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REDE JURIS

DIREITO CONSTITUCIONAL
PROFESSOR BRUNO PONTES

 DIREITO CONSTITUCIONAL, CONSTITUCIONALISMO E


CONSTITUIÇÃO

DIREITO CONSTITUCIONAL
CONCEITO E OBJETO
 José Afonso da Silva: “Ramo do Direito Público que expõe, interpreta e
sistematiza os princípios e normas fundamentais do Estado”
 Tem por objeto as normas constitucionais que definem e constituem o
Estado

FONTES DO DIREITO CONSTITUCIONAL


 Formais (imediatas):
 Normas constitucionais
 Doutrina, princípios gerais, jurisprudência
 Leis infraconstitucionais? (aceitação excepcional)
 Materiais (mediatas:
 Pressuposto: ideias, valores, realidade social (processo constituinte)
 Elementos: MATERIAIS (biológicos, psicológicos, fisiológicos), HISTÓRICOS
(conduta humana no tempo e processo constituinte), RACIONAIS (razão humana e
princípios universais) e IDEIAS (aspirações humanas)

CARACTERÍSTICAS MODERNAS DO DIREITO CONSTITUCIONAL

 Supremacia (normas constitucionais superiores)


 Transversalidade (escalona a ordem jurídica e influencia os demais ramos)
 Politicidade (relações de poder)
 Estadualidade (constituição do Estado)
 Legalismo (Constituição como principal fonte formal)
 Fragmentarismo (principiológico)
 Juventude (revoluções liberais – Século XVIII e neoconstitucionalismo)
 Abertura (aproximação com outras ciências e ordenamentos – caráter dialógico)
 Inicialidade (inicia o ordenamento)
DIREITO CONSTITUCIONAL PROCESSUAL E DIREITO PROCESSUAL
CONSTITUCIONAL
 Exemplos de normas processuais da Constituição:
 Juiz natural; devido processo legal (ampla defesa e contraditório);
fundamentação das decisões; proibição de provas ilícitas; competência dos
tribunais e juízos
 Exemplos de normas da Constituição que buscam efetivar seus valores por
meio da jurisdição constitucional
 Instrumentos do controle concentrado (ADIN, ADC, ADIO, ADPF, AÇÃO
INTERVENTIVA); súmula vinculante; garantias e remédios constitucionais
(“HC”; “HD”; MI; MS; MSC; AÇÃO POPULAR)
* DIREITO DE PETIÇÃO: garantia dos direitos fundamentais junto às funções administrativas

DIREITO CONSTITUCIONAL INTERNACIONAL E DIREITO


INTERNACIONAL CONSTITUCIONAL
 Exemplos de normas com repercussão internacional:
 Direitos humanos fundamentais (art. 5º e parágrafos)
 Princípios das relações internacionais (art. 4º)
 Exemplos de instrumentos para efetivação da Constituição através de cortes
internacionais:
 Submissão ao TPI (art. 5º, §4º)
 Determinação para formar um tribunal penal internacional de direitos
humanos (art. 7º do ADCT)

Repercussões:

 CONSTITUCIONALISMO TRANSNACIONAL (valores constitucionais


universais – cosmopolismo ético)
 TRANSCONSTITUCIONALISMO (influência de constituições estrangeiras
nos países)
 CONSTITUCIONALISMO MULTINÍVEL (união de países para construção
de Constituição única – relativização da soberania)
 INTERCONSTITUCIONALISMO (discussão no mesmo espaço político das
relações interconstitucionais – cortes internacionais)
CONSTITUCIONALISMO

CONCEITO
“Constitucionalismo é a teoria (ou ideologia) que ergue o princípio do governo limitado
indispensável à garantia dos direitos em dimensão estruturante da organização político-social
de uma comunidade” (Canotilho)

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

 Impulsionado pelo ILUMINISMO e pelo LIBERALISMO


 Contra o Estado Absolutista
 Objetivo de:
 Criar norma jurídica superior (regula a atuação estatal)
 Diminuir a intervenção estatal na liberdade individual (protege os direitos do
cidadão)
 Garantir um exercício limitado e razoável do poder (afasta arbitrariedades e
dá segurança jurídica)

* O Constitucionalismo surge junto com a Democracia?


