12/2017 (recurso repetitivo) (Info 618).

Para configuração da prática de atos de concorrência desleal derivados de imitação de trade dress, não basta
que o titular, simplesmente, comprove que utiliza determinado conjunto-imagem, sendo necessária a
observância de alguns pressupostos para garantia da proteção jurídica:

a) ausência de caráter meramente funcional;

b) distintividade;

c) confusão ou associação indevida;

d) anterioridade de uso.

STJ. 3ª Turma. REsp 1943690-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em
19/10/2021 (Info 715).

SOCIEDADES

Podemos classificar as sociedades em:

• Sociedades não personificadas: é aquela que não tem personalidade jurídica.

• Sociedades personificadas: é aquela que possui personalidade jurídica.

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Sociedade em comum

Não personificada
Sociedade em conta de
participação

Sociedade em nome coletivo

Sociedades
Sociedade em comandita
simples

Sociedade Sociedade em comandita por


Empresária ações

Sociedade
Personificada Sociedade anônima
simples

Cooperativa Sociedade limitada

Art. 985, CC. A sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição, no registro próprio e na forma da
lei, dos seus atos constitutivos (artigos 45 e 1.150).

O término da personalidade se dá com o procedimento dissolutivo, que pode ter natureza judicial ou
extrajudicial. Ele possui três fases: dissolução, liquidação e partilha.

RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS PELAS OBRIGAÇÕES SOCIAIS:


SOCIEDADE EM COMANDITA POR AÇÕES Responsabilidade mista
SOCIEDADE ANÔNIMA Responsabilidade limitada
SOCIEDADE EM NOME COLETIVO Responsabilidade ILIMITADA
SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES Responsabilidade mista
SOCIEDADE LIMITADA (há solidariedade) Responsabilidade limitada
SOCIEDADE SIMPLES Pode ser pactuado no contrato: nenhuma ou ILIMITADA.

SOCIEDADE SIMPLES

A sociedade simples é uma sociedade contratual e, portanto, possui contrato social.

- Instrumento particular ou público + registro em 30 dias no Registro Civil de Pessoas Jurídicas (cartório).

CC, art. 997: “A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, que, além de cláusulas
estipuladas pelas partes, mencionará:
I - Nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se pessoas naturais, e a firma ou a
denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas;
II - Denominação, objeto, sede e prazo da sociedade;
III - capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquer espécie de bens,
suscetíveis de avaliação pecuniária;

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IV - A quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la;


V - As prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços;
VI - As pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus poderes e atribuições;
VII - a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas;
VIII - se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais. Parágrafo único. É ineficaz
em relação a terceiros qualquer pacto separado, contrário ao disposto no instrumento do contrato.

Pluripessoalidade: A sociedade de natureza simples é pluripessoal, ou seja, ela precisa de uma pluralidade de
pessoas (2 ou mais sócios) para ser constituída.

❖ Exceção: a única exceção à regra de pluripessoalidade é a sociedade unipessoal de advocacia.

Quotas sociais: são frações do capital social que conferem ao seu titular direito de sócio de uma sociedade

❖ Formas de integralização das cotas sociais: quando um sócio se compromete a aplicar um determinado
percentual em uma sociedade, esse ato de comprometimento se chama “subscrição”; no momento em
que o sócio paga efetivamente o valor com o qual se comprometeu, esse ato se chama “integralização”;
é possível fazer o ato de integralização com dinheiro, bens móveis (exemplo: computador, veículo etc.),
bens imóveis (exemplo: terreno, galpão etc.) e até com prestação de serviços.

❖ Sócio remisso: é aquele que deixa de integralizar de forma total ou parcial as suas cotas sociais.
❖ Para a cessão de cotas, são necessárias: modificação do contrato social + anuência dos demais sócios

❖ Os sócios possuem o direito de preferência. Assim sendo, no caso de cessão de cotas, os demais sócios
têm direito de preferência.

❖ Conforme o STJ, é perfeitamente possível a penhora de cotas sociais.

❖ Responsabilidade: O contrato pode determinar como sendo limitada ou ilimitada (solidária ou


subsidiária).

#SELIGA: Se o contrato for omisso? Aplica-se a regra do art. 1023 do CC – Responsabilidade ilimitada
subsidiária.

SOCIEDADE LIMITADA

Na sociedade limitada a responsabilidade é restrita ao valor da quota de cada sócio, mas todos respondem
solidariamente pela integralização.

CC, art. 1.052: Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas,
mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social.

CASOS EM QUE A RESPONSABILIDADE SERÁ ILIMITADA


❖ Ausência de registro;

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❖ Dívida trabalhista;
❖ Desconsideração da personalidade jurídica;
❖ Violação do artigo 977, CC (quem responde é o sócio); Art. 977. Faculta-se aos cônjuges
contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não tenham casado no regime da comunhão
universal de bens, ou no da separação obrigatória.
❖ Dissolução irregular da sociedade com execução fiscal (Súmula 435 STJ – quem responde é o
administrador);
❖ Dívida tributária (quem responde é o administrador nos casos de sonegação. Inadimplência não).

Súmula nº 435, STJ: Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu
domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da execução
fiscal para o sócio-gerente.

No tocante à constituição, a sociedade limitada pode ser pluripessoal (2 ou mais sócios) ou unipessoal (1
sócio). A possibilidade de sociedade limitada unipessoal está prevista no art. 1.052, §1º do CC:

CC, Art. 1.052, § 1º A sociedade limitada pode ser constituída por 1 (uma) ou mais pessoas. (Incluído pela Lei
nº 13.874, de 2019)
§ 2º Se for unipessoal, aplicar-se-ão ao documento de constituição do sócio único, no que couber, as
disposições sobre o contrato social. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)

Quotas Iguais/Desiguais: as quotas são frações do capital social que conferem ao seu titular o direito de ser
sócio de uma sociedade; as quotas, na sociedade limitada, podem ser iguais ou desiguais.

CC, art. 1.055: O capital social divide-se em quotas, iguais ou desiguais, cabendo uma ou diversas a cada
sócio.
§ 1° Pela exata estimação de bens conferidos ao capital social respondem solidariamente todos os sócios, até
o prazo de cinco anos da data do registro da sociedade.
§ 2° É vedada contribuição que consista em prestação de serviços.

Nomeação do administrador: a nomeação do administrador pode ocorrer da mesma forma que ocorre na
sociedade simples, ou seja, ele pode ser nomeado no contrato social ou em ato separado (ex.: ata de
assembleia)

Quem pode ser administrador: o sócio e o não sócio podem ser administradores da sociedade.

CC, Art. 1.061. A designação de administradores não sócios dependerá da aprovação de, no mínimo, 2/3 (dois
terços) dos sócios, enquanto o capital não estiver integralizado, e da aprovação de titulares de quotas
correspondentes a mais da metade do capital social, após a integralização. (Redação dada pela Lei nº
14.451, de 2022) Vigência

Exclusão de sócio na sociedade limitada

→ A exclusão JUDICIAL pode decorrer de: incapacidade superveniente e falta grave.

CC, art. 1.030: “Ressalvado o disposto no art. 1.004 e seu parágrafo único, pode o sócio ser excluído
judicialmente, mediante iniciativa da maioria dos demais sócios, por falta grave no cumprimento de suas
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obrigações, ou, ainda, por incapacidade superveniente. Parágrafo único. Será de pleno direito excluído da
sociedade o sócio declarado falido, ou aquele cuja quota tenha sido liquidada nos termos do parágrafo único
do art. 1.026.”

→ A exclusão EXTRAJUDICIAL pode ocorrer no caso de: sócio remisso, falência do sócio, liquidação de quota
ou por justa causa.

#LEISECASALVA:

Deliberações dos sócios:

Art. 1.071. Dependem da deliberação dos sócios, além de outras matérias indicadas na lei ou no contrato:
I - a aprovação das contas da administração;
II - a designação dos administradores, quando feita em ato separado;
III - a destituição dos administradores;
IV - o modo de sua remuneração, quando não estabelecido no contrato;
V - a modificação do contrato social;
VI - a incorporação, a fusão e a dissolução da sociedade, ou a cessação do estado de liquidação;
VII - a nomeação e destituição dos liquidantes e o julgamento das suas contas;
VIII - o pedido de concordata.

Art. 1.076. Ressalvado o disposto no art. 1.061, as deliberações dos sócios serão tomadas (Redação dada
pela Lei nº 13.792, de 2019)
I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.451, de 2022) Vigência
II - pelos votos correspondentes a mais da metade do capital social, nos casos previstos nos incisos II, III,
IV, V, VI e VIII do caput do art. 1.071 deste Código; (Redação dada pela Lei nº 14.451, de
2022) Vigência
III - pela maioria de votos dos presentes, nos demais casos previstos na lei ou no contrato, se este não exigir
maioria mais elevada.

SOCIEDADE ANÔNIMA

#TEMQUELERALEI:
Características
Lei 6.404/76:
Art. 1º A companhia ou sociedade anônima terá o capital dividido em ações, e a responsabilidade dos sócios
ou acionistas será limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas.
Art. 2º Pode ser objeto da companhia qualquer empresa de fim lucrativo, não contrário à lei, à ordem pública
e aos bons costumes.
§ 1º Qualquer que seja o objeto, a companhia é mercantil e se rege pelas leis e usos do comércio.
§ 2º O estatuto social definirá o objeto de modo preciso e completo.
§ 3º A companhia pode ter por objeto participar de outras sociedades; ainda que não prevista no estatuto, a
participação é facultada como meio de realizar o objeto social, ou para beneficiar-se de incentivos fiscais.
Art. 3º A sociedade será designada por denominação acompanhada das expressões "companhia" ou
"sociedade anônima", expressas por extenso ou abreviadamente mas vedada a utilização da primeira ao final.
(...)
Art. 4o Para os efeitos desta Lei, a companhia é aberta ou fechada conforme os valores mobiliários de sua
emissão estejam ou não admitidos à negociação no mercado de valores mobiliários. (Redação dada pela Lei
nº 10.303, de 2001)

287
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CARACTERÍSTICAS DA SA
Sociedade Empresária
Sociedade de Capital
Mínimo de dois acionistas
Capital social dividido em ações
Pode ser aberta ou fechada
Adota como nome empresarial a denominação
seguida por SA ou Cia no início ou no meio do nome
Responsabilidade dos acionistas é limitada à
integralização do preço de emissão das ações
subscritas
Tem a possibilidade de participar em outras
sociedades

No que se refere aos direitos dos acionistas, é importante mencionar que, embora essenciais, eles não são
absolutos:

#BORADETABELA:

DIREITOS DOS ACIONISTAS


Art. 109. Nem o estatuto social nem a assembléia-geral poderão privar o acionista dos direitos de:
I - participar dos lucros sociais;
II - participar do acervo da companhia, em caso de liquidação;
III - fiscalizar, na forma prevista nesta Lei, a gestão dos negócios sociais;
IV - preferência para a subscrição de ações, partes beneficiárias conversíveis em ações, debêntures
conversíveis em ações e bônus de subscrição, observado o disposto nos artigos 171 e 172; (Vide
Lei nº 12.838, de 2013)
V - retirar-se da sociedade nos casos previstos nesta Lei.

#VEMDELEISECA

Espécies e Classes de ações

Art. 15. As ações, conforme a natureza dos direitos ou vantagens que confiram a seus titulares, são
ordinárias, preferenciais, ou de fruição.
§ 1º As ações ordinárias e preferenciais poderão ser de uma ou mais classes, observado, no caso das
ordinárias, o disposto nos arts. 16, 16-A e 110-A desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 14.195, de 2021)
§ 2o O número de ações preferenciais sem direito a voto, ou sujeitas a restrição no exercício desse direito,
não pode ultrapassar 50% (cinqüenta por cento) do total das ações emitidas. (Redação dada pela Lei nº
10.303, de 2001)

Ações Ordinárias

Art. 16. As ações ordinárias de companhia fechada poderão ser de classes diversas, em função de:
I - conversibilidade em ações preferenciais; (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997)
II - exigência de nacionalidade brasileira do acionista; ou (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997)
III - direito de voto em separado para o preenchimento de determinados cargos de órgãos
administrativos. (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997)

288
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IV - atribuição de voto plural a uma ou mais classes de ações, observados o limite e as condições dispostos no
art. 110-A desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 14.195, de 2021)
Parágrafo único. A alteração do estatuto na parte em que regula a diversidade de classes, se não for
expressamente prevista e regulada, requererá a concordância de todos os titulares das ações
atingidas. (Redação dada pela Lei nº 14.195, de 2021)
Art. 16-A. Na companhia aberta, é vedada a manutenção de mais de uma classe de ações ordinárias,
ressalvada a adoção do voto plural nos termos e nas condições dispostos no art. 110-A desta Lei. (Incluído
pela Lei nº 14.195, de 2021)
#JÁCAIU

Ações Preferenciais

Art. 17. As preferências ou vantagens das ações preferenciais podem consistir: (Redação dada pela Lei nº
10.303, de 2001)
I - em prioridade na distribuição de dividendo, fixo ou mínimo;(Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
II - em prioridade no reembolso do capital, com prêmio ou sem ele; ou (Redação dada pela Lei nº 10.303, de
2001)
III - na acumulação das preferências e vantagens de que tratam os incisos I e II.(Incluído pela Lei nº 10.303,
de 2001)
§ 1o Independentemente do direito de receber ou não o valor de reembolso do capital com prêmio ou sem ele,
as ações preferenciais sem direito de voto ou com restrição ao exercício deste direito, somente serão
admitidas à negociação no mercado de valores mobiliários se a elas for atribuída pelo menos uma das
seguintes preferências ou vantagens:(Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
I - direito de participar do dividendo a ser distribuído, correspondente a, pelo menos, 25% (vinte e cinco por
cento) do lucro líquido do exercício, calculado na forma do art. 202, de acordo com o seguinte critério:(Incluído
dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
a) prioridade no recebimento dos dividendos mencionados neste inciso correspondente a, no mínimo, 3%
(três por cento) do valor do patrimônio líquido da ação; e (Incluída dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
b) direito de participar dos lucros distribuídos em igualdade de condições com as ordinárias, depois de a estas
assegurado dividendo igual ao mínimo prioritário estabelecido em conformidade com a alínea a; ou (Incluída
dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
II - direito ao recebimento de dividendo, por ação preferencial, pelo menos 10% (dez por cento) maior do que
o atribuído a cada ação ordinária; ou (Incluído dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
III - direito de serem incluídas na oferta pública de alienação de controle, nas condições previstas no art. 254-
A, assegurado o dividendo pelo menos igual ao das ações ordinárias. (Incluído dada pela Lei nº 10.303, de
2001)
§ 2o Deverão constar do estatuto, com precisão e minúcia, outras preferências ou vantagens que sejam
atribuídas aos acionistas sem direito a voto, ou com voto restrito, além das previstas neste artigo.(Redação
dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
§ 3o Os dividendos, ainda que fixos ou cumulativos, não poderão ser distribuídos em prejuízo do capital social,
salvo quando, em caso de liquidação da companhia, essa vantagem tiver sido expressamente
assegurada.(Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
§ 4o Salvo disposição em contrário no estatuto, o dividendo prioritário não é cumulativo, a ação com
dividendo fixo não participa dos lucros remanescentes e a ação com dividendo mínimo participa dos lucros
distribuídos em igualdade de condições com as ordinárias, depois de a estas assegurado dividendo igual ao
mínimo.(Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
§ 5o Salvo no caso de ações com dividendo fixo, o estatuto não pode excluir ou restringir o direito das ações
preferenciais de participar dos aumentos de capital decorrentes da capitalização de reservas ou lucros (art.
169).(Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)

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§ 6o O estatuto pode conferir às ações preferenciais com prioridade na distribuição de dividendo cumulativo,
o direito de recebê-lo, no exercício em que o lucro for insuficiente, à conta das reservas de capital de que trata
o § 1o do art. 182.(Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
§ 7o Nas companhias objeto de desestatização poderá ser criada ação preferencial de classe especial, de
propriedade exclusiva do ente desestatizante, à qual o estatuto social poderá conferir os poderes que
especificar, inclusive o poder de veto às deliberações da assembléia-geral nas matérias que
especificar.(Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001) GOLDEN SHARE

Vantagens Políticas

Art. 18. O estatuto pode assegurar a uma ou mais classes de ações preferenciais o direito de eleger, em
votação em separado, um ou mais membros dos órgãos de administração.

