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SUMÁRIO

Constitucional.................................................................. 1
Administrativo.................................................................. 36
Penal................................................................................. 74
Processo Penal.................................................................. 111
Direitos Humanos............................................................. 154
Criminologia...................................................................... 192
Legislação Penal Especial.................................................. 206
Medicina Legal.................................................................. 242
Civil................................................................................... 256
Informática........................................................................ 274
3/11/23

DIREITO CONSTITUCIONAL
DELTA

CONSTITUCIONALISMO

Constitucionalismo Antigo
→ Período: entre a Antiguidade Clássica e o final do século XVIII.
→ Quais foram as experiências constitucionais que se destacaram? As do Estado Hebreu,
da Grécia, de Roma e da Inglaterra.
→ Características principais: constituição baseada em costumes e em precedentes
judiciais.

Primeira experiência constitucional que temos notícia.


Estado Os dogmas religiosos presentes nos textos bíblicos serviam como limitação do
Hebreu poder do soberano.
As leis não eram escritas e o costume era a principal fonte do direito.

Na Idade Média, o constitucionalismo veio como um movimento da defesa da


liberdade, limitando o poder do monarca.
Inglaterra Documentos de destaque: Magna Carta, Petition of Rights, Habeas cospus Act,
Bill of Rights, Act of Settlement.
As principais reinvindicações eram: supremacia do Parlamento,
responsabilidade do soberano, independência do Judiciário, etc.

ATENÇÃO: a VUNESP, em 2019, elaborou uma questão que afirmava que o


constitucionalismo antigo teve início com a Magna Carta. Não caia nessa pegadinha! A
primeira experiência constitucional que temos notícia é do Estado Hebreu.

Constitucionalismo Clássico/Liberal/Moderno
→ Período: entre as revoluções liberais do final do século XVIII e a promulgação das
constituições pós guerra, após a segunda metade do século XX.
→ Características principais: surgem as noções de constituição escrita, formal, rígida e de
supremacia constitucional.
→ Surgimento de 2 modelos de constituição: liberais e sociais.

Liberais Sociais
São marcos: a Constituição dos Estados Esse novo modelo de constituição tem 2
Unidos da América (1787) e a Constituição (dois) paradigmas importantes. As
da França (1791). constituições Mexicana (1917) e a de
Weimar (Alemanha – 1919) são marcos
Nasce com forte viés liberal, consagrando a históricos. Essas constituições começam a
liberdade, a proteção à propriedade privada, consagrar um novo grupo de direitos em seu
a proteção aos direitos individuais e a texto, os chamados direitos de segunda
exigência de que o Estado se abstenha de geração - “ESC” - econômico, social e
intervir na esfera privada. cultural.

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Constitucionalismo Contemporâneo/Neoconstitucionalismo/Estado Democrático de Direito
→ Quando surgiu? Após 2ª Guerra Mundial. Os terríveis acontecimentos despertaram uma
consciência coletiva para a necessidade de proteção da pessoa humana.
→ Principais características:
a) Força normativa da Constituição: reconhecimento em definitivo de que a Constituição
é uma norma jurídica e deve ser respeitada.
b) Materialização da constituição: o texto constitucional absorve valores morais e políticos
(como consequência, a torna prolixa).
c) Centralidade da Constituição: desse preceito decorrem outros 3, quais sejam, normas
de outros ramos do direito passam a ter roupagem constitucional (o texto constitucional
não tem mais apenas matérias tradicionais do direito constitucional, mas também
normas sobre direito tributário, previdenciário, etc), as leis infraconstitucionais devem
ser interpretadas conforme à constituição, os direitos fundamentais possuem eficácia
horizontal (não apenas oponíveis nas relações do Estado com os particulares, mas entre
os particulares também).
d) Fortalecimento do Poder Judiciário: aqui, ganha enfoque a judicialização das relações
políticas e sociais, isto é, questões que antes eram adstritas ao poder executivo e
legislativo, agora são levadas ao judiciário, que é chamado a decidir.

De acordo com o Histórico: pós-guerra.


prof. Barroso, Filosófico: pós-positivismo.
existem 3 marcos: Teórico: a forca normativa da constituição, a nova interpretação
constitucional e a expansão da jurisdição constitucional.

ATENÇÃO: a VUNESP já se referiu ao neoconstitucionalismo como constitucionalismo pós-


positivismo.

O que se entende por Constituição Simbólica?


Essa expressão foi criada pelo grande doutrinador Marcelo Neves. De acordo com o autor,
Constituição Simbólica é definida como aquela em que há predomínio ou hipertrofia da função
simbólica (essencialmente político-ideológica) em detrimento da função jurídico-instrumental
(de caráter normativo-jurídico), podendo-se dividir a Constituição Simbólica em dois sentidos:

NEGATIVO a constitucionalização simbólica possui um déficit de concretização jurídico-


normativa do texto constitucional, perdendo a sua capacidade de orientação
generalizada das expectativas normativas.
POSITIVO a constitucionalização simbólica serve para encobrir (mascarar) problemas
sociais, obstruindo transformações efetivas na sociedade.

MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO

Intepretação Refere-se à uma técnica de interpretação constitucional utilizada


constitucional sem pelo STF, na qual se declara a inconstitucionalidade parcial da
redução de texto norma sem reduzir o seu texto, ou seja, sem alterar a expressão
literal da lei.

JÁ CAIU (VUNESP 2022) A decisão do Supremo Tribunal Federal, prolatada na ADPF no 54,
que autoriza a realização voluntária do aborto de feto anencefálico teve como um dos seus
expressos fundamentos a intepretação constitucional sem redução de texto. (CORRETA)

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Na interpretação declarativa especificadora, parte-se do princípio de
Interpretação que o significado da norma está contido literalmente em seu
declarativa enunciado. Nessa abordagem, a letra da lei é considerada em
especificadora consonância com a intenção do legislador ou o propósito da lei, e cabe
ao intérprete simplesmente identificar essa coincidência.

Desenvolvido por Konrad Hesse, parte do pressuposto de que a


Interpretação interpretação constitucional é concretização, vista como uma norma
constitucional preexistente, na qual o caso concreto é individualizado. Tem como
concretizadora ponto de partida o fato de que a leitura de qualquer texto, se inicia a
partir de pré-compreensões já presentes no intérprete, a quem cabe a
tarefa de concretizar a norma, sempre para e a partir de uma situação
histórica concreta.

PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO

Harmonização/da Exige a coordenação e combinação dos bens jurídicos quando


concordância prática houver conflito ou concorrência entre eles, a fim de se evitar o
sacrifício (total) de uns em relação aos outros.

Justeza/conformidade O princípio da justeza preconiza que os intérpretes não poderão


funcional chegar a um resultado que subverta ou perturbe o esquema
organizatório-funcional estabelecido pelo legislador constituinte.

O intérprete dê sempre prevalência aos pontos de vista que


Força normativa da contribuem para uma eficácia ótima da Constituição (haja vista
Constituição seu caráter normativo). Assim, devem ser valorizadas as soluções
que possibilitem a atualização normativa, a eficácia e a
permanência da Lei Maior.

Na resolução dos problemas jurídico-constitucionais, deve-se dar


Efeito integrador primazia aos critérios ou pontos de vista que favoreçam a
integração política e social e o reforço da unidade política.

Intepretação conforme Diante de normas plurissignificativas ou polissêmicas (que


à Constituição possuem mais de uma interpretação), deve-se preferir a exegese
que mais se aproxime da Constituição e, portanto, que não seja
contrária ao texto constitucional.

ATENÇÃO: a interpretação conforme a Constituição NÃO permite a interpretação contrária à


literalidade da norma (contra legem).

JÁ CAIU (VUNESP 2018) Em recente julgamento nos autos da ADPF no 132, o Supremo
Tribunal Federal, diante da possibilidade de duas ou mais interpretações razoáveis sobre o
art. 1.723 do Código Civil, que trata sobre a união estável entre homem e mulher, reconheceu
a união homoafetiva como família. Nesse caso, é correto afirmar que a técnica de
interpretação utilizada foi a da interpretação conforme. (CORRETA)

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APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS

Normas de eficácia plena Aplicabilidade imediata, direta e integral.


Normas de eficácia contida Aplicabilidade direta, imediata, mas não integral, uma
vez que podem ser restringidas.
Normas de eficácia limitada Aplicabilidade indireta, mediata e reduzida.

As normas de eficácia limitada se subdividem em:

Eficácia limitada de princípios institutivos Eficácia limitada de princípios


programáticos
Traçam esquemas gerais de organização e Traçam tarefas, fins e programas a serem
estruturação de órgãos, entidades ou cumpridos parte dos Poderes Públicos e
instituições do Estado. pela própria sociedade.

ATENÇÃO: A avaliação da extensão das normas programáticas cabe ao Executivo, posto que
submetidas ao princípio da reserva do possível.

Não existe norma constitucional destituída de eficácia jurídica. Mesmo as normas


constitucionais de eficácia limitada possuem força:

Impeditiva inconstitucionalidade das normas contrárias (servem de parâmetro para


o controle de constitucionalidade).
Paralisante não recepção das normas anteriores contrárias.

O que é carga de densidade de uma norma constitucional?


A densidade normativa refere-se à medida em que um conceito, em nível constitucional, é
definido com um grau específico de detalhamento na norma. Em outras palavras, quanto mais
clara e precisa for a descrição do conteúdo material da norma, maior será sua densidade. Por
outro lado, quando a norma é mais abstrata ou programática, como no caso das normas de
eficácia limitada, sua densidade será menor.

DIREITOS FUNDAMENTAIS

Quanto à eficácia dos direitos fundamentais:

Vertical Observa-se a relação entre Estado e particular.


Horizontal Presente nas relações entre particulares que se encontram em pé de igualdade.
Diagonal Presente nas relações privadas, em que há uma posição de elevada
desigualdade entre elas, uma vez que uma das partes é a relação
hipossuficiente, estando em alto grau de vulnerabilidade técnica, econômica ou
jurídica).

DIREITO DE GREVE

Iniciativa privada Norma de eficácia contida: direito de greve pode ser exercido,
mas a lei pode definir parâmetros para que o direito seja
exercido.
Servidores públicos Norma de eficácia limitada: depende de uma lei que regulamente
esse direito (ainda não foi editada).

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O grau de eficácia de uma norma constitucional é aferido quando ela entra em vigor, ou seja,
após a Vacatio Legis ou Vacatio Constitutionis, a norma é totalmente dotada de eficácia.

SENTIDOS DE CONSTITUIÇÃO

Fatores reais de poder.


SOCIOL. Constituição como folha de papel.
(LASSALE) Lassale divide a Constituição em:
-Escrita (ou jurídica): documento formalmente elaborado pelo Poder
Constituinte Originário.
-Real (ou efetiva): conjunto dos fatores reais de poder que regem uma
determinada nação.
Decisões fundamentais de um povo.
POLÍTICO Schmitt faz distinção entre:
(SCHMITT) -Constituição: aquilo que decorre de uma decisão política fundamental:
direitos fundamentais, estrutura do Estado e organização dos Poderes
(normas materialmente constitucionais).
-Leis constitucionais: restante que está dentro da Constituição, mas que não
decorre de uma decisão política fundamental.
Constituição como "dever ser", Ideia de norma hipotética fundamental. A
JURÍDICO Constituição é um conjunto de normas, como qualquer outra lei e, por isso, o
(KELSEN) fundamento dela é jurídico, não político ou sociológico.
Kelsen distingue 2 tipos de Constituição:
-Constituição em sentido lógico-jurídico: norma fundamental hipotética, cujo
conteúdo é “todos devem obedecer a constituição”.
-Constituição em sentido jurídico-positivo: o texto constitucional em si.

CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES

Classificação quanto à ORIGEM:

Outorgadas ou Impostas pelo detentor do poder político. Exemplos: Constituições


Ditatoriais brasileiras de 1824, 1937, 1967 e EC nº 01/1969.
Promulgadas Produzidas com a participação popular em regime de democracia (seja
ou direta ou representativa). Normalmente, são fruto do trabalho de uma
Democráticas Assembleia Constituinte. Exemplos: Constituições brasileiras de 1891,
1934, 1946 e 1988.
Cesaristas ou Produzidas pelo detentor do poder político, mas dependem de ratificação
Bonapartistas popular por meio de referendo.
Dualistas ou Fruto de um compromisso instável de duas forças políticas rivais
Pactuadas antagônicas.

Classificação quanto à EXTENSÃO:

Analíticas, Prolixas Sintéticas, Concisas


São aquelas que versam sobre determinadas São aquelas que possuem conteúdo
matérias de forma detalhada e específica. abreviado e versam tão somente sobre
São necessariamente escritas e fruto do princípios gerais e regras básicas sobre

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Constitucionalismo Contemporâneo. organização e funcionamento do Estado.
Exemplo: CFRB 88. Exemplo: Constituição do EUA.

Classificação quanto ao CONTEÚDO:

Material Formal (CFRB 88)


São constitucionais normas que tratem de São normas constitucionais as que estão no
matéria essencialmente constitucional, texto constitucional. Leva-se em
independente de estarem ou inseridos ou consideração o processo de elaboração, e
não no texto constitucional. não o conteúdo de suas normas.

Classificação quanto ao critério TELEOLÓGICO:

Constituição-garantia Constituição-dirigente (CFRB 88)


Seu principal objetivo é proteger as Diretrizes que nortearão a ação estatal
liberdades públicas contra a arbitrariedade Asseguram a liberdade negativa, mas
do Estado. passam a exigir a atuação positiva do Estado
Direitos de primeira dimensão. (direitos de segunda dimensão).

Classificação quanto ao critério ONTOLÓGICO (procura identificar a correspondência entre a


realidade política do Estado e o texto constitucional), de Karl Loewenstein:

NORMATIVA: NOMINATIVA: SEMÂNTICA:


Há correspondência entre Elas pretendem um dia ser Buscam somente formalizar
ele e a realidade social e concretizadas, mas no o poder político e beneficiar
política do Estado. Assim, momento de sua criação não os detentores desse poder.
limitam, de fato, o poder são reais, apenas São exemplos as
estatal. Exemplos: esperançosas. Constituições brasileiras de
Constituições do Brasil de 1937, 1967 e 1969.
1891, 1934 e 1946.

PODER CONSTITUINTE

Poder Constituinte Originário Poder Constituinte Derivado


Inicial, ilimitado, incondicionado, autônomo, São poderes de direito que encontram seu
permanente. fundamento na Constituição.
Titular: povo (entretanto, seu primeiro Derivado ou de segundo grau,
teórico, colocava como titular a nação). condicionado, subordinado.

O Poder Constituinte Originário tem natureza jurídica?


A maioria da doutrina entende que não. Sua natureza seria política, já que o PCO cria o direito.

A ilimitabilidade do poder constituinte originário era discutida entre jusnaturalistas e


positivistas. Mas, modernamente, prepondera entre os estudiosos uma terceira corrente: o
poder constituinte originário é ilimitado somente em relação à ordem jurídica anterior, mas
encontra limites na vontade social que o fez surgir (limite cultural) e nas normas de direito
internacional (limite internacional).

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Entretanto, ATENÇÃO: em provas objetivas, tem prevalecido que o poder constituinte originário
não está sujeito a nenhuma limitação.

JÁ CAIU (VUNESP 20218) Nos termos da jurisprudência firmada pelo Supremo Tribunal
Federal, pode-se afirmar que a eficácia das regras jurídicas produzidas pelo poder
constituinte (redundante mente chamado de “originário”) não está sujeita a nenhuma
limitação normativa, seja de ordem material, seja formal. (CORRETA)

Poder Constituinte Derivado Reformador Poder Constituinte Derivado Decorrente


Modificar formalmente a CF, atualizando o Capacidade dada aos Estados para
texto aos novos ambientes da dinâmica elaborarem suas próprias constituições.
social.

Poder Constituinte Se manifesta pelas mutações constitucionais. É o poder de alterar o


Difuso sentido, a interpretação da Constituição, mas sem alterar o texto, ou
seja, é uma "mudança de contexto sem alteração do texto".

Para não confundir:

Mutação Constitucional Interpretação Conforme


Incide sobre normas Constitucionais. Incide sobre normas infraconstitucionais,
plurissignificativas.

JÁ CAIU (VUNEP 2018) No julgamento da Reclamação Constitucional n° 4.335/AC, o Supremo


Tribunal Federal decidiu que a regra constitucional que remete ao Senado a suspensão da
execução de dispositivo legal ou de lei declarada inconstitucional pelo STF tem efeito de
publicidade, pois as decisões da Corte sobre a inconstitucionalidade de leis têm eficácia
normativa, mesmo que tomadas em ações de controle difuso. Essa decisão, que afirmou que
o instituto da suspensão da execução do ato normativo pelo Senado, previsto no inciso X do
artigo 52 da CF/88, estaria superado, foi tomada com base na mutação constitucional.
(CORRETA)

JÁ CAIU (VUNESP 2018) A Constituição Federal estabelece em seu art. 5° que “não haverá
prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável
de obrigação alimentícia e a do depositário infiel” (Inciso LXVII). Todavia, o Supremo Tribunal
Federal (STF) decidiu que a prisão do depositário infiel não se sustentaria em virtude de
disposições de direito internacional. Essa decisão do STF foi proferida com base na mutação
constitucional. (CORRETA)

Obs.: referida decisão do STF não poderia ter sido proferida com base na interpretação
conforme à Constituição (nem com nem sem redução de texto) por se tratar de uma técnica
aplicável somente para a interpretação de normas infraconstitucionais polissêmicas
(plurissignificativas).

JÁ CAIU (VUNESP 2018) O Supremo Tribunal Federal pacificou o entendimento de que, “para
efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado,
o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2o da Lei no 8.072, de 25 de
julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos
objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo

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fundamentado, a realização de exame criminológico.” Para chegar a essa decisão, o STF
utilizou-se da interpretação denominada mutação constitucional. (CORRETA)

LIMITAÇÕES AO PODER CONSTITUINTE DERIVADO REFORMADOR

MATERIAIS (cláusulas pétreas)


Não poderá ser objeto de deliberação proposta de emenda constitucional tendente a
abolir: 1) a forma federativa de Estado; 2) o voto direto, secreto, universal e periódico; 3) a
separação dos Poderes; 4) os direitos e as garantias individuais.
CIRCUNSTANCIAIS
A constituição não poderá ser emendada na vigência de: 1) estado de sítio; 2) estado de
defesa; 3) de intervenção federal.
FORMAIS
Limitação formal subjetiva Limitação formal objetiva
(vicio em relação ao legitimado). (vício na tramitação).
Quem são eles? Deliberação e votação ocorrerão:

-Presidente da República. -Em cada Casa do Congresso


-1/3, no mínimo, dos membros da Câmara -2 turnos
ou do Senado. -Aprovada com 3/5 dos votos dos
-Mais da metade das assembleias respectivos membros, de ambas as casas.
legislativas, manifestando-se, cada uma
delas, pela maioria relativa de seus
membros.

REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS

MANDADO DE SEGURANÇA

→ Objetivo: proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas
data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública
ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.
→ Não admite dilação probatória.

Legitimidade ativa:

Detentor do direito líquido e certo, podendo ser qualquer pessoa física,


MS jurídica, alguns órgãos públicos com capacidade processual, agentes
INDIVIDUAL políticos, além de outros entes despersonalizados com capacidade
processual.
Partido político com representação no Congresso Nacional, Organização
MS sindical, Entidade de classe, Associação legalmente constituída e em
COLETIVO funcionamento há pelo menos 1 ano, em defesa dos interesses de seus
membros ou associados.

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Legitimidade passiva: autoridade coatora

Prazo decadencial: 120 dias (aplicável somente ao MS repressivo).

OMISSÃO e existência de recurso ATO e existência de recurso administrativo


administrativo com efeito suspensivo: NÃO com efeito suspensivo: IMPEDE O USO DO
IMPEDE O USO DO MS. MS.

Controvérsia sobre matéria de DIREITO: Controvérsia sobre matéria de FATO:


NÃO IMPEDE O USO DO MS. IMPEDE O USO DO MS.

Súmula nº 629, STF: “A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe
em favor dos associados independe da autorização destes.”

Súmula nº 630, STF: “A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda
quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria.”

Súmula nº 376, STJ: “Compete à turma recursal processar e julgar o mandado de segurança
contra ato de juizado especial.”

HABEAS CORPUS

→ Objetivo: proteger a liberdade de locomoção.


→ Não admite dilação probatória.
→ É cabível desistência em HC.
→ Competência: Foro por prerrogativa função estabelecido na CF (de acordo com a
autoridade coatora ou paciente).

Legitimidade:

Legitimidade ativa Universal: qualquer individuo, independentemente de


capacidade civil, idade, etc.
Legitimidade passiva É aquele que pratica a coação ou ilegalidade ao direito de
locomoção do paciente.

Paciente Pessoa (física) beneficiada pela ordem.

Pessoa jurídica PODE impetrar HC em Pessoa jurídica NÃO PODE ser paciente de
favor de pessoa física. HC.

Súmula nº 648, STJ: “A superveniência da sentença condenatória prejudica o pedido de


trancamento da ação penal por falta de justa causa feito em habeas corpus.”

Súmula nº 208, STF: “O assistente do Ministério Público não pode recorrer,


extraordinariamente, de decisão concessiva de habeas corpus.”

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Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus impetrado
NÃO contra decisão do Relator que, em habeas corpus requerido a tribunal superior,
CABE indefere a liminar. EXCEÇÃO: teratologia, flagrante ilegalidade ou abuso de poder;
HC Em regra, contra decisão transitada em julgado. EXCEÇÃO: ilegalidade flagrante.
É cabível HC Coletivo.
Contra instauração de IP ou indiciamento, sem que haja justa causa para estes atos
CABE (HC trancativo).
HC Contra a autorização judicial de quebra de sigilos – bancário, fiscal, telefônico, etc;
Para questionar a imposição de medidas cautelares diversas da prisão.

NÃO CABE HC CABE HC


decisão que determina a suspensão de decisão que determina a retenção de
Carteira Nacional de Habilitação. passaporte.

ATENÇÃO: É impossível descrever aqui todas as hipóteses de cabimento ou não cabimento de HC, em
razão do curto tempo até a prova e por ser inútil vocês gastarem tempo decorando. Sempre tenha
em mente o seguinte: a finalidade do HC é proteger a liberdade de locomoção, portanto, não será
cabível quando ela não estiver ameaçada, nem mesmo de forma reflexa.
Por isso é que não cabe HC contra decisão que condena a pena de multa, processo de infração em
que pena pecuniária é a única cominada, quando já extinta a pena privativa de liberdade, quando o
crime é o do art. 28 da Lei de Drogas, etc.
“Mas por qual razão cabe em se tratando de cautelares diversas da prisão? Porque o descumprimento
delas pode acarretar a decretação da prisão preventiva. Nesse caso, existe SIM risco (ainda que
reflexo) à liberdade de locomoção.

MANDADO DE INJUNÇÃO

→ Objetivo: Suprir a falta de norma regulamentadora que torna inviável o exercício de


direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à
soberania e à cidadania.
→ A competência para processar e julgar mandado de injunção firma-se não em razão da
matéria, mas, sim, da autoridade coatora, isto é, o órgão ou autoridade a que caiba a
edição do diploma legal regulamentador.
→ Não cabe liminar.

Legitimidade ativa:

MI Qualquer pessoa física ou jurídica.


INDIVIDUAL
Partido político com representação no Congresso Nacional, organização
MI sindical; Entidade de classe; Associação legalmente constituída e em
COLETIVO funcionamento há pelo menos 1 ano, em defesa dos interesses de seus
membros ou associados; Ministério Público; Defensoria Pública.

Legitimidade passiva: autoridade ou órgãos responsáveis pela edição da medida ou da norma


regulamentadora.

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CORRENTE NÃO CONCRETISTA CORRENTE CONCRETISTA
O Poder Judiciário, ao julgar procedente o O Poder Judiciário, ao julgar procedente o
mandado de Injunção, deverá apenas mandado de injunção e reconhecer que
comunicar o Poder, órgão, entidade ou existe a omissão do Poder Público, deverá
autoridade que está sendo omisso. editar a norma que está faltando ou
Princípio da separação dos poderes. determinar que seja aplicada, ao caso
Esta é a posição clássica do STF que concreto, uma já existente para outras
perdurou até 2007. situações análogas.

CONCRETISTA DIRETA CONCRETISTA INTERMEDIÁRIA


Judiciário viabiliza o direito do autor e isso Julgar procedente o MI, mas, antes de
deverá ocorrer imediatamente viabilizar o direito, fixa um prazo para que o
(diretamente), não sendo necessária órgão omisso elabore a norma. Se não
nenhuma outra providência. cumprido, o juiz viabiliza o direito.

CONCRETISTA INDIVIDUAL CONCRETISTA GERAL


A solução só valerá para o autor do MI. Todos que estiverem na mesma situação.

ATENÇÃO: A Lei do MI adota qual? COMO REGRA, a concretista individual intermediária.

TEORIA DA ENCAMPAÇÃO
A teoria da encampação do Mandado de Segurança é utilizada para correção de um vício na
petição inicial, no que tange à definição da autoridade coatora, e devem estar previstos os 3
requisitos cumulativos:
1) Vínculo hierárquico entre a autoridade informante da ordem e a autoridade coatora;
2) inexistência de modificação na competência para julgá-los;
3) manifestação a respeito do mérito nas informações prestadas.

HABEAS DATA

→ Objetivo: assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante,


retificação de dados, anotação nos assenta mentos do interessado.
→ Exige condicionamento administrativo: recusa das informações pela autoridade
administrativa (Súmula nº 2, STJ).

Legitimidade ativa Legitimidade passiva


qualquer pessoa, física ou jurídica, seja entidades governamentais ou particulares
nacional ou estrangeira. que tenham caráter público.

Apesar de o Habeas Data ter uma natureza de ação personalíssima, em caso de morte do
detentor do direito é cabível a sucessão dos herdeiros ou cônjuge.

EM REGRA, NÃO HÁ NECESSIDADE -Justiça desportiva.


DO ACESSO ÀS VIAS -Habeas data.
ADMINISTRATIVAS PARA SE -Ato administrativo ou omissão que contrarie
PROVOCAR A ESFERA Súmula Vinculante.
JURISDICIONAL. EXCEÇÕES:

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CABE Para que se obtenha dados do contribuinte constantes nos sistemas de
órgãos fazendários. (STF)
Para que se tenha acesso a autos de processos administrativos. (STF)
NÃO CABE Para obtenção de certidão pública. (STJ)
Para a obtenção de acesso aos critérios utilizados em correção de prova
discursiva aplicada em concursos públicos. (STJ)

JÁ CAIU (VUNESP 2023) Na hipótese de o cidadão não ser atendido no exercício do direito de
petição, o remédio constitucional cabível é o habeas data. (INCORRETO)

Obs.: O direito de petição possui eficácia constitucional, obrigando as autoridades públicas


endereçadas ao recebimento, ao exame e, se necessário for, à resposta em prazo razoável,
sob pena de configurar-se violação ao direito líquido e certo do peticionário, sanável por
intermédio de mandado de segurança.

Habeas Corpus GRATUITO E NÃO PRECISA DE ADVOGADO


Habeas Data GRATUITO E PRECISA DE ADVOGADO
Mandado de segurança PAGO E PRECISA DE ADVOGADO
Mandado de injunção PAGO E PRECISA DE ADVOGADO

NACIONALIDADE

Extradição brasileiro CRIME COMUM praticado antes da naturalização.


naturalizado TRÁFICO (antes ou depois da naturalização).

Ministro do STF
Presidente e Vice-Presidente
Cargos privativos de Presidente da Câmara
brasileiro NATO Presidente do Senado
Carreira Diplomática
Oficial das Forças Armadas
Ministro do Estado de Defesa

DIREITOS SOCIAIS

Art. 6º Parágrafo único. Todo brasileiro em situação de vulnerabilidade social terá direito a
uma renda básica familiar, garantida pelo poder público em programa permanente de
transferência de renda, cujas normas e requisitos de acesso serão determinados em lei,
observada a legislação fiscal e orçamentária. (EC 90 DE 2021)

Súmula Vinculante 4: O salário-mínimo não pode ser usado como indexador de base de cálculo
de vantagem de servidor público ou de empregado, nem ser substituído por decisão judicial,
salvo nos casos previstos na CF.

Alguns pontos sobre os direitos sociais que a VUNESP já abordou:

→ Seguro desemprego: somente desemprego involuntário.


→ Adicional noturno: não tem porcentagem em relação ao diurno, apenas saiba que existe
um adicional.

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→ Acordo de horas trabalhadas: é mediante acordo coletivo, não é entre empregado e
empregador.
→ Reclamações trabalhistas: 2 anos de prescrição, para entrar com ação. PORÉM, ele
somente poderá reclamar os últimos 5 anos que esteve na empresa.

DIREITOS POLÍTICOS

É constitucional a cumulação entre a inelegibilidade e a suspensão de direitos políticos. (STF)

Alistamento eleitoral:

Obrigatório Maiores de 18 anos.


Facultativo Analfabetos; Maiores de 70 anos; Maiores de 16 e menores de 18.
Proibido Estrangeiros; Conscritos, durante o período do serviço militar obrigatório.
(inalistáveis)

Analfabeto não pode se candidatar a Porém, o alistamento e voto são facultativos


nenhum cargo. É inelegível. para o analfabeto.

Art. 14. § 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes


consanguíneos ou afins, até o SEGUNDO GRAU ou por adoção, do Presidente da República,
de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja
substituído dentro dos SEIS MESES anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo
e candidato à reeleição.

§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado


e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até SEIS
MESES antes do pleito (DESEMCOMPATIBILIZAÇÃO).

→ O indivíduo que se encontrar em hipótese de inelegibilidade absoluta não poderá


pleitear nenhum mandato eletivo.
→ A maioria das normas constitucionais que estabelecem os casos de inelegibilidade são
normas de eficácia plena, pois não dependem dessa complementação.

A suspensão de direitos políticos prevista no art. 15, III, da CF, aplica-se tanto para condenados
a penas privativas de liberdade como também a penas restritivas de direitos (STF).

NOVIDADE LEGISLATIVA EM DIREITOS E PARTIDOS POLÍTICOS

§ 12. Serão realizadas concomitantemente às eleições municipais as consultas populares


sobre questões locais aprovadas pelas Câmaras Municipais e encaminhadas à Justiça Eleitoral
até 90 (noventa) dias ANTES da data das eleições, observados os limites operacionais
relativos ao número de quesitos.

§ 13. As manifestações favoráveis e contrárias às questões submetidas às consultas populares


nos termos do § 12 ocorrerão durante as campanhas eleitorais, SEM a utilização de
propaganda gratuita no rádio e na televisão.

13
§ 6º Os Deputados Federais, os Deputados Estaduais, os Deputados Distritais e os Vereadores
que se desligarem do partido pelo qual tenham sido eleitos perderão o mandato, SALVO nos
casos de anuência do partido ou de outras hipóteses de justa causa estabelecidas em lei, não
computada, em qualquer caso, a migração de partido para fins de distribuição de recursos do
fundo partidário ou de outros fundos públicos e de acesso gratuito ao rádio e à televisão.

ATENÇÃO: a perda do mandato por infidelidade partidária não se aplica aos cargos
majoritários. Os cargos mencionados pelo dispositivo acima se submetem ao sistema
proporcional.

§ 7º Os partidos políticos devem aplicar no MÍNIMO 5% (cinco por cento) dos recursos do
fundo partidário na criação e na manutenção de programas de promoção e difusão da
participação política das mulheres, de acordo com os interesses intrapartidários.

§ 8º O montante do Fundo Especial de Financiamento de Campanha e da parcela do fundo


partidário destinada a campanhas eleitorais, bem como o tempo de propaganda gratuita no
rádio e na televisão a ser distribuído pelos partidos às respectivas candidatas, deverão ser de
no MÍNIMO 30% (trinta por cento), proporcional ao número de candidatas, e a distribuição
deverá ser realizada conforme critérios definidos pelos respectivos órgãos de direção e pelas
normas estatutárias, considerados a autonomia e o interesse partidário.

ORGANIZAÇÃO DO ESTADO

Competência material Competência legislativa


Exclusivas: pertencem a União. Privativas: pertencem a União.
Comuns: todos os entes federados. Concorrentes: pertencem a União e Estado.
Em regra, iniciam com verbos.

→ Na competência concorrente, a União estabelece normas gerais, o que não exclui a


competência suplementar dos Estados.
→ Se não existir lei federal sobre as normas gerais, os Estados exercerão a competência
legislativa plena.
→ A superveniência de lei federal sobre normas gerais SUSPENDE a eficácia (não é
revogação) da lei estadual, no que lhe for contrário.
→ Em regra, Municípios não detém competência concorrente (a exceção está no capítulo
da ordem social que menciona sobre ciência, tecnologia e inovação).
→ As competências privativas podem ser delegadas aos Estados, se preenchidos 3
requisitos: delegação por Lei Complementar, assunto específico (a delegação não pode
ser genérica e ampla), isonomia (não pode delegar a apenas um Estado).

COMPETÊNCIA PRIVATIVA COMPETÊNCIA CONCORRENTE


Seguridade social. Previdência social.
Diretrizes e bases da educação nacional. Educação, cultura, ensino, desporto, ciência,
tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e
inovação.
Direito Processual. Procedimentos em matéria processual.
Propaganda Comercial e Direito Comercial. Junta Comercial.
Penal Penitenciário
Jazidas, minas, outros recursos minerais e Florestas, caça, pesca, fauna, conservação da
metalurgia. natureza, defesa do solo e dos recursos

14
naturais, proteção do meio ambiente e
controle da poluição.

Art. 18 A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende


a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta
Constituição.
§ 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se
anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação
da população diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por
lei complementar.

Art. 18 § 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-


ão por lei estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e
dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios
envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e
publicados na forma da lei.
Obs.: Para alteração dos limites de um município também é exigido plebiscito.

Art. 20. São bens da União:


IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
§1º É assegurada, nos termos da lei, à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios a participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos
hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo
território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, OU
compensação financeira por essa exploração.

Art. 21. Compete à União: XVII - conceder anistia.

ATENÇÃO! VUNESP já cobrou esses incisos invertidos, colocou como sendo competência
privativa como concorrente e vice e versa!
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial
e do trabalho.

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;

Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora.
XI - procedimentos em matéria processual.

Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem,
observados os princípios desta Constituição.
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas,
aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios
limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de
interesse comum.

15
Art. 29. O Município reger-se-á por LEI ORGÂNICA, votada em 2 TURNOS, com o interstício
mínimo de 10 DIAS, e aprovada por 2/3 dos membros da Câmara Municipal, que a
promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do
respectivo Estado e os seguintes preceitos (...)

ATENÇÃO: o Prefeito NÃO promulga a Lei Orgânica!

A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à câmara


Iniciativa popular dos deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por
federal cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco
estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de
cada um deles. (art. 61, § 2º)
Iniciativa popular A lei disporá sobre a iniciativa popular no processo legislativo
estadual estadual. (art. 27, § 4º)
Iniciativa popular Iniciativa popular de projetos de lei de interesse específico do
municipal município, da cidade ou de bairros, através de manifestação de,
pelo menos, cinco por cento do eleitorado; (art. 29, XIII)

§ 1º A Câmara Municipal não gastará mais de 70% de sua receita com folha de pagamento,
incluído o gasto com o subsídio de seus Vereadores.

Art. 30. Compete aos Municípios:


IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual;
V - organizar e prestar, diretamente OU sob regime de concessão ou permissão, os serviços
públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial;
§ 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as contas que o Prefeito deve
anualmente prestar, só deixará de prevalecer por decisão de DOIS TERÇOS (2/3) dos
membros da Câmara Municipal.
§ 3º As contas dos Municípios ficarão, durante 60 DIAS, anualmente, à disposição de
qualquer contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a
legitimidade, nos termos da lei.
Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante
controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na
forma da lei.
§ 1º O controle externo da Câmara Municipal será exercido com o auxílio dos Tribunais de
Contas dos Estados ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos
Municípios, onde houver.
OBS: Sobre o Tribunal de Contas dos Municípios, a CF vedou a criação de tribunais de contas
municipais, entretanto não declarou a extinção dos existentes.
§ 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de Contas Municipais.

JÁ CAIU (VUNESP 2022) A Câmara de Vereadores possui personalidade jurídica, podendo


demandar em juízo para defender os seus direitos institucionais. (INCORRETO)

Obs.: De fato, a Câmara de Vereadores pode ir a juízo para demandar seus direitos
institucionais, mas não possui personalidade jurídica e sim personalidade judiciária. Nesse
sentido é a Súmula 545, STJ: A Câmara de Vereadores não possui personalidade jurídica, mas
apenas personalidade judiciária, de modo que só pode demandar em juízo para defender os
seus direitos institucionais, entendidos esses como sendo os relacionados ao funcionamento,
autonomia e independência do órgão.

16
Instituir REGIÕES METROPOLITANAS, AGLOMERAÇÕES URBANAS
ESTADOS e MICRORREGIÕES (mediante Lei Complementar).
MUNICÍPIOS Criar, organizar e suprimir DISTRITOS.

ESTADOS E MUNICÍPIOS NÃO PODEM LEGISLAR sobre os sistemas de


consórcios e sorteios, incluindo as
loterias.
ESTADOS E MUNICÍPIOS PODEM EXPLORAR os serviços de loterias.

COMPETÊNCIA PARA EXPLORAR OS SERVIÇOS DE TRANSPORTE


Internacional União
Interestadual União
Intermunicipal Estado
Intramunicipal Município

É constitucional lei municipal que proíbe a soltura de fogos de artifício e artefatos pirotécnicos.
(STF)

É inconstitucional lei estadual que proíbe a construção de instalações hidrelétricas em toda a


extensão de curso de água de domínio da União. (STF)

É inconstitucional lei estadual que prevê a modalidade de venda direta de arma de fogo aos
membros de seus órgãos de segurança pública. (STF)

É inconstitucional lei estadual que concede porte de arma de fogo a agentes penitenciários sem
observar os requisitos fixados pelo Estatuto do Desarmamento. (STF)

É inconstitucional lei estadual que proíbe os órgãos ambientais e a polícia militar de destruírem
e inutilizarem bens particulares apreendidos em operações de fiscalização ambiental. (STF)

É constitucional lei estadual que proíbe, no âmbito de seu território, a fabricação, a venda e a
comercialização de armas de brinquedo que simulam armas de fogo reais. (STF)

No exercício de sua competência constitucional para suplementar as normas gerais fixadas pela
União sobre matéria atinente à segurança pública, os estados podem editar normas específicas
quanto ao porte de arma de fogo, desde que mais restritivas. (STF)

São inconstitucionais leis estaduais que reconheçam o atirador desportivo e o vigilante de


empresa privada como atividades de risco que necessitam do porte de arma de fogo. (STF)

É constitucional lei estadual que obriga a presença de mensagens de incentivo à doação de


sangue nas faturas de água, luz, telefone, internet. (STF)

É inconstitucional norma de Constituição estadual que amplia o rol de autoridades sujeitas à


fiscalização direta pelo Poder Legislativo e à sanção por crime de responsabilidade. (STF)

É inconstitucional lei estadual que fixe a obrigatoriedade de divulgação diária de fotos de


crianças desaparecidas em noticiários de TV e em jornais de estado-membro. (STF)

17
Lei estadual não pode conceder porte de arma para Procuradores do Estado. (STF)

Lei estadual pode obrigar empresas de TV por assinatura e estabelecimentos comerciais de


venda a fornecerem atendimento telefônico gratuito aos clientes. (STF)

É inconstitucional lei estadual que legitime ocupações em solo urbano de área de preservação
permanente (APP) fora das situações previstas em normas gerais editadas pela União. (STF)

É inconstitucional lei estadual que preveja que os serviços privados de educação são obrigados
a conceder, a seus clientes preexistentes, os mesmos benefícios de promoções posteriormente
realizadas. (STF)

É inconstitucional lei estadual que veda o corte do fornecimento de água e luz, em determinados
dias, pelas empresas concessionárias, por falta de pagamento. (STF)

É inconstitucional norma estadual que restringe o conceito de pessoas com deficiência (PcD) e
contraria as regras gerais sobre o tema previstas no Estatuto da Pessoa com Deficiência. (STF)

É inconstitucional lei estadual que determina que os hospitais façam a coleta compulsória do
material genético de mães e recém nascidos na sala de parto e o subsequente armazenamento
para o fim de evitar a troca de bebês. (STF)

É constitucional lei estadual, mesmo que de origem parlamentar, que cria Bolsa Aluguel para
famílias em situação de risco ou atingida por catástrofes, não havendo problema que o salário
mínimo seja o parâmetro para a concessão do benefício. (STF)

É inconstitucional lei estadual que fixe a obrigatoriedade de divulgação diária de fotos de


crianças desaparecidas em noticiários de TV e em jornais de estado-membro. (STF)

Lei estadual não pode proibir que os prestadores de serviço público de abastecimento de água
e de esgotamento sanitário inscrevam os usuários inadimplentes no SPC/Serasa. (STF)

É constitucional lei estadual que concede aos professores das redes públicas estadual e
municipais de ensino o benefício da meia-entrada nos estabelecimentos de lazer e
entretenimento. (STF)

É inconstitucional a Lei Distrital que atribui autonomia administrativa e financeira aos


respectivos órgãos policiais. (STF)

ATENÇÃO: Quem organiza e mantém a PCDF é a União, apesar de ser subordinada ao


Governador do DF.

Lei estadual não pode prever paridade e integralidade para os policiais civis nem conceder a eles
adicional de final de carreira para que recebam aposentadoria em classe superior ao que
estavam na ativa. (STF)

Lei estadual não pode estabelecer normas de proteção aos consumidores filiados às associações
de socorro mútuo. (STF)

18
É constitucional lei municipal que, ao regulamentar apenas o seu interesse local, sem criar novas
figuras ou institutos de licitação ou contratação, estabelece diretrizes gerais para a prorrogação
e relicitação dos contratos de parceria entre o município e a iniciativa privada. (STF)

É inconstitucional lei do Distrito Federal que trate sobre a estrutura e o regime jurídico da Polícia
Civil do Distrito Federal (a competência para isso é da União). (STF)

Inconstitucional norma de constituição estadual que disponha sobre o processamento e


julgamento de Governador e Vice-governador nos casos de crime de responsabilidade. (STF)

Súmula n. 703, STF: A extinção do mandato do prefeito não impede a instauração de processo
pela prática dos crimes previstos no art. 1º do Dl. 201/67.

É inconstitucional lei estadual que preveja que os serviços privados de educação são obrigados
a conceder, a seus clientes preexistentes, os mesmos benefícios de promoções posteriormente
realizadas. (STF)

É inconstitucional lei estadual que obriga planos de saúde a atenderem os clientes com Covid-
19 mesmo que eles estejam no período de carência contratual. (STF)

É inconstitucional lei estadual que estabeleça prazo máximo para que os planos de saúde
autorizem solicitações de exames e procedimentos cirúrgicos. (STF)

É inconstitucional lei municipal que preveja que o Poder Executivo poderá conceder autorização
para que sejam explorados serviços de radiodifusão no Município. (STF)

É formalmente inconstitucional lei estadual que proíba a atividade de delivery de gasolina e


etanol; isso porque a competência para legislar sobre energia é privativa da União. (STF)

É constitucional norma estadual que determine que as prestadoras de serviço telefônico são
obrigadas a fornecer, sob pena de multa, os dados pessoais dos usuários de terminais utilizados
para passar trotes aos serviços de emergência. (STF)

É inconstitucional lei estadual que obriga as operadoras de telefonia a fornecer os dados de


localização de celulares furtados ou roubados. (STF)

É inconstitucional lei municipal que estabeleça limitações à instalação de sistemas transmissores


de telecomunicações. (STF)

É constitucional lei estadual que limita ligações de telemarketing. (STF)

É constitucional lei estadual que obriga a empresa de telefonia celular a disponibilizar na


internet extrato detalhado das chamadas telefônicas e serviços utilizados nos planos pré-pagos.
(STF)

É constitucional legislação estadual que proíbe toda e qualquer atividade de comunicação


comercial dirigida às crianças nos estabelecimentos de educação básica. (STF)

É constitucional lei estadual que transforma o cargo de datiloscopista da Polícia Civil em perito
datiloscopista. (STF)

19
É constitucional lei municipal que disponha sobre a obrigatoriedade de instalação de
hidrômetros individuais em edifícios e condomínios. (STF)

Viola a CF/88 lei municipal que proíbe o transporte de animais vivos no Município. (STF)

Parecer técnico elaborado pelo Tribunal de Contas tem natureza meramente opinativa,
competindo exclusivamente à Câmara de Vereadores o julgamento das contas anuais do chefe
do Poder Executivo local, sendo incabível o julgamento ficto das contas por decurso de prazo.
(STF)

Súmula 19-STJ: A fixação do horário bancário, para atendimento ao público, é da competência


da União.

Vale ressaltar, no entanto, que os Municípios podem legislar sobre medidas que propiciem
segurança, conforto e rapidez aos usuários de serviços bancários (STF ARE 691591 AgR/RS,
julgado em 18/12/2012). Exs: tempo máximo de espera na fila (“Lei das Filas”), instalação de
banheiros e bebedouros nas agências, colocação de cadeiras de espera para idosos,
disponibilização de cadeiras de rodas, medidas para segurança dos clientes etc.
Fonte: Dizer o Direito

Súmula Vinculante nº 38: “É competente o município para fixar o horário de funcionamento de


estabelecimento comercial.”

Súmula Vinculante nº 49: “Ofende o princípio da livre concorrência lei municipal que impede a
instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada área.”

INTERVENÇÃO

→ A intervenção é mecanismo de defesa da federação mediante afastamento temporário


de atributos decorrentes da própria forma federativa.
→ As hipóteses de intervenção são taxativas.
→ O decreto de intervenção não enseja o automático afastamento do governador do
Estado objeto de intervenção.

Intervenção FEDERAL União intervém nos Estados.


Intervenção ESTADUAL Estados intervêm nos Municípios.

ATENÇÃO: a União não intervém em Municípios, a não ser que estejam em Territórios.

INTERVENÇÃO FEDERAL INTERVENÇÃO ESTADUAL


-Manter a integridade nacional; -Deixar de ser paga, sem motivo de força
-Repelir invasão estrangeira ou de uma maior, por dois anos consecutivos, a dívida
unidade da Federação em outra; fundada;
-Pôr termo a grave comprometimento da -Não forem prestadas contas devidas, na
ordem pública; forma da lei;
-Garantir o livre exercício de qualquer dos - -Não tiver sido aplicado o mínimo exigido da
Poderes nas unidades da Federação; receita municipal na manutenção e
-Reorganizar as finanças da unidade da desenvolvimento do ensino e nas ações e
Federação que: serviços públicos de saúde;

20
a) suspender o pagamento da dívida fundada - O Tribunal de Justiça der provimento a
por mais de dois anos consecutivos, salvo representação para assegurar a observância
motivo de força maior; de princípios indicados na Constituição
b) deixar de entregar aos Municípios receitas Estadual, ou para prover a execução de lei, de
tributárias fixadas nesta Constituição, dentro ordem ou de decisão judicial.
dos prazos estabelecidos em lei;
-Prover a execução de lei federal, ordem ou
decisão judicial;
-Assegurar a observância princípios
constitucionais sensíveis.

-Forma republicana, sistema representativo e regime democrático.


Princípios -Direitos da pessoa humana.
Constitucionais -Autonomia municipal.
Sensíveis -Prestação de contas da administração pública, direta e indireta.
-Aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais,
compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.

Sobre o decreto de intervenção:


→ Especificará a amplitude, o prazo e as condições de execução.
→ Se couber, nomeará o interventor.
→ Será submetido à apreciação do Congresso Nacional ou da Assembleia Legislativa do
Estado, no prazo de 24 horas.
→ Se não estiver funcionando o Congresso Nacional ou a Assembleia Legislativa, terá
convocação extraordinária, no mesmo prazo de 24 horas.
→ Em algumas situações, essa apreciação será dispensada:

Intervenção federal para: Nesses casos, estará


-prover a execução de lei federal, ordem ou decisão dispensada a apreciação do
judicial; decreto pelo CN ou pela AL.
- assegurar a observância dos princípios constitucionais Além disso, nesses casos, o
sensíveis. decreto se limitará a
Intervenção estadual que ocorre quando: suspender a execução do ato
- o Tribunal de Justiça der provimento a representação impugnado, se essa medida
para assegurar a observância de princípios indicados na bastar ao restabelecimento da
Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de normalidade.
ordem ou de decisão judicial.

Intervenção federal p/ Judiciário: órgão competente requisita ao PR. PR decreta, CN


garantir aos Poderes tem 24h para apreciar a intervenção.
Constitucionais o
exercício de suas funções Executivo ou legislativo: órgão competente solicita ao PR. PR
decreta (ou não), CN tem 24h para apreciar a intervenção.

ATENÇÃO: Quando se requisita intervenção, o PR é vinculado a realizar a intervenção. Quando


se solicita intervenção, a decisão é discricionária do PR.

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Intervenção Estadual Espontânea Intervenção Estadual Provocada
Município que não paga dívida fundada por Descumprimento da lei estadual;
2 anos consecutivos; Descumprimento de ordem judicial;
Não presta contas devidas; Descumprimento de princípios da
Não aplica receita em saúde e educação. Constituição Estadual.
Sobre o procedimento:
→ Espontânea começa com o decreto do Governador, passando pelo controle da
Assembleia Legislativa em 24h.
→ Provocada: Procurador Geral de Justiça do respectivo estado deve entrar com uma
ação no Tribunal de Justiça local, denunciando o descumprimento. Se o TJ concordar
com o pedido, ele deverá expedir uma requisição ao Governador, que é obrigado a
decretar a intervenção. Porém, nunca haverá um controle da Assembleia Legislativa,
uma vez que o procedimento sempre envolve uma requisição do judiciário.

Súmula 637 STF: Não cabe recurso extraordinário contra acórdão de tribunal de justiça que
defere pedido de intervenção estadual em município.
*isso ocorre porque a intervenção tem natureza política e não cabe controle jurisdicional.

Súmula 614, STF: Somente o Procurador-Geral da Justiça tem legitimidade para propor ação
direta interventiva por inconstitucionalidade de Lei Municipal.

JÁ CAIU (VUNESP 2022) a inobservância pelos Estados membros de princípios constitucionais


sensíveis pode acarretar sanção de intervenção na autonomia política. (CORRETO)

A Constituição Estadual não pode disciplinar sobre intervenção estadual de forma diferente das
regras previstas na Constituição Federal. (STF)

A Constituição Estadual não pode disciplinar sobre intervenção estadual de forma diferente das
regras previstas na Constituição Federal. (STF)

PODER LEGISLATIVO

Art. 49. É da COMPETÊNCIA EXCLUSIVA do Congresso Nacional:


I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem
encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional;
IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou
suspender qualquer uma dessas medidas;
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos
limites de delegação legislativa;

ATENÇÃO: não confunda com “anular”. A anulação decorre de ilegalidade. A CF determina


que o CN pode sustar.

IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios


sobre a execução dos planos de governo.

CONTAS DO PRESIDENTE
TCU Aprecia e elabora parecer prévio, em 60 dias a contar do recebimento.
CN Julga anualmente.

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Câmara Procede à tomada de contas se não apresentada ao CN em 60 dias após a
abertura da sessão legislativa.

XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União;

COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO (CPI)


→ Poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos
regimentos das respectivas Casas.
→ A CPI não promove a responsabilização dos investigados.
→ As normas que tratam da CPI são de obrigatória observação pelos Estados.
→ CPI deve terminar dentro da sessão legislativa, entretanto, se não acabar, poderá ser
prorrogada desde que não ultrapasse a legislatura.
→ A instalação de uma CPI não se submete a um juízo discricionário seja do Presidente da
casa legislativa, seja do plenário da própria casa legislativa.
→ É inconstitucional norma da Constituição Estadual que preveja a possibilidade de a
Assembleia Legislativa convocar o Presidente do Tribunal de Justiça ou o Procurador-
Geral de Justiça para prestar informações na Casa, afirmando que a sua ausência
configura crime de responsabilidade. Governador não pode ser obrigado a depor em CPI
instaurada no Congresso Nacional.

CPI PODE CPI NÃO PODE


Prender em flagrante delito; Determinar prisão cautelar;
Requisitar informações e documentos; Determinar interceptação telefônica;
Ouvir testemunhas e investigados; Determinar busca e apreensão domiciliar;
Convocar Ministros de Estado para prestar Determinar medidas cautelares processuais
informações; de garantia;
Quebrar sigilo fiscal, bancário e de dados; Quebrar sigilo de justiça;
Determinar perícias, vistorias e exames; Impedir ou restringir a assistência jurídica
Utilizar documentos sigilosos de inquérito por advogado;
policial. Determinar condução coercitiva de indígena.

Governador não pode ser obrigado a depor em CPI instaurada no Congresso Nacional (STF)

É permitida apenas uma reeleição (ou recondução) sucessiva ao mesmo


ÂMBITO cargo da mesa diretora de assembleia legislativa estadual,
FEDERAL independentemente de os mandatos consecutivos se referirem à mesma
legislatura.
Não é possível a recondução dos Presidentes da Câmara dos Deputados e do
ÂMBITO Senado Federal para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente,
FEDERAL dentro da mesma legislatura. Por outro lado, é possível a reeleição dos
Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal em caso de nova
legislatura.

IMUNIDADES PARLAMENTARES

MATERIAL São invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e
votos.
Em relação à prisão: Desde a expedição do diploma, não poderão ser presos,
salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos

23
dentro de 24 horas à Casa respectiva para que, pelo voto da maioria de seus
FORMAL membros, resolva sobre a prisão.

Em relação ao processo: Recebida a denúncia contra Senador ou Deputado


Federal, por crime ocorrido após a diplomação, o STF dará ciência à Casa
respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto
da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento
da ação.

ATENÇÃO: A imunidade parlamentar pressupõe nexo de causalidade com o exercício do


mandato. Declarações proferidas em contexto desvinculado das funções parlamentares não
se encontram cobertas pela imunidade material.

→ Os vereadores gozam apenas da imunidade material e está restrita à circunscrição do


município.

JÁ CAIU (VUNESP 2023) A perda do mandato eletivo de vereador nos casos de condenação
criminal transitada em julgado não é automática, porque a regra de suspensão dos direitos
políticos prevista no art. 15, III, da CF, não é autoaplicável. (INCORRETO)

Obs.: A perda do mandato eletivo de vereador nos casos de condenação criminal transitada
em julgado é automática, porque a regra de suspensão dos direitos políticos prevista no art.
15, III, da CF, é autoaplicável.

A perda do mandato eletivo de vereador decorre automaticamente da condenação judicial de


suspensão dos direitos políticos na Ação de Improbidade Administrativa já transitada em
julgado, sendo o ato da Câmara Municipal vinculado e declaratório. (STF)

Por força do § 1º do art. 27 da Constituição Federal, as imunidades materiais e formais


conferidas aos membros do Congresso Nacional (deputados federais e senadores) estendem-se
aos deputados estaduais. (STF)

Subsistem durante o Estado de Defesa? Sim


Sim, entretanto, poderão ser suspensas:
-voto 2/3 dos membros;
Subsistem durante o Estado de Sítio? -atos praticados fora do Congresso;
-incompatíveis com a execução da medida.

Quando inicia o foro por prerrogativa Após a DIPLOMAÇÃO (não é após a posse!).
dos Congressistas?
Quais os requisitos para que o foro por Crime deve ser cometido após a diplomação + ter
prerrogativa incida? relação com o desempenho das funções.

ATENÇÃO: E se o parlamentar federal, detentor do foro, estiver sendo processado no STF (o


crime foi cometido após a diplomação e tem relação com a função) e renunciar ao mandato?
Ou então o mandato chegou a fim? Nesse caso, o marco para o fim do foro será o término
da instrução, com a publicação do despacho de intimação para apresentação de alegações
finais.

24
Investigações criminais envolvendo Deputados Federais e Senadores no cenário atual:

Crime cometido antes da diplomação como Polícia (Civil ou Federal) ou MP.


Deputado ou Senador Não há necessidade de autorização do STF.
Medidas cautelares são deferidas pelo juízo
Crime cometido depois da diplomação. mas de
não tem relação com as funções 1ª instância
desempenhadas
Crime cometido depois da diplomação e PF e MPF, com supervisão do STF. Há
relacionado com as funções necessidade de autorização do STF para o
desempenhadas início das investigações.

É permitida apenas uma reeleição ou recondução sucessiva ao mesmo cargo da Mesa Diretora,
mantida a composição das mesas das Assembleias Legislativas eleitas antes da data de
publicação da ata de julgamento da ADI 6524/DF (7.1.2021). (STF)

Não estão protegidas pela imunidade parlamentar as manifestações injuriosas de Senador


proferidas em redes sociais de forma dolosa e genérica, com intenção de destruir reputações,
sem qualquer indicação de prova que pudesse corroborar as acusações. (STF)

Assim como ocorre com os Parlamentares federais, é vedado o pagamento de valor a mais a
Deputados Estaduais pelo fato de terem sido convocados para sessão extraordinária. (STF)

A prorrogação do foro por prerrogativa de função só ocorre se houve reeleição, não se aplicando
em caso de eleição para um novo mandato após o agente ter ficado sem ocupar função pública.
(STF)

Intervalo entre dois mandatos afasta foro por prerrogativa de função de prefeito em relação à
fato praticado no período anterior. Na hipótese em que o delito seja praticado em um mandato
e o réu seja reeleito para o mesmo cargo, a continuidade do foro por prerrogativa de função
restringe-se às hipóteses em que os diferentes mandatos sejam exercidos em ordem sequencial
e ininterrupta. (STF)

Norma estadual ou municipal não pode conferir a parlamentar, individualmente, o poder de


requisitar informações ao Poder Executivo. (STF)

Deputado Estadual pode receber ajuda de custo, não havendo afronta ao regime de subsídio. É
constitucional norma estadual que estabeleça o pagamento a parlamentar — no início e no final
de cada sessão legislativa — de ajuda de custo correspondente ao valor do próprio subsídio
mensal. (STF)

É proibido o pagamento de vantagem pecuniária a deputados estaduais por convocação para


sessão extraordinária. (STF)

É constitucional resolução da Assembleia Legislativa que, com base na imunidade parlamentar


formal (art. 53, § 2º c/c art. 27, § 1º da CF/88), revoga a prisão preventiva e as medidas
cautelares penais que haviam sido impostas pelo Poder Judiciário contra Deputado Estadual,
determinando o pleno retorno do parlamentar ao seu mandato.
O Poder Legislativo estadual tem a prerrogativa de sustar decisões judiciais de natureza criminal,
precárias e efêmeras, cujo teor resulte em afastamento ou limitação da função parlamentar.
(STF)

25
Deputados e Senadores não poderão:

-firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia,


Desde a empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária
expedição de serviço público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes;
do -aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os de
diploma que sejam demissíveis "ad nutum", nas entidades constantes da alínea anterior.
-ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor
decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela
Desde a exercer função remunerada;
posse -ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis "ad nutum", nas entidades
referidas no inciso I, "a";
- patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades a que se
refere o inciso I, "a";
- ser titulares de mais de um cargo ou mandato público eletivo.

PROCESSO LEGISLATIVO

Hipóteses em -Emenda à Constituição


que não haverá -Decretos legislativos
veto ou sanção -Resoluções
do Presidente da -Leis delegadas
República -Lei resultante da conversão, sem alterações, de medida provisória.

PRINCÍPIO DA IRREPETIBILIDADE
Se rejeitada, pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa?
EC NÃO
LO/LC SIM, mediante proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das
Casas do Congresso Nacional.
MP NÃO

Iniciativa popular Emenda à Constituição Federal Não é possível.


Iniciativa popular Emenda à Constituição Estadual Será possível se previsto na
Constituição do Estado.

Leis em matéria tributária Iniciativa geral. Qualquer parlamentar pode propor.


A competência será apenas do Presidente se for legislação tributária referente aos territórios.

São de iniciativa -Criação de cargos, funções ou empregos públicos na


privativa do Presidente administração direta e autárquica ou aumento de sua
da República as leis que remuneração.
disponham sobre: -Organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da
(inserimos as que mais União, bem como normas gerais para a organização do
caem) Ministério Público e da Defensoria Pública dos Estados, do
Distrito Federal e dos Territórios.
-Criação, estruturação e atribuições dos Ministérios e órgãos da
administração pública.

26
O poder de veto previsto no art. 66, § 1º, da Constituição não pode ser exercido após o decurso
do prazo constitucional de 15 dias. (STF)

Padece de inconstitucionalidade formal lei de iniciativa parlamentar que disponha sobre


atribuições de órgãos da Administração Pública (a iniciativa é do Presidente da República). (STF)

A Constituição estadual só pode exigir lei complementar para tratar das matérias que a
Constituição Federal também exigiu lei complementar. (STF)

É inconstitucional norma de Constituição estadual que preveja quórum diverso de 3/5 dos
membros do Poder Legislativo para aprovação de emendas constitucionais. (STF)

É constitucional a adoção — mediante lei complementar — de requisitos e critérios


diferenciados em favor dos policiais para a concessão de aposentadoria voluntária. (STF)

MEDIDA PROVISÓRIA

O presidente, ao editar uma MP, deve submetê-la de imediato ao CN.

60 DIAS (prorrogável Tempo em que a MP deve ser convertida em lei, ou perderá eficácia.
por +60): (esse prazo é contado da publicação da MP e fica suspenso durante
o período de recesso do CN).
45 DIAS Se não for apreciada em até 45 dias, entra em regime de urgência e
tranca a pauta.

ATENÇÃO: O trancamento da pauta por conta de MPs não votadas no prazo de 45 dias só alcança
projetos de lei que versem sobre temas passíveis de serem tratados por MP, sendo assim, não
atingem projeto de lei complementar. (Esses 45 dias não se aplicam aos projetos de código e
nem correm durante os períodos de recesso).

Deliberação: As casas deliberam separadas, mas a votação tem início na Câmara.

Pressupostos Devem estar presentes para que a MP seja editada. A definição disso é, em
da regra, um juízo político, feito pelo PR e controlado pelo CN. O judiciário
RELEVÂNCIA somente poderá analisar se houver notório abuso/flagrante ilegalidade.
e da
URGÊNCIA

→ MP não pode tratar sobre uma porrada de assuntos (direito penal, processo penal,
processo civil, nacionalidade, direitos políticos....), mas a MP pode sim tratar sobre
direito civil! (Isso é sempre questionado em prova)

→ É vedada a edição de medida provisória tratando sobre matéria já disciplinada em


projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e que está pendente de sanção ou
veto.

ATENÇÃO: É possível a edição de medidas provisórias pelo governador (desde que haja
previsão na CE), e pelo prefeito (desde que haja previsão na Lei Orgânica).

27
Não apreciação o CN não se manifesta (prazo de 60+60) e ela perde sua
eficácia.
Possíveis Rejeição expressa.
desfechos Aprovação sem CN aprova e ela é promulgada pela Mesa do CN.
alteração
Aprovação com O CN pode suprimir ou adicionar emendas, desde que
alteração tenha pertinência com o texto originário. Do contrário, isso
será contrabando legislativo, o que é vedado.

CONTRABANDO LEGISLATIVO: é a inclusão de matérias estranhas às medidas provisórias


editadas pelo Executivo, prática essa proibida. Se não houver pertinência nas alterações feitas
pelo Congresso, ocorre inconstitucionalidade formal por competir exclusivamente ao Presidente
da República a iniciativa de medida provisória, que seria usurpada quando o Congresso Nacional
introduz matéria completamente nova em projeto de lei de conversão.

PODER JUDICIÁRIO

Presidente da República;
Vice-Presidente;
STF julga nos crimes Membros do Congresso Nacional;
comuns Seus próprios Ministros; e
Procurador-Geral da República.
Ministros de Estado;
STF julga nos crimes Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica;
comuns e de Tribunais Superiores;
responsabilidade Tribunal de Contas da União; e
Chefes de missão diplomática de caráter permanente.

Presidente da República;
Vice-Presidente;
Membros do Congresso Nacional;
Seus próprios Ministros;
Procurador-Geral da República;
STF julga HC quando for Ministros de Estado;
paciente Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica;
Tribunais Superiores;
Tribunal de Contas da União; e
Chefes de missão diplomática de caráter permanente.
Presidente da República;
Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal;
STF julga MS ou HD Tribunal de Contas da União;
contra atos Procurador-Geral da República; e
Próprio Supremo Tribunal Federal.
STF julga HC quando o Tribunal Superior
coator for
STF julga HC quando o Autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos
coator ou paciente for diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal.
Se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única
instância.

28
STF julga conflito de STJ x quaisquer tribunais;
competência entre Tribunal Superior x Tribunal Superior;
Tribunais Superiores x qualquer outro tribunal.
Presidente da República;
STF julga MI quando a Presidente do Congresso Nacional;
atribuição para a Presidente da Câmara dos Deputados;
edição da norma for do Presidente do Senado Federal;
Mesas de uma dessas Casas;
Tribunal de Contas da União;
Um dos Tribunais Superiores; ou
Próprio Supremo Tribunal Federal.

ROC STF HC, HD, MS e MI decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se
denegatória a decisão.
Crime político.
ROC STJ HC decididos em única ou última instância pelos TRF’s ou TJ’s, se denegatória a
decisão.
MS decididos em única instância pelos TRFs ou TJ’s. se denegatória a decisão.

Julgar válida lei local contestada em face de lei federal;


Recurso Contrariar dispositivo desta Constituição;
Extraordinário Declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;
STF Julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face da CF;
Julgar válida lei local contestada em face de lei federal.
Julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal.
Recurso Especial Contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;
STJ Julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal;
Der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro
tribunal.

STJ julga em crime Governadores dos Estados e do DF.


comum
Desembargadores dos TJs dos Estados e do DF;
Tribunais de Contas dos Estados e do DF;
STJ julga em crime Tribunais Regionais Federais;
comum e de Tribunais Regionais Eleitorais;
responsabilidade Tribunais Regionais do Trabalho;
Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios;
Ministério Público da União que oficiem perante tribunais.
STJ julga MS e HD Ministro de Estado;
contra ato Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica; ou
Próprio Tribunal.
STJ julga HC quando o Tribunal sujeito à sua jurisdição;
coator for Ministro de Estado; ou
Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica.
Governadores dos Estados e do Distrito Federal;
Desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do DF;
STJ julga HC quando o Tribunais de Contas dos Estados e do DF;
coator/paciente for Tribunais Regionais Federais;
Tribunais Regionais Eleitorais;

29
Tribunais Regionais do Trabalho;
Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios;
Ministério Público da União que oficiem perante tribunais.
STJ julga conflito de Quaisquer tribunais;
competências entre Tribunal x juízes a ele não vinculados;
Juízes vinculados a tribunais diversos.
STJ julga MI Quando a atribuição da norma regulamentador for órgão, entidade
ou autoridade federal, da administração direta ou indireta.

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

Legitimados Universal/Especial Cap. Postulatória


Presidente da República Universal Sim
Mesa do Senado Federal Universal Sim
Mesa da Câmara dos Deputados Universal Sim
Mesa de Ass. Leg. ou da Câm. Leg. DF Especial Sim
Governador de Estado ou DF Especial Sim
Procurador-Geral da República Universal Sim
Conselho Federal da OAB Universal Sim
Partido político com representação CN Universal Não
Confederação sindical ou entidade de classe de Especial Não
âmbito nacional

Para ser considerada entidade de classe de âmbito nacional e, assim, ter legitimidade para
propor ações de controle abstrato de constitucionalidade, é necessário que a entidade possua
associados em pelo menos 9 Estados-membros. (STF)

Governador de Estado afastado do cargo não pode propor ADI. (STF)

ATENÇÃO: A perda superveniente da representação do Partido Político não repercute sobre


o julgamento da ADI, ou seja, não deve acarretar a perda superveniente da legitimação, pois
a aferição da legitimidade ativa do Partido Político deve ser realizada quando do ajuizamento
da ação.
Não confunda com a seguinte situação: Na hipótese de um parlamentar que impetrou
mandado de segurança perante o STF com o objetivo de impugnar projeto de lei eivado de
inconstitucionalidade por ofensa ao devido processo legislativo, mas que, posteriormente,
venha a perder o mandato parlamentar, o writ deve ser declarado extinto.

Súmula 614, STF - Somente o Procurador-Geral da Justiça tem legitimidade para propor ação
direta interventiva por inconstitucionalidade de Lei Municipal.

Súmula 360, STF Não há prazo de decadência para a representação de inconstitucionalidade


prevista no art. 8º, parágrafo único, da Constituição Federal.

Súmula vinculante 10 STF: Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, art. 97) a decisão de órgão
fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei
ou ato normativo do Poder Público, afasta a sua incidência no todo ou em parte.

30
Súmula 642, STF : Não cabe ação direta de inconstitucionalidade de lei do Distrito Federal
derivada da sua competência legislativa municipal.

Súmula 347, STF O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a
constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público.

Art. 97. SOMENTE pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do
respectivo órgão especial PODERÃO OS TRIBUNAIS declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo do Poder Público.

Cláusula de Reserva de Plenário

Se o órgão fracionário declarar a constitucionalidade da norma;


Se a lei ou ato normativo for anterior a CF (não recepção);
Se o órgão fracionário faz apenas uma interpretação conforme;
Não Para juízos singulares;
aplica para Turmas Recursais (Colégios Recursais) - não é Tribunal;
Para o STF no caso de controle difuso;
Quando o Plenário (ou órgão especial) do Tribunal que estiver decidindo já tiver se
manifestado pela inconstitucionalidade da norma;
Quando o Plenário do STF já tiver decidido que a norma em análise é inconstitucional;
Decisões em sede de medida cautelar;
Nulidade de ato administrativo.

Informações relevantes sobre ADI, ADC, ADO e APDF

→ ADC tem como objeto lei ou ato normativo federal (apenas). Enquanto a ADI pode ter
como objeto lei ou ato normativo federal ou estadual.
→ Somente a ADC tem como requisito a demonstração de controvérsia judicial relevante.
→ Não cabe ADI no TJ contra lei ou ato normativo municipal que viole a Lei Orgânica do
Município.
→ Lei municipal pode ser objeto de ADPF perante o STF.
→ Tribunal de Justiça pode julgar ADI contra lei municipal tendo como parâmetro a
Constituição Federal, desde que seja uma norma de reprodução obrigatória.
→ Não é possível desistir da ação proposta e nem mesmo de eventual medida cautelar
proposta no curso da ação.
→ Em se tratando de ADPF, tanto a arguição autônoma quanto a incidental podem ter por
objeto qualquer ato do Poder Público, inclusive anteriores à Constituição,
administrativos e jurisdicionais.
→ A ADPF e a ADI são fungíveis entre si. Assim, o STF reconhece ser possível a conversão
da ADPF em ADI quando imprópria a primeira, e vice-versa. No entanto, essa
fungibilidade não será possível quando a parte autora incorrer em erro grosseiro.

A decisão do Relator que admite ou inadmite o ingresso do amicus curiae é irrecorrível. (STF)

Não há impedimento, nem suspeição de ministro, nos julgamentos de ações de controle


concentrado, exceto se o próprio ministro firmar, por razões de foro íntimo, a sua não
participação. (STF)
Cabe ADPF quando se alega que está havendo uma omissão por parte do poder público. (STF)

31
É cabível o ajuizamento de ADPF contra interpretação judicial de que possa resultar lesão a
preceito fundamental. (STF)

Lei estadual que modifique os limites geográficos de Município pode ser objeto de ADI. (STF)

O amicus curiae não tem legitimidade para propor ação direta; logo, também não possui
legitimidade para pleitear medida cautelar. (STF)

Pessoa física não pode ser amicus curiae em ação de controle concentrado de
constitucionalidade. (STF)

O Procurador da Câmara Municipal dispõe de legitimidade para interpor recurso extraordinário


contra acórdão de Tribunal de Justiça proferido em representação de inconstitucionalidade em
defesa de lei ou ato normativo estadual ou municipal. (STF)

É possível, em tese, o ajuizamento de ADI contra deliberação administrativa de tribunal, desde


que ela tenha conteúdo normativo com generalidade e abstração, devendo, contudo, em regra,
a ação ser julgada prejudicada caso essa decisão administrativa seja revogada. (STF)

Exige-se quórum de maioria absoluta dos membros do STF para modular os efeitos de decisão
proferida em julgamento de recurso extraordinário no caso em que não tenha havido declaração
de inconstitucionalidade. (STF)

Se o STF declarou a lei ou ato inconstitucional 2/3 dos membros.


Se o STF não declarou a lei ou ato inconstitucional Maioria absoluta

Se for editada MP revogando lei que está sendo questionada por meio de ADI, esta ação poderá
ser julgada enquanto a MP não for votada (enquanto a MP não for votada, não há perda do
objeto). (STF)

Coexistindo duas ações diretas de inconstitucionalidade, uma ajuizada perante o tribunal de


justiça local e outra perante o STF, o julgamento da primeira – estadual – somente prejudica o
da segunda – do STF – se preenchidas duas condições cumulativas:
1) se a decisão do Tribunal de Justiça for pela procedência da ação e;
2) se a inconstitucionalidade for por incompatibilidade com preceito da Constituição do Estado
sem correspondência na Constituição Federal. Caso o parâmetro do controle de
constitucionalidade tenha correspondência na Constituição Federal, subsiste a jurisdição do STF
para o controle abstrato de constitucionalidade. (STF)

JÁ CAIU (VUNESP 2023) A alteração da realidade fática não é capaz de tornar inconstitucional
norma que, em princípio, considerava-se como constitucional. (INCORRETO)

Obs.: alteração da realidade fática é capaz de tornar inconstitucional. Exemplo: precedente


do amianto.
“Tendo em vista tais pressupostos teóricos, entendo, no caso, que a Lei no 9.055/1995 passou
por um processo de inconstitucionalização em razão da alteração no substrato fático do
presente caso. Isso porque as percepções dos níveis de consenso e dissenso em torno da
necessidade ou não do banimento do amianto não são mais os mesmos observados quando
da edição da referida norma geral.” STF ADI 3937

32
ORDEM SOCIAL

É um assunto de alta incidência, mas fica restrito a cobrança de lei seca, por isso destaca-se
alguns artigos relevantes:

Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos
Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à
previdência e à assistência social.

JÁ CAIU (VUNESP 2022) Assinale a alternativa correta sobre a seguridade social, a saúde e a
previdência social. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de
iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade e é garantida apenas para a população carente.
(INCORRETO)

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta,
nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
§ 2º A proposta de orçamento da seguridade social será elaborada de forma integrada pelos
órgãos responsáveis pela saúde, previdência social e assistência social, tendo em vista as metas
e prioridades estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias, assegurada a cada área a gestão
de seus recursos.
§ 5º Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou
estendido sem a correspondente fonte de custeio total.

JÁ CAIU (VUNESP 2023) A respeito da Ordem Social, assinale a alternativa que está de acordo
com o disposto na Constituição Federal. Em caráter excepcional os serviços da seguridade
social poderão ser criados sem a correspondente fonte de custeio total. (INCORRETO)

Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.


§ 1º - As instituições privadas poderão participar de forma complementar do sistema único de
saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo
preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.
§ 2º É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições
privadas com fins lucrativos.

EDUCAÇÃO:

Educação infantil, em creche e pré-escola Educação básica obrigatória e gratuita


Até 5 (cinco) anos de idade. 4 aos 17 anos de idade.

Municípios Estados e o Distrito Federal


Atuarão prioritariamente no ensino Atuarão prioritariamente no ensino
fundamental e na educação infantil. fundamental e médio.

JÁ CAIU (VUNESP 2023) Sobre a ordem social na Constituição de 1988, assinale a alternativa
correta: O ensino será ministrado com o intuito de garantir o direito à educação e à
aprendizagem ao longo da vida. (CORRETO)

33
Obs.: Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: IX - garantia do
direito à educação e à aprendizagem ao longo da vida.

JÁ CAIU (VUNESP 2023) A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 211, define que “a
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de colaboração
seus sistemas de ensino”. De acordo com o inciso 2º do referido artigo, os municípios atuarão:
prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil. (CORRETO)

Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal
e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos,
compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino.

UNIÃO ESTADOS/DF/MUNICÍPIOS
18% 25%

Art. 218. O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a pesquisa, a


capacitação científica e tecnológica e a inovação.
§ 2º A pesquisa tecnológica voltar-se-á preponderantemente para a solução dos problemas
brasileiros e para o desenvolvimento do sistema produtivo nacional e regional.
§ 3º O Estado apoiará a formação de recursos humanos nas áreas de ciência, pesquisa,
tecnologia e inovação, inclusive por meio do apoio às atividades de extensão tecnológica, e
concederá aos que delas se ocupem meios e condições especiais de trabalho.
§ 5º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular parcela de sua receita orçamentária a
entidades públicas de fomento ao ensino e à pesquisa científica e tecnológica.

Art. 219. O mercado interno integra o patrimônio nacional e será incentivado de modo a
viabilizar o desenvolvimento cultural e sócio-econômico, o bem-estar da população e a
autonomia tecnológica do País, nos termos de lei federal.

JÁ CAIU (VUNESP 2023) A respeito da Ciência, Tecnologia e Inovação, assinale a alternativa


que está de acordo com a Constituição Federal. O mercado interno integra o patrimônio
nacional e será incentivado de modo a viabilizar o desenvolvimento cultural e
socioeconômico, o bem-estar da população e a autonomia tecnológica do País, nos termos
da lei federal. (CORRETA)

ESTADO DE SÍTIO ESTADO DE DEFESA


Cabimento: comoção grave de Cabimento: preservar ou restabelecer a ordem
repercussão nacional ou ocorrência de pública ou a paz social ameaçadas por grave e
fatos que comprovem a ineficácia de iminente instabilidade institucional ou atingidas
medida tomada durante o estado de por calamidades de grandes proporções na
defesa. Declaração de estado de guerra natureza.
ou resposta a agressão armada
estrangeira.
Congresso Nacional AUTORIZA por Congresso Nacional APROVA por maioria
maioria absoluta. absoluta.
Prazo: no caso de comoção grave de Prazo: 30 dias prorrogável por até 30, se
persistir as razões levaram a decretação.

34
repercussão nacional ou ocorrência de
fato que comprovem a ineficácia: 30 + 30
dias.
Estado de guerra: enquanto durar a
guerra.
Em relação a consulta ao conselho da república e ao conselho de defesa nacional, devem ser
ouvidos, porém não vinculam o Presidente, é apenas opinativo. Presidente decreta tanta o
estado de sítio, quanto o de defesa.

