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DIREITO CONSTITUCIONAL

3º Encontro
CONSTITUCIONALISMO

Prof. Msc. Arlley Andrade de Sousa


“Quando vou a um país, não examino se
há boas leis, mas se as que lá existem são
executadas, pois boas leis há por toda a
parte.”

Barão de Montesquieu
1. CONSTITUCIONALISMO
1.1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA

A história do Constitucionalismo é a busca do homem político pela


limitação do poder. Surgiu, pois, para combater a ideologia do Absolutismo,
muito bem demonstrada na frase de Luis XIV: “O estado sou eu”.

Ideias Básicas Norteantes do Constitucionalismo

Princípio do Governo ou Poder Limitado – a limitação do poder é o meio para garantir direitos
aos cidadãos.

Garantia de direitos.

Separação dos Poderes – A tripartição dos poderes é uma ideia criada por Aristóteles, tendo o
Barão de Montesquieu desenvolvido e sistematizado-a. Segundo ele “todo aquele que detém o
poder e não encontra limites, tende a dele abusar” (Fim do séc. XVIII).
1. CONSTITUCIONALISMO
1.2. CONSTITUCIONALISMO ANTIGO.

Inicia-se na antiguidade chegando até o fim do séc. XVIII.

Nesta primeira etapa há algumas experiências de limitação do poder do


monarca.

Um exemplo é o Estado teocrático hebreu, considerado a primeira


experiência de constitucionalismo, em que o poder do monarca limitado pelas
leis divinas.

Além do estado Hebreu, há registros ainda na Grécia, Roma e Inglaterra


(1215 – Magna Carta).

Somente no ano de 2000 é que a Inglaterra sistematizou sua


constituição em um só documento.
1. CONSTITUCIONALISMO

1.2. CONSTITUCIONALISMO ANTIGO.

As características principais desse momento do


constitucionalismo, são:

a) existência de um conjunto de princípios que garantem a


existência de direitos perante o Monarca;
b) constituições consuetudinárias, ou seja, constituições
baseadas nos costumes;
c) supremacia do parlamento, principalmente na Inglaterra;
d) forte influência da religião.
1. CONSTITUCIONALISMO

1.3. CONSTITUCIONALISMO CLÁSSICO OU LIBERAL

1.3.1. Para alguns autores é, somente a partir desse momento


histórico que se pode falar em constitucionalismo, que surgem em
decorrencia das Revoluções Liberais (final do séc. XVIII até a 1ª Guerra
Mundial).

É neste período o surgimento das primeiras constituições


escritas. Duas experiências constitucionais dessa época são importantes
de serem conhecidas, quais sejam, a experiência dos EUA e da França.
1. CONSTITUCIONALISMO

1.3. CONSTITUCIONALISMO CLÁSSICO OU LIBERAL

1.3.2. NOS ESTADOS UNIDOS

O constitucionalismo norte-americano, com a edição da 1ª


Constituição (1787) escrita, formal, rígida e dotada de supremacia.

Tendo em vista essa supremacia da constituição, há uma diminuição


do princípio da supremacia do parlamento. É lá que surge o controle
difuso de constitucionalidade pelo poder judiciário.

O caso Marbury x Madison (em 1803).


1. CONSTITUCIONALISMO

Foi a partir do EUA, quando se definiu que Constituição é


Norma Jurídicia dotada de supremacia formal e material, cuja
efetivação a todos os poderes subordina, sendo o Judiciário a última
instância para garantir sua eficácia que fez nascer um maior
protagonismo e fortalecimento do Poder Judiciário.

1.3.3. NA FRANÇA - A segunda contribuição para o constitucionalismo


contemporâneo se deu com a Revolução Francesa de 1789.

A primeira constituição escrita da França, de 1791, trouxe as


seguintes características:

a) Supremacia do Parlamento – a lei era a expressão da


vontade geral, havendo grande desconfiança do Poder Judiciário;
1. CONSTITUCIONALISMO
b) Garantia de Direitos e Separação de Poderes;

c) Surgimento da ideia de Poder Constituinte Originário e Poder


Constituinte Derivado, que pregava que o povo (3º estado) era o
verdadeiro titular do poder.

Surgimento da Escola da Exegese – ensinava que, tendo em vista a


perfeição do Código Civil de Napoleão de 1804, ao juiz não caberia
interpretar a lei, mas sim atuar como a “boca da lei”.

Teve seu auge por volta de 1830 e decadência por volta de


1880. Ou seja, a Interpretação seria uma atividade meramente
mecânica.
1. CONSTITUCIONALISMO

1.4. CONSTITUCIONALISMO MODERNO OU SOCIAL

Surge com o final da 1ª Guerra Mundial, em 1918, e se prolonga até a 2ª


Guerra Mundial.

Nesse período, são editadas duas constituições que marcam a mudança para
um Estado Social, a Constituição Mexicana (1917) e a Constituição de
Weimar(1919).

Com isso nascem os direitos de 2ª Geração, baseados no valor da igualdade,


mas não uma igualdade meramente formal, e sim uma igualdade material. Englobam
os direitos sociais, econômicos e culturais, exigindo do Estado uma ação positiva, a
realização de prestações jurídicas ou materiais.

O Estado passa a intervir mais nas relações sociais, econômicas e laborais.


Além disso, o Estado passa a ter papel decisivo na produção e distribuição de bens.
Torna-se função do Estado garantir um mínimo de bem estar social – Welfare State.
1. CONSTITUCIONALISMO
1.5. CONSTITUCIONALISMO CONTEMPORÂNEO
(NEOCONSTITUCIONALISMO)

Nasce com o fim da 2ª Guerra Mundial. Ocorrem profundas transformações


no Estado e no Direito.

Com a barbárie ocorrida na 2ª Guerra Mundial, a dignidade da pessoa


humana passou a ser o valor fundamental das constituições escritas.

Surgem os direitos de 3ª Geração ligados ao valor da


fraternidade/solidariedade. Está associado ao direito ao desenvolvimento ou
progresso, autodeterminação dos povos, direito ao meio ambiente equilibrado,
direito de comunicação, propriedade ou visitação sobre o patrimônio comum da
humanidade, etc.

Surgem assim os direitos transindividuais.


2. ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO OU ESTADO
CONSTITUCIONAL DEMOCRÁTICO

A diferença de denominação decorre de que para o Estado de Direito


associa-se à ideia do império da lei.

Já na nomenclatura Estado Constitucional Democrático, há uma


mudança do foco do império da lei para o da supremacia ou
normatividade da constituição.

Este nova forma de Estado tenta superar as deficiências e


sintetizar/aprofundar as conquistas dos modelos anteriores.

Com a nova visão do Constitucionalismo Contemporâneo, o Estado


terá características dos dois modelos anteriores, o Estado Liberal e o
Estado Social.
2. ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO OU ESTADO
CONSTITUCIONAL DEMOCRÁTICO

Características do novo Modelo de Estado Constitucional Democrático:

a) A universalização do sufrágio e ampliação dos mecanismos de participação popular direta;

b) O conceito de democracia passa a abranger uma dimensão material ao lado da dimensão,


meramente, formal – a democracia não deve ser vista na sua perspectiva formal, ou seja, com base na
premissa majoritária. Num sentido material ou substancial, nem toda vontade da maioria é
democrática. A dimensão material da democracia impõe o respeito aos direitos fundamentais de
todos, inclusive das minorias;

c) Preocupação com a efetividade e a dimensão material dos direitos fundamentais;

d) Fortalecimento do poder judiciário;

e) A limitação do legislador abrange os aspectos formais e materiais e as condutas comissivas


ou omissivas – as premissas positivistas são, em alguns casos, afastadas pelo neoconstitucionalismo.
Hoje além do aspecto formal, o legislador está limitado materialmente pelos direitos fundamentais.
Além disso, não apenas as condutas positivas do legislador podem ser controladas, mas também as
omissões inconstitucionais devem ser controladas.
4. REFERÊNCIAS

BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. São Paulo:


Malheiros, 2005.

GOMES CANOTILHO, Joaquim José. Direito Constitucional e


Teoria da Constituição. 7 ed. Coimbra: Almedina, 2003.

HERKENHOFF, João Baptista. Como aplicar o Direito. 12 ed.


ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2010.

HESSE, Conrad. Temas Fundamentais de Direito Constitucional.


São Paulo: Saraiva, 2009.

HESSE, Konrad. (Trad. Gilmar Mendes). A Força Normativa da


Constituição. Sérgio Antônio Fabris Editor: Porto Alegra, 1991.
OBRIGADO PELA ATENÇÃO!

FIM

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