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Constitucionalismo: do
surgimento à
Idade Média
Azevedo, Simone
SST História do Constitucionalismo: do surgimento à Idade
Média / Simone Azevedo
Ano: 2020
nº de p.: 10
Apresentação
O constitucionalismo, como movimento, tem início com as primeiras constituições
escritas, que foram consideradas rígidas como aquelas dos Estados Unidos da
América, em 1787, e da França, em 1791. São constituições que tem como ponto
focal as primeiras linhas de um Estado organizado e, principalmente, a limitação do
poder do Estado.
Conceito
Segundo Loewenstein (1970), a origem do constitucionalismo deve-se ao povo
hebreu, o qual foi responsável pelas primeiras manifestações desse movimento
constitucional ao buscar por uma organização política da comunidade fundada na
limitação do poder absoluto. Ainda de acordo com este autor, o regime teocrático
dos hebreus caracterizava-se fundamentalmente a partir da ideia de que o detentor
do poder não ostentava um poder absoluto e arbitrário. Esse poder era limitado
pela lei e pelo Senhor, o que submetia igualmente os governantes e governados,
radicando, dessa forma, o modelo de constituição material daquele povo.
Atenção
O conceito de constitucionalismo relaciona-se à necessidade de
limitação de poder do governante, de regulamentação de leis, as
quais são impostas a todos, tanto para os detentores do poder
político quanto para os cidadãos.
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Tavares (2006) entende o constitucionalismo segundo as seguintes acepções:
limitação do poder arbitrário; imposição de que haja cartas constitucionais
escritas; indicação dos propósitos mais latentes e atuais da função e posição das
constituições nas mais diversas sociedades e referência a uma evolução histórica
constitucional de um determinado Estado. Já para Carvalho (2010, p. 233), o
constitucionalismo “[...] consiste na divisão do poder, para que se evite o arbítrio e a
prepotência, e representa o governo das leis e não dos homens, da racionalidade do
Direito e não do mero poder”.
Saiba mais
O constitucionalismo refletiu também na esfera do direito privado.
Com o surgimento das primeiras constituições modernas, foi
criado um Estado fundado no respeito aos direitos fundamentais,
na limitação do poder político por meio da soberania. Foram
estabelecidas, ainda, regras de organização do Estado que
consagraram a divisão de poderes.
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Surgimento e evolução
Conhecer o passado é importante para compreendermos o presente. Nesse
tópico, será feita uma breve abordagem histórica do constitucionalismo, na qual
observaremos a evolução dos direitos fundamentais desde o Estado hebreu até sua
previsão nas constituições pós-modernas e sua importância para a consolidação
desse movimento.
Esse Estado hebreu era teocrático e tinha como fontes do direito as leis não
escritas, os costumes e a religião. Os chefes familiares e os líderes dos clãs não
somente definiam as leis que a sociedade deveria seguir como, também, eram
considerados como representantes do poder divino na terra. A limitação do poder
dos governantes cabia aos profetas, que o faziam mediante a fiscalização da
aplicação das fontes do direito pelas autoridades e também da sua punição, quando
extrapolavam o direito religioso. Esse direito fundamentava-se na bíblia e era
transmitido entre as gerações.
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Segundo Barroso (2010, p. 18), o primeiro lugar historicamente identificado onde
havia limitação do poder político foi Atenas, onde havia:
Citação
[...] governo de leis, e não de homens – e de participação dos
cidadãos nos assuntos públicos. Embora tivesse sido uma potência
territorial e militar de alguma expressão, seu legado perene é de
natureza intelectual, como berço do ideal constitucionalista e
democrático. Ali se conceberam e praticaram ideias e institutos
que ainda hoje se conservam atuais, como a divisão das funções
estatais por órgãos diversos, a separação entre o poder secular
e a religião, a existência de um sistema judicial e, sobretudo, a
supremacia da lei, criada por um processo formal adequado e
válida para todos.
Citação
[...] foram os gregos os inventores da ideia ocidental de razão,
do conhecimento científico fundado em princípios e regras de
valor universal. Por séculos depois, tornaram-se os romanos
depositários desses valores racionalistas, aos quais agregaram
a criação e o desenvolvimento da ciência do Direito, tal como é
ainda hoje compreendida. Em síntese sumária: a cultura ocidental,
em geral, e a jurídica, em particular, têm sua matriz ético-religiosa
na teologia judaico-cristã e seu fundamento racional legal na
cultura greco-romana.
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do mundo ocidental; data de pouco mais de 200 anos (BARROSO, 2010). Por esse
motivo, não se comenta acerca do movimento do constitucionalismo nessa época,
apenas dos primeiros momentos da limitação do poder político.
Citação
A Magna Carta é um pacto firmado em 1215 entre o Rei João
Sem Terra e os Bispos e Barões ingleses, a qual, apesar de ter
garantido tão somente privilégios feudais aos nobres ingleses, é
considerada como marco de referência para algumas liberdades
clássicas, como o devido processo legal, a liberdade de locomoção
e a garantia da propriedade. (CUNHA JÚNIOR, 2012, p. 34)
Cunha Júnior (2012) destaca que, a partir da Magna Carta, o houve limitação do
poder do governante, também por direitos dos subordinados e não apenas devido
a normas superiores ditadas pelos costumes ou mesmo na religião. Nesta carta,
está explícito que o rei está sujeito às leis que ele mesmo edita. Podemos perceber,
portanto, que a Magna Carta inaugurou a pedra fundamental para a construção da
democracia moderna.
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Curiosidade
Outro documento que merece destaque nesse período é a Petition
of Right (1628), de natureza declaratória e que demonstra uma
tentativa do Parlamento inglês de tomar uma posição quanto aos
direitos fundamentais das liberdades civis. Tratou-se de uma
petição dirigida pelo parlamento inglês ao monarca solicitando
que os direitos dos súditos fossem reconhecidos.
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Constitucionalismo na Idade Moderna
Com o Iluminismo, o Constitucionalismo consolidou-se como movimento político e
filosófico.
Fechamento
Como visto, o constitucionalismo evoluiu muito desde o seu surgimento, com as
primeiras constituições modernas. Vimos que o Estado foi se afastando para igreja
e os direitos e garantias fundamentais foram sendo incorporadas, principalmente
a partir do fim da segunda guerra mundial, tempo no qual as constituições foram
usadas para justificar as violências ocorridas na guerra.
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Referências
BARROSO, L. R. Curso de Direito Constitucional Contemporâneo. 2. ed. São Paulo:
Editora Saraiva, 2010.
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