35
22/11/23

DIREITO ADMINISTRATIVO
DELTA

FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO

Fonte primária Fontes secundárias


Lei Doutrina, jurisprudência e costumes.

ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO

Administração Pública em sentido Administração Pública em sentido


amplo restrito
Órgãos de governo que exercem função Somente os órgãos e pessoas jurídicas
política e também os órgãos e pessoas que exercem funções administrativas.
jurídicas com funções administrativas.

ÓRGÃOS PÚBLICOS
→ Não possuem personalidade jurídica própria.
→ Regidos pela estrita legalidade (lei cria e lei extingue. Lei de iniciativa do chefe do
Executivo).

Obs.: É inconstitucional decreto que quer extinguir órgão público.

→ Teoria do órgão ou teoria da imputação volitiva (teoria adotada para explicar a


relação do agente público com órgão ao qual ele está vinculado): a vontade
exteriorizada por um agente público que ocupa um órgão será atribuída à pessoa
jurídica que aquele órgão público integra.

Diluição das competências no âmbito de uma mesma pessoa


jurídica e que se materializa através da criação de órgãos
DESCONCENTRAÇÃO
públicos.
Controle hierárquico ou controle por vinculação (é
permanente e automático, não depende de previsão em lei).
Diluição de competências para melhor desempenho da
atividade administrativa, com a criação de outra pessoa
DESCENTRALIZAÇÃO
jurídica.
Controle por vinculação, finalístico ou tutela, porque a
entidade criada não é subordinada ao ente que a criou. Esse
controle é para verificar se a entidade cumpre os fins para os
quais foi criada.

36
DESCENTRALIZAÇÃO:

A transferência da titularidade e da execução de um serviço a uma


POR SERVIÇO outra pessoa, que deverá ser de direito público, sendo que essa
/OUTORGA
transferência se materializa por meio de uma lei.
Transferência de atribuições e da execução de serviço público a uma
outra pessoa jurídica, essa transferência se dá por meio de um
POR
COLABORAÇÃO
negócio jurídico (geralmente por contrato administrativo ou por ato
/DELEGAÇÃO administrativo).
Normalmente, a delegação é feita por contrato de concessão de
serviço público.

AUTARQUIAS

→ Pessoas jurídicas de direito público CRIADAS por lei.


→ Regime jurídico: hoje é ESTATUTÁRIO. Lembra de toda aquela confusão
envolvendo o regime jurídico único? (Se não lembra, apenas decore que é
regime estatutário, não dá tempo de ler isso agora).
→ Conselhos de fiscalização profissional tem natureza jurídica de autarquia, salvo
a OAB (mas ATENÇÃO: os conselhos não pagam suas dívidas por precatórios).
→ Não podem possuir carro oficial (apenas a Administração Direta pode).

É inconstitucional norma de Constituição Estadual que exige prévia aprovação da


Assembleia Legislativa para nomeação de dirigente de autarquia e fundação pelo
Governador. (STF)

FUNDAÇÃO PÚBLICA

É pessoa jurídica de direito público ou privado? Muitas discussões doutrinárias sobre o


tema, entretanto, prevalece o seguinte:
Pode ser pessoa jurídica de direito público ou de direito privado, isso depende: da
natureza do ato constitutivo + tipo de atividade desempenhada pela fundação.

Lei cria Pessoa jurídica de direito público.


Lei autoriza a criação Pessoa jurídica de direito privado.

→ As fundações públicas de direito privado podem contratar pelo regime celetista.

EMPRESAS PÚBLICAS E SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA

→ Criação: autorização legislativa + inscrição dos atos constitutivos no registro


competente.
→ Estatais que exploram atividade econômica em regime de concorrência com os
particulares não podem receber tratamento diferenciado.

37
→ Estatais que prestam serviços públicos em regime de monopólio:
historicamente, o STF tem permitido que possuam as mesmas prerrogativas da
Fazenda Pública.
→ Bens: privados, SALVO se estiverem afetados à prestação de sérvio público, caso
em que serão considerados bens públicos.
→ Não cabe MS contra ato de dirigente de estatal se for ato de gestão.
→ Empresa pública: capital 100% público.
→ Sociedade de economia mista: poder público detém a maioria do capital votante.
→ A estatal, independentemente do seu objeto, estará sujeita ao controle do
Tribunal de Contas, desde que a medida não implique em interferência na gestão
da empresa.
→ Não é correto dizer que não devem licitar! Seguem ditames de lei própria quanto
à licitação.
→ Devem obediência ao teto constitucional no que tange à remuneração? Apenas
se receberem $ público.
→ É desnecessária, em regra, lei específica para inclusão de sociedade de economia
mista ou de empresa pública em programa de desestatização.
→ Não precisa de autorização legislativa para alienar controle acionário de
subsidiária.
→ A CF veda expressamente que as empresas públicas e as sociedades de economia
mista gozem de privilégios fiscais não extensivos às empresas do setor privado.

JÁ CAIU: De acordo com a jurisprudência do STF, é vedada autorização legislativa


genérica para a criação de subsidiárias de entidades da administração indireta.
(ERRADO)
Para a criação de subsidiária, exige-se autorização legislativa genérica, que pode ser
concedida na lei específica que autorizou a criação da empresa matriz. No entanto,
não há necessidade de qualquer autorização legislativa para a cessão ou alienação de
suas ações, inclusive no tocante ao controle acionário.

AGÊNCIAS REGULADORAS

→ As agências reguladoras são autarquias de regime especial, que tem


características capazes de assegurar reforço na sua autonomia.
→ Elas possuem maior autonomia do que as demais entidades da administração
pública.
→ Seus dirigentes possuem mandato fixo e a nomeação depende de aprovação e
sabatina do Senado.
→ Maior participação popular no processo decisório.
→ Em regra, a imposição de sigilo a processos administrativos sancionadores,
instaurados por agências reguladoras contra concessionárias de serviço público,
é incompatível com a Constituição.
→ Agência reguladora não pode determinar busca e apreensão em domicilio sem
autorização judicial.

38
ATENÇÃO: NÃO CONFUNDA COM AGÊNCIA EXECUTIVA (autarquia ou fundação
pública que celebrou um contrato de gestão com a administração e que possui um
plano de reestruturação).

CONSÓRCIOS PÚBLICOS

→ Pessoa jurídica formada por entes da Federação para estabelecer relações de


cooperação.
→ A finalidade pode ser qualquer atividade administrativa de interesse comum.
→ Pode ter personalidade jurídica de direito público (será considerado associação
pública e terá natureza jurídica de autarquia, integrando a Administração.
Indireta de todos os entes da federação) ou então de direito privado, sem fins
lucrativos.
→ Podem emitir documentos de cobrança e exercer atividades de arrecadação de
tarifas e outros preços públicos pela prestação de serviços.

JÁ CAIU: Municípios podem associar-se para criar agência reguladora intermunicipal


com personalidade jurídica de direito público, sob a forma de associação pública,
dotada de independência decisória e autonomia administrativa, orçamentária e
financeira, integrante da administração indireta de todos os consorciados, inclusive
com possibilidade de o contrato de consórcio de direito público, ratificado com
aprovação de leis municipais, permitir desapropriações. (CORRETO)

O que os consórcios podem fazer?

→ Firmar convênios, contratos, acordos de qualquer natureza, receber auxílios,


contribuições e subvenções sociais ou econômicas de outras entidades e órgãos
do governo.
→ Em consórcio de direito público, promover desapropriações e instituir servidões
nos termos de declaração de utilidade ou necessidade pública, ou interesse
social, realizada pelo Poder Público.
→ Ser contratado pela administração direta ou indireta dos entes da Federação.
→ Regime de pessoal: contratação depende de concurso, será o regime celetista.

PROTOCOLO DE A celebração do contrato interfederativo que dá origem ao


INTENÇÕES E consórcio público dependerá da prévia subscrição dos
CONTRATO integrantes no chamado protocolo de intenções por meio de lei
dos entes federados participantes e publicado na imprensa
oficial.
CONTRATO DE Instrumento pelo qual os entes federados entregam recursos ao
RATEIO consórcio público.
Será celebrado se a finalidade do consórcio for a gestão
CONTRATO DE associada de serviços públicos com transferência da prestação do
PROGRAMA serviço público. Ele pode ser celebrado pelas entidades da
Administração Pública indireta dos entes da Federação
consorciados.

39
ATENÇÃO: NÃO PODE haver consorcio entre a União e o Município diretamente (se o
Estado a que pertence àquele Município não está participando) e nem entre Estado e
um Município de outro Estado não participante.

CONVÊNIOS:

→ Não é uma nova pessoa jurídica.


→ É um acordo entre entes da federação para a gestão associada de serviços
públicos.
→ Não dá origem a uma nova pessoa jurídica.
→ Responsabilidade solidária entre os membros (já que não dá origem a uma nova
PJ).
→ Pode ser formalizado por termo de cooperação.

ENTIDADES TERCEIRO SETOR

Pessoas jurídicas de direito privado, criadas por autorização


Serviços sociais legislativa.
autônomos Não se submetem à licitação.
Prestam serviço de ensino/assistência a determinadas
categorias.
OSCIP Termo de parceria.
(Organização da Atuação em 6 áreas: ensino, pesquisa, desenvolvimento
Sociedade Civil tecnológico, proteção ao meio ambiente, cultura, saúde (não
de Interesse inclui assistência social).
Público) Quem não pode se qualificar como OSCIP? Fundações públicas,
sindicatos, organizações sociais, cooperativas, instituições
religiosas, sociedades comerciais.
OS (Organização Contrato de gestão.
Social) Fundações públicas não podem ser qualificadas como OSCIP’s,
mas podem ser transformadas em organizações sociais, caso em
que deixam de integrar a administração indireta.
OSC (Organização Quais entidades podem ser consideradas organização da
da Sociedade sociedade civil? Entidades privadas sem fins lucrativos,
Civil) sociedades cooperativas, organizações religiosas que se
dediquem a atividades de interesse público e cunho social, a
administração pública direta e indireta.

LICITAÇÕES E CONTRATOS LEI 14.133/21

→ A vigência da Lei 14.133/21 ocorreu de forma imediata, com a sua publicação.


→ Houve revogação imediata dos crimes. Agora, os crimes em licitações e contratos
estão tipificados no Código Penal.

40
→ A revogação da lei 8.666/93 se dará em 30/12/2023 (o prazo foi prorrogado, em
tese seria até abril de 2023).
→ Até a revogação, a Administração poderá optar entre a legislação anterior ou
pelo novo regramento, não sendo possível a combinação das leis.
→ Existe a previsão da criação do Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP)
para divulgação centralizada e obrigatória dos atos exigidos por lei.
→ As licitações serão realizadas PREFERENCIALMENTE sob a forma eletrônica,
admitida a utilização da forma presencial, desde que motivada, devendo a sessão
pública ser registrada em ata e gravada em áudio e vídeo.
→ O valor não é mais fator para definir qual modalidade será adotada, mas sim a
natureza do objeto.

- Contratos que tenham por objeto operação de crédito, interno ou


externo, e gestão de dívida pública, incluídas as contratações de
NÃO se aplica agente financeiro e a concessão de garantia relacionadas a esses
contratos.
- Contratações sujeitas a normas previstas em legislação própria.

→ Tomada de preços e convite foram extintas.


→ Houve também mudanças nas fases. Agora, o julgamento antecede a habilitação
(a habilitação poderá anteceder o julgamento quando constar expressamente no
edital).
→ A lei nova também inovou trazendo a previsão da governança nas contratações

CONCORRÊNCIA Contratação de bens e serviços especiais e de obras e serviços


comuns e especiais de engenharia.
Critério de julgamento poderá ser: menor preço, melhor técnica o
conteúdo artístico, técnica e preço, maior retorno econômico,
maior desconto.
Apenas decore que são diversos prazos.
CONCURSO Escolha de trabalho técnico, científico ou artístico. O vencedor
receberá prêmio ou remuneração.
Critério de julgamento: melhor técnica ou conteúdo artístico
35 dias úteis.
LEILÃO Alienação de bens imóveis ou de bens móveis inservíveis ou
legalmente apreendidos.
Critério de julgamento: maior lance.
15 dias úteis.
PREGÃO Obrigatório para aquisição de bens e serviços comuns
É aplicável também a serviços comuns (especiais NÃO) de
engenharia (lembrando que eles também admitem concorrência)
NÃO se aplica a: bens e serviços especiais, obras, serviços especiais
de engenharia, serviços técnicos especializados de natureza
predominantemente intelectual, locações imobiliárias, alienações
Critério de julgamento: menor preço ou maior desconto
8 dias úteis para bens.

41
10 dias úteis para serviços.
ATENÇÃO: não prevê limitação de valor para a aquisição de
quaisquer bens e serviços comuns.
Licitação para contratação de obras, serviços e compras em que a
Administração Pública realiza diálogos com licitantes previamente
selecionados mediante critérios objetivos, com o intuito de
desenvolver uma ou mais alternativas capazes de atender às suas
DIÁLOGO necessidades, devendo os licitantes apresentar proposta final
COMPETITIVO após o encerramento dos diálogos.
A modalidade diálogo competitivo é restrita a contratações em
que a Administração:
a) vise a contratar objeto que envolva as seguintes condições:
inovação tecnológica ou técnica; impossibilidade de o
órgão ou entidade ter sua necessidade satisfeita sem a
adaptação de soluções disponíveis no mercado; e
impossibilidade de as especificações técnicas serem
definidas com precisão suficiente pela Administração;
b) verifique a necessidade de definir e identificar os meios e
as alternativas que possam satisfazer suas necessidades,
com destaque para os seguintes aspectos: a solução
técnica mais adequada; os requisitos técnicos aptos a
concretizar a solução já definida; a estrutura jurídica ou
financeira do contrato.
Prazos são especiais: 25 dias úteis para manifestação de interesse
e 60 dias úteis para as propostas.

JÁ CAIU VUNESP: Segundo o disposto na Lei nº 14.133/2021, quando em uma


contratação a ser feita pela Administração Pública constatar-se a impossibilidade de
as especificações técnicas serem definidas com precisão suficiente pela
Administração, esta deverá:
c) usar o diálogo competitivo

SOBREPREÇO Preço orçado; Valor expressivamente superior aos preços


de mercado.
Dano ao patrimônio público; Medições inadequada;
SUPERFATURAMENTO Deficiência na execução; Alteração do orçamento com
desequilíbrio em favor do contratado; etc.

CONTRATAÇÃO Regime de contratação de mão de obra para pequenos


POR TAREFA trabalhos por preço certo com ou sem fornecimento de
materiais.
EMPREITADA POR Contrata-se a execução da obra ou do serviço por preço certo
PREÇO ÚNICO de unidades determinadas.

42
CONTRATAÇÃO É licitada com elementos de anteprojeto e prevê o
INTEGRADA desenvolvimento do projeto básico e executivo pelo
contratado.
CONTRATAÇÃO É licitada com projeto básico, com posterior desenvolvimento
SEMI-INTEGRADA do projeto executivo pelo contratado.
EMPREITADA POR ocorre quando se contrata execução de obra ou prestação de
PREÇO GLOBAL serviço por preço certo e total.

É VEDADA a realização de obras e serviços de engenharia sem projeto executivo,


ressalvada a seguinte hipótese: art. 18, § 3º Em se tratando de estudo técnico preliminar
para contratação de obras e serviços comuns de engenharia, se demonstrada a
inexistência de prejuízo para a aferição dos padrões de desempenho e qualidade
almejados, a especificação do objeto poderá ser realizada apenas em termo de
referência ou em projeto básico, dispensada a elaboração de projetos.

Documento de habilitação Documentos de regularidade fiscal


Apenas do licitante vencedor, exceto Em qualquer caso, apenas em momento
quando a fase de habilitação antecede a posterior ao julgamento e apenas do
de julgamento. licitante mais bem classificado.

Alienação Precisa de autorização legislativa, salvo aquisição derivada de


de bens procedimento judicial ou dação em pagamento. Deve haver:
imóveis Interesse público justificado.
Avaliação do bem.
Licitação na modalidade leilão (maior lance), exceto quando é
dispensada.
Alienação Existência de interesse público devidamente justificado.
de bens Avaliação do bem.
móveis Licitação na modalidade leilão (maior lance), salvo quando é dispensada.

Obs.: Para a venda de bens imóveis, será concedido direito de preferência ao licitante
que, submetendo-se a todas as regras do edital, comprove a ocupação do imóvel objeto
da licitação.

DOAÇÃO DE BENS POR PARTE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, COM ENCARGO


Doação com encargos SEM interesse A licitação deve ocorrer.
público
Doação com encargos COM interesse A licitação será DISPENSADA; O interesse
público público deve ser justificado.

INEXIGIBILIDADE DISPENSAVEL DISPENSADA


Competição é inviável. Legislador autoriza que Legislador determina que
Rol exemplificativo. não seja realizada a não seja realizada a
Objetos diversos. licitação. licitação.

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Rol taxativo. Rol taxativo.
Natureza discricionária. Natureza vinculada
Objetos diversos. Objeto é a alienação de
bens.

Quando a licitação será dispensável?


O dispositivo é muito extenso e, no atual momento, não vale perder tempo
tentando decorar todos (inclusive, aqui já vai uma dica: trate de decorar os casos de
inexigibilidade, isso tornará mais fácil responder questões objetivas). Aqui, vamos
inserir algumas hipóteses que acreditamos que podem ser objeto de questionamento
novamente:

Art. 75. É dispensável a licitação:


I - para contratação que envolva valores inferiores a R$ 100.000,00 (cem mil reais), no
caso de obras e serviços de engenharia ou de serviços de manutenção de veículos
automotores;

II - para contratação que envolva valores inferiores a R$ 50.000,00 (cinquenta mil


reais), no caso de outros serviços e compras;

III - para contratação que mantenha todas as condições definidas em edital de licitação
realizada há menos de 1 (um) ano, quando se verificar que naquela licitação:
(LICITAÇÃO DESERTA E LICITAÇÃO FRACASSADA)

a) não surgiram licitantes interessados ou não foram apresentadas propostas


válidas
b) as propostas apresentadas consignaram preços manifestamente superiores aos
praticados no mercado ou incompatíveis com os fixados pelos órgãos oficiais
competentes;

JÁ CAIU (VUNESP 2022) Considere que o Instituto de Previdência pretende adquirir


sistema de informática com o objetivo de viabilizar a tramitação virtual de seus
processos administrativos. Após a publicação de edital, que possui condições de
habilitação válidas, não surgem licitantes interessados na contratação. Passados 6
(seis) meses da realização da licitação, o gestor público responsável pelo projeto
ainda pretende adquirir o sistema, pois entende que a sua implantação dará maior
dinamicidade aos trabalhos internos. Com base nessa situação hipotética e na Lei nº
14.133/21, é correto afirmar que:

c) a contratação poderá ocorrer por dispensa de licitação, devendo o ato que


a autoriza ser divulgado e mantido à disposição do público em sítio
eletrônico oficial.

V - para contratação que tenha por objeto:

m) aquisição de medicamentos destinados exclusivamente ao tratamento de doenças


raras definidas pelo Ministério da Saúde;

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VIII - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência
de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a
continuidade dos serviços públicos ou a segurança de pessoas, obras, serviços,
equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente para aquisição dos
bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as
parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 1 (um)
ano, contado da data de ocorrência da emergência ou da calamidade, VEDADAS a
prorrogação dos respectivos contratos e a recontratação de empresa já contratada com
base no disposto neste inciso;

INEXIGIBILIDADE:

Somente um fornecedor, vedada preferência de marca.


EXCLUSIVIDADE Comprovação mediante: atestado de exclusividade, contrato
de exclusividade, declaração do fabricante, outro documento
idôneo.
Profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou
ARTISTA empresário exclusivo, permanente e contínua; nacional ou
para estado específico; não pode ser para evento ou local
específico. Consagrado pela opinião pública ou crítica
especializada.
SERV. TÉCNICOS Exemplos: estudos, projetos; pareceres; assessorias;
supervisão de obras/serviços; treinamento de pessoal, etc.
Vedado: publicidade e divulgação, subcontratação.
CREDENCIAMENTO Procedimento auxiliar de contratação.
Não existe competição entre os credenciados.
AQUISIÇÃO Quando as características do imóvel tornam necessária
/LOCAÇÃO DE sua escolha, singularidade do imóvel.
IMÓVEL

Obs.: é vedada a atuação na execução do contrato de profissionais distintos daqueles


que tenham justificado a inexigibilidade.

- credenciamento
PROCEDIMENTOS - pré-qualificação
AUXILIARES - procedimento de manifestação de interesse
- sistema de registro de preços
- registro cadastral

SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS: poderá, na forma de regulamento, ser utilizado


nas hipóteses de inexigibilidade e de dispensa de licitação para a aquisição de bens
ou para a contratação de serviços por mais de um órgão ou entidade. O prazo de
vigência da ata de registro de preços será de 1 (um) ano e poderá ser prorrogado, por
igual período, desde que comprovado o preço vantajoso.

45
Hipóteses em que Dispensa de licitação em razão de valor.
o instrumento do Compras com entrega imediata e integral dos bens adquiridos
contrato não é e dos quais não resultem obrigações futuras, inclusive quanto
obrigatório a assistência técnica, independentemente de seu valor.

NULIDADE REVOGAÇÃO
Ao pronunciar a NULIDADE, a autoridade O motivo determinante para a
indicará expressamente os atos com REVOGAÇÃO do processo licitatório
vícios insanáveis, tornando sem efeito deverá ser resultante de fato
todos os subsequentes que deles superveniente devidamente
dependam, e dará ensejo à apuração de comprovado.
responsabilidade de quem lhes tenha
dado causa.

Situação hipotética que pode aparecer na sua prova objetiva: o licitante vencedor,
convocado para a celebração do ajuste, não comparece no prazo estipulado para
tanto. O que será feito?

1º PASSO: será facultado à Administração convocar os licitantes remanescentes, na


ordem de classificação, para a celebração do contrato nas condições propostas pelo
licitante vencedor.
2º PASSO (se infrutífero o primeiro): convocar os licitantes remanescentes para
negociação, na ordem de classificação, com vistas à obtenção de preço melhor,
mesmo que acima do preço do adjudicatário.
3º PASSO (se infrutífero o segundo): Frustradas as negociações para o melhor preço,
adjudicar e celebrar o contrato nas condições ofertadas pelos licitantes
remanescentes, obedecida a ordem classificatória.

CONTRATOS

Sobre as cláusulas exorbitantes: a Administração permanece com o poder de modificar,


unilateralmente, os contratos para melhor adequá-los às finalidades de interesse
público. Já as cláusulas econômico-financeiras não podem ser alteradas sem prévia
concordância do contratado.

→ A critério da autoridade competente, em cada caso, poderá ser exigida,


mediante previsão no edital, prestação de garantia nas contratações de obras,
serviços e fornecimentos (veja que não é obrigatório – a banca faz várias
pegadinhas dizendo que é obrigatório).
→ Caberá ao contratado optar por uma das modalidades de garantia (e não à
administração).
→ Nas contratações de obras, serviços e fornecimentos, a garantia poderá ser de
até 5% (cinco por cento) do valor inicial do contrato, autorizada a majoração

46
desse percentual para até 10% (dez por cento), desde que justificada mediante
análise da complexidade técnica e dos riscos envolvidos.
→ Nos casos de contratos que impliquem a entrega de bens pela Administração,
dos quais o contratado ficará depositário, o valor desses bens deverá ser
acrescido ao valor da garantia.

É possível contrato verbal?


É nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com a Administração, salvo o de
pequenas compras ou o de prestação de serviços de pronto pagamento, assim
entendidos aqueles de valor não superior a R$ 10.000,00 (dez mil reais).
A substituição da contraprestação inicialmente ajustada no contrato de
concessão, sem alteração dos demais encargos e das obrigações previstas entre
as partes, ofende a ordem pública administrativa (STJ).

DURAÇÃO DOS CONTRATOS


Quando ultrapassar 1 Deve ser verificada a disponibilidade de créditos
exercício financeiro: orçamentários + previsão no plano plurianual.

Prazo de até 5 anos - Hipótese de serviços e fornecimento contínuo.


- Aplica-se a aluguel de equipamentos e à utilização
de programas de informática. O contrato que previr
a operação continuada de sistemas estruturantes de
tecnologia da informação poderá ter vigência
máxima de 15 (quinze) anos.
- Administração deverá atestar, no início da
contratação e de cada exercício, a existência de
créditos orçamentários vinculados à contratação e a
vantagem em sua manutenção.

Vigência por prazo Administração poderá estabelecer a vigência por


indeterminado prazo indeterminado nos contratos em que seja
usuária de serviço público oferecido em regime de
monopólio, desde que comprovada, a cada exercício
financeiro, a existência de créditos orçamentários
vinculados à contratação.

Fato do príncipe Evento que decorre da Adm. Pública em geral, não


especificamente relacionada ao contrato.
Fato da Administração Evento que decorre da Adm. Pública contratante, relacionada
ao contrato.
Fortuito/força maior Fatos da natureza ou de ação humana.
Elementos materiais preexistentes, mas que sejam
Interferências desconhecidos no momento da celebração do contrato e que
imprevistas são conhecidos posteriormente.

47
Art. 138. A extinção do contrato poderá ser:
I - determinada por ato unilateral e escrito da Administração, exceto no caso de
descumprimento decorrente de sua própria conduta;
II - consensual, por acordo entre as partes, por conciliação, por mediação ou por comitê
de resolução de disputas, desde que haja interesse da Administração;
III - determinada por decisão arbitral, em decorrência de cláusula compromissória ou
compromisso arbitral, ou por decisão judicial.
§ 1º A extinção determinada por ato unilateral da Administração e a extinção
consensual deverão ser precedidas de autorização escrita e fundamentada da
autoridade competente e reduzidas a termo no respectivo processo.

JÁ CAIU: Toda alteração de contrato de obras e serviços de engenharia deve conduzir


à apuração de responsabilidade do responsável técnico e ao ressarcimento dos danos.
(ERRADO)
Só se houver algum indício de irregularidade.

JÁ CAIU: Em casos justificados, pode haver, ainda que sem termo aditivo, a execução
de prestações determinadas pela administração pública distintas das originalmente
contratadas. (CORRETO)
Art. 132, caput, Lei 14.133/21 - "A formalização do termo aditivo é condição para a
execução, pelo contratado, das prestações determinadas pela Administração no curso
da execução do contrato, salvo nos casos de justificada necessidade de antecipação de
seus efeitos, hipótese em que a formalização deverá ocorrer no prazo máximo de 1
(um) mês."

Declaração de inidoneidade:
→ Não gera a automática extinção do contrato.
→ De acordo com a jurisprudência pacífica do STJ, gera efeitos ex nunc, ou seja,
prospectivos. Assim, tal sanção afeta futuros contratos, mas não os vigentes ou
passados.
→ Cabe à administração decidir se rescinde ou não o contrato.

JÁ CAIU: a autoridade administrativa competente, ao decidir sobre a validade de um


contrato administrativo, deverá considerar as circunstâncias práticas que
condicionaram a ação do agente. (CORRETO)
LINDB Art. 22, § 1º Em decisão sobre regularidade de conduta ou validade de ato,
contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, serão consideradas as
circunstâncias práticas que houverem imposto, limitado ou condicionado a ação do
agente.

ATENÇÃO: Na nova lei, constatada irregularidade, a medida imediata a ser tomada não
é a automática anulação do contrato.
Primeiro, é necessário verificar a possibilidade de saneamento e se a invalidação é
medida de interesse público, uma vez que, mesmo irregular, o contrato poderá ser
continuado se sua anulação e consequente paralização da prestação do serviço não

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forem medidas de interesse público, considerando, por exemplo, os riscos sociais,
ambientais e a segurança da população local.

Infrações e sanções administrativas

- Advertência
Sanções previstas - Multa
pela lei - Impedimento de licitar e contratar.
- Declaração de inidoneidade para licitar ou contratar.

- A natureza e a gravidade da infração cometida.


- As peculiaridades do caso concreto.
Na aplicação das - As circunstâncias agravantes ou atenuantes.
sanções serão - Os danos que dela provierem para a Administração Pública.
considerados - A implantação ou o aperfeiçoamento de programa de
integridade, conforme normas e orientações dos órgãos de
controle.

A ADVERTÊNCIA será aplicada exclusivamente pela infração de “dar causa à inexecução


parcial do contrato”, quando não se justificar a imposição de penalidade mais grave.

Quando aplicada por órgão do Poder Executivo, será de


competência exclusiva de ministro de Estado, de secretário
Sobre a declaração estadual ou de secretário municipal e, quando aplicada por
de inidoneidade para autarquia ou fundação, será de competência exclusiva da
licitar ou contratar autoridade máxima da entidade.
Quando aplicada por órgãos dos Poderes Legislativo e
Judiciário, pelo Ministério Público e pela Defensoria Pública
no desempenho da função administrativa, será de
competência exclusiva de autoridade de nível hierárquico
equivalente às autoridades descritas acima.

Na aplicação da pena de Será facultada a defesa do interessado no prazo de


multa 15 dias úteis, contado da data da intimação.
Na aplicação das sanções de Será instaurado processo de responsabilização, a ser
impedimento e declaração conduzido por comissão composta por 2 ou mais
de inidoneidade servidores estáveis.

A prescrição corre em 5 anos - Interrompida pela instauração do processo de


contados da ciência da responsabilização.
infração pela Administração - Suspensa pela celebração de acordo de leniência.
e será: - Suspensa por decisão judicial que inviabilize a
conclusão da apuração administrativa.

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Poderá ocorrer sempre que utilizada com abuso do
DESCONSIDERAÇÃO DA direito para facilitar, encobrir ou dissimular a prática dos
PERSONALIDADE atos ilícitos previstos nesta Lei ou para provocar confusão
JURÍDICA patrimonial, e, nesse caso, todos os efeitos das sanções
aplicadas à pessoa jurídica serão estendidos aos seus
administradores e sócios com poderes de administração,
a pessoa jurídica sucessora ou a empresa do mesmo ramo
com relação de coligação ou controle, de fato ou de
direito, com o sancionado, observados, em todos os
casos, o contraditório, a ampla defesa e a
obrigatoriedade de análise jurídica prévia.

- Reparação integral do dano.


- Pagamento da multa.
É admitida a reabilitação - Transcurso do prazo mínimo de 1 (um) ano da
do licitante ou contratado aplicação da penalidade, no caso de impedimento de
perante a própria licitar e contratar, ou de 3 (três) anos da aplicação da
autoridade que aplicou a penalidade, no caso de declaração de inidoneidade.
penalidade, exigidos, - Cumprimento das condições de reabilitação definidas
cumulativamente no ato punitivo.
- Análise jurídica prévia, com posicionamento conclusivo
quanto ao cumprimento dos requisitos definidos neste
artigo.

Apresentar declaração ou documentação falsa A sanção por essas infrações


exigida para o certame ou prestar declaração exige, como condição de
falsa durante a licitação ou a execução do reabilitação do licitante ou
contrato. contratado, a implantação ou
aperfeiçoamento de programa
Praticar ato lesivo previsto na lei anticorrupção. de integridade pelo responsável.

ATOS ADMINISTRATIVOS

JÁ CAIU: Os fatos e os atos administrativos podem ser vinculados ou discricionários,


conforme a carga de liberdade no exercício da vontade do agente
administrativo. (ERRADO)
Fatos administrativos são acontecimentos verificados no plano fático, os quais
ocasionam efeitos na órbita do direito administrativo. Não existem fatos vinculados e
fatos discricionários.

REQUISITOS ATRIBUTOS
Competência Presunção de legalidade
Finalidade Autoexecutoriedade

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Forma Tipicidade
Motivo Imperatividade
Objeto

JÁ CAIU: Segundo a teoria dos motivos determinantes, quando a administração


pública declara a motivação de um ato administrativo discricionário, a validade desse
ato fica vinculada à existência e à veracidade dos motivos por ela apresentados como
fundamentação. (CORRETO)

Extinção dos atos administrativos:

REVOGAÇÃO ANULAÇÃO
Invalidação por razões de conveniência Extinção do ato que viola a lei vigente ao
ou oportunidade da Administração. tempo de sua prática ou então quando
há vícios nos elementos de formação dos
Possui efeitos ex nunc. atos.

Apenas a administração pode revogar. A anulação produz efeitos ex tunc.

Podem ser revogados os atos Qualquer ato pode ser anulado e deve
discricionários, legais (se for ilegal será ser assegurado contraditório e ampla
anulado) e que gere efeitos (atos defesa quando puder interferir na esfera
exauridos não podem ser revogados). de direitos de particulares.

Qual o prazo para anulação?


Em regra, 5 anos (contados da data em que o ato foi praticado). Exceção: comprovada
má fé e afronta direta à CF.

JÁ CAIU VUNESP: nem todo ato inválido é um ato ilícito, existem atos com
irregularidade irrelevante, que não apresentam vício jurídico, e atos com
irregularidade suprível. (CORRETO)

É inconstitucional lei estadual que estabeleça prazo decadencial de 10 (dez) anos para
anulação de atos administrativos reputados inválidos pela Administração Pública
estadual. (STF)

Súmula 473-STF: A administração pode anular os seus próprios atos, quando eivados de
vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e
ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.

CASSAÇÃO Se o beneficiário descumprir as condições permissivas da


manutenção de ato jurídico vinculado e seus efeitos, ocorrerá a
cassação.

51
CADUCIDADE CONTRAPOSIÇÃO
O ato administrativo é invalidado em A extinção do ato administrativo decorre
face de uma norma jurídica posterior da edição de novo ato que produz efeito
que traz como consequência expressa ou contraposto.
tácita a impossibilidade de manutenção
do ato até então válido.

SANATÓRIA

Convalidação:
→ Objetiva confirmar o ato originário, no todo ou em parte, com efeitos
retroativos.
→ Pode recair sobre atos já exauridos (porque tem efeitos retroativos).
→ Só cabe em atos anuláveis, com defeitos sanáveis. Como vícios na forma, na
competência (quando não for exclusiva) e no objeto, quando plúrimo.

Confirmação:
→ o ato é mantido no ordenamento jurídico pela administração por razões de
segurança jurídica. Confirma-se o ato sem expurgar o vício.

ATOS ORDINATÓRIOS Instruções, portarias, circulares.


ATOS PUNITIVOS Punição a particulares e servidores.
ATOS ENUNCIATIVOS Certidão, arrestado, parecer, apostila.
ATOS NEGOCIAIS Licença, autorização, permissão.
ATOS NORMATIVOS Inst. normativas, decreto, regulamentos.

JÁ CAIU: Licença é o ato administrativo unilateral e vinculado pelo qual a


administração pública faculta àquele que preencha os requisitos legais o exercício de
uma atividade. (CORRETO)

PODERES
O abuso de poder se subdivide em:

Excesso A autoridade pública atua fora dos limites de sua competência - VÍCIO
de Poder: DE COMPETÊNCIA.
Desvio de O agente público visa interesses individuais OU a autoridade busca o
Poder interesse público, mas NÃO respeita a finalidade da lei para determinado
ato - VÍCIO NA FINALIDADE.

JÁ CAIU: No exercício do poder de polícia, a administração pública pode editar atos


de caráter normativo com conteúdo genérico e abstrato, tal como resolução que
discipline o exercício de determinada profissão. (CORRETO)

ATENCÃO AQUI! Muitos candidatos erraram essa questão pensando que se tratava do
poder regulamentar, e não poder de polícia.

52
Poder de polícia em sentido amplo Poder de polícia em sentido estrito

Poder de polícia envolve tanto a Poder de polícia significa o exercício da


atividade legislativa, que inova na ordem função administrativa, fundada na lei,
jurídica com a criação de direitos e que restringe e condiciona o exercício de
obrigações, quanto a atividade direitos e atividades privadas.
administrativa, que executa os termos
da lei.

Poder de Polícia Poder Disciplinar


Vínculo geral entre a Adm. Pública e os Vínculo específico entre a Adm. Pública e
particulares. os particulares.

É constitucional a delegação do poder de polícia, por meio de lei, a pessoas jurídicas de


direito privado integrantes da Administração Pública indireta de capital social
majoritariamente público que prestem exclusivamente serviço público de atuação
própria do Estado e em regime não concorrencial. (STF).

JÁ CAIU: De acordo com a jurisprudência do STF a respeito do poder de polícia, a


teoria do ciclo de polícia compõe-se, em sua totalidade, das fases de ordem,
consentimento, fiscalização e sanção, sendo apenas a ordem impassível de delegação
a pessoas jurídicas de direito privado. (CORRETO)

IMPROBIDADE

→ As condutas de improbidade devem ser necessariamente dolosas. Não existe


mais improbidade culposa.
→ Considera-se DOLO a vontade livre e consciente de alcançar o resultado ilícito
tipificado, NÃO BASTANDO a voluntariedade do agente.
→ O fato de alguém ser sócio ou diretor de uma pessoa jurídica que está sendo
processada por improbidade não conduz a sua responsabilização, que depende
da comprovação de participação e benefícios diretos.

Modalidade de Quando a inobservância da lei ou regulamento não


improbidade que causa implicar perda patrimonial, NÃO ocorrerá imposição de
lesão ao erário: ressarcimento.
Modalidade de Exige lesividade RELEVANTE para o bem jurídico
improbidade que atenta tutelado, mas independem do reconhecimento de lesão
contra os princípios: ao erário ou enriquecimento ilícito.

53
ENRIQUECIMENTO LESÃO AO ERÁRIO VIOLAÇÃO PRINCÍPIOS
ILÍCITO
- Perda da função pública - Perda da função pública. - Pagamento multa civil
- Multa civil equivalente - Multa civil equivalente até 24X o valor da
ao valor do acréscimo ao valor do dano. remuneração do agente.
patrimonial - Suspensão direitos - Proibição de contratar
- Suspensão dos direitos políticos até 12 anos. com o poder público etc.:
políticos por até 14 anos - Proibição de contratar não superior a 4 anos.
- Proibição de contratar com o poder público etc.:
com o poder público etc.: não superior a 12 anos.
não superior a 14 anos.

NÃO se aplica na hipótese de violação a princípios.


Atinge apenas o vínculo de mesma qualidade e natureza que o agente
PERDA público ou político detinha com o poder público na época do cometimento
DA da infração.
FUNÇÃO EXCEÇÃO: em caso de enriquecimento ilícito, o magistrado pode, em
PÚBLICA caráter excepcional, estendê-la aos demais vínculos, consideradas as
circunstâncias do caso e a gravidade da infração.

As sanções de suspensão de direitos políticos e de proibição


20 ANOS de contratar ou de receber incentivos fiscais ou creditícios
do poder público observarão o LIMITE MÁXIMO DE 20
(VINTE) ANOS.

DOBRO MULTA pode ser aumentada até o DOBRO.

DELEGADO – PCSP – 2022 - VUNESP:


A sanção da perda da função pública em decorrência da prática de ato de
improbidade administrativa que cause lesão ao erário somente atinge o vínculo de
mesma qualidade e natureza que o agente público detinha com o poder público na
época do cometimento da infração. (CORRETO)

É proibido que a sanção pela prática de improbidade administrativa limite-se à


aplicação da pena de multa, independentemente do ressarcimento do dano e da
perda dos valores obtidos, quando for o caso. (INCORRETO) as sanções podem ser
aplicadas isolada ou cumulativamente.

As sanções previstas na Lei de Improbidade Administrativa poderão ser executadas


após decisão de segunda instância, que tenha apreciado o mérito da ação.
(INCORRETO) SOMENTE após o trânsito em julgado.

A indisponibilidade de bens será realizada levando em consideração a estimativa de


dano prevista na petição inicial, sendo vedada a substituição da penhora em dinheiro
por fiança bancária ou seguro- -garantia judicial. (INCORRETO) não é vedada.

54
Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário a conduta
dolosa ou culposa que enseje perda patrimonial de entidade administrativa.
(INCORRETO). Só dolosa!

→ Em caráter EXCEPCIONAL e por motivos relevantes devidamente justificados, a


sanção de PROIBIÇÃO DE CONTRATAÇÃO COM O PODER PÚBLICO pode
extrapolar o ente público lesado pelo ato de improbidade.
→ Se ocorrer lesão ao patrimônio público, a reparação do dano a que se refere esta
Lei deverá DEDUZIR o ressarcimento ocorrido nas instâncias criminal, civil e
administrativa que tiver por objeto os mesmos fatos.
→ No caso de atos de menor ofensa aos bens jurídicos tutelados por esta Lei, a
sanção LIMITAR-SE-Á à aplicação de MULTA, sem prejuízo do ressarcimento do
dano e da perda dos valores obtidos.
→ Denúncias anônimas NÃO são admitidas.

Representar à autoridade Qualquer pessoa


administrativa
Propor ação de improbidade MP

ATENÇÃO: DISPOSIÇÃO DECLARADA INCONSTITUCIONAL PELO STF.


Antes da alteração da lei, as pessoas jurídicas interessadas também eram legitimadas
a propor ação de improbidade e o acordo de não persecução cível. A alteração
legislativa restringiu ao MP, entretanto, em agosto de 2022, o STF declarou
inconstitucional essa disposição.

INDISPONIBILIDADE DE BENS

→ Pode ter caráter incidental ou antecedente.


→ Não depende da representação ao MP.
→ Depende da demonstração de perigo de dano irreparável ou de risco ao
resultado útil do processo .
→ Oitiva prévia do réu em 5 dias antes de decidir, salvo se houver urgência ou
perigo de inefetividade.
→ Se houver + de 1 réu, a indisponibilidade não pode superar o valor indicado na
inicial.
→ Valor da indisponibilidade: estimativa do dano.
→ A indisponibilidade recai apenas sobre bens que assegurem exclusivamente o
integral ressarcimento de dano ao erário. Não incide sobre os valores a serem
eventualmente aplicados a título de multa civil ou sobre acréscimo patrimonial
decorrente de atividade lícita.
→ A ordem de indisponibilidade de bens deverá PRIORIZAR veículos de via
terrestre, bens imóveis, bens móveis em geral, semoventes, navios e aeronaves,
ações e quotas de sociedades simples e empresárias, pedras e metais preciosos
e, apenas na inexistência desses, o bloqueio de contas bancárias.

55
→ É VEDADA a decretação de indisponibilidade da quantia de até 40 (quarenta)
salários mínimos depositados em caderneta de poupança, em outras aplicações
financeiras ou em conta corrente.
→ É VEDADA a decretação de indisponibilidade do bem de família do réu, SALVO
se comprovado que o imóvel seja fruto de vantagem patrimonial indevida.
→ Onde será proposta a ação? No foro do local onde ocorrer o dano ou da PJ
prejudicada. A propositura da ação irá prevenir o juízo.
→ Pode recair sobre bens de terceiros? Apenas quando comprovado a efetiva
concorrência para os atos de improbidade.
→ Pode recair sobre pessoa jurídica? Apenas de houver instauração de incidente
de desconsideração de personalidade.

ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO CÍVEL

→ A alteração legislativa excluiu dos legitimados à propositura a pessoa jurídica


lesada, entretanto, essa disposição foi declarada inconstitucional pelo STF.
→ Para a celebração do acordo é necessário o ressarcimento do dano e a reversão
à pessoa jurídica lesada da vantagem indevida obtida, ainda que oriunda de
agentes privados.
→ Momento: pode ser celebrado a todo momento, inclusive na fase recursal.
→ Para fins de apuração do valor do dano a ser ressarcido, deverá ser realizada a
oitiva do Tribunal de Contas competente, que se manifestará, com indicação dos
parâmetros utilizados, no prazo de 90 (noventa) dias.

8 ANOS As sanções prescrevem em 8 (oito) anos, contados a partir da


ocorrência do fato ou, no caso de infrações permanentes, do dia em
que cessou a permanência.
180 DIAS A instauração de inquérito civil ou de processo administrativo para
apuração dos ilícitos referidos nesta Lei.
SUSPENDE o curso do prazo prescricional por, no máximo, 180 (cento
e oitenta) dias corridos.
365 DIAS inquérito civil para apuração do ato de improbidade será concluído no
(+365) prazo de 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias corridos, prorrogável
uma única vez por igual período.
30 DIAS a ação deverá ser proposta no prazo de 30 (trinta) dias, se
não for caso de arquivamento do inquérito civil.

Interrupção da prescrição:

→ Ajuizamento da ação de improbidade administrativa;


→ Publicação da sentença condenatória;
→ Publicação de decisão ou acórdão de Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional
Federal que confirma sentença condenatória ou que reforma sentença de
improcedência;

56
→ Publicação de decisão ou acórdão do Superior Tribunal de Justiça que confirma
acórdão condenatório ou que reforma acórdão de improcedência;
→ Publicação de decisão ou acórdão do Supremo Tribunal Federal que confirma
acórdão condenatório ou que reforma acórdão de improcedência.

ATENÇÃO: Interrompida a prescrição, o prazo recomeça a correr do dia da


interrupção, pela metade do prazo previsto no caput deste artigo.

JÁ CAIU: O regime prescricional da nova lei de improbidade é irretroativo, mesmo que


a norma seja mais benéfica ao acusado. (CORRETO)

Competência para julgar ação de improbidade proposta por Município contra ex-
prefeito que não prestou contas de convênio federal. Nas ações de ressarcimento ao
erário e improbidade administrativa ajuizadas em face de eventuais irregularidades
praticadas na utilização ou prestação de contas de valores decorrentes de convênio
federal, o simples fato de as verbas estarem sujeitas à prestação de contas perante o
Tribunal de Contas da União, por si só, não justifica a competência da Justiça Federal.
(STJ)

ATENÇÃO: NÃO CONFUNDA!


As Súmulas 208 e 209 do STJ provêm da 3ª Seção do STJ e versam hipóteses de fixação
da competência em matéria penal.

Súmula 208-STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar prefeito municipal por
desvio de verba sujeita a prestação de contas perante órgão federal
Súmula 209-STJ: Compete à justiça estadual processar e julgar prefeito por desvio de
verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal.

Nas ações de improbidade administrativa, a competência cível da Justiça Federal é


definida em razão da presença das pessoas jurídicas de direito público na relação
processual e não em razão da natureza da verba em discussão, afasta-se, assim, a
incidência das Súmulas n. 208 e 209 do Superior Tribunal de Justiça, por versarem
sobre a fixação de competência em matéria penal.

JURISPRUDÊNCIA
• Inconstitucionalidade da restrição da legitimidade para ajuizamento da ação e
para a realização de acordo. Desse modo, fica restabelecida a existência de
legitimidade ativa concorrente e disjuntiva entre o Ministério Público e as pessoas
jurídicas interessadas para a propositura da ação por ato de improbidade
administrativa e para a celebração de acordos de não persecução civil. (STF)
• Não deve existir obrigatoriedade de defesa judicial do agente público que
cometeu ato de improbidade por parte da Advocacia Pública, pois a sua
predestinação constitucional, enquanto função essencial à Justiça, identifica-se
com a representação judicial e extrajudicial dos entes públicos. Contudo, permite-

57
se essa atuação em caráter extraordinário e desde que norma local assim
disponha. (STF)
• A norma benéfica da Lei 14.230/2021 — revogação da modalidade culposa do ato
de improbidade administrativa —, é IRRETROATIVA, em virtude do artigo 5º,
inciso XXXVI, da Constituição Federal, não tendo incidência em relação à eficácia
da coisa julgada; nem tampouco durante o processo de execução das penas e seus
incidentes; (STF)
• A nova Lei 14.230/2021 aplica-se aos atos de improbidade administrativa culposos
praticados na vigência do texto anterior da lei, porém sem condenação transitada
em julgado, em virtude da revogação expressa do texto anterior; devendo o juízo
competente analisar eventual dolo por parte do agente; (STF)
• O novo regime prescricional previsto na Lei 14.230/2021 é IRRETROATIVO,
aplicando-se os novos marcos temporais a partir da publicação da lei. (STF)
• A contratação de servidores públicos temporários sem concurso público, mas
baseada em legislação local, não configura a improbidade administrativa prevista
no art. 11 da Lei nº 8.429/92, por estar ausente o elemento subjetivo (dolo),
necessário para a configuração do ato de improbidade violador dos princípios da
administração pública. (STJ)
• É viável o prosseguimento de ação de improbidade administrativa exclusivamente
contra particular quando há pretensão de responsabilizar agentes públicos pelos
mesmos fatos em outra demanda conexa (STJ)
• Mesmo que o juiz reconheça a prescrição das penas pela prática do ato de
improbidade, a ação poderá continuar para analisar o pedido de ressarcimento ao
erário, não sendo necessária uma ação autônoma apenas para discutir isso (STJ)

JURIS EM TESES (STJ):


• A aplicação da pena de demissão por improbidade administrativa não é
exclusividade do Judiciário, sendo passível a sua incidência no âmbito do processo
administrativo disciplinar.
• Compete à autoridade administrativa aplicar a servidor público a pena de
demissão em razão da prática de improbidade administrativa,
independentemente de prévia condenação, por autoridade judicial, à perda da
função pública.
• Nas ações de improbidade administrativa, é indevido o ressarcimento ao erário
de valores gastos com contratações, ainda que ilegais, quando efetivamente
houve contraprestação dos serviços, sob pena de enriquecimento ilícito da
Administração.
• Caracterizada a improbidade administrativa por dano ao erário, a devolução dos
valores é imperiosa e deve vir acompanhada de pelo menos uma das sanções
legais que visam a reprimir a conduta ímproba, pois o ressarcimento não constitui
penalidade propriamente dita, mas sim consequência imediata e necessária do
prejuízo causado.
• Na hipótese de solidariedade entre os corréus na ação de improbidade
administrativa, o bloqueio do valor total determinado pelo juiz para assegurar o
ressarcimento ao erário poderá recair sobre o patrimônio de qualquer um deles,

58
vedado o bloqueio do débito total em relação a cada um dos coobrigados, tendo
em vista a proibição do excesso na cautela.
• O agente político eleito tem legitimidade ativa para ajuizar pedido de suspensão
com o objetivo de sustar efeitos de decisão que o afastou cautelarmente do cargo
para apuração de atos de improbidade administrativa.

BENS PÚBLICOS

Se subdividem em:
Bens de uso comum do Bens de uso especial Dominicais (aqueles que não
povo ex: rios (ex: um edifício onde se encontram afetados a
funciona a sede de uma nenhuma finalidade. ex:
secretaria terreno abandonado)

→ Os bens públicos que gozam de presunção absoluta de inalienabilidade são os


de uso comum do povo.
→ Os bens de uso especial podem ser alienados após sua desafetação, assim, a
desafetação é um dos requisitos necessários que deve anteceder a alienação de
bem público que tenha destinação específica.
→ Os bens dominicais são desafetados e, como tais, podem ser alienados.

Tanto a afetação quanto a desafetação de bens públicos podem ser expressas (formais)
ou tácitas (materiais), e quando formais devem respeitar o princípio da simetria e a
hierarquia dos atos jurídicos.

AFETAÇÃO Administração se vale de veículo formal para explicitar que um


EXPRESSA dado bem passa a ostentar finalidade pública
AFETAÇÃO Ex: apropriação indireta. O Poder Público não externa,
TÁCITA formalmente, que o bem está afetado, mas sua utilização em prol
de uma finalidade pública exibe as características da afetação.

DESAFETAÇÃO Há ato formal que manifesta a desafetação do bem.


EXPRESSA
DESAFETAÇÃO Ex: destruição completa do bem em razão de um evento da
TÁCITA natureza.

ATENÇÃO: não é possível a desafetação pelo não uso do bem, ainda que prolongado

JÁ CAIU (VUNESP 2023 - adaptada) a alienação regular de bens públicos pressupõe,


além da autorização legal genérica, avaliação econômica do bem e declaração de
inexigibilidade de licitação. (INCORRETA)

59
Obs.: existem 2 informações erradas na assertiva:
1. A autorização legislativa destina-se aos bens imóveis e deve ser específica, e
não genérica;
2. Não se aplica a inexigibilidade de licitação à alienação de bens públicos, mas,
sim, pode ser aplicável a dispensa

Princípio da imprescritibilidade dos bens públicos: os bens públicos são insuscetíveis


de usucapião.

Súmula 617 do STJ: "A ocupação indevida de bem público configura mera detenção, de
natureza precária, insuscetível de retenção ou indenização por acessões e benfeitorias."

CONCESSÃO DE USO DE BEM PERMISSÃO DE USO DE BEM AUTORIZAÇÃO DE USO DE


PÚBLICO PÚBLICO BEM PÚBLICO
- Contrato - Ato administrativo - Ato administrativo
- Concede ao particular o unilateral e precário. unilateral e precário.
uso do bem a título não - Devem ser atendidos o - Interesse atendido é o
precário. interesse público e o do particular.
- Interesse público. interesse privado do
- Em regra, precedido de particular.
licitação.

INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE PRIVADA

Limitação administrativa:
→ Intervenções impostas por atos normativos de caráter geral, os quais impõe
obrigações positivas ou negativas para proprietários indeterminado.
→ Pode incidir sobre móveis, imóveis, serviços, atividades.
→ Em regra, não gera direito à indenização.

Se, quando o proprietário adquiriu o imóvel, já havia a restrição administrativa ele não
poderá pedir indenização, salvo se se tratar de negócio jurídico gratuito ou se for
vulnerável econômico. (STJ)

Imóvel do particular foi incluído em unidade de conservação. Houve, no caso, uma


limitação administrativa. Ele ajuizou ação de desapropriação indireta pedindo
indenização. Mesmo não tendo havido desapropriação indireta, mas sim mera limitação
administrativa, o juiz deverá conhecer da ação e julgar seu mérito. Devem ser
observados os princípios da instrumentalidade das formas e da primazia da solução
integral do mérito. (STJ)

Servidão administrativa:
→ Autoriza o poder público a utilizar propriedade privada para a execução de
serviços públicos. Só incide sobre imóveis.

60
→ É um direito real sobre coisa alheia – haverá o serviente (bem privado) e o
dominante (administração pública).
→ Na servidão, a administração pública não toma a propriedade, apenas a utiliza
em conjunto com o particular, independentemente de autorização deste.

Requisição administrativa:
→ Existira em caso de perigo público iminente.
→ Incide sobre bens móveis, imóveis, serviços, etc.
→ A indenização será posterior e se houver dano.
→ Não pode recair sobre bens públicos de outro ente federativo em uma situação
de normalidade institucional (é possível em caso de estado de defesa ou estado
de sítio).

Ocupação temporária:
→ Forma de intervenção pela qual o Poder Público usa transitoriamente imóveis
privados, como meio de apoio à execução de obras e serviços públicos.

Tombamento:
→ Proteger o patrimônio histórico e cultural. É instituído por processo
administrativo. É uma restrição parcial da propriedade, o poder público
condiciona o uso. Pode recair sobre bens móveis e imóveis, mas não pode recair
sobre bens incorpóreos.
→ Obs: bem público pode ser tombado e não existe necessidade de respeito a
hierarquia federativa. Ex: município pode tombar bem do Estado.
→ Tombamento gera indenização? Apenas se trouxer encargos ao proprietário.
→ Tombamento não pode impedir o uso da propriedade pelo particular.

Desapropriação:
→ Intervenção supressiva (única forma de intervenção do Estado na propriedade
que gera a perda da propriedade).
→ É sempre indenizável.
→ A hierarquia federativa deve ser observada. O Município não pode desapropriar
um bem da União, por exemplo.
→ Não se confunde com confisco (confisco se fundamenta na pratica de uma
atividade criminosa pelo proprietário e não há indenização).
→ Bem público não pode ser usucapido, mas pode sofrer desapropriação, devendo
ser respeitada a hierarquia federativa.
→ É possível a desistência da desapropriação pela Administração Pública, a
qualquer tempo, mesmo após o trânsito em julgado, desde que ainda não tenha
havido o pagamento integral do preço e o imóvel possa ser devolvido sem
alteração substancial que impeça que seja utilizado como antes.
→ Desapropriação indireta é o apossamento de bem de particular pelo poder
público sem a correta observância dos requisitos da declaração e indenização
prévia.

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DELEGADO – PCSP 2022 - VUNESP: De acordo com o Superior Tribunal de Justiça, o
prazo prescricional aplicável à desapropriação indireta, na hipótese em que poder
público tenha realizado obras no local ou atribuído natureza de utilidade pública ou
de interesse social ao imóvel, é de 10 ANOS. (CORRETO).

DELEGADO – PCSP 2018 - VUNESP: A servidão administrativa é a intervenção na


propriedade particular que decorre da instituição de direito real, impondo ao
proprietário a obrigação de suportar ônus parcial sobre o imóvel de sua propriedade,
em benefício de serviço público ou de um bem afetado a um serviço público.
(CORRETO)

Em regra, o tombamento de bens pela Administração, para a preservação de


interesses de caráter histórico e cultural, exigirá a prévia indenização do proprietário
em valor equivalente ao ônus de preservação a ele imposto. (INCORRETO) Não há
prévia indenização.

A desapropriação de bens imóveis ocorrerá sempre mediante prévia indenização em


dinheiro, conforme expressa determinação da Constituição. (INCORRETO). A CF/88
traz casos em que a desapropriação não é indenizada em dinheiro ou sequer é
indenizada (Desapropriação confiscatória - plantas psicotrópicas/trabalho escravo)!

O que a pessoa pode fazer caso tenha sofrido uma desapropriação indireta?

A) Se o bem expropriado ainda não está sendo utilizado em nenhuma finalidade


pública: pode ser proposta uma ação possessória com o objetivo de que a pessoa
mantenha ou retome a posse do bem.
B) Se o bem expropriado já está afetado a uma finalidade pública: considera-se que
houve fato consumado e somente restará ao particular ajuizar uma “ação de
desapropriação indireta” a fim de ser indenizado.

Fonte: Dizer o Direito

→ As concessionárias podem promover desapropriação mediante autorização


expressa de lei ou contrato.
→ É INTERDITADO ao Poder Judiciário decidir sobre a ocorrência, ou não, da
UTILIDADE PÚBLICA na desapropriação, o que não impede, porém, a revisão
judicial quanto à competência, forma e regularidade processual do ato de
DECLARAÇÃO.
→ No caso de desapropriação por interesse social É POSSÍVEL a transferência do
bem desapropriado para terceiro.
→ O prazo prescricional, no caso de ação de desapropriação indireta, é, em regra,
de 10 anos; excepcionalmente, será de 15 anos caso de comprove que não foram
feitas obras ou serviços públicos no local.
→ Retrocessão: é o direito que tem o expropriado de exigir de volta o seu imóvel
caso o mesmo não tenha o destino para que se desapropriou.

62
Há violação aos limites das matérias que podem ser discutidas em ação de
desapropriação direta quando se admite o debate - e até mesmo indenização - de área
diferente da verdadeiramente expropriada, ainda que vizinha. (STJ)

Na ação de desapropriação por utilidade pública, a citação do proprietário do imóvel


desapropriado dispensa a do respectivo cônjuge. (STJ)

Súmula 69-STJ: Na desapropriação direta, os juros compensatórios são devidos desde a


antecipada imissão na posse e, na desapropriação indireta, a partir da efetiva ocupação
do imóvel.

SERVIÇOS PÚBLICOS

CONCESSÃO PERMISSÃO

Delegação, feita elo poder concedente, Delegação, a título precário, mediante


mediante licitação, na modalidade licitação, da prestação de serviços
concorrência ou diálogo competitivo, a públicos, feita pelo poder concedente à
pessoa jurídica ou consórcio de pessoa física ou jurídica que demonstre
empresas que demonstre capacidade capacidade para seu desempenho, por
para seu desempenho, por sua conta e sua conta e risco.
risco e por prazo determinado.

DELEGADO – 2022 – PCSP - VUNESP: O Contrato administrativo que tem por objetivo
consentir o uso de bem público, de forma privativa, por terceiro, com fundamento no
interesse público, é considerado como de concessão. CORRETO.

Em regra, serviço público não pode ser interrompido. Quais são as exceções?

SEM aviso prévio Emergência


Razoes de ordem técnica; Segurança das instalações.
COM aviso prévio Inadimplemento do usuário
OBS: não poderá ter início em sexta, sábado, domingo, feriado
ou dia anterior a feriado.

O corte do fornecimento de serviços públicos não pode ocorrer:


→ Quando a inadimplência é de débitos pretéritos do usuário (deve ser relativa ao
mês de consumo).
→ Quando os débitos são do usuário anterior do imóvel (natureza pessoal da
dívida).
→ Quando decorrer de apuração unilateral pela concessionária (exige prévio
contraditório e ampla defesa).

63
→ Sobre pessoa jurídica de direito público que estiver prestando serviço
indispensável à população.

É legítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando


inadimplente pessoa jurídica de direito público, desde que precedido de notificação
e a interrupção não atinja as unidades prestadoras de serviços indispensáveis à
população. (STJ)

→ Sobre outro imóvel do usuário (só pode recair sobre o imóvel que originou o
débito).

Na hipótese de débito estrito de recuperação de consumo efetivo por fraude no


aparelho medidor atribuída ao consumidor, desde que apurado em observância aos
princípios do contraditório e da ampla defesa, é possível o corte administrativo do
fornecimento do serviço de energia elétrica, mediante prévio aviso ao consumidor,
pelo inadimplemento do consumo recuperado correspondente ao período de 90
(noventa) dias anterior à constatação da fraude, contanto que executado o corte em
até 90 (noventa) dias após o vencimento do débito, sem prejuízo do direito de a
concessionária utilizar os meios judiciais ordinários de cobrança da dívida, inclusive
antecedente aos mencionados 90 (noventa) dias de retroação.
STJ.

ATENÇÃO: quantas datas opcionais do vencimento do débito devem ser oferecidas


pelas concessionárias? 6

É possível cobrar um valor da concessionária de serviço público pelo fato de ela


estar utilizando faixas de domínio de uma rodovia?

Se essa cobrança é feita diretamente pelo ente público: NÃO.


Se essa cobrança é feita por outra concessionária de serviço público: SIM, desde que
haja previsão no edital e no contrato de concessão.

O poder concedente poderá intervir na concessão:


→ Ocorrerá por decreto do poder concedente.
→ Declarada a intervenção, 30 dias para instaurar o procedimento administrativo.
→ Procedimento administrativo deverá ser concluído em até 180 dias.
→ Não se exige contraditório prévio à decretação de intervenção em contrato de
concessão com concessionária de serviço público. (STJ INFO 727)

Formas de extinção das concessões:


→ Encampação: interesse público, com indenização prévia e autorização legislativa.
→ Caducidade: inadimplência da concessionária, indenização posterior e sem
autorização legislativa.
→ Rescisão: iniciativa da concessionária, após decisão judicial.
→ Anulação: decretada pelo poder concedente ou pelo judiciário, por ilegalidade
ou ilegitimidade.

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JÁ CAIU: O edital de licitação para a concessão de serviço público precedida de
execução de obra pública deverá prever prazo determinado de duração do contrato,
de até trinta e cinco anos, para que o investimento da concessionária seja
remunerado e amortizado mediante a exploração do serviço ou da obra. (ERRADO)
Não existe prazo máximo ou mínimo para concessão de serviço precedida de obra
pública. A lei menciona apenas prazo determinado.

PPP (parceria público – privada)

CONCESSÃO PATROCINADA CONCESSÃO ADMINISTRATIVA


Adicionalmente à tarifa cobrada dos Administração Pública é a usuária direta
usuários, contraprestação pecuniária do ou indireta, ainda que envolva execução
parceiro público ao parceiro privado. de obra ou fornecimento e instalação de
bens.

→ Não pode PPP de valor inferior a 10 milhões.


→ O período de prestação de serviço não pode ser inferior a 5 anos e nem superior
a 35 anos, incluindo eventuais prorrogações.
→ Há repartição de risco entre as partes, inclusive caso fortuito, força maior, fato
do príncipe e alea econômica extraordinária.
→ Concessões patrocinadas em que mais de 70% (setenta por cento) da
remuneração do parceiro privado for paga pela Administração Pública
dependerão de autorização legislativa específica.
→ Antes da celebração do contrato, DEVERÁ ser constituída SOCIEDADE DE
PROPÓSITO ESPECÍFICO, incumbida de implantar e gerir o objeto da parceria.

DELEGADO – PCSP 2018 - VUNESP: um dos mitigadores dos riscos fiscais decorrentes
de PPPs se encontra na previsão de que a abertura da licitação esteja condicionada à
estimativa do fluxo de recursos públicos suficientes para o cumprimento, durante a
vigência do contrato e por exercício financeiro, das obrigações contraídas pela
Administração Pública. (CORRETO)

RESPONSABILIDADE CIVIL

→ Em regra, a responsabilidade civil do Estado é objetiva e decorre da teoria do


risco administrativo.
→ De acordo com a teoria do risco administrativo, é necessário que estejam
presentes 3 elementos: conduta, dano e nexo causal. Não precisa comprovar
dolo e culpa.
→ É possível a exclusão da responsabilidade? Sim. Por caso fortuito, força maior ou
culpa exclusiva da vítima.
→ O particular que sofreu um dano ajuizará a demanda em face do Estado, não
podendo demandar o agente público diretamente.

65
→ O Estado poderá demandar o agente público em ação regressiva caso tenha
havido dolo ou culpa por parte dele (teoria da dupla garantia).

E as condutas OMISSIVAS? Há certa controvérsia.


→ A doutrina entende pela adoção da teoria subjetiva: seria necessário comprovar
a omissão (que o serviço não foi prestado, que foi prestado de forma insuficiente
ou então de forma tardia).
→ O STF e STJ possuem precedentes no sentido da adoção da teoria objetiva.

JURISPRUDÊNCIA
• O hospital que deixa de fornecer o mínimo serviço de segurança, contribuindo de
forma determinante e específica para homicídio praticado em suas dependências,
responde objetivamente pela conduta omissiva. (STJ)
• Reconhecida a responsabilidade estatal por acidente com evento morte em
rodovia, é devida a indenização por danos materiais aos filhos menores e ao
cônjuge do de cujus. (STJ)
• Em regra, o Estado responde de forma objetiva pelos danos causados a
profissional de imprensa ferido, por policiais, durante cobertura jornalística de
manifestação pública. (STF)
• Súmula 647-STJ: São imprescritíveis as ações indenizatórias por danos morais e
materiais decorrentes de atos de perseguição política com violação de direitos
fundamentais ocorridos durante o regime militar.
• Em regra, o Estado não tem responsabilidade civil por atos praticados por presos
foragidos; exceção: quando demonstrado nexo causal direto. (STF)
• Aplica-se igualmente ao estado o que previsto no art. 927, parágrafo único, do
Código Civil, relativo à responsabilidade civil objetiva por atividade naturalmente
perigosa, irrelevante o fato de a conduta ser comissiva ou omissiva. (STJ)
• Para que o Município seja responsável por acidente em loja de fogos de artifício,
é necessário comprovar que ele violou dever jurídico específico de agir (concedeu
licença sem as cautelas legais ou tinha conhecimento de irregularidades que
estavam sendo praticadas pelo particular). (STF)

DELEGADO – PCSP – 2022 - VUNESP:


Ainda que a conduta estatal seja lícita, ficará caracterizada a responsabilidade do
Estado quando comprovada a ilicitude do dano. (CORRETO).

AGENTES PÚBLICOS

CARGO DE CONFIANÇA FUNÇÃO DE CONFIANÇA


Servidor EFETIVO OU NÃO. Por SOMENTE SERVIDOR EFETIVO.
nomeação. Designação.

JÁ CAIU: A situação de um servidor público contratado temporariamente continuar


exercendo suas funções após a extinção do contrato caracteriza função de fato.
(CORRETO)

66
Função de Pessoa que praticou o ato está irregular-mente investida no cargo,
fato ou emprego ou função, mas a sua situação tem aparência de legalidade.
agente Ocorre quando, por exemplo, um servidor está suspenso do cargo, ou
putativo exerce função depois de vencido o prazo de sua contratação, ou
continua em exercício após a idade-limite para aposentadoria
compulsória.
Uma pessoa se faz passar por agente público, sem que, de qualquer
Usurpação modo, seja investido em cargo, emprego ou função pública. Nesse caso
de função o infrator se faz passar por agente sem ter essa qualidade.

JURISPRUDÊNCIA
• A lacuna em Lei Complementar Estadual acerca da possibilidade de suspender
processo de concessão de aposentadoria enquanto tramita processo
administrativo disciplinar deve ser suprida com a aplicação subsidiária da Lei nº
8.112/90. (STJ)
• É válido decreto estadual que impõe aos servidores públicos o dever de entregar,
anualmente, declaração de bens e valores que compõem o seu patrimônio
privado. (STJ)
• É inconstitucional remunerar servidor público, mesmo que exerça jornada de
trabalho reduzida, em patamar inferior a um salário mínimo. (STF)
• As regras do Estatuto da Advocacia que tratam sobre relação de emprego, salário,
jornada de trabalho e honorários se aplicam aos advogados de empresas estatais
que atuam no mercado em regime concorrencial. (STF)
• Presente a redação original do art. 87, § 2º, da Lei nº 8.112/90, bem como a dicção
do art. 7º da Lei nº 9.527/97, o servidor federal inativo, sob pena de
enriquecimento ilícito da Administração e independentemente de prévio
requerimento administrativo, faz jus à conversão em pecúnia de licença-prêmio
por ele não fruída durante sua atividade funcional, nem contada em dobro para a
aposentadoria, revelando-se prescindível, a tal desiderato, a comprovação de que
a licença-prêmio não foi gozada por necessidade do serviço. (STF)
• Não é compatível com a CF a norma que permita a convocação temporária de
profissionais, sem vínculo com a administração pública, para funções de
magistério na educação básica e superior do estado nos casos de vacância de
cargo efetivo. (STF)
• Valores recebidos por servidores públicos por força de decisão judicial precária,
posteriormente reformada, devem ser restituídos ao erário. (STJ)
• Para a aposentadoria voluntária de servidor público, o prazo mínimo de cinco anos
no cargo em que se der a aposentadoria refere-se ao cargo efetivo ocupado pelo
servidor e não à classe na carreira alcançada mediante promoção. (STF)
• Servidor público que havia sido demitido e que foi reintegrado, terá direito ao
recebimento retroativo dos vencimentos, férias indenizadas e auxílio-
alimentação. Por outro lado, não terá direito ao retroativo de auxílio-transporte
e adicional de insalubridade. (STJ)

67
• Está em desconformidade com a Constituição Federal a previsão contida na Lei
Orgânica do Distrito Federal que autoriza que cada Poder defina, por norma
interna, as hipóteses pelas quais a divulgação de ato, programa, obra ou serviço
públicos não constituirá promoção pessoal. Essa delegação conferida viola o § 1º
do art. 37 da CF/88, que não admite flexibilização por norma infraconstitucional
ou regulamentar. (STF)
• Se a suposta ilegalidade surgiu somente após a homologação do concurso e após
o encerramento do prazo de validade do certame, essas datas não poderão ser
consideradas como termo inicial do prazo decadencial do mandado de segurança.
(STJ)
• Mandado de segurança não serve para questionar o parecer da comissão
examinadora de heteroidentificação, que não aceitou a autodeclaração de cotista
em concurso. (STJ)
• Administração reclassificou o candidato para dentro do número de vagas;
posteriormente esse ato foi anulado; persiste o direito subjetivo à nomeação.
(STJ)
• A entrada em vigor de nova legislação, em momento posterior ao edital do
certame e à homologação do concurso, não pode ter aplicabilidade ao concurso
público já realizado e homologado, seja para prejudicar, seja para beneficiar o
candidato, em face da isonomia entre os participantes, só podendo a novel
legislação ser aplicada aos concursos abertos após a sua vigência. (STJ)

PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR

→ Inexistindo competência legal específica, o processo administrativo deverá ser


iniciado perante a autoridade de menor grau hierárquico para decidir.
→ Não podem ser objeto de delegação: a edição de atos de caráter normativo; a
decisão de recursos administrativos; as matérias de competência exclusiva do
órgão ou autoridade.
→ As decisões tomadas mediante delegação devem mencionar essa condição de
modo explícito e serão consideradas editadas pela autoridade delegada.

JÁ CAIU: nos processos administrativos, é obrigatória a aplicação retroativa de nova


interpretação da norma administrativa, a fim de melhor garantir o atendimento do
interesse público. (ERRADO)
É vedada aplicação retroativa de nova interpretação.

JÁ CAIU: Os processos administrativos de que resultem sanções poderão ser revistos,


a pedido ou de ofício, quando surgirem fatos novos ou circunstâncias relevantes
suscetíveis de justificar a inadequação da sanção aplicada, respeitado o prazo
decadencial de cinco anos e desde que em favor do sancionado. (ERRADO)
No que tange à revisão, não há prazo decadencial. Podem ser revistos a qualquer
tempo.

68
Súmula vinculante 5 - A falta de defesa técnica por advogado no processo
administrativo disciplinar não ofende a Constituição.

Súmula 611 STJ: Desde que devidamente motivada e com amparo em investigação ou
sindicância, é permitida a instauração de processo administrativo disciplinar com base
em denúncia anônima, em face do poder-dever de autotutela imposto à administração.

Sendo anuladas provas produzidas no processo criminal, estas deverão ser excluídas do
processo administrativo disciplinar, mas isso não contamina a legalidade da utilização
de provas produzidas de forma independente pela comissão disciplinar de PAD. (STJ)

A mesma autoridade que ofereceu denúncia criminal contra o suspeito pode atuar como
julgadora no processo administrativo que apura o mesmo fato. (STJ)

A administração pública, quando se vê diante de situações em que a conduta do


investigado se amolda às hipóteses de demissão e de cassação de aposentadoria de
servidor, não dispõe de discricionariedade para aplicar pena menos gravosa. (Súmula
650-STJ)

Não há nulidade do PAD pela suposta inobservância do direito à não autoincriminação,


quando a testemunha, até então não envolvida, noticia elementos que trazem para si
responsabilidade pelos episódios em investigação. (STJ)

É possível a cassação de aposentadoria de servidor público pela prática, na atividade, de


falta disciplinar punível com demissão. (STF)

NÃO CONFUNDA: em ação penal, o juiz não pode condenar o réu à perda da
aposentadoria com base no art. 92 inc. I do CP.
Ainda que condenado por crime praticado durante o período de atividade, o servidor
público não pode ter a sua aposentadoria cassada com fundamento no art. 92, I, do
CP, mesmo que a sua aposentadoria tenha ocorrido no curso da ação penal.
Os efeitos de condenação criminal previstos no art. 92, I, do CP, embora possam
repercutir na esfera das relações extrapenais, são efeitos penais, na medida em que
decorrem de lei penal. Sendo assim, pela natureza constrangedora desses efeitos
(que acarretam restrição ou perda de direitos), eles somente podem ser declarados
nas hipóteses restritas do dispositivo mencionado, o que implica afirmar que o rol do
art. 92 do CP é taxativo, sendo vedada a interpretação extensiva ou analógica para
estendê-los em desfavor do réu, sob pena de afronta ao princípio da legalidade.

LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO – (LAI) (LEI FEDERAL Nº 12.527/2011).

Abrangência: TODA a administração pública direta e indireta, seja de direito público ou


privado, está subordinada à observância da Lei de Acesso à Informação.

É dever dos órgãos e entidades públicas promover, independentemente de


requerimentos, a divulgação em local de fácil acesso (...).

69
Em regra, é obrigatória a divulgação em sítios oficiais da rede mundial de computadores.
Exceção: Municípios com população de até 10.000 (dez mil) habitantes ficam
dispensados da divulgação obrigatória na internet.

Prazos:
10 DIAS: para interpor recurso contra a decisão no caso de indeferimento de acesso a
informações.
20 DIAS: se não houver possibilidade de o órgão solicitado dispor dos dados
imediatamente.

Classificação das informações segundo a LAI:


Informação ultrassecreta: prazo de sigilo de até 25 anos;
Informação secreta: prazo de sigilo de até 15 anos;
Informação reservada: prazo de sigilo de até 5 anos.

OBS.: As informações pessoais, relativas à intimidade, vida privada, honra e imagem


terão seu acesso restrito, independentemente de classificação de sigilo e pelo prazo
máximo de 100 (cem) anos a contar da sua data de produção.

Definições importantes:

Informação: dados, processados ou não, que podem ser utilizados para produção e
transmissão de conhecimento, contidos em qualquer meio, suporte ou formato.

Documento: unidade de registro de informações, qualquer que seja o suporte ou


formato.

Informação sigilosa: aquela submetida temporariamente à restrição de acesso


público em razão de sua imprescindibilidade para a segurança da sociedade e do
Estado.

Informação pessoal: aquela relacionada à pessoa natural identificada ou


identificável.

Tratamento da informação: conjunto de ações referentes à produção, recepção,


classificação, utilização, acesso, reprodução, transporte, transmissão, distribuição,
arquivamento, armazenamento, eliminação, avaliação, destinação ou controle da
informação.

Disponibilidade: qualidade da informação que pode ser conhecida e utilizada por


indivíduos, equipamentos ou sistemas autorizados.

Autenticidade: qualidade da informação que tenha sido produzida, expedida,


recebida ou modificada por determinado indivíduo, equipamento ou sistema.

Integridade: qualidade da informação não modificada, inclusive quanto à origem,


trânsito e destino.

70
Primariedade: qualidade da informação coletada na fonte, com o máximo de
detalhamento possível, sem modificações.

DELEGADO PCSP 2022 - VUNESP: as exceções à transparência, previstas na Lei de


Acesso à Informação, devem ser interpretadas restritivamente, sob forte escrutínio
do princípio da proporcionalidade. CORRETO.

STF: Em regra, a imposição de sigilo a processos administrativos sancionadores,


instaurados por agências reguladoras contra concessionárias de serviço público, é
incompatível com a Constituição.

LEI Nº 12.846/2013 (LEI ANTICORRUPÇÃO)

ACORDO DE LENIÊNCIA:

→ É o cordo entre os Entes da Federação e a PJ infratora que colabora com a


investigação.
→ Interrompe o prazo prescricional (a banca adora trocar por suspende, não é a
mesma coisa)
→ Celebrado pela autoridade máxima de cada órgão/entidade pública.
→ Descumprimento impede novo acordo pelo prazo de 03 anos.
→ Realizado em esfera federal pela CGU (controladoria geral da união) banca troca
por AGU.
→ Rejeitado não implica prática do ato.

Requisitos:

→ PJ deve ser a 1ª a se manifestar.


→ Cessar seu envolvimento.
→ Confirmar sua participação e comparecer em todos os atos processuais.

Prazo prescricional: 05 ANOS

Os benefícios do acordo de leniência:

→ isenta a pessoa jurídica da publicação extraordinária condenatória


→ isenta a proibição de receber incentivos por 1 a 5 anos
→ reduz em até 2/3 o valor da multa

OBS.: Não exime (NÃO dispensa) da obrigação de reparar o dano.

COMISSÃO PARA APURAÇÃO DE RESPONSABILIDADE:

→ Composta por 02 ou mais servidores estáveis.


→ CONCLUSÃO em 180 dias.

71
→ 30 dias para defesa.