Parágrafo único. O estatuto pode subordinar as alterações estatutárias que especificar à aprovação, em
assembléia especial, dos titulares de uma ou mais classes de ações preferenciais.

#TABELALOVERS:

DIREITO DE VOTO DA AÇÕES PREFERENCIAIS


A criação de classe de ações ordinárias com atribuição do voto plural depende
do voto favorável de acionistas que representem: (Incluído pela Lei nº 14.195,
Art. 110-A, § 1º, de 2021)
II, LSA II - metade, no mínimo, das ações preferenciais sem direito a voto ou com voto
restrito, se emitidas, reunidas em assembleia especial convocada e instalada
com as formalidades desta Lei.
Art. 87, § 2º, Cada ação, independentemente de sua espécie ou classe, dá direito a um voto;
LSA a maioria não tem poder para alterar o projeto de estatuto.

As ações preferenciais sem direito de voto adquirirão o exercício desse direito se


a companhia, pelo prazo previsto no estatuto, não superior a 3 (três) exercícios
Art. 111, § 1º,
consecutivos, deixar de pagar os dividendos fixos ou mínimos a que fizerem jus,
LSA
direito que conservarão até o pagamento, se tais dividendos não forem
cumulativos, ou até que sejam pagos os cumulativos em atraso.

Nas assembleias-gerais da companhia em liquidação todas as ações gozam de


Art. 213, § 1º, igual direito de voto, tornando-se ineficazes as restrições ou limitações
LSA porventura existentes em relação às ações ordinárias ou preferenciais; cessando
o estado de liquidação, restaura-se a eficácia das restrições ou limitações
relativas ao direito de voto.
AÇÕES ORDINÁRIAS E VOTO PLURAL
Art. 16-A. Na companhia aberta, é vedada a manutenção de mais de uma classe
de ações ordinárias, ressalvada a adoção do voto plural nos termos e nas
Art. 16-A, LSA
condições dispostos no art. 110-A desta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.195, de
2021)
É admitida a criação de uma ou mais classes de ações ordinárias com atribuição
de voto plural, não superior a 10 (dez) votos por ação ordinária: (Incluído pela
Art. 110-A, LSA
Lei nº 14.195, de 2021)
I - na companhia fechada; e

290
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II - na companhia aberta, desde que a criação da classe ocorra previamente à


negociação de quaisquer ações ou valores mobiliários conversíveis em ações de
sua emissão em mercados organizados de valores mobiliários.
Após o início da negociação das ações ou dos valores mobiliários conversíveis em
ações em mercados organizados de valores mobiliários, é vedada a alteração das
Art. 110-A, §5º,
características de classe de ações ordinárias com atribuição de voto plural,
LSA
exceto para reduzir os respectivos direitos ou vantagens. (Incluído pela Lei nº
14.195, de 2021)
São vedadas as operações:
I - de incorporação, de incorporação de ações e de fusão de companhia aberta
que não adote voto plural, e cujas ações ou valores mobiliários conversíveis em
ações sejam negociados em mercados organizados, em companhia que adote
Art. 110-A, voto plural; (Incluído pela Lei nº 14.195, de 2021)
§11º, LSA II - de cisão de companhia aberta que não adote voto plural, e cujas ações ou
valores mobiliários conversíveis em ações sejam negociados em mercados
organizados, para constituição de nova companhia com adoção do voto plural,
ou incorporação da parcela cindida em companhia que o adote. (Incluído pela
Lei nº 14.195, de 2021)
Não será adotado o voto plural nas votações pela assembleia de acionistas que
deliberarem sobre:
Art. 110-A, § 12,
I - a remuneração dos administradores; e
LSA
II - a celebração de transações com partes relacionadas que atendam aos
critérios de relevância a serem definidos pela Comissão de Valores Mobiliários
Não se aplica à sociedade em comandita por ações o disposto nesta Lei sobre
Art. 284 LSA voto plural, sobre conselho de administração, sobre autorização estatutária de
aumento de capital e sobre emissão de bônus de subscrição. (Redação dada
pela Lei nº 14.195, de 2021)
Art. 110, § 14, As disposições relativas ao voto plural não se aplicam às empresas públicas, às
LSA sociedades de economia mista, às suas subsidiárias e às sociedades controladas
direta ou indiretamente pelo poder público.

#SELIGANATABELA:

ADMINISTRAÇÃO DA SA
Art. 138, A administração da companhia competirá, conforme dispuser o estatuto, ao conselho de
LSA administração e à diretoria, ou somente à diretoria.
Art. 138, O conselho de administração é órgão de deliberação colegiada, sendo a representação da
§1º, LSA companhia privativa dos diretores.
Art. 138, As companhias abertas e as de capital autorizado terão, obrigatoriamente, conselho de
§2º, LSA administração.
As companhias de economia mista terão obrigatoriamente Conselho de Administração,
Art. 239,
assegurado à minoria o direito de eleger um dos conselheiros, se maior número não lhes
LSA
couber pelo processo de voto múltiplo.
Art. 146, Apenas pessoas naturais poderão ser eleitas para membros dos órgãos de administração.
LSA (Redação dada pela Lei nº 14.195, de 2021)

Art. 146, § A posse de administrador residente ou domiciliado no exterior fica condicionada à


2º, LSA constituição de representante residente no País, com poderes para, até, no mínimo, 3 (três)

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anos após o término do prazo de gestão do administrador, receber: (Redação dada pela
Lei nº 14.195, de 2021)
I - citações em ações contra ele propostas com base na legislação societária; e
II - citações e intimações em processos administrativos instaurados pela Comissão de
Valores Mobiliários, no caso de exercício de cargo de administração em companhia aberta.
Art. 140, O conselho de administração será composto por, no mínimo, 3 (três) membros, eleitos pela
LSA assembléia-geral e por ela destituíveis a qualquer tempo, devendo o estatuto estabelecer
A Diretoria será composta por 1 (um) ou mais membros eleitos e destituíveis a qualquer
Art. 143,
tempo pelo conselho de administração ou, se inexistente, pela assembleia geral, e o estatuto
LSA
estabelecerá

TÍTULOS DE CRÉDITO

CC, art. 887: “O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito, literal e autônomo nele
contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei.”

PRINCÍPIOS:

PRINCÍPIOS
Este princípio preceitua que o crédito precisa estar materializado em um
documento. Se o crédito está representado nesse documento, há uma presunção
de que credor é quem está em posse da cártula. Tal princípio encontra inúmeras
aplicações, dentre elas, a exigência de apresentação do original para instruir ação
executiva. A apresentação de cópia autêntica não garante que o apresentante seja
CARTULARIDADE
o efetivo possuidor do título, ou seja, não garante que o mesmo tenha o direito de
exigir o crédito consubstanciado no mesmo. Além disso, quem paga o título deve
exigir que o título lhe seja entregue ou seja inutilizado, a fim de evitar a circulação
do crédito para terceiros de boa-fé, que terão o direito de cobrar-lhe a importância
consignada no título.
Só tem eficácia para o direito cambiário o que está literalmente escrito no título de
crédito. O que não se encontra expressamente consignado no título de crédito não
produz consequências na disciplina das relações jurídico-cambiais. Assegura certeza
quanto à natureza, ao conteúdo e à modalidade de prestação prometida ou
LITERALIDADE
ordenada. Impede que meros ajustes verbais possam influir no exercício do direito
ali mencionado. Tal princípio não se aplica integralmente à duplicata (lei 5.474/68),
pois, na duplicata são admitidas: quitação em separado e compensação de valores
não previstos no título.
As relações jurídico-cambiais são autônomas e independentes entre si. Assim, o
vício em uma das relações não atinge as demais obrigações assumidas no título.
Exemplo: o endosso ou o aval dado por pessoa incapaz não atinge as demais
obrigações assumidas no título de crédito.

Inoponibilidade das exceções pessoais a terceiros de boa-fé: é o aspecto processual


AUTONOMIA do princípio da autonomia.

Abstração: o título de crédito se desvincula do negócio jurídico que lhe deu origem,
isto é, questões relativas a esse negócio jurídico subjacente não têm o condão de
afetar o cumprimento da obrigação do título de crédito. Qualquer pessoa de boa-fé,
que adquira a condição de credora do título de crédito, adquire um direito novo
como se fosse um credor originário, não ocupando a posição do antigo credor.

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CARACTERÍSTICAS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO:

Negociabilidade: É uma das principais características do título de crédito. O título de crédito foi criado para
ser negociado. A ideia é que ele substitua a moeda e, portanto, ele deve ter fácil negociação e circulação.

Bem móvel (arts. 82 a 84 do CC): O título de crédito é classificado como bem móvel e, por isso, pode ser
objeto de penhor.

CC, art. 82: “São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem
alteração da substância ou da destinação econômico-social.”

CC, art. 83: Consideram-se móveis para os efeitos legais:


I - As energias que tenham valor econômico;
II - Os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes;
III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações.

CC, art. 84: “Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua
qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio.”

Executividade: Nos termos do art. 784, CPC, os títulos de crédito são títulos executivos extrajudiciais.

CPC, art.784, I: “São títulos executivos extrajudiciais: I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a
debênture e o cheque; (...)”

Obrigação quesível (querable):


→ Cabe ao credor dirigir-se ao devedor para exigir o pagamento do título no lugar nele designado.

→ O objetivo é facilitar a circulação: o devedor pode não saber quem é o credor, ainda mais porque a
circulação independe de sua anuência ou autorização.

→ Exemplo: o credor A, que recebeu o cheque do devedor B, endossa o título para o credor C. Nesse caso,
o devedor pode não saber que o título está com C, já que a circulação do título independe da vontade ou
anuência do devedor.

Obrigação pro solvendo ou pro soluto:

→ Pro solvendo: não implica em novação no que toca à relação causal, que subsiste junto com a relação
cambiária, porque as duas relações coexistem; pro solvendo significa “para pagamento” e, assim, a relação
causal só se extingue com o pagamento do título.

→ Tem natureza pro soluto quando emitido e entregue ao beneficiário visando a extinguir a obrigação que
gerou a sua criação, ou seja, quando dado em pagamento da relação causal. Pro soluto significa “em
pagamento”. Neste caso, o título de crédito opera novação, pois extingue a obrigação decorrente da causa
debendi.

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→ Há presunção de que os títulos de crédito são pro solvendo, pois ele dá mais garantia ao credor e,
consequentemente, facilita a circulação. Para um título ser pro soluto, essa informação deve constar
expressamente do título. Assim, em caso de omissão, considera-se que o título tem natureza pro solvendo.

Solidariedade:

→ A solidariedade civil e a solidariedade cambiária possuem algumas diferenças:

Solidariedade Civil Solidariedade Cambiária


Decorre de lei ou de contrato Decorre apenas de lei
Não há autonomia Há autonomia
A obrigação de cada devedor decorre de uma
Há uma causa comum
causa distinta

Qualquer devedor que paga a dívida terá direito


Nem todos os devedores terão direito de regresso
de regresso contra os outros codevedores

O devedor solidário que paga a dívida pode O devedor solidário que paga não pode cobrar de
cobrar de qualquer outro devedor a cota parte todos os demais devedores. Só pode cobrar dos
que for devida respectivamente. Não há uma devedores anteriores a ele. Não pode cobrar dos
ordem de preferência entre os devedores devedores posteriores. Sendo assim, não há o que
solidários. Todos são devedores de uma cota se falar em cota parte na solidariedade cambiária.
parte da dívida e ao mesmo tempo são O devedor que paga ao credor pode cobrar dos
devedores da dívida toda. demais devedores a dívida inteira.

Endosso

É o ato pelo qual o credor de um título de crédito à ordem transmite o direito ao valor constante do título a
outra pessoa, sendo acompanhado da tradição da cártula, que transfere a posse desta.

A maior característica do endosso é a TRANSFERÊNCIA.

Efeitos:

→ Transferência da titularidade do crédito do endossante para o endossatário.

→ Tornar o endossante codevedor do título.

Tipos de endosso:

→ Em branco: não identifica o endossatário.

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→ Em preto: tem identificação do endossatário (exemplo: Endosso a Maria da Silva).

→ Endosso parcial: conforme o art. 12 do DL 57.663, o endosso parcial é NULO.

→ Endosso sem data: quando inexiste data, haverá uma presunção de que o endosso foi dado antes do
protesto.

→ O endosso póstumo: se o título está vencido, mas tem protesto (ou expirou o prazo de protesto) e é
feito o endosso, não haverá os efeitos do endosso, mas tão somente os efeitos de cessão civil. Isso é chamado
de endosso póstumo ou tardio.

→ Endosso sem garantia: o endossante pode proibir um novo endosso, e, neste caso, não garante o
pagamento das pessoas a quem a letra for posteriormente endossada (exemplo: “endosso sem garantia a
Maria da Silva”)

Endosso-mandato: é a cláusula cambiária pela qual o endossante constitui o endossatário seu mandatário
para a prática de todos os atos necessários ao recebimento da soma cambiária e, para tal, ele lhe transfere
o exercício de todos os direitos decorrentes do título (exemplo: endosso feito à empresa de cobrança para
que ela cobre a dívida e repasse os valores ao credor).

Súmula 476, STJ: “O endossatário de título de crédito por endosso-mandato só responde por danos
decorrentes de protesto indevido se extrapolar os poderes de mandatário.”

Aval

Conceito: é o ato cambiário decorrente de uma manifestação unilateral de vontade pela qual uma pessoa
física ou jurídica, denominada avalista, compromete-se a pagar título de crédito nas mesmas condições que
um devedor ou codevedor do título (avalizado).

→ O aval ocorre de modo inverso ao endosso.

→ A mera assinatura no anverso do título de crédito constitui aval.

→ O aval também pode ocorrer com a assinatura no verso do título, juntamente com uma expressão
identificadora.

Formas de aval:

→ Em branco: não identifica o avalizado.

→ Em preto: tem identificação do avalizado.

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Aval total e aval parcial.

→ A lei especial admite o aval parcial.

