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Constitucionalismo:
O constitucionalismo descreve a evolução histórica do Direito Constitucional ao longo do tempo.
Trata-se de um movimento político, social e jurídico que culminou na organização do Estado, por
intermédio da previsão de direitos e garantias fundamentais, em uma Constituição, tendo por
finalidade a limitação do poder estatal arbitrário e absolutista que reinava no final do século
XVIII.
O que organiza o Estado é a constituição, seja ela escrita ou não escrita. Assim, todo o Estado
possui uma constituição e, dessa forma, esse sentido não é muito utilizado. Não existe Estado sem
Constituição, pois é ela quem cria/institui o Estado.
Sentido estrito:
Evolução histórica:
Obs.: No fim do século XVIII, surgem as revoluções liberais, que dão origem às primeiras
constituições escritas, pois, até então, as constituições eram todas consuetudinárias.
No Estado hebreu, os dogmas religiosos serviam como limites aos súditos e ao poder do soberano.
Grécia: Durante dois séculos, a Grécia foi um Estado político plenamente constitucional. A
Grécia adotou a mais avançada forma de governo, qual seja, a democracia constitucional.
Inglaterra: Magna Charta (1215); Petition of Rights (1628); Habeas Corpus Act (1679); Bill of
Rights (1689), Act of Settlement (1701).
Na Inglaterra, embora não existisse uma constituição escrita, vários documentos foram feitos ao
longo do tempo e, posteriormente, foram incorporados à constituição inglesa:
a) Magna Charta (1215): outorgada pelo rei João Sem-Terra, como fruto de um
acordo entre o rei e os súditos;
Todos esses documentos fazem parte da Constituição Inglesa, à qual é formada por costumes e
por precedentes judiciais. Essa fase termina no final do século XVIII, quando surgem as primeiras
constituições escritas.
Constitucionalismo moderno (Século XVIII => 2a Guerra Mundial): No fim do século XVIII,
com o surgimento das constituições escritas, surge o constitucionalismo moderno. A partir das
revoluções liberais, são criadas as primeiras constituições escritas. O Constitucionalismo
Moderno vai do século XVIII até o fim da Segunda Guerra Mundial.
Primeira fase:
- Constituições liberais:
As revoluções liberais tinham como principal valor a liberdade dos indivíduos. Isso ocorreu
porque os países viviam sob a égide de um poder absoluto e autoritário. Diante disso, a ideia das
revoluções liberais era que o Estado interviesse o mínimo possível nas liberdades individuais.
Nessa toada, a liberdade dos indivíduos era assegurada por meio da não intervenção estatal, daí
vem o nome de revoluções liberais.
a) Experiência estadunidense:
É importante lembrar que a tradição norte-americana trouxe duas ideias centrais: supremacia
constitucional e garantia jurisdicional.
3) Sistema presidencialista de governo: O sistema presidencialista surgiu, nos EUA, como uma
forma de suprir a ausência do monarca. Assim, a figura do “Presidente da República” é criada em
substituição à figura do monarca.
4) Forma federativa de Estado: A forma federativa de Estado não foi criada nos EUA, mas foi
neste Estado que ela ganhou projeção mundial.
b) Experiência francesa:
Em 1789, houve a Revolução Francesa, a qual foi implementada pela burguesia. A partir dessa
revolução, surgiu a Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789). Logo
após, surgiu a Constituição Francesa (1791).
A Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789) já trazia as ideias centrais
do constitucionalismo: limitação do poder e garantia dos direitos.
1) Constituição prolixa:
O primeiro grande destaque a ser mencionado aqui é o fato de a Constituição Francesa ser prolixa,
algo que não era comum na época.
O principal teórico do Poder Constituinte é o abade Emmanuel Joseph Sieyès. A Teoria do Poder
Constituinte fazia uma distinção entre o Primeiro Estado (nobreza), o Segundo Estado (clero) e o
Terceiro Estado (povo).
1) Abstencionista:
3) Limitação do soberano:
✓ Com o Estado de Direito, não há ninguém que não esteja submetido às normas jurídicas.
