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1. Constituição e Constitucionalismo
A constituição é uma invenção humana, por meio de um processo histórico, com matizes políticas,
sociais, culturais. O estudo dessas formações se chama constitucionalismo (origens e razões do
sentimento constitucional que possui o indivíduo – decorre da cultura, do entranhamento da
constituição na vida cotidiana).
A palavra constitucionalismo não tem significado único. Palavra plurívoca, pois admite mais de
um significado (André Ramos Tavares):
1) Movimento político social com raízes históricas remotas que objetivava limitar o poder
arbitrário do governante – notadamente vinculado aos direitos fundamentais;
4) Pode indicar uma nomeação dos propósitos mais latentes e atuais da função e posição que as
constituições ocupam nas diversas sociedades, ou seja, significa qual a importância, função
da constituição em um determinado Estado. Ex: no constitucionalismo brasileiro a
constituição é a pedra fundamental da formatação do nosso Estado democrático de direito.
Noção: Sentido amplo (todo Estado possuir uma constituição, em qualquer época da humanidade,
independentemente de seu regime político e da sua forma); Sentido estrito (técnica jurídica de tutela
das liberdades – momento histórico séc. XVIII – exercício de direitos e garantias pelos cidadãos.
Escrita).
Objetivos: Plano constitucional positivo – limitar o arbítrio e o abuso do poder e preservar direitos e
garantias fundamentais + Modelo constitucional universal – instrumento de organização do Estado e
coordenação do poder político.
O Constitucionalismo trouxe a ideia do que seria um conceito ideal de constituição. Surgiu no final
do séc. XIX com Carl Schmitt, abrange 3 elementos.
Ideias embrionárias dos elementos que vão dar ensejo ao conceito moderno de constituição.
Na antiguidade clássica não existia constituição tal qual significa hoje. Porém, há uma fase
que foi a base filosófica dos elementos que hoje compõem a constituição em sentido
moderno.
Hebreu: Estado teocrático (lei do senhor, lei máxima que criava limite ao poder político
– ideia de hierarquia das leis. Torá como 1ª constituição – Karl Loewenstein);
Encontram-se na Idade Média as mais claras apologias ao poder limitado dos governantes e
a mais explícita reivindicação do primado da função judiciária.
1) Concepção jusnaturalista da constituição; 2) Autênticas constituições não escritas
(pactos, forais); 3) Amadurecimento do rule of law; 4) Autoridade dos governantes fundada
em pacto com os súditos – Igreja como árbitra das soluções.
Marco Inicial – séc. XIII – Magna Carta (1215): Primeiro documento escrito de
limitação do poder do monarca. Não era constituição em sentido moderno. Espécie de
contrato de domínio. Documento assinado entre João Sem-Terra e os barões do reino
(tributos excessivos – importância fiscal para a constitucionalização). Alguns
dispositivos ainda estão em vigor. João Sem-Terra anulou a Carta (auxílio do papa).
Guerra deflagrada. Porém, revigorada depois.
Marco Final – séc. XVIII - Constituições Americana (1787) e Francesa (1791), que
inauguram o constitucionalismo moderno. (Duas primeiras constituições escritas em
estendido moderno).
C) Constitucionalismo Moderno:
Constitucionalismo inglês
Constitucionalismo norte-americano
Constitucionalismo francês
a. Pacto do Mayflower
b. Declaração da Virgínia de 1776
c. Declaração de Independência de 1776
d. Constituição de 1787 – marco do constitucionalismo moderno: modelo federal e
presidencial. Impõe limites às leis e poder do parlamento.
Formatação teórica do Poder Constituinte: “Qu’est-ce que le Tiers État?” (“O que é
o Terceiro Estado” ou “A Constituinte Burguesa”) – Emmanuel Joseph Sieyès: “O
Poder Constituinte é o poder originário que pertence à Nação capaz de criar, de
maneira autônoma e independente, a constituição escrita”.
D) Constitucionalismo Social:
Passa a ser exigido mais do Estado. Que ele se torne um estado de providência, de bem
estar social. Estado, além de se abster e ser limitado, passa também a atuar socialmente a
fim de prover direitos sociais, que exigem do Estado uma prestação positiva. Direitos
fundamentais de 2ª dimensão.
Transição para o modelo de Estado social / de bem estar social / Estado providência.
E) Constitucionalismo Contemporâneo:
Após a ideia do estado social, com o pós 2ª guerra mundial, passou-se a questionar o Estado
de direito que fundamenta os atos execráveis do estado nazista (arcabouço jurídico que dava
sustentação formal ao nazismo).
Carta das nações unidas → Sistema internacional de proteção aos direitos humanos.
F) Constitucionalismo do Futuro:
Verdade (constituição não vai trazer normas que não pode concretizar. Normas
programáticas inalcançáveis. Concretização daquelas que não se realizam por falta de
interesse político por meio de cobranças do judiciário e sociedade);
Solidariedade (fraterna);
Consenso (difere da regra de maioria – pode ser totalitária – assembleísmo e
legitimidade democrática. Decisão política será fruto de deliberação de um grupo que
decide sem ruptura com o grupo vencido);
Continuidade (seguirá a lógica das antecedentes dando continuidade dos efeitos já
alcançados. Vedação do retrocesso);
Participação (cada vez mais instrumento de participação popular. Democracia
participativa);
Integração (órgãos supranacionais e políticas transnacionais);
Universalização (deverá positivar direitos fundamentais internacionais, com destaque à
dignidade da pessoa humana).