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23 de Janeiro de 2023
Índice
Enquadramento .................................................................................................................................... 3
Referencial teórico ............................................................................................................................... 4
Constitucionalismo.......................................................................................................................... 4
Constituição..................................................................................................................................... 7
História da Constituição de Cabo Verde ............................................................................................ 11
Primeira Constituição ............................................................................................................... 12
Revisões Constitucionais.......................................................................................................... 12
Nova Constituição .................................................................................................................... 13
Revisões da Nova Constituição ................................................................................................ 14
Conclusão........................................................................................................................................... 15
Bibliografia ........................................................................................................................................ 16
Enquadramento
A seguinte pesquisa foi desenvolvida tendo em conta plano curricular da unidade curricular de Sis-
temas políticos e Teoria Constitucional. Trata-se de desenvolver um documento teórico sobre o te-
ma “Constitucionalismo Cabo-verdiano”.
Para o estudo do tema em Cabo Verde, procuraremos dados históricos de como tem-se funcionado o
poder do Estado em relação aos direitos fundamentais do ser humano. Em outras palavras, de acor-
do com o conceito encontrado na contextualização, enquadraremos o dado conceito no caso de Ca-
bo Verde, e estudaremos as divergências e convergências da estrutura de Cabo Verde em relação ao
dado tema - o Constitucionalismo. Faremos uma breve revisão ao historial da Constituição de Cabo
Verde, a primeira e a segunda Constituição de Cabo Verde e suas revisões.
Ao fim de toda análise teórica faremos uma breve conclusão, apresentando os dados, os conheci-
mentos retidos e a perceção que tivemos ao tema em estudo.
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Noção de Constitucionalismo
Referencial teórico
Constitucionalismo
Já outros autores, em seus estudos e teses, acabam por definir constitucionalismo de forma diferen-
te, como é o caso de Kildare Gonçalves Carvalho que informa o constitucionalismo de forma jurídi-
ca, como sociológica. Dessa forma:
Por sua vez, Pietro de Jesús Alarcón ( ALARCÓN, Pietro de Jesús, 2017) vê o constitucionalismo
como mais que uma categoria filosófica ou um conceito estritamente jurídico. Para ele, o Constitu-
cionalismo é um movimento que traduz uma luta ideológica e politica. Trata-se da teorização e prá-
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Noção de Constitucionalismo
tica em torno à limitação da arbitrariedade estatal como instrumento para a proteção e salvaguarda
dos direitos do ser humano.
Em poucas palavras, o constitucionalismo seria uma técnica de limitação do poder político em cada
sociedade política. Essa técnica precave os cidadãos contra práticas ditatoriais e salvaguarda, inde-
pendentemente da vontade dos governantes, o respeito pela dignidade humana.
O constitucionalismo é uma espécie de articulado jurídico que define as competências de cada ór-
gão de soberania e que estatua os direitos e garantias dos cidadãos. Tal articulado, todavia, nem
sempre tem existido com a mesma forma e força legais e, por vezes, nem sequer existiu.
A palavra constitucionalismo remete aos movimentos de limitação do poder – que tiveram por obje-
tivo superar e prevenir o absolutismo – decorrentes das três grandes Revoluções Liberais: (i) a Re-
volução Gloriosa inglesa, de 1688-1689, quando: (i.a) o Rei Jayme II foge para a França; (i.b) o
Parlamento inglês escolhe novos Rei e Rainha, Guilherme de Orange e Maria; e (i.c) afirma, o Par-
lamento, a sua soberania; (ii) a Revolução Americana, referenciada pela Independência das até en-
tão Treze Colônias inglesas na América, em 4 de julho de 1776; e (iii) a Revolução Francesa, decor-
rente de um conjunto de fatos, como a queda da Bastilha, em 14 de julho de 1789.
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Noção de Constitucionalismo
Mas o marco principal do constitucionalismo, considerado por muitos, é a Declaração Universal dos
Direitos do Homem e do Cidadão, de 26 de agosto de 1789. É inestimável a importância da Declara-
ção, sobretudo para o constitucionalismo, é corroborada pelo teor de cada um dos seus dispositivos,
valendo destacar o art. 16: “Toda sociedade em que a garantia dos Direitos não esteja assegurada,
nem a separação dos Poderes determinada, não tem Constituição”.