→ O art. 897, CC, entretanto, afirma que não é possível o aval parcial.

CC, art. 897: “O pagamento de título de crédito, que contenha obrigação de pagar soma determinada, pode
ser garantido por aval. Parágrafo único. É vedado o aval parcial.”

Aval posterior ao vencimento: O aval, ao contrário do endosso póstumo, pode ser dado antes ou depois do
vencimento. Pode ocorrer, também, antes ou depois do protesto. Os efeitos do aval posterior ao vencimento
continuam a ser os mesmos do aval comum.

Diferença entre aval e fiança:

AVAL FIANÇA
Só pode se dar nos títulos de crédito Só pode se dar em contrato
Autônomo (ainda que o avalizado tenha uma
falência, incapacidade ou morte, o avalista Acessório
continua responsável)
Não tem benefício de ordem Tem benefício de ordem

Nota Promissória

É o título de crédito pelo qual uma pessoa, denominada emitente, faz a outra pessoa, designada beneficiário,
uma promessa pura e simples de pagamento de quantia determinada, em seu favor ou a outrem à sua ordem,
nas condições nela constantes.

Subscrição é o ato de emissão. Quem subscreve está emitindo, está dando a promessa de pagamento. O
devedor principal é o subscritor (emitente) da nota promissória.

A nota promissória não admite o aceite, pois este é o ato de concordância com uma ordem de pagamento
dada e, na nota promissória, não há ordem de pagamento, mas promessa de pagamento.

É possível endossar e avalizar uma nota promissória.

Prazo prescricional

❖ Devedor principal: o devedor principal de uma nota promissória é o subscritor (emitente) ou o


avalista do emitente – o prazo prescricional é de 3 anos contados do vencimento do título.

❖ Codevedor: pode ser o endossante ou o avalista do endossante - O prazo prescricional é de 1 ano,


contado do protesto.

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❖ Direito de regresso – o prazo prescricional é de 6 meses, contados do pagamento ou de quando


demandado.

❖ Se a nota promissória está prescrita, aplica-se a regra do art. 206, § 5º, CC – 5 anos.

#SELIGANASÚMULA

Súmula 504, STJ: O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de nota promissória sem
força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte ao vencimento do título.

Duplicata

É uma ordem de pagamento causal, decorrente de compra e venda mercantil ou prestação de serviço,
emitida pelo sacador, para que o sacado lhe pague determinada quantia à vista ou em dia certo.

Toda a vez que há uma compra e venda mercantil ou prestação de serviço, será necessário emitir uma
fatura/nota fiscal fatura/nota fiscal eletrônica/cupom fiscal. A fatura representa um crédito, mas ela não é
um título de crédito. Assim sendo, é necessário transformá-la em um título de crédito: a duplicata.

Na duplicata, o aceite é obrigatório e o sacado está obrigado a dar o aceite (exceto em casos de avarias ou
não entrega, vício do produto ou divergências quanto a prazo, preço e pagamento).

É possível endossar e avalizar uma duplicata.

A duplicata aceita pagamento parcial e, portanto, o credor nunca poderá recusar pagamento parcial.

Prazo prescricional

❖ Devedor principal (sacado) ou avalista do devedor principal: o prazo prescricional é de 3 anos,


contados do vencimento do título.

❖ Codevedor ou avalista do codevedor: o prazo prescricional é de 1 ano, contado do protesto.

❖ Direito de regresso: o prazo prescricional é de 1 ano, contado do pagamento ou de quando


demandado.

❖ Título prescrito – CC, art. 206: “Prescreve: § 5º Em cinco anos: I - a pretensão de cobrança de dívidas
líquidas constantes de instrumento público ou particular.”

Cheque

É o título de crédito pelo qual uma pessoa denominada emitente ou sacador, com base em prévia e disponível
provisão de fundos em poder de banco ou instituição financeira a ele assemelhada, denominado sacado, dá
contra o banco uma ordem incondicional de pagamento à vista, em seu próprio benefício ou em favor de
terceiro, designado tomador beneficiário.

O cheque é uma ordem de pagamento, então possui a seguinte estrutura:


❖ Sacador: é quem dá a ordem de pagamento (correntista);

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❖ Sacado: é a instituição financeira (banco);


❖ Tomador/beneficiário.

#SELI GA: Apesar de o cheque ser uma ordem de pagamento à vista, muitas vezes, o sacador emite um
cheque pré-datado. Se o cheque for apresentado antes da data constante no título, ele será pago pelo banco,
mas essa apresentação antecipada caracteriza dano moral.

De acordo com o art. 6º da lei de cheque, este não admite a figura do aceite.

É possível endossar e avalizar um cheque.

❖ Não há limite de endosso no cheque;


❖ Endosso do sacado e parcial são nulos.

Prazo: o prazo para apresentação do cheque é de 30 dias quando ele é da mesma praça ou de 60 dias quando
é de praça diferente; o prazo é contado a partir da data de emissão do cheque.

Prazo prescricional do cheque:

→ Emitente/avalista do emitente: prazo prescricional de 6 meses para a execução do cheque, contados a


partir do fim do prazo de apresentação do título.

→ Endossante/avalista do endossante: prazo prescricional de 6 meses para a execução do cheque,


contados do protesto.

Conta Conjunta: o STJ afirma que, em caso de conta conjunta, existe solidariedade ativa, ou seja, ambos
podem movimentar a conta corrente; entretanto, quando se trata de execução de cheque, não existe
solidariedade passiva – só responde pelo cheque sem fundos aquele que emitiu o título.

#SELIGANASÚMULA

Súmula 370, STJ: “Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado.”

Súmula 600, STF: “Cabe ação executiva contra o emitente e seus avalistas, ainda que não apresentado o
cheque ao sacado no prazo legal, desde que não prescrita a ação cambiária.”

Súmula 388, STJ: “A simples devolução indevida de cheque caracteriza dano moral.”

Súmula 299, STJ: “É admissível a ação monitória fundada em cheque prescrito.

Súmula 503, STJ: “O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de cheque sem força
executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte à data de emissão estampada na cártula.”

Súmula 531, STJ: “Em ação monitória fundada em cheque prescrito, ajuizada contra o emitente, é dispensável
a menção ao negócio jurídico subjacente à emissão da cártula.”

TÍTULOS DE CRÉDITO RURAL

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• Cédula de crédito rural e nota de crédito rural (Decreto-lei 167/1967): São títulos causais, de natureza
civil, resultantes de financiamento a cooperativa, empresa ou produtor rural.

• Nota promissória rural e duplicata rural (Decreto-lei 167/1967): São títulos causais, fundados em
operações de compra e venda de natureza rural, contratadas a prazo, não constitutivas de financiamento no
âmbito do crédito rural.

#NOVIDADELEGISLATIVA

A Lei nº 14.421, de 2022 também fez algumas modificações no que tange às garantias e os prazos da Cédula
de Crédito Rural. Da mesma forma, vale a leitura dos principais artigos e uma passada de olho nas novidades!
Vejamos as mais importantes:

Art. 61. O prazo do penhor rural, agrícola ou pecuário, não excederá o da obrigação garantida e, embora
vencido, permanecerá a garantia enquanto subsistirem os bens que a constituem ou a obrigação
garantida. (Redação dada pela Lei nº 14.421, de 2022)
Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.421, de 2022)
Art. 62. Nas prorrogações de que trata o art. 13 deste Decreto-Lei, ainda que efetuadas após o vencimento
original da operação, ficam dispensadas a lavratura de termo aditivo e a assinatura do emitente, bastando,
para todos os efeitos, a anotação pelo credor no instrumento de crédito, salvo nas hipóteses estabelecidas
pelo poder público. (Redação dada pela Lei nº 14.421, de 2022)
Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.421, de 2022)

#DEOLHONAJURIS

É inadmissível a penhora de bem já hipotecado por força de cédula de crédito rural, salvo: a) em face de
execução fiscal; b) após a vigência do contrato de financiamento; c) quando houver anuência do credor;
ou d) quando ausente risco de esvaziamento da garantia, tendo em vista o valor do bem ou a preferência
do crédito cedular. AgInt no REsp 1.609.931-SC, Rel. Ministra Maria Isabel Gallotti, Quarta Turma, julgado
em 13/2/2023, DJe 17/2/2023.(Info 767 - STJ)
A existência de cláusula/contrato de seguro relacionado à cédula de crédito rural não retira os atributos
de exequibilidade próprios do título. AgInt no AREsp 2.144.537-GO, Rel. Ministro Marco Buzzi, Quarta
Turma, por unanimidade, julgado em 17/4/2023, DJe 20/4/2023. (Info 774 - STJ).

TÍTULOS DE CRÉDITO BANCÁRIOS

Destaca-se a cédula de crédito bancário, disciplinada pela Lei 10.931/2004. Trata-se de título causal, emitido
pelo tomador em favor da instituição financeira, com garantia real ou fidejussória, ou sem garantia, em
operação de crédito de qualquer modalidade.

Cédula de crédito bancário Demais cédulas de crédito


O capital objeto de financiamento pode ser utilizado Destinação do capital objeto do financiamento é
no desenvolvimento de qualquer atividade. específica, devendo voltar-se para o
desenvolvimento de atividades comerciais,
industriais, rurais etc.

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Enunciado 41 da Jornada de Direito Comercial do CJF: A cédula de crédito bancário é título de crédito dotado
de força executiva, mesmo quando representativa de dívida oriunda de contrato de abertura de crédito
bancário em conta-corrente, não sendo a ela aplicável a orientação da Súmula 233 do STJ.

Essa Lei também foi alterada em 2022, mas teve apenas alguns artigos revogados, e nenhuma modificação
substancial. Vale a passada de olho, como sempre.

Na hipótese de decretação de falência de instituição financeira, os emitentes e avalistas de cédula de crédito


bancário não possuem direito de preferência em sua aquisição em leilão realizado no processo de liquidação.
REsp 2.035.515-SP, Rel. Ministro Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em
7/3/2023.(Info 767 - STJ)

CONTRATOS EMPRESARIAIS

Conceito: Os contratos são empresariais quando os dois contratantes são empresários, com a ressalva
quanto aos casos em que o empresário comprador se enquadra no conceito de consumidor, hipótese em
que terão incidência as normas especiais do CDC. Resumindo, são os contratos celebrados exclusivamente
por empresários ou sociedades empresárias.

Proteção do CDC

Os contratos entre empresários podem eventualmente se submeter às regras do Código de Defesa do


Consumidor-CDC (Lei 8.078/90), bastando para tanto que um dos contratantes assuma a posição de
consumidor.
O STJ tem admitido a aplicação do CDC a relações entre empresários quando fica caracterizada a
vulnerabilidade técnica, jurídica ou econômica de uma das partes.

Os contratos empresariais que não se enquadram nessa situação são chamados, segundo André Luiz Santa
Cruz Ramos, de estritamente empresariais.

Por outro turno, parte da doutrina comercialista critica a submissão de contratos cíveis e contratos
empresariais a uma mesma “teoria geral” no campo obrigacional, a ponto de ter iniciado um movimento em
defesa de um novo Código Comercial (PL 1.572/2011). Com efeito, os contratos empresariais caracterizam-
se pela simetria natural entre os contratantes, não podendo, de acordo com Santa Cruz Ramos, serem
aplicadas a eles certas regras do Código Civil que limitam ou relativizam a imprescindível liberdade para a
celebração de contratos.

REQUISITOS

PRINCÍPIOS CONTRATUAIS
Autonomia da vontade Confere liberdade de contratar e a liberdade contratual, mas é mitigada
pelo dirigismo contratual (o contrato deve atender a sua função social e
nao pode contrariar preceitos de ordem pública).
Consensualismo O mero acordo de vontades é suficiente para a formação dos contratos.
É excepcionado nos contratos solenes e reais.
Relatividade O contrato só vale entre as partes (aspecto subjetivo) e não se estende
além de seu objeto (aspecto objetivo) – é relativizado pela boa-fé
objetiva.
Força obrigatória As partes podem exigir, uma da outra, que cumpram a prestação
prometida. Mas esta é limitada pela cláusula “rebus sic standibus”, que

300
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sintetiza a teoria da imprevisão, nos contratos comutativos. Os contratos


bilaterais contêm, implícita, a cláusula da “exceptio non adimpleti
contractus”, pela qual uma parte não pode exigir o cumprimento do
contrato pela outra, se estiver em mora em relação à sua própria
prestação.
Boa–fé As partes devem agir com probidade e todo contrato gera deveres
implícitos, decorrentes da sua própria natureza. A boa-fé objetiva foi
expressamente prevista no CC.
Atipicidade É assegurada às partes a celebração de contratos cujo conteúdo não seja
predefinido na legislação em vigor, dada a autonomia contratual
existente. Todavia, os contratantes devem considerar as balizas da
legislação em vigor, conforme estabelece o art. 425 do Código Civil.

#SELIGA: O Superior Tribunal de Justiça não reconhece a aplicabilidade da teoria da imprevisão a contratos
empresariais, quando o fato que se pretende imprevisível decorra da robusta variação cambial ou de pragas
agrícolas, por serem ínsitos à própria atividade empresarial desenvolvida.

#DEOLHONAJURIS RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL E BANCÁRIO. CONTRATOS DE DERIVATIVOS. SWAP


CAMBIAL SEM ENTREGA FÍSICA. COBERTURA DE RISCOS (HEDGE). CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR.
NÃO INCIDÊNCIA. CLÁUSULA LIMITATIVA DE RISCO. VALIDADE. TEORIA DA IMPREVISÃO. INAPLICABILIDADE.
ONEROSIDADE EXCESSIVA. REVISÃO JUDICIAL. IMPOSSIBILIDADE. 1. Recurso especial interposto contra
acórdão publicado na vigência do Código de Processo Civil de 1973 (Enunciados Administrativos n.º 2 e 3/STJ).
2. Hipótese em que a parte autora, empresa fabricante de produtos de madeira para fins de exportação,
busca a reparação de prejuízos que afirma ter sofrido na liquidação de contrato de swap cambial. Alegação
de imprevisibilidade e inevitabilidade da crise mundial, da qual teria resultado a maxidesvalorização do real
em relação ao dólar no segundo semestre de 2008. 3. Nos contratos de derivativos, é usual a liquidação com
base apenas na diferença entre o valor do parâmetro de referência verificado na data da contratação e no
vencimento, sem a anterior entrega física de numerário. 4. As normas protetivas do direito do consumidor
não incidem nas relações jurídicas interempresariais envolvendo contratos de derivativos. 5. É válida a
cláusula que prevê a rescisão antecipada do contrato de derivative firmado com instituição financeira na
eventualidade de ser alcançado limite previamente estabelecido de liquidação positiva para o cliente. 6. A
exposição desigual das partes contratantes aos riscos do contrato não atenta contra o princípio da boa-fé,
desde que haja, ao tempo da celebração da avença, plena conscientização dos riscos envolvidos na operação.
7. A aferição do dever de apresentar informações precisas e transparentes acerca dos riscos do negócio pode
variar conforme a natureza da operação e a condição do operador, exigindo-se menor rigor se se fizerem
presentes a notoriedade do risco e a reduzida vulnerabilidade do investidor. 8. Os contratos de derivativos
são dotados de álea normal ilimitada, a afastar a aplicabilidade da teoria da imprevisão e impedir a sua
revisão judicial por onerosidade excessiva. 9. Recurso especial não provido. (RESP 1.689.225).

