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DIREITO CONSTITUCIONAL

Todas as leis e ramos do direito devem estar de acordo com a CF (Respeitando as


normas previstas), visto que há uma supremacia (hierarquia) normativa, sendo a CF superior as
demais leis. Todas as demais disciplinas do ordenamento apoiam-se nela, a utilizando como
base em razão dos princípios da dignidade humana.

Consiste em um Direito Público Fundamental, rígido e superior, nas qual deve ser
respeitada independente da ideologia do governo vigente.

A título de curiosidade, o Direito possui as seguintes ramificações:

- Público: Constitucional, Administrativo, Tributário, Processual, Penal, Internacional


(público e privado);

- Privado: Civil e Comercial (empresarial);

- Civil: Trabalho e Previdenciário.


Obs.: há uma divisão dos ramos do direito público e privado para fins
didáticos, no entanto, o ordenamento jurídico é um todo, cuja unidade
decorre da supremacia constitucional.

 Conceito: O direito constitucional tem como função limitar a autonomia dos


outros ramos, analisando e controlando as leis fundamentais que regem o Estado. Estudando
também sua estrutura, como a separação e organização de poder, formas de governo e sua
relação dos cidadãos com seus órgãos.
Tendo como objeto de estudo a própria CF (legislação) (civil law), costumes (common
law) e a jurisprudência (entendimento dado pelos tribunais e a doutrina).
 A CF é dividida em:

a-) Positiva (Particular): Interpreta e sistematiza as normas e os princípios de uma


constituição concreta e vigente de determinado Estado;

b-) Comparada: Estuda normas constitucionais positivas (vigentes e não vigentes) de


vários Estados, visando delinear semelhanças e contrastes entre eles ou grupos deles. Ajudando
na ampliação, melhoria e aprimorar a norma;

c-) Geral: O direito constitucional geral visa generalizar princípios teóricos e constatar a
interdependência e os pontos comuns do Direito Constitucional entre os vários Estados.

A Constituição é uma norma rígida não podendo ser alterada por simples emendas
constitucionais, mas sim em condições excepcionais previstas no Art.60.

PRINCIPIOS DO DIREITO CONSTITUCIONAL


Entre os princípios, destacam-se:

a-) Divisão de Poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário;

b-) Proteção do Estado de Direito: Poder estatal submetido a uma ordem pública;

c-) Soberania Nacional;

d-) Direitos Fundamentais, centrado na Dignidade da pessoa humana.

Nosso sistema é a interação entre a lei e moral (constituído por normas e princípios). O
fim da Segunda Guerra Mundial significou uma total ruptura com o Positivismo Jurídico,
considerado o grande responsável por dar legitimidade às atrocidades do Nazismo.

Logo, começou uma conscientização geral sobre a moralidade no campo normativo.

CONSTITUCIONALISMO
Constituição não surgiu nos tempos modernos, sendo desenvolvida e aprimorada ao
longo da história humana, mesmo que não escrita (tendo em vista que a CF é uma forma de
organização estrutural do estado).

Tendo para juristas e outros pensadores caráter histórico e social.

Constitucionalismo é o movimento social, histórico, político e jurídico, a partir do qual


emergem as constituições nacionais. Em que, mesmo não havendo uma definição padrão, em
sua maioria é descrita como movimento sócio-político com origens históricas para a limitação
do poder autoritário a fim de garantir os direitos fundamentais.

Obs.: Constitucionalismo tem dois pilares:


1° Garantia de direitos fundamentais;
2° Separação do poder.

- Na antiguidade, o poder era concentrado em um único homem. Aquele que ditava as


regras era o mesmo julgava e as aplicavam. Eventualmente proporcionava injustiças e abuso do
poder mediante a opiniões sem fundamento (baseados na vontade do rei)

- Prioridades: Segurança jurídica no aspecto Privado (codificação das regras) e aspecto


Público (Constituição).

Doutrinadores acreditam que a primeira constituição foi a Magna Carta (Inglaterra),


mas há controversas visto que ela estava direcionada somente as elites. Já outros acreditam que
a Bill of right, por estar voltada para todos os cidadãos é a primeira constituição. Por outro lado,
há quem defenda que a constituição deu início do Estado Teológico, diante da limitação do rei
pelas vontades divinas. Por fim, é de se apontar que, para a doutrina positivista, a primeira
Constituição escrita (e com essa denominação) seria a Constituição Americana, de 1787.

Diferentes Origens para os pensadores:


1° Magna Carta (Inglaterra) – Limitação do poder o rei (não pode fazer nada sem a
autorização do parlamento);
2° Independência dos EUA (Bill Of Right) – Porém se limitava ao território;
3° Teocentrismo – O poder do Rei limitado as vontades Divinas.
EVOLUÇÃO HISTORICA

(Mais detalhes no livro em PDF – Constitucionalismo)

Didaticamente, dividimos o constitucionalismo em antigo (antiguidade, idade


média e moderna) e moderna, sendo o moderno, a partir da Idade Contemporânea pós 2° Guerra
Mundial.

1-) Primitivas:

Surgiu nas primeiras coletividades humanas, as quais eram geralmente ágrafas (sem
escrita), regidas por costumes (convicções religiosas). Os profetas tinham legitimidade para
fiscalizar atos do governo que ultrapassassem os limites bíblicos.

- Teocentrismo.

2-) Antiguidade:

A concepção de uma organização de um Estado e a noção da Constituição como norma


fundamental surgiu na Grécia e Roma.

Na Grécia, vigorou a organização política “Polís”, cidades estados com certa


autonomia, surgindo o modelo de democracia. Tendo em vista que nas polis, os cidadãos
participavam ativa e diretamente das decisões da comunidade.

Já em Roma, havia uma valorização do parlamento e algumas sementes de limitação do


poder.

3-) Idade Média:

Período marcado por uma profunda fragmentação política, econômica e cultural


decorrente do feudalismo: os senhores feudais (nobreza = suseranos e vassalos) exerciam não só
o poder econômico, mas também o poder político nos feudos.

O Rei seguia as vontade e costumes das divindades, abarcado pelo Direito Natural. A
autoridade dos reis também era afetada pela igreja, pois está além de exercer um cargo religioso,
também interferia em assuntos políticos, a igreja detinha grande parte das terras.
O Direito Divino dos Reis concedia aos monarcas grandes poderes no governo do
Estado Nacional, mas não se tratava de uma teoria política prática, e sim um aglomerado de
ideias e crenças. Por ser indicado por Deus, qualquer tentativa de depor o monarca seria tratada
como contestação à vontade de Deus, fato que a sociedade da época ainda tinha muito medo de
questionar.

Mais adiante, Quando o rei João Sem-Terra assumiu, em plena época feudal, não
possuía quaisquer feudos (Demonstrando o quão politicamente frágil era, tendo em visto que, na
época o principal fator de poder é posse de território), os barões feudais insatisfeitos forçaram o
rei, logo que assumiu, a assinar uma Carta de Direitos (conhecida como a Carta maior de
Liberdade ou Magna Charta Libertatum).
Na magna carta (Inglaterra) houve o primeiro indicio de direitos fundamentais, uma
limitação ao poder do rei, garantindo o direito de propriedade, sobretudo da burguesia. Contudo
era direcionado a determinados homens, sem caráter universal.