4) Princípio da legalidade:
A atuação da Administração Pública passa a ser compreendida como atividade submetida à lei.
Estado social: é o resultado de uma transformação estrutural do Estado liberal. Ele busca superar
a dicotomia entre a igualdade política e a desigualdade social.
A principal diferença entre o Estado social e o Estado socialista é que aquele adere ao capitalismo
e este não. Variados sistemas adotaram o Estado social, inclusive sistemas autoritários (exemplo:
Alemanha nazista, Itália fascista etc.). Isso, contudo, não significa que haja relação entre o estado
social e o autoritarismo.
Características do Estado social:
Neoconstitucionalismo:
Alex Muniz Barreto citando Gilmar Mendes, Inocêncio Coelho e Paulo Branco
informa que o Neoconstitucionalismo tem as seguintes características “a) mais
Constituição do que leis; b) mais juízes do que legisladores; c) mais princípios
do que regras; d) mais ponderação do que subsunção; e)mais concretização do
que interpretação.”
Características:
Após a Segunda Guerra Mundial, houve o reconhecimento definitivo de que a constituição é uma
norma jurídica e deve ser respeitada. Até então, as declarações de direitos contidas nas
constituições eram vistas na Europa como documentos eminentemente políticos, não sendo
vinculantes (sobretudo para o legislador).
✓ Os direitos fundamentais não eram oponíveis ao Poder Legislativo. Nesse período, havia as
chamadas “normas programáticas, as quais veiculavam meros conselhos/exortações morais. Tais
normas programáticas estavam consagradas, sobretudo, entre os direitos fundamentais.
✓ Contudo, a experiência demonstrou que, muitas vezes, o abuso contra os direitos vinha do
próprio Parlamento.
Por esse motivo, passou-se a adotar a concepção de que a vinculação seria para todos os Poderes.
Assim, com o fim da Segunda Guerra Mundial, a ideia de que a constituição tem dispositivos
desprovidos de normatividade ficou completamente superada. Assim sendo, no
constitucionalismo contemporâneo, as declarações de direitos passaram a ser oponíveis a todos
os poderes públicos, inclusive ao Poder Legislativo.
✓ Os textos constitucionais não se restringem aos princípios gerais. Isso ocorre porque a maioria
das constituições modernas foram criadas após um período de autoritarismo, assim, a intenção foi
tentar proteger os direitos de maneira mais abrangente.
✓ Exemplo: a CF/1988 possui vários dispositivos que consagram questões não constitucionais.
Um exemplo disso é que ela, até bem pouco tempo, estabelecia os juros máximos de 12% ao ano.
Obs.: Esse novo constitucionalismo é um amálgama da experiência estadunidense e da
experiencia francesa.
✓ A judicialização das relações políticas e sociais refere-se ao fato de que questões, anteriormente
restritas ao âmbito político e social, hoje são levadas ao Poder Judiciário. Isso decorre, em parte,
pelo maior acesso ao Poder Judiciário e pela gratuidade da justiça.
O professor Paulo Bonavides tem uma frase que sintetiza a evolução da sociedade: “ontem, os
códigos; hoje, as constituições”.
✓ Na época do Direito Romano, os códigos eram a principal fonte do Direito.
No Direito Contemporâneo, as constituições ocupam o cume do ordenamento
jurídico.
Essa talvez seja a face mais evidente da Constituição Federal de 1988. O texto constitucional não
tem apenas as matérias clássicas do Direito Constitucional, mas também normas sobre Direito
Administrativo, Direito Tributário, Direito Previdenciário etc. Assim, outros ramos do direito
encontram seus princípios básicos na Constituição.
A interpretação das leis infraconstitucionais deve ser feita sempre à luz da Constituição, pois esta
é o fundamento de validade das leis.
✓ Através da filtragem constitucional, faz-se uma interpretação das leis conforme a Constituição,
extraindo-se do dispositivo o seu melhor significado.
Atenção: dispositivo e norma não se confundem! Dispositivo é aquilo que está escrito no texto.