CONTRATOS DE ALIENAÇÃO E LEASING

Pode-se definir o contrato de arrendamento mercantil como um contrato especial de locação que assegura
ao locatário a prerrogativa de adquirir o bem alugado ao final da avença, pagando, nesse caso, uma diferença
chamada valor residual. Em síntese, trata-se de um contrato de locação com opção de compra no momento
final do contrato.

Não há lei específica que trate do arrendamento mercantil. Em realidade, ele é regulado pela Resolução
2309/96 do BACEN. A Lei nº 6.099/1974 regula apenas o seu aspecto tributário.

No contrato de leasing, encontram-se presentes:

301
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(a) Arrendador, que é a empresa de leasing, a qual necessariamente será uma sociedade anônima;

(b) Arrendatário, que pode ser qualquer um, seja pessoa física ou jurídica (exceto no leasing de retorno).

O leasing pode ter por objeto tanto bens MÓVEIS quanto bens IMÓVEIS e esses bens podem ser de fabricação
nacional ou estrangeira, estes desde que autorizados pelo Conselho Monetário Nacional, nos termos do art.
10 da Lei 6.099/74.

Opções do arrendatário

Ao final do contrato de leasing, o arrendatário possui 3 opções:

(i) Devolução do bem;


(ii) Renovação do contrato de leasing;
(iii) Opção de compra, nesse caso, se o arrendatário fizer a opção de compra, é obrigado a pagar
VRG (valor residual garantido).

Cobrança Antecipada Do VRG

De início, o STJ entendia que a opção de compra deve ser feita ao final do contrato e, assim, momento em
que o VRG deveria ser cobrado. Se ele fosse cobrado desde o início do contrato, na verdade, não haveria
leasing, mas sim compra e venda em prestações. Esse foi o primeiro posicionamento do STJ (Súmula 263: “A
cobrança do valor residual (VRG) descaracteriza o contrato de arrendamento mercantil, transformando-o em
compra e venda a prestação”).

Contudo, o STJ alterou seu posicionamento e cancelou a Súmula 263, substituindo-a pela Súmula 293: “A
cobrança antecipada do valor residual garantido (VRG) não descaracteriza o contrato de arrendamento
mercantil”. Com esse enunciado, o STJ adotou os princípios da LIBERDADE DE ESCOLHA e da LIVRE
CONVENÇÃO ENTRE AS PARTES.

Todavia, o STJ também entendeu que, caso não haja opção de compra ao final do contrato, a parte terá de
devolver o valor residual garantido pago antecipadamente. Segundo o tribunal, o prazo prescricional para se
pleitear essa devolução é o prazo geral de 10 anos, pois não se trata de pedido fundado na vedação do
enriquecimento sem causa, mas de restituição de quantia em razão do desfazimento de arrendamento
mercantil. (REsp 1.174.760. Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 1.12.2011, 3ª T)

Mora do arrendatário
Se o arrendatário deixa de pagar as prestações, o arrendador pode recorrer à reintegração de posse.

O STJ firmou o entendimento de que é necessária a constituição em mora do arrendatário por notificação
prévia, não havendo que se falar em mora ex re, ainda que haja cláusula resolutiva expressa (Súmula 369).

No arrendamento mercantil, é pago um aluguel mensal pela utilização do bem. Assim, reintegrado o
arrendado à posse do bem, não há que se falar em pagamento das prestações futuras.

Pagando-se o VRG antecipado, há declaração de vontade de compra. Havendo reintegração de posse deverá
o arrendatário devolver o bem, mas, segundo o STJ, poderá requerer a devolução do VRG, na forma abaixo
explicitada:

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#DEOLHONAJURIS O arrendador tem a obrigação de devolver as quantias pagas, antecipadamente, pelo


arrendatário, a título de Valor Residual Garantido (VGR), nos casos em que o produto objeto do leasing for
apreendido por reintegração de posse e alienado pelo arrendador? DEPENDE:

i) Se o VRG pago + valor do bem vendido > VRG previsto no contrato, o arrendatário terá o direito de receber
a diferença;

ii) Se o VRG pago + valor do bem vendido < VRG previsto no contrato, o arrendatário NÃO terá direito de
receber a diferença (até porque não haverá diferença).

Mesmo na primeira hipótese, o contrato poderá prever que, antes de devolvida a diferença para o
arrendatário, o arrendador terá direito de descontar, previamente, outras despesas que tenha tido ou
encargos contratuais. (STJ, 2ª Seção, REsp 1.099.212-RJ, sob a sistemática do recurso repetitivo, julgado em
27.02.2013, INF 517)

#TABELALOVERS

MODALIDADES DE LEASING
LEASING FINANCEIRO LEASING OPERACIONAL LEASING DE RETORNO
Previsto no art. 5º da Previsto no art. 5º da Sem previsão na Resolução 2.309-
Resolução 2.309/96-BACEN. Resolução 2.309/96-BACEN BACEN
É a forma típica e clássica do Ocorre quando a arrendadora já é Ocorre quando determinada
leasing. Ocorre quando uma proprietária do bem e o aluga ao pessoa, precisando se capitalizar,
pessoa jurídica (arrendadora) arrendatário, comprometendo-se aliena seu bem à empresa de
compra o bem solicitado por também a prestar assistência leasing, que arrenda de volta o
uma pessoa física ou técnica em relação ao maquinário. bem ao antigo proprietário a
jurídica (arrendatária) para, fim de que ele continue
então, alugá-lo à arrendatária. utilizando a coisa. Em outras
palavras, a pessoa vende seu
bem e celebra um contrato de
arrendamento com o comprador,
continuando na posse direta.
Ex: determinada empresa Ex: Boeing Capital Corporation® Ex: em 2001, a Varig®, a fim de
(arrendatária) quer utilizar (arrendadora)celebra contrato de se recapitalizar, vendeu algumas
uma nova máquina em sua arrendamento para alugar cinco aeronaves à Boeing® e os alugou
linha de produção, mas não aeronaves à GOL® de volta por meio de um contrato
tem recursos suficientes para (arrendatária) a fim de que esta de lease back. O nome
realizar a aquisição. Por esse utilize os aviões em seus voos. A completo desse negócio
motivo, celebra contrato de arrendadora também ficará jurídico, em inglês, é sale and
leasing financeiro com um responsável pela manutenção lease back (venda e
Banco (arrendador), que dos aviões. arrendamento de volta).
compra o bem e o arrenda para
que a empresa utilize o
maquinário.
Normalmente, a intenção da Normalmente, a intenção da Em geral é utilizado como uma
arrendatária é, ao final do arrendatária é, ao final do forma de obtenção de capital de
contrato, exercer seu direito de contrato, NÃO exercer seu giro.
compra do bem. direito de compra do bem.

303
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#ATENÇÃO

Lease back ou Leasing de retorno Alienação fiduciária em garantia


Cuida-se, grosso modo, de uma locação com
É um contrato de aquisição de um bem; ele
opção de compra. Nem sempre o
instrumentaliza uma venda.
arrendatário quer adquirir o bem.
Havendo inadimplemento, utiliza-se de ação
Faz-se uso da busca e apreensão.
de reintegração de posse.

#OLHAOGANCHO Em regra, não incide o ICMS importação na operação de arrendamento mercantil


internacional, uma vez que, no leasing, não há, necessariamente, a transferência de titularidade do bem. Em
outras palavras, pode haver ou não a compra.

EXCEÇÃO: incidirá ICMS importação se ficar demonstrado que houve a antecipação da opção de compra.
STF. Plenário. RE 540829/SP, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, julgado em 11/9/2014 (repercussão geral) (Info
758).

RECUPERAÇÃO JUDICIAL

A recuperação judicial pode ser compreendida como um processo judicial, por meio do qual será consolidado
e executado um plano, com o objeto de recuperar a empresa que está em situação de crise econômico-
financeira, de modo a evitar sua falência.

O artigo 47 da Lei 11.101/05 prevê a finalidade da Recuperação Judicial:

Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-
financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e
dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à
atividade econômica.

O processo de recuperação judicial se divide em 3 fases distintas:

• Fase postulatória: começa com a petição inicial que traz o pedido de recuperação judicial, encerrando-
se com o despacho do juiz que manda processar o pedido de recuperação;
• Fase de deliberação (ou de processamento): o início se dá com o despacho que manda processar o
pedido de recuperação, concluindo-se com a homologação do plano, aprovado pela assembleia geral de
credores;
• Fase de execução: aqui há a fiscalização do cumprimento do plano. Inicia-se com a concessão da
recuperação judicial (e não com a decisão que apenas que manda processá-la), após a homologação do
plano, encerrando-se com a sentença de encerramento do processo

Fase postulatória:

Apenas aqueles que exercem atividade empresarial poderão requerer a recuperação judicial, a qual não
será facultada aos devedores civis. A recuperação judicial também poderá ser requerida pelo cônjuge
sobrevivente, herdeiros do devedor, inventariante ou sócio remanescente.

Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do pedido, exerça regularmente
suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda aos seguintes requisitos, cumulativamente:

304
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I – não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, as
responsabilidades daí decorrentes;
II – não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial;
III - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial com base no plano
especial de que trata a Seção V deste Capítulo; (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
IV – não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa condenada por
qualquer dos crimes previstos nesta Lei.

REQUISITOS PARA O REQUERIMENTO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL


Exercício de atividade empresarial regular há mais de 2 anos
Não ser falido ou estarem extintas as obrigações da falência
Não ter obtido concessão de recuperação judicial há 5 anos
Não ter obtido concessão de recuperação judicial, com base em plano especial para Microempresas e
Empresas de Pequeno Porte, há 5 anos
Não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa condenada por
qualquer dos crimes previstos na Lei.

A lei 14.112/2020 passou a prever que os EMPRESÁRIOS RURAIS poderão requerer a recuperação judicial:

Art. 48 (...)
§ 2º No caso de exercício de atividade rural por pessoa jurídica, admite-se a comprovação do prazo
estabelecido no caput deste artigo por meio da Escrituração Contábil Fiscal (ECF), ou por meio de obrigação
legal de registros contábeis que venha a substituir a ECF, entregue tempestivamente. (Redação dada pela Lei
nº 14.112, de 2020) (Vigência)
§ 3º Para a comprovação do prazo estabelecido no caput deste artigo, o cálculo do período de exercício de
atividade rural por pessoa física é feito com base no Livro Caixa Digital do Produtor Rural (LCDPR), ou por
meio de obrigação legal de registros contábeis que venha a substituir o LCDPR, e pela Declaração do Imposto
sobre a Renda da Pessoa Física (DIRPF) e balanço patrimonial, todos entregues tempestivamente. (Incluído
pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)
§ 4º Para efeito do disposto no § 3º deste artigo, no que diz respeito ao período em que não for exigível a
entrega do LCDPR, admitir-se-á a entrega do livro-caixa utilizado para a elaboração da DIRPF. (Incluído pela
Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)
§ 5º Para os fins de atendimento ao disposto nos §§ 2º e 3º deste artigo, as informações contábeis relativas
a receitas, a bens, a despesas, a custos e a dívidas deverão estar organizadas de acordo com a legislação e
com o padrão contábil da legislação correlata vigente, bem como guardar obediência ao regime de
competência e de elaboração de balanço patrimonial por contador habilitado. (Incluído pela Lei nº 14.112,
de 2020) (Vigência)

Créditos sujeitos à Recuperação Judicial

A lei estabelece que todos os créditos existentes na data do pedido, vencidos ou vincendos, estarão sujeitos
à recuperação judicial. Ou seja, os créditos posteriores ao pedido não entram na recuperação judicial.

Art. 49. Estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não
vencidos.
§ 1º Os credores do devedor em recuperação judicial conservam seus direitos e privilégios contra os
coobrigados, fiadores e obrigados de regresso.
§ 2º As obrigações anteriores à recuperação judicial observarão as condições originalmente contratadas ou
definidas em lei, inclusive no que diz respeito aos encargos, salvo se de modo diverso ficar estabelecido no
plano de recuperação judicial.

305
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§ 3º Tratando-se de credor titular da posição de proprietário fiduciário de bens móveis ou imóveis, de


arrendador mercantil, de proprietário ou promitente vendedor de imóvel cujos respectivos contratos
contenham cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em incorporações imobiliárias, ou de
proprietário em contrato de venda com reserva de domínio, seu crédito não se submeterá aos efeitos da
recuperação judicial e prevalecerão os direitos de propriedade sobre a coisa e as condições contratuais,
observada a legislação respectiva, não se permitindo, contudo, durante o prazo de suspensão a que se refere
o § 4º do art. 6º desta Lei, a venda ou a retirada do estabelecimento do devedor dos bens de capital essenciais
a sua atividade empresarial.
§ 4º Não se sujeitará aos efeitos da recuperação judicial a importância a que se refere o inciso II do art. 86
desta Lei.
§ 5º Tratando-se de crédito garantido por penhor sobre títulos de crédito, direitos creditórios, aplicações
financeiras ou valores mobiliários, poderão ser substituídas ou renovadas as garantias liquidadas ou vencidas
durante a recuperação judicial e, enquanto não renovadas ou substituídas, o valor eventualmente recebido
em pagamento das garantias permanecerá em conta vinculada durante o período de suspensão de que trata
o § 4º do art. 6º desta Lei.
§ 6º Nas hipóteses de que tratam os §§ 2º e 3º do art. 48 desta Lei, somente estarão sujeitos à recuperação
judicial os créditos que decorram exclusivamente da atividade rural e estejam discriminados nos documentos
a que se referem os citados parágrafos, ainda que não vencidos. (Incluído pela Lei nº 14.112, de
2020) (Vigência)
§ 7º Não se sujeitarão aos efeitos da recuperação judicial os recursos controlados e abrangidos nos termos
dos arts. 14 e 21 da Lei nº 4.829, de 5 de novembro de 1965. (Incluído pela Lei nº 14.112, de
2020) (Vigência)
§ 8º Estarão sujeitos à recuperação judicial os recursos de que trata o § 7º deste artigo que não tenham sido
objeto de renegociação entre o devedor e a instituição financeira antes do pedido de recuperação judicial, na
forma de ato do Poder Executivo. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)
§ 9º Não se enquadrará nos créditos referidos no caput deste artigo aquele relativo à dívida constituída nos
3 (três) últimos anos anteriores ao pedido de recuperação judicial, que tenha sido contraída com a finalidade
de aquisição de propriedades rurais, bem como as respectivas garantias. (Incluído pela Lei nº 14.112, de
2020) (Vigência)

NÃO SE INCLUEM NO PEDIDO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL


Créditos posteriores ao pedido
Créditos tributários
Créditos decorrentes de propriedade fiduciária (alienação fiduciária)
Arrendamento mercantil (leasing)
Compra e venda de imóvel com cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade
Compra e venda com reserva de domínio
Adiantamento de contrato de câmbio

#DEOLHONAJURIS

Aplica-se o § 3º do art. 49 da Lei 11.101/2005 mesmo que o bem dado em alienação judiciária seja de
propriedade de terceiros, isto é, mesmo que o fiduciante não seja a empresa em recuperação judicial. O
afastamento dos créditos de titulares de posição de proprietário fiduciário dos efeitos da recuperação judicial
da devedora independe da identificação pessoal do fiduciante ou do fiduciário com o bem imóvel ofertado
em garantia ou com a própria recuperanda. O fato de o bem imóvel alienado fiduciariamente não integrar o
acervo patrimonial da empresa devedora não tem o condão de afastar a regra prevista no § 3º do art. 49 da
Lei nº 11.101/2005. STJ. 3ª Turma. REsp 1.938.706-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 14/09/2021 (Info
710).