4-) Idade Moderna:


Palco das Revoluções Liberais. Visavam a instaurar um Estado de Direito (= Estado de
poderes limitados) em substituição ao Estado Absolutista que até então existia).
Após a Revolução Gloriosa (Inglaterra), passou a vigorar definitivamente na Inglaterra
o regime parlamentar, com a figura do Rei como mero Chefe de Estado, cabendo a Chefia de
Governo ao Primeiro-Ministro.
Bill of rights (1689) – Documento escrito inglês, após a revolução gloriosa teve seus
ideais direcionados aos direitos individuais dos cidadãos e limitações do poder dos governantes.
Logo, foi moldando o constitucionalismo inglês, com a progressiva limitação do poder dos
governantes (que deveriam dividir com a parlamento) e da burguesia.
Este documento foi importante para aperfeiçoar os ideia iluministas de liberdade
individual e religiosa, habeas corpus e acesso à justiça e seu processo legal.
O processo de formação do constitucionalismo inglês é histórico, nascendo
gradualmente a partir da magna carta. Tendo como principal objetivo o fim do absolutismo.
Trazendo equilíbrio para o governo.
O contexto inglês inspirou Montesquieu, que defende um sistema de governo
constitucional, a separação dos poderes (Legislativo, Executivo e Jurídico), a preservação das
liberdades civis, manutenção da lei e o fim da escravidão.
Mais tarde, houve a Independência das 13 colônias. Um marco revolucionário na defesa
de direitos básicos dos cidadãos, visto que, foi a primeira Constituição escrita da humanidade.
Por fim, Revolução Francesa (mesmo com todos os feitos na chamada época do Terror)
representa o declínio do antigo regime. Embora, em termos cronológicos, tenha sido a última
das três grandes revoluções liberais (Revolução Gloriosa, Independência americana e Revolução
francesa), teve uma importância histórica muito grande, pois
“popularizou” a defesa dos direitos dos cidadãos.
- Maior marco/destaque para o constitucionalismo. A partir do Sec. XVIII ela ganha
corpo – baseado nas ideologias iluministas e burguesas = LIBERALISMO.
- Individualismo (Social);
- Livre concentração de riqueza (Econômico);
- Garantias das liberdades individuais (Politico).
A burguesia quer uma livre circulação de mercadorias sem a intervenção do Estado. –
Limitar o poder e garantir as individualidades de cada indivíduo.

5-) Idade Contemporânea

A rigor, surge o que se entende por constitucionalismo moderno. Tomou força no séc.
XVIII, em que predominavam as constituições escritas como instrumentos para separação do
poder e contenção de qualquer poder arbitrário.
Podemos apontar, basicamente, dois princípios, o Estado de Direito e a dignidade
humana.
- Estado de Direito (Estado de poderes limitados): As normas constitucionais são
superiores ao próprio poder estatal (Influenciando os ideais de Kelsen sobre a hierarquia
constitucional) e garantidor dos Direitos Fundamentais.
Além disso houve a separação dos poderes.

Obs.: No Estado Absoluto a constituição não era escrita, uma figura era
detentora dos três poderes e pregava obediência irrestrita ao soberano.

- Dignidade Humana: Mesmo com conceito aberto, em suma, podemos entender a


dignidade humana como reconhecimento de todos os seres humanos, pelo simples fato de serem
humanos. Embora não se trate de unanimidade, a doutrina majoritária concorda que os direitos
fundamentais “nascem” da dignidade humana.
A idade moderna foi uma passagem do poder soberano para a soberania popular, ou
seja, é o povo titular legítimo do poder.

 O constitucionalismo pode ser dividido, segundo Edmundo Burke, em Histórico


e Revolucionário:
- Inglaterra = Histórico
Vai gerando os direitos de forma lenta ao longo da história. Gradativamente
desenvolvidos e garantidos pelas instituições.
- EUA e França = Revolucionário
Rompe com toda a realidade, substituindo por outra inovadora. Por transformar a
realidade, pode ser transportada para outros locais.

INFLUENCIAS PARA CONSTITUIÇÃO

 O constitucionalismo americano traz importantes contribuições ao


constitucionalismo moderno:
a-) Primeira Constituição escrita;
b-) Supremacia e rigidez constitucional;
c-) Ideia de controle de constitucionalidade realizado pelo poder Judiciário;
d-) Presidencialismo como sistema de governo, porque esta é a melhor salvaguarda a
separação dos poderes;
e-) Reafirmação da democracia representativa: poder emana do povo (soberania
popular);
f-) Bicameralismo democrático: povo elege os representantes;
g-) Federalismo: forma de Estado com repartição de competências entre os entes da
federação (repartição de poder entre União e Estados-Membros).
h-) Órgão guardião da Constituição: Suprema Corte, responsável pelo controle de
constitucionalidade.

 Constituição Francesa: Desenvolveu-se de modo contrário ao


constitucionalismo inglês (Caráter histórico não escrita), criando através de um processo
revolucionário uma ruptura constitucional através da Revolução Francesa. Foi a revolução
liberal burguesa de maior relevância. Contribuição para o constitucionalismo:
a-) Constituição escrita;
b-) Soberania estatal;
c-) Princípio da separação dos poderes, em sua forma tripartite;
d-) Previsão de direitos e garantias individuais;
e-) Não edificou a ideia do controle de constitucionalidade (constitucionalismo
americano), pois temiam que o Judiciário pudesse restaurar o antigo regime (embora estivesse
sofrendo mutações). – França temia que, dando poder ao jurídico, o antigo regime poderia ser
restaurado.

Obs.: Rigidez constitucional traz maior proteção aos direitos fundamentais,


já que todas as demais normas jurídicas devem respeito ao disposto nas
normas constitucionais

CONSTITUCIONALISMO LIBERAL (INDIVIDUALISTA)

1° Geração dos Direitos Humanos = Estado Liberal.


O constitucionalismo francês e o americano compõem a matriz do constitucionalismo
individualista. Surge neste momento o ESTADO LIBERAL (Estado Mínimo, não interventor),
marcado pelo liberalismo político e econômico (livre mercado e desenvolvimento do
capitalismo pela burguesia).
 A ideia de abstencionismo Estatal (não intervenção do Estado) fez prevalecer:
1-) A garantia das liberdades individuais (direitos individuais como a propriedade,
participação política, liberdade de expressão, religiosa) – direitos de 1.ª geração (ou dimensão).
2-) A garantia da igualdade formal (todos são iguais perante a lei).
Acreditavam também na auto regulação da economia.
CONSTITUCIONALISMO SOCIAL

Final do século XIX, início do século XX. Período marcado pela questão social frente
ao capitalismo. A igualdade formal e o liberalismo econômico (não intervenção do Estado na
econômica e autorregulação do mercado para o desenvolvimento do capitalismo) conduziram à
desigualdade social (concentração de renda e exclusão social).
Não conseguimos garantir a igualdade, criando uma exclusão social em massa, visto
que nem todos foram capazes de desenvolver suas industrias e os proletariados ficaram
submetidos ao trabalho abusivo.
Neste contexto de desigualdade social, visível na Revolução Industrial, associado aos
ideais socialistas de Marx e Engels e a doutrina social da Igreja Católica (Rerum Novarum),
demonstrou a necessidade de intervenção do Estado para a garantia da igualdade material
(justiça social) por meio da implementação de direitos sociais e econômicos, como educação,
moradia, previdência social, trabalho, saúde.
 Intervenção estatal: vincula a ordem econômica à social, garantindo direitos sociais. –
2° Geração.