 1º: Limitação do poder; 2º: Participação do povo no poder

* Quais as divisões históricas do constitucionalismo?


 Primitivo: Sentido amplo (qualquer restrição ao poder político)
 Antigo: Restrições concebidas pelo povo hebreu e nas cidades-estados gregas
 Medieval: Magna Carta de 1215
 Moderno: Revoluções Americana e Francesa
 Contemporâneo: Neoconstitucionalismo
 Do Futuro: Veracidade; solidariedade, continuidade, participatividade,
integracionalidade, universalidade

* Qual a origem formal do constitucionalismo moderno?


 Revoluções Americana e Francesa (CF/EUA/1787; CF/FRA/1791)

 Para alguns, constitucionalismo se divide em ANTIGO (primitivo, antigo e medieval)


e MODERNO (revoluções inglesa, americana, francesa, contemporâneo e do futuro)
* “Constitucionalismos” (além do transnacionale multinível já vistos):

- SOCIAL
 Incorporação de direitos sociais (origem: Constituição do México de 1917 e Constituição de
Weimar, de 1919; no Brasil: Constituição de 1934)

- LIBERAL
 Origem: liberalismo

- DEMOCRÁTICO
 Intercâmbio entre cidadãos e julgadores sobre o significado constitucional
 Audiências públicas, “amicus curiae”, novas metodologias de hermenêutica, em especial
científico espiritual
 “Efeito backlash”
backlash” (ativismo congressual) (reação intensa da sociedade, grupos e forças
políticas diante das decisões do Judiciário, especialmente contra o ativismo judicia).
Exemplos no Brasil: permissão da vaquejada e a EC 52/2006; presunção da inocência e lei da
ficha limpa; prisão decorrente da condenação em 2ª instância; verticalização das coligações
(EC´s 52/06 e 97/17) (*); proibição da reeleição das mesas da Câmara e do Senado) (*)

* Neste caso, foi mais um ativismo congressual sem força popular

- WHIG (TERMIDORIANO/EVOLUCIONISTA)
 Transformação constitucional gradual,
gradual, sem derramamento de sangue, mas radical
(referência à Revolução Gloriosa)
 Conservadorismo: a) Golpe do 9 Termidor, de 1794, 1794, na França (acabou com a época do
Grande Terror e radicalismos; b) Substituição do Partido Tory, na Inglaterra, Século VIII
(substituição do Partido Tory, que era favorável aos poderes do rei, pelo Partido Whig, que
defendia poderes no parlamento, daí a necessidade deste fazer leis mais “fortes”, “altas” para
controlar todos e evitar tiranos)

- TEOCRÁTICO (RAN HIRSCHIL)


 Governança teocrática com maior espaço na estrutura estatal e influência das Igrejas nas
políticas públicas (partidos religiosos; isenções tributárias; pautas parlamentares).
Diminuição da laicidade estatal.
 CF/88, Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I -
estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los,
subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento
ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança,
aliança, ressalvada,
na forma da lei, a colaboração de interesse público;
público;

* Laicidade:
Laicidade: posição passiva/neutra do Estado. Laicismo:
Laicismo: posição ativa do Estado contra as
religiões

- INGLÊS
 Supremacia do Parlamento; Commow Law; monarquia constitucional; parlamento
bicameral; eleições; liberdades públicas.

- NORTE-AMERICANO
 Poder constituinte do povo; tripartição do poder; federação; presidencialismo; constituição
escrita
- ABUSIVO (DAVID LANDAU)
 Uso de institutos democráticos para ceifar justamente o pluralismo político
 Atos aparentemente legais que, em conjunto, causam retrocesso democrático e
inconstitucionalidade (concentração abusiva de poderes no Chefe do Executivo)
 Faz parte do que parte da doutrina chama de ANTICONSTITUCIONALISMO (movimento
de governantes autoritários, geralmente com apoio popular, para quebrar ou enfrentar o pacto
constitucional de limitar poderes e garantir direitos fundamentais).
 É o que ocorre, também, no chamado COURT PACKING (“empacotamento da Corte”).
(controle da Corte Constitucional pelo Executivo – aumento da composição, indicação de
ministros vinculados às posições políticas)

*ADPF 622 contra Decreto 10.003/2019 – Conselho Nacional da Criança e do Adolescente sem
representação da sociedade)

- INTERCULTURAL
 Reconhece, permite e incentiva a convivência e concliação das diversas culturas
(consequência do patriotismo constitucional)

- ANDINO
 Latino-americano (países da Cordilheira dos Andes), com rompimento dos paradigmas dos
colonizadores (valorização dos princípios ancestrais, indígenas e meio ambiente).
 CF/88, Art. 4º, p. único: “A “A República Federativa do Brasil buscará a integração
econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de
uma comunidade latino-americana de nações.”
nações.”

