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DIREITOS HUMANOS

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

• Direitos Humanos: o tudo (ideia protecionista e isonômica) e o nada (as diferenças


sociais e econômicas).

• Conceito: “Conjunto de normas e princípios (escritos ou não) abarcados pelo direito


internacional, extensivo a todos os seres humanos, independentemente de sua
vinculação a determinada ordem constitucional, apresentando validade universal e
caráter supranacional”.

DIREITOS HUMANOS X DIREITOS HUMANOS FUNDAMENTAIS

• Os Direitos Humanos transcendem os limites de cada Estado, são inerentes à


existência do homem, valendo por si mesmos, independentemente de positivação.
Estão acima dos interesses nacionais, merecendo a atenção do Direito Internacional,
onde a solidariedade substitui o individualismo.

• Os Direitos Humanos Fundamentais são aqueles positivados no ordenamento jurídico


de um determinado Estado, com todos os mecanismos necessários para a sua plena
efetivação (remédios constitucionais).

DIREITOS HUMANOS: jusnaturalismo, positivismo e teoria moralista.

• O jusnaturalismo fundamenta os Direitos Humanos em uma ordem superior,


universal, imutável e inderrogável. Os direitos humanos não são criação dos
legisladores, tribunais ou juristas, não podem desaparecer da consciência dos homens.

• Para o positivismo, o fundamento da existência dos direitos humanos está na ordem


normativa, legitima manifestação da soberania popular. Os direitos humanos são
apenas os expressamente previstos no ordenamento jurídico positivado.

• Os direitos humanos, para a teoria moralista (ou de Perelman), se fundamentam na


experiência e consciência de um determinado povo.

• Conclusão: as teorias (de forma isolada) não conseguem explicar o fundamento dos
direitos humanos, as mesmas se completam, devendo coexistirem. Assim, a formação
de uma consciência social (teoria de Perelman), baseadas em valores fixados na crença
de uma ordem superior, universal e imutável (jusnaturalismo) fazem com que o
legislador ou os tribunais encontrem substrato político e social para o reconhecimento
da existência de determinados direitos humanos como integrantes do ordenamento
jurídico (teoria positivista).
A banalização da expressão direitos fundamentais

Positivismo x Pós positivismo

CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICO-FILOSÓFICA

• Egito e Mesopotâmia (3º milênio a.c.): previsão de alguns mecanismos de proteção


individual em relação ao Estado.

• Código de Hamurabi (1690 a.c.): primeira codificação a consagrar um rol de direitos


comuns a todos os homens (vida, propriedade, honra, família). Previsão da supremacia
das leis em relação aos governantes (legalidade).

• A influência filosófico-religiosa iniciou-se com a propagação das ideias de Buda (500


a.c.): igualdade de todos os homens.

• Grécia: estudos sobre a igualdade e liberdade do homem, bem como da participação


política do cidadão. Crença na existência de um Direito Natural anterior e superior as
leis escritas (Sófocles – Antígona - 441 a.c.).

• Direito Romano: estabeleceu um complexo mecanismo de interditos visando tutelar


os direitos individuais em relação aos arbítrios estatais (Lei das 12 tábuas).

• Cristianismo: influenciou diretamente a consagração dos direitos humanos e


fundamentais enquanto necessários à dignidade da pessoa humana.

• Idade Média: organização feudal e rígida separação de classes. Subordinação entre o


suserano e os vassalos. Documentos jurídicos reconhecendo a existência de direitos
humanos. Limitação ao poder estatal. (Magna Charta Libertatum – 1215 / Bill of Rights
– 1689).

• Revolução Francesa (1789): fim do Estado Medievo. Início do Estado Liberal. Criação
dos direitos individuais.

• Estado Social: “fim” (suspensão) do Estado Liberal. Ideário socialista-comunista.


Criação dos direitos sociais.

• Estado Democrático de Direito: “tertius genus” (solução??!!). Globalização. Direitos


Transindividuais. Genética. Informática. Nova ordem mundial e os direitos humanos.
PRINCIPAIS DOCUMENTOS PROTETIVOS DOS DIREITOS HUMANOS

• Magna Charta Libertatum (15-06-1215): previa dentre outras garantias a liberdade da


Igreja da Inglaterra, restrições tributárias, proporcionalidade entre delito e sanção,
previsão do devido processo legal, livre acesso à justiça, liberdade de locomoção e
livre entrada e saída do país. A sociedade era organizada em 3 estamentos (nobreza,
clero e povo), os 2 primeiros com privilégios hereditários e o 3º apenas com o status
libertatis (não se confundiam com o servos/escravos). Buscava o enfraquecimento do
poder estatal. Redigida em latim bárbaro. Surgimento de um novo grupo social:
burguesia.

• Petition of rights (1628): proclamou a soberania do parlamento inglês em matéria de


impostos e proibiu aprisionamentos arbitrários.

• Habeas Corpus Act (1679): normatizou o instituto, que já existia na common law (em
forma de costume e precedentes). Previa multa à autoridade coatora que voltasse a
prender o indivíduo pelo mesmo fato.