 Contribuições:
1-) Estado intervencionista na economia, com a ideia de Justiça social (igualdade
material);
2-) Garantia de direitos sociais, econômicos e culturais (direitos de 2.ª dimensão ou
geração);
3-) Prestações positivas do Estado para implementar direitos sociais e econômicos,
como educação, moradia, previdência social.
4-) Constituição dirigente (compromissória): na medida que se sedimenta o conteúdo
social, surgem nos textos constitucionais normas programáticas (fixa regras para dirigir as ações
governamentais, programas de governo).
5-) Desenvolvimento dos instrumentos de democracia participativa: iniciativa popular,
plebiscito e referendo.

NEOCONSTITUCIONALISMO
Após a 2.ª Guerra Mundial, a partir do século XXI, a doutrina desenvolveu uma nova
perspectiva sobre o constitucionalismo: o neoconstitucionalismo, também denominado pós-
positivismo ou constitucionalismo pós-moderno.
Devido as atrocidades de Hitler, a concepção de direitos humanos sofreu ruptura e uma
reconstrução, estabelecendo um novo modelo de interpretação da norma, entrelaçando regras
com princípios.
Com o pós guerra, as constituições passaram a consagrar a DIGNIDADE HUMANA
como valor fundamental dos Estados (aproxima o direito da moral).
Nesta nova fase, o caráter ideológico do neoconstitucionalismo é a concretização dos
direitos fundamentais assegurados. Todas as decisões devem orbitar a dignidade humana.
Quando incorporada os princípios no ordenamento, houve uma revolução
constitucional.

 Características:

1-) Previsão da forma do Estado Democrático de Direito (ou Democrático Social de


Direito): Estado que deve conciliar legalidade com legitimidade (democracia participativa).

Obs.: O Estado democrático de direito é um conceito que designa qualquer


Estado que se aplica a garantir o respeito das liberdades civis, ou seja, o
respeito pelos direitos humanos e pelas garantias fundamentais, através do
estabelecimento de uma proteção jurídica.

2-) Previsão da dignidade da pessoa humana como valor central e fundamental do


Estado Democrático de Direito (condições mínimas de dignidade = mínimo existencial).
3-) Positivação (garantia) e concretização (efetivação) de direitos fundamentais. A
Constituição, como norma hierarquicamente superior, deixa de ser mera recomendação política,
torna-se norma imperativa, com vistas à concretização de direitos fundamentais.
Consequência da não concretização em razão da inércia dos poderes políticos
(legislativo e executivo): fenômeno da judicialização e ativismo judicial.
4-) Garante-se não apenas direitos individuais e sociais, mas direitos transindividuais
(difusos e coletivos), segundo preceitos de fraternidade e solidariedade (CDC, ECA, ambiental).
5-) Desenvolvimento de uma nova interpretação das normas constitucionais, na qual os
princípios assumem força normativa. A interpretação constitucional passa pela análise dos
princípios constitucionais, sobretudo da dignidade da pessoa humana.
CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO

Há diversos conceitos de Constituição, estudados por diferentes áreas, como Sociologia,


política (material e formal) e jurídico de constituição.

1-) CONCEITO NO ASPECTO SOCIOLÓGICO

Foi elaborado pelo político alemão Ferdinand Lassale.


A constituição é decorrência da soma dos fatores reais de poder dentro de uma
sociedade (São os acontecimentos sociais/ aquilo que está ocorrendo na sociedade de fato.).
– A sociedade tem força. O poder vem do povo. Logo, o povo é quem da Legitimidade
para a constituição.
- Pode ocorrer que: uma lei determina algo, mas a sociedade pratica outra.
- O que acontece de fato X o que a constituição prevê.

2-) CONCEITO NO ASPECTO POLÍTICO

Elaborada pelo jurista alemão Carl Schmitt.


Neste aspecto, constituição corresponde à uma decisão política fundamental de uma
nação. São as decisões tomadas.
Essa decisão política refere-se basicamente à forma de organização do Estado e de suas
instituições, escolhas concretas sobre o modo e a forma de existência da unidade política (o
Estado), bem como aos direitos a serem garantidos constitucionalmente. (Poder tripartido,
federação, democracia...). São mediantes as necessidades da sociedade. – Ex. Art.18 CF.
Já as leis constitucionais (os demais aspectos) são regras (que não estão relacionadas
com direitos humanos ou forma de organização do Estado – Politica fundamental) disponíveis
na constituição. Sem relação com decisão política fundamental.
As decisões políticas são divididas entre:

 Constituição Formal:
- São todas as que Normas que estão expressas (introduzidas) na constituição
- Dessa forma, mesmo não se tratando de regra de organização do Estado ou de direito
fundamental, se estiver no texto da constituição, o preceito será formalmente constitucional.
- As regras podem ter forma, mas não ser matéria.
Obs.: Por ser constitucional, possui um processo mais dificultoso (Rígido)
do que o procedimento de elaboração e modificação das normas
infraconstitucionais (Emenda Constitucional – art. 60).

Ex. 1: art. 242, § 2.º: Estabelece que o Colégio Dom Pedro II, localizado no RJ, será
mantido pela União (responsabilidade federal).
- Esta norma, embora não seja de matéria constitucional, é considerada formalmente
constitucional, pois foi inserida na CF.

Obs.: O quórum necessário para aprovação de uma emenda constitucional é


de três quintos do total dos membros do Congresso Nacional.

 Constituição Material:
- Diz respeito a todas as regras estruturais. São normas sobre: forma de Estado, governo,
órgãos (Organização do estado) e direitos humanos.
- São as regras de matéria (Natureza) constitucional, mas não positivadas.
- São as regras e princípios que tratam sobre a organização do Estado e Direitos
fundamentais, podendo ou não estar inseridos na constituição.

Kelsen X Schmitt

 Kelsen
Teoria Pura do Direito.
“O fundamento de validade de uma norma apenas pode ser a validade de uma outra
norma” (pirâmide normativa kelseniana).
Todas as normas possuem um fundamento de validade, sendo ela a constituição (Rígida
e suprema). A norma imediatamente inferior busca seu fundamento de validade na norma
superior, e assim sucessivamente até uma norma que se pressupõe como a última e mais elevada
de toda a ordem normativa.
 Carl Schmitt
Já para Schmitt, a constituição não é um ordenamento jurídico, mas sim decisão política
fundamental, ou seja, a constituição é resultado de uma decisão voluntaria dos representantes
políticos que irá ordenar a sociabilidade do povo (Conjunto de normas que o povo indiretamente
elegeu para coordena-los).
O titular do poder constituinte originário é o povo. Nesse sentido, a constituição em
sentido positivo configura um ato do poder constituinte, o qual existe pela decisão de um povo
em construir um sistema de direito