Serão levados em consideração na aplicação das sanções (JÁ CAIU – VUNESP):

• A gravidade da infração.
• A vantagem auferida ou pretendida pelo infrator.
• A consumação ou não da infração.
• O grau de lesão ou perigo de lesão.
• O efeito negativo produzido pela infração.
• A situação econômica do infrator.
• A cooperação da pessoa jurídica para a apuração das infrações.
• A existência de mecanismos e procedimentos internos de integridade (...)
• O valor dos contratos mantidos pela pessoa jurídica com o órgão ou entidade
pública lesados.

LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO (DECRETO-LEI Nº


4.657/1942)

Em Direito Administrativo, são informações relevantes da LINDB:

→ Nas esferas administrativa, controladora e judicial, NÃO se decidirá com base


em valores jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências
práticas da decisão.
→ Na interpretação de normas sobre gestão pública, serão considerados os
obstáculos e as dificuldades reais do gestor e as exigências das políticas públicas
a seu cargo, sem prejuízo dos direitos dos administrados.
→ Na aplicação de SANÇÕES, serão consideradas a natureza e a gravidade da
infração cometida, os danos que dela provierem para a administração pública,
as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes do agente.
→ As sanções aplicadas ao agente serão levadas em conta na dosimetria das demais
sanções de mesma natureza e relativas ao mesmo fato.
→ A decisão administrativa, controladora ou judicial que estabelecer
interpretação ou orientação nova sobre norma de conteúdo indeterminado,
impondo novo dever ou novo condicionamento de direito, deverá prever regime
de transição.
→ A REVISÃO, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, quanto à
validade de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa cuja
produção já se houver completado levará em conta as orientações gerais da
época, sendo vedado que, com base em mudança posterior de orientação geral,
se declarem inválidas situações plenamente constituídas.
→ Para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou situação contenciosa na
aplicação do direito público, inclusive no caso de expedição de licença, a
autoridade administrativa poderá, após oitiva do órgão jurídico e, quando for o
caso, após realização de consulta pública, e presentes razões de relevante
interesse geral, celebrar COMPROMISSO com os interessados, observada a
legislação aplicável, o qual só produzirá efeitos a partir de sua publicação oficial.

72
→ A decisão do processo, nas esferas administrativa, controladora ou judicial,
poderá impor COMPENSAÇÃO por benefícios indevidos ou prejuízos anormais
ou injustos resultantes do processo ou da conduta dos envolvidos.
→ Para prevenir ou regular a compensação, poderá ser celebrado compromisso
processual entre os envolvidos.
→ O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões
técnicas em caso de DOLO ou ERRO GROSSEIRO.
→ Em qualquer órgão ou Poder, a edição de atos normativos por autoridade
administrativa, salvo os de mera organização interna, poderá ser precedida de
CONSULTA PÚBLICA para manifestação de interessados, preferencialmente por
meio eletrônico, a qual será considerada na decisão.
→ As autoridades públicas devem atuar para aumentar a segurança jurídica na
aplicação das normas, inclusive por meio de regulamentos, súmulas
administrativas e respostas a consultas.

73
23/11/23

DIREITO PENAL
DELTA
PARTE GERAL

EMBARCAÇÕES E AERONAVES APLICA-SE A LEI BRASILEIRA


Públicas Brasileiras ou a Serviço Em qualquer lugar que se encontrem.
do BR (Extensão do Território
Nacional)
Particulares Brasileiras (Extensão Que se encontrem em alto-mar ou em espaço
do Território Nacional) aéreocorrespondente.

Públicas Estrangeiras Nunca


Que se encontrem em território brasileiro(art.
Particulares Estrangeiras 5º, § 2º, CP).
Obs.: Salvo, para o caso de navios, na passagem
inocente.

QUAL TEORIA ADOTADA?


Teoria da Ubiquidade
LUGAR DO CRIME (art. 6º) TEMPO DO CRIME (art. 4º)
Teoria da Ubiquidade Teoria da Atividade
BIZU: LU.TA

PRINCIPAIS FRAÇÕES PARTE GERAL

REDUÇÕES:

Tentativa; Arrependimento posterior; Estado de necessidade


(quando razoável o sacrifício); Semi-imputabilidade; Embriaguez por 1/3 a 2/3
caso fortuito ou força maior.
Erro de proibição evitável ou inescusável; Participação de menor 1/6 a 1/3
importância no concurso de pessoas.
Prescrição: criminoso, ao tempo do crime, menor de 21 ou, na data 1/2
da sentença, maior de 70.

AUMENTOS:

Resultado mais grave e previsível no concurso de pessoas 1/2


Concurso formal próprio 1/6 a 1/2
Crime continuado genérico 1/6 a 2/3

74
Concurso continuado específico Até o triplo
PPE reincidência 1/3

ATENÇÃO Sobre o crime continuado: Esta ficção jurídica só vale para a aplicação da
pena (será considerado como um único crime). Para todas as demais situações
(prescrição, representação), será considerado cada um dos crimes de modo isolado

EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS DE DELITO

MODELO CLÁSSICO

-Fato típico: Teoria causal naturalista da ação (ação é destituída do conteúdo da


vontade).
-Antijuridicidade: Valorada (não havia qualquer juízo de valor prévio entre tipicidade
e antijuridicidade).
-Culpabilidade: Teoria psicológica da culpabilidade (dolo e culpa eram espécies da
culpabilidade, imputabilidade era seu pressuposto).

MODELO NEOCLÁSSICO OU NEOKANTISTA

-Fato típico: Teoria causal naturalista da ação ainda é adotada + elementos


normativos e subjetivos passaram a integrar o tipo.
-Antijuridicidade: Surge a relação entre fato típico e antijuridicidade.
Ratio essendi : Ilicitude é a essência da tipicidade (tipo total de injusto).
Ratio congnoscendi (ou indiciariedade): Constatada ser típica determinada conduta,
surge a presunção relativa de também ser ilícita. Consequência: Inversão do ônus da
prova nas excludentes de ilicitude.
Teoria dos elementos negativos do tipo: O tipo penal é composto de elementos
positivos (expresso) e negativos (implícitos), que são as excludentes de ilicitude. Para
que determinado comportamento seja típico, não basta realizar os elementos.
positivos expressos no tipo, mas nenhum elemento negativo pode estar presente.
-Culpabilidade: Teoria psicológico normativa da culpabilidade. Dolo normativo (dolo
+ consciência da ilicitude) culpa, imputabilidade e exigibilidade de conduta diversa.

MODELO FINALISTA
-Fato típico: Teoria finalista da ação (dolo e culpa migram da culpabilidade para o
fato típico. O dolo deixa de ser normativo e passa a ser natural abarcando apenas
consciência e vontade).
-Antijuridicidade: Elementos subjetivos (necessidade de o agente ter consciência de
que age amparado em alguma excludente de ilicitude).
-Culpabilidade: Teoria normativa pura da culpabilidade. Imputabilidade, potencial
consciência da licitude, exigibilidade de conduta diversa.

75
CRIMES OMISSIVOS

CRIME OMISSIVO PRÓPRIO CRIME OMISSIVO IMPRÓPRIO


O agente tem o dever genérico de agir, O agente tem o dever jurídico/específico
que atinge a todos indistintamente. de impedir o resultado.
Crimes de mera conduta, em regra. Crimes materiais.
Não admite tentativa. Admite tentativa.
Em regra, pode ser praticado por Só pode ser praticado por garantidor.
qualquer pessoa.

O dever de -Tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância.


agir incumbe a -De outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o
quem resultado.
-Com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do
resultado.

Nos crimes omissivos impróprios, a tipicidade é aberta, mediante subsunção indireta.

Subsunção indireta ou adequação Necessita de norma de extensão.


mediata.
Subsunção direta ou adequação Não necessita de norma de extensão.
imediata.

Explicando...

Não existe no Código Penal o tipo penal do crime de homicídio praticado por omissão
imprópria, correto? Correto.
Então... como fazemos para que o crime de homicídio praticado por omissão
imprópria seja punido?
Nos socorremos de uma norma de extensão.
Exemplificando: quando o promotor denuncia alguém que cometeu um homicídio por
omissão imprópria, coloca na denúncia o art. 121 combinado com o art. 13 § 2º,
ambos do CP.

Para auxiliar vocês em eventual fundamentação de questão discursiva...

(...) quando se imputa a alguém crime comissivo por omissão (art. 13, § 2º, b, do CP),
é necessário que se demonstre o nexo normativo entre a conduta omissiva e o
resultado normativo, porque só se tem por constituída a relação de causalidade se,
baseado em elementos empíricos, for possível concluir, com alto grau de
probabilidade, que o resultado não ocorreria se a ação devida fosse efetivamente
realizada. (STJ)

A irmã de vítima do crime de estupro de vulnerável responde por conduta omissiva


imprópria se assume o papel de garantidora. (STJ)

76
ATENÇÃO: O mero parentesco não torna um irmão responsável pelo outro. Pelo caso
concreto o irmão pode ou não se amoldar à figura do garantidor.

ERRO DE TIPO Escusável/inevitável: exclui dolo e culpa.


Essencial/incriminador: recai sobre os
elementares do tipo penal. O agente não Inescusável/evitável: exclui dolo,
sabe o que faz, se soubesse, não faria. permite a punição por culpa, se previsto
em lei.

ERRO DE PROIBIÇÃO Escus. / inevitável: exclui a culpabilidade.


Essencial/incriminador: o agente sabe o
que faz, mas não sabe que sua conduta é Inescusável/evitável: diminui a pena em
proibida. 1/6 a 1/3.

O que é erro de tipo acidental? Erro que recai sobre os elementos secundários do crime.
Os principais são:

J deseja matar seu pai e, acreditando estar próximo, dispara


contra ele, entretanto, se confundiu e acabou matando o irmão
ERRO SOBRE A gêmeo do genitor.
PESSOA Consequência: responderá como se tivesse matado seu pai
(vítima visada) – teoria da equivalência.
J deseja matar seu pai, porém, por erro na pontaria, acaba
ERRO NA matando seu irmão gêmeo.
EXECUÇÃO Consequência: responderá como se tivesse matado seu pai (vítima
(aberratio ictus) visada) – teoria da equivalência.
J deseja quebrar a vidraça de uma loja arremessando uma pedra,
RESULTADO mas, por erro na execução, mata o vendedor.
DIVERSO DO Consequência: se atingir apenas o resultado diverso, responderá
PRETENDIDO por ele a título de culpa. Se atingir o resultado diverso e também
(aberratio o pretendido: responderá pelos dois crimes, em concurso formal.
criminis)

ERRO DE TIPO Erro sobre o OBJETO: O sujeito crê que a


ACIDENTAL sua conduta recai sobre um determinado
objeto, mas na verdade incide sobre coisa
diversa.
JÁ CAIU (VUNESP 2022): Considere a seguinte hipótese: Petrônio e Cesarino são
estudantes e colegas de faculdade. Em um almoço em que os dois e outros colegas
estão sentados à mesma mesa, Petrônio, com intenção de causar prejuízo econômico
a Cesarino, derrama água de uma jarra inteira sobre o computador pessoal que ele
pensa ser de Cesarino. A ação é motivada por uma discussão sobre futebol. Ocorre
que Petrônio, já obnubilado pela bebida alcoólica que havia ingerido, acaba se
confundindo e derrama água somente sobre o próprio computador pessoal – o que
efetivamente o danifica. Em face do exposto, é correto afirmar que:

77
A) Petrônio cometeu crime de dano na modalidade tentada, com agravante da
embriaguez.
B) o fato é típico, mas não ilícito.
C) o fato é atípico.
D) Petrônio cometeu crime de dano consumado, uma vez que o erro sobre a pessoa
não o isenta de pena.
E) Petrônio cometeu crime de dano qualificado, tendo em vista o motivo egoístico.

GABARITO: C

Petrônio incidiu em ERRO quanto AO OBJETO em razão da confusão mental causada


pela ingestão de bebida alcoólica. Causou dano a si próprio, o que descaracteriza o
crime dano cujo tipo penal faz referência à destruição, inutilização ou deterioração
de coisa alheia, o que é óbvio diante do princípio da alteridade, que rege a sistemática
do direito penal. Também não se trata de tentativa, pois o resultado não foi afastado
por circunstâncias alheias à vontade do agente, mas pelo ERRO de Petrônio quanto
ao OBJETO que visa destruir, causado pela embriaguez.

ATENÇÃO:
Infelizmente, algumas bancas (até o presente momento, a Cespe e a AOCP fizeram
isso) tem cobrado em questão objetiva um posicionamento MUITO PECULIAR do STJ.
Portanto, atenção redobrada aqui:
Aberratio ictus com resultado duplo:
STJ: Dolo na prática de homicídio se estende ao crime contra segunda vítima atingida
por erro na execução.
“[…] Retrata os presentes autos a parte final do art. 73 do CP, quando, além da vítima
originalmente visada, terceira pessoa é também atingida, incidindo a regra do
concurso formal de crimes. Nesses casos, o elemento subjetivo da primeira conduta,
o dolo, projeta-se também à segunda, não intencional, ainda que o erro de pontaria
decorra de negligência, imprudência ou imperícia do agente.
Nesse sentido, esta Corte possui orientação de que “A norma prevista no art. 73 do
Código Penal afasta a possibilidade de se reconhecer a ocorrência de crime culposo
quando decorrente de erro na execução na prática de crime doloso”.

DOLO DIRETO DOLO INDIRETO


Dolo de 1º grau: tem a consciência que Eventual: não quer o resultado, mas,
sua conduta causará um resultado, representando como possível a sua
bem como a vontade de praticar a produção, não deixa de agir, assumindo o
conduta e produzir o resultado. risco de produzi-lo.
Dolo de 2º grau/ consequências Alternativo: quer alcançar um ou outro
necessárias: previsão dos efeitos resultado (alternatividade objetiva) ou
colaterais (resultado típico) como atingir uma ou outra pessoa
consequência necessária do meio (alternatividade subjetiva).
escolhido.

78
O que são descriminantes putativas? São excludentes de ilicitude erroneamente
imaginadas. Qual a consequência jurídica? Depende da teoria da culpabilidade adotada:

DESCRIMINANTE TEORIA LIMITADA TEORIA


PUTATIVA ESTRITA/EXTREMADA
Erro em relação aos
pressupostos fáticos que Erro de tipo permissivo. Erro de proibição indireto
legitimam a atuação sob a ou erro de permissão.
Excludente.
Erro sobre a existência da Erro de proibição indireto Erro de proibição indireto
excludente. ou erro de permissão. ou erro de permissão.
Erro sobre os limites da Erro de proibição indireto Erro de proibição indireto
excludente. ou erro de permissão. ou erro de permissão.

Legítima Defesa Sucessiva Legítima Defesa Recíproca


O agente repele injusta agressão, porém Não admitida pelo Direito brasileiro
se excede na utilização dos meios porque NÃO é possível duas pessoas se
disponíveis, habilitando o outro a repelir encontrarem ao MESMO TEMPO em
este excesso que agora se caracteriza Legítima Defesa real.
como injusta agressão visto que a
agressão inicial já havia cessado.

CAUSAS EXCLUDENTES DE ILICITUDE


LEGAIS SUPRALEGAIS
GENÉRICAS ESPECÍFICAS
• Estado de Exemplos: Consentimento do
necessidade. • Art. 128 – aborto. ofendido.
• Legítima defesa. • Art. 142* – injúria e
• Estrito difamação.
cumprimento do dever • Art. 146, §3º, I e II –
legal. constrangimento ilegal.
• Exercício • Art. 150, §3º, I e II – violação
regular do direito. de domicílio.

REQUISITOS CUMULATIVOS DO ESTADO DE NECESSIDADE


• Perigo atual.
• Perigo não causado voluntariamente pelo agente.
• Salvar direito próprio ou alheio.
• Inexistência de dever legal de enfrentar o perigo.
• Inevitabilidade do comportamento lesivo.
• Inexigibilidade do sacrifício do interesse ameaçado.
• Conhecimento da situação justificante.

REQUISITOS CUMULATIVOS DA LEGÍTIMA DEFESA

79
• Agressão injusta.
• Agressão atual ou iminente.
• Proteção de direito próprio ou de outrem.
• Uso moderado dos meios necessários.
• Conhecimento da situação de fato justificante.
ESTRITO CUMPRIMENTO DE DEVER LEGAL (art. 23, III, 1ª parte)
O indivíduo age em estrito cumprimento de um dever legal, ou seja, a lei obriga o
agente a atuar.
Trata-se da realização de um fato típico por força do desempenho de uma obrigação
imposta por lei. O dever legal que fundamenta essa descriminante decorre da lei em
sentido amplo. Em outras palavras, a conduta do agente estará abarcada por qualquer
diploma normativo, com algum grau de abstração.
Ex.: decreto, regulamento, portaria etc.
EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO (art. 23, III, parte final)
Trata-se de condutas que são facultadas ao cidadão comum, desde que de forma
regular. São condutas autorizadas pela lei, como é o caso da prisão em flagrante por
particular.
Ex.: Se o particular prende uma pessoa que acabou de cometer crime, ainda que o
indivíduo esteja privando o agente da sua liberdade, estará ele agindo no exercício
regular de um direito. E, portanto, não há crime.

CAUSAS ESPECÍFICAS DE EXCLUSÃO DA ILICITUDE


Podem ser definidas como as previstas na Parte Especial do Código Penal, são exemplos:
• Aborto (art. 128 do CP).
• Injúria e difamação (art. 142).
• Constrangimento ilegal (art. 146, § 3º, I e II).
• Violação de domicílio (art. 150, § 3º I e II).
• Furto de coisa comum (art. 156, § 2º).

DESISTÊNCIA Agente deixa de prosseguir na execução do crime por uma


VOLUNTÁRIA razão ínsita à sua vontade. Os atos executórios ainda não se
esgotaram. Ele só responde pelos atos praticados.
ARREPENDIMENTO Após esgotar os atos executórios, o agente age para impedir a
EFICAZ consumação. Só responde pelos atos praticados.
Agente que, voluntariamente, até o recebimento da denúncia
ARREPENDIMENTO ou queixa, repara o dano ou restitui a coisa (salvo nos crimes
POSTERIOR cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa).
Redução de 1 a 2/3 na pena.
Agente que, por ineficácia absoluta do meio ou por
CRIME IMPOSSÍVEL impropriedade do objeto, torna impossível a consumação do
crime.

Tentativa Branca ou Incruenta. Não acerta o alvo.

80
Tentativa Vermelha ou Cruenta. Acerta o alvo.
Tentativa Perfeita, Acabada, Crime Esgota todos os meios.
Falho.
Tentativa Imperfeita ou Inacabada. Não utiliza todos os meios.
Tentativa Abandonada ou Qualificada. Desistência Voluntária e
Arrependimento Eficaz.
Tentativa Inidônea ou Quase Crime. Crime Impossível.

ATENÇÃO: O arrependimento eficaz somente é compatível com a tentativa perfeita,


pois exige o esgotamento dos atos executórios.

O agente deve atuar baseado num plano previamente


DOLO elaborado que envolve toda a cadeia de crimes. Caso esse
GLOBAL/UNITÁRIO elemento subjetivo não esteja presente, descaracteriza-se a
continuidade, que cede lugar à habitualidade delitiva.
DOLO Ocorre quando o agente, supondo já ter alcançado um
GERAL/ERRO resultado por ele visado, pratica nova ação que efetivamente
SUCESSIVO o provoca, representando hipótese de aberratio causae.

ATENÇÃO: Dolo geral não se confunde com dolo genérico (nomenclatura oriunda do
sistema clássico de delito), que se referia à vontade de praticar uma conduta típica,
sem nenhuma finalidade específica.

TEORIAS QUE EXPLICAM OS INÍCIOS DOS ATOS EXECUTÓRIOS

Teoria da Atos executórios são aqueles que atacam o bem jurídico,


hostilidade ou criando-lhe uma situação concreta de perigo.
critério material
Teoria objetivo- Atos executórios são aqueles que iniciam a realização do núcleo
formal: do tipo.
São atos executórios aqueles em que se inicia a prática do
Teoria objetivo- núcleo do tipo, bem como os atos imediatamente anteriores,
material com base na visão de terceira pessoa alheia à conduta
criminosa.
Teoria objetivo- Atos executórios são aqueles que, de acordo com o plano do
individual: agente, realizam-se no período imediatamente anterior ao
(Hans Welzel) começo da execução típica.

→ Adotando-se a teoria objetivo-formal, o rompimento de cadeado e destruição de


fechadura da porta da casa da vítima, com o intuito de, mediante uso de arma
de fogo, efetuar subtração patrimonial da residência, configuram meros atos
preparatórios que impedem a condenação por tentativa de roubo
circunstanciado. (STJ em setembro de 2021)

81
NÃO CONFUNDA! Para o STJ...
Momento início atos executórios Teoria objetivo-formal
Momento consumação do crime Teoria da amotio ou apprehensio

Culposos
Quais crimes não Contravenções penais
admitem tentativa? Habituais
Omissivos próprios
Unissubsistentes
Preterdolosos
Permanentes
De atentado/empreendimento*

NEXO DE CAUSALIDADE

Teoria da Equivalência dos Causa é todo fato humano (ação ou omissão)


Antecedentes Causais ou Conditio sem o qual o resultado não teria ocorrido.
Sine Qua Non (adotada como regra Para constatar se algum acontecimento se
pelo CP) insere ou não no conceito de causa: processo
de eliminação hipotético de Thyrén.

Teoria da Causalidade Adequada Causa é a condição necessária e adequada a


(adotada como exceção pelo CP) determinar a produção do resultado eficaz.

A causa que produz o resultado não tem ligação com a conduta


do agente. Podem ser preexistentes, concomitantes e
CONCAUSAS supervenientes.
ABSOLUTAMENTE Aplica-se a teoria da equivalência dos antecedentes causais.
INDEPENDENTES Rompem o nexo causal e todas as espécies, o agente só
responde pelos atos praticados (tentativa de homicídio).
A causa efetiva do resultado se origina, ainda que
CONCAUSAS indiretamente, do comportamento concorrente.
RELATIVAMENTE Podem ser preexistentes, concomitantes e supervenientes.
INDEPENDENTES Em se tratando de preexistentes e concomitantes, não rompem
o nexo causal e o agente responde pelo resultado consumado.

Concausas relativamente independentes supervenientes

A causa efetiva (superveniente) encontra-se na mesma linha de


desdobramento causal (normal) da causa concorrente, tratando-se
Que NÃO de evento previsível (ainda que não previsto).
produziu por Aplica-se a teoria da equivalência dos antecedentes causais (art. 13,
si só o caput).
resultado: As concausas não rompem o nexo causal.
O agente responde pelo resultado consumado.

82
A causa efetiva (superveniente) é considerada um evento
Que por si só imprevisível, que não se encontra na mesma linha de desdobramento
produziu o causal da causa concorrente.
resultado: Aplica-se a teoria da causalidade adequada (art. 13, § 1º).
As concausas rompem o nexo causal.
O agente só responde pelos atos praticados.

O agente desferiu disparos de arma de fogo na vítima. A vítima foi socorrida, entretanto:

Ocorreu infecção hospitalar ou então erro médico e a O agente responde pelo


vítima morreu: resultado morte.
Ocorreu um acidente com a ambulância, um incêndio no O agente responde por
hospital ou então um desabamento e a vítima morreu: tentativa de homicídio.

CONCURSO DE PESSOAS

Quanto ao concurso de pessoas, o Código Penal adota, como regra, a teoria unitária ou
monista e, excepcionalmente, a teoria pluralista.

Não se faz distinção entre as várias categorias de pessoas,


MONISTA/UNITÁRIA sendo todos autores (ou coautores) do crime.
Há tantas infrações penais quantos fossem o número de
PLURALISTA autores e partícipes. É o que ocorre no tipo penal de aborto,
por ex.

Teoria adotada TEORIA DA ACESSORIEDADE LIMITADA.


quanto à punição O partícipe só será punido se o autor praticar fato típico e ilícito.
do partícipe

TEORIA DO DOMÍNIO DO FATO


→ A teoria do domínio do fato amplia o conceito de autor. Todavia, não é correto
dizer que a referida teoria amplia a responsabilidade penal, mas somente
estabelece um critério de diferenciação entre autor e partícipe.
→ Autor é a “figura central do concreto êxito da ação”.
→ Somente se aplica aos crimes comissivos dolosos.

Autoria por domínio Autoria mediata. Autor se vale de terceiro como um


da vontade instrumento.
Autoria por domínio Coautoria. Cumprimento de funções distribuídas entre os
funcional do fato coautores.
Autoria por domínio Autoria direta. Autor realiza diretamente a ação.
da ação
Aparato organizado de poder dissociado do direito. Relação
Teoria do domínio hierárquica dentro da estrutura criminosa, fungibilidade dos
da organização

83
executores, existência de uma condicionante, uma pressão
interna, que aumenta a probabilidade da ordem ser cumprida.

PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO

Substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direito:

Crimes dolosos cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa e


REQUISITOS PL não superior a 4 anos.
OBJETIVOS Crimes culposos (independentemente da pena).
Não ser o agente reincidente em crime doloso.
REQUISITOS Culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do
SUBJETIVOS condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que
essa substituição seja suficiente.

Condenação = ou INFERIOR a 1 ano de PPL. Multa ou 1 PRD.

Condenação SUPERIOR a 1 ano de PPL. 1 PRD e multa ou 2 PRDs.

Reincidente pode ter sua -A medida seja socialmente recomendável.


PPL substituída por PRD -A reincidência não se tenha operado em virtude da
desde que: prática do mesmo crime.

ATENÇÃO: A reincidência específica tratada no art. 44, § 3º, do Código Penal somente
se aplica quando forem idênticos, e não apenas de mesma espécie, os crimes praticados.
(STJ)

Prestação de serviços à comunidade Condenação SUPERIOR a 6 meses

CONCURSO DE CRIMES

A distinção entre o concurso formal próprio e o impróprio decorre do elemento


subjetivo do agente, ou seja, da existência ou não de desígnios autônomo.

No concurso de crimes, a pena considerada para fins de fixação da competência do


juizado especial criminal será o resultado da soma, no caso de concurso material, ou da
exasperação, na hipótese de concurso formal ou crime continuado, das penas máximas
cominadas aos delitos.

Súmula 497, STJ: Quando se tratar de crime continuado a prescrição regula-se pela pena
imposta na sentença, não se computando o acréscimo decorrente da continuação.

Roubo praticado contra vítimas diferentes em um único Concurso formal


contexto. próprio

84
Roubo perpetrado contra diversas vítimas em um único evento, Concurso formal
estando comprovados os desígnios autônomos do autor. IMPRÓPRIO
Roubo praticado no interior de ônibus sendo que o sujeito rouba Crime único
apenas o dinheiro que estava com o cobrador.

SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA

PPL não superior a 2 (dois) anos.


Condenado não reincidente em crime doloso.
Não seja indicada ou cabível a substituição por PRD.
Condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do
CABIMENTO benefício.
PPL não superior a 4 anos (suspensão de 4 a 6 anos): quando o
condenado for maior de 70 anos de idade, ou razões de saúde.
REVOGAÇÃO Condenação irrecorrível, por crime doloso.
OBRIGATÓRIA Frustra a execução de pena de multa ou então não efetua a
reparação do dano.
Descumpre as condições elencadas.
REVOGAÇÃO Descumpre qualquer outra condição imposta.
FACULTATIVA Irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou por
contravenção, a PPL ou PRD.

LIVRAMENTO CONDICIONAL

PPL igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que cumprido:


Mais de 1/3: Não é reincidente em crime doloso e tem bons
antecedentes.
Mais de ½: Reincidente em crime doloso.
CABIMENTO Mais de 2/3: Hediondos, equiparados e tráfico de pessoas (desde
que não seja reincidente específico).
ATENÇÃO: o PAC inseriu o requisito do não cometimento de falta
grave (comprovado) nos últimos 12 meses como condição para o
livramento.
REVOGAÇÃO Condenação irrecorrível a PPL por crime cometido durante a vigência
OBRIGATÓRIA do benefício ou por crime anterior.
REVOGAÇÃO Deixar de cumprir qualquer das obrigações constantes da sentença.
FACULTATIVA Condenação irrecorrível por crime ou contravenção, a pena que não
seja PPL.

EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

Art. 107 - Extingue-se a punibilidade (...)

85
Esse rol é exemplificativo, já que são admitidas pela legislação causas ali não contidas,
como, por exemplo, o cumprimento da suspensão condicional do processo.

II - pela anistia, graça ou indulto;

ANISTIA GRAÇA INDULTO


O Estado perdoa a prática de um crime O Estado renuncia ao direito de punir
Extingue os efeitos penais (principais e Presidente da República concede (por
secundários) do crime. meio de decreto presidencial).
Não extingue os efeitos extrapenais É possível delegação aos Ministros de
Congresso Nacional concede (por meio Estado, AGU e PGR.
de lei ordinária), com a sanção do Apenas extinguem os efeitos principais
Presidente da República. do crime: a imposição da pena. Os
Não é possível delegação. efeitos secundários e os extrapenais
permanecem.

É um benefício É um benefício
individual, que coletivo, que
depende do independe de
pedido do pedido de algum
interessado. interessado.

Obs: NÃO se aplicam a crimes hediondos ou equiparados.

Para a concessão de indulto, deve ser considerada a pena originalmente imposta, não
sendo levada em conta, portanto, a pena remanescente em decorrência de
comutações anteriores. (STJ)

A superveniência de condenação, seja por fato anterior ou posterior ao início do


cumprimento da pena, não altera a data-base para a concessão da comutação de
pena e do indulto. (STJ)

IV - pela prescrição, decadência ou perempção;

Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á
perempta a ação penal:
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo
durante 30 dias seguidos;
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer
em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias,
qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36;
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer
ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de
condenação nas alegações finais;
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar
sucessor.

86
PRESCRIÇÃO DECADÊNCIA
Perda da pretensão punitiva e executória Perda do direito de representação ou
Aplica-se a todos os crimes, salvo os queixa.
crimes imprescritíveis. Aplica-se a crimes de ação privada ou
Pode ocorrer antes ou depois do trânsito pública condicionada à representação.
em julgado. Só pode ocorrer antes da ação penal.

X - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.

Exemplos de crimes do CP em que é possível o perdão judicial:


-homicídio culposo (art. 121, § 5º);
-lesão corporal culposa (art. 129, § 8º);
-injúria (art. 140, § 1º);
-apropriação indébita previdenciária (art. 168-a, § 3º);
-outras fraudes (art. 176, p. único);
-receptação culposa (art. 180, § 5º);
-parto suposto. supressão ou alteração de direito inerente ao estado civil de recém-
nascido (art. 242, p. único);
-subtração de incapazes (art. 249, § 2º);
-sonegação de contribuição previdenciária (art. 337-a, § 2º).

PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO


(PPP) EXECUTÓRIA (PPE)
Extingue o direito de punir. Extingue o direito de executar a pena.
Acontece antes do trânsito para as duas Acontece após o trânsito em julgado
partes. para as duas partes.
Rescinde eventual condenação. Extingue a pena aplicada, preservando
Impede qualquer efeito da condenação os demais efeitos da condenação
(penal ou extrapenal). Gera reincidência.
Não gera reincidência.

Espécies de PPP’s
Enquanto não transitar Prescrição em Abstrato (pena em abstrato).
em julgado a sentença
Prescrição -conta-se da publicação da
Após o trânsito em Retroativa sentença condenatória para trás;
julgado (pena em -pressupõe trânsito em julgado para a
da sentença (art. 110) concreto) acusação.
Prescrição -conta-se da publicação da
Superveniente sentença condenatória para frente;
(pena em -pressupõe trânsito em julgado para a
concreto) acusação.

87
PENA EM ABSTRATO PRAZO PRESCRICIONAL

Menor que 1 ano 3 anos

De 1 ano até 2 anos 4 anos

Superior a 2 anos e até 4 anos 8 anos

Superior a 4 anos e até 8 anos 12 anos

Superior a 8 anos e até 12 anos 16 anos

Superior a 12 anos 20 anos

Pena de morte 30 anos


(art. 125, I do CPM)

Se a infração disciplinar praticada for, em tese, também crime, o prazo prescricional do


processo administrativo será aquele que for previsto no art. 109 do CP, esteja ou não
esse fato sendo apurado na esfera penal. (STJ)

Prescrição de infrações disciplinares na execução penal é de 3 anos. (STJ)

Aumento do prazo prescricional na PPE Reincidente: 1/3

Prescrição regulada pelo tempo que -condenado evadir-se


resta da pena -revogação do livramento condicional

Pena de multa é a única cominada Prescreve em 2 anos


Pena de multa cominada Prescreve junto com a pena mais grave
cumulativamente/ alternativamente

Os prazos são reduzidos da metade se: Ao temo do CRIME: menor de 21


Na data da SENTENÇA: maior de 70

É cabível a redução do prazo prescricional pela metade (art. 115 do CP) se, entre a
sentença condenatória e o julgamento dos embargos de declaração, o réu atinge a idade
superior a 70 anos, tendo em vista que a decisão que julga os embargos integra a própria
sentença condenatória. (STJ)

Súmula nº 220, STJ: A reincidência não influi no prazo da prescrição da pretensão


punitiva.

Súmula nº 146, STF: A prescrição da ação penal regula-se pela pena concretizada na
sentença, quando não há recurso da acusação.

88
Súmula nº 438, STJ: É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da
pretensão punitiva com fundamento em pena hipotética, independentemente da
existência ou sorte do processo penal.
Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre:
I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o
reconhecimento da existência do crime;
II - enquanto o agente cumpre pena no exterior; (Redação dada pelo Pacote Anticrime)
III - na pendência de embargos de declaração ou de recursos aos Tribunais Superiores,
quando inadmissíveis; e (Incluído pelo Pacote Anticrime)
IV - enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução penal.
(Incluído pelo Pacote Anticrime)
Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição
não corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo.

O cumprimento de pena imposta em outro processo, ainda que em regime aberto ou


em prisão domiciliar, impede o curso da prescrição executória. (STJ)

Súmula nº 415, STJ: O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo


máximo da pena cominada.

Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se:


I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa;
II - pela pronúncia;

Súmula nº 191, STJ: “A pronúncia é causa interruptiva da prescrição, ainda que o


Tribunal do Júri venha a desclassificar o crime.”

III - pela decisão confirmatória da pronúncia;


IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis;

Acórdão que confirma ou reduz a pena interrompe a prescrição. (STF)

V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena;


VI - pela reincidência.

§ 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo (início ou continuação do


cumprimento de pena e reincidência), a interrupção da prescrição produz efeitos
relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do
mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer deles.

§ 2º - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V (início ou continuação do


cumprimento de pena) deste artigo, todo o prazo começa a correr, novamente, do dia
da interrupção.

A negativação de circunstâncias judiciais, ao contrário do que ocorre quando


reconhecida a agravante da reincidência, confere ao julgador a faculdade (e não a
obrigatoriedade) de recrudescer o regime prisional. (STJ)

89
Admite-se reconhecer a não punibilidade de um furto de coisa com valor insignificante,
ainda que presentes antecedentes penais do agente, se não denotarem estes tratar-se
de alguém que se dedica, com habitualidade, a cometer crimes patrimoniais. (STJ)

A atenuante da confissão espontânea deve preponderar sobre a agravante da


dissimulação. (STJ)

O reconhecimento da continuidade delitiva não importa na obrigatoriedade de redução


da pena definitiva fixada em cúmulo material, porquanto há possibilidade de aumento
do delito mais gravoso em até o triplo, nos termos do art. 71, parágrafo único, in fine,
do CP. (STJ)

Ameaçar a vítima na presença de seu filho menor de idade justifica a valoração negativa
da culpabilidade do agente. (STJ)

O roubo em transporte coletivo vazio é circunstância concreta que não justifica a


elevação da pena-base. (STJ)

É possível aplicar o princípio da insignificância para furto de bem avaliado em R$ 20,00


mesmo que o agente tenha antecedentes criminais por crimes patrimoniais. (STF)

Possibilidade de aplicar o regime inicial aberto ao condenado por furto, mesmo ele
sendo reincidente, desde que seja insignificante o bem subtraído. (STF)

STF reconheceu que o valor econômico do bem furtado era muito pequeno, mas, como
o réu era reincidente, em vez de absolvê-lo aplicando o princípio da insignificância, o
Tribunal utilizou esse reconhecimento para conceder a pena restritiva de direitos. (STF)

Havendo pluralidade de causas de aumento de pena e sendo apenas uma delas


empregada na terceira fase, as demais podem ser utilizadas nas demais etapas da
dosimetria da pena. (STJ)

Não se aplica a agravante do art. 61, II, “h”, do CP ao furto praticado aleatoriamente em
residência sem a presença do morador idoso. (STJ)

Admite-se o uso de informações processuais extraídas dos sítios eletrônicos dos


tribunais, quando completas, a fim de demonstrar a reincidência do réu. (STF)

Se a prestação pecuniária prevista no art. 45, § 1º do CP for paga à vítima (o que é a


prioridade), esse valor deverá ser abatido da quantia fixada como reparação dos danos
(art. 387, IV, do CPP). (STJ)

A reincidência específica tratada no art. 44, § 3º, do Código Penal somente se aplica
quando forem idênticos, e não apenas de mesma espécie, os crimes praticados. (STJ)

90
Juiz não deve decretar o arresto dos bens do condenado como forma de cumprimento
forçado da prestação pecuniária (pena restritiva de direitos). (STJ)

Não se comunica a interrupção do prazo prescricional a corréus de processos diversos.


(STJ)

Acórdão que confirma ou reduz a pena interrompe a prescrição. (STJ)

O cumprimento de pena imposta em outro processo, ainda que em regime aberto ou


em prisão domiciliar, impede o curso da prescrição executória. (STJ)

PARTE ESPECIAL DO CÓDIGO

CRIMES CONTRA A VIDA

HOMICÍDIO

Redução da Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor


pena de 1/6 social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em
a 1/3 seguida a injusta provocação da vítima.

É possível homicídio qualificado privilegiado?


Sim, desde que as qualificadoras sejam de ordem objetiva.

Quanto aos meios de execução;


Qualificadoras de Quanto aos modos de execução;
ordem objetiva Feminicídio;
Emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido.

ATENÇÃO: O homicídio qualificado é hediondo, entretanto, o homicídio qualificado


privilegiado não é hediondo.

Não há incompatibilidade entre o dolo eventual e o reconhecimento do meio cruel. (STJ)

Verifica-se a existência de dolo eventual no ato de dirigir veículo automotor sob a


influência de álcool, além de fazê-lo na contramão. Esse é, portanto, um caso específico
que evidencia a diferença entre a culpa consciente e o dolo eventual. O condutor
assumiu o risco ou, no mínimo, não se preocupou com o risco de, eventualmente, causar
lesões ou mesmo a morte de outrem. (STJ)

Não caracteriza bis in idem o reconhecimento das qualificadoras de motivo torpe e de


feminicídio no crime de homicídio praticado contra mulher em situação de violência
doméstica e familiar. (STJ)

91
No homicídio culposo, a morte instantânea da vítima não afasta a causa de aumento de
pena prevista no art. 121, § 4º, do CP, a não ser que o óbito seja evidente, isto é,
perceptível por qualquer pessoa. (STJ)

Principais qualificadoras:

VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino. (FEMINICÍDIO)

Durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto,


1/3 (um terço) contra pessoa maior de 60 anos, com deficiência ou portadora de
até a metade doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de
quando o vulnerabilidade física ou mental.
feminicídio é Na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente
cometido: da vítima.
Em descumprimento das medidas protetivas de urgência do inc.
I, II e III do art. 22 da Lei Maria da Penha.

ATENÇÃO: Feminicídio praticado no momento do descumprimento de qualquer


medida protetiva de urgência da Lei Maria da Penha enseja a incidência da causa de
aumento? NÃO.

VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal,
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício
da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição.

Não abrange parente por afinidade, assim, por exemplo, o filho adotivo não está
abarcado.

NO HOMICÍDIO NA LESÃO CORPORAL


É QUALIFICADORA AUMENTO DE PENA DE 1 A 2/3

VIII - com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido

IX - contra menor de 14 (quatorze) anos

1/3 (um terço) até a metade se a vítima é pessoa com


deficiência ou com doença que implique o aumento de sua
A pena do homicídio vulnerabilidade.
contra menor de 14 2/3 (dois terços) se o autor é ascendente, padrasto ou
anos é aumentada madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador,
de: preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro
título tiver autoridade sobre ela.

92
ATENÇÃO: Feminicídio praticado no momento do descumprimento de qualquer
medida protetiva de urgência da Lei Maria da Penha enseja a incidência da causa de
aumento? NÃO.

O homicídio - crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte


culposo tem a ou ofício;
pena - agente deixa de prestar imediato socorro à vítima;
aumentada - agente não procura diminuir as consequências do seu ato; ou
em 1/3 se: - agente foge para evitar prisão em flagrante.

INDUZIMENTO/INSTIGAÇÃO A SUICÍDIO/AUTOMUTILAÇÃO

→ Antes o crime do art. 122 não incluía automutilação e era um crime condicionado
a ocorrência do resultado: somente se configurava se ocorresse morte ou lesão
grave. Hoje, é um crime formal.
→ Se resultar lesão grave ou gravíssima: será qualificado (mas ainda admitirá
suspensão condicional do processo porque a pena mínima é 1 ano).
→ Se resultar morte: será qualificado.

Pena motivo egoístico, torpe ou fútil; se a vítima é menor ou tem


DUPLICADA diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.
Pena aumenta se a conduta é realizada por meio da rede de computaDOres, de
até o DOBRO rede social ou transmitida em tempo real.
Pena aumenta agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual.
da metade

Se cometido contra: menor de 14 Se resulta Responde por


anos; pessoa sem discernimento para lesão lesão gravíssima.
a gravíssima.
prática do ato; quem não pode Se resulta Responde por
oferecer resistência Morte. Homicídio.

LESÃO CORPORAL

Substituição de - motivo de relevante valor social ou moral;


DETENÇÃO por MULTA - sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a
(não sendo graves as injusta provocação da vítima;
lesões) - lesões são recíprocas.

NÃO CONFUNDA:

93
Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente,
irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou Detenção, de 3 (três)
tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das meses a 3 (três) anos
relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade:
Se a lesão for praticada contra a mulher, por razões da Reclusão, de 1 (um) a
condição do sexo feminino 4 (quatro anos)

LESÃO GRAVE LESÃO GRAVÍSSIMA


Incapacidade para as ocupações Incapacidade permanente para trabalho;
habituais, por + de 30 dias; Enfermidade incurável;
Perigo de vida; Perda ou inutilização do membro,
Debilidade permanente de membro, sentido ou função;
sentido ou função; Deformidade permanente;
Aceleração de parto. Aborto.

A qualificadora prevista no art. 129, § 2º, IV, do Código Penal (deformidade permanente)
abrange somente lesões corporais que resultam em danos físicos. (STJ)

Perda de dois dentes configura lesão grave (e não gravíssima). (STJ)

A qualificadora “deformidade permanente” do crime de lesão corporal (art. 129, § 2º,


IV, do CP) não é afastada por posterior cirurgia estética reparadora que elimine ou
minimize a deformidade na vítima. (STJ)

ABANDONO DE INCAPAZ

Pena -o abandono ocorre em lugar ermo;


aumenta - o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou
de 1/3 se: curador da vítima.
-se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.

OMISSÃO DE SOCORRO Omissão de socorro

Pena é aumentada de metade. Lesão corporal de natureza grave.


Pena é triplicada. Morte.
JÁ CAIU (VUNESP 2022): O crime de omissão de socorro, do art. 135 do CP,
B) não se consuma em caso de risco pessoal do sujeito ativo que se omite, desde que
seja pedido socorro da autoridade pública.
Obs.: A lei não reserva discricionariedade ao agente: Se tiver condições para socorrer
diretamente a vítima, deve fazê-lo (mas, se não puder fazê-lo, deve solicitar auxílio à
autoridade pública).

MAUS TRATOS

94
QUALIFICADORA Lesão de natureza grave (1 a 4 anos) ou morte (4 a 12 anos).
PENA AUMENTA DE Se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze)
1/3 anos.

CRIMES CONTRA A HONRA

Calúnia: em regra, admite.


EXCEÇÃO
Difamação: em regra, NÃO admite.
DA
Exceção: se a conduta for dirigida contra funcionário público no exercício
VERDADE
da função.
Injúria: NÃO ADMITE.

RETRATAÇÃO o querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da


CALÚNIA ou da DIFAMAÇÃO, fica isento de pena.

A retratação da calúnia, feita antes da sentença, acarreta a extinção da punibilidade


do agente independente de aceitação do ofendido. (STJ)

O crime de injúria praticado pela internet por mensagens privadas, as quais somente o
autor e o destinatário têm acesso ao seu conteúdo, consuma-se no local em que a vítima
tomou conhecimento do conteúdo ofensivo. (STJ)

INJÚRIA RACIAL X RACISMO

Com o advento da Lei 14.532/2023, a injúria racial passou a ser expressamente uma
modalidade do crime de racismo. Essa lei alterou a redação da lei de preconceito racial
e também do Código Penal:

Antes da Lei 14.532/2023 Após a Lei 14.532/2023


Art. 140 CP: Se a injúria consiste na Art. 140 CP: Se a injúria consiste na
utilização de elementos referentes a utilização de elementos referentes a
RAÇA, COR, ETINIA, religião, ORIGEM ou à religião ou à condição de pessoa idosa ou
condição de pessoa idosa ou com com deficiência.
deficiência.
Art. 2-A (Lei de preconceito racial):
injuriar alguém, ofendendo-lhe a
dignidade ou o decoro, em razão de raça,
cor, etnia ou procedência nacional.

O crime de injúria racial, espécie do gênero racismo, é imprescritível (STF)

Causas de aumento de pena crimes contra a honra

95
1/3 -Contra o Presidente da República.
-Na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da
calúnia, da difamação ou da injúria.
-Contra criança, adolescente, pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou
pessoa com deficiência, exceto na hipótese de injúria.
DOBRO Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa.
TRIPLO Se o crime é cometido ou divulgado em quaisquer modalidades das redes
sociais da rede mundial de computadores.

CONSTRANGIMENTO ILEGAL

Penas aplicam-se -reunião de + de 3 pessoas para a execução do


CUMULATIVAMENTE e EM crime (ou seja, ao menos 4 pessoas)
DOBRO -há emprego de armas

PERSEGUIÇÃO

→ Ação penal pública condicionada à representação.


→ Pena de reclusão de 6 meses a 2 anos e multa.

Pena é aumentada -Contra criança, adolescente ou idoso.


de METADE se o -Contra mulher por razões da condição de sexo feminino.
crime é cometido -Mediante concurso de 2 (duas) ou mais pessoas ou com o
emprego de arma.

VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA CONTRA MULHER

Art. 147-B. Causar dano emocional à mulher que a prejudique e perturbe seu pleno
desenvolvimento ou que vise a degradar ou a controlar suas ações, comportamentos,
crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação,
isolamento, chantagem, ridicularização, limitação do direito de ir e vir ou qualquer
outro meio que cause prejuízo à sua saúde psicológica e autodeterminação:
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a conduta não constitui
crime mais grave.
SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO

PENA Reclusão, de 1 a 3 anos.


a) Vítima: Ascendente, descendente, cônjuge ou
QUALIFICADORA companheiro
Pena: reclusão de 2 a 5 anos: b) Vítima: maior de 60 anos e menor de 18 anos.
c) Crime praticado mediante internação da vítima
(casa de saúde ou hospital)
d) Privação da liberdade por + 15 dias.
e) Fins libidinosos.

96
QUALIFICADORA Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da
Pena: reclusão, de 2 a 8 anos natureza da detenção, grave sofrimento físico ou
moral.

REDUÇÃO À CONDIÇÃO ANÁLOGA À DE ESCRAVO

Pena aumentada de -contra criança ou adolescente;


METADE se o crime é -por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou
cometido origem.

Redução a condição análoga à de escravo: Competência da Justiça Federal. (STJ)

Art. 149 do CP (redução a condição análoga à de escravo) pode ser praticado sem
restrição à liberdade de locomoção. (STJ)

TRÁFICO DE PESSOAS

-o crime for cometido por funcionário público no exercício de suas


Pena é funções ou a pretexto de exercê-las;
aumentada de -o crime for cometido contra criança, adolescente ou pessoa idosa
1/3 à METADE ou com deficiência;
se: -o agente se prevalecer de relações de parentesco, domésticas, de
coabitação, de hospitalidade, de dependência econômica, de
autoridade ou de superioridade hierárquica inerente ao exercício de
emprego, cargo ou função; ou
-a vítima do tráfico de pessoas for retirada do território nacional.

Pena é REDUZIDA de 1 a 2/3 se: o agente for primário e não integrar ORCRIM.

INVASÃO DE DISPOSITIVO INFORMÁTICO

→ Não precisa mais de violação a mecanismo de segurança para configurar o crime.


→ Pena é de reclusão de 1 a 4 anos.

Aumento de pena:

1/3 a Se da invasão resulta prejuízo econômico.


2/3
Se o crime for praticado contra: Presidente da República, governadores e
1/3 à prefeitos; Presidente do Supremo Tribunal Federal; Presidente da Câmara
METADE dos Deputados, do Senado Federal, de Assembleia Legislativa de Estado,
da Câmara Legislativa do Distrito Federal ou de Câmara Municipal; ou

97
dirigente máximo da administração direta e indireta federal, estadual,
municipal ou do Distrito Federal.

Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo de comunicações


QUALIFICADORA eletrônicas privadas, segredos comerciais ou industriais,
informações sigilosas, assim definidas em lei, ou o controle
remoto não autorizado do dispositivo invadido.
Nesse caso, a pena será AUMENTADA de 1 a 2/3 se houver divulgação,
comercialização ou transmissão a terceiro, a qualquer título, dos dados ou
informações obtidas.

FURTO

Furto privilegiado

Requisitos Criminoso primário + Pequeno valor da coisa subtraída.


Substituir a pena de reclusão por detenção;
Consequências Diminuir a pena privativa de liberdade de 1/3 a 2/3;
Aplicar somente a pena de multa.

Súmula 511: “é possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art. 155 do


CP nos casos de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o
pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva".

ATENÇÃO: Cuidado para não confundir coisa de pequeno valor com coisa de valor
insignificante, já que esta última conduz a atipicidade do fato.

ATENÇÃO: O “Pacote Anticrime” tornou hediondo o crime de furto quando praticado


com emprego de explosivo. Entretanto, vale lembrar que o roubo com emprego de
explosivo não é crime hediondo.

§ 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se o furto mediante


fraude é cometido por meio de dispositivo eletrônico ou informático, conectado ou
não à rede de computadores, com ou sem a violação de mecanismo de segurança ou a
utilização de programa malicioso, ou por qualquer outro meio fraudulento análogo.

Sobre essa qualificadora, considerada a relevância do resultado gravoso, a pena será


aumentada de:

1/3 a 2/3 Se o crime é praticado mediante a utilização de servidor mantido fora


do território nacional.
1/3 ao dobro Se o crime é praticado contra idoso ou vulnerável.

98
Momento A consumação ocorre no momento em que a coisa
consumativo do furto subtraída passa para o poder do agente, ainda que por
(essa mesma regra breve espaço de tempo, mesmo que o sujeito seja logo
vale para o crime de perseguido pela polícia ou pela vítima. Adota-se a teoria da
roubo) amotio ou apprehensio.

ROUBO

1/3 A METADE -se há o concurso de duas ou mais pessoas;


-se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente
conhece tal circunstância;
-se a subtração for de veículo automotor que venha a ser
transportado para outro Estado ou para o exterior;
- se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua
liberdade;
-se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que,
conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou
emprego;
- se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma
branca.
AUMENTA DE -se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de
2/3 fogo;
-se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego
de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum.
DOBRO Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de
fogo de uso restrito ou proibido.
QUALIFICADO -Lesão corporal grave (7 a 18 anos).
RA -Morte (20 a 30 anos).

Quando -Circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima.


roubo -Circunstanciado pelo emprego de arma de fogo ou pelo emprego de
será arma de fogo de uso proibido ou restrito.
hediondo? -Qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte.

se o carro for transportado para outro se o carro for transportado para outro
Estado ou para o exterior, objeto de Estado ou para o exterior, objeto de
FURTO. ROUBO.
FURTO QUALIFICADO com ROUBO MAJORADO, de
pena de reclusão de 3 a 8 anos. 1/3 até ½.

ATENÇÃO: Não é necessário que a arma utilizada no roubo seja apreendida e periciada
para que incida a majorante, entretanto, se a arma é apreendida e periciada, sendo
constatada a sua inaptidão para a produção de disparos, neste caso, não se aplica a
majorante, sendo considerado roubo simples.

99
Súmula 601 do STF: Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que
não se realize o agente a subtração de bens da vítima.

Assim, temos as seguintes possibilidades:


Subtração tentada e morte tentada → Latrocínio tentado.
Subtração consumada e morte tentada → Latrocínio tentado. É a posição que prevalece
no STJ.
Subtração tentada e morte consumada → Latrocínio consumado (súmula 601 do STF).
Subtração consumada e morte consumada → Latrocínio consumado.

ATENÇÃO: Sendo atingido um único patrimônio, haverá apenas um crime de latrocínio,


independentemente do número de pessoas mortas. O número de vítimas deve ser
levado em consideração na fixação da pena-base (art. 59 do CP).

A existência de doença cardíaca de que padecia a vítima configura-se como concausa


preexistente relativamente independente, não sendo possível afastar o resultado mais
grave (morte) e, por consequência, a imputação de latrocínio. (STJ)

EXTORSÃO

ATENÇÃO: extorsão qualificada pela morte não é crime hediondo após o Pacote
Anticrime. Atualmente, somente será crime hediondo se houver restrição de liberdade
da vítima e daí ocorrer lesão grave ou morte.

Súmula nº 96, STJ: “O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção


da vantagem indevida.”

Pena AUMENTA de 1/3 até a METADE -crime cometido por 2 ou mais pessoas
-emprego de arma

EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO

Classificação doutrinária de crimes: Crime formal, de consumação antecipada ou de


resultado cortado - Consuma-se com a privação da liberdade da vítima,
independentemente da obtenção da vantagem pelo agente.

-Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o


sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta)
QUALIFICADORAS anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha (12 a 20).
-Lesão corporal de natureza grave (16 a 24).
-Morte (24 a 30).

100
Classificação doutrinária de crimes: Crime formal, de consumação antecipada ou de
resultado cortado - Consuma-se com a privação da liberdade da vítima,
independentemente da obtenção da vantagem pelo agente.

ALTERAÇÃO DE LIMITES/ESBULHO POSSESSÓRIO

Se a propriedade é particular, e não há emprego de violência, somente se procede


mediante QUEIXA.

Compete à Justiça Federal processar e julgar o crime de esbulho possessório de imóvel


vinculado ao Programa Minha Casa Minha Vida. (STJ)

AÇÃO -dano simples;


PENAL -dano qualificado por motivo egoístico ou com prejuízo considerável
PRIVADA para a vítima;
-introdução ou abandono de animais em propriedade alheia.

ESTELIONATO

Somente se procede Administração Pública, direta ou indireta;


mediante Criança ou adolescente;
representação, exceto Pessoa com deficiência mental;
se a vítima for: Maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz.
ATENÇÃO: Se o examinador te der a informação que a vítima do estelionato é uma
pessoa idosa, você pode já concluir que a ação penal será pública incondicionada?
NÃO. Idoso é maior de 60 anos. Para o crime ser processado por ação penal
incondicionada, é necessário que a vítima tenha + de 70.

A pena aumenta-se de 1/3 Se o crime é cometido contra idoso ou vulnerável,


(um terço) ao dobro considerada a relevância do resultado gravoso.

§ 2º-A. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se a fraude é


cometida com a utilização de informações fornecidas pela vítima ou por terceiro
induzido a erro por meio de redes sociais, contatos telefônicos ou envio de correio
eletrônico fraudulento, ou por qualquer outro meio fraudulento análogo.

Causas de aumento aplicáveis no caso de fraude eletrônica:

1 A 2/3 considerada a relevância do resultado gravoso, se o crime é praticado


mediante a utilização de servidor mantido fora do território nacional.
1/3 é cometido em detrimento de entidade de direito público ou de
instituto de economia popular, assistência social ou beneficência.

101
ESTELIONATO CHEQUE FALSO. LOCAL OBTENÇÃO VANTAGEM ILÍCITA.
ESTELIONATO PRATICADO POR CHEQUE LOCAL DE DOMICÍLIO DA VÍTIMA.
SEM FUNDO.
ESTELIONATO POR DEPÓSITO OU LOCAL DE DOMICÍLIO DA VÍTIMA.
TRANSFERENCIA.

Art. 171-A. Organizar, gerir, ofertar ou distribuir carteiras ou intermediar operações que
envolvam ativos virtuais, valores mobiliários ou quaisquer ativos financeiros com o fim
de obter vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro,
mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento. (Incluído pela Lei nº
14.478, de 2022)

Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.

Adulterar o sistema de medição da energia elétrica para pagar menos que o devido:
estelionato (não é furto mediante fraude). (STJ)

Súmula 554 STF: O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o
recebimento da denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação penal.
OBS.: sendo assim, para que o pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos
obste o andamento da ação penal, deve ocorrer antes do recebimento da denúncia.
ATENÇÃO: essa modalidade de extinção da punibilidade só se aplica ao estelionato
praticado mediante cheque sem provisão de fundos. Não se aplica as demais hipóteses
de estelionato.

APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA

Antes do início da ação Extinção da punibilidade. Agente declara, confessa


fiscal. e efetua o pagamento e
presta as informações.
Após o início da ação Facultado ao Juiz: deixar Agente primário e de
fiscal e antes de oferecida de aplicar a pena; ou bons antecedentes;
a denúncia. aplicar somente a de Pagamento da
multa. contribuição social
previdenciária, inclusive
acessórios.

Não se aplica o princípio da insignificância para os crimes de apropriação indébita


previdenciária e de sonegação de contribuição previdenciária. (STF)

CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA

102
Falsificação de documento O próprio documento é, materialmente,
(particular ou público falsificado.
Falsidade ideológica O documento em si (particular ou público) é
verdadeiro, mas falsa é a declaração.

Livros mercantis (livros fiscais).


Para fins penais, equiparam- Ações de sociedade comercial.
se a documentos públicos Testamento particular.
Título ao portador ou transmissível por endosso.
Emanado de entidade paraestatal.

Para fins penais, são Cartão de crédito.


considerados documentos Cartão de débito.
particulares Nota Fiscal.

Súmula 522-STJ: A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é


típica, ainda que em situação de alegada autodefesa.

A apresentação de declaração de pobreza com informações falsas para obtenção de


assistência judiciária gratuita não caracteriza crime de falsidade ideológica ou de uso de
documento falso. Isso porque tal declaração é passível de comprovação posterior, de
ofício ou a requerimento, já que a presunção de sua veracidade é relativa. (STJ)

Possui autorização para preencher, mas o faz Falsidade


DOCUMENTO com omissão ou inserção diversa do que ideológica
EM deveria constar
BRANCO Não possui autorização para preencher: Falsidade material

CRIMES LICITAÇÃO

Contratação direta ilegal


Art. 337-E. Admitir, possibilitar ou dar causa à contratação direta fora das hipóteses
previstas em lei:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.

Para a configuração do crime previsto no art. 89 da Lei 8.666/93, agora disposto no


art. 337-E do CP, é indispensável a comprovação do dolo específico de causar danos
ao erário e o efetivo prejuízo aos cofres públicos. (STJ)
Art. 337-P. A pena de multa cominada aos crimes previstos neste Capítulo seguirá a
metodologia de cálculo prevista neste Código e não poderá ser inferior a 2% (dois por
cento) do valor do contrato licitado ou celebrado com contratação direta.

103
ATENÇÃO: Único crime em que há causa de aumento de pena: omissão grave de dado
ou de informação por projetista. A pena é aplicada em dobro se o crime for cometido
para obter benefício.

COAÇÃO NO CURSO DO PROCESSO

Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio
ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é
chamada a intervir em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da pena correspondente à violência.
Parágrafo único. A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até a metade se o processo
envolver crime contra a dignidade sexual.

CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL

Presente o dolo específico de satisfazer à lascívia, própria ou de terceiro, a prática de


ato libidinoso com menor de 14 anos configura o crime de estupro de vulnerável (art.
217-A do CP), independentemente da ligeireza ou da superficialidade da conduta, não
sendo possível a desclassificação para o delito de importunação sexual. (STJ)

A simulação de arma de fogo pode sim configurar a “grave ameaça”, para os fins do tipo
do art. 213 do Código Penal. (STJ)

O “cliente” da exploração sexual (art. 218-B do CP) pode ser punido sozinho, ou seja,
mesmo que não haja um proxeneta. (STJ)

A irmã de vítima do crime de estupro de vulnerável responde por conduta omissiva


imprópria se assume o papel de garantidora. (STJ)

Não incide a regra a continuidade delitiva específica nos crimes de estupro praticados
com violência presumida. (STJ)

Nos casos de estupro de vulnerável praticado em continuidade delitiva em que não é


possível precisar o número de infrações cometidas, tendo os crimes ocorrido durante
longo período de tempo, deve-se aplicar a causa de aumento de pena no patamar
máximo de 2/3. (STJ)

A pena é aumentada:

104
Da Se o crime é cometido com o concurso de 2 (duas) ou mais pessoas.
QUARTA
parte
Da Se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge,
METADE companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por
qualquer outro título tiver autoridade sobre ela.
1 a 2/3 Se o crime é praticado
a) mediante concurso de 2 (dois) ou mais agentes (estupro
coletivo).
b) para controlar o comportamento social ou sexual da vítima.

INCITAÇÃO AO CRIME
→ Incorre na mesma pena quem incita, publicamente, animosidade entre as Forças
Armadas, ou delas contra os poderes constitucionais, as instituições civis ou a sociedade.
→ O crime tem que ser determinado; a incitação genérica é fato atípico.
→ A incitação à prática de contravenção é fato atípico.

ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA
→ 3 ou + pessoas com o fim de cometer CRIMES.
→ Pena de 1 a 3 anos.
→ A pena será de 3 a 6 anos quando se tratar de crimes hediondos ou equiparados.

PENA AUMENTA ATÉ Se a associação é armada ou se houver a participação de


A METADE criança ou adolescente.

CONSTITUIÇÃO DE MILÍCIA PRIVADA


→ A finalidade é a prática de qualquer crime previsto NO CÓDIGO PENAL.

CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

→ Os crimes funcionais estão sujeitos à extraterritorialidade incondicionada da lei


penal brasileira.

PECULATO
→ O ato de subtrair bem da administração pública, a que não tenha posse, mas
possua acesso facilitado em decorrência da qualidade de servidor público, constitui
crime de peculato na modalidade furto.
→ No peculato mediante erro de outrem é necessário que o erro não tenha sido
provocado ou induzido pelo agente, pois se assim o for este responderá por estelionato.

Peculato culposo

Reparação do dano antes da sentença definitiva Extingue a punibilidade


Reparação do dano após sentença definitiva Reduz pela metade a pena
→ O peculato culposo é o único crime contra a Administração Pública praticado por
funcionário público que é CULPOSO

105
Inserção de dados falsos em sistema de Funcionário público autorizado (crime
informações (art. 313-A): próprio)
Modificação ou alteração não autorizada Funcionário público em sentido amplo
de sistema de informações (art. 313-B): (não precisa ser autorizado)

CONCUSSÃO

→ O funcionário público que se utilizar de violência ou grave ameaça para obter


vantagem indevida cometerá o crime de extorsão e não o de concussão. Na concussão,
a exigência é feita sem violência ou grave ameaça.
→ O crime de excesso de exação está no mesmo artigo (em outro parágrafo) e
tipifica a conduta do funcionário que exige tributo que sabe ou deveria saber indevido
ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso.

EXCESSO DE EXAÇÃO Exigir que sabe ser indevido


CRIME FUNCIONAL CONTRA A Exigir para deixar de lançar ou cobrar
ORDEM parcialmente
TRIBUTÁRIA

No crime de concussão, a situação de flagrante delito configura-se no momento da


exigência da vantagem indevida (e não no instante da entrega). Isso porque a concussão
é crime FORMAL (STJ)

CORRUPÇÃO PASSIVA

Corrupção Passiva PRÓPRIA Corrupção Passiva IMPRÓPRIA


O agente comercializa ato ilegítimo. E: O agente comercializa ato legítimo. Ex:
solicitar dinheiro para deixar de aplicar solicitar dinheiro para expedir um alvará.
uma multa de trânsito.

Pena é se, em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário


aumentada de RETARDA OU DEIXA DE PRATICAR qualquer ato de ofício ou o
1/3 PRATICA infringindo dever funcional.

PREVARICAÇÃO CORRUPÇÃO PASSIVA PRIVILEGIADA


Retardar ou deixar de praticar, Se o funcionário pratica, deixa de
indevidamente, ato de ofício, ou praticá- praticar ou retarda ato de ofício, com
lo contra disposição expressa de lei, para infração de dever funcional, cedendo a
satisfazer interesse ou sentimento pedido ou influência de outrem.
pessoal.

106
O crime de corrupção passiva consuma-se ainda que a vantagem indevida esteja
relacionada com atos que formalmente não se inserem nas atribuições do funcionário
público. (STJ)

ADVOCACIA ADMINISTRATIVA
→ Haverá qualificadora se o interesse é ilegítimo

EXERCÍCIO FUNCIONAL ILEGALMENTE ANTECIPADO OU PROLONGADO


→ A decisão de suspensão prevista neste artigo é a administrativa. Se for suspensão
por decisão judicial, o crime passa a ser de desobediência a decisão judicial sobre perda
ou suspensão de direito (art. 359).

USURPAÇÃO DE FUNÇÃO PÚBLICA


→ O crime será qualificado se o agente aufere vantagem.

FINGIR-SE FUNCIONÁRIO PÚBLICO USURPAÇÃO DE FUNÇÃO PÚBICA


(CONTRAVENÇÃO PENAL) (CRIME)
O particular se apresenta como O particular exerce a função de
funcionário público. funcionário público.

RESISTÊNCIA
→ O crime será QUALIFICADO se o ato, em razão da resistência, não se executa.

DESOBEDIÊNCIA
→ Não existe previsão de qualificadora se o ato não se executa em razão da
desobediência (como ocorre com o crime de resistência).

Comete crime de desobediência o indivíduo que não atende a ordem dada pelo oficial
de justiça na ocasião do cumprimento de mandado de entrega de veículo. (STF)

DESACATO

CRIME CONTRA A HONRA DE O servidor está ausente


FUNCIONÁRIO PÚBLICO, MAJORADO
CRIME DE DESACATO O servidor está presente

TRÁFICO DE INFLUÊNCIA
→ Historicamente, a expressão venditio fumi é identificada com o crime de tráfico
de influência.

107
TRÁFICO DE INFLUÊNCIA – Art. 332 EXPLORAÇÃO DE PRESTÍGIO – Art. 357
Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer
ou para outrem, vantagem ou promessa outra utilidade (...) A pretexto de influir
de vantagem (...) A pretexto de influir em em juiz, jurado, órgão do MP,
ato praticado por funcionário público no funcionário de justiça, perito, tradutor,
exercício da função. intérprete ou testemunha.
Majorante: 1/2: Se o agente alega ou Majorante: 1/3 Se o agente alega ou
insinua que a vantagem é também insinua que o dinheiro ou utilidade
destinada ao funcionário. também se destina a qualquer das
pessoas referidas neste artigo.

CORRUPÇÃO PASSIVA

PENA + Se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite


1/3 ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.

DESCAMINHO

PENA APLICADA se o crime de descaminho é praticado em transporte aéreo,


EM DOBRO marítimo ou fluvial.

O descaminho é crime tributário FORMAL. Logo, para que seja proposta ação penal por
descaminho não é necessária a prévia constituição definitiva do crédito tributário. (STF)

Pagamento integral da dívida tributária NÃO extingue a punibilidade do crime de


descaminho. (STJ)

Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e de descaminho


quando o débito tributário verificado não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte
mil reais) (STJ)

Súmula nº 151, STJ: “A competência para o processo e julgamento por crime de


contrabando ou descaminho define-se pela prevenção do Juízo Federal do lugar da
apreensão dos bens.”

CONTRABANDO
→ Exportar ou importar mercadoria proibida (proibição pode ser absoluta ou
relativa)
→ Não admite princípio da insignificância (existe um julgado do STJ excepcionando
isso quando se trata de pequena quantidade de medicamento para uso próprio)

108
DENUNCIACÃO CALUNIOSA

Pena aumentada de SEXTA se o agente se serve de anonimato ou de nome


parte suposto.
Pena diminuída de METADE se a imputação é de prática de CONTRAVENÇÃO.

Para que seja configurado o crime de denunciação caluniosa exige-se dolo direto. Não
há crime de denunciação caluniosa caso o agente tenha agido com dolo eventual. (STF)

EXERCÍCIO ARBITRÁRIO DAS PRÓPRIAS RAZÕES


→ Se não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa.

O crime de exercício arbitrário das próprias razões é formal e consuma-se com o


emprego do meio arbitrário, ainda que o agente não consiga satisfazer a sua pretensão.
(STJ)

FAVORECIMENTO PESSOAL E FAVORECIMENTO REAL

FAVORECIMENTO PESSOAL FAVORECIMENTO REAL


-O agente auxilia o criminoso a escapar -O agente auxilia o criminoso a tornar
da autoridade policial, nos crimes seguro o produto do crime, após a
punidos com reclusão (se for punido consumação deste.
com detenção, a pena será menor). -Se o agente for cônjuge, ascendente,
-Se o agente for cônjuge, ascendente, descendente, irmão responde pelo crime
descendente, irmão: não responde - -Crime formal: não precisa do sucesso do
Crime material: consuma-se com o intento.
sucesso do auxílio, ainda que parcial.

PATROCÍNIO INFIEL

PATROCÍNIO INFIEL PATROCÍNIO INFIEL


Trair, na qualidade de advogado ou Incorre na pena deste artigo o advogado
procurador, o dever profissional, ou procurador judicial que defende na
prejudicando interesse, cujo patrocínio, mesma causa, simultânea ou
em juízo, lhe é confiado. sucessivamente, partes contrárias.

Configura o crime de corrupção ativa o oferecimento de vantagem indevida a


funcionário público para determiná-lo a omitir ou retardar ato de ofício relacionado com
o cometimento do crime de posse de drogas para uso próprio. (STJ)

Servidor público que se apropria dos salários que lhe foram pagos e não presta os
serviços, não comete peculato. (STJ)

109
Comete o delito de desobediência o condutor do veículo que não cumpre a ordem de
parada dada pela autoridade em contexto de policiamento ostensivo para prevenção e
repressão de crimes. (STJ)

Não comete crime o médico do SUS que cobra do paciente um valor pelo fato de utilizar,
na cirurgia, a sua máquina particular de videolaparoscopia (que não é oferecida na rede
pública). (STJ)

Introduzir chip de aparelho celular em presídio não caracteriza crime. (STJ)

Pratica corrupção passiva o Deputado Federal que recebe vantagem indevida para
interceder junto a diretor da Petrobrás com o intuito de fazer com que a empresa faça
acordo com empresa privada e pague a ela determinadas quantias em atraso. (STF)

Configura o crime de peculato-desvio o fomento econômico de candidatura à reeleição


por Governador de Estado com o patrimônio de empresas estatais. (STJ)

Pratica o crime de peculato-desvio o Governador que determina que os valores


descontados dos contracheques dos servidores para pagamento de empréstimo
consignado não sejam repassados ao banco, mas sim utilizados para quitação de dívidas
do Estado. (STJ)

Deputado Federal que recebe propina para apoiar permanência de diretor de estatal
comete crime de corrupção passiva (STF)

A causa de aumento prevista no § 2º do art. 327 do Código Penal não pode ser aplicada
aos dirigentes de autarquias (ex: a maioria dos Detrans) porque esse dispositivo
menciona apenas órgãos, sociedades de economia mista, empresas públicas e
fundações. (STF)

Alterações efetuadas neste material (sinalizadas com asterisco):

Página 79: alteração para fazer constar o art. 142 do CP e não o 143.

Página 80: erro material (digitação) acumulado à duplicidade do quadro.

Página 82: Foram acrescentados os crimes de atentado ou empreendimento na tabela


que traz o rol dos crimes aos quais não cabe a aplicação do instituto da tentativa.

110
01/11/23

PROCESSO PENAL
DELTA
PRINCÍPIOS E SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS

PRINCIPAIS PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL


TEMPUS REGIT ACTUM: os atos já praticados não podem ser atingidos pela nova lei.
PRESUNÇÃO DA INOCÊNCIA: direito de não ser declarado culpado, senão após o
trânsito em julgado de sentença penal condenatória.

DIMENSÕES:
• INTERNA: regra probatória (parte acusatória tem o ônus de demonstrar a
culpabilidade do acusado); e regra de tratamento (Poder público não pode
tratar o acusado como se já fosse um condenado).
• EXTERNA: tratamento dado pela imprensa.

ATENÇÃO: Em 2019 houve overruling e o STF decidiu que o cumprimento da pena


somente pode ter início com o esgotamento de todos os recursos. Portanto,
atualmente, é proibida a execução provisória da pena (info 961).
INDISPONIBILIDADE DA AÇÃO PENAL: obrigatoriedade da persecução penal nos
crimes de ação penal pública incondicionada.
DISPONIBILIDADE DA AÇÃO PENAL CONDICIONADA: nos crimes de ação penal pública
condicionada a representação ou requisição, o processo somente tem andamento com
a anuência do ofendido.
FAVOR REI OU FAVOR LIBERTATIS OU IN DÚBIO PRO REO: em caso de conflito de leis,
aplica-se a mais favorável ao réu.

STJ: O princípio NÃO tem aplicação nas fases de oferecimento da denúncia e na


prolação de decisão de pronúncia do Tribunal do Júri, em que, como regra, prevalece
o princípio do in dubio pro societate (info 709/2021).

STF: Pronúncia e standard probatório: a decisão de pronúncia requer uma


preponderância de provas, produzidas em juízo, que sustentem a tese acusatória, nos
termos do art. 414, CPP. Inadmissibilidade in dubio pro societate: além de não possuir
amparo normativo, tal preceito ocasiona equívocos e desfoca o critério sobre o
standard probatório necessário para a pronúncia (info 935/2020).
PEREMPTORIEDADE RECURSAL: os prazos correrão de forma contínua, não sendo
interrompidos por férias, domingos ou feriados.
FUNGIBILIDADE DOS RECURSOS: a interposição de recurso diferente do adequado
não prejudicará a parte que interpôs, salvo se de má-fé.

111
SISTEMAS PROCESSUAIS
SISTEMA ACUSATÓRIO* SISTEMA INQUISITIVO*
• Nítida separação entre as funções • As funções de acusar, defender e
de acusar, defender e julgar; julgar podem ser reunidas em uma
• Processo regido pelos princípios única pessoa;
do contraditório, ampla defesa e • Ao acusado não é conferido
devido processo legal; poderes de interferir na decisão do
• O processo não pode ser iniciado julgador;
de ofício. Vedação a produção • O juiz pode iniciar o processo de
probatória pelo juiz; ofício e produzir provas;
• Ônus da prova cabe a acusação; • Não há presunção de inocência;
• O processo penal é público. • O processo penal é sigiloso.

INVESTIGAÇÃO CRIMINAL

É um procedimento investigativo substitutivo do inquérito para os casos de flagrante em


infrações penais de menor potencial ofensivo, abarcando todas as contravenções penais
e crimes cuja pena máxima não ultrapasse 02 (dois) anos.

EXCEÇÕES AO TCO (casos em que será instaurado IP)


Infrações de Crimes que Recusa a ser Nos crimes
menor potencial demandam encaminhado para previstos no CTB,
ofensivo com complexidade na o JECRIM. quando o autor
autoria ignorada. investigação. não presta socorro
imediato e integral
à vítima.

EXCEÇÃO DA EXCEÇÃO: Crime de porte de drogas para uso pessoal (art. 28 da lei 11.
343/06) → ainda que o autor se recuse a comparecer no JECRIM, será lavrado TCO, uma
vez que não é possível impor um título prisional àquele que pratica o crime.

NOTÍCIA DO CRIME (NOTITIA CRIMINIS)

ESPONTÂNEA OU DE delegado toma conhecimento nas atividades rotineiras.


COGNIÇÃO IMEDIATA
PROVOCADA OU DE forma indireta, por algum ato de comunicação formal
COGNIÇÃO MEDIATA feito por um terceiro.
COERCITIVA prisão em flagrante.
APÓCRIFA OU é a “denúncia anônima” (antes da instauração do IP,
INQUALIFICADA deve haver a verificação da procedência das
informações).

ATENÇÃO: O STF tem entendimento que, considerando a vedação ao anonimato, é vedada


a instauração de IP, a decretação de medida de busca e apreensão (info 819) e de

112
interceptação telefônica (STJ, 2012) com base unicamente em “denúncia anônima”.

INDICIAMENTO:

→ Indiciar é apontar determinada pessoa como PROVÁVEL autor do fato delituoso.


→ Ato privativo do delegado de polícia – info 552 (ninguém pode mandá-lo indiciar –
info 717).
→ Via de regra qualquer pessoa pode ser indiciada. Entretanto, algumas autoridades
estão afastadas de tal ato, como por exemplo membros do MP e membros da
magistratura.
→ Pode desindiciar? Sim. Caso o delegado perceba que aquele sujeito que ele indicou
não é o provável autor do delito (por algum elemento de informação
superveniente), ele fará o desindiciamento.
→ Desindiciamento coacto: determinado judicialmente em HC impetrado contra
indiciamento ilegal.

ESPÉCIES DE INDICIAMENTO
INDICIAMENTO MATERIAL: É um ato decisório do delegado de polícia, onde ele expõe
um substrato fáticos e jurídicos que justificam a imputação do crime ao investigado. Ou
seja, nada mais é do que a fundamentação do ato do indiciamento. É a análise técnica-
jurídica.
INDICIAMENTO FORMAL: É constituído por peças essenciais para formar a convicção
da autoridade para o indiciamento material. Peças como: 1) boletim de vida pregressa;
b) auto de qualificação e interrogatório.
INDICIAMENTO COERCITIVO: é aquele decorrente do APF, uma vez que os
pressupostos do indiciamento são quase os mesmos da lavratura do auto de prisão em
flagrante. Quem é preso em flagrante, inevitavelmente está indiciado.
INDICIAMENTO INDIRETO: é aquele realizado quando o investigado não é encontrado,
estando em local incerto e não sabido.
INDICIAMENTO DIRETO: é aquele realizado quando o investigado é encontrado e está
presente.
INDICIAMENTO COMPLEXO: trata-se de procedimento adotado em situações em que o
investigado dispõe por foro por prerrogativa de função.