Devido a toda sua história e evolução, o constitucionalismo recebeu nomenclaturas diferentes que o
definem, e cada nomenclatura é dotada de características próprias. As nomenclaturas que o constitu-
cionalismo recebeu são as seguintes:
II. Constitucionalismo do futuro/por vir - Essa nomenclatura foi idealizada pelo professor e jurista
argentino José Roberto Dromi, no sentido de que, para ele, as futuras constituições devem ser
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Noção de Constitucionalismo
pautadas por alguns valores, como veracidade e solidariedade. Nesse ínterim, a constituição não
deve/pode fazer promessas irrealizáveis, utópicas, e, ainda, no campo da solidariedade, deve ser
voltada ao auxílio recíproco nacional e internacional.
III. Transconstitucionalismo - O jurista brasileiro Marcelo Neves idealizou esse estilo, tendo defini-
do como uma relação entre o direito interno e o direito internacional, buscando uma melhor tute-
la dos direitos fundamentais. Por exemplo: direito de não produzir provas contra si mesmo (Pac-
to de São José da costa rica, artigo 8°).
IV. Constitucionalismo transnacional - Esse modelo prevê a possibilidade de criação de uma Cons-
tituição para vários países.
Constituição
Uma constituição é um conjunto base de leis, normas e regras de um país ou, até mesmo, de uma
instituição. É a constituição federal que regula e organiza todas as possíveis atuações do Estado pe-
rante sua população, interna e externamente. Enquanto legislação, a constituição é a lei máxima que
apresenta os limites do poder do governo e descreve os deveres e direitos de cada cidadão.
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Noção de Constitucionalismo
Segundo assegura BLACK, professor norte-americano, no termo de Constituição estão contidas du-
as ideias: a) regulamentação da forma de governo; e b) garantia das liberdades do povo.
Cada Estado têm suas peculariedades, por isso não é possível exigir um modelo constitucional úni-
co e uniforme, pois, sendo soberanos, os Estados escolhem a forma que melhor lhes interessa. Devi-
do a todos os instantes que originiram a Constituição, ela pode ser caracterizada de diversas formas
e identificada facetas diferentes que ela assume.
Quanto a origem elas podem ser caracterizadas como outorgadas, promulgadas, cesaristas (bonapar-
tistas) ou pactuadas (dualistas).
1. Constituição outorgada: é aquela imposta pelo governante ilegítimo, são as chamadas Cartas
Constitucionais, como a Constituição Brasileira de 1824, no período do Império.
3. Constituição cesarista/ bonapartista: é definida por José Afonso da Silva como não exatamen-
te outorgada, muito menos democrática. Ocorre um plebiscito ou referendo sobre o projeto apre-
sentado pelo governante, sendo que a participação popular nesse caso não é propriamente demo-
crática, mas apenas uma maneira de aprovar a vontade do governante, como o plebiscito de Pi-
nochet, no Chile em 1980.
4. Constituição pactuada: de acordo com Uadi Lammêgo Bulos, surge como consequência de um
pacto firmado entre os detentores do poder constituinte, em que este é centralizado em mais de
um indivíduo ou grupo social. Em conformidade com Bonavides, a Constituição pactuada é re-
sultado do acordo instável de forças políticas opostas, como por exemplo a Constituição France-
sa de 1791.
As Constituições também podem ser classificadas quanto a forma. Quanto a forma, as Constituições
podem ser escritas (instrumental) ou costumeiras (não escritas ou consuetudinárias). A Consti-
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Noção de Constitucionalismo
A classificação das Constituições de acordo com a extensão pode ser sintética ou analítica. A sinté-
tica é precisa, é transmissora dos elementos fundamentais do Estado. Por ser concisa, a Constitui-
ção sintética é duradoura; os princípios nela instituídos são interpretados e adaptados ao longo de
sua vigência, trazendo flexibilidade a estrutura constitucional, como exemplo a Constituição Ameri-
cana. A Constituição analítica em contraposição, é mais abrangente, abordando todos os temas en-
tendidos como fundamentais com um elevado grau de detalhamento sobre o tema. Essa Constitui-
ção busca a estabilidade direito legislado e assente a rigidez constitucional como cautela para a de-
cisão da autoridade, como a Constituição Brasileira de 1988.