3-) CONCEITO NO ASPECTO JURÍDICO

- O conceito jurídico de constituição foi dado por Hans Kelsen


- Para Kelsen, a constituição é fruto da vontade racional do homem, não devendo buscar
seu fundamento na filosofia, política, sociologia ou cultura. Somente no próprio Direito (Sua
fonte primaria)
- Teoria pura do Direito.
-Constituição é uma norma jurídica que deve ser cumprida. Dotada do coercibilidade.
Sendo fundamento de validade das demais.
- Não considera o conceito de Constituição material, fomente a formal
- A constituição é tudo aquilo que o poder constituinte elaborou e positivou, se tornando
um dever ser.
 Direito como deve ser X como ele é:
- A conduta humana – Lei natural (ser) só adquire uma significação jurídica quando
coincide com uma previsão normativa válida (dever ser).
- No momento em que uma regra é positivada, ela se torna um dever ser.
- O estudo do direito deve ser no âmbito de como ele é, sem confundir-se nem ser
influenciado por avaliações a respeito do caráter moralmente correto ou incorreto (como deveria
ser).
Mais detalhamento  http://aquitemfilosofiasim.blogspot.com/2008/06/distino-entre-
ser-e-dever-ser-em-hans.html

 Constituição divididos em dois sentidos:


- JURÍDICO-POSITIVO: A constituição é a lei suprema de uma nação, sendo o
fundamento de validade para as demais normas (as infraconstitucionais). ocupando o topo da

pirâmide hierárquica de normas.


Mas, mesmo no topo, a Constituição também necessita de um fundamento de validade,
sendo ela a norma suposta = não editada por nenhuma autoridade (norma hipotética
fundamental – abstrato – Não jurídica, pois não está escrita e não precisa de fundamento de
validade de uma norma superior),
- LÓGICO-JURÍDICO: A constituição é responsável por dar validade à constituição
jurídico-positiva.
A validade de toda lei é dada por uma lei superior, que está imediatamente acima dela
na hierarquia de normas. No topo dessa cadeia, está a constituição jurídico-positiva, a LEI
SUPREMA em si.
Logo, a constituição orienta todas as normas infraconstitucionais, por ser suprema e
tudo que a violar, é considerada inconstitucional, sendo retirada do ordenamento (Consagrando
a verticalidade hierárquica das normas).

OUTROS CONCEITOS DE CONSTITUIÇÃO

A constituição é uma via de mão dupla, na qual é influenciada por outros fatores sociais
como:
- CONCEPÇÃO CULTURALISTA: A constituição é fruto não somente de fatores
históricos, sociais, políticos, jurídicos ou culturais, mas também da vontade humana, tudo
combinado (constituição total)
Nela é embarcada os demais conceitos de constituição,

- CONCEPÇÃO NORMATIVA (constituição aberta): Traz a ideia de flexibilidade


material da ordem constitucional. Nosso ordenamento é formado pela junção de regras e
princípios.
Essa flexibilização permite que a constituição acompanhe as mudanças socias –
Fenômeno conhecido como mutação constitucional. = Processo interpretativo centrado no
princípio da dignidade humana. Buscando efetivar e garantir os Direitos Fundamentais.
Quando falamos de Constituição aberta deve sempre relacionar com a Mutação
constitucional. É definida como mudança de contexto sem mudança de texto.
Ex. Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. § 3º - Para
efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como
entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.

ATENÇÃO: Há duas formas de modificar a Constituição:


1 – Quórum de três quintos;
2 – Mutação Constitucional.

PRINCÍPIOS e REGRAS

- REGRAS: são normas que prescrevem imperativamente uma exigência (impõe,


permitem ou proíbem).
As regras, quando contraditadas, provocam a exclusão do dispositivo colidente (tudo ou
nada).
Se uma constituição for formada somente por regras ela estaria engessada, não
acompanhara as mudanças sociais e logo permitirá atrocidades, como feitas por Hitler na
segunda guerra mundial.
- PRINCÍPIOS: são ideias centrais de um sistema, ao qual dão sentido lógico e
racional, permitindo a compreensão de seu modo de se organizar.
São pautas genéricas que estabelecem verdadeiros programas de ação para o legislador
e para o intérprete – são base das regras jurídicas.
Princípios são, pois, normas positivadas ou implícitas no ordenamento jurídico.
Quando duas regras colidem, fala-se em conflito de regras; ao caso concreto, uma só
será aplicável, afastando a aplicação da outra. Este deve ser resolvido com meios clássicos de
interpretação, se pautando em princípios.
- Quando há colisão entre norma e princípio, prevalece o principio e a norma se
transforma em inconstitucional.
Um sistema jurídico exclusivamente principiológico geraria insegurança, em razão do
elevado grau de abstração dos princípios.

Obs.: Entre uma norma geral em conflito com a especial, deve ser escolhido
a especial

Dentro de uma postura pós-positivista, é reconhecida força normativa dos princípios.


Essa espécie normativa (princípio) tanto pode ser expressa no ordenamento jurídico,
como implícita, desempenhando relevante papel na interpretação do Direito.

 CONCLUSÃO: a Constituição de um país não pode ser vista por uma única concepção
e sim uma junção.
Todas estas concepções pecam pela unilateralidade: a Constituição deve ser um
complexo, uma conexão de todas as concepções (sociológica, política, jurídica, normativa e
cultural) – de maneira que represente uma interação com a realidade.

CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES

Os doutrinadores utilizam variados critérios para classificação de uma constituição, não


há uma jurisprudência concreta. Mas todos possuem os seguintes critérios:
- Origem;
- Forma;
- Modo de Elaboração;
- Conteúdo;
- Estabilidade.

1-) Quanto a Origem

Divida-se em OUTORGADA e PROMULGADA:


a-) Outorgada (ou autocrática): Constituição imposta pelo poder de forma unilateral,
sem qualquer legitimação.
Houveram três no Brasil: Constituição de 1824 (Constituição do Império); Constituição
de 1937, (Getúlio Vargas durante o Estado Novo) e Constituição de 1967, da ditadura militar.
As constituições outorgadas são também chamadas por alguns doutrinadores de
“CARTAS” constitucionais.
b-) Promulgada (ou democrática): Típicas de um ambiente democrático. São aquelas
originadas dos trabalhos de uma Assembleia Constituinte (se reúne e discutem), legitimamente
eleita pelo povo para atuar em seu nome (participação democrática indireta).
No Brasil, as constituições promulgadas foram: Constituição de 1891, da 1.ª República;
Constituição de 1934; Constituições de 1946 e 1988.
As constituições promulgadas também são conhecidas como constituições democráticas
ou populares.
 Há autores que incluem na origem mais dois tipos:
c-) CESARISTA (ou bonapartista): Feita para ser imposta (caráter autoritário). Mas é
submetido a plebiscito ou referendo popular, para ratificar a vontade do detentor do poder a fim
de possuir um caráter democrático.
Não é propriamente outorgada, pois é submetida ao crivo popular (passar por uma
averiguação). Tampouco é democrática, já que surge de um projeto autoritário.
Exemplo: Constituição de Napoleão
d-) PACTUADA: É resultado de um acordo entre dois ou mais titulares do poder
constituinte originário.
Tem somente valor histórico, conforme a Magna Carta, que garantiu, em seu tempo,
participação política de determinados grupos sociais (burguesia) em acordo com o poder real.