ATENÇÃO: EFEITO PRODRÔMICO/INDIRETO DO INDICIAMENTO:


O efeito preliminar do ato administrativo (efeito indireto) é que a representação pelo
indiciamento de alguém com foro por prerrogativa de função faz surgir o dever da
autoridade judicial se manifestar para que o ato se aperfeiçoe. A representação
constitui uma exposição dos fatos, seguida de uma sugestão jurídica fundamentada.

INDICIAMENTO ENVOLVENDO AUTORIDADES COM FORO POR PRERROGATIVA DE


FUNÇÃO:
Em regra, a autoridade com foro por prerrogativa de função pode ser indiciada. Existem
duas exceções previstas em lei de autoridades que não podem ser indiciadas:
a) Magistrados (art. 33, parágrafo único, da LC 35/79);
b) Membros do Ministério Público (art. 18, parágrafo único, da LC 75/93 e art. 41,

113
parágrafo único, da Lei nº 8.625/93).
Excetuadas as hipóteses legais, é plenamente possível o indiciamento de autoridades
com foro por prerrogativa de função. No entanto, para isso, é indispensável que a
autoridade policial obtenha uma autorização do Tribunal competente para julgar esta
autoridade. Ex: em um inquérito criminal que tramita no STJ para apurar crime
praticado por Governador de Estado, o Delegado de Polícia constata que já existem
elementos suficientes para realizar o indiciamento do investigado. Diante disso, a
autoridade policial deverá requerer ao Ministro Relator do inquérito no STJ autorização
para realizar o indiciamento do referido Governador.
Cuidado: não é o Ministro Relator quem irá fazer o indiciamento. Este ato é privativo da
autoridade policial. O Ministro Relator irá apenas autorizar que o Delegado realize o
indiciamento. STF. Decisão monocrática. HC 133835 MC, Rel. Min. Celso de Mello,
julgado em 18/04/2016 (Info 825).
ATENÇÃO: Existe decisão monocrática mais recente em sentido contrário: De acordo
com o Plenário do STF, é nulo o indiciamento de detentor de prerrogativa de foro,
realizado por Delegado de Polícia, sem que a investigação tenha sido previamente
autorizada por Ministro-Relator do STF (Pet 3.825-QO, Red. p/o Acórdão Min. Gilmar
Mendes). Diversa é a hipótese em que o inquérito foi instaurado com autorização e
tramitou, desde o início, sob supervisão de Ministro do STF, tendo o indiciamento
ocorrido somente no relatório final do inquérito. Nesses casos, o indiciamento é
legítimo e independe de autorização judicial prévia. Em primeiro lugar, porque não
existe risco algum à preservação da competência do STF relacionada às autoridades com
prerrogativa de foro, já que o inquérito foi autorizado e supervisionado pelo Relator.
Em segundo lugar, porque o indiciamento é ato privativo da autoridade policial (Lei nº
12.830/2013, art. 2º, § 6º) e inerente à sua atuação, sendo vedada a interferência do
Poder Judiciário sobre essa atribuição, sob pena de subversão do modelo constitucional
acusatório, baseado na separação entre as funções de investigar, acusar e julgar. Em
terceiro lugar, porque conferir o privilégio de não poder ser indiciado apenas a
determinadas autoridades, sem razoável fundamento constitucional ou legal,
configuraria uma violação aos princípios da igualdade e da república.
Em suma: a autoridade policial tem o dever de, ao final da investigação, apresentar sua
conclusão. E, quando for o caso, indicar a autoria, materialidade e circunstâncias dos
fatos que apurou, procedendo ao indiciamento. STF. Decisão monocrática. Inq 4621,
Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 23/10/2018.

DISCRICIONARIEDADE DO DELEGADO DE POLÍCIA EM DEIXAR DE LAVRAR FLAGRANTE


Parte da doutrina afirma que não seria possível o Delegado deixar de lavrar o auto de
prisão em flagrante nas hipóteses de excludente de tipicidade, ilicitude e culpabilidade.
Isso porque o delegado de polícia deve fazer um juízo apenas quanto à tipicidade formal e
punibilidade. Em outras palavras: a análise do delegado de polícia restringe-se tão somente
à existência de autoria e materialidade típica e punível, não possuindo qualquer margem
de atuação quanto às excludentes.
Por outro lado, a doutrina moderna vem entendendo que sim! O delegado de polícia possui
margem de atuação para o controle de excludentes cabais da tipicidade, ilicitude e
culpabilidade, de modo que pode deixar de lavrar o auto de prisão em flagrante quando se
deparar com tais circunstâncias. Nessa hipótese, o delegado não lavra o APF, fazendo

114
apenas o registro de ocorrência.
ATENÇÃO: A PCSP atua no sentido da doutrina moderna, de modo que os delegados de
polícia deixam de lavrar o APF quando há manifesta causa de excludente da tipicidade
(formal ou material), ilicitude ou culpabilidade. Portanto, em eventual questão discursiva
sobre o tema, citar a doutrina tradicional, mas frisar a doutrina moderna, por ser a posição
adotada na instituição.

ADVOGADO E SIGILO DO IP
Nas investigações, EM REGRA, o inquérito policial deve ser conduzido de maneira sigilosa,
até mesmo para se garantir a eficácia das investigações.
O art. 20 do CPP dispõe que a autoridade assegurará, no inquérito, o sigilo necessário à
elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. Assim, se a autoridade policial
verificar que a publicidade pode causar prejuízo à elucidação dos fatos, pode decretar o
sigilo do inquérito. No entanto, é direito do advogado ter acesso aos autos já
documentados e desde que não frustre diligência em andamento.
SV 14: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos
elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por
órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de
defesa.

DUPLA FUNÇÃO DO SIGILO NO IP


FUNÇÃO UTILITARISTA FUNÇÃO GARANTISTA
Assegura a eficácia das investigações, por Preserva os direitos dos investigados. Ex.:
exemplo, não pode divulgar a decretação evitar a exposição midiática do
da interceptação telefônica, sob pena da investigado. (presunção de inocência sob
prova restar prejudicada. a perspectiva da regra de tratamento).

É necessária a presença do advogado durante o interrogatório em sede policial? Não.


Entretanto, caso o agente opte por estar acompanhado por seu advogado, a autoridade
policial não poderá impedir arbitrariamente.
O acesso do advogado depende de procuração? Não. Porém, decretado o sigilo, a
procuração será necessária.
O STF, em decisão veiculada no Info 964, entendeu que a negativa de acesso ao
investigado a peças que digam respeito a dados sigilosos de terceiros, que NÃO POSSUEM
RELAÇÃO COM SEU DIREITO DE DEFESA, não ofende a Súmula Vinculante 14.

ATENÇÃO!!
Caso seja injustificadamente negado ao defensor do investigado o acesso ao inquérito
policial, quais medidas judiciais são cabíveis, visando à obtenção de acesso aos autos
da investigação? (Caiu na PCMG)
O candidato deveria contextualizar a questão abordando que uma das características
do inquérito policial é o sigilo; que este sigilo possui uma dupla função; que se trata de

115
um sigilo eminentemente externo.
Após contextualizar, deve passar à resposta da questão: São 3 os mecanismos judiciais
previstos em caso de recusa injustificada por parte do Delegado de Polícia:
• Reclamação ao Supremo Tribunal Federal: em razão da ofensa à SV 14 do STF.
• Mandado De Segurança: em razão da ofensa ao direito líquido e certo do
advogado de ter acesso a inquérito policial (artigo 7, inciso XIV da lei 8.906/94
• Habeas Corpus: em razão da ofensa ao art. 5º, LXVIII da CF/88.

QUESTÕES IMPORTANTES SOBRE O SIGILO


Embora o advogado tenha direito de acessar aos autos do inquérito policial, a própria
lei nos traz exceções, como por exemplo, crime onde seja decretado o segredo de
justiça, não poderá outro advogado, senão o do investigado ter acesso aos autos. Ex.:
crimes contra a dignidade sexual.
Crimes praticados por Organizações Criminosas: o art. 23 da lei 12.850/13 prevê que
poderá ser decretado o sigilo da investigação e, nesse caso, o acesso pelo advogado
dependerá de prévia autorização judicial.
Não é necessária a intimação prévia da defesa técnica do investigado para a tomada
de depoimentos orais na fase de inquérito policial. Não haverá nulidade dos atos
processuais caso essa intimação não ocorra. Esse entendimento justifica-se porque os
elementos de informação colhidos no inquérito não se prestam, por si sós, a
fundamentar uma condenação criminal (Info 933).

JÁ CAIU (VUNESP 2022): Acerca do inquérito policial no processo penal, assinale a


alternativa correta:
R.: Embora não seja possível falar na incidência do contraditório, em sua plenitude, é
cabível o exercício de defesa no inquérito, com direito de acesso aos atos já
documentados.

JÁ CAIU (VUNESP 2021): No curso de inquérito policial regularmente instaurado para


apurar crime de ação penal pública condicionada, e antes de seu encerramento, o
advogado regulamente constituído pelo ofendido nos autos efetua requerimento ao
Delegado de Polícia que o preside, pleiteando a realização de várias diligências.
Considerando findas as investigações, e sem a realização das diligências requeridas, a
autoridade policial lança o relatório final e encaminha os autos ao Ministério Público.
Diante desse cenário, é correto afirmar:
R.: agiu a d. autoridade policial em desconformidade com a lei, pois é permitido ao
ofendido, ou seu representante legal, requerer diligências para apuração ou
esclarecimento dos fatos, somente podendo ser indeferidas tais providências,
motivadamente, se impertinentes ou protelatórias.

116
CONSTITUIÇÃO DE DEFENSOR QUANDO O INVESTIGADO FOR INTEGRANTE DA
SEGURANÇA PÚBLICA OU MILITAR

Art. 14-A. Nos casos em que servidores vinculados às instituições dispostas no art. 144
da Constituição Federal (agentes de segurança pública) figurarem como investigados
em inquéritos policiais, inquéritos policiais militares e demais procedimentos
extrajudiciais, cujo objeto for a investigação de fatos relacionados ao uso da força letal
praticados no exercício profissional, de forma consumada ou tentada, incluindo as
situações dispostas no art. 23 do Código Penal (excludente de ilicitude), o indiciado
poderá constituir defensor.

§ 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado deverá ser citado da
instauração do procedimento investigatório, podendo constituir defensor no prazo de
até 48 (quarenta e oito) horas a contar do recebimento da citação.

§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo com ausência de nomeação de


defensor pelo investigado, a autoridade responsável pela investigação deverá intimar a
instituição a que estava vinculado o investigado à época da ocorrência dos fatos, para
que essa, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, indique defensor para a representação
do investigado.

§ 3º Havendo necessidade de indicação de defensor nos termos do § 2º deste artigo, a


defesa caberá preferencialmente à Defensoria Pública, e, nos locais em que ela não
estiver instalada, a União ou a Unidade da Federação correspondente à respectiva
competência territorial do procedimento instaurado deverá disponibilizar profissional
para acompanhamento e realização de todos os atos relacionados à defesa
administrativa do investigado.

§ 4º A indicação do profissional a que se refere o § 3º deste artigo deverá ser PRECEDIDA


DE MANIFESTAÇÃO DE QUE NÃO EXISTE DEFENSOR PÚBLICO lotado na área territorial
onde tramita o inquérito e com atribuição para nele atuar, hipótese em que poderá ser
indicado profissional que não integre os quadros próprios da Administração.

§ 5º Na hipótese de não atuação da Defensoria Pública, os custos com o patrocínio dos


interesses dos investigados nos procedimentos de que trata este artigo correrão por
conta do orçamento próprio da instituição a que este esteja vinculado à época da
ocorrência dos fatos investigados.

§ 6º As disposições constantes deste artigo se aplicam aos servidores militares


vinculados às instituições dispostas no art. 142 da Constituição Federal, desde que os
fatos investigados digam respeito a missões para a Garantia da Lei e da Ordem.

JÁ CAIU (VUNESP 2022) No que concerne aos investigados em inquérito policial que
investiga uso da força letal, é correto afirmar que a Lei nº 13.964/2019 (Pacote
Anticrime):
R.: havendo necessidade de indicação de defensor, a defesa caberá
preferencialmente à Defensoria Pública, e, nos locais em que ela não estiver
instalada, a União ou a Unidade da Federação correspondente à respectiva
competência territorial do procedimento instaurado deverá disponibilizar

117
profissional para acompanhamento e realização de todos os atos relacionados à
defesa administrativa do investigado.

MP

MP pode investigar? Promotor não pode conduzir o IP, só o delegado pode. Entretanto,
o STF decidiu que o MP pode sim investigar, com base na teoria dos poderes implícitos (se
a CF concedeu ao MP a titularidade da ação penal pública,o ordenamento deve conferir
prerrogativas para que ele cumpra seu mister)

Promotor que investiga é suspeito para oferecer denúncia? Não. Existe sumula nesse
sentido até (234 do STJ).

Compete ao CNMP dirimir conflitos de atribuições entre membros do MPF e de


Ministérios Públicos estaduais. (STF)

Não há ilicitude das provas por violação ao sigilo de dados bancários, em razão do
compartilhamento de dados de movimentações financeiras da própria instituição
bancária ao Ministério Público. (STF)

PRAZOS

PREVISAO EM LEI PRESO SOLTO


CPP 10 DIAS 30 DIAS,
PRORROGÁVEIS
POLÍCIA FEDERAL 15 DIAS (+15) 30 DIAS
CRIMES CONTRA A ECONOMIA POPULAR 10 DIAS 10 DIAS
LEI DE DROGAS 30 DIAS (+30) 90 DIAS (+90)
INQUÉRITO MILITAR 20 DIAS 40 DIAS (+20)

Art. 3º § 2º CPP Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, mediante
representação da autoridade policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma
única vez, a duração do inquérito por até 15 (quinze) dias, após o que, se ainda assim a
investigação não for concluída, a prisão será imediatamente relaxada.
DISPOSITIVO SUSPENSO POR DELIBERAÇÃO DO MIN. FUX

ARQUIVAMENTO

ARQUIVAMENTO ANTES PAC ARQUIVAMENTO PÓS PAC


Se perfectibilizava em âmbito judicial Se perfectibiliza internamente no MP

118
MP requer arquivamento. MP arquiva e remete à instância de
a) Juiz concorda? Homologa. revisão ministerial para que seja
b) Juiz não concorda? Remete os autos homologado.
aoProcurador Geral, o qual poderá: Vítima pode submeter a matéria à
-ele mesmo denunciar; revisão ministerial no prazo de 30 dias.
-designar outro para denunciar; *OBS.: O STF atribuiu interpretação
-concordar com o arquivamento. conforme ao caput do art. 28 do CPP,
Neste caso, o juiz é obrigado a acatar! alterado pela Lei nº 13.964/2019, para
assentar que: “ao se manifestar pelo
arquivamento do inquérito policial ou
de quaisquer elementos informativos
da mesma natureza, o órgão do
Ministério Público submeterá sua
manifestação ao juiz competente e
comunicará à vítima, ao investigado e
à autoridade policial, podendo
encaminhar os autos para o
procurador-geral ou para a instância
de revisão ministerial, quando houver,
para fins de homologação, na forma da
lei, vencido, em parte, o ministro
Alexandre de Moraes, que incluía a
revisão automática em outras
hipóteses; Por unanimidade, atribuir
interpretação conforme ao § 1º do art.
28 do CPP, incluído pela Lei nº
13.964/2019, para assentar que, além
da vítima ou de seu representante
legal, a autoridade judicial competente
também poderá submeter a matéria à
revisão da instância competente do
órgão ministerial, caso verifique
patente ilegalidade ou teratologia no
ato do arquivamento."*

Delegado arquiva Inquérito? NÃO.

Arquivamento por:
• Atipicidade do fato ou inexistência do crime; Faz coisa julgada
• Causa extintiva de punibilidade (salvo, certidão de MATERIAL
óbito falsa); Não é possível o
• Excludente de ilicitude (reconhecido pelo STJ, mas desarquivamento.
há divergência no STF).
Arquivamento por: Faz coisa julgada
• Insuficiência probatória; FORMAL
• Falta de justa causa; É possível o
• Falta de pressuposto processual objetivo. desarquivamento.

119
NÃO CONFUNDA: A decisão que, na audiência de custódia, determina o relaxamento
da prisão em flagrante sob o argumento de que a conduta praticada é atípica não faz
coisa julgada. Assim, esta decisão não vincula o titular da ação penal, que poderá
oferecer acusação contra o indivíduo narrando os mesmos fatos e o juiz poderá
receber essa denúncia.

ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL

• Confessar formal e circunstancialmente a prática de


infraçãopenal;
REQUISITOS • Infração penal sem violência ou grave ameaça;
• Infração penal com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos.
*Para aferição da pena mínima cominada ao delito serão
consideradas as causas de aumento e diminuição.
• Reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, EXCETO na
impossibilidade de fazê-lo;
• Renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo
Ministério Público como instrumentos, produto ou
proveito do crime;
• Prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por
período correspondente à pena mínima cominada ao
CONDIÇÕES delito diminuída de um a dois terços, em local a ser
indicado pelo juízo da execução;
• Pagar prestação pecuniária, a entidade pública ou de
interesse social, a ser indicada pelo juízo da execução, que
tenha, preferencialmente, como função proteger bens
jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados
pelo delito;
• Cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada
pelo Ministério Público, desde que proporcional e
compatível com ainfração penal imputada.

O acordo de não persecução penal (ANPP) aplica-se a fatos ocorridos antes da Lei nº
13.964/2019, desde que não recebida a denúncia. (STJ)

MP denunciou o acusado por crime cuja pena mínima é igual ou superior a 4 anos; há alteração do
enquadramento jurídico ou desclassificação; o novo crime tem pena mínima inferior a 4 anos;
diante dessa alteração, será possível oferecer o ANPP. (STJ)

Por constituir um poder-dever do Ministério Público, o não oferecimento tempestivo do acordo de


não persecução penal desacompanhado de motivação idônea constitui nulidade absoluta. (STJ)

O Ministério Público não é obrigado a notificar o investigado acerca da proposta do ANPP. (STJ)

A competência para a execução do acordo de não persecução penal é do Juízo que o homologou.
(STJ)

120
REPRESENTAÇÃO

CPP A representação é retratável até o momento em que antecede o


OFERECIMENTO da denúncia.
Lei Maria da A representação é retratável até o momento em que antecede o
Penha recebimento o RECEBIMENTO da denúncia.

• Instituto extintivo da punibilidade.


• Cabe nas ações privadas e públicas condicionadas à
representação.
RENÚNCIA • Se aplica a todos os agentes do crime.
• É exercida antes do ajuizamento da ação penal.
• Impede a apresentação de queixa-crime na ação penal
privada,mesmo que de forma tácita.

COMPETÊNCIA

CRIMES PLURILOCAIS COMUNS Teoria do Resultado.


Teoria da Atividade - Exceção
CRIMES PLURILOCAIS CONTRA A VIDA
.(jurisprudência).
(DOLOSOS OU CULPOSOS)
(Teoria do Esboço do Resultado)
JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS Teoria da Atividade
ATOS INFRACIONAIS Teoria da Atividade

Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a
infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de
execução. (Teoria do Resultado)

ESTELIONATO CHEQUE FALSO LOCAL OBTENÇÃO VANTAGEM ILÍCITA


ESTELIONATO PRATICADO POR CHEQUE LOCAL DE DOMICÍLIO DA VÍTIMA.
SEM FUNDO
ESTELIONATO POR DEPÓSITO OU LOCAL DE DOMICÍLIO DA VÍTIMA.
TRANSFERENCIA

ATENÇÃO: essa atualização legislativa não altera a competência para julgamento em


caso de estelionato praticado por meio de cheque falso. A súmula 48 do STJ continua
válida.

Súmula 48-STJ: Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem ilícita processar e


julgar crime de estelionato cometido mediante falsificação de cheque.

121
FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO Competência definida em razão do ÓRGÃO
EXPEDIDOR.
USO DE DOC. FALSO QUE NÃO SEJA Competência definida em razão do ÓRGÃO
PELO PRÓPRIO AUTOR DA AOQUAL FOR APRESENTADO.
FALSIFICAÇÃO
USO DE DOC. FALSO PELO PRÓPRIO Competência definida em razão do ÓRGÃO
AUTOR DA FALSIFICAÇÃO EXPEDIDOR.

Súmula nº 546, STJ: “A competência para processar e julgar o crime de uso dedocumento
falso é firmada em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o documento
público, não importando a qualificação do órgão expedidor.”

COMPETÊNCIA PELO DOMICÍLIO OU RESIDÊNCIA DO RÉU:


Não sendo conhecido o lugar da infração: domicílio ou
AÇÃO PENAL residência do réu;
PÚBLICA • Réu com mais de uma residência: Prevenção;
• Réu não tem residência certa ou paradeiro ignorado: juiz que
primeiro tomar conhecimento do fato.
AÇÃO PENAL Mesmo que conhecido o lugar da infração: querelante pode preferir
PRIVADA o domicílio do réu.

Súmula nº 706, STF: É relativa à nulidade decorrente da inobservância da competência


penal por prevenção.

Conexão Intersubjetiva: ocorre quando 2 ou + infrações, interligadas, são praticadas


necessariamente por2 ou + pessoas. Subdivide-se em:

POR SIMULTANEIDADE 2 ou + infrações, praticadas por 2 ou + pessoas reunidas,


OU SUBJETIVA- ao mesmo tempo. Não há prévio ajuste entre os
OBJETIVA agentes.
CONCURSAL 2 ou + infrações são praticadas em concurso, embora
diverso o tempo e o lugar. Há prévio ajuste entre os
agentes.
POR RECIPROCIDADE 2 ou + infrações são praticadas, por diversas pessoas,
umas contra as outras.
CONEXÃO OBJ. Uma infração é praticada para facilitar, ocultar
(TELEOLÓGICA OU (teleológica) ou garantir a impunidade ou
CONSEQUENCIAL*) vantagem (consequencial) de outra infração.*

CONEXÃO A prova de uma infração influi na prova de outra


INSTRUMENTALOU infração. Não basta mera conveniência de processos,
PROBATÓRIA mas vínculo objetivo entre os diversos fatos.

122
CONEXÃO CONTINÊNCIA
Vínculo, entre 2 ou + infrações, que, em Vínculo que une vários infratores a
regra, enseja a união entre os processos umaúnica infração, ou a ligação de
para facilitar a produção da prova e várias infrações por decorrerem de
paraevitar decisões distorcidas. conduta única, ocasionando a reunião
de todos os elementos em processo
único

CONTINÊNCIA POR 2 ou + pessoas concorrerem para a prática da


CUMULAÇÃO mesma infração.
SUBJETIVA
CONTINÊNCIA POR Reunião em um só processo de várias infrações
CUMULAÇÃO advindas de uma só conduta (ex: concurso formal,
OBJETIVA erro na execução ou resultado diverso do
pretendido).

Art. 79. § 1º A conexão e a continência importarão unidade de processo e julgamento,


SALVO:

SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA SEPARAÇÃO FACULTATIVA


• Concurso entre a jurisdição comum • Quando as infrações tiverem
e a militar; sido praticadas em
• Concurso entre a jurisdição comum circunstâncias de tempo ou de
e o juízo de menores (ECA); lugar diferentes;
• Sobrevier doença mental em • Quando pelo excessivo número
relação a um corréu; de acusados e para não lhes
• Houver corréu foragido; prolongar aprisão provisória;
Não houver número mínimo de Por outro motivo relevante o juiz
jurados no tribunal do júri reputar conveniente.
(estouro de urna).

ATENÇÃO: não haverá reunião de processos se algum deles já tiver sentença.

TEORIA DO JUÍZO APARENTE


Esta Suprema Corte tem endossado, com base na teoria do juízo aparente, a
possibilidade de ratificação de atos processuais praticados por juízo aparentemente
competente ao tempo de sua prática. STF. 1ª Turma. HC 185755 AgR, Rel. Min. Rosa
Weber, julgado em 08/06/2021.

FORO DE PRERROGATIVA DE FUNÇÃO PREVISTO NO CF/88


AUTORIDADE FORO COMPETENTE
• Presidente e Vice-Presidente da
República
• Deputados Federais e Senadores
• Ministros do STF

123
• Procurador-Geral da República
• Ministros de Estado STF
• Advogado-Geral da União
• Comandantes da Marinha, Exército
e Aeronáutica
• Ministros do STJ, STM, TST, TSE
• Ministros do TCU
• Chefes de missão diplomática de
caráter permanente
• Governadores
• Desembargadores (TJ, TRF, TRT)
• Membros dos TRE
• Conselheiros dos Tribunais de STJ
Contas
• Membros do MPU que oficiem
perante tribunais
• Juízes Federais, Juízes Militares e
Juízes do Trabalho
• Membros do MPU que atuam na 1ª TRF ou TRE
instância
• Juízes de Direito
• Promotores e Procuradores de TJ
Justiça
• Prefeitos TJ, TRF ou TRE

Em recente julgado, o STF entendeu que as normas da Constituição de 1988 que


estabelecem as hipóteses de foro por prerrogativa de função devem ser
INTERPRETADAS RESTRITIVAMENTE, aplicando-se apenas aos crimes que tenham sido
praticados DURANTE O EXERCÍCIO DO CARGO E EM RAZÃO DELE.
Assim, por exemplo, se o crime foi praticado antes de o indivíduo ser diplomado como
Deputado Federal, não se justifica a competência do STF, devendo ele ser julgado pela
1ª instância mesmo ocupando o cargo de parlamentar federal. Além disso, mesmo que
o crime tenha sido cometido após a investidura no mandato, se o delito não apresentar
relação direta com as funções exercidas, também não haverá foro privilegiado.
Vamos compreender os principais argumentos para uma prova discursiva?
➢ CF prevê um sistema de foro extremamente ampliado que alcança inúmeros
agentes público, tão alargado que gera consequências graves e indesejáveis para
a justiça: a) AFASTA OS TRIBUNAIS SUPERIORES, EM ESPECIAL DO STF enquanto
Suprema Corte, do seu VERDADEIRO PAPEL DE TRIBUNAIS DE TESES JURÍDICAS
e não, de julgamento de provas e fatos. Tal atribuição é melhor desempenhada
pelo juízo de 1º grau que tem melhores condições de conduzir a instrução
processual. Isso contribui para a ineficiência do sistema de justiça criminal.
➢ O modelo de foro por prerrogativa tal qual delineado IMPEDE O GOZO DE
GARANTIAS IMPORTANTES COMO O DIREITO AO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO,
previsto em alguns diplomas internacionais de que o Brasil é signatário como
CADH.

124
➢ Foro por prerrogativa de função é garantia para resguardar a função exercida e
não, o agente público nela investido de forma que sua INCIDÊNCIA DEVE FICAR
ADSTRITA AS INFRAÇÕES COMUNS PRATICADAS APÓS A DIPLOMAÇÃO E EM
RAZÃO DO CARGO.
Se o parlamentar federal (Deputado Federal ou Senador) está respondendo a uma
ação penal no STF e, antes de ser julgado, ele deixar de ocupar o cargo (exs: renunciou,
não se reelegeu etc), cessa o foro por prerrogativa de função e o processo deverá ser
remetido para julgamento em 1ª instância?
O STF decidiu estabelecer uma regra para situações como essa:
➢ Se o réu deixou de ocupar o cargo ANTES de a instrução terminar: cessa a
competência do STF e o processo deve ser remetido para a 1ª instância.
➢ Se o réu deixou de ocupar o cargo DEPOIS de a instrução se encerrar: o STF
permanece sendo competente para julgar a ação penal.
Assim, o STF estabeleceu um marco temporal, fim da instrução - a partir do qual a
competência para processar e julgar ações penais – seja do STF ou de qualquer outro
órgão jurisdicional – não será mais afetada em razão de o agente deixar o cargo que
ocupava, qualquer que seja o motivo (exs: renúncia, não reeleição, eleição para cargo
diverso). Ou seja: trata-se de um marco temporal para a perpetuação da jurisdição.
Como fica no caso de agente político que perdeu o foro em razão do fim do mandato,
mas foi reeleito?
Nessa hipótese, temos que analisar se houve intervalo entre os mandatos. Isso porque,
segundo o STF, o intervalo entre dois mandatos afasta foro por prerrogativa de função
em relação a fato praticado no período anterior, de modo que só é possível que o foro
por prerrogativa de função seja mantido se a reeleição para o 2º mandato seja
consecutiva e imediata.
ATENÇÃO: Se o crime for cometido durante a CAMPANHA PARA A REELEIÇÃO, e o
agente for efetivamente reeleito, a competência permanecerá sendo a do STF/STJ.

E COMO FICA A INVESTIGAÇÃO CRIMINAL ENVOLVENDO


DEPUTADOS FEDERAIS E SENADORES?
SITUAÇÃO ATRIBUIÇÃO PARA INVESTIGAR
Crime foi praticado ANTES da diplomação
Crime foi praticado DEPOIS da diplomação • Polícia (Civil ou Federal) ou MP.
(durante o exercício do cargo), mas o • Não há necessidade de autorização
delito NÃO TEM RELAÇÃO com as funções do STF.
desempenhadas. Ex: homicídio culposo no • Medidas cautelares são deferidas
trânsito. pelo juízo de 1ª instância (ex:
Se o crime foi praticado DEPOIS da quebra de sigilo).
diplomação (durante o exercício do cargo) • Polícia Federal e Procuradoria
e o delito ESTÁ RELACIONADO com as Geral da República, com
funções desempenhadas. Ex: corrupção supervisão judicial do STF.
passiva. • Há necessidade de autorização do
STF para o início das investigações.

125
JURISPRUDÊNCIA

Súmula Vinculante nº 45: “A competência constitucional do Tribunal do Júri


prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela
constituição estadual.”

Súmula nº 38, STJ: “Compete a Justiça Estadual Comum, na vigência da Constituição


de1988, o processo por contravenção penal, ainda que praticada em detrimento de
bens,serviços ou interesse da União ou de suas entidades.”

ATENÇÃO: não é correto dizer que a Justiça Federal nunca julgará contravenção.
Caso uma autoridade com foro por prerrogativa na JF cometa uma contravenção, será
julgadopela JF.

Havendo sentença prolatada quanto ao delito conexo, a competência para


julgamento do delito remanescente deve ser aferida isoladamente. (STJ)

É possível que os crimes antecedentes sejam julgados em um processo e a


acusação por lavagem seja apreciada em outro processo desmembrado, mesmo
que o MP estejaimputando a causa de aumento descrita na parte final do § 4º do
art. 1º da Lei 9.613/98. (STJ)

É aplicável a teoria do juízo aparente para ratificar medidas cautelares no curso do


inquérito policial quando autorizadas por juízo aparentemente competente. (STJ)

Compete à Justiça Federal processar e julgar o crime de esbulho possessório de


imóvel vinculado ao Programa Minha Casa Minha Vida. (STJ)

A colaboração premiada, como meio de obtenção de prova, não constitui critério de


determinação, de modificação ou de concentração da competência. (STJ)

É indispensável a existência de prévia autorização judicial para a instauração de


inquérito ou outro procedimento investigatório em face de autoridade com foro por
prerrogativa de função em Tribunal de Justiça. (STF)

Beneficiário do auxílio emergencial transferiu o dinheiro para a conta de terceiro


que deveria sacar a quantia e entregar ao beneficiário; compete à Justiça Estadual
julgar a conduta do terceiro que decidiu não mais entregar o valor. (STJ)

A Justiça Eleitoral é competente para processar e julgar os crimes eleitorais e os


comunsque lhe forem conexos. (STF)

Compete aos tribunais de justiça estaduais processar e julgar os delitos comuns, não
relacionados com o cargo, em tese praticados por Promotores de Justiça. (STJ)

A Justiça Eleitoral é competente para processar e julgar crime comum conexo com
crimeeleitoral, ainda que haja o reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva
do delitoeleitoral. (STF)

126
A simples constatação de que os medicamentos apreendidos em poder do réu eram
deprocedência estrangeira não atrai a competência da Justiça federal para processar
e julgar o feito. (STJ)

Os crimes relacionados com pirâmide financeira envolvendo criptomoedas são, em


princípio, de competência da Justiça Estadual. (STJ)

Compete à Justiça comum (Tribunal do Júri) o julgamento de homicídio praticado


por militar contra outro quando ambos estejam fora do serviço ou da função no
momento do crime. (STJ)

Compete à Justiça Estadual o pedido de habeas corpus preventivo para viabilizar,


para fins medicinais, o cultivo, uso, porte e produção artesanal da Cannabis
(maconha), bem como porte em outra unidade da federação, quando não
demonstrada a internacionalidade da conduta. (Info 673).

Compete à Justiça Estadual a execução de medida de segurança imposta a militar


licenciado (Info 626).

Declarações de particular que ofendem a honra de outro particular deverão ser


julgadas na Justiça Estadual, mesmo que feitas perante órgão federal (Info 593).

Súmula 555-STF: É competente o Tribunal de Justiça para julgar conflito de jurisdição


entre juiz de direito do estado e a justiça militar local.

Súmula 702-STF: A competência do Tribunal de Justiça para julgar Prefeitos


restringe-se aos crimes de competência da Justiça comum estadual; nos demais
casos, a competência originária caberá ao respectivo tribunal de segundo grau.

Súmula 704-STF: Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido
processo legal a atração por continência ou conexão do processo do corréu ao foro
por prerrogativa de função de um dos denunciados.

Súmula 451-STF: A competência especial por prerrogativa de função não se estende


ao crime cometido após a cessação definitiva do exercício funcional.

Súmula 721-STF: A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre


o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição
estadual.

Súmula 165-STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar crime de falso


testemunho cometido no processo trabalhista.

Súmula 200-STJ: O juízo federal competente para processar e julgar acusado de


crime de uso de passaporte falso é o do lugar onde o delito se consumou.

Súmula 147-STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados


contra funcionário público federal, quando relacionados com o exercício da função.

127
Súmula 122-STJ: Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos
crimes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art.
78, II, a) do Código de Processo Penal.

Súmula 209-STJ: Compete à justiça estadual processar e julgar prefeito por desvio
de verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal.

Súmula 208-STJ: Compete à justiça federal processar e julgar prefeito municipal por
desvio de verba sujeita a prestação de contas perante órgão federal.

Súmula 498-STF: Compete a justiça dos estados, em ambas as instâncias, o processo


e o julgamento dos crimes contra a economia popular.

Súmula 107-STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime de


estelionato praticado mediante falsificação das guias de recolhimento das
contribuições previdenciárias, quando não ocorrente lesão à autarquia federal.

Súmula 104-STJ: Compete à Justiça Estadual o processo e julgamento dos crimes de


falsificação e uso de documento falso relativo a estabelecimento particular de
ensino.

PROVAS
CONCEITOS IMPORTANTES:

PROVAS CAUTELARES: Aquelas em que há um risco de desaparecimento do objeto


da prova em razão do decurso do tempo, em relação às quais o contraditório será
diferido. Podem ser produzidas na fase investigatória ou na fase judicial e em regra
dependem de autorização judicial. Ex.: interceptação telefônica.
PROVAS NÃO REPETÍVEIS: Uma vez produzidas, não podem ser novamente coletadas
ou produzidas, em virtude do desaparecimento da fonte probatória. Podem ser
produzidas na fase investigatória e na fase judicial e em regra não dependem de
autorização judicial. Ex.: exame de corpo de delito
PROVAS ANTECIPADAS: São as produzidas com a observância do contraditório real,
perante a autoridade judicial, em momento processual distinto daquele legalmente
previsto, ou até mesmo antes do início do processo, em virtude de situação de
urgência e relevância. É indispensável prévia autorização judicial e elas podem ser
produzidas na fase investigatória e em juízo. Ex.: depoimento ad perpetuam rei
memoriam (art. 225, CPP).
ATENÇÃO: Não se esqueça que as provas cautelares, antecipadas e irrepetíveis são
exceções ao desvalor probatório do inquérito policial, de modo que, quando
produzidas em sede de investigação criminal, podem ser utilizadas para fundamentar
uma condenação.

128
FONTE DE PROVA MEIO DE PROVA MEIO DE OBTENÇÃO DE
PROVA
Cometido o fato delituoso, São os instrumentos Refere-se a certos
tudo aquilo que possa através dos quais as fontes procedimentos, em regra
esclarecer alguém cerca do de prova são introduzidas extraprocessuais,
crime pode ser conceituado no processo. geralmente realizados por
como fonte de prova (ex.: outros agentes que não o
Dizem respeito a uma
pessoas, coisas). juiz, cujo objetivo é a
atividade endoprocessual,
identificação das fontes de
que se desenvolve perante
prova. Nesse caso, o
o juiz, com a participação
contraditório será diferido,
das partes, em fiel
ou postergado.
observância ao
contraditório e à ampla Ex.: interceptação
defesa. telefônica.

Todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado ou recolhido,


VESTÍGIO
que se relaciona à infração penal (art. 158-A, § 3º, CPP).
EVIDÊNCIA É o vestígio que, após as devidas análises, tem constatada, técnica e
cientificamente, sua relação com o fato periciado.
Circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o fato,
INDÍCIO
autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras
circunstâncias (art. 239 do CPP).

SERENDIPIDADE
SERENDIPIDADE OU ENCONTRO FORTUITO DE 1º GRAU: Ocorre quando os encontros
fortuitos são de fatos conexos ou continentes com os fatos sob investigação. Nesse
caso, a prova produzida pode ser valorada pelo juiz.
SERENDIPIDADE OU ENCONTRO FORTUITO DE 2º GRAU: Ocorre quando se trata de
fatos não conexos ou quando não exista continência com os fatos sob investigação.
Nesse caso, a prova produzida vale como notitia criminis.
SERENDIPIDADE SUBJETIVA: Ocorre quando, no curso da medida, surgirem indícios do
envolvimento criminoso de outra pessoa que inicialmente não estava sendo
investigada. Ex: durante a interceptação telefônica instaurada para investigar João,
descobre-se que um de seus comparsas é Pedro (Deputado Federal).
SERENDIPIDADE OBJETIVA: Ocorre quando, no curso da medida, surgirem indícios da
prática de outro crime que não estava sendo investigado.

QUEM PODE SER CONDUZIDO COERCITIVAMENTE?


• Ofendido
• Testemunha
• Perito
• Qualquer outra pessoa que deva comparecer ao ato para o qual foi intimada,
e assim não o faz, injustificadamente.
ATENÇÃO: No julgamento das ADPF´s 395 e 444, o STF entendeu pela
inconstitucionalidade da utilização da condução coercitiva de réu/investigado para fins

129
de interrogatório policial/judicial prevaleceu o entendimento de que a Constituição
Cidadã de 1988 não recepcionou a parte do art. 260 do CPP que autoriza a utilização da
condução coercitiva “para interrogatório”.

PROVA EMPRESTADA
FORMA Deve ser feita através de documentos.
VALOR A prova emprestada terá o mesmo valor que possuía no
PROBATÓRIO processo de origem.
REQUISITOS O contraditório deverá ter sido observado quanto às mesmas
partes no processo de origem. Do contrário, é considerada uma
prova documental, não tendo o valor de prova emprestada.

Súmula 591 STJ - É permitida a prova emprestada no processo administrativo disciplinar,


desde que devidamente autorizada pelo juízo competente e respeitados o contraditório e
a ampla defesa.

CADEIA DE CUSTÓDIA

É o conjunto de todos os procedimentos utilizados para


manter e documentar a história cronológica do vestígio
O QUE É? coletado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua
posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o
descarte.
Quando inicia? O início da cadeia de custódia dá-se com a preservação do
local de crime ou com procedimentos policiais ou periciais nos
quais seja detectada a existência de vestígio.

O que é vestígio? é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado


ou recolhido, que se relaciona à infração penal.

A cadeia de custódia compreende o rastreamento do vestígio nas seguintes etapas:

FASE EXTERNA:
Ato de distinguir um elemento como de potencial
RECONHECIMENTO interesse para a produção da prova pericial.
Ato de evitar que se altere o estado das coisas, devendo
ISOLAMENTO isolar e preservar o ambiente imediato, mediato e
relacionado aos vestígios e local de crime.
Descrição detalhada do vestígio conforme se encontra no
localde crime ou no corpo de delito, e a sua posição na área
FIXAÇÃO
de exames, podendo ser ilustrada por fotografias,
filmagens ou croqui, sendo indispensável a sua descrição
no laudo pericial produzido pelo perito responsável pelo
atendimento.

130
Ato de recolher o vestígio que será submetido à análise
COLETA pericial, respeitando suas características e natureza.
Procedimento por meio do qual cada vestígio coletado é
embalado de forma individualizada, de acordo com suas
ACONDICIONAMENTO
características físicas, químicas e biológicas, para
posterior análise, com anotação da data, hora e nome de
quem realizoua coleta e o acondicionamento.
Ato de transferir o vestígio de um local para o outro,
utilizando as condições adequadas (embalagens, veículos,
TRANSPORTE temperatura, entre outras), de modo a garantir a
manutenção de suas características originais, bem como o
controle de sua posse.
FASE INTERNA:
Ato formal de transferência da posse do vestígio, que deve
RECEBIMENTO serdocumentado com, no mínimo, informações referentes
aonúmero de procedimento e unidade de polícia judiciária
relacionada, local de origem, nome de quem transportou o
vestígio, código de rastreamento, natureza do exame, tipo
dovestígio, protocolo, assinatura e identificação de quem
o recebeu.
Exame pericial em si, manipulação do vestígio de acordo
com a metodologia adequada às suas características
PROCESSAMENTO biológicas, físicas e químicas, a fim de se obter o resultado
desejado, que deverá ser formalizado em laudo produzido
por perito.
Procedimento referente à guarda, em condições
ARMAZENAMENTO adequadas, do material a ser processado, guardado para
realização de contraperícia, descartado ou transportado,
com vinculação ao número do laudo correspondente.
Procedimento referente à liberação do vestígio, respeitando
DESCARTE
a legislação vigente e, quando pertinente, mediante
autorizaçãojudicial.

→ Qual a consequência da quebra da cadeia de custódia?

Existem duas correntes sobre o tema:


1ª CORRENTE: a consequência é a ilicitude da prova, com a sua exclusão, assim como
das demais provas dela derivadas.
2ª CORRENTE: a quebra da cadeia de custódia não leva, obrigatoriamente, à ilicitude
ou à ilegitimidade da prova, devendo ser analisado o caso concreto.
No último julgado importante do STJ tratando do tema, o posicionamento do Tribunal
foi no sentido de se filiar à segunda corrente:
As irregularidades constantes da cadeia de custódia devem ser sopesadas pelo
magistrado com todos os elementos produzidos na instrução, a fim de aferir se a prova
é confiável. STJ. 6ª Turma. HC 653.515-RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, Rel. Acd. Min. Rogerio
Schietti Cruz, julgado em 23/11/2021 (Info 720).

131
Por ser um tema sensível para fins de provas discursivas, vale a pena a leitura de
fundamentação doutrinária: “É dizer, a quebra da cadeia de custódia não resulta,
necessariamente, em prova ilícitaou ilegítima, interferindo apenas na valoração dessa
prova pelo julgador. A irregularidade na cadeia de custódia reduzirá a credibilidade da
prova, diminuirá o seu valor, passando-se a ser exigido do juiz um reforço justificativo
caso entenda ser possível confiar na integridade e na autenticidade da prova e resolva
utilizá-la na formação do seu convencimento.” (Manual de Processo Penal. Salvador:
Juspodivm, 2021, p. 754).

DISPOSITIVOS IMPORTANTES
Art. 158-A, § 1º O INÍCIO DA CADEIA DE CUSTÓDIA dá-se com a preservação do local de
crime ou com procedimentos policiais ou periciais nos quais seja detectada a existência
de vestígio.
§ 2º O AGENTE PÚBLICO que reconhecer um elemento como de potencial interesse para
a produção da prova pericial fica responsável por sua preservação.
§ 3º VESTÍGIO é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado ou
recolhido, que se relaciona à infração penal.
Art. 158-C. A coleta dos vestígios deverá ser realizada PREFERENCIALMENTE por perito
oficial (1 perito), que dará o encaminhamento necessário para a central de custódia,
MESMO QUANDO for necessária a realização de exames complementares.
§ 1º Todos vestígios coletados no decurso do inquérito ou processo devem ser tratados
como descrito nesta Lei, ficando órgão central de perícia oficial de natureza criminal
responsável por detalhar a forma do seu cumprimento.
§ 2º É PROIBIDA a entrada em locais isolados bem como a remoção de quaisquer
vestígios de locais de crime antes da liberação por parte do perito responsável, sendo
tipificada como FRAUDE PROCESSUAL a sua realização.

PRINCÍPIOS DA MESMIDADE: Por “mesmidade” entende-se a garantia de que a prova


valorada é exatamente e integralmente aquela que foi colhida, correspondendo,
portanto, “a mesma”. Não raras vezes, por diferentes filtros e manipulações feitas
pelas autoridades que colhem/custodiam a prova, o que é trazido para o processo
não obedece a exigência de “mesmidade”, senão que corresponde ao signo de ‘parte
do’, que constitui, em última análise, ‘a outro’ e não ‘ao mesmo’.

PRINCÍPIO DA DESCONFIANÇA: Já a “desconfiança” consiste na exigência de que as


provas (documentos, DNA, áudios etc.) devam ser ‘acreditadas’, submetidas a um
procedimento que demonstre que correspondem ao que a parte alega ser.

BUSCA E APREENSÃO

Realizada a busca e apreensão, apesar de o relatório sobre o resultado da diligência ficar


adstrito aos elementos relacionados com os fatos sob apuração, deve ser assegurado à
defesa acesso à integra dos dados obtidos no cumprimento do mandado judicial. (STJ)

132
Não há nulidade na busca e apreensão efetuada por policiais, sem prévio mandado
judicial, em apartamento que não revela sinais de habitação, nem mesmo de forma
transitória ou eventual, se a aparente ausência de residentes no local se alia à fundada
suspeita de que o imóvel é utilizado para a prática de crime permanente. (STJ)

É válida, com base na teoria da aparência, a autorização expressa para que os policiais
fizessem a busca e apreensão na sede de empresa investigada, autorização essa dada
por pessoa que, embora tenha deixado de ser sócia formal, continuou assinando
documentos como representante da empresa. (STJ)

Não existe exigência legal de que o mandado de busca e apreensão detalhe o tipo de
documento a ser apreendido, ainda que de natureza sigilosa. (STJ)

A busca e apreensão é uma medida cautelar real, assim, diferentemente dos cautelares
pessoais, independe para sua concessão da comprovação do requisito da
contemporaneidade dos fatos. (STJ TESES)

Se a vítima é capaz de individualizar o autor do fato, é desnecessário instaurar o


procedimento do art. 226 do CPP. (STJ)

A denúncia anônima acerca da ocorrência de tráfico de drogas acompanhada das


diligências para a constatação da veracidade das informações prévias pode caracterizar
as fundadas razões para o ingresso dos policiais na residência do investigado. (STJ)

A mera alegação genérica de “atitude suspeita” é insuficiente para a licitude da busca


pessoal (STJ)

Não há nulidade pelo fato de o juiz não aceitar o rol de testemunhas apresentado pela
defesa fora da fase estabelecida no art. 396-A do CPP. (STJ)

É ilegal o encerramento do interrogatório do paciente que se nega a responder aos


questionamentos do juiz instrutor antes de oportunizar as indagações pela defesa. (STJ)

Se a polícia entra na residência especificamente para efetuar uma prisão, ela não pode
vasculhar indistintamente o interior da casa porque isso seria “pescaria probatória”,
com desvio de finalidade. (STJ)

É inválido o reconhecimento pessoal realizado em desacordo com o modelo do art. 226


do CPP, o que implica a impossibilidade de seu uso para lastrear juízo de certeza da
autoria do crime, mesmo que de forma suplementar. (STJ)

Não é possível a quebra de sigilo de dados informáticos estáticos (registros de


geolocalização) nos casos em que haja a possibilidade de violação da intimidade e vida
privada de pessoas não. (STJ)

A indução do morador a erro na autorização do ingresso em domicílio macula a validade


da manifestação de vontade e, por consequência, contamina toda a busca e apreensão.
(STJ)

133
É ilegal a requisição, sem autorização judicial, de dados fiscais pelo Ministério Público.
(STJ)

O MP pode requerer diretamente que a Apple, Google etc guardem os registros de


acesso a aplicações de internet ou registros de conexão de pessoas investigadas
enquanto se aguarda pedido de quebra de sigilo de dados. (STJ)

É lícita a entrada de policiais, sem autorização judicial e sem o consentimento do


hóspede, em quarto de hotel, desde que presentes fundados razões da ocorrência de
flagrante delito. (STJ)

MANDADO DE BUSCA E APREENSÃO EM ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA.


O mandado de busca e apreensão a ser realizado em escritório de advocacia deve ser
ESPECÍFICO e PORMENORIZADO, a ser cumprido na presença de representante da
OAB, sendo vedada a utilização de documentos e objetos pertencentes a clientes do
advogado investigado, salvo se tais clientes também estiverem sendo investigados
como partícipes ou coautores do advogado.
Ou seja, no cumprimento de mandado de busca e apreensão em escritório de
advocacia NÃO se aplica a teoria do encontro fortuito quanto a documentos não
referentes ao investigado, pois estariam protegidos pelo sigilo, não fazendo parte do
objeto da diligência. Seria, assim, configurado um desvio de finalidade da diligência,
ocasionando a ilicitude das provas.

PROVAS DIGITAIS
Provas digitais são “informações transmitidas ou memorizadas em formato binário
que pode ser utilizada na justiça”.
No processo penal, tem-se que as provas digitais podem ser utilizadas como fonte de
prova, onde se pode extrair informações que venham a ser utilizadas na persecução
penal.

E qual a diferença para as fontes de provas tradicionais?


• CARÁTER ONTOLÓGICO, visto que as provas digitais são caracterizadas pela
imaterialidade, isso porque os elementos de provas digitais são conservados e
transmitidos em linguagem não natural, mas digital;
• CARÁTER METODOLÓGICO: a ausência de materialidade exige uma metodologia
especial de produção, admissão e valoração.

Como se dá a cadeia de custódia da prova digital?


A prova digital deve se valer de instrumentos técnicos adequados para os trabalhos de
investigação de dados digitais de modo a constituir uma prova utilizável em processo
judicial. O método empregado tem que garantir a integridade do dado digital e, com
isso, a força probandi do conteúdo probatório por ele representado. Além disso, todo o
processo técnico precisa ser documentado e registrado em todas as suas etapas,
especialmente por envolver dados probatórios voláteis e sujeitos à mutação.

O que ocorre em caso de quebra da cadeia de custódia da prova digital?


Se o método for inadequado ou se, embora adequado, não houver comprovação de seu

134
emprego por ausência de registro da cadeia de custódia, não há como garantir a tutela
da genuinidade e não alteração do dado informático devido a sua natureza frágil e
volátil.

Ainda sobre as provas digitais e a cadeia de custódia, cabe destacar decisão do STJ:
São inadmissíveis as provas digitais sem registro documental acerca dos procedimentos
adotados pela polícia para a preservação da integridade, autenticidade e confiabilidade
dos elementos informáticos. (Processo sob segredo de justiça, Rel. Ministro Messod
Azulay Neto, Rel. Acd. Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por maioria, julgado em
7/2/2023)

As empresas de tecnologia que operam aplicações de internet no Brasil sujeitam-se à


jurisdição nacional e, como tal, devem cumprir as determinações das autoridades
nacionais do Poder Judiciário — inclusive as requisições feitas diretamente — quanto
ao fornecimento de dados eletrônicos para a elucidação de investigações criminais,
ainda que parte de seus armazenamentos esteja em servidores localizados em países
estrangeiros. ADC 51/DF, relator Ministro Gilmar Mendes, julgamento finalizado em
23.2.2023.

SUJEITOS DO PROCESSO

IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO DO JUIZ

IMPEDIMENTO SUSPEIÇÃO

• Rol taxativo. • Rol não taxativo.


• As hipóteses são objetivas, se • As hipóteses se referem ao ânimo
referem aovínculo do juiz com o do juizem relação as partes.
processo.
• Nulidade relativa.
• Começam sempre com “tiver
funcionado” ou “ele próprio”.
• Nulidade absoluta.

JURISPRUDÊNCIA
O magistrado que atuou como corregedor em processo administrativo não está
impedido de julgar o réu em processo criminal. (STF)

Magistrado que julgou PAD contra o réu não está impedido de julgar o processo
criminalsobre os mesmos fatos. (STF)

Não se deve anular julgamento colegiado no qual participou julgador impedido se a


exclusão de seu voto não alterar o resultado da decisão. (STF)

É inadmissível a intervenção do assistente de acusação na ação de habeas corpus.


(STF)

135
A OAB não tem legitimidade para atuar como assistente de defesa de advogado réu
emação penal. (STF)

Familiares da vítima poderão intervir no processo de porte de arma de fogo mesmo


tendo havido arquivamento quanto à imputação de homicídio. (STJ)

Em REGRA, o Defensor Público não precisa de mandato (procuração) para


representar aparte em processos administrativos ou judiciais. Isso está previsto na
LC 80/94.
Exceção: será necessária procuração se o Defensor Público for praticar algum dos
atos para os quais a lei exige poderes especiais (exemplos: transigir, desistir,
renunciar – art.38 do CPC). (STJ)

A nomeação judicial de Núcleo de Prática Jurídica para patrocinar a defesa de réu


dispensa a juntada de procuração. STJ. 3ª Seção. EAREsp 798496-DF, Rel. Min. Nefi
Cordeiro, julgado em 11/04/2018 (Info 624).

Se o acórdão absolutório foi combatido tempestivamente pelo assistente de


acusação, não houve formação de coisa julgada em favor do réu, ainda que o MP
tenha perdido o prazo. O Ministério Público e o assistente de acusação interpuseram
recurso. Ocorre que o recurso do MP não foi conhecido, por intempestividade. Por
outro lado, ficou constatado que o recurso do assistente de acusação foi interposto
dentro do prazo. Logo, se o acórdão absolutório foi combatido tempestivamente
pelo assistente de acusação, não houve formação de coisa julgada em favor do réu
e o recurso deve ser apreciado pelo Tribunal. STF. 2ª Turma. HC 154076 AgR/PA, Rel.
Min. Edson Fachin, julgado em 29/10/2019 (Info 958).

Súmula 208, STF: O assistente do Ministério Público não pode recorrer,


extraordinariamente, de decisão concessiva de “habeas corpus”.

Súmula 210, STF: O assistente do Ministério Público pode recorrer, inclusive


extraordinariamente, na ação penal, nos casos dos arts. 584 §1º, e 598 do Código de
Processo Penal.

Súmula 644-STJ: O núcleo de prática jurídica deve apresentar o instrumento de


mandato quando constituído pelo réu hipossuficiente, salvo nas hipóteses em que é
nomeado pelo juízo.

PRISÕES

FLAGRANTE

ESPÉCIES DE FLAGRANTE
PRÓPRIO Está cometendo a infração penal ou acaba de cometer.

136
IMPRÓPRIO/ É perseguido, logo após o cometimento da infração penal, em
situação que faça presumir ser ele o autor da infração penal.
QUASE FLAGRANTE

FICTO/ É encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, papéis


PRESUMIDO ou objetos que façam presumir ser ele o autor da infração
penal.
PROVOCADO O agente é induzido ou instigado à prática da infração penal,
na expectativa de que seja capturado em flagrante Súmula nº
145, STF: “Não há crime, quando a preparação do flagrante
pela polícia torna impossível a sua consumação.”
ESPERADO Ciente da iminência de crime, a autoridade policial aguarda os
primeiros atos executórios e realiza a prisão em flagrante.
FORJADO Armado contra o agente, para incriminá-lo. É ILÍCITO!

PRORROGADO Retardamento da ação policial ou administrativa para que se


concretize no momento mais eficaz do ponto de vista da
(ação
formação de provas e fornecimento de informações.
controlada)

PRISÃO PREVENTIVA

Desde a última reforma processual, o juiz não poderia mais decretar a prisão de ofício
no curso da investigação, entretanto, subsistia a possibilidade da decretação no curso
do processo. O “Pacote Anticrime” eliminou de vez essa possibilidade. O juiz pode
REVOGAR a prisão de ofício, decretá-la não. (sistema acusatório)

CABIMENTO FUNDAMENTOS
• Crimes dolosos punidos com PPL • Periculum libertatis
máxima superior a 4 anos;. • Garantia da ordem pública.
• Reincidente. Garantia da ordem econômica.
• Crime envolver violência Conveniência da instrução
doméstica e familiar contra a mulher, criminal Assegurar a aplicação
criança adolescente, idoso, enfermo ou da lei penal.
pessoa com deficiência, para garantir a • Perigo gerado pelo estado de
execução das medidas protetivas de liberdadedo imputado.
urgência. • Fummus comissi delicti:
• Dúvida sobre a identidade civil da • Prova da existência do crime
pessoa. .Indício suficiente de autoria.

§ 2º A decisão que decretar a prisão preventiva deve ser motivada e fundamentada em


receio de perigo e existência concreta de fatos novos ou contemporâneos que
justifiquem a aplicação da medida adotada.

A contemporaneidade não está ligada necessariamente ao tempo do fato, mas,


quando descoberto e iniciada a apuração do fato, se, nesse exato momento, esse
decurso de prazo neutraliza ou não o elemento acerca da necessidade da preventiva
mediante os demais requisitos

137
Art. 313. Parágrafo único. Decretada a prisão preventiva, deverá o órgão emissor da
decisão revisar a necessidade de sua manutenção a cada 90 DIAS, mediante decisão
fundamentada, de ofício, sob pena de tornar a prisão ilegal.

A prisão preventiva tem prazo?


NÃO. A necessidade da manutenção da prisão deve ser analisada a cada 90 dias

JURISPRUDÊNCIA
A escolha pelo Magistrado de medidas cautelares pessoais, em sentido diverso das
requeridas pelo Ministério Público, pela autoridade policial ou pelo ofendido, não
podeser considerada como atuação ex officio. Impor ou não cautelas pessoais, de
fato, depende de prévia e indispensável provocação; contudo, a escolha de qual delas
melhorse ajusta ao caso concreto há de ser feita pelo juiz da causa. Entender de forma
diversa seria vincular a decisão do Poder Judiciário ao pedido formulado pelo
Ministério Público, de modo a transformar o julgador em mero chancelador de
manifestações do Parquet ou de transferir a este a escolha do teor de uma decisão
judicial. (STJ)
Quando o acusado encontrar-se foragido, não há o dever de revisão ex officio da
prisãopreventiva, a cada 90 dias, exigida pelo art. 316, parágrafo único, do Código de
ProcessoPenal. (STJ)

A apreensão de grande quantidade e variedade de drogas não impede a concessão


da prisão domiciliar à mãe de filho menor de 12 anos se não demonstrada situação
excepcional de prática de delito com violência ou grave ameaça ou contra seus filhos
(art. 318-A do CPP). (STJ)

Em conclusão, o art. 316, parágrafo único, do CPP (revisão da preventiva a cada 90


dias) aplica-se:
a) até o final dos processos de conhecimento, onde há o encerramento da cognição
plena pelo Tribunal de segundo grau;
b) nos processos onde houver previsão de prerrogativa de foro.
Por outro lado, o art. 316, parágrafo único, do CPP não se aplica para as prisões
cautelares decorrentes de sentença condenatória de segunda instância ainda não
transitada em julgado. (STF)

A decretação de prisão temporária somente é cabível quando:


(i) for imprescindível para as investigações do inquérito policial;
(ii) houver fundadas razões de autoria ou participação do indiciado;
(iii) for justificada em fatos novos ou contemporâneos;
(iv) for adequada à gravidade concreta do crime, às circunstâncias do fato e às
condiçõespessoais do indiciado; e
(v) não for suficiente a imposição de medidas cautelares diversas. (STF)

Não é possível que o juiz, de ofício, decrete a prisão preventiva; vale ressaltar, no
entanto, que, se logo depois de decretar, a autoridade policial ou o MP requererem
a prisão, o vício de ilegalidade que maculava a custódia é suprido. (STJ)

138
PRISÃO DOMICILIAR

HIPÓTESES:
• Maior de 80 ANOS;
• EXTREMAMENTE debilitado por DOENÇA GRAVE;
• Imprescindível aos cuidados especiais de MENOR de 6 ANOS ou PCD;
• Gestante;
• Mulher com filho de até 12 ANOS incompletos;
• Homem, caso seja o único responsável, por filho de até 12 ANOS incompletos.

A utilização do próprio filho para a prática de crimes, por se tratar de situação de risco ao
menor, obsta a concessão de prisão domiciliar (info 765 STJ).

A concessão de prisão domiciliar às genitoras de menores de até 12 anos incompletos é


legalmente presumida, não estando condicionada à comprovação da imprescindibilidade
dos cuidados maternos (info 742 STJ).

A apreensão de grande quantidade e variedade de drogas não impede a concessão da


prisão domiciliar à mãe de filho menor de 12 anos se não demonstrada situação
excepcional de prática de delito com violência ou grave ameaça ou contra seus filhos (art.
318-A do CPP) (info 733 STJ)

A prisão domiciliar do art. 318 do CPP só se aplica para os casos de prisão preventiva, não
podendo ser utilizado quando se tratar de execução definitiva de título condenatório
(sentença condenatória transitada em julgado) (info 767 STF).

Mesmo após a inserção do art. 318-A CPP, é possível que o juiz negue a prisão domiciliar
para a mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com
deficiência, desde que presente situação excepcionalíssima (info 891 STF).

PRISÃO TEMPORÁRIA

• Quando imprescindível para as investigações do inquérito


policial – periculum libertitis;
• Quando o indiciado não tiver residência fixa ou não fornecer
elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade;
• Quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova
admitida na legislação penal, de autoria ou participação do
indiciado nos crimes abaixo citados (e crimes hediondos) - fumus
CABIMENTO comissi delicti.

ATENÇÃO: A doutrina afirma que o inciso III do art. 1º da Lei 7.960/89


deverá sempre estar presente, ora combinado com o inciso I ora
combinado com o inciso II.

ATENÇÃO: Recentemente, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento


virtual das ADIs nº 3.360 e 4.109, referente à constitucionalidade da
prisão temporária (Lei 7.960/89), fixou, com efeito vinculante, 3 “novos”

139
requisitos que devem ser observados para a decretação da prisão
temporária, quais sejam:
• Quando for justificada em fatos novos ou contemporâneos que
fundamentem a medida – contemporaneidade, à luz do art. 312,
§2º, CPP;
• Quando a medida for adequada à gravidade concreta do crime,
às circunstâncias do fato e às condições pessoais do indiciado;
• Quando se comprovar a insuficiência das medidas cautelares
diversas da prisão, previstas nos art. 319 e 320 do CPP – prisão
como última ratio.
• Homicídio doloso
• Sequestro ou cárcere privado
• Roubo
• Extorsão
• Extorsão mediante sequestro
• Estupro
ROL • Atentado violento ao pudor
TAXATIVO • Rapto violento
DE CRIMES • Epidemia com resultado de morte
• Envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou
medicinal qualificado pela morte
• Quadrilha ou bando
• Genocídio
• Tráfico de drogas
• Crimes contra o sistema financeiro
• Crimes previstos na lei de Terrorismo*

A prisão temporária, além dos crimes visto acima, também é cabível


para crimes hediondos e equiparados.
APENAS na fase investigatória (tanto em relação ao inquérito policial
MOMENTO quanto a outros procedimentos investigatórios).
• CRIMES COMUNS: 5 dias, prorrogáveis por + 5 dias.
PRAZOS • CRIMES HEDIONDOS: 30 dias, prorrogáveis por + 30 dias.
O mandado de prisão temporária é auto desconstitutivo e que cabe à autoridade
responsável pela custódia colocar o preso em liberdade.
O dia da prisão será computado, o que também já era aplicado (prisões obedecem a
sistemática dos prazos penais, conforme o art. 10 do CP).

AÇÃO CONTROLADA

LEI ORCRIM NÃO precisa de autorização judicial, basta prévia


comunicação.
LEI DE Lei exige autorização judicial.
DROGAS
LEI DE Lei exige autorização judicial.
LAVAGEM

140
Atenção:
→ Nas hipóteses em que a lei exige autorização judicial ou então apenas prévio
aviso, caso ocorra sem, haverá ilicitude? NÃO. A finalidade precípua da norma é
resguardar o agente público contra possíveis imputações de prevaricação, etc.
→ Apenas retardar o momento da prisão não é ação controlada. Para que receba
essa denominação, essa técnica deve ter por fim angariar + elementos de
informação, identificar suspeitos, etc.

Menores de 18 anos; Presidente da República; Diplomatas; Agente


NÃO podem que prestar integral socorro à vítima de acidente de trânsito; Agente
ser presos que se apresentar à autoridade, após cometimento de delito; Agente
em de infração de menor potencial ofensivo, SALVO no caso de se recusar
flagrante a comparecer ao Juizado ou assinar compromisso de comparecer ao
Juizado; Agente de posse de drogas para consumo próprio.
(Comprometendo-se ou não, à comparecer ao Juizado)
Apenas Parlamentares Federais; Parlamentares Estaduais e Distritais;
flagrante de Magistrados; Membros do MP; Advogado, no exercício da profissão.
crime
inafiançável

IMEDIATAMENTE EM ATÉ 24H


A autoridade policial deve: A autoridade policial deve:
Comunicar a prisão e o local onde se Enviar o APF ao juiz competente, enviar
encontra o preso ao Juiz, MP, família do cópia integral do APF a Defensoria
preso ou pessoa por ele indicada. Pública, caso o autuado não informe o
nome de seu advogado e entregar nota
de culpa ao preso.

ATENÇÃO: A prática de atos infracionais anteriores serve para justificar a decretação


ou manutenção da prisão preventiva?
A prática de atos infracionais anteriores serve para justificar a decretação ou
manutenção da prisão preventiva como garantia da ordem pública, considerando que
indicam que a personalidade do agente é voltada à criminalidade, havendo fundado
receio de reiteração.
O STJ entendeu que não é qualquer ato infracional e em qualquer circunstância,
devendo analisar 3 (três) circunstâncias:
a) A particular gravidade concreta do ato ou dos atos infracionais, não bastando
mencionar sua equivalência a crime abstratamente considerado grave; b) A distância
temporal entre os atos infracionais e o crime que deu origem ao processo (ou inquérito
policial) no curso do qual se há de decidir sobre a prisão preventiva; c) A comprovação
desses atos infracionais anteriores, de sorte a não pairar dúvidas sobre o
reconhecimento judicial de sua ocorrência.

141
LIBERDADE PROVISÓRIA

→ Liberdade provisória pode ser concedida com ou sem fiança.


→ Quais crimes admitem liberdade provisória? Quase todos, já que pode ser
concedida com ou sem fiança.

ATENÇÃO: é permitida a liberdade provisória para crimes hediondos e equiparados.


Porém, sua concessão não estará atrelada ao pagamento de fiança, já que esses crimes
são inafiançáveis. A liberdade provisória nos hediondos e equiparados éanalisada caso
a caso pelo juiz.

A jurisprudência consolidada do STF é no sentido de não ser possível a imposição de uma


prisão por força de lei, de modo que violaria a CF uma norma que veda de forma abstrata
a concessão de liberdade provisória. Porém, o “Pacote Anticrime” trouxe a seguinte
disposição:

Art. 310. § 2º Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou que integra organização
criminosa armada ou milícia, ou que porta arma de fogo de uso restrito, deverá
denegar a liberdade provisória, com ou sem medidas cautelares.

FIANÇA

Art. 322: A autoridade policial SOMENTE poderá conceder fiança nos casos de infração
cuja pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 anos.

QUEBRA DA Acarreta a perda da metade do valor.


FIANÇA Ocorre quando há descumprimento de obrigação imposta.

PERDA DA Acarreta a perda total do valor.


FIANÇA Condenado é intimado para cumprimento da pena e não se
apresenta.
CASSAÇÃO fiança incabível; nova tipificação que a torne inafiançável; delito
DAFIANÇA inafiançável.
REFORÇO DA Fiança insuficiente; depreciação (em caso de materiais ou pedras
FIANÇA preciosas); inovação do delito, acarretando a classificação para crime
afiançável.

AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA

Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24 (vinte
e quatro) horas após realização da prisão, o juiz deverá promover audiência de
custódia.

→ Natureza jurídica: direito público subjetivo.


→ Apenas flagrante? Não. Em caso de prisão preventiva e prisão temporária
também.

142
→ Finalidades: verificar eventuais maus-tratos, aspectos de legalidade da prisão,
necessidade e adequação da prisão cautelar.

Qual a consequência da não realização da audiência de custódia?

A superveniência da realização da audiência de instrução e julgamento não torna


superada a alegação de ausência de audiência de custódia. (INFO 1036 STF)

A falta de audiência de custódia constitui irregularidade, não afastando a prisão


preventiva, no caso de estarem atendidos os requisitos do art. 312 do CPP e observados
direitos e garantias versados na Constituição Federal.
STF. 1ª Turma. HC 202260 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 30/08/2021.

A ausência de realização de audiência de custódia é irregularidade que não conduz à


automática revogação da prisão preventiva, cabendo ao juízo da causa promover análise
acerca da presença dos requisitos autorizadores da medida extrema.
STF. 2ª Turma. HC 198896 AgR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 14/06/2021.

A conversão do flagrante em prisão preventiva torna superada a alegação de nulidade


relativamente à falta de audiência de custódia.
STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 669.316/PR, Rel. Min. Reynaldo Soares Da Fonseca, julgado
em 08/06/2021.

CITAÇÃO E INTIMAÇÃO

POR MANDADO* Réu no território do juiz processante.


POR PRECATÓRIA Réu em outra comarca ou seção judiciária.
POR ROGATÓRIA Réu no estrangeiro, em local certo.
POR EDITAL Réu em local inacessível;
Réu em local incerto e não sabido.
POR HORA CERTA Réu que se oculta para não ser citado.

Acusado, citado por edital, não comparece, nem constitui advogado:

CPP LEI DE LAVAGEM


➢ Suspende o processo; ➢ Prossegue o feito até o julgado;
➢ Suspende a prescrição; ➢ Nomeia defensor dativo.
➢ Juiz pode determinar a produção
antecipada de provas urgentes;
➢ Se for o caso, decretar a prisão
preventiva.

143
Citado por EDITAL réu não comparece e nem Suspensão do processo.
constitui advogado (Exceção: lei de lavagem)
Citado por HORA CERTA réu não comparece: nomeação de defensor dativo.

JÁ CAIU (VUNESP 2018) A citação por procuração é aceita desde que o procurador tenha
poderes especiais para tanto. (INCORRETO)

Obs.: a citação é ato pessoal e deve ser realizada diretamente a pessoa do acusado,
artigo 351 do Código de Processo Penal, pode ser real ou ficta (ficta é quando ocorre
por edital ou por hora certa).

CPP art. 396, Parágrafo único. No caso de citação por edital, o prazo para a defesa
começará a fluir a partir do comparecimento pessoal do acusado ou do defensor
constituído.

Súmula nº 351, STF: “É nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade da
federação em que o Juiz exerce a sua jurisdição.”

Súmula nº 155, STF: “É relativa a nulidade do processo criminal por falta de intimação
da expedição de precatório para inquirição de testemunha.”

Súmula nº 366, STF: “Não é nula a citação por edital que indica o dispositivo da lei penal,
embora não transcreva a denúncia ou queixa, ou não resuma os fatos em que se baseia.”

Súmula nº 431, STF: “É nulo o julgamento de recurso criminal, na segunda instância,


sem prévia intimação, ou publicação da pauta, salvo em habeas corpus.”

Súmula nº 273, STJ: “Intimada a defesa da expedição da carta precatória, torna-se


desnecessária intimação da data da audiência no juízo deprecado.”

Citado o réu por edital, nos termos do art. 366 do CPP, o processo deve permanecer
suspenso enquanto o réu não for localizado ou até que seja extinta a punibilidade pela
prescrição. (STJ)

Se for expedida carta rogatória para citar um acusado no exterior, o prazo prescricional
ficará suspenso até que ela seja cumprida, ou seja, o prazo prescricional voltará a correr
antes mesmo que a carta seja juntada aos autos. (STJ)

É possível a utilização de WhatsApp para a citação de acusado, desde que sejam


adotadas medidas suficientes para atestar a autenticidade do número telefônico, bem
como a identidade do indivíduo destinatário do ato processual. (STJ)

144
PROCEDIMENTOS

PROCEDIMENTO Para crimes com sanção máxima igual ou superior a 4 anos de


ORDINÁRIO pena privativa de liberdade.
PROCEDIMENTO Para crimes com sanção máxima inferior a 4 anos e superior a
SUMÁRIO 2 anos de pena privativa de liberdade.
PROCEDIMENTO Para infrações de menor potencial ofensivo → contravenções
SUMARÍSSIMO penais e crimes com sanção máxima igual ou inferior a 2 anos
de pena privativa de liberdade.

TRIBUNAL DO JURI

Inicia-se com o oferecimento da denúncia ou queixa-crime


subsidiária, que poderá ser recebida ou rejeitada.
Recebida, haverá a citação do acusado para apresentar
resposta à acusação em 10 DIAS.
Testemunhas: máximo de 8.
Exceções são processadas em apartado.
Após apresentação da resposta à acusação e oitiva da
acusação sobre as preliminares e documentos anexos (art.
409), será designada audiência.

O STJ entende que não é cabível a aplicação da absolvição


sumária do art. 397 do CPP antes da audiência, mas apenas
após o término da fase instrutória, tendo em vista a existência
1º FASE,
de regramento específico.
JUDICIUM
ACCUSATIONIS OU
Alegações orais: 20 min + 10 min.
SUMÁRIO DA
CULPA Caso haja assistente do Ministério Público, a ele será
concedido 10 min e, após, mais 10 min à defesa.
Decisão: 10 DIAS.

Os Tribunais Superiores entendem que, em regra, nessa fase,


a ausência de alegações finais não é causa de nulidade do
processo, pois o juízo de pronúncia é provisório, não havendo
antecipação do mérito da ação penal, mas mero juízo de
admissibilidade positivo ou negativo da acusação formulada,
para que o réu seja submetido, ou não, a julgamento perante
o Tribunal do Júri, juízo natural da causa.

Todo esse procedimento será concluído no prazo máximo de


90 (noventa) dias.

145
Após a audiência, o magistrado poderá proferir uma das
seguintes decisões:
• Pronúncia;
• Impronúncia;
• Absolvição sumária; e
• Desclassificação da infração dolosa contra a vida.

DECISÕES POSSÍVEIS AO FINAL DA 1ª FASE DO JÚRI:

➢ PRONÚNCIA: O juiz, fundamentadamente, pronunciará o acusado, se


convencido da materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de
autoria ou de participação (art. 413, CPP).

ATENÇÃO:
• Trata-se de cognição não exauriente, devendo o magistrado abster-se de proferir
considerações sobre o valor das provas, e de horizontalidade estreita, pois não
deve exercer cognição sobre os crimes conexos ao delito doloso contra a vida,
tendo em vista que a pronúncia é somente quanto a este.
• O magistrado deverá escolher as palavras com cautela, de modo que não
demonstre na decisão que acredita ser o acusado culpado, sob pena de incidir em
excesso de linguagem ou eloquência acusatória. Havendo excesso de linguagem,
o STF e o STJ entendem que a sentença de pronúncia é nula, bem como os atos
processuais consecutivos, devendo o juiz prolatar outra.
• A intimação da decisão de pronúncia deverá ser feita pessoalmente ao acusado.
• A decisão de pronúncia interrompe a prescrição.
• A pronúncia possui natureza jurídica de decisão interlocutória mista não
terminativa, encerrando a primeira fase do júri sem pôr fim ao processo e sem
decidir o mérito da causa nem extinguir o feito sem resolução do mérito. Dessa
forma, é impugnável por recurso em sentido estrito(art. 581, IV).

➢ IMPRONÚNCIA: Não se convencendo da materialidade do fato ou da existência


de indícios suficientes de autoria ou de participação, o juiz,
fundamentadamente, impronunciará o acusado (art. 414, CPP).

ATENÇÃO:
• a sentença de impronúncia faz coisa julgada secundum eventum probationis, ou
seja, por insuficiência de provas, permitindo a repropositura da demanda caso
haja prova nova.
• Contra a sentença de impronúncia caberá apelação (art. 416), ao contrário da
sentença de pronúncia, que é impugnada por recurso em sentido estrito.
• DESPRONÚNCIA: quando o acusado é impronunciado após decisão inicial de
pronúncia. Ela pode ser realizada pelo próprio magistrado ou por tribunal.

146
➢ ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA: ocorre nas seguintes hipóteses:
• Provada a inexistência do fato;
• Provado não ser ele autor ou partícipe do fato;
• O fato não constituir infração penal;
• Demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime.

ATENÇÃO: Ao contrário do procedimento comum ordinário, no procedimento do tribunal


do júri, é cabível a absolvição sumária imprópria do inimputável do art. 26 do CP (art. 415,
parágrafo único). No entanto, somente é possível se a inimputabilidade for a única tese
defensiva.

➢ DESCLASSIFICAÇÃO: é possível que o juiz desclassifique o crime doloso contra a


vida por outro que não seja de competência do tribunal do júri, de forma que há
uma decisão de declínio de competência.
Contra a decisão de desclassificação caberá recurso em sentido estrito, por ser decisão
que conclui pela incompetência do juízo (art. 581, II).

Inicia quando há a preclusão da decisão de pronúncia do


acusado por crime doloso contra a vida, sendo o próximo passo
a abertura de prazo para oferecimento de rol de ATÉ 5 (CINCO)
TESTEMUNHAS pelas partes.
É elaborada da lista geral de jurados.
Após o alistamento dos jurados, haverá a organização da pauta
do júri.
Encerrada a instrução, dá-se início aos debates orais: 1 hora e
meia para cada, e de 1 hora para a réplica e outro tanto para
a tréplica.
2ª FASE,
Havendo mais de 1 (um) acusado, o tempo para a acusação e a
JUDICIUM CAUSAE
defesa será acrescido de 1 (uma) hora e elevado ao dobro o da
OU JUÍZO DE réplica e da tréplica, observado o disposto no §1º deste artigo.
MÉRITO

Segundo entendimento do STJ (Info 719), não é possível que o


juiz, unilateralmente, estabeleça prazos diversos daqueles
definidos pelo art. 477 do CPP para os debates orais, seja para
mais ou para menos, sob pena de chancelar uma decisão
contra legem. Por outro lado, é possível que, no início da sessão
de julgamento, mediante acordo entre as partes, seja
estabelecida uma divisão de tempo que melhor se ajuste às
peculiaridades do caso concreto.

A depender do resultado dos quesitos, a sentença pode ser de


absolvição, de desclassificação do crime doloso contra a vida e
de condenação.