Ela també pode ser classificada segundo a Flexibilidade. Também admitida pelas terminologias:
mutabilidade, estabilidade ou consistência; a Flexibilidade classifica as Constituições em rígidas,
flexíveis, semirrígidas (semiflexíveis), fixas (silenciosas) e imutáveis (permanentes, graníticas ou
intocáveis).
1. Rígida: é a Constituição que para ser alterada exige um procedimento mais formal e cerimonio-
so que o procedimento adotado para a alteração de normas não constitucionais, como a Consti-
tuição Brasileira de 1988.
3. Semirrígida: é rígida e flexível ao mesmo tempo, em que determinados assuntos exigem maior
formalidade para serem alterados e outros que tem pouca dificuldade para serem alterados, co-
mo por exemplo a Constituição Imperial.
4. Fixa, de acordo com Kildare Gonçalves Carvalho, é a Constituição que só admite alteração pelo
mesmo poder que a criou. Não esclarece efetivamente o processo para a alteração e por isso
também é conhecida como silenciosa, tendo como exemplo a Carta Espanhola de 1876.
6. Super-rígida: Parte da doutrina entende ainda que existe uma classificação de constituições su-
per-rígidas, que seriam, no geral, rígidas, mas possuiriam um núcleo imutável, como é o caso da
Constituição Federal de 1988, em razão da existência de cláusulas pétreas.
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Noção de Constitucionalismo
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Constitucionalismo Cabo-verdiano
O arquipélago de Cabo Verde terá sido descoberto no ano de 1460 por navegadores italianos e por-
tugueses. Santiago foi a ilha mais favorável para a ocupação e assim o povoamento começa ali em
1462.
Dada a sua posição estratégica, nas rotas que ligavam entre si a Europa, a África e o Brasil, as ilhas
serviram de entreposto comercial e de aprovisionamento, com particular destaque no tráfego de es-
cravos. Cedo, o arquipélago tornou-se num centro de concentração e dispersão de homens (pessoas
escravizadas), plantas e animais.
Cabo Verde terá vivido boa parte da sua história sob o domínio da coroa portuguesa. Logo, pensa-
se, que em maior parte da sua história houve a ausência do constitucionalismo ou qualquer ideia de
separação e limitação de poder ou valorização dos direitos fundamentais do homem. O próprio Ca-
bo-verdiano, terá nascido nesse ambiente de opressão, onde uma única pessoa detinha todos os po-
deres e governava segundo ao seu próprio veredito. O colonialismo terá influenciado grandemente a
forma de ser e de viver do cabo-verdiano.
O próprio cabo-verdiano terá se originado da misigenação entre o branco português capataz e o ne-
gro africano e escravo. Europeus livres e escravos da costa africana fundiram-se num só povo, o ca-
bo-verdiano, com uma forma de estar e viver muito própria e o crioulo emergiu como idioma da co-
munidade maioritariamente mestiça.
A Constituição de Cabo Verde terá tido sua origem em decorrêcia da luta pela libertação de Guiné
Bissau e Cabo Verde. No século XX, a partir da década de 50, começam a surgir os movimentos in-
dependentistas no continente africano. Cabo Verde vinculou-se à luta pela libertação da Guiné Bis-
sau, lutando contra o colonialismo português e promovendo marchas pela independência em todo o
país. A 19 de Dezembro de 1974 foi assinado um acordo entre o PAIGC e Portugal, instaurando-se
um governo de transição em Cabo Verde. Este mesmo Governo preparou as eleições para uma As-
sembleia Nacional Popular que em 5 de julho de 1975 proclamou a independência. Ainda no decor-
rer da independência, houve a Aprovação da Lei Sobre a Organização Política do Estado.
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Constitucionalismo Cabo-verdiano
No pôs 5 de Julho, a assembleia Nacional deveria em três meses elaborar a Constituição, da recém
proclamada República de Cabo Verde. Tal acontecimento só veio se suceder em 1980. Durante esse
período, o país se guiou com base na lei da Organização Política de Estado (LOPE). Este documen-
to continha 23 artigos, mas não contemplava a parte relativa dos direitos fundamentais, entretanto
funcionou como uma Constituição provisória.