A norma, por sua vez, é o resultado da interpretação.
Quando os direitos fundamentais surgiram nas constituições, eles eram oponíveis apenas ao
Estado, pois o objetivo era proteger o indivíduo contra o arbítrio do Estado.
Entretanto, com o tempo, foi possível perceber que os direitos fundamentais devem ser oponíveis
não só ao Estado, mas também aos particulares, aplicando-se às relações privadas.
Em resumo:
Esse modelo é democrático de direito porque busca fazer uma conexão entre o Estado de direito
e a democracia.
Alguns autores preferem denominar esse modelo de Estado Constitucional Democrático, pois isso
denota uma mudança de paradigma, de modo a substituir a ideia de “império da lei” pela ideia de
“supremacia da constituição”.
✓ Admitir esse tipo de controle, muitas vezes, faz com que a vontade do Poder
Judiciário se sobreponha, inclusive, à vontade do legislador. Exemplo:
jurisprudência sobre a possibilidade (ou não) de prisão após a decisão em 2ª
instância.
3) Democracia substancial:
Para Alexy, princípios são normas que ordenam que algo seja realizado na medida do possível,
dentro das possibilidades jurídicas e reais existentes. Trata-se de um "mandado de otimização".
Os princípios apresentam um grau de generalidade mais alto que as regras. Por outro lado, as
regras são normas que podem ou não ser cumpridas. Se uma regra é válida, logo deverá fazer
exatamente o que ela diz. Utiliza a técnica do tudo ou nada.
Qual a solução quando houver conflito entre regras? E entre princípios? Um conflito entre
regras, somente poderá ser afastado pelo princípio da especialidade ou será declarada inválida,
pelo menos uma das regras. Assim, a escolha de qual regra deve ser eliminada, deve-se utilizar
regras de solução de conflito - lei posterior revoga lei anterior - e - lei especial prevalece em
relação as leis gerais.
Transconstitucionalismo:
Percebe-se que Neves propõe a superação do conceito de acoplamento estrutural entre sistemas
funcionais da sociedade moderna de Niklas Luhmann, utilizando-se, nesse diapasão, do conceito
de racionalidade transversal, que diz respeito aos entrelaçamentos que servem de aprendizados
ou influências recíprocas entre esferas da sociedade com racionalidade ou experiências diversas.
Vislumbra-se, por tal teoria, a superação do constitucionalismo provinciano, em que o Estado não
é mais o locus privilegiado como outrora para a solução dos problemas constitucionais,
implicando o necessário reconhecimento de diversas ordens jurídicas entrelaçadas.
A teoria reflete um processo de integração que conduziria aos Estados-membros a uma mutação
constitucional progressiva direcionada à consolidação de um Sistema Constitucional Multinível.
Pernice assentava ser irrelevante a Europa ter ou não uma Constituição, porquanto, por ser um
sistema de poder compartilhado entre os níveis de governança regional, nacional e supranacional,
já ostentava uma “Constituição Multinível”, formada pela relação entre as Constituições dos
Estados-membros vinculados por um corpo constitucional complementar.
A ideia de Pernice não é isenta de polêmicas, sobretudo por envolver a busca de uma identidade
coletiva em um processo espontâneo (e não imposto) e, ainda, quando se amplia o escopo de
observação para além do espaço europeu.
2) Sentido político: Carl Schmitt, por sua vez, em sua obra “Teoria da Constituição”, afirma que
a Constituição significa a decisão política fundamental, vale dizer, a decisão concreta sobre o
modo e a forma de existência da unidade política (o Estado). Assim, a Constituição representa o
resultado da vontade política fundamental do Poder Constituinte originário quanto aos temas
ligados à estruturação do Estado. O autor diferencia Constituição de Leis Constitucionais. Com
efeito, no texto constitucional, haveria normas que se destacariam pela enorme relevância política,
por dizerem respeito à estrutura do Estado, aos direitos e garantias fundamentais, ao regime
político, à organização dos Poderes etc. (Constituição, segundo Schmitt). Por outro lado, haveria
normas que não apresentariam essa relevância, que só se encontrariam inseridas na Constituição
para adquirirem maior estabilidade jurídica (Leis constitucionais, segundo Schmitt).