2-) Quanto a Conteúdo

Divida-se em MATERIAL e FORMAL:


a-) Constituição Material: Abrange apenas conteúdo relacionado à estrutura e
organização do Estado, além de direitos e garantias fundamentais.
Exemplo: Constituição de 1824 (art. 178). Somente era constitucional os dispositivos
sobre “limites, e atribuições respectivas dos Poderes Políticos, e aos Direitos Políticos, e
individuais dos Cidadãos”. As demais normas inseridas no texto, que não fossem
especificamente sobre esta matéria, não eram constitucionais, podendo ser alteradas pelo
processo legislativo ordinário (o conteúdo definia a natureza constitucional).
b-) Constituição Formal: Inclui toda e qualquer matéria (mesmo quando não tratam de
organização do Estado ou direitos fundamentais) disposta em seu texto (Constituição escrita), lá
colocada pelo legislador constitucional, independente do seu conteúdo. Portanto, necessita de
procedimentos especiais para sua modificação. O art. 60 da CF/88 – Emenda Constitucional.
Exemplo: Constituição Federal de 1988
 Alguns autores, devido ao artigo 5° Paragrafo 3°, classificam a constituição como
MISTA.
Os princípios, tratados e convenções internacionais não estão no texto constitucional,
mas confere status de emenda constitucional (norma formalmente constitucional), Tendo em
vista seus ideais sobre direitos humanos (matéria constitucional) – Lembrando que somente
aquele aprovado em cada uma das casas do Congresso Nacional, em dois turnos, por 3/5 dos
votos dos respectivos membros.

3-) Quanto a Forma

a-) ESCRITA (ou instrumental): Aquela cujas regras estão sistematizadas e dispostas
em um documento escrito e solene (codificadas em um documento), elaborado pelo poder
constituinte, incluindo todas as normas tidas como fundamentais para a estrutura do Estado,
organização dos poderes e direitos fundamentais.
É importante ressaltar que escrever uma norma a torna mais rígida.
Ex.: CF/88.
b-) CONSUETUDINÁRIA (ou costumeira): Possui regras que não estão codificadas em
um documento escrito e unificado (podem estar escritas, mas não é obrigatório). Baseia-se nos
usos, costumes e documentos esparsos, incluindo convenções, decisões e precedentes judiciais.
Ex.: A Constituição Inglesa

4-) Quanto a Mutabilidade

Modo para alteração disposto no Art.60 CF/88.


a-) RÍGIDA: Exige, para alteração um processo legislativo mais difícil em relação ao
processo de alteração das normas infraconstitucionais.
Há uma supremacia das Normas.
b-) SEMIRRÍGIDA (ou semiflexível): Para certos dispositivos é exigido também um
processo mais difícil de alteração. Para outros, porém, a alteração por ser por meio do
procedimento comum (ordinário ou complementar).
c-) FLEXÍVEL: Todas as normas podem ser alteradas pelo mesmo procedimento da
legislação ordinária, não exigindo qualquer procedimento especial e diferenciado. Mas não
significa sua fácil modificação, tendo em vista que muitas normas são baseadas nos costumes.
Não há uma hierarquia entre as normas. Logo, não há o controle de constitucionalidade.
 Há autores que incluem na origem mais dois tipos:
d-) FIXA: Só pode ser alterada pelo poder constituinte originário, vendando qualquer
modificação pelo poder reformador.
e-) SUPER-RÍGIDA: Além de exigir procedimento legislativo mais difícil de alteração,
determina que alguns de seus dispositivos são absolutamente imutáveis – Cláusulas Pétreas.
O controle de constitucionalidade é rígido.

5-) Quanto a Sistemática

a-) CODIFICADA (reduzida ou orgânica): Aquela cujas regras estão reunidas em


apenas um documento ou código. - Predominante nas Constituições.
b-) LEGAL (variada ou inorgânica): Possui preceitos distribuídos por vários textos
legais de caráter constitucional. – Constituição Inglesa.

Obs.: Atualmente, no Brasil, as normas constitucionais não se concentram


apenas na CF/88 – embora se mantenha a classificação como orgânica (ou
reduzida).

6-) Quanto a Sistema

Tem como valor central a Dignidade Humana. Lembrando que os Direitos


Fundamentais são a base da Constituição.
a-) PRINCIPIOLÓGICA (ou aberta): Prevalência de princípios (Normas abstratas,
focadas em valores). É flexível e adaptável socialmente (acompanha as mudanças).
Male: Traz insegurança jurídica
b-) PRECEITUAL: Prevalência de regras (Normas menos abstratas, voltadas para
concretização dos princípios e de aplicação imediata).
Male: São engessadas por focar somente da lei em si. Logo, possui dificuldade na
adaptação social.
 Atualmente, o sistema normativo é composto por regras e princípios.
7-) Quanto a Função

a-) PROVISÓRIA (revolucionária/pré-constituição): Fica em vigor por tempo


determinado. É criada para realizar transições quando há uma mudança constitucional ou na
ordem (organiza o poder político durante esse período de transição – Faz uma preparação).
Ex.: Brasil, CF/1890 (transição monarquia para república).

b-) DEFINITIVA: Instituída por prazo de duração indeterminado.


Perpetua até uma nova norma revoga-la.

8-) Quanto a forma de Elaboração

a-) DOGMÁTICA: Elaborada/Determinada a partir de dogmas, ideologias e teorias pré-


concebidas e aceitas contemporaneamente.
Esse tipo de constituição surge em um momento determinado no tempo, por intermédio
de uma assembleia constituinte, sendo necessariamente escrita.

Obs.: Assembleia Constituinte: No Brasil, já tivemos 8 Constituições


(Chamadas também de Carta Magna), incluindo a atual. Há duas formas de
originar uma Constituição:
1 – De forma autoritária (CF/1824);
2 – Vontade popular por meio de representantes da Assembleia Nacional
Constituinte (CF atual).
Logo, a Assembleia é o órgão responsável pela elaboração da Constituição
de um país.

b-) HISTÓRICA: elaborada de forma gradual (sem ruptura), por meio de um processo
contínuo em que são reunidos, ao longo do tempo, aspectos históricos e tradicionais de uma
nação.
Ex.: Constituição Inglesa.

9-) Quanto a Dogmática


a-) ORTODOXA: É aquela cujo conteúdo é baseado em apenas uma ideologia.
Ex. China marxista e a Constituição da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.
b-) ECLÉTICA: ao contrário da ortodoxa, é elaborada a partir da conjunção de várias
ideologias, procurando conciliá-las entre si.
Aproxima-se da chamada constituição compromissória, já que é também resultado de
um compromisso entre as forças políticas e sociais.

10-) Quanto a Extensão

a-) ANALÍTICA (prolixa, extensa ou longa): Têm conteúdo extenso, tratando de


matérias que não apenas organização do Estado. Contêm normas materialmente constitucionais,
mas também formalmente constitucionais.
Abrangem todos assuntos que entende relevantes. São amplas, extensas, detalhas, como
CF/88.
b-) SINTÉTICA (concisa, sumária ou curta): Restringe-se a elementos substancialmente
constitucionais. O detalhamento dos direitos e deveres fica a cargo de leis infraconstitucionais.
Preveem somente princípios e normas gerais, organizando e limitando o poder do
Estado apenas com diretrizes gerais, mínimas, firmando princípios, não detalhes.
É concisa, breve, sucinta, também chamada de Constituição Federal negativa.