306
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O crédito referente ao efetivo adiantamento do contrato de câmbio deve ser objeto de pedido de restituição
nos autos da recuperação judicial e os respectivos encargos reclamam habilitação no quadro geral de
credores, por estarem sujeitos ao regime especial, mostrando-se inadequada a execução direta. STJ. 3ª
Turma. REsp 1.723.978-PR, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 22/03/2022 (Info 730).

Foro competente:

A Recuperação Judicial deverá ser proposta no foro do principal estabelecimento do devedor. De acordo
com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, o principal estabelecimento não precisa corresponder
necessariamente à sede administrativa da empresa, mas ao local com maior volume de negócios.

#DEOLHONASÚMULA Súmula 480/STJ: O juízo da recuperação judicial não é competente para decidir sobre
a constrição de bens não abrangidos pelo plano de recuperação da empresa.

Deferimento do processamento da recuperação judicial

• Se a inicial estiver em desacordo com o rol de requisitos legais obrigatórios → O juiz deverá determinar
a emenda da petição inicial.

• Se a inicial preencher os requisitos legais → O juiz deverá deferir o processamento da recuperação


judicial.

#SELIGA: A decisão de deferimento do processamento da recuperação judicial não se confunde com a


concessão da recuperação judicial, que apenas ocorrerá em momento posterior.

Nomeação de Administrador Judicial: a partir do deferimento do processamento da recuperação judicial, o


juiz deverá nomear administrador judicial.

#IMPORTANTE #STAYPERIOD

Suspensão do curso da prescrição das obrigações e das execuções ajuizadas contra o devedor:

As suspensões e a proibição perdurarão pelo prazo de 180 dias, contados a partir do deferimento do
processamento da recuperação judicial, prorrogável por igual período, uma única vez.

A suspensão das ações e execuções de que cuida o art. 6º é temporária, finalizando:

• Após aprovação do plano de recuperação judicial, que implica novação da dívida;

• Com o decurso do prazo de 180 DIAS.

O direito dos credores a continuar com as demandas será restabelecido após o prazo, independentemente
de pronunciamento judicial. Caso haja o decurso do prazo de 180 dias sem a efetiva deliberação sobre o
plano de recuperação judicial, será possível a apresentação de um plano alternativo.

Art. 6º A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial


implica: (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020)
I - SUSPENSÃO do curso da prescrição das obrigações do devedor sujeitas ao regime desta Lei; (Incluído pela
Lei nº 14.112, de 2020)

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II - SUSPENSÃO das execuções ajuizadas contra o devedor, inclusive daquelas dos credores particulares do
sócio solidário, relativas a créditos ou obrigações sujeitos à recuperação judicial ou à falência; (Incluído pela
Lei nº 14.112, de 2020)
III - PROIBIÇÃO de qualquer forma de retenção, arresto, penhora, sequestro, busca e apreensão e constrição
judicial ou extrajudicial sobre os bens do devedor, oriunda de demandas judiciais ou extrajudiciais cujos
créditos ou obrigações sujeitem-se à recuperação judicial ou à falência. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
(...)
§ 4º Na recuperação judicial, as suspensões e a proibição de que tratam os incisos I, II e III do caput deste
artigo perdurarão pelo prazo de 180 (cento e oitenta) dias, contado do deferimento do processamento da
recuperação, prorrogável por igual período, uma única vez, em caráter excepcional, desde que o devedor
não haja concorrido com a superação do lapso temporal. (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020)

#OBS: Eventuais pedidos de falência, ainda não julgados, serão suspensos e ficarão no aguardo do julgamento
do pedido de recuperação.

NÃO SERÃO SUSPENSAS:


Ações que demandem quantias ilíquidas;
Reclamações trabalhistas;
Execuções fiscais, admitida, todavia, a competência do juízo da recuperação judicial para determinar a
substituição dos atos de constrição que recaiam sobre bens de capital essenciais à manutenção da
atividade empresarial até o encerramento da recuperação judicia.
Execuções por credores não sujeitos à recuperação judicial admitida, todavia, a competência do juízo da
recuperação judicial para determinar a suspensão dos atos de constrição que recaiam sobre bens de capital
essenciais à manutenção da atividade empresarial

Após o deferimento do processamento da recuperação judicial, não pode o credor desistir do pedido de
recuperação judicial. Excepcionalmente, admite-se o pedido de desistência quando houver aprovação na
assembleia geral de credores.

Apresentação do Plano de Recuperação Judicial:

O Plano de Recuperação Judicial deverá ser apresentado pelo devedor, no prazo de 60 dias a contar da
publicação da decisão que defere o processamento da recuperação judicial. A não apresentação do plano de
recuperação judicial no prazo legal acarretará a convolação do pedido de recuperação em falência.

Com a apresentação do plano de recuperação judicial, o juiz irá ordenar a publicação de edital, de modo a
avisar aos credores sobre o recebimento do plano de recuperação, e para fixação de prazo para
manifestações e objeções ao plano.

#ATENÇÃO: Ao mesmo tempo que corre o prazo para apresentação do plano, também corre para a
habilitação de credores. A habilitação tem que ser feita no prazo de 15 dias da publicação do edital expedido
pelo juiz quando do deferimento do processamento da recuperação judicial (art. 7º, §1º).

#ATENÇÃO: O pedido de habilitação tem que ser direcionado ao administrador judicial e não para o juiz.

Habilitação retardatária: Pode ocorrer que algum dos credores não tenha apresentado sua respectiva
habilitação no prazo dos 15 dias, fazendo apenas posteriormente.

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• Caso a habilitação retardatária ocorra antes da homologação do quadro-geral de credores → Serão


processadas como impugnação.

• Caso já tiver sido homologado o quadro-geral de credores → O credor retardatário tem que requerer
ao juízo a sua retificação em ação própria, nos termos do procedimento comum do CPC.

• Caso já tenha ocorrido prolação de decisão de encerramento do processo recuperacional → não se pode
mais autorizar a habilitação ou retificação de créditos. Restará apenas a opção de ação judicial autônoma.

A partir da publicação dessa nova relação de credores apresentada pelo administrador judicial, iniciará o
prazo de 30 dias para que sejam apresentadas objeções ao plano de recuperação judicial.
• Se não houver objeções = aprovação tácita do plano;
• Se houver objeções = o juiz deverá convocar assembleia geral de credores para deliberar sobre o plano,
o que não excederá 150 dias contados do deferimento do processamento da recuperação judicial.
Havendo objeções, a assembleia-geral, por sua vez, poderá:
• Aprovar o plano sem alterações;
• Aprovar o plano com alterações, desde que haja concordância expressa do devedor e em termos que
não impliquem diminuição dos direitos exclusivamente dos credores ausentes;
• Rejeitar o plano, podendo os credores apresentar plano próprio de recuperação da empresa Esse é o
chamado “plano alternativo” apresentado pelos credores. Caso não seja cabível o plano alternativo, ou sendo
este rejeitado, haverá a convolação em falência

Concessão da Recuperação Judicial:

A aprovação do plano de recuperação ocorrerá através da Assembleia-Geral de Credores. Todavia, quem irá
conceder a recuperação judicial, mediante o plano já aprovado, será a autoridade judicial.

A concessão da recuperação judicial pelo juiz ocorrerá:

• Não havendo objeções ao plano apresentado


• Mesmo havendo objeções ao plano, desde que este tenha sido aprovado pela assembleia-geral de
credores.

Há uma terceira possibilidade de concessão da recuperação judicial pelo juiz, mesmo sem a aprovação do
plano pela assembleia-geral de credores. É a chamada “cram down”, uma expressão que significa goela
abaixo.

Fase de Execução:

A fase de execução se inicia com a decisão de concessão da recuperação judicial, mediante a homologação
do plano.

A decisão de concessão da recuperação judicial constitui um título executivo judicial, prosseguindo, portanto,
para uma etapa de execução do plano já homologado, mediante a fiscalização da sua observância e
cumprimento.

O plano de recuperação judicial homologado implica novação dos créditos anteriores ao pedido, ou seja, há
a extinção da dívida anterior, criando-se uma nova, obrigando o devedor e os credores a ele sujeitos.

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#ATENÇÃO! A novação que ocorre no bojo da recuperação judicial é vista como uma novação sui generis,
distinta da novação prevista no Código Civil. A novação do CC/02 extingue os acessórios e garantias da dívida
sempre que não houver estipulação em contrário. Já a novação decorrente da homologação do plano de
recuperação judicial não extingue as garantias, as quais serão mantidas.

#DEOLHONASÚMULA Súmula 581-STJ: A recuperação judicial do devedor principal não impede o


prosseguimento das ações e execuções ajuizadas contra terceiros devedores solidários ou coobrigados em
geral, por garantia cambial, real ou fidejussória.

Encerramento da recuperação judicial:

O procedimento de execução da recuperação judicial poderá se encerrar:

• Pelo cumprimento de todas as obrigações que se vencerem em até 2 anos depois da concessão da
recuperação;

• Pelo pedido de desistência do devedor, aprovado pela assembleia-geral de credores.

O encerramento da recuperação judicial se dará através de sentença:

Convolação em falência: O artigo 73 estabelece as hipóteses em que a recuperação judicial poderá ser
convertida em falência. Registre-se que com a convolação na falência, os créditos retornarão a suas
configurações originárias, desconsiderando a novação ocorrida.
Consolidação processual e substancial: A lei 14.112/2020 inseriu dispositivos tratando da consolidação
processual e substancial, anteriormente não previstas na Lei 11.101/05. A consolidação tem por finalidade o
processamento de recuperação judicial de empresas diferentes, mas que integrem um mesmo grupo
econômico.
Consolidação processual: O pedido simultâneo de recuperação judicial de empresas integrantes de um
mesmo grupo econômico.
Consolidação substancial: As empresas terão seus ativos e passivos consolidados como um único patrimônio,
como se pertencessem a um único devedor.

OBS: Observa-se que antes mesmo da inserção na lei, a consolidação já era admitida tanto pela doutrina,
como pela jurisprudência. Fazendo-se a utilização de outros institutos legalmente previstos, a consolidação
processual baseava-se em um litisconsórcio entre as empresas, enquanto a consolidação substancial teria
como pressuposto a desconsideração da personalidade jurídica, com o afastamento da autonomia
patrimonial das empresas. Ademais, o entendimento já constante era que a consolidação processual não
levaria automaticamente à consolidação substancial.

FALÊNCIA

Falência é o processo coletivo de execução forçada de um empresário ou sociedade empresária cuja


recuperação mostra-se inviável. A falência tem como objetivo reunir os credores e arrecadar os bens, ativos
e recursos do falido a fim de que, com os recursos obtidos pela alienação de tais bens, possam os credores
ser pagos, obedecendo a uma ordem de prioridade estabelecida na lei.

A Lei nº 11.101/2005 (art. 2º) NÃO se aplica a:

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Sociedades simples, pois não são empresárias;


Empresa pública;
Sociedade de economia mista;
Instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência
complementar, sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade
de capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores.

#DEOLHONAJURIS É possível a submissão de cooperativa de crédito ao processo de falência O art. 2º, II, da
Lei nº 11.101/2005, afirma que esta Lei não se aplica a cooperativa de crédito. Existe, porém, regra específica
na Lei nº 6.024/74 prevendo que as instituições financeiras e equiparadas (como as cooperativas de crédito)
podem ir à falência após liquidação extrajudicial pelo Banco Central. Essa possibilidade foi reafirmada pela Lei
nº 13.506/2017, que alterou a Lei nº 6.024/74. Desse modo, a doutrina, ao interpretar o art. 2º, II, da Lei nº
11.101/2005 afirma que as instituições financeiras e cooperativas de crédito apenas não ingressam, de
imediato, no processo judicial de execução coletiva empresarial, passando antes por intervenção e liquidação
extrajudicial. STJ. 3ª Turma. REsp 1.878.653-RS, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 14/12/2021
(Info 722).

Objetivos da falência:

Art. 75. A falência, ao promover o afastamento do devedor de suas atividades, visa a: (Redação dada pela Lei
nº 14.112, de 2020)
I - preservar e a otimizar a utilização produtiva dos bens, dos ativos e dos recursos produtivos, inclusive os
intangíveis, da empresa; (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
II - permitir a liquidação célere das empresas inviáveis, com vistas à realocação eficiente de recursos na
economia; e (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
III - fomentar o empreendedorismo, inclusive por meio da viabilização do retorno célere do empreendedor
falido à atividade econômica. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
§ 1º O processo de falência atenderá aos princípios da celeridade e da economia processual, sem prejuízo do
contraditório, da ampla defesa e dos demais princípios previstos na Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015
(Código de Processo Civil). (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)

Por meio da falência dá-se o encerramento da atividade econômica desenvolvida pela empresa em crise
financeira, de forma a minimizar os prejuízos de seus empregados e credores.

Art. 77. A decretação da falência determina o vencimento antecipado das dívidas do devedor e dos sócios
ilimitada e solidariamente responsáveis, com o abatimento proporcional dos juros, e converte todos os
créditos em moeda estrangeira para a moeda do País, pelo câmbio do dia da decisão judicial, para todos os
efeitos desta Lei.

#NÃOCONFUNDA: O encerramento da falência é causa da dissolução e da liquidação da sociedade


empresária. No entanto, isso não significa, por si só, que seja também causa de extinção automática da
empresa, tendo em vista que a sua personalidade jurídica é mantida até o efetivo cancelamento no registro
competente ou, ainda, porque pode ressurgir com a reabilitação da falida para o exercício de suas atividades.

O juízo da falência é indivisível e competente para conhecer todas as ações sobre bens, interesses e
negócios do falido. Dessa forma, após a instauração da execução consensual do devedor, todas essas ações
irão convergir para o juízo falimentar. Em virtude dessa característica, diz-se que o juízo da falência é
universal:

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Art. 76. O juízo da falência é indivisível e competente para conhecer todas as ações sobre bens, interesses e
negócios do falido, ressalvadas as causas trabalhistas, fiscais e aquelas não reguladas nesta Lei em que o
falido figurar como autor ou litisconsorte ativo.
Parágrafo único. Todas as ações, inclusive as excetuadas no caput deste artigo, terão prosseguimento com o
administrador judicial, que deverá ser intimado para representar a massa falida, sob pena de nulidade do
processo.

Pressupostos da falência:

• Pressuposto material subjetivo: qualidade de empresário


• Pressuposto material objetivo: insolvência do devedor
• Pressuposto formal: sentença

Fases do processo de falência:

• Fase pré-falimentar: se dá com o pedido de falência, realizado pelos legitimados do art. 97.