Primeira Constituição
Constituida por 96 artigos, veio a ser aprovada só em Setembro de 1980 pela Assembleia Nacional
Popular (ANP). A lei constitucional do país foi elaborada por uma comissão de juristas e entrou em
vigor em Dezembro do mesmo ano. A constituição de 80 definiu Cabo Verde como uma República
soberana, democrática, laica, unitária, anticolonialista e anti-imperialista e instituiu um regime de
partido único e de democracia nacional revolucionária, em que, o Partido Africano da Independên-
cia da Guiné e Cabo Verde era considerado força política dirigente da sociedade e do Estado (Artº
4º). Essa Constituição, em contraste com a LOPE, inovou em matéria os direitos fundamentais, con-
sagrando, direitos, liberdades, garantias e deveres fundamentais dos cidadãos. Estabeleceu ainda co-
mo orgãos do Poder do Estado, a Assembleia Nacional Popular, o Presidente da República, o Go-
verno, os Tribunais e os orgãos de Poder local. No seu artigo 60º previa que a Assembleia Nacional
Popular reunia-se em duas sessões ordinárias por ano, sendo uma delas consagrada nomeadamente à
apreciação do relatório de actividades do Governo e à discussão e votação do Orçamento Geral do
Estado para o ano financeiro seguinte.
Revisões Constitucionais
Em 1980, houve um golpe de Estado em Guiné-Bissau, que pôs em causa a unidade entre Guiné e
Cabo Verde. Com isto, os dirigentes políticos Cabo-verdianos anunciaram publicamente a criação
do PAICV ( Partido Africano da Independência de Cabo Verde) em Dezembro de 1981. Estas mu-
danças levaram a uma Revisão Constitucional, e, abrangeu o relatório da Constituição e todas as re-
ferências feitas no articulado da Constituição da República de Cabo Verde e ao Partido Africano da
Independência da Guiné e Cabo Verde, consideravam-se feitas no Partido Africano da Independên-
cia de Cabo Verde e ao PAICV, em tudo o que não for incompatível com a realidade política de en-
tão (art.1º da lei n.º 2/81).
Houve uma segunda Revisão da Constituição, em 1988, por outros motivos. A marca desta revisão
foi a adopção da política de integração da economia de Cabo Verde na economia mundial e o mo-
mento crucial foi quando o Governo apresentou um projecto de lei relativo à constituição e o funci-
onamento das instituições financeiras internacionais, mas a Assembleia considerou que era inconsti-
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Constitucionalismo Cabo-verdiano
tucional e a Mesa de então sugeriu uma revisão, para que se viabilizasse e consequentemente se
aprovasse a proposta.
A terceira Revisão da Constituição teria acontecido no dia 13 de Fevereiro de 1990. Teve início nu-
ma reunião extraordinária do Conselho Nacional do PAICV, em cuja ordem do dia figurava uma re-
flexão sobre o regime político. A reunião terminou no dia 19, tendo este órgão aprovado uma reso-
lução conhecida por «decisão sobre a abertura política», que implicaria necessariamente uma revi-
são da Constituição, que aconteceu em Setembro de 1990 e consagrou a transição constitucional ao
determinar o fim do regime de partido único com a queda do artigo 4º e instituir o princípio de sepa-
ração e interdependência dos poderes. Ao prever a eleição do Presidente da República por sufrágio
universal e conferir-lhe determinados poderes, designadamente o poder de dissolver a Assembleia,
demitir o Governo sendo este politicamente responsável perante a Assembleia Nacional Popular e o
Presidente da Republica, e exercer o direito de veto político (arts.64.ºe 68.ºal.a) e 78º) desenha-se
um novo sistema de governo, denominado por alguns autores por semipresidencial e por outros é
denominado como Parlamentar mitigado.
Com isso abrem-se as portas para o pluripartidarismo e com isso surge o partido Movimento Para
Democracia (MPD), que seria o primeiro partido da oposição e a que venceu as primeiras eleições
em 13 de Janeiro de 1991. Com essa vitória, o MPD projetou uma nova constituição. Tratou-se de
um texto que veio revogar o texto constitucional de 1980. Essa revogação trouxe diversas mudan-
ças, tendo em conta as alterações politicas que sucederam no país. Alterações profundas foram in-
troduzidas como a mudança de símbolos nacionais e a redução dos poderes do Presidente da Repú-
blica; e ainda o princípio de separação e interdependência dos poderes legislativo, executivo e judi-
cial.