147
ATENÇÃO: a lei determinou a execução provisória da pena na
hipótese de condenação a pena igual ou superior a 15 anos de
reclusão, prevendo expressamente a ausência de efeito
suspensivo da apelação nesse caso. Não há discricionariedade
nessa decisão.

ATENÇÃO: DESAFORAMENTO
É o deslocamento excepcional da competência do processo para a comarca
distinta daquela na qual houve a primeira fase por haver risco ao julgamento.
Art. 427. Se o interesse da ordem pública o reclamar ou houver dúvida sobre
a imparcialidade do júri ou a segurança pessoal do acusado, o Tribunal, a requerimento
do Ministério Público, do assistente, do querelante ou do acusado ou mediante
representação do juiz competente, poderá determinar o desaforamento do
julgamento para outra comarca da mesma região, onde não existam aqueles motivos,
preferindo-se as mais próximas.

O STJ entende que a mera presunção de parcialidade dos jurados do Tribunal do Júri
em razão da divulgação dos fatos e da opinião da mídia é insuficiente para o
desaforamento (INFO 668).

Observe-se que a iniciativa para o procedimento de desaforamento pode ser


das partes, do assistente e até mesmo de ofício pelo juiz. A competência para o
julgamento do pedido é do tribunal ao qual o juízo está vinculado.
Não há recurso contra a decisão que admite ou nega o desaforamento, mas
há a possibilidade de impetração de habeas corpus.
Por fim, cabe ressaltar que é nula a decisão de desaforamento se não houve
audiência da defesa.

NULIDADES
Sistema de nulidades processo penal:

SISTEMA Estabelece que há uma predominância do meio sobre o fim.


FORMALISTA Ato não praticado na forma determinada em lei = ato com
vício insanável (Aury Lopes).
SISTEMA LEGALISTA Considera-se nulo apenas o ato que a lei expressamente
considerar nulo.
SISTEMA A finalidade do ato deve prevalecer sobre a forma que ele é
INSTRUMENTALISTA praticado. Se for desobediente à forma, mas alcançar seu
objeto, este ato poderá ser validado. (adotado
majoritariamente).

148
Princípio do interesse: O princípio do interesse, conforme artigo 565 do Código de
Processo Penal (“Nenhuma das partes poderá arguir nulidade a que haja dado causa,
ou para que tenha concorrido, ou referente a formalidade cuja observância só à parte
contrária interesse”) só é aplicável as nulidades relativas, visto que as nulidades
absolutas podem ser arguidas a qualquer tempo, grau de jurisdição e reconhecidas
de ofício pelo Juiz.

NULIDADES ABSOLUTAS NULIDADES RELATIVAS


• Violam normas constitucionais • Violam normas procedimentais.
(atipicidade constitucional). • Não podem ser decretadas de
• Podem ser decretadas de ofício ofício pelo juiz, só a
pelo juiz ou a requerimento das requerimento das partes.
partes. • Devem ser arguidas pelas partes
• Podem ser reconhecidas a no momento oportuno.
qualquer tempo. • Precluem e convalidam se não
• Não precluem nem convalidam. forem arguidas no momento
• Independem da demonstração oportuno.
de prejuízo, embora o STF exija a • Dependem da demonstração de
prova deste requisito para o prejuízo.
reconhecimento de todas as
nulidades, inclusive das
nulidades absolutas.

NULIDADE APÓS O TRÂNSITO EM JULGADO DA DECISÃO


É possível que a coisa julgada impeça o reconhecimento das nulidades absolutas.
Tendo em vista que não se admite revisão criminal em favor da sociedade, se a
sentença for condenatória não será possível o reconhecimento de nulidade absoluta
que só interesse à acusação.
No entanto, se esta nulidade interessar à defesa, será possível o seu reconhecimento,
por meio da revisão criminal ou mesmo pela via do habeas corpus.

Art. 569. As omissões da denúncia ou da queixa, da representação, ou, nos processos


das contravenções penais, da portaria ou do auto de prisão em flagrante, poderão ser
supridas a todo o tempo, antes da sentença final.

Art. 568. A nulidade por ilegitimidade do representante da parte poderá ser a todo
tempo sanada, mediante ratificação dos atos processuais.

Art. 567. A incompetência do juízo anula somente os atos decisórios, devendo o


processo, quando for declarada a nulidade, ser remetido ao juiz competente.

149
SENTENÇA

Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição


jurídica do fato, em consequência de prova existente nos autos de
elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação,
MUTATIO oMinistério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de
LIBELLI 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo
emcrime de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando
feitooralmente.
Não pode ocorrer no segundo grau de jurisdição.
O recebimento do aditamento da denúncia que traz modificação
fática substancial enseja a interrupção da prescrição.
O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou
EMENDATIO
LIBELI queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que,
emconsequência, tenha de aplicar pena mais grave.

Em caso de emendatio libelli é desnecessário o aditamento à denúncia. (STJ)

É válida a sentença proferida de forma oral na audiência e registrada em meio


audiovisual, ainda que não haja a sua transcrição. (STJ)

RECURSOS
Disposições gerais
→ Os recursos são voluntários. Exceto nos casos em que a lê prevê o reexame
obrigatório, como da sentença que conceder HC.
→ São taxativos. Não existem recursos inominados.
→ Fungibilidade: permite-se que um recurso, equivocadamente interposto, seja
conhecido no lugar do recurso correto, desde que não tenha havido erro grosseiro
ou má fé.
→ Em regra, para cada decisão judicial há apenas um recurso adequado. Exceção:
decisão do Tribunal de Justiça que ofende a CF e a legislação infraconstitucional,
desafiando a interposição simultânea de recurso extraordinário ao STF e recurso
especial ao STJ, respectivamente.
→ Havendo recurso apenas da defesa, o Tribunal não pode piorar a situação do réu
(vedação à reformatio in pejus).
→ Havendo recurso acusatório para exasperar a situação do réu (o que é legítimo),
nada impede que o órgão julgador melhore a situação do imputado (reformatio
in melius).

150
EFEITO REGRESSIVO, DIFERIDO OU ITERATIVO: alguns recursos possibilitam que o
mesmo órgão que proferiu a sentença exerça juízo de retratação sobre ela.
Exemplo: RESE, agravo em execução, carta testemunhável.

HIPÓTESES QUE MAIS CAEM EM PROVA SOBRE CABIMENTO DO RECURSO EM SENTIDO


ESTRITO:
Art. 581 CABERÁ RECURSO, NO SENTIDO ESTRITO, da decisão, despacho ou sentença:
I - que NÃO RECEBER a denúncia ou a queixa;

A decisão que RECEBER a denúncia ou queixa cabe HC

No JECRIM, da decisão que não receber a denúncia ou queixa caberá apelação no prazo
de 10 dias.
II - que CONCLUIR pela incompetência do juízo;
III - que JULGAR PROCEDENTES as exceções, a de SUSPEIÇÃO

E se for recusada? Não cabe recurso, mas, poderá ser utilizado HC


IV – que PRONUNCIAR o réu
V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir requerimento
de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em
flagrante;

- Quando o assunto for fiança, sempre caberá RESE por uma parte ou outra;
- Quando for prisões cautelares/antecipadas, o MP sempre terá interesse em recorrer
por RESE, porque só cabe em exemplos em que o acusado é beneficiado com a soltura.
Obs.: É claro que quando a decisão sobre a fiança for do delegado NÃO CABERÁ recurso
em sentido estrito.
VII - que JULGAR QUEBRADA a fiança ou perdido o seu valor;
VIII - que DECRETAR a prescrição ou JULGAR, por outro modo, extinta a punibilidade;
IX - que INDEFERIR o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa extintiva
da punibilidade;
X - que CONCEDER ou NEGAR a ordem de habeas corpus;
XI - que conceder, negar ou revogar a suspensão condicional da pena;

Se o sursis é concedido ou negado pela sentença condenatória, o recurso cabível é a


APELAÇÃO. Já se o benefício é revogado em sede de execução da pena é cabível o
AGRAVO EM EXECUÇÃO.

151
XIII - que ANULAR o processo da instrução criminal, no todo ou em parte;
XIV - que INCLUIR jurado na lista geral ou desta o EXCLUIR;
XV - que DENEGAR a apelação ou a JULGAR deserta;
XVI - que ORDENAR a suspensão do processo, em virtude de questão PREJUDICIAL;
XXV - que RECUSAR homologação à proposta de acordo de não persecução penal, previsto
no art. 28-A desta Lei.

HIPÓTESES QUE MAIS CAEM EM PROVA SOBRE CABIMENTO DA APELAÇÃO:


Art. 593 Caberá APELAÇÃO no prazo de 5 (cinco) dias:
I - das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz singular;
II - das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular nos
casos não previstos no Capítulo anterior (RESE);
III - das decisões do tribunal do júri, quando:
a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia;
b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados;
c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança;
d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos.

Não cabe mandado de segurança contra decisão do juiz de 1ª instância que defere ou
indefere o desbloqueio de bens e valores; cabe apelação. (STJ)

PRAZOS
RESE Interposição: 5 dias
Razões: 2 dias
APELAÇÃO Interposição: 5 dias
Razões: 8 dias
Contravenção: 3 dias para apresentar as
razões
OBS.: no JECRIM, são 10 dias totais.
EMBARGOS DECLARATÓRIOS 2 dias
CORREIÇÃO PARCIAL 5 dias
AGRAVO EM EXECUÇÃO
ROC

152
JURISPRUDÊNCIA

Na revisão criminal, por se tratar de ação exclusivamente defensiva, afastado o


desvalor atribuído às circunstâncias judiciais ou às agravantes, a pena deverá ser
reduzida. (STJ)

É nulo o julgamento, por órgão colegiado, de embargos declaratórios opostos contra


decisão monocrática do Desembargador. (STJ)

O princípio da fungibilidade no processo penal pode ser aplicado quando ausente a


má-fé e presente o preenchimento dos pressupostos do recurso cabível. (STJ)

É manifestamente incabível pedido de reconsideração em face de acórdão, bem


como o seu recebimento como embargos de declaração ante a inadmissibilidade da
incidência do princípio da fungibilidade recursal quando constatada a ocorrência de
erro inescusável. (STJ)

Cabe apelação contra a sentença de absolvição sumária no procedimento no júri; se


o MP interpôs equivocadamente RESE, é possível a aplicação do princípio da
fungibilidade. (STJ)
Tribunal não pode aumentar a pena de multa em recurso exclusivo da defesa, ainda
que, no mesmo julgamento, reduza a pena privativa de liberdade. (STF)

Interposição de apelação em vez de RESE contra decisão que desclassificou crime:


erro grosseiro. (STJ)

Alterações efetuadas neste material (identificadas com asterisco):


*Página 112: retificação do conteúdo. Houve troca dos termos da tabela, “sistema
acusatório x sistema inquisitivo”.
*Página 119: Foi adicionado o julgado recente do STF que atribuiu interpretação
conforme à Constituição ao art. 28 do CPP que trata do arquivamento do IP.
*Página 122: Foi adicionada à tabela que trata dos tipos de conexão a conexão objetiva
consequencial.
*Página 140: Foi adicionado ao rol de crimes da lei de Prisão Temporária os crimes
previstos na lei de terrorismo.
*Página 143: No tópico de citação e intimação foi alterado mandato por mandado.

153
7/11/23

DIREITOS HUMANOS
DELTA
Importante: a banca VUNESP tem o padrão de cobrar a literalidade de artigos, bem como datas de
alguns documentos, apesar de ser chato, se atentem a isso.

ESTRUTURA DOS DIREITOS HUMANOS

DIREITO - “O direito-pretensão consiste na busca de algo, gerando a contrapartida de


PRETENSÃO outrem do dever de prestar. Nesse sentido, determinada pessoa tem o direito
a algo, se outrem (Estado ou mesmo outro particular) tem o dever de realizar
uma conduta que não viole esse direito. Assim, nasce o direito-pretensão, como
por exemplo, o direito à educação fundamental, que gera o dever do Estado de
prestá-la gratuitamente, nos termos do artigo 208, inciso I, da CF88)”.
DIREITO - “O direito-liberdade consiste na faculdade de agir de uma pessoa que gera a
LIBERDADE ausência de direito de qualquer outro ente ou pessoa. Assim, uma pessoa tem
a liberdade de credo (art. 5º, VI, da CF/88), não possuindo o Estado (ou
terceiros) nenhum direito (ausência de direito) de exigir que essa pessoa tenha
determinada religião”.
DIREITO- “Por sua vez, o direito-poder implica uma relação de poder de uma pessoa de
PODER exigir determinada sujeição do Estado ou de outra pessoa. Assim, uma pessoa
tem o poder de, ao ser presa, requerer a assistência da família e do advogado,
o que sujeita a autoridade pública a providenciar tais contatos (art. 5º, inciso
LXIII, da CF/188)”.
DIREITO- “Finalmente, o direito-imunidade consiste na autorização dada por uma norma
IMUNIDADE a uma determinada pessoa, impedindo que outra interfira de qualquer modo.
Assim, uma pessoa é imune à prisão, a não ser em flagrante delito ou por ordem
escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos
de transgressão militar ou crime propriamente militar (art. 5º, LVI, da CF/88)”.

OBS.: os trechos acima foram retirados do livro do autor André Carvalho Ramos.

JÁ CAIU (VUNESP 2019) A doutrina, ao tratar da estrutura dos Direitos Humanos, estabelece que
direito-pretensão consiste na busca de algo, gerando a contrapartida de outrem do dever de
prestar. (CORRETA)

EVOLUÇÃO HISTÓRICA

-Código de Hamurabi (Primeiras manifestações do reconhecimento dos


direitos humanos);
ANTIGUIDADE -Pensamento Judaico-Cristão;
-Lei das 12 tábuas;
-Legalidade romana.

154
-Declaração das Cortes de Leão 1188;
IDADE MÉDIA -Magna Carta de 1215 do Rei Joao Sem Terra: assegurava direito dos nobres
senhores feudais contra o soberano; não tinha a pretensão de proteger todos
os cidadãos, mas apenas a nobreza.

-Petition of Rights 1628:consagra a limitação do poder; proibição de aprisionamento


arbitrário; devido processo legal.
IDADE -Habeas Corpus Act 1679: o habeas corpus já existia enquanto norma costumeira
MODERNA inglesa; regulamenta formalmente a proteção ao direito de ir e vir.
-Bill of rights 1689: foi criado no contexto o fim da Revolução Gloriosa (1688 – 1689),
que limitou o poder do rei na Inglaterra, aumentando o poder do Parlamento;
assegura a supremacia do parlamento; consagra em definitivo a separação de
poderes; eleições livres; assegura o direito de petição.

JÁ CAIU (VUNESP 2022) Um dos antecedentes históricos, como documento de proteção dos
direitos humanos, foi o Bill of Rights, que pode ser identificado como:
D) carta criada no contexto do fim da Revolução Gloriosa que limitou o poder do rei na Inglaterra,
aumentando o poder do Parlamento.

JÁ CAIU (VUNESP 2018) Esse documento histórico de remota conquista dos direitos humanos foi
editado com o escopo de assegurar a Supremacia do Parlamento sobre a vontade do Rei,
controlando e reduzindo os abusos cometidos pela nobreza em relação aos seus súditos, em
especial declarando, dentre outras conquistas, o direito de petição, eleições livres e a proibição de
fianças exorbitantes e de penas severas: The Bill of Rights, de 1689. (CORRETA)

ATENÇÃO: O documento que assegura o direito de petição é o Bill of Rights, (não o Petition of
Rights)

OBS: O nome Bill of Rights (Carta Internacional dos Direitos Humanos) também é usado para
referir-se ao conjunto de 3 documentos essenciais do Sistema Global de proteção aos direitos
humanos (Sistema ONU).
1. Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948).
2. Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (1966).
3. Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1966).

CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMANOS

Significa que os direitos humanos não surgiram todos ao mesmo tempo, são
frutos de conquistas históricas; são construídos gradualmente e vão se
Historicidade
expandindo ao longo da história, devido a luta de movimentos sociais para que
se afirme a dignidade da pessoa humana.

155
Essa característica garante que os direitos humanos englobam todos os
Universalidade: indivíduos, pouco importando a nacionalidade, a cor, a opção religiosa, sexual,
política, etc.
Relatividade Essa característica vem demonstrar que os direitos humanos não são absolutos,
podendo sofrer limitações no caso de confronto com outros direitos, ou ainda,
em casos de grave crise institucional, como ocorre, por exemplo, na decretação
do Estado de Sítio.
Essencialidade Significa dizer que os direitos humanos são inerentes ao ser humano, tendo dois
aspectos, o aspecto material que representa os valores supremos do homem e
sua dignidade e o aspecto formal, isto é, assume posição normativa de
destaque.
Irrenunciabilidade Não é possível a renúncia dos direitos humanos, pois, como são direitos
inerentes à condição humana, ninguém pode abrir mão de sua própria
natureza.
Imprescritibilidade: Dito de outra forma, o decurso do tempo não atinge a pretensão de respeito
aos direitos que materializam a dignidade humana.
Inviolabilidade: Impossibilidade de desrespeito ou descumprimentos por determinações
infraconstitucionais ou por atos das autoridades públicas, sob pena de
responsabilização civil, administrativa e criminal.
Efetividade A atuação do Poder Público deve ser no sentido de garantir a efetivação dos
direitos humanos e garantias fundamentais.
Interdependência Os direitos, apesar de autônomos, possuem diversas interseções para atingirem
suas finalidades.
Inalienabilidade: Significa que os direitos humanos não são objeto de comércio e, portanto, não
podem ser alienados, transferidos.
Concorrência: Essa característica revela a possibilidade dos direitos humanos serem exercidos
concorrentemente, cumulativamente, ao mesmo tempo.

JÁ CAIU (VUNESP 2018) O Princípio da inalterabilidade estabelece que os direitos humanos não
sofrem alterações com o decurso do tempo, pois têm caráter eterno, não se ganham nem se
perdem com o tempo, são anteriores, concomitantes e posteriores aos indivíduos. (INCORRETO)

Obs.: direitos humanos são direitos históricos e sofrem influência do contexto em que são
realizados. A ideia de imutabilidade de direitos é típica do direito natural e não se coaduna com o
caráter dinâmico e inexaurível da proteção dos direitos humanos. A própria percepção das
diferentes dimensões de direitos afasta a ideia de que estes direitos "não se ganham e nem se
perdem com o tempo".

O que é o critério da máxima efetividade?


De acordo com André de Carvalho Ramos, o critério da máxima efetividade exige que a interpretação
de determinado direito conduza ao maior proveito do seu titular, com o menor sacrifício imposto aos
titulares dos demais direitos em colisão. A máxima efetividade dos direitos humanos conduz à
aplicabilidade integral desses direitos, uma vez que todos seus comandos são vinculantes. Também
implica a aplicabilidade direta, pela qual os direitos humanos previstos na Constituição e nos tratados
podem incidir diretamente nos casos concretos. Finalmente, a máxima efetividade conduz à

156
aplicabilidade imediata, que prevê que os direitos humanos incidem nos casos concretos, sem
qualquer lapso temporal.

JÁ CAIU (VUNESP 2019) Em Direitos Humanos, é correto afirmar que o critério da máxima
efetividade exige que a interpretação de determinado direito conduza ao maior proveito do seu
titular, com o menor sacrifício imposto aos titulares dos demais direitos em colisão. (CORRETO)

GERAÇÕES

1ª GERAÇÃO Direitos individuais com caráter negativo por exigirem diretamente uma
abstenção do Estado, seu principal destinatário Ex.: direito à vida, liberdade,
propriedade, igualdade, voto (direitos civis e políticos).
2ª GERAÇÃO Direitos de titularidade coletiva e com caráter positivo, pois exigem atuações do
Estado. Ex.: direito à saúde, educação, trabalho (direitos sociais, econômicos e
culturais).
3ª GERAÇÃO Ligados ao valor fraternidade ou solidariedade, são os relacionados ao
desenvolvimento ou progresso, ao meio ambiente, à autodeterminação dos
povos, bem como ao direito de propriedade sobre o patrimônio comum da
humanidade e ao direito de comunicação. São direitos transindividuais, em rol
exemplificativo, destinados à proteção do gênero humano.

Obs.: a proibição do retrocesso (efeito cliquet), embora teorizado para os direitos de segunda
dimensão dado o caráter progressivo de implementação, se impõe a todos os direitos humanos,
inclusive, aos direitos civis e políticos.

Obs.: Os conceitos de universalidade, indivisibilidade e interdependência dos direitos humanos


foram consolidados nas conferências de Teerã e Viena.

JÁ CAIU (VUNESP 2016) Os direitos de terceira dimensão são direitos transindividuais que
extrapolam os interesses do indivíduo, focados na proteção do gênero humano. Evidencia-se nesse
contexto a ideia de humanismo e universalidade. (CORRETO)

JÁ CAIU (VUNESP 2018) As Declarações americana (1776) e francesa (1789) são documentos
relacionados aos direitos humanos de segunda geração ou dimensão. (INCORRETO)
Obs.: Estes documentos estão relacionados à proteção de direitos civis e políticos, conhecidos
como direitos de primeira dimensão.

INCORPORAÇÃO DOS TRATADOS

Processo de formação dos tratados:


Competência exclusiva do chefe do Executivo;
FASE DE É um aceite precário e provisório;
NEGOCIAÇÃO Não vincula juridicamente o país, apenas demonstra a pretensão de ratificar e
o compromisso de submeter o texto à análise do Poder Legislativo.

157
FASE DA Apreciação e aprovação pelo Poder Legislativo depois que enviado;
APROVAÇÃO NO Não há prazo para o envio e nem para a aprovação do tratado;
CONGRESSO A aprovação pelo Congresso se dá através de Decreto.
Após aprovação do Congresso por decreto, o Presidente ratifica o tratado;
A ratificação é a confirmação formal do tratado pelo Estado;
FASE DA A partir desse momento, o Brasil está obrigado no plano internacional;
RATIFICAÇÃO Entretanto, para que estejamos obrigados no plano interno, é necessária
promulgação de um decreto presidencial.
FASE DO DECRETO Presidente promulga, por decreto, o tratado;
PRESIDENCIAL Garante a publicidade do tratado;
Brasil se obriga no plano interno a partir dessa fase.

Tratados de Direitos Humanos aprovados Status constitucional (reformam a Constituição, não


pelo rito do art. 5º, §3º da CF/88 (Emenda podem ser denunciados e servem de paradigma para
Constitucional de 2004). o controle de convencionalidade).
Tratados de Direitos Humanos não
aprovados pelo rito do art. 5º, §3º da Status supralegal
CF/88 (ou anteriores a 2004).
Tratados internacionais que não versem
sobre direitos humanos. Lei Ordinária

→ STF adota a teoria do DUPLO ESTATUTO, quando existente conflito sobre a natureza jurídica
e a hierarquia normativa dos tratados internacionais no ordenamento jurídico brasileiro.
Como exposto, o STF divide os tratados em normas supralegais e tratados com status de
emenda constitucionais. Ou seja, defende dois tipos distintos de incorporação para os
tratados internacionais de direitos humanos.

JÁ CAIU (VUNESP 2019) A “Teoria do Duplo Estatuto” dos tratados de Direitos Humanos, adotada
pelo Supremo Tribunal Federal e por parte da doutrina, consiste em conferir natureza
constitucional aos tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem
aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos
respectivos membros, e natureza supralegal a todos os demais, anteriores ou posteriores à
emenda constitucional que estabeleceu o rito do art. 5° , § 3° , e que tenham sido aprovados pelo
rito comum. (CORRETA)

1. Convenção de Nova York sobre o Direito das Pessoas com Deficiência e o


seu Protocolo Facultativo.
São 4 os tratados de 2. Tratado de Marraqueche, que tem por objetivo de facilitar o acesso a
direitos humanos obras publicadas às pessoas cegas, com deficiência visual ou com outras
aprovados com dificuldades para ter acesso ao texto impresso.
quórum de EC: 3. Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e
Formas Correlatas de Intolerância, promulgada pelo Brasil em 2021.
Não são quatro? CUIDADO! A Convenção e o Protocolo Facultativo sobre os direitos das pessoas
com deficiência, parte das bancas consideram como sendo dois tratados. Todavia, é mais comum

158
que seja considerado como um, já que foram aprovados pelos mesmos decretos legislativo e
presidencial. Fique atento ao comando da questão.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS – ONU

→ Criada 1945, pós segunda guerra mundial.


→ Principal papel e objetivo: desenvolvimento de sistemas de proteção internacional dos
direitos humanos.
→ Carta da ONU ou Carta de São Francisco trouxe quatro princípios: Paz mundial; Tolerância
entre os povos; Não intervenção; Solução Pacífica das Controvérsias.

PRINCIPAIS CONFERÊNCIAS

CONFERÊNCIA DE PARIS Criação Declaração Universal de Direitos Humanos.


CONFERÊNCIA DE TOQUIO Trata da temática do desenvolvimento africano.
CONFERÊNCIA DE Tratou sobre problemáticas ambientais, tais como
ESTOCOLMO poluição das águas e poluição atmosférica.
CONFERÊNCIA DE NAIROBI Retoma a temática ambiental tratada dez anos atrás
em Estocolmo (1982).
CONFERÊNCIA DE GENEBRA Convenção para Melhorar a Situação dos Feridos e
Doentes das Forças Armadas em Campanha.
CONFERÊNCIA DE NOVA sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu
YORK Protocolo Facultativo.
CONVENÇÃO DE Tratou sobre orientação sexual e identidade de
YOGYAKARTA gênero.

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (DUDH)

A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), adotada pela Assembleia Geral das
Nações Unidas em dezembro de 1948, difere de um tratado convencional, sendo, em vez disso, uma
Resolução. Portanto, formalmente, ela não impõe obrigações vinculativas da mesma maneira que
um tratado devidamente ratificado o faria. No entanto, sua imensa relevância no que diz respeito ao
reconhecimento e proteção dos direitos humanos é inegável.
Ainda, é responsável pelo marco de universalização dos direitos humanos, se trata de um
documento de irradiação e convergência de outros documentos internacionais, é formado por:
→ Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948).
→ Pacto Internacional dos Diretos Civis e Políticos (1966).
→ Pacto Internacional dos Diretos Econômico, Social e Cultural (1966).

Obs.: parte da doutrina considera que a DUDH atingiu o status de jus cogens (direito internacional
cogente), o que significa que nenhum Estado pode alegar isenção de seu cumprimento. No entanto,
é crucial destacar que essa posição é objeto de controvérsia e não é adotada em provas objetivas da
VUNESP.

159
JÁ CAIU (VUNESP 2018) Na visão majoritária da doutrina, a Declaração Universal dos Direitos
Humanos não é um tratado internacional, no sentido formal, e, apesar de orientar as relações
sociais no âmbito da proteção da dignidade da pessoa humana, não possui, em si, força vinculante.
(CORRETA)

→ A DUDH não traz nada relacionado a função social da propriedade.


→ A DUDH tem previsões acerca da liberdade de reunião.

Artigo 26: Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus
elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional
será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito.

CARTA INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS

Responsável por inaugurar o sistema global de proteção dos direitos previsto na DUDH, que
vieram a ser ampliados posteriormente.

ATENÇÃO: não confundir com a carta da ONU (tratado que criou a ONU), de 1945.

A carta internacional foi finalizada em 1966 e criou dois tratados: Pacto Internacional sobre
os Direitos Civis e Políticos (PIDCP) e Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos Sociais e
Culturais (PIDESC – 1966).

Nesse sentido, faremos breves apontamentos sobre ambos:

PACTO INTERNACIONAL SOBRE OS DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS (PIDCP - 1966)

ATENÇÃO: O Comitê de Direitos Humanos foi criado pelo Pacto Internacional de Direitos Civis e
Políticos.

→ Primeiro protocolo facultativo: petições individuais.


→ Segundo protocolo facultativo: objetivo a abolição da pena de morte (Brasil por meio do
direito de reserva assegurou a possibilidade de pena de morte em caso de guerra declarada).
→ Prevê a possibilidade de suspensão de alguns direitos, porém, destaque para os que NÃO SÃO
AUTORIZADOS a suspensão: direito a vida; não ser submetido a tortura; proibição da
escravidão e servidão; proibição de prisão apenas por não poder cumprir com uma obrigação
contratual; Liberdade de pensamento, de consciência e de religião.

ARTIGO 6 (...) 3. Quando a privação da vida constituir crime de genocídio, entende-se que nenhuma
disposição do presente artigo autorizará qualquer Estado Parte do presente Pacto a eximir-se, de
modo algum, do cumprimento de qualquer das obrigações que tenham assumido em virtude das
disposições da Convenção sobre a Prevenção e a Punição do Crime de Genocídio.
4. Qualquer condenado à morte terá o direito de pedir indulto ou comutação da pena. A anistia, o
indulto ou a comutação da pena poderá ser concedido em todos os casos.

160
5. A pena de morte não deverá ser imposta em casos de crimes cometidos por pessoas menores de
18 anos, nem aplicada a mulheres em estado de gravidez.
6. Não se poderá invocar disposição alguma do presente artigo para retardar ou impedir a abolição
da pena de morte por um Estado Parte do presente Pacto.

ARTIGO 7 Ninguém poderá ser submetido à tortura, nem a penas ou tratamento cruéis, desumanos
ou degradantes. Será proibido sobretudo, submeter uma pessoa, sem seu livre consentimento, a
experiências médias ou cientificas.

ARTIGO 8
1. Ninguém poderá ser submetido à escravidão; a escravidão e o tráfico de escravos, em todos as
suas formas, ficam proibidos.
2. Ninguém poderá ser submetido à servidão.
3. a) Ninguém poderá ser obrigado a executar trabalhos forçados ou obrigatórios;
b) A alínea a) do presente parágrafo não poderá ser interpretada no sentido de proibir, nos países
em que certos crimes sejam punidos com prisão e trabalhos forçados, o cumprimento de uma pena
de trabalhos forçados, imposta por um tribunal competente;
c) Para os efeitos do presente parágrafo, não serão considerados "trabalhos forçados ou
obrigatórios":
i) qualquer trabalho ou serviço, não previsto na alínea b) normalmente exigido de um indivíduo que
tenha sido encarcerado em cumprimento de decisão judicial ou que, tendo sido objeto de tal decisão,
ache-se em liberdade condicional;
ii) qualquer serviço de caráter militar e, nos países em que se admite a isenção por motivo de
consciência, qualquer serviço nacional que a lei venha a exigir daqueles que se oponham ao serviço
militar por motivo de consciência;
iii) qualquer serviço exigido em casos de emergência ou de calamidade que ameacem o bem-estar
da comunidade;
iv) qualquer trabalho ou serviço que faça parte das obrigações cívicas normais.
PROIBIÇÃO DA PENA DE MORTE
Pacto Internacional dos Direitos Civis e Pacto de San Jose da Costa Rica (1969):
Políticos (1966):
Menor de 18 anos Menor de 18 anos
Grávidas Maior de 70 anos
Grávidas

PACTO INTERNACIONAL SOBRE OS DIREITOS ECONÔMICOS SOCIAIS E CULTURAIS (PIDESC – 1966)

→ Protocolo facultativos não foi ratificado pelo Brasil.


→ Principais direitos garantidos: Direito de greve; direitos ligados ao trabalho; direito mínimo
existencial e proteção contra a fome; direito a educação, cultura.

161
ARTIGO 2 Cada Estado Parte do presente Pacto compromete-se a adotar medidas, tanto por esforço
próprio como pela assistência e cooperação internacionais, principalmente nos planos econômico e
técnico, até o máximo de seus recursos disponíveis, que visem a assegurar, progressivamente, por
todos os meios apropriados, o pleno exercício dos direitos reconhecidos no presente Pacto,
incluindo, em particular, a adoção de medidas legislativas.

ARTIGO 9 Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem o direito de toda pessoa à previdência
social, inclusive ao seguro social.

ARTIGO 13 Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a respeitar a liberdade dos pais e,
quando for o caso, dos tutores legais de escolher para seus filhos escolas distintas daquelas criadas
pelas autoridades públicas, sempre que atendam aos padrões mínimos de ensino prescritos ou
aprovados pelo Estado, e de fazer com que seus filhos venham a receber educação religiosa ou moral
que esteja de acordo com suas próprias convicções.

JÁ CAIU (VUNESP 2022) No tocante ao direito de liberdade, o Pacto Internacional dos Direitos Civis e
Políticos estabelece que ninguém poderá ser preso apenas por não poder cumprir com uma obrigação
contratual. (CORRETA)

JÁ CAIU (VUNESP 2022) Instrumento por meio do qual os Estados Partes das Nações Unidas que
aderirem e ratificarem assumem o compromisso de respeitar e garantir a todos os indivíduos que se
achem em seu território e que estejam sujeitos a sua jurisdição os direitos reconhecidos, sem
discriminação alguma por motivo de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra
natureza, origem nacional ou social, situação econômica, nascimento ou qualquer condição.
O instrumento reconhece o direito à vida; a não ser submetido à tortura ou penas ou tratamento
cruéis, desumanos ou degradantes; a não ser submetido à escravidão e ao tráfico de escravos; à
liberdade e segurança pessoal; à livre circulação; à igualdade perante tribunais e cortes de justiça; à
liberdade de pensamento, de consciência e de religião e de expressão; entre outros. A primeira parte
do documento é constituída por apenas um artigo que se refere ao Direito à Autodeterminação. Na
segunda parte, fala-se de como os Estados aplicarão o instrumento. Na terceira parte, encontra-se o
elenco dos direitos. Estes são os chamados “direitos de primeira geração”, ou seja, as liberdades
individuais e garantias procedimentais de acesso à justiça e participação política. Na quarta parte,
prevê-se a instituição do Comitê dos Direitos do Homem. Por último, na quinta parte, dispõe-se regras
de interpretação; e, na sexta parte, regras sobre a entrada em vigor e vinculação dos Estados.
É correto afirmar que o enunciado refere-se: ao Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos.
(CORRETA)

SISTEMA INTERNACIONAL DE PROMOÇÃO E PROTEÇÃO DE DIREITOS HUMANOS

Trata-se de um conjunto de normas, órgãos e mecanismos que promovem a proteção dos


direitos humanos, classificados em:

Sistema Global/Universal Sistema Regional


Organizações da Nações Unidas. Africano, Europeu e Interamericano.

162
ESTATUTO DE ROMA E TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL

O Tribunal Penal Internacional (TPI) surgiu em um cenário de crescente internacionalização


dos direitos humanos, que se intensificou após 1948 e, particularmente, ao término da Segunda
Guerra Mundial. Seu estabelecimento tinha como objetivo principal prevenir a repetição de
atrocidades, respondendo às críticas dirigidas aos tribunais de exceção criados durante esse período,
como os de Tóquio e Nuremberg.

→ A sede do tribunal fica em Haia (NÃO EM ROMA)


→ A competência do Tribunal restringir-se-á aos crimes mais graves, que afetam a comunidade
internacional no seu conjunto. Nos termos do presente Estatuto, o Tribunal terá competência
para julgar os seguintes crimes: a) O crime de genocídio; b) Crimes contra a humanidade; c)
Crimes de guerra; d) O crime de agressão.
→ Os crimes são imprescritíveis.
→ Somente julga pessoas físicas (e acima de 18 anos). Não julga Estados.
→ O TPI tem atuação independente, permanente e complementar (só atua se o Estado parte
não tem capacidade ou vontade de julgar o litígio).
→ Qualquer pessoa condenada pelo Tribunal só poderá ser punida em conformidade com as
disposições do presente Estatuto.
→ A pena será de até 30 anos ou pena prisão perpétua (não existe pena de morte).
→ Legitimidade para denúncia: Estado Parte; Conselho de Segurança da ONU e Inquérito
instaurado pelo próprio Procurador do Tribunal.
→ O TPI possui 18 juízes, com mandato de 9 anos.
→ Em regra, o acusado deverá estar presente durante o julgamento.
→ Pode haver entrega do cidadão nato.
→ Nenhuma pessoa poderá ser julgada por outro tribunal por um crime de competência do
Tribunal Penal Internacional, relativamente ao qual já tenha sido condenada ou absolvida
pelo TPI.
→ Sempre que entender conveniente, o Tribunal poderá funcionar em outro local.
→ O erro de fato só excluirá a responsabilidade criminal se eliminar o dolo requerido pelo crime.

JÁ CAIU (VUNESP 2018) Segundo o Estatuto de Roma, o Tribunal Penal Internacional exercerá a
sua jurisdição em relação aos crimes nele previstos por iniciativa de denúncia do próprio Estado-
Parte ou do Conselho de Segurança da ONU e por meio de inquérito do Procurador do Tribunal.
(CORRETA)

CONVENÇÃO PARA A PREVENÇÃO E REPRESSÃO DO CRIME DE GENOCÍDIO


Foi adotado pelo ONU em 1948, Brasil ratificou em 15 de abril de 1952, ainda tipificou o crime de
genocídio como hediondo.

Conceito de genocídio (art. 2º): Na presente Convenção, entende-se por genocídio qualquer dos
seguintes atos, cometidos com a intenção de destruir no todo ou em parte, um grupo nacional,
étnico, racial ou religioso, como tal:
a) matar membros do grupo;
b) causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo;

163
c) submeter intencionalmente o grupo a condição de existência capazes de ocasionar-lhe a
destruição física total ou parcial;
d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio de grupo;
e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo.

SISTEMA INTERAMERICANO

-Carta da Organização dos Estados Americanos (1948).


Principais -Declaração Americana de Direitos e Deveres do Homem (1948 – poucos meses
documentos antes da DUDH).
jurídicos -Pacto de San José da Costa Rica (Tratado de Direitos Civis e Políticos – Convenção
Americana de Direitos Humanos).
-Pacto de Direitos Econômicos e Sociais das Américas (Protocolos de San
Salvador).
-Protocolos adicionais ao Pacto de San José da Costa Rica.

COMISSÃO INTERAMERICANA
→ Criada pela Carta da OEA;
→ A partir do Pacto de San José a Comissão passou a ter um caráter/papel dúplice. Inicialmente,
na Carta da OEA, a Comissão tinha um papel executivo, e, após o Pacto, passou a ter a função
de juízo prévio (juízo de delibação, de admissibilidade) dos casos que pretendem ir à Corte;
→ Deve estar presente em todos os casos perante a Corte, pois exerce papel de custos legis;
→ Medidas liminares (medidas cautelares) expedidas pela Comissão IDH, por ausência de
previsão normativa, são interpretadas como recomendações (não têm força vinculante);
→ Composta por 7 membros: mandato de 4 anos, com direito a uma reeleição. Todavia, 3 deles
(por sorteio), terão mandato de apenas dois anos;
→ Pessoas de alta autoridade moral e de reconhecido saber em matéria de Direitos Humanos (A
escolha é feita a partir de propostas de candidatos enviadas pelos Governos que compõem a
OEA);
→ Não pode compor a comissão mais de um nacional do mesmo Estado;
→ Recebe petições de vítimas, de terceiros, ONGs e de Estados.

JÁ CAIU (VUNESP 2018) A respeito da Comissão Interamericana dos Direitos Humanos, é correto
afirmar que após a primeira eleição da Comissão, a duração do mandato dos seus membros será
de 4 anos e poderão ser reeleitos por uma só vez. (CORRETO)

JÁ CAIU (VUNESP 2018) a Comissão é órgão auxiliar da ONU e tem como função primordial a
supervisão das obrigações dos Estados em virtude da Convenção Americana sobre Direitos
Humanos. (INCORRETO)

Obs.: A Comissão é órgão autônomo da Organização dos Estados Americanos (OEA) e não da ONU.

JÁ CAIU (VUNESP 2023) Órgão de monitoramento do Sistema Interamericano de proteção e


promoção dos direitos humanos, com sede em Washington, D.C. É um órgão principal e autônomo
da Organização dos Estados Americanos (OEA). É integrado por sete membros independentes que

164
atuam a título individual, os quais não representam nenhum país em particular, sendo eleitos pela
Assembleia Geral da OEA. Entre suas competências está receber, analisar e investigar petições,
realizar visitas in loco, fazer recomendações aos Estados membros, apresentar casos à jurisdição
da Corte Interamericana, solicitar opiniões consultivas à Corte Interamericana, realizar e publicar
estudos sobre diferentes temas. É correto afirmar que o enunciado se refere:

E) à Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

CORTE INTERAMERICANA

→ Não tem função apenas contenciosa, mas também consultiva;


→ O acesso à Corte é só pelos Estados e Comissão (LOCUS STANDI);
→ É órgão da Convenção Americana, mas NÃO é órgão da OEA;
→ Medidas liminares (medidas provisórias) tem força vinculante;
→ Não desfaz e nem reforma a decisão da Corte Suprema do país (não pode funcionar como
“terceira instância”);
→ Pode condenar em danos materiais, morais e espirituais (afeta aspectos culturais e religiosos
de um povo) e, ainda dano ao projeto de vida (Caso “niños de la calle”, meninos de rua: privar
desenvolvimento de vida);
→ Composta por 7 juízes;
→ Nacionais dos Estados-Membros da OEA. Devem possuir autoridade moral, reconhecida
competência em matéria de direitos humanos, reunir as condições para o exercício da
mais elevada Corte do seu país);
→ Mandato de 6 anos, com direito a reeleição;
→ Os juízes permanecerão em suas funções até o término dos seus mandatos. Entretanto,
continuarão funcionando nos casos de que já houverem tomado conhecimento e que se
encontrem em fase de sentença e, para tais efeitos, não serão substituídos pelos novos juízes
eleitos;
→ Não pode haver dois juízes da mesma nacionalidade;
→ Recebe petições dos Estados e da Comissão;
→ O juiz nacional de um Estado-Parte sob julgamento na Corte poderá participar, pois exerce
seu mandato em nome próprio;
→ O Estado-Parte não é obrigado a reconhecer a competência contenciosa. Esse
reconhecimento pode ocorrer após a adesão à Convenção, como aconteceu no caso do Brasil,
em 1998.

Quais os requisitos de admissibilidade para que uma petição seja admitida pela Comissão?

→ Esgotamento dos recursos internos;


→ Petição no prazo de 6 meses, após a notificação do interessado da decisão definitiva em
âmbito interno;

OBS: esses dois requisitos de esgotamento de recursos internos e prazos não serão exigidos quando
a legislação interna não assegurar o direito ao devido processo legal, quando o peticionante não teve

165
acesso aos recursos da jurisdição interna ou foi impedido de esgotá-los, ou então quando houver
demora injustificada na decisão sobre os mencionados recursos.

→ Ausência de litispendência internacional;


→ Dados como nome, nacionalidade, profissão, domicílio e assinatura da pessoa(s) ou dos
representantes legais da entidade que submeter a petição.

Para evitar danos irreparáveis às pessoas, a Corte, nos casos sob seu
Casos de gravidade conhecimento, poderá diretamente tomar as medidas provisórias pertinentes.
e urgência Se o caso ainda não chegou à sua competência, poderá assim atuar a pedido
da Comissão. A Comissão pode também editar medidas liminares, mas essas
são entendidas como recomendações.

Medidas liminares da Comissão Medidas liminares da Corte


Não tem força vinculante. Possuem força vinculante
Particular pode peticionar diretamente à Particular pode peticionar diretamente à
Comissão* Corte.*
Tem caráter de resolução. Pode agir de ofício em caso de gravidade e
Estão previstas apenas no Regulamento da própria urgência, para evitar dano irreparável, por
Comissão. provocação das vítimas ou dos
Necessária a presença de risco de dano irreversível, representantes. Nas hipóteses em que os
gravidade e urgência. casos ainda não foram submetidos à
Não precisa ter relação com petições já em Comissão, poderá atuar por solicitação da
trâmite. Comissão.
Necessária oitiva do Estado antes da edição dessa
medida liminar, salvo se houver gravidade e
urgência.

-É definitiva, não cabendo apelação, porém, havendo divergência sobre o sentido


ou alcance da sentença, no prazo de 90 dias contados da notificação da sentença,
A SENTENÇA a parte poderá fazer pedido de interpretação.
DA CORTE -Pode determinar o restabelecimento do direito ou liberdade violados, a reparação
do dano, o pagamento de indenização justa à parte lesada e a realização de
reparações imateriais.
-5 juízes é o quórum para a deliberação.
-A sentença é internacional, não estrangeira. Não precisa de homologação.
-As indenizações compensatórias são executadas no país a partir do procedimento.

JÁ CAIU (VUNESP 2018) Os juízes da Corte Interamericana serão eleitos para um mandato de seis
anos e só poderão ser reeleitos uma vez. Na hipótese de um dos juízes concluir o seu mandato,
mas ainda ter casos sob seu exame que se encontrem em fase de sentença, o Estatuto da Corte
estabelece que o juiz continuará conhecendo desses casos a que se tiver dedicado, para cujo efeito
não será substituído pelo novo juiz eleito. (CORRETO)

166
JÁ CAIU (VUNESP 2022) É um instrumento internacional entre os países-membros da Organização
dos Estados Americanos (OEA) e que foi subscrito durante a Conferência Especializada
Interamericana de Direitos Humanos, em 22 de novembro de 1969. Entrou em vigor em 18 de
julho de 1978, sendo atualmente uma das bases do sistema interamericano de proteção dos
Direitos Humanos. Consagra diversos direitos civis e políticos, entre outros, o direito ao
reconhecimento da personalidade jurídica, o direito à vida, à integridade pessoal, à liberdade
pessoal e garantias judiciais, à proteção da honra e reconhecimento à dignidade, à liberdade
religiosa e de consciência, à liberdade de pensamento e de expressão, e o direito de livre
associação. É correto afirmar que o enunciado refere-se:

D) à Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica).

-Em nenhum caso pode a pena de morte ser aplicada a delitos políticos, nem a
delitos comuns conexos com delitos políticos.
-Nos países que não houverem abolido a pena de morte, esta só poderá ser
imposta pelos delitos mais graves, em cumprimento de sentença final de tribunal
competente e em conformidade com a lei que estabeleça tal pena, promulgada
PACTO DE antes de haver o delito sido cometido. Tampouco se estenderá sua aplicação a
SAN JOSÉ DA delitos aos quais não se aplique atualmente.
COSTA RICA -Não se pode restabelecer a pena de morte nos Estados que a hajam abolido.
(Convenção - Não se deve impor a pena de morte a pessoa que, no momento da perpetração
Americana do delito, for menor de dezoito anos, ou maior de setenta, nem aplicá-la a mulher
de Direitos em estado de gravidez.
Humanos) - Toda pessoa condenada à morte tem direito a solicitar anistia, indulto ou
comutação da pena, os quais podem ser concedidos em todos os casos. Não se
pode executar a pena de morte enquanto o pedido estiver pendente de decisão
ante a autoridade competente.
- As penas privativas de liberdade devem ter por finalidade essencial a reforma e a
readaptação social dos condenados.
- Toda pessoa tem o direito de buscar e receber asilo em território estrangeiro, em
caso de perseguição por delitos políticos ou comuns conexos com delitos políticos,
de acordo com a legislação de cada Estado e com as Convenções internacionais.
- Os processados devem ficar separados dos condenados, salvo em circunstâncias
excepcionais, e devem ser submetidos a tratamento adequado à sua condição de
pessoas não condenadas.
- Toda pessoa presa, detida ou retida deve ser conduzida, sem demora, à presença
de um juiz ou outra autoridade autorizada por lei a exercer funções judiciais e tem
o direito de ser julgada em prazo razoável ou de ser posta em liberdade, sem
prejuízo de que prossiga o processo. Sua liberdade pode ser condicionada a
garantias que assegurem o seu comparecimento em juízo.
- Ninguém poderá ser submetido a escravidão ou servidão e tanto estas como o
tráfico de escravos e o tráfico de mulheres são proibidos em todas as suas formas.
- Ninguém deve ser constrangido a executar trabalho forçado ou obrigatório. Nos
países em que se prescreve, para certos delitos, pena privativa de liberdade

167
acompanhada de trabalhos forçados, esta disposição não pode ser interpretada no
sentido de proibir o cumprimento da dita pena, imposta por um juiz ou tribunal
competente. O trabalho forçado não deve afetar a dignidade, nem a capacidade
física e intelectual do recluso.

JÁ CAIU (VUNESP 2022) É um instrumento internacional entre os países-membros da Organização


dos Estados Americanos (OEA) e que foi subscrito durante a Conferência Especializada
Interamericana de Direitos Humanos, em 22 de novembro de 1969. Entrou em vigor em 18 de
julho de 1978, sendo atualmente uma das bases do sistema interamericano de proteção dos
Direitos Humanos. Consagra diversos direitos civis e políticos, entre outros, o direito ao
reconhecimento da personalidade jurídica, o direito à vida, à integridade pessoal, à liberdade
pessoal e garantias judiciais, à proteção da honra e reconhecimento à dignidade, à liberdade
religiosa e de consciência, à liberdade de pensamento e de expressão, e o direito de livre
associação. É correto afirmar que o enunciado refere-se à Convenção Americana sobre Direitos
Humanos (Pacto de São José da Costa Rica). (CORRETO)

JÁ CAIU (VUNESP 2021) No que concerne ao tema “Garantias Judiciais” do Pacto de São José
(artigo 8), a sentença condenatória não se pode fundar, unicamente, na confissão (INCORRETO)

Obs.: A previsão do art. 8.3 é que "a confissão do acusado só é válida se feita sem coação de
nenhuma natureza", não havendo restrições sobre a sentença condenatória basear-se
exclusivamente nela, caso este requisito essencial seja atendido.

JÁ CAIU (VUNESP 2022) No que concerne ao tema “Direito à Liberdade Pessoal”, do Pacto de São
José (art. 7), é correto afirmar que toda pessoa detida deve ser conduzida, sem demora, à presença
de um juiz ou de outra autoridade autorizada pela lei a exercer funções judiciais (5). (CORRETA)

JÁ CAIU (VUNESP 2018) A Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de San José da
Costa Rica) dispõe a respeito dos trabalhos forçados dos presos que: não são assim considerados
quando exigidos do preso em cumprimento de sentença judicial. (CORRETO)

Obs.: Não constituem trabalhos forçados ou obrigatórios para os efeitos deste artigo:
a) os trabalhos ou serviços normalmente exigidos de pessoal reclusa em cumprimento de sentença
ou resolução formal expedida pela autoridade judiciária competente. Tais trabalhos ou serviços de
devem ser executados sob a vigilância e controle das autoridades públicas, e os indivíduos que os
executarem não devem ser postos à disposição de particulares, companhias ou pessoas jurídicas
de caráter privado;
b) o serviço militar e, nos países onde se admite a isenção por motivos de consciências, o serviço
nacional que a lei estabelecer em lugar daquele;
c) o serviço imposto em casos de perigo ou calamidade que ameace a existência ou o bem-estar
da comunidade; e
d) o trabalho ou serviço que faça parte das obrigações cívicas normais”.

JÁ CAIU (VUNESP 2018) O Pacto de São José da Costa Rica estipula que os Estados-Partes podem
suspender as obrigações contraídas em virtude do referido Pacto, como por exemplo em situação
de guerra, perigo público, ou de outra emergência que ameace a sua independência ou sua

168
segurança. Dentre os direitos que podem ser suspensos nessas hipóteses, está o Direito de
Circulação. (CORRETO)

Obs.: Direitos que NÃO podem ser suspensos durante guerra, perigo público ou outra ameaças:
a) direito ao reconhecimento da personalidade jurídica
b) direito à vida
c) direito à integridade pessoal
d) proibição da escravidão e da servidão
e) princípio da legalidade e da retroatividade
f) liberdade de consciência e religião
g) proteção da família
h) direito ao nome
i) direitos da criança
j) direito à nacionalidade
k) direitos políticos, nem das garantias indispensáveis para a proteção de tais direitos.

MINORIAS E GRUPOS VULNERÁVEIS

MINORIAS
Para Mazuolli: “são grupos de pessoas que não tem a mesma representação política que os demais
cidadãos de um Estado ou, ainda, que sofrem histórica e crônica discriminação por guardarem
entre si características essenciais à sua personalidade que demarcam a sua singularidade no meio
social, tais como etnia, nacionalidade, língua, religião ou condição pessoal”. São pessoas
consideradas “diferentes” dos demais, dentro de um Estado. Por exemplo: quilombolas, indígenas,
ciganos, praticantes do candomblé, populações ribeirinhas (...)
-Existência de grupos que se distinguem do restante da população, por características
étnicas, religiosas ou linguísticas estáveis;
Critérios -Esses grupos não constituem a maioria da população;
objetivos -São grupos que não exercem poder na sociedade;
-Discriminadores e discriminados devem pertencer ao mesmo Estado.
Critério -Desejo de preservação da identidade cultural pelo grupo.
subjetivo

GRUPOS VULNERÁVEIS
Para Mazuolli: “são coletividades mais amplas de pessoas que, apesar de não pertencerem
propriamente às minorias, eis que não possuidoras de uma identidade coletiva específica,
necessitam, não obstante, de proteção especial em razão de sua fragilidade ou indefensabilidade”.
Temos como exemplos: idosos, mulheres, crianças, pessoas em situação de rua, LGBTQIA+, etc.”

ATENÇÃO: Minorias é sinônimo de grupo vulnerável? NÃO, mas minorias também podem fazer
parte de grupos vulneráveis.

169
→ A carta internacional de Direitos Humanos foi o marco do processo de proteção internacional
e, a partir dela, várias declarações e convenções foram elaboradas acrescentando outros
direitos, assim como o conceito de titular de direitos passou a abarcar não somente o
indivíduo, mas os grupos vulneráveis.

→ Interseccionalidade: o racismo, o sexismo, a transfobia, o machismo e demais modalidades


de preconceito não atuam de forma isolada e independente. Elas se interconectam.

PRINCÍPIOS DE YOGYAKARTA (INDONÉSIA, 2006)

→ Tem objetivo de estabelecer um conjunto de princípios legais internacionais relacionados à


aplicação da legislação internacional no contexto das violações dos direitos humanos com
base na orientação sexual e identidade de gênero.
→ Resolução Conjunta nº 01/2014, emitida pelo Conselho Nacional de Combate à Discriminação
e pelo Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, estabelece diretrizes claras para
o acolhimento da população LGBTQIA+ em situação de privação de liberdade no Brasil. Esta
resolução faz referência explícita aos Princípios de Yogyakarta como uma base importante
para a promoção e proteção dos direitos dessa comunidade. Desta forma, não é correto dizer
que os princípios de Yogyakarta não encontram aplicação em questões penitenciárias no
Brasil.

REGRAS MÍNIMAS DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O TRATAMENTO DOS PRESOS (REGRAS DE
MANDELA)

→ Se trata de regras soft low, são normas não vinculantes de Direito Internacional, nesse
sentido, os Estados membros não são obrigados a se adaptarem para a aplicação dessas
regras.
→ Tem como objetivo estabelecer princípios e práticas para serem utilizadas em
estabelecimentos prisionais.

Regra 11 As diferentes categorias de presos devem ser mantidas em estabelecimentos prisionais


separados ou em diferentes setores de um mesmo estabelecimento prisional, levando em
consideração seu sexo, idade, antecedentes criminais, razões da detenção e necessidades de
tratamento. Assim:
(a) Homens e mulheres devem, sempre que possível, permanecer detidos em unidades separadas.
Nos estabelecimentos que recebam homens e mulheres, todos os recintos destinados às mulheres
devem ser totalmente separados;
(b) Presos preventivos devem ser mantidos separados daqueles condenados;
(c) Indivíduos presos por dívidas, ou outros presos civis, devem ser mantidos separados dos
indivíduos presos por infrações criminais;
(d) Jovens presos devem ser mantidos separados dos adultos.

Regra 39 1. Nenhum preso pode ser punido, exceto com base nas disposições legais ou
regulamentares referidas na Regra 37 e nos princípios de justiça e de devido processo legal; e jamais
será punido duas vezes pela mesma infração.

170
2. As administrações prisionais devem assegurar a proporcionalidade entre a sanção disciplinar e a
infração para a qual foi estabelecida e devem manter registros apropriados de todas as sanções
disciplinares impostas.
3. Antes de impor uma sanção disciplinar, os administradores devem levar em consideração se e
como uma eventual doença mental ou incapacidade de desenvolvimento do preso possa ter
contribuído para sua conduta e o cometimento de infração ou ato que fundamentou a sanção
disciplinar. Os administradores prisionais não devem punir qualquer conduta do preso que seja
considerada resultado direto de sua doença mental ou incapacidade intelectual.

Regra 52 1. Revistas íntimas invasivas, incluindo o ato de despir e de inspecionar partes íntimas do
corpo, devem ser empreendidas apenas quando forem absolutamente necessárias. As
administrações prisionais devem ser encorajadas a desenvolver e utilizar outras alternativas
apropriadas ao invés de revistas íntimas.
2. As revistas das partes íntimas serão conduzidas apenas por profissionais de saúde qualificados,
que não sejam os principais responsáveis pela atenção à saúde do preso, ou, no mínimo, por pessoal
apropriadamente treinado por profissionais da área médica nos padrões de higiene, saúde e
segurança.

JÁ CAIU (VUNESP 2018) Nos moldes das Regras Mínimas das Nações Unidas para o Tratamento dos
Presos (Regras de Mandela), na hipótese de haver uma presa em estado de gravidez ou com filhos em
determinado estabelecimento prisional, os exames pré e pós-natais não devem ser realizados no
próprio estabelecimento prisional, devendo a presa ser conduzida a hospital ou clínica especializada
sempre que necessitar. (INCORRETA)

Obs.: Regra 28 Nas unidades prisionais femininas, deve haver acomodação especial para todas as
necessidades de cuidado e tratamento pré e pós-natais. Devem-se adotar procedimentos específicos
para que os nascimentos ocorram em um hospital fora da unidade prisional. Se a criança nascer na
unidade prisional, este fato não deve constar de sua certidão de nascimento.
JÁ CAIU (VUNESP 2018) Nos moldes das Regras Mínimas das Nações Unidas para o Tratamento dos
Presos (Regras de Mandela), na hipótese de haver uma presa em estado de gravidez ou com filhos em
determinado estabelecimento prisional, providências devem ser tomadas para garantir creches
internas ou externas dotadas de pessoal qualificado, onde as crianças poderão ser deixadas quando
não estiverem sob o cuidado de seu pai ou sua mãe. (CORRETA)

Obs.: Regra 29 1. A decisão de permitir uma criança de ficar com seu pai ou com sua mãe na unidade
prisional deve se basear no melhor interesse da criança. Nas unidades prisionais que abrigam filhos
de detentos, providências devem ser tomadas para garantir: (a) creches internas ou externas dotadas
de pessoal qualificado, onde as crianças poderão ser deixadas quando não estiverem sob o cuidado
de seu pai ou sua mãe. (b) Serviços de saúde pediátricos, incluindo triagem médica, no ingresso e
monitoramento constante de seu desenvolvimento por especialistas. 2. As crianças nas unidades
prisionais com seu pai ou sua mãe nunca devem ser tratadas como presos.

171
REGRAS DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O TRATAMENTO DE MULHERES PRESAS E MEDIDAS NÃO
PRIVATIVAS DE LIBERDADE PARA MULHERES INFRATORAS (REGRAS DE BANGKOK).

→ O objetivo principal do documento é estabelecer regras e políticas públicas de prevenção de


crimes e justiça criminal especificamente voltadas para as mulheres, sendo direcionadas às
autoridades nacionais (legisladores, Poder Judiciário, Ministério Público e agentes
penitenciários) envolvidas na administração das penas privativas de liberdade e alternativas
à prisão.
→ As Regras de Bangkok pautam-se por dois pressupostos: (a) as necessidades específicas das
mulheres, as quais incluem, entre outras, idade, orientação sexual, identidade de gênero,
nacionalidade, situação de gestação e maternidade; (b) o reconhecimento de que parcela das
mulheres infratoras não representa risco à sociedade, de modo que o encarceramento pode
dificultar a sua reinserção social.
→ Deve ser ressaltado, que são consideradas normas soft law, não possuindo força vinculante,
porém serve como importante vetor interpretativo! No caso brasileiro foi editado o decreto
8.858/16 que regula o uso de algemas.

ATENÇÃO: o trabalho dos especialistas foi realizado em Bangkok entre 23 e 26 de novembro de 2009,
mas a APROVAÇÃO ocorreu por meio da resolução n. 65/229 de 21 de dezembro de 2010.

Artigos relevantes:

-Mulheres presas deverão permanecer, na medida do possível, em prisões próximas ao seu meio
familiar ou local de reabilitação social, considerando suas responsabilidades como fonte de cuidado,
assim como sua preferência pessoal e a disponibilidade de programas e serviços apropriados.

-Se a mulher presa for acompanhada de criança, esta também deverá passar por exame médico,
preferencialmente por um pediatra, para determinar eventual tratamento ou necessidades médicas.
Deverá ser oferecido atendimento médico adequado, no mínimo equivalentes ao disponível na
comunidade.

-Instrumentos de contenção jamais deverão ser usados em mulheres em trabalho de parto, durante
o parto e nem no período imediatamente posterior.

-Tendo em vista a probabilidade desproporcional de mulheres presas terem sofrido violência


doméstica, elas deverão ser devidamente consultadas a respeito de quem, incluindo seus familiares,
pode visitá-las.

-As autoridades penitenciárias concederão às presas, da forma mais abrangente possível, opções
como saídas temporárias, regime prisional aberto, albergues de transição e programas e serviços
comunitários, com o intuito de facilitar sua transição da prisão para a liberdade, reduzir o estigma e
restabelecer contato com seus familiares o mais cedo possível.

-Penas não privativas de liberdade para as mulheres gestantes e mulheres com filhos/as dependentes
serão preferidas sempre que for possível e apropriado, sendo a pena de prisão considerada apenas
quando o crime for grave ou violento ou a mulher representar ameaça continua, sempre velando

172
pelo melhor interesse do/a filho/a ou filhos/as e assegurando as diligências adequadas para seu
cuidado.

CÓDIGO DE CONDUTA PARA OS FUNCIONÁRIOS RESPONSÁVEIS PELA APLICAÇÃO DA LEI

Art.3 Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei só́ podem empregar a força quando
estritamente necessária e na medida exigida para o cumprimento do seu dever.

Art. 4 Os assuntos de natureza confidencial em poder dos funcionários responsáveis pela aplicação
da lei devem ser mantidos confidenciais, a não ser que o cumprimento do dever ou necessidade de
justiça estritamente exijam outro comportamento.

Art. 5 Nenhum funcionário responsável pela aplicação da lei pode infligir, instigar ou tolerar qualquer
ato de tortura ou qualquer outro tratamento ou pena cruel, desumano ou degradante, nem nenhum
destes funcionários pode invocar ordens superiores ou circunstâncias excepcionais, tais como o
estado de guerra ou uma ameaça de guerra, ameaça à segurança nacional, instabilidade política
interna ou qualquer outra emergência pública, como justificativa para torturas ou outros
tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes.

Protocolo de Prevenção, Supressão e Punição do Tráfico de Pessoas, Especialmente Mulheres e


Crianças

-Significa o recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o acolhimento


de pessoas;
-Recorrendo à ameaça ou uso da força ou a outras formas de coação, ao rapto, à fraude,
TRÁFICO DE ao engano, ao abuso de autoridade ou à situação de vulnerabilidade ou à entrega ou
PESSOAS aceitação de pagamentos ou benefícios para obter o consentimento de uma pessoa que
tenha autoridade sobre outra para fins de exploração.
A exploração incluirá, no mínimo, a exploração da prostituição de outrem ou outras
formas de exploração sexual, o trabalho ou serviços forçados, escravatura ou práticas
similares à escravatura, a servidão ou a remoção de órgãos.

O consentimento dado pela vítima de tráfico de pessoas tendo em vista qualquer


CONSENTIMENTO tipo de exploração descrito acima será considerado irrelevante se tiver sido
utilizado qualquer um dos meios precitados (ameaça, uso da força....).

O recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o acolhimento de uma


criança para fins de exploração serão considerados "tráfico de pessoas" mesmo que
CRIANÇA não envolvam nenhum dos meios referidos.
O termo "criança" significa qualquer pessoa com idade inferior a 18 (dezoito anos).
ATENÇÃO: no ECA, criança é quem possui 12 anos incompletos.

-Nos casos em que se considere apropriado e na medida em que seja permitido pelo seu
direito interno, cada Estado Parte protegerá a privacidade e a identidade das vítimas de

173
tráfico de pessoas, incluindo, entre outras (ou inter alia), a confidencialidade dos
procedimentos judiciais relativos a esse tráfico.
ASSISTÊNCIA E -Cada Estado Parte terá em conta, ao aplicar as disposições do presente Artigo, a idade,
PROTEÇÃO ÀS o sexo e as necessidades específicas das vítimas de tráfico de pessoas, designadamente
VÍTIMAS as necessidades específicas das crianças, incluindo o alojamento, a educação e cuidados
adequados.
-Cada Estado Parte envidará esforços para garantir a segurança física das vítimas de
tráfico de pessoas enquanto estas se encontrarem no seu território.
-Cada Estado Parte assegurará que o seu sistema jurídico contenha medidas que
ofereçam às vítimas de tráfico de pessoas a possibilidade de obterem indenização pelos
danos sofridos.

JÁ CAIU (VUNESP 2018) Cada Estado-Parte, ao aplicar as disposições sobre assistência e proteção das
vítimas de tráfico de pessoas, não poderá fazer distinção quanto à idade, ao sexo ou às suas necessidades
específicas. (INCORRETO)

Obs.: Cada Estado Parte terá em conta, ao aplicar as disposições do presente Artigo, a idade, o sexo e as
necessidades específicas das vítimas de tráfico de pessoas, designadamente as necessidades específicas
das crianças, incluindo o alojamento, a educação e cuidados adequados.

CONVENÇÃO INTERAMERICANA CONTRA O RACISMO

qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência, em qualquer área da


vida pública ou privada, cujo propósito ou efeito seja anular ou restringir o
Discriminação reconhecimento, gozo ou exercício, em condições de igualdade, de um ou mais
racial direitos humanos e liberdades fundamentais consagrados nos instrumentos
internacionais aplicáveis aos Estados Partes. Pode basear-se em raça, cor,
ascendência ou origem nacional ou étnica.

é aquela que ocorre, em qualquer esfera da vida pública ou privada, quando


Discriminação um dispositivo, prática ou critério aparentemente neutro tem a capacidade
racial indireta de acarretar uma desvantagem particular para pessoas pertencentes a um
grupo específico, ou as coloca em desvantagem, a menos que esse dispositivo,
prática ou critério tenha um objetivo ou justificativa razoável e legítima à luz
do Direito Internacional dos Direitos Humanos.

consiste em qualquer teoria, doutrina, ideologia ou conjunto de ideias que


Racismo enunciam um vínculo causal entre as características fenotípicas ou genotípicas
de indivíduos ou grupos e seus traços intelectuais, culturais e de
personalidade, inclusive o falso conceito de superioridade racial.

é um ato ou conjunto de atos ou manifestações que denotam desrespeito,


rejeição ou desprezo à dignidade, características, convicções ou opiniões de

174
pessoas por serem diferentes ou contrárias. Pode manifestar-se como a
Intolerância marginalização e a exclusão de grupos em condições de vulnerabilidade da
participação em qualquer esfera da vida pública ou privada ou como violência
contra esses grupos.

As medidas especiais ou de ação afirmativa adotadas com a finalidade de


assegurar o gozo ou exercício, em condições de igualdade, de um ou mais
Ações direitos humanos e liberdades fundamentais de grupos que requeiram essa
afirmativas proteção não constituirão discriminação racial, desde que essas medidas não
levem à manutenção de direitos separados para grupos diferentes e não se
perpetuem uma vez alcançados seus objetivos.

ATENÇÃO: não há pretensão de que as ações afirmativas sejam eternas!

JÁ CAIU (VUNESP 2023) as ações afirmativas, adotadas com a finalidade de assegurar o gozo
ou exercício, em condições de igualdade, de um ou mais direitos humanos e liberdades
fundamentais de grupos que requeiram essa proteção, não constituirão discriminação, desde
que não levem à manutenção de direitos separados para grupos diferentes, ainda que se
perpetuem, uma vez alcançados seus objetivos. (INCORRETA)

COMITÊ INTERAMERICANO PARA A PREVENÇÃO E ELIMINAÇÃO DO RACISMO, DISCRIMINAÇÃO


RACIAL E TODAS AS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO E INTOLERÂNCIA:

→ Constituído por um perito nomeado por cada Estado Parte.


→ O perito exercerá suas funções de maneira independente.
→ a tarefa do perito será monitorar os compromissos assumidos nesta Convenção.
→ O Comitê também será responsável por monitorar os compromissos assumidos pelos Estados
que são partes na Convenção Interamericana contra Toda Forma de Discriminação e
Intolerância.
→ O Comitê será criado quando a primeira das Convenções entrar em vigor, e sua primeira
reunião será convocada pela Secretaria-Geral da OEA uma vez recebido o décimo instrumento
de ratificação de qualquer das Convenções.
→ A primeira reunião do Comitê será realizada na sede da Organização, três meses após sua
convocação, para declará-lo constituído, aprovar seu Regulamento e metodologia de
trabalho e eleger suas autoridades. Essa reunião será presidida pelo representante do país
que depositar o primeiro instrumento de ratificação da Convenção que estabelecer o Comitê.
→ O referido Comitê poderá recomendar aos Estados Partes que adotem as medidas
apropriadas. Com esse propósito, os Estados Partes comprometem-se a apresentar um
relatório ao Comitê, transcorrido um ano da realização da primeira reunião, com o
cumprimento das obrigações constantes desta Convenção.
→ Dos relatórios que os Estados Partes apresentarem ao Comitê também constarão dados e
estatísticas desagregados sobre os grupos vulneráveis. Posteriormente, os Estados Partes
apresentarão relatórios a cada quatro anos. A Secretaria-Geral da OEA proporcionará ao
Comitê o apoio necessário para o cumprimento de suas funções.

175
Denúncia: Esta Convenção permanecerá em vigor indefinidamente, mas qualquer Estado Parte
poderá denunciá-la mediante notificação por escrito dirigida ao Secretário-Geral da Organização
dos Estados Americanos. Os efeitos da Convenção cessarão para o Estado que a denunciar um ano
após a data de depósito do instrumento de denúncia, permanecendo em vigor para os demais
Estados Partes. A denúncia não eximirá o Estado Parte das obrigações a ele impostas por esta
Convenção com relação a toda ação ou omissão anterior à data em que a denúncia produziu efeito.

DECLARAÇÃO DOS PRINCÍPIOS BÁSICOS DE JUSTIÇA RELATIVOS ÀS VÍTIMAS DA CRIMINALIDADE E


DE ABUSO DE PODER (1985)

ITEM 1: O termo “vítimas” designa as pessoas que, individual ou coletivamente, tenham sofrido um
dano, nomeadamente um dano físico ou mental, um sofrimento emocional, um prejuízo econômico
ou um atentado importante aos seus direitos fundamentais, em resultado de atos ou omissões que
violem as leis penais em vigor nos Estados Membros, incluindo as leis que criminalizam o abuso de
poder.

ITEM 2: Uma pessoa pode ser considerada "vítima", ao abrigo da presente Declaração,
independentemente do facto de o autor ter ou não sido identificado, capturado, acusado ou
condenado e qualquer que seja a relação de parentesco entre o autor e a vítima. O termo “vítima”
inclui também, sendo caso disso, os familiares próximos ou dependentes da vítima direta e as pessoas
que tenham sofrido danos ao intervir para prestar assistência a vítimas em perigo ou para impedir a
vitimização.

ITEM 8: Os autores de crimes ou os terceiros responsáveis pelo seu comportamento, devem, se


necessário, reparar de forma equitativa o prejuízo causado às vítimas, às suas famílias ou às pessoas
a seu cargo. Tal reparação deve incluir a restituição de bens, uma indemnização pelo dano ou prejuízo
sofrido, o reembolso das despesas realizadas em consequência da vitimização, a prestação de
serviços e o restabelecimento de direitos.

ITEM 10: Em caso de danos ambientais importantes, a reparação, se ordenada, deve incluir, tanto
quanto possível, a reabilitação do meio ambiente, a reconstrução de infraestruturas, a substituição
de equipamentos coletivos e o reembolso das despesas de reinstalação, sempre que tais danos
impliquem a deslocação de uma comunidade.

ITEM 11. Caso funcionários públicos ou outros agentes atuando a título oficial ou quase oficial violem
a legislação penal nacional, as vítimas devem ser ressarcidas pelo Estado cujos funcionários ou
agentes tenham sido responsáveis pelo dano sofrido. Caso o Governo sob cuja autoridade se verificou
o ato ou a omissão que deu origem à vitimização já́ não exista, o Estado ou Governo sucessor deve
garantir a reparação das vítimas.

CONVENÇÃO RELATIVA AO ESTATUTO DOS REFUGIADOS (1951) E PROTOCOLO (PROMULGADA


PELO DECRETO NO 50.215/1961) E LEI 9.474/1997.

Definição de - Pessoa que temendo ser perseguida por motivos de raça, religião,
refugiado nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas.
- Quem se encontre fora do país de sua nacionalidade.

176
- Quem não tem nacionalidade, se encontra fora do país que residia
habitualmente.
- Em qualquer caso, não pode voltar ao seu país ou devido ao temor sofrido não
quer voltar.
Mais de uma - Será levado em conta cada país de sua nacionalidade, ou seja, se ela tem duas
nacionalidade nacionalidades é considera refugiada se estiver em um terceiro país que não
tenha nacionalidade.

ASILO REFÚGIO
Motivado por perseguições baseadas em crimes Se relaciona com uma perseguição por motivos
de natureza política ou ideológica (ligado a um de raça, religião ou de nacionalidade, grupo
indivíduo). social ou opinião política (ligado à coletividade).
Instituto jurídico regional: América Latina. Instituto jurídico de caráter universal.
Pode ser solicitado dentro do próprio país de É admitido quando estiver fora de seu país.
origem.
Asilo diplomático: estrangeiro pede asilo a
embaixada brasileira;
Asilo territorial: requerente se encontra em
território nacional.
Semelhanças:
- Tem a finalidade de proteger a pessoa vitimada por perseguições.
- Não há obrigatoriedade de o estado conceder asilo ou refúgio.
- Não estão sujeitos à reciprocidade.
- Protegem indivíduos independente de sua nacionalidade.

LEI 9.474/97 – Estatuto dos refugiados

EXTRADIÇÃO Art. 33 O reconhecimento da condição de refugiado obstará o seguimento de


qualquer pedido de extradição baseado nos fatos que fundamentaram a
concessão de refúgio.
Art. 34. A solicitação de refúgio suspenderá, até decisão definitiva, qualquer
processo de extradição pendente, em fase administrativa ou judicial, baseado
nos fatos que fundamentaram a concessão de refúgio.
Art. 35. Para efeito do cumprimento do disposto nos arts. 33 e 34 desta Lei, a
solicitação de reconhecimento como refugiado será comunicada ao órgão onde
tramitar o processo de extradição.
EXPULSÃO Art. 36. Não será expulso do território nacional o refugiado que esteja
regularmente registrado, salvo por motivos de segurança nacional ou de ordem
pública.
Art. 37. A expulsão de refugiado do território nacional não resultará em sua
retirada para país onde sua vida, liberdade ou integridade física possam estar
em risco, e apenas será efetivada quando da certeza de sua admissão em país
onde não haja riscos de perseguição.

177
Cessará a - Aquele voltar a valer-se da proteção do país de que é nacional.
condição de - Aquele que recuperar voluntariamente a nacionalidade outrora perdida.
Refugiado - Quem adquirir nova nacionalidade e gozar da proteção do país cuja
nacionalidade adquiriu.
- Aquele que estabelecer-se novamente, de maneira voluntária, no país que
abandonou ou fora do qual permaneceu por medo de ser perseguido.
- Quem não puder mais continuar a recusar a proteção do país de que é nacional
por terem deixado de existir as circunstâncias em consequência das quais foi
reconhecido como refugiado.
- O apátrida que estiver em condições de voltar ao país no qual tinha sua
residência habitual, uma vez que tenham deixado de existir as circunstâncias
em consequência das quais foi reconhecido como refugiado
Perderá a - A renúncia.
condição de - Quando ocorrer a prova da falsidade dos fundamentos invocados para o
Refugiado reconhecimento da condição de refugiado ou a existência de fatos que, se
fossem conhecidos quando do reconhecimento, teriam ensejado uma decisão
negativa.
- Quando praticar de atividades contrárias à segurança nacional ou à ordem
pública.
- A saída do território nacional sem prévia autorização do Governo brasileiro.

CONVENÇÃO INTERAMERICANA PARA PREVENIR E REPRIMIR A TORTURA (1985)


→ Adotada pela OEA em 1958, no Brasil foi assinada em 196 e promulgada pelo decreto n.
98.386 em 1989.
→ Definição de tortura:

ARTIGO 2 Para os efeitos desta Convenção, entender-se-á por tortura todo ato pelo qual são
infligidos intencionalmente a uma pessoa penas ou sofrimentos físicos ou mentais, com fins de
investigação criminal, como meio de intimidação, como castigo pessoal, como medida preventiva,
como pena ou com qualquer outro fim. Entender-se-á também como tortura a aplicação, sobre uma
pessoa, de métodos tendentes a anular a personalidade da vítima, ou a diminuir sua capacidade física
ou mental, embora não causem dor física ou angústia psíquica.
Não estarão compreendidos no conceito de tortura as penas ou sofrimentos físicos ou mentais que
sejam unicamente consequência de medidas legais ou inerentes a elas, contato que não incluam a
realização dos atos ou aplicação dos métodos a que se refere este Artigo.

ARTIGO 3: Serão responsáveis pelo delito de tortura:


a) Os empregados ou funcionários públicos que, atuando nesse caráter, ordenem sua comissão ou
instiguem ou induzam a ela, cometam-no diretamente ou, podendo impedi-lo, não o façam.
b) As pessoas que, por instigação dos funcionários ou empregados públicos a que se refere a alínea
a, ordenem sua comissão, instiguem ou induzam a ela, comentam-no diretamente ou nela sejam
cúmplices.
Obs.: se trata de um crime próprio, assim como na Convenção da ONU.

178
CONVENÇÃO INTERAMERICANA CONTRA A CORRUPÇÃO - TRATADO DE MÉRIDA
→ É tratado que visa o a cooperação internacional quanto ao combate à corrupção,
demonstrando o mínimo que os Estados podem fazer par alcançar tal objetivo.