 NEOCONSTITUCIONALISMO
(constitucionalismo contemporâneo)

 Movimento decorrente da 2ª Guerra Mundial

 Origem nas Constituições Europeias pós-2ª Guerra Mundial


 Itália, 1947; Alemanha, 1949; Portugal, 1976; Espanha, 1978.
 Brasil, 1988

 O neoconstitucionalismo prega:
 Efetividade da Constituição para proteger direitos fundamentais
 Reconhecimento da força normativa da Constituição (Konrad
Hesse)
 Expansão da jurisdição constitucional
 “Totalitarismo constitucional”. “Constituição invasora”
 Necessidade de nova visão da interpretação constitucional
 Mais princípios na Constituição:
 Modelo Axiológico de Constituição (“virada kantiana”)
 Pós-positivismo: superação dos métodos tradicionais de
interpretação e intermediação entre o CASUÍSMO e o
SILOGISMO
 Força do Método Tópico e da ponderação

“Mais princípios que regras; mais ponderação que subsunção; mais Constituição que lei;
mais juiz que legislador” (Pietro Sanchis)

 As consequências do neoconstitucionalismo:
 Constitucionalização dos direitos
 Irradiação da Constituição para todos os Poderes
 Valorização do Judiciário, pois acomoda as relações de poder
mediante ponderação
 Aplicabilidade direta da Constituição a diversas situações
 Aproximação do Direito com a Ética
 Ativismo judicial

 Os perigos do neoconstitucionalismo
 Banalização da Constituição (promessas vãs e descrédito social)
 Falta de flexibilização
 Insegurança, Lawfare
 Panprincipiologismo
 Soliptismo

 Marcos do neoconstitucionalismo:
 Histórico: Segunda Guerra Mundial
 Filosófico Pós-positivismo
 Teórico Força normativa da constituição (também expansão
da jurisdição e novas hermenêutica constitucional)

Neoconstitucionalismo provoca tensão com a democracia?

 Substancialismo (teorias materiais) x Procedimentalismo (teorias processuais)


 Carregamento ético e dogmático das constituições e ativismo judicial (interferência
na forma tradicional de decisão política – maioria)
 Democracia é simplesmente prevalência da maioria? Papel contramajoritário do
Judiciário e diferentes formas de manifestação popular.
Temas decorrentes da força normativa da Constituição e neoconstitucionalismo:

 DUPLO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE E


INCONSTITUCIONALIDADE CASUAL

 DERROTABILIDADE DAS NORMAS (Herbert Hart e Humberto Ávila) e


ANÁLISE DA PROGNOSE LEGISLATIVA

 PRAGMATISMO JUDICIAL (antifundacionalismo, consequencialismo e


contextualismo)

 APROXIMAÇÃO DO OBJETO E DO SUJEITO DE INTERPRETAÇÃO

 CASOS FÁCEIS (subsunção) E CASOS DIFÍCEIS (ponderação)

 INTERPRETAÇÃO CONSTRUTIVA (lacuna descoberta) E EVOLUTIVA


(lacuna oculta)

 PANPRINCIPIOLOSISMO (princípios sem normatividade) e SOLIPSISMO


(sensações próprias)

 TEORIAS MATERIAIS (substancialismo) E PROCESSUAIS


(procedimentalismo) da Constituição

 EFICÁCIA HORIZONTAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

 COISA JULGADA INCONSTITUCIONAL

 TEORIA DO IMPACTO DESPROPORCIONAL


 CONSTITUIÇÃO

CONCEITO

“Norma superior da nação”; “Lei fundamental do Estado”;

“Conjunto de normas estruturantes do Estado, tendo por objeto nuclear os direitos e


garantias individuais e a separação dos Poderes”

* Há conceito inequívoco de Constituição?