Nova Constituição
A 5 de Agosto de 1992, foi aprovado a Nova Constituição pela Assembleia Nacional. A lei consti-
tucional foi promulgada pelo presidente Mascarenhas Monteiro a 4 de Setembro e entrou em vigor
em 25 de Setembro.
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Constitucionalismo Cabo-verdiano
A 31 de Julho de 1999 aconteceu uma nova Revisão da Constituição. Foi feita uma revisão extensa
e profunda que abrangeu vários preceitos constitucionais, como a institucionalização da língua ca-
bo-verdiana como língua oficial em construção; a consagração do Tribunal Constitucional e a figura
do Provedor de Justiça. Reforço das competências absolutamente reservadas da Assembleia Nacio-
nal.
Em 05 de Fevereiro de 2010 sucedeu a 2.ª Revisão ordinária da Constituição. Nesta revisão foram
contemplados o sector da Justiça e os Direitos, Liberdades e Garantias. No sistema Judicial, a revi-
são de 2010 criou os tribunais judiciais de segunda instância e estatuiu que a escolha dos juízes do
Supremo Tribunal de Justiça deve ser feita por concurso público. Enquanto isso, no sistema de Go-
verno, surgem novos elementos de equilíbrio, pois com essa revisão o Presidente da República pas-
sa a ter o poder de dissolução da Assembleia. Até os dias de hoje, essa constitui-se como a Consti-
tuição da República de Cabo Verde. Ela é composta por 295 artigos, dividida em sete partes:
Cada uma dessas partes, por sua vez, se dividem em títulos e originão capítulos onde se encontram
as suas determinadas leis.
Foi um longo percurso até a Constituição da República de Cabo Verde chegar em o que ela é hoje.
Entretanto essas alterações e revisões não foram aleatórias, aconteceram à luz a problemas que exi-
giam mudanças e ajustes.
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Constitucionalismo Cabo-verdiano
Conclusão
O Constitucionalismo constitui-se como uma técnica, ou ainda mais uma ideia de liberdade. Seria
uma forma de de atribuir devido valor e direito ao povo. O objetivo fundamental do constituciona-
lismo é limitar e dividir os poderes do Estado e ainda, não menos importante, garantir a satisfação
dos direitos e das necessidades básicas do homem. Os próprios direitos do homem e do cidadão
constituem-se como a maior manifestação do Constitucionalismo, além das revoluções liberais.
Conclui-se que a Constiuição revela-se como a realização prática e teórica das ideias e normativas
do Constitucionalismo. Portanto, seria impossível falarmos de Constitucionalismo sem referirmos
ao conceito de Constituição.
A Constituição de Cabo Verde passa por muitas alterações e revisões, mas essas acontecem a luz de
situações que exigem essas tais revisões. A Constituição de Cabo Verde quanto a flexibilidade ela
pode ser caracterizada como semi-rígida, já que na sua história ela sofre muitas alterações, mas es-
sas alterações são de situações de grande importância.
Quanto a origem podemos classificar a Constituição como promulgada, como notámos nessa breve
revisão pela história da Constituição de Cabo Verde, ela é resultante da atividade da Assembleia Na-
cional Popular, que foi eleita pelo povo.
Quanto a extensão, optámos por classificar a Constituição de Cabo Verde como sintética, pois ela é
transmissora dos elementos fundamentais do Estado. Ela também é duradoura, e como pudemos ver,
os princípios nela instituídos são interpretados e adaptados ao longo de sua vigência, trazendo um
pouco de flexibilidade a estrutura constitucional.
Concluímos, que ainda que a Constituição de Cabo Verde seja recente, ela apresenta uma rica histó-
ria de Constitucionalismo. Segundo Jorge Miranda, a Constituição de Cabo Verde é avançada em di-
reitos sociais, mas ainda na sua opinião, esses direitos sociais em termos práticos não funcionam.
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Constitucionalismo Cabo-verdiano
Bibliografia
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