Artigo 1 – Finalidade: A finalidade da presente Convenção é:


a) Promover e fortalecer as medidas para prevenir e combater mais eficaz e eficientemente a
corrupção;
b) Promover, facilitar e apoiar a cooperação internacional e a assistência técnica na prevenção e na
luta contra a corrupção, incluída a recuperação de ativos;
c) Promover a integridade, a obrigação de render contas e a devida gestão dos assuntos e dos bens
públicos

Artigo 2 - Definições Aos efeitos da presente Convenção:


a) Por "funcionário público" se entenderá:
I) toda pessoa que ocupe um cargo legislativo, executivo, administrativo ou judicial de um Estado
Parte, já designado ou empossado, permanente ou temporário, remunerado ou honorário, seja qual
for o tempo dessa pessoa no cargo;
II) toda pessoa que desempenhe uma função pública, inclusive em um organismo público ou numa
empresa pública, ou que preste um serviço público, segundo definido na legislação interna do Estado
Parte e se aplique na esfera pertinente do ordenamento jurídico desse Estado Parte;
II) toda pessoa definida como "funcionário público" na legislação interna de um Estado Parte. Não
obstante, aos efeitos de algumas medidas específicas incluídas no Capítulo II da presente Convenção,
poderá entender-se por "funcionário público" toda pessoa que desempenhe uma função pública
ou preste um serviço público segundo definido na legislação interna do Estado Parte e se aplique
na esfera pertinente do ordenamento jurídico desse Estado Parte;

→ Também visa a informação pública, adotando medidas para que aumentem a transparência.
No Brasil, foi criado portal da transparência permitindo o acompanhamento de programas e
ações. Até mesmo o portal de transparência em relação ao subsídio dos funcionários públicos,
sendo assim, atendendo a essa orientação.

Artigo 12 - Setor Privado Cada Estado Parte, em conformidade com os princípios fundamentais de
sua legislação interna, adotará medidas para prevenir a corrupção e melhorar as normas contábeis e
de auditoria no setor privado, assim como, quando proceder, prever sanções civis, administrativas
ou penais eficazes, proporcionadas e dissuasivas em caso de não cumprimento dessas medidas.

→ Prevê a penalização e aplicação da lei, expondo algumas ações para que cada Estado Parte
possa adotar, qualificando delitos e culminando penas. Por exemplo, medidas contra o
suborno de funcionários públicos nacionais ou estrangeiros. Medidas relativas ao desvio de
bens, como peculato, apropriação indébita. Bem como o tráfico de influência, abuso de
funções e o enriquecimento ilícito.

DECLARAÇÃO SOBRE O DIREITO E A RESPONSABILIDADE DOS INDIVÍDUOS, GRUPOS OU ÓRGÃOS


DA SOCIEDADE DE PROMOVER E PROTEGER OS DIREITOS HUMANOS E LIBERDADES
FUNDAMENTAIS UNIVERSALMENTE RECONHECIDOS (DEFENSORES DE DIREITOS HUMANOS)

179
→ A declaração do Defensores de Direitos Humanos foi aprovada em 1998 pela Assembleia
Geral da ONU, se trata de uma recomendação, logo tem natureza jurídica de soft low.

Artigo 1.º Todas as pessoas têm o direito, individualmente e em associação com outras, de promover
e lutar pela proteção e realização dos direitos humanos e das liberdades fundamentais a nível
nacional e internacional.

Artigo 2.º 1. Cada Estado tem a responsabilidade e o dever primordiais de proteger, promover e
tornar efetivos todos os direitos humanos e liberdades fundamentais, nomeadamente através da
adoção das medidas necessárias à criação das devidas condições nas áreas social, económica, política
e outras, bem como das garantias jurídicas que se impõem para assegurar que todas as pessoas sob
a sua jurisdição, individualmente e em associação com outras, possam gozar na prática esses direitos
e liberdades.

Artigo 5.º A fim de promover e proteger os direitos humanos e liberdades fundamentais, todos têm
o direito, individualmente e em associação com outros, a nível nacional e internacional:
a) De se reunir ou manifestar pacificamente;
b) De constituir organizações, associações ou grupos não governamentais, de aderir aos mesmos e
de participar nas respectivas atividades;
c) De comunicar com organizações não governamentais ou intergovernamentais.

Artigo 7.º Todos têm o direito, individualmente e em associação com outros, de desenvolver e
debater novas ideias e princípios no domínio dos direitos humanos e de defender a sua aceitação.

Artigo 8.º 1. Todos têm o direito, individualmente e em associação com outros, de ter acesso efetivo,
numa base não discriminatória, à participação no governo do seu país e na condução dos negócios
públicos
Artigo 15.º O Estado tem o DEVER de promover e facilitar a educação em matéria de direitos
humanos e liberdades fundamentais em todos os níveis do ensino e de garantir que todos os
responsáveis pela formação dos juristas, funcionários responsáveis pela aplicação da lei, pessoal das
forças armadas e funcionários públicos incluem elementos adequados para o ensino dos direitos
humanos nos programas de formação destinados a estes grupos profissionais.

Artigo 16.º Os indivíduos, as organizações não governamentais e as instituições competentes têm um


importante contributo a dar na sensibilização do público para as questões relativas aos direitos
humanos e liberdades fundamentais, através de atividades como a educação, a formação e a
investigação nessas áreas com o fim de reforçar, nomeadamente, a compreensão, a tolerância, a paz
e as relações amigáveis entre as nações e entre todos os grupos raciais e religiosos, tendo em conta
a diversidade das sociedades e comunidades onde as suas atividades se desenvolvem.

PROGRAMA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS (PNDH-3)


Conforme expõe Mazzuoli, após a ditadura militar, com a volta da Democracia no Brasil,
iniciou a discussão sobre a importância de os direitos humanos serem “questão de Estado”. Por essa
razão, tiveram início os movimentos para dar início ao PNDH. Atualmente temos três versões:
→ As duas primeiras foram elaboradas no Governo Fernando Henrique Cardoso (1996 e 2002);
→ A terceira durante o Governo Lula (2009).
Alguns pontos importantes sobre o PNDH-3:

180
→ Formado por 6 eixos orientadores, 25 diretrizes, 82 objetivos estratégicos e 521 linhas de
ações.

EIXO ORIENTADOR DIRETRIZ


I - Interação a) Diretriz 1: Interação democrática entre Estado e sociedade civil como
democrática entra instrumento de fortalecimento da democracia participativa;
Estado e b) Diretriz 2: Fortalecimento dos Direitos Humanos como instrumento
Sociedade Civil transversal das políticas públicas e de interação democrática; e
c) Diretriz 3: Integração e ampliação dos sistemas de informações em Direitos
Humanos e construção de mecanismos de avaliação e monitoramento de sua
efetivação.
II - a) Diretriz 4: Efetivação de modelo de desenvolvimento sustentável, com
Desenvolvimento inclusão social e econômica, ambientalmente equilibrado e tecnologicamente
e Direitos responsável, cultural e regionalmente diverso, participativo e não
Humanos discriminatório;
b) Diretriz 5: Valorização da pessoa humana como sujeito central do processo
de desenvolvimento; e
c) Diretriz 6: Promover e proteger os direitos ambientais como Direitos
Humanos, incluindo as gerações futuras como sujeitos de direitos.
III - Universalizar a) Diretriz 7: Garantia dos Direitos Humanos de forma universal, indivisível e
direitos em um interdependente, assegurando a cidadania plena;
contexto de b) Diretriz 8: Promoção dos direitos de crianças e adolescentes para o seu
desigualdades desenvolvimento integral, de forma não discriminatória, assegurando seu
direito de opinião e participação;
c) Diretriz 9: Combate às desigualdades estruturais; e
d) Diretriz 10: Garantia da igualdade na diversidade.
IV - Segurança a) Diretriz 11: Democratização e modernização do sistema de segurança
Pública, Acesso à pública;
Justiça e Combate b) Diretriz 12: Transparência e participação popular no sistema de segurança
à Violência pública e justiça criminal;
c) Diretriz 13: Prevenção da violência e da criminalidade e profissionalização
(dar uma maior da investigação de atos criminosos;
atenção a esse d) Diretriz 14: Combate à violência institucional, com ênfase na erradicação da
eixo) tortura e na redução da letalidade policial e carcerária;
e) Diretriz 15: Garantia dos direitos das vítimas de crimes e de proteção das
pessoas ameaçadas;
f) Diretriz 16: Modernização da política de execução penal, priorizando a
aplicação de penas e medidas alternativas à privação de liberdade e melhoria
do sistema penitenciário; e
g) Diretriz 17: Promoção de sistema de justiça mais acessível, ágil e efetivo,
para o conhecimento, a garantia e a defesa de direitos.
V - Educação e a) Diretriz 18: Efetivação das diretrizes e dos princípios da política nacional de
Cultura em educação em Direitos Humanos para fortalecer uma cultura de direitos;
Direitos Humanos b) Diretriz 19: Fortalecimento dos princípios da democracia e dos Direitos
Humanos nos sistemas de educação básica, nas instituições de ensino superior
e nas instituições formadoras;.

181
c) Diretriz 20: Reconhecimento da educação não formal como espaço de
defesa e promoção dos Direitos Humanos.
d) Diretriz 21: Promoção da Educação em Direitos Humanos no serviço público;
e) Diretriz 22: Garantia do direito à comunicação democrática e ao acesso à
informação para consolidação de uma cultura em Direitos Humanos.
VI - Direito à a) Diretriz 23: Reconhecimento da memória e da verdade como Direito
Memória e à Humano da cidadania e dever do Estado;
Verdade b) Diretriz 24: Preservação da memória histórica e construção pública da
verdade; e
c) Diretriz 25: Modernização da legislação relacionada com promoção do
direito à memória e à verdade, fortalecendo a democracia.

PROGRAMA ESTADUAL DE DIREITOS HUMANOS

Sequencialmente ao tópico anterior, no Brasil a competência para realizar políticas em


relação aos direitos humanos é de competência comum a todos os entes federativos, portanto é
aceito programas dessa matéria em âmbito federal, estadual e municipal.

O Estado de São Paulo foi o primeiro a adotar um programa estadual de direitos humanos (PEDH),
por meio do decreto estadual no 42.209, de 15 de setembro de 1997. Veremos alguns pontos
importantes:

Artigo 2.º - Fica criada, junto ao Gabinete do Secretário da Justiça e da Defesa da Cidadania, Comissão
Especial de acompanhamento da execução do Programa Estadual de Direitos Humanos.

Artigo 3.º - A Comissão Especial terá por atribuição:


I - acompanhar o desenvolvimento das ações governamentais relativas ao Programa Estadual de
Direitos Humanos;
II - incentivar ações tendentes ao efetivo cumprimento do Programa;
III - elaborar relatórios anuais sobre o cumprimento do programa.

Artigo 4.º - A Comissão Especial, cujos membros terão mandato de dois anos, será composta de;
I - quatro membros de livre indicação do Governador do Estado;
II - dois representantes do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana - CONDEPE;
III - dois membros representando os demais conselhos de cidadania, indicados pela Secretaria do
Governo e Gestão Estratégica;
IV - um representante do Núcleo de Estudos da Violência - NEV da Universidade de São Paulo - USP;
V - um representante da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania;
§ 1.º - No ato de nomeação dos membros e respectivos suplentes, pelo Governador do Estado, será
indicado seu Presidente;
§ 2.º - Representantes dos demais Conselhos de Cidadania e das Secretarias do Estado poderão
comparecer às sessões da Comissão Especial.
§ 3.º - A Comissão Especial e as demais Comissões referidas neste e no subsequente artigo praticarão
todos os atos necessários ao bom desempenho de suas atribuições.

182
Artigo 7.º - As funções de membro da Comissão Especial ou das demais Comissões NÃO SERÃO
REMUNERADAS a qualquer título, sendo, porém, CONSIDERADAS SERVIÇO PÚBLICO RELEVANTE
PARA TODOS OS FINS.

PROPOSTAS DE AÇÕES PARA O GOVERNO E PARA A SOCIEDADE


Construção da Democracia - Educação para a Democracia e os Direitos Humanos.
e Promoção dos Direitos Participação Política.
Humanos
- Direito ao desenvolvimento humano.
- Emprego e Geração de Renda.
Direitos Econômicos, - Política agrária e fundiária.
Sociais, Culturais e - Educação.
Ambientais - Comunicação.
- Cultura e Ciência.
- Saúde.
- Bem-Estar, Habitação e Transporte.
- Consumo e Meio Ambiente.
- Acesso à Justiça e Luta Contra a Impunidade: importante a leitura
da lei seca sobre esse ponto. Em resumo, prevê o fortalecimento e
implementação de ouvidorias de polícia, fortalecer e ampliar a
atuação de corregedorias das Polícias Civil e Militar. Também prevê
a criação de programas de proteção a vítimas e testemunhas.
Direitos Civis e Políticos - Segurança do Cidadão e Medidas Contra a Violência.
- Sistema prisional e ressocialização.
- Promoção da Cidadania e Medidas contra a Discriminação.
- Crianças e Adolescentes.
- Mulheres.
- População Negra.
- Povos Indígenas;
- Refugiados, Migrantes Estrangeiros e Brasileiros.
- Terceira Idade.
- Pessoas Portadoras de Deficiência: lembrando que essa
nomenclatura está desatualizada, atualmente o correto é: pessoas
com deficiência.
- Homossexuais e Transexuais

LEI ESTADUAL Nº 10.948 DE 05 DE NOVEMBRO DE 2001


Tal lei dispõe sobre as penalidades a serem aplicadas à prática de discriminação em razão de
orientação sexual.

Obs.: São penalidades administrativas, visto que a competência para legislar sobre crime é da União.
Artigo 1.º - Será punida, nos termos desta lei, toda manifestação atentatória ou discriminatória
praticada contra cidadão homossexual, bissexual ou transgênero.

183
Artigo 2.º - Consideram-se atos atentatórios e discriminatórios dos direitos individuais e coletivos
dos cidadãos homossexuais, bissexuais ou transgêneros, para os efeitos desta lei:
I - praticar qualquer tipo de ação violenta, constrangedora, intimidatória ou vexatória, de ordem
moral, ética, filosófica ou psicológica;
II - proibir o ingresso ou permanência em qualquer ambiente ou estabelecimento público ou privado,
aberto ao público;
III - praticar atendimento selecionado que não esteja devidamente determinado em lei;
IV - preterir, sobretaxar ou impedir a hospedagem em hotéis, motéis, pensões ou similares;
V - preterir, sobretaxar ou impedir a locação, compra, aquisição, arrendamento ou empréstimo de
bens móveis ou imóveis de qualquer finalidade;
VI - praticar o empregador, ou seu preposto, atos de demissão direta ou indireta, em função da
orientação sexual do empregado;
VII - inibir ou proibir a admissão ou o acesso profissional em qualquer estabelecimento público ou
privado em função da orientação sexual do profissional;
VIII - proibir a livre expressão e manifestação de afetividade, sendo estas expressões e
manifestações permitidas aos demais cidadãos.

Artigo 5.º - O cidadão homossexual, bissexual ou transgênero que for vítima dos atos discriminatórios
poderá apresentar sua denúncia pessoalmente ou por carta, telegrama, telex, via Internet ou fac-
símile ao órgão estadual competente e/ou a organizações não-governamentais de defesa da
cidadania e direitos humanos.
§ 1.º - A denúncia deverá ser fundamentada por meio da descrição do fato ou ato discriminatório,
seguida da identificação de quem faz a denúncia, garantindo-se, na forma da lei, o sigilo do
denunciante.
§ 2.º - Recebida a denúncia, competirá à Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania promover a
instauração do processo administrativo devido para apuração e imposição das penalidades cabíveis.
Artigo 5º-A - A Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, para cumprir o disposto nesta lei e
fiscalizar o seu cumprimento, poderá firmar convênios com os Municípios, com a Assembleia
Legislativa e com as Câmaras Municipais. (NR)

Artigo 6.º - As penalidades aplicáveis aos que praticarem atos de discriminação ou qualquer outro
ato atentatório aos direitos e garantias fundamentais da pessoa humana serão as seguintes:
I - advertência;
II - multa de 1000 (um mil) UFESPs - Unidades Fiscais do Estado de São Paulo;
III - multa de 3000 (três mil) UFESPs - Unidades Fiscais do Estado de São Paulo, em caso de
reincidência;
IV - suspensão da licença estadual para funcionamento por 30 (trinta) dias;
V - cassação da licença estadual para funcionamento.

JÁ CAIU (VUNESP 2022) Nos termos do previsto na Lei Estadual no 10.948, de 05 de novembro de
2001, (Dispõe sobre as penalidades a serem aplicadas à prática de discriminação em razão de
orientação sexual e dá outras providências) e do Decreto Estadual no 55.589, de 17 de março de
2010 (Regulamenta a Lei no 10.948/2001), é correto afirmar que: a prática dos atos
discriminatórios a que se refere esta lei será apurada em processo administrativo, que terá início
mediante: reclamação do ofendido; ato ou ofício de autoridade competente; comunicado de
organizações não governamentais de defesa da cidadania e direitos humanos. (CORRETA)

184
Obs.: Artigo 4.º - A prática dos atos discriminatórios a que se refere esta lei será apurada em
processo administrativo, que terá início mediante:
I - reclamação do ofendido;
II - ato ou ofício de autoridade competente;
III - comunicado de organizações não-governamentais de defesa da cidadania e direitos humanos.

JÁ CAIU (VUNESP 2017) No que diz respeito ao tratamento nominal das pessoas transexuais e
travestis e às penalidades decorrentes da prática de discriminação em razão de orientação sexual,
é correto afirmar que: consideram-se atos atentatórios e discriminatórios dos direitos individuais
e coletivos dos cidadãos homossexuais, bissexuais ou transgêneros proibir a livre expressão e
manifestação de afetividade, sendo estas expressões e manifestações permitidas aos demais
cidadãos. (CORRETA)

LEI ESTADUAL NO 14.187/2010

Tal lei dispõe sobre penalidades administrativas a serem aplicadas pela prática de atos de
discriminação racial.

Artigo 1º - Será punido, nos termos desta lei, todo ato discriminatório por motivo de raça ou cor
praticado no Estado por qualquer pessoa, jurídica ou física, inclusive a que exerça função pública.

Artigo 2º - Consideram-se atos discriminatórios por motivo de raça ou cor, para os efeitos desta lei:
I - praticar qualquer tipo de ação violenta, constrangedora, intimidatória ou vexatória;
II - proibir ou impor constrangimento ao ingresso ou permanência em ambiente ou estabelecimento
aberto ao público;
III - criar embaraços ou constrangimentos ao acesso e à utilização das dependências comuns e áreas
não privativas de edifícios;
IV - recusar, retardar, impedir ou onerar a utilização de serviços, meios de transporte ou de
comunicação, inclusive no sítio de rede mundial de computadores, consumo de bens, hospedagem
em hotéis, motéis, pensões e estabelecimentos congêneres ou o acesso a espetáculos artísticos ou
culturais, ou estabelecimentos comerciais ou bancários;
V - recusar, retardar, impedir ou onerar a locação, compra, aquisição, arrendamento ou empréstimo
de bens móveis ou imóveis;
VI - praticar o empregador, ou seu preposto, atos de coação direta ou indireta sobre o empregado;
VII - negar emprego, demitir, impedir ou dificultar a ascensão em empresa pública ou privada, assim
como impedir ou obstar o acesso a cargo ou função pública ou certame licitatório;
VIII - praticar, induzir ou incitar, por qualquer mecanismo ou pelos meios de comunicação, inclusive
eletrônicos, o preconceito ou a prática de qualquer conduta discriminatória;
IX - criar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou
propagandas que incitem ou induzam à discriminação;
X - recusar, retardar, impedir ou onerar a prestação de serviço de saúde, público ou privado.

Artigo 2º-A - É obrigatória a afixação de avisos nos ambientes de uso coletivo, públicos ou privados,
em pontos de ampla visibilidade, a fim de se assegurar o conhecimento da presente lei para garantir
o disposto no artigo 1º. (NR)

185
§ 1º - Os avisos de que trata o ‘caput’ deste artigo devem ser exibidos na forma de cartaz, placa ou
plaqueta com os seguintes dizeres: ‘Lei Estadual nº 14.187/2010 pune administrativamente os atos
de discriminação racial no Estado de São Paulo. DENUNCIE’. (NR)
§ 2º - Para os fins desta lei, a expressão ‘ambientes de uso coletivo’ compreende, dentre outros, os
ambientes de trabalho, estudo, cultura, culto religioso, lazer, esporte ou entretenimento, áreas
comuns de condomínios, casas de espetáculos, teatros, cinemas, bares, lanchonetes, boates,
restaurantes, praças de alimentação, hotéis, pousadas, estádios de futebol, centros comerciais,
bancos e similares, supermercados, açougues, padarias, farmácias, drogarias, repartições públicas,
instituições de saúde, escolas, museus, bibliotecas, espaços de exposições, veículos públicos ou
privados de transporte coletivo, inclusive veículos sobre trilhos, embarcações e aeronaves, quando
em território paulista, viaturas oficiais de qualquer espécie e táxis. (NR)
§ 3º - O descumprimento deste artigo acarretará, ao proprietário ou responsável pelo
estabelecimento ou meio de transporte coletivo, multa de 100 (cem) Unidades Fiscais do Estado de
São Paulo (UFESP). (NR)

- Artigo 2º-A acrescentado pela Lei nº 16.762, de 11/06/2018.


Artigo 3º - A prática dos atos discriminatórios a que se refere esta lei será apurada em processo
administrativo, que terá início mediante:
I - reclamação do ofendido ou de seu representante legal, ou ainda de qualquer pessoa que tenha
ciência do ato discriminatório;
II - ato ou ofício de autoridade competente.

Artigo 4º - Aquele que for vítima da discriminação, seu representante legal ou quem tenha
presenciado os atos a que se refere o artigo 2º desta lei poderá relatá-los à Secretaria da Justiça e da
Defesa da Cidadania.
§ 1º - O relato de que trata o “caput” deste artigo conterá:
1 - a exposição do fato e suas circunstâncias;
2 - a identificação do autor, com nome, prenome, número da cédula de identidade, seu endereço e
assinatura.
§ 2º - A critério do interessado, o relato poderá ser apresentado por meio eletrônico, no sítio de
rede mundial de computadores - “internet” da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania.
§ 3º - Recebida a denúncia, competirá à Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania:
I - promover a instauração do processo administrativo devido para apuração e imposição das sanções
cabíveis;
II - transmitir notícia à autoridade policial competente, para a elucidação cabível, quando o fato
descrito caracterizar infração penal.

Artigo 6º - As sanções aplicáveis aos que praticarem atos de discriminação nos termos desta lei serão
as seguintes:
I - advertência;
II - multa de até 1.000 UFESPs (mil Unidades Fiscais do Estado de São Paulo);
III - multa de até 3.000 UFESPs (três mil Unidades Fiscais do Estado de São Paulo), em caso de
reincidência;
IV - suspensão da licença estadual para funcionamento por 30 (trinta) dias;
V - cassação da licença estadual para funcionamento.

186
§ 1º - Quando a infração for cometida por agente público, servidor público ou militar, no exercício de
suas funções, sem prejuízo das sanções previstas nos incisos I a III deste artigo, serão aplicadas as
penalidades disciplinares cominadas na legislação pertinente.
§ 2º - O valor da multa será fixado tendo-se em conta as condições pessoais e econômicas do infrator
e não poderá ser inferior a 500 UFESPs (quinhentas Unidades Fiscais do Estado de São Paulo).
§ 3º - A multa poderá ser elevada até o triplo, quando se verificar que, em virtude da situação
econômica do infrator, sua fixação em quantia inferior seria ineficaz.
§ 4º - Quando for imposta a pena prevista no inciso V deste artigo, deverá ser comunicada à
autoridade responsável pela outorga da licença, que providenciará a sua execução, comunicando-se,
igualmente, à autoridade federal ou municipal para eventuais providências no âmbito de sua
competência.

JÁ CAIU (VUNESP 2019) A Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo
recebeu denúncia por meio do seu “site” na Internet, por parte de Danúbio, que presenciou um
ato de discriminação racial cometido contra Apolo. Segundo o disposto na Lei Estadual n°
14.187/2010 (Lei contra a Discriminação Racial), nessa hipótese, é correto afirmar que a denúncia
de Danúbio será recebida, e a Secretaria deve transmitir a notícia à autoridade policial
competente, para elucidação, quando o fato descrito caracterizar infração penal. (CORRETA)

Institui o Plano Estadual de Enfrentamento à Homofobia e Promoção da Cidadania LGBT e dá


providências correlatas (Decreto nº 55.839/2010)
Vamos destacar alguns artigos importantes que foram temas da prova objetiva e também
prova oral do último concurso.
O decreto é dividido em metas e ações, sendo as ações meios para se alcançar as metas, o
que pode ser claramente trocado em alternativas de prova.

Secretaria Meta 1. Alterar o Ação 1.1. Criar nos documentos de registros policiais espaços
da Registro de para declaração facultativa de orientação sexual e identidade
Segurança Ocorrências de gênero.
Pública Meta 4. Ampliar a Ação 4.2. Equipar a DECRADI com os equipamentos
(cuidado Delegacia de necessários à sua melhor atuação.
para não Crimes Raciais e Ação 4.3. Fomentar a criação de instrumento normativo que
confundir Delitos de estabeleça a obrigatoriedade de que ocorrências policiais
as metas e Intolerância - registradas em toda e qualquer delegacia do Estado
ações) DECRADI. proveniente de discriminação homofóbica seja informada
para a DECRADI a fim de atualizar o banco de dados sobre
crimes decorrentes de homofobia.
Ação 4.4. Criar a Central de Inteligência da DECRADI destinada
ao mapeamento das ocorrências de intolerância em todo o
Estado.
Ação 4.5. Informatizar os bancos de dados da DECRADI.
Meta 5. Publicar Ação 5.1. Elaborar e publicar manual didático-pedagógico
manual com orientações acerca da melhor abordagem e tratamento
informativo para à população LGBT, considerando as suas peculiaridades.
atuação dos

187
agentes da Ação 5.2. Promover ampla distribuição de material
segurança pública. informativo para os agentes da segurança pública.

Secretaria da Meta 1. Realizar Ação 1.1. Realizar pesquisa para identificar o perfil, a
Administração pesquisa para realidade da população LGBT no sistema penitenciário
Penitenciária identificar a situação e paulista.
necessidades da Ação 1.2. Promover, a partir dos resultados das
população LGBT no pesquisas, medidas para a promoção do respeito às
sistema penitenciário. distintas orientações sexuais e identidades de gênero
nas unidades penitenciárias.
Meta 2. Enfrentar a Ação 2.1. Promover para servidores penitenciários,
discriminação dirigentes e internos do sistema, ampla divulgação da
homofóbica nas Lei estadual 10.948, de 5 de novembro de 2001, dos
unidades prisionais. centros de referência de combate a homofobia, do
Ambulatório de Saúde Integral para Travestis e
Transexuais, do Hospital Estadual de Diadema e do
Centro de Referência da Diversidade.
Meta 3. Capacitar Ação 3.1. Realizar, por meio da Escola de Administração
dirigentes e servidores Penitenciária, cursos de atualização, seminários, ciclo
do Sistema de palestras, capacitação em “Direitos Humanos e
Penitenciário Diversidade Sexual”. Ação 3.2. Inserir a disciplina
“Direitos Humanos e Diversidade Sexual” nas grades
curriculares dos Cursos oferecidos pela Escola de
Administração Penitenciária.
Meta 4. Promover Ação 4.1. Por meio da Fundação “Prof. Dr. Manoel
acesso à educação e ao Pedro Pimentel” - FUNAP, fomentar a participação de
trabalho. presos LGBT nos cursos, oficinas de trabalho e
programas de cultura e esportes.

JÁ CAIU (VUNESP 2022) Assinale a alternativa que corretamente contempla uma meta do Plano
Estadual de Enfrentamento à Homofobia e Promoção da Cidadania LGBTQI+. Publicar manual
informativo para atuação dos agentes da segurança pública (CORRETA)

LEI ESTADUAL NO 17.431/2021

Essa lei aborda a proteção dos direitos da mulher.


Os tipos de violência contra a mulher são as mesmas previstas da Lei Maria da Penha,
destaque para alguns artigos:

Artigo 31 - Essas Delegacias serão instaladas no âmbito de todas as Delegacias Seccionais de Polícia
da Grande São Paulo, de todas as Delegacias Regionais de Polícia do Interior e em outros locais onde
seja conveniente.

188
Artigo 32 - A organização, estrutura, atribuições e competência dos órgãos criados por esta lei serão
estabelecidas por decreto.

Artigo 39 - Os serviços de saúde, públicos e privados, que prestam atendimento de urgência e


emergência, serão obrigados a notificar, em formulário oficial, todos os casos atendidos e
diagnosticados de violência contra a mulher, tipificados como violência física, sexual ou doméstica.
Artigo 40 - O preenchimento da Notificação Compulsória da Violência Contra a Mulher será feito pelo
profissional de saúde que realizar o atendimento.

Artigo 86 - As Delegacias de Polícia e de Defesa da Mulher ficam obrigadas a informar, no ato do


registro de ocorrência delituosa, às mulheres vítimas de estupro previsto no artigo 213 do Código
Penal, ou ao parente mais próximo, o direito ao tratamento preventivo contra a contaminação pelo
vírus HIV, fornecido gratuitamente pelo Estado.
Parágrafo único - As Delegacias de Polícia e de Defesa da Mulher indicarão e encaminharão as
mulheres, vítimas de crimes contra a liberdade sexual, aos órgãos e entidades públicas de saúde que
realizam o tratamento previsto neste artigo.

Artigo 87 - O tratamento de que trata o artigo 86 é o definido pela Secretaria da Saúde no ‘Programa
Estadual DST/AIDS’, que engloba o fornecimento do coquetel antiaids e a realização de exames para
controlar o tratamento.
Parágrafo único - A Secretaria da Saúde garantirá anonimato às mulheres atendidas, nos termos
desta lei, pelo ‘Programa Estadual DST/AIDS’.

Artigo 88 - Os servidores das Delegacias de Polícia e de Defesa da Mulher, no ato do registro policial,
ficam obrigados a informar às mulheres vítimas de estupro que, caso venham a engravidar, poderão
interromper legalmente a gravidez, conforme determina o artigo 128 do Código Penal.
Parágrafo único - As delegacias fornecerão, no ato do registro policial, a relação das unidades
hospitalares públicas, com os respectivos endereços, aptas a realizarem a referida interrupção de
gravidez.

Artigo 89 - O aborto será realizado por médico e precedido do consentimento da gestante ou,
quando incapaz, de seu representante legal.

CONVENÇÃO SOBRE O CRIME CIBERNÉTICO (DECRETO Nº 11.491/2023)


A convenção de sobre Crime Cibernético, firmada em Budapeste, em 2001, trouxe medidas a
serem adotadas nas jurisdições nacionais, como a possível tipificação de crimes, para tanto:

Crimes contra a -Acesso ilegal


confidencialidade, integridade e -Interceptação ilícita
disponibilidade de dados e -Violação de dados
sistemas de computador: -Interferência em sistema
-Uso indevido de aparelhagem

189
-Falsificação informática: “inserção, alteração, apagamento ou supressão,
dolosos e não autorizados, de dados de computador, de que resultem dados
Crimes inautênticos, com o fim de que sejam tidos como legais, ou tenham esse efeito,
informáticos como se autênticos fossem, independentemente de os dados serem ou não
diretamente legíveis e inteligíveis”.
-Fraude informática: “conduta de quem causar, de forma dolosa e não autorizada,
prejuízo patrimonial a outrem por meio de: a. qualquer inserção, alteração,
apagamento ou supressão de dados de computador; b. qualquer interferência no
funcionamento de um computador ou de um sistema de computadores, realizada
com a intenção fraudulenta de obter, para si ou para outrem, vantagem econômica
ilícita.”

Pornografia Infantil:

Cada Parte adotará a. produzir pornografia infantil para distribuição por meio de um
medidas legislativas e sistema de computador;
outras providências b. oferecer ou disponibilizar pornografia infantil por meio de um
necessárias para tipificar sistema de computador;
como crimes, em sua c. distribuir ou transmitir pornografia infantil por meio de um sistema
legislação interna, as de computador;
seguintes condutas, d. adquirir, para si ou para outrem, pornografia infantil por meio de
quando cometidas um sistema de computador;
dolosamente e de forma e. possuir pornografia infantil num sistema de computador ou num
não autorizadas: dispositivo de armazenamento de dados de computador.

a. um menor envolvido em conduta sexual explícita;


Pornografia infantil inclui b. uma pessoa que pareça menor envolvida em conduta sexual
material pornográfico que explícita;
represente visualmente: c. imagens realísticas retratando um menor envolvido em conduta
sexual explícita.

ATENÇÃO: O termo “menor” inclui todas as pessoas com menos de 18 anos de idade. Qualquer
Parte pode, contudo, estabelecer um limite de idade diverso, que não será inferior a 16 anos.

Responsabilidade penal da pessoa jurídica: “assegurar que pessoas jurídicas possam ser
consideradas penalmente responsáveis por crimes tipificados de acordo com esta Convenção,
quando cometidos em seu benefício por qualquer pessoa física em posição de direção, que aja
individualmente ou como integrante de um órgão da própria pessoa jurídica, com base:
a. no poder de representação da pessoa jurídica;
b. na autoridade de tomar decisões em nome da pessoa jurídica;
c. na autoridade de exercer controle interno na pessoa jurídica.

190
Alterações efetuadas neste material (marcadas com asterisco):
Página 166: Supressão na tabela de comparação entre Comissão e Corte da parte que dizia que
“Particular pode peticionar diretamente à corte”. A informação diz respeito à Comissão, informação
que foi realocada na tabela.

191
6/11/23

CRIMINOLOGIA
DELTA

DIREITO PENAL CRIMINOLOGIA POLÍTICA CRIMINAL


- Ciência dever ser. - Ciência do ser. “liga o direito penal e a
- Tipifica fatos humanos - Empírica. criminologia”.
em crimes. - Analisa o caso concreto - Traz estratégias e meios
- Culmina penas. para chegar a uma de controle social em
- Crime = norma. conclusão. relação ao crime.
- Crime = fato. - Crime = valor.

JÁ CAIU (VUNESP 2022) Pode-se afirmar que a Criminologia é a ciência que se ocupa
do delito, do delinquente, da vítima e do controle social, centrando-se nos estudos
das causas dos delitos, ou seja, em explicá-lo. A Política Criminal ocupa-se de estudar
e implementar medidas de prevenção e controle do delito. A Política Criminal é uma
ciência autônoma e independente; não é uma parte da Criminologia. (CORRETA)

JÁ CAIU (VUNESP 2022) Para García-Pablos de Molina, são os três pilares do sistema
das ciências criminais, em relação de interdependência: o Direito Penal, a Sociologia
e a Criminologia. (CORRETA)

JÁ CAIU (VUNESP 2022) Quanto aos objetos da Criminologia: O conceito de crime


para a Criminologia é o mesmo conceito adotado para o Direito Penal, ou seja, o crime
é um fato típico, antijurídico e culpável. (INCORRETA)

Conceito
É uma ciência autônoma, empírica e interdisciplinar, que tem por objeto de estudo:
o crime, o criminoso, a vítima e o controle social, visando o controle e a prevenção
da criminalidade.
A expressão criminologia significa estudo do crime, e foi criada em 1883 por Paul
Topinard, mas difundida internacionalmente por Raffaele Garofalo em seu livro
Criminologia, no ano de 1885.

Ciência autônoma Ciência empírica Ciência interdisciplinar


- Possui suas próprias - Conhecimento a partir - Se liga com outras
funções, métodos e da experiência. ciências.
objetos. - Busca conclusões após a - Para chegar a uma
observação de casos conclusão leva em conta
concretos. os apontamentos de
outras ciências.

192
JÁ CAIU (VUNESP 2022) A respeito da criminologia, é correto afirmar que se trata de
ciência do “ser”, empírica, que possui por objeto o crime, o criminoso, a vítima e o
controle social. (CORRETA)

JÁ CAIU (VUNESP 2018) A Criminologia é a ciência empírica (baseada na observação


e na experiência) e interdisciplinar que tem por objeto de análise o crime, a
personalidade do autor do comportamento delitivo, a vítima e o controle social das
condutas criminosas. (CORRETA)

Métodos da Criminologia
Empírico ou Forma conceitos através da análise do caso concreto.
experimental
Indutivo A partir de um caso concreto tenta explicar a realidade.
Interdisciplinar Se vale de várias áreas do conhecimento.
Biológico Busca no corpo dos delinquentes as explicações de
crimes.
Sociológico Análise de fatores sociais que possa a vir a se tornar um
delito.

JÁ CAIU (VUNESP 2022) Com relação ao método da criminologia, é correto afirmar


que ela se utiliza dos métodos: biológicos e sociológicos. Como ciência empírica e
experimental que é, a criminologia utiliza-se da metodologia experimental,
naturalística e indutiva para estudar o delinquente, não sendo suficiente, no entanto,
para delimitar as causas da criminalidade. (CORRETA)

Objetos da criminologia
- É um problema social, elementos que compões o crime:
a) Incidência massiva na população.
Crime b) Incidência aflitiva.
c) Persistência espaço-temporal.
d) Inequívoco consenso da necessidade de punição, de
criminalização de um delito.
A definição varia de acordo com cada escola (será exposto em
seguida):
a) Escola Clássica: criminoso é pecador que optou por fazer o mal;
b) Escola Positivista: criminoso já nasceu criminoso, um ser atávico,
Criminoso patológico;
c) Escola Correlacionista: era um ser inferior, débil e por ser inferior
não se pune, mas deve ser protegido e orientado;
d) Marxismo: criminoso é vítima da sociedade, de determinadas
estruturas econômicas (capitalismo);
e) Atual/moderna: homem real e normal que viola a lei penal por
razões diversas que merecem ser investigadas e nem sempre são
compreendidas.

193
Por ser um ponto expresso no edital, será feito pontuações sobre o
Vítima tema separadamente.

a) Controle social Formal: formado pelo Estado, divido em


instâncias:
Controle - Primeira instância/seleção/primário: a atuação da Polícia
Social Judiciária.
- Segunda instância/seleção/secundário: autuação do Ministério
Público.
- Terceira instância/seleção/terciário: participação do Poder
Judiciário.
b) Controle social Informal: é praticado pela própria sociedade,
grupos em que o indivíduo está inserido.

JÁ CAIU (VUNESP 2022) Para Escola Clássica da Criminologia, o criminoso é um ser


que pecou, que optou pelo mal, embora pudesse e devesse escolher o bem.
(CORRETA)
JÁ CAIU (VUNESP 2022) Assinale a alternativa que contempla apenas hipóteses de
controle social informal. Família, Escola e Religião. (CORRETA)

FUNÇÕES DA CRIMINOLOGIA
Explicar o crime Por meio do conhecimento de outros ramos do saber,
buscar compreender e explicar o fenômeno criminal
de maneira cientifica.
Prevenção do crime Maneiras de evitar o crime (será abordado mais para
frente).
Intervir na pessoa do Analisar o impacto real da pena, avaliar programas
infrator reais de inserção e fazer a sociedade perceber que o
crime é um problema comunitário.

ESCOLAS SOCIOLÓGICAS

- Fase pré-científica da criminologia.


Escola - Método abstrato e dedutivo.
Clássica - Logo o crime é um ente jurídico que decorre da violação de um direito.
- Criminoso é um ser livre. Pratica o crime porque quer praticá-lo.
- É dotado de livre arbítrio.
- Pena tem um caráter retributivo (retribui o mal causado).
Autores Cesare Bonesana (Becarria):
- Obra: Dos delitos e das penas.
- Defende a aplicação proporcional da pena e os princípios da
imparcialidade, publicidade dos atos processuais.
Fuerbach: Filosófo alemão

194
- Situou o direito penal dentro do direito público e separou o
direito penal do processo penal.
Jeremy Bentham: Construção de panópticos são sistemas de
construção prisionais que permita o máximo controle dos
condenados (construído uma torre de vigilância ao centro do
presidio que desse um olhar 360 de todo o local).
Francesco Carrara: delito é uma aversão da conduta humana
com a lei. Finalidade da pena era a eliminação de perigo social.
Escola - Baseia-se nas ideias científicas dos sécs. XIX e XX.
Positivista - Crime é um fato natural que decorre da vida em sociedade.
- Método empírico e indutivo.
- Determinismo biológico: o criminoso não escolher cometer crimes, ele
nasce criminoso, passa a ser visto como um ser anormal sem livre arbítrio.
- Pena tem caráter preventivo.
Autores Cesare Lombroso – Fase Antropológica
- Pai da criminologia.
- Obra: O homem delinquente.
- Defende que pessoas com características especificas praticam
crime. Estudou as características físicas e fisiológicas dos
criminosos (ex.: canhotismo, mandíbulas volumosas).
- O criminoso nato é um ser ativo, predestinado ao crime, por
essa razão defendia a aplicação da pena antes do delito
acontecer, visto que aconteceria mais cedo ou mais tarde.
- Classificação do criminoso: nato, louco, de ocasião, por paixão.
Enrico Ferri – Fase Sociológica
- Obra: Sociologia Criminal.
- O crime é decorrente de fatores antropológicos (psique de cada
um), sociais (família, amigos) e físicos (estações do ano).
- Defende que o criminoso é um ser anormal, a pena como um
instrumento de defesa da sociedade.
- Classificação do criminoso: nato, louco, ocasional, passional e
habitual (diferente de Lombroso).
Raffaele Garofalo – Fase jurídica
- Obra: Criminologia.
- Crime é fundamentado em uma anomalia (não uma patologia),
mas psíquica ou moral.
- Defendia a eliminação absoluta: pena de morte aos homicidas;
e a eliminação relativa: aos demais delinquentes.
- Classificação do criminoso: criminoso assassino, violento
(energético) e ladrão.

Obs.: No Brasil, Raimundo Nina Rodrigues foi um grande defensor de Lombroso e ficou
conhecido como: “Lombroso dos trópicos”. Ainda defendia que as capacidades
intelectuais estavam ligadas a raça, ou seja, negros, mestiços, índios formavam uma
parcelar de pessoas inferiores fisicamente e mentalmente.

195
JÁ CAIU (VUNESP 2022) É considerado o pai da Criminologia: Cesare Lombroso, autor da
obra O homem delinquente. (CORRETA)

Teorias criminológicas Modelo Teórico Fase Histórica


Demonologia (obra O
martelo das Feiticeiras), Pseudociências Fase pré-científica
Fisionomia e Frenologia.
Escola clássica Criminologia clássica Fase pré-científica
Escola positiva Criminologia positiva Fase científica
Teorias do consenso (escola
de Chicago e decorrentes).
Teorias do conflito (teorias Criminologia moderna Fase científica
do etiquetamento,
interacionismo simbólico,
crítica e demais).

TEORIAS SOCIOLOGIAS

TEORIAS DO CONSENSO
Coesão social se baseia em um conjunto de valores e ideais comuns a todos os membros
da sociedade. Cunho funcionalista. CONSERVADORA.
- Com a revolução industrial a cidade de Chicago passou por um grande
crescimento populacional. Atribui-se à sociedade (e não ao indivíduo) as
causas da criminalidade.
- Influência do entorno urbano sobre a conduta humana. Define o
Escola de conceito de ecologia urbana, segundo a qual a causa da criminalidade são
Chicago as cidades. Se divide em:
Teoria da desorganização social: Com o crescimento das cidades
trouxe a desorganização, enfraquecendo o controle social informal.
Consequentemente ocorreu a diminuição e até mesmo a perda
de valores positivos para a vida em sociedade.
- Expoentes: Robert Park e Ernest Burguess
Teoria Espacial: a prevenção do crime deveria ocorrer uma
restruturação arquitetônica e urbanística das grandes cidades.
Expoente: Oscar Newman.
Teoria das janelas quebradas: Defende a repressão de crimes
menores para a inibição de crimes mais graves.
- Sinais de abandono e degeneração demonstram desinteresse
estatal e fomentam a prática de condutas criminosas.
- O aparente descaso reforça a impunidade. Expoentes: James
Wilson e George Kelling.

196
Teoria da tolerância zero: Preconiza que todo tipo de infração penal,
desde as mais simples, deve ser combatido de maneira rápida e
rigorosa. Somente não se tolerando qualquer tipo de infração é
possível evitar a escalada da criminalidade. - Expoentes: Rudolph
Giuliani e Willian Bratton.
Associação - O crime é um aprendizado, decorrente da interação com outras pessoas,
Diferencial por essa razão está ligado a todas as classes sociais.
- Cunhou a expressão “crimes de colarinho branco”, são aqueles crimes
praticados cometido por pessoas com respeitabilidade e elevado
estatuto social; Esses crimes quando não chegam nem ao conhecimento
das autoridades gera a chamada cifra dourada.
- Expoente: Edwin Sutherland.
Anomia Traz a ideia de que se os mecanismos de controle social falharem e o
crime não for punido, acarretará um descompasso entre a realidade e a
efetiva aplicação das normas gerando um estado de anarquia da
sociedade, levando a anomia (ausência de normas).
- Expoentes:
Émile Durkhein, anomia é a desintegração das normas sociais.
Entretanto, o crime é fenômeno normal, necessário e útil, desde que
não ultrapasse determinados índices.
Robert Merton entende que a anomia seria um desajuste entre os
objetivos socialmente estabelecidos e os meios institucionalizados
disponíveis para alcançá-los. Nesse contexto o indivíduo pode se
adaptar ao padrão social assumindo uma das seguintes posturas:
conformidade, ritualismo, retraimento, inovação e rebelião.
Subcultura Analisa os grupos que não aceitam as regras de convivência sociais
Delinquente impostas e formam grupos subculturais. Tais grupos traçam novos
objetivos e ideais que se chocam com os já impostos pela sociedade, a
exemplo das gangues de rua.
- Expoente: Albert Cohen; Obra: “Delinquent Boys”.

JÁ CAIU (VUNESP 2022) É considerada uma teoria de consenso, desenvolvida pelo


sociólogo americano Edwin Sutherland (1883-1950), inspirado em Gabriel Tarde. Afirma
que o comportamento do criminoso é aprendido, nunca herdado, criado ou desenvolvido
pelo sujeito ativo. Assinale a alternativa que indica corretamente a qual teoria sociológica
do crime corresponde o enunciado: Associação diferencial. (CORRETA)

JÁ CAIU (VUNESP 2022) A teoria sociológica da criminalidade denominada “Tolerância


Zero” defende a ideia de que:
a redução dos índices criminais dar-se-á por mínima intervenção, com máximas
garantias. (ERRADO)*
a repressão à desordem e a pequenos delitos produzirá, a médio prazo, diminuição dos
índices criminais de maior impacto social, tais como crimes violentos contra a vida e
dignidade sexual. (CORRETA)*

197
TEORIAS DO CONFLITO
Coesão social se baseia na coação que alguns membros da sociedade exercem sobre os
outros. Caráter argumentativo. PROGRESSISTA
Labelling - Trata do processo de estigmatização pelo qual passa o sujeito a partir
approach do momento que comete um crime. À medida que o mergulho no papel
desviado (role engulfment) cresce, há uma tendência para que o autor
do delito se defina como os outros o definem. Ou seja, a criminalidade
é criada pelo próprio controle social.
- Passou a criticar os processos de rotulação sofrido pelos criminosos,
considerou como instrumentos seletivos e discriminatórios, conhecido
como política dos 4Ds: Descriminalização; Diversificação; Devido
processo legal; Desinstitucionalização.
Expoentes: Howard Becker e Erving Goffman.
- Reflexos no Brasil: Reforma Penal de 1984, a Lei de Execução Penal e
a Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais.
- Conhecida também como: teoria do etiquetamento, teoria da reação
social, teoria interacionista, interacionismo simbólico.
Criminologia - Critica severamente as outras teorias criminológicas, teve um apelo
Crítica às ideias de Karl Marx (luta de classes, cunhada no comunismo e
socialismo).
- Trata o crime é um fenômeno decorrente do modo de produção
capitalista, o homem é vítima dos sistemas de produção e por essa
razão pratica crime (ausência do livre-arbítrio).
Inspirou três correntes:
Direito Penal Mínimo ou teoria minimalista: direto penal é a última
ratio, devendo ser aplicado somente em crimes mais graves, dando
preferência as penas diversas da pena privativa de liberdade.
Expoente: Luigi Ferrajoli.
Abolicionismo Penal: prega o fim do Direito Penal, da prisão e todo
o sistema de justiça criminal, defende a ideia de que ele apenas
serve para reforçar a desigualdade social.
Expoentes: Louk Hulsman, Thomas Mathiensen e Nils Cristie.
Neorrealismo de esquerda: passam a ver a criminalidade ligado a
ganância, a competição, tirando o delito do contexto de pobreza
e enquadrando em outras parcelas da sociedade. Por essa razão,
defende a aplicação do direito penal de maneira igual a todos.

JÁ CAIU (VUNESP 2022) É uma das mais importantes teorias de conflito. Surgida nos anos
1960, nos Estados Unidos, seus principais expoentes foram Erving Goffman e Howard
Becker. Assinale a alternativa que indica corretamente a qual teoria sociológica do crime
corresponde o enunciado. Labelling approach. (CORRETA)

198
VITIMOLOGIA, VITIMIZAÇÃO E VITIMODOGMÁTICA

ETAPAS EVOLUTIVAS
IDADE DE OURO NEUTRALIZAÇÃO REVALORIZAÇÃO
- Marcado pela Lei de Talião: - Transferido a esse Estado o - Após a 2ª guerra
“olho por olho, dente por direito de punir. mundial.
dente”; - Pena passou a ter um - A vítima volta a ser
- Detém o poder de punir caráter de prevenção geral, vista e acaba integrando
aquele que lhe causou mal deixando a vítima de lado, os o quarto elemento de
ou injusto, tendo o direito de danos sofridos pela vítima criminologia.
autotutela não eram reparados. - Decorrente de todo mal
consequentemente frente a sofrido pelos judeus e
ausência do controle sobre outros grupos
essa retribuição, a vingança minoritários.
da vítima ou de seus
familiares se tornava
desproporcional ao mal
causado pelo criminoso.

JÁ CAIU (VUNESP 2022) Assinale a alternativa correta quanto aos objetos da Criminologia.
A vítima, via de regra, foi protagonista no crime, motivo pelo qual é dado o nome de “idade
de ouro da vítima” ao período compreendido desde os primórdios da civilização até o fim
da Alta Idade Média. (INCORRETA)

Obs.: fim da Alta Idade Média até o fim de 2º Guerra Mundial, a vítima foi “esquecida”
socialmente e voltou a ser vista e estudada após a segunda guerra até os dias atuais.

Vitimização Vitimização Vitimização Heterovitimização


primária secundária terciária
Indivíduo sofre Sofrimento adicional Custo adicional Autorrecriminação
direta ou da vítima derivado do sofrido pela vítima da vítima diante de
indiretamente os contato com as pelo contato com um crime cometido,
efeitos materiais ou instâncias formais de as instâncias por meio da busca
psíquicos do crime. controle social informais de pelas razões que a
(polícia, MP, controle social tornaram, de modo
judiciário). (familiares, provável,
sociedade). responsável pela
prática delitiva.

199
JÁ CAIU (VUNESP 2022) A própria sociedade não acolhe a vítima e muitas vezes a incentiva a
não denunciar o delito às autoridades, ocorrendo o que se chama de cifra negra. É correto
afirmar que o enunciado se refere à Vitimização terciária. (CORRETA)

JÁ CAIU (VUNESP 2018) No que diz respeito aos estudos desenvolvidos no âmbito da
vitimologia, assinale a alternativa correta: A chamada da vítima na fase processual da
persecução penal para ser ouvida sobre o crime, por inúmeras vezes, é denominada de
vitimização secundária. (CORRETA)

CLASSIFICAÇÃO DA VÍTIMA
Segundo Benajamin Mendelshon, divide em três grupos:

Vítima - Vítima Ideal, não tem nenhuma participação,


VÍTIMA INOCENTE completamente nem de maneira negligente, imprudente, Ex.:
inocente vítima de bala perdida.
- Vítima por ignorância, aquela por negligência
VÍTIMA Vítima menos culpada ou imprudência se colocam em situações de
PROVOCADORA do que o delinquente risco facilitando a prática do ato criminoso. Ex.:
expor objetos de valores em locais que são
propensos ao crime.
Vítima tão culpada - Para o crime acontecer é indispensável a
quanto o delinquente participação ativa e consciente da vítima. Ex.:
vítima de crime de estelionato.
- Vítima Provocadora: assume um papel de
fomentar a prática do crime, podendo inclusive
Vítima mais culpada
ser causa de diminuição de pena ou atenuante.
do que o delinquente
Ex.: Homicídio que o agente pratica o crime sob
domínio de violenta emoção, logo seguido de
injusta provocação da vítima.
Vítima como única - Vítima Simuladora: Vítima agressora; Vítima
culpada Imaginária; Pseudovítima: nesse caso não
existe crime, podendo ocorrer de duas
maneiras:
VÍTIMA - Culpa exclusiva da vítima: vítima de roleta
AGRESSORA russa, suicídio.
- Vítima de justa agressão: em casos de
legitima defesa (tente desvincular do direito
penal, a criminologia expõe essa situação por
outra ótica), quem agride alguém injustamente
no momento em que é agredido se torna a
vítima como única culpada.

200
JÁ CAIU (VUNESP 2022) Hades, um jovem de 17 (dezessete) anos de idade, sacou um simulacro
de arma de fogo e anunciou roubo em face de Althaia, policial civil, de folga e em trajes civis,
a qual, imaginando se tratar de meliante munido de arma de fogo verdadeira, prontamente
sacou sua arma de fogo e desferiu dois disparos contra Hades, cujos ferimentos causaram seu
óbito. Segundo classificação de Benjamin Mendelsohn, como única culpada ou pseudovítima.
(CORRETA)

JÁ CAIU (VUNESP 2022) No que se refere à vitimologia, leva em conta a participação ou


provocação da vítima: a) vítimas ideais; b) vítimas menos culpadas que os criminosos; c) vítimas
tão culpadas quanto os criminosos; d) vítimas mais culpadas que os criminosos; e) vítimas
como únicas culpadas. É correto afirmar que a classificação contida no enunciado é atribuída
a Benjamin Mendelsohn (CORRETA)

Classificação de Hans Von Henting


Considera criminoso como vítima da sociedade, dividindo a classificação em dois
grupos:

Criminoso - Vítima a) Indivíduo Sucessivamente Criminoso – Vítima – Criminoso: volta a


reincidir, comete um crime atrás do outro.
b) Indivíduo Simultaneamente Criminoso – Vítima – Criminoso: mesma
pessoa é vítima e criminoso, comete crime por ser vítima da sociedade
c) Criminoso – Vítima Imprevisível: de maneira imprevisível passa a
cometer crimes.
Vítima Vítima Resistente: quem repele injusta agressão (legitima defesa).
Vítima Coadjuvante ou Cooperadora: resultado do crime se por
negligência ou imprudência e até mesmo agindo com má-fé.

JÁ CAIU (VUNESP 2022) Elaborou a seguinte classificação: 1º grupo – criminoso – vítima –


criminoso (sucessivamente), reincidente que é hostilizado no cárcere, vindo a delinquir
novamente pela repulsa social que encontra fora da cadeia; 2º grupo – criminoso – vítima –
criminoso (simultaneamente), caso das vítimas de drogas que de usuárias passam a ser
traficantes; 3º grupo – vítima (imprevisível), por exemplo, linchamento, saques e epilepsia,
alcoolismo etc. É correto afirmar que a classificação contida no enunciado é atribuída a Hans
von Hentig (CORRETA)

CIFRAS CRIMINAIS

Cifra Negra Diferença entre a criminalidade real e a registrada. Aqueles crimes que não
(oculta) chegam ao conhecimento de órgão estatais.
Cifra Cinza Consiste nos crimes que são de conhecimento das instâncias policiais, mas que
não chegam a virar um processo penal. São casos, por exemplo, solucionados
pelos próprios policiais em sua atividade rotineira; ou na própria delegacia de
polícia; ou com a renúncia da vítima ao direito de queixa ou representação.
Cifra Dourada Também conhecido como os crimes de colarinho branco.

201
Cifra Azul Oposto da cifra dourada! Trata-se dos crimes de colarinho azul, são aqueles
praticados pelas classes menos favorecidas economicamente.
Cifra Amarela Crimes praticados por funcionários públicos contra particulares.
Cifra Verde Trata-se de delitos que têm por objeto o meio ambiente e que não chegam ao
conhecimento policial ou não são processados porque impossível tentar
descobrir a autoria.
Cifra Rosa Crimes que tem por motivação a homofobia, ou seja, crimes de caráter
homofóbico que não chegam ao conhecimento das autoridades.
Cifra Vermelha Referente aos crimes praticados por serial killers.
Cifra Branca São os crimes efetivamente solucionados.

JÁ CAIU (VUNESP 2022) No julgamento da Ação Penal no 470 no Supremo Tribunal Federal, que
ficou popularmente conhecido como “Caso do Mensalão”, o Ministro Luiz Fux valeu-se destas
expressões em seu voto: “[...] o desafio na seara dos crimes do colarinho branco é alcançar a plena
efetividade da tutela penal dos bens jurídicos não individuais. Tendo em conta que se trata de
delitos cometidos sem violência, incruentos, não atraem para si a mesma repulsa social dos
crimes do colarinho azul.” Diante do exposto, no que tange aos “crimes de colarinho branco”,
para representar a situação de impunidade provocada por omissão ou falta de comunicação e
registro de condutas criminosas, nas quais o poder político e econômico pode vir a fomentar
elevado grau de impunidade, as expressões do Ministro Luiz Fux se referem à: Cifra dourada.
(CORRETA)

CRIMINALIDADE DE MASSA, MODERNA E ORGANIZADA


Criminologia Se preocupa em analisar como o gênero influencia a prática de crimes. Se baseia
Feminista na luta pela igualdade entre homens e mulher, critica a sociedade por conceder
aos homens com funções de alta responsabilidade. Consequentemente a mulher
acaba ocupando um papel de objetificação se tornando vulnerável.
Criminologia Crime e o controle social são frutos da cultura de uma região, busca entender os
Cultural pilares de uma região (costumes, símbolos, rituais) para chegar a um diagnóstico
do crime.
Criminologia Queer = estranho. Essa teoria se baseou no que é diferente dos padrões,
Queer buscando expor os crimes cometidos por motivação homofóbica, conhecidas
como violência heterosexistas: violência simbólica; violência das instituições;
violência interpessoal
Criminologia Se baseia no lugar e espaço em que o crime foi cometido, estuda como o delito
Ambiental ocorreu e não quem o praticou, teorias decorrentes:
1) Das atividades rotineiras: para ocorrer a pratica criminosa espaço e tempo
devem estar alinhados em três pontos: Agressor provável; alvo adequado;
ausência de vigilância adequada.
2) Escolha Racional: busca entender as motivações que o criminoso teve para
decidir praticar o crime. Entende que criminoso analisa o que está acontecendo
no momento, não se importando com uma punição, agindo de maneira
imediatista.

202
3) Padrão Criminal: Voltada para as investigações policiais, que apresentam
diagnósticos sobre a criminalidade. Ex.: modus operandi; espécies de crime;
ambiente; pessoas (vítimas); tempo (hora específica); eventos.
4) Oportunidade.
Criminologia Ou micro criminologia, nada mais é do que a aplicação dos resultados e
Clínica conclusões fornecidos pela criminologia geral para o tratamento de criminosos,
buscando sua ressocialização.

JÁ CAIU (VUNESP 2022) Surgida no final dos anos 80, é baseada em textos de uma série de
pesquisadores e ativistas de movimentos que promoviam discussões quanto à “identidade de
gênero” e “heteronormatividade”. Vem acrescentando seu discurso a uma possível explicação do
posicionamento da sociedade diante das variações comportamentais, principalmente quanto à
“identidade de gênero” e suas consequências no âmbito criminal. É correto afirmar que o
enunciado se refere à Teoria: Queer. (CORRETA)

MODELOS DE PREVENÇÃO E REAÇÃO AO FENÔMENO CRIMINAL

MODELOS DE PREVENÇÃO
PREVENÇÃO Atua antes do delito ser cometido, incidindo nas causas do crime. Voltado
PRIMÁRIA para ações Estatais buscando a garantia dos direitos fundamentais.
Palavras chaves: causas do delito; toda população; médio e longo prazo.
PREVENÇÃO Atua na iminência ou logo após o crime, maior atuação Estatal,
SECUNDÁRIA principalmente as atividades policiais. São políticas públicas dirigidas a
grupos da sociedade que apresentam o maior risco de sofrer ou praticar
crimes.
Palavras chaves: setores mais vulneráveis; curto a médio prazo.
PREVENÇÃO São destinatários os presos e egressos. Busca evitar a reincidência, evitando
TERCIÁRIA cerimônias degradante, visando a ressocialização e a volta ao convívio social.
Palavras chaves: preso ou egresso; ressocializar ou prevenir reincidência.
PREVENÇÃO Criminoso escolhe o crime visando as vantagens que irá alcançar. Essa
SITUACIONAL prevenção atua tentando evitar que surja as oportunidades.

IMPORTANTE!! Não confunda com os processos de criminalização:

Criminalização Primária É a norma penal incriminadora.


Criminalização Secundária ação punitiva estatal aplicada a pessoas reais.
Criminalização Terciária rotulação ou estigmatização sofrida por uma pessoa durante o
cumprimento de pena em um sistema prisional.

JÁ CAIU (VUNESP 2022) A Criminologia Moderna entende que o delito está diretamente
relacionado com a dinâmica de seus protagonistas (autor, vítima e comunidade), motivo pelo
qual sua prevenção passa por várias etapas, surgindo assim a classificação da prevenção em

203
primária, secundária e terciária. Em face, do exposto, assinale a alternativa correta: A
prevenção terciária tem como foco o preso, visando sua recuperação por meio de medidas
socioeducativas. (CORRETA)

JÁ CAIU (VUNESP 2022) Destina-se a setores da sociedade que podem vir a padecer do
problema criminal e não ao indivíduo, manifestando-se a curto e médio prazo de maneira
seletiva, ligando-se à ação policial, programas de apoio, controle da comunicação etc. É
correto afirmar que o enunciado se refere à prevenção: secundária. (CORRETA)

JÁ CAIU (VUNESP 2022) Em relação à temática da profilaxia delitiva em face do Estado


Democrático de Direito, é correto afirmar que: o instituto jurídico denominado livramento
condicional é um exemplo de prevenção terciária. (CORRETA)

TEORIAS LEGITIMADORAS DA PENA


Teorias relativas, preventivas ou utilitaristas: tratam as penas exclusivamente com a
finalidade preventiva, funcionando como uma maneira de não voltarem a delinquir.

Prevenção geral Negativa: a pena tem um caráter repressivo, desestimulando o agente


(a sociedade) por meio do medo.
Positiva: demonstra credibilidade estatal, se tem condições de
prevenir o crime, também tem maneiras de punir. Demonstra vigência
da lei penal.
Prevenção especial Negativa: evitar a reincidência por meio de penas privativas de
(ao condenado) liberdade.
Positiva: ressocialização do condenado.
Retribuição Retribuir o mal causado e evitar a reincidência. Finalidade: retribuição,
prevenção e ressocialização.
Obs.: Teoria adotada pelo Código penal Brasileiro.

JÁ CAIU (VUNESP 2022) Direciona-se a atingir a consciência de todos, incutindo a necessidade


de respeito aos valores mais importantes da comunidade e, por conseguinte, à ordem jurídica.
É correto afirmar que o enunciado se refere à prevenção geral positiva ou integradora.
(CORRETA)

REAÇÃO AO FENÔMENO CRIMINAL

Modelos de reação ao crime


Retributivo / Estado deve retribuir o mal que o criminoso causou com o mal da punição
Dissuasório/ estatal, reflexos da escola clássica. Não se preocupa com ressocialização
Clássico ou a reparação do dano a vítima. Não se aplica pena aos inimputáveis que
serão submetidos a tratamento psiquiátrico.
Ressocializador Conhecido como um modelo humanista, a pena é um meio de
ressocialização do condenado. É o oposto ao modelo retributivo, pois visa
a reintegração do condenado na sociedade.

204
Restaurador Visa reparar a vida dos envolvidos, para tanto, defende que vítima e
criminoso (dupla penal) podem chegar a um consenso para a solução do
conflito. O Estado atua de maneira conciliativa, para que o criminoso
repare o dano causado a vítima.
Alguns exemplos desse modelo no Brasil: Lei 9.099/90, transação penal,
acordo de não persecução penal. Núcleo especial criminal da PCSP
(NECRIM).

Alterações efetuadas neste material (marcadas com asterisco):

Página 6: alteração de resposta “correta” para “errada” no quadro “JÁ CAIU” e inclusão
da alternativa correta, qual seja, (...) “a repressão à desordem e a pequenos delitos
produzirá, a médio prazo, diminuição dos índices criminais de maior impacto social, tais
como crimes violentos contra a vida e dignidade sexual”.

205
28/11/23
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
delta
JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL

TRANSAÇÃO PENAL SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO


Aplicável às infrações de menor potencial Cabível quando o crime tem pena mínima
ofensivo. igual ou inferir a 1 (um) ano.

Apenas relembrando o que é infração de menor potencial ofensivo: crimes com pena máxima
não superior a 2 (dois) anos e as contravenções penais (estas, independentemente da pena).

SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO LIVRAMENTO CONDICIONAL


Pode/deve revogar mesmo após período Não pode revogar após período de prova.
de prova se descumpridas as condições (existe até súmula sobre isso – Súmula 617
impostas. do STJ).

O JECRIM, diferentemente do CPP, adota a teoria da atividade: competência é determinada


pelo lugar em que foi praticada a infração.

Súmula 723 STF Não se admite a suspensão condicional do processo por crime continuado, se
a soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de 1/6 (um sexto) for
superior a 1 (um) ano.

ATENÇÃO: a Súmula 690 do STF (Compete originariamente ao Supremo Tribunal Federal o


julgamento de habeas corpus contra decisão de turma recursal de juizados especiais
criminais) encontra-se SUPERADA. Atualmente, a competência para julgar HC impetrado
contra ato da Turma Recursal é do TJ ou do TRF.

Art. 69. A AUTORIDADE POLICIAL que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo
circunstanciado e o encaminhará IMEDIATAMENTE ao Juizado, com o autor do fato e a
vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários.
Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente
encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, NÃO SE IMPORÁ
PRISÃO EM FLAGRANTE, NEM SE EXIGIRÁ FIANÇA. Em caso de violência doméstica, o juiz
poderá determinar, como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de
convivência com a vítima.

CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA

NÃO CONFUNDA
O parcelamento do tributo, até o O pagamento do tributo, a qualquer tempo,
recebimento da denúncia, determina até mesmo após o advento do trânsito em
a suspensão da punibilidade e, em julgado da sentença penal condenatória, é
consequência, de eventual ação penal. causa de extinção da punibilidade.

206
Art. 10. Caso o juiz, considerado o ganho ilícito e a situação econômica do réu,
verifique a insuficiência ou excessiva onerosidade das penas pecuniárias previstas
nesta lei, poderá diminuí-las até a décima parte ou elevá-las ao décuplo.

1/3 À METADE Nos crimes contra a ordem tributária, ocasionar grave dano à
coletividade acarreta na causa de aumento de pena de 1/3
(um terço) até a metade.
ATÉ A DÉCIMA Caso o juiz, considerado o ganho ilícito e a situação econômica
PARTE OU do réu, verifique a insuficiência ou excessiva onerosidade das
AUMENTAR AO penas pecuniárias previstas nesta lei, poderá diminuí-las até a
DÉCUPLO décima parte ou elevá-las ao décuplo.
PENA REDUZIDA DE O coautor ou partícipe que através de confissão espontânea
1 A 2/3 revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa
terá a sua pena reduzida de um a dois terços.

Súmula Vinculante 24: não se tipifica crime material contra a ordem tributária antes do
lançamento definitivo do tributo.

ATENÇÃO: Hipóteses de mitigação da SV 24: embaraço a fiscalização tributária ou


indícios da prática de outros delitos, de natureza não fiscal.

É possível a aplicação da Súmula Vinculante 24 do STF aos fatos ocorridos antes da sua
publicação. (STJ)

Para fins do disposto no art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90, a menção a inúmeros
inadimplementos (inscritos em dívida ativa) gera a presunção relativa da ausência de
tentativa de regularização. (STJ)

O dolo de não recolher o tributo, de maneira genérica, não é suficiente para preencher o
tipo subjetivo do crime de sonegação fiscal (art. 2º, II, da Lei 8.137/90). (STJ)

Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e de descaminho


quando o débito tributário verificado não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil
reais). (STF)

OBS.: lembrando que esse valor se refere aos tributos federais. Em caso de tributo
estadual ou municipal, será definido em norma do respectivo ente federativo.

O momento consumativo do crime de formação de cartel deve ser analisado conforme o


caso concreto, sendo errônea a sua classificação como eventualmente permanente. (STJ)

CRIMES FALIMENTARES
ATENÇÃO: Único crime apenado com detenção: omissão de documentos contáveis
obrigatórios

A sentença que decreta a falência é condição objetiva de punibilidade.

207
Art. 181. São efeitos da condenação por crime previsto nesta Lei:
I – a inabilitação para o exercício de atividade empresarial;
II – o impedimento para o exercício de cargo ou função em conselho deadministração,
diretoria ou gerência das sociedades sujeitas a esta Lei;
III – a impossibilidade de gerir empresa por mandato ou por gestão de negócio.
§ 1º Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente
declarados na sentença, e perdurarão até 5 (cinco) anos após a extinção da punibilidade,
podendo, contudo, cessar antes pela reabilitação penal.

CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO

Todos os crimes cometidos contra o sistema financeiro nacional que estiverem previstos
na Lei n.º 7.492/1986 são de competência da justiça federal.

Administração com fraude, ardil, manobras desleais; com o objetivo de


Gestão obter indevida vantagem para o próprio agente ou para outrem; em
fraudulenta
prejuízo de terceiro de boa-fé (acionistas, sócios, credores, etc.).
Reclusão: 3 a 12 anos, e multa.
O agente excede, voluntariamente, os limites legais da sua condição de
administrador da instituição financeira. Atua com excesso e, por conta
Gestão
temerária
e risco pessoal, assume a responsabilidade pelo ato unilateral de
oportunidade e de conveniência pessoal.
Reclusão: 2 a 8 anos, e multa.

LEI CRIMES CONTRA A ECONOMIA POPULAR

Súmula 498 do STF: Compete à Justiça estadual, em ambas as instâncias, o julgamento de


crimes contra a economia popular.
PICHARDISMO é a conduta criminosa insculpida no artigo 2º, IX, da lei nº 1.521/51. É o
famoso “esquema de pirâmide”.
Diferença pichardismo e estelionato: no crime contra a economia popular tem-se a
captação criminosa do dinheiro de todos (número indeterminado de vítimas), no
estelionato se verifica o direcionamento da conduta a vítimas específicas. No entanto,
caso haja eventual identificação de alguma(s) vítima(s), isso não significa que houve um
direcionamento da conduta.

10 DIAS Prazo em que o inquérito deve terminar .


2 DIAS Prazo para oferecimento da denúncia, esteja ou não o réu preso.
A retardação injustificada, pura e simples, dos prazos indicados anteriormente, importa
em crime de prevaricação.

208
CRIMES NO CDC

-Omitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a nocividade ou


CRIMES QUE periculosidade de produtos, nas embalagens, nos invólucros,
ADMITEM A recipientes ou publicidade.
MODALIDADE -Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir informação relevante
CULPOSA sobre a natureza, característica, qualidade, quantidade, segurança,
desempenho, durabilidade, preço ou garantia de produtos ou serviços.

ATENÇÃO: Todos os crimes do CDC são apenados com DETENÇÃO!

LEI GERAL DO ESPORTE

Art. 165. Exigir, solicitar, aceitar ou receber vantagem indevida, como representante de
organização esportiva privada, para favorecer a si ou a terceiros, direta ou indiretamente,
ou aceitar promessa de vantagem indevida, a fim de realizar ou de omitir ato inerente às
suas atribuições: (crime de corrupção privada).
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem oferece, promete, entrega ou paga,
direta ou indiretamente, ao representante da organização esportiva privada, vantagem
indevida.

Art. 167. Fornecer, desviar ou facilitar a distribuição de ingressos para venda por preço
superior ao estampado no bilhete:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

se o agente for servidor público, dirigente ou funcionário de


Pena aumenta de organização esportiva que se relacione com a promoção do evento
1/3 à metade ou competição, de empresa contratada para o processo de emissão,
distribuição e venda de ingressos ou de torcida organizada e se
utilizar dessa condição para os fins previstos neste artigo.

Art. 170. Divulgar marcas, produtos ou serviços, com o fim de alcançar vantagem
econômica ou publicitária, por meio de associação com sinais visivelmente distintivos,
emblemas, marcas, logomarcas, mascotes, lemas, hinos e qualquer outro símbolo de
titularidade de organização esportiva, sem sua autorização ou de pessoa por ela indicada,
induzindo terceiros a acreditar que tais marcas, produtos ou serviços são aprovados,
autorizados ou endossados pela organização esportiva titular dos direitos violados:
(Marketing de Emboscada por Associação).
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem, sem autorização da organização esportiva
promotora de evento esportivo ou de pessoa por ela indicada, vincular o uso de ingressos,
de convites ou de qualquer espécie de autorização de acesso aos eventos esportivos a
ações de publicidade ou a atividades comerciais, com o intuito de obter vantagem
econômica.

209
Art. 201. Promover tumulto, praticar ou incitar a violência ou invadir local restrito aos
competidores ou aos árbitros e seus auxiliares em eventos esportivos:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.

-Promover tumulto, praticar ou incitar a violência em um raio de 5 mil


Incorrerá nas metros ao redor do local de realização do evento esportivo ou durante
mesmas o trajeto de ida e volta do local da realização do evento.
penas o -Portar, deter ou transportar, no interior da arena esportiva, em suas
torcedor que imediações ou no seu trajeto, em dia de realização de evento esportivo,
quaisquer instrumentos que possam servir para a prática de violência.
-Participar de brigas de torcidas.

Agente primário + bons O juiz deverá converter a pena de reclusão em pena


antecedentes + não foi impeditiva de comparecimento às proximidades da arena
punido anteriormente esportiva, bem como a qualquer local em que se realize
pela prática de condutas evento esportivo, pelo prazo de 3 (três) meses a 3 (três)
previstas neste artigo anos, de acordo com a gravidade da conduta.

§ 3º A pena impeditiva de comparecimento às proximidades da arena esportiva, bem como


a qualquer local em que se realize evento esportivo, converter-se-á em privativa de
liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta.

§ 4º Na conversão de pena prevista no § 2º deste artigo, a sentença deverá determinar


ainda a obrigatoriedade suplementar de o agente permanecer em estabelecimento
indicado pelo juiz, no período compreendido entre as 2 (duas) horas antecedentes e as 2
(duas) horas posteriores à realização de provas ou de partidas de organização esportiva
ou de competição determinada.

§ 5º No caso de o representante do Ministério Público propor aplicação da pena restritiva


de direito prevista no art. 76 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, o juiz aplicará a
sanção prevista no § 2º deste artigo.

§ 6º A pena prevista neste artigo será aumentada de 1/3 (um terço) até a metade para
aquele que organiza ou prepara o tumulto ou incita a sua prática, inclusive nas formas
dispostas no § 1º deste artigo, não lhe sendo aplicáveis as medidas constantes dos §§ 2º,
3º, 4º e 5º deste artigo.

Pena aplicada em Quando se tratar de casos de racismo no esporte brasileiro ou


DOBRO de infrações cometidas contra as mulheres.

NOVA LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE

Os crimes devem ser praticados com Mero capricho ou satisfação pessoal;


elemento subjetivo especial além do Prejudicar outrem;
dolo. Beneficiar a si mesmo.

• Todos os crimes são de ação penal pública incondicionada.


• Todos os crimes são apenados com DETENÇÃO e multa.

210
AUTOMÁTICO: Tornar certa a obrigação de indenizar o dano.
Fixadao valor mínimo pelo juiz por requerimento do ofendido.
Efeitos da
CONDICIONADO À REINCIDÊNCIA E NÃO AUTOMÁTICO
condenação:
Inabilitação p/ exercício do cargo, emprego ou função por 1 a 5 anos
Perda do cargo, do mandato ou da função pública.
Penas Prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas.
restritivas Suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato pelo
de direitos: prazo de 1 a 6 meses, COM perda dos vencimentos e das vantagens.

Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou à revelia da vontade


do ocupante, imóvel alheio ou suas dependências, ou nele permanecer nas mesmas
condições, sem determinação judicial ou fora das condições estabelecidas em lei:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista no caput deste artigo, quem:
[...]
III - cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21h (vinte e uma
horas) ou antes das 5h (cinco horas).

VIOLÊNCIA INSTITUCIONAL (Incluído pela Lei nº 14.321, de 2022).

Art. 15-A. Submeter a vítima de infração penal ou a testemunha de crimes violentos


a procedimentos desnecessários, repetitivos ou invasivos, que a leve a reviver, sem
estrita necessidade:
I - a situação de violência; ou
II - outras situações potencialmente geradoras de sofrimento ou estigmatização:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
§ 1º Se o agente público permitir que terceiro intimide a vítima de crimes violentos,
gerando indevida revitimização, aplica-se a pena aumentada de 2/3 (dois terços).
§ 2º Se o agente público intimidar a vítima de crimes violentos, gerando indevida
revitimização, aplica-se a pena em dobro.

Agente público permitir que 3º intimide: Agente público intimidar


Pena + 2/3 Pena em dobro

ATENÇÃO: essa lei alterou o estatuto da OAB a fim de tipificar como crime apenado com
detenção a conduta de violar determinados direitos ou prerrogativas previstos na referida
legislação.

Direitos do advogado que, se violados, constituem crime:


II – a inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho, bem como de seus instrumentos
de trabalho, de sua correspondência escrita, eletrônica, telefônica e telemática, desde que
relativas ao exercício da advocacia;
III - comunicar-se com seus clientes, pessoal e reservadamente, mesmo sem procuração,
quando estes se acharem presos, detidos ou recolhidos em estabelecimentos civis ou
militares, ainda que considerados incomunicáveis;
IV - ter a presença de representante da OAB, quando preso em flagrante, por motivo ligado
ao exercício da advocacia, para lavratura do auto respectivo, sob pena de nulidade e, nos
demais casos, a comunicação expressa à seccional da OAB;
V - não ser recolhido preso, antes de sentença transitada em julgado, senão em sala de

211
Estado Maior, com instalações e comodidades condignas, e, na sua falta, em prisão
domiciliar.

LEI DE LAVAGEM DE DINHEIRO

• Lavagem estará configurada ainda que desconhecido ou isento de pena


(culpabilidade) o autor, ou extinta a punibilidade da infração penal antecedente.
• O Brasil adota a teoria da acessoriedade limitada: a infração anterior deve ser
típica e ilícita.