• Fase falimentar: Esta etapa objetiva o conhecimento judicial do ativo e passivo do devedor, a realização
do ativo apurado e o pagamento do passivo admitido. Ela tem início com a sentença declaratória de
falência e termina com a sentença de encerramento.
• Fase de reabilitação: sentença de extinção das obrigações do falido

1ª FASE – PRÉ FALIMENTAR

Art. 97. Podem requerer a falência do devedor:


I – o próprio devedor, na forma do disposto nos arts. 105 a 107 desta Lei;
II – o cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante;
III – o cotista ou o acionista do devedor na forma da lei ou do ato constitutivo da sociedade;
IV – qualquer credor.

Competência para analisar o pedido de falência – competência ABSOLUTA:

Art. 3º É competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir a recuperação judicial ou
decretar a falência o juízo do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que
tenha sede fora do Brasil.

#SELIGA: A justiça competente para julgar as ações de falência é a justiça comum estadual, uma vez que o
art. 109 da Constituição Federal exclui da competência da Justiça Federal a apreciação das causas de
falência.

Requisitos da autofalência:

• Crise econômico-financeira;
• Não atender aos requisitos da recuperação judicial: deve-se primar pela preservação da empresa

Art. 105. O devedor em crise econômico-financeira que julgue não atender aos requisitos para pleitear sua
recuperação judicial deverá requerer ao juízo sua falência, expondo as razões da impossibilidade de
prosseguimento da atividade empresarial, acompanhadas dos seguintes documentos (...)

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Hipóteses autorizadoras da falência:

1. Impontualidade injustificada: aquele que, sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento,
obrigação líquida (certas quanto à existência e determinação de seus objetos), materializada em título ou
títulos executivos protestados, cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 salários-mínimos na data do pedido
de falência (ART. 94, I)

#IMPORTANTE: A impontualidade injustificada é provada pelo protesto do título executivo, que constitui o
devedor em mora.

2. Execução frustrada: Ocorre quando o devedor executado por qualquer quantia líquida não paga, não
deposita e não nomeia bens suficientes para solver os débitos dentro do prazo legal. Nessa hipótese,
presume-se que o devedor é insolvente. Aqui, o legislador permite o pedido de falência por qualquer quantia
líquida (ART. 94, II).

3. Atos de falência:

Art. 94. Será decretada a falência do devedor que: (...)


III – pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de recuperação judicial:
a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio ruinoso ou fraudulento para realizar
pagamentos;
b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar pagamentos ou fraudar
credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou não;
c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de todos os credores e sem ficar
com bens suficientes para solver seu passivo;
d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de burlar a legislação ou a
fiscalização ou para prejudicar credor;
e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar com bens livres e
desembaraçados suficientes para saldar seu passivo;
f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes para pagar os credores,
abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu domicílio, do local de sua sede ou de seu principal
estabelecimento;
g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de recuperação judicial.

SENTENÇA DE FALÊNCIA:

Apesar do nome de que fez uso o legislador, a sentença declaratória da falência, pressuposto inafastável da
instauração do processo de execução concursal do devedor empresário, tem caráter predominantemente
constitutivo. Após a sua edição, a pessoa, os bens, os atos jurídicos e os credores do empresário falido são
submetidos a um regime jurídico específico, diverso do regime geral do direito obrigacional. É a sentença de
falência que introduz o falido e seus credores no regime jurídico-falimentar, donde o seu caráter constitutivo.

#DEOLHONAJURIS: O ato decisório que decreta a falência possui natureza de sentença constitutiva, pois sua
prolação faz operar a dissolução da sociedade empresária, conduzindo à inauguração de um regime jurídico
específico. STJ. 3ª Turma. REsp 1780442/MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 03/12/2019.

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Na sentença declaratória da falência, o juiz deve se pronunciar sobre a continuação provisória das atividades
do falido ou a lacração do seu estabelecimento (LF, arts. 99, VI e XI, e 109). Não são medidas de adoção
obrigatória. Inexistindo razões tanto para autorizar a continuação provisória das atividades do falido como
para a lacração do estabelecimento, o juiz pode simplesmente denegar as duas medidas.

O juiz, ao julgar o pedido de falência, também poderá julgá-lo improcedente, proferindo sentença
denegatória da falência.

Se, porém, a denegação da falência não tiver por fundamento a improcedência do pedido, mas a sua elisão
provocada pelo depósito do valor da obrigação em atraso, o juiz determinará o levantamento deste em favor
do requerente e condenará o requerido no reembolso das despesas e nos honorários de advogado em favor
do requerente.

A sentença declaratória da falência desafia recurso de agravo de instrumento, enquanto a sentença


denegatória da falência desafia recurso de apelação:

Art. 100. Da decisão que decreta a falência cabe agravo, e da sentença que julga a improcedência do pedido
cabe apelação.

Basta pensar que, declarando a falência o processo terá continuidade com a fase de falimentar, ou seja, trata-
se de decisão interlocutória, portanto, recorrível por agravo de instrumento. Já a denegatória de falência põe
fim ao processo, portanto é decisão terminativa, recorrível por apelação.

Declaratória Agravo de
de falência Instrumento
Sentença
Denegatória
Apelação
de falência

Efeitos da sentença declaratória de falência em relação ao falido:

1. Inabilitação para a atividade empresarial – se inicia com a sentença declaratória e termina com a sentença
de extinção das obrigações do falido.

Art. 102. O falido fica inabilitado para exercer qualquer atividade empresarial a partir da decretação da
falência e até a sentença que extingue suas obrigações, respeitado o disposto no § 1o do art. 181 desta Lei.
Parágrafo único. Findo o período de inabilitação, o falido poderá requerer ao juiz da falência que proceda à
respectiva anotação em seu registro.

#IMPORTANTE! O empresário individual que vai à falência ou o sócio de responsabilidade ilimitada de uma
sociedade que tem sua falência decretada, por exemplo, ficam impedidos de exercer qualquer atividade
empresarial até que suas obrigações sejam consideradas extintas por sentença transitada em julgado. No
caso da sociedade empresária, a inabilitação é automática, iniciando-se com a decretação da falência e
terminando com a sentença de encerramento do processo falimentar (art. 156 da LRE). No entanto, deve-se
ressalvar a hipótese de o falido ser condenado por crime falimentar, caso em que referida condenação
também lhe impõe a pena acessória de inabilitação empresarial, e nesse caso essa inabilitação só cessará
cinco anos após a extinção da punibilidade, nos termos do art. 181 da LRE.

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2. Perda da disponibilidade dos bens (art. 103, LRE)


3. Dissolução da sociedade empresária (art. 1044, CC)
4. Falência dos sócios ilimitadamente responsáveis pelas obrigações da sociedade (art. 81)

Sociedade limitada: a sentença declaratória só atinge a sociedade, pois os sócios não respondem com seu
patrimônio pessoal. A falência é da pessoa jurídica e não do sócio, de modo que ele pode ser sócio de outra
empresa. Só há impedimento de ser administrador novamente, se ele era e houve a falência.
Sociedade ilimitada: o sócio responderá com seu patrimônio pessoal por dívidas da sociedade. Os bens dos
sócios também serão arrecadados no processo falimentar.

#IMPORTANTE: Previsão expressa da possibilidade de desconsideração da personalidade jurídica: A Lei nº


14.112/2020 inseriu o art. 82-A prevendo expressamente que é possível a desconsideração da personalidade
jurídica no processo de falência.

Art. 82-A. É vedada a extensão da falência ou de seus efeitos, no todo ou em parte, aos sócios de
responsabilidade limitada, aos controladores e aos administradores da sociedade falida, admitida, contudo,
a desconsideração da personalidade jurídica. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
Parágrafo único. A desconsideração da personalidade jurídica da sociedade falida, para fins de
responsabilização de terceiros, grupo, sócio ou administrador por obrigação desta, somente pode ser
decretada pelo juízo falimentar com a observância do art. 50 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002
(Código Civil) e dos arts. 133, 134, 135, 136 e 137 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de
Processo Civil), não aplicada a suspensão de que trata o § 3º do art. 134 da Lei nº 13.105, de 16 de março de
2015 (Código de Processo Civil). (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)

Efeitos da sentença declaratória de falência em relação aos credores:

1. Constituição da massa falida: A massa falida é a reunião de bens e credores do falido. Só há massa falida
após a decretação da falência. A reunião dos credores forma a denominada massa falida subjetiva (corpus
creditorum).

2. Vencimento antecipado de toda dívida do falido: Para que todos os credores possam participar do
procedimento, fazendo as suas respectivas habilitações de crédito, a lei determina o vencimento antecipado
das dívidas do falido:

Art. 77. A decretação da falência determina o vencimento antecipado das dívidas do devedor e dos sócios
ilimitada e solidariamente responsáveis, com o abatimento proporcional dos juros, e converte todos os
créditos em moeda estrangeira para a moeda do País, pelo câmbio do dia da decisão judicial, para todos os
efeitos desta Lei.

Efeitos da sentença declaratória de falência em relação às obrigações do falido:

Art. 115. A decretação da falência sujeita todos os credores, que somente poderão exercer os seus direitos
sobre os bens do falido e do sócio ilimitadamente responsável na forma que esta Lei prescrever.

Art. 116. A decretação da falência suspende:

I – o exercício do direito de retenção sobre os bens sujeitos à arrecadação, os quais deverão ser entregues
ao administrador judicial;

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II – o exercício do direito de retirada ou de recebimento do valor de suas quotas ou ações, por parte dos
sócios da sociedade falida.

Art. 117. Os contratos bilaterais não se resolvem pela falência e podem ser cumpridos pelo administrador
judicial se o cumprimento reduzir ou evitar o aumento do passivo da massa falida ou for necessário à
manutenção e preservação de seus ativos, mediante autorização do Comitê.

Art. 124. Contra a massa falida não são exigíveis juros vencidos após a decretação da falência, previstos em
lei ou em contrato, se o ativo apurado não bastar para o pagamento dos credores subordinados.
Parágrafo único. Excetuam-se desta disposição os juros das debêntures e dos créditos com garantia real, mas
por eles responde, exclusivamente, o produto dos bens que constituem a garantia.

REALIZAÇÃO DO ATIVO:

Depois que os bens da massa falida forem arrecadados, ou seja, listados e organizados formalmente, eles
serão vendidos a fim de arrecadar dinheiro para pagar os credores. Essa venda dos bens da massa falida é
chamada pela lei de “realização do ativo” e está disciplinada nos arts. 139 a 148 da Lei.

QUAIS AS MODALIDADES DE ALIENAÇÃO DE BENS


Antes da Lei 14.112/2020 Depois da Lei 14.112/2020
a) leilão eletrônico;
a) leilão; b) processo competitivo organizado promovido por
b) pregão; e agente especializado;
c) proposta fechada. c) qualquer outra modalidade, desde que aprovada
nos termos desta Lei.

#NOVIDADELEGISLATIVA: Possibilidade de os bens serem considerados sem valor de mercado e serem


destinados à doação

Art. 144-A. Frustrada a tentativa de venda dos bens da massa falida e não havendo proposta concreta dos
credores para assumi-los, os bens poderão ser considerados sem valor de mercado e destinados à
doação. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
Parágrafo único. Se não houver interessados na doação referida no caput deste artigo, os bens serão
devolvidos ao falido. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)

#NOVIDADELEGISLATIVA: Possibilidade de adjudicação dos bens pelos credores

LEI DE FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO JUDICIAL (LEI 11.101/2005)


Antes da Lei 14.112/2020 Depois da Lei 14.112/2020
Art. 145. O juiz homologará qualquer outra Art. 145. Por deliberação tomada nos termos do art. 42
modalidade de realização do ativo, desde que desta Lei, os credores poderão adjudicar os bens
aprovada pela assembleia-geral de credores, alienados na falência ou adquiri-los por meio de
inclusive com a constituição de sociedade de constituição de sociedade, de fundo ou de outro
credores ou dos empregados do próprio devedor, veículo de investimento, com a participação, se
com a participação, se necessária, dos atuais sócios necessária, dos atuais sócios do devedor ou de
ou de terceiros. terceiros, ou mediante conversão de dívida em capital.

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§ 1º Aplica-se irrestritamente o disposto no art. 141


§ 1º Aplica-se à sociedade mencionada neste artigo o desta Lei à transferência dos bens à sociedade, ao
disposto no art. 141 desta Lei. fundo ou ao veículo de investimento mencionados no
caput deste artigo.
§ 2º No caso de constituição de sociedade formada
por empregados do próprio devedor, estes poderão
§ 2º (Revogado).
utilizar créditos derivados da legislação do trabalho
para a aquisição ou arrendamento da empresa.
§ 3º Não sendo aprovada pela assembleia-geral a
proposta alternativa para a realização do ativo,
caberá ao juiz decidir a forma que será adotada, § 3º (Revogado).
levando em conta a manifestação do administrador
judicial e do Comitê.
§ 4º Será considerada não escrita qualquer restrição
convencional à venda ou à circulação das participações
Não havia § 4º do art. 145.
na sociedade, no fundo de investimento ou no veículo
de investimento a que se refere o caput deste artigo.

#VAICAIR: Em qualquer modalidade de alienação, o Ministério Público e as Fazendas Públicas serão intimados
por meio eletrônico, nos termos da legislação vigente e respeitadas as respectivas prerrogativas funcionais,
sob pena de nulidade (Art. 142, §7º).

ORDEM E CLASSIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS:

Os credores do falido não são tratados igualmente. A natureza do crédito importa para a definição de uma
ordem de pagamento, que deve ser rigorosamente observada na liquidação. Na dita ordem de pagamento,
encontram-se não apenas os credores do falido, como também os créditos extraconcursais.

Classificam-se, portanto, os créditos, segundo a ordem de pagamento na falência, nas seguintes categorias:

a) os créditos extraconcursais.