11-) Quanto ao Conteúdo Ideológico

Busca identificar qual é o conteúdo ideológico que inspirou e prevaleceu na elaboração


do texto constitucional.
a-) LIBERAIS (negativas): Limitação da atuação do poder estatal, assegurando as
liberdades negativas aos indivíduos. Podem ser identificadas com as Constituições-garantia
(liberdades individuais – Estado Mínimo).
b-) SOCIAIS (dirigentes): Atribuem ao Estado a tarefa de ofertar prestações positivas
aos indivíduos. Aplicam medidas Sociais. É conhecida como Estado do Bem Estar Social.
Trata-se de uma atuação do bem comum.

12-) Quanto a Finalidade


a-) GARANTIA: Seu principal objetivo é proteger as liberdades públicas contra as
arbitrariedades e ingerências do Estado.
Corresponde ao 1.º período de surgimento dos direitos humanos (liberdades
individuais). Impõe limites à atuação do Estado, frente aos indivíduos, na esfera privada e
estabelece ao Estado o dever de não-fazer.
Em suma, procura garantir a liberdade, com a limitação do poder dos órgãos do governo
e do governante.
b-) DIRIGENTE (programática, compromissória): Traça diretrizes que devem nortear a
ação estatal, prevendo, para isso, as chamadas normas programáticas (projeto de Estado com um
plano para dirigir uma evolução política).
São metas estimuladas para serem alcançadas. Estipula um propósito de Estado para
alcança-lo gradativamente com a evolução política
c-) BALANÇO: Visa reger o ordenamento jurídico do Estado durante um certo tempo,
nela estabelecido. É a Constituição que, ao caracterizar uma determinada organização política
presente, tem a finalidade de preparar a transição para uma nova etapa, para organização de uma
nova forma de Estado.
Ex.: Constituições da URSS e a Rússia pós-soviética.

13-) Quanto correspondência com a realidade

a-) NORMATIVAS: Possuem força normativa para regular efetivamente o processo


político do Estado. Limitam, de fato, o poder estatal.
É quando as relações políticas e os titulares do poder estão submetidos aos princípios e
Constituição, estando em concordância com a realidade social e política.
Típica dos regimes democráticos e do Estado de Direito.
b-) NOMINATIVAS: Buscam regular o processo político do Estado, mas não
conseguem realizar este objetivo, por não atenderem à realidade social. Há discordância entre as
normas constitucionais e a realidade política.

14-) Quanto a Origem (local) da Decretação

a-) HETEROCONSTITUIÇÕES: Constituições elaboradas fora do Estado no qual elas


produzirão seus efeitos.
Ex.: Bósnia-Herzegovina (Iugoslávia).
b-) AUTOCONSTITUIÇÕES: São constituições elaboradas no interior do próprio
Estado que por elas será regido.
Ex.: A CF/88.

Obs.: Na evolução constitucional de um Estado, é comum que uma nova


Constituição, ao ser promulgada, traga novos temas e amplie o tratamento de
outros, que já estavam no texto constitucional anterior. Essas constituições
são consideradas expansivas, como é o caso da Constituição Federal de
1988 que, além de trazer à luz vários novos temas, ampliou substancialmente
o tratamento dos direitos fundamentais.

15-) Constituição Expansivas

Os Direitos Fundamentais, que pode ser observado em três planos:


a-) Conteúdo anatômico (estrutural): É a forma em que o texto é organizado dividida
em títulos, capítulos, seções, subseções, artigos da parte permanente e ADCT.
b-) Comparação constitucional interna: Relaciona-se com as Constituições brasileiras,
observando a extensão de todas as Constituições e as suas devidas transformações. A CF/88
relaciona-se às constituições anteriores, podendo ser considerada extensão de cada uma delas.
Esta comparação interna registra a dilatação e das matérias constitucionais e a evolução
das constituições no tempo, como a progressividade na garantia de direitos fundamentais.
c-) Comparação constitucional externa: Relaciona a CF/88 com as constituições
estrangeiras.

CARACTÉRISTICAS DA CONSTITUIÇÃO DE 1988

Conforme os critérios acima, é classificada como uma constituição:


Promulgada e democrática, escrita, analítica (prolixa), formal (por alguns, mista),
dogmática; rígida (ou super-rígida, segundo alguns autores); reduzida (codificada),
dirigente; eclética; normativa (pretende ser); auto constituição (autônoma); definitiva,
principiológica, social e expansiva.
OBJETO E CONTEÚDO DAS CONSTITUIÇÕES

O conteúdo das constituições é variável no tempo e no espaço.


Quando surgiram as primeiras constituições escritas, o conteúdo limitava-se
basicamente à estrutura do Estado, a organização dos poderes e a garantia de direitos
fundamentais.
Tratavam apenas de matérias constitucionais.
Com o passar dos tempos e o desenvolvimento do constitucionalismo, houve ampliação
do conteúdo das constituições, que levou a separação entre constituição em sentido formal e
material.
Assim, todos os conteúdos inseridos nas constituições, ainda que não se relacionem às
matérias constitucionais, são considerados formalmente constitucionais.

ELEMENTOS DAS CONSTITUIÇÕES

Os elementos da constituição são responsáveis por agrupar os dispositivos


constitucionais tendo como base a finalidade de cada um deles.

1-) ELEMENTOS ORGÂNICOS


Os elementos orgânicos da constituição relacionam-se aos dispositivos constitucionais
que regulam a estrutura do Estado e do poder.
Na CF/88, são exemplos:
Título III – Da organização do Estado;
Título IV – Da organização dos Poderes e do Sistema de Governo;
Título V, Cap. II – Das Forças Armadas e Segurança Pública.

2-) ELEMENTOS LIMITATIVOS


Os elementos limitativos da constituição referem-se as normas protetoras dos direitos e
garantias fundamentais e que limitam o poder do Estado.
Exemplo:
Título II (Dos Direitos e Garantias Fundamentais), com exceção do Capítulo II (Direitos
Sociais – elementos socioideológicos).

3-) ELEMENTOS SOCIOIDEOLÓGICOS


Incluem as normas que expressam o compromisso constitucional entre o Estado
individualista (liberal) e o Estado intervencionista (social)
Exemplo:
Título II, Capítulo II – Dos Direitos Sociais;
Título VII – Da Ordem Econômica e Financeira;
Título VIII – Da Ordem Social.

4-) ELEMENTOS DE ESTABILIZAÇÃO DA CF


Os elementos de estabilização referem-se às normas voltadas à defesa da Constituição,
do Estado e de suas instituições, bem como à solução de conflitos constitucionais, com vistas a
garantir a paz social.
Exemplo:
Tít. V, Cap. I – Do Estado de Defesa e de Sítio;
Tít. III, Cap. V – Da Intervenção;
Tít. IV, Cap. I, Subseção. VIII, Subseção. II - Da Emenda à Constituição; Art. 102,
CF/88.