COLOCAÇÃO (PLACEMENT) Introdução do $ oriundo de crime, no


mercado.
OCULTAÇÃO/DISSIMULAÇÃO Afastar os recursos de sua origem
criminosa.
INTEGRAÇÃO (INTEGRATION) Recursos retornam com aparência de
licitude.

Colaboração A pena poderá ser reduzida de um a dois terços e ser cumprida em


premiada regime aberto ou semiaberto, facultando-se ao juiz deixar de aplicá-
la ou substituí-la, a qualquer tempo, por pena restritiva de direitos.

ÚNICAS 3 LEIS QUE ADMITEM lei de organizações criminosas


PERDÃO JUDICIAL lei de lavagem de dinheiro
lei de proteção à vítima e testemunha

+ 1/3 a 2/3 Lavagem reiterada, por intermédio de organização criminosa ou


por meio da utilização de ativo virtual.*

Perda, de todos os bens relacionados, direta ou indiretamente, à


prática dos crimes de lavagem, inclusive aqueles utilizados para
EFEITOS
prestar a fiança, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de
CONDENAÇÃO boa-fé.
Interdição do exercício de cargo ou função pública de qualquer
natureza e de diretor, de membro de conselho de administração ou
de gerência das pessoas jurídicas referidas no art. 9º, pelo dobro do
tempo da pena privativa de liberdade aplicada.

JURISPRUDÊNCIA:
A aptidão da denúncia relativa ao crime de lavagem de dinheiro não exige uma descrição
exaustiva e pormenorizada do suposto crime prévio (infração penal antecedente),
bastando a presença indícios suficientes de que o objeto material da lavagem (bens,direitos
ou valores) seja proveniente, direta ou indiretamente, desta infração penal antecedente.
(STJ)
O delito de lavagem de bens, direitos ou valores (“lavagem de dinheiro”), previsto no art.
1º da Lei nº 9.613/98, quando praticado na modalidade de ocultação, tem natureza de
crime permanente. (STF)
É possível a medida assecuratória de bens em desfavor de pessoa jurídica que se beneficia

212
de produtos decorrentes do crime de lavagem de dinheiro, ainda que não integre o polo
passivo da investigação ou da ação penal. (STJ)
É possível que os crimes antecedentes sejam julgados em um processo e a acusação por
lavagem seja apreciada em outro processo desmembrado, mesmo que o MP esteja
imputando a causa de aumento descrita na parte final do § 4º do art. 1º da Lei 9.613/98.A
reunião de processos em razão da conexão é uma faculdade do Juiz, conforme
interpretação a contrario sensu do art. 80 do CPP que possibilita a separação de
determinados processos. (STJ)
A eventual incidência da causa de aumento descrita na parte final do § 4º do art. 1º da Lei
de Lavagem de Dinheiro não constituiu empecilho para o juiz manter a separação dos
feitos, nos termos do art. 80 do CPP. (STJ)
É inconstitucional a determinação de afastamento automático de servidor público
indiciado em inquérito policial instaurado para apuração de crimes de lavagem ou
ocultação de bens, direitos e valores. (STF)

LEI DE INTERCEPTAÇÃO

Indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal.


INTERCEP. Prova não pode ser feita por outros meios.
TELEFÔNICA
Infração punida com RECLUSÃO.
Prazo para o juiz decidir: 24 horas.
Prazo de duração: 15 dias, renováveis, caso comprovada a
indispensabilidade.
Prova não pode ser feita por outros meios disponíveis e igualmente
Eficazes.
Elementos probatórios razoáveis de autoria e participação.
CAPTAÇÃO Infrações com pena máxima SUPERIOR a 4 anos ou em infrações
AMBIENTAL conexas.
O requerimento deverá descrever circunstanciadamente o local e a
forma de instalação do dispositivo de captação ambiental.
Prazo de duração: 15 (quinze) dias, renovável por decisão judicial por
iguais períodos, se comprovada a indispensabilidade do meio de
prova e quando presente atividade criminal permanente, habitual ou
continuada.

Art. 4°, § 1°: Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido seja formulado
verbalmente, desde que estejam presentes os pressupostos que autorizem a
interceptação, caso em que a concessão será condicionada à sua redução a termo.

ATENÇÃO De acordo com o texto da lei, o juiz pode decretar interceptação telefônica
de ofício, enquanto captação ambiental ele NÃO pode decretar de ofício.

OBS.: nunca se esqueçam que o “pacote anticrime” consagrou expressamente a


adoção do sistema acusatório, em que o juiz não possui protagonismo na produção
probatória.

A conversão do conteúdo das interceptações telefônicas em formato escolhido pela defesa


não é ônus atribuído ao Estado. (STJ)

213
Admite-se o uso da motivação per relationem para justificar a quebra do sigilo das
comunicações telefônicas. No entanto, as decisões que deferem a interceptação telefônica
e respectiva prorrogação devem prever, expressamente, os fundamentos da representação
que deram suporte à decisão - o que constituiria meio apto a promover a formal
incorporação, ao ato decisório, da motivação reportada como razão de decidir sob pena
de ausência de fundamento idôneo para deferir a medida cautelar. (STJ)
O artigo 2º da Lei 9.296/1996 não se aplica à obtenção de dados armazenados no celular.
Não cabe transportar a regra do artigo 2º da Lei nº 9.296/1996 – no que inadmitida a
interceptação de comunicações telefônicas quando a prova puder ser feita por outros
meios disponíveis – à obtenção dos dados armazenados em dispositivo de telefonia. (STF)
A existência de captação de áudio fora do período autorizado pelo juiz resulta na nulidade
apenas da gravação realizada no dia excedente. (STJ)
É ilegal a quebra do sigilo telefônico mediante a habilitação de chip da autoridade policial
em substituição ao do investigado titular da linha. A Lei nº 9.296/96 não autoriza a
suspensão do serviço telefônico ou do fluxo da comunicação telemática mantida pelo
usuário, tampouco a substituição do investigado e titular da linha por agente indicado pela
autoridade policial. (STJ)
É dever do Estado a disponibilização da integralidade das conversas advindas nos autosde
forma emprestada, sendo inadmissível a seleção pelas autoridades de persecução departes
dos áudios interceptados. (STJ)

ESTATUTO DESARMAMENTO

POSSE de arma de uso PERMITIDO com registro vencido Irregularidade adm.


PORTE de arma com registro vencido Caracteriza CRIME

PENA AUMENTADA DA METADE


Porte ilegal Praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas nos
arts. 6º, 7º e 8º desta Lei.
Reincidente específico em crimes dessa natureza.
Disparo Praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas nos
arts. 6º, 7º e 8º desta Lei.
Reincidente específico em crimes dessa natureza.
Posse ou porte Praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas nos
de uso restrito arts. 6º, 7º e 8º desta Lei.
Reincidente específico em crimes dessa natureza.
Praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas nos
Comercio ilegal arts. 6º, 7º e 8º desta Lei.
Reincidente específico em crimes dessa natureza.
Arma de fogo, acessório ou munição forem de uso proibido ou
restrito.

214
Tráfico Praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas nos
arts. 6º, 7º e 8º desta Lei.
Reincidente específico em crimes dessa natureza.
Arma de fogo, acessório ou munição forem de uso proibido ou
restrito.

ÚNICOS crimes punidos com DETENÇÃO Posse irregular de arma de fogo de uso
permitido e omissão de cautela.

ÚNICO crime CULPOSO Omissão de cautela

O crime de porte de arma de fogo, seja de uso permitido ou restrito, na modalidade


transportar, admite participação.

Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido.


SÃO Comércio ilegal de armas de fogo.
HEDIONDOS
Tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição.
:

ATENÇÃO: Com o advento do “pacote anticrime” posse ou porte de arma de fogo de


uso RESTRITO não é mais crime hediondo.

Todos os integrantes das guardas municipais possuem direito a porte de arma de fogo,
em serviço ou mesmo fora de serviço, independentemente do número de habitantes do
Município.

ATENÇÃO: Não importa mais o número de habitantes do Município, porém, não pode
sair do Estado onde ela foi registrada.

LEI DE DROGAS

Tratamento do Usuário ou Dependente de Drogas

Art. 23-A. O tratamento do usuário ou dependente de drogas deverá ser ordenado em


uma rede de atenção à saúde, com prioridade para as modalidades de tratamento
ambulatorial, incluindo excepcionalmente formas de internação em unidades de saúde e
hospitais gerais (...)
§ 3º São considerados 2 (dois) tipos de internação:
I - internação voluntária: aquela que se dá com o consentimento do dependente de
drogas;
II - internação involuntária: aquela que se dá, sem o consentimento do dependente, a
pedido de familiar ou do responsável legal ou, na absoluta falta deste, de servidor público
da área de saúde, da assistência social ou dos órgãos públicos integrantes do Sisnad, com
exceção de servidores da área de segurança pública, que constate a existência de motivos
que justifiquem a medida.

215
Prazo conclusão IP (podem ser DUPLICADOS pelo juiz, ouvido o Ministério
Público, mediante pedido justificado da autoridade de polícia judiciária).
Indiciado preso: 30 dias. Indiciado solto: 90 dias.

CRIME DO ART. 28:


• Não lavra o APF.
• Autor deve ser imediatamente encaminhado ao juízo competente ou, na falta
deste, assumir o compromisso de a ele comparecer, lavrando-se TCO.
• Agente deve ser levado a presença do JUIZ. Se não houver juiz, será levado a
presença da autoridade policial.
• Penas: advertência sobre os efeitos das drogas; prestação de serviços à
comunidade; medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo
pelo prazo máximo de 5 meses. Em caso de reincidência, o máximo será 10 meses.
• Medidas coercitivas: admoestação verbal e multa.
• Prescrição: 2 anos.

DESTRUIÇÃO DE DROGAS

Plantação Imediatamente destruídas pelo delegado, que recolherá


ilícita quantidade suficiente para exame pericial.
Juiz recebe cópia do APF e, em 10 dias, certifica a regularidade formal
Flagrante dolaudo de constatação, determinando a destruição das drogas
apreendidas, que deverá ser executada em 15 dias.
Sem 30 dias. Lei não menciona necessidade de autorização judicial.
flagrante

PENA AUMENTA DE 1/6 A 2/3 SE:


-Transnacionalidade.
-Função pública ou no desempenho de missão de educação, poder familiar, guarda
ou vigilância.
-Dependências ou imediações de estabelecimentos prisionais, de ensino ou
hospitalares (...)
-Violência, grave ameaça, emprego de arma de fogo.
-Entre Estados da Federação ou entre estes e o Distrito Federal.
-Criança ou adolescente ou a quem tenha, por qualquer motivo, diminuída ou
suprimida a capacidade de entendimento.
- Agente financiar ou custear a prática do crime.

Agente primário
TRÁFICO PRIVILEGIADO Bons antecedentes
-1/6 A 2/3 Não se dedica a atividades criminosas
Não integra organização criminosa

O agente que comete o tráfico (art.33) em companhia de menor de idade, praticao crime
de corrupção de menores? NÃO. O agente maior de idade responderá pelo art. 33 com a
causa de aumento de pena de 1/6 a 2/3.

O agente que apenas financia o tráfico, mas não pratica nenhum dos verbos do art. 33,

216
responderá pelo crime de tráfico com a causa de aumento de pena? Não. Responderá
apenas pelo art. 36 (crime de punição mais severa da lei).

Todos os crimes tipificados nesta lei são de perito abstrato? Não. O crime de conduzir
embarcação ou aeronave após o consumo de drogas, expondo a dano potencial a
incolumidade de outrem é de perigo CONCRETO.

Além do crime de porte de droga para consumo pessoal, algum outro tipo penalse insere
na competência do JECRIM? Sim. O crime de oferecer droga sem intuito de lucro para
consumirem juntos e o crime de prescrever culposamente drogas.

A mera solicitação do preso, sem a efetiva entrega do entorpecente ao destinatário no


estabelecimento prisional, configura ato preparatório, o que impede a sua condenação
por tráfico de drogas. (STJ)

O histórico de ato infracional pode ser considerado para afastar a minorante do art. 33, §
4.º, da Lei n. 11.343/2006, por meio de fundamentação idônea que aponte a existênciade
circunstâncias excepcionais, nas quais se verifique a gravidade de atos pretéritos,
devidamente documentados nos autos, bem como a razoável proximidade temporal com
o crime em apuração. (STJ)

É possível a valoração da quantidade e natureza da droga apreendida, tanto para a


fixação da pena-base quanto para a modulação da causa de diminuição prevista no art.
33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006, neste último caso ainda que sejam os únicos elementos
aferidos, desde que não tenham sidos considerados na primeira fase do cálculo da pena.
(STJ)

Configura o crime de corrupção ativa o oferecimento de vantagem indevida funcionário


público para determiná-lo a omitir ou retardar ato de ofício relacionado com o
cometimento do crime de posse de drogas para uso próprio. (STJ)

Tráfico privilegiado não é equiparado a hediondo. Essa já era a compreensão da


jurisprudência e foi positivada na LEP com o pacote anticrime. (STF)

O tráfico privilegiado não impede a substituição da PPL por PRD. (STF)

O crime de associação para o tráfico (art. 35 - Lei 11.343/2006), mesmo formal ou de


perigo, demanda os elementos "estabilidade" e "permanência" do vínculo associativo,
que devem ser demonstrados de forma aceitável (razoável), ainda que não de forma
rígida, para que se configure a societas sceleris e não um simples concurso de pessoas, é
dizer, uma associação passageira e eventual. (STJ)

Viola o princípio da proporcionalidade a consideração de condenação anterior pelo delito


do art. 28 da Lei nº 11.343/2006, “porte de droga para consumo pessoal”, para fins de
reincidência. (STF)

Não é possível que o agente responda pela prática do crime do art. 34 da Lei 11.343/2006
quando a posse dos instrumentos configura ato preparatório destinado ao consumo
pessoal de entorpecente. Para que se configure a lesão ao bem jurídico tutelado pelo art.
34 da Lei nº 11.343/2006, a ação de possuir maquinário e/ou objetosdeve ter o especial
fim de fabricar, preparar, produzir ou transformar drogas, visando ao tráfico. (STJ)

217
A fração de aumento de pena pela transnacionalidade do delito de tráfico de drogas pode
levar em consideração a longa distância percorrida. (STF)

Compete ao Juízo Federal do endereço do destinatário da droga, importada via Correio,


processar e julgar o crime de tráfico internacional. (STJ)

O crime de associação para o tráfico é plurissubjetivo e pode ser plurilocal. (STJ)

Súmula 607, STJ: A majorante do tráfico transnacional de drogas (art. 40, I, da Lei n.
11.343/2006) configura-se com a prova da destinação internacional das drogas, ainda
que não consumada a transposição de fronteiras.

LEI DE EXECUÇÃO PENAL

IDENTIFICAÇÃO PERFIL GENÉTICO


Condenado por crime praticado com violência grave contra
Hipóteses: pessoa; Crime contra a vida; Crime contra a liberdade sexual;
Crime sexual contra vulnerável.
Que momento? Ocasião do ingresso no estabelecimento prisional.

ATENÇÃO: na LEP, a tentativa de falta disciplinar é punida com a mesma pena da


consumada.

REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO (RDD)


A quem se aplica? Preso provisório, ou condenado, nacional ou estrangeiro.
Quando será Prática de fato previsto como crime doloso, quando ocasione
cabível? subversão da ordem ou disciplina internas;
Presos de alto risco p/ a ordem e segurança.
Presos com fundadas suspeitas de envolvimento ou participação,
a qualquer título, em organização criminosa, associação criminosa
ou milícia privada, independentemente da prática de falta grave.

Qual a duração? Máximo 2 anos (sem prejuízo de repetição por nova falta grave
de mesma espécie).
Onde ficará Em cela individual.
recolhido o preso?
Quinzenais, de 2 pessoas por vez.
Pessoa da família. Se for terceiro, autorizado judicialmente.
Como serão as
visitas?
Duração: 2 horas.
Realizadas em instalações equipadas para impedir o contato físico
e a passagem de objetos.
Gravada em sistema de áudio ou de áudio e vídeo e com
autorização judicial, fiscalizada por agente penitenciário.
Se o preso não receber visita após os primeiros 6 meses, poderá,
após agendamento, ter contato telefônico, que será gravado, com
uma pessoa da família, 2X por mês e por 10 minutos.

218
Como será o banho 2 horas diárias.
de sol? Grupos de até 4 presos, desde que não haja contato com presos
do mesmo grupo criminoso.
Como serão as Sempre monitoradas, EXCETO aquelas com seu defensor.
entrevistas? Em instalações equipadas para impedir o contato físico e a
passagem de objetos SALVO expressa autorização judicial.
Como fica a Fiscalização do conteúdo da correspondência.
correspondência?
Como se dá a Participação em audiências PREFERENCIALMENTE por
participação em videoconferência. Garantindo-se a participação do defensor no
audiências?
mesmo ambiente do preso.
Em quais hipóteses Quando existirem indícios de que o preso: exerce liderança em
o RDD será organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada;
obrigatoriamente
ou que tenha atuação criminosa em 2 ou mais Estados.
cumprido em
presídio federal?

-Continua apresentando alto risco para a ordem e a segurança


RDD poderá ser
do estabelecimento penal de origem ou da sociedade.
prorrogado
sucessivamente, por -Mantém os vínculos com organização criminosa, associação
período de 1 ano, criminosa ou milícia privada, considerados também o perfil
existindo indícios de criminal e a função desempenhada por ele no grupo criminoso, a
que o preso: operação duradoura do grupo, a superveniência de novos
processos criminais e os resultados do tratamento penitenciário.

NÃO CONFUNDA
Prazo para decisão judicial Prazo que a autoridade Isolamento, suspensão e
sobre inclusão do preso administrativa pode restrição de direitos não
no RDD. decretar o isolamento podem ultrapassar o
preventivo do preso. prazo de:
15 DIAS 10 DIAS 30 DIAS

Diretor do APLICA as sanções disciplinares, com exceção do RDD,


estabeleciment que depende de decisão judicial.
oprisional COMUNICA o isolamento ao juiz da execução.

16% Primário + crime cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça.


20% Reincidente em crime cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça.
25% Primário + crime cometido com violência à pessoa ou grave ameaça.
30% Reincidente em crime cometido com violência à pessoa ou grave ameaça.
40% Primário + crime hediondo ou equiparado.
50% a) primário + hediondo ou equiparado com resultado morte (caso em
que também será vedado o livramento condicional);
b) condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de
organização criminosa estruturada para a prática de crime hediondo
ou equiparado;
c) condenado pela prática do crime de constituição de milícia privada.

219
60% Reincidente + hediondo ou equiparado.
Reincidente + hediondo ou equiparado com resultado morte (caso em que
70% também será vedado o livramento condicional).
Progressão especial das mulheres gestantes ou mãe ou responsável por
crianças (adolescente não!) ou pessoas com deficiência. Os requisitos são
cumulativos:
Não ter cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa;
Não ter cometido o crime contra seu filho ou dependente;
1/8 Ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da pena no regime anterior;
Ser primária e ter bom comportamento carcerário, comprovado pelo
diretor do estabelecimento;
Não ter integrado organização criminosa.
OBS: organização criminosa somente a hipótese de condenação nos
termos da Lei 12.850/2013, não abrangendo apenada que tenha
participado de associação criminosa (art. 288 do CP) ou associação para o
tráfico (art. 35 da Lei 11.343/2006). (STJ)

Progressão: interrompe o prazo e acarreta regressão.


Revoga até 1/3 do tempo remido, saída temporária, autorização de
FALTA
GRAVE
trabalho externo.
ATRAPALHA Pode: sujeitar o condenado ao RDD, revogar a monitoração eletrônica,
converter a PRD em PPL, acarretar isolamento na própria cela, acarretar
suspensão ou restrição de direitos.
FALTA Não interrompe o prazo para obtenção de livramento condicional, não
GRAVE NÃO interfere no tempo para a concessão de indulto e comutação de penas.
ATRAPALHA

JURISPRUDÊNCIA:
A proibição de consumo de álcool imposta como condição especial ao apenado somente é
válida se for fundamentada em circunstâncias específicas do crime pelo qual o condenado
foi sentenciado. (STJ)
O tempo em que o apenado esteve afastado das suas obrigações no regime aberto, sob
atestado médico, pode ser computado como pena efetivamente cumprida. (STJ)
A valoração do requisito subjetivo para concessão do livramento condicional - bom
comportamento durante a execução da pena (art. 83, III, “a”, do Código Penal) - deve
considerar todo o histórico prisional, não se limitando ao período de 12 meses referido na
alínea “b” do mesmo inciso III do art. 83 do Código Penal. (STJ)
A ausência de falta grave nos últimos 12 meses não é suficiente para satisfazer o requisito
subjetivo exigido para a concessão do livramento condicional. (STJ)
O fato de o reeducando ser assistido pela Defensoria Pública não gera a presunção de sua
hipossuficiência em arcar com a pena de multa. (STJ)
Não se aplica limite temporal à análise do requisito subjetivo para concessão de saída
temporária, devendo ser considerado todo o período de execução da pena, a fim de se

220
averiguar o mérito do apenado. (STJ)
Se devidamente motivado pelo Juízo estadual o pedido de manutenção de preso, em
presídio federal, não cabe ao Magistrado federal exercer juízo de valor sobre a
fundamentação apresentada, mas, apenas, aferir a legalidade da medida. (STJ)
Nos termos do art. 126, § 2º, da LEP, a remição de pena pelo estudo somente é possível
quando o curso for oferecido por instituição devidamente autorizada ou conveniada com
o Poder Público para esse fim. (STJ)
Se o condenado está cumprindo pena de reclusão e foi novamente condenado, agora à
pena de detenção, deverá haver a unificação das penas, nos termos do art. 111 da LEP.
(STJ)
O histórico prisional conturbado do apenado, somado ao crime praticado com violênciaou
grave ameaça (uma condição legal do art. 83, parágrafo único, do CP), afasta a constatação
inequívoca do requisito subjetivo para a concessão do livramento condicional. (STJ)
O indulto é instituto da execução penal, não se estendendo os benefícios da norma
instituidora aos presos cautelarmente com direito à detração penal. (STJ)
Sobrevindo condenação por pena privativa de liberdade no curso da execução de pena
restritiva de direitos, as penas serão objeto de unificação, com a reconversão da pena
alternativa em privativa de liberdade, ressalvada a possibilidade de cumprimento
simultâneo aos apenados em regime aberto e vedada a unificação automática nos casosem
que a condenação substituída por pena alternativa é superveniente. (STJ)
A manutenção do monitoramento eletrônico ao apenado agraciado com a progressão ao
regime aberto não implica constrangimento ilegal, pois atende aos parâmetros
referenciados na SV 56. (STJ)
Aplica-se o limite temporal previsto no art. 75 do Código Penal (40 anos) ao apenado em
livramento condicional. (STJ)
A independência das instâncias deve ser mitigada quando, nos casos de inexistência
material ou de negativa de autoria, o mesmo fato for provado na esfera administrativa,
mas não o for no processo criminal. Assim, quando o único fato que motivou a penalidade
administrativa resultou em absolvição no âmbito criminal, ainda que por ausência de
provas, a autonomia das esferas há que ceder espaço à coerência que deveexistir entre as
decisões sancionatórias. (STJ)
Diante da omissão legislativa, impõe-se a analogia in bonam partem, para aplicação,
inclusive retroativa, do inciso V do artigo 112 da LEP (lapso temporal de 40%) ao
condenado por crime hediondo ou equiparado sem resultado morte reincidente não
específico. (STF)
Não havendo na sentença condenatória transitada em julgado determinação expressa de
reparação do dano ou de devolução do produto do ilícito, não pode o juízo das execuções
inserir referida condição para fins de progressão de regime. (STJ)
O reconhecimento de falta grave consistente na prática de fato definido como crime
doloso no curso da execução penal dispensa o trânsito em julgado da condenação criminal,

221
desde que ocorra a apuração do ilícito com as garantias constitucionais. (STF)
O art. 118, I da Lei de Execução Penal impõem a regressão de regime para o preso que
cometer falta grave. Para o Superior Tribunal de Justiça a regressão é obrigatória, pois “a
dicção do referido dispositivo é clara ao prever a regressão de regime uma vez homologada
a falta grave". (STJ)

LEI DE GENOCÍDIO

A Lei de Genocídio é o grande exemplo de norma penal em branco às avessas ou


secundariamente remetida, já que é o preceito secundário que precisa de
complementação (em vez do preceito primário).

Quem, com a intenção de destruir, NO TODO OU EM PARTE, grupo nacional, étnico,


racial ou religioso, como tal:
Matar membros do grupo. Pena do homicídio qualificado (12 a 30
anos).
Causar lesão grave à integridade física Pena da lesão corporal gravíssima (2 a 8
ou mental de membros do grupo. anos).
Submeter intencionalmente o grupo a Pena do crime de envenenamento de água
condições de existência capazes de potável ou de substância alimentícia ou
ocasionar-lhe a destruição física total medicinal (10 a 15 anos).
ou parcial.
Adotar medidas destinadas a impedir Pena do crime de aborto provocado por
os nascimentos no seio do grupo. terceiro (3 a 10 anos).
Efetuar a transferência forçada de Pena do crime de sequestro (1 a 3 anos).
crianças do grupo para outro grupo.

Incitar alguém a A pena vai ser a metade da cominada ao crime incitado.


cometer qualquer dos Entretanto, a pena pelo crime de incitação será a mesma
crimes acima: de crime incitado, se este se consumar.

Pena Quando a incitação for cometida pela imprensa.


AUMENTADA
de 1/3
Pena No caso das seguintes modalidades de genocídio: matar (...), causar
AGRAVADA lesão (...) e submeter intencionalmente (...), a pena será agravada de
de 1/3 1/3 quando cometido por governante ou funcionário público.
2/3 Será punida com 2/3 (dois terços) das respectivas penas a tentativa
dos crimes definidos nesta lei.

Art. 6º Os crimes de que trata esta lei NÃO SERÃO CONSIDERADOS CRIMES POLÍTICOS
PARA EFEITOS DE EXTRADIÇÃO.

LEI MARIA DA PENHA

• Para a configuração da violência doméstica e familiar prevista no artigo 5º da Lei n.


11.340/2006 (Lei Maria da Penha) não se exige a coabitação entre autor e vítima.
• Os institutos despenalizadores da lei 9.099/95 não se aplicam.
• Infrações no contexto da lei maria da penha não se tornam TCO. Será instaurado IP.

222
• Lesão corporal leve é de ação penal pública incondicionada.
• Ainda existem crimes que são processados por ação penal publica condicionada,
como a ameaça.
• A retratação tem 2 peculiaridades: até o recebimento da denúncia (e não até o
oferecimento como ocorre nos demais crimes) + em audiência especialmente
designada com tal finalidade, na presença do juiz e ouvido o Ministério Público.

ATENÇÃO: não existe vedação à suspensão condicional da pena.

48 H Delegado remeter ao juiz, no prazo de 48h, o pedido da ofendida para a


concessão de medidas protetivas de urgência.
Após receber o pedido, o juiz terá 48h para tomar as providências.
24 H Quando o delegado ou o policial afastarem o agressor do lar porque a cidade
não é sede de comarca, o juiz deverá ser comunicado em 24h.
O juiz também terá 24h para decidir.

Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade


física ou psicológica da mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou
de seus dependentes, o agressor será imediatamente afastado do lar, domicílio ou
localde convivência com a ofendida:
I - pela autoridade judicial;
II - pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede de comarca; ou
III - pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não houver
delegado disponível no momento da denúncia.

§ 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste artigo, o juiz será comunicado
no prazo máximo de 24 (VINTE E QUATRO) HORAS e decidirá, em igual prazo,
sobre a manutenção ou a revogação da medida aplicada, devendo dar ciência ao
Ministério Público concomitantemente.
§ 2º Nos casos de risco à integridade física da ofendida ou à efetividade da medida
protetiva de urgência, não será concedida liberdade provisória ao preso.

1º As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas de imediato,


independentemente de audiência das partes e de manifestação do Ministério
Público, devendo este ser prontamente comunicado

Art. 14-A. A ofendida tem a opção de propor ação de divórcio ou de dissolução de


união estável no Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher.
§ 1º Exclui-se da competência dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar
contra a Mulher a pretensão relacionada à partilha de bens.

MODIFICAÇÃO 2023:

Art. 19, § 5º As medidas protetivas de urgência serão concedidas


INDEPENDENTEMENTE da tipificação penal da violência, do ajuizamento de ação penal
ou cível, da existência de inquérito policial ou do registro de boletim de ocorrência.
§ 6º As medidas protetivas de urgência vigorarão enquanto persistir risco à integridade
física, psicológica, sexual, patrimonial ou moral da ofendida ou de seus dependentes.

223
Art. 23, VI – conceder à ofendida auxílio-aluguel, com valor fixado em função de sua
situação de vulnerabilidade social e econômica, por período não superior a 6 (SEIS)
MESES.

ATENÇÃO: o delegado pode arbitrar fiança em infrações penais com pena não
superior a 4 anos, SALVO neste caso de descumprimento de medida protetiva de
urgência, em que apenas o juiz poderá conceder fiança.

ARMA DE FOGO

Verifica se o agressor possui registro de porte ou posse de arma de fogo


DELTA Se tiver, junta aos autos essa informação e notifica a ocorrência à instituição
responsável pela concessão do registro ou da emissão do porte.

Após receber o pedido da ofendida, em 48 horas:


JUIZ Determina a apreensão imediata de arma de fogo sob a posse do agressor
Obs: caso o agressor seja integrante dos órgãos de segurança pública ou se
enquadre em alguma das situações dos incisos do art. 6 do estatuto do
desarmamento, o juiz comunicará ao respectivo órgão, corporação ou
instituição as medidas protetivas de urgência concedidas e determinará a
restrição do porte de armas, ficando o superior imediato do agressor
responsável pelo cumprimento da determinação judicial, sob pena de
incorrer nos crimes de prevaricação ou de desobediência, conforme o caso.
A aproximação do réu com o consentimento da vítima torna atípica a conduta de
descumprir medida protetiva de urgência. (STJ)
Nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher não é possível a aplicação da
pena de multa isoladamente, mesmo no caso do crime de ameaça que prevê, em seu
preceito secundário, a pena de multa de forma autônoma. (STJ)
Independentemente da extinção de punibilidade do autor, a vítima de violência doméstica
deve ser ouvida para que se verifique a necessidade de prorrogação/concessão das
medidas protetivas. (STJ)
A audiência prevista no art. 16 da Lei nº 11.340/2006 tem por objetivo confirmar a
retratação, não a representação, e não pode ser designada de ofício pelo juiz. Sua
realização somente é necessária caso haja manifestação do desejo da vítima de se retratar
trazida aos autos antes do recebimento da denúncia. (STJ)
O juízo do domicílio da mulher vítima de violência doméstica é competente para deferir as
medidas protetivas de urgência, mesmo que a agressão tenha ocorrido em outra comarca;
vale ressaltar, contudo, que a competência para julgar o crime é do local dos fatos. (STJ)
É ilegal a fixação ad eternum de medida protetiva, devendo o magistrado avaliar
periodicamente a pertinência da manutenção da cautela imposta. (STJ)
É indevida a manutenção de medidas protetivas na hipótese de conclusão do inquérito
policial sem indiciamento do acusado. (STJ)
A Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) é aplicável às mulheres trans em situação de
violência doméstica. (STJ)

224
Lei que impede nomeação de condenados pela Lei Maria da Penha é constitucional.
A posterior reconciliação entre a vítima e o agressor não é fundamento suficiente para
afastar a necessidade de fixação do valor mínimo previsto no art. 387, inciso IV, do CPP.
Não se pode decretar a preventiva do autor de contravenção penal, mesmo que ele tenha
praticado o fato no âmbito de violência doméstica e mesmo que tenha descumprido
medida protetiva a ele imposta. (STJ)

POLÍTICA NACIONAL DE DADOS E INFORMAÇÕES RELACIONADAS À


VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES
FINALIDADE: reunir, organizar, sistematizar e disponibilizar dados e informações atinentes
a todos os tipos de violência contra as mulheres.

A integração das bases de dados dos órgãos de atendimento à mulher


em situação de violência no âmbito dos Poderes Executivo, Legislativo
e Judiciário.
A produção e gestão transparente das informações sobre a situação de
violência contra as mulheres no País.
DIRETRIZES O incentivo à participação social por meio da oferta de dados
consistentes, atualizados e periódicos que possibilitem a avaliação
crítica das políticas públicas de enfrentamento à violência contra as
mulheres.
Subsidiar a formulação, o planejamento, a implementação, o
monitoramento e a avaliação das políticas de enfrentamento à
violência contra as mulheres.
Produzir informações com disponibilidade, autenticidade, integridade
e comparabilidade sobre todos os tipos de violência contra as
mulheres.
Manter as informações disponíveis em sistema eletrônico para acesso
rápido e pleno, ressalvados os dados cuja restrição de publicidade
esteja disciplinada pela legislação.
OBJETIVOS Integrar e subsidiar a implementação e avaliação da Política Nacional
de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres e do Pacto Nacional
pelo Enfrentamento à Violência contra as Mulheres.
Atender ao disposto no inciso II do caput do art. 8º e no art. 38 da Lei
nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha).
Padronizar, integrar e disponibilizar os indicadores das bases de dados
dos organismos de políticas para as mulheres, dos órgãos da saúde, da
assistência social, da segurança pública e do sistema de justiça, entre
outros, envolvidos no atendimento às mulheres em situação de
violência.
Padronizar, integrar e disponibilizar informações sobre políticas
públicas de enfrentamento à violência contra as mulheres.
Atender ao disposto nos acordos internacionais dos quais o Brasil é
signatário, no que tange à produção de dados e estatísticas sobre a
violência contra as mulheres.

225
LEI CRIAÇÃO E O FUNCIONAMENTO ININTERRUPTO DE DELEGACIAS
ESPECIALIZADAS DE ATENDIMENTO À MULHER
As Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (Deam) têm como finalidade o
atendimento de todas as mulheres que tenham sido vítimas de violência doméstica e
familiar, crimes contra a dignidade sexual e feminicídios, e funcionarão
ininterruptamente, inclusive em feriados e finais de semana.
O atendimento às mulheres nas delegacias SERÁ realizado em sala reservada e,
preferencialmente, por policiais do sexo feminino.

PROGRAMA DE PREVENÇÃO AO ASSÉDIO SEXUAL E DEMAIS CRIMES


CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL E À VIOLÊNCIA SEXUAL NO ÂMBITO DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA E INDIRETA FEDERAL, ESTADUAL,
DISTRITAL E MUNICIPAL

Embora seja um programa voltado para a administração pública, aplica-se também a todas
as instituições privadas em que haja a prestação de serviços públicos por meio de
concessão, permissão, autorização ou qualquer outra forma de delegação.

-Vítimas de assédio sexual e demais crimes contra a dignidade sexual,


Serão
ou de qualquer forma de violência sexual.
apuradas
-Testemunhas.
eventuais
-Auxiliares em investigações ou em processos que apurem a prática de
retaliações
assédio sexual e demais crimes contra a dignidade sexual, ou de
contra
qualquer forma de violência sexual.

Art. 7º Os órgãos e entidades abrangidos por esta Lei deverão manter, pelo período de 5
(cinco) anos, os registros de frequência, físicos ou eletrônicos, dos programas de
capacitação ministrados na forma prevista no inciso VII do caput do art. 5º desta Lei.

LEI DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA

§ 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas


estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que
informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de
qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas
sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional.

Art. 2º Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta


pessoa, organização criminosa:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas
correspondentes às demais infrações penais praticadas.

§ 1º Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de qualquer forma, embaraça a
investigação de infração penal que envolva organização criminosa.

226
Pena Emprego de arma de fogo.
aumenta
até a ½
Pena Exerce o comando, individual ou coletivo, da organização criminosa,
Agravada ainda que não pratique pessoalmente atos de execução.

Criança ou adolescente.
Se há concurso de funcionário público, valendo-se a organização
Pena criminosa dessa condição para a prática de infração penal.
aumenta Se o produto ou proveito da infração penal destinar-se, no todo ou
de 1/6 a em parte, ao exterior.
2/3 Se a organização criminosa mantém conexão com outras
organizações criminosas independentes.
Transnacionalidade da organização.

§ 6º A condenação com trânsito em julgado acarretará ao funcionário público a perda


do cargo, função, emprego ou mandato eletivo e a interdição para o exercício de
função ou cargo público pelo prazo de 8 (oito) anos subsequentes ao cumprimento
da pena.

§ 8º As lideranças de organizações criminosas armadas ou que tenham armas à


disposição deverão iniciar o cumprimento da pena em estabelecimentos penais de
segurança máxima.

ACORDO DE COLABORAÇÃO PREMIADA


• O recebimento da proposta para formalização de acordo de colaboração demarca
o início das negociações e constitui também marco de confidencialidade.
• Caso não haja indeferimento sumário, as partes deverão firmar Termo de
Confidencialidade para prosseguimento das tratativas, o que vinculará os órgãos
envolvidos na negociação e impedirá o indeferimento posterior sem justacausa.
• Possíveis sanções premiais: perdão judicial; reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena
privativa de liberdade substituir a PPL por PRD; se posterior à sentença: reduzir até
metade da pena ou progressão de regime mesmo que ausentes os requisitos
objetivos.
• Considerando a relevância da colaboração prestada, o Ministério Público, a
qualquer tempo, e o delegado de polícia, nos autos do inquérito policial, com a
manifestação do Ministério Público, poderão requerer ou representar ao juiz pela
concessão de perdão judicial ao colaborador, ainda que esse benefício nãotenha sido
previsto na proposta inicial.
• O prazo para oferecimento de denúncia ou o processo, relativos ao colaborador,
poderá ser suspenso por até 6 (seis) meses, prorrogáveis por igual período, atéque
sejam cumpridas as medidas de colaboração, suspendendo-se o respectivo prazo
prescricional.
• Ministério Público poderá deixar de oferecer denúncia se a proposta de acordo de
colaboração referir-se à infração de cuja existência não tenha prévio conhecimento e
o colaborador: não for o líder da organização criminosa ou for o primeiro a prestar
efetiva colaboração nos termos deste artigo.
• Juiz não participa das negociações.

Obs.: O acordo de colaboração premiada e os depoimentos do colaborador serão mantidos

227
em sigilo até o recebimento da denúncia.

AÇÃO Previamente comunicada.


CONTROLADA Não depende de autorização judicial.
INFILTRAÇÃO Indícios de infração + prova não pode ser obtida por outro
AGENTES meio
6 meses (prazo prorrogável, se comprovada necessidade).
Necessidade e indicação do alcance das tarefas dos
INFILTRAÇÃO policiais,os nomes ou apelidos das pessoas investigadas e,
VIRTUAL quando possível, os dados de conexão ou cadastrais que
permitam aidentificação dessas pessoas.
6 meses, prorrogáveis, desde que não ultrapasse 720
dias.

É ilícita a conduta do advogado que, sem justa causa, independentemente de provocação


e na vigência de mandato, grava clandestinamente suas comunicações comseus clientes
com objetivo de delatá-los, entregando às autoridades investigativasdocumentos de que
dispõe em razão da profissão, em violação ao dever de sigilo. (STJ)

É justificada a redução da pena do réu colaborador em patamar um pouco inferior ao que


havia sido ajustado com o Ministério Público, tendo em vista que o acusado prestou
declarações falsas perante o plenário do júri. (STJ)

Pessoa jurídica não possui capacidade para celebrar acordo de colaboração premiada,
previsto na Lei nº 12.850/2013. (STJ)

É possível celebrar acordo de colaboração premiada em quaisquer condutas praticadas em


concurso de agentes. (STJ)

O Plenário deste Supremo Tribunal Federal assentou a INEXISTÊNCIA de conexão


necessária entre o delito de organização criminosa e os demais eventualmente praticados
no seu contexto, permitindo a tramitação concomitante das respectivas propostas
acusatórias perante juízos distintos e atestando a não ocorrência, em tais hipóteses, do
vedado bis in idem.” (STF.)

Cabe habeas corpus contra a decisão que não homologa ou que homologa apenas
parcialmente o acordo de colaboração premiada. (STF)

A apelação criminal é o recurso adequado para impugnar a decisão que recusa a


homologação do acordo de colaboração premiada, mas ante a existência de dúvida
objetiva é cabível a aplicação do princípio da fungibilidade. (STJ)

Terceiros que tenham sido mencionados pelos colaboradores podem obter acesso integral
aos termos dos colaboradores desde que estejam presentes os requisitos positivos (o
acesso deve abranger somente documentos em que o requerente é de fato mencionado
como tendo praticado crime (o ato de colaboração deve apontar a responsabilidade
criminal do requerente) e negativo (o ato de colaboração não se deve referir a diligência
em andamento). (STF)

Crime de embaraçar investigação previsto na Lei do Crime Organizado não é restrito à fase
do inquérito. (STJ)

228
ECA

PRINCIPAIS MEDIDAS EM CASO DE PRÁTICA DE ATO INFRACIONAL:

• Prestação de serviços à comunidade: período não superior a 6 meses.


• Liberdade assistida: prazo mínimo de 6 meses, podendo a qualquer tempo ser
prorrogada, revogada ou substituída por outra medida, ouvido o orientador, o
Ministério Público e o defensor.
• Inserção em regime de semiliberdade.
• Internação em estabelecimento educacional.

INTERNAÇÃO REMISSÃO
-Não tem prazo determinado, mas o -Momento: antes de iniciado o
período máximo não pode exceder 3 procedimento judicial.
anos. -Quem oferece: Ministério Público.
-A manutenção deve ser reavaliada no -O que é: forma de exclusão do processo
máximo a cada 6 (seis) meses. -A remissão não implica
-A liberação será compulsória aos 21. necessariamente o reconhecimento ou
-Só poderá ser aplicada quando: o ato comprovação da responsabilidade, nem
infracional for cometido mediante grave prevalece para efeito de antecedentes,
ameaça ou violência a pessoa; reiteração podendo incluir eventualmente a
no cometimento de outras infrações aplicação de qualquer das medidas
graves; ou então descumprimento previstas em lei, exceto a colocação em
reiterado e injustificável de medida regime de semiliberdade e a internação.
anteriormente imposta (nesse caso, não
poderá ultrapassar 3 meses).

FLAGRANTE DE ATO INFRACIONAL:

COM VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA SEM VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA


Lavrar auto de apreensão. Boletim de ocorrência circunstanciada.

Se, afastada a hipótese de flagrante, houver indícios de participação de adolescente na


prática de ato infracional, a autoridade policial encaminhará ao representante do
Ministério Público relatório das investigações e demais documentos.

INFILTRAÇÃO DE AGENTES:
• Autorização judicial, ouvido o Ministério Público.
• Requerimento do Ministério Público ou representação de delegado de polícia e
conterá a demonstração de sua necessidade, o alcance das tarefas dos policiais, os
nomes ou apelidos das pessoas investigadas e, quando possível, os dados de conexão
ou cadastrais que permitam a identificação dessas pessoas.
• Não poderá exceder o prazo de 90 (noventa) dias, sem prejuízo de eventuais
renovações, desde que o total não exceda a 720 (setecentos e vinte) dias e seja
demonstrada sua efetiva necessidade, a critério da autoridade judicial.
• As informações da operação de infiltração serão encaminhadas diretamente ao juiz
responsável pela autorização da medida, que zelará por seu sigilo.

229
O delito do art. 240 do ECA - Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar,
por qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou
adolescente: (...) - é classificado como crime formal, comum, de subjetividade passiva
própria, consistente em tipo misto alternativo. (STJ)
Se a infração penal envolveu dois adolescentes, o réu deverá ser condenado por dois
crimes de corrupção de menores. (STJ)
Súmula 605-STJ: A superveniência da maioridade penal não interfere na apuração de ato
infracional nem na aplicabilidade de medida socioeducativa em curso, inclusive na
liberdade assistida, enquanto não atingida a idade de 21 anos.

LEI HENRY BOREL

Art. 13. No atendimento à criança e ao adolescente em situação de violência


doméstica e familiar, a AUTORIDADE POLICIAL DEVERÁ, entre outras providências:
I - encaminhar a vítima ao Sistema Único de Saúde e ao Instituto Médico-Legal
imediatamente;
II - encaminhar a vítima, os familiares e as testemunhas, caso sejam crianças ou
adolescentes, ao ConselhoTutelar para os encaminhamentos necessários, inclusive para a
adoção das medidas protetivas adequadas;
III - garantir proteção policial, quando necessário, comunicados de imediato o Ministério
Público e o PoderJudiciário;
IV - fornecer transporte para a vítima e, quando necessário, para seu responsável ou
acompanhante, para serviço de acolhimento existente ou local seguro, quando houver
risco à vida.

Art. 14. Verificada a ocorrência de ação ou omissão que implique a ameaça ou a prática
de violência doméstica e familiar, com a existência de risco atual ou iminente à vida ou à
integridade física da criança e do adolescente, ou de seus familiares, o agressor será
IMEDIATAMENTE afastado do lar, do domicílio ou do local de convivência com a vítima:
I - pela AUTORIDADE JUDICIAL;
II - pelo DELEGADO DE POLÍCIA, quando o Município não for sede de comarca;

III - pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não houver
delegado disponível no momento da denúncia. [ATENÇÃO: Aqui pode ser qualquer
policial – PC, PF, PRF, PF, PP].

§ 1º O Conselho Tutelar poderá representar às autoridades referidas nos incisos I, II e III


do caput deste artigo para requerer o afastamento do agressor do lar, do domicílio ou do
local de convivência com a vítima.

§ 2º Nas hipóteses previstas nos incisos II e III do caput deste artigo, o juiz será comunicado
no PRAZO MÁXIMO DE 24 (VINTE E QUATRO) HORAS e decidirá, em igual prazo, sobre a
manutenção ou a revogação da medida aplicada, bem como dará ciência ao Ministério
Público concomitantemente.

§ 3º Nos casos de risco à integridade física da vítima ou à efetividade da medida


protetiva de urgência, NÃO SERÁ CONCEDIDA LIBERDADE PROVISÓRIA AO PRESO.

ATENÇÃO: embora essa lei tenha trazido diversas disposições que se equiparam às da Lei
Maria da Penha, há diferenças. Vejamos:

230
LEI MARIA DA PENHA LEI HENRY BOREL
Art. 18. Recebido o expediente com o Art. 15. Recebido o expediente com o
pedido da ofendida, caberá ao juiz, no pedido em favor de criança e de
prazo de 48 (quarenta e oito) horas: adolescente em situação de violência
I - conhecer do expediente e do pedido e doméstica e familiar, caberá ao juiz, no
decidir sobre as medidas protetivas de prazo de 24 (vinte e quatro) horas:
urgência; I - conhecer do expediente e do
pedido e decidir sobre as medidas
II - determinar o encaminhamento da
protetivas de urgência;
ofendida aoórgão de assistência judiciária,
quando for o caso; II - determinar o encaminhamento do
responsável pela criança ou pelo
II - determinar o encaminhamento da
adolescente ao órgão de assistência
ofendida ao órgão de assistência judiciária,
judiciária, quando for o caso;
quando for o caso, inclusive para o
ajuizamento da ação de separaçãojudicial, III - comunicar ao Ministério
de divórcio, de anulação de casamento ou Público para que adote as
de dissolução de união estável perante o providências cabíveis;
juízo competente; (Redação dada pela Lei - determinar a apreensão imediata de
nº 13.894, de 2019) arma defogo sob a posse do agressor.
III - comunicar ao Ministério Público para
queadote as providências cabíveis.
- determinar a apreensão imediata de
arma de fogo sob a posse do agressor.
(Incluído pela Lei nº 13.880, de 2019)

Art. 16. As MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA poderão ser concedidas pelo juiz, a
requerimento do MINISTÉRIO PÚBLICO, da AUTORIDADE POLICIAL, do CONSELHO
TUTELAR ou a pedido da PESSOA que atue em favor da criança e do adolescente.

LEI DO DEPOIMENTO ESPECIAL

• A criança e o adolescente serão ouvidos sobre a situação de violência por meio de


escuta especializada e depoimento especial.
• A criança e o adolescente vítima ou testemunha de violência têm direito a pleitear,
por meio de seu representante legal, medidas protetivas contra o autor da violência.

ESCUTA ESPECIALIZADA DEPOIMENTO ESPECIAL

Procedimento de entrevista sobre Procedimento de oitiva de criança ou


situação de violência com criança ou adolescente vítima ou testemunha de
adolescente perante órgão da rede de violência perante autoridade policial ou
proteção, limitado o relato estritamente judiciária. Sempre que possível, será
ao necessário para o cumprimento de sua realizado uma única vez, em sede de
finalidade. produção antecipada de prova judicial,
garantida a ampla defesa do investigado.

231
Seguirá o rito cautelar de antecipação de
prova:
• quando a criança ou o adolescente
tiver menos de 7 (sete) anos;
• em caso de violência sexual.

• Não será admitida a tomada de novo depoimento especial, salvo quando justificada
a sua imprescindibilidade pela autoridade competente e houver a concordância da
vítima ou da testemunha, ou de seu representante legal.

LEI DE IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL DO CIVILMENTE IDENTIFICADO

REGRA: se apresentar o documento de identificação civil, NÃO será criminalmente


identificado.

EXCEÇÕES:
Art. 3º Embora apresentado documento de identificação, poderá ocorrer identificação
criminal quando:
I – o documento apresentar rasura ou tiver indício de falsificação;
II – o documento apresentado for insuficiente para identificar cabalmente o indiciado;
III – o indiciado portar documentos de identidade distintos, com informações conflitantes
entre si;
IV – a identificação criminal for essencial às investigações policiais, segundo despacho da
autoridade judiciária competente, que decidirá de ofício ou mediante representação da
autoridade policial, do Ministério Público ou da defesa;
V – constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificações;
VI – o estado de conservação ou a distância temporal ou da localidade da expedição do
documento apresentado impossibilite a completa identificação dos caracteres essenciais.
Parágrafo único. As cópias dos documentos apresentados deverão ser juntadas aos autos
do inquérito, ou outra forma de investigação, ainda que consideradas insuficientes para
identificar o indiciado.

Art. 5º-A, § 1o As informações genéticas contidas nos bancos de dados de perfis genéticos
não poderão revelar traços somáticos ou comportamentais das pessoas, exceto
determinação genética de gênero, consoante as normas constitucionais e internacionais
sobre direitos humanos, genoma humano e dados genéticos.

Art. 6º É vedado mencionar a identificação criminal do indiciado em atestados de


antecedentes ou em informações não destinadas ao juízo criminal, antes do trânsito em
julgado da sentença condenatória.

PROGRAMA DE PROTEÇÃO À VÍTIMA OU TESTEMUNHA

QUEM PODE SER A proteção poderá ser dirigida ou estendida ao cônjuge ou


ABARCADO PELA companheiro, ascendentes, descendentes e dependentes que
PROTEÇÃO tenham convivência habitual com a vítima ou testemunha,
conforme o especificamente necessário em cada caso.
Indivíduos cuja personalidade ou conduta seja incompatível com
as restrições de comportamento exigidas pelo programa, os
QUEM ESTÁ condenados que estejam cumprindo pena e os indiciados ou

232
EXCLUÍDO acusados sob prisão cautelar em qualquer de suas modalidades.
Tal exclusão não trará prejuízo a eventual prestação de medidas
de preservação da integridade física desses indivíduos por parte
dos órgãos de segurança pública.

ATENÇÃO: O ingresso no programa, as restrições de segurança e demais medidas por ele


adotadas terão sempre a anuência da pessoa protegida, ou de seu representante legal.

Tempo de Duração máxima de 2 anos, sendo que, em situações excepcionais,


duração perdurando os motivos, a permanência pode ser prorrogada.

CRIMES DE TRÂNSITO

Aplica-se: composição civil dos danos; transação penal; ação penal condicionada à
LESÃO Representação.
CORPORAL Exceto:
CULPOSA -agente estiver sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa
NO que determine dependência;
TRÂNSITO -agentes estiver participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição
automobilística, de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo
automotor, não autorizada pela autoridade competente;
-agente estiver transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em
50 km/h (cinquenta quilômetros por hora).

ATENÇÃO: a suspensão condicional do processo continua sendo aplicada.

• Se o réu for REINCIDENTE na prática de crime previsto no CTB, será aplicada a


penalidade de suspensão da permissão ou habilitação para dirigir,
INDEPENDENTEMENTE de previsão no tipo penal
• Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de que resulte vítima,
não se imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, SE PRESTAR PRONTO e
INTEGRAL SOCORRO ÀQUELA.

Homicídio culposo
-Não possui CNH.
Pena AUMENTADA de -Faixa de pedestre ou calçada.
1/3 à METADE -Deixa de prestar socorro.
-No exercício de sua profissão ou atividade, estiver
conduzindo veículo de transporte de passageiros.
QUALIFICADORA -Se o agente está embriagado.
(pena de 5 a 8 anos)

ATENÇÃO: essa mesma causa de aumento de 1/3 à metade serve em caso de lesão
corporal culposa.

Embriaguez ao volante CABE suspensão condicional do processo.


NÃO CABE transação penal.

Súmula nº 575, STJ: “Constitui crime a conduta de permitir, confiar ou entregar a direção

233
de veículo automotor a pessoa que não seja habilitada, ou que se encontre em qualquer
das situações previstas no art. 310 do CTB, independentemente da ocorrênciade lesão ou
de perigo de dano concreto na condução do veículo.
Nos crimes de trânsito tutelados pelo CTB, não cabe ao autor do delito presumir o estado
de saúde da vítima e avaliar a conveniência de socorrê-la. Para a observância dacausa de
aumento da pena prevista no artigo 302, § 1º, inciso III, da Lei nº 9.503/1997, revela-se
desinfluente a circunstância de a morte haver sido instantânea, não cabendo ao agente
presumir o estado de saúde da vítima e avaliar a conveniência de socorrê-la. (STF)
A causa de aumento prevista no art. 302, § 1º, II, do Código de Trânsito Brasileiro não exige
que o agente esteja trafegando na calçada, sendo suficiente que o ilícito ocorra nesse local.
(STJ)
Crime de dirigir sem habilitação é absorvido pela lesão corporal culposa na direção de
veículo. (STF)
O crime do art. 307 do CTB somente se verifica em caso de violação de suspensão ou
proibição de dirigir imposta por decisão judicial (não vale suspensão imposta por decisão
administrativa). (STJ)
Para a incidência da causa de aumento de pena prevista no art. 302, § 1º, IV, do CTB, é
irrelevante que o agente esteja transportando passageiros no momento do homicídio
culposo cometido na direção de veículo automotor. (STJ)
O fato de o autor de homicídio culposo na direção de veículo automotor estar com a CNH
vencida não justifica a aplicação da causa especial de aumento de pena descrita noinciso I
do § 1º do art. 302 do CTB.
O inciso I do § 1º do art. 302 pune o condutor que "não possuir Permissão para Dirigir ou
Carteira de Habilitação". O fato de o condutor estar com a CNH vencida não se amolda a
essa previsão não se podendo aplicá-lo por analogia in malam partem. (STJ).

LEI REMOÇÃO DE PESSOAS E DE VEÍCULOS EM ACIDENTES DE TRÂNSITO

Art. 1 Em caso de acidente de trânsito, a autoridade ou agente policial que primeiro tomar
conhecimento do fato poderá autorizar, INDEPENDENTEMENTE DE EXAME DO LOCAL, a
imediata remoção das pessoas que tenham sofrido lesão, bem como dos veículos nele
envolvidos, se estiverem no leito da via pública e prejudicarem o tráfego.
Parágrafo único. Para autorizar a remoção, a autoridade ou agente policial lavrará boletim
da ocorrência, nele consignado o fato, as testemunhas que o presenciaram e todas as
demais circunstâncias necessárias ao esclarecimento da verdade.

LEI DE CRIMES AMBIENTAIS

NO CP LEI DE CRIMES AMBIENTAIS


PRD cabível em crime culposo ou PRD cabível em crime culposo ou
quando a PPL é não superior a 4 anos. quando a PPL é INFERIOR a 4
anos.
Suspensão condicional da pena: pena Suspensão condicional da pena: pena
não superior a 2 anos. não superior a 3 anos.

234
PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS (PRD)
Pessoa física. Pessoa jurídica
Prestação de serviços à Suspensão parcial ou total de
comunidadeInterdição temporária atividadesInterdição temporária de
de direitos Suspensão parcial ou estabelecimento, obra ou atividade
total de atividades. Proibição de contratar com o poder
Prestação pecuniária. público.
Recolhimento domiciliar.

As PENAS DE INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA DE DIREITO são a proibição de o condenado


contratar com o Poder Público, de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros
benefícios, bem como de participar de licitações:
Crime doloso = 5 anos. Crime culposo = 3 anos.

Crime de maus tratos

SE FOR EM CÃES OU GATOS NÃO SENDO EM CÃES OU GATOS


Não cabe fiança pelo Delegado (pena de Cabe fiança pelo Delegado (pena de três
reclusão de 2 a 5 anos). meses a um ano.

Pena aumentada de 1/6 a 1/3 Se ocorre morte do animal

§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo,
ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursosalternativos.

O princípio da intranscendência da pena também se aplica para pessoas jurídicas; assim,se


uma empresa que está respondendo processo por crime ambiental for incorporada, sem
nenhum indício de fraude, haverá extinção da punibilidade. (STJ)
Construir uma casa em uma unidade de conservação: crime do art. 64 da Lei 9.605/98 (os
delitos dos arts. 40 e 48 ficam absorvidos). (STJ)
Se a ré pratica o crime de poluição qualificada e não toma providências para reparar o
dano, entende-se que continua praticando ato ilícito em virtude da sua omissão, devendo,
portanto, ser considerado que se trata de crime permanente. (STJ)
O delito previsto na primeira parte do art. 54 (poluição) da Lei nº 9.605/98 possui natureza
formal,sendo suficiente a potencialidade de dano à saúde humana para configuração da
conduta delitiva, não se exigindo, portanto, a realização de perícia. (STJ)

LEI CRIMES ELEITORAIS

• TODOS os crimes são dolosos.


• TODOS os crimes são de ação penal pública incondicionada.

Lei não indicou o grau mínimo DETENÇÃO: 15 DIAS.


de pena RECLUSÃO: 1 ANO.

235
Quando a lei determina a agravação Deve o juiz fixá-lo entre 1/5 e 1/3 ,
ou atenuação da pena sem guardados os limites da pena cominada ao
mencionar o quantum. crime.

Art. 323. Divulgar, na propaganda eleitoral ou durante período de campanha eleitoral,


fatos que sabe inverídicos em relação a partidos ou a candidatos e capazes de exercer
influência perante o eleitorado:
Pena – detenção de dois meses a um ano ou pagamento de 120 a 150 dias-multa.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem produz, oferece ou vende vídeo com conteúdo
inverídico acerca de partidos ou candidatos.
§ 2º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) até metade se o crime:
I – é cometido por meio da imprensa, rádio ou televisão, ou por meio da internet ou de
rede social, ou é transmitido em tempo real;
II – envolve menosprezo ou discriminação à condição de mulher ou à sua cor, raça ou etnia.

Art. 326-B. Assediar, constranger, humilhar, perseguir ou ameaçar, por qualquer meio,
candidata a cargo eletivo ou detentora de mandato eletivo, utilizando-se de menosprezo
ou discriminação à condição de mulher ou à sua cor, raça ou etnia, com a finalidade de
impedir ou de dificultar a sua campanha eleitoral ou o desempenho de seu mandato
eletivo.
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Aumenta-se a pena em 1/3 (um terço), se o crime é cometido contra
mulher:
I – gestante;
II – maior de 60 (sessenta) anos;
III – com deficiência.

Art. 327. As penas cominadas nos arts. 324, 325 e 326 aumentam-se de 1/3 (um terço) até
metade, se qualquer dos crimes é cometido:
I – contra o presidente da República ou chefe de governo estrangeiro;
II – contra funcionário público, em razão de suas funções;
III – na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da ofensa;
IV – com menosprezo ou discriminação à condição de mulher ou à sua cor, raça ou etnia;
V – por meio da Internet ou de rede social ou com transmissão em tempo real.

LEI TORTURA

• Cabe tentativa e desistência voluntária, se antes do sofrimento físico ou mental.


• NÃO cabe arrependimento posterior, pois o sofrimento já está consumado.
• SUJEITO ATIVO: crime comum. Na Convenção contra a Tortura é crime próprio de
funcionário público.
• CONSUMAÇÃO: com o sofrimento, não importando se alcançou o fim.
• DELITO DE TENDÊNCIA INTERNA TRANSCENDENTE, também conhecido como
crime de intenção. O legislador prevê um elemento a mais que o mero dolo de
praticar a conduta.
• A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a
interdição para seu exercício pelo DOBRO do prazo da pena aplicada. (EFEITO
AUTOMÁTICO)

236
ESPÉCIES:
• TORTURA PROBATÓRIA, PERSECUTÓRIA, INSTITUCIONAL OU INQUISITORIAL:
com o fim de obter INFORMAÇÃO, DECLARAÇÃO ou CONFISSÃO da vítima ou de
terceira pessoa.
• TORTURA CRIME: para PROVOCAR ação ou omissão de natureza criminosa.
• TORTURA DISCRIMINATÓRIA, PRECONCEITUOSA OU TORTURA RACISMO: em
razão de discriminação RACIAL ou RELIGIOSA.
• TORTURA CASTIGO OU PUNITIVA: SUBMETER alguém, sob sua guarda, poder ou
autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a INTENSO sofrimento físico
ou mental, como forma de aplicar CASTIGO PESSOAL ou MEDIDA DE CARÁTER
PREVENTIVO. [Crime próprio]
• TORTURA EQUIPARADA: Na mesma pena INCORRE quem submete pessoa presa
ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da
prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal. [Não tem
finalidade específica]
• TORTURA OMISSÃO OU IMPRÓPRIA: Aquele que SE OMITE em face dessas
condutas, quando TINHA o DEVER DE EVITÁ-LAS ou APURÁ-LAS, INCORRE na pena de
detenção de 1 a 4 anos. [Não hediondo] [Cabe sursis]
Qualificadoras: se resulta lesão corporal grave ou gravíssima ou morte.
TORTURA COM RESULTADO MORTE TORTURA COMO MEIO PARA MATAR
A intenção era a de torturar, a morte foi A intenção era desde o início a de matar,
consequência, foi "sem querer"... isso só que o agente se utilizou da tortura para
caracteriza crime Preterdoloso (ou seja, atingir o objetivo morte. Quando a
Dolo na tortura e Culpa na morte). questão diz que o agente assume o risco de
produzir o resultado morte, refere-se ao
dolo eventual (uma das modalidades do
dolo), o que indica a intenção de cometer
o homicídio qualificado pela tortura.

MAJORANTE + 1/6 a Cometido por agente público; contra criança, adolescente,


1/3* maior de 60 anos, gestante ou PCD; mediante sequestro.

Art. 2º O disposto nesta Lei APLICA-SE ainda quando o crime não tenha sido cometido em
território nacional, sendo a vítima brasileira [extraterritorialidade incondicionada] ou
encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira (extraterritorialidade
condicionada).

LEI DE PRECONCEITO RACIAL

EFEITOS DA • Perda do cargo ou função pública.


CONDENAÇÃO • Suspensão do funcionamento do estabelecimento
NÃO automáticos particular por prazo NÃO SUPERIOR a 3 meses.

237
No crime de praticar, induzir ou incitar a discriminação ou
EFEITO DA preconceito, se as condutas são praticadas por meio de
CONDENAÇÃO comunicação social ou publicações, é efeito automático da
AUTOMÁTICO condenação após o trânsito em julgado a destruição do
material apreendido.

INOVAÇÃO LEGISLATIVA – 2023:

Art. 2º-A - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, EM RAZÃO DE RAÇA,


COR, ETNIA OU PROCEDÊNCIA NACIONAL.
Pena: reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

PENA AUMENTA DE METADE Se o crime for cometido mediante CONCURSO DE 2 ou


+ PESSOAS.

Art. 20. PRATICAR, INDUZIR OU INCITAR a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia,
religião ou procedência nacional.

Cometido por intermédio dos meios de comunicação social, de


publicação em redes sociais, da rede mundial de computadores
ou de publicação de qualquer natureza (Pena 2 a 5 anos).
QUALIFICADORAS Cometido no contexto de atividades esportivas, religiosas,
artísticas ou culturais destinadas ao público (Pena 2 a 5 anos E
PROIBIÇÃO DE FREQUÊNCIA, POR 3 (TRÊS) ANOS, A LOCAIS
DESTINADOS A PRÁTICAS ESPORTIVAS, ARTÍSTICAS OU
CULTURAIS destinadas ao público, conforme o caso).

§ 2º-B Sem prejuízo da pena correspondente à violência, incorre nas mesmas penas
previstas no caput deste artigo quem obstar, impedir ou empregar violência contra
quaisquer manifestações ou práticas religiosas.

Os crimes previstos nesta Lei Se: Em contexto ou com intuito de descontração,


terão as penas: + 1/3 ATÉ diversão ou recreação; Praticados por funcionário
METADE público (nesse último caso apenas nos crimes
previstos nos arts. 2º-A e 20 da Lei).*

Art. 20-D. Em TODOS os atos processuais, cíveis e criminais, a vítima dos crimes de racismo
deverá estar acompanhada de advogado ou defensor público.

LEI CRIMES HEDIONDOS

ROL TAXATIVO: (critério legal. Não admite cláusulas salvatórias – permitem que o juiz, no
caso concreto, retire a hediondez) TENTADOS OU CONSUMADOS:

• HOMICÍDIO qualificado e praticado por grupo de extermínio, ainda que por 1


pessoa.
• LESÃO CORPORAL gravíssima e seguida de morte, quanto contra agente do art. 142

238
e 144 da CF. [GRAVE NÃO]
• ROUBO circunstanciado pela restrição da liberdade da vítima, pelo emprego de
arma de fogo permitido, proibido e restrito; e qualificado pela lesão corporal grave ou
morte.
• EXTORSÃO qualificada pela restrição da liberdade da vítima, ocorrência e lesão
corporal ou morte.
• EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO e na forma qualificada.
• ESTUPRO.
• ESTUPRO DE VULNERÁVEL.
• EPIDEMIA com resultado morte.
• FALSIFICAÇÃO, CORRUPÇÃO, ADULTERAÇÃO ou ALTERAÇÃO de produto destinado
a fins terapêuticos ou medicinais.
• FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO ou de outra forma de exploração sexual de
criança, adolescente ou vulnerável.
• FURTO qualificado pelo emprego de explosivos.
• GENOCÍDIO.
• Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso PROIBIDO.
• COMÉRCIO ilegal de arma de fogo.
• TRÁFICO internacional de arma de fogo, acessório ou munição.
• ORGANIZAÇÃO CIMINOSA direcionada a prática de crime hediondo ou equiparado.

EQUIPARADOS: Tortura; Tráfico de drogas; Terrorismo.

São insuscetíveis de: anistia (CN +PR), graça, indulto (PR) e fiança.
PRISÃO TEMPORÁRIA: 30 dias + 30 dias.

LEI PRISÃO TEMPORÁRIA

• Quando imprescindível para as investigações do inquérito


policial – periculum libertitis.
• Quando o indiciado não tiver residência fixa ou não fornecer
elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade.
• Quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova
admitida na legislação penal, de autoria ou participação do
indiciado nos crimes abaixo citados (e crimes hediondos) - fumus
CABIMENTO comissi delicti.
ATENÇÃO: Recentemente, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento
virtual das ADIs nº 3.360 e 4.109, referente à constitucionalidade da
prisão temporária (Lei 7.960/89), fixou, com efeito vinculante, 3 “novos”
requisitos que devem ser observados para a decretação da prisão
temporária, quais sejam:
• Quando for justificada em fatos novos ou contemporâneos que
fundamentem a medida – contemporaneidade, à luz do art. 312,
§ 2º, CPP.
• Quando a medida for adequada à gravidade concreta do crime,
às circunstâncias do fato e às condições pessoais do indiciado.
• Quando se comprovar a insuficiência das medidas cautelares
diversas da prisão, previstas nos art. 319 e 320 do CPP – prisão
como última ratio.

239
Homicídio doloso; Sequestro ou cárcere privado; Roubo; Extorsão;
ROL Extorsão mediante sequestro; Estupro; Epidemia com resultado de
TAXATIVO morte; Envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou
DE CRIMES medicinal qualificado pela morte; Associação criminosa; Genocídio
Tráfico de drogas; Crimes contra o sistema financeiro.
A prisão temporária, além dos crimes visto acima, também é cabível
para crimes hediondos e equiparados.
APENAS na fase investigatória (tanto em relação ao inquérito policial
MOMENTO quanto a outros procedimentos investigatórios).
• CRIMES COMUNS: 5 dias, prorrogáveis por + 5 dias.
PRAZOS • CRIMES HEDIONDOS: 30 dias, prorrogáveis por + 30 dias.

LEI INVESTIGAÇÃO CRIMINAL CONDUZIDA PELO DELEGADO DE POLÍCIA

Art. 2º, § 4º O inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei em curso SOMENTE
poderá ser AVOCADO OU REDISTRIBUÍDO por SUPERIOR HIERÁRQUICO, mediante
despacho fundamentado, por motivo de interesse público ou nas hipóteses de
inobservância dos procedimentos previstos em regulamento da corporação que
prejudique a eficácia da investigação.
§ 6º O INDICIAMENTO, PRIVATIVO DO DELEGADO DE POLÍCIA, dar-se-á por ato
fundamentado, mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria,
materialidade e suas circunstâncias.

LEI ANTITERRORISMO

CONCEITO DE TERRORISMO: prática por UM OU MAIS INDIVÍDUOS dos atos previstos


neste artigo, por razões de xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e
religião, quando cometidos com a finalidade de provocar terror social ou generalizado,
expondo a perigo pessoa, patrimônio, a paz pública ou a incolumidade pública.
• A lei prevê a possibilidade de desistência voluntária e arrependimento eficaz antes
de iniciada a execução do crime de terrorismo.
• COMPETÊNCIA: Justiça Federal, cabendo a POLÍCIA FEDERAL a investigação.

Art. 5º Realizar atos preparatórios de terrorismo com o propósito inequívoco de consumar


tal delito:
Pena - a correspondente ao delito consumado, diminuída de um quarto até a metade.
§ 1º Incorre nas mesmas penas o agente que, com o propósito de praticar atos de
terrorismo:
I - recrutar, organizar, transportar ou municiar indivíduos que viajem para país distinto
daquele de sua residência ou nacionalidade; ou
II - fornecer ou receber treinamento em país distinto daquele de sua residência ou
nacionalidade.
§ 2º Nas hipóteses do § 1º, quando a conduta não envolver treinamento ou viagem para
país distinto daquele de sua residência ou nacionalidade, a pena será a correspondente ao
delito consumado, diminuída de metade a dois terços.

240
ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL

CONCEITOS IMPORTANTES
Toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada
em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica
DISCRIMINAÇÃO RACIAL que tenha por objeto anular ou restringir o
OU ÉTNICO-RACIAL reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de
condições, de direitos humanos e liberdades fundamentais
nos campos político, econômico, social, cultural ou em
qualquer outro campo da vida pública ou privada.
Toda situação injustificada de diferenciação de acesso e
DESIGUALDADE RACIAL fruição de bens, serviços e oportunidades, nas esferas
pública e privada, em virtude de raça, cor, descendência ou
origem nacional ou étnica.
DESIGUALDADE DE Assimetria existente no âmbito da sociedade que acentua
GÊNERO E RAÇA a distância social entre mulheres negras e os demais
segmentos sociais.

Alterações efetuadas neste material (sinalizadas com asterisco):

Página 212: foi acrescentado o caso de utilização de ativo virtual no quadro de aumento
de pena.
Página 237: foi retificado o aumento de pena da lei de tortura para que conste 1/6 a 1/3.
Página 238: o aumento de 1/3 à metade nos crimes praticados por funcionário público se
dá apenas nos crimes previstos nos arts. 2º-A e 20 da Lei.

241
18/10/23

MEDICINA LEGAL
DELTA

Aspectos relevantes das lesões corporais


Lesão corporal grave: O inciso III do §1º do art. 129 do CP remete à debilidade
permanente de membro, sentido ou função. Sentido se refere aos cinco sentidos
humanos: tato, olfato, paladar, visão, audição.
Obs.: Pênis não é membro; é órgão. A debilidade permanente do pênis seria uma
debilidade permanente da função reprodutiva, da função erétil.

Importante: Perda de órgãos duplos. Exemplo de órgãos duplos: os olhos, pulmões,


rins, ouvidos, etc. Se houver a perda de um olho e o outro estiver mantido, não haverá
cegueira total, haverá debilidade permanente do sentido da visão. Assim, a perda de
um dos órgãos duplos, estando o outro em condição de normalidade, acarreta a
debilidade permanente do sentido ou da função, a depender do órgão em questão.
• Perda de um olho estando o outro normal: Haverá apenas debilidade (lesão
corporal grave)
• Perda da visão: Cegueira total é lesão corporal gravíssima.
• Dedo: Não é membro. Assim, a perda de um dedo da mão levará à debilidade
da função (lesão corporal grave). Alguns autores sustentam que se o dedo
perdido for o polegar, único dedo que faz a função opositora, haveria lesão
corporal gravíssima pela perda da função opositora.
• Perda da audição em 1 ouvido: lesão grave.

Documentos médico‐legais
Diferença entre auto e laudo médico legal: os relatórios médico-legais são os
documentos resultantes da atuação do serviço médico-legal. Podem se apresentar na
forma de auto, quando ditado ao escrivão, ou laudo, elaborado pelo próprio perito.
O Relatório médico-legal é divido em 7 partes:
1) Preâmbulo: É uma introdução. Nele consta data, hora, local, nome, qualificação
do examinado, qualificação dos peritos.
2) Histórico: Relato dos fatos ocorridos, por informações colhidas do interessado
ou de terceiros.
3) Quesitos: São as perguntas que os técnicos irão responder, de forma afirmativa
ou negativa.
4) Descrição: É a parte mais importante do relatório. Visum et repertum (ver e
repetir). O perito deve traduzir em palavras as sensações que experimenta ao
realizar o exame.
5) Discussão: As lesões encontradas são analisadas cientificamente e comparadas
com os dados históricos, gerando a formulação de hipóteses.
6) Conclusão: O perito toma uma postura após o diagnóstico, juízo de valor.
7) Resposta aos quesitos: Tem como finalidade estabelecer a existência de um
fato típico ou não.

242
Parecer médico legal: consulta médico-legal que envolve divergência importante sobre
interpretação de determinada perícia. Não há DESCRIÇÃO. São partes do parecer:
preâmbulo, exposição, discussão e conclusão.
Atestado médico: informações prestadas por escrito a respeito de determinado fato
de interesse médico, bem como suas consequências.
Notificação: comunicação feita por profissional da saúde, em determinados casos,
compulsória, como ocorre na Lei de transplante de órgãos.

JÁ CAIU (VUNESP 2018) Toda perícia médico-legal se materializa por meio da emissão
de um documento denominado laudo pericial. A parte do laudo, minudente,
pormenorizada, detalhada e que dá embasamento à prova pericial é denominada
Descrição. (CORRETO)

JÁ CAIU (VUNESP 2018) Um eminente médico e professor de medicina legal de


renomada universidade recebeu uma consulta sobre determinado assunto de sua
especialidade. Portanto, ao responder por escrito, objetivando esclarecer dúvidas
existentes em um relatório médico legal, ele emitirá um documento denominado:
Parecer. (CORRETO)

Identificação criminal
Fundamentos biológicos ou técnicos para um método ser aceitável e seguro:
1) Unicidade: determinado elemento seja especifico daquele indivíduo,
distinguindo-se dos demais.
2) Imutabilidade: as características precisam ser imutáveis, não se alterando com
o passar do tempo.
3) Perenidade: capacidade de determinados elementos resistirem à ação do
tempo, durando por toda a vida, e até após a morte, como por exemplo o
esqueleto.
4) Praticabilidade: o método deve ser prático, tanto na obtenção quanto no
registro.
5) Classificabilidade: deve haver metodologia no arquivamento, propiciando
rapidez e facilidade na busca dos registros.

Método de identificação datiloscópica de VUCETICH:


Quatro tipos fundamentais:
1) Arco: Ausência de delta.
2) Presilha Interna: delta à dIreita do observador.
3) Presilha Externa: delta à Esquerda do observador.
4) Verticilo: presença de dois deltas.

Fórmula datiloscópica de VUCETICH: representada por uma fração cujo numerador é a


mão direita, chamado de SÉRIE; o denominador é a mão esquerda, chamado de SEÇÃO.

Os polegares iniciam a sequência e são representados por letras, já os dedos indicador,


médio, anular e mínimo, são representados por números.
Dedos defeituosos e cicatrizes são representados pela letra “X”;
Amputações pelo número 0 (zero).

243
• Mnemônico para ajudar na hora da prova*:

V 4
E 3
I 2
A 1
*Arco = 1, Presilha Interna = 2, Presilha Externa = 3 e Verticilo = 4.

JÁ CAIU (VUNESP 2022) Considerando a identificação pelo método dactiloscópico,


assinale a alternativa correta. Os pontos característicos, particularidades papilares do
dactilograma, são elementos individualizadores da impressão digital. (CORRETO)

Tanatologia
Sinais de morte:
1) Abióticos ou avitais negativos:
1.1) Imediatos/ morte aparente/ probabilidade:
• Perda da consciência
• Insensibilidade
• Imobilidade
• Abolição do tônus muscular
• Cessação da circulação
1.2) Consecutivos/tardios/mediatos/certeza de morte:
• Evaporação tegumentar (desidratação – mancha negra escleral de Sommer-
Larcher)
• Resfriamento cadavérico (algor mortis): Temperatura retal diminui 0,5 graus nas
primeiras 3h da morte, depois diminui 1,5 graus por hora. Só vale para as
primeiras 12 a 15 horas da morte.
• Hipóstase (livor mortis): se formam manchas esparsas com 2 a 3 horas da morte;
generalizam ou ficam difusas em 6 a 8 horas; fixam-se entre 6 a 12h e são visíveis
até a putrefação.
• Rigidez cadavérica (rigor mortis): acidificação dos músculos por falta de
oxigenação. Lei de Nysten Sommer-Larcher: começa com 2h, se generaliza com
5 a 8 horas e vai até 24h após a morte, com o início da putrefação. Desaparece
com 36 a 48h.
• Espasmo cadavérico.

2) Transformativos
2.1) Destrutivos:
• Autólise: destruição das células pela ação de suas próprias enzimas.
• Putrefação: decomposição da matéria orgânica.
• Maceração séptica: líquido contaminado. Ex.: afogamento.
• Maceração asséptica: fetos retidos a partir do 5º mês de gestação. Sem
presença de germes no líquido amniótico.
2.2) Conservadores:
• Mumificação: ocorre após o 2º ou 3º mês após a morte. Falta de umidade
é condição essencial. Pode ser provocado ou artificial (embalsamento),
geral ou local, espontâneo ou natural, superficial ou profunda.