LEI DE FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO JUDICIAL (LEI 11.101/2005)


Antes da Lei 14.112/2020 Depois da Lei 14.112/2020
Art. 84. Serão considerados créditos extraconcursais e serão pagos com precedência sobre os mencionados
no art. 83 desta Lei, na ordem a seguir, os relativos a:
I – remunerações devidas ao administrador judicial e I - (revogado);
seus auxiliares, e créditos derivados da legislação do
trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho
relativos a serviços prestados após a decretação da
falência;
Não havia inciso I-A do art. 84. I-A - às quantias referidas nos arts. 150 e 151 desta
Lei;
Não havia inciso I-B do art. 84. I-B - ao valor efetivamente entregue ao devedor em
recuperação judicial pelo financiador, em

317
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conformidade com o disposto na Seção IV-A do


Capítulo III desta Lei;

Não havia inciso I-C do art. 84. I-C - aos créditos em dinheiro objeto de restituição,
conforme previsto no art. 86 desta Lei;
Não havia inciso I-D do art. 84. I-D - às remunerações devidas ao administrador
judicial e aos seus auxiliares, aos reembolsos devidos
a membros do Comitê de Credores, e aos créditos
derivados da legislação trabalhista ou decorrentes de
acidentes de trabalho relativos a serviços prestados
após a decretação da falência;
Não havia inciso I-E do art. 84. I-E - às obrigações resultantes de atos jurídicos válidos
praticados durante a recuperação judicial, nos termos
do art. 67 desta Lei, ou após a decretação da falência;
V – obrigações resultantes de atos jurídicos válidos V - aos tributos relativos a fatos geradores ocorridos
praticados durante a recuperação judicial, nos após a decretação da falência, respeitada a ordem
termos do art. 67 desta Lei, ou após a decretação da estabelecida no art. 83 desta Lei.
falência, e tributos relativos a fatos geradores
ocorridos após a decretação da falência, respeitada
a ordem estabelecida no art. 83 desta Lei.
Não havia § 1º do art. 84. § 1º As despesas referidas no inciso I-A do caput deste
artigo serão pagas pelo administrador judicial com os
recursos disponíveis em caixa.
Não havia § 2º do art. 84. § 2º O disposto neste artigo não afasta a hipótese
prevista no art. 122 desta Lei.

b) os créditos derivados da legislação trabalhista, limitados a 150 (cento e cinquenta) salários-mínimos por
credor, e aqueles decorrentes de acidentes de trabalho (art. 83, I);

c) os créditos gravados com direito real de garantia até o limite do valor do bem gravado (art. 83, II);

d) os créditos tributários, independentemente da sua natureza e do tempo de constituição, exceto os


créditos extraconcursais e as multas tributárias (art. 83, III);

#ATENÇÃO: Antes da Lei n° 14.112/2020, após os créditos tributários, viriam os créditos com privilégio
especial e privilégio geral. Essas categorias foram EXTINTAS! Esses créditos passam a integrar a classe dos
créditos quirografários.

e) créditos quirografários (art. 83, VI);

f) as multas contratuais e as penas pecuniárias por infração das leis penais ou administrativas, incluídas as
multas tributárias (art. 83, VII); e

g) créditos subordinados (art. 83, VIII).

Antes da Lei 14.112/2020 Depois da Lei 14.112/2020

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Art. 83. A classificação dos créditos na falência obedece à seguinte ordem:


(...)
III – créditos tributários, independentemente da sua III - os créditos tributários, independentemente da sua
natureza e tempo de constituição, excetuadas as natureza e do tempo de constituição, exceto os créditos
multas tributárias; extraconcursais e as multas tributárias;

IV – créditos com privilégio especial, a saber: IV - (revogado);


a) os previstos no art. 964 da Lei nº 10.406, de 10 de a) (revogada);
janeiro de 2002; b) (revogada);
b) os assim definidos em outras leis civis e c) (revogada);
comerciais, salvo disposição contrária desta Lei; d) (revogada);
c) aqueles a cujos titulares a lei confira o direito de
retenção sobre a coisa dada em garantia;
d) aqueles em favor dos microempreendedores
individuais e das microempresas e empresas de
pequeno porte de que trata a Lei Complementar nº
123, de 14 de dezembro de 2006 (Incluído pela Lei
Complementar nº 147, de 2014)
V – créditos com privilégio geral, a saber: V - (revogado);
a) os previstos no art. 965 da Lei nº 10.406, de 10 de a) (revogada);
janeiro de 2002; b) (revogada);
b) os previstos no parágrafo único do art. 67 desta c) (revogada);
Lei;
c) os assim definidos em outras leis civis e
comerciais, salvo disposição contrária desta Lei;
VIII – créditos subordinados, a saber: VIII - os créditos subordinados, a saber:
a) os assim previstos em lei ou em contrato; a) os previstos em lei ou em contrato; e
b) os créditos dos sócios e dos administradores sem b) os créditos dos sócios e dos administradores sem
vínculo empregatício. vínculo empregatício cuja contratação não tenha
observado as condições estritamente comutativas e as
práticas de mercado; e
Não havia inciso IX do art. 83. IX - os juros vencidos após a decretação da falência,
conforme previsto no art. 124 desta Lei.
§ 4º Os créditos trabalhistas cedidos a terceiros § 4º (Revogado).
serão considerados quirografários.
Não havia § 5º do art. 83. § 5º Para os fins do disposto nesta Lei, os créditos
cedidos a qualquer título manterão sua natureza e
classificação.
Não havia § 6º do art. 83. § 6º Para os fins do disposto nesta Lei, os créditos que
disponham de privilégio especial ou geral em outras
normas integrarão a classe dos créditos quirografários.

ENCERRAMENTO:

Concluída a realização do ativo e distribuído o produto entre os credores, o administrador judicial


apresentará suas contas ao juiz no prazo de 30 dias.

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O juiz ordenará a publicação de aviso de que as contas foram entregues e se encontram à disposição dos
interessados, que poderão impugná-las no prazo de 10 (dez) dias.

Decorrido o prazo do aviso e realizadas as diligências necessárias à apuração dos fatos, o juiz intimará o
Ministério Público para manifestar-se no prazo de 5 (cinco) dias, findo o qual o administrador judicial será
ouvido se houver impugnação ou parecer contrário do Ministério Público.

A sentença que rejeitar as contas do administrador judicial fixará suas responsabilidades, poderá determinar
a indisponibilidade ou o sequestro de bens e servirá como título executivo para indenização da massa.

Da sentença que julga as contas cabe APELAÇÃO.

O encerramento da falência não significa, por si só, a extinção das obrigações do devedor falido. A extinção
de suas obrigações somente se verifica, nos termos do art. 158:

Art. 158. Extingue as obrigações do falido:


I – o pagamento de todos os créditos;
II - o pagamento, após realizado todo o ativo, de mais de 25% (vinte e cinco por cento) dos créditos
quirografários, facultado ao falido o depósito da quantia necessária para atingir a referida porcentagem se
para isso não tiver sido suficiente a integral liquidação do ativo; (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020)
III - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020)
IV - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020)
V - o decurso do prazo de 3 (três) anos, contado da decretação da falência, ressalvada a utilização dos bens
arrecadados anteriormente, que serão destinados à liquidação para a satisfação dos credores habilitados ou
com pedido de reserva realizado; (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
VI - o encerramento da falência nos termos dos arts. 114-A ou 156 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.112, de
2020)

#DEOLHONAJURIS
Caso concreto: determinado supermercado queria fazer um cartão de crédito para seus clientes. Para isso,
ele contratou uma empresa que ficou responsável por administrar esse serviço. Quando o cliente pagasse a
fatura do cartão, os valores iam para a conta da empresa que conferia tudo e depois repassava ao
supermercado. Algum tempo depois, a empresa ingressou com pedido de recuperação judicial. Os clientes
quitaram a fatura do cartão de crédito, mas a empresa não repassou ao supermercado. Esses valores, que
ainda estão na conta bancária da empresa, podem ser entregues ao supermercado, não estando sujeitos à
recuperação judicial. STJ. 3ª Turma. REsp 1736887/SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em
13/04/2021 (Info 692).

Exemplo: em 02/02/2017, a sociedade empresária Fertilizantes Heringer S/A celebrou com o Banco do Brasil
um contrato a termo de moeda. Em 15/03/2017, ou seja, logo depois da celebração desse contrato, a
Fertilizantes Heringer S/A ingressou com pedido de recuperação judicial. Em 02/05/2017, depois de deferido
o pedido de recuperação judicial, ocorreu o vencimento do contrato a termo de moeda e isso resultou um
crédito de R$ 1 milhão em favor da instituição financeira. Esse crédito está sujeito aos efeitos da recuperação
judicial mesmo que seu vencimento tenha ocorrido após o deferimento do pedido de recuperação. O
contrato a termo de moeda, espécie de instrumento derivativo, possibilita proteção de riscos de mercado
decorrentes da variação cambial. Por meio dele, assume-se a obrigação de pagar a quantia correspondente
à diferença resultante entre a taxa de câmbio contratada e a taxa de mercado da data futura estabelecida na
avença. A existência do crédito está diretamente ligada à relação jurídica estabelecida entre credor e
devedor, devendo-se levar em conta, para sua aferição, a ocorrência do respectivo fato gerador, isto é, a

320
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data da fonte da obrigação. A fonte (fato gerador) da obrigação de pagar a quantia que vier a ser liquidada
na data do vencimento do contrato a termo de moeda é o próprio contrato firmado com a instituição
bancária. A oscilação do parâmetro financeiro (taxa de câmbio) constitui evento previsto e traduz risco
deliberadamente assumido pelas partes, não sendo ela, todavia, a fonte da obrigação. STJ. 3ª Turma. REsp
1924161-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 08/06/2021 (Info 700).

INTERVENÇÃO E LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL DE INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS

#LEISECASALVA:

Art. 39. Os administradores e membros do Conselho Fiscal de instituições financeiras responderão, a


qualquer tempo, salvo prescrição extintiva, pelos que tiverem praticado ou omissões em que houverem
incorrido.

Art. 40. Os administradores de instituições financeiras respondem solidariamente pelas obrigações por elas
assumidas durante sua gestão, até que se cumpram.

Parágrafo único. A responsabilidade solidária se circunscreverá ao montante e dos prejuízos causados.

Art. 41. Decretada a intervenção, da liquidação extrajudicial ou a falência de instituição financeira, o Banco
Central do Brasil procederá a inquérito, a fim de apurar as causas que levaram a sociedade àquela situação
e a responsabilidade de seu administradores e membros do Conselho Fiscal. (Vide Lei nº 7.315, de
1985)

§ 1º Para os efeitos deste artigo, decretada a falência, o escrivão do feito a comunicará, dentro em vinte e
quatro horas, ao Banco Central do Brasil.

§ 2º O inquérito será aberto imediatamente à decretação da intervenção ou da liquidação extrajudicial, ou


ao recebimento da comunicação da falência, e concluído dentro em cento e vinte dias, prorrogáveis, se
absolutamente necessário, por igual prazo.

§ 3º No inquérito, o Banco Central do Brasil poderá:

a) examinar, quando e quantas vezes julgar necessário, a contabilidade, os arquivos, os documentos, os


valores e mais elementos das instituições;

b) tomar depoimentos solicitando para isso, se necessário, o auxílio da polícia;

c) solicitar informações a qualquer autoridade ou repartição pública, ao juiz da falência, ao órgão do


Ministério Público, ao síndico, ao liquidante ou ao interventor;

d) examinar, por pessoa que designar, os autos da falência e obter, mediante solicitação escrita, cópias ou
certidões de peças desses autos;

e) examinar a contabilidade e os arquivos de terceiros com os quais a instituição financeira tiver negociado e
no que entender com esses negócios, bem como a contabilidade e os arquivos dos ex-administradores, se
comerciantes ou industriais sob firma individual, e as respectivas contas junto a outras instituições
financeiras.

§ 4º os ex-administradores poderão acompanhar o inquérito, oferecer documentos e indicar diligências.

321
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JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA

Em ação de dissolução parcial de sociedade por cotas, a sociedade empresária possui legitimidade para
figurar no polo passivo da fase executiva, ainda que não tenha sido citada e não tenha integrado a fase de
conhecimento, quando todos que participavam do quadro social integraram a lide e não se constata prejuízos
às partes.

STJ. 4ª Turma. AgInt no AgInt no REsp 1.922.029-DF, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 18/4/2023 (Info 771).

Obs.: o julgado acima foi analisado segundo a égide do CPC/1973, mas o entendimento continua válido por
força do art. 601, parágrafo único do CPC/2015: “A sociedade não será citada se todos os seus sócios o forem,
mas ficará sujeita aos efeitos da decisão e à coisa julgada.”
Havendo manifestação do Juízo da recuperação judicial no sentido de que determinado crédito não integra
o patrimônio da recuperanda ou não está submetido aos efeitos da recuperação judicial, cabe ao Juízo a que
vinculada a conta judicial em que depositado este crédito ultimar os atos de pagamento.CC 185.966-AM, Rel.
Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, Segunda Seção, por unanimidade, julgado em 14/12/2022, DJe
19/12/2022. (Info 762- STJ)

Havendo manifestação do Juízo da recuperação judicial no sentido de que determinado crédito não integra
o patrimônio da recuperanda ou não está submetido aos efeitos da recuperação judicial, cabe ao Juízo a que
vinculada a conta judicial em que depositado este crédito ultimar os atos de pagamento.CC 185.966-AM, Rel.
Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, Segunda Seção, por unanimidade, julgado em 14/12/2022, DJe
19/12/2022. (Info 762- STJ)
O Juízo da Recuperação Judicial não pode anular ou simplesmente desconsiderar ou suspender os atos de
constrição determinados pelo Juízo da Execução Fiscal, porque o novo regramento da questão exige dele
postura proativa, cooperativa, que também contemple os interesses da Fazenda Pública, somente se opondo
aos atos constritivos de forma fundamentada e razoável.CC 187.255-GO, Rel. Ministro Raul Araújo, Segunda
Seção, por unanimidade, julgado em 14/12/2022, DJe 20/12/2022. (Info 762 – STJ)
Não cabe a fixação de honorários sucumbenciais em favor do administrador judicial em recuperação judicial
ou falência. REsp 1.917.159-RS, Rel. Ministro Moura Ribeiro, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em
18/10/2022, DJe 20/10/2022. (Info Ed. Esp. 9- STJ)
O contrato de arrendamento mercantil é título executivo extrajudicial, tendo em vista que preenche os
elementos exigidos pelo sistema processual pátrio, em especial o art. 784, III, do CPC: Art. 784. São títulos
executivos extrajudiciais: (...) III - o documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) testemunhas;
O contrato de arrendamento mercantil é um documento particular que, em regra, contém a assinatura do
devedor e de duas testemunhas. STJ. 4ª Turma. REsp 1699184-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
25/10/2022 (Info 755).
Haverá situações excepcionais em que o credor poderá receber o pagamento, mesmo antes do termo
estabelecido originalmente no contrato. O próprio Código Civil prevê, em seu art. 333, uma série de situações
em que se dá o vencimento antecipado, conferindo ao credor ao direito de cobrar a dívida antes de vencido
prazo estipulado no contrato ou marcado na legislação. Esse rol do art. 333 do CC não é taxativo (numerus
clausus), sendo, portanto, exemplificativo (numerus apertus). Nesse sentido, é comum que alguns contratos
prevejam o vencimento antecipado da dívida pelo inadimplemento. Essa previsão é, em regra, válida.
STJ. 4ª Turma. REsp 1699184-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 25/10/2022 (Info 755).

SUMULAS DO TJRJ

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Súmula 0100 do TJRJ

A penhora de receita auferida por estabelecimento comercial, industrial ou agrícola, desde que fixada em
percentual que não comprometa a respectiva atividade empresarial, não ofende o princípio da execução
menos gravosa, nada impedindo que a nomeação do depositário recaia sobre o representante legal do
devedor.

Súmula 0303 do TJRJ

Excluem-se da competência das Câmaras Cíveis especializadas as demandas que envolvam a utilização de
empréstimos financeiros concedidos por instituições bancárias em que o objeto do mútuo, é utilizado como
capital de giro ou aquisição de insumos para a atividade empresarial.

Súmula 0310 do TJRJ

Incluem-se na competência das Câmaras Cíveis Especializadas as demandas em que litigarem micro empresa
ou empresa individual contra concessionária de serviços públicos, em razão da vulnerabilidade.

Súmula 0311 do TJRJ

Excluem-se da competência das Câmaras Cíveis Especializadas as demandas que envolvam fornecimento de
serviços bancários como relação de consumo intermediário, salvo no caso de micro empresa ou empresa
individual.