SUPREMACIA E RIGIDEZ CONSTITUCIONAL

A rigidez constitucional e a supremacia da Constituição são requisitos essenciais para o


controle de constitucionalidade.
Temos:

1-) RIGIDEZ CONSTITUCIONAL:


“Decorre da maior dificuldade para a sua modificação do que as demais normas
jurídicas da ordenação Estatal.” (J. Afonso).
Logo, seu processo legislativo é diferente das demais normas.
A CF/88 é rígida, em razão das regras procedimentais previstas para a EC no art. 60,
CF/88.
Cabe ao Poder Constituinte Originário (único detentor de legitimidade para criar o novo
Estado e a nova Constituição) estabelecer as limitações constitucionais ao Poder Constituinte
Derivado Reformador.
Essas limitações constitucionais são de:
a) Ordem material: Cláusulas pétreas (art. 60, § 4.º);
b) Ordem formal: Observância das regras do processo legislativo constitucional (art. 60,
inc. I, II e III, § 2.º, § 5.º);
c) Ordem circunstancial: Proibição de EC durante uma Intervenção Federal, Estado de
Defesa ou Estado de Sítio (art. 60, § 1.º).

Obs.: Não há Controle de Constitucionalidade em um sistema de


Constituição flexível e não escrita, como na Inglaterra), pois não existem
limitações materiais, formais ou circunstanciais. Trata-se da supremacia do
Parlamento e, não, da Constituição.

2-) SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO:


Superioridade hierárquica da Constituição em relação às demais normas do
ordenamento jurídico. A Constituição Federal (Lei Suprema) coloca-se no vértice do sistema
jurídico, irradiando sua eficácia às normas infraconstitucionais. A CF/88 está, portanto, no ápice
da pirâmide, orientando e “iluminando” todo e qualquer ato infraconstitucional.
- Todas as normas do sistema jurídico infraconstitucional só serão válidas se estiverem
de acordo com a CF/88.

3-) COMPATIBILIDADE VERTICAL:


As normas de ordenação jurídica inferior somente têm validade se forem compatíveis
com a Constituição ou princípios constitucionais, localizada no topo, nos moldes da pirâmide de
Kelsen.

Em suma:
 Controle de Constitucionalidade;
 Rigidez Constitucional;
 Limitação ao poder derivado;
 Supremacia da Constituição.

EFICACIA X APLICABILIDADE

As Normas Constitucionais são divididas em Eficácia Plena, Contida e Limitada. A


eficácia é a capacidade de uma norma produzir seus efeitos e ser aplicada no caso concreto. Em
regra, a eficácia jurídica surge no mesmo momento da vigência.
Lembrando que, o fato de uma norma existir, ser válida, vigente e eficaz, não garante
que os efeitos pretendidos sejam, efetivamente, alcançados (atenda à função social). Várias
normas constitucionais apresentam sérios problemas de efetividade e razão das limitações
orçamentárias e omissão dos poderes políticos em sua regulação.

Obs.: A aplicação da norma nada mais é do que a sua atuação concreta, para
reger as relações da vida real. Mas uma norma só é aplicável se, primeiro,
estiver em vigor; segundo, se for válida ou legítima; terceiro, se for eficaz

1-) EFICÁCIA JURÍDICA:


É a aptidão da norma para produzir os EFEITOS que lhe são próprios. – Capacidade de
ser aplicada no caso concreto.
Em regra, a eficácia jurídica surge no mesmo momento da vigência, enquanto não for
revogada.
A norma já produz efeitos jurídicos, na medida que revoga todas as normas anteriores
que com ela conflitam.
2-) EFICÁCIA SOCIAL ou EFETIVIDADE
É sua produção concreta de efeitos – Seu objetivo.
O fato de uma norma existir, ser válida, vigente e eficaz, não garante que os efeitos
pretendidos sejam, efetivamente, alcançados.
A eficácia jurídica é a aptidão da norma em produzir seus efeitos, já a eficácia social é
se ela efetivamente produz esses efeitos sob uma perspectiva social.
Exemplo: Crime de Adultério – Mesmo tipificado e produzindo seus efeitos, há muitos
casos de adultérios.

A doutrina clássica e, boa parte da doutrina moderna adota a divisão da aplicabilidade


das normas em apenas duas espécies: auto executáveis e não auto executáveis.
A aplicabilidade é o momento em que a norma pode ser aplicada (capacidade de
produzir efeitos jurídicos.), podendo ser imediata ou mediata, direta ou indireta (depende de lei
regulamentadora).
A aplicabilidade da norma significa exatamente a possibilidade de sua aplicação. E
aplicação da norma nada mais é do que a sua atuação concreta. Mas uma norma só é aplicável
se, primeiro, estiver em vigor; segundo, se for válida ou legítima; terceiro, se for eficaz

1. Normas constitucionais de eficácia plena


As normas de eficácia plena caracterizam-se por serem:
- Auto executáveis, ou seja, de Aplicabilidade IMEDIATA, INTEGRAL e DIRETA.
Ou seja, após sua entrada em vigor já possui todos os elementos necessários para
produzir seus efeitos. Sendo assim, não dependem e não são restringidas por atos normativos
infraconstitucional (não admite regulamentação).
Conforme Luciano Dutra: “As normas constitucionais de eficácia plena, desde sua
gênese, produzem, ou ao menos possuem a possibilidade de produzir, todos os efeitos visados
pelo constituinte (originário ou derivado). São, portanto, autoaplicáveis”
As normas constitucionais de eficácia plena são normas constitucionais consideradas
completas
Em geral, tais normas determinam vedações (proibições), estabelecem os elementos
orgânicos da constituição ou atribuem competências aos entes federativos.
Ex.: Art. 17° - § 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização
paramilitar.
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios...
Art. 230. § 2.º Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratuidade dos
transportes coletivos urbanos (gratuidade de transporte coletivo para idosos).
2. Normas constitucionais de eficácia contida
São também chamadas por outros autores de normas de eficácia prospectiva, redutível
ou restringível.
Caracterizam-se por possuírem aplicabilidade direta, imediata, porém não integral, visto
que, são restringidas através de normas infraconstitucionais. Embora tenham condições de
produzir todos efeitos a partir da promulgação, tais normas poderão sofrer limitação da eficácia
e aplicabilidade.
Seu alcance é contido/limitada. Exemplo são as limitações de alguns direitos quando da
ocorrência do Estado de Sítio ou Defesa (art. 136, § 1.º, art. 139).
A restrição da eficácia das normas contidas também pode ser efetivada pela
Administração Pública, por motivos de ordem pública, bons costumes ou paz social. A CF
garante o direito de propriedade; ao mesmo tempo, para atender a necessidade pública ou o
interesse social, autoriza seu uso pela autoridade competente, no caso de perigo iminente (art.
5.º, XXIV e XXV).
2