SENTIDOS DE CONSTITUIÇÃO:

 SENTIDO SOCIOLÓGICO
 Ferdinand Lassalle
 “FATORES REAIS DE PODER”
 Constituição Real (fatores reais de poder) e Constituição
Escrita/Jurídica (folha de papel).

 SENTIDO POLÍTICO
 Carl Schimtt
 “Decisão política fundamental”
 Leis constitucionais (formalmente constitucional) e Constituição
propriamente dita (normas materialmente constitucionais).

 SENTIDO JURÍDICO
 Hans Kelsen
 “Norma pura” (mundo do “dever-ser”)
 Sem considerações filosóficas, políticas ou sociológicas -
neutralidade.
 Sentido lógico-jurídico (“lógica hipotética”) e Sentido jurídico-
positivo (norma pura).

 SENTIDO CULTURALISTA
 Constituição Total/Estruturante
 “Expressão cultural total da sociedade, em determinado momento
histórico”
 Atualmente, a doutrina se inclina para conceituar Constituição
como aquilo que é constitucionalmente adequado para
determinada sociedade.
ESTRUTURA DA CONSTITUIÇÃO DE 1988
 PREÂMBULO:
 Norma não central e sem força normativa;
 Não serve de base para controle de constitucionalidade.
 PARTE CENTRAL:
 Normas centrais;
 Com força normativa;
 Serve de base para controle de constitucionalidade
 ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS:
 Normas não centrais;
 Com força normativa;
 Servem de base para controle de constitucionalidade;
 Normas de eficácia exaurida

ELEMENTOS DA CONSTITUIÇÃO (“CARÁTER POLIFACÉTICO”)

 ORGÂNICOS: Organizam o Estado


 “Da Organização do Estado”;
 “Da Organização dos Poderes e do Sistema de Governo”
 “Das Forças Armadas”
 “Da Segurança Pública”
 “Da Tributação e do Orçamento”
 LIMITATIVOS: Limitam o poder estatal
 “Direitos e Garantias Fundamentais”
 SÓCIOIDEOLÓGICOS: Dá equilíbrio entre o Estado Individual e o Social
 “Ordem Econômica e Financeira”
 “Direitos Sociais”
 “Da Ordem Social”
 ESTABILIZAÇÃO CONSTITUCIONAL: Instrumentos da paz social e da
normalidade institucional
 “Intervenção Federal”
 “Estado de Defesa”
 “Estado de Sítio”
 “Processo de Emenda à Constituição”
 “Jurisdição constitucional”
 “Controle de constitucionalidade”

 FORMAIS DE APLICABILIDADE: aplicação e interpretação


 “Preâmbulo”
 “Disposições Transitórias”
 Art. 5º, §1º.
SUPREMACIA, RIGIDEZ E FORÇA NORMATIVA:
 SUPREMACIA FORMAL OU MATERIAL
 O que diferencia uma norma da outra? PROCESSO DE
ELABORAÇÃO/RIGIDEZ
 Do ponto de vista jurídico, há supremacia formal ou material?
FORMAL

 IDENTIFICAÇÃO DAS NORMAS FORMALMENTE E MATERIALMENTE


CONSTITUCIONAIS
 Formalmente: Exemplo:
 Art. 242, §2º: “O Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio
de Janeiro, será mantido na órbita federal”;
 Art. 217, §2º: “A justiça desportiva terá o prazo máximo de
sessenta dias, contados da instauração do processo, para
proferir decisão final”
 Art. 230, § 2º: “Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida
a gratuidade dos transportes coletivos urbanos”
 Materialmente:
× Organização e estruturação do Estado

 Separação dos Poderes (art. 2º; art. 60, §4º, III; Título VI:
arts. 44/126)
 Forma de Estado e de Governo (arts. 1º e 18)
 Sistema de Governo (arts. 76 e ss)

× Modo de aquisição e exercício do poder (art. 14; art. 37, I, II, V, etc.)
× Direitos e garantias individuais e sociais (arts. 5º, 6º, 7º e Título VIII)
× Normas sobre rigidez da Constituição (art. 60 e §§)

 Supremacia decorre da rigidez ou a rigidez decorre da supremacia?