3) Sentido jurídico: Concebida por Hans Kelsen em sua obra “A Teoria Pura do Direito”, prestigia
a Constituição como um corpo de normas jurídicas fundamentais à estruturação do Estado, dotada
de plena força normativa capaz de conduzir o processo político, servindo de fundamento de
validade para a produção normativa. Kelsen inaugura o dogmático-positivismo kelseniano,
colocando a Constituição no ápice do sistema jurídico. A Constituição sob a ótica jurídica é vista
como um sistema unitário e harmônico de normas jurídicas, norma fundamental do Estado e da
vida jurídica de um povo, paradigma de validade de todo o ordenamento jurídico.
Hans Kelsen considera a Constituição uma norma jurídica pura, puro dever-ser, sem qualquer
conotação sociológica, política ou jurídica. Muito embora reconheça a relevância dos fatores reais
de poder na condução da vida política de um Estado, Kelsen defendeu que o seu estudo não
compete ao operador do Direito, mas ao sociólogo, ao filósofo etc. Nisso consistia sua Teoria
Pura do Direito: afastar a ciência jurídica de todo juízo de ordem moral, política, social ou
filosófica.
Quanto à origem:
Dogmática: resulta dos trabalhos de um órgão constituinte que sistematiza as ideias e princípios
dominantes em um determinado momento histórico.
Quanto à estabilidade:
Rígidas: são aquelas modificáveis apenas mediante procedimentos mais solenes e complexos do
que o processo legislativo ordinário.
✓ Geralmente, esse tipo de constituição exige, para a alteração de suas normas, debates mais
amplos, prazos de deliberação mais dilatados, quórum qualificado etc. Exemplo: Constituição
brasileira de 1988.
Quanto à extensão:
O objetivo desse tipo de constituição é conferir uma proteção maior a certos institutos. É por esse
motivo que as constituições europeias (posteriores à Segunda Guerra Mundial) e as constituições
latino-americanas (posteriores aos períodos de ditadura) são prolixas.
O grande problema dessas constituições é que elas precisam ser alteradas com muita frequência.
Exemplo: a CF/1988 possui mais de 100 emendas.
Quanto à dogmática:
Quanto à ontologia:
Nominal: apesar de ser válida do ponto de vista jurídico, a constituição nominal não consegue
conformar integralmente o processo político às suas normas, sobretudo nos aspectos econômicos
e sociais, embora ela tenha a pretensão de ser uma constituição normativa.
Natureza jurídica do preâmbulo constitucional: acerca de sua natureza jurídica, existem três
vertentes de grande relevância doutrinária, sendo elas a da Plena Eficácia, a da Relevância
Jurídica Indireta e a da Irrelevância Jurídica.
Teoria da Plena Eficácia: a Teoria da Plena Eficácia do preâmbulo constitucional, como já aduz
sua nomeação, admite que o texto vestibular da Constituição Federal possui eficácia jurídica
equivalente ao restante do texto constitucional. Esta teoria é muito pouco adotada por
doutrinadores. Alguns nem a reconhecem como uma teoria, levando em consideração que o
procedimento constituinte não dita que o preâmbulo constitucional deva ser obrigatório na
redação do texto constitucional.
Teoria da Relevância Jurídica Indireta: esta, por sua vez, elenca que o preâmbulo constitucional
desempenha função de orientar a identificação das características que regem o texto
constitucional, sem possuir, por si próprio, caráter normativo. Nesta teoria, então, o preâmbulo
desempenha um papel orientador na identificação das características da Constituição, mas não se
confunde com suas normas, não equivale a elas.
Teoria da Irrelevância Jurídica: é a mais aceita entre os doutrinadores do direito brasileiro. A tese
afirma que o preâmbulo não está situado no campo jurídico, sendo ele exclusiva manifestação das
posições políticas adotadas pelo constituinte. É a tese acatada pelo Supremo Tribunal Federal.