3. Normas constitucionais de eficácia limitada


As normas constitucionais de eficácia limitada são aquelas que, por si só, não são
capazes de produzir todos os seus efeitos.
Para isso, necessitam de uma lei infraconstitucional integrativa ou da edição de uma
Emenda Constitucional. – Necessita de uma lei regulamentadora que explique como será
aplicada. Assim, precisa de uma lei anterior que lhe de eficácia.
Por esse motivo, são normas de aplicabilidade indireta, mediata e reduzida ou diferida.
Essas normas produzem efeitos mínimos desde a sua vigência, atribuindo um vínculo ao
legislador infraconstitucional:
a-) Estabelecem um dever para o legislador infraconstitucional/democrático,
condicionando a legislação futura; no caso, a omissão configura uma inconstitucionalidade;
b-) Constituem parâmetros de interpretação, integração e aplicação de normas, bem
como da atividade discricionária (oportunidade e conveniência) do executivo e do judiciário;
c-) Revogam toda a legislação precedente com elas incompatíveis, na chamada eficácia
ab-rogativa (eficácia paralisante, vez que devem obedecer ao mandamento constitucional).
1. NORMAS DE EFICÁCIA LIMITADA DE PRINCÍPIO INSTITUTIVO (ou
organizativo):
São aquelas que estabelecem normas gerais para a estruturação de instituições órgãos e
entidades públicas.
Exemplo:
Art. 18. § 2.º Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em
Estado ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar (criação dos
territórios).
Art. 22. Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre
questões específicas das matérias relacionadas neste artigo (competência privativa da União).
2. NORMAS DE EFICÁCIA LIMITADA DE PRINCÍPIO PROGRAMÁTICO:
São os Planos de Governo: Deve editar a lei que dê aplicabilidade às normas
constitucionais.
Aquelas que estabelecem programas a serem implementados pelo Estado visando à
realização dos fins sociais.
Exemplo:
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas
sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao
adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à
educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
.1. Normas constitucionais de eficácia limitada de princípio programático
Luciano Dutra as define da seguinte maneira:
“São as que estabelecem programas, metas, objetivos a serem desenvolvidos pelo
Estado, típicas das Constituições Dirigentes. Impõe um objetivo de resultado futuro ao Estado,
direcionando as ações legislativas dos órgãos estatais. Não diz como o Estado deverá agir, mas
o fim a ser atingido. Como exemplos, os arts. 3º e 7º, IV.”
Limita-se em traçar princípios que requerem o cumprimento pelos órgãos executivos e
legislativo
2.2 Normas constitucionais de eficácia limitada de princípio institutivo.
Por fim, com brilhantismo Luciano Dutra define:
“São aquelas que dependem de lei posterior para dar corpo a institutos jurídicos e aos
órgãos ou entidades do Estado previstos na Constituição.”

Exemplo:
Art. 133 da CF/88: “O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo
inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei”.

 Elementos de Aplicabilidade: Incluem as normas constitucionais que regulam a


sua aplicação.
Na CF/88 são exemplos de normas que regulam sua aplicabilidade: o Preâmbulo, os
dispositivos do ADCT (Ato das Disposições Constitucionais Transitórias) e por fim o § 1.º do
art. 5.º, segundo o qual as normas definidoras de direitos e garantias fundamentais têm aplicação
imediata.
Alguns autores apresentam uma classificação diferente.
MARIA HELENA DINIZ: denomina todas as normas intangíveis por força das
cláusulas pétreas como normas supereficazes ou com eficácia absoluta. Assim sendo, não há
possibilidade de emenda constitucional tendente a abolir as matérias elencadas no art. 60, § 4.º,
nem da legislação infraconstitucional contrariá-las.
Art. 60. § 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I - A forma federativa de Estado (art. 1.º, art. 18, art. 34, VII, ‘c’);
II - O voto direto, secreto, universal e periódico (art. 14);
III - A separação dos Poderes (art. 2.º);
IV - Os direitos e garantias individuais (art. 5.º).

NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA EXAURIDA

São aquelas que já produziram seus efeitos e estão esgotadas, exauridas.


As regras do ADCT (ato das disposições transitórias) – Normas de caráter transitório
de uma constituição para outra - que já cumpriram o encargo para o qual foram propostas.
Exemplo artigos ADCT que foram extintas:
Art. 1.º O Presidente da República, o Presidente do Supremo Tribunal Federal e os
membros do Congresso Nacional prestarão o compromisso de manter, defender e cumprir a
Constituição, no ato e na data de sua promulgação.
Art. 2.º No dia 7 de setembro de 1993 o eleitorado definirá, através de plebiscito, a
forma (república ou monarquia constitucional) e o sistema de governo (parlamentarismo ou
presidencialismo) que devem vigorar no País.
Art. 3.º A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da
promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso
Nacional, em sessão unicameral.

DISTINÇÃO ENTRE APLICABILIDADE E APLICAÇÃO


O § 1. ° do art. 5. ° da Constituição de 1988 determina que as normas definidoras de
direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata. José Afonso da Silva entende, no
entanto, que o termo APLICAÇÃO utilizado nesse dispositivo não se confunde com a
APLICABILIDADE.
A aplicação imediata significa que essas normas possuem todos os meios e elementos
necessários para que possam incidir sobre os fatos concretos e comportamentos regulados.
Porém, essa incidência concreta deve ocorrer na medida em que as instituições ofereçam as
condições para isso.
Assim, embora de APLICAÇÃO IMEDIATA, a aplicabilidade dessas normas pode ser
tanto imediata quanto mediata.
Em geral, quando se referem a direitos e garantias individuais (direitos de 1.ª
dimensão), têm aplicabilidade imediata, podendo ser de eficácia plena ou contida.
Quando se referem a direitos e garantias sociais, econômicos e culturais (direitos de 2.ª
geração) a aplicabilidade é mediata, sendo sua eficácia limitada (pois dependem de providências
que garantam sua aplicação).
QUAL O SENTIDO DO § 1.º DO ART. 5.º?
De qualquer forma, em função da aplicação imediata determinada pela Constituição, o
PODER JUDICIÁRIO, quando provocado, não poderá deixar de aplicá-las à situação concreta
regulada. O direito deve ser conferido ao reclamante, em conformidade com as instituições
existentes, mesmo quando inexistir norma integrativa.
Para isso, a Constituição traz dois remédios específicos contra a não efetividade de
normas com eficácia limitada, quais sejam, a Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão
e o Mandado de Injunção e, até mesmo, ações ordinárias, como por ex., para o fornecimento de
medicamentos e tratamentos médicos (norma de aplicação imediata, mas de aplicabilidade
mediata).
Com o propósito de tutelar a Constituição em decorrência da inércia dos poderes
públicos em implementar, por meio de atos legislativos e/ou administrativos, os dispositivos
legais que a compõem, o poder constituinte originário concebeu os instrumentos processuais da
Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão e do Mandado de Injunção.
A Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão – ADO é um instrumento
processual que tem por finalidade conferir plena efetividade ao Texto Constitucional mediante o
reconhecimento, pelo órgão jurisdicional competente, da inércia legislativa, total ou parcial, no
que respeita à integração de dispositivos constitucionais, para que estes possam produzir a
plenitude de seus efeitos jurídicos. Trata-se, portanto, de uma garantia da Constituição para
irradiação máxima de sua eficácia jurídica.
Por sua vez, a garantia constitucional do Mandado de Injunção, instituída no artigo 5.º,
LXXI, tem por finalidade possibilitar o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania diante da falta de norma
regulamentadora que os tornem viáveis.
Na medida em que a Lei Fundamental institui como garantias constitucionais a Ação
Direta de Inconstitucionalidade por Omissão e o Mandado de Injunção, ambos vinculados à
inércia legislativa, ou seja, à ausência de regulamentação de normas constitucionais de eficácia
limitada, é possível compreender que o Poder Legislativo possui o dever de legislar no sentido
de integrar de forma plena a Constituição Federal.

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