• Bill of rights (13-02-1689): propiciou uma enorme restrição ao poder estatal.


Fortaleceu o princípio da legalidade (impedia que o rei suspendesse leis sem o
consentimento do parlamento). Criação do Direito de Petição, das imunidades
parlamentares, vedação de aplicação de penas cruéis. Apesar dos avanços, negava de
forma expressa a liberdade e igualdade religiosa (rei protestante, vedava o papismo).

• Act of Seattlemente (12-06-1701): configurou-se, basicamente, em um ato normativo


reafirmador do princípio da legalidade. Previa a responsabilização política dos agentes
públicos e a possibilidade de “impeachment” de magistrados.

• Declaração de Direitos de Virgínia (16-06-1776): de extrema importância, proclamava


o direito à vida, à liberdade e à propriedade. Trazia ainda o princípio da legalidade,
devido processo legal, tribunal do jurí, princípio do juiz natural e imparcial, liberdade
de imprensa e liberdade religiosa.

• Declaração de Independência dos EUA (04-07-1776): produzida por Thomas Jefferson,


repetiu a previsões da declaração de virgínia e buscou a redução do poder estatal, em
decorrência da exploração sofrida por conta da Inglaterra.

• Constituição dos EUA (17-09-1787): além dos direitos previstos nas duas declarações
anteriores, trouxe a separação harmônica dos poderes estatais, a liberdade religiosa, a
inviolabilidade de domicílio, a ampla defesa e a impossibilidade de aplicação de penas
cruéis ou aberrantes.

• Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (26-08-1789): caracterizou-se como


a consagração normativa dos direitos humanos. Em 17 artigos destacam-se os
seguintes direitos: princípio da igualdade, liberdade, propriedade, segurança,
resistência à opressão, associação política, princípio da legalidade, reserva legal e da
anterioridade da lei penal, princípio da presunção de inocência, liberdade religiosa,
livre manifestação do pensamento. Em 03-09-1791 veio a lume a Constituição
Francesa, a qual repetiu os ideários da Declaração.
• Constitucionalismo liberal do século XIX: Constituição de Cádis (Espanha), 19-03-
1812; Constituição Portuguesa (23-09-1822); Constituição Belga (07-02-1831) e a
Declaração francesa de 1848. Serviram como sustentáculos ao Estado Liberal,
abarcando todos os direitos até então previstos nos documentos anteriores. Buscavam
a proteção das liberdades individuais e a manutenção do “Estado Guarda-noturno”.

• Constitucionalismo social do século XX: Constituição Mexicana (31-01-1917);


Constituição de Weimar (11-08-1919); Declaração Soviética dos Direitos do Povo
Trabalhador e Explorado (17-01-1918); Constituição Soviética (10-07-1918) e Carta del
Lavoro (21-04-1927). Tais constituições estavam fortemente marcadas pelas
preocupações sociais. Marcavam o “declínio” do Estado Liberal. Além da previsão dos
direitos e garantias individuais, passou a tratar dos direitos trabalhistas. Deram ênfase
aos direitos sociais e econômicos, prevendo a proteção estatal em relação ao trabalho.

• O constitucionalismo soviético era o mais radical e visava, segundo o previsto no


capítulo II: “suprimir toda a exploração do homem pelo homem, abolir completamente
a divisão da sociedade em classes, a esmagar implacavelmente todos os exploradores,
a instaurar a organização socialista da sociedade e a fazer triunfar o socialismo em
todos os países”. Com base nesse ideário, suprimiu-se o direito de propriedade
privada.

• Declaração Universal dos Direitos Humanos – DUDH (10-12-1948): tecnicamente a


Declaração é uma recomendação, pois não possui força vinculante. Foi concebida sob
o impacto das atrocidades cometidas durante a 2ª Guerra e buscava a proteção dos
direitos elementares do homem. Foi o primeiro documento protetivo dos direitos do
homem a atingir nível mundial.

Outros documentos:

Convenção para a proteção e a repressão do crime de genocídio (1948) – o genocídio passa a


ser considerado crime internacional;

Convenção de Genebra sobre a proteção das vítimas de conflitos bélicos (1949) – prevê
proteção aos prisioneiros de guerra;

Convenção relativa à proteção do patrimônio mundial, cultural e natural (1972) – primeiro


documento normativo internacional que reconhece e proclama a existência de um “direito da
humanidade”. Protege os valores criados diretamente pelo homem ou inerente à natureza
(pela importância científica ou estética).

Convenção sobre o direito do mar (1982) – prevê a possibilidade de exploração e


aproveitamento dos fundos marinhos e oceânicos, além dos limites da jurisdição de cada país,
bem como a comunhão de esforços na conservação dos recursos vivos e proteção e
preservação do meio marinho.

Convenção sobre a diversidade biológica (1992) – regula o direito da humanidade à


preservação da biosfera, ou seja, da harmonia ambiental do planeta. Cuida da aplicação, na
esfera planetária, do princípio fundamental da solidariedade, tanto na dimensão presente,
quanto futura. Protocolo de Kyoto (2005).

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