No título 2, haverá um capítulo destinado aos direitos e deveres individuais e coletivos, que é o
artigo 5º. Também há um capítulo destinado aos direitos sociais, à nacionalidade, aos direitos e
partidos políticos etc.
Sobre a parte dogmática, tem-se que é a maior parte da Lei Maior. Trata-se dos 250 artigos
distribuídos nos 9 títulos da CF. Essa parte carrega todas as normas essenciais (direitos
fundamentais, estrutura do Estado federal, competências de cada ente, etc.), mas também possui
inúmeras regras apenas de cunho formal (relacionadas à organização básica do Estado).
FONTE: https://www.esquematizarconcursos.com.br/artigo/estrutura-da-constituicao-federal-de-
1988#:~:text=Parte%20dogm%C3%A1tica%20da%20Constitui%C3%A7%C3%A3o%20Federal&text=E
ssa%20parte%20carrega%20todas%20as,%C3%A0%20organiza%C3%A7%C3%A3o%20b%C3%A1sic
a%20do%20Estado).
• Elementos orgânicos
• Elementos limitativos
• Elementos socioideologicos
• Elementos de estabilização constitucional
Elementos orgânicos: são os que contêm normas que regulam a estrutura do Estado e do Poder,
os quais se concentram, predominantemente, nos Títulos II (Da organização do Estado), IV (Da
organização dos Poderes e Sistemas de Governo), Capítulos II e III, do Título V (Das Forças
Armadas e da Segurança Pública) e VI (Da Tributação e do Orçamento).
Elementos limitativos: são os que se manifestam nas normas que consagram o elenco dos direitos
e garantias fundamentais (do Título II da Constituição - Dos Direitos e Garantias Fundamentais),
excetuando-se os Direitos Sociais, que entram na categoria seguinte.
Elementos formais de aplicabilidade: são os que se acham consubstanciados nas normas que
estabelecem regras de aplicação das normas constitucionais. São exemplos o preâmbulo, o
dispositivo que contém as cláusulas de promulgação, as disposições constitucionais transitórias e
o § 1º, art. 5º, que determina que as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm
aplicabilidade imediata.
Poder constituinte:
Também conhecido como inicial, inaugural, genuíno ou de 1.º grau, é o poder que rompe com a
ordem jurídica anterior e inicia uma nova (por isso inicial), originando um novo Estado. O poder
constituinte originário é dotado de algumas características, é autônomo, pois o poder será exercido
de forma soberana para a elaboração da nova Constituição; e também é ilimitado juridicamente
por não precisar se submeter aos princípios propostos na Constituição anterior.
É um poder de fato, político e permanente, pois a nova ordem jurídica estabelecida se inicia não
anteriormente, mas com a materialização do poder (natureza pré-jurídica); e uma vez que o poder
constituinte originário não é consumido na elaboração de uma nova Constituição, conservando-
se no modo de expressão da liberdade humana.
O poder constituinte originário pode ser expressado de duas maneiras: pela outorga ou pela
assembleia nacional constituinte (convenção). Na outorga ocorre a pronúncia unilateral do
governante ou revolucionário, já na assembleia nacional constituinte realiza-se a representação
popular a partir do debate da populacional. Por sua vez, o poder constituinte originário pode ser
especificado em histórico (fundacional) e revolucionário.
O histórico é o poder que forma o Estado pela primeira vez, sendo o revolucionário o poder que
rompe com a antiga ordem e instaura uma nova, formando posteriormente novos Estados.
O poder constituinte derivado também pode ser chamado por poder constituinte instituído,
constituído, secundário, de segundo grau e remanescente. Esse poder é criado e estabelecido pelo
poder originário, por esse motivo tem a obrigação de atender as exigências impostas pelo
originário para a produção das normas constitucionais, tornando-se limitado. Derivam do poder
constituinte originário o reformador, o decorrente e o revisor, e pela derivação, todos são limitados
e vinculados ao poder constituinte originário, caracterizados como poder jurídico.