244
• Saponificação ou adipocera: transforma o tecido do corpo em substância
amarelo-acinzentada, untuosa, mole ou quebradiça. Se dá em torno de 1,
2 ou 3 meses após a morte.
• Corificação: dá ao cadáver aspecto semelhante ao couro.

Fases/períodos da putrefação:
• Coloração ou cromática: surge entre 20 e 24 horas após a morte e pode durar
até 7 dias. Tem início com a mancha verde abdominal localizada na fossa ilíaca
direita.
• Enfisema ou gasosa: inicia em média de 2 semanas e se torna máxima em 5 a 7
dias. Em razão dos gases produzidos no interior do cadáver, este adquire
aparência de agigantamento, com protusão da língua e inchaço dos genitais.
Circulação póstuma de Brouardel.
• Coliquativa: dissolução do cadáver pela ação das bactérias e da fauna cadavérica.
• Esqueletização: redução do cadáver às suas partes ósseas.

JÁ CAIU (VUNESP 2018) São os 3 fenômenos abióticos mediatos que ocorrem


progressivamente após a morte. Algor (resfriamento), livor (manchas de hipóstase) e
rigor (rigidez cadavérica). Destes, a rigidez generalizada pode ser observada: entre 8 e
24 horas após o óbito. (CORRETO)
JÁ CAIU (VUNESP 2018) A putrefação é o processo de decomposição da matéria
orgânica por bactérias e pela fauna macroscópica, sendo um fenômeno destrutivo e
transformativo, que acaba por devolvê-la à condição de matéria inorgânica. Alguns
fatores podem influir e alterar esse processo, dentre eles a temperatura ambiente.
Podemos então afirmar corretamente que temperaturas abaixo de zero grau celsius
tendem a conservar indefinidamente o corpo. (CORRETO)
JÁ CAIU (VUNESP 2018) Entre os fenômenos transformativos conservadores, possíveis
de ocorrer no cadáver, a mumificação, geralmente, requer que o corpo encontre-se
em local seco, com alta temperatura e bem ventilado. (CORRETO)
JÁ CAIU VUNESP 2018: Como resultado do processo natural da putrefação do corpo
após a morte, em determinada fase, ocorre uma dissolução dos tecidos, por ação
conjunta de microrganismos e fauna cadavérica, a qual é composta de larvas e insetos.
Esse fenômeno ocorre na fase: coliquativa. (CORRETO)
Obs.: também é conhecido como coliquativa também pode ser chamada de redutora
ou liquefação.

JÁ CAIU (VUNESP 2018) Senhora de 73 anos de idade, viúva, com antecedentes de


diabetes mellitus e doença arterial coronariana, mas sem acompanhamento médico há
5 anos, é encontrada morta na cama onde habitualmente dormia, quando a filha foi
visitá-la. Após acionar a autoridade policial, logo a equipe pericial chega ao local de
morte. Aparentemente, não houve alteração da cena. O cadáver estava em decúbito
dorsal, sem sinais de injúrias externas, com livores de hipóstase fixos, rigidez cadavérica
em todo o corpo e ausência de mancha verde abdominal. Considerando a temperatura

245
ambiente de aproximadamente 20 ºC e ausência de fatores internos e externos que
possam influenciar a cronologia de fenômenos cadavéricos, constitui, com maior
probabilidade, uma estimativa aproximada correta do tempo de morte (intervalo post
mortem):

A) 4 horas
B) 7 horas
C) 15 horas
D) 24 horas
E) 36 horas

GABARITO: C
Devemos fazer o seguinte raciocínio:
Livores fixos: acima de 8 horas(livores não fixos de 1 a 2 horas).
Rigidez cadavérica em todo o corpo: acima de 8 horas (rigidez se dá com 2h pós morte e
se geral depois de 8h.
Mancha verde abdominal: se dá depois de 24h, é início da fase cromática.
Sendo assim, o tempo que mais se aproxima é 15 horas.

Traumatologia

Lesões corporais (art. 129 do CP)


Grave (§1º) Gravíssima (§2º)
Incapacidade para as ocupações Incapacidade permanente para o
habituais por mais de 30 dias. trabalho.
Perigo de vida Enfermidade incurável.
Debilidade permanente de Perda ou inutilização do membro,
membro, sentido ou função. sentido ou função.
Aceleração de parto. Deformidade permanente.
--- Aborto
Mnemônico: PIDA Mnemônico: PEIDA

Instrumento Lesão Exemplo de instrumento


Contundente Contusa Bengala, pau, pedra,
cassetete.
Cortante Incisa Faca, navalha, bisturi.
Perfurante Punctória Agulha, prego, alfinete.
Cortocontundente Cortocontusa Machado, dentes, enxada.
Perfurocortante Perfuroincisa Punhal, espada, estilete.
Perfurocontundente Perfurocontusa Projétil de arma de fogo.

Na equimose, na equimose o sangue extravasou, se infiltrou nas malhas dos tecidos


adjacentes e pode ser visto através de uma membrana (que normalmente é a pele).
Legrand du Saulle desenvolveu a tese do Espectro Equimótico, percebendo que havia
mudança da coloração da equimose com o passar do tempo. Trata-se de importante estudo
para determinar o tempo da lesão:

246
Espectro equimótico de Legrand Du Saulle
TEMPO COLORAÇÃO
1 a 2 dias Vermelho
2 a 3 dias Violáceo
4 a 6 dias Azulada
7 a 10 dias Esverdeada
12 a 15 dias Amarelada
15 a 20 dias Desaparecimento

Obs.: Equimose conjuntival não segue o espectro!

Lesões produzidas por ação contundente

RUBEFAÇÃO Mancha avermelhada, que desaparece em alguns minutos.

Arrancamento traumático da epiderme com exposição da derme sem,


ESCORIAÇÃO contudo, ultrapassá-la. (quando a derme é atingida, teremos uma
ferida). Nas escoriações produzidas no cadáver não há formação de
crosta, a derme é branca e o leito é seco e apergaminhado.

EQUIMOSE Extravasamento de sangue que se infiltra nas malhas dos tecidos


adjacentes.

Sugilação Quando se apresenta em forma de pequenos grãos


(aglomerado de petéquias).
Víbice Quando se apresenta em forma de estrias.
Petéquias Quase sempre se apresentam agrupadas e caracterizadas
por um pontilhado hemorrágico (pequenas equimoses).
Equimona Quando a equimose é de grande proporção.
HEMATOMA Extravasamento de sangue de um vaso calibroso que não se infiltra nas
malhas dos tecidos adjacentes, formando uma nova cavidade.

- raramente há sangramento;
Lesões - não se vê tanto “estrago” na superfície da pele, entretanto, pode
produzidas haver gravidade na profundidade, pelos órgãos e tecidos atingidos;
por ação - quase sempre de menor diâmetro que o do instrumento causador,
perfurante graças à elasticidade e à retratilidade dos tecidos cutâneos.

Quando se trata de um instrumento perfurante de calibre médio, a configuração das


lesões apresenta um aspecto distinto, seguindo a Lei de Filhos e Langer:

Primeira lei de Na mesma região, as lesões produzidas por instrumentos


Filhos perfurantes de médio calibre são paralelas entre si.
(PARALELISMO)
Segunda lei de As feridas se parecem com as produzidas por instrumento de dois
Filhos gumes.
(SEMELHANÇA)

247
Lei de Langer Na confluência de regiões de linhas de forças diferentes (como
(POLIMORFISMO) por exemplo a região posterior da coxa), a extremidade da lesão
toma o aspecto estrelado, polimorfo.

-forma linear, com bordas regulares e fundo da lesão também regular


Lesões - hemorragia quase sempre abundante;
produzidas - comprimento é maior que a profundidade;
por ação - presença de cauda de escoriação voltada para o lado onde terminou a
cortante ação do instrumento;

DEGOLA ESGORJA DECAPITAÇÃO


Lembre de gola (atrás) Lembre de garganta (frente) Separação da cabeça do
Lesões provocadas por Lesões produzidas por corpo e pode ser
instrumentos geralmente instrumentos geralmente oriunda de outras
cortantes na região cortantes nas regiões anterior formas de ação além da
posterior do pescoço, na e/ou lateral do pescoço cortante, especialmente
nuca por instrumentos
cortocontundentes

BALÍSTICA
Orifício de entrada Orifício de saída
Regular Dilacerado (irregular)
Invertido Evertido (bordas pra fora)
Proporcional ao projétil Desproporcional ao projétil (maior)
Com orlas e zonas Sem orlas e zonas

• Trajeto: caminho percorrido pelo projétil no interior do corpo da vítima (trajetO = dentrO)
• Trajetória: caminho percorrido pelo projétil da arma de fogo até a superfície atingida, ou
seja, fora do corpo (trajetóriA = forA).

Orlas ou Halos
• Orlas de escoriação/contusão: causada pelo embate do projétil na rede de capilares
da pele, gerando uma pequena região equimótica (anel de Fisch).
• Orla de enxugo: se forma porque o projétil ao atravessar o cano da arma, se cobre
de resíduos, como graxa, óleo de limpeza da arma, fuligem etc. quando o projétil
entra na pele ele se “limpa” essas impurezas, “enxuga-se” nas bordas da ferida.
• Zona de chamuscamento: disparo efetuado próximo ao alvo, sendo a pele
queimada pela chama e calor que saem da boca do cano da arma. Até 5cm de
distância.
• Zona de esfumaçamento: fumaça (grãos de pólvora combustas) decorrente do
disparo pode atingir o alvo e depositar-se ao redor do ferimento de entrada, quando
a distância for até 30cm.
• Zona de tatuagem: causada pela dispersão de grãos de pólvora incombustas que
atuam como verdadeiros projéteis secundários, penetrando na pele e dando o
aspecto de uma tatuagem. Disparos realizados até 50cm do alvo.

248
Distância Zona de Zona de Zona de tatuagem
chamuscamento esfumaçamento
Até 5cm Sim Sim Não
De 5cm a 10cm Não Sim Sim
De 10cm a 30cm Não Sim Sim
Até 50cm Não Não Sim
Mais de 50cm Não Não Não

• Câmara de mina ou Câmara de Hoffman: ocorre nos tiros encostados com plano
ósseo logo abaixo. Assim, os gases e as micropartículas não conseguem perfurar,
causando ferimento estrelado e de bordos evertidos, em razão do refluxo dos gases.
• Sinal de Romanesi ou Romanese: embora o ferimento de saída não apresente, em
regra, orla de escoriação, quando o corpo atingido pelo disparo está encostado num
anteparo, o projétil, ao sair, em razão da resistência dos tegumentos, causará orla
de escoriação, também na saída.

JÁ CAIU (VUNESP 2018) Com relação aos ferimentos de entrada em lesões produzidas
por projéteis de arma de fogo, é correto afirmar: a aréola equimótica é representada por
uma zona superficial e relativamente difusa, decorrente da sufusão hemorrágica oriunda
da ruptura de pequenos vasos localizados nas vizinhanças do ferimento, geralmente de
tonalidade violácea. (CORRETO)

Asfixiologia

Sinais internos das asfixias mecânicas (tríade asfíxica):

• Fluidez sanguínea (sangue fluido, não coagula, líquido, espesso e escuro).


• Congestão das vísceras.
• Equimoses viscerais (manchas de Tardieu): pequenas manchas vermelhas
(petéquias hemorrágicas), encontradas, principalmente, na região subpleural e
supepicárdica (abaixo das membranas que recobrem o pulmão e o coração), em
razão da ruptura dos capilares por causa da alta pressão arterial provocada pelo
aumento da concentração de gás carbônico no sangue.

Sinais externos:
• Cianose da pele (cor arroxeada ou azulada).
• Equimoses conjuntivas; espuma na boca (cogumelo de espuma); Pink teeth.
• Projeção da língua para fora da boca.
• Resfriamento lento do cadáver.

Sufocação (asfixia mecânica pura):


• Direta: obstrução das vias respiratórias. Soterramento (sinal de Montalti).
Confinamento. Afogamento.
• Indireta: compressão do tórax. Impede o movimento respiratório. Também
conhecida como congestão compressiva de Perthes. Um dos sinais mais
importantes desse tipo de sufocação é a máscara equimótica da face, também
conhecida como máscara de Morestin.

249
Asfixias complexas:
• Estrangulamento: constrição produzida por braço mecânico acionado por força
estranha ao peso do corpo. Típico nos casos de homicídio. Produz sulco contínuo,
com mesma profundidade, abaixo do osso hioide, horizontal, frequentemente tem
mais de uma volta do laço.
• Enforcamento: constrição produzida por braço mecânico acionado pelo peso do
próprio corpo. É completo quando o corpo fica suspenso no ar. Sulco descontínuo,
interrompendo-se nas proximidades do nó. Situa-se acima do osso hioide. É
profundo na região do pescoço oposta ao nó e superficial próximo ao nó. A direção
do nó é oblíqua ascendente.

Asfixias mistas:
• Aquelas que se confundem e se superpõem, em graus variados, aos fenômenos
circulatórios, respiratórios e nervosos: ESGANADURA.

JÁ CAIU (VUNESP 2022) Em relação à asfixiologia médico-legal, é correto afirmar que


equimoses viscerais (ou manchas ou petéquias de Tardieu) são localizadas
principalmente nas regiões sub-conjuntival, sub-pleural e sub-epicárdica. (CORRETO)

JÁ CAIU (VUNESP 2022) Vítima do sexo feminino, caucasiana, 38 anos, encontrada morta
por familiares com barbante envolto no pescoço. A avaliação necroscópica revelou no
exame externo sulco cervical estreito horizontalizado, ininterrupto, sem marca de nó;
além de marcas de escoriação lineares, perpendiculares ao sulco, bilateralmente. O
exame interno do cadáver demonstrou hemorragia no tecido muscular cervical de
sustentação do feixe vásculo-nervoso. Pulmões hiperinsuflados. Petéquias em pulmões
e coração. Congestão polivisceral. A provável causa mortis foi asfixia por:
estrangulamento. (CORRETO)
Qual foi o principal sinal que nos permitiu chegar ao estrangulamento?
“Sulco cervical estreito horizontalizado” que indica o estrangulamento. No
enforcamento, o sulco é oblíquo ascendente.

JÁ CAIU (VUNESP 2015) Adolescente de 15 anos é avaliado em uma perícia. Ele


apresentava: (a) dificuldade na fala, rouquidão e relatava dor na região cervical e na face;
(b) edema e equimose de coloração vermelho-violácea na região periorbitária direita e
esquerda; (c) hemorragia conjuntival e petéquias na pálpebra inferior de ambos os olhos;
(d) escoriação linear, horizontal, uniforme, de coloração avermelhada, medindo 0,4 cm
de largura, localizada abaixo da tireoide, estendendo-se pela circunferência do pescoço
e interrompendo-se em sua região lateral esquerda. A perícia descrita mais
provavelmente sugere:
A) estrangulamento por tentativa de homicídio.

O que nos permite concluir que é essa a resposta?


“Escoriação linear, horizontal, localizada abaixo da tireoide” = esses sinais sugerem a
ocorrência de estrangulamento.
No enforcamento, o sulco é descontínuo, de profundidade variável, acima do osso hioide.

250
Lesões por ações térmicas

Queimaduras: quanto à gravidade, Lussena/Hoffman admitem quatro graus:

• 1º Grau: são leves, apresentando Sinal de Christinson, simples formação de


eritemas. Edema. Dor.
• 2º Grau: apresenta vesículas ou flictenas (bolhas/derme desnuda) contendo
líquido seroso nas áreas erimatosas. Muito dolorosa. Sinal de Chamber =
conteúdo do líquido das bolhas.
• 3º Grau: atingem a derme e os tecidos adjacentes, dando origem à formação de
escaras. Indolor.
• 4º Grau: hipótese de carbonização.

Toxicomanias e Embriaguez
Modalidades de Embriaguez:
• Não acidental: em regra, não exclui a imputabilidade penal, tanto na modalidade
culposa, quanto na voluntária.
• Acidental: o indivíduo ficou embriagado por acidente de forma fortuita ou por ter
sido obrigada por terceiros, como força maior. Exclui a imputabilidade ou atenua
a pena.
• Patológica: É a situação do indivíduo que bebe um pouquinho, mas ele fica
completamente desorientado, embriagado, mesmo tendo tomado uma
quantidade de substância que não faria mal a ninguém. Exclui a imputabilidade ou
atenua a pena.
• Preordenada: Previamente ordenada, com o objetivo especial de agir, ou seja, a
pessoa fica embriagada para comete atos ilícitos, por essa razão, se trata de uma
circunstância agravante.
Fases da embriaguez:
• Fase do macaco: o sujeito fica animado, falador, verborreico (falar demais);
• Fase do Leão (médico legal): fase de agressividade irritabilidade, fase em que
pode cometer crimes.
• Fase do porco: comatosa não há mais consciência.
Drogas:
• Psicolépticas: DEPRESSORAS do SNC. Álcool, barbitúricos, opiáceos e
benzodiazepínicos. Mnemônico: BOBA.
• Psicoanalépticas: ESTIMULANTES do SNC. Cocaína, anfetaminas, ecstasy, crack.
• Psicodislépticas: PERTURBADORAS do SNC. Maconha, mescalina, cogumelo, LSD,
Ayauasca (santo daime).

JÁ CAIU (VUNESP 2022) Em relação às intoxicações e seus efeitos deletérios no


organismo, que levam, em circunstâncias mais graves, à morte do indivíduo, constitui
uma das intoxicações agudas que mais frequentemente se associa a óbito em nosso país:
o álcool. (CORRETO)

JÁ CAIU (VUNESP 2015) Durante uma avaliação pericial em um homem de 22 anos, são
constatadas as seguintes características: lesões puntiformes em região antecubital
direita; pupilas extremamente mióticas; rebaixamento do nível de consciência; redução
da frequência respiratória e redução da temperatura corpórea. Em relação aos achados

251
descritos, assinale a alternativa correta. Os achados corroboram o uso de droga ilícita
com característica do tipo opioide (heroína). (CORRETO)

Lesões e morte por ação elétrica

Eletricidade natural (cósmica):


• Fulminação: morte decorrente da descarga elétrica.
• Fulguração: lesões corporais decorrentes da descarga elétrica.
• Sinal de Lichtemberg: sinal específico de lesão por eletricidade natural. Aspecto
arboriforme ou de samambaia.

Eletricidade industrial (eletroplessão):


• Sinal de Jellinek: sinal específico de lesão de entrada provocada por eletricidade
industrial, indolor, forma circular ou estrelada, escavada, em baixo relevo, com
bordos elevados, secos, duros e apergaminhados e tonalidade amarelo-
acastanhado ou branco-amarelada.

Sexologia Forense
Tipos de aborto:
• Legal/terapêutico: quando não há outro meio de salvar a vida da gestante. Está
previsto no art. 128, I, CP. Não existe crime (estado de necessidade).
• Sentimental ou humanitário: autorizado quando a gravidez é decorrente de
estupro, desde que autorizado pela gestante, previsto no art. 128, II, CP. Não
existe crime.
• Natural: gravidez é interrompida de forma espontânea pelo organismo da
gestante. Não existe crime.
• Acidental: decorre de causas externas, acidentes. Não existe crime, visto que não
existe dolo.
• Doloso: quando a gestante age para interromper a gravidez. Crime previsto nos
artigos 124 a 127, CP.
• Eugênico: quando o feto apresenta graves e irreversíveis deformidades. Caso de
anencefalia, conforme decidido pelo STF não é crime.
• Econômico: tem como justificava do aborto a situação de miséria da gestante,
qualifica como aborto.
• Honoris Causa: realizado para oculta desonra própria, qualifica como aborto.

JÁ CAIU (VUNESP 2014) Mulher de 23 anos de idade, sexualmente ativa, procura serviço
médico devido a fortes e lancinantes dores abdomino- pélvicas há 1 hora. O exame clínico,
associado a exames laboratoriais e de imagem, revela gestação ectópica com embrião
fixado e viável em tuba uterina esquerda. A paciente evade-se do local e 3 meses após
retorna, agora com franco quadro de hemorragia interna, evoluindo com choque
hemodinâmico e parada cardiorrespiratória. Os médicos revertem a parada e, analisando
o histórico, determinam que a causa do sangramento provém da ruptura da tuba uterina,
que é imediatamente retirada cirurgicamente. Essa condição configura, do ponto de vista
médico-legal, um aborto terapêutico. (CORRETO)

252
JÁ CAIU (VUNESP 2022) No que se refere ao estabelecido na legislação vigente que aborda
a violência sexual, é correto afirmar que a interrupção legal de uma gravidez indesejada,
decorrente de violência sexual, pode ser realizada com base na caracterização da violência
através do relato da vítima, mesmo na ausência de parecer técnico pelo Instituto Médico
Legal. (CORRETO)
JÁ CAIU (VUNESP 2014) A expulsão de um concepto do útero materno, com menos de 20
semanas de gestação, devido à presença de um leiomioma uterino, é considerada um
aborto espontâneo. (CORRETO)

CURÚNCULAS Retalhos de hímen roto pelo partovaginal, os quais se retraem


MIRTIFORMES constituindo verdadeiros tubérculos em sua implantação

ENTALHES ROTURAS
-São congênitos (a mulher já nasce com o -São traumáticas.
hímen irregular). -Mais profundas geralmente.
-Geralmente apresentam ângulos Bordas irregulares com tecido cicatricial
arredondados formato de U. espesso.
-Bordas regulares, disposições simétricas e -Bordas coaptam-se totalmente.
sem processo inflamatório. -Geralmente ângulos agudos – formato de V.

→ No Brasil, há uma elevada incidência de casos de violência sexual. Além do exame clínico,
há a necessidade de constatar o sêmen coletado do corpo da vítima. Um exame indicativo
de sêmen em casos forenses é a detecção de ANTÍGENOS PROSTÁTICOS ESPECÍFICOS.
→ A presença do PSA na secreção vaginal é considerada um vestígio de ocorrência de
conjunção carnal.
→ Em caso de “agente vasectomizado” a ejaculação é constatada no fluido vaginal através
da dosagem de fosfatase ácida (acima de 300 UI) ou pela presença de glicoproteína P30
(PSA).

Transtornos sexuais
Parafilias:
• Anafrodisia: diminuição do desejo sexual do homem.
• Bestialismo/zoofilia: satisfação sexual com animais.
• Cromoinversão: preferência sexual por parceiro de cor diferente da própria.
• Cronoinversão (gerontofilia): predileção de jovens por pessoas de idade
avançada.
• Cropofilia: prazer sexual relacionado ao contato com fezes ou o ato de
defecação.
• Dollismo: preferência sexual por bonecas ou manequins com conformação
humana.
• Edipismo: tendência ao incesto, prática sexual entre parentes próximos.
• Frigidez: diminuição do desejo sexual da mulher.
• Frotteurismo: necessidade de esfregar os órgãos sexuais em outra pessoa.
• Voyeurismo/mixoscopia: prazer sexual em assistir a relação de outrem.
• Necrofilia: prática de atos sexuais com cadáveres.
• Pedofilia: prática sexual com crianças.
• Pigmalionismo: atração por estátuas.

253
• Riparofilia: atração por mulheres sem higiene, fétidas, imundas. Também fazem
parte desta predileção dos riparofílicos as parceiras que se apresentem
menstruadas ou com infecções vaginais.
• Onanismo: prática compulsiva de automasturbação manual masculina, também
chamada de quiromania.

JÁ CAIU (VUNESP 2014) A atração sexual por estátuas, manequins ou bonecos, que
poderá redundar em prática de simulação de carícias ou de atos libidinosos com tais
objetos em locais públicos, é denominada agalmatofilia ou pigmalionismo. (CORRETO)

Lei sobre Transplante e Doação de Órgãos (Lei nº 9.434/97).


Por ter sido tema de questão na última prova, vale alguns apontamentos sobre essa lei:
• Transplantes podem ser realizados em vida ou post mortem (que será realizado
somente após o diagnóstico de morte encefálica).
• Vedada a remoção de órgão ou partes do corpo de pessoa não identificadas.
• Dos crimes e sanções é indispensável a leitura da lei seca, artigos 14 a 23.

JÁ CAIU (VUNESP 2022) A Lei no 9.434/97 dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e
partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento e dá outras providências.
Em relação às sanções penais e administrativas dessa Lei, é correto afirmar que: remover
tecidos, órgãos ou partes do corpo de pessoa ou cadáver, em desacordo com as
disposições dessa Lei, é punível com pena de reclusão de dois a seis anos e multa de 100 a
360 dias-multa (CORRETO)

EPÔNIMOS IMPORTANTES

→ Sinal de Lacassagne ou Feridas em acordeão: acontece quando a profundidade da


penetração é maior que o próprio comprimento da arma.
→ Sinal de Strassmann: a ação de martelo no crânio é em sentido perpendicular. Também
conhecido como Fratura em saca-bocados.
→ Sinal do mapa-múndi de Carrara: Afundamento parcial e uniforme do crânio com
inúmeras fissuras, produzidos por martelo, em forma de arcos e meridianos.
→ Câmara de mina de Hoffmann: presente em tiros efetuados com o cano da arma encostado.
Ocorre porque s gases da explosão penetram no ferimento e refluem ao encontrar a
resistência do plano ósseo.
→ Sinal de Benassi: Halo fuliginoso na lâmina externa do osso referente ao orifício de entrada,
nos tiros dados no crânio, costelas e escápulas, principalmente quando a arma está sobre a
pele.
→ Sinal de Werkgaertner: Desenho da boca e da massa de mira do cano nos tiros
encostados, quando não há plano ósseo por baixo.
→ Sinal de Romanese: Ocorre quando o corpo atingido por um disparo está encostado em um
anteparo e o projétil, ao sair, encontra resistência dos tegumentos.
→ Sinal de Chambert: Em queimaduras de 2º grau: a superfície apresenta vesículas com líquido
amarelado (sais e proteínas) – bolhas – flictenas.
→ Sinal de Montalti: presença de fuligem nas vias respiratórias. É muito importante para saber
se a vítima estava viva quando o incêndio começou.

254
→ Sinal de Janesie-Jeliac: As flictenas, produzidas pelo calor, mesmo podendo ser provocadas
no cadáver, neste elas não têm conteúdo seroso com exsudato leucocitário.
→ Sinal de Lichtenberg: Lesões externas com aspecto arboriforme e tonalidade arroxeada
na eletricidade natural.
→ Marca elétrica de Jellinek: Lesão da pele, tem forma circular, elítica ou estrelada, de
consistência endurecida, bordas altas, leito deprimido, tonalidade branco-amarelada, fixa,
indolor, asséptica e de fácil cicatrização na eletricidade artificial. Pode apresentar também
a forma do condutor elétrico.
→ Máscara equimótica de Morestin: É a congestão da face. É um sinal externo nas asfixias.
→ Sinal de Alfredo Machado: Pequena lesão cicatricial, de forma triangular, com base na
margem do ânus e vértice no períneo ao nível da união dos quadrantes inferiores.
→ Sinal de Sommer e Larcher: É a mancha da esclerótica (no olho). É um fenômeno abiótico
secundário.

255
6/11/23

DIREITO CIVIL

LINDB Com base nas últimas provas (2014, 2018 e 2022) percebemos
que foi cobrada apenas uma questão.

JÁ CAIU: Assinale a alternativa correta, de acordo com as disposições da Lei de


Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Decreto-Lei n.º 4.657/1942).
A) A lei nova revoga a lei antiga, quando com esta incompatível, ainda que não haja
expressa declaração de revogação.
B) As correções a texto de lei já em vigor não implicam em lei nova.
C) A repristinação é regra no direito brasileiro, admitindo-se disposição legal que
afaste sua incidência.
D) Entende-se por ato jurídico perfeito a decisão judicial da qual não caiba mais
recurso.
E) O Brasil não adota, em regra, o instituto da vacatio legis, salvo no estrangeiro,
quando admitida a obrigatoriedade da lei brasileira.
GABARITO: A

Art. 2º. Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a
modifique ou revogue.

BRASIL: 45 dias, salvo disposição em contrário.


ESTADO ESTRANGEIRO: 3 meses

LEI DO PAÍS DO DOMICÍLIO DA PESSOA Começo e fim da personalidade, Nome,


Capacidade e Direitos de família.
LEI DO PAÍS DA SITUAÇÃO DOS BENS Qualificar os bens e regular as relações a
eles concernentes.
LEI DO PAÍS DO DOMICÍLIO DO Bens móveis que ele trouxer ou se
PROPRIETÁRIO destinarem a transporte para outros
lugares.
LEI DO PAÍS EM QUE SE Qualificar e reger as obrigações.
CONSTITUÍREM

Derrogação: revogação de parte da lei. Ab-rogação = revogação absoluta.

Art. 2°, § 1° a lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando
seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei
anterior.

Art. 2º § 3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei
revogadora perdido a vigência.

256
Art. 1°, § 4° As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.

Em Direito Administrativo, são informações relevantes da LINDB:

➢ Nas esferas administrativa, controladora e judicial, NÃO se decidirá com base em


valores jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas
da decisão.
➢ Na interpretação de normas sobre gestão pública, serão considerados os obstáculos
e as dificuldades reais do gestor e as exigências das políticas públicas a seu cargo,
sem prejuízo dos direitos dos administrados.
➢ Na aplicação de SANÇÕES, serão consideradas a natureza e a gravidade da infração
cometida, os danos que dela provierem para a administração pública, as
circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes do agente.
➢ As sanções aplicadas ao agente serão levadas em conta na dosimetria das demais
sanções de mesma natureza e relativas ao mesmo fato.
➢ A decisão administrativa, controladora ou judicial que estabelecer interpretação ou
orientação nova sobre norma de conteúdo indeterminado, impondo novo dever ou
novo condicionamento de direito, deverá prever regime de transição.
➢ A REVISÃO, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, quanto à validade
de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa cuja produção já se
houver completado levará em conta as orientações gerais da época, sendo vedado
que, com base em mudança posterior de orientação geral, se declarem inválidas
situações plenamente constituídas.
➢ Para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou situação contenciosa na
aplicação do direito público, inclusive no caso de expedição de licença, a autoridade
administrativa poderá, após oitiva do órgão jurídico e, quando for o caso, após
realização de consulta pública, e presentes razões de relevante interesse geral,
celebrar COMPROMISSO com os interessados, observada a legislação aplicável, o
qual só produzirá efeitos a partir de sua publicação oficial.
➢ A decisão do processo, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, poderá
impor COMPENSAÇÃO por benefícios indevidos ou prejuízos anormais ou injustos
resultantes do processo ou da conduta dos envolvidos.
➢ Para prevenir ou regular a compensação, poderá ser celebrado compromisso
processual entre os envolvidos.
➢ O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas
em caso de DOLO ou ERRO GROSSEIRO.
➢ Em qualquer órgão ou Poder, a edição de atos normativos por autoridade
administrativa, salvo os de mera organização interna, poderá ser precedida de
CONSULTA PÚBLICA para manifestação de interessados, preferencialmente por
meio eletrônico, a qual será considerada na decisão.
➢ As autoridades públicas devem atuar para aumentar a segurança jurídica na
aplicação das normas, inclusive por meio de regulamentos, súmulas administrativas
e respostas a consultas.

PARTE GERAL

ATENÇÃO: são absolutamente incapazes apenas os menores de 16 anos.

257
CAPACIDADE DE DIREITO OU DE GOZO CAPACIDADE DE FATO OU DE EXERCÍCIO
- TODA pessoa possui. - Aqueles que tem 18 anos completos e
- Trata-se da aptidão para contrair emancipados.
direitos e deveres na ordem civil. - Trata-se da aptidão para exercer, por si só,
- Equipara-se à noção de personalidade, atos da vida civil.
não pode ser recusada. (os recém- - Não subsistem sem a capacidade de
nascidos e pessoas sem discernimento direito.
possuem).

Morte presumida

COM decretação Nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão


de ausência definitiva.
Extremamente provável a morte de quem estava em perigo de
SEM decretação vida.
de ausência Desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for
encontrado até dois anos após o término da guerra.

Art. 8º Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo


averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão
simultaneamente mortos.

Lesão a direitos da personalidade do morto Lesão à imagem do morto


Legitimados: cônjuge ou qualquer parente em Legitimados: cônjuge, ascendentes
linha reta, ou colateral até o 4º grau. ou descendentes.

É admissível a exclusão de prenome da criança na hipótese em que o pai informou,


perante o cartório de registro civil, nome diferente daquele que havia sido
consensualmente escolhido pelos genitores. (STJ)

Não se admite a declaração de incapacidade absoluta às pessoas com enfermidade ou


deficiência mental. (STJ)

O ordenamento jurídico brasileiro não consagra o denominado direito ao esquecimento.


(STF)

Pessoa física Pessoa jurídica direito privado


Com a inscrição do ato constitutivo no
Com o nascimento com vida. respectivo registro, precedida de
autorização ou aprovação do
Poder Executivo, quando necessária.

258
DOMICILIO
PESSOA NATURAL PESSOA JURÍDICA
Domicílio voluntário: é aquele fixado pela Domicílio no lugar onde funcionam as
vontade da pessoa, como exercício da respectivas diretorias e administrações,
autonomia privada. ou onde elegerem o domicílio especial
nos seus estatutos.
Domicílio necessário ou legal: é o imposto Admite-se a pluralidade de domicílios,
pela lei: - o domicílio dos absolutamente e sendo que isso será possível quando a
relativamente incapazes é o mesmo dos pessoa jurídica de direito privado tenha
seus representantes; - o domicílio do diversos estabelecimentos, como as
servidor público ou funcionário público é o agências ou escritórios de
local em que exercer, com caráter representação ou administração.
permanente, as suas funções; - o domicílio
do militar é o do quartel onde servir ou do
comando a que se encontrar subordinado
(sendo da Marinha ou da Aeronáutica); - o
domicílio do marítimo ou marinheiro é o
do local em que o navio estiver
matriculado; - o domicílio do preso é o
local em que cumpre a sua pena.

Domicílio contratual ou convencional:


domicílio escolhido pelas próprias partes,
em contrato escrito, segundo a autonomia
privada.

JÁ CAIU: Domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência
com ânimo definitivo. Sobre o assunto, assinale a alternativa correta.
A) O domicílio do preso é o lugar onde foi julgada a ação penal.
B) O domicílio do servidor público é o lugar em que ele exerce permanentemente suas
funções.
C) O domicílio do incapaz é o do local onde ele for encontrado.
D) Se a pessoa natural não tiver residência habitual, ter-se-á por seu domicílio a última
residência registrada em seu nome.
E) Se a pessoa natural tiver diversas residências, onde alternadamente viva,
considerar-se-á seu domicílio apenas o lugar onde a profissão é exercida.
GABARITO: B

BENS IMÓVEIS BENS MÓVEIS


Solo e tudo quanto for incorporado ao Bens suscetíveis de movimento próprio;
solo natural ou artificialmente. ou bens de remoção por força alheia,
sem alteração da substância ou da
destinação econômico-social.

259
BENS IMÓVEIS PARA EFEITOS LEGAIS BENS MÓVEIS PARA EFEITOS LEGAIS
Direitos reais sobre imóveis e as ações Energias que tenham valor econômico;
que os asseguram; direito à sucessão direitos reais sobre objetos móveis e as
aberta. ações correspondentes; direitos pessoais
de caráter patrimonial e respectivas
ações.
UNIVERSALIDADE DE FATO UNIVERSALIDADE DE DIREITO
Pluralidade de bens singulares que, Complexo de relações jurídicas, de uma
pertinentes à mesma pessoa, tenham pessoa, dotadas de valor econômico.
destinação unitária. (ex: biblioteca) (ex: inventário)

JÁ CAIU: Sobre as diferentes classes de bens, assinale a alternativa correta.


A) Constitui universalidade de direito a pluralidade de bens singulares que,
pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária.
B) Os bens naturalmente divisíveis só podem tornar-se indivisíveis por determinação
legal.
C) São bens imóveis o solo, o subsolo e o espaço aéreo e apenas o que se lhe
incorporar artificialmente.
D) Consideram-se bens móveis as energias que tenham valor econômico e o direito à
sucessão aberta.
E) Apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos podem ser
objeto de negócio jurídico.

GABARITO: E

TERMO Evento futuro e certo


CONDIÇÃO Evento futuro e incerto
Condição suspensiva: se ocorre, começa a produzir efeitos
Condição resolutiva: se ocorre, extingue os efeitos

Condições impossíveis suspensivas: Condições impossíveis resolutivas:


invalidam o negócio jurídico. inexistência do negócio jurídico.
ERRO DOLO
O agente, sozinho, percebeu mal os A percepção errônea dos fatos foi
fatos. induzida por outrem.

DOLO ESSENCIAL DOLO ACIDENTAL


Anulação do negócio jurídico. Perdas e danos.

Dolo do representante LEGAL Dolo do representante CONVENCIONAL


Representado responde civilmente até a Representado responde solidariamente
importância do proveito que teve. com o representante por perdas e
danos.

260
ESTADO DE PERIGO LESÃO
-Extrema necessidade. -Premente necessidade ou inexperiência.
-Obrigação desproporcional. -Obrigação desproporcional e excessiva.
-Conhecimento da parte contrária. -Parte contrária não precisa saber.
-Objeto é o salvamento da vida de si ou -Objeto é qualquer necessidade, que não
de outrem. o salvamento.

Negócio jurídico NULO Negócio jurídico ANULÁVEL


-Absolutamente incapaz -Relativamente incapaz.
-Objeto ilícito, impossível, -Erro.
indeterminável. -Dolo.
-Motivo determinante ilícito. -Coação.
-Não se revestir de forma prescrita em -Lesão.
lei. -Estado de perigo.
-For preterida solenidade considerada -Fraude contra credores.
essencial pela lei.
-Objetivo fraudar lei imperativa.
-Lei taxativamente declarar nulo.
-Simulação.

OBRIGAÇÕES

Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não
mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso.

Obrigação de dar coisa certa – PERDA

SEM Perdeu-se a coisa sem culpa do devedor, antes da tradição ou pendente


CULPA condição suspensiva: a obrigação é resolvida, sem pagamento de perdas e
danos.
COM Perdeu-se a coisa com culpa do devedor, antes da tradição: o credor poderá
CULPA exigir o equivalente da coisa + perdas e danos.

Obrigação de dar coisa certa – DETERIORAÇÃO

SEM Deteriorou-se a coisa sem culpa do devedor, antes da tradição: credor terá
CULPA duas opções: i) resolve a obrigação, não havendo direito a perdas e danos,
visto que não há culpa do devedor; ii) fica com a coisa, abatendo do preço a
desvalorização da coisa. Também não terá perdas e danos.
COM Deteriorou-se a coisa com culpa do devedor, antes da tradição: o credor
CULPA poderá exigir o equivalente da coisa, ou mesmo ficar com a coisa
deteriorada, tendo em qualquer um desses casos direito a perdas e danos,
pois há responsabilidade do devedor.

261
A obrigação de fazer fungível pode ser cumprida por qualquer pessoa,
OBRIGAÇÃO sem que seja o devedor originário. Neste caso, se houver
DE FAZER inadimplemento, com culpa do devedor, poderá o credor exigir que:
FUNGÍVEL o devedor cumpra forçadamente a obrigação; a obrigação seja
cumprida por terceiro à custa do devedor originário; a conversão da
obrigação em perdas e danos, não querendo cumprimento forçado ou
por terceiro. Obs.: Em caso de urgência, pode o credor,
independentemente de autorização judicial, executar ou mandar
executar o fato, sendo depois ressarcido pelo devedor originário.
OBRIGAÇÃO A obrigação de fazer também poderá ser infungível, ou seja,
DE FAZER personalíssima. Neste caso, em caso de inadimplemento, com culpa do
INFUNGÍVEL devedor, o credor tem duas opções: exigir o cumprimento forçado da
obrigação ou exigir perdas e danos. Obs.: No caso de obrigação de fazer
infungível, não é possível pedir para que outro cumpra a obrigação.

OBRIGAÇÃO INDIVISÍVEL OBRIGAÇÃO SOLIDÁRIA


Convertida em perdas e danos Convertida em perdas e danos
Passa a ser divisível Continua sendo solidária

Julgamento CONTRÁRIO a um dos Julgamento FAVORÁVEL a um dos


credores solidários credores solidários
Não atinge os demais Aproveita os demais

Lugar do pagamento

REGRA Domicílio do devedor.


EXCEÇÕES Convenção das partes; resultar da lei; resultar da
natureza da obrigação; resultar das circunstâncias.
2 OU + LUGARES Cabe ao credor escolher entre eles.
TRADIÇÃO DE IMÓVEL
OU PRESTAÇÕES Lugar onde situado o bem.
RELATIVAS A IMÓVEL

CONTRATOS

Interpretação Os contratantes são obrigados a guardar, assim na


integrativa: conclusão do contrato, como em sua execução, os
princípios de probidade e boa-fé.
Interpretação subjetiva Tem como fim a descoberta da intenção dos contratantes
no momento da celebração do contrato.

262
Vícios redibitórios

ALIENANTE CONHECIA O Restituirá o que recebeu com perdas e danos.


VÍCIO OU DEFEITO DA
COISA
ALIENANTE NÃO Tão somente restituirá o valor recebido, mais as
CONHECIA O VÍCIO OU despesas do contrato.
DEFEITO DA COISA

-Perda da coisa adquirida em razão de decisão judicial ou ato


administrativo que reconheça direito de terceiro sobre ela.
- O vendedor (alienante) é responsável pela evicção nos contratos
EVICÇÃO onerosos, mesmo que a aquisição tenha sido feita em hasta pública.
- O evicto (comprador "azarado") tem direito à restituição integral do
preço ou das quantias pagas, bem como a indenizações pelos frutos,
despesas do contrato, custas judiciais e honorários advocatícios.

Evicção parcial, mas considerável Rescisão do contrato ou restituição da


parte do preço correspondente ao
desfalque sofrido.
Evicção parcial, mas não considerável Direito a indenização.

Prazo prescricional na responsabilidade contratual é de 10 anos e na responsabilidade


extracontratual 3 anos (STJ)

RESPONSABILIDADE CIVIL

REGRA: Baseada na CULPA.


SUBJETIVA
Casos especificados em lei; OU quando a atividade normalmente
EXCEÇÃO: desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco
OBJETIVA para os direitos de outrem. (CLÁUSULA GERAL)

Se os pais têm condições de arcar com Os pais responderão diretamente e


os prejuízos. objetivamente.
Se os pais não têm condições de arcar O filho responderá pelos prejuízos
com os prejuízos. subsidiariamente e equitativamente.
Se o filho foi emancipado Pais e filho responderão solidariamente
voluntariamente pelos pais. pela totalidade dos prejuízos.

Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver
pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu,
absoluta ou relativamente incapaz.

Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.

263
Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano,
poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização.

Não pode ser decretada a prisão civil do devedor de alimentos devidos em razão da
prática de ato ilícito. (STJ)

O simples fato de o condutor responsável pelo acidente de trânsito ter fugido sem
prestar socorro à vítima não configura dano moral in re ipsa; logo, o dano moral terá
que ser demonstrado para que haja indenização. (STJ)

POSSE E PROPRIEDADE

Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou
não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.

Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente,
em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida,
podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.

Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência


para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou
instruções suas.

Súmula nº 619, STJ: “A ocupação indevida de bem público configura mera detenção, de
natureza precária, insuscetível de retenção ou indenização por acessões e benfeitorias.”

POSSE JUSTA POSSE DE BOA FÉ


Que não for violentar, clandestina ou Se o possuidor ignora o vício, ou o
precária. obstáculo que impede a aquisição da
coisa.
SUCESSOR UNIVERSAL SUCESSOR SINGULAR
Continua de direito a posse do seu É facultado unir sua posse à do
antecessor. antecessor, para os efeitos legais.

Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não
autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a
violência ou a clandestinidade.

Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação,
restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser
molestado.
§ 1º O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua
própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem
ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse.

264
JÁ CAIU: Tício, mediante ameaça, se apossou do terreno que era possuído por Caio de
forma mansa, pacífica e com animus domini há mais de 30 (trinta) anos. Caio,
utilizando-se de sua própria força, e apenas dos meios indispensáveis, imediatamente
ao esbulho praticado por Tício, restituiu-se na posse, expulsando-o do terreno. Tício,
então, ajuizou uma ação possessória contra Caio, alegando ter sido possuidor do
terreno antes da posse de Caio, por 4 (quatro) anos e possuir título de propriedade do
terreno. Por fim, Tício compareceu à delegacia de polícia, acusando Caio de ter
praticado crime de exercício arbitrário das próprias razões. Acerca do caso narrado,
pode-se corretamente afirmar que:
A) não poderá Caio, na defesa da ação possessória, alegar que adquiriu a área pela
usucapião em razão do tempo e da natureza de sua posse.
B) a conduta de Caio configura o crime de exercício arbitrário das próprias razões, pois
a lei civil veda, de forma expressa, ao possuidor esbulhado restituir-se na posse por
sua própria força.
C) a alegação de Tício de que é proprietário do terreno não poderia ser apresentada
em ação possessória, tendo em vista o acolhimento, pelo Código Civil, da absoluta
separação entre os juízos possessório e petitório.
D) quando mais de uma pessoa se disser possuidora, dever-se-á privilegiar o possuidor
que primeiramente possuiu a coisa, mesmo que esta não esteja na sua posse atual.
E) a posse é um fato que não encontra guarida no ordenamento jurídico, salvo ao
proprietário da coisa, razão pela qual, se Tício comprovar sua propriedade, Caio deve
sair do imóvel, independentemente do tempo de posse.
GABARITO: C

JÁ CAIU: No que tange ao instituto da posse e ao direito real de propriedade, assinale


a alternativa correta, de acordo com as disposições do Código Civil de 2002.
A) Os direitos do detentor equivalem aos direitos do possuidor, havendo legítima
pretensão à proteção possessória.
B) Considerando que a propriedade privada é um dos princípios da ordem econômica,
não se admite a sua perda em razão do abandono, pelo proprietário.
C) Admite-se que o possuidor turbado ou esbulhado proteja sua posse por força
própria, desde que a reação seja imediata e não exceda o indispensável.
D) Em regra, o possuidor não tem pretensão de reintegração de posse quando o
esbulho houver sido praticado pelo proprietário do bem.
E) Em caso de perigo público iminente, o Poder Público pode requisitar a propriedade
privada, sendo faculdade do proprietário ceder ou não o uso às autoridades
competentes.
GABARITO: C

§ 2º Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou


de outro direito sobre a coisa.

Frutos

POSSUIDOR DE BOA-FÉ POSSUIDOR DE MÁ-FÉ


Tem direito aos frutos percebidos, Tem direito a despesas da produção e
enquanto durar a boa-fé. custeio.

265
Deve Restituir: frutos pendentes, ao Responde por todos os frutos colhidos e
tempo em que cessar a boa-fé (depois de percebidos; e pelos que, por culpa sua,
deduzidas as despesas da produção e deixou de perceber, desde o momento
custeio); frutos colhidos com em que se constituiu de má-fé.
antecipação.

Perda ou deterioração da coisa


POSSUIDOR DE BOA-FÉ POSSUIDOR DE MÁ-FÉ
Responde, ainda que acidentais. Salvo,
Não responder a que não der causa. se provar que de igual modo se teriam
dado, estando ela na posse do
reivindicante.

Benfeitorias

POSSUIDOR DE BOA-FÉ POSSUIDOR DE MÁ-FÉ


Tem direito de indenização pelas Tem direito de indenização apenas pelas
benfeitorias necessárias e úteis. necessárias.
Tem direito de levantar as benfeitorias Não tem direito de levantar.
voluptuárias se não lhe forem pagas. Não tem direito de retenção.
Tem direito de retenção das necessárias e
úteis.

Em regra, tempo mínimo de uso em 10 anos. Cai para 5 anos se o imóvel


houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante
USUCAPIÃO do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que os
ORDINÁRIA possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado
investimentos de interesse social e econômico.
Exige justo título e boa fé.
Em regra, tempo mínimo de uso de 15 anos. Cai para 10 anos se o
USUCAPIÃO possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou
EXTRAORDI nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo).
NÁRIA Exige ausência de interrupção e de oposição.
Independe de justo título e de boa-fé.
Tempo mínimo 5 anos.
USUCAPIÃO Imóvel de até 50 hectares.
ESPECIAL Exige ausência de interrupção e de oposição, que o morador não seja
RURAL proprietário de outro imóvel urbano ou rural, que a área seja produtiva
OU PRO por seu trabalho ou de sua família e que tenha lá sua moradia.
LABORE
USUCAPIÃO Tempo mínimo de 5 anos.
ESPECIAL Imóvel de até 250 m.
URBANO Exige ausência de interrupção e de oposição, que morador não seja
OU PRO proprietário de outro imóvel urbano ou rural, que use como sua
MISERO moradia ou de sua família.

266
Tempo mínimo 2 anos.
Imóvel de até 250 m.
USUCAPIÃO Exige ausência de interrupção e de oposição, que morador não seja
FAMILIAR proprietário de outro imóvel urbano ou rural, propriedade era dividida
com ex cônjuge ou ex companheiro que abandonou o lar, utilizando-o
para sua moradia ou de sua família.

DIREITO DE FAMÍLIA

O Direito de Família abrange as normas e regulamentações relacionadas às relações


familiares, incluindo casamento, filiação, divórcio, adoção, guarda de filhos, alimentos,
entre outros aspectos que dizem respeito à organização e proteção das unidades
familiares. Veremos aqui alguns pontos que são mais cobrados pela VUNESP.

REGIME DE BENS
Comunhão Parcial de Bens:
É o regime de bens padrão no Brasil, a menos que os cônjuges optem por outro.
Bens adquiridos antes do casamento e heranças ou doações individuais não entram
na comunhão. Durante o casamento, os bens adquiridos são compartilhados
igualmente pelos cônjuges. Os bens comuns podem ser divididos em caso de divórcio
ou morte de um dos cônjuges.
Comunhão Universal de Bens:
Neste regime, todos os bens, incluindo os adquiridos antes do casamento, são
compartilhados entre os cônjuges. Bens adquiridos por herança ou doação também
entram na comunhão. A dissolução do casamento resulta em uma divisão igualitária
de todos os bens do casal.
Separação de Bens:
Cada cônjuge mantém seus próprios bens, tanto os adquiridos antes quanto durante
o casamento. Qualquer bem adquirido é propriedade exclusiva do cônjuge que o
adquiriu.
Não há partilha de bens em caso de divórcio.
Participação Final nos Aquestos:
É um regime híbrido que combina elementos da comunhão parcial de bens e da
separação de bens. Durante o casamento, os bens são mantidos separados. No
momento da dissolução do casamento, os bens adquiridos por cada cônjuge são
somados, e metade desse valor é partilhado entre eles.

Regime de Separação Obrigatória de Bens:


Alguns casos exigem a separação obrigatória de bens, como quando um dos cônjuges
é menor de idade, é absolutamente incapaz ou possui mais de 70 anos de idade.
Nesses casos, não é permitido escolher outros regimes de bens.

267
Regime de Bens em Pacto Antenupcial:
Os cônjuges têm a liberdade de escolher o regime de bens por meio de um pacto
antenupcial, que é um contrato celebrado antes do casamento. Os termos desse
contrato podem estabelecer qualquer um dos regimes de bens mencionados acima
ou até mesmo regras personalizadas.

JÁ CAIU: José e Maria casaram sob o regime da comunhão universal de bens, no ano
de 1990. Agora decidiram alterar o regime de bens do casamento. Acerca do caso
narrado, assinale a alternativa correta.
A) É possível a modificação do regime desejada pelo casal mediante autorização
judicial em pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões
invocadas e ressalvados os direitos de terceiros.
B) A modificação poderá ser realizada, desde que realizada nova habilitação, bem
como celebrado novo casamento, retificando o casamento anterior, ocasionando a
modificação do regime com efeitos ex tunc.
C) O Código Civil de 1916 não previa a alteração do regime matrimonial; logo, a
despeito da previsão existente no vigente Código Civil, não poderá ocorrer a alteração
desejada pelo casal.
D) É possível a modificação do regime mediante requerimento apresentando ao
cartório de registro civil onde celebrado o casamento, desde que o casal apresente de
forma pormenorizada a relação do acervo patrimonial, bem como publique edital
para conhecimento de eventuais interessados.
E) Desde que realizada escritura pública no tabelião de notas, denominada pacto pós-
nupcial, é possível a alteração do regime de bens, devendo o cartório de registro civil
onde o casamento foi celebrado averbar a alteração solicitada pelo casal.

GABARITO: A

Do Casamento

Art. 1.511. O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de
direitos e deveres dos cônjuges.

Art. 1.512. O casamento é civil e gratuita a sua celebração.


Parágrafo único. A habilitação para o casamento, o registro e a primeira certidão serão
isentos de selos, emolumentos e custas, para as pessoas cuja pobreza for declarada, sob
as penas da lei.

Art. 1.513. É defeso a qualquer pessoa, de direito público ou privado, interferir na


comunhão de vida instituída pela família.

Art. 1.522, parágrafo único, CC: Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver conhecimento da
existência de algum impedimento, será obrigado a declará-lo. Reforçando: a falta de
partilha é causa de suspensão e não de impedimento. Estes estão previstos no art. 1.521,
CC.

268
Art. 1.524, CC: As causas suspensivas da celebração do casamento podem ser arguidas
pelos parentes em linha reta de um dos nubentes, sejam consanguíneos ou afins, e pelos
colaterais em segundo grau, sejam também consanguíneos ou afins.

DOS IMPEDIMENTOS DAS CAUSAS SUSPENSIVAS


Art. 1.521. Não podem casar: Art. 1.523. Não devem casar:

I - os ascendentes com os descendentes, I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do


seja o parentesco natural ou civil; cônjuge falecido, enquanto não fizer
inventário dos bens do casal e der partilha
II - os afins em linha reta; aos herdeiros;

III - o adotante com quem foi cônjuge do II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se
adotado e o adotado com quem o foi do desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até
adotante; dez meses depois do começo da viuvez, ou
da dissolução da sociedade conjugal;
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e III - o divorciado, enquanto não houver sido
demais colaterais, até o terceiro grau homologada ou decidida a partilha dos
inclusive; bens do casal;

V - o adotado com o filho do adotante; IV - o tutor ou o curador e os seus


VI - as pessoas casadas; descendentes, ascendentes, irmãos,
cunhados ou sobrinhos, com a pessoa
VII - o cônjuge sobrevivente com o tutelada ou curatelada, enquanto não
condenado por homicídio ou tentativa de cessar a tutela ou curatela, e não estiverem
homicídio contra o seu consorte. saldadas as respectivas contas.

Art. 1.522. Os impedimentos podem ser Parágrafo único. É permitido aos nubentes
opostos, até o momento da celebração do solicitar ao juiz que não lhes sejam
casamento, por qualquer pessoa capaz. aplicadas as causas suspensivas previstas
nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-
Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de se a inexistência de prejuízo,
registro, tiver conhecimento da existência respectivamente, para o herdeiro, para o
de algum impedimento, será obrigado a ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou
declará-lo. curatelada; no caso do inciso II, a nubente
deverá provar nascimento de filho, ou
inexistência de gravidez, na fluência do
prazo.

DA INVALIDADE DO CASAMENTO
Art. 1.548. É nulo o casamento contraído:

II - por infringência de impedimento.

269
Art. 1.549. A decretação de nulidade de casamento, pelos motivos previstos no artigo
antecedente, pode ser promovida mediante ação direta, por qualquer interessado, ou
pelo Ministério Público.

Art. 1.550. É anulável o casamento:


I - de quem não completou a idade mínima para casar;
II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal;
III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558;
IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento;
V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação
do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges;
VI - por incompetência da autoridade celebrante.

Jurisprudência em teses STJ EDIÇÃO N. 50: UNIÃO ESTÁVEL

- A existência de casamento válido NÃO OBSTA o reconhecimento da união estável,


DESDE QUE haja separação de fato ou judicial entre os casados.

- Na união estável de pessoa maior de setenta anos (art. 1.641, II, do CC/02), impõe-se o
regime da separação obrigatória, sendo possível a partilha de bens adquiridos na
constância da relação, desde que comprovado o esforço comum.

- SÃO INCOMUNICÁVEIS os bens particulares adquiridos anteriormente à união estável


ou ao casamento sob o regime de comunhão parcial, ainda que a transcrição no registro
imobiliário ocorra na constância da relação.

- A coabitação NÃO É elemento indispensável à caracterização da união estável.

- NÃO É POSSÍVEL o reconhecimento de uniões estáveis simultâneas. O STJ já consagrou


o entendimento no sentido de ser inadmissível o reconhecimento de uniões estáveis
paralelas. Assim, se uma relação afetiva de convivência for caracterizada como união
estável, as outras concomitantes, quando muito, poderão ser enquadradas como
concubinato (ou sociedade de fato).

Do Direito das Sucessões

Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros
legítimos e testamentários.

Art. 1.785. A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido.

Art. 1.786. A sucessão dá-se por lei ou por disposição de última vontade.

Art. 1.788. Morrendo a pessoa sem testamento, transmite a herança aos herdeiros
legítimos; o mesmo ocorrerá quanto aos bens que não forem compreendidos no
testamento; e subsiste a sucessão legítima se o testamento caducar, ou for julgado nulo.

270
Art. 1.789. Havendo herdeiros necessários, o testador só poderá dispor da metade da
herança.

Dos Excluídos da Sucessão


I - que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio doloso, ou
tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro,
ascendente ou descendente;

II - que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem


em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro;

III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança
de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade.

Art. 1.815-A. Em qualquer dos casos de indignidade previstos no art. 1.814, o trânsito
em julgado da sentença penal condenatória acarretará a imediata exclusão do herdeiro
ou legatário indigno, independentemente da sentença prevista no caput do art. 1.815
deste Código. (Incluído pela Lei nº 14.661, de 2023)

JÁ CAIU: Sobre a exclusão da sucessão, assinale a alternativa correta.


A) Aquele que caluniou em juízo o autor da herança não será admitido a suceder, ainda
que o ofendido o tiver reabilitado em testamento de forma expressa.
B) Aquele que, por meios fraudulentos, inibir o autor da herança de dispor livremente
de seus bens por ato de última vontade será excluído da sucessão, bastando, para
tanto, decisão administrativa do juiz.
C) O direto de demandar a exclusão do herdeiro extingue-se em quatro anos, a contar
da data de abertura do testamento.
D) Os descendentes do herdeiro excluído sucedem como se ele morto fosse antes da
abertura da sucessão, uma vez que são pessoais os efeitos da exclusão.
E) O excluído da sucessão é obrigado a restituir os frutos e rendimentos que dos bens
da herança houver percebido, sem direito a indenização pelas despesas com a
conservação deles.
GABARITO: D

Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:

I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este


com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de
bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da
herança não houver deixado bens particulares;
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;
III - ao cônjuge sobrevivente;
IV - aos colaterais.
Art. 1.830. Somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se, ao
tempo da morte do outro, não estavam separados judicialmente, nem separados de fato

271
há mais de dois anos, salvo prova, neste caso, de que essa convivência se tornara
impossível sem culpa do sobrevivente.

TESTAMENTO

Art. 1.862. São testamentos ordinários:


I - o público;
II - o cerrado;
III - o particular.

Art. 1.863. É proibido o testamento conjuntivo, seja simultâneo, recíproco ou


correspectivo.

- São proibidas todas as formas de TESTAMENTO COMUM / CONJUNTIVO:

a) TESTAMENTO SIMULTÂNEO - no mesmo testamento, duas pessoas beneficiam uma


terceira
b) TESTAMENTO RECÍPROCO - no mesmo testamento, duas pessoas se beneficiam
reciprocamente
c) TESTAMENTO CORRESPECTIVO - no mesmo testamento, duas pessoas estabelecem
retribuições recíprocas

JÁ CAIU: Pedro, cantor de sucesso de apenas dezessete anos, preocupado com seus bens,
decide fazer um testamento. Sobre a situação hipotética, assinale a alternativa correta.
A) Caso algum herdeiro necessário não beneficiado pelo testamento decida impugnar a
validade do testamento de Pedro, o prazo é de quatro anos, contado o prazo da data do
seu registro.
B) Se Pedro decidir fazer o testamento particular, ele deve ser escrito de próprio punho.
Se for público, pode ser de próprio punho ou por processo mecânico.
C) Serão nulas as disposições de Pedro se ele favorecer as testemunhas do testamento.
D) Pedro pode fazer o testamento conjuntivo com seu irmão para beneficiar seus pais.
E) Por ser relativamente incapaz, Pedro não pode testar, exceto se assistido por seus pais
ou representantes legais.
GABARITO: C

Lei nº 12.318 de 2008 - Dispõe sobre Alienação Parental

Art. 2º Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica


da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós
ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou
vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à
manutenção de vínculos com este.

Parágrafo único. São formas exemplificativas de alienação parental, além dos atos
assim declarados pelo juiz ou constatados por perícia, praticados diretamente ou com
auxílio de terceiros:

272
I - realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da
paternidade ou maternidade;

II - dificultar o exercício da autoridade parental;

III - dificultar contato de criança ou adolescente com genitor;

IV - dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar;

V - omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes sobre a criança


ou adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações de endereço;

VI - apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra avós,
para obstar ou dificultar a convivência deles com a criança ou adolescente;

VII - mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a dificultar a
convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou
com avós.

Segundo o Professor Montaño, há 3 formas de alienação parental:

1) RELACIONAL: dificultando, limitando ou impedindo o tempo de convivência do filho


com o outro genitor (e família e amigos deste), procurando fragilizar ou romper laços
parentais.

2) PSICOLÓGICOS: denegrindo a imagem do outro genitor perante os filhos, e


“implantando” “falsas memórias”, procurando, assim, a rejeição, anulação ou medo do
filho com o genitor.

3) SOCIAL: denegrindo a imagem social do outro genitor nos espaços de socialização do


filho (amigos, familiares, creches/escola, médico, etc), procurando limitar a presença
deste nessas esferas sociais e institucionais do filho.

JÁ CAIU: Acerca da alienação parental, assinale a alternativa correta.


A) Os atos de alienação parental submetem-se ao princípio da tipicidade, ou seja,
somente são atos de alienação parental os expressamente previstos em lei.
B) A omissão, ainda que deliberada, ao outro genitor acerca de informações escolares
da criança não constitui ato de alienação parental.
C) A alienação parental é ato praticado por um dos genitores da criança contra o outro
genitor, não podendo ser praticada por outros familiares, como os avós e tios.
D) A mudança de domicílio para local distante, sem justificativa, visando a dificultar a
convivência da criança com o outro genitor é ato de alienação parental.
E) Caracterizada a existência de qualquer ato de alienação parental, deverá o juiz, de
forma imediata, determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou sua
inversão.
GABARITO: D

273
INFORMÁTICA
DELTA

SISTEMA OPERACIONAL

PASTAS:
• Local onde pode se armazenas outros arquivos e/ou pastas
ARQUIVOS:
• Unidade de informação de texto, áudio, imagem som ou qualquer outro tipo de
dado
OBS.: A extensão faz parte do nome! Exemplo: arquivo.docx é diferente de arquivo.xlsx
• Caminho completo: C:\Usuário\Delegado\B.O.\arquivo.docx
• Caminho relativo: \arquivo.docx

JÁ CAIU (VUNESP):

O símbolo “>” antes da pasta significa que há outros ambientes dentro dele.
Observe que ao clicar no ambiente “Este Computador”, são mostradas as subpastas que
estavam escondidas antes e o símbolo “>” que antes apontava para a direita ficará
apontado para baixo.

ÁREA DE TRASNFERÊNCIA:
• Armazenamento TEMPORÁRIO.
• Capturas de tela e cópias de texto e imagens
• Ctrl+C (copiar) e Ctrl+X (recortar)

274
• O atalho para visualizar a área de transferência no Windows 10 é: Win+V

(Tecla Windows/Win)

ARRASTAR ARQUIVOS E PASTAS ENTRE DISPOSITIVOS IGUAIS E DIFERENTES:

Quando um arquivo ou pasta é ARRASTADO dentro de um mesmo dispositivo (ambos


C:\) o arquivo ou pasta será MOVIDO (equivalente a recortar e colar). Observe abaixo o
demonstrativo:

Quando um arquivo ou pasta é ARRASTADO de um dispositivo (C:\) para outro (D:\), o


arquivo ou pasta será COPIADO (equivalente a copiar e colar). Observe abaixo o
demonstrativo:

Quando um arquivo ou pasta é ARRASTADO dentro de um mesmo dispositivo (ambos


C:\) pressionando a tecla CTRL, o arquivo ou pasta será COPIADO (equivalente a copiar
e colar). Observe abaixo o demonstrativo:

275
Quando um arquivo ou pasta é ARRASTADO de um dispositivo (C:\) para outro (D:\),
pressionando a tecla SHIFT, o arquivo ou pasta será MOVIDO (equivalente a recortar e
colar). Observe abaixo o demonstrativo:

REDES DE COMPUTADORES:

• 2 ou mais dispositivos trocando informações


• Utilizam os mesmos protocolos de comunicação (TCP/IP)

INTERNET:
• Rede mundial de computadores.
• Característica importante: a internet é PÚBLICA (o que não significa que será
gratuita).
• ISP (Provedor de Serviço de Internet): é a empresa que fornece acesso à internet,
geralmente por uma conexão discada, DSL ou de banda larga.

INTRANET:
• Rede interna (privada/restrita/fechada).
• Somente para pessoas autorizadas (colaboradores/funcionários).
• A intranet pode ser acessada mesmo remotamente/à distância (por funcionários
no home office, por exemplo).

EXTRANET:
• É uma extensão da intranet
• Somente para pessoas autorizadas, assim como a intranet
• Destinado a serviços e informações a um grupo restrito.

276
• Voltado para clientes; fornecedores e etc.

PARA FIXAR:

INTERNET Rede mundial de computadores, composta por todos os


computadores do mundo ligados em rede.
INTRANET Conjunto de computadores da Internet com as mesmas
características da Internet, isoladas da rede mundial. Comum
em empresas e órgãos públicos.
EXTRANET Acesso a serviços de Intranet por meio da Internet. Acesso por
Login e senha, ou Rede Privada Virtual.

DEEP WEB:
• Parte da internet não indexada por motores de busca convencionais.
• A maior parte da internet é composta pela Deep Web.

DARK WEB:
• Parte da Deep web que requer um software específico para acesso, como o TOR
(The Onion Router).
• Geralmente vinculada a atividades criminosas devido ao anonimato oferecido
por este recurso de proxy chain.

URL (Uniform Recourse Locator)


• Endereço que identifica um recurso na rede.
• Geralmente é formado por: Protocolo:\\Domínio\caminho\parâmetros

PÁGINA:
• Documento individual que compõe um site.

SITE:
• Conjunto de páginas interligadas que compartilham um mesmo endereço.

NAVEGAÇÃO:
• Ação De explorar, através de um navegador, as páginas da web.
• Acessar informações, recursos, serviços, etc.

MOTORES DE BUSCA:
• Coletam e indexam conteúdos da web. Exemplos: Google, Bing, Yahoo,
DuckDuckGo, etc.

BUSCA AVANÇADA (NO GOOGLE):

• ENTRE ASPAS: “Metodologia Pompeo” -> significa uma busca exata do que está
dentro das aspas.

277
• OR: Metodologia Pompeo OR Metodologia Beatriz Pompeo -> significa que os
dois termos antes e depois de “OR” são objeto da busca. Metodologia Pompeo
OU Metodologia Beatriz Pompeo.
• - (MENOS): Exclui o termo depois do símbolo de menos “-“.
• SITE: busca em um site específico
• LINK: encontra páginas que contenham links para uma URL específica.
• FILETYPE: procura por arquivos com a EXTENSÃO específica.
• RELATED: encontra sites RELACIONADOS a um site específico.
• INTITLE: procura páginas com TÍTULO específico.
• INURL: busca URLs que contenham os termos especificados.
• INTEXT: procura por páginas que contenham um TERMO específico no corpo do
texto.

MENSAGEM ELETRÔNICA:

• Processo de troca de mensagens ou informações por meios eletrônicos.


• E-mail; SMS; WhatsApp; MS Teams; Skype; Fóruns; etc.
• Comunicação síncrona: interação instantânea ou em tempo real. Exemplo:
ligação telefônica; videochamadas.
• Comunicação assíncrona: Não acontece em tempo real. Exemplo: E-mail;
Mensagem de voz; Mensagens de texto; Fóruns online.
ATENÇÃO: WhatsApp é em sua principal essência um modo de comunicação
ASSÍCRONA. Apenas se for feita videochamada ou ligação que se tornará
comunicação SÍCRONA. Algumas bancas já cobraram WhatsApp como sendo de
comunicação síncrona sem especificar se tratava de mensagens ou ligação/vídeo
chamada. A VUNESP ainda não cobrou o tema.

E-MAIL:
• Cliente de e-mail: é o programa específico para o gerenciamento de contas de
e-mail. Exemplo: Outlook e Mozzila Thunderbird.
Utilizam-se dos protocolos: SMIP; IMAP e POP3

• Webmail: é a plataforma de e-mail baseada em web e acessada pelo navegador.


Exemplo: Gmail; Yahoo; Outlook.com (anterior Hotmail), etc.

Qual o mínimo necessário para enviar e-mail?


Pelo menos UM endereço em algum dos campos destinados para tal finalidade (Para;
Cc ou Cco). Não é necessário o preenchimento do campo “Assunto” ou mesmo do
conteúdo o e-mail!

ATENÇÃO:
O campo Cco fica invisível a todos os outros endereços, incluindo os outros do campo
Cco (com exceção do remetente).

278
VOIP (VOZ SOBRE IP):

• COMUNICAÇÃO SÍNCRONA.
• Principais protocolos:
o SIP (Session Initiation Protocol) – gerenciar chamadas.
o RTP (Real-time Transport Protocol) – transferência de áudio de vídeo em
canais distintos (por isso que em uma videochamada, por exemplo, você
consegue desabilitar o microfone e continuar com o áudio e vice-e-versa.
Opera sobre o UDP (a banca VUNESP chama de camada de aplicação).
o RTCP (Real-time Transport Control Protocol) – controle da qualidade da
chamada.

SOFTWARES MALICIOSOS

VÍRUS:
• Código ou pedaço de programa que se insere em outros arquivos e se propaga
infectando outros arquivos.
• Sua ação depende da ação do usuário, isto é, precisa ser executado para iniciar
a contaminação.
• Precisa de um arquivo hospedeiro.

WORM
• Se propaga automaticamente pela rede (auto replicável \ faz várias cópias de si
mesmo).
• Mecanismo de ação: faz varredura pela rede e identifica vulnerabilidades nos
sistemas.
• Não usam arquivo hospedeiro.
• Consume mais recursos do sistema do que o vírus.
• Não depende da ação do usuário (como por exemplo abrir links, etc).

CAVALO DE TROIA

• Aparentam ser programas legítimos.


• Não se replicam sozinhos.
• Depende da ação do usuário

RANSOMWARE
• “Sequestro” dos dados do disco rígido (CRIPTOGRAFIA).
• Suposta liberação mediante pagamento de criptomoedas.

SPAM
• SPAM NÃO É MALWARE, mas pode ser utilizado como mecanismo para a
disseminação de malwares.
• É o envio em massa de mensagens não solicitadas, geralmente de conteúdo
publicitário e por e-mail.

279
ENGENHARIA SOCIAL
• É o conjunto de técnicas para a manipulação de pessoas para a obtenção de
vantagem de qualquer natureza.

PHISHING
• É o ataque voltado para conseguir informações confidenciais, como senhas e
números de cartão de crédito, por meio de mensagens falsas ou sites
fraudulentos
• Consiste no envio de uma “isca” através de um meio eletrônico, por exemplo: e-
mail, redes sociais, etc.

PHARMING
• É o “envenenamento” de DNS que redireciona de uma máquina ou da rede para
a máquina do atacante (site falso).

FIREWALL
• Filtra as conexões de entrada e saída de um computador a uma rede.
• O filtro ocorre a partir de regras (políticas de segurança) que podem ser alteradas
pelo usuário.
• Embora seja capaz de proteger contra o ataque (a ação de vírus e outras ameaças),
o firewall não substitui o antivírus.
• Um firewall pode ser um software ou um hardware e software, sendo que estes
podem ser usados para proteger vários computadores ao mesmo tempo (também
chamados de firewall da rede).

AUTENTICAÇÃO EM DUAS ETAPAS


Envolve o uso de algo que o usuário:
→ SABE: SENHAS
→ É: BIOMETRIA
→ POSSUI: TOKEN

280
HARDWARE

IMPRESSORAS:
• Jato de tinta: cartucho de tinta líquida.
• Laser: usam toner em pó.
• Matriciais: usam matriz de pinos para imprimir caracteres.
• 3D: criam objetos tridimensionais
• Plotter: desenhos e gráficos de alta qualidade, geralmente em grandes formatos.

DISPOSITIVOS DE ENTRADA E SAÍDA

ENTRADA: inserem informações em um computador a partir de uma fonte externa.


SAÍDA: transformam os dados que estão no computador em uma linguagem
identificável para o receptor.

O periférico de entrada mais comum é o teclado, e o de saída é o monitor de vídeo do


computador.

ENTRADA: • Fita magnética


• Caneta óptica
• Cartão magnético
• Teclado
• Mouse
• Microfone
• Webcam
• Scanner
• Joystick (utilizados para manipulação de jogos)
• Microfones, Etc.

SAÍDA: • Impressora
• Monitor
• Plotters
• Microfilme
• Caixas de som, fones, etc.

DISPOSITIVOS MISTOS OU HÍBRIDOS: De entrada e saída


• Multifuncional (impressora + scanner)
• Headset (fone de ouvido + microfone)
• Joysticks modernos com feedback vibracional
• Pendrives
• Discos de armazenamento

281
EDITORES DE PLANILHAS ELETRÔNICAS

São programas que se assemelham a uma folha de trabalho, na qual podemos colocar
dados ou valores em forma de tabela e podemos realizar a classificação, filtros e
aproveitar a grande capacidade de cálculo e armazenamento do computador para
conseguir efetuar trabalhos que, normalmente, seriam resolvidos com uma calculadora.

• Formatos de arquivos: XLSX; XLS; CSV; PDF; HTML; XML


• Pasta de trabalho: é o arquivo que contém uma ou mais planilhas
• Planilha: é composta por colunas e linhas (Máximo de colunas: 16.384 \\ Máximo
de linhas: 1048.576).
• Referências: Ao copiar uma fórmula para uma outra célula, automaticamente
são alteradas as referências. Isso ocorre, pois trabalhamos até o momento com
valores relativos ou lógicos.
OBS.: para fixar uma referência de célula, é necessário usar o cifrão ($). O cifrão fixa
sempre o que está à sua frente. Observe estes exemplos:
A1 – endereço relativo. Não tem nada fixo.
$A1 – endereço misto. Somente a coluna A está fixa.
A$1 – endereço misto. Somente a linha 1 está fixa.
$A$1 – endereço absoluto. A coluna A e a linha 1 estão fixas.

DICA: use a tecla de atalho F4 para fixar células.

• Validação de dados no EXCEL: serve para determinar os valores que podem ser
inseridos nas células de uma planilha, restringindo a inserção de dados
diferentes daqueles preestabelecidos pelo usuário.

PRINCIPAIS FUNÇÕES DO EXCEL:

=SOMA - permite retornar uma soma de todas as células selecionadas.


=SOMASE - soma os valores em um intervalo que atende ao critério especificado.
=SOMASES - adiciona todos os seus argumentos que atendem a vários critérios
definidos.
=MÉDIA - soma todos os valores selecionados, e divide pela quantidade de células
selecionadas, retornando a média aritmética de todas as células selecionadas.
=MÍNIMO - permite retornar o menor valor de todas as células selecionadas
=MÁXIMO - permite retornar o maior valor de todas as células selecionadas.
=MAIOR - dá a possibilidade de escolher qual a posição deseja retornar.

282
=MENOR - segundo o mesmo conceito da função =MAIOR, a função maior te dá a
possibilidade de escolher qual a posição deseja retornar.
=SE - retorna um valor de um teste lógico que permite avaliar uma célula ou um cálculo
e retornar um valor verdadeiro ou um valor falso. Sua sintaxe é: =SE (TESTELÓGICO;
VALORVERDADEIRO; VALOR FALSO).
=CONT.VALORES - contabiliza todas as células selecionadas que possuam algum valor
(Texto ou número).
=CONT.SE - contabiliza todas as células selecionadas desde que atende a um critério
especifico.
=CONCATENAR - permite unir o conteúdo de células diferentes.
=PROCV - procura um valor na primeira coluna a esquerda de uma tabela ou matriz de
valores e retorna um valor na mesma linha de uma coluna especificada.
=PROCH - localiza um valor na linha superior de uma tabela ou matriz de valores e
retorna um valor na mesma coluna de uma linha especificada na tabela ou matriz.
OBS: Em ambas: PROCV E PROCH: A busca por um intervalo pode ser feita por
correspondência aproximada ou por correspondência exata.

EDITORES DE TEXTO:

CONCEITOS IMPORTANTES:

• ESTILO: No MS Word, atribui formatos padrão para títulos e seções dos


documentos, de modo a aproveitar a mesma formatação deles em todo o
documento deles em todo o documento.
• PINCEL DE FORMATAÇÃO: pode copiar toda a formatação de um objeto e aplicá-
la a outro objeto, pense nele como copiar e colar para formatação.
• REFERÊNCIA CRUZADA: permite criar vínculos com outras partes do mesmo
documento. Por exemplo, você pode usar uma referência cruzada para criar
vínculo com um gráfico que aparece em algum lugar no documento. A referência
cruzada aparece como um link que leva o leitor até o item referenciado.
• OPÇÕES DE AUTOCORREÇÃO: opção usada para alterar a forma como o word
corrige e formata o texto durante a digitação.
• FÓRMULAS NO WORD: é possível usar fórmulas para realizar cálculos e
comparações lógicas em tabelas. O comando Fórmula está localizado na
guia Layout das Ferramentas de Tabela, no grupo Dados.
• QUEBRA DE PÁGINA: é um recurso que permite pular para próxima página
independente se existe conteúdo ou não, podendo ser utilizado via atalho CTRL
+ ENTER.
• QUEBRA DE SEÇÃO: insere uma quebra de seção, dividindo o documento em
partes separadas com formatações independentes.

283
MEMORIZE AS PRINCIPAIS FUNÇÕES E A ABA RESPECTIVA NA QUAL SE ENCONTRAM:

PÁGINA INICIAL:

INSERIR:

DESIGN:

LAYOUT:

REFERÊNCIAS:

REVISÃO:

284
EXIBIR:

285

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