Súmula 0367 do TJRJ

O deferimento de recuperação judicial não suspende as execuções fiscais em curso contra a sociedade em
recuperação, ficando os atos que importem em constrição ou alienação do patrimônio da recuperanda
submetidos ao juízo universal.

Súmula 0368 do TJRJ

A execução fiscal pode ser redirecionada aos sócios-gerentes e diretores de pessoa jurídica executada falida
na hipótese de se comprovar que houve dissolução irregular em data anterior à da decretação da falência.

Súmula 0219 do TJRJ

as ações fundadas em cobrança de seguro obrigatório, ocorrida liquidação extrajudicial ou falência da


seguradora acionada, responde pelo pagamento a Seguradora Líder, que o representa, cuja integração no
pólo passivo se admite, ainda que em fase de cumprimento de sentença.

Súmula 0368 do TJRJ

A execução fiscal pode ser redirecionada aos sócios-gerentes e diretores de pessoa jurídica executada falida
na hipótese de se comprovar que houve dissolução irregular em data anterior à da decretação da falência.

JULGADOS DO TJRJ

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Agravo de instrumento. Ação de título executivo extrajudicial. Duplicata. Decisão que determinou a emenda
da inicial para adequação da ação ao procedimento ordinário, ao fundamento de que os documentos trazidos
pelo autor, ora agravante, não teriam o atributo da liquidez. Execução ajuizada com lastro em nota fiscal
física de duplicata virtual, acompanhada do comprovante de recebimento representado pela assinatura e
data apostos em seu cabeçalho, e do respectivo protesto. Aplicação do art. 784, I, do CPC c/c art. 15, II, da
Lei 5.474/68 c/c art. 8º, § 1º da Lei 9.492/97. Observância dos requisitos previstos no art. 783 do CPC.
Reforma do decisum. Recurso provido. 0003574-26.2023.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO
Des(a).WAGNER CINELLI DE PAULA FREITAS - Julgamento: 28/03/2023 - DÉCIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL
Agravo de instrumento. Ação de título executivo extrajudicial. Duplicata. - Data de Julgamento: 28/03/2023
APELAÇÃO CÍVEL. EMBARGOS DO DEVEDOR. TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL. DUPLICATA MERCANTIL
SEM ACEITE. EXECUÇÃO INSTRUÍDA COM COPIA DA NOTA FISCAL E INSTRUMENTO DO PROTESTO POR
INDICAÇÃO. APRESENTAÇÃO DO COMPROVANTE DE ENTREGA DE MERCADORIAS NOS EMBARGOS À
EXECUÇÃO. DOCUMENTO NÃO IMPUGNADO PELO EMBARGANTE. HIGIDEZ DA EXECUÇÃO. EXCESSO NÃO
CONFIGURADO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. Duplicatas virtuais protestadas por indicação. Comprovante
da entrega das mercadorias. Título hábil a aparelhar a execução por título extrajudicial. Preenchimento dos
requisitos legais. Excesso não configurado. Planilha apresentada pelo devedor que não contempla juros,
honorários e despesas com o protesto dos títulos, sendo imprestável para demonstrar eventual excesso.
Manutenção da sentença. Conhecimento e desprovimento do recurso. 0015585-46.2017.8.19.0211 –
APELAÇÃO Des(a).ROGÉRIO DE OLIVEIRA SOUZA - Julgamento: 03/12/2021 - SEXTA CÂMARA CÍVEL
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTO. NOTIFICAÇÃO DE PROTESTO EM DESFAVOR DA
PARTE AUTORA. PRETENSÃO DE EXIBIÇÃO DA DUPLICATA DE VENDA MERCANTIL. APRESENTAÇÃO PELAS RÉS
DE BOLETO DE DÍVIDA E CONTRATO DE FRANQUIA. CARÁTER SATISFATIVO DA AÇÃO. PROCEDÊNCIA DO
PEDIDO. IRRESIGNAÇÃO DA PARTE AUTORA. -Em relação à exibição de documentos, o CPC/1973 previa a
possibilidade de exibição incidental no curso do processo principal (artigos 355 e seguintes), ou em
procedimento cautelar preparatório (artigos 844 e 845). - Com o advento do CPC/2015, o procedimento da
exibição incidental de documento como meio de prova foi mantido (artigos 396 a 404), contudo, não ocorreu
previsão expressa da ação cautelar típica de exibição de documento, tal como previa o CPC/1973. -
Possibilidade de exibição de coisa ou documento por meio de ação probatória autônoma antecedente,
quando presente no caso concreto um dos requisitos previstos no art. 381 do Novo CPC, que disciplina a
produção antecipada de prova. - Contudo, a suposta inexistência de relação de direito material,
consubstanciada na validade ou não do protesto por indicação e se o boleto apresentado pode ser
considerado o que se denomina de “duplicata virtual”, são questões que não são aferíveis neste momento,
tendo o STJ entendido que a pretensão se exaure na apresentação dos documentos, sendo de caráter
satisfativo. - A pretensão, como assinalado, exaure-se na apresentação do documento ou coisa, sem
nenhuma vinculação, ao menos imediata, com um dito pedido principal, não havendo se falar, por isso, em
presunção de veracidade na hipótese de não exibição, preservada, contudo, a possibilidade de adoção de
medidas coercitivas pelo juiz. DESPROVIMENTO DO RECURSO. 0007892-64.2019.8.19.0203 – APELAÇÃO
Des(a).MARIA HELENA PINTO MACHADO - Julgamento: 26/10/2021 - QUARTA CÂMARA CÍVEL
DIREITO EMPRESARIAL. PRETENSÃO INIBITÓRIA DE VIOLAÇÃO DE MARCA, TRADE DRESS E CONCORRÊNCIA
DESLEAL, CUMULADA COM INDENIZATÓRIA. DECISÃO DE INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE TUTELA
ANTECIPADA, PARA FINS DE DETERMINAR QUE OS RÉUS SEJAM COIBIDOS DE CONTINUAR UTILIZANDO-SE
DO TRADE DRESS EM QUESTÃO, OU OUTRO QUE SE ASSEMELHE AO DO AUTOR. IRRESIGNAÇÃO DO AUTOR.
1) Cuida-se de demanda em que o Autor, fornecedor da bebida alcoólica denominada "Ousadia", alega que
os Réus depositaram perante o INPI dois pedidos de registros da marca "Audácia", com intuito de assinalar
produto semelhante, qual seja "coquetel alcoólico", com características que entende ser idênticas ao
produto do Autor. Informa que já adotou as medidas administrativas para combater o pedido de registro
junto ao INPI, visando na presente demanda discutir a prática de concorrência desleal por uso indevido de
trade dress. Sustenta que a comercialização do produto dos Agravados está trazendo enorme prejuízos ao
Autor, causando confusão entre os consumidores e diluindo a marca registrada, com consequente desvio de
clientela. 2) Inicialmente, não se conhece do recurso de Agravo Interno interposto contra a r. decisão que

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indeferiu o pedido de tutela recursal, ante a não comprovação do recolhimento das respectivas custas, em
que pese o agravante ser devidamente intimado para tal, nos temos do art. 1007, §4º, do CPC (fl. 67). 3)
Como bem ressaltado pelo d. juízo a quo, a marca constitui-se de sinais distintos, visivelmente perceptíveis
para identificar produtos ou serviços no mercado consumidor, não se podendo confundir a marca com as
expressões, nomes, siglas, letras que, muitas vezes, são incluídas dentro dos elementos que compõem a
marca, possuindo estas um significado próprio e autônomo, sendo que, no caso em tela, o conjunto visual
utilizado pela Ré, para identificar o seu serviço, embora tenha o nome semelhante ao da autora, é distinta
da marca desta, não restando caracterizada a confusão entre as marcas perante o consumidor, no sentido
de que se possa identificar uma concorrência parasitária. 4) Pronunciamento judicial recorrido que não se
revela teratológico ou contrário à lei ou a entendimento jurisprudencial predominante em sentido contrário.
Incidência do verbete nº 59, da súmula deste Tribunal de Justiça. 5) RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO.
0013419-53.2021.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO Des(a).WERSON FRANCO PEREIRA RÊGO -
Julgamento: 08/09/2021 - VIGÉSIMA QUINTA CÂMARA CÍVEL
AGRAVO DE INSTRUMENTO. INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. EXECUÇÃO
DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. Confissão de dívida assinada por ex-sócio na sociedade empresária.
Indeferimento de desconsideração inversa da personalidade jurídica liminar que é o objeto deste Agravo.
Dissolução irregular da primeira Executada que não restou comprovada, hipótese que também não
autorizaria a desconsideração de plano. Ausência de faturamento ou mesmo a aparente insolvência que não
se mostram como caracterizadores dos requisitos do artigo 50 do Código Civil. Inexistência de prova que
permita ao Juízo, ao menos no presente momento, em que os Agravados ainda não ingressaram nos autos,
de que o segundo Agravado abusa da personalidade jurídica das empresas das quais é sócio, o que se impõe
para a desconsideração. DESPROVIMENTO DO RECURSO. Des(a).LEILA MARIA RODRIGUES PINTO DE
CARVALHO E ALBUQUERQUE - Julgamento: 11/05/2023 - DECIMA NONA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO
(ANTIGA 25ª0029714-05.2020.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO
AGRAVO INTERNO. DIREITO SOCIETÁRIO E EMPRESARIAL. SOCIEDADE ANÔNIMA DE CAPITAL FECHADO EM
QUE PREPONDERA A AFFECTIO SOCIETATIS. DISSOLUÇÃO PARCIAL. EXCLUSÃO DE ACIONISTAS. QUEBRA DA
AFFECTIO SOCIETATIS. OCORRÊNCIA. 1. O instituto da dissolução parcial erigiu-se baseado nas sociedades
contratuais e personalistas, como alternativa à dissolução total e, portanto, como medida mais consentânea
ao princípio da preservação da sociedade e sua função social, contudo a complexa realidade das relações
negociais hodiernas potencializa a extensão do referido instituto às sociedades "circunstancialmente"
anônimas, ou seja, àquelas que, em virtude de cláusulas estatutárias restritivas à livre circulação das ações,
ostentam caráter familiar ou fechado, onde as qualidades pessoais dos sócios adquirem relevância para o
desenvolvimento das atividades sociais ("affectio societatis"). (Precedente: EREsp 111.294/PR, Segunda
Seção, Rel. Ministro Castro Filho, DJ 10/09/2007) 2. A dissolução parcial e a exclusão de sócio são fenômenos
diversos, cabendo destacar, no caso vertente, o seguinte aspecto: na primeira, pretende o sócio dissidente a
sua retirada da sociedade, bastando-lhe a comprovação da quebra da "affectio societatis"; na segunda, a
pretensão é de excluir outros sócios, em decorrência de grave inadimplemento dos deveres essenciais,
colocando em risco a continuidade da própria atividade social. 3. Por conseguinte, a exclusão é medida
extrema que visa à eficiência da atividade empresarial, para o que se torna necessário expurgar o sócio que
gera prejuízo ou a possibilidade de prejuízo grave ao exercício da empresa, impondo-se a comprovação do
justo motivo. 4. Na hipótese em tela, houve a votação favorável à exclusão dos agravantes pelos demais
sócios que correspondem a 81% (oitenta e um por cento) do capital social; e a 100% (cem por cento) do
capital social, excluído o correspondente aos dos sócios a serem excluídos. 5.Ademais, os Agravantes são
litigantes contumazes no tocante às companhias compostas por membros da família Menezes, havendo 2
ações judiciais em face da DELPHOS (Doc.16); 6 notificações extrajudiciais em face da DELPHOS e demais
empresas do Grupo (Doc.17); 6 ameaças de ações judiciais, através de notificação extrajudicial ou e-mail
(Doc.18); uso de documento interno da empresa em ação judicial (Doc.19); 1 ameaça de representação na
OAB contra o gerente jurídico da empresa (Doc.21); 1 notificação extrajudicial para uma diretora e o gerente
jurídico da empresa (Doc.20); e-mails negando aumento de capital, necessário à concretização de novos
negócios (Doc.22); e-mail com agressão a pessoa responsável pela representação dos acionistas junto à

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NFPSS | RETA FINAL – TJ/RJ
Ciclos Método

empresa e com acusações a todos os membros da família Menezes e todos os empregados por estarem
defendendo os interesses da empresa e não o interesse dos sócios minoritários, no caso os Agravantes, com
ameaça de novas ações judiciais contra a empresa (Doc.23) 6. Caracterizada a sociedade anônima como
fechada e personalista, o que tem o condão de propiciar a sua dissolução parcial - fenômeno até
recentemente vinculado às sociedades de pessoas -, é de se entender também pela possibilidade de
aplicação das regras atinentes à exclusão de sócios das sociedades regidas pelo Código Civil, máxime diante
da previsão contida no art. 1.089 do CC: "A sociedade anônima rege-se por lei especial, aplicando-se-lhe, nos
casos omissos, as disposições deste Código. RECURSO DESPROVIDO. Des(a).AFONSO HENRIQUE FERREIRA
BARBOSA - Julgamento: 28/06/2023 - DÉCIMA QUARTA CÂMARA CÍVEL
APELAÇÃO CÍVEL . AÇÃO REQUERIMENTO DE FALÊNCIA. DEVEDOR. ARTIGO 94, INCISO II DA LEI 11.101/2005.
CRÉDITO TRABALHISTA. OCORRÊNCIA DE PRESCRIÇÃO TRIENAL. ARTIGO 206 §3º, INCISO VIII DO CÓDIGO
CIVIL E ARTIGO 18, INCISO I DA LEI 5474/68. TERMO INICIAL DA OCORRÊNCIA DA PRESCRIÇÃO. SENTENÇA
TRANSITADA EM JULGADO NA JUSTIÇA DO TRABALHO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA LIMINAR. - Versa a
presente demanda sobre requerimento de decretação de falência do apelado em razão de restarem
infrutíferas as tentativas de satisfação de crédito decorrente de Reclamação Trabalhista que tramitou
perante o Juízo da 32ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro. - Reclamação trabalhista distribuída em
01/09/2003, sentença proferida em 27/02/2004, cálculos homologados em 04/09/2006. - Improcedência
liminar do pedido ante a ocorrência de prescrição trienal, prevista no artigo 206, § 3º , inciso VIII, do CC/02
e do artigo 18, inciso I da Lei nº. 5474/68. Ação de requerimento de falência distribuída pelo devedor em
02/10/2020. Flagrante a ocorrência de prescrição. - Termo inicial da ocorrência de prescrição é do trânsito
em julgado da sentença na esfera trabalhista haja vista que faz nascer o direito ao débito perseguido. -
Afastada a alegação de suspensão do prazo de prescrição prevista no artigo 6º, inciso I da Lei nº. 11.101/2005.
- Ausência de elementos probatórios acerca da sentença de decretação de falência ou deferimento de
processamento de recuperação judicial do apelado, ora réu. DESPROVIMENTO DO RECURSO 0199375-
76.2020.8.19.0001 - APELAÇÃO Des(a).MARIA HELENA PINTO MACHADO - Julgamento: 11/05/2022 -
QUARTA CÂMARA CÍVEL

Bons estudos, pessoal!


Abraços

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