O poder constituinte difuso é o poder capaz de atuar para a mutação constitucional. As alterações
realizadas por esse poder são consequências das situações sociais, políticas e econômicas, sendo
menos formal que o poder constituinte derivado revisor, atuando como poder de fato. Portanto é
a alteração da interpretação do texto constitucional e não necessariamente do corpo do texto. Esse
poder é usado para melhor adequar as normas constitucionais ao momento histórico e as
alterações sofridas pelo meio social, uma vez que a nova interpretação não poderá ferir as
determinações do texto original.
Trata-se da relação do direito com o tempo, os direitos que foram conquistados, a retroatividade
e irretroatividade das normas e do abuso dos governantes.
Vacância na Constituição:
Nas hipóteses de impedimento, trata-se de uma impossibilidade temporária, por exemplo, férias,
problemas de saúde, saída do país, etc. Já as hipóteses de vacância tratam-se de impossibilidades
definitivas, por exemplo em caso de renúncia, impeachment, morte, etc. Outrossim, a
consequência do impedimento do presidente é apenas a sua substituição.
Quando ocorre a dupla vacância, ou seja, tanto presidente quanto vice-presidente definitivamente
impossibilitados de exercer seus cargos, são convocadas novas eleições, que podem se dar de duas
maneiras:
Diretas, se a segunda vacância ocorreu nos dois primeiros anos do mandato presidencial,
convocadas 90 dias após a dupla vacância;
Indiretas, se a segunda vacância ocorreu nos dois últimos anos do mandato presidencial,
convocadas 30 dias após a dupla vacância.
Nos dois casos, o mandato será o chamado “tampão”, ou seja, o candidato eleito apenas completa
o mandato do presidente antecessor.
Trata das leis que se tornaram infraconstitucionais a partir da manifestação da nova Constituição.
Essas leis não são classificadas como inconstitucionais, porém são revogadas, uma vez que existe
incompatibilidade com as definições da nova Constituição, e dessa forma, fala-se que essas leis
sofrem carência de recepção, enquanto as leis convergentes com a Constituição recém construída
são recepcionadas. É possível que apenas fragmentos da lei sejam recepcionados, sendo que a
recepção e a revogação ocorrem no momento da promulgação da nova Constituição.
Para que uma norma seja recepcionada, analisa-se primeiro sua compatibilidade com a
Constituição vigente à época de sua edição (tanto em sua forma quanto em sua matéria), e então,
sendo compatível com aquela, analisa-se a compatibilidade material com a nova Constituição.
Portanto, é possível que uma norma incompatível formalmente com a nova Constituição seja
recepcionada em razão de sua matéria.
Repristinação: é o fenômeno jurídico pelo qual normas revogadas voltariam a viger em razão da
revogação da norma que as havia revogado. Assim, por exemplo, normas revogadas pela
Constituição anterior poderiam voltar a viger em razão da revogação daquela. No Brasil, para que
esse fenômeno ocorra deve haver previsão expressa nesse sentido.
Desconstitucionalização: discorre sobre as leis compatíveis com a nova Constituição, as quais são
recepcionadas com a condição de lei infraconstitucional. Como regra a desconstitucionalização
não ocorre no Brasil, mas pode ocorrer se o poder originário ao estabelecer a nova ordem jurídica
expressar que assim seja.
Recepção Material de Normas Constitucionais: nessa recepção, as normas da Constituição
anterior que forem compatíveis com a nova Constituição seriam recepcionadas e aceitas por
tempo determinado. A recepção material ocorre somente se a nova ordem jurídica assim decidir,
caso contrário as normas da antiga Constituição serão revogadas devido a regra da
compatibilidade horizontal de normas de mesma hierarquia, a qual determina que a norma mais
recente revoga a anterior.
Quando uma constituição enquanto norma fundamental for criada, todas as leis que forem
incompatíveis com a nova ordem jurídica serão automaticamente revogadas. Trata-se do
fenômeno da não recepção.
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servicos_produtos/bibli_informativo/bibli_inf_2006/Rev-CJS-UNIPAR_v.19_n.02.07.pdf
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