 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS


× VALIDADE
× UNIDADE
× SUPERIORIDADE

 FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO

 “A Força Normativa da Constituição”, de Konrad Hesse


 Equilíbrio entre “Constituição Real” e “Constituição Jurídica”
 “Vontade da Constituição” e “Sentimento Constitucional”
CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES

 QUANTO À ORIGEM
 Promulgada/Dogmática/Votada/Popular (participação popular: 1891, 1934,
1946 e 1988)
 Outorgada/Imposta (sem participação popular: 1824, 1937, 1967 e 1969).
 Cesarista (aprovação popular: Brasil: 1937)
 Pactuada/Dualista (Rei/Parlamento. Monarquia limitada)

 QUANTO À FORMA
 Escrita (Orgânica/Instrumental) (normas constitucionais escritas). Primeiras
Constituições escritas: CF/EUA/1787; CF/FRA/1789
 Não-Escrita (Inorgânica/Costumeira/Consuetudinária) (predominância de
normas não escritas). Inglaterra, Andorra, Finlândia, San Marino, Suécia e
Vaticano.
 Há Constituição totalmente costumeira? Exemplo da Inglaterra:
» 1215: “Magna Charta Libertatum” (“Carta Rei João Sem Terra”)
» 1628: “Petition of rights” (Petição de Direitos)
» 1689:“Bill of Rights” (Declaração de Direitos)
» 1700:“Act of Settlement” (Ato de Complementação)
» 1707:“Act of Union Escócia” (Ato de União com Escócia)
» 1800: “Act of Union Irlanda” (Ato de União com Irlanda)
» 1911/1949:“Parliment Acts” (Atos do Parlamento)
» 1972:“ European Communities Act” (Ato da Comunidade Européia)
» 1998:“ Human Rights Act” (Declaração de Direitos Humanos)

 QUANTO À SISTEMÁTICA
 Unitária (Codificada) (único Código).
 Não-Codificada (Variada/Legal) (leis constitucionais).
 Art. 5º, §3º provocará “variação” ou “legalização” constitucional”?
 Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (Dec. Legislativo 186, de
09.07.2008; Decreto Presidencial 6.949, de 25.08.2009) e seu
 Protocolo Facultativo
 Tratado de Marraqueche (acesso a obras pelos cegos, deficientes visuais e outras dificuldades para
acesso ao texto impresso) (Decreto Legislativo 261/2015 e Decreto 9522/2018)
 Convenção Interamericana contra Racismo e Formas Correlatas de Intolerância (promulgação pelo
Decreto Legislativo 01, de 19.02.2021; assinatura do Decreto 10.932/2022)

 QUANTO AO CONTEÚDO
 Material (conteúdos estatais importantes)
 Material Amplo (inclusive fora da Constituição)
 Material Restrito (que estão na Constituição)
 Formal (processo de elaboração mais rígido)
 Formal Nuclear (processo rígido original)
 Formal Complementar (processo rígido reformador)
 QUANTO AO MODO DE ELABORAÇÃO

 Dogmática (Momentânea) (reunião de valores momentâneos).


 Histórica (Gradual) (formação durante a história).
 Toda Constituição dogmática é escrita?

 QUANTO À ESTABILIDADE
 Imutável (não se modificada)
 Rígida (mudança por processo mais rígido)
 Semirrígida (Semiflexível) (mudança parcialmente rígida)
* CF/1824, art. 178: “É só Constitucional o que diz respeito aos limites, e atribuições respectivas
dos Poderes Políticos, e aos Direitos Políticos, e individuais dos Cidadãos. Tudo o que não é
Constitucional, pode ser alterado sem as formalidades referidas, pelas Legislaturas ordinárias ”.
 Fixa (mudança apenas pelo mesmo Poder que a criou)
 Flexível (Plástica) (mudança por processo igual às demais normas)
 Superrígida (parte imodificável – cláusulas pétreas)

 É possível existir controle de constitucionalidade nas constituições flexíveis?

 QUANTO À EXTENSÃO
 Concisa (Breve/Sumária/Sucinta/Básica/Clássica) (resumo dos valores
principais)
 Analítica (Prolixa/Regulamentar) (vários dispositivos minuciosos).

 A tendência atual é de constituições concisas ou analíticas?


 QUANTO À ESTRUTURA
 Garantia (Quadro/Negativa) (garantir do cidadão mediante abstenção estatal)
 Dirigente (garantia da sociedade mediante ação estatal)

 CLASSIFICAÇÃO ONTOLÓGICA (CORRESPONDÊNCIA COM A


REALIDADE – KAL LOEWENSTEIN)
 Normativa (expressa a realidade social e as forças políticas do país). “Cai
bem”.
 Nominalista (Nominal) (tenta expressar, mas não consegue). “Não cai bem”
 Semântica (Pseudoconstitucional) (serve para perpetuar os donos do poder)

 QUANTO À LEGITIMIDADE MATERIAL (BONDADE MATERIAL)


 Normativa (normas “boas” para a sociedade: direitos e garantias individuais e
sociais)
 Semântica (sem normas “boas”)
 QUANTO À DOGMÁTICA

 Ortodoxa (uma só ideologia política)


 Eclética (equilíbrio de duas ou mais ideologias políticas).
* Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos: IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
* Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma
sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e
a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais
* Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa,
tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os
seguintes princípios: II - propriedade privada; III - função social da propriedade; IV - livre
concorrência; V - defesa do consumidor; VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante
tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos
de elaboração e prestação; VII - redução das desigualdades regionais e sociais; VIII - busca do pleno
emprego

 QUANTO AO SISTEMA
 Principiológica (predominância de princípios)
 Preceitual (conceitual) (predominância de regras)
 OUTRAS CLASSIFICAÇÕES E CONCEITOS
 Constituição EXPANSIVA (mais assuntos que a anterior).
 Constituição PLÁSTICA (se adapta às novas realidades).
 Constituição ABERTA (sociedade dos intérpretes)
 Constituição SIMBÓLICA (efeito políticos)
 Constituição SILENCIOSA (sem procedimentos para reforma)
 Constituição JUSNATURALISTA (baseada no direito natural)
 Constituição POSITIVA (baseada no positivismo)
 Constituição-BALANÇO/MARXISTA (descrição do estágio político)
 Constituição COMPROMISSÓRIA (compromisso após jogo de interesses)
 Constituição SUAVE (sem demagogia e exageros)
 Constituição EM BRANCO (sem cláusulas pétreas)
 HETEROCONSTITUIÇÃO (decretada fora)

 CLASSIFICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1988


 FORMAL
 ESCRITA
 CODIFICADA
 DOGMÁTICA
 PROMULGADA
 RÍGIDA
 ANALÍTICA
 ECLÉTICA
 DIRIGENTE
 EXPANSIVA
 PLÁSTICA
 NOMINAL
OUTRAS NOMENCLATURAS:
 CONSTITUIÇÃO INCOMPLETA:
 É a Constituição que não tem preâmbulo (todas as constituições brasileiras tiveram
preâmbulos).
 CONSTITUIÇÃO DÚCTIL:
 Italiano Gustavo Zagrebelsky tratou desta nomenclatura, ao destacar várias constituições
atuais existentes no mundo que conciliam um pluralismo (adotam várias ideologias, mas são
obras do consenso em função de concessões recíprocas das forças políticas distintas) e uma
ductibilidade (conteúdos contraditórios sem prevalência de uma ideologia sobre a outra, mas
que possuem uma abertura à configuração legislativa e judicial, acabando por forçar
uma integração entre legislador e juiz). É dizer: a ductibilidade é consequência natural do
pluralismo. Assim, Constituição Dúctil é aquela que contém conteúdo variável e por vezes
contraditórios, sem prevalência desta ou daquele ideologia, e que por isso pode ser adaptada
à realidade pela lei ou pela atuação judicial (se equipara à plasticidade, na medida em que
possui princípios e conceitos jurídicos indeterminados que podem ser regulamentadas e
integradas de diferentes formas, a depender da consciência política e judicial que se forma ao
longo dos anos em determinado país; se aproxima também do conceito de constituição
eclética, que adota duas ou mais ideologias políticas).
 CONSTITUIÇÃO-FUNDAMENTO:
 É a Constituição Total, por controlar e dominar o Estado e a vida social em todos os seus
aspectos, reduzindo consideravelmente o campo de atuação do legislador, por não lhe restar
liberdade significativa para conformar os temas principais.
 CONSTITUIÇÃO-MOLDURA:
 É a Constituição que dá liberdade ao legislador para atuar dentro de uma esfera de atuação,
isto é, dentro de uma moldura que acaba servindo como limite (Constituição que molda a
atuação do legislador). Este tipo de Constituição remete, inevitavelmente, aos chamados
“limites dos limites dos direitos fundamentais”, que trata justamente do estudo das restrições
que o legislador encontra no texto constitucional ao tentar impor limite, conformações e
moldura legislativa ao direito fundamental. Daí a existência das teses do núcleo essencial, da
coroa circular, da reserva legal simples e qualificada, das teorias externa e interna, absoluta
e relativa (vide no capítulo dos Direitos Fundamentais). A “Constituição-moldura” acabaria
por ser uma intermediação entre a Constituição-lei (ou flexível), que não controla o
legislador e a “Constituição-fundamento”, que controla totalmente o legislador ao descrever
todos os fundamentos jurídicos para os assuntos.
 CONSTITUIÇÃO PROVISÓRIA:
 É aquela que surge para ter vigência por pouco tempo, apenas para regular um momento de
transição, daí ser chamada de pré-constituição, revolucionária ou transitória. Alguns
entendem que o Decreto 510, de 22.06.1890, com 85 artigos na parte central e mais 12 nas
disposições transitórias, foi uma espécie de Constituição Provisória porque modificou a
estrutura do Estado e no seu art. 3º previu: “A Constituição ora publicada vigorará desde já
unicamente no tocante à dualidade das Câmaras do Congresso, à sua composição, à sua
eleição e à função, que são chamadas a exercer, de aprovar a dita Constituição, e proceder
em seguida na conformidade das suas disposições”. Serviu e teve vigência apenas até que
fosse aprovada a nova Constituição “definitiva” de 24.02.1891. De uma forma geral, as
normas exauridas, ou esvaídas do ADCT, seriam “normas constitucionais provisórias”.
 CONSTITUIÇÃO.COM (“CROWDSOURCED CONSTITUTION”):
 Trata-se de uma inovação, referência clara ao que ocorreu na Finlândia em 2011, quando a
população, de forma direta, participou do processo de construção da sua Constituição por
meio de redes sociais, com encaminhamento do documento condensado (“DRAFT”) ao
Parlamento (no caso, não houve aprovação). Sendo assim, trata-se de um projeto popular
com participação maciça dos usuários da Internet, que expressam posições, ideias e
pensamentos a respeito de temas relevantes que merecem ser constitucionalizados, abrindo
espaço para nova forma de democracia participativa, inclusive para atualização, no Brasil, da
Lei 9.709/98 (regula o plebiscito, referendo e iniciativa popular, porém de forma muito
atrasada e formal diante das variadas maneiras de participação da população).
 CONSTITUIÇÃO “CHAPA-BRANCA”.
 Expressão de Carlos Ari Sundfeld para designar a Constituição que atende anseios de
determinados grupos ou classes específicas, em detrimento dos demais, geralmente em
atendimento a pressões organizadas e intensas (no caso, as corporações teriam condições de
pressionar e ganhar vantagens no processo constituinte, daí porque poderia ser chamada de
“constituição corporativista”; seria o caso da Constituição de 1988, ao atender pressões de
policiais, fiscais tributários, militares, juízes, membros do Ministério Público, advogados
públicos, defensores, professores universitários, profissionais de saúde etc.)
 SUBCONSTITUIÇÃO.
 Hild Druger cita a “subconstituição” ou “constituição subconstitucional”, que seria um tipo
em que o conjunto das suas normas não têm caráter constitucional, mas que foram
formalmente elevadas a normas constitucionais em determinado momento da história do país,
atendendo interesses esporádicos daquele tempo, daí porque têm dificuldade em se manter
(não servem para o futuro). Em certa medida, seria um misto de constituição “chapa-branca”,
dogmática, pseudoconstituição e meramente formal.

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