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MATERIAL DE

REVISÃO
DIREITO
CONSTITUCIONAL
CAPITULO 1 –TEORIA DA CONSTITUIÇÃO

1 CONSTITUCIONALISMO

1.1 CONCEITO

- Séc XVII na Inglaterra e Séc XVIII nos EUA e FRANÇA;

- Ganha forma com a revolução francesa;

- Conceito: técnica jurídica por meio do qual os direitos fundamentais são garantidos em
face do Estado;

- Limitar o poder e estabelecer direitos e garantias fundamentais;

- Ruptura com perspectivas de viés absolutista;

1.2 DIFERENÇAS QUE ENVOLVEM O CONSTITUCIONALISMO

CONSTITUCIONALISMOS INGLÊS CONSTITUCIONALISMO


(ANTIGO) EUA/FRAÇA (MODERNO)

- Séc XVIII - Século XVIII


- Fruto da revolução Gloriosa 1688/1689 - Ideais iluministas e liberais;
- Limitação de poder com a supremacia do - Fruto das revoluções burguesas, a mais
parlamento. O rei, reina, mas não governa famosa é a Revolução Francesa de 1789
mais. – O Parlamento passa a governar e (Queda da Bastilha (14 de julho de 1789);
uma parte é eleita pelo povo. - A limitação do poder é feita pela Teoria
- Bill Of rights de 1689 – Declaração de da Separação dos Poderes. Ideia advinda
Direitos da Constituição de Montesquieu.
- A Constituição na Inglaterra é apenas - Especialização de poder. Incumbe ao
material, não escrita e histórica. Inaugura o Parlamento legislar (eleito pelo povo), ao
constitucionalismo no sentido moderno do Rei/ Presidente executar políticas públicas,
termo, mas não terão uma Constituição administrar e ao Poder Judiciário, julgar.
escrita. O que constitui não é um pedaço - Nos EUA, que é federalista, existe ainda
de papel, mas as práticas. o“Check and Balances”, freios e
- A Inglaterra é uma monarquia contrapesos,
parlamentar - A Constituição limitará o poder.
constitucional. - Surgem as Constituições formais e
escritas. A constituição passa a ter uma
forma que até então não tinha. A
Constituição sempre foi o modo de ser de
uma comunidade. No Século XVIII, as
Constituições ganham formato escrito,
em um documento de papel.
- Declarações de Direitos
* 1789: Declaração Universal dos Direitos
do Homem e do Cidadão (França)
* 1791: Bill of Rights (EUA)
Obs.: Interessante que nos EUA primeiro
teve a Constituição de 1787 e depois o Bill
Of Rights (10 primeiras emendas).
Obs.: A primeira Constituição Francesa foi
em 1791.

- Modelo mais adotado a partir do Séc XVII é o Americano/Francês.

- Conceito de constituição passa a ser, segundo Canotilho “ordenação sistemática e


racional da comunidade política, explicitada em um documento escrito que organiza o
Estado e estabelece direitos fundamentais”.

1.3 CONSTITUCIONALISMO ANTIGO

- Entre antiguidade clássica e fim do séc XVIII;

4 experiencias:
- Estado Hebreu; teocrático; limitação por dogmas religiosos;

- Grécia: democracia direta entre governantes e governados;

- Roma: separação de poderes entre cônsules, senado e povo;

- Inglaterra: sempre teve limitação. Ex: Carta Magna de 1215; supremacia do


Parlamento Inglês; não há uma constituição escrita na Grã-Bretanha, mas sim
documentos constitucionais como: Petition of Rights (1628); Habeas Corpus Act
(1679); Bill of Rights (1689); HumanRigts Act (1998) e Constitutional Reform Act
(2005).

Características: constituição não escrita; influência da religião; supremacia do


Parlamento; sem controle de constitucionalidade; sem poder judiciário; constituições
baseadas em precedentes judiciais.

1.4 CONSTITUCIONALISMO MODERNO

- Fim do séc. XVIII França e EUA;

- Limitar poder, organizar o Estado e estabelecer direito e garantias fundamentais;

- Ideias iluministas e liberais;

- Divisão de poderes;

Duas fases: clássica e social

Clássica ou liberal:

Fim do séc. XVIII até o fim da primeira guerra (1917); primeiras constituições escritas;
rigidez constitucional e supremacia da constituição; processo diferenciado de
modificação - não cláusulas pétreas; duas experiências (norte-americana e francesa):

Norte-americano (estadualista): primeira constituição escrita (1787); surge controle de


constitucionalidade difuso (Malbury vs. Madison 1803); fortalecimento do poder
judiciário (judicial review); check and balance, forma federativa, sistema republicano;
presidencialista e regime democrático; existência de declarações de direitos
fundamentais.

Francês (individualista): revolução francesa (1789), primeira escrita 1791; garantia de


direitos e separação de poderes; PCO x PCD; supremacia do parlamento.
Social

Fim da primeira guerra mundial (1917) ao fim da segunda guerra mundial (1945).
Estado liberal só quando há equilíbrio entre as pessoas; crise pós guerra aprofunda
desigualdades econômicas; crise do Estado Liberal. Constituição Mexicana de 1917 e
Constituição de Weimar de 1919. Intervenção nas relações econômicas, sociais e
trabalhistas; distribuição de bens; mínimo de bem estar social “Welfare State” (“O
Estado do Bem Estar Social”).

1.5 NEOCONSTITUCIONALISMO

2ª metade séc XX (pós 2ª Guerra Mundial).

Novo modo de compreender, interpretar e aplicar o direito constitucional e as


constituições;

Marcos (vetores)

Histórico: Estado constitucional de direito na Europa após a segunda guerra mundial;


constituições europeias – Itália (1948) – Alemanha (1949) – Lei Fundamental de Bohn,
Portugal (1976), Espanha (1978).

Filosófico: Pós positivismo. Superar dicotomia entre direito posto e jusnaturalismo;


Legitimidade não vem só da legalidade; não desconsidera o direito posto;
reaproximação entre direito e moral, direito e ética e direito e justiça. Não se pode
buscar legitimidade em perspectivas metafísicas. Jusnaturalismo é ilusão, pois o direito
não tem nada de natural – o direito é luta.

Teórico: teorias sobre a força normativa da constituição; novos métodos de


intepretação; nova hermenêutica constitucional.

Características

- Constituição centro do ordenamento jurídico; constituição nas outras normas;


ubiquidade constitucional; filtro; intepretação conforme;

- Força normativa da constituição: de documento político para jurídico (vinculativo);


- Concretização de direitos fundamentais – base dignidade da pessoa humana – eficácia
irradiante por todo o sistema (Ingo Scarlet). Constitucionalismo explicitou direitos
fundamentais, o neoconstitucionalismo os concretiza.

- Judicialismo da política e ralações sociais – Judiciário como protagonista de ações –


ativismo judicial – afasta reserva do possível – deslocamento do legislativo e executivo
para o judiciário – em prol do mínimo existencial judiciário interfere em políticas
públicas.

- Reaproximação entre direito e moral, direito e justiça, direito e ética, direito e


filosofia. Leitura moral da constituição (Dworkin).

- Século XXI: nova perspectiva em relação ao constitucionalismo –


neoconstitucionalismo ou constitucionalismo pós-moderno, ou, ainda, pós-positivismo -
deriva da doutrina constitucional espanhola e italiana.

Não é descritivo ou deontológico, mas axiológico. Constitucionalismo moderno:


diferença entre normas constitucionais e infraconstitucionais era apenas de grau, no
neoconstitucionalismo a diferença é também axiológica.

Novas Teorias

Teoria da norma: princípios passam a ser tão normas quanto regras (autores como
Dworkin e Alexy). Princípios não só para integração/preencher lacunas.

Teorias das fontes: deslocamento do legislativo para o judiciário; observação com mais
rigor de sumulas vinculantes e teorias dos precedentes do novo CPC.

Teoria da interpretação: nova hermenêutica constitucional. Relativização e não abolição


dos métodos clássicos.

1.6 TRANSCONSTITUCIONALISMO

Entrelaçamento entre ordens jurídicas diversas (estatal, internacional, transnacional e


supranacional) em torno dos mesmos problemas. Ordens jurídicas diversas passam a
enfrentar concomitantemente a mesma questão constitucional.

Pode ocorrer entre ordens jurídicas da mesma espécie ou de espécies diferentes, ou


mesmo entre uma pluralidade de ordens jurídicas que podem estar envolvidas
simultaneamente na solução de um caso (como exemplo, teríamos o
transconstitucionalismo pluridimensional dos direitos humanos).

1.7 CONSTITUCIONALISMO ABUSIVO

Uso de mecanismos de mudança constitucional para corroer a ordem democrática. Uma


onda de incidentes recentes em um grupo diversificado de países, como Hungria, Egito
e Venezuela, mostrou que as ferramentas de modificações e emendas constitucionais
podem ser usadas por pretensos autocratas para minar a democracia com relativa
facilidade. Como golpes militares e outras rupturas flagrantes na ordem constitucional
caíram em desuso, os atores refazem a ordem constitucional com mudanças sutis, a fim
de dificultar a sua substituição e retirar dos tribunais a capacidade de fiscalizar os seus
atos.

2 ESTRUTURA DA CF 88

2.1 PREÂMBULO

Carta de intenções ou proclamação de princípios; ruptura com o passado e


estabelecimento de nova ordem constitucional.

Faz parte do texto? 3 correntes (Jorge de Miranda):

1º - relevância jurídica direta, imediata: faz parte e tem força normativa – corrente
francesa – Bernardo Gonçalves.

2º - irrelevância jurídica: não faz parte do texto – não tem força jurídica – carta de
intenções – ruptura.

3º relevância jurídica indireta ou mediata – não faz parte do texto, não é norma, mas
serve pra interpretação e integração – cunho hermenêutico.

STF ADI 2076/AC – Irrelevância jurídica.


STF ADI 2649 – relevância indireta – princípio da solidariedade – deficientes – passe
livre.

2.2 PARTE DOGMÁTICA – CORPO PERMANENTE (ART.1º AO 250)

Corpo principal e permanente.

2.3 ADCT – ATOS DA DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS

Regulam relações entre passado, presente e futuro; transitoriedade; faz parte do texto, só
se modifica por emenda e é parâmetro para controle de constitucionalidade, exceto
normas de eficácia exaurida (art.2º ADCT).

3 CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES

3.1. QUANTO À ORIGEM

 Outorgada: imposta, sem participação popular; usurpação do titular do poder


constituinte.

 Democrática: é a Constituição popular, pois há participação popular direta (referendo


ou plebiscito) ou indireta (representatividade popular). No Brasil, (1891, 1934, 1946 e
1988)

 Cesarista (Bonapartista): há a elaboração unilateral da Constituição, mas ela é


submetida à uma ratificação popular, por meio de referendo.

 Pactuada (dualista): há um pacto, originando-se de duas forças políticas rivais. É o


que ocorreu com a burguesia ascendente e a realeza descendente. Há basicamente dois
titulares do Poder Constituinte.

3.2. QUANTO À FORMA

3.2. ESCRITA

Regras sistematizadas em documento escrito. Apresentam-se de duas formas:

 Codificadas: num único texto.

 Legais: esparsas em diversos documentos.


A CF/88 é codificada, mas a EC 45 trouxe uma mitigação a esta classificação, tendo em
conta os tratados internacionais de direitos humanos aprovados com quórum de emenda
constitucional.

3.2.2. NÃO ESCRITA (COSTUMEIRA)

Normas constitucionais não são solenemente elaboradas. Ela surge pelos costumes,
usos, jurisprudência e leis. Tanto em constituições escritas como não escritas existem
leis que tratam de normas constitucionais, mas nas costumeiras não há procedimento
solene de inclusão.

3.3. QUANTO AO MODO DE ELABORAÇÃO

3.3.1. DOGMÁTICAS

São sempre escritas, elaborada pelo órgão constituinte. Traz dogmas. Poderão ser:

 Ortodoxas: uma só ideologia;

 Eclética: soma de diferentes ideologias - ideologias conciliatórias.

3.3.2. HISTÓRICAS

São as não escritas, pois resultam de um lento processo histórico de formação.

3.4. QUANTO AO CONTEÚDO

3.4.1. MATERIAL

Traz assuntos essenciais do Estado.

3.4.2. FORMAL

É composta por todas as normas que a integram.

Para se falar em constituições materiais ou formais, é forçoso que a constituição seja


rígida, pois, do contrário, não haveria como falar em constituição.

3.5. QUANTO À ESTABILIDADE

3.5.1. IMUTÁVEIS

São aquelas que o texto não pode ser alterado. Não existe.
3.5.2. RÍGIDA

Existe um processo especial mais difícil de alteração do que para as demais normas.
Garante maior estabilidade ao texto constitucional.

3.5.3. FLEXÍVEL

Possibilidade de alteração pelo mesmo processo das demais leis. Ex.: Inglaterra.

3.5.4. SEMIRRÍGIDA (SEMI-FLEXÍVEL)

Parte da constituição é mais rígida do que outras partes mais flexíveis. Ex.: Constituição
de 1824.

Não quer dizer que quanto mais rígida seja a Constituição mais estável ela será. Isso
porque, se não puder haver a atualização do texto constitucional, poderá ocorrer o
rompimento da Constituição.

 Cláusulas pétreas

As cláusulas pétreas são cláusulas que trazem matérias que não podem ser abolidas por
meio de emendas constitucionais. Estão previstas no art. 60, §4º, da CF. Há um núcleo
não suprimível na Constituição, que são essas cláusulas pétreas. A existência de
cláusulas pétreas é o que justifica a posição de Alexandre de Moraes, o qual classifica a
CF/88 como uma constituição super-rígida.

 Constituições transitoriamente flexíveis

Uadi Lammego Bulos diz ser transitoriamente flexíveis as constituições suscetíveis de


reforma pelo mesmo rito das demais leis por um determinado período. Após este
período, passam a ser rígidas.

3.6. CRITÉRIO ONTOLÓGICO

Onto = ser, lógica = estudo.

Técnica metodológica de classificação das constituições que visa fazer uma análise do
texto da constituição com a realidade social vivenciada pelo texto.

3.6.1. NORMATIVAS

São aquelas que conseguem regular a vida política de um Estado, pois estão em
consonância com a realidade social. Há uma adequação entre o texto constitucional e a
realidade social, traduz os anseios de justiça dos cidadãos. É um alto grau de adequação
de realidade social. Ex.: Constituição dos Estados Unidos.

3.6.2. NOMINATIVAS

São aquelas que ainda não conseguem efetivar o papel de regular a vida política do
Estado. É aquela em que não há uma adequação do texto à realidade social. São
prospectivas, voltadas para o futuro. A constituição do Brasil de 1988 ainda é nominal.

3.6.3. SEMÂNTICA

Não tem a finalidade de regular a vida política do Estado. Apenas busca beneficiar o
detentor do poder. São constituições ditatoriais, autocráticas. No Brasil, foram as
constituições de 1937 (Getúlio Vargas) e as de 1967 e 1969 (Regime Militar).

3.7. QUANTO À EXTENSÃO

3.7.1. ANALÍTICAS

São extensas e versam sobre matérias além da organização básica do Estado.

3.7.2. SINTÉTICAS

São concisas, versando somente sobre princípios e regras gerais básicas de realização e
funcionamento do Estado. Ex.: Constituição dos EUA.

3.8. QUANTO À FINALIDADE

3.8.1. GARANTIA

É sintética, pois só quer garantir a limitação do poder estatal. São típicas dos séculos
XVIII e XIX e própria dos estados liberais. Aparentemente, não fazem opções de
política social ou econômica. São constituições negativas, abstencionistas. São
constituições quadro, só traçam molduras, mas não interferem, não intervém na
sociedade e nem no Estado. São constituições que visam garantir direitos frente à
possíveis ataques do poder público. O viés é o do passado.

3.8.2. BALANÇO
Faz um balanço quanto ao momento que passa o Estado. Destinada a disciplinar a
realidade do Estado. Ex.: antiga União Soviética. Tem como viés o presente. São
constituições dos estados socialistas, de cunho Marxista. O Direito não tem muita força,
apenas explicita aquilo que o poder soberano faz. Ser e não dever ser.

3.8.3. DIRIGENTE

É analítica, pois define planos para o Estado. Normas programáticas, principalmente as


sociais (Welfare State). Voltadas para o futuro, que visam alterar a sociedade a partir
dela. Típicas dos estados sociais de direito do século XX, do constitucionalismo social.:
Constituição do Brasil de 1988. Percussor é Canotilho.

Atentar para dirigismo reflexivo de Canotilho a partir dos anos 2000.

CESPE cobrou: A CF de 1988 pode ser também classificada ou entendida como


garantia. A pergunta não era sobre a classificação quanto à finalidade. A resposta é
CERTO, pois, toda Constituição é garantia, visa garantir direitos assegurados frente a
ataques e usurpações do poder público. Ex.: Mandado de Segurança, Habeas Corpus.

3.9. CONSTITUIÇÃO NOMINALISTA

Segundo Alexandre de Moraes, é a Constituição que traz normas passíveis de resolver


problemas concretos. Ela diz o problema a ser resolvido diretamente com a aplicação da
norma constitucional. O autor diz que neste tipo de Constituição só se admite
interpretação gramatical e literal.

3.10. CONSTITUIÇÃO EXPANSIVA

De acordo com Raul Machado Horta, a constituição expansiva aborda novos temas não
presentes nas constituições anteriores. Além disso, os demais temas passam a ter
tratamento mais amplo.

3.11. HETEROCONSTITUIÇÕES

São constituições decretadas fora do Estado, por um ou por outro Estado, ou ainda por
um organismo internacional. Ex.: Canadá e Nova Zelândia tiveram suas primeiras
constituições decretadas pelo Parlamento britânico.

3.12. CONSTITUIÇÃO PRINCIPIOLÓGICA E PRECEITUAL


Segundo Diogo Figueiredo, as constituições podem ser:

3.12.1. PRINCIPIOLÓGICA

Predominância de princípios.

3.12.2. PRECEITUAL

Predominância de regras.

3.13. CONSTITUIÇÃO PLÁSTICA

A constituição plástica é definida de diferentes formas por Pinto Ferreira e Raul


Machado Horta:

3.13.1. CONCEITO DE PINTO FERREIRA

É sinônimo de constituição flexível.

3.13.2. CONCEITO DE RAUL MACHADO HORTA

Há uma grande análise de um conteúdo aberto. Estas normas de conteúdo aberto dão
maior elasticidade ao legislador que passa a ter ampla margem de atuação.

3.14. CONSTITUIÇÃO SIMBÓLICA

Segundo Marcelo Neves, a Constituição simbólica (também chamada de legislação


simbólica) se define como aquela cujo objetivo é eminentemente político. Trata-se,
portanto, de um instrumento do Legislador para provocar determinados efeitos sociais.
Desta feita, a Constituição simbólica pode servir para:

 fortalecer a confiança do cidadão no legislador, fazendo-lhe crer no compromisso


deste último com os interesses sociais – é o que se chama de Constituição-Álibi (Ex.:
criação de leis penais que geram o chamado direito penal simbólico);

 confirmar determinados valores sociais;

 solucionar um impasse político por meio daquilo o que doutrinariamente se denomina


de compromisso dilatório, isto é, a postergação de uma efetiva resolução do conflito por
meio de expedientes normativos – é o que ocorre com algumas normas constitucionais
de eficácia limitada, cuja complementação depende de uma lei posterior.
4 SENTIDOS DA CONSTITUIÇÃO

J.J. Canotilho chama de Constituição Ideal aquela que é:


 Escrita;
 Direitos e garantias individuais enumerados;
 Sistema democrático formal, com a participação do povo nos atos legislativos;
 Limitações de poder através do princípio da separação dos poderes.

O Supremo Tribunal Federal toma que existem múltiplas acepções para a palavra
CONSTITUIÇÃO e já se posicionou que, na verdade, existe o chamado BLOCO DE
CONSTITUICIONALIDADE - ADI 595/ES, afirmando que Constituição permite que
sejam inclusos em seu conceito: o documento formal escrito, valores de caráter
suprapositivos, princípios com raízes do direito natural e que a Constituição é muito
mais que o conjunto de normas e princípios nela inscritos .

4.1 SENTIDO SOCIOLÓGICO (LASSALE)


- Ferdnand Lassale em 1863;
- Fatores reais de poder que regem a sociedade; constituição real; soma de fatores reais
de poder.
- Constituição escrita é “folha de papel”;
- Constituição real x constituição escrita.

4.2 SENTIDO POLÍTICO (SCHMITT)


- Carl Schmitt, séc XX, 1928;
- Decisões políticas fundamentais do povo (poder constituinte); constituição é decisão –
decisionista; constituição reflete a decisão do povo.
- Diferencia constituição (normas que tratam da organização do Estado, limitação do
poder, direitos e garantias fundamentais, etc.) e leis constitucionais (resto das normas).

4.3 SENTIDO CULTURAL

- Peter Haberle, séc XX;

- Constituição produto da cultura; espelho da sociedade em dado momento histórico;

- Movimento dialético – constituição é produto da cultura e pode mudar a cultura.


4.4 SENTIDO JURÍDICO (KELSEN)

- Hans Kelsen (Teoria Pura do Direito – 1961) e Konrad Hesse (Força Normativa da
Constituição – 1959);

- Constituição é norma jurídica prescritiva de dever-ser que vincula Estado e sociedade;

- Constituição é norma pura; fundamental do Estado;

Dois sentidos:

Lógico-Jurídico: constituição é a norma fundamento hipotética; “obedeçam a


constituição”; fundamento de validade.

Jurídico-Positivo: normas da constituição e que devem ser obedecidas.

4.5 FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO (KONRAD HESSE)

Critica a Lassalle – constituição tem força normativa capaz de modificar a realidade,


obrigando as pessoas. STF vem usando.

4.6 CONSTITUICIONALIZAÇÃO SIMBÓLICA (MARCELO NEVES)

Norma é mero símbolo. O legislador não a teria criado para ser concretizada. Nenhum
Estado ditatorial elimina da constituição os direitos fundamentais, apenas os ignora.

4.7 CONCEPÇÃO CULTURAL

- Constituição total;

- Constituição é fruto da cultura existente em determinando momento histórico e ao


mesmo tempo condicionante dessa cultura.

4.8 CONSTITUIÇÃO DÚCTIL

- Gustavo Zagrebelky;

- Constituições são pluralistas – não representam apenas uma ideologia;

Dúcteis porque veiculam conteúdos contraditórios sem hierarquia rigorosa.

5 BLOCO DE CONSTITUICIONALIDADE

Duas correntes: extensiva e restritiva.


Extensiva: conjunto de normas materialmente constitucionais que estão fora da
constituição + constituição formal + costumes jurídicos constitucionais + jurisprudência
constitucional.

Restritiva: constituição formal com normas expressas e implícitas.

STF adota a restritiva: constituição formal com normas expressas e implícitas + tratados
internacionais submetidos ao quórum do art.5º. par.3º da CF.

6 ELEMENTOS DA CONSTITUIÇÃO

José Afonso da Silva

Orgânicos: normas que regulam a estrutura da Estado;

Limitativos: direito e garantias fundamentais;

Socioideológicos: compromisso da CF com o povo;

Estabilização constitucional: solução de conflitos constitucionais (ex: intervenção)

Formais de aplicabilidade: regras de aplicação das normas constitucionais; regula como


uma norma vai entrar em vigor (ex: art.5º, par.1º, CF)

7 APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS

7.1 TEORIA BRASILEIRA DE APLICABILIDADE DAS NORMAS


CONSTITUCIONAIS – JOSÉ AFONSO DA SILVA (1967)

- Todas as normas constitucionais são dotadas de aplicabilidade;

- Efeito positivo: revoga todo o ordenamento anterior contrário a ela; não recepção;

- Efeito negativo: nega a possibilidade de produção de normas contrárias às normas


constitucionais.

7.2 CLASSIFICAÇÃO DE JOSÉ AFONSO SILVA


NORMAS DE EFICÁCIA PLENA: desde a entrada em vigor geram todos os efeitos.
Eficácia direta, imediata e integral.

NORMAS DE EFICÁCIA CONTIDA: também são aptas a produzir todos os efeitos


jurídicos, mas terão seu âmbito de eficácia reduzido pelo legislador infraconstitucional
ou pela própria constituição. Aplicabilidade é direta e imediata como na eficácia plena.

NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA LIMITADADA: não produz todos os


efeitos, mas produz alguns, o paralisante (revoga normas contrárias) e impeditivo
(normas posteriores não poderão contrariar). Necessita de complementação.
Aplicabilidade indireta/imediata. Dois tipos:

- Normas definidoras de princípios institutivos (ou organizativo): ordens constitucionais


para que o legislador organize a estruturação do Estado.

Ex: Depois de criada a lei complementar para criação de territórios, exige-se lei
ordinária para a organização administrativa e judiciária do território.

Art. 18, § 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua


criação, transformação em Estado ou reintegração ao Estado de
origem serão reguladas em lei complementar.

Art. 33. A lei disporá sobre a organização administrativa e


judiciária dos Territórios.

Art. 90, § 2º A lei regulará a organização e o funcionamento do


Conselho da República.

- Normas definidoras de princípios programáticos: fixação de diretrizes, metas,


objetivos para orientar o agir do Estado.

Diferença entre eficácia contida e limitada?

Na contida o legislador atua contendo o âmbito de eficácia, já na limitada o legislador


atua aumentando o âmbito de eficácia.

OBS: atualmente o Judiciário vem relativizando a teoria, afirmando que norma de


direitos fundamentais sociais devem ter aplicabilidade imediata.

8 NORMAS CONSTITUCIONAIS NO TEMPO


8.1 ILIMITAÇÃO DO PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO

PCO é ilimitado – não deve obediência ao regime anterior – nem direito adquirido, nem
ato jurídico perfeito – nem coisa julgada.

STF – Normas constitucionais tem retroatividade mínima – alcançam efeitos futuros de


fatos do passado.

- Retroatividade mínima: prestações futuras de negócios celebrados no passado;

- Retroatividade média: prestações pendentes de negócios celebrados no passado, além


das futuras;

- Retroatividade máxima: fatos já consumados no passado, inclusive alcançados pela


coisa julgada;

- Irretroatividade: lei não retroage. Só negócio celebrados depois de sua entrada em


vigor.

Normas constitucionais podem adotar retroatividade média e máxima se o constituinte


desejar.

Constituições estaduais devem observar limitações da CF, entre as quais a do art.5º,


XXXVI, protege ato jurídico perfeito, direito adquirido e coisa julgada.

8.2 NOVA CONSTITUIÇÃO E A PRETÉRITA

Nova CF revoga por completo a anterior, ainda que haja compatibilidade.

Desconstitucionalização (norma formalmente constitucional da CF anterior compatível


com a nova CF ser recepcionada como norma infraconstitucional) - somente se houver
previsão expressa. As normas materialmente constitucionais são automaticamente
revogadas.

8.3 NOVA CONSTITUIÇÃO E DIREITO PRÉ-CONSTITUCIONAL


IMCOMPATÍVEL

Se o conteúdo da norma pré-constitucional não for compatível com a nova constituição,


ocorre a não recepção – não se trata de revogação. Revogação somente de norma da
mesma densidade (CF anterior x CF nova).
Não se admite inconstitucionalidade material superveniente (declaração de
inconstitucionalidade das normas anteriores a CF que sejam com ela incompatíveis).
Uma lei só pode ser inconstitucional se for contemporânea a constituição vigente.

Inconstitucionalidade formal superveniente é aceitável, mas confere nova roupagem ao


ato infraconstitucional (ex: CT lei ordinária em 1966 recebido como LC pela
Constituição de 1967).

Qual a utilidade dessa diferença?

Não observância da cláusula de reserva de plenário – se fosse controle de


constitucionalidade os tribunais só poderiam declarar a inconstitucionalidade por
maioria absoluta de seus membros ou órgão especial.

8.4 NOVA CONSTITUIÇÃO E DIREITO PRÉ-CONSTITUCIONAL COMPATÍVEL

Nesse caso, as leis serão recepcionadas.

No entanto, nem todo o direito compatível com a nova constituição pode ser
recepcionado, havendo os seguintes requisitos:

 a norma pré-constitucional deve estar em vigor no momento de promulgação da


Constituição;

 o conteúdo da norma deve ser compatível com a Constituição (não necessita ter a
forma compatível);

 a norma deve ter sido produzida de forma válida, de acordo com a Constituição
anterior (não se admite constitucionalidade superveniente).

8.5 ALTERAÇÃO DE COMPETÊNCIA ENTRE ENTES FEDERATIVOS

Deslocamento de competência de ente menor para o maior: não recepção;

Deslocamento de competência do ente maior para o menor: recepção. (ex: União para
Estados ou Municípios).

8.6 REPRESTINAÇÃO
Restabelecimento de uma condição anterior. Uma norma restaura sua vigência em
virtude da revogação da norma que a revogou. Admite-se, em regra, apenas se expressa.

9 PODER CONSTITUINTE

9.1 CONCEITO

Poder de elaborar/criar (PCO), reformar/alterar (PCDR) e complementar (PCD) a


constituição.

9.2 PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO

Século XVIII – inauguração das constituições formais e escritas;

Autor: Francês abade Emmanuel Sieyes – o que é o terceiro estado? – 1º Estado


(nobreza); 2º Estado (clero) 3º Estado (povo).

Dupla face – desconstitui uma ordem e constitui outra.

P C Material: conjunto de forças político-sociais que apresentam uma nova ideia do


direito – revolução – golpe de estado – ou consenso jurídico- político.

P C Formal: grupo encarregado de redigir, formalizar a ideia de direito/constituição.


(ex: Assembleia Nacional Constituinte).

9.2.1 Características

Inicial: ponto zero – nova ordem – ruptura política – novo Estado e Sociedade;

Autônomo: só o PCO fixa as bases da nova constituição;

Ilimitado: ilimitado em relação ao direito positivo anterior (corrente positivista);


limitado pelo direito natural (corrente jusnaturalista); ilimitado pelo direito positivo,
porém não é absoluto, não pode pôr na CF o que quiser – há limites internos na própria
sociedade que o fez surgir – limites do processo revolucionário (corrente sociológica).
Prevalece a corrente positivista - doutrina constitucional afirma uma pluralidade de
teorias: 1) Poder de direito: assentado e fundamentado em um direito natural, que é
anterior e superior a qualquer direito positivo 2) Poder de fato: que funda a si próprio - o
direito se expressa de forma máxima na constituição (Carrê de Malberg, Celso Bastos,
Raul Machado Horta). 3) Natureza híbrida: como ruptura, é um poder de fato, porém na
elaboração (produção) de sua obra, ele se apresenta como poder de direito (Gomes
Canotilho, Paulo Bonavides).

Incondicionado: não guarda condições com termos pré-fixados;

Permanente: continua vivo mesmo após a elaboração da CF e poderá eclodir a qualquer


momento.

Não confundir titular do PCO com agente do PCO (Poder Constituinte Formal).

9.3 PODER CONSTITUINTE DERIVADO REFORMADOR

Reforma (gênero): revisão (reforma global do texto) e emendas (reforma pontual) são
espécies.

Revisão – 2 limites formais e 1 temporal – revisão após 5 anos da promulgação


(temporal) – sessão unicameral + maioria absoluta (formal).

Não é possível mais fazer revisão, art.3º do ADCT diz “a revisão”.

Pode uma emenda estabelecer nova revisão?

1º C – Sim.

2º C – Não, emenda é para alterar o texto, não o processo de reforma. Golpe da dupla
revisão (Portugal). Golpe a vontade originária do PCO. (majoritária).

Emenda

Limites formais: art. 60, I, II, III, §2º, 3º e §5º

Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante


proposta:
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos
Deputados ou do Senado Federal;
II - do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das
unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela
maioria relativa de seus membros.
§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do
Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada
se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos
membros.
§ 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da
Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo
número de ordem.
5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou
havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na
mesma sessão legislativa.

O povo pode apresentar PEC? Prevalece que não. José Afonso da Silva entende que
sim.
STF: Constituição estadual pode prever apresentação de PEC estadual pelo povo.
A promulgação deve ser feita pelas mesas das duas Casas, ou seja, mesa do Senado e
mesa da Câmara. Se a questão da prova falar que a promulgação será pela mesa do
Congresso Nacional, está errada.

Limites circunstanciais: art. 60, §1º, CF

Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante


proposta:
§ 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de
intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.

Limites Materiais (art. 60, §4º, CF)


§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda
tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
OBS: República e sistema presidencialista não são cláusulas pétreas.
Cláusula pétreas – não pode ser abolido – pode ser modificado.
Voto obrigatório não é clausula pétrea.

Direitos e garantias individuais – 4 correntes.

1º C – Interpretação Literal: normas do art.5º da CF.

2º C – Intepretação Literal Restrita: não são todas as normas do art.5º - apenas os


direitos individuais propriamente ditos.

3º C – Intepretação extensiva: são os direitos fundamentais – PCO cometeu equivoco ao


dizer direitos individuais – protege demais.

4º C – Interpretação extensiva sistemática – além do art.5º - são os direitos


fundamentais de 1º (individuais) 2º (sociais) e 3º (coletivos e difusos) geração que
dizem respeito ao mínimo existencial à luz da dignidade da pessoa humana - depende do
caso concreto. conjuga o art. 60, §4ª, IV com o art. 1º, III, CF. (corrente majoritária –
Daniel Sarmento - Luiz Roberto Barroso – Rodrigo Brandão – Bernardo Gonçalves) –
STF sem posição definida vem adotando essa corrente.

Limites Materiais Implícitos

Portugal – Canotilho e Jorge de Miranda.

1º - impossibilidade de revogação dos limites materiais explícitos (art.60 par.4º);

2º - impossibilidade de revogação dos princípios fundamentais da República Federativa


do Brasil. Não é possível uma emenda que revogue o art. 1º, III, CF.

Outros modos de alterar a CF


1º - Tratados internacionais de direitos humanos com quórum de EC.
2º - Mutação Constitucional: texto permanece, mas há reinterpretação em virtude de
novas realidades sociais – alteração informal (ex : STF – união homoafetiva).
OBS: existe mutação inconstitucional: processos informais de alteração da constituição
de deturpam a própria constituição.

9.4 PODER CONSTITUINTE DERIVADO DECORRENTE

Poder de os Estados membros fazer sua própria constituição – art.11 e 25 do ADCT.

Não tem limite formal, circunstancial ou material – limites são a própria CF – art. 11 e
25 do ADCT – quais sejam:

- Princípios Sensíveis: art.34, VII – se descumpridos enseja intervenção federal.

Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito


Federal, exceto para:
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios
constitucionais:
a) forma republicana, sistema representativo e regime
democrático;
b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, direta e
indireta.
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de
impostos estaduais, compreendida a proveniente de
transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e
nas ações e serviços públicos de saúde.

- Extensíveis: normas centrais de observância por todos os entes. Ex.: art. 5º, III, CF;
art. 5º, XVI, CF – Por exemplo, não é possível implementar tortura ou proibir a
liberdade de reunião no âmbito de um estado federado.

- Estabelecidos: normas de observância que dizem respeito a organização do Estado.


Normas de competência: regras de repartição de competência. (Ex: CE não pode legislar
sobre direito civil, trabalho, penal etc). 2 tipos de normas:
Normas de Pré-ordenação: reprodução obrigatória – princípio da simetria.
Normas de imitação: normas da CF que os Estados tem a faculdade de alocar na CE.
STF disse que art.54, §4º é norma de imitação.
Art. 57, § 4º, CF. § 4º Cada uma das Casas reunir-se-á em
sessões preparatórias, a partir de 1º de fevereiro, no primeiro
ano da legislatura, para a posse de seus membros e eleição das
respectivas Mesas, para mandato de 2 (dois) anos, vedada a
recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente
subsequente

Munícipio não tem PCD (corrente majoritária) – Bernardo Gonçalves discorda.


Exceção: a LODF é estatuto constitucional dotado de PCD (STF). As leis distritais
podem sofrer a declaração de inconstitucionalidade em face da Lei Orgânica do DF no
Tribunal de Justiça do DF.

9.5 PODER CONSTITUINTE DIFUSO


Mutação constitucional

9.6 PODER CONSTITUINTE SUPRANACIONAL


De fato – não há ordem jurídica que precede – poder de fazer ou reformular
constituições supranacionais.

10 ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
10.1 FORMA DE ESTADO

Conceito: distribuição do poder politico dentro de um Estado Nacional.


Espécies: Unitário, Federal, Confederação.

o Estado Unitário: sem distribuição geográfica do poder político – tudo deriva do


polo central – há descentralização administrativa no atuais Estados Unitários –
ex: França e Portugal – sem distribuição do poder político é inviável atualmente.

o Estado Federal: há distribuição do poder – repartição de competências – um ente


é soberano e os outros são autônomos – autonomia é limitada – nasce com
constituição do ente soberano – vedado a secessão/ruptura/vínculo indissolúvel
(cabe intervenção) – há órgão máximo do judiciário que irá dirimir conflitos
(art.102, I, f da CF) – conflito com município não vai pro STF / inicia na JF /
STF só por recurso.

o Confederação: junção de Estados – há distribuição de poder – todos os entes são


soberanos – subordinação interna e coordenação externa em pé de igualdade –
nasce com tratado/acordo / cada entre tem sua constituição / haverá um
documento estabelecendo um acordo – pode secessão – não há órgão de cúpula
– cada ente tem seu órgão máximo do judiciário.

Forma de Governo: relação entre representantes e representados (república x


monarquia).
Sistema de Governo: relação entre os poderes (presidencialismo x parlamentarismo).
- Presidencialismo: - independência entre executivo e legislativo - PR é chefe de Estado
(esfera internacional), de Governo (interna) e da Administração Pública Federal.
- Parlamentarismo: - colaboração entre executivo e legislativo – PR chefe de estado –
Primeiro Ministro é chefe de governo / só ficar no poder enquanto tiver apoio do
parlamento.

Regime Político: legitimidade do processo de poder (democracia x autocracia).

Brasil = Estado Federal, República, Presidencialismo e Democracia.

10.2 ANÁLISE DO FEDERALISMO BRASILEIRO

Federação na CF/88 não é típica / DF e municípios são atípicos / União com Estados =
federalismo de 1º grau / Estados com municípios = de 2º grau.

Federalismo Centrípeto: periferia para o centro – conjuntos que estado abrem mão se
sua soberania – ex: EUA.
Federalismo Centrífugo: centro para periferia – Estado Unitário se descentraliza e
confere autonomia a outros entes.
Federalismo Dual ou Clássico: competência fechada e específicas.
Federalismo Cooperativo ou Neoclássico: dois ou mais entes atuam em conjunto – sem
separação rígida de competências.
OBS: Brasil tem parte dual e parte cooperativa.
Federalismo Simétrico: repartição de competência e receita de forma igualitária entre os
entes.
Federalismo Assimétrico: pressuposto da existência de desigualdades regionais – busca
reverter esse quadro com atribuições de competência e receita de forma desigual.
OBS: Brasil é simétrico (Bernardo Gonçalves), mas há manifestações assimétricas na
CF.

Ente soberano é RFB (Estado Federal) – a União, Estados, DF e municípios tem só


autonomia – art.18 e §1º da CF – União representa RFB/Estado Federal (vide art.21, I
da CF) – União não é pessoa de direito público internacional, só a RFB – União mantém
relação com Estados estrangeiros – União é P.J de direito público interno como Estados,
DF e municípios.

Soberania = poder máximo interno e de igualdade externo (conceito clássico).

Autonomia = desenvolver atividades dentro dos limites estabelecidos pelo ente


soberanos – tríplice capacidade:
o Auto-organização/auto legislação/normatização própria: criar próprias normas.

o Autogoverno: se autogovernar - União através do Executivo, Legislativo e


Judiciário – Legislativo não é só da União / dupla face = CN é congresso da
RFB e que produz leis apenas para a União / poder legislativo da RFB e
representa a União – lei nacional = vincula todos os entes (U,E,DF,M) / ex: CP,
CC, CT – lei federal = diz respeito apena à União / ex: lei 8112/90 – Estados
tem Executivo, Legislativo e Judiciário – Municípios = Legislativo e Executivo /
não tem judiciário / não tem representação no Senado – José Afonso da Silva e
alguns derivados diz que município não é autônomo, pois falta judiciário e
representação no senado / corrente minoritária – alguns dizem que temos
federalismo de triplo grau (1º grau = União / 2º grau = Estados / 3º grau =
municípios) – Bernardo Gonçalves prefere dual = 1º grau União e Estados e 2º
grau Municípios – DF tem Executivo, Legislativo e Judiciário / Judiciário
estruturado pela União / DF não pode ser dividido em municípios – não há
judiciário / TJDFT, MPDFT organização judiciária e administrativa é da
União /PM e PC são organizada e mantidas pela União (art.21, XIV e Súm 647
do STF) / quem manda na PM e PC é o governado do DF (art.144,§6º).

o Autoadministração: se autogerencia - exercício de competências administrativas,


legislativas e tributárias – ente soberano que concede para que se desenvolva
autogoverno e auto-organização – competência = tomada de decisões.

Repartição de competências:
- HORIZONTAL: estanque/fechada e especifica entre os entes – cada ente tem
sua competência – constituição dos EUA de 1787 – União com enumeradas e
Estados com as remanescentes (OBS: no tributário residual é da União – art.154
da CF) – federalismo dual, típico do Estados liberais – atualmente = União
enumeradas / Estados remanescentes / Municípios enumeradas.

Art.21 = enumerada administrativas / competências exclusivas da União –


Art.22 = competências enumeradas legislativas e privativas – José Afonso
diferencias exclusiva (não admite delegação) e privativa (admite delegação) /
Bernardo Gonçalves, Gilmar Mendes, Alexandre Moraes e outros dizem que não
existe diferença (art.51 e 52 são privativas e não admitem delegação).

Município art.30, I = enumerada legislativa – legislar sobre interesse local


(interesse predominantemente local) – art.30, III a IX = enumerada
administrativa – horário de estabelecimento comercial = compete ao município
(SV 38) – horário de estabelecimento bancário = compete a União (súm 19 do
STJ) / interesse não é predominante local – comodidade de clientes em bancos =
município (STF vem dizendo) – município não pode proibir instalação de
estabelecimentos comerciais de um mesmo em determinada região (SV 49).

Estados art.25, §1º = competência remanescente.

DF = competência regional e local – como se fosse Estado e Município (art.32,


§1º, CF) – dupla personalidade.
Art.22 = possibilidade de delegação de competência privativa legislativa da
União para os Estados.
Requisitos: formal = lei complementar da União – material = sempre de
matéria específica de um dos incisos do art.22 – requisito implícito da
isonomia: não está no art.22 de forma expressa – está no 19, III – se delegar
para um Estado tem que delegar para os outros e DF.

- VERTICAL: dois ou mais entes conjunta ou concorrentemente para uma


mesma matéria/tema – origem = Alemanha Constituição de Weimar de 1919 –
Federalismo Cooperativo ou de Integração / Estados Sociais – tem no sistema
brasileiro – arts.23 e 24 da CF.

Art.23 = competências comum materiais ou administrativas - § único consagra


princípio da cooperação ou integração / LC da União fixará normas de
cooperação entre os entes / evitar que determinando ente não haja e espere pelo
outro / LC fixará ramo de atuação de cada ente.

Art.24 = competências concorrentes legislativas.


Procedimento: 2 espécies de repartição vertical concorrente:
1- Repartição vertical concorrente cumulativa: entes legislam concorrentemente
– não há limites definidos – (pai que joga carro nas mãos dos 3 filhos).
2- Repartição vertical concorrente não cumulativa: adotada no Brasil – existem
limites prévios – União = normas gerais / Estados = suplementar de forma
complementar essas normas gerais atendendo peculiaridades regionais ; não
pode contrariar a norma geral da União – se União não editar noma geral o
Estado legisla de forma plena (art.24,§3º) / competência plena ou
suplementar supletiva / se União edita normal geral posteriormente, a norma
estadual fica suspensa no que lhe for contrária (§4º) / não é revogação / o
que revoga norma estadual é norma estadual / hipótese: se a União edita
norma geral2 revogando a norma geral1 e essa norma geral2 não é contrária
a norma estadual suplementar supletiva, a norma estadual voltar a valer / não
é efeito repristinatório, pois a norma Estadual estava suspensa e não
revogada – Municípios art.30,II : possuem competência suplementar
complementar / não pode complementar qualquer norma = “no que couber”
= matéria que tem interesse local e que o município administra (ex: pode
legislar sobre direito econômico, art.24,I + 30, II) / pode sobre direito
ambiental desde que haja interesse local (STF) – alguma matérias do 24 não
poderão ser suplementadas pelo município por fata de interesso local (ex:
custas forense – município não tem judiciário) – competência suplementar
supletiva ? duas correntes: 1ª diz que sim (art.34,§3º + 30,II) / 2ª C diz que
não (interpretação literal do art.30,II) + argumento hermenêutico =
consequencialista = efeitos da decisão = + de 5.5500 municípios – 2ª C
prevalece.
Prefeito: crime de reponsabilidade próprio = CM – crime de reponsabilidade
impróprio = TJ.
CF não prevê foro por prerrogativa de função para vereadores, mas CE pode
prever no TJ.

Sistema de repartição de competências da CF 88 é misto.

CONSIDERAÇÕES FINAIS: repartição horizontal / competências enumeradas


da União não estão apenas nos artigos 21 e 22 da CF (48,49,149,164,184 da CF)
– dos municípios não só no art.30 (art.144, §8º e art.182, §1º, CF) – Estados ´=
competências remanescentes (art.25,§1º) / há exceções no art.25,§2º,§3º e
art.18,§4º da CF.
Territórios: descentralizações administrativas da União – personalidade jurídica
própria – analogia a autarquias / natureza jurídica de autarquia territorial – sem
autonomia política = ente federativo do território é a União – atualmente não
existe – é possível a criação / LC da União após plebiscito com população
interessada / art.33 organização do território se dá por lei ordinária federal / será
comandado por um governador nomeado pelo PR após aprovação do SF
(art.84,XIV,CF) / não é mandato fixo / é investidura / depende do PR – podem
ser divididos em municípios (aplica-se art.39 a 31) – se dividir município haverá
a hipótese de intervenção federal em município - se + de 100.000 habitantes terá
órgão do judiciário de 1º e 2º grau, além de MP e DPF – terá direito a 4
deputados (art.45,§2º) independentemente do número de habitantes – governado
de território é escolhido pelo PR / previamente aprovado por voto secreto +
arguição pública do Senado.
DF: tem autonomia política, é autônomo (art.18 da CF) – não pode ser dividido
em municípios – legisla como se Estado fosse e como se município fosse.

10.3 CRIAÇÃO DE NOVOS ESTADOS

3 grandes requisitos: 1º plebiscito / é condição de procedibilidade / convocado por


decreto legislativo proposto por pelo menos 1/3 dos membros de qualquer das casas do
CN – 2º oitiva da assembleia legislativa ou assembleias legislativas – parecer opinativo
– não vincula – 3º LC da União / requisito de definitividade (decidibilidade) / CN pode
reconhecer que não será bom do Brasil e não aprovar a LC / projeto poderá ser proposto
por qualquer das casas / aprovado, será encaminhado ao PR para sanção ou veto.

Espécies (há divergência):


- Incorporação (fusão): 2 estados se incorporam e há perda de personalidade jurídica –
ex: MG + SP vira café com leite – MG e SP deixam de existir.
- Subdivisão: estado se divide em 2 ou mais – há da personalidade jurídica – MG se
dividem em Pão de Queijo e Requeijão = MG deixa de existir.
- Desmembramento: não há perda de personalidade jurídica – perde população e
território – dois tipos: 1º desmembramento anexação: um estado perde população e
território que vão ser anexados a outro Estado – 2º desmembramento formação: um
estado perde população e território para o um novo Estado (ex: Goiás perde parte de
território e população para formação do TO).

10.4 CRIAÇÃO DE NOVOS MUNICÍPIO

4 requisitos frutos da EC 15 de 1996: 1º LC da União estabelecendo período em que


pode criar municípios – 2º análise de viabilidade – 3º plebiscito com população
interessada / geralmente por desmembramento-formação (ex: distrito quer se emancipar
e município perde parte de território e população) / vota todo o município – 4º lei
estadual para criar.

OBS: após a EC 15 de 96 não foi criada LC estabelecendo período de criação – estados


passaram a criar a desrespeitar art.18,§4º e criar municípios por lei estadual – houve
ADI´s no STF – em 2007 STF disse que é inconstitucional, mas modulou efeitos após
24 meses (maio de 2009) – 57 municípios criados entre 1996 e 2006 – 2008 veio EC 57
que alterou art.96 do ADCT e convalidou a criação desses municípios por lei estadual –
LC não foi feita – EC 57 foi casuística / só valeu para os 57 municípios.

11 INTERVENÇÃO
11.1 PRINCÍPIOS REGENTES

 Princípio da Excepcionalidade: intervenção sempre excepcional – regra é


autonomia.
 Princípio da Necessidade: só quando não existir outro método – STF já adotou.
 Princípio da Taxatividade: hipóteses são taxativas (só art.34, CF).
 Princípio da temporariedade: sempre prazo determinado e certo – pode
prorrogação.

11.2 CONCEITO
Ato de natureza política excepcional e dotado de necessidade que consiste na supressão
temporária da autonomia de um ente nas hipóteses previstas na CF – ente mais amplo
para o menos amplo – território federal só sofrerá intervenção da União – União nos
Estados e DF e Estado nos Municípios – União não pode intervir nos municípios.

11.3 PROCEDIMENTOS

Art.34, I, II, III e V, CF – de ofício pelo PR – simples verificação de motivos – CR e


CD pareceres não vinculantes – I : manter integridade nacional – II: repelir invasão ou
estado em outro – III: grave comprometimento a ordem pública – V: reorganizar
finanças em estado.

Art.34, IV, CF – garantir livre exercício de qualquer dos poderes nos estados – depende
de solicitação do PL ou Executivo ou requisição do Judiciário, via STF ao PR – PR é
provocado - solicitação do PL ou executiva = PR não é obrigado – requisição do
judiciário = PR é obrigado.

Art.34, VI, CF – prover execução de lei federal, ordem ou decisão judicial:


Descumprimento de decisão judicial: requisição do STF, STJ ou TSE ao PR- estado
membro ou DF descumpre lei federal, ordem ou decisão judicial – se for outro órgão do
judiciário (ex: TRT)? / minoritária diz STF, como guardião, requisita ao PR / maioria
diz que: descumprimento envolver matéria constitucional = STF requisita / matéria
infraconstitucional = STJ requisita ao PR.

Inexecução de LF: depende de provimento do STF em representação do PGR – após


provimento do STF o PR deve decretar a intervenção – provimento tem natureza de
requisição – PGR, ao saber que estado membro descumpri lei federal, dá ensejo a Ação
de Execução de Lei – lei que rege o procedimento é a 12562/2011.

Art.34, VII – princípios sensíveis – alíneas “a” a “e” – procedimento é o mesmo de


inexecução de lei federal (lei 12562/2011) – representação dá ensejo a ADI interventiva.

11.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Decreto de intervenção: competência privativa do PR – fixa condições, termos, limites e


prazo – se couber, deverá prever interventor (art.36,§1º) - pode não haver interventor –
cabe controle político sobre o decreto, realizado pelo CN (art.36,§1º e 2º e art.49,IV,CF)
/ decretada intervenção, decreto tem que ser enviado em 24h para o CN apreciar / se em
recesso, é convocado em 24h para se apresentar extraordinariamente – o que deflaga
intervenção é decreto do PR – CN aprova já em curso – se CN aprova, intervenção
continua, se rejeita, paralisa, sob pena de crime de responsabilidade (art.85,II,CF) – CN
não estiver funcionado, presidente do Senado convoca extraordinariamente – nos casos
do art.34, VI (prover execução de lei ou negar-se a cumprir ordem judicial) e VII
(princípios sensíveis) não há controle político pelo CN (art.36,§3º).

OBS: em regra, não há controle judicial sobre a intervenção – ato político – só quando
houver descumprimento de normas constitucionais pelo PR.

11.5 INTERVENÇÃO DOS ESTADOS-MEMBROS NOS MUNICÍPIOS


Aplica-se simetria – quem decreta é governador – em descumprimento a princípios da
CE, há representação do PGR no TJ que dará provimento (art.35).
Súmula 637 do STF: não cabe recurso extraordinário contra acordão de tribunal de
justiça que defere pedido de intervenção estadual em município.

11.5 JURISPRUDÊNCIA SOBRE O ASSUNTO

1 - É constitucional norma de Constituição estadual que preveja que as proibições e os


impedimentos estabelecidos para os Deputados Estaduais deverão ser aplicados também
para o Governador e o Vice-Governador do Estado;

2 - CE não pode subordinar a nomeação do Procurador Geral de Justiça a uma prévia


aprovação do seu nome pela Assembleia Legislativa. Isso porque a CF estabeleceu regra
própria para a matéria, conforme art. 128, §3º (lista tríplice):

3 - CE não pode outorgar aos governadores de estado imunidade à prisão em flagrante, à


prisão preventiva e à prisão temporária, tampouco estabelecer a irresponsabilidade na
vigência do mandato por atos estranhos aos exercícios de suas funções. Para o STF,
estas garantias são exclusivas do Presidente da República, como chefe de estado. É
importante destacar que não há necessidade de autorização da Assembleia Legislativa
para a responsabilização do chefe do executivo estadual perante o STJ. Entendimento
das ADI 5540/MG; 4764/AC; e 4797/MT:

4 - CE não pode condicionar a eficácia de convênio celebrado pelo Poder Executivo à


prévia aprovação do Poder Legislativo Estadual, pois isto violaria o princípio da
separação dos poderes. Por conta disso, é inconstitucional norma da CE que exija
autorização da Assembleia Legislativa para o Estado celebrar acordo que implique no
aumento da dívida do ente;

5 - CE não pode estabelecer prazo para que o detentor de uma iniciativa privativa
apresente projeto de lei ao legislativo, pois violaria a separação dos poderes. Caso haja
inércia poderá configurar um caso de inconstitucionalidade por omissão;
6 - CE não pode definir os crimes de responsabilidade do governador, tampouco
cominar as respectivas penas. Esta competência é de direito penal, cabendo à União
legislar privativamente. O STF faz uma interpretação extensiva para enquadrar os
crimes de responsabilidade na competência de direito penal da União. Este
entendimento está esposado na súmula vinculante 46:

7 - CE não pode criar órgão de segurança pública diverso daqueles previstos no art. 144
da Constituição;

8 – CE não pode criar foro por prerrogativa de função para vereador.

9 – STF: a competência para determinar o horário bancário é da União, não podendo os


municípios legislar sobre o assunto, pois tem repercussão no sistema financeiro
nacional. Todavia, os municípios poderão legislar sobre o tempo máximo para o
consumidor aguardar a fila de espera, eis que se trata de interesse local.

10 - O STF ainda afirma que compete à União tratar sobre direito penal, razão pela qual
somente ela poderá tratar sobre crime de responsabilidade. Houve até mesmo a edição
da súmula vinculante 46, estabelecendo que a definição das condutas típicas
configuradoras do crime de responsabilidade e o estabelecimento de regras que
disciplinem o processo e julgamento dos agentes políticos federais, estaduais ou
municipais envolvidos são da competência legislativa privativa da União e devem ser
tratados em lei nacional especial (art. 85 da Constituição da República). Súmula
Vinculante 46 :A definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das
respectivas normas de processo e julgamento são de competência legislativa privativa
da União.

11- É inconstitucional lei estadual que prevê prioridade de tramitação de processos


relativos às mulheres vítimas de violência doméstica. Isso porque as regras sobre a
tramitação das demandas judiciais é aspecto abrangido pelo ramo processual do direito,
de competência privativa da União.

12 - É constitucional lei estadual que limite a quantidade de alunos por sala de aula em
escolas públicas ou particulares.
13 - Súmula Vinculante 38, STF: é competente o Município para fixar o horário de
funcionamento de estabelecimento comercial. Súmula 19, STJ. A da fixação de horário
bancário, para atendimento ao público, é da competência da União.

14 - Súmula Vinculante 49, STF. Ofende o princípio da livre concorrência lei municipal
que impede a instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em
determinada área.

15 - Compete ao STJ julgar pedido de intervenção federal baseado no descumprimento


de ordem de reintegração de posse de imóvel rural ocupado pelo MST expedida por Juiz
Estadual e fundada exclusivamente na aplicação da legislação infraconstitucional civil
possessória. Isso porque a decisão descumprida analisou tema relacionado com direito
civil privado, não tendo feito considerações sobre questões constitucionais. Logo, o
eventual recurso contra a decisão, quando o processo superasse as instâncias ordinárias
e chegasse aos Tribunais Superiores, seria apreciado pelo STJ em sede de recurso
especial. Não caberia, no caso, recurso extraordinário ao STF, razão pela qual esta Corte
não seria competente para julgar o pedido de intervenção relacionada com o
desatendimento da decisão (Inf. 550, STJ).
DIREITO PENAL
PARTE GERAL

1 NOÇÕES GERAIS DE DIREITO PENAL

1.1 CONCEITO

Aspecto formal: conjunto de normas que qualificam comportamentos como crimes e


impões sanções a esses comportamentos.

Aspecto material: direito penal só cuida de comportamentos considerados reprováveis,


violadores de bens jurídicos importantes.

Aspecto sociológico (dinâmico): direito penal é instrumento de controle social – fazer


com que a sociedade viva em harmonia. A manutenção da paz social demanda a
existência de normas destinadas a estabelecer diretrizes. Quando violadas as regras de
conduta, surge para o Estado o dever de aplicar sanções (civis ou penais). Quando a
conduta atenta contra bens jurídicos especialmente tutelados, merece reação mais severa
por parte do Estado, valendo-se do Direito Penal (intervenção mínima).

Ciência Penal

1.2 FUNÇÃO DO DIREITO PENAL

Funcionalismo teleológico (moderado): Claus Roxin – proteger bens jurídicos – não


havendo bem jurídico a se tutelar não há que se falar em intervenção do direito penal.

Funcionalismo sistêmico (radical): Gunther Jakobs – assegurar a vigência do sistema –


império da norma – intervenção quando o bem jurídico já foi violado ou ameaçado de
ser violado – quem viola a norma que forma reiterada se torna inimigo – quebra do
contrato social de Rousseau – direito penal do inimigo.

1.3 CLASSIFCAÇÕES DO DIREITO PENAL


1.3.1 Direito Penal Substantivo e Adjetivo

Substantivo: direito material – CP – Leis Especiais.


Adjetivo: processo penal – CPP – Leis Especiais.
Perdeu importância – Processo Penal ramo autônomo.

1.3.2 Direito Penal Objetivo e Subjetivo

Objetivo: conjunto de leis.


Subjetivo: direito de punir – ius puniend – limitado pela lei (modo); apena no território
nacional (espaço) – prazo certo – prescrição (tempo).

1.3.3 Direito penal de emergência e Direito Penal Simbólico


Emergência: em situação de anormalidade devolver a sociedade sensação de segurança
– campo fértil para direito penal simbólico.
Simbólico: legislado pensando na opinião pública – norma não está na verdade
cumprindo sua função (prevenção de crimes – função inibitória) – sem eficácia social.

1.3.4 Direito Penal Promocional/Político/Demagogo

Distorção do direito penal – político – promoção do Estado – ideia que o Direito Penal
muda a sociedade – desconsidera intervenção mínima – ex; mendicância.

1.3.5 Direito Penal de Intervenção

Windfried Hassemer – direito penal apenas bens jurídicos individuais – direito de


intervenção para bens jurídicos difusos/coletivo – direito de intervenção estaria entre o
direito penal e o direito administrativo.

1.3.6 Direito Penal Como Proteção de Contextos da vida em Sociedade


Ideia oposta a de Hassemer – é de Guntter Stratenwerth - bem individuais deve ser foco
secundário – direito penal deve focar em bens difusos e coletivos – ex: crimes
ambientais – direito de gestão punitiva de riscos gerais.

1.3.7 Direito Penal Garantista


Luigi Ferrajoli
Garantias primárias: limites impostos pela CF. – não será feito.
Garantias secundárias: quando não se observar a garantia primária – ex: habeas corpus.

10 axiomas ou implicações deônticas:


 Nulla poena sine crimine (Não há pena sem crime): não pode alguém ser
penalizado se não cometeu crime. É o princípio da retributividade ou da
consequencialidade da pena em relação ao delito.
 Nullum crimen sine lege (Não há crime sem lei): não há crime sem que haja lei,
refletindo oprincípio da legalidade, no sentido lato ou no sentido estrito.
 Nulla lex (poenalis) sine necessitate (Não há lei penal sem necessidade): é reflexo
do princípio da necessidade ou da economia do direito penal, ambos decorrentes do
princípio da intervenção mínima.
 Nulla necessitas sine injuria (Não há necessidade sem ofensa a bem jurídico):
decorre do princípio da lesividade ou ofensividade do evento. Significa dizer que os
tipos penais devem descrever condutas que ofendam bens jurídicos de terceiros.
 Nulla injuria sine actione (Não há ofensa ao bem jurídico sem ação): não há
materialidade, sendo necessário que seja exteriorizada a ação. É o princípio da
materialidade ou da exterioridade da ação.
 Nulla actio sine culpa (Não há ação sem culpa): o indivíduo deve ter cometido uma
ação, mas com dolo ou culpa. Trata-se de corolário do princípio da culpabilidade ou da
responsabilidade pessoal.
 Nulla culpa sine judicio (Não há culpa sem processo): o indivíduo deve ser
submetido a um processo, não podendo ser considerado culpado sem processo. É
decorrência do princípio da jurisdicionalidade no sentido lato ou estrito.
 Nulla judicium sine accustone (Não há processo sem acusação): para se instaurar
um processo, é necessidade que alguém instaure o processo. Trata-se de uma garantia,
fruto do princípio acusatório ou da separação ente o juiz e a acusação.
 Nulla accusatio sine probatione (Não há acusação sem prova): o ônus da prova é
de quem acusa. É aplicação do princípio do ônus da prova ou da verificação.
 Nulla probatio sine defensione (Não há prova sem defesa): a prova não existe sem
que a defesa tenha tido a oportunidade de se manifestar sobre ela. Trata-se do princípio
da defesa ou da falseabilidade.

1.3.8 Direito Penal Secularizado

Separação do direito penal da igreja – Lugi Ferrajoli – sem conexão entre direito e
moral.

1.3.8 Direito Penal Subterrâneo e Paralelo

Paralelo: paralelo ao oficial do Estado – atuação do Estado é insuficiente – ex: médicos


aprisionando doentes mentais.
Subterrâneo: dentro da estrutura do Estado, mas no andar de baixo – diante da
ineficiência do direito penal oficial, ocorrem formas ilegais de exercer o poder punitivo
– ex: policiais reúnem-se para matar traficantes que são soltos toda hora.

1.3.9 Direito Pena Quântico


Não se contenta com a mera relação de causa e efeito – também com elementos
indeterminados – nexo normativo – tipicidade material – se afasta da dogmática e se
aproxima da política criminal – teoria da imputação objetiva – condutas socialmente
aceitas.

1.4 PRIVATIZAÇÃO DO DIREITO PENAL


Crescente participação da vítima – retornar a vítima ao status que tinha antes da prática
do crime – justiça restaurativa – terceira via da pena – reparação do dano – 1ª via
(retribuição); 2ª via (prevenção geral {individuo não volte a cometer crimes} e especial
{outros não cometam crimes ao ver o indivíduo sendo punido}) 3ª via (justiça
restaurativa – reparação do dano).

1.5 VELOCIDADES DO DIREITO PENAL


Jesus-María Silva Sánchez
1ª V – Infrações mais graves – PPL – observância de direito e garantias fundamentais.
2ª V – Mais célere – flexibilização direitos e garantias fundamentais – infrações menos
graves – sem PPL – ex: lei 9099/95.
3º V – infrações mais graves - flexibilização direitos e garantias fundamentais – com
PPL – mistura 1ª e 2ª - ex: lei 8072/90 – direito penal do inimigo.
4ª V – direito internacional – chefes de Estado que violam tratados de direitos humanos
– TPI – diminuição de garantias – não é tratada por Silva Sànchez.

1.6 ESPIRITUALIZAÇÃO, DINAMIZAÇÃO OU DESMATERIALIZAÇÃO DO


BEM JURÍDICO

Essas expressões são utilizadas para criticar a expansão do direito penal para
tutelar bens jurídicos difusos, coletivos. Ex.: meio ambiente.
Tipificação de condutas que ofendem bens jurídicos transindividuais – combater
condutas difusas e perigosas – ex: crimes ambientais.

1.7 GARANTISMO HIPERBÓLICO MONOCULAR


Hiperbólico porque aplicado de forma ampliada – monocular porque só enxerga direitos
fundamentais do réu – contrapõe-se ao garantirmos penal integral que visa guardar
direitos da vítima também.

1.8 ECOCÍDIO
Destruição em larga escala do meio ambiente – TPI decidiu que é crime contra a
humanidade – vítimas poderão entrar o TPI para danos morais e econômicos.

2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA

2.1 PERÍODO DA VINGANÇA


Vingança divina: : é a ideia de que haveria uma punição perpetrada por entidades
divinas. Quando o indivíduo cometesse uma infração, ele era penalizado pela tribo para
que a divindade não punisse todos os membros daquela comunidade.

Vingança privada: cada um defende o seu – o homem é o lobo do homem (homo homini
lupus) – vingança perpetrada pela própria vítima .

Vingança pública: direito de punir passa a ser do Estado - Beccaria (dos delitos e das
penas).

2.2 PERÍODO ILUMINISTA

A partir do séc XVIII – racionalidade e desenvolvimento humano – qual a finalidade da


pena ? – Beccaria (dos delitos e das penas) – necessidade e proporcionalidade da pena –
mínima pena nas circunstâncias dadas – punição pelo Estado – legalidade.

2.3 ESCOLAS PENAIS

Pós iluminismo.

Clássica: Francesco Carrara – crime como ente jurídico – violação do direito – sem
preocupar com a causa.

Delinquente é ser livre – prática o crime por vontade própria – alheia a moral.

Função da pena – prevenir nova práticas.

Base Beccaria.

Positiva: Cesare Lombroso – empírica – estatísticas – determinista.

Crime decorre de fatores naturais – criminoso nato x criminoso que nasceu em ambiente
criminoso.

Delinquente: critério biológico ou psíquico - nato – não é livre – portador de


anormalidade.

Finalidade da pena: prevenir- indeterminada – depende do caso – caráter terapêutico –


determinista.
3 FONTES DO DIREITO PENAL

3.1 DOUTRINA CLASSICA

Fonte material/de produção: União (art.22, I, CF) – Estados só em casos específicos


com autorização de lei complementar (art.22, §, único).

Fonte formal/exteriorização: Imediata é a lei; mediata princípios gerais de direitos.

3.2 DOUTRINA MODERNA

Rogério Sanches Cunha

Formais imediata: lei (cria crimes e comina penas), CF (não cria crimes nem comina
penas, mas mandados constitucionais de criminalização), TIDH (não cria crimes nem
comina penas – STF rejeitou conceito de organização criminosa da convenção de
palermo (HC 96007)– não pode criar crime e cominar pena para o direito interno mas
pode para o direito internacional), jurisprudência (SV – vide SV 24), princípios (réus
podem ser condenados e absolvidos com base em princípios) e normas penais em
branco.

Fonte formal mediata: doutrina.

Fonte informal: costumes – elemento objetivo (comportamento uniforme e constante) –


elemento subjetivo (convicção de obrigatoriedade – não se confunde com hábito – não
criam crimes nem sanções.

1ªC: corrente abolicionista - costumes não revogam infrações penais, material e


formalmente.

2ªC: não pode revogar formalmente, mas apenas de forma material, não devendo a lei
ser aplicada pelo magistrado.

3ªC: somente lei revoga lei, pois enquanto estiver em vigor possui plena eficácia.

LINDB diz: “Não se destinando a vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a
modifique ou revogue”. STF e doutrina majoritária.

4 CLASSIFICAÇÃO DA LEI PENAL

Incriminadora: define crime – cria sanções.

Não incriminadora: não define crime – não cria sanções. Subdivide em:
- Permissiva (justificante e exculpante): lei permite a prática da conduta – ex: legitima
defesa.

- Explicativa (interpretativa): explica conteúdo – ex: art.327.

- Complementar: delimita aplicação da lei incriminadora – ex; art.5º CP (território).

- De extensão (integrativa): viabiliza tipicidade de alguns fatos – adequação típica


mediata – art.14,II e art.29.

5 INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL

5.1 QUANTO A ORIGEM (OU AO SUJEITO QUE INTERPRETA)

Autêntica: interpreta a si mesma – própria lei.

Doutrinária: estudiosos.

Jurisprudência: tribunais.

5.2 QUANTO AO MODO

Gramatical: literal das palavras.

Teleológica: intenção – finalidade – objetivo – contexto.

Histórica: fundamento de criação.

Sistemático: sistema em que a norma está – conjunto legislação e princípios – rica.

Progressiva: significado legal de acordo com a ciência que está progredindo.

Lógica: indução – dedução – dialética – sentido – razão.

5.3 QUANTO AO RESULTADO

Declarativa: letra da lei corresponde o que o legislador quis dizer.

Restritiva: legislador disse que mais do que queria.

Extensiva: legislador disse menos do que queria. – necessário ampliar – Estatuto de


Roma diz que não pode contra o réu – STJ tem precedente nesse sentido – Zaffaroni e
Pierangelli dizem que só pode contra o réu quando a aplicação restrita resultar em
notória irracionalidade (proteção deficiente) - STJ e STF admitem a aplicação contra o
réu –EX: Lei 9099 e Maria da Penha (crimes e contravenções) – não se confunde com
analógica.

Analógica: intra legem (própria lei) – exemplos seguidos de fórmula genérica de


encerramento – ex. art.121, §2º, I, II, III e IV, CP (juiz vai dizer o que é motivo torpe) -
não se confunde com a analogia.

Analogia: é forma de integração (lacuna – não há lei para se aplicar no caso concreto) –
vedada in malan partem – lacuna legal (involuntária) e não silencio intencional –
analogia legis (norma semelhante) – analogia iuris (não há norma – usa-se princípio).

Rogério Sanches Cunha

Interpretação sui generis exofórica: significado está na doutrina – ex: (art.20 – tipo)

Interpretação sui generis endofórica: significado em outros textos do ordenamento –


norma penal em branco – lei de drogas ANVISA.

6 PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL

6.1 PRINCÍPIO DA EXCLUSIVA PROTEÇÃO DE BENS JURÍDICOS

Criação de tipos penais deve se pautar pela proibição de comportamento que exponham
a risco ou lesionem bem jurídicos essenciais.

6.2 INTERVENÇÃO MÍNIMA

Direito penal só quando estritamente necessário – insuficiência dos demais ramos de


controle (subsidiariedade) – relevante lesão ou perigo de lesão (fragmentariedade).

6.3 PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA

Desdobramento fragmentariedade e intervenção mínima – não há tipicidade material –


Zaffaroni tipicidade = tipicidade forma + tipicidade conglobante (tipicidade material +
antinormatividade).

Tipicidade conglobante - excludentes de ilicitude do estrito cumprimento de um dever


legal ou exercício regular de um direito quando fomentado pelo Estado, migram de
excludentes de ilicitude para excludentes de tipicidade.
Tem que ter:

 Mínima ofensividade da conduta;

 Ausência de periculosidade social da ação;

 Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;

 Inexpressividade da lesão jurídica causada

Jurisprudência

O STF reconheceu o princípio da insignificância, mas, como o réu era reincidente, em


vez de absolvê-lo, o Tribunal utilizou esse reconhecimento para conceder a substituição
da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, afastando o óbice do art. 44, II,
do CP. STF. 1ª Turma. HC 137217/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 28/8/2018 (Info 913).

STF e STJ – em regra a reiteração delitiva afasta o princípio da insignificância.

Já houve a aplicação do princípio da insignificância quando a reincidência não se deu


em relação ao mesmo bem jurídico tutelado.

A condição financeira da vítima é considerável no caso concreto.

STF já reconheceu no princípio mesmo havendo habitualidade delitiva específica no


caso que o indivíduo devolveu a res furtiva – 5 galinhas e 2 sacos de ração.

A reincidência não impede, por si só, a insignificância. Já houve caso que o juiz não
absolveu, mas impôs ao réu regime inicial menos gravoso com base no princípio da
insignificância, criando exceção jurisprudencial à regra do art. 33, § 2º, “c”, do CP, com
base no princípio da proporcionalidade STF. 1ª Turma. HC 135164/MT, Rel. Min.
Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 23/4/2019 (Info 938).

STJ – evasão de divisas “dólar cabo” – valor de 10.000 não é parâmetro para aplicar
insignificância. (REsp 1.535.956 - RS, Relator(a): MINISTRA MARIA THEREZA DE
ASSIS MOURA, julgado em 1º de março de 2016).

TSE, não é possível a aplicação do princípio da insignificância em crimes eleitorais


(REsp11887-18/RN).
STF já entendeu que é possível a aplicação do princípio da insignificância ao crime
consistente na conduta de Prefeito que utilizou máquinas e caminhões da Prefeitura para
realizar terraplanagem no terreno de sua residência.

 Princípio da bagatela própria: há insignificância da conduta perpetrada, sendo


materialmente atípica;

 Princípio da bagatela imprópria: há uma irrelevância da pena – o fato é material e


formalmente típico, ilícito e culpável, mas não haverá a aplicação da pena, pois ela se
torna desnecessária - Ex.: homicídio culposo quando o sujeito mata o filho, ou quando o
sujeito que cometeu o crime fica tetraplégico.

Súmula 606 - Não se aplica o princípio da insignificância a casos de transmissão


clandestina de sinal de internet via radiofrequência, que caracteriza o fato típico previsto
no art. 183 da Lei n. 9.472/1997. (Súmula 606, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
11/04/2018, DJe 17/04/2018) (DIREITO PENAL - PRINCÍPIO DA
INSIGNIFICÂNCIA)

Súmula 599 - O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a


administração pública. (Súmula 599, CORTE ESPECIAL, julgado em 20/11/2017, DJe
27/11/2017) (DIREITO PENAL - CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA)

Súmula 589 - É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções


penais praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas. (Súmula 589,
TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 13/09/2017, DJe 18/09/2017) (DIREITO PENAL -
LEI MARIA DA PENHA)

6.4 PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL

Hans Welzel – conduta é formal e materialmente típica mão não será considerada típica
se for socialmente adequada.

6.5 PRINCÍPIO DA EXTERIORIZAÇÃO OU DA MATERIALIZAÇÃO DO FATO


Nulla injuria sine actione – não há ofensa sem ação – direito penal do fato – não punir
pensamento.

6.6 PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

Fundamento político: vincula executivo e judiciário – proíbe excesso.

Fundamento jurídico: lei antes de punir.

Fundamento democrático: o povo elege representantes que vão definir o que é crime.

- Não há crime nem pena sem lei: reserva legal – lei em sentido estrito (LC ou LO) –
MP ´só não incriminador – lei delegada não pode.

- Lei anterior: anterioridade.

- Lei escrita: costume não cria pena nem crime.

- Lei estrita: proibido analogia in malan partem.

- Lei certa: taxatividade: clareza – sem conceitos vagos.

- Lei necessária: intervenção mínima.

Legalidade pode ser:

- Formal: devido processo legislativo.

- Material: compatível com a CF.

Classificação

- Lei completa: não depende de complemento.

- Lei incompleta: complemento:

 Tipo penal aberto: complemento valorativo – juiz que decide – ex: crimes
culposos.
 Norma penal em branco: complemento normativo:
o Própria (sentido estrito – heterogênea): norma diversa do legislador –
ex: portaria ANVISA.
o Imprópria (sentido amplo, homogênea): norma próprio legislador:
 Homovitelina: mesmo diploma – ex: art.326 CP.
 Heterovitelina: instancia diversa – ex: CC diz o que é
casamento.

Norma penal em branco ao revés: preceito secundário – ex: genocídio.

Norma penal em branco ao quadrado: complemento precisa de complemento – ex:


art.38 lei 9605.

Pode ser de instâncias federativas diversas.

Complemento por ser internacional.

6.7 PRINCÍPIO DA OFENSIVIDADE OU LESIVIDADE

Nulla necessitas sine injuria – tem que haver lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico –
doutrina usa para defender inconstitucionalidade de crimes de perigo abstrato pois,
nesse caso, não há lesão, mas presunção absoluta de perigo – veda criminalizar
pensamentos – veda autolesão – veda criminalizar meros estados existenciais
(criminalizar pelo que é – ex: mendicância).

6.7.1 PRINCÍPIO DA ALTERIDADE

Subprincípio – conduta deve atingir bem de terceiro.

6.8 RESPONSABILIDAE PESSOAL

Pena não passará da pessoa do condenado – pena não atinge quem não praticou o fato –
denuncia individualizada – individualização da penal.

6.9 PRINCÍPIO DA REPONSABILIDADE SUBJETIVA

Sem dolo e culpa não há responsabilidade.

6.10 PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE

Tem que ser culpável – imputável – potencial consciência da ilicitude – pudesse ter
conduta diversa.

6.11 PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA (NÃO CULPABILIDADE)

Art.5º, LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença
penal condenatória – STF 2019 condenação em caráter definitivo.

6.12 PRINCÍPIO DA PESSOALIDADE


Nenhuma pena passará da pessoa do condenado – art.5º, XLV, CF.

6.13 PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DO BIS IN IDEM

Art.20 do Estatuto de Roma – nem processo nem condenação duas vezes pelo mesmo
fato – não é absoluto – exceção está no art. 8º do CP (sentença estrangeira).

STJ, inf. 569 - A proibição de imposição de mais de uma consequência jurídico-


repressiva pela prática dos mesmos fatos ocorre, ainda, quando o comportamento
imputado ao acusado, definido espaço-temporalmente, não tenha sido trazido por inteiro
para apreciação do juízo.

6.14 PRINCÍPIO DA CONFIANÇA

Todos possuem o direito de atuar acreditando que as demais pessoas irão agir de acordo
com as normas que disciplinam a vida em sociedade.

7 EFICÁCIA DA LEI PENAL NO TEMPO

Extra-atividade: movimento da lei penal no tempo – divide-se em:

Retroatividade: aplicação a fatos que ocorreram antes da entrada em vigor.

Ultratividade: aplicação a fatos posteriores a entrada em vigor.

7.1 TEMPO DO CRIME

Teoria da atividade (art.4º CP) – momento da ação ou omissão.

7.2 SUCESSÃO DE LEIS PENAIS

Art. 5º, XL – só retroage para beneficiar.

Novatio Leigs incriminadora: era atípica e passe ser criminosa – teoria da ação
significativa – não retroage.

Novatio Legis in Pejus: tratamento mais rigoroso – não retroage – atentar Súmula 711
do STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da
permanência.
Abolitio Criminis: conduta criminosa suprimida – art.2º, CP – alcança coisa julgada – só
alcanças efeitos penais – não alcança extrapenais – Flávio Monteiro de Barros (causa
extintiva da tipicidade) – CP, art.107 (causa extintiva da punibilidade) prevalece.

Novatio Legis in Mellius: lex mitior – tratamento mais brando – retroage – alcança coisa
julgada – após coisa julgada compete ao juiz da execução (súm 611 STF) mera operação
matemática – se houve complexidade compete ao juiz da revisão criminal (juízo de
valor).

Lei penal mais benéfica em vacatio legis: Alberto Silva Franco (retroage) – corrente
majoritária diz que não retroage.

Combinação de lei penais (Lex Tertia): STF não admite – seria terceira (inovação
legislativa) – análise cabe ao réu se houver dúvida.

Continuidade normativo típica: supressão formal mas não material – norma é revogada
mas continua sendo crime em outro dispositivo.

Leis temporária e excepcionais: aplicadas mesmo depois do período de duração –


ultratividade – temporária (prazo determinado) ex: lei da FIFA – lei excepcional
(acontecimento excepcional) – dotadas de autorrevogabilidade – sem lex mitior e sem
abolitio crimnis, salvo se houver previsão legal.

Retroatividade da jurisprudência: não retroage – sem extra-atividade, ultratividade ou


retroatividade – 2ª fase (R Sanches) possibilidade retroatividade benéfica de
jurisprudência com efeito vinculante (súmula vinculante), bem como controle
concentrado de constitucionalidade.

Retroatividade em caso de norma penal em branco: STF - norma penal em branco


homogênea/imprópria/sentido amplo, por ser complementada pela própria lei, pode
retroagir em benefício do réu – já norma em banco heterógena/própria/sentido estrito,
depende do complemento:

- caráter excepcional: não retroage (ex: portaria tabelando preços e depois altera o
preço) – não produz descriminalização.

- sem caráter excepcional: retroage (ex: retirada do cloreto de etila da portaria da


ANVISA) – produza descriminalização.
Lei intermediária mais benéfica: STF diz que tem duplo efeito – retroatividade e
ultratividade – prevalece norma mais favorável entre a data do fato e a sentença.

8 LEI PENAL NO ESPAÇO

8.1 INTRODUÇÃO DE PRINCÍPIOS

P. territorialidade: local do crime.

P. nacionalidade ativa: lei do país do agente do crime.

P. nacionalidade passiva: lei do país do sujeito passivo.

P. defesa real: lei da nacionalidade do bem jurídico lesado.

P. justiça universal ou cosmopolita: justiça não importa onde – pais em que o sujeito for
encontrado.

P. do pavilhão (substituição ou bandeira): lei nacional as aeronaves e embarcações


privadas, quando praticados no estrangeiro, mas ai não sejam julgados. CP ADOTA.

8.2 TEORIAS DA LEI PENAL DO ESPAÇO

Territorialidade mitigada: art. 5º do CP – lei brasileira sem prejuízo de convenções,


tratados e regras de direito internacional.

Intraterritorialidade; lei estrangeiro a fato acontecido no Brasil – ex: imunidade


diplomática.

Extraterritorialidade: lei brasileira a fato acontecido no estrangeiro.

8.3 TERRITÓRIO NACIONAL

Espaço físico (geográfico) 12 milhas marítimas de largura, medidas a partir da linha de


baixa-mar do litoral continente e insular e espaço aéreo correspondente + espaço
jurídico (por extensão).

Espaço jurídico: embarcações e aeronaves públicas onde quer que se encontrem;


privadas no espaço aéreo ou em alto-mar; estrangeiras privadas quando no território
nacional.

8.4 EMBAIXADAS
É inviolável – não é extensão de território do país correspondente – aplicação da lei
brasileira sem prejuízo de convenção, tratado ou regra de direito internacional.

8.5 PASSAGEM INOCENTE

Não incidência da lei penal brasileira no caso de crime de que ocorra em navio ou
aeronave estrangeira de passagem no território nacional.

8.6 LUGAR DO CRIME

Art. 6º - Teoria da ubiquidade: lugar da ação ou omissão ou onde produziu ou deveria


produzir-se o resultado.

Crimes a distância (ou de espaço máximo): crime percorre território de 2 países (Brasil
e Argentina) – conflito internacional de jurisdição – aplica-se art. 6º.

Crimes em trânsito: crime percorre território de mais de 2 países (Brasil, Argentina e


Uruguai) – conflito internacional de jurisdição – aplica-se art. 6º.

Crimes plurilocais: dois ou mais territórios de um mesmo país soberano (São Paulo, São
Bernardo e Guarulhos) – conflito interno de competência – aplica-se art.70 do CPP
(teoria do resultado).

8.7 EXTRATERRITORIALIDADE

Lei brasileira a fatos ocorrido no estrangeiro.

8.7.1 Extraterritorialidade incondicionada

Punido pela lei brasileira ainda que condenado ou absolvido no estrangeiro. Nucci diz
que é inconstitucional – ne bis in idem.

Contra a vida ou liberdade do PR – patrimônio ou fé publica U, E, DF, M e EP, SEM,


Autarquia ou fundação do poder público – contra Adm Pública por quem está a seu
serviço – genocídio agente brasileiro ou domiciliado no Brasil.

8.7.2 Extraterritorialidades condicionada

Concurso de condições para que a lei brasileira seja aplicada.


Crime que por tratado ou convenção o BR se obrigou a reprimir; agente brasileiro; em
aeronaves ou embarcações brasileiras privadas quando no estrangeiro e não sejam
julgadas (bandeira ou pavilhão).

Requisitos:

Entrar o agente no BR – condição de procedibilidade;

Fato tem que ser punível no estrangeiro;

Crimes que a lei brasileira autoriza a extradição – art.82 lei 13.445/17 – PPL igual ou
superior a 2 anos;

Não ter sido absolvido ou cumprido pena no estrangeiro;

Não ter sido perdoado no estrangeiro ou não estar extinta a punibilidade.

8.7.3 Extraterritorialidade hipercondicionada

Além da condicionada – estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil.

Requisitos:

- Não tenha sido pedida ou negada extradição;

- Requisição do MJ.

8.8 COMPETÊNCIA

Se não tiver art.109 da CF competência é da Justiça Estadual.

Capital do Estado onde por último residiu o agente – se nunca residiu no Brasil capital
da república.

8.9 PENA CUMPIDA NO ESTRANGEIRO

Atenua a imposta no Brasil quando diversa ou nela é computada quando idêntica –


exceção ne bis in idem.

9 EFICÁCIA DA LEI PENAL EM RELAÇÃO AS PESSOAS

9.1 IMUNIDADE DIPLOMÁTICA

- Chefes de estado e de governo, familiares e membros da comitiva;


- Embaixador e família;

- Funcionário do corpo diplomático e família;

- Funcionários de organização internacional, quando estiverem em serviço.

Convenção de Viena de 1961 incorporada pelo decreto 56.435/65 – imunidade de


jurisdição penal do estado acreditado (recebe o agente diplomático) – não pode ser
punido pelas leis do estado acreditado – deve obediência a lei – se não obedecer fica
sujeito a lei do Estado a que pertence (acreditante) – intraterritorialidade (lei do país
acreditante a fato acontecido no Brasil) – agente diplomático não poder ser preso ou
detido – natureza jurídica de causa pessoal de isenção de pena – qualquer crime, não só
na função – ex: embaixador.

9.2 AGENTE CONSULAR

Não tem imunidade diplomática – tem imunidade relativa – somente em atos de oficio –
funcional.

Imunidades são irrenunciáveis.

9.3 IMUNIDADES PARLAMENTARES

9.3.1 Imunidade absoluta (substancial, material ou indenidade, freedom of speech)

Art. 53 caput da CF – Deputado e Senadores invioláveis civil e penalmente por


opiniões, palavra e votos – STF deve haver conexão entre as palavras e opiniões e o
exercício das funções – natureza jurídica Luiz Flávio Gomes e STF fato atípico – STF
se estiver nas dependências do parlamento presume-se a conexão – se extrapola as
dependência do parlamento ainda que proferida STF admite afastamento da imunidade
(ex; Facebook, twitter).

9.3.2 Imunidade relativa (formal ou processual)

Art. 53, §1º ao §8º da CF

9.3.2.1 Imunidade relativa ao foro

Desde a expedição do diploma – (STF) só em crimes praticados no exercício da função


e em razão dela - Ação Penal 937.
9.3.2.2 Imunidade relativa à prisão (incoercibilidade dos congressistas)

Freedom from arrest – art. 53, §2º da CF - desde a expedição do diploma membros do
CN não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável – autos remetidos
à casa respectiva dentro de 24 horas para que decida sobre a prisão – voto de maioria
dos membro – decisão política – CF só fala de prisão em flagrante não fala de norma
procedimentais – STF decidiu pela possibilidade de aplicação das medidas cautelares de
que trata o artigo 319 do CPP, mas, se se tratar de algo que impeça o pelo exercício do
mandato, tem que haver deliberação da casa legislativa.

Prisão por pensão alimentícia?

Uadi Lammego Bulos: possível.

Gilmar Mendes: não é cabível.

Rogério Sanches: depende da espécie de alimentos – se provisórios, em tutela de


urgência, não cabe – se caráter definitivo – então cabe prisão do parlamentar.

9.3.2.3 Imunidade relativa ao processo

Crimes cometidos após a diplomação – recebida a denuncia pelo STF a Casa Legislativa
pode sustar o andamento da ação – pedido de qualquer partido político – voto ostensivo
e nominal da maioria absoluta de seus membros (art.53,§ 3º da CF) – não fica impedida
a instauração – STF dispensa autorização para instauração – suspensão deve ser
apreciada em 45 dias – se sustar processo não segue enquanto parlamentar seguir no
mandato – lapso prescricional fica suspenso – não se estende a inquérito policial –
instauração deve ser requerida pelo PGR com autorização do STF – supervisão do STF.

9.3.2.4 Imunidade relativa à condição de testemunha

Parlamentares são obrigados a testemunhar, salvo:

- Informações recebidas ou prestadas em razão do exercido do mandato;

- Informações sobre pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações.

Art.221 – podem ajustar o local, dia e hora com juiz.

9.3.2.5 Imunidade relativa ao Estado de Sítio


Imunidades persistem – possível suspender por decisão de 2/3 da casa respectiva em
casos de atos praticados fora do recinto do CN e que sejam incompatíveis a execução da
medida.

9.3.3 Parlamentar licenciado

Licenciado não manterá a imunidade – a não ser que o cargo assumido também confira
prerrogativa (ex: ministros de Estado).

9.3.4 imunidade dos deputados estaduais

Art. 27, §1º - princípio da simetria – súmula 3 do STF superada – estende imunidades
dos parlamentes federais aos estaduais – somente do exercício e em razão do cargo AP
937.

Federais Estaduais
Imunidade absoluta – opiniões, palavra e Imunidade absoluta – opiniões, palavra e
votos votos
Imunidade relativa: Imunidade relativa:
a) Foro (STF) a) Foro (TJ,TRF, TRE)
b) Prisão b) Prisão
c) Processo c) Processo
d) Condição de testemunha Condição de testemunha

9.3.5 Imunidade dos vereadores

art.29, VIII, CF – somente imunidade absoluta no mandato e na circunscrição do


município – CE pode prever foro por prerrogativa de função para infrações penais – no
exercício do mandato e em razão dele AP 937 – se a CE dispõe, por simetria, sobre foro
por prerrogativa pelo TJ, crime de competência da JF dever ser julgado pelo TRF – não
tem imunidade formal, podem ser submetidos a processo penal, independente de licença
prévia da Câmara de Vereadores (STF HC 70352/1993).

9.3.5 foro por prerrogativa de função x tribunal do júri

SV 45 – “A competência constitucional do tribunal do júri prevalece sobre o foro por


prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela constituição estadual”.
Com a decisão na AP 937 a sumula parece desnecessária visto que, agora, a prerrogativa
de foro se aplica apenas para crimes cometidos no exercício do cargo e em razão dele.

10 DISPOSIÇÃOES GERAIS

10.1 EFICÁCIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA

Homologada pelo STJ – não aprecia o mérito – apena exame formal (juízo de
prelibação) – efeitos civis dependerá de requerimento da parte – para medida de
segurança tem que ter tratado de extradição – sem tratado requisição do MJ.

Se extraterritorialidade incondicionada a sentença estrangeira não faz coisa julgada –


fatos poderão ser novamente apreciados no Brasil com a aplicação da legislação local –
da mesma forma a sentença estrangeira sobre fato acontecido no Brasil não poderá ser
aqui executada, podendo haver novo processo pelo mesmo crime – ambos os casos
aplica-se o art.8º.

10.2 CONTAGEM DO PRAZO

Prazo processual: CPP – sem dia do início – inclui o vencimento – feriado ou dia útil
prorroga.

Prazo penal: improrrogável – inclui dia do começo e exclui do final.

10.3 FRACÕES NÃO COMPUTAVEIS NA PENA

Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as


frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)

10.4 CONFLITO APARENTE DE NORMAS

Conflito aparente de norma: lei vigente x lei vigente – duas leis – um caso.

Sucessão de leis penais: lei revogada x lei vigente

Especialidade: lei especial prevalece sobre lei geral – lei especial contém todos os
elementos da geral + outros especiais – preenche integralmente o tipo penal – ex: tráfico
x contrabando – não importa menor ou maior rigor -

Subsidiariedade: relação de maior ou menor gravidade – não de espécie e gênero –


norma subsidiária só quando não tem crime mais grave – expressa: “se não houver
crime mais grave” (ex: 132 e 307 do CP) – tácita: não vem escrito no tipo (ex: 311 e
302 CTB - Rogério Greco não vê utilidade –

Consunção: absorção de um delito por outro – sem espécie e gênero – sem grave e
menos grave – crime progressivo (já tem finalidade grave e para alcança-la pratica
crime menos grave) – progressão criminosa (substituição do dolo inicial – muda o dolo
– queria lesionar depois sobrevém a vontade de matar).

ante factum impunível: ocorre antes – não será punível – ex: violação de domicilio antes
do furto.

Post factum impunível: exaurimento do crime principal – ex: destruir produto furtado –
só responderá pelo furto.

10 TEORIA GERAL DO CRIME: INTRODUÇÃO

10.1 CONCEITO DE INFRAÇÃO PENAL

- Enfoque formal: conduta descrita em normal penal incriminadora.


- Enfoque material: causa lesão ou perigo de lesão.
- Enfoque analítico: fato típico – ilícito – culpável

10.2 DIFERENÇA ENTRE CRIME E CONTRAVENÇÃO

quanto à pena privativa de liberdade imposta: crime (reclusão/detenção/ e ou multa) –


contravenção (prisão simples e/ou multa)

quanto à espécie de ação penal: crime (API, APC e APP) – contravenção (API).

quanto à tentativa: crime (é punida) – contravenção (não é punida)

quanto a extraterritorialidade da lei brasileira: crime (admite) – contravenção (não


admite – art.2º LCP)

quanto à competência para processar e julgar: crimes (JF, JE ou JE) – contravenção


(sempre JE, salvo foro por prerrogativa de função)

quanto aos limites da pena: crime (até 40 anos) – contravenções (até 05 anos).

quanto ao período de prova (sursis): crime (regra 2 a 4 anos – etário ou humanitário 4 a


6 anos) – contravenção (1 a 3 anos).
quanto ao cabimento de prisão temporária e preventiva: crime admite prisão temporária
e preventiva – contravenção não admite (não está no rol nem do 313 do CPP nem da lei
7960/89).

quanto à possibilidade de confisco: crime (confisco de produtos de crimes) –


contravenção não há previsão.

quanto à ignorância da lei: crime ( desconhecimento é inescusável – no máximo


atenuante de pena) – contravenção (quando escusável pena pode deixar de ser aplicada
– perdão judicial).

10.3. SUJEITO ATIVO DO CRIME

10.3.1. Responsabilização penal da pessoa jurídica

Há discussão

1ª C – PJ não pode praticar crimes – societas delinquere non potest – nem ser
responsabilizada penalmente – ente virtual desprovido de consciência e vontade – só
responsabilização administrativa, tributária e civil – Gilberto e Vladimir Passo Freitas.

2ª C – Somente PF pratica crime – admite responsabilidade penal da PJ – tem que haver


relação objetiva entre o autor do fato típico e ilícito e a empresa – ou órgão colegiado –
interesse ou benefício da empresa – Fernando Galvão.

3ª C – PJ tem vontade própria – comete crime ambiental e sofrer penas – adaptação do


juízo de culpabilidade – só quando houver intervenção de pessoa física – chegou a ser
adotada pelo STJ – STF diz que não precisa da pessoa física – rechaçada a teoria da
dupla imputação – STJ também já entende assim – relevância quando pessoa física
tenha atuado sob excludente de culpabilidade ou ilicitude.

10.3.2. Responsabilização penal da pessoa jurídica dissolvida

Rogério Saches diz que pode haver responsabilização penal até a liquidação – art. 51 do
CC – nem todas as penas são cabíveis.

10.3.3. Responsabilização penal da pessoa jurídica de direito público


1ª C: impossibilidade – Estado não pode ser delinquente – finalidade do Estado é
cumprir lei – senão cumpriu o diretor desviou do poder – titular do ius puniend é o
próprio Estado – não pode aplicar pena em si mesmo – ônus contra a própria sociedade.

2ª C: possibilidade – CF e lei 9.605/95 não obstam – o Estado algumas vezes se lança


em atividades de mercado com o setor privado – tem que haver adequações – nem todas
as penas são possíveis - Édis Milaré e Paulo Affonso Leme Machado -

10.3.4. Crime comum, crime próprio e crime de mão própria

Comum: qualquer pessoa.

Próprio: qualidade especial do agente.

Mão própria: além da qualidade especial, próprio agente tem que executar – falso
testemunho – admite-se participação – coautoria não – excepcionalmente dois peritos
assinarem laudo falso.

10.4. SUJEITO PASSIVO DO CRIME

10.4.1. Espécies de sujeito passivo

Constante ou mediato: Estado

Imediato (casuístico, material ou eventual): titular do interesse tutelado.

10.4.2. Classificação do sujeito passivo

Próprio: qualidade especial – infanticídio (recém-nascido)

Comum: qualquer pessoa.

Bi-comum e bi-próprio.

10.4.3. Crime contra o morto

Morto não é titular – contra respeito aos mortos sujeito passivo é a coletividade –
calunia = família do morto.

10.4.4. Simultaneidade de sujeição ativa e passiva

Em regra, não – autolesão para segura = seguradora – autoacusação a vitima é o Estado


– divergência na rixa – Rogério Grecco diz que a exceção está na rixa.
10.5. OBJETO JURÍDICO DO CRIME E OBJETO MATERIAL

10.5.1. Objeto material

Pessoa ou coisa sobre a qual recai da conduta – crimes de mera conduta não tem –
omissivo puro ou próprio também não tem – crimes matérias sempre tem.

10.5.2. Objeto jurídico

Todo crime tem – interesse tutelado pela norma – um bem jurídico (crime mono-
ofensivo) – mais de um bem jurídico (crime pluriofensivo) -

10.6. CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES

10.6.1. Classificação quanto ao resultado

Material: norma descreve conduta e resultado naturalístico – modificação no mundo


exterior – imprescindível o resultado para a consumação do delito.

Formal (de consumação antecipada): tipo descreve resultado que não precisa ocorrer
para a consumação do delito – se ocorre há mero exaurimento – ex: extorsão mediante
sequestro.

Mera conduta: tipo descreve conduta e não descreve resultado – sem objeto material –
ex: porte ilegal.

10.6.2. Classificação quanto ao sujeito

Comum – próprio e de mão própria.

10.6.3. Classificação quanto ao ânimo do agente

Doloso: quer o resultado (dolo direto) ou assumiu o risco de produzi-lo (dolo eventual –
teoria do assentimento).

Culposo: não quer o resultado que é previsível – sem o dever de cuidado.

Preterdoloso: dolo no antecedente e culpa no consequente – resultado mais grave é


culposo.

10.6.4. Classificação quanto ao momento de consumação

Crime instantâneo: consumação em momento determinado.

Crime permanente: consumação de protrai no tempo.


Instantâneo de efeitos permanentes: consumação em momento determinado, mas efeito
causado é irreversível – Ex: homicídio.

10.6.5. Crime consumado ou tentado

Consumado: preencheu os elementos do tipo - não se confunde com exaurido.

Tentando: não preenche todos os elementos por circunstâncias alheias á vontade do


agente.

10.6.6. Crime de dano ou crime de perigo

Crime de dano: efetiva lesão ao bem jurídico tutelado.

Crime de perigo: risco de lesão ao nem jurídico.

 Concreto: exige demonstração que o bem jurídico foi colocado em risco. Ex:
art.132 CP.
 Perigo abstrato ou presumido: própria lei presume que a conduta é perigosa,
dispensando prova do perigo: ex: porta ilegal de arma.

10.6.7. Crime simples, complexo, qualificado e privilegiado

Simples: formado pelo tipo penal – basta ler o caput.

Complexo: fusão de dois tipos – roubo = furto + constrangimento ilegal.

Ultracompleto: tipo complexo + causa de aumento ou qualificadora.

Qualificado: deriva do básico ou complexo – maior gravidade – novos patamares


mínimo e máximo.

Privilegiado: circunstâncias que diminuem a gravidade.

10.6.8. Crime plurissubjetivo ou unissubjetivo

Plurissubjetivo: pluralidade de sujeitos – concurso necessário.

 Condutas paralelas: todos tem o mesmo fim- ex: associação criminosa.


 Condutas divergentes: ações uns contra os outros – ex: rixa.
 Bilaterais: conduta de uma gente se encontra com a conduta de outro. Ex:
bigamia.

10.6.9. Crime omissivo ou comissivo


Comissivo: ação- viola a norma proibitiva.

Omissivo: não faz o que devia ser feito – violação de tipo mandamental.

 Omissivo próprio: não fazer - norma mandamental decorre do tipo próprio penal
– ex: omissão de socorro – pode participação – devia e podia agir.
 Omissivo impróprio (impuro ou comissivo por omissão) – o crime é comissivo
mas é praticado por omissão – tem o dever jurídico de evitar o resultado –
garante art.13, §2º - omissão decorre de uma clausula geral – pode participação.
 Omissivo por comissão: agente atua para que outra pessoa não venha a agir – ex:
agente que tranca médico em um quarto para que ele não atenda seu desafeto –
médico não responde – desafeto responde pro homicídio.

Em regra, não se admite tentativa em crime omissivo – no omissivo por comissão é


possível – médico quebra a porta.

 Conduta mista: comissão seguida de omissão – ex: apropriação de coisa achada


(art.169, II, CP) – acha a coisa (ação) e não devolve (omissão) a autoridade em
15 dias.

10.6.10. Crime unissubsistente ou plurissubsistente

Unissubsistente: uma conduta – sem fracionamento – sem tentativa – ex: injuria verbal.

Plurissubsistente: conduta pode ser fracionada – pode tentativa – ex: homicídio, furto,
roubo.

10.6.11. Crime habitual

Exige reiteração de atos para consumação – ex: exercício ilegal da medicina.

10.6.12. Crime exaurido

Já se consumou, mas ocorre resultado agravador – ex: obtenção de resgate na mediante


sequestro.

10.6.13. Crime de ação única ou crime de ação múltipla

 Crime de ação única: apena uma conduta possível – ex:furto: só subtrair – ainda
que se possa fracionar.
Crime de ação múltipla (tipo penal misto): diversas formas de conduta – ex: tráfico.

 Misto alternativo: prática uma ou mais condutas = crime único.


 Misto cumulativo: condutas consideradas autonomamente ainda que no mesmo
tipo – tantos quantos crimes forem os núcleos praticados – ex. art. 242 CP.

10.6.14. Crime falho e quase-crime

Crime falho: tentativa perfeita – acabada – todos os atos de execução.

Quase crime: não há crime – crime impossível.

10.6.15. Crime de atentado

Responsabilidade do crime tentado idêntica ao crime consumado – ex: evadir-se ou


tentar evadir-se o preso ...

10.6.16. Crime de resultado cortado e crime mutilado de dois atos

Delitos de intenção (tendência interna transcendente) – especial fim de agir – subdivide-


se em:

Crime de resultado cortado (ou de resultado separado): segundo ato deseja pelo sujeito,
que não é necessário a consumação, não é praticado por ele – ex: art.159, CP, quem
paga o resgate é um terceiro.

Crime mutilado de dois atos: o 2º ato dispensável para a consumação delito é praticado
pelo agente – ex: petrechos para a fabricação de moeda – falsificar ou não a moeda
depende do sujeito.

10.6.17. Delito de tendência interna transcendente

Delito de intenção – elemento subjetivo especial – fim de agir – 2º ato é dispensável


para a consumação.

10.6.18. Crime de acumulação

Interesses supraindividuais – meio ambiente – conduta isolada pode configurar


repressão desproporcional.

10.6.19. Crime de rua ou crime de colarinho azul

Colarinho branco: órbita econômica – lavagem de dinheiro – pessoas com condições.


Colarinho azul: praticados por pessoas economicamente desfavorecidas – operários
norte-americanos no final do séc XX (blue collars).

10.6.20. Crime de olvido

Crimes de esquecimento – sujeito esqueceu de praticar a conduta – são omissivos


impróprios – natureza culposa – ex: pais que esquece filho recém-nascido dentro do
carro, causando-lhe a morte.

10.6.21. Quanto à existência autônoma do crime

Crimes principais: existência autônoma, independe da prática de crime anterior.

Crimes acessórios, de fusão ou parasitários: dependem da prática de crime anterior – ex:


receptação (art.180, CP) e lavagem de capitais (lei 9.613/1998).

10.6.22. Quanto à necessidade de exame de corpo de delito como prova

Crimes transeunte ou de fato transitório: sem vestígios – ex: injuria verbal.

Crime não transeunte ou de fato permanente: deixam vestígio – ex: homicídio.

10.6.23. Quanto ao vínculo existente entre os crimes

Crimes independentes: sem ligação com outros delitos.

Crimes conexos: ligação entre delitos.

 Conexão teleológica ou ideológica: assegurar a execução de outro delito.


 Conexão consequencial ou causal: sequência de outro, para assegurar a
impunidade, ocultação ou vantagem de outro delito.
 Conexão ocasional: consequência da ocasião – ex: estupro após o roubo.

10.6.24. Quanto à liberdade para iniciar a ação penal

Crimes incondicionados: API

Crimes condicionados: APC ou APP.

10.6.25. Outras classificações

crime gratuito: sem motivo.

crime de ímpeto: sem premeditação.


crime de circulação: em automóvel.

crime de opinião: excesso da liberdade de expressão.

crime multitudinário: pela multidão.

crime internacional: tratado ou convecção Brasil se obrigou a reprimir.

crime de mera suspeita: agente punida pela suspeita em seu agir – viola direito penal do
fato – ex: art 25, LCP (mendicância).

crime inominado: ofende ética, moral ou social, mas não é infração.

crime profissional: crime habitual com finalidade lucrativa – ex: rufianismo, art. 230,
CP.

crime subsidiário: só se não constituir crime mais grave – soldado de reserva (Hungria).

crime de ação astuciosa: vítima é enganada – fraude – ex: estelionato.

crime putativo: só na cabeça do agente – não crime por erro de tipo, proibição ou por
obra do agente provocador.

crime remetido: tipo penal faz referência a outro crime, que passa a integrá-lo – ex:
fazer uso de documento falso.

crime de responsabilidade: próprios (comuns ou especiais) e impróprios (infrações


administrativas).

crime obstáculo: punição de atos preparatórios.

crimes funcionais ou delicta in officio: elementar do tipo que ou autor seja funcionário
público.

 Próprio: condição funcional é indispensável para a tipicidade.


 Improprio: ausente a qualificação funcional, desclassifica-se para outro delito –
ex: peculato furto.

crimes funcionais típicos e atípicos: STF (somente crimes funcionais típicos seguem o
rito do procedimento de apuração da responsabilidade dos funcionários públicos –
defesa prévia.
 Típicos: exige que a conduta seja praticada por funcionário público – ex:
prevaricação.
 Atípicos: praticados por funcionário público em razão da função, mas poderia ter
sido praticado por um particular – ex: art.90 da lei de licitações.

11 TEORIA GERAL DO CRIME

11.1 CONCEITO E ELEMENTOS DO FATO TÍPICO

Ação ou omissão humana, antissocial que, norteada pelo princípio da intervenção


mínima, consiste numa conduta produtora de um resultado que se subsume ao modelo
de conduta proibida pelo direito penal, seja crime ou contravenção penal. CONDUTA –
RESULTADO – NEXO CAUSAL – TIPICIDADE.

11.2 CONDUTA

11.2.1 Teoria Causalista (causal naturalista, clássica, naturalística ou mecanicista)

Franz von Liszt – Ernst von Beling – Gustavo Radbruch – início do séc XIX – ideais
positivistas - método das ciências naturais – causa e efeito – sem abstrações – mero
processo causal destituído de finalidade.

Movimento corporal voluntário que produz uma modificação no mundo exterior


perceptível pelos sentidos.

Vontade: aspecto externo (movimento corporal do agente) – aspecto interno (vontade ou


não de fazer – não relacionada com a finalidade – finalidade somente na culpabilidade).

Tripartite – dolo e culpa só na culpabilidade – dolo psicológico – consciência e vontade


(sem consciência da ilicitude) – culpabilidade (imputabilidade – dolo ou culpa) – tipo
normal (só elemento objetivo – sentidos) – tipos anormais (exigem valoração –
elementos normativos e ou subjetivos – não são perceptíveis apenas pelos sentidos) –
homicídio = tipo normal – falsidade ideológica = tipo anormal (“documento” “fim de
prejudicar direito”).

Críticas: não explica crimes omissivos nem delitos sem resultado – não tem como negar
presença de elementos normativo e/ou subjetivos no tipo penal – não há como distinguir
lesão corporal da tentativa de homicídio (dolo e culpa só na culpabilidade) – ação
humana tem que ter finalidade.

11.2.2 Teoria Neokantista (causal-valorativa)

Base causalista – primeiras décadas do séc XX – Edmund Mezger – superação do


positivismo – introdução da racionalização do método – valoração dos fenômenos –
método axiológico – tripartite – valoração da tipicidade (tipos com elementos subjetivos
não são mais anormais) – antijuridicidade em aspecto material – culpabilidade teoria
psicológico-normativa (dolo e culpa não são espécie – são elementos autônomos) – dolo
com consciência atual da ilicitude (dolo normativo – dolus malus) – conduta é
comportamento humano voluntário.

Críticas: contradição em reconhecer elementos objetivos e subjetivos – permanência de


dolo e culpa na culpabilidade.

11.2.3 Teoria Finalista ou final

Hans Welzel – meados do séc XX (1930 – 1960) - comportamento humano voluntário


psiquicamente dirigido a um fim – ação = ato de vontade com conteúdo – tripartite –
dolo e culpa migram para o fato típico – dolo passa a ter consciência e vontade – tipo
passa a ter duas dimensões objetiva (conduta, resultado, nexo causal e tipicidade) e
subjetiva (dolo ou culpa) - dolo perde a consciência da ilicitude (dolo natural – dolus
bonus).

Adotado pela maioria da doutrina brasileira – fundamento art.20 caput do CP.

Críticas: concentrou no desvalor da conduta, ignorando desvalor do resultado – não


explica a contento o crime culposo – conduta dirigida a um fim com resultado
involuntário? Contraposição = a finalidade é lícita, resultado que é ilícito.

11.2.4 Teoria Social da Ação

Johannes Wessels – principal adepto Hans-Heinrich Jescheck – não vem pra substituir
as anteriores, mas da nova dimensão - comportamento humano voluntário dirigido a um
fim socialmente reprovável – comportamento aceito socialmente não é típico – dolo e
culpa no fato típico e reanalisado na culpabilidade.
Crítica – vagueza do conceito de relevância social.

11.2.5 Teorias Funcionalistas

Década de 70 – Alemanha – fins do direito penal – conduta deve ser compreendida de


acordo com a missão do direito penal.

Funcionalismo Teleológico, Dualista, Moderado ou da Política Criminal: Claus Roxin –


função é proteção de bens jurídico – obra política criminal e sistema jurídico-penal –
superar ontologia (“estudo do ser”) do finalismo reduzindo o alcance da tipicidade –
proteger valores essenciais – intervenção mínima – comportamento humano voluntário
causador de relevante e intolerável lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado
pena norma penal – fato típico – antijuridicidade e reponsabilidade (imputabilidade –
potencial consciência da ilicitude – exigibilidade de conduta diversa – necessidade da
pena) – culpabilidade = limite funcional da penal.

Crítica: substituição da culpabilidade pela responsabilidade.

Funcionalismo Radical, Sistêmico ou Monista: Gunther Jakobs – noção de sistemas


sociais de Niklas Luhmann – direito penal autopoiético/autônomo/autorreferentem
(capacidade de produzir a si próprio) – missão do direito penal é assegurar a vigência da
norma – comportamento humano voluntário causador de um resultado evitável, violador
do sistema frustrando as expectativas normativas – culpabilidade no 3ª substrato
(imputabilidade – potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa)
– dolo e culpa no fato típico – direito penal do inimigo para o infiel ao sistema –
determinados crimes retira do agente o status de cidadão – quebra do contrato social de
Rousseau.

Característica do direito penal do inimigo: tipificação de atos preparatórios – tipos de


mera conduta e de perigo abstrato (flexibilizando o princípio da ofensividade) –
descrição vaga de crimes e penas (flexibiliza a legalidade) – direito penal do autor
(flexibiliza exteriorização do fato) – leis de luta e de combate – endurecimento da
execução penal – restrição de garantia processual (3ª velocidade).

CP = teoria finalista – CPM = causalista – doutrina moderna trabalha com premissas


funcionalistas de Roxin, negando responsabilidade.

11.2.6 Teoria da ação significativa


Vives Antón – base filosofia da linguem de Wittgensein e ação comunicativa de
Habermas – ação só existem em razão da norma – o que as pessoas fazem e não naquilo
que as pessoas fazem- ex: crimes cibernéticos passaram a ter significado quando surgiu
norma.

11.2.7 Elementos da conduta

- Comportamento humano voluntário (dirigido a um fim);

- Exteriorização da vontade.

11.2.8 Causas de exclusão da conduta

 Caso fortuito ou força maior: imprevisível – impossível de evitar.


 Involuntariedade:
o Estado de inconsciência completa: sonambulismo- hipnose.
o Movimentos reflexos: reação automática – não é ação em curto-circuito
(ato impulsivo – movimento relâmpago – excitação de diversos órgãos).
 Coação física irresistível (vis absoluta): força física que impede o coagido de
praticar movimentos.

11.2.9 Formas de conduta

11.2.9.1 Crime doloso

 Teoria da vontade: vontade consciente de praticar a infração – volitiva. OBS:


vontade e desejo não se confundem (dolo: o agente quer – desejo: o agente
espera).
 Teoria da representação ou possibilidade: previsão do resultado como possível e
decide prosseguir – basta consciência – culpa é sempre inconsciente –
intelectiva.
 Teoria do consentimento ou assentimento: tem a previsão do resultado como
possível, decide prosseguir, assumindo risco – agente tem que consentir e
considerar possível – volitiva.
 Teoria da probabilidade ou cognição: dolo eventual quando o resultado for
provável e não apenas possível, admitindo ou não o resultado.
 Teoria da evitabilidade: Juarez Cirino – teoria da não comprovada vontade de
evitação do resultado (teoria da objetivação da vontade ou evitação do resultado)
– Armin kaufman – base finalista – ativação de contrafatores para evitar o
resultado – se ativar contrafatores = imprudência consciente – basta representar
o resultado como possível para a caracterização do dolo eventual.
 Teoria do risco: depende do conhecimento do risco indevido (tipificado) na
realização do comportamento ilícito – intelectiva.
 Teoria do perigo descoberto: resultado lesivo subordina-se à sorte ou acaso –
sem elemento volitivo – perigo desprotegido = sorte-azar = dolo eventual –
roleta russa – intelectiva.
 Teoria da indiferença ou do sentimento: indiferença ante a produção do
resultado = dolo eventual.

CP – teoria da vontade para o dolo direto e teoria do assentimento para o dolo


eventual.

11.2.9.1.1 Espécies de dolo

Dolo natural ou neutro: só consciência e vontade – teoria finalista – componente da


conduta.

Dolo normativo ou hibrido: teoria clássica e neokantista – integra a culpabilidade – tem


consciência, vontade e consciência atual da ilicitude.

Dolo direto ou determinado ou intencional ou imediato ou incondicionado: o agente


prevê o resulta e nele direcionada conduta.

Dolo indireto: não busca resultado certo.

 Alternativo: pluralidade de resultados – que alcançar qualquer um – ex: ferir ou


matar, tanto faz.
 Eventual: pluralidade de resultados – dirige conduta a um deles determinado,
mas assumiu o risco de provocar o outro – ex: quero ferir, mas aceito matar –
assume o risco – teoria do consentimento – Reinhart Frank.

Dolo cumulativo: quer inicialmente apena um resultado, depois passa agir para provocar
outro – progressão criminosa.

Dolo de dano: causa efetiva lesão ao bem jurídico.


Dolo de perigo: expor a perigo o bem jurídico.

Dolo genérico: realizar a conduta sem fim específico.

Dolo especifico: visa fim específico que é elementar do tipo – ex. art.159 do CP.

Dolo Geral (erro sucessivo): supõe já ter alcançado o resultado visado e pratica nova
ação – aberratio causae – erro sobre o nexo causal.

Dolo de primeiro grau: dolo direto – consciência e vontade perseguem fim determinado.

Dolo de segundo grau (ou de consequências necessárias): espécie de dolo direto – a


vontade se dirige aos meios – efeitos colaterais – resultado paralelo é certo – ex: matar
piloto de avião.

Dolo de terceiro grau: consequência necessária da consequência necessária – ex: matar


piloto de avião que carrega grávida.

Dolo antecedente, concomitante e subsequente:

 Antecedente, inicial ou preordenado: anterior a conduta – mera cogitação – não


interessa – em razão da teoria da actio libera in causa, excepcionalmente será
considerado para a tipificação de determinadas condutadas.
 Subsequente: posterior ao crime – indiferente penal.
 Dolo concomitante: existente no momento da ação ou omissão -

Dolo de proposito e dolo de ímpeto:

 Proposito: vontade e consciência refletida – pensada – premeditada.


 De ímpeto: repentino – pode ser privilegiadora.

Dolo abandonado: desistência voluntária e arrependimento posterior.

Dolo global ou unitário: da continuidade delitiva – tribunais superiores: agente deve


atuar baseado num plano previamente elaborado que envolva toda a cadeia de crimes –
sem isso há habitualidade e não continuidade.

11.2.10 Fases da conduta

Interna: pensamento – cogitação. (representação e antecipação do resultado – eleição


dos meios – avaliação dos efeitos – impunível.

Externa: põe em pratica o que deliberou.


11.2.11 Crime culposo

Evento ilícito não aceito ou querido pelo agente, mas que lhe era previsível (culpa
inconsciente) ou excepcionalmente previsto (culpa consciente) e que podia ser evitado
se empregasse a cautela necessária.

Doutrina majoritária – culpa elemento normativo da conduta.

Elementos:

 Conduta humana voluntária.


 Violação de um dever de cuidado objetivo:
o Imprudência: atua com precipitação – forma positiva – ação.
o Negligencia: ausência de precaução – negativa – fata de cuidado +
omissão – antes de iniciar a conduta.
o Imperícia: falta de aptidão técnica para arte ou profissão – ex: trocar
pedal do freio pela embreagem – não se confunde com inobservância de
regra técnica (aumenta pena do homicídio) nem com erro profissional
(conhece as regras e as observa, mas são falíveis os postulados
científicos – sem punição).
 Resultado naturalístico involuntário.
 Nexo entre conduta e resultado.
 Resultado (involuntário) previsível/previsibilidade: previsibilidade objetiva
(possibilidade de pessoa mediana concluir que sua conduta por resultar em
ilícito) – homem médio – antever resultado – ex: banhista que atropela naufrago
em auto mar não pode prever resultado, ainda que esteja realizando manobras
arriscadas.
Previsibilidade subjetiva: possibilidade de prever o resultado com base em
características pessoais do agente – analisada na culpabilidade.
 Tipicidade: tem que haver disposição legal expressa – geralmente tipos penais
abertos (exigem valoração do juiz) – há exceções, art. 180, §3º do CP.
Geralmente são crimes materiais, mas há exceções – ex: art. 38 da lei de drogas.

11.2.11.1 Espécies de culpa

Culpa consciente, com previsão ou ex lascívia: prevê o resultado – espera que não
ocorra – imagina poder evitar com sua habilidade – além da previsibilidade há previsão.
Culpa inconsciente, sem previsão ou ex ignorantia: não prevê o que era previsível –
qualquer pessoa não poderia prever.

Culpa própria ou culpa propriamente dita: não quer nem assume o risco do resultado,
mas o causa por negligencia, imperícia ou imprudência.

Culpa impropria ou culpa por equiparação, por assimilação, ou por extensão: erro
evitável – situação que se de fato existisse tornaria sua ação legitima, excluindo a
ilicitude – descriminante putativa – art. 20, § 1º - estrutura dolosa – admite tentativa.

Culpa consciente x dolo eventual

Na culpa consciente o agente prevê o resultado e o afasta, no dolo eventual o agente


prevê e assume o risco da ocorrência – desaso.

Questões importantes

Racha: STJ diz que é dolo eventual – mas lembre-se que houve alteração legislativa,
tratando-se de crime preterdoloso quando houver lesão grave ou morte, ou seja, será
culposo.

Embriaguez: tendência a ser culpa consciente – simples fato de estar embriagado não
presume que há dolo eventual – tem que haver evidência de que o agente se viu diante
de um resultado lesivo iminente e se manteve indiferente em relação as implicações do
seu proceder.

Compensação de culpas: incabível – negligencia do acusado e da vítima = pode atenuar


a responsabilidade – art. 59, CP.

Concorrência de culpas: dois agentes concorrem de forma culposa para o resultado –


todos respondem – teoria da conditio sine qua non.

11.2.11.2 Exclusão da culpa

Caso fortuito e força maior: não há previsibilidade (elemento do crime culposo).

Principio da confiança: segue o dever de cuidado e confia que os outro irão seguir.

Erro profissional: diferente de imperícia – trata-se de falibilidade dos métodos


científicos.
Risco tolerado: certa carga de risco deve ser tolerada para a evolução da sociedade – ex:
experimentos científicos em pacientes.

11.2.11.2 Crime preterdoloso

Figura hibrida – dolo e culpa no mesmo fato – dolo no antecedente e culpa no


consequente.

Requisitos:

- Conduta dolosa visando determinado resultado;

- Provocação de resultado culposo mais grave que o desejado;

- Nexo causal;

- Tipicidade do crime preterdoloso.

O evento culposo mais grave deve ser pelo menos previsível (lembrar da briga na areia
da praia em que o individuo cai e bate a cabeça em uma pedra – não há responsabilidade
– culpa tem que ser provada – vedado a presunção – haverá reincidência em crime
doloso.

11.3 ERRO DE TIPO

Art.20, caput do CP – ignorância ou conhecimento equivocado da realidade sobre


elementares, circunstancias ou quaisquer dados que agregam a figura típica –

11.3.1 Erro de tipo essencial

Erro sobre dados principais do tipo – se avisado do erro, o agente para de agir.

Inevitável, justificável, escusável, invencível, imprevisível: exclui o dolo (não há


consciência) e a culpa (não previsibilidade).

Evitável, injustificável, inescusável ou vencível: previsível – exclui só o dolo (sem


consciência), mas permite a culpa (se houver previsão), pois havia possibilidade de
saber o perigo.

Corrente tradicional: homem médio.

Corrente moderna: caso concreto – características do agente.

11.3.2 Erro de tipo acidental


Recai sobre dados secundário – periféricos – intenção criminosa é manifesta – avisado
do erro, o agente corrige a conduta e continua agindo de forma ilícita.

Cinco espécies:

Erro sobre o abjeto (error in objecto): sem previsão legal – confunde objeto material e
atinge outro – ex: furta relógio dourado no lugar de outro – consequência = punição pela
conduta praticada – Rogério Sanches = mais favorável.

Erro quanto a pessoa (error in persona): art.20, § 3º do CP – equivocada representação


do objeto material – atinge pessoa diversa – vitima real (atingida) x vitima virtual (que
se queria atingir) – ex: matar tio pensando ser o pai – considera qualidades de vítima
virtual – teoria da equivalência – não há falha operacional.

Erro na execução (aberratio ictus): art.73 do CP – atinge pessoa diversa por erro na
execução – consequências:

 Apena pessoa diversa – resultado único – considera-se vitima desejada.


 Também pessoa diversa – unidade complexa ou resultado duplo – concurso
formal – “A” atinge pai e vizinho:
o Morte de ambos: 2 crimes – homicídio dolo contra o pai e culposo contra
o vizinho.
o Lesões em ambos: tentativa contra o pai e lesão culposa contra o vizinho.
o Morte do pai e leão no vizinho: homicídio dolo contra o pai e lesão
culposa contra o vizinho.
o Lesão no pai e morte do vizinho – 3 correntes:
 Homicídio doloso contra o vizinho (qualidades do pai) + lesão
corporal – Damásio.
 Homicídio tentado contra o pai e culposo do vizinho – Heleno
Fragoso.
 Doloso consumado do vizinho e tentado contra o pai – não pode
o resultado duplo ser melhor que resultado único – André
Estefam.

Se a vítima pretendida está morta não há crime impossível – considera-se como se a


vítima virtual estivesse viva.
Resultado diverso do pretendido (aberratio criminis ou aberratio delicti): art. 74 do CP -
por acidente ou erro na execução atinge bem jurídico diverso – coisa x pessoa –
responderá pelo resultado diverso do pretendido, porém a titulo de culpa se houver
previsão legal – se atingir também o resultado pretendido = concurso formal – afasta a
regra quando resultando pretendido é mais grave que o produzido.

Erro sobre o nexo causal: sem previsão legal – resultado se produz mas com nexo
diverso do desejado pelo agente – 1º em sentido estrito (um só ato provoca o resultado
visado, mas com outro nexo) ex: “A” joga “B” pra morrer afogado e “B” bate com a
cabeça – 2º dolo geral ou aberratio causae (pluralidade de atos provoca o resultado, mas
com outro nexo) ex: “A” atira em “B”, depois joga “B” no rio, “B” morre afogado –
considera nexo ocorrido e não o pretendido – Rogério Sanches diz que se considera o
nexo mais benéfico.

Erro de tipo essencial x delito putativo por erro de tipo

Em ambos há falsa percepção da realidade – erro tipo = pratica o tipo sem querer (atira
em pessoa pensando ser boneco de cera) – delito putativo = pratica fato atípico sem
querer (atira contra boneco de cera pensando ser gente) – delito putativo por erro de tipo
= crime impossível por absoluta impropriedade do objeto material.

11.3.2.1 Competência

Vitima real e não vitima pretendida.

Erro de subsunção: Luiz Flávio Gomes – equivoco quanto a valoração jurídica –


interpretação errônea sobre o tipo que julga praticar – penalmente irrelevante – não é
erro de tipo nem de proibição – ex: jurado solicita vantagem e não sabe que é
funcionário público – pode ocorrer atenuante do art. 66 do CP.

Erro provocado por terceiro: erro induzido – agente provocador e agente provocado –
punição do agente provocador (autor mediato) – autor imediato só é punido se tiver
agido com dolo ou culpa.

11.4 QUATO AO MODO DE EXECUÇÃO

11.4.1 Crime Comissivo

Ação – viola mandamento proibitivo.


11.4.2. Crime omissivo

Não fazer – viola tipo mandamental – estava obrigado e era possível agir.

Omissivo próprio: conduta omissiva está no próprio tipo mandamental – subsunção


direta – dever genérico (a todos) – resultado é irrelevante – serve para fixação da penal
– ex: art. 135 do CP – prescinde de análise do nexo causal = simples abstenção
configura o crime – quando houver majorante ou qualificadora, tem que observar a
causalidade – se o agente desconhece seu deve de agir, há erro mandamental (erro de
tipo pra LFG e de proibição para a doutrina majoritária).

Omissivo improprio, impuro, espúrio, ou comissivo por omissão: teoria normativa – não
basta abstenção, tem que ser obrigado a agir e poder agir – garantidor – dever
jurídico/específico – cláusula geral (art.13, §2º do CP) – tipo infringido descreve
conduta omissiva – subsunção indireta.

Deve de agir incumbe a quem:

 Tenha por lei obrigação de cuidado proteção ou vigilância: lei pode ser penal ou
civil – não inclui obrigações de orem moral ou religiosa – só dever jurídico –
não é homicídio e sim omissão de socorro quem contempla cego pular do
abismo, podendo impedi-lo.
 De outra forma assumiu a reponsabilidade de impedir o resultado: não decorre
da lei – assunção voluntária – pode nascer de relações contatuais ou da vida
cotidiana.
 Quem, com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do
resultado: agente produz o perigo – irrelevante atuação perigosa seja lícita ou
ilícita, culposo o dolosa, punível ou não punível – agente tem que ter
consciência de sua posição de garantidor (tal erro exclui o dolo = erro de tipo –
ex: agente que deixa outro morrer, ignorando que era seu filho, responde por
missão de socorro) – se o erro é sobre ser garantidor, há erro de proibição.

Crime de conduta mista: ação seguida de omisso – ex: apropriação indébita.

11.5 RESULTADO

Resultado naturalístico: modificação no mundo exterior.


Crimes material: tipo descreve conduta = resultado – resultado é indispensável à
consumação.

Crime formal ou de consumação antecipada: tipo descreve conduta + resultado –


resultado é dispensável – considerado na fixação da pena.

Crime de mera conduta ou atividade: tipo descreve apenas a conduta – não há resultado
– ex: art.135, CP.

Resultado normativo (jurídico): lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado – todo
crime tem – quanto a esse resultado os crimes dividem-se em:

Crime de dano: consumação com efetiva lesão ao bem jurídico tutelado.

Crime de perigo: consumação se contenta com a exposição do bem jurídico a situação


de perigo – perigo pode ser presumido pela lei (perigo abstrato) – perigo tem que ser
provado que causou risco ao bem jurídico de alguém (perigo concreto determinado) ou
da coletividade (perigo concreto indeterminado).

É o resultado naturalístico ou o normativo que integra do crime?

1ª C: naturalístico – crimes materiais (conduta, resultado, nexo causal e tipicidade) –


crimes não materiais (conduta e tipicidade).

2ª C: normativo – influenciada pelo funcionalismo - tipicidade formal = resultado


naturalístico – tipicidade material = resultado normativo – sempre conduta, nexo causal,
tipicidade e resultado normativo.
DIREITO
ADMINISTRATIVO
1. CONCEITO

Critério das relações jurídicas: relação Administração x administrados – outros ramos


também fazem isso – muitas atuações administrativas não são nesse padrão (ex:
expedição de atos normativos – gestão de bens).

Critério teleológico ou finalístico: sistema de princípios que regula atividades do Estado


para cumprir seu fim – incompleto.

Critério do poder executivo: resumido ao poder executivo – ignora que a função


administrativa também pode ser exercida por outros poderes – executivo exerce funções
atípicas – há possibilidade de delegação a particulares.

Critério negativo ou residual: tudo, menos legislativa ou jurídica – dificuldade de


identificar o objeto do direito administrativo.

Critério legalista: escola exegética – legislação administrativa do país.

Critério do serviço público: serviços prestados pelo Estado – insuficiente –


Administração desempenha outras atividades – ex: poder de polícia – serviço público –
direito tributário.
Escola da Puissance Publique: Século XIX – atividades de autoridade (decisões
unilaterais – atividades de império) x atividades de gestão (igualdade com cidadãos) –
somente atos de impérios fariam parte do direito administrativo.

Critério Funcional ou Critério da Administração Pública: conjunto harmônico de


princípios que regem os órgãos, agentes e atividades públicas para realizar fins
desejados pelo Estado de forma concreta direta e imediata.

1.1 CONCEITO DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Sentido subjetivo, orgânico ou formal: sujeito da função administrativa – órgãos e


entidades.

Sentido Objetivo, material ou funcional: função administrativa = 4 atividades precípuas


(serviço público – polícia administrativa – fomento = incentivo à iniciativa privada de
utilidade pública – intervenção = regulamentação da atividade econômica privada).

Administração Pública extroversa: relação com os administrados – atividade-fim –


interesse primário.

Administração Pública introversa: relação entre próprios entes públicos – atividade-


meio – forma mediata – interesse público secundário.

OBS: introversa é instrumental para se chegar a extroversa.

2 FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO

Formais: direito propriamente aplicável – constituição, lei (sentido amplo),


jurisprudência (súmulas vinculantes), regulamentos e atos administrativos.

Materiais: promovem ou dão origem ao direito aplicável – Doutrina, costumes,


princípios gerais do direito, jurisprudência parcialmente, praxe administrativa (não se
cofunde com costume – costume tem caráter de obrigatoriedade), precedentes
administrativos (reiteração de atos administrativos em situações similares – segurança
jurídica – art. 30 lei 13.655/2018 – exceção: ato ilegal e interesse público (overruling).

3 SISTEMAS

Francês / contencioso administrativo / dualidade de jurisdição: sem controle judicial dos


atos administrativos – atos ficam sob jurisdição especial do contencioso administrativo
– caráter de definitividade – coisa julgada material – jurisdição administrativa x
jurisdição comum.

Inglês / jurisdição única / unicidade de jurisdição: litígios administrativos ou privados


podem ser levados ao judiciário – adotado no Brasil conforme art. 5º, XXXV – não
precisa esgotar instância administrativa (exceções: justiça desportiva, art. 217, §1º -
habeas data – ato ou omissão que contrarie sumula vinculante – mandando de
segurança, incabível em caso de recurso administrativo com efeito suspensivo).

4 INTEPRETAÇÃO DAS NORMAS

Hely Lopes Meireles aponta 3 critérios que devem ser considerados: desigualdade
jurídica entre a administração e administrados – presunção de legitimidade dos atos da
administração – necessidade de poderes discricionários para a Administração Pública.

5 REGIME JURÍDICO ADMNISTRATIVO

Conjunto de regras e princípios aplicáveis aos órgãos e entidades da Administração


Pública – prerrogativas x limites – supremacia do interesse público sobre o privado x
indisponibilidade do interesse público.

Supremacia do interesse público sobre o privado: interesse público se sobrepõe ao


particular – sob pena de desvio de finalidade – prerrogativas e poderes – verticalidade
relação administração x particular.

Indisponibilidade do interesse público: limitação a atuação estatal – não observância


implica em desvio de poder e consequente nulidade dos atos.

5.1 PRNCIPIOS DO DIREITO ADMINISTRTIVO

Legalidade: obediência ao ordenamento jurídico – freio a arbitrariedade – toda a


atividade administrativa deve ser autorizada por lei – subordinação a lei – não exclui
atuação discricionária – atuação pode ser expressa ou implicitamente prevista em lei –
exceções (estado de sítio, de defesa, medidas provisórias).

Impessoalidade: sem interesses próprios – sem priorização – dever se isonomia (sem


beneficiar ou prejudicar outrem) – dever de conformidade aos interesses públicos
(princípio da finalidade) – vedação a promoção pessoal do agente – imputabilidade (sob
a ótica do agente – teoria do órgão ou imputação volitiva – ato do agente é atribuído a
administração) – vedação ao nepotismo (SV 13).

Moralidade: ética – honestidade – lealdade – requisito de validade do ato


administrativo – não se confunde com moral social.

Publicidade: transparência – não absoluto (segurança da sociedade e do Estado –


intimidade – interesse social) – somente a lei pode restringir – forma de controle da
administração pelos cidadãos – requisito de eficácia e não de formação.

Eficiência: EC 19/98 – atividade administrativa com maior produtividade e redução de


desperdício – qualidade dos servidores – ex: avaliação especial de desempenho,
exigência de participação em cursos de aperfeiçoamento – ampliar autonomia gerencial,
orçamentária e financeira mediante contrato de gestão – aplicabilidade direta e imediata.

Contraditório e ampla defesa: art. 5º, LV – decorrência lógica do devido processo


legal – obrigatoriamente aplicável em sede de processos administrativos, sob pena de
nulidade – contraditório (saber o que acontece) – ampla defesa (se manifestar na relação
processual) – defesa técnica (súmula 343 STJ superada – SV 5 STF – falta de defesa
técnica não ofende a constituição) – defesa prévia (é a regra, mas em situações
emergenciais o contraditório é diferido)

Intranscedência: consagrado em jurisprudência do STF – não aplicação de sanções as


entidades federativas por ato da gestão anterior, desde que demonstrada a tomada de
providência para sanar os prejuízos.

Autotutela: rever atos, revogando por conveniência e oportunidade ou anulá-los quando


eivados de vício – é dever – Súmulas 346 e 473 STF – não absoluto (segurança jurídica
e boa-fé – art.54 da lei 9784/99 – decadência de 5 anos).

Continuidade dos Serviços Públicos: atividade administrativa deve ser ininterrupta –


art. 6º, §1º da lei 8987/95.

Greve do servidor: STF entende que é norma de eficácia limitada – sem lei especifica
usa-se lei geral de greve (lei 7.783/89) – sem direito a remuneração pelos dias parados –
corte não pode ser feito durante a greve – não haverá desconto se ficar demonstrado que
a greve foi provocada por conduta ilícita da administração.
Inadimplemento do usuário: lei 8987, art.6,§3º poder se em caso de emergência ou após
prévio aviso por razões de ordem técnica ou segurança das instalações, ou
inadimplemento do usuário – ilegal paralisar por inadimplemento quando atingir serviço
essencial a coletividade.

Exceção de contrato não cumprido: pode interromper após 90 dias – forma diferida –
não precisa de autorização judicial, salvo para rescisão.

Segurança Jurídica: inibir comportamentos contraditórios por parte da administração –


art. 2º, caput, lei 9784/99 – mudanças de intepretação não podem retroagir – prazo de 5
anos do art. 54, da lei 9784/99 para anular atos que geram efeitos favoráveis ao
destinatários.

Princípio da proteção à confiança: desdobramento da segurança jurídica – atos ilegais


podem ser mantidos em nome de uma legítima expectativa criada por parte do
administrado – leva em conta a boa-fé do cidadão.

Razoabilidade e proporcionalidade: razoabilidade = compatibilidade entre meios


empregados e fins visados – proporcionalidade = conter excesso de poder, impedir
autuação desarrazoada, homem médio (adequação – necessidade e proporcionalidade
em sentido estrito).

Ler artigos 20 em diante da LINDB

Motivação: indicar pressupostos de fato e de direito que determinaram a prática do ato


– art.50 da lei 9784/99 – é possível motivação aliunde (motivação remeter a ato
anterior).

Isonomia: igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de suas


desigualdades.

Finalidade: norma deve ser interpretada e aplicada de forma que melhor atenda ao fim
público.

Especialidade: necessidade descentralização de atividades – indisponibilidade do


interesse público e dever de eficiência na execução da atividade.

Presunção de legitimidade e veracidade das condutas estatais: presunção relativa ou


juris tantum.
6 ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA

6.1 PRNCÍPIOS

Princípio do planejamento: desenvolvimento econômico – segurança nacional.

Princípio da coordenação: todos os níveis – atuação de chefias individuais – reuniões


com chefias subordinadas – comissões de coordenação.

Princípio da descentralização administrativa: eficiência – transfere execução a pessoa


especializada.

Princípio da delegação de competência: autoridade permite que atividade que era


atribuída a si, por lei, seja exercida por outro agente.

Princípio do controle: controle das atividades da AP em todos níveis.

6.2 CENTRALIZAÇÃO, DESCONCENTRAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO

Centralização: desempenho das atividades diretamente pelo Estado – AP direta.


Descentralização: Estado distribui algumas de suas atribuições à pessoas físicas ou
jurídicas – desempenho indireto.
 Descentralização política: criação de entidade políticas – Estados e
Munícipios – atribuição decorre da CF.
 Descentralização Administrativa: entidades descentralizadas – atribuição
decorre de lei e não da CF.
o Por outorga: titularidade e execução.
o Colaboração ou delegação: transfere só a execução – pode ser por
meio de contrato (concessão ou permissão) – ou ato unilateral
(autorização) – contrato sempre por tempo determinado – unilateral
não há prazo / revogação a qualquer tempo.
o Territorial ou geográfica: entidade local com personalidade jurídica
de direito público com capacidade administrativa genérica.

Desconcentração: desmembramento em órgãos – distribuição interna – hierarquia.

6.3 ADMINISTRAÇÃO DIRETA


Conjunto que órgãos que integram a pessoa política do Estado.
Órgãos = centro de competências sem personalidade jurídicas própria – teoria do
órgão ou imputação volitiva (ato praticado pelo agente é imputado ao órgão) – teoria
do mandato (agente agiria por mandato) – teoria da representação (agente seria
representante).
Criação e extinção = lei em sentido formal – organização e funcionamento =
decretos autônomos que não impliquem aumento de despesas nem criação ou
extinção de órgãos.
Capacidade processual = em regra não tem – há exceções para alguns órgãos
autônomos e independentes (ex: MP, DP, Câmara de Vereadores para direitos
institucionais – sum 525 STJ).
6.3.1 classificação dos órgãos públicos

Quanto a estrutura:

 simples ou unitário: sem subdivisões; e, ex: Câmara dos deputados.


 Compostos: diversos órgãos menores; ex: CN.

Atuação funcional:

 Singulares ou unipessoais: decisões por atuação isolada de um agente; ex: PR.


 Colegiados ou pluripessoais: manifestação conjunto; ex: CN, STF.

Esfera de atuação:

 Centrais: toda uma área jurídica; ex: ministérios e secretarias.


 Locais: parte do território; ex: delegacias.

Posição estatal / hierarquia:

 Independentes: diretamente na CF – representa os 3 poderes – não se


subordinam a ninguém; ex: PR, CD, SF, STF, STJ.
 Autônomos: Auxilia os independentes – autonomia administrativa, financeira e
técnica; ex: Ministérios e secretarias.
 Superiores: direção, controle e decisão – sem autônima – ex: coordenadorias,
gabinetes.
 Subalternos: mera execução.
Atividade:

 Ativo: execução direta de atividade pública – ex: PRF, Secretaria de saúde.


 Consultivo: consulta jurídica ou técnica a outros órgãos – MP.
 De controle: controle de órgãos ou entidades – TCU.

6.4 ADMINISTRAÇÃO INDIRETA

Pessoas jurídicas que vão exercer atividade típica de Estado – titularidade e execução –
autonomia administrativa, gerencial e financeira – autarquias e associações públicas (os
consórcios públicos, quando de direito público, tem natureza de entidade autárquica) –
fundações públicas – empresas públicas – sociedades de economia mista.

6.4.1 Características Gerais

Personalidade jurídica própria (não se confundem com os entes que as criou) – criação
depende de lei ordinária (lei cria autarquias e autoriza a criação do demais entes) –
finalidade pública – se sujeitam a controle da Administração Direta, sem hierarquia –
lembrar recurso hierárquico próprio e hierárquico improprio.

Controle pode ser: político (escolha de dirigentes) – institucional (não desviar dos fins)
– administrativo (fiscalização dos agentes) – financeiro.

6.4.2 Autarquia

Criação por lei (não quer dizer lei limitada sobre tal assunto) – atividade típica da
Administração Pública – personalidade jurídica de Direito Público – prerrogativas e
sujeições do regime jurídico administrativo – foro = AF na JF e AE na JE.

Autarquias profissionais: inscrever profissionais e fiscalizar atividade – STF diz que


conselhos reguladores de profissão tem natureza de autarquia – poder polícia –
conselhos gozam da parafiscalidade (capacidade tributária).

Agências executivas: podem ser tanto autarquias quanto fundações públicas que,
estando ineficientes celebram contrato de gestão – mais independência e mais
orçamento.

Autarquia em regime especial: gozam de mais liberdade – regime legal diferenciado.

 Culturais / universidade públicas: reitor indicado por membros e cumpre


mandato certo, não exoneração ad nutum – escolhe pedagogia de ensino.
 Agências reguladoras: sem atividade típica de Estado – fiscalizar, regular e
normatizar a prestação de serviços público prestados por particulares – escolha
de dirigentes (nomeados pelo PR – aprovação prévia do SF – mandato certo –
tem que atender qualificação técnica da lei 9986/00 – quarentena de 6 meses
quando deixar a agência – mandato de 5 anos – só sai com processo
administrativo, renúncia ou infração punida com exoneração) – lembrar da
teoria da captura.

6.4.3 Fundação Pública

Execução de objetos sociais que produzam benefícios a coletividade.

Personalidade jurídica de Direito Privado – sem fins lucrativos – criação por


autorização legislativa – pode ter personalidade de direito público (modalidade de
autarquia – autarquia fundacional ou fundação autárquica).

FPD Privado: regime híbrido: sem prerrogativas, mas se submete aos princípios –
autorizadas por lei – empregados CLT.

FPD Público: mesma coisa das autarquias.

6.3.5 Empresas Estatais

Empresa Pública: PJ de direito privado – autorização legal – qualquer forma


jurídica – atividades gerais de caráter econômico ou prestação de serviços públicos.

Sociedades de Economia Mista: PJ de direito privado – autorização legal – sempre


na forma de sociedade anônima – controle acionário tem que ser do poder público –
regra é a exploração de atividade econômica, as vezes presta serviço público –
regime híbrido ou misto.

Autorização tem que vir com a forma societária, prazo e modo de composição do
capital – subsidiárias = empresas controladas (2º grau); dispensa de licitação para
contratar com a empresa de 1º grau – intervenção no domínio econômico só quando
imperativos de segurança nacional e relevante interesse público – se prestadora de
serviço público a responsabilidade civil é objetiva (art.37,§ 6º, da CF) – se de
atividade econômica = direito privado – só podem prestar serviços públicos que
poderiam ser prestado pena iniciativa privada – sem privilégios fiscais não
extensivo ao setor privado.

Capital 100% público na EP (não precisa ser da mesma pessoa política – ex: 60%
da união e 40% de SEM) – não admite particulares – SEM = capital público +
privado – poder público tem que ter maioria do capital votante.

Licitação: prestadora de serviço público licita – de atividade econômica licita na


atividade meio, não licita na atividade fim.

Bens privados – quando presta serviço público tem algumas proteções como
impenhorabilidade.

Regime de pessoal = empregado público – justiça do trabalho.

Falência não se aplica quando prestam serviços público, mas sim quando atividade
econômica.

Foro: EPF = JF; EPE = JE – SEM sempre na JE (sum 556 STF), exceto se a União
intervir na lide na lide (sum 517 STF).
DIREITO
PROCESSUAL
PENAL
1 INTRODUÇÃO

1.1 NOÇÕES GERAIS

Direito substantivo = direito material = direito penal = foco no que dever ser feito.

Direito adjetivo = direito formal = processo penal = como fazer.

Processo Penal como instrumento de aplicação do direito penal = visão clássica –


Processo Penal justo – constitucional – garantista = visão moderna.

Persecução penal = fase pré-processual (investigações criminais) + fase processual


(ação penal).

1.2 FINALIDADE

Mediata = pacificação social.

Imediata = aplicação do Direito Penal.

1.3 FONTES

Formais ou de cognição:

- Imediata ou direta (lei , CF, TIDH).

- Mediata, indireta ou supletiva (costumes e princípios gerais do direito) – costume


= regra de conduta pratica de modo constante (secundum legen = ratifica a lei –
praeter legen = supre lacunas legais – contra legen = contraria a lei) -

Materiais ou de produção: União de maneira privativa – art.22,I da CF – 3 exceções


= LC autorizando os Estados (questões específicas); legislação concorrente U, E,
DF (direito penitenciário, custas de serviços forenses, juizado de pequenas causas,
procedimentos em meteria processual); cabe ao Estados legislar sobre organização
judiciária (iniciativa do TJ – art.125,§ 1º, CF/88.

1.4 PRINCÍPIOS

1.4.1 Princípios constitucionais expressos

1.4.1.1 presunção de inocência ou estado de inocência ou da situação jurídica de


inocência ou da não culpabilidade (art.5º, LVII, CF/88).

Dever de tratamento

Dimensão interna: acusação tem que provar a culpa do acusado – ônus probatório –
dúvida = absolvição (art.386, II, V, VI e VII do CPP) – prisão preventiva,
temporária e medias cautelares em caráter excepcional.

Dimensão externa: imagem do investigado – art.13 lei 13869/19 = SV 11.

Impossibilidade de execução provisória da pena: ADCs 43, 44 e 54.

1.4.1.2 Ampla defesa (art.5º, LV, CF/88)

Defesa técnica: por profissional da advocacia – indisponível e irrenunciável – falta


= nulidade absoluta – artigos 261 e 263 do CPP – se for advogado, pode se
defender – vide sumula 523 STF (defesa deficiente só anula se houver prejuízo para
o réu) – vide súmula 703 STF (nulidade não intimar para oferecer contra razões do
recurso interposta conta a rejeição da denúncia – não supri defensor dativo) – vide
súmula 708 STF (nulidade da apelação quando, após renúncia do único defensor,
réu não é intimado para constituir outro) – STF E STJ entendem que defensor
público não precisa estar inscrito nos quadros da OAB.

Autodefesa: defesa do próprio réu – é disponível – 3 pontos = a) direito de


audiência: ser ouvido – interrogatório – ultimo ato, art.400 do CPP b) direito de
presença: estar presente no atos direta ou indiretamente – não pode mentir – não
pode calar na qualificação pessoal art.187, §1º do CPP – na segunda parte pode
ficar calado c) postular pessoalmente: sem defesa técnica – ex: habeas corpus – vide
sumula 522 do STJ (falsa identidade é típica) – presença de réu causa problemas =
videoconferência – não existe RC em desfavor do condenado.
Informativo 922 do STF: sustentação oral do MP pode divergir o parecer juntado ao
processo – não viola ampla defesa.

1.4.1.3 Plenitude de defesa (art.5º, XXXVIII, CF/88)

Tribunal do júri – permite utilização de argumentos que não seriam validos diante
de juiz singular – cunho moral – religioso – social – espiritual.

1.4.1.4 Igualdade processual ou paridade de armas (art.5º caput, CF 88)

Oportunidades iguais a ambas as partes do processo.

1.4.1.5 Prevalência do interesse do réu ou favor rei ou in dubio pro reo – art. 5º,
LVII, CF/88

Dúvida = réu – art.386, II, V, VI, VII do CPP

Oferecimento/recebimento da denúncia e pronuncia do réu para julgamento do júri


(não exige prova cabal da autoria – vale indícios – comprovada tem que estar só a
materialidade) = in dubio pro societate.

1.4.1.6 Contraditório (art.5º, LV, CF/88)

Bilateralidade da audiência – bilateralidade dos atos do processo e possiblidade de


confrontá-los – a) participação: estar presente; se manifestar b) reação: reagir à
acusação – resposta à acusação c) informação: ser cientificado pessoalmente dos
atos.

Contraditório pode ser imediato/real/direito ou mediato/diferido/postergado.

1.4.1.7 Juiz natural (art.5º, LII, CF/88)

Proibição de tribunal de exceção (escolhido após a infração penal) – ser julgado por
juiz competente – somente exercem jurisdição órgãos instituídos pela CF –
redistribuição de feitos decorrentes de criação de vara idêntica não vila juiz natural
(STJ) – convocação excepcional de juízes de primeiro grau para integras câmaras
julgadoras em tribunais não ofende juiz natural (STF) – sumula 704 – não viola juiz
natural desaforamento de julgamentos do tribunal do júri.

1.4.1.8 Publicidade

Atos, via de regra, são públicos – vide art. 5º e 93, IX da CF e 792 do CPP.
1.4.1.9 Vedação das provas ilícitas – (art.5º, LVI, CF 88)

Art. 157 do CPP.

Prova ilegal (gênero) – espécies (prova ilícita e prova ilegítima).

Ilícitas: violação de direito material (penal ou constitucional).

Ilegítimas: violação a norma processual.

Partes podem acompanhar inutilização da prova ilícita.

Teoria americana dos frutos da arvora envenenada: defeito no tronco contaminas os


frutos – prova derivadas da ilícita também são ilícitas – art. 157, § 1º do CP

Teoria da fonte de independente: não há relação de dependência entre a prova ilícita


e a derivada – não há nexo de causalidade entre elas – art. 157, §1º, segunda parte,
do CPP – fonte autônoma.

Teoria da descoberta inevitável ou exceção da fonte hipotética independente:


relação de causalidade entre a prova ilícita e a derivada, porém teria sido descoberta
por uma fonte autônoma.

Cuidado com redação dos §§1º e 2º do art. 157 do CPP – legislador fez confusão
entre fonte independente e descoberta inevitável.

1.4.1.10 Economia processual

Art. 5º, LXXVIII

1.4.1.11 Devido processo legal – (art.5º, LIV, CF/88)

Substantivo (substantive due process): leis razoáveis e racionais;

Devido processo legal processual (procedural deu process): diversos outros


princípios – juiz natural – do contraditório – ampla defesa – juiz imparcial.

1.4.1.12 Intranscendência ou pessoalidade (art.5º, XLV, CF/88)

Processo instaurado apenas em face de quem cometeu o crime.

1.4.1.13 Motivação das decisões

Art.93, IX, CF/88 e art. 381, III, do CPP – artigos 489, §1º do CPC e 315, § 2º do
CPP.
“Art. 93, IX – todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos,
e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade (...)”
“Art. 381. A sentença conterá: III - a indicação dos motivos de fato e de direito em
que se fundar a decisão;”
Art. 315. A decisão que decretar, substituir ou denegar a prisão preventiva será
sempre motivada e fundamentada.
§ 2º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela
interlocutória, sentença ou acórdão, que:
I - limitar-se à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem
explicar sua relação com a causa ou a questão decidida;
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto
de sua incidência no caso;
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese,
infirmar a conclusão adotada pelo julgador;
V - limitar-se a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus
fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta
àqueles fundamentos;
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado
pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a
superação do entendimento.
Apesar do 315 estar no titulo das prisões, se refere a todas as decisões.

Exceções à motivação – decisões do júri (intima convicção) – recebimento de


denuncia em procedimentos que não preveem defesa preliminar (STF) – despachos
de mero expediente.

1.4.2 Princípios constitucionais implícitos

1.4.2.1. Não autoincriminação (nemo tenetur se detegere)

Art. 5º, LXIII CF/88.

Não produção de provas contra si.

Não se pode exigir comportamento ativo do acusado (ex: acareação – reconstituição


do crime – bafômetro – exame grafotécnico).

Testemunha tem obrigação de dizer a verdade – exceção: se da perguntas a


respostar pode resultar em autoincriminação – não há crime de perjúrio no Brasil
(mentira do acusado) – pode negar falsamente a pratica da infração (STF).
1.4.2.2 Iniciativa das partes

Acusação tem que movimentar o judiciário – juiz não pode agir de oficio.

Juiz pode dar inicio à execução da sentença.

1.4.2.3 Duplo grau de jurisdição

Art. 8º, h, da CADH – revisão da causa em instancia superior – exceção:


competência originária.

1.4.2.4 Juiz imparcial

Decorre do juiz natural – regras de suspeição e impedimento – artigos 254, 252,


258 267 do CPP.

1.4.2.5 Promotor natural

Não nomear membro do MP pra atuar em caso determinado – previsão antecipada


em regramentos internos.

Parte da doutrina fala em delegado natural – art.2º, §4º da lei 12830/2013 – STF
não reconhece.

1.4.2.6 Obrigatoriedade e indisponibilidade da ação penal pública

Preenchido os requisitos, deve-se promover ação – MP não pode desistir da ação


nem de recurso interposto – delegado não pode arquivas autos de inquérito.

1.4.2.7 Princípio da oficialidade

Persecução por órgãos oficiais do Estado.

1.4.2.8 Oficiosidade

Autoridade devem agir de oficio – há vária exceções.

1.4.2.9 Vedação ao NE BIS IN IDEM

Sem processo ou punição por duas vezes – CADH, art.8º, 4.

Duas ações: prevenção (juiz que se tornou prevento julga o caso) – distribuição
(data da distribuição – que primeiro foi distribuída) – condenação que primeiro
transitou em julgado (STJ), pouco importa a pena.
1.4.3 Princípios propriamente ditos

1.4.3.1 Busca da verdade real

Para a doutrina, é inatingível – restrições o juiz quanto o que pode ser aceito como
prova.

1.4.3.2 Oralidade, concentração, imediatidade, identidade física do juiz

Art. 399, §2º do CPP (juiz que preside instrução deve proferir sentença) –
identidade física do juiz – há exceções não prevista no CPP, utiliza-se a do processo
civil (STJ) – outra exceção, lei 12019/10 alterou lei 8038/90 e trouxe a figura do
juiz instrutor – decorrência lógica de subprincípios :oralidade (predominância da
palavra falada), concentração dos atos (concentrar produção de provas na
audiência) e imediatidade (proximidade do juiz com a prova por ele colhida).

1.4.3.3 Indivisibilidade da ação penal privada

Art.48 do CPP – ação deve ser proposta contra todos.

1.4.3.4 Comunhão de provas

Trazida aos autos, as provas não mais pertencem às partes, mas sim ao processo.

1.4.3.5 Impulso oficial

Juiz tem que promover o andamento do processo. Art. 251 do CPP.

1.4.3.6 Lealdade processual ou probidade ou boa-fé

A parte deve se comportar com boa-fé – aplicação analógica do processo civil –


vide art.479 do CPP – proibição de recorribilidade vazia e infundada (tribunais) –
não é possível aplicação de multa por litigância de má-fé (STJ).

2 SISTEMAS PROCESSUAIS

Sistema inquisitivo: sistemas ditatoriais – juiz julga, defende e acusa – juiz


desencadeia o processo ex officio – juz pode substituir as partes e determinar a
produção de provas – quase todas a legislações europeias do séculos XVI, XVII e
XVIII – confissão como rainha da provas – admite tortura – sigiloso/secreto –
predominância da escrita – sem contraditório e ampla defesa – réu objeto – sem
imparcialidade – sem direitos e garantias fundamentais.
Sistema acusatório: remonta direito greco e romano – participação do povo –
persecução penal e ação com órgão distinto do juiz, não pertencente ao Estado –
separação entre atividades de acusar e julgar – oralidade – publicidade – igualdade
entre as partes – livre sistema de produção de provas – réu sujeito de direitos –
presunção de inocência – liberdade é a regra – juiz não possui atividade instrutória.
Sistema misto ou inquisitivo garantista: pós revolução francesa – modelo
intermediário – observância de garantias constitucionais e resquícios do sistema
inquisitivo (ex: juiz tem faculdade de produzir prova ex officio) – duas fases: 1ª
instrução preliminar – tocada pelo juiz– inquisitiva – 2ª judicial – acusação por
órgãos distinto – para Aury Lopes Jr não existe sistema puro, tem que ver o núcleo –
Nucci entende que o sistema brasileiro é misto (leva em consideração as provas da
fase inquisitiva).

Brasil adota sistema acusatório mesmo antes da lei 13.964/19 – art. 129, I – STF e
STJ – nunca se negou impureza (resquícios do sistema inquisitivo).

Síndrome de Dom Casmurro (Quadros mentais paranoicos): juiz que dotado de


poderes investigatórios ou quando se aproxima da acusação ao longo do processo
penal, primeiro decide, pois já teve contato com tudo antes de julgar e já possui uma
decisão – sem imparcialidade – sai a procura de material probatório para alicerçar e
justificar sua tomada de decisão.

Após lei 13964/19 – “Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas
a iniciativa do juiz na fase de investigação e a substituição da atuação probatória do
órgão de acusação.” - Na fase de investigação e recebimento da acusação, atuará
o Juiz das Garantias, enquanto na fase de julgamento, o Juiz de Julgamento não
receberá nem se contaminará pelo produzido na fase anterior, já que somente provas
irrepetíveis, medidas de obtenção de provas e antecipação de provas serão
encaminhados. O restante deverá permanecer acautelado no Juiz das Garantias
(CPP, art. 3-B, § 3º), com acesso às partes (CPP, art. 3-B, §4º).

3 DISPOSIÇÕS GERAIS DO CPP (ARTS 1º A 3º DO CPP)


3.1 APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL NO ESPAÇO

3.1.1 Territorialidade

Territorialidade: lei brasileira aplica-se a processos que tramitarem no país – lex fori,
soberania nacional – ex: carta rogatória de juiz estrangeiro seguirá a lei processual
brasileira.

CPP adota territorialidade absoluta (locus regit actum) – brasil não aplica direito
estrangeiro apesar de permitir a aplicação de regras de direito internacional – adota
também territorialidade estrita = lei processual penal não aceita extraterritorialidade
(não quer dizer que ela não se aplicar a crimes cometidos fora do território nacional – se
o crime for cometido fora do Brasil e for julgado aqui, será aplicado a lei processual
penal brasileira) – vide art.1º do CPP.

Exceções – art. 1º do CPP:

a) Tratados, convenções e regras de direito internacional: quando houver


subscrição será observado o regramento internacional – ex: embaixadores –
imunidade diplomática – não se aplica o CPP.
b) Prerrogativas constitucionais: em razão do cargo – não aplica justiça comum e
CPP – ex: PR nos crimes de responsabilidade.
c) Justiça Militar: CPPM.
d) Tribunal especial: não existe mais.
e) Crimes de imprensa: não é mais aplicado.

3.1.1 Extraterritorialidade

3 situações em que a lei brasileiro poderá ser aplicada fora do território nacional:

Territórios nullius: terra de ninguém.

Expressa autorização do Estado estrangeiro: Estado estrangeiro afasta sua própria


jurisdição sobre o seu próprio território e permite a aplicação da lei processual pena
brasileira.

Território ocupado durante guerra

3.2 APLICAÇÃO DE LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO


Art. 2º do CPP – aplicabilidade imediata – tempus regit actum – sem repetição de atos
realizados sobre égide da lei anterior.

Sistema da unidade processual: processo é um só – iniciado sobre uma lei, vai até o fim
– não é adotado no Brasil.

Sistema das fases processuais: divide o processo – iniciada uma etapa (ex: fase
instrutória) – deve ser aplicada a lei que estava em vigor quando ele começou – só
aplica alguma modificação legislativa na fase seguinte – não adotado.

Sistema do isolamento dos atos processuais: sucessão de atos isolados – cada ato aplica
a lei em vigor quando é realizado – adota do Brasil – art. 2º do CPP.

Normas mistas retroagem – seguem a regra do direito penal – STF – vide art.2º da
LICPP.

3.3 ULTILIZAÇÃO SUBSIDIÁRIA DO CPP

Se a lei especial deixar de disciplinar certos pontos, aplica-se o CPP.

3.4 PECULIARIDADES DA LEI PROCESSUAL PENAL (ART.3º DO CPP)

Vide art. 3º do CPP

Analogia: integração da lei – omissão legislativa involuntária – no CPP pode ser usada
em prejuízo do acusado – ex: se o MP não quiser oferecer suspensão condicional do
processo, usa-se o art.28 do CPP.

Interpretação extensiva: ampliação do sentido – ex: ampliação pelo STJ das hipóteses de
cabimento do recurso em sentido estrito do art.581 do CPP.

Costumes: conduta praticada de modo geral, constante e uniforme (elemento interno),


com consciência da obrigatoriedade (elemento externo) – não revoga normas.

Princípios gerais do direito: premissas éticas extraídas da legislação e do ordenamento


jurídico em geral.

4 JUIZ DAS GARANTIAS (arts. 3º ao 3º-F do CPP)

Suspensão pelo ministro Luiz Fux, relator das ADIs 6298, 6299, 6300 e 6305.
Responsável civil, penal e administrativamente pelo controle de legalidade da
investigação criminal e pela salvaguarda da reserva de jurisdição – fase pré-
processual – não abarca infrações de menor potencial ofensivo.

4.1 CONTROLE DE LEGALIDADE DO FLAGRANTE E DA PRISÃO CAUTELAR


(ART.3º, I, II E III)

Recebe comunicação imediata da prisão e APF para controle de legalidade da prisão –


art. 5º, CF; 306 do CPP e 310 do CPP – promove audiência de custódia (conduzido,
advogado e MP – juiz da audiência de custódia nem sempre atuará como juiz das
garantias, visto que pode ter atuado em plantão judiciário.

4.2 CONTROLE DAS INVESTIGAÇÕES E VIOLAÇÃO DA DURAÇÃO


RAZOÁVEL (ART.3º-B, IV, X E IX)

Investigação deve ser informada ao juiz das garantias, pouco importa se no MP ou na


polícia.

4.3 GARANTIR OS DIREITOS DO INVESTIGADO E CONDUZIDOS (ART.3ºB,


XIII E XIV)

Garantir acesso a elementos informativos (salvo em andamento) – em caso de dúvida,


realizar exame de sanidade mental (CPP, art.3º, XIII) – vedar uso da imagem do preso –
conhecer habeas corpus antes do recebimento da denúncia.

4.4 PRODUZIR ANTECIPADAMENTE PROVAS (ART.3º-B, VII)

Provas cautelares: risco de desaparecimento do objeto em razão do tempo –


contraditório diferido – em regra depende de autorização judicial – ex: interceptação
telefônica.

Prova não repetível: só pode ser produzida uma vez – desaparece – fase investigatória
ou em juízo – sem autorização judicial – diferido – ex: exame de corpo de delito.

Provas antecipadas: contraditório real – momento processual distinto – urgência e


relevância – fase investigatória ou juízo – tem que ter autorização judicial – testemunha
prestes a falecer.
súmula 455 do STJ: "A decisão que determina a produção antecipada de provas com
base no art. 366 do CPP deve ser concretamente fundamentada, não a justificando
unicamente o mero decurso do tempo".

Art. 156, I, faculta ao juiz, mesmo antes da ação penal, produção antecipada de provas
urgentes e relevantes.

Segundo Renato Brasileiro, o art.3º A revogou tacitamente o art. 156,I e II e todos os


demais que atribuíam ao juiz da instrução e julgamento inciativa probatória, salvo
intervenções pontuais, conforme art.212, § único “as perguntas serão formuladas pelas
partes diretamente à testemunha, não admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a
resposta, não tiverem relação com a causa ou importarem na repetição de outra já
respondida. Parágrafo único. Sobre os pontos não esclarecidos, o juiz poderá
complementar a inquirição”.

4.5 PRORROGAR PRAZO DE DURAÇÃO DO INQUÉRITO (ART.3º B, VIII)

VIII - prorrogar o prazo de duração do inquérito, estando o investigado preso, em vista


das razões apresentadas pela autoridade policial e observado o disposto no § 2º deste
artigo;

§ 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, mediante representação


da autoridade policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma única vez, a
duração do inquérito por até 15 (quinze) dias, após o que, se ainda assim a investigação
não for concluída, a prisão será imediatamente relaxada.

4.6. DETERMINAR O TRANCAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL QUANDO


NÃO HOUVER FUNDAMENTO RAZOÁVEL PARA SUA INSTAURAÇÃO OU
PROSSEGUIMENTO (ART. 3º-B, INCISO IX)

4.7 REQUISITAR DOCUMENTOS, LAUDOS E INFORMAÇÕES AO DELEGADO


DE POLÍCIA SOBRE O ANDAMENTO DA INVESTIGAÇÃO (ART. 3º-B, INCISO
X)

Como regra – requerimento do MP ou da pessoa interessada – art. 3º-A do CPP: Art. 3º-
A. “O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de
investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação”.

4.8 ANALISAR AS CAUTELARES PROBATÓRIAS (ART.3º-B, V,VI,XI)


Meios de obtenção de provas submetidos à cláusula de reserva de jurisdição – ex:
interceptação telefônica, busca e apreensão, prisão provisória, etc.

4.9 DETERMINAR A INSTAURAÇÃO DE INCIDENTE DE INSANIDADE


MENTAL (ART.3º-B, XIII)

Art. 149, caput, CPP.

4.10. DEFERIR PEDIDO DE ADMISSÃO DE ASSISTENTE TÉCNICO PARA


ACOMPANHAR A PRODUÇÃO DA PERÍCIA

Caso exame ocorra na fase pré-processual.

4.11. HOMOLOGAR DELAÇÃO PREMIADA E ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO


PENAL (ART. 3º-B, INCISO XVII)

Arts. 4º, § 7º, da Lei nº 12.850/13 e art. 28-A, § § 4º e 6º, do CPP, quando na fase
investigatória.

4.12. RECEBER A DENÚNCIA

Recebe a denuncia e determina a citação do acusado, analisando absolvição sumária –


remete para o juiz da instrução e julgamento - arts (3º-B, XIV; art.3º-C,§1º).

4.13. OUTRAS MATÉRIAS INERENTES ÀS ATRIBUIÇÕES DEFINIDAS NO


CAPUT DESTE ARTIGO (ART. 3º-B, INCISO XVIII)

Cláusula de abertura – interpretação analógica – seguir parâmetros do caput.

4.14. EXCLUSÃO DA FIGURA DO JUIZ DAS GARANTIAS NO JUIZADO


ESPECIAL CRIMINAL

Art. 3º C - Art. 3º-C. “A competência do juiz das garantias abrange todas as infrações
penais, exceto as de menor potencial ofensivo, e cessa com o recebimento da denúncia
ou queixa na forma do art. 399 deste Código”.

TCO – não inquérito – não há investigação propriamente dita – pequena chance de


meios de obtenção de prova ou medidas cautelares.

4.15. TERMO FINAL DE ATUAÇÃO DO JUIZ DAS GARANTIAS

Competência do JG cessa com o recebimento da denúncia ou queixa – art. 399 do CPP.


4.16 AUTOS ACAUTELADOS NA SECRETARIA DO JUÍZO DAS GARANTIAS

Art. 3º-C, §3º - a disposição do MP e da defesa – não será apensado aos autos enviados
ao juiz da instrução e julgamento, salvo prova irrepetíveis, medidas de obtenção de
provas ou antecipação de provas, que vão em apensamento apartado.

4.17. DESIGNAÇÃO DO JUIZ DAS GARANTIAS CONFORME AS NORMAS DE


ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA DA UNIÃO, DOS ESTADOS E DO DISTRITO
FEDERAL

Art. 3º-E.

4.18. DA VEDAÇÃO À EXPLORAÇÃO DA IMAGEM DE PESSOA SUBMETIDA


À PRISÃO

Art. 3º-F. O juiz das garantias deverá assegurar o cumprimento das regras para o
tratamento dos presos, impedindo o acordo ou ajuste de qualquer autoridade com órgãos
da imprensa para explorar a imagem da pessoa submetida à prisão, sob pena de
responsabilidade civil, administrativa e penal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

Parágrafo único. Por meio de regulamento, as autoridades deverão disciplinar, em 180


(cento e oitenta) dias, o modo pelo qual as informações sobre a realização da prisão e a
identidade do preso serão, de modo padronizado e respeitada a programação normativa
aludida no caput deste artigo, transmitidas à imprensa, assegurados a efetividade da
persecução penal, o direito à informação e a dignidade da pessoa submetida à prisão.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

5 INVESTIGAÇÃO CRIMINAL

5.1 INTRODUÇÃO

Duas fases: investigação criminal e fase processual.

5.2 CONCEITO DE POLÍCIA ADMNISTRATIVA E POLÍCIA JUDICIÁRIA

Administrativa: atuação preventiva – ostensiva – impedir a infração penal – Ex: PM.

Judiciária: atuação repressiva – após a infração penal – PC e PF – atividade atípica


preventiva – Denilson Feitoza Pacheco divide em: Polícia administrativa; Polícia
Judiciária (suporte ao Estado-Juiz) e Polícia Investigativa (investigação).

5.3 CONCEITO DE INQUÉRITO POLICIAL (ARTS 4º A 23 DO CPP)


Preparatório – administrativo – inquisitorial – subsidiar oferecimento da ação penal, seja
pública ou privada – elementos informativos (prova só no contraditório) – natureza da
caráter administrativo – elementos de materialidade e indícios de autoria – elementos
devem ser confirmados em sede de contraditório – não se condena com base unicamente
em elementos do inquérito, salvo provas cautelares, não repetíveis ou antecipadas– vide
art. 155 – informativo 366/STF.

§ 3º Os autos que compõem as matérias de competência do


juiz das garantias ficarão acautelados na secretaria desse
juízo, à disposição do Ministério Público e da defesa, e não
serão apensados aos autos do processo enviados ao juiz da
instrução e julgamento, ressalvados os documentos relativos
às provas irrepetíveis, medidas de obtenção de provas ou de
antecipação de provas, que deverão ser remetidos para
apensamento em apartado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)

1º C: restritiva – autos da investigação parcial continuam acompanhando a denuncia ou


a queixa quando servirem de base – art. 12 do CPP não revogado –

2º C: juiz da instrução recebe apenas um sumário com provas irrepetíveis, antecipadas e


meios de obtenção de prova – separada em blocos distintos – não a totalidade – juiz só
pode fundamentar sua decisão em elementos colhidos na investigação se forem provas
cautelares, não repetíveis ou antecipadas – no mais só fazer fase processual.

5.4 CARACTERISTICAS DO INQUÉRITO

Inquisitivo: sem contraditório – sem partes – contraditório e ampla defesa no inquérito


só na expulsão do estrangeiro e para apurar falta administrativa – vide SV 5 (não se
aplica a súmula na apuração de falta disciplinar na execução penal/STF e Súmula 533
do STJ – IP não precisa de advogado, mas se constituir não pode ser impedido de
acompanhar o inquérito – vide art. 7º, XXI da lei 13.425/16 (Estatuto da OAB).

5.5 INEXISTÊNCIA DE NULIDAES

Vícios formais não contaminam a ação penal / STF – suspeição de autoridade não é
motivo de nulidade – art. 7º, XXI do Estatuto da OAB, se for negado o direito do
advogado participar do interrogatório ou depoimento, há nulidade absoluta do
interrogatório ou depoimento e de todos os elementos deles decorrentes – delegado pode
indeferir perguntas feitas pelo advogado, aplicação analógica do art. 212 do CPP e base
no art. 14 do CPP – havendo violação de garantias constitucionais e legais expressas e
quando MP oferecer denuncia apenas com base em IP viciado, denuncia deverá ser
rejeita por justa causa, art. 395, III, do CPP (Nestor Távora).

5.6 ESCRITO

Todas as peças devem ser escritas – ato oral tem que ser reduzido a termo – art. 9º do
CPP – tendência a mitigação / adoção do art. 405, §§ 1º e 2º, do CPP.

5.7 SIGILOSO (ART. 20, CPP)

Não se estende a juiz, MP e advogado – sigilo interno (restrição de informações para o


investigado) – sigilo externo (restrição para o público geral).

Sigilo interno: advogado pode consultar mesmo sem procuração (art. 7º XIV do EOAB)
– se os autos forem sujeito a sigilo, deve o advogado apresentar procuração (art.7º,§10)
– autoridade pode delimitar diligencias em andamento e ainda não documentado – vide
SV 14 + art. 7º,§ 12 – acesso indevidamente negado = reclamação (SV) , MS ou HC (se
estiver em jogo liberdade de locomoção) – no caso de OCRIM (lei 12850/13) sigilo é
decretado por autoridade judicial competente / vide art. 23 da Lei 12850/13 – em
OCRIM o acesso pelo defensor depende de autorização do Juiz, salvo diligencias em
andamento.

Art. 23 da lei 12850/13: Parágrafo único. Determinado o


depoimento do investigado, seu defensor terá assegurada a
prévia vista dos autos, ainda que classificados como sigilosos,
no prazo mínimo de 3 (três) dias que antecedem ao ato,
podendo ser ampliado, a critério da autoridade responsável pela
investigação.

5.8. OFICIALIDADE

Órgãos oficiais conduzem o IP – Policia judiciária (art.144,§§ 1º, I e IV da CF 88)

5.9 AUTORITARIEDADE

Discricionariedade do delegado na condução do IP, salvo exame de corpo de delito


quando o crime deixar vestígios, conforme art.158 do CPP.
5.10 OFICIOSIDADE

API, delegado age de oficio.

5.11 INDISPONIBILIDADE (ART. 17, CPP)

Autoridade policial não pode mandar arquivar inquérito – quem requer arquivamento é
MP e juiz decide se homologa ou não – houve modificação pela lei 13964/19.

5.12 DISPENSABILIDADE

IP é prescindível - vide art.39,§5º, do CPP.

5.13 INCOMUNICABILIDADE

Art.21 não recepcionado – nem mesmo no Estado de Defesa - CADH também é contra.

5.14 ATRIBUIÇÃO NO INQUÉRITO POLICIAL

Atribuição é do Delegado de polícia em cuja a área houve crime – art.4º do CPP – sem
regras de competência – mera irregularidade IP tramitar em local diverso do da
consumação da infração – advogado pode entrar com HC para trancar – art.2º,§ 4º da lei
12830/13 (IP só pode ser avocado ou redistribuído por superior hierárquico por motivo
de interesse público ou inobservância de procedimento que prejudique a investigação).

5.15 INÍCIO E CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL

Art. 5º do CPP

De oficio: APPI – dever se instaurar sob pena de prevaricação (art.319, CP) – portaria.

Requisição da autoridade competente (MP ou Juiz): adoção do sistema acusatório – juiz


não pode – MP deve tomar as providências (art.40 do CPP) – requisição é ordem /
delegado é obrigado a instaurar – pode se recusar se não houver justa causa, tratando-se
de exigência manifestamente ilegal (NUCCI).

Delação de terceiro: qualquer do povo em caso de APPI – art. 5º, §3º.

Requisição do MJ: em alguns crimes – não é ordem. É autorização – portaria.


APF: próprio APF dará início ao IP - preencher requisitos do art.304 a 308 do CPP –
não se fala em portaria.

5.16 OBSERVAÇÕES

APPC ou APPrivada depende de autorização da vítima – vide artigo 5º, §§ 4º e 5º do


CPP- representação não depende de formalidades – instauração de IP não interrompe a
prescrição.

5.17 NOTITIA CRIMINIS

De cognição direta/imediata/espontânea: notícia chega de forma espontânea – atividades


rotineiras – informativo 652 do STJ (valida investigação inicia com base em noticia em
jornal).

De cognição indireta/mediata/provocada: por terceiro – vitima, MP, Juiz, MJ ou


terceiro.

De cognição coercitiva: APF.

De Cognição inqualificada (denúncia anônima): delegado inicia IP só com denúncia


anônima – tem que realizar providencias preliminares – STF INFO 819 – a) realizar
investigações preliminares b) se houver aparência, instaura IP c) instaurado IP buscar
outros meios que não a interceptação telefônica (ultima ratio) – se a interceptação
telefônica por imprescindível , requerer ao magistrado.

5.18 CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL

APP: relatório sobre todas a diligências – encaminhar ao Juiz – fato difícil / indiciado
solto / AP pode requerer ao juiz a devolução dos autos para diligências / juiz marca
prazo / art.10 do CPP – sem juízo de valor – como pacote anticrime, vai direto pro MP –
pro juiz só se houver pedido de medida cautelar – MP oferece denuncia / requer
devolução a AP para nova diligências (art.16 do CPP) / declina ou suscita conflito de
competência/atribuição / requer arquivamento – doutrina moderna / tramitação só entre
polícia e MP – art. 52 da lei de drogas / juízo de valor – se juiz das garantias voltar, o
art.10 ,§1º estará revogado / sem passar pelo juiz.
APPrivada: autos de IP remetidos ao Juiz / permanecerão em cartório / aguarda
ofendido quanto a queixa-crime / nada impede que sejam entregues ao requerente / - 6
meses de decadência – se voltar pacote anticrime / artigos 3º-A a 3º-F e art.28 o art. 19
será revogado / IP de ação privada ficará na polícia – não intervém MP nem Juiz.

5.19 PRAZO PARA ACONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL

PRAZO PARA A CONCLUSÃO DO INQUÉRITO


PRESO SOLTO
Regra geral (art.10 do 10 (da ordem de prisão) 30 (da instauração do IP)
CPP)
Art.51 da lei 11.343/06 30 +30 90+90
IP MILITAR – art.20 20 40+10
CPPM
IP federal – art.66 da lei 15+15 Sem previsão – aplica-se o
5.010/66 CPP - 30
Art. 10 da lei 1051/51 10 10
Lei 8072 Até 60 Sem previsão – aplica-se o
CPP

Lei 13.964/19: art. 3º, § 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá,
mediante representação da autoridade policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar,
uma única vez, a duração do inquérito por até 15 (quinze) dias, após o que, se ainda
assim a investigação não for concluída, a prisão será imediatamente relaxada.

Natureza do prazo: 1ª C natureza processual / exclui início e inclui o final / estende em


feriado – 2ª C natureza penal / inclui inicio e termina quando prazo previsto, ainda que
feriado (doutrina majoritária diz ser prazo material quando investigado estiver preso).

5.20 DILIGÊNCIAS INVESTIGATÓRIAS

Rol exemplificativo não obrigatório / artigos 6º e 7º do CPP – investigado e vítima


podem solicitar juntada de provas e documentos (art. 14) – vide art.169 do CPP – pode
detetive particular / lei 13432/17 / ver art.5º - ofendido não é compromissado a dizer a
verdade / pode ser conduzido coercitivamente / art.201,§1º CPP – não comunicar
indiciado do direto ao silencio = nulidade relativa / STJ - identificação datiloscópica /
vides art.5º, LVIII, da CF e artigos 2º, 3º e 5º da lei 12037/09 – Távora e STF /
investigado não é obrigado a reprodução simulada dos fatos / nem pode ser conduzido
coercitivamente.

5.21 OUTRAS PROVIDÊNCIAS PREVISTAS NO CPP QUE O DELEGADO DE


POLÍCIA PODERÁ FAZER OU REPRESENTAR AINDA NA FASE DO IP

Art. 13. Incumbirá ainda à autoridade policial: I - fornecer às autoridades judiciárias as


informações necessárias à instrução e julgamento dos processos; II - realizar as
diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público; III - cumprir os mandados
de prisão expedidos pelas autoridades judiciárias; IV - representar acerca da prisão
preventiva.

Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a


prisão preventiva decretada pelo juiz, a requerimento do Ministério Público, do
querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade policial.

Art. 2° A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da representação da


autoridade policial ou de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5 (cinco)
dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade.

Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração
cuja pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos.
(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). Parágrafo único. Nos demais casos, a
fiança será requerida ao juiz, que decidirá em 48 (quarenta e oito) horas.

Lembrar do art.24-A da lei Maria da Penha.

Art. 149. Quando houver dúvida sobre a integridade mental do acusado, o juiz
ordenará, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, do defensor, do curador,
do ascendente, descendente, irmão ou cônjuge do acusado, seja este submetido a exame
médico-legal. § 1o O exame poderá ser ordenado ainda na fase do inquérito, mediante
representação da autoridade policial ao juiz competente.
Art. 120. A restituição, quando cabível, poderá ser ordenada pela autoridade policial ou
juiz, mediante termo nos autos, desde que não exista dúvida quanto ao direito do
reclamante.

Art. 127. O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou do ofendido, ou


mediante representação da autoridade policial, poderá ordenar o seqüestro, em qualquer
fase do processo ou ainda antes de oferecida a denúncia ou queixa.

Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e 149-A, no § 3º do art. 158 e no art.
159 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), e no art. 239
da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), o
membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderá requisitar, de quaisquer
órgãos do poder público ou de empresas da iniciativa privada, dados e informações
cadastrais da vítima ou de suspeitos. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)
(Vigência)

Parágrafo único. A requisição, que será atendida no prazo de 24 (vinte e quatro) horas,
conterá: (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)

I - o nome da autoridade requisitante; (Incluído pela Lei nº 13.344, de


2016) (Vigência)

II - o número do inquérito policial; e (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)


(Vigência)

III - a identificação da unidade de polícia judiciária responsável pela


investigação. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)

Art. 13-B. Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes relacionados ao tráfico


de pessoas, o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderão
requisitar, mediante autorização judicial, às empresas prestadoras de serviço de
telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os meios técnicos
adequados – como sinais, informações e outros – que permitam a localização da vítima
ou dos suspeitos do delito em curso. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)
(Vigência)
§ 1o Para os efeitos deste artigo, sinal significa posicionamento da estação de
cobertura, setorização e intensidade de radiofrequência. (Incluído pela Lei nº
13.344, de 2016) (Vigência)

§ 2o Na hipótese de que trata o caput, o sinal: (Incluído pela Lei nº 13.344, de


2016) (Vigência)

I - não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação de qualquer natureza, que


dependerá de autorização judicial, conforme disposto em lei; (Incluído pela Lei
nº 13.344, de 2016) (Vigência)

II - deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia móvel celular por período não
superior a 30 (trinta) dias, renovável por uma única vez, por igual período;
(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)

III - para períodos superiores àquele de que trata o inciso II, será necessária a
apresentação de ordem judicial. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)
(Vigência)

§ 3o Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito policial deverá ser instaurado no


prazo máximo de 72 (setenta e duas) horas, contado do registro da respectiva ocorrência
policial. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)

§ 4o Não havendo manifestação judicial no prazo de 12 (doze) horas, a autoridade


competente requisitará às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou
telemática que disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados – como
sinais, informações e outros – que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do
delito em curso, com imediata comunicação ao juiz. (Incluído pela Lei nº 13.344,
de 2016) (Vigência)

Art. 107. Não se poderá opor suspeição às autoridades policiais nos atos do inquérito,
mas deverão elas declarar-se suspeitas, quando ocorrer motivo legal.

5.22 TRATAMENTO DIFERENCIADO PARA AGENTES DE SEGURANÇA


PÚBLICA E MEMBROS DAS FORÇAS ARMADAS NA FASE DE
INVESTIGAÇÃO CRIMINAL (ART. 14-A, CPP)
Somente em caso de uso de força letal no exercício da profissão – agente deve ser
comunicado e constituir defensor / se não fizer instituição deverá indicar – não há
contraditório e ampla defesa – não para a investigação por falta de defesa – não
notificação do investigado para acompanhar a infração acarreta em nulidade dos atos
supervenientes.

5.23 ARQUIVAMENTO E DESARQUIVAMENTO DO IP

MP se manifesta e juiz decide – se juiz entender que não é caso de arquivar, manda pro
procurador geral ou câmara de coordenação e revisão na JF – se PGJ concordar com
magistrado, oferece a denúncia ou designa outro membro do MP pra oferecer – se
concorda com promotor, arquiva-se, e o juiz não pode fazer nada – vide art.28 do CPP –
se foro por prerrogativa de função, o pedido de arquivamento do PGR deve ser aceito
pelo relator (art.21,XV, do regimento interno do STF) / STF diz ser inviável, nesse caso,
aplicação do art.28 / STJ também / chama-se arquivamento originário.

Motivos do arquivamento / aplica art.395 – hipóteses de absolvição sumária também


servem para arquivamento.

Insuficiência de prova – ausência de pressuposto – ausência de condições da ação – falta


de justa causa para AP = coisa julgada formal.

Atipicidade – existência manifesta de excludente da punibilidade (STJ, salvo certidão de


óbito falsa) – manifesta causa de exclusão da culpabilidade.

Coisa julgada formal = endoprocessual – imutabilidade só dentro do processo – nova


prova desarquiva o inquérito.

Coisa julgada material = formal e também fora do processo – matéria não pode ser
rediscutida.

Causa excludente da ilicitude há divergência – STJ (coisa julgada material) – STF (não
faz coisa julgada material) – provas fraudadas não faz coisa julgada material – vide
súmula 524 do STF – vide art.18 do CPP.

Prova substancialmente nova: altera convencimento do juiz e MP - Prova formalmente


nova: prova não estava no IP – tem que atingir os dois requisitos – doutrina.
STJ e STJ – Pedido de arquivamento não poderá ser revisto, salvo novas provas.

Arquivamento implícito: subjetivo (MP deixa de denunciar algum dos investigados) –


objetivo (MP denuncia apenas por parte dos crimes) – jurisprudência não aceita – juiz
abre vista para MP se expresse acerca de intensão de arquivar.

Arquivamento indireto: MP se manifesta pela incompetência do juízo perante o qual


oficia – ou juiz declina ou se aplica o 28 – não é conflito de competência, mas sim de
atribuição – PGJ decide.

Arquivamento provisório: APP Condicionada quando a condição de procedibilidade não


for realizada – quando houver decadência o passará de provisório para definitivo.

Em regra, não cabe recurso contra decisão de arquivamento, salvo: crime contra
economia popular ou saúde pública / recurso de oficio / art.7º da lei 1521/51 – art.6º, §
único da lei 1.508/61 / RESE contra decisão de arquivamento da representação dirigida
a qualquer do povo ao MP nas contravenções penais de jogo do bicho e aposta em
corrida de cavalos fora do hipódromo / doutrina diz que dispositivo não foi
recepcionado / ato privativo do MP.

No sistema da lei anticrime não há que se falar em recurso – muito menos de oficio –
arquivamento no âmbito do MP.

A vítima de crime de ação penal pública incondicionada não tem direito líquido e certo
de impedir o arquivamento do inquérito ou peças de informação (STJ).

5.24 COMENTÁRIOS À ALTERAÇÃO PROMOVIDA PELA LEI Nº 13.964/19 NO


ART. 28 DO CPP

Com o pacote anticrime: promotor arquiva – só será efetivamente extinto após revisão
obrigatória da instancia superior (colegiada) do MP – se a vítima não concordar com
arquivamento, pode, no prazo de 30 dias da comunicação, submeter matéria a revisão da
instancia competente do MP, conforme lei orgânica – crimes contra U, E, DF, M /
revisão do IP provocada pela chefia do órgão – se a instancia superior não quiser
arquivamento, designa outro membro do MP para oferecer denúncia – nenhuma
intervenção judicial.
5.25 TRANCAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL

Trancamento: HC quando houver risco a liberdade – MS de supletivamente – Súmula


693 do STJ – vide lei 13.964, art.3º-B, XII.

5.26 INDICIAMENTO

Certificar ao suspeito que ele passou a ser o principal foco da investigação – despacho
fundamento ou no bojo do relatório final – lastro mínimo de prova / §6º, do art.2º, da lei
12830/13 – ato privativo da AP – MP ou CPI não pode requisitar / STF – pode ser feito
já no APF – após a denuncia não pode (STJ) – pode haver desendiciamento – foro por
prerrogativa / autorização e supervisão judicial do tribunal para a investigação e para o
indiciamento – MP e magistrados não podem ser indiciados.

5.27 INFORMATIVOS DE JURISPRUDÊNCIA

SÚMULA Nº 397, STF: “O poder de polícia da Câmara dos Deputados e do Senado


Federal, em caso de crime cometido nas suas dependências, compreende, consoante o
regimento, a prisão em flagrante do acusado e a realização do inquérito.”

Informativo nº 714, STF: É possível o oferecimento de ação penal (denúncia) com base
em provas colhidas no âmbito de inquérito civil conduzido por membro do Ministério
Público. STF. Plenário. AP 565/RO, rel. Min. Cármen Lúcia, 7 e 8/8/2013. Esse é
também o entendimento do STJ:

Adoção da teoria dos poderes implícitos: se a Constituição outorga determinada


atividade-fim a um órgão, significa dizer que também concede todos os meios
necessários para a realização dessa atribuição – MP pode investigar – STF.

Informativo nº 815, STF: Compartilhamento no inquérito civil das provas colhidas em


investigação criminal mesmo que acobertadas pelo sigilo. É possível compartilhar as
provas colhidas em sede de investigação criminal para serem utilizadas, como prova
emprestada, em inquérito civil público e em outras ações decorrentes do fato
investigado. Esse empréstimo é permitido mesmo que as provas tenham sido obtidas por
meio do afastamento ("quebra") judicial dos sigilos financeiro, fiscal e telefônico. STF.
1ª Turma. Inq 3305 AgR/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto
Barroso, julgado em 23/2/2016 (Info 815).

DIREITO PENAL -
PARTE ESPECIAL
1 DOS CRIMES CONTRA A PESSOA: DOS CRIMES CONTRA A VIDA

Proteção desde a concepção – antes do nascimento.

1.1 ART.121 HOMICÍDIO


Crime instantâneo de efeitos permanentes – vida extrauterina – inicio do trabalho de
parto (começa com a dilatação do colo do útero e contrações expulsórias – partos
naturais – incisão no abdômen no parto cirúrgico) – inicio da vida extrauterina
começa com processo respiratório autônomo (docimasia respiratória) – animus
necandi ou occidendi – consumação com a morte = cessação da atividade encefálica
– tentativa branca ou incruenta (vítima não é atingida) / vermelha ou cruenta (vítima
é atingida) – só será hediondo quando qualificado ou praticado em atividade típica
de grupo de extermínio.
Quando o genocídio for cometido através de homicídios, a competência será do
tribunal do júri – concurso formal impróprio entre homicídio e genocídio – não há
consunção (Renato Brasileiro).

1.1.1 Privilegiado art.121, §1º.


Causa especial de diminuição de pena - motivo de relevante valor social ou
moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provação
da vítima – redução de 1/6 a 1/3 – qualificado privilegiado não é crime hediondo
– tem caráter subjetivo (motivos determinantes do crime) / incomunicável a
coautores e participes.
Relevante valor social: interesse é da coletividade (matar traidor da pátria) –
Relevante valor moral: interesse individual (ex: eutanásia).
Logo pós injusta provação, sob o domínio de violenta emoção: homicídio
emocional – não basta influência / atenuante art.65, III, “C” do CP – reação
imediata.
Qualificado privilegiado: qualificadora tem que ter natureza objetiva – não é
crime hediondo (art.67 do CP) – objetiva = meios / subjetiva = motivos –
feminicídio = qualificadora objetiva segundo STJ.

1.1.2 Qualificado
Sempre hediondo
I - Mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe:
interpretação analógica – concurso necessário (mandante e executor) – torpeza
não se aplica automaticamente ao mandante / circunstância subjetiva
incomunicável (art.30 do CP) – torpe = repugnante, vil, abjeto, moralmente
reprovável – vingança e ciúmes não necessariamente caracterizam torpeza.

II - Motivo fútil: nunca será fútil e torpe – desproporcional em relação a uma


ação da vítima / banal, insignificante, desproporcional – ciúmes e embriaguez,
nem sempre – divergência / motivo fútil e dolo eventual / STJ 2012 =
compatível / STJ 2016 incompatível (crime de racha) / exigência de atuação
desproporcional em relação a ação ou omissão da vítima.

III - Veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel,
ou que possa resultar perigo comum: insidioso = traiçoeiro / sorrateiro / fraude –
diferencia tortura qualificada pela morte e homicídio qualificado pela tortura.

IV - À traição, emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recuso que


dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido: inesperado / pelas costas –
traição pode ser física (tiro nas costas) ou moral (atrair a um abismo) – crime
próprio ou especial (só é cometido por pessoa que tem a confiança da vítima).

V - Para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou a vantagem de


outro crime: conexão - não importa se homicídio ocorre antes ou depois do
crime que se quer assegurar – teleológica (assegurar a execução de outro crime)
– sequencial (homicídio após o crime – ex: matar testemunha).

VI - Feminicídio. Homicídio contra a mulher por razões da condição de sexo


feminino ou em contexto de violência doméstica ou familiar: autor pode ser
homem ou mulher – doutrina e jurisprudência caminham no sentido de
reconhecer feminicídio quando a vítima for transexual – norma penal em branco
imprópria heterovitelina (art.5º da lei 11340-06) – quando presente
qualificadora do art.121,§7º, IV (descumprimento de medidas protetivas), não
haverá concurso com o art.24-A da LMP / bis in idem / absorção / jurisprudência
– Nucci (natureza objetiva) / Rogério Sanches (subjetiva) / STJ (objetiva).

VII – Contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança
Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge,
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
condição: normal penal em branco de fundo constitucional (artigos 142 e 144 da
CF) – tem que estar relacionado a função – aposentado não conta.

1.1.3 Homicídio culposo

Art.121, §5º = perdão judicial / causa de extinção da punibilidade (sumula 18


STJ) / bagatela imprópria / tem que haver relação afetiva (STJ) – em caso de
concurso de homicídios culposos, o perdão concedido a um homicídio, não
necessariamente será estendido ao outros (tem que haver vinculo / relação de
parentesco) – não se aplica arrependimento posterior ao homicídio culposo / STJ
/ crime tem que ter natureza patrimonial ou efeitos patrimoniais – cabe ANPP.
Imperícia = falta de aptidão técnica – inobservância de regra técnica = há
conhecimentos técnicos e práticos, mas não são observados no momento de agir.
2. ART. 122. INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO A SUICÍDIO
OU A AUTOMUTILAÇÃO (REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 13.968/19

Automutilação não é crime doloso contra a vida – juiz singular – JECRIM –


transação penal – sem ANPP.

Participação pode ser moral (induzir – instigar) ou material (auxiliar) – sujeito


passivo tem que ter um mínimo de capacidade de resistência e discernimento, do
contrário = lesão corporal ou homicídio (menor de 14 anos – art.122, §6º e 7º) –
pessoa ou pessoas determinadas / induzimento genérico não é crime (autor do livro
não responde de suicídio não responde) – a ocorrência de resultado naturalístico,
agora, serve como qualificadora.

Duelo americano = quem sobrevive responde pelo art.122.

Roleta russa = sobreviventes respondem pelo art.122 .

Ambicídio ou pacto de morte = duas pessoas combinam de tirar a vida


conjuntamente. Caso não dê certo e um deles sobreviva, responderá por induzimento
ao suicídio. É importante notar que, se apenas um deles praticar o ato executório que
levará à morte (acionamento de uma torneira de gás, por exemplo), e sobreviver,
responderá pelo homicídio.

3. ART. 123. INFANTICÍDIO

Crime bipróprio – há possibilidade de coautoria e participação – doutrina majoritária


= estado puerperal não precisa de pericia / inerente a mulher (Masson) – durante ou
logo após o parto = não tem prazo – não tem forma culposa / se a mãe causar a
morte culposamente: Bittencourt = homicídio culposo / Damásio = fato atípico /
doutrina acompanha Bittencourt – se a mãe erra e mate filho de outra = erro sobre a
pessoa = infanticídio.

4. ARTS. 124 A 128. ABORTO

Interrupção da gravidez – inicio da gravidez = fecundação / gestação = nidação =


ovulo fecundado implanta-se no útero da mulher – inicio da vida / 1ª C =
concepção-fecundação-nidação / 2ª C = formação de sistema nervoso central-
rudimentos de consciência-3º trimestre / - Brasil adora a 1ª corrente – STF já teve
decisão singular adotando a 2ª C (INFO 849).

4.1 ART.124 ABORTO PROCADO PELA PRÓPRIA GESTANTE OU COM O


SEU CONSENTIMENTO

1º modalidade = Crime de mão própria (só a gestante) – admite participação em


atividade acessórias (instigação – induzimento) – exceção a teoria monista / gestante
responde pelo art.124 / terceiro que pratica atos executórios responde pelo art.126 –
no art.124, portanto, não se admite coautoria –

4.2 ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO

Não é necessário violência ou fraude ou grave ameaça.

4.3 CARACTERÍSTICAS GERAIS DO CRIME DE ABORTO

Dolo pode ser direto ou eventual – matar mulher que sabe está grávida = homicídio
em concurso formal com aborto – lesionar mulher grávida e causa aborto = lesão
corporal gravíssima (art.129,§2º, V, do CP).

4.4 FORMA QUALIFICADA ART.127

Em verdade é causa de aumento de pena – 1/3 se em consequência do aborto ou


meio empregado resulta em lesão grave / duplicação se resulta morte.

4.5 ABORTO LEGAL

São causas de exclusão da ilicitude – não há outro meio de salva a vida da gestante
(aborto necessário ou terapêutico) – gravidez decorrente de estupro (aborto
humanitário/sentimental/piedoso) – ADF 54 (feto anencéfalo) / conduta atípica.

5. ART. 129. LESÃO CORPORAL

Ofensa a integridade corporal do indivíduo, tanto do ponto de vista anatômico,


quanto fisiológico ou mental – não necessariamente dor – eritema (vermelhidão) não
caracteriza / vias de fato / ex: empurrão– leves e culposas = APPC – Maria da Penha
= APPI.

Art.129 caput – quando não for grave ou gravíssima – na lesão leve admite-se o
consentimento do ofendido como causa de exclusão da ilicitude (ex: intervenção
médica) / manifestado previamente a lesão.
Art.129,§1º - incapacidade ocupações habituais por mais de 30 dias / crime a prazo /
precisa de perícia / – perigo de vida / deve ser perigo concreto / – debilidade
permanente de membro sentido ou função / inclui perda de dentes (redução da
capacidade mastigatória, se permanente) – aceleração de parto.

Art.129, §2º - incapacidade permanente para o trabalho – enfermidade incurável /


STJ 2012 = transmissão da AIDS– perda ou inutilização de membro, sentido ou
função - deformidade permanente / cirurgia estética não afasta, pois, tipicidade é no
momento da conduta – aborto.

Art.129, §3º - seguida de morte – preterdoloso – tentativa não é possível / crime


hibrido / dolo, depois culpa – art.129,§4º = lesão corporal dolosa privilegiada.

Art.129, §9º - violência doméstica – vítima pode ser homem ou mulher - §10
aumento de 1/3 quando o caso de for de violência doméstica e ocorrer lesão grave,
gravíssima ou seguida de morte / não se aplica a lesão leve - §11 CEAP quando a
vítima for deficiente e for caso de violência doméstica.

Art.129, §6º - culposa – irrelevante a intensidade ou grau da lesão.

Art.129,§7º - culposa majorada – inobservância de regra técnica de profissão, arte


ou oficio – deixa de prestar imediato socorro – não diminuir consequências ou foge
do flagrante.

Art.129,§8º - perdão judicial na lesão culposa – tem que ter grau de parentesco
(STJ) ou que próprio agente tenha sofrido sequelas físicas.

2 DOS CRIMES CONTRA A PESSOA: DOS CRIMES CONTRA A HONRA

CF, art.5º, X.

2.1 CLASSIFICAÇÃO DA HONRA

Honra objetiva: visão da sociedade sobre o indivíduo.


Honra subjetiva: sentimento pessoal do individuo acerca de si.
Honra comum: refere-se à pessoa, independentemente – Ex: chamar de idiota.
Honra especial: profissional – Ex: motorista barbeiro.
2.2 ART.138 CALÚNIA

Honra objetiva – fato específico, verossímil e determinado (chamar de ladrão =


injuria) – consumação: quando a imputação chega a terceira pessoa, mesmo que não
seja a vítima – formal – crime / não contravenção penal / contravenção = difamação
– verbal não admite tentativa / escrita admite – ação privada – denunciação
caluniosa = contra a administração da justiça – punível contra os mortos (só na
calunia) – exceção da verdade = provar que é verdade – falsidade é presumida /
presunção relativa (juris tantum) / primeira oportunidade em que a defesa se
manifestar nos autos / não pode a) ação privada sem sentença irrecorrível b) PR c)
absolvido irrecorrível / declaração incidental / afasta a tipicidade – difamação
qualificada.

2.3 ART.139 DIFAMAÇÃO

Honra objetiva – macular a reputação – fato determinado / tem que descrever, assim
como na calúnia / ébrio contumaz = injúria / anda cambaleando de bêbado pela rua
= difamação - não importa se verdadeiro ou falso – exceção da verdade:
funcionário público no exercício das funções – consuma-se quando terceira pessoa
toma conhecimento – art.566 do CPP (exceção de notoriedade = réu provar que o
fato imputado é de domínio público / tanto na calúnia quanto na difamação / fato de
domínio público = sem ofensa a honra.

2.4 ART.140 INJÚRIA

Honra subjetiva – insultar, atribuir qualidade negativa / sem imputação de fato


específico / basta xingamento – consumação: quando chegar ao conhecimento da
vítima (honra subjetiva) – tentativa por escrito – sem exceção da verdade – perdão
judicial a) calunia provocada b) retorsão imediata – art.14, §2º injuria real =
violência aviltante (jogar fezes, cuspir, rasgar).
Art.140, §3º = injuria racial = raça, cor, etnia, religião / STF = pena de reclusão é
proporcional – ofensa dever ser individualizada – manifestação generalizada =
racismo – STJ e STJ = injuria racial e inafiançável e imprescritível.
Desacato = ofensa na frente do funcionário público na função ou em razão dela =
sem a presença do funcionário = injúria.
Injúria na internet = JE ainda que rede do exterior.
Art. 142 – exclusão da ilicitude injúria e difamação a) ofensa em juízo b) crítica
literária c) conceito desfavorável emitido por funcionário público.
Retratação = calúnia e difamação – causa extintiva da punibilidade – não comunica
a quem não se retrata / natureza subjetiva / unilateral = não precisa de aceitação do
ofendido – anterior a sentença ou acordão.
Lembrar da súmula 714 do STF.
STF 2018 INFO 919: esposa tem legitimidade para propor queixa-crime contra
autor de mensagem que insinua que o seu marido tem uma relação extraconjugal
com outro homem.

3 DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

3.1 FURTO

Subtração de cadáver = art. 211 do CP / salvo de ostentar valor econômico e estiver


em posse legitima de pessoa física ou jurídica (ex: faculdade de medicina – res
nullius (coisa de ninguém) ou res derelicta (coisa abandonada) , não há furto – talão
de cheque em branco ou cartão magnético bancário = para doutrina não há furto /
sem valor econômico / utilização caracteriza estelionato – animus furandi (subtrair)
e animus rem sibi habendi (se assenhorar – especial fim de agir) / credo que subtrai
devedor = art.345 do CP.

INSIGNIFICÂNCIA: peculiaridades do caso concreto – condições pessoais do


agente e da vítima são analisadas – regra = 10% do salário mínimo vigente – aplica-
se atos infracionais, crimes ambientais, descaminho e crimes tributários – não se
aplica: hediondos e equiparada, violência e grave ameaça, uso de entorpecentes,
contra a fé pública, contra a administração pública (súmula 599 do STJ),
contrabando, violência doméstica e familiar – furto famélico = estado de
necessidade – geralmente afastada em reincidência específica em crimes
patrimoniais e em crimes graves -

CONSUMAÇÃO: concretatio (contanto com a mão) – amotio (inversão da posse,


ainda que por breve período) / STF e STJ / súmula 582 do STJ – apprenhensio
(apreensão da coisa – tem doutrina que diz que é a mesma coisa da amotio) –
ablatio (não basta apreensão, tem que transportar para outro lugar) – súmula 587
(sistema de vigilância não torna impossível a consumação).

REPOUSO NOTURNO: CEAP – varia de acordo com o costume – indiferente casa


habitada ou não – cabe no furto qualificado, assim como o privilégio (STJ).

PRIVILÉGIO: CEDP – primário – pequeno valor (1 salário mínimo) / não significa


pequeno prejuízo, nem insignificante – reclusão por detenção / - 2/3 / ou só multa –
cabe na qualificadora de ordem objetiva (súmula 511 do STJ) / privilégio tem
caráter subjetivo / todas as qualificadoras do furto são objetivas, menos abuso de
confiança.

FURTO DE ENERGIA: tv à cabo STJ = art.155, §3º (furto de energia) / STF =


atipicidade (analogia in malam partem) – STJ = adimplemento do débito antes do
recebimento da denúncia não extingue a punibilidade = arrependimento posterior
(art.16 do CP) – adulterar medição = estelionato (STJ).

QUALFICADO

a) §4º, I - Destruição ou rompimento de obstáculo: sempre exterior ao bem –


violência contra coisa pretendida não incide (quebrar veículo para furtá-lo =
furto simples – quebrar veículo para furtar bolsa = furto qualificado) – violência
contra a coisa tem que ser antes, durante ou após a subtração, mas antes da
consumação. Se for posterior = furto + dano – prevalece no STF
incompatibilidade com a insignificância – STJ = na falta de perito na comarca,
vale laudo pericial que reconheça a qualificadora – tem que ter laudo para incidir
a qualificadora, se não, testemunha – confissão não afasta imprescindibilidade
do laudo.
b) §4º, II, 1ª parte - Abuso de confiança: subjetiva / relação de lealdade preexistente
– não basta ser só empregado.
Abuso de confiança x apropriação indébita: abuso (não tem a posse da coisa,
apenas contato – dolo de subtração concomitante ao de apossamento) –
apropriação (recebe de forma legítima, depois delibera sobre assenhoreamento –
nasce lícita a conduta) – STJ = não cabe insignificância.

c) §4º, II, 2ª parte - Fraude: furto (fraude para diminuir vigilância – vítima não sabe
que o bem sairá de sua posse) – estelionato (ludibria a vitima para que ela
entregue a coisa – fraude = meio para obter consentimento).

d) §4º, II, 3ª parte – Escalada: via anormal para ingresso – esforço incomum –
muro baixo não configura – STJ = em regra pericia, mas ser câmeras de
segurança – STF = sem insignificância.

e) §4º, II, 4ª parte – Destreza: habilidade peculiar – sem que a vítima perceba –
jurisprudência: vítima tem que trazer coisa junto ao corpo.

f) §4º, III – Chave falsa: arame, grampo, etc... tudo que serve pra abri fechadura.

g) §4º, IV – Concurso de pessoas: objetiva – serve com inimputável / também via


incidir 244-B do ECA. Súmula n. 442: "É inadmissível aplicar, no furto
qualificado, pelo concurso de agentes, a majorante do roubo".

h) §4º - A – Explosivo ou artefato análogo que cause perigo comum: mais


favorável / antigamente entendia-se furto qualificado pelo rompimento de
obstáculo + explosão / tem que retroagir – crime hediondo (pacote anticrime).

i) §5º - Veiculo automotor para ou Estado ou exterior: se detido antes de passar


pela fronteira = furto simples se não tiver outras qualificadoras – não contempla
DF / tem entendimento inverso.

j) §6º - Semovente domesticável ou de produção: foi domesticado ou pode ser


domesticado para rebanho ou produção – em regra bovinos, ovinos, suínos,
caprinos, ertc. – Sem distinção, inclui gatos, cães e aves desde que para
produção – animais selvagens, não = leão, tigre, etc – ainda que abatido
(abigeato = furto de gado) – cabe amento de 1/3 do período noturno / cabe
qualificado-privilegiado / pode acumula com rompimento de obstáculo / objetiva
x subjetiva – qualificadora de pena menor (a do §6º) será utilizada como
circunstância judicial desfavorável.

k) §7º - Substância explosiva: parte da doutrina entende possível §4º-A e §7º ao


mesmo tempo – Rogério Sanches admite concurso entre furto de explosivo e
posterior furto de caixa eletrônico utilizando o mesmo explosivo / sem bis in
idem.

ART.156 - COISA COMUM: JECRIM – APPC – crime próprio – se quem subtrai


está na posse = apropriação indébita – causa excludente da ilicitude = não é punível
subtração de coisa comum fungível se valor não excede o que tem direito o agente.

3.2 DO ROUBO E DA EXTORSÃO

3.2.1 Roubo

Crime complexo (furto + lesão ou furto + ameaça) – caput = roubou próprio


(violência ou grave ameaça antes ou durante a subtração) – porte simulado, arma
inapta e simulacro = grave ameaça, mas não majora – trombada (em regra, se para
distração = furto) – roubo próprio pode ser praticado com violência imprópria
(reduzir à impossibilidade de resistência) – roubo de uso é punido.

ART.157,§1º = ROUBO IMPRÓPRIO, POR APROXIMAÇÃO OU


EQUIPARAÇÃO (violência ou grave ameaça posterior a subtração) / roubo
impróprio somente com violência própria / incompatibilidade e ausência de previsão
legal – prevalece que não admite tentativa / STJ e Damásio de Jesus – Mirabete
entende ser possível.

CONSUMAÇÃO: Teoria da amotio (basta inversão da posse) – Súmula 582 do STJ


– passa a ter feições de crime formal – não tem que sair da esfera de vigilância da
vítima.
ROUBO CIRCUNSTANCIADO, AGRAVADO OU MAJORADO (ROUBO
PRÓPRIO OU IMPRÓPRIO)

Art.157, §2º, CP – I: arma (branca ou de fogo) – revogada lei 13654/18 – mais


benéfica – passou a prever aumento somente quando arma de fogo – 23/01/2020
(pacote anticrime) volta com arma branca no inciso VII.

II: concurso de duas ou mais pessoas – ainda que inimputável ou não identificado –
se com menor, incide 244-B do ECA / concurso formal – basta presença do menor,
não tem que comprovar que foi corrompido – vide sum 500 do STJ.

III: transporte de valores: não incide se transportador for proprietário dos bens –
dupla subjetivade passiva (transportador e proprietário dos bens) – cabe em
funcionário ocasional.

IV: veiculo automotor para outro Estado: não precisa transpor a fronteira, basta a
intenção.

V: restrição de liberdade: restringe a liberdade para garantir a consumação –


restrição e não privação da liberdade – privação = sequestro ou cárcere privado –
pacote anticrime tronou crime hediondo.

VI: subtração de explosivos: mesmas considerações do furto.

VII: emprego de arma branca: pacote anticrime – a partir de 23/01/2020.

§2º-A, I: emprego de arma de fogo: arma tem que ser exibida à vítima – ofendido
tem que ver a arma – abordagem pelas costa sem que tenha se visto arma não
permite a majorante – simulação (gestos) e arma de brinquedo não incide a
majorante (sum 174 STJ cancelada) – concurso de agente e apenas um porta arma:
incide para os dois / caráter objetivo / artigos 29 e 30 do CP / teoria unitária ou
monista – simulacro não apreendido / ônus de provar que não arma real é da defesa /
prevalece impressão da vítima – STF = desnecessária apreensão e pericia na arma /
potencial lesivo pode ser comprovado por outros meios – apreensão da arma:
ineficácia absoluta = sem majorante / ineficácia relativa = incide a majorante – arma
desmuniciada: divergência / STJ tem afastado majorante / não há crime autônomo se
arma for utilizada somente para o roubo / consunção (absorção).
II: destruição mediante explosivo ou algo que cause perigo comum: furto com
explosivo é crime hediondo o roubo não.

§2º-B: com arma de fogo de uso restrito ou proibido: qualquer roubo com arma de
fogo é crime hediondo, seja de uso permitido, restrito ou proibido – lembrar: arma
dissimulada = uso proibido (ex: caneta que dispara).

Súmula 443 do STJ: "O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de
roubo circunstanciado exige fundamentação concreta, não sendo suficiente para a
sua exasperação a mera indicação do número de majorantes."

ROUBO QUALIFICADO PELO RESULTADO: art.157, §3º, I - pela lesão grave


também passa a ser crime hediondo – não se aplicam as causas de aumento do §2º -
qualificados pelo resultado não são, necessariamente, preterdolosos.

II: latrocínio – juiz singular (sum 603 do STJ) – emprego de violência dolosa contra
a vítima – relação de causalidade entre a subtração patrimonial e a morte (se é
contratado pra matar e, depois de matar, decide subtrair, há concurso entre
homicídio e furto – vitimas do furto são os herdeiro da vítima de homicídio) –
resultado pode ser doloso ou culposo, mas a violência tem que ser dolosa (indivíduo
que atira na parede para intimidar e a bala ricocheteia e mata alguém, responderá
por latrocínio, pois houve dolo na prática da violência para intimidar) / violência
sempre dolosa / resultado doloso ou culposo – pluralidade de mortes = crime único
se voltado contra um único patrimônio / STF e STJ: magistrado pode aumentar pena
na 1ª fase (consequências do crime) – mais de um patrimônio = concurso forma
impróprio / se desígnios autônomos = concurso material – concurso de agentes:
apena um provoca a morte = todos respondem por latrocínio (art.29, CP – teoria
monista) / outro individuo assume o risco do resultado morte – STJ = não há
continuidade delitiva entre roubo e latrocínio / não são da mesma espécie.

3.2.2 Extorsão art.158

Quando qualificada pela restrição da liberdade, ocorrência de lesão corporal ou


morte, será crime hediondo – crime formal – instantâneo, de consumação antecipada
ou resultado cortado (sum 96 STJ) / se consuma independente da vantagem.

Extorsão x Roubo: extorsão = própria vitima entrega o bem – roubo = coisa pode ser
entregue ou subtraída / se a coisa é subtraída, sempre haverá roubo – extorsão é
imprescindível a colaboração da vítima – no roubo a coisa subtraída é móvel, na
extorsão a vantagem econômica pode ser imóvel (ex: falso sequestro com exigência
pra saque) – STF = não continuidade delitiva entre roubo e extorsão (não são da
mesma espécie).

CAUSAS DE AUMENTO

Art.158, §1º: duas ou mais pessoas: coautoria – comparsas tem que praticas atos
executórios – não precisa ser imputável ou identificado.

Emprego de arma: sentido amplo – simulacro não incide.

QUALIFICADA

Art.158, §2º: remete ao roubo qualificado (§3º) – lesão grave ou morte por dolo ou
culpa – hediondo após pacote anticrime.

Art.158, §3º: restrição da liberdade: sequestro-relâmpago ou saidinha de banco –


crime remetido (penas de outro dispositivo) – não há privação, só restrição –
condição de restrição tem que ser necessária para obtenção da vantagem.

3.2.3 Extorsão mediante sequestro

Crime hediondo em todas as formas – crime complexo (extorsão + sequestro) –


sequestrar = privar da liberdade de locomoção por tempo relevante – crime formal –
permanente.

QUALIFICADA

Sequestro + de 24 horas – maior de 18, maior de 60 – bando ou quadrilha – lesão


grave – morte – concurso: juiz usa a mais grave e as outras como circunstância
judicial desfavorável.

CAUSA ESPECIAL DE DIMINUÇÃO

Colaboração premiada – somente magistrado, nem policia nem MP, pois tema afeto
a individualização da pena – tem que facilitar a libertação da vítima – STJ = se for
eficaz a libertação da vítima, tem incidência, obrigatória.

3.2.4 Extorsão indireta art.- 160


Exigir ou receber documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a
vítima ou terceiro para receber dívida abusando da situação de alguém – exigir =
crime formal – receber = crime material – se receber e dar inicio ao procedimento
criminal = concurso entre extorsão indireta `+ denunciação caluniosa.
LEGISLAÇÃO
PENAL ESPECIAL

1 LEI DE DROGAS – 11343/2006

1.1 ALTERAÇÕES 2019/2020

Pacote anticrime: acrescenta inciso IV ao §1º do art.33 / entregar droga a policial


disfarçado / figura equiparada ao tráfico.

Lei 13840/19: alterações na seara administrativa – na parte criminal fala: art.50-A


incineração de drogas sem flagrante em 30 dias – art.60-A apreensão e outras medidas
quando há suspeita que sejam produto do crime / representação do MP ou assistente da
acusação ou delegado –
1.2 CULTIVO DE PELANTAS PSICOT´ROÍCAS
Art.243 da CF 88: expropriação sem indenização para reforma agrária, programa de
habitação popular em caso de plantação ilegal de planta psicotrópicas.

1.3 OBJETO MATERIAL


Normal penal em branco heterógena.
A lei 11343 fala em “droga” – droga é gênero que inclui entorpecente, substância
alucinógena e substância estimulante.

1.4 CRIMES EM ESPÉCIE


1.4.1 art. 28 – Droga para consumo pessoal
STF diz que é crime – houve descarcerização – até o momento 3 votos o
considera inconstitucional – tipo incongruente ou congruente assimétrico: dolo
genérico + dolo específico (para consumo pessoal) - §1º tem figura equiparada /
semeia, cultiva ou colhe plantas para consumo pessoal – para identificar se é
consumo pessoal, o juiz deve usar o art.28,§2º : natureza e quantidade, local e
condições, circunstancias sociais e pessoais, conduta e antecedentes –
insignificância: já foi aplicada no 28 e no 33 / prevalece entendimento de que
não incide / crime de perigo abstrato ou presumido – art.30 : prescrição é de 2
anos – §1º art.28: competência é do JECRIM , salvo concurso com 33 a 37 –
não é possível prisão em flagrante.

1.4.2 Tráfico
33 caput , 33,§1º e 34 são crimes equiparados a hediondos – verbo remeter se
consuma com envio, não precisa chegar ao destino / competência é o local da
remessa – transportar também não exige que a droga chegue ao destinatário,
basta iniciar o transporte – o verbo adquirir não exige pagamento / basta a
tratativa, não é necessário a entrega – privilegiado: 33,§4º = primário, bons
antecedentes, não dedicar a atividades criminosas, não integrar OCRIM / não
equiparado a hediondo – a expressão “vedada conversão em pena restritiva de
direito” é inconstitucional (STF) .
Associação – art.35: para ter tráfico em concurso com a associação do art.35 tem
que ter estabilidade e permanência / vinculo associativo estável – se ocasional =
tráfico + concurso de pessoas –

Financiamento do tráfico – art.36: tem que haver habitualidade e reiteração, se


não, somente majorante do art.40,VII.

1.4.3 Outros crimes

Colaboração como informante – art.37: não pode ser habitual, tem que ser
ocasional, senão, será associação.

Art.38 prescrição culposa – art.38: crime próprio / médico ou dentista – tipo


penal fechado (completo) / não depende de complementação do juiz.

STJ e STF: art.28 não produza reincidência – se a prática de contravenção, que é


o mais, por haver pena de prisão, não produz reincidência, o art.28 também não
produz, pois nem há pena de prisão / seria desproporcional.

Art.70: tráfico internacional é de competência da justiça federal – Súmula 607:


a majorante do tráfico transnacional de drogas (art. 40, I, da Lei n. 11.343/2006)
configura-se com a prova da destinação internacional das drogas, ainda que não
consumada a transposição de fronteiras.

Transporte público: tem que vender a droga dentro do transporte, não basta
pegar o transporte.

Súmula 587: Para a incidência da majorante prevista no artigo 40, V, da Lei


11.343/06, é desnecessária a efetiva transposição de fronteiras entre estados da
federação, sendo suficiente a demonstração inequívoca da intenção de realizar o
tráfico interestadual.

Art.44 – arts.33, caput e §1º e 34 a 32 são inafiançáveis e insuscetíveis de susis,


graça, induto, anistia e liberdade provisória, vedada a conversão em penas
restritivas de direito – STF disse que a proibição de liberdade provisória é
inconstitucional – continua não conversão em PRD, só o tráfico privilegiado –
livramento condicional após 2/3.

1.4.3 Procedimento
Crimes até 2 anos = JECRIM – outros crimes = rito especial da lei de drogas –
CPP = 1 perito oficial ou 2 não oficiais / lei de drogas 1 perito oficial ou 1 não
oficial – inquérito = 30 dias preso ou 90 solto / podem ser duplicados – prazo da
denuncia é de 10 dias, preso ou solto – defesa preliminar após denuncia (prazo
de 10 dias) – quanto ao interrogatório, prevalece a regra geral do CPP (ultimo
ato) / mais benéfico ao réu / ampla defesa prepondera sobre especialidade.

2 TORTURA E GENOCÍDIO
2.1 TORTURA

Lei 9455/97.

Fundamentos: art.1º, III da CF = dignidade da pessoa humana – art.4º, III da CF =


prevalência dos direitos humanos – art.5º, III da CF (ninguém será submetido a tortura)
– art. 5º, XLIII (mandado de criminalização) – Brasil é signatário de tratados
internacionais de prevenção e repressão a tortura – no âmbito internacional tortura é
crime próprio (tem que ser praticado por servidor público) – no Brasil pode ser crime
comum ou crime próprio.

Pontos gerais: crime equiparado a hediondo, conforme art.2º da lei 8072/90 –


prescritível – no ambiente internacional, não prescreve – crimes sempre dolosos, por
vezes, necessidade de dolo especial (tipicidade subjetiva = dolo genérico e dolo
especial) – bem jurídico tutelado: imediato/direto = dignidade da pessoa humana /
mediato/indireto = integridade física ou psíquica da vítima.

DOS CRIMES EM ESPÉCIE:

Tortura constrangimento: art.1º, I – crime comum – verbo nuclear é constranger – vis


absoluta (violência) ou vis relativa (grave ameaça) – violência própria (agressão física) ,
violência moral (grave ameaça), violência imprópria (redução da capacidade de
resistência) – tortura só cabe violência própria e moral – tem que causar sofrimento
físico ou mental – a) tortura prova (com o fim de obter informação ... / crime formal /
não precisa obter a confissão / ) – b) tortura-crime (provocar ação ou omissão ...) / crime
formal / dolo especifico não precisa ser alcançado – c) tortura discriminação (racial ou
religiosa) / não engloba transfobia e homofobia / se homofobia ou transfobia é racismo,
conforme entendimento do STF / crime formal.

Tortura castigo:art.1º, II – crime próprio / só pode ser cometido por aquele tem a vítima
sob sua guarda, poder ou autoridade – se o dolo for educar e não torturar (causa intenso
sofrimento ou mental), haverá maus-tratos (art.136 do CP) – o §1º fala ainda da tortura
do encarcerado.

Omissão: art.1º, §2º - responsabilização do omitente – exceção a teoria monista –


detenção de 1 a 4 anos quando se omite tendo o dever de evitar – não caso de omissão,
para se evitar bis in idem, não irá incidir a majorante do funcionário público, pois quem
tem o dever de apurar ou evitar é funcionário público.

Forma qualificada: resultado lesão grave, gravíssima ou morte.

Formas majoradas: §4º, I: crime cometido por agente público / se já é requisito, pena
não aumente / bis in idem – II: contra criança, gestante, deficiente, adolescente ou maior
de 60 anos – III: sequestro.

Efeitos da condenação: art.1º, §5º: perda do cargo, função pública ou mandato eletivo –
efeito automático na lei de tortura (STJ) e na lei de OCRIM (art.2º, §6º) / não exige
fundamentação – no art.92 do CP o feito não é automático / juiz deve fundamentar.

Institutos inaplicáveis (art.1º, §6º) : inafiançável e insuscetível de graça ou anistia –


também não tem indulto, conforme lei 8072/90 art.2º, I.

§7º: início do cumprimento em regime fechado é inconstitucional.

Exterritorialidade: vitima brasileira ou torturador em local sob jurisdição brasileira,


ainda que a tortura tenha sido praticada fora do Brasil.

2.2 GENOCÍDIO – LEI 2.889/56

Crime internacional pelo Estatuto de Roma – TPI criou ER / Brasil é signatário do


ER – Genocídio é um dos 4 crimes internacionais combatidos pelo ER – art.6º do
ER é replicado no art.1º da lei de genocídio – norma penal em branco invertida/ao
avesso/ao revés / complementação no preceito secundário / pega penas emprestadas
do CP.

Crimes em espécie: arts 1º, 2º e 3º da lei 2889/56 – art.2º: associação para o


genocídio / mais de 3 pessoas / CP == 3 pessoas ou mais – art.3º: incitação à prática
de genocídio/ pena do crime incitado, se este se consumar / aumento de 1/3 se
cometida pela imprensa – art. 4º: aumento de 1/3 quando qualquer crime da lei for
cometido por funcionário público – art. 5º: tentativa punida com 2/3 – art.6º: diz
que é crime política para fim de extradição – todos são crimes hediondos.

3 TERRORISMO – LEI 13.260/16

Conceito: antes era aplicada a lei 7170/83 (Lei de Segurança Nacional) / não definia
o que é terrorismo / juízes que definia / ofendia a taxatividade, gerando
inconstitucionalidade, pois juiz não pode legislar – a lei 13.260/16 define terrorismo
em seu art.2º: atos previsto nos §§ do próprio artigo por um ou mais indivíduos por
razões de xenofobia (aversão a estrangeiro, à culturas diferentes), discriminação ou
preconceito de raça, cor, etnia, religião quando para provocar terror, expondo a
perigo, pessoas, patrimônio, paz ou incolumidade pública –
monosubjetivo/unisubjetivo ou de concurso eventual.

Atos de terrorismo: o §1º do art.2º diz o que são os atos de terrorismo – pena é 12 a
30 anos, além das sanções correspondentes a violência / se houve terrorismo e
alguém, o autor ainda responde pelo homicídio – o §2º do art.2º diz que não se
inclui manifestações políticas, sociais, religiosas, sindicais, etc.

Integrar Organização Terrorista: crime previsto no art.3º - crimes associativos


pressupõem estabilidade e permanência – jurisprudência: a permanência em
organização, associação ou integração de organização criminosa vai até o
recebimento da denúncia, se após o recebimento da denuncia continua, há novo
crime.
Atos preparatórios: também são punidos, conforme art.5º lei de terrorismo (pena é ¼
até a metade) – art. 10 diz que é cabível arrependimento eficaz e desistência
voluntária em se de atos preparatórios.

Art.6, caput e § único, pune quem aplicar ou guarda dinheiro para promover a
execução do crime de terrorismo.

Forma majorada: lesão grave ou morte quando não for elementar do crime.

Competência: Justiça Federal para processo e julgamento e Polícia Federal para a


investigação, conforme art.11 da lei de terrorismo – ainda art.109 da CF.

Crime equiparado a hediondo.

4 CRIMES CONTRA O CONSUMIDOR LEI 8078/90

4.1 APONTAMENTOS GERAIS


Existem crimes contra as relações de consumo que não estão na lei 8078/90, mas
sim lei 8137/90 (crimes contra a ordem tributária, econômica e relações de
consumo), tendo como vítima a sociedade/coletividade – crimes contra o
consumidor = vítima individual – contra as relações de consumo = vítima é a
coletividade.

4.2 CRIMES DO CDC = INFRAÇÕES DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO

Todo tem pena de no máximo 2 anos – procedimento sumaríssimo da lei 9.099/95.


Ação penal pública incondicionada.

5 NOVA LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE - 13869/19

5.1 QUESTÕES PRELIMINARES


Publicada em 5 de setembro de 2019 – retificado em 18 de setembro – vacatio legis
de 120 dias / prevalece que esse prazo é contado a partir da data da primeira
publicação / entrando em vigor, portanto, em 05 de janeiro de 2020 – revogou
expressamente a 4898/95, o §2º do art. 150 d0 CP (violação de domicilio) e o
art.350 do CP (exercício arbitrário ou abuso de poder) – particular pode responder se
souber que ajuda agente público.

5.2 DISPOSIÇÕES GERAIS

Conceito de agente público: CP fala em funcionário público, o art.1º da 13869/19


fala em agente público.
Art.1º, §1º: dolo específico – finalidade de prejudicar ou beneficiar a si ou a terceiro
ou mero capricho ou satisfação pessoal.
§2º: diz que não caracteriza abuso de autoridade a divergência de decisões entre
juízes.

5.3 SUJEITOS DO CRIME

Crimes próprios – o rol de agentes público é amplo e meramente exemplificativo –


inclui até a tia do cafezinho – todo que exerce função pública, ainda que transitória,
sem remuneração – no caso do militar, a competência será da Justiça Militar,
quando de acordo com art.9º do COM / superada a súmula 172 do STJ.

5.4 AÇÃO PENAL

Ação penal publica incondicionada ou subsidiária da pública, conforme art.3º da lei


13869/19.

5.5 EFEITOS DA CONDENAÇÃO

Perda e inabilitação do cargo, somente se houver reincidência especifica e


motivação na sentença – efeito não é automático, conforme art.4º, §ºú, da lei
13869/19.
Reparação de danos: STJ exige pedido expresso na inicial, indicação de valor e
instrução probatória específica, para que o réu se defenda.

5.6 PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS

Art.5º: I – serviços a comunidade e entidades púbicas I – suspensão do cargo, 1 a 6


meses com perda de vencimentos – requisitos devem ser os do art.44 do CP – no
art.46 do CP a prestação de serviços a comunidade só se da quando a PPL for
superior a 6 meses. Esta regra não está na 13869/19 / há discussão – na suspensão
do cargo prevalece a 13869/10 (1 a 6 meses) e não o CP (tempo da PPL).

5.7 SANÇÕES CIVIS E ADMINISTRATIVAS

Art.7º: não se questiona mais no cível quando existência ou autoria do fato tiverem
sido decididas no juízo criminal – faz coisa julgada no cível e no administrativo
sentença que reconhece ter sido o fato pratico em excludente de ilicitude – art. 65 no
CPP não menciona coisa julga no administrativo.

5.8 CRIMES EM ESPÉCIE

Art. 9º: decretar privação da liberdade em desconformidade com as hipóteses legais


– sujeito ativo: delegado (flagrante) e juiz – no §ú só o juiz – lei não diz o que é
prazo razoável.

Art.10: decretar condução coercitiva de testemunha ou investigado descabida ou


sem intimação prévia – quanto ao réu, STF já disse ser inconstitucional a condução
coercitiva / art.260 do CPP não recepcionado pela CF.

Art.12: deixa de comunicar prisão em flagrante a autoridade judiciária no prazo


legal – tem §ú – lei não explica imediatamente, motivo justo, motivo
excepcionalíssimo – prazo legal é o de 24 horas (art.306 do CPP) –
Art. 13: Constranger o preso a: I – exibir ou ter seu corpo exibido à curiosidade
pública – II: submeter a vexame ou constrangimento – II: produzir prova contra si.

Art. 15: Constranger pessoas proibidas a depor (pessoas do art.207 do CPP) - §ú:
prosseguir com o interrogatório: I de pessoa que tenha decido ficar em silêncio / II
de pessoa que tenho optado ser assistida por advogado sem a presente deste.

Art.16 deixar de identificar-se ao preso ou atribuir-se falsa identidade na captura


ou / §ú: no interrogatório em sede de investigação – fundamento (art.5º, LVIV da
CF).

Art.18: submeter o preso a interrogatório durante o repouso noturno, salvo se em


flagrante, ou se devidamente assistido, consentir em prestar declaração – repouso
monturo não é definido, usa-se o art.22, §1º (21h às 5hs).

Artigos 19 ao 21 = somente leitura.

Art.22: invadir ou adentrar clandestina ou astuciosamente, imóvel alheio sem


determinação judicial ou fora do que é estabelecido em lei – também responde: I
quem coage ou emprega violência II quem cumpre MBA após 21h ou antes das 5h –
salvo socorro ou fundados indícios de flagrante ou desastre – fundamento = art.5 XI
da CF.

Art.23: inova em diligência, investigação ou processo com fim de eximir-se de


responsabilidade ou responsabilizar criminalmente alguém ou agravar-lhe a
responsabilidade - §ú também: I eximir-se de responsabilidade civil ou
administrativa II omitir dados ou informações ou divulgar dados ou informações
incompletos para desviar investigação, diligência ou processo.

Art.24: constranger, sob violência ou grave ameaça, funcionário de hospital a


admitir pessoa morta para alterar local ou momento do crime.

Art.25: proceder a obtenção de prova ilícita - §ú : incorre também quem faz uso da
prova.
Art.27: requisitar instauração de investigação penal ou administrativa sem indício –
não inclui sindicância ou investigação preliminar sumária justificada.

Art.28: divulgar gravação ou trecho sem relação com a prova que pretende produzir
– não se trata de interceptação ilegal (esta é punida pela lei 9296/96).

Art.31: estender injustificadamente investigação, procrastinando-a em prejuízo do


investigado ou fiscalizado – tem que haver dolo específico do art.1,§1º desta lei.

Art.38: antecipar o responsável pelas investigações, por meio de comunicação,


inclusive em rede social, atribuição de culpa, antes de concluída a apuração e
formalizada a acusação.

5.9 PROCEDIMENTO
Ou 6 meses a 2 anos (JECRIM) - ou 1 a 4 anos (médio potencial ofensivo) / cabe
suspensão condicional do processo / procedimento especial dos crimes de
responsabilidade dos funcionários públicos (arts 513 a 518 do CPP) – Súmula 330
do STJ: “É desnecessária a resposta preliminar de que trata o artigo 514, do Código
de Processo Penal, na ação penal instruída por inquérito policial.

Diferença entre AÇÃO CONTROLADA e FLAGRANTE ESPERADO

Na ação controlada, o agente já está em flagrante da prática do crime.

No flagrante esperado, o agente ainda não está em flagrante, e a autoridade policial fica
na expectativa da sua ocorrência para efetuar